Untitled

Transcrição

Untitled
REVISTA INTERDISCIPLINAR
A Revista Interdisciplinar, criada em outubro de 2008, órgão oficial de divulgação da Faculdade NOVAFAPI, com periodicidade trimestral, tem a finalidade de
divulgar a produção científica das diferentes áreas do saber que seja de interesse das áreas da saúde, ciências humanas e tecnológicas.
The Interdisciplinary Journal, founded in October of 2008, is the official publishing organ for NOVAFAPI School with publication every three months and
has the objective of making public the scientific production in different areas of knowledge that are of interest to health areas, human sciences and technology.
La revista interdisciplinar, creada en Octubre de 2008, órgano oficial de divulgación de la Facultad NOVAFAPI, con periodicidad trimestral, tiene la finalidad
de propagar la producción científica de las diferentes áreas del saber que sea de interés de las áreas de la salud, ciencias humanas y tecnológicas.
COMISSÃO DE PUBLICAÇÃO
PUBLISHING COMMITTEE/COMISIÓN DE PUBLICACIÓN
Diretora/Head/Directora
Cristina Maria Miranda de Sousa
Editora Científica/Scientific Editor/Redactor Científico
Maria Eliete Batista Moura
[email protected]
Editor Associado/Associate Editor/Redactor Asociado
Benevina Maria Vilar Teixeira Nunes
Membros/Members/Miembros
Ana Maria Ribeiro dos Santos
Claudete Ferreira de Souza Monteiro
Fabrício Ibiapina Tapety
CONSELHO EDITORIAL
EDITORIAL BOARD/CONSEJO EDITORIAL
Ana Maria Escoval Silva
Universidade Nova de Lisboa - Portugal
Antônia Oliveira Silva
UFPB
Adriana Castelo Branco de Siqueira
UFPI
Carlos Alberto Monteiro Falcão
Faculdade NOVAFAPI
Eucário Leite Monteiro Alves
Faculdade NOVAFAPI
Gerardo Vasconcelos Mesquita
Faculdade NOVAFAPI/UFPI
Gillian Santana de Carvalho Mendes
Faculdade NOVAFAPI
Luis Fernando Rangel Tura
UFRJ
Maria do Carmo de Carvalho Martins
Faculdade NOVAFAPI/UFPI
Maria do Socorro Costa Feitosa Alves
UFRN
José Nazareno Pearce de Oliveira Brito
Faculdade NOVAFAPI
Norma Sueli Marques da Costa Alberto
Faculdade NOVAFAPI
Paulo Henrique da Costa Pinheiro
Faculdade NOVAFAPI
Roberto A. Medronho
UFRJ
Telma Maria Evangelista de Araújo
Faculdade NOVAFAPI/UFPI
Yúla Pires da Silveira Fontenele de Meneses
Faculdade NOVAFAPI
Bibliotecário/Librarian/Bibliotecario:
Secretária/Secretary/Secretaria:
Capa/Cover/Capa:
Editoração/Lay-out/Diagramación:
Tiragem/Number of Issues/Tiraja:
Projeto/Project/Projecto:
Francisco Renato Sampaio da Silva
Elizângela de Jesus Oliveira de Sousa Vieira
Primeira Imagem - www.pimagem.com.br
Primeira Imagem - www.pimagem.com.br
500 exemplares
Faculdade NOVAFAPI
Revisão dos Resumos/Abstract Review/Revisión de Resumen
Inglês/English/Inglês:
Espanhol/Spanish/Español:
Harold Marwell de Oliveira
Ellyda Fernanda de Sousa Oliveira
R454 Revista Interdisciplinar [publicação da]
Faculdade NOVAFAPI. Coordenação de Pesquisa e Pós-Graduação
v.4, n. 1, 2011.
Teresina: Faculdade NOVAFAPI, 2011
Trimestral
ISSN 1983-9413
Saúde
Ciências Humanas
Tecnologia
CDD 613.06
Endereço/Mail adress/Dirección: Rua Vitorino Orthiges Fernandes, 6123 • Bairro Uruguai • 64057-100 • Teresina • Piauí • Brasil
Web site: www.novafapi.com.br • E-mail: [email protected]
SUMÁRIO / CONTENTS / SUMARIO
SUMÁRIO / CONTENTS / SUMARIO
Revista Interdisciplinar NOVAFAPI • Teresina-PI
ISSN 1983-9413
v. 4, n. 1, 2011.
EDITORIAL / PUBLISHING / EDITORIAL
A produção do conhecimento na área de História da Enfermagem........................................................................ 5
La producción del conocimiento en el área de Historia de la Enfermería
The knowledge production in the area of nursing history
Benevina Maria Vilar Teixeira Nunes
PESQUISAS / RESEARCH / INVESTIGACIÓN
Equipe de enfermagem e o acompanhante no parto em um hospital público de porto alegre................................................... 9
Nursing staff and the companion in the childbirth at a public hospital in Porto Alegre
Equipo de enfermería y el acompañante en el parto en un hospital público de Porto Alegre
Emanuelly de Fátima Rodrigues Pessoa, Julianna Grazille de S. Carvalho Rocha, Sandra Marina Gonçalves Bezerra
Prevalência de úlcera por pressão em pacientes acamados, cadastrados na Estratégia de Saúde da Família: um estudo de
enfermagem..........................................................................................................................................................................................14
Prevalence of pressure ulcers in bedridden registered at the Family Health Strategy: a nursing study
La prevalencia de úlceras por presión en cama registrados en la Estrategia de Salud de la Familia: un estudio de enfermería
Emanuelly de Fátima Rodrigues Pessoa, Julianna Grazille de S. Carvalho Rocha, Sandra Marina Gonçalves Bezerra
Prevalência de transtorno de ansiedade e depressão em pacientes candidatos a cirurgia bariátrica.......................................19
Prevalence of anxiety disorder and depression in patients candidates for bariatric surgery
Prevalencia de trastorno de ansiedad y depresión en pacientes candidatos a cirugía bariátrica
Marina Stela de Sousa Monteiro, Gustavo de Sousa Santos
Transtorno bipolar de humor: percepção familiar......................................................................................................................................................25
Bipolar disorder: family perception
El transtorno bipolar: la percepción de la familia
Jéssica de Carvalho Cardoso, Thamires Albuquerque de Carvalho, Márcia Astrês Fernandes
Processo de implantação e desenvolvimento de uma instituição de ensino superior privada no Piauí..............................................................30
The process of establishment and development of a private higher institution of education in Piauí
Proceso de implantación y desarrollo de una instituición de enseñaza universitaria privada en Piauí
Francisco Antônio Alencar, Dênio Mágno
3
SUMÁRIO / CONTENTS / SUMARIO
SUMÁRIO / CONTENTS / SUMARIO
História e memória da tuberculose em Teresina – Piauí.............................................................................................................................................37
History and memory of tuberculosis in Teresina-Piauí
Historia y memoria de la tuberculosis en Teresina-Piauí
Adrielly Caroline Oliveira, Daniel Coelho Farias, Benevina Maria Vilar Teixeira Nunes
REVISÃO / REVIEW PAPER / REVISIÓN
Análise da produção científica brasileira sobre mortalidade por tuberculose........................................................................................................45
Brazilian scientific production analysis about tuberculosis mortality
Análisis de la producción científica brasileña sobre mortalidad por tuberculosis
Ilana Maria Lobão Corrêa Feitosa, Lucíola Galvão Gondim Corrêa Feitosa
A dor torácica na sala de emergência: uma revisão da literatura..............................................................................................................................50
Thoracic pain in emergency room: a review of literature
Dolor torácico en sala de emergencia: una revisión de la literatura
Ana Maria Chaves Ferreira, Maria Zélia Araújo Madeira
NORMAS PARA PUBLICAÇÃO...............................................................................................................................................................57
PUBLISHING NORMS.............................................................................................................................................................................60
NORMAS PARA PUBLICACIÓN.............................................................................................................................................................63
FICHA DE ASSINATURA.........................................................................................................................................................................66
4
EDITORIAL / PUBLISHING / EDITORIAL
A produção do conhecimento na área de História da Enfermagem
Benevina Maria Vilar Teixeira Nunes
Enfermeira.Doutora em Enfermagem. Professora
do Programa de Pós-Graduação Mestrado em
Enfermagem da Universidade Federal do Piauí (UFPI).
Coordenadora de Pesquisa e Pós-Graduação da
Faculdade NOVAFAPI.
A partir da década de 1980 os estudos sobre a Enfermagem e sua inserção no processo histórico se iniciaram no Brasil numa perspectiva critica, desvendando posturas assumidas pela profissão
ao longo dos anos. Esse conhecimento histórico construído tem crescido e se revelado como uma
maneira de percepção e análise da profissão ao longo do tempo.
A incursão da Enfermagem nessa área foi possível em decorrência da ampliação dos estudos
históricos no contexto geral, a partir do paradigma da “Historia Nova”, que estendeu a História para
além de seus antigos limites, e passou a dar ênfase a toda atividade humana no processo de constituição da história, destacando a memória dos indivíduos como uma das fontes para construção do
saber histórico.
A preservação da memória da Enfermagem está intrinsecamente relacionada ao trabalho de
documentação, pois nas fontes documentais encontra-se a presença do passado. Elas são importantes porque permitem que os acontecimentos não se percam, tornando possível à realização dos estudos históricos. Na enfermagem é preciso valorizar o trabalho de documentação para a preservação da
memória da profissão, pois ainda é comum o descarte de documentos sem que os seus significados
sejam identificados e registrados. A inexistência de documentos dificulta por demais o trabalho dos
pesquisadores que na maioria das vezes ao desenvolverem seus estudos tem que concomitantemente realizarem o trabalho de organização das fontes documentais.
A produção do conhecimento sobre história da enfermagem vem crescendo e atualmente se
desenvolve nos núcleos de pesquisas, nos programas de pós-graduação, nos cursos de bacharelado
e cada vez mais se fortalece com publicações em livros e revistas indexadas, configurando-se como
uma área de conhecimento na enfermagem.
Assim, paulatinamente a Enfermagem descortina o seu passado e mostra, por exemplo, às
lutas das enfermeiras pioneiras para viabilizarem seus projetos políticos, a profissão na interface do
contexto social em que atua e as forças sociais que nos diferentes contextos históricos possibilitaram
a enfermagem avançar ou recuar, tornar-se ou não, sujeito das transformações da profissão. Esses estudos são importantes, porque ajudam a elaborar novas sínteses sobre a profissão, na perspectiva dos
membros dessa categoria, de forma crítica, consciente e, portanto como sujeitos da própria história.
Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.5, Jan-Fev-Mar. 2011.
5
EDITORIAL / PUBLISHING / EDITORIAL
La producción del conocimiento en el área de Historia de la Enfermería
Benevina Maria Vilar Teixeira Nunes
Enfermeira. Doutora Enfermería. Profesor
Programa de Posgrado Máster
Enfermería, Universidad Federal de Piauí (UFPI).
Coordinador de Investigación y Estudios de Posgrado
de Facultad NOVAFAPI.
6
A partir de la década de 1980 los estudios sobre la Enfermería y su inserción en el proceso histórico se iniciaron en Brasil bajo una perspectiva crítica, señalando posturas asumidas por la
profesión a lo largo de los años. Ese conocimiento histórico construído ha crecido y se ha revelado
como una manera de percepción y análisis de la profesión a lo largo del tiempo.
La incursión de la Enfermería en esa área fue posible gracias a ampliación de los estudios
históricos en el contexto general a partir del paradigma de la “Historia Nueva”, que extendió la Historia más allá de sus antiguos límites y empezó a poner énfasis a toda actividad humana en el proceso
de constituición de la historia, destacando la memoria de los indivíduos como una de las fuentes
para la construcciónde lo saber histórico.
La preservación de la memoria de la Enfermería está de manera intrínseca relacionada al trabajo de documentación , pues en las fuentes documentales se encuentran la presencia del pasado.
Ellas son importantes porque permiten que los sucesos no se pierdan, posibilitando la realización
de los estudios históricos. En la Enfermería es necesario valorizar el trabajo de documentación para
la preservación de la memoria de la profesión, pues todavía es común desechar documentos sin que
sus significados sean identificados y registrados. La inexistencia de documentos torna demasiado
difícil el trabajo de los investigadores que la mayoria de las veces para desarrolar sus estudios tienen
que llevar a cabo al mismo tiempo el trabajo de organización de las fuentes documentales.
La producción del conocimiento sobre la historia de la enfermería sigue creciendo y actualmente se desarrolla en los centros de investigación, en los programas de posgrado, en las licenciaturas y cada vez más se fortalece con publicaciones en libros y revistas indexadas, configurándose
como un área de conocimiento en la Enfermería.
Así, poco a poco la Enfermería revela su pasado y muestra, por ejemplo, las luchas de la
enfermeras pioneras para viabilizaren sus proyectos políticos , la profesión en la interfaz del contexto
social en que actua y las fuerzas que los diferentes contextos históricos posibilitaron a la enfermería
avanzar o regresar, tornarse o no, objeto de las transformaciones de la profesion. Esos estudios son
importantes, porque ayudan a elaborar nuevas síntesis sobre la profesión, en la perspectiva de los
miembros de esa categoría, de modo crítico, consciente y, por lo tanto como sujetos de la propria
historia.
Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.7 Jan-Fev-Mar. 2011.
EDITORIAL / PUBLISHING / EDITORIAL
The knowledge production in the area of nursing history
Benevina Maria Vilar Teixeira Nunes
Enfermeira.Doutora Nursing. professor
Program Graduate Master
Nursing, Federal University of Piauí (UFPI).
Coordinator of Research and Graduate Studies of
Faculty NOVAFAPI.
From the decade of 1980 the studies about Nursing and its insertion in the historical process
began in Brazil in a critical perspective, revealing assumed postures by profession through the years.
This historical knowledge built has grown and revealed itself as a way of perception and profession
analysis through the time.
The Nursing incursion in this area was possible in consequence of historical studies enlarging
in the general context, from the paradigm “New History”, that extended History farther on their antique limits, and started to give emphasis to all human activity in the history’s construction process,
demarking the individual’s memory as a spring to the construction of historical knowing.
The preservation of the Nursing memory is intrinsically related to the documentation work,
whereas in the springs is found the presence of the past. They are important because they permit
that the events don’t get lost, become possible to the realization of the historical studies. In Nursing
it is needed to value the documentation work to the memory preservation of the profession, so
it is still common the document discarding without its meaning be identified and registered. The
inexistence of documents that difficult too much the work of the researchers that most of time at
developing their studies has to realize the organization work of the documental springs.
The production of knowledge about the Nursing history is growing and currently develops
itself in the research nuclei , in the programs of post-graduation, in Bachelor courses and every time
strengths with publications of books and indexed magazines, configuring as an area of Nursing
knowledge.
Thus, sluggishly Nursing uncovers its past and show, for instance, the fight Pioneer nurses to
make feasible its political projects, the profession in the interface of social context in which acts and
the social strengths that in the different historical contexts made possible the Nursing advance or
goes back, become or not, subject of the profession transformations. These studies are important,
because they help to elaborate new synthesis about the profession, in the member’s perspective of
this de category, of critical form, aware and, therefore subject of the history itself.
Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.8, Jan-Fev-Mar. 2011.
7
PESQUISAS / RESEARCH / INVESTIGACIÓN
Equipe de enfermagem e o acompanhante no parto em um hospital
público de Porto Alegre
Nursing staff and the companion in the childbirth at a public hospital in Porto Alegre
Equipo de enfermería y el acompañante en el parto en un hospital público de Porto Alegre
Lilia Silva Paz
Enfermeira de Saúde Pública da Rede Municipal
de Saúde de Porto Alegre-RS-Brasil, Aluna de
Pós-Graduação em Enfermagem Obstétrica da
UNISINOS, São Leopoldo-RS-Brasil. E-mail:liliajgt@
hotmail.com
Lísia Maria Fensterseifer
Professora Orientadora, Doutora, Docente do
Curso de Enfermagem Obstétrica da UNISINOS,
São Leopoldo-RS-Brasil. E-mail:[email protected]
RESUMO
Os objetivos do presente estudo são identificar como ocorre na prática a participação do acompanhante durante o parto; analisar as vivências relatadas pela equipe de enfermagem sobre a
participação do acompanhante no parto; e caracterizar os sujeitos da pesquisa segundo idade,
sexo,categoria profissional, formação profissional e tempo de serviço. É um estudo exploratório com
abordagem qualitativa, realizado em um hospital público de Porto Alegre-RS com a participação de
18 profissionais de enfermagem, utilizando-se para coletas de dados entrevistas semi-estruturadas,
analisadas pelo método de análise de conteúdo. Emergiram as categorias: equipe de enfermagem
vivenciando a participação do acompanhante durante o trabalho de parto e parto; acompanhante
participando do processo do parto, e a subcategoria: preparo do acompanhante e da parturiente;
legislação e ações da equipe obstétrica; estrutura e organização do centro obstétrico. Percebe-se o
esforço da equipe de enfermagem para superar medo, ansiedade e despreparo em relação à presença do acompanhante, havendo muito para ser feito, como o envolvimento dos profissionais médicos
e da instituição de saúde.
Descritores: Humanização do parto. Acompanhantes de pacientes. Conhecimentos, atitudes e prática em saúde. Equipe de Enfermagem.
ABSTRACT
The objectives of this study are Identify how occurs the participation of the companion in childbirth;
analise the experiences related by the nursing staff about the participation of the companion in
the childbirth; and caracterizing the subjects of the research second age, sex, professional category,
professional formation and time doing the job . It is a exploratory study with qualitative approach,
realized at in a public hospital in Porto Alegre - RS with the participation of 18 professionals of
nursing using for data collections, semi structured interview, analyzed by the method of analysis of
content. Emerged the categories: nursing staff, experiencing the companion participation during
the childbirth; companion participating of the child birth, and the subcategory : preparation of the
companion and the parturient; laws and action of the obstetric staff ; structure and organization
of the obstetric center. Perceives the efforts of the nursing staff to overcome its fears, anxiety and
unpreparedness related to the companion presence, having a lot to the done, like the involvement
of the medics and the health institutions.
Descriptors: Humanizing delivery. Patient’s companion. Health knowledge, attitudes, practice. Nursing team.
RESUMEN
Submissão: 18/08/2010
Aprovação: 20/10/2010
Los objetivos de este estudio son identificar como ocurre en la práctica, la participación del acompañante durante el parto; analizar las vivencias relatadas por el equipo de enfermería sobre la participación del acompañante en el parto, y caracterizar los sujetos de la investigación según idad,
sexo, categoría profesional, formación profesional y tiempo de servicio. Es un estudio exploratorio con abordaje cualitativo, realizado en un hospital público de Porto Alegre-RS contando con la
Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.9-13, Jan-Fev-Mar. 2011.
9
Paz, L. S. ; Fensterseifer, L. M.
participación de 18 profesionales de enfermería. Utilizó, para la recolección de datos, entrevistas semi-estructuradas, analisadas por el método
de análisis de contenido. Las categorías que emergieran fueran: equipo
de enfermería, vivenciando la participación del acompañante durante
el trabajo de parto y parto, acompañante participando del proceso del
parto, y la subcategoría: preparo del acompañante y de la parturiente, legislación y acciones del equipo obstétrico, estructura y organización del
centro obstétrico. Percibiese por el esfuerzo del equipo de enfermería para
superar el miedo, la ansiedad y des preparo en relación a la presencia del
acompañante, teniendo mucho a sé hacer, como el involucramiento de
los profesionales médicos y de la institución de salud.
Descriptores: Humanización del parto. Acompañante de pacientes. Conocimiento, Actitudes y prácticas en salud. Equipo de enfermería.
1
INTRODUÇÃO
A presença de um acompanhante no trabalho de parto e no parto é
incentivado pelas políticas públicas de saúde, observada na Lei nº 11.108,
de 07 de abril de 2005, que garante as parturientes o direito à presença de
acompanhante durante o trabalho de parto, parto e pós-parto imediato,
no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS (BRASIL, 2005).
O cumprimento desta Lei exige uma reorganização dos serviços e
dos profissionais de saúde, pois a presença do acompanhante de escolha
da parturiente é uma intervenção comportamental que mobiliza a opinião
dos profissionais de saúde e do acompanhante (BRÜGGEMANN et al, 2005).
O acompanhamento à parturiente proporciona experiências positivas no processo do nascimento. Conforme Célia (1998), a presença do pai,
ou a presença de um acompanhante terapeuta no parto, possibilita que
a parturiente divida sua responsabilidade, suas angustias, inseguranças e
medos.
Os medos e angústias da parturiente devem sempre ser considerados pela equipe de enfermagem que assiste esta mulher. O atendimento
de enfermagem diminui a probabilidade de avaliações negativas da experiência do parto, de sentimentos de tensão durante o trabalho de parto e
de considerá-lo pior do que o esperado (RICCI, 2008).
Os profissionais de saúde têm um papel importante no processo
do nascimento, devem colocar seu conhecimento a serviço do bem-estar
da mulher e do bebê, reconhecendo momentos críticos em que suas intervenções são necessárias para assegurar a saúde de ambos (BRASIL, 2003).
Os dados de vários países em desenvolvimento indicam que a mortalidade materna é mais baixa em países onde existe uma alta proporção
de partos atendidos por pessoal qualificado. No Brasil, os profissionais
legalmente habilitados para realizar o parto são o médico, a enfermeira,
a enfermeira obstétrica e a obstetriz (parteira profissional). À enfermeira,
não especializada em enfermagem obstétrica, cabe realizar o parto sem
distócia, sem episiotomia e episiorrafia (DOTTO; MAMEDE, 2008).
Em estudos que analisaram resultados obstétricos mostraram que,
quando as enfermeiras realizam a assistência ao parto, ocorrem menos
intervenções, e os resultados finais são melhores do que os produzidos
pela assistência médica convencional (DOTTO; MAMEDE, 2008).
O trabalho da enfermeira apareceu subordinado ao médico, evidenciando-se uma divisão técnica e social do trabalho de assistência ao
parto, de cujas decisões a enfermeira não participa, ou seja, o trabalho da
enfermeira entra como instrumento do trabalho do médico. Essa subordi10
nação deve-se ao fato de tais enfermeiras não especializadas em obstetrícia tenderem a olhar a parturiente como o médico, sob o enfoque da
doença (SODRÉ; LACERDA, 2007).
A enfermeira obstetra é um profissional apropriado para o
acompanhamento da gestação e parto normal de baixo risco. Estudos
realizados na Inglaterra e Estados Unidos demonstraram que os partos
assistidos pelas enfermeiras obstetras apresentam menores índices de
cesarianas, de uso de fórceps, de indução do parto, controle eletrônico
do foco e menor freqüência do uso de medicamentos (CASTRO; CLAPIS,
2005).
Muitas vezes a própria enfermeira tem medo de ousar, sentindo-se insegura na sua atuação temendo julgamento dos outros, e que para
conquistarem autonomia, as enfermeiras precisam se colocar como protagonistas do processo, acreditando nas suas capacidades de humanizar
a assistência ao parto (CASTRO; CLAPIS,2005).
Este estudo enfoca a realidade da assistência de enfermagem à
parturiente, contribuindo para o processo de humanização das práticas
obstétricas nos hospitais públicos.
Sendo assim, os objetivos desta pesquisa foram: identificar como
ocorre na prática a participação do acompanhante durante o parto; analisar as vivências relatadas pela equipe de enfermagem sobre a participação do acompanhante no parto e caracterizar os sujeitos da pesquisa
segundo idade, sexo, categoria profissional, formação profissional e tempo de serviço na área obstétrica.
2
MÉTODO
Trata-se de um estudo exploratório com abordagem qualitativa, realizado em um hospital público materno-infantil de Porto Alegre - RS. Os
sujeitos da pesquisa foram 18 profissionais de enfermagem que prestavam
assistência durante o trabalho de parto e parto, sendo quatro enfermeiras,
nove auxiliares de enfermagem e cinco técnicas de enfermagem.
Os dados foram coletados através de entrevistas semi-estruturadas,
sendo utilizadas para análise as etapas de análise de conteúdo orientada
por Gomes (2010). Assim, a análise do material coletado ocorreu em três
etapas. Na pré-análise houve transcrição das gravações, releitura do material e organização dos depoimentos. A exploração do material deu-se
pelo reconhecimento, identificação e agrupamento das unidades temáticas. Desse processo surgiram as seguintes categorias de análise: a equipe
de enfermagem vivenciando a participação do acompanhante durante o
trabalho de parto e parto; o acompanhante participando do processo do
parto, sendo que nesta categoria uma subcategoria que foi o preparo da
acompanhante e da parturiente; legislação e ações da equipe obstétrica;
estrutura e organização do centro obstétrico. Por fim o tratamento dos dados obtidos e a interpretação ocorreram com a articulação dos temas,dos
objetivos, questões e pressupostos do estudo.
A pesquisa obteve a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa
(CEP) do referido hospital conforme protocolo nº 33/10. Os entrevistados
assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. As recomendações da Resolução nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde foram observadas durante toda a pesquisa.
3
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os sujeitos deste estudo foram 18 profissionais de enfermagem,
que prestam atendimento no centro obstétrico estudado. Todas particiRevista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.9-13, Jan-Fev-Mar. 2011.
Equipe de enfermagem e o acompanhante no parto em um hospital público de Porto Alegre
pantes foram do sexo feminino, com idade média de 46 anos. Quanto à
categoria profissional, quatro são enfermeiras obstétricas, cinco técnicas
de enfermagem e nove auxiliares de enfermagem. O tempo de experiência profissional na área obstétrica variou entre quatro a 25 anos.
É importante ressaltar que, na rotina desta instituição os profissionais de enfermagem que trabalham na assistência ao trabalho de parto e
parto não realizam partos, mesmo tendo enfermeiras obstétricas no seu
quadro de profissionais.
3.1 A Equipe de Enfermagem Vivenciando a Participação do
Acompanhante Durante o Trabalho de Parto e Parto.
Para que haja humanização na assistência ao parto, é preciso que a
equipe seja preparada para esta nova relação com a clientela, numa desconstrução de sua postura autoritária (CARVALHO,2003).
A postura autoritária mostrou-se presente na fala de uma das enfermeiras, quando se referiu à equipe dizendo que eles sentiam-se ameaçados pela presença do acompanhante:
A dificuldade era em lidar com a equipe de trabalho, com auxiliares de enfermagem, com médicos que me pareciam sentirem-se ameaçados pela presença daquela pessoa estranha no território que é só nosso, criando até coisas
que não existiam pra dificultar a presença do familiar, isto me deixava bem
triste, tinham dias que eu saia daqui bem chateada (E-06).
A postura receosa manifestada por parte de alguns profissionais na
inserção do acompanhante no processo do nascimento, pode ser justificada por não ter havido um preparo específico para a equipe acerca da
presença do mesmo. Segundo Soares et al (2010)a presença do acompanhante pode gerar medo e ansiedade relacionados à incerteza e preocupações relativas à observação de como a parturiente está sendo assistida.
Não saber lidar com uma situação nova no cotidiano do trabalho
pode gerar os sentimentos de medo e ansiedade que Soares et al (2010)
apontam, veremos isto nos seguintes relatos das enfermeiras.
No início foi uma coisa um pouco razoável, porque a gente não sabia lidar com
o familiar, não sabia o que a gente tinha que fazer. Então passamos por tudo
isso e tiramos o nosso perfil, e agora tudo se encaixa tranquilamente (E-12).
Eu acho o que nos tornou receoso assim, vamos dizer com medo, é que a
gente não sabia qual era a reação, parecia que era um monte de GNUS entrando centro obstétrico a dentro,...antes o paciente era muito nosso.Então
era uma coisa mais fria, eu acho que na hora da chegada, na hora da partida,
tu tem que estar com as pessoas que tu conhece (E-12.)
No estudo realizado, no centro obstétrico de uma maternidade
em Campinas-SP foi constatado que, a superação das expectativas negativas dos profissionais de saúde, em relação ao acompanhante, ocorreu
após a percepção de que não houve alteração da assistência e da rotina
hospitalar, pois não houve limitação, restrição ou alteração na conduta
dos profissionais envolvidos na assistência ao parto (BRÜGGEMANN ET
AL, 2005).
A Resistência inicial da equipe de enfermagem para aceitação do
novo modelo de assistência transpareceu nos dizeres da enfermeira e da
técnica de enfermagem.
Com relação a nós equipe não estava acostumado a ter alguém assim do
lado. Claro que no início foi um pouco difícil, teve um pouco de resistência,
mas depois acabamos aceitando. Até porque, quando precisa fazer algum
procedimento que a gente não se sente a vontade com eles ao lado, se pede
que eles aguardem na salinha de espera, e eles aguardam, eu particularmente não gosto de puncionar com familiar junto...no mais, não me incomodo
do familiar junto (E-09).
Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.9-13, Jan-Fev-Mar. 2011.
A participação deles não atrapalhou em nenhum momento. Por
mais que tivessem abraçado, contaminado o campo, batido na mesa, desmaiado, de eu olhar e (perguntar) tu não é o familiar da moça que estava
no parto normal?(resposta do acompanhante) é que eu nunca vi uma
cesárea. Por mais que tenha acontecido tudo isso, de qualquer maneira
agora a gente ri.Então acabou nos construindo melhor (E-12).
Os profissionais de saúde reconhecem que o apoio dos acompanhantes gera sentimentos positivos na paciente (BRÜGGEMANN et al,
2005).
A valorização da participação do acompanhante é reconhecida
pela equipe podendo-se observá-la nas manifestações das profissionais
de enfermagem.
É fundamental para segurança e tranqüilidade da paciente, para evolução
do trabalho de parto, é sensacional a presença do acompanhante. (E-07). Eu
acho importante, acho que é um avanço que a gente esta tendo (E-09).
Acho importante o acompanhante, eu acho uma hora muito difícil, ainda
mais quando é uma experiência nova, primeira gestação, acho importante o
apoio do familiar, porque nesta hora tu ta num hospital, só pessoas estranhas
na tua volta (E-08).
3.2 O Acompanhante Participando do Processo do Parto.
Os profissionais de saúde estão percebendo mudanças positivas
desencadeadas pela presença do acompanhante no processo do nascimento. No estudo de Brüggemann et al (2005) o acompanhante foi visto
como um dos aspectos da humanização do parto, levando os profissionais
de saúde a repensar o significado do nascimento.
No presente estudo evidenciamos também, o que o autor acima
encontrou. As técnicas de enfermagem assim falaram:
Antigamente, quando eu entrei aqui, eram gritos, gritos, hoje em dia, não se
vê mais paciente que berra, acho mais tranqüilo ... elas tão mais tranqüilas,
bem mais confiantes, menos ansiosas, elas sabem que o trabalho de parto
é demorado, o familiar também sabe...o trabalho flui mais no pré-parto, o
familiar fica ali dando a mão, ajudando, estimulando, fica na cabeceira dando
apoio pra ela (E-03).
Para as pacientes tem sido bom, muito bom, porque elas se sentem mais seguras, por mais que tenha assistência de enfermagem: enfermeira, auxiliares,
e médicos, elas querem enxergar um familiar seu, se sentem assim perdidas
naquele momento.E melhorou bastante a condução do trabalho de parto...
melhorou porque eles participam desde o início do trabalho de parto (E-17).
Houve relatos de que algumas parturientes apresentam comportamento inadequado na presença do acompanhante, pois ficam dengosas,
mimadas. A opinião dos profissionais, pode refletir a expectativa de um
comportamento passivo da parturiente, conveniente à equipe de saúde e
à instituição, como referiu também Brüggemann et al (2005) em seu estudo. Em outro estudo, é colocado que o acompanhante deve ser preparado
para poder acompanhar com tranqüilidade o processo do parto, e não
ser um instrumento de controle de comportamentos (CARVALHO, 2003).
A mesma situação, relatada pelos autores, aflorou na presente pesquisa, identificada nas colocações das profissionais de enfermagem.
Algumas pacientes ficam até um pouco dengosas ou mais queixosas quando
tem um familiar (E-11). Tem outras que continuam em cima da cama, tem
umas que machucam o acompanhante com mordidas, arranhões...(E-12).
Também algumas pacientes que ficam mais manhosas, quando o familiar ta
junto, elas solicitam mais, se queixam mais, geralmente quando é o marido
de repente, ela ta querendo que o marido valorize tudo aquilo que ela ta
passando (E18).
11
Paz, L. S. ; Fensterseifer, L. M.
Nas urgências, os profissionais podem perceber o acompanhante
como um parceiro, apesar da tensão sentida pela sua presença. No estudo
de Brüggemann et al( 2005), os profissionais referiram que em situações
de urgência, a presença do acompanhante gera ansiedade,mas isto não
interferiu na forma de como a assistência foi prestada, pois o profissional
concentrou sua atenção na parturiente. Disse uma técnica de enfermagem:
Quando há uma complicação...foi uma cesárea, o bebê não nasceu bem,
quando a gente viu o familiar tava ali em volta, naquela angústia, e a equipe
toda envolvida com o bebê e não viu(ele)...ele foi uma pessoa bem coerente,
graças a Deus, ele viu que a gente estava na correria, todo mundo envolvido
em recuperar o bebê, então ele ficou ali parado...e a equipe médica também
tensa...mas depois tudo ficou bem, o bebê ficou bem, e ele agradeceu, e
entendeu tudo o que aconteceu...é um pouco difícil na hora da correria, mas
a gente se acostuma...(E-09).
quando a paciente é maior, eles não deixam, a não ser que incomodem muito, que faça bafo lá na frente, aí eles até deixam, mas não são todas as pessoas,
não sei como é que vai ser agora com a lei (E-16).
Depois de muitos anos trabalhando na obstetrícia, eu achei ótimo que isso
seja lei, porque nosso país é muito grande, muitas diversidades, muitas culturas, eu acho que precisa de uma lei mesmo pra obrigar (E-07).
Para o Ministério da Saúde (BRASIL, 2003), os profissionais de saúde
desempenham um importante papel no processo do nascimento, tendo
a oportunidade de colocar seu conhecimento a serviço do binômio mãe-bebê. Podem minimizar a dor, ficar ao lado, dar conforto, esclarecer, ajudar no trabalho de parto e parto.
A equipe de enfermagem faz este preparo, como observamos nas expressões
das técnicas de enfermagem. “Desde o início tento prepará-las para a dor...tu
sabes que a tendência até o bebê nascer é que vai doer, a gente tenta explicar
pra elas (E-01)...tu ta ali, dá conforto... tu dá a mão, tudo o que elas querem,
elas querem esta em contato, tendo alivio (E-03).
3.2.1 Preparo do Acompanhante e da parturiente.
As entrevistadas do presente estudo revelaram que as parturientes
e seus acompanhantes, não estão sendo preparados adequadamente no
pré-natal, pois muitos vivenciam medo, angustia, falta de esclarecimento
sobre o trabalho de parto e parto. Um estudo realizado numa maternidade em Fortaleza, também relata que os acompanhantes não estão sendo
orientados e preparados previamente para desempenhar o seu papel na
sala de parto, pela falta de compreensão do trabalho de parto e a importância do suporte emocional(SOARES et al,2010).
Foi dito por uma técnica de enfermagem:
Eu vejo que eles estão muito despreparados, não existe uma preocupação no
pré-natal...os familiares não participam do pré-natal, então eles não sabem
muito bem o que é um trabalho de parto, então tudo assusta eles. Se está
perdendo liquido assusta, se sai sangue assusta mais , tem que explicar que
trabalho de parto é assim mesmo, que as dores não vão diminuir...aí, eu questiono o que ensinam no pré-natal (E-16).
A equipe de enfermagem tem um papel importante na preparação
e no apoio ao acompanhante e à parturiente para que tenham uma vivência mais humanizada no trabalho de parto e parto. No estudo de Soares et
al (2010), a equipe de enfermagem não reconhece como sua, a responsabilidade pela orientação e treinamento do acompanhante, embora o faça
na prática. A respeito disso, a enfermeira falou:
Ele atrapalha em algumas circunstâncias, quando ele não sabe, e não foi instruído sobre qual é o papel dele, isto também é papel da enfermeira que
recebeu o acompanhante, tem tempo pra disponibilizar, orientar sobre qual
a importância dele ali, o que ele pode, e o que ele não pode, isto acontece
tranqüilo, às vezes acontece tumulto porque não é esclarecido (E-07).
3.3 Legislação e Ações da Equipe Obstétrica.
A medicina foi transformada pela sociedade capitalista numa estratégia de controle social, e o saber médico transformou a arte de curar em
poder de curar (CASTRO; CLAPIS, 2003). E, Sodré; Lacerda (2007) diz ainda
que, a enfermeira apresenta seu trabalho subordinado ao médico, sendo
caracterizado como instrumento de trabalho do médico.
Em alguns depoimentos das participantes deste estudo, percebe-se que a enfermagem ainda não tem autonomia para realizar práticas de
humanização no processo do parto, devido a hegemonia médica, ou pela
não adequação da maternidade às necessidades das parturientes. “A única
enfermeira que usa essa coisa de humanização, parto humanizado, é a
enfermeira da manhã, eu não sei se é por causa da lei. Essa a gente diz, se
tiver gato até cachorro ela deixa passar junto, independente se for menor,
ela deixa passar todo mundo” (E-16).
3.4 Estrutura e Organização do Centro Obstétrico.
De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2003), os hospitais
apresentam algumas resistências em modificar suas “rotinas” em obstetrícia e poucos são os que têm um mínimo de condições e instalações, por
exemplo, para receber um acompanhante da gestante do SUS em trabalho de parto ou garantir sua privacidade.
O ambiente físico do centro obstétrico pode ou não contribuir ou facilitar a presença do acompanhante. A fala da enfermeira mostra este aspecto:
No hospital, o nosso problema é a área física...precisa passar por reforma, mas
como é um hospital público, isto é mais complicado,...porque a gente precisa
dar área física pra ele (acompanhante), que não tem conforto, eles não tem
espaço prá botar uma cadeira do lado do leito, ele fica em pé, a gente não
tem banheiro, o banheiro é no térreo (o centro obstétrico é no 10º andar)
(E-07).
De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2003), é importante que os profissionais de saúde transformem sua prática na direção de
uma relação mais humanizada e segura, onde o parto possa ser resgatado
como o momento do nascimento, respeitando todos os seus significados
e devolvendo à mulher o seu direito de ser mãe com humanidade e segurança.
Em algumas entrevistas, percebe-se que entre as profissionais de
enfermagem não existe um conhecimento uniforme sobre a Lei do Acompanhante, provocando ações contraditórias a uma prática humanizada no
processo do nascimento. As falas assim o demonstram:
Estudo semelhante ao nosso, realizado com pais em uma maternidade pública do Rio de Janeiro coloca que, em situações de lotação dos
leitos disponíveis, a falta de privacidade impedia a presença dos pais que
retornavam à sala de espera, e que depois de muitas horas de espera, desistiam e se retiravam (CARVALHO, 2003).
As entrevistas possibilitaram que a equipe de enfermagem abordasse a falta de privacidade das parturientes, pois mesmo tendo os leitos
separados por cortinas, quando o pré-parto encontrava-se lotado, os companheiros eram impedidos de permanecer ao lado delas.
E não são todos que tem esse direito ao acompanhante, não sei agora com a
função da lei como é que vai ficar?A princípio aqui é só quando são menores,
É, tem pacientes que querem a presença do familiar, mas quando esta muito
cheio com vários pacientes, o tamanho não é suficiente, o quarto é muito peque-
12
Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.9-13, Jan-Fev-Mar. 2011.
Equipe de enfermagem e o acompanhante no parto em um hospital público de Porto Alegre
ninho, uma coisinha de nada, tem as cortinas que separam, mas é muito apertadinho.(E-04).Conforme a demanda do serviço esta lotado, esta muita correria,
a gente pede pros familiares realmente saírem, porque a gente se perde (E-12).
Alguns profissionais referiram-se sobre a importância de ter uma
estrutura física e organização adequada do centro obstétrico para a realização de uma assistência humanizada, mas evidenciaram que as mudanças mais importantes devem envolver os profissionais de saúde.
Para o acompanhante se sentir acolhido, ele se sentir melhor aceito, respeitado...vendo que existe uma área restrita, que ele pode ficar mais a vontade,
que existe uma roupa diferenciada,...a presença dele foi preparada...no entanto a reforma mais importante, fundamental, é a reforma de nós pessoas
que trabalhamos neste lugar...então é uma reforma muito mais difícil do que
a reforma física, que também é gritante, a reforma de nós trabalhadores do
centro obstétrico ( E-06).
O acompanhante que esta disposto a assistir o parto, ele não enxerga nada
disto, ele não quer saber se não tem banheiro, se tem cadeira.Ele quer ta ali
com o familiar dele, e na verdade é isto que importa pra ela é a presença, e
pra eles é isto que eles querem é ta junto ( E-07).
Percebe-se com os depoimentos, que a equipe de enfermagem
muito tem contribuído para a humanização da assistência neste centro
obstétrico, estimulando à presença do acompanhante durante o trabalho
de parto e parto, mas a enfermeira obstétrica pode e deve ampliar sua
prática profissional, como a realização de partos normais. Mas para isso,
os profissionais médicos e a instituição também devem compreender que
a enfermeira obstétrica é uma profissional especializada, integrante da
equipe de saúde, que muito tem a contribuir no processo do nascimento.
4
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Participaram do estudo, 18 profissionais integrantes da equipe de
enfermagem do centro obstétrico, enfermeiras, técnicas e auxiliares de enfermagem, todas com experiência na área obstétrica. Os seus depoimentos
demonstraram que o centro obstétrico está se adequando a nova legislação.
Evidenciaram também que não houve um preparo inicial da equipe de saúde à presença do acompanhante no centro obstétrico, manifestada pela angústia, medo, resistência, e desconhecimento sobre a Lei
do Acompanhante. Mostraram haver atitudes contraditórias às práticas
humanizadas ao parto e trabalho de parto, como por exemplo: permitir
somente o acompanhante nos turnos diurnos e no caso da parturiente
ser menor de 18 anos.
As profissionais de enfermagem demonstraram que estão mais
sensibilizadas com as propostas de humanização da assistência ao nascimento, mas ainda encontram barreiras as suas práticas devido à falta
de autonomia da enfermeira, a hegemonia médica e a não adequação
da instituição ao novo modelo de assistência preconizada pelas políticas
públicas de saúde.
A ambigüidade institucional ficou clara em algumas entrevistas,
pois aderiu a política de humanização ao parto e trabalho de parto, mas
não realizou as mudanças necessárias na estrutura física e organizacional,
para assegurar uma assistência humanizada no nascimento. A falta de
protocolos assistenciais que garantam uma prática obstétrica humanizada
baseada em evidências científicas, onde a enfermeira obstetra possa realizar partos normais é um outro aspecto que envolve a instituição, e que
precisa ser observado.
A presença do acompanhante no processo do nascimento é uma prática que favorece a humanização da assistência, provocando mudanças positivas: na parturiente, como segurança, conforto e vínculo com o seu meio
familiar; na equipe, por estimular a reflexão da sua prática obstétrica e na instituição por favorecer a revisão de seu modo de gestão da assistência de saúde.
Assim sendo, espera-se que este estudo contribua para o repensar
das práticas da assistência de enfermagem obstétrica, onde a parturiente
e seu acompanhante sejam protagonistas no processo do nascimento.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Área Técnica
de Saúde da Mulher. Parto, aborto e puerpério: assistência humanizada à mulher. Brasília: Ministério da Saúde, 2003. p. 199.
DOTTO, L. M. G.; MAMEDE. M. V. Atenção qualificada ao parto: a equipe de
enfermagem em Rio Branco, Acre, Brasil. Rev. Esc. Enferm. USP, São
Paulo, v. 42, n. 2, p.331-8, 2008.
BRASIL. Ministério da Saúde. Lei nº 11.108, de 7 de abril de 2005. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato20042006/2005/
Lei/L11108.htm>. Acesso em: 08/07/2010.
GOMES, R. Análise e interpretação de dados de pesquisa qualitativa. In:
MINAYO, M.C.S. et al. Pesquisa Social: Teoria, método e criatividade. 29.
ed. Petrópolis: Vozes, 2010. Cap. 4. p.79-108.
BRÜGGEMANN, O.M.; OSIS, M.J.D.; PARPINELLI, M.A. Apoio nascimento:
percepção de profissionais e acompanhantes escolhidos pela mulher no
parto. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 41, n.1, p.1-9, fev. 2007.
MINAYO, M.C.S. et al. Pesquisa Social: Teoria, método e criatividade. 29.
ed. Petrópolis: Vozes, 2010. p.108.
CARVALHO, M. L. M. Participação dos pais no nascimento em maternidade
pública: dificuldades institucionais e motivações dos casais. Cad. Saúde
Pública, Rio de Janeiro, v.19, (Sup. 2), p.389-398, 2003.
RICCI, S.S. Enfermagem materno-neonatal e saúde da mulher.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008. p.712.
CASTRO,J.C.;CLAPIS, M.J. Parto humanizado na percepção das enfermeiras
obstétricas envolvidas com a assistência ao parto. Rev.Latino-Am Enfermagem, Ribeirão Preto,v.13, n.6, p.960-7, 2005.
SOARES, R. et. al; A Parturient´s companion and their relationship with the
nursing team: a qualitative study. Online Brazilian Journal of Nursing. North America, 9 jun. 2010. Available at: http://www.objnursing.uff.br/index.php/nursing/article/view/2867. Date accessed: 15 Apr.
2011.
CELIA, S. Saúde mental da criança. In: VANZIN, A.S; NERY, M.E.S. Atenção
integral à saúde da criança:um enfoque epidemiológico. Porto Alegre: RM&L, 1998. Cap. 8, p.103-114.
SODRE, T. M.; LACERDA, R. A. O processo de trabalho na assistência ao
parto em Londrina - PR. Rev. Esc. Enferm. USP, São Paulo, v. 41, n. 1,
p.82-89.2007.
Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.9-13, Jan-Fev-Mar. 2011.
13
PESQUISAS / RESEARCH / INVESTIGACIÓN
Prevalência de úlcera por pressão em pacientes acamados,
cadastrados na Estratégia de Saúde da Família: um estudo de
enfermagem
Prevalence of pressure ulcers in bedridden registered at the Family Health Strategy: a nursing study
La prevalencia de úlceras por presión en cama registrados en la Estrategia de Salud de la Familia: un
estudio de enfermería
Emanuelly de Fátima Rodrigues Pessoa
Graduanda em enfermagem pela Faculdade de
Saúde, Ciências Humanas e Tecnológicas do Piauí.
Teresina (PI), Brasil.
Julianna Grazille de S. Carvalho Rocha
Graduanda em enfermagem pela Faculdade de
Saúde, Ciências Humanas e Tecnológicas do Piauí.
Teresina (PI), Brasil.
Sandra Marina Gonçalves Bezerra
Mestre em enfermagem, Professora da Faculdade
de Saúde, Ciências Humanas e Tecnológicas do
Piauí. Teresina (PI), Brasil. Diretora Geral da Unidade
Integrada de Saúde do Parque Piauí. Teresina (PI),
Brasil. Rua regeneração, 290 Apt. 1001 ed. Mondrian
Ilhotas Teresina-Pi 64001690. email: sandrabezerra@
novafapi.com
RESUMO
Estudo descrito com abordagem quantitativa, com o objetivo de estimar a prevalência de úlceras
por pressão (UPP) e investigar as características sócio-demográficas, clínicas e o risco para desenvolvimento de lesão em pacientes acamados sob assistência domiciliária na Estratégia Saúde da
Família de Teresina. Foram avaliados 30 pacientes, com idades entre 18 a 108 anos; 80% idosos,
76,7% sexo feminino, 70% cor parda, 86,7% analfabetos, 44,90% hipertensão e 20,41% diabetes.
50% dos pacientes acamados por doenças degenerativas, 59,99% apresentavam risco para UPP. A
prevalência de UPP foi de 13,33% e 40% destas em estágio I, sendo que as regiões anatômicas de
maior ocorrência foram: sacro coccígea (70%), maléolo e trocânter, ambos com 25%. Considerando
a maioria de idosos e com baixas condições sócio-econômicas, a prevalência de UPP foi menor que a
encontrada nos estudos realizados em domicílio, embora a maioria apresentasse risco elevado para
desenvolvimento de UPP.
Descritores: Úlceras por pressão. Assistência domiciliar. Enfermagem.
ABSTRACT
Study described a quantitative approach, aimed to estimate the prevalence of pressure ulcers (UPP)
and to investigate the sociodemographic, clinical and risk for injury in bedridden patients under
home care at the Family Health Strategy in Teresina. We evaluated 30 patients, aged between 18
to 108 years, 80% elderly, 76.7% female, 70% mixed ethnicity, 86.7% were illiterate, 44.90% 20.41%
hypertension and diabetes. 50% of patients bedridden due to degenerative diseases, 59.99% were
at risk for UPP. The prevalence of UPP was 13.33% and 40% of stage I, and the anatomical regions of
highest incidence were: coccygeal sacral (70%), malleolus, and trochanter, both with 25%. Whereas
the majority of elderly and low socio economic UPP prevalence was lower than that found in studies
at home, although most present high risk for development of UPP.
Descriptors: Pressure ulcers. Home care. Nursing.
RESUMEN
Submissão: 12/08/2010
Aprovação: 29/11/2010
14
Estudio descriptivo con abordaje cuantitativo, se objetivó estimar la prevalencia de úlceras por presión (UPP) e investigar las características sociodemográficas, clínicas y el riesgo para desarrollo de
lesión en pacientes en cama bajo asistencia domiciliar en la estrategia salud de la familia de Teresina. Fueron evaluados 30 pacientes, con edades entre 18 a 108 años; 80% ancianos; 76,7% sexo
femenino; 70% color pardo, 86,7% analfabetos, 44,90% hipertensión y 20,41% diabetes. 50% de los
pacientes en cama por enfermedades degenerativas, 59,99% presentaban riesgo para UPP. La prevalencia de UPP fue de 13,33% y 40% de estas en estagio I, siendo que las regiones anatómicas de
mayor ocurrencia fueron: sacro coccígea (70%), maléolo y trocánter, ambos con 25%. Considerando
la mayoría de ancianos y con condiciones socioeconómicas baja la prevalencia de UPP fue mayor
que la encontrada en los estudios realizados en domicilio, a pesar de la mayoría presentaren riesgo
para desarrollo de UPP.
Descriptores: Úlceras por presión. Cuidado en el hogar. Enfermería
Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.14-18, Jan-Fev-Mar. 2011.
Prevalência de úlcera por pressão em pacientes acamados, cadastrados na Estratégia de Saúde da Família: um estudo de enfermagem
1
INTRODUÇÃO
No Brasil o Sistema Único de Saúde (SUS), foi instituído em 1988
ao qual cabe identificar e divulgar fatores condicionantes e determinantes da saúde; formular políticas de saúde destinadas a promover
ações e serviços de saúde; bem como assistir as pessoas por meio de
ações de promoção, proteção e recuperação da saúde. No entanto, os
valores que regem a assistência à saúde têm sido modificados e o SUS
busca alternativas para incrementar a qualidade desta assistência de
acordo com as novas demandas de saúde.
Tendo em vista a assistência integral à saúde da população, elaborou-se o Programa de Saúde da Família (PSF) que, atualmente, tem
sido denominado Estratégia de Saúde da Família (ESF), uma vez que
não possui caráter programático, e sim, características estratégicas de
mudança do padrão de atenção à saúde da população (BRASIL, 2006).
De acordo com Brasil (2003), as práticas da ESF visam ter como
foco do trabalho a família, assim como possuir ações de caráter preventivo sobre a demanda. Dessa forma, constitui uma prática menos
reducionista sobre a saúde, avançando para além da simples intervenção médica que busca a integração com a comunidade, numa atuação
interdisciplinar dos profissionais que compõem as equipes de saúde
da família.
Nesse contexto, a ESF, entendida como uma estratégia de reorientação do modelo assistencial, operacionalizada mediante à implantação de equipes multiprofissionais em unidades básicas de saúde, visa
a ampliação da cobertura a partir dos domicílios; objetiva a aproximação e estabelecimento de vínculos entre os profissionais de saúde e a
comunidade com os demais níveis de atenção e uma atuação de forma
resolutiva aos problemas de saúde (BRASIL, 2010).
Desse modo, Brasil (2006) afirma que a implantação da ESF vem
sendo disponibilizada uma equipe multiprofissional para dar suporte
em orientações e na intervenção do cuidar intradomiciliar aos pacientes cadastrados no programa, realizando visita aos acamados no domicílio.
Em Teresina, a ESF tem uma cobertura de mais de 90% e os enfermeiros têm um papel de suma importância tanto na assistência de
enfermagem, como nas diversas ações desempenhadas pelo programa
e, uma delas, é a responsabilidade da organização do serviço como um
todo e das ações realizadas pelos Agentes Comunitários de Saúde (ACS)
que são elos da comunidade com a equipe (TERESINA, 2010).
Segundo ANVISA (2006), a assistência domiciliar à saúde é uma
categoria da atenção domiciliar à saúde que pode ser também denominada atendimento ou cuidado domiciliar e baseia-se na plena interação
do profissional com o paciente, sua família é o cuidador, quando este
existe. Ela constitui um conjunto de atividades de caráter ambulatorial,
programadas e continuadas, desenvolvidas em domicílio, e pode ser
instrumentalizada pela visita ou internação domiciliar.
A visita domiciliar é uma categoria da atenção domiciliar à saúde
que prioriza o diagnóstico da realidade do indivíduo e as ações educativas, sendo um instrumento de intervenção, fundamental na saúde da
família e na continuidade de qualquer forma de assistência e/ou atenção domiciliar à saúde, sendo programada e utilizada com o intuito de
subsidiar intervenções ou o planejamento de ações (TAKAHASHI; OLIVEIRA, 2001. p.43-6).
Bezerra (2010) ressalta que o paciente acamado no domicílio ou
com restrição de mobilidade no domicílio é susceptível a apresentar
Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.14-18, Jan-Fev-Mar. 2011.
problemas complexos e muitas vezes têm seu estado de saúde agravado com a presença de UPP em que podem vivenciar dor, sofrimento,
comprometimento sistêmico, quase sempre associado à infecção, secreções com odor fétido, alteração da imagem corporal, podendo ocorrer uma baixa autoestima, desmotivação e insegurança; sobrecarga
emocional e física dos cuidadores. Além disso, observa-se que o custo
financeiro se torna elevado no tratamento desses pacientes e, quando
mal conduzidos ou tratados, têm uma mortalidade elevada.
A mobilidade física diminuída, o déficit de sensibilidade, as repercussões geniturinárias e gastrointestinais e as alterações circulatórias presentes no lesado medular tornam-no vulnerável a uma série de
complicações graves, que limitam ainda mais o seu processo reabilitatório e sua reinserção social. Entre as complicações mais freqüentemente encontradas nesses indivíduos está a úlcera por pressão (UPP) e
a incontinência urinária e fecal (COSTA; OLIVEIRA, 2010).
A National Pressure Ulcer Advisiory Panel (NPUAP), órgão norte-americano, responsável por emitir diretrizes e orientar políticas públicas, educacionais e de pesquisa nesta área, relacionadas à prevenção,
tratamento das UPP, define-as como áreas de necrose tecidual que se
desenvolvem quando um tecido mole é comprimido entre uma proeminência óssea e uma superfície dura por um período prolongado de
tempo.
O desenvolvimento da UPP é um fenômeno complexo que envolve vários fatores associados, sendo que a imobilidade por tempo
prolongado é o mais importante fator de risco para pacientes acamados. É importante lembrar que a UPP pode também ocorrer em períodos considerados curtos, dependendo do paciente, o intervalo de duas
horas, ou até menos, pode ser tempo suficiente para o desenvolvimento da lesão (FERNANDES; CALIRI; HAAS, 2008).
Diante de tudo, ressalta-se que, para o enfermeiro, é importante
na elaboração de protocolos para atendimento de pacientes com UPP,
para que possa planejar a assistência de enfermagem e realizar orientações aos familiares ou pessoas que cuidam dos acamados/cadeirantes
em domicílio, visando diminuir custos diretos e indiretos, melhorando a
qualidade de vida destes indivíduos.
Bezerra (2010) afirma ainda que, no acompanhamento do paciente acamado em domicílio, o enfermeiro ESF deverá realizar as orientações necessárias para o cuidado preventivo de lesões; acompanhar
com avaliações periódicas os acamados com risco para UPP; manter
registros de suas ações e capacitar os profissionais de nível médio de
enfermagem devido ao contato freqüente com o paciente, ajudando
nas orientações e cuidados preventivos.
Vários são os pesquisadores que elaboram escalas de predição
de riscos para desenvolvimento da UPP, colaborando na prevenção da
úlcera dando subsídios aos enfermeiros para indicar qual paciente que
corre riscos de desenvolvê-la. A escala de Braden é uma das mais usadas. É um instrumento utilizado para a avaliação das condições gerais
do paciente, auxiliando na seleção de ações preventivas e curativas para
as úlceras por pressão. Foi desenvolvida por Barbara Braden and Nancy
Bergstrom em 1987, e validada no Brasil por Paranhos e Santos (1999).
Embasados nesses fatos, pode-se perceber a importância de se
ampliar o conhecimento nessa área, a fim de subsidiar novas reflexões
dos profissionais de saúde no sentido de proporem ou definirem novas
estratégias assistenciais dentro das políticas de saúde, favorecendo um
planejamento do cuidar e ampliação de resultados positivos à saúde
dos pacientes acamados e acometidos com úlceras por pressão. Consi15
Pessoa, E. F. R.; Carvalho Rocha, J. G. S. C.; Bezerra, S. M. G.
derando essa problemática definiu-se como objeto desse estudo a prevalência de úlceras por pressão em pacientes acamados no domicílio.
O estudo tem como objetivo estimar a prevalência de UPP e
investigar as características sócio-demográficas, clínicas e o risco para
desenvolvimento de úlcera por pressão em pacientes acamados sob
assistência domiciliária na Estratégia Saúde da Família de Teresina.
2METODOLOGIA
Trata-se de um estudo descritivo, seccional, com abordagem
quantitativa, realizado em uma área de ESF, localizada na região sul
de Teresina, onde estão lotadas duas equipes de ESF consideradas, segundo dados da Coordenadoria Regional de Saúde Sul, como a área
de maior número de acamados cadastrado por equipe (KLEIN, BLOCK,
2009)
A população do estudo foi constituída por 30 pacientes acamados, cadastrados na ESF na qual foram incluídos todos os pacientes
com idade igual ou superior a 18 anos e que consentiram em participar
da pesquisa. Todos os participantes ou responsáveis pelos mesmos tiveram esclarecimentos do estudo e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
A pesquisa foi realizada pelas próprias pesquisadoras, através
de contato prévio com enfermeiros dos turnos da manhã e tarde para
levantamento dos acamados e realização de visitas domiciliárias para
coleta de dados, acompanhadas pelo agente comunitário de saúde da
área, para facilitar o acesso aos domicílios e contato com as famílias.
Os esclarecimentos sobre a pesquisa foram feitos em linguagem
fácil, reforçando a questão do sigilo e a não interferência no seu tratamento clínico no serviço. Para aqueles que concordaram, foi realizada a
entrevista. Os dados foram coletados, utilizando um instrumento estruturado, constituído de cinco partes divididas em dados demográficos,
dados clínicos, avaliação de risco da UPP utilizando a escala de Braden,
avaliação da UPP e cuidados com a UPP.
Posteriormente, foi realizada a inspeção da pele do paciente e
a mensuração da UPP com observação das características da lesão. Foram considerados os estágios da UPP de I a IV e as escaras como lesões
não avaliadas. Para identificação da prevalência da UPP foram incluídos
todos os pacientes com UPP no momento da inspeção da pele.
A análise dos dados foi realizada após a codificação de um banco de dados no programa Statistic Package for Social Sciences (SPSS),
versão 16.0, onde foram realizadas tabelas com estatística simples e
percentual para posterior análise e discussão da tabelas
Foram respeitadas as normas da Comissão nacional da Ética em Pesquisa (CONEP), contidas na resolução 196/96 do Conselho
Nacional de Saúde e a pesquisa só foi iniciada após autorização pela
Fundação Municipal de Saúde (FMS) de Teresina – PI. E aprovação do
Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Faculdade NOVAFAPI, sob nº de
CAAE nº. 0354.0.043.000-10.
3
RESULTADOS
Participaram da pesquisa 32 pacientes cadastrados como acamados na equipe de ESF com idade maior o igual a 18 anos. Destes, dois não
foram encontrados porque não estavam em suas residências no momento
da visita, assim, 30 pacientes compuseram a amostra do estudo.
16
Para a ESF, são considerados acamados todos os pacientes
com dificuldade de locomoção e os com imobilidade prolongada, necessitando de visita da equipe de saúde para avaliação, encaminhamentos a
especialistas, prescrição, orientações quanto à alimentação, uso de medicamentos, higiene corporal, prevenção de agravos e controle da doença.
Os dados foram apresentados em quatro tabelas de acordo com os objetivos do estudo.
Tabela 1 – Distribuição do perfil sócio-demográfico dos pacientes
acamados em domicílio, cadastrados na ESF. Teresina-PI, 2010 (n=30).
Sexo
Variáveis
Masculino
Feminino
N
7
23
%
23,3
76,7
Faixa Etária
Entre 18 e 39 anos
Entre 40 e 59 anos
Entre 60 e 79 anos
80 anos ou mais
3
3
13
11
10,0
10,0
43,3
36,7
Escolaridade
Não Alfabetizado
Ensino Fundamental
Ensino Médio 26
2
2
86,7
6,7
6,7
Situação Conjugal
Solteiro
Casado/União Estável
Viúvo
8
10
12
26,7
33,3
40,0
Naturalidade
Teresina
Interior do Piauí
Outros estados
620,0
20
66,7
4
13,3
Cor da Pele
Pardo
Branco
Negro
21
5
4
70,0
16,7
13,3
N° de Pessoas na Família
1 a 3 pessoas
4 a 6 pessoas
7 a 10 pessoas
14
14
2
46,7
46,7
6,7
Renda Individual
1 salário mínimo
2 salários mínimos
3 a 4 salários mínimos
26
3
1
86,7
10,0
3,3
Renda Per Capita
1 salário mínimo
2 salários mínimos
3 salários mínimos
5
18
7
16,7
60,0
23,3
Moradia
Própria
Mora com amigos
29
1
96,7
3,3
Dos 30 pacientes, participaram do estudo 6 (20%) adultos e 24
(80%) idosos. A idade variou de 18 a 108 anos. A maioria dos pacientes
(70%) era de cor parda. Quanto ao sexo, 23 (76,7%) eram mulheres, 12
(40%) eram viúvos e 29 (96,7%) residiam em moradia própria.
Quanto ao nível de escolaridade, houve predominância de não-alfabetizado (86,7%). 26 (86,7%) recebiam um salário mínimo, correspondente à aposentaria ou auxílio doença. No que se refere à renda familiar,
18 (60%) pacientes recebiam 2 salários mínimos. Em relação ao número
de pessoas por família, 14 (46,7%) moravam de 1 a 3 pessoas e 14 (46,7%)
moravam de 4 a 6 pessoas, 20 (66,7%) eram procedentes do interior do
Piauí.
Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.14-18, Jan-Fev-Mar. 2011.
Prevalência de úlcera por pressão em pacientes acamados, cadastrados na Estratégia de Saúde da Família: um estudo de enfermagem
Tabela 2 – Distribuição dos pacientes acamados em domicílio, cadastrados
na ESF segundo as condições clínicas associadas, Teresina-PI, 2010 ( n=30).
Respostas
N
Condições Clínicas
Diabetes
Associadas
Hipertensão
Obesidade
Outros
Total
%
10
22
6
11
49
Percentual
das Respostas
20,41
44,90
12,24
22,45
100,00
41,67
91,67
25,00
45,83
204,17
Em termos de perfil clínico relacionado às doenças associadas ao
motivo de estar acamado, 22 (44,90%) apresentavam hipertensão arterial
sistêmica, seguidos de 10 (20,41%) diabéticos, 6(12,24%) obesos. Na variável, outros destacaram os distúrbios degenerativos como osteoporose,
Doença de Alzheimer e reumatismo.
Tabela 3 – Distribuição dos pacientes acamados em domicílio, cadastrados
na ESF segundo o motivo de estar acamado, Teresina-PI, 2010 ( n=30).
Osteoporose
Acidente Vascular Encefálico – AVE
Paralisia Cerebral
Deficiência Visual
Idade Avançada
Acidente Automobilístico
Mal de Alzheimer
Amputação
Outros
Total
N%
620,0
5
16,7
4
13,3
3
10,0
3
10,0
2
6,7
2
6,7
2
6,7
310,0
30100,0
A tabela 3 mostra que a osteoporose foi a principal causa de estarem acamados 6 (20%), seguida de AVE 5 (16,7) , paralisia cerebral 4
(13,3%), deficiência visual 3 (10%), idade avançada 3 (10%), Acidentes
automobilísticos 2 (6,7%), mal de Alzheimer 2 (6,7%) e amputação ocasionada por pé diabético 2 (6,7%). E outros foram considerados a distância
até a unidade de saúde e depressão.
Tabela 4 – Distribuição dos pacientes acamados quanto ao escore da
escala de Braden e a prevalência de úlcera por pressão
Escores da Escala Sem Risco
de Braden
Em Risco
Risco Moderado
Alto Risco
Total
4
Persença de UPP
Sim
Não
N %
N %
0 0,00 12 40,00
N
12
%
40,00
0 0,00
1 3,33
3 10,00
13,33
10
4
4
30
33,33
13,33
13,33
100,00
10
3
1
26
33,33
10,00
3,33
86,67
Total
A prevalência de pacientes com UPP foi de 13,33%, considerando
que, dos 30 pacientes, 4 apresentavam úlceras por pressão. O menor escore encontrado pela escala de Braden foi 10 e o máximo, 22. Os resultados evidenciaram que, à medida que aumentam os escores obtidos na
avaliação pela escala de Braden, menor número de pessoas tem UPP. Dos
4 pacientes com risco elevado, 3 (10%) tiveram UPP, sendo 2 idosos e um
adulto (59 anos). Dos 4 pacientes em risco moderado, 1 (3,33%) teve UPP.
A localização anatômica de maior frequência foi na região sacro coccigea
(75%), seguida da região do maléolo esquerdo (25%) e trocânter esquerdo
(25%). Quanto à classificação das UPP, o maior percentual encontrado foi
no estágio I (40%).
Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.14-18, Jan-Fev-Mar. 2011.
4
DISCUSSÃO
Na amostra em estudo, o predomínio foi de pacientes do sexo feminino, estimativa já esperada, pois segundo IBGE (2000), na população
brasileira, as mulheres têm maior sobrevida que os homens (50,8%), fato
atribuído ao aumento da taxa de mortalidade dos homens, bem como ao
aumento da expectativa de vida das mulheres ao nascer.
A idade dos pacientes participantes do estudo variou de 18 a 108
anos. Constatou-se que a maior frequência (%) está na faixa que engloba 60
a 79 anos, representando o total de 43,3% da população. Percentuais também esperados, levando-se em conta dados do IBGE (2006) que afirmam,
por conta das transformações demográficas ocorridas nos últimos anos, uma
tendência do envelhecimento da população brasileira, em que o número de
pessoas de 60 anos ou mais aumentou em mais de cinco milhões entre 1995
e 2005, sendo que esta população pode chegar em 34,3 milhões em 2050.
Observou-se a predominância no nível de escolaridade não-analfabetizado, que corresponde a 86,7%, seguidos de 6,7% que cursaram o ensino fundamental incompleto e 6,7% que cursaram o ensino médio completo. Fatos que não correspondem à situação brasileira atual, pois IBGE
(2006) mostra uma queda no índice de analfabetismo em nosso país nos
últimos dez anos (1992 a 2002). Em 1992, o número de analfabetos correspondia a 16,4% da população. Esse índice caiu para 10,9% em 2002. A
alta taxa de analfabetismo, observada na pesquisa pode ser explicada em
decorrência da idade avançada da maioria dos entrevistados — fato relevante — visto que havia menos oportunidades em relação aos estudos.
Quanto ao estado civil, observa-se que 40% eram viúvos, 33,3%
eram casados/união estável, seguido de 26,7% de solteiros. Em relação
à naturalidade, somente 20% dos pacientes nasceram no município de
Teresina e 80% migraram de outros municípios, sendo 66,7% do interior
do Piauí e 13,3% de outros estados.
Considerando-se a cor da pele, 70% da população era da cor parda;
16,7% era branca e 13,3% era negra. Os resultados não correspondem ao
perfil nacional da população, visto que os brancos compõem cerca de 49,9%;
da mesma forma, os negros 6,3% e pardos 43,2% da população nacional.
Quanto à renda familiar, destaca-se que 18 pacientes (60%) recebiam 2 salários mínimos, 7 (23,3%) possuíam renda de 3 salários mínimos
e 5 (16,7%) recebiam 1 salário mínimo. Um resultado importante foi a
identificação da existência de uma renda familiar de suporte aos pacientes
para o cuidado domiciliário.
De acordo com Chayamiti; Caliri (2010) um relacionamento linear
entre o aumento da idade dos pacientes e o da ocorrência de UPP tem
sido encontrado em vários estudos. Além da prevalência das condições
crônicas, que levam à diminuição da capacidade funcional nos idosos, a
própria fisiologia do envelhecimento contribui para elevar o risco. O envelhecimento também afeta todos os estágios da cicatrização, independentemente das comodidades que, por si mesmas, também interferem no
processo de reparação tecidual (SOUZA; SANTOS, 2006).
Considerando as características de cada paciente que apresentou a
UPP, tais como idade, morbidade referida e escore da Escala de Braden, é
possível compreender que esses fatores agiram sinergisticamente para o
desenvolvimento da lesão, e que as medidas que poderiam diminuir o impacto do excesso de pressão, como a redução do tempo em uma mesma
posição, como a dorsal ou sentado, não foram utilizadas com frequência.
A articulação entre os níveis de atenção à saúde é fundamental
para esta população, com vistas a possibilitar o atendimento integral e
contínuo. É importante também a construção de redes de apoio entre a
17
Pessoa, E. F. R.; Carvalho Rocha, J. G. S. C.; Bezerra, S. M. G.
família, comunidade, serviços, tudo para facilitar a resolução dos problemas identificados.
5CONCLUSÃO
Através deste estudo, podemos observar, nos resultados, que os pacientes acamados são, em sua maioria, idosos, com predomínio da faixa
etária de 60 a 79 anos, apresentando-se vulneráveis para o desenvolvimento de úlcera; no entanto, notou-se uma baixa prevalência (13,33%) de UPP
nos acamados em questão, ao contrario do que se esperava no início da
pesquisa e ainda comprometidos por diversas morbidades, entre elas, em
sua maioria, a hipertensão, com necessidade de cuidados dos cuidadores.
Diante dos resultados encontrados, identificou-se uma notória
atuação das equipes de saúde, visto que a prevalência de UPP encontra-se
abaixo da média nacional, porém havendo ainda uma pequena necessidade de intervenção educativa junto a esta população.
Espera-se com esta pesquisa contribuir para o aperfeiçoamento
da atuação e uma maior reflexão dos profissionais da área da saúde, especialmente o enfermeiro, que lida diretamente com o cuidado e tem a
responsabilidade de buscar atualizações e aplicar medidas preventivas, reduzindo assim os casos de UPP e também dos gestores para que possam
desenvolver políticas públicas para atender com qualidade a essa clientela, oferecendo condições de trabalho à equipe multiprofissional que atende o usuário em domicílio.
REFERÊNCIAS
Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC Nº 11, de 26 de
janeiro de 2006. Brasil: ANVISA; 2006
BEZERRA, S. M. G. Prevalência de úlcera por pressão e cuidados dispensados em acamados no domicilio. (Mestrado em enfermagem) Universidade
Federal do Piauí, 2010.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Departamento de Atenção Básica (DAB). Programa Saúde da Família: ampliando a
cobertura para consolidar a mudança do modelo de Atenção Básica. Rev.
Bras. Saude Mater. Infantil, Recife, v.3, n.1, p. 113-25, Jan/Mar. 2003.
______. Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Departamento de Atenção Básica (DAB). Programa Saúde da Família. Brasília. 2010.
Disponível em <http://portal.saude.gov.br/portal/saude/cidadao/area.
cfm?id_area=149>. Acessos em 09 de maio 2010.
______. Ministério da Saúde. Portaria GM.n.º 648 de 28 de março de 2006.
Política Nacional de atenção Básica Brasília. 2006b.
______. Ministério da Saúde. O SUS é legal. Rio Grande do Sul (RS): O
Ministério; 2000.
CHAYAMITI, E. M. P. C.; CALIRI, M. H. L. Úlcera por pressão em pacientes
sob assistência domiciliária. Acta Paul. Enferm., São Paulo, v. 23, n. 1,
2010 .
Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0103-21002010000100005&lng=pt&nrm=iso>. acessos
em 11 abr. 2010. doi: 10.1590/S0103-21002010000100005.
COSTA, J. N; OLIVEIRA, M. V. Fenômenos de enfermagem em portadores de lesão medular e o desenvolvimento de úlceras por pressão. Rev.
Enferm. UERJ, Rio de Janeiro, v. 13, n. 3, set. 2005 . Disponível em
<http://www.revenf.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-35522005000300012&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 12 abr. 2010.
FERNANDES, L. M. e CALIRI, M. H. L e HAAS, V. J. The effect of educative
interventions on the pressure ulcer prevention knowledge of nursing professionals. Acta paul. enferm. São Paulo, vol.21, n.2, p. 305-311, abr/mai/
Jun. 2008.
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 4ed. São Paulo: Atlas, 1999.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA (IBGE). Censo demográfico 2000: características da população e dos domicílios Resultado do
universo. Rio de Janeiro: 2000b. p. 1-520.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA (IBGE). Síntese de Indicadores Sociais 2005. Rio de Janeiro (RJ): Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística; 2006.
NPUAP. National Pressure Ulcer Advisory Panel. Conceito e classificação de
úlcera por pressão: atualização da NPUAP, Revista Estima, v. 5, n. 3, p. 43-44,
jul/ago/set. 2007.
OLIVEIRA, S. L. Tratado de Metodologia Científica: Projetos de pesquisa, TGI,
TCC, monografias, dissertações e Tess. 2ed Pioneira Thomson. São Paulo. 2006.
PARANHOS, W. Y.; SANTOS, V. L. C. G. Avalição do risco para úlceras por pressão por meio da escala de Braden, na língua portuguesa. Rev. Esc. Enferm.
USP, São Paulo, v. 33, n. Especial, p. 191-241, 1999.
SOUZA, D. M. S. T; SANTOS, V. L. C. G. Incidência de úlceras por pressão e
fatores de risco em idosos institucionalizados. Rev Estima. v, 4, n.1, p.45,
jan/fev/mar. 2007.
TAKAHASHI, R. F., OLIVEIRA, M. A. C. A visita domiciliária no contexto da
saúde da família. In: Ministério da Saúde (BR). Programa de Saúde da Família: manual de enfermagem. São Paulo (SP): O Ministério; 2001. p.43-6.
TERESINA. Fundação Municipal de Saúde. Levantamento de pacientes acamados da Coordenadoria Regional Sul. 2010.
18
Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.14-18, Jan-Fev-Mar. 2011.
PESQUISAS / RESEARCH / INVESTIGACIÓN
Prevalência de transtorno de ansiedade e depressão em pacientes
candidatos a cirurgia bariátrica
Prevalence of anxiety disorder and depression in patients candidates for bariatric surgery
Prevalencia de trastorno de ansiedad y depresión en pacientes candidatos a cirugía bariátrica
Marina Stela de Sousa Monteiro
Aluna do 12º período do Curso de Medicina da
Faculdade Integral Diferencial – FACID. e-mail:
[email protected]
Gustavo de Sousa Santos
Médico Cirurgião. Prof° do Curso de Medicina da
Faculdade Integral Diferencial – FACID. e-mail:
[email protected]
RESUMO
Trata-se de um estudo de natureza descritiva e seccional, realizado em Teresina (PI), com o objetivo de conhecer a prevalência de transtornos psiquiátricos (ansiedade e depressão) em pacientes obesos mórbidos candidatos a cirurgia bariátrica. O local da pesquisa foi no consultório de um
médico especialista em uma clínica particular da cidade. O levantamento dos dados foi através de
questionário aplicado a 26 pacientes que procuraram este tipo de cirurgia. Buscou-se caracterizar a
população de estudo e analisar a prevalência de transtornos psiquiátricos e determinar a prevalência
de transtorno depressivo e ansiedade nesta população. Os resultados mostraram que a maioria dos
pacientes é do sexo feminino (65,4%), com idade entre 22 a 30 anos (34,6%), procedentes de Teresina (73,1%) e casadas (50%). Com relação à escolaridade grande parte é de nível superior (61,5%)
e com renda mensal de 01 a 10 salários mínimos (69,2%). A prevalência de obesos mórbidos com
transtorno psiquiátrico foi de 34,6%, sendo que destes todos apresentaram depressão. O índice de
indivíduos com ansiedade foi de apenas 7,7%. Conclui-se que há uma alta prevalência de transtorno
depressivo nessa população e índices mais baixos de ansiedade.
Descritores: Cirurgia bariátrica. Depressão. Ansiedade. Obesidade mórbida.
ABSTRACT
This is a descriptive and sectional study carried out in Teresina, PI, in order to assess the prevalence
of psychiatric disorders (anxiety and depression) in morbidly obese candidates for bariatric surgery.
The research data were collected in the office of a specialist physician at a private clinic in the city.
A questionnaire was administered to 26 patients seeking this type of surgery. The study sought to
characterize the study population, analyze the prevalence of psychiatric disorders and to determine
the prevalence of depressive disorder and anxiety in this population. The results showed that most
patients were female (65.4%), between 22 and 30 years of age (34.6%), from Teresina (73.1%) and
married (50%). In regards to education, the majority has a college education (61.5%) and has an
income from 01 to 10 minimum salaries (69.2%). The prevalence of morbidly obese patients with
psychiatric disorder was 34.6%, all of whom had depression. The rate of individuals with anxiety was
only 7.7%. It is possible to conclude that there is a high prevalence of depressive disorders in this
population and lower rates of anxiety.
Descriptors: Bariatric surgery. Depression. Anxiety. Morbid obesity.
RESUMEN
Submissão: 16/11/2010
Aprovação: 15/12/2010
Se trata de un estudio de naturaleza descriptiva y seccional, realizado en Teresina (PI), con el objetivo
de conocer la prevalencia de trastornos psiquiátricos (ansiedad y depresión) en pacientes obesos
mórbidos candidatos a cirugía bariátrica. El local de la investigación fue el consultorio de un médico
especialista en una clínica particular de la ciudad. El levantamiento de los datos fue a través de
cuestionario aplicado a 26 pacientes que buscaron este tipo de cirugía. Se procuró caracterizar la
población de estudio y analizar la prevalencia de trastornos psiquiátricos y determinar la prevalencia
de trastorno depresivo y ansiedad en esta población. Los resultados mostraron que la mayoría de
Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.19-24, Jan-Fev-Mar. 2011.
19
Monteiro, M. S. S.; Santos, G. S.
los pacientes es del sexo femenino (el 65,4%), con edad entre 22 y 30 anos
(el 34,6%), procedentes de Teresina (el 73,1%) y casadas (el 50%). Con relación a la escolaridad, gran parte tiene nivel superior (61,5%) y una renta
mensual de 01 a 10 salarios mínimos (el 69,2%). La prevalencia de obesos
mórbidos con trastorno psiquiátrico fue del 34,6%, siendo que de estos,
todos presentaron depresión. El índice de individuos con ansiedad fue solamente del 7,7%. Se concluye que hay una alta prevalencia de trastorno
depresivo en esa población e índices más bajos de ansiedad.
Descriptores: Cirugía bariátrica. Depresión. Ansiedad. Obesidad mórbida.
1
INTRODUÇÃO
O excesso de peso corporal e sua incidência crescente têm sido
observados nos últimos anos por parte do setor da saúde devido às graves
complicações presentes em um expressivo número de indivíduos. Quando o Ìndice de Massa Corporal (IMC) se encontra acima de 30 kg/m2 fala-se em obesidade. O IMC é calculado dividindo-se o peso corporal, em
quilogramas, pelo quadrado da altura, em metros quadrados (CORDÁS;
LOPES FILHO; SEGAL, 2004).
Na avaliação dos indivíduos com elevado sobrepeso, deve-se observar a sua gravidade. A Organização Mundial de Saúde (OMS) chama
atenção para as seguintes definições: obesidade grau I quando o IMC se
encontra entre 30 e 34,9 kg/m2, obesidade grau II quando entre 35 e 39,9
kg/m2 e obesidade grau III (ou mórbida) quando ultrapassa 40 kg/m2
(CORDÁS; LOPES FILHO; SEGAL, 2004).
A obesidade vem tendo destaque e é apresentada como fenômeno de epidemia mundial em vários estudos uma vez que afeta 1,7 bilhão
de pessoas em todo o mundo. Os Estados Unidos da América contam com
dois terços da sua população com sobrepeso e metade é obesa, já no Brasil os dados são um pouco menos significativos, mas estima-se que haja
15% de obesos. Deste total, entre 1% e 2% da população adulta apresenta
obesidade grau III (GELONEZE; PAREJA, 2010).
Uma importante opção de tratamento para indivíduos com obesidade mórbida é o cirúrgico. De acordo com a Resolução do Conselho
Federal de Medicina nº. 1.766/05 as indicações são as seguintes:
• Pacientes com Índice de Massa Corpórea (IMC) acima de 40 kg/
m2; ou
• Pacientes com IMC maior que 35 kg/m2 e co-morbidades (doenças causadas ou agravadas pela obesidade e que melhoram quando a
mesma é tratada de forma eficaz), que ameacem a vida, tais como diabetes, apnéia do sono, hipertensão arterial, dislipidemia, doença coronariana, osteo-artrites e outras.
• Idade: maiores de 18 anos. Idosos e jovens entre 16 e 18 anos
podem ser operados, mas exigem precauções especiais e o custo/benefício deve ser muito bem analisado.
• Obesidade estável há pelo menos cinco anos.
• Pelo menos dois anos de tratamento clínico prévio, não eficaz.
• Ausência de uso de drogas ilícitas ou alcoolismo.
• Ausência de quadros psiquiátricos ou demenciais graves ou
moderados.
• Compreensão, por parte do paciente e de seus familiares, dos
riscos e mudanças de hábitos inerentes a uma cirurgia de grande porte e
da necessidade de acompanhamento pós-operatório com a equipe multidisciplinar por toda a vida do paciente.
Entretanto deve-se dar também real importância às doenças que
20
são associadas à obesidade, pois conforme Segal e Fandino (2010, p. 68)
“ a obesidade compartilha com os transtornos psiquiátricos de pesado
preconceito tanto entre a população leiga quanto entre os profissionais
de Saúde”. Já para Cordas, Lopes Filho e Segal (2004) as complicações
psiquiátricas são pouco conhecidas, mas se estima que a incidência de
depressão está em torno de 15%, merecendo inclusive melhor avaliação
metodológica para indicação desse dado.
Pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde mostra que o número
de brasileiros obesos aumentou nos últimos anos. Em 2006 eram 11,4% e
em 2009 este número pulou para 13% da população adulta. O número de
mulheres com essa morbidade ultrapassa os homens, sendo 13,6% contra
12,46% (BRASIL, 2009).
Os dados do Ministério da Saúde mostram que das 27 cidades pesquisadas, Porto Alegre é a que apresenta maior número de adultos com
excesso de peso (49%), liderando também quando o assunto é a obesidade instalada (IMC> 30 kg/m2 ) e Teresina é a cidade com o menor número
de pessoas acima do peso ( 36,6% ), porém a cidade com o menor número
de obesos é São Luís com 9,5%. Quanto a idade o estudo revela que a
maior incidência de obesidade ocorre na faixa etária de 45 a 54 anos, sendo 3 vezes maior que pessoas entre 18 e 24 anos (BRASIL, 2009)
O tratamento deve ser considerado como um trabalho a longo prazo, com várias etapas e programado de acordo com cada caso. A redução
do consumo calórico é um dos mais eficientes e efetivos meios para perder peso, alguns pacientes conseguem mudar seus hábitos alimentares
e de atividades por si mesmos, após receber as informações adequadas,
porém outros precisam de intervenções que os ajudem, necessitando em
algumas circunstâncias de farmacoterapia ou cirurgia (CECIL, 2005).
O tratamento cirúrgico é indicado para pacientes com obesidade
excessiva e graves complicações médicas, que poderiam melhorar com
uma perda de peso rápida e eficaz. Pacientes com IMC entre 35 e 40 e
portadores de complicações ameaçadoras a vida podem ser candidatos à
cirurgia, porém pacientes com IMC > 40 e várias complicações são candidatos típicos, assumindo - se que todas tentativas médicas de emagrecimento tenham falhado. Contra – indicações para a cirurgia incluem abuso
constante de substâncias, falta de comprometimento com tratamento
anterior e certos transtornos psiquiátricos (esquizofrenia, personalidade
boderline, depressão incontrolável) (CECIL, 2005).
De acordo com o anexo da Resolução 1.942/2010 do Conselho Federal de Medicina, disponível no site da Sociedade Brasileira de Cirurgia
Bariátrica e Metabólica são aceitos 3 tipos de procedimentos: 1) restritivos
(balão intragástrico, gastroplastia vertical bandada ou cirurgia de mason,
banda gástrica ajustável e gastrectomia vertical); 2) cirurgias disabsortivas;
3) cirurgias mistas (com maior componente restritivo ou com maior componente disabsortivo).
Choban e cols. (2002) concluíram que a intervenção cirúrgica apesar de ser invasiva é mais eficaz para a perda de peso, alcançando mais de
50% de redução do excesso de peso ou 30% a 40% do peso inicial.
Os pacientes candidatos à cirurgia bariátrica devem fazer uma
avaliação psicológica no pré-operatório, que não deve restringir-se a
um rastreamento de transtornos mentais atuais e pré-existente. No pós-operatório este paciente também deve ser avaliado e acompanhado, em
intervalos regulares, para a avaliação do seu funcionamento psicológico
posterior (FANDINO et al. 2004). Esta avaliação deve ser fundamentalmente clínica e utilizando testes psicológicos e entrevistas psiquiátricas estruturadas, o tratamento prévio do transtorno psiquiátrico é de fundamental
importância para o sucesso da cirurgia (PETRIBU et al, 2006).
Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.19-24, Jan-Fev-Mar. 2011.
Prevalência de transtorno de ansiedade e depressão em pacientes candidatos a cirurgia bariátrica
Considera-se que nenhum transtorno psiquiátrico seja uma contra-indicação formal primária para a realização da operação. No entanto,
recomenda-se que qualquer condição psiquiátrica associada deve ser
adequadamente tratada no paciente candidato à cirurgia. Deve ser ressaltada também a necessidade de um maior cuidado em relação a pacientes portadores de transtornos por abuso ou dependência de substâncias,
principalmente o álcool (SEGAL;FANDINO, 2010).
O transtorno de ansiedade generalizada (F41.1) é caracterizado por
ter como aspecto essencial o sentimento de ansiedade não restrita e fortemente predominante em quaisquer circunstâncias ambientais em particular. Possui sintomas dominantes altamente variáveis com queixas de
sentimentos contínuos tais como: nervosismo, tremores, tensão muscular,
sudorese, sensação de cabeça leve, palpitações, tonturas e desconforto
epigástrico. A ansiedade possui curso variável com tendência a ser crônica
e flutuante (CID-10, 1993).
No episódio depressivo típico seja ele leve, moderado e grave, o
paciente sofre de humor deprimido, perda de interesse e prazer e energia
reduzida que leva a uma fatigabilidade aumentada com diminuição da
atividade. São sintomas também comuns: concentração e atenção reduzida, auto-estima e autoconfiança reduzidas, idéias de culpa e inutilidade,
visões desoladas e pessimistas do futuro, idéias ou atos autolesivos ou suicídio, sono perturbado e sono diminuído. Diferenciar os episódios depressivos em leve, moderado ou grave baseia-se num julgamento clínico que
envolve o número, tipo e gravidade dos sintomas (CID-10, 1993).
Em pacientes gravemente obesos (grau III) encontramos um aumento na psicopatologia, os diagnósticos mais frequentes são transtornos
do humor e transtornos alimentares (APPOLINARIO, 1998). A história anterior de um episódio depressivo parece não influenciar a perda de peso no
pós-operatório, entretanto a ocorrência de novos episódios depressivos
após a cirurgia necessitam de suporte e tratamento especializado (FANDINO et al, 2004).
Halmi et al (1980) encontraram uma prevalência aumentada de
transtorno depressivo nesta população, variando entre 29% a 51%. Quatro
estudos de seguimento a longo prazo de pacientes submetidos à cirurgia bariátrica reportaram várias condições psiquiátricas como causas de
morte no período pós-operatório, sendo o suicídio a principal ocorrência
(FANDINO et al, 2004).
De acordo com um estudo feito sobre a distribuição dos principais
transtornos psiquiátrico utilizando o M.I.N.I , houve uma prevalência aumentada de transtorno de ansiedade generalizada, depressão no passado,
transtorno do pânico e agorafobia (PETRIBU et al, 2006).
Em estudo feito por Oliveira e Yoshida (2009) foram separados 65
pacientes divididos em dois grupos, sendo o grupo I pacientes candidatos
que se submeterão à cirurgia bariátrica e no grupo 2 pacientes no pós
operatório dessa cirurgia. Em ambos os grupos os sintomas encontrados
de depressão predominaram em níveis mínimos ou leves, no entanto
o grupo 2 teve escore médio no BDI (Inventário de Depressão de Beck)
(CUNHA, 2001) significativamente inferior ao grupo 1. Os pacientes que
estavam no pré – operatório apresentaram depressão considerada mínima, 40,62% depressão leve, 25% depressão moderada e nenhum participante com depressão grave, já no Grupo 2, 81,81% apresentaram depressão considerada mínima, 15,15% leve, 3,03% moderada e nenhuma grave.
Com isso constata-se que a incidência de depressão nos obesos
que ainda não foram submetidos a cirurgia prevalece. No que diz respeito a ansiedade este estudo demonstrou nível leve no grupo 1 e mínimo
2, sendo semelhante aos resultados encontrados no estudo de Capitão
Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.19-24, Jan-Fev-Mar. 2011.
e Telo (2002) feito com mulheres obesas e tendo como resultado níveis
baixos de ansiedade.
Assim, diante da problemática da obesidade mórbida, das co-morbidades psiquiátricas freqüentemente associadas este estudo objetiva
analisar a prevalência de transtornos psiquiátricos (ansiedade e depressão)
em pacientes candidatos a cirurgia bariátrica.
2 METODOLOGIA
Trata-se de um estudo descritivo e seccional, pois segundo Klein e
Block (2006), os estudos seccionais se caracterizam pela entrada dos participantes em uma única oportunidade.
A população fonte foi composta pelos candidatos a cirurgia bariátrica avaliados por um professor cirurgião da área, em consultório particular.
Considerando uma média de 8 pacientes atendidos/mês que buscam este tipo de cirurgia, a seleção da população foi por amostragem acidental compondo o estudo todos os pacientes atendidos no período de
agosto a outubro de 2010, perfazendo uma amostra total de 26 pacientes.
O estudo foi desenvolvido na cidade de Teresina (PI) e os participantes foram contactados durante a realização da consulta médica para
cirurgia bariátrica.
Para a coleta de dados foi aplicado um questionário baseado no
DSM-IV (Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais- 4ª edição)
publicado pela Associação Psiquiátrica Americana (APA).
Todos os participantes foram informados dos objetivos do estudo
e convidados a participarem e ao aceitarem assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, dando pleno consentimento de sua participação como sendo voluntária e livre, conforme prevê a Resolução 196/96.
Ainda em obediência aos preceitos éticos de pesquisa, o projeto foi
autorizado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da FACID (Protocolo 101/10).
Após a coleta, Os dados foram digitados no programa Excel 2010 e
analisados com a utilização do aplicativo Statistical Package for the Social
Sciences (SPSS), versão 17.0.
3 RESULTADOS
A população estudada foi composta por 26 pacientes, sendo que
65,4% (17) pertenciam ao sexo feminino e 34,6% (09) ao sexo masculino,
como mostra a Tabela 1.
Tabela 1: Características sócio-demograficas dos pacientes candidatos a
cirurgia bariátrica. N=26
n%
Faixa etária
16 a 21 anos
04
15,4
22 a 30 anos
09
34,6
31 a 40 anos
05
19,2
41 a 62 anos
08
30,8
Total
26100
Sexo
Masculino
09
34,6
Feminino
17
65,4
Total
26100
Faixa de renda
Sem renda
06
23,1
01 a 03 salários
09
34,6
04 a 10 salários
09
34,6
11 a 30 salários
02
7,7
Total
26100
21
Monteiro, M. S. S.; Santos, G. S.
Estado civil
Solteiro
11
42,3
Casado
13
50,0
Separado
02
7,7
Total
26100
Escolaridade
Fundamental
02
7,7
Médio
0830,8
Superior
16
61,5
Total
26100
Ocupação
Estudante
0623,1
Professor
04
15,4
Farmacêutico
02
7,7
Médico
013,8
Odontólogo
013,8
Outras
12
46,2
Total
26100
Procedência
Capital 19
73,1
Interior
05
19,2
Outro estado
02
7,7
Total
26100
Religião
Católico
20
76,9
Evangélico
05
19,2
Outro
02
7,7
Total
26100
Quanto a escolaridade 7,7% (02) apresentaram ensino fundamental
completo; 30,8% (08) ensino médio completo ou cursando este e 61,5% (16)
ensino superior completo ou cursando. 50% (13) eram casados, 42,3% (11)
solteiros e 7,7% (02) separados. Quanto à profissão exercida, a população
era composta predominantemente por estudantes 23,1% (06), professores
15,4% (04), farmacêuticos 7,7% (02), médico 3,8% (01), odontólogo 3,8%
(01) e outras profissões 46,2% (12) como por exemplos: engenheiro, dona
de casa, motorista, analista de sistemas, entre outros mostrados na Tabela 1.
Em relação a condição econômica, 34,6% (09) dos pacientes ganhavam entre 01 a 03 salários mínimos, 34,6% (09) entre 04 a 10 salários,
23,1% (06) sem renda e apenas 7,7% (02) com renda igual ou superior
a 30 salários mínimos. Quanto a variável faixa etária, a maioria estudada
encontrava-se na faixa dos 22 a 30 anos, 34, 6% (09); 30,8% (08) entre 41 e
62 anos; 19,2% (05) de 31 a 40 anos e 15,4% (04) de 16 à 21 anos.
Outra variável estudada a procedência mostrou grande maioria
de pessoas procedentes da capital, resultando num total de 73,1% (19),
19,2% (05) vindas do interior e 7,7% (02) de outros estados. E de acordo
com a religião a grande maioria foi composta por praticantes da religião
católica 76,9% (20), 19,2% (02) evangélicos e 7,7% (02) de outras religiões.
Dos 26 pacientes pesquisados, 34,6% (09) apresentaram transtorno de depressão e/ou ansiedade e 65,4% (17) não apresentaram nenhum
transtorno, como mostra o Gráfico 1.
Gráfico 01: Prevalência de transtorno de depressão e/ou ansiedade em pacientes candidatos
a cirurgia bariátrica.
22
A prevalência de pacientes com quadro sugestivos de depressão
obtida através da aplicação do questionário baseado no DSM-IV foi de
34,6% (09), como mostra o gráfico 02.
Gráfico 2: Prevalência de transtorno de depressão em pacientes candidatos a cirurgia bariátrica
A prevalência de pessoas estudadas com quadro característico de
ansiedade de acordo com o questionário baseado no DSM-IV foram de
7,6% (02), como mostra o Gráfico 3.
Gráfico 3: Prevalência de transtorno de ansiedade em pacientes candidatos a cirurgia bariátrica.
4
DISCUSSÃO
A amostra estudada foi composta predominantemente por mulheres (65,4%). Esse dado pode ser analisado devido uma maior preocupação
com a estética corporal, o excesso de peso e suas comorbidades por parte
das mulheres, além da obesidade ser mais prevalente neste grupo. Para
Bagatin, Porcu e Rossi (2005) esse fato também pode ser analisado pelo
modelo de beleza que vem sendo imposto pela sociedade e atinge sobremaneira as mulheres.
No que se refere à idade, a maioria dos sujeitos pesquisados encontravam-se na faixa etária de 22 a 62 anos (73,4%). Essa é uma idade em
que os indivíduos encontram-se em plena produtividade e cuja aparência
física e problemas decorrentes do excesso de peso passam a serem mais
preocupantes. Estes dados corroboram com estudo desenvolvido por Porto et al(2002), na Bahia, no qual traçou o perfil dos obesos de grau III e
encontrou a idade média dos pacientes de 37±10 anos com pessoas na
faixa etária dos 13 aos 69 anos.
No tocante a renda mensal, 69,2% dos sujeitos apresentaram renda entre 1 a 10 salários mínimos; 7,7% com renda entre 11 a 30 salários
mínimos e 23,1% não apresentaram renda mensal. Este resultado mostra
que pessoas com obesidade mórbida que buscam cirurgia bariátrica encontram-se inseridas no mercado de trabalho, com renda própria mensal
compatível com classe média.
Ao analisar o dado estado civil chama atenção serem a maioria
de pessoas casadas (50%). Bagatin, Porcu e Rossi (2005) estudaram 50
pacientes submetidos à cirurgia bariátrica e desses 60% eram casados. A
procura de pessoas casadas por este tipo de cirurgia se deve ao fato da
união estável proporcionar uma maior segurança afetiva e financeira para
Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.19-24, Jan-Fev-Mar. 2011.
Prevalência de transtorno de ansiedade e depressão em pacientes candidatos a cirurgia bariátrica
o indivíduo e um maior incômodo com o seu excesso de peso, além do
apoio encontrado no parceiro para a realização da cirurgia como uma última tentativa no tratamento definitivo da obesidade.
Os sujeitos deste estudo que procuraram avaliação médica e manifestaram o desejo e têm a indicação de realizar uma cirurgia bariátrica,
são pessoas esclarecidas e com nível de escolaridade elevada. Os dados
mostram que 61,5% da amostra encontra-se no nível de formação superior (completo, incompleto ou cursando). Quanto às profissões citadas,
essas se mostraram bastante heterogêneas e se destacam professores, farmacêuticos, médicos e odontologos. Este dado remete a analise de que
embora sejam pessoas esclarecidas ainda não conseguiram pelos métodos convencionais a redução de peso ou da dificuldade de modificação
do hábito alimentar.
Os resultam mostram que a maioria é da capital Teresina (73,1%).
Este dado diz respeito a um maior conhecimento e entendimento sobre
esse tipo de tratamento. Quanto à religião, embora a mostra apresente
76,9% como católicos, este fato, segundo a literatura, não altera a busca
por esta cirurgia.
Quanto à presença de transtorno de depressão e/ou ansiedade
34,6% dos pesquisados apresentam um desses dois transtornos. Este dado
também é compatível com a literatura que mostra uma grande incidência
de psicopatologia em pessoas com obesidade grau III (APPOLINARIO, 1998).
Em estudos feitos com amostras comunitárias, os obesos em geral
não apresentam um índice de psicopatologia maior que a população em
geral (WADDEN; STUNKARD, 1993). Porém entre os obesos que procuram
por um tratamento vários estudos encontraram índices elevados de transtorno depressivo e índices mais modestos de ansiedade e outros transtornos (DOBROW; KAMENETZ; DEVLIN, 2002).
A prevalência de depressão nos obesos que possuem indicação
para a cirurgia bariátrica foi de 34,6% e somente para o transtorno de ansiedade o dado levantado foi de 7,7%. O estudo também mostra que os
sujeitos que apresentaram ansiedade também apresentaram depressão.
Esse índice elevado de pessoas obesas com transtorno depressivo
pode dever-se a um aumento cada vez maior da pressão social por um
corpo esbelto, tornando-os, muitas vezes, a serem alvos de preconceitos e
discriminação nos locais de trabalho e nos seus relacionamentos de uma
maneira geral (PETRIBU et al, 2006).
Halmi e colaboradores (1980) encontraram uma prevalência aumentada de transtorno depressivo na sua pesquisa, variando entre 29%
a 51%. Para Cordas, Lopes Filho e Segal (2004) as complicações psiquiátricas são pouco conhecidas, mas se estima que a incidência de depressão
Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.19-24, Jan-Fev-Mar. 2011.
encontra-e em torno de 15% e a possibilidade de suicídio presente em
27,28% dos casos de obesidade mórbida.
Com isso observa-se que a prevalência de depressão em pacientes
que são obeso grau III e ainda não realizaram a cirurgia bariátrica é elevada
e o transtorno de ansiedade um pouco menos prevalente o que está de
acordo com um estudo realizado por Oliveira e Yoshida (2009) feito com
65 pacientes separados em dois grupos: grupo I – pacientes que ainda
não realizaram a cirurgia e grupo 2 – pacientes no pós – operatório desta.
Capitão e Telo (2002) encontraram resultados semelhantes em um estudo feito com mulheres obesas e tendo como resultado níveis baixos de
ansiedade.
Por ser a ansiedade e a depressão os transtornos psiquiátricos que
mais se associam com a obesidade mórbida, os resultados deste estudo
confirmam dados da literatura quanto à presença sugestiva de depressão
e ansiedade na amostra pesquisada.
5
CONCLUSÃO
Os resultados apresentados neste estudo, realizado com pacientes obesos grau III (mórbidos) candidatos a cirurgia bariátrica, quanto à
caracterização da amostra e a prevalência de transtorno de depressão e
ansiedade, nos permite concluir que:
• A população de estudo, em sua maioria, é constituída por mulheres,
casadas, profissionais liberais, com renda mensal variando de 1 a
10 salários mínimos, com instrução superior, de religião católica e
procedente da capital (Teresina);
• O estudo possibilitou determinar que a taxa de pacientes acometidos por transtornos do tipo depressão e/ou ansiedade foi de 34,6
%, sendo que destes todos apresentaram transtorno depressivo e
7,7% ansiedade generalizada;
• Analisando-se a prevalência de depressão e ansiedade nestes pacientes, conclui-se que há uma alta incidência de depressão e um
baixo índice de ansiedade.
• Os sujeitos acometidos por ansiedade também apresentaram depressão.
Diante das conclusões sugere-se que medidas preventivas para
depressão e ansiedade a pessoas com obesidade mórbida sejam mais
eficazes e para aquelas que buscam a cirurgia bariátrica sugere-se acompanhamento psiquiátrico e psicológico no sentido de redução do nível
dessas patologias e melhoria da qualidade vida, antes, durante e após a
realização da cirurgia.
23
Monteiro, M. S. S.; Santos, G. S.
REFERÊNCIAS
APPOLINARIO, JC. Obesidade e psicopatologia. In: HALPERN A et al. Obesidade, São Paulo: Lemos Editorial;1998. p.217-27.
BAGATIN, M.C; PORCU, M; ROSSI, R.M. Prevalência de Transtorno Depressivo e Ansiedade em pacientes obesos mórbidos submetidos à Cirurgia
Bariátrica. Trabalho premiado no Congresso de Psiquatria, 2005.
BRASIL, 13% dos brasileiros adultos são obesos. disponível em < http://
portal.saude.gov.br/portal/aplicacoes/reportagensEspeciais/default.
cfm?pg=dspDetalhes&id_area=124&CO_NOTICIA=10078> acesso em 02
de março de 2010.
GELONEZE, B.; PAREJA, J.C.OS. Cirurgia bariátrica no paciente diabético (artigo de revisão). Disponível em http://www.abeso.org.br/revista/revista28/cirurgia_bariatrica_2.htm. Acesso em 20 de fevereiro de
2010.
HALMI, K.A et al . Psychiatric diagnosis of morbidly cbese gastric
bypass patients. Am J Psychiatry, vol. 137, 1980: 470-72.
KLEN, C.H.; BLOCH, K.V. Estudos seccionais. In: MEDRONHO, R.A. et al
Epidemiologia. 2 ed. São Paulo: Atheneu, 2006, p. 125-150.
CHOBAN, P.S. et al. Bariatric surgery for morbid obesity: why, who, when,
how, where, and then what? Cleve Clin J Med. 2002; 69(11): 897-903.
OLIVEIRA, J.H.A; YOSHIDA, E.M.P. Avaliação psicológica de obesos
grau III antes e depois de Cirurgia Bariátrica. Psicol. Reflex. Crit., Porto Alegre, v. 22, n. 1, 2009 . Disponível em http://www.scielo.br/
scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-79722009000100003&ln
g=pt&nrm=iso. acesso em 08 abr. 2010. doi: 10.1590/S010279722009000100003.
CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA. Resolução N° 1.766/05. (Publicada no
D.O.U., 11 jul 2005, Seção I, p. 114).
Organização Mundial da Saúde. Cid-10 Classificação de Transtornos
Mentais e de Comportamento. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.
CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA. Resolução N° 1.942/2010. (Publicada
no D.O.U., 12 fev 2010, Seção I, p.62). Disponível em http://www.sbcbm.
org.br/pacientes_resolucao_cfm1942.php acesso em 9 maio 2010.
PETRIBU, K., et al . Transtorno da compulsão alimentar periódica em
uma população de obesos mórbidos candidatos a cirurgia bariátrica
do Hospital Universitário Oswaldo Cruz, em Recife - PE. Arq Bras Endocrinol Metab, São Paulo, v. 50, n. 5, Oct. 2006 . Available from
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-27302006000500011&lng=en&nrm=iso. access on 08 Mar. 2010.
doi: 10.1590/S0004-27302006000500011.
CECIL. Tratado de medicina interna / editado por Lee Goldman, Dennis
Ausiello; [tradução de Ana Kemper...et al.]. - Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.
CORDAS, T A.; LOPES FILHO, A.P.; SEGAL, A. Transtorno alimentar e cirurgia
bariátrica: relato de caso. Arq Bras Endocrinol Metab, São Paulo, v. 48, n. 4,
ago. 2004. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0004-27302004000400019&lng=pt&nrm=iso>. acesso em
21 fev. 2010. doi: 10.1590/S0004-27302004000400019
Cunha, J. A. (2001). Manual da versão em português das escalas Beck. São
Paulo: Casa do Psicólogo.
DOBROW, I.J; KAMENETZ, C.; DEVLIN, M.J. Aspectos psiquiátricos da obesidade. Rev. Bras. Psiquiatr., São Paulo, 2010 .
DSM-IV. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. Porto
Alegre: Artes Médicas, 1995.
FANDINO, J. et al . Cirurgia bariátrica: aspectos clínico-cirúrgicos e psiquiátricos. Rev. psiquiatr. Rio Gd. Sul, Porto Alegre, v. 26, n. 1, abr.
2004 .
Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0101-81082004000100007&lng=pt&nrm=iso>. acessos
em 07 abr. 2010. doi: 10.1590/S0101-81082004000100007.
24
PORTO,M. et al . Perfil do obeso classe III do ambulatório de obesidade
de um hospital universitário de Salvador, Bahia. Arq Bras Endocrinol
Metab, São Paulo, v. 46, n. 6, dez. 2002 .
SEGAL, A.; FANDINO, J. Indicações e contra-indicações para realização
das operações bariátricas. Rev. Bras. Psiquiatr., São Paulo, 2010
Disponível
em
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S1516-44462002000700015&lng=pt&nrm=iso.acessos
em 21 fev. 2010. doi: 10.1590/S1516-44462002000700015.
WADDEN TA, STUNKARD AJ. Psychosocial consequences of obesity
and dieting: research and clinical findings. In: Stunkard AJ, Wadden TA,
editors. Obesity: theory and therapy. 2nd ed. New York: Raven Press;
1993. p. 163-77.
Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.19-24, Jan-Fev-Mar. 2011.
PESQUISAS / RESEARCH / INVESTIGACIÓN
Transtorno bipolar de humor: percepção familiar
Bipolar disorder: family perception
El transtorno bipolar: la percepción de la familia
Jéssica de Carvalho Cardoso
Enfermeira pela Faculdade de Saúde, Ciências
Humanas e Tecnológicas do Piauí - NOVAFAPI. Rua
João Cabral 1838. Bairro Pirajá. Teresina PI.
Thamires Albuquerque de Carvalho
Enfermeira pela Faculdade de Saúde, Ciências
Humanas e Tecnológicas do Piauí - NOVAFAPI. Rua
Visconde da Parnaíba, 3377. Bairro Horto.Teresina PI.
Márcia Astrês Fernandes
Enfermeira.Mestre em Enfermagem pela UFRJ.
Doutoranda em Enfermagem pela USP.Docente da
Universidade Federal do Piauí e da Faculdade de
Saúde, Ciências Humanas e Tecnológicas do PiauíNOVAFAPI. Rua Orquídea, 1100. Bairro Jóquei Clube.
Teresina PI. [email protected].
RESUMO
Trata-se de um estudo descritivo norteado na abordagem qualitativa, que objetivou identificar e
analisar a percepção do familiar frente ao diagnóstico de Transtorno Bipolar do Humor. Os sujeitos do estudo foram os familiares de portadores do transtorno que se encontrava em tratamento
em um hospital psiquiátrico de Teresina-PI. Os dados foram coletados através de entrevistas semi-estruturadas e analisados posteriormente, originando duas categorias relacionadas à percepção do
familiar, em que se pode concluir que há desinformação em relação à doença e ao tratamento. Portanto, faz-se necessário que os serviços de saúde mental ofereçam maiores esclarecimentos acerca
da doença e da terapêutica para os familiares, a fim de garantir uma melhor qualidade de vida para
o paciente e para a família.
Descritores: Transtorno bipolar. Relações familiares. Saúde mental.
ABSTRACT
This is about a descriptive study guided at the qualitative approach that aimed indentify and analyze
the perception of the relative in front of the diagnosis of bipolar mood (BM).The subjects, relatives of
patients who have the bipolar mood and where in treatment at psychiatric hospitals of Teresina-PI.
The data were collected with half-structured interviews and analyzed later, resulting in two categories related to the perception of the relative, in which one can conclude that there is a misinformation about the disease and treatment. So, the mental health services need offer better understanding about the disease to the relatives, to ensure a better quality of life to the patient and its family.
Descriptors: Bipolar disorder. Family relations. Mental health.
RESUMEN
Se trata de um estudio descriptivo norteado en el abordaje cualitativo que objetivó indentificar y
analizar la percepción de lo familiar frente al diagnóstico de Transtorno Bipolar de Humor (TBH).
Teniendo como sujetos, los familiares portadores del transtorno que se encontraban en tratamiento
en un hospital de Teresina-PI. Los datos fueron colectados por medio de entrevistas semi-estructuradas y analizados posteriormente originando dos categorías referentes a la percepción de lo familiar,
donde se puede concluir que no hay información en relación a la enfermedad y el tratamiento. Por
lo tanto, es necessario que los servicios de salud mental ofrezcan mayores aclaraciones acerca de la
enfermedad y de la terapêutica para los familiares, a fin de garantizar una mejor calidad de vida para
el paciente y para la família.
Descriptores: Transtorno bipolar. Relaciones familiares. Salud mental.
Submissão: 16/11/2010
Aprovação: 15/12/2010
Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.25-29, Jan-Fev-Mar. 2011.
25
Cardoso, J. C.; Carvalho, T. A.; Fernandes, M. A.
1
INTRODUÇÃO
Desde os tempos mais remotos, os transtornos mentais fazem
parte da história da humanidade, sendo vistos como algo demoníaco, de
bruxaria ou dos deuses. Nas sociedades pré-capitalistas os loucos eram
bem tolerados, quando calmos ficavam a vagar pelas ruas e mercados das
cidades, sobrevivendo da caridade pública e de pequenos serviços. Já os
loucos de famílias mais abastadas ficavam em casa sobre os cuidados da
família. Nessa época, as formas de tratamento eram muito rudimentares
com alto grau de brutalidade (SOARES, 2005).
Nesse contexto o Transtorno Bipolar de Humor (TBH) é um transtorno psiquiátrico que se caracteriza, entre outros, por mudanças consideráveis do humor entre euforia (mania) e depressão, podendo interferir
na vida do paciente ocasionando prejuízos funcionais expressivos, dificuldades para o autocuidado, comportamentos inadequados e problemas
de relacionamento interpessoal (MIASSO, MONTRSHI, GIACCHERO, 2009).
Almeida (2002) afirma que o TBH é um tipo de enfermidade em
que existe uma alteração do humor, da energia (ânimo) e do jeito de sentir,
pensar e se comportar. Acontecem como crises únicas ou cíclicas, oscilando ao longo da vida. Na depressão a pessoa sente tristeza exagerada e desânimo e na mania um aumento da energia e euforia anormal. A maioria
dos pacientes sofre apenas de depressão e alguns também têm manias. O
termo mania não significa “mania de fazer alguma coisa” ou algum tique é simplesmente o nome que o médico dá para a fase de euforia da doença
maníaco-depressiva. Às vezes surgem sintomas depressivos e maníacos
simultaneamente, os chamados estados mistos. Os sintomas de euforia e
depressão podem variar de um paciente a outro e no mesmo paciente ao
longo do tempo, muitas vezes confundindo a ele e seus familiares.
As características clínicas do TBH conduzem muitas vezes os familiares a direcionarem, inicialmente, a outras causas como estresse e problemas espirituais (SOARES, 2005).
Apesar da importante prevalência e gravidade do TBH, sua relação
com a religiosidade ou espiritualidade ainda é pouco conhecida. Os estudos obtidos apontam maior ocorrência de relatos de conversão religiosa e
experiências de salvação entre pacientes bipolares do que entre pacientes
com outros transtornos mentais, além de maior freqüência de delírios de
conteúdo místico na vigência de mania (STROPPA, MOREIRA-ALMEIDA,
2009).
Nota-se que o TBH é uma doença crônica que afeta cerca de 1%
da população e representa uma das principais causas de incapacitação no
mundo. Nos últimos 10 anos, tem-se demonstrado que o TBH é um transtorno heterogêneo, com uma ampla variação de sintomatologia e curso.
Apesar dos avanços dos métodos de pesquisa em psiquiatria biológica e
do atual conhecimento sobre os mecanismos de ação dos estabilizadores
de humor, a fisiopatologia do TBH está ainda distante de ser completamente entendida (KAPCZINSKI, FREY, ZANNATTO, 2004).
A família pode ser definida como uma organização da sociedade
que vem sofrendo mudanças ao longo da história e possui várias funções
numa mesma época e lugar. Mesmo apresentando algumas desavenças a
família é única em seu predominante desenvolvimento da sociabilidade,
26
da afetividade e do bem-estar físico dos seus seres, principalmente durante a infância e a adolescência (NAVARINI, HIRDES, 2008).
Quando um familiar apresenta sintomas de TBH, a família experimenta vários sentimentos em relação ao doente e à doença. Surgem,
em geral, conflitos familiares, problemas financeiros, isolamento e falta de
suporte (SOUZA, 2008).
Desta forma, a família deve adaptar-se com vistas a manter um
equilíbrio que propicie uma melhor qualidade de vida tanto para o doente
quanto para os familiares. A falta de adaptação pode contribuir negativamente para a evolução da doença e aquelas famílias que experimentam
dificuldades de adaptação para incorporar o gerenciamento da doença
no seu cotidiano, permanece como um foco desagradável na vida familiar
(SOUZA, 2008).
Nesse sentido discutir essa temática é de extrema relevância, pois
partimos do entendimento de que os portadores de transtornos mentais
que não são acompanhados e envolvidos com seus familiares têm dificuldades no seu cotidiano, no âmbito social, sentindo-se solitário, com maior
possibilidade de desenvolver crises tendo como conseqüência internações em hospitais psiquiátricos.
A partir dessas considerações, este estudo teve como objetivo
compreender a percepção da família frente ao diagnóstico de Transtorno
Bipolar de Humor.
2
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo descritivo construído na abordagem qualitativa. Segundo Gil (2002), a pesquisa descritiva caracteriza-se por observar,
registrar, analisar e correlacionar fatos ou fenômenos sem manipular variáveis. Para o autor esse tipo de pesquisa procura descobrir a freqüência com
que um fenômeno ocorre, sua relação e conexão com outros fenômenos,
sua natureza e características e tem como objetivo principal das características de dadas populações ou fenômenos.
Gil (2002) acrescenta ainda, que esse tipo de estudo visa proporcionar um maior conhecimento para o pesquisador acerca do assunto, a fim
de que esse possa formular problemas mais precisos ou criar hipóteses
que possam ser pesquisadas por estudos posteriores.
O cenário da pesquisa foi um Hospital Público Psiquiátrico de Teresina-PI, o Hospital Areolino de Abreu (HAA), localizado à Rua José Soares
Ferry, número 2420, bairro Primavera, zona norte da cidade, no Estado de
Piauí/Brasil. Os sujeitos do estudo foram um grupo de 12 indivíduos, familiares de pessoas portadoras de TBH que estavam em tratamento no
referido hospital durante o mês de outubro de 2010.
O campo foi escolhido por ser uma instituição psiquiátrica pública
estadual, considerada como o serviço de referência no Estado na área de
saúde mental, além de ser uma instituição conhecida pelos pesquisadores
que a utilizaram como campo de estágio nas disciplinas Enfermagem em
Saúde Mental, Psicologia Aplicada a Enfermagem e Enfermagem Psiquiátrica.
O HAA é um hospital de ensino e conta com 160 leitos destinados
a internação integral pelo SUS, 30 leitos de semi-internação (Hospital-Dia)
e 12 apartamentos reservados a atendimentos particulares e conveniados.
São realizados mensalmente de 3 a 4 mil atendimentos ambulatoriais,
cerca de 400 atendimentos de urgência e emergência e 200 internações
integrais.
O ambulatório do HAA conta com uma equipe multiprofissional
Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.25-29, Jan-Fev-Mar. 2011.
Transtorno bipolar de humor: percepção familiar
(psiquiatria, psicologia, odontologia, terapia ocupacional, serviço social e
enfermagem) com atendimento ao usuário através da marcação de consultas no horário de 06:30 às 17:00 horas.
Possui laboratório próprio com atendimento diário das 07:00 às
17:00 horas que oferece serviços de análises clínicas e de eletroencefalograma computadorizado.
O serviço de internação e urgência conta com equipe plantonista composta por psiquiatra, enfermeira e assistente social que avaliam
a necessidade de internação ou encaminham o paciente a tratamento
ambulatorial. Em caso de internação, o paciente é encaminhado para a
unidade de internação e será avaliado diariamente por uma equipe multiprofissional.
O serviço de semi-internação (Hospital-Dia) funciona em regime
ambulatorial e de semi-internação, atendendo de segunda a sexta-feira
no horário de 07:00 às 17:00 horas, com uma equipe multiprofissional
em psiquiatria, assistência social, psicologia, terapia ocupacional e enfermagem.
O Hospital-Dia destina-se a pessoas com faixa etária a partir de 18
anos de idade de ambos os sexos, com permanência de no máximo 45
dias.
Os sujeitos do estudo foram um grupo de 12 indivíduos, familiares
de pessoas portadoras de TBH que estavam em tratamento no referido
hospital durante o mês de outubro de 2010.
Após a etapa de busca de diagnóstico em prontuário, um familiar
de cada paciente foi convidado a participar do estudo, e como critério de
escolha do sujeito, utilizou-se: possuir idade superior a dezoito anos, ser
familiar de usuário cujo diagnóstico de Transtorno Bipolar do Humor estivesse confirmado pelo especialista e que se encontrasse em tratamento
no hospital. Quanto aos critérios de exclusão, estes se configuraram por
todos aqueles casos em que o diagnóstico de TBH ainda não estivesse
confirmado, ou seja, ainda tivesse como hipótese diagnóstica. Após seu
aceite os mesmos assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, respeitando-se a Resolução 196/96.
A produção dos dados foi realizada por meio da técnica da entrevista semi-estruturada que é definida como uma conversação efetuada
face a face, de maneira metódica que proporciona ao entrevistador, verbalmente, a informação necessária. (MARCONI, LAKATOS, 2006).
Os depoimentos foram gravados em MP4 e posteriormente transcritos na íntegra. A análise dos dados foi feita a partir das transcrições das
entrevistas, até o momento em que foi observada a saturação dos dados,
seguida da organização e classificação dos relatos, para tal fim, foi utilizado
o método de categorias.
O projeto foi submetido para avaliação pelo Comitê de Ética em
Pesquisa da Faculdade de Saúde, Ciências Humanas e Tecnológicas do
Piauí – NOVAFAPI, obtendo autorização para desenvolvimento, sob o processo CAAE número 2746.0.000.043-10. Vale ressaltar que o trabalho foi
elaborado de acordo com a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de
Saúde – CNS, garantindo assim, o direito dos sujeitos da pesquisa de se
ausentarem caso desejassem.
3
Dos 12 depoentes entrevistados, quatro tinham entre 20 a 40 anos,
seis de 41 a 60 anos e dois acima de 60 anos. Destes, oito eram do sexo
feminino e quatro do sexo masculino. Estes foram enumerados aleatoriamente para uma melhor identificação.
Através da análise das entrevistas realizadas realizou-se a categorização dos dados, sendo construídas duas categorias: Percepção familiar
frente ao diagnóstico de Transtorno Bipolar do Humor e Transtorno Bipolar
do Humor e as interferências no relacionamento familiar e social do paciente.
3.1 Percepção familiar frente ao diagnóstico de Transtorno Bipolar do Humor
A seguinte categoria relata a compreensão da família acerca do
Transtorno Bipolar do Humor, mostrando que alguns depoentes desconhecem as características da doença, demonstrando pouco ou quase nenhum conhecimento em relação à patologia de seu parente.
Eu sei que ela é esquizofrênica. E assim, eu li muito sobre esquizofrenia, e eu
sei que no caso dela, ela tem dois tipos de comportamento, o depressivo,
não é? E geralmente também o agressivo, porque ela tem comportamento
de humor (Depoente 1).
Não sei de nada (Depoente 11).
Sei pouca coisa. Ela fica muito eufórica, chora muito e diz que não vai mais
ficar boa (Depoente 10).
Outros, porém, manifestaram algum conhecimento:
O que eu sei é que às vezes ela fica muito agressiva, outra hora ela já está
triste, depressiva. Acho que é mais ou menos isso (Depoente 9).
Eu sei. Ela tem transtorno de humor, às vezes ela está triste, às vezes alegre
(Depoente 12).
O conhecimento da família com relação ao TBH é de grande importância, pois pode contribuir para o diagnóstico e tratamento apropriado
como também colaborar melhor na administração correta da medicação
(TEIXEIRA, 1997).
Diante disso observa-se a necessidade do conhecimento e compreensão dos familiares com relação à doença para evitar interpretações
errôneas diante das atitudes e sintomas apresentados pelo paciente.
Alguns depoentes quando questionados a respeito da doença relataram desconhecer que se tratava de uma doença mental, e outros o
confundiam com algum outro tipo de transtorno mental.
Assim eu não considero que isso seja uma doença. Apesar de já existir outro
caso na família, que pode ser hereditário. Mas eu acho que isso é da própria
vivência que ela teve. Porque teve muitos filhos, muita dificuldade, o marido
sempre bebeu, praticamente passaram fome mesmo, e uma situação dessas
é de deixar qualquer pessoa transtornada (Depoente 8).
Eu acho que ele tem uma depressão, ele tem fases agressivas, fases que ele tá
chorando e ele tem medo de me perder, de eu falecer... Que não vai ter quem
cuide dele porque ele é doente (Depoente 4).
Acho que é depressão porque ele não esquece nada que acontece. Não deve
ter problema na cabeça (Depoente 3).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Buscou-se por meio deste estudo compreender a percepção da
família frente ao diagnóstico de Transtorno Bipolar do Humor, através de
relatos fornecidos por familiares de portadores de TBH que se encontrava
em tratamento em um hospital público psiquiátrico.
Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.25-29, Jan-Fev-Mar. 2011.
Os relatos evidenciaram que há muita falta de informação e de divulgações de informações acerca do transtorno mental para os familiares.
Ao questionarmos como a compreensão do familiar pode interferir
no tratamento e diagnóstico do portador de TBH, a maioria dos depoentes
reconheceu o conhecimento como um fator contribuinte para evolução
27
Cardoso, J. C.; Carvalho, T. A.; Fernandes, M. A.
do paciente.
Sim. Porque a gente sabe como agir com ela quando está em crise, o horário
certo das medicações (Depoente 9).
Ajuda. Porque a gente já sabe, então a gente deixa ele brigar, deixa ele falar.
Não damos tanta importância para as coisas que ele fala, coisas que ele faz
(Depoente 6).
paciente.
Foi observado que na maioria das entrevistas os familiares afirmaram que o comportamento do paciente prejudicou os vínculos de amizade e de proximidade do paciente tanto com a família quanto com as
outras pessoas de seu convívio.
Mudou tudo. Quando começou a ter as crises mudou tudo. Não tem como
conviver com a família, ela tem raiva de todo mundo da casa... É assim, está
cada vez mais difícil em casa, na família e com os vizinhos (Depoente 5).
Sim. De dois em dois meses a gente está aqui, não deixo faltar remédio, não
deixo a consulta atrasar, e às vezes ela dá alguma crise porque dá mesmo
(Depoente 2).
Com a gente interferiu muito o nível de estresse que causa, pois quando ela
está em crise a gente fica estressado e às vezes a gente também se irrita com
ela. Mas é impossível você viver com um paciente assim e não ficar estressado... Quando ela ficou assim, o pessoal simplesmente se afastou, não telefonava, não faziam nada até porque eu acho que teve até certo preconceito
com relação a isso ai, eu não sei (Depoente 1).
Sabe-se que a participação da família na assistência ao doente
mental é de grande importância para obtenção de uma melhor qualidade
de vida do doente e da família (SPADINI, SOUZA, 2006).
Ele me desconheceu, e eu não confio mais. Ele não se dá bem com os vizinhos e nem com a irmã (Depoente 4) .
3.2 O Transtorno Bipolar do Humor e as interferências no relacionamento familiar e social do paciente.
Quando ela morava com o pai dela, era jogada ninguém ligava não, prendiam num quarto lá e não ligava, ela só vivia dopada, dormia direto (Depoente 2).
Considerando que o Transtorno Bipolar do Humor pode afetar o
dia-a-dia da família do portador da doença, observou-se que alguns familiares reconheceram sentir dificuldade no convívio com o paciente.
Quando ele está bem, ele até tem um diálogo, mas quando ele não está bem,
não tem diálogo, nem mesmo dentro de casa. Ele mesmo se isola. Fica lá
fora, não come nada, não se alimenta. e depois que ele começou com esse
problema, ele não trabalhou mais (Depoente 6).
Horrível, horrível! Pra mim, para os filhos. A gente não tem sossego em nada
(Depoente 6).
É ruim. Tem que tentar entender, um dia ela está de bem, outro dia está de
outro jeito. (Depoente 7).
Eu tenho tido algumas dificuldades... Eu procuro ajudar e entender para facilitar (Depoente 10).
Quando ela está em crise assim, todo mundo adoece. (Depoente 3) .
Muito difícil, porque lá é cidade pequena, então todo mundo já sabe que
quando ela esta em crise ela sai e fica querendo bater nos vizinhos, nas crianças (Depoente 5).
Diante dos relatos foi identificada a dificuldade dos familiares na
convivência com o portador de doença mental, sendo que na maioria das
vezes isso acontece por conta da falta de conhecimento acerca da patologia ou dos sintomas apresentados (LIPPI, PINTO, SILVA, 2008).
As dificuldades resultantes do árduo convívio da família com o portador de transtorno mental estão ligadas a vários fatores, como: o meio
familiar, a relação do doente com a família, desconhecimento da patologia
pelos familiares, a rejeição, a falta de preparo da família no acolhimento da
pessoa egressa de uma internação psiquiátrica e o comprometimento do
convívio social do paciente, entre outros (MOLL, SANTOS, VENTURA, 2009).
A existência do sofrimento mental no meio familiar causa alterações no dia-a-dia, hábitos e costumes da família. O choque causado pelo
diagnóstico, a necessidade de se acostumar com a situação, o estigma
social, a subordinação e as implicações da cronicidade do quadro clínico podem ocasionar sobrecarga, desavenças, sentimentos de descrença,
descontrole e medo, tendo em vista que a família experimenta uma situação desgastante ( BORBA, SCHWARTZ, KANTORSKI, 2008).
O convívio com o portador de doença mental gera situações de
tensão na vida familiar sendo esta resultante tanto das crises e não-crises
recorrentes quanto pela constante incerteza da ocorrência da próxima crise (MAIA, MEIRELES, 2010).
Algumas narrativas denotaram padrões de relações difíceis e complexas no que diz respeito ao relacionamento afetivo familiar e social do
28
Os resultados possibilitaram identificar uma sobrecarga familiar
principalmente nos momentos de crise do paciente. Constataram-se
nas entrevistas, que as mudanças no comportamento apresentado por
um portador de transtorno mental, constituem-se em um fato de difícil
compreensão para os familiares e para a sociedade, gerando muitas vezes
preconceito e/ou medo por parte destes.
Diante do exposto não se deve separar o transtorno do contexto
familiar, pois a família é um elemento indispensável e deve ser compreendida como uma aliada da equipe de saúde, participando na promoção
do conforto, para o paciente ganhar confiança e assim acreditar no tratamento (SOARES, 2005).
4
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A realização deste estudo oportunizou identificar a percepção dos
familiares de portadores de Transtorno Bipolar do Humor acerca da doença
e pode-se observar que a maioria dos familiares não possuía conhecimento sobre a doença, ocasionando um sentimento de medo e desconfiança
com relação ao comportamento do portador de TBH, fato que dificultava
o relacionamento familiar bem como o tratamento do paciente.
Uma das principais dificuldades encontradas no desenvolvimento
deste estudo foi a etapa da coleta de dados, tendo sido uma fase complicada, em virtude de que raramente os familiares compareciam para visitar
os pacientes que se encontravam nas Unidades de Internação Integral. E
em relação à realização das entrevistas no Ambulatório e no Hospital Dia,
a situação era semelhante, muitos pacientes dirigiam-se ao atendimento
sem nenhum acompanhante ou responsável, o que ocasionou também a
dificuldade na coleta de dados nos referidos setores.
Considerando a família como uma parceira fundamental para um
melhor tratamento e uma melhor qualidade de vida do portador de Transtorno Bipolar do Humor, sugere-se que os profissionais dos serviços de
saúde mental ofereçam maiores esclarecimentos sobre a patologia para
Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.25-29, Jan-Fev-Mar. 2011.
Transtorno bipolar de humor: percepção familiar
os portadores e seus familiares, através de palestras, atendimentos individualizados ou em grupo, fornecendo as orientações relativas à patologia,
a forma de agir diante das crises , bem como sobre todos os aspectos
que envolvem a assistência ao indivíduo que apresenta o diagnóstico ,
dirimindo as dúvidas existentes.
Importa ressaltar também, que se faz necessário que os profissionais de saúde ofereçam constante suporte emocional para todos os membros da família, com vistas a minimizar as angústias e tensões resultantes
da vivência com o parente portador do transtorno , contribuindo, assim,
para a melhoria de uma convivência mais harmoniosa e saudável no ambiente familiar .
A orientação, a informação e o suporte a serem dados às famílias
devem constar como parte integrante do projeto terapêutico individu-
alizado prescrito para o paciente pela equipe interdisciplinar , sendo
imprescindível para o sucesso do tratamento e controle efetivo da sintomatologia . De forma que, deve ser desenvolvido de forma eficiente pela
equipe multiprofissional.
A pesquisa foi relevante pelo fato de ter evidenciado as dificuldades encontradas pelos familiares no convívio com um portador de Transtorno Bipolar do Humor. Diante disto, esperamos que essas informações
sirvam de estímulo e ponto de partida para que os profissionais de saúde
e os serviços de saúde mental colaborem cada vez mais com esses familiares , através de uma atenção especial , apoio , acolhimento e prestação
de informações. Acredita-se que este seja um caminho a ser seguido para
se obter êxito na assistência prestada ao portador de Transtorno Bipolar
do Humor, elevando a qualidade de vida do mesmo e de seus familiares.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, M. S. R. Transtorno afetivo bipolar: percurso da infância, adolescência e idade adulta. Disponível em: <http://www.profala.com/artpsico101.htm>. Acesso em: 20 mar. 2010.
BORBA, L.O; SCHWARTZ, E; KANTORSKI, L.P. A sobrecarga da família que
convive com a realidade do transtorno mental. Acta Paul Enferm, São Paulo, v. 21, n.4, p.588-594, jul.2008.
MOLL, F.M; SANTOS, T.A.P.P; VENTURA, C.A.A. Sentimentos e percepções
de familiares e de pessoas com transtorno bipolar acompanhadas em um
centro de atenção psicossocial. Cienc Cuid Saude , Maringa,v. 8, n. 3, p.
477-483, jul/set. 2009.
NAVARINI, V; HIRDES, A. A família do portador de transtorno mental: identificando recursos adaptativos. Texto Contexto Enferm, Florianopolis, v. 17,
n.4, p. 680-688, out/dez. 2008.
GIL, A.C. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2007.
KAPCZINSKI , F; FREY, B.F; ZANNATTO, V. Fisiopatologia do transtorno afetivo bipolar: o que mudou nos últimos 10 anos? Revista brasileira de psiquiatria, v. 26, Supl. III, p. 17-21, 2004.
LIPPI, P.C.M; PINTO, C.J.M; SILVA, V.A. Doença mental: dificuldades enfrentadas pela família e o familiar-cuidador. Revista Acadêmica Digital do Grupo POLIS Educacional, v. 04, n. 05, 2008.
MAIA, M.A.B; MEIRELES, P.C.J. Reforma Psiquiátrica: percepção da família do
portador de transtorno mental. Monografia (Graduação em Enfermagem)Faculdade NOVAFAPI, Teresina (PI);2010.
MARCONI, M.A; LAKATOS, E.M. Metodologia do trabalho científico. São
Paulo: Atlas, 2006.
SPADINI, L.S; SOUZA, M.C.B.M. A doença mental sob o olhar de pacientes
e familiares. Rev Esc Enferm USP, São Paulo v.40, n.1, p. 123-127, mar.2006.
SOARES, F.M. O portador de transtorno mental e a cidadania: um estudo
no âmbito do serviço social no Hospital Areolino de Abreu. [monografia].
Teresina (PI): FAR; 2005.
SOUZA, A.S. O impacto do transtorno bipolar afetivo na família. Dissertação (Mestrado)- Escola de Enfermagem da USP, Ribeirão Preto; 2008.
STROPPA, A; MOREIRA-ALMEIDA, A. Religiosidade e espiritualidade no
transtorno bipolar do humor. Revista de Psiquiatria Clínica, São Paulo, v.
36, n. 05, p.190-196,fev. 2009.
TEIXEIRA, M.B et al. Manual de Enfermagem Psiquiátrica. São Paulo: Atheneu, 1997.
MIASSO, A.I; MONTRSCHI, M; GIACCHERO, K.G. Transtorno afetivo bipolar:
adesão ao medicamento e satisfação com o tratamento e orientações da
equipe de saúde de um núcleo de saúde mental. Rev. Latino-Am. Enfermagem, Ribeirão Preto, v.17, n.4, p. 548-556, jul/ago. 2009.
Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.25-29, Jan-Fev-Mar. 2011.
29
PESQUISAS / RESEARCH / INVESTIGACIÓN
Processo de implantação e desenvolvimento de uma instituição de
ensino superior privada no Piauí
The process of establishment and development of a private higher institution of education in Piauí
Proceso de implantación y desarrollo de una instituición de enseñaza universitaria privada en Piauí
Francisco Antônio Alencar
Aluno do MBA Administração Acadêmica &
Universitária: Gestão de Gestores de IES
Dênio Mágno
Professor da Fundação Cultural Pedro Leopoldo &
Carta Consulta
RESUMO
O estudo tem como objetivos descrever o processo de implantação e desenvolvimento da Faculdade NOVAFAPI e analisar o desenvolvimento da instituição no contexto do ensino superior privado
no Piauí. Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa, desenvolvida na Faculdade NOVAFAPI,
localizada em Teresina – Piauí, através de entrevista semi-estruturada com mantenedor diretor, coordenadores, professores, colaboradores e alunos. Os resultados foram apresentados em três categorias, a saber: as estratégias utilizadas para implantação da Faculdade; o processo de implantação
da infraestrutura, pessoal e o seu desenvolvimento, no período de 2001 a 2009. A implantação da
Faculdade se deu numa época em que o número de instituições de ensino superior privadas no
Estado era reduzido e nenhuma atuava no setor de saúde, fato esse que se constituiu no grande
diferencial da NOVAFAPI.
Descritores: Educação. Educação superior. Ensino privado. Vantagem competitiva.
ABSTRACT
The following study aims to describe the process of an establishment and development of a college
named NOVAFAPI as well as to analyze the development of the institution in the context of the private higher education in the state of Piauí. The research is based on a qualitative approach, developed
in the college (NOVAFAPI), located in Teresina – the capital of the state mentioned above – taking
into consideration a semi-structured interview involving a principal, coordinators, teachers, staff and
students. The results were presented in three categories: the strategies used to set down the college;
the process of its implantation related to its infra-structure and staff and the development of the
institution, during the period of 2001 up to 2009. The establishment of the college happened at a
time when the number of private institutions of education, in the state, was not enough, and none
of them were involved with the health and its issues, a fact that has become the major difference
of NOVAFAPI
Descriptors: Education. Higher education. Private education. Competitive advantage.
RESUMEN
Submissão: 19/01/2010
Aprovação: 17/06/2010
30
El estudio tiene como objetivos describir el proceso de implantación y desarrollo de la Facultad
NOVAFAPI y analizar el desarrollo de la institución en el contexto de enseñanza universitaria privada
en Piauí. Se trata de una investigación de abordaje cualitativa, desarrollada en la Facultad NOVAFAPI,
ubicada en Teresina – Piauí, a través de entrevista semiestructurada con mantenedor director, coordinadores, profesores, colaboradores y alumnos. Los resultados fueron presentados en tres categorías, son ellas: las estrategias utilizadas para implantación de la Facultad; el proceso de implantación
de la infraestructura y personal, y su desarrollo, en el período de 2001 a 2009. La implantación de la
Facultad ocurrió en una época en que el número de instituciones de enseñanza universitaria privadas en el Estado era reducido y ninguna actuaba en el sector de salud, ese hecho se constituyó en
el gran diferencial de NOVAFAPI.
Descriptores: Educación. Enseñanza universitaria. Enseñanza privada. Ventaja competitiva.
Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.30-36, Jan-Fev-Mar. 2011.
Processo de implantação e desenvolvimento de uma instituição de ensino superior privada no Piauí
1
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O Brasil apresentou grandes transformações na década de 90,
especialmente com a implantação de uma política de privatização, trazendo a modernização a setores econômicos importantes como a siderurgia, as telecomunicações e o setor bancário, tendo acontecido ainda
nessa mesma década um boom no setor educacional privado, com a
criação de novas Faculdades, Centros Universitários e Universidades que
vieram suprir uma demanda reprimida por vagas no ensino superior, às
quais o Estado não dispunha de condições de atender.
A política educacional no Brasil, historicamente, vem restringindo o público e estimulando a iniciativa privada na educação superior.
Existem muitas instituições de educação superior, faculdades, escolas e
institutos, para as quais se vinculam ao segmento privado (SOUSA, 2009).
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB n. 9.394/96)
fundamenta a educação superior através do desenvolvimento de competências e habilidades, definidos em Projetos Pedagógicos inovadores,
numa perspectiva de mudança para a formação profissional. Isso tem
resultado na necessidade de uma reestruturação dos cursos de graduação com mudanças no contexto acadêmico, direcionando a construção
de Diretrizes Curriculares para cada Curso de Graduação (BRASIL, 1996).
A necessidade de expansão da educação superior no Brasil aparece nos artigos 44 e 45 da LDB n. 9.394/96, os quais abrem a possibilidade
da existência de outros tipos de instituições que possam vir a oferecer
novas modalidades na educação superior. Com efeito, essa Lei é um
marco da reestruturação da educação superior na década de 1990, pois
traduziu uma nova forma de ação e de relacionamento entre Estado e as
Instituições de Ensino Superior - IES (OLIVEIRA; DOURADO, 2005).
Dessa forma, no Brasil, a expansão do setor privado, teve sua ascensão no início dos anos 1990 e no Piauí a partir do ano 2000, atingindo
36 Instituições de Ensino Superior – IES – até 2008. Nesse contexto, foi
criada a Faculdade de Saúde, Ciências Humanas e Tecnológicas do Piauí
– NOVAFAPI, com características diferenciadas, visando principalmente
a área de saúde, quanto à qualificação dos docentes e colaboradores,
infraestrutura própria, de modo a cumprir suas finalidades educativas e
sociais segundo previsto no Programa de Desenvolvimento Institucional
(PDI).
Diante do exposto, definiu-se como objeto de estudo o processo
de implantação e desenvolvimento da Faculdade NOVAFAPI. A pesquisa
tem como objetivo: descrever o processo de implantação e desenvolvimento da Faculdade NOVAFAPI e analisar o desenvolvimento da instituição no contexto do ensino superior privado no Piauí.
2
MÉTODO
Trata-se de um estudo descritivo, de abordagem qualitativa. Segundo Gil (1991), a pesquisa descritiva visa descrever as características
de determinada população ou fenômeno. Envolve o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados como: roteiro de entrevista, questionário
e observação sistemática, assumindo, de forma geral, a forma de levantamento.
Na pesquisa qualitativa é importante a compreensão do fenômeno sob a ótica dos sujeitos que o experimentam, fazendo ligação com o
contexto social pertencente, tanto do pesquisado quanto do pesquisador,
pois a preocupação central do método qualitativo não é o fenômeno em
si, mas o que ele significa para os sujeitos (LEOPARDI, 2002).
Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.30-36, Jan-Fev-Mar. 2011.
A pesquisa foi desenvolvida na Faculdade NOVAFAPI, localizada
em Teresina – Piauí, com 12 sujeitos que participaram do processo de
implantação da IES, entre eles, mantenedor, diretor, coordenadores, professores, colaboradores e alunos que vivenciaram o início das suas atividades, como alunos das primeiras turmas dos cursos de e Odontologia
e Enfermagem.
De acordo com Chizzotti (1999), os sujeitos ou pessoas fontes de
informações, devem ser aqueles que conhecem bem o problema em
estudo, e que, como testemunho oral, com suas percepções e análises,
podem esclarecer aspectos desconhecidos e identificar fatos que não
foram explorados do problema.
Para a produção dos dados foi utilizado um roteiro de entrevista semiestruturada contendo questões relacionadas com o processo de
implantação e desenvolvimento da Faculdade NOVAFAPI. Os sujeitos da
pesquisa foram entrevistados no expediente de trabalho em local reservado para evitar constrangimento e exposição desnecessária, o que
poderia influenciar na veracidade das informações fornecidas pelos mesmos.
Os depoimentos foram coletados, com auxílio do gravador de voz,
previamente autorizado pelo entrevistado por meio da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), conforme recomenda
a Resolução no. 196/96, do Conselho Nacional de Saúde (CNS), que trata
das pesquisas com seres humanos (BRASIL, 1996).
O conteúdo das falas transcritas foi agrupado por similaridade em
categorias, de acordo com os pressupostos metodológicos necessários
para a realização da Análise de Conteúdo que consiste em um conjunto
de técnicas que ”visa obter por procedimentos sistemáticos e objetivos
de descrição de conteúdo das mensagens, indicadores que permitem a
inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção dessas mensagens”` (BARDIN, 2004).
3
APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
Os resultados obtidos permitiram a análise de questões relacionadas com o processo de implantação e desenvolvimento da Faculdade
NOVAFAPI. Os dados produzidos são apresentados em três categorias analíticas:
1. Estratégias utilizadas para a implantação da Faculdade NOVAFAPI;
2. Processo de implantação da NOVAFAPI quanto à infraestrutura
e pessoal;
3. Desenvolvimento da Faculdade NOVAFAPI, no período de 2001
a 2010, no contexto do ensino superior privado no Piauí
3.1 Estratégias utilizadas para a implantação da Faculdade
NOVAFAPI
A Faculdade de Saúde, Ciências Humanas e Tecnológicas do Piauí
– NOVAFAPI foi instituída e constitui-se em um estabelecimento particular
de ensino superior, localizada em Teresina, Estado do Piauí, credenciada
pela Portaria Ministerial nº 1592/2000 e autorizada a oferecer ensino de
nível superior nas áreas de saúde, ciências humanas e tecnológicas.
Em 2000, o Piauí contava com uma população de 2.840.969 habitantes e passava por um acentuado processo de urbanização, demandando criatividade e agilidade de seus dirigentes e da iniciativa privada. Um
ponto primordial é a qualificação do trabalhador e do empresariado, para
31
Alencar, F. A. ; Mágno, D.
essa nova fase. O Censo revelou crescimento de cerca de 5% da população
urbana, de 1996 a 2000, enquanto a população total cresceu 1,54%, no
mesmo período (IBGE, Censo 2000).
À época, o Estado contava com 223 municípios e seu foco de desenvolvimento era voltado para a produção agrícola dos cerrados, para a
industrialização, turismo e para a melhoria da qualidade dos serviços. O
potencial produtivo do Estado foi bastante significativo, com grande extensão de terras agricultáveis e manancial hídrico, com água de superfície
e subsolo. Além disso, a posição geográfica entre o Norte e o Nordeste
favorecia ao Piauí uma situação estratégica com relação ao comércio e à
prestação de serviços.
O setor mais importante para a economia do Estado era o de serviços, que contribuiu com 52,66% para a formação do Produto Interno
Bruto (PIB), evidenciando a vocação do Estado para este setor. (CENSO
IBGE 2000).
A capital do Estado do Piauí, Teresina, está situada na região Norte
do Piauí, contava com 714.318 mil habitantes (IBGE, Censo 2000), 25% da
população do Estado e constituía-se no município com maior índice de
urbanização, com 94,72% de sua população residindo na cidade, abrigava
mais de um terço da população do Estado e possuía a metade do potencial de consumo do Piauí.
É importante ressaltar que a região integrada de desenvolvimento
da grande Teresina, criada pelo Decreto Federal n. 4.367, de 09 de setembro de 2002, engloba 13 municípios, sendo 12 do Estado, e mais a cidade
de Timon – MA, formando assim uma conurbação, onde as duas cidades
juntas têm 924.000 habitantes. (CENSO IBGE/2010).
Teresina vinha apresentando acelerado crescimento populacional,
no Censo de 2000, a taxa de crescimento foi 2,22%, superando a do Estado. Em decorrência, principalmente de sua localização, a capital do Piauí
vinha se consolidando como centro de convergência no setor de prestação de serviços, sobretudo nas áreas de educação e saúde, atraindo contingentes populacionais de todo o Estado e das regiões Oeste do Ceará
e Leste do Maranhão, e de Estados da região Norte, principalmente Pará,
Tocantins, Amapá e Roraima.
A cidade possuía o quarto lugar em crescimento populacional
entre as capitais nordestinas, abaixo de São Luís, Salvador e Maceió, três
capitais litorâneas que vinham apostando muito no incentivo às empresas
de fora e de forte atração turística, de lazer e cultural. Salvador possuía
um setor industrial consolidado, com indústrias de primeira, segunda e
terceira geração; a vizinha cidade de São Luís vinha recebendo importante
apoio federal há quase duas décadas.
O crescimento populacional de Teresina se justificava pela vocação
da cidade para a prestação de serviços, sobretudo em saúde e educação.
As duas áreas vinham se consolidando como polos de referências da capital piauiense, localizada no Meio Norte do Brasil.
Para o desenvolvimento do potencial existente em Teresina, cuja
localização lhe assegurou um diferencial foram necessários investimentos
públicos e privados, principalmente nas ações de capacitação de recursos
humanos, buscando elevar o nível de escolaridade dos empreendedores e
trabalhadores, possibilitando qualidade à mão de obra, aumento da produtividade, conquista de novos mercados e treinamento de empreendedores e trabalhadores para lidar com novas tecnologias de procedimentos,
materiais e equipamentos.
No setor de educação, como em outros setores, o processo de modernização provocava grandes impactos. Alguns postos de trabalho eram
eliminados devido à adoção de novas tecnologias, como informatização
32
ou mesmo a reestruturação organizacional. De maneira geral, os postos de
trabalhos eliminados foram aqueles que requeriam baixo nível de escolaridade geral e algum nível de qualificação específica. Os novos postos, por
sua vez, exigiam mais qualificação do trabalhador.
As estratégias utilizadas para a implantação da NOVAFAPI partiram
de observações relacionadas à carência de profissionais da área da saúde, pelo fato de Teresina ser reconhecida como um polo de saúde, com
atendimento de média e alta complexidade à população de todo o Piauí
e Estados vizinhos.
Transcrevemos abaixo, depoimentos selecionados dos sujeitos do
estudo sobre as estratégias utilizadas para a implantação da Faculdade:
... Iniciar com cursos da área de saúde, enfermagem e odontologia, que tinham uma demanda reprimida não absorvida pelo setor público. Contratar
pessoal qualificado, de reconhecimento na sociedade como bons profissionais, escolher como local de instalação uma área na zona leste, com boas
avenidas e com possibilidade de expansão física. (DEP. 1).
... No meu ponto de vista, a NOVAFAPI usou como estratégia o padrão de qualidade devido aos profissionais capacitados que desde o início participaram
da implantação do projeto e implantação. (DEP. 5).
... Observação do mercado de trabalho e da necessidade de desenvolvimento
da educação e saúde (DEP. 6).
A estratégia utilizada para implantação foi iniciar com dois cursos da área da
saúde - enfermagem e odontologia, após levantamento da necessidade de
enfermeiros e dentistas no mercado de trabalho, com sala de aula, laboratórios, sala de professores, secretaria e especialmente pessoal qualificado e
motivado para implantar uma instituição de ensino superior com todos os requisitos necessários para ser destaque na educação superior do Piauí (DEP. 9).
Houve uma pesquisa de mercado buscando elencar as prioridades para implantação, com a definição de: cursos a oferecer, público alvo, local de instalação da IES e responsabilidade social (DEP. 13).
As estratégias para a implantação da NOVAFAPI foram selecionadas a partir
de discussões com os vários setores educacionais e levantamento das prioridades locais, tanto do mercado de trabalho quanto do desenvolvimento
socioeducacional do Estado do Piauí (DEP. 12).
Pelos depoimentos, percebe-se que as estratégias utilizadas para
a implantação da NOVAFAPI, foram: iniciar o trabalho com dois cursos da
área da saúde necessários ao mercado de trabalho da época; construir
uma Instituição de ensino superior – IES, em instalações próprias, concentrada num único endereço e com possibilidade de crescer conforme
o surgimento de novos cursos, mesmo sendo instalada por um período
de um ano em um prédio cedido e selecionar coordenadores, professores e colaboradores com visão ampla da educação superior com vistas ao
desenvolvimento da instituição, no que se refere à implementação dos
projetos pedagógicos com base nas Diretrizes Curriculares.
O fato de a NOVAFAPI ser instalada em Teresina, em 2001, veio
contribuir para a expansão e o desenvolvimento da Educação Superior no
Piauí, com 100 alunos matriculados, 50, no curso de Odontologia e 50, no
curso de Enfermagem.
No Brasil, a transformação da educação superior de um sistema
elitista para um outro com o fito de envolver a maior parte da sociedade
começou a se construir na década de 1960. Mesmo assim, o sistema brasileiro continuava a ser elitizado, pois dados estatísticos de 1908, constam
que havia 6.735 estudantes matriculados em instituições de educação
superior. Em 1960, esse total já era de 93.202 alunos, em pouco mais de
cinco décadas. Em 1980, ou seja, vinte anos depois, somavam 1.377.286
matrículas na educação superior. Em 2000, conforme dados do INEP, esse
número quase dobra, atingindo 2.622.073 alunos matriculados. Na estatística de 2005, constam 4.453.156 estudantes de ensino superior, se caracteRevista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.30-36, Jan-Fev-Mar. 2011.
Processo de implantação e desenvolvimento de uma instituição de ensino superior privada no Piauí
rizando um aumento de 661 vezes maior, no período de 100 anos. Mesmo
assim, o Brasil ainda se coloca numa posição frágil se comparado com outros países desenvolvidos, pois ao final do século XX possuía pouco mais
de 6% da população adulta com educação superior, diferente do Canadá,
que, com cerca de 40%, apresentava percentual superior ao dos Estados
Unidos, Japão e de tantos outros países (NUNES, 2007).
Vários fatores foram determinantes para mudanças nas políticas inclusivas e nas ações afirmativas que ampliaram a educação no país. Dentre
esses é citado a questão da globalização, a emergência da sociedade do
conhecimento e da informação, o maior acesso as escolas de nível fundamental e médio, a expansão tecnológica, o surgimento de organizações
sociais, a revolução social, econômica e política e os baixos recursos foram
determinantes desta realidade e também de uma expansão no setor privado da educação superior (NEVES; RAIZER; FACHINETTO, 2007).
Nesse sentido, o País que tem obrigações internacionais e deve
cumprir metas de melhoria na qualidade e principalmente na quantidade de adultos na educação superior, pois tem apenas 11,5% dos jovens
entre 17 e 24 anos no ensino superior. Na última década foram propostas
soluções referentes à ampliação do acesso e maior equidade através da
diversificação do sistema com a criação de novos tipos de IES, novos tipos
e modalidades de cursos, bem como propostas de acesso como o PROUNI
- Programa Universidade para Todos - e a política de cotas. A análise dos
dados sobre educação no cenário atual revelam: a ampliação do acesso,
bem como a implantação de políticas de inclusão que se deram, especialmente, pelo sistema privado de educação superior (NEVES; RAIZER;
FACHINETTO, 2007).
No Piauí, essa ampliação não difere do que ocorreu no Brasil. Segundo os dados do INEP (2006) em 1991 existiam três Instituições de Ensino Superior no Estado, em 1996, existiam seis e no período de 1996 a
2004 já eram 26 IES.
Segundo Bicho e Baptista, (2006), as etapas de aplicação da análise
estratégica em projetos de investimento passam pelos seguintes passos:
definição da missão e objetivos da empresa; análise externa; análise interna; análise SWOT; estratégia de negócio e implementação.
Conforme os depoimentos dos sujeitos da pesquisa e a descrição
do diagnóstico situacional do Estado do Piauí, suas tendências na economia e a vocação da cidade de Teresina para a prestação de serviços, especialmente nas áreas da saúde e educação, percebe-se que passos foram
seguidos como estratégias para a implantação da Faculdade, essenciais
ao seu desenvolvimento.
3.2 Processo de implantação da NOVAFAPI quanto à infraestrutura e pessoal
Para a implantação da Faculdade, a mantenedora da IES visitou
outras instituições de ensino privadas bem sucedidas do Brasil, especialmente do nordeste, para conhecer as instalações como laboratórios,
clínicas e organização administrativa. Posteriormente apresentou às primeiras coordenadoras escolhidas, informações (orais e escritas) de como
eram essas instituições e qual seria a sua pretensão na implantação da
NOVAFAPI. Dessa forma, paulatinamente, foi-se definindo toda a estrutura,
em diversas reuniões incluindo a participação do arquiteto e engenheiro
responsáveis pelo planejamento e execução da estrutura da NOVAFAPI.
O processo de implantação da IES deu-se de forma a que toda a
estruturação do espaço geral, laboratórios e clínicas foram definidos em
conjunto, envolvendo todos os que faziam parte do empreendimento,
Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.30-36, Jan-Fev-Mar. 2011.
iniciado em instalações cedidas, mas já com planejamento para ser transferido para instalações próprias e adequadas às necessidades dos cursos,
conforme as falas que seguem:
Os projetos dos laboratórios do ciclo básico, foram elaborados em parceria
com a coordenadora do curso de enfermagem e também foram recebidas
sugestões de professores das disciplinas básicas sobre os tipos de mobiliário,
equipamentos e materiais a serem adquiridos para os laboratórios. Foi um
processo de implantação coletivo. A contratação do corpo docente e dos
técnicos de laboratório eram da escolha das coordenadoras dos cursos de enfermagem e odontologia. No ano de 2001 a Faculdade funcionou em um prédio cedido e a partir de 2002 passou a funcionar em prédio próprio (DEP. 1).
Apesar de nova, esta foi, certamente, a primeira Instituição de Ensino Superior
do Piauí que planejou, ao abrir suas portas, oferecer inicialmente cursos da
área de saúde. Isto foi feito para atender a evidente demanda de nossa juventude e para iniciar sua caminhada em consonância com uma clara vocação
de Teresina que é reconhecida na região, no que se refere aos serviços de
saúde disponibilizados pela cidade (DEP.8)
No início, a Faculdade funcionava em um local cedido, na estrada da Cacimba
Velha, chamada de Velhafapi.. No final do primeiro ano de funcionamento
houve a mudança para o primeiro dos atuais prédios. (DEP. 4).
A Faculdade NOVAFAPI iniciou, efetivamente, suas atividades acadêmicas no dia 12 de fevereiro de 2001, com a realização da aula inaugural, proferida pelo então diretor da instituição, Prof. Manoel Paulo Nunes,
sob o título “As duas faces da cultura brasileira”. E assim aconteceu efetivamente a implantação dos dois primeiros cursos da instituição, ambos
pioneiros na área do ensino superior privado, no Estado: Odontologia e
Enfermagem. Esses cursos foram autorizados pelas Portarias Ministeriais
nºs 1.592/2000 e 1.593/2000, respectivamente
Quando passei a colaborar com a NOVAFAPI, no início de seu funcionamento,
em instalações cedidas pela Associação Comercial Piauiense, já havia a instituição vencido a etapa inicial de instalação de seus cursos, os de Enfermagem
e Odontologia. Como diretor daquela instituição, pelo período de um ano,
atendendo a convite de sua atual diretora e proprietária, Dra. Cristina Miranda, assumi o exercício da função em 12 de fevereiro de 2001. Acompanhei
ainda, nessa fase inicial, o processo de montagem do curso de direito, hoje
um dos melhores do Estado (DEP. 10).
A participação do Prof. Manoel Paulo Nunes, na sua implantação,
como seu primeiro diretor, foi um claro sinal do compromisso da instituição em oferecer à sociedade um ensino de superior qualidade, ao lado
de ter iniciado as suas atividades acadêmicas tendo como colaboradores
grandes educadores do Estado. O referido professor, na condição de presidente da Fundação de Ensino Superior do Piauí, coordenou e acompanhou toda a tramitação, junto ao antigo Conselho Federal de Educação,
do processo de criação da Universidade Federal do Piauí, maior conquista
educacional do nosso Estado.
Segundo o Prof. Paulo Nunes,
Foi assim essa experiência como a de quem acompanha uma criança, desde
os seus primeiros passos, para admirá-la em sua fase de maturidade e plena eficiência como agora. Não houve entre nós uma experiência mais rica,
em termos de eficiência e formação de quadros os mais qualificados para a
sociedade piauiense, graças ao preparo para a função docente e formação
profissional, de seu corpo docente, um dos melhores do Estado.
Partindo dessas considerações, pode-se compreender porque,
atualmente, a NOVAFAPI funciona em instalações próprias e adequadas
para uma Instituição de Ensino Superior.
Sua estrutura organizacional permite ainda a abertura de novos cursos que possam atender prontamente às solicitações do mercado
de trabalho, bem como aos reclamos sociais da comunidade. Isso poderá
contribuir para que a Escola possa gradativamente transformar-se em um
instrumento de interação com a comunidade a que serve.
33
Alencar, F. A. ; Mágno, D.
Para Silva (2008), a construção de uma IES privada depende não somente das forças do mercado, mas também da política como instrumento
facilitador de um empreendimento privado.
A reforma universitária de 1968 produziu mudanças importantes
no ensino superior no Brasil, por um lado contribuiu para modernizar as
universidades federais e estaduais que passaram a incorporar as modificações acadêmicas propostas pela Reforma, articulando melhor o ensino e
a pesquisa, abolindo as cátedras vitalícias, introduzindo o regime departamental, a institucionalização da carreira acadêmica, a iniciação científica
e a pós-graduação. Por outro lado, produziu efeitos inovadores no ensino
superior, abrindo condições para o surgimento de um ensino privado,
dentro de outro sistema, estruturado nos moldes de empresas voltadas
para o atendimento de demandas do mercado educacional (MARTINS,
2009).
3.3 Desenvolvimento da Faculdade NOVAFAPI, no período de
2001 a 2009 no contexto do ensino superior privado no
Piauí
A Faculdade de Saúde, Ciências Humanas e Tecnológicas do Piauí
- NOVAFAPI está instalada num terreno de 33.374 m2, totalmente urbanizado, e conta com três prédios e um auditório. No primeiro, com uma
área construída de 8.346 m2, funcionam: A direção geral, laboratórios clínicos, laboratórios de informática, um auditório com 340 lugares, 19 salas
de aula, cantinas, refeitório, área de convivência e lojas. No segundo, está
instalado o Centro Integrado de Saúde – CIS, numa área construída de
5.981 m2, onde funcionam as clínicas de: Odontologia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Nutrição, Enfermagem, consultórios médicos e laboratório de
análise clínicas. No terceiro, com uma área construída de 8.485 m2, funciona a biblioteca com cervo aberto de 8.188 títulos e 41.283 volumes, além
de periódicos, DVDs e vídeos, 32 salas de aula, CPD, sala dos professores e
coordenações de cursos.
O auditório, denominado IPÊ, com 500 lugares, tem uma área construída de 1.462 m2. A IES possui infraestrutura básica e adequada para seu
funcionamento, espaços necessários à operacionalização dos seus cursos
e conta com planejamento para ampliações futuras, dispondo para isso
de uma área total de 180.000 m2 (18 hectares), toda ela interligada, garantindo aos seus alunos, professores, corpo técnico-administrativos e à
comunidade um único local de atividades.
As áreas da Faculdade são amplas, contando com estacionamento,
praça de alimentação e espaços que favorecem a convivência no contexto
da Instituição, na medida em que proporcionam um ambiente agradável
e acolhedor.
Credenciada pelo Ministério da Educação (ME), (Portaria Ministerial
nº 1592/2000), oferece ensino de graduação, modalidade presencial na
área de saúde, ciências humanas e tecnológicas. Atualmente conta com
oito cursos de graduação reconhecidos: Enfermagem, Odontologia, Fisioterapia, Nutrição, Fonoaudiologia, Direito, Biomedicina e Educação Física,
e sete autorizados: Medicina, Administração, Design de Moda, Design de
Interiores, Engenharia Civil, Gastronomia e Radiologia.
O Curso de Administração é conveniado com a Fundação Getúlio
Vargas, através do seu programa de certificação de qualidade.
A Faculdade tem atualmente 4.766 alunos matriculados na graduação e 934 na pós-graduação.
Através da Coordenação de Pesquisa e Pós-Graduação - CPPG, a
NOVAFAPI vem desenvolvendo o Programa de Pós-Graduação Lato Sensu,
34
já contando com dez turmas concluídas dos Cursos de Especialização em:
Saúde da Família, Saúde Pública, Formação Pedagógica em Educação Superior na área da Saúde, Prevenção e Controle das Infecções Hospitalares,
Fisioterapia Músculo Esquelético, Audiologia e Linguagem. Atualmente
estão sendo ministrados sete cursos: Saúde Mental, Saúde da Família, Reabilitação Cardíaca e Prescrição de Exercícios Físicos para Grupos Especiais,
Ortodontia, Gestão de projetos e obras da construção civil, Urgência e
Emergência, Terapia Intensiva.
A Faculdade NOVAFAPI mantém convênio com a Fundação Getúlio
Vargas, desde agosto de 2007, para desenvolvimento de cursos MBA na
área de Administração e Saúde, já tendo concluído uma turma de Marketing e duas turmas de Gestão Empresarial. Atualmente estão em desenvolvimento mais duas turmas de Gestão Empresarial e uma de Executivo em
Saúde e estão sendo formadas turmas de Gestão Financeira, Controladoria
e Auditoria, Gestão Estratégica de Vendas, Gestão de Varejo, Gerenciamento de Projetos e Marketing. Para o desenvolvimento dos Cursos de
Graduação e Pós-Graduação, a NOVAFAPI mantém convênio com diversas
instituições.
A NOVAFAPI possui plano de capacitação docente que busca promover e melhorar a qualidade das funções de ensino, pesquisa, extensão
e gerência da Faculdade NOVAFAPI, por meio de cursos de pós-graduação,
de treinamento e de atualização profissional, oportunizando aos professores, pessoal técnico e de apoio administrativo condições de aprofundamento e/ou aperfeiçoamento de seus conhecimentos científicos, tecnológicos e profissionais.
São oferecidos aos professores, dentre outros, incentivos como:
bolsas de estudos para programas de pós-doutorados, doutorado, mestrado, especialização ou aperfeiçoamento; auxílio financeiro e operacional
para participação em congressos, seminários, simpósios e eventos similares científicos, educacionais e culturais; cursos de treinamento e atualização profissional; e divulgação e/ou publicação de teses, dissertações,
monografias ou outros trabalhos acadêmicos ou profissionais de seu pessoal docente.
Dessa forma, percebe-se que a Faculdade NOVAFAPI possui um
ritmo efetivo de crescimento positivo com a criação de novos cursos de
graduação e pós-graduação, resultando em bons índices nas avaliações
pelo Ministério da Educação e Cultura – MEC, tendo influências de um
processo de implantação fortalecido. Os depoimentos seguintes demonstram que os sujeitos do estudo percebem o desenvolvimento da NOVAFAPI no contexto do ensino superior privado no Piauí, como positivo e como
um grande empreendimento educacional:
A Instituição NOVAFAPI, de 2001 a 2010 teve um crescimento enorme,
consolidando-se como a melhor instituição privada do Piauí, pois ao tempo
que foi crescendo estruturalmente, novos cursos foram incluídos com quadro
docente de qualidade (DEP. 3).
A NOVAFAPI vem crescendo com seus cursos sendo reconhecidos com boas
notas pelos avaliadores do MEC tanto pelo seu projeto pedagógico como
pela sua estrutura física e corpo docente. A sociedade piauiense vem reconhecendo-a como uma das melhores instituições de ensino superior privado
no Piauí e da região. E principalmente pelo elevado número de alunos que
procuram ingressar na NOVAFAPI, seja através de vestibular, Enem, Prouni ou
transferências (DEP. 1)
A NOVAFAPI, atualmente, é uma instituição privada com dez anos no mercado, solidificada e com alto padrão de qualidade... Desde o início vejo satisfação dos funcionários e coordenadores, é uma instituição que sempre procura
escutar opiniões e foi crescendo com os nossos erros e acertos... (DEP. 5)
O crescimento é notório, não só na infraestrutura como na qualidade dos
profissionais e o no leque de oportunidades que oferece aos professores.
Prepara o aluno em diferentes áreas do saber – ensino – pesquisa - extensão,
Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.30-36, Jan-Fev-Mar. 2011.
Processo de implantação e desenvolvimento de uma instituição de ensino superior privada no Piauí
isso tudo pode ser notado a cada dia nos resultados dos concursos e pós-graduação por aí a fora. Cada vez mais egressos da instituição se encontram
em posição de destaque (DEP. 7).
Tem a melhor estrutura física, o melhor corpo docente do Estado e uma excelente estrutura curricular dos cursos de graduação (DEP. 2).
Dourado (2002) relata que a educação superior no Brasil se reestrutura rompendo com o princípio da indissociabilidade entre ensino,
pesquisa e extensão, através do processo de expansão do ensino superior com predominância das IES privadas, com a criação de novos cursos,
redirecionando a estrutura e os projetos acadêmicos, de acordo com as
exigências do mercado, tornando real a privatização do ensino superior.
Sousa, (2009), no seu estudo sobre a qualidade na educação superior, na relação do público com o privado, revelou que as IES privadas estão
seguindo uma tendência nacional, fazendo seus projetos de acordo com
o mercado, mas com pouca clareza conceitual e metodológica, no que se
refere ao padrão de qualidade a ser perseguido.
O que não é o caso da NOVAFAPI, pois essa desenvolve projetos
pedagógicos de cursos de acordo com as necessidades do mercado do
Piauí, porém tem como missão “formar cidadãos éticos, tecnicamente
competentes e politicamente responsáveis, contribuindo para a melhoria
da qualidade de vida da população e para o desenvolvimento sustentável
do Estado do Piauí e sua região”.
Esse compromisso ainda se expressa em propostas que visam à
progressiva integração da NOVAFAPI com a comunidade e ampliação da
oferta de cursos, através da realização de programas e projetos de ensino,
pesquisa e extensão, que ofereçam oportunidades de desenvolvimento
socioeconômico, artístico, cultural, científico e tecnológico ao Estado do
Piauí e sua região. Nessa perspectiva, a NOVAFAPI se propõe a fortalecer o
compromisso de apoio ao desenvolvimento e socialização do saber.
Para tornar sua missão factível, a NOVAFAPI cumpre o seu papel de
participação na formação de profissionais competentes, comprometidos
com as demandas sociais e capazes de, através de uma inserção comunitária, contribuir para a melhoria da qualidade dos serviços prestados à
população.
Ao definir seus princípios e objetivos, a NOVAFAPI se articula no
cenário de transformações ocasionadas pela emergência de um novo
momento histórico, caracterizado por uma evolução rápida e contínua da
sociedade moderna, especialmente no que se refere ao desenvolvimento das tecnologias, das novas exigências de qualificação profissional, dos
novos padrões de organização da educação e, em especial, da exigência
do compromisso social das Instituições com a formação de quadros profissionais qualificados para atuarem em um mercado cada vez mais competitivo e globalizado.
Gonçalves (2008), fazendo uma análise da expansão do ensino superior privado no Brasil dos anos de 1990, frisa que a popularização do ensino superior, contribuiu positivamente para melhorar o conhecimento na
sociedade, mas questiona como isso vem sendo feito pelas IES privadas,
se há formação de profissionais de qualidade inferior à formação pública,
resultando em uma redução da média de renda desses profissionais.
Com base na exposição de motivos referente ao Anteprojeto de Lei
da Educação Superior, o Brasil, até 2011 precisava democratizar e qualificar
suas instituições de ensino pela necessidade de duplicar o número de estudantes nas instituições de ensino superior. Para isso, o desafio foi imenso
e exigiu a construção de políticas públicas. A proposta de Lei de Reforma
da Educação Superior teve como um dos seus objetivos criar condições
para a expansão com qualidade. Dessa forma, a proposta de Lei de ReforRevista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.30-36, Jan-Fev-Mar. 2011.
ma apresentada cumpre uma tarefa importante para o Brasil e para os jovens de todas as origens sociais que desejam ingressar no ensino superior
de forma mais democrática (BRASIL, 2005).
Dessa forma, considera-se que a Faculdade foi implantada numa
época em que o número de instituições de ensino privadas no Estado era
reduzido, com uma estrutura física e organizacional de qualidade, quadro
de docentes com titulação adequada para o desenvolvimento do ensino
de acordo com as Diretrizes Curriculares e colaboradores experientes e
capacitados. A instituição desenvolveu o ensino, pesquisa e extensão de
forma indissociável, resultando no aumento considerável dos cursos de
graduação, pós-graduação lato sensu e um mestrado em saúde da família,
autorizado pelo Ministério da Educação, que se encontra em fase de implantação. Tudo isto no prazo de apenas 10 anos.
4
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No estudo procurou-se a partir da descrição do processo de implantação e desenvolvimento da Faculdade, analisar o desenvolvimento
da instituição no contexto do ensino superior privado no Piauí.
A Faculdade NOVAFAPI foi implantada em 2001, com os cursos de
graduação em Odontologia e Enfermagem, numa época em que as instituições de ensino superior privadas no Estado só ofereciam cursos na área
de humanas. Para o seu primeiro ano de funcionamento foi instalada em
um prédio cedido, com bom sistema acadêmico já implantado e projetos
pedagógicos de acordo com as Novas Diretrizes Curriculares Nacionais.
Em 2002, a IES passou a funcionar já no primeiro prédio das suas
instalações próprias, construídas para atender aos cursos existentes e a
demanda futura por novos cursos. Atualmente a IES conta com 15 cursos, 11 de graduação e 4 de tecnólogos. Oito cursos reconhecido e sete,
autorizados.
Através da Coordenação de Pesquisa e Pós-Graduação - CPPG, vem
desenvolvendo o Programa de Pós-Graduação Lato Sensu, já com 27 turmas de especialização concluídas e sete em andamento.
A Instituição conta atualmente com 4.766 alunos matriculados na
graduação, 934 na pós-graduação, tendo formado 2.845 bacharéis, nas
áreas de Odontologia, Enfermagem, Fonoaudiologia, Fisioterapia, Direito,
Nutrição, Biomedicina, Medicina e Educação Física, e 97 tecnólogos em
Design de Moda.
Os resultados do estudo indicaram que a análise dos conteúdos
formados a partir das entrevistas com os sujeitos da pesquisa, apontou
que a faculdade foi instalada em condições de se desenvolver, tendo como
grande diferencial das demais IES do Estado, a preocupação em atender aos
requisitos do MEC, necessários para o desenvolvimento do ensino, pesquisa
e extensão, com o objetivo de formar bons profissionais, com competências
e habilidades gerais e específicas no o exercício das suas profissões.
Na implantação de seu projeto Institucional, a NOVAFAPI pautou-se em princípios que se constituem em referencias para a consecução
de um projeto focado no fortalecimento de relações de respeito às diferenças e no compromisso Institucional de democratização e acessibilidade ao saber, elementos decisivos no processo de construção da cidadania.
Assim, na perspectiva de atender às exigências de qualificação e
de contribuir para suprir carências de profissionais de nível superior capazes de colaborar com o desenvolvimento da sociedade em seus aspectos
socioeconômico, artístico, cultural, científico e tecnológico é que se considera a NOVAFAPI uma IES possuidora de excelente padrão de qualidade,
cumprindo satisfatoriamente sua missão institucional.
35
Alencar, F. A. ; Mágno, D.
REFERÊNCIAS
BARDIN, L. Análise de conteúdo. 3. ed. Paris: Edições 70, 2004. 141p.
GIL, A.C. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1991.
BICHO, L.; BAPTISTA, S. Modelo de Poter e Análise SWOT – Estratégias de
Negócio. Instituto Politécnico de Coimbra, 2006.
GONCALVES, S. A. Estado e expansão do ensino superior privado no Brasil:
uma análise institucional dos anos de 1990. Educ. rev., Curitiba, n. 31, 2008.
BRASIL, MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Exposição de motivos. Anteprojeto de
Lei da Educação Superior, Brasília, 2005.
LEOPARDI, M. T. Fundamentos gerais da produção científica. In: ______.
(Org.) Metodologia da Pesquisa na Saúde. 2.ed. Florianópolis: Universidade
Federal de Santa Catarina, 2002. 294 p.
_______, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, Censo, 2000.
_______, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, Censo, 2010.
MARTINS, C. B. A reforma universitária de 1968 e a abertura para o ensino
superior privado no Brasil. Educ. Soc., Campinas, v. 30, n. 106, abril. 2009 .
_______, Ministério da Educação. Lei n. 9.394, 20 de dezembro de 1996.
Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília (DF) 23 dez. 1996; Seção 1, p. 833-41.
NEVES, C. E. B.; RAIZER, L. FACHINETTO, R. F. Acesso, expansão e eqüidade
na educação superior: novos desafios para a política educacional brasileira. Sociologias [online]. 2007.
_______, Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº. 196, de 10 de outubro de 1996. Dispõe sobre pesquisa envolvendo seres humanos. Diário
Oficial da União. Brasília, 1996.
NUNES, E. Desafio estratégico da política pública: o ensino superior brasileiro. Rev. Adm. Pública, Rio de Janeiro, v. 41, n. spe, 2007 .
CHIZZOTTI, A. Pesquisa em Ciências Humanas e Sociais, 2.ª Ed. São Paulo:
Cortez, 1991.
DOURADO, L. F. Reforma do Estado e as políticas para a educação superior
no Brasil nos anos 90. Educ. Soc., Campinas, v. 23, n. 80, Sept. 2002.
36
OLIVEIRA, J. F; DOURADO, L. F. Educação superior: o público e o privado na
produção do trabalho e da vida acadêmica. In: ADRIÃO, T.; PERONI, V. (Org.).
O público e o privado na educação: interfaces entre Estado e sociedade.
São Paulo: Xamã, 2005. p. 57-80.
SOUSA, J. V. de. Qualidade na educação superior: lugar e sentido na relação
público-privado. Cad. CEDES, Campinas, v. 29, n. 78, Aug. 2009 .
Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.30-36, Jan-Fev-Mar. 2011.
PESQUISAS / RESEARCH / INVESTIGACIÓN
História e memória da tuberculose em Teresina – Piauí
History and memory of tuberculosis in Teresina-Piauí
Historia y memoria de la tuberculosis en Teresina-Piauí
Adrielly Caroline Oliveira
Enfermeira graduada pela Faculdade de Saúde,
Ciências Humanas e Tecnológicas do Piauí
(NOVAFAPI). Piauí, Brasil. E-mail: adriellycaroliveira@
hotmail.com
Daniel Coelho Farias
Enfermeiro graduado pela Faculdade de Saúde,
Ciências Humanas e Tecnológicas do Piauí
(NOVAFAPI). Piauí, Brasil. E-mail: danielcoelhosjp@
hotmail.com
Benevina Maria Vilar Teixeira
Nunes
Doutora em Enfermagem pela UFRJ, professora do
Curso de Graduação em Enfermagem e do Programa
de Mestrado em Enfermagem da Universidade
Federal do Piauí
RESUMO
O estudo tem como objeto a história dos serviços de tuberculose criados em Teresina. Objetivou
descrever a história dos serviços de Tuberculose criados em Teresina no contexto da Campanha Nacional de Tuberculose e analisar a atuação da enfermagem nesses serviços. Trata-se de um estudo
de natureza histórico-social com abordagem qualitativa. As fontes primárias de dados foram sete
entrevistas realizadas com personagens que trabalharam nos serviços de tuberculose no Piauí. Utilizaram-se ainda fontes secundárias. Os resultados foram subdivididos em duas categorias: Os serviços de tuberculose criados em Teresina e a atuação da enfermagem nos serviços de Tuberculose. Os
resultados permitiram entender a estreita vinculação entre as ações do controle da tuberculose que
eram desenvolvidas localmente, com o que determinava as autoridades sanitárias nacionais, principalmente no que se refere às ações de controle efetuadas no sanatório e dispensário aqui instituídos
e o processo de evolução da atuação do serviço de enfermagem no tratamento ao tuberculoso.
Descritores: Tuberculose. Hospital. História da enfermagem.
ABSTRACT
The studied has as its object, the history of tuberculosis services created in Teresina in the context
of the National Tuberculosis Campaign. Aimed to describe the history of tuberculosis services in
Teresina, created in this context and analyze the performance of the nursing in these services. This is
a study of historical and social nature with a qualitative approach. The primary sources of data were
seven interviews realized with people who worked in tuberculosis services in Piauí. Secondary sources were also used. The results were subdivided in two categories: The tuberculosis services created
in Teresina and the nursing in the Tuberculosis Pavilion. The results allowed understanding the close
ties between the actions of tuberculosis control that were developed locally, with what determined
national health authorities, especially with regard to control actions performed in the sanatorium
and dispensary established here and the evolution process of nursing service performance in treatment of tuberculous.
Descriptors: Tuberculosis. Hospital. History of nursing.
RESUMEN
Submissão: 12/01/2010
Aprovação: 21/06/2010
El estudio tiene como objeto, la historia de los servicios de la tuberculosis creados en Teresina en el
contexto de la Campaña Nacional contra la Tuberculosis. Tuvo como objetivo describir la historia de
los servicios de la tuberculosis en Teresina creados en este contexto, y analizar el desempeño de la
enfermería en estos servicios. Se trata de un estudio de carácter histórico y social con un enfoque
cualitativo. Las principales fuentes de datos fueron siete entrevistas realizadas con personas que
trabajaban en los servicios de la tuberculosis en Piauí. También se utilizó fuentes secundarias. Los
resultados se dividieron en dos categorías: Los servicios de la tuberculosis creados en Teresina y la
enfermería en el Pabellón de la Tuberculosis. Los resultados permitieron comprender la estrecha relación entre las acciones de control de la tuberculosis que se desarrollan a nivel local, con lo que determina las autoridades sanitarias nacionales, principalmente con respecto al control de las acciones
Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.37-44, Jan-Fev-Mar. 2011.
37
Oliveira, A. C.; Farias, D. C. ; Nunes, B. M. V. T.
realizadas en el sanatorio y el dispensario establecido aquí y el proceso de
evolución de lo desempeño de servicios de enfermería en el tratamiento
de la tuberculosis.
Descriptores: Tuberculosis. Historia de la Enfermería. Hospital.
1
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
No Brasil, a tuberculose teve uma importância histórica, na área da
saúde, principalmente no século vinte, tendo em vista a dimensão epidemiológica da doença no território nacional, como também pela produção
de conhecimento sobre a mesma na comunidade científica e impacto
social causado pelas políticas de controle, assim como as representações
produzidas socialmente (FERNANDES, ALMEIDA, NASCIMENTO, 2010).
As concepções sobre a tuberculose por muito tempo permaneceram como uma doença que vem do “outro”, do comportamento amoral,
do ar impuro, de aglomerações não higiênicas, do crescimento acelerado e desestruturado e mesmo com a evolução do tratamento da cura da
doença, parte dessas concepções ainda se mantém (GONÇALVES, 2000).
Dessa forma, as ações de combate a tuberculose começaram no
Brasil no campo da filantropia, com solidariedade de médicos e intelectuais sensibilizados com o problema da tuberculose e seu avanço no Brasil
(ANTUNES, WALDMAN, MORAES, 2000).
Destacou-se como instituição filantrópica a Liga Brasileira contra
a Tuberculose, fundada no Rio de Janeiro em 1900, a qual criou dois dispensários e desenvolveu um trabalho de propaganda sobre o problema
da tuberculose e os meios para minimizá-lo (FERNANDES, ALMEIDA, NASCIMENTO, 2010).
No campo da ação governamental em saúde, até o inicio da década de 1920, foi dirigida ao combate de doenças como a varíola, a peste e
a febre amarela, que ameaçavam as políticas de incentivo à migração e ao
desenvolvimento agrário.
Nesse contexto, foi com a proposta de Oswaldo Cruz, então Diretor Geral de Saúde Pública, em 1907, que ocorreu a primeira tentativa
de envolver o Poder Público na luta contra a tuberculose, pois sugeriu a
implantação de medidas profiláticas no Regulamento Sanitário e a instituição de sanatórios e hospitais, embora sua proposta não tenha se efetivado
(HIIJAR, et. al. 2007).
Todavia, foi a Reforma Carlos Chagas, em 1920, que deu origem ao
Departamento Nacional de Saúde Pública e introduziu maior intervenção
do Estado no combate à tuberculose, criando a Inspetoria de Profilaxia
da Tuberculose. A criação do Ministério da Educação e Saúde Pública, em
1930 estendeu a intervenção do Estado no combate à tuberculose, no entanto a convivência com as iniciativas filantrópicas permaneceu (FERNANDES, ALMEIDA, NASCIMENTO, 2010).
O Governo Federal teve participação intensificada na atenção ao
tratamento da tuberculose com a criação do Serviço Nacional de Tuberculose, em 1941, e da Campanha Nacional contra a Tuberculose, em 1946
desempenhando um papel único, devido à particularidade de sua constituição administrativa e financeira, que lhe permitia uma maior flexibilidade, assumindo, como proposta, o aumento da estrutura hospitalar e
sanatorial em todo o País (FERNANDES, ALMEIDA, NASCIMENTO, 2010).
No Piauí, a inauguração do Hospital Getúlio Vargas, em 1941, em
consonância com o movimento de expansão da rede hospitalar no Brasil,
tornou-se não só um marco na área da saúde, como também na formação profissional da área. (NUNES, BORGES, SANTOS, 2008). Nesse hospital,
38
funcionaram as primeiras enfermarias destinadas ao tratamento dos portadores de tuberculose.
A partir de 1949, com a participação da Divisão Nacional de Tuberculose, tiveram início efetivamente às ações contra a tuberculose no
Estado do Piauí, como a construção do Pavilhão de Tuberculose. O serviço
era mantido pelo Ministério da Educação e Saúde, com recursos da antiga
Divisão Nacional de Tuberculose, e contribuiu efetivamente para o tratamento e controle da tuberculose no Estado.
No que diz respeito a enfermagem, naquela época não existiam
escolas que formassem profissionais no Estado. Assim, o serviço de enfermagem do Pavilhão de Tuberculose foi desenvolvido por pessoas com
baixa escolarização treinadas para exercerem as funções do cuidado aos
doentes. Somente no final da década de 1950 é que começaram a chegar
ao Piauí as primeiras enfermeiras formadas em outros estados do País, que
tiveram um papel significativo na implementação de medidas profiláticas
como no tratamento da doença.
Diante do exposto, esse estudo tem como objeto a configuração
dos serviços de tuberculose criados em Teresina, no contexto da Campanha Nacional de Tuberculose. O recorte de tempo do estudo compreende
o período de 1949 a 1976, compreendendo respectivamente a inauguração do Pavilhão de Tuberculose e criação da Divisão Nacional de Pneumologia Sanitária, quando o enfoque no tratamento da tuberculose passou
para outro contexto.
Foram traçados os seguintes objetivos para o estudo: descrever as
circunstancia da criação e desenvolvimento dos serviços de tuberculose
em Teresina, no contexto da Campanha Nacional de Tuberculose e analisar
a atuação da enfermagem nesses serviços de tuberculose.
2
MÉTODO
Trata-se de um estudo qualitativo com abordagem sócio-histórica.
Os estudos dessa natureza permitem compreender o movimento de contradições da realidade e problematizar as relações entre o passado e o presente (PADILHA, BORENSTEIN).
A produção de dados do estudo foi baseada na história oral, que
constitui-se na percepção do passado como algo que tem continuidade
no presente, e cujo processo histórico não está concluído, entretanto proporciona sentimentos à vida social dos depoentes e leitores, levando-os
a compreender o seguimento histórico e a se identificar como parte dele
(MEIHY, HOLANDA).
A história oral consiste em um recurso contemporâneo utilizado
para elaboração de documentos, arquivamento e estudos referentes à
vida social de pessoas (FERREIRA, AMADO, 2002). Incide em uma história
do tempo presente e é reconhecida como história viva.
Os dados desse estudo provêm de fontes primárias e secundárias.
As fontes primárias orais foram os depoimentos de sete sujeitos da pesquisa, dentre eles médicos, enfermeiras, funcionários e outros profissionais
que vivenciaram os processos de prevenção, tratamento e cura da tuberculose à época do recorte do estudo. Cada entrevistado indicou outras
pessoas que vivenciaram o processo da Campanha de Tuberculose em
Teresina, as quais se tornaram sujeitos do estudo. Os depoimentos dos sujeitos foram indicados no texto pela letra inicial da profissão, como M para
os médicos, E para as enfermeiras e F para outros funcionários.
O tipo de instrumento foi a entrevista semi-estruturadas, cujos sujeitos ficaram à vontade para responder às perguntas, sem haver, no entanto, por parte dos entrevistadores, nenhuma rigidez na sua implemenRevista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.37-44, Jan-Fev-Mar. 2011.
História e memória da tuberculose em Teresina – Piauí
tação. Outras questões foram acrescidas durante as entrevistas, à medida
que os próprios entrevistados informaram sobre determinados assuntos.
As entrevistas foram gravadas utilizando-se de equipamentos eletrônicos
para posterior transcrição.
As fontes secundárias foram constituídas por livros e artigos,
referentes à história da tuberculose no Brasil e no Piauí, pertinentes ao
contexto histórico, político e social da época, que contribuíram nas argumentações e contra-argumentações das informações recebidas dos entrevistados.
A análise dos dados produzidos foi realizada a partir da organização
dos documentos e da transcrição das entrevistas, que depois de lidos, analisados e categorizados, foram interpretados à luz dos autores que deram
sustentação ao estudo.
O estudo cumpriu as determinações da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Os entrevistados foram orientados quanto ao
tipo de pesquisa, o direito de participar ou não e de poder desistir em
qualquer tempo do estudo, como também quanto a garantia do anonimato. Considerando que nem todos concordaram em utilizar o próprio
nome no estudo e respeitando a garantia do anonimato os sujeitos foram
denominados com abreviaturas de acordo com a função que exerciam.
Os sujeitos assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido e o
projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Faculdade NOVAFAPI com protocolo de número 0158.0.043.000-10.
3
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O processo de coleta e analise permitiu sistematizar os depoimentos dos sujeitos em duas categorias: os serviços de tuberculose criados
em Teresina (1949 -1976) e a atuação da enfermagem nesses serviços de
tuberculose. Os sujeitos do estudo por ocasião das entrevistas rememoraram suas vivencias do passado, relatando aspectos importantes da memoria dos serviços de Tuberculose no Piauí, o que permitiu desenvolver
essa versão histórica.
3.1 Os serviços de tuberculose criados em Teresina (1949 1976)
O agravamento do quadro de tuberculose, como principal causa de
mortalidade no Brasil, tornou-se um dos mais sérios problemas de saúde
pública do País, desencadeando, por parte do Estado Brasileiro, uma série
de medidas sanitárias, para controle dessa enfermidade.
Dentre essas medidas, foi criado, em 1941, o Serviço Nacional de
Tuberculose (SNT), órgão responsável pela política de combate a essa
enfermidade no território nacional e posteriormente, o Decreto-Lei n.º
9.387, de 20 de junho de 1946, instituiu a Campanha Nacional Contra a
Tuberculose (CNCT), sob a orientação e a fiscalização do Serviço Nacional
de Tuberculose e do Departamento Nacional de Saúde, ambos ligados ao
Ministério de Educação e Saúde Pública (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004) .
Dessa forma, o Serviço Nacional de Tuberculose elaborou o Plano de Ação da Campanha, fundamentado na atuação objetiva em todo
território nacional e priorização das regiões ou localidades com maior incidência da tuberculose, com desenvolvimento de medidas de profilaxia
e assistência, ensino, pesquisa, educação e ação social (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2004).
A função que a Campanha Nacional contra a Tuberculose exerceu
no controle da doença, foi peculiar, tendo em vista a particularidade de
Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.37-44, Jan-Fev-Mar. 2011.
sua constituição administrativa e financeira. Assim a campanha assumiu
como proposta, a expansão da estrutura hospitalar e sanatorial em todo
o País, trazendo a idéia da padronização do atendimento, a normatização
das ações de saúde e a formação de recursos humanos, envolvendo pessoal de nível médio e superior (FERNANDES, ALMEIDA, 2010).
A partir da avaliação do Governo Federal de que a Campanha Nacional deveria ser descentralizada, tendo focos regionais de maior incidência da doença, começaram a criar estabelecimentos hospitalares chamados Pavilhões para tratamento de tuberculose nas áreas mais incidentes.
3.1.1 O Pavilhão de tuberculose
Nesse contexto, o Estado do Piauí fez parte do plano da Campanha Nacional de Tuberculose, tendo como principal resultado a criação de
serviços para tratamento e controle da doença. Dentre esses serviços, foi
instituído primeiro o Pavilhão de Tuberculose e, posteriormente o Dispensário de Tuberculose, na capital do Estado, para internação dos pacientes
portadores de formas graves da doença e para controle dos doentes respectivamente.
O Pavilhão foi inaugurado em 1949, assumindo um papel importante no tratamento da doença no Estado, passando a funcionar com 94
leitos. Os serviços de tuberculose foram coordenados no Piauí pelo médico Lucídio Portela, que se formou em medicina na cidade do Rio de
Janeiro, tendo realizado o curso de pneumologia e tisiologia, conforme
depoimento:
Eu me formei em medicina no Rio de Janeiro e fiz o curso de pneumologia e
o curso de tisiologia. Então fui convidado para dirigir um hospital que ia ser
criado no Piauí, porque não tinha leitos para tuberculosos e a tuberculose era
uma doença altamente contagiosa e precisava-se abrigar o pessoal contagiante para evitar o contato familiar. Eu vim para dirigir o hospital e fui eu que
coloquei as primeiras camas; elas foram arrumadas por mim. Eu vim sozinho,
depois foi que recrutamos o pessoal auxiliar (M1).
O Pavilhão de Tuberculose foi o primeiro hospital público do Piauí
destinado ao atendimento de tuberculosos. A sua institucionalização
ocorreu dentro da proposta da Campanha Nacional Contra a Tuberculose,
cujo objetivo principal era o isolamento dos doentes em hospitais (sanatórios), mantidos longe do convívio social e familiar, visando, com isso,
diminuir a disseminação da doença.
Vale ressaltar que o Pavilhão foi construído como anexo do Hospital Getúlio Vargas (HGV), um hospital moderno inaugurado em 1941,
no contexto da reorganização sanitária do Estado, tudo provocado pelas
mudanças desencadeadas no País, com o advento do Estado Novo.
A área de construção do Pavilhão foi escolhida próxima ao HGV,
certamente pela sua localização, que embora fosse situada no perímetro
urbano, mantinha-se isolada do centro da cidade, evitando poeira e outros transtornos desagradáveis para doentes que careciam de repouso.
Outro aspecto considerado foi a facilidade de serviços do HGV, como a
sua cozinha, que atendeu ao Pavilhão, dada a sua proximidade. Apesar
de o prédio, à época, ser considerado um anexo, ele tinha uma estrutura
própria de atendimento isolada do HGV. Todavia, por mais de uma década,
o seu funcionamento dependeu dos serviços da cozinha do HGV, como
recordam os depoentes.
A cozinha era no HGV e, todo dia, havia reclamação por parte dos pacientes
de que a comida não dava e não tinha como controlar. Então começamos a
cozinhar no próprio Pavilhão com um fogãozinho doméstico. Quando foi um
dia o Dr. Lucídio entrou e perguntou que história era aquela que nós estávamos fazendo comida lá. Eu respondi os motivos e ele foi ao Rio de Janeiro
com o projeto e ganhou o recurso e nós montamos a cozinha (E1).
39
Oliveira, A. C.; Farias, D. C. ; Nunes, B. M. V. T.
A alimentação era precária. Eles colocavam os restos pra nós. Aí nós resolvemos fazer uma cozinha e uma lavanderia também. A roupa antes era lavada
no hospital, mas eu resolvi: “Vamos comprar o material”. Comprei uma lavanderia e colocamos a lavanderia para funcionar (M1).
Dessa forma, conseguiram, aos poucos, montar a estrutura de
apoio no próprio prédio do Pavilhão, que foi ficando independente desse
serviço do Hospital Getulio Vargas, considerando que o Pavilhão era mantido com recursos da antiga Campanha Nacional de Tuberculose.
Conforme informações dos depoentes, o Pavilhão apresentava
uma estrutura bem organizada, tendo uma coordenação local da campanha, que era realizada pelo médico Lucídio Portela Nunes, que exercia o
papel de diretor do Hospital e do Dispensário. Outro destaque da equipe
foi a enfermeira Maria Vieira de Moraes, que era da equipe do Ministério
e veio trabalhar no Piauí. Outros profissionais também compunham essa
equipe de trabalho: médicos, enfermeiras, assistente social, bioquímicos e
as visitadoras sanitárias.
A administração dos serviços do Pavilhão era rigorosa, e os serviços
prestados eram de qualidade. “O Dr. Lucídio era rigoroso com o serviço; ele
era muito bom, mas todos tinham que cumprir as obrigações, era tudo na
íntegra e todos admiravam o modo como era o Pavilhão” (F1).
Convém mencionar que a organização do Pavilhão seguia rigorosamente as recomendações da Campanha Nacional contra Tuberculose,
que era basicamente igual no País, pois a coordenação, era em âmbito
nacional, de forma verticalizada, sendo que o Ministério da Saúde conduzia o processo conforme analisam as depoentes. “Era uma coisa muito
verticalizada: o Ministério da Saúde conduzia, o Estado não tinha uma certa liberdade, era seguido o que o Ministério mandava.”. (E2). “Nesse tempo
a campanha era vinda do Rio de Janeiro, tudo era determinado pelo Rio
de Janeiro” (F1).
O problema da tuberculose no Estado era gravíssimo, considerando que, até o final da década de 1940, não existia a cura da doença nem
esses serviços de apoio. Nesse sentido, a internação dos primeiros pacientes foi um problema gravíssimo; pois, não existindo a cura, o tratamento
se resumia ao repouso e à internação, tendo mais o objetivo de isolar do
que curar os doentes. O relato abaixo retrata a ocasião da chegada dos
primeiros pacientes.
Na primeira semana, em que o hospital foi instalado todos os tuberculosos
que sabiam se internaram, independente de qualquer gravidade e desses
morreram 38. Eu fiquei alarmado e quase desisti e pensava: “Eu não vim aqui
pra enterrar gente, o que diabo é que eu vim fazer aqui?” Mas insisti e essa
luta demorou alguns anos; muita gente veio do interior atrás de cura; mas,
na realidade, não sabiam que a cura era pouco provável. O paciente ficava
em repouso no hospital, às vezes se curavam uma porcentagem de mais ou
menos 5%. Em cada 100 casos de tuberculose, morriam 95 e se recuperavam
5, com o repouso que lhes davam no hospital (M1).
Posteriormente, o trabalho no Pavilhão foi obtendo avanços relativos à cura dos doentes, principalmente quando as primeiras drogas eficazes contra a tuberculose foram surgindo no mercado e deram um novo
alento tanto para os doentes como para os profissionais que os tratavam.
Assim, o final da década de 1940 foi uma fase historicamente frutífera para o combate à doença; pois, naquele período, a quimioterapia antibiótica começou a alterar o quadro da enfermidade. Com a cura possível,
a tuberculose passou de uma doença mortal a uma moléstia passível de
cura, pelo avanço científico. Uma possibilidade real de cura se apresentou
em 1944, com a descoberta da estreptomicina, que exibia um importante
efeito terapêutico (GONÇALVES).
A estreptomicina foi o primeiro remédio que apareceu para tuberculose. Começamos a usar e curar os doentes, sobretudo os casos iniciais, e todos eles
se curavam desde que tomasse pontualmente o remédio. Depois apareceram
outros remédios, em segundo lugar o PAS. Eram uns comprimidos grandes,
40
que tomavam 10 comprimidos por dia, junto com a estreptomicina, aumentando a taxa de recuperação e cura também. Depois apareceu o terceiro remédio, a hidrazida, e esse foi a salvação. A partir daí, inverteu-se o problema
ao invés de morrer 95 e recuperar 5, passou a ser o contrário recuperavam-se
95 e morriam cinco (M1).
Em 1946, quando a CNCT foi instituída, dois agentes quimioterápicos anti-TB eram utilizados a estreptomicina (S) e o ácido para-amino-salicílico (PAS), descoberto em 1946. O início da prática da quimioterapia
se fazia só com a estreptomicina que era importada e distribuída pelo
poder público. Os animadores resultados iniciais logo se mostraram decepcionantes com as altas taxas de resistência bacteriana. Mas, a combinação da estreptomicina e PAS aumentavam a eficácia do tratamento ao
produzir um aumento da taxa de conversão bacteriológica e diminuir o
aparecimento da resistência. Assim foi estabelecido o primeiro esquema
terapêutico prontamente adotado no Brasil (HIIJAR, et. al. 2007).
Dessa forma, a mortalidade caiu sensivelmente por força da quimioterapia. Porém, algum tempo depois, começou a perder sua velocidade de queda. Essa condição e outras decorrentes do avanço tecnológico,
levaram o Governo Federal a lançar uma ofensiva conclamando governadores, prefeitos, outras autoridades, profissionais, para dar apoio ao programa da CNCT, em 1961. A ofensiva era voltada para a ação dispensarial,
visando à padronização dos métodos e sua expansão para o interior e o
entrosamento efetivo dispensário-hospital, assim como a retomada da
construção de hospitais e o aproveitamento de leitos dos hospitais gerais,
dentre outros.
Essa preocupação do governo, em Teresina, de acordo com as entrevistas faz-se como forma de apoio a Campanha assumindo o incentivo
financeiro e fornecimento de medicações para o tratamento dos tuberculosos, como demonstra o relato do depoente:
O governo realmente dava o remédio. Nunca faltava medicação no Piauí. O
apoio do governo foi muito grande naquela época, depois as coisas mudaram. A campanha entusiasmou muito a classe médica especializada, e os
casos diminuíram muito; mas, quando isso aconteceu, começaram a relaxar.
O que fizeram? Extinguiu-se a campanha, coisa que deveria existir até hoje
(M1).
Com os anos, os avanços científicos, como as novas medicações
e a descoberta do fator sócio-econômico como determinante da TB, que
vieram questionar afirmativas até então aceitas, como o “fator clima”, na
cura da tuberculose, e a hereditariedade na etiologia da doença. Aquele
momento se caracterizou pela intensa discussão entre os tisiólogos, na
medida em que esses avanços promoviam mudanças significativas no entendimento e nas representações sobre a doença (FERNANDES, ALMEIDA,
2010).
Assim, com o tempo de funcionamento do Pavilhão e do Dispensário, de forma cíclica, todos os casos diagnosticados de tuberculose eram
encaminhados para internação e tratamento, sendo acompanhados e cuidados diariamente.
Nos anos de 1970, intensificou-se a ação do Estado no controle da
doença até alcançar sua completa monopolização na década seguinte.
Foi criada, em 1970, a Divisão Nacional de Tuberculose, em substituição
ao Serviço Nacional de Tuberculose. Essa década teve, como marco fundamental para a tuberculose, o início da implementação do Programa
Nacional de Controle da Tuberculose, contido no II Plano Nacional de Desenvolvimento (FERNANDES, ALMEIDA, 2010).
Com isso, intensificou-se o tratamento ambulatorial, reduzindo as
internações desnecessárias que consumiam os recursos disponíveis. O
controle da distribuição das drogas passou a ser estatal, devido a uma política de racionalização (HIIJAR, GERHARDT, TEIXEIRA, 2007).
Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.37-44, Jan-Fev-Mar. 2011.
História e memória da tuberculose em Teresina – Piauí
A consolidação do uso dos antibióticos como terapêutica eficaz
para o tratamento da tuberculose, ao lado das medidas profiláticas e da
simplificação do diagnóstico, levou a uma mudança no perfil epidemiológico da doença com uma queda acentuada no índice de mortalidade. Essa
alteração contribuiu para o estabelecimento de uma nova relação entre as
pneumopatias, dando corpo à pneumologia. Nesse sentido, em 1976, a
Divisão Nacional de Tuberculose transformou-se em Divisão Nacional de
Pneumologia Sanitária, passando a se ocupar não só da tuberculose, como
também de outras pneumopatias consideradas de interesse da Saúde Pública (FERNANDES, ALMEIDA, 2010).
E assim, dado a esses avanços no Estado do Piauí, também não havia mais sentido manter o Pavilhão em funcionamento. “Todos os casos de
tuberculose passaram a ser tratados em ambulatório porque o contágio
desapareceu com a instalação do esquema tríplice de tratamento. Então,
o Ministério da Saúde resolveu fechar o hospital” (M1).
3.1.2 O dispensário de tuberculose
Após a implantação do processo de internação dos casos graves
de tuberculose, no Estado do Piauí foi criado, em 1958, o Dispensário de
Tuberculose. Isso se deveu em virtude das mudanças ocorridas nos planos
de ação contra a Tuberculose no Brasil, que, ao longo dos anos, passou por
diversas mudanças, dados os avanços dos estudos que iam sendo produzidos, principalmente nos aspectos inerentes ao tratamento dos pacientes.
Nessa nova fase, as discussões se pautavam na necessidade de investir na internação hospitalar de curta permanência, sendo utilizada a
classificação por prognóstico dos pacientes e com duração média de três
a seis meses, voltados para educação sanitária dos internos, medicação
assistida e controle dos comunicantes e egressos. Esse modelo de internação objetivou conter o fenômeno da resistência bacteriana e otimizar
os leitos hospitalares, reduzindo assim os gastos com a internação (MONTENEGRO et. al ) .
O dispensário era uma unidade de saúde que desenvolvia ações
de prevenção, diagnóstico e tratamento da TB, possibilitando a utilização
e a difusão de novas técnicas terapêuticas. Nesse sentido, ocorreu um esforço na expansão da rede de dispensários com o início da execução do
plano de implantação de pelo menos um sanatório em cada estado do
Brasil. Houve também a inclusão das ações de controle da TB nos serviços
assistenciais dos institutos e caixas de aposentadoria e pensões (HIIJAR,
et. al. 2007).
O tratamento realizado no Pavilhão de Tuberculose sempre foi pautado na ideia da internação somente dos pacientes com complicações,
sendo os outros pacientes tratados a nível ambulatorial, com as orientações sobre como deveria ser a alimentação, medicação e as possíveis
reações.
Com a criação do Dispensário de Tuberculose, as ações contra a
tuberculose foram ampliadas, pois o dispensário visava dar continuidade aos casos daqueles pacientes que se internavam e, no ambulatório,
eram monitorizados até concluir o tratamento. Ainda acompanhavam os
comunicantes e faziam a visita domiciliar. O dispensário foi localizado no
centro da cidade em prédio próximo a Secretaria Estadual de Saúde. “O
dispensário de tuberculose foi criado na Secretaria de Saúde e visava fazer
o tratamento, no ambulatório, dos casos que começavam no hospital e
iam para o ambulatório para terminar o tratamento” (E1).
Dessa maneira, o objetivo do dispensário era fazer o tratamento
no ambulatório e monitorar o doente até a sua cura. Para coordenar e
Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.37-44, Jan-Fev-Mar. 2011.
desenvolver esse trabalho, a instituição dispunha de uma equipe de profissionais preparados, como médicos, assistentes sociais, enfermeiros sanitaristas, atendentes e auxiliares de enfermagem e visitadoras sanitárias. O
depoimento a seguir relembra esse momento.
Fazia-se o seguinte: identificado o tuberculoso, elas iam às casas dos pacientes, ensinar como é que se evitava e tratava a tuberculose no ambiente
familiar. Então eles faziam isso na própria casa do paciente e também o acompanhavam na falta ao tratamento. Elas iam atrás do doente e levavam para
o dispensário. Nós chegamos a ter mil e poucos doentes no dispensário de
tuberculose e a recuperação era altíssima (M1).
Após a implantação dessa primeira fase, de acordo com os relatos,
a intensificação da visita domiciliar teve maior atuação na década de 1970,
quando se realizou o mapeamento da cidade em áreas delimitadas para
realização das visitas.
Nós encaminhávamos os doentes para o Pavilhão quando era o caso de internação. A equipe da coordenação da campanha de tuberculose mapeou Teresina e havia os bairros que se fazia visita domiciliar. Nós tínhamos o visitador
sanitário tanto a nível central, na Secretaria de Saúde, quanto no dispensário
de tuberculose, então todos os casos novos recebiam uma visita e lá era vista
toda a condição que o paciente vivenciava e dava toda a orientação de contato se a pessoa tinha tomado vacina e se não, era encaminhado pra tomar (E2).
Além da visita domiciliar, o Dispensário prestava serviços à população, fazendo Abreugrafia. Em 1936, houve o surgimento de uma tecnologia que se tornou primordial para o diagnóstico da doença. Manoel
de Abreu apresentou a abreugrafia, que se generalizou nos consultórios
pelo baixo custo, rapidez e praticidade. Passou a ser comum um cadastro
torácico, que veio determinar, mais tarde, a requisição de tal exame para
controle nas admissões em instituições e empresas. Portanto, ser ‘tuberculoso’ implicava muito mais do que estar debilitado organicamente; as alterações no cotidiano não eram apenas temporárias ((HIIJAR, et. al. 2007).
O depoente seguinte lembra a importância da realização do exame: Em
todo lugar tinham focos de tuberculose. Então, se você ia se matricular
em um colégio, numa faculdade, num concurso, tudo tinha que levar a
abreugrafia; quando era uma coisa assim bem importante, não era nem a
abreugrafia, era a teleradiografia, que era maior (F2).
Nos anos 1960 e 70, uma obrigação sanitária relacionada à tuberculose acompanhou diversos passos da vida civil. De posse do registro fotográfico da imagem radiológica dos pulmões, o interessado comprava um
selo médico em bancas de jornal, juntava o certificado de vacinação contra a varíola e levava toda essa documentação para apreciação do médico
que emitiria o atestado de saúde. Esse certificado foi requisito associado
principalmente às obrigações trabalhistas, na admissão e controle periódico de saúde dos trabalhadores, sendo inclusive requisito para o ingresso
em algumas escolas (ANTUNES, WALDMAN, MORAES, 2000).
O serviço de abreugrafia funcionava no dispensário de 7 as 13 horas, onde se fazia toda a ficha de cadastro e, após o resultado, indicava-se
uma avaliação médica para um possível tratamento ou apenas a liberação
dos exames.
Tinha que fazer a ficha completa, depois fazia a abreugrafia, no outro dia,
recebia o resultado. Quem não tinha tomado a BCG a gente oferecia. E quem
dava suspeito na abreugrafia, a gente passava pra outra sala, pedindo outros
exames, aquela teleradiografia, e levava diretamente ao médico, porque eram
as pessoas suspeitas (F2).
O mérito do procedimento residia na simplificação e redução de
custos da radiografia convencional, o que permitiria sua aplicação em larga escala. A técnica consistia na obtenção de uma fotografia em miniatura
da imagem que aparece na radioscopia do tórax, motivo pelo qual seu
criador a denominou de roentgenfotografia ou fluorografia. Apesar dos
41
Oliveira, A. C.; Farias, D. C. ; Nunes, B. M. V. T.
termos propostos, o I Congresso Nacional de Tuberculose, realizado no
Rio de Janeiro em 1939, tornaria oficial o nome de “abreugrafia”, conceito
posteriormente ratificado pela União Internacional contra a Tuberculose
(ANTUNES, WALDMAN, MORAES, 2000).
Assim, o trabalho desenvolvido no Dispensário de Tuberculose em
Teresina foi fundamental para o controle da doença, como rememora um
depoente.
Após a saída das primeiras enfermeiras verificou-se, por meio dos
relatos, a presença de uma enfermeira religiosa, que atuava na administração do Pavilhão e no treinamento de funcionárias para exercer as atividades de enfermagem, as quais foram denominadas posteriormente de
atendentes. A religiosa, Irmã Teresa, era Vicentina advinda da Escola Maria
Antoinette Blanchot, primeira escola piauiense de ensino auxiliar de enfermagem.
O dispensário foi fundamental. Nós fazíamos também o seguinte: o nosso trabalho era um trabalho interno. Nós fazíamos o cadastro por exame de abreugrafia. Nós fazíamos uma média de 200 abreugrafias, por dia, em familiares.
De forma que eu era quem fazia as abreugrafias e dava o resultado de duzentas e poucas abreugrafias por dia. Era um trabalho muito interessante (M1).
Nós éramos atendentes sob a supervisão da irmã Teresa, que era a enfermeira
chefe; ela era religiosa, mas era formada. O curso teve uma grande importância porque a gente começou do nada e foi aprendendo essa parte ética, parte
profissional da mão na massa como se diz, e tudo aquilo a gente aprendeu
com doutor Lucídio e com a enfermeira irmã Teresa. Todo dia de manhã ela
explicava tudo; todos os dias, antes de reunir pra chamada, pra saber quem
tinha faltado e quem tinha chegado na hora ela dava muita orientação pra
gente. A irmã Teresa quando a gente partia dali pras enfermarias, a gente ia
saber o que ia fazer com o doente, ia tratar bem, ia tratar com carinho, ia ter
toda aquela ética (F3).
No final, as ações desenvolvidas nos Dispensários foram absorvidas
pela Divisão de Pneumologia Sanitária da Secretaria Estadual da Saúde,
quando as ações da Campanha Nacional de Tuberculose foram encerradas.
3.2 Atuação da Enfermagem nos serviços de tuberculose
Em 1949, quando as ações de combate a tuberculose no Piauí foram implantadas não existiam escolas para formar pessoal de enfermagem em nível superior e médio, portanto inúmeras eram as dificuldades
de encontrar profissionais com formação específica em enfermagem.
Nesse sentido, a permanência de enfermeiras da região sudeste
recrutadas para trabalhar no Hospital Getúlio Vargas, na década de 1940,
foi frustrada, pois elas não “encontravam condições de trabalho compatíveis com a sua formação, principalmente no tocante aos ganhos salariais”
(NOGUEIRA, 1996 ).
Assim, quando o Pavilhão de Tuberculose iniciou suas atividades,
além do Diretor Lucídio Portela Nunes, vieram duas enfermeiras para organizar o serviço de enfermagem no hospital, dentre as quais foram mencionados nas entrevistas os nomes de Maria Alice Almeida e Maria Pires
Leão. Os relatos também indicam que as mesmas não permaneceram por
muito tempo, pois os salários eram baixos e havia atrasos nos pagamentos
salariais.
Dessa forma, o problema da fixação das enfermeiras no Estado
ocorreu também nos primeiros anos de funcionamento do Pavilhão, como
no Hospital Getúlio Vargas. Na segunda metade da década de 1950 é que
começa o movimento de chegada das enfermeiras para o Piauí.
Na CNCT, a adoção de princípios de divisão funcional do trabalho
levou à inclusão das profissionais femininas na equipe de saúde, como
enfermeiras, assistentes sociais e nutricionistas, então chamadas de paramédicas, e à utilização de grande contingente de pessoal auxiliar, treinado
em serviço, o que determinou a atribuição às enfermeiras de um papel
fundamental na organização dos sanatórios (BARREIRA, 1996).
O planejamento do serviço de enfermagem de cada sanatório era
realizado em conjunto com o planejamento geral do hospital, no Rio de
Janeiro, pelo pessoal da sede do SNT, em equipe multiprofissional, com
base em dados demográficos e epidemiológicos (BARREIRA, 1996).
Em todo o Brasil, as principais ações desenvolvidas pela enfermagem no apoio ao tratamento da tuberculose, consistiam principalmente
em orientar o doente e a sua família sobre o perigo do contágio da doença, prestar noções básicas de higiene, sobre a importância do tratamento
e da administração dos medicamentos, além da orientação nutricional.
Também desenvolvemos e ministramos cursos de orientação social (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004).
42
Essa enfermeira religiosa teve um papel importante não só na formação das atendentes e auxiliares de enfermagem, como também no tratamento dos doentes internados no Pavilhão. Devido ao longo período de
internação dos pacientes no pavilhão e ao grande número de portadores
da enfermidade que eram analfabetos, foi criada uma escolinha de alfabetização dentro do próprio hospital e muitos deles saíram alfabetizados.
Após o treinamento realizado pela religiosa, muitas dessas atendentes fizeram o curso auxiliar de enfermagem, em 1958, quando foi
criada a primeira Escola Auxiliar de enfermagem Irmã Maria Antoinette
Blanchot (NUNES, BORGES, SANTOS).
O pavilhão já tinha o seu funcionamento, tinha a enfermeira Vangi e as atendentes que nós as transformamos em auxiliares de enfermagem. Eram vinte
e duas atendentes que foram transformadas em auxiliares de enfermagem. E
como existia a escola de enfermagem Maria Antoinette Blanchot, ali o curso
era de um ano e oito meses; a gente dispensava integralmente dois atendentes, a cada ano, e assim nós fechamos o quadro (E1).
A contribuição do Serviço de Enfermagem na construção da missão social do Pavilhão de Tuberculose é facilmente percebida em todos
os depoimentos. Foram Identificadas algumas enfermeiras como as pioneiras do Serviço de Enfermagem do Pavilhão de Tuberculose, como Irmã
Teresa, Maria do Espírito Santo, conhecida como Vangi, e principalmente
Maria Vieira Moraes. Esta, desde a década de 1960 realizou um importante
trabalho na Campanha, sendo mencionada em várias entrevistas. Um dos
depoentes descreve sua relevância: “A Maria Vieira foi quem estruturou
boa parte do serviço de tuberculose no Piauí. Tiveram várias outras enfermeiras, porém a Maria foi a visão maior. É tanto que ela era conhecida
como a “Maria da tuberculose” (F4).
Ao final da década de 1960, na CNCT a enfermagem passou a guiar
suas ações para a organização de serviços em âmbito nacional e projeção profissional, mediante não só atividades de planejamento em equipe
multiprofissional, assim como supervisão local, educação continuada das
enfermeiras, como também assessoria técnica aos órgãos de direção da
campanha, entre outros (BARREIRA, 1996).
Dessa maneira, podemos perceber que a função do enfermeiro,
nos pavilhões de TB, era bastante extensa. Elas coordenavam praticamente todos os setores existentes no hospital, como cozinha, lavanderia,
rouparia e a própria enfermagem. No Pavilhão de TB, em Teresina, era o
enfermeiro que realizava todas as orientações acerca do tratamento e os
cuidados que o paciente deveria tomar; também realizava entrega dos
medicamentos, encaminhava para baciloscopia e atuava como enfermeira sanitarista.
Por meio dos depoimentos pôde-se inferir que a enfermagem era
Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.37-44, Jan-Fev-Mar. 2011.
História e memória da tuberculose em Teresina – Piauí
bastante empenhada no que se refere ao bem estar mental dos pacientes, proporcionando a estes, momentos de descontração.
A enfermagem era altamente comprometida com o seu trabalho, com o seu
paciente, com o tratamento, com a cura e com a parte educativa. Todo mundo era envolvido com aquilo. Nós tínhamos uma boa relação com os pacientes, com os familiares. Nós fazíamos festas comemorativas, almoços, para que
eles se sentissem mais livres, já que estavam em um lugar segregado. Nós
deixávamos o ambiente mais leve (E2).
Os relatos mostram que a família tinha maior confiabilidade na
enfermagem e qualquer dúvida ou problemas que tivessem com o tratamento procuravam a enfermagem visto que a mesma fazia a ponte entre
o paciente e o médico. Essa confiança e credibilidade era reconhecida
não somente por parte da família e dos pacientes. A colaboração desses
profissionais logo foi reconhecida pelo Doutor Lucídio Portela, que, em
seu relato, fala do apoio que encontrou na categoria, que colaborou em
diversos setores, principalmente administração. “A enfermagem não fazia
só o trabalho sanitário, a enfermagem fazia o trabalho administrativo do
hospital. As enfermeiras eram sub-diretoras do hospital, que se manteve
com um bom padrão, tendo 95-96% de cura dos casos que se tratavam
(M1).
A Campanha Nacional Contra a Tuberculose configurou-se como
fator importantíssimo no que se refere ao incremento do quantitativo de
enfermeiras, devido ao apoio prestado às escolas de enfermagem, facilitando assim o recrutamento de candidatas mediante a concessão de
bolsas e contratação de parcela considerável das enfermeiras diplomadas
a cada ano (BARREIRA, 1996).
A contribuição do serviço de enfermagem na construção da missão social dos serviços de tuberculose no Piauí foi facilmente percebida
em todas as entrevistas realizadas. As lembranças são de luta intensa, de
compromisso com a saúde daqueles que estavam sobre suas responsabilidades e de luta também para qualificar profissionais de enfermagem
para esses serviços.
4
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao recuperar a memória das ações desenvolvidas no Estado do
Piauí por ocasião da Campanha Nacional Contra Tuberculose contribuímos para a preservação de parte da história dessas instituições, a partir do
preenchimento de algumas lacunas existentes na história da saúde e de
enfermagem nesses espaços específicos. Nesse sentido compreendemos
que os objetivos desse estudo foram atendidos.
Os resultados obtidos nos permitiram entender a estreita vinculação entre as ações do controle da tuberculose que eram desenvol-
Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.37-44, Jan-Fev-Mar. 2011.
vidas localmente, com o que determinavam as autoridades sanitárias
nacionais, principalmente no que se refere às ações de controle efetuadas no sanatório e dispensário aqui instituídos.
O Pavilhão e o Dispensário de tuberculose desempenharam a
função de ser o principal pólo de assistência médica e de enfermagem aos portadores de tuberculose naquele período, em Teresina.
O Pavilhão funcionou de 1949 a 1979, exatos trinta anos de serviços
prestados à comunidade da época, de maneira séria e comprometida.
Funcionou em meio a dificuldades financeiras e, apesar da árdua luta
do trabalho, foram descritas relações de muito respeito entre os profissionais no âmbito intra-hospitalar, como nos demais serviços.
Através da história da Tuberculose tivemos a oportunidade de
conhecer parte da historia da enfermagem no Estado. Observamos
que em 1949 vieram duas enfermeiras Maria Pires Leão e Maria Alice
Almeida para organizar o serviço do Pavilhão, em Teresina. Embora a
presença delas tenha sido rápida, porque aqui não permaneceram é
importante registrar a passagem dessas profissionais.
Dentre as enfermeiras que trabalharam no pavilhão foi lembrado o nome da Irmã Teresa, religiosa que deu uma grande contribuição ao serviço. Além dos treinamentos ao cuidar daquelas pessoas,
desenvolviam-se também atividades, como arte, pinturas e dramatizações. Assim, embora os pacientes vivessem segregados, a condição
oferecida pelo hospital os tornava mais dignos e humanos do que
viver externamente em meio aos olhares temerosos das pessoas que
viviam a sua volta. No final da década de 1950 outras enfermeiras vieram somar esse trabalho como Maria Vieira Moraes, que contribuiu
para o engrandecimento da enfermagem, proporcionando maior credibilidade e confiabilidade a categoria através do brilhantes trabalhos
prestados aos pacientes desses serviços.
Dada a especificidade do trabalho de enfermagem no Pavilhão, as candidatas a esse trabalho recebiam treinamento, que era
ministrado pelas enfermeiras e pelo diretor. Posteriormente, quando
iniciou a escola de auxiliar de enfermagem, todas elas foram profissionalizadas.
Ao concluir o estudo entendemos que buscar esse passado histórico que permanecia silenciado, se mostrou da maior importância
para a compreensão de aspectos da memória e historia dos serviços
de tuberculose e da área da saúde no Estado do Piauí, como também
da história da enfermagem na realidade local. Descrevemos aspetos
simples, que encontravam perdidos nas lembranças dos sujeitos que
vivenciaram esse processo, tentando registrar ações de um passado,
não tão distante, que merece atenção e reflexão.
43
Oliveira, A. C.; Farias, D. C. ; Nunes, B. M. V. T.
REFERÊNCIAS
FERNANDES, T. M.D; ALMEIDA ABDS; NASCIMENTO, D.R. Memória da tuberculose: acervo de depoimentos.
MEIHY, J.C.S.B.; HOLANDA, F. História Oral: como fazer como pensar. São
Paulo: Editora Contexto, 2007. p. 176
GONÇALVES, H. A Tuberculose ao longo dos tempos. Hist. cienc. saude-Manguinhos. Rio de Janeiro, v. 7, n. 2, p. 305-327, out, 2000.
FERREIRA, M.D.M.; AMADO, J. organizadoras. Uso e abuso da história oral. 5.
ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2002.
ANTUNES, J.L.F.; WALDMAN, E.A.; MORAES, M. A tuberculose através do
século: ícones canônicos e signos do combate à enfermidade. Ciênc. saúde
coletiva. Rio de Janeiro, v.5, n. 2, p. 367-379, Nov, 2000.
BRASIL, Ministério da Saúde. Hospital Municipal de Maracanaú: reflexos
das políticas nacionais de saúde em meio século de história. Brasília (DF):
Ministério da Saúde, 2004.
HIIJAR, M.A. et.al. Retrospecto do controle da tuberculose no Brasil. Rev.
Saúde Pública. São Paulo, v. 41, supl.1, p. 50-57, set., 2007.
MONTENEGRO, H.R.A. et. al. A enfermeira diplomada e a luta contra tuberculose no Brasil: 1961-1966. Rev. Esc. Enferm. USP. São Paulo, v.43, n.4,
p.945-952, set./dez.2009.
NUNES, B.M.V.T.; BORGES, L.D.V.N.M.; SANTOS, A.M.R. Escola Maria Antoinette Blanchot e a institucionalização do ensino auxiliar de enfermagem no Piauí. Rev. Bras. Enferm. Brasilia, v.61,n.5, p.647-652,set./out.
2008.
NOGUEIRA , L.T. A Trajetória da Enfermagem Moderna no Piauí: 1937-1977
[tese]. Rio de Janeiro: Escola de Enfermagem Anna Nery, Universidade Federal do Rio de Janeiro; 1996.
PADILHA, M.I.C.S.; BORENSTEIN, M.S. O método de pesquisa histórica na
enfermagem. Texto Contexto Enferm. Florianópolis, v.14, n. 4, p. 575-584.
Out./dez. 2005.
BARREIRA, I.A. A enfermeira Ananéri no ‘país do futuro’: a aventura na luta
contra a tuberculose [tese]. Rio de Janeiro: Escola de Enfermagem Anna
Nery, Universidade Federal do Rio de Janeiro; 1992.
44
Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.37-44, Jan-Fev-Mar. 2011.
REVISÃO / REVIEW PAPER / REVISIÓN
Análise da produção científica brasileira sobre mortalidade por
tuberculose
Brazilian scientific production analysis about tuberculosis mortality
Análisis de la producción científica brasileña sobre mortalidad por tuberculosis
Ilana Maria Lobão Corrêa Feitosa
Enfermeira. Aluna do Curso de Especialização em
Saúde da Família na Faculdade de Saúde, Ciências
Humanas e Tecnológicas do Piauí – NOVAFAPI.
Teresina, Piauí. Rua Vitorino Orthiges Fernandes, 6123
- Bairro do Uruguai. E-mail: [email protected]
Lucíola Galvão Gondim Corrêa Feitosa
Enfermeira. Mestre em Políticas Públicas/UFPI.
Docente da Faculdade Integral Diferencial – FACID.
Consultora SOET/Paraná. Teresina, Piauí. Rua Rio Poty,
2281 – Horto Florestal. E-mail: luciolagalvao@hotmail.
com
RESUMO
A tuberculose é uma doença infectocontagiosa considerada grave problema de saúde pública,
principalmente nos países menos desenvolvidos, como o Brasil. Apesar de ser prevenível e possuir
terapia medicamentosa eficaz, a mortalidade por tuberculose ainda é significativa. Portanto, o presente estudo objetivou analisar a produção científica brasileira no SciELO no período de 2002 a 2009
referente à mortalidade por tuberculose. Trata-se de uma revisão bibliográfica através da qual se
levantaram os seguintes dados: ano de publicação, periódico, período dos dados utilizados nas pesquisas, unidade federativa, abordagem metodológica e objetivos. Conclui-se que as pesquisas com
enfoque específico na mortalidade por tuberculose se mostraram relevantes, apesar de numericamente inexpressivas se comparadas a outras sobre a doença. Porém, em todos os anos do período
analisado houve publicações sobre o tema, as quais englobaram dados de 1980 a 2004. A maioria
dos estudos foram epidemiológicos descritivos de dados secundários e, de modo geral, buscaram
avaliar o perfil dos óbitos por tuberculose no Brasil em relação a diversas variáveis, tais como sexo,
faixa etária e comorbidades.
Descritores: Tuberculose. Mortalidade. Epidemiologia.
ABSTRACT
Tuberculosis is infect-contagious disease considered a serious public health problem, especially in
sub-developed countries, like Brazil. Although it can be preventable and there are efficient medicines for it, mortality from tuberculosis is high. Therefore, this paper analyses the Brazilian scientific
production in SciELO from 2002 to 2009 about tuberculosis mortality. It’s a bibliographic revision
which raised the dates: year of publication, periodic, period of data used in researches, federal unit,
methodological approaches, and the objective of researches. Lastly, the researches focused in tuberculosis mortality have been very important, despite of being numerically low compared to the other
ones about the disease. However, in all these years of analyses, there were publications about the
theme, with included data from 1980 to 2004. The majority of the studies were epidemiologic described from secondary data. They were generally evaluating the mortality profiles from tuberculosis
in Brazil based on sex, age and comorbidities.
Descriptors: Tuberculosis. Mortality. Epidemiology.
RESUMEN
Submissão: 29/10/2010
Aprovação: 30/11/2010
La tuberculosis es una enfermedad infecto-contagiosa considerada grave problema de salud pública, principalmente en los países menos desarrollados, como el Brasil. A pesar de ser prevenible
y poseer terapia medicamentosa eficaz, la mortalidad por tuberculosis es todavía significativa. Por
tanto, el presente estudio tiene como objetivo analizar la producción científica brasileña publicado
en el sitio SciELO de Internet en el período de 2002 a 2009 referente a la mortalidad por tuberculosis.
Se trata de una revisión bibliográfica a través de la cual se recogieron los siguientes datos: Año de
publicación, periódico, período de los datos utilizados en las investigaciones, unidad federativa, metodologías usadas y objetivo de las investigaciones. Se concluye que las investigaciones realizadas
Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.45-49, Jan-Fev-Mar. 2011.
45
Feitosa, I. M. L. C. ; Feitosa, L. G. G. C.
con enfoque específico en la mortalidad por tuberculosis se mostraron
relevantes, a pesar de numéricamente inexpresivas si comparadas con
otras sobre la misma enfermedad. Sin embargo, en todos los años del período analizado, hubo publicaciones sobre el tema, las cuales englobaron
datos de 1980 a 2004. La mayoría de los estudios fueron epidemiológicos
descriptivos de datos secundarios y, de modo general, buscaron evaluar
el perfil de los óbitos por tuberculosis en Brasil con relación a diversas
variables, tales como sexo, faja etária y comorbilidades.
Descriptores: Tuberculosis. Mortalidad. Epidemiología.
1
INTRODUÇÃO
A tuberculose (TB) é uma doença infecto-contagiosa, que se propaga pelo ar por meio de gotículas contendo os bacilos de Koch expelidos
por um doente por via respiratória. Quando inalados por pessoas sadias,
provocam a infecção e o risco de desenvolver a doença (BRASIL, 2002).
A TB se constitui grave problema de saúde pública mundial, principalmente nos países menos desenvolvidos. Para Façanha (2006), ela vem
mantendo seu caráter endêmico no Brasil, mesmo no período em que era
considerada sob controle nos países industrializados. Segundo Ruffino-Neto (2002), no Brasil a TB não é um problema de saúde pública emergente
ou reemergente, é um problema presente e duradouro há longo tempo.
Calcula-se que a TB tenha levado a óbito 100 milhões de pessoas nos últimos 100 anos, “sendo considerada a segunda causa de morte
em termos mundiais depois do vírus da imunodeficiência humana (HIV)
e síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS)”. No Brasil, estima-se que
haja 120 mil casos novos e 6 mil óbitos por ano (MUNIZ et al, p.530, 2006).
A mortalidade por TB, conforme Oliveira, Marín-León e Cardoso
(2004) é atribuída a muitos fatores, dentre eles, à quimioterapia irregular ou inadequada, diagnóstico tardio, resistência às drogas e co-infecção
com HIV.
A OMS recomenda que as estatísticas sobre mortalidade sejam
apresentadas por meio da causa básica de morte, porém, a necessidade
de informação mais abrangente sobre os eventos letais determinou o
estudo da mortalidade com base em todas as causas de morte registradas na declaração de óbito. Assim, além da causa básica de morte são
acrescidas as complicações da doença e outros eventos contribuintes sem
relação com o processo que levou diretamente à morte (SANTO, 2006).
As estatísticas de mortalidade são úteis na avaliação das condições
de saúde da população. Segundo Pereira (2008), a mortalidade é o indicador mais usado para se fazer inferências sobre as condições dos grupos que a constituem, possibilitando a identificação da população mais
afetada e dos problemas mais prioritários, sensibilizando as autoridades
e prestando-se à avaliação de intervenções saneadoras. Dessa forma, os
profissionais de saúde são motivados à pesquisa sobre mortalidade.
Portanto, definiu-se como objetivo de pesquisa analisar a produção
científica brasileira no SciELO no período de 2002 a 2009 referente à mortalidade por tuberculose.
2
METODOLOGIA
A presente pesquisa realizou um levantamento bibliográfico de
estudos brasileiros relacionados aos óbitos por tuberculose. Noronha e
Fernandes (2008) afirmam que a avaliação da produção científica é uma
prática indispensável à ciência, pois através dela se identificam os assuntos
46
frequentemente estudados, os tipos de estudos realizados, dentre outros
aspectos relevantes, servindo como embasamento para pesquisas futuras.
Essa avaliação pode considerar diversos aspectos, como a autoria,
tipo de estudo, temática, discurso, metodologia, procedimento de análise de dados e enfoques teóricos. Podem ser utilizadas como fontes de
pesquisa resumos de congresso, bases de dados virtuais, periódicos impressos, dissertações e teses. Ressalta-se que as bases de dados são fontes
importantes de disponibilização de artigos completos, favorecendo ampla
divulgação dos estudos científicos (BARROSO, 2010).
Assim, a Scientific Eletronic Library Online – SciELO é uma biblioteca eletrônica constantemente atualizada que dispõe de uma ampla coleção de periódicos científicos criteriosamente selecionados e propicia o
acesso aos textos completos dos artigos, constituindo, assim, importante
fonte de pesquisa na área de ciências da saúde, dentre outras. É válido
ressaltar que apenas são agregados na SciELO Brasil os números retrospectivos até o ano de 1997 (SciELO Brasil).
Utilizaram-se os termos tuberculose, óbito(s) e mortalidade, que
orientaram a pesquisa no banco de dados (indexado no world wide web:
SciELO). A pesquisa foi direcionada ao campo “Todos os Índices”, abrangendo, assim, maior gama de resultados. Após a condução da busca inicial, realizou-se a leitura dos resumos escolhidos no período de 2002 a
2009 e posterior descarte de fontes irrelevantes antes da impressão. As
fontes relevantes foram arquivadas e após nova leitura foi produzida uma
síntese e crítica de cada fonte essencial à nossa discussão.
Analisaram-se dezoito artigos referentes à mortalidade por tuberculose no Brasil, nos quais se levantaram os seguintes dados: ano de publicação, periódico, período dos dados utilizados nas pesquisas, unidade
federativa, abordagens metodológicas utilizadas e objetivos das pesquisas. O tratamento final dos dados foi realizado por meio da análise das
frequências percentuais.
3
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os estudos e pesquisas referentes especificamente à mortalidade
por tuberculose mostrou-se em uma pequena produção científica, se
comparados a outros aspectos relativos à tuberculose investigados nesse
mesmo espaço de tempo.
Assim, a primeira dimensão de análise refere-se ao ano de publicação dos artigos. Em todos os anos do referido período houve publicações sobre o tema, totalizando dezoito produções científicas. Em 2002
foi publicado apenas um artigo (5,5%). No ano seguinte, em 2003, foram
publicados dois artigos (11,1%), sendo essa a mesma produção de cada
um dos três anos subsequentes. Já em 2007 houve a publicação de cinco
artigos (27,8%), correspondendo ao ano de maior produção sobre o tema.
Em 2008 a produção totalizou três artigos (16,7%) e, em 2009, essa foi de
apenas um artigo (5,5%) Tabela 1.
Tabela 1. Distribuição das Publicações por Ano
Ano
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
Total
f
1
2
2
2
2
5
3
1
18
%
5,5
11,1
11,1
11,1
11,1
27,8
16,7
5,5
100
Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.45-49, Jan-Fev-Mar. 2011.
Análise da produção científica brasileira sobre mortalidade por tuberculose
A tendência de permanência dessa doença justifica as constantes
investigações sobre o tema. No Brasil, de acordo com Bierrenbach et al
(2007), houve redução do número de casos e da mortalidade para todas
as formas de TB em todas as regiões, considerando-se somente esta doença como causa básica. Porém, como já era esperada, a tendência dessa
redução não foi constante de 1980 a 2004, o que os autores sugerem ser
devido à influência da epidemia de AIDS.
A segunda dimensão de análise refere-se aos periódicos de indexação. Os dezoito artigos foram publicados em seis periódicos diferentes. Em
ordem crescente de publicação, encontram-se as seguintes frequências
de artigos em um mesmo periódico: com uma publicação, dois periódicos; com três publicações, dois periódicos; com quatro publicações, um
periódico; com seis publicações, um periódico. Tabela 2.
Tabela 2. Distribuição das Publicações por Periódicos Indexados
Periódicos
Ciência e Saúde Coletiva
Revista Latino-Americana de Enfermagem Cadernos de Saúde Pública
Revista Brasileira de Epidemiologia
Revista de Saúde Pública
Jornal Brasileiro de Pneumologia
Total
f
1
1
3
3
4
6
18
%
5,5
5,5
16,7
16,7
22,2
33,3
100
A terceira dimensão de análise compreende o período dos dados
utilizados nas pesquisas. Os estudos realizados incluem dados de 1980 a
2004, portanto, o recorte temporal nas pesquisas recentes sobre mortalidade por TB é de vinte e quatro anos.
Por longo tempo, segundo Pereira (2008), a inexistência de um sistema nacional de estatísticas vitais no País dificultou o aprofundamento
de estudos sobre o tema. A importância das informações sobre a mortalidade levou as próprias secretarias estaduais de saúde, de planejamento e
entidades similares a se ocuparem da coleta, tabulação e divulgação dos
dados relativos aos óbitos.
Assim, o Sistema de Informação sobre Mortalidade – SIM, principal instrumento utilizado nas pesquisas para a obtenção dos dados, foi
desenvolvido e implantado no Brasil pelo Ministério da Saúde em 1975,
envolvendo alguns estados que já coletavam essas informações. Assim,
a partir da estipulação pelo Ministério da Saúde de um modelo único de
declaração de óbito (DO) e dos avanços na Classificação Internacional de
Doenças e Estatísticas de Mortalidade, a coleta dessas informações passou
a ser mais criteriosa, possibilitando o desenvolvimento de pesquisas sistemáticas (BRASIL, 2001).
O quarto aspecto analisado engloba a distribuição geográfica das pesquisas. Em ordem crescente de publicação, encontram-se as
seguintes produções por unidade federativa: com uma produção cada,
Bahia, Distrito Federal e Espírito Santo; com duas produções cada, Ceará e
Rio de Janeiro; com três produções, Pernambuco; com oito produções, São
Paulo. Tabela 3.
Tabela 3. Distribuição dos estudos por unidade federativa,
Unidade Federativa
Bahia
Distrito Federal
Espírito Santo
Ceará
Rio de Janeiro
Pernambuco
São Paulo
Total
f
1
1
1
2
2
3
8
18
%
5,5
5,5
5,5
11,1
11,1
16,7
44,4
100
Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.45-49, Jan-Fev-Mar. 2011.
O Rio de Janeiro, embora seja o Estado com as maiores taxas de
mortalidade por tuberculose, não foi o maior produtor de pesquisas científicas sobre o tema no SciELO. Segundo Selig et al (2004), nenhum estudo
sistemático sobre os óbitos por tuberculose foi conduzido no estado. Os
autores afirmam ainda que, no Rio de Janeiro, a elevada porcentagem da
população vivendo na zona urbana – a mais alta do país, e as deficiências
do sistema de saúde são prováveis justificativas para o elevado número de
casos em relação ao total do Brasil.
O quinto aspecto refere-se às abordagens metodológicas utilizadas pelos pesquisadores. Sobre os delineamentos empregados pode-se
constatar a preponderância dos estudos epidemiológicos descritivos de
dados secundários com um total de treze artigos (72,2%) desenvolvidos a
partir de investigações com esta abordagem. Das demais, três foram estudos epidemiológicos de coorte (16,7%) e dois do tipo ecológico (11,1%).
Tendo em vista a redução da morbimortalidade por tuberculose, Pelaquin, Silva e Ribeiro (2007, p. 312) afirmam que “as linhas prioritárias de pesquisa nacional recomendadas pelas diretrizes para TB, na
epidemiologia, são a vigilância em óbitos e estudos sobre tendência de
notificação de TB (casos novos e óbitos)”.
Muitos critérios são empregados para classificar os métodos utilizados na epidemiologia, dentre os quais, conforme Pereira (2008), o modo
de exposição das pessoas ao fator em foco, o que pode ser constatado nos
estudos observacionais e experimentais.
Segundo Costa e Barreto (2003), os estudos epidemiológicos observacionais podem ser classificados em descritivos e analíticos. Os estudos experimentais, por sua vez, fogem ao propósito deste trabalho e
não serão comentados. Essas autoras afirmam que no estudo descritivo
o observador descreve as características de uma determinada amostra,
determinando a incidência ou a prevalência de doenças ou condições relacionadas à saúde segundo o tempo, o lugar e/ou as características dos
indivíduos (por exemplo, sexo, idade e escolaridade), podendo fazer uso
de dados secundários ou primários.
O estudo analítico testa hipóteses elaboradas geralmente durante
estudos descritivos. Nele há um grupo de referência, o que permite estabelecer comparações. Assim, propõe-se a verificar a existência de associação entre uma exposição e o desenvolvimento de uma doença ou
condição relacionada à saúde, sendo os seus principais delineamentos os
seguintes: a) ecológico; b) seccional; c) caso-controle; e d) coorte (COSTA;
BARRETO, 2003).
No estudo ecológico, presente entre as pesquisas revisadas, o princípio é o de que, nas populações onde a exposição é mais frequente, a incidência das doenças ou a mortalidade serão maiores, sendo a incidência
e a mortalidade as medidas mais usadas para quantificar a ocorrência de
doenças. Nele a utilização de dados secundários é mais comum. Outro delineamento de estudo analítico revisado foi o de coorte, em que um grupo
de pessoas com algo em comum (exposição a um agente, por exemplo)
é acompanhado por um período de tempo para acompanhar-se um desfecho qualquer – coorte prospectiva. Pode, ainda, colher informações do
passado, sendo o desfecho medido de determinado momento em diante
– coorte retrospectiva (MENEZES, 2001).
O Sistema de Informação sobre Mortalidade – SIM tem como documento padrão a Declaração de Óbito (DO), que é composta por nove
blocos, com um total de sessenta e duas variáveis. Assim, quanto maior
o número de informações de boa qualidade preenchidas, melhor será o
conhecimento da história natural das doenças e maiores as possibilidades
de prevenção dessas mortes (BRASIL, 2001).
47
Feitosa, I. M. L. C. ; Feitosa, L. G. G. C.
Nesse sentido, Façanha (2006) aponta como limitações dos estudos de dados secundários a deficiência no registro da tuberculose como
uma das causas do óbito bem como na coleta e preenchimento das declarações de óbitos no Sistema de Informação em Mortalidade – SIM, podendo sugerir tendências que não correspondem à realidade.
Porém, Santo, Pinheiro e Jordani (2003) ressaltam que as vantagens
desse tipo de estudo superam as suas limitações, além disso, se observa
nos últimos anos uma melhora nesse quadro, devido a um melhor conhecimento por parte dos profissionais sobre a importância estatística e legal
da Declaração de Óbito para a saúde pública.
A sexta dimensão de análise destaca os objetivos visados pelas
pesquisas. De um modo geral, os estudos descritivos de dados secundários buscaram avaliar o perfil dos óbitos por tuberculose no Brasil e sua
tendência em relação a diversas variáveis, tais como sexo, faixa etária e
comorbidades. Também foi objeto de pesquisa a mortalidade por tuberculose como causa básica ou fator associado ao óbito, sobretudo na co-infecção HIV/TB. Outra importante finalidade foi a utilização do estudo dos
óbitos por TB como instrumento de avaliação do programa de controle de
tuberculose, inclusive da qualidade das notificações.
O estudo de coorte retrospectivo objetivou a identificação de
fatores associados ao óbito por tuberculose, tais como co-infecção por
HIV/AIDS e abandono do tratamento, já os dois estudos de coorte prospectivos buscaram identificar fatores de risco para o óbito por tuberculose,
bem como para outros desfechos numa coorte de pacientes recém-diagnosticada.
Em um dos estudos do tipo ecológico o interesse foi realizar comparação da mortalidade por TB com indicadores sociais, por exemplo, índice de pobreza e densidade demográfica; o outro objetivou descrever a
distribuição espacial da mortalidade por TB. Na tabela 4 são apresentados
os estudos de acordo com os objetivos predominantes e o delineamento
de pesquisa empregado.
Tabela 4. Descrição dos tipos de estudos e objetivos.
Objetivos/ Delineamento
Estudo
Estudo
Estudo
Descritivo de Coorte Ecológico
f % f
% f
% f
6 33,3 1 5,6 1 5,5 8
Analisar o perfil dos óbitos por TB
segundo variáveis
Estudar a mortalidade por TB
Segundo causas múltiplas de morte
Analisar indicadores de morbi- Mortalidade por TB
Avaliar o programa de controle da TB Identificar fatores de risco para o
óbito por TB
Estudar a mortalidade por TB em comparação com indicadores sociais
Total
Total
%
44,4
3 16,7 0
0
00
3
16,7
2 11,1 0
0 0 0
2
11,1
2 11,1 0 0 0 0
0 0
2 11,1 0 0
2
2
11,1
11,1
1 5,5 1
5,5
0 0 0 0
13 72,2 3 16,7 2 11,1 18
100
Segundo Rieder (2001), três fatores principais determinam as características da mortalidade, sendo eles as diferenças na mortalidade por
grupos etários, as diferenças na mortalidade por coorte e as diferenças
em períodos particulares. Nesse sentido, as mortes podem ser melhor caracterizadas segundo a forma da tuberculose, a idade, o local, o sexo etc.
De acordo com Vicentin, Santo e Carvalho (2002), a busca da relação entre aspectos da vida social e a morbimortalidade também é frequentemente explorada pelos estudos epidemiológicos. Assim, o estudo
da associação entre indicadores sociais no desenvolvimento de doenças
como a tuberculose é bastante apropriado, podendo revelar os efeitos
48
desses componentes para o desenvolvimento do processo de morbidade
e seu desfecho mais grave, o óbito.
A associação entre TB e infecção pelo HIV também é amplamente
estudada e, de acordo com Muniz et al (2006, p.530), ela “afeta a mortalidade de duas formas: a TB traz uma importante letalidade para as pessoas
infectadas pelo HIV, e o HIV atua como causa indireta do aumento da incidência da TB”, haja vista a baixa imunidade que essa síndrome confere
ao seu portador.
Porém, alguns estudos mostram que o risco de adoecimento por
tuberculose em indivíduos com sorologia positiva para o HIV diminuiu
consideravelmente, e a taxa de ocorrência de casos de tuberculose em
pacientes atendidos em serviços especializados em DST/AIDS no Brasil,
apresentou uma ampla redução quando comparada aos índices encontrados antes do advento da terapia antirretroviral combinada (BRASIL, 2002).
Nesse sentido, o enfoque no programa de controle da tuberculose
também se faz importante, pois, não só a eficiência do diagnóstico, mas a
qualidade do tratamento da tuberculose também afeta o resultado final.
Oliveira, Marín-León e Cardoso (2004) destacam ainda que a cada
ano muitos pacientes com TB não são identificados até o óbito, representando falhas no sistema de atenção que dificultam o manejo da doença
de maneira oportuna.
4
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As pesquisas com enfoque específico na mortalidade por tuberculose se mostraram relevantes e, apesar de numericamente inexpressivas
em comparação com publicações que tiveram outros objetos de investigação no tocante à tuberculose, em todos os anos do período analisado
foram verificadas produções científicas brasileiras no SciELO acerca dessa
temática.
Observou-se que essa produção foi discretamente crescente até
2007, sofrendo posterior redução nos dois anos seguintes. Entretanto,
acredita-se que o declínio observado não seja significativo e nem sugira
uma tendência para um futuro próximo, uma vez que a tuberculose continua sendo um grande problema de saúde pública e a redução da mortalidade por essa doença mantém-se como uma preocupação coletiva.
Os estudos englobaram dados de 1980 a 2004, fato que entra em
acordo com a recente criação do sistema nacional de estatísticas vitais no
país, sobretudo do Sistema de Informação sobre Mortalidade – SIM, principal fonte de dados utilizada pelos pesquisadores e implantado no Brasil
em 1975.
Um achado curioso refere-se à produção científica do Rio de Janeiro, estado que conhecidamente possui as maiores taxas de mortalidade
por tuberculose no país. No período analisado, verificou-se que este não
fora o maior detentor de pesquisas sobre a mortalidade por tuberculose
no SciELO, contribuindo com apenas duas publicações de um total de dezoito sobre o tema.
Acerca das abordagens metodológicas empregadas, observou-se
que a maioria das pesquisas relativas à mortalidade por tuberculose foram estudos epidemiológicos descritivos de dados secundários, que apesar de possuírem limitações conhecidas, tais como o registro deficiente
dos instrumentos de coleta de dados, são muito vantajosos, permitindo a
descrição das condições de saúde de uma amostra populacional segundo
variáveis consideradas importantes.
Nesse sentido, também se verificou que os principais objetivos dos
estudos analisados envolveram a avaliação do perfil dos óbitos por tuberRevista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.45-49, Jan-Fev-Mar. 2011.
Análise da produção científica brasileira sobre mortalidade por tuberculose
culose no Brasil considerando-se determinantes demográficos, socioeconômicos e de saúde. A busca da relação entre tais variáveis é bastante
explorada, pois, revela os efeitos desses componentes para o desenvolvimento do processo de morbimortalidade.
Os estudos sobre mortalidade por tuberculose contribuem significativamente para a descrição das condições de saúde da população,
para a investigação epidemiológica e mesmo para a avaliação de ações
diversas, como aquelas voltadas ao controle da doença. Grande parte do
conhecimento que se tem atualmente sobre a saúde de populações provém de estatísticas vitais, sendo as informações sobre mortalidade as mais
utilizadas. Assim, embora haja deficiências que limitem a utilização desses
dados, os estudos dessa natureza revelam-se necessários e vantajosos.
REFERÊNCIAS
BARROSO, S. M. Avaliação psicológica: análise das publicações disponíveis
na SciELO e BVS-Psi. Revista de Psicologia, v. 22, n. 1, p. 141-154, Jan/Abr,
2010.
iso> Acesso em: 30 mai. 2010.
BIERRENBACH, A. L. et al. Tendência da mortalidade por tuberculose no
Brasil, 1980 a 2004. Rev Saúde Pública, v. 41 (Supl. 1), p. 15-23, 2007.
OLIVEIRA, H. B.; MARÍN-LEÓN, L.; CARDOSO, J. C. Perfil de mortalidade de
pacientes com tuberculose relacionada à comorbidade tuberculose-Aids.
Rev Saúde Pública, v. 38, n. 4, p. 503-10, 2004. Disponível em: <http://
www.scielo.br/pdf/rsp/v38n4/21078.pdf> Acesso em: 16 jun. 2009.
BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Controle da
tuberculose: uma proposta de integração ensino-serviço. 5. ed. Rio de Janeiro: FUNASA/CRPHF/SBPT, 2002. Disponível em: <http://www.cve.saude.sp.gov.br/htm/TB/mat_tec/manuais/MS_CRPHF_ContrTB_Prop_Integr_EnsServ_2002.pdf> Acesso em: 30 jun. 2009.
PELAQUIN, M. H. H.; SILVA, R. S.; RIBEIRO, S. A. Fatores associados ao óbito por tuberculose na zona leste de São Paulo, 2001. J Bras Pneumol, v.
33, n. 3, p. 311-317, 2007. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S1806-37132007000300013> Acesso em: 16
mai. 2009.
______. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Manual de
procedimento do sistema de informações sobre mortalidade. Brasília:
Ministério da Saúde/ Fundação Nacional de Saúde, 2001. Disponível
em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/sis_mortalidade.pdf>
Acesso em: 28 mar. 2010.
PEREIRA, M. G. Epidemiologia: teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2008.
______. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Tuberculose.
Guia de Vigilância Epidemiológica. Brasília: Ministério da Saúde/ Fundação Nacional de Saúde, 2002. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/
portal/arquivos/pdf/manual_tuberculose.pdf> Acesso em: 28 jun. 2009.
COSTA, M. F. L.; BARRETO, S. M. Tipos de estudos epidemiológicos: conceitos básicos e aplicações na área do envelhecimento. Epidemiologia e
Serviços de Saúde, v. 12, n. 4, p.189-201, 2003.
FAÇANHA, M. C. Evolução da mortalidade por tuberculose em Fortaleza
(CE), entre 1980 e 2001. J Bras Pneumol, v. 32, n. 6, p. 553-8, Nov/Dez, 2006.
MENEZES, A. M. B. Noções básicas de Epidemiologia. In: SILVA, L. C. C.; MENEZES, A. M. B. (Org.). Epidemiologia das Doenças Respiratórias. 1. ed. Rio
de Janeiro: Revinter, 2001.
MUNIZ, J. N. et al. Aspectos epidemiológicos da co-infecção tuberculose e vírus da imunodeficiência humana em Ribeirão Preto (SP),
de 1998 a 2003. J Bras Pneumol, v. 32, n. 6, p. 529-34, 2006. Disponível
em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-37132006000600010&lng=en&nrm=iso&tlng=pt> Acesso em: 16 jun.
2009.
NORONHA, A. P. P.; FERNANDES, D. C. Estresse laboral: análise da produção científica brasileira na SciELO e BVS-Psi. Revista de Psicologia, v. 20,
n. 2, p. 491-502, 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S1984-02922008000200014&lng=en&nrm=
Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.45-49, Jan-Fev-Mar. 2011.
RIEDER, H. L. Bases epidemiológicas do controlo da tuberculose. Trad.
CARVALHO, J. M. Lisboa: Direcção-Geral da Saúde, 2001. Disponível em: <
http://www.tbrieder.org/publications/epidemiology_pt.pdf> Acesso em:
31 mar. 2010.
RUFFINO-NETO, A. Tuberculose: a calamidade negligenciada. Revista da
Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 35, n. 1, p. 51-58, 2002. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rsbmt/v35n1/7636.pdf> Acesso
em: 16 jun. 2009.
SANTO, A. H. Causas múltiplas de morte relacionadas à tuberculose no Estado do Rio de Janeiro entre 1999 e 2001. J Bras Pneumol, v. 32, n. 6, p. 54452, 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1806-37132006000600012&script=sci_arttext> Acesso em: 16 jun. 2009.
SANTO, A. H.; PINHEIRO, C. E.; JORDANI, M. S. Causas múltiplas de morte relacionadas à tuberculose no Estado de São Paulo, 1998. Rev Saúde Pública,
v. 37, n. 6, p. 714-21, 2003. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.
php?pid=S0034-89102003000600005&script=sci_arttext> Acesso em: 16
mai. 2009.SciELO Brasil. Scientific Electronic Library Online. Disponível em:
<http://www.scielo.br> Acesso em: 29 mai. 2010
SELIG, L. et al. Óbitos atribuídos à tuberculose no Estado do Rio de Janeiro.
J Bras Pneumol, v. 30, n. 4, p. 417-24, 2004. Disponível em: <http://www.
scielo.br/pdf/jbpneu/v30n4/v30n4a06.pdf> Acesso em: 16 jun. 2009.
VICENTIN, G.; SANTO, A. H.; CARVALHO, M. S. Mortalidade por tuberculose
e indicadores sociais no município do Rio de Janeiro. Ciência & Saúde Coletiva, v. 7, n. 2, p. 253-263, 2002. Disponível em: < Acesso em: 29 set. 2009.
49
REVISÃO / REVIEW PAPER / REVISIÓN
A dor torácica na sala de emergência: uma revisão da literatura
Thoracic pain in emergency room: a review of literature
Dolor torácico en sala de emergencia: una revisión de la literatura
RESUMO
Ana Maria Chaves Ferreira
Ana Maria Chaves Ferreira – Enfermeira da ESF da
Fundação Municipal de Saúde de Teresina – PI,
Especialista em Saúde Pública, Saúde da Família e em
Urgência e Emergência pela NOVAFAPI.
Maria Zélia Araújo Madeira
Enfermeira, Mestre em Educação, docente da
Universidade Federal do Piauí.
O estudo teve como objetivo levantar a produção científica referente à assistência sistematizada a
pacientes acometidos por dor torácica na sala de emergência. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica feita através da busca eletrônica nos Bancos de dados do Scientific Eletronic Librany Online e
Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciência da Saúde, abrangendo publicações nacionais do
ano de 1998 a 2010, utilizou-se livro que aborda assunto que auxiliam no desempenho do estudo.
Os descritores utilizados na busca eletrônica foram: angina instável, dor no peito, síndrome coronariana aguda e serviço hospitalar de emergência. Nos modelos de atendimentos implementados
na maioria das unidades de dor torácica, mencionados nos artigos avaliados, utilizou-se, além da
avaliação clínica e eletrocardiográfica, métodos que permitem tanto uma melhor capacidade de
diagnosticar quanto de estratificar riscos, adotando condutas rápidas e eficientes. Conclui-se que
um modelo sistematizado de atendimento, utilizando um fluxograma ou algoritmo, é crucial para
a adequada seleção dos pacientes com dor torácica, não só diminuindo a chance de o paciente ser
liberado inadequadamente, evitando, também, internações desnecessárias e redução no índice de
mortalidade por estas doenças.
Descritores: Angina instável. Dor no peito. Síndrome coronariana aguda. Serviço hospitalar de
emergência.
ABSTRACT
The study aimed to raise the scientific production related to systematic care to the patients suffering
from chest pain in Emergency Room. This is a search made through a literature seek in electronic
databases SCIELO (Scientific Electronic Library Online) and LILACS (Latin American and Caribbean
Health Sciences) national publications from the year 1998 to 2010, It was used a book that refer to
issues that help the performance of the study. The elements used to draw it in the electronic search
were unstable angina, chest pain, acute coronary syndrome and hospital emergency service. In the
standard to outline care implemented in most units of chest pain. Besides, as mentioned in articles
examined it was used the clinical and electrocardiography evaluation methods that allow both a
better ability to diagnose and stratify the risk of adopting behaviors quickly and effectively. It has
been concluded that a systematic model of care using a flowchart or algorithm was crucial for the
proper selection of patients with chest pain not only decreasing the chances of a patient becoming
inappropriately released, avoiding also unnecessary admissions and reduction in the index Mortality
from these kind of diseases.
Descriptors: Unstable angina. Chest pain. Acute coronary syndrome. Hospital emergency service.
RESUMEN
Submissão: 29/10/2010
Aprovação: 30/11/2010
50
El estudio tuvo como objetivo levantar la producción científica referente a la asistencia sistematizada a pacientes acometidos por dolor torácica en sala de emergencia. Se trata de una pesquisa
bibliográfica hecha a través de la búsqueda electrónica en los Bancos de datos del SCIELO(Scientific
Eletronic Librany Online) y LILACS(Literatura Latino-Americana y del Caribe en Ciencias de Salud)
Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.50-56, Jan-Fev-Mar. 2011.
A dor torácica na sala de emergência: uma revisão da literatura
abrangiendo publicaciones nacionales del año de 1998 a 2010, se utilizó
libro que aborda asunto que auxilian en el desempeño del estudio. Los
descriptores utilizados en la búsqueda electrónica fueron: angina instable,
dolor en el pecho, síndrome coronariana aguda y servicio hospitalar de
emergencia. En los modelos de atendimientos implementado en la mayoría de las unidades de dolor torácica, mencionados en los artículos evaluados, se utilizó, además de la evaluación clínica y eletrocardiográfica, métodos que permiten tanto una mejor capacidad de diagnosticar como de
estratificar riesgos, adoptando condutas rápidas y eficientes. Se concluye
que un modelo sistematizado de atendimiento, utilizando un fluxograma
o algoritmo, es crucial para la adecuada selección de los pacientes con
dolor torácica, no sólo disminuyendo la oportunidad del paciente ser liberado inadecuadamente, evitando,también, internaciones desnecesarias y
reducción en el índice de mortalidad por estas enfermedades.
Descriptores: Angina instable. Dolor en el pecho. Síndrome coronariana
aguda. Servicio hospitalar de emergencia.
1
INTRODUÇÃO
Anualmente, milhares de indivíduos procuram serviços de emergência por dor torácica, com o potencial de risco de estarem desenvolvendo uma síndrome coronária aguda (SCA). Entretanto, somente em um
terço desses casos o diagnóstico é confirmado. A identificação ágil e o
pronto atendimento ao paciente com dor torácica são hoje parte integral
das atividades rotineiras dos serviços de emergência (SOUZA, 2002).
As doenças cardiovasculares no Brasil estão entre as principais causas de mortalidade e no ano de 2006 foram registrados 302.817 óbitos por
doenças do aparelho circulatório. Nesse ano, as taxa de mortalidade para
as doenças isquêmicas do coração foi de 90.644, e as doenças cerebrovasculares representaram 96.569óbitos (DATASUS/MINISTÉRIO DA SAÙDE).
Estima-se que nos Estados Unidos ocorram anualmente cerca de
3 a 6 milhões de atendimento emergenciais por dor no peito, o que corresponderia a cerca de 5 a 10% do total de atendimento (LAURENTI; BUCHALLA, 2000).
De acordo com Bassan, et al. (2000), o número de atendimentos
anuais por dor torácica nos EUA, na proporção populacional, em comparação com o Brasil na mesma prevalência da doença coronariana, aponta-se uma estimativa em torno de 4 milhões de atendimentos anuais por
dor torácica em nosso país. Como diversos estudos indicam que 5 a 15%
dos pacientes atendidos com dor torácica nas salas de emergência norte-americanas têm infarto agudo do miocárdio, o quantitativo de infartos
esperados no Brasil seria de aproximadamente 400 mil por ano, um número quase 10 vezes maior do que o esperado pelo Sistema Único de
Saúde (SUS).
Ainda segundo esse autor, somente 10 a 15% dos pacientes que
chegam às salas de emergências com dor no peito apresentam infarto
agudo do miocárdio, e menos de 1% apresenta embolia pulmonar ou dissecção aórtica, porém mais de 50% são hospitalizados para investigação
diagnóstica que objetiva afastar o infarto agudo do miocárdio. Além disso,
estima-se que cerca de 5% dos pacientes com dor torácica e infarto agudo
do miocárdio são liberados erroneamente para casa sem ter o diagnóstico
confirmado na sala de emergência.
É possível observar que existe uma importância social e econômica
relacionada à dor torácica. A social, por esta dor atingir milhares de pessoas em todo o mundo e possuir uma alta taxa de mortalidade. Econômica,
Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.50-56, Jan-Fev-Mar. 2011.
pois a realização de um atendimento rápido e eficaz em pacientes com
dor torácica nas unidades de dor torácica pode diminuir os custos de internamento do paciente (BASSAN, et al., 2002).
Apesar de existirem inúmeras doenças que causam dor torácica,
aquelas originadas do aparelho cardiovascular são as que trazem maiores preocupações ao médico e ao próprio paciente. Isto é explicado pelo
maior risco de mortalidade e de necessidade de hospitalização (BASSAN,
et al., 2000).
A abordagem inicial ao paciente é sempre dirigida a confirmar ou
afastar o diagnóstico de Síndrome Coronariana Aguda (SCA). Nesse sentido, é importante identificar outras causas potencialmente fatais, como
dissecção de aorta, pericardite, embolia pulmonar, bem como reconhecer
indivíduos em maior risco para complicações cardiovasculares relacionadas à isquemia.Por isso, estratégias para uma identificação rápida e correta
de pacientes em alto risco de desenvolver complicações são fundamentais na avaliação do paciente com dor torácica (NASI, et. al, 2005).
Para reduzir admissões desnecessárias, estratégias para manter o
cuidado adequado dos pacientes de maior risco e para otimizar a relação
custo-benefício têm sido desenvolvidas e aplicadas no manejo do paciente com dor torácica, tais como, a sistematização de conduta médica, seja
ela diagnóstica ou terapêutica, construídas sobre conhecimentos e evidências sólidas e atuais, e constituindo-se em um dos grandes avanços da
medicina atual (NASI, et al., 2005).
Os pacientes que se apresentam nas unidades de emergências com
dor torácica, devem ter uma abordagem adequada, pois isso contribui de
forma significativa na redução da mortalidade e dos custos hospitalares
relacionados a estes atendimentos (PESARO, et al., 2007).
Portanto, é necessário que a instituição e a equipe de médicos e
enfermeiros estejam treinadas e equipadas com uma ferramenta que os
auxilie no manejo de pacientes acometidos por dor torácica.
O enfermeiro que atua nesse setor necessita ter conhecimento
científico, prático e técnico, tomar decisões rápidas e concretas; deve reconhecer situações que oferecem riscos aos pacientes, familiaridade com
SCA; manejo com medicações; viabilizar a execução de exames. Desta
maneira, a utilização de protocolos é fundamental na otimização do atendimento.
Estudos mostram que a partir do controle dos fatores de riscos cardiovasculares, aliados a um diagnóstico precoce e preciso e à intervenção
na saúde desses pacientes acometidos por esses problemas, será possível
uma melhoria na qualidade de vida e aumento da sobrevida dessas pessoas.
Diante deste contexto, o presente estudo é relevante no sentido de
aprimorar o conhecimento sobre pacientes acometidos por dor torácica
(condição clínica prevalente nos serviços de emergência), proporcionando uma melhor discussão do assunto abordado.
Nesse sentido, o presente trabalho tem como objetivo levantar a
produção cientifica referente à assistência sistematizada a pacientes acometidos por dor torácica na sala de emergência.
2
METODOLOGIA
O estudo consiste numa pesquisa bibliográfica exploratória, com
recorte temporal de onze (11) anos, no período de 1998 a 2010, objetivou
revisar na literatura cientifica temas relacionados à assistência sistematizados a dor torácica no serviço de emergência. Conforme Medeiros (2000), a
pesquisa bibliográfica constitui-se em fonte secundária, tendo como obje51
Ferreira, A. M. C. ; Madeira , M. Z. A.
tivo adquirir informações sobre um assunto de relevante interesse.
Para a elaboração, fez-se uma busca eletrônica nos bancos do SCIELO e LILACS, abrangendo quinze (15) publicações nacionais no período
de 1998 a 2010. Utilizou-se também um livro que aborda o manejo com
pacientes acometidos por dor torácica; diretrizes e protocolos criados pela
Sociedade Brasileira de Cardiologia. Os descritores utilizados na busca eletrônica foram: angina instável, dor no peito, síndrome coronariana aguda
e serviço hospitalar de emergência.
Após escolhidas as fontes de referências, organizaram-se os dados
e, posteriormente, analisou-se o conteúdo bibliográfico, esclarecendo os
objetivos formulados para uma interpretação e análise das fontes pesquisadas, finalizando com a redação do trabalho.
3 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
A seguir, apresentam-se os resultados da análise dos artigos selecionados que utilizam diretrizes e protocolos na abordagem inicial dos
pacientes com dor torácica em sala de emergência, demonstrando a efetividade dessa assistência sistematizada. Os dados foram organizados da
seguinte forma: Abordagem inicial e diagnóstico diferencial, métodos de
diagnósticos, Tratamento clínico, Papel da unidade de dor torácica e Modelos de diagnóstico.
3.1 Abordagem inicial e diagnóstico diferencial
Os estudos de Bassan, et al. (2000), demonstraram a efetividade de
um abordagem sistematizada. Dos 1003 pacientes estudados que deram
entrada com queixa principal de dor torácica, classificados imediatamente
com as características da dor, foram observados 225(22%) pacientes com
dor torácica tipo A; 287 (29%) tipo B (provavelmente anginosa); 268(27%)
tipo C (provavelmente não-anginosa) e tipo D (definitivamente não-anginosa) em 223(23%).
Em relação ao diagnóstico dos pacientes acima investigados, 16%
tiveram o diagnóstico final de infarto agudo do miocárdio; 22% de angina
instável; 32% de ausência de insuficiência coronariana aguda e 29% tiveram o diagnóstico indeterminado; 22% foram liberados imediatamente
para a casa pela presença de dor torácica considerada definitivamente não
anginosa e eletrocardiograma normal/inespecífico; 12% foram transferidos para a unidade coronariana por apresentarem supradesnível de ST ou
bloqueio de ramo esquerdo associado à dor de infarto.
Conforme os dados apresentados, conclui-se que a caracterização
da dor através da história clínica do paciente continua sendo um dos pontos mais importantes na avaliação, pois permite a elaboração de possíveis
hipóteses de diagnósticos diferenciais de etiologia não – cardíaca, diminuindo as internações desnecessárias e reduzindo os custos hospitalares.
De acordo com Nasi, et.al, (2005), a avaliação inicial do paciente
com dor torácica deve responder a duas perguntas-chaves: (1) qual a probabilidade de os sinais e sintomas serem devidos a uma SCA por doença
aterosclerótica coronariana? E (2) quais as chances para o desenvolvimento de eventos cardíacos adversos, como infarto do miocárdio, acidente
vascular cerebral, insuficiência cardíaca, sintomas recorrentes de isquemia
ou arritmias graves? Por meio da história clínica, do eletrocardiograma e
dos marcadores séricos de isquemia é possível responder a essas questões
com boa precisão e agilidade.
No estudo de caso de Martin, et al.(2004), relata-se que um paciente de 54 anos, portador de hipertensão arterial sem tratamento foi
52
admitida no serviço de emergência com dor precordial e retroesternal e
apresentou quadro de emergência hipertensiva com lesão de órgão-alvo.
Inicialmente, tratada como infarto agudo do miocárdio, na evolução foi
diagnosticada dissecção de aorta tipo A, abordada cirurgicamente com
boa evolução no pós-operatório e controle adequado da pressão arterial
nas primeiras 24 horas. Com isso, reforçamos a importância do diagnóstico
diferencial de dor torácica na emergência hospitalar, visando tratamento
correto e controle adequado da hipertensão arterial ao longo do tempo,
no sentido de evitar as complicações hipertensivas.
Sabe-se que é imprescindível a implantação de protocolos para o
manejo de pacientes com dor torácica, pois permite agilizar diagnóstico
diferencial, direcionado a melhor conduta terapêutica, evitando medidas
desnecessárias e redução na mortalidade por esses agravos.
De acordo com o estudo de Duarte; Pimentel Filho; Stein (2007),
dos 1.564 pacientes que apresentaram dor torácica, 52 foram selecionados, 69% internaram (via 1), sendo 55% com diagnóstico de infarto, 39%
de angina e 5% com dor não-anginosa. Dos pacientes internados, 48,71%
confirmaram o diagnóstico de IAM sem supra ST, 25,64% de angina pectoris e 17,94% não confirmaram o diagnóstico de doença coronariana, 17%
dos pacientes realizaram teste ergométrico (via 2) e 13,5% tiveram alta
(via 3).
Por sua vez, naqueles pacientes que realizaram teste ergométrico,
7 apresentavam o diagnóstico de angina e 2 de dor não-anginosa. Todos
os testes foram negativos para isquemia e os pacientes foram liberados da
emergência. Dos pacientes encaminhados para a (via 3) tinham diagnóstico de angina e 3 de dor não-anginosa. É importante destacar que 43% dos
pacientes diagnosticados como não-anginosos retornaram à emergência
por dor torácica, sendo que 14% desses pacientes reinternaram.
Após a análise do estudo, constatou-se uma baixa freqüência nos
atendimentos oriundos de dor não-anginosa, porém uma elevada incidência de infarto e angina instável, reforçando a necessidade de atendimento sistematizado através de protocolos de avaliação rápida e segura
aos pacientes que chegam à emergência com dor torácica.
3.2 Método de diagnóstico
Segundo Souza, et al.(2002), com a anamnese, exame físico e eletrocardiograma pode-se classificar o paciente como alto, médio ou baixo risco para eventos cardíacos e diagnosticar outras causas da dor. Os
pacientes com dor torácica de origem cardíaca são admitidos na sala de
observação em leito monitorizado, realizam eletrocardiogramas de 12
derivações e dosagens de marcadores de lesão miocárdica (CPK, CPK-MB
massa, troponina T e I) observados por um período de 6-9h. Após esse período de observação, pacientes classificados como de baixo risco que não
tiverem aumento de marcadores cardíacos, alteração eletrocardiográfica
ou piora clínica (dor persistente, desenvolvimento de insuficiência cardíaca ou arritmias) e que não tiverem evidência clínica de outra causa para a
dor que não cardíaca (ex: dissecção aórtica, pneumonia, tromboembolismo pulmonar) são submetidos a um teste provocativo de isquemia miocárdica para complementar a estratificação de risco.
A dosagem seriada dos marcadores de necrose na estratificação de
risco da SCA tem um papel importantíssimo não só no diagnóstico, como
também para o prognóstico da SCA. Destaca-se o trabalho de Henriques
et al. (2006), que fez um revisão bibliográfica dos biomarcadores de necrose miocárdia CK,CK-MB massa(doseamento pela massa), TroponinasT e
mioglonina, disponíveis atualmente na prática clínica hospitalar e que asRevista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.50-56, Jan-Fev-Mar. 2011.
Análise da produção científica brasileira sobre mortalidade por tuberculose
sociados a critérios clínicos eletrocardiográficos,desempenham um papel
ímpar no diagnóstico das SCA.
Segundo a I Diretriz da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC,
2002), CK-MB e/ou troponinas são marcadores bioquímicos de escolha
para o diagnóstico definitivo de necrose miocárdica nesses pacientes.
Embora a elevação de apenas um dos marcadores seja suficiente par o
diagnóstico de IAM, pelo menos dois marcadores devem ser utilizados no
processo investigativo:um marcador precoce(com melhor sensibilidade
nas primeiras 6h após o início da dor torácica,como é o caso da mioglobina ou da CK-MB) e um marcador definitivo tardio com alta sensibilidade e
especificidade global, a ser medido após 6h, como é o caso da da CK-MB
ou troponinas.
É imprescindível os marcadores de necrose na avaliação dos pacientes com dor torácica, enfatizando a utilização de um marcador precoce detectável dentro das seis primeiras horas a partir do inicio dos sintomas e um tardio ou definitivo.
Ainda com relação aos marcadores de necrose o estudo de Cavalcanti, et al. (1998), relata que o diagnóstico de Infarto Agudo do Miocárdio baseado somente em critérios clínicos e eletrocardiográficos pode ser
difícil no momento em que o paciente é admitido à sala de emergência.
Apenas 41% a 56% dos pacientes com IAM que chegam à emergência
apresentam supradesnivelamento do segmento ST, sendo possível diagnóstico, como bloqueio de ramo esquerdo, inversão de onda T, infra-desnivelamento de segmento ST ou mesmo eletrocardiograma (ECG)
normal. A confirmação ou exclusão de infarto nesse grupo de pacientes e
a medida das enzimas miocárdicas no soro, associados a critérios clínicos
eletrográficos,desempenham um papel ímpar no diagnóstico das SCA.
O eletrocardiograma (ECG) é um exame crucial na avaliação inicial
dos pacientes com dor torácica. Segundo dados de Bassan, et al. (2002),
a realização de ECG está indicada em todos os pacientes com vigência de
dor e/ou que apresentem sintomas sugestivos de angina. É o teste inicial
importante, pois é de fácil obtenção e baixo custo.
O papel do eletrocardiograma de admissão no diagnóstico final
dos pacientes com dor torácica pode ser avaliado neste estudo. Assim,
dos 106 pacientes com supradesvivel de ST no primeiro ECG, 81(76%) tiveram IAM, 15(14%) angina instável, 6 (6%) ausência de insuficiência coronariana aguda e 4(4%) diagnóstico indeterminado. Por outro lado, dos
165 pacientes com IAM, 81(49%) tiveram supradesnivel de ST no primeiro
ECG, 45(27%) infradesnível de ST ou inversão de T, 9(5%) bloqueio de ramo
esquerdo e 30(18%) ECG normal/indeterminado. Assim, a sensibilidade do
supradesnível de St no ECG de Admissão para o infarto foi de 49%,a especificidade de 96%, o valor preditivo positivo de 79% e o valor preditivo
negativo de 86% (BASSAN, et al., 2000).
No relato de caso de Appel-da-Silva, et al. (2010), uma paciente
foi atendida em serviço de emergência cardiológica com queixa de dor
torácica aguda e cujos exames de investigação revelaram o diagnóstico
de Síndrome de Wellens, que consiste em uma variante da angina instável,
que quando não reconhecida pode evoluir para infarto agudo do miocárdio em parede anterior e óbito .
Nesse relato de caso, embora a paciente apresentasse dor torácica
típica de angina, a primeira investigação com ECG e enzimas cardíacas foi
negativa para cardiopatia isquêmica, o que entre médicos menos experientes poderia ter resultados em alta da emergência sem o diagnóstico
de SCA. Os pacientes com quadro clínico e exames sugestivos da síndrome devem ser encaminhados para estudo angiográfico com brevidade,
para confirmação diagnóstica e intervenção. Reforçando a necessidade de
Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.50-56, Jan-Fev-Mar. 2011.
protocolos de avaliação da dor e a importância de realização do ECG e
precocemente em até 10 minutos.
De acordo com Pesaro, et al. (2007), embora a experiência do médico seja relevante, diante disso, enfatiza uso de ferramenta de fácil aplicação na prática diária, para orientar a abordagem de pacientes com dor
torácica nos serviços de emergência.
3.3 O papel de outros métodos diagnósticos e prognósticos
Os métodos diagnósticos acessórios, disponíveis nas salas de emergência para a avaliação de pacientes com dor torácica, são o teste ergométrico, a cintilografia miocárdica e o ecocardiograma. Estes testes são
usados com finalidade diagnóstica para identificar os pacientes que ainda
não têm seu diagnóstico estabelecido na admissão ou que tiveram investigação negativa para necrose e isquemia miocárdica de repouso, mas que
podem ter isquemia sob estresse (BASSAN, et al., 2002).
Macaciel, et al. (2000) apresentou dados provenientes de pacientes
atendidos no Brasil, em formato semelhante aos estudos internacionais.
Foram avaliados 515 pacientes com dor torácica, dos quais 106 foram
submetidos ao teste ergométrico. A acurácia para diagnóstico de angina instável mostrou sensibilidade de 73%, especificidade de 93%, valor
preditivo positivo de 61% e negativo de 95%, confirmando o diagnóstico
para excluir pacientes com síndrome coronariana aguda em nosso meio.
De acordo com o trabalho de Souza, et al. (2002), o teste ergométrico é seguro e efetivo para pacientes de baixo risco. Pelo elevado valor preditivo negativo relatado, o teste ergométrico permite identificar
pacientes que podem ser liberados da emergência sem outros procedimentos adicionais com probabilidade muito baixa de eventos cardíacos
tardios, diminuindo, portanto, o desconforto para o paciente e os gastos
desnecessários.
O teste ergométrico vem sendo recomendado como um dos testes
diagnósticos não invasivos é seguro para exclusão de doença coronariana,
e estabelece o prognóstico do paciente onde diagnóstico de infarto agudo do miocárdio e angina instável já foram afastados na abordagem inicial.
3.4 Tratamento clínico
O tratamento inicial tem como objetivo agir sobre os processos fisiopatológicos que ocorrem na SCA e suas conseqüências, e compreende:
1) Contenção ou controle da isquemia miocárdica; 2) Recanalização coronariana e controle do processo aterotrombótico (BASSAN, et al., 2002).
O estudo de Santos, et al. (2005), apresentou uma descrição de pacientes com SCA,avaliando tratamento médico e mortalidade hospitalar.
Dos 503 (58,3%) pacientes do sexo masculino, com média de idade de 62
anos. O diagnóstico na alta hospitalar foi de infarto agudo do miocárdio
(IAM) com supradesnivelamento do segmento ST (SST) em 78 (9,1%), IAM
sem SST em 238 (27,7%), angina instável (AI) em 516 (60%), manifestação
atípica da SCA (síncope ou dispnéia) em dois (0,2%) e dor torácica não
cardíaca em 26 (3%). Foram medicados com betabloqueador em 87,9%,
AAS em 95,9%, anti-trombínico em 89,9%, nitroglicerina endovenosa (EV)
em 86,2%, inibidor do receptor de glicoproteína (IGP) IIb/IIIa em 6,4%(GP
IIb/IIIa-proteínas do grupo da integrinas encontradas em plaquetas), clopidogrel em 35,9%, inibidor da enzima conversora da angiotensina (IECA)
em 77,9% e estatina em 70,9%. A cinecoronariografia foi realizada em 72
pacientes (92,3%) com IAM com SST e em 452 (59,8%) com SCA sem SST.
Indicação de cirurgia de RM ocorreu em 12,9% e intervenção coronariana
53
Ferreira, A. M. C. ; Madeira , M. Z. A.
percutânea em 26,6%. A mortalidade hospitalar foi de 4,8%, não havendo
diferença significativa entre proporção de óbitos em pacientes com IAM
com SST em comparação SCA sem SST.
Com base nos registros desse estudo, pode-se inferir que na avaliação das condutas terapêuticas realizadas geralmente na unidade coronariana de acordo com a I Diretriz de dor torácica na sala de emergência
da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC, 2002), é freqüente o uso do
ácido acetilsalicílico e betabloqueadores em todas as modalidades da SCA
(IAM, angina instável). Um número significante de pacientes foi submetido a nitratos endovenoso e anti-trombínico. A indicação de intervenção
coronariana percutânea ocorreu mais em pacientes que apresentou IAM
com SST e a cirurgia de revascularização do miocárdio foi realizada em um
pequeno número de pacientes, sendo mais indicada em pacientes com
IAM sem SST.
O estudo de coorte contemporâneo de Santos; Pellanda; Castro
(2005), objetivou avaliar o diagnóstico de dor torácica em mulheres atendidas em um serviço de emergência em relação à evolução clínica, descrevendo sua influência sobre o manejo terapêutico, quando comparadas
aos homens. Comparando 67 pacientes entre 50 e 65 anos (35 mulheres
e 32 homens) atendidos de forma consecutiva por dor torácica na sala
de emergência e acompanhados por 120 dias. Não houve diferença significativa relacionada ao sexo aos exames realizados para o diagnóstico
da dor torácica: entretanto, proporcionalmente, as mulheres receberam
menos medicações cardiológicas e mais tranqüilizantes. Ao término do
atendimento na sala de emergência, as mulheres foram significativamente menos hospitalizadas. Na evolução clínica posterior, não houve diferença entre os dois sexos quanto à ocorrência de IAM, angina instável, angina
estável, isquemia cerebral, cirurgia de revascularização miocárdica, angioplastia, hospitalização e morte. O que sinaliza para a atenção ao sintoma
da dor torácica independente do sexo.
O presente estudo mostrou que as mulheres atendidas por dor
torácica na sala de emergência foram investigadas de forma semelhante
aos homens, porém a hospitalização foi significativamente menor entre as
mulheres. Em relação ao manejo terapêutico, evidenciaram-se diferenças
relacionadas ao sexo. A dor na mulher foi subnotificada, recebeu menos
medicações cardiológicas, sendo assim atribuída a causas psicológicas.
Portanto, a avaliação de pacientes com dor torácica independente do sexo
exige um diagnóstico preciso, no sentido de evitar erros, principalmente
na detecção das síndromes coronarianas agudas e possibilitar um tratamento seguro em tempo adequado. O emprego de protocolos sistematizado é instrumento imprescindível para o atendimento desses pacientes.
3.5 Papel da unidade de dor torácica
O estudo de Lima, et al. (2001), sobre o impacto das unidades de
dor torácica em relação às síndromes coronarianas agudas, destaca os dados do registro multicêntricos em oitos unidades de dor torácica de hospitais norte-americanos que foram comparados com estudos prévios sobre
avaliação de dor torácica sem a utilização dos Centros de observação de
dor torácica. No total, 23.407 pacientes tinham queixa de dor torácica.
Nessas unidades, os pacientes, em sua maioria (76%), tiveram alta sem ser
admitidos no hospital. Cerca de 7% dos pacientes admitidos na unidade
de dor torácica apresentaram diagnóstico de IAM. Quando comparados
com os estudos prévios, observa-se que o maior número de pacientes foi
classificado como “rule-out MI” (Regra Fora para Infarto do Miocárdio), ou
seja, foram admitidos para exclusão do diagnóstico de infarto agudo do
54
miocárdio por meio de um período crítico de observação nas Unidades de
dor Torácica. Também ocorreu menor “perda” de infarto do miocárdio evidenciada nos estudos anteriores. Calcula-se, por esse trabalho, que houve
redução real de custos superiores a US$2.800.000,00 entre os hospitais
participantes.
Após a análise do estudo, evidenciou-se a importância das Unidades de Dor torácica na qualidade do atendimento ao paciente com dor
no peito. Destacando-se, um diagnóstico preciso com rapidez, tratamento
adequado, redução de custo e otimização dos leitos da unidade coronariana.
3.6 Modelos de diagnóstico
Uma forma eficiente na assistência dos pacientes com dor torácica
na sala de emergência é a utilização de modelos probabilísticos de doença, de algoritmos diagnósticos e de árvore de decisão clínica. Nesse trabalho, abordaremos os principais modelos diagnósticos citados nos estudos
de Bassan, et al. (2002), preconizados para pacientes com dor torácica na
sala de emergência e que podem ser utilizados de acordo com a sua adequação às características assistenciais de cada instituição. Modelo Hearter
do Centro Médico da Universidade de Cincinnati, Modelo Sistematizado
de Atendimento de pacientes com dor torácica da clínica Mayuo, Modelo
da Faculdade de Medicina da Virgínia, Algoritmo de Goldman e, em nosso
meio,o modelo diagnóstico do Hospital Pró-Cardíaco.
Todos estes protocolos ou modelos diagnósticos e de sistematização estratégia trazem um grande benefício para a prática médica emergencial no manejo de pacientes com dor torácica, devendo por isso serem
implantados em todas as salas de emergência, com ou sem Unidades de
Dor Torácica.
O estudo apresentado por Pesaro, et al. (2007), aborda sobre uma
ferramenta prática e segura que pode ser utilizada para fazer o diagnóstico correto e estratificação de pacientes com dor precordial na sala de
emergência: primeiro, caracterizar a tipo de dor; segundo, estabelece a
probabilidade do quadro apresentado pelo paciente ser uma SCA e o terceiro se há necessidade de inclusão no protocolo diagnóstico da Unidade
de Dor Torácica.
Desse modo, objetiva-se, ao final dos três passos chegar a uma
das duas possibilidades: paciente não apresenta SCA e será encaminhado para o seguimento ambulatorial ou para médico de outra
especialidade;paciente apresenta SCA e deve ser tratado imediatamente.
De acordo com o estudo de coorte prospectivo de Ferreira (2005)
onde foram analisados 283 pacientes consecutivos com dor torácica aguda que procuraram o atendimento no serviço de emergência, foi aplicado o algoritmo de Goldman para o cálculo das probabilidades de IAM. A
sensibilidade do algoritmo foi de 82%, especificidade de 57%, com valor
preditivo positivo (VPP) de 21% e valor preditivo negativo de 96%, utilizando como ponto de corte uma probabilidade de Iam superior a 7%. Para
o diagnóstico de SIA, o escore teve sensibilidade de 57% especificidade de
60%, VPP57% e VPN 60%. Se compararmos ao grupo classificado como
doença cardíaca estável e outros diagnósticos, os pacientes que apresentaram Goldman>7% tinham uma chance 6 vezes maior de ter IAM.
Os achados deste estudo mostraram que o algoritmo de Goldman,
se utilizado como ferramenta auxiliar na estratificação de pacientes com
SCA, tem boa sensibilidade, porém especificidade baixa para o diagnóstico de IAM.
Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.50-56, Jan-Fev-Mar. 2011.
Análise da produção científica brasileira sobre mortalidade por tuberculose
4
CONCLUSÃO
A dor torácica representa um desafio para os profissionais da sala
de emergência, responsáveis para diagnosticar e tratar pacientes com
Síndrome Coronariana Aguda. Muitos desses pacientes são liberados, devido uma avaliação inadequada, acarretando um aumento no índice de
mortalidade relacionado a essas doenças. No entanto, se a instituição e o
profissional de saúde estiverem capacitados e equipados com uma ferramenta que os auxiliem em um diagnóstico rápido e preciso esta realidade
poderá ser modificada.
O enfermeiro, como membro da equipe que assiste o paciente acometido por dor torácica, deve ter conhecimento da etiologia da dor (cardíaca
ou não-cardíaca), avaliar o risco a que o paciente está sujeito (estratificação de
risco-Triagem inicial),para que o atendimento seja rápido e seguro,diminuindo
as complicações e garantindo a sobrevivência do paciente.
Diante disso, enfatiza-se a importância de uma abordagem sistematizada. O enfermeiro deve conhecer protocolos, algoritmos adotados
pelos serviços de emergência no atendimento a paciente com dor no
peito, atuando com agilidade, técnica e dinamismo oferecendo uma assistência de qualidade.
Após a leitura dos artigos selecionados, foram feitas as seguintes
inferências:
• Um modelo sistematizado de atendimento, utilizando um fluxograma ou algoritmo é importante para a adequada seleção dos pacien-
Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.50-56, Jan-Fev-Mar. 2011.
tes com dor torácica em subgrupos de maior e menor probabilidade de
doenças;
• A avaliação do tipo de dor é um dado importante para se estabelecer um diagnóstico;
• Apesar do eletrocardiograma ser um exame pouco sensível
para o diagnóstico do infarto agudo do miocárdio, este deve ser indicado
em todos os pacientes com vigência de dor torácica;
• A dosagem seriada dos marcadores de necrose miocárdica dever ser mensurada em todos os pacientes com suspeita clínica de Síndrome Coronária Aguda;
• Uma vez afastado o diagnóstico de infarto agudo do miocárdio
ou angina instável de alto risco, o paciente pode ser submetido a uma
prova de esforço 6 a 48 h após a chegada ao hospital, permitindo uma alta
hospitalar precoce e com segurança;
• Pacientes que são submetidos à investigação sistematizada da
causa da sua dor torácica saem do hospital com um diagnóstico estabelecido (ou pelo menos, afastado), evitando os problemas decorrentes da
não determinação da causa da mesma (melhoria da qualidade assistencial).
Portanto, avaliação de pacientes acometido por dor torácica no
serviço de emergência exige a adoção de protocolos sistematizados para
evitar erros de detecção da síndrome coronariana aguda, sendo relevante
na redução de morbidade e mortalidade e nos custos hospitalares a esses
atendimentos.
55
REFERÊNCIAS
APPEL-DA-SILVA, Marcelo Campos, et al. Sondrome de Wellens. Arquivos
Brasileiros de Cardiologia, São Paulo, v. 94, n.4, p. 116, abr, 2010.
BASSAN, R., et al. Dor Torácica na Sala de Emergência. A Importância de
uma abordagem Sistematizada. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, Rio de
Janeiro, v. n.1, p. 13-21, janeiro, 2000.
BASSAN, R., et al. A Sociedade Brasileira de Cardiologia: I Diretriz de Dor
Torácica na Sala de Emergência. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, São
Paulo, v. 79, Ssuplemento II, p. 01-22, ago. 2002.
CAVALCANTI, A. B., et al. Diagnóstico do Infarto Agudo do Miocárdio. Valor
da Dosagem de Mioglobina Sérica Comparada com a Creatinofosfoquinase e sua Fração MB. Arquivos Brasileiros de Cardiologia. São Paulo, v. 70. n.
2. p. 75-80, fev. 2000. Disponível: http://scielo.br/scielo.php. Acessado em
05/11/2009.
DATASUS, Secretaria Executiva do Ministério da Saúde. http:www.datasus.
gov.br. Acessado em 10/09/2010.
DUARTE, E. R.; PIMENTEL FILHO, P.; STEIN, A. T. Dor torácica na emergência
de um hospital geral. Revista da AMRIGS, Porto Alegre, v.51, n. 4, p. 248254, out/dez. 2007.
FERREIRA, C.D.A. Atualização de dor torácica aguda na emergência: utilidade do algoritmo de Golman na Pratica Clinica Atual. Porto Alegre (RS),
2005. Disponível em http://www.biblioteca.ufrs.br/tede.Acessado em
23/09/2009.
LAURENTI, R. BUCHALLA et al. Doença isquêmica do coração. Internações,
tempo de permanência e gastos. Brasil, 1993 a 1997. Arquivo Brasileiro de
Cardiologia, São Paulo, v. 74, n. 6, p. 483-7, fev. 2000.
LIMA, C.B.S, et al. Impacto das Unidades de Dor Torácica na qualidade do
atendimento das síndromes coronarianas agudas. Revista da Sociedade
de Cardiologia do Estado de São Paulo, v. l11, n.5, setembro/outubro, 2001.
56
MACACIEL, R.M. Segurança e valor prognóstico a longo prazo do teste
ergométrico em pacientes com dor torácica na unidade de dor torácica.
2000. 145f. Dissertação (Mestrado em Cardiologia) - Universidade Federal
Fluminense, Rio de Janeiro. 2000.
MARTIN, J.F.V. Infarto agudo do miocárdio e dissecção aguda de aorta: um
importante diagnóstico diferencial. Revista Brasileira de Cirurgia Cardiovascular, São Paulo, v. 19, n. 4, p. 386-390, maio, 2004.
MEDEIROS, J.B. Redação Científica: a prática de fichamento, resumo, resenha. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2000.
NASI, L.A. et al. Rotinas em Pronto Socorro. 2.ed. Porto Alegre: Artmed,
2005.
PESARO, A.E.P. et. al. Síndromes coronarianas agudas: como fazer um diagnóstico correto na sala de emergência. Einstein. São Paulo, v. 5, n. 1, p. 80-4,
junho, 2007.
SANTOS, J. J.; PELLANDA, L. C.C.; CASTRO, I.. A dor torácica em mulheres no
atendimento de emergência: conduta e evolução. Revista da Assoc. Med.
Bras., São Paulo, v. 51, n. 1, Fev. 2005.
SANTOS, E. S. et al. Registro de Síndrome coronariana aguda em um centro
de emergências em cardiologia. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, São
Paulo, v. 85, n.5, p. 137, setembro, 2005.
SOUZA, et al. Teste Ergométrico Imediato em Pacientes com Dor Torácica na Sala de Emergência. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, São Paulo,
v.79,n.1, julho, 2002.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA (SBC). I Diretriz de dor torácica
na sala de emergência. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, São Paulo, v. 79,
Suplemento II, 2002.
Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.4, n.1, p.50-56, Jan-Fev-Mar. 2011.
REVISTA INTERDISCIPLINAR - NORMAS PARA PUBLICAÇÃO
CATEGORIAS DE ARTIGOS
A Revista Interdisciplinar publica artigos originais, revisões, relatos
de casos, resenhas e página do estudante, nas áreas da saúde, ciências
humanas e tecnológicas.
Artigos originais: são contribuições destinadas a divulgar resultados de pesquisa original inédita. Digitados (Times New Roman 12) e
impressos em folhas de papel A4 (210 X 297 mm), com espaço duplo,
margem superior e esquerda de 3,0 cm e inferior e direita de 2,0 cm, perfazendo um total de no mínimo 15 páginas e no máximo 20 páginas para
os artigos originais (incluindo em preto e branco as ilustrações, gráficos,
tabelas, fotografias etc). As tabelas e figuras devem ser limitadas a 5 no
conjunto. Figuras serão aceitas, desde que não repitam dados contidos
em tabelas. Recomenda-se que o número de referências bibliográficas
seja de, no máximo 20. A estrutura é a convencional, contendo introdução,
metodologia, resultados e discussão e conclusões ou considerações finais.
Revisões: avaliação crítica sistematizada da literatura ou reflexão
sobre determinado assunto, devendo conter conclusões. Os procedimentos adotados e a delimitação do tema devem estar incluídos. Sua extensão
limita-se a 15 páginas.
Relatos de casos: estudos avaliativos, originais ou notas prévias de pesquisa contendo dados inéditos e relevantes. A apresentação deve acompanhar
as mesmas normas exigidas para artigos originais, limitando-se a 5 páginas.
Resenhas: resenha crítica de obra, publicada nos últimos dois anos,
limitando-se a 2 páginas.
Página do Estudante: espaço destinado à divulgação de estudos
desenvolvidos por alunos de graduação, com explicitação do orientador
em nota de rodapé. Sua apresentação deve acompanhar as mesmas normas exigidas para artigos originais, com extensão limitada a 5 páginas.
Todos os manuscritos deverão vir acompanhados de ofício identificando o nome dos autores, titulação, local de trabalho, cargo atual,
endereço completo, incluindo o eletrônico e indicação de um dos autores
como responsável pela correspondência.
O aceite para publicação está condicionado à transferência dos direitos autorais e exclusividade de publicação (ver anexo).
Os trabalhos serão avaliados pelo Conselho Editorial e pela
Comissão de Publicação. Os trabalhos recusados não serão devolvidos e
os autores receberão parecer sobre os motivos da recusa.
Todos os conceitos, idéias e pressupostos contidos nas matérias
publicadas por este periódico são da inteira responsabilidade de seus autores.
Nas pesquisas que envolvem seres humanos, os autores deverão
deixar claro se o projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa
(CEP), bem como o processo de obtenção do consentimento livre e esclarecido dos participantes de acordo com a Resolução nº 196 do Conselho Nacional de Saúde de 10 de outubro de 1996.
FORMA E PREPARO DO MANUSCRITO
A Revista Interdisciplinar recomenda que os trabalhos sigam as orientações das Normas da ABNT para elaborar lista de referências e indicálas junto às citações.
Os manuscritos deverão ser encaminhados em três cópias impressas e uma cópia em CD com arquivo elaborado no Editor de Textos MS
Word.
Página de identificação: título e subtítulo do artigo com máximo de
15 palavras (conciso, porém informativo) nos três idiomas (português, inglês e
espanhol); nome do(s) autor(es), máximo 06 (seis) indicando em nota de rodapé
o(s) título(s) universitário(s), cargo(s) ocupado(s), nome da Instituição aos quais
o trabalho deve ser atribuído, Cidade, Estado e endereço completo incluindo o
eletrônico do pesquisador proponente.
Resumos e Descritores: o resumo em português, inglês e
espanhol, deverá conter de 100 a 200 palavras em espaço simples, com
objetivo da pesquisa, metodologia, principais resultados e as conclusões.
Deverão ser destacados os novos e mais importantes aspectos do estudo.
Abaixo do resumo, incluir 3 a 5 descritores alusivos à temática. Apresentar
seqüencialmente os três resumos na primeira página incluindo títulos e
descritores nos respectivos idiomas.
Ilustrações: as tabelas devem ser numeradas consecutivamente
com algarismos arábicos, na ordem em que foram citadas no texto. Os
quadros são identificados como tabelas, seguindo uma única numeração
57
em todo o texto. O mesmo deve ser seguido para as figuras (fotografias,
desenhos, gráficos, etc). Devem ser numeradas consecutivamente com
algarismos arábicos, na ordem em que foram citadas no texto.
Notas de Rodapé: deverão ser indicadas em ordem alfabética,
iniciadas a cada página e restritas a no máximo 03 notas de rodapé por
artigo.
Depoimentos: seguir as mesmas regras das citações, porém em
itálico. O código que representa cada depoente deve ser apresentado entre parênteses e sem grifo.
Citações no texto: Nas citações, as chamadas pelo sobrenome do
autor, pela instituição responsável ou título incluído na sentença devem
ser em caixa-alta baixa, e quando estiverem entre parênteses caixa-alta.
Ex.:
Exemplos:
Conforme Frazer (2006), a música sempre foi o ponto central na
vida de Madame Antoine
tica: alguns desafios. São Paulo: Loyola, 2001. p.17-34.
b.
Único autor para o livro todo – Substitui-se o nome do autor
por um travessão de seis toques após o “In.”:
PESSINI, L. Fatores que impulsionam o debate sobre a distanásia In: _____.Distanásia: até quando prolongar a vida?
São Paulo: Loyola, 2001. p.67-93.
Congressos, simpósios, jornadas, etc.
CONGRESSO BRASILEIRO DE EPIDEMIOLOGIA, 5., 1999, Rio
de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro:ABRASCO, 1999.
Trabalhos apresentados em congressos, simpósios, jornadas, etc.
SOUZA, G. T. Valor proteíco da laranja. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE NUTRIÇÃO. 3., 2000, São Paulo. Anais...São
Paulo: Associação Brasileira de Nutrição. 2000. p.237-55.
Dissertações, Teses e Trabalhos acadêmicos
“No caso de Madame Antoine, o gosto pela música foi, desde a infância, central em sua vida.” (FRASER, 2006, p.37)
BUENO, M.S.S. O salto na escuridão: pressupostos e desdobramentos das políticas atuais para o ensino médio. 1998 f.
Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Filosofia e
Ciências, Universidade Estadual Paulista, Marília.
As citações diretas, no texto, de até três linhas, devem estar contidas entre aspas duplas. As aspas simples são utilizadas para indicar citação
no interior da citação. Ex:
Publicações periódicas consideradas no todo (relativo à coleção)
“Ele se conservava a estibordo do passadismo, tão longe quanto
possível” (CONRAD, 1988, p.77)
CADERNOS DE SAÚDE PÚBLICA. Rio de janeiro: Fiocruz,
1965- . Semestral
Artigo de publicações periódicas
As citações diretas, no texto, com mais de três linhas, devem ser destacadas com recuo de 4 cm da margem esquerda, espaço simples, com
letra menor que a do texto utilizado e sem as aspas. No caso de documentos datilografados, deve-se observar apenas o recuo. Ex:
LIMA, J. Saúde pública: debates. Revista Saúde. Rio de Janeiro, v.18, n.2, p.298-301, nov.1989.
Partes de revista, boletim, etc.
A sete pessoas, Daniel Seleagio e sua mulher Giovanni Durant, Lodwich Durant, Bartolomeu Durant, Daniel Revel e
Paulo Reynaud, encheram a boca de cada um com pólvora,
a qual, inflamada, fez com que suas cabeças voassem em
pedaços (FOX, 2002, p.125)
LISTAGEM DAS REFERÊNCIAS - EXEMPLOS
Livros como um todo
SILVA, A. F. M. Genética humana. 7.ed. Rio de Janeiro: Livros
Técnicos e Científicos, 2005. 384p.
Capítulo de livro
a.
58
Autor do capítulo diferente do responsável pelo livro no
todo.
ANJOS, M. F. dos. Bioética: abrangência e dinamismo. In:
BARCHIFONTAINE, Christian de Paul de; PESSINI; Leo. Bioé-
Inclui volume, fascículo, números especiais e suplementos, entre
outros, sem título próprio. Ex:
VEJA. São Paulo: Abril, n.2051, 12 mar. 2008. 98p.
Artigo de Jornal
ALVES, Armando. Minha Teresina não troco jamais. Meio
Norte, Teresina , 16 ago. 2006. Caderno 10, p. 16.
Legislações - Constituição
BRASIL. Código civil. 46. ed. São Paulo: Saraiva, 1995
Leis e decretos
BRASIL., Decreto n.89.271, de 4 de janeiro de 1984. Dispõe
sobre documentos e procedimentos para despacho de
aeronave em serviço internacional. Lex: Coletânea de Legislação e Jurisprudência. São Paulo, v.48,p.3-4, jan./mar. 1984.
Documentos em Meio Eletrônico
Artigos de periódicos (revistas, jornais, boletim)
SOUZA. A. F. Saúde em primeiro lugar. Saúde em Foco,
Campus, V.4 n.33. jun.2000. Disponível em: www.sus.inf.br/
frame-artig.html. Acesso em: 31 jul.2000.
XIMENES, Moacir. O que é uma biblioteca pública. Diário do
Povo do Piauí, Teresina, 11 mar. 2008. Disponível em: http://
www.biblioteca.htm. Acesso em: 19 mar. 2008.
TERMO DE RESPONSABILIDADE
Cada autor deve ler e assinar os documentos (1) Declaração de Responsabilidade e (2) Transferência de Direitos Autorais.
Primeiro autor: _______________________________________________________________________________________
Título do manuscrito: __________________________________________________________________________________
Todas as pessoas relacionadas como autores devem assinar declaração de responsabilidade nos termos abaixo:
•
Certifico que participei suficientemente do trabalho para tornar pública minha responsabilidade pelo conteúdo;
•
Certifico que o artigo representa um trabalho original e que não foi publicado ou está sendo considerado para publicação
em outra revista, que seja no formato impresso ou no eletrônico;
Assinatura do(s) autor(es) Data: ___________________________________________________________________________
TRANSFERÊNCIA DE DIREITOS AUTORAIS
Declaro que em caso de aceitação do artigo, concordo que os direitos autorais a ele referentes se tornarão propriedade exclusiva da Revista Interdisciplinar.
Assinatura do(s) autor(es) Data: ___________________________________________________________________________
ENVIO DE MANUSCRITOS
Os manuscritos devem ser endereçados para a Revista Interdisciplinar, em 3 vias impressas, juntamente com o CD ROM gravado para o seguinte
endereço:
Revista Interdisciplinar
Rua Vitorino Orthiges Fernandez, 6123 Bairro Uruguai
Teresina – Piauí - Brasil
CEP: 64057-100
Telefone: + 55 (86) 2106-0726
Fax: + 55 (86) 2106-0740
E-mail: [email protected]
59
INTERDISCIPLINARY MAGAZINE - NORMS FOR PUBLICATION
ARTICLE CATEGORIES
The Interdisciplinary Magazine publishes original articles, reviews,
case studies, and also a student’s page, all this in the areas of health, human sciences and technology.
Original articles: contributions destined to reveal results of new
research. They are typewritten (using New Roman Times, #12) and printed
on sheets of A4 sized (210 X 297 mm) paper, double spaced, with an upper
left margin of 3.0 cm., and a lower right one of 2.0 cm. The original articles are at least 15 pages long, and at most 20 pages (including black and
white illustrations, graphics, charts, photographs etc.) The charts and figures should be limited to five per group. Figures will be accepted, as long
as they do not repeat data contained in the tables. It is recommended that
the number of bibliographic references be twenty at most. The structure
is conventional and is made up of an introduction, methodology, results,
discussion and final conclusions.
Reviews: systemized critical evaluations of scientific literature or
opinions about certain subjects, with conclusions. The procedures adopted and the delimitation of the theme should be included. Its length is
limited to fifteen pages.
Original case studies: evaluated studies, or brief notes on research
containing new and relevant subjects, they should follow the same norms
as the original articles and are limited to five pages.
The Student Page: dedicated to publishing articles developed by
undergraduate students. These articles will have footnotes written by supervising professors. Their presentations follow the same norms as those
demanded by the original articles, limited to five pages.
All manuscripts will be turned in with an information sheet which
will have the names of the authors, their academic backgrounds, employers, current positions, complete addresses and e-mails. One of the authors
will take responsibility for any needed correspondence.
Once the article is accepted for publication, it is with the condition
that the copyright belongs exclusively to the magazine, (see attachment).
The papers will be evaluated by the Editorial Council, and the Publishing Commission. The articles that are rejected will not be returned. The
authors will receive a written explanation for the refusal.
60
All concepts, ideas, and prejudices contained in the publications are
the sole responsibility of its authors.
In research involving persons, the authors should clearly state
whether or not their project was approved by the Research Ethics Committee (CEP) It is also necessary to show clearly that the participants involved
give their total consent, in accordance with resolution number 196 of the
National Health Council of October 10, 1996.
THE FORM AND PREPARATION OF THE MANUSCRIPT
The Interdisciplinary Magazine recommends that the papers follow
the orientations of the norms of the ABNT to make a list of references and
indicate them together with the quotes.
THE MANUSCRIPTS
Three copies of the manuscript should be printed, and one put on
CD with an archive developed on the MS WORD TEXT EDITOR.
The Identification Page: title and subtitle of the article with a maximum of fifteen words, concise, though informative, in three languages
(Portuguese, English and Spanish);with the name(s) of the author(s), six
maximum, their university status, position(s), the name of the institution
the work should be attributed to, city, state, complete address, including
the e-mail of the researcher responsible for the group.
The Abstracts and Key words: the abstract, written in the three
languages mentioned above, should contain one hundred to two hundred
words, be single spaced, stating the objective of the research, methodology, along with the main results and conclusions. The newest and most
important aspects of the study should be emphasized. Underneath the
abstract should be three to five keywords related to the theme. The three
abstracts will be presented in sequence on the first page, including titles
and keywords in their respective languages.
The Illustrations: Charts should be consecutively numbered using
algorisms, in the order which they are mentioned in the text, charts use
only one set of numerations for the whole text. The same should be done
for any images (Photographs, designs, graphics, etc) they are to follow the
same rules as mentioned for charts.
The Footnotes: should be mentioned in alphabetical order, appe
aring at the beginning of the page, and be restricted to three footnotes per article.
São Paulo: Loyola, 2001.p.67-93.
Congresses, symposiums, etc.
Testimonies: follow the same rules as quotes, but are in italics. The
code which each testimony represents should be in parenthesis, and unmarked.
Quotes in the text:
Examples
In the quotes where the last name of the author, or the responsible
institution is mentioned, the name should begin with a capital letter, the
rest small., but when in parenthesis should be completely in Capital letters..
According to Frazer (2006), music was always a main part of Madame Antoine’s life.
“In the case of Madame Antoine, her love of music was, since childhood, a main part of her life” (FRASER, 2006, p.37)
CONGRESSO BRASILEIRO DE EPIDEMIOLOGIA, 5, 1999, Rio de
Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: ABRASCO, 1999.
Work presented in congresses, symposiums, etc
SOUZA, G. T. Valor proteíco da laranja. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE NUTRIÇÃO. 3., 2000, São Paulo. Anais...São
Paulo: Associação Brasileira de Nutrição. 2000. p.237-55.
Dissertations, Theses and Academic papers.
BUENO, M.S.S. O salto na escuridão: pressupostos e desdobramentos das políticas atuais para o ensino médio. 1998 f.
Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Filosofia e
Ciências, Universidade Estadual Paulista, Marília. 5
Periodical Publications considered as one.
Direct quotes of up to three lines in the text, should be between
double quotation marks. Singular quotation marks are to be used for
quotes within quotes. Ex:
“He maintained himself to the starboard of living in the past, as far
away as possible.” (CONRAD, 1988, p.77)
Direct quotes from the text with more than three lines, should have
a left margin of 4 cm, be single spaced, with a smaller sized letter than the
text, and without quotation marks, in the case of typed documents, the
margin is all that must be done. Ex:
CADERNOS DE SAÚDE PÚBLICA. Rio de janeiro: Fiocruz,
1965- . Semestral
Publication of a periodical article
LIMA, J. Saúde pública: debates. Revista Saúde. Rio de Janeiro, v.18, n.2, p.298-301, nov.1989.
Parts of a magazine, bulletin, etc.
Include volume, number, and special editions, without a specific title,.:
The seven people, Daniel Seleagio and his woman Giovanni
Durant, Lodwich Durant, Bartolomeu Durant, Daniel Revel
and Paulo Reynaud, filled their mouths with gunpowder,
which when lit, blew their heads apart. (FOX, 2002, p.125)
REFERENCE LISTS - EXAMPLES
VEJA. São Paulo: Abril, n.2051, 12 mar. 2008. 98p.
Articles from Journals
ALVES, Armando. Minha Teresina não troco jamais. Meio
Norte, Teresina , 16 ago. 2006. Caderno 10, p. 16.
Entire Books
Legislations – Constitution
SILVA, A. F. M. Genética humana. 7. ed. Rio de Janeiro: Livros
Técnicos e Científicos, 2005. 384p.
The Chapter of a Book
a.
The author of the chapter not being the author of the book
ANJOS, M. F. dos. Bioética: abrangência e dinamismo. In: BARCHIFONTAINE, Christian de Paul de; PESSINI; Leo. Bioética: alguns desafios. São Paulo: Loyola, 2001. P.17-34.
b.
The book having only one author – substitute the name of
the author with an underline of six spaces after the word IN:
PESSINI, L. Fatores que impulsionam o debate sobre a distanásia In: _____.Distanásia: até quando prolongar a vida?
BRASIL. Código civil. 46. ed. São Paulo: Saraiva, 1995
Laws and Decrees
BRASIL, Decreto n.89.271, de 4 de janeiro de 1984. Dispõe
sobre documentos e procedimentos para despacho de aeronave em serviço internacional. Lex: Coletânea de Legislação
e Jurisprudência. São Paulo, v.48,p.3-4, Jan./mar. 1984.
Documents in the Electronic Medium.
Articles in periodicals (magazines, journals)
61
SOUZA. A. F. Saúde em primeiro lugar. Saúde em Foco, Campus, V.4 n.33. jun.2000. Disponível em: HYPERLINK “http://
www.sus.inf.br/frame-artig.html”
www.sus.inf.br/frameartig.html. Acesso em: 31 jul.2000.
XIMENES, Moacir. O que é uma biblioteca pública. Diário do Povo do Piauí, Teresina, 11 mar. 2008. Disponivel em http www.biblioteca.htm.
Accesso em 19. mar. 2008.
TERMS OF RELEASE
Each author should read and sign the documents (1) Declaration of
Responsibility and) Transference of Copyright
First author: _________________________________________________________________________________________
Title of the manuscript: _________________________________________________________________________________
All the people involved in the project with the authors should sign and swear to the release form below.
•
I certify that I participated sufficiently enough in this research to sign a term of release making the content of my work
public.
•
I certify that the article is an original paper and was not, nor is being considered to be published in any form, printed or
electronic
Signature of the author(s) Date: ___________________________________________________________________________
TRANSFER OF COPYRIGHT:
I declare, in the case of my article being accepted, to agree to the copyright being signed over exclusively to the magazine, Revista Interdisciplinary.
Signature of the author (s) Date: SHIPPING OF MANUSCRIPTS
Three printed copies of the manuscripts should be sent to Revista Interdisciplinary, together with a copy on CD to the following address:
Rua Vitorino Orthiges Fernandez, 6123 Bairro Uruguai
Teresina – Piauí - Brasil
CEP: 64057-100
Telefone: + 55 (86) 2106-0726
Fax: + 55 (86) 2106-0740
E-mail: [email protected]
62
REVISTA INTERDISCIPLINAR - NORMAS PARA PUBLICACIÓN
CATEGORIAS DE ARTICULOS
La Revista Interdisciplinar publica articulos originales, revisiones,
relatos de casos, reseñas y página del estudiante, en las áreas de la salud,
ciencias humanas y tecnológicas.
Articulos originales: son contribuciones destinadas a divulgar resultados de investigación original inédita. Digitados (Times New Roman
12) e impresos en hojas de papel A4 (210 X 297 mm), con espacio duplo,
margen superior y izquierda de 3,0cm e inferior y derecha de 2,0 cm, haciendo un total mínimo de 15 páginas y máximo de 20 páginas para los
articulos originales (incluyendo en negro y blanco las ilustraciones, gráficos, tablas, fotografias etc). Las tablas y figuras deben ser limitadas a 5 en
el conjunto. Figuras serán aceptas, desde que no repitan datos contidos
en tablas. Se recomenda que el número de referencias bibliográficas sea
el máximo 20. La estructura es la convencional, conteniedo introdución,
metodología, resultados y discusión y conclusiones o consideraciones finales.
Revisiones: evaluación crítica sistematizada de la literatura o reflexión sobre determinado asunto, debendo contener conclusiones. Los procedimientos adoptados y la delimitación del tema deben estar inclusos. Su
extensión se limita a 15 páginas.
Relatos de casos: estudios evaluativos, originales o notas prévias
de pesquisa conteniedo datos inéditos y relevantes. La presentación debe
acompañar las mismas normas exigidas para articulos originales, limitandose a 5 páginas.
Reseñas: reseña crítica de la obra, publicada en los últimos dos
años, limitandose a 2 páginas.
Página del Estudiante: espacio destinado a la divulgación de estudios desarrollados por alumnos de la graduación, con explicitación del
orientador en nota de rodapie. Su presentación debe acompañar las mismas normas exigidas para articulos originales, con extensión limitada a 5
páginas.
Todos los manuscritos deverán venir acompañados de ofício identificando el nombre de los autores, titulación, lugar de trabajo, cargo atual,
dirección completa, incluyendo el eletrónico e indicación de uno de los
autores como responsable por la correspondencia.
La aceptación para publicación está condicionado a la transferencia
de los derechos autorales y exclusividad de la publicación (ver anexo).
Los trabajos serán evaluados por el Consejo Editorial y por la Comisión de Publicación. Los trabajos recusados no serán devueltos y los autores
receberán parecer sobre los motivos de la recusa.
Todos los conceptos, ideas y presupuestos contidos en las materias
publicadas por este periódico son de intera responsabilidad de sus autores.
En las pesquisas que envolucran seres humanos, los autores deberán dejar claro se el proyecto fue aprovado por el Comité de Ética en
Pesquisa (CEP), así como el proceso de obtención del consentimiento libre
y aclarado de los participantes de acuerdo con la Resolución nº 196 del
Consejo Nacional de Salud de 10 de octubre de 1996.
FORMA Y PREPARO DEL MANUSCRITO
La Revista Interdisciplinar recomenda que los trabajos sigan las orientaciones de las Normas de la ABNT para elaborar lista de referencias e
indicarlas junto a las citaciones.
Los manuscritos deverán ser encamiñados en tres copias impresas y
una copia en CD con arquivo elaborado en el Editor de Textos MS Word.
Página de identificación: título y subtítulo del articulo con máximo
de 15 palabras (conciso, pero informativo) en tres idiomas (portugués, inglés y español); nombre de lo(s) autor(es), máximo 06 (seis) indicando en
nota de rodapié lo(s) título(s) universitario(s), cargo(s) ocupado(s), nombre
de la Institución a los cuales el trabajo debe ser atribuído, Ciudad, Estado
y dirección completos incluyendo el eletrónico del pesquisador proponiente.
Resumenes y Descriptores: el resumen en portugués, inglés y
español, deberá contener de 100 a 200 palabras en espacio simples, con
objetivo de la pesquisa, metodología, principales resultados y las conclusiones. Deverán ser destacados los nuevos y más importantes aspectos del
estudio. Abajo del resumen, incluir 3 a 5 descriptores alusivos a la temática.
Presentar secuencialmente los tres resumenes en la primera página incluyendo títulos y descriptores en los respectivos idiomas.
Ilustraciones: las tablas deben ser numeradas consecutivamente
con algarismos arábicos, en el orden en que fueron citadas en el texto. Los
cuadros son identificados como tablas, siguiendo una única numeración
63
en todo el texto. El mismo debe ser seguido para las figuras (fotografias, dibujos, gráficos, etc). Deben ser numeradas consecutivamente
con algarismos arábicos, en el orden en que fueron citadas en el texto.
Notas de Rodapie: deverán ser indicadas en ordem alfabética, iniciadas a cada página y restrictas al máximo de 03 notas de rodapie por
artículo.
Testimonios: seguir las mismas reglas de las citaciones, pero en
itálico. El código que representa cada depoente debe ser presentado entre
parentesis y sin grifo.
Citaciones en el texto: En las citaciones, las llamadas por el sobrenombre del autor, por la institución responsable o título incluso en la
sentencia deven ser en caja-alta baja, y cuando estea entre parentesis cajaalta. Ex.:
Ejemplos:
Conforme Frazer (2006), la música siempre fue el punto central en
la vida de Madame Antoine
“En el caso de Madame Antoine, el gusto por la música fue, desde la
infancia, central en su vida.” (FRASER, 2006, p.37)
tica: algunos desafios. São Paulo: Loyola, 2001. p.17-34.
b.
Único autor para todo el libro – Se sustituye el nombre del
autor por una raya de seis toques después del “In.”:
PESSINI, L. Fatores que impulsionan el debate sobre la distanásia In: _____.Distanásia: ¿hasta cuando prolongar la
vida? São Paulo: Loyola, 2001. p.67-93.
Congresos, simposios, jornadas, etc.
CONGRESO BRASILIERO DE EPIDEMIOLOGÍA, 5., 1999, Rio de
Janeiro. Anais... Rio de Janeiro:ABRASCO, 1999.
Trabajos presentados en congresos, simposios, jornadas, etc.
SOUZA, G. T. Valor proteíco de la naranja. In: CONGRESSO
BRASILIERO DE NUTRICIÓN. 3., 2000, São Paulo. Anais...São
Paulo: Asociación Brasiliera de Nutrición. 2000. p.237-55.
Disertaciones, Tesis y Trabajos académicos
BUENO, M.S.S. El salto en la oscuridad: presupuestos y desdobramientos de las políticas atuales para la enseñanza media.
1998 f. Tesis (Doctorado en Educación) – Facultad de Filosofia y Ciencias, Universidad Estatal Paulista, Marília.
Las citaciones directas, en el texto, de hasta tres líneas, deben estar
contenidas entre aspas duplas. Las aspas simples son utilizadas para indicar
citación en el interior de la citación. Ex:
Publicaciones periódicas consideradas en el todo (relativo a la
colección)
“Él se conserbaba a estibordo del pasadismo, tan lejos cuanto posíble” (CONRAD, 1988, p.77)
CUADERNOS DE SALUD PÚBLICA. Rio de janeiro: Fiocruz,
1965-. Semestral
Las citaciones directas, en el texto, con más de tres línas, deben ser
destacadas con recuo de 4 cm de la margen izquierda, espacio simples,
con letra menor que la del texto utilizado y sin las aspas. En el caso de
documentos datilografados, se debe observar sólo el recuo. Ex:
Las siete personas, Daniel Seleagio y su mujer Giovanni Durant, Lodwich Durant, Bartolomeu Durant, Daniel Revel y
Paulo Reynaud, rellenaron la boca de cada un con pólvora,
la cual, inflamada, hizo con que sus cabezas volasen en pedazos (FOX, 2002, p.125).
Listagen de las Referências - Ejemplos
Articulos de publicaciones periódicas
LIMA, J. Salud pública: debates. Revista Salud. Rio de Janeiro,
v.18, n.2, p.298-301, nov.1989.
Partes de la revista, boletín, etc.
Incluye volumen, fascículo, números especiales y suplementos, entre otros, sin título próprio. Ex:
VEJA. São Paulo: Abril, n.2051, 12 mar. 2008. 98p.
Artículo de Periodico
Libros como todo
SILVA, A. F. M. Genética humana. 7.ed. Rio de Janeiro: Libros
Técnicos y Científicos, 2005. 384p.
ALVES, Armando. Mi Teresina no cambio jamás. Meio Norte,
Teresina , 16 ago. 2006. Cuaderno 10, p. 16.
Legislaciones - Constitución
Capítulo de libro
BRASIL. Código civil. 46. ed. São Paulo: Saraiva, 1995
a.
64
Autor del capítulo diferente del responsable por todo el libro.
ANJOS, M. F. dos. Bioética: abrangencia y dinamismo. In:
BARCHIFONTAINE, Christian de Paul de; PESSINI; Leo. Bioé-
Leyes y decretos
BRASIL. Decreto n.89.271, de 4 de enero de 1984. Dispõe so-
bre documentos y procedimientos para despacho de aeronave en servicio internacional. Lex: Coletanea de Legislación
y Jurisprudencia. São Paulo, v.48,p.3-4, ener./mar. 1984.
Documentos en Meio Eletrónico
Artículos de periódicos (revistas, periodicos, boletín)
SOUZA. A. F. Salud en primero lugar. Saúde em Foco, Campus, V.4 n.33. Jun.2000. Disponible en: www.sus.inf.br/frameartig.html. Aceso en: 31 jul.2000.
XIMENES, Moacir. Qué es una biblioteca pública. Diário do Povo do Piauí, Teresina, 11 mar. 2008. Disponible en: http://www.biblioteca.htm.
Aceso en: 19 mar. 2008.
Termo de Responsabilidad
Cada autor debe leer y asinar los documentos (1) Declaración de Responsabilidad y (2) Transferencia de Derechos Autorales.
Primer autor: ________________________________________________________________________________________
Título del manuscrito: __________________________________________________________________________________
Todas las personas relacionadas como autores deben asinar declaración de responsabilidad en los termos abajo:
•
Certifico que participé suficientemente del trabajo para tornar pública mi responsabilidad por el contenido;
•
Certifico que el artículo representa un trabajo original y que no fue publicado o está siendo considerado para publicación
en otra revista, que sea en el formato impreso o en el eletrónico;
Asinatura de lo(s) autor(es) Fecha: _________________________________________________________________________
Transferencia de Derechos Autorales
Declaro que en caso de aceptación del artículo, concordo que los derechos autorales a él referentes se tornaron propiedad exclusiva de la Revista
Interdisciplinar.
Asinatura do(s) autor(es) Fecha: __________________________________________________________________________
Envio de manuscritos
Los manuscritos deben ser direccionados para la Revista Interdisciplinar, en 3 vias impresas, juntamente con el CD ROM gravado para la siguiente
dirección:
Revista Interdisciplinar
Rua Vitorino Orthiges Fernandez, 6123 Bairro Uruguai
Teresina – Piauí - Brasil
CEP: 64057-100
Telefone: + 55 (86) 2106-0726
Fax: + 55 (86) 2106-0740
E-mail: [email protected] 65
REVISTA INTERDISCIPLINAR
FORMULÁRIO DE ASSINATURA
Caro leitor: Para ser assinante da Revista Interdisciplinar, destaque esta folha, preencha-a e envie por correio ou fax, anexando cópia do depósito
bancário.
NOME: _____________________________________________________________________________________________
ENDEREÇO: _________________________________________________________________________________________
BAIRRO: ____________________________________________________________________________________________
CEP: _______________ CIDADE: ____________________________________________________________ UF:__________
PROFISSÃO: _________________________________________________________________________________________
FONE: ______________________________________________FAX:____________________________________________
E-MAIL: ____________________________________________________________________________________________
TIPO DE ASSINATURA DESEJADA
Tipo de Assinatura (anual)
Valor
Profissional
R$ 100,00
Estudante
R$ 50,00
Institucional
R$ 200,00
NÚMERO AVULSO ________________________________________________________________R$ 35,00
Número avulso desejado – Volume ____________________________________ Número _____________________________
INSTRUÇÕES DE PAGAMENTO
O valor referente à assinatura ou número avulso deverá ser depositado em favor de:
Faculdade NOVAFAPI
Banco do Brasil S/A Conta Corrente: 8000-4 Agência: 3178-X Teresina – Piauí
ENDEREÇO PARA ENVIO DO COMPROVANTE
Endereço/Mail adress//Dirección: Rua Vitorino Orthiges Fernandes, 6123 • Bairro Uruguai • 64057-100 • Teresina - Piauí - Brasil
Web site: www.novafapi.com.br • E-mail: [email protected]
FONE: 86 2106.0726 • FAX: 86 2106.0740
66
Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.3, n.1, p.X-Y, Jan-Fev-Mar. 2010.