Baixar - São Camilo
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Temas para UFES 2011: 1- Meio ambiente: Novo código florestal /Desenvolvimento sustentável - Floresta Amazônica (preservação – internacionalização) / Aquecimento Global; Escassez de água /O lixo e a reciclagem / Hidroelétrica de Belo Monte 2- Royalties - Votação do projeto que propõe uma nova forma de divisão entre Estados e municípios dos royalties do petróleo no Brasil 3- Violência urbana- O terrorismo no Brasil – com as características brasileiras (10 anos dos atentados às “Torres Gêmeas”- ) 4- Bullying e Cyberbullying: uma praga (epidemia) do mundo real e virtual(Caso O Massacre de Realengo) 5- Internet : Delimitação 1: Inclusão ou exclusão digital: como fazer das novas tecnologias – principalmente o computador e a internet – um meio para a promoção social do indivíduo? Delimitação 2 : como evitar as armadilhas da internet? Para não cair na rede / Internet: vantagens e desvantagens / Os perigos da rede – fraudes, aliciamento, pirataria, pedofilia, romances perigosos ou impossíveis. Delimitação 3: o modo como a internet mudou os relacionamentos no mundo contemporâneo ( O real pelo virtual / Amizade, namoro , amor no contexto virtual)– (Ler : reportagem de capa da revista Veja: “Sozinhos.com?” – 8 de julho de 2009) Delimitação 4: Bullying e Cyberbullying: uma praga (epidemia) do mundo real e virtual. Delimitação 5: A internet atrapalha a escrita e a leitura? ( Tema da espcex 2008: “A Internet facilitou o acesso à informação, mas também restringiu a capacidade de reflexão das pessoas.”); 6- Violência e preconceito contra a mulher no século XXI (ler sobre: Lei Maria da Penha/ O voto feminino completa 77 anos dia 3 de novembro de 2010 / Pesquise sobre a história do preconceito contra as mulheres e os principais problemas ainda enfrentados por elas na atualidade: violência – cargos e salários inferiores aos dos homens, por exemplo.) 7- O uso de drogas (“Marcha da Maconha” STF liberou a marcha alegando o direito à liberdade de expressão / Drogas: lícitas (álcool, cigarro); ilícitas / Jovens, drogas e violência/ Quem compra drogas financia a violência/ Legalização, descriminalização das drogas; 8-Paz no trânsito! / Quais os caminhos para se conquistar um trânsito consciente, mais seguro e menos violento? / Trânsito e violência: a Lei Seca ( irresponsabilidade dos jovens/ Carteira de habilitação a partir dos 16 anos)/ O outro lado que as propagandas de bebidas alcoólicas não mostram; 9- O Esporte: uma possibilidade de transformação social /um caminho para a cidadania - O Brasil sediará a Copa de 2014 e poderá sediar as Olimpíadas de 2016; 10- Inclusão de pessoas portadoras de necessidades especiais – O Brasil da acessibilidade / Cartunista capixaba faz selo para ONU e marca luta do deficiente físico Ação celebra 30 anos de luta por acessibilidade e contra preconceito. O trabalho do artista ficou conhecido nas vinhetas da TV Globo. 11- Lei da felicidade – a intenção de garantir a felicidade como um direito constitucional; 12- Doação de órgãos: um gesto nobre / uma questão de generosidade; 13- Igualdade social e políticas de inclusão / Fome: um mal sem cura?(Programas – “Fome Zero” – “Bolsa Família”, “Pro uni”, “Cotas” “Fies”, entre outros); 14- Pedofilia: uma vergonha mundial-(Ler sobre: CPI da Pedofilia); 15- Exploração sexual de crianças e adolescentes; 16- Redução da maioridade penal (20 anos do ECA–Estatuto da Criança e do Adolescente); 17- Jovens no crime (no tráfico): a culpa é de quem?(“Educai as crianças, para que não seja necessário punir os adultos”)- Pitágoras(cerca de 570-490 a.C.) / Delinqüência juvenil, principalmente a violência praticada por jovens de classe média e alta; 18- AIDS: a prevenção é o melhor caminho (30 anos do 1º indivíduo HIV positivo); 19- Culto ao corpo;/ A ditadura da beleza (Anorexia / Bulimia/ Vigorexia / Ortorexia) 20-Voluntariado (no PAN, na Copa e nas Olimpíadas, por exemplo); 21- Terremoto no Japão – energias alternativas -A Descoberta de petróleo no pré-sal( dia 3 de outubro é o dia do petróleo brasileiro)/ As novas matrizes energéticas, limpas e renováveis, em substituição ao petróleo/ Biocombustíveis (Biodiesel: toda a situação gerada pela alternativa de energia ao petróleo, entre elas, a situação de desconforto com os Estados Unidos) 22- Urbanização e sistema viário das grandes cidades08 de novembro Dia Mundial do Urbanismo 23- Homofobia ( União Civil entre pessoas do mesmo gênero – aprovada pelo STF este ano) 24- Patriotismo só com o futebol? -Evidencie razões positivas (para sermos patriotas, ufanistas, termos orgulho do Brasil: Floresta amazônica / Flora e fauna exuberantes e diversificadas / Recursos hídricos – temos 12% de toda a água potável do mundo – 70% do “Aquífero Guarani”/ Petróleo – a descoberta do Pré-sal/ Grande quantidade de terras agricultáveis para a produção de etanol e biodiesel / Vamos sediar a Copa do Mundo em 2014 e as Olimpíadas em 2016 /Somos a 8ª potência econômica mundial / Somos um país cordial, alegre, democrático e pacífico, com um litoral maravilhoso, sem catástrofes ambientais- maremoto, terremoto, vulcões, enfim, “Somos gigantes pela própria natureza” ; e negativas ( para a tristeza, decepção em relação ao nosso país: desigualdade social, má distribuição de renda, fome, miséria , violência, corrupção, saúde e educação de baixa qualidade.) – Mas no final do texto posicione-se de forma otimista, certo? Para você pensar: o Brasil é o país do futuro ou esse tão esperado “futuro” já chegou, já “se transformou em presente?”; 25- A lei , projeto “Ficha limpa” -Corrupção (Limpeza ética na política); 26- Saúde: um direito de todos / O que fazer para melhorar a saúde no Brasil?/ O desafio da saúde no Brasil: atendimento digno à população e eficácia nos momentos de crise 27- Consumismo: ter ou ser? / “Compro; logo, existo”; 28- Educação de qualidade: um desafio nacional; 29- Falência do sistema carcerário e suas conseqüências; Provas da UFES Prova de redação da UFES – 2006 - julho Prova de redação da UFES – 2006 - Dezembro 1.a QUESTÃO (3,0 pontos) “QUEM TEM DÓ DE ANGU NÃO CRIA CACHORRO...” Quando eu era criança, no interior de São Paulo, “angu de cachorro” era uma mistura feita com fubá e restos de comida e que se dava para os cachorros. Logo, quem quisesse criar cachorro não poderia ter dó de gastar fubá ou de fazer angu. Quando reclamávamos de alguma coisa do emprego, da falta de tempo, de ter que viajar muito etc. ̶ minha avó sempre dizia: “Quem tem dó de angu não cria cachorro!”. Hoje vejo como minha avó tinha razão em seu ditado. Enfim, boa parte das pessoas parece não compreender coisas tão simples como o fato de que não dá para “ter dó de angu e querer criar cachorro”. Assim, por exemplo, se você não quer ter dores de cabeça e quer viver uma vida tranqüila e sem riscos, não pode ser empresário. Se quer ser promovido em seu emprego, precisa comprometer-se mais. Se quer ter uma velhice com conforto, precisa poupar durante toda a vida. E assim por diante. Você tem três opções: (a) assuma e enfrente a realidade, (b) mude a realidade ou (c) pare de reclamar. Não dá só para ter os benefícios e vantagens de alguma profissão, empresa ou lugar. Se você é vigia noturno, não reclame de passar as noites acordado. (MARINS, Luiz. Quem tem dó de angu não cria cachorro. TAM Magazine, ano 2, n. 20, out. 2005. p.46.) Relate um fato em que um determinado personagem teve dó de angu e não criou cachorro. 2.a QUESTÃO (3,0 pontos) O seu melhor amigo foi morar em outro país e você não o vê há muito tempo. Como todos os dias você tem recebido muitas informações a respeito do que anda acontecendo no Brasil, escreva-lhe um cartão-postal, contando algumas novidades sobre o nosso país. ATENÇÃO! Qualquer referência ao verdadeiro nome e endereço do candidato implicará ANULAÇÃO desta prova. 3ª QUESTÃO (4,0 pontos) Haiti Quando você for convidado pra subir no adro, da fundação casa de Jorge Amado Pra ver do alto a fila de soldados, quase todos pretos, dando porrada na nuca de malandros pretos, de ladrões mulatos e outros quase (E são quase todos pretos) E aos quase brancos pobres como pretos Como é que pretos, pobres e mulatos E quase brancos quase pretos de tão pobres São tratados (...) Não importa nada: Nem o traço do sobrado, Nem a lente do Fantástico, Nem o disco de Paul Simon Ninguém, ninguém é cidadão. “Lançada pelo IBGE em junho de 2003, a Síntese dos Indicadores Sociais 2002 apresenta a sociedade brasileira no seu retrato mais perverso e desumano. Comprova que do 1% mais rico da população, 88% são de etnia dominante, ̶ indoeuropeus e outras etnias brancas ̶ , enquanto, entre os 10% mais pobres, quase 70% se declaram de cor preta ou parda. O 1% mais rico da população acumula o mesmo volume de rendimento dos 50% mais pobres e os 10% mais ricos ganham 18 vezes mais que os 40% mais pobres.” (Mir, Luis. Guerra Civil: estado e trauma. São Paulo: Geração Editorial, 2004, p. 81.) (Caetano Veloso e Gilberto Gil, 1994) Imagine a seguinte hipótese: você está inaugurando um jornal de uma Organização Não Governamental ̶ ONG ̶ voltada para a questão da injustiça social no Brasil. Tendo em vista a canção Haiti, de Caetano Veloso e de Gilberto Gil, e a citação estatística de Luis Mir, escreva o editorial de inauguração do referido jornal. UFES- 2007 PROVA DE REDAÇÃO 1ª QUESTÃO (4,0 pontos) Elabore um texto, sob a forma de artigo, procurando responder à questão: “O que fazer para diminuir a desigualdade econômica e social?” 1. Mesmo com todo o discurso do Governo Federal a favor da inclusão digital, ou seja, do acesso da população às tecnologias da informação, as estatísticas mostram que a desigualdade social e a má distribuição de renda se refletem diretamente no uso da Internet. Segundo números do Ibope Mídia, o Brasil é o país latino-americano com a maior diferença de acesso à Internet entre ricos e pobres. (Renato Cruz. “Desigualdade social no Brasil mostra sua face na Internet.” (O Estado de São Paulo. Economia, 04-03-2005. Adaptado.) 2. O consenso de que os níveis de pobreza vêm caindo e de que a desigualdade encolhe é o começo de uma longa estrada. Não se poderá superar a precariedade em que ainda vivem milhões de famílias brasileiras sem harmonizar políticas públicas no campo da educação, saúde, habitação, meio-ambiente, além de buscar novos arranjos e relações no mercado de trabalho. Os níveis de pobreza vêm caindo no País, nos últimos anos, mas ainda somos o País em que 1% dos mais ricos tem renda equivalente à de 50% dos mais pobres. (Editoria. “Sim, melhoramos. Mas falta muito.” O Estado de São Paulo. Caderno 2. 25-08-2006.) 2ª QUESTÃO (3,0 pontos) “Lindonéia” (Caetano Veloso / Gilberto Gil – 1968) Na frente do espelho Sem que ninguém a visse Miss Linda, feia Lindonéia desaparecida Despedaçados Atropelados Cachorros mortos nas ruas Policiais vigiando O sol batendo nas frutas Sangrando Oh, meu amor A solidão vai me matar de dor Título: “Lindonéia, a Gioconda dos subúrbios” Autor: Rubens Gerchman Ano: 1966 Rubens Gerchman criou “Lindonéia – a Gioconda dos subúrbios” [1966] com um visual de noticiário policial. No centro da obra, há uma figura de mulher jovem, marcada (por grãos de impressão) junto ao olho esquerdo, ao lado esquerdo do nariz e próximo ao lábio inferior, como se houvesse sido agredida. O olhar da moça é algo entre o susto e a irritação. O estilo do desenho é próximo da caricatura. A figura da moça tem uma moldura espelhada, com alguns detalhes florais beirando o rococó. O espectador do quadro se vê refletido tanto no espelho como no próprio vidro que protege a figura de Lindonéia. (Fabio Gomes. Disponível em:< http://www.brasileirinho.mus.br/arquivomistura/138220506.htm.>. Acesso em: 29 mar. 2007.) Lindonéia, cor parda Fruta na feira Lindonéia solteira Lindonéia, domingo Segunda-feira Lindonéia desaparecida Na igreja, no andor Lindonéia desaparecida Na preguiça, no progresso Lindonéia desaparecida Nas paradas de sucesso Ah, meu amor A solidão vai me matar de dor No avesso do espelho Mas desaparecida Ela aparece na fotografia Do outro lado da vida Despedaçados, atropelados Cachorros mortos nas ruas Policiais vigiando O sol batendo nas frutas Sangrando Oh, meu amor A solidão vai me matar de dor Vai me matar Vai me matar de dor Crie uma narrativa em que Lindonéia conta a própria vida. Nesse relato autobiográfico, deve-se incorporar: a) um comentário ao quadro de Gerchman (por exemplo: título, ano, traços da pintura); b) a citação de um ou dois versos da canção de Caetano e Gil. 3ª QUESTÃO (3,0 pontos) TEXTO 1: Mãe mata filho com facada no peito em SP Cansada das confusões armadas pelo filho, a dona de casa Abenaia da Silva, de 47 anos, matou Fabiano Francisco da Silva, de 26 anos. O crime aconteceu em Rancharia, na região oeste do Estado, a 518 quilômetros de São Paulo. Na noite de segunda-feira, mãe e filho, que era dependente químico, voltaram a discutir, como haviam feito das outras vezes. O rapaz, que estava desempregado, costumava roubar pertences da casa onde morava com a mãe, no bairro da Estação, para comprar drogas. Depois da discussão, por volta das 22h30min, o rapaz tomou um calmante e foi dormir. A mãe foi até a cozinha, pegou uma faca e a desferiu no peito do rapaz quando ele dormia. (Disponível em: <http://www.braziliantimes.com/14.03.07/brasil/6.htm>. Acesso em: 07 maio 2007.) TEXTO 2: Mãe mata filho viciado em drogas Durante uma discussão na noite de sábado, a mãe de Cleverson Ramos, de 23 anos, Natália Ramos, reagiu às ameaças do filho e acabou matando-o com um golpe de faca que atingiu o coração, no Jardim Bela Vista, em Piraquara, na região metropolitana de Curitiba. De acordo com uma irmã, o rapaz era viciado em drogas e exigia que a mãe arrumasse dinheiro para sustentar o vício. Desempregada havia dois meses, a mãe não conseguiu levantar o dinheiro exigido, o que provocou a revolta do rapaz. Cleverson não trabalhava nem estudava. Constantemente passava a noite fora, chegando pela manhã para atormentar a família. Segundo sua irmã, várias vezes o rapaz ameaçara a mãe e, em uma das brigas, teria dado uma facada na mão dela. (Disponível em: <http://www.jornaldepiracicaba.com.br/news.php?news_id=42772>. Acesso em: 07 maio 2007.) Considerando os dois casos acima, redija um Editorial em que você, no primeiro parágrafo, defenda as mães; no segundo, condene o crime delas; e, no terceiro, elabore a sua conclusão. UFES- Dezembro 2007 UFES- Julho de 2008 UFES- Dezembro de 2008 UFES- Dezembro de 2009 UFES- Dezembro de 2010 Exemplos parciais do professor – questão 3 - 2010 A narração – história precisa ser verossímil: adj m+f 1 verossimilhante. 2 possível, provável, plausível, admissível. A: inverossímil. Ano 3011. E estou agora a milhão de quilômetros por segundo, muito acima da velocidade da luz, em uma espaçonave que, certamente, é o símbolo máximo da evolução humana. Como havíamos conversado, em nosso último contato – graças ao mais brilhante meio de comunicação intergaláctico já criado – preciso da sua ajuda, pois, como é o líder do seu povo, representa a única esperança para salvar o que sobrou do meu planeta e da minha espécie. Quero deixar tudo registrado aqui, neste diário de bordo, porque sei que este momento será histórico. Deixo para trás apenas algumas centenas de seres humanos, que resistiram às trágicas consequências do aquecimento global. ... ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Final de semana. Passeio a cavalo na fazenda do meu tio. Banho de cachoeira. Tudo como sempre fazíamos nas férias. Mas algo mudaria para sempre a minha história e a de toda a humanidade. ... Exemplo de alunos: Redacao ufes - narracao vest 2011 Onde tudo começou Estávamos nós, eu e meu irmão Pedro, trabalhando de madrugada em nossa tabacaria, numa rua da pequena Ipatinga. Devido ao clima bucólico, mal sabíamos que aquele outono de 1954 mudaria, de vez, nossas vidas. Passava das duas horas quando, do nada, um clarão iluminou o céu e, estranhamente, caiu em nossas plantações. Pedro e eu, sempre muito curiosos, decidimos ver o que era. Quando chegamos ao local de queda do clarão, encontramos - além de muita fumaça - uma cápsula redonda e do nosso tamanho, de onde saiu um ser que parecia uma mistura de gente e bicho. Ele era alto, magro, cinza, tinha olhos negros e usava um estranho aparelho eletrônico onde, acho eu, era seu pescoço. Estávamos paralisados de medo. Para piorar tudo, ele começou a falar: "olá terráqueos. Me chamo Kx13 e vim de Gliese 581g - um planeta longe daqui - transmitir-vos uma mensagem. Minha civilização é muito avançada, assim, cheguei aqui em algumas horas e, graças a este aparelho em minha garganta, consigo falar sua língua. Quero dizer-lhes que sua raça corre perigo. O meu povo quer os recursos naturais do seu planeta, e para isso, pretende, aos poucos, aniquilar todos vocês..." Antes que ele terminasse de falar, do nada, se desintegrou. Nunca descobrimos sua real intenção, mas, achamos em sua nave pequenas pedras que serviam para o fumo. Conseguimos reproduzi-las e vendê-las. Devido ao seu sucesso, ganhou o nome de crack. Obs: o final desta redação ficou estranho – pouco adequado. linhas: 20 -exatamente, contando com o titulo! Era uma noite calma, de céu claro e estrelado. Eu caminhava pelo parque da cidade em que morava, até que, cansado, resolvi encostar-me em um banco, sob a luz fraca de um poste. Fiquei ali, olhando pro alto, até que algo surpreendente chamou minha atenção: numa explosão de força e luz, um clarão cruzou o céu com uma velocidade que jamais havia visto antes. Assustado, segui os rastros daquela energia luminosa, e acabei correndo até onde ela caíra. Ao chegar lá – lembro-me como se ainda fosse hoje – encontrei uma criatura verde, pequena, de pele fina e cheia de musgo. A criatura ergueu-se com dificuldade, e se pôs em pé na minha frente. Emitiu alguns sons muito agudos, dos quais nada pude compreender, e pela expressão naquela estranha face, percebi que estava impaciente. O ser segurou a minha mão com cautela, e conectou seus dedos nos meus, enquanto eu gelava ao contato com sua pele úmida. Através de um simples toque, seus pensamentos foram transmitidos a mim, e suas palavras ecoaram claramente em minha cabeça: “olá, meu nome é Gliedson, e vim de um planeta muito distante, o Gliese 518g.” E continuou: “– viajei trilhões de quilômetros até aqui, para coletar exemplares de hominídeos, e você foi escolhido. Há anos sua espécie intriga o meu povo, e agora os nossos laboratórios anseiam em estudá-lo, humano”. Notando minha expressão de medo, Gliedson disse que não me faria mal. Após isso, envolveu-me em seus braços, e não pude me mover, sequer abrir os olhos. Avançamos voando para fora da atmosfera, e essa foi a última lembrança que tive de minha vida na Terra. Gêneros textuais Observação: procure pesquisar outros gêneros textuais, pois a UFES pode surpreender. No entanto os principais gêneros cobrados nas provas anteriores estão aqui. Ainda assim, se for possível, pesquise mais exemplos de textos na internet, certo? Modalidades — Gêneros textuais (Obs.: em azul, os principais cobrados nas últimas provas) Descrição: pessoa, lugar, paisagem, objeto, animal Narração: 1- Jornalística (objetiva) noticia de jornal-lead 2- Ficção(subjetiva) 3- Fábula 4- Crônica 5- Depoimento 6- Conto 7- Piada 8- Biografia – auto -biografia Dissertação: 1- Comum 2- Carta argumentativa 3- Artigo de opinião 4- Editorial 5- Resenha crítica 6- Manifesto (sobre os Royalties) Outros: Testamento Entrevista Comentário Gêneros de textos Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. Gênero Textual ou Gênero de Texto se refere às diferentes formas de expressão textual. Nos estudos da Literatura, temos, por exemplo, poesia, crônicas, contos, prosa, narrativa ,etc. Para a Linguística, os gêneros textuais englobam estes e todos os textos produzidos por usuários de uma língua. Assim, ao lado da crônica, do conto, vamos também identificar a carta pessoal, a conversa telefônica, o email, e tantos outros exemplares de gêneros que circulam em nossa sociedade. Quanto à forma ou estrutura das sequências linguísticas encontradas em cada texto, podemos classificá-los dentro dos tipos textuais a partir de suas estruturas e estilos composicionais. Gêneros Orais e Escritos na Escola Domínios sociais de Aspectos Capacidade de Exemplo de gêneros orais e escritos comunicação Cultura Literária Ficcional Documentação e memorização das ações humanas Discussão de problemas sociais controversos tipológicos linguagem dominante Narrar [Conto Maravilhoso], Conto de Fadas, fábula, lenda,narrativa de aventura, narrativa de ficção Mimeses de ação através cientifica, narrativa de enigma, narrativa mítica, sketch da criação da intriga no ou história engraçada, biografia romanceada, dominio do verossímil romance, romance histórico, novela fantástica, conto, crônica literária, adivinha, piada Relatar Representação pelo discurso de experiências vividas, situadas no tempo Relato de experiência vivida, relato de viagem, diário íntimo, testemunho, anedota ou caso, autobiografia, curriculum vitae, noticia, reportagem, crônica social, crônica esportiva, histórico, relato histórico, ensaio ou perfil biográfico, biografia Sustentação, refutação e negociação de tomadas de posição Textos de opinião, diálogo argumentativo, carta de leitor, carta de solicitação, deliberação informal, debate regrado, assembleia, discurso de defesa (advocacia), discurso de acusação (advocacia), resenha crítica, artigos de opinião ou assinados, editorial, ensaio Argumentar Transmissão e construção de saberes Expor Apresentação textual de diferentes formas dos saberes Texto expositivo, exposição oral, seminário, conferência, comunicação oral, palestra, entrevista de especialista, verbete, artigo enciclopédico, texto explicativo, tomada de notas, resumo de textos expositivos e explicativos, resenha, relatório científico, relatório oral de experiência Instruções e prescrições Descrever ações Regulação mútua de comportamentos Instruções de montagem, receita, regulamento, regras de jogo, instruções de uso, comandos diversos, textos prescritivos Sempre que nos manifestamos linguisticamente, o fazemos por meio de textos. E cada texto realiza sempre um gênero textual. Cada vez que nos expressamos linguisticamente estamos fazendo algo social, estamos agindo, estamos trabalhando. Cada produção textual, oral ou escrita, realiza um gênero porque é um trabalho social e discursivo. As práticas sociais é que determinam o gênero adequado.Mas o que então pode ser classificado como gênero textual? Pode–se dizer que os gêneros textuais estão intimamente ligados à nossa situação cotidiana. Eles existem como mecanismo de organização das atividades sociocomunicativas do dia-a-dia. Assim caracterizam-se como eventos textuais maleáveis e dinâmicos. Vejamos: Nas sociedades modernas, trabalho e obtenção de dinheiro estão intrinsecamente ligados. Por isso, muitas vezes não percebemos que algumas de nossas atividades cotidianas não remuneradas também são trabalho. O trabalho representa, na sociedade em que vivemos, para cada indivíduo, uma forma de se situar na sociedade, sendo ele remunerado ou não. Por isso trabalho é parte integrante da vida de cada um de nós.Nessa perspectiva, a linguagem é um dos nossos mais relevantes trabalhos. Gêneros textuais Gêneros textuais são tipos especificos de textos de qualquer natureza, literários ou não-literários. Modalidades discursivas constituem as estruturas e as funções sociais (narrativas, discursivas, argumentativas) utilizadas como formas de organizar a linguagem. Dessa forma, podem ser considerados exemplos de gêneros textuais: anúncios, convites, atlas, avisos, programas de auditórios, bulas, cartas, cartazes, comédias, contos de fadas, crônicas, editoriais, ensaios, entrevistas, contratos, decretos, discursos políticos, histórias, instruções de uso, letras de música, leis, mensagens, notícias. São textos que circulam no mundo, que têm uma função específica, para um público específico e com características próprias. Aliás, essas características peculiares de um gênero discursivo nos permitem abordar aspectos da textualidade, tais como coerência e coesão textuais, impessoalidade, técnicas de argumentação e outros aspectos pertinentes ao gênero em questão. --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Diferença entre as modalidades textuais: Descrição: palavras-chave: uma imagem transmitida com palavras; uma fotografia, algo estático. Na descrição o tempo não passa. Não existe relação de anterioridade e posterioridade. Pode até haver movimento, ação, mas tudo ocorre de forma simultânea(concomitantemente), como se fosse dentro de uma moldura. Portanto, não há personagens. Principais temas dessa modalidade: objeto, paisagem, lugar, animal, pessoa, entre outros. Narração: palavras-chave: uma história, um fato está se desenrolando, acontecendo. Portanto, há personagens, que participam de uma ação, um fato, um acontecimento. Existe, desse modo, a relação do antes e depois, isto é, o tempo passa, não fica estático.Exemplos: Jornalística (objetiva) notícia de jornal-lead, Ficção(subjetiva), Fábula, Crônica, Depoimento, Conto, Piada, Biografia, auto –biografia, novela, entre outros. Dissertação: palavras-chave: analisar, criticar, transmitir opinião sobre um assunto, convencer, persuadir, fazer afirmações e sustentálas com informações. Dissertar: informar objetivamente( enciclopédia, livro de história...; nesses exemplos não há intenção de convencer, pois não existe polêmica, divergências, opiniões discordantes, contraditórias, são ideias em relação às quais há unanimidade, comprovação científica) . Texto dissertativoargumentativo: convencer o outro sobre determinado assunto, pois neste caso não há unanimidade; aqui conta a habilidade de escolher e usar as informações mais convincentes, com maior força persuasiva. Narração: O lead (ou, na forma aportuguesada, lide) é, em jornalismo, a primeira parte de uma notícia, geralmente posta em destaque relativo, que fornece ao leitor a informação básica sobre o tema e pretende prender-lhe o interesse. É uma expressão inglesa que significa "guia" ou "o que vem à frente". Na teoria do jornalismo, as seis perguntas básicas do lead devem ser respondidas na elaboração de uma matéria; São elas: "O quê?", "Quem?", "Quando?", "Onde?", "Como?", e "Por quê?". O lead, portanto, deve informar qual é o fato jornalístico noticiado e as principais circunstâncias em que ele ocorre. Segundo Adelmo Genro Filho, em "O Segredo da Pirâmide", o lead deve descrever a maior singularidade da notícia. Já o lead do texto de reportagem, ou de revista, não tem a necessidade de responder imediatamente às seis perguntas. Sua principal função é oferecer uma prévia, como a descrição de uma imagem, do assunto a ser abordado. O lead deve ser mais objetivo, evitando a subjetividade e pautar mais para exatidão, linguagem clara e simples. Isso não significa, porém, que o lead deva ser burocrático. O leitor ganha interesse pela notícia quando o lead é bem elaborado e coerente. Escolher notícias fortes e interessantes para treinar, certo? Crie duas notícias( verídicas ou não, mas verossímeis) Mulher atropela e mata a própria filha de 4 anos Jovem, que não tem habilitação, ainda atingiu gravemente a mãe RAFAELA, grávida de três meses, está em choque. Giovana morreu na hora SÃO PAULO e TAUBATÉ (Folhapress e AE) - Uma jovem atropelou a própria filha, Giovana da Silva, de 4 anos, e a mãe, na tarde do último domingo, em Campos do Jordão, a 181 quilômetros de São Paulo. A menina morreu na hora. Para a polícia, foi um acidente. Grávida de três meses, Rafaela Cássia da Silva, de 22 anos, está emocionalmente abalada. A mãe dela, Soraia Aparecida da Silva, 38, sofreu ferimentos graves e está internada no Hospital São Lucas, em Taubaté. Em depoimento à polícia, o marido de Rafaela, disse que, por volta das 15h30, ela lhe pediu a chave do carro, que estava na garagem da casa da mãe dela, localizada na Vila Dubieux. Em seguida, de acordo com o marido, ele ouviu o barulho da batida. A mãe e a filha de Rafaela foram prensadas pelo carro contra um muro. A jovem não tinha carteira de habilitação. “Tudo indica que foi acidente, mas claro que será investigado, pois envolve uma criança de 4 anos. Mas não houve intenção”, disse o delegado Rubens Garcia, que cuida do caso. O pai de Rafaela, José Vítor do Nascimento, 51, disse que a filha já havia pedido duas vezes para dirigir seu carro. Como ele recusou, Rafaela pediu para guiar o carro do marido. “Na primeira vez, ele recusou também. Na segunda, ela só pediu a chave. Ele deu achando que ela fosse pegar alguma mala no carro. É uma fatalidade daquelas que não sabemos como acontece”, disse Nascimento. As duas vítimas haviam acabado de almoçar e estavam encostadas no muro. “Rafaela entrou no carro, desengatou e o veículo começou a descer de ré. Na tentativa de desviar do muro ela acabou atingindo a avó e a neta. Foi um desespero só”, disse o pai da jovem. Ele afirmou que a filha ainda está em estado de choque e que a mulher dele passaria por uma cirurgia no fêmur. Rafaela está na casa de uma tia, na cidade vizinha de Santo Antônio do Pinhal, e não quis falar com a Imprensa. “É uma parte da família que foi destruída”, disse. O corpo da menina será transladado para Brasópolis, em Minas Gerais, onde ela morava com os pais. O delegado Rubens Garcia afirmou que foi instaurado inquérito e que aguarda a chegada de laudos da perícia para prosseguir com as investigações. Rafaela poderá responder por homicídio culposo (quando não há intenção), lesão corporal e dirigir sem habilitação. Porém, de acordo com o artigo 121 do Código Penal, ela pode não receber nenhuma pena, pois a dor da perda supera qualquer punição. “Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena se as consequências do fato atingirem o próprio agente (o causador ) de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária”, aponta o parágrafo único do artigo 121. Mãe atropela e mata a própria filha em acidente 13/06/2011 14:43 - Fonte: G1 - Edição Edgar Rocha Mãe atropela e mata a própria filha em acidente 13/06/2011 14:43 - Fonte: G1 - Edição Edgar Rocha Parentes da menina que morreu após sua mãe atropelá-la atropelá la acidentalmente em Campos do Jordão, no interior de São Paulo, no domingo omingo (12) disseram nesta segunda-feira segunda feira (13) que a criança de 4 anos irá deixar saudade. “Ela era tão carinhosa. Era um amor de menina”, disse Maria Aparecida da Silva, tia-avó tia avó da pequena Geovana. A menina morava em Brasópolis, em Minas Gerais, com os pais pais e foi passar o fim de semana com os avós maternos em Campos do Jordão. Depois do almoço, avó e neta estavam encostadas em muro de uma casa na Vila Tubiê quando foram atingidas pelo carro que Rafaela, a mãe da criança, dirigia. Aos 22 anos, ela não tinha carteira da habilitação. saiba mais * Mãe atropela e mata filha dentro ro de garagem no interior de SP “Ela [Rafaela] desengatou o carro e ele desceu de ré. Quando ela engatou a marcha novamente, foi onde ela veio desviar e aconteceu o choque com a filha e a avó dela. Nesse momento foi só desespero”, lamentou o avô da garota, José Vitor do Nascimento. Geovana, a mãe e a avó foram levadas ao pronto-socorro pronto socorro de Campos do Jordão. A menina morreu. A avó foi levada em estado grave para o hospital São Lucas, em Taubaté, Taubaté, também no interior. Ela terá que passar por p uma cirurgia no fêmur. Já a mãe da criança, que está grávida de dois meses, estava na tarde desta segunda na casa de parentes em Santo Antônio do Pinhal. "A Rafaela está bem abalada, está destruída. Não tem como como querer falar que está bem porque não está", completou o avô. O corpo da menina será levado para Brasópolis, no sul de Minas, onde vai ser enterrado. [editar]] 20 exemplos de leads Massacre de Realengo Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. Ir para: navegação, pesquisa Coordenadas Coordenadas: Massacre de Realengo Fachada da escola momentos depois do crime Local Realengo, Rio de Janeiro, Brasil Data 7 de abril de 2011 8:30 (UTC−3) Tipo de ataque massacre escolar, assassinato em massa Mortes 13[1] (incluindo o assassino) Feridos 22[2] Responsável(eis) Wellington Menezes de Oliveira "O quê?", "Quem?", "Quando?", "Onde?", "Onde? "Como?", e "Por quê?" 22°53’2”S, 43°25’3”O O Massacre de Realengo , que foi um assassinato em massa, massa ocorreu em 7 de abril de 2011,, por volta das 8h30min da manhã (UTC-3), ( ), na Escola Municipal Tasso da Silveira, localizada no bairro de Realengo, na cidade do Rio de Janeiro. Janeiro Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, invadiu a escola armado com dois revólveres e começou a disparar contra os alunos presentes, matando doze deles, com idade entre 12 e 14 anos. Oliveira foi interceptado por policiais, cometendo suicídio.[3][4] A motivação do crime figura incerta, porém a nota de suicídio de Wellington e o testemunho público de sua irmã adotiva e o de um colega próximo apontam que o atirador era reservado, sofria bullying e pesquisava muito sobre assuntos ligados a [6][7][8] atentados terroristas e a grupos religiosos fundamentalistas.[5][6] O crime causou comoção no país e teve ampla repercussão em noticiários internacionais.[9][10][11][12] A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, Rousseff decretou luto nacional de três dias em [13] virtude das mortes. Caso João Hélio Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. Ir para: navegação, pesquisa As referências deste artigo necessitam de formatação (desde janeiro de 2011). Por favor, utilize fontes apropriadas contendo referência ao título, autor, data e fonte de publicação do trabalho para que o artigo permaneça verificável no futuro. "Caso João Hélio" Local do crime Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, Janeiro RJ Vítimas João Hélio Fernandes Vieites Vieite Réus Carlos Eduardo Toledo Lima, Diego Nascimento da Silva, Carlos Roberto da Silva, Tiago de Abreu Mattos, Ezequiel Toledo Lima Advogado de defesa Carlos Salles e Celso Queiroz Promotor José Luiz Ferreira Marques Juiz Marcela Assad Caram Local do 1ª Vara Criminal da Madureira, Rio de Janeiro Julgamento (Carlos Eduardo, Diego, Carlos Roberto e Tiago) 2ª Vara de Infância e Juventude da Capital, Rio de Janeiro (Ezequiel) Situação Carlos Eduardo Toledo Lima condenado a 45 anos de reclusão. Diego Nascimento da Silva S a 44 anos e 3 meses de reclusão. ão. Carlos Roberto da Silva e Tiago de Abreu Mattos condenados cada um a 39 anos de reclusão. Ezequiel Toledo de Lima condenado a medida sócio-educativa sócio em 3 anos em regime fechado e 2 anos em regime semi-aberto. O Caso João Hélio foi o crime ocorrido na noite de 7 de fevereiro de 2007, quando João Hélio Fernandes Vieites (Rio Rio de Janeiro, Janeiro 18 de março de 2000 — Rio de Janeiro, 7 de fevereiro de 2007) foi assassinado após um assalto. João Hélio tinha seis anos de idade quando foi vítima da violência na cidade do Rio de Janeiro. João Hélio era estudante da pré-escola particularr Crianças & Cia, onde cursava o primeiro ano do Ensino Fundamental.. Eram os pais: Rosa Cristina Fernandes Vieites e Elson Lopes Vieites. O garoto ficou conhecido em todo o Brasil no dia 8 de fevereiro, fevereiro após sua morte traumática na noite do dia anterior, quando o carro em que ele estava com a mãe foi assaltado. Os assaltantes arrastaram o menino preso ao cinto de segurança pelo lado de fora do veículo. O crime João Hélio Nascimento 18 de março de 2000 Rio de Janeiro, Brasil Morte 7 de fevereiro de 2007 (6 anos) Rio de Janeiro, Brasil Nacionalidade Brasileira O que seria mais um assalto a carro no subúrbio da cidade do Rio de Janeiro, transformou-se transformou em uma tragédia que abalou o país. Naquela noite do dia 7 de fevereiro,, por volta das 21h30min de uma quarta-feira, quarta Rosa Cristina Fernandes voltava para casa com os filhos Aline Fernandes (de 13 anos) e João Hélio (de 6 anos). Eventualmente ela parou no semáforo, quando três homens armados, fazendo uso de duas armas, ar a abordaram dando ordem para que eles saíssem do veículo. O assalto ocorreu na rua João Vicente, próximo à Praça do Patriarca, em Oswaldo Cruz, Zona Norte. A mãe do menino, Rosa Fernandes, foi rendida ao volante do Corsa Sedan, placa KUN 6481.. No interior inte do veículo estavam uma amiga da família e o filho João Hélio no banco traseiro e a filha adolescente viajava ao lado da mãe no banco dianteiro direito, que no momento do assalto conseguiram abandonar o carro, porém, Rosa havia avisado aos assaltantes que João Hélio não havia conseguido se soltar do cinto de segurança. Presa ao cinto de segurança, a criança não conseguiu sair. Um dos assaltantes bateu a porta e os bandidos arrancaram com o veículo em alta velocidade. Com o menino preso pelo lado de fora do veículo, os assaltantes o arrastaram por sete quilômetros, passando pelos bairros de Oswaldo Cruz, Madureira, Campinho e Cascadura. Motoristas e um motoqueiro que passavam no momento sinalizaram com os faróis. Os ladrões ironizaram dizendo que "o que estava stava sendo arrastado não era uma criança, mas um mero boneco de Judas", Judas" e continuaram a fuga arrastando o corpo do menino pelo asfalto. Segundo testemunhas, moradores gritavam desesperados ao ver a criança sendo arrastada pelas ruas. Os criminosos abandonaram aram o carro com o corpo do menino pendurado do lado de fora, com o crânio esfacelado, na rua Caiari, uma via sem saída, no bairro de Cascadura, Zona Norte, e fugiram. O corpo do garoto ficou totalmente irreconhecível. Durante o trajeto, ele perdeu vários dedos e as pontas dos mesmos, além da cabeça, que não foi totalmente localizada.[1] A falta de policiais do 9º BPM (Rocha Miranda) nas ruas facilitou a fuga. Nesse Nesse percurso, os bandidos trafegaram pelas ruas João Vicente, Agostinho Barbalho, Dona Klara, Domingos Lopes, avenida Ernani Cardoso, Cerqueira Daltro, Florentina, entre outras. No trajeto, passaram em frente ao Quartel de Bombeiros de Campinho, por um quartel do Exército e pelo Fórum de Cascadura, mas não cruzaram com nenhuma viatura da polícia. Os criminosos passaram também, diante a dois bares, um na esquina das ruas Cândido Bastos com a Silva Gomes e outro na rua Barbosa com a Florentina. As pessoas que ali estavam apavoraram-se com a cena e começaram a gritar. Um bacharel em Direito, Diógenes Alexandre, 24 anos, morador das proximidades, estava no bar da esquina das ruas Cândido Bastos com a Silva Gomes, e viu quando os bandidos passaram arrastando o corpo do menino. Segundo ele, os bandidos chegaram a parar o carro. Neste momento, a princípio, algumas pessoas pensaram que eles arrastavam um boneco. Mas ele e o dono do bar, viram que era uma criança, pois perceberam o sangue na lataria do carro. "Eram três homens que estavam no carro, tinha um sentado no banco traseiro, que ainda olhou para trás quando nós gritamos, mas eles aceleraram e passaram por um quebramola em alta velocidade e o corpo foi batendo no asfalto", contou. Demonstrando serem conhecedores da área, os assaltantes abandonaram o carro ao final da rua Caiari, próximo à escadaria que dá acesso à Praça Três Lagoas. Certos de que não seriam presos, estacionaram e fecharam o carro antes da fuga. Segundo testemunhas, os bandidos desceram as escadas calmamente. O bacharel em Direito disse que, ao se aproximar do carro, teve certeza de que era o corpo de uma criança. Ele e dois amigos seguiram o carro. "O barulho parecia ser de um papelão sendo arrastado", afirmou. Após assistir a cena, Diógenes ficou 10 minutos em estado de choque. "Não tive nenhuma ação, só depois é que lembrei de ligar para a polícia e já era 21h40. Aí ouvi as pessoas falando que havia partes do crânio do menino na rua Cerqueira Daltro e que eles pararam em um sinal, pouco antes do viaduto de Cascadura, onde várias pessoas correram para avisar, chegaram a bater no carro, mas eles continuaram o trajeto, piscando os faróis", disse. Pelo celular avisou à polícia. Pouco depois, a rua foi tomada por policiais. Durante parte do trajeto, os bandidos foram seguidos por um motociclista que presenciou o momento do roubo. Ele levou os policiais até a rua Cerqueira Daltro, próximo a um supermercado. Ali estavam parte da cabeça da vítima e massa encefálica, que foram recolhidas e colocadas em um saco plástico.[1] O crime mobilizou policiais de três delegacias e do 9º Batalhão da PM (Rocha Miranda, no subúrbio). O delegado do 30º DP (Marechal Hermes) Hércules Pires do Nascimento pediu ajuda à população para localizar os bandidos. O Disque-Denúncia começou a receber telefonemas e ofereceu, de início, uma recompensa de 2 mil reais, que posteriormente subiu para 4 mil reais, por informações que identificassem os envolvidos. Dezoito horas após o assalto, e diante da forte repercussão nos noticiários que o caso teve na opinião pública, a Polícia Militar começou as prisões dos envolvidos, prendendo o primeiro: Diego. Este reconhecido pelo pai, o porteiro Kuelginaldo, que foi localizado por meio de denúncia anônima e se comprometeu a colaborar indo à delegacia e um menor com a idade de 16 anos. Eles confessaram o crime, segundo a polícia. De acordo com as investigações, Diego Nascimento da Silva, de 18 anos, ocupou o banco do carona na fuga; Carlos Eduardo Toledo Lima, de 23 anos, foi o condutor do automóvel; e o menor de 16 anos, que foi o responsável por render a mãe de João Hélio e ocupar o banco de trás do veículo Corsa prata roubado de Rosa Cristina Fernandes. Um outro homem, Tiago, chegou a ser preso, mas foi liberado em seguida por não ter sido comprovada a sua ligação com o caso. No dia seguinte, a polícia pediu a prisão de mais dois suspeitos da morte do menino arrastado. Um dos suspeitos, o condutor do veículo, Carlos Eduardo, é irmão do menor de idade, já detido. À noite, a polícia prendeu novamente Tiago de Abreu Mattos, de 19 anos, o quarto suspeito de ter participado da tentativa de assalto. Segundo a polícia, ele juntamente com mais um quinto elemento, Carlos Roberto da Silva, de 21 anos, levaram os bandidos até o local do assalto, ambos estariam no táxi, que pertencia ao pai de Tiago, utilizado para levar a quadrilha até o local e dar cobertura à fuga. Carlos Eduardo Toledo Lima ainda estava foragido, mas foi preso horas depois. Os cinco acusados tiveram a prisão temporária decretada até 10 de março de 2007. Testemunhas afirmaram que o carro trafegava em ziguezague e passava perto dos postes na tentativa de se livrar do corpo do menino, informou o delegado. O menor envolvido, confessou ter utilizado revólver de plástico (falso) para realizar o assalto, versão esta, discordada por Rosa Fernandes ao relatar que os bandidos, ao baterem no vidro do automóvel com as armas, produziu um ruído característico de metal em vidro.[2] Diego Nascimento da Silva, Carlos Eduardo Toledo Lima, Carlos Roberto da Silva e Tiago de Abreu Mattos foram ouvidos na 1ª Vara Criminal de Madureira, no subúrbio do Rio. O comandante-geral da PM, coronel Ubiratan Ângelo, confirmou, em entrevista à Rádio CBN, que não havia policiais no local do assalto. Ele reconheceu a necessidade de reforço do policiamento. Ubiratan classificou o crime como trágico e contou que o agente que foi ao local começou a chorar e não conseguiu passar a ocorrência. Narração Tem por objetivo contar uma história real, fictícia ou mesclando dados reais e imaginários. Baseia-se numa evolução de acontecimentos, mesmo que não mantenham relação de linearidade com o tempo real. Sendo assim, está pautada em verbos de ação e conectores temporais. A narrativa pode estar em 1ª ou 3ª pessoa, dependendo do papel que o narrador assuma em relação à história. Numa narrativa em 1ª pessoa, o narrador participa ativamente dos fatos narrados, mesmo que não seja a personagem principal (narrador = personagem). Já a narrativa em 3ª pessoa traz o narrador como um observador dos fatos que pode até mesmo apresentar pensamentos de personagens do texto (narrador = observador). O bom autor toma partido das duas opções de posicionamento para o narrador, a fim de criar uma história mais ou menor parcial, comprometida. Por exemplo, Machado de Assis, ao escrever Dom Casmurro, optou pela narrativa em 1ª pessoa justamente para apresentar-nos os fatos segundo um ponto de vista interno, portanto mais parcial e subjetivo. Narração objetiva X Narração subjetiva • objetiva - apenas informa os fatos, sem se deixar envolver emocionalmente com o que está noticiado. É de cunho impessoal e direto. • subjetiva - leva-se em conta as emoções, os sentimentos envolvidos na história. São ressaltados os efeitos psicológicos que os acontecimentos desencadeiam nos personagens. Observação o fato de um narrador de 1ª pessoa envolver-se emocionalmente com mais facilidade na história, não significa que a narração subjetiva requeira sempre um narrador em 1ª pessoa ou vice-versa. Elementos básicos da narrativa: • Fato - o que se vai narrar (O quê ?) • Tempo - quando o fato ocorreu (Quando ?) • Lugar - onde o fato se deu (Onde ?) • Personagens - quem participou ou observou o ocorrido (Com quem ?) • Causa - motivo que determinou a ocorrência (Por quê ?) • Modo - como se deu o fato (Como ?) • Conseqüências (Geralmente provoca determinado desfecho) A modalidade narrativa de texto pode constituir-se de diferentes maneiras: piada, peça teatral, crônica, novela, conto, fábula etc. Uma narrativa pode trazer falas de personagens entremeadas aos acontecimentos, faz-se uso dos chamados discursos: direto, indireto ou indireto livre. No discurso direto, o narrador transcreve as palavras da própria personagem. Para tanto, recomenda-se o uso de algumas notações gráficas que marquem tais falas: travessão, dois pontos, aspas. Mais modernamente alguns autores não fazem uso desses recursos. O discurso indireto apresenta as palavras das personagens através do narrador que reproduz uma síntese do que ouviu, podendo suprimir ou modificar o que achar necessário. A estruturação desse discurso não carece de marcações gráficas especiais, uma vez que sempre é o narrador que detém a palavra. Usualmente, a estrutura traz verbo discendi (elocução) e oração subordinada substantiva com verbo num tempo passado em relação à fala da personagem. Quanto ao discurso indireto livre, é usado como uma estrutura bastante informal de colocar frases soltas, sem identificação de quem a proferiu, em meio ao texto. Trazem, muitas vezes, um pensamento do personagem ou do narrador, um juízo de valor ou opinião, um questionamento referente a algo mencionado no texto ou algo parecido. Esse tipo de discurso é o mais usado atualmente, sobretudo em crônicas de jornal, histórias infantis e pequenos contos. A Narração A narração é um relato centrado num fato ou acontecimento; há personagem(ns) atuando e um narrador que relata a ação. A narração é um tipo de texto marcado pela temporalidade. Ou seja, como seu material é o fato e a ação que envolve personagens, a progressão temporal é essencial para seu desenrolar: as ações direcionam-se para um conflito que requer uma solução, o que nos permite concluir que chegaremos a uma situação nova. Portanto, a sucessão de acontecimentos que leva a uma transformação, a uma mudança, e a trama que se constrói com os elementos do conflito desenvolvem-se necessariamente numa linha de tempo e num determinado espaço. Esquematizando, teríamos: a personagem A vive um conflito X que se resolve assim; após o conflito, o personagem A não será o mesmo do início da narrativa. Os elementos da narrativa são: Narrador, enredo, personagens, ambiente e tempo. Protagonistas e Antagonistas Já sabemos que a narrativa, em geral, está centrado num conflito, que pode se dar entre o personagem e o meio físico, ou entre ele e sua consciência, ou entre dois personagens. Como exemplo: dois personagens desempenham o papel de lutadores. Em linguagem popular, temos caracterizados o "mocinho" e o "bandido" (ou, como querem alguns desenhos de televisão, "os do bem" e "os do mal"). Ou ainda, em outros termos, o herói e o vilão. Esses personagens recebem o nome de protagonista e antagonista. " Protagonista" e "antagonista" são palavras que vêm do grego. Conhecer o significado original delas é bastante educativo: protagonista: [Do gr. protagonistés, o principal 'ator', ou 'competidor'.] S. 2g. 1. O primeiro ator do drama grego. (...) 2. Teat. e Cin. A personagem de uma peça teatral, de um filme, de um romance, etc. 3. Fig. Pessoa que desempenha ou ocupa o primeiro lugar num acontecimento. antagonista: [Do gr. antagonistés, pelo lat. antagonista.]. Adj. 2 g. 1 Que atua em sentido oposto, opositor, adversário. (...) S. 2g. 4. Pessoa que é contra alguém ou algo, adversário, opositor. Narração Tem por objetivo contar uma história real, fictícia ou mesclando dados reais e imaginários. Baseia-se numa evolução de acontecimentos, mesmo que não mantenham relação de linearidade com o tempo real. Sendo assim, está pautada em verbos de ação e conectores temporais. A narrativa pode estar em 1ª ou 3ª pessoa, dependendo do papel que o narrador assuma em relação à história. Numa narrativa em 1ª pessoa, o narrador participa ativamente dos fatos narrados, mesmo que não seja a personagem principal (narrador = personagem). Já a narrativa em 3ª pessoa traz o narrador como um observador dos fatos que pode até mesmo apresentar pensamentos de personagens do texto (narrador = observador). O bom autor toma partido das duas opções de posicionamento para o narrador, a fim de criar uma história mais ou menor parcial, comprometida. Por exemplo, Machado de Assis, ao escrever Dom Casmurro, optou pela narrativa em 1ª pessoa justamente para apresentar-nos os fatos segundo um ponto de vista interno, portanto mais parcial e subjetivo. Narração objetiva X Narração subjetiva * objetiva - apenas informa os fatos, sem se deixar envolver emocionalmente com o que está noticiado. É de cunho impessoal e direto. * subjetiva - leva-se em conta as emoções, os sentimentos envolvidos na história. São ressaltados os efeitos psicológicos que os acontecimentos desencadeiam nos personagens. Observação o fato de um narrador de 1ª pessoa envolver-se emocionalmente com mais facilidade na história, não significa que a narração subjetiva requeira sempre um narrador em 1ª pessoa ou vice-versa. Elementos básicos da narrativa: * Fato - o que se vai narrar (O quê ?) * Tempo - quando o fato ocorreu (Quando ?) * Lugar - onde o fato se deu (Onde ?) * Personagens - quem participou ou observou o ocorrido (Com quem ?) * Causa - motivo que determinou a ocorrência (Por quê ?) * Modo - como se deu o fato (Como ?) * Conseqüências (Geralmente provoca determinado desfecho) A modalidade narrativa de texto pode constituir-se de diferentes maneiras: piada, peça teatral, crônica, novela, conto, fábula etc. Uma narrativa pode trazer falas de personagens entremeadas aos acontecimentos, faz-se uso dos chamados discursos: direto, indireto ou indireto livre. No discurso direto, o narrador transcreve as palavras da própria personagem. Para tanto, recomenda-se o uso de algumas notações gráficas que marquem tais falas: travessão, dois pontos, aspas. Mais modernamente alguns autores não fazem uso desses recursos. O discurso indireto apresenta as palavras das personagens através do narrador que reproduz uma síntese do que ouviu, podendo suprimir ou modificar o que achar necessário. A estruturação desse discurso não carece de marcações gráficas especiais, uma vez que sempre é o narrador que detém a palavra. Usualmente, a estrutura traz verbo discendi (elocução) e oração subordinada substantiva com verbo num tempo passado em relação à fala da personagem. Quanto ao discurso indireto livre, é usado como uma estrutura bastante informal de colocar frases soltas, sem identificação de quem a proferiu, em meio ao texto. Trazem, muitas vezes, um pensamento do personagem ou do narrador, um juízo de valor ou opinião, um questionamento referente a algo mencionado no texto ou algo parecido. Esse tipo de discurso é o mais usado atualmente, sobretudo em crônicas de jornal, histórias infantis e pequenos contos. Produção de Textos - A Narração A narração é um relato centrado num fato ou acontecimento; há personagem(ns) atuando e um narrador que relata a ação. A narração é um tipo de texto marcado pela temporalidade. Ou seja, como seu material é o fato e a ação que envolve personagens, a progressão temporal é essencial para seu desenrolar: as ações direcionam-se para um conflito que requer uma solução, o que nos permite concluir que chegaremos a uma situação nova. Portanto, a sucessão de acontecimentos que leva a uma transformação, a uma mudança, e a trama que se constrói com os elementos do conflito desenvolvem-se necessariamente numa linha de tempo e num determinado espaço. Esquematizando, teríamos: a personagem A vive um conflito X que se resolve assim; após o conflito, o personagem A não será o mesmo do início da narrativa. Os elementos da narrativa são: Narrador, enredo, personagens, ambiente e tempo. Protagonistas e Antagonistas Já sabemos que a narrativa, em geral, está centrado num conflito, que pode se dar entre o personagem e o meio físico, ou entre ele e sua consciência, ou entre dois personagens. Como exemplo: dois personagens desempenham o papel de lutadores. Em linguagem popular, temos caracterizados o "mocinho" e o "bandido" (ou, como querem alguns desenhos de televisão, "os do bem" e "os do mal"). Ou ainda, em outros termos, o herói e o vilão. Esses personagens recebem o nome de protagonista e antagonista. " Protagonista" e "antagonista" são palavras que vêm do grego. Conhecer o significado original delas é bastante educativo: protagonista: [Do gr. protagonistés, o principal 'ator', ou 'competidor'.] S. 2g. 1. O primeiro ator do drama grego. (...) 2. Teat. e Cin. A personagem de uma peça teatral, de um filme, de um romance, etc. 3. Fig. Pessoa que desempenha ou ocupa o primeiro lugar num acontecimento. antagonista: [Do gr. antagonistés, pelo lat. antagonista.]. Adj. 2 g. 1 Que atua em sentido oposto, opositor, adversário. (...) S. 2g. 4. Pessoa que é contra alguém ou algo, adversário, opositor. EXERCÍCIOS GERAIS DE NARRAÇÃO I- Leia atentamente o texto abaixo : “A SINA DE ALFO Alfo era um ratinho muito prestativo que trabalhava para o Rei Leão. Era alegre, brincalhão , amigo com o qual o rei podia contar vinte e quatro horas por dia. Mas com o passar do tempo, Alfo foi ficando triste, pois vivia praticamente preso às suas obrigações de ajudante-de-ordens, conselheiro, ombudsman, mão direita, mensageiro, e não tinha tempo para mais nada. Por causa de sua índole alegre e expansiva, o ratinho gostava de viver livremente. Por isso, ultimamente, o seu emprego o desgostava muito; sentia-se escravo do dever. O ratinho Alfo tornava-se cada vez mais sério, mais taciturno; nem as mais engraçadas piadas do papagaio o faziam rir. Os bichos viviam fazendo-lhe graça para tentar descontraí-lo e sugeriam com preocupação: - Alfo, ria ! Rir faz bem ! - Alfo, ria ! Você está envelhecendo . Mas quê ! Alfo foi ficando cada vez mais calado, até que um dia resolveu falar com o Rei. - Senhor , não agüento mais o peso das obrigações. Sou um ratinho sagitariano, quero viajar, ser livre e o excesso de dever está me matando. Nem rir mais eu rio ! Todos vivem me pedindo : - Alfo, ria ! Você está muito triste ! - porque percebem que estou ficando cada vez mais descontente ! - E o que você sugere, meu fiel amigo ? - Que o senhor me libere de serví-lo . Continuarei sendo seu melhor amigo, se quiser, seu conselheiro, mas quero ser livre. Quero dormir de madrugada, acordar com o sol no meu focinho, quero visitar novas florestas , mas trabalhando assim como trabalho, não posso fazer nada disso ! - É, meu caro ratinho, você tem razão. - Sabe, majestade, se eu continuar trabalhando tanto, sem ter tempo para mim , vou me tornar amargo . Por favor, liberte-me de minhas obrigações. - Quem sou eu para ir contra a personalidade de alguém ? Prefiro-o como um amigo alegre a um fiel servidor triste. De hoje em diante, você está livre, Alfo. Alfo ria sem parar. Estava realmente feliz e poderia fazer tudo aquilo que quisesse. E foi a partir dessa história, a história do ratinho Alfo que queria a libertação do pesado jugo do trabalho, que nasceu a palavra alforria.” No seu caderno, identifique: 1- o enredo : a- introdução - de ...................... a ........................ b- a complicação - de .................... a ........................... c- o clímax - de ............................ a ........................... d- o desfecho - de......................... a ............................ 2- o tempo 3- o espaço 4- os personagens 5- o narrador e tipo de foco narrativo II- Mudança de foco narrativo: a-Passar os textos abaixo para a terceira pessoa. 1- Eu morava numa casa pequena, com um grande quintal e um enorme pomar. Apanhava laranja no pé, vivia em cima da goiabeira, comia fruta-do-conde apanhada na hora, saboreava pitanga, amora, jambo, caju e brincava, brincava muito à sombra das árvores. Um de meus passatempos preferidos era brincar de casinha. Pegava as bonecas, panelinhas, roupinhas e até uma pequena mobília feita na Industrial e ficava horas trocando minhas "filhinhas" e fazendo comidinha num fogão improvisado , feito com dois tijolos. De vez em quando , eu pegava todas as minhas bonecas , colocava-as sentadas em frente a uma lousa e ensinava a elas o beabá; acho que foi nesse tempo que eu escolhi minha profissão. 2-Nos fundos da minha casa havia um riozinho . Meu pai costumava improvisar um barco feito com uma bóia de câmara de ar com uma bacia de alumínio dentro , no qual me colocava junto com meus amigos para passear pelas águas mansas do riacho. De vez em quando, fazíamos piquenique no areião e ficávamos horas nos divertindo à beira do Jaú, ouvindo o barulho das águas limpas correndo na cachoeira. 3-Duas épocas do ano eram ansiosamente esperadas por mim: o mês de junho e o de dezembro. Em junho, havia uma grande festa junina na chácara do Seu Ferrari, um bondoso professor da Industrial, amigo de minha família. Fazia muito frio e eu com minha família e meus amigos ficávamos em volta de uma grande fogueira, bebendo quentão, comendo churrasco , doces típicos e soltando balão. Quantos balões ! Como eu gostava de balões ! O céu ficava iluminado tantos eles eram. Às vezes demoravam a subir, ficavam balançando ; de repente tomavam fôlego e subiam devagarinho . E sumiam na noite estrelada. Lembro-me que várias vezes, a festa coincidiu com o aniversário da Industrial ; meu pai e seus colegas saíam no começo da noite para fazer a tradicional serenata que terminava ali, em volta da fogueira. 4- Em dezembro, havia o Natal. O tão esperado Natal, o Natal do vestido novo, do sapato debaixo da árvore, dos pedidos, muitas vezes não atendidos, e do Papai-Noel. Meses antes, minha mãe plantava um pinheirinho que depois era todo enfeitado com bolas coloridas e um pisca-pisca. Eu acreditava em Papai-Noel ( e em cegonha também ) e essa é uma das melhores lembranças que guardo da minha infância. Algumas vezes ele mesmo veio trazer o meu presente. Eu me lembro que na noite do dia 24, eu não queria ir dormir. Queria esperar o velhinho. Mas o sono vinha e eu acabava dormindo sentada no sofá. - Acorde, o Papai-Noel chegou ! Você pediu uma boneca com cabelo para pentear, nÔo é ? Está aqui! (Anos mais tarde fiquei sabendo que ele era um funcionário da Loja Renascença) . 5- Muitas vezes não recebi pessoalmente do Papai-Noel o que havia pedido e ao acordar, na manhã do Natal, era a maior alegria ao ver o meu presente e o do meu irmão colocados ao lado de nosso melhor par de sapatos, sob a árvore. 6-Essas são apenas algumas das muitas recordações alegres que guardo da minha infância. Infância de pureza e ingenuidade, de bastante música, de inúmeras brincadeiras e de muitos amigos sinceros que me acompanham até hoje, cujos filhos são amigos dos meus filhos. Eram tempos difíceis aqueles, tudo era conseguido com muito sacrifício, mas todos tínhamos um grande tesouro que jamais será esquecido: tínhamos a felicidade ! b- Passar os textos abaixo para a primeira pessoa: 1-Era sua primeira viagem internacional. Tirou o passaporte, juntou dólar por dólar, estudou roteiros , pesquisou agências e decidiu : Bariloche . Não parava de pensar como seria bom viajar num grande Boeing bebericando um whiskinho e desembarcar em outro país, com alguém lhe esperando com seu nome numa tabuleta. Era demais para um simples mortal como ele. Mas... e a língua ? Ele conhecia meia dúzia de palavras em castelhano, como iria se virar ? Segundo já ouvira diversas vezes, não haveria problema, pois afinal português e castelhano são tão parecidos... Ele era muito esperto e com um pouco de paciência seria fácil se fazer entender. 2-A viagem foi maravilhosa, tudo saiu como ele havia sonhado. O vôo valeu mais que várias aulas de Geografia e ele achou Bariloche era muito mais bonito do que as fotos das revistas; as paisagens, a cidade, as confeitarias... A noite se arrumou, colocou o seu blaser de lã, suas luvas de antílope e foi exatamente aí que aconteceu o inesperado. 3- Como ele não estava com muita fome, resolveu entrar numa das confeitarias que achou simpática e pediu um lanche. O garçon, solícito lhe deu o cardápio. Ele , sem olhá-lo - afinal não ia entender nada mesmo - disse pausadamente : - Amigo, eu só quero um lanche ! Quero apenas um " perro caliente " . - Como, señor ? - Eu quero um " perro caliente " . 4-O garçon balançou a cabeça negativamente ;não entendera nada do que ele tentava dizer. Mas ele insistiu: - Um " perro caliente" ! E encolhendo seus braços, dobrou suas mãos para baixo em posição de cachorrinho equilibrista e começou a latir: - Au, au ! " Um perro caliente "! Au, au! Perro, perro ! 5-Um brasileiro da mesa ao lado, observando-o e rindo de sua frase e de seus gestos , disse: - Garçon, ele quer um "pancho" , um"pancho". 6-E ele, meio sem graça , tentando esconder a sua vergonha, falou: - Como é que eu ia adivinhar que cachorro-quente em castelhano é "pancho"? Não tem nada a ver... III - Crie um fato e narre-o como se ele houvesse ocorrido. IV- Leia a notícia abaixo e transforme-a em um relato em que a sua imaginação vai interferir. Use elementos descritivos para caracteerizar os personagens. Ontem, por volta das 23 horas, num bar defronte à Rodoviária, Janete de Tal, 25 anos, atacou João Trabuco, 29 anos, desferindo-lhe sombrinhadas na cabeça. V- Invente uma história , utilizando os elementos seguintes: um homem/ uma mulher/ barulho de pancadas/ sala sem luz / noite chuvosa. Use elementos descritivos. VI- Amplie a seguinte idéia, criando um pequeno texto . Você poderá colocar elementos descritivos, nomes para os personagens, especificar o local e data. Fique à vontade. Um homem foi a sua fazenda e dando comida para as galinhas, perdeu a sua aliança. Com medo da mulher, dirigiu-se à cidade e pediu para um joalheiro amigo fazer-lhe uma nova aliança. Ao chegar em casa, disse à mulher que a sua aliança havia entortado por causa de uma pancada na porteira da fazenda e que e havia mandado arrumar. Passada uma semana, a mulher mandou-lhe trazer um frango da fazenda e qual não foi sua surpresa ao abrir sua moela, encontrou a aliança lá dentro. VII -Você vai modificar o seu texto escrito no exercício anterior, alterando a ordem da narrativa. Primeiro, comece a escrevê-lo pelo meio; depois, pelo fim. Se quiser, acrescente elementos. VIII - Você conhece a história do Chapeuzinho Vermelho. Faça de conta que você é o lobo. Conte como a história ocorreu, do seu ponto de vista . Não se esqueça de usar a descrição. Foco narrativo de primeira pessoa. IX- Você conhece a história da Cinderela. Faça de conta que você é a Cinderela. Conte como a história ocorreu, do seu ponto de vista. Coloque diálogos e , se quiser, elementos descritivos. Foco narrativo de primeira pessoa. X_ Invente um pequeno texto, com elementos da narrativa, que termine com a frase seguinte: - Este não é o seu carro, meu senhor. Este é o meu carro. E ponha-se para fora ! XI- Em grupo de 4 ou 5- Cada pessoa do grupo toma uma folha de papel e escreve o seguinte parágrafo: Peguei os meus cadernos e fui para a Biblioteca fazer a pesquisa de História. Selecionei alguns livros, dentre eles um muito velho, amarelado. Qual não foi minha surpresa ao abri-lo , pois encontrei dentro um mapa que deveria ser de um tesouro escondido. Resolvi .... Cada um escreve mais um trecho, continuando a narrativa. Ao sinal do professor, as pessoas trocam a folha entre si no sentido horário, lêem o que o colega escreveu e continuam a narrativa por mais um parágrafo. Ao sinal do professor, trocam-se novamente as folhas e assim por diante até que a folha chegue a quem escreveu o primeiro parágrafo. A narrativa tem que ter seqüência. Dar um final. XII- Observe a seguinte seqüência: a- uma viagem b- naufrágio c- a vida na ilha d- a lâmpada mágica e- o atendimento aos desejos Crie um texto baseado na sequência acima, com os elementos da narrativa. O texto a a pode ser narrado em 1 ou 3 pessoa e deve ter elementos descritivos. XIII Tome o texto descritivo desenvolvido no exercício 9 da p. 10 ( exercícios gerais de descrição) . Continue escrevendo-o, colocando nele todos os elementos da narração. XIV - Mundo dos Objetos 1- Reunir os alunos em grupos de 3 ou 4 participantes. 2- Por escolha particular ou por sorteio, cada aluno do grupo escolherá um objeto 3- Cada aluno, em seu caderno de Português, desenhará o seu objeto. 4- Numa folha de papel sulfite, o aluno desenhará o seu objeto , transformando-o em personagem, dando-lhe características humanas. Se desejar, poderá dar-lhe alguma característica "maluca" . 5- Depois de todos os desenhos do grupo já prontos, os alunos os colocarão sobre as suas carteiras, para que o restante do grupo analise-os e observe bem as características. 6- Baseando-se nas características dos personagens, os elementos do grupo juntarão todos numa aventura. O texto deverá iniciar-se por uma descrição dos personagens e depois passará para a narrativa de uma aventura envolvendo todos. Durante a narrativa, os personagens deverão usar alguma de suas características , talvez para resolver algum problema na aventura. 7- Desenhar uma capa para o trabalho, de acordo com as características dos personagens e se possível, ilustrála com alguma cena da aventura. 8- Se algum aluno faltar durante a elaboração do texto, ou não participar ativamente disso, ele deverá fazer um texto sozinho. XV - TAPETE MÁGICO- SUGESTÕES - Esta atividade pode ser aplicada pelo professor de Português, aproveitando conteúdos desenvolvidos nas aulas de Geografia. Se, por exemplo, a classe estiver estudando a região Sul, o texto produzido abrangerá essa região . Se o professor de Português desejar, poderá aplicar a atividade desvinculado dos conteúdos desenvolvidos nas aulas de Geografia, dando ampla liberdade ao aluno de escolher por onde ele vai voar com seu tapete mágico. Se quiser, fazer um livrinho com o texto e as ilustrações. DESENVOLVIMENTO - Dar para a classe o texto abaixo: TAPETE MÁGICO Caetano Veloso Mas nada é mais lindo Que o sonho dos homens fazer um tapete voar Sobre um tapete mágico eu vou cantando Sempre um chão sob os pés, mas longe do chão Maravilha sem medo, eu vou onde e quando Me conduz meu desejo e minha paixão Sobrevôo a Baía da Guanabara Roço as mangueiras de Belém do Pará Paro sobre a Paulista de madrugada Volto pra casa quando quero voltar Vejo o todo da festa dos navegantes Pairo sobre a cidade do Salvador Quero de novo estar onde estava antes Passo pela janela do meu amor Costa Brava, Saara, todo o planeta Luzes, cometas, mil estrelas no céu Pontos de luz vibrando na noite preta Tudo quanto é bonito, o tapete e eu A bordo do tapete você também pode viajar, amor Basta cantar comigo e vir como eu vou - O professor poderá fazer a interpretação escrita ou oral do texto acima. - Os alunos deverão se preparar para fazer um texto, seguindo os seguintes passos: 1- Cada aluno deverá escolher um lugar ou vários por onde queira passear com seu tapete mágico. Se a atividades for desenvolvida com os conteúdos aprendidos nas aulas de Geografia, o professor deverá delimitar os locais. Por exemplo: região Sul. 2- No caderno, cada aluno fará um levantamento do que há no lugar por onde vai passear: estradas, cidades, praias, vegetação, comidas típicas, folclore, divertimentos e tudo o mais que achar interessante. No caso de aproveitar conteúdos de Geografia, o professor poderá colocar na lousa os tópicos,que serão utilizados por todos. 3- O professor pedirá para cada aluno se imaginar voando num tapete e sobrevoando o local escolhido. Pedirá , então, que comecem a escrever o texto em primeira pessoa. 4- No primeiro parágrafo, a introdução, ele deverá contar como conseguiu o tapete mágico: por obra de algum gênio que encontrou, por presente de alguma fada, ou outro meio qualquer. O parágrafo deverá terminar contando o destino que escolheu para viajar. 5- Do segundo parágrafo em diante, o aluno deverá narrar a sua viagem passando por todos os lugares que escolheu, utilizando trechos descritivos. 6- O aluno poderá descer do tapete, visitar atrações turísticas, conversar com pessoas do local e participar de situações quotidianas do lugar. 7- No último parágrafo, deverá concluir o seu texto, colocando um fecho interessante. 8- No caso de se fazer um livrinho com o texto, o professor deverá corrigi-lo para que o aluno passe-o a limpo; 9- Em tantas folhas de sulfite quantos forem os parágrafos do texto, fazer uma margem de 2 cm e desenhar uma figura referente ao texto que será colocado na página, observando a distribuição; 101112- Passar cada parágrafo do texto a limpo na folha de sulfite, junto a figura correspondente; Fazer uma capa em que haja uma cena do texto; Criar uma dedicatória, fazer um breve resumo e uma rápida biografia do autor. BIBLIOGRAFIA a 1- Faraco, Carlos e Francisco Moura - Para Gostar de Escrever - 3 Edição , São Paulo, Editora Ática , 1986. a 2- Tufano, Douglas - Estudos de Redação - 3 edição, São Paulo, Editora Moderna, 1992. 3456- a Brait, Negrini e Lourenço - Aulas de Redação - 1 edição, São Paulo, Atual Editora, 1980. a Faraco, Carlos - Trabalhando com a Narrativa - 1 edição, São Paulo, Editora Ática, 1992. a Magalhães, Roberto - Técnicas de Redação - 3 edição, São Paulo, Editora do Brasil. a Barros, Jayme - Encontros de Redação - 1 edição, São Paulo, Editora Moderna, 1987. O texto narrativo é marcado por mudanças de estado. Partes A narração tem alguns elementos essenciais em sua composição: Enredo: também é chamado “ação”, “trama” ou “plot”. É composto por uma seqüência de ações da qual fazem parte uma complicação (ou conflito) e um desfecho para esse conflito. Personagens: também são chamados “actantes”. Realizam as ações do enredo. Quanto à sua função na narrativa, temos o protagonista - personagem principal; o coadjuvante – ajudante do protagonista; o antagonista – adversário do protagonista. Foco narrativo: também é chamado “ponto de vista”. É a maneira como o autor apresenta ao leitor as ações. A narração tem foco na primeira pessoa quando o narrador é um personagem (principal ou não). Por outro lado, quando o narrador não participa do enredo, tem-se a narração de terceira pessoa. Tempo: pode ser cronológico (tempo material em que se desenrola a ação) ou psicológico (não é materialmente mensurável, existindo apenas na mente do personagem). Espaço: é o lugar onde acontece a ação. Elementos Quanto à organização, a narração pode ser estruturada da seguinte maneira: Orientação: oferece ao leitor informações relativas ao “pano de fundo” da narração, ou seja, apresenta onde ocorre a ação (espaço), quando (tempo) e com quem (personagens). Complicação: é a parte da ação em que acontece o conflito que precisa ser resolvido pelo protagonista. Desfecho: é a parte da ação em que o protagonista consegue ou não resolver o conflito encontrado na complicação. Exemplificação e análise Observemos, no texto a seguir, criado para exemplificação, os elementos e a organização da narração: Bichano era o gato da família Silva. Caçava ratos, dormia sobre as almofadas do sofá da sala, desenrolava os novelos de linha da Vovó Expedita e fazia a alegria das crianças, Laila e Marcelo. Certo dia, Beatriz, a irmã mais velha de Laila e Marcelo, exigiu que seus pais comprassem para ela um gato da raça persa, pois ela queria ter um gato chique, e não um gato vira-latas como Bichano. Sandra e Ademar atenderam o pedido da filha mais velha e, contra a vontade do resto da família, compraram um gato que recebeu o nome de Félix. No início foi tudo bem, mas, após algum tempo, Félix começou a ficar agressivo com todos. Certa vez, resolveu tirar as crianças do sofá da sala para ter mais espaço para deitar. Avançou sobre elas e começou a arranhá-las. Bichano, vendo que as crianças corriam perigo, brigou com Félix e espantou-o da casa. Daquele dia em diante, Beatriz passou a dar valor para Bichano, que não tinha pedigree, mas tinha amor pela família. No primeiro parágrafo, são apresentadas informações gerais que visam a situar o leitor, ou seja, apresentam-se alguns personagens e o espaço onde ocorre a ação. Essa primeira parte corresponde à orientação. Nos três parágrafos seguintes, acontece o conflito, ou seja, a compra de um gato que oferece risco à família. No último parágrafo, acontece o desfecho: o gato sem raça definida salva as crianças do ataque do gato de raça. A narração é feita por um narrador não personagem, ou seja, que não participa da ação. O personagem principal é Bichano; seu antagonista é Félix e os demais são coadjuvantes. O uso dos tempos verbais na narração requer muita atenção. Recomenda-se o emprego do pretérito imperfeito do indicativo para a composição do pano de fundo e o emprego do pretérito perfeito do indicativo para a narração da ação. No texto utilizado como exemplo, observe-se que o pretérito imperfeito é utilizado no primeiro parágrafo (orientação) e, nos demais, utiliza-se o pretérito perfeito. A narração na prova de redação do vestibular Uma observação muito importante que deve ser feita diz respeito ao enfoque que deve ser dado ao tema na narração. As ações dos personagens devem, necessariamente, ser pertinentes ao enfoque delimitado, ou seja, se o tema da redação é preconceito social, a complicação da ação deve trazer um conflito causado por esse tipo de preconceito. Narração Narrar é relatar fato, acontecimento, circunstâncias, situação real ou fictícia, decorrentes das ações conflitantes e sucessivas entre forças físicas, morais, sociais e intelectuais que se opõem: personagem e personagem, personagem e natureza. Narrar é contar um ou mais fatos que ocorreram com determinados personagens, em um local e tempo definidos. É contar uma estória, que pode ser real ou imaginária. O tipo de narrador a) o narrador em 1º pessoa - é aquele que participa da ação, ou seja, ou melhor, que se inclui na narrativa. Trata-se de narrador personagem. b) o narrador em 3ª pessoa - é aquele que não participa da ação, ou seja, ou melhor, não se inclui na narrativa. Temos então o narrador-observador Devemos ressaltar uma composição narrativa estruturada da seguinte maneira. 1. introdução - apresentação sucinta dos elementos da trama. Pode ser uma descrição, uma idéia pessoal ou geral, na qual se estabelece espaço e tempo. Deve ser breve. 2. complicação - transição entre a apresentação e o clímax. É o desenvolvimento da história com todos os incidentes secundários. 3. clímax contém toda tensão. É o suspense antes do desenlace. 4. desfecho - é a soma da introdução e da complicação. A tensão é desfeita e esclarecida. Deve ser sobremaneira objetiva. Não é concebível a inclusão de novas personagens com a intenção de explicar. 5. Recursos expressivos : a) estilo - descrição pormenorizada de lugar e personagens. b) sintaxe - períodos subordinados. a) períodos coordenados b) adjuntos adverbiais de lugar e de tempo c) substantivos concretos d) substantivos abstratos c) morfologia e) verbos de ação f) presente (discurso direto) g) pretérito imperfeito (discurso indireto, indireto livre de descrições) h) pretérito perfeito 373737373737373737373737373737373737373737373737373737373737373737373737373737373737373737373737 373737373737373737373737373737373737373737373737373737373737373737373737373737373737373737373737 Definição e exemplificação :1Crônica/ 2-Conto / 3-Fábula / 4-Artigo / 5- Editorial / 6Resenha Crítica/ 7- Carta do Leitor/ 8-Carta argumentativa/ 9-Manifesto 3737373737373737373737373737373737 1-Crônica Definição 1: Fruto do jornal, onde aparece entre notícias efêmeras, a crônica é um gênero literário que se caracteriza por estar perto do dia-a-dia, seja nos temas, ligados à vida cotidiana, seja na linguagem despojada e coloquial do jornalismo. Mais do que isso, surge inesperadamente, como um instante de alívio para o leitor fatigado com a frieza da objetividade jornalística. De extensão limitada, essa pausa se caracteriza exatamente por ir contra a tendências fundamentais do meio em que aparece, o jornal diário. Se a notícia deve ser sempre objetiva e impessoal, a crônica é subjetiva e pessoal. Se a linguagem jornalística deve ser precisa e enxuta, a crônica é impressionista e lírica. Se o jornalista deve ser metódico e claro, o cronista, segundo Décio de Almeida Prado, se tem em mente algum fim, algum objetivo -- o pressuposto é que não possua nenhum -- deve conduzir-nos a ele sem que percebamos, movido, aparentemente, pelo método menos metódico que existe: o do assunto puxa assunto. Se o jornal é frio, na crônica estabelece-se uma atmosfera de intimidade entre o leitor e o cronista, que refere experiências pessoais ou expende juízos originais acerca dos fatos versados. A crônica não é, portanto, apenas filha do jornal. Trata-se do antídoto que o próprio jornal produz. Só nele pode sobreviver, porque se nutre exatamente do caráter antiliterário do jornalismo diário. Definição 1: Em sentido tradicional, crônica é o relato de fatos dispostos em ordem cronológica, isto é, na ordem de sua sucessão, de seu desenvolvimento. Nessa acepção, crônica é um gênero literário histórico que se desenvolveu na Europa, durante a época medieval e renascentista. Definição 2: A crônica é um artigo de jornal que, em vez de relatar ou comentar acontecimentos do dia, oferece reflexões sobre literatura, teatro, política, acidentes, crimes e processos, e sobre os pequenos fatos da vida cotidiana, enfim, sobre todos os assuntos. A crônica sempre se prende à atualidade, mas sem excluir a nostalgia do passado. Pode ser tendenciosamente crítica, mas sem agressividade. Costuma misturar sentimentalismo e humorismo. O crítico formalista russo Viktor Chklovski, estudando em O Teorii prozy (1925; Sobre a teoria da prosa) a diferencia entre as crônicas e os contos de Tchekhov, chama a crônica de "conto sem enredo". Trata-se de um gênero que, embora jornalístico, pertence (ou pode, pelo menos, pertencer) à literatura. A crônica também é assunto da sociologia da literatura: tem importância notável para a situação material dos escritores, muitos dos quais não poderiam sobreviver sem escrever crônicas, enquanto outros as escrevem por vocação. Por esse motivo, a crônica é gênero cultivado por tão grande número de escritores que sua história completa equivaleria a um corte transversal através das literaturas ocidentais dos séculos XIX e XX. Fonte 2. Características: Os fatos do cotidiano, os acontecimentos diários é que ensejam reflexões ao cronista. Em torno desses fatos, o cronista emite uma visão subjetiva, pessoal e mesmo crítica. Uso de linguagem coloquial, às vezes sentimental, ou emotiva ou, às vezes, irônica, crítica. Espécies: Fala-se em três formas de crônica: crônica-comentário, crônica lírica e crônica narrativa; as particularidades. Natal -Rubem Braga É noite de Natal, e estou sozinho na casa de um amigo, que foi para a fazenda. Mais tarde talvez saia. Mas vou me deixando ficar sozinho, numa confortável melancolia, na casa quieta e cômoda. Dou alguns telefonemas, abraço à distância alguns amigos. Essas poucas vozes, de homem e de mulher, que respondem alegremente à minha, são quentes, e me fazem bem, "Feliz Natal, muitas felicidades!"; dizemos essas coisas simples com afetuoso calor; dizemos e creio que sentimos; e como sentimos, merecemos. Feliz Natal! Desembrulho a garrafa que um amigo teve a lembrança de me mandar ontem; vou lá dentro, abro a geladeira, preparo um uísque, e venho me sentar no jardinzinho, perto das folhagens úmidas. Sinto-me bem, oferecendome este copo, na casa silenciosa, nessa noite de rua quieta. Este jardinzinho tem o encanto sábio e agreste da dona da casa que o formou. É um pequeno espaço folhudo e florido de cores, que parece respirar; tem a vida misteriosa das moitas perdidas, um gosto de roça, uma alegria meio caipira de verdes, vermelhoseamarelos. Penso, sem saudade nem mágoa, no ano que passou. Há nele uma sombra dolorosa; evoco-a neste momento, sozinho, com uma espécie de religiosa emoção. Há também, no fundo da paisagem escura e desarrumada desse ano, uma clara mancha de sol. Bebo silenciosamente a essas imagens da morte e da vida; dentro de mim elas são irmãs. Penso em outras pessoas. Sinto uma grande ternura pelas pessoas; sou um homem sozinho, numa noite quieta, junto de folhagens úmidas, bebendo gravemente em honra de muitas pessoas. De repente um carro começa a buzinar com força, junto ao meu portão. Talvez seja algum amigo que venha me desejar Feliz Natal ou convidar para ir a algum lugar. Hesito ainda um instante; ninguém pode pensar que eu esteja em casa a esta hora. Mas a buzina é insistente. Levanto-me com certo alvoroço, olho a rua e sorrio: é um caminhão de lixo. Está tão carregado, que nem se pode fechar; tão carregado como se trouxesse todo o lixo do ano que passou, todo o lixo da vida que se vai vivendo. Bonito presente de Natal! 0 motorista buzina ainda algumas vezes, olhando uma janela do sobrado vizinho. Lembro-me de ter visto naquela janela uma jovem mulata de vermelho, sempre a cantarolar e espiar a rua. É certamente a ela quem procura o motorista retardatário; mas a janela permanece fechada e escura. Ele movimenta com violência seu grande carro negro e sujo; parte com ruído, estremecendo a rua. Volto à minha paz, e ao meu uísque. Mas a frustração do lixeiro e a minha também quebraram o encanto solitário da noite de Natal. Fecho a casa e saio devagar; vou humildemente filar uma fatia de presunto e de alegria na casa de uma família amiga. NÓS, O POVO! POR JOSÉ PONTES SCHAYDER Aconteceu no Dia de Cachoeiro, 29 de junho, em 2006. Como estabelecem as tradições da cidade, realizou-se, pela manhã, o desfile cívico-militar, em frente à antiga estação ferroviária, atual Linha Vermelha. Nessas ocasiões, estudantes, personalidades e soldados são protagonistas da festa, enquanto a multidão, anônima, coadjuvante, presta-lhes homenagens com sua alegre presença. Impressionou-me a quantidade de pessoas que assistem ao desfile, disputando espaço nas ruas adjacentes e nas arquibancadas providencialmente montadas pela Prefeitura municipal. Confesso que, antes, só havia participado do desfile em duas oportunidades: quando era garoto, e estudava no CENTRO OPERÁRIO DE PROTEÇÃO MÚTUA, e, já adolescente, porque era integrante da banda do LICEU MUNIZ FREIRE. Agora, todavia, seria um pouco diferente: alguém, inadvertidamente, achou que merecia desfilar como homenageado, por ter publicado, em 2002, um pequeno livro sobre a História do Espírito Santo. Dessa forma, elevado à condição de “escritor”, reuni-me ao grupo de intelectuais e artistas da cidade e, juntos, embarcamos em uma jardineira cedida pela Prefeitura – um ônibus bonito, de cor mostarda, com amplas janelas de vidro, o que permitia uma excelente visibilidade dos passageiros. Dentro daquela “redoma de vidro”, estávamos nós, parte da intelligentsia da Atenas Capixaba: escritores, poetas, cantores, compositores, pintores, teatrólogos, cartunistas, jornalistas; do lado de fora, a população efusiva, a massa; ali dentro, num frenesi típico do bairrismo cachoeirense, alguns discursavam de improviso em louvor à Capital Secreta do Mundo, alguém “puxou” o hino da cidade, Meu Pequeno Cachoeiro, e, assim, criou-se um clima “patriótico”, uma catarse; lá fora, o povo nos cercava, cumprimentava-nos... De repente, num lampejo, identifiquei, no meio da multidão, uma inesperada admiradora, que, certamente por ser minha prima, pediu-me que acenasse para ela, a fim de “imortalizar-me” em uma fotografia, que, aliás, ilustra esse texto. Assim, o desfile foi avançando... Quase no final do percurso, em frente ao palanque oficial, o nosso grupo desceu da jardineira e foi reverenciar as autoridades presentes. O locutor do desfile registrou a nossa participação, lendo nome, ofício ou arte de cada “flor da jardineira” – essa foi a metáfora utilizada pelo apresentador, para nos identificar. Solicitados os aplausos, a multidão gentilmente atendeu e, então, retornamos ao ônibus e encerramos nossa efêmera encenação pública. Cumprido o ritual, estávamos consagrados, civicamente. Quando penso nos pequenos acontecimentos vivenciados naquele dia, um deles insiste em voltar à memória. Lembro-me com freqüência da imagem de uma mulher de uns trinta anos conduzindo uma criança pelas mãos; a jovem senhora, mirando para o interior da jardineira, deixou escapar: “Que pessoal folgado esse daí, desfilando dentro do ônibus!”. Naquele instante, senti-me constrangido por estar ali... Afinal, com que direito (e mérito) devia desfilar confortavelmente sentado naquela jardineira? A sinceridade espontânea daquela cidadã levou-me à reflexão: os intelectuais e os artistas têm que estar isolados da multidão, inacessíveis, numa “redoma de aço e vidro”? Não somos nós, também, parte do povo? E mais: a única vez que saímos do ônibus foi para reverenciar as autoridades; por que não fizemos o mesmo gesto em relação aos populares, que, de livre vontade, estavam ali nos prestigiando?! No próximo ano, espero voltar à parada cívica da cidade. No entanto, quero ser expectador, sentar na arquibancada, com o povo. Honestamente, agradeço o convite que recebi para desfilar esse ano, que atendi de imediato, mas dispenso de antemão outra imerecida homenagem dessa natureza. Se mudar de idéia, e havendo uma remota possibilidade de ser convidado novamente, deixem-me ir a pé, ao lado daquela senhora e da criança que ela conduz... JOSÉ PONTES SCHAYDER é professor de História e autor do livro História do Espírito Santo: uma abordagem didática e atualizada ( Campinas-SP: COMPANHIA DA ESCOLA, 2002). 2- Conto: O conto é a forma narrativa, em prosa, de menor extensão (no sentido estrito de tamanho), ainda que contenha os mesmos componentes do romance. Entre suas principais características, estão a concisão, a precisão, a densidade, a unidade de efeito ou impressão total – da qual falava Poe (1809-1849) e Tchekhov (1860-1904): o conto precisa causar um efeito singular no leitor; muita excitação e emotividade. Podemos imaginar – precariamente, diga-se – várias fases do conto. Tais fases nada têm a ver com aquelas estudadas por Vladimir Propp no livro A morfologia do conto maravilhoso, no qual, para descrever o conto, Propp o desmonta e o classifica em unidades estruturais – constantes, variantes, sistemas, fontes, funções, assuntos etc. Além disso, ele fala de uma primeira fase (religiosa) e uma segunda fase (da história do conto). Aqui, quando falamos em fases, temos a intenção de apenas darmos um passeio pela linha evolutiva do gênero. Logicamente a primeira fase é a oral, a qual não é possível precisar o seu início: o conto se origina num tempo em que nem sequer existia a escrita; as histórias eram narradas oralmente ao redor das fogueiras das habitações dos povos primitivos – geralmente à noite. Por isso o suspense, o fantástico, que o caracterizou originalmente. A primeira fase escrita é provavelmente aquela em que os egípcios registraram O livro do mágico (cerca de 4000 a.C.). Daí vamos passando pela Bíblia – veja-se como a história de Caim e Abel (2000 a.C.) tem a precisa estrutura de um conto. O velho e novo testamento trazem muitas outras histórias com a estrutura do conto, como os episódios de José e seus irmãos, de Sansão, de Ruth, de Suzana, de Judith, Salomé; as parábolas: o bom samaritano, o filho pródigo, a figueira estéril, a do semeador, entre outras. "Conselhos" para se escrever um bom conto 1) – Prender o interesse do leitor; evitar ser chato. Pense em Aristóteles, para quem a catarse, enquanto experiência vivida pelo espectador ou ouvinte, é condição fundamental para definir a qualidade de uma obra. 2) – Usar, se possível, frases curtas. A clareza vem do cuidado com a estruturação da frase: as intercalações excessivas prejudicam a compreensão da idéia. Pense em Barthes: “A narrativa é uma grande frase, como toda a frase constitutiva é, de certa forma, o esboço de uma pequena narrativa", (Introdução à análise da narrativa). 3) – Capítulos e parágrafos curtos, para o leitor poder respirar. Evitar muitas personagens, descrições longas, rebuscamentos, adjetivações, clichês, repetir palavras. 4) – Trama/enredo/tema ou estilo, original. Pense em Ricardo Piglia: “Pode-se programar a trama, os personagens, as situações, conhecer o desenlace e o começo, mas o tom em que se vai contar a história é obra de inspiração. Nisso consiste o talento de um narrador”, (O laboratório do escritor). 5) – Se possível usar ironia, humor, graça e ser verossímil. Ser verossímil é importante, mas não devemos confundir verossimilhança com verdade; a história não tem de ser obrigatoriamente verdadeira, mas parecer que o é. Mesmo assim sua importância é discutível. Segundo Álvaro Lins, Graciliano Ramos tem como “defeito” justamente a inverossimilhança que, de acordo com o crítico, é mais “visível” em Vidas secas e São Bernardo, dois clássicos insuspeitos. No Vidas secas esse “defeito” estaria no discurso das personagens (discurso indireto livre), pois tal recurso teria provocado um excesso de introspecção das personagens, tão rústicas e primárias (até Baleia, a cadela do romance, tem seu “monólogo interior”). No São Bernardo o “problema” estaria no fato de um homem rústico, como Paulo Honório, construir uma narrativa tão perfeita em termos literários. Conta-se que uma vez Matisse mostrou a uma senhora um quadro em que havia pintado uma mulher nua; sua visitante retrucou: “Mas uma mulher nua não é assim”. E Matisse: “Não é uma mulher, minha senhora, é uma pintura”. Será que na sua análise em busca do perfeito, Álvaro Lins (que tinha Graciliano em alta conta) não teria percebido que Paulo Honório não é um homem, mas uma pintura? 6) – Ler, de preferência os clássicos. Não se é escritor sem ser leitor. Pense em Sartre: “Mas a operação de escrever implica a de ler... e esses dois atos conexos necessitam de dois agentes distintos. É o esforço conjugado do autor com o leitor que fará surgir esse objeto concreto e imaginário que é a obra do espírito”. (op. cit.) Pense também em Faulkner: ler, ler, ler, ler, ler... Em Escritores em ação, Georges de Simenon (1903-1989) dá a “fórmula” para se escrever uma boa prosa: “Corte tudo que for literário demais; adjetivos e advérbios e todas as palavras que estão lá só para causar efeito. Escrever é cortar. Escrever não é uma profissão, mas uma vocação para a infelicidade”. Estes conselhos são tão válidos quanto inválidos: “A maioria das regras e conselhos estão errados... nenhum contista novo deve dar a menor atenção aos princípios que os outros adotam. Pois que estes, ao deitarem tais regras, querem antes de tudo proteger a si próprios. É melhor mandá-los todos para o inferno”, (R. Magalhães Júnior, citando Pizarro Drumond, op. cit.). Retirado de "http://pt.wikipedia.org/wiki/Conto" A menina e o Pássaro encantado Era uma vez uma menina que tinha um pássaro como seu melhor amigo. Ele era um pássaro diferente de todos os demais: Era encantado. Os pássaros comuns, se a porta da gaiola estiver aberta, vão embora para nunca mais voltar. Mas o pássaro da menina voava livre e vinha quando sentia saudades... Suas penas também eram diferentes. Mudavam de cor. Eram sempre pintadas pelas cores dos lugares estranhos e longínquos por onde voava. Certa vez voltou totalmente branco, cauda enorme de plumas fofas como o algodão. "- Menina, eu venho de montanhas frias e cobertas de neve, tudo maravilhosamente branco e puro, brilhando sob a luz da lua, nada se ouvindo a não ser o barulho do vento que faz estalar o gelo que cobre os galhos das árvores. Trouxe, nas minhas penas, um pouco de encanto que eu vi, como presente para você...".E assim ele começava a cantar as canções e as estórias daquele mundo que a menina nunca vira. Até que ela adormecia, e sonhava que voava nas asas do pássaro. Outra vez voltou vermelho como fogo, penacho dourado na cabeça. "... Venho de uma terra queimada pela seca, terra quente e sem água, onde os grandes, os pequenos e os bichos sofrem a tristeza do sol que não se apaga. Minhas penas ficaram como aquele sol e eu trago canções tristes daqueles que gostariam de ouvir o barulho das cachoeiras e ver a beleza dos campos verdes. E de novo começavam as estórias. A menina amava aquele pássaro e podia ouvi-lo sem parar, dia após dia. E o pássaro amava a menina, e por isso voltava sempre. Mas chegava sempre uma hora de tristeza".- Tenho que ir", ele dizia. "- Por favor não vá, fico tão triste, terei saudades e vou chorar...."".- Eu também terei saudades ", dizia o pássaro".-- Eu também vou chorar. Mas eu vou lhe contar um segredo: As plantas precisam da água, nós precisamos do ar, os peixes precisam dos rios... E o meu encanto precisa da saudade. É aquela tristeza, na espera da volta, que faz com que minhas penas fiquem bonitas. Se eu não for, não haverá saudades. Eu deixarei de ser um pássaro encantado e você deixará de me amar. Assim ele partiu. A menina sozinha chorava de tristeza à noite. Imaginando se o pássaro voltaria. E foi numa destas noites que ela teve uma idéia malvada. "- Se eu o prender numa gaiola, ele nunca mais partirá; será meu para sempre. Nunca mais terei saudades, e ficarei feliz". Com estes pensamentos comprou uma linda gaiola, própria para um pássaro que se ama muito. E ficou à espera. Finalmente ele chegou, maravilhoso, com suas novas cores, com estórias diferentes para contar. Cansado da viagem, adormeceu. Foi então que a menina, cuidadosamente, para que ele não acordasse, o prendeu na gaiola para que ele nunca mais a abandonasse. E adormeceu feliz. Foi acordar de madrugada, com um gemido triste do pássaro. "- Ah! Menina... Que é que você fez? Quebrou-se o encanto. Minhas penas ficarão feias e eu me esquecerei das estórias...". Sem a saudade, o amor irá embora... A menina não acreditou. Pensou que ele acabaria por se acostumar. Mas isto não aconteceu. O tempo ia passando, e o pássaro ia ficando diferente. Caíram suas plumas, os vermelhos, os verdes e os azuis das penas transformaram-se num cinzento triste. E veio o silêncio; deixou de cantar. Também a menina se entristeceu. Não, aquele não era o pássaro que ela amava. E de noite ela chorava pensando naquilo que havia feito ao seu amigo... Até que não mais agüentou. Abriu a porta da gaiola. "- Pode ir, pássaro, volte quando quiser...". "Obrigado, menina. É, eu tenho que partir. É preciso partir para que a saudade chegue e eu tenha vontade de voltar. Longe, na saudade, muitas coisas boas começam a crescer dentro da gente. Sempre que você ficar com saudades, eu ficarei mais bonito. Sempre que eu ficar com saudades, você ficará mais bonita. E você se enfeitará para me esperar... E partiu. Voou que voou para lugares distantes. A menina contava os dias, e cada dia que passava a saudade crescia. "Que bom, pensava ela, meu pássaro está ficando encantado de novo...". E ela ia ao guarda-roupa, escolher os vestidos; e penteava seus cabelos, colocava flores nos vasos... "- Nunca se sabe. Pode ser que ele volte hoje... Sem que ela percebesse, o mundo inteiro foi ficando encantado como o pássaro. Porque em algum lugar ele deveria estar voando. De algum lugar ele haveria de voltar. AH! Mundo maravilhoso que guarda em algum lugar secreto o pássaro encantado que se ama...E foi assim que ela, cada noite ia para a cama, triste de saudade, mas feliz com o pensamento. - Quem sabe ele voltará amanhã.... E assim dormia e sonhava com a alegria do reencontro. 3- Fábula A fábula é uma narrativa alegórica cujos personagens são geralmente animais e cujo desenlace reflete uma lição moral. A temática é variada e contempla tópicos como a vitória da fraqueza sobre a força, da bondade sobre a astúcia e a derrota de presunçosos. [do latim fabula ou fabella,] – 1. Estória de caráter popular ou artístico. 2. Narração breve de cunho imaginário e alegórico, destinada a ilustrar um preceito. O Burro, o cachorro, o macaco e o homem Deus criou o burro e disse: obedecerás ao homem, carregarás fardos pesados nas costas e viverás 30 anos. Serás Burro. O burro virou-se para Deus e disse: Senhor! Ser burro, obedecer ao homem, carregar fardos pesados e viver 30 anos? É muito Senhor, bastam apenas 10. Deus criou o cachorro e disse: comerás os ossos que te jogarem ao chão, tomarás conta da casa do homem e viverás 20 anos. Serás Cachorro. O cachorro virou-se para Deus e disse: Senhor! Tomar conta da casa do homem, comer o que jogarem no chão e viver 20 anos? É muito Senhor, bastam-me apenas 10. Deus criou o macaco e disse: pularás de galho em galho, farás macaquices e viverás 30 anos. Serás Macaco. O macaco virou-se para Deus e disse: Senhor! Pular de galho em galho, fazer macaquices e viver 30 anos? É muito Senhor, bastam-me 20. E Deus fez o homem e disse: serás o rei dos animais, dominarás o mundo, serás inteligente e viverás 30 anos. O homem virou-se para Deus e disse: Senhor! Ser rei dos animais, dominar o mundo, ser inteligente e viver 30 anos? É pouco Senhor! 20 anos que o burro não quis, 10 anos que o cachorro recusou e 10 anos que o macaco não está querendo, dá a mim Senhor, para que eu viva pelo menos 70 anos. Deus atendeu ao homem. até 30 anos o homem vive a vida que Deus lhe deu. É Homem. Dos 30 aos 50 anos, o homem carrega pesados fardos nas costas para sustentar a família. É Burro. Dos 50 aos 60 anos, já cansado, ele passa a tomar conta da casa. É Cachorro. Dos 60 aos 70 anos, mais cansado, ainda, ele passa a viver aqui, ali, na casa de um filho e de outro e faz gracinhas para as crianças. É Macaco. Moral da Estória: Esta é a realidade da vida. De nada adianta o dinheiro, o orgulho e a vaidade, se todos nós temos que passar por estas fases. (Esopo) Fábula A Cigarra e a Formiga Aqui você vai poder ler a a fábula original de La Fontaine “A cigarra e a formiga” e também a versão escrita por Monteiro Lobato e José Paulo Paes. Monteiro Lobato e José Paulo Paes escreveram sua versão no século XX, e La Fontaine no século XVII. A CIGARRA E A FORMIGA (La Fontaine) A cigarra, sem pensar em guardar, a cantar passou o verão. Eis que chega o inverno, e então, sem provisão na despensa, como saída, ela pensa em recorrer a uma amiga: sua vizinha, a formiga, pedindo a ela, emprestado, algum grão, qualquer bocado, até o bom tempo voltar. "Antes de agosto chegar, pode estar certa a senhora: pago com juros, sem mora." Obsequiosa, certamente, a formiga não seria. "Que fizeste até outro dia?" perguntou à imprevidente. "Eu cantava, sim, Senhora, noite e dia, sem tristeza." "Tu cantavas? Que beleza! Muito bem: pois dança agora..." Do livro Fábulas de La Fontaine, 1992. SEM BARRA (José Paulo Paes) Enquanto a formiga Carrega comida Para o formigueiro, A cigarra canta, Canta o dia inteiro.A formiga é só trabalho. A cigarra é só cantiga.Mas sem a cantiga da cigarra que distrai da fadiga, seria uma barra o trabalho da formiga (Paes, s.d.). A CIGARRA E A FORMIGA (A FORMIGA BOA) (Monteiro Lobato) Houve uma jovem cigarra que tinha o costume de chiar ao pé do formigueiro. Só parava quando cansadinha; e seu divertimento era observar as formigas na eterna faina de abastecer as tulhas. Mas o bom tempo afinal passou e vieram as chuvas, Os animais todos, arrepiados, passavam o dia cochilando nas tocas. A pobre cigarra, sem abrigo em seu galhinho seco e metida em grandes apuros, deliberou socorrer-se de alguém. Manquitolando, com uma asa a arrastar, lá se dirigiu para o formigueiro. Bateu – tique, tique, tique... Aparece uma formiga friorenta, embrulhada num xalinho de paina. - Que quer? – perguntou, examinando a triste mendiga suja de lama e a tossir. - Venho em busca de agasalho. O mau tempo não cessa e eu... A formiga olhou-a de alto a baixo. - E que fez durante o bom tempo que não construí a sua casa? A pobre cigarra, toda tremendo, respondeu depois dum acesso de tosse. V - Eu cantava, bem sabe... - Ah!... exclamou a formiga recordando-se. Era você então que cantava nessa árvore enquanto nós labutávamos para encher as tulhas? - Isso mesmo, era eu... Pois entre, amiguinha! Nunca poderemos esquecer as boas horas que sua cantoria nos proporcionou. Aquele chiado nos distraía e aliviava o trabalho. Dizíamos sempre: que felicidade ter como vizinha tão gentil cantora! Entre, amiga, que aqui terá cama e mesa durante todo o mau tempo. A cigarra entrou, sarou da tosse e voltou a ser a alegre cantora dos dias de sol. Do livro Fábulas, Monteiro Lobato, 1994. 4- Artigo Como preparar artigos para a imprensa Os artigos são textos criados por profissionais de diversas áreas que explicam assuntos técnicos de maneira simples e direta ao público leigo. Eles podem ser publicados na íntegra, editados pelos meios de comunicação ou usados como base no desenvolvimento de matérias e/ou entrevistas. Com o artigo, o jornalista compreende o assunto de maneira ampla, além de fazer com que o profissional que o escreve seja considerado fonte segura para tratar do tema. 01) Seja rápido - Se tiver uma idéia, aproveite enquanto o assunto ainda está "fresco" em sua mente. O ideal é tentar esboçar alguns tópicos que vêm à mente antes de escrever verdadeiramente o artigo. Isso pode demorar uma hora, um dia, um mês ou até mesmo um ano mas, com o tempo, você notará como tudo se torna mais simples, rápido e prático. 02) Seja específico - Qual é o tema? Quais os fatores-chave? 03) Seja claro - Se você não consegue resumir sua mensagem em uma ou duas sentenças ela não está clara o suficiente em sua mente. Faça uma lista bem definida, em termos não ambíguos, do que você deseja comunicar. 04) Seja conciso - A maioria das publicações tem espaço para textos de 3 a 4 mil caracteres. E os editores tendem a publicar artigos cujas atualidade e ineditismo abram espaço para uma possível reportagem sobre o tema. 05) Seja focado - Um artigo pode conter inúmeras explicações, conforme o tema a ser abordado. Mas foque seu texto em apenas um ou dois pontos. É melhor explicar completamente um ponto do que cinco inadeqüadamente. Além disso, temas que geram um grande leque de opções de debate podem ser desmembrados em uma série de artigos. 06) Saiba o objetivo - Ter em mente o público para o qual se destina o texto é essencial. Antes de redigir o artigo, pense se a idéia é enviar esse artigo a um veículo de foco econômico, educacional, científico, tecnológico ou geral. No caso dos econômicos e de negócios, os números são essenciais; já para os de educação, o que vale é o embasamento teórico; no caso das mídias de TI, não é preciso explicar determinado sistema ou software, citá-lo já é o bastante; em compensação, o leitor de publicações não especializadas precisa de informações mais específicas para entender o assunto. O Departamento de Comunicação poderá auxiliá-lo na definição do foco do artigo. Regra geral: não seja rebuscado nem tão simplista. O artigo é lido por pessoas com diferentes experiências e conhecimentos, mas que possuem interesse pelo assunto. comunicação 08) Contextualizar - é importante contextualizar o cenário e fazer relações com a atualidade, com dados de pesquisa e também do mercado de trabalho. 09) Escreva como um indivíduo interessado - Mencionar que você faz parte de uma companhia organizada pode diminuir o impacto de seu texto. Onde você trabalha, seu cargo, sua formação fazem parte daquilo que contará na sua assinatura. A credibilidade do seu texto não depende de adjetivações pessoais, mas sim de qualidade e apuração do tema. EVITE ESCREVER EM 1ª PESSOA e procure generalizar os exemplos. Nos artigos não cabem exemplos pessoais. 10) Inclua informações para contato - Um minicurrículo com e-mail para contato pode gerar bons resultados profissionais. Aí sim, capriche na apresentação pessoal. 11) Acompanhe - Estar a par do que é notícia mundo a fora é extremamente importante. Muitas vezes o jornalista peca pela falta de conhecimento sobre assuntos específicos. Nosso papel é indicar a ele quais caminhos seguir, seja por meio de artigos, opiniões, entrevistas ou sugestões de pauta. 12) Mantenha-nos informados - Sempre que ler algo interessante, pensar em um assunto que possa se transformar em pauta, ouvir opiniões dos alunos sobre temas de interesse ou simplesmente se quiser debater idéias, lembre-se que estamos aqui para isso! Um escândalo, por favor - André Petry Veja, 27/07/05 A ausência de escândalos não é garantia de ordem. Aliás, a ausência de escândalos, principalmente em países em construção como o Brasil, quase sempre é sinal de desordem – desordem silenciada, sufocada, amordaçada. Quando nada se sabia sobre o mensalão, não havia escândalo nem espanto, mas o mensalão estava lá, discretamente deslizando para o bolso dos parlamentares, numa perfeita desordem muda. O escândalo, portanto, às vezes faz muito bem. Agora mesmo, a pesquisadora Regina Soares Jurkewicz lançou um livro narrando casos de padres que abusaram sexualmente de mulheres entre 1994 e 2002. Jurkewicz examinou episódios divulgados pela imprensa nesses oito anos e consultou quase 100 organizações que trabalham com direitos humanos. Em seguida, selecionou 21 casos "envolvendo meninas, adolescentes e mulheres". Na maioria das vezes, a vítima não tinha mais que 16 anos. Por fim, a pesquisadora aprofundou sua análise em dois casos, os mais emblemáticos. O resultado é um livro de 124 páginas chamado Desvelando a Política do Silêncio: Abuso Sexual de Mulheres por Padres no Brasil. Jurkewicz é professora, é católica e trabalhava havia oito anos no Instituto de Teologia de Santo André. Trabalhava. Não trabalha mais. Assim que sua pesquisa começou a vir a público, a direção do instituto resolveu demiti-la sob a alegação de que discordava de suas idéias. Era para ser um escândalo, mas virou silêncio. Demitiram a professora porque não concordavam com ela. Discordar é livre, naturalmente, mas não deixa de ser espantoso que o pessoal do instituto tenha levado oito anos para descobrir as idéias da professora e perceber que delas discordava. O fato é que eles nada falaram das denúncias de Jurkewicz e ainda desprezaram o objetivo central de seu livro: o de pressionar a hierarquia católica a reconhecer a existência do problema e sobretudo demovê-la da política de ocultar e silenciar e esconder e até proteger os padres agressores. O problema todo é que não houve escândalo. O mensalão já acabou. É absolutamente certo que não existe deputado ou senador que esteja, neste momento, pensando em trocar de partido para ter direito ao mensalão do PT. O escândalo, a denúncia, a investigação, o barulho, a reação da sociedade – tudo isso é doloroso, mas foi também o primeiro passo, apenas o primeiro passo, para estancar o problema. No caso da denúncia de Jurkewicz contra o abuso cometido por padres, lamentavelmente não se pode esperar nada de solução. Continuaremos vivendo a esquizofrenia segundo a qual a lei brasileira diz que abuso sexual é crime, mas o direito canônico nem sequer prevê punição para o agressor. Com a reação da hierarquia católica, com seu silêncio, sua apatia, sua covardia de enfrentar um problema grave, pode-se supor que, neste exato momento, no momento em que você, leitor, lê estas linhas, um padre esteja por aí molestando uma menina de 16 anos... Quem há de negar se não há escândalo? VEJA on-line André Petry Ciência, graças a Deus S Á B A D O , M A R Ç O 0 5 , 2 0 0 5 "A aprovação pelo Congresso das pesquisas com células-tronco é uma vitória a ser comemorada duas vezes" Com a graça de Deus, Deus fez-se surdo – e não ouviu as preces trevosas de quem, em nome de Deus, queria barrar as pesquisas com células-tronco embrionárias. A aprovação pelo Congresso, agora em definitivo, faltando apenas a sanção presidencial, é uma vitória a ser comemorada duas vezes. Primeiro, porque finalmente o Brasil poderá abandonar o ambiente medieval, claustrofóbico, em que esteve confinado até o momento sob a proibição de pesquisar em embriões humanos. Agora, os cientistas brasileiros poderão explorar as possibilidades ainda desconhecidas das células-tronco embrionárias – essa maravilha que a natureza nos entregou e que pode trazer a cura para doenças como Alzheimer, Parkinson, esclerose, distrofia muscular e outras, além de ter o poder espetacular de transformar-se em qualquer um dos mais de 200 tecidos humanos – da pele aos ossos. Será o gênio da ciência trabalhando a favor da vida humana. Essa foi uma vitória a ser comemorada. A outra apareceu na forma avassaladora – foram 366 votos a favor, 59 contra e 3 abstenções – com que a Câmara derrotou o lobby religioso contra as pesquisas. Integrado por evangélicos mas liderado por católicos, o lobby religioso queria que as pesquisas sobre células-tronco fossem limitadas às encontradas no cordão umbilical e na medula óssea, excluindo as dos embriões. Os religiosos, entendendo que a vida é um dom divino e que a destruição de um embrião equivale a eliminar uma vida, levantaram-se contra as pesquisas. Os igrejeiros, carolas, crentes, o que for, têm pleno direito de viver segundo suas convicções, que são aliás sumamente respeitáveis, mas é sempre difícil entender o que os leva a julgar que todas as demais pessoas também precisam viver debaixo de verdades religiosas. Por quê? Se o Estado é laico, por que um ateu deve ser constrangido a guiar-se por leis religiosas? Se o Estado é laico, por que um ateu precisa viver sob a ordem de um Deus? Graças a Deus, como se viu na votação no Congresso, parece que nem Deus pensa assim... A derrota do lobby religioso é importante porque a luta em defesa da ciência e da vida não acabou. A lei aprovada pelo Congresso permite a pesquisa em embriões inviáveis e que estejam congelados nas clínicas de fertilização há mais de três anos. Isso quer dizer o seguinte: nem todos os embriões poderão ser pesquisados. Os embriões passíveis de pesquisa são aqueles que, de qualquer modo, por inviáveis, iriam ser jogados no lixo ou ficariam congelados para o resto dos tempos. O importante a ressaltar é que permanece proibida a clonagem terapêutica, que vem a ser a produção de um embrião geneticamente idêntico ao paciente para fornecer-lhe células – um caminho sensacional de pesquisa que já está sendo trilhado cientificamente na Inglaterra, por exemplo. Mais cedo ou mais tarde, o Brasil voltará a discutir o tema para decidir sobre a clonagem terapêutica. Aí reside a importância de ter derrotado o lobby religioso. Se, quando o país discutir clonagem terapêutica, o lobby religioso tiver recuperado forças, cairemos na treva. Se, ao contrário, o lobby religioso ainda estiver fraco, quando esse dia chegar, aí então, com a graça de Deus, podemos ter esperança de mais luz. 5- Editorial DEFINIÇÃO Os editoriais são textos de um jornal em que o conteúdo expressa a opinião da empresa, da direção ou da equipe de redação, sem a obrigação de se ater a nenhuma imparcialidade ou objetividade. Geralmente, grandes jornais reservam um espaço predeterminados para os editoriais em duas ou mais colunas logo nas primeiras páginas internas. Os boxes (quadros) dos editoriais são normalmente demarcados com uma borda ou tipologia diferente para marcar claramente que aquele texto é opinativo, e não informativo. Editoriais maiores e mais analíticos são chamados de artigos de fundo. O profissional da redação encarregado de redigir os editoriais é chamado de editorialista. Na chamada "grande imprensa", os editoriais são apócrifos — isto é, nunca são assinados por ninguém em particular. A opinião de um veículo, entretanto, não é expressada exclusivamente nos editoriais, mas também na forma como organiza os assuntos publicados, pela qualidade e quantidade que atribui a cada um (no processo de Edição jornalística). Em casos em que as próprias matérias do jornal são imbuídas de uma carga opinativa forte, mas não chegam a ser separados como editoriais, diz-se que é Jornalismo de Opinião. (Fonte: Internet, com modificações) "Um Editorial deveria, em princípio, veicular ‘a posição do jornal’ face a determinado assunto. Mas isso não é exactamente assim em todos os jornais. Alguns, como o PÚBLICO, optam por os apresentar sempre com assinatura individualizada, razão por que talvez devam ser lidos (também) como opiniões com o seu quê de pessoal. Exemplo, editorial de ‘O Globo’ sobre a Lei de Biossegurança Comparado com o projeto proibitivo que veio originalmente da Câmara, o novo texto da Lei de Biossegurança é um importante passo à frente Leia o editorial publicado nesta sexta-feira: Dificilmente a Câmara dos Deputados conseguirá aprovar a curto prazo a Lei de Biossegurança que precisa votar por ter sido modificada no Senado. É muito longa a pauta de projetos à espera de apreciação: além de outras importantes leis, há projetos de emendas constitucionais e uma série de medidas provisórias, que trancam a pauta. Mas, com tudo isso, é importante que os deputados tenham consciência da necessidade de conceder aos cientistas brasileiros, o mais rapidamente possível, a liberdade de que eles necessitam para desenvolver pesquisas na área das células-tronco embrionárias. Embora seja este um novo campo de investigação, já está fazendo surgir aplicações práticas concretas, que demonstram seu potencial curativo fantasticamente promissor. Não é por outro motivo que os eleitores da Califórnia aprovaram a emenda 71, que destina US$ 3 bilhões às pesquisas com células-tronco, causa defendida com veemência por seu governador, o mais do que conservador Arnold Schwarzenegger. O caso chama a atenção porque o ex-ator, ao contrário de outros republicanos (como Ron Reagan, cujo pai sofria do mal de Alzheimer), não tem interesse pessoal no desenvolvimento de tratamentos médicos para doenças degenerativas hoje incuráveis. Apenas o convívio com pessoas como o recentemente falecido Christopher Reeve, que ficou tetraplégico após um acidente, ou Michael J. Fox, que sofre do mal de Parkinson, parece ter sido suficiente para convencer Schwarzenegger de que é fundamental apoiar a pesquisa. O projeto que retornou do Senado ainda inclui graves restrições à ciência, como a limitação das pesquisas às células de embriões congelados há pelo menos três anos nas clínicas de fertilização — embriões descartados que, com qualquer tempo de congelamento, vão acabar no lixo. Também algum dia será preciso admitir a clonagem com fins terapêuticos, hoje vedada, e que é particularmente promissora. Ainda assim, comparado com o projeto proibitivo que veio originalmente da Câmara, o novo texto da Lei de Biossegurança é um importante passo à frente. Merece ser apreciado com rapidez e aprovado pelos deputados. (O Globo, 5/11/04) 6- Resenha Crítica Como elaborar uma resenha Definição de resenha A resenha é uma apreciação subjetiva sobre um texto, um objeto, uma peça teatral, um filme, um disco etc. Ao elaborá-la, dá-se atenção à temática, à mensagem e ao objetivo da mesma. Devido a sua característica descritiva e subjetiva, é preciso cuidar para não torná-la por demais longa e exaustiva. É importante ter em mente o público e a finalidade da resenha, que pode ser descritiva ou crítica. Somente na resenha crítica o resenhador fará apreciações, julgamentos, comentários e juízos críticos sobre o assunto. Recomenda-se que, ao resenhar um texto ou um livro, o leitor proceda da mesma forma com o texto-base como foi indicado no resumo, o que facilitará o seu trabalho. Resenha-resumo: É um texto que se limita a resumir o conteúdo de um livro, de um capítulo, de um filme, de uma peça de teatro ou de um espetáculo, sem qualquer crítica ou julgamento de valor. Trata-se de um texto informativo, pois o objetivo principal é informar o leitor. Resenha-crítica: É um texto que, além de resumir o objeto, faz uma avaliação sobre ele, uma crítica, apontando os aspectos positivos e negativos. Trata-se, portanto, de um texto de informação e de opinião, também denominado de recensão crítica. 2. Quem é o resenhista A resenha, por ser em geral um resumo crítico, exige que o resenhista seja alguém com conhecimentos na área, uma vez que avalia a obra, julgando-a criticamente. 3. Objetivo da resenha O objetivo da resenha é divulgar objetos de consumo cultural - livros,filmes peças de teatro, etc. Por isso a resenha é um texto de caráter efêmero, pois "envelhece" rapidamente, muito mais que outros textos de natureza opinativa. 4. Veiculação da resenha A resenha é, em geral, veiculada por jornais e revistas. 5. Extensão da resenha A extensão do texto-resenha depende do espaço que o veículo reserva para esse tipo de texto. Observe- se que, em geral, não se trata de um texto longo, "um resumão" como normalmente feito nos cursos superiores ... Para melhor compreender este item, basta ler resenhas veiculadas por boas revistas 6. O que deve constar numa resenha Devem constar: • O título • A referência bibliográfica da obra • Alguns dados bibliográficos do autor da obra resenhada • O resumo, ou síntese do conteúdo • A avaliação crítica 7. O título da resenha O texto-resenha, como todo texto, tem título, e pode ter subtítulo, conforme os exemplos, a seguir: Título da resenha: Astro e vilão Subtítulo: Perfil com toda a loucura de Michael Jackson Livro: Michael Jackson: uma Bibliografia não Autorizada (Christopher Andersen) - Veja, 4 de outubro, 1995 Título da resenha: Com os olhos abertos Livro: Ensaio sobre a Cegueira (José Saramago) - Veja, 25 de outubro, 1995 Título da resenha: Estadista de mitra Livro: João Paulo II - Bibliografia (Tad Szulc) - Veja, 13 de março, 1996 8. A referência bibliográfica do objeto resenhado Constam da referência bibliográfica: • Nome do autor • Título da obra • Nome da editora • Data da publicação • Lugar da publicação • Número de páginas • Preço Obs.: Às vezes não consta o lugar da publicação, o número de páginas e/ou o preço. Os dados da referência bibliográfica podem constar destacados do texto, num "box" ou caixa. Exemplo: Ensaio sobre a cegueira, o novo livro do escritor português José Saramago (Companhia das Letras; 310 páginas; 20 reais), é um romance metafórico (...) (Veja, 25 de outubro, 1995). 9. O resumo do objeto resenhado O resumo que consta numa resenha apresenta os pontos essenciais do texto e seu plano geral. Pode-se resumir agrupando num ou vários blocos os fatos ou idéias do objeto resenhado. Veja exemplo do resumo feito de "Língua e liberdade: uma nova concepção da língua materna e seu ensino" (Celso Luft), na resenha intitulada "Um gramático contra a gramática", escrita por Gilberto Scarton. 11. A crítica A resenha crítica não deve ser vista ou elaborada mediante um resumo a que se acrescenta, ao final, uma avaliação ou crítica. A postura crítica deve estr presente desde a primeira linha, resultando num texto em que o resumo e a voz crítica do resenhista se interpenetram. O tom da crítica poderá ser moderado, respeitoso, agressivo, etc. Deve ser lembrado que os resenhistas - como os críticos em geral - também se tornam objetos de críticas por parte dos "criticados" (diretores de cinema, escritores, etc.), que revidam os ataques qualificando os "detratores da obra" de "ignorantes" (não compreenderam a obra) e de "impulsionados pela má-fé". Resenha crítica do livro “O Código Da Vinci” ‘O Código Da Vinci’ é um bestseller norte-americano de ficção que, depois de um investimento milionário em marketing, foi publicado recentemente no Brasil. A trama do romance propõe a falsidade do cristianismo, que seria uma invenção da Igreja Católica mantida a qualquer preço ao longo dos séculos. Diante da sugestão, nas primeiras páginas do livro, de que estaria baseado em fatos reais, apresentamos uma resenha crítica publicada em “El Confidencial Digital” (Espanha). 14 de abril de 2004 São abundantes os romances, bem como as suas correspondentes adaptações cinematográficas, que se encaixam na chamada “teologia-ficção” para questionar a veracidade histórica do cristianismo. Não há dúvida de que pretendem aproveitar-se comercialmente do escândalo que suscitam nos fiéis e, ao mesmo tempo, fazer sucesso com um público carente de cultura religiosa, mas ainda familiarizado com o imaginário cristão. O autor de ‘O Código Da Vinci’, Dan Brown, emprega a velha fórmula de encher páginas com uma informação aparente que, na realidade, não tem nenhuma base histórica, artística ou religiosa. Por isso, a crítica mais eloqüente é, simplesmente, expôr friamente a sua tese, despojando-a dos fogos de artifício da trama de ação. O enredo desse romance se baseia em afirmar que Jesus foi casado com Maria Madalena, com quem teve uma filha. Este fato teria sido supostamente silenciado pela Igreja ao longo dos séculos, através de assassinatos e guerras. A hipótese, repetida por muitos detratores do cristianismo, não tem fundamento histórico algum, de modo que não é sustentada por nenhum exegeta católico ou protestante. No entanto, o autor parece considerar mais confiável o roteiro de “A última tentação de Cristo” do que séculos de estudos bíblicos. A Igreja Católica aparece no livro como uma grande mentira histórica, produto de uma invenção do imperador Constantino, que procurava uma religião para todo o império. Até esse momento, o cristianismo teria sido uma religião oriental pregada por um profeta judeu chamado Jesus, casado com uma certa Maria Madalena, com quem teve uma filha. O imperador teria fundido os ensinamentos cristãos com as tradições pagãs, para que fossem mais facilmente aceitos pelo povo. Ele também promoveu o Concílio de Nicéia, onde submeteu a votação a declaração da divindade de Jesus, que até então era um simples homem. Essa tergiversação fez com que fosse necessário destruir todos os relatos evangélicos e reescrevê-los, para demonstrar a divindade e Cristo. Nessa manipulação teria sido suprimida a figura da mulher de Jesus, convertendo-a na atual Maria Madalena. Desde então, o aspecto feminino e sexual da religião cristã teria sido sistematicamente recusado pela Igreja. Esta ficção histórica permite ao autor do romance descrever a Igreja Católica — representada pelo Vaticano e pelo Opus Dei — como inimiga da mulher, da verdade e capaz de todo tipo de crimes, chegando a afirmar que assassinou cinco milhões de mulheres. Em contraste com a mentira do cristianismo apresenta como verdadeira religiosidade a dos cultos précristãos, que adoravam a divindade feminina e praticavam o sexo sagrado. A conclusão do romance é que não basta revelar a suposta verdade sobre o cristianismo, descobrindo as provas do casamento de Jesus com Maria Madalena, mas que é necessário que a Igreja Católica reconheça a sua impostura e os seus crimes, voltando a adorar a divindade feminina, o que a obrigaria a mudar a sua doutrina moral sobre a sexualidade e sobre o sacerdócio de mulheres. À luz do absurdo da sua tese de fundo, a verossimilhança do romance fica completamente comprometida, e as suas afirmações desatinadas caem por seu próprio peso. Há demasiada invenção, demasiada maldade, demasiada perversão para que seja ao menos verossímil. Os leitores mais inocentes, no entanto, podem ficar com a idéia de que a Igreja Católica, e em particular o Vaticano e o Opus Dei, é uma instituição pouco digna de confiança. CRÍTICA: AS TORRES GÊMEAS - Logo depois de sair da sessão de “As Torres Gêmeas”, ainda tentando refletir qual seria minha primeira impressão a respeito do novo filme de Oliver Stone, senti que tinha gostado do filme, que ali estava um exemplo de mais um belo filme desse consagrado cineasta, antes tivesse ficado com essa impressão, por que pouco tempo depois, essa minha opinião ruiu como os prédios do título. Talvez principalmente pelo nome Oliver Stone no créditos, seria fácil imaginar um filme idealista, emocionante, opinativo, contundente, que fosse mostrar uma história de sobrevivência dentro de um contexto histórico, coisa que ele cansou de fazer em seus filmes, é só dar uma olhada em exemplos como “Nascido em 4 de Julho”, “Entre o Céu e a Terra” e “Assassinos por Natureza” (esse último, por mais violento que seja, é claramente uma das maiores críticas à mídia que eu já vi no cinema). Depois de uma besteira gigante como seu último filme, “Alexandre”, eu pensava comigo mesmo que “As Torres Gêmeas” seria o projeto que traria de volta aquele diretor forte de antigamente, por tratar de um assunto sensível, que sempre trás à tona as mais diversas opiniões, mas hei que eu dou de frente com um típico filme hollywoodianozinho com roteiro de Made-For-TV, que logo de cara é fácil gostar, mas diante de uma analise maior acaba descobrindo facilmente uma série de defeitos. O filme mostra a história de dois policiais que ficaram soterrados nos atentado de 11 de Setembro ao World Trade Center, enquanto eles ficam tentando tirar força de não sei onde para sobreviver em baixo desses seis metros de escombros, do lado de fora, só resta a família ficar apreensiva tentando ter notícias dos dois. Por mais que a história seja real, tendo contado com a supervisão das duas famílias no roteiro, o filme cai na desgraça do clichê, em grande parte pela culpa do diretor que resolve usar descaradamente todo e qualquer tipo de subterfúgio visual e narrativo para te emocionar, não deixando a história em si (que já é emocionante sozinha) deslanchar, principalmente na parte das famílias, é fácil adivinhar de antemão quando aparecerão os closes nas lágrimas, os cortes dramáticos, e as viradas do enredo, tudo muito mastigado, não deixando espaço para se sentir a cena e se emocionar com a situação, você chora quando vê a esposa grávida às lágrimas, e não quando começa a entender que ali está uma pessoa que está vendo sua vida ir por água abaixo. Mas talvez o que vai ofender mais o público fã do diretor, seja o quanto ele fez um trabalho impessoal, distante, me dá a impressão até de uma obra comprada, algo como dar aos norte-americanos um tipo de remédio contra os atentados, com a sua maior industria, a do cinema, exorcizando os demônios da nação, transformando todos em heróis, e pelo que se sabe nada é assim tão preto no branco, e é exatamente isso que eu senti falta, do cinza da tragédia. Oliver Stone perdeu uma chance de ouro de marcar a história do cinema, como fez nos anos oitenta com sua trilogia do Vietnã (“Platoon”, “Nascido em 4 de Julho” e “Entre o Céu e a Terra”), ao invés disso deixou para trás todo estilo visual e narrativo que marcou seus filmes, e que fez dele um dos maiores cineastas de sua geração, deixando para Paulo Greengras com seu “Vôo 93” e para “Fahrenheit 911” de Michael Moore o posto de cineastas que conseguiram tirar de uma catástrofe como essa um bom cinema. Gênero: Drama Diretor: Oliver Stone Distribuidora: UIP Site Oficial: Clique Aqui 7-Carta do Leitor Um espaço comum para expressar a opinião do público do veículo é a seção das cartas do leitor. O jornal seleciona, entre as cartas recebidas, algumas que tenham opinião bem argumentada (e, claro, um bom texto) para publicar e registrar, por amostragem, o pensamento dos leitores. Certas vezes, existe a preocupação de contrabalançar e equilibrar as opiniões, escolhendo sempre idéias opostas. Na maioria das edições, porém, jornalistas selecionam cartas que sejam alinhadas com as posições do veículo. CARTAS DO LEITOR Bezerra (2005) afirma que o gênero cartas do leitor são uma espécie de subgênero carta. Isto porque as cartas têm em comum a estrutura básica, (como por exemplo, o núcleo da carta). No entanto, as cartas são variadas em suas formas de realização, em seus objetivos, intenções, propósitos (carta pedido, carta resposta, carta pessoal, carta ao leitor...). As cartas do leitor diferenciam-se um pouco das cartas tradicionais por abordarem diretamente o assunto a ser discutido, por serem curtas e não apresentarem as saudações (prezado senhor, querido amigo), nem as despedidas tradicionais (um grande abraço). Nos jornais e revistas, há um espaço próprio destinado para que as cartas dos leitores sejam publicadas. Quando uma carta é enviada para a publicação, o leitor precisa identificar-se colocando nome completo, o nº. de identidade e endereço e é responsabilizado pelo que escreve. Nem todas as cartas são publicadas, pois passam por uma seleção e podem ser resumidas ou parafraseadas. Cada jornal ou revista segue critérios próprios de publicação. O propósito comunicativo de uma revista ou jornal pode variar. Os temas podem ser diferentes, assim como um mesmo assunto pode ser abordado de formas variadas. Cada um tem um público alvo (homem, mulher, jovem, criança). Estes fatores influenciam os leitores frente às reportagens, notícias, em outras pedem conselhos, orientações, sobre assuntos relacionados à adolescência: gravidez e relacionamentos pessoais. A publicação das cartas segue normas, que variam de acordo com cada revista ou jornal, como por exemplo, as que são enviadas à Revista Veja devem trazer assinatura, o endereço, o número da identidade e o telefone do autor. A seleção das cartas parte de alguns critérios como clareza, conteúdo, que são adotados pela direção da revista. Também, não há espaço para a publicação de todas as cartas recebidas. Assim, são lidas, analisadas e somente publicadas as selecionadas pelo editor da seção Cartas e pela direção da Veja. Além disso, os objetivos das revistas ou jornais devem ser observados. Não se escreve para uma revista de informação como a Veja da mesma forma que se escreve para a revista Capricho, como podemos verificar nas seguintes cartas publicadas em julho de 2008: Galeraa, Capricho, eu gostariaa de pedir novamente que vocês façam uma matéria sobre a luta livre (WWE). Sou fanática e gostaria de saber mais, muito mais desse esporte. Obrigadaa, Bzo Laizinha Hardy Laizinha Hardy Campinas-SP (Revista Capricho, julho de 2008) A escola de tempo integral melhoraria muito a condição do ensino no Brasil, mas essa não é uma premissa para nossos governantes que alegam falta de recursos financeiros, o que nem sempre é verdade. Luiz César Pessoa Pinto Formiga-MG (Revista Veja, ed. 2069, ano 41, nº. 28, 16 de julho de 2008, p.37) As cartas dos leitores definem-se como gêneros na medida elas compartilham um determinado propósito comunicativo e estabelecem uma interlocução do leitor com o meio de informação. Para fins de exemplificação, reproduzimos a seguir alguns títulos utilizados por jornais e revistas para denominar a seção que traz as cartas dos leitores: Jornais: • Folha de São Paulo: Painel do leitor; • Gazeta do Povo: Coluna do leitor; • O Estado do Paraná: O mural do leitor; • Folha de Irati: Opinião do leitor. Revistas: • Revista Veja: Cartas; • Superinteressante: Desabafa, solte o verbo; • Capricho: Diz, AÍ. Enfim, a produção deste gênero proporciona um espaço para que o leitor possa expor seu ponto de vista a respeito de qualquer assunto, apresentar críticas, fazer sugestões, discordar de um ponto de vista, participar da formação da opinião pública. Bezerra (2005) afirma que as cartas do leitor atendem propósitos comunicativos de elogiar, criticar, opinar, reclamar, retificar, comunicar, agradecer, solicitar, como mostram os exemplos abaixo retirados da Revista Veja em 2008. • elogiar: A reportagem especial “A vida com instruções“ (09 de janeiro) foi um presente para todos que buscam entender a arte da convivência e superar os desafios para iniciar 2008 de bem com a vida. Hugo Lins Coelho Recif e-PE (Revista Veja, ed. 2043, ano 41, nº. 2, 16 jan. 2008, p. 24) • criticar: Gostaria de deixar registrada a minha indignação com a postura do governo Lula de mais uma vez aumentar os impostos, sendo que, com a maior cara-de-pau, disse que não iria fazê-lo, mas, sim, diminuiria os gastos públicos. (“Pacote de maldades” 9 de janeiro”) Alexandre Cavalcanti São Paulo-SP (Revista Veja, ed. 2043, ano 41, nº. 2, 16 jan. 2008, p. 24) 12 • opinar: Concordo plenamente com Gustavo Ioschpe e cumprimento pela oportunidade e clareza com que trouxe à baila um assunto que tem sido omitido nos debates educacionais. O fato de os sindicatos terem como primeiríssimo objetivo defender os interesses salariais dos professores contradiz tudo aquilo que o Brasil mais necessita na área educacional: professores competentes e motivados a ensinar aos alunos os conteúdos que eles precisam aprender e ajudá-los a se organizar para o estudo, tudo isso em ambiente prazeroso, fruto do bom diálogo entre professor e aluno. Ignez Martins Tolli Ph.D. em Educação pela Universidade de Londres Brasília-DF (Revista Veja, ed. 2044, ano 41, nº. 3, 23 jan. 2008, p. 25) • retificar: Leio toda semana a coluna de Millôr, que considero um ótimo escritor. Mas na desta semana (“As maravilhosas maravilhas da natureza”, 16 de janeiro) percebi um equívoco. Ele se refere às Sete Quedas do Iguaçu, porém elas não existem mais, sumiram com a instalação de Itaipu. O ponto turístico que hoje pode ser visitado se chama Cataratas do Iguaçu. Leticia Corioletti Joinville-SC (Revista Veja, ed. 2044, ano 41, nº. 3, 23 jan. 2008, p. 26) • comunicar: Em complementação ao quadro “Por que as latas de óleo sumiram” (Veja essa, 16 de janeiro), destaca-se o fato de que a substituição da lata de metálica pela embalagem plástica para o acondicionamento de óleo alimentício decorreu da preferência 13 do consumidor brasileiro. Além de resistente e transparente, a embalagem PET é escolhida pela dona-de-casa por ser prática e higiênica, contando com a tampa e bico e dosador da quantidade. A maioria dos fabricantes de óleo combustível garante o mesmo prazo de validade para o produto acondicionado em ambas as embalagens, e muitos não utilizam conservantes. Carlo Lovatelli Presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) São PauloSP (Revista Veja, ed. 2044, ano 41, nº.3, 23 jan. 2008, p. 26) • agradecer: Há cerca de três anos fui a uma dermatologista e, entre outras coisas, ela me disse que o sol só servia para dar câncer , que nem brancos nem negros deveriam se expor a ele, jamais! Que esse negócio de absorção de vitamina D é uma bobagem etc. Eu saí da sala dessa médica totalmente chocada e arrasada, principalmente porque sou apaixonada pelo sol. Portanto, foi com muita alegria que li a reportagem. Os estudos só vieram confirmar o que já sentia na própria pele: o sol me faz muito bem do que mal. Agora, sim, vou poder tomar o meu solzinho com 90% de proteção e 0% de paranóia. E viva o sol, viva o verão, viva o calor! Adriana Domingues Diadema-São Paulo (Revista Veja, ed. 2044, ano 41, nº. 3, 23 jan. 2008, p. 22) • solicitar: Roberto Civita se expressou com maestria sobre 2007. Cabe à classe dominante seguir ao menos 50% desse formidável escrito , e melhorará muito o nosso país. Que seja respeitada a opinião pública de forma contínua e que nossos políticos honrem seus cargos e assumam suas personalidades em prol da sociedade. Diógenes Pereira da Silva Uberlândia-MG 14 (Revista Veja, ed. 2043, ano 41, nº. 2, 16 jan. 2008, p. 31) Por meio destes exemplos, podemos verificar que as funções reais de uma carta do leitor são variadas, já que podem atender a diversos propósitos comunicativos. Em vista disso, compreendemos que o gênero cartas do leitor é capaz de promover o ensino da língua materna dentro de uma concepção de língua como interação entre usuários e de ensino como trabalho produtivo (não repetitivo). A literatura atual elege o texto como o objeto de ensino de língua portuguesa. No entanto, não é suficiente apenas colocar o foco do ensino e continuar trabalhando com propostas inertes ou mecânicas. É preciso que o professor oportunize o contato dos alunos com os variados gêneros que existem efetivamente na vida em sociedade. Também é necessário que o texto seja compreendido como a concretização da língua, por meio do qual os interlocutores interagem. 8-Carta argumentativa Modelo de Carta Cachoeiro de Itapemirim – ES, 09 de agosto de 2007 Prezado( Senhor/ Querido) ..., Início do texto ... (1º Parágrafo) - Introdução (2º Parágrafo) - Desenvolvimento (3º Parágrafo) - Desenvolvimento (4º Parágrafo) – Conclusão Atenciosamente, L.I.L.S. Carta argumentativa (Texto Argumentativo /Persuasivo ) Características do texto argumentativo/persuasivo Além de uma dissertação, a prova de Redação do Vestibular Unicamp propõe também uma carta argumentativa. O que diferencia a proposta da carta argumentativa da proposta de dissertação é o tipo de argumentação que caracteriza cada um desses tipos de texto. O texto dissertativo é dirigido a um interlocutor genérico, universal. Por outro lado, a proposta de carta argumentativa pressupõe um interlocutor específico para quem a argumentação deverá estar orientada. Essa diferença de interlocutores deve necessariamente levar a uma organização argumentativa diferente, nos dois casos. Até porque, na carta argumentativa, a intenção é freqüentemente a de persuadir um interlocutor específico (convencê-lo do ponto de vista defendido por quem escreve a carta ou demovê-lo do ponto de vista por ele defendido e que o autor da carta considera equivocado). É importante justificar por que se solicita que a argumentação seja feita em forma de carta. Acredite, essa é uma opção estratégica feita em seu próprio benefício. O pressuposto é o de que, se é definido previamente quem é seu interlocutor sobre um determinado assunto, você tem melhores condições de fundamentar sua argumentação. Vamos tentar exemplificar, mais ou menos concretamente, algumas situações argumentativas diferentes, para que fique claro que tipo de fundamento está por trás desta proposta da Unicamp. Imagine-se um defensor ardoroso da legalização do aborto. Perceba que sua estratégia argumentativa seria necessariamente diferente se fosse solicitado a : * escrever uma dissertação sobre o assunto, portanto, escrever para o nosso "leitor universal"; * escrever ao Papa, para demonstrar a necessidade de a Igreja Católica, em alguns casos, rever sua postura frente ao aborto; * escrever a um congressista procurando persuadi-lo a apresentar um anteprojeto para a legalização do aborto no Brasil; * escrever ao Roberto Carlos procurando persuadi-lo a incluir, em seu LP de final de ano, uma música em favor da descriminação do aborto. Você não concorda conosco? Não fica mais fácil decidir que argumentos utilizar conhecendo o interlocutor? É por isso que é tão importante que você, durante a elaboração do seu projeto de texto, procure representar da melhor maneira possível o seu interlocutor, uma vez conhecido. Embora o foco desta proposta seja um determinado tipo de argumentação, o fato de que o contexto criado para este exercício é o de uma carta implica também algumas expectativas quanto à forma do seu texto. Por exemplo, é necessário estabelecer e manter a interlocução, usar uma linguagem compatível com o interlocutor (por exemplo, não se dirigir ao Papa com um jovial E aí, Santidade, tudo em cima?, muito menos despedir-se de tão beatífica figura com Pô, cara, tu é do mal!). Mas que fique bem claro: no cumprimento da proposta em que é exigida uma carta argumentativa, não basta dar ao texto a organização de uma carta, mesmo que a interlocução seja natural e coerentemente mantida; é necessário argumentar. A estrutura de uma carta argumentativa Início: identifica o interlocutor. A forma de tratá-lo vai depender do grau de intimidade existente. A língua portuguesa dispõe dos pronomes de tratamento para estabelecer esse tipo de relação entre interlocutores. O essencial é mostrar respeito pelo interlocutor, seja ele quem for. Na falta de um pronome ou expressão específica para dirigir-se a ele, recorra ao tradicional "senhor" "senhora" ou Vossa Senhoria. O texto dissertativo é dirigido a um interlocutor genérico, universal. A proposta de carta argumentativa pressupõe um interlocutor específico para quem a argumentação deverá estar orientada. Essa diferença de interlocutores deve necessariamente levar a uma organização argumentativa diferente, nos dois casos. Até porque, na carta argumentativa, a intenção é freqüentemente a de persuadir um interlocutor específico (convencê-lo do ponto de vista defendido por quem escreve a carta ou demovê-lo do ponto de vista por ele defendido e que o autor da carta considera equivocado). Mas que fique bem claro: no cumprimento da proposta em que é exigida uma carta argumentativa, não basta dar ao texto a organização de uma carta, mesmo que a interlocução seja natural e coerentemente mantida; é necessário argumentar. Exemplo de carta argumentativa São Paulo, 29 de novembro 1992 Prezado Sr. E.B.M. Em seu artigo publicado pelo jornal Folha de São Paulo a 1.º de setembro, deparei com sua opinião expressa no Painel do Leitor. Respeitosamente, li-a e percebendo equívocos em suas opiniões quanto à veracidade dos motivos que colocaram milhares de jovens na rua, de maneira organizada e cívica, tento elucidar-lhe os fatos. Nosso país, o senhor bem sabe, viveu muitos anos sob o regime militar ditatorial. Toda e qualquer manifestação que discordasse dos parâmetros ideológicos do governo era simplesmente proibida. Hoje, ao contrário daquela época, as pessoas conquistaram a liberdade de expressão e o país vive o auge da democracia. Assim, perante essa liberdade o Brasil evoluiu. Atravessamos um período de crises econômicas, mas as pessoas passaram a se interessar de maneira mais acentuada pelo seu cotidiano diante da própria liberdade existente. Dessa forma, deparamos com uma população ideologicamente mais madura. Em sua carta enviada à Folha de São Paulo, o senhor assegura que a juventude é absolutamente imatura e incapaz de perceber a profundidade dos acontecimentos que a envolvem. Asseguro que tal opinião não é a mais justa. Nós já fomos jovens e sabemos perfeitamente que é uma época de transição. Mudamos nossos conceitos, nossos desejos e nossa visão de mundo. Mesmo assim, determinados valores que assumimos como corretos persistem em nossas vidas de forma direta ou não. Não sei se o senhor tem filhos, mas eu invejo a concepção que os meus assumem perante inúmeros acontecimentos. São adolescentes, que se interessam pelos fatos políticos e se preocupam com o destino da nação, pois estão cientes de que num futuro próximo serão as lideranças do país. Outro aspecto relevante em sua carta é o de dizer que a juventude, generalizadamente é indisciplinada. Tal opinião não condiz com a verdade. Nas manifestações pró "impeachment que invadiram o país visando a queda do Presidente Collor, não se viram agressões, intervenções policiais ou outras formas de violência. Fica, portanto, claro, que a manifestação dos chamados caras-pintadas não é vazia. Conscientes de que uma postura pouco organizada não lhes daria credibilidade, os jovens manifestaram-se honrosamente. Com isso, frente ao vergonhoso papel do próprio Presidente da República, Fernando Collor de Mello, a juventude demonstrou um grau de maturidade e percepção maior que o do próprio chefe de estado. Vemos, com isso, que os jovens visam ao bem do país e o seu processo de conscientização não se deu de uma hora para outra. Assim, dizer que a juventude é motivada pelo espírito da época, visando ao hedonismo é errôneo. Nossos jovens, senhor E.B.M., são reflexos da liberdade existente no país e a sua evolução político-ideológica. Sem mais, despeço-me. K.C.M. de M. PROPOSTA DE REDAÇÃO TEMA C Periodicamente, ao longo da história, pensadores têm afirmado que a humanidade chegou a um ponto definitivo (o "fim da história"). O artigo abaixo, parcialmente adaptado, que Denis Lerrer Rosenfield publicou no jornal "Folha de S. Paulo" em 28/06/2002, de certo modo retoma essa afirmação. A POÇÃO MÁGICA O mundo mudou depois de 11 de setembro. A administração Bush, inicialmente voltada para um fechamento dos EUA sobre si mesmos, cujo símbolo era o projeto de escudo interbalístico, que protegeria essa nação de mísseis intercontinentais, afirma-se agora claramente como imperial. Sua doutrina militar sofreu uma alteração substancial. Doravante, a prioridade são ataques preventivos, que eliminem os focos terroristas no mundo, ameaçando e atacando os Estados que lhes dêem cobertura e, sobretudo, que tenham armas químicas e biológicas. (...) Talvez o mundo, no futuro, mostre que o problema da democracia passa pela influência que países, empresas, sindicatos e meios de comunicação venham a exercer sobre a opinião pública americana - que pode, ela sim, mudar os rumos do império. Não esqueçamos que a Guerra do Vietnã terminou devido à influência decisiva da opinião pública americana sobre o centro de decisões políticas. Os países deverão se organizar para atuar sobre a opinião pública americana. Se essa descrição dos fatos é verdadeira, nenhuma política futura poderá ser baseada em um confronto direto com os EUA ou em um questionamento dos princípios que regem essa nação. A autonomia, do ponto de vista econômico, social, militar e político, pertence ao passado. Poderemos ter nostalgia dela, mas seu adeus é definitivo. O que não significa, evidentemente, que tenhamos de acatar tudo o que de lá vier; é imperativo reconhecer, porém, que a realidade mudou e que embates radicais estão fadados ao fracasso. Na época do Império Romano, o general César ou os imperadores subseqüentes não estavam preocupados com o que se passava na Gália. Seus exércitos vitoriosos exerciam uma superioridade inconteste. Era mais sensato negociar com eles do que enfrentá-los. Se uma Gália moderna achar que pode deixar de honrar contratos, burlar a democracia, fazer os outros de bobos, mudando seu discurso a cada dia ou cada mês, sua política se tornará imediatamente inexeqüível. Contudo, se, mesmo assim, esse povo decidir eleger um Asterix, convém lembrar que foi perdida para sempre a fórmula da poção mágica e suas últimas gotas se evaporaram no tempo. Escreva uma carta, dirigida ao EDITOR do jornal, PARA SER PUBLICADA. Após identificar a tese central do texto de Rosenfield, a) caso concorde com o ponto de vista do autor, apresente outros argumentos e fatos que o reforcem; b) caso discorde do ponto de vista do autor, apresente argumentos e fatos que o contradigam. Para realizar essa tarefa, além do texto acima, considere também os que se seguem: - Ao assinar a carta, use iniciais apenas, de forma a não se identificar. 1. Ao ver um cordeiro à beira do riacho, o lobo quis devorá -lo. Mas precisava de uma boa razão. Apesar de estar na parte superior do rio, acusou-o de sujar a água. O cordeiro se defendeu: - Como eu iria sujar a água, se ela está vindo daí de cima, onde tu estás? - Sim, mas no ano passado insultaste meu pai, replicou o lobo. - No ano passado, eu nem era nascido... Mas o lobo não se calou: - Podes defender-te quanto quiseres, que não deixarei de te devorar. (Adaptado de Esopo, "Fábulas". Porto Alegre, LP&M.). 2. Então saiu do arraial dos filisteus um homem guerreiro, cujo nome era Golias, de Gate, da altura de seis côvados e um palmo. (...) Todos os israelitas, vendo aquele homem, fugiam diante dele (...). Davi disse a Saul: "... teu servo irá, e pelejará contra ele". (...) Davi meteu a mão no alforje, e tomou dali uma pedra e com a funda lha atirou, e feriu o filisteu na testa, e ele caiu com o rosto em terra. E assim prevaleceu Davi contra Golias, com uma funda e uma pedra. (Adaptado de "I Samuel", 17, 4-50.) 3. Os homens fazem sua própria história, mas não a fazem como querem; não a fazem sob circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado. (Karl Marx, "O 18 Brumário de Luís Bonaparte"... Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1977). Carta argumentativa com máscara O redator escreve como se fosse outra pessoa, veste uma máscara. Jô Soares, abaixo, vestiu a máscara de um aluno. Composição: O Salário Mínimo* O salário mínimo é tão pequenininho que cabe até no meu bolso. é por isso que ele é chamado de mínimo que quer dizer que menor não tem. Meu pai diz que o salário mínimo é um dinheiro que não serve pra nada, mas na televisão o moço disse que só pode ser isso mesmo, e está acabado. Meu pai quase quebrou a televisão depois que o moço falou. Meu pai anda chamando o salário mínimo de um outro nome, mas eu não vou dizer aqui, porque outro dia eu disse esse nome no recreio e a professora me deixou de castigo. O salário mínimo deve ser muito engraçado porque quando falaram que ele tinha aumentado, lá em casa todo mundo deu risada. Meu pai disse que uma vez um homem que era presidente falou que se ganhasse salário mínimo dava um tiro na cabeça, mas eu acho que ele estava brincando, porque quem ganha salário mínimo não tem dinheiro pra comprar revólver. O meu pai não ganha salário mínimo mas com o que ele ganha também não dá pra comprar muitos revólveres a não ser de brinquedo e só de vez em quando. O meu avô é aposentado. Ele não faz nada mas parece que já fez. Ouvi dizer que o salário mínimo não aumentou mais por causa dele. Eu não sabia que o meu avô era tão importante. Minha avó não é aposentada. Também, ela é muito velhinha, não dá pra ser mais nada. Lá em casa falaram que com esse salário mínimo não vai dar mais pra comprar a cesta básica. Eu não sei muito bem o que é a cesta básica, mas parece que tem comida dentro. Se for, é só diminuir bastante o tamanho da cesta que aí cabe tudo. Ouvi meu tio desempregado dizendo que tem um livro chamado Constituição, onde está escrito que com o salário mínimo a pessoa tem que comer, morar numa casa, andar de condução, se vestir e uma porção de coisas. Coitado do meu tio. A falta de emprego está deixando ele doidinho. Quando eu crescer não vou querer salário mínimo, mesmo que seja o dobro. Parece que ele é tão pequeno que mesmo que seja o dobro do dobro ele continua mínimo. A minha mesada é muito pequena, mas inda bem que ninguém inventou a mesada mínima, porque com o que minha mãe me dá quase não dá pra comprar figurinha. Pronto. Isso é o que penso do tal salário mínimo. Espero que a professora dê uma boa nota porque ela é muito boazinha e merece ganhar muito mais do que todos os salários mínimos juntos. Só mais uma coisa: se eu fosse presidente da República mudava o salário mínimo para um salário bem grande e chamava ele de salário máximo. * Extraído de: Jô Soares - Veja edição 1444, ano 29, n. 20, 15 de março de 96 Ao meu grande amigo, Guilherme Soares: Guilherme, sei muito bem as dificuldades que você está passando, a dor e o sofrimento, a angústia e a tristeza. Mas saiba que não está sozinho. Sei que é difícil a discriminação da sociedade e as dificuldades no tratamento e na obtenção dos remédios. Foi por isso que escrevi; para demonstrar a minha solidariedade de amigo, mais que isso, a solidariedade de um irmão. Fiquei sabendo através de um jornal que você está muito interessado em ter um filho com a Célia. Por que não me contou? Cara, desiste dessa idéia! Conselho de amigo, Guilherme: isso não é lá das idéias mais inteligentes que você já teve. O pessoal do banco (que aproveita pra mandar um abraço) concorda comigo. Você tem noção do que é que essa atitude significa? Pó, cara! Eu sei que você tinha um sonho que é o de ser pai, de dar continuidade à vida, mas não esperava que esse sonho continuasse. Isso é realmente muito bonito, mas a partir do momento em que seu filho poderá (e as chances são grandes) ter a mesma doença que você, cara, isso é loucura! Mas não é só isso! A sua namorada não é portadora e se vocês transarem para ter um filho, isto é, sem camisinhas, ela vai pegar Aids. Por isso, se resolver ter um filho, você comprometerá com certeza a vida da Célia e pode. ainda, comprometer a vida de seu filho. E claro que isso não é dar continuidade à vida, mas assinar a sentença de morte de duas pessoas inocentes. Além disso, sejamos realistas, dentro de alguns anos você morreria e mais tarde (ou mais cedo), Célia. Mesmo que a criança nascer saudável, será órfã muito cedo, pior se nascer doente. Já pensou? Seu filho, sangue do seu sangue, órfão ainda criança e com dificuldades financeiras para o tratamento, sendo discriminado pela sociedade, crianças da mesma idade e por escolas que se recusam a matricular seu filho. Não terá amigos, nem pais, nem felicidade alguma. É melhor evitar tudo isso. Se o amor que você tem por esse filho que ainda não nasceu é realmente amor, evite, então, que ele sofra a vida toda por um breve momento de satisfação pessoal. Há, ainda, a possibilidade de adoção, você já pensou nisso? Tenho um amigo que pode facilitar o processo de adoção na justiça. Você pode escolher o sexo, a cor dos olhos, pele e cabelo e a idade. Apesar de não ser um filho legítimo, é o único meio de se ter um filho saudável e sem colocar em risco a vida de Célia. A criança pode viver com a Célia mesmo após sua partida. Cabe, finalmente, a você, Guilherme, e à Célia a decisão, uma vez alertados das implicações, mas confiar na sorte e depois chorar por deixar seu filhinho sem condições de lutar para viver é inadmissível. Espero que tome a atitude correta e que possa desfrutar ao máximo o restante da vida. Aliás, por que não vem conosco no próximo domingo jogar uma partida de futebol, ou você já se esqueceu de como se faz gols? F. E. H. Como você deve ter constatado, ele valeu-se de uma máscara para cumprir a tarefa que lhe foi proposta (escrever uma carta ao bancário Guilherme Soares para convencê-lo a desistir da idéia de ter um filho). Com base na leitura que você fez, responda às questões 1 a 3. 1. Identifique qual foi a máscara criada pelo aluno. O aluno escreveu como se fosse um amigo de Guilherme, que trabalha no mesmo banco em que ele trabalhou. 2. Quais são, no texto, as marcas lingüísticas que identificam a construção da máscara? Podemos verificar, desde o início, a utilização de uma linguagem mais informal, própria da comunicação entre amigos ("cara", "você", "pó" etc.), mas inaceitável em um contexto formal. Há referências a conhecidos comuns (Célia, a suposta namorada de Guilherme, o "pessoal do banco", que manda um abraço). E, por fim, a intimidade com que a questão é tratada, com a sugestão de uma adoção a ser facilitada por um conhecido, o convite para a partida de futebol etc. 3. Por que a construção de uma máscara como essa poderia ajudar na tarefa argumentativa a ser cumprida? Porque a questão tratada na carta é muito delicada - o desejo de um aidético ter um filho - e a criação de uma familiaridade entre quem escreve e a pessoa a ser demovida da idéia podem contribui para a apresentação mais direta de argumentos. Um amigo tem liberdade de dizer ao Guilherme que, por pior que seja sua situação e por maior que seja o desejo de se tornar pai, ele não tem o direito de colocar em risco a vida de dois inocentes, enquanto a mesma coisa, dita por um estranho, pode não ser considerada. O amigo pode oferecer apoio e conforto para ajudá-lo a superar as dificuldades futuras que se apresentarão. Um estranho, não. Finalmente, o estranho corre o risco de ver seus argumentos interpretados como lição de moral, enquanto a fala do amigo pode ser interpretada como uma preocupação verdadeira. (Carta) TEMA C – UNICAMP- 2000 Em várias instâncias têm surgido iniciativas que podem resultar em uma nova política em relação à água, até hoje considerada um bem renovável à disposição dos usuários. Abaixo estão trechos de notícias relativamente recentes com informações sobre algumas dessas iniciativas. 1. País pode ter agência de água O secretário nacional de recursos hídricos, Raimundo José Garrido, participa na próxima quarta-feira, em Porto Alegre, de um debate sobre a criação da Agência Nacional da Água (ANA). O encontro, que reunirá ainda o jornalista Washington Novaes, o consultor do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Affonso Leme Machado, e o Secretário do Meio Ambiente do Estado, Cláudio Langoni, faz parte da 6ª Semana Interamericana da Água. O evento vai se estender de hoje até o dia 9, em 200 municípios gaúchos, com atividades ligadas à educação ambiental, painéis, exposições, mutirões de limpeza de rios e riachos, entre outras. Mais de 50 entidades públicas e privadas, incluindo o governo do Rio Grande do Sul, a prefeitura de Porto Alegre, a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, participam da iniciativa. (Campinas, Correio Popular, 02/10/99) 2. Países concordam que, para evitar escassez, a água não pode ser gratuita Paris – Uma conferência das Nações Unidas sobre gestão das escassas reservas de água doce do mundo concluiu ontem que a água deveria ser paga como commodity*, ao invés de ser tratada como um bem essencial a ser fornecido gratuitamente. A reunião de três dias, da qual participaram ministros do meio-ambiente e autoridades de 84 países, concluiu que os custos deverão permanecer baixos e que o acesso à água doce deveria ser assegurado aos pobres. O apelo feito ao final da reunião, no sentido de maior participação das forças do mercado, motivou uma nota de cautela do primeiro ministro socialista [francês], Lionel Jospin, que se dirigiu à assembléia em seu último dia. Jospin enfatizou a necessidade de prudência quando se trata de uma substância que não é ‘‘um produto como outro qualquer’’. ‘‘Vocês renunciaram à velha crença, que se manteve por muito tempo, de que a água somente poderia ser gratuita porque cai do céu’’, disse ele. Mas ele frisou que a mudança para uma forma de lidar com a água mais orientada para o mercado ‘‘deve ser prudente’’. (www.igc.apc.org/globalpolicy/socecon/envromnt/water.htm) * commodity: mercadoria, produtos agrícolas ou de extração mineral 3. Enquanto os ambientalistas preocupam-se em mobilizar a opinião pública e sensibilizar governos, os legisladores querem enquadrar os abusados nas normas da lei. Aprovada há dois anos, mas ainda carente de regulamentação, a Lei do Uso das Águas (9.433) disciplina a exploração dos recursos hídricos do país. Ela prevê cobrança de taxas adicionais aos grandes usuários (como hidrelétricas), aos poluidores e às indústrias que exploram a água economicamente ou na produção de algum produto. Outra lei, mais rigorosa e punitiva, é a 9.605, em vigor há mais de um ano: quem poluir os rios, mananciais e devastar as florestas poderá sofrer detenção de até cinco anos e multas de até R$ 50 milhões. (João Marcos Rainho, ‘‘Planeta água’’, in: Educação, ano 26, n. 221, setembro de 1999, pp. 57-8) 4. A força política dos que promovem a concentração populacional nas áreas de mananciais é grande. (...) A demonstração dessa força política está nas muitas mudanças da lei de Proteção dos Mananciais de 1975. A maior dessas alterações que abrandaram a lei ocorreu em 1987, com a desculpa de que era necessária para atender ‘‘à realidade criada pela ocupação desordenada’’. Mas cabe a pergunta: quem permitiu essa ocupação? As prefeituras locais, sem dúvida, mas também a Secretaria de Meio Ambiente, por falta de vigilância. (‘‘Mananciais contaminados’’, in: O Estado de S. Paulo, 17/10/99, p. A3). Redija uma carta a um deputado ou senador contrário à criação da Agência Nacional da Água (ANA). A carta deverá argumentar a favor da criação do novo órgão que, como a ANP, a ANATEL e a ANEEL, terá a finalidade de definir e supervisionar as políticas de um setor vital para a sociedade. Nessa carta, você deverá sugerir ao congressista pontos de um programa, a ser executado pela Agência Nacional da Água, programa que deverá incluir novas formas de controle. ANP: Agência Nacional do Petróleo; ANATEL: Agência Nacional Telecomunicações; ANEEL: Agência Nacional de Energia Elétrica ATENÇÃO: AO ASSINAR A CARTA, USE INICIAIS APENAS, DE FORMA A NÃO SE IDENTIFICAR. das Redação acima da média –Vestibular Unicamp 2000 Texto 1: Belo Horizonte, 28 de novembro de 1999. Ao senador Eduardo Suplicy Prezado senhor, Tenho acompanhado através de jornais e revistas a discussão acerca da criação de um órgão, a Agência Nacional da Água (ANA) que terá a finalidade de disciplinar a exploração dos recursos hídricos do país. Por discordar, radicalmente de sua posição contrária à criação desse órgão, gostaria de expor o meu ponto de vista a respeito. Inicialmente, deve-se ressaltar a política inescrupulosa de um grande número de empresas que além de explorar a água economicamente ou na produção de algum produto, lançam dejetos orgânicos nos rios, poluem mananciais, e mais interessados em seus próprio lucro, negligenciam as medidas necessárias ao combate à poluição, agravando ainda mais o problema da má utilização da água. Pode-se citar exemplos em que a poluição hídrica atinge níveis críticos como o rio Tietê em São Paulo e a Lagoa Pampulha em Belo Horizonte. O estado calamitoso em que se encontram tais locais denota a necessidade de uma atuação governamental urgente e eficaz, o que só será possível com a adesão de pessoas como o senhor (pelo próprio cargo que ocupa) à causa ambientalista. Em segundo lugar, deve-se citar o descaso com que são tratadas as leis ambientais no Brasil. Exemplos de tal fato são as muitas mudanças da Lei de Proteção dos Mananciais de 1975. Com o argumento de que tais modificações ocorreram em virtude da realidade criada pela ocupação desordenada, as leis de proteção ambiental se tornam cada vez mais flexíveis e permissivas. É lamentável observar que um dos critérios que favorece a implantação de multinacionais em solo brasileiro é o pouco rigor da Legislação Ambiental, sendo um grande atrativo para a exploração irresponsável das riquezas naturais. Ademais, julgo extremamente importante a criação de leis como a de número 9605 que prevê multas de até 50 milhões de reais e detenção de até cinco anos para aqueles que a desrespeitarem, visto que somente com maior rigor se poderá conter o expressivo ritmo de poluição e de destruição do meio ambiente. Diante disso, a criação de um órgão que fiscalize e supervisione as políticas de exploração hídrica é indispensável. Como a ANATEL, a ANEEL e a ANA, a ANA deverá se apresentar como um órgão de defesa de um setor vital para a sociedade. Além de uma fiscalização mais eficiente, considero a melhoria no sistema de esgotos, um sistema mais eficaz na coleta do lixo, o aumento do rigor da legislação Ambiental e aplicação de penas mais severas aos transgressores como pontos básicos no programa de tal órgão. Isto posto, peço-lhe que considere tais argumentos e reflita sobre cada um deles. Para um cidadão comum a omissão quanto a defesa do meio ambiente é até aceitável, ainda que seja lastimável. Todavia, para um senador, como o senhor, tal cargo como o seu, pressupõe a realização de medidas que visem beneficiar a população como um todo e não apenas alguns empresários. Atenciosamente, G.C.R.C. Texto 2: São Paulo, 28 de novembro de 1999. Senhor deputado Cézar Campos, Soube, por meio de jornais e revistas, que o senhor é contrário à criação da ANA (Agência Nacional de Água), alegando que seria mais um dos “onerosos e espalhafatosos órgãos do governo”. Como cidadã, concordo com o senhor: há inúmeros órgãos governamentais ineficientes e burocráticos. Porém, como Engenheira Sanitária, vejo a necessidade de intensificar as políticas de proteção ambiental de todas as maneiras possíveis. Certamente o senhor sabe da importância da água dentro de uma sociedade, não apenas para a saúde da população, mas também em termos econômicos. E, certamente, o senhor não é contrário à punição de quem faz mal uso desse bem, tais como indústrias pesadas e poluidoras. Há também grandes usuários que, mesmo sem poluir a água, fazem largo uso dela – e isso, estando certo ou não, é uma grave agressão ao meio ambiente, e, portanto, merece também uma “punição” (taxas e tributos maiores do que os pagos por cidadãos comuns). Pois bem, a Lei já dá conta desse tipo de regulamentação, cobrando inclusive pesadas multas de quem polui e, em alguns casos, determinando a prisão em até cinco anos. Contudo, senhor Campos, sabemos que a lei é raramente cumprida, mesmo em se tratando de uma questão de vital importância e prioridade. Os órgãos governamentais tradicionais, quer por corrupção, quer por ineficiência, já não dão conta da fiscalização sequer – que dirá da punição. É por razões como essas que a criação da ANA se faz urgente e necessária. A prioridade da ANA seria a fiscalização e punição, portanto. Funcionaria como uma espécie de “órgão de defesa da água”, estando subordinada diretamente ao Ministério do Meio Ambiente. A agência teria poder de ação tanto sobre a esfera pública quanto sobre a privada, podendo multar, inclusive, programas governamentais que se mostrassem prejudiciais ao Meio Ambiente. Seus processos jurídicos deveriam ter prioridade em tribunais, ou então seriam julgados por juízes especiais, designados apenas para essa função, haja vista a importância da água como bem econômico, social e geopolítico – o Brasil ainda não tem problemas com países vizinhos por conta de recursos hídricos, mas essa situação pode vir a ocorrer um dia. Por isso, é preciso que haja desde já conscientização. O governo não pode, tal como representante legítimo da sociedade, fechar os olhos aos abusos que vêm sendo cometidos em relação à “água brasileira”. Outro ponto importante da criação da ANA, e aparentemente o que mais causa a sua rechação à criação da agência, é a ineficiência das empresas estatais. Para burlar esse fato, a ANA deveria ser um órgão misto, do qual participariam governo, ONG’s e representantes diretos de vários setores da sociedade. No caso da poluição dos mananciais, por exemplo, seriam feitas auditorias entre a ANA, ONG’s e representantes da população que habita a região. Além disso, haveria ouvidorias para a denúncia de órgãos que estivessem utilizando mal os recursos hídricos. Essa me parece ser a maneira mais democrática e honesta para que a ANA possa realmente dar certo, sem se tornar “onerosa e espalhafatosa”. Contudo, isso não basta para que a ANA dê certo. É necessária, antes de qualquer coisa, a conscientização da população acerca da importância – e da limitação – dos recursos hídricos. E o governo é o órgão mais indicado para esse projeto de reeducação ambiental. Nós, cidadãos conscientes, esperamos uma resposta séria de vocês, governantes e representantes da sociedade. Atenciosamente, C.B.M. Texto 3: Campinas, 28 de novembro de 1999. Senhor Deputado, Nas últimas semanas tenho acompanhado atentamente o debate que tem se desenrolado no país em relação à criação da Agência Nacional da Água (ANA) e, ciente de sua posição contrária ao surgimento de tal órgão, lanço mão de minha condição de cidadão e dirijo-me ao senhor não somente com a intenção de persuadi-lo do contrário, como também de convencê-lo a participar ativamente na criação do mesmo. Provavelmente sua resistência à criação de um órgão dessa natureza venha da crença, profundamente arraigada no subconsciente de todo brasileiro, de que ao nosso país nada falta ou faltará. Todavia, constatações feitas nas últimas décadas têm derrubado sistematicamente todas as nossas convicções de que a Natureza neste lado da América é inesgotável: mesmo a Amazônia, infinito e majestoso verde pairante sobre nosso território, mostrou ser extremamente frágil às nossas investidas, além de contar com um solo contraditoriamente infértil. Com relação à questão dos recursos hídricos a situação não é diferente: nos últimos anos temos presenciado, atônitos, o surgimento de um fenômeno que jamais acreditaríamos ser possível no Brasil: a desertificação, ocorrendo não só no Nordeste, como também em áreas que há muito tempo abrigavam exuberantes florestas tropicais. Entretanto, o maior risco imediato para nosso meio ambiente não é sequer o aterrorizante avanço da desertificação. Como o senhor deve saber muito bem, nesta década um fato notável no cenário industrial do país é o crescimento acelerado da presença de indústrias no chamado “interior” – conjunto de cidades de médio porte não conurbadas com grandes metrópoles: grandes centros urbanos não atraem pólos industriais como antigamente, fazendo com que estes se dispersem por diversas cidades. Isso implica um aumento vertiginoso de focos de poluição, que inclui também fortes agressões às fontes de recursos hídricos – tais como rios e mananciais –, complicando o trabalho já ineficiente de fiscalização executado pelo Estado. Tal dispersão industrial acarretará, ainda, a necessidade de criação, por parte das cidades atingidas por essa industrialização, de novas zonas de ocupação urbana para suprir as necessidades de moradia da força de trabalho que irá chegar com as indústrias. Não sei se o senhor tem ciência do seguinte fato, mas eu certamente não deixarei de mencioná-lo: freqüentemente as Prefeituras de diversas cidades têm permitido ou ignorado a ocupação de áreas de mananciais, o que significa ainda mais um risco para nossa reserva de recursos hídricos. Nesse cenário, a criação da ANA é indispensável, posto que a atuação dos atuais órgãos responsáveis pelo gerenciamento da água no país mostra-se ineficiente e lenta ante tantas mudanças. A capacidade que a ANA teria para resolver tais situações, senhor Deputado, é inegável. Esperando tê-lo convencido da importância da ANA, tomo a liberdade, ainda, de oferecer algumas sugestões que o senhor poderia, oportunamente, adotar como parte do programa a ser executado pela agência, caso o senhor venha a participar ativamente de sua criação. Inicialmente, senhor Deputado, seria necessária a regulamentação da Lei do Uso das Águas (9.433), incluindo taxas a serem cobradas de usuários tais como indústrias, hidrelétricas e outros – afinal, a cobrança de tais taxas seria um recurso valioso para estimular o uso criterioso e otimizado da água por parte das indústrias. Após a resolução de tal questão, a ANA poderia fiscalizar pessoalmente a ação das indústrias – principalmente químicas e petroquímicas – no que diz respeito ao controle da poluição de rios e mananciais. Além disso, acredito que seria indispensável a inclusão de uma política de pressão sobre Prefeituras de todo o território nacional, no sentido de obrigá-las a impedir a ocupação urbana de áreas de mananciais. Certo de sua atenção e da criteriosa análise de minhas sugestões, despeço-me cordialmente. J.T.P. Texto 4 ( Dissertação comum): Cultura e sociedade A importância da água tem sido notória ao longo da história da humanidade, possibilitando desde a fixação do homem à terra, às margens de rios e lagos, até o desenvolvimento de grandes civilizações, através do aproveitamento do grande potencial deste bem da natureza. A sociedade moderna, no entanto, tem se destacado pelo uso irracional dos recursos hídricos, celebrando o desperdício desbaratado de água potável, a poluição dos reservatórios naturais e a radical intervenção nos Ecossistemas aquáticos, de forma a arriscar não só o equilíbrio biológico do planeta, mas a própria natureza humana. O progresso traz consigo uma cultura baseada no “utilitarismo”, no pragmatismo e na lucratividade, expondo interesses comerciais e industriais acima dos interesses coletivos, da defesa do meio ambiente e da sobrevivência das populações. O envenenamento de mananciais por substâncias tóxicas, o fenômeno da chuva ácida e os constantes derramamentos de petróleo em meio aos oceanos, infelizmente, ilustram tal situação. Não obstante, a Engenharia Moderna, remonta melhorias na qualidade de vida urbana, através da instalação de redes de esgoto, drenagem de água e obtenção de energia, viável por meio da utilização de Usinas Hidrelétricas, predominantes, em especial, no Brasil. Vivemos, assim, um paradoxo criado pela incoerente ação do homem, predador e vítima dos efeitos de sua própria predação, destruidor dos recursos hídricos, e maior beneficiado pela abundância em água no planeta: a atividade pesqueira e os transportes marítimo e fluvial, possíveis graças à disponibilidade natural, importantíssimos ao desenvolvimento socioeconômico das nações, sofre com a intervenção, tantas vezes maléfica, do homem, que ora deposita dejetos industriais, ora promove assoreamentos. Tomando por base os parâmetros da conjuntura atual, investimentos na preservação dos Ecossistemas tornam-se imprescindíveis. Ademais, a formação de uma contra-cultura baseada na utilização consciente da natureza, e, em especial, da água em suas diversas formas de armazenamento caracteriza-se como crucial, a fim de salva-guardar as gerações futuras de um eventual colapso no sistema de distribuição e utilização da água. Evitaremos, dessa forma, a monopolização de um bem inerente à todos, contribuindo, acima de tudo, para a perpetuação da espécie humana. Para você comparar: Texto 5 ( Dissertação comum): A água como problema social Historicamente, a água tem recebido diversas representações, significações e valorações pelos povos no mundo. Há um ponto, contudo, em que não há divergência entre eles: a importância essencial da água para a sobrevivência humana. Com base neste ponto, as muitas culturas atribuíram as mais variadas gradações de funções da água para a sociedade, desde as que valorizam seu caráter divinomitológico, passando pelas que privilegiam seu papel essencialmente econômico para o desenvolvimento (como no caso da fertilidade do solo, necessária à agricultura, base das grandes civilizações antigas como Egito e Mesopotâmia) até aquelas que a enfatizam como símbolo da higiene, da limpeza e da “civilidade” – na Alemanha Nazista, os judeus eram comparados com ratos, eram tidos como sujos não pertencentes à civilização humana. Para diferenciar-se deles, a limpeza e a higiene foram colocadas como lema para os alemães. Até recentemente, neste país, ainda era costume a lavagem das ruas com desinfetantes e shampoos perfumados... Percebe-se aqui, portanto, uma questão fundamental quando se fala em água: o seu aspecto social. O problema primordialmente colocado sobre a água, nos dias atuais, e que aparece normalmente como “ambiental” é, antes, antes, um problema social. A poluição dos mananciais e/ou a escassez de água são problemas socialmente construídos e, logo, requerem uma solução do mesmo tipo. No século XVIII, de acordo com a construção da cultura burguesa, a água, assim como a limpeza impeza e a higiene de que é símbolo, passaram a ser valorizadas como elementos de distinção entre as classes superiores e as inferiores da sociedade. Nos dias de hoje, quando se observa que os índices de mortalidade infantil, derivados das más condições de saneamento básico, são bem maiores entre as populações faveladas do que os observados para as camadas mais altas da população, verificaverifica se que o “divisor das águas” entre elas permanece também pelo tipo de acesso à água: a exposição das camadas mais pobres pobres à água suja, contaminada, não-tratada não é um sinal das desigualdades sociais e deve ser combatida, inclusive, porque ela é fator de perpetuação das discriminações sociais, já que os pobres continuam a ser vistos, por conta disso, como “incivilizados”. E nisso nisso há o gérmen de uma cultura de intolerância. Assim, a preservação e tratamento de mananciais é uma questão de caráter público e que como tal deve ser tratada. Requer, portanto, a construção de uma cultura que rompa com a visão puramente utilitarista utilitarista sobre a água e com a de que a solução para os problemas que ela envolve sejam atributos de técnicos, engenheiros e autoridades específicas. Sendo problemas sociais, todas as discussões sobre a água requerem um debate público para o seu equacionamento. equacionamen A solução conjunta para o “problema da água” é uma questão de integração cidadã. A água, como necessidade essencial à vida, é um direito universal, o qual cabe ao Estado garantir. Mas, na medida em que este tem falhado no desempenho de seus papéis, péis, cabe à população organizada fazer valer os seus direitos na prática (e não apenas formalmente). E isto requer uma “publicização” e uma conscientização geral do problema da água na sociedade, para que esta se envolva como um todo neste problema e para que se tomem, de forma conjunta, decisões que visem à sua solução da melhor maneira possível. Uma solução que não se limite à satisfação de segmentos da sociedade. A carta é uma das modalidades de redação que a Unicamp oferece como opção aos candidatos. O estudante não deve preocupar-se se com seu aspecto formal (data, vocativo, fecho); o que se examinará no vestibular é o conteúdo do texto e a destreza com que o assunto é discutido. A abordagem da carta é argumentativa, permitindo a exposição ou discussão de determinado assunto. Algumas propostas da Unicamp predispuseram o candidato a assumir um ponto de vista, posicionando-se posicionando se favorável ou desfavoravelmente à “produção independente”, ao “preconceito contra os mendigos” e ainda à “manutenção do voto voto obrigatório”. Nos últimos vestibulares, a UNICAMP tem proposto temas que induzem o candidato a adotar um posicionamento definido em relação a questões invariavelmente polêmicas. O candidato deverá usar argumentos convincentes em sua carta, com a clara intenção intenção de persuadir o interlocutor. Caso você queira empregar procedimentos formais em sua carta, observe abaixo algumas formas de tratamento e a quem se dirigem: Vossa Alteza para príncipe - rei Vossa Eminência para cardeais Vossa Excelência para arcebispo - bispo - deputado (federal e estadual) - embaixador - general - governador de Estado - juízes - ministros - prefeito - presidente da República - secretário de Estado - senador - vereador Vossa Magnificência para reitor Vossa Majestade para rainha - rei Vossa Reverendíssima para sacerdotes Vossa Santidade para Papa Vossa Senhoria para chfe de seção - diretor de repartição pública - funcionário (abaixo de ministro) - major oficiais até coronel - tenente - tenente-coronel. Observe que, utilizando qualquer dos pronomes de tratamento, o verbo deverá ficar na 3º pessoa do singular, assim como os demais pronomes. EX.: Vossa Excelência poderá ocupar o gabinete, tão logo seu pedido seja deferido. A carta argumentativa A carta argumentativa é um tipo de texto que tem aparecido em exames vestibulares nos últimos anos, mas – diferente da dissertação – a carta argumentativa pode ser facilmente encontrada em nossa sociedade. Vemos alguns trechos de cartas de leitores de jornal, em seções dedicadas a elas por esses órgãos de imprensa, seja para que os leitores comentem o noticiário, seja para que reclamem sobre problemas da sua cidade. Além destas, felizmente já existem hoje as cartas direcionadas a autoridades ou empresas/empresários, por meio das quais cidadãos comuns fazem solicitações ou reclamações. A carta tem a vantagem de colocar o seu autor em contato direto com o seu destinatário, permitindo, assim, que este autor possa usar recursos persuasivos específicos para esta pessoa. Por isso, mesmo em outros tipos textuais, como a crônica, muitas vezes, autores experientes usam a estrutura da carta para criticar alguma coisa. Vejamos um exemplo de um bom modelo de carta argumentativa em uma crônica de Moacyr Scliar: PREZADOS SENHORES: uns amigos me falaram que os senhores estão para destruir 45 mil pares de tênis falsificados com a marca Nike e que, para esse fim, uma máquina especial já teria até sido adquirida. A razão desta cartinha é um pedido. Um pedido muito urgente. Antes de mais nada, devo dizer aos senhores que nada tenho contra a destruição de tênis, ou de bonecas Barbie, ou de qualquer coisa que tenha sido pirateada. Afinal, a marca é dos senhores, e quem usa essa marca indevidamente sabe que está correndo um risco. Destruam, portanto. Com a máquina, sem a máquina, destruam. Destruir é um direito dos senhores. Mas, por favor, reservem um par, um único par desses tênis que serão destruídos para este que vos escreve. Este pedido é motivado por duas razões: em primeiro lugar, sou um grande admirador da marca Nike, mesmo falsificada. Aliás, estive olhando os tênis pirateados e devo confessar que não vi grande diferença deles para os verdadeiros. Em segundo lugar, e isto é o mais importante, sou pobre, pobre e ignorante. Quem está escrevendo esta carta para mim é um vizinho, homem bondoso. Ele vai inclusive colocá-la no correio, porque eu não tenho dinheiro para o selo. Nem dinheiro para selo, nem para qualquer outra coisa: sou pobre como um rato. Mas a pobreza não impede de sonhar, e eu sempre sonhei com um tênis Nike. Os senhores não têm idéia de como isso será importante para mim. Meus amigos, por exemplo, vão me olhar de outra maneira se eu aparecer de Nike. Eu direi, naturalmente, que foi presente (não quero que pensem que andei roubando), mas sei que a admiração deles não diminuirá: afinal, quem pode receber um Nike de presente pode receber muitas outras coisas. Verão que não sou o coitado que pareço. Uma última ponderação: a mim não importa que o tênis seja falsificado, que ele leve a marca Nike sem ser Nike. Porque, vejam, tudo em minha vida é assim. Moro num barraco que não pode ser chamado de casa, mas, para todos os efeitos, chamo-o de casa. Uso a camiseta de uma universidade americana, com dizeres em inglês, que não entendo, mas nunca estive nem sequer perto da universidade – é uma camiseta que encontrei no lixo. E assim por diante. Mandem-me, por favor, um tênis. Pode ser tamanho grande, embora eu tenha pé pequeno. Não me desagradaria nada fingir que tenho pé grande. Dá à pessoa uma certa importância. E depois, quanto maior o tênis, mais visível ele é. E, como diz o meu vizinho aqui, visibilidade é tudo na vida. (Moacyr Scliar, cronista da Folha de S. Paulo, 14/8/20000) Esta carta é um bom modelo porque o remetente, um menino pobre, usa as suas condições de vida como argumentos para convencer o seu destinatário, os empresários da Nike, a dar-lhe um par de tênis. Para isso, ele inicia a carta apresentando o motivo pelo qual escreve e quem é ele; a seguir , expõe os argumentos com a finalidade de convencer o seu interlocutor. Note ainda que a linguagem deve ser coerente com a pessoa que escreve (neste caso, é um vizinho do menino) e também adequada à pessoa para quem se envia a carta: não escreveríamos para um cantor popular com a mesma linguagem que usaríamos para nos dirigir ao presidente da república, não é? CARTA DE RECLAMAÇÃO – Ufes 2005 Como sugestão de tema para carta de reclamação, vejam essa proposta da UFES (Universidade Federal do Espírito Santo). Se desejarem, enviem suas cartas para mim que eu terei prazer em corrigi-las e comentá-las. O brasileiro tem feito inúmeras reclamações relacionadas à prestação de serviços, tanto públicos como privados. Redija uma carta ao departamento de vendas de uma empresa de plano de saúde ou de telefonia, apresentando seu pedido de desligamento em decorrência de sua insatisfação com os serviços prestados. Sugestões: 1. Procure detalhar com objetividade e precisão quais foram os eventos que geraram sua insatisfação com os serviços prestados (convenhamos: não é preciso muita imaginação para pensar em, pelo menos, meia dúzia de possibilidades); portanto, evite fazer alusões genéricas sobre a incompetência, por exemplo, da empresa prestadora de serviços; 2. O pedido de desligamento precisa ser acompanhado de um tom firme, mas educado. Não é xingando o responsável pelo setor de vendas que você irá justificar seu pedido, certo? 3. A interlocução e a criação das imagens de emissor e receptor também fazem parte da construção desse tipo de carta. Você pode, por exemplo, chamar a atenção do receptor (interlocutor) sobre sua frustração em relação à empresa, pois esperava, por seu renome, que ela oferecesse serviços de melhor qualidade. Proposta de carta sobre a lei de Homofobia- OBS -Veja exemplos nos textos do professor CARTA ARGUMENTATIVA A carta é um gênero que atende a diversos propósitos comunicativos, como opinar, agradecer, reclamar, solicitar, elogiar, criticar, convencer, entre outros. Nesta proposta, como cidadão brasileiro que acompanha o debate público sobre o Projeto que criminaliza a opinião contra o homossexualismo, você deve produzir uma carta argumentativa, destinada a convencer o Senador Marcelo Crivella — ou o Jornalista e escritor André Petry— a mudar de opinião, já que, sob seu ponto de vista, ele está equivocado. a) Se você for favorável à aprovação da lei que condena a homofobia , escreva uma carta para o Senador Marcelo Crivella, tentando convencê-lo de que essa lei deve ser aprovada. b) Se você for contrário à aprovação da lei que condena a homofobia , escreva uma carta para o Jornalista e escritor André Petry , tentando convencê-lo de que essa lei não deve ser aprovada. Para produzir seu texto, tenha como base os seguintes textos dos destinatários sugeridos para sua carta: O DISCURSO DE CRIVELLA NA ÍNTEGRA: O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PRB – RJ. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) — Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, Srs. telespectadores da TV Senado, Srs. ouvintes da Rádio Senado, senhores presentes, chega-nos da Câmara dos Deputados substitutivo a projeto de lei que criminaliza como preconceito, na forma de delito de opinião, qualquer tipo de crítica ao homossexualismo. Falo do PLC nº 122, de 2006. Suspeito que possa ter escapado aos Srs. Deputados a completa extensão da decisão que tomaram, pois ela acabou confundindo o respeito devido a uma opção individual da pessoa com o uso do poder do Estado, através de seu corpo de leis, para impor a todos os cidadãos que aceitem, como normal, um comportamento que, claramente, é antinatural. Não creio que a atitude de um pai ou de uma mãe orientar um filho, uma filha em termos de sexualidade possa vir ser considerada crime se apresentarem o homossexualismo como errado. É um direito inalienável, um direito de consciência dos pais, garantido pela Constituição, poderem explicar aos filhos o que a sociedade e, antes da sociedade, a própria natureza consideram como correto nas escolhas sexuais. E é uma invasão à intimidade do lar pretender coibir, por lei, esse tipo de orientação, como será inevitável caso esse projeto seja acatado pelo Senado na forma do substitutivo aprovado na Câmara. Sr. Presidente, Senador Mão Santa, Sr. Senador Edison Lobão, quero deixar claro que respeito os homossexuais, aos quais se deve garantir os direitos, tanto no plano dos direitos humanos quanto dos direitos de cidadania. Mas não posso entender essa tentativa de punir como preconceito a manifestação de um pensamento crítico contra o homossexualismo em geral. A tutela da lei à criança justifica-se porque ela não tem por si condições de assegurar os seus próprios direitos. Assim também acontece com os idosos. A mulher, em razão de ter menor força física do que o homem, também merece a tutela da lei. Mas o mesmo não é válido afirmar em relação aos homossexuais, sobretudo os do gênero masculino. Srªs e Srs. Senadores, Srs. telespectadores da TV Senado, que seja respeitado o direito individual de cada um decidir a sua opção sexual, que seja respeitado o direito de o homossexual ir e vir, de não sofrer violência, de trabalhar dignamente. Mas que seja respeitado também, Sr. Presidente, no mesmo nível, o direito – e, digo, até dever legal – de um pai educar seus filhos no caminho ditado por sua própria consciência, que foi o de formar família, e de poder dizer que homossexualismo é errado, ou o direito de um sacerdote, do púlpito, dizer que homossexualismo é pecado. E que a lei não tente, Sr. Presidente, porque é garantido pela Constituição brasileira o direito de culto, a liberdade religiosa, arrancar da Bíblia palavra escrita por Moisés que nos adverte, há milênios, que o homem que deita com outro homem como se mulher fosse comete diante dos olhos de Deus uma abominação. Sr. Presidente, eram essas as minhas palavras. Muito obrigado. André Petry (Revista Veja – 02 de julho de 2008) A fé dos homofóbicos "Dizem eles que a criminalização da homofobia levará à prisão em massa de pastores e padres, e viveremos todos sob o domínio gay. A história ensina que essa lei será aprovada, e a vida seguirá seu curso regular, sem nada de extraordinário" Em 1946, quando os negros reivindicaram a inclusão de alguns direitos na Constituição, foi um salseiro. Foram acusados de antidemocráticos e racistas por congressistas e estudantes da UNE. Em 1988, a Constituição promoveu o racismo de contravenção a crime. Ninguém chiou. Na década de 50, quando se discutia o divórcio, teve cardeal dizendo que se devia pegar em armas para combater a proposta. Em 1977, o Congresso aprovou o divórcio. Não houve tiroteio, e a igreja do cardeal nunca mais tocou no assunto. Recordar é viver. Agora, os evangélicos estão anunciando o apocalipse caso o Senado faça o que a Câmara já fez: aprovar lei punindo a homofobia com prisão. A lei em vigor pune a discriminação por raça, cor, etnia, religião e procedência nacional. A nova acrescenta a punição por discriminação contra homossexuais. Cerca de 1 000 evangélicos tentaram invadir o Senado em protesto. Dizem que a criminalização da homofobia levará à prisão em massa de pastores e padres, e viveremos todos sob o domínio gay. A história ensina que, cedo ou tarde, a lei, ou outra qualquer com objetivo similar, será aprovada, e a vida seguirá seu curso regular sem nada de extraordinário. Os evangélicos e aliados dizem que proibir a discriminação contra gays fere a liberdade de expressão e religião. Dizem que padres e pastores, na prática de sua crença, não poderão mais criticar a homossexualidade como pecado infecto e, se o fizerem, vão parar no xadrez. É uma interpretação tão grosseira da lei que é difícil crer que seja de boa-fé. Tal como está, a lei não proíbe a crítica. Proíbe a discriminação. Não pune a opinião. Pune a manifestação do preconceito. Uma coisa é ser contra o casamento gay, por razões de qualquer natureza. Outra coisa é humilhar os gays, apontá-los como filhos do demônio, doentes ou tarados. É tão reacionário quanto uma Ku Klux Klan alegar que a proibição da segregação racial fere sua liberdade de expressão. Querem a liberdade de usar a tecnologia Holerite de cartões perfurados pela IBM? Alegam que a liberdade religiosa fica limitada porque combater o pecado vira crime. É um duplo equívoco. O primeiro é achar que uma doutrina de crença em forças sobrenaturais autoriza o fiel a discriminar o herege. O segundo é atribuir à lei valor moral. O direito penal não é instrumento para infundir virtudes. É um meio para garantir o convívio minimamente pacífico em sociedade. Matar é crime não porque seja imoral, mas porque a sociedade entendeu que a vida deve ser preservada. Dúvidas? Recorram ao Supremo Tribunal Federal. Na democracia, é assim. Lei não é bíblia de moralidade. O que essa proposta pretende dar aos gays, e sabe-se lá se terá alguma eficácia, é aquilo a que todo ser humano tem direito: respeito à sua integridade física e moral. Os evangélicos, pelo menos os que foram a Brasília, dão prova de desconhecer que seres humanos não diferem de coisas só porque são um fim em si mesmos. Os seres humanos diferem das coisas porque, além de tudo, têm dignidade. As coisas têm preço. Proposta única Leia o texto abaixo com atenção. Em seguida, redija uma carta-argumentativa ao jornalista (escritor) André Petry, contrariando os principais argumentos que ele apresenta em seu artigo. Você entregaria seu filho? "Você, leitor, entregaria seu filho, que cometeu uma violência covarde, para coisificar-se na barbárie das prisões brasileiras?" "Tchau, filho." Foi assim que Ludovico Bruno se despediu do filho Rubens, de 19 anos, que ajudou a espancar a doméstica Sirlei Dias de Carvalho Pinto, no Rio de Janeiro. Com o filho partindo a bordo de um carro de polícia, Ludovico, o pai, chorou, passou a mão na cabeça, zanzou desorientado e acabou dando uma declaração que provocou espanto mais ou menos generalizado. Em defesa do filho, disse: – Eles cometeram erro? Cometeram. Mas não vai ser justo manter presas crianças que estão na faculdade, estudando, trabalhando. Ludovico Bruno está errado? Ludovico Bruno está moralmente obrigado a defender a prisão do filho? Ludovico Bruno deve colocar a exigência de justiça acima do sentimento paterno? A resposta: Ludovico Bruno está perplexo – e que atire a primeira pedra o pai que, numa situação parecida, não caísse na perplexidade e vacilasse entre defender o filho e a justiça. Porque, no Brasil, há fortes razões para vacilar. A primeira, a primeiríssima, é que estamos no país da mais amarga impunidade. Se – Ludovico deve se perguntar – ninguém vai preso, se o assassino confesso da jornalista Sandra Gomide está livre, se os senadores debocham do país com explicações vergonhosas sobre seus milhões aos borbotões, se as quadrilhas do mensalão, dos vampiros, dos sanguessugas estão todas livres e leves e soltas, por que o meu filho deve ser preso? Por que só o meu filho? Eis a distorção que a impunidade causa. Claro que não há dúvida sobre a necessidade, a correção e a importância da punição a Rubens Bruno e a seus comparsas por espancarem covardemente uma mulher indefesa numa parada de ônibus. Isso não está em discussão. O que está em discussão, o que deve resultar em reflexão, é a perplexidade de um pai mediante a iminente punição de seu filho num país em que a impunidade é uma regra repulsiva. E, mesmo aceitando a punição, qual a punição adequada? Cadeia? Eis a segunda razão para a perplexidade de Ludovico: prisão para quê? Se – Ludovico deve se perguntar – ninguém vai preso, se as prisões do país são desumanas, por que o meu filho, só o meu filho, deve ser enviado a essa sucursal do inferno? É com prisões assim, transbordando de crueldade e rebaixando homens a animais, que se quer pais entregando filhos criminosos à polícia em nome da justiça? Você, leitor, entregaria seu filho, que cometeu uma violência covarde, para coisificar-se na barbárie das prisões brasileiras? A sociedade brasileira está se especializando em hipocrisia. O espancamento da doméstica produziu a mais recente: solidarizar-se com ela é imperioso, mas, em paralelo, xingar o pai pela defesa do filho é uma hipocrisia – em um país, repita-se, em que se combinam impunidade debochada e prisões desumanas. Ainda que punição boa seja sempre para os outros, para o filho dos outros, é preciso reconhecer que só seremos um país capaz de se espantar com a declaração de Ludovico no dia em que criminosos, de gravata ou de chinelo, acabarem na cadeia pelos crimes que cometerem – e a cadeia for um local de punição, sim, mas não de selvageria. (André Petry – Veja) P R O D U Ç Ã O D E T E X T O (PUC- Minas – 2009 -2º semestre) Leitor e não leitor Encomendado pelo Instituto Pró-Livro, executado pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) e coordenado pelo Observatório do Livro e da Leitura (OLL), um estudo foi aplicado em 5.012 pessoas em 311 municípios de todo o país, de 29 de novembro a 14 de dezembro de 2007, representando um contingente de mais de 172 milhões de pessoas. O método adotado para definir as categorias leitor ou não-leitor foi a declaração do entrevistado de ter lido ao menos um livro nos últimos três meses. A pesquisa constatou que 95 milhões de pessoas, ou seja, 55% da população entrevistada são leitores, enquanto 77 milhões, 45% dos entrevistados, foram classificados como não-leitores. Pior de tudo isso é que muitos dos 77 milhões, em idade ainda escolar, ou jamais leram um livro inteiro ou ainda não sabem ler. (Folha ONLINE, 26/05/2008.) Neste trabalho de produção de texto, você, assumindo a posição de um professor de ensino médio, preocupado com o quadro desenhado pela Folha ONLINE, resolve escrever uma carta ao ministro da Educação, para expressar não só seu ponto de vista acerca do problema em pauta, mas também discutir ações que poderiam contribuir para alterar tal cenário. 9-Manifesto O manifesto é um tipo de texto dissertativo que vem sendo explorado pelos vestibulares como opção de redação. Ao longo da história, ouvimos falar de vários manifestos: comunista, futurista, antropófago, poesia Pau Brasil, etc. Todos com motivações motivaç e alvos diferentes, mas utilizando do mesmo canal de comunicação: a escrita. Não uma simples escrita, mas um manifesto. Afinal, l, no que consiste esse gênero textual? O objetivo aqui é impactar a opinião pública e, portanto, a linguagem persuasiva é fundamental. Lembra-se se do que é persuasão? Vejamos: É quando queremos induzir alguém a apoiar nossa opinião sobre determinado assunto. assunto. Assim, a linguagem persuasiva deve ter argumentos convincentes e expositivos e, para tanto, enfatizará os aspectos positivos ou fará um apelo emocional sobre uma situação. situação. Quando se trata de emoção, o manifesto levanta argumentos sobre algo que já é polêmico, a fim de despertar indignação, revolta e protestos. Logo, o princípio e a intenção de convencimento fazem com que o manifesto tenha um caráter político, que atrai a opinião pública pública e incita a comunidade a tomar uma atitude frente ao problema denunciado. Quando decidir por fazer um manifesto nas aulas de redação ou no vestibular, lembre-se lembre se de colocar: título, local, data e escreva “assinaturas” ao final. Nunca se identifique em um concurso, pois sua produção textual pode ser anulada. Além disso, o, deixe bem claro: o problema discutido, a análise pessoal do autor a respeito do problema e os argumentos-chaves argumentos chaves que justificam a escrita do manifesto. A linguagem deve estar tar de acordo com o público-alvo. alvo. No entanto, não utilize gírias, tampouco palavras de baixo calão. Geralmente, os verbos estão ou no presente do indicativo (vamos, temos, queremos, lutamos) ou no imperativo (Veja, lute, conquiste)! Não há uma estrutura fixa a ser seguida, pois se trata de um texto dissertativo. Manifesto - Drogas pelo o tratamento sem segregação CFP - Conselho Federal de Psicologia O debate sobre o tema das drogas vem ocupando todos os espaços sociais, não permitindo a nenhum cidadão mostrar-se mostrar indiferente ou alheio. Da mesa do jantar às rodas de conversa no trabalho, das escolas aos becos, do zum-zum zum zum no transporte coletivo aos gabinetes políticos, da polícia à igreja, da imprensa às praças públicas e às casas legislativas, um mesmo tema: a droga. As conversas giram sempre em torno da receita eita para o “que não tem receita, nem nunca terá!” Não é mera poesia, é do humano não caber em receitas. Mas, neste caso, a receita para o que escapa à norma foi dada. A prescrição médica, psicológica, jurídica, social e política sentencia: fora de nós, fora ra da civilização, rumo aos confins do humano. Sem compaixão com a dor e, sobretudo, sem respeito à cidadania do outro, mas também t à nossa, este veredicto arbitra sobre a questão de modo único, total e violento. O que ele revela sobre nossa sociedade? O modo como o debate é feito – barulhento, autoritário, monotemático – faz pensar que muito se fala para que não se veja, no espelho da pergunta, o retrato de outras mazelas e injustiças, ainda não superadas: a falta de escola, a fome, a ausência de trabalho, de cultura, de lazer e de moradia para todos, para ficar nas mais recorrentes formas de violação de direitos, convivem lado a lado com novos problemas e são indicadores indicad de fragilidades sociais que retratam a perpetuação da má distribuição da riqueza coletivamente coletivamente produzida. A inserção das pessoas que vivem a ausência de direitos nas redes do tráfico tem como resultado esse cruel mercado de trabalho para jovens, crianças e adultos pobres. O Conselho Federal de Psicologia (CFP) vem a público declarar a legisladores, legisladores, gestores, juízes, promotores, especialistas e à sociedade sua posição: não há saída para o sofrimento humano – seja este consequência da submissão do homem a um objeto químico ou não – fora da cidadania. ( ) Não há possibilidade, senão no laço solidário idário e ético com o outro, para a invenção da humanidade de cada um. Como ator histórico e ativo em lutas pela defesa da cidadania dos loucos, das crianças e adolescentes, entre outros sujeitos marginalizados, o CFP tem trabalhado pela construção de políticas icas públicas efetivas que teçam a rede de suporte necessária à superação de diferentes fragilidades e vulnerabilidades sociais. Nosso compromisso ético-político político é com a construção de uma sociedade efetivamente justa e democrática. Sociedade capaz de ofertar ar a seus membros as condições para o exercício de uma vida digna e com horizontes. Tal sociedade produz mais escolas que cadeias, mais praças que espaços de segregação e exclusão, mais cidadãos que restos sociais. Muitos oferecem à sociedade tentadoras e ilusórias propostas de solução para algo que não surgiu hoje. O laço entre o homem e a droga não é novo, nem são novas as propostas de solução que projetam na exclusão o remédio. Requentando um modelo antigo e autoritário, o da segregação, a sociedade e o Estado brasileiros desrespeitam sua melhor e mais bela conquista: a aspiração à cidadania como solo de direito para todo homem home e toda mulher deste país. Por defender a democracia duramente conquistada, recusamos que se desrespeite a voz e a decisão da sociedade, sociedade, em nome dos clamores de alguns. Por isso, conclamamos os gestores públicos federais da saúde e de todas as políticas públicas a respeitar as decisões da IV Conferência Nacional de Saúde Mental, não impondo à rede de saúde a filiação às comunidades terapêuticas, terapêuticas, instituições que, muitas das vezes, em nome do bem do outro, violam direitos, maltratam e violentam o corpo e as vidas daqueles de quem querem cuidar. Com coerência e respeito, a Reforma Psiquiátrica e o Sistema Único de Saúde ensinam ao país que a saúde não é objeto mercantil, não se vende nem se compra. É direito e garantia constitucional e deve ser instrumento de libertação, não de segregação. (Laranjeiras ) O coletivo que faz a Reforma Psiquiátrica no país já assumiu a responsabilidade que lhe cabe nesta questão: o cuidado em liberdade com os usuários de álcool e outras drogas. Com as tecnologias de cuidado inventadas pelo processo de desconstrução do manicômio, propõe a criação cri de uma rede diversificada e territorializada de serviços que ofertem fertem cuidados desde o momento mais grave, das urgências clínicas e psiquiátricas, com criação de leitos em hospital geral para os quadros de intoxicação e de abstinência grave, a implantação de Centros de Atenção Psicossocial Psicossoc (Caps), das Casas de Acolhimento ento Transitório (CAT), de equipes de Consultórios de Rua, de equipes de saúde mental na atenção básica, entre outros. Além dos recursos sanitários e de atenção psicossocial, o coletivo da Reforma Psiquiátrica reafirmou a necessidade da criação de políticas e serviços de proteção e suporte social como medida para enfrentar fragilidades decorrentes das ameaças à vida, da ruptura de laços e da falta de apoio sociofamiliar. Sem temer o homem e sua droga, não nos afastamos do outro pelo “veneno” que lhe proporciona proporciona prazer e dor. Tememos, sim, a ditadura da segregação como modo de tratar, a prática da higienização social, que sequestra homens e anula direitos; tememos e repudiamos a guerra às drogas (ou seja? rsrs) , que mata muito mais que o inimigo que elegeu: as drogas; tememos e não desejamos que o encarceramento dos jovens seja a única solução proposta para os que se envolvem com o tráfico e não queremos assistir à perpetuação da desigualdade social como futuro único para tantos e responsável pelos milhões de vidas miseráveis e escravas da precariedade e da falta de oportunidades. Queremos ver o Brasil fazer valer os desejos que deram origem ao Estatuto da Criança e do Adolescente, à lei de Reforma Psiquiátrica, com a assunção de crianças, adolescentes e loucos ao campo da cidadania; ao Sistema Único de Saúde que inaugura a escrita da saúde como direito de todos e dever do Estado e a propõe como suporte de cuidado e construção da cidadania. Queremos um país democrático e, por isso, justo, digno e lugar de exercício da responsabilidade de todos e de cada um, no qual o lugar das diferenças seja dentro, e não em seus confins e exílios. Para aderir ao manifesto, visite: http://www.peticaopu...br/?pi=CFP2011A FONTE: http://www.pol.org.br/; Link documento: http://www.pol.org.b...gascfpfinal.pdf Galera, eu achei admirável o conteúdo do manifesto, é uma questão que realmente está em pauta, principalmente por alguns profissionais da psicologia, e percebe-se que alguns estão fazendo um ótimo trabalho (sem segregação) com àqueles que necessitam de um apoio relacionado às drogas. E além disso, esse texto demonstrou uma visão "política" que é a de muitos aqui no fórum, e que já vem sendo debatido a um bom tempo. A psicologia está sendo uma grande aliada para a construção de políticas públicas mais coerentes relacionadas à saúde e bem estar da sociedade, não com a "influencia" desejada aqui no Brasil, pois ainda é uma ciência em construção, mas já se dá de forma satisfatória. É isso ai, minha humilde opinião. Outras Notícias 11/11/2011 - Outras Notícias MANIFESTO DOS ROYALTIES – 25 mil capixabas comparecerem ao protesto contra a divisão dos royalties Chamar a atenção dos brasileiros e autoridades nacionais para os efeitos negativos que uma possível mudança na distribuição dos recursos do petróleo poderá acarretar às receitas do Espírito Santo e, consequentemente, nos municípios capixabas produtores do petróleo, resultou na manifestação que reuniu cerca de 25 mil capixabas, na tarde de ontem (10), na Praça dos Namorados, em Vitória. Manifestantes dos 78 municípios do Estado estavam presentes com bandeiras e com as faixas da campanha que tem os dizeres “ROYALTIES: DIREITO É PARA SER PRESERVADO”. Se aprovada a lei que autoriza a divisão dos royalties para os demais estados e municípios brasileiros, o Espírito Santo terá um prejuízo de R$ 525 milhões já no próximo ano. Até 2015, o prejuízo será de R$ 3,5 bilhões. O Espírito Santo é o 2º estado brasileiro que mais produz gás e petróleo. Durante o protesto autoridades públicas como o governador Renato Gasagrande, senadores, deputados federais e estaduais, prefeitos; além dos artistas nacionais e capixabas, dentre eles, Dudu Nobre, Gabriel O Pensador e Renato Casanova, da Banda Casaca, deixaram a opinião contra o novo modelo de distribuição dos recursos do petróleo. “É um fato inédito reunirmos tantas pessoas, gente de todos os municípios do estado. É uma demonstração clara de que o estado não deseja, em nenhum momento, ser prejudicado. Nós não queremos avançar sobre a receita e o direito de ninguém, mas também não queremos que ninguém avance sobre as nossas receitas e sobre os nossos direitos”, protestou Casagrande durante o discurso. A mudança na legislação pode gerar um prejuízo de R$ 18 milhões na receita anual de Aracruz. O prefeito Ademar Devens, ressaltou que o município não vai ficar parado vendo os direitos e recursos irem embora. “A receita dos royalties é um direito dos estados e municípios produtores, um pagamento justo por toda a riqueza que nós fornecemos para o país. Essa mudança é uma arbitrariedade e o poder público está mobilizado para impedir que isso aconteça, mas nós estaremos envolvidos e lutando a favor dos nossos direitos”, concluiu Ademar. O Rio de Janeiro, 1º estado brasileiro que mais produz petróleo, também realizou o protesto conta à lei que autoriza a divisão dos royalties para os demais Estados e municípios brasileiros. O manifesto - Um gênero que visa ao exercício da cidadania Comumente nos deparamos com fatos sociais relacionados a um grupo de pessoas que se unem em prol de uma reivindicação pautando-se por finalidades distintas. Melhoria de salários, mais investimentos na saúde, educação e segurança por parte das autoridades políticas, dentre outras. Tal atitude revela que a democracia cada vez mais se torna atuante na vida em sociedade, na qual os cidadãos demonstram estar conscientes de seu verdadeiro papel, cumprindo com seus deveres, mas também exigindo aquilo que lhe é de direito. Mediante o estudo do manifesto, tido por excelência como um gênero textual, temos por objetivo enfatizar acerca de suas características de natureza linguística, analisando, sobretudo, sua finalidade discursiva. O manifesto situa-se entre os chamados gêneros argumentativos, cujo propósito do emissor é persuadir, convencer o interlocutor por meio de argumentos considerados plausíveis. Didaticamente, devemos concebê-lo como sendo a forma pela qual um grupo, de forma coletiva, expressa seus pensamentos sobre um determinado assunto de ordem social, política, cultural, etc. A referida modalidade há tempos já se fez recorrente, como bem nos retratam renomados artistas, tais como Oswald de Andrade, autor de o Manifesto Antropófago, Karl Marx e Friedrich Engels, representando o Manifesto Comunista, André Breton, com seu Manifesto Surrealista, dentre tantos outros. Todos envoltos pelo mesmo objetivo: revelar o verdadeiro posicionamento do ser humano diante de um determinado fato, apontando suas opiniões e, de certa forma, interferindo socialmente, podendo quem sabe... até mudar o sentido, o rumo da história da humanidade. No que concerne à linguagem empregada, esta pode variar conforme o estilo dos manifestantes, o público-alvo e o instrumento de divulgação. Normalmente, quando divulgado em jornais, revistas e/ou até mesmo na Internet, atribui-se o padrão formal da língua. Quanto aos aspectos estruturais, compõe-se dos seguintes elementos: * Título – Revela de modo sintético a ideia, o pensamento apresentado. * Corpo do texto – Retrata de modo claro o posicionamento dos autores em questão, acompanhado dos argumentos convincentes que o justificam. * Local, data e assinatura dos manifestantes. A título de efetivarmos ainda mais os nossos conhecimentos acerca do gênero em estudo, analisemos o exemplo a seguir: A paz e ano 2000 O Manifesto 2000 pela paz. Reconhecendo a minha cota de responsabilidade com o futuro da humanidade, especialmente com as crianças de hoje e as das gerações futuras, eu me comprometo em minha vida diária, na minha família, no meu trabalho, na minha comunidade, no meu país e na minha região – a: Respeitar a vida e a dignidade de cada pessoa, sem discriminação ou preconceito; Praticar a não violência ativa, rejeitando a violência sob todas as suas formas: física, sexual, psicológica, econômica e social, em particular contra os grupos mais desprovidos e vulneráveis como as crianças e os adolescentes; Compartilhar o meu tempo e meus recursos materiais em um espírito de generosidade visando o fim da exclusão, da injustiça e da opressão política e econômica; Defender a liberdade de expressão e a diversidade cultural, dando sempre preferência ao diálogo e a escuta do que ao fanatismo, a difamação e a rejeição do outro; Promover um comportamento de consumo que seja responsável e práticas de desenvolvimento que respeitem todas as formas de vida e preservem o equilíbrio da natureza no planeta; Contribuir para o desenvolvimento da minha comunidade, com a ampla participação da mulher e o respeito pelos princípios democráticos, de modo a construir novas formas de solidariedade. (www.unesco.org.br/noticias/noticias2000/nu200/nu200e/mostra¬_documento) Até mesmo os gêneros, assim como tantos outros elementos do cotidiano, aos poucos, estão se adaptando às necessidades de expressão e ao dinamismo que hoje norteiam a realidade circundante. Diante de tal pressuposto, notamos uma divergência do exemplo exposto em relação ao modelo padrão, haja vista tratar-se de um documento veiculado em meio eletrônico, percebemos que ao invés de o discurso assumir um caráter coletivo, cada pessoa declarou em 1ª pessoa seu compromisso com uma vida melhor, com vistas a promover a paz, justiça, solidariedade, respeito ao meio ambiente, democracia, dentre outros propósitos. Exemplos de textos do professor: Questão 2 - UFES- Dezembro 2007 Desastre no México Neste último final de semana, pôde-se assistir, pelos telejornais, a uma intempérie climática no México. Regiões inteiras ficaram isoladas em função das fortes chuvas que caíram ininterruptamente nesse período. Tabasco, por exemplo, teve 80% de seu território inundado – uma ponte importante ficou quase totalmente submersa. Em Villahermosa, a intensidade do problema não foi diferente: alguns povoados ficaram completamente inacessíveis, devido à gravidade das inundações. Há milhares de desalojados e desabrigados. Fontes oficiais do país disseram que ainda não foi possível contabilizar o número de mortos, mas estima-se que – pelos corpos já encontrados e diversos relatos sobre desaparecidos – a quantidade seja surpreendente. O mais relevante agora, conforme autoridades políticas locais evidenciaram, é evitar ao máximo as conseqüências típicas de um desastre dessa magnitude. Escassez dos recursos hídricos potáveis, além da insuficiência de alimentos, poderá, caso o governo não atue de forma eficaz, aumentar ainda mais o sofrimento dos mexicanos atingidos e, por conseguinte, o número de vítimas fatais. O presidente do país já se pronunciou oficialmente. Ele decretou estado de emergência, apelou para que a população obedecesse às ordens dos bombeiros, policiais e voluntários credenciados. Além disso, pediu ajuda internacional. Pelo que declarou, representantes da ONU estão nas regiões afetadas, e doações de diversas partes do mundo começaram a chegar, porém ainda insuficientes, considerando as proporções da tragédia. Por isso, espera-se que tal situação suscite em outros países, principalmente de primeiro mundo, mais ações humanitárias. Questão 3 - UFES- Dezembro 2007 Pintado e Pirulito eram dois gatinhos muito tristes, pois sofriam maus tratos na casa onde moravam. Pedro, um policial militar, dono dos felinos, vivia sozinho, mas nos finais de semana adorava receber os colegas de farda para um churrasco e uma boa partida de futebol. Foi num destes encontros festivos que o pior aconteceu. Pintado e Pirulito passaram a tarde e a noite escondidos próximos à churrasqueira. De lá, assistiram, revoltados, a toda gentileza, cordialidade e carinho dispensados aos amigos do trabalho. Pedro sequer permitia que seus colegas levantassem para pegar o que desejavam. Bebidas e todos os ingredientes de um churrasco completo eram servidos, entre sorrisos e tapinhas nas costas, incessantemente, nas mãos dos convidados. Depois de muitos goles, até copos e garrafas foram quebrados, porém os desastrados apenas ouviam do anfitrião frases educadas: “Não se preocupem”, “Acontece... pode deixar que eu limpo”. E os dois gatinhos ali, oprimidos e famintos, lembravam-se do modo cruel como eram tratados. O jogo acabou e a festa também. Todos foram embora. Pedro caiu em sono profundo. Quando começou a roncar, Pintado e Pirulito aproveitaram-se do barulho para saciar a fome com os restos da festa. Os bichanos, por mais que soubessem do risco que corriam, subiram na mesa a fim de saborear as deliciosas sobras. Todavia, em função da ânsia provocada por horas sem comida, esbarraram numa pilha de pratos, causando enorme estardalhaço, suficiente para acordar Pedro. Assim, sem que percebessem, já com o cassetete em mãos, surpreendeu-os com grande violência. Pintado e Pirulito foram submetidos a longos minutos de intensas pancadas, socos e pontapés. Imaginaram que seria a última e a mais cruel de todas as surras, mas, apesar da gravidade das lesões, conseguiram fugir, arrastando-se para o jardim. Ali, abraçados e tremendo de medo e dor, enfatizaram um para o outro o que por tantas vezes já haviam dito: a bondade dos seres humanos, dificilmente é destinada, com igual intensidade, aos animais. Depois daquele dia Pedro nunca mais os viu. Exemplo de descrição a partir da foto abaixo: Estavam sentados ali, em um banco, Paulo, Michele e Nicole. Era um lindo jardim. Diante deles, até aonde os olhos podiam percorrer, uma floresta exuberante, esbranquiçada pelo frio triste daquela tarde de inverno. Paulo e Michele se entreolhavam profundamente, rostos bem próximos e lábios cheios de alegria. Ao lado, Nicole, rosto virado em direção oposta a eles, parecia desconfortável, já que Paulo, sem que sua namorada percebesse, por trás do banco, apertava a mão dela com um carinho malicioso. Formavam um triângulo amoroso, mas só Michele, obviamente, não sabia. Por isso mesmo, a pureza da cor branca do banco contrastava com a infidelidade, que maculou para sempre aquela relação. Exemplo de narração a partir da foto abaixo: Pedro, apenas 7 anos, mas já havia sido contaminado pela impureza do vício comum à vida adulta. Saiu de casa bem cedo, como sempre costumava fazer. Afinal, precisava trabalhar. Embora isso representasse um cruel paradoxo, as restrições às quais ele, sua mãe e mais quatro irmãos, com idade inferior a dele, estavam submetidos o conduziam, inexoravelmente, a um dos cartões postais mais famosos do mundo: Copacabana, a princesinha do mar. Estômago vazio, olhar triste e evasivo, short maltrapilho; a blusa de frio, porém, colorida e com dizeres em inglês, era praticamente nova, fruto da gentileza insólita de uma vizinha generosa. E assim foi, mais especificamente para o calçadão da grande avenida praiana carioca. Não era, certamente, para tomar sol, embora o sol, durante a labuta diária, não o poupasse um minuto sequer, ainda que os últimos dias da primavera já trouxessem ares mais frios, ao menos durante a noite e o início das manhãs. No sinal de trânsito, com grande fluxo veicular, quase não tinha tempo para apreciar ou curtir a beleza, tão próxima, daquela areia branca e água esverdeada da incrível Copacabana. Era seu local de trabalho; por isso, quando sentia vontade de mergulhar em tudo aquilo, simultaneamente, vinha a sua retina a imagem da mãe e dos irmãos. Continuava, então, como um pequeno soldado guerreiro, em busca de alguns trocados que pudessem proporcionar um pouco de alegria e dignidade àqueles que tanto amava. Habilidoso com as bolinhas nas mãos, ainda tão pequeninas, num malabarismo admirável, exercia cotidianamente seu ofício, na esperança de alterar o seu destino e o de sua família. No entanto, ao longo do dia, apenas alguns poucos carros abriam os vidros, alimentando sua utópica esperança. Foi num dia desses que algo mudou para sempre seu comportamento de menino pacífico e trabalhador. Quase noite. Cor vermelha. Sinal fechado mais uma vez. Um motorista desatento. E um carro grande, todo preto, parou bruscamente derrapando os pneus. O vidro traseiro esquerdo abriu-se lentamente. Agora pode ver a alegria das crianças, alimentando-se fartamente. Aproximou-se, esperando um gesto de altruísmo. Mas não era isso. De repente, cor verde. O carro disparou. Ainda assim, houve tempo para que uma das crianças se livrasse do que para ela significava apenas resto. Desse modo, percebeu vindo em sua direção, como se fosse em câmera lenta, uma sacola branca. Atingiu em cheio o seu rosto, desorientando-o por um momento. As bolinhas, sua ferramenta de trabalho, foram esmagadas pelos outros veículos. Ao se recuperar, abaixou-se, pegou a sacola e foi em direção ao mar. Com lágrimas nos olhos, sentou-se no calçadão e comeu os restos daquela família feliz, o que para ele seria, provavelmente, a única refeição do dia. Logo em seguida, parecia anestesiado. Tirou do bolso a velha e suja chupeta e a colocou do lado esquerdo da boca infantil. Do outro, puxava vorazmente o que sobrou do cigarro de alguém. Quem olhasse atentamente perceberia em sua blusa a palavra inglesa “Power”. Para nós: “poder”, “força”. Certamente, uma triste ironia a sua própria vida, pois poder ou força constituíam exatamente o que ele não possuía naquele momento para sair de condição tão cruel e desumana. Então, ficou ali, estático, por um bom tempo olhando para o nada. Embora a fumaça do cigarro cobrisse parcialmente o seu rosto, era possível ver os seus olhos já maculados pela violência, embora até aquele momento nunca a tivesse desejado. Exemplos de carta sobre a lei de homofobia. A proposta está na parte sobre carta argumentativa, certo? Exemplos de introdução: Cachoeiro de Itapemirim –ES, 17 de agosto de 2010 Prezado senador Marcelo Crivella, Tive a oportunidade de ler, na íntegra, seu discurso contrário ao projeto de lei sobre a homofobia. Confesso que fiquei decepcionado com o que disse. Por isso, espero, através dessa oportunidade, convencê-lo de que a aprovação dessa lei representa mais um passo imprescindível rumo ao fim da discriminação. Cachoeiro de Itapemirim –ES, 17 de agosto de 2010 Prezado jornalista André Petry, Soube, ao ler um recente artigo seu, da sua opinião favorável à aprovação da lei de homofobia. Por discordar de suas idéias, gostaria, nesta oportunidade, de fazê-lo refletir melhor sobre as implicações que tal aprovação poderá acarretar. Trechos – exemplos de parágrafos para André Petry Embora a intenção da lei seja apenas proibir a descriminação e não a critica, fica difícil imaginar que todos conseguirão fazer critica sem necessariamente descriminar ou humilhar os homossexuais, ate mesmo porque jornalista, a interpretação é algo extremamente subjetivo. E a conseqüência disso, caso a lei seja aprovada, será uma enorme quantidade de ações judiciais baseadas em interpretações que não condizem com a realidade. Isso porque quem critica pode não ter a intenção de ofender, mas quem ouve, ainda assim, poderá se sentir ofendido. Além disso jornalista, a lei da homofobia é inconstitucional, já que a carta magna garante a liberdade de pensamento ou de crença. (Escolher uma abaixo para completar o parágrafo) · Como poderá uma lei determinar reclusão de cinco anos simplesmente porque alguém expressou sua opinião de ordem religiosa ou filosófica contra o homossexualismo OU · Assim, seria extremamente injusto aprovar uma lei que impusesse pena de reclusão de até cinco anos, simplesmente porque alguém expressou sua opinião – seja de ordem religiosa ou filosófica – contraria ao homossexualismo? Na verdade, fiz notar que o projeto de lei da mordaça gay é desnecessário porque agressões físicas ou injurias a qualquer pessoa, homossexual ou não, já que configuram como crime. O que alguns defensores da causa gay não reconhecem é que, na verdade, desejam silenciar, sob a ameaça de prisão os que discordam das suas opiniões. Texto completo para Marcelo Crivella Cachoeiro de Itapemirim –ES, 17 de agosto de 2010 Prezado senador Marcelo Crivella, Tive a oportunidade de ler, na íntegra, seu discurso contrário ao projeto de lei sobre a homofobia. Confesso que fiquei decepcionado com o que disse. Por isso, espero, através dessa oportunidade, convencê-lo de que a aprovação dessa lei representa mais um passo imprescindível rumo ao fim da discriminação. As leis existem para garantir direitos, estipular deveres e, acima de tudo, proteger as pessoas, sejam elas frágeis ou privilegiadas fisicamente. Por isso, senador, além da legislação específica para crianças, idosos e mulheres, que surgiu recentemente, há muito mais tempo líderes sensatos tiveram a sensibilidade de perceber a importância de legislar em favor dos negros e afro descendentes. Do seu ponto de vista, no entanto, embora não tenha afirmado de forma explícita, pode-se pressupor que os homens negros, considerando a compleição física que boa parte deles possui, não precisariam de amparo legal, pois usando a força poderiam se defender de uma agressão à moral ou à integridade do próprio corpo. Nesse sentido, ao afirmar que os homossexuais, “sobretudo os do gênero masculino” – estas foram suas palavras – não merecem a tutela da lei, expressou-se de forma incoerente e paradoxal.Primeiro, porque desconsiderou em seu raciocínio as mulheres homossexuais. Segundo, e o que é pior ainda, porque sugere, mesmo que indiretamente, a utilização da força física para resolver conflitos: um caminho certamente estranho, pois está na contramão da evolução humana, que busca modernamente a solução através do diálogo, da compreensão do outro, independente de qual seja a sua diferença. Além disso, a antinaturalidade do homossexualismo é questionável, pois a própria natureza, em mais de mil espécies, revela esse mesmo comportamento , fato já comprovado cientificamente. Assim, se considerarmos que o ser humano não se comporta somente de forma cultural e religiosa, que boa parte dele também é instintiva, a homoafetividade não pode ser vista como algo antinatural. Crianças com apenas 6 ou 7 anos, por exemplo, idade em que a cultura ou a religião praticamente ainda não exercem influência significativa, manifestam características antagônicas ao que a própria anatomia dos seus corpos indica. E quando forem adultas, boa parte delas, se não todas, sentirão atração por indivíduos do mesmo sexo, um sentimento que aflorou numa fase em que ainda não conheciam essencialmente a Bíblia, o Deus cristão, o certo ou o errado, mas apenas a força imperiosa de seu próprios instintos. Outrossim, os gays, em quase sua totalidade, afirmam não terem escolhido esse caminho, garantindo, com absoluta certeza, que não gostariam de ser assim, por isso gerar indignação nas pessoas, suscitar desprezo, humilhação, vergonha e, o mais triste, a decepção das pessoas que mais amam: os próprios pais. Por isso tudo, senador, será mesmo que alguém escolhe ser homossexual, se o contrário seria bem mais fácil e sensato: seguir o que apontam como correto a cultura e a religião? Uma resposta negativa certamente será ofensiva, já que trará em si a ideia de que os gays são ignorantes ou, no mínimo, gostam de sofrer. Desse modo, senador, espero que o senhor reflita melhor sobre a importância dessa lei. Até mesmo porque ela não pretende proibir a crítica ao homossexualismo, a liberdade de expressão, o direito de um pai orientar sexualmente seu filho, a pregação bíblica de nenhum padre ou pastor, como afirmou em seu discurso no senado. Apenas objetiva, de forma mais específica e detalhada, coibir a manifestação do preconceito ou da violência. Ademais, se todos tivessem sua sabedoria e discernimento para transmitir opiniões de modo tão educado e respeitoso, poucas leis seriam necessárias. Mas convenhamos, senador, muitos só aprendem sob a força da lei e da punição. É exatamente por isso que muitos indivíduos que ainda insistem no racismo decidiram ficar em silêncio. E, com a nova lei, é também o que se espera dos homofóbicos. Atenciosamente, V.C. ____________________________________________________________ Um abraço! Boa sorte e fé em Deus! Vanderson Caliari Em 05/12/2011