festas e tradições paulistas

Transcrição

festas e tradições paulistas
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Índice
CORTEJOS
DANÇAS
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Fandango de Tamancos
Fandango de Chinelas
Dança de São Gonçalo
Catira
Ciranda
Jongo
Samba de Bumbo
Samba de Lenço
Dança de Pares
Dança de Santa Cruz
Chiba
FESTAS E FESTIVAIS
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Procissões das Águas
Festa do Divino
Festas do Divino
Folias do Divino
Encontro de Batelões
Cavalarias (Cavalhadas)
Encontro da Folia de Reis
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ROMARIAS
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Cavalhadas
Caiapós
Reiadas
Reisado
Pastorinha
Moçambique (Moçambiques)
Congos
Folias de Reis
Explicações e Ocorrências
Centros de Peregrinações
Cemitérios
Recomenda das Almas
Tooro Nagashi e Bom Odori
OUTROS
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Folia do Divino
Pesca Artesanal
Figureiros (as)
MÚSICA
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FOLGUEDOS
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Boisinhos
Entradas
Cabeções
Cururu
Marimbas
Violas
ARTESANATOS
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Trançados
Cerâmicas
Entalhamento
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TRADIÇÕES
O Brasil possui um riquíssimo
patrimônio no campo da cultura popular, singular pela
sua pluralidade, gerada pelo
hibridismo etnográfico, racial, social e religioso desde a sua formação.
Esses bens culturais de natureza imaterial sobrevivem graças à força e a resistência dos grupos sociais que lutam para
preservar a sua identidade cultural, através da prática de
costumes e cultos de suas crenças e valores.
Essa resistência sobreviveu à evolução industrial, resiste ao
processo de globalização e ao poder com que atua a indústria cultural nos meios de comunicação de massa, levando a
população ao consumo de modismos pueris e de uma uniformidade lastimável.
A cultura popular, entretanto, alheia a esses interesses e
mecanismos, consegue manter com integridade, seus valores, merecendo das instituições ligadas à cultura, uma atenção muito especial e necessária.
O Projeto Culturas e Tradições Paulistas da OSCIP
“Formiguinhas do Vale”, muito atento a esses fatores, fundamentou-se na pesquisa, registro e promoção da cultura popular, abordando-a em toda sua extensão e complexidade,
nos campos das idéias, das crenças, costumes, artes, linguagem, moral, direito, reconhecendo e promovendo as formas
legítimas de sentir, pensar e agir do nosso povo e da produção acadêmica em torno destes Saberes, colaborando na manutenção do nosso patrimônio de natureza imaterial, objetivando a autovalorização dos grupos sociais que as praticam.
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Danças
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Fandango de Tamancos
Versão masculina do fandango, sem os bailados, entremeando os fortes sapateados e palmeados com os queromanas, as modas
que relatam aspectos da vida rural, com possibilidades para improvisos.
O acompanhamento se dá com pé de bode (sanfona de oito baixos) e/ou
violas.
Ocorrência: Capão Bonito, Ribeirão Grande.
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Fandango de Chilenas
Dançando com botas de meio cano, as botas dos tropeiros paulistas, nas quais são atadas as chinelas, espécie de grandes esporas com várias rosetas que tinem durante o sapateado e o entre-choque de botas. O
acompanhamento é feito com violas. De resto valem as informações referentes ao fandango de tamancos.
Ocorrência: Capela do Alto, Sorocaba, Tatuí.
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Dança de São Gonçalo
É dança de cunho especialmente religioso, quase sempre em pagamento de promessa, expressando de forma especial a devoção a
São Gonçalo. Há em São Paulo duas formas distintas de dança devocional: o São Gonçalo do litoral e o do interior. O do litoral acontece sempre ao som de violas, rabecas, cordas em geral e caixa, todo
valsado e solene, sempre executada por pares. É mais compacto, não durando mais de 15 minutos, acontecendo sempre em cumprimento de promessa, no início dos bailes de sítio e fandangos.
O São Gonçalo do interior, também dançado em cumprimento de
promessa ao som de duas violas, é marcado pela alternância de vênias ao
altar, palmeados e sapateados, dançadores organizados em duas filas, durando a função toda uma noite. São muitas as companhias São Gonçaleiras, organizadas, que não raro, chegam a se revezar nas funções.
Ocorrência: Atibaia, Bom Jesus dos Perdões, Capão Bonito, Capela do Alto, Jarinu, Itapeva, Joanópolis, Lagoinha, Mairiporã, Mogi das
Cruzes, Natividade da Serra, Nazaré Paulista, Piracaia, Redenção da Serra, Santo Antônio do Pinhal, Ribeirão Grande, São Luís do Paraitinga,
São José dos Campos, Santa Izabel, Tatuí.
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Catira
Catira e cateretê são denominações de nossas danças de sapateado, derivadas do antigo fandango português. Ponteiam todo o
Estado,
incluindo-se
a
grande
São
Paulo.
Com os Encontros de Catira no Revelando São Paulo buscamos estimular a participação das crianças e grupos de jovens.
Ocorrência: Álvares Florence, Arealva, Caconde, Cardoso, Cidade
de São Paulo, Barretos, Bauru, Dracena, Dois Córregos, Gastão Vidigal,
Guapiaçu, Guarulhos, Holambra, Ibirá, Joboticabal, Mauá, Monte Aprazível, Nhandeara, Novo Horizonte, Osasco, Palestina, Palmital, Platina,
Paraguaçu-Paulista, Paranapuã, Paulo de Faria, Piracicaba, Poloni, Sabino, Santa Fé do Sul, São José dos Campos, Sorocaba, Tabatinga, Tanabi,
Tapira, Taubaté, Urupês, Votuporanga.
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Ciranda
Dança litorânea com marcas, figurados e passadinhos, em pares,
acompanhada sempre por violas. Pode ser executada de forma
autônoma ou integrando o conjunto de bailados do Chiba/ Fandango.
Ocorrência: Caraguatatuba, Ilhabela, São Sebastião e Ubatuba.
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Jongo
Jongo é dança de origem banto, do mesmo tronco do batuque, ambos, ancestrais do samba e do pagode, que resiste em alguns pontos do
Vale do Paraíba. Em Taubaté, São Luís do Piratinga, Pindamonhangaba e
Cunha, encontram-se os últimos redutos de jongueiros do Vale Paulista e
que se encontram, no momento, em fase de revivescência. Estruturado
em roda, em torno de uma fogueira que ajuda a manter a afinação dos
tambores, acontecem hoje em praças públicas, da mesma forma que, outrora, aconteciam nos terreiros. Com ela os participantes homenageiam
São Benedito e os nossos ante- passados negros.
Ocorrência: Cunha, Lagoinha, Pindamonhangaba, São Luis do
Paraitinga, Taubaté.
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Samba de Bumbo
São duas variantes do samba tradicional em São Paulo, considerados como os ancestrais do samba cosmopolita. Guardam traços que os
aproximam do jongo e do batuque, seus parentes próximos e por muitos
considerados como seus antecessores. O de Bumbo, tem como foco de
aglutinação a Festa do Bom Jesus, em Pirapora. O Lenço, a devoção familiar do grupo a São Benedito. Letras e melodias singelas e funcionais,
algumas tradicionais, outras estruturadas de acordo com as circunstâncias.
Ocorrência: Campinas, Pirapora, Santana do Parnaíba.
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Samba de Lenço
São duas variantes do samba tradicional em São Paulo, considerados como os ancestrais do samba cosmopolita. Guardam traços que os
aproximam do jongo e do batuque, seus parentes próximos e por muitos
considerados como seus antecessores. O de Bumbo, tem como foco de
aglutinação a Festa do Bom Jesus, em Pirapora. O Lenço, a devoção familiar do grupo a São Benedito. Letras e melodias singelas e funcionais,
algumas tradicionais, outras estruturadas de acordo com as circunstâncias.
Ocorrência: Mauá.
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Dança de Pares
São variadas as danças de pares, enlaçados ou simplesmente de
mãos dadas, em uso em todo o Interior Sul e Vale do Ribeira. Muitas delas guardam ainda nítidos traços de sua origem nobre: - provenientes da
corte européia, embalaram os salões da corte brasileira e continuam a
animar os nossos bailes e festas populares. É assim com os tchotes
(carreirinha, marcado, simples, inglês), com a mazurca (simples e de
quatro), com as vaneirinhas, o caranguejo, a palminha e tantas outras.
Ocorrência: Apiaí, Capão Bonito, Itapeva, Itararé, Ribeirão
Grande
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Dança de Santa Cruz
A devoção à Santa Cruz (Cruzeiro) tão estimulada, ao que parece,
pelos jesuítas, fixou-se de forma significativa na Grande São Paulo, Vale
do Paraíba e Comunidades da Mantiqueira. São muito numerosas as capelinhas de beira de estrada e sítios que lhe são votadas e em que acontecem as rezas e significativas festas. A devoção se expressa com a Dança
de Santa Cruz - na realidade, uma seqüência de danças com que se saúdam o Cruzeiro Principal e as Cruzes enfeitadas de flores colocadas à
frente das casas.
Ocorrência: Carapicuíba, Itaquaquecetuba, Embu.
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Chiba
versão do fandango no Litoral Norte, compreendendo as modas
próprias para os bate pés, palmeados e os grandes figurados, com acompanhamento de violas. Participam pares, sendo que as mulheres só executam os bailados, não os sapateados.
Ocorrência: Caraguatatuba, Ilhabela, São Sebastião e Ubatuba.
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Festas e Festivais
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Procissões das Águas
Afora os encontros dos Irmãos do Divino nas águas do Médio
Tietê (região em que o rio volta de novo à vida), observamos
outras devoções a se expressarem nas águas, estruturadas em
grandes cortejos fluviais, lacustres e marítimos de embarcações
variadas (barcos, bateras, ubás, botes, chatas, lanchas, balsas,
bóias). Busca se com eles homenagear Bom Jesus, Nossa Senhora (dos Navegantes, do Livramento, do Rocio, do Patrocínio, Aparecida) e São Pedro.
Ocorrência: Cananéia, Barra Bonita, Botucatu, Diadema, Guarujá, Iguape, Ilha Bela, Iporanga, Leme, Nazaré Paulista, Pindamonhangaba, Presidente Epitácio, São Bernardo do Campo/Riacho Grande, Salto
Grande, Santos, São Vicente, Teodoro Sampaio, Tremembé, Ubatuba.
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Festa do Divino
A devoção ao Divino Espírito Santo constitui-se em um dos
fortes núcleos das devoções populares em São Paulo. Herança
do colonizador português se exterioriza de diversas formas, resultando sempre em grandes festas, sendo estas das mais cheias
de pompa e espetacularidade desde os tempos do Brasil Colônia. Da celebração festiva já faziam parte os imperadores, mordomos, bandeireiros,
império e levantamento do Mastro do Divino.
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Festas do Divino
Acreditamos, que as Festas do Divino sejam das mais difusas por
todo o Estado, concentradas no tempo Pentecostal prescrito pela Igreja e
fora dele, quase sempre cheias de pompa e espetacularidade. São muitos
os municípios que as realizam com imponência e fartura de comezainas.
Assumem peculiaridades regionais, ressaltando-se das que são organizadas no Médio Tietê os famosos encontros fluviais das Irmandades do Divino em grandes batelões. Nas do Litoral e Vale do Paraíba multiplicamse os cortejos de muitos devotos, cada qual com sua bandeira votiva. Ainda nesta região são comuns os cortejos a cavalo (as famosas cavalarias), e a farra do João Paulino e a Maria Angu (bonecos gigantes). Nelas
não podem faltar o levantamento do Mastro Votivo, o Império do Divino
ricamente ornamentado, e as comidas, símbolo da maior graça do Divino
- a fartura.
Ocorrência: Angatuba, Anhembi, Araçoiaba da Serra, Arandu, Biritiba-Mirim, Buri, Cananéia, Capão Bonito, Caraguatatuba, Conchas,
Cotia, Cunha, Divinolândia, Iguape, Itu, Jacupiranga, Laranjal Paulista,
Lagoinha, Mogi das Cruzes, Nazaré Paulista, Nuporanga, Paraibuna, Pereiras, Piedade, Piracaia, Piracicaba, Porongaba, Porto Feliz, Ragoinha,
Santa Branca, Salesópolis, São Luís do Paraitinga, Silveiras, Suzano, Tietê, Ubatuba, Ubirajara.
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Folias do Divino
São pequenos grupos de até 5 pessoas, os Foliões do Divino, que, com
suas jornadas, meses participam da preparação das Festas do Divino, visitando as casas das zonas rural e urbana, cantando os feitos e os poderes
do Divino Espírito Santo, recolhendo donativos, sempre abundantes, para
sua celebração. Percorrendo assim as comunidades de canto a canto e anunciando a festa, avivam a fé no Divino.
Ocorrência: Anhembi, Caconde, Cananéia, Cunha, Iguape, Itanhaém, Itu, Itapeva, Lagoinha, Laranjal Paulista, Mogi das Cruzes, Natividade da Serra, Paraibuna, Piracicaba, Redenção da Serra, Salesópolis, São
Luís do Paraitinga, São José dos Campos, Tietê, Ubatuba.
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Encontro de Batelões
No Médio Tietê, no principal dia da Festa do Divino, acontecem os encontros fluviais das Irmandades do Divino em grandes batelões - os famosos Encontros de Batelões. Os batelões
são grandes barcos capazes de transportar, em alguns casos, até
40 pessoas, impulsionados por varejões ou por remos. Até pouco tempo levam os Irmãos do Divino neles seguiam de pouso em pouso
(os sítios na zona rural que acolhem a bandeira/ folia, dando-lhes pernoite). Hoje ainda são muitos os pousos (os donos das casas recebendo os
amigos e devotos do Divino sempre com mesas fartas), mas os acessos,
nem sempre, são feitos por barcos. No grande dia da festa, os barcos do
rio abaixo se encontram com os do rio acima, em meio a revoadas de
pombos e tiroteios preparados pelos fogueteiros artesanais.
Ocorrência: Anhembi, Laranjal Paulista, Piracicaba, Porto Feliz,
Tietê.
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Cavalarias
Cavalarias (a denominação mais usual) e cavalgadas como sinônimos de quantidades de cavalos, reunião de pessoas a cavalo, reunião ou
marcha de cavaleiros com finalidade de lazer ou mesmo religiosa, são
um traço comum em todo o Estado, com área de maior concentração na
Grande São Paulo e no Cone Leste, mostrando o grande o gosto, o prazer de significativa parcela dos cidadãos de todas as classes sociais no
trato com os cavalos. Sua expressão mais significativa se dá nas inúmeras romarias a cavalo e nas cavalarias de São Benedito. Com orgulho,
cavaleiros e amazonas de todas as faixas etárias e classes sociais participam dos mais variados eventos populares que acontecem à parte do universo chamado country.
Ocorrência: Atibaia, Bom Jesus dos Perdões, Caconde, Cajuru,
Cidade de São Paulo, Diadema, Espírito Santo do Turvo, Guararema,
Guaratinguetá, Jaboticabal, Jaguariúna, Mairiporã, Mogi das Cruzes,
Mogi-Guaçu, Mogi-Mirim, Nazaré Paulista, Osasco, Pilar do Sul, Pindamonhangaba, Piquete, Santa Isabel, Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano, Suzano, São José dos Campos, Silveiras, Vargem
Grande Paulista.
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Encontro de Folia de Reis
É tão expressiva a presença das Folias de Reis ao Norte e Noroeste
paulista que muitos dos municípios da região realizam grandes Encontros de Folias de Reis que chegam a mobilizar acima de 50 grupos
em cada um, afluxo de devotos e fartura de comezainas. No calendário dos eventos buscam os organizadores nos muitos municípios não
coincidir datas, o que em muitos momentos torna-se inevitável, estendendose os mesmos até o mês de Maio, com interrupções pelo período quaresmal,
e até mesmo pelo 2º semestre.
Ocorrência: Altinópolis, Alto Alegre, Américo de Campos, Araraquara, Araras, Barretos, Barrinha, Batatais, Bebedouro, Bento Quirino, Borá, Brodósqui, Caconde, Cajuru, Campinas, Campos Novos Paulista, Cândido Mota, Cássia dos Coqueiros, Catiguá, Cedral, Cidade de
São Paulo, Cosmorama, Coutinhos, Cruzeiro, Cunha, Dracena, Estrela D'Oeste, Fernandópolis,
Flora Rica, Florínea, Franca, Gastão Vidigal, Guardinha, Guarulhos, Getulina, Ibirá, Ilha Solteira,
Indiaporã, Ipuã, Itapiratiba, Itirapuã, Ituverava, Jaborandi, Jaboticabal, Jales, José Bonifácio,
Juquitiba (Festa de Reis), Lins, Lourdes, Lupércio, Meridiano, Miracatu (Reis), Mirassol, Mococa, Mogi das Cruzes, Monções, Monte Aprazível, Nhandeara, Nova Aliança, Nova Granada, Nova Lusitânia, Olímpia, Pacaembu, Palmital, Parapuã, Penápolis, Peruíbe, Piquete, Piratininga,
Pitangueiras, Pontes Gestal, Potirendaba, Presidente Prudente, Registro, Ribeirão Preto, Sales,
Sales Oliveira, Santa Rosa do Viterbo, Santo André, Santo Antônio da Alegria, Santópolis do
Aguapeí, São Bernardo do Campo, Sào Caetano do Sul, São Francisco, São José do Rio Preto,
São Luiz do Paraitinga, São Pedro do Turvo, Serra Azul, Serrana, Silveiras, Taciba, Tambaú,
Taubaté, Três Fronteiras, Tupã, Urupês, Viradouro, Votupuranga.
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Folguedos
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Cavalhadas
Há hoje em São Paulo duas modalidades de cavalhadas. Aquelas
que reelaboram os relatos das lutas de Carlos Magno e os Pares de França contra os Mouros (lutas de Mouros e Cristãos) estruturando-se simbolicamente a rivalidade em dois campos que se opõem, nas investidas que
cada grupo faz ao campo adversário e na oposição das cores: - azul para
os Cristãos e vermelho a dos Mouros. O conflito é acirrado com mortes,
raptos, prisões, embaixadas e resgates.
Os cavaleiros (12 representando Mouros e 12 representando Cristãos) sempre muito hábeis nas manobras com seus animais, esforçam-se
em campo para dar conta do entrecho dramático através de carreiras e evoluções, em duplas ou grupais, de manejos de espadas, lanças e tiros de
festim, e com a participação de coadjuvantes mascarados, sempre em números variáveis. A luta termina com a vitória dos Cristãos e a conversão
dos
Mouros.
A outra modalidade de Cavalhada, registrada no Brasil já no século XVI,
sem entrechos dramáticos, estrutura-se em uma série variável de jogos
montados:- das argolinhas, das canas (lanças), as alcancias. São muitas as
notícias destes jogos eqüestres dentro da cidade de São Paulo no século
XIX, o que sugere que os paulistas já possuíam um gosto especial pelo
divertimento.
Ocorrência: Franca, Guararema e São Luís do Paraitinga
(Mouros e Crsitãos), Igaratá e Santa Isabel (de Jogos).
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Caiapós
Bugrada, Caiapós ou Caiapô são denominações com que
aparecem entre nós, folguedos com temática indianista, calcada, sobretudo, na visão de um "índio idealizado". Atuam durante o ano todo nos diversos ciclos culturais, em especial no carnaval, e em festas dos santos
padroeiros e de devoção popular, seguindo em cortejo pelas ruas das cidades, com paradas para dramatizações esquemáticas.
Ocorrência: Ilha Bela, Joanópolis, Mairiporã, Piracaia, São José
do Rio Pardo, São Sebastião.
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Reiadas
Reiada é o nome que os paulistas no Litoral Sul e em parte do Vale
do Ribeira dão aos folguedos do ciclo do Ciclo de Natal. De conteúdo
essencialmente religioso e acompanhados sempre por violas e rabecas,
secundadas por violões, caixa, ferrinhos e, eventualmente, cavaquinhos,
conservam uma feição, grosso modo, ibérica.
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Reisado
Os reisados aparecem durante o ciclo de Natal a partir da Bahia,
pelos estados do Nordeste até o Piauí. Seguem a mesma tradição secular
ibérica, indo de casa em casa, fazendo em cantoria a pedição de abertura
de porta e louvação aos donos das casas. Cantam o nascimento do Menino Jesus numa fusão de temas sacros e profanos.
Em São Paulo se estruturaram, a partir de migrantes, dois reisados: o
Reisado Sergipano, do Guarujá, e o Reisado Alagoano, de Carapicuíba,
com sua sucessão de cenas com personagens características que se apresentam ao som de músicas com instrumentação variada, como forte sapateado, cantando o nascimento do Menino Jesus, numa fusão de temas sacros e profanos.
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Pastorinha
Grupo de meninas trajadas à moda de pastoras idealizadas, que
vão de casa em casa fazendo a adoração dos presépios, recebidas pela comunidade com doces e bebidas. Acompanhadas por conjunto de sopros,
fazem suas loas com cantorias e bailados simples.
Ocorrência: São Luís do Paraitinga e Cidade de São Paulo.
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Moçambiques
Moçambiques ou maçambiques são folguedos que aparecem durante quase todo ano nos municípios do Vale do Paraíba, nos que circundam a cabeceira do Tietê e Noroeste de São Paulo. São grupos religiosos
que homenageiam com suas músicas e suas danças seus santos padroeiros, sobretudo São Benedito e Nossa Senhora do Rosário. Suas atuações
caracterizam-se por manobras (evoluções) e manejos de bastões, por vezes complicados. Seu traço distintivo são os paiás, (carreiras de guizos)
ou gungas (pequenos chocalhos de lata), atados aos tornozelos dos
moçambiqueiros.
Ocorrência: Altinópolis, Aparecida, Atibaia, Biritiba-Mirim, Caraguatatuba, Cotia, Cruzeiro, Cunha, Franca, Guararema, Guaratinguetá,
Ilha Bela, Itapira, Jacareí, Lorena, Lourdes, Manduri, Mogi das Cruzes,
Mogi-Guaçu, Mogi-Mirim, Morumgaba, Pindamonhangaba, Piracaia, Piraju, Salesópolis, Salto Grande, Santa Isabel, Santa Cruz do Rio Pardo,
Santo Antônio da Alegria, Santo Antônio do Pinhal, São José dos Campos, São Luiz Paraitinga, Socorro, Suzano, Taubaté, Ubatuba
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Congos
Congos, Congadas são folguedos que comumente aparecem na forma de préstitos (cortejos), os participantes cantando e dançando, em festas religiosas ou profanas, homenageando, de forma especial, São Benedito. Muitos destes folguedos cumprem também um papel auxiliar no catolicismo popular, ajudando tantos e tantos devotos a cumprir suas promessas. Sua instrumentação varia em cada região, havendo destaque para
a percussão, sempre com muito peso estimulando muitos momentos de
bailados vigorosos e manobras complicadas. Há congos de sainhas, com
grande quantidade de caixas, com chapéus de fitas, com manejos de bastões e espadas (alguns grupos exibindo exemplares dos Exércitos dos
tempos do Império e início da República).
Às vezes possuem reinado (rei, rainha, vassalagem) envolvendo parte
dramática com embaixadas e lutas. Dentre estes, as mais completas são as
congadas do Litoral Norte (Ilhabela e São Sebastião), por suas estruturas
complexas e presença das marimbas.
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CIDADE
COMPANHIAS
CIDADE
COMPANHIAS
Mococa - SP
2
Itaú de Minas – MG
2
Alpinópolis – MG
2
Porto Ferreira – SP
1
S.Cruz da Esperança – SP
1
Ribeirão Preto – SP
1
Lambarí – MG
1
Sta Rosa de Viterbo – SP
1
Barrinha – SP
1
Monte Belo – MG
3
Sta C.das Palmeiras - SP
1
Cravinhos – SP
1
Ariado – MG
1
Mogi Guaçu – SP
1
Luis Antônio – SP
1
Nuporanga – SP
1
Arceburgo – MG
1
Cajamar – SP
2
Guaxupé – MG
3
S.J. do Rio Pardo – SP
1
S. P. dos Morrinhos – SP
1
Cássia dos Coqueiros
1
Cajuru - SP
1
S.Tomás Aquino – MG
1
Milagre – MG
1
Tambaú – SP
6
Nova Resende - MG
1
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Folias de Reis
Folias, ao lado de Ternos e Companhias, são designativos de ranchos, grupos de pessoas que se deslocam acompanhando-se de
cantos instrumentos. São grupos que por devoção, por gosto ou
função social peregrinam de casa em casa do dia de Natal até 6 de
Janeiro, ponteando quase todas as regiões do Estado. Em cantoria
fazem uso de temas religiosos, da Profecia ao Nascimento de Jesus Menino, à Visita dos Reis Magos. Cumprem sempre, aproximadamente, os
mesmos rituais de chegada e despedida, visitando os amigos e os devotos, atendendo pedidos, tirando promessas, (ajudando os devotos a cumprir suas promessas). Bastiões, marungos, palhaços, são personagens
sempre presentes nestes folguedos, com máscaras confeccionadas nos
mais diversos materiais (peles de animais, tecidos, napa, tela de arame,
cabaças, papelão, colagem de papel), com trajes vistosos, divertem a todos com seus saltos acrobáticos, dançando, declamando romances tradicionais, jogando versos decorados. Quando m visita a uma casa, uma folia é motivo de festa para toda a rua. Folguedo mais expressivo e difuso
em São Paulo, não se sabe ao certo quantas folias existem no Estado.
Ocorrência: Altinópolis, Alto Alegre, Américo de Campos, Araraquara, Araras, Barretos, Barrinha, Batatais, Bebedouro, Bento Quirino,
Borá, Brodósqui, Caconde, Cajuru, Campinas, Campos Novos Paulista,
Cândido Mota, Cássia dos Coqueiros, Catiguá, Cedral, Cidade de São
Paulo, Cosmorama, Coutinhos, Cruzeiro, Cunha, Dracena, Estrela D'Oeste, Fernandópolis, Flora Rica, Florínea, Gastão Vidigal, Guararapes,
Guardinha, Guarulhos, Getulina, Ibirá, Ilha Solteira, Indiaporã, Itapiratiba, Itirapuã, Jaborandi, Jaboticabal, Jales, José, Bonifácio, Juquitiba
(Festa de Reis), Lins, Lourdes, Lupércio, Maracaí, Meridiano, Miracatu
(Reis), Mirassol, Mococa, Mogi das Cruzes, Monções, Monte Aprazível,
Nhandeara, Nova Aliança, Nova Granada, Pacaembu, Palmital, Parapuã,
Penápolis, Peruíbe, Piquete, Piratininga, Pitangueiras, Pontes Gestal, Potirendaba, Presidente Prudente, Ribeirão Preto, Sales, Sales Oliveira,
Santa Rosa do Viterbo, Santo André, Santo Antônio da Alegria, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, São Francisco, São José do Rio
Preto, São Luís do Paraitinga, São Predro do Turvo, Serra Azul, Serrana,
Silveiras, Taciba, Tambaú, Taubaté, Tupã, Urupês, Viradouro, Votuporanga.
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Cortejos
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Boizinhos
Os boizinhos aparecem em várias regiões de São Paulo. Algumas
de suas expressões se destacam. O Boizinho, de Ubatuba, acompanhado por instrumentos de corda e percussão. As Carreiras de Bois, que animam as ruas de porto Ferreira e o monumental Boitatá de Iguape, com quase 10 metros de comprimento, que arrasta caiçaras e turistas, durante horas, pelas ruas da cidade.
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Entradas
As entradas são grandes cortejos com carros de bois, charretes,
troles, tico-ticos, carroças, carruagens, cavaleiros e grupos folclóricos
com que se celebram aberturas ou o início do dia principal de algumas de
nossas festas. A Entrada dos Palmitos (Mogi das Cruzes), lembra hoje a
farta distribuição de palmitos na abertura da Festa do Divino quando o
mesmo abundava na região; a Procissão dos Carroceiros (São Bernardo
do Campo), lembra a forma como os antigos carvoeiros, lenhadores, pequenos e a comunidade em geral celebrava, com suas carroças e carretões, Nossa Senhora da Boa Viagem; com a Entrada do Carros de Lenha
(São Roque), carvoeiros e lenhadores remanescentes e os devotos em geral, celebram o dia do padroeiro da cidade; Entrada dos Carros de Bois
(Itu); Entrada das Carroças de Lenha/ São João Batista (Laranjal).
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Cabeções
Santana do Parnaíba é hoje o último reduto de Cabeções ou Cabeçorras. Pela desproporcionalidade que provocam com os corpos dos que
as envergam se assemelham a anões, sendo este o seu traço fundamental.
Confeccionadas com a técnica do empapelamento com diversidade de
personagens, animam o carnaval da cidade e outros desfiles populares,
sempre associadas aos bonecos gigantes provocando estranhamento pelo
contraste.
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Romarias
Um traço que se destaca na cultura tradicional em São Paulo são as romarias: a pé, de bicicleta, a cavalo, de charrete, de motos, de carro, em ônibus fretados ou de carreira. Acontecem durante todo o ano apresentando, ciclicamente, grandes picos que chegam a demandar
ações especiais dos Departamentos de Trânsito.
Quando a pé os romeiros se auto intitulam caminheiros, e seguem
sós, em duplas, ou em grupos. Dentre os que seguem sós alguns podem
arrastar cruzes por uma distância algumas vezes superior a 100 quilômetros. Há caminheiros que se organizam em grupos que peregrinam regularmente, alguns destes beirando os 50 anos, ou mais, de caminhadas.
São também numerosas as romarias com organizações internas,
que chegam a ser complexas em alguns casos, verdadeiras instituições
que congregam grande número de afiliados e que peregrinam regularmente, destacando-se dentre estas, as romarias a cavalo, que apresentam
maior nível de organização e complexidade, algumas delas bem longevas
e chegando a congregar acima de 1500 cavaleiros. Estas Romarias são,
via de regra, uma convergência de expressões culturais com variedade de
elementos convergentes (alimentos, indumentárias, sincretismo religioso).
Ocorrência:
Alumínio, Araçariguama, Atibaia, Bom Jesus dos Perdões, Cachoeira Paulista, Cajuru, Campinas, Caucaia, Cidade de São Paulo, Cotia,
Embu, Espírito Santo do Turvo, Franco da Rocha, Ibiúna, Itapeva, Itapecerica da Serra, Itapetininga, Itapevi, Itatiba, Itu, Itupeva, Jandira, Jarinu,
Jundiaí, Juquitiba, Louveira, Mairinque, Mairiporã, Mogi das Cruzes,
Mogi Mirim, Osasco, Piedade, Pilar do Sul, Piquete, Piracicaba, Pirapora
do Bom Jesus, Poá, Porto Feliz, Redenção da Serra, Santana do Parnaíba,
São Luiz do Paraitinga, São Roque, Suzano, Vargem Grande Paulista,
Valinhos, Vinhedo.
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Centros de Peregrinação
São Paulo congrega o maior número de centros de peregrinação do
Brasil. Afora as três cidades-santuários de grande expressão
(Aparecida, Pirapora e Iguape), existem muitos outros com as
mais variadas motivações devocionais, procurados, rotineiramente ou em datas especiais, por todos os segmentos sociais.
Alguns destes, em que pese a quantidade de pessoas que atraem, chegam a passar quase despercebidos por sua inclusão na
rotina das cidades. Outros, ao contrário, quebram essa rotina pelo impacto que causam na vida das comunidades.
Ocorrência:
Aparecida - Santuário Nacional de N. Sra. Aparecida
Bom Jesus dos Perdões - Santuário do Bom Jesus
Iguape - Santuário do Bom Jesus
Mairiporã - Santa Cabeça
Pirapora do Bom Jesus - Santuário do Bom Jesus
São Paulo - Convento da Luz (Bairro da Luz), Túmulo de Frei
Galvão, Santuário de N. Senhora da Penha (Penha), Santuário das Almas
(Ponte Pequena), Santuário de São Judas Tadeu (Jabaquara), Igreja dos
Enforcados - Devoção ao Chaguinha (Liberdade)
Tambaú - Túmulo do Pe. Donizetti
Tremembé - Santuário do Bom Jesus
Maracaí - Menino da Tábua
Cemitérios
Cemitério do Araçá - Mãe Felícia
Cemitério da Consolação - Antoninho da Rocha Marmo, Marina
Portugal, Marquesa de Santos, Pe. Vítor
Cemitério de Santo Amaro - Túmulos do Bento do Portão
Cemitério São Paulo - Izildinha
Cemitério da Vila Alpina - Túmulo dos treze mortos não identificados no incêndio do Edifício Joelma.
40
Recomenda
das Almas
São rituais de penitência em sufrágio das almas do purgatório, executados durante o tempo da quaresma. Às segundas, quartas e sextas do período, depois das 21h., saem os grupos penitentes em silêncio, parando às portas
de outros devotos, dos cemitérios, das capelas
ou junto às cruzes de beira de estrada. Admoestam os que os ouvem executando benditos
(orações cantadas) e jaculatórias, interrompidas pelos pedidos de orações pelas almas e pelos sons soturnos das matracas ou zunidores.
Um bando de homens sai, por ocasião da quaresma até a Semana Santa, todas as quartas e
sextas-feiras, à noite para a "Recomenda das
Almas".
Usam roupas comuns e alguns colocam mantos ou cobertores
na cabeça. Um deles carrega um cacete para evitar os cães-vigias e
também para bater na porta das casas, pedindo silêncio.
Em alguns lugares os "recomendadores" levam berra-boi, sacarraia,
ou mesmo matraca.
Quando se aproximam de uma casa, cantam sem acompanhamento de instrumentos musicais o "pé da chegada".
Ocorrência:
Capela do Alto, Cássia dos Coqueiros, Ribeirão Grande, Santo
Antônio da Alegria.
41
Tooro Nagashi
e
Bon odori
Tooro Nagash, Bom Odori, Moti-Tsuki, Sendai Tanabata são alguns dos muitos festivais e rituais, de cunho religioso ou profanos, que
pontuam várias regiões do Estado, congregando várias gerações de nipodescendentes e envolvendo as comunidades circunstantes. Em muitos casos já apresentam tendências ao sincretismo.
Ocorrência:
Araçatuba, Cidade de São Paulo, Jales, Penápolis, Pereira Barreto,
Presidente Epitácio, Registro.
42
Outros
43
Folia do Divino
São pequenos grupos de até 5 pessoas, os Foliões do Divino, que visitam as casas das zonas rural e urbana, cantando os feitos e
os poderes do Divino Espírito Santo, recolhendo donativos, sempre abundantes. Percorrendo assim as comunidades de canto a canto e anunciando a festa, avivam a fé no Divino.
Ocorrência: Anhembi, Caconde, Cananéia, Cunha, Iguape, Itanhaém, Itu, Itapeva, Lagoinha, Laranjal Paulista, Mogi das Cruzes, Natividade da Serra, Paraibuna, Piracicaba, Redenção da Serra, Salesópolis,
São Luís do Paraitinga, São José dos Campos, Tietê, Ubatuba.
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Pesca Artesanal
Artesanal é a pesca que se realiza única e exclusivamente pelo trabalho manual do pescador - mesmo em todas as variantes de espera. Nela a participação do homem em todas as etapas e manipulação dos implementos e do produto é total, ou quase total, prescindindo-se de tração mecânica no lançamento, recolhimento e levantamento
das redes ou demais implementos. Baseada em conhecimentos transmitidos ao pescador por seus ancestrais, pelos mais velhos da comunidade,
ou que este tenha adquirido pela interação com os companheiros do ofício, é sempre realizada em embarcações pequenas (botes e canoas) a remo ou a vela ou mesmo motorizadas, sem instrumentos de apoio à navegação, contando para a operação tão somente a experiência e o saber adquiridos - a capacidade de observação dos astros, dos ventos e das marés... Não se apóia na grande produção ou na estocagem.
Pesca-se nos rios e no mar com caniços, com linhadas, com puçás, com fisgas, com facões, com covos, com redes (de lanço ou de arrasto, as de malhar, para caceio ou espera), cercos fixos, tarrafas, girivás
(tarrafinhas), espinhéis, covos, currais (também conhecidos por cercos
fixos ou chiqueiros de peixes), linhadas, puçás,...
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Figureiros
Figureiros se auto intitulam os artistas populares do Vale do Paraíba que recriam com barro (cru) figuras e cenas do seu dia a dia , ou do seu imaginário. Arte resultante não de aprendizado
sistemático ou ensinamentos especiais, mas de uma tradição,
da curiosidade ou das experiências pessoais do próprio artista.
Ocorrência: Caraguatatuba, Pindamonhangaba, Santa Branca,
São Bento do Sapucaí, São José dos Campos, Taubaté, Tremembé.
46
Música
·
Musica de Raiz
·
Marimbas
·
Caruru
·
Violas
·
Musica Regional do Vale do Paraíba
·
Musica Caipira
·
Moda de Viola
·
Música Country
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Cururu
Cururu é o repente, o desafio trovado ao som de violas do Médio Tietê.
São numerosos, afamados e respeitados os cururueiros (os trovadores)
da região. Alguns deles com várias viagens para o exterior. Não há Festa,
ou Pouso de Bandeira do Divino sem o cururu que pode varar a noite
num revezamento de várias trovadores. E não há cidadão que arrede pé
diante de uma porfia de canturiões (cantadores).
Ocorrência: Conchas, Laranjal, Piracicaba, Porto Feliz, Tietê.
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Marimbas
Muito comuns nas culturas bântu da África negra, as marimbas
transmigraram na bagagem do negro escravizado tendo sido populares
no Brasil. Correspondentes nos círculos eruditos aos xilofones, são instrumentos percussivos melódicos constituídos de uma série de lâminas
de determinados tipos de madeira, em números variáveis, afixados em
pequenas traves ou arcos, tendo por ressoadores, pequenos coités
(cabaças), cortadas pela metade e afixados por baixo de cada lâmina.
Serviam, então, ao lado de outros instrumentos também chegados nas
bagagens dos negros escravizados, de base rítmica, com variações, para
folguedos e danças.
Ao que tudo indica as marimbas desapareceram de todo o território brasileiro, tendo sobrevivido, somente no litoral Norte de São Paulo.
Também ali inspira hoje cuidados:- sua utilização se circunscreve às
congadas, são muito poucos seus executantes e bem menos os que conseguem confeccioná-las. Tanto em sua configuração técnica quanto em
sua execução, as marimbas caiçaras continuam bem próximas de seus
ancestrais africanos.
Ocorrência: Ilhabela, Caraguatatuba e São Sebastião
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Violas e Violeiros
É bastante fácil encontrar violeiros por todo São Paulo. Violas e
rabecas, sempre associadas, existem em grande número em todo o
Litoral Sul e Vale do Ribeira, com uma peculiaridade: são fabricadas na própria região.
Companheira fiel das horas de folga dos caiçaras, para quem a viola, portadora de seus sentimentos, fala e chora, costuma receber na região o nome de viola branca pela cor da madeira de que é feita, a cacheta. É a própria viola caipira. Quando querem dizer que o baile será mais
de acordo com os usos da terra, dizem que haverá fandango, ou para explicitar mais ainda dizem que haverá baile de viola. São confeccionadas
em 4 tamanhos: Viola inteira (a maior, mais difícil de ser encontrada),
Três quartos (3/4 da viola inteira, fáceis de serem encontradas), Meia viola (fácil de ser encontrada e a mais procurada) e o Machete ou Machetão (viola pequena, também chamada de viulinha, mais raras).
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Música de Raiz
Primeiramente, vamos dar uma breve introdução sobre a música caipira de
raiz. Ela teve início na região sudeste do Brasil, seguido por sul e centrooeste. Foi uma mistura derivada de cantos religiosos jesuítas e das modas
portuguesas, que se misturaram à música e dança dos índios.
O principal instrumento usado no estilo, é a Viola Caipira, instrumento visualmente similar ao violão, porém de tamanho menor e com 10 cordas disposta
em 5 pares.
Sua sonoridade é única, devido a afinação das cordas.
A música caipira é igual a ovo frito, todos gostam, mas acabam tendo vergonha de assumir.
A Globalização, os modismos e a Americanização dos costumes, na cultura
recente brasileira, introduziram um termo mais modernista a chamada
“música country”, que nada mais é que um derivado americanizado da nossa
música regional, muito embora, as composições de hoje, em sua grande maioria, nada tenham a ver com as raízes culturais brasileiras.
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Catira, Moçambique, Folias de Reis,
viola, bolinho
caipira, taiada
e
marchinha.
Todos estes são componentes de uma cultura genuinamente valeparaibana, presentes na música, na culinária e nos costumes da região.
O Vale do Paraíba sempre foi uma região de “entroncamento”, presente em todos os
ciclos econômicos brasileiros.
Foi assim no ciclo do ouro, do café, do leite, tratamento de doenças, tecnologia de
ponta, turismo ecológico e cultural.
A proximidade com o Sul de Minas, com o Litoral Norte e com a capital também foram fatores que ajudaram a formar nossa gente.
E como definir a música regional?
Segundo a jornalista Vana Allas, autora do livro “Vale, Violões e Violas - Uma Fotografia Musical do Vale do Paraíba”, “não temos como definir uma música regional
pura, pois sofremos a influência de vários ritmos”, declara Vana.
“Eu percebi que existe algo na região que não é rock, pop, samba, mas que faz o coração bater mais forte quando a gente ouve”, disse a jornalista.
Elpídio dos Santos - O grupo Paranga, de São Luís do Paraitinga, é um dos pioneiros.
Nasceu na década de 70 com a determinação de defender e divulgar os valores culturais do Vale.
Sua música tem a influência dos ritmos locais, catira, moda de viola, Folia de Reis e
Festa do Divino Espírito Santo.
Formado, em sua maioria por filhos do maestro Elpídio dos Santos, famoso por ser o
autor da trilha sonora dos filmes de Mazzaropi, o grupo Paranga nasceu com o intuito de preservar a obra elpidiana.
Movimento de resistência - Em Paraibuna, nasceu em 1982, o grupo Rio Acima, um
movimento político-cultural formado por Eduardo Rennó, Dimas Soares, João Rural
e Mauro Campos.
“Nós tínhamos um certo discernimento e criamos esse movimento de resistência para lutarmos contra o caos econômico/social vivido na cidade, após terminadas as
obras da represa”, declara o líder do grupo, Eduardo Rennó.
Hoje, Rennó, além das apresentações com o Rio Acima, dá suporte para novos grupos.
“Depois de vários anos, a gente já conhece a linguagem e muitas pessoas nos procuram. Também existem poucos produtores nesta área”, disse.
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Grupos Regionais
e a busca pela
Preservação Cultural
UMA HISTÓRIA DE AMOR, MÚSICA E AVENTURAS.
A dupla Zezé e Simões se conheceram em São José dos Campos e firmou uma parceria de sucesso no amor e na música. São trinta anos juntos.
Nesta história contam-se vários festivais, andanças pelo Brasil e participações em
projetos.
“Nas viagens nós colhemos do povo, o que depois devolvemos pela música”, declara Zezé.
A participação nos festivais é lembrada com saudosismo pela dupla. ”Era um espaço para troca de experiências”, confessa Zezé.
Sua música fala um pouco de cada lugar. “Falamos da Mantiqueira, das alegrias, enfim do povo”, resume.
GRUPO PIRAQUARA
Foi criado em 1987, com o objetivo de divulgar pesquisas sobre as manifestações
populares, que envolvem cantos e danças da cultura tradicional valeparaibana.
Ainda esse ano, o grupo lança um CD, com a participação de músicos da região que
também participam do projeto como:
Zé Mira, Eduardo Rennó, Gabriela Delias, Zezé e Simões, Beto Jaguary, Julio Neme e
Almir
Melo.
EM BUSCA DA MÚSICA REGIONAL
Quando teve a idéia de escrever um livro, Vana Allas queria divulgar a riqueza musical existente no Vale do Paraíba.
Suas maiores dificuldades foram a seleção dos músicos que participariam do trabalho e também uma denominação específica para o tema, música regional.
Os trabalhos ganharam força com a ajuda do músico Eduardo Rennó (Rio Acima).
“Tem muita gente boa que ficou de fora, mas da maneira como o trabalho foi feito,
abriu-se um espaço para que outros projetos aconteçam. Pretendo no futuro lançar
outros volumes”, declara a jornalista.
“No momento esses grupos pesquisados são os que mais se assemelham com a
musicalidade regional. Com certeza no futuro serão outros. Mas, aí é que está a poesia, mudar sem perder a originalidade, mesmo que ela venha de vários lugares, presente na raiz de cada um”, conclui Vana.
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Música Caipira
A Musica Caipira é um importante legado da cultura brasileira, um legado que está
esquecido pela geração atual.
Quando tenho oportunidade, sempre assisto o programa Viola, Minha Viola da TV
Cultura, apresentado por Inezita Barroso - nossa enciclopédia viva da cultura caipira-, que vai ao ar nas noites de Sábado e nas manhãs de Domingo. E um fato que tenho notado nesse programa de auditório é a faixa etária da platéia, quase que exclusivamente formada por sexagenários. Isso chama a atenção pelo fato de que a geração atual está cada vez mais distante das nossas raízes culturais. A verdadeira musica sertaneja não é esse lixo musical das FMs, e seus artistas não são aqueles que
desfilam patrimônios de fazendas e carrões importados nos programas de domingo
à tarde. Muita gente não sabe, mas o termo pagode é de origem caipira. Pagode significava festa de fundo de quintal, onde as pessoas se divertiam e tocavam seus instrumentos ao som dos ritmos regionais.
Tião Carreiro( um dos maiores artistas da musica brasileira não reconhecido) inventou um repique de viola diferente e batizou o novo ritmo de Pagode, que atualmente
é chamado de Pagode caipira, para que não haja confusão com o pagode(pseudosamba) das FMs(façamos justiça ao Pagode do Morro, que não tem nada haver com
esse lixo de FM).
Um argumento pelo fato da musica raiz estar preterida pela geração atual é que aborda temas distantes da realidade urbana, como as paisagens do sertão, causos de
boiadeiros errantes,etc. Mas nesse argumento é que muita gente se engana. Vejam a
letra da musica "O Rico e o Pobre", escrita por Nhô Chico e Dino Franco, e gravada
pela dupla Dino Franco e Mourai.
Tenho certeza que muitos punks e rappers se identificarão com o tema após sua leitura.
Veja a letra na página seguinte.
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“Há tempo venho notando e fazendo conferência”.
Entre o rico e o pobre há uma grande diferença
O rico tem o que quer o pobre só tem carência.
O rico faz o pecado, o pobre faz penitência.
Quando o rico fica velho, descansa na opulência.
O pobre quando envelhece coitado ainda padece.
Na fila da previdência.
Entre o rico e o pobre é difícil a convivência
Por isso de vez em quando acontece divergência
Se o pobre bater no rico vai sofrer as consequências
Coitado vai pra cadeia por praticar violência
Se o rico bater no pobre, ninguém faz advertência
O azar é do mais fraco, diz que o pobre enche o saco
E o rico perde a paciência.
Existe uma velha lenda que me lembro com frequência
Diz que quando morre um pobre e um rico na adjacência
O rico monta no pobre todo cheio de imponência
Toca lá pro paraíso, que é a ultima residência.
Lá o rico é recebido com aplausos da assistência
E o pobre pode entrar se ele conseguir achar
Uma porta de emergência.
Na hora do julgamento o rico ganha indulgência
Porque tem advogado provando sua inocência
O pobre se enrola todo no exame de consciência
O arcanjo São Miguel já vai lavrando a sentença
O rico fica no céu que é o lugar de preferência
E o pobre sai do pregório direto pro purgatório
Pra fazer mais penitência".
Como percebemos, não é só a MPB, o Punk Rock e o Rap que discorrem sobre temas sociais de forma contundente como vimos na letra de "O Rico e o Pobre". Tião
Carreiro e Pardinho gravaram a musica "Filhinho de Papai", uma alfinetada na juventude burguesa dos anos 60. Tonico e Tinoco compuseram e gravaram a bela toada
"Boi de Carro", onde falam da exploração do trabalho através do reencontro do velho carreiro, já cansado e sem dinheiro, e o seu fiel boi carreiro, descaído pelo oficio
e marcado para o corte.
Essa é a nossa musica raiz, esquecida pela geração atual, talvez pelo preconceito
imposto pela mídia, ou pela massificação da cultura estrangeira ou ainda de os nossos jovens sentirem vergonha em dizer que gostam da nossa musica caipira. Uma
das maiores riquezas de um povo é a sua cultura, e essa riqueza esta se tornando
parte do nosso passado.
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Moda de viola
A moda de viola é uma expressão da música caipira brasileira que se destaca como
sendo seu maior exemplo, entre outros ritmos e estilos formados a partir das toadas,
cantigas, viras, canas-verdes, valsinhas e modinhas, trazidos pelos europeus.
Com uma estrutura que admite solos de viola e versos longos, intercalados por refrões, com letras extensas e que contam fatos históricos bem como acontecimentos
marcantes da vida das comunidades onde são feitas, as modas de viola ganham vida
independente do catira.
Deu origem a vários outros ritmos como a música caipira, Música sertaneja, música
de raiz, dentre outras.
Vários compositores, como os paulistas Teddy Vieira (da cidade de Itapetininga) e
Lourival dos Santos (da cidade de Guaratinguetá), ambos falecidos e que foram bastante ativos entre os anos 50 e 60, se esmeraram neste gênero musical.
Nos dias atuais, os mineiros Zé Mulato e Cassiano estão entre os bons compositores
e cantadores de modas de viola.
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Música
Country
Música country (em Português, música do
interior) é uma mistura de estilos populares originalmente encontrados no Sul dos
EUA a pelas montanhas dos Apalaches.
Suas raízes são encontradas na música folclórica tradicional, na música celta, no
Blues, na Música gospel, e na música popular do Século XIX que se desenvolveu rapidamente nos anos de 1920. O termo, Country music começou a ser usado no anos
da década de 1940, nos EUA, quando o termo original e precedente, música hillbilly
(em Português, "música caipira"), foi considerado degradante, e o novo termo foi abraçado amplamente nos anos de 1970, enquanto o termo Country and Western (em
Português, "Sertaneja e do Oeste") caiu de uso deste então, com exceção do Reino
Unido, aonde o termo ainda é freqüentemente usado.
Também os imigrantes franceses e italianos contribuíram na sua formação, mas suas principais raízes são compostas pelas velhas canções inglesas. Por se tratar de
um gênero representado pelos homens do campo é muito associado a vestes e instrumentos rústicos como o Banjo, Bandolim, Rabeca, Violão, Washboard, etc. As primeiras gravações datam de meados de 1922, quando a gravadora Victor lançou no
mercado norte americano o som de Uncle Eck Robertson e Henry Gilliard. Nos EUA,
Jimmie Rodgers é conhecido como o Pai da Música Country, que durante sua pequena carreira influenciou grandes nomes como Hank Williams e a lenda da Música
Country Willie Nelson. Porém, o grande nome da Música Country foi Hank Williams,
autor do clássico Jambalaya que é executado em todos os países do mundo como a
música que mais representa esse estilo. Hank Williams teve uma carreira meteórica,
morrendo aos 30 anos de idade em decorrência de Coma Alcoólico. Suas músicas
até hoje são regravadas e executadas em todo mundo. Outros grandes nomes da
Música Country são: Waylon Jennings, Johnny Cash, Bill Monroe, Patsy Cline,
George Jones, Loretta Lynn, Emmylou Harris, Dolly Parton, Roy Clark, Don Williams,
Merle Haggard, Doc Watson, Bob Dylan e mais recentemente Shania Twain, Brad
Paisley, Alan Jackson, The Wreckers, Taylor Swift, Clint Black, George Strait, Faith
Hill, Kathy Mattea, Carrie Underwood, Suzy Bogguss, Brooks & Dunn, Billy Ray
Cyrus, Garth Brooks, BlackSmith, Travis Tritt, LeAnn Rimes e Tracy Lawrence.
A "capital" estadunidense da música country é Nashville, Tennessee, pois é lá onde
se encontrava a sede de diversas gravadoras do gênero, e onde se realizaram os
mais famosos festivais desse estilo musical.
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Artesanatos
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Trançados
A cestaria do Vale do Ribeira e do Litoral (N e S), com a utilização de
cipós encontráveis nos remanescentes da Mata Atlântica, em
especial o timbopeva e o imbé, e a taquara, Com os quais fazem de um tudo para atender às necessidades das lides diárias
na casa e na pesca (cestos, balaios, apás, covos, Jacás). A finura da trama e a beleza de muitas peças despertam sempre grande interesse nos visitantes.
Ocorrência: Cajati, Cananéia, Caraguatatuba, Catiguá, Eldorado,
Iguape, Ilha Bela, Iporanga, Itanhaém, Monteiro Lobato, Pariqüera-Açu,
Registro, Reiadas, Ribeirão Grande, Peruíbe, Ubatuba.
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Cerâmicas
São conhecidas as louças produzidas na região dos Campos
Gerais (Interior Sul), Vale do Ribeira e Litoral Sul. Guardam peculiaridades regionais, mas em seu conjunto, ainda que trabalhadas por mãos
diferentes, conservam semelhanças entre si, traços identitários que as aproximam de suas originais matrizes indígenas. De forma especial a louça preta cerâmica produzida no núcleo comunitário do Jairê (Iguape),
também conhecida por louça preta. São potes, panelas, torradeiras e cuscuzeiros, modelados de forma especial que, depois de secos e logo depois serem queimados, são banhados, ainda quentes, com um cozimento
da entre-casca de nhacatirão, tornando-se pretos e impermeáveis, confundindo-se, de longe com o ferro.
Ocorrência: Apiaí, Barra do Turvo, Iguape, Itaoca, Itapeva, Itararé, Ribeirão Grande, Riversul, Ubatuba.