- Aqui - Portal Saber Livre
Transcrição
- Aqui - Portal Saber Livre
VIDROS Obsidiana – vidro natural. O nome vem de Obsius, romano que, segundo Plinius, descobriu esta rocha na Etiópia. A obsidiana é uma rocha vulcânica, formada pelo resfriamento rápido do magma, antes que os minerais possam se cristalizar 70% ou mais de sílica Vidros – Plínio atribui aos fenícios a obtenção de vidro. Em 7000 AC, ao desembarcarem na costa da Síria, os fenícios improvisaram fogões usando blocos de salitre sobre a areia. Observaram que, passados algum tempo com fogo vivo, escorria uma substância líquida e brilhante que se solidificava rapidamente. A arte vidreira teria sido difundida pelo Egito e Mesopotâmia Síria: 2500AC Egito: 1587 a 1327 AC 200 AC, na Babilônia – Técnica de Sopragem 100 DC, na Alexandria – Vidros transparentes – fusão mais eficiente do material Períodos e regiões onde foram desenvolvidas importantes inovações na arte vidreira antiga. 8000 a.C. - Síria(?) - Primeira fabricação de vidros pelos fenícios 7000 a.C. – Egito - Fabricação dos vidros antigos 3000 a.C.- Egito - Fabricação de peças de joalheria e vasos 1000 a.C. – Mediterrâneo - Fabricação de grandes vasos e bolas 669-626 a.C. - Assíria - Formulações de vidro encontradas nas tábuas da biblioteca do Rei Assurbanipal 100 - Alexandria - Fabricação de vidro incolor 200 - Babilônia e Sidon - Técnica de sopragem de vidro 1000-1100 - Alemanha, França - Técnica de obtenção de vitrais 1200 - Alemanha - Fabricação de peças de vidro plano com um dos lados cobertos por uma camada de chumbo - antimônio: espelhos 1688 – França - Fabricação de espelhos com grandes superfícies 1884 – desenvolvimento de vidros ópticos 1879 – Corning Glass Work: inicia a produção de lâmpadas em Nova York 1915 – Produção comercial de vidro pirex 1939 – Vidro Vycor 1952 – Pilkington inventou o vidro float 1957 – Corning Glass Work anuncia os primeiros produtos vitrocerâmicos “um vidro é um sólido não-cristalino, portanto, com ausência de simetria e periodicidade translacional, que exibe o fenômeno de transição vítrea (...), podendo ser obtido a partir de qualquer material inorgânico, orgânico ou metálico e formado através de qualquer técnica de preparação”. Vidros Cerâmicos Sólidos de estrutura desordenada que apresentam o fenômeno de transição vítrea. Não se solidificam da mesma maneira que os sólidos cristalinos Distinguem-se de outras cerâmicas, pois são obtidos a partir da fusão e posterior solidificação de seus componentes, sem cristalização. Do cathedral glasses flow? American Journal of Physics -- May 1998 -- Volume 66, Issue 5, pp. 392-395 Edgar Dutra Zanotto Demonstra que, para uma peça de vidro apresentar deformação detectável à temperatura ambiente seria necessário um tempo de 1024 anos, ou algo em torno de 3 vezes o tempo de existência do universo. Propriedades características dos vidros Isotropia Devitrificam-se Opacos, coloridos ou transparentes Duros e frágeis Solúveis em água até resistentes a ácidos 10-7 < α < 20x10-6 Diversidade de composição Variedade de formas e tamanhos (placas, tubos, recipientes, fibras, filmes finos, etc) Composição típica de alguns vidros SiO2 Sílica vítrea Vycor 100 94 Al2O3 B2O3 Vidro plano Vidro de janela Vidro de garrafa Pirex Vidro cristal 72,7 72 74 81 67 0,5 0,6 1 2 0,4 5 12 SO3 0,5 0,7 CaO 13 10 5,4 2,5 3,7 MgO BaO PbO Na2O K2O ZnO As2O5 17 1 13,2 14 15,3 0,6 4,5 6 9,6 Material vítreo x cristalino Vidro de sílica Cristobalita sen Definição 1949 – Produtos inorgânicos de fusão que foi resfriado até o estado sólido sem se cristalizar Melhor definição “Sólido não cristalino que apresenta o fenômeno de transição vítrea Material que não apresenta ordem de longo alcance e está abaixo da temperatura na qual rearranjos atômicos ou moleculares podem ocorrer numa escala de tempo similar àquela do experimento. α ρ SiO2 Vítrea 0,7 x 10-6 2,20 cristalina 17 x 10-6 2,32 Transição vítrea Fenômeno típico de alguns líquidos que quando resfriados gradualmente a partir da sua temperatura líquidus, não se cristalizam e apresentam acentuado aumento da viscosidade até que numa faixa de temperatura (Tg), passam a se comportar mecanicamente como sólidos. Fenômeno puramente cinético, que é notado quando, se utilizando um método experimental, o tempo de medida é igual ao tempo de relaxação das moléculas Com a diminuição da temperatura, tempo de relaxação aumenta para a configuração de equilíbrio e em algum ponto não acompanha mais a taxa de resfriamento. Transição vítrea é uma transição de fase entre o líquido superesfriado e o sólido vítreo, com as características determinadas pela cinética melhor do que pela termodinâmica. Fenômeno típico de alguns líquidos que quando resfriados gradualmente a partir da sua temperatura líquidus, não se cristalizam e apresentam acentuado aumento da viscosidade até que numa faixa de temperatura (Tg), passam a se comportar mecanicamente como sólidos. Na Tg – • Há transformações nas propriedades físicas (volume específico) • Mudança da inclinação da curva • Na maioria dos sistemas, o volume específico do vidro é maior do que do cristal (densidade menor) Acima de Tg – • Líquido viscoso • Sob ação de uma tensão mecânica, os grupos de átomos (íons) podem escorregar uns sobre os outros, permitindo a deformação contínua do vidro. Entre Tm e Tg • Existe um líquido superesfriado A transição para o estado vítreo ocorre numa faixa de temperatura, dependendo da história térmica do vidro. Uma taxa mais rápida de resfriamento congela o arranjo estrutural numa temperatura mais alta Tg, e o vidro tem maior volume específico. Taxas mais lentas resultam em vidros mais densos (menor volume específico) e menor Tg. Viscosidade – dependente da temperatura e da composição Processo de afino – 10-102 Pa.s Repouso e acondicionamento - 103 Pa.s Conformação (região de trabalhabilidade) – 103 108 Pa.s Recozimento Ponto superior - 1012 Pa.s ( nesta temperatura vidro deve aliviar as tensões em cerca de 15 minutos) Ponto inferior – 1013,5 Pa.s ( nesta temperatura vidro deve aliviar as tensões em cerca de 16 horas) Estrutura dos vidros Dois aspectos estruturais característicos Ordem em pequenas distâncias Uma estrutura contínua aleatória (geralmente tridimensional) de ligações primárias Exemplo: B2O3 – NC = 3 - cada boro está coordenado por 3 átomos de oxigênio e cada oxigênio está ligado a dois boros. SiO2 Por que alguns óxidos formam vidros facilmente? Regras de Zachariesen (1932) (regras empíricas) (análogo às regras de Pauling para estruturas cristalinas) 1. Cada oxigênio não pode ligar-se com mais de dois cátions. 2. Os átomos metálicos (cátions) devem ter um baixo número de coordenação, ou seja, o número de átomos de oxigênio ao redor do cátion deve ser pequeno (quatro ou menos). 3. Os poliedros de oxigênio ligam-se pelos vértices e não pelas faces ou arestas. 4. Três ou mais vértices de cada poliedro de oxigênio precisam ser compartilhados (essa regra assegura a polimerização de uma estrutura de rede tridimensional). Poucos óxidos reúnem todos esses requisitos Óxidos formadores de Rede Óxidos que formam vidros facilmente Exemplo: B2O3, SiO2, GeO2, P2O5 SiO2 – Cada átomo de silício coordenado por 4 átomos de oxigênio e cada oxigênio compartilha dois átomos de silício. Unidade tetraédrica (SiO4)-4 assegura a ordem à curta distância. Razão O/Si = 2 – indica que todos os quatro vértices do tetraedro estão interconectados. Vidros comerciais em geral apresentam de 50 a 75% de SiO2. Abundância de sílica na crosta terrestre ~ 60% Vidro de quartzo (sílica fundida) - 99,5% SiO2 Resistente ao choque térmico Alta resistência química Processado acima de 1750oC. Vidro de quartzo (sílica fundida) - 99,5% SiO2 São muito puros e um dos mais transparentes São os mais resistentes à temperatura (resistem até 1260°) Possuem excelente resistência ao choque térmico e à ação de agentes químicos São de custo elevado e de conformação difícil Processado acima de 1750oC. Aplicações: Especiais como sistemas ópticos de laboratório, instrumentos para laboratório de pesquisa VIDROS DA FAMÍLIA SODA-CAL • São os mais antigos, mais baratos e mais utilizados • São de fácil conformação • Podem ser usados até temperaturas de 460°C no estado recozido e até 250°C no estado temperado Aplicações: Janelas, garrafas, copos,… VIDROS DE BORO SILICATO • Têm excelente durabilidade química • Excelente resitência ao calor e ao choque térmico • O tipo mais comum é o pyrex e o kovar Aplicações: Vedações, visores, medidores, tubulações, espelhos de telescópios, vidros de laboratórios, vidros de fornos,… B2O3 Excelentes formadores de vidro Coordenação triangular Produz um estrutura mais aberta com menor Poucos vidros feitos de óxido de boro: Baixo ponto de fusão (Tg ~450oC) Solúvel em água Vidro Pyrex (vidros de boro-silicatos) P2O5 Tetraedros de PO4 com 1 ligação dupla 3 vértices compartilhados Vidros especiais que apresentam transparência no intervalo do ultravioleta e baixa transmissão no infravermelho biovidros A maioria dos vidros contém aditivos que servem para alterar propriedades e/ou processamento Óxidos modificadores de rede e óxidos intermediários Óxidos modificadores de rede “Destroem” a rede do vidro Aumenta a fluidez o vidro Fornecem íons oxigênios extras, que não participam da rede, portanto aumentam a razão O/Si. Átomos de oxigênio provenientes destes óxidos entram na rede de sílica em pontos de junção dos tetraedros e interrompem a rede, dando origem a átomos de oxigênio com 1 elétron não compartilhado. Cátions não participam da rede, mas permanecem nos interstícios da rede como íons metálicos ligados ionicamente. Exemplo: adição de Na2O em vidros de SiO2 Cada molécula de Na2O resulta na formação de dois oxigênios não ligados (nonbrindging oxygen), com os íons Na+ mantendo a neutralidade elétrica local. A perda de conectividade dos tetraedros de sílica resultam na diminuição da viscosidade e Tg reduz a temperatura de processamento dos vidros de silicato. Exemplo de óxidos modificadores de rede: Na2O, K2O, CaO, PbO. MgO, ZnO, BaO, Li2O Na2O, K2Oe Li2O → eficientes modificadores – menor resistência química e maior coeficiente de dilatação. Vidro de janela ou garrafas - Na2O-CaO-SiO2 PbO – alto índice de refração alto brilho elevada densidade sonoridade Óxidos Intermediários Não são efetivamente modificadores e nem formadores de rede. Podem contribuir como parte da estrutura da rede Geralmente são cátions com maior valência do que os alcalinos e alcalinos terrosos, mas que não satisfazem as regras de Zachariesen. Exemplo: Al2O3 Al3+ substitui o Si 4+ Para manter a neutralidade elétrica – necessário a presença de cátions alcalinos. Processo de fabricação de vidro Deformação viscosa dos vidros: Sob resfriamento o vidro se torna mais e mais viscoso de maneira contínua Com o aumento da temperatura – a viscosidade diminui e o escoamento viscoso torna-se mais fácil Características viscosidade – temperatura Pontos específicos importantes na fabricação e processamento de vidros Esses pontos definem quais serão as temperaturas de processamento dos vidros A temperatura em que cada um desses pontos ocorre depende da composição do vidro. • • • • • Ponto de fusão – corresponde a temperatura na qual a viscosidade é de 10 Pa.s (102Poise). - o vidro é fluido suficiente para ser considerado um líquido. Ponto de trabalho – temperatura na qual a viscosidade é 103Pa.s (104Poise) - o vidro é facilmente deformável nessa viscosidade Ponto de amolecimento - temperatura na qual a viscosidade é 4 x 106Pa.s (4 x 107Poise). - é a máxima temperatura na qual um pedaço de vidro pode ser manuseado sem causar significantes alterações dimensionais. Ponto de recozimento - temperatura na qual a viscosidade é 1012Pa.s (1013Poise). - difusão atômica é suficientemente rápida que quaisquer tensões residuais podem ser removidas em torno de 15 minutos. Ponto de deformação - temperatura na qual a viscosidade é 3 x 1013Pa.s (3 x 1014Poise) - para temperaturas abaixo do ponto de deformação, fratura ocorrerá antes do início da deformação plástica Processamento do vidro Produzido pelo aquecimento das matérias-primas até uma temperatura acima do seu ponto de fusão. Eliminação de bolhas e homogeneização Etapa de repouso e acondicionamento Processo de afino – 10 -102 Pa.s Adquirir homogeneidade térmica, para igualar viscosidade - 103 Pa.s Etapa de Conformação Região de trabalhabilidade Dentro da faixa de trabalho – entre as temperaturas de trabalho e amolecimento. Etapa de recozimento Necessária para diminuir ou eliminar as tensões internas geradas durante a fabricação do vidro. Tensões são geradas como conseqüência da rápida eliminação do gradiente térmico do vidro. Ponto superior – 1012 Pa.s (vidro deve aliviar as tensões em cerca de 15 minutos) Ponto superior – 1013,5 Pa.s (vidro deve aliviar as tensões em cerca de 16 horas) Métodos de conformação de vidros Prensagem Sopro garrafas Laminado pratos Vidros planos Fiação Fios e fibras Prensagem • pratos SOPRO SOPRO VIDROS PLANOS Tratamento térmico de vidros Têmpera (tempering) Aquecimento a T>Tg e < ponto de amolecimento Resfriado a T ambiente com jato de ar ou banho de óleo tensões residuais compressivas na superfície e de tração no interior Vidro polido recozido – σ = 40 MPa Vidro temperado - σ = 120 a 200 MPa Tensões compressivas geradas dependem: • espessura do vidro • coeficiente de transferência de calor • tratamento térmico TÊMPERA QUÍMICA Geração de tensões compressivas produzidas por modificações superficiais da composição química do vidro. Troca iônica – troca superficial de íons do vidro por outros íons de maior tamanho Temperatura de têmpera – abaixo da temperatura de transição vítrea, senão os íons de acomodam sem dificuldade e não criam tensões compressivas Ex: janelas de aviões supersônicos, lentes oftálmicas
Documentos relacionados
Introdução A arte de fazer vidro Tempos antigos: da Idade da Pedra
início a fabricação de lentes e outros componentes ópticos Primeiros estudos sobre propriedade-composição de vidros para a construção de instrumentos ópticos, tais como o microscópio Desenvolvida p...
Leia mais