2 de mirtul de 1377 - Os Cavaleiros da Costa

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2 de mirtul de 1377 - Os Cavaleiros da Costa
2 DE MIRTUL DE 1377
Volto a escrever sobre mim e meus companheiros, depois de um longo tempo. Na
realidade, para seres élficos como eu, dois anos é um período de tempo relativamente
curto. É como o passar de uma estação para os humanos, ou como o passar de uma era
para o mar. Ainda assim, muita coisa mudou nesses pouco mais de dois anos.
Após nossa vitoriosa batalha contra o dragão vermelho, dirigimo-nos para a
capital de Cormyr, onde Vangerdahast, o sábio mago e regente interino do reino, nos
concedeu o célebre título de Os Quatro Barões das Terras Rubras, como passamos a
denominar a nós e às antigas Terras Rochosas. Foram dois anos de trabalho árduo:
descobrimos uma região relativamente segura e estratégica no ermo pedregoso e
escarlate, situada entre montanhas, e lá fundamos, juntamente com os
aproximadamente cinqüenta homens que haviam recém chegado de Beregost e seus
arredores, além de homens fiéis a Indrid Cold, o pequeno vilarejo o qual demos o nome
de Cidadela Escarlate. Com muito esforço, pudemos estabelecer moradias e sustentar os
homens, através do trabalho de mineração que incentivamos. Sim, é a mina que abrimos
no seio das montanhas e os minerais dela extraídos que mantém a pequena cidade em
crescimento. Em si, a cidade representa a rudeza constitutiva da região: uma alta
muralha em semicírculo protege a parte exposta da cidade, enquanto que os flacos
ficam protegidos por altas montanhas. Casas rústicas de pedra se distribuem no interior
da muralha, juntamente com a única taverna do local. Ao fundo, uma grande
construção foi erguida em forma de forte. Trata-se de nossa morada. Abaixo dela, um
portal leva às entranhas da montanha, nossa mina.
Mourgram ficou responsável pelo treinamento dos homens para futuros e
iminentes combates pela defesa da cidadela, juntamente com Maximilian, este
designado por nós como comandante da milícia que se criava. Quanto a mim, confesso
que não fiquei durante todo este tempo junto de meus companheiros, e sim que dividi
meu tempo entre estadias na cidadela e na solidão de minha torre arcana de Iriaebor,
onde podia aprimorar meus conhecimentos arcanos. Porém, nunca cheguei a ficar mais
de um mês longe de meus amigos.
Dentre todos os problemas de nosso estabelecimento no local, o mais grave é
com certeza a grande escassez de água da região. Um único poço, de cujo leito brota
uma água barrenta e de cheiro nada agradável, fornece a água necessária para a
sobrevivência de todos. Apesar de o céu estar quase sempre coberto por nuvens espessas,
o fenômeno da chuva é uma raridade nas Terras Rubras.
Tendo em mente esse grave problema, meus companheiros e eu nos reunimos e,
depois de muito deliberar, chegamos à conclusão de que não chegaríamos a ponto algum
sem ajuda. Assim, decidimos partir ainda no mesmo dia para Suzail, a capital de
Cormyr, onde esperávamos que Vangerdahast, o regente do reino, pudesse nos dar um
de seus sábios conselhos. A viagem, que normalmente levaria dias sobre lombo de
cavalo e sob sol e chuva, levou apenas o breve instante de um gesto e de algumas
poucas palavras. Minha magia de teletransporte é esplêndida!
Vangerdahast, amuado e carrancudo como sempre, envolto por um manto grosso
e um cachecol felpudo, falou, em linhas gerais, que, embora a água seja um dos grandes
problemas da região e difícil de ser obtida por meios naturais, ela poderia ser trazida às
terras desoladas de nosso território através de magia. Falou então da existência de
antigos artefatos mágicos, criados pelos grandes e poderosos magos Netheril e que,
embora sejam raros e de paradeiro desconhecido, podem realizar ligações entre o plano
material no qual vivemos e outros planos de existência, como os planos elementais.
Uma ponte entre nossa terra e o Plano Elemental da Água poderia suprir com êxito
nossas necessidades. Porém, como se sabe, o reino de Netheril não existe há muitas eras
por conta de um terrível desastre arcano, e, assim, artefatos como os elementais se
perderam no esquecimento.
Ao perceber nossos olhares desapontados, Vangerdahast voltou a falar,
contando que, embora os itens mágicos estejam desaparecidos, ele conhecia alguns
lugares onde haveria a possibilidade de encontrarmos informações sobre sua
localização. O primeiro dos lugares, segundo o velho mago, era Hlaugadath, uma
antiga cidade em ruínas, abandonada em meio às areias ardentes do grande deserto de
Anauroch. O segundo lugar era o Forte da vela, já conhecido por mim, onde realizei
inúmeras pesquisas e considero a maior biblioteca que já vi. A terceira localidade era
Halruaa, um reino muito ao sul, onde vivem os descendentes da antiga linhagem
Netheril. Por fim, a quarta opção seria a biblioteca de Myth Drannor, a antiga e
abandonada cidade dos elfos de Cormanthor.
Depois de algum tempo debatendo e ponderando distâncias e perigos
envolvidos, decidimos que iniciaríamos nossa busca na Terra dos Vales, onde jazia,
entre as árvores ancestrais da floresta de Cormanthor, a antiga cidade élfica de Myth
Drannor. Assim, após mais alguns instantes de aconselhamentos e despedidas,
deixamos Vangerdahast e nos hospedamos em uma estalagem de Suzail, onde
passaríamos a noite para, no dia seguinte, voltarmos à Cidadela Escarlate. Aqui tenho
estado desde então, sentado em minha cama, bebericando meu magnífico hidromel e
escrevendo este relato. A lua já não mais brilha sobre a janela de nosso quarto, o que
indica que está tarde, e que devo descansar para o árduo dia de amanhã.
Elorfan Val’Síriar

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