Fatima_Passos - Licenciatura em Ciências Biológicas
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Fatima_Passos - Licenciatura em Ciências Biológicas
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS FÁTIMA GALUCCI PASSOS AVALIAÇÃO DO pH DAS ÁGUAS PLUVIAIS E OS RISCOS DE ACIDIFICAÇÃO AMBIENTAL NO BOSQUE DO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SÃO PAULO (IFSP), CAMPUS SÃO PAULO São Paulo – SP 2014 2 TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS FÁTIMA GALUCCI PASSOS AVALIAÇÃO DO pH DAS ÁGUAS PLUVIAIS E OS RISCOS DE ACIDIFICAÇÃO AMBIENTAL NO BOSQUE DO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SÃO PAULO (IFSP), CAMPUS SÃO PAULO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP), Campus São Paulo como um dos requisitos à obtenção do título de Licenciado em Ciências Biológicas. Orientadora: Audrey Marques S. Paiva São Paulo - SP 2014 3 P321a PASSOS, Fátima Galucci. Avaliação do pH das águas pluviais e os riscos de acidificação ambiental no bosque do Instituto Federal de Educação e Tecnologia, Campus São Paulo / Fátima Galucci Passos. São Paulo: [s.n.], 2014. 45 f.: il. Orientadora: Profa. Ma. Audrey Marques Silva Paiva. Monografia (Licenciatura em Ciências Biológicas) Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo, IFSP, 2014. 1. Poluição atmosférica 2. Águas pluviais 3. Chuva ácida I. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo II Título CDU 573.0 4 BANCA DE AVALIAÇÃO ____________________________________________ Orientadora Profa. Ma. Audrey Marques S. Paiva Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo CCT Biologia ____________________________________________ Membro Titular Externo Prof. Dra. Viviane Dias Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo ____________________________________________ Membro Titular Interno Profa. Ma. Luci Rocha Aveiro Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo CCT Química ____________________________________________ Suplente Externo Profa.Dra. Maria de Lourdes Silva Seródio ETEC Guaracy Silveira/SãoPaulo __________________________________________ Suplente Interno Prof.Dr.Juliano Van Melis Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo CCT Biologia São Paulo, 21 de maio de 2014. 5 Agradecimentos Agradeço ao Manoel Teixeira Salviano pela ajuda na parte de campo, fundamental para a realização das coletas e análises. A meu filho Rafael Galucci Pereira Passos por toda ajuda e paciência nas horas difíceis onde me faltava compreensão e a minha orientadora por me aceitar e poder dedicar parte do seu tempo na realização do meu trabalho. 6 RESUMO A composição química da água da chuva, bem como a alteração desta composição após interação com a poluição atmosférica e a vegetação, é um assunto que vem sendo estudado em vários países. A interação da água da chuva com as copas das árvores é também particularmente importante, pois representa um fator adicional à ciclagem de nutrientes e funciona como elemento formador do solo. O bosque do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo( IFSP), Campus São Paulo está sujeito aos impactos gerados pela acidificação das águas pluviais e do solo pois está próximo à grandes fontes poluidoras móveis. Esta pesquisa tem como objetivo avaliar a influência da poluição atmosférica no pH das águas pluviais em contato com a vegetação do bosque do IFSP, Campus São Paulo e, consequentemente, alterações no pH do solo. Para isso foram instalados treze coletores para captação da água da chuva: dez abaixo da copa de dez árvores do bosque. (As árvores foram selecionadas levando em consideração o tamanho da superfície foliar, o grau de fechamento do dossel e a distância em relação às vias de grande circulação veicular) e três, livres do contato com qualquer obstáculo. Nestes trezes pontos também foram coletadas amostras de solo, obtidas a 20 cm de profundidade, 24h após o cessar da chuva. Pelo método potenciométrico foi determinado o pH de cada amostra e os resultados foram expressos pelo cálculo das médias. Os resultados apurados demonstram que 5,8% das amostras de chuvas que incidiram no bosque do IFSP no período analisado apresentaram pH médio abaixo de 5,6, limite crítico para chuva ácida e 9,6% acima de 7,5. Nas amostras de solo, 55,76% apresentaram pH dentro da faixa adequada para a maioria das culturas, 42,30% apresentaram pH alcalino acima de 7,5 e 1,94% o pH abaixo da faixa adequada. Estes resultados não descartam a necessidade de monitoramento contínuo da qualidade do ar na região, pois este comportamento pode ser resultado do baixo índice pluviométrico, atípico do período, que caracterizou o verão de 2014 da cidade de São Paulo. Palavras-chave: Poluição Atmosférica. Águas Pluviais. Chuva Ácida. 7 ABSTRACT The chemical composition of rainwater, as well as changing in this composition after interaction with air pollution and vegetation is a topic that has been studied in several contries. The interaction of rainwater and the treetops is also particularly important, because represents na additional factor to nutrient cycling and works as a formative element of the soil. The Grove of Federal Institute of Education, Science and Technology of São Paulo (IFSP), Campus São Paulo is subject to the impacts generated by acidification of rainwater and soil because it is closer to major polluting mobile sources. This research aims to evaluate the influence of air pollution on pH of rainwater in contact with the vegetation of the IFSP’s grove, Campus São Paulo and, consequently, changes in soil pH. For this thirteen collectors were installed to capture rainwater: ten below the treetops of ten trees of the grove (The trees were selected according to the size of the leaf surface, the degree of canopy closure and distance in relation to avenues of great movement of vehicles) and three, free from contact with any obstacle. In these thirteen points also soil samples were obtained at 20 cm depth and collected 24 h after the cessation of the rain. Was determined by potentiometric method the pH of each sample and the results were expressed by calculating the average. The calculated results show that 5,8% of the samples of rain which involved the grove IFSP during the period analyzed had average pH below 5,6, critical limit for acid rain and 9,6% above 7,5. In soil samples, 55,76% were within the pH range for most crops, 42,30% had alkaline pH above 7,5 and 1,94% below the suitable pH range. These results do not rule out the need for continuous monitoring of air quality in the region, because this behavior may be the result of low rainfall, atypical for this period, that characterized the summer of 2014 in the city of São Paulo. Keywords: Air pollution. Stormwater. Acid rain. 8 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 9 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 10 2.1 POLUIÇÃO ............................................................................................................. 10 2.2 TIPOS E FONTES DE POLUIÇÃO ............................................................................... 10 2.3 POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA ....................................................................................... 11 2.4 PH DAS ÁGUAS DAS CHUVAS, CHUVAS ÁCIDAS E ALCALINAS ................................... 15 2.4.1 Impactos das Chuvas Ácidas na Vegetação ................................................ 15 2.4.2 A Água no solo ............................................................................................... 16 2.5 O PAPEL DA VEGETAÇÃO NO CONTROLE DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA...................... 16 2.6 A IMPORTÂNCIA DAS ÁREAS VERDES ...................................................................... 17 2.7 A CIDADE DE SÃO PAULO ...................................................................................... 19 3. MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 20 3.1 ÁREA DE ESTUDO .................................................................................................. 20 3.2 PONTOS AMOSTRAIS .............................................................................................. 23 3.3 COLETA DAS AMOSTRAS DE ÁGUA DA CHUVA E DO SOLO........................................... 25 3.3.1 Período de coleta ........................................................................................... 25 3.3.2 Coleta das Águas da Chuva .......................................................................... 25 3.3.3 Coleta das Amostras de Solo ........................................................................ 27 3.4 ANÁLISES DAS AMOSTRAS COLETADAS .................................................................. 28 3.4.1 Quantificação das Lâminas d'água Precipitadas......................................... 28 3.4.2 Determinação do pH ....................................................................................... 28 3.4.3 Determinação do pH das Lâminas d’água Precipitadas ............................. 29 3.4.4 Determinação do pH do Solo......................................................................... 30 3.4.5 Determinação da Temperatura ...................................................................... 30 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 31 5 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 41 REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 42 9 INTRODUÇÃO O aumento da poluição atmosférica na cidade de São Paulo se deve à expansão da cidade e, consequentemente, ao aumento dos meios de transportes, das indústrias, da construção civil, fertilizantes, refinarias e outros (MOURA; NASCIMENTO, 2011). Os poluentes formados à partir da queima de combustíveis fósseis (NOx e SO2) podem se deslocar pelo vento para áreas circunvizinhas e reagirem promovendo reações químicas na atmosfera, gerando poluentes secundários como a chuva ácida (BRAGA et al., 2005). A chuva ácida, com pH variando entre 4,9 e 1,9 altera os ambientes naturais das águas e dos solos e principalmente da vegetação, lesando as folhas e reduzindo as florestas entre outros (BAINES, 1993). O bosque do IFSP - Campus São Paulo está sujeito aos impactos gerados pela acidificação das águas pluviais e do solo pois está próximo à grandes fontes poluidoras móveis. A conservação deste fragmento vegetal é de grande importância para a região tão carente de espaços verdes. As formações vegetais atuam como reservatórios de CO2, absorvem os ruídos, controlam a umidade, a temperatura e filtram partículas em suspensão etc. (LOBODA, 2003). Devido a importância do bosque do IFSP- Campus São Paulo para a região o presente estudo teve como objetivo verificar se existe influência da poluição atmosférica no pH das águas pluviais neste local e conseqüente acidificação do seu solo. 10 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2. 1 POLUIÇÃO Poluição é o nome que se dá à degradação ocorrida no meio ambiente de forma direta ou indireta pelo homem, pelo descarte de material sobre águas, solo e ar, causando uma perturbação prejudicial ao meio (CUNHA; NASCIMENTO; MIGUEL, 2012). Segundo Meirelles (1990) apud Alves (2011), poluição é toda alteração das propriedades naturais do meio ambiente, causada por agentes de qualquer espécie, prejudicial à saúde, afetando à segurança e o bem-estar da população. 2.2 TIPOS E FONTES DE POLUIÇÃO Esses agentes poluidores podem ser introduzidos na água, no solo e na atmosfera. Na água os agentes poluidores são lançados pelas grandes cidades interferindo nos ecossistemas (FERNANDES, 2007). Para Silva (2008), a poluição do solo ocorre por resíduos como: fertilizantes, pesticidas, descartes industriais e residenciais que em determinadas concentrações afetam diretamente a sua produtividade. Já à poluição do ar nos grandes centros se deve principalmente aos gases emitidos por veículos em circulação e pelas indústrias, além de outros como aquecimento doméstico, pavimentação, queima de biomassa, queima de combustíveis sólidos (madeira, carvão), tratamento de esgotos, refrigeração (ar condicionado), solventes, aerossóis e etc. As fontes de poluição atmosférica podem ser classificadas como móveis, estacionárias e naturais. As naturais são aquelas ocasionadas por reações naturais, vulcões ou reações químicas entre substâncias presentes na atmosfera que reagem em presença de luz solar. Já as fontes estacionárias (indústrias) são aquelas que utilizam a queima de resíduos sólidos e podem ser controladas pela implantação de políticas públicas de controle de emissão de poluentes. As fontes móveis são provenientes dos meios de transportes e utilizam a queima de combustíveis fósseis (VARELA, 2000). 11 2.3 POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA Os problemas de poluição atmosférica remontam à antiga Roma onde muitas florestas foram devastadas para a utilização de carvão. Nos séculos XVII e XVIII, já com a utilização do carvão em escala industrial, muitas pessoas vieram a falecer de complicações relacionadas a fumaça, levando inúmeras indústrias a se deslocarem de Londres. Hoje, em grandes centros como Los Angeles, Cidade do México, São Paulo etc., a poluição do ar atinge índices alarmantes devido aos gases emitidos por veículos em circulação (BRAGA et al., 2005). Conforme Magrini (2001), o desenvolvimento econômico e a revolução industrial impediram que os problemas ambientais fossem avaliados e durante séculos a poluição atmosférica e seus impactos foram justificados pelo progresso e os benefícios financeiros obtidos. Os poluentes presentes na atmosfera podem ser divididos em: primários e secundários. Os primários são os emitidos diretamente pela fonte de emissão (SO2, NO, NH3, hidrocarbonetos, material particulado, etc.) e os secundários são formados através das reações químicas dos elementos primários e os elementos presentes no ar. (O3,H2O2, ácidos sulfúrico e nítrico, etc.). Segundo a Companhia Estadual de Tecnologia de Saneamento Básico e Controle de Poluição das Águas (CETESB, 2014), os poluentes podem ser classificados conforme consta na Tabela 1. Tabela 1 – Classificação dos Poluentes quanto a função química. Compostos Enxofre Comp. de Nitrogênio Compostos Monóxido Compostos Metais Material Oxidantes carbono Halogenados Pesados Particulado Fotoquimicos Orgânicos SO₂ NO Hidrocarb. HCl Pb Mistura O₂ SO₃ NO₂ Alcoois HF Cd de formaldeído Comp. de NH₃ Aldeidos As Comp. acroleína Ni no etc. estado sólido Enxofre reduzido: (H₂S, Cloretos HNO₃ cetonas CO Mercaptanas, Dissulfeto de Nitratos Ác.orgânicos Fluoretos PAN* Carbono etc.) Sulfatos ou líquido * Peroxiacetil nitrato Fonte: Adaptada de:< http://www.cetesb.sp.gov.br/ar/Informa??es-B?sicas/21- poluentes> Acesso em 25 mar.2014. 12 Existe um número restrito de poluentes que servem de base para a medição dos níveis de qualidade do ar e que são definidos universalmente. Estes poluentes foram escolhidos por sua frequência de ocorrência e efeitos adversos conforme descritos no Quadro 1 : - Particulado (MP), Dióxido de Enxofre (SO2), Monóxido de Carbono (CO), Ozônio (O3), Hidrocarbonetos (HC) e Óxido de Nitrogênio (NOx). 13 Quadro 1 – Principais poluentes POLUENTES Material Particulado (MP) CARACTERISTICAS Partículas de material sólido ou líquido que ficam suspensos na atmosfera. Gás incolor, com odor forte semelhante Dióxido de Enxofre (SO₂) a queima de palito de fósforo. Pode ser transformado em SO₃ e H₂SO₄. Dióxido de Nitrogênio (NO₂₂). Monóxido de Carbono (CO) Ozônio (O₃) Hidrocarbonetos (HC) FONTES EFEITOS À SAUDE Processos industriais, veículos e fontes naturais Quanto menor a partícula, maior o efeito á saúde. Causam efeitos significativos em pessoas com doenças pulmonares, asma e bronquite. Gera mau-estar , irritação nos olhos e pele , dor de cabeça e câncer pulmonar Processos que utilizam a queima de óleo combustível, refinaria de Pessoas com asma, doenças crônicas do coração petróleo, veículos à diesel, polpa e pulmão são mais sensíveis ao SO₂. e papel. Processos de combustão envolvendo automóveis, processos industriais e usinas termelétricas. Aumento de sensibilidade a asma e a bronquite. É um intenso irritante dos brônquios e alvéolos. Pode aparecer conjuntivite e tosse. Dependendo do nível de exposição, pode resultar em edema pulmonar e morte prematura. É responsável pelo Smog. Gás incolor, insípido e inodoro Combustão incompleta em veículos automotores. A exposição ao CO resulta numa diminuição do suprimento do oxigênio para os tecidos do corpo devido a menor quantidade de oxigênio transportado. Pode haver redução da liberação de oxigênio para os tecidos e células. Assim o cérebro e outras partes do sistema nervoso são afetadas rapidamente pela intoxicação por CO. Gás incolor, inodoro nas concentrações ambiente e principal componente da névoa fotoquímica. É produzido fotoquimicamente pela radiação solar sobre os NOx e compostos orgânicos voláteis. Irritação nos olhos e vias respiratórias, diminuição da capacidade pulmonar. Exposição a altas concentrações pode resultar em sensações de aperto no peito, tosse e chiado na respiração. Gás e vapor Produzido pela queima incompleta em veículos automotores. São cancerígenos e mutagênicos, não havendo concentração ambiente segura. Participam da névoa fotoquímica Gás marrom avermelhado, com odor forte e irritante. Pode levar a formação de ácido nítrico, nitratos e compostos orgânicos tóxicos. Fonte: CETESB (2014); MOURA; NASCIMENTO (2011). 14 Segundo Lisboa e Kawano (2007), o padrão de qualidade do ar é definido por um limite máximo de um determinado poluente nele presente. Esse padrão é baseado em estudos científicos dos efeitos desses poluentes e são fixados níveis de segurança adequados, se acima desse padrão, o ar torna-se impróprio e nocivo à saúde humana, fauna e flora (Tabela 2). Tabela 2 – Índice De Qualidade do Ar Fonte: Disponível em:< http://www.cetesb.sp.gov.br/noticia/514,Noticia> Acesso em: 07 abr 14. Os poluentes citados na Tabela 1. servem universalmente como indicadores da qualidade do ar. Estudos científicos apontam que o material particulado em altas concentrações presente no ar, se inalados, acarretam diversos problemas de saúde e, depositados no solo e nas águas, podem acarretar acidificação dos mesmos, alterando o equilíbrio dos nutrientes neles presentes e deteriorando florestas mais sensíveis e vegetações, alterando a diversidade dos ecossistemas (MENDES et al., 2006). Segundo Loiola et al.,(2009) a queima de combustíveis fósseis libera diversos poluentes como o CO, CO2, SO2, NO e NO2 que geram a chuva ácida. 15 2.4 PH DAS ÁGUAS DAS CHUVAS, CHUVAS ÁCIDAS E ALCALINAS Ás águas da chuva são importantes para avaliar o nível de poluição do ar e agem como um processo de limpeza retirando os poluentes presentes no ambiente e levando-os para o solo, oceanos, lagos, rios, águas subterrâneas, florestas, construção civil, etc (FORNARO, 2006). Conforme Baird e Cann (2011), a chuva natural (não poluída) é ligeiramente ácida devido ao dióxido de carbono (CO2) presente na atmosfera que em presença de vapor de água forma o ácido carbônico (H2CO3), um ácido fraco que se ioniza parcialmente liberando H+, reduzindo o pH do sistema, e concluem que apenas as chuvas com pH abaixo de 5,0 é que podem ser consideradas ácidas. Devido a poluição atmosférica, muitas regiões do mundo vêm enfrentando a chuva ácida, incluindo também ai a neve e a neblina ácida. Elas podem se deslocar rapidamente devido a direção dos ventos, não respeitando fronteiras, provocando a deterioração do solo com a diminuição do pH, pois os nutrientes de plantas como os cátions potássio, cálcio e magnésio são trocados pelo H+, sendo consequentemente lixiviados. Em precipitações alcalinas, ou neutralizantes da acidez (por exemplo, amônia, carbonato ou hidróxido), o valor de pH pode ser superior a 7 (FORNARO, 1991). 2.4.1 Impactos das Chuvas ácidas na vegetação A chuva ácida pode promover mudanças nas funções metabólicas e nos processos reprodutivos das plantas, bem como alterações morfológicas na superfície foliar, afetando assim a produção de energia que é tão necessária a sua sobrevivência. A chuva ácida pode remover a cera da camada cuticular que têm a função de proteger a planta de ataques de microorganismos, da perda excessiva de água e do excesso de sol. Podem surgir manchas escuras que culminam com a queda da folha se esse impacto for mantido. A folha é responsável pelos produtos fotoassimilados e consequentemente geração de energia para os processos metabólicos. Nas árvores a perda das folhas ocorre principalmente na ponta dos ramos devido a sua maior exposição a chuva ácida, tornando a sua aparência irregular. Pesquisas apontam para a perda de biomassa, estreitamento dos anéis de 16 crescimento e consequentemente diminuição do diâmetro do caule, perda de peso das raízes e o declínio do crescimento de novas raízes, isso se deve a mobilidade do alumínio que promove a troca de íons como o cálcio, potássio e o magnésio. O alumínio prejudica também o transporte de água dentro da planta e a diminuição da fertilidade devido a diminuição de energia (LOIOLA et al., 2009). 2.4.2 A Água no solo A água pode ser retida no solo por um determinado tempo. As plantas podem armazená-la e utilizá-la, devolvendo-a em forma de vapor. A água pode ser reposta através da chuva ou pela irrigação e possui quantidades pequenas de diversos sais minerais, oxigênio e gás carbônico, formando uma solução diluída ou colóide que é o veículo que os movimenta. Se o cálcio (cátion), por exemplo, prevalecer a solução tende ao estado neutro de pH, se predominar o alumínio, o solo tenderá a acidez. O alumínio prejudica o desenvolvimento das plantas, é tóxico. A acidificação é comum em climas úmidos com grande quantidade de chuvas que lixiviam cátions básicos (cálcio, magnésio, potássio e sódio), que são substituídos pelo hidrogênio que, por sua vez, é substituído pelo alumínio (LEPSCH, 2002). Conforme Kiehl,(1979), apud Serrat et al. (2002), os solos com pH entre 5,8 e 7,5 propiciam bom crescimento das plantas. Nos solos com pH entre 8 e 8,5 há carbonatos de cálcio, magnésio livres e baixas quantidades de P, Mn, Zn e Cu. 2.5 O PAPEL DA VEGETAÇÃO NO CONTROLE DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA Conforme Usteri (1911) apud Takyia (2002), o município de São Paulo está inserido em uma região que era originalmente recoberta por vegetação de várzeas, campos e florestas. Com a expansão da agricultura cafeeira essa vegetação foi devastada desde a Cantareira até a Serra do Mar. Com o declínio cafeeiro outras culturas surgiram e posteriormente foram abandonadas dando origem a uma vegetação secundária, que originou a vegetação atual (MANTOVANI, 2000). Hoje a cobertura vegetal do município de São Paulo é praticamente formada por fragmentos da vegetação original e secundária (floresta ombrófila densa, floresta 17 ombrófila densa alto montana, floresta ombrófila densa sobre turfeira e campos naturais) que ainda resistem (TAKYIA, 2002). Segundo essa mesma autora, em São Paulo, a urbanização deu-se de modo indiferente as suas limitações e potencialidades. As favelas e as construções em geral ocupam áreas municipais destinadas a áreas verdes e esse processo é de difícil reversão prejudicando a fauna e a flora, impermeabilizando o solo, provocando enchentes, erosão e prejudicando os mananciais. Em geral as áreas verdes (fragmentos da vegetação original, parques, canteiros, jardins e a arborização urbana) são muito importantes para a qualidade de vida da metrópole mantendo a biodiversidade através do fornecimento de abrigos e alimentos para a fauna urbana. Uma forma de minimizar os poluentes do ar é através da vegetação que ajuda na remoção desses materiais atuando como um reservatório de CO₂, absorvendo os ruídos, controlando a umidade, filtrando partículas em suspensão. A localização e a estrutura dessas áreas verdes são importantes para a capitação dos poluentes, e podem absorver entre 70 a 80% da poluição atmosférica (BERNATZKY, 1983 apud FERNANDES, 2007). 2.6 A IMPORTÂNCIA DAS ÁREAS VERDES Sabe-se que a cada dia ocorre uma diminuição significativa na quantidade de áreas verdes, influenciando diretamente na qualidade de vida, agindo simultaneamente sobre o lado físico e mental do homem, atenuando o calor do sol. No plano psicológico, as áreas verdes atenuam o sentimento de opressão do homem com relação às grandes edificações; contribui para a formação e o aprimoramento do senso estético, entre tantos outros benefícios. Para desempenhar plenamente seu papel, a arborização urbana precisa ser aprimorada a partir de um melhor planejamento (LOBODA; ANGELIS, 2005). A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda como ideal o índice de 2 12m áreas verdes por habitante. No Quadro 2 observa-se que esse índice não é atingido em algumas subprefeituras como exemplo a Sé que fica próxima ao IFSP Campus São Paulo, e apresenta um índice de 6,18 m2. 18 QUADRO 2 – Índice de Cobertura vegetal por habitante Fonte: SVMA (2012). Segundo Mello-Théry (2011), devido ao crescimento rápido e desordenado, a cidade de São Paulo apresenta áreas devastadas, com o solo bastante impermeabilizado e poluído, assim como o ar e a água, devendo-se valorizar as áreas verdes remanescentes já que elas são um indicador da qualidade ambiental. Verifica-se no Quadro 3 que as áreas verdes estão distribuídas de modo desigual devido a presença do comércio, loteamentos clandestinos e obras. As áreas nobres possuem maior quantidade de áreas verdes por apresentarem um melhor planejamento imobiliário. Nesse contexto, observa-se a contribuição do IFSP - Campus São Paulo, com seus 3.894 m2 de bosque localizado no bairro do Pari, próximo a região central que é carente de parques (Quadro 3) e próximo de avenidas com grande circulação de veículos (fontes poluidoras móveis) e altos índices de poluição atmosférica. 19 Quadro 3 – Número de parques por zona do Município de São Paulo APAS - Área de proteção ambiental Res.Ecológicas - Restingas Ecológicas UCs Estaduais - Unidades de Conservação Estaduais Fonte:SVMA (2012). 2.7 A CIDADE DE SÃO PAULO Atualmente a cidade de São Paulo vem sofrendo consequências devido ao grande volume de poluentes atmosféricos provenientes de diversas fontes de atividades poluidoras trazendo conseqüências para a vegetação, para o clima e para a saúde da sua população. Devido a principal fonte de poluição ser móvel é difícil um controle efetivo. São Paulo é hoje a sexta cidade do mundo com o ar mais poluído, ficando atrás apenas da Cidade do México (México), Pequim (China), Cairo (Egito), Jacarta (Indonésia) e Los Angeles (EUA), (MOURA; NASCIMENTO, 2011). Segundo Varela (2000), a cidade por ser um grande centro comercial, recebe veículos de outras regiões, além de possuir uma grande frota veicular própria em constante crescimento, agravando ainda mais a condição do ar. 20 3. MATERIAL E MÉTODOS Foram selecionados 13 pontos no bosque do IFSP – Campus São Paulo, para coleta de amostras de água da chuva e do solo e posterior determinação do seu pH. As amostragens foram mensais, no período de janeiro a abril de 2014. O volume de chuva precipitado também foi verificado através da instalação de três pluviômetros. 3.1 ÁREA DE ESTUDO O IFSP, Campus São Paulo, está localizado na Rua Pedro Vicente, 625, no bairro do Canindé, na região central da cidade de São Paulo, limitado pelo Rio Tietê e Serra da Cantareira. Essa região possui indústrias, comércios, residências e avenidas com grande fluxo de veículos como a marginal Tietê e Avenida Cruzeiro do Sul. Como pode ser observado na Figura 1, o IFSP – Campus São Paulo encontrase próximo ao centro da cidade (distante 4 Km), à Serra da Cantareira que é uma Unidade de Conservação integral (distante 10 Km) e ainda de quatro parques urbanos a saber: Jardim da Luz (distante 2 km), o Parque Estadual da Juventude (distante 4km) e Parque Estadual Horto Florestal (distante 9 km). Conforme Souza e Paiva (2012), o bosque do IFSP - Campus São Paulo compreende uma área de 3.894m² (Figura 2) . Foi implantado na década de 1970 e apresenta espécies arbóreas, arbustivas, herbácias e trepadeiras. Originalmente era constituído de eucaliptos nativos sendo que as demais espécies foram implantadas (SOUZA; PAIVA, 2012). A autora em seu levantamento florístico verificou que o bosque do Campus São Paulo possui representantes de 22 famílias botânicas com 40 espécies, sendo 68% exóticas (27 espécies), cuja predominância é de Eucalyptus spp. e 32% são nativas, com predominância de Psidium guajava (goiabeira), Eugenia Uniflora L. (pitanga), Caesalpinia echinata Lam (pau-brasil). Conforme Hoehne (1930) apud Heiden e Stumpf (2006), essa predominância de espécies exóticas se deve à época do colonialismo em que as plantas usadas para paisagismo vinham de outras regiões. 21 FIGURA 1 – Localização do IFSP - Campus São Paulo em relação aos parques públicos e áreas de proteção localizados na Cidade de São Paulo Fonte: Adaptada de:<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40141011000100012&script =sci_arttext#f2>. Acesso em: 14 jan 2014. 22 Figura 2 – A área delimitada corresponde ao IFSP – Campus São Paulo. O bosque se restringe à área em vermelho Fonte: Adaptada de: <https://maps.google.com.br>. Acesso em: 14 jan 2014. 23 3.2 PONTOS AMOSTRAIS Foram selecionados treze pontos amostrais: três pontos livres de obstáculos e dez posicionados abaixo do dossel das árvores. Para estes dez pontos foi levado em consideração os seguintes critérios: área foliar, grau de fechamento do dossel; distância em relação à Avenida Cruzeiro do Sul: a) área foliar – quanto maior for a área foliar, maior será a capacidade de retenção de poluentes em sua superfície. Dentre as espécies presentes no Bosque do IFSP – Campus São Paulo, as que possuem maior superfície foliar são: mangueiras (Mangifera indica), goiabeira (Psidium guajava L.) e jamboleiro (Syzygium cumini); b) grau de fechamento do dossel – maior retenção de poluentes em sua superfície. O grau de fechamento foi identificado por meio da determinação da intensidade luminosa filtrada pelo dossel através de luxímetro digital da marca ICEL Manaus, modelo LD 800, conforme procedimento previsto no manual de instruções. Para padronização da leitura, foi colocado o luxímetro sobre um tripé, a um metro de altura do solo; c) distância em relação à Avenida Cruzeiro do Sul – quanto mais próximo da fonte poluidora, mais suscetível estará à ação dos poluentes. Os dez pontos amostrais selecionados seguindo os critérios: a, b e c acima foram apresentados na Tabela 3, juntamente com suas coordenadas geográficas. 24 Tabela 3 – Pontos amostrais PONTO N°IDENT. AMOSTRAL 1 122 Psidum guajava L. QUANT. DE LUZ FILTRADA (lux) 3261 NOME CIENTÍFICO DIST. AV. CRUZ. DO SUL (m) *LATIT. (S) *LONG. (W) 130,05 S 23°31.404’ W 46°37.423’ 2 152 Mangifera indica 2296 134,55 S 23°31.383’ W 46°37.418’ 3 239 Psidum guajava L. 816 80,93 S 23°31.396’ W 46°37.452’ 4 247 Mangifera indica 3046 127,19 S 23°31.418’ W 46°37.428’ 5 249 Mangifera indica 1314 110,11 S 23°31.411’ W 46°37.438’ 6 259 Mangifera indica 312 88,96 S 23°31.406' W 46°37.444’ 7 297 Mangifera indica 1236 16,49 S 23°31.390’ W 46°37.482’ 8 305 Psidum Guajava L. 488 8,03 S 23°31.389’ W 46°37.492’ 9 381 Mangifera indica 1410 12,74 S 23°31.379’ W 46°37.484’ 10 397 Mangifera indica 600 2,05 S 23°31.378’ W 46°37.492’ *Os dados Latitude e Longitude foram extraídos de Souza e Paiva, (2012). Fonte: A autora. 25 Tabela 4 – Pontos amostrais livres de obstáculos / pluviômetros PONTO AMOSTRAL. LATITUDE LONGITUDE 11 S 23°31.381' W 046°37.504' 12 S 23°31.407' 13 S 23°31.432' LOCAL DISTÂNCIA AV. CRUZ. DO SUL (M) W 046°37.436' Av.Cruzeiro do Sul Quadra de areia 110,94 W 046°37.375' Pista de corrida 212,38 0 Fonte: A autora. 3. 3 COLETA DAS AMOSTRAS DE ÁGUA DA CHUVA E DO SOLO 3.3.1 Período de coleta Foi realizada uma coleta de amostras de água de chuva e do solo, nos meses de janeiro, fevereiro, março e abril de 2014. 3.3.2 Coleta das Águas da Chuva Para coleta das águas da chuva foram instalados: a) dez coletores sob o dossel das árvores selecionadas e 3 coletores livres de qualquer obstáculo. Os coletores instalados nas árvores foram confeccionados com garrafas pet de 2L. A garrafa foi virada de boca para baixo (Figura 3) e o fundo retirado (BORGES et al., 2011). O Coletor foi encaixado num aro de PVC de 3cm de largura com dois furos laterais para passar o fio de arame que o prendeu na árvore (Figura 4), facilitando assim sua remoção e limpeza a cada coleta. Um peso (pedra presa à tampa por um arame) foi colocado para manter a garrafa (coletor) em posição vertical. (Figura 4); b) três coletores, tipo pluviômetro. O pluviômetro foi confeccionado com material alternativo, em PVC, devido ao seu baixo custo de aquisição. O modelo é uma adaptação do protótipo proposto por BORGES et al., (2011). A partir de uma cano de PVC de 4 polegadas (10 cm de diâmetro,) e 1m de comprimento, foram cortados três pedaços de 30 cm. Foi fixado na base de cada pedaço um tampa para cano e uma borracha de vedação com cola própria para esse fim. Foram feitos dois furos do mesmo lado no cano PVC para fixá-lo em uma haste de madeira de aproximadamente 1,80m (Figura 26 5). Este modelo mostra-se eficiente na medida em que seu formato corresponde a um cilindro (formato dos modelos comerciais) e por apresentar uma minimização de deformações em suas paredes laterais conferidas pelo PVC. Segundo Borges et al. (2011), este modelo apresenta um grau de ajuste satisfatório pois consegue explicar a precipitação com 95% de probabilidade. Foram implantados três pluviômetros no bosque do IFSP – Campus São Paulo (Figura 5), a 5m de distância do obstáculo mais próximo e a 1,5m de altura em relação ao solo, pois, tanto Giovelli (2007) quanto a Organização Meteorológica Mundial (OMM) recomendam que os pluviômetros devem ser instalados em locais livres, a uma distância igual ou superior a duas vezes a altura do obstáculo mais próximo e a 1,5 m do solo (Tabela 4). Figura 3 – Padrão construtivo dos coletores Fonte: Adaptada de: <www.eng2012.org.br/trabalhoscompletos%3Fdownload%3D1294:artigo-pluviometro%26start%3D660+&cd=1&hl=ptBR&ct=clnk> Acesso em 11 mar 2014. 27 Figura 4 – Suporte com o coletor Fonte: a autora Figura 5 – Ponto Amostral nº11 Fonte: a autora 3.3.3 Coleta das Amostras de Solo As amostras de solo foram retiradas um dia após o término da precipitação para garantir a completa percolação da água. Com uma cavadeira foi realizada uma perfuração no solo e retirada de uma amostra de solo, a 20 cm de profundidade, em cada um dos treze pontos amostrais, base de cada indivíduo selecionado (ponto amostral), a 20 cm de profundidade (Figura 6). Cada amostra foi transferida para um béquer e identificada. 28 Figura 6 – Coleta da amostra de solo Fonte: a autora 3.4 ANALISES DAS AMOSTRAS COLETADAS 3.4.1 Quantificação das Lâminas d’água Precipitadas A leitura do volume da lâmina precipitada foi realizada em proveta graduada. A quantificação da lâmina d’água precipitada foi realizada com base em GASPAROTTO (2009): ܸ ݀ ݁݉ݑ݈ᇱ água(cmଷ ) ܳܿ ݁݀ ݁݀ܽ݀݅ݐ݊ܽݑℎ= ܽݒݑ áݒݑ݈ ݀ ܾܽܿ ܽ݀ ܽ݁ݎ. (ܿ݉ଶ ) onde área da boca = π.R² sendo π = 3,14 e R = raio. Conforme Borges et al.(2011), cada milímetro de chuva coletado corresponde a um litro de água por metro quadrado. 3.4.2 Determinação do pH O princípio do método eletrométrico de medida do pH é a determinação da atividade dos íons hidrogênios pela medida potenciométrica usando um eletrodo padrão de vidro e um eletrodo de referência. As medidas de pH foram realizadas em laboratório e foi utilizado o peagâmetro da marca MS Tecnopon Equipamentos Especiais Ltda, modelo MPA210/MPA-210P de acordo com as orientações previstas no manual de instruções do fabricante. 29 3.4.3 Determinação do pH p das Lâminas d’água Precipitadas As amostras (de água á precipitada e do solo) foram homogeneizadas e fracionadas em três parcelas. Pelo método potenciométrico potenciométri o foi determinado o pH de cada parcela da amostra e os resultados foram expressos pelo cálculo das médias. Figura 7 - Esquema de análise de pH das águas pluviais Fonte: Adaptado de: <https://google.com > Acesso em: 3 Maio 2014. Para determinar o pH das lâminas d’água precipitadas (Figura 7): 7) a) foi introduzido o eletrodo na amostra homogeneizada, homogeneiz junto com o medidor de temperatura; b) após pós 60 segundos segund aproximadamente, a leitura foi realizada; realizada c) oss procedimentos a e b, foram realizados em triplicata (triplicata de leitura) para cada amostra coletada; coletada d) os resultados foram expressos pelo cálculo da médias. 30 3.4.4 Determinação do pH do Solo Figura 8 – Esquema de análise de pH do solo Fonte: Adaptado de: <https://google.com >. Acesso em: 3 Maio 2014. Para o preparo da amostra de solo, cujo pH foi posteriormente aferido, foi considerado o método previsto pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA, 1997) a seguir conforme Figura 8: a) da amostra de solo coletada, foi extraído 20 g e adicionado 50 mL de água destilada; b) a mistura foi homogeneizada com um bastão de vidro e ficou em repouso por uma hora; c) a mistura foi filtrada e a medição do pH foi realizada seguindo o mesmo procedimento do item 3.4.3. 3.4.5 Determinação da Temperatura A temperatura do ambiente foi realizada em cada ponto amostral, no momento da coleta das amostras das lâminas d'água precipitadas, através de termômetro digital portátil da marca Equitherm, modelo DM.6802B. Foi seguido o procedimento estabelecido no manual do fabricante do equipamento. A temperatura do solo foi realizada após a retirada de cada amostra através da introdução da sonda rígida diretamente no local onde foi realizada a coleta da amostra. 31 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Após as coletas e análises foram obtidos os resultados apresentados na Tabela 5. As datas registradas na tabela se referem as datas em que ocorreram precipitações. Tabela 5 – Médias do pH das águas precipitadas no bosque do IFSP – Campus São Paulo, no período de janeiro à abril/2014 Pontos Amostrais Datas de Amostragem 13/jan 17/fev 19/mar 14/abr 1 7,3 7,03 6,58 6,85 5,04 2 7,22 6,7 6,49 3 6,92 6,62 6,11 6,3 4,88 4 7,44 6,68 6,56 5 6,72 6,94 6,34 6,7 5,25 6 7,07 6,71 5,96 7 7,26 6,98 5,74 6,52 8 6,68 6,72 6,19 6,81 9 6,4 6,64 6,14 6,5 10 6,39 5,65 6,58 6,81 8,1 8,64 8,92 11 6,74 7,91 12 6,76 6,54 7,29 7,8 13 6,97 6,59 6,8 Azul: pontos amostrais abaixo do dossel. Rosa: pontos amostrais livres de obstáculos. A faixa de pH ideal para as lâminas d'água precipitadas está entre 5,6 e 7,5 ; valores fora desta faixa estão destacados em negrito. A faixa de pH ideal ou ótimo para as águas pluviais é entre 5,6 a 7,5 (BAIRD; CANN, 2011 ; KIEHL, 1979, apud SERRAT et al. , 2002). Os números em destaque na Tabela 5 estão fora dessa faixa. O ponto amostral 4 apresenta um pH 4,88, ácido. Este comportamento não é observado em nenhum outro ponto analisado, o que nos leva a supor que este resultado possa ser atribuído a presença de uma flor dentro do coletor. Está flor pode ter gerado reações químicas que provocaram a alteração pontual do pH. Não foi possível determinar se esta alteração foi proveniente da presença da flor ou dos poluentes presentes na atmosfera. Dos demais resultados obtidos em todo o período analisado, os pontos amostrais 2 (pH 5,04) e 6 (pH 5,25), também apresentaram um pH ácido e fora do pH ideal ou ótimo, o que não se caracterizou como chuva poluída ou chuva ácida por ter ocorrido pontualmente, conforme Baines (1993), chuva poluída ou ácida possui valores de pH variando entre 4,9 a 1,9. 32 A chuva natural que é isenta de poluentes, é ligeiramente ácida e apresenta valores de pH de 5,4 a 5,2 e extremos casos de pH menores que 5 (SIMON; DEFRIES,1992). Segundo estes autores esse fato ocorre naturalmente quando a água de rios, lagos e oceanos com pH neutro (7) evapora e combina-se com gases presentes na atmosfera como o CO2 formando ácido carbônico. Conforme Baird e Cann (2011), o ácido carbônico ioniza-se parcialmente para liberar um íon hidrogênio, H+, com uma consequente redução no pH do sistema e conclui que o pH ideal da chuva é abaixo de 7, em torno de 5,6 a 5,7, ou seja, ácida. Nos três pontos com pluviômetro, pontos amostrais números 11, 12 e 13, a água precipitada não entrou em contato com nenhuma formação vegetal e apresentaram pH dentro da faixa ideal e 5 coletas com tendência a alcalinidade. A alcalinidade da água pode estar relacionada a presença de carbonatos, bicarbonatos, hidróxidos e NH4+ e pode ocorrer devido a despejos industriais. Outro fator que gera alcalinidade é a diminuição da quantidade de chuvas. Este período de coletas em São Paulo foi atípico, os meses de janeiro à março que seriam considerados períodos de grande precipitação, houve uma diminuição na quantidade de chuva, diminuindo o número de coletas estabelecidas anteriormente de duas para uma por mês. Conforme Schneider (2014) "a cidade de São Paulo teve o janeiro mais quente dos últimos 70 anos e desde dezembro chove muito pouco". A falta de chuva, pouco vento e menos nuvens para a época estão deixando São Paulo mais poluída (PEGORIM, 2014). Mas foi possível verificar que nos pontos em que a água entrou em contato com a vegetação (pontos amostrais de nº 1 a 10) ocorreu uma diminuição no pH em relação aos pontos de nº11, 12 e 13, o que pode ser devido a presença de poluentes capitados pelo dossel. Os gráficos a seguir apresentam as médias do pH das lâminas d’água precipitadas no bosque do IFSP – Campus São Paulo, no período de janeiro a abril por ponto amostral e estão agrupados de acordo com os resultados obtidos, tendo como limiar inferior de pH ótimo 5,6 (pH inf.) e limiar superior de pH ótimo 7,5 (pH sup.). 33 14 12 10 8 6 4 2 0 Gráfico 1 – pH das águas precipitadas no po ponto amostral 1 14 12 10 8 6 pH ideal 4 2 pH amost. 0 14 12 10 8 6 4 2 0 Gráfico 3 – pH das águas precipitadas no ponto ponto amostral 5 14 12 10 8 pH ideal 6 4 pH amost. 2 0 14 12 10 8 6 4 2 0 Gráfico 5 – pH das águas precipitadas noo pont ponto amostral 8 14 12 10 8 6 pH ideal 4 2 pH amost. 0 Gráfico 2 – pH das águas precipitadas no ponto ponto amostral 3 pH ideal pH amost. Gráfico 4 – pH das águas precipitadas no ponto amostral 7 pH ideal pH amost. Gráfico 6 – pH das águas precipitadas no ponto amostral 9 pH ideal pH amost. 34 14 12 10 8 6 4 2 0 Gráfico 7 – pH das águas precipitadas no ponto amostral 10 pH ideal pH amost. Conforme gráficos acima, os pontos amostrais 1, 3, 5, 7, 8, 9, 10 estão dentro da faixa de pH ideal ou ótimo. 14 12 10 8 6 4 2 0 14 12 10 8 6 4 2 0 Gráfico 8 – pH das águas precipitadas no pont ponto amostral 2 14 pH ideal pH amost. Gráfico 10 - pH das águas precipitadas no ponto amostral 6 pH ideal pH amost. 12 10 8 6 4 2 0 14 12 10 8 6 4 2 0 Gráfico 9– pH das águas precipitadas no ponto amostral 4 pH ideal pH amost. Gráfico 11 – pH das águas precipitadas no ponto amostral 11 pH ideal pH amost. 35 14 12 10 8 6 4 2 0 Gráfico 12 - pH das águas precipitadas no ponto amostral 12 pH ideal pH amost. 14 12 10 8 6 4 2 0 Gráfico 13 - pH das águas precipitadas no ponto amostral 13 pH ideal pH amost. Nos pontos amostrais de números 2, 4, 6, 11, 12 e 13 foi possível observar que tinham pelo menos uma coleta fora da faixa de pH ótimo. Gráfico 14 - pH das águas precipitadas no bosque do IFSPCampus São Paulo no período de janeiro à abril/ 2014 5,80% 9,60% pH abaixo de 5,6 pH acima de 7,5 84,60% pH entre 5,6 e 7,5 Conforme observado no Gráfico 14 - 84,6% das coletas estavam dentro da faixa de pH 5,6 e 7,5 consideradas ideais. Segundo Kiehl (1979), apud Serrat et al., (2002) a faixa de pH ideal do solo é entre 5,8 a 7,5 e na Tabela 6 foi possível observar que muitas coletas estão acima desta faixa de pH ideal, o que caracterizou pH alcalino. 36 Tabela 6 - Médias do pH do solo do bosque do IFSP - Campus São Paulo, no período de janeiro à abril/2014 Pontos Amostrais 14/jan Datas de Amostragem 18/fev 20/mar 15/abr 7,6 1 6,9 7,3 7,2 5,6 2 7,3 6,5 7,3 7,6 3 6,1 6,6 6,7 8,3 7,9 8,2 7,9 4 8,3 7,8 7,9 5 7,1 7,7 7,6 8 6 7,3 7,6 7 6,9 7,3 7,2 8 7,7 7,5 7,5 7,5 9 7,2 7,3 6,7 6,9 8,2 7,9 8,2 10 7,3 7,6 8 7,5 11 7,2 8 8,2 12 7,3 6,4 13 7,4 7,5 6,4 6,9 Azul: pontos amostrais abaixo do dossel. Rosa: pontos amostrais livres de obstáculos. A faixa de pH propícia para o crescimento de plantas está entre 5,8 e 7,5; valores fora desta faixa estão destacados em negrito. O solo alcalino têm a capacidade de neutralizar a chuva ácida, portanto áreas verdes que receberem chuvas ácidas não sofreram danos (acidificação), mas se essas chuvas forem constantes esta capacidade de neutralizar pode se esgotar (Loiola et al., 2009 ). Conforme dito anteriormente no período de análise houve baixo índice de pluviosidade para a estação. A baixa pluviosidade gera alcalinidade, podendo ocorrer acúmulo de cálcio, magnésio, potássio e carbonato no solo (Kiehl, 1979 apud Serrat et al., 2009) e ainda esse autor diz que solos com pH 8 e 8,5 há carbonatos de cálcio e magnésio livres e baixas quantidades de P, Mn, Zn e Cu. E ainda solos alcalinos podem sofrer influência dos materiais neles presentes como (basalto, diabásio e gabro). Os gráficos abaixo tem a mesma nomenclatura dos anteriores, com limiar inferior de pH ótimo 5,6 (pH inf.) e limiar superior de pH ótimo 7,5 (pH sup.) destacados na legenda. 37 Gráfico 15- pH solo - p. amostral 1 14 12 10 8 6 4 2 0 14 12 10 8 6 4 2 0 pH ideal pH amost. Gráfico 17 - pH solo - p. amostral 4 pH ideal pH amost. Gráfico 16 pH solo - p. amostral 3 14 12 10 8 6 4 2 0 14 12 10 8 6 4 2 0 Gráfico 19 - pH solo - p. amostral 6 14 12 10 8 6 4 2 0 pH ideal pH amost. pH ideal pH amost. Gráfico 18 - pH solo - p. amostral 5 pH ideal pH amost. Gráfico 20 - pH solo - p. amostral 7 14 12 10 8 6 4 2 0 pH ideal pH amost. 38 Gráfico 21 - pH solo - p. amostral 8 14 12 10 8 6 4 2 0 pH ideal pH amost. Gráfico 22 - pH solo - p. amostral 10 14 12 10 8 6 4 2 0 Gráfico 23 - pH solo - p. amostral 11 14 12 10 8 6 4 2 0 pH ideal pH amost. pH ideal pH amost. pH amost. Gráfico 24 - pH solo - p. amostral 12 14 12 10 8 6 4 2 0 Gráfico 25 - pH solo - p. amostral 2 14 12 10 8 6 4 2 0 pH ideal pH ideal pH amost. Gráfico 26 - pH solo - p. amostral 9 14 12 10 8 6 4 2 0 pH ideal pH amost. 39 Gráfico 27 - pH solo - p. amostral 13 14 12 10 8 6 4 2 0 pH ideal pH amost. Conforme os gráficos acima percebeu-se que a grande maioria comportou-se de forma semelhante ou seja apresentou pelo menos um ponto fora da faixa de pH ideal ou ótimo. Já os pontos amostrais 9 e 13 estão dentro da faixa de pH ideal ou ótimo. Gráfico 28 - pH do solo do bosque do IFSP- Campus São Paulo no período de jan à abril/2014 1,94% pH dentro da faixa ideal 42,30% pH alcalino acima de 7,5 55,76% pH abaixo de 5,8 mesmo período da cidade de São Paulo, dos anos 2011 à 2014 Tabela 8 - Índices Pluviométricos (mm) das coletas no bosque IFSP Campus São Paulo Mês jan fev mar abr total Mês 13/jan 17/fev 19/ma 15/abr total Tabela 7 - Índices Pluviométricos (mm) mensal do 2011 424 376 67,2 125 992 2012 248 291 185 132 856 2013 130 309 136 68,5 643 2014 177 144 207 71,2 499 2014 40,8 100 34,2 53 228 40 Conforme observado na Tabela 7 desde 2011 vem ocorrendo uma diminuição nos volumes totais de chuvas no período de janeiro à abril. Na Tabela 8 verificou-se que na coleta de fevereiro o volume coletado de chuva de apenas um dia, foi de 69,5% do mês todo, na coleta de abril também se observou que o volume coletado de um dia foi de 74,5% do volume total do mês, no entanto esses fatos não demonstraram alterações no pH da coleta do mês correspondentes. Durante as análises tanto de solo quando das águas pluviais foi coletada as temperaturas das amostras porém não se observou nenhuma alteração significativa. Segundo Fornaro (2006) poucos trabalhos foram publicados sobre composição química de águas de chuva para região de São Paulo, segue abaixo um breve histórico sobre estudos de períodos anteriores relacionados a temática. No período de outubro de 1983 a outubro de 1985, o pH das águas da chuva para São Paulo foi 5,0. ( FORTI et al., 1990). No período de julho de 1989 a maio de 1990 o pH apresentado em São Paulo, foi menor do que 4,5 (SILVA, 2005). No período de março de 2000 a abril de 2002, em Paulinia -SP, encontrouse um pH de 4,6 e 4,83 (TRESMONDI; TOMAZ; KRUSCHE, 2005). No período de julho de 2002 a fevereiro de 2003, o pH das chuvas para São Paulo foi de 4,99 (LEAL et al., 2004). Nos grandes centros urbanos além das emissões industriais, as emissões veiculares também contribuem para a degradação do ar, além disso esses poluentes podem serem transportados através do vento para outras regiões distantes e precipitarem através de chuvas ácidas. 41 5 CONCLUSÃO Os resultados apurados demonstram que 5,8% das amostras de chuvas que incidiram no bosque do IFSP no período analisado apresentaram pH médio abaixo de 5,6, limite crítico para chuva ácida e 9,6% acima de 7,5. Nas amostras de solo 55,76% apresentaram pH dentro da faixa adequada para a maioria das culturas, 42,30% apresentaram pH alcalino acima de 7,5 e 1,94% o pH abaixo da faixa adequada. Outros parâmetros são utilizados para análise da chuva ácida como condutividade e cromatografia de íons porém não foi o objetivo deste trabalho. Estes resultados não descartam a necessidade de monitoramento contínuo da qualidade do ar na região, pois este comportamento pode ser resultado do baixo índice pluviométrico, atípico do período, que caracterizou o verão de 2014 da cidade de São Paulo. 42 REFERÊNCIAS ALVES, G. S. Curso de crimes ambientais na modalidade à distância: contextualizando sua influência na prática do policial militar do Rio Grande do Norte. 2011. 57f. Monografia (Especialização em Educação a Distância) - Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2011. Disponível em:<http://www.dspace.c3sl.ufpr.br/ dspace/bitstream/handle/1884/26481/ALVES,%20GEISA%20DA%20SILVA.pdf?seq uence=1>. Acesso em: 14 set. 2013. BAINES, J. Chuva ácida. 2ª. ed. São Paulo: Scipione, 1993. 47 p. BAIRD, C; CANN, M. Química ambiental. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2011. BORGES, E. B. M.; PINA, N. 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