canal de - Revista Náutica

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canal de - Revista Náutica
são paulo
rio de janeiro
minas gerais
espírito santo
SIMULADORES
NÁUTICOS
As máquinas ensinam (de verdade!)
a pilotar barcos
edição nº 11 | junho/julho 2015 | R$ 12,00
Canal de
Bertioga
os Riscos e pRazeRes do canal que cRuza o GuaRujá
UM CRUZEIRO
NA ILHA GRANDE
Uma família descobre o enorme
prazer de navegar ao redor da
maior ilha do litoral do Rio
O ESCONDERIJO DOS
GRANDES PEIXES
O parcel no mar aberto de
Ubatuba que enche os olhos de
qualquer pescador oceânico
A eciência suíça vai
além da tecnologia.
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Índice
pág. 16
NESTA EDIÇÃO...
pág. 30
P
ouca gente sabe, mas o Guarujá fica
numa ilha. E o que dá forma a esta ilha,
no lado oposto ao do mar, é um bonito, sinuoso e bem preservado canal de
águas salobras, meio doces, por causa
dos vários riachos que descem da Serra do Mar e
nele desaguam, meio salgadas, por conta do próprio mar, que invade os limites do canal pelos dois
lados e dá a configuração de ilha a uma localidade que a maioria das pessoas pensa ser apenas uma
cidade. Curiosamente, porém, o canal que dá forma à pouco conhecida Ilha de Santo Amaro, onde
DE OLHO NA
PROFUNDIDADE
Vista aérea do
canal de Bertioga,
que atravessa o
Guarujá pelo lado
oposto ao do mar
(veja mapa na
página ao lado):
ele é largo, mas,
em aguns trechos,
bem raso
fica o Guarujá, não leva o nome da cidade que ele
banha, mas sim o da vizinha Bertioga. Mas por um
bom motivo: é em Bertioga, informalmente considerada o início do litoral norte de São Paulo, que ele
desagua. Por isso, é tão usado e apreciado pelos donos de barcos. Para eles, o canal de Bertioga é bem
mais do que um simples acidente geográfico que
dá a forma insular ao Guarujá. É um seguro e prático atalho para os dois lados do mar. Além de servir para abrigar algumas das melhores marinas da
cidade. O canal de Bertioga tem, portanto, múltiplas utilidades. E uma delas são os passeios náuticos.
SANTOS
NAVEGAR
SEM SE
MOLHAR
BERTIOGA
é o canal
30
MOZART LATORRE
os alunos vão para a água a bordo de um barco, mas não podem pilotá-lo — apenas aprendem no próprio barco alguns procedimentos,
como ancoragem e uso dos equipamentos de
segurança. Mas, navegar mesmo, é algo que só
o instrutor faz. Aos alunos, cabe observar e tentar aprender algo sobre a pilotagem de um barco, apenas olhando e ouvindo os comentários
do professor. Não é o ideal, claro. O objetivo
de qualquer curso é formar novos navegadores,
não simples acompanhantes — como se para
aprender a dirigir um automóvel bastasse acompanhar o motorista da autoescola durante um
certo número de horas. Mesmo assim, é bem
mais do que o que acontecia no passado, quando a habilitação náutica se resumia a uma prova teórica e mais nada.
Na prática, o atual modelo de aulas embarcadas tem muito mais o propósito de familiarizar os alunos com os equipamentos de um
barco (que são, de fato, mais bem assimilados
quando vistos, sentidos e operados) e com os
procedimentos de segurança (idem) do que propriamente “ensinar” alguém a pilotar uma lancha — o que, se o aluno quiser, pode ser feito
em um curso à parte, totalmente prático (e altamente recomendável), mas não obrigatório para
prestar o exame de habilitação náutica.
Como atenuante para esta ainda falha no
aprendizado (que, diga-se de passagem, não
acontece por culpa das escolas e sim das regras vigentes, que exigem apenas um certificado de que o aluno participou de aulas embarcadas), alguns cursos náuticos passaram a oferecer
simuladores de navegação, com bom nível de
precisão, que são bem mais que simples videogames incrementados. Neles, é possível simular situações que seriam quase impossíveis na
prática (ventos, ondas, tempestades, correntezas ou tudo isso ao mesmo tempo) e sentir, com
alto grau de realismo, a sensação de manobrar
e pilotar um barco, antes de experimentá-los na
água, o que quase sempre só acontece depois
que o candidato é aprovado na prova teórica e
torna-se legalmente habilitado — mesmo sem
ter nenhuma experiência realmente prática nisso. Nas escolas que oferecem simuladores, este
processo de familiarização também com a navegação começa, pelo menos, mais cedo. Eles
não chegam a ser tão reais quanto uma onda no
mar, mas chegam (bem) perto disso. Confira.
NÁUTICA SUDESTE
ALTERNATIVA
PARA A
PRÁTICA
Os simuladores
ajudam a
compensar
a falta de
experiência
prática dos
candidatos a
habilitação de
arrais amador,
já que nas aulas
embarcadas
eles não podem
pilotar os barcos
NÁUTICA SUDESTE
JORGE DE SOUZA
esde 2012, quem quiser tirar carteira de arrais amador (primeira categoria de habilitação náutica, para pilotar uma embarcação,
seja lancha ou jet ski, em águas
abrigadas) precisa comprovar um certo número de horas-aulas práticas, antes de fazer a prova teórica, que é a que habilita ou não o candidato. Essas aulas são dadas por escolas náuticas
credenciadas pela Marinha e a duração do curso prático depende do tipo de embarcação que
se pretende pilotar. Se for um jet ski, serão necessárias três horas de aulas práticas, nas quais
o aluno pilota de fato a máquina, acompanhado por um instrutor na garupa. Já se a habilitação for para pilotar lanchas, o curso se resume
a seis horas de aulas “embarcadas”, nas quais
GUARUJÁ
Bem mais do que um
simples acesso ao mar,
o canal que atravessa
o Guarujá por trás e
liga Santos a Bertioga é,
por si só, um delicioso
passeio náutico
Com o uso de simuladores, uma escola náutica do Rio e outra de São Paulo já começam a preparar os candidatos a arrais amador com mais rigor
D
BERTIOGA
POR JORGE DE SOUZA
16
31
NÁUTICA SUL
NÁUTICA SUDESTE
17
POR CHRISTIAN ALMEIDA
Mamando
nas tetas
do parcel
Eles só queriam descansar
e passar uma semana a bordo, com as crianças. Acabaram descobrindo o melhor
cruzeiro que podiam ter feito, nas águas da Ilha Grande
Lagoa Azul
Saco do Céu
Abraão
Ilha Grande
Leste e do Sul
Aventureiro
Parnaioca
Enseada
de Palmas
Alguns equipamentos que fazem a
diferença nas pescarias neste parcel
MUITOS
PEIXES
O que mais
impressiona
no parcel
da Teta é a
quantidade e
a variedade
de espécies
que
podem ser
capturadas.
Mas a viagem
até lá é longa
O parcel da Teta fica bem longe da
costa e exige horas de navegação, a
partir de Ubatuba. Mas enche os olhos
de qualquer pescador oceânico
N
FOTOS JUN TABATA
FERNANDO MONTEIRO
O CRUZEIRO DAS SURPRESAS
Com que vara eu vou?
MAIS DO QUE
ELES QUERIAM
A caminho da Ilha
Grande, Christian e
Sofia só pensavam
em refazer um
cruzeiro que
haviam feito anos
antes. Acabaram
dando a volta
inteira na ilha
e descobrindo
muitas outras
belezas
Parcel da Teta
Onde fica?
O “cabeço”, ou parte mais
rasa do parcel, fica nas
coordenadas S24°33.753’ /
W044°34.541’. Já o “buraco”,
ou trecho mais profundo,
encontra-se em S24°35.258’
/ W044°34.559’ - coloque
no GPS e siga reto, mar
adentro. De qualquer
forma, é longe a beça:
mais de 70 milhas da
costa, o que implica em
várias horas de
navegação, dependendo
da velocidade do barco.
72 milhas
Cachadaço
Lopes Mendes
Saco
Dois Rios
Meros
Ubatuba
44
ão é perto e exige um bom barco. Mesmo
assim, para quem curte pescarias oceânicas, o parcel da Teta tem o mesmo apelo
de um parque da Disney para as crianças.
Trata-se de um dos pesqueiros mais fartos
do litoral paulista, repleto de troféus à espera de serem
fisgados. Só que não é nada fácil sequer chegar lá, porque o parcel da Teta, que tem esse nome porque o seu
formato lembra o de um grande seio submarino, fica no
mar aberto, a cerca de 72 milhas náuticas, ou mais de 130
quilômetros em linha reta, de Ubatuba. É longe a beça.
Do Saco da Ribeira até lá são, pelo menos, três (ou
quatro) horas de navegação, em barco rápido, ou mais
de cinco (ou seis...), em velocidade mais tranqüila de
cruzeiro. Isso se o mar ajudar. Ou seja, só para ir e voltar, vai praticamente o dia inteiro, o que quase sempre
implica em dormir no mar.
Também exige um barco com boa autonomia, porque, além de distante da costa, a área do parcel é enorme e só as movimentações por lá já consomem bastante combustível. Além disso, é preciso escolher bem
o dia da pescaria, porque a região sofre intensamente
com os ventos e, nos períodos errados, as pescarias se
tornam verdadeiros martírios. Acompanhar atentamente a previsão do tempo é tão fundamental para a segurança quanto ter um barco confiável e de bom tamanho para curtir uma pescaria no parcel da Teta.
Mas, quem conhece, sabe que tudo isso vale a
pena. Até porque, além de abrigar muitos peixes e muitas espécies, o parcel da Teta exige bastante técnica do
pescador. Como uma espécie de desafio em alto mar.
O parcel é uma extensa região de cascalhos, com
profundidades variando entre os 115 e 220 metros, já no
mar azul das águas oceânicas, que atrai peixes com os
quais todo pescador sonha. A lista de possíveis troféus é
enorme. Na meia-água, abundam olhetes, olhos-de-boi,
atuns, bonitos e cavalas, além de dourados e marlins
nos meses de verão, o que não é bem o caso agora. E,
no fundo, habitam pargos, saramonetes e grandes chernes, entre outros peixes, daqueles que rendem fotos que
deixam os amigos babando de inveja. Além disso, durante os reposicionamentos do barco, vale a pena tentar
uma pesca de corrico, porque aquelas águas são também bastante frequentadas por espécies de passagem.
Mesmo assim, nem sempre os peixes decidem atacar as iscas, o que torna as pescarias ainda mais desafiadoras. A Teta é um pesqueiro do tipo oito ou oitenta: ou a isca é abocanhada antes mesmo de descer
tudo ou o paescador passa horas a fio sem pegar nada.
E a única maneira de compensar isso é com experiência e equipamento certo. Se não for o seu caso, vá junto com quem sabe.
Para quem gosta de pescar, o parcel da Teta é um
prato cheio. Literalmente.
VARAS - As mais
indicadas são as leves, de
50 a 80 lb e até seis pés
de comprimento, mas
com componentes ultra
resistentes, porque alguns
peixes de lá são bem fortes
e grandes.
MOLINETES OU
CARRETILHAS – Podem
ser manuais. Mas, se a
correnteza for intensa ou
o vento estiver soprando
forte, as elétricas são mais
indicadas. Importante é que
comportem, pelo menos,
250 metros de linhada.
LINHAS – Precisam
ser de multifilamento. As
de numeração 4 ou 5 (ou com 40 a 60 libras) são as mais
indicadas.
LÍDER – Absolutamente fundamental, porque a
transparência da água é grande. É preciso afastar ao
máximo a linha da isca. Use, ao menos, de 8 a 10 metros
de linha de fluorcarbono como líder.
C
M
ISCAS NATURAIS – As mais produtivas são as
lulas frescas inteiras ou em filés, além de pedaços de
sardinha ou bonito.
NÁUTICA SUDESTE
Y
NÁUTICA SUDESTE
45
CM
pág. 44
pág. 34
MY
CY
SÃO PAULO
RIO DE JANEIRO
MINAS GERAIS
ESPÍRITO SANTO
SIMULADORES
NÁUTICOS
As máquinas ensinam (de verdade!)
a pilotar barcos
EDIÇÃO Nº 11 | JUNHO/JULHO 2015 | R$ 12,00
Canal de
Bertioga
OS RISCOS E PRAZERES DO CANAL QUE CRUZA O GUARUJÁ
UM CRUZEIRO
NA ILHA GRANDE
Uma família descobre o enorme
prazer de navegar ao redor da
maior ilha do litoral do Rio
O ESCONDERIJO DOS
GRANDES PEIXES
O parcel no mar aberto de
Ubatuba que enche os olhos de
qualquer pescador oceânico
VERSÃO
DIgITAL
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K
AS NOVIDADES DO
SÃO PAULO
RIO DE JANEIRO
MINAS GERAIS
SÃO PAULO
ESPÍRITO SANTO
RIO DE JANEIRO
PRESIDENTE E EDITOR
Ernani Paciornik
VIcE-PRESIDENTE
Denise Godoy
RIO DE JANEIRO
MINAS GERAIS
ESPÍRITO SANTO
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Roteiro
de verão
MINAS GERAIS
ESPÍRITO SANTO
25 ANOS DEPOIS...
O casal que gastou meia vida
construindo este barco
Como é a ilha que todo mundo inveja
EDIÇÃO Nº 9 | FEVEREIRO/MARÇO 2015 | R$ 12,00
EDIÇÃO Nº 8 | DEZEMBRO/JANEIRO 2014/2015 | R$ 12,00
RIO DE JANEIRO
ILHA DE CARAS
As surpresas que esta pedra esconde
Os lançamentos do último salão náutico
EDIÇÃO Nº 7 | OUTUBRO/NOVEMBRO 2014 | R$ 12,00
EDIÇÃO Nº 10 | ABRIL/MAIO 2015 | R$ 12,00
T
BOA
RIO W
SHO TES
CONVI
2GRÁTI
S!
A
ESC
FEIP
re-se
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DIRETOR DE REDAÇÃO
Jorge de Souza [email protected]
Rio
UbatUbaaParaty
Trindade
O LINDO
ARQUIPÉLAGO
PROIBIDO
DO LITORAL PAULISTA
A ex-vila caiçara, que, primeiros os hippies, depois os
surfistas e os turistas adotaram, ainda enche os olhos com
a beleza de suas praias – algumas ainda virgens e as últimas
desse tipo no litoral entre Ubatuba e Paraty
EDIÇÃO DE ANI
V
ERSÁRIO 1º AN O E PARA COMEMORAR...
Os 10 mais lindos lugares
para passear de barco,
mostrados no primeiro ano
de NÁUTICA SUDESTE
UMA LANCHA, TRÊS
MOTORES
O que muda numa lancha
quando só o que muda
é a potência do motor?
Edição 7
SantíSSima
trindadE
E + edição de
Aniversário – 1º ano
Boat
Show
AlcAtrAzes
SanTíSSima
BÊ-Á-BÁ DA BOA
ANCORAGEM
O que você precisa
saber sobre âncoras,
cabos e amarras
OS MACETES
DO CORRICO
Como se dar com
os peixes mesmo
durante os passeios
Edição 7
O TIETÊ QUE
NUNCA VOCÊ VIU
Um aventureiro voa
sobre o rio mais poluído
do país do começo ao fim
rotEiro dE vErão,
dE UbatUba a
paraty
E +Laje de Santos
cOlAbORARAm NESTA EDIÇÃO: Haroldo J. Rodrigues (arte),
Aldo macedo (imagens), maitê Ribeiro (revisão)
REDAÇÃO E ADmINISTRAÇÃO
Av. brigadeiro Faria lima, 1306, 5o andar, cEP 01451-001,
São Paulo, SP. Tel. 11/2186-1000
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PASSEIO DE ANGRA
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CORROSÃO
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Como
combater este
problemão
MENSAGENS
AO MAR
O fascínio das
mensagens em
garrafas nunca acaba
Edição 8
alcatrazES,
ilha dE caraS
E + O melhor passeio
de Angra
OS NOVOS
BARCOS
QUE O
SALÃO
MOSTROU
REPRESA
DO BROA
A praia do interior
de São Paulo que
poucos conhecem
TESOURO
DE ILHABELA
O velho tesouro
do Saco do Sombrio
volta à tona
BOMBAS
DE PORÃO
O que você precisa
saber para não
ficar na mão
Edição 8
rio boat Show 2015,
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dEpoiS
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NÁuTica SudeSTe é uma publicação da G.R. um Editora
ltda. — ISSN 1413-1412. Junho 2015. Jorn. resp: Denise
Godoy (mTb 14037). Os artigos assinados não representam
necessariamente a opinião da revista. Direitos reservados.
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cTP, Impressão e Acabamento — IbEP Gráfica
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LaNÇaMeNtO
SÃO PauLO
BOat SHOW
fotos mozart latorre
Coquetel apresentou os primeiros
expositores do próximo salão náutico
estaleiros
a postos
Acima, a equipe
do estaleiro
Cimitarra. Ao
lado, o time da
Ventura. Abaixo,
os responsáveis
pela Mercury,
lanchas Coral e
Intermarine. No
coquetel, eles
conheceram a
planta do salão,
escolheram
seus estandes
e ouviram as
novidades do
organizador,
Ernani Paciornik
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Barreto, da Yacht
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Colunna e
Regatta. Acima,
o novo diretor
da Yamaha,
Ricardo Susini,
com Taketoshi
Tababayashi
O salão acontecerá
de 1 a 6 de outubro, no
Transamérica Expo
Center, em São Paulo
Todos os estaleiros oferecerão condições
especiais de venda no São Paulo Boat Show
Náutica SudeSte
9
Aconteceu...
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1º cLaSSic BOat FeStiVaL
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Yacht Club Paulista promove encontro de
colecionadores e amantes das lanchas de antigamente
O evento aconteceu na sede do
clube, nas margens da represa de
Guarapiranga, em São Paulo
de volta
Às aguas
O encontro foi
promovido pelo
comodoro do
Yacht Club
Paulista, José
Agostini Roxo
(abaixo, com a
bandeirinha do
clube). Ao lado,
Roberto Keller
e sua Esquiboat
1979. Abaixo, a
Chris Craft 1958
de Guilherme
Giorgi e a Spring
Box Cracker,
também de 1958,
de Sergio Canineo.
Todas pareciam
ter acabado de
sair da fábrica
festa
nostálgica
Lanchas de passeio
ou de corrida.
Houve de tudo
no desfile que as
lanchas fizeram nas
águas da represa
de Guarapiranga,
para alegria dos
colecionadores.
O sucesso foi tão
grande que um
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W I N D C H A R T E R . C O M . B R
Aconteceu...
iLHaBeLa daY
PaSSeiO NáuticO NO RiO tietÊ
volta À ilha
Mais de dez jets
participaram
do passeio, que
partiu da Riviera
São Lourenço
e contornou
toda Ilhabela,
com escala na
ilha Montão de
Trigo (acima),
na volta. Para a
expedição ser
mais completa,
os participantes
dormiram na ilha
e continuaram
o roteiro no dia
seguinte
A Jetchula organiza
passeios de jet pelo
litoral paulista com
bastante frequência
O passeio, que reuniu
muitas famílias e barcos,
teve o apoio da loja Pescaça
fotos DIVUlGaÇÃo
Na volta, os
jets fizeram
uma parada
na curiosa
ilha Montão
de Trigo
A Marina Baobá, de Sales, no interior
de São Paulo, organizou mais um
divertido passeio de barco pelo rio
Tietê, até a Marina Bonita, em Buritama
fotos DIVUlGaÇÃo
A revenda Yamaha Jetchula, do litoral
paulista, organizou um passeio de
dois dias a Ilhabela, que foi um sucesso
O ponto alto do passeio foi a
travessia da eclusa de Promissão
dia de festa
Acima, Arsínio
Lopes, da
Marina Baobá,
organizador do
passeio, que
reuniu mais de
uma dúzia de
lanchas num
percurso até a
Marina Bonita,
em Buritama,
onde aconteceu
um almoço.
A travessia
da eclusa de
Promissão foi
o ponto alto
do passeio,
que terá nova
edição em julho
As outras águas da BArrA
Mesmo entre os cariocas, pouca gente sabe que os canais da
Barra da Tijuca escondem um minipantanal em pleno Rio de
Janeiro. Mas um gostoso passeio de barco agora está revelando
isso a turistas e moradores da própria Cidade Maravilhosa
O
“
Quer curtir também?
Os passeios do Barra Water
Shuttle acontecem todos
os dias, às 10, 13 e 16 horas
(depende do ponto de
embarque) e devem ser
agendados pelo tel. 21/3942-
fotos divulgação
0209 ou 99925-2547. Custam
R$ 120 por pessoa (criança
paga menos) e duram cerca
de três horas, partindo e
chegando no mesmo local —
não importa qual. Para saber
mais, acesse www.bmw.tur.br
ou facebook.com/bwstours.
14
Náutica SudeSte
lha lá, um jacaré! — diz
a empolgada turista. Que
completa, em seguida.
— Um não. Vários
deles! E em pleno Rio de Janeiro. Nunca imaginei que fosse ver isso aqui.
A surpresa é apenas uma das que
aguardam quem decidir embarcar no
mais novo — e pra lá de curioso — passeio da principal cidade turística do país:
o Barra Water Shuttle, que está levando
turistas e moradores a descobrir um lado
praticamente desconhecido (mas igualmente lindo) do Rio.
Durante cerca de três horas, uma
gostosa, segura e tranquila pequena balsa
navega pelas águas do canal de Marapendi, que avança paralelo à praia da Barra
da Tijuca, revelando cenários que quem
passa de carro pelas avenidas Sernambetiba e das Américas, nem de longe imagina existir. Não ali, em plena cidade, entre as duas principais avenidas do bairro.
Trata-se de um formidável curso
d’água entre manguezais, com cerca de 25
quilômetros de extensão, ida e volta, que
revela cenários dignos de um pequeno
Pantanal carioca. Tem peixes, capivaras,
vários jacarés (como aqueles que surpreenderam a turista, que só esperava encontrar belas praias à beira d’água na cidade)
e muitas, muitas aves, que ficam pousa-
das nas margens ou sobrevoando a balsa,
para deslumbramento dos passageiros —
muitos deles, também estrangeiros.
Os passeios, que custam R$ 120 por
pessoa, acontecem três vezes ao dia, todos os dias, e fazem um roteiro circular,
o que permite embarcar e desembarcar
sempre no mesmo lugar, seja no ponto formal de partida, o shopping Downtown, no início da Barra da Tijuca, ou
em qualquer restaurante, condomínio
ou hotel que fique às margens do canal
de Marapendi, como o Radisson, Windsor Barra, Transamérica ou Promenade.
Para os turistas, é muito prático, porque
o embarque ocorre no próprio hotel.
Um dos passeios acontece ao entardecer e é ainda mais bonito, porque permite ver as revoadas das garças, embora
com menos jacarés na paisagem, porque eles preferem as horas de sol mais
forte. Mas todos acontecem com o visual da enigmática Pedra da Gávea sempre ao alcance dos olhos (o que rende
ótimas histórias contadas pelos guias da
atividade, que vão a bordo) e apreciada de um ângulo inusitado: de dentro
d’água, navegando em um até então improvável Pantanal carioca. Taí um programa legal, diferente e surpreendente,
mesmo para quem acha que já conhece
muito bem o Rio de Janeiro.
seTsaIl InTelIgêncIa náuTIca
de olho na
profundidade
Vista aérea do
canal de Bertioga,
que atravessa o
Guarujá pelo lado
oposto ao do mar
(veja mapa na
página ao lado):
ele é largo, mas,
em aguns trechos,
bem raso
P
ouca gente sabe, mas o Guarujá fica
numa ilha. E o que dá forma a esta ilha,
no lado oposto ao do mar, é um bonito, sinuoso e bem preservado canal de
águas salobras, meio doces, por causa
dos vários riachos que descem da Serra do Mar e
nele desaguam, meio salgadas, por conta do próprio mar, que invade os limites do canal pelos dois
lados e dá a configuração de ilha a uma localidade que a maioria das pessoas pensa ser apenas uma
cidade. Curiosamente, porém, o canal que dá forma à pouco conhecida Ilha de Santo Amaro, onde
BerTIoga
s a n To s
BERTIOGA
é o canal
fica o Guarujá, não leva o nome da cidade que ele
banha, mas sim o da vizinha Bertioga. Mas por um
bom motivo: é em Bertioga, informalmente considerada o início do litoral norte de São Paulo, que ele
desagua. Por isso, é tão usado e apreciado pelos donos de barcos. Para eles, o canal de Bertioga é bem
mais do que um simples acidente geográfico que
dá a forma insular ao Guarujá. É um seguro e prático atalho para os dois lados do mar. Além de servir para abrigar algumas das melhores marinas da
cidade. O canal de Bertioga tem, portanto, múltiplas utilidades. E uma delas são os passeios náuticos.
por jorge de souza
g ua ruj á
jorge de souza
Bem mais do que um
simples acesso ao mar,
o canal que atravessa
o guarujá por trás e
liga santos a Bertioga é,
por si só, um delicioso
passeio náutico
16
Náutica Sul
Náutica SudeSte
17
canal de bertioga
o que é que o canal tem?
os riscos, serviços e atrativos que se
espalham ao longo do canal de Bertioga
Ponte da Rio-Santos, sobre o rio
Itapanhaú: um dos braços do canal
Ponte férrea: a parte móvel para
os barcos nem sempre funciona
Forte de Bertioga, na barra do canal: os barcos devem passar longe
Ponte da Piaçaguera-Guarujá: ao
lado do Monte Cabrão
Base de controle ambiental: a
fiscalização tem sido intensa
No trecho das curvas, o segredo
é seguir sempre pelo lado de fora
Candinho: como é largo, parece
fácil. Mas é o trecho mais arriscado
Restaurante do Joca: a comida
pode ser entregue no barco
Base Aérea de Santos: na ponta
oposta à barra do canal
Farolete da pedra do Corvo: o
segredo é entrar e sair perto dele
Partes do manguezal inundado
mostram a pouca profundidade
18
Náutica SudeSte
Marinas Nacionais: a maior do canal, para barcos de vários portes
Boia no Candinho: é preciso
alinhar o barco com a boia oposta
Entrada do Marina Guarujá: dentro dele há um bom restaurante
nas suas idas e vindas ao litoral norte de São Paulo — especialmente quando o mar não está nos
seus melhores dias lá fora. Com isso, ganham não
só um valioso atalho como um adicional de prazer nos passeios: o próprio canal de Bertioga.
Bem mais do que um mero meio de encurtar
a navegação pelo mar para quem busca as praias
e ilhas do litoral norte paulista, o canal de Bertioga é, ele próprio, um atrativo náutico. É bonito, repleto de curvas, corre entre manguezais bem
mais preservados do que a sua proximidade com
as cidades sugere e é limpo, a despeito da cor de
caldo de cana de suas águas. É, também, seguro,
com um único trecho (o largo do Candinho) que
exige mais atenção na navegação.
Restaurante Dalmo: uma espécie
de símbolo do canal de Bertioga
foTos jorge de souza
O
canal de Bertioga é relativamente curto. De uma ponta a outra, da praia de
Bertioga ao porto de Santos, onde ele
se une ao canal que vem do outro lado
do mar e dá a configuração de ilha ao Guarujá,
são pouco mais de 13 milhas náuticas, um percurso que qualquer barco faz em cerca de uma hora
(ou menos) de navegação — embora a velocidade
oficial no canal seja de apenas 6 nós, o que não
faz muito sentido ao longo de toda a sua extensão.
Mesmo assim, a maioria dos usuários raramente navega o canal inteiro. Para eles, este generoso curso d’água, que chega a passar dos 200
metros de largura nas partes mais amplas, serve,
basicamente, como simples acesso às várias marinas que se concentram nos arredores de Bertioga.
É um desperdício da oportunidade de curtir um
tranquilo passeio náutico, sem depender dos humores do mar. Só mesmo os donos de barcos das
marinas e clubes náuticos do canal de Santos costumam navegar por inteiro o canal de Bertioga,
Posto de abastecimento para
barcos: há dois deles no canal
canal de
alto nível
Bonitas casas na
Marina Guarujá
e muitos barcos
parados em frente
ao restaurante
Dalmo (acima),
onde existe até
um heliponto,
para quem quiser
chegar pelo ar e
não pela água
canal de bertioga
o passo a
passo do canal
A linha da rota mais segura e como vencer os
trechos mais tensos do bonito canal do Guarujá
Curvas
google
N
Ponte férrea
O
canal de Bertioga termina ou
começa (depende de onde se
venha, se do mar ou do Iate Clube
de Santos) na ponte férrea que existe
ao lado da Base Aérea de Santos. É
um trecho sem nenhum problema
(o canal ali é largo e o vão central da
ponte é claramente indicado, além de
móvel, para a passagem dos barcos
mais altos), não fosse o detalhe que
o operador da parte móvel da ponte
quase nunca está no local, para
suspendê-la. E, mesmo quando está
lá, não atende rádio VHF — o jeito é
buzinar. Veleiros (mesmo os pequenos)
ou lanchas com flybridge acima dos
50 pés de comprimento certamente
não passarão, porque a ponte é baixa
demais (sem o vão móvel, sua altura
mal passa dos 5 metros, mesmo na
maré baixa). Caso venha de Bertioga, o
desavisado dono do barco que entrar
no canal sem saber se a ponte móvel
está operando perderá a viagem e
terá que voltar tudo para trás. Para não
passar raiva, informe-se antes.
20
Náutica SudeSte
esta parte, há uma sequência
de meia dúzia de curvas bem
acentuadas, uma pra lá, outra pra
cá, em forma de “S”, que costumam
assustar os donos de barcos pouco
familiarizados com o canal. Mas não há
muito com o que se preocupar: basta
seguir a regra básica de navegação
em qualquer curso d’água e fazer as
curvas sempre (sempre!) pelo lado de
fora, evitando a tentação de “cortar
caminho” pela margem de dentro —
que sempre será muuuuito mais rasa
do que na margem oposta. Na prática,
pode parecer esquisito avançar reto
até quase até a outra margem para
só então fazer a curva, em um ziguezague aparentemente desnecessário,
mas é justamente o que tem de ser
feito, porque a profundidade sempre
será maior na parte onde escorre o
maior volume de água do canal. Não
vire antes de se aproximar bastante
da margem oposta, coisa de 10 ou 20
metros, dependendo do tamanho do
barco. Nas curvas, quanto mais aberta
for a rota, maior será a profundidade.
Perto das curvas também fica a ponte
da rodovia Piaçaguera-Guarujá, que não
oferece nenhum risco à navegação.
Exceto na velocidade. Diminua, até
porque pode vir outro barco no sentido
contrário..
Candinho
S
e há um local que exige atenção e cuidado
no canal de Bertioga é este aqui: o largo
do Candinho — que, embora seja a parte mais
larga do canal, é a mais traiçoeira, justamente
por ser ampla. A impressão é que, como a
lâmina de água é grande, não há problemas
de profundidade. Mas, que nada! A maior
parte do Candinho é rasa feito piscina de
criança (especialmente nas margens). A única
faixa de navegação segura é a que fica, mais
ou menos, no meio do largo, entre as duas
boias que existem no local: uma verde e bem
visível e outra vermelha e quase escondida
na vegetação da margem — esta, bem difícil
de achar e ainda por cima identificada como
sendo “verde” em algumas cartas náuticas.
Trace uma linha entre as duas boias e avance
reto com o barco. Não caia na tentação de
desviar daquele invisível canal, porque será
encalhe na certa. Até porque, no Candinho,
ocorre o curioso fenômeno do encontro das
marés, que entram pelos dois lados do canal.
Quando a maré está enchendo, entra água
tanto pela barra quanto pelo porto de Santos.
E o mesmo ocorre na vazante. Com isso, um
movimento praticamente anula o outro e o
resultado é que a água pouco oscila ali dentro,
o que impede até de contar “com a subida
da maré” para desencalhar o barco. Também
por conta disso é que o Candinho é tão largo:
neutralizada pela maré contrária, a água
simplesmente se espalha, sem, no entanto,
profundidade. Uma boa dica para os barcos de
maior calado é estar no Candinho justamente
quando a maré mudar: entra-se com a maré
alta e, dali adiante, avança-se com a vazante.
a barra
rio Itapanhaú
P
Marinas
E
ste trecho, entre a junção do canal
com o rio Itapanhaú e o largo do
Candinho, é repleto de marinas e é
justamente o movimento intenso de
barcos entrando e saindo que traz
o único risco à navegação. Convém
diminuir (bem) a velocidade e seguir à
risca os 6 nós oficialmente indicados
para todo o canal — neste trecho, o
controle da velocidade é realmente
necessário. Também é preciso ficar
atento ao grande (e ponha grande
nisso!) movimento de pequenos barcos
de pescadores, que abundam nesta
parte do canal nos fins de semana,
especialmente nos arredores da Marina
Chinen. Evite, portanto, as margens, até
porque elas são mais rasas do que o
meio do canal. E, se for manobrar para
entrar ou sair de alguma marina, fique
atento à movimentação dos outros
barcos. Nem sempre eles podem ter
notado a sua intenção.
róximo à barra, o canal de
Bertioga faz uma curva acentuada
e emenda com as águas do rio
Itapanhaú, que vem da serra e passa
por baixo da ponte da Rio-Santos, onde
fica a Marina do Forte. É um trecho
bonito, tranquilo e razoavelmente largo.
Mas exige atenção na junção do rio
com o canal, por causa da baixíssima
profundidade na parte da margem de
dentro. Ali, há um banco de areia que
vem aumentando de tamanho, dia
após dia. Se o objetivo for entrar no rio
Itapanhaú (um passeio que vale a pena,
embora o rio logo estreite), é preciso
fazer a curva bem por fora, onde a
profundidade (ali, sim) é segura. Por
dentro, nem os jet skis conseguem.
A
barra do canal de Bertioga é bem
tranquila e praticamente à prova
de arrebentações nas ondulações,
salvo em condições extremas de mau
tempo — o que reforça ainda mais a
importância do canal para os barcos
da região. O único cuidado é entrar
(ou sair...) bem próximo ao farolete que
há numa pedra da costeira do morro,
do lado oposto do forte, a pedra do
Corvo. Quanto mais perto do morro e
da pedra do Corvo, mais profundo será
o canal de entrada ou saída da barra.
No lado oposto, na direção do forte de
Bertioga, a água é bem rasa e deve ser
desprezada, embora a largura da barra
seja generosa e leve os desavisados a
tentar entrar pelo meio do canal. Não
faça isso — entrar e sair só junto ao
morro! Outro cuidado é com relação
ao intenso movimento de barcos,
especialmente de lanchas a motor
nos fins de semana, muitas de bom
tamanho e que costumam abusar da
velocidade na entrada e saída da barra.
Fique, portanto, com um olho na pedra
do Corvo e o outro no horizonte.
Náutica SudeSte
21
canal de bertioga
Na beira do canal, há alguns bons restaurantes.
A começar pelo mais famoso de todos, o Dalmo
dica de
passeio
Marina Guarujá:
também vale
a pena entrar
e almoçar no
restaurante de lá
22
Náutica SudeSte
foTos jorge de souza
A
rigor, as duas únicas preocupações de quem
navegar pelo canal de Bertioga, além do movimento dos outros barcos, são a baixa profundidade fora do canal que existe dentro
do próprio canal no Candinho e a costumeira prudência de fazer as curvas sempre pelo lado externo,
como acontece em qualquer curso d’água em movimento. É, enfim, um canal prático e tranquilo, além
de razoavelmente bem servido de (bons) restaurantes, a começar pelo mais famoso de todos, o lendário Dalmo, que existe há várias décadas. “O canal é
uma ótima opção para passear de barco no Guarujá
sem depender do mar”, resume João Roberto Chaves, dono da Marina Porto do Sol, que também oferece restaurante na beira d’água, para visitantes, mesmo
procedimento adotado na Marina do Forte, no vizinho
rio Itapanhaú. “Muita gente vem de barco conhecer o
rio, que é lindo, e aproveita para almoçar na nossa marina”, festeja José Eduardo Carceles, da Marina do
Forte, outro apaixonado pela natureza que ainda predomina em toda a região do canal de Bertioga.
Velocidade?
siga o bom senso
P
elas normas da Capitania dos Portos, a velocidade
máxima permitida no canal de Bertioga é de
apenas 6 nós, do começo ao fim — o que exigiria
quase duas horas e meia de travessia para vencer
as suas pouco mais de 13 milhas. Claro que ninguém
obedece rigidamente isso, até porque, exceção feita
à região das marinas, na maioria dos trechos não há
nenhum risco ou empecilho à navegação que exija tão
pouca velocidade. O usual são os barcos navegarem
a cerca de 15 nós, nos trechos mais seguros, apesar
dos protestos dos ambientalistas, que alegam que
velocidades mais altas geram marolas que invadem
demais os manguezais das margens, danificando o
ecossistema. Há, também, certo exagero nisso. Para
os donos de lanchas maiores, muitas vezes, aumentar
a velocidade para fazer o casco planar é a única
forma de diminuir o calado e assim vencer a pouca
profundidade do canal, em certas partes. Neste caso,
navegar em velocidade de deslocamento de apenas
6 nós significa aumentar o risco de encalhe. Portanto,
o ideal é usar o bom senso: não abusar da velocidade
(até porque trata-se de um canal) e respeitar as áreas
mais movimentadas, mas navegar no ritmo mais
seguro possível. Mesmo que acima do permitido.
canal de bertioga
O canal tem muitos
pontos de ancoragem. Mas
não pense em dormir a bordo
foTos jorge de souza
em nome da
segurança
A entrada e saída
da barra devem
ser feitas rente
ao morro. E
pernoites, só nas
marinas. Como a
do Forte e Porto
do Sol, duas das
várias que existem
no canal
por dentro ou por fora?
N
a hora de saírem com seus barcos
rumo ao litoral norte de São Paulo,
os donos das lanchas que ficam guardadas nas marinas do canal de Santos, como
a Píer 29 e o Iate Clube, tem duas opções:
sair pela baía de Santos e contornar todo o
Guarujá, pelo mar, até alcançar Bertioga,
ou virar no sentido oposto e chegar no mesmo lugar através do “atalho” proporcionado pelo canal que leva o nome daquela cidade. Na primeira opção, são cerca de 18 milhas náuticas, da saída do
canal do porto de Santos até Bertioga. Na outra, pouco mais de 13 milhas, do início ao fim do canal que cruza o Guarujá inteiro por trás. Mas
esta diferença, de apenas 5 milhas náuticas a menos de distância (quase nada, especialmente porque, no mar, é possível navegar bem mais rápido do que no canal), não é tão significativa quanto o principal benefício que o canal de Bertioga traz: a segurança da navegação em águas
abrigadas, nos dias em que o mar estiver agitado. Para os donos de barcos que ficam nas marinas do canal de Santos, esta é a maior virtude do canal. Mas tem, também, a sua paisagem relaxante e preservada.
24
Náutica SudeSte
pernoitar?
só se for nas
marinas
A
beleza e a natureza do canal de
Bertioga continuam a mesma de
sempre. Mas o mesmo não se pode dizer
da segurança para os usuários dos barcos
que nele trafegam. De 15 anos para cá, o
aumento no número de casos de assaltos e
abordagens na água tem sido considerável,
apesar dos esforços do patrulhamento
(agora intensivo) que a polícia tem feito no
local. Duas lanchas da Polícia Ambiental
ficam sediadas no Iate Clube de Santos e
fazem rondas periódicas no canal, de olho
tanto na proteção dos manguezais (barcos
em alta velocidade podem ser autuados
por gerar marolas que afetam a vegetação
das margens) quanto na ação de marginais,
a bordo de pequenas embarcações a
motor — que atacam e fogem rapidamente,
usando o emaranhado de riachos que
desaguam no canal para se esconder.
O maior risco é a abordagem de barcos
ancorados, especialmente nas áreas mais
ermas do canal, razão pela qual, atualmente,
é totalmente desaconselhável pernoitar
a bordo. “Se quiser parar para curtir a
paisagem, mantenha o motor ligado e fique
atento a movimentos estranhos. E se quiser
dormir no barco, faça isso apenas dentro
dos limites de uma marina, onde, aí sim, não
há perigo”, aconselha Odoardo Lantieri, que
navega no canal de Bertioga há mais de
40 anos e já perdeu a conta do número de
casos de ataques que ouviu falar.
canal de bertioga
será que dá pra confiar?
A
rota mais segura dentro do canal de Bertioga não chega a ser
um enigma para os donos de barcos que costumam navegar no
Guarujá, mas convém não confiar apenas no que mostram as
cartas náuticas eletrônicas, porque algumas indicações são absurdas
demais para serem levadas a sério. Chegamos a esta conclusão depois de
comparar, com a ajuda da empresa de inteligência náutica Setsail, baseada
no Iate Clube de Santos, três trechos particularmente críticos do canal de
Bertioga em três dos softwares de navegação mais usados no país: o Garmin
Blue Chart, o Navionics e o iSailor, todos para o sistema operacional IOS.
O resultado mostrou pouquíssimas diferenças nas rotas sugeridas pelos três
programas (o que é tranquilizador), mas, em certos trechos, mandou que
os barcos navegassem onde sequer havia água! Ora a rota ideal avançava
mangue adentro, ora varava nacos de terra firme.
Isso acontece porque os contornos do canal de Bertioga não estão
claramente definidos em nenhuma das três cartas analisadas — nem, talvez,
em carta alguma, já que as margens do canal são formadas por manguezais
sempre sujeitos a oscilações de tamanho. As margens, portanto, serviriam
apenas como referência topográfica nas cartas eletrônicas, não como limites de
fato. É certo que o que conta é o traçado da rota, este sim bem confiável nas
três chartplotters analisadas. Mas é inegável que a extrapolação das margens
confunde um bocado. Como, por exemplo, quando a carta da Garmin
manda o barco “atropelar” uma ponta de mangue no trecho que antecede
o Candinho ou quando a da iSailor indica que o barco deverá fazer a curva
quando já estiver dentro do mangue, na parte das curvas do canal. É certo,
também, que falhas desse tipo não são exclusivas das cartas eletrônicas do
canal de Bertioga. Elas acontecem em todas as cartas, com maior ou menor
grau de intensidade. Mas, no caso do canal, por ele ser estreito e sinuoso, os
desenhos das rotas que extrapolam os limites das margens não deixam de ser
bizarros. Além de terem efeito demolidor na confiança dos usuários.
Das três cartas náuticas analisadas, a que casou melhor rota e traçado
foi a da Navionics, que não atropelou tanto as margens. “Mas isso não quer
dizer que ela seja melhor do que outras”, diz o especialista em navegação
Guilherme Kodja, da Setsail. “Todas as cartas são confiáveis na rota
indicada, embora, no caso do canal de Bertioga, o que conte mais seja o
conhecimento in loco, coisa que só se pega com o tempo. Enquanto isso
não acontece, o segredo é ter cautela nas profundidades e não navegar nele
à noite, quando desaparecem as referências visuais.”
26
Náutica SudeSte
2 exemplos de
como as cartas
pisam na bola
T
anto na carta náutica da iSailor
quanto na da Garmin, a rota ideal do canal de Bertioga sugere que os
barcos tenham que passar por cima
de uma suposta ponta de manguezal,
ao lado de uma grande ilha que existe no meio do canal (imagens acima).
Também indicam que, no trecho das
curvas, a rota a ser seguida invada a
terra firme dos dois lados, serpenteando um canal imaginário e indo muito
além das margens. Obviamente, tudo
não passa de um mau casamento entre rota e desenho, aspecto no qual a
carta eletrônica da Navionics se sai
melhor — pelo menos no caso do canal de Bertioga. Mas atrapalha um bocado, especialmente os menos acostumados com as sutilezas do canal.
No entanto, no que realmente importa (ou seja, a rota mais segura a ser
seguida), mesmo as duas cartas com
representação gráfica problemática, indicam praticamente o mesmo caminho.
mozart latorre
navegar
sem se
molhar
Com o uso de simuladores, uma escola náutica do Rio e outra de São Paulo já começam a preparar os candidatos a arrais amador com mais rigor
D
esde 2012, quem quiser tirar carteira de arrais amador (primeira categoria de habilitação náutica, para pilotar uma embarcação,
seja lancha ou jet ski, em águas
abrigadas) precisa comprovar um certo número de horas-aulas práticas, antes de fazer a prova teórica, que é a que habilita ou não o candidato. Essas aulas são dadas por escolas náuticas
credenciadas pela Marinha e a duração do curso prático depende do tipo de embarcação que
se pretende pilotar. Se for um jet ski, serão necessárias três horas de aulas práticas, nas quais
o aluno pilota de fato a máquina, acompanhado por um instrutor na garupa. Já se a habilitação for para pilotar lanchas, o curso se resume
a seis horas de aulas “embarcadas”, nas quais
30
Náutica SudeSte
os alunos vão para a água a bordo de um barco, mas não podem pilotá-lo — apenas aprendem no próprio barco alguns procedimentos,
como ancoragem e uso dos equipamentos de
segurança. Mas, navegar mesmo, é algo que só
o instrutor faz. Aos alunos, cabe observar e tentar aprender algo sobre a pilotagem de um barco, apenas olhando e ouvindo os comentários
do professor. Não é o ideal, claro. O objetivo
de qualquer curso é formar novos navegadores,
não simples acompanhantes — como se para
aprender a dirigir um automóvel bastasse acompanhar o motorista da autoescola durante um
certo número de horas. Mesmo assim, é bem
mais do que o que acontecia no passado, quando a habilitação náutica se resumia a uma prova teórica e mais nada.
Na prática, o atual modelo de aulas embarcadas tem muito mais o propósito de familiarizar os alunos com os equipamentos de um
barco (que são, de fato, mais bem assimilados
quando vistos, sentidos e operados) e com os
procedimentos de segurança (idem) do que propriamente “ensinar” alguém a pilotar uma lancha — o que, se o aluno quiser, pode ser feito
em um curso à parte, totalmente prático (e altamente recomendável), mas não obrigatório para
prestar o exame de habilitação náutica.
Como atenuante para esta ainda falha no
aprendizado (que, diga-se de passagem, não
acontece por culpa das escolas e sim das regras vigentes, que exigem apenas um certificado de que o aluno participou de aulas embarcadas), alguns cursos náuticos passaram a oferecer
simuladores de navegação, com bom nível de
precisão, que são bem mais que simples videogames incrementados. Neles, é possível simular situações que seriam quase impossíveis na
prática (ventos, ondas, tempestades, correntezas ou tudo isso ao mesmo tempo) e sentir, com
alto grau de realismo, a sensação de manobrar
e pilotar um barco, antes de experimentá-los na
água, o que quase sempre só acontece depois
que o candidato é aprovado na prova teórica e
torna-se legalmente habilitado — mesmo sem
ter nenhuma experiência realmente prática nisso. Nas escolas que oferecem simuladores, este
processo de familiarização também com a navegação começa, pelo menos, mais cedo. Eles
não chegam a ser tão reais quanto uma onda no
mar, mas chegam (bem) perto disso. Confira.
alternativa
para a
prática
Os simuladores
ajudam a
compensar
a falta de
experiência
prática dos
candidatos a
habilitação de
arrais amador,
já que nas aulas
embarcadas
eles não podem
pilotar os barcos
Náutica SudeSte
31
divulgação
mozart latorre
simulador
bem mais Que videogame
Embora pareçam jogos eletrônicos, os simuladores
náuticos não têm nada de brinquedo. Veja por quê
V
Quem tem?
Os simuladores
náuticos ainda são
quase raridades no
Brasil, mas já há duas
escolas, uma no
Rio, outra no litoral
de São Paulo, que
oferecem a novidade
para o aprendizado.
São elas:
CL VELA
Marina da Glória, Rio
Tel. (21) 2556-1720
www.clvela.com.br
BORESTE
Caraguatatuba, SP
Tel. (12) 3883-6600
www.borestenautica.
com.br
32
Náutica SudeSte
ocê está navegando na Baía de
Guanabara num dia de sol, mar
liso e ventos tranquilos. Mas, de
repente, do nada, começa uma
violenta tempestade. O mar se
agita, as ondas sobem, uma ventania desaba
e a visibilidade chega a zero. Na vida real, é
praticamente impossível que isso tudo aconteça sem nenhum aviso prévio e em tão
pouco tempo. Mas, no mundo virtual dos simuladores náuticos, que já começam a ser
usados em algumas escolas de formação de
navegadores, mudanças abruptas e violentas
como essas fazem parte da rotina do aprendizado, para treinar e preparar os alunos
para os imprevistos no mar.
“Nos simuladores, o realismo é total,
com a vantagem de que ninguém se expõe ao risco nem se molha”, brinca Carlos
Eduardo Monteiro, dono da Boreste Escola Náutica, de Caraguatatuba, por enquanto a única do estado de São Paulo a oferecer
a novidade para os seus alunos — especialmente os de cursos mais avançados, como os
de mestre amador e capitão amador, já que
os iniciantes, candidatos a uma carteira de
arrais amador, parecem mais preocupados
em apenas decorar respostas e passar na prova teórica do que em aprender, de fato, a pilotar um barco, o que é lamentável.
Carlos Eduardo explica por que o simulador é tão relevante: “Como ele não é um
videogame, onde as situações tendem a se
repetir e logo são memorizadas pelos jogadores, é possível alterar, combinar, mesclar,
aumentar ou diminuir todos os fatores que
influenciam a navegação, como marés, correntezas, visibilidade e intensidade dos ventos, além de características e reações próprias do tipo de barco que o aluno estiver
‘pilotando’. E conclui: “É fantástico para o
aprendizado, especialmente pela versatilidade que ele permite”. Já o carioca Luiz Evangelista, dono da escola CL Vela, baseada na
Marina da Glória, no Rio de Janeiro, que
também oferece o único simulador do gênero no estado, vai ainda mais longe: “Com
um simulador, o instrutor vira Deus e pode
colocar o aluno em situações que ele jamais
teria como experimentar, a não ser que passasse anos e anos no mar”.
Nos simuladores, os alunos praticam a
pilotagem no ambiente da Baía de Guanabara (mesmas águas onde, depois, a maioria dos
alunos da CL irá navegar com seus barcos),
a partir de um software holandês com grau
de realismo impressionante. O aluno tem,
diante de si, um completo painel de comando e três grandes telas, que, juntas, oferecem
um campo de visão de 140 graus — o mesmo
que ele teria se estivesse pilotando um barco de verdade. Ao lado, fica o instrutor, cuja
função é ir simulando, através de botões, as
mais variadas situações, muitas delas ao mes-
por TaRCíSio alVES
5
dicas para escolher
uma boa escola
1
Professor é tudo Cheque o currículo do
professor e, se possível, converse com quem já
fez aulas com ele.
2
Infraestrutura conta Conheça as instalações
e pergunte onde será feita a aula embarcada. No
mar aprende-se mais do que em represa.
3
Compare horas-aula O curso pode ser mais
barato apenas porque oferece menos aulas. Não
compare apenas valores.
4
Turmas pequenas Quanto mais alunos, mais
a atenção do professor tende a ficar dividida,
especialmente nas aulas práticas.
5
Veja se tem simulador Com a ajuda desta
máquina, o aprendizado tende a ser bem mais
completo, rápido e versátil.
mo tempo: vento súbito, correnteza forte e ondas desencontradas, por exemplo. Também é
possível simular a presença de outras embarcações em movimento na área, o que aumenta o risco da navegação e treina a capacidade
de reação do aluno, além de permitir a familiarização das reações de um barco na água.
Os simuladores vêm com mais de 100 funções
prontas, mas que, combinadas entre si, geram
ainda mais opções de situações.
Na CL, as aulas “práticas” para a formação de arrais amador são compostas de sete
horas embarcadas (uma a mais até do que
a carga horária exigida pela Marinha), mais
uma hora e meia no simulador, ao preço de
R$ 850. Se também optar por fazer aulas teóricas na escola (já que é possível estudar por
conta própria em apostilas especializadas,
embora este não seja o método mais indicado), o aluno paga outros R$ 200, por dois
turnos, de quatro horas cada, aos sábados e
domingos à tarde.
Já na Boreste, o uso do simulador entra
como um simples opcional no curso de arrais
amador, ao custo de R$ 150 por duas horas e
meia de “navegação” no equipamento, o que,
no entanto, vale muito a pena. Especialmente para quem jamais sentiu a sensação de pilotar um barco nem sabe o que o mar é capaz
de aprontar. “Por enquanto, poucos iniciantes dão valor ao aprendizado que os simuladores oferecem, ao contrário dos alunos dos cursos mais avançados, que já sabem que o mar
tem muitas nuances que precisam ser conhecidas e respeitadas”, lamenta Carlos Eduardo.
“Mas, num futuro próximo, tudo indica que
isso vá mudar. Quem experimentar um simulador, não estranhará nada no mar depois.”
duas
escolas, dois
métodos
O simulador
da escola
Boreste, de
Caraguatatuba
(à esquerda) é
opcional e pago
à parte. Já o da
CL, do Rio de
Janeiro (acima),
faz parte do
curso
Náutica SudeSte
33
por christian almeida
fernando monteiro
o cruzeiro das surpresas
eles só queriam descansar
e passar uma semana a bordo, com as crianças. acabaram descobrindo o melhor
cruzeiro que podiam ter feito, nas águas da Ilha Grande
Lagoa Azul
Saco do Céu
Abraão
Ilha Grande
Leste e do Sul
Aventureiro
Meros
Parnaioca
Enseada
de Palmas
Cachadaço
Lopes Mendes
Saco
Dois Rios
mais do que
eles queRiam
A caminho da Ilha
Grande, Christian e
Sofia só pensavam
em refazer um
cruzeiro que
haviam feito anos
antes. Acabaram
dando a volta
inteira na ilha e
descobrindo muitas
outras belezas
cruzeiro na ilha grande
uma semaninha de férias
navegando pra lá e pra cá
em volta da Ilha Grande, com
o nosso barco, um veleiro Delta 36, para esfriar a cabeça. Éramos quatro a bordo: eu, minha
mulher Sofia, e nossas filhas Adélia, de 8 anos, e Carolina,
de 11, estas com tanta experiência de mar quanto gatos de
apartamento. Pararíamos onde desse na telha e dormiríamos
(no próprio barco), onde batesse a vontade. De resto, nada mais havia
sido planejado. Ou seja, aquele cruzeiro tinha tudo para dar errado...
Sabíamos disso. Mesmo assim, fomos em frente. Fazia parte dos nossos
planos não ter planos. Queríamos apenas descansar e curtir a paz de praias e
enseadas tranquilas, para entreter as crianças e esfriar nossas cabeças. Se possível, tentaríamos ir um pouco além do que já conhecíamos daquela grande
ilha da baía de Angra, o que, por sinal, era bem pouco: no máximo, duas ou três
praias visitadas num cruzeiro anterior, quando as meninas ainda eram pequenas,
e a inevitável Vila do Abraão, que conhecemos uma vez, durante um passeio numa
escuna superlotada. Não, não fora uma boa primeira impressão. Mas estávamos dispostos a uma segunda tentativa.
Partimos de Ubatuba em uma ensolarada manhã de fim de verão e, na metade da
tarde, depois de uma velejada tranquila, rápida e prazerosa, sob um gostoso vento leste,
chegamos a nossa primeira parada na Ilha Grande: a Lagoa Azul — que tem esse nome
adivinhe por quê? As meninas vibraram com os peixinhos coloridos da grande piscina natural que é a Lagoa Azul. Mal o barco parou, se atiraram na água. Eu e Sofia fizemos o
mesmo em seguida, mas só depois de jogar farelos de pão no mar, para atrair ainda mais
peixinhos para perto delas. Logo, estávamos todos cercados pelos cardumes alvoroçados de
pequenos peixinhos listrados. As meninas emitiam gritinhos excitados. Já a transparência da
água deixaram eu e Sofia encantados.
A Lagoa Azul era um dos poucos lugares da ilha que já conhecíamos. Por isso, a escolhemos como nosso ponto de partida. Mas havia outra razão: as boas lembranças deixadas por algumas (muitas) porções de peixe fresco e frito, que devoramos ali, na primeira vez que fomos
a Ilha Grande, com nosso barco. Elas vinham de uma espécie de traineira transformada em bar
flutuante, que — sorte nossa! — lá estava, de novo, ancorada bem diante do nosso barco. Saí da
água e encomendei logo uma porção de peixe e de camarão frito. A comida chegou rápido e, como
36
Náutica SudeSte
fernando monteiro
R
oteiro mesmo, não havia.
Só a vontade de passar
volta
completa
Na Vila do Abraão
(foto maior), eles
ficaram sabendo
sobre o Saco Dois
Rios (ao lado) e
resolveram ir de
barco até o lado
de fora da ilha.
Para alegria da
filha Adélia, que
adorou as praias
da Ilha Grande
Eles pouco conheciam
a ilha. E não imaginavam que
ela fosse tão grande e bonita
Náutica SudeSte
37
avaré
cruzeiro na ilha grande
petacular fuga de helicóptero, em 1985, que acabou por acelerar
o fim do presídio. Já o folclórico travesti Madame Satã, condenado a quase 30 anos de prisão por brigas e coisas bem piores, ficou ainda mais conhecido na ilha, porque, depois de solto, viveu anos na mais serena paz como cozinheiro de um pequeno
restaurante na própria Vila do Abraão.
sempre, a bordo de uma curiosa canoa.
Atraídas pelo cheirinho da comida, as
meninas saíram da água e vieram nos fazer companhia, naquele maravilhoso fim
de tarde. Era, sem dúvida, um ótimo começo de viagem. Pernoitamos ali mesmo,
depois de eu me certificar que o mar permaneceria tranquilo a noite inteira.
F
alberto sodré
38
Náutica SudeSte
mozart latorre
C
omo já disse, não tínhamos planos.
Mas havia, sim, o desejo de voltar à
sensacional praia Lopes Mendes, que
havíamos conhecido de sopetão, na vez
anterior. Na manhã seguinte, resolvemos seguir
para lá. Só que a motor, porque o vento estava
bem fraco naquela manhã meio nublada. Teríamos
que navegar toda a extensão da parte de dentro da
ilha, o que, no entanto, prometia ser um grande prazer. E foi mesmo. No caminho, o sol abriu e as meninas ficaram entusiasmadas com a ideia de fazer uma
parada na Vila do Abraão, para almoçar.
Apesar das más lembranças do passado, eu e Sofia concordamos em fazer uma escala na única “cidade” da ilha
— se é que dá para chamar de “cidade” um lugar que nem
ruas tem, que dirá automóveis. Como, aliás, em nenhum outro ponto da Ilha Grande, onde tudo tem de ser feito a pé ou de
barco — apesar das distâncias enormes entre um ponto e outro,
o que explica o próprio nome da ilha.
Mesmo assim, a Vila do Abraão está longe de ser o que poderia ter sido se tivesse tido um mínimo de planejamento antes
de virar o que é hoje em dia: um centrinho meio confuso e movimentado, já que ali chegam as barcas que vêm do continente e desembarcam todos os que vão para a ilha sem o próprio barco. E ficar
na Ilha Grande sem um barco é a pior roubada. Até porque, como eu
já disse, lá não existem nem automóveis: só trilhas. E, quando muito,
elas unem apenas uma praia à seguinte.
A falta de caminhos e a proibição de veículos na ilha são uma
herança dos tempos em que a Ilha Grande abrigou um dos mais famosos presídios do país, desativado décadas atrás. Por ele, passaram de
figuras ilustres, como o escritor Graciliano Ramos, preso por questões
políticas numa época em que o Brasil cultivava a estranha mania de alocar presos em suas ilhas mais bonitas (em Fernando de Noronha aconteceu o mesmo), a bandidos comuns (porém igualmente famosos), como
Lúcio Flávio, Madame Satã e Escadinha — este último, autor de uma es-
as que
elas mais
gostaRam
As meninas
curtiram cada dia
do cruzeiro, que
foi pulando de
praia em praia.
Entre as favoritas,
as desertas
Enseada das
Palmas (acima) e
Lopes Mendes
(ao lado)
iquei curioso sobre as histórias do antigo presídio
e decidi que iríamos até o Saco Dois Rios, do outro lado da ilha, visitar o que restou dele. Até porque, pelo que me disseram no Abraão, era uma
praia tão bonita que todo mundo ficava se perguntando
por que teriam construído uma cadeia logo ali? Para chegar lá, havia dois caminhos: por terra, camelando de um
lado a outro da ilha (algo inviável para quem tinha duas
crianças), ou pelo mar, contornando toda a ilha —
bem mais prático para quem tinha o seu próprio barco e ainda seis dias de férias pela frente. Optei pela
segunda alternativa, claro. Mas só depois que visitássemos a praia de Lopes Mendes, nosso primeiro
objetivo. E para lá partimos, depois de comer um
peixe razoavelmente decente num dos pequenos
restaurantes da Vila do Abraão. Que, de novo,
bombava de turistas, já que era um sábado.
O melhor acesso para Lopes Mendes não é
pelo mar e sim por uma rápida trilha que parte da Enseada das Palmas, que fica de costas
para ela, na parte mais estreita da ilha. É uma
caminhada curta e fácil, apesar de algumas
subidas meio íngremes, já que a Ilha Grande é como uma espécie de montanha-russa
da natureza, cheia de subidas e descidas de
morros repletos de verde. Como o mar estava calmo, até teria dado para ir a Lopes
Mendes de barco, contornando a ponta norte da ilha. Mas, pra que, se o fundeio lá não é muito fácil e só é possível
num cantinho da praia, se não houver ondas, o que ali é raro. Melhor
não arriscar.
Lopes Mendes tem tudo aquilo que a gente costuma querer de
um paraíso. Ou seja, nada! Só
um praião deserto e com uma
A praia
de Lopes
Mendes tinha
tudo o que
eles mais
buscavam.
Ou seja, nada
Náutica SudeSte
39
cruzeiro na ilha grande
areia tão fininha que emite “icks, icks” quando você caminha. Depois de
pernoitar na Enseada das Palmas (ótima escolha, por sinal), fomos para lá
no domingo, dia de “muito movimento” na praia, o que ali significa meia
dúzia de gatos pingados no mar — e quase todos surfistas, já que Lopes
Mendes está para as pranchas assim como a oposta Enseada das Palmas
para os barcos. Passamos a manhã inteira lá, mas voltamos para almoçar
a bordo, porque em Lopes Mendes não existe nem barraquinha vendendo cerveja gelada. Pensando bem, ainda bem!
fernando monteiro
C
omemos, descansamos e partimos, de volta pelo lado de
dentro da ilha, rumo ao local do nosso próximo pernoite: o tranquilíssimo Saco do Céu, indicado por dez
em cada dez donos de barco que frequentam a ilha.
Sim, agora já tínhamos um plano: chegar ao Saco Dois Rios,
do outro lado da ilha. Mas nada que nos impedisse de ir saboreando as outras atrações do caminho. Como o próprio
Saco do Céu, uma espécie de lagoa de águas tão tranquilas, que, à noite, a superfície do mar reflete as estrelas do
céu — daí, por sinal, o seu nome. Entramos e ficamos —
em vez de uma noite apenas, quase dois dias completos.
É que, além da curiosidade do tal reflexo das estrelas, o
Saco do Céu tem outros atrativos de primeira grandeza para quem também gosta de comer bem, como era
o nosso caso. Dentro daquela grande baía bem fechada (que os caiçaras chamam de “saco”), há, pelo menos, três bons restaurantes, de que já tínhamos ouvido falar. Um deles é o Almirantado, que se revelou
melhor até do que imaginávamos. Outro é o charmoso Reis e Magos, com mesas rústicas em gazebos debruçados sobre o mar, perfeito para um
jantar a dois — mas que, no nosso caso, foi mesmo a quatro. E o simpático Coqueiro Verde,
com mesas ao ar livre que se espalham num
gramado à beira-mar e ao redor de uma piscininha que imita uma lagoa, que as meninas
amaram. Eu apreciei particularmente a praticidade: nos restaurantes do Saco do Céu,
você chega com o seu barco, desembarca e os marinheiros locais cuidam até de
atracá-lo, como manobristas de estacionamento das cidades.
Dormimos duas noites no Saco do
Céu (não existe mesmo melhor lugar
para isso em toda a Ilha Grande) e
No Saco do Céu,
ficaram um dia a mais
que o previsto. Não
deu para resistir
40
Náutica SudeSte
fisgados
pela beleza
Eles entraram no
Saco do Céu (ao
lado) apenas para
pernoitar. Acabaram
ficando dois dias lá.
Já a proibida praia
do Leste (abaixo),
que é reserva
ambiental, só
puderam olhar
de longe
só partimos na manhã de terça-feira, quando, pensando bem, poderíamos estar lá até hoje. Na Ilha Grande
é assim: os lugares são tão bonitos que
você não tem vontade de ir embora.
Mas, quando sai, descobre coisas ainda
mais bonitas adiante. Como, por exemplo, o Saco da Longa, uma reen-trância
tão escondidinha na orla da ilha que muitos barcos acabam passando reto. Mas nós
não. Atraídos pela curiosidade de uma igrejinha no fundo da praia (há na ilha várias delas), entramos e ancoramos perto de um riachinho, que desaguava em câmera lenta no mar.
Barcos de passeio? Só o meu. Turistas? Nenhum
à vista. Dormimos ali mesmo, felizes da vida.
E
xperimentamos esta mesma deliciosa sensação no dia seguinte, na esquecida comunidade de Provetá, formada quase que
exclusivamente por evangélicos, já na parte de fora da ilha. Tínhamos sido alertados para o jeito meio rude das pessoas de lá e, por isso, chegamos
sem muito alarde. Até que uma canoa se aproximou do
nosso barco, trazendo dois homens a bordo e uma surpreendente mensagem: “Sejam bem-vindos!” Não esperávamos aquilo! Eles ainda se ofereceram para ajudar no fundeio, que ali é fundamental, porque, em Provetá, quando o
mar está de mau humor é melhor nem tentar. Joguei o ferro
em meio a um mar de barcos de pesca (todos batizados com
nomes religiosos) e saímos para passear. Provetá não é bonita
(nem de longe se compara à quase vizinha e, esta sim, sensacional, Praia dos Meros, que também visitamos), mas é, sem dúvida, curiosa, justamente por causa do isolamento da sua comunidade. São mais de 2 000 pessoas (a Ilha Grande inteira tem pouco
mais de 7 000) vivendo longe do nosso mundo e, aparentemente,
sem sentir a menor falta dele. Para chegar ou sair dali, só de barco,
quando o mar permite, ou caminhando dois dias (eu disse dois dias!)
até a Vila do Abraão. E tudo isso em pleno século 21 e entre as duas
maiores cidades do país! A Ilha Grande é fabulosa até nisso.
O que manteve a ilha tão preservada foi o seu passado nebuloso:
foi leprosário no século 19, presídio no seguinte e, bem antes disso, esconderijo de piratas. Mesmo hoje, muitas de suas praias (e são muuuitas
mesmo) ainda são como nos tempos em que os corsários se escondiam nas
Náutica SudeSte
41
cruzeiro na ilha grande
A caminho
do Saco Dois
Rios, novas
descobertas.
E mais e mais
praias desertas
feito
caRtão-postal
O caprichoso
coqueiro da praia
do Aventureiro:
para tirar foto e
guardar também
na memória
42
Náutica SudeSte
suas reentrâncias, para atacar os barcos carregados com o ouro que escoava para a Europa do vizinho porto de Paraty. É o caso das intocadas (intocadas mesmo, até porque hoje são áreas de preservação ambiental e ninguém pode entrar) praias do Sul e do Leste, talvez as
duas maiores preciosidades da ilha. Mas, já haviam me avisado que
não se pode sequer parar o barco diante delas.
E
m compensação, dá para ancorar e desembarcar na
vizinha praia do Aventureiro, cujo símbolo é um
gracioso coqueiro caprichosamente debruçado sobre o mar, feito pôster de agência de viagens. Nem
Hollywood teria montado um cenário tão delicado. Pernoitamos lá e fomos brindados com uma lua cheia que iluminava a praia feito um holofote. Até as meninas foram dormir
mais tarde, só para ver o espetáculo.
Na manhã seguinte, acordamos bem cedo e partimos. O objetivo era pegar o mar ainda lisinho das primeiras horas do dia, antes que o vento começasse a soprar e erguesse ondas, o que geralmente só acontece
na parte de fora da ilha à tarde. Deu certo. Apesar das
velas murchas, a baixa velocidade permitiu ir curtindo a paisagem do caminho.
E foi assim que chegamos ao Saco Dois Rios,
onde desembarcamos para visitar o que sobrou
do presídio. Praticamente nada, já que ele foi
implodido. Mas conhecemos um ex-detento
que nos falou de uma prainha adiante, considerada a mais gracinha da ilha — um julgamento sempre difícil, porque, na Ilha Grande, quando você acha que encontrou a
praia mais bonita surge outra que é melhor
ainda. Decidimos tirar nossas próprias
conclusões e navegamos até a tal prainha, que se chama Cachadaço. E era
mesmo de encher os olhos: não mais
de 50 metros de areias branquinhas, ao
fundo de uma microbaía onde só cabia um barco: o nosso.
Acabamos passando a última
noite na nossa praia exclusiva. Foi o
sexto pernoite diferente em apenas
uma semana de cruzeiro. Nada
mal para quem não tinha plano
algum em mente...
Não tem barco?
Alugue um
N
ão é por acaso que a baía de Ilha Grande reúne
a maior concentração de empresas de aluguel de
barcos do país. São mais de seis, sem contar os donos
na Marina Bracuhy, em Angra dos Reis, que oferece (bons) veleiros,
que alugam informalmente os próprios barcos, o que, no
especialmente da marca alemã Bavária, e a Wind Charter (tel.
entanto, convém ser evitado, porque não há garantias para
24/2404-0020), que tem sede na Marina do Engenho, em Paraty,
quem os aluga. Já as empresas ficam concentradas em
e oferece diversos barcos à vela, de diferentes tamanhos e preços.
Angra dos Reis e Paraty e oferecem, basicamente, veleiros, já
Quanto custam? Depende do tamanho do barco, da época do
que lanchas, por conta da autonomia limitada do combustível,
ano e da necessidade, ou não, de ter um comandante a bordo.
não se prestam a cruzeiros mais longos, como merecem
Em geral, a partir de R$ 1 000 por dia, para os barcos menores
ser os da Ilha Grande. Nestes dois pontos de partida, duas
— bem menos do que as pessoas imaginam que custe.
empresas se destacam: a Sailabout (tel. 24/3370-6429), baseada
Mamando
nas tetas
do parcel
O parcel da Teta fica bem longe da
costa e exige horas de navegação, a
partir de Ubatuba. Mas enche os olhos
de qualquer pescador oceânico
fotos jun tabata
N
Parcel da teta
72 milhas
ubatuba
44
Náutica SudeSte
Onde fica?
O “cabeço”, ou parte mais
rasa do parcel, fica nas
coordenadas S24°33.753’ /
W044°34.541’. Já o “buraco”,
ou trecho mais profundo,
encontra-se em S24°35.258’
/ W044°34.559’ — coloque
no GPS e siga reto, mar
adentro. De qualquer
forma, é longe à beça:
mais de 70 milhas da
costa, o que implica em
várias horas de
navegação, dependendo
da velocidade do barco.
ão é perto e exige um bom barco. Mesmo
assim, para quem curte pescarias oceânicas, o Parcel da Teta tem o mesmo apelo
de um parque da Disney para as crianças.
Trata-se de um dos pesqueiros mais fartos
do litoral paulista, repleto de troféus à espera de serem
fisgados. Só que não é nada fácil sequer chegar lá, porque o Parcel da Teta, que tem esse nome porque o seu
formato lembra o de um grande seio submarino, fica no
mar aberto, a cerca de 72 milhas náuticas, ou mais de 130
quilômetros em linha reta, de Ubatuba. É longe à beça.
Do Saco da Ribeira até lá são, pelo menos, três (ou
quatro) horas de navegação, em barco rápido, ou mais
de cinco (ou seis...), em velocidade mais tranquila de
cruzeiro. Isso se o mar ajudar. Ou seja, só para ir e voltar, vai praticamente o dia inteiro, o que quase sempre
implica em dormir no mar.
Também exige um barco com boa autonomia, porque, além de distante da costa, a área do parcel é enorme e só as movimentações por lá já consomem bastante combustível. Além disso, é preciso escolher bem
o dia da pescaria, porque a região sofre intensamente
com os ventos e, nos períodos errados, as pescarias se
tornam verdadeiros martírios. Acompanhar atentamente a previsão do tempo é tão fundamental para a segurança quanto ter um barco confiável e de bom tamanho para curtir uma pescaria no Parcel da Teta.
Com que vara eu vou?
Alguns equipamentos que fazem a
diferença nas pescarias neste parcel
muitos
peixes
O que mais
impressiona
no Parcel
da Teta é a
quantidade e
a variedade
de espécies
que
podem ser
capturadas.
Mas a viagem
até lá é longa
Mas, quem conhece, sabe que tudo isso vale a
pena. Até porque, além de abrigar muitos peixes e muitas espécies, o Parcel da Teta exige bastante técnica do
pescador. Como uma espécie de desafio em alto-mar.
O parcel é uma extensa região de cascalhos, com
profundidades variando entre os 115 e 220 metros, já no
mar azul das águas oceânicas, que atrai peixes com os
quais todo pescador sonha. A lista de possíveis troféus é
enorme. Na meia-água, abundam olhetes, olhos-de-boi,
atuns, bonitos e cavalas, além de dourados e marlins
nos meses de verão, o que não é bem o caso agora. E,
no fundo, habitam pargos, saramonetes e grandes chernes, entre outros peixes, daqueles que rendem fotos que
deixam os amigos babando de inveja. Além disso, durante os reposicionamentos do barco, vale a pena tentar
uma pesca de corrico, porque aquelas águas são também bastante frequentadas por espécies de passagem.
Mesmo assim, nem sempre os peixes decidem atacar as iscas, o que torna as pescarias ainda mais desafiadoras. A Teta é um pesqueiro do tipo oito ou oitenta: ou a isca é abocanhada antes mesmo de descer
tudo ou o pescador passa horas a fio sem pegar nada.
E a única maneira de compensar isso é com experiência e equipamento certo. Se não for o seu caso, vá junto com quem sabe.
Para quem gosta de pescar, o Parcel da Teta é um
prato cheio. Literalmente.
Varas — As mais
indicadas são as leves,
de 50 a 80 lb e até seis
pés de comprimento,
mas com componentes
ultrarresistentes, porque
alguns peixes de lá são
bem fortes e grandes.
MOlinetes OU
carretilhas —
Podem ser manuais.
Mas, se a correnteza
for intensa ou o vento
estiver soprando forte,
as elétricas são mais
indicadas. Importante é que
comportem, pelo menos,
250 metros de linhada.
linhas — Precisam
ser de multifilamento. As de numeração 4 ou 5 (ou com
40 a 60 libras) são as mais indicadas.
líder — Absolutamente fundamental, porque a
transparência da água é grande. É preciso afastar ao
máximo a linha da isca. Use, ao menos, de 8 a 10 metros
de linha de fluorcarbono como líder.
iscas natUrais — As mais produtivas são as
lulas frescas inteiras ou em filés, além de pedaços de
sardinha ou bonito.
Náutica SudeSte
45
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1 (Ingl.) O significado do pedido de socorro S.O.S. • 2 Resgate marítimo • 5 Violenta tempestade, com ventos em forma de
turbilhão e fortes chuvas • 6 (Nó) Locução que indica dificuldade que parece não ter solução • 9 País insular da Europa, com capital La Valetta • 11 A
face superior interna de um ambiente fechado • 12 Terraço reservado aos banhos de sol • 14 Movimento oscilatório de um navio em qualquer direção,
provocado pela agitação da água • 15 O nome do veleiro de três mastros com que Shackleton navegou rumo ao polo Sul, em 1914 • 16 O mergulhar
da proa do navio, no balanço de proa a popa produzido pela agitação do mar • 18 A continental é a parte do relevo submarino próximo ao litoral, de
largura variável e com profundidade média de 200 m • 21 Mosquito também conhecido como borrachudo, de picada dolorosa • 23 (Náut.) Cada uma
das voltas de cabo ou amarra, quando enrolado de formas diversas • 24 Cada um dos eletrodos de uma válvula eletrônica • 25 A Fabiana remadora
brasileira campeã mundial em 2011 • 26 Troca da moeda de um país pela moeda de outro, considerando-se o valor das duas • 27 O primeiro sinal de
mOZART lATORRE
terra avistado pela esquadra de Pedro Álvares Cabral em terras brasileiras • 28 Diz-se de sentido cuja rotação é contrária à dos ponteiros do relógio.
ILHABELA
99.5
V
E
R
T
I
C
A
I
S
1 Exploração do ar ou da água, por meio de aparelhos e processos técnicos especiais • 3 Cidade litorânea fluminense, próxima a Ilha Grande e também
à restinga de Marambaia • 4 A direção na esfera celeste simbolizada por SW • 5 O navegante italiano Cristóvão (1451-1506), descobridor da América
• 7 Veículo subaquático, com janelas, usado para explorar profundidades oceânicas • 8 (Fig.) A parte posterior de qualquer lugar • 10 Camarote
de navio ou iate • 11 Um processo de transmissão e reprodução do som a distância, por meio de fios, cabos ou ondas eletromagnéticas • 13 Área
limitada, marítima ou terrestre, isenta de impostos aduaneiros quanto às mercadorias ali fabricadas, ficando sujeitas a impostos somente no caso
de saída desta área • 16 Um animal como o siri ou a craca • 17 Porção de água que penetra em recorte da margem e forma uma pequena enseada
tranquila • 19 Ancoradouro • 20 Prolongamento do costado da embarcação, acima do convés descoberto • 22 Bracear as velas pelo lado oposto.
Náutica SudeSte
49
Elaboradas por A Recreativa — palavras cruzadas e passatempos — www.recreativa.com.br
Nome deste equipamento
arquivo Pessoal
3 perguntas
“Não é viagem. é opção de vida”
Há anos que o paulista Lucas Taiul navega pelo mundo, com sua família, sem
nenhum destino final, mas sabendo muito bem o que quer: apenas viver bem
1
Não é desconfortável e
arriscado navegar tão longe
com crianças a bordo?
“Toda escolha tem ônus e bônus.
50
Náutica SudeSte
2
Vocês não sentem falta
de lançar âncora e fincar
raízes em algum porto?
“A beleza da esfera do planeta é que,
como toda esfera, ela não tem fim. Não
existe apenas uma viagem de volta ao
mundo. Existem várias viagens possíveis
dentro de uma volta ao mundo. Não temos pressa alguma. Vivemos de acordo
com as circunstâncias. Agora, por exemplo, estamos há tempos na Nova Zelândia,
onde passamos a maior parte do tempo
em terra firme. As meninas estão frequentando uma escola e tenho usado o Santa
Paz para cursos de navegação oceânica e
visitas a comunidades tradicionais da região. Para mim, o Santa Paz é mais do que
um barco. É um meio de vida entre as velhas tradições e a descoberta de
novos caminhos.”
3
Fish Master
Até quando pretendem
morar em um barco e
viajar pelo mundo?
“Não temos planos neste sentido. Es-
tamos navegando desde que compramos
o Santa Paz, em 2003, e seguimos sem
pressa alguma. Nossos amigos até brincam que o nosso barco deveria se chamar Santa Paciência, tal a lentidão das
nossas viagens. Mas é como gostamos de
navegar: devagarzinho, parando a cada
porto, nos envolvendo com as comunidades, aprendendo e trocando experiências
com eles. Viajamos em busca de encontros com pessoas, não de fotos nos cartões-postais de cada lugar. Não temos um
destino final, nem uma data para chegar
a lugar algum. Não é uma viagem. É uma
opção de vida. Se puder, quero viver assim até o fim.”
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Sim, há menos conforto num barco do
que numa casa, mas isso é parte da
opção que fizemos pela mobilidade, coisa
que nenhuma casa oferece. Também
acho que há menos riscos no oceano
do que nas grandes cidades brasileiras.
Filhos são o que há de mais especial na
vida. Ensiná-los não é apenas transmitir
conhecimentos, mas fazê-los viver de
acordo com o que os pais julgam ser
melhor e correto. Acho arriscado delegar
a educação dos filhos. Criança não precisa
de recursos caros. Precisa de amor, tempo
e atenção para elas, o que temos de
sobra, quando a bordo de um barco.
O resto me parece acessório.”
vegaria quando desse vontade e pararia onde a família quisesse. Nessas e outras, foi parar na distante Nova Zelândia,
onde a família se encontra no momento, sem previsões de
partir tão cedo nem de ficar para sempre. Até porque, para
ele, não se trata de uma viagem e sim de uma opção de
vida, como conta nesta rápida entrevista.
CONFORME MANUAL E
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Q
uando partiu do Brasil, anos atrás, com sua mulher
e duas filhas pequenas a bordo do veleiro Santa Paz,
o velejador paulista Lucas Taiul sabia muito bem o
que queria: viver de maneira simples, mas bem. Também
queria conhecer pessoas e expandir os horizontes das meninas, razão pela qual não traçou nenhum rígido roteiro. Na-
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