Baixar - SBCP-SC

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Baixar - SBCP-SC
Arquivos Catarinenses
de Medicina
ISSN (impresso) 0004- 2773
ISSN (online) 1806-4280
Volume 44 - Suplemento 1 - 2015
XXXI JORNADA SULBRASILEIRA
DE CIRURGIA PLÁSTICA
FLORIANÓPOLIS - SC
Sumário
ISSN (impresso) 0004- 2773
ISSN (online) 1806-4280
Editorial
1) VIVA VIDA - VIDA VIVA......................................................................................................................................................................................................................5
Live Life - Life Live
Jorge Bins Ely
Resumo Expandido/Expanded Summary
2) Coxoplastia Vertical em ex-obesos mórbidos...................................................................................................................................................................10
Thighplasty in former morbidly obese
Fernando Sanfelice André, Bruna Jacobowski, Raphael S S André, Fernando S S Andre
3) Dissecção anatômica da artéria interóssea posterior e sua relevância no aprendizado e no planejamento das cirurgias
reparadoras do membro superior...........................................................................................................................................................................................16
Study and anatomic dissection of posterior interosseous artery and its relevance in learnig and planning of the repairs surgerys in distal arms.
Ana Cristina Beitia Kraemer Moraes, Imma Hassan, Matheus Vargas, Amanda Pereira, João Eduardo Batisnello
4) Miotomia fechada glabelar.........................................................................................................................................................................................................18
Closed glabelar myotomy
Rogerio Schutzler Gomes, Jorge Bins Ely
5) Relato do primeiro ano de experiência do banco de pele do Hospital Universitário Evangélico de Curitiba................................22
Report of the first year of experience of the tissue bank in Hospital Evangélico de Curitiba
Luiz Henrique Calomeno, Marcelus Vinicius de Araújo Nigro, Alysson Matioski, Flavia Thaiana Bonato, Sara Merlin Maschieto
6) Há necessidade de drenagem após utilização de pontos de adesão na área doadora do retalho do músculo latíssimo do
dorso?....................................................................................................................................................................................................................................................28
Is Suction Drainage useless when associated to quilting suture at donor site area of latissimus dorsi myocutaneous flap?
Francisco José Fontenele Bezerra, Rosely Moraes Gonçalves de Moura
7) Paralisia facial idiopátia pós operatória imediata de ritidoplastia: descrição de caso, diagnóstico e tratamento.......................32
Facial rhytidectomy with immediate postoperative idiopathic paralysis: case description, diagnosis and treatment.
Léo Doncatto, Magda Furlanetto, Diogo Benini
8) Estudo clínico preliminar da utilização do conceito dos Propeller flaps em cirurgia reparadora complexa...................................35
Preliminary clinical study about Propeller flaps concept application in complex reconstructive surgery
Paulo Eduardo Krauterbluth Solano Junior, Daniel Pinheiro Machado da Silveira, Barbara d’Avila Goldoni, Pedro Bins Ely, Ronaldo Scholze Webster
9) Tratamento de queloides em região auricular com ressecção, corticoteria e betaterapia: série de casos.......................................39
Auricular region keloid treatment with resection, corticoteria and betatherapy: a case series
Paulo Eduardo Krauterbluth Solano Junior, Mariana Zancanaro, Geraldo Cesar Castro Althoff, Michel Pavelecini, Pedro Bins Ely
10)Retalho bilobado musculocutâneo nasal para reparo de defeito na ponta do nariz: resultados estéticos e satisfação dos
pacientes..............................................................................................................................................................................................................................................42
Nasal myocutaneos bilobate flap for the repair of nasal tip defects: aesthetics results and patients satisfation
Geraldo Cesar Castro Althoff, Angelo Syrillo Pretto Neto, Barbara d’Avila Goldoni, Daniel Pinheiro Machado da Silveira, Pedro Bins Ely
11)Blefaroplastia inferior com reposicionamento de bolsas gordurosas com fixação periostal: série de casos.................................45
Lower blepharoplasty with repositioning bags greasy with periosteal fixation: case series
Geraldo Cesar Castro Althoff, Angelo Syrillo Pretto Neto, Paulo Eduardo Krauterbluth Solano Junior, Mariana Zancanaro, Pedro Bins Ely
12)Colapso valvular nasal..................................................................................................................................................................................................................48
Nasal valve collapse
Lucía Barbieri, Virginia Giachero, Héctor Juri
13)Sir Harold Gillies: uma vida extraordinária.........................................................................................................................................................................52
Sir Harold Gillies: an extraordinary life
Milton Paulo de Oliveira, Pedro Salomão Piccinini, Gibran Busatto Chedid, Renato Franz Matta, Carlos Oscar Uebel
14)Abdominoplastia multifuncional: diminuição do tempo cirúrgico com trabalho em equipe..................................................................56
Multifuncional abdominoplasty: less surgical time with teamwork
Gibran Busatto Chedid, Renato Franz Matta, Pedro Salomão Piccinini, Marcelo Recondo Cheffe, Carlos Oscar Uebel,
15)Sindactilia – revisão de literatura e relato de caso de sindactilia simples completa...................................................................................59
Syndactyly - review of literature and case report of simple complete syndactyly
Barbara d’Avila Goldoni, Daniel Pinheiro Machado da Silveira, Geraldo Cesar Castro Althoff, Pablo Pase, Pedro Bins Ely
16)Reconstrução de mama utilizando retalhos perfurantes baseados no músculo reto do abdome - escala de preservação
muscular...............................................................................................................................................................................................................................................62
Breast reconstruction using perforator flaps based in the rectus abdominis muscle – muscle sparing classification system
Barbara d’Avila Goldoni, Daniel Pinheiro Machado da Silveira, Geraldo Cesar Castro Althoff, Ronaldo Scholze Webster, Pedro Bins Ely
17)Reconstrução tardia de mama: benefícios da lipoenxertia no preparo da zona de mastectomia.........................................................66
Delayed breast reconstruction: the benefits of fat graft to prepair the mastectomy zone
Mariana Zancanaro, Geraldo Cesar Castro Althoff, Paulo Eduardo Krauterbluth Solano Junior, Rafael Netto, Pedro Bins Ely
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XXXI Jornada Sulbrasileira de Cirurgia Plástica - Florianópolis - SC
18)Algoritmo de tratamento da paralisia facial do adulto.................................................................................................................................................69
Adult facial paralysis: algorithm for treatment
Mariana Zancanaro, Daniel Pinheiro Machado da Silveira, Lydia Masako Ferreira, Marcos Ricardo Oliveira Jaeger, Pedro Bins Ely
19)Queloide em membro inferior associado a calcinose cutis – relato de caso...................................................................................................71
Keloid in the lower limb associated with calcinosis cutis - literature review .
Geraldo Cesar Castro Althoff, Paulo Eduardo Krauterbluth Solano Junior, Mariana Zancanaro, Elisete Pereira de Souza, Pedro Bins Ely
20)Complicação incomum após abdominoplastia em paciente pós-obeso............................................................................................................74
An unusual complication of abdominoplasty in a post bariatric patient
Thayse Antoniolli Crestani, Daniele Walter Duarte, Carolina Trombini, Sara Vanazzi, Michelle Brys Odrisolla
21)Dimensões palpebrais antes e após blefaroplastia: efeito sobre as amplitude da região orbitopalpebral.....................................78
Eyelid dimensions before and after blepharoplasty: effect on the amplitude of orbitopalpebral region
Léo Doncatto, Magda Furlanetto
22)Diagnóstico e tratamento da síndrome de incompatibilidade ao silicone: relato de caso.......................................................................82
Silicone implant incompatibility syndrome (Siis) Diagnosis And Management: A Case Report
Guilherme Barreiro, João Maximiliano Pedron Martins, Mirian Pedron
23)Comparação entre gêneros das medidas palpebrais antes e após blefaroplastia........................................................................................85
Comparison between genders lid measurements before and after blepharoplasty
Leo Doncatto, Magda Furlanetto
24)Técnica de otoplastia no Hospital de Clinicas de Porto Alegre: revisao de casos..........................................................................................91
Otoplasty Technique in Hospital de Clinicas de Porto Alegre: a review of cases
Jorge Luis Hoyos Ramirez, Marcus Vinicius Martins Collares, Antônio Carlos Pinto Oliveira, Arthur Helson Russowsky Herter, Daniel Gustavo Deggerone
25)Reconstrução de asa nasal com retalho nasogeniano interpolado de pedículo subcutâneo – relato de caso..............................94
Nasal ala reconstruction with interpolated subcutaneous tissue pedicle melolabial flap - case report
Paulo Eduardo Krauterbluth Solano Junior, Barbara d’Avila Goldoni, Geraldo Cesar Castro Althoff, Mariana Zancanaro, Pedro Bins Ely
26)Ninfoplastia: plástica dos pequenos lábios com ancoramento cutâneo na coxa...........................................................................................97
Labiaplasty: anchoring the labia minor at the inner thigh
Osvaldo Pereira, Kuang Hee Lee, Jorge Bins Ely
27)Enxerto de gordura autologo associado ao lifting cervicofacial para tratamento de pacientes muito magras...........................100
The use of micro fat graft in the face and neck lift in very thin patients
Maria Roberta Cardoso Martins, Luiz José Muaccad Gama, Marcelo Rodrigues da Cunha Araujo
28)Modelos de impresión 3D en el planeamiento preoperatorio de fracturas de mandíbula y en la enseñanza académica... 103
Three-dimensional printing models in the preoperative planning of jaw fractures and academic education
Gustavo Mantrana, Oscar Jacobo, Denisse Hartwig, Virginia Giachero, Hector Juri
29)Reimplante digital baseado apenas na artéria colateral..........................................................................................................................................107
Is it possible to perform a digital replantation without venous anastomoses?
Marcos Jaeger, Victor Vieira Orsi, Pedro Bins Ely, Lydia Masako Ferreira
30)Tratamento da lesão do nervo fibular: 10 anos de prática......................................................................................................................................113
Treatment of fibular nerve injury: 10 years of practice
Christina Gerber Suksteris, Luiz Fernando Franciosi, Luciene Amaral de Oliveira
31)Tratamento cirúrgico da microstomia com técnica de Converse.........................................................................................................................116
Surgical treatment of microstomia with converse technique
José Luiz Takaki, Marcelus Vinicius de Araujo Nigro, Flavia Thaiana Bonato, Alysson Matioski
32)Transtorno dismórfico corporal e rinoplastia.................................................................................................................................................................121
Body dysmorphic disorder and rhinoplasty
Felipe de David, José Augusto Calil, Alfredo Gragnani Filho
33)Experiência do Serviço de Cirurgia Plástica do Hospital Universitário Cajuru em reconstrução de membro inferior com
retalho solear nos últimos 8 anos........................................................................................................................................................................................126
Experience of the Departament of Plastic Surgery of Cajuru Hospital in lower limb for reconstruction with soleus flap In the last 8 years .
Rogerio Bittencourt, Guilherme H. G. Moreira, Guilherme A. Bachtold, Alexandre T. Zarpellon, Ivana de Oliveira Gus
34)Algoritmo no tratamento do nevus congênito gigante do dorso com risco de malignização...............................................................131
Algorithm for the giant congenital melanocitic nevi of the back with Malignation Risk
Nilo Amaral Neto, Ronald Melvin Zuker, Lydia Masako Ferreira, Pedro Bins Ely, Marcos Ricardo de Oliveira Jaeger
35)Blefaroplastia inferior com retalho do orbicular..........................................................................................................................................................135
Blepharoplasty bottom with retail orbicularis
Paulo Roberto da Silva Mendes, Marcelo Evandro dos Santos
36)Reconstrução perineal pós grangrena de Fournier: relato de dois casos e revisão da literatura.......................................................139
Perineal reconstruction post Fournier’s gangrene: report of two cases and literature review
Felipe Santos Xavier, Renato da Silva Freitas, José Paulo Tapié, Gilvani Azor de Oliveira e Cruz, Ana Carolina Damm dos Santos Gomes de Farias
37)Dermolipectomia abdominal em abdome com cicatriz transversa supraumbilical pré-existente – série de casos e revisão
da literatura.....................................................................................................................................................................................................................................144
Abdominal Dermolipectomy in Abdomen with a preexisting supraumbilical transverse scar - case series and review of the literature
Daniel Pinheiro Machado da Silveira, Barbara d’Avila Goldoni, André Alves Valiati, Michel Pavelecini, Pedro Bins Ely
38)Reconstrução de pálpebra superior com retalho de pálpebra inferior............................................................................................................148
Upper eyelid reconstruction with lower eyelid flap
Thiago Alessandro Ferri, Gustavo Walter Palmeiro, Eduarda Lencina Mattos, Gherusa Helena Milbratz, Jorge Bins Ely
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38)Mastopexia com uso de implantes nas grandes perdas ponderais....................................................................................................................152
Breast augmentation and mastopexy after massive weight loss patients
Willian Vargas da Cruz, Paulo Roberto da Silva Mendes, William Seidel, Alexandra Sofia Queiroz e Nacimento, Jorge Bins Ely
39)Tratamento da antélice retificada com técnica de escoriação utilizando lâmina de Beaver.................................................................156
Plain antelix treated with escoriation technique: alternative approach
Mariana Zancanaro, Barbara d’Avila Goldoni, Paulo Eduardo Krauterbluth Solano Junior, Marcos Ricardo Oliveira Jaeger, Pedro Bins Ely
40)Retalho em ombreira bilateral pré-expandido em paciente com retração cervical pós-queimadura – relato de caso..........159
Bilateral pre-expanded shoulder flap in patient with postburn scar contracture of the neck – case report
Daniel Pinheiro Machado da Silveira, Barbara d’Avila Goldoni, Mariana Zancanaro, Pablo Fagundes Pase, Pedro Bins Ely
41)Cicatrização: aplicação de células-tronco adiposo-derivadas..............................................................................................................................163
Healing: application of adipose- derived stem cell
João Maximiliano Pedron Martins, Guilherme Barreiro, Jorge Ramirez, Daniel Deggerone, Marcus Vinicius Martins Collares
42)Enxertos de cartilagem em rinoplastia: técnica de enxerto em forma de gravetos (stick graft)..........................................................166
Graft cartilage in rhinoplasty: graft technique in the form of sticks (graft stick)
Gustavo Moreira Costa de Souza, Sergio Moreira da Costa, Rodolfo Guedes Afiune, Klaus Rodrigues de Oliveira, Tiago Luiz Miolo
43)Cervicoplastia anterior direta: indicações e resultados em homens.................................................................................................................172
Direct Cervicoplasty: indications and results in male patients
William Massami Itikawa, Renato da Silva Freitas, Ruth Maria Graf, Ovidio Ferreira Lacerda, José Antônio Faeda Filho
44)Reconstrução de mama com uso de dispositivo de expansão externa............................................................................................................177
Breast reconstruction whith external expansion device
Patricia Regina Bigolin, Maria Cecília Clos Ono, Ruth Maria Graf, Priscilla Balbinot, Alfredo Benjamim Duarte da Silva
45)Rinofima: aspectos importantes da patologia e tratamento cirúrgico com eletrocautério....................................................................180
Rhinophyma: important aspects of the disease and its surgical treatment with the electrical scalpel.
Bruno Cosme Caiado, Brasil Ramos Caiado Neto, Larissa Cosme Caiado, Farid Hakme
46)Reconstrução tridimensional de crânio com tela metálica convencional associada a tela de polipropileno (Márlex)...........183
Three-dimensional reconstruction of skull vault with titanium mesh associated with polypropylene mesh ( Marlex )
Gustavo Moreira Costa de Souza, Klaus Rodrigues de Oliveira, Rodolfo Guedes Afiune, Tiago Luiz Miolo, Miguel Lopez
47)Tratamento de queimaduras elétricas...............................................................................................................................................................................186
Treatment of electrical burns
Diego Machado Silvano, Daniel Ongaratto Barazzetti, Alexandra Sofia Cruz Queirós e Nascimento, Miguel Angel Rodríguez Silva, Jorge Bins Ely
48)Rol del colgajo toracodorsal lateral em la reconstruccion mamaria. nuestra experiencia em Uruguay..........................................190
Role of lateral thoracodorsal flap in breast reconstruction. our experience in Uruguay
Paola Corsino, Natalia Cortabarría, Hector Juri
49)Qualidade de vida e câncer de pele não-melanoma.................................................................................................................................................194
Quality of life and non-melanoma skin cancer
Thiago Alessandro Ferri, Kuang Hee Lee, Daniel Ongaratto Barazzetti, Rosemeri Maurici, Jorge Bins Ely
50)Avaliação pré-operatória com angiotomografia da integridade dos vasos toracodorsais para reconstrução de mama com
músculo grande dorsal em pacientes com esvaziamento axilar prévio...........................................................................................................197
Preoperative evaluation with tomographic angiography of thoracodorsal vessels for breast reconstruction with latissimus dorsi in patients with
previous axillary lymph node dissection
Daniel Pinheiro Machado da Silveira, Geraldo Cesar Castro Althoff, Paulo Eduardo Krauterbluth Solano Junior, Rafael Netto, Pedro Bins Ely
51)Heridas maxilofaciales por armas de fuego civiles: Presentación de 2 casos clínicos............................................................................201
Maxillofacial civilian gunshot wounds: presentation of 2 clinical cases
Nicolás Urroz, Gabriel Otormin, Hector Juri
52)Análise de 12 casos operados com o retalho médio frontal no Hospital de Câncer de Barretos – Unidade de Porto Velho...........206
Analysis of 12 cases operated with the average forehead flap in Barretos Cancer Hospital - Porto Velho Unit
Rodolfo Luis Korte, Laryssa Fernanda Feitosa, Ana Elisa Kadri Castilho, Marcos Ednelson Garcia Bello, Chrystiano de Campos Ferreira
53)Experiência de hospital especializado no tratamento precoce do fissurado através da modelagem nasoalveolar.................211
Hospital experience specialized in early treatment through modeling cracked nasoalveolar
Marcos Ricardo de Oliveira Jaeger, Mario Morganti, Edela Puricceli, Pedro Bins Ely
54)Subcisão percutânea tracionada com fios.......................................................................................................................................................................215
Combinad subcision using upward stitch traction
Osvaldo João Pereira Filho, Kuang Hee Lee, Jorge Bins Ely
55)Reconstrução auricular subtotal com cartilagem recuperada pós amputação traumática....................................................................219
Auricular reconstruction using the same post traumatic cartilage
Osvaldo João Pereira Filho, Kuang Hee Lee, Jorge Bins Ely
56)Lift Facial e procedimentos associados.............................................................................................................................................................................222
Facial lift and ancillary procedures
Osvaldo João Pereira Filho, Kuang Hee Lee, Jorge Bins Ely
57)Colgajo de músculos temporal em reconstrucción orbitária postexenteracion .........................................................................................226
Orbital reconstruction after exentaration with temporal muscle flap
Álvaro Martín Fernández Galup, Virginia Giachero, Denisse Hartwig, Hector Juri
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SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA PLÁSTICA
DIRETORIA NACIONAL
ACM - Gestão 2014/2017
Presidente
Rafael Klee de Vasconcellos
Presidente: João de Moraes Prado Neto - SP
1º Vice-Presidente: Níveo Steffen - RS
2º Vice-Presidente: Denis Calazans Loma - SP
Secretário Geral: Luciano Ornelas Chaves - DF
Secretário Adjunto: Henrique Nascimento Radwanski - RJ
Tesoureiro Geral: Luís Henrique Ishida - SP
Tesoureiro Adjunto: Arnaldo Lobo Miró - PR
Vice-presidente
Eduardo Nobuyuki Usuy Jr
Secretário Geral
Roger Pirath Rodrigues
Diretor Administrativo/ Financeiro
Sergio Marcos Meira
Diretora Científica
Concetta Esposito
DEPARTAMENTO DE EVENTOS CIENTÍFICOS - DEC
Diretor Geral: Humberto Campos - BA
Secretário: Claudio Cardoso de Castro - RJ
Assessores Regionais:
Claudia Nunes Machado - SP
Fernando Serra - RJ
Eduardo Luiz Nigri dos Santos - MG
Francisco de A. M. Carvalho - Norte-Nordeste
Mauro Deós - Sul
Nelson Fernandes de Moraes - Centro-Oeste
Diretor de Comunicação
Ronaldo Della Giustina
Diretor de Defesa Profissional
Andre Mendes Arent
Diretor de Esportes
Antonio Dimas Neve Jacobowski
Diretor de Publicações Científicas
Ademar José de Oliveira Paes Jr
Diretor de Regionais
Jonas Krischke Sebastiany
CHANCELARIA
Osvaldo Saldanha - SP
Diretora Sócio-Cultural
Luciana Paladini
DIRETORIA REGIONAL - SC
Presidente: Paulo Roberto da Silva Mendes - SC
Secretário: Fernando Sanfelice André - SC
Secretário Adjunto: Luiz Fernando Delpizzo Miranda - SC
Tesoureiro: João Justino Accioli de Vasconcellos - SC
Tesoureiro Adjunto: Eduardo Arnault dos Santos Lima - SC
Comissão Científica Local: Jorge Bins Ely - SC
CONVIDADOS ESTRANGEIROS
Malcolm Paul - Califórnia - USA
Héctor Juri - Montevideo - Uruguay
CORPO EDITORIAL ESPECÍFICO DESTE
SUPLEMENTO 1 - VOLUME 44 – 2015
PRESIDENTE DE HONRA
Claudio Cardoso de Castro - SP
EDITOR: Prof Titular Jorge Bins Ely – M.D. – M.Sc. – Ph.D.
CO-EDITORES:
Prof Armando José d’Acampora - M.D. – Ph.D.
Prof Pedro Bins Ely – M.D. – M.Sc. – Ph.D.
Osvaldo João Pereira Filho - M.D.
HOMENAGEADO REGIONAL
Iberê Pires Condeixa - SC
HOMENAGEADO NACIONAL
Secretaria da SBCP - SC: Susana Luciano de Oliveira
Alexis Lemos Pacheco - RS
Os editores não se responsabilizam pelo conteúdo dos trabalhos.
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EDITORIAL
Viva vida - vida viva
Live life - life live
Jorge Bins Ely
da Costa Estima é
falar de alegria, é
falar do Rio Grande
do Sul, pioneiro que
foi, juntamente com
Dr. Miguel Angelo
de Mello Lartigau
[falecido em 1965] e
o Prof. Jorge Fonseca
Ely, meu querido pai.
Nossa homenagem
póstuma ao saudoso
Dr. Antonio da Costa
Estima é profunda,
sincera, depositada
na Vera sua esposa,
presente aqui em
Jurerê Internacional.
Vera
foi
nossa
homenageada como representante das mulheres de cirurgiões
plásticos na X. JORNADA SULBRASILEIRA DE CIRURGIA PLÁSTICA,
da qual tive a honra de presidi-la em 1994. O destaque científico
desta Jornada fica por conta do Prof. Malcolm D. Paul dos Estados
Unidos da University of California e Best Doctors in America,
Orange County Top Doctors. Mais um destaque desta Jornada
será a presença do professor Héctor Juri - Cátedra de Cirugia
Plastica y Centro Nacional de Quemados. Hospital de Clinicas,
Montevideo - Uruguay
VIDA é tudo. Enquanto houver VIDA haverá esperança!
Na estrada da vida, mais vale uma auto-pista curta do que
uma ruela longa! O ideal seria uma auto-pista longa, nunca uma
ruela curta. Na verdade o que devemos mesmo é celebrar a
VIDA, comemorar estarmos VIVOS, brindar: VIVA VIDA! Em muito
mudou o balizamento do início e do fim do que chamamos
VIDA. Do nascimento à morte. O nascimento - há poucos
séculos - era o momento do primeiro berro do recém-nascido,
quando não era afogado por algum defeito grave, tipo lábio
leporino, um “Darwinismo” ao extremo. Com o estetoscópio, a
VIDA passou a iniciar quando dos batimentos cardíacos fetais;
posteriormente feto com 3 meses, e, mais recentemente a
mórula, e, atualmente na própria fecundação, quando óvulos
fecundados podem ser congelados. Já a morte, aparentemente
mais fácil, torna-se cada vez mais difícil de determiná-la. Desde
a parada respiratória, depois a cardíaca, passando pela morte
cerebral até à criomedicina, quando pessoas são congeladas
“aguardando a eternidade”, com futuras curas de patologias.
Ficção científica? Quem sabe! Pessoalmente acreditamos na
eternidade pelo ácido desoxirribonucleico - DNA. A expectativa
de vida, dos agora nascidos na América do Norte, chega a 120
anos. Calcula-se que a única cirurgia que existirá dentro de 50
anos seja de trauma. Impactante.
A XXXI JORNADA SULBRASILEIRA DE CIRURGIA PLÁSTICA foi
capitaneada pelo Dr. João de Moraes Prado Neto nacionalmente
e, em Santa Catarina, pelo Dr. Paulo Roberto da Silva Mendes.
Evidentemente auxiliados pelos seus secretários, tesoureiros e
Departamento de Eventos Científicos DEC: Humberto Campos - BA;
Secretário: Claudio Cardoso de Castro - RJ e Mauro Deós - RS - Sul.
SANTA CATARINA: Presidente: Paulo Roberto da Silva Mendes - SC;
Secretário: Fernando Sanfelice André - SC; Secretário Adjunto Luiz
Fernando Delpizzo Miranda - SC; Tesoureiro: João Justino Accioli de
Vasconcellos - SC; Tesoureiro Adjunto: Eduardo Arnault dos Santos
Lima - SC e Comissão Científica Local: Jorge Bins Ely - SC.
É uma satisfação enorme que entregarmos este suplemento
da revista ARQUIVOS CATARINENSES DE MEDICINA volume 44 e
integrar a região sul de forma democrática e científica com estes
57 resumos expandidos indexados. Oriundos 5 do Uruguay, 1 Rio
de Janeiro, 3 São Paulo, 1 Rondonia, 1 Ceará, 2 Minas Gerais, 28
Rio Grande do Sul, 11 Santa Catarina e 5 do Paraná. Registramos
a competente atuação dos colegas Rogério Bitencourt PR, Luiz
Fernando Franciosi RS e Rodrigo d’Eça Neves SC na organização do
Encontro de Residendes. Gostaríamos de dividir os méritos deste
suplemento com com os Professores Armando José d’Acampora
e Pedro Bins Ely, sem esquecer Dr. Osvaldo João Pereira Filho,
co-editores. Queremos agradecer à Professora Titular da Cirurgia
Plástica da UNIFESP-EPM Dra. Lydia Masako Ferreira pelo estímulo
à criação do Mestrado Profissionalizante em Cirurgia Plástica aqui
na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), por ocasião da
banca para Professor Titular, da qual tivemos a honra de galgar.
Nosso Presidente de Honra Dr. Claudio Cardoso de Castro, além
de ser secretário do Departamento de Eventos Científicos DEC, é
nosso amigo e irmão faz décadas, homenagem justa e perfeita. Dr.
IberePiresCondeixa,alémdecirurgiãoplástico,políticocompetente,
nosso homenageado regional, presidirá - regionalmente - o
Congresso Brasileiro de 2017. Meu contemporâneo Dr. Alexis
Lemos Pacheco, amigos desde os tempos da PUCRS, é o nosso
Homenageado Nacional carimbando o passaporte da grandeza
e pujança da cirurgia plástica SULBRASILEIRA. Falar do Dr. Antonio
www.jorgebinsely.com
BONS VENTOS - TUDO BINS
[email protected]
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JORNADAS SULBRASILEIRAS REALIZADAS
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MENSAGENS
na Revista Arquivos Catarinenses de Medicina, tradição
dos colegas catarinenses, fruto de invejável disciplina e
competência do amigo Jorge Bins Ely.
Amigos ,
Uma vez mais a sedutora cidade de Florianópolis
será palco da (31ª) Jornada SulBrasileira de Cirurgia
Plástica, sob os auspícios da Reg- SC, muito bem
capitaneada pelo amigo e presidente Paulo Roberto da
Silva Mendes; desta feita o tema principal será “FACE”
e seus desdobramentos que envolvem não somente os
avanços cirúrgicos “state of the art”, como também os
procedimentos não invasivos que tanto tem aumentado
na nossa lida diária .
O ambiente paradisíaco aliado a qualidade científica,
tudo somado a confraternização com os colegas fazem
com que a 31ª Jornada SulBrasileira seja imperdível!
Forte abraço do amigo
Para abrilhantar o evento, vocês estarão diante
das grandes sumidades brasileiras no assunto, como
também poderão desfrutar dos conhecimentos do
nosso convidado estrangeiro, Dr. Malcolm Paul, ícone
dessa área de atuação nos EUA.
Tudo isso em ambiente, intimista e informal,
que como sabemos, oferece maior oportunidade de
aprendizado aos colegas .
Não bastasse, ainda teremos a apresentação dos 58
trabalhos , cujos resumos expandidos serão publicados
Joao de Moraes Prado Neto - SP
Presidente Nacional da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica
Caros Colegas,
todos os trabalhos científicos na revista Arquivos Catarinenses
de Medicina que é indexada.
Aguardo vocês na Ilha da Magia.
É com grande alegria que esperamos receber todos vocês
nesta 31ª Jornada SulBrasileira de Cirurgia Plástica.
Os responsáveis pela organização do evento trabalharam
muito para proporcionar a todos enriquecimento científico
e uma experiência agradável de convívio, digno de grandes
eventos.
Desnecessário dizer que a nossa querida Floripa atrai
visitantes de todo o mundo graças as belezas naturais e a
simpatia do seu povo.
O hotel Jurerê Beach Village, escolhido como sede, na
praia de Jurerê Internacional, permite que todos possam
trazer suas famílias para desfrutar esta que ê considerada a
praia mais badalada da ilha.
Paulo Roberto da Silva Mendes - SC
Presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica - Regional Santa Catarina
Como já é tradicional em nossos eventos, publicaremos
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MENSAGENS
Caros colegas,
empenhado em formatar o Congresso Brasileiro em
Belo Horizonte e todas as jornadas regionais funcionam
como terreno fértil de novos talentos para renovação,
participe e mostre seu trabalho. O nosso presidente
Prado Neto assim como nós queremos fazer do último
evento da nossa gestão o melhor de todos os tempos.
Florianópolis com sua exuberante beleza natural e
com o seu povo encantador nos aguarda em abril para
mais uma Jornada SulBrasileira de Cirurgia Plástica.
Estamos trabalhando de forma continuada há alguns
meses para aliarmos aos encantos da cidade uma grade
científica repleta de novidades onde será estimulado
a todo o momento a discussão e troca de ideias.
Portanto, arrumem as malas e venham aprofundar os
conhecimentos da cirurgia do Segmento Cefálico.
Abraços calorosos.
A Jornada SulBrasileira tem tradição de qualidade
científica e debates calorosos. Para tanto, formatamos
uma grade com nomes de peso da região e de outras
partes do país procurando dispensar um tempo
importante para os debates, momento em que o
conhecimento se aflora e o ensino sai da mesa principal
e se incendeia com a participação da platéia. Para isso
acontecer só dependemos agora da sua presença e
participação ativa. Faça isso por nós.
Humberto Campos - BA
Diretor do Departamento de Eventos Científicos (DEC)
O Departamento de Eventos Científicos já está
O Departamento de Eventos Científicos da SBCP planejou
esta 31ª Jornada SulBrasileira tendo como temas centrais
a face e nariz, temas esses sempre de grande interesse para
nós cirurgiões plásticos. Além das treze mesas redondas, seis
conferências com palestrantes do Brasil e do exterior, Programa
de Educação Continuada e o Núcleo de Produção Científica, é
tradição criar espaço para apresentação dos trabalhos científico.
De maneira original, esses trabalhos são editados com esmero
e competência pelo Prof. Jorge Bins Ely e publicados em um
suplemento da Revista: Arquivos Catarinenses de Medicina.
Cabe salientar que, pioneiramente, há quase 15 anos, as
Jornadas SulBrasileiras promovem o Encontro dos Residentes
do Cone Sul, permitindo que os trabalhos sejam apresentados
em mesas compostas exclusivamente por residentes, além
de integrar nossos residentes com os do Uruguay. Felizmente
a Jornada SulBrasileira vem crescendo em número de
participantes e interesse e, nesse ano, já são 200 colegas
que fazem parte deste programa Científico. Desta forma, com
o maior número possível de participações e estimulando à
produção científica, entendemos que o espírito das Jornadas
Regionais é mantido e estimulado.
Mauro Deós - RS
Assessor da Região Sul do Departamento de Eventos Científicos da SBCP.
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HOMENAGEADOS
Presidente de Honra
Homenageado Nacional
Claudio Cardoso de Castro - RJ
Alexis Lemos Pacheco - RS
Homenageado Regional
Homenagem Póstuma
Iberê Pires Condeixa - SC
Antonio Costa Estima - RS
CONVIDADOS ESTRANGEIROS
Cátedra de Cirugia Plastica y Centro
Nacional de Quemados
Hospital de Clinicas, Montevideo
MALCOLM PAUL
Califórnia - USA
Héctor Juri - Uruguay
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RESUMO EXPANDIDO
Coxoplastia Vertical em ex-obesos mórbidos
Thighplasty in former morbidly obese
Fernando Sanfelice André , Bruna Jacobowski2, Raphael S. S. André3, Fernando S S Andre4
1
RESUMO
ABSTRACT
Introdução: Com o aumento da realização de cirurgias
bariátricas, cresce também o número de pacientes para
realização de cirurgias plásticas a fim de melhorar
o contorno corporal após a perda maciça de peso A
coxoplastia é um dos procedimentos mais realizados,
devido a grande quantidade excedente de gordura e de
pele acumulados na região interna das coxas. Ojetivo:
Relatar a conduta utilizada no tratamento das coxas dos
pacientes submetido a Gastroplastia Métodos: Estudo
transversal retrospectivo de 77 pacientes participantes
do serviço de obesidade mórbida do Hospital Regional
de Joinville. A maioria dos pacientes foram mulheres
(94%) e a média de idade foi de 40,81 anos. As
cicatrizes resultantes foram: vertical na porção medial
da coxa ou associada com mínima cicatriz na linha da
virilha. Resultados: Obtivemos melhora significativa
do formato e da flacidez as coxas. O seroma foi a
intercorrência mais frequente, sendo responsável por
64 % dos casos, seguido por celulite e Linfocele com
12%. Conclusão: A escolha da técnica utilizada, pode
proporcionar correção satisfatória do formato das coxas,
de acordo com análise das fotos de pré e pós operatório
. A melhora na qualidade de vida foi subjetiva, baseada
apenas no relato dos pacientes, independente de qual
técnica/tática foi utilizada.
Background: With the increase of performing
bariatric surgery also increases the number of
patients to perform plastic surgery to improve the
body contour after massive weight loss coxoplastia
is one of the most common procedures, due to the
large amount of excess fat and skin accumulated on
the inner thighs. Objective: To report the conduct
used in the treatment of the thighs of patients
undergoing gastroplasty Methods: A retrospective
cross-sectional study of 77 patients participating
in the morbidly obese service Joinville Regional
Hospital. Most patients were female (94%) and the
average age was 40.81 years. The resulting scars
were vertical in the medial portion of the thigh or
associated with minimal scarring in line with the
groin. Results: We found a significant improvement
of format and sagging thighs. The seroma was the
most common complication, accounting for 64% of
cases, followed by cellulite and Lymphocele with
12%. Conclusion: The choice of the technique used,
can provide satisfactory correction of the thighs
format, according to analysis of the photos of before
and after surgery. The improvement in quality of
life was subjective, based solely on the reports of
patients, regardless of which technique / tactic was
used.
Descritores: coxoplastia, cirurgia plastica, plastica apos
perda ponderal
Keywords: thighplasty, plastic surgery, plastic after
massive weigth loss
1. Membro Titular SBCP, coordenador da Cirurgia Plástica do Hospital Regional
de Joinville
2. Cirugiã geral, cirurgiã geral
3. academico de medicina
4. academico de medicina
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Coxoplastia Vertical em ex-obesos mórbidos
INTRODUÇÃO
pela técnica de Fobi Capela por laparotomia, com idade
acima de 23 anos, submetidos à coxoplastia no Hospital
Regional Hans Dieter Schmidt - Joinville - SC, entre o
período de Março de 2007 a Novembro de 2014.
A obesidade é uma doença metabólica crônica, de
etiologia multifatorial que atualmente, com o aumento
da prevalência, tornou-se um problema de saúde
pública tanto nos países desenvolvidos quanto nos
países em desenvolvimento, como o Brasil.
Os 4 pacientes restantes do estudo obtiveram
grande perda ponderal após severa restrição dietética.
Os dados foram obtidos através de análise de
prontuários. As técnicas operatórias foram baseadas na
escala de Pittsburgh. Os resultados foram analisados
com comparação de fotografias de pré e pós operatório,
além das informações subjetivas do pacientes.
Devido aos diversos fatores causais para a obesidade
a abordagem terapêutica é ampla e conta com apoio
nutricional e psicológico, prática de exercícios físicos,
uso de medicamentos anti obesidade. Entretanto,
tratamentos convencionais para obesidade são ineficazes
em grande parte das vezes, o que tem aumentado em
muito a abordagem intervencionista: a cirurgia bariátrica
1
.
Rotina pré-operatória
Todos os pacientes foram submetidos a exames
laboratoriais (hemograma, glicemia, coagulograma,
proteínas totais e frações, uréia, creatinina, cálcio,
ferro sérico , ferritina e Vit B12), avaliação cardiológica
(eletrocardiograma e radiografia de tórax) e avaliação
anestesiológica.
Com o aumento da realização das cirurgias
bariátricas, cresce também o número de pacientes que
necessitam de cirurgias plásticas a fim de melhorar o
contorno corporal após a perda maciça de peso. As
principais cirurgias realizadas são: abdominoplastia,
mastoplastia, coxoplastia, braquioplastia, torsoplastia e
gluteoplastia.
Os pacientes submetidos à gastroplastia só tiveram
sua cirurgia plástica programada após comprovação de
1 ano da cirurgia anterior, peso estabilizado há 6 meses,
índice de massa corpórea (IMC) abaixo de 30 e liberação
da equipe multidisciplinar (psicólogo, nutricionista,
cirurgião bariátrico, hematologista, endocrinologista).
Excepcionalmente pacientes com IMC acima de 30, mas
com limitação funcional importante ( dificuldade de
deambulação) tiveram a sua cirurgia indicada, a fim de
proporcionar melhora na qualidade de vida e permitir o
inicio de atividades físicas.
As deformidades da coxas pós-obesidade, de acordo
com a Escala de Pittsburgh, são classificadas em 3
tipos: Tipo 1: deformidade com moderado acúmulo de
gordura; Tipo 2: pronunciado acúmulo de gordura e no
tipo 3: grandes dobras cutâneas com pouco ou nenhum
tecido gorduroso2.. Em qualquer destas circunstâncias,
o tratamento é cirúrgico e a avaliação dos resultados é
meramente subjetiva2,3,4,5,6,7,8,9,10,11,12,14
OBJETIVO
Os pacientes que apresentaram grande perda
ponderal, sem cirurgia bariátrica, puderam ser
submetidos à cirurgia sem as exigências do outro grupo
(pós-gastroplastia), exceto quanto à normalidade dos
exames pré-operatórios e à avaliação anestesiológica.
O objetivo do presente trabalho é relatar uma
análise específica dos pacientes atendidos no serviço
de obesidade do Hospital Regional Hans Dieter
Schmidt (HRHDS), Joinville- SC, que foram submetidos
a coxoplastia pela Técnica de Cram & Aly, adaptada e
modificada pelo autor sênior, e demostrar resultados de
pós operatórios. Foram incluídos no estudo pacientes
submetidos a gastroplastia redutora e pacientes
que apresentaram perda ponderal expressiva sem
cirurgia. Foram analisados fatores pré, per e pósoperatórios, com a finalidade de evitar, identificar e
tratar adequadamente intercorrências e complicações
e relatar os resultados obtidos.
Técnica operatória
Adotamos, no nosso serviço, a técnica de Cram &
Aly, modificada pelo autor sênior ( tração caudo-cranial
do retalhos). A modificação proposta pelo autor resulta
em cicatriz exclusivamente vertical ou combinada com
mínima cicatriz na linha da virilha. A marcação dos
excessos de pele seguiu uma rotina:
Estando a paciente em pé, com os joelhos fletidos
e as coxas abduzidas, a fim de destacar o tendão do
músculo adutor da coxa. Traçamos uma linha reta do
púbis até o joelho. Pelo pinçamento bigital marcamos os
excessos de pele e gordura no sentido da circunferência
interna das coxas. Unimos esses pontos, iniciando-se
MÉTODO
Realizamos um estudo transversal retrospectivo, num
total de 77 pacientes ex-obesos, de ambos os sexos,
dos quais, 73 foram submetidos a gastroplastia redutora
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Coxoplastia Vertical em ex-obesos mórbidos
na virilha, até o final do excesso de pele . Fazemos a
ressecção do retalho em bloco, a partir da extremidade
distal da marcação e suturamos progressivamente os
bordos da ferida, com tração para a porção proximal da
coxa. (FIG 1 ABCD )
dos pacientes possuíam algum tipo de co-morbidade
em tratamento, por Hipertensão Arterial ou Diabetes
Mellitus tipo 2, sendo a Hipertensão arterial a mais
prevalente (52%). Tabagismo atual ou prévio estava
presente em apenas 3 dos 77 pacientes. O tempo
médio entre a cirurgia bariátrica e a coxoplastia foi de
3,9 anos. Esse espaço de tempo foi devido à opção de
realização de outras cirurgias plásticas previamente (
Abdominoplastia e Suspensão do púbis , Mamaplastias
).
O Fechamento definitivo da ferida operatória, sem
descolamento adicional,é realizado em 2 ou 3 planos, de
acordo com a espessura do tecido dos bordos da ferida.
Utilizamos os fios de poliamida 3-0 monofilamentar
nas porções profundas, poliamida monofilamentar
4-0 na subderme, e sutura contínua intradérmica com
poliglecrapone 3-0. A drenagem é utilizada em todos
os casos, seja com drenos tipo laminar, ou por aspiração
contínua a vácuo, dependendo da extensão da área
cruenta existente após a ressecção do retalho.
Obtivemos resultados satisfatórios com a técnica
utilizada. Ressecção adequada dos excessos de pele e
gordura, bom posicionamento das cicatrizes e melhora
na qualidade de vidas dos pacientes, de acordo
com análise das fotos de pré e pós operatório e das
informações das pacientes, ainda que subjetivas. (FIG
2,4 – ABCD )
A ferida operatória é coberta com pomada antibiótica,
ocluída com gazes estéreis, enfaixamento com atadura
crepom e compressão moderada.
Complicações e intercorrências, decorrentes do
procedimento cirúrgico foram identificadas em 66% dos
pacientes. Dentre as intercorrências, foram encontradas:
seroma (64%) e hipertrofias/queloides (2,5%). Dentre
as complicações: celulite (12%), deiscência (10%),
linfocele (10%), necrose nas extremidades proximais
dos retalhos (2,5%) e hematoma (1,7%).
Rotina pós operatória
• antibioticoterapia (cefazolina endovenosa, 2 g intraoperatoriamente e 2 g/dia, durante a permanência
hospitalar; Cefalexina 2 g /dia por mais 5 dias após a
alta hospitalar);
Dos pacientes que apresentaram algum tipo de
complicação/ intercorrência, 74% foram submetidos à
drenagem de hematoma ou seroma, 10% necessitaram
de antibioticoterapia adicional (celulites FIG 5 ), e
12% necessitaram de reintervenção cirúrgica para
tratamento da complicação ou intercorrência (necroses,
deiscências, ressecção de bolsas de seroma, cicatrizes
hipertróficas FIG 6) .
• curativos diários durante a internação e a cada 3 dias,
por 60 dias após a alta hospitalar (fita microporosa);
• mobilização precoce, deambulação no 1º dia de pós
operatório, em todos os casos;
• sondagem vesical de demora por 24 horas
• compressão elástica no 1º dia de pós-operatório
•drenagem contínua a vácuo, até que o volume
drenado fosse menor que 50 ml/dia, ou drenagem
laminar.
DISCUSSÃO
A coxoplastia com grande cicatriz na virilha foi
descrita pela primeira vez em 1957 por Lewis e não se
mostrou muito aceita devido a inúmeras complicações
pós-operatórias, como migração inferior e alargamento
das cicatrizes, reaparecimento precoce da ptose
e tração lateral da vulva, assim como deiscências
parciais e totais da ferida operatória, hematomas e
dificuldade de retorno venoso. Foi então que Lockwood
desenvolveu uma técnica com o ancoramento da derme
na fáscia de Colles a fim de um resultado cirúrgico mais
estável e com menos complicações. Outros autores
descrevem suas abordagens pessoais. Este estudo,
entretanto, utilizou a Técnica Cram & Aly (modificada
e adaptada pelo autor sênior). O tempo ideal para
realizar a cirurgia plástica é quando há a estabilidade
na perda de peso, em média 18 meses após a cirurgia
bariátrica, quando o IMC atinge 30 kg/m2. No caso dos
• não utilizamos anticoagulantes de rotina; exceto nos
casos em que havia indicação obrigatória , segundo
o Protocolo Caprini ( enoxiparina 40 mg/dia ).
RESULTADOS
Foram submetidos à coxoplastia 77 pacientes no
período de Março de 2007 a Novembro de 2014.
Deste total, 73 pacientes (94,80 %) foram submetidos
previamente à cirurgia bariátrica pela técnica de FobiCapella por Laparotomia e apenas 4 pacientes (5,20%
obtiveram perda de peso através de dieta.
A média do IMC pré bariátrica foi de 50,73. O IMC pré
coxoplastia, ou seja, pós gastroplastia de 30,55 para um
P=0,005 após teste T. Apesar de obesos, apenas 25%
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Coxoplastia Vertical em ex-obesos mórbidos
pacientes apresentarem IMC acima destes índices, é
necessário revisar o aspecto nutricional, estimular a
prática de exercícios físicos para que haja um melhor
resultado pós operatório e menor reganho de peso
há longo prazo. Em alguns casos, o excesso de pele e
tecido adiposo, era tão importante que a cirurgia foi
realizada mesmo com o paciente apresentando índices
de IMC acima do preconizado, já que havia dificuldade
limitante na deambulação, impedindo atividades físicas
que poderiam aumentar a redução ponderal.
weight loss. Aesthet Surg J. 2012; 5 (1): 20-25.
6. Junior WC, Modolin M, Rocha RI, Mulatti SC,
Gemperli R, Ferreira MC. Treatment of coxofemoral
dysmorphia in formerly obese patients. Rev. Bras.
Cir. Plást. 2012; 27(4): 594-99.
7. Modolin MLA, Cintra Junior W, Gemperli R, Rocha
RI, Lima e Silva E, Pares DFS, et al. Coxoplastia póscirurgia bariátrica: avaliação dos resultados. Rev.
Bras. Cir. Plást. 2011; 26(3): 512-7.
8. André FS. Cirurgia plástica após grande perda
ponderal. Rev. Bras. Cir. Plást. 2010 25(3): 532-9.
A complicação maior (deiscência) neste trabalho
ocorreu, apesar de todos os cuidados adotados
. Entretanto, nenhuma das pacientes estudadas
apresentou migração cicatricial caudal ou tração vulvar
significativa, também não há registro nos prontuários de
retoque posterior por retirada insatisfatória de tecido.
A adaptação da ressecção vertical, com a tração ínferosuperior das bordas da ferida, resultou em mínima ou
nenhuma cicatriz na virilha, eliminando a exposição
vaginal tardia, e diminuindo os riscos de necroses
proximais dos retalhos cutâneos das coxas.
9. Cram AE, Aly AS. Lower extremity body contouring
after massive weight loss. In: Aly A, ed. Body
contouring after massive weight loss. St. Louis:
Quality Medical Publishing; 2006. p. 213-36.
10.Montenegro L, Albuquerque LMM, Tardelli, HC,
Rodrigues JM, Lustri G, et al. Técnica do retalho
triangular para cruroplastia medial após grandes
perdas ponderais em mulheres. Rev. Bras. Cir. Plást;
2010; 25 (4): 700-704.
11.Kaluf R, Azevedo FN, Rodrigues LO. Sistemática
cirúrgica em pacientes ex-obesos. Rev. Soc. Bras. Cir.
Plást. 2006, 21(3): 166-74.
Neste estudo não foi realizado a lipoaspiração
juntamente com as técnicas empregadas apesar de ser
preconizado por alguns autores.
12.Mazzarone F, Pitanguy I, Gabriele J, Nunes D, Vargas
A, Dermolipectomia crural com prolongamento
médio anterior em pacientes pós obesidade, Rev.
Bras. Cir. Plást., 2005; 20 (3), 142-7
CONCLUSÃO
O paciente submetido à gastroplastia e as suas
conseqüências, são um desafio ao cirurgião plástico. Apesar
de complicações e intercorrências estarem presentes,
a técnica escolhida, mostrou-se segura, facilmente
reproduzível e proporcionou resultados satisfatórios.
13.Roxo CDP, Roxo ACW, Roxo CW, Coxoplastia obliqua
em pacientes após grandes perdas ponderais, Rev.
Bras. Cir. Plást. 2012; 27(1), 119-23
14. Carvalho ACO, Sanches J, Lipolifting de coxa: Cicatriz
crural com ancoragem duplo ligamentar, Rev. Bras.
Cir. Plást. 2009; 24 (3), 368-372
REFERÊNCIAS
FOTOS
1. Fradiño J, Benchimol AK, Coutinho WF, Appolinário
JC Cirurgia bariátrica: Aspectos clínico-cirúrgicos e
psiquiátricos. Rev Bras Psiq. 2004; 26 (1): 47-51.
2. Song AY, Jean RD, Hurwitz DJ, Fernstrom MH, Scott
JS, Rubin JP. A classification of contour deformities
after bariatric weight loss: the Pittsburgh Rating
Scale. Plast Reconst Surg. 2005; 116(5):1535-44.
3. Moreno CH, Neto HJG, Junior AH, Malheiros CA.
Thighplasty after bariatric surgery: Evaluation of
lymphatic drainage in lower extremities. OBES
SURG. 2008; 18: 1160-1164.
4. Lockwood TE. Lower body lift with superficial fascial
system suspension. Plast Reconstr Surg. 1993;
92(6):1112-22.
5. Labardi L, Gentile P, Gigliotti S, Marianetti M,
Colicchia GM, Pascali M, et al. Medial thighplasty:
Horizontal and vertical procedures after massive
Fig 1-A - Marcação Vertical
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Coxoplastia Vertical em ex-obesos mórbidos
Fig 1-B - Retalho D ressecado
Fig 2-B - POS OP D
Fig 1-C - Retalho E ressecado
Fig 2-C - PREOP E
Fig 1-D - PO imediato
Fig 2-D - POS OP D
Fig 2-A - PREOP E
Fig 3-A - PREOP D
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Coxoplastia Vertical em ex-obesos mórbidos
Fig 4-B - POS OP D
Fig 3-B - POS OP D
Fig 4-C - PREOP E
Fig 3-C - PREOP E
Fig 4-D - POS OP E
Fig 3-C - POS OP E
Fig 5 - Celulite Coxa
Fig 4-A - PREOP D
Fig 6
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RESUMO EXPANDIDO
Dissecção anatômica da artéria interóssea posterior e sua relevância no
aprendizado e no planejamento das cirurgias reparadoras do membro superior.
Study and anatomic dissection of posterior interosseous artery and its relevance in learnig
and planning of the repairs surgerys in distal arms
Ana Cristina Beitia Kraemer Moraes1, Imma Hassan2, Matheus Vargas3, Amanda Pereira4, João Eduardo Bastianello5
RESUMO
ABSTRACT
A dissecção de estruturas anatômicas são de
relevada importância para o aprendizado das técnicas
em cirurgia. O tratamento reparador das porções
distais do antebraço e da mão que sofreram lesões
traumáticas é um desafio e requer o conhecimento
dos procedimentos que possam cobrir estas áreas. O
objetivo deste trabalho é identificar o trajeto da artéria
interóssea posterior, as suas relações e o seu arco de
rotação em dissecção cadavérica como treinamento
no aprendizado para a utilização do retalho desta
artéria no membro superior distal. Este é um estudo
observacional no qual foram analisados 8 espécimes
(cadáveres) e 9 peças anatômicas, do anatômico da
Universidade Católica de Pelotas - RS. Os resultados
obtidos correspondem aos da literatura e mostram
o amplo eixo de rotação desta artéria para os fins de
confecção do retalho. O aprendizado e a prática do
cirurgião requerem um agregado de conhecimentos que
ultrapassam o saber teórico e que pode ser maximizado
nas dissecções anatômicas.
The dissection of anatomical structures are of
high importance for learning surgical techniques.
The restorative treatment of distal portions of the
forearm and hand who suffered traumatic injuries is
challenging and requires knowledge of techniques
that can cover these areas. The objective of this work
is to identify the path of the posterior interosseous
artery, their relationships and their rotation range in
cadaveric dissection as training in learning to use
the flap of this artery in the distal upper limb. This is
an observational study which analyzed 8 specimens
(bodies) and 9 anatomical parts, anatomical the
Catholic University of Pelotas - RS. The results
correspond to the literature and show the wide
axis of rotation of this artery flap for manufacturing
purposes. The learning and the surgeon’s practice
require an aggregate of knowledge beyond the
theorical knowledge and can be maximized in
anatomical dissections.
Keywords: flap, posterior interossea, dissection
Descritores: retalho , interóssea posterior, dissecção
Introdução:
1.Mestre em Saúde e Comportamento, Professora do departamento de
Morfofisiologia da UCPEL-PELOTAS-RS
A dissecção de estruturas anatômicas são de
relevada importância para o aprendizado das técnicas
cirúrgicas, uma vez que o aluno e o cirurgião podem
associar o conhecimento anatômico teórico, com a
dissecção e fazer a correlação clínico-cirúrgica, para
finalizar com o tratamento. Neste trabalho utilizamos a
2.Monitora da anatomia humana, aluna do 3 ano do curso de medicina da
UCPEL
3. Monitor de anatomia humana, aluno do 3 ano do curso de medicina
4.Monitora da anatomia humana, aluna do 3 ano do curso de medicina da
UCPEL
5. Monitor de anatomia humana, aluno do 3 ano do curso de medicina
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Dissecção anatômica da artéria interóssea posterior e sua relevância no aprendizado e no planejamento das cirurgias reparadoras do membro superior.
artéria interóssea posterior, que é um ramo da artéria
interóssea comum. Esta artéria percorre um trajeto
posterior através da membrana interóssea entre o rádio
e a ulna, penetrando entre os músculos supinador
e abdutor longo do polegar. O seu trajeto percorre
um caminho entre o epicôndilo lateral do úmero e o
processo estilóide da ulna. A artéria interóssea posterior
é responsável pela irrigação do retalho de antebraço que
leva o seu nome, permitindo a reconstrução de áreas do
terço distal do antebraço e dorsal do punho e da mão
que sofreram lesões traumáticas. A reconstrução destas
regiões por meio deste tipo de retalho tem a vantagem
de em um tempo cirúrgico cobrir uma área exposta
com segurança na mobilidade e na vascularização do
retalho.
10cm em 17,6%, 9,5cm em 11,7% e 7,5cm em 11,7%,
permanecendo a média de 8,5cm. O arco de rotação da
artéria centrado na articulação rádio-ulnar foi de 12 a
14 cm em 50% , 25% no intervalo de 8,8 a 10,5 cm
e 25% no de 15 a 20cm, sendo as duas medidas mais
prevalentes: 12cm e 14cm em 11,7% dos achados. A
média das distâncias foi de 13cm.
Discussão:
A dissecção de cadáveres parece uma ferramenta
com grande potencial para o treinamento cirúrgico,
apesar dos modernos instrumentos de aprendizado:
como
softweares, meios robóticos e digitais. A
dissecçao em cadáver tal qual a disseccáo cirúrgica
em um procedimento real, não pode ser descartado
nem substituído. A importância do retalho posterior
de antebraço rescinde no fato de ser uma opção para
a cobertura de estruturas nobres que não podem ser
cobertas por simples aproximaçao tecidual ou enxerto
cutâneo. A identificaçao correta da artéria interóssea
posterior garante a confecçao e o sucesso do retalho.
Por este motivo o conehcimetno anatômico- cirúrgico
se torna relevante e necessário.
Objetivo:
Identificar o trajeto da artéria interóssea posterior,
as suas relações e o seu arco de rotação em dissecção
cadavérica como treinamento no aprendizado para a
utilização do retalho desta artéria no membro superior
distal.
Metodologia:
Conclusão:
Este é um estudo observacional no qual foram
analisados 8 espécimes (cadáveres) e 9 peças
anatômicas, do anatômico da UCPel, previamente
dissecados para estudo. Utilizou-se uma fita métrica
para verificar as distâncias da artéria interóssea
posterior ao epicôndilo lateral do úmero, da porção
da artéria interóssea anterior, localizada sobre a parte
proximal do músculo pronador quadrado, ao processo
estiloide ulnar e o comprimento do arco de rotação
da artéria interóssea posterior centrado na articulação
rádio-ulnar . A análise estatística foi feita no STATA.
O reconhecimento das estruturas anatômicas no
planejamento cirúrgico e na sua materialização, bem
como as modificações que estas estruturas podem
apresentar são de extrema importância para o sucesso
de uma cirurgia. A dedicação com o estudo anatômico, as
indicações clínicas e o tratamento definitivo requerem
do cirurgião um agregado de conhecimentos que
ultrapassam o saber teórico, que pode ser maximizado
nas dissecções anatômicas.
Referências:
Resultados:
1.
Lima, S, J; Costa, R, P, D; Oliveira, E; Prudente, F. G;
Mendonça, M, P; Camargo, C, S. Retalho da artéria
interóssea posterior na cobertura das lesões graves
do antebraço, punho e mão. Disponível em: http://
www.scielo.br/pdf/rbort/v44n1/v44n1a06.pdf.
Acesso: junho, 2014.
2.
Alain Gilbert, Alain C Masquelet , Raoul Tubiana. An
Atlas of Surgical Techniques of the Hand and Wrist .
Dos 17 espécimes avaliados, 53% correspondem
a peças de membros superiores e 47% a membros
superiores em cadáveres.
A distância encontrada do epicôndilo lateral do
úmero (ELU) ao tronco da artéria interóssea posterior
foi de 42% no intervalo de 9,2 a 13cm, 29% no
intervalo de 6,5 a 7,8 cm, 29% no de 8 a 9 cm e a
distância de
10cm em 17,6% dos achados, com
média de 9cm. As distâncias da porção da artéria
interóssea anterior, localizada sobre a parte proximal
do músculo pronador quadrado ao processo estiloide
da ulna, mais prevalentes foram de 8cm em 23,5% ,
3. Moore, Keith L. Anatomia orientada para a clínica. 6ª
ed, Guanabara Koogan, 2011.
4.
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RESUMO EXPANDIDO
Miotomia fechada glabelar.
Closed glabelar myotomy
Rogerio Schutzler Gomes1, Jorge Bins Ely2
RESUMO
ABSTRACT
Introdução: o tratamento das rugas glabelares e
hiperatividade consiste em impedir a contração dos
músculos relacionados. Estamos propondo um acesso
fechado para tratamento da musculatura glabelar.
Métodos: 28 pacientes foram operados. A miotomia
foi realizada usando fio de aço ou fio de poliglactina.
Resultados: bons resultados foram alcançados em todos
casos, com impedimentos dos músculos glabelares e
resolução das rugas glabelares horizontais e verticais e
melhora da hiperatividade, durante o período avaliado.
Nenhum caso de recidiva foi observado. Discussão: os
resultados de longo prazo para rugas glabelares são
alcançados com miotomia ou miectomia. A miotomia
glabelar fechada evita algumas complicações possíveis
com outras técnicas cirúrgicas disponíveis, diminui
o tempo cirúrgico utilizando material cirúrgico
convencional e evita cicatrizes. Conclusão: a miotomia
fechada glabelar parece ser uma boa alternativa a
outras opções cirúrgicas.
Background: Glabelar-muscle hyperactivity and
consequent wrinkles treatment consists of impediment
of the related muscles. We propose a closed approach
for glabelar-muscle treatment. Methods: 28 patients
were operated. Myotomy is carried out using steel wire
or polyglactin. Results: good results were achieved in
all cases. No one case of recurrence was observed.
Discussion: the long-lasting surgical-treatment options
for glabelar wrinkles are myotomy or myectomy.
The closed glabelar miotomy avoids some possible
complications associated with other related options,
decreases surgical time using conventional surgical
instruments and avoid scars. Conclusions: the closed
glabelar myotomy seems to be a good alternative to
other surgical options.
Keywords: Rhytidoplasty, Esthetics, Plastic Surgery
Descritores: Ritidoplastia, Estética, Cirurgia Plástica
1.Membro Titular Sociedade Brasileira de Cirurgia Plastica, Staff do Serviço
Cirurgia Plastica e Queimados do Hospital Universitário Florianópolis - SC
2.Professor Titular de Cirurgia Plástica da Universidade Federal de Santa
Catarina. Chefe/Regente do Serviço de Cirurgia Plástica e Queimados do
Hospital Universitário - UFSC
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Miotomia fechada glabelar.
INTRODUÇÃO
OBJETIVO
meses. O acompanhamento mais longo nesta série
de casos tem 24 meses em 4 casos. Bons resultados
resultados foram alcançados em todos os casos (figuras
5-10), com impedimento das rugas glabelares verticais
e horizontais no período avaliado, apresentando
ablação das rugas e melhora da hiperatividade
muscular. As complicações observadas foram parestesia
temporária na região frontal central, em 15 casos, que
melhorou espontaneamente em 3-6 meses. Recidiva da
contração muscular não ocorreu em nenhum caso, no
período avaliado. Hematoma foi observado durante o
procedimento em 6 casos e foi drenado com compressão
manual e mantido com curativos conforme descrito,
sem recorrência. O edema atingiu a região glabelar e
palpebrais, associada a equimoses, melhorando em
7-10 dias. Nenhum caso de seroma ou assimetria foi
observado.
Descrever o uso de uma técnica alternativa para
miotomia dos músculos glabelares, sem incisões.
DISCUSSÃO
As rugas resultantes da contração e hiperatividade
da musculatura glabelar são queixas frequentes
em consultórios de cirurgia plástica1. Os músculos
relacionados a rugas e hiperatividade são o corrugados
do supercílio, com porções oblíqua e horizontal, o
depressor supercílio, o prócero e a porção medial
das fibras orbitais do músculo orbicular dos olhos2. O
tratamento é o impedimento destas estruturas. Isto
pode ser feito quimicamente com a toxina botulínica3,4,
com efeito temporário, ou cirurgicamente através do
acesso coronal clássico5,6, acesso endoscópico7-12,
acesso superciliar13, acesso trans-blefaroplastia14,15 e
acessos não-endoscópicos mínimos16,17.
Originalmente, o acesso cirúrgico
para
tratamento da musculature glabelar era pela
incisão coronal clássica5-6,11. Mais recentemente,
a técnica endoscópica7-12, o acesso superciliar13,
o acesso trans-blefaroplastia14,15 e outros acessos
não-endoscópicos com incisões mínimas tem
emergido como alternativas menos invasivas16,17.
A principal vantagem da miotomia glabelar fechada
é o fato de não ter incisão, com menos possibilidade
de complicações. As desvantagens é que é feita sem
visão direta com possibilidade teórica de lesão dos
nervos da região e possibilidade de recorrência.
Ambas hipóteses não foram observadas nos casos
estudados. Atribuímos isto à miotomia em múltiplos
níveis, o que dificulta a regeneração muscular,
pouca variação anatômica dos nervos supra-troclear
e supra-orbitário nesta topografia e experiência
pessoal em miotomia13,19-20. O resultado é similar
ao obtido com outras técnicas cirúrgicas e a toxina
botulínica, mas com resultados de longo prazo.
Na nossa opinião, este novo acesso é mais fácil e
rápido que demais técnicas cirúrgicas disponíveis,
com mínimas e transitórias complicações possíveis.
Não encontramos referências de miotomia glabelar
fechada na literatura revisada (MEDLINE, LILACS).
MÉTODO
Vinte e oito pacientes foram operados por esta
técnica. Os pacientes foram preparados com marcação
em expressão forçada para rugas glabelares verticais e
horizontais. Os nervos supra-orbital e supra-trocleares
foram marcados em suas projeções anatômicas (figura 1).
A miotomia foi realizada utilizando fio agulhado de aço
trançado ou poliglactina número 0, iniciando inferiormente
(próximo do rebordo orbitário), passando profundamente
justa-periostal e saindo na região frontal acima dos limites
da musculatura glabelar (figura 2). Depoi se retorna com
a agulha, usando o mesmo orifício de saída da agulha
na região frontal, passando em direção inferior no plano
subcutâneo até o orifício de entrada, próximo do rebordo
orbitário (figura 3). Com esta manobra, a musculature
glabelar é ¨abraçada¨ pelo fio, e ¨serramos¨ o músculo
com movimentos suaves de vai-e-vem do fio (figura
4). Repetimos esta manobra 4-5 vezes em cada lado da
região glabelar, evitando a projeção marcada dos nervos.
Os músculos prócero e depressor supercílio são liberados
com manobras semelhantes horizontais (2-3 passadas),
próximos da sutura fronto-nasal (figura 4). A hemostasia
é feita com compressão manual por 5-10 minutos durante
o procedimento. Curativos são feitos com espumas
retangulares revestidas com tecido de algodão e faixas
elásticas, que são retirados após 24 horas. Os retornos
foram realizados com 1 dia, 1 semana, 1-3-6 meses.
CONCLUSÃO
A miotomia glabelar fechada parece ser uma boa
alternativa a outros acessos cirúrgicos por dispensar
a necessidade de incisões, evitar recidiva e pouca
possibilidade de complicações.
RESULTADOS
Todos os casos foram avaliados após 1, 3, 6 e 12
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Miotomia fechada glabelar.
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RESUMO EXPANDIDO
Relato do primeiro ano de experiência do banco de pele do hospital
Universitário Evangélico de Curitiba.
Report of the first year of experience of the tissue bank in hospital Evangélico de Curitiba
Luiz Henrique Calomeno1 , Marcelus Nigro2, Alysson Matioski3, Flavia Thaiana Bonato3, Sara Merlin Maschieto3
RESUMO
ABSTRACT
As queimaduras constituem um importante
problema de saúde pública. O objetivo do aloenxerto
é servir como um curativo biológico temporário para
auxiliar no controle da dor, proteção das estruturas
profundas, promoção da reepitelização e restauração
das importantes funções da pele.Atualmente existem
apenas 4 bancos de pele no Brasil. O objetivo deste
trabalho é relatar o primeiro ano de experiência do
banco de pele inaugurado no HUEC. O banco de pele do
HUEC realizou 45 captações de doadores cadavéricos
em junho 2013 até agosto 2014, sendo em sua maioria
doadores masculinos, com idade média de 36,4 anos e
com morte de causa neurológica em sua maioria. Nesse
primeiro ano, o banco contabilizou 31.314,63 cm² de
área de pele viável para transplante.Foram realizados
um total de 52 transplantes, A experiência do hospital
aponta para o sucesso na aplicação de aloenxertos em
outras patologias além de queimaduras
The skin burns are an important public health problem.
The goal of the allograft is to serve as a temporary
biological dressing to aid in pain control, protection
of the deep structures, promoting re-epithelialization
and restoration of the important functions of the skin
.The objective of this study is to report the first year
of experience of the skin bank Established at HUEC.:
The skin bank of the HUEC obtained 45 captures of
cadaveric donors between june 2013 e august 2014.
In the first year, the bank colected 31314.63 cm ² of
viable area for transplant. The hospital experience
points to the successful application of allografts in
other diseases besides burns, justifying the importance
of disseminating the benefits of allograft for other
medical areas.
KEYWORDS: TRANSPLANTATION, BURN UNIT, GRAFT
DESCRITORES: TRANSPLANTE, QUEIMADOS, ENXERTO
1. Preceptor no Serviço HUEC - Curitiba.
2. Chefe do Serviço HUEC - Curitiba.
3. Residente HUEC - Curitiba.
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Relato do primeiro ano de experiência do banco de pele do hospital Universitário Evangélico de Curitiba.
INTRODUÇÃO
MÉTODO
As queimaduras constituem um importante problema
de saúde pública (ROCH et al., 2007). No Brasil, estima-se
que são responsáveis por aproximadamente 1.000.000
de acidentes por ano. O principal uso de aloenxertos é no
tratamento de queimaduras graves. Apresenta também
utilizações em grandes perdas de pele, em feridas
cirúrgicas, úlceras de membros inferiores, pé diabético,
pioderma gangrenoso, doenças bolhosas, entre outros
usos. O objetivo do aloenxerto é servir como um
curativo biológico temporário para auxiliar no controle
da dor, proteção das estruturas profundas, promoção da
reepitelização e restauração das importantes funções
da pele como regulação térmica e controle de perda
de fluidos, além de ser uma barreira contra infecções
(FIMIANI et al., 2005; PIANIGIANI et al, 2005; KAGAN et
al., 2005; JUNQUEIRA et al., 2007, SCHIOZER, 2012).
Por essas razões promove uma redução significativa no
tempo de internamento e nos índices de mortalidade,
além de gerar redução de custos (PIANIGIANI et al, 2005;
SCHIOZER, 2012). Historicamente, o primeiro a captar
e aplicar auto e aloenxertos foi Reverdin em 1871
(REVERDIN, 1871). Porém a utilização de aloenxertos de
pele especificamente para feridas por queimadura foi
descrita somente em 1881 por Girdner (GIRDNER, 1881).
Em 1949, surgiu o primeiro banco de pele apropriado,
criado pela Marinha dos Estados Unidos.No Brasil, com
a criação da Lei nº 2268 em 1997, estabeleceu-se que
o Sistema Nacional de Transplantes (SNT) passou a ser
responsável por gerenciar a captação e distribuição de
órgãos e tecidos humanos para finalidades terapêuticas.
Seguindo a legislação vigente, atualmente existem
quatro bancos de pele no país: Banco de tecidos do
Instituto Central do HC de São Paulo; Banco de Tecidos
Humanos da Santa Casa de Porto Alegre; Banco de
tecidos do NorteNordeste (SCHIOZER, 2012); e o Banco
de Pele do HUEC de Curitiba, oficialmente inaugurado
no dia 17/06/2013.
Foram coletados dados referentes ao primeiro
ano de funcionamento do banco de pele do Hospital
Universitário Evangélico de Curitiba, considerando dois
períodos diferentes. O primeiro relacionado a um ano
da primeira captação de pele entre os dias 27/06/2013
a 26/06/2014 e o segundo correspondente a um
ano da primeira aplicação de pele entre os dias
28/08/2013 a 27/08/2014. Os dados foram obtidos a
partir da análise dos arquivos do banco e prontuários
dos doadores cadavéricos de pele e seus respectivos
receptores, levando-se em conta a documentação
necessária quanto à causa mortis e doação de órgãos.
Com os dados obtidos pelo banco entre junho de 2013
até agosto de 2014 foi realizado um estudo estatístico
e epidemiológico do tipo retrospectivo.
RESULTADOS
Em seu primeiro ano de funcionamento o banco de
pele do Hospital Universitário Evangélico de Curitiba
realizou a captação da pele de 45 doadores cadavéricos.
Dentre esses doadores, 46,6% foram mulheres e
53,3% homens. A média das idades foi 36,42 anos, com
a maior de 60 anos e a menor 15 anos. A maioria dos
doadores foi de pele branca, 91%, não tendo nenhuma
doação de pacientes com cor de pele preta ou amarela.
A maior parte das causas da morte dos doadores foi
de origem neurológica. Trauma crânio encefálico (TCE)
grave e acidente vascular encefálico (AVE) totalizaram
juntos 55,6%. Todas as captações de pele ocorreram
em hospitais da grande Curitiba-PR, sendo que
44,44% foram no HUEC, seguido pelos outros grandes
hospitais de trauma da cidade (tabela 2). Em relação ao
aproveitamento da pele doada, 48,9% dos doadores
tiveram toda pele captada viável para utilização, 42,2%
tiveram a pele captada totalmente descartada e 6,7%
tiveram parte da pele captada viável e parte descartada.
O primeiro ano do banco terminou com pele de 1
doador em processamento (tabela 2). A região corpórea
de onde foi retirada a pele também é especificada na
tabela 2 a qual mostra que 84,4% das captações foram
realizadas em dorso e membros inferiores. O total
de pele coletada no primeiro ano de funcionamento
do banco foi 31.314,63 cm². A maior doação de pele
totalizou 2.453,6 cm² e a menor 422,2 cm². Foi obtida
a média de 1.252,59 cm² por doador. Do total de lotes,
41 foram viáveis para utilização, 38 foram descartados
e 2 continuaram em processamento ao término do
primeiro ano, o que significa que estavam em testes
microbiológicos ou em fases de manipulação. Dos
lotes viáveis, 38 foram transplantados e 3 continuaram
OBJETIVO
Somente em 2013 o Serviço de Cirurgia Plástica e
Queimados do Hospital Universitário Evangélico de
Curitiba (HUEC) atendeu cerca de 4500 vítimas de
queimaduras e pelo menos 10% desses pacientes
precisaram ser internados com indicação para o uso de
aloenxertos, demonstrando a importância da criação de
um banco de pele no setor. O objetivo deste trabalho
é relatar o primeiro ano de experiência do banco de
pele inaugurado no Hospital Universitário Evangélico
de Curitiba.
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Relato do primeiro ano de experiência do banco de pele do hospital Universitário Evangélico de Curitiba.
o sexo masculino na população curitibana (DATASUS).
A grande maioria dos doadores em Curitiba (91,1%)
foi de pele branca, provável reflexo de uma população
predominantemente caucasiana. Pelo fato do banco de
pele do HUEC não tratar a pele captada, por uma série
de fatores, diferente de outros bancos nacionais e
maioria internacionais, o número de lotes descartados
foi alto (46,91%), superando a literatura nacional em
aproximadamente 30 pontos percentuais quando
comparadado ao do banco de Porto Alegre entre
os anos de 2008 a 2012. Esses dados levam a uma
reflexão sobre a possibilidade de se começar a tratar
a pele coletada e questionar quanto à colonização
por agentes infecciosos dos doadores, já que muitos
passaram previamente pela UTI. Comparando a área
média por doador, contabilizamos 1.252,59 cm²,
número compatível com a obtida pelo Banco de Porto
Alegre nos anos de 2008 a 2010 que foi de 1.364,46
cm² (MINUZZI FILHO,2010) e bem inferior ao de
Helsinki que foi de 3.062 cm². Assim como todos
os bancos, cujos artigos publicados foram revisados
nesse estudo, o banco de pele do HUEC teve a maior
parte da pele captada destinada a pacientes vítimas
de queimaduras. O banco de pele do HUEC em seu
primeiro ano de funcionamento proporcionou pele
para 30 pacientes, resultado proporcional ao banco de
pele de Porto Alegre que beneficiou mais de duzentas
pessoas durante 5 anos (SILVEIRA et al., 2013).
estocados no banco, sob refrigeração, com validade de
até 2 anos. Com relação aos lotes descartados, 42,1%
foram por motivo de desenvolvimento de estafilococo
coagulase negativo, 18,4% por desenvolvimento de
bacilo gram positivo não clostridium e 15,8% por
desenvolvimento de fungos filamentosos. A pele de
um único doador beneficiou até 5 pacientes, com uma
média de 2,36 receptores por doador, beneficiando
um total de 30 pacientes. Em relação ao perfil dos
receptores, 66,7% foram do sexo masculino e 33,3%
do feminino, com idade média de 29,09 anos. Para os
30 pacientes foi realizado um total de 52 transplantes.
A instituição onde foram realizados 88,5% desses
transplantes foi o HUEC, 7,7% ocorreram no Hospital
Universitário Regional Norte do Paraná em Londrina,
2% ocorreram no Hospital Vita Batel de Curitiba e
2% no Hospital Regional São Paulo (Santa Catarina).
O total de pele enxertada correspondeu à área de
28.940,83 cm² . A maioria dos pacientes que recebeu
aloenxerto foi vítima de queimadura (25 pessoas - 45
transplantes). Os outros 7 transplantes ocorreram para
o tratamento de pé diabético com gangrena, lesões por
trauma, má formação congênita e necrose pós-síndrome
compartimental.
DISCUSSÃO
Oo Banco de Pele do Hospital Universitário
Evangélico de Curitiba, em seu primeiro ano de
funcionamento, recebeu pele de 45 doadores
cadavéricos. Na literatura nacional, observa-se um
número de captações similar ao Banco de Pele de
Porto Alegre que em 2012 realizou 40 captações
(SILVEIRA et al., 2013), e superior ao banco de tecidos
do Instituto Central do Hospital das Clínicas de São
Paulo que obteve 152 doadores durante os anos de
2001 a 2006 (SCHIOZER, 2012). Quando comparado
a bancos internacionais, como por exemplo, o Banco
de pele de Helsinki na Finlândia, o banco do HUEC
obteve também um valor superior de doadores, já
que Lindford et al. (2010) observaram uma variação
de 7 a 20 doadores por ano durante 2001 a 2008.
Há uma carência de informações sobre os dados
epidemiológicos dos doadores e receptores de
vários bancos de pele nacionais e internacionais,
principalmente em países desenvolvidos como os
da América do Norte os quais em 2005 já possuíam
cerca de 54 bancos operacionais. No presente estudo,
encontramos quantidade semelhante de mulheres
e homens doadores de pele, 46,7% e 53,3%
respectivamente. Esperávamos uma diferença maior
nessa relação já que o número de óbitos por causas
externas, no ano de 2012, foi 3,36 vezes superior para
CONCLUSÃO
Observa-se que o número de captações realizadas
e a área de pele coletada em nosso serviço estão
compatíveis com outros bancos de pele nacionais.
Embora, não signifique que tivemos um aproveitamento
compatível a esses bancos, haja vista as altas taxas
de descarte obtidas. Por essa razão, deve-se haver a
reflexão sobre a necessidade de um aprimoramento
de técnicas e um futuro tratamento da pele do banco.
A experiência do hospital aponta para o sucesso
na aplicação de aloenxertos em outras patologias
além de queimaduras, justificando a importância da
divulgação dos benefícios do aloenxerto para outras
áreas médicas. Considerando que um doador pode
beneficiar vários pacientes e que, a maioria da pele
captada teve uma rápida utilização devido a grande
demanda e possibilidades de aplicações, encorajamos
um aumento das campanhas de doação de órgãos /
pele para a conscientização da população sobre a
importância e a possibilidade de salvar várias vidas
com a doação de pele.
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Relato do primeiro ano de experiência do banco de pele do hospital Universitário Evangélico de Curitiba.
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Informações sobre Mortalidade – SIM. 2012.
Disponível
em:
http://tabnet.datasus.gov.br/
cgi/tabcgi.exe?sim/cnv/obt10pr.def. Acesso em
15 out. 2014. MINISTÉRIO DA SAÚDE. DATASUS.
Informações de Saúde. Cadernos de informações de
Saúde – versão maio/2010. Disponível em: http://
tabnet.datasus.gov.br/tabdata/cadernos/pr.htm.
Acesso em 15 out. 2014.
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Relato do primeiro ano de experiência do banco de pele do hospital Universitário Evangélico de Curitiba.
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Relato do primeiro ano de experiência do banco de pele do hospital Universitário Evangélico de Curitiba.
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RESUMO EXPANDIDO
Há necessidade de drenagem após utilização de pontos de adesão na área
doadora do retalho do músculo latíssimo do dorso?
Is Suction Drainage useless when associated to quilting suture at donor site area of
latissimus dorsi myocutaneous flap?
Francisco José Fontenele Bezerra1, Rosely Moraes Gonçalves de Moura2
RESUMO
ABSTRACT
Introdução: A utilização de pontos de adesão em
grandes áreas descoladas (área doadora do retalho
grande dorsal na reconstrução mamária) constitui-se um
avanço na diminuição de morbidade cirúrgica (seroma)
apesar da persistência da utilização de drenagem a
vácuo. Método: Duzentos e Setenta e cinco pacientes
foram submetidas à mastectomia e reconstrução
mamária com retalho do músculo latíssimo do dorso
(mais fixação dos retalhos cutâneos descolados do
dorso com suturas de fixação) sem a utilização de
drenagem na área fixada. Resultados: Não houve perda
dos retalhos. Não houve formação de seroma no dorso.
Houve três pacientes com deiscência cirúrgica no
dorso, trinta e seis pacientes com necrose do retalho
cutâneo da mastectomia e oito pacientes apresentaram
seroma em região do hemi-tórax da mama reconstruída.
Conclusão: Observou-se que a técnica de fixação dos
retalhos descolados torna questionável a utilização de
métodos de drenagem no dorso.
Introduction: The incidence of seroma at donor
site area (after using quilting suture) when the
latissimus dorsi myocutaneous (LDM) flap is raised
had decreased to low rates although combined
suction drainage is still performed. Methods: Two
hundred and Seventy-five patients with breast
cancer diagnosis were submitted to latissimus
dorsi myocutaneous flap breast reconstruction (and
quilting sutures at LDM’s donor site area), without
any drainage at donor site-area. Results: There were
no flap losses. There was no seroma formation at
donor site-area. There were three patients with
donor site wound dehiscence, thirty-six patients
with native skin flap losses and eight patients with
seroma in breast reconstructed area. Conclusion:
The suction drainage seems to be unnecessary when
associated to quilting suture at donor site area of
latissimus dorsi myocutaneous flap.
DESCRITORES:
Seroma,
Retalhos
Complicações pós-operatórias
KEYWORDS: s, Surgical Flaps, Postoperative complications
Cirúrgicos,
1. Residencia medica na UNIFESP, cirurgião plastico Instituto do Câncer do Ceará
2. Residencia medica na UFC, cirurgiã plastica Instituto do Câncer do Ceará
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Há necessidade de drenagem após utilização de pontos de adesão na área doadora do retalho do músculo latíssimo do dorso?
INTRODUÇÃO
foram utilizados drenos nesta área.
TÉCNICA CIRÚRGICA
A reconstrução mamária com retalho do músculo
latíssimo do dorso (RMLD) é amplamente utilizada como
alternativa ao emprego do retalho do músculo reto do
abdome (TRAM) na reconstrução mamária com tecidos
autógenos após mastectomia radical.
O RMRLD foi dissecado com auxílio de eletrocautério
e após sua passagem por túnel subcutâneo axilar
procedeu-se a confecção dos pontos de adesão dos
retalhos descolados com fio de poliglactina 910, 2-0,
em intervalos regulares, distando entre si 4 a 6 cm,
tracionando-se os retalhos para o centro da ferida e
incluindo seus bordos na sutura final. (figuras 1 e 2).
O músculo latíssimo do dorso é também utilizado
nas reparações de cirurgias conservadoras da mama
quando não há suficiente tecido mamário para compor
uma nova mama.
A utilização da técnica de adesão dos retalhos
descolados (TARD), inicialmente descritos por Baroudi
et al (1996) e Titley et al (1997), mudou a incidência
da formação de seroma como a principal complicação
em cirurgias de grandes descolamentos de retalhos
cutâneos.
Um dreno de sucção foi introduzido na região
mamária, com saída de sua extremidade pela linha axilar
anterior e posicionado apenas na mama reconstruída e
na região axilar. Foi retirado no 6º dia de pós-operatório,
quando não havia dissecção linfonodal, e no 14º dia
de pós-operatório quando houve necessidade de
linfadenectomia axilar.
Contudo, persiste ainda a utilização de dreno de
sucção, mesmo quando há confecção de pontos de
adesão nas áreas descoladas dos retalhos cutâneos de
dorso3,4 apesar de mostrar-se desnecessário quando é
utilizado em retalhos abdominais.1, 5, 6
Todas as pacientes, com exceção de 47 pacientes
que complicaram, foram examinadas no 6º ao 114º dia
de pós-operatório e após 30 dias de pós-operatório,
sendo posteriormente encaminhadas para terapia
adjuvante (quando necessário).
OBJETIVO
RESULTADOS
O
objetivo
deste
trabalho
foi
avaliar
prospectivamente uma série de 275 pacientes
mastectomizadas e submetidos à RMLD mais TARD sem
a utilização de drenagem no dorso.
Das 47 pacientes que complicaram, em 36 pacientes
houve necrose de retalho cutâneo da mastectomia com
necessidade de revisão cirúrgica na 4º semana de pósoperatório (figura 3) e em 8 pacientes houve presença
de seroma na região hemi-tórax da mastectomia com
resolução através de punções seriadas. (Figura 4). Em
03 pacientes houve deiscência da cicatriz cirúrgica no
dorso, evoluindo com cicatrização por 2º intenção.
MÉTODO
De outubro de 2006 a janeiro de 2015, uma série
de duzentos e setenta e cinco pacientes portadoras de
carcinoma ductal de mama, em estádios clínicos iniciais
da doença, candidatas a mastectomia (conservadora ou
radical) e também candidatas a RMLD, foram incluídas
neste protocolo de pesquisa prospectiva.
Nas consultas seguintes de revisão pós-operatória
procedeu-se a exame físico observando-se adequada
fixação dos retalhos no dorso e ausência de liquido no
subcutâneo pela palpação(exame clinico).
Em algumas(poucas) pacientes houve dúvida na
presença de líquido, sendo as pacientes encaminhadas
para realização de exame ultra-sonográfico, que revelou
apenas lâminas de liquido, não superiores a 10 cm3.
A idade média foi de 51,9 anos (variando de 28 a 72
anos), o índice de massa corpórea (IMC) foi de 27,2 kg/
m2 (variando de 18,56 a 36,65 kg/m2).
Cento e cinquenta pacientes foram submetidos à
reconstrução tardia, As demais foram submetidas à
reconstrução imediata de quadrantectomias (quinze
pacientes), reconstrução de pele de parede torácica
(doze pacientes) ou mastectomia com preservação
de pele (noventa e oito pacientes), as quais houve
necessidade de utilização de implantes de silicone para
complementação da reconstrução mamária.
DISCUSSÃO
Seroma é uma complicação comum após dissecação
extensa de retalhos cutâneos, surgindo após o 7º a
10º dia de pós-operatório, tendo sido relacionada a
vários fatores como idade do paciente, obesidade,
linfadenectomia axilar associada, uso de eletrocautério,
uso de medicamentos anticoagulantes, hipertensão
arterial, entre outros3,7 Entretanto a utilização de dreno
Todos os pacientes foram submetidos à TARD na
área doadora do retalho do latíssimo do dorso e não
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Há necessidade de drenagem após utilização de pontos de adesão na área doadora do retalho do músculo latíssimo do dorso?
CONCLUSÃO
nos primeiros dias de pós-operatório não interfere com
a presença de seroma, prevenindo apenas a formação de
hematomas.6 Após o estudo prospectivo de 30 pacientes
mastectomizadas e submetidas a RMLD mais TARD com a
utilização de drenagem no dorso e região torácica anterior
realizada pelos autores 8 houve a observação de que
havia mínima saída de líquido pela extremidade do dreno
posicionada no dorso além da inexistência da formação
de seroma após sua retirada no 7º dia de pós-operatório.
Nesta nova série de 275 pacientes mastectomizadas
(e submetidas a RMLD mais TARD) não se procedeu a
colocação de dreno na área do dorso, apenas na região
torácica anterior (mama reconstruída mais axila) sendo
o mesmo retirado no 6º dia de pós-operatório, quando
não havia dissecção linfonodal e no 14º dia de pósoperatório quando havia linfadenectomia axilar. Houve
ausência de sintomatologia dolorosa e/ou de presença
de líquido no dorso à movimentação (presentes antes da
adoção das suturas de adesão no dorso). O exame físico
ainda é o principal e mais acessível método de avaliação
da presença de seroma em retalhos cutâneos descolados
no dorso (área doadora do retalho do latíssimo do dorso).
8 Houve necessidade de avaliação ultrasonográfica em
nove pacientes quando o exame físico foi inconclusivo
para a presença de liquido no subcutâneo. A avaliação
ultrasonográfica revelou a existência de lâminas de
liquido nunca superiores a 10 cm3 neste grupo de nove
pacientes, não havendo indicação de punção percutânea
na região. A adequada fixação dos retalhos descolados à
parede torácica posterior (obtida pelos pontos de adesão)
era visível desde os primeiros dias de pós-operatório e
mantinha-se indefinidamente. (Figura 5 e 6). Houve tres
casos de deiscência cirúrgica na cicatriz de dorso atribuído
a uma maior necessidade de pele do retalho miocutâneo
para cobertura de plastrão de mastectomia irradiado,
sendo a ferida tratada conservadoramente (cicatrização
por 2º intenção). Os casos de necrose do retalho cutâneo
da mastectomia foram atribuídos à fina espessura dos
retalhos cutâneos dissecados (pelo mastologista) quando
da mastectomia sendo dependentes da maior habilidade
do cirurgião em dissecar a glândula mamária sem lesar
o subcutâneo suprajacente. Houve oito casos de seroma
em região para-esternal ipsilateral à mama reconstruida,
por nós atribuidos à falha técnica no posicionamento do
dreno de sucção, sendo tratados com punções periódicas..
Fig. 1 – Decúbito Lateral Direito. Inicio dos pontos de
adesão. Fig. 2 - Decúbito Lateral Direito. Conclusão dos
pontos de adesão.Fig. 3 – Paciente no 7º dia de pósoperatório evoluindo com necrose cutânea do retalho da
mastectomia.Fig. 4 - Paciente no 8º dia de pós-operatório
evoluindo com seroma em região para-esternal direita.
Fig. 5 e 6 – Adequada fixação dos retalhos com pontos de
adesão e sem utilização de dreno no dorso.
Concluímos que a utilização de suturas de adesão
em retalhos cutâneos descolados na área doadora do
retalho do latíssimo do dorso torna questionável a
utilização de métodos de drenagem adicionais.
Figura 1
Figura 2
Figura 3
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Há necessidade de drenagem após utilização de pontos de adesão na área doadora do retalho do músculo latíssimo do dorso?
REFERÊNCIAS
Figura 4
1. Baroudi R., Ferreira C.A.A. Contouring the hip and the
abdomen. Clinics in Plastic Surgery. 1996; October,
v. 23, nº 4.
2. Titley OG, Spyrou G.E, Fatah M.F.T. Preventing seroma
in the latissimus dorsi flap donor site. Br. J. Surg.
1997; 50: 106-8.
3. Pogson CJ, Adwani A, Ebbs SR. Seroma following
breast cancer surgery. Eur. J. Surg. Oncol. 2003;
Nov., 29(9): 711-7.
4. Rios JL, Pollock T, Adams WP. Progressive tension
sutures to prevent seroma formation after Latissimus
Dorsi harvest. Plast. Reconstr. Surg. 2003; 112:
1779.
5. Pollock H, Pollock T. Progressive tension sutures:
a technique to reduce local complications in
abdominoplasty. Plast. Reconstr. Surg. 2000; 105:
2583.
Figura 5
6. Nahas FX, Ferreira LM, Ghelfond C. Does quilting
suture prevent seroma in abdominoplasty?. Plast.
Reconstr. Surg. 2007; 119(3): 1060-4.
7. Spear SL, Boehmler JH, Taylor NS, Prada C. The role
of the latissimus dorsi flap in reconstruction of the
irradiated breast. Plast. Reconstr.Surg.2007; 119(1):
1-8.
8. Bezerra FJF, De Moura RMG. Utilização da “Técnica de
Baroudi-Ferreira” no fechamento da área doadora
do retalho do músculo latíssimo do dorso. Rev.Soc.
Bras. Cir. Plástica. 2007; vol. 22(2): 103-6.
Figura 6
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RESUMO EXPANDIDO
Paralisia Facial Idiopátia pós operatória Imediata de Ritidoplastia: Descrição de
caso, diagnóstico e tratamento.
Facial rhytidectomy with Immediate postoperative idiopathic paralysis: case description,
diagnosis and treatment.
Léo Doncatto1, Magda Furlanetto2, Diogo Benini3
RESUMO
ABSTRACT
Trata-se do relato de um caso peculiar de uma
paciente submetida á ritidoplastia com plicatura
do smas e que teve uma evolução favorável, sem
complicações, especialmente do tipo paresia ou
paralisia facial. No décimo segundo dia de pós
operatório teve um quadro de paralisia facial de toda
a hemiface esquerda. Após avaliação neurológica e
otorrinolaringológica, com a realização de exames de
eletroneuromiografia e ressonância magnética dos
trajetos do nervo facial desde a sua origem até a sua
porção muscular. O seu diagnóstico estabelecido foi de
paralisia de Bell. Foi instituído tratamento imediato com
corticoide, antiviral, anti-inflamatórios, fisisoterapia e
acumpuntura. Paciente teve recuperação favorável, com
o retorno da mímica facial progressiva e quase plena,
até o momento. Deve-se destacar a dramaticidade
de um quadro destes, a dificuldade de estabelecer o
diagnóstico e a ansiedade e angústia de não se saber
se o quadro se restabelecerá e comprovar que não foi
uma complicação cirúrgica.
This is the story of an unusual case of a patient
submitted will facelift with SMAS plication and
had a good recovery, without complications,
especially the type paresis or facial paralysis. In
the twelfth postoperative day had a facial paralysis
of the entire left facial. After neurological and
otorhinolaringology evaluation, with the completion
of eletroneuromiografia scans and magnetic
resonance imaging of the facial nerve paths from
its origin to its muscular portion. Your diagnosis was
Bell’s palsy. Immediate treatment was instituted
with corticosteroids, antiviral, anti-inflammatory, and
fisisoterapia acumpuntura. Patient had a favorable
recovery, with the return of progressive and almost
full facial movements, yet. It should be emphasized
the drama of a framework of these, the difficulty in
establishing the diagnosis and anxiety and anguish of
not knowing whether the frame will reset and having
to prove that it was not a surgical complication.
DESCRITORES: Ritidoplastia, Paralisia Facial, Paralisia de
BelI
KEYWORDS: Rhitidoplasty, Facial paralysis, Bell palsy
1. Doutorado, Cirurgião Plástico, Professor e Coordenador do Curso de Medicina
da Universidade Luterana do Brasil.
2.Mestrado, Fisioterapeuta, Professora de Morfologia do Curso de Medicina da
Universidade Luterana do Brasil.
3. Acadêmico, Acadêmico de Medicina da Universidade Luterana do Brasil.
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Paralisia Facial Idiopátia pós operatória Imediata de Ritidoplastia: Descrição de caso, diagnóstico e tratamento.
INTRODUÇÃO
RESULTADOS
A ritidoplastia com plicatura do sistema músculo
aponeurótico facial (smas) é uma técnica para o
rejuvenescimento facial, sendo mais agressiva e efetiva
do que a ritidoplastia cutânea. Esta abordagem, mais
complexa, trata não somente a flacidez de pele, quanto
as estruturas profundas musculares da face. O sistema
músculo aponeurótico superficial da face (smas) foi
muito bem descrito por Mitz e Peyronie em 1976. Skoog
em 1.974 e Owsley em 1.977 fizeram as primeiras
publicações mostrando os benefícios do tratamento do
smas em ritidoplastia1,2,3. A Paralisia de Bell ou Paralisia
Facial é a perda de movimento dos músculos inervados
pelo sétimo par de nervo craniano, o nervo facial, de
causa idiopática sem causa conhecida, podendo variar
desde choques térmicos e elétricos até causas virais.
É de ocorrência unilateral de início súbito, deixa os
pacientes extremamente angustiados e preocupados
com a evolução do quadro e com sua causa. Pode ser
precedida por dor na região do pavilhão auricular ou
por situação de estresse, ansiedade e, posteriormente,
por depressão e angústia. Pode afetar a salivação, o
paladar e o lacrimejamento, dependendo do topografia
do acometimento do nervo facial. A paralisia facial
periférica (PFP) foi descrita por Sir Charles Bell (17741842) em 1821. Inicialmente, todos os quadros de
paralisia do nervo facial passaram a ser chamados de
Paralisia de Bell (PB) 4,5,6. Entretanto, com a descoberta
de causas da doença, apenas os quadros idiopáticos
mantiveram esta denominação. Em pesquisas sobre a
PFP, a PB é a forma clínica mais comum1-3. Sua incidência
foi estimada em 20 a 30 casos em cada 100.000
pessoas4-6. Embora seja o tipo mais frequente de PFP,
a causa da PB ainda é objeto de inúmeras teorias e
questionamentos7.
Esta é uma das complicações que poderiam ser
atribuídas à cirurgia realizada, além de outras tais como
hematomas e seromas, assimetrias, necrose de pele.
OBJETIVO
Relatar um caso raro, de uma paciente submetida à
ritidoplastia com plicatura do smas e que mesmo sem
apresentar qualquer complicação imediata, em cerca de
duas semanas do pós-operatório, apresentou paralisia
hemifacial completa, sem causa aparente.
DISCUSSÃO
No entanto, estas complicações seriam percebidas
de imediato ao acordar da paciente ou teriam
hematomas ou seromas associados.
Dadas as
características do caso, e não se encontrando citações
anteriores, suspeitou-se de uma caso raro de paralisia
de Bell associada à rititdoplastia com plicatura do smas.
As suposições foram compartilhadas e confirmadas
por neurologistas e otorrinolaringologias, após a
realização de eletroneuromiografia e ressonância
MÉTODO
Relato de Caso: JB, 50 anos, sexo feminino, hígida,
submetida à ritidoplastia com plicatura do smas
e que não apresentou qualquer complicação. No
décimo segundo dia de pós-operatório apresentou
dificuldades de fechar o olho esquerdo, de mastigar
ou falar com precisão, dormência na hemiface
esquerda, dor no ouvido esquerdo e repuxamento da
boca para o lado direito.
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Paralisia Facial Idiopátia pós operatória Imediata de Ritidoplastia: Descrição de caso, diagnóstico e tratamento.
magnética. Foi instituído tratamento imediato com
corticoides, antivirais, anti-inflamatórios e complexos
vitamínicos B, além de acumpuntura, fisioterapia e
massoterapia. A paciente fez revisões semanais, isso
trouxe-lhe confiança na relação com o cirurgião e sua
equipe, teve evolução favorável da paralisia, com a
recuperação progressiva e quase total da inervação e
dos movimentos da hemiface afetada.
CONCLUSÃO
A ritidoplastia com plicatura do smas é uma
técnica segura, embora não isenta de complicações. A
associação com a paralisia hemifacial de Bell não deve
ser descartada quando tal complicação ocorre num
período pós operatório mediato. É fundamental instituir
tratamento imediato e envolver outras especialidades e
áreas na investigação e tratamento, para o bem estar da
paciente e recuperação mais breve do quadro.
REFERÊNCIAS
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Cardoso de Castro, Cirurgia de Rejuvenescimento
Facial, Rio de Janeiro, ed. Medsi, 1998, 153-91.
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plication and modified SMASectomy: a simplified
approach to midface lifting. Plast Reconstr Surg.
2006, Mar;117(3):792-803
3. Letizio, NA, Anger, J, Baroudi R. Ritidoplastias:
smasplastia cervicofacial mediante sutura de
vetores. Rev Bras Cir Plást. 2012;27(2):266-71.
4. Montedonio J, Queiros Filho W, Pousa CET, Paixão
MP, Almeida AEF. Fundamentos da ritidoplastia.
Surg Cosmet Dermatol. 2010;2(4):305-14.
5. Santos, MAO, Caiaffa Filho, H, Vianna, MF e
colaboradores. Varicella zoster virus in bell’s palsy:
a prospective study . Braz J Otorhinolaryngol.
2010;76(3):370-3.
6.PatrocÌnio, JÁ,
PatrocÌnio, LG, Fogaça, AS.
Complicações de ritidoplastia em um serviço de
residêcia médica em otorrinolaringologia. Rev Bras
Otorrinolaringol. 2002, maio/jun. v68, n.3, 338-42.
7.Liriano, RYG, Magalhães, SB, Flávia Barros e
colaboradores. Relação da presença de hiperacusia
em pacientes com paralisia facial periférica de Bell
. Rev Bras Otorrinolaringol. 2004, nov./dez, v.70, n.6,
776-9.
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RESUMO EXPANDIDO
Estudo clínico preliminar da utilização do conceito dos Propeller flaps em
cirurgia reparadora complexa
Preliminary clinical study about Propeller flaps concept application in complex
reconstructive surgery
Paulo Eduardo Krauterbluth Solano Junior1, Daniel Pinheiro Machado da Silveira1, Barbara D’Avila Goldoni1, Pedro Bins Ely2,
Ronaldo Scholze Webster3
RESUMO
ABSTRACT
Introdução: O conceito de propeller flap designa
um retalho ilhado fasciocutâneo com duas porções
desiguais cujo ponto pivô é o pedículo formado por
vasos perfurantes dissecados, podendo o retalho ser
rotado em qualquer angulação até 180°. Método: Foram
relatados 3 casos de cirurgia reparadora complexa em
que foram realizados propeller flaps, e realizada revisão
na literatura sobre os conceitos de propeller flaps.
Resultados: Os conceitos de propellers flaps foram
aplicados com sucesso em 2 casos de reconstrução do
membro inferior e 1 caso de reconstrução da região
lombar baixa. Conclusões: Os propeller flaps permitem
a cobertura de ferimentos complexos de partes moles
em um único tempo cirúrgico, acarretando baixa
morbidade e resultados com adequada qualidade
estética e funcional.
Introduction: The propeller flap concept means
an islanded fasciocutaneous flap with two unequal
portions whose axle point is the pedicle consisting
of dissected perforating vessels. This flap may be
rotated at any angle up to 180 °. Method: Three case
study reports about complex reconstructive surgery
in which propeller flaps were performed, in addition
to propeller flaps concept literature review. Results:
The concepts of propellers flaps were successfully
applied to two cases of lower limb reconstruction and
to 1 case of lower back reconstruction. Conclusions:
The propeller flaps allow coverage of complex soft
tissue injuries in a single surgical procedure, resulting
in low morbidity and results with adequate aesthetic
and functional quality.
DESCRITORES: Propeller flaps , cirurgia reparadora
complexa , retalhos
KEYWORDS: Propeller flaps , complex reconstructive
surgery , retail
1.Médico residente, Médico Residente do Serviço de Cirurgia Plástica e
Microcirurgia Reconstrutiva da Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto
Alegre / Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre
2. Professor adjunto e chefe do Serviço, Professor adjunto do Serviço de Cirurgia
Plástica e Microcirurgia Reconstrutiva da Santa Casa de Misericórdia de Porto
Alegre
3.Professor adjunto, Professor adjunto do Serviço de Cirurgia Plástica e
Microcirurgia Reconstrutiva da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre
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Estudo clínico preliminar da utilização do conceito dos Propeller flaps em cirurgia reparadora complexa
INTRODUÇÃO
Katsaros em 1982 descreveu pela primeira vez
o conceito de propeller flap ao realizar um retalho
ilhado do músculo tensor fascia lata baseado em seu
pedículo vascular que foi rotado em 180 ° para cobrir
um defeito na parede torácica. Em 1991 Hyakusoku et
al. [1] publicou o caso de um retalho baseado em um
pedículo central subcutâneo, com forma semelhante
a uma hélice que foi rotado em 90°. Posteriormente
em 2006, Hallock [2] relatou um retalho fasciocutâneo
baseado em vasos perfurantes dissecados e rotado
180 °. O conceito de propeller flap designa um retalho
ilhado fasciocutâneo com duas porções desiguais cujo
ponto pivô é o pedículo formado por vasos perfurantes
dissecados, podendo o retalho ser rotado em qualquer
angulação até 180 ° [3].
OBJETIVO
Demonstrar a aplicabilidade clínica do conceito
propeller flaps para casos de reconstruções complexas.
MÉTODO
Foram relatados 3 casos de cirurgia reparadora
complexa em que foram realizados propeller flaps.
Realizou-se revisão do prontuário dos pacientes, bem
como de registros fotográficos. Foi feita uma revisão da
literatura utilizando-se a base de dados do PubMed,
utilizando-se dos termos “propeller flap”, “review
propeller flap”.
RESULTADOS
Caso 1
Paciente masculino, 45 anos, com área cruenta em
calcâneo esquerdo e exposição do tendão calcâneo. Foi
confeccionado um propeller flap tendo por base vasos
perfurantes dos vasos fibulares. O retalho proporcionou
cobertura total do tendão calcâneo, tendo o paciente
apresentado boa evolução pós-operatória.
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Estudo clínico preliminar da utilização do conceito dos Propeller flaps em cirurgia reparadora complexa
Caso 2
Caso 3
Paciente feminina, 62 anos, com histiocitoma fibroso
maligno, em membro inferior esquerdo. Foi realizada
exérese da lesão que resultou em um grande defeito
na porção lateral do membro inferior esquerdo. Neste
caso optou-se pela confecção de um retalho baseado
em perfurantes dos vasos fibulares, que proporcionou
bom resultado estético e funcional.
Paciente masculino com 1 mês de idade, apresentando
meningomielocele, com falha terapêutica na tentativa de
reparo com fechamento direto, por provável excesso de
tensão. Foi confeccionado um retalho tendo por base vasos
perfurantes dos vasos intercostais laterais posteriores. O
paciente teve uma satisfatória evolução devido a cobertura
livre de tensão proporcionada pelo propeller flap.
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Estudo clínico preliminar da utilização do conceito dos Propeller flaps em cirurgia reparadora complexa
DISCUSSÃO
e superficial. A insuficiência arterial verdadeira é uma
complicação mais rara. Quando houver um espasmo
arterial duradouro o retalho pode ser realocado em
sua posição original e rotado posteriormente quando
houver reestabelecimento do fluxo sanguíneo. [6]
Discussão
Os retalhos confeccionados com os conceitos de
propeller flaps representam uma excelente alternativa
para reconstrução de ferimentos complexos de partes
moles. A nutrição fornecida por vasos perfurantes
como os propeller flaps, tem por base o conceito
dos “territórios de angiossomos”, que postula que
uma artéria perfurante é capaz de nutrir um território
anatômico delimitado (angiossoma) bem como uma
porção correspondente de até 50% do angiossoma
adjacente[4]. Tal fundamento embasa o planejamento e
confecção de retalhos de estilo livre (free-style flaps),
pois proporciona uma ampla gama de possibilidades de
perfurantes e seus respectivos territórios anatômicos.
CONCLUSÃO
Os propeller flaps podem ter grande diversidade
de formas e de sítios doadores, suas indicações
podem ser extendidas para cobertura de defeitos
variados de membros superiores, inferiores, regiões
sacra, isquiática, região torácica anterior e posterior.
A liberdade de desenho do retalho e a possibilidade
de rotação em torno de um ponto pivô constituído
pela esqueletização dos vasos perfurantes nutridores
fornece um fechamento sem tensão. Dessa forma os
propeller flaps permitem a cobertura de ferimentos
complexos de partes moles em um único tempo
cirúrgico, acarretando baixa morbidade e resultados
com adequada qualidade estética e funcional.
Os propeller flaps tem grande aplicabilidade para
defeitos dos membros inferiores, principalmente
dos 1/3 distais, em feridas com exposição do tendão
calcâneo ou da tíbia. Esses defeitos constituem um
grande desafio de cobertura, sendo que enxertos
podem gerar resultados ruins tanto funcionalmente
quanto estéticos. [5]
REFERÊNCIAS
Os casos 1 e 2 exemplificam situações de
reconstruções complexas dos membros inferiores em
que o conceito de propeller flaps foi aplicado com
bons resultados. No caso 1, o retalho confeccionado
teve por base vasos perfurantes provenientes dos
vasos fibulares, com uma adequada cobertura ao
tendão calcâneo exposto. Para o fechamento do
defeito secundário criado após a rotação do retalho
foi necessário um enxerto de pele parcial. No caso
2 o defeito criado após exérese do tumor na porção
lateral da perna esquerda foi adequadamente coberto
pelo retalho, sendo o defeito secundário fechado
primariamente, sem a necessidade de enxertia.
1.Murakami M, Hyakusoku H, Ogawa R. “The
Multilobed Propeller Flap Method.” Journal of
Plastic & Reconstructive Surgery. 116:2.
2. G. G. Hallock, “The propeller flap version of the
adductor muscle perforator flap for coverage of
ischial or trochanteric pressure sores,” Annals of
Plastic Surgery, vol. 56, no. 5, pp. 540– 542, 2006.
3. Teo TC. “The Propeller Flap Concept”. Clinics in
Plastic Surgery, 37 (2010) 615–626.
4. Callegari PR, Taylor GI, Caddy CM, et al. “An anatomic
review of the delay phenomenon: I. Experimental
studies”. Plastic and Reconstructive Surgery,
1992;89(3): 397–407 [discussion: 417–8].
O caso 3 apresenta um paciente com
meningomielocele e um defeito na região lombar baixa,
em que foi confeccionado um retalho baseado em
perfurantes dos vasos intercostais laterais posteriores,
que obteve uma cobertura adequada, sem tensão e
consequente cicatrização adequada.
5.Pignatti M, D’Arpa S, Cubison TCS, “Novel
fasciocutaneous flaps for the reconstruction of
complicated lower extremity wounds,” Techniques
in Orthopaedics, vol. 24, no. 2, pp. 88–95, 2009.
6. D’Arpa S, Toia F, Pirrello R, Moschella F, Cordova A.
“Propeller Flaps: A Review of Indications, Technique,
and Results” BioMed Research International Volume
2014, Article ID 986829, 7 pages.
Os casos descritos evoluíram adequadamente,
sem complicações precoces ou tardias. Dentre as
potenciais complicações relatadas na literatura a
congestão venosa é a mais frequente, podendo sem
temporária quando a circulação se reestabeleceu após
determinado período, ou permanente, condição que
deve ser prontamente reconhecida e tratada para não
evoluir para necrose do retalho. Relata-se uma taxa de
necrose em até 5% dos casos, que geralmente é parcial
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RESUMO EXPANDIDO
Tratamento de queloides em região auricular com ressecção, corticoteria e
betaterapia: série de casos.
Auricular region keloid treatment with resection, corticoteria and betatherapy: a case series.
Paulo Eduardo Krauterbluth Solano Junior1, Mariana Zancanaro1, Geraldo Cesar Castro Althoff1, Michel Pavelecini2, Pedro Bins Ely3
RESUMO
ABSTRACT
Resumo: Introdução: Queloides originam-se por
alterações no processo cicatricial em que há uma
proliferação aumentada de fibroblastos e da produção
de colágeno. Dentre as formas de tratamento encontramse excisão, injeção intralesional de corticosteróides,
radioterapia, entre outros. Métodos: Foram revisados
os registros em prontuários e registros fotográficos
de 11 casos de pacientes submetidos ao tratamento
combinado de ressecção, corticoteria e betaterapia.
Resultados: Foram incluídos no estudo 11 pacientes
com diagnóstico prévio de queloides na região auricular,
já submetidos a tratamento prévio com exérese. não
sendo verificada recidiva das lesões em nenhum
caso após realização da betaterapia. Conclusões:
Na análise de 11 casos de quelóides recidivados de
orelhas, tratados com excisão, infiltração intralesional
com corticosteróide e 10 sessões de betaterapia, com
seguimentos variando de 2 a 36 meses, não observamos
nenhuma nova recidiva.
Introduction: Keloids originate by changes in
the scar tissue healing process in which there is
an increased fibroblast proliferation and collagen
production. Among treatment options there are
excision, intralesional injection of corticosteroids,
radiation therapy and others. Methods: Review of 11
medical and photographic records of patients who
underwent combined treatment of resection, and
corticoteria betatherapy. Results: Eleven patients
with a previous diagnosis of auricular keloids, already
submitted to previous treatment with excision
were analyzed at this study. As outcome no lesion
recurrence after completion of betatherapy were
found in any of the cases. Conclusions: Analyzing
the 11 cases of recurrent ear keloids treated with
excision, intralesional corticosteroid infiltration and
10 betatherapy sessions, with a 2 to 36 months followup range, no further recurrences were observed.
KEYWORDS: keloikeloid , keloid treatment , betatherapy
DESCRITORES: queloide, tratamento de queloide,
betaterapia
1.Médico residente, Médico Residente do Serviço de Cirurgia Plástica e
Microcirurgia Reconstrutiva da Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto
Alegre / Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre
2.Médico Instrutor, Médico Instrutor do Serviço de Cirurgia Plástica e
Microcirurgia Reconstrutiva da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre
3. Professor adjunto e chefe do Serviço, Professor adjunto do Serviço de Cirurgia
Plástica e Microcirurgia Reconstrutiva da Santa Casa de Misericórdia de Porto
Alegre
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Tratamento de queloides em região auricular com ressecção, corticoteria e betaterapia: série de casos.
INTRODUÇÃO
O período de seguimento variou de 2 a 36 meses,
sendo que em 8 orelhas tivemos período de observação
acima de 6 meses, não sendo verificada recidiva das
lesões em nenhum caso.
Queloides são tumores benignos originados por
alterações no processo cicatricial em que há uma
proliferação aumentada de fibroblastos e da produção
de colágeno. Tais eventos parecem ser mediados
por uma super expressão de fatores de crescimento,
como o fator de crescimento beta (TGF-beta), fator
de crescimento vascular endotelial (VEGF), e fator de
crescimento do tecido conjuntivo (CTGF). [1-3]. Indivíduos
com ascendência africana e asiática são mais suscetíveis
ao desenvolvimento de quelóides [4], essas lesões são
15 vezes mais frequentes em indivíduos negros em
relação à caucasianos, com maior incidência durante
a puberdade. As lesões podem ser assintomáticas,
mas freqüentemente causam sintomas. Em um estudo
conduzido por Lee et al, 46% dos pacientes referem
dor e 86% prurido.
A- Paciente pré tratamento
tratamento combinado
OBJETIVO
B- Pacientes após
Relatar uma série de casos de pacientes com
queloides em região auricular submetidos ao tratamento
combinado de com ressecção, corticoterapia e
betaterapia.
MÉTODO
Materiais e métodos:
Foram revisados os registros em prontuários
e registros fotográficos de 11 casos de pacientes
submetidos ao tratamento combinado de ressecção,
corticoterapia e betaterapia. Realizou-se uma revisão na
literatura através da base de dados PubMed utilizandose os termos “keloids”, “keloids treatment”, “review
keloids treatment”, “keloid radiotherapy”.
Resultado da série de casos e seguimento
DISCUSSÃO
A associação de terapias no tratamento de lesões
queloideanas parece ser mais efetiva do que terapias
isoladas conforme dados da literatura. Estudos mostram
que injeções intralesionais isoladas podem ter resposta
em até 70% dos casos, porém com taxas de recorrência
de até 50% num período de 5 anos [5].
RESULTADOS
Foram incluídos no estudo 11 pacientes com
diagnóstico prévio de queloides na região auricular, já
submetidos a tratamento prévio com exérese (com ou
sem corticoterapia, mas sem betaterpia), com recidiva
das lesões. Todos os pacientes foram submetidos
ao tratamento combinado de exérese, infiltração
intralesional com triancinolona 20mg/ml e 10 sessões
de betaterapia.
Da mesma forma a excisão isolada possui taxas
de recorrência de 50-100%. Porém quando aliada
à terapêutica com injeções de triancinolona no préoperatório, intra-operatório ou pós-operatório essas
taxas são inferiores à 50% [6].
A betaterapia procedeu-se com acelerador linear de
elétrons, com energia de 4 MeV, na dose de 24 Gy, no
período de 2 semanas, através de campo direto no leito
operatório, com doses diárias, iniciada a primeira em
até 24 horas pós excisão.
O tratamento radioterápico aplicado após excisão
cirúrgica demonstra taxas de resposta de 70-90% em
alguns estudos. Características que podem predizer
pior resposta são lesões localizadas no tórax, de
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Tratamento de queloides em região auricular com ressecção, corticoteria e betaterapia: série de casos.
grandes proporções e provenientes de queimaduras [7 ].
Estudo realizado em 2003, The German Patterns of Care
Study, relatou uma recorrência de apenas 11.4% em
880 casos de pacientes submetidos à radioterapia após
excisão cirúrgica. Assim a associação de radioterapia no
pós-operatório pode ser considerada efetiva e segura
sendo baixo o índice de complicações relatadas. O
potencial risco de carcinogenese é muito baixo quando
o tratamento é feito com baixas doses de radiação e
sob condições adequadas como proteção dos tecidos
adjacentes (glândula tireoide, mamas). [8]
6. Berman B, Bieley HC. Adjunct therapies to surgical
management of keloids. Dermatol Surg 1996;
22:126.
7. Viani GA, Stefano EJ, Afonso SL, De Fendi LI.
Postoperative strontium-90 brachytherapy in the
prevention of keloids: results and prognostic factors.
Int J Radiat Oncol Biol Phys 2009; 73:1510.
8.Flickinger JC. A radiobiological analysis of
multicenter data for postoperative Keloid
radiotherapy. Int. J. Radiation Oncology Biol. Phys.,
Vol. 79, No. 4, pp. 1164–1170, 2011
A radioterapia após a excisão do queloide pode
inibir uma porção significativa de fibroblastos de
proliferação rápida, reduzindo a possibilidade de uma
cicatrização anômala e recidiva da lesão queloideana.
Quando realizada de forma precoce e sob condições
controladas, como nos casos do presente estudo,
pode ser considerada uma forma eficaz e segura de
complementação terapêutica na tentativa de redução
de recidivas.
CONCLUSÃO
Na análise de 11 casos de quelóides recidivados de
orelhas, tratados com excisão, infiltração intralesional
com corticosteróide e 10 sessões de betaterapia, com
seguimentos variando de 2 a 36 meses, não observamos
nenhuma nova recidiva.
REFERÊNCIAS
1. Nemeth AJ. Keloids and hypertrophic scars. J
Dermatol Surg Oncol 1993; 19:738. Teofoli P,
Barduagni S, Ribuffo M, et al. Expression of Bcl-2,
p53, c-jun and c-fos protooncogenes in keloids and
hypertrophic scars. J Dermatol Sci 1999; 22:31.
2. Nakaoka H, Miyauchi S, Miki Y. Proliferating activity
of dermal fibroblasts in keloids and hypertrophic
scars. Acta Derm Venereol 1995; 75:102.
3. Fujiwara M, Muragaki Y, Ooshima A. Keloid-derived
fibroblasts show increased secretion of factors
involved in collagen turnover and depend on matrix
metalloproteinase for migration. Br J Dermatol
2005; 153:295.
4.Chike-Obi CJ, Cole PD, Brissett AE. Keloids:
pathogenesis, clinical features, and management.
Semin Plast Surg 2009; 23:178.
5. Shaffer JJ, Taylor SC, Cook-Bolden F. Keloidal scars:
a review with a critical look at therapeutic options. J
Am Acad Dermatol 2002; 46:S63.
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RESUMO EXPANDIDO
Retalho Bilobado Musculocutâneo Nasal para Reparo de Defeito na Ponta do
Nariz: Resultados Estéticos e Satisfação dos Pacientes
Nasal Myocutaneos Bilobate flap for the repair of nasal tip defects: Aesthetics results and
Patients Satisfation
Geraldo Cesar Castro Althoff1, Angelo Syrillo Pretto Neto2, Barbara D’Avila Goldoni3, Daniel Pinheiro Machado da Silveira4,
Pedro Bins Ely5
RESUMO
ABSTRACT
Introdução: A ponta nasal é um região anatômica
de frequente acometimento por tumores cutâneos
malignos sendo o retalho bilobado musculocutâneo
nasal uma alternativa de tratamento. Método: Análise
retrospectiva de 8 casos não-seriados, submetidos
a reconstrução de ponta nasal com retalho bilobado
musculocutâneo nasal no ano de 2012. Resultados: O
resultado estético final realizado por dois avaliadores
cirurgiões plásticos foi semelhante. Quatro pacientes
julgaram que obtiveram um resultado excelente;
três pacientes julgaram seu resultado estético como
muito bom; e um pacienteu afirmou que seu resultado
estético foi bom. Conclusão: O retalho bilobado
musculocutâneo nasal é uma alternativa técnica factível
para determinados defeitos da ponta nasal
Introduction : The nasal tip is an anatomical
region of frequent involvement by malignant skin
tumors and the bilobed flap nasal myocutaneous
an alternative treatment. Method : Retrospective
analysis of 8 non- series cases undergoing
nasal tip reconstruction with bilobed flap nasal
musculocutaneous in 2012. Results: The final
aesthetic result performed by two evaluators plastic
surgeons was similar . Four patients judged which
achieved excellent results ; three patients judged
their cosmetic result as very good ; and patients
said his aesthetic result was good. Conclusion:
The bilobed flap nasal myocutaneous is a feasible
alternative for certain defects of the nasal tip.
DESCRITORES:
Nariz,
Satisfação do paciente
Retalho
KEYWORDS: Nose, Myocutaneous Flap, Patient Satisfaction
Musculocutâneo,
1.Médico Residente do Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia, Médico
Residente
2. Instrutor do Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia Recons, Instrutor do
Serviço
3.Médica Residente do Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia, Médica
Residente
4.Médico Residente do Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia, Médico
Residente
5.Professor adjunto do Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia, Professor
Adjunto e Chefe do Serviço
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Retalho Bilobado Musculocutâneo Nasal para Reparo de Defeito na Ponta do Nariz: Resultados Estéticos e Satisfação dos Pacientes
INTRODUÇÃO
idade dos pacientes foi de 64 anos, variando de 59 a
71 anos de idade.
A ponta nasal é um região anatômica de frequente
acometimento por tumores cutâneos malignos, cujo
tratamento pode representar um desafio terapêutico.
Existem diversos tipos de reconstrução descritas,
sendo o retalho bilobado musculocutâneo nasal uma
alternativa de tratamento.
Todos os pacientes apresentavam diagnóstico prévio
de carcinoma basocelular em ponta nasal confirmado
por biópsia incisional prévia. Os defeitos obtidos após
a ressecção com margens dos tumores variaram de 0,9
a 1,5 cm, e com tamanho médio de 1,1 cm de diâmetro
(Tabela 1).
O desenho original do retalho bilobado é atribuído a
Esser, que descreveu seu uso em 1918 para reconstrução
de defeito na ponta nasal.1 Zimany e colaboradores
expandiram seu uso para reconstrução de outras zonas
anatômicas.2
Em nenhum dos casos ocorreram complicações
pós-operatórias como infecção, deiscência de sutura,
necrose cutânea ou cicatrização anômala. Todos os
pacientes obtiveram margens tumorais livres na análise
anatomopatológica pós-operatória.
Nas reconstruções da ponta nasal, este retalho é
usado idealmente para cobertura de defeitos de até
1,5cm de maior diâmetro, localizados na zona central ou
lateral da ponta nasal e sem extensão para a asa nasal. 3
O resultado estético final realizado pelos dois
avaliadores foi semelhante. Quatro pacientes julgaram
que obtiveram um resultado excelente; três pacientes
julgaram seu resultado estético como muito bom; e um
pacienteu afirmou que seu resultado estético foi bom.
A Tabela 2 resume as notas dos dois avaliadores e a
autoavaliação dos pacientes. A Figura 1 demonstra as
fotos de pré-operatório e 6º mês de pós-operatório da
paciente 7.
OBJETIVO
Avaliar o resultado estético e a satisfação
dos pacientes aos 6 meses de pós-operatório da
reconstrução da ponta do nariz utilizando o retalho
bilobado musculocutâneo nasal.
MÉTODO
Análise retrospectiva de 8 casos não-seriados,
submetidos a reconstrução de ponta nasal com retalho
bilobado musculocutâneo nasal no ano de 2012.
Todos os pacientes foram submetidos à ressecção de
tumores cutâneos malignos na ponta nasal cujo defeito
resultante não ultrapassou 1,5cm.
No 6º mês de pós-operatório foram avaliados o
resultado estético e o grau de satisfação dos pacientes.
DISCUSSÃO
O retalho bilobado musculocutâneo é uma
alternativa técnica factível para correções de defeitos
da ponta nasal, principalmente aqueles secundários da
ressecção de tumores cutâneos malignos.
Para a avaliação do resultado estético, foram
selecionados 2 cirurgiões plásticos não participantes
dos procedimentos que avaliaram fotografias
padronizadas dos pacientes obtidas no 6º mês de pósoperatório. Utilizou-se uma escala analógica de 1 a 10,
sendo 1 a pior nota e 10 a melhor nota.
O retalho se comporta como um retalho de rotação
modificado, com a vantagem de uma menor restrição de
movimento presente nos retalhos de rotação puros.3
O grau de satisfação dos pacientes foi avaliado
através de questionário preenchido pelos mesmos no
6º mês de pós-operatório e variava entre ruim, razoável,
bom, muito bom e excelente.
Tem sua melhor utilização nas reconstruções do terço
caudal do nariz, onde outros tipos de retalhos nasais
cutâneos é dificultosa. Numa revisão de 400 reconstruções
nasais, este tipo de retalho foi o mais comumente usado.4
RESULTADOS
A principal desvantagem do retalho bilobado
musculocutâneo nasal é que a maioria das incisões
necessárias para a sua criação produzem cicatrizes que
não são paralelas às linhas de relaxamento cutâneo.
Um total de 8 pacientes foram submetidos ao
procedimento nos ano de 2012. Três pacientes eram do
sexo masculino e cinco do sexo feminino. A média de
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Retalho Bilobado Musculocutâneo Nasal para Reparo de Defeito na Ponta do Nariz: Resultados Estéticos e Satisfação dos Pacientes
CONCLUSÃO
O retalho bilobado musculocutâneo nasal é uma
alternativa técnica factível para determinados defeitos
da ponta nasal com resultados satisfatórios tanto por
parte dos cirurgiões quanto dos próprios pacientes.
REFERÊNCIAS
1.Esser JFS. Gestielte lokale nasenplastik mit
zweizipfligen lappen: deckung des sekunderen
defectes vom ersten zipfel durch den zweiten.
Dtsch Z Chir. 1918;143:385-90.
2. Zimany A. The bilobed flap. Plast Reconstr Surg.
1953;11(6):424-34.
3. Baker SR. Local Flaps in Facial Reconstruction,
Second Edition. 2007.
4. Zitelli JA: The bilobado flap for nasal reconstruction.
Arch Dermatol 125:957, 1989.
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RESUMO EXPANDIDO
Blefaroplastia Inferior com Reposicionamento de Bolsas Gordurosas com
Fixação Periostal: Série de Casos
Lower blepharoplasty with Repositioning Bags Greasy with periosteal fixation : Case Series
Geraldo Cesar Castro Althoff1, Angelo Syrillo Pretto Neto2, Paulo Eduardo Krauterbluth Solano Junior3, Mariana Zancanaro4, Pedro Bins Ely5
RESUMO
ABSTRACT
Introdução: A blefaroplastia está entre os cinco
procedimentos cirúrgicos estéticos mais realizados no
Brasil, sendo reconhecida como um dos procedimentos
mais difíceis de aprender e dominar em cirurgia estética.
Método: Relato de 12 casos de pacientes submetidos a
blefaroplastia inferior com reposicionamento de bolsas
gordurosas com fixação periostal. Resultados: Todos os
pacientes obtiveram uma melhora na região órbitomalar
com concavidade sobre o septo orbital com uma suave
transição para a convexidade da face. Conclusão: A
blefaroplastia inferior associada ao reposicionamento
de bolsas de gordura com fixação periostal mostrouse uma alternativa satisfatória para suavização da
transição órbitomalar.
Introduction : Blepharoplasty is among the five
most performed cosmetic surgery in Brazil and is
recognized as one of the most difficult procedures
to learn and master in cosmetic surgery. Method :
Report of 12 cases of patients undergoing lower
blepharoplasty with fat bags repositioning with
periosteal fixation. Results: All patients had an
improvement in órbitomalar region with concavity
on the orbital septum with a smooth transition
to the convexity of the face. Conclusion: The
lower blepharoplasty associated with fat pockets
repositioning with periosteal fixation proved to be a
satisfactory alternative to smoothing the orbitomalar
transition.
DESCRITORES: Blefaroplastia, Estética, Cirurgia Plástica
KEYWORDS: Blepharoplasty , Esthetics, Surgery, Plastic
1.Médico Residente do Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia, Médico
Residente
2. Instrutor do Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia Recons, Instrutor do
Serviço
3.Médico Residente do Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia, Médico
Residente
4.Médica Residente do Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia, Médica
Residente
5.Professor adjunto do Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgi, Professor
Adjunto e Chefe do Serviço
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Blefaroplastia Inferior com Reposicionamento de Bolsas Gordurosas com Fixação Periostal: Série de Casos
INTRODUÇÃO
de transição órbitomalar. A Figura 1 demonstra as fotos
de pré e 3º mês de pós-operatório.
A blefaroplastia está entre os cinco procedimentos
cirúrgicos estéticos mais realizados no Brasil. Em 2011,
mais de 90.000 procedimentos foram realizados no
país.1 Nos Estados Unidos, para os pacientes com
idades entre 51 e 64 anos, a blefaroplastia foi a
cirurgia cosmética mais realizada com cerca de 75 mil
procedimentos realizados. Apesar de quase 85% dos
pacientesserem mulheres, a blefaroplastia é o terceiro
procedimento estético mais comum em homens.2
DISCUSSÃO
Em contraste com a freqüência do procedimento,
a blefaroplastia é reconhecida como um dos
procedimentos mais difíceis de aprender e dominar
em cirurgia estética, cujo objetivo principal é restaurar
contornos periorbitais e do terço médio da face.
A cirurgia da pálpebra inferior é um procedimento
com anatomia complexa e deformidades estéticas
associadas. Uma pálpebra inferior jovem é verticalmente
curta, com uma concavidade sobre o septo orbitário
com uma transição suave para a bochecha, que é
arredondada e com máxima plenitude sobre a região
do zigoma.3
OBJETIVO
Relatar
os
resultados
pós-operatórios
de
pacientes submetidos a blefaroplastia inferior com
reposicionamento de bolsas gordurosas com fixação
periostal.
Descrições iniciais de blefaroplastia inferior
focavam-se na remoção de tecidos, particularmente
pele e gordura subcutânea.4,5 Entretanto, recente
discussões acerca do procedimento têm se focado na
preservação e reposicionamento ao invés da remoção
de tecidos.
MÉTODO
Este procedimento foi revolucionado por Loeb,
que propôs a preservação da gordura periorbital e sua
utilização para suavizar o sulco nasojugal.6,7,8
Foram selecionados 12 pacientes com queixas
anatômicas na região orbitomalar submetidos à
blefaroplastia inferior. A média de idade foi de 62
anos, sendo a maioria dos pacientes do sexo feminino.
Foram excluídos do estudo pacientes com qualquer
contraindicação para procedimentos eletivos, incluindo
distúrbios da coagulação e tabagismo.
A utilização do reposicionamento das bolsas
gordurosas com fixação periostal para a suavização da
transição órbitomalar foi utilizada em todas pacientes
avaliadas como parte integrante do procedimento da
cirurgia das palpebras inferiores.
Todos os pacientes foram submetidos à blefaroplastia
inferior transcutânea, com confecção de retalho
miocutêno, reposicionamento de bolsas de gordura
com fixação periostal, associado a cantopexia lateral.
Todos os pacientes foram submetidos a blefaroplastia
superior no mesmo procedimento.
No seguimente destes pacientes, apesar de curto,
verificou-se uma melhora importante da transição
órbitomalar, sem a associação de complicações pósoperatórias significativas.
CONCLUSÃO
RESULTADOS
A
blefaroplastia
inferior
associada
ao
reposicionamento de bolsas de gordura com fixação
periostal mostrou-se uma alternativa satisfatória para
suavização da transição orbitomalar.
Todos os pacientes obtiveram uma melhora na região
órbitomalar com concavidade sobre o septo orbital com
uma suave transição para a convexidade da face.
A média de seguimento dos pacientes foi de 6,8
meses. Não observou-se complicações pós-operatórias,
incluindo scleral show, ectrópio ou lesões corneanas.
REFERÊNCIAS
Como exemplo, descrevemos o caso de uma
paciente de 53 anos com queixa de excesso cutâneo
em pálpebras superior, bem como depressão na região
1)
Site SBCP. Pesquisa SBCP-ISAPS.
2) American Society for Aesthetic Plastic Surgery.
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Blefaroplastia Inferior com Reposicionamento de Bolsas Gordurosas com Fixação Periostal: Série de Casos
Cosmetic Surgery National Data Bank: Statistics
2012.
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RESUMO EXPANDIDO
Colapso valvular nasal
Nasal valve collapse
Lucía Barbieri , Virginia Giachero2, Héctor Juri3
1
RESUMO
ABSTRACT
El colpaso valvular nasal es una patología cada
vez más frecuente a causa de etiologías secundarias
tras procedimientos quirúrgicos a nivel de la región
nasal. Para su resolución existen diferentes opciones
quirúrgicas y no quirúrgicas. La válvula nasal funciona
en base a la resistencia de la ley Starling, es por ello
que se torna necesario cierto grado de rigidez en el
componente lateral nasal para evitar el colapso durante
la inspiración. En este artículo pretendemos realizar
una breve revisión de estas opciones y nos centraremos
en los injertos de cartílago autólogo.
Nasal valve collapse is an increasing pathology
due to secondary etiologies like after surgical
procedures in the nasal region. There are different
surgical and non-surgical options for its treatment.
The nasal valve operates on the strength of the
Starling law, which is why a degree of rigidity
becomes necessary at the nasal lateral component
to prevent collapse during inspiration. In this
article we briefly review these options and focus on
autologous cartilage grafts.
KEYWORDS: Treatment, Obstruction, Graft
DESCRITORES: Tratamento, Obstrução, Enxerto
INTRODUÇÃO
La válvula nasal interna está delimitada por el
borde inferior del cartílago triangular y tabique nasal,
presentando un ángulo normal entre 10 - 15º. Se trata
de la región nasal con menor área de sección de corte,
produciendo una resistencia de casi el 50% al pasaje
aéreo. La válvula nasal externa se delimita lateralmente
por la porción caudal del cartílago alar y tejidos blandos
y medialmente por la columela.
Existen múltiples causas de obstrucción nasal,
las cuales podemos dividir en estáticas y dinámicas
como ser hipertofia cornetes y desviaciones septales
(mayoría), constricción ósea por la apertura piriforme,
variaciones anatómicas de la pared lateral cartilaginosa,
hematoma, absceso, lesión ocupante de espacio,
estenosis cicatrizal, neurogénica (ej. Parálisis del nervio
facial). Por otro lado se las agrupa debidas a desórdenes
primarios o secundarios. Dentro de los primarios
encontramos estrechamiento o debilidad de la pared
lateral nasal congénita o adquirida, sin una causa
1. Médico, Residente
2. Cirujano plástico, Profesor adjunto
3.Cátedra de Cirugia Plastica y Centro Nacional de Quemados. Hospital de
Clinicas, Montevideo - Uruguay.
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Colapso valvular nasal
horizontal de flexión, Ozturan, la cual estabiliza y ensancha
la válvula nasal interna a través de una sutura en “U” de
cartílagos laterales, plegando el cartílago lateral convexo
hacia afuera y tensionándolo. Otros múltiples con el colgajo
en “j”, condrocutáneo de base superomedial, injerto lateral
superior splay (Guyuron 1998), injerto en alas de gaviota,
rinopexia lateral (Hommerich).
aparente. Y dentro de los secundarios las que aparecen
luego de rinoplastias, por cicatrices, traumatismos o
quemaduras. Un 13% son por disfunción de la válvula
nasal interna por colapso, cada vez más frecuente por
etiología secundaria.
Su fisiopatología se entiende por la ley de Poiseuille,
que describe que al estrechar el área valvular nasal,
aumenta el volumen de flujo y se debe desarrollar una
mayor presión inspiratoria negativa y por otro lado el
efecto Bernoulli define que el aumento de la velocidad
de un fluído se compensa por una disminución de
su presión. El colapso se debe a la movilidad de las
paredes laterales por este efecto Bernoulli (1738).
Como resultado se produce el colapso de alas nasales.
OBJETIVO
El objetivo de este artículo es realizar una
actualización a propósito de las múltiples opciones
terapéuticas existentes, dando una visión general de
las mismas.
Por otro lado busca demostrar la eficacia del
tratamiento quirúrgico del colpaso valvular nasal de
etiología primaria.
El diagnóstico se realiza mediante la exploración
clínica del área valvular nasal, exploración con
endoscopio de válvula nasal interna, maniobra de Cottle
(descrita por Heinberg y Kern – 1975, consistente
en la tracción lateral a nivel del SNG, siendo positiva
al mejorar el flujo aéreo), maniobra de Bachman , que
estabiliza o ensancha la válvula con instrumentos y para
distinguir el colapso de paredes de hipertrofia cornetes
se realiza la aplicación de sustancias descongestivas.
Por otro lado se valora la integridad del nervio facial y
tono e integridad de musculatura nasal.
MÉTODO
Para cumplir con nuestros objetivos realizamos una
revisión bibliográfica del tema utilizando diferentes los
medios disponibles.
Una vez analizada la bibliografía, decidimos realizar
dos tipos de técnicas quirúrgicas en un caso clínico
que consultó en la policlínica de la Cátedra de Cirugía
Plástica, Reparadora y Estética del Hospital de Clínicas
de Montevideo en el pasado 2014.
Para su tratamiento existen múltiples técnicas, de
difícil planificación, que requieren amplio conocimiento
de la fisiopatología y anatomía, otorgando muchas veces
resultados subóptimos, siendo la mayoría centradas
en válvula nasal interna, en cartílago triangular y otras
centradas en el cartílago alar. Dentro de las opciones
no quirúrgicas contamos con los dilatadores internos
o externos para ensanchar el área valvular nasal. Las
quirúrgicas incluyen cartílagos expansores o Spreader
grafts, descritos por Sheen en 1984. Cartílago en listón o
alar batten graft, Toriumi 1997, colocados desde la apertura
piriforme a unión del tercio lateral y medial de crura lateral.
Amplían y fortalecen la pared lateral supra alar. Cartílago
en mariposa, en el cual el injerto es puesto a través de la
incisión con la forma de V apuntando caudalmente y puesto
simétricamente sobre el dorso nasal, sobre el septum y
bajo el borde cranial del cartílago alar y expanden la válvula
nasal por un efecto spring. Punto de lateralización del
colapso valvular, Paniello 1996, que va de cartílago lateral
superior a maxilar superior, produciendo una tracción
lateral y cefálica. Implante Breathe, Wenger 2004, el cual
tiene un principio similar a injerto en alas de mariposa.
Estabiliza y ensancha válvula nasal interna. Su material es
de titanio, con forma de clip, situado en sectores caudales
de cartílago lateral. Sutura flaring, que expande ángulo de
válvula nasal interna por punto en “U” de porción lateral de
cartílago lateral a través del dorso a opuesto. Sutura en “u”
Se trataba de una paciente de 18 años, atópica,
sin otros antecedentes personales a destacar, que
presentaba una obstrucción al pasaje de flujo aéreo
nasal de un año de evolución, progresiva, sin respuesta
a tratamientos no médicos, en la cual diagnosticamos
un colapso valvular nasal interno y externo de etiología
primaria mediante un correcto examen físico y
realización de historia clínica.
La paciente fue valorada por otorrinolaringología
para apoyar nuestro diagnóstico y descartar cualquier
etiología diferencial de obstrucción nasal.
El tratamiento optado fue quirúrgico. Realizamos la
colocación de injertos Spreader y Batten. El cartílago
utilizado se obtuvo de concha auricular izquierda
(indistinto) y se realizó el moldeado de las tiras previo
a su colocación.
Posteriormente se realizó un seguimiento
postoperatorio valorando los resultados y aparición de
eventuales complicaciones.
Los resultados fueron valorados de forma subjetiva
por la paciente y objetivamente mediante examen
físico y registro fotográfico.
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Colapso valvular nasal
RESULTADOS
Intraoperatorio injertos Batten
Los resultados obtenidos fueron excelentes.
Ya desde el postoperatorio inmediato a los 5 días,
una vez retirado el mechado endonasal realizado, la
paciente subjetivamente refirió una notoria mejoría en
el pasaje al flujo aéreo, la cual era objetivable al examen
físico mediante visualización inferior de la región nasal
de forma estática y dinámica a la inspiración profunda
sin producirse el colapso de las válvulas nasales.
Se controló de forma semanal por un mes y luego
mensual por 4 meses, no apareciendo complicaciones.
La mejoría se mantuvo en el tiempo durante el
período de control, sin evidenciarse ningún grado de
retracción que produjera un colapso ya sea total o
parcial a nivel de la válvula nasal interna o externa en
la evolución.
Intraoperatorio injertos Spreader
Preoperatorio vista de frente
3 meses postoperatorio vista de frente
Preoperatorio vista inferior (en inspiración profunda)
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Colapso valvular nasal
CONCLUSÃO
3 meses postoperatorio vista inferior (en inspiración
profunda)
En conclusión podemos decir que el colapso valvular
nasal es una preocupación cada vez más frecuente debido
al aumento de las etiologías secundarias, para cuyo
tratamiento existen múltiples opciones terapéuticas.
Dentro de las mismas encontramos que la utilización
de injertos Spreader y Batten, en nuestro caso debido
a etiología primaria es un tratamiento con excelentes
resultados, conduciendo a una mejoría subjetiva y
objetiva en el pasaje al flujo aéreo nasal postoperatorio
a corto plazo y mantenida en el tiempo.
REFERÊNCIAS
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C,María I Camesco D
DISCUSSÃO
4. GMS Curr Top Otorhinolaryngol Head Neck Surg.
2007; 6: Doc 07. “Disorders of the nasal valve area”
Marc boris Bloching
Como dijéramos el colapso de las válvulas nasales
es una patología cada vez más frecuente por causas
secundarias debidas a procedimientos quirúrgicos
sobre la región nasal.
5. Grabb & Smith. S Plastic Surgery 6th ed., 2007,
cap.51
Teniendo en cuanta su fisiopatología es que se
diseñaron para su tratamiento múltiples opciones, la
mayoría de las técnicas quirúrgicas están centradas
en la válvula nasal interna y otras en el cartílago
alar. Dentro de estas se incluye el uso de cartílagos
expansores o Spreader grafts, descritos por Sheen en
1984, colocados a cada lado del septum, entre este y
los cartílagos laterales, y el cartílago en listón o alar
batten graft, descritos por Toriumi en 1997, estos
últimos colocados desde la apertura piriforme a unión
del tercio lateral y medial de crura lateral de manera
que amplían y fortalecen la pared lateral supra alar.
6. Handbook of Plastic Surgery, 2004, cap.110
7. Rhinoplasty Dissection Manual, 1999, cap.8
8. Functional Reconstructive Nasal Surgery, 2003;1:15
En este artículo encontramos que la utilización
de estos dos tipos de injertos para el tratamiento del
colapso valvular nasal es una opción viable, realizable y
con resultados óptimos mantenidos en el tiempo.
Comprobamos dicha aseveración mediante un caso
clínico presentado en nuestra cátedra. La etiología del
colpaso y obstrucción al flujo aéreo en esta ocasión fue
primaria.
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RESUMO EXPANDIDO
Sir Harold Gillies: uma vida extraordinária
Sir Harold Gillies: an extraordinary life
Milton Paulo de Oliveira (MSc) , Pedro Salomão Piccinini (MD) , Gibran Busatto Chedid (MD)3, Renato Franz Matta (MD)4,
Carlos Oscar Uebel (PhD)5
1
2
RESUMO
ABSTRACT
Historicamente, as guerras foram um dos
maiores catalisadores para o avanço da medicina, e
especialmente da cirurgia. Já em 400 a.c., Hipócrates
dizia que “aquele que quer ser um cirurgião deve ir
para a guerra”. A I Guerra Mundial não foi, como muitos
previam, o conflito armado definitivo, como se vê hoje
com as guerras no Oriente Médio e recrudescimento
de tensões na Europa Oriental, mas foi a propulsora
para o desenvolvimento e amadurecimento da cirurgia
plástica reconstrutiva. Sem dúvida a maior autoridade
da cirurgia plástica nas primeiras décadas do século XX
foi o inglês Sir Harold Delf Gillies. Nosso artigo faz uma
análise da vida pessoal e do legado que Gillies deixou
para a cirurgia plástica e reconstrutiva moderna.
Historically, war has been the greatest catalyst for the
advancement of medicine, and even more so surgery.
Hypocrates, in 400 AC, said that “he who wants to
become a surgeon should go to war”. World War I wasn’t,
as many had predicted, the definitive armed conflict, as
one can see from the current wars in the Middle East
and the burgeoning tensions in Eastern Europe, but it
was the propulsion engine for the development and
coming of age of reconstructive plastic surgery. Without
a doubt, the greatest authority in plastic surgery in the
first decades of the 20th Century was the New Zealandborn Sir Harold Delf Gillies. Our article analyzes his
personal life and the legacy that Gillies left to modern
plastic and reconstructive surgery.
DESCRITORES: história da medicina, cirurgia plástica,
cirurgia
KEYWORDS: history of medicine, plastic surgery, cirurgia
1. Professor de Cirurgia Plástica
2. Residente de Cirurgia Plástica
3. Residente de Cirurgia Plástica
4. Residente de Cirurgia Plástica
5. Professor de Cirurgia Plástica, Chefe do Serviço do HSL - PUCRS
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Sir Harold Gillies: uma vida extraordinária
INTRODUÇÃO
a Primeira Guerra Mundial. Com o início da Segunda
Guerra Mundial, converteu a ala privada do hospital
Park Prewett, Basingstoke, Inglaterra (conhecido também
como Rooksdown House - a antiga ala psiquiátrica do
instituto), em um hospital de cirurgia plástica com 120
leitos. Foi descrito como um professor brilhante. Como
um mestre artesão na sala cirúrgica, ele enfatizava
a importância vital da minuciosa hemostasia na
reconstrução com retalhos. Sua máxima de “nunca
jogue fora qualquer coisa até ter certeza de que não a
necessitará” é uma doutrina que se perpetua em todos
os campos da cirurgia plástica e reparadora. Gillies
estava constantemente desenvolvendo novas técnicas
para lidar com problemas comuns. Dois anestesistas
que trabalhavam com Gillies, Stanley Rowbotham e
Ivan McGill, se tornaram líderes de sua especialidade,
e foram os desenvolvedores da técnica de intubação
nasotraqueal, que posteriormente se tornou largamente
difundida. Ao final da guerra, observadores americanos
vieram para Sidcup; o mais significativo desses foi
Vilray Blair, o qual, juntamente com Varaztad Kazanjian
trabalhara como dentista em hospitais franceses e era
considerado o “milagreiro da Frente Ocidental”, retornou
para os EUA para fundar a cirurgia plástica e maxilofacial
daquele país. Gillies, em seu livro “Principles and Art
of Plastic Surgery”, de co-autoria de Millard, contrastou
o entusiasmo com que o establishment médico norteamericano abraçou a cirurgia plástica comparado com
as dificuldades e obstáculos que enfrentava no Reino
Unido Após a Guerra, já como Commander of the British
Empire (CBE, honraria real britânica), Gillies foi eleito
para o corpo clinico do St. Bartholomew’s Hospital, como
um dos poucos cirurgiões plásticos britânicos da época
(se calcula que haviam apenas três ou quatro no início
da Segunda Guerra Mundial). Um de seus pupilos foi seu
primo distante, Archibald McIndoe, que foi seu assistente
clínico por muitos anos, e um dos expoentes da cirurgia
plástica britânica na II Guerra Mundial. Se tornou
“consultant”, cargo máximo para um médico no sistema
de saúde inglês, da Marinha, da Real Força Aérea, do
Ministério da Saúde e de outros seis hospitais. Recebeu
o titulo de Sir (cavalheiro) em 1930. Iniciada a Segunda
Guerra Mundial em 1939, ele organizou equipes de
cirurgia plástica ao redor do país, e dirigiu pessoalmente
a maior unidade, no Hospital Park Prewett, Basingstoke.
Após a guerra ele foi membro fundador da Associação
Britânica de Cirurgiões Plásticos (British Association of
Plastic Surgeons) e foi seu primeiro presidente. Gillies
se manteve ativo como professor até sua morte, aos 78
anos, em setembro de 1960.
O interesse de Sir Harold Gillies, CBE, FRCS
(Commander of the British Empire, Fellow of the Royal
College of Surgeons), no tratamento de deformidades
nasais e outras anormalidades faciais levaram-no a ser
um dos fundadores da cirurgia plástica facial no início
do século XX. Nascido em Dunedin, Nova Zelândia,
em 1882, seu pai era membro do Parlamento da Nova
Zelândia e sua mãe era também de família distinguida
do país. Educado em uma escola primária proximo a
Rugby, retornou ao Wanganui College, onde foi capitão
da equipe de críquete. Durante a infância, teve uma
fratura do cotovelo, o que viria tanto a beneficiar
quanto a incomodá-lo futuramente. Posteriormente,
estudou no Gonville and Caius College, Cambridge,
Inglaterra, em 1901 e cursou a faculdade de Medicina
na Universidade de Cambridge, Inglaterra, período
durante o qual demonstrou habilidade muito acima
da média em remo (chegou a remar no famoso duelo
Oxford x Cambridge de 1904). Além disso, provou ser
um exímio golfista, jogando inclusive na equipe inglesa
contra a Escócia no mais antigo clube de golfe do
mundo, o histórico St. Andrews, Escócia.
OBJETIVO
Realizar uma análise da vida pessoal e do legado de
Sir Harold Gillies como principal personagem da cirurgia
plástica mundial no início do século XX, colocando
em contexto o quão avançados eram alguns de seus
conceitos e seus famosos “comandos de Gillies”, e
ajudando a compreender melhor suas contribuições,
tanto em técnicas cirúrgicas quanto em instrumental,
além da contribuição para o desenvolvimento da
Associação Britânica de Cirurgiões Plásticos e da
cirurgia plástica mundial como um todo.
MÉTODO
Realizamos uma busca no PubMed e Google, com
os termos “Harold Gillies”, “history of plastic surgery”,
“history of craniofacial surgery”, “British plastic surgeon”,
“plastic surgery during war”. Incluímos artigos em língua
inglesa e francesa, além de alguns livros sobre o tema.
RESULTADOS
Professor Gillies treinou em otorrinolaringologia no
St. Bartholomew’s Hospital, Londres. Apesar de não ter
treinamento formal em cirurgia plástica, se distinguiu
ao tratar inúmeros pacientes com lesões faciais graves
decorrentes do uso de armamento mais pesado durante
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Sir Harold Gillies: uma vida extraordinária
DISCUSSÃO
a recomendação de registrar de forma completa o
prontuário médico, incluindo ilustrações ou fotografias
do pré e pós-operatórias. Mesmo no início do século
XX, a importância disso tanto para ensino quanto para
efeitos médico-legais era amplamente reconhecida.
Contribuições técnicas
Em 1917, Gillies descreveu uma série de casos
onde músculo temporal foi usado como retalho de
transposição para deformidades causadas por perda do
zigomático. Sua inspiração para esta técnica provinha
de cirurgiões alemães que usavam retalhos de fáscia
temporal para tratamento de paralisia facial. Após
a Guerra, muitos cirurgiões passaram a utilizar esse
retalho para suporte e reconstrução da órbita.
Reconstrução com retalho de rotação e avanço
Extensa lesão facial por estilhaços de artilharia
Excisão de cicatriz e confecção de retalho em H, com
resultado pós-operatório
Publicou alguns artigos, mas não de forma tão
extensa quanto se imaginaria. Seu livro-texto “Principles
and Art of Plastic Surgery” (1920), de co-autoria de
Millard, possuía apenas duas referências.
Em 1932, descreveu o uso de retalhos pediculados
diretos, ao invés de retalhos de tubo pediculados, por
necessitar de apenas dois tempos cirúrgicos. Trabalhou
e publicou sobre tratamento de fendas palatinas, tanto
congênitas, quanto as adquiridas da guerra.
Além de seu papel na cirurgia facial reconstrutiva,
Gillies se destacou também como pioneiro da cirurgia
reconstrutiva genital, principalmente em cirurgia de
mudança de sexo. Jacques Joseph ja havia realizado,
no período inter-guerras, cirurgia de masculino para
feminino, mas ninguém havia ainda realizado troca de
feminino para masculino. Ele foi convencido a tentar
a cirurgia numa paciente, estudante de medicina à
época, chamada Laura Dillon, que havia se submetido
a dupla mastectomia e uso de andrógenos exógenos
previamente, e havia mudado seu nome para Michael.
A cirurgia inicial foi em 1946, e obteve um certo êxito,
a despeito do formato imperfeito do neo-pênis. Um dos
preceitos pregados por Harvey e adotado por Cushing,
e uma mudança de paradigmas, foi o debridamento
cirúrgico precoce das lesões craniofaciais, o que ajudou
a reduzir casos de infecção local e abscessos cerebrais,
mesmo antes da descoberta dos antibióticos.
Sir Harold Gillies, CBE, FRCS
CONCLUSÃO
Gillies, o grande nome da cirurgia plástica inglesa
e mundial no início do séc. XX, deixou um legado
incrível. Não apenas para os milhares de pacientes
que ele tratou durante sua vida, mas também com
suas contribuições para o desenvolvimento da cirurgia
plástica como uma especialidade reconhecida e
respeitada. Seus comandos se mantêm atuais até hoje
e são especialmente relativos para os jovens cirurgiões
plásticos; concluímos deixando alguns deles abaixo:
Diversos
instrumentos
cirúrgicos
foram
desenvolvidos ou aprimorados por Gillies, entre eles
pinças, o seu elevador de zigoma, ganchos de pele,
porta-agulhas e tesouras, usados até hoje. Muito se fala
que seu porta-agulhas epônimo, mais ergonômico, se
deve à antiga fratura no cotovelo que sofrera na infância
e que limitara sua capacidade de pronar e supinar.
Gillies fazia questão de apontar os três elementos de um
tecido que precisavam ser reconstruídos: 1) a camada
externa, a pele; 2) a sustentação cartilaginosa e óssea; e
3) a membrana mucosa de revestimento interno. Esses
princípios se mantêm atuais nos dias de hoje.
1) O cuidado pós-operatório é tão importante quanto
o planejamento ou a cirurgia em si. Quão fútil não
é perder um enxerto ou retalho por falta de bons
cuidados pós-operatórios.
2) A velocidade na cirurgia consiste em não fazer a
mesma coisa duas vezes.
3) Nunca descarte nadalgo até ter certeza de que não
o necessitará.
Uma de suas contribuições mais importantes foi
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Sir Harold Gillies: uma vida extraordinária
4) O barco salva-vidas. É bom ter um plano reserva.
15.James F. Fraser, MS, and Charles Scott Hultman,
MD, MBA. America’s Fertile Frontier How America
Surpassed Britain in the Development and Growth
of Plastic Surgery During the Interwar Years of
1920–1940. Annals of Plastic Surgery. Vol 64,
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5) Mantenha registros, com desenhos ou máquina
fotográfica.
6) Diagnostique antes de tratar
7) Perdas devem ser substituídas por tecido semelhante
16.Gillies HD. Demonstration on Rhinoplasty. Proc R
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RESUMO EXPANDIDO
Abdominoplastia multifuncional: diminuição do tempo cirúrgico com trabalho
em equipe
Multifuncional abdominoplasty: less surgical time with teamwork
Gibran Busatto Chedid1, Renato Franz Matta2, Pedro Salomão Piccinini3, Marcelo Recondo Cheffe4, Carlos Oscar Uebel5
RESUMO
INTRODUÇÃO
O trabalho em questão tem como objetivo
ressaltar os benefícios do trabalho em equipe durante
a realização de abdominoplastia multifuncional,
diminuindo o tempo cirúrgico, consequentemente
complicações intra e pós operatórias e melhorando a
relação entre a equipe médica. Descreve-se a técnica
utilizada por quatro médicos residentes do Serviço de
Cirurgia Plástica do Hospital São Lucas da PUCRS.
A primeira paniculectomia abdominal foi descrita
por Kelly nos Estados Unidos em 1899. Ocorreram
modificações da técnica no século 20, mas foi o
reporte do Pitanguy em 1967 que orientou às bases da
abdominoplastia moderna (1). Segundo a OMS existe
uma prevalência de sobrepeso e obesidade crescente (2).
A obesidade continua como um dos maiores problemas
de saúde que podem diminuir a expectativa de vida nos
Estados Unidos. As co-morbidades associadas com esta
condição são numerosas incluindo DM tipo 2, apneia
do sono, osteoartritis e câncer (3). Os pacientes que
sofrem grandes perdas ponderais apresentam hérnias
de parede abdominal associada à intensa flacidez e
excesso de pele (4). A cirurgia bariátrica é reconhecida
como único tratamento para obesidade mórbida, sendo
demonstrada a melhora considerável da qualidade de
vida (2). A abdominoplastia multifuncional é considerada
por muitos cirurgiões como a forma mais segura, que
permite a retirada de maior quantidade de tecido
e menor índice de complicações (4). O advento dos
procedimentos bariátricos criou um novo contingente
de pacientes ex-obesos que buscam na cirurgia plástica
a correção dos grandes excessos cutâneos resultantes
da sua grande perda ponderal. Muitos destes pacientes
não são adequadamente tratados pelas técnicas
convencionais
de
dermolipectomia
abdominal
com cicatriz horizontal apenas. Este fato levou ao
nascimento de técnicas que permitem a ressecção
do excesso cutâneo no sentido horizontal e vertical,
resultando numa grande cicatriz em T invertido (âncora)
(5)
. A abdominoplastia em âncora tem sua história com
início a partir de Weinhold em 1909 e Somalo em 1940,
seguidos por Duffourmentel em 1959, Castañares em
1967 e Regnault em 1975 com a chamada incisão de
“Flor de Lis”. Nesta técnica pode se fazer num mesmo
tempo cirúrgico o tratamento do abdome anterior
em avental mais o contorno corporal (4) ressecando o
DESCRITORES: Abdominoplastia , Cirurgia Bariátrica ,
Complicações Intraoperatórias
ABSTRACT
The work in question aims to highlight the benefits
of teamwork while performing multifunctional
abdominoplasty, reducing surgical time, consequently
intra and post operative complications and improving
the relationship between the medical staff. Describes
the technique used by four residents of the Plastic
Surgery Service of the Hospital São Lucas.
KEYWORDS: Abdominoplasty, Bariatric Surgery, Surgical
complications
1. Residente de cirurgia plástica do Serviço de Cirurgia Plástica do Hospital São
Lucas da PUCRS
2. Residente de cirurgia plástica do Serviço de Cirurgia Plástica do Hospital São
Lucas da PUCRS
3. Residente de cirurgia plástica do Serviço de Cirurgia Plástica do Hospital São
Lucas da PUCRS
4. Preceptor do Serviço de Cirurgia Plástica do Hospital São Lucas da PUCRS
5. Chefe do Serviço de Cirurgia Plástica do Hospital São Lucas da PUCRS
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Abdominoplastia multifuncional: diminuição do tempo cirúrgico com trabalho em equipe
tecido em monobloco como preconizado por R. Pontes
(6)
. Respeito ao tempo cirúrgico nas abdominoplastias
multifuncionais; Cardoso et al. descreveram um tempo
cirúrgico médio de 199 minutos (115 a 410 minutos) (5).
Para Roxo et al. o tempo médio de cirurgia foi 4 hrs (4).
OBJETIVO
O objetivo do trabalho é ressaltar os benefícios
do trabalho em equipe durante a realização de
abdominoplastia multifuncional.
MÉTODO
Paciente em decúbito dorsal sob anestesia geral.
Realizada antissepsia com clorexidine aquoso e
colocação de campos estéreis segundo padrão.
Marcação de incisão transversal supra-púbica 7cm
acima da fúrcula vaginal, em direção à linha de Dumm
bilateralmente. Marcação de neo-umbigo a 16 cm
inferior da fúrcula esternal Desenho de dois retalhos
bilaterais de 2cm largura por 3cm de altura segundo
técnica de Corrêa e Iturraspe. Marcação da incisão
vertical com duas linhas divergentes bilaterais a partir
da fúrcula esternal em direção às linhas arqueadas
abdominais superiores, conformando dois retalhos
triangulares laterais, segundo técnica descrita por
Roxo (Fig. 1).
RESULTADOS
Foi obtido um resultado estético agradável e um
tempo cirúrgico desde a incisão até o final da sutura de
2 hrs. 50 min. (Fig. 2).
Realizada infiltração com solução anestésica
e adrenalina 1:200.000 sob áreas da incisão
cirúrgica. Incisão sobre marcação. Descolamento
de tecido excedente (triângulo superior e laterais)
até a aponeurose dos retos abdominais, mantendo
pedículo umbilical, realizado concomitantemente por
três dos 4 cirurgiões que realizavam o descolamento e
a exérese do tecido em sincronia, mantendo a fluidez
do ato cirúrgico. O terceiro auxiliar foi encarregado
da realização de hemostasia.
Procedeu-se ao clampeamento do pedículo umbilical
com posterior incisão e sutura transfixante. Realizada
a ressecção do excesso de tecido dermogorduroso em
bloco com posterior revisão da hemostasia. Marcação
das linhas de plicatura e correção da diástase abdominal
com prolene 0, desde apêndice xifóide até o púbis.
DISCUSSÃO
O neo-umbigo foi confeccionado segundo a
técnica de Corrêa e Iturraspe com Monocryl 3-0
utilizando os retalhos retangulares centrais. Sutura
em três camadas até a pele, com Nylon 3-0, vicryl
3-0 e vicryl 4-0 (subcutâneo, sub-dérmico e intradérmico). Finalizando com curativo local e malha
corporal elástica.
A abdominoplastia multifuncional caracteriza-se por
ser uma cirurgia laboriosa devido as grandes ressecções
decorrentes da perda ponderal importante prévia do
paciente após procedimento bariátrico. Esta diminuição
gera um grande excedente de tecido dermogorduroso
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Abdominoplastia multifuncional: diminuição do tempo cirúrgico com trabalho em equipe
CONCLUSÃO
a ser extirpado para que o a paciente volte a ter um
contorno corporal satisfatório.
Concluímos que realizando o ato cirúrgico em
conjunto e sincronizado, podemos diminuir o tempo
cirúrgico e consequentemente os risco de complicações
intra e pós-operatórias, aumentando também o
entrosamento da equipe médica.
Toda cirurgia plástica que impõe ao cirurgião
grandes ressecções gera por consequência maior
tempo cirúrgico, que vem a aumentar o risco de
complicações cirúrgicas intra e pós operatórias, como
também os custos administrativos de tempo de sala
cirúrgica e planejamento do mapa cirúrgico diário
aonde outras especialidades, também precisam que
seus procedimentos iniciem sem atraso.
REFERÊNCIAS
1. Jordan J, Shechner S, Jacobs J. Abdominoplasty
following massive weight loss. Seminars in Plastic
Surgery. 2006; 20(1): 15-23.
Encontramos na abordagem em equipe, uma forma
de diminuir o tempo deste laborioso procedimento,
principalmente em se tratamento da quantidade de
ressecções e suturas realizadas por planos que o
mesmo envolve, aonde a presença de somente um
cirurgião principal com um auxiliar seria, por mais hábil
e objetivos que estes fossem, um tanto demorada.
2. Rocha R, Gemperli R, Modolin M, et al. Cirurgias
plásticas para readequaçãoo de contorno corporal
de pacientes submetidos a cirurgia bariátrica
durante a adolescência. Rev Bras Cir Plast. 2012;
27(4): 588-593.
Como principal benefício, observamos que o tempo
reduzido, reduz também o tempo em que nosso paciente
permanece sob anestesia e sob suas complicações
inerentes, tal qual as complicações tromboembólicas
e perda sanguínea significativa que tanto imprimem
precaução e temor aos cirurgiões plásticos.
3. Must A, Spadano J, Coakley E, et al. The disease
burden associated with overweight and obesity.
JAMA. 1999; 282: 1523-1529.
4. Roxo C, Roxo A, Almenares M. Abdominoplastia
multifuncional: estúdio retrospectivo de 5 anos
de experiência con 108 pacientes. Cir Plást
Iberolatinoam. 2008; 34(3): 201-210.
A abordagem em equipe também aumenta o
entrosamento e sincronia entre os médicos residentes
em formação, o que vem a diminuir a competitividade
e individualidade do profissional e aumentar o espírito
de equipe e fortalecimento dos laços formados entre
os médicos em formação, que solidificam a equipe do
serviço de residência médica (Fig. 3).
5. Cardoso H, Bacco D,Eiras G, et al. Padronização
cirúrgica das abdominoplastias em âncora pós
gastroplastia. Rev. Bras Cir Plast. 2011; 26(1): 266274.
6. Pontes R. Plástica abdominal importância de sua
associação à correção das hérnias incisionais. Rev
Bras Cir Plast. 1966; 52: 85.
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RESUMO EXPANDIDO
Sindactilia – revisão de literatura e relato de caso de sindactilia simples
completa
Syndactyly - review of literature and case report of simple complete syndactyly
Barbara d’Avila Goldoni1, Daniel Pinheiro Machado da Silveira2, Geraldo Cesar Castro Althoff3, Pablo Pase4, Pedro Bins Ely5
RESUMO
ABSTRACT
Introdução: A sindactilia corresponde a uma fusão
variável dos tecidos moles, esqueléticos ou ambos
em dígitos adjacentes, e ocorre quando o processo
normal de separação dos dedos e formação do espaço
interdigital falha em algum grau. Método: A cirurgia está
indicada na maioria dos casos de sindactilia, exceto em
casos de sindactilia incompleta sem prejuízo funcional,
casos em que há doença concomitante que impeça
cirurgia ou em casos em que devido à complexidade da
deformidade o tratamento possa levar a piora funcional.
Resultado: Bons resultados podem ser esperados em
caso de sindactilia simples, enquanto em sindactilia
complexa , em contraste, o resultado após a separação
é em geral limitado pelas anomalias associadas e severa
falta de pele, que resulta em aumento de retração
cicatricial e consequente redução da mobilidade.
Conclusão: A cirurgia, embora pareça simples, demanda
planejamento tridimensional detalhado, técnica
apurada e fechamento cuidadoso
Introduction: Syndactyly corresponds to a variable
fusion of the soft and skeletic tissues, or both, in
adjacent digits, and occurs when normal process of
interdigital space formation fails. Method: Surgery
is indicated in most cases of syndactyly, except
in cases of incomplete syndactyly in which there
is no functional limitation, cases in which there is
concurrent disease that prevents surgery or when
complexity of the lesion may lead to worsening of
function. Results: Good results can be expected in
cases of simple syndactyly, whereas in complex
syndactyly, on the other hand, results are usually
limited because of associated anomalies and severe
lack of skin, that leads to scar contraction and
reduced mobility. C onclusion: Although surgery may
seem simple, it demands tridimensional detailed
plan, technique and careful closure of wounds.
KEYWORDS: hand, reconstruction, syndactyly
DESCRITORES: mão , reconstrução, sindactilia
1. Médico Residente do Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia Reconstrutiva
da Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre / Universidade
Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre
2. Médico Residente do Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia Reconstrutiva
da Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre / Universidade
Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre
3. Médico Residente do Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia Reconstrutiva
da Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre / Universidade
Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre
4. Médico Instrutor do Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia Reconstrutiva
da Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre
5.Professor adjunto e chefe do Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia
Reconstrutiva da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre
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Sindactilia – revisão de literatura e relato de caso de sindactilia simples completa
INTRODUÇÃO
incidência de anormalidades em tendões e feixes
neurovasculares aumenta com a complexidade da
sindactilia1,2.(Figuras 1 e 2)
A sindactilia corresponde a uma fusão variável
dos tecidos moles, esqueléticos ou ambos em dígitos
adjacentes, e ocorre quando o processo normal de
separação dos dedos e formação do espaço interdigital
falha em algum grau.
Durante o desenvolvimento normal os dedos
se formam como condensações de mesoderme na
extremidade dos membros superiores. Os espaços
interdigitais se formam mediante um processo de
apoptose que evolui proximalmente a partir das
extremidades dos dedos.
Na avaliação da sindactilia deve-se considerar
os espaços interdigitais acometidos, a extensão da
sindactilia, o envolvimento da unha e a presença de
outras anomalias. A avaliação deve incluir o membro
superior afetado, a mão contralateral a parede torácica e
os pés. Uma radiografia poderá demonstrar fusão óssea,
um dígito extra (sinpolidactilia) ou outra alteração
articular ou óssea.
A sindactilia isolada é uma anomalia relativamente
comum com uma incidência de aproximadamente
1 para 2000. É bilateral em 50% dos casos, e tem
história familiar positiva em 10 a 40% dos casos, com
herança autossômica dominante. Expressão variável e
penetrância incompleta respondem pela predominância
em homens (2:1). A sindactilia pode ser vista isolada
ou associada a outras deformidades da mão como
polidactilia, clinodactilia, braquidactilia entre outras,
tanto como uma anomalia específica da mão ou como
parte de síndromes.
A cirurgia está indicada na maioria dos casos de
sindactilia, exceto em casos de sindactilia incompleta
sem prejuízo funcional, casos em que há doença
concomitante que impeça cirurgia ou em casos em que
devido à complexidade da deformidade o tratamento
possa levar a piora funcional.
Em casos de sindactilia isolada o acometimento do
espaço entre o 3º e 4º dedos é o mais freqüente (57%),
seguido pelo espaço entre o 4º e o 5º dedo (27%)1.
A liberação da sindactilia já foi realizada desde o
período neonatal até a infância, sendo os melhores
resultados obtidos quando a cirurgia é realizada após
os 18 meses. O objetivo é a liberação dos dedos até a
idade escolar3.
OBJETIVO
O objetivo deste trabalho é realizar uma revisão
da literatura sobre a abordagem clínica e cirúrgica
da sindactilia, abrangendo avaliação e tratamento
desta condição. Além disso, ressalta-se a título de
ilustração um caso de sindactilia simples completa
operado no Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia
Reconstrutiva da Irmandade Santa Casa de Misericórdia
de Porto Alegre e Universidade Federal de Ciências da
Saúde de Porto Alegre.
Em casos de sindactilia envolvendo mais de dois
dedos o procedimento deve ser realizado em estágios,
evitando assim o risco de lesar ambos os feixes
vasculonervosos de um dedo comprometendo sua
perfusão.
MÉTODO
A incisão cirúrgica deve ser planejada para otimizar
o uso da pele na construção de retalhos para a
cobertura digital e minimizar a contratura cicatricial
sobre articulações com comprometimento das mesmas.
A técnica de Cronin que utiliza retalhos triangulares
dorsais e palmares em zigzag permanece a base
de muitas técnicas. A cobertura das áreas cruentas
remanescentes deve ser realizada preferencialmente
com enxerto de pele total, sendo as áreas mais usadas
como doadoras a hipotenar, volar do punho e inguinal,
além da medial do braço4 - 6.
Um dos principais objetivos da correção da
sindactilia é a reconstrução da comissura interdigital. O
método mais frequentemente usado utiliza um retalho
de base retangular elevado do dorso da sindactilia com
avançamento em direção à região palmar.
A sindactilia é chamada completa quando acomete
todo o espaço interdigital, e incompleta quando afeta
qualquer porção entre a comissura e as pontas dos
dedos.
A sindactilia simples apresenta fusão apenas de
pele e tecidos moles, enquanto a complexa apresenta
deformidades esqueléticas. A sindactilia complexa
complicada apresenta falanges ou dedos acessórios
interpostos entre espaços interdigitais anormais. A
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Sindactilia – revisão de literatura e relato de caso de sindactilia simples completa
RESULTADOS
REFERÊNCIAS
Bons resultados podem ser esperados em caso de
sindactilia simples, enquanto em sindactilia complexa ,
em contraste, o resultado após a separação é em geral
limitado pelas anomalias associadas e severa falta de
pele, que resulta em aumento de retração cicatricial e
consequente redução da mobilidade (Figuras 3 e 4).
1. Simon P. Kay, David B. McCombe, and Scott H. Kozin.
Deformities of the hand and finger. In: Green’s
Operative Hand Surgery, 6ª ed. Filadélfia: Elsevier;
2011. P. 1291-300.
2. Vieira Filho, JGC. Deformidades congênitas da mão.
In: Carreirão S, Carneiro Junior, LVS, (Eds) Cirurgia
Plástica para a formação do especialista. 2ª ed. São
Paulo: Atheneu; 2011. p. 399-406.
As
complicações
precoces
podem
incluir
comprometimento vascular, infecção, deiscência de
sutura e perda de enxerto. Fechamento das suturas livre
de tensão é essencial para reduzir risco de deiscência,
além de desengorduramento e uso de enxertos.
Com o passar do tempo a comissura pode ser levada
distalmente por contratura cicatricial. A presença
de cicatrizes longitudinais na base dos dedos pode
precipitar tais contraturas, além da perda de enxertos
com cicatrização por segunda intenção. A contratura
articular pode ocorrer quando retrações cicatriciais
ocorrem na superfície palmar das articulações, e pode
demandar reintervenção com novo enxerto de pele ou
quebra de cicatriz para seu elongamento.
3. Jones N, Upton J: Early release of syndactyly within
six weeks of birth, Orthop Trans 17:360-1, 1992.
4. Cronin T: Syndactylism: Results of zig-zag incision
to prevent postoperative contracture, Plast Reconstr
Surg 18:460-8, 1956.
5.Ekerot L: Syndactyly correction without skingrafting, J Hand Surg [Br] 21:330-7, 1996.
6. Greuse M, Coessens BC: Congenital syndactyly:
defatting facilitates closure without skin graft, J
Hand Surg [Am] 26:589-94, 2001.
DISCUSSÃO
A sindactilia afeta a criança em crescimento de forma
estética, funcional e de desenvolvimento. Quando no
primeiro espaço interdigital inibe o desenvolvimento
da pinça. Quando afeta os demais dedos inibe a
movimentação independente, especialmente a
abdução. Além disso, quando acomete dedos de
tamanhos diferentes pode levar a deformidades com
desvio do dedo mais longo em direção ao dedo mais
curto com contratura em flexão que progride com o
crescimento.
CONCLUSÃO
A complexidade e a técnica requerida para liberação
de sindactilia são frequentemente subestimadas. A
cirurgia, embora pareça simples, demanda planejamento
tridimensional detalhado, técnica apurada e fechamento
cuidadoso. O procedimento usualmente requer tempo
e paciência da equipe cirúrgica.
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RESUMO EXPANDIDO
Reconstrução de mama utilizando retalhos perfurantes baseados no músculo
reto do abdome - Escala de preservação muscular
Breast reconstruction using perforator flaps based in the rectus abdominis muscle Muscle sparing classification system
Barbara dAvila Goldoni1, Daniel Pinheiro Machado da Silveira2, Geraldo Cesar Castro Althoff3, Ronaldo Scholze Webster4,
Pedro Bins Ely5
RESUMO
ABSTRACT
Introdução: A tendência atual no tratamento do
câncer de mama é de buscar métodos de tratamento
que causem menor deformidade. O desenvolvimento
de técnicas de reconstrução baseadas em retalhos
perfurantes está em consonância com esta tendência.
Método: A evolução dos retalhos como o retalho
miocutâneo transverso do abdome livre (free TRAM) em
retalho miocutâneo transverso do abdome poupador
de músculo (muscle sparing TRAM) e retalho perfurante
da artéria epigástrica inferior (DIEP flap) demonstra
preocupação crescente com a menor morbidade do
sítio doador. Resultado: a principal vantagem dos
retalhos perfurantes é que estes poupam a musculatura
e a inervação motora, reduzindo a morbidade do
procedimento e preservando função. Conclusão: as
técnicas autólogas de reparação da mama baseadas
em vasos perfurantes podem ser utilizadas com
proporcional diminuição ao músculo reto do abdome.
Introduction: The latest trend in breast cancer
treatment is to look for treatment options that cause
less deformity. The development of reconstruction
techniques based in perforator flaps is part of this
trend. Method: The evolution of flaps like the free
transverse rectus abdominis myocutaneous flap (TRAM
flap) in the muscle sparing TRAM and the deep inferior
epigastric artery flap (DIEAP flap) demonstrates
attention in order to diminish morbidity of the donor
site. Results: The greatest advantage of the perforator
flaps is that they spare muscle and motor inervation,
reducing morbidity of the procedure and preserving
function. Conclusion: The autologous techniques of
breast reconstruction based in perforator vessels
can be used with reduction of damage to the rectus
abdominis muscle.
KEYWORDS: breast, reconstruction, perforator flaps
DESCRITORES: mama, reconstrução, retalhos perfurantes
1.Médico Residente do Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia
Reconstrutiva da Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre /
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre
2.Médico Residente do Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia
Reconstrutiva da Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre /
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre
3.Médico Residente do Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia
Reconstrutiva da Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre /
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre
4. Professor adjunto do Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia Reconstrutiva
da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre
5.Professor adjunto e chefe do Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia
Reconstrutiva da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre
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Reconstrução de mama utilizando retalhos perfurantes baseados no músculo reto do abdome - Escala de preservação muscular
INTRODUÇÃO
do abdome pediculado (TRAM) se deu por Hartrampf
em 19824(Figuras 1). Estudos da anatomia vascular
posteriormente demonstraram que a vascularização
arterial dominante se dava através da artéria epigástrica
inferior. Com o entendimento de que o músculo reto
do abdome poderia carregar um retalho maior de pele
e subcutâneo quando baseado no sistema vascular
profundo, diversos microcirurgiões passaram a adotar
o retalho miocutâneo transverso do abdome livre para
reconstruções de mama. Serafin et al. foram os primeiros
a relatar o uso de retalho livre na reconstrução de
mama5, sendo Holmstrom et al. os pioneiros no uso
de tecido abdominal como retalho microcirúrgico para
reconstrução de mama - o TRAM livre6 (Figura 2).
A tendência atual no tratamento do câncer de mama
é de buscar métodos de tratamento que causem menor
deformidade, buscando ressecar o tumor preservando
o tecido saudável adjacente¹.
O desenvolvimento de técnicas de reconstrução
baseadas em retalhos perfurantes está em consonância
com esta tendência por buscar minimizar o dano ao
sítio doador do retalho.
A evolução dos retalhos como o retalho miocutâneo
transverso do abdome livre (free TRAM) em retalho
miocutâneo transverso do abdome poupador de
músculo (muscle sparing TRAM) e retalho perfurante da
artéria epigástrica inferior (DIEP flap) demonstra essa
preocupação crescente com a menor morbidade do sítio
doador².
OBJETIVO
Descrever a progressão da preservação do músculo
reto do abdome utilizando as técnicas autólogas de
reparação baseadas em vasos perfurantes em casos do
Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia Reconstrutiva
da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre e
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto
Alegre.
MÉTODO
Retalhos perfurantes são denominados de acordo
com sua artéria de origem desde o consenso de
Gent³. Estudos anatômicos demonstram que a artéria
nutridora de um retalho perfurante normalmente surge
na superfície profunda do músculo e fornece vasos
perfurantes musculocutâneos que penetram através
do músculo para suprir a gordura e a pele. Em outras
situações um vaso pode se originar da artéria nutridora
e caminhar através de uma membrana septocutânea
até a pele e subcutâneo. Estes últimos são chamados
vasos perfurantes septocutâneos.
Com o passar do tempo foi se tornando evidente
que a morbidade do sítio doador poderia ser reduzida
se a quantidade de músculo a ser retirada com o retalho
fosse também diminuída, juntamente com menor lesão
do músculo remanescente no abdome (Figuras 3).
Koshima e Soeda foram os primeiros a relatar o uso
de retalhos baseado em vasos perfurantes7.
A dissecção cuidadosa dos vasos perfurantes
através do músculo até a artéria nutridora leva à
forma mais pura de um retalho perfurante e desse
modo preserva a integridade muscular e nervosa
motora. Ocasionalmente variações anatômicas ou
preocupações sobre a perfusão tecidual encontrada
durante o procedimento pode levar a opção de incluir
certa porção de músculo no retalho, alterando assim seu
design para um dos retalhos poupadores de músculo.
Allen e Treece realizaram o primeiro retalho
perfurante de artéria epigástrica inferior para
reconstrução de mama com transferência unicamente
de tecido subcutâneo e pele com preservação total do
músculo reto do abdome8 (Figura 4).
A introdução do retalho miocutâneo transverso
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Reconstrução de mama utilizando retalhos perfurantes baseados no músculo reto do abdome - Escala de preservação muscular
retalho reduzido para adequar-se ao tamanho da mama
contralateral da paciente10.
Uma contraindicação absoluta ao uso de retalho
de abdome inferior para reconstrução mamária é a
abdominoplastia prévia. Lipoaspiração prévia constitui
contraindicação relativa, sendo necessária adequada
avaliação pré-operatória da viabilidade vascular nesta
situação. Tabagismo ativo até quatro a seis semanas
antes da cirurgia contribui para necrose gordurosa, perda
parcial do retalho, atraso da cicatrização e perdas parciais
ocasionais de retalho tanto no sítio da mastectomia
quanto no sítio abdominal. Cirurgias abdominais prévias
também podem comprometer a perfusão do retalho.
RESULTADOS
Nahabedian e colaboradores desenvolveram uma
classificação para descrever o grau de preservação
muscular do músculo reto do abdome9 (Tabela 1).
Tabela 1. Classificação de Preservação Muscular
As pacientes devem preferencialmente completar
terapia com radiação antes da reconstrução, porque
embora o retalho perfurante em geral tolere a radiação,
o resultado da reconstrução em longo prazo é superior
quando não há irradiação sobre a área reconstruída10-12.
CONCLUSÃO
Esta classificação demonstra o contínuo entre estes
retalhos, que requerem abertura da fáscia anterior do
músculo reto do abdome e quantidade variáveis deste
mesmo músculo.
As técnicas autólogas de reparação da mama
baseadas em vasos perfurantes podem ser utilizadas
com proporcional diminuição da agressão ao músculo
reto do abdome.
Assim, a principal vantagem dos retalhos perfurantes
é que estes poupam a musculatura e a inervação
motora, reduzindo a morbidade do procedimento e
preservando função (Figura 5 - Preservação do nervo
intercostal).
No entanto, cabe lembrar que existe uma troca
que deve ser considerada em reconstrução de mama
usando os retalhos baseados no músculo reto do
abdome. Quanto menor o dano causado à musculatura
e à fáscia, em um esforço de minimizar a morbidade
abdominal, menos perfurantes são incluídos, e o risco
de complicações, como necrose gordurosa e perda do
retalho, aumenta13, 14.
REFERÊNCIAS
1. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Mastologia e
Sociedade Brasileira de Cancerologia no Tratamento
Cirúrgico do Câncer de Mama. Finalizado em janeiro
de 2011.
2. Elliott LF, Hartrampf CR, Jr. Breast reconstruction:
progress in the past decade. World Journal of
Surgery. 1990;14(6):76375.
DISCUSSÃO
A maioria das mulheres com câncer de mama
que serão ou foram submetidas a mastectomia são
candidatas em potencial a reconstrução mamária
autóloga com retalho perfurante, sendo o mais seguro
dentre os baseados no músculo reto do abdome o
DIEAP flap. Em uma revisão de Granzow e colaboradores
encontrou-se que o retalho correspondia em média a
120% do peso da peça de mastectomia, sendo assim o
3. The “Gent” consensus on perforator flap
terminology: preliminary definitions. Plastic and
Reconstructive Surgery. 2003 Oct ;112(5):1378-83;
quiz 1383, 1516; discussion 1384-7.
4. Hartrampf CR, Scheflan M, Black PW. Breast
reconstruction with a transverse abdominal island flap.
Plastic and Reconstructive Surgery. 1982;69(2):21625
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Reconstrução de mama utilizando retalhos perfurantes baseados no músculo reto do abdome - Escala de preservação muscular
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Reconstructive Surgery. 2010;126(6):22868; author
reply 89.
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RESUMO EXPANDIDO
Reconstrução Tardia de Mama: Benefícios da Lipoenxertia no Preparo da Zona
de Mastectomia
Delayed Breast Reconstruction: The Benefits of Fat Graft to Prepair The Mastectomy Zone
Mariana Zancanaro1, Geraldo Cesar Castro Althoff2, Paulo Eduardo Krauterbluth Solano Junior3, Rafael Netto4, Pedro Bins Ely5
RESUMO
ABSTRACT
O enxerto de gordura tem se mostrado útil na
reconstituição do tecido subcutâneo e na melhora das
condições cutâneas e da vascularização local, podendo
ser alternativa no preparo da zona de mastectomia antes
de reconstruções tardias de mama. Neste trabalho serão
analisados 2 casos com uso de lipoenxertia em zona de
mastectomia com otimização da qualidade dos tecidos. A
experiência com a técnica mostrou segurança no preparo
da zona de mastectomia para realização de reconstrução.
Nesta situação, as propriedades regenerativas do enxerto
de gordura podem ter contribuído no resultado final.
Autologous fat grafting is useful as a regenerative
tissue. The use of fat graft in breast surgery is described
in mastectomy and in breast conserving surgery. There
are few descriptions of the use of fat graft to prepair the
mastectomy zone before delayed reconstruction. We
describe two cases of delayed breast reconstruction
that were submitted to fat transfer before the
reconstruction. We observed improvement of tissue
elasticity and reduction of signs of radiodermatitis.
The final result of breast reconstruction was optimized
by previous fat graft.
DESCRITORES: Mamoplastia, Mastectomia, Neoplasias
da Mama
KEYWORDS: Mamoplasty, Mastectomy, Breast Neoplasms
INTRODUÇÃO
Apesar do aumento na proporção de reconstruções
imediatas pós-mastectomia, um grupo significativo de
pacientes ainda é encaminhado à reconstrução tardia.
Nestes casos, observam-se alterações importantes no
sítio da mastectomia, incluindo atrofia da pele e do
tecido subcutâneo. Nos casos de radioterapia prévia,
as condições podem ser ainda mais desfavoráveis em
virtude da desvascularização, fibrose e rigidez dos
tecidos locais. Mesmo com utilização de retalhos, o
resultado do tratamento é limitado pelas condições da
área receptora.
1.Médico Residente do Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia
Reconstrutiva da Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre /
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre
2.Médico Residente do Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia
Reconstrutiva da Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre /
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre
3.Médico Residente do Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia
Reconstrutiva da Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre /
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre
4.Instrutor do Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia Reconstrutiva
da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre / Universidade Federal de
Ciências da Saúde de Porto Alegre
O enxerto de gordura tem se mostrado útil na
reconstituição do tecido subcutâneo e na melhora
da vascularização local, podendo ser alternativa no
preparo da zona de mastectomia antes de reconstruções
5.
Professor adjunto do Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia
Reconstrutiva da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre / Universidade
Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre
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Reconstrução Tardia de Mama: Benefícios da Lipoenxertia no Preparo da Zona de Mastectomia
tardias de mama. O tecido adiposo é metabolicamente
ativo e secreta diversos hormônios, citocinas e fatores
de crescimento. Ele é abundante em células-tronco
mesenquimais que, em circunstâncias apropriadas,
podem diferenciar-se em uma gama de diferentes
tipos celulares e secretar fatores angiogênicos
específicos.1 O potencial regenerativo do adipócito
e das células precursoras mesenquimais promove a
neovascularização, que contribuiria na melhora de
lesões degenerativas, crônicas e atróficas – como
aquelas causadas por irradiação ionizante.
Caso 2. Paciente feminina de 49 anos, mastectomizada
há 2 anos, apresentava atrofia do subcutâneo na zona da
mastectomia (Figura 03). A lipoenxertia foi realizada em
toda a extensão do tórax anterior, na região subcutânea
e em múltiplos planos, num total de 180 mL. Após três
meses, foi colocado expansor tecidual com cobertura
do peitoral maior e serrátil anterior. Após expansão, foi
realizada troca do expansor por implante de silicone e
simetrização da mama contralateral com mastopexia,
lipoaspiração e colocação de implante de silicome em
posição retromuscular. Apesar da atrofia inicial na zona
da mastectomia, verificou-se cobertura satisfatória do
implante após troca do expansor. Neste tempo cirúrgico
foi possível identificar a formação de nova camada de
subcutâneo na zona de lipoenxertia, confirmando a
integração do enxerto (Figura 04).
OBJETIVO
Relatar o uso de lipoenxertia na zona da mastectomia
previamente à reconstrução mamária.
Não foram observadas complicações associadas à
lipoenxertia nos casos descritos.
MÉTODO
Relato de 2 casos submetidos à lipoenxertia
previamente à reconstrução tardia da mama realizados
no Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia
Reconstrutiva da ISCMPA/UFCSPA.
O tecido adiposo foi coletado da região abdominal
após infiltração da área com solução de adrenalina
1:200.000. A lipoaspiração foi realizada com seringa de
60ml e cânula de 3mm. Após decantação, a gordura foi
transferida para seringas de 3 mL para infiltração com
cânula 2mm com 1 orifício para enxertia.
Após a lipoenxertia, as pacientes foram submetidas
a procedimento de reconstrução mamária conforme
avaliação clínica e anatômica.
RESULTADOS
Caso 1. Paciente feminina de 46 anos, tabagista
ativa, com história de mastectomia radical modificada à
direita associada à radioterapia adjuvante há 2 anos. Ao
exame físico, apresentava atrofia dos tecidos na zona da
mastectomia e sinais de radiodermatite leve (Figura 01).
A lipoenxertia foi realizada em toda a extensão do tórax
anterior (área da mastectomia), na região subcutânea
e em múltiplos planos, num total de 220 mL. Após três
meses, foi realizado retalho de grande dorsal associado a
expansor tecidual. Quatro meses após, foi realizada troca
do expansor por implante de silicone e nova lipoenxertia
na mama direita. A simetrização da mama contralateral
foi realizada com mastopexia periareolar e colocação de
implante de silicone em posição retromuscular. A avaliação
do resultado permite identificar boa elasticidade da
pele na mama reconstruída, permitindo contorno muito
semelhante à mama contralateral (Figura 02).
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Reconstrução Tardia de Mama: Benefícios da Lipoenxertia no Preparo da Zona de Mastectomia
DISCUSSÃO
REFERÊNCIAS
O avanço no diagnóstico e tratamento das neoplasias
mamárias permite que, na maioria dos casos, seja
indicada a reconstrução imediata pós-mastectomia. Em
muitos casos, no entanto, a reconstrução tardia ainda é
realizada.
1. Pearl, R.A., S.J. Leedham, and M.D. Pacifico, The safety
of autologous fat transfer in breast cancer: lessons
from stem cell biology. J Plast Reconstr Aesthet
Surg, 2012. 65(3): p. 283-8.
2. Largo, R.D., et al., Efficacy, safety and complications
of autologous fat grafting to healthy breast tissue:
A systematic review. J Plast Reconstr Aesthet Surg,
2013.
Na reconstrução tardia, a escolha da técnica
leva em consideração as condições locais na zona
da mastectomia, radioterapia e condições clínicas/
anatômicas da paciente. Neste contexto, são comuns
a atrofia do subcutâneo, o adelgaçamento da pele,
as cicatrizes hipertróficas e a aderência cutânea aos
planos profundos, o que pode limitar o resultado pósoperatório da reconstrução.
3. Losken, A., et al., Autologous fat grafting in secondary
breast reconstruction. Ann Plast Surg, 2011. 66(5):
p. 518-22.
4. Villani, F., et al., Fat Graft before breast reconstruction
by latissimus dorsi. Plast Reconstr Surg, 2010.
126(4): p. 190e-192e.
A lipoenxertia tem se mostrado uma alternativa
eficaz na cicatrização de feridas complexas secundárias
à radiodermatite5. Em cirurgia mamária também é
eficaz e efetiva na atenuação de defeitos secundários
à mastectomia e à cirurgia conservadora.3 No entanto,
há poucos relatos de sua utilização para melhora das
condições locais antes da reconstrução mamária.4
5. Rigotti, G., et al., Clinical treatment of radiotherapy
tissue damage by lipoaspirate transplant: a healing
process mediated by adipose-derived adult stem
cells. Plast Reconstr Surg, 2007. 119(5): p. 1409-22;
discussion 1423-4.
6. Villani, F., et al., Current applications and safety of
autologous fat grafts: a report of the ASPS Fat Graft
Task Force. Plast Reconstr Surg, 2010. 125(2): p.
758-9; author reply 759.
Embora as lesões teciduais induzidas pela
radioterapia sejam de caráter crônico, o enxerto
de gordura é eficaz na atenuação – e até reversão
– dos danos actínicos. O elevado número de células
precursoras mesenquimais no tecido adiposo
contribuiu para o caráter regenerativo do tratamento.
Nos casos descritos, a reintervenção cirúrgica permitiu
detectar a formação de nova camada de subcutâneo na
zona previamente enxerta, caracterizando a viabilidade
do enxerto e confirmando a melhora da cobertura local.
O sucesso da reconstrução mamária tardia com
implantes é muito dependente das condições dos
tecidos locais. Nossa experiência inicial mostrou-se
segura no preparo da zona da mastectomia nos dois
casos descritos. Além disso, o baixo grau de morbidade
do procedimento facilita a aplicação da lipoenxertia no
preparo da zona de mastectomia.5
As complicações relacionadas ao à lipoenxertia
incluem necrose gordurosa, formação de cistos e
calcificação – todas bem reconhecidas mas que
raramente causam morbidade significativa.6
CONCLUSÃO
A lipoenxertia mostrou-se segura no preparo da
zona da mastectomia na reconstrução tardia de mama.
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RESUMO EXPANDIDO
Algoritmo de Tratamento da Paralisia Facial do Adulto
Adult Facial Paralysis: Algorithm for Treatment
Mariana Zancanaro , Daniel Pinheiro Machado da Silveira , Lydia Masako Ferreira3, Marcos Ricardo Oliveira Jaeger4, Pedro Bins Ely5
1
2
RESUMO
INTRODUÇÃO
A Paralisia Facial no adulto é uma síndrome que têm
implicações estéticas e funcionais, com tratamento
complexo que pode incluir ou não a reanimação facial.
Em casos onde a reanimação facial está contraindicada,
pode-se considerar o tratamento para simetrização da
face. O presente trabalho visa sistematizar o tratamento
da paralisia facial por meio de um algoritmo embasado
na experiência dos autores e na literatura.
A paralisia facial é uma condição desfigurante e
interfere na apresentação social do indivíduo. Sua
principal etiologia é idiopática, estimando-se em
torno 15 % as que evoluem com mau prognóstico,
não retornando a função da placa motora. Para maioria
dos pacientes com esta etiologia é uma condição
transitória. Outras causas podem ser citadas , como,
ressecção de neoplasias como sacrifício do nervo
facial, trauma, infecções virais ou bacterianas, doenças
neurodegenerativas¹. As opções de tratamento são
variadas e dependem principalmente do tempo
transcorrido desde a lesão. Os tratamento podem
englobar ou não reanimação da face, isto é, manutenção
das funções musculares próximas às cavidades ósseas.
Quando a possibilidade de reanimação é descartada,
a oferta de um tratamento para simetrização pode ser
considerada. O principal objetivo do tratamento da
paralisia facial é promover uma reanimação muscular
simétrica, coordenada , voluntária e funcionamento
dos esfíncteres ocular e oral de maneira involuntária e
competentes².
DESCRITORES: Paralisia facial, Paralisia de Bell, Nervo Facial
ABSTRACT
Adults Facial Paralysis is a syndrome with aesthetics
and functional implications and complex treatment that
can or cannot include facial reanimation. In cases when
facial reanimation is contraindicated, we can consider
facial symmetrization as treatment. This study aims to
systematize the treatment of facial paralysis through
an algorithm grounded in the experience of the authors
and literature.
KEYWORDS: Facial Paralysis, Bell Palsy, Facial Nerve
OBJETIVO
Formular uma proposta sistematizada de tratamento
por meio de algoritmo, associando a experiência do
serviço de cirurgia plástica e da literatura.
1. Médico Residente do Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia Reconstrutiva
da Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre / Universidade
Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre
MÉTODO
2. Médico Residente do Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia Reconstrutiva
da Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre / Universidade
Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre
Estudo retrospectivo de 42 pacientes consecutivos,
associado a revisão não-sistemática da literatura atual.
A causa da paralisia foi tumor do ângulo pontinhocerebelar, trauma e paralisia de Bell , na maioria dos
casos. A classificação de House-Brackmann era 5 ou 6,
em 16 pacientes. Os pacientes foram fotografados no
pré e pós-operatório. Todos os pacientes assinaram
termo de consentimento informado.
3. Professora Titular Disciplina Cirurgia Plástica UNIFESP
4. Instrutor do Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia Reconstrutiva da Santa
Casa de Misericórdia de Porto Alegre / Universidade Federal de Ciências da
Saúde de Porto Alegre
5. Professor adjunto do Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia Reconstrutiva
da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre / Universidade Federal de
Ciências da Saúde de Porto Alegre, Chefe do Serviço de Cirurgia Plástica da
Irmandade Santa Casa de Mise
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Algoritmo de Tratamento da Paralisia Facial do Adulto
RESULTADOS
Proporcionar a manutenção do tônus muscular gera
resultados mais satisfatórios, enquanto a demora para
encaminhar o tratamento propicia resultados limitados.
O procedimento de baby-sitter foi um grande avanço
na técnica atual, já que é capaz de diminuir a taxa de
atrofia muscular4. Recrutar a placa motora dos músculos
de interesse pode ser feita tanto com nervo motor ,
quanto com nervo sensitivo, como inclusive já descrito
pelo autor sênior. Em trabalhos experimentais James
Bain demosntrou que estimulação da placa motora, na
presença de reparo de nervo, dimunui atrofia muscular
da área correspondente.
As técnicas utilizadas para reanimação facial envolvem
enxerto de nervo cross-facial . O procedimento de babysitter foi de grande valia para manutenção do tônus
muscular. Retalhos microcirúrgicos utilizando músculo
grácil são adequados para manter sorriso³. O algoritmo
produto deste trabalho proposto é evidenciado na
figura 1 e reflete as técnicas preconizadas por grande
centros de tratamento associada a experiência do autor
sênior deste artigo
A padronização da utilização dos retalhos colabora
com a otimização dos resultados . A reanimação facial é
um processo complexo que necessita pelo menos dois
procedimentos para obtenção de resultado desejável. É
importante que a equipe esteja preparada para realizar
microcirurgia e reintervenções quando necessário.
Técnicas adjuntas também são um grande colaborador
para melhora de resultados.
CONCLUSÃO
Os pacientes apresentados neste estudo tiveram
evolução satisfatória. O tratamento realizado foi otimizado
e pode ser comparável a outros centros de tratamento do
paciente com paralisia facial. A sistematização da prática
colabora para um desfecho favorável no tratamento de
pacientes que necessitam reanimação facial.
REFERÊNCIAS
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Practitioner. 2003;247(1642):36,39,42-3.
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microvascular
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transplantation
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facial paralysis-personal series. Clin Plast Surg.
2002;29(4):515-22.
DISCUSSÃO
O nervo facial é essencial para desenvoltura social
do indivíduo. A mímica facial reflete os sentimentos
e percepções. Além disso, a proteção de estruturas
nobres na face passa pela adequada função deste
nervo, protegendo as cavidades oral e ocular.
4. Mersa B, Tiangco DA, Terzis JK. Efficacy of the “babysitter” procedure after prolonged denervation. J
Reconstr Microsurg 2000;16(1):27-35.3
A anatomia do nervo facial é de essencial
compreensão para adequados diagnóstico e tratamento
da paralisia facial. É crucial o conhecimento detalhado
das possíveis variações apresentadas individualmente,
especialmente no que diz respeito as conexões entre
troncos principais(frontozigomático e cervicofacial) .
Um adequado tratamento começa com o diagnóstico
e acompanhamento precoce por equipe multidisciplinar.
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RESUMO EXPANDIDO
Queloide em membro inferior associado a Calcinose Cutis – Relato de caso.
Keloid in the lower limb associated with Calcinosis Cutis - Literature Review.
Geraldo Cesar Castro Althoff1, Paulo Eduardo Krauterbluth Solano Junior2, Mariana Zancanaro3, Elisete Pereira de Souza4, Pedro Bins Ely5
RESUMO
INTRODUÇÃO
O Queloide é moléstia frequente no dia-a-dia do
Cirurgião Plástico tendo resposta ao seu tratamento
desapontadora em um número expressivo de casos.
Neste relato de caso foi descrito a associação de
Queloide e Calcinose Cutis em um paciente de 46
anos após um politraumatismo grave em membro
inferior direito. Após extensa revisão da literatura
foi encontrado apenas um artigo com esta mesma
associação de patologias mostrando a raridade de tal
conjunção de doenças.
O Queloide é um dos tipos de cicatriz patológica
em que o Cirurgião Plástico atua como balizador do
seu tratamento (1,2). Frequentemente são sintomáticos
com prurido e dor. Sabe-se que ele tem predileção por
indivíduos afrodescendentes e orientais, ocorrendo
mais em indivíduos jovens, são mais frequentes em
pacientes com história famíliar positiva, entretanto
não apresenta padrão genético definido. Apresenta
predileção pelo tronco, cabeça e pescoço (3). Pode
ocorrer em qualquer fase da cicatrização, mesmo anos
após a injúria dérmica (3).
DESCRITORES: Queloide, Calcinose, Cirurgia Plástica
A Calcinose Cutis é uma doença rara caracterizada
pela deposição de sais de cálcio insolúvel na pele e
tecido celular subcutâneo. Esta síndrome pode ser
subdividida em quatro subtipos: Distrófica, Metastática,
Idiopática e Calcifilaxia (4). Dentre os subtipos citados
acima a variedade Distrófica é a mais frequente e
caracteriza-se pela deposição de cálcio cutâneo
secundário a Trauma Tecidual, Doenças do Tecido
Conjuntivo e Neoplasias com níveis séricos de cálcio
e fosfato normais (5). No exame físico é frequente a
identificação de nodulação endurecida em uma área
específica sendo possível a ocorrência de ulceração
com drenagem de conteúdo esbranquiçado (5).
ABSTRACT
The keloid disease is common in day- to-day Plastic
Surgeon with response to its disappointing treatment in a
significant number of cases . In this case report described
the association of keloid and Calcinosis Cutis in a 46 yearold patient after a severe multiple trauma in the right
lower limb . After extensive review of the literature found
only one item with the same combination of conditions
showing the rarity of such a conjunction of diseases.
KEYWORDS: Keloid, Calcinosis, Surgery, Plastic
OBJETIVO
Relatar um caso de Queloide em Membro inferior
direito associado a Calcinose Cutis Distrófica (CCD).
1.Médico Residente do Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia, Médico
Residente
2.Médico Residente do Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia, Médico
Residente
MÉTODO
3.Médica Residente do Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia, Médica
Residente
Descrição de um caso de Queloide em membro
inferior direito associado a CCD e revisão da literatura,
tendo em vista a raridade de tal associação.
4.Instrutor do Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia Recons, Instrutor do
Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia Reconstrutiva da Santa Casa de
Misericórdia de Porto Alegre / Universidade Federal de Ciências da Saúde de
Porto Alegre
5.Professor Adjunto do Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgi, Professor
Adjunto e Chefe do Serviço
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Queloide em membro inferior associado a Calcinose Cutis – Relato de caso.
RESULTADOS
Figura 1. Pré-operatório
Paciente ELS, 46 anos, natural e procedente de Porto
Alegre vem encaminhado do Serviço de Reumatologia
da Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto
Alegre por lesão nodular em maléolo lateral direito
de 8,5 cm X 6 cm com comprometimento parcial da
deambulação. História de queimadura aos 2 anos por
escaldamento e formação de queloide cervical tratado
aos 7 anos por ressecção cirúrgica com recidiva tratada
com aplicação de Triancinolona Hexacetonida.
Sofreu atropelamento em 2007 tendo sofrido Trauma
crânio encefálico e múltiplas lesões em membros
inferiores, relata que após houve o surgimento de
lesão endurecida e com crescimento progressivo na
região do maléolo lateral direito tendo evoluído com
posterior ulceração. A conduta da equipe de Cirurgia
Plástica da Irmandade Santa Casa de Porto Alegre foi
o encaminhamento do paciente para o Serviço de
Cirurgia Oncológica e Dermatologia sendo que estes
após avaliação e biópsia com resultado Inflamação
crônica e fibrose sugeriram a ressecção da lesão para
melhor definição do quadro. Após reavaliação do
paciente foi optado por exérese e enxerto de pele
parcial (área doadora tendo sido a coxa contralateral). O
pós-operatório não apresentou intercorrências clínicas,
porém houve perda precoce do enxerto mesmo sem a
ocorrência de hematoma ou infecção local. Após quinze
dias a equipe recebeu o exame anatomopatológico que
trazia o diagnóstico de Queloide associado à Calcificação
Distrófica. A conduta do Serviço de Cirurgia Plástica da
Santa Casa foi nova avaliação da Dermatologia tendo
sido então dado o diagnóstico de CCD (após avaliação
laboratorial). Figuras 1, 2,3 e 4.
Figura 4. Um mës de pós-operatório
Figura 2. Transoperatório (após resseçao)
Figura 3. Peça cirúrgica
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Queloide em membro inferior associado a Calcinose Cutis – Relato de caso.
DISCUSSÃO
A CCD é uma afecção rara e após extensa revisão
da literatura foi encontrado apenas um relato de
caso da associação desta doença com Queloide (6).
Há outros relatos de associação da CCD com cicatriz
após queimadura (7). Seu diagnóstico é histológico e a
diferenciação de suas outras formas se dá pela análise
laboratorial do cálcio e fosfato que na CCD é normal.
No presente caso o manejo da ferida no momento foi
conservador com curativos a base de Alginato de Cálcio
e tratamento sistêmico da Patologia com Diltiazem,
lembrando que neste caso não existe tratamento padrão
ou qualquer guideline terapêutico sendo inúmeras as
opções.
CONCLUSÃO
A associação de Queloide com Calcinose Cutis e
extremamente rara e a presença desta patologia teve
provável influência negativa na evolução da enxertia de
pele parcial.
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RESUMO EXPANDIDO
Complicação incomum após abdominoplastia em paciente pós-obeso
An Unusual Complication of Abdominoplasty in a Post Bariatric Patient
Thayse Antoniolli Crestani1, Daniele Walter Duarte2, Carolina Trombini3, Sara Vanazzi4, Michelle Brys Odrisolla5
RESUMO
ABSTRACT
Abdominoplastia é a cirurgia de contorno corporal
mais realizada após a cirurgia bariátrica. Descrevemos
uma complicação incomum em uma paciente feminina,
submetida a cirurgia de obesidade há dois anos, que
foi admitida na emergência hospitalar com intensa
dor abdominal no segundo dia de pós-operatório de
abdominoplastia desenvolvendo sinais de obstrução
intestinal. Adesão entre as alças provocando dobra
intestinal foi confirmada como sendo causa da obstrução
durante a laparotomia. Este caso enfatiza a importância
de se considerar outras causas de dor abdominal
não diretamente relacionadas a abdominoplastia,
especialmente em pacientes submetidos a cirurgias
intra-abdominais prévias. A plicatura da aponeurose
do reto abdominal durante a abdominoplastia, neste
caso, teve um importante papel na gênese da obstrução
instestinal ao provocar um aumento da pressão intraabdominal que , por sua vez , pode ter provocado a
dobra intestinal.
Abdominoplasty is a body contouring surgery
most performed after bariatric surgery . We describe
an uncommon complication after abdominoplasty
in a female patient who underwent obesity surgery
two years ago. She was admitted to the emergency
room with severe abdominal pain on the second day
of the surgery with signs of small bowel oclusion.
At laparotomy a kinked bowel adhesion was found
to be the real cause of the problem. This case
emphasizes the importance of considering other
causes of abdominal pain not directly related
to abdominoplasty, especially in patients who
underwent previous intra-abdominal surgery. The
plication of the rectus abdominis fascia during
abdominoplasty , in this case , played an important
role in the pathogenesis of intestinal obstruction
throught an increase of intra-abdominal pressure
that, in turn, could have caused the intestinal kink.
KEYWORDS: Abdominoplasty,
Bariatric surgery
DESCRITORES: Abdominoplastia, Obstrução intestinal,
Cirurgia bariátrica
Bowel
obstruction,
1.Membro Aspirante Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Residência
Cirurgia Plástica Concluída Hospital Ernesto Dornelles
2.Membro Especialista da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástic, Fellow em
Cirurgia Crâniomaxilofacial Hospital de Clínicas de Porto Alegre
3.Membro Aspirante Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Médica
Residente Hospital Ernesto Dornelles
4.Membro Aspirante Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Médica
Residente Hospital Ernesto Dornelles
5. Membro Especialista da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástic, Preceptora
do Serviço Credenciado SBCP de Cirurgia Plástica Hospital Ernesto Dornelles
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74
Complicação incomum após abdominoplastia em paciente pós-obeso
INTRODUÇÃO
Figura 1Pré-operatório
A Obesidade é uma questão de tramento
prioritário que afeta 312 milhões de adultos no
mundo (1). A alta eficácia das cirurgia bariátrica em
tratar e resolver o problema do excesso de peso
fez aumentar o número desses procedimentos(2).
Após perda de peso maciça, muitos pacientes são
encaminhados ao cirurgião plástico para realizar
procedimentos que corrijam o excesso de pele e
flacidez. Abdominoplastia é o procedimento mais
frequentemente realizado nesses pacientes e
embora seja considerado um procedimento simples,
atinge taxas de complicações de até 50% dos casos
em algumas séries. As principais complicações da
abdominoplastia são seroma, hematoma, abscesso,
deiscências de sutura e tromboembolismo pulmonar
(3)(4)(5)(6). Entretanto, os cirurgiões plásticos devem
estar alertas para algumas outras raras complicações
que também ocorrer após a abdominoplastia.
OBJETIVO
Relatar um caso raro, de uma paciente feminina,
ex-obesa, submetida a cirurgida bariátrica há 2
anos e submetida a abdominoplastia com plicatura
da aponeurose do músculo reto abdominal, que
apresentou-se com dor abdominal intensa no
segundo pós-operatório de abominoplastia e quadro
de obstrução intestinal.
Figura 2 Pós-operatório 2 meses
MÉTODO
Relatar o caso de uma paciente feminina de 25
anos submetida há 2 anos a uma cirurgia bariátrica
laparoscópica com técnica de bypass gástrico em
Y de Roux com emagrecimento gradual de 50 kg.
Apresentava-se na avaliação inicial com grande
flacidez e excesso de pele no abdome em sentido
vertical e transversal sendo então submetida a
abdominoplastia, no Hospital Ernesto Dornelles,
com técnica abordando estes dois segmentos com
cicatriz final vertical e horizontal em âncora. Foi
realizada durante abdominoplastia ampla plicatura
da aponeurose dos músculos reto abdominais para
corrigir diastase muscular e lipoaspiração da região
dos flancos. (Figura 1 e 2)
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75
Complicação incomum após abdominoplastia em paciente pós-obeso
Figura 4 Aderência intestinal e o estreitamento do
lúmen visualizados na ponta do dedo)
No segundo dia de pós-operatório a paciente
compareceu a emergência do mesmo hospital com
dor abdominal intensa. O exame físico era normal,
exceto para dor na linha média acima da linha de
plicatura da aponeurose dos retos abdominais
durante a palpação superficial. Foi submetida a
internação hospitalar para observação e analgesia.
Após três dias de tratamento clínico otimizado, não
apresentou melhora da dor e iniciou com sintomas de
obstrução intestinal. A tomografia computadorizada
mostrou uma pronunciada distensão do intestino
delgado. com um estreitamento súbito de lúmen
intestinal . Também chamou a atenção o fato
do músculos retos abdominais, que tiveram sua
aponeurose suturada durante a abdominoplastia
a fim de corrigir a diastase muscular, estarem
protruindo para a cavidade abdominal justamente
acima da distensão do intestino delgado. (Figura 3)
Figura 3Estreitamento
do
intestino
mostrado pela seta branca
delgado
RESULTADOS
Descrevemos um caso de uma paciente ex-obesa,
previamente submetidos a um procedimento bariátrico
há dois anos que desenvolveu uma obstrução do
intestino delgado dois dias após a abdominoplastia com
boa resolução do quadro após adequado tratamento
cirúrgico, sem sequelas funcionais ou impedimentos
no resultado estético da abdominoplastia com técnica
em âncora.
Os cirurgiões devem estar cientes de que obstruções
intestinais podem surgir a qualquer momento Na
revisão da literatura foi possível identificar apenas um
relato de obstrução intestinal após a abdominoplastia
que ocorreu dois anos após o procedimento, como
consequência do deslocamento de um porto colocados
quatro anos antes durante uma banda gástrica ajustável
por laparoscopia (7).
Considerando a clínica e o exame tomográfico,
nós julgamos tratar de uma obstrução instetinal
causada por uma hérnia interna e a paciente foi então
conduzida à laparotomia realizada por cirurgião
do aparelho digestivo. A exploração da cavidade
abdominal revelou uma intensa aderência que levou
a dobra da alça e um estreitamento sutil de intestino
delgado e outras aderências múltiplas menores
(Figura 4). As adesões foram lisadas e uma sutura
foi realizada entre a área dobrada e o mesentério,
a fim de evitar outras recorrência. O pós-operatório
correu sem intercorrências e a paciente teve alta
hospitalar após 4 dias da laparotomia.
DISCUSSÃO
Um alto índice de suspeição é necessário para
diagnosticar esta entidade e a exploração cirúrgica deve
ser realizada o mais rapidamente possível, uma vez
que a imagem radiológica do abdome tem limitações
importantes (8). Nossa primeira hipótese diagnóstica
era uma hérnia interna, que é a causa mais comum de
obstrução do intestino delgado após bypass gástrico
laparoscópico (9). Entretanto a laparotomia revelou
uma densa adesão entre as alças causando uma dobra
no intestino delgado como a causa da obstrução. Este
caso também ilustra a possibilidade das limitações
da imagem radiológica no estabelecimento de um
diagnóstico específico em nessas situações.
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Complicação incomum após abdominoplastia em paciente pós-obeso
Os autores estão conscientes de que isto poderia
ter ocorrido por acaso, mas acreditamos que a
ampla plicatura da aponeurose muscular dos retos
abdominais realizada durante a abdominoplastia, para
correção da diastase muscular, levou a um aumento da
pressão intra-abdominal, que, por sua vez, provocou a
dobra intestinal. Não é possível afirmar com segurança,
mas a imagem de tomografia computadorizada é
compatível com esta hipótese, mostrando o músculo
retos abdominais salientes claramente protraindo para
dentro da cavidade abdominal. Além disso, existe um
nexo temporal da causalidade entre a abdominoplastia
e o rápido aparecimento dos sinais e sintomas
apresentados pelo paciente.
7. Sarkar S, Smith D, Scott MH. A rare complication of
abdominoplasty after bariatric surgery. Ann. Plast.
Surg. 2010 Jan;64(1):7–8.
8. Rogula T, Yenumula PR, Schauer PR. A complication
of Roux-en-Y gastric bypass: intestinal obstruction.
Surg. Endosc. 2007 Nov;21(11):1914–8.
9. Husain S, Ahmed AR, Johnson J, Boss T, O’Malley
W. Small-bowel obstruction after laparoscopic
Roux-en-Y gastric bypass: etiology, diagnosis,
and management. Arch. Surg. Chic. Ill 1960. 2007
Oct;142(10):988–93
CONCLUSÃO
Concluímos que este caso enfatiza a importância de
buscar o diagnóstico diferencial de dor abdominal após
procedimentos de contorno corporal em pacientes
previamente submetidos a intervenções cirúrgicas
bariátricas. Também alerta para a preocupação do
equilíbrio entre os riscos e os benefícios de uma ampla
plicatura da aponeurose dos retos abdominais nestes
pacientes.
REFERÊNCIAS
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Colon Rectal Surg. 2011 Dec;24(4):205–10.
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at a university hospital. Ann. Plast. Surg. 2007
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3. Fraccalvieri M, Datta G, Bogetti P, Verna G, Pedrale
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loss in morbidly obese patients: a 4-year clinical
experience. Obes. Surg. 2007 Oct;17(10):1319–24.
4. Shermak MA. Body contouring. Plast. Reconstr. Surg.
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5. Michaels J 5th, Coon D, Rubin JP. Complications
in postbariatric body contouring: postoperative
management and treatment. Plast. Reconstr. Surg.
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Vargas-Vorackova F, Gonzalez-Chavez AM, GonzalezChavez MA, et al. Demographic factors, outcomes,
and complications in abdominal contouring surgery
after massive weight loss in a developing country.
Ann. Plast. Surg. 2012 Jul;69(1):54–8.
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RESUMO EXPANDIDO
Dimensões palpebrais antes e após blefaroplastia: efeito sobre as amplitude da
região orbitopalpebral
Eyelid dimensions before and after blepharoplasty: effect on the amplitude of
orbitopalpebral region
Léo Doncatto1, Magda Furlanetto2
RESUMO
das dimensões foram maiores entre a sobrancelha
e o rebordo ciliar superior, entre as comissuras
palpebrais e entre as sobrancelhas e o rebordo ciliar
Inferior. Conclusão: As avaliações permitem concluir
que o processamento de imagens digitais possibilita
avaliações quantitativas de parâmetros palpebrais nas
blefaroplastias. Pode-se observar uma grande redução
na soma das dimensões das medidas das palpebrais
nas mulheres após a blefaroplastia, ao contrário dos
homens, mesmo após a ressecção dos excessos de pele
sobre saliente.
Introdução: Os primeiros sinais de envelhecimento
que surgem na região periorbital, apresentam excesso
de pele e gordura ou alongamento da margem palpebral
inferior. A blefaroplastia é a cirurgia empregada para
corrigir tal problema. Métodos: Foram avaliados 20
pacientes submetidos à blefaroplastia estética, sendo
10 mulheres e 10 homens, através de fotos digitais
analisadas em quatro dimensões em cada pálpebra,
comparando os resultados pré e pós operatórios.
Resultados: No grupo das mulheres, constatou-se
um aumento da distância intercantal, um aumento
da abertura da fenda palpebral e da distância da
sobrancelha ao rebordo ciliar inferior. Do contrário,
as distâncias entre as sobrancelhas e o rebordo ciliar
superior não aumentaram. No grupo dos homens houve
aumento apenas da abertura das fendas palpebrais.
Por outro lado, mesmo com a ressecção dos excessos
de pele e flacidez, não houve aumento das dimensões
entre a sobrancelha e o rebordo ciliar superior, inferior
e intercantal. Discussão: No grupo de mulheres, a
retirada dos excessos de pele das pálpebras superiores
e inferiores deixou as suas regiões orbito palpebrais
sem pregas cutâneas e com uma aparência mais ampla.
Houve um aumento das distâncias entre as comissuras
palpebrais e da distância entre a sobrancelha e
o rebordo ciliar inferior. Já a distância entre as
sobrancelhas e o rebordo ciliar superior diminuiu, pois
houve a ressecção dos excessos de pele das pálpebras
superiores. Nos homens houve uma maior abertura das
fendas palpebrais com maior exposição do globo ocular,
pela retirada dos excessos de pele. Porém, a soma total
DESCRITORES: Blefaroplastia, Pálpebras, Cirurgia Plástica
ABSTRACT
Introduction: The first signs of aging that appear
in the periorbital area, with excess skin and fat or
stretching of the lower eyelid margin. Blepharoplasty
is a procedure employed to correct this problem.
Methods: We evaluated 20 patients undergoing
aesthetic blepharoplasty, 10 women and 10 men,
through digital photos analyzed in four dimensions
on each eyelid, comparing the pre and post operative.
Results: In the group of women, there was an increase in
intercantal away, up the opening of the eyelid closure
and the distance from the eyebrow to the lower riparian
edge. Otherwise, the distances between the eyebrows
and the upper riparian edge not increased. In the group
of men there was an increase only the opening of the
palpebral fissures. Moreover, even with the resection of
the skin and sagging excess, there was no increase in
the dimensions between the eyebrow and the upper
edge ciliary lower and intercantal. Discussion: In the
group of women, the removal of excess skin of the upper
and lower eyelids left its eyelid orbito regions without
1. Doutorado, Cirurgião Plástico, Professor e Coordenador do Curso de Medicina
da Universidade Luterana do Brasil.
2. Mestrado, Fisioterapeuta, Professora de Morfologia do Curso de Medicina da
Universidade Luterana do Brasil.
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Dimensões palpebrais antes e após blefaroplastia: efeito sobre as amplitude da região orbitopalpebral
skin folds and with a wider appearance. There was an
increase in distance between the commissures eyelid
and the distance between the eyebrow and the lower
edge gallery. Now, the distance between the eyebrows
and the upper riparian edge decreased because there
was resection of the excess skin of the upper eyelids.
In men there was a greater opening of the palpebral
fissures with greater exposure of the eyeball, the
removal of excess skin. However, the total sum of the
dimensions were higher between the eyebrow and
the upper riparian edge, between the eyelid and the
corners between the eyebrows and the Lower riparian
edge. Conclusion: The evaluations can be concluded
that the digital image processing enables quantitative
evaluations of eyelid parameters in blepharoplasty.
One can observe a large decrease in the sum of the
size measurements of the eyelid after blepharoplasty
in women, unlike men, even after resection of the
projecting over the excess skin.
processamento digital das imagens tornam as avaliações
mais precisas, não invasivas e muito precisas. Com isso,
podemos avaliar as medidas das posições palpebrais,
comparar as dimensões palpebrais, havendo a
perspectiva de uma utilização destes dados para indicar
ou contra-indicar procedimentos, avaliar o prognóstico
dos resultados de cada paciente5.
Este estudo se propõe a realizar uma avaliação
entre pacientes submetidos à blefaroplastia superior
e inferior, comparando as posições e dimensões das
mesmas em pacientes de ambos os sexos.
OBJETIVO
INTRODUÇÃO
Avaliar as dimensões palpebrais antes e após
blefaroplastia e o efeito que isso traz para a abertura
da amplitude da região orbitopalpebral. O estudo foi
realizado através de uma análise de fotos de casos de
blafaroplastias, utilizando-se de fotos digitais onde são
tomadas medidas de quatro pontos em cada pálpebra
procurando-se obter o ganho nas dimensões palpebrais
com a retirada de excesso de pele e bolsas de gordura.
Para maior precisão desta avaliação, utilizou-se um
programa de tratamento de imagens.
O interesse por procedimentos estéticos da face é
comum em ambos os sexos, cirúrgicos ou não1.
MÉTODO
KEYWORDS: Blepharoplasty, Eyelid, Plastic Surgery
A blefaroplastia tem sido frequentemente
empregada para suavizar a expressão facial de forma
crescente pela população, especialmente para reduzir
a sensação de cansaço2.
Foi realizado um estudo com a avaliação de 40
pálpebras, de 20 pacientes submetidas à blefaroplastia
estética superior e inferior, sendo 10 mulheres e
10 homens. As fotos dos pacientes foram obtidas
de forma subsequentes e aleatoriamente, através
de fotos obtidas em um site de busca na internet,
onde foram procuradas com o nome “blefaroplastia
ou blepharoplasty”. Foram operados por cirurgiões
diferentes, sendo adultos, apresentando cicatrizes
consolidadas e sem outras patologias, cirurgias prévias
ou deformidades palpebrais ou faciais.
Os primeiros sinais de envelhecimento surgem na
região periorbital, sendo caracterizado por alterações
na qualidade ou quantidade de pele, pela herniação
da gordura ou pelo alongamento da margem palpebral
inferior, a chamada dermatocalásia1.
A queda ou excesso de pele das pálpebras produz
uma imagem de envelhecimento facial, cansaço,
dificuldade de visão e infecções conjuntivas de
repetição, diminuição do campo visual, causado por
obstrução mecânica do campo de visão, cefaléia
frontal e excessiva fadiga à leitura, pelo uso crônico da
musculatura frontal para vencer a obstrução visual3.
As fotos foram obtidas com equipamentos digitais,
coloridas, não editadas e nítidas e tomadas por
fotógrafos diferentes. Utilizou-se o sistema UTHSCSA
ImageTool - University of Texas Health Science 6 para
processar as imagens digitalizadas, o qual foi calibrado
para cada foto, utilizando-se a distância entre ambas
as bases das asas nasais como pontos de referência
para cada caso, sendo os resultados apresentados em
percentagens.
A avaliação dos resultados em cirurgia plástica
é pertinente, pois a satisfação o do paciente é um
fator preponderante e se baseia em comparacoes
subjetivas ou de fotografias comuns, estudos das
posições palpebrais são qualitativas ou feitas com
o uso de compassos portanto, portanto, com baixa
confiabilidade2,3,4.
Os parâmetros avaliados foram: 1. Distância
intercantal palpebral(DIP); 2- Abertura da fenda
palpebral (AFP); 3. Medida entre as sobrancelhas e os
cílios superiores(SCS); 4- Medida entre as sobrancelhas
e os cílios Inferiores(SCI). As medidas foram obtidas de
Medidas quantitativas com a utilização e o
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Dimensões palpebrais antes e após blefaroplastia: efeito sobre as amplitude da região orbitopalpebral
cada paciente, através da extensão de linhas passando
pela pupila e ligando as extremidades citadas em cada
um dos pontos citados acima e demonstrado abaixo na
figura 1.
réguas, trenas ou compassos. Esse tipo de metodologia,
é insuficiente para a medida de outras grandezas mais
complexas como curvas, ângulos e áreas3,5,8.
A análise de imagens através de processamento
digital permite a obtenção de dados mais precisos para
uma análise quantitativa entre pontos selecionados
e que podem influenciar na seleção de técnicas, dos
pacientes e dos resultados clínicos e cirúrgicos2,4,6.
Pontos avaliados sobre as fotos digitais.
RESULTADOS
As médias das percentagens das medidas das quatro
dimensões palpebrais são apresentadas abaixo na
Tabela 1.
Embora a fase de remodelamento de uma ferida
cirúrgica possa demorar mais de um ano, no período
de 90 dias acredita-se que boa parte da cicatrização
já tenha acontecido em tempo suficiente para terem
ocorrido as alterações histológicas mais dinâmicas e
significativas5,8,9.
A comparação pré e o pós operatória das mulheres
permitiu constatar um aumento da distância distância
intercantal palpebral, da abertura da fenda palpebral
e da distância da entre a sobrancelha e o contorno
ciliar inferior. Assim, retirada dos excessos de pele
deixou as suas regiões orbito palpebrais mais amplas,
com uma aparência mais aberta, observações também
corroboradas por outros autores1,5,9,10. Já as distâncias
entre as sobrancelhas e o rebordo ciliar superior
diminuíram, pois com a ressecção dos excessos de pele
das pálpebras superior, o acúmulo de pele pendente
projetava a pálpebra superior sobre a inferior. A
redução desta dimensão foi positiva para os benefícios
estéticos, pois deixa os olhos mais abertos.
Figura 01
Nos 10 homens do estudo apenas as medidas
da abertura das fendas palpebrais foi maior após
a blefaroplastia. Houve uma abertura das fendas
palpebrais com maior exposição do globo ocular,
abrindo dessa forma o campo visual das pupilas pela
retirada dos excessos de pele. Por outro lado, as
dimensões pós-operatórias foram maiores entre o
rebordo ciliar superior, as comissuras palpebrais e as
sobrancelhas e o rebordo ciliar Inferior.
No grupo das mulheres, constatou-se um aumento
da distância intercantal, um aumento da abertura
da fenda palpebral e da distância da sobrancelha
ao rebordo ciliar inferior. Do contrário, as distâncias
entre as sobrancelhas e o rebordo ciliar superior não
aumentaram. No grupo dos homens houve aumento
apenas da abertura das fendas palpebrais. Por outro
lado, mesmo com a ressecção dos excessos de pele
e flacidez, não houve aumento das dimensões entre
a sobrancelha e o rebordo ciliar superior, inferior e
intercantal.
Uma hipótese aventada para este fato é que
os homens possuem pele mais espessas e firmes,
contribui para a presença de pele residual e edema
mais persistente pós-operatório.
DISCUSSÃO
A parente uma melhora visual após a blefaroplastia
deve-se à retirada dos excessos, deixando a região
orbito palpebral sem excessos de pele e uma abertura
maior das fendas palpebrais. Outros trabalhos que
avaliam a abertura da fenda palpebral e do sulco
palpebral superior antes e após a blefaroplastia também
constataram um aumento da mesma, e em alguns casos
até gerando uma maior exposição corneana8,10.
A etiopatogenia do processo de envelhecimento
periorbital é multifatorial e as mudanças nesta região
são relacionadas a idade e incluem protrusão das
bolsas adiposas, excesso de pele na pálpebra superior
e inferior, entre outros7,8.
Muitas das avaliações clínicas dos resultados
relacionados às dimensões das fendas palpebrais em
geral são obtidos com instrumentos simples como
Fica evidente que o método de avaliação de
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Dimensões palpebrais antes e após blefaroplastia: efeito sobre as amplitude da região orbitopalpebral
resultado mais utilizado em cirurgia plástica através
de imagens digitais e de programas de computador,
outro aspecto seria o suprimento das expectativas póscirúrgicas dos pacientes, de forma satisfatória e com
maior probabilidade de acerto4,8.
8. Viana, GAP. Resultados clínicos e satisfação dos
pacientes após blefaroplastia Inferior. Rev. Col. Bras.
Cir. 2011; 38(5): 317-322.
9.Cruz, AAV, Baccega, A. Análise bidimensional
computadorizada da fenda palpebral. Arq Bras
Oftalmol 2001;64:13-9
Estes resultados têm apontado que atualmente, a
sociedade e o mercado de trabalho têm exigido uma
aparência cada vez mais jovial, mostrando que desde
a primeira vez que Narciso viu o reflexo de seu rosto
em um lago, a humanidade esta obcecada com a sua
aparencia3,8,9.
10.Grafl, R, Auerswald, A, Bernardes, A e cols.
Blefaroplasia Inferior Transconjuntival. Rev. Soc.
Bras. Cir. Phist. Sao Paulo, 2001, mai/ago, v.16 n.2 p.
59-74.
CONCLUSÃO
As avaliações permitem concluir que o processamento
de imagens digitais possibilita avaliações quantitativas
de parâmetros palpebrais nas blefaroplastias. Pode-se
observar uma grande redução na soma das dimensões
das medidas das palpebrais nas mulheres após a
blefaroplastia, ao contrário dos homens, mesmo após a
ressecção dos excessos de pele sobre saliente.
REFERÊNCIAS
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Dimensões palpebrais antes e após blefaroplastia
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blefaroplastia. Rev. bras. cir. Plást; 2012, jan, mar,
27(1):3136,
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da blefaroplastia superior. Rev Bras Oftalmol. 2012;
71 (4): 253-5
4. Paixão, MP, Miot, HÁ, Machado Filho, CDS. Avaliação
do impacto da blefaroplastia superior na qualidade
de vida utilizando questionário padronizado: estudo
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jBCc60sASL4IDgAQ&usg=AFQjCNFqgesTiX5b9M00
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7. Viana, GAP, Osaki, MH, Nishi, M. Blefaroplastia inferior:
poderia a cirurgia proporcionar satisfação aos
pacientes? Arq Bras Oftalmol. 2012;75(6):402-6
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RESUMO EXPANDIDO
Diagnóstico e tratamento da síndrome de incompatibilidade ao silicone: relato de caso
Silicone implant incompatibility syndrome (siis) diagnosis and management: a case report
Guilherme Barreiro1, João Maximiliano Pedron Martins2, Mirian Pedron3
RESUMO
ABSTRACT
INTRODUÇÃO: siliconose é a Síndrome Autoimune
Induzida por Adjuvantes desencadeada pela utilização
de próteses de silicone. Seu diagnóstico baseia-se em
critérios maiores e menores e seus achados clínicos,
ainda que inespecíficos, geram grande desconforto.
OBJETIVO: relatar caso típico, seu diagnóstico e
tratamento. MÉTODO: revisão de prontuário e da
literatura mundial. RESULTADOS: paciente com duas
cirurgias prévias procurou atendimento devido dor
em linha mamária. Decidiu-se pela reabordagem
atentando para ressecção da cápsula e substituição da
prótese. A paciente evoluiu com melhora dos sintomas
e em um mês já não possuía restrições. DISCUSSÃO: a
proposição de critérios diagnósticos da ASIA organizou
e facilitou as descrições de casos na literatura. O caso
relatado demonstra a apresentação da síndrome e
como o seu manejo adequado pode ser fundamental
para o bem-estar das pacientes.
INTRODUCTION: Silicosis has been described as the
Autoimmune Syndrome Induced by Adjuvants triggered
by the use of silicone implants. The diagnosis of ASIA
is based on defined major and minor clinical criteria.
OBJECTIVE: communicate a typical case, as well as its
treatment. CASE REPORT: patient with two previous
procedures sought help due to constant pain in bilateral
mammary line. A reintervention was decided for capsule
resection, with attention to the capsules integrity, and
implant substitution. The patient’s symptoms improved
quickly and she had resumed her daily activities with
no restriction. DISCUSSION: the case reported clearly
demonstrates the syndrome presentation and how its
diagnosis and adequate management can be key for the
patients’ well-being. The improvement achieved with the
management in the case reported stimulates research
in the understanding of the disease, aiming at a positive
impact in their quality of life after remission of their
complaints.
DESCRITORES: Mamoplastia, Autoimunidade, Dor
KEYWORDS: Mammaplasty, Autoimmunity, Pain
1. Graduação pela UFRGS, Médico Residente HNSC
2. Graduação pela ULBRA, Médico Residente HCPA
3. Mestre pela UFRGS, Cirurgiã Plástica
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Diagnóstico e tratamento da síndrome de incompatibilidade ao silicone: relato de caso
INTRODUÇÃO
The surgery was conducted under epidural anesthesia,
using the small inverted-T incision, and minimal scar
technique (Fig 1) (6). The excess peri-areolar and infraaerolar skin was removed to treat the lower-pole breast
sagging. The lower pedicle was then constructed and
isolated to help cover the new implant. On dissection,
liquid silicone gel was bilaterally identified below
the implant capsule (Fig 2), as well as fibers of the
Pectoralis major interwoven to the capsule of the right
implant. Intense fibrosis was found in the lateral rim
of the implant, extending the axillary aspect in both
sides. The implants were explanted with attention to
the capsules integrity. The previous implant – Mentor®
320cc of cohesive gel – was replaced by Alergan®
235cc. The lower pedicle was used to cover the new
implant. The patient’s symptoms improved quickly and
within one month she had resumed her daily activities
with no restriction, without the complaints previous
to the surgery. After six months the patient remained
asymptomatic and happy with the cosmetic result.
Regardless of its supposed inert nature and
incapacity to induce immune reactions (1), silicone
implants have recently been associated to inflammatory
or autoimmune syndromes. Within this context, the
Silicone Implant Incompatibility Syndrome (2) or Silicosis
(3)
has been described as the Autoimmune/Inflammatory
Syndrome Induced by Adjuvants (ASIA) triggered by the
use of silicone breast implants. The diagnosis of ASIA
is based on major and minor clinical criteria (4), and its
recent description has opened a wide field of research
in regard to early and late effects on patients’ quality
of life. The most prominent clinical aspects such as
arthralgia, myalgia, and sleep disturbances, although
unspecific, generate great impact and discomfort on
patients’ lives. Case series have been described (5),
reinforcing the importance of knowing the disease,
as well as of the early diagnosis and need for the
improvement of management optimizing the results.
OBJETIVO
The objective of this report is to communicate a
typical case, as well as its treatment, and the positive
impact that adequate management has over outcome.
MÉTODO
The research was conducted through patient
authorized medical records analysis during the whole
treatment period. The main studies on ASIA’s diagnosis
and treatment published in the MEDLINE database were
also reviewed.
Figure 1 Minimal-scar technique
RESULTADOS
53-year-old
female
patient,
augmentation
mammoplasty in 1995 with silicone implant; second
surgery in 2009 for implant substitution with the
objective of correcting ptosis as well as breast
augmentation. Sought help due to constant pain in
bilateral mammary line, close to the scar, with distal
linear irradiation to upper limbs. The pain started three
years after the second surgery. The patient denied
constitutional symptoms, previous history of atopic
or rheumatologic diseases, or other comorbidities.
Thorough laboratory screening was conducted for
rheumatological diseases (Table 1), besides a panel for
myositis, including specific and associated exams, all
negative.
A reintervention was decided together with the
patient, for capsule resection and implant substitution.
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Diagnóstico e tratamento da síndrome de incompatibilidade ao silicone: relato de caso
Figure 2 Silicone gel under the capsule
The role of CK dosing is also a research line in
patients with ASIA and localized pain. In this patient,
postoperative total CK, although in the upper normal
limits, decreased as symptoms improved. Although
unspecific, laboratory documentation from the
diagnosis to the end of the postoperative period is, in
our opinion, highly relevant, not only for clinical followup but also to register and disseminate those findings.
CONCLUSÃO
The cases of ASIA and silicosis have become more and
more frequent in the literature, and the dissemination
of personal experiences should be encouraged. The
improvement achieved with the management in the
case reported stimulates research in the understanding
of the pathophysiology, diagnosis, and treatment of
those patients, aiming at a positive impact in their
quality of life after remission of their complaints.
REFERÊNCIAS
1. Carvalho, JF, Barros, SM e JC, Branco. Asia or
Shoenfeld’s syndrome: highlighting different
persperspectives for diffuse chronic pain. Acta
Reumatol Port. 2011, Vols. 36: 10-2.
DISCUSSÃO
Undoubtedly Shoenfeld and Agmon-Levin contributed
in a decisive way to coin the name “ASIA - Autoimmune/
inflammatory Syndrome Induced by Adjuvants”, in a way
it encompasses clinical situations such as silicosis, Gulf
War Syndrome (GWS), Macrophage Myofasciitis Syndrome
(MMF), sick building syndrome (SBS), and post-vaccination
phenomena, which share similar signs and symptoms.
From their descriptions, many reports followed and a wide
research field was open. Proposing diagnostic criteria also
rendered the documentation process more organized,
facilitating case descriptions in the literature.
2. Cohen Tervaert, JW e Kappel, RM. Silicone implant
incompatibility syndrome (SIIS): A frequent cause of
ASIA (Shoenfeld’s syndrome). Immunol Res. 56(23):293-8, 2013 Jul.
3. Caldeira, M e Ferreira, AC. Siliconosis: Autoimmune/
Inflamatory Syndrome Induced by Adjuvants (ASIA).
IMAJ. 2012, pp. 14:137-8.
4. Shoenfeld, Y e Agmon-Levin, N. ‘ASIA’ - autoimmune/
inflammatory syndrome induced by adjuvants. J
Autoimmun. 36:4-8, 2011.
The case reported clearly demonstrates the syndrome
presentation and how its diagnosis and adequate
management can be key for the patients’ well-being.
Similar to historical cases already registered in the
literature (7), the remission of signs and symptoms after
implant explantation with its capsule unquestionable
demonstrates the etiology of the disease. In this sense it is
important to emphasize the role of removing the capsule,
especially for those patients who want to keep some type
of implant, as the one reported here. This may at first seem
laborious but in our opinion it is crucial for symptoms
resolution. We are aware that even in the absence of
capsule rupture, the so-called silicone “bleeding” may
occur, what increases local inflammatory response (8),
confirming the need for total resection of the adjacent
tissues during surgery.
5. Maijers, MC et al. Women with silicone breast implants
and unexplained systemic symptoms: a descriptive
cohort study. Neth J Med. 71(10):534-40, 2013 Dec.
6.Pedron, M. Minimal-scar breast reduction and
mastopexy. Aesthetic Plast Surg. 2005 JulAug;29(4):261-73.
7. Kaiser W, Biesenbach G, Stuby U, Grafinger P,
Zazgornik J. Human adjuvant disease: remission
of silicone induced autoimmune disease after
explantation of breast augmentation. Ann of the
Rheum Disees 1990;49:937e8.
8. Barker DE, Retsky MI, Schultz S. ‘Bleeding’ of silicone
from bagel breast implants, and its clinical relation
to fibrous capsule reaction. Plast Reconstr Surg
1978;61:836e41.
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ISSN (impresso) 0004- 2773
ISSN (online) 1806-4280
RESUMO EXPANDIDO
Comparação entre gêneros das medidas palpebrais antes e após blefaroplastia
Comparison between genders lid measurements before and after blepharoplasty
léo Doncatto1, Magda Furlanetto2
RESUMO
das dimensões obtidas nas 20 pálpebras masculinas
analisadas demonstraram maior dimensão antes da
blefaroplastia, comparando-se com as medidas após
as blefaroplastias, num percentual de 3,16% das áreas
analisadas. Discussão: Pode-se inferir que no grupo de
mulheres, a retirada dos excessos de pele das pálpebras
superiores e inferiores deixou as suas regiões orbito
palpebrais mais amplas, com uma aparência mais ampla,
sem excessos ou acúmulo de tecidos sobresalientes.
Essa distensão dos tecidos, resultou num aumento das
distâncias entre as comissuras palpebrais, abrindo as
fendas palpebrais e as distâncias entre a sobrancelha
e o rebordo ciliar inferior, observações corroboradas
por outros autores. Do contrário, as distâncias entre
as sobrancelhas e o rebordo ciliar superior diminuíram,
pois com a ressecção dos excessos de pele das
pálpebras superiores, o acúmulo de pele pendente
projetava a pálpebra superior sobre a inferior. Esse fato,
ao contrário do que parece, foi positiva para o benefício
estético dos casos, pois uma redução da distância entre
as sobrancelhas e o rebordo ciliar superior deixa os
olhos mais abertos, exatamente pela retirada da pele
sobresaliente. A soma total dos ganhos das dimensões
obtidas nas pálpebras femininas, demonstraram uma
redução total das medidas 70,79% após a blefaroplastia
em comparação com as mesmas medidas obtidas
antes da blefaroplastia. Para os homens, houve uma
abertura das fendas palpebrais com maior exposição
do globo ocular aparente, abrindo dessa forma o campo
visual das pupilas pela retirada dos excessos de pele.
Por outro lado, embora pequena na soma total das
dimensões obtidas, as dimensões dos pontos avaliados
antes da blefaroplastia em comparação com o pós
blefaroplastia, foram maiores entre a sobrancelha e o
rebordo ciliar superior, entre as comissuras palpebrais
e entre as sobrancelhas e o rebordo ciliar Inferior.
Conclusão: As avaliações realizadas permitiram concluir
que o processamento de imagens digitais possibilita
avaliações quantitativas de parâmetros palpebrais nas
blefaroplastias. Pode-se observar uma grande redução
Introdução: Os primeiros sinais de envelhecimento,
muitas vezes, surgem na região periorbital, pela
qualidade ou quantidade de pele, herniação da gordura
ou alongamento da margem palpebral inferior. A
blefaroplastia tem sido empregada devido à crescente
preocupação com a estética, a disputa pelo mercado
de trabalho que exige pessoas de melhor aparência
e, também, ao cansaço e redução de campo visual
superior. Métodos: Foram avaliados 10 pacientes
masculinos e 10 femininos submetidos à blefaroplastia
estética. Os casos foram obtidos de forma aleatória na
internet, sendo as suas fotos digitais analisadas em
quatro dimensões em cada pálpebra para avaliar-se as
mudanças provocadas nas dimensões palpebrais através
da blefaroplastia, comparadas com as fotos anteriores
ao procedimento. Resultados: No grupo das mulheres,
constatou-se um aumento da distância intercantal, um
aumento da abertura da fenda palpebral e da distância
da sobrancelha ao rebordo ciliar inferior. Do contrário,
as distâncias entre as sobrancelhas e o rebordo ciliar
superior não aumentaram. A soma total dos ganhos
das dimensões obtidas nas pálpebras femininas,
demonstraram uma redução total das medidas 70,79%
após a blefaroplastia em comparação com as mesmas
medidas obtidas antes da blefaroplastia, pela ressecção
dos tecidos flácidos e em excesso. No grupo dos
homens, o estudo mostrou que apenas as medidas da
abertura das fendas palpebrais foi aumentou após a
blefaroplastia. Por outro lado, mesmo com a ressecção
dos excessos de pele e flacidez, não houve aumento
das dimensões entre a sobrancelha e o rebordo ciliar
superior, inferior e intercantal, comparando as fotos de
antes e após a blefaroplastia. Ao contrário do grupo
feminino e embora em pequenas percentagens, as somas
1. Doutorado, Cirurgião Plástico, Professor e Coordenador do Curso de Medicina
da Universidade Luterana do Brasil.
2.Mestrado, Fisioterapeuta, Professora de Morfologia do Curso de Medicina da
Universidade Luterana do Brasil.
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Comparação entre gêneros das medidas palpebrais antes e após blefaroplastia
and the lower riparian edge, observations corroborated
by other authors. Otherwise, the distances between
the eyebrows and the upper riparian edge decreased,
because with the resection of excess upper eyelid skin,
the skin buildup pending design the upper eyelid over
the lower. This fact, contrary to what seems, was positive
for the aesthetic benefit of cases, since a reduction
of the distance between the eyebrows and the rim
makes more eyes upper riparian open, exactly by the
withdrawal of the skin sobresaliente. The total sum of
earnings of the dimensions obtained in female eyelids,
demonstrated a total reduction of 70.79% measures
after blepharoplasty in comparison with the same
measurements obtained before the blepharoplasty.
For men, there was an opening of the eyelid slits with
greater exposure of the eyeball apparent, thus opening
the visual field of the pupils by the removal of excess
skin. On the other hand, although small in the sum
total of the dimensions obtained, the dimensions of the
points evaluated before blepharoplasty in comparison
with the post blepharoplasty, were higher between the
eyebrow and the overlap between the upper riparian
eyelid commissures and between the eyebrows and the
Lower riparian edge. Conclusion: The evaluations carried
out allowed to conclude that digital image processing
enables quantitative assessments of eyelid parameters
in blepharoplasties. One can observe a great reduction
in the sum of the dimensions of the measures of the
eyelid in women after blepharoplasty, unlike men,
where there has been an increase in measures of the
dimensions of the eyelid after blepharoplasty, although
resection of excess skin sobresaliente.
na soma das dimensões das medidas das palpebrais
nas mulheres após a blefaroplastia, ao contrário dos
homens, onde houve um aumento das medidas das
dimensões das palpebrais após a blefaroplastia, embora
a ressecção dos excessos de pele sobre saliente.
DESCRITORES: Blefaroplastia, Paralisia Facial, Cirurgia
Plástica
ABSTRACT
Introduction: the first signs of aging, often, arise in
the region around the eyes, on the quality or quantity
of skin, fat herniation or stretching of the lower eyelid
margin. Blepharoplasty has been employed due to the
growing concern with the aesthetics, the contest for
the labour market that requires people to look better
and also the tiredness and reduced visual field above.
Methods: we evaluated 10 male and 10 female patients
undergoing blepharoplasty aesthetics. The cases were
collected at random on the internet and its digital
photos analyzed in four dimensions on each eyelid for
assessing changes caused in the eyelid blepharoplasty
through dimensions, compared with the previous
photos to the procedure. Results: In women’s group,
found an increase of distance intercantal, an increase
of palpebral fissure opening and the distance the ciliary
edge lower eyebrow. Otherwise, the distances between
the eyebrows and the upper riparian edge have not
increased. The total sum of earnings of the dimensions
obtained in female eyelids, demonstrated a total
reduction of 70.79% measures after blepharoplasty
in comparison with the same measurements obtained
before the blepharoplasty, for tissue resection and
flabby in excess. The Group of men, the study showed
that only the opening measures of the eyelid slits was
increased after blepharoplasty. On the other hand,
even with the removal of excess skin and sagging,
there was no increase in size between the eyebrow
and the riparian edge top, bottom and intercantal
by comparing the pictures of before and after
blepharoplasty. Unlike the female group and although
in small percentages, the sums of the dimensions
obtained in 20 male analyzed showed larger eyelids
before blepharoplasty, comparing with the measures
after the blepharoplasties, a percentage of 3.16% of
the analyzed areas. Discussion: one can infer that in
the Group of women, the removal of the excess skin of
the upper and lower eyelids left their orbiting Jupiter
regions broader eyelid with a wider appearance, without
excesses or accumulation of sobresalientes fabrics.
This tissue distension, resulted in an increase of the
distances between the palpebral commissures, opening
the eyelid slits and the distances between the eyebrow
KEYWORDS: Blepharoplasty, Facial paralysis, Plastic
Surgery
INTRODUÇÃO
O maior interesse do sexo feminino por
procedimentos estéticos, cirúrgicos ou não, não é
surpresa, e caracteriza potenciais fatores socioculturais
e econômicos que podem justificar esta diferença1.
A blefaroplastia tem sido frequentemente
empregada devido à crescente preocupação com a
estética, a disputa pelo mercado de trabalho que exige
pessoas de melhor aparência e, também, ao cansaço e
redução de campo visual superior2.
Com frequência, os primeiros sinais de
envelhecimento, muitas vezes, surgem na região
periorbital, sendo caracterizado por alterações na
qualidade ou quantidade de pele, pela herniação da
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Comparação entre gêneros das medidas palpebrais antes e após blefaroplastia
gordura ou pelo alongamento da margem palpebral
inferior2,3.
Avaliar as dimensões palpebrais antes e após
blefaroplastia e o efeito que isso traz para a abertura
da amplitude da região orbitopalpebral, comparando
os resultados obtidos nos homens e nas mulheres. O
estudo foi realizado através de uma análise de fotos de
casos de blafaroplastias, utilizando-se de fotos digitais
onde são tomadas medidas de quatro pontos em cada
pálpebra procurando-se obter o ganho nas dimensões
palpebrais com a retirada de excesso de pele e bolsas de
gordura. Para maior precisão desta avaliação, utilizouse um programa de tratamento de imagens.
A chamada dermatocálase, então, consiste num
excesso de pele na pálpebra superior, inferior, ou ambas,
podendo também incluir a presença de excesso de
gordura e tecido muscular hipertrófico nas pálpebras3.
A queda ou excesso de pele das pálpebras produz
uma imagem de envelhecimento facial, cansaço,
dificuldade de visão e infecções conjuntivas de
repetição, diminuição do campo visual, causado por
obstrução mecânica do campo de visão, cefaléia
frontal e excessiva fadiga à leitura, pelo uso crônico da
musculatura frontal para vencer a obstrução visual2.
MÉTODO
Foi realizado um estudo com a avaliação de 40
pálpebras, de 20 pacientes submetidas à blefaroplastia
superior e inferior, sendo 10 do gênero feminino e 10
do gênero masculino. Os pacientes foram obtidos de
forma subsequentes e escolhidos aleatoriamente, com
fotos obtidas em um site de busca na internet, onde
foram procuradas com o nome “blefaroplastia”. Todos
foram submetidos à blefaroplastia estética, operados
por cirurgiões diferentes, sendo adultos, apresentando
cicatrizes consolidadas e sem outras patologias,
cirurgias prévias ou deformidades palpebrais.
A avaliação dos resultados em cirurgia plástica
é especialmente pertinente, pois a satisfação o do
paciente é o fator preponderante na determinacao do
sucesso.
Normalmente, esta avaliacao se baseia em
comparacoes subjetivas de imagens fotograficas
selecionadas, entretanto deveria ser considerada de baixa
confiabilidade.
A avaliação do aspecto psicologico do paciente
e suas expectativas em relação a cirurgia tambem
deveriam ser analisadas. Para tanto, uma avaliação mais
objetiva dos resultados poderia fornecer orientacao
mais confiavel sobre o padrao preferencial na pratica
clinica do dia-a-dia. Deste modo, diferentes escalas
de mensuracao estao sendo adotadas em diferentes
situacoes, para comparar os resultados cirúrgicos 2,3,4.
As fotos foram obtidas com equipamentos digitais,
coloridas, não editadas e nítidas. As fotografias foram feitas
por fotógrafos diferentes. Utilizou-se o sistema UTHSCSA
ImageTool - University of Texas Health Science6 para
processar as imagens digitalizadas, o qual foi calibrado
para cada foto, utilizando-se a distância entre ambas as
bases das asas nasais como pontos de referência. Os
parâmetros avaliados foram: 1. Distância intercantal
palpebral(DIP); 2- Abertura da fenda palpebral (AFP); 3.
Medida entre as sobrancelhas e os cílios superiores(SCS);
4- Medida entre as sobrancelhas e os cílios Inferiores(SCI).
As medidas foram obtidas de cada paciente, através da
extensão de linhas passando pela pupila e ligando as
extremidades citadas em cada um dos pontos citados
acima e demonstrado abaixo na figura 1.
A blefaroplastia que se propõe a corrigir os
problemas funcionais e cosméticos, que ocorrem,
é melhor avaliada através de estudos das posições
palpebrais são qualitativas ou feitas com o uso de
compassos. Medidas quantitativas com a utilização e o
processamento digital das imagens tornam as avaliações
mais precisas, não invasivas e muito precisas4,5.
Com isso, podemos avaliar as medidas das posições
palpebrais, comparar as dimensões palpebrais.
Embora poucos sejam os estudos nesse sentido, há a
perspectiva de uma utilização destes dados para indicar
ou contra-indicar procedimentos, avaliar o prognóstico
dos resultados de cada paciente5.
Pontos avaliados sobre as fotos digitais.
Este estudo se propõe a realizar uma avaliação
comparativa
entre
pacientes
submetidos
à
blefaroplastia superior e inferior, comparando as
posições e dimensões das mesmas em pacientes de
ambos os sexos.
OBJETIVO
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Comparação entre gêneros das medidas palpebrais antes e após blefaroplastia
RESULTADOS
o estabelecimento de valores normativos de variáveis
lineares como a distância entre a margem palpebral
superior e inferior e o centro pupilar 7-9, é claramente
insuficiente para a medida de outras grandezas mais
complexas como curvas, ângulos e áreas3,5,7,8.
As médias das percentagens das medidas das quatro
dimensões palpebrais são apresentadas abaixo na
Tabela 1.
A análise de imagens através de processamento
digital de imagens permite a obtenção de dados mais
precisos para uma análise quantitativa entre pontos
selecionados e que podem influenciar na seleção de
técnicas, dos pacientes e dos resultados clínicos e
cirúrgicos. O estudo de uma imagem permite atribuir
valores espaciais entre dois ou mais pontos ou a sua
luminância aos pontos (pixeis) que compõem a figura4,5,7.
No grupo das mulheres, constatou-se um aumento
da distância intercantal, um aumento da abertura
da fenda palpebral e da distância da sobrancelha
ao rebordo ciliar inferior. A soma total dos ganhos
das dimensões obtidas nas 20 pálpebras femininas,
demonstraram uma redução total das medidas 70,79%
após a blefaroplastia em comparação com as mesmas
medidas obtidas antes da blefaroplastia. Do contrário,
as distâncias entre as sobrancelhas e o rebordo ciliar
superior não aumentaram.
O uso do processamento digital de imagem aplicado
à morfometria da fenda palpebral fornece um conjunto
de dados inteiramente concordantes com os já citados
na literatura e, além disso, possibilita novas e refinadas
análises quantitativas da sua morfologia.
A conjugação de fotografias digitais e uso do
microcomputador deve fazer parte do arsenal semiótico
do cirurgião oculoplástico moderno2,4,8.
Embora a fase de remodelamento de uma ferida
cirúrgica possa demorar mais de um ano, no período
de 90 dias acredita-se que boa parte da cicatrização
já tenha acontecido em tempo suficiente para terem
ocorrido as alterações histológicas mais dinâmicas e
significativas3,7.
No grupo dos homens houve aumento apenas da
abertura das fendas palpebrais. Por outro lado, mesmo
com a ressecção dos excessos de pele e flacidez, não
houve aumento das dimensões entre a sobrancelha
e o rebordo ciliar superior, inferior e intercantal. Ao
contrário do grupo feminino e embora em pequenas
percentagens, as somas das dimensões obtidas nas 20
pálpebras masculinas analisadas demonstraram maior
dimensão no antes da blefaroplastia, comparando-se
com as medidas após as blefaroplastias, num percentual
de 3,16%
Durante a analise das fotografias observou-se
que a maioria dos pacientes tinha flacidez cutanea
(74%), bolsas adiposas na pálpebra inferior (76%)
e deformidade denominada de sulco nasojugal
pronunciado (74%). Estas tres condicoes foram as
principais responsaveis pelo procura de tratamento
cirurgico4,7.
Os resultados obtidos do grupo de 10 mulheres,
perfazendo 20 pálpebras foram comparados entre o pré
e o pós operatório das pacientes. Foram comparadas as
medidas das distâncias Intercomissuras palpebrais(DIP),
das distâncias da abertura da fenda palpebral(AFP) e
das distâncias entre a sobrancelha e o rebordo ciliar
inferior(SCI). Constatou-se um aumento da distância
DIP, um aumento da distância da AFP e da distância
da SCI, no pós-operatório. Pode-se inferir que nesse
grupo de mulheres, a retirada dos excessos de pele das
pálpebras superiores e inferiores deixou as suas regiões
orbito palpebrais mais amplas, com uma aparência mais
aberta, sem excessos ou acúmulo de tecidos sobre
salientes. Essa distensão dos tecidos, resultou num
aumento das distâncias entre as comissuras palpebrais,
abrindo as fendas palpebrais e as distâncias entre a
sobrancelha e o rebordo ciliar inferior, observações
DISCUSSÃO
A etiopatogenia do processo de envelhecimento
periorbital é multifatorial e as mudancas nesta regiao
são relacionadas a idade e incluem o aparecimento de
ritides, esclera aparente, deflacao da região infraorbital,
protusao das bolsas adiposas, excesso de pele na
pálpebra superior e inferior, festoes, entre outros.
Alem da atenuação desta flacidez indicava se realizar
a cantoplastia ou a cantopexia para tratar a frouxidão
tarsoligamentar7,8.
Muitas das avaliações clínicas dos resultados
relacionados às dimensões das Fendas Palpebrais
em geral são obtidos com instrumentos simples
como réguas, trenas ou compassos 6. Esse tipo de
metodologia, que foi extremamente importante para
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Comparação entre gêneros das medidas palpebrais antes e após blefaroplastia
principalmente, pois como se viu, não ficou demonstrada
uma redução das medidas das dimensões das medidas
palpebrais após a blefaroplastia, exceto da abertura da
fenda palpebral, fato corroborado por outros autores4,7,9.
corroboradas por outros autores4,5,7,9,10.
Do contrário, as distâncias entre as sobrancelhas e
o rebordo ciliar superior não aumentaram, pois com a
ressecção dos excessos de pele das pálpebras superior,
o acúmulo de pele pendente projetava a pálpebra
superior sobre a inferior. Ao contrário do que parece,
a redução desta dimensão avaliada foi positiva para
o benefício estético do caso, pois uma redução da
distância entre as sobrancelhas e o rebordo ciliar
superior deixa os olhos mais abertos, exatamente pela
retirada da pele sobre saliente.
Outros trabalhos que avaliam a abertura da fenda
palpebral e do sulco palpebral superior antes e após
a blefaroplastia também constataram um aumento
da mesma, e em alguns casos até gerando uma maior
exposição corneana, uma redução do filme lacrimal
contribuindo para o desenvolvimento da síndrome do
olho seco5,8.
Os avanços na compreensão da topografia dos
compartimentos adiposos da face, a perda de volume dos
tecidos da face durante o envelhecimento e a descrição
detalhada dos ligamentos faciais tem propiciado o
melhoramento das técnicas de rejuvenescimento facial
e periorbital2,3,5,8.
A soma total dos ganhos das dimensões obtidas nas
20 pálpebras femininas, demonstraram uma redução
total das medidas 70,79% após a blefaroplastia em
comparação com as mesmas medidas obtidas antes da
blefaroplastia.
Os resultados obtidos das 20 pálpebras avaliadas nos
10 homens que fizeram parte do estudo mostraram que
apenas as medidas da abertura das fendas palpebrais
(AFP) foi maior após a blefaroplastia, comparando com
as dimensões de antes da mesma. Houve uma abertura
das fendas palpebrais com maior exposição do globo
ocular aparente, abrindo dessa forma o campo visual das
pupilas pela retirada dos excessos de pele. Por outro
lado, embora pequena na soma total das dimensões
obtidas, as dimensões dos pontos avaliados no préoperatório em comparação com o pós-operatório,
foram maiores entre a sobrancelha e o rebordo ciliar
superior(SCU), entre as comissuras palpebrais(DIP) e
entre as sobrancelhas e o rebordo ciliar Inferior(SCI).
Fica evidente que o método de avaliação de resultado
mais utilizado em cirurgia plástica através de imagens
digitais e de programas de computador, comparando
tomadas pré e pós-operatórias tem sido mais útil do que
os tradicionais, contribuindo para uma melhora na busca
de resultados mais seguros e confiáveis Também poderão
melhor estimar as mudanças necessárias para melhoria
de sua aplicabilidade, amenizando ou até evitando as
complicações. Outro aspecto seria o suprimento das
expectativas pós-cirúrgicas dos pacientes, de forma
satisfatória e com maior probabilidade de acerto3,8,9.
Observou-se que pacientes submetidos a
blefaroplastia tiveram uma melhora na autoestima
após a cirurgia, demostrando que a desaprovação
com o corpo estaria diretamente relacionada a baixa
autoestima, como demonstrado por diversos autores3,7,8.
Várias hipóteses podem ser aventadas para este
fato, dentre elas que os homens possuírem pele mais
espessas e firmes, contribui para a presença de pele
residual e edema mais persistente pós-operatório.
Estes resultados têm apontado que atualmente, a
sociedade e o mercado de trabalho têm exigido uma
aparência cada vez mais jovial, mostrando que desde
a primeira vez que Narciso viu o reflexo de seu rosto
em um lago, a humanidade esta obcecada com a sua
aparência3,8,9.
Portanto, embora aparente uma melhora substancial
após a blefaroplastia, a retirada dos excessos torna a
região orbito palpebral sem excessos de pele, mas
não reduz as suas medidas, ficando, no entanto, bem
saliente e aparente que a abertura maior das fendas
palpebrais assume uma posição de destaque.
Ao contrário do grupo feminino e embora em
pequenas percentagens, as somas das dimensões
obtidas nas 20 pálpebras masculinas analisadas
demonstraram maior dimensão no antes da
blefaroplastia, comparando-se com as medidas após as
blefaroplastias, num percentual de 3,16%
CONCLUSÃO
As avaliações realizadas permitiram concluir que
o processamento de imagens digitais possibilita
avaliações quantitativas de parâmetros palpebrais
nas blefaroplastias, podendo-se observar uma grande
redução na soma das medidas palpebrais nas mulheres
após a blefaroplastia, ao contrário dos homens, onde
houve um aumento das medidas das dimensões
palpebrais após a blefaroplastia, embora a ressecção
dos excessos de pele sobre saliente.
Certamente, o fato que torna essa blafaroplastia
desejável pelos homens, então, está relacionada
com a retirada das dobras e da pele sobre saliente
das pálpebras e o aumento das fendas palpebrais,
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Comparação entre gêneros das medidas palpebrais antes e após blefaroplastia
REFERÊNCIAS
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Dimensões palpebrais antes e após blefaroplastia
superior - Avaliação quantitativa. Arq Bras Oftalmol.
2005;68(1):85-8
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3. Schellini, AS, Valezi, VG, Passos, W. Complicações
da blefaroplastia superior. Rev Bras Oftalmol. 2012;
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4. Paixão, MP, Miot, HÁ, Machado Filho, CDS. Avaliação
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Rev. Soc. Bras. Cir. Plast. Sao Paulo, 14 0.1; 59-701999
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esrc=s&source=web&cd=7&cad=rja&uact=8&v
ed=0CE4QFjAG&url=http%3A%2F%2Futhscsaimagetool.software.informer.com%2F&ei=Hez4VM
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zlfjUtGRrp3K7Q&sig2=M4_yj-LJcj2EWRuq8PPIFQ
7. Viana, GAP, Osaki, MH, Nishi, M. Blefaroplastia
inferior: poderia a cirurgia proporcionar satisfação
aos pacientes? Arq Bras Oftalmol. 2012;75(6):402-6
8. Viana, GAP. Resultados clínicos e satisfação dos
pacientes após blefaroplastia Inferior. Rev. Col. Bras.
Cir. 2011; 38(5): 317-22.
9.Cruz, AAV, Baccega, A. Análise bidimensional
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Oftalmol 2001;64:13-9
10.Grafl, R, Auerswald, A, Bernardes, A e cols.
Blefaroplasia Inferior Transconjuntival. Rev. Soc. Bras.
Cir. Phist. Sao Paulo, 2001, mai/ago, v.16 n.2 p. 59-74.
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RESUMO EXPANDIDO
Técnica de otoplastia no Hospital de Clínicas de Porto Alegre: revisão de casos.
Otoplasty technique in “Hospital de Clínicas de Porto Alegre”: a review of cases
Jorge Luis Hoyos Ramirez1, Marcus Vinicius Martins Collares2, Antônio Carlos Pinto Oliveira3, Arthur R. Herter4,
Daniel Gustavo Deggerone5
RESUMO
ABSTRACT
Objetivo: Descrever a técnica de otoplastia utilizada
no serviço de Cirurgia Plástica do HCPA, por meio
da revisão de casos no período de janeiro de 2012
a dezembro de 2014. Métodos: Estudo prospectivo
realizado com 86 pacientes, apresentando deformidade
bilateral, totalizando 172 otoplastias. Resultados: A idade
média dos pacientes foi 16,73 anos. 36% dos pacientes
eram do sexo masculino e 64% do sexo feminino. Foi
realizada técnica de raspagem da cartilagem bilateral
em 97,7%, e unilateral em 2,3%. Em media 3-4 pontos
de Mustardé foram empregados por orelha. Ressecção
de concha bilateral em 34,9% e unilateral em 3,5% dos
pacientes. Foram registradas complicações em 3,5% do
total de otoplastias. Com uma taxa de redicidiva de 5,8
%, sobre o total de otoplastia realizada. Conclusão: O uso
da combinação das técnicas de Stenstrom e Mustardé
permite a correção da malformação sendo de fácil
execução, mesmo por cirurgiões menos experimentados.
Objective: To describe the otoplasty technique
used in the Plastic Surgery Service of HCPA, through
the review of cases from January 2012 to December
2014. Methods: A prospective study with 86 patients,
with bilateral deformity, totaling 172 otoplasties.
Results: The mean age of patients was 16.73 years.
36% of patients were male and 64% female. Scraping
technique of bilateral cartilage was performed in
97.7%, and unilateral in 2.3%. On average 3-4
Mustardé sutures were employed by ear. Bilateral
concha resection in 34.9% and unilateral in 3.5%
of patients. Complications occurred in 3.5% of total
otoplasties. With a recurrence rate of 5.8% on total
otoplasty performed. Conclusion: The use of the
combination of Stenstrom and Mustardé techniques
allows the correction of the malformation, being easy
to perform, even for less experienced surgeons.
DESCRITORES: Otoplastia, Orelha
Deformidade congênita de orelha
KEYWORDS: Otoplasty, Proeminent ear, Congenital ear
deformity
proeminente,
1. R1 estrangeiro Serviço Cirurgia Plástica HCPA
2. Chefe do Serviço Cirurgia Plástica HCPA
3. Médico Contratado do Serviço de Cirurgia Plástica HCPA
4. R3 Serviço Cirurgia Plástica HCPA
5. R2 Serviço Cirurgia Plástica HCPA
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Técnica de otoplastia no hospital de clinicas de porto alegre: revisao de casos.
INTRODUÇÃO
O paciente posicionado em decúbito dorsal era
submetido à infiltração com solução anestésica de
marcaina 0,5% com vasoconstritor 1:200 000. Foi
realizada anestesia geral nos pacientes com idade
igual ou menor a 9 anos de idade além da infiltração
local. Curativo realizado em todos os paciente com
gaze embebida em Nebacetin e colocada ao longo da
incisão retroauricular e fossa escafoide e triangular,
assim como na concha auricular; finalizando com
curativo em capacete com atadura.
A incidência de orelha em abano é de 5 % na
população caucasiana, sendo a deformidade congênita
de orelha externa mais comum 1. A maioria do pacientes
que deseja realizar correção da deformidade encontrase na faixa de idade de 5 a 16 anos, sendo motivados
pela pressão social e psicológica no ambiente em que
se desenvolvem 2. Anatomicamente a deformidade é
caracterizada por um pobre desenvolvimento da antihélice e um aumento do ângulo escafoconchal (>90º),
dentre outras alterações estruturais 3. Atualmente
existem múltiplas técnicas cirúrgicas para correção
do defeito anatômico, sendo o principal objetivo das
mesmas a criação de orelhas com formato adequado
para simetria e aparência natural 4. As técnicas atuais
são uma combinação de princípios nos quais existe
manipulação do antihélice, seja com incisões, abrasão
e sutura da cartilagem, seja com alteração da concha
com excisão da cartilagem conchal ou sutura para
diminuição do ângulo entre concha e mastoide 5.
RESULTADOS
Estudo realizado com 86 pacientes, apresentando
deformidade bilateral, totalizando 172 otoplastias.
A idade média dos pacientes foi 16,73 anos (5-60
anos, dp + - 11,5 anos). Trinta e seis por cento dos
pacientes (31) eram do sexo masculino e 64% (55)
do sexo feminino. A porcentagem total de crianças
(<12 anos) de 44,18 % (38), de adolescentes (13
anos < X < 17 anos) de 27,9% (24) e de adultos (>
18 anos) de 27,9% (24). Foi realizada técnica de
raspagem da cartilagem bilateral em 97,7% (84),
e unilateral em 2,3% (2). Em media 3-4 pontos de
Mustardé foram empregados por orelha. Ressecção
de concha bilateral em 34,9% (30) e unilateral em
3,5% (3) dos pacientes. Realizado ponto de Furnas
em 10,5% (9) pacientes, de modo bilateral em 7,0%
(6) e unilateral 3,5% (3). O tratamento do lóbulo
de modo bilateral foi realizado em 7,0% (6), e do
polo superior com resseção de cartilagem de modo
unilateral em 3,5% (3) do total dos pacientes. Foram
registradas complicações em 3,5% (6) do total de
otoplastias, apresentado hematoma em 1,2% (2),
epidermolise em 0,6% (1) e granuloma em 1,7% (3)
do total de otoplastias; precisando de intervenção
por complicação em 3,5 % (3) dos pacientes. Com
uma taxa de recidiva de 5,8 % (10), sobre o total de
otoplastia realizada, precisando reintervenção pela
mesma em 3,5% (6) das otoplastias totais.
OBJETIVO
Este trabalho objetivou descrever a técnica de
otoplastia usada no serviço de Cirurgia Plástica do
Hospital de Clinicas de Porto Alegre UFRGS, demostrando
a taxa de recidiva, complicações e re intervenção; no
ambiente de ensino hospitalar, nas mãos do residente
de primeiro ano do serviço.
MÉTODO
Estudo retrospectivo que avaliou pacientes
submetidos à otoplastia bilateral, de janeiro de
2012 a dezembro de 2014, no Serviço de Cirurgia
Plástica do Hospital de Clinicas de Porto Alegre –
UFRGS. Todos os pacientes submetidos à otoplastia
por orelhas em abano bilateral foram incluídos no
estudo. A técnica empregada implicou sempre na
raspagem anterior da cartilagem auricular e pontos
de mononylon 4-0, preconizados por Mustardé, para
confecção de neo antihélice. A ressecção de concha
uni ou bilateral, assim como pontos de Furnas e
tratamento do lóbulo auricular foram indicados
em casos com deformidade especificas. Nenhum
paciente que apresentava microtia, alteração
craniofacial, alteração lobular isolada ou alteração
do polo superior ou deformidade congênita que não
fosse orelha em abano foi incluso no estudo. Todas
as cirurgias foram realizas pelo médico residente do
primeiro ano de graduação, sempre sobre supervisão
do médico contratado ou chefe do serviço.
Os pacientes submetidos a raspagem de cartilagem
bilateral e pontos de Mustardé, dez apresentaram
recidiva. Do total de pacientes com ressecção de
concha (33), 4 tiveram recidiva (12,1%) e 3 pacientes
tiveram algum tipo de complicação (9,1%). Dos 9
pacientes em que foram realizados pontos de Furnas,
33,3% (3) apresentaram recidiva; apenas 1 paciente
com outra complicação.
Dos pacientes que apresentaram complicação,
apenas 1 teve recidiva. As outras 10 recidivas não foram
relacionadas a complicações cirúrgicas.
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Técnica de otoplastia no hospital de clinicas de porto alegre: revisao de casos.
DISCUSSÃO
9. Saciloto A. Baggio M. Bittencourt R. Kaimoto CL. Huber
P. Mima W. Tirapelle R. Otoplastia: Sistematização da
técnica e análise de resultados inicias em ambiente
universitário. Arquivos Catarinenses de Medicina.
2007; 36 (1): 98 -102
Em nossa experiência, a técnica realizada com
raspagem da cartilagem na face anterior - Stenstrom 6
-, junto ao posicionamento com pontos de Mustardé 7
para confecção de neo antihélice, tem proporcionado
um resultado satisfatório em nossos pacientes, com
baixo índice de recidiva e complicações. A resseção de
cartilagem conchal e aproximação da concha com ponto
de Furnas 8 só são essenciais para casos selecionados.
Dentre as complicações apresentadas, o granuloma foi
a mais comum, seguido de hematoma. Em comparação
com outro estudo prospectivo no ambiente universitário
9
, as taxas de recidiva são similares.
CONCLUSÃO
O uso da combinação das técnicas de Stenstrom e
Mustardé permite a correção da malformação sendo
de fácil execução, mesmo por cirurgiões menos
experimentados.
REFERÊNCIAS
1. Mascio D, Castagnetti F, Baldassarre S. Otoplasty:
Anterior Abrasion of Ear Cartilage with Dermabrader.
Aesth. Plast. Surg. 2004; 27:466-471.
2. Bradbury ET, Hewison J, Timmons MJ. Psychological
and social outcome of prominent ear correction in
children. British Journal of Plastic Surgery. 1992;
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3. Avelar JM. Correcao de Orelhas em Abano. In: Melega
JM, Baroudi R, eds. Cirurgia plástica fundamentos e
arte: cirurgia estética. Rio de Janeiro: Medsi;2003. P.
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4. Ribeiro JAS, Silva GS. Finesse in Otoplasty in Four
Steps. Aesth. Plast. Surg. 2012; 36:842-852.
5. Thorne CH. Otoplasty and Ear Reconstruction. In:
Thorne HC, Bartlett SP, Beasley RW, Aston SJ, Gurtner
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Wolters Kluwer/ Lippicott Wilians & Wilkins; 2006.
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congenitally prominent ears. Plast. Reconstr. Surg.
1963; 32: 509.
7. Mustardé JC. The correction of prominent ears using
simple mattress sutures. Br. J. Plast. Surg. 1963;
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8. Furnas DW. Otoplasty for prominent ears. Clin
Plastic Surg. 2002; 29: 273 – 288.
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RESUMO EXPANDIDO
Reconstrução de asa nasal com retalho nasogeniano interpolado de pedículo
subcutâneo – Relato de caso
Nasal ala reconstruction with interpolated subcutaneous tissue pedicle melolabial flap Case report
Paulo Eduardo Krauterbluth Solano Junior1, Barbara d’Avila Goldoni2, Geraldo Cesar Castro Althoff3, Mariana Zancanaro4,
Pedro Bins Ely5
RESUMO
ABSTRACT
Introdução: A exérese de tumores nasais pode causar
importante distorção anatômica e prejuízo funcional caso
não sejam seguidas de procedimentos reconstrutivos.
Objetivo: Relatar um caso de reconstrução de asa nasal
com uso de retalho nasogeniano interpolado que tive
adequado resultado estético e funcional. Materiais
e Métodos: Foram revisados o prontuário e registros
fotográficos de 1 caso de reconstrução nasal com
uso de retalho nasogeniano interpolado. Conclusão:
O retalho nasogeniano interpolado constitui uma
excelente opção para reconstrução desta subunidade
anatômica, na medida em que preserva o sulco alar e
mantém patente a válvula nasal externa.
Introduction: The removal of nasal tumors can
cause significant anatomical distortion and functional
impairment if not followed by reconstructive procedures.
Objective: To report a ala nasal reconstruction case
with use of interpolated subcutaneous tissue pedicle
melolabial flap where adequate aesthetic and
functional result were found. Materials and Methods:
Medical records and photographic records of one nasal
reconstruction with interpolated subcutaneous tissue
pedicle melolabial flap case was reviewed. Conclusion:
The interpolated subcutaneous tissue pedicle
melolabial flap is an excellent choice for reconstruction
of this anatomical subunit, since it preserves the alar
groove and keeps patent the external nasal valve.
DESCRITORES: reconstrução nasal, reconstrução de asa
nasal, retalho nasogeniano
KEYWORDS:
nasal
reconstruction,
reconstruction, melolabial flap
nasal
ala
1.Médico Residente do Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia
Reconstrutiva da Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre /
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre
2.Médico Residente do Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia
Reconstrutiva da Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre /
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre
3.Médico Residente do Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia
Reconstrutiva da Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre /
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre
4.Médico Residente do Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia
Reconstrutiva da Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre /
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre
5.Professor adjunto e chefe do Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia
Reconstrutiva da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre
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Reconstrução de asa nasal com retalho nasogeniano interpolado de pedículo subcutâneo – Relato de caso
INTRODUÇÃO
posicionado na linha acima do sulco nasogeniano com
o centro um pouco acima da altura comissura labial. Este
foi incisado e dissecado no plano subcutâneo. Utilizouse cartilagem conchal, retirada por via retroauricular
para construir o arcabouço de sustentação da asa nasal
e assim preservar a função da válvula nasal externa.
O retalho foi incisado e rotado, sendo seccionada
a porção triangular superior após sua rotação para
acomodação, foi realizado fechamento primário do
defeito nasogeniano remanescente (figura 2 e 3).
A exérese de tumores nasais pode causar importante
distorção anatômica e prejuízo funcional caso não sejam
seguidas de procedimentos reconstrutivos. As lesões de
asa nasal possuem o risco de levar ao desabamento da
válvula nasal externa com prejuízo à função respiratória
[1]
. Neste cenário o retalho nasogeniano interpolado se
apresenta como uma adequada opção para reconstrução
desta subunidade anatômica [2].
OBJETIVO
O artigo tem por objetivo relatar um caso de
reconstrução de asa nasal com uso de retalho
nasogeniano interpolado que teve adequado resultado
estético e funcional.
MÉTODO
Foram revisados o prontuário e registros fotográficos
de um caso de reconstrução nasal com uso de retalho
nasogeniano interpolado. Realizou-se uma revisão
bibliográfica sobre reconstrução nasal na base da
dados do pubMed utilizando-se dos termos “nasal
reconstruction”, “nasal flaps”, “nasal tumors”.
Aguardou-se um período mínimo de 30 dias para que
ocorresse autonomização do retalho. No terceiro tempo
cirúrgico realizou secção do pedículo subcutâneo
e refinamento do retalho para que ficasse com uma
espessura mais adequada para harmonia nasal.
RESULTADOS
Paciente masculino, 71 anos, com tumor cutâneo
em asa nasal esquerda, cuja biópsia mostrou carcinoma
basocelular.
Até o presente momento tem-se 6 meses de
seguimento do paciente. Sendo que não ocorreu
desabamento da asa nasal preservando-se a função
da válvula nasal externa. O paciente demonstrou-se
satisfeito com o resultado estético, não desejando novo
procedimento de refinamento (figura 4).
O tumor nasal foi ressecado, deixando-se a ferida
cruenta até ter-se o resultado definitivo do exame
anatomopatológico, que mostrou margens de ressecção
livres (figura 1).
Figura 4 pré secção e pós secção do pedículo
subcutâneo
O segundo tempo cirúrgico foi realizado com a
confecção do retalho nasogeniano interpolado de
pedículo subcutâneo, com preservação de pelo menos
5 mm de tecido abaixo do sulco alar, região anatômica
de fundamental importância para estética nasal [3].
Para marcação cirúrgica utilizou-se um molde
com as mesma dimensões da asa nasal contralateral,
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Reconstrução de asa nasal com retalho nasogeniano interpolado de pedículo subcutâneo – Relato de caso
DISCUSSÃO
O presente estudo mostrou um caso de reconstrução
complexa de asa nasal com uso de retalho nasogeniano
interpolado. Acreditamos que nesse caso foi
fundamental ter-se aguardo o resultado definitivo do
exame anatomopatológico, para que o procedimento
de reconstrução fosse realizado com segurança.
O planejamento cirúrgico, com exata marcação
baseada em um molde da asa nasal contralateral,
bem com uso de cartilagem para que se mantenha um
arcabouço de sustentação são partes fundamentais
para um adequado resultado estético e funcional.
CONCLUSÃO
Defeitos da asa nasal mesmo que pequenos podem
gerar colapso da válvula nasal externa, principalmente
à inspiração, causando assim importante prejuízo
funcional. Dessa forma para a maioria dos defeitos
nesta topografia serão necessários procedimentos de
reconstrução[4]. O retalho nasogeniano interpolado
constitui uma excelente opção para reconstrução desta
subunidade anatômica, na medida em que preserva o
sulco alar e mantém patente a válvula nasal externa.
REFERÊNCIAS
1. Constantian MB: The incompetente external nasal
valve: Pathophysiology and tretment in primary and
secondary rhinoplasty. Plast Reconstr Surg 93:919,
1994.
2. Menick FJ: Reconstruction of the nose, In Baker
SR, Swanson NA (eds) Local Flaps in Facial
Reconstruction, St. Louis, Mosby, 1995.
3. Baker SR, Johnston TM, Nelson BR: The importance
of maintaining the alar facial sulcus in nasal
reconstruction. Arch Otolaryngol Head Neck Surg
121:617, 1995.
4. Burget GC, Menick FJ: Aesthetic Reconstructuion of
the Nose, St. Louis, Mosby, 1993.
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RESUMO EXPANDIDO
Ninfoplastia: Plástica dos Pequenos Lábios com Ancoramento Cutâneo na Coxa
Labiaplasty: Anchoring the Labia Minor at the Inner Thigh
Osvaldo Pereira1, Kuang Hee Lee2,Jorge Bins Ely3
RESUMO
INTRODUÇÃO
O rejuvenescimento vaginal é cada vez mais
procurado por mulheres preocupadas com a
atratividade da região vulvar. Elas preferem a região
pubiana com área pilosa mínima e pequenos lábios
pouco expostos ou totalmente invaginados sob os
lábios maiores. Dispõe-se de diversas técnicas seguras
e eficazes destinadas a esse objetivo. Neste artigo
indica-se detalhe técnico que torna mais precisa as
técnicas clássicas. No transoperatório a labia minora é
suturada na coxa interna da coxa com pontos separados
ou contínuo. A manobra facilita o procedimento e o
torna mais preciso.
A anatomia pubiana é composta de pequenos e
grandes lábios comumente asssimétrico com variações
na aparência. Embora a queixa que motiva a procura
pelas pacientes seja inicialmente estética, o roçar
durante o exercício, descomforto com o uso das roupas
e invaginação no intercurso não são incomuns como
causa de desconforto functional 1.
O rejuvenescimento vaginal é cada vez mais
procurado por mulheres preocupadas com a atratividade
da região vulvar. A aparência pré-pubere da genitália
feminina tem sido propalada na mídia impressa e
internet. Elas preferem a região pubiana com área
pilosa minima e pequenos lábios pouco expostos ou
totalmente invaginados sob os lábios maiores (Figura
1). Dispõe-se de diversas técnicas seguras e eficazes
destinadas a esse objetivo 2-7. Neste artigo indica-se
detalhe técnico que torna mais precisa as técnicas
clássica.
DESCRITORES: Ninfoplastia, Pequenos Lábios , labia minora
ABSTRACT
Labiaplasty or labia minora reduction is the most
common procedure requested by women concerned
with the appearance of their vulvar area. Safe and
effective surgical procedures exist to trim the labia
minora. In this article technical pitfalls are delineated
to proportionates precision to the differents technical
approaches. The labia minora is temporarily attached to
the internal thigh surface with stitches, in a single or
running fashion. This maneuver stabilizes that flaccid,
asymmetric structure. In consequence, the treatment is
more precise and easy to do.
OBJETIVO
O propósito do estudo é demonstrar que os
pequenos lábios ao serem fixados à coxa interna por
meio de pontos separados ou sutura contínua torna a
ninfoplastia mais precisa e facilita a aplicabilidade das
diferentes técnicas.
MÉTODO
KEYWORDS: Labiaplasty, Labia minora, Ninfoplasty
O estudo investigou doze procedimentos realizados
entre 2006 à 2014. A média de idade foi de 24 anos.
Todos os pacientes eram de cor branca.
O ápice do pequeno lábio é suturado à região medial
da coxa homolateral. Apenas um ponto é necessário
em caso da ressecção em cunha, plástica em “Z” ou
“W”. Se for indicada a ressecção linear de toda a borda
1. Titular SBCP, Cirurgião Plástico
2. Especialista SBCP, Cirurgião Plástico
3.Professor Titular de Cirurgia Plástica da Universidade Federal de Santa
Catarina. Chefe/Regente do Serviço de Cirurgia Plástica e Queimados do
Hospital Universitário - UFSC
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Ninfoplastia: Plástica dos Pequenos Lábios com Ancoramento Cutâneo na Coxa
dos pequenos lábios, sutura-se temporariamente
todo o contorno deste na coxa com pontos contínuos.
Infiltra-se a area a ser ressecada com xilocaína 2% com
vasoconstrictor promovendo tumescência moderada. Os
cotos remanescentes são suturados por planos: muscular
internamente, depois os ápices e mucosa externa e
interna com pontos separados com fios absorvíveis tipo
catgut 5-0 ou monofilamentado absorvível(Figura 2, 3, 4,).
5. Miklos JR, Moore RD. Labiaplasty of the labia minora:
Patients indication for pursuing surgery. J Sex Med.
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nymphectomy with 90-degree Z-plasty for aesthetic
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techniques for plastic surgeons. Asthetic Plast Surg.
Aesthetic PLast Surg. 2012;36: 1078-1086
RESULTADOS
Pequenos lábios com configuração anatômica e
simetria foram obtidos em todos os casos tratados. Não
registrou-se complicações relevantes (Figura 6).
FOTOS
DISCUSSÃO
Neste artigo indica-se detalhe técnico que pode
ser usado conjuntamente com diversos procedimentos
indicados no tratamento da hipertrofia e ou assimetria
da labia minora. Fixar a borda desta em seu ponto
medial ou em sua totalidade à coxa interna durante
o planejamento e confecção torna a ninfoplastia mais
fácil e precisa. Em recente revisão da literatura de 247
artigos, envolvendo 1949 pacientes, sete técnicas
destacam-se: deepitelização, excisão direta, plástica
em W” , plastica em “Z”, excisão da borda, excisão
composta a excisão a laser 2. Independente da técnica
indicada, ao fixar na coxa interna o tecido mole, amorfo
da labia minora com pontos separados ou contínuo,
estabilizamos a àrea a ser ressecada. Deste modo, o
tratamento é mais fácil e preciso.
CONCLUSÃO
Fixar a borda dos pequenos lábios na coxa interna por
meio de suturas temporariamente no transoperatório
torna a ninfoplastia fácil e precisa.
Fig 02 - Ancoramento dos pequenos lábios com fios na parte interna da coxa
REFERÊNCIAS
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Fig 03 - Estabilidade da labia minora ajuda o planejamento independente da
assimetria com o lado já tratado
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Ninfoplastia: Plástica dos Pequenos Lábios com Ancoramento Cutâneo na Coxa
Fig 04 - Trans Operatório final
Fig 07 - Detalhe da naturalidade da labia minora
Fig 05 - A simetria das peças ressecadas
Fig 06 - Aspecto após 3 meses do tratamento
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RESUMO EXPANDIDO
Enxerto de gordura autologo associado ao Lifting cervicofacial para tratamento
de pacientes muito magras
The use of micro fat graft in the face and neck lift in very thin patients
Maria Roberta Cardoso Martins1, Luiz José Muaccad Gama2, Marcelo Rodrigues da Cunha Araujo3
RESUMO
ABSTRACT
As técnicas de rejuvenescimento facial apresentaram
uma grande evolução nos últimos anos e a associação
da ritidoplastia ao enxerto de gordura autólogo se
apresenta como uma boa opção para o tratamento de
pacientes muito magras e que apresentam um aspecto
de esqueletização do terço inferior da face e pescoço.
O objetivo do presente estudo é avaliar a melhora do
rejuvenescimento cervicofacial de pacientes muito
magras submetidas a ritidoplastia associada a enxerto
de gordura autólogo. 20 pacientes foram submetidas
a lifting cervicofacial associado a lipoenxertia. Em 16
pacientes observou-se melhora satisfatória do contorno
facial e da flacidez cutânea, melhora da volumetria e
da qualidade da pele e ausência de bandas platismais,
o que mostra que a associação do enxerto de gordura
autólogo com o lifting cervicofacial proporciona um
resultado satisfatório para o tratamento das pacientes
muito magras com pele atrófica. The facial rejuvenation techniques showed a great
development in recent years and the association of
rhytidoplasty autologous fat graft is presented as a
good option for the treatment of very thin patients
who have a skeletonized appearance of the lower
third face and neck. The aim of this study was to assess
improvement of cervicofacial rejuvenation in very thin
patients undergoing rhytidoplasty associated with
autologous fat graft. 20 patients were submitted to
cervicofacial lifting associated with fat grafting. In 16
patients we observed satisfactory improvement of
facial contour and skin laxity, improves the volume and
quality of the skin and absence of platysmal bands, that
shows that the combination of autologous fat graft with
cervicofacial facelift provides a satisfactory result for
the treatment of very thin patients with atrophic skin.
KEYWORDS: face, fat, graft
DESCRITORES: face, gordura, enxerto
1. Especialista SBCP, cirurgiã plástica
2. Titular SBCP, cirurgião plástico
3. Titular SBCP, cirurgião plástico
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Enxerto de gordura autologo associado ao Lifting cervicofacial para tratamento de pacientes muito magras
INTRODUÇÃO
As
técnicas
de
rejuvenescimento
facial
apresentaram uma grande evolução nos últimos
10 anos visando a obtenção de um resultado mais
satisfatório e duradouro.
O espectro de pacientes que procuram o
rejuvenescimento fácil é amplo, variando desde pessoas
muito magras a pessoas com sobrepeso e obesidade, e
de pacientes jovens, na faixa dos 40 anos até a década
de 80.
Dentre essas técnicas destacamos a ritidoplastia
associada a enxerto de gordura autólogo, para o
tratamento de um grupo específico de pacientes muito
magras e que apresentam um aspecto de esqueletização
do terço inferior da face e pescoço. Essas pacientes
apresentam um aspecto de pele atrófica, derme muito
fina e de pouca elasticidade. O intuito do enxerto de
gordura autólogo não é somente volumetria, mas uma
melhora de qualidade da pele.
OBJETIVO
O objetivo do presente estudo é avaliar a melhora
do rejuvenescimento cervicofacial de pacientes muito
magras submetidas a ritidoplastia associada a enxerto
de gordura autólogo.
MÉTODO
De março de 2013 a março de 2015, foram operadas
20 pacientes do gênero feminino, com idade variando
de 51 a 65 anos, sem ritidoplastia prévia. Todas as
pacitentes foram operadas no Hospital Israelita Albert
Einstein, em São Paulo e submetidas a anestesia geral.
Iniciou-se a cirurgia com a coleta da gordura da
face interna da coxa após infiltração de soro fisiológico
com adrenalina numa solução de 1:500.000. A gordura
foi decantada e transferida de seringas de 10cc para
seringas de 1cc. Enquanto preparou-se a gordura,
realizou-se infiltração da face seguida de lipoaspiração
do submento, sem ultrapassar a área do pescoço
em que será realizada a lipoenxertia. Procedeu-se
ao enxerto de gordura no pescoço, com múltiplas
passadas, de acordo com a técnica de Coleman, com
injeção de aproximadamente 0,1cc de gordura em cada
passada, totalizando 15 a 20cc de gordura injetadas
no pescoço dessas pacientes. Seguiu-se a ritidoplastia
com plicatura do SMAS plastisma e plicatura das bandas
mediais do platisma.
As pacientes foram avaliadas por registro fotográfico
por outros 2 cirurgiões plásticos em 3, 6, 12 e 24 meses
pós-operários. Os aspectos avaliados foram contorno
facial, flacidez cutânea, presença ou ausência de bandas
platismais, volumetria e qualidade da pele.
RESULTADOS
Em 16 pacientes observou-se melhora satisfatória
do contorno facial e da flacidez cutânea, melhora da
volumetria e da qualidade da pele e ausência de bandas
platismais. Em 4 pacientes observamos uma facidez
cutânea residual e em 2 casos observamos recidiva das
bandas platismais após 1 ano.
DISCUSSÃO
A ritidoplastia apresentou grande evolução
nos últimos anos e um arsenal de procedimentos
complementares pode ser utilizado a fim de ser
obter resultados mais satisfatórios. Nos casos de
pacientes muito magras, como descritas neste estudo,
a ritidoplastia isolada pode não ser suficiente para
resolver as deformidades da pele e volume facial
dessas pacientes. A associação da lipoenxertia ao lifting
cervicofacial proporciona uma melhora importante
nesses resultados, uma vez que melhora não só a
questão do volume facial, mas também uma melhora
na qualidade da pele, proporcionando resultados
harmoniosos e satisfatórios.
CONCLUSÃO
A associação do enxerto de gordura autólogo
com o lifting cervicofacial proporciona um resultado
satisfatório para o tratamento das pacientes muito
magras com pele atrófica.
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Enxerto de gordura autologo associado ao Lifting cervicofacial para tratamento de pacientes muito magras
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RESUMO EXPANDIDO
Modelos de impresión 3D en el planeamiento preoperatorio de fracturas de
Mandíbula y en la enseñanza académica.
Three-Dimensional printing models in the preoperative planning of jaw fractures and
academic education.
Gustavo Mantrana1, Oscar Jacobo 2, Denisse Hartwig 3, Virginia Giachero 4, Héctor Juri 5
RESUMO
ABSTRACT
Objetivo: Demostrar la utilidad de los modelos de
impresión 3D con tecnología FDM en la planificación
preoperatoria de fracturas de mandíbula y en la enseñanza
académica. Métodos: se realizaron modelos de prototipado
rápido usando impresoras 3D de tecnología FDM, a partir
de imágenes tomográficas de pacientes con fracturas de
mandíbula; los mismos fueron sometidos a pruebas de
calidad y fueron usados en la planificación preoperatoria
y en actividades de docencia académica. Resultados:
Obtuvimos modelos 1:1, de bajo costo y confiables para la
planificación preoperatoria, se redujo un 20% el tiempo
anestésico-quirúrgico, los residentes y los docentes se
mostraron satisfechos con el uso de los modelos para la
discusión clínica de los pacientes y para la planificación
preoperatoria. Conclusión: Los modelos de prototipado
rápido creados con tecnología FDM de bajo costo, son una
excelente herramienta para la planificación preoperatoria
de fracturas de mandíbula y en la enseñanza académica
Objective: Demonstrate the utility of the 3D
printed models with FDM technology, in the
pre-operatory planning of mandible fracture
reconstruction and the academical learning.
Methods: We created models using 3D printers with
FDM technology, from CT images of patients with
mandible fractures, then, these passed through
quality and accuracy examination, and were used
for the pre-operatory plan and for academic
purposes. Results: We obtained real scale models
(1:1 proportion), of low cost and reliable for the
pre-operatory planning, reducing the anesthesicsurgical time in at least 20%, and achieving great
satisfaction among plastic surgery professors and
residents. Conclusion: The printed FDM technology
models, rapidly created with low cost, are an
excellent utility for the pre-operatory planning of
mandible fracture reconstruction and for academic
purposes.
DESCRITORES: Imagem Trisimensional,
Fixação Interna de Fraturas
Mandíbula,
KEYWORDS: Imaging, Three-Dimensional, Mandible,
Fracture Fixation, Internal
1. Residente de Cirugia Plastica de 2do año
2. Profesor Agregado de la Cátedra de Cirugía Plástica
3. Asistente de Cátedra
4. Profesora adjunta de la Cátedra de Cirugía Plástica
5.Cátedra de Cirugia Plastica y Centro Nacional de Quemados. Hospital de
Clinicas, Montevideo - Uruguay
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Modelos de impresión 3D en el planeamiento preoperatorio de fracturas de Mandíbula y en la enseñanza académica.
INTRODUÇÃO
3. Disminuir el tiempo anestésico-quirúrgico.
El éxito de la reconstrucción mandibular depende de
un diagnóstico preciso y una planificación preoperatoria
minuciosa. La radiografía convencional y la tomografía
computarizada (TC) se utilizan para completar el
diagnóstico clínico de este tipo de fracturas, aportando
datos imagenológicos importantes para el estudio de
las características de las fracturas y el planeamiento
preoperatorio. En los últimos años el desarrollo de
imágenes tomográficas tridimensionales ha permitido
al cirujano, docente y estudiantes una mejor orientación
espacial de las características fracturarias, facilitando la
planificación quirúrgica y la enseñanza académica. La
utilización de modelos tridimensionales en medicina
para simulación de enfermedades o deformidades se
remonta al renacimiento con la creación de modelos
de latex llamados ¨Moulages¨ (1) La introducción
en medicina de modelos reproducibles y precisos
de estructuras óseas seleccionadas es bastante
reciente, la posibilidad de generar reconstrucciones
tridimensionales con imágenes tomográficas fue
mencionada por primera vez en 1980, y la construcción
del primer modelo tridimensional físico del que se
tenga registro fue en 1987. (1) Las impresoras 3D han
revolucionado la forma de convertir imágenes en
objetos físicos tridimensionales, logrando cada vez
mejores resultados en cuanto a calidad, definición y
costo. El nacimiento de esta revolucionaria tecnología
tiene sus comienzos en 1988, (2) cuando Chuck Hall
crea la ¨Estereolitografía¨; desde entonces se ha
convertido en una herramienta de gran ayuda en la
planificación de cirugías maxilofaciales, (2) pero su
alto costo la han hecho poco difundida y accesible en
nuestro medio. Presentamos una alternativa para esta
técnica, haciendo uso de impresoras de tecnología
FDM (Fused Depostition Modeling) para la impresión
de modelos 3D de mandíbulas con fracturas, con buena
calidad y definición para la planificación preoperatoria
y enseñanza académica.
4. Mejorar la calidad de la enseñanza a los residentes
de Cirugía Plástica en cirugías de reconstrucción
mandibular.
OBJETIVO
- Objetivo General: Demostrar la utilidad de los
modelos de impresión 3D con tecnología FDM
en la planificación preoperatoria de fracturas de
mandíbula y en la enseñanza académica.
- Objetivos específicos: 1. Desarrollar modelos de impresión 3D de bajo costo
como alternativa a los modelos estereolitográficos
existentes.
2. Evaluar la calidad y el costo de los modelos de
prototipado rápido con tecnología FDM para su
aplicación en cirugía reconstructiva de mandíbula.
5. Proveer a los docentes de una estrategia de
evaluación de destrezas manuales de los residentes
en este tipo de cirugías sin afectar la calidad de
atención a los pacientes.
MÉTODO
Para el estudio fueron incluidos 4 pacientes con
fracturas de mandíbula de diferentes características que
consultaron a la emergencia del Hospital de Clínicas de
la Universidad de la República en Montevideo, entre
Octubre de 2014 y Enero de 2015; parte de la evaluación
de estos pacientes incluyó la realización de tomografía
computarizada (TC) (Fig. 1) Mediante un tomógrafo
Siemens Somaton Sensation 64, con cortes axiales óseos
de 0.5mm de espesor, el archivo digital fue almacenado
en un DVD en formato DICOM, seguidamente este
archivo fué analizado y modificado digitalmente usando
un software (Mesh lab) para obtener un diseño CAD
(Development of computer assisted design) de un modelo
tridimensional virtual de la mandíbula en formato .STL
(STereo Lithography) (Fig 2) para finalmente ser llevada
a cabo la impresión mediante el uso de una impresora
¨open source¨ de tecnología FDM (Fused Deposition
Modeling) creada en Uruguay,(Fig. 3) el material empleado
para la impresión fué el PLA (Polylactic Acid) por sus
características biodegradables que lo hacen amigable con
el medio ambiente. El espesor de las capas de impresión
fue de 0.2mm; y el tiempo de impresión de cada modelo
fué de 6 horas; Los modelos obtenidos fueron evaluados
rigurosamente realizando medidas comparativas entre las
medidas obtenidas en la tomografía, las medidas de los
modelos de prototipado rápido y las medidas realizadas
en vivo en los pacientes durante el intraoperatorio; para
esto fueron pautadas estructuras anatómicas como guías
de referencia, midiendo la altura mandibular de la sínfisis,
de los cuerpos a nivel de los sectores 3.4 y 4.4 y el ancho
de la ramas montantes, así como también el espesor de las
corticales óseas en los lugares de fijación de las placas de
osteosíntesis. (Fig. 4) Los modelos fueron utilizados por los
docentes de la Cátedra de Cirugía Plástica de Montevideo
para la enseñanza académica de los residentes que ahí
se forman y en la planificación preoperatoria de cada
paciente, realizando el análisis completo de los trazos
de fractura, reduciéndolos y efectuando la selección y
premoldeado de placas de osteosíntesis y la selección
de los tornillos de acuerdo al espesor de las corticales
para la fijación de las fracturas, (Fig. 5) finalmente cada
paciente fué operado usando el material de osteosíntesis
previamente seleccionado y premoldeado. (Fig. 6)
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Modelos de impresión 3D en el planeamiento preoperatorio de fracturas de Mandíbula y en la enseñanza académica.
RESULTADOS
Figura 1. Volúmenes de Reconstrucción Tridimensional por TC de
diferentes tipos de fracturas mandibulares. A: Fractura parasinfisiaria
izquieda y de ángulo. B: Fractura de cuerpo derecho, se ha separado
digitalmente la unidad mandibular del macizo facial. C: Fractura de
cuerpo derecho. D: Fractura de ángulo derecho.
Las mediciones comparativas permitieron conocer
que los modelos creados son a escala real en proporción
1:1. Todas las mediciones fueron concordantes, las
placas pre-moldeadas se adaptaron perfectamente a
la anatomía mandibular de cada paciente luego de la
reducción de las fracturas en el intraoperatorio y los
tornillos seleccionados fueron precisos en las longitudes
seleccionadas. El tiempo anestésico-quirúrgico se
redujo un 20% con respecto a cirugias similares
realizadas sin esta técnica. Residentes y docentes se
mostraron satisfechos con el uso de los modelos para la
discusión clínica de los pacientes y para la planificación
preoperatoria y destacaron las ventajas de manipular
modelos físicos versus las imágenes tridimensionales
tomográficas, el costo de los modelos creados con esta
tecnológia fue muy por debajo del costo promedio de
los modelos creados con técnica estereolitográfica.
DISCUSSÃO
Figura 2. Reconstrucción digital en computador apartir de las
imágenes tomográficas.
Los modelos estereolitográficos han sido
ampliamente usados en el planeamiento de cirugías
maxilofaciales, (2) y han sido muy difundidas las
ventajas de estos modelos, siendo de gran utilidad
en el diagnóstico y plan de tratamiento, mediante la
visualización directa de las estructuras anatómicas,
guías y plantillas qui¬rúrgicas, diseño de incisiones,
resecciones quirúrgicas, apreciación de defectos óseos
para injertos, adaptación de placas de reconstrucción, (4)
fabricación de prótesis, menor tiempo quirúrgico, menor
tiempo de anestesia, menor tiempo de exposición de la
herida quirúrgica, resultados predictibles, herramienta
educacional para el paciente (2) (5) en contraparte también
presentan desventajas como errores en el tamaño real
y su alto costo (2) Siendo esta última, la responsable de
la poca difusión de esta tecnología en nuestro medio.
La creación de nuevas tecnologías de impresión 3D
como la FDM (Fused Deposition Modeling) han permitido
crear piezas de prototipado rápido a un menor costo, La
precisión de este tipo de impresión 3D es dependiente
de la calidad de la imagen, así como también de las
especificaciones de la impresora utilizada, las impresoras
FDM más modernas permiten impresiones de capas de
0.1mm, sin embargo las vibraciones originadas por el
movimiento de la impresora en funcionamiento hacen
que las impresiones raramente alcancen ese espesor,
siendo usualmente de 0.5mm, (6) en nuestro estudio
hemos logrado con una impresora de bajo presupuesto,
impresiones de muy buena calidad con espesores de
0.2mm.
Figura 3. Modelos de prototipado rápido en PLA (Polylactic Acid),
creados con impresora open source de tecnología FDM (Fused
Deposition Modeling).
Alrededor del mundo cada vez son más las
publicaciones de investigaciones con el uso de esta
tecnología, este año se ha publicado en Italia un
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Modelos de impresión 3D en el planeamiento preoperatorio de fracturas de Mandíbula y en la enseñanza académica.
estudio con el uso de tecnología FDM para recrear
fracturas óseas en traumatología, los resultados han
sido muy similares a los nuestros, en cuanto a las
ventajas de esta nueva técnica en la planificación
preoperatoria y en la educación. Es conocido que el
tiempo de cirugía es directamente relacionado con
los riesgos de complicaciones intra y postoperatorias;
uno de nuestros objetivos ha sido disminuir el tiempo
Anestésico-Quirúrgico. El moldeado de las placas, las
mediciones de las corticales óseas y la selección de los
tornillos consumen gran parte del tiempo quirúrgico
y dependen de la complejidad de la fractura y de las
habilidades del cirujano, por lo tanto su realización en
el preoperatorio mediante modelos de prototipado
rápido, acorta el tiempo de cirugía; Algunos autores
han demostrado una reducción de 0.4 hr en el tiempo
quirúrgico de reconstrucciones mandibulares con
colgajos libres, (7) mientras otros autores han reportado
una reducción de 1.4 hr en el tiempo quirúrgico usando
modelos de prototipado rápido en el planeamiento
preoperatorio de reconstrucciones mandibulares; (8) En
nuestro estudio logramos una reducción del 20% del
tiempo quirúrgico.
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CONCLUSÃO
Los modelos de prototipado rápido con impresión
3D de bajo costo mediante el uso de impresoras
con tecnología FDM, representan una excelente
alternativa a los tradicionales y costosos modelos de
estereolitografía, siendo de buena calidad, confiables y
precisos para la planificación preoperatoria de cirugía
reconstructiva de fracturas de mandíbula, logrando
reducir los tiempos operatorios y mejorando la
enseñanza académica en la formación de residentes de
Cirugía Plástica.
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RESUMO EXPANDIDO
Reimplante digital baseado apenas na artéria colateral
Is it possible to perform a digital replantation without venous anastomoses?
Marcos Ricardo de Oliveira Jaeger1, Victor Vieira Orsi2, Pedro Bins Ely3, Lydia Masako Ferreira4
RESUMO
Justificativa: Reimplante de partes perdidas é um
procedimento que restabelece a sensibilidade (polpa
digital) e a capacidade de pinçamento de pequenos
objetos. Em algumas situações, a ausência de artéria e
veia para a anastomose torna o reimplante impossível. O
objetivo deste trabalho é demonstrar que o reimplante
pode ser possível quando apenas a artéria está disponível
para anastomose, caso a amputação for distal à articulação
interfalangeana distal. Paciente e Método: Adulto jovem
de 21 anos com amputação completa distal à articulação
interfalangeana distal. Mecanismo de amputação
guilhotina. Perda de dois segmentos, indicador e terceiro
dedo. Menos de 6 horas até o restabelecimento do fluxo
arterial. A técnica de reimplante e o resultado funcional
foram avaliados pelo teste de discriminação de dois
pontos (Semmes- Wenstein) e restabelecimento da força
(pinça digital). Resultado: Artéria digital foi coaptada
restabelecendo o fluxo sanguíneo. Neurorrafia permitiu o
retorno da sensibilidade da polpa digital. A manipulação
repetitiva do leito e placa unqueal foi incorporada à rotina
de pós-operatório o que diminuiu a congestão venosa.
O reimplante foi bem sucedido. O teste de Semmes
Weinstein mostrou retorno da sensibilidade protetiva
à região reimplantada. O retorno da pinça digital ficou
evidente após doze semanas. Conclusão: O reimplante
de partes perdidas das extremidades digitais pode ser
possível mesmo na ausência de veia receptora quando o
nível da amputação for distal à articulação interfalangeana
distal. A ausência de veia receptora para a anastomose
1.Professor Substituto em Anatomia Humana da UFRGS (2009- 2010), PósDoutorando em Cirurgia Translacional UNIFESP-EPM
2. Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Cirurgião Plástico GHCHospital Cristo Redentor
3.Chefe do Serviço da Disciplina de Cirurgia Plástica da UFCSPA, Professor
Adjunto de Cirurgia Plástica da Universidade Federal de Ciências da Saúde de
Porto Alegre
4.Chefe do Serviço da Disciplina de Cirurgia Plástica da UNIFESP-E, Professora
Titular da Disciplina de Cirurgia Plástica da Universidade Federal de São Paulo
e Escola Paulista de Medicina
pode gerar congestão vascular do segmento reimplantado,
de forma que manobras adicionais como a sangria do leito
unqueal poderão ser necessárias na primeira semana de
pós operatório.
DESCRITORES: reimplantes, microcirurgia, anatomia
ABSTRACT
Background: Replantation of loosen parts reestablish
sensibility (finger pulp) and the ability to grasp small
objects. There are situations in which the absence of
artery and vein precludes the replantation. The aim of this
paper is to demonstrate the feasibility of the very distal
digit replantation in the presence of the collateral artery
without the corresponding vein. When the amputation
occurs distal to the interphalangeal joint. Patient and
Method: A 21 year old girl presented with complete
distal amputation at the level of the interphalangeal
joint, sustained after a sharp trauma. Loss of parts of
the second and third fingers were observed, and patient
was referred for treatment in the first six hours after te
injury. Replantation technique and functional result was
verified by the Semmes Wenstein test and by teh return
of the digital pinch. Result: Artery anastomoses allowed
return on inflow to the amputated part. Neurorraphy
permitted return of protective sensibility to the finger
pulp. Repetitive manipulation of the unqueal plaque was
adopted to diminish venous congestion. Replantation
was successful, which was attested by the return of the
two point discrimination test (Semmes Weinstein) to
the replanted part. Pinch was obtained after 12 weeks.
Conclusion: Replantation of loosen parts of fingers may
be possible in the absence of vein in the amputated
part if the level of injury is distal to the interphalangeal
joint. The absent receptor vein may generate venous
congestion of the replanted segment, so that additional
maneuvers such as unqueal bed abrasion may be
necessary in the first week of the post operative period. KEYWORDS: replantation, microsurgery, anatomy
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Reimplante digital baseado apenas na artéria colateral
INTRODUÇÃO
tridigital e do retorno da sensibilidade (18- 19).
Extremidade digital distal é o segmento além do
nível da articulação interfalangeana distal -DIP. Esse
segmento inclui a placa unqueal, matriz unqueal, falange
distal, tecido da polpa digital, pele glabra e impressões
digitais. O dedo distal portanto é especializado em
função: destaca-se a sensibilidade e a capacidade
de pinçar pequenos objetos como alfinetes, pregos e
agulhas.
Tabela 1. Indicações e contraindicações para os
reimplantes de extremidade superior
Dificuldades nas técnicas atuais de reimplante
tem inviabilizado a reposição de segmentos perdidos
a esse nível. Outras formas de reposição deste
segmentos perdido – substituição – são: enxertos
compostos, retalhos de avançamento e retalhos à
distância. Entretanto, o reimplante microcirúrgico ainda
se constitui em técnica de eleição para a maior parte
dos especialistas no assunto (1- 4), exceto nos casos onde
ocorreu grave esmagamento ou destruição dos tecidos
moles no coto amputado. Esse trabalho demonstra que
o reimplante microcirúrgico é possível a esse nível,
mesmo na ausência de veia receptora (5- 17).
INDICAÇÕES
REIMPLANTE
E
CONTRAINDICAÇÕES
PARA
O
Idade do paciente, mecanismo da lesão, estado geral
do paciente, resultado funcional provável, motivação
do paciente são alguns dos fatores que temos levado
em consideração quando da indicação da tentativa de
reposição do segmento perdido ou amputado (4- 8). As
indicações gerais e contraindicações estão detalhadas
na Tabela 1. Reimplante de polegar deve sempre ser
considerado, já que sozinho responde por cerca de 4050% da função da mão. Da mesma forma, reimplante
de múltiplos dedos é usualmente indicado, já que a
limitação funcional poderá ser muito grave. Em alguns
casos, podemos realizar a transposição de segmentos
amputados a fim de preservar uma pinça rudimentar.
Reimplante de apenas um dedo - exceto do polegar permanece controverso, já que um dedo reimplantado
rígido pode impactar negativamente no movimento
dos outros dedos. Reimplantes distais à inserção
dos flexores superficiais usualmente são tentados,
já que a pinça digital fica melhorada pelo simples
aumento de comprimento do dedo, mesmo se a DIP
permanecer rígida após o reimplante. Em crianças, a
tentativa de reimplante deveria ser executada sempre.
Algumas exceções podem ser percebidas nos casos
de determinadas profissões, como nos músicos. Os
escores funcionais têm se mostrado melhores para os
reimplantes de segundo – indicador - e terceiro dedos
da mão quando comparados à amputação, por causa
da preservação do comprimento digital, pinça bi ou
Indicações
Amputação do polegar
Amputação de múltiplos dedos
Amputação ao nível da palma da mão
Amputação de um único dedo, distal à
inserção do flexor digital superficial
Qualquer amputação em criança
Contraindicações
Lesão por esmagamento ou avulsão
Amputação em múltiplos níveis
Comorbidades com risco de vida
Amputação de um único dedo, proximal à
inserção do flexor digital superficial
Incapacidade do paciente de se adaptar ao
programa de reabilitação
Tempo de isquemia prolongado
OBJETIVO
O objetivo deste trabalho é demonstrar que
o reimplante microcirúrgico dos dedos pode ser
possível quando apenas a artéria está disponível para
anastomose, caso a amputação for distal à articulação
interfalangeana distal.
MÉTODO
Adulto jovem gênero feminino, 21 anos, não
fumante, apresentando amputação completa distal
à articulação interfalangeana distal. Extremidades
de segundo e terceiro dedos da mão não dominante,
esquerda, amputadas por guilhotina de papel. Perda
de segmentos da placa unqueal, polpa, matriz unqueal,
falange. Menos de 6 horas após o traumatismo
foi admitida para a tentativa de reimplante, onde
foi restabelecido o fluxo arterial. A indicação de
reimplante foi baseada em: disponibilidade da parte
amputada; ausência de esmagamento ou avulsão do
segmento perdido; presença de artéria saudável sob a
luz do microscópio; ausência de comorbidades graves
incluindo aspectos psicológicos. O procedimento
cirúrgico consistiu de fixação óssea; debridamento
e limpeza meticulosa; anastomose arterial sob
magnitude de 300x, fio monofilamentar 11-0 Ethicon
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Reimplante digital baseado apenas na artéria colateral
(Ethilon)® referência W2850 da Johnson e Johnson.
A veia colateral foi considerada insuficiente no coto
distal à amputação. A fim de prevenir congestão venosa,
realizou-se descolamento parcial da placa unqueal que
foi embebida em solução de heparina tópica – solução
de 25.000 unidades diluída em 500ml de soro, refeitas
diariamente. Abrasões ou punções a esse nível foram
repetidas nos primeiros sete dias de pós-operatório,
várias vezes ao dia, pela própria equipe médica. Não
foram utilizadas sanguessugas - medical leeches – já
que não estão facilmente disponíveis em nosso meio.
Após sete dias, o paciente obteve alta hospitalar. Nas
primeiras semanas de pós-operatório, observou-se
formação de intensa placa de epidermólise – facilmente
confundida com necrose de parte reimplantada – que
submetida à contraprova da punção digital permitia
visualização de contínuo sangramento atestando a
viabilidade. Após várias semanas, a parte reimplantada
foi submetida à avaliação pelo teste da discriminação
de dois pontos – Semmes Weinstein – e da pinça digital.
(Figuras 1-3)
após três semanas. Observe o aspecto.
escurecido, simulando necrose total da
porção reimplantada.
Figura 5: Aspecto do segmento reimplantado após
três semanas. Observe o aspecto da porção
reimplantada após remoção da placa de
necrose – epidermólise.
Figura 6: Aspecto funcional – pinça do segmento
reimplantado.
Figura 7: Aspecto funcional. Observe o encurtamento
do segmento reimplantado em relação
ao lado oposto, e a preservação da placa
unqueal e polpa digital.
RESULTADOS
O restabelecimento do fluxo sanguíneo através da
reanastomose da artéria colateral permitiu a reposição
da parte perdida no trauma. A neurorrafia permitiu
o retorno da sensibilidade após várias semanas. O
teste de Semmes Weinstein demonstrou o retorno da
sensibilidade protetiva na região da polpa digital. O
teste de Semmes Weinstein avaliado na extremidade
reimplantada sem anastomose venosa não demonstrou
diferença em relação ao observado no lado oposto. A
força da pinça digital retornou após doze semanas. O
tempo de seguimento foi de aproximadamente quatro
meses. Não foi observada intolerância ao frio neste
período. O volume da polpa digital e o contorno da
placa unqueal foram restabelecidos após este período,
se bem que com um certo grau de atrofia. (Figuras 4-7)
LEGENDAS DAS FIGURAS
Figura 1: Aspecto de amputação de segundo e
terceiro dedos da mão. Observe o nível da
lesão acometendo placa e leito unqueal,
e a dificuldade de visualização dos vasos
colaterais a esse nível.
Figura 2:Aspecto da amputação. Observe
acometimento ao nível da articulação.
o
Figura 3: Segmento amputado e limpo. Observe a
integridade da unha e placa unqueal passível
de reimplante.
Figura 4:
Aspecto
do
segmento
reimplantado
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Reimplante digital baseado apenas na artéria colateral
DISCUSSÃO
O treinamento em microcirurgia é um processo árduo,
que vai de encontro às necessidades atuais do arsenal
do cirurgião plástico. Eventualmente, alguns destes
microcirurgiões participarão em equipes assistenciais
nas equipes dos transplantes.
Completado o período de treinamento laboratorial,
a participação em equipes que repõe em caráter
de urgência partes perdidas ou amputadas devido
a traumatismos é o caminho natural, mesmo para
aqueles que não tem intenção de preservar este tipo
de habilidade a longo prazo.
O reimplante microcirúrgico de extremidades dos
dedos é o procedimento de escolha para as amputações
distais, mas não está disponível em muitos locais aqui
no Brasil, sobretudo devido ao nosso panorama de
atendimento em saúde.
Reimplantes digitais são difíceis de ser executados.
As anastomoses dos pequenos vasos digitais – com
calibre de até 1mm – e a ausência de vasos colaterais
no coto amputado podem até mesmo impedir a
realização do reimplante. A sutura inadequada tende a
induzir tromboses vasculares e subsequente perda do
reimplante. A taxa de sucesso para o reimplante bem
indicado deveria estar em torno de 80%. Recentemente,
microcirurgiões com mais de dez anos de experiência
tem demonstrado sua experiência com reimplantes
na ausência de anastomoses venosas (10-17). Neste
relato, demonstramos a possibilidade de reimplantar
extremidades na presença de vasos digitais muito
pequenos, onde a ausência de veia colateral disponível
para a anastomose poderia contraindicar o reimplante.
Estudos anteriores demonstraram que o número
de anastomoses venosas em um procedimento de
reimplante estava relacionado à sobrevida do segmento
reimplantado, sendo que a anastomose de duas ou mais
veias seria superior à utilização de apenas uma veia para
anastomose (14). Entretanto, essa assertiva pode não ser
verdadeira para as zonas de Tamai I e II (9,10). Nestes
casos, a confecção da anastomose arterial poderia
permitir a sobrevida do coto reimplantado, mesmo na
ausência da anastomose venosa (17). Entretanto, outras
estratégias para diminuir a congestão venosa devem ser
postas à prática: sangramento externo por estimulação
da placa unqueal (11,12), criação de uma ferida aberta na
parte amputada (9, 13), shuntingss arteriovenosos (14,15)
etc...
Temos preferido a sangria por exaustão do leito
unqueal através de mobilização da placa unqueal ou
perfuração da unha, de forma repetitiva, já que os demais
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Reimplante digital baseado apenas na artéria colateral
expõe o coto de amputação a maior risco de infecção e
aumentam o tempo de cirurgia. Alguns concordam que
a simples amputação poderia representar a saída mais
fácil para a regeneração de extremidades amputadas.
Encurtamento ósseo e formação de neuroma de coto
são situações clínicas observadas nestes casos. O
seguimento destes pacientes têm mostrado que
a preservação da polpa digital com sensibilidade
protetiva permite o retorno completo da função da
parte perdida. Preservação do comprimento dos dedos
também é outra vantagem da técnica de reimplante
microcirúrgico, que se associa também ao retorno do
contorno anatômico próximo ao normal da região.
Em relação à questão funcional e estética dos
reimplantes, os dados podem ser conflitantes. A
deformidade da placa unqueal em dedos reimplantados
sem anastomose venosa pode ocorrer devido às
repetitivas abrasões ao nível da base da unha e matriz
unqueal em reimplantes quando se utilizou apenas a
artéria colateral.
Parece não ocorrer prejuízo da função da pinça
quando se realiza reimplantes tão distais (Zona I de
Tamai, ou seja, distal à inserção do tendão flexor digital
profundo) (18- 19). Ainda, a neurorrafia parece propiciar
o retorno da sensibilidade da polpa digital, se bem
que na ausência de coaptação nervosa, o retorno da
sensibilidade também acontece com o tempo (10, 17).
Dados relativos ao tempo de isquemia, agressividade do
mecanismo da lesão, tempo de recuperação funcional
e sensitiva, e interferência de outros fatores como o
tabagismo podem ser estudados em uma série maior
de pacientes.
CONCLUSÃO
O reimplante de partes perdidas das extremidades
digitais pode ser possível mesmo na ausência de veia
receptora quando o nível da amputação for distal à
articulação interfalangeana distal. A ausência de veia
receptora para a anastomose pode gerar congestão
maior do segmento reimplantado, de forma que
manobras adicionais como a sangria do leito unqueal
poderão ser necessárias no pós operatório inicial.
Reimplantes digitais deveriam ser encorajados mesmo
na ausência de veia no coto amputado, caso o nível
da amputação seja distal à inserção do tendão flexor
digital profundo.
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ISSN (impresso) 0004- 2773
ISSN (online) 1806-4280
RESUMO EXPANDIDO
Tratamento da lesão do nervo fibular: 10 anos de prática
Treatment of fibular nerve injury: 10 years of practice
Christina Gerber Suksteris1, Luiz Fernando Franciosi2, Luciene Amaral de Oliveira3
RESUMO
INTRODUÇÃO
Após 10 anos de prática no tratamento da lesão do
nervo fibular, com um número crescente de pacientes,
observou-se uma reabilitação mais rápida e eficaz após
o enfoque do tratamento na paralisia causada. A cirurgia
de transposição tendinosa, associada ao treinamento
pré e pós-operatório com a técnica de reabilitação por
espelho, se mostrou clinicamente mais eficiente que a
microneurorrafia isolada.
A secção de um nervo periférico causa importantes
perdas, tanto sensitivas como motoras. Apesar de todo
o avanço que se teve nessa área, nada fez mudar a
velocidade do axônio em direção a placa motora.1 Por
essa razão pode transcorrer um longo período até que
eles alcancem o seu objetivo. Além disso, em alguns
casos a recuperação motora é muito pobre e a volta da
função é precária e inexistente. A lesão do nervo fibular,
objeto deste trabalho, causa uma grave perda funcional
na loja ântero-lateral muscular da perna, ocasionando
uma marcha característica, pois o paciente epresenta
a perda da dorsi-flexão do pé.2,3,4,5 Utilizando um
treinamento pré-operatório específico com espelhos e
a transposição músculo-tendinosa específica, pode-se
trazer ao paciente, num breve período pós-operatório,
um andar mais adequado.6
DESCRITORES: Transferência tendinosa, Nervo fibular,
Terapia do espelho
ABSTRACT
After 10 years of practice in the treatment of fibular
nerve injury in an increasing number of patients, was
observed a better rehabilitation after change the focus
of the treatment of the paralysis. The tendon transfer
surgery associated with mirror therapy, was clinically
more effective than only microneurorrafy.
KEYWORDS: Tendon transfer, Peroneal/ fibular nerve,
Mirror therapy
OBJETIVO
Este trabalho tem como objetivo evidenciar o olhar
para uma lesão de nervo periférico como uma paralisia
causada por esse evento e demostrar que, na paralisia
causada pela lesão do nervo fibular, o melhor tratamento
é a reabilitação pré e pós-operatória com a utilização de
espelhos associado à transposição musculo-tendinosa.
A combinação desses tratamentos se mostrou mais
eficaz que a microneurorrafia do nervo.
MÉTODO
1. Residente em Cirurgia Plástica- HED
2. Membro titular da SBPC, Preceptor do Serviço de Cirurgia Plástica do HED
Após o diagnóstico da paralisia causada pela
lesão do nervo fibular o paciente é encaminhado à
reabilitação onde se emprega espelhos. Aguardam-se
pelo menos três meses para o aparecimento de alguma
contração (tipo M1) da musculatura proximal paralisada.
O paciente deve utilizar uma tala que lhe permita
deambular sem que o pé esteja na posição equino-varo.
3. Residente em Cirurgia Plástica- HED
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Tratamento da lesão do nervo fibular: 10 anos de prática
Uma vez não aparecendo nenhuma contração, o
paciente é levado à cirurgia.
Utiliza-se a transposição tendinosa do músculo tibial
posterior através da membrana interóssea, técnica que
se mostrou mais eficaz por proporcionar uma maior
dorsiflexão plantar.7,8,9 O tendão desse músculo é fixado
no cuneiforme lateral.
Depois do procedimento, o paciente permanece por
três semanas com uma tala gessada ou ortopédica e
após, recebe uma bota gessada que deve permanecer
por trinta dias até que se complete a cicatrização do
tendão tibial posterior no osso escolhido.
Logo em seguida, o paciente é encaminhado à
reabilitação - onde mais uma vez são utilizados espelhos.
O paciente mantém durante todo esse período uma tala
ou órtese para manter o pé em posição adequada. Após
aproximadamente 30 dias, o paciente é encorajado a
caminhar - inicialmente com muletas.
RESULTADOS
Pelo menos, nos últimos dez anos, tem-se utilizado
essa rotina de tratamento nos pacientes com paralisia
causada pela lesão do nervo fibular. Os resultados
obtidos são substantivamente melhores e mais
rapidamente alcançados, se comparados ao tradicional
reparo microcirurgico do nervo fibular.
DISCUSSÃO
Quando um nervo periférico é seccionado uma
cascata de eventos tem início. A degeneração
Walleriana inicia-se de pronto com o desaparecimento
dos mediadores químicos das placas motoras. Outros
episódios importantes também podem ser notados. Os
neurônios cerebrais, relacionados com a musculatura
e com a área sensorial do nervo seccionado, buscam
novas sinapses com os neurônios da vizinhança. Este
acontecimento é conhecido como neuroplasticidade.
Existe uma modificação do mapa cortical atrelada a
esse evento.10,11,12,13,14,15 A atenção, o estímulo visual,
o aprendizado e a repetição geram uma interpretação
cerebral distinta.8Esse é o conhecimento usado durante
o processo de reabilitação da paralisia. É colocado entre
as pernas do paciente, um espelho com a face refletora
voltada para o membro inferior não paralisado e
estimulada à realização de movimentos de dorsi-flexão
e flexão plantar com os dois pés. O pé com a paralisia
fica atrás do espelho e fora da visão do paciente.
Com isso, ele só enxerga o pé sadio e a sua imagem
refletida. Como a imagem no espelho plano é virtual,
parece, ao paciente, que o pé refletido é o contralateral
e que apresenta um movimento perfeito e indolor. A
terapia dos espelhos melhora a organização cortical
em três etapas principais: A primeira delas é o “Treino
da Lateralidade” - onde o paciente tem dificuldade de
identificar, através da imagem refletida no espelho,
o conceito de direito e esquerdo. A segunda etapa é
caracterizada pela imaginação do movimento do membro
paralisado. Este fato pode ativar uma área cortical
similar aos movimentos efetuados. A última das etapas
é o “feetback visual no espelho”. Consiste em fazer o
paciente observar a imagem refletida do membro sadio.
Isto causa uma ideia de que o membro paralisado esteja
se movimentando.10,17 O objetivo de uma transferência
tendinosa é promover atividade motora à musculatura
paralizada, eliminar deformidades causadas pela
paralizia da musculatura antagonista e promover uma
maior estabilidade, devolvendo um balanço muscular.
A seleção do tendão a ser transferido exige que o
musculo tenha força suficiente para suprir a função
daquele que está paralizado. O tendão transferido deve
ser colocado o mais próximo possível da musculatura a
ser suprida, com o cuidado de não causar lesão nervosa
ou vascular durante a sua passagem.8 As principais
técnicas cirúrgicas de transposição do tendão tibial
posterior para o anterior são a de Barr e a de Ober.8 De
acordo com a técnica de Ober, o tendão e o músculo
tibial posterior passam através do compartimento
tibial anterior do dorso do pé e são fixados na base do
terceiro metatarso.8,18 Pela técnica de Barr, o tendão e
o músculo tibial posterior passam através da membrana
interóssea e são fixados no cuneiforme lateral ou na
base do terceiro metatarso.8, A associação entre o
procedimento cirúrgico de transposição tendinosa
e a terapia do espelho permitem com que o músculo
tibial posterior transposto, que antes da cirurgia tinha
a função de flexão plantar, passe rapidamente a fazer
a função do músculo tibial anterior – seu antagonista.
Com isso, observa-se uma marcha adequada em um
período de aproximadamente três meses após o
procedimento cirurgico.
CONCLUSÃO
No Serviço de Microcirurgia do Hospital Cristo
Redentor - GHC - Porto Alegre, RS, após 10 anos de
experiência no tratamento da paralisia causada pela
lesão do nervo fibular foram observados melhores
resultados, proporcionando ao paciente um retorno
funcional precoce, com a terapia do espelho associada
à adequada transposição músculo-tendinosa. Esse
tratamento foi clinicamente superior às técnicas
microcirurgicas convencionais de reparo do nervo
fibular.
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Tratamento da lesão do nervo fibular: 10 anos de prática
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RESUMO EXPANDIDO
Tratamento cirúrgico da microstomia com técnica de Converse
Surgical treatment of microstomia with Converse technique
José Luiz Takaki1, Marcelus Nigro2, Flavia Thaiana Bonato3, Alysson Matioski4
ABSTRACT
RESUMO
Microstomia é o termo utilizado para referência de
uma abertura diminuída da cavidade oral. Pode ser
decorrente de trauma, queimadura elétrica ou térmica,
ingestão de substâncias cáusticas, entre as causas
mais comuns. O objetivo desse trabalho é a revisão
da literatura sobre microstomia e seus principais
tratamentos, assim como a descrição de casos tratados
no serviço de cirurgia plástica e queimados do Hospital
Universitário Evangélico de Curitiba. Os pacientes
foram em sua maioria do sexo masculino, com idade
variando de 7 a 55 anos, todos vítimas de queimadura. A
etiologia mais frequente das queimaduras foi o choque
elétrico. Em todos os casos foi aplicada técnica de
comissuroplastia de Converse com excelente resultados
estéticos e funcionais. A técnica de comissuroplastia de
Converse é reprodutível e deve ser uma opção para o
tratamento da microstomia.
Microstomia is the term used to reference a
decreased opening of the oral cavity. May be due
to trauma , electrical or thermal burns , ingestion of
caustic substances, among others. The aim of this study
is to review the literature on microstomia and its main
treatments, as well as a description of cases processed
in the plastic surgery service of Hospital Evangélico in
Curitiba. The patients were mostly male , aged 7-55
years, all burn victims . The most frequent cause of
burns was the electric shock. In all cases Converse
comissuroplasty technique was applied with excellent
aesthetic and functional results . The comissuroplasty
technique is reproducible and should be an option to
treat microstomy.
KEYWORDS: burn, microstomia, mouth
DESCRITORES: queimados, microstomia, boca
1.Preceptor
2. Chefe do serviço
3.Residente
4.Residente
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Tratamento cirúrgico da microstomia com técnica de Converse
INTRODUÇÃO
RESULTADOS
Microstomia é o termo utilizado para descrever
uma abertura diminuída da cavidade oral. Pode ser
decorrente de trauma, queimadura elétrica ou térmica,
ingestão de substâncias causticas ou também pode
ocorrer após cirurgia reconstrutiva da boca, quando
ocorrem retração e formação de tecido cicatricial
impedindo sua abertura. Raramente, também pode estar
associada à desordens sistêmicas, como esclerodermia,
síndrome de Freeman-Sheldon, epidermólise bolhosa,
assim como em alguns defeitos genéticos.
Os pacientes eram em sua maioria do sexo
masculino (4), com idade variando de 7 a 55 anos,
todos vítimas de queimadura. A etiologia mais
frequente das queimaduras foi o choque elétrico
(57%), seguida por queimadura por escaldadura e
química. Em dois pacientes, houve a necessidade da
realização da cirurgia uma segunda vez, por recidiva
da constricção em um caso e no outro por microstomia
muito importante, com tratamento em dois tempos.
Em ambos os casos, esperou-se o tempo de 6 meses
entre um procedimento e outro.
Essa enfermidade está comumente associada
a problemas relacionados a comprometimento de
adequada higiene dental, expressão facial, vocalização,
nutrição, dificuldade de intubação e também relacionada
à dificuldade de interação social. Griskevich diz que o
tratamento cirúrgico da microstomia tem dois objetivos:
restaurar a amplitude da abertura bucal e diminuir o
defeito estético causado pela deformidade oral.
Em todos os casos foi utilizada técnica de
comissuroplastia de Converse. Foi optado pela
realização de anestesia local ou local com sedação.
A figura 1 mostra desenho esquemático do
planejamento cirúrgico, conforme é descrito a seguir.
Figura 1:Técnicas de tratamento cirúrgico para
microstomia. Fonte: Pitanguy et al. (1979)
O tratamento pode ser feito através de técnica
cirúrgica ou não, através do splints orais. Dentre as
técnicas cirúrgicas, existem diversas descrições de
retalhos e avanços mucosos.
Levando em consideração que cada lesão apresentase de forma diferente, é difícil a padronização de
conduta. O melhor tratamento deverá sempre ter o
melhor aproveitamento tissular regional possível,
com as menores transposições e mobilizações, sendo
necessária a análise de cada caso individualmente, para
que se obtenha o melhor resultado estético e funcional.
Descrita em 1959 por Kazanjian e posteriormente
modificada por Converse, a técnica de Converse ou
Converse-Kazajian, é uma comissuroplastia, com
intervenção no orbicular e confecção de retalhos
mucosos, com rápida recuperação e baixa recidiva.
OBJETIVO
O objetivo desse trabalho é a realização de uma
revisão da literatura sobre a microstomia e seus
principais tratamentos, assim como a descrição
dos casos tratados no serviço de cirurgia plástica e
queimados do Hospital Universitário Evangélico de
Curitiba, no ano de 2013 e 2014.
MÉTODO
Para realização desse trabalho foi feita a análise
dos prontuários dos pacientes, assim como fotos de
documentação, com o pré e pós operatório
É demarcada nova linha final da comissura
bucal com base na linha pupilar. Após a demarcação
deste ponto, marcam-se dois retalhos triangulares
saindo deste ponto em direção ao lábio superior e
inferior. Retira-se o tecido cicatricial abaixo desta
delimitação, com liberação da musculatura orbicular.
Na área de mucosa exposta, após essa ressecção,
faz-se uma secção da mucosa, horizontalmente,
parando antes do término da área cruenta, onde
então, incisa-se de forma semicircular de maneira
a obter-se 3 retalhos de mucosa, um lateral, um
superior e um inferior. Os retalhos são avançados
e suturados à pele com pontos de Gillies com
categute, de forma a não haver tensão.
É mantida dieta líquida ou pastosa de rotina, assim
como uso de enxaguante bucal com clorexidine.
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Tratamento cirúrgico da microstomia com técnica de Converse
Figura 2:
Marcação pré operatória em paciente masculino,
23 anos, vítima de queimadura elétrica.
Figura 3: Pós operatório (03 meses)
paciente.
do mesmo
Figura 4: Paciente masculino, 50 anos, vítima de
grave queimadura em face, marcação pré
operatória (primeira cirurgia).
Figura 5 e 6: Pré operatório e pós imediato da segunda
cirurgia, mesmo paciente.
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Tratamento cirúrgico da microstomia com técnica de Converse
Figura 7 e 8: Pós operatório tardio, um ano.
para tratamento da microstomia com acometimento
principalmente da comissura. O retalho de Kazanjian,
também conhecido como retalho de Converse, é uma
técnica de comissuroplastia que apresenta bons
resultados estéticos e funcionais.
É de fácil aprendizado, execução, reprodutibilidade
e pode ser realizado com anestesia local. Sua realização
em centro de queimados com alto volume de
atendimentos, como o do Hospital Evangélico, associado
a serviço de residência, mostra grande versatilidade
e bons resultados.Neste relato todos os pacientes
receberam anestesia local, com sedação associada
somente nos de menor idade. Todos receberam alta
no mesmo dia da cirurgia e no retorno de uma semana
já mostravam baixo desconforto e limitações devido à
cirurgia, com retorno rápido às atividades.
Possui baixo risco de recidivas, uma vez que o
retalho lateral previne a ocorrência da contratura
pós-operatória. Nesta técnica, o reposicionamento
das comissuras é baseado na distância interpupilar
e são retirados da área demarcada o tecido cicatricial
cutâneo, subcutâneo e parte do músculo orbicular.
Nesta amostra houve necessidade de reoperação por
recidiva em apenas um paciente, 14% da amostra.
DISCUSSÃO
As microstomias causam prejuízo estético e
funcional importantes, dificultam a fala, a higiene oral,
alimentação, entre outros. Podem sem de grau leve a
grave, de diversas etiologias como as já previamente
citadas, e devem ter sua avaliação e tratamento
individualizados. Griskevich diz que o tratamento
cirúrgico da microstomia tem dois objetivos: restaurar
a amplitude da abertura bucal e diminuir o defeito
estético causado pela deformidade oral. O manejo
dessa enfermidade é crítico no cuidado dos pacientes
queimados e deve ser considerado uma prioridade, uma
vez que causa um grande impacto na qualidade de vida.
Vários tratamentos já foram propostos, desde
simples ressecções, uso de próteses, até realização
de enxertias e retalhos. Dependendo da extensão da
microstomia, principalmente a causada por queimadura,
temos uma ampla gama de opções para seu tratamento.
Desde splint (próteses e órteses orais), passando por
uso de laser e luz pulsada até enxertos e retalhos mais
ou menos complexos.
Dependendo do principal local de comprometimento
e retração, pode-se empregar retalho de v-y,
zetaplastias, retalho de Abbé, Estlander, entre outros.
A técnica de Converse - Kazanjian é bem empregada
A técnica de Converse- Kazanjian é de fácil
aprendizado e reprodutibilidade, podendo ser aplicado
em grandes centros de queimados, como o do presente
estudo, em grande volume de pacientes, com baixos
índices de complicações e alto índice de sucesso.
CONCLUSÃO
A técnica de Converse se mostrou uma boa opção
no tratamento de pacientes com microstomia, por
apresentar facilidade técnica, baixa morbidade
e possibilidade de reoperação em caso de falha
no tratamento. Levando-se em consideração as
particularidades de cada caso, cabe ao cirurgião
escolher a conduta a ser seguida.
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Tratamento cirúrgico da microstomia com técnica de Converse
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RESUMO EXPANDIDO
Transtorno dismórfico corporal e rinoplastia
Body dysmorphic disorder and rhinoplasty
Felipe de David1, José Augusto Calil2, Alfredo Gragnani Filho3
RESUMO
ABSTRACT
Introdução: O transtorno dismórfico corporal é definido
como uma preocupação excessiva com um defeito sutil ou
imaginado na aparência física, levando a um sofrimento
ou incapacidade na função social ou ocupacional. É um
transtorno relativamente comum e, por vezes, incapacitante.
Sua prevalência na população geral é de 0,7% a 3% e
entre pacientes de cirurgia estética varia de 6% a 15%,
chegando a 54% em alguns estudos. O exame de transtorno
dismórfico corporal facilita o diagnóstico deste transtorno e
pode fornecer parâmetros adicionais na avaliação do sucesso
de cirurgias plásticas. Está traduzido para o português e
devidamente validado. Objetivo: determinar a prevalência de
transtorno dismórfico corporal em pacientes que buscam por
rinoplastia. Pacientes e métodos: Foram estudados pacientes
que se apresentaram ao serviço de Cirurgia Plástica do HSPMSP procurando por rinoplastia. Foram estabelecidas alterações
nasais e formulado um plano cirúrgico individualizado para
cada paciente, baseado no exame físico e nas queixas do
mesmo. Os pacientes respoderam aos questionários de
qualidade de vida SF-36, autoestima de Rosemberg, ETDC
e auto avaliaram em escala análoga visual sua impresão do
nariz. Resultados: Dezessete (29,8%) pacientes apresentam
certo grau de insatisfação com a aparência. Em 11 (19,3%)
pacientes a preocupação com a aparência causa angústia
clinicamente significante ou prejuízo em áreas sociais,
profissionais, ou outras áreas importantes de funcionamento.
Conclusão: Existe uma prevalência de transtorno dismórfico
corporal em pacientes que procuram por rinoplastia maior do
que na população em geral e a gravidade dos sintomas desta
patologia claramente afeta o seu funcionamento diário.
Introduction: Body dysmorphic disorder is an
excessive concern with a slight or imagined defect.
In body appearence leading to marked distress or
impairment in social, occupational, or other áreas of
functioning. It is a relatively common disorder, sometimes
disabling. Its prevalence in general population is 0,7%
to 3% and varies between 6% and 15%, reaching 54%
in some series in patients seeking for plastic surgery.
The body dysmorphic disorder examination (BDDE)
facilitates diagnostico f teh disorder and provides
aditional parameters for a plastic surgery success. It
is translated and validadted in portuguese Objective:
Determine the prevalence of body dysmorphic
disorder in patients seeking for rhinoplasty. Patients
and methods: It was studied patients seeking for
rhinoplasty in Plastic Surgery department of HSPM-SP.
Is was established nasal deformities and formulated a
surgical plan individualized for each patient, based on
fisical examination and patients’ complaints. Patiens
answered the questionaries of life quality SF-36,
Rosemberg’s self-esteem, BDDE and visual analogue
scale of nose beauty. Resultados: Seventeen (29,8%)
patients presented some degree of insatisfaction with
appearence. In 11 (19,3%) patients the concern with
appearence causes anguish clinically significant or
injury in social, professional or other áreas. Conclusão:
There is a prevalence of body dysmorphic disorder in
patients seeking for rhinoplsty bigger than in general
population and the severity of the symptoms clearly
affects daily functioning.
DESCRITORES:
Transtorno
dismorfofobia, rinoplastia
KEYWORDS: Body dysmorphic disorder, dysmorphophobia,
rhinoplasty
dismórfico
corporal,
1. Residente em Cirurgia Plástica no Serviço de Cirurgia Plástica do Hospital do
Servidor Público Municipal de São Paulo
2.Regente do Serviço de Cirurgia Plástica do Hospital do Servidor Público
Municipal de São Paulo
3.Médico Assistente no Serviço de Cirurgia Plástica do Hospital do Servidor
Público Municipal de São Paulo
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Transtorno dismórfico corporal e rinoplastia
INTRODUÇÃO
São cada vez mais frequentes as queixas estéticas
na sociedade contemporânea objetivando a perfeição
das formas do corpo. A melhora na imagem corporal é o
principal motivo na busca por cirurgia ou procedimentos
estéticos. O nariz possui posição central na face e
é fundamental não apenas para a harmonia facial,
como também para uma aceitação psicológica normal
das pessoas; portanto, a rinoplastia apresenta papel
importante na cirurgia estética facial1. O formato do
nariz é com frequência um fator que causa distúrbio,
consciente ou inconscientemente, no desenvolvimento
da personalidade e imagem corporal2. A imagem corporal,
por sua vez, é uma importante motivadora na busca da
cirurgia plástica3-5. No Brasil, em 2011, foram realizadas
43.809 rinoplastias, posicionando-se como uma das
cirurgias estéticas mais realizadas no país, atrás apenas
de lipoaspiração, mastoplastias e abdominoplastia6. O
transtorno dismórfico corporal, primariamente chamado
de dismorfofobia, pouco estudado até recentemente,
é definido como uma preocupação excessiva com um
defeito sutil ou imaginado na aparência física, levando
a um sofrimento ou incapacidade na função social ou
ocupacional. É um transtorno relativamente comum
e, por vezes, incapacitante. Apesar da possível alta
prevalência, ainda não há abordagem padronizada ou
guideline para a identificação corrreta destes pacientes7.
Este transtorno está frequentemente presente de
forma subclinica 8-11. Além da timidez com o assunto, os
pacientes por vezes demonstram julgamento equivocado
sobre a origem psiquiátrica dos seus problemas e, com
frequência, buscam tratamento estético porque estão
convencidos de que necessitam de melhora estética e
não de psiquiátrica. Grandes estudos relataram taxas
de transtorno dismórfico corporal de 0,7% a 3% na
população em geral12-14 e 1,5% a 5,3% em estudantes
universitários15-17. A real prevalência do transtorno
em uma população de pacientes de cirurgia estética é
desconhecida. Alguns estudos sugerem que é muito
mais comum entre estes pacientes, com taxas variando
de 6% a 15%8,18,19, chegando a 54% em estudos com
amostragens menores10,20. Esta disparidade deve-se
à falta de uniformidade nos métodos de detecção
do transtorno. Há uma tendência para o consenso
de que o transtorno dismórfico corporal deveria
ser considerado uma contraindicação para cirurgia
estética. Qualquer parte do corpo pode ser o foco de
preocupação no transtorno dismórfico corporal, mas as
áreas mais comumente envolvidas são pele, cabelo e
nariz21-24. Rinoplastia estética é um dos procedimentos
estéticos mais requisitados pelos pacientes com o
transtorno9,10,23,24. Existem poucos estudos avaliando
a prevalência de transtorno dismórfico corporal em
pacientes que procuram rinoplastia, apresentando uma
prevalência média de 20,7%10. Além disso, o perfil clínico
dos pacientes com sintomas do transtorno que procuram
por rinoplastia não está claro. O desenvolvimento e
a validação de questionários de qualidade de vida
relacionados à saúde tem se tornado uma área importante
da pesquisa médica devido à necessidade de monitorar e
avaliar o tratamento oferecido aos pacientes, ao invés de
simplesmente lidar com as queixas e relatos dos mesmos.
O exame de transtorno dismórfico corporal (ETDC) pode
fornecer parâmetros adicionais na avaliação do sucesso
de cirurgias plásticas. É um instrumento de qualidade
de vida que foca na imagem corporal do paciente. Este
questionário inclui 34 perguntas que avaliam o grau
de insatisfação relacionada ao uma característica física
e facilita o diagnóstico de de transtorno dismórfico
corporal. Está traduzido para o português e devidamente
validado 25.
OBJETIVO
O objetivo deste estudo é determinar a prevalência
de transtorno dismórfico corporal e seus sintomas em
pacientes que procuram por rinoplastia.
MÉTODO
3.1. Pacientes O estudo foi conduzido no
Departamento de Cirurgia Plástica do Hospital do
Servidor Público Municipal de São Paulo (HSPM-SP).
Foi obtida aprovação do Comitê de Ética do Hospital.
Todos os pacientes com idade igual ou superior a 15
anos e que procuraram por rinoplastia estética e/
ou funcional entre Janeiro e Agosto de 2014 foram
convidados a participar do estudo, e após concordarem,
assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido
específico. Sessenta e quatro pacientes procuraram o
ambulatório de rinoplastia do departamento de Cirurgia
Plástica neste período. Destes, 5 foram excluídos do
estudo porque a equipe contraindicou a cirurgia (por
impossibilidade de alcançar resultado pretendido
pelo paciente) e 2 pacientes foram excluídos por não
completarem corretamente os questionários. Todos os
demais 57 pacientes concordaram em participar do
estudo e assinaram o termo de consentimento livre e
esclarecido. 3.1.1. Critérios de inclusão Foram incluídos
no estudo todos os pacientes que se apresentaram ao
serviço de Cirurgia Plástica do HSPM-SP procurando por
rinoplastia. 3.1.2. Critérios de exclusão Foram excluídos
do estudo pacientes com contraindicações clínicas
para a realização de cirurgia, assim como aqueles
cuja avaliação identificou impossibilidade de melhora
estética nasal ou de obtenção de resultado desejado
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Transtorno dismórfico corporal e rinoplastia
através da cirurgia. 3.2. Cálculo do tamanho amostral
Nos anos de 2011, 2012 e 2013, foram realizadas uma
média de 50 rinoplastias por ano no HSPM, estimando o
tamanho amostral em 50 pacientes. 3.3. Questionários
A todos os pacientes foram fornecidos questionários
na consulta pré-operatória. Estes questionários são
validados e apresentam o seguinte objetivo: 1) Análise
demográfica (Tabela 1) 2) Avaliação do paciente do
formato do seu nariz utilizando uma escala análoga
visual, com 0 significando muito ruim e 10 significando
perfeito. 3) O exame de transtorno dismórfico corporal
(ETDC), que pode fornecer um parâmetro adicional
para avaliar o resultado na cirurgia plástica e possíveis
queixas dos pacientes. O ETDC é um instrumento que
trata unicamente da imagem corporal do paciente.
O questionário inclui 34 questões que avaliam o
grau de insatisfação relacionado a uma característica
física e facilita o diagnóstico de transtorno dismórfico
corporal. É confiável e já validado em diversas línguas,
incluindo o português. 4) Uma aferição genérica de
autoestima, a escala de Rosemberg, devidamente
validada, para avaliar a autoestima dos pacientes
antes da rinoplastia e uma eventual alteração no
pós-operatório, comparada à possível alteração no
ETDC. 5) Uma aferição genérica de qualidade de vida,
o questionário SF-36, devidamente validado, para
averiguar aspectos da qualidade de vida dos pacientes
antes e após a rinoplastia, comparando à possível
alteração no ETC. 3.4. Interpretação dos questionários
Na interpretação do ETDC, aqueles que alcançaram
uma pontuação igual ou superior a 66 no somatório das
respostas apresentam certo grau de insatisfação com
a aparência e em pacientes que atingem pontuação
4 ou maior em perguntas específicas relacionadas a
situações sociais ou profissionais, a preocupação com
a aparência causa angústia clinicamente significante
ou prejuízo em áreas sociais, profissionais, ou outras
áreas importantes de funcionamento, caracterizando
o transtorno dismaórfico corporal. 3.5. Avaliação das
deformidades nasais
Todos os pacientes foram
submetidos a exame físico no ambulatório de nariz
do departamento de Cirurgia Plástica, onde foram
estabelecidas alterações nasais e formulado um plano
cirúrgico individualizado para cada paciente, baseado
no exame físico e nas queixas do mesmo. Foi realizada
Tomografia Computadorizada nos casos em que a equipe
achou necessário para complementar a avaliação. 3.6.
Técnicas operatórias As manobras necessárias para o
sucesso da rinoplastia e sua sequência são amplamente
dependentes das queixas e expectativas do paciente e
da análise nasofacial detalhada. 3.7. Acompanhamento
pós-operatório Todos os pacientes submetidos ao
estudo estão sendo acompanhados no pós-operatório
por um período de um ano para avaliação do resultado
e seguimento clínico, assim como estão sendo
submetidos aos questionários de qualidade de vida,
autoestima, ETDC e questionário de satisfação com
rinoplastia, para avaliar as alterações decorrentes da
cirurgia. 3.8. Delineamento Experimental Trata-se de
um estudo prospectivo e observacional. Os pacientes
foram submetidos a exame pré-operatório de acordo
com protocolo de avaliação pré-operatória criado no
Serviço de Cirurgia Plástica do HSPM. Foi estabelecido
plano cirúrgico, baseado no mesmo protocolo, e os
pacientes foram submetidos a rinoplastia com avaliação
transoperatória e possibilidade de alteração do plano
cirúrgico. Os paciente responderam ao ETDC no préoperatório e responderão 1 ano após a cirurgia, assim
como ao questionário de satisfação com rinoplastia,
de qualidade de vida e de auto-estima um ano após
a cirurgia. Na escala de Rosemberg, pacientes que
atingem pontuação entre 15 e 25 possuem uma autoestima normal e no questionário SF-36 as pontuações
variam de 0 (pior qualidade de vida) até 144 (melhor
qualidade de vida). O principal motivo da utilização
destes questionários é a avaliação da possível
modificação dos resultados no pós-operatório, com o
seguimento deste estudo.
RESULTADOS
4.1. Características demográficas
As características demográficas dos pacientes
participantes do estudo encontram-se na tabela 1.
4.2. Prevalência de transtorno dismórfico corporal
Como resultado, encontramos que 17 (29,8%)
pacientes apresentam certo grau de insatisfação com a
aparência. Em 11 (19,3%) pacientes a preocupação com
a aparência causa angústia clinicamente significante ou
prejuízo em áreas sociais, profissionais, ou outras áreas
importantes de funcionamento.
Todos os pacientes (100%) possuem uma autoestima
considerada normal, com resultados cima de 15 pontos
na escala de Rosemberg, sendo a pontuação mais baixa
encontrada de 20. Todos os pacientes possuem uma boa
pontuação no questionário SF-36, identificando uma boa
qualidade de vida em aspectos gerais.
DISCUSSÃO
O nariz possui uma posição central da face e
qualquer deformidade causa um impacto psicológico
importante, fazendo com que se torne a área do corpo
de preocupação mais prevalente em pacientes com
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Transtorno dismórfico corporal e rinoplastia
transtorno dismórfico corporal1,10,22,22-24. Além disso,
estudos já demonstraram que pacientes que apresentam
o transtorno e foram submetidos a rinoplastia estética
ficaram satisfeitos com o resultado após a cirurgia10.
De acordo com a definição atual, transtorno dismórfico
corporal representa uma preocupação excessiva com um
defeito leve ou imaginado na aparência física, levando
a sofrimento significativo e/ou incapacidades na vida
diária7. Entre 0,7 a 3% da população geral apresentam
estes criterios12-14. Os pacientes que se apresentam
para o cirurgião plástico muitas vezes possuem defeitos
leves na aparência que são corrigíveis por cirurgia
plástica, tornando o julgamento de um leve defeito
na aparência altamente subjetivo nesta população.
Sugere-se, portanto, que o grau de disturbio emocional
e incapacidade comportamental são indicadores mais
fiéis de transtorno dismórfico corporal nestes pacientes,
sem levar em conta a severidade do defeito físico3,21,22.
Este estudo determina a prevalência de transtorno
dismórfico corporal e seus sintomas em pacientes que
procuram por rinoplastia em hospital público terciário
no Brasil, investigando as diferenças demográficas e
características clínicas de acordo com a gravidade dos
síntomas. A prevalencia de pacientes com sintomas de
transtorno dismórfico corporal na população estudada
é maior do que na população em geral, com 19,3%
dos pacientes apresentando angústia clinicamente
significativa ou prejuízo em áreas sociais, profissionais,
ou outras áreas importantes de funcionamento diário.
A prevalência está próxima da média encontrada na
literatura, que é de 20,7%10. Pacientes submetidos
a rinoplastia secundária apresentaram pontuações
mais altas no ETDC, com 50% pacientes apresentando
certo grau de insatisfação com a aparência. Nenhum
dos pacientes do estudo relatou qualquer distúrbio
conhecido de ordem psiquiátrica, mostrando que,
apesar da alta prevalência de pacientes com transtorno
dismórfico, os mesmos são relutantes em relacionar
suas queixas com causas psicológicas. Os homens
participantes do estudo apresentaram pontuações no
ETDC maiores que as mulheres, com uma prevalência
de 33% de transtorno dismórfico na população
masculina. Não houve correlação significativa entre
os sintomas do transtorno e idade, estado civil,
etnicidade, razões e motivações para a cirurgia. Vinte
e três pacientes (40,3%) obtiveram uma pontuação
de 3 ou menos na escala análoga visual referente a
estética do nariz. Uma correlação encontrada de grande
interesse no estudo foi que destes, 6 (23%) pacientes
apresentaram diagnóstico de transtorno dismórfico
corporal. Uma proporção apenas um pouco maior do
que na população total em estudo. Os pacientes com
o transtorno frequentemente pensam a respeito do
seu defeito por muitas horas no dia e frequentemente
apresentam comportamento repetitivo como olhar-se
no espelho e maquiar-se. Não houve qualquer relação
entre a presença de sintomas de transtorno dismórfico
corporal e uma baixa autoestima ou baixa qualidade
de vida nas atividades diárias nos questionários
de Rosemberg e SF-36. O presente estudo será
complementado com a avaliação dos pacientes e
aplicação dos questionários já aplicados adicionando
um questionário validado de satisfação com rinoplastia
com um ano de pós operatório.
CONCLUSÃO
Este estudo evidencia uma prevalência de transtorno
dismórfico corporal em pacientes que procuram por
rinoplastia maior do que na população em geral e que
a gravidade dos sintomas desta patologia claramente
afeta o seu funcionamento diário.
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ISSN (online) 1806-4280
RESUMO EXPANDIDO
Experiência do Serviço de Cirurgia Plástica do Hospital Universitário Cajuru em
reconstrução de membro inferior com retalho solear nos últimos 8 anos.
Experience of the Departament of Plastic Surgery of Cajuru Hospital in lower limb for
reconstruction with soleus flap in the last 8 years.
Rogerio Bittencourt1, Guilherme H. G. Moreira2, Guilherme A. Bachtold3, Alexandre T. Zarpellon4, Ivana de Oliveira Gus5
RESUMO
ABSTRACT
A reconstrução de membros inferiores representa
um grande desafio para o cirurgião plástico sendo o
retalho de sóleo uma alternativa para o tratamento.
Objetivo: Relatar a experiência do Serviço de Cirurgia
Plástica do Hospital Universitário Cajuru em Curitiba na
reconstrução de defeitos dos membros inferiores com
retalho solear de pedículo proximal nos últimos 8 anos.
Método: Realizado estudo retrospectivo dos casos
de reconstrução com músculo sóleo no período de
dezembro de 2006 a dezembro de 2014. Resultados:
Do total de 43 pacientes, 36 eram do sexo masculino
(83,7%) e 7 do sexo femino (16,2%) com idade média
de 40,51 anos. A principal causa foi trauma e as lesões
localizavam-se predominantemente no terço médio
46,51% (20 casos) e distal 44,18% (19 casos). Necrose
superficial distal do retalho foi a complicação mais
observada em 9 casos. Conclusão: Em nossa casuística, o
retalho solear foi utilizado com sucesso para tratamento
de feridas complexas do terço médio e distal.
The reconstruction of the lower limbs is a major
challenge for the plastic surgeon and the soleus
muscle flap is an alternative for treatment. Objective:
To report the experience of the Department of
Plastic Surgery of Cajuru Hospital in Curitiba in the
reconstruction of defects of the lower limbs with
soleus proximal pedicle flap in the last 8 years.
Method: Retrospective study of the reconstruction
cases using soleus muscle flap from December 2006
to December 2014. Results: Of the 43 patients, 36
were male (83.7%) and 7 female (16, 2%) with a
mean age of 40.51 years. The main cause was trauma
and lesions were located predominantly in the
middle third 46.51% (20 cases) and distal 44.18%
(19 cases). Distal superficial necrosis of the flap was
the most common complication observed in 9 cases.
Conclusion: In our series, the soleus muscle flap
was successfully used for the treatment of complex
wounds located in the middle and distal third.
DESCRITORES: Músculo Esquelético, Fraturas da Tíbia,
Ferimentos e Lesões
KEYWORDS: Muscle Skeletal , Tibial Fractures , Wounds
and Injuries
1.Membro titular da sbcp, regente do serviço de cirurgia plastica do hospital
universitário cajuru
2.Residente
3.Residente
4.Residente
5.Residente
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Experiência do serviço de cirurgia plástica do hospital universitário cajuru em reconstrução de membro inferior com retalho solear nos últimos 8 anos.
INTRODUÇÃO
MÉTODO
Traumas de grande impacto nos membros inferiores
costumam resultar em fraturas expostas com perda
de substância tanto de partes moles quanto óssea. As
opções reconstrutivas com retalhos se tornam limitadas
principalmente nos defeitos maiores e de localização
distal. Estes defeitos apresentam maior grau de
desvascularização e contaminação. 1,2,3
O estudo retrospectivo foi conduzido através da
revisão de prontuários eletrônicos do Serviço de
Cirurgia Plástica do Hospital Cajuru em Curitiba. O
período estudado foi de dezembro de 2006 a dezembro
de 2014. Foram avaliados o número de pacientes,
sexo, idade, causa do trauma, localização da lesão e
complicações pós-operatórias.
Além dos retalhos microcirúrgicos, uma das melhores
opções para reconstrução regional é através do uso
de retalhos musculares para cobrir lesões, aumentar
circulação local e combater às infecções. 4
O uso de retalhos musculares do sóleo apresenta
grande versatilidade na reconstrução dos membros
inferiores sendo este músculo indicado para defeitos
maiores do terço médio e superior e de lesões menores
da região inferior da perna.5, 6
O retalho do músculo sóleo foi descrito e utilizado por
Ralf Ger na década de 1960 e posteriormente descrito
por Mathes et al. na década de 1980.7,8 Ele tem sido
empregado na cobertura de fraturas expostas do terço
médio da perna devido ao seu amplo arco de rotação e
volume, sendo capaz de ocluir cavidades ósseas. 9, 10
O sóleo é um músculo grande que forma o tríceps
sural juntamente com os músculos gastrocnêmios
medial e lateral e ocupa a região posterior profunda
da perna. A porção lateral do músculo sóleo originase na superfície posterior da fíbula e o suprimento
sanguíneo é através da artéria fibular. Já o ventre
medial origina-se na superfície medial da tíbia
e a vascularização é pela artéria tibial posterior
caracterizando tipo II pela classificação de Mathes
e Nahai. O músculo sóleo une-se no septo muscular
juntamente com as fáscias dos músculos gastrocnêmio
medial e lateral para constituir o tendão de Aquiles,
o qual se insere no calcâneo. A principal função do
músculo sóleo é ajudar na deambulação devido sua
atuação na flexão plantar.4, 6, 11, 12
Utilizamos o retalho do músculo sóleo na
reconstrução destes segmentos desde 1986 obtendo
excelentes resultados.
OBJETIVO
Técnica operatória:
Todos os pacientes receberam anestesia de acordo
com equipe anestésica.
Nos casos em que o paciente apresentava fratura
fixada com placas e parafusos, estas foram substituídas
por fixação externa pela Ortopedia.
O paciente foi posicionado em decúbito dorsal
com o membro inferior em rotação externa para
confecção do retalho. Foi realizado uma incisão na
região medial da perna se estendendo da ferida até
a região posterior do maléolo medial localizando o
músculo em área com anatomia não comprometida
4. Após avaliação das perfurantes da artéria tibial
posterior, o músculo sóleo foi desinserido do
tendão de Aquiles e elevado o retalho, realizando
a ligadura dos pedículos mais distais preservando o
maior número de perfurantes, até que fosse possível
a rotação para cobertura da exposição óssea 4. O
espaço do compartimento muscular foi drenado com
dreno de Penrose. Na ferida operatória e na fixação
de retalho foi utilizado fio de náilon monofilamentar
2-0 e 3-0. Geralmente a enxertia de pele parcial foi
realizada em segundo tempo para evitar a perda
do mesmo pelo sangramento do procedimento da
rotação do retalho.
RESULTADOS
Foram localizados prontuários de 43 pacientes
com diferentes feridas do membro inferior com
exposição óssea que apresentaram reconstrução
com retalho solear. Destes 43 pacientes, havia 36
homens (83,7%) e 7 mulheres (16,2%). A idade dos
pacientes variou de 18 a 83 anos com média de
40,51 anos de idade.
Este trabalho tem como finalidade relatar a
experiência do Serviço de Cirurgia Plástica do Hospital
Universitário Cajuru na reconstrução de defeitos de
membros inferiores com retalho solear nos últimos 8
anos.
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Experiência do serviço de cirurgia plástica do hospital universitário cajuru em reconstrução de membro inferior com retalho solear nos últimos 8 anos.
Gráfico 1 Distribuição de pacientes por faixa etária
liberados para troca de curativo pela enfermagem
e fisioterapia. A alta pela equipe da cirurgia plástica
variou de 7 a 15 dias.
Figura 1 A - Paciente com fratura exposta de terço
distal de perna direita.
B - Pós-operatório imediato de retalho solear
com pedículo proximal
A principal causa desses defeitos foi o trauma em
42 pacientes (97,67%) e o outro paciente úlcera e
exposição óssea de origem vascular (Gráfico 2).
Gráfico 2 Distribuição de pacientes por etiologia
Figura 2 Pós-operatório tardio de 3 anos de retalho
solear
Quanto a localização da lesão, 46,51% (20 casos) no
terço médio e 37,21% (16 casos) no terço inferior. Casos
com lesões maiores de exposição óssea
atingindo
terço médio-superior foram encontrados em 9,3% (4
casos) e médio-inferior 6,98% (3 casos) (Tabela 1).
Tabela1
Figura 3 A - Paciente com necrose de partes moles
e fratura exposta em terço médio de perna
direita.
Localização do trauma
B - Pós-operatório tardio de 2 anos de retalho
solear
O período entre o trauma do membro inferior com
exposição óssea e a rotação do retalho variou de 5 a 30
dias. Após 7 a 10 dias da enxertia, os pacientes foram
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Experiência do serviço de cirurgia plástica do hospital universitário cajuru em reconstrução de membro inferior com retalho solear nos últimos 8 anos.
Figura 4 A - Paciente com fratura exposta em terço
médio de perna direita.
das condições sistêmicas necessárias para abordagem
cirúrgica. 11
Dos 43 casos operados, 19 eram localizados no
terço distal isoladamente ou associado com terço
médio. Os defeitos do terço distal que foram passíveis
de reconstrução com retalho sóleo eram pequenos
como nos casos relatados por Pu 14.
B - Pós-operatório imediato de retalho solear
Figura 5 Visualização intra-operatória perfurantes
distais de artéria tibial posterior para retalho
solear
Em seu artigo, Pu utiliza o retalho de hemisóleo
com pedículo distal para estes defeitos de terço
distal, porém, defeitos maiores ainda exigem retalhos
microcirúrgicos. Beck et al em publicação sobre retalho
sóleo para cobertura de defeitos em terço distal
confirmam que esta é uma opção viável. 13, 14, 16
Defeitos extensos do terço médio e superior podem
exigir a associação de retalhos musculares com os
músculos gastrocnêmios. Pu descreve a associação
dos músculos sóleo e gastrocnêmio para a cobertura
de grandes perdas teciduais, com boa evolução
pós-operatória nos seus quatro casos avaliados. Em
nossa casuística, tivemos 4 casos também com bons
resultados. Bacelar também descreve o uso de dois ou
mais músculos, se possível migrando-os parcialmente
para evitar sequelas funcionais. 10, 16
A necrose superficial da região distal do retalho
foi a complicação mais frequente, ocorrendo em 9
casos (20,93%). A reintervenção cirúrgica entretanto,
foi necessária em apenas 2 casos. Este resultado é
semelhante aquele encontrado na literatura, que varia
de 12,5 a 25% 10, 13, 14, 16. Bacelar descreve 18 casos de
reconstrução com retalho sóleo, com necrose distal em
16,7% dos casos, sem necessidade de reintervenção 10.
DISCUSSÃO
Neste trabalho foi utilizado o retalho de músculo
solear de pedículo proximal em 43 casos para tratamento
de exposição óssea do terço médio e inferior da perna.
Em todos os casos obteve-se sucesso com o retalho,
podendo ser realizado em hospitais onde não existem
condições para realizar retalhos microcirúrgicos, que
apresentam um alto custo e necessitam equipe treinada.
A principal causa dos defeitos foi o trauma. É
importante ressaltar que o hospital é referência em
trauma, o que explica esta tendência. Outros artigos
referentes à reconstrução dos membros inferiores com
retalhos musculares também trazem trauma como a
principal causa, exceto naqueles hospitais que possuem
referência oncológica. 11, 13, 14, 15
O tempo de internação prolongado foi observado
em alguns dos pacientes, vítimas de traumas graves,
sem possibilidade de intervenção imediata devido a
instabilidade clínica e outras lesões associadas. Nestes
casos, realizava-se troca de curativos aguardando melhora
Acreditamos que este índice de complicações
sejam relacionadas com trauma na área doadora e
comorbidades associadas (obesidade, tabagismo,
doença vascular periférica, idade avançada, diabetes).
Atualmente podem contribuir no tratamento
deste tipo de paciente o uso da terapia a vácuo,
fisioterapia precoce, oxigenoterapia hiperbárica,
intervenção precoce do cirurgião plástico e uma melhor
compreensão da anatomia da extremidade inferior. 4, 5
CONCLUSÃO
Concluímos que no atendimento destes 43 casos
nos últimos 8 anos conseguimos com retalho solear com
pedículo proximal tratar feridas complexas do terço médio
e distal com sucesso. Em nossas mãos o retalho solear se
demonstrou seguro, bem vascularizado, de fácil realização e
baixo déficit funcional, sendo um retalho muito importante
no arsenal terapêutico do cirurgião plástico.
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Experiência do serviço de cirurgia plástica do hospital universitário cajuru em reconstrução de membro inferior com retalho solear nos últimos 8 anos.
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RESUMO EXPANDIDO
Algoritmo no tratamento do nevus congênito gigante do dorso com risco de
malignização
Algorithm for the giant congenital melanocitic nevi of the back with malignation risk
Nilo Amaral Neto1, Ronald Melvin Zuker2, Lydia Masako Ferreira3, Pedro Bins Ely4, Marcos Ricardo de Oliveira Jaeger5
RESUMO
ABSTRACT
Introdução: Nevus Melanocítico Congênito (NMC)
é uma lesão pigmentada incomum e não familiar.
A ressecção total tem sido deixada de lado no
tratamento dessas lesões devido a observação de que
o risco de malignização ter se demonstrado inferior
ao previamente relatado. Objetivo: Apresentar um
algoritmo para a avaliação e tratamento do nevus
melanocítico congênito gigante do dorso. Materiais e
métodos: Crianças portadoras de nevus melanocítico
congênito gigante do dorso, acompanhadas e tratadas
por equipe multidisciplinar composta de dermatologista
pediátrico e cirurgião plástico. Resultados: A abordagem
em etapas das lesões melanocíticas gigantes do dorso
não compromete o tratamento. Discussão:Não existem
evidências exatas de que o tratamento cirúrgico do NMC
reduza o risco de desenvolver o melanoma maligno.
Conclusão:O algoritmo apresentado demonstra como o
NMC no dorso e com risco de malignização deveria ser
abordado na atualidade.
Introduction: Giant congenital melanocytic nevi
(CMN) is a uncommon non-familial pigmented lesion.
Total ressection, a common practice in the past, is being
left behind due to the observation that the risk of
malignation is inferior than it was previously thought.
Objective: The objective of the following paper is to
present an algorithm for evaluation and treatment of
CMN in the back. Materials and methods: Children with
giant congenital melanocitic lesions in the back were
accompanied and treated by a multidisciplinary team
of Pediatric Dermatologist and Plastic Surgeon. Results:
The staged approach of giant congenital melanocitic
lesions of the back didn’t compromise the treatment.
Discussion: There are no exact evidences that surgical
treatment of CMN reduces the risk for developing
malignant melanoma. Conclusion: The algorithm
presented shows how CMN in the back and with risk
of malignation due to the region it is located and with
associated risks must be approached nowadays.
DESCRITORES: Nevus, Cirurgia, Ressecção
KEYWORDS: Nevus, Surgery, Resection
1.Membro Aspirante da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Médico
Residente do Serviço de Cirurgia Plástica e Reparadora do Hospital Federal
dos Servidores do Estado
2. Cirurgião Plástico, Professor do Departamento de Cirurgia da Universidade de
Toronto
3. Professora Titular UNIFESP-EPM
4. Professor Adjunto da UFCSPA
5.Doutor em Ciências da Saúde pela Pontifícia Universidade Católic,Preceptor
de Cirurgia Plástica ISCMPA
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Algoritmo no tratamento do nevus congênito gigante do dorso com risco de malignização
INTRODUÇÃO
MÉTODO
Nevus Melanocítico Congênito (NMC) é uma lesão
pigmentada incomum e não familiar que se origina
entre a 9a e a 20a semanas de gestação1. O diagnóstico
diferencial para NMC inclui outras lesões congênitas
pigmentadas, como o nevus epidérmico, o nevus sebáceo
e a mancha café com leite e mongólica. A localização
mais comum do NMC de tipo gigante é o dorso, seguido
das extremidades, cabeça e pescoço1. O diâmetro da
superficies caracteriza a lesão, que é chamada de gigante
quando atinge 20cm, o que acontece em 1:20.000
nascidos vivos. Nas lesões gigantes, existe potencial
para o desenvolvimento do melanoma maligno. Fatores
de risco para degeneração maligna das lesões no dorso
incluem presença de melanose neurocutânea (invasão
da leptomeninge), profundidade e distribuição das
lesões 1, 2. Anomalias de desenvolvimento associadas
ao NMC de tipo gigante incluem espinha bífida,
escoliose, elefantíase, hipertrofia óssea craniana e pé
torto congênito1. O tratamento para o NMC gigante tem
se modificado nos últimos anos. Uma prática comum
no passado – a ressecção total e por vezes mutilante –
tem sido deixada de lado devido a observação de que
o risco de malignização tem se demonstrado inferior
ao previamente relatado – em torno de 2,3% ao longo
da vida - e também porque a totalidade do pigmento é
muitas vezes impossível de ser removida. Entretanto, a
ressecção parcial ou quase total ainda se constitui em
abordagem padrão tanto no diagnóstico e prognóstico
quanto na redução deste risco e malignização3.
Crianças portadoras de nevus melanocítico congênito
gigante do dorso, acompanhadas e tratadas por equipe
multidisciplinar composta de dermatologista pediátrico
e cirurgião plástico. A avaliação inicial consiste em
mapeamento de lesões e dermatoscopia. Nos tumores
do axis – linha média, a avaliação também consiste de
ressonância nuclear magnética de forma a descartar a
melanose neurocutânea (FIGURA 2). O planejamento
cirúrgico consiste de excisão elíptica que retira a parte
central da lesão e lesões verrucosas na superfície. Mais
tarde, procede-se a colocação dos expansores de pele
(FIGURA 3); para facilitar o fechamento da ferida cutânea
que será gerada a partir da nova ressecção (FIGURA 4).
OBJETIVO
Apresentar um algoritmo para a avaliação e
tratamento do nevus melanocítico congênito gigante
do dorso baseado na abordagem cirúrgica (FIGURA 1).
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Algoritmo no tratamento do nevus congênito gigante do dorso com risco de malignização
RESULTADOS
A abordagem em etapas das lesões melanocíticas
gigantes do dorso não compromete o tratamento. As
visitas ao dermatologista permitem a interação das
equipes de tratamento, o estadiamento das lesões e
o planejamento pré-operatório. A quantidade de pele
ressecada limita a utilização das ressecções elípticas.
A utilização dos expansores de pele não deve produzir
deformidade, mas facilita a retirada de grande parte
da lesão inclusive na profundidade(FIGURA 5). Exame
patológico deve sempre ser realizado, o que permite
a percepção do grau de aprofundamento da lesão
(FIGURA 6). A retirada da lesão em toda sua extensão,
inclusive na profundidade, muitas vezes é impossível. O
acompanhamento ambulatorial é essencial.
DISCUSSÃO
de melanoma relatados em estudos de coorte é muito
pequeno para permitir uma análise de risco adequada.
Também, a maioria dos estudos não são controlados por
cirurgia e incluem populações mistas de pacientes que
se submeteram ao tratamento cirúrgico e outros que não
o realizaram. Além disso, dados sugerindo menor risco de
malignização após tratamento cirúrgico são incompletos
no que diz respeito ao tamanho original da lesão, assim
como a extensão da excisão3. O acometimento do
sistema nervoso central – melanose neurocutânea - deve
ser pesquisado em todos os pacientes que apresentarem
lesão em dorso na topografia da coluna vertebral, uma
vez que, nesses casos, a remoção completa das células
melanocíticas torna-se impossível2. O planejamento do
tratamento cirúrgico do paciente com NMC considera
em cada individuo a presence dos fatores de risco
conhecidos para malignização, como localização axial
(dorso), tamanho da lesão (>20 cm), presença de
melanose neurocutânea, profundidade e distribuição
da pigmentação. A remoção completa dessas lesões é
muitas vezes impossível, especialmente em crianças com
melanose neurocutânea. Nessas situações, e respeitando
os indicadores de malignização, evita-se cirurgias
mutilantes com resultados estéticos limitados e sem
redução dos riscos de degeneração maligna. Os casos
devem ser avaliados individualmente. Retalhos cutâneos
pré-expandidos, enxertia de pele total previamente
expandida, enxertia de pele total não expandida, enxertia
de pele parcial e excisão seriada são opções existentes.
As excisões seriadas podem ser utilizadas nos casos em
que a ressecção completa da lesão irá gerar mutilação.
Fica assim evidente que o tratamento dividido em etapas
oferece melhores resultados, como o descrito neste
algoritmo. Pacientes com baixo risco para malignização
poderiam também ser submetidos a tratamento não
operatório, sendo acompanhados com reavaliações
frequentes. Entretanto, o tratamento não cirúrgico com
técnicas de clareamento das lesões pode dificultar a
percepção de eventual transformação maligna.
CONCLUSÃO
Estudos recentes tem mostrado que o risco de
desenvolvimento do melanoma maligno em NMC foi
superestimado em estudos anteriores, provavelmente
porque foram avaliadas populações pequenas que
visitavam centros especializados. Aceita-se hoje que
a incidência do melanoma no NMC esteja entre 0,7 a
2,9%, com risco mais elevado antes da puberdade. Essa
taxa ainda encontra-se acima do risco de melanoma da
população geral (0,6%)3. Não existem evidências exatas
de que o tratamento cirúrgico do NMC reduza o risco de
desenvolver o melanoma maligno. O número de casos
O tratamento do NMC continua a evoluir. Atualmente,
é inaceitável a desfiguração do paciente já que a
redução da malignização não tem ficado evidente.
Da mesma forma, o percentual de malignização temse mostrado menor do que em estudos mais antigos.
O algoritmo apresentado demonstra como o NMC no
dorso e com risco de malignização devido à região
acometida e riscos associados deveria ser abordado na
atualidade.
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Algoritmo no tratamento do nevus congênito gigante do dorso com risco de malignização
REFERÊNCIAS
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In. Thorne CH, Chung KC, Gosain AK, Gurtner GC,
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Lippincott Williams & Wilkins; 2014: 200-205.
2.Jaeger MRO, Kruse CK, Zuker RM. Qual é a
Profundidade da Pigmentação do Nevus Piloso
Gigante que Acomete o Dorso? Rev AMRIGS. 2006;
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3. Arad E, Zuker RM. The Shifting Paradigm in the
Management of Giant Congenital Melanocytic Nevi:
Review and Clinical Applications. Plast Reconstr
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RESUMO EXPANDIDO
Blefaroplastia inferior com retalho do orbicular
Blepharoplasty bottom with retail orbicularis
Paulo Roberto da Silva Mendes1, Marcelo Evandro dos Santos2
RESUMO
ABSTRACT
Introdução: A blefaroplastia inferior é um dos
procedimentos mais realizados e tem como objetivo tratar
as inúmeras alterações tanto estéticas (excesso de pele e/
ou bolsas de gordura), bem como reparadoras (ectrópio,
esclera aparente, lagoftalmo). Enquanto a blefaroplastia
superior é praticamente isenta de complicações, a
inferior pode apresentá-las, sendo o ectrópio e a esclera
aparente as mais comuns (2)(6)(7). Basicamente, três técnicas
são comumente usadas, retalho cutâneo, músculocutâneo e a trasconjuntival. Objetivo: Demonstrar que
nas blefaroplastias inferiores em que há excesso de
pele e músculo orbicular o mantenimento de uma faixa
de músculo orbicular ligado ao tarso pode ser útil na
tentativa de prevenir complicações. Discussão: Existem
várias abordagens para blefaroplastia inferior. Procurase demonstrar que a utilização de um retalho muscular
deixado junto ao tarso pode ter utilidade na prevenção
de intercorrências.
Introduction: The lower blepharoplasty is one
of the most accomplished and aims to address
the numerous both cosmetic changes (excess skin
and / or fat pads) and remedial (ectropion, scleral,
lagophthalmos). While the upper blepharoplasty is
almost free of complications, the bottom can present
them, with ectropion and the sclera apparent the
most common (2) (6) (7). Basically, three techniques are
commonly used, skin flap, skin and musculoskeletal
the trasconjuntival. Objective: To demonstrate that the
lower blepharoplasty in which there is excess skin and
muscle orbicularis the unit maintained a orbicularis
muscle strip attached to the tarsus can be useful in
trying to prevent complications. Discussion: There are
several approaches to lower blepharoplasty. Seek to
demonstrate that the use of a muscle flap left with the
tarsus may be useful in preventing complications.
KEYWORDS: blepharoplasty, retail, orbicularis
DESCRITORES: blefaroplastia, retalho, orbicular
INTRODUÇÃO
A blefaroplastia inferior tem por objetivo tratar
as alterações que acometem esta área anatômica. As
mais comuns são : blefarocalásio, herniação das bolsas
gordurosas, rugas, lagoftalmo e ectrópio.(2)
A abordagem das pálpebras inferiores requer bom
conhecimento anatômico pois a função de proteger
contra agentes externos e lubrificar os olhos são de
vital importância.(1)
OBJETIVO
1. Mestre, Presidente da SBCP/SC
2. Médico Residente SBCP, Médico Residente SBCP
Demonstrar que nas blefaroplastias inferiores em que
há excesso de pele e músculo orbicular o mantenimento
de uma faixa de músculo orbicular ligado ao tarso pode
ser útil na tentativa de prevenir complicações.
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Blefaroplastia inferior com retalho do orbicular
MÉTODO
Fotografias de frente e laterais são feitas com os
olhos abertos e fechados.
Anestesia local com sedação na totalidade dos casos.
Uma prega cutânea lateral será escolhida e
desenhada para ser usada como incisão estendendo-se
0,5 a 1 cm lateralmente. Após esta incisão com bisturi,
com uma tesoura de ponta fina continuamos a incisão
até o ponto de drenagem lacrimal mantendo uma
distância de 2 mm do bordo ciliar. (Fig1)
Diferente do que fazíamos, tracionamos o tarso com
um gancho e realizamos um descolamento cutâneo de
aproximadamente 5 mm. Tracionamos então o retalho
descolado e com uma ponteira Colorado (R), abrimos o
músculo orbicular deixando cerca de 3mm de músculo
orbicular junto ao tarso. (Fig 2 e 3)
Com retrator, acessamos e retiramos o excesso de
bolsas gordurosas quando existentes.
Para ressecção do excedente de pele, uma leve
tração da região malar no sentido caudal pode ser
útil. Evitamos sempre a ressecção exagerada. A sutura
é realizada com nylon 6-0 de maneira contínua. Os
pontos são retirados em 1 semana.
Compressas frias são úteis nas primeiras horas de
pós-operatório.
RESULTADOS
Não ocorreram complicações importantes nos
casos operados com esta abordagem. Alguns pacientes
tiveram cicatrizes endurecidas e avermelhadas por um
período de até dois meses.
Em alguns casos onde a fibrose foi mais intensa,
corticóide tópico foi utilizado.
Equimose e edema ocorreram em todos os casos em
variados graus. Equimoses desapareceram em torno do
décimo dia e o edema sofreu regressão total por volta
de quarenta dias.
Em alguns casos, mais comumente nos pacientes de
maior idade ou com flacidez acentuada do tarso , fez-se
necessária a cantopexia.
DISCUSSÃO
A abordagem das pálpebras inferiores para tratamento
das bolsas gordurosas associadas ao excesso de pele e/
ou músculo orbicular pode se dar basicamente por dois
tipos de abordagem. A primeira é a técnica de retalho
cutâneo preconizada por Castanhares (3). Atualmente
muito pouco utilizada devido a maior possibilidade de
sangramento, aderências, equimoses, coleções líquidas
e restabelecimento mais demorado (3,4,6).
As indicações para uso do retalho cutâneo se
restringem aos pacientes que possuem excesso de pele
não associado a um excedente de músculo ou bolsas
gordurosas.
Este grupo concentra os pacientes com rugas
cutâneas de origem familiar, exposição excessiva ao
sol e candidatos a blefaroplastia secundaria em que
ocorreu retirada adequada de gordura e músculo, com
recorrência tardia de excesso cutâneo (3).
A abordagem com uso do retalho músculo cutâneo
descrito por Sir Archibald McIndoe em 1955 e divulgada
por Beare(1), Rees e Dupuis (1969) e outros vem sendo
amplamente utilizada por boa parte dos cirurgiões
plásticos até a presente data.
A diferença da abordagem preconizada neste
trabalho para a descrita anteriormente é o fato de
mantermos uma faixa muscular de aproximadamente 3
mm junto ao tarso.
Com isso acreditamos estar alterando em menor grau
a anatomia desta região, bem como mantendo um feixe
muscular que pode ajudar a prevenir complicações
decorrentes da tração desta área.
Uma avaliação criteriosa se faz necessária no
pré operatório a fim de detectar quais as alterações
existentes e qual a melhor abordagem para solucionálas bem como orientar sobre as fases da evolução pós
operatória e as possíveis complicações.
CONCLUSÃO
A abordagem preconizada pode ser útil no
tratamento das alterações que acometem as pálpebras
inferiores e pode ajudar na prevenção das possíveis
complicações que possam advir do procedimento.
REFERÊNCIAS
1. Beare R.Surgical Treatment of Senile Changes in
the Eyelids: The McIndoe-Beare Technique. In
Smith B, Converse JM (eds): Proceedings of the
Second International Symposium on Plastic and
Reconstructive Surgery of the Eye and Adnexa. St
Louis, CU Mosbi. 1967; 362
2. Mélega, J S, editor. Cirurgia Plástica: Fundamentos e
Arte. (Cirurgia Estética). Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2003. 105-129, 167-78
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Blefaroplastia inferior com retalho do orbicular
3. Freund R M, Aston S. Blefaroplastia. Cirurgia de
Rejuvenescimento Facial. 1998.
4. Loeb R. Cirurgia Estética das Pálpebras. 1988.
5. Rees T D. Aesthetic Plastic Surgery.2ed; chap. 19.
6. Tebbets J B. Blepharoplasty – A Refined Technique
Emphasizing Accuracy and Control. Clin. Plast. Surg.
1992; 19: 329.
7. Putterman AM: Cirurgia Oculoplástica Estética.4ed;2009
8. FLEISCHHAUER, Rogério; PRADI, André Fernando;
BOGADO, Cristhian Enrique Acevedo; FRAGA,
Eduardo Fernandes; MENDES, Paulo Roberto da
Silva; ABDALLA, Stella Crescenti, BINS ELY, Jorge;
d`EÇA NEVES, Rodrigo. Blefaroplastia inferior com
retalho músculo-cutâneo. Arquivos Catarinenses de
Cirurgia Plástica. 2000(29):134-5.
IMAGENS
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Blefaroplastia inferior com retalho do orbicular
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RESUMO EXPANDIDO
Reconstrução perineal pós Gangrena de Fournier: Relato de dois casos e revisão
da literatura
Perineal reconstruction post Fournier’s Gangrene: Report of two cases and literature review
Felipe Santos Xavier1, Renato da Silva Freitas2, José Paulo Tapié3, Gilvani Azor de Oliveira e Cruz4,
Ana Carolina Damm dos Santos Gomes de Farias5
RESUMO
ABSTRACT
Gangrena de Fournier é uma fasceíte necrosante que
envolve a pele e tecidos moles da região do períneo.
O diagnóstico precoce, a introdução de antibióticos
de largo espectro e o desbridamento agressivo fazem
parte do tratamento e reduzem de maneira significativa
a mortalidade. Grandes defeitos dessa região são
produzidos após os desbridamento e a reconstruções
dessas áreas são um desafio para cirurgia plástica
reconstrutiva. Apresentamos o relato de dois casos
submetidos a reconstrução perineal pós Gangrena
de Fournier com desbridamentos, tração dos retalhos
locais, enxerto de pele e reconstrução de bolsa escrotal
com retalho de coxa posterior bilateral em ambos os
casos. O retalho posterior da coxa é um retalho de
confiança devido a segurança da artéria glútea inferior,
apresenta grande versatilidade e sua utilidade para
a reconstrução da sacral, perineal, isquiática, pélvica,
trocantérica, defeitos vulvares e escrotal é bem
estabelecido.
Fournier gangrene is a necrotizing fasciitis involving
the skin and soft tissues of the perineum area.
Early diagnosis, the introduction of broad spectrum
antibiotics and aggressive debridement is part of
the treatment and significantly reduce mortality.
Major defects in this region are produced after the
debridement and reconstruction of these areas are
a challenge for plastic surgeon. We report two cases
undergoing perineal reconstruction post Fournier
Gangrene with debridement, strength of local flaps,
skin grafts and reconstruction of scrotum with Gluteal
Thugh Flap in both cases. This is a flap of confidence
because they have the security of the inferior gluteal
artery, shows great versatility and is well established in
the literature.
KEYWORDS: Fournier Gangrene, Perineal, Myocutaneous
Flap
DESCRITORES: Gangrena de Fournier, Períneo, Retalho
miocutâneo
1. Residente de Cirurgia Plástica HC/UFPR
2. Pós doutorado na Universidade de Yale, Chefe da disciplina de Cirurgia Plástica
da UFPR
3. Medico do serviço de Cirurgia Plástica do Hospital do Trabalhado, Medico do
serviço de Cirurgia Plástica do Hospital do Trabalhador, Curitiba/PR
4.Doutorado em cirurgia pela UFPR, Chefe do Serviço de Cirurgia Plástica do
Hospital do Trabalhador, Curitiba/PR
5. Acadêmica do sexto ano de medicina pela UFPR, Acadêmica do sexto ano de
medicina pela UFPR
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Reconstrução perineal pós Gangrena de Fournier: Relato de dois casos e revisão da literatura
INTRODUÇÃO
Descrita pela primeira vez em 1883, por Jean Alfred
Fournier, a Gangrena de Fournier é uma fasceíte necrosante
que envolve a pele e tecidos moles da região do períneo,
bolsa escrotal e abdômen inferior. O início do processo
ocorre por infecção urogenital, colorretal ou traumatismos
dessa região, e possui fisiopatologia caracterizada por
endarterite obliterante, seguida de isquemia e trombose
dos vasos subcutâneos, que resultam em necrose da
pele e do tecido celular subcutâneo e adjacentes1. Dados
de séries contemporâneas indicam que a síndrome
de Fournier tende a afetar pacientes entre a 2a e 6a
décadas de vida, com comorbidades predisponentes,
como: estados debilitantes (desnutrição, sepse) ou
imunossupressores (diabetes mellitus, alcoolismo
crônico, doença maligna subjacente, AIDS, sarampo, uso
de quimioterápicos, leucemias), doenças colorretais e
urogenitais, pós-operatório (com uso de instrumentação
urológica, herniorrafia, hemorroidectomia, orquiectomia,
prostatectomia), uso de drogas endovenosas e trauma
(local, mecânico, técnico, químico, incluindo o próprio
coito)3.
A progressão do processo infeccioso ocorre sobre
a pele e tecidos moles de maneira rápida causando
necrose e defeitos importantes desta região e
podendo levar a sepse e morte. O diagnóstico precoce,
a introdução de antibióticos de largo espectro e o
desbridamento agressivo fazem parte do tratamento e
reduzem de maneira significativa a mortalidade.
Grandes defeitos da região perineal, urogenital e
colorretal são produzidos após os desbridamento e a
reconstruções dessas áreas são um desafio para cirurgia
plástica reconstrutiva. Vários tipos de retalhos foram
propostos para abordagem da síndrome de Fournier,
dentre eles o retalho miocutâneo ou cutâneo direto de
coxa posterior1.
OBJETIVO
Revisão da literatura e relato de caso de dois
pacientes com Gangrena de Fournier submetidos
à cirurgia reconstrutiva perineal no Hospital do
Trabalhador, Curitiba-PR, pelo serviço de Cirurgia
Plástica.
MÉTODO
Foram acompanhados dois pacientes com Gangrena
de Fournier submetidos à cirurgia reconstrutiva perineal
através do retalho glúteo de coxa (gluteal thigh).
J.N., 49 anos, admitido no Hospital do Trabalhador
após uma Orquiepididimite com evolução para
Gangrena de Fournier extensa, tendo sido submetido
a debridamento de abdômen inferior, flancos, períneo
e coxas bilateral. História mórbida pregressa inclui
tabagismo, etilismo e DPOC.
No 4º dia de internamento (DI) foi submetido a
novo debridamento mais curativo cirúrgico; no 21º DI
submetido a tração de retalho abdominal e de coxa
inferior mais orquidopexia e novo debridamento; no
23º DI, debridamento cirúrgico mais enxerto de pele
parcial em coxa bilateral; no 35º DI, enxerto de pele
total em pênis mais enxerto de pele parcial em coxa
superior mais nova tração do retalho abdominal; no
49º DI, retalho gluteal thigh bilateral para cobertura
testicular; no 57º DI, enxerto de pele parcial em flancos.
Evoluiu com hiponatremia refratária a restrição
hídrica e com boa resposta com corticóide (prednisona
20mg dia). Ainda, houve uma cultura positiva para MRSA,
tendo recebido Meropenem por 30 dias e Daptomicina,
posteriormente suspensa.
Após piora do leucograma, inciado antibioticoterapia
empírica e investigação através de hemocultura,
urocultura e RX de tórax, tendo retornado a urocultura
positiva para KPC. Iniciado antibiótico de acordo com
antibiograma.
No 65º DI, realizado novo curativo cirúrgico
com limpeza de secreções e ressutura em áreas de
deiscência do retalho. Recebeu alta no 71º DI e está
em seguimento ambulatorial com 4 meses de evolução
apresentando cicatrização total e excelente resultado
estético funcional.
CASO 2:
L. H., 19 anos, admitido no Hospital do Trabalhador
após Orquiepididimite que evoluiu para Gangrena de
Fournier extensa. História prévia de Mielomeningocele
com paraplegia.
Submetido a debridamento extenso abdômen
e flanco esquerdo e períneo com revisão do
debridamento e curativo cirúrgico no 6º DI. Submetido
ainda a Colostomia em alça no 11º DI e posteriormente
a Orquidopexia, tração do retalho abdominal com fio de
aço e enxerto de pele total em pênis no 15º DI.
Evoluiu com perda da tração abdominal com deiscência
do fio de aço; cultura positiva para bacilos Gram negativos e
cocos Gram positivos, tratado com Rocefin e Clindamicina.
Realizado enxerto de pele parcial em região abdominal
inferior esquerda e região perineal no 21º DI.
Submetido
CASO 1:
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a
retalho
gluteal
thigh
bilateral
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Reconstrução perineal pós Gangrena de Fournier: Relato de dois casos e revisão da literatura
para cobertura testicular no 35ºDI, evoluindo com
deiscência do retalho com ressutura no 42º DI. Recebe
alta hospitalar no 48º DI e encontra-se em seguimento
ambulatorial de 2 meses com bom resultado estético e
funcional
RESULTADOS
DISCUSSÃO
O processo infeccioso inicial da Gangrena de Fournier
geralmente decorre de uma infecção urinária, perianal ou
traumatismo dessa região. Uso de antibióticos de largo
espectro e desbridamento são os pilares do tratamento
e da redução da mortalidade 2,6,7. O desbridamento
cirúrgico deve incluir toda área de necrose correspondente
à pele, tecido celular subcutâneo e fáscia superficial
além de preservar o máximo possível de tecido sadio. O
resultado são defeitos perineais extensos e profundos
com grande dificuldade de reconstrução.
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Reconstrução perineal pós Gangrena de Fournier: Relato de dois casos e revisão da literatura
A terapia a vácuo se tornou uma importante arma
no controle de secreções, redução do edema, redução
do número de microorganismos, contração da ferida e
agilidade para o surgimento do tecido de granulação,
permitindo assim o início precoce dos procedimentos
de reconstrução e com taxas de falhas menores.
Os procedimentos de reconstrução podem incluir:
enxerto de pele parcial, enxerto de pele total, retalhos
locais, fasciocutâneos, musculares e musculocutâneos 2,8,9.
Retalho de avanço local no escroto é viável em situações
de defeitos pequenos e isolados na bolsa escrotal.
A utilização de enxertos de pele parcial têm
sido usado como opção tecnicamente fácil e segura
podendo cobrir grandes áreas nos defeitos perineais
pós Gangrena de Fournier 2,10. Não é indicado para
defeitos de superfície irregular e áreas profundas que
neste caso dependem de uma cobertura mais espessa
para adequada reconstrução.
Os retalhos fasciocutâneos fornecem pele durável,
uma grande área de cobertura, preenchimento com
maior resistência e sem as contraturas cicatriciais dos
enxertos de pele. Já os retalhos musculares possuem
rica vascularização conferindo resistência as infecções
bacterianas além de poder ser realizados próximo a
área do defeito conferindo boa cobertura mesmo para
defeitos profundos.
O retalho glúteo de coxa foi primeiramente descrita
por Hurwitz, em 1980, como um retalho miocutâneo ou
cutâneo direto de coxa posterior 11,12,13. O suprimento
arterial é realizado por uma rede vascular formada pelo
ramo descendente da artéria glútea inferior, artéria
circunflexa medial femoral e perfurantes da femoral
profunda 11,14,15. Nesta rede, o ramo descendente da artéria
glútea inferior é o mais importante 11,16. Ele acompanha o
nervo cutâneo femoral posterior, no nível subfascial, no
sulco entre os músculos semitendíneo e bíceps femoral
11,17
.
Existem diversas variações deste retalho mostrando
sua versatilidade para coberturas de defeitos desta
região como: retalho de avanço 11,18, retalho de
transposição 11,19, retalho em ilha 11,20, retalho a distância
11 e até mesmo como um retalho livre 11,21. O retalho
posterior da coxa é um retalho de confiança devido a
segurança da artéria glútea inferior 11,22, sua utilidade
para a reconstrução da sacral, perineal, isquiática,
pélvica, trocantérica, defeitos vulvares e escrotal é bem
estabelecido 11.
CONCLUSÃO
Podemos concluir com os casos apresentados e
a revisão da literatura sobre o tema que os pacientes
acometidos com Gangrena de Fournier evoluem com
grandes extensões de área cruenta pós debridamento
sendo necessário vários procedimentos cirurgicos e
longo tempo de internamento para reconstrução da
área. Utilizar métodos de fácil execução e baixos índices
de complicações permite reabilitar esses doentes de
maneira estético-funcional adequada. Para isso além
dos debridamentos, enxertos de pele, retalhos locais
para reparação da área o retalho de coxa posterior
se mostrou um método prático e reprodutível para
cobertura de bolsa testicular.
REFERÊNCIAS
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2. Shih-Yi Chen, Ju-Peng Fu, Tim-Mo Chen, ShyiGen Chen. Reconstruction of scrotal and perineal
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Reconstructive & Aesthetic Surgery (2011) 64,
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7. Ersay A, Yilmaz G, Akgun Y, et al. Factors affecting
mortality of Fournier’s gangrene: review of 70
patients. ANZ J Surg 2007;77:43e8.
8. Yu P, Sanger JR, Matloub HS, et al. Anterolateral
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reconstruction. Plast Reconstr Surg 2002;109:610e6.
Discussion 617e8.
9. Ferreira PC, Reis JC, Amarante JM, et al. Fournier’s
gangrene: a review of 43 reconstructive cases. Plast
Reconstr Surg 2007; 119:175e84.
10.
Maguina P, Palmieri TL, Greenhalgh DG. Split
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1
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Reconstrução perineal pós Gangrena de Fournier: Relato de dois casos e revisão da literatura
thickness skin grafting for recreation of the
scrotum following Fournier’s gangrene. Burns
2003;29:857e62
11.Akira Saito, Hidehiko Minakawa, Noriko Saito, Kazuo
Isu, Hiroaki Hiraga, Toshihisa Osanai. The posterior
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RESUMO EXPANDIDO
Dermolipectomia abdominal em abdome com cicatriz transversa supraumbilical
pré-existente - série de casos e revisão da literatura
Abdominal dermolipectomy in abdomen with a preexisting supraumbilical transverse scar
- case series and review of the literature
Daniel Pinheiro Machado da Silveira1, Barbara d’Avila Goldoni2, André Alves Valiati3, Michel Pavelecini4, Pedro Bins Ely5
RESUMO
ABSTRACT
Introdução: A abdominoplastia é um dos
procedimentos mais realizados em cirurgia plástica.
Porém, poucas publicações tratam da segurança do
procedimento em abdomes com cicatrizes transversas
supraumbilicais prévias. Métodos: Série de casos de
pacientes submetidas à abdominoplastia pós-perda
ponderal com cicatrizes supraumbilicais transversas
(via de acesso para cirurgia bariátrica) e revisão da
literatura. Resultados: 22 pacientes foram submetidas
à dermolipectomia abdominal, sem necessidade de
correção do componente horizontal de excedente
cutâneo. Apresentaram boa evolução no pós-operatório,
sem apresentar necroses, infecção ou deiscência
de ferida. Conclusão: As cicatrizes transversas
supraumbilicais não são contraindicações absolutas à
realização da abdominoplastia. Os pacientes devem ser
informados do maior risco maior de deficiência vascular
no retalho e consequente necrose.
Introduction: Abdominal dermolipectomy is one of
the most frequently performed procedures in plastic
surgery. However, few publications deal with the
security of the procedure in abdomens with transverse
previous supraumbilicais scars. Methods: Case series
of patients undergoing abdominoplasty after weight
loss with transverse supraumbilicais scars (access
for bariatric surgery) and literature review. Results:
22 patients underwent an abdominoplasty, without
correction of the horizontal component of skin excess.
They had good outcome in the postoperative period
without presenting necrosis, infection or wound
dehiscence. Conclusion: Supraumbilicais transverse
scars are not absolute contraindications to performing
an abdominoplasty. Patients should be informed of
the most high risk vascular deficiency in flap and
consequent necrosis.
DESCRITORES: Abdominoplastia, Cicatriz, Complicações
Pós-Operatórias
KEYWORDS: Abdominoplasty, Cicatrix, Postoperative
Complications
1.Médico Residente do Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia
Reconstrutiva da Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre /
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre
2.Médico Residente do Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia
Reconstrutiva da Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre /
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre
3. Médico instrutor do Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia Reconstrutiva
da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre / Universidade Federal de
Ciências da Saúde de Porto Alegre
4. Médico instrutor do Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia Reconstrutiva
da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre / Universidade Federal de
Ciências da Saúde de Porto Alegre
5.Professor adjunto e chefe do Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia
Reconstrutiva da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre / Universidade
Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre
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Dermolipectomia abdominal em abdome com cicatriz transversa supraumbilical pré-existente - série de casos e revisão da literatura
INTRODUÇÃO
A dermolipectomia abdominal foi descrita por Kelly
em 1899, tendo sofrido alterações na sua técnica1,2.
Dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica
indicam que a abdominoplastia foi a 3ª cirurgia
estética mais realizada no Brasil em 20113. Quando
adequadamente indicada, a abdominoplastia pode
trazer significativa melhora na qualidade de vida das
pacientes, principalmente àquelas que apresentam
deformidades e alterações teciduais normalmente
decorrentes de gestações prévias ou perdas ponderais4,5.
Diversos aspectos quanto à técnica cirúrgica já
foram discutidos. Porém, poucas publicações avaliam
o procedimento em abdomes com cicatrizes préexistentes6. Recentemente houve um aumento do
número de cirurgias bariátricas realizadas, trazendo
consigo uma quantidade maior de pacientes com
necessidade de dermolipectomia abdominal e que
apresentam cicatrizes que podem dificultar esse
procedimento cirúrgico.
De uma forma geral, podemos considerar que todas
as cicatrizes infraumbilicais são removidas durante
a abdominoplastia7. Já as cicatrizes supraumbilicais
podem trazer algumas dificuldades para o cirurgião. As
cicatrizes verticais (parcialmente retiradas dependendo
de sua extensão) acrescentam menos riscos, quando
comparadas às cicatrizes trasversas, já que estas
deixam uma faixa inferior do retalho potencialmente
comprometido na sua vascularização. Segundo de
Castro, as cicatrizes transversas reduzem a irrigação
sanguinea do retalho, aumentando a possibilidade de
complicações7. Segundo o mesmo autor, a liponecrose
seria a compliação mais comum, enquanto a necrose
da pele seria a complicação mais dramática. Hensel
também afirma que cicatrizes prévias devem ser
avaliadas como potenciais fatores de risco para
complicações de cicatrização8. Por outro lado, Hamdy
afirma que não existem limitações para a realização da
abdominoplastia tradicional ou lipoabdominoplastia
em abdomes com cicatrizes prévias6.
OBJETIVO
Descrever uma série de casos e discutir a
possibilidade da realização da dermolipectomia
abdominal em abdomes com cicatrizes supraumbilicais
transversas pré-existentes
MÉTODO
Série de casos de pacientes com história prévia
de cirurgia bariátrica, submetidas à abdominoplastia
pós-perda ponderal, com cicatrizes supraumbilicais
transversas (via de acesso para cirurgia bariátrica) e
revisão da literatura.
RESULTADOS
Vinte e duas pacientes com cicatriz transversa
supraumbilical foram submetidas à dermolipectomia
abdominal sem necessidade de tratamento do
componente horizontal de excedente cutâneo. A
idade e IMC médios foram de 36,2 anos e 26,5 kg/m2
respectivamente (peso estabilizado há mais de 6 meses).
Em 4 pacientes havia hérnia umbilical associada e 2
apresentavam pequenas hérnias incisionais (achados
de transoperatório), concomitantemente corrigidas. Os
dados das paciente seguem na tabela 1.
Técnica cirúrgica:
Marcação cirúrgica padrão, medidas de prevenção
de tromboembolia venosa (dispositivo de retorno
venoso para membros inferiores). Anestesia realizada:
(bloqueio peridural ou raqui + sedação). Foi realizada
infiltração da linha de incisão do retalho e dos flancos (8
dos 22 casos em que indicamos lipoaspiração, apenas
de flancos), com soro fisiológico 0,9% + adrenalina
(1:500.000). Após lipoaspiração dos flancos (nos 8
casos), foi realizada incisão da pele, descolamento do
retalho com preservação do coto umbilical e confecção
de um túnel de descolamento até o apêndice xifóide,
preservando-se os vasos perfurantes laterais. Após
a dermolipectomia, realizada correção das hérnias
umbilicais e incisionais diagnosticadas e plicatura medial
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Dermolipectomia abdominal em abdome com cicatriz transversa supraumbilical pré-existente - série de casos e revisão da literatura
da aponeurose dos músculos retos abdominais, pontos
de adesão, fechamento por planos e exteriorização
da cicatriz umbilical, com atenção para evitar tensão
excessiva no fechamento. As pacientes receberam
alta hospitalar em até 24 horas, sem intercorrências.
Apresentaram boa evolução no pós-operatório, sem
apresentar liponecrose, necrose cutânea, infecção ou
deiscência de ferida, com satisfatório resultado estético
e funcional (figuras 1, 2, 3 e 4).
Figura 3 CASO 2: Aspecto pré-operatório e pósoperatório de 3 meses (visão anterior).
Figura 1 CASO 1: Aspecto pré-operatório e pósoperatório de 6 meses (visão anterior).
Figura 4 CASO 2: Aspecto pré-operatório e pósoperatório de 3 meses (visão semi-perfil direita).
Figura 2 CASO 1: Aspecto pré-operatório e pósoperatório de 6 meses (visão semi-perfil
direita).
DISCUSSÃO
A preocupação com a presença de cicatrizes
supraumbilicais e o aumento de complicações é baseada
na possibilidade de redução da irrigação sanguínea do
retalho. Considerando a anatomia vascular da parede
abdominal anterior e as zonas vasculares descritas
por Huger9, as cicatrizes transversas supraumbilicais
poderiam comprometer a vascularização pela artéria
epigástrica superior profunda, artéria epigástrica
superior superficial ou mesmo pela artéria frênica
marginal (zona I de Huger). Em um dos casos operados,
foi realizada ecografia com doppler, que mostrou
ausência de fluxo pelas artérias epigástricas superiores,
caudalmente à cicatriz transversa abdominal.
A necrose cutânea e a liponecrose após
abdominoplastias parecem ser de causa multifatorial. A
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Dermolipectomia abdominal em abdome com cicatriz transversa supraumbilical pré-existente - série de casos e revisão da literatura
tríade composta por tensão no fechamento, descolamento
excessivo do retalho e lipoaspiração são considerados
fatores importantes6. Alguns detalhes importantes a
serem observados durante o procedimento e no pósoperatório nos parecem ser fundamentais: atentar ao
manuseio dos tecidos, evitar traumatismo por pinças
e tração excessiva do retalho por afastadores (Doyen)
pelo auxiliar, evitar os pontos de adesão envolvendo
espessura excessiva do retalho, cuidar a tração no
momento do fechamento, evitar compressões (por
malhas, apósitos, curativos) e orientar o posicionamento
correto do paciente no pós-operatório (falta de flexão e
consequente tensão no retalho).
3.http://www2.cirurgiaplastica.org.br/materia-folhade-sao-paulo
Quando respeitados tais princípios técnicos, a
presença de cicatrizes transversas supraumbilicais
parece ser um fator menor para a ocorrência de
complicações locais. Um ponto a ser discutir é a
possibilidade que as cicatrizes transversas abdominais
atuem para a “autonomização” do retalho abdominal. A
autonomização dos retalhos é um método já consagrado,
que já demonstrou preservar a tensão de oxigênio
tecidual dos retalhos em cirurgia reconstrutiva10,11.
6. Hamdy A El-Khatib, Abdulbari Bener. Abdominal
Dermolipectomy in an Abdomen with PreExisting Scars: A Different Concept. Plastic and
Reconstructive Surgery. 2004; 114: 992-997.
É importante deixar claro ao paciente que estas
cicatrizes prévias permanecerão no pós-operatório,
porém em posição mais inferior. Além disso, podem
dificultar a dissecção do retalho e necessitar de
procedimentos complementares posteriores. Mesmo
assim, como nos casos apresentados, obtivemos
resultados estéticos e funcionais satisfatórios.
8. John M Hensel, James A Lehman Jr, M Prasad Tantri,
Michael G Parker, Douglas S Wagner, Neal S Topham.
An Outcome Analysis and Satisfaction Survey of 199
Consecutive Abdominoplasties. Annals of Plastic
Surgery. 2001; 46; 357-363.
CONCLUSÃO
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4. García-García ML, Martín-Lorenzo JG, CampilloSoto A, Torralba-Martínez JA, Lirón-Ruiz R, MiguelPerelló J, Mengual-Ballester M, Aguayo-Albasini
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dermolipectomy and abdominoplasty post-bariatric
surgery. Cir Esp. 2014; 92: 254-260.
5.Stuerz K, Piza H, Kinzl JF. The impact of
abdominoplasty after massive weight loss: a
qualitative study. Ann Plast Surg. 2013; 71: 547549.
Na análise de 22 casos de abdominoplastias, com
cicatrizes prévias transversas supraumbilicais, não
observamos necrose do retalho abdominal. Acreditamos
que tais cicatrizes não são contra-indicação absoluta
à realização da abdominoplastia. De qualquer forma,
o manuseio cuidadoso dos tecidos sempre deve ser
considerado. As pacientes devem ter informação sobre
um possível risco aumentado. Ainda, consideramos que
mais estudos são necessários para termos dados mais
definitivos.
7. Claudio Cardoso de Castro, José Horácio Costa
Aboudib Jr, Reinaldo Salema, José Gradel, Laci Braga.
How to Deal with Abdominoplasty in an Abdomen
with a Scar. Aesthetic Plastic Surgery. 1993; 17: 6771.
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RESUMO EXPANDIDO
Reconstrução de pálpebra superior com retalho de pálpebra inferior
Upper Eyelid reconstruction with lower eyelid flap
Thiago Alessandro Ferri , Gustavo Palmeiro Walter2, Eduarda Lencina Mattos3, Gherusa Helena Milbratz4, Jorge Bins Ely5
1
RESUMO
ABSTRACT
O câncer de pele não-melanoma é o tumor
maligno mais comum na população brasileira. Quando
localizados na face, podem acometer a região periocular,
principalmente as pálpebras. Essas lesões cancerosas
estão relacionadas à exposição solar inadequada,
radiações eletromagnéticas, contatos com carcinógenos
químicos e predisposição genética. O tratamento de
tumores malignos da pálpebra consiste na ressecção
total da lesão, seguida de reconstrução. O uso da
técnica descrita por Cutler-Beard é uma boa alternativa.
Essa reconstrução objetiva o restabelecimento da
função palpebral, proteção ocular, e busca um resultado
estético satisfatório e uma sequela aceitável na área
doadora. O trabalho consiste na descrição de dois
casos de tumor de pálpebra superior reconstruídos com
a técnica de “Cutler-Beard modificada”, que propiciou
resultados satisfatórios no aspecto estético e funcional.
Non-melanoma skin cancer is the most common
malignancy in Brazilian population. When located
on the face, usually affect the periocular region,
especially the eyelids. These cancerous lesions
are related to inadequate exposure to sunlight,
electromagnetic radiation, contact with chemical
carcinogens and genetic predisposition. Malignant
eyelid tumors treatment consist of ressection of
the lesion, followed by reconstruction. Using the
technique described by Cutler-Beard is a good
alternative. This reconstruction aims to achieve
normal eyelid function and eye protection, with a
good cosmesis and acceptable sequel in the donor
area. The work consists in the description of two
cases of upper eyelid tumor reconstructed with
the “modified Cutler-Beard” technique, that led to
satisfactory results in the aesthetic and functional
aspect.
DESCRITORES: Cirurgia Plástica, Neoplasias palpebrais,
Reconstrução
KEYWORDS: Plastic
Reconstruction
Surgery,
Eyelid
Neoplasis,
1. Médico residente em Cirurgia Plástica
2. Médico residente em Cirurgia Plástica
3. Graduanda do curso de Medicina
4. Médica oftalmologista
5.Professor Titular de Cirurgia Plástica da Universidade Federal de Santa
Catarina. Chefe/Regente do Serviço de Cirurgia Plástica e Queimados do
Hospital Universitário - UFSC
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Reconstrução de pálpebra superior com retalho de pálpebra inferior
INTRODUÇÃO
O câncer de pele não-melanoma é o tumor maligno
mais comum na população brasileira.1 Tumores
malignos da face podem acometer a região periocular,
inclusive as pálpebras.2 Essas lesões cancerosas estão
relacionadas à exposição solar inadequada, radiações
eletromagnéticas, contatos com carcinógenos químicos
e predisposição genética.3
O tratamento primário de tumores malignos de
pálpebra consiste na ressecção total da lesão. Algumas
complicações, como perda da capacidade visual,
podem ser vistas nos pacientes submetidos à ressecção
de grandes tumores palpebrais, e ocorrem como
consequência da exposição ocular quando a função de
oclusão palpebral não é restabelecida na reconstrução.
Considerando esses fatores, deve ser realizado um bom
planejamento cirúrgico pré-operatório, objetivando
reconstruir toda a estrutura anatômica.4
apresentava lesão elevada e ulcerada, endurecida,
com bordos indefinidos, acometendo 90% da
pálpebra superior esquerda. À biópsia incisional, o
diagnóstico foi de carcinoma espinocelular. [Figuras 1]
Sob anestesia local, foi realizada ressecção do tumor
com margens oncológicas e reconstrução da pálpebra
superior com retalho de pálpebra inferior, espessura
total, sem a utilização de enxerto para substituição
do tarso (Cutler-Beard modificado). Para completa
cobertura da área ressecada, foi associado retalho
glabelar de avançamento. [Figura 2] Após 4 semanas
foi realizada a secção do pedículo vascular do retalho.
[Figura 3] O paciente não apresentou intercorrências
durante o acompanhamento e a função palpebral foi
perfeitamente mantida, sem sinais de exposição ocular.
[Figura 4]
Caso 2 – A.W., masculino, 54 anos, branco,
encaminhado ao Serviço devido à lesão dolorosa de 4
anos de evolução em pálpebra superior esquerda. Ao
exame clínico, apresentava lesão elevada, ulcerada, com
bordos definidos, acometendo aproximadamente dois
terços da pálpebra superior esquerda. O histopatológico
revelou tratar-se de carcinoma basoescamoso. [Figura
5] Sob anestesia geral, o paciente foi submetido
à ressecção do tumor com margens oncológicas e
reconstrução da pálpebra superior com retalho de
pálpebra inferior, espessura total, sem a utilização
de enxerto para substituição do tarso. [Figuras 6] O
paciente foi submetido, sob anestesia local, à secção do
pedículo vascular do retalho após 4 semanas. [Figura
7] Não houve complicações durante todo o período e a
função palpebral foi perfeitamente mantida, sem sinais
de exposição ocular. [Figura 8]
Áreas teciduais similares a pálpebra são utilizados
como substrato na reconstrução de grandes defeitos na
pálpebra superior. O uso da técnica descrita por CutlerBeard em 1955 é uma boa alternativa e é utilizada
quando o defeito na pálpebra superior é considerado
grande, quando o defeito é maior que 50% da pálpebra
superior.5,6 Essa reconstrução, realizada com retalho
da pálpebra inferior, espessura total, objetiva uma
proteção adequada da córnea, mobilidade palpebral
funcional, estética facial preservada e uma sequela
aceitável na área doadora.6,7
OBJETIVO
Descrever dois casos de pacientes submetidos à
ressecção de tumor maligno em pálpebra superior
que foram submetidos à reconstrução com retalho de
pálpebra inferior.
MÉTODO
Analisar resultados estéticos e funcionais de
pacientes com tumores extensos de pálpebra superior,
submetidos à reconstrução com retalho de pálpebra
inferior. Os pacientes foram atendidos pelo Serviço de
Cirurgia Plástica e Queimados do Hospital Universitário
da Universidade Federal de Santa Catarina.
RESULTADOS
Caso 1 – C.T., masculino, 46 anos, branco, procurou
o Serviço devido à lesão tumoral em pálpebra superior
esquerda, com 2 anos de evolução. Ao exame clínico,
DISCUSSÃO
A reconstrução de pálpebra permanece como
uma das mais desafiadoras áreas da cirurgia plástica
reparadora, necessitando de uma delicada interposição
de reparo anatômico, que seja estético e funcional. Tal
propósito objetiva proteger o globo ocular subjacente
e consequentemente à visão.8,9
Na avaliação pré-operatória desses defeitos
devemos analisar a perda dos componentes lamelares
e se o suporte cantal está preservado. Atenção especial
deve ser dado a integridade do aparelho lacrimal,
quando a ressecção envolve o canto medial. O plano
de reconstrução deve ser determinado principalmente
pelo tamanho do defeito causado pela ressecção do
tumor e estado do tecido conjuntivo periorbital.10
Na estratégia cirúrgica optamos, sempre que
possível, pelo fechamento primário. Quando não é
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Reconstrução de pálpebra superior com retalho de pálpebra inferior
possível, utilizamos enxertos, retalhos ou ambos.
Devemos buscar sempre a reconstituição da lamela
anterior e da lamela posterior. Quando os defeitos são
muito grandes, como nos dois casos descritos, ficamos
restritos à escolha de um retalho local.11 A opção
escolhida foi o retalho de pálpebra inferior, espessura
total, que fornece lamela anterior (pele e orbicular) e a
conjuntiva para lamela posterior.
O retalho clássico chamado Cutler-Beard, consiste
numa reconstrução total da pálpebra superior, realizada
através de retalho de avançamento proveniente da
pálpebra inferior, utilizando pedículo vascular inferior,
com um enxerto como substituto para o tarso, que
pode ser cartilagem, esclera preservada ou tarso
contralateral. O retalho é mantido por vascularização do
pedículo inferior até a autonomização, totalizando um
período de 4 a 8 semanas. Posteriormente é incisado
o pedículo, trazendo de volta a mobilidade palpebral.5
Realizamos nestes casos um “Cutler-beard modificado”,
sem enxerto tarsal primário.
As principais desvantagens da técnica são o fato
de o paciente ficar com o olho ocluído durante o
período de autonomização e a necessidade de dois
tempos cirúrgicos. Também podem ocorrer perda da
estabilidade da pálpebra superior e persistência da
instabilidade de pálpebra inferior, causando retrações
e lagoftalmo.5
Uma vez que a textura, cor e espessura da área
doadora correlacionam-se perfeitamente com a área
receptora, a técnica descrita promove um resultado
estético aceitável.6,7
CONCLUSÃO
Os defeitos complexos de pálpebra, exigem
criterioso planejamento pré-operatório, objetivando
um bom resultado estético e funcional. A técnica de
“Cutler-Beard modificada” utilizada nos nossos dois
casos propiciou resultados satisfatórios, tanto no
aspecto estético, quanto funcional.
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estimativa/2014/index.asp>. Acesso em: 25 jun.
2014.
2. Almeida ACC, Yamashita T, Conte B, Mattos AC,
Veríssimo RP, Ferreira MCF. Frequência do carcinoma
basocelular na população menor de 50 anos: estudo
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Reconstrução de pálpebra superior com retalho de pálpebra inferior
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ISSN (impresso) 0004- 2773
ISSN (online) 1806-4280
RESUMO EXPANDIDO
Mastopexia com uso de implantes nas grandes perdas ponderais
Breast augmentation and mastopexy after massive weight loss patients
Willian Vargas da Cruz , Paulo Roberto da Silva Mendes2, William Seidel3, Alexandra Sofia Queiroz e Nacimento4, Jorge Bins Ely5
1
RESUMO
ABSTRACT
Mastopexia em pacientes com grandes perdas
ponderais tem sido um grande desafio para todos os
cirurgiões plásticos de longa data. Hoje nota-se um
grande aumento no numero de implantes de silicone
para esta cirurgia. Ptose mamária com perda de volume
é comumente visto após gravidez, perda de peso,
mudança na gordura corporal, envelhecimento e cirurgia
bariátrica[5]. O cirurgião plástico é considerado um
membro da equipe multidisciplinar que trata o paciente
com grande perda de peso. Para a paciente há ganhos
na saúde e no psicológico há longo prazo com a melhora
do contorno corporal[3]. OBJETIVO Descrever a técnica
pessoal de mastopexia usando implantes mamários em
pacientes com grandes perdas ponderais Discussão:
Várias técnicas são descritas para mastopexia em
pacientes com grandes perdas ponderais, a tendência
atual é o uso de implantes associado a ressecção
do excedente dermo gorduroso CONCLUSÃO Ptoses
mamárias em pacientes com grandes perdas ponderais
difere de cirurgias para correção de simples hipertrofias,
haja vista que esses indivíduos geralmente apresentam
um conteúdo mamário não capaz de preencher um
envelope de pele bastante flácido. Pensando nisso
várias técnicas tem sido desenvolvidas a fim de se
obter um resultado satisfatório.
Mastopexy in patients with massive weight loss
has been a great challenge for all plastic surgeons
longtime. Today we can see a large increase in the
number of silicone implants for this surgery. Breast
ptosis with volume loss is commonly seen after
pregnancy, weight loss, change in body fat, aging and
bariatric surgery [5]. The plastic surgeon is considered
a member of the multidisciplinary team that treats the
patient with massive weight loss. For the patient for
gains in health and long-term psychological there to
improve body contour [3]. OBJECTIVE To describe the
personal technique of using mastopexy breast implants
in patients with large weight losses Discussion: Several
techniques are described for mastopexy in patients with
massive weight losses, the current trend is the use of
implants associated with resection of excess fat dermo
CONCLUSION breast ptosis in patients with massive
weight loss differs from surgeries to simple hypertrophy
correction, considering that these individuals usually
have a breast content not able to fill a rather flabby
skin envelope. Thinking about various techniques have
been developed in order to obtain a satisfactory result.
KEYWORDS: Esthetics, Mama, Massive weight loss
DESCRITORES: Estética, Mama, Grande Perda Ponderal
1. Residente do Serviço de Cirurgia Plástica e Queimados HU/UFSC
2. Staff do Serviço de Cirurgia Plástica e Queimados HU/UFSC
3. Residente do Serviço de Cirurgia Plástica e Queimados HU/UFSC
4. Residente do Serviço de Cirurgia Plástica e Queimados HU/UFSC
5.Professor Titular de Cirurgia Plástica da Universidade Federal de Santa
Catarina. Chefe/Regente do Serviço de Cirurgia Plástica e Queimados do
Hospital Universitário - UFSC
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Mastopexia com uso de implantes nas grandes perdas ponderais
INTRODUÇÃO
RESULTADOS
Desde os tempos antigos, a mama feminina tem
sido retratado por artistas sobre tela e esculturas. Esta
tradução artística abrange desde o período paleolítico
com Vênus de Willendorf, 24.000 aC, as mais recentes
pinturas abstratas de Willem de Kooning. Apesar das
mudanças do conceitos de beleza ao longo dos tempos,
uma linha comum é encontrada entre estas imagens.
A mama feminina tem sido descrita frequentemente
como não ptótica, com contornos uniformes e jovem.
Esta imagem de juventude é equiparada com a saúde
e beleza na sociedade moderna[1]. Grandes perdas
de peso resultam em padrões de flacidez de pele
indesejáveis[2]. Pacientes com esse perfil diferem das
candidatas típicas para mamoplastia. Elas apresentam
grande desafio técnico e dificuldade para atingir o
resultado adequado e duradouro, o que é o principal
motivo para o fracasso de algumas técnicas[3]. A
ptose mamária frequentemente se beneficia de uma
combinação de mastopexia e aumento mamário com
implantes[4].
Ptose mamária com perda de volume é comumente
visto após gravidez, perda de peso, mudança na gordura
corporal, envelhecimento e cirurgia bariátrica[5].
TÉCNICA
Avaliação Pré-operatória
Pacientes que tiveram grande perda de peso e
grande deformidade de mamas diferem de pacientes
com hipertrofia mamária, sendo que algumas dessas
deformidades incluem até mesmo assimetria das
mamas e perda de elasticidade da pele, essas foram as
características das pacientes que buscamos para incluir
em nosso estudo (Fig. 1 e Fig. 2).
Marcação
Marcação é feita com a paciente em posição
ortostática. Determina-se o ponto da fúrcula esternal
e os pontos das linhas hemiclaviculares. Inicialmente
é definido o ponto do bordo superior do CAP. A seguir,
através de manobra de pinçamento determina-se quanto
de pele será retirada ao redor das aréolas (conforme
figura 3). O fechamento deste círculo será logo abaixo
do bordo inferior da respectiva aréolas. É desenhado
então o sulco mamário e finalmente traçada uma linha
que vai do ponto hemiclavicular, passa pelos mamilos e
segue neste mesmo trajeto até encontrar a linha do sulco
mamário.
Na maioria das pacientes, ptose grau A é
corrigido satisfatoriamente com uso de próteses,
quando a ptose tem graus B ou C requerem substituição
do volume, redução do envelope cutâneo e mobilização
do CAP[5]. Os ganhos desejados e as expectativas
devem ser muito bem discutidos. Ganhos irreais e
idéias preconcebidas precisam ser explicadas antes da
cirurgia[1].
O cirurgião plástico é considerado um membro da
equipe multidisciplinar que trata o paciente com grande
perda de peso. Para a paciente há ganhos na saúde e no
psicológico há longo prazo com a melhora do contorno
corporal[3].
OBJETIVO
Descrever a técnica pessoal de mastopexia usando
implantes mamários em pacientes com grandes perdas
ponderais.
MÉTODO
Mastopexia com implantes e retirada do excedente
dermogorduroso é uma técnica que pode ser usada
para todos os tipos de pacientes com ptose mamária,
incluindo graus B e C de acordo com a classificação de
Regnault.
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Anestesia
A preferência é por anestesia geral associada a
infiltração local com soro fisiológico, adrenalina e
xilocaína.
Técnica Operatória
Demarcado o diâmetro da nova aréola com o
areolótomo. Infiltração local da solução anestésica e
posterior decorticação do excesso de pele. Fixação do
bordo superior do CAP ao novo ponto A com mononylon
3-0. Tração da mama com uso de gancho.
Incisão vertical por planos da borda inferior do CAP
até o sulco mamário e criação de loja retroglandular.
Criadas as lojas, são inseridos os moldes bilaterais e
através de manobras de pinçamento digital são definidos
a quantidade de tecido dermogorduroso a ser ressecado.
Após ressecção do excedente vertical determina-se
qual o comprimento ideal desta vertical retirando-se o
excedente de pele na prega do sulco mamário.
O areolótomo é novamente usado para os ajustes
finos da forma do CAP. Inicia-se o fechamento da
ferida operatória por planos, sendo que nos planos
mais profundo são utilizados monocryl® 3.0, pontos
subdémicos e intradérmicos com monocryl® 4.0.
Após término das suturas são realizados curativos
com gaze e Micropore® que permanecem fechadas
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Mastopexia com uso de implantes nas grandes perdas ponderais
até o retorno na primeira semana, onde são trocados
e permanecem por mais uma semana. Micropore® é
usado por um período de dois meses (Figuras 4, 5 e 6)
DISCUSSÃO
Mastopexia com aumento das mamas e retirada
do excedente cutâneo é um dos procedimentos mais
realizados no mundo, e não diferindo dessa estatística,
contamos com um grande número de casos em nossa
experiência pessoal. Esta casuística vem aumentando
devido ao grande número de pacientes com perda
ponderal importante, principalmente devido as cirurgias
de obesidade[1].
Ao longo dos anos tentamos varias maneiras de
achar um bom contorno e volume para as mamas dos
pacientes que apresentaram esse problema. Como
se pode observar, esta abordagem é simples, de fácil
reprodutibilidade, poucas complicações, e diferente
do estudo de Umar Daraz Khan et. al[5] que refere não
se obter bons resultados com técnica semelhante a
essa, nosso estudo mostra o contrário, obtendo bons
resultados e grande satisfação das pacientes (Fig 7).
Dennis J. Hurwitz et. al[2], descreve sua técnica
pessoal usando para a mastopexia e aumento no
volume mamário apenas tecido autólogo local,
associando mastopexia com liftings de torso, o que de
certa forma trás resultado satisfatório, no entanto com
importante aumento de cicatrizes que muitas vezes não
são tolerados pelo paciente.
Outras alternativas descritas para esses pacientes
com grandes ptoses de mama pós perdas de peso é
o uso de prótese em duplo plano[5], ou até mesmo em
lojas retroglandulares associada a cinta de musculatura
do peitoral maior[4], algo que não achamos necessário,
pois o simples plano retroglandular, com a retirada do
excedente dermogorduroso é capaz de definir um bom
contorno e volume de mamas com procedimento mais
rápido e menos agressivo.
CONCLUSÃO
Ptoses mamárias em pacientes com grandes perdas
ponderais difere de cirurgias para correção de simples
hipertrofias, haja vista que esses indivíduos geralmente
apresentam um conteúdo mamário não capaz de
preencher um envelope de pele bastante flácido.
Pensando nisso várias técnicas tem sido desenvolvidas
a fim de se obter um resultado satisfatório.
Acreditamos que a abordagem por nós utilizada
é simples, apresenta poucas complicações, possui
resultados previsíveis é de fácil reprodutibilidade
devendo assim fazer parte do arsenal terapêutico do
cirurgião plástico.
REFERÊNCIAS
1. J Peter Rubin, Gerald Khachi. Mastopexy After
Massive Weight Loss: Dermal Suspension and
Selective
Auto-Augmentation.
Plastic
and
Reconstructive Surgery 2008; 35: 123-9.
2.Dennis J. Hurwitz, Siamak Agha-Mohammadi.
Postbariatric Surgery Breast Reshaping The Spiral
Flap. Annals of Plastic Surgery, Volume 56, Number
5, May 2006; 481-6.
3. Ruth Maria Graf, Alexandre E. C. Mansur, Fernando
Pundek Tenius, et al. Mastopexy After Massive
Weight Loss: Extended Chest Wall-Based Flap
Associated with a Loop of Pectoralis Muscle.
Aesthestic Plastic Surgery (2008) 32: 371–4
4. Derek M. Steinbacher, Navin Singh, Ryan Katz, et
al. Augmentation-Mastopexy Using an Autologous
Parenchymal Sling. Aesthetic Plastic Surgery (2010)
34: 664 – 71.
5. Umar Daraz Khan. Augmentation Mastopexy in
Muscle-Splitting Biplane: Outcome of first 44
Consecutive Cases of Mastopexies in a New Pocket.
Aesthetic Plastic Surgery (2010) 34:313 – 21
Outro ponto importante de concordância com as
publicações de Derek M. Steinbacher[4] e Umar Daraz
Khan[5] é no que se refere a indução anestésica, sendo
que o que mais utilizamos e achamos mais seguro é
a anestesia geral associada com infiltração local com
adrenalina nas áreas a serem incisadas.
Da mesma forma que Graff et. al[3], acreditamos que
o cirurgião plástico deve ser considerado membro de
uma equipe multidisciplinar para tratamento tanto dos
aspectos orgânicos como dos aspectos emocionais dos
paciente com grandes perdas de peso.
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Mastopexia com uso de implantes nas grandes perdas ponderais
IMAGENS
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RESUMO EXPANDIDO
Tratamento da antélice retificada com técnica de escoriação utilizando
lâmina de Beaver
Plain antelix treated with escoriation technique: alternative approach
Mariana Zancanaro1, Barbara d’Avila Goldoni2, Paulo Eduardo Krauterbluth Solano Junior3, Marcos Ricardo Oliveira Jaeger4,
Pedro Bins Ely5
RESUMO
ABSTRACT
Malformações
auriculares
congênitas
são
relativamente frequentes, com incidência estimada
de 5% em caucasianos, podendo ser identificada
ao nascimento em cerca de 60% dos casos. A orelha
proeminente corresponde a alteração congênita mais
comum da orelha e, além do prejuízo estético, está
realcionada a comprometimento psicológico e social.
Inúmeros procedimentos cirúrgicos têm sido descritos
para a correção da atélice, destacando-se Mustardè
(1963) e Stenstrom & Hefner (1978). O presente
trabalho visa descrever o uso da lâmina de Beaver para
a realização de escoriações no tratamento da antélice
retificada.
Congenital abnormalities of the auricle are
relatively frequent, with estimated incidence of
5% in caucasians, being identified at birth in
about 60% of all cases. The proeminent ear is
the most common congenital abnormality of the
ear and is related to psychological and social
implications
beyond aesthetic damage. Many
surgical procedures have been described for the
correction of atelix, highlighting Mustardé (1963)
and Stenstrom & Hefner (1978). This study aims
to describe the use of Beaver blade to implement
abrasions on treatment of rectified antelix.
KEYWORDS: otoplasty, ear, Ear Cartilage
DESCRITORES: otoplastia, orelha, Cartilagem da Orelha
1.Médico Residente do Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia
Reconstrutiva da Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre /
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre
2.Médico Residente do Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia
Reconstrutiva da Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre /
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre
3.Médico Residente do Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia
Reconstrutiva da Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre /
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre
4.Instrutor do Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia Reconstrutiva
da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre / Universidade Federal de
Ciências da Saúde de Porto Alegre
5.Professor adjunto e Chefe do Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia
Reconstrutiva da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre / Universidade
Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre
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Tratamento da antélice retificada com técnica de escoriação utilizando lâmina de Beaver
INTRODUÇÃO
As causas de orelha proeminente podem ser descritas
como três principais: hipertrofia de concha, aumento do
ângulo escafo-conchal e retificação ou aplainamento
de antélice3. Inúmeras técnicas de correção já foram
descritas, inclusive molde moldagem logo após
nascimento. Atualmente, o tratamento adequado envolve
uma combinação de técnicas. Mais frequentemente
utiliza-se a combinação dos princípios de Gibson e as
suturas de Mustardè para obtenção de um resultado
consistente e seguro em longo prazo1,2 . As técnicas para
mobilização da cartilagem incluem raspagem, escoriação,
incisão. Os instrumentos responsáveis por essa lesão
devem ser confiáveis e de fácil utilização.
OBJETIVO
Descrever a utilização da lâmina de Beaver para
realização de escoriações para o tratamento da antélice
retificada.
MÉTODO
A técnica foi utilizada em pacientes adultos e pediátricos
. A cirurgia foi realizada com anestesia geral em pacientes
pediátricos e com bloqueio associado a sedação em pacientes
adultos. Como primeiro passo, a infiltração é realizada com
associação de lidocaína 2% sem vasoconstrictor (20 ml),
ropivacaína 7,5% (20 ml), soro fisiológico (40 ml) e adrenalina
numa concentração de 1:200.000. A incisão retroauricular
permite acesso após liberação do músculo adutor da
orelha. A dissecção do espaço justapericondrial permite a
visualização posterior do local adequado para moldagem
da antélice. A sutura de Mustardè é realizada (1 a 3 suturas)
e a nova antélice é redesenhada de maneira apropriada,
respeitando-se os princípios estéticos. Utilizamos fio nylon
4-0. 4 A sutura de Furnas é feita para corrigir o ângulo
escafo-conchal, conforme desejado5. A sutura é realizada
na região mastóidea. Realizada com nylon 3-0. Em caso de
necessidade, se faz a ressecção da cartilagem conchal. Após
sutura cutânea retroauricular, uma pequena incisão anterior,
na margem mais caudal da antélice realiza-se incisões
paralelas superficiais. Repete-se o procedimento na margem
mais cranial. Não há necessidade de sutura na região anterior.
No curativo utilizamos algodão úmido moldando as faces
côncavas anteriores.
RESULTADOS
A manutenção da posição da antélice foi observada
em longo prazo nos pacientes. Os casos abaixo possuem
pelo menos 1 ano de evolução pós-operatória.
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Tratamento da antélice retificada com técnica de escoriação utilizando lâmina de Beaver
DISCUSSÃO
A técnica de Gibson preconiza que a ruptura
pericondrial externa por escarificação viabiliza maior
tensão na face pericondrial oposta, gerando uma
curvatura para esse lado de maior tensão1. A lâmina de
Beaver é um excelente instrumento para realização das
escoriações porque tem curva de aprendizado pequena.
A incisão é confiável e reprodutível. A lâmina é fina e
evita descolamentos agressivos da pele nesta região. A
lâmina é de bom manuseio e pode ser utilizada também
logo após a sutura de Mustardè.
CONCLUSÃO
A técnica é de fácil aprendizado e é capaz de
reproduzir os princípios de Gibson. Os resultados
clínicos se mantém em longo prazo.
REFERÊNCIAS
1. Gibson T, Davis W. The distortion of autogenous
cartilage grafts: its cause and prevention. Br J Plast
Surg. 1958;10:257.
2.Mustarde JC. Correction of prominent ears
using buried mattress sutures. Clin Plast Surg.
1978;5(3):459-64.
3. Vianna RR. Cirurgia estética das orelhas. In: Mélega
JM, Zanini SA, Psillakis JM, eds. Cirurgia plástica
reparadora e estética. 2a ed. São Paulo: Medsi;1992.
p.665-73.
4.Furnas DW. Correction of prominent ears by
conchamastoid sutures. Plast Reconstr Surg.
1968;42(3):189-93.
5. Mustarde JC. The correction of prominent ears
using simple mattress sutures. Br J Plast Surg.
1963;16:170-8.
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RESUMO EXPANDIDO
Retalho em ombreira bilateral pré-expandido em paciente com retração cervical
pós-queimadura – relato de caso
Bilateral pre-expanded shoulder flap in patient with postburn scar contracture of the neck case report
Daniel Pinheiro Machado da Silveira1, Barbara d’Avila Goldoni2, Mariana Zancanaro3, Pablo Fagundes Pase4, Pedro Bins Ely5
RESUMO
ABSTRACT
Introdução: As deformidades permanentes causadas
por queimaduras profundas na região cervical podem se
apresentar como situações extremamente incapacitantes.
Métodos: Relato de caso de um paciente com sequela
de queimadura cervical, com retração significativa e
limitação funcional importante, submetido à rotação de
retalho miocutâneo em ombreira bilateral pré-expandido.
Resultados: Paciente de onze anos, com queimadura de
3º grau prévia, apresentando repercussão funcional com
dificuldade para extensão cervical e rotação lateral do
pescoço. Submetido à reconstrução em dois tempos,
com colocação de expansor em ombros e posterior
rotação de retalhos para a região cervical, com melhora
das alterações funcionais. Conclusão: A expansão
tecidual é um método útil e deve ser considerado para
a reconstrução das sequelas de queimaduras cervicais.
Os melhores resultados dependem de uma seleção
cuidadosa do paciente, atenção meticulosa aos detalhes
e envolvimento de uma equipe multidisciplinar.
Introduction: The permanent deformities caused
by deep burns in the neck may present as extremely
disabling conditions. Methods: Case report of a
patient with cervical burn sequel, with significant
retraction and reduced functional capacity,
submitted to a bilateral shoulder pre-expanded
myocutaneous flap. Results: Patient with history of 3
degree burning, presenting functional consequences
like limitation to cervical extension and lateral
rotation of the neck. The patient was submitted
to a reconstruction in two stages, with expander
placement on shoulders and posterior rotation flaps
for neck, with improvement of functional changes.
Conclusion: Tissue expansion is a useful method and
should be considered for the reconstruction of the
sequelae of cervical burns. The best results depend
on careful patient selection, meticulous attention to
detail and involvement of a multidisciplinary team.
KEYWORDS: Burns, Cicatrix, Myocutaneous Flap
DESCRITORES: Queimaduras, Cicatriz, Retalho Miocutâneo
1. Médico Residente do Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia Reconstrutiva
da Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre / Universidade
Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre
2. Médico Residente do Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia Reconstrutiva
da Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre / Universidade
Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre
3. Médico Residente do Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia Reconstrutiva
da Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre / Universidade
Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre
4. Médico Instrutor do Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia Reconstrutiva
da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre / Universidade Federal de
Ciências da Saúde de Porto Alegre
5.Professor adjunto e chefe do Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia
Reconstrutiva da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre / Universidade
Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre
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Retalho em ombreira bilateral pré-expandido em paciente com retração cervical pós-queimadura – relato de caso
INTRODUÇÃO
RESULTADOS
A técnica de expansão tecidual se iniciou com o trabalho
de Neumann em 1957. Desde então, esse procedimento
se desenvolveu, e hoje vem sendo utilizado em diferentes
tipos de reconstrução quando não existe tecido adjacente
suficiente para o reparo com retalhos locais1,2.
Um paciente do sexo masculino se apresentou ao nosso
serviço aos onze anos com uma história de queimadura
de 3º grau de 35% da superfície corporal aos nove
anos de idade. Apresentava cicatrizes na região cervical,
supraclavicular, tórax anterior, abdome, lombar e membros
superiores (figura 1). As cicatrizes da região cervical
apresentavam retração, limitando a extensão cervical e
rotação lateral da cabeça (figura 2). Não apresentava outras
repercussões funcionais. Devido a pouca disponibilidade
de tecido autógeno de boa qualidade com possibilidade
de fechamento primário da zona doadora, optado pela
reconstrução em 2 tempos. Considerando que o paciente
apresentava boa qualidade da pele em região de ombros,
realizada a colocação de expansor retangular com válvula
remota em ombro esquerdo e ombro direito (2 expansores
de 250 ml cada) em posição subplastismal (figura 3), com
incisão em área de cicatriz prévia e preenchimento de 10%
do volume total no transoperatório. Foi utilizado antibiótico
até 24 horas de pós-operatório. Após 7 expansões
ambulatoriais, totalizando 225 ml em cada expansor (figura
4), julgou-se adequada a expansão dos retalhos. Realizada
liberação da cicatriz até a extensão completa do pescoço,
retirada dos expansores e rotação dos retalhos miocutâneos
em ombreira para a região cervical bilateralmente, com
preservação da cápsula e colocação de drenos na zona
doadora, e fechamento primário desta.
As deformidades permanentes causadas por
queimaduras profundas podem se apresentar como
situações extremamente incapacitantes, além de trazer
consequências estéticas significativas3. A região cervical,
especialmente, mostra uma notável capacidade de retração
cicatricial após a passagem da fase aguda, principalmente
devido à mobilidade articular regional e ao estresse contínuo
exercido pela flexão, extensão e rotação lateral da cabeça2.
Essa complicação necessita correção por limitar muito a vida
normal desses pacientes4.
Os métodos tradicionais de correção incluem excisão
e liberação da cicatriz, múltiplas zetaplastias, enxertos
de pele e/ou retalhos locais (cutâneos, fasciocutâneos
ou miocutâneos)3. O substituto ideal deve ter cor,
espessura e textura semelhantes. Por isso, os retalhos
pediculados são os preferidos5. O principal problema
na reabilitação cirúrgica desses pacientes é a baixa
disponibilidade de áreas de tecido doador adequado
para retalhos locais. Quando uma área doadora está
localizada nas proximidades, um procedimento de
expansão de pele pode fornecer um retalho capaz de
cumprir os objetivos estéticos e funcionais3.
OBJETIVO
Discutir a opção de tratamento das sequelas
de queimadura cervical com retalhos locais préexpandidos, com baixo índice de complicações e com
resultados estéticos e funcionais satisfatórios.
O paciente apresentou uma boa evolução pósoperatória, sem complicações, sem seroma, hematoma
ou necrose dos retalhos. Iniciou fisioterapia motora
com 15 dias e manteve uso contínuo de colar cervical
filadélfia até os 3 meses. Com 4 meses de pósoperatório, o paciente apresenta melhora da extensão
cervical e rotação lateral da cabeça, com preservação
da cor, espessura e textura cutâneas locais (figura 5).
Figura 1Cicatrizes após queimadura profunda
em região cervical, supraclavicular, tórax
anterior, abdome e membros superiores.
MÉTODO
Relato de caso de um paciente com sequela de
queimadura cervical, com retração significativa e
limitação funcional importante, submetido à rotação
de retalho miocutâneo em ombreira bilateral préexpandido. Além disso, foi realizada a respectiva revisão
da literatura.
A indicação para o uso de expansão se baseou na
insuficiência de área doadora de pele em ombro ou
supraclavicular, decidido através da marcação da área
de retalho necessário e definição da incapacidade de
fechamento primário da zona doadora.
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Retalho em ombreira bilateral pré-expandido em paciente com retração cervical pós-queimadura – relato de caso
Figura 2 Retração cicatricial limitando a extensão
cervical.
Figura 3
Planejamento pré-operatório para colocação
dos expansores.
Figura 4 Aspecto ao término das expansões.
Figura 5 Melhora da retração cervical aos 4 meses de
pós-operatório.
DISCUSSÃO
As regiões anatômicas mais comumente envolvidas
em queimaduras são os membros superiores (70%)
e a cabeça e/ou pescoço (50%), sendo que ambos
frequentemente levam a alta morbidade em longo
prazo. Uma vez passada a fase aguda de um ferimento
de queimadura, o processo de cicatrização pode
levar a uma contração cicatricial, responsável por um
significativo comprometimento estético e funcional,
além de emocional3.
Dentre as opções para reconstrução, o uso de
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Retalho em ombreira bilateral pré-expandido em paciente com retração cervical pós-queimadura – relato de caso
enxertos não tem bons resultados para esse fim em
razão da alta incidência de retrações pós-operatórias
e descoloração do enxerto5. O uso de expansores de
tecido trouxe uma nova era no tratamento da sequela de
queimadura, uma vez que fornecem pele de mesma cor,
textura e sensibilidade, além de facilitar o fechamento
primário sem causar danos à área doadora6.
Franco T. Tissue Expansion in Burn Sequelae Repair.
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7.Cunha MS, Nakamoto HA, Herson MR, Faes
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experience. Rev Hosp Clin Fac Med S Paulo. 2002;
57: 93-97.
Os riscos de complicações variam na literatura
de 20 a 40% quando se realiza as expansões em
crianças. As complicações relatadas são dor, hematoma,
seroma, infecção, cicatrizes alargadas, reabsorção
óssea, falha na colocação do portal e exposição ou
falha do expansor. Por outro lado, a expansão permite
que o cirurgião disponibilize quantidades adicionais
de tecido, aumentando a sua vascularização7. Assim,
apesar dos riscos associados, a expansão tecidual é
parte do tratamento de escolha para a reconstrução
pós-queimaduras de cabeça e pescoço, já que garante
um retalho adequado e confiável para um tratamento
funcional e esteticamente aceitável2.
CONCLUSÃO
A expansão tecidual é um método útil e deve
ser considerado para a reconstrução das sequelas
de queimaduras cervicais. Os melhores resultados
dependem de uma seleção cuidadosa do paciente,
atenção meticulosa aos detalhes e envolvimento de
uma equipe multidisciplinar.
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ISSN (online) 1806-4280
RESUMO EXPANDIDO
Cicatrização: aplicação de células-tronco adiposo-derivadas
Healing: application of adipose- derived stem cell
João Maximiliano , Guilherme Barreiro , Jorge Ramirez3, Daniel Deggerone4, Marcus Vinicius Martins Collares5
1
2
RESUMO
INTRODUÇÃO
A cicatrização é um processo complexo que envolve
diversos fatores e termina com um bom resultado
quando os eventos forem ordenados em sua forma
fisiológica. Estudos vêm sugerindo as células-tronco
como uma possível ferramenta para a melhora do
processo cicatricial, dado o seu potencial terapêutico em
lesões cutâneas crônicas. A aplicação das células-tronco
na ferida melhora a cicatrização por diferenciação, além
de sua importante ação parácrina. O artigo a seguir tem
como propósito revisar parâmetros da cicatrização,
fundamentos básicos das células-tronco e seus efeitos
na cicatrização cutânea.
DESCRITORES: Células-tronco, cicatrização de feridas
cutâneas, células tronco adiposo derivadas
ABSTRACT
Wound healing is a complex process involving several
factors and only ends with a good result when all the
events are ordered in a physiological form. Studies have
suggested stem cells as a possible application for the
improvement of healing and their therapeutic potential
in chronic skin lesions. The application of stem cells
in wound improves healing due to their plasticity and
mainly to their paracrine activity. This study aims to
review healing, basic characteristics of stem cells and
their effects on skin healing.
KEYWORDS: Stem cell, wound healing skin, Adiposederived stem cell
1. Residente de Cirurgia Plástica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre
2. Residente de Cirurgia Plástica do Grupo Hospitalar Conceição
O Processo de Cicatrização
O objetivo da cicatrização é recuperar a integridade
da pele danificada, sua tensão e função de barreira (1).
O processo é didaticamente dividido em três fases:
inflamatória, proliferativa e de remodelamento, as quais
devem ocorrer em ordem fisiológica para um resultado
satisfatório. Qualquer alteração em uma dessas fases
pode resultar em uma cicatriz patológica (2). Os eventos
são organizados por diferentes tipos celulares como
queratinócitos, fibroblastos, células inflamatórias e
endoteliais (3), que podem ser influenciados por infecção,
isquemia tecidual local, diabete melitus, radiação,
desnutrição, medicamentos exógenos, deficiência de
vitaminas e minerais, entre outros (4).
Para que não ocorra uma cicatrização patológica,
é necessário um equilíbrio entre a fibroplasia e
colagenólise (10). A força tênsil aumenta rapidamente
entre a primeira e a sexta semana, mas nunca volta ser
a mesma de antes da lesão. Nos adultos, uma cicatriz é
considerada normal quando é linear, não eritematosa
e plana (11). Cicatrizes cutâneas são uma preocupação
constante em todas as cirurgias. Alguns estudos vêm
sugerindo as células-tronco mesenquimais (CTM) como
uma possível ferramenta para melhorar a cicatrização
cutânea e diminuir a probabilidade de um resultado
desfavorável (12, 13, 14)
OBJETIVO
O objetivo deste artigo é sintetizar de forma objetiva
o que há disponível na literatura mundial sobre os
efeitos na cicatrização cutânea da aplicação de células
tronco adiposo derivadas. Revisando desde conceitos
básicos sobre células tronco até as formas de aplicação
clínica na cicatrização patológica.
3. Residente de Cirurgia Plástica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre
4. Residente de Cirurgia Plástica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre
5. Chefe do Serviço de Cirurgia Plástica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre
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Cicatrização: aplicação de células-tronco adiposo-derivadas
MÉTODO
Os artigos foram selecionados por meio da base de
dados PubMed, utilizando os descritores “STEM CELL”,
“WOUND HEALING”, “ADIPOSE DERIVED STEM CELL”.
RESULTADOS
lulas-tronco As células-tronco são fundamentais
para o organismo. Possuem papel importante tanto
para formar os órgãos na fase embrionária, como no
indivíduo adulto para regenerar e reparar tecidos. Há
duas propriedades fundamentais: são células não
especializadas que se renovam por longos períodos
através da divisão celular e podem se transformar em
unidades com funções específicas (15). Estas células
podem ser classificadas em dois grandes grupos:
as embrionárias e as adultas. As embrionárias são
encontradas no embrião e são classificadas como
totipotentes ou pluripotentes. Totipotência é a
característica das células derivadas do zigoto que
podem produzir todas as células embrionárias e
extraembrionárias. Já as pluripotentes são as células
que são retiradas do botão interno do blastocisto e
originam tecidos correspondentes ao mesoderma,
ecotoderma e endoderma, sendo essa a capacidade de
desenvolver-se em qualquer tipo celular necessária no
desenvolvimento do feto. As células-tronco adultas são
multipotentes, pois podem se diferenciar em muitos
tipos de tecidos, porém de maneira mais limitada. Quando
utilizadas na pesquisa, as células-tronco pluripotentes
são derivadas de óvulos fertilizados in vitro e doados,
com consentimento dos doadores. Estes embriões têm
tipicamente 4 ou 5 dias de desenvolvimento, mas tais
estudos ainda são limitados devido às questões éticas
e de manipulação. Considerando essas dificuldades,
a maior parte dos pesquisadores têm realizado seus
estudos com células-tronco adultas (16). As célulastronco adultas são células indiferenciadas encontradas
entre as células diferenciadas dentro dos tecidos de
um organismo, podem se autorrenovar ou podem
se tornar células especializadas. As células-tronco
adultas incluem as células-tronco mesenquimais (CTM),
hematopoiéticas (CTH) e outras tecido-específicas,
podendo ser encontradas em diversos tecidos, como
na medula óssea, sangue, fígado, cordão umbilical,
placenta, tecido muscular, tecido adiposo, entre outros
(17)
. As células-tronco adultas são classificadas em células
tronco mesenquimais (CTM), hematopoiéticas (CTH)
e tecidoespecíficas. O isolamento das CTAD é feito
com tecido lipoaspirado retirado do paciente. O tecido
é lavado com solução salina e em seguida é digerido
com uma solução para digestão da matriz extracelular
com o objetivo de liberação das CTAD. A solução de
digestão contém uma enzima denominada colagenase
que atua a 37°C. Após o período de incubação com a
colagenase, o processo é interrompido com plasma
autólogo. O conteúdo obtido do processo de digestão
é centrifugado e o sedimento é ressuspendido,
posteriormente podendo ser injetado no paciente ou
mantido em placas de cultura para expansão ou estudos
in vitro (20).
DISCUSSÃO
Aplicações de Terapia com Células-Tronco na
Cicatrização Cutânea Os trabalhos pioneiros começaram
usando as células-tronco derivadas de medula óssea
(CTM-MO) em lesões cutâneas (21). O tratamento com
CTM-MO aumenta significativamente a secreção
de VEGF e Ang-1 nas feridas. A secreção elevada
dos fatores pró-angiogênicos acarreta a melhora da
neovascularização. As CTM-MO aumentam a resistência
e a tração no local da cicatriz (22) e podem se diferenciar
em queratinócitos (23). Contudo, o principal fator para
a melhora da cicatrização parece ser a estimulação
parácrina. As células-tronco derivadas de tecido adiposo
têm marcadores de superfície e perfil genético similar
às CTM-MO, porém, seu acesso é menos invasivo e estão
presentes em maior quantidade, não necessitando sua
expansão in vitro para uso em pacientes, o que as torna
uma grande promessa para o uso no reparo e regeneração
de tecidos. As CTAD reduzem significativamente o
tamanho da ferida e aceleram a reepitelização a partir
de sua borda (24). As CTAD, após serem isoladas de
regiões subcutâneas e colocadas na ferida, entram em
contato com proteínas reguladoras e secretam fatores
de crescimento como VEGF, fator de crescimento de
hepatócito (HGF) e TGF-β (25). Além desses fatores, as
CTAD também secretam PDGF (semelhante ao IGF) e
KGF. Quando em cultura de hipóxia, a secreção de VEGF
aumenta aproximadamente cinco vezes. Em lesões
isquêmicas, podem ser uma nova opção terapêutica
para aumentar a angiogênese. As CTAD se diferenciam
em células progenitoras endoteliais e contribuem para
uma melhora da angiogênese no tecido isquêmico (26).
Outro estudo mostra que as CTAD residem em uma
localização periendotelial e estabilizam as conexões
endoteliais, sendo semelhantes a pericitos (27). As CTAD
têm efeito também sobre os fibroblastos, aumentando
a síntese de colágeno e ativando sua proliferação e
migração. Portanto, as CTAD atuam na cicatrização
acelerando e melhorando a angiogênese, estimulando
a produção de colágeno e a contração da ferida. Resta
claro que as CTAD vêm se tornando o centro de muitos
experimentos clínicos, os quais vêm demonstrando
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Cicatrização: aplicação de células-tronco adiposo-derivadas
uma melhora significativa da cicatrização cutânea
com o tratamento a partir de CTAD (28). Outros papéis
para as células-tronco também têm sido explorados
recentemente, como auxiliares em preenchimentos
adiposos e enxertos de gordura (29). Fios de sutura têm
sido enriquecidos com essas células, abrindo caminho
para otimização de resultados através do emprego
direto do material na área de interesse (30).
angiogenesis. Circulation 2003; (108): 2613-2618.
10.Gurtner G C, Werner S, Barrandon Y, Longaker M T.
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et al. Wound healing effect of adipose-derived stem
cells: a critical role of secretory factors on human
dermal fibroblasts. J Dermatol Sci 2007; (48): 15-24.
CONCLUSÃO
Uma vez consolidado que as CTAD melhoram a
cicatrização cutânea, poderão ser criados protocolos
de estudos clínicos usando as CTAD para profilaxia em
pacientes com risco de complicações cicatriciais em
cirurgias, como tabagistas e diabéticos, ou ainda em
lesões crônicas. Estes poderão resultar na diminuição
do sofrimento dos pacientes, além de melhores
resultados estético-funcionais e menor custo resultante
de reintervenções.
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role of stem cells in cutaneous wound healing. Exp
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RESUMO EXPANDIDO
Enxertos de cartilagem em rinoplastia: técnica de enxerto em forma de
gravetos (stick graft)
Graft cartilage in rhinoplasty: graft technique in the form of sticks (graft stick)
Gustavo Moreira Costa de Souza1, Sergio Moreira da Costa2, Rodolfo Guedes Afiune3, Klaus Rodrigues de Oliveira4, Tiago Luiz Miolo5
RESUMO
Introdução: Muitas técnicas foram desenvolvidas
para modificar a estrutura do nariz,fundamental
para estética e dinâmica facial, com destaque para a
utilização de enxertos de cartilagem . Como alternativa
para os enxertos em monobloco, surgiram os enxertos
fragmentados, descritos em dois grandes grupos,
os enxertos esmagados ( “crushed”) e os enxertos
particulados ou picados ( “diced”), revestidos ou não
com algum tipo de contenção ( surgicel, fascia temporal,
etc ). A preferência do autor foi pelos enxertos picados
não revestidos, em diversas aplicações e diferentes
situações, com ótimos resultados e redução do índice de
revisões cirúrgicas. Objetivo: O objetivo deste trabalho
visa descrever o enxerto de cartilagem em forma de
graveto ou tiras, em uso isolado ou em permeio com
enxerto de cartilagem picada, numa série de casos
de rinoplastia aberta estruturada. Método: No ano de
2014, 20 pacientes foram submetidos a rinoplastia
aberta estruturada com emprego de de cartilagem em
forma de graveto ou tiras (stick graft) ,no Hospital Felício
Rocho (Belo Horizonte- Minas Gerais) Resultados:
Todos os casos apresentaram evolução satisfatória,
sem necessidade de revisão cirúrgica até o momento,
no seguimento de 1 ano . Conclusão: O enxerto de
cartilagem em forma de graveto oferece bom efeito no
tratamento do dorso e raiz nasal em cirurgias estética
funcional e pós-traumática.
DESCRITORES: Rinoplastia, Enxerto de cartilagem,
Enxerto em graveto
ABSTRACT
Introduction: Many techniques have been
developed to modify the structure of the nose,
essential for facial aesthetics and dynamics,
especially the use of cartilage grafts. As an
alternative to the grafts in a single block appeared
fragmented grafts, described in two large groups,
crushed grafts and particulate or chopped grafts
coated or not with some sort of containment
(surgicel, temporal fascia, etc.). The preference of
the author was bitten by uncoated grafts in different
applications and different situations, with excellent
results and reduction of surgical revisions index.
Objective: This study aims to describe the cartilage
graft-shaped stick or strip in isolated use or
intermingled with minced cartilage graft in a series
of cases in a structured open rhinoplasty. Method:
In the year 2014, 20 patients underwent open
rhinoplasty structured with the use of cartilage in
the form of stick or strip the Hospital Felicio Rocho
(Belo Horizonte-Brazil) Results: All patients had
satisfactory outcomes without the need for surgical
revision to date, following one year. Conclusion:
The cartilage graft in the shape of stick offers good
effect in the treatment of nasal dorsal root function
and aesthetic surgery and post-trauma.
KEYWORDS: Rhinoplasty, Cartilage graft, Stick graft
1. Membro Titular da SBCP
2. Membro Titular da SBCP, Regente do Serviço de Cirurgia Plastica do Hospital
Felicio Rocho
3. Membro Aspirante da SBCP, Medico Residente
4. Membro Aspirante da SBCP, Medico Residente
5. Membro Aspirante da SBCP, Medico Residente
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Enxertos de cartilagem em rinoplastia: técnica de enxerto em forma de gravetos (stick graft)
em várias unidades na raiz e no dorso nasal parece
atender essas exigências.
INTRODUÇÃO
A Rinoplastia representa um dos principais e mais
polêmicos temas em cirurgia plástica. A dificuldade
inerente da cirurgia, com as variações anatômicas,
a diversidade de queixas e manobras, contribuem
para essa realidade. Atualmente a rinoplastia aberta
estruturada aparece como uma das principais tendências
em concorrência com a rinoplastia fechada. Os enxertos
de cartilagem em monobloco para estruturação são bem
difundidos, contudo a utilização destes, na raiz, no dorso
e na ponta nasal para o aumento da altura e do volume
dessas regiões, pode determinar estruturas palpáveis,
desvios e deformidades perceptíveis e inadequados
como acabamento da cirurgia. Muitas vezes representam
queixa dos pacientes e necessidade de revisão cirúrgica.
Como alternativa para os enxertos em monobloco,
surgiram os enxertos fragmentados, descritos em dois
grandes grupos, os enxertos esmagados ( “crushed”) e os
enxertos particulados ou picados ( “diced”), revestidos
ou não com algum tipo de contenção ( surgicel, fascia
temporal, etc ). Todos com a finalidade de melhorar o
acabamento sob a pele fina da raiz, do dorso e da ponta
nasal. Os enxertos esmagados, pelo dano da arquitetura
microscópica da matriz cartilaginosa parece sofrer mais
fibrose e absorção. Os enxertos picados ou particulados
parecem ter maior estabilidade preservação de volume a
longo prazo, justamente por preservar em cada pedaço
unidades inteiras de matriz e condrocitos íntegros. Esses
tipos de enxertos começaram a ser mais divulgados e
pesquisados nos últimos cinco anos e já fazem parte de
experiência de muitos serviços. A preferência do autor
foi pelos enxertos picados não revestidos, em diversas
aplicações e diferentes situações, com ótimos resultados
e redução do índice de revisões cirúrgicas. Mesmo assim,
especificamente na raiz e no dorso nasal, os enxertos
picados, bem com os enxertos esmagados ainda tornamse perceptiveis após a cicatrizacao em alguns casos.
As queixas mudaram da palpacao de monoblocos
de cartilagem com formas muito definidas e rígidas,
para alterações de volume, uma vez que os enxertos
particulados podem se organizar ao acaso, muitas vezes
adquirindo formas globosas na raiz nasal e determinar
assimetrias leves no dorso nasal. A solução encontra se
no desenvolvimento de um enxerto que seja ao mesmo
tempo particulado, pouco perceptível ou palpável, e
que determine um contorno mais regular e forma mais
previsível. Um enxerto que seja mais compatível com o
eixo longitudinal da raiz e do dorso nasal, aumentando
a altura e o volume central sem determinar excessos de
volume no eixo transversal, principalmente na raiz nasal.
O enxerto de cartilagem em forma de graveto, colocado
OBJETIVO
O objetivo deste trabalho visa descrever o enxerto de
cartilagem em forma de graveto ou tiras, em uso isolado
ou em permeio com enxerto de cartilagem picada, numa
série de 20 casos de rinoplastia aberta estruturada.
MÉTODO
Desde 2014, sao descritos vinte casos de rinoplastia
aberta estruturada, com dissecção de dorso nasal, sendo
16 casos de rinoplastia primária e 4 casos secundários,
com indicação de aumento de dorso e raiz nasal. Nos
casos primários as queixas variavam entre dorso curvo,
irregular, com “giba”(11), nariz em sela (5). Nos casos
secundários incluíram casos nariz em sela por trauma e
por de seqüelas de rinoplastia, com presenca de blocos
de silicone (2). A idade dos pacientes variou entre 18 e 43
anos, 18 do sexo feminino e 2 do sexo masculino. Todos
os casos foram avaliados e tratados também de eventuais
problemas funcionais ou de obstrução nasal, como desvio
de septo nasal e hipertrofias de conchas nasais. Como
areas doadoras de cartilagem utilizaram se o septo nasal
e a concha auricular. Como método de reconstrução,
aumento ou regularização do dorso foi empregado
enxerto de cartilagem em forma de graveto. (“Stick graft”)
Os enxertos em forma de graveto foram obtidos com
bisturi lâmina 11, cortando se no sentido do maior eixo
das cartilagem septal ou conchal, de modo a se obter
tiras compridas de cartilagem com 1 mm de espessura ou
largura em média.
RESULTADOS
Todos os casos apresentaram evolução satisfatória,
sem necessidade de revisão cirúrgica até o momento,
no seguimento de 1 ano (caso mais antigo). Observa
se maior qualidade e menor queixa, principalmente na
regiao da raiz nasal, com enxertos menos perceptíveis
ou imperceptíveis a palpação. O aumento da raiz e do
dorso foi obtido em 100% dos casos, sem nenhuma
complicação local observada. A associação com enxerto
picado foi presente em 15 casos. As áreas doadoras
também evoluíram com boa cicatrizacao. Em todos
os casos foi retirada cartilagem do septo nasal. Em 9
casos utilizou se ainda uma concha auricular. Em dois
casos foi retirada cartilagem do septo nasal e de duas
conchas auriculares
DISCUSSÃO
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Enxertos de cartilagem em rinoplastia: técnica de enxerto em forma de gravetos (stick graft)
Na cirurgia plástica observa se cada vez mais,
maior exigência dos pacientes quanto ao acabamento
das cirurgias. Toda evolução técnica no sentido de se
melhorar a qualidade dos enxertos deve ser incentivada.
O enxerto em forma graveto, por se constituir de uma
dimensão longitudinal claramente dominante, torna se
mais previsível e objetivo no preenchimento da raiz e
do dorso nasal, sem se perder tanto, quanto os enxertos
picados, nos espaços dissecados pela rinoplastia aberta,
bem como sem se dissipar na dimensão transversal.
Como se lembrasse um “feixe de lenha” ou uma
“paliçada”, as unidades de enxerto em graveto definem
e concentram o seu efeito ao longo do dorso nasal, como
uma consequência natural da sua forma, ao mesmo
tempo que se fazem praticamente imperceptíveis
a palpação por ser um tipo de enxerto particulado,
flexível, sem memória ou força elástica cartilaginosa que
vença a fibrose e a pressão do revestimento cutâneo ao
seu redor, de modo a garantir regularidade e ausência
de distorções no futuro. Acredita se também que este
enxerto deva sofrer ainda menor absorção ou perda em
relação ao enxerto picado, por preservar mais unidades
de condrocitos com matriz cartilaginosa íntegra ao longo
do seu eixo. Além disso, o eixo longitudinal do enxerto em
graveto, também pode garantir uma melhor distribuição
e movimentação do enxerto picado a seu redor, quando
os dois estão associados. A Manipulação, drenagem ou
massagem local, podem muitas vezes ser necessárias
para pequenos ajustes e podem ser realizadas com
sucesso nos primeiros 15 dias.
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CONCLUSÃO
O enxerto de cartilagem em forma de graveto,
mostrou se eficiente, versátil e de fácil execução. Oferece
bom efeito no tratamento do dorso e raiz nasal em casos
de cirurgia nasal estético funcional e pos traumática.
Apresenta se como mais uma ferramenta no arsenal
cirúrgico para o tratamento das deformidades nasais.
Plast
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Enxertos de cartilagem em rinoplastia: técnica de enxerto em forma de gravetos (stick graft)
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Enxertos de cartilagem em rinoplastia: técnica de enxerto em forma de gravetos (stick graft)
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Enxertos de cartilagem em rinoplastia: técnica de enxerto em forma de gravetos (stick graft)
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RESUMO EXPANDIDO
Cervicoplastia anterior direta: indicações e resultados em homens
Direct Cervicoplasty: indications and results in male patients
William Massami Itikawa , Renato da Silva Freitas2, Ruth Maria Graf3, Ovidio Ferreira Lacerda4, José Antônio Faeda Filho5
1
RESUMO
ABSTRACT
processo de envelhecimento compreende mudanças
morfológicas e funcionais, entre as quais incluem-se
alterações estéticas no contorno da face e pescoço,
secundárias a transformações na elasticidade da
pele, acúmulo de gordura e perda de tônus muscular.
Especialmente homens, são vulneráveis a deformidade
cervical conhecida como “pescoço de peru”. Ainda que
para esses pacientes seja indicado uma ritidoplastia,
um subgrupo em particular pode não estar preparado
para o procedimento, aos quais existe a alternativa da
cervicoplastia anterior com excisão direta para correção
desta deformidade. Apesar da sequela cicatricial visível,
essa técnica apresenta como vantagens ser menos
invasiva, permitir uma recuperação mais rápida, e cursar
com menos complicações. Este artigo busca demonstrar
resultados e indicações da cervicoplastia anterior para
pacientes masculinos com desejo de rejuvenescimento
cervical que se mostrem contrários a ritidoplastia
convencional, através do método conhecido como “urna
grega”.
The aging process involves morphological
and functional changes, including aesthetic
transformations in face and neck profile, secondary
to alterations in skin elasticity, fat accumulation and
muscle tone loss. Men particulalrly, are vulnerable to
cervical deformity known as “turkey neck”. Although
these patients are indicated to rhytidectomy,
a selectec subgroup may not be prepared for
this procedure, for these there is the alternative
anterior cervicoplasty with direct excision to correct
this deformity. Despite the visible scar sequel,
this technique has the advantages of being less
invasive, enabling a faster recovery, and presenting
with lower complication rates. This article intends
to demonstrate results and indications of anterior
cervicoplasty for male patients who desire neck
rejuvenation and may be contrary to conventional
facelift, through the approach known as “Grecian
urn”.
KEYWORDS: cervicoplasty, flaps, neck
DESCRITORES: cervicoplastia, retalhos, pescoço
1. Especializando do Serviço de Cirurgia Plastica e Reparadora do HC - UFPR
2. Professor do Serviço de Cirurgia Plastica e Reparadora do HC - U, Regente do
Serviço de Cirurgia Plastica e Reparadora do HC - UFPR
3. Professora do Serviço de Cirurgia Plastica e Reparadora do HC, Professora do
Serviço de Cirurgia Plastica e Reparadora do HC - UFPR
4.Cirurgião Plastico, Médico Assistente do Serviço de Cirurgia Plastica e
Reparadora do HC - UFPR
5. Estudante de Medicina da UFPR
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Cervicoplastia anterior direta: indicações e resultados em homens
INTRODUÇÃO
Procedimentos para rejuvenescimento facial atraem
tanto homens quanto mulheres. A presença de flacidez
em região cervical anterior cria o chamado “pescoço de
peru”, queixa recorrente entre aqueles que procuram
um tratamento facial.
Com o envelhecimento facial, a pele da região
cervical perde elasticidade, a gordura submentoniana
torna-se abundante e o platisma enfraquece1. Com
o avanço da idade, a maioria dos homens apresenta
uma região cervical com excesso de pele, sendo a
cervicoplastia anterior uma boa opção para a correção
cirúrgica desta deformidade2.
Ainda que soe antiquado ao falar de uma técnica
que corrige um problema estético na face em troca de
uma cicatriz visível, buscamos descrever indicações
atuais em que a sequela cicatricial é suplantada pelos
benefícios que o procedimento traz, em especial a
um subgrupo de pacientes que se satisfaça com um
tratamento menos invasivo, que não corra os riscos de
sofrer com os estigmas da ritidoplastia, e permita um
retorno mais rápido às atividades.
anestésica com vasoconstritor (adrenalina 1:200000),
cerca de 60 ml de solução. Após aguardar o efeito do
vasoconstritor, foi realizada lipoaspiração da região
cervical com cânula de 2,5mm. Após a lipoaspiração
superficial, uma incisão em formato fusiforme foi
realizada. Quando havia ainda excesso de gordura
submentoniana, a lipoaspiração com cânula de Ronaldo
Pontes foi empregada.
Após dissecção cuidadosa no plano subcutâneo, as
bordas do platisma foram identificadas e plicadas com
pontos separados de nylon 4-0. Uma vez realizada a
hemostasia rigorosa, a pele foi então seccionada de
maneira a camuflar o máximo possível o “Z” dentro da
distância entre o sulco submentoniano e a região da
incisura tireóidea.
Foram realizados pontos subdérmicos com fio
absorvível para diminuição da tensão nos bordos da
ferida, e pontos simples de nylon 4-0 na pele.
O pós-operatório evoluiu sem complicações, não
observamos bridas ou deiscências. Dentre os pacientes
avaliados não observamos cicatriz hipertrófica ou
cicatriz queloideana.
Neste trabalho apresentaremos uma abordagem
simples e eficaz para o restabelecimento do ângulo
cervico-mentoniano em pacientes do sexo masculino.
OBJETIVO
Apresentar uma série de casos de cervicoplastia
anterior em “urna grega” e discutir a melhor indicação
para este tipo de procedimento.
MÉTODO
Foram analisados 2 pacientes submetidos a cirurgia
estética de pescoço pela equipe de Cirurgia Plástica do
Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná.
Cada paciente foi analisado retrospectivamente através
de fotos pré e pós-operatórias.
Sendo a técnica utilizada a cervicoplastia em “urna
grega” descrita por Bitner et. al3.
Técnica cirúrgica
Pacientes são marcados na posição sentada,
respeitando a área entre região do sulco submentoniano
e a incisura tireóidea. Naqueles pacientes em que o
excesso de pele é tanto que a incisão ultrapassaria a
incisura cricóidea, optou-se pela técnica da “urna grega”.
Todos os pacientes foram submetidos à anestesia
local e sedação. Realizada infiltração local de solução
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Cervicoplastia anterior direta: indicações e resultados em homens
RESULTADOS
Todos pacientes evoluíram com melhora significativa
do ângulo cervico-mentoniano, sem a necessidade de
correção da cicatriz anterior.
Paciente A: pré e pós de 15 dias
Paciente B: pré e pós de 12 meses
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Cervicoplastia anterior direta: indicações e resultados em homens
DISCUSSÃO
aparência envelhecida da região cervical é
secundária as alterações da própria idade, com perda de
fibras de colágeno e elastina, agravadas pela exposição
solar e efeitos nicotínicos, além do acúmulo de gordura
submentoniana e de mudanças no tônus muscular
do platisma4. O afrouxamento progressivo do SMAS,
platisma e ligamentos suspensórios contribui para a
ptose da glândula salivar, o que exacerba a aparência
pouco jovial da região cervical5. A deformidade em
“pescoço de peru”6 é uma das queixas mais frequentes
no consultório do cirurgião plástico facial. Mesmo
que muitos pacientes devessem ser submetidos
a uma ritidoplastia, com incisões pré-auriculares,
descolamento e plicatura do platisma, alguns pacientes
não desejam uma ritidoplastia completa7. Esses são
os principais pacientes candidatos a cervicoplastia
anterior direta. Pacientes ideais são os fototipos I e II
de Fitzpatrick com excesso de pele confinado a região
submentoniana sem extensão abaixo da cartilagem
tireóidea7. O remodelamento cervical anterior busca
restaurar o pescoço jovem ideal, que apresenta
como alvo obter um ângulo cervico-mentoniano de
aproximadamente 90 graus, com mínimo de pele
redundante, pouca adiposidade local, osso hióide em
posição alta e posterior, com uma boa definição do bordo
inferior da mandíbula e visualização da margem anterior
do músculo esternocleidomastóideo, associados a um
mento com boa projeção4,7. Alguns autores defendem
que um ângulo de até 105 graus é aceitável8. Há várias
técnicas descritas para a cervicoplastia anterior direta6.
Em 1971, Cronin e Biggs descreveram a técnica de
cervicoplastia anterior, também chamada de plastiaT-Z, na qual realizava a excisão do excesso de pele
do pescoço com fechamento em zetaplastia, uma
alternativa à clássica ritidoplastia6. Além da zetaplastia
de pele, pode ser realizada também a zetaplastia do
musculo platisma2, evitando assim uma brida muscular
subjacente à cicatriz cutânea. Nos casos apresentados,
foram realizadas apenas a zetaplastia da pele, sem
evidenciarmos a presença de brida subjacente.
Pacientes com 60 anos ou mais que apresentem excesso
de pele e flacidez cervical anterior, sujeitos a lipectomia
e platismoplastia, têm benefícios ao realizar a ressecção
de pele para melhora do contorno e perfil cervical.
Quando possível, orienta-se limitar a incisão entre a
região submentual e a cartilagem da tireoide, de modo
que a cicatriz se torne menos visível em posição neutra
da cabeça7. Preconiza-se que a marcação do paciente
seja realizada com este em posição vertical, uma vez
que as áreas demarcadas são dependentes da posição,
sem hiperextensão cervical4. A área a ser ressecada
deve ser conservadora, de modo a não causar tensão
demasiada ou recrutar pele adicional para linha média.
Para a marcação da técnica empregada, primeiramente
demarca-se uma linha transversal, delimitando o
ângulo cervico-mentoniano desejado, e uma segunda
linha transversal limitando a extensão inferior da
incisão. Pinça-se o excesso de pele na altura do novo
ângulo, demarcando a largura da área ressecada1. A
cervicoplastia direta pode ser realizada com anestesia
local e sedação leve. O pós-operatório é tranquilo com
menos dor, edema e equimoses quando comparado a
procedimentos mais invasivos7. É recomendado que as
incisões sejam microporadas ao fim do procedimento,
mantendo as fitas por 1 semana sobre a ferida. Em geral
os pacientes apresentam após o procedimento pouca
dor, edema e equimose. Aos pacientes submetidos
a lipoaspiração e descolamento, orienta-se leve
compressão local, com uso de faixa elástica por 24 horas
durante a primeira semana, e durante a noite da semana
seguinte. Para uma melhor cicatrização, pode-se utilizar
no período noturno placa de silicone por 8 semanas,
após a retirada das fitas cirúrgicas7. Esses cuidados
associados a massagem local minimizam a hipertrofia
cicatricial, evoluindo com um resultado estético mais
satisfatório. As complicações mais descritas são áreas
de excesso de pele residual e insatisfação com a
cicatriz, ambas facilmente manejadas sob anestesia
local em um segundo procedimento. Alguns autores
orientam que quando necessários, revisões cirúrgicas
sejam realizadas com 1 ano de cirurgia, pois pequenas
alterações podem se resolver sem manipulação, e
maiores problemas requerem maturação dos tecidos
moles9.
CONCLUSÃO
A técnica da “urna grega” é segura e efetiva
para correção da deformidade do pescoço de peru,
por apresentar reduzido tempo operatório, rápida
recuperação, baixa taxa de complicação e mínimos
efeitos na aparência geral da face.
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Cervicoplastia anterior direta: indicações e resultados em homens
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RESUMO EXPANDIDO
Recontrução de mama com uso de dispositivo de expansão externa
Breast reconstruction whith external expansion device
Patricia Regina Bigolin , Maria Cecília Clos Ono2, Ruth Maria Graf3, Priscilla Balbinot4, Alfredo Benjamim Duarte da Silva5
1
RESUMO
ABSTRACT
A lipoenxertia se apresenta com ferramenta tanto de
forma independente quanto técnica adjuvante a outras
técnicas de reconstrução mamaria. Cirurgiões do mundo
todo utilizam este procedimento para tratar danos teciduais
e deformidades apos mastectomias Este e o relato de caso
de uma paciente mastectomizada unilateralmente tratada
apenas com enxerto autólogo de gordura associado ao
uso de expansor tecidual externo –BRAVA, realizado no
Hospital de Clinicas –UFPR. O dispositivo foi utilizado
para preparo do leito da enxertia e no pos operatório
para manter o volume a a vascularização do enxerto nos
primeiros dias pos cirurgia. Foram feitas duas sessões
de lipoenxertia, com intervalo de 3 meses entre elas. As
fotos pré e pós operatórias foram avaliadas. Foi observado
Observamos melhora global da qualidade tecidual local
e manutenção do volume pos operatório do volume do
enxerto. Este procedimento não afetou a possibilidade
de se utilizar outras técnicas se os resultados não fosem
considerados adequados. O dispositivo de expansão
externa Brava usa as capacidades regenerativas de forças
mecânicas para aumentar a capacidade do volume do leito
no pré-operatório e vascularização do local destinatário
, permitindo megavolumes de gordura a ser enxertado
difusamente sem diminuir significativamente interface
do enxerto/receptor ou o aumento da pressão do líquido
intersticial . A aplicação destes princípios permitiu o uso
de megavolumes de gordura na mama com retenção
substancial local. Concluiu-se que se apresenta como
um recurso útil que pode ser utilizado como tratamento
independente.
The fat grafting presents with tool both
independently as adjuvant technique to other
mammary reconstruction techniques. Surgeons
around the world use this procedure to treat tissue
damage and deformities after mastectomies This
and the case report of a patient mastectomized
unilaterally treated only with autologous fat
associated with the use of external tissue expander
-BRAVA, held at the Clinical Hospital -UFPR. The
device was used to prepare the graft bed and after
surgery to keep the volume aa vascularization of
the graft in the first days after surgery. Two sessions
of fat grafting were performed with an interval of
3 months between them. The preoperative and
postoperative photographs were evaluated. It was
observed observed global improvement of local
tissue quality and maintenance of the volume pos
operative graft volume. This procedure did not affect
the ability to use other techniques if the results do
fosem considered appropriate. The Brava external
expansion device uses the regenerative capacities
of mechanical forces to increase the bed volume
capacity preoperatively and vascularization of the
target site, allowing megavolumes fat to be grafted
diffusely without significantly diminishing the graft
interface / receiver or increasing the pressure of the
interstitial fluid. Applying these principles allowed
the use of fat in the breast with megavolumes place
substantial retention. The conclusion that presents
itself as a useful resource that can be used as
independent treatment.
DESCRITORES: autoenxerto, Terapia baseada em
transplante de células e tecidos, Reconstrução de mama
KEYWORDS: alograft, Terapia baseada em transplante
de células e tecidos, Breast reconstruction
1. Médico residente HC ufpr
2. Professor adjunto da disciplina de cirurgia plástica da UFPR
3. Professor adjunto da disciplina de cirurgia plástica da UFPR
4. Médico residente HC ufpr
5. Professor adjunto da disciplina de cirurgia plástica da UFPR
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Recontrução de mama com uso de dispositivo de expansão externa
INTRODUÇÃO
O enxerto de gordura vem sendo utilizado para
reconstrucao de defeitos corporais desde o seculo
passado. Apos o advento da lipoaspiracao seu uso esta
novamente em evidencia pois seus resultados tem
sido significantes no que diz respeito a recosntrucao
mamaria. Um dos fatores mais discutidos sobre o
uso de nexerto de gordura e sobre sua alta taxa de
reabsorcao no pos operatorio. Existem poucos casos
descritos na literatura que utilizaram apenas enxerto
de gordura para recosntrucao mamaria. Este relato de
caso apresenta uma recosntrucao de mama unilateral
pos mastectomia esquerda, utilizando apenas enxerto
de gordura autologo, com auxilio do dispositivo de
expansao tecidual externa- BRAVA (LLC Miami, FL). Este
dispositivo gera uma pressao negativa sobre os tecidos
do sitio de enxertiae, por uma serie de fatores descritos,
promove viabilidade de uma maior quantidade de
gordura, permitindo o uso de maiores volumes em cada
sessao de transferencia de gordura.
OBJETIVO
Este artigo apresenta um relato de caso do Servico de
Cirurgia Plastica e Reparadora Do Hospital das Clinicas
da UFPR com uso de gordura autologa para recosntrucao
mamaria pos mastectomia, associada ao uso do BRAVA.
Tem como objetivo avaliar o resultado pos operatorio
do mega volume de gordura associado ao uso do BRAVA
e sua manutencao do volume enxertado.
MÉTODO
Uma paciente, feminina, 48 anos, mastectomizada
ha 8 anos a esquerda, sem radioterapia previa. Explicao
a paciente sobre o funcionamento do dispositivo e
sua necessidade da comprometimento ao tratamento.
A mesma fez uso do BRAVA por 3 semanas no preoperatorio e 2 semanas pos-operatorias.Na primeira
semana pre-operatoria o uso foi de 4-6 horas diarias.
Na segunda semana o uso foi de 8-10 horas diarias,
na terceira semana de 14-16 horas. Foram realizadas
duas sessoes lipoenxertia. Rigotomias foram feitas
na area da cicatriz da mastectomia antes da enxertia.
A gordura foi coletada com canula de 3.5 em flancos,
decantada e enxertada com seringas de 10 cc no sitio
da mastectomia, em grande volume. Foram enxertados
250 ml na primeira sessao e 240 ml na segunda sessao.
O intervalo entre as sessoes foram de 3 meses. No
pos operatorio, apos 72horas da enxertia, a paciente
reiniciou o uso do BRAVA para manter estimulo a matriz
tecidual onde foi colocado o enxerto, de 4-6 horas por
dia durante as duas semanas que se seguiram. Fotos
pre e pos operatorias foram avaliadas para observar a
viabilidade do enxerto de mega volume.
RESULTADOS
Foi possivel enxertar grande volume nas duas sessoes
de lipoenxertia pois o tecido do leito da mastectomia
havia sido expandido com o dispositivo. Mesmo durante
a enxertia observou-se que a matriz local apos o uso do
BRAVA permitiu a acomodacao sem tensao da gordura.
As rigotomias facilitaram a liberacao da retracao da
area cicatricial para exertia da gordura, criando-se
tuneis pequenos de no maximo 2mm de diametro, com
objetivo de aumentar contato da interface com enxerto.
Durante o uso do BRAVA, nas primeiras duas semanas
a paciente apresentou hiperemia local e erosoes
superficiais na pele acompanhadas de dor discreta na
area em que as bordas do dispositivo tocava o torax.
Todas esses sinais e sintomas foram contornados com
orientacao do uso da locao hidratante e das fitas de
protecao que acompanham o kit do dispositivo, o que
nao interrompeu. Observou-se manutencao do volume
enxertado no pos operatorio, significativamente
maior do que quando nao utilizamos o dispositivo de
expansao tecidual externo.
DISCUSSÃO
Enxerto de mega volumes de gordura autologa
(>100ml), quando em pequenos espacoes, faz com
que a pressao intersticial aumente, diminuindo a
vascularizacao capilar e queda da taxa de difusao de
oxigenio reduzindo a oxigenacao do enxerto. Assim a
gordura coalesce em espacos com pouca capacidade
de sobrevivencia do enxerto, formando areas de
esteatonecrose e consequentemente diminuicao
do volume residual final enxertado. O BRAVA usa as
capacidades regenerativas de forças mecânicas para
aumentar a capacidade do volume do leito no préoperatório e vascularização do local destinatário ,
permitindo megavolumes de gordura a ser enxertado
difusamente sem diminuir significativamente interface
do enxerto/receptor ou o aumento da pressão do
líquido intersticial . Varios estudos ja descreveram
a capacidade das forcas mecanicas estimularem a
proliferacao celular. A aplicação destes princípios
permitiu o uso de megavolume de gordura na area de
mastectomia com retenção substancial local.
CONCLUSÃO
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Apesar do usi de enxerto de gordura possuir
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Recontrução de mama com uso de dispositivo de expansão externa
limitacoes, como reabsorcao local, necessidade de varios
procedimentos locais, o uso do BRAVA pode auxiliar na
enxertia da mega volumes e na viabilidade do enxerto
e na manutencao do resultado pos operatorio. Mesmo
com as dificuldades relatadas pela paciente como dor
local, hiperemia e erosoes de pele, estes problemas
foram contornados sem dificuldades. Concluimos
que o uso de mega volumes e do BRAVA e viavel para
recosntrucao mamaria e deve ser considerado.
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RESUMO EXPANDIDO
Rinofima: Aspectos Importantes da Patologia e Tratamento Cirúrgico com
Eletrocautério.
Rhinophyma: important aspects of the disease and its surgical treatment with the
electrical scalpel.
Bruno Cosme Caiado1, Brasil Ramos Caiado Neto2, Larissa Cosme Caiado3, Farid Hakme4
RESUMO
ABSTRACT
O rinofima, caracterizado por nariz bulboso, é uma
doença altamente estigmatizante, Acomete quase
que exclusivamente o sexo masculino. Este trabalho
objetiva apresentar alguns casos de rinofima, tratados
com eletrocautério, seus resultados e impactos na
vida dos pacientes, além de dissertar sobre aspectos
importantes de uma patologia não tão comum, mas
com grandes efeitos sociais e psicológicos. Foi realizada
revisão bibliográfica do tema e relato de casos clínicos,
antes e após o tratamento. Todos os pacientes afirmaram
grande satisfação estética após a conduta proposta,
com ganho importante na autoestima e interações
sociais. Não ocorreram recidivas. Nas peças cirúrgicas
não foram encontradas células carcinomatosas. A
experiência ampla com uma determinada modalidade
cirúrgica favorece o baixo índice de complicações e
a torna a mais adequada a ser empregada. A técnica
operatória escolhida para a confecção desse trabalho
foi a eletrocauterização.
Rhinophyma, also known as bulbous nose, is a
highly stigmatizing disease, more common among
men. This article foccus on presenting some case
reports of rhinophyma treated with the electrical
scalpel, the impact of the disease on the patient’s life
and its most important aspects. The reports emphasise
on the before and after of the procedure. All the
patients claimed to have had a great improvement
of there self-steem after the treatment, due to the
great aesthetical satisfaction it provided. No relapses
occured. Carcinomatoses was not found on the tissue
sent to avaluation of the pathology.
DESCRITORES: rinofima, tratamento, eletrocautério
1. Residente do 2º ano do Serviço de Cirurgia Plástica da Universidade de Nova
Iguaçú – UNIG – Hospital da Plástica
2.Chefe do Serviço de Cirurgia Plástica Reconstrutora e Microcirurgia do
Instituto Nacional do Câncer
3.Pós graduanda do 1º ano do Instituto de pós-graduação em Dermatologia
Prof. Izamar Milidiu Silva
4.Chefe do Serviço de Cirurgia Plástica – Faculdade de Medicina da UNIG,
Diretor do Hospital da Plástica (RJ)
KEYWORDS: rhinophyma, treatment, electrical scalpel
INTRODUÇÃO
A rosácea é uma doença comum, especialmente em
pessoas de pele sensível, como origem nórdica. É rara em
negros. As fases iniciais predominam em mulheres (3:1),
mas as alterações hiperplásicas e de glândulas sebáceas
são mais comuns em homens. Pode se apresentar em três
estágios. O rinofima é uma forma variante da rosácea,
que acompanha o estágio III da doença. É a mais comum
das suas fimas (no grego, inchaço, massa ou bulbo),
acometendo majoritariamente homens. Outros fatores são
idade maior do que 40 anos, alcoolismo, história familiar,
antecedente de exposição solar prolongada, consumo de
cafeína e alimentos que causam rubor facial. Desenvolve
se em poucos pacientes, e é decorrente do aumento
progressivo do tecido conjuntivo, glândulas sebáceas
hiperplasiadas, ectasia de vasos na derme e inflamação
crônica profunda, que acontece no decorrer dos anos.
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Rinofima: Aspectos Importantes da Patologia e Tratamento Cirúrgico com Eletrocautério.
Quatro variantes do rinofima são conhecidos: forma
glandular (aumento nasal, por enorme hiperplasia lobular
de glândulas sebáceas, com depressões, assimetria nasal
e aumento da excreção de sebo à compressão), forma
fibrosa (hiperplasia difusa do tecido conjuntivo, com
hiperplasia sebácea variável), forma fibroangiomatosa
(nariz vermelho, aumentado e edemaciado, coberto
por vasos ectasiados, com pústulas) e forma actínica
(semelhante ao elastoma em idosos, com nódulos de
tecido elástico). As cartilagens e áreas internas do nariz
não são histologicamente acometidas, mas podem ser
afetadas por ação mecânica. Há relatos de coexistência
de câncer no mesmo sítio anatômico. O diagnóstico
diferencial é feito com leucemia (lesões cutâneas
específicas), lúpus eritematoso sistêmico, micose
fungóide e acne rosácea graus 1 e 2. Merecem destaque
na evolução do tratamento Von Langenbeck (1851) e
a ressecção com cicatrização por 2ª intenção; Ollier
(1876) e a decorticação; Wood (1912), com enxerto de
pele parcial; Adamoupoulos (1961) e a dermoabrasão;
Nolan, e a criocirurgia; e finalmente Bohigian (1988),
com o laser de CO2.
infraorbitários) e infiltração global do nariz com a mesma
solução.
Depois de aguardados aproximadamente 10 minutos
(para efeito do vasoconstrictor), o tecido hiperplásico
foi cuidadosamente removido com o bisturi elétrico na
função corte (Blend 2), regulado corte- coagulação em 20,
tomando se cuidado extremo para não atingir estruturas
nobres, como cartilagens.
Terminado o procedimento, realizaram se os curativos
abertos com sulfadiazina de prata. Os pacientes foram
orientados a manter a aplicação da pomada 2x ao dia, por
um período que variou de 7 a 15 dias, de acordo com a
cicatrização de cada indivíduo, e evitar a exposição solar
por pelo menos 6 semanas. A utilização do antibiótico
tópico no pós e consultas constantes tinham como
objetivo evitar (ou detectar precocemente) infecções que
poderiam comprometer o resultado final.
RESULTADOS
OBJETIVO
Os objetivos são destacar aspectos importantes
da fisiopatologia do rinofima, doença muito
estigmatizante, e apresentar alguns casos dessa
patologia, tratados com eletrocauterização, avaliando
o grau de satisfação dos pacientes com o resultado
estético final e o impacto dessas condutas em suas
vidas, dos pontos de vista psicológicos e sociais.
Visa, também, verificar a incidência de câncer
nas peças cirúrgicas examinadas, e os índices de
complicação pós cirúrgicos.
MÉTODO
Foi realizada uma revisão bibliográfica aprofundada
em livros e artigos científicos atualizados e consagrados
sobre rinofima, avaliando os principais aspectos clínicos
e epidemiológicos envolvidos na sua fisiopatologia.
Além disso, feito também um estudo tipo série de
casos, retrospectivo, por análise de prontuários de
sete pacientes, submetidos ao tratamento cirúrgico por
eletrocauterização, entre 2001 e 2004.
Os pacientes foram operados em decúbito dorsal,
com anestesia local e sedação. Após a antissepsia
e assepsia com colocação de campos estéreis, foi
realizado bloqueio local com solução composta por 20
ml de Xilocaína à 2%, 1 ml de Adrenalina à 1% e 80 ml
de solução fisiológica 0,9% (ramos supratrocleares e
Todos os pacientes eram do sexo masculino, com
idades entre 46 e 64 anos; 43% caucasianos e 57%
pardos ( 3 e 4 indivíduos, respectivamente).
Não ocorreram recidivas, necessidade de reabordagem
cirúrgica ou complicações, como hipopigmentação,
hiperpigmentação ou cicatriz inestética.
Nenhuma das peças cirúrgicas excisadas e analisadas
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Rinofima: Aspectos Importantes da Patologia e Tratamento Cirúrgico com Eletrocautério.
por patologista apresentou células cancerígenas.
O índice de satisfação com o resultado estético final
foi de 100%.
DISCUSSÃO
O rinofima não compromete estruturas profundas,
portanto, não se devem expor cartilagens para não
comprometer resultados estéticos.
A doença não tem caráter maligno (salvo casos em
que há associação com carcinoma), portanto não é
pertinente utilizar condutas agressivas, como retalhos,
que deixam cicatrizes.
2)Fitzpatrick, Thomas B. Alterações dos anexos
epidérmicos e alterações relacionadas. Rosácea.
Fitzpatrick Tratado de Dermatologia 5a ed. Vol.1.Rio
de Janeiro. Revinter.
3) Zanini AS, Carreirão S, Lessa S. Cirurgia do nariz.
Rinologia e rinoplastia: funcional, reparadora e
estética. Rio de Janeiro:Revinter;1994. p.89-94.
4)Gunter JP, Rohrich RJ, Adams WP Jr. Dallas
rhinoplasty: nasal surgery by the masters. 1st ed. St.
Louis:Quality Medical Publishing;2002.
Nenhum dos casos estudados se relacionou com a
presença de câncer, porém alguns autores consagrados
referem a coexistência entre as doenças. Churchil e
Converse relataram casos de carcinoma basocelular
associados, assim como Mathes, que apresentou índices
positivos em até 30% das peças analisadas. Converse
também apresentou casos de carcinoma espinocelular
nas amostras.
CONCLUSÃO
O nariz, como estrutura central da face, é
considerado por muitos autores o principal responsável
pela harmonia da estética facial. O tratamento do
rinofima possibilita o retorno dessa característica,
trazendo grande satisfação para o paciente, com
melhora considerável da autoestima, melhor aceitação
da própria imagem e aperfeiçoamento das relações
interpessoais, relatados pelos próprios.
Existem diversas modalidades de tratamento, todas
com resultados estéticos bastante satisfatórios. O que
guia a escolha da melhor conduta é a experiência do
cirurgião, que deve optar por aquela com a qual está
mais adaptado. A utilização do eletrocautério, quando
realizada com cuidado e por profissional habituado
com a técnica, apresenta excelentes resultados
cosméticos, com baixíssimo índice de sangramento no
transoperatório e poucas complicações.
O exame histopatológico das peças excisadas deve
ser realizado sempre devido ao risco de associação com
doença carcinomatosa.
REFERÊNCIAS
1) Du Vivier, Anthony. Rosácea. Atlas de Dermatologia
Clínica 4 ed. Rio de Janeiro. Saunders-Elsevier.
2014.
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ISSN (online) 1806-4280
RESUMO EXPANDIDO
Reconstrução tridimensional de crânio com tela metálica convencional
associada a tela de polipropileno (márlex)
Three-dimensional reconstruction of skull vault with titanium mesh associated with
polypropylene mesh ( marlex )
Gustavo Moreira Costa de Souza1, Klaus Rodrigues de Oliveira2, Rodolfo Guedes Afiune3, Tiago Luiz Miolo4, Miguel Lopez5
RESUMO
A cranioplastia para reconstrução da calota craniana
é um procedimento importante na rotina da cirurgia
craniofacial. Várias são as técnicas descritas e muitas
são as complicações. A reconstrução craniana torna
se imperativa para fim estético e funcional, como
no tratamento da Síndrome do Trefinado, em que o
doente sem a expansão cerebral pela falta da calota,
apresenta-se com cefaleia crônica, desconforto durante
a movimentação da cabeça, bradicinesia e piora da
função cognitiva. Várias são as técnicas utilizadas,
entre eles ,enxertos ósseos e materiais aloplásticos
são os principais terapias, contudo nas grandes perdas
de calota e na ausência do osso original, os materiais
aloplásticos prevalecem, sendo o cimento acrílico
(metacrilato) o seu principal representante em nosso
meio. Contudo múltiplas são as complicações descritas,
principalmente a infecção e retirada do implante. A
tela metálica com fixação interna rígida, aparece como
uma das ferramentas do arsenal de reconstrução,
com maior resistência a infecção, pela ausência de
espaço morto, estabilidade e proteção do encéfalo,
com eficiente tratamento da síndrome do Trefinado.A
explicação é que, ao contrário de outros métodos
que não preenchem a concavidade do defeito ,esta
técnica permite a expansão do encéfalo e a paquidura
em sua direção, contudo, apresenta limitação no
restabelecimento no contorno tridimensional original
do crânio. O objetivo deste trabalho e descrever nova
técnica de reconstrução tridimensional de crânio com
tela metálica convencional associada a tela de márlex e
1. Membro Titular SBCP e ABCCMF, medico
2. Membro Aspirante SBCP, medico,cirurgião-dentista
3. Membro Aspirante SBCP, medico
4. Membro Aspirante SBCP, medico
5. Membro Aspirante SBCP, medico
relatar uma série de casos de grandes perdas cranianas
com a aplicação deste método. CASUÍSTICA E MÉTODO:
São relatados 2 casos de grande falha craniana após
craniotomia/craniectomia com perda da calota original.
A reconstrução foi feita com tela metálica convencional
com corte radiais seguindo modelo pré-operatório
feito no ambulatório em filme de radiografia, de
modo a permitir dobrar a tela e obter a forma esférica
tridimensional, esférica, muito próxima da forma da
calota original .A tela metálica moldada eh então fixada
com parafusos, mantendo superfície convexa, como
uma verdadeira abóboda craniana e recoberta com
uma tela de márlex . RESULTADOS / CONCLUSÕES:
Todos os casos apresentaram boa evolução, sem
perda da reconstrução ou complicações infecciosas.
Conclusão: A reconstrução tridimensional de crânio
com tela metálica convencional recoberta com tela de
márlex mostrou se um método versátil, eficiente e de
baixo custo, superando, a reconstrução com a técnica
tradicional com tela metálica, melhorando a forma
convexa da cranioplastia e permitindo maior expansão
e estabilidade do encéfalo e da cavidade craniana.
DESCRITORES: cranioplastia, tela de titanio, tela de
polipropileno
ABSTRACT
A cranioplastia para reconstrução da calota craniana
é um procedimento importante na rotina da cirurgia
craniofacial. Várias são as técnicas descritas e muitas
são as complicações. A reconstrução craniana torna
se imperativa para fim estético e funcional, como
no tratamento da Síndrome do Trefinado, em que o
doente sem a expansão cerebral pela falta da calota,
apresenta-se com cefaleia crônica, desconforto durante
a movimentação da cabeça, bradicinesia e piora da
função cognitiva. Várias são as técnicas utilizadas,
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Reconstrução tridimensional de crânio com tela metálica convencional associada a tela de polipropileno (márlex)
entre eles ,enxertos ósseos e materiais aloplásticos
são os principais terapias, contudo nas grandes perdas
de calota e na ausência do osso original, os materiais
aloplásticos prevalecem, sendo o cimento acrílico
(metacrilato) o seu principal representante em nosso
meio. Contudo múltiplas são as complicações descritas,
principalmente a infecção e retirada do implante. A
tela metálica com fixação interna rígida, aparece como
uma das ferramentas do arsenal de reconstrução,
com maior resistência a infecção, pela ausência de
espaço morto, estabilidade e proteção do encéfalo,
com eficiente tratamento da síndrome do Trefinado.A
explicação é que, ao contrário de outros métodos
que não preenchem a concavidade do defeito ,esta
técnica permite a expansão do encéfalo e a paquidura
em sua direção, contudo, apresenta limitação no
restabelecimento no contorno tridimensional original
do crânio. O objetivo deste trabalho e descrever nova
técnica de reconstrução tridimensional de crânio com
tela metálica convencional associada a tela de márlex e
relatar uma série de casos de grandes perdas cranianas
com a aplicação deste método.
KEYWORDS: cranioplasty, titanium mesh, polypropylene
mesh
INTRODUÇÃO
A cranioplastia para reconstrução da calota craniana
é um procedimento importante na rotina da cirurgia
craniofacial. Várias são as técnicas descritas e muitas
são as complicações. A reconstrução craniana torna
se imperativa para fim estético e funcional, como
no tratamento da Síndrome do Trefinado, em que o
doente sem a expansão cerebral pela falta da calota,
apresenta-se com cefaleia crônica, desconforto durante
a movimentação da cabeça, bradicinesia e piora da
função cognitiva. Várias são as técnicas utilizadas,
entre eles ,enxertos ósseos e materiais aloplásticos
são os principais terapias, contudo nas grandes perdas
de calota e na ausência do osso original, os materiais
aloplásticos prevalecem, sendo o cimento acrílico
(metacrilato) o seu principal representante em nosso
meio. Contudo múltiplas são as complicações descritas,
principalmente a infecção e retirada do implante
A tela metálica com fixação interna rígida, aparece
como uma das ferramentas do arsenal de reconstrução,
com maior resistência a infecção, pela ausência de espaço
morto, estabilidade e proteção do encéfalo, com eficiente
tratamento da síndrome do Trefinado.A explicação é que,
ao contrário de outros métodos que não preenchem a
concavidade do defeito ,esta técnica permite a expansão
do encéfalo e a paquidura em sua direção, contudo,
apresenta limitação no restabelecimento no contorno
tridimensional original do crânio.
O objetivo deste trabalho e descrever nova técnica
de reconstrução tridimensional de crânio com tela
metálica convencional associada a tela de márlex e
relatar uma série de casos de grandes perdas cranianas
com a aplicação deste método.
OBJETIVO
O objetivo deste trabalho e descrever nova técnica
de reconstrução tridimensional de crânio com tela
metálica convencional associada a tela de márlex e
relatar uma série de casos de grandes perdas cranianas
com a aplicação deste método
MÉTODO
São relatados 2 casos de grande falha craniana após
craniotomia/craniectomia com perda da calota original.
A reconstrução foi feita com tela metálica convencional
com corte radiais seguindo modelo pré-operatório
feito no ambulatório em filme de radiografia, de
modo a permitir dobrar a tela e obter a forma esférica
tridimensional, esférica, muito próxima da forma da
calota original .
A tela metálica moldada eh então fixada com
parafusos, mantendo superfície convexa, como uma
verdadeira abóboda craniana e recoberta com uma tela
de márlex .
RESULTADOS
Todos os casos apresentaram boa evolução, sem
perda da reconstrução ou complicações infecciosas.
DISCUSSÃO
A reconstrução tridimensional de crânio com tela
metálica convencional recoberta com tela de márlex
mostrou se um método versátil, eficiente e de baixo
custo, superando, a reconstrução com a técnica
tradicional com tela metálica, melhorando a forma
convexa da cranioplastia e permitindo maior expansão
e estabilidade do encéfalo e da cavidade craniana.
CONCLUSÃO
A reconstrução tridimensional de crânio com tela
metálica convencional recoberta com tela de márlex
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Reconstrução tridimensional de crânio com tela metálica convencional associada a tela de polipropileno (márlex)
mostrou se um método versátil, eficiente e de baixo
custo, superando, a reconstrução com a técnica
tradicional com tela metálica, melhorando a forma
convexa da cranioplastia e permitindo maior expansão
e estabilidade do encéfalo e da cavidade craniana.
REFERÊNCIAS
1.Chalouhi N, Teufack S, Fernando Gonzalez L,
Rosenwasser RH, Jabbour PM. An extreme case of
the syndrome of the trephined requiring the use of
a novel titanium plate. Neurologist 2012;18:423-5.
2. Janzen C, Kruger K, Honeybul S. Syndrome of
the trephined following bifrontal decompressive
craniectomy: implications for rehabilitation. Brain
Inj 2012;26:101-5.
3. Fodstad H, Love JA, Ekstedt J, Fridén H, Liliequist
B. Effect of cranioplasty on cerebrospinal fluid
hydrodynamics in patients with the syndrome of the
trephined. Acta Neurochir (Wien) 1984;70:21-30
4. Viterbo F, Palhares A, Modenese E. Cranioplasty: The
autograft option. J Craniofac Surg 1995;6:80-3.
5. Zins JE, Langevin CJ, Nasir S. Controversies in skull
reconstruction. J Craniofac Surg 2010;21:1755-60.
6. Black SP. Reconstruction of the supraorbital ridge
using aluminum. Surg Neurol 1978;9:121-8.
7.Abuzayed B, Tuzgen S, Canbaz B, Yuksel O,
Tutunculer B, Sanus GZ. Reconstruction of growing
skull fracture with in situ galeal graft duraplasty
and porous polyethylene sheet. J Craniofac Surg
2009;20:1245-9.
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ISSN (online) 1806-4280
RESUMO EXPANDIDO
Tratamento de queimaduras elétricas.
Treatment of electrical burns.
Diego Machado Silvano , Daniel Ogaretto Barazzetti , Alexandra Sofia Cruz Queirós e Nascimento1,
Miguel Angel Rodríguez Silva1, Jorge Bins Ely2
1
1
RESUMO
ABSTRACT
As queimaduras são importante causa de
mortalidade. Além disso resultam em considerável
morbidade pelo desenvolvimento de seqüelas. No
Brasil acontecem um milhão de casos de queimaduras
a cada ano. As queimaduras estão entre as principais
causas externas de morte no Brasil. As causas mais
freqüentes, são a chama de fogo, contato com água
fervente, líquidos quentes, objetos aquecidos e com
menor frequencia, porém com alta morbimortalidade,
estão as queimaduras elétricas. As queimadura
eletrícas correspondem a 5-20% entre o total das
causas de queimaduras. Descrevemos dois casos
de pacientes grande queimados, atendidos pelo
serviço de Cirurgia Plástica e Queimados do Hospital
Universitário da UFSC (Universidade Federal de Santa
Catarina). - Florianopolis- SC. A voltagem é o principal
fator determinante da necessidade de amputação dos
membros. Tais pacientes demandam atendimento por
equipes multidisciplinares especializadas.
Burns are a major cause of mortality. Furthermore
result in considerable morbidity by developing
sequelae. In Brazil a million cases of burns occur
each year. Burns are among the main external cause
of death in Brazil. The most frequent causes are fire
flame, contact with boiling water, hot liquids, hot
objects and less frequently, but with high morbidity
and mortality, electrical burns. Electrical burns
correspond to 5-20% of total causes. We describe
two cases of severe burned patients treated at
Serviço de Cirurgia Plástica e Queimados do
Hospital Universitário da Universidade Federal de
Santa Catarina – Florianópolis, Santa Catarina, Brazil.
Voltage is the main factor determining the need
for limb amputation. Such patients require care by
specialized multidisciplinary teams.
KEYWORDS: Burns, Eletric, Plastic Surgery, Reconstruction
DESCRITORES: Queimadura elétrica, Cirurgia Plástica,
Reconstrução
INTRODUÇÃO
1. Residente de Cirurgia Plástica HU/UFSC
2.Professor Titular de Cirurgia Plástica da Universidade Federal de Santa
Catarina. Chefe/Regente do Serviço de Cirurgia Plástica e Queimados do
Hospital Universitário - UFSC
Entende-se por queimadura o quadro resultante
da ação direta ou indireta do calor sobre o organismo
humano. O prognóstico tem melhorado dramaticamente,
graças ao reconhecimento da importância do
debridamento precoce e no emprego de substitutos
biológicos da pele. As queimaduras ainda configuram
importante causa de mortalidade, se deve principalmente
à infecção que pode evoluir com septicemia, assim
como à repercussão a nível sistêmico. Além disso as
queimaduras resultam em considerável morbidade pelo
desenvolvimento de sequelas, estando entre as mais
graves a incapacidade funcional, especialmente quando
atinge as mãos, as deformidades estéticas, sobretudo da
face, e também aquelas de ordem psicossocial. No Brasil
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Tratamento de queimaduras elétricas.
acontecem um milhão de casos de queimaduras a cada
ano, 200 mil são atendidos em serviços de emergência,
e 40 mil demandam hospitalização. As queimaduras
estão entre as principais causas externas de morte no
Brasil, perdendo apenas para causas violentas, como
acidentes de transporte e homicídios . As causas mais
freqüentes das queimaduras são a chama de fogo,
contato com líquidos quentes, objetos aquecidos e com
menor frequência, porém com alta morbimortalidade,
estão as queimaduras elétricas. As queimadura eletrícas
correspondem a 5-20% entre o total das causas de
queimaduras. A elevada taxa metabólica observada em
vitimas de queimaduras (superior 50% da superfície
corpórea) é maior que qualquer outra forma de trauma
ou septicemia severa. Portanto, o paciente grande
queimado apresenta características peculiares. Seu
tratamento é demorado, doloroso para quem o recebe,
oneroso para quem o custeia e trabalhoso para quem
o executa. A prioridade no tratamento de lesões tão
extensas é procurar modificar o ritmo acelerado de
destruição tecidual. Isto tem sido alcançado através de
um suporte nutricional adequado, prevenção de infeção
na área queimada e outras áreas, e através de uma rápida
cobertura da área lesada.
OBJETIVO
Descrever caso de 2 pacientes grande queimados
elétricos por alta voltagem.
MÉTODO
Série de dois de pacientes grande queimados,
atendidos pelo serviço de Cirurgia Plástica e Queimados
do Hospital Universitário da UFSC (Universidade Federal
de Santa Catarina). - Florianopolis- SC. Todos pacientes
foram atendidos no ano de 2014 e permitiram a
publicação dos seus dados e fotos.
RESULTADOS
Paciente 1- masculino, 39 anos, trabalhador
de empresa prestadora de serviços a consórcio de
distrubuição energética. O mesmo manipulava redes
com tensão de 23800 volts, com materiais de proteção
inadequados, quando sofreu descarga elétrica.
Apresentou queda ao solo, aonde aguardou 40 minutos,
até se socorrido pela equipe do corpo de bombeiros.
O mesmo manteve nivel de consciência (Glasgow 15)
até chegada ao hospital, reclamando de dor intensa
nos membros. . Devido agitação psicomotora necessito
sedação com posterior intubação para proteger
vias aéreas. Apresentava cianose em extremidades,
sem pulso e com sinais de carbonização. Realizado
amputação dos 4 membros 3 dias após internação. Foram
necessária três reintervenções, com desbridamento
cirúrgico. Tratado com a equipe multidisciplinar (Cirurgia
Plástica e Queimados, UTI, infectologia e enfermagem)
com antibioticoterapia, curativos com papaína 2% e
5%, dersane e AGE (ácidos graxsos essenciais) evoluiu
com melhoras, granulando bem nos cotos dos 4
membros. Necessitou de antibiticoterapia endovenosa,
por infecção de sítio cirúrgico o qual apresentava febre.
Descartado osteomielite através da radiologica
Paciente 2 - masculino, 27 anos, morador de rua,
consumidor de substâncias psicoativas, vitima de
queimadura por arco elétrico (12000W); levado ao
Hospital pelo SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de
Urgência). Realizado o tratamento conforme preconiza
o ATLS (Advanced Truama Life Suport); Realizado
intubação orotraqueal, punção de acesso venoso
e hidratação conforme preconizado por Parkland,
mantendo o débito urinário acima de 1ml/k/h. Após
avaliação em centro cirúrgico, foi possível mensurar
a extensão e profundidade das leões a partir da regra
dos 9. Paciente com 70% de SCQ (superfície corporal
queimada) com queimaduras de segundo grau em tronco
e coxa esquerda, e queimaduras de terceiro grau nos
pés e lado esquerdo da face. As áreas com queimaduras
mais profundas eram cobertas com curativo biológico
(BIATAIN®) e as áreas mais superficiais eram cobertas
com alginato. Realizado enxerto de pele (proveniente
do banco de pele da Santa Casa de Misericórdia de Porto
Alegre- doação do Dr. Pedro Bins Ely); após curativos de
dersane, AGE (ácidos grassos escenciais), papaína 2%,
5% e 10% Permaneceu 90 dias internado.
DISCUSSÃO
Lesões causadas por exposição igual ou maiores a
1000 volts são definidas como queimaduras de alta
tensão. Os dois paciente apresentaram queimaduras
causadas tanto pela tensão quanto queimaduras
secundarias por chamas. Os sobrevieventes de trauma
imediato de queimadura elétrica de alta tensão, terminam
com múltiplas amputações devido a severidade da
necrose muscular. Em estudos de pacientes queimados
por alta tensão até 80% necessitou amputação de
algum membro/segmento do membro. 11
Os enxertos de pele permanecem como métodos
primários utilizados para cobertura de perdas cutâneas
em pacientes com grandes áreas queimadas, como
no caso de nossos paciente que apresentou 90% da
superfície corporal queimada.12 Nos casos em que não
dispomos de áreas doadoras para cobertura satisfatória,
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Tratamento de queimaduras elétricas.
onde a desproporcionalidade entre área doadora e
área receptora é grande, ficamos limitados aos enxertos
em malha ou do tipo em estampilhas e esperando a
reepitelização destas áreas doadoras como fontes de
pele. Nesses casos, é indiscutível a importância de
bancos de pele. Continuam as pesquisas visando a
agentes e materiais capazes de dar cobertura definitiva
para urna grande àrea queimada. Os diversos substitutos
temporários da pele humana vêm-se prestando função
extremamente útil, que é a de dar cobertura temporária
ao tecido desepitelizado. Em nosso caso, usamos um
substituto temporário da pele humana denominado
BIATAIN®, com o qual obtivemos bons resultados. 13
O seu primeiro avanço está na conversão de um
ferimento aberto e contaminado para um ferimento
fechado e limpo, com a vantagem de podermos observar
as àreas queimadas sem fazermos trocas de curativos. O
BIATAIN® nos forneceu urna cobertura temporária muito
satisfatória.14 A aderência à superfície desepitelizada
faz com que a dor seja em grande parte ausente, não
permitindo invasão bacteriana secundária e diminuindo
as perdas de proteínas e eletrólitos. A película auxilia
a preparação do leito receptor, é de fácil aplicação e
remoção, e a reepitelização é feita em menor tempo,
abreviando desta forma o tempo de internação.15
CONCLUSÃO
Os pacientes grande queimados apresentam grande
morbidade e mortalidade, principalmente quando a
SCQ é acima de 60%. A voltagem é o principal fator
determinante da necesssidade de amputação dos
membros, no caso de queimaduras elétricas. Esse três
casos descritos apresentam bom desfecho clínico
Tais pacientes demandam atendimento por equipes
multidisciplinares especializadas.
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Tratamento de queimaduras elétricas.
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RESUMO EXPANDIDO
Rol del colgajo toracodorsal lateral en la reconstrucción mamaria. Nuestra
experiencia en uruguay
Role of lateral thoracodorsal flap in breast reconstruction. Our experience in Uruguay
Paola Corsino1, Natalia Cortabarría2, Héctor Juri3
RESUMO
ABSTRACT
Uruguay se encuentra dentro de los países con mas alta
incidencia de cáncer de mama de la región. La situación
clínica a la que más frecuentemente nos enfrentamos es
la de una paciente con deseos de reconstruir su mama
presentando una mastectomía radical modificada con una
evolución de un año o más.Teniendo en cuenta la forma
adulta de la mama, el biotipo de mama uruguaya con forma
de gota con mayor volumen en el cuadrante inferoexterno
y una cicatriz post mastectomía que atraviesa la
región mamaria, nuestra preferencia es la de realizar la
reconstrucción mamaria con implantes y con el colgajo
toracodorsal lateral descrito por Holmström. Se analizan
las indicaciones y los motivos de nuestra preferencia por el
colgajo toracodorsal lateral de Holmström. Se compara con
otras técnicas de reconstrucción que utilizan implantes.
Se analizan sus ventajas y desventajas. Se muestran
casos clínicos. Empleamos alguna variación técnica de la
original descrita en 1986 en el diseño del colgajo. A pesar
que hace 30 años de la publicación de la técnica, este
colgajo no ha sido tan difundido y no es referido en las
mayores series de casos de reconstrucción mamaria como
opción terapéutica.En Uruguay el autor senior lo utiliza
desde hace aproximadamente 15 años y continúa siendo
la técnica de elección en esta selección de pacientes.
Es una técnica sencilla, reproducible, que requiere corta
curva de aprendizaje y que aporta un colgajo seguro
desde el punto de vista vascular.El colgajo toracodorsal
lateral, con un buen planeamiento preoperatorio, ofrece
resultados estéticos naturales, similares a otros métodos
de reconstrucción, en un corto tiempo quirúrgico, de
manera sencilla y con baja morbilidad para la paciente.
Uruguay has one of the highest incidences in
breast cancer of the region. One of the most common
situation is that of a women with a radical modified
mastectomy who wants breast reconstruction.
Considering the shape of the adult breast, who has
more volume in the inferoexternal quarter and the
post mastectomy scar, we prefer to perform breast
reconstruction with the lateral tohracodorsal flap
and implants. We analyze indications, advantages
and disadvantages, and the reasons for our
preference. We compared with other techniques
using implants. We modify technical aspects and
we show clinical cases. Despite it has been 30 years
since this technique was published it is not well
known and is not mentioned in most of the series
of breast reconstruction. The senior author has 15
years of experience and still remains the technique
of choice. One of the most important steps is the
preoperative planning of the flap. Then provides
a very natural shape. It is simple technique, has a
short learning curve and is a very safety choice.
KEYWORDS: Breast reconstruction, flap, breast implants
DESCRITORES: Reconstrucción mamaria , colgajos,
implantes mamarios
1. Asistente cátedra de cirugía plástica y quemados
2. Profesor adjunto cátedra de cirugía plástica y quemados
3.Cátedra de Cirugia Plastica y Centro Nacional de Quemados. Hospital das
Clinicas, Montevideo - Uruguay
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Rol del colgajo toracodorsal lateral en la reconstrucción mamaria. Nuestra experiencia en uruguay
INTRODUÇÃO
Uruguay se encuentra dentro de los países con
mas alta incidencia de cáncer de mama de la región,
únicamente superado por Bahamas, y seguido por
Estados Unidos.[1]
Cuando en nuestra consulta nos enfrentamos a
una paciente con una mastectomía total se nos abre
el abanico de opciones reconstructivas que todos
conocemos: reconstrucción con tejidos autólogos
exclusivamente, autólogos y prótesis o materiales
protésicos únicamente. La situación clínica mas
frecuente es la de una paciente con deseos de
reconstruir su mama presentando una mastectomía
radical modificada con una evolución de un año o más.
El mayor uso y aceptación de los implantes
mamarios por parte de las pacientes y también del
equipo tratante, hacen que estos sean cada vez
mas utilizados para la reconstrucción del volumen
mamario y esto ha contribuido a mejorar el resultado
final de las reconstrucciones.
transpone aproximadamente 90 grados aumentando
la zona de mayor déficit en sentido transversal. El
área dadora se cierra de manera directa con mínimo
decolamiento. [3,4,7,10]
Empleamos alguna variación técnica de la original
descrita en 1986 en el diseño del colgajo:
El lado superior del colgajo es de mayor longitud
hacia medial que el inferior, para dar mayor proyección.
(figura 1)
La incisión para generar el área receptora se realiza
en S itálica alargada para aprovechar al máximo los
lados convexos y el largo del colgajo. (figura 1)
En ocasiones que se requiera se puede
desepidermizar la punta del colgajo para relleno del
pilar anterior de la axila. (figura 2)
En la confección del bolsillo submuscular para el
implante, se seccionan las fibras laterales del músculo
pectoral y se fija el área dadora a la pared torácica para
evitar el desplazamiento de la prótesis.
La falta de cobertura cutánea que se requiere para
lograr una reconstrucción natural puede aportarse
realizando una expansión tisular o con la utilización de
colgajos.
No dejamos ningún tipo de drenajes.
Teniendo en cuenta la forma adulta de la mama, el
biotipo de mama uruguaya con forma de gota con mayor
volumen en el cuadrante inferoexterno y una cicatriz
post mastectomía que atraviesa la región mamaria,
nuestra preferencia es la de realizar la reconstrucción
mamaria con implantes y con el colgajo toracodorsal
lateral descrito por Holmström. [3,7]
OBJETIVO
Se analizan las indicaciones y los motivos de
nuestra preferencia por el colgajo toracodorsal
lateral de Holmström. Se compara con otras
técnicas de reconstrucción que utilizan implantes.
Se analizan sus ventajas y desventajas. Se
muestran casos clínicos.
MÉTODO
El colgajo toracodorsal lateral es un colgajo
fasciocutáneo de transposición, de base medial,
lateral a la proyección del surco submamario, de
forma triangular con lados ligeramente convexos,
que aprovecha el exceso dermograso de la región
lateral a la mama. Su vascularización proviene de las
perforantes intercostales mediales y laterales. Se
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Rol del colgajo toracodorsal lateral en la reconstrucción mamaria. Nuestra experiencia en uruguay
RESULTADOS
Caso clínico 1,2 y 3
DISCUSSÃO
A pesar que hace 30 años de la publicación de
la técnica, este colgajo no ha sido tan difundido y
no es referido en las mayores series de casos de
reconstrucción mamaria como opción terapéutica.[4]
En Uruguay el autor senior lo utiliza desde
hace aproximadamente 15 años con 330 casos
aproximadamente y continúa siendo la técnica de
elección en esta selección de pacientes.
En cuanto a sus indicaciones, inicialmente fue
descrito para reconstrucciones totales diferidas, pero
actualmente se utiliza en reconstrucciones inmediatas
y en mastectomias parciales.[2,11,12,13]
Si bien lo más frecuente a lo que nos enfrentamos
en nuestro país es a la reconstrucción diferida de
mastectomía total, también lo tenemos en cuenta en
los casos de reconstrucción inmediata (Caso clínico 2)
y en defectos parciales, incluso en su variante técnica
como colgajo en isla.[6,9,11]
Es una técnica sencilla, reproducible, que requiere
corta curva de aprendizaje y que aporta un colgajo
seguro desde el punto de vista vascular.[5,8]
El pellizco de la piel de la cara lateral del tórax a
nivel del surco submamario dará la anchura del colgajo.
Las pacientes con piel redundante tienen el beneficio
adicional de remoción del rollo.
La cicatriz de mastectomía previa no condiciona su
indicación, ya que puede utilizarse tanto en incisiones
oblicuas, como horizontales o verticales.
A diferencia del expansor, logra una forma mamaria
más natural, mas parecida a la mama adulta; en forma
sencilla y en un sólo tiempo quirúrgico. Aporta tejidos
de mismas características a la de la región mamaria
previa y sin los daños más evidentes de la radioterapia.
(caso clínico 1,3)
En comparación con el colgajo de dorsal ancho
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Rol del colgajo toracodorsal lateral en la reconstrucción mamaria. Nuestra experiencia en uruguay
presenta menor tiempo operatorio (menor riesgo
quirúrgico) sin requerir cambios posturales, menor
morbilidad del área dadora, ya que la cicatriz queda
oculta debajo del brazo. Además no requiere de
la transferencia muscular, como todos los colgajos
fasciocutáneos e igual reconstruye el pilar anterior de
la axila.
Por último, si bien complicaciones como infección,
seroma, necrosis grasa, necrosis parcial o total del
colgajo o contractura capsular son posibles, cuando se
presentan, en general son de rápida resolución. En nues
tra casuística la distribución de las complicaciones se
presentaron: serosa 18%, dehisencia de herida 0,9%,
infección localizada 4%.
CONCLUSÃO
8. Kalaaji, A; Bruheim, M. Quality of life after breast
reconstruction: comparison of three methods.
Scand. J Plast. Reconstr. Surg. Hand. Surg. 44(3):1405, 2010
9. Levine, JL, Soueid, NE, Allen, RJ. Algorithm for
autologous breast reconstruction for partial
mastectomy defects. Plast. Reconstr. Surg.
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10.Lossing C., Elander A., and Holmström, H. Capsular
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Lateral Thoracodorsal Flap. Aesth. Plast. Surg. 13:8184, 1989
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(LTAP) flap in partial breast reconstruction. Journal
of Plastic, Reconstruct & Aesthetic Surgery (2015).
http://dx.doi.org/10.1016/j.bjps.2015.01.008
El colgajo toracodorsal lateral, con un buen
planeamiento preoperatorio, ofrece resultados estéticos
naturales, similares a otros métodos de reconstrucción,
en un corto tiempo quirúrgico, de manera sencilla y con
baja morbilidad para la paciente.
12.Munhoz, AM; Montag, E; Arruda, EG; Aldrighi, C;
Gemperli, R; Aldrighi, JM; Ferreira, MC. The role
of the lateral thoracodorsal fasciocutaneous
flap in immediate conservative breast surgery
reconstruction.Plast. Reconstr. Surg. 117(6):1699710, 2006
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RESUMO EXPANDIDO
Qualidade de Vida e Câncer de Pele Não-Melanoma
Quality of Life and Non-Melanoma Skin Cancer
Thiago Alessandro Ferri , Kuang Hee Lee1, Daniel Ongaratto Barazzetti1, Rosemeri Maurici2, Jorge Bins Ely3
1
RESUMO
ABSTRACT
Os cânceres de pele não-melanoma são os cânceres
humanos mais comuns e, embora as taxas de mortalidade
sejam baixas, estes tipos de câncer podem causar
deformidades físicas consideráveis. A face e o pescoço
são as regiões mais afetadas devido à maior exposição
aos raios solares. Os tumores nestas localizações
podem apresentar morbidade significativa e levar a um
grau variável de deformidade, com prejuízo funcional e
estético, resultando em distúrbios psíquicos e sociais. A
avaliação da qualidade de vida é de suma importância
durante o tratamento do paciente oncológico, já que o
diagnóstico de câncer traz aos pacientes sentimentos
negativos de raiva e angústia, e principalmente medo
da morte, do sofrimento, da recorrência, das limitações
físicas e financeiras. Existem diversos estudos sobre
qualidade de vida, no entanto, não foi identificado
nenhum estudo sobre a qualidade de vida nos pacientes
com câncer de pele não-melanoma no Brasil.
Non-melanoma skin cancers are the most
common human cancers and although mortality
rates are low, these cancers can cause considerable
physical deformities. Face and neck are the most
affected regions due to sunlight exposure. Tumors in
these locatiosn may show significant morbidity and
lead to a varying degree of deformity, with funcional
and aesthetic impairment, resulting in psychological
and social disorders. The evaluation of quality of
life is of paramount importance for the treatment
of cancer patients, as diagnosis of cancer brings
to patients negative feelings of anger and anguish,
and especially fear of death, suffering, recurrence,
physical and financial limitations. There are several
studies about quality of life, however, was not
identified any study about quality of life in patients
with non-melanoma skin cancer in Brazil.
DESCRITORES: Cirurgia Plástica, Qualidade de vida,
Neoplasias cutâneas
KEYWORDS: Plastic Surgery, Quality of life, Skin
Neoplasms
1. Residente de Cirurgia Plástica HU/UFSC
2. Médica pneumologista
3.Professor Titular de Cirurgia Plástica da Universidade Federal de Santa
Catarina. Chefe/Regente do Serviço de Cirurgia Plástica e Queimados do
Hospital Universitário - UFSC
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Qualidade de Vida e Câncer de Pele Não-Melanoma
INTRODUÇÃO
e “quality of life” e “skin cancer”.6-10
Os cânceres de pele não-melanoma (CPNM) são
os cânceres humanos mais comuns. A incidência
do carcinoma basocelular (CBC), isoladamente, tem
aumentado 10% ao ano no mundo, sugerindo que a
prevalência deste tumor em breve será igual a de todos
os outros tipos de câncer combinados. Além disso,
estima-se que de 40 a 50% dos pacientes com um
carcinoma primário irá desenvolver pelo menos um ou
mais CBCs adicionais em 5 anos.1
Foram encontrados 5 artigos no Portal de Periódicos
da Capes, 2 artigos na BIREME, 8 artigos na LILACS, 149
artigos no Pubmed e nenhum artigo na SCIELO. Um artigo
estava repetido em três portais e um artigo em dois.
Estima-se que em 2014 serão 182 mil novos casos
de CPNM no Brasil, sendo a maior incidência nos estados
de Santa Catarina (210 casos/100 mil pessoas), Rio de
Janeiro (183 casos/100 mil pessoas) e Rio Grande do
Sul (159 casos/100 mil pessoas).2
Embora as taxas de mortalidade por CBC e carcinoma
espinocelular sejam baixas, estes tipos de câncer podem
causar deformidades físicas consideráveis.3 Como a
maioria desses tumores ocorre em áreas expostas e
visíveis, como face e pescoço, tanto o câncer de pele,
como a cicatriz cirúrgica, podem ser difíceis de esconder.
Faces desfiguradas decorrentes de uma malignidade ou
de seu tratamento cirúrgico podem ser causadoras de
angústia, e esses pacientes podem conviver com altos
níveis de ansiedade, depressão e isolamento social.4
Qualidade de vida (QoL) é um termo amplo que
envolve temas como bem-estar social, saúde, inserção
do indivíduo na família e na sociedade, dentre outros.
A avaliação da QoL é utilizada na medicina há alguns
anos para mensurar o quanto os resultados obtidos se
aproximam dos objetivos fundamentais de prolongar
a vida, aliviar a dor, restaurar a função e prevenir
incapacidades. A mensuração da QoL é de extrema
importância para a tomada de decisões na prática
clínica, especialmente nos casos de CPNM.5
OBJETIVO
O objetivo desse estudo é realizar uma revisão da
literatura sobre a qualidade de vida nos pacientes com
câncer de pele não-melanoma no Brasil.
MÉTODO
Foi realizada uma busca bibliográfica na base de
dados do Portal de Periódicos da Capes, na Biblioteca
Regional de Medicina (BIREME), na base de dados da
Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da
Saúde (LILACS), na Scientific Electronic Library Online
(SCIELO) e no Pubmed, utilizando como descritores as
palavras-chave “qualidade de vida” e “câncer de pele”,
RESULTADOS
Após a leitura dos artigos encontrados ou de seus
resumos, verificou-se que nenhum deles avaliava a
qualidade de vida nos pacientes com câncer de pele
não-melanoma no Brasil.
DISCUSSÃO
O termo CPNM engloba linfomas cutâneos, tumores
anexiais, carcinoma de células de Merkel e outras
neoplasias cutâneas primárias raras, mas é usado
principalmente para definir o CBC e o CEC.1
Apesar de continuar sendo a neoplasia mais incidente
em nosso país, em ambos os gêneros, considera-se
que os dados estejam subestimados pelo fato de que
muitas lesões suspeitas são retiradas sem diagnóstico.
Em estatísticas norte-americanas, um em cada cinco
indivíduos de pele clara, em algum momento de suas
vidas, adquirirá um tipo de câncer cutâneo.11
O risco de desenvolver CPNM depende do genótipo,
fenótipo e de fatores ambientais. O risco é maior em
moradores de regiões com altos índices de irradiação
solar e que têm marcadores de susceptibilidade à
radiação ultravioleta, como pele, olhos e cor do cabelo
claros (caucasianos), incapacidade para bronzear, e
aqueles com lesões de pele benignas relacionadas ao
sol, como ceratose actínica e lentigo solar.1
A variação geográfica na incidência de CPNM é
outro dado que relaciona esta doença à exposição ao
sol. A incidência dentro dos países está associada com
o aumento da proximidade com o equador. A camada
de ozônio mais fina e a menor distância percorrida por
raios ultravioleta em latitudes mais baixas do que em
altas latitudes, fazem moradores dessas regiões mais
vulneráveis aos efeitos desta radiação. Os gradientes
são semelhantes para homens e mulheres, em todas as
idades.1
A face e o pescoço são as regiões mais afetadas
devido à maior exposição aos raios solares. Os tumores
nesta localização podem apresentar morbidade
significativa e levar a um grau variável de deformidade,
com distúrbios funcional e estético, resultando em
distúrbios psíquicos e sociais.11
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Qualidade de Vida e Câncer de Pele Não-Melanoma
A avaliação da QoL é de suma importância durante o
tratamento do paciente oncológico, já que o diagnóstico
de câncer traz aos pacientes sentimentos negativos de
raiva e angústia, e principalmente o medo da morte,
do sofrimento, da recorrência, das limitações físicas
e financeiras. A necessidade de cuidados de suporte
já é reconhecida como peça-chave no tratamento de
doentes oncológicos.5
Sabe-se que a prevalência dos sintomas físicos está
diretamente relacionada à angústia psicológica e à
baixa qualidade de vida nestes indivíduos, enfatizando
a necessidade de avaliação da QoL em todas as fases
da doença. Esta avaliação também pode ser utilizada
para predizer a evolução do tratamento e a sobrevida
dos pacientes.5
Em nossa pesquisa, encontramos estudos sobre QoL
nos pacientes com doenças dermatológicas benignas
(como psoríase), melanoma cutâneo, neoplasias
da cabeça e pescoço, câncer de mama, assim como
avaliação da auto-estima nos pacientes com CPNM.
Encontramos também estudos sobre QoL nos pacientes
com CPNM realizados em outros países. No entanto, não
foi identificado nenhum estudo sobre a qualidade de
vida nos pacientes com câncer de pele não-melanoma
no Brasil.
5. Barbato MT, Bakos L, Bakos RM, Prieb R, Andrade
CD. Preditores de qualidade de vida em um grupo
de pacientes com melanoma cutâneo em clínica
dermatológica de um hospital universitário. An Bras
Dermatol. 2011;86(2):249-56.
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de pele. Rev Col Bras Cir. 2007;34(6):361-6.
CONCLUSÃO
Apesar do elevado número de casos de CPNM
no Brasil e de sua provável influência na QoL dos
indivíduos acometidos, não identificamos nenhum
estudo relacionado ao assunto. Assim, torna-se
fundamental que estudos sejam conduzidos visando
ampliar o conhecimento sobre QoL nos pacientes com
CPNM no Brasil.
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RESUMO EXPANDIDO
Avaliação pré-operatória com angiotomografia da integridade dos vasos
toracodorsais para reconstrução de mama com músculo grande dorsal em
pacientes com esvaziamento axilar prévio
Preoperative evaluation with tomographic angiography of thoracodorsal vessels for breast
reconstruction with latissimus dorsi in patients with previous axillary lymph node dissection
Daniel Pinheiro Machado da Silveira1, Geraldo Cesar Castro Althoff2, Paulo Eduardo Krauterbluth Solano Junior3, Rafael Netto4,
Pedro Bins Ely5
RESUMO
ABSTRACT
Introdução: O retalho latíssimo do dorso (RLD)
permanece como uma das principais estratégias
para os casos de reconstrução mamária pósmastectomia. A lesão dos vasos toracodorsais durante
o esvaziamento axilar pode ocorrer em 2,5% dos
casos. A ultrassonografia com Doppler pode ser
utilizada na avaliação desses vasos, porém o exame
é operador-dependente e necessita de um avaliador
com treinamento específico. Métodos: Realizada uma
série de pacientes com esvaziamento axilar prévio
submetidas à avaliação por angiotomografia do
pedículo toracodorsal. Resultados: Foram avaliados
4 casos. Não houve complicações relacionadas à
realização da angiotomografia. Em todos os casos foi
identificada a integridade dos vasos toracodorsais. Não
houve complicações vasculares do retalho. Conclusão:
O uso da angiotomografia demonstrou ser uma boa
opção, viável e segura na avaliação pré-operatória da
integridade dos vasos toracodorsais no planejamento
cirúrgico de RLD para reconstrução de mama.
Introduction: The latissimus dorsi flap (LDF)
remains one of the main strategies for cases of
post-mastectomy breast reconstruction. Damage to
thoracodorsal vessels during axillary dissection can
occur in 2.5% of cases. Doppler ultrasonography can
be used in the evaluation of these vessels, but the
examination is operator-dependent and requires a
doctor with specific training. Methods: Case series of
patients with prior axillary dissection submitted to
evaluation by CT angiography of the thoracodorsal
pedicle. Results: A total of 4 cases were evaluated.
There were no complications related to the realization
of angiography. In all cases it was identified the
integrity of the thoracodorsal vessels. There were no
flap vascular complications. Conclusion: The use of CT
angiography was considered a good, viable and safe
option in the preoperative evaluation of the integrity
of thoracodorsal vessels in the surgical planning of
LDF for breast reconstruction.
KEYWORDS: Reconstruction, Breast, Tomography
DESCRITORES: Reconstrução , Mama , Tomografia
1. Médico Residente do Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia Reconstrutiva
da Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre / Universidade
Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre
2. Médico Residente do Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia Reconstrutiva
da Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre / Universidade
Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre
3. Médico Residente do Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia Reconstrutiva
da Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre / Universidade
Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre
4. Médico Instrutor do Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia Reconstrutiva
da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre / Universidade Federal de
Ciências da Saúde de Porto Alegre
5.Professor adjunto e chefe do Serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia
Reconstrutiva da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre / Universidade
Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre
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Avaliação pré-operatória com angiotomografia da integridade dos vasos toracodorsais para reconstrução de mama com músculo grande dorsal em pacientes com
esvaziamento axilar prévio
INTRODUÇÃO
RESULTADOS
O latíssimo do dorso permanece como uma das
principais estratégias para os casos de reconstrução
mamária pós-mastectomia. Este retalho possui a
vantagem da segurança técnica, aliada às vantagens
dos métodos autólogos1.
Foram avaliadas 4 pacientes (Tabela 1), todas com
história de terem sido submetidas à radioterapia
previamente. Uma paciente apresentava cirurgia
abdominal prévia, uma apresentava obesidade e duas
apresentavam carência de tecidos na região abdominal.
Todos os casos foram submetidos à angiotomografia
antes da reconstrução mamária, com identificação da
integridade dos vasos toracodorsais nas 4 pacientes
(Figura 1). Não houve complicações relacionadas à
realização da angiotomografia. No pós-operatório,
as pacientes não apresentaram necrose muscular,
necrose cutânea, liponecrose, infecção, deiscência de
ferida operatória ou qualquer complicação vascular. As
pacientes evoluíram com resultado estético e funcional
satisfatórios (figura 2, 3, 4 e 5).
Apesar de ser utilizado como retalho livre, na
maioria dos casos, o latíssimo do dorso é usado de
forma pediculada nos vasos toracodorsais2-6. Assim,
a integridade do seu pedículo é fundamental para o
sucesso do tratamento.
Embora o pedículo toracodorsal seja conhecido
por sua segurança e por uma abordagem cirúrgica
favorável, a lesão destes vasos durante o
esvaziamento axilar pode ocorrer em 2,5% dos
casos 7. Isso pode acarretar estenose vascular, com
risco aumentado para complicações isquêmicas
do retalho 8-9.
Tabela 1 Características das pacientes.
A ultrassonografia com Doppler pode ser
utilizada na avaliação dos vasos toracordorsais9,
porém o exame é operador-dependente e necessita
de um avaliador com treinamento específico8. A
angiotomografia apresenta-se como uma opção para
a avaliação destes casos.
OBJETIVO
Descrever o uso da angiotomografia na avaliação dos
vasos toracodorsais em pacientes com esvaziamento
axilar prévio e candidatas à reconstrução de mama com
retalho do latíssimo do dorso.
Figura 1 Angiotomografia com cortes coronais e
sagitais demonstrando a integridade dos
vasos toracodorsais.
MÉTODO
Realizada uma série de casos de pacientes com
esvaziamento axilar prévio submetidas à avaliação por
angiotomografia do pedículo toracodorsal. Os critérios
de inclusão foram:
1) Pacientes submetidas a reconstrução mamária tardia
com grande dorsal ou submetidas à mastectomia de
resgate + reconstrução imediata após setorectomia/
radioterapia prévios .
Figura 2 CASO 1: Aspecto pré-operatório e pósoperatório de 6 meses (visão anterior).
2) Esvaziamento axilar prévio em todos os casos.
Foi realizada angiotomografia com cortes
coronais, axiais e reconstrução em terceira
dimensão para avaliação da artéria toracodorsal
antes da realização do procedimento de
reconstrução mamária.
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Avaliação pré-operatória com angiotomografia da integridade dos vasos toracodorsais para reconstrução de mama com músculo grande dorsal em pacientes com
esvaziamento axilar prévio
Figura 3 CASO 1: Aspecto pré-operatório e pósoperatório de 6 meses (visão semi-perfil
direito).
Dentre as várias técnicas de reconstrução mamária
com tecido autólogo, o RLD possui vantagens
funcionais, técnicas e estéticas. Além de gerar pouco
déficit funcional, pode ser executado em 2 a 3h de
procedimento e permite menor morbidade da zona
doadora se comparado ao retalho do reto abdominal
pediculado. A possibilidade de sua utilização em
conjunto com implantes ou expansores teciduais
permite uma boa versatilidade na criação de formato/
volumes mamários com cobertura autóloga ricamente
vascularizada. Além disso, a cicatriz resultante na zona
doadora apresenta-se de bom aspecto na maioria dos
casos.
Figura 4 CASO 2: Aspecto pré-operatório e pósoperatório de 6 meses (visão anterior).
Devido a estas características, o RLD apresenta-se
como o verdadeiro “cavalo de batalha” na reconstrução
mamária, sendo cada vez mais comum a sua utilização
nos casos de insucesso de reconstruções autólogas ou
com implantes18. O uso dessa técnica também é útil
para os pacientes que possuem perda da elasticidade
tecidual da região torácica anterior devido à radioterapia
prévia19, onde se pode observar inclusive reversão
importante do dano actínico. Nestes contextos, é
fundamental garantir o maior índice de sucesso possível
ao tratamento, justificando-se, portanto, a avaliação dos
vasos toracodorsais por angiotomografia.
Figura 5 CASO 2: Aspecto pré-operatório e pósoperatório de 6 meses (visão semi-perfil
esquerdo).
O uso da dopplerfluxometria para avaliação da
integridade dos vasos toracodorsais já está estabelecido9,
porém, por se tratar de um método operador-dependente
e com necessidade de um treinamento específico na
avaliação do pedículo do latíssimo do dorso, possui
limitações. A angiotomografia, método que já foi descrito
na avaliação pré-operatória da vascularização de músculos
da parede abdominal, mostrou ser uma estratégia viável e
segura na avaliação dos vasos toracodorsais21,22. Estudos
já demonstraram superioridade da angiotomografia
em relação à dopplerfluxometria ao identificar melhor
as ramificações arteriais e visualização de seus ramos
perfurantes, podendo chegar a 100% de especificidade no
mapeamento das artérias perfurantes23. A angiotomografia
também permite a visualização tridimensional da
vascularização, permitindo melhor planejamento cirúrgico.
Em todos os 4 casos em que fizemos angiotomografia na
avaliação pré-operatória, o planejamento cirúrgico foi
otimizado com o uso das imagens.
DISCUSSÃO
O retalho de latíssimo do dorso (RLD) foi
inicialmente descrito em 190610 e aceito como método
na reconstrução de estruturas na década de 7011. Seu
pedículo neurovascular permite que ele seja rotado à
posição anterior do tórax, viabilizando a reconstrução
parcial ou total da mama. Embora localizado em área
de risco para dano actínico da radioterapia, o pedículo
toracodorsal apresenta boa resistência a este tipo de
tratamento, sendo, portanto, de grande utilidade na
reconstrução de áreas previamente irradiadas no tórax
anterior e lateral 12,13.
CONCLUSÃO
O uso da angiotomografia demonstrou ser uma boa
opção viável e segura na avaliação pré-operatória da
integridade dos vasos toracodorsais no planejamento
cirúrgico de retalho de latíssimo dorsal para reconstrução
de mama. A possibilidade de visualização de ramos
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Avaliação pré-operatória com angiotomografia da integridade dos vasos toracodorsais para reconstrução de mama com músculo grande dorsal em pacientes com
esvaziamento axilar prévio
arteriais, além de seu padrão tridimensional e por não
ser completamente operador-dependente pode tornar
a angiotomografia superior à dopplerfluxometria no
planejamento cirúrgico de RLD.
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ISSN (impresso) 0004- 2773
ISSN (online) 1806-4280
RESUMO EXPANDIDO
Heridas maxilofaciales por armas de fuego civiles: Presentación de 2 casos clínicos.
Maxillofacial civilian gunshot wounds: Presentation of 2 clinical cases
Nicolás Urroz1, Gabriel Otormin2, Héctor Juri3
RESUMO
Las heridas maxilofaciales por armas de fuego civiles
constituyen traumatismos graves con una alta tasa de
mortalidad y morbilidad. Existe controversia según los
tiempos del manejo de las lesiones. Presentamos 2 casos
clínicos tratados en el la Cátedra de Cirugía Plástica, hospital
de Clínicas Uruguay. El aspecto más controvertido es el
manejo quirúrgico de pacientes con lesiones extensas, ya
que pueden tratarse con técnicas reconstructivas complejas
en el primer acto operatorio o, por el contrario, esta
reconstrucción se puede realizar de forma diferida en varias
fases. Pensamos que la elección del tipo de tratamiento
debe basarse en función de las características del paciente
y de la experiencia del equipo q, debiendo realizarse la
reconstrucción definitiva tan pronto como sea posible.
DESCRITORES: Ferimentos por Arma de Fogo,
Traumatismos Maxilofaciais , Traumatismos Faciais
ABSTRACT
Maxillofacial gunshot wounds constitute serious
injuries with a high rate of mortality and morbidity.
The treatment of maxillofacial gunshot wounds is
controversial regarding its time management of the injury.
We present 2 clinical cases treated in our Service. There
are controversy in definitive surgical treatment in patients
with lesions in maxillofacial region , because the literature
describe two forms of management. The first way is the
primary reconstruction with microvascular techniques, or
secondary reconstruction after desbridement, stabilization
of existing bone and primary closure of soft tissue. We
think that the choice of treatment must be individualized,
and we choose the secondary reconstruction as early as
possible after primary stabilization of wounds.
1. Medico, Residente
2. Cirujano plástico, grado
3. Cátedra de Cirugia Plastica y Centro Nacional de Quemados. Hospital de
Clinicas - Montevideo - Uruguay
KEYWORDS: gunshot wounds, Maxillofacial injuries,
facial injuries
INTRODUÇÃO
Las heridas maxilofaciales por armas de fuego
constituyen traumatismos graves con una tasa de
mortalidad cercana al 20 % 1, y alta tasa de morbilidad
que alcanza el 30% de los supervivientes 2-4, generando
graves secuelas funcionales y estéticas2, 5,6.
En Norte América las heridas por armas de fuego
constituyen la 2da causa de muerte traumática luego de
los siniestros viales7. Los impactos a nivel facial en civiles
son poco frecuentes, con una incidencia del 6% del total
8. En su mayoría las víctimas son pacientes del sexo
masculino (SM), de entre 30-40 años 9,10 y se presentan
en el contexto de asaltos, homicidios y suicidios6-10.
En Uruguay, si bien no contamos con datos
estadísticos respecto a traumatismos maxilofaciales por
heridas de armas de fuego, datos oficiales del Registro
Nacional de Armas publicados en el 2012 reportaron un
promedio de un arma de fuego por cada 3 habitantes.
Esto sitúa a Uruguay en la novena posición del ranking
mundial de cantidad de armas per cápita. No obstante
la consultas en emergencia por heridas de fuego civiles
maxilofaciales oscilan entre el 3-4% del totas de las
mismas.
Al igual que el resto de los pacientes PTM estos
deben ser evaluado inicialmente siguiendo las pautas
de reanimación básica (ATLS), siendo primordial la
estabilización de la vía aérea, requiriendo control
urgente en el 30% de las víctimas y acceso quirúrgico
en solo el 5% 10
Una vez estabilizado, se realiza una valoración
secundaria de las lesiones maxilofaciales cuantificando
daños y planificando la estrategia terapéutica. El
manejo quirúrgico se basa en 3 etapas, no obstante
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Heridas maxilofaciales por armas de fuego civiles: Presentación de 2 casos clínicos.
habitualmente éstas se superponen, siendo los mismos
momentos de una única secuencia terapéutica. 2, 6,13
Existen diversas posturas respecto al tratamiento de
este tipo de injurias, al no existir estudios randomizados
que comparen los resultados entre las diferentes
propuestas, la decisión se basa en la magnitud de la
destrucción tisular, el estado general del paciente y la
experiencia del cirujano.
OBJETIVO
Recopilar información sobre el manejo terapéutico
de las HMFAF, detallando las tendencias actuales de la
comunidad científica.
Reportar 2 casos clínicos documentados en la
Catedra de Cirugía Plástica y compartir el algoritmo
usado en nuestro medio.
MÉTODO
CASOS CLINICOS
Caso clínico 1
Paciente (Pte.) de SM, 38 años. Politraumatizado
grave en intento de homicidio, presentado varios
impactos por arma de fuego de bajo calibre, efectuados
a una distancia menor a 2 metros. Paciente con riesgo
vital por heridas toraco-abdominales, que requirió
estabilización quirúrgica de la vía aérea de urgencia.
Caso clínico 2
Pte. de SM, 55 años. Edéntulo. Ingresa por intento
de auto eliminación con escopeta. Herida perforante,
orificio de entrada a nivel de mentón y de salida
en sector central de tercio medio, a nivel nasal;
presentando avulsión ósea y de partes blandas.
Requirió traqueostomia de urgencia para estabilización
de la vía aérea.
Se realizó diagnóstico de fractura multifragmentaria
de mandíbula a nivel de sínfisis, fractura de etmoides y
maxilar superior.
A nivel facial se constata herida penetrante con orificio
de entrada en mejilla derecha. Proyectil alojado en cuello, se
descatra lesión de grandes vasos mediante angiotomografía.
Se realiza diagnóstico de fractura conminuta a
nivel de cuerpo mandibular derecho. En la evolución
presentó complicación infecciosa en foco de fractura.
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Heridas maxilofaciales por armas de fuego civiles: Presentación de 2 casos clínicos.
RESULTADOS
En el caso clínico 1 se difiere la primera intervención
quirúrgica por lesiones graves concomitantes tóracoabdominales, por lo que se realiza estabilización precoz
de la fractura mediante bloqueo intermandibular con
arcos de Erich y alambrado dentario.
En el caso clínico 2 dada conminución de la fractura
y estado general del paciente se planifica tratamiento
en etapas. Al momento del ingreso se realiza limpieza
quirúrgica y cierre directo de planos de cobertura. En
día 10 se realizó reconstrucción definitiva en 1 tiempo
quirúrgico de la fractura sinfisaria mediante OEI con
placa y tornillos de bloqueo 2.0 y 2 placas estándar
1.5 simplificando los trazos. A nivel de tercio medio
se realizó OEI a nivel de ambos pilares anterointernos
frontomaxilares, con placa standard 1.5. A los 3 meses
se colocó prótesis dentoalveolar y maxilar superior.
En la evolución presentó complicación infecciosa
en foco de fractura que obliga a un tratamiento por
etapas. A las 2 semanas de la lesión se realiza limpieza
quirúrgica, estabilización del foco de fractura con
fijadores externos y cierre directo de partes blandas.
En la evolución son requeridas 3 limpiezas quirúrgicas
adicionales además de la antibioticoterapia intra
venosa
A las 5 semanas se realiza la reconstrucción del
cuerpo mandibular derecho mediante la interposición
de un injerto óseo no vascular izado tomado de cresta
ilíaca y estabilización mediante osteosíntesis estable
interna (OEI) con placas y tornillos de bloqueo 2.0
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Heridas maxilofaciales por armas de fuego civiles: Presentación de 2 casos clínicos.
DISCUSSÃO
El manejo de las heridas por armas de fuego
continúa siendo controversial en cuanto a las fases del
tratamiento, dividiéndose entre los que plantean el
tratamiento definitivo primario en un tiempo quirúrgico
y los que optan por varias intervenciones seriadas.7
Realizar una reconstrucción primaria es posible en la
mayoría de los pacientes, según los estudios analizados,
lo que disminuye la incidencia de alteraciones a
nivel del sistema estomatognatico. Disminuye la
actividad osteoclástica, contracturas cicatrizales y el
número de cirugías. No presentando mayores tasas de
complicaciones en comparación con la reconstrucción
seriada 4-6,13,
Los avances en las técnicas quirúrgicas nos han
permitido refinar los procedimientos terapéuticos
desarrollando nuevos materiales de osteosíntesis y
perfeccionando técnicas reconstructivas con o sin
microcirugía.
En caso de fracturas conminutas o gran pérdida de
sustancia es mandatoria la utilización de injertos óseos
primarios para la reconstrucción pues otorgan estabilidad
a la fractura y soporte a las partes blandas, disminuyendo
la contracción de la cicatriz y distorsión de los tejidos5,
8, 14,15
. Los mismos, que experimentan un proceso de
remodelación por sustitución, a nivel mandibular se
indican en defectos entre 3 y 5 cm. Para defectos mayores
se recomienda el uso de colgajos óseos microquirúrgicos.5,
6,15
Algunos autores recomiendan una actitud más
conservadora en casos complejos como frente a gran
conminución ósea, infección
o inestabilidad del
paciente 6,16. En estos casos se indica tratamiento en
varias fases ya que el edema y daño micro vascular
pueden llevar el fracaso de la reconstrucción si se
realiza de forma inmediata 16, El uso de fijadores
externos proporciona una excelente alternativa para
el manejo de los pacientes con este tipo de lesiones,
reduciendo al máximo el trauma quirúrgico de las
estructuras anatómicas.
blandos en buen estado que permita la cobertura del
tipo de reconstrucción utilizada
En reconstrucción de las heridas faciales por
armas de fuego se debe proceder de forma gradual y
sistematizada para optimizar los resultados. Nuestro
algoritmo propone 3 fases con objetivos específicos.
Estas fases son 1 manejo inicial, 2 reconstrucción
definitiva y 3 rehabilitación con prótesis y corrección
estética.
En ambos casos clínicos presentados se indicó
tratamiento seriado, realizando la reconstrucción
definitiva en un tiempo quirúrgico lo más precozmente
posible, obteniendo resultados funcionales y estéticos
satisfactorios.
CONCLUSÃO
Concluimos que la experiencia en el manejo de las
heridas maxilofaciales por armas de fuego es limitada.
Es fundamental una correcta planificación preoperatoria en vistas a un tratamiento oportuno e
individualizado caso a caso. El tratamiento definitivo
de las lesiones debe estar racionalizado en función
de las características del enfermo y de la experiencia
del equipo que lo trata, debiendo realizarse la
reconstrucción definitiva tan pronto como sea posible.
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severidad de las lesiones conlleva a un aumento en la
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La elección de la actitud terapéutica se encuentra
basada en función de varios aspectos, tales como
experiencia y disponibilidad de medios, extensión de
la lesión y estado de salud general del enfermo8. De
todas maneras, todos los autores coinciden en que la
reconstrucción secundaria debe ser realizada lo más
precozmente posible una vez que tengamos los tejidos
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15.McLean JN, Moore CE, Yellin SA. Gunshot wounds
to the face--acute management. Facial PlastSurg.
2005; 21(3):191-8.
16.Doctor VS, Farwell DG. Gunshot wounds to the head
and neck. CurrOpinOtolaryngol Head Neck Surg.
2007; 15(4):213-8.
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ISSN (online) 1806-4280
RESUMO EXPANDIDO
Análise de 12 casos operados com o retalho médio frontal no Hospital de
Câncer de Barretos - Unidade de Porto Velho
Analysis of 12 cases operated with the average forehead flap in Barretos Cancer Hospital Porto Velho Unit
Rodolfo Luis Korte1, Laryssa Fernanda Feitosa2, Ana Elisa Kadri Castilho3, Marcos Ednelson Garcia Bello4,
Chrystiano De Campos Ferreira5
RESUMO
ABSTRACT
A maioria das cirurgias para retirada de câncer de pele
são agressivas e necessitam de uma reconstrução segura
e esteticamente aceitável. O Retalho Paramediano
Frontal (RPF) é o mais utilizado para o tratamento de
perdas que acometem mais de uma unidade estética
nasal e defeitos de cartilagem e/ou mucosa. O objetivo
do estudo é analisar a viabilidade estética e funcional
do retalho médio frontal em 12 pacientes operados no
Hospital do câncer de Barretos- Unidade Porto Velho.
No período de abril de 2014 a fevereiro de 2015, foram
12 casos submetidos à reconstrução total ou parcial
do nariz com o RPF, todos decorrentes da exérese de
câncer de pele. Foram 11 casos do sexo masculino e
um do sexo feminino, sendo 5 casos de CEC e 7 casos
de CBC. As margens cirúrgicas estiveram livres em onze
casos, e em um caso a margem estava comprometida
e optou-se por acompanhamento uma vez tratar-se de
carcinoma basocelular moderadamente diferenciado.
Most surgeries for skin cancer removal are
aggressive and need a secure and aesthetically
acceptable reconstruction. The paramedian front
flap (RPF) is the most widely treatment used for
losses that affect more than one unit aesthetic
nasal and cartilage defects and/or mucosa. The
objective of the study is to analyze the aesthetic
and functional viability of the middle frontal flap in
12 patients operated at the Barretos Cancer Hospital
- Porto Velho Unit. From April 2014 to February
2015, 12 cases were submitted to total or partial
reconstruction of the nose using the RPF, all arising
from the skin cancer removal. There were 11 cases
of male and one of female, wherein five cases of
SCC and seven cases of BCC. Surgical margins were
free in eleven cases, and one case the margin was
compromised, so it was chosen to follow up once it
was moderately differentiated basal cell carcinoma.
DESCRITORES: Reconstrução, Retalho perfurante ,
Neoplasia cutânea
KEYWORDS: Reconstruction, Perforator Flap, Skin
Neoplasms
1.Professor Doutor Adjunto Da Universidade Federal de Rondônia (Unir) e
Faculdade São Lucas; Responsável Pela Disciplina De Cirurgia Plástica Da
Unir; Membro Estruturante Da Unir
2. Acadêmica De Medicina Da Universidade Federal de Rondônia
3. Acadêmica De Medicina Da Universidade Federal de Rondônia
4.Residente de Cirurgia Oncológica do Hospital de Câncer de Barretos –
Unidade Porto Velho
5. Professor Mestre da Universidade Federal de Rondônia
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Análise de 12 casos operados com o retalho médio frontal no Hospital de Câncer de Barretos - Unidade de Porto Velho
INTRODUÇÃO
O câncer de pele não melanoma é o tipo de câncer
mais frequente na população clara. Sua incidência tem
aumentado ano a ano, em razão dos diagnósticos mais
precisos e pela falta de prevenção da população.
Segundo a estimativa do Instituto Nacional de Câncer
José Alencar Gomes da Silva (INCA), em 2014 ocorreram
no Brasil 98.420 casos novos de câncer de pele não
melanoma em homens, e 83.710 em mulheres. Esses
valores correspondem a um risco estimado de 100,75
casos novos a cada 100 mil homens e 82,24 a cada 100
mil mulheres. Dessas lesões o carcinoma basocelular
(CBC) é o mais frequente e corresponde a 75% dessas
lesões, seguido pelo carcinoma espinocelular (CEC),
com incidência de 15%. A principal localização é a face,
com 70% no nariz e fronte.
Atualmente, o número de cirurgias complexas
ligadas à reconstrução facial mantém estreita ligação
com o diagnóstico precoce dessas lesões. A exemplo
do nariz, na grande maioria as cirurgias para retirada do
câncer são agressivas e por tal motivo necessitam de
uma reconstrução segura e esteticamente aceitável.
Para os defeitos complexos, as opções terapêuticas
que promovam bons resultados funcionais e estéticos
são limitadas, daí o reconhecimento da pele da região
frontal como a melhor área doadora para cobertura nasal,
em decorrência da cor e da textura adequada da pele.
Os retalhos cutâneos interpolares frontais (Retalho
Paramediano Frontal – RPF) são os mais utilizados para
o tratamento de grandes perdas de substância, aquelas
que acometem mais de uma unidade estética nasal e
defeitos que atingem cartilagem e/ou mucosa.
OBJETIVO
Analisar a viabilidade estética e funcional do retalho
médio frontal em 12 pacientes operados no Hospital do
câncer de Barretos- Unidade Porto Velho.
MÉTODO
Relato de casos operados no Hospital de Câncer de
Barretos - Unidade Porto Velho, no período de abril de
2014 a fevereiro de 2015. Foram 12 casos submetidos
à reconstrução total ou parcial do nariz com o RPF, todos
decorrentes da exérese de câncer de pele (CBC e CEC)
em diferentes estágios de evolução. Os CEC tiveram
a reconstrução realizada secundariamente, após o
resultado do anátomo-patológico.
Neste estudo demonstraremos casos extremos
de reconstrução nasal com o RPF, casos com
perdas significativas de pele da região medial das
pálpebras superiores e inferiores e de região maxilar
conjuntamente com áreas de pele do nariz. A partir dos
resultados da reconstrução, visa-se a análise subjetiva
dos resultados, do ponto de vista tanto do médico
e quanto do paciente, em uma escala graduada em:
pouco satisfatório, regular, insatisfatório, satisfatório e
excelente. Alguns dos casos apresentados encontramse em momentos diferentes da evolução de pós
operatório ou estão em preparo para o refinamento
dos resultados, entretanto alguns desses resultados
satisfizeram o paciente mas não à equipe médica.
RESULTADOS
A idade variou de 34 a 88 anos, sendo 11 do
sexo masculino e um feminino, cinco casos de CEC
e sete casos de CBC. Apenas um caso com margens
comprometidas de CBC moderadamente diferenciado.
Duas complicações, um por sangramento no pós
operatório imediato, por plaquetopenia, resolvida
com reoperação e colocação de GELFOAN, e outra
por deiscência da sutura quando da autonomização
do retalho e formação de ulcera de 2 cm de diâmetro,
resuturado.
Quatro casos merecem destaque em relação aos
resultados subjetivos: Caso 1: Paciente de 77 anos
submetido a rinectomia total por CEC avançado, com
ausência total do nariz. Realizou-se o RPF e retalhos
nasogenianos para confecção do forro nasal. Após 6
meses de cirurgia, o resultado foi satisfatório para o
paciente e regular para a equipe médica. Cobertura da
área doadora de retalho com enxerto de pele total da
região inguinal. Paciente encontra-se em pré-operatório
para realização de um novo retalho médio frontal para
confecção da columela e ampliação do dorso (Figura 1 e
2). Caso 2: Paciente de 55 anos, com lesão em dorso do
nariz, asa nasal esquerda, região medial das pálpebras
superior e inferior esquerdas. A biópsia revelou CBC
nodular esclerodeimiforme. Optou-se por ressecção
e reconstrução com RPF em um único tempo cirúrgico.
Resultado excelente para a equipe médica e para o
paciente. Foi programada e realizada correção da região
glabelar do retalho e do supercílio, entretanto, o paciente
não mais retornou (Figura 3 e 4). Caso 3: Paciente de 54
anos com CBC nodular esclerodeimiforme, em região
glabelar, e medial das pálpebras superior e inferior
direitas. Optou-se por retirar da lesão e reconstruir
com RPF em um segundo tempo cirúrgico. Evoluiu com
deiscência da sutura quando da autonomização do
retalho, com pequena área de exposição óssea. Realizouse retalho de região glabelar para correção desta área de
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Análise de 12 casos operados com o retalho médio frontal no Hospital de Câncer de Barretos - Unidade de Porto Velho
exposição, porém paciente não mais retornou. Paciente
e equipe médica satisfeitos, exceto por deiscência
(Figura 5, 6 e 7). Caso 4. Paciente de 61 anos, com lesão
ulcerada em base da asa nasal esquerda e diagnóstico
histopatológico de CBC nodular ulcerado. Foi realizada
cirurgia de ressecção de asa nasal esquerda, parte da
ponta nasal e nasogeniana esquerda e lábio superior.
A área cruenta remanescente foi coberta com retalhos
de avanço locais. Optou-se por RPF para correção da
asa nasal e zetaplastias para retração de lábio superior.
Evoluiu com discreta retração em asa nasal esquerda.
Paciente satisfeito, equipe médica parcialmente
satisfeita (Figura 8).
Em apenas um caso o resultado foi considerado
regular para a equipe médica e para o paciente,
devido retração do retalho após 4 meses da cirurgia.
Este paciente está em programação para correção da
deformidade. Nos demais paciente as lesões eram
menores, acometendo no máximo duas unidades
estéticas do nariz e sem complicações do retalho.
Os resultados apresentados foram excelentes ou
satisfatórios para o médico quanto e para o paciente.
DISCUSSÃO
O RPF é classificado como retalho interpolado em
estágios por ter as seguintes características: pedículo
vascular baseado em uma artéria específica e/ou em
suas tributárias; área doadora distante e não contígua
com o defeito, e mais de um estágio para realização
completa. Suas principais indicações são defeitos
extensos e profundos da porção distal do nariz (ponta e
asa). Ele é capaz de restaurar contorno, textura, projeção
da ponta nasal e convexidade da asa, principalmente
quando combinado com enxerto de cartilagem.
As reconstruções nasais em defeitos maiores que
1,5cm são um desafio para o cirurgião plástico, por
apresentarem defeitos que requerem combinações
das opções terapêuticas existentes, como os
retalhos nasogenianos, bilobulados, V-Y, entre outros
concomitantemente ou exclusivamente. No entanto,
percebe-se que os resultados obtidos podem ou não
satisfazer o paciente, o médico ou a ambos.
O tratamento das neoplasias localizadas no nariz e
adjacências são de difícil resolução pois necessita-se
ressecar as lesões com margens seguras, diminuindo
assim as recidivas e recorrências e assim, tratando
efetivamente o paciente. Entretanto, a reconstrução
que nem sempre é fácil e satisfatória. Nesta casuística,
dos 12 pacientes operados, recomendamos tratar
adequadamente as lesões para posteriormente
pensarmos na reconstrução. Nos casos de CEC sugerimos
sempre reconstrução secundária ao resultado do
anátomo patológico, uma vez que a recidiva local seria
catastrófica. Nos casos de CBC, a reconstrução pode ser
realizada concomitantemente à ressecção.
Quanto à reconstrução, o RPF foi, sem dúvida, a
melhor opção terapêutica, ainda que os resultados
não sejam os mesmos de autores como Gary Burget.
A medida que evoluímos, os resultados foram e estão
sendo crescentes estética e funcionalmente tanto do
ponto de vista do paciente como do ponto de vista do
médico. Podemos constatar que os refinamentos dos
resultados na grande maioria dos casos são necessários
e acabam por determinar resultados satisfatórios para o
paciente e equipe médica.
O suprimento vascular primário do RPF é a artéria
supra-troclear, que está situada na borda medial da
sobrancelha, entre 1,5 e 2cm da linha média da face. A
artéria emerge do forâmen supra-troclear e, abaixo da
margem supra-orbital, localiza-se num plano profundo
aos músculos peri-orbitais (orbicular e frontal). Acima
da margem, a artéria atravessa o músculo frontal e
gradualmente se torna mais superficial, alcançando
o tecido subcutâneo na metade da fronte. Por isso, a
dissecção do pedículo deve ser num plano inferior
à fáscia quando próximo à margem supra-orbital. O
suprimento vascular secundário ao retalho inclui ramos
da artéria dorsal do nariz.
O RPF é um retalho seguro, que pode fornecer grandes
quantidades de pele, com características semelhantes
de consistência e coloração da pele do nariz.
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Análise de 12 casos operados com o retalho médio frontal no Hospital de Câncer de Barretos - Unidade de Porto Velho
5. SOUZA FILHO, M. V. P. de et. al. Reconstrução nasal:
análise de 253 casos realizados no Instituto Nacional
de Câncer. Revista Brasileira de Cancerologia. V. 48,
p. 239-45, 2002.
6. ANBAR, R. A. et. al. Reconstrução nasal com emprego
de retalho médio-frontal. Revista Brasileira de
Cirurgia Plástica. v. 25, p. 208-10, 2010.
7. SBALCHIERO, J. C. et. al. Condutas na reconstrução da
ponta nasal no tratamento das neoplasias cutâneas.
Revista Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. V.
20, p. 12-6, 2005.
8. CERCI, F. B; NGUYEN, T. H. Retalho paramediano
frontal na reconstrução de defeitos nasais
complexos após cirurgia micrográfica de Mohs. Surg
Cosmet Dermatol. V. 6, p. 17-24, 2006.
9. FREITAS, C. A. F. de. et. al. Tratamento cirúrgico da
neoplasia maligna de pele não melanoma. Estudo
de 100 casos tratados em Campo Grande. Revista
Brasileira de Cirurgia e Pescoço. V. 38, nº 3, p. 1903, 2009.
CONCLUSÃO
Conforme a análise dos 12 casos de neoplasias
cutâneas operadas no Hospital de Câncer de Barretos
– Unidade de Porto Velho, pode-se constatar que
os resultados, em âmbito geral, foram satisfatórios
tanto do ponto de vista da equipe médica quanto do
paciente. Dessa forma, pode-se averiguar que o retalho
paramediano frontal é o de melhor escolha nos casos
de defeitos complexos na face, tento em vista que os
resultados estéticos e funcionais foram alcançados.
REFERÊNCIAS
10.PADOVEZE, E.H.; CERNEA, S.S.; Reconstrução dos
defeitos nasais após exérese de tumores pela
cirurgia micrográfica de Mohs, Reconstruction of
nasal defects after tumor excision through Mohs
micrographic surgery. Surg Cosmet Dermatol
2013;5(2):116¬120.
11.SOUSA, P.P.; RODRIGUES, C.A.C.; SILVA JÚNIOR, R.C.;
CORTEZ, C.C.T.; WESTPHAL, D.C.; Reconstrução
da ponta nasal com retalho médio frontal,
Reconstruction of the nasal tip with medial frontal
flap. Surg Cosmet Dermatol 2014;6(2):184¬6.
1. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da
Silva. Estimativa 1. 2014 : incidência de câncer no
Brasil. [Internet]. Rio de Janeiro: Inca; 2014 [citado
28 Fev 2015]. Disponível em: http://www.inca.gov.
br/estimativa/2014/estimativa-24042014.pdf
12.CERCI, F. B.; NGUYEN, Tri H, Retalho paramediano
frontal na reconstrução de defeitos nasais
complexos após cirurgia micrográfica de Mohs,
Paramedian forehead flap for complex nasal defects
following Mohs micrographic surgery. Surg Cosmet
Dermatol 2014;6(1):17¬24.
2. MATOS, C. de P. et. al. Carcinoma Espinocelular.
Revista Científica do HCE. 2008
13.BURGET, G. C. Aesthetic reconstruction of child’s
nose. Chicago, 2012
3. LAITANO, F. F. et. al. Tumor cutâneo em parede
nasal lateral e as opções de retalhos cutâneos para
reconstrução após resseção neoplástica. Revista da
AMRIGS. Porto Alegre, v. 56, p. 229-33, 2012.
4. LIMA, H. M; ROCHA, I. C; LICORINI, F. M. Reconstrução
nasal: análise de 16 casos realizados no serviço
de cirurgia plástica de Blumenau – SC. Arquivos
Catarinenses de Medicina. Santa Catarina, v. 41,
2012.
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RESUMO EXPANDIDO
Experiência de Hospital Especializado no tratamento precoce do fissurado através
da modelagem nasoalveolar
Experience on the treatment of the clef lip and nose through nasoalveolar molding
Marcos Ricardo de Oliveira Jaeger1, Mario Morganti2, Edela Puricceli3, Pedro Bins Ely4
RESUMO
ABSTRACT
Introdução: A modelagem nasoalveolar (MNA)
a partir da primeira semana de vida permite a
diminuição das largura da fissura labioalveolar e
corrige a deformidade em achatamento da asa nasal
acometida. O objetivo deste trabalho é demonstrar de
que forma a prática deve ser incorporada nos grande
centros universitários. Método: Trabalho prospectivo
e seqüencial. Todos recém-nascidos atendidos com
fissura labial transalveolar nascidos na instituição ou
encaminhados na primeira semana de vida. Resultado:
Redução da fissura labioalveolar em todos os pacientes.
O aparato com extensão nasal corrige em parte a
deformidade da cartilagem alar afetada. O tratamento
não posterga a data do procedimento cirúrgico
(queiloplastia). Conclusão: A modelagem nasoalveolar
antes da queiloplastia aprimora o resultado cirúrgico da
técnica de correção empregada, permitindo ao mesmo
tempo correção da deformidade nasal. É necessário
que o aparato seja utilizado desde a primeira semana
de vida.
Background: Nasoalveolar Molding (NAM) has
been proposed starting in the first week of life to
diminish teh alveolar gap while correcting the nasal
ala deformity. The aim of this paper is to demonstrate
how this pratice should be incorporated in complex
university care centers. Method: Prospective and
sequential study. All newborns presenting with
labioalveolar cleft should be included during the
first week of life. Result: Passive reduction of the
nasoalveolar gap in all patients. The apparatus – NAM
– with its nasal ala extension also corrects part of the
cleft nose deformity. The orthopedic treatment dos
not delay the definitive lip repair at three months
of life. Conclusion: Nasoalveolar Molding before lip
repair ameliorates the result obtained through the
surgical repair, allowing simultaneous correction of
the nasal ala deformity. The apparatus should always
be started in the first week of life. 1. Pós Doutorando em Cirurgia Translacional UNIFESP - EPM
2. Ortodontista e Ortopedista Facial.
3.Coordenadora do Centro de Odontologia da Irmandade da Santa Casa de
Misericórdia de Porto Alegre (ISCMPA).
4. Professor Adjunto de Cirurgia Plástica da Universidade Federal de Ciências da
Saúde de Porto Alegre.
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Experiência de hospital especializado no tratamento precoce do fissurado através da modelagem nasoalveolar
INTRODUÇÃO
O tratamento do recém-nascido portador de fissura
labiopalatina é multidisciplinar, onde participam
a Odontologia e a Cirurgia Plástica. A modelagem
nasoalveolar (MNA) baseia-se na plasticidade do recémnascido às custas do estrogênio materno circulante,
cujos níveis vão diminuindo com as semanas de vida.
A MNA utiliza um aparato ortodôntico intraoral móvel
– não invasivo - que aplica pressão suave e constante
por meio de fitas adesivas, permitindo a diminuição
tanto da fenda alveolar como da deformidade nasal
associada (1-7)
Sem tiras externas: Aparato de Zurich
________________________________________________
________________________________________________
TABELA 2 – Protocolo para a inclusão do cuidado
ortopédico nas fissuras do lábio e palato
Idade/ Tratamento
0 – 3 meses: Início do tratamento ortopédico
3 – 6 meses: Operação para a correção da deformidade
labial e nasal
5 – 6 anos: Revisão cirúrgica labial e nasal se indicada
7 – 11 anos: Enxerto ósseo alveolar se indicado
OBJETIVO
11 – 14 anos: Tratamento ortodôntico
O objetivo deste trabalho é demonstrar de que
forma a Modelagem Nasoalveolar Passiva deve ser
incorporada nos grande centros universitários.
15 – 18 anos: Cirurgia ortognática se necessário
Fonte: Hospital for Sick Children (University of Toronto,
Canadá)
________________________________________________
MATERIAIS E MÉTODOS
Recém-nascidos portadores de fissura labiopalatina
unilateral completa. Nascidos nos hospitais da
Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Porto
Alegre – Hospital da Criança Santo Antônio e
Maternidade – ou encaminhados na primeira
semana de vida a esta instituição. Pacientes atendidos
no ambulatório de Cirurgia Plástica Infantil foram
encaminhados ao Serviço de Odontologia para a
primeira impressão e confecção do aparato. Pacientes
nascidos na instituição eram encaminhados diretamente
à Odontologia para confecção do aparato. Na confecção
do aparato, é fundamental que se utilize resinas de
secamento ultra rápido, uma vez que esta sessão é
realizada no próprio consultório odontológico. As visitas
ao ambulatório de Odontologia para modificação do
aparato eram semanais. A acoplagem da extensão nasal
do aparato somente era realizada quando já havia
redução da fissura alveolar. O término do tratamento
era dado pelo tempo de aproximadamente três meses,
quando as crianças eram submetidas à correção cirúrgica
da fissura labial.
________________________________________________
TABELA 1 – Tipos de aparatos ortopédicos para o
tratamento préoperatório das fissuras lábio-palatinas
(1,2)
Tipo/ Nome
Ativo: Aparato de Lathan e o Aparato Dinâmico Maxilar (DMA)
Passivo: Com tiras externas: Aparato de Mc Neil e tipo McNeil;
Molde Nasoalveolar (MNA) e Aparato de Grayson
18 + anos: Complementação ortodôntica se necessário
________________________________________________
TABELA 3 – Fases da utilização da MNA na deformidade
unilateral
Idade/ Trabalho a fazer
0 – 1 semana: Impressão (resinas de secamento ultrarápido)
Fase 1: modelagem do alvéolo
Fase 2: modelagem nasal
Elevação da cartilagem lateral inferior colapsada
Elevação do eixo da narina
Centralização da columela
Aproximação dos segmentos alveolares
1 – 2 semanas: Inserção da placa
12 – 16 semanas: Ajuste do aparato para MNA
________________________________________________
RESULTADOS
Todos os recém-nascidos tratados com o aparato
obtiveram redução significativa da fissura alveolar,
bem como da configuração do palato duro. A extensão
nasal permitiu modificação do aspecto da cartilagem da
asa nasal afetada. Nenhum recém-nascido apresentou
dificuldade em alimentação. Ao contrario, a oclusão do
palato duro com a placa intraoral tende a se comportar
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Experiência de hospital especializado no tratamento precoce do fissurado através da modelagem nasoalveolar
como uma placa de alimentação que impede o
regurgitamento do conteúdo oral para a cavidade nasal.
DISCUSSÃO
A plasticidade da cartilagem do recém-nascido
foi estudada no passado e, a partir daí, passou-se
a compreender a possibilidade de modelagem das
cartilagens da diversas regiões do corpo. Assim como
é possível a modelagem das cartilagens da orelha nas
primeiras horas de vida extrauterina, a MNA permite
reposicionar os segmentos intraoral e extra-oral da
fissura labiopalatina (1-10), desde que este processo seja
iniciado na primeira semana. Durante os primeiros 2 a 3
meses de vida, a modelagem da cartilagem e dos tecidos
moles pode ser realizada através da aplicação de forças
de tração externa com tensão leve, mas continua (1,2).
Grayson e Cutting introduziram a utilização de extensão
nasal adaptada ao aparato ortodôntico, com a finalidade
de moldar e elevar a crura nasal e ajudar a expandir o
comprimento da columela no caso dos portadores de
fissuras bilaterais (1-3, 11-15).
De acordo com a American Cleft Palate-Craniofacial
Association e a Canadian Society of Plastic Surgeons,
71% dos cirurgiões relatam fazer uso de tratamento
ortopédico pré-operatório ao menos eventualmente
em seus pacientes, embora não haja consenso quanto
ao tipo de aparato utilizado (4).
A MNA demonstra vantagens no tratamento da
fissura labiopalatina unilateral e bilateral, mostrando
melhora no posicionamento dos segmentos prémaxilares, correção da deformidade nasal, o que tende
a facilitar até mesmo o reparo cirúrgico2. Pacientes
com fissura labiopalatina bilateral experimentam um
alongamento do segmento da columela. A MNA permite
uma certa simetrização na assimetria nasal nos casos de
fendas unilaterais,, mas melhora o aspecto da asa nasal
também nos bilaterais (2).
Apesar dos benefícios da modelagem nasoalveolar,
sua prática ainda envolve alguns desafios. Deformidades
iatrogênicas podem ser criadas com seu uso inadequado,
sendo as mais comuns obliteração do arco do cupido
devido a aplicação exagerada de tração pelas fitas,
alargamento do elemento lateral do lábio pelas fitas
devido a um vetor de tração com orientação inferior, e
a mega-narina, deformidade provocada pela elevação
excessiva do arco da cartilagem alar antes que o intervalo
entre a base sua base e a base da columela tenham sido
devidamente aproximadas (1). Além das complicações
anatômicas que podem ser provocadas pelo prática
inadequada da técnica, algumas complicações locais
também podem ocorrer, embora casos relatados com
essas complicações na literatura sejam muito pouco
frequentes (2). Grayson et. descreveu como complicação
comum ulceração, erupção de dente ectópico e
desarranjo de tecidos moles (2.5). As complicações
podem ser entendidas em dois grupos: de tecidos
moles (ulceração, sangramento, irritação e infecção), de
tecidos rígidos (arco em T assimétrico e erupção dentária
prematura), havendo também o risco de falta de adesão
ao tratamento pela não observação das visitas regulares à
consultas médico-odontológicas (2.6). Comprometimento
dos pais com o tratamento é fundamental para o sucesso
da MNA.
CONCLUSÃO
A modelagem nasoalveolar como ferramenta no
tratamento do paciente fissurado é avanço recente e faz
parte da compreensão de cuidado multidisciplinar. Os
benefícios de sua prática são evidentes, principalmente
quando iniciada na primeira semana de vida, o que
permite redução significativa da dimensão da fenda
labiopalatina, reposicionando os segmentos prémaxilares e diminuindo a assimetria nasal associada.
Não é isenta de complicações pelo excessivo
reposicionamento ou devido ao uso inadequado do
aparato, o que conduzir até mesmo a infecções locais.
Visitas periódicas são necessárias durante o período de
tratamento.
AGRADECIMENTOS
Aos médicos-residentes do Serviço da Disciplina de
Cirurgia Plástica da Irmandade da Santa Casa de Porto
Alegre e Universidade Federal de Ciências da Saúde de
Porto Alegre;
Aos odontologistas pertencentes à equipe da Dra Edela
Puriccelli da Irmandade da Santa Casa de Porto Alegre;
À Dra. Yuki Sato, do Japão, que orientou a equipe
durante o período inicial da aplicação clínica deste
estudo.
Ao Dr. Ronald Zuker, da Universidade de Toronto,
amigo e mentor no treinamento e cuidado das crianças
portadoras de fissuras labiopalatinas;
Ao Dr Pablo Pase, que nos últimos anos tem se
dedicado às crianças portadoras de defeitos congênitos
no Hospital da Criança Santo Antônio da Santa Casa de
Porto Alegre.
Referências
1. McNeil CK. Orthodontic procedures in the treatment of
congenital cleft palate. Dent Rec. 1950; 70: 126-132.
Arquivos Catarinenses de Medicina - Volume 44 - Suplemento 1 - 2015
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Experiência de hospital especializado no tratamento precoce do fissurado através da modelagem nasoalveolar
2. Lathan RA, Kusi RP, Georgiade NG. An extraorally
activated expansion appliance for cleft palate
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LEGENDAS DAS FIGURAS
Figura 1: Algoritmo do tratamento multidisciplinar da
criança portadora de fissura labiopalatina
Figura 2: Aspecto da criança portadora de fissura
labiopalatina durante a utilização da placa
de modelagem nasoalveolar (MNA)
Figura 3: Aspecto do final da operação – queiloplastia
– para o tratamento definitivo da fissure
labial, aos três meses de idade
Figura 4: Aspecto da criança operado cerca de seis
meses após o tratamento
6. Huebener DV, Liu JR. Advances in management of
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15.Maull DJ, Grayson BH, Brecht LE, Cutting CB. Long
term effects of nasoalveolar molding. Presented at
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RESUMO EXPANDIDO
Subcisão percutânea tracionada com fios
Combined subcision using upward stitch traction
Osvaldo Pereira1, Kuang Hee Lee2, Jorge Bins Ely3
RESUMO
Retrações cicatriciais e depressão tecidual pode
comprometer a estética e a qualidade de vida. O
propósito deste estudo é avaliar os resultados do
tratamento destas entidades em diferentes topografias
com o uso da subcisão percutânea combinada com
suspensão da área retrátil por meio de fios de sutura. As
retrações foram divididas em 5 grupos de acordo com a
região tratada: facial, glútea, mama, abdômen, membro
inferior. Ao todo foram 40 pacientes com n=77 áreas
tratadas no período de 1996 a 2013. As depressões tipo
celulite grau 3 foram incluídas nas depressões glúteas.
Resultados favoráveis e baixo índice de complicações
confirmam a eficácia do método como utilizado pelos
autores no tratamento do mamilo invertido tipo 2 e 3.
deep at the core of the depression, pulling vertically up
with the suture, and using a needle or miniblade(placed
percutaneously or through a small incision) to release
the adhesions. Results: The depressions were released
successfully in all patients. Bruises around treated
areas persisted for 2 to 3 weeks. Moderate induration
persisted until three months. In the gluteal region, 6
patients who had retracted areas with diameter > 5
cm developed seroma after treatment; the seromas
resolved after needle aspiration or placement of a
Penrose drain for 2 weeks (2 patients). Conclusions: The
present results confirmed the efficacy of the combined
subcision method with upward traction at diverse body
sites as previously reported for inverted nipple in the
breast.
Key words: Subcision, scar, cellulite.
Palavras chaves: Subcisão, depresão cutânea, celulite.
ABSTRACT
Background: Scar retraction and soft tissue
depression may compromise aesthetics and cause
social embarrassment. The purpose of this study was to
evaluate the results of treating soft tissue depressions
or retractions at varied anatomy regions with combined
upward suture traction and percutaneous subcision.
Methods: There were 40 patients (age: mean, 39 y; range,
22-55 y; 39 women and 1 man) (total, 77 soft-tissue
lesions) who had treatment with the present technique
from 1996 to 2013. Postoperative follow-up was from
6 months to 2 years. The treated anatomic areas were
evaluated in 5 groups: (1) face (8 patients;8 lesions);(2)
gluteal (16 patients; 46 lesions); (3) breast (7 patients;
10 lesions); (4) abdomen (7 patients; 7 lesions); and
(5) lower limb (2 patients; 6 lesions). The technique
included placing a 2-0 nylon monofilament suture
1. Membro Titular SBCP-SC
INTRODUÇAO
Há muitas causas de retração e depressão tecidual,
como infecção, necrose tecidual, radioterapia
em região mamária, excisão tumoral, gynoecóide
lipodistrofia(celulite). Em estudo prévio descrevemos o tratamento da
subcisão combinada com suspensão tecidual para
tratar o mamilo invertido tipo 2 e 3 1,2. Neste tipo de
procedimento o mamilo é suspenso com fio de sutura
que passa na base do mamilo e com a inserção de agulha
BD 16 e 18 Nokor, as bandas retráteis são liberadas
com movimentos circulares. Durante o processo de
cicatrização o tecido granuloso ocupa o espaço vazio
e ao preenchê-lo contribui para o nivelamento da
depressão.
2. Membro Especialista SBCP-SC
3.Professor Titular de Cirurgia Plástica da Universidade Federal de Santa
Catarina. Chefe/Regente do Serviço de Cirurgia Plástica e Queimados do
Hospital Universitário - UFSC
Arquivos Catarinenses de Medicina - Volume 44 - Suplemento 1 - 2015
Indicamos o procedimento em diferentes topografias
incluindo celulite grau 3.
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Subcisão percutânea tracionada com fios
OBJETIVO
O propósito do estudo foi avaliar os resultados
após o tratamento de depressões e retrações do tecido
mole em diferentes topografias, usando-se a subcisão
percutânea tracionada com fios. MÉTODO
O método foi aplicado em 40 pacientes (média
idade: 39 anos; média, 25 anos; 39 mulheres e 1
homem) and 1 man) compreendendo n=77 retrações
no tecido mole, que foram tratadas no período de 1996
a 2013. O período de seguimento pós-operatório foi de
6 meses a 2 anos. As áreas tratadas foram avaliadas em
5 grupos: (1) face(8 pacientes; 8 lesões); (2) glútea(16
pacientes; 46 lesões); (3) mama(7 pacientes; 10 lesões);
(4) abdomen(7 pacientes; 7 lesões); e (5) membro
inferior(2 pacientes; 6 lesões).
Técnica
Infiltração tumescente com anestésico local (lidocaína
0,5% com epinefrina 1:800.000). Insere-se um fio
mononylo 2-0 em alça simples, cruzada no centro da
depressão. Traciona-se o fio que é mantido com porta
agulha. Na preiferia da depressão insere-se uma agullha
rosa, BD 16,18 Nokor, ou agulha de Doris. Com movimentos
circulares as retrações são liberadas até que a palpação
bidigital confirme a ausência de retração(Figura 1).
RESULTADOS
Depressões < 5 diâmetro foram liberadas
adequadamente em todos os pacientes(Figure 3).
Equimose ao redor da área tratada persistiu por dosi a
três mêses. Bruising around the treated areas persisted
for 2 to 3 weeks. Moderate induration. Moderada
sensação de endurecimento persisted ao longo de três
meses. Na região glútea 6 pacientes cuja retração era
>5 cm apresentaram serom( nádegasxlesões[13%] que
resolveram com drenagem ambulatorial. Em dosi casos
foi necessário indicou-se dreno de penrose.
DISCUSSÃO
Esta investigação confirma a eficácia do método
semelhante no tratamento do mamilo invertido.
As Cicatrizes retráteis na face, especialmente
aquelas sequelas após drenagem de abscesso alveolar
localizadas na borda mandibular, foram corrigidas
satisfatoriamente. 3 Essas retrações de aspecto
puntiforme, menores que 1cm, respondem bem a uma
sessão de tratamento. (Figure 3)
Na região glútea, as retrações de pele são
manifestações da lipodistrofia ginecóide, celulite grau
3. 4,5 Nestas condições existe septo entre dermis
e a fáscia do glúteo máximo. O método da subcisão
com suspensão vertical preserva a vascularização
subdérmica e preserva uma espessura mínima de
0,5 a 1 cm, que contribui para um contorno tecidual.
Sob o mesmo princípio indica-se para as depressões
lipoatróficas (tipo 1A) e fibróticas (tipo 1B) 6. (Figure 5).
As retrações presentes após laparotomia, cesariana,
cuja cicatriz se localiza muito próximo da aponeurose,
também respondem bem ao método.
As depressões ou aderências após mastectomia
ou radioterapia, especialmente na região axilar
após ressecção ganglionar também se beneficiam
da subcisão tracionada. Nestas condições o uso de
enxerto gorduroso têm dificuldade de ser interposto
ao leito fibrótico e retrátil. Entretanto, ao libera-se as
retrações com subcisão tracionada em tese produzimos
espaço para um neotecido de granulação. Com isso, a
lipoenxertia pode e integrar melhor ao leito pelo afluxo
concomitante de estímulo pósinflamatório.7-12 A
subcisão tracionada poderia ser indicada também para
baixar o sulco mamário. (Figure6).
Dentre as vantagens com a subcisãso tradicional é que
esta atua num plano estático. Já a subcisão tracionada
cria um espaço vitual que possibilita liberar aderências e
retrações de um modo mais eficaz (Figure 7 and 8).13-16
As complicações da subcisão tracionada ocorreram
predominantemente na região glútea. Seromas foram
registrados especialmente na região glútea nas áreas
retráteis tipo 1A,1B, 1C com diâmetro >5cm.
CONCLUSÃO
A subcisão tracionada com fios em alça pode ser
indicada no tratamento de depressões em diversas
regiões, incluindo-se retrações glúteas tipo 1A,1B, e 1C.
e celulite grau 3. A sua eficácia é medida pelo resultado
satisfatório e baixo índice de complicações.
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FOTOS
Figura 1. Mulher de 32 anos tratada com a subcisão
tracionada.
(A)Visão transoperatória de lipodistrofia
subcutânea tipo 1A na nádega esquerda e
fibrose tipo 1B na direita.
(B) Tração da área retrátil com sutura el alça
cruzada. A agulha de Doris é posicionada na
borda externa da depressão.
(C) Palpação digital para conferir ausência de
bandas retráteis.
(D) Melhora do contorno Improvement in the
contour in the right buttock at the end of the
procedure.
10.Coleman SR. Structural fat grafts: the ideal filler?
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Figura 2. Paciente da figura 1 após 1 ano. Figura 3. Paciente de 36 anos com depressão retrátil
após sequela de abscesso alveolar.
Figura 4. Paciente de 41 anos após sequela axilar de
mastectomia e esvaziamento axilar. Após
duas sessões de subcisão tracionada e
lipoenxertia na área.
15.Aalami Harandi S; Balighi K; Lajevardi V, Akbari
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Fig 1 Subcisão tracionada no transoperatorio
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Subcisão percutânea tracionada com fios
fig 2 Pre e pos operatorio da paciente da fig 1
Fig 6 Pos operatorio
fig 3 retração axiliar pós mastectomia
Fig 7 Celulite grau 3%2C lipoatrofia tipo 1A e fibrose tipo 1B
fig 4 pos operatorio com subcisão tracionada mais lipo enxertia
Fig 8 Pos operatorio da figura 7
fig 5 Retração mandibular pós abcesso aveolar
Fig 9 Comparativo entre subcisão tradicional estatica e %28embaixo%29
subcisao tracionada com fios dinamica
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RESUMO EXPANDIDO
Reconstrução auricular subtotal com cartilagem recuperada pós amputação traumatica
Auricular reconstrucction using the same post traumatic cartilage
Osvaldo Pereira1, Kuang Hee Lee2, Jorge Bins Ely3
RESUMO
Introdução
A reconstrução da orelha usando-se o arcabouço
cartilaginoso da orelha amputada é raro na literatura.
A magnitude do trauma e a dificuldade de tratamento
especializado no primeiro atendimento contribuem
neste desafio. Neste artigo mostra-se a reconstrução
bem sucedida após a perda subtotal pós-traumática
unilateral da orelha. Todos os passos desde o primeiro
atendimento até a moldagem final são documentados
detalhadamente. A ausência de complicações e a
arquitetura satisfatória da orelha reconstruída confirma
o sucesso do tratamento.
O uso do arcabouço cartilaginoso da orelha
amputada é raro na prática e na literatura. A intensidade
do trauma e a falta de primeiro atendimento
especializado inviabilizam a reutilização da estrutura
cartilaginosa. Neste relato de caso demonstra-se
exemplo bem sucedido da reconstrução subtotal de
orelha reutilizando-se a cartilagem amputada.
Objetivo
Descritores: Reconstrução auricular, Reconstrução da
orelha, trauma auricular
Demonstrar a reconstrução subtotal da orelha com
o arcabouço da própria orelha amputada, num paciente
52 anos.
ABSTRACT
Método
Ear reconstruction using the same cartilaginous
framework of the amputated ear is uncommon. The
magnitude of the trauma and inadequate initial
treatment avoids potential reutilization of the cartilage
structure. In this article we demonstrated a successful
case of a ear subtotal reconstruction using the previous
amputated cartilage framework. The different steps
are demonstrated culminating with satisfactory new
auricular shape.
Relato de caso: Homem de 52 anos portador de sequela
pós tráumática de amputação de 2/3 da orelha direita
em acidente de carro. Foi atendido por cirurgião plástico
que preservou o segmento amputado, esqueletizou a
estrutura cartilaginosa e seputou-a em parede abdominal.
Seis meses após iniciou-se a reconstrucão usando-se a
estrutura cartilaginosa transplantada no abdomen que
foi coberta com retalho cutâneo retroauricular. Após
três meses liberou-se parcialmente o retalho composto
em bloco do leito receptor preservando-se o tecido
granulação no qual foi interposto enxerto de pele. Foi
mantido curativo com gase interposta por duas semanas.
Procedeu-se mais três etapas de refinamento a cada
espaçada a cada 4 a 6 meses.
Key words: Auricaular reconstruction, reconstruction of
the ear, auricular injury
Resultado
1. Membro Titular SBCP-SC
2. Membro Especialista SBCP-SC
3.Professor Titular de Cirurgia Plástica da Universidade Federal de Santa
Catarina. Chefe/Regente do Serviço de Cirurgia Plástica e Queimados do
Hospital Universitário - UFSC
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A orelha reconstruída apresentou configuração
anatômica satisfatória. Registrou-se apenas uma
retração cicatricial retorauricular, mas que não
comprometeu a satisfação do paciente. A nova orelha
permitiu o uso de óculos sem dificuldades.
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Reconstrução auricular subtotal com cartilagem recuperada pós amputação traumatica
Discussão
Reconstruir o pavilhão auricular usando-se o
arcabouço cartilaginoso da orelha previamente
amputada é raro 1-5 . A intensidade do trauma muitas
vezes inviabiliza o aproveitamento da estrutura. A
falta de especialista que possa fornecer o primeiro
atendimento também impede que exemplos bem
sucedido sejam efetuados.
Neste artigo todas as etapas evoluíram de modo
a permitir a conservação, o preparo e a reutilização
da cartilage previamente amputada 6. Isto facilitou o
tratamento. Pois, a alternativa mais indicada seria o a
confecção do arcabouço com cartilage costal. Porém,
além de mais complexa, o uso desta técnica seria
mais laboriosa devido o preparo da area doadora e
a confeção artesanal da do molde cartilaginoso. No
caso em questão, o pronto atendimento especializado
permitiu a vitalidade da cartilage, a qual viabilizou a
reconstrução auricular. O transplante temporário da
cartilage amputada na loja abdominal foi bem sucedida.
Embora a loja platismal também ofereça condições
de alojar temporariamente o arcabouço cartilaginoso
amputado7,8 .
ear: experience with five cases. São Paulo Med J/ Rev
Paul Med; 117(5):218-23. Arquivos Catarinenses de
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totally amputated ear by means of a platysma
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FOTOS
Conclusão
Reconstruir a orelha amputada em um adulto a partir
do arcabouço cartilaginoso da orelha previamente
amputada poderá ser possível desde que todas etapas
sejam observadas.
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Fig 2 Aproveitado arcabouço cartilaginoso da orelha amputada previamente
transplantada no abdomen por seis meses
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Reconstrução auricular subtotal com cartilagem recuperada pós amputação traumatica
Fig 3 cobertura com retalho local retroauricular
Fig 6 pre operatorio
Fig 4 Elevado parcialmente o retalho composto apos 3 meses
Fig 5 Curativo mantido por tres semanas para permitir a aderencia do
enxerto dermo epidermico
Fig 7 Pos operatorio
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RESUMO EXPANDIDO
Lift Facial e Procedimentos Associados
Facial Lift and Ancillary Procedures
Osvaldo Pereira1, Kuang Hee Lee2, Jorge Bins Ely3
RESUMO
INTRODUÇÃO
A plástica de face, também conhecida em nosso meio
como Lift Facial por muito tempo foi entendida como
tração dos tecidos com ou sem reposição do sistema
musculo-aponeurótico facial. Recentemente, observa-se
na especialidade uma abordagem mais conservadora.
Dentre as manobras executadas destacam-se a reposição
dos compartimentos gordurosos malares no terço médio,
a associação ao peeling químico facial, a queiloplastia, e a
lipoenxertia. Estes procedimentos associados ou indicados
individualmente às técnicas clássicas do Lift contribuem
para a plenitude do rejuvenescimento facial. Neste estudo
uma análise retrospectiva de 2004 à 2014 compreendendo
65 casos de Lift Facial com procedimentos associados são
avaliados. A documentação fotográfica elucida e justifica o
conjunto de procedimentos associados.
O Lift Facial clássico se indicado sem os
procedimentos ancilares, muitas vezes não revela a
plenitude da beleza facial. Ao contrário, contribui para
estigmatisá-la. Recentemente passou-se a abordar
o terço médio por via temporal, a associar o peeling
químico ou a laser, além da lipoenxertia, e queiloplastia
conjuntamente no rejuvenescimento facial. Neste
estudo demonstra-se que associar os procedimentos
supracitados promove-se um rejuvenescimento
facial pleno. Os procedimentos têm uma baixa curva
de aprendizado, e se bem conduzidos mantém uma
baixa taxa de complicação. Os autores analisam suas
experiências em 65 pacientes tratados no período de
2004 à 2014.
DESCRITORES: Lift Facial, Plástica Facial, Rejuvenescimento
Facial
OBJETIVO
ABSTRACT
In his investigation the Facial Lift is performed under
a conservative indication associated with procedures
such as quimical peeling, queiloplasty, fat graft, and
internal repositioning of the malar fat compartiment.
The authors experience is evaluated after treatment of
65 patients from 2004 to 2014. Photo documentation
revels the impact of the face rejuvenation with minimal
rate of complications. The low learning curve allow
the indication of the procedures in the same surgical
session without compromising the patient recovering
KEYWORDS: Facial Lift, Lifting , Facial Plasty
1. Membro Titular SBCP-SC
2. Membro Especialista SBCP-SC
3.Professor Titular de Cirurgia Plástica da Universidade Federal de Santa
Catarina. Chefe/Regente do Serviço de Cirurgia Plástica e Queimados do
Hospital Universitário - UFSC
O propósito do estudo é demonstrar que associar
procedimentos no Lift Facial como: peeling químico,
queiloplastia, lipoenxertia, elevação do terço médio
por via temporal contribui para um rejuvenescimento
facial pleno sem aumentar o período de recuperação
ou complicações.
MÉTODO
O paciente é mantido sob anestesia geral ou sedação.
Associa-se a infiltração de solução de anestésico local,
xilocaína 20ml diluída em 200ml de sf 0,9% e 1 ampola
de adrenalina 1/1000. A infiltração cria uma tumescência
da região tratada. Os portais no couro cabeludo dão
acesso à dissecção no plano subperiosteal na fronte.
No plano temporal sob a fáscia profunda disseca-se o
túnel temporal, avança-se além da veia sentinela por
sobre o malar até o sulco nasogeneano, mobilizandose o terço médio e os compartimentos gordurosos
malares. Estes são mobilizados num vetor vertical numa
diagonal com o sulco nasogeneano, por meio de agulha
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Lift Facial e Procedimentos Associados
por via peridural transcutânea que guia fio mononylon
3-0. Este num movimento de vai e vem é fixado na
fáscia temporal. A área frontal também é fixada com
pontos em “V”. A dissecção da área cervical é efetuada
com descoladores de Dilson, complementados com
tesoura. A borda do patisma é discretamente dissecada
e suturada ã região mastóide e à fàscia préauricular.
A pele é fixada com pontos absorvíveis de tensão
à fáscia do músculo do esternocleidomastoídeo e
moderadamente na região préauricular. Compleatase o lifting com a blefaroplastia. Associa-se ao final o
peeling químico usando-se o ácido tricloroacético a
20%. Se indicada realiza-se a queiloplastia superior e
ou inferior.
Consegue-se uma exposição da mucosa, tornando
aparente os dentes incisivos superiores. O tratamento
da ponta nasal e lóbulo da orelha, e a lipoenxertia
complementam os procedimentos mais indicados no
rejuvenescimento da face.
CONCLUSÃO
O lift facial se realizado com procedimentos
associados como o peeling químico e a queiloplastia,
valoriza a atratividade da face sem aumentar as taxas
de complicações nem o período de recuperação para as
atividades sociais.
REFERÊNCIAS
RESULTADOS
O rejuvenescimento facial foi alcançado em graus
variáveis. Nos pacientes com pele seca, com presença
de rugas finas e elastose incipiente beneficiaram-se
notadamente como o peeling químico. O encurtamento
do lábio superior longo e o aumento do vermelhão
mucoso deu maior expressividade ao segmento
perioral. Assimetria no contorno labial relevante foi
percebido em 16% dos pacientes. Hiperpigmentação
após o peeling químico em 9%. Parestesia temporária
do nervo temporal superficial em 16% e do depressor
do lábio inferior em 4% dos pacientes.
DISCUSSÃO
O lifting facial deve ser ir além do mera tração
cutânea ou dos planos profundos da face. Pois o que
se quer e dar certo grau de atratividade ao segmento
facial. Dentre os procedimentos que podemos realizar
simultaneamente destaca-se em nossa experiência o
peeling químico. Usamos com regularidade o peeling
com ácido tricloroacético a 20% na profundidade 201. Isto é, atingimos até a camada papilar da derme. Ë
seguro, com baixo índice de complicações. Na área
dissecada no sobre o lift passa-se mínima camada
do produto suficiente para exfoliação mínima. O
padrão de dissecção do terço médio para avançar
o compartimento malar preserva a integridade
tecidual. Tendo em vista que neste caso este avanço
é feito no sentido temporal, cuja dissecção se faz
por meio do plano fascial profundo, descendo-se até
os compartimentos gordurosos malares. Estes são
transfixados com agulha de peridural, reposicionados
e ancorados na fáscia do músculo temporal. Outro
procedimento que adicionamos frequentemente é a
queiloplastia. Esta recupera em graus variáveis o lábio
longo associado eventualmente a linhas verticais.
1. Zein O. The treatment plan for rejuvenation. Skin
health restoration & rejuvenation. p128-146.
Springer Pitanguy, Ivo. Facial Cosmetic Surgery:
a 30-year perspective. Plastic & Reconstructive
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2. Rohrich, Rod J.; Ghavami, Ashkan; Constantine,
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Subperiosteal Face Lift: A Definitive Soft-Tissue
Remodeling for Facial Rejuvenation.
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6. The Extended Subperiosteal Face Lift: A Definitive
Soft-Tissue Remodeling for Facial Rejuvenation.
Fernando Ortiz-Monasterio, M.D. Hospital Manuel
Gea Gonzales Calzada de Tlalpan 4800 Mexico City
1400
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FOTOS
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RESUMO EXPANDIDO
Colgajo de músculo temporal en reconstrucción orbitaria postexenteración
Orbital reconstruction after exenteration with temporal muscle flap
Álvaro Martín Fernández Galup1, Virginia Giachero2, Denisse Hartwig3
RESUMO
ABSTRACT
Introducción: el colgajo de músculo temporal
es un colgajo con múltiples indicaciones en cirugía
reconstructiva craneomaxilofacial, habiendo sido
descrito por primera vez en la literatura por Lentz
en el año 1895 para el tratamiento de la anquilosis
de la articulación temporomandibular. Si bien en los
últimos años los colgajos libres microvascularizados
han ocupado un lugar destacado en cirugía reparadora
maxilofacial, el colgajo de músculo temporal sigue
siendo una opción segura para defectos locorregionales,
con una menor curva de aprendizaje y menor tiempo
quirúrgico. Material y método: análisis retrospectivo de
los casos donde se utilizó el colgajo de músculo temporal
para reconstrucción de órbita postexenteración en
los últimos 2 años. En todos los casos la causa de la
exenteración fue oncológica. Resultados: en todos los
casos se realizó la reconstrucción en forma exitosa,
con un tiempo quirúrgico promedio de 45 minutos, sin
complicaciones inmediatas ni alejadas, permitiendo
una rápida recuperación de los pacientes y por lo
tanto el inicio temprano del tratamiento adyuvante
postoperatorio. Conclusión: el colgajo de músculo
temporal es una opción versátil y segura para
reconstrucción orbitaria en pacientes oncológicos.
Proporciona un lecho bien vascularizado, es de fácil
disección, aportando el volumen y superficie necesaria
para la reconstrucción, con un menor tiempo anestésico
quirúrgico para el paciente y mínima o nula morbilidad
funcional y estética.
Introduction: the temporalis muscle flap has multiple
indications in maxilofacial reconstructive surgery, since
its first description in the literature by Lenz in 1895 for
the treatment of temporomandibular joint ankylosis.
Although in recent years the microvascular free flaps
have figured prominently in maxillofacial reconstructive
surgery, the temporalis muscle flap remains a safe
option for locoregional defects with a shorter learning
curve and shorter surgical time. Methods: we have done
a retrospective analysis of cases where the temporalis
muscle flap was used for orbital reconstruction in the
last two years. In all cases the exenteration was due to
oncological causes. Results: In all cases reconstruction
was performed successfully, with an average of
45 minutes operating time, no immediate or late
complications, allowing a quick recovery of patients
and therefore early initiation of postoperative adjuvant
therapy. Conclusion: The temporalis muscle flap is a
versatile and safe option for orbital reconstruction in
cancer patients. It provides a well-vascularized bed,
easy dissection, bringing the volume and surface area
required for reconstruction, with a shorter surgical
anesthetic to the patient and minimal or no functional
and aesthetic morbidity.
KEYWORDS: temporal muscle, orbital exenteration,
eyelid neoplasm
DESCRITORES: músculo temporal, exenteração orbitária
, neoplasma palpebral
1. Residente 3ro ano
2. Profesora Adjunto
3.Asistente
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Colgajo de músculo temporal en reconstrucción orbitaria postexenteración
INTRODUÇÃO
compromiso de mucosa ocular sino también de pared
orbitaria interna y pared lateral nasal.
La exenteración orbitaria es una cirugía que
conlleva pérdida funcional y estética. Supone un reto
reconstructivo ya que debe otorgarse tanto relleno
como cobertura. El colgajo de músculo temporal
cumple estas dos condiciones, haciendo de este una
opción adecuada.
El mismo es un colgajo versátil y seguro en cirugía
craneomaxilofacial, habiendo sido descrito por
primera vez en la literatura por Lentz en el año 1895
para el tratamiento de la anquilosis de la articulación
temporomandibular. En 1898 Golovine describe este
colgajo para la reconstrucción de un defecto de órbita
postexenteración. En 1919 Gillies utiliza este colgajo
para la reconstrucción de un defecto de mucosa yugal
y en 1930 para reanimación facial. Años más tarde, en
1948 Campbell lo describe para una reconstrucción de
un defecto postmaxilectomía (3).
Si bien existen múltiples técnicas reconstructivas
desde la epitelialización espontanea hasta los colgajos
libres microvascularizados, que en los últimos años
han ocupado un lugar destacado en cirugía reparadora
maxilofacial, el colgajo de músculo temporal sigue
siendo una opción segura para defectos locorregionales
con una menor curva de aprendizaje, menor tiempo
quirúrgico y sin morbilidad del área dadora (1, 2)
El tercer caso corresponde a un paciente de sexo
masculino, de 42 años, con diagnóstico de carcinoma
espinocelular de párpado superior izquierdo, de 2 años
de evolución, con compromiso de globo ocular. Previa
consulta con Cirugía Plástica recibió tratamiento con 28
sesiones de radioterapia con mala respuesta a este.
MÉTODO
En primera instancia se realizó la excéresis en bloque
de las lesiones tumorales con un margen oncológico
en superficie de 1 cm, incluyendo ambos párpados en
todos los casos. En profundidad se incluyó el periostio
del marco orbitario comprometido.
Para la reconstrucción empleamos en todos los casos
colgajo de músculo temporal. Se procedió a realizar una
incisión desde el defecto, de adelante hacia atrás en
el sector parieto-temporal homolateral al defecto. Se
identificó y seccionó la aponeurosis temporal a 2 cm
de su inserción superior y se procedió a su disección
separándola del músculo hasta la arcada cigomática.
Luego se procedió a levantar un colgajo
mioperióstico de músculo temporal, protegiendo así su
pedículo, desinsertándolo a nivel de la línea temporal
inferior, fosa temporal y arcada cigomática preservando
su inserción inferior a nivel de la apófisis coronoides.
OBJETIVO
Previo a la transposición del colgajo en los 3 casos
se realizó la resección del reborde orbitario externo
mediante osteotomía con sierra oscilante, para
disminuir el riesgo de estrangulación del pedículo y
permitir un acceso más fácil a la cavidad orbitaria. Se
realizó la movilización del colgajo suturándolo con
puntos de un hilo monofilamento irreabsorbile 3-0, a
nivel de reborde orbitario.
Análisis retrospectivo de los casos donde se utilizó
el colgajo de músculo temporal para reconstrucción
de órbita a en los años 2012 y 2013, en la Cátedra de
Cirugía Plástica, Reparadora y Estética del Hospital de
Clínicas “Dr Manuel Quintela” en Montevideo, Uruguay.
Hemos intervenido 3 pacientes, realizando 3 colgajos
de músculo temporal en el mismo acto. En todos los
casos la causa de la exenteración fue oncológica.
Como cobertura cutánea se procedió a la colocación
de un injerto de piel parcial tomado de muslo en un
caso y en otros 2 se procedió a la cobertura mediante
un colgajo dermograso frontal.
En el primer caso se trataba de un paciente de sexo
masculino, de 52 años con diagnóstico de carcinoma
espinocelular a nivel de párpado superior izquierdo
y un carcinoma basocelular a nivel de párpado
inferior izquierdo de más de 3 años de evolución, con
compromiso ocular y óseo evidenciado en forma clínica
e imagenológica, sin tratamiento previo.
El segundo caso se trató de una paciente de sexo
femenino, de 63 años no autoválida, con diagnóstico
de carcinoma basocelular de dorso nasal, de 8
años de evolución. No se evidenciaba ni clínica o
imagenológicamente compromiso ocular ni óseo, sin
tratamiento previo. Se realizó la resección del tumor
mediante técnica de Mohs, donde se confirmó no solo
En todos los casos se realizó cierre directo del área
dadora temporal.
RESULTADOS
La reconstrucción fue satisfactoria en todos los casos,
con un tiempo quirúrgico promedio de 45 minutos para
la disección y movilización del colgajo y con un tiempo
de internación postoperatoria no mayor a 8 días. Esto
permitió una rápida recuperación de los pacientes y por
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Colgajo de músculo temporal en reconstrucción orbitaria postexenteración
lo tanto el inicio temprano del tratamiento adyuvante
postoperatorio, así como una rápida reincorporación a
sus actividades habituales y laborales.
No se registraron complicaciones en lo inmediato
como infección, seroma, hematoma y necrosis total o
parcial del colgajo.
En el postoperatorio alejado tampoco se registraron
complicaciones como cicatrices patológicas o alopecia
cicatrizal en el área donante ni trastornos funcionales
en la masticación.
DISCUSSÃO
La proximidad del músculo temporal a la región
maxilofacial lo convierte en una excelente alternativa
para cobertura de defectos de tercio superior y medio
del macizo facial. El colgajo de músculo temporal
es una opción con múltiples indicaciones en cirugía
maxilofacial y seguro para reconstrucción orbitaria en
pacientes oncológicos.
Algunos autores prefieren la curación mediante
granulación espontánea de la cavidad orbitaria
argumentando que de lo contrario podría enmascararse
una posible recidiva, esto implica un lento proceso que
puede llevar meses, cuando el porcentaje de recidiva
en carcinomas a nivel de órbita es muy baja (3).
REFERÊNCIAS
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for reconstruction of the maxilla. European Journaul
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en cirugía reconstructiva maxilofacial. Revisión
de 104 casos. Revista Española de Cirugía Oral y
Maxilofacial, 26:228-237.
5. Rouviére, H., Delmas, A. (2002). Anatomía Humana.
Barcelona: Masson.
FOTOS
CONCLUSÃO
cobertura inmediata de la cavidad orbitaria con
este colgajo permite un inicio precoz del tratamiento
adyuvante
postoperatorio
con
radioterapia,
disminuyendo también el riesgo de complicaciones
como meningoencefalitis, osteoradionecrosis, abscesos
cerebrales y la formación de fístulas nasoencefálicas.El
colgajo de músculo temporal proporciona un lecho bien
vascularizado, es de fácil disección, aporta el volumen
y superficie necesaria para la reconstrucción, con un
menor tiempo anestésico quirúrgico para el paciente,
que los colgajos libres microvascularizados y mínima o
nula morbilidad funcional y estética.
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Colgajo de músculo temporal en reconstrucción orbitaria postexenteración
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ISSN (online) 1806-4280
Índice por Autores
AFIUNE, Rodolfo Guedes ..................................................................................... 166
Enxertos de cartilagem em rinoplastia: técnica de enxerto em forma de
gravetos (stick graft)
ANDRÉ, Fernando Sanfelice . .................................................................................10
Coxoplastia Vertical em ex-obesos mórbidos
Graft cartilage in rhinoplasty: graft technique in the form of sticks
(graft stick)
Thighplasty in former morbidly obese
ANDRÉ, Raphael S S .................................................................................................10
Coxoplastia Vertical em ex-obesos mórbidos
Thighplasty in former morbidly obese
AFIUNE, Rodolfo Guedes ..................................................................................... 183
Reconstrução tridimensional de crânio com tela metálica convencional
associada a tela de polipropileno (Márlex)
Three-dimensional reconstruction of skull vault with titanium mesh
associated with polypropylene mesh ( Marlex )
ALTHOFF, Geraldo Cesar Castro ............................................................................39
Tratamento de queloides em região auricular com ressecção, corticoteria e betaterapia: série de casos.
Auricular region keloid treatment with resection, corticoteria and
betatherapy: a case series
ARAUJO, Marcelo Rodrigues da Cunha . ........................................................... 100
Enxerto de gordura autologo associado ao lifting cervicofacial para
tratamento de pacientes muito magras
The use of micro fat graft in the face and neck lift in very thin patients
BACHTOLD, Guilherme A. .................................................................................... 126
Experiência do Serviço de Cirurgia Plástica do Hospital Universitário
Cajuru em reconstrução de membro inferior com retalho solear nos
últimos 8 anos.
Experience of the Departament of Plastic Surgery of Cajuru Hospital
in lower limb for reconstruction with soleus flap In the last 8 years .
ALTHOFF, Geraldo Cesar Castro ............................................................................42
Retalho bilobado musculocutâneo nasal para reparo de defeito na
ponta do nariz: resultados estéticos e satisfação dos pacientes
Nasal myocutaneos bilobate flap for the repair of nasal tip defects:
aesthetics results and patients satisfation
ALTHOFF, Geraldo Cesar Castro ............................................................................45
Blefaroplastia inferior com reposicionamento de bolsas gordurosas
com fixação periostal: série de casos
BALBINOT, Priscilla . .............................................................................................. 177
Reconstrução de mama com uso de dispositivo de expansão externa
Breast reconstruction whith external expansion device
BARAZZETTI, Daniel Ongaratto .......................................................................... 186
Tratamento de queimaduras elétricas
Lower blepharoplasty with repositioning bags greasy with periosteal fixation: case series
ALTHOFF, Geraldo Cesar Castro ............................................................................59
Sindactilia – revisão de literatura e relato de caso de sindactilia simples completa
Treatment of electrical burns
BARAZZETTI, Daniel Ongaratto .......................................................................... 194
Qualidade de vida e câncer de pele não-melanoma
Quality of life and non-melanoma skin cancer
Syndactyly - review of literature and case report of simple complete
syndactyly
ALTHOFF, Geraldo Cesar Castro ............................................................................62
Reconstrução de mama utilizando retalhos perfurantes baseados no
músculo reto do abdome - escala de preservação muscular
Breast reconstruction using perforator flaps based in the rectus abdominis muscle – muscle sparing classification system
BARBIERI, Lucía .........................................................................................................48
Colapso valvular nasal
Nasal valve collapse
BARREIRO, Guilherme .............................................................................................82
Diagnóstico e tratamento da síndrome de incompatibilidade ao silicone: relato de caso
Silicone implant incompatibility syndrome (Siis) Diagnosis And Management: A Case Report
ALTHOFF, Geraldo Cesar Castro ............................................................................66
Reconstrução tardia de mama: benefícios da lipoenxertia no preparo
da zona de mastectomia
BARREIRO, Guilherme ......................................................................................... 163
Cicatrização: aplicação de células-tronco adiposo-derivadas
Delayed breast reconstruction: the benefits of fat graft to prepair the
mastectomy zone
ALTHOFF, Geraldo Cesar Castro ............................................................................71
Queloide em membro inferior associado a calcinose cutis – relato de caso.
Keloid in the lower limb associated with calcinosis cutis - literature
review .
ALTHOFF, Geraldo Cesar Castro ............................................................................94
Reconstrução de asa nasal com retalho nasogeniano interpolado de
pedículo subcutâneo – relato de caso
Nasal ala reconstruction with interpolated subcutaneous tissue pedicle melolabial flap - case report
ALTHOFF, Geraldo Cesar Castro ......................................................................... 197
Avaliação pré-operatória com angiotomografia da integridade dos
vasos toracodorsais para reconstrução de mama com músculo grande
dorsal em pacientes com esvaziamento axilar prévio
Preoperative evaluation with tomographic angiography of thoracodorsal vessels for breast reconstruction with latissimus dorsi in
patients with previous axillary lymph node dissection
AMARAL NETO, Nilo .............................................................................................. 131
Algoritmo no tratamento do nevus congênito gigante do dorso com
risco de malignização
Algorithm for the giant congenital melanocitic nevi of the back with
Malignation Risk
ANDRÉ, Fernando S S ..............................................................................................10
Coxoplastia Vertical em ex-obesos mórbidos
Healing: application of adipose- derived stem cell
BATISNELLO, João Eduardo ....................................................................................16
Dissecção anatômica da artéria interóssea posterior e sua relevância no aprendizado e no planejamento das cirurgias reparadoras do
membro superior
Study and anatomic dissection of posterior interosseous artery and
its relevance in learnig and planning of the repairs surgerys in distal
arms.
BELLO, Marcos Ednelson Garcia . ....................................................................... 206
Análise de 12 casos operados com o retalho médio frontal no Hospital
de Câncer de Barretos – Unidade de Porto Velho
Analysis of 12 cases operated with the average forehead flap in Barretos Cancer Hospital - Porto Velho Unit
BENINI, Diogo ............................................................................................................32
Paralisia facial idiopátia pós operatória imediata de ritidoplastia:
descrição de caso, diagnóstico e tratamento.
Facial rhytidectomy with immediate postoperative idiopathic paralysis: case description, diagnosis and treatment.
BEZERRA, Francisco José Fontenele ....................................................................28
Há necessidade de drenagem após utilização de pontos de adesão na
área doadora do retalho do músculo latíssimo do dorso?
Is Suction Drainage useless when associated to quilting suture at
donor site area of latissimus dorsi myocutaneous flap?
BIGOLIN, Patricia Regina ..................................................................................... 177
Reconstrução de mama com uso de dispositivo de expansão externa
Breast reconstruction whith external expansion device
Thighplasty in former morbidly obese
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XXXI Jornada Sulbrasileira de Cirurgia Plástica - Florianópolis - SC
2
30
BINS ELY, Pedro .........................................................................................................69
Algoritmo de tratamento da paralisia facial do adulto
BINS ELY, Jorge............................................................................................................. 5
Editorial: VIVA VIDA - VIDA VIVA
Editorial: Live life - life live
Adult facial paralysis: algorithm for treatment
BINS ELY, Pedro .........................................................................................................71
Queloide em membro inferior associado a calcinose cutis – relato de caso.
BINS ELY, Jorge ..........................................................................................................18
Miotomia fechada glabelar
Keloid in the lower limb associated with calcinosis cutis - literature
review .
Closed glabelar myotomy
BINS ELY, Jorge ..........................................................................................................97
Ninfoplastia: plástica dos pequenos lábios com ancoramento cutâneo
na coxa
BINS ELY, Pedro .........................................................................................................94
Reconstrução de asa nasal com retalho nasogeniano interpolado de
pedículo subcutâneo – relato de caso
Labiaplasty: anchoring the labia minor at the inner thigh
Nasal ala reconstruction with interpolated subcutaneous tissue pedicle melolabial flap - case report
BINS ELY, Jorge ....................................................................................................... 148
Reconstrução de pálpebra superior com retalho de pálpebra inferior
Upper eyelid reconstruction with lower eyelid flap
BINS ELY, Pedro ...................................................................................................... 107
Reimplante digital baseado apenas na artéria colateral
BINS ELY, Jorge ....................................................................................................... 152
Mastopexia com uso de implantes nas grandes perdas ponderais
Breast augmentation and mastopexy after massive weight loss patients
BINS ELY, Jorge ....................................................................................................... 186
Tratamento de queimaduras elétricas
Is it possible to perform a digital replantation without venous anastomoses?
BINS ELY, Pedro ...................................................................................................... 131
Algoritmo no tratamento do nevus congênito gigante do dorso com
risco de malignização
Algorithm for the giant congenital melanocitic nevi of the back with
Malignation Risk
Treatment of electrical burns
BINS ELY, Jorge ...................................................................................................... 194
Qualidade de vida e câncer de pele não-melanoma
BINS ELY, Pedro ...................................................................................................... 144
Dermolipectomia abdominal em abdome com cicatriz transversa
supraumbilical pré-existente – série de casos e revisão da literatura
Quality of life and non-melanoma skin cancer
Abdominal Dermolipectomy in Abdomen with a preexisting supraumbilical transverse scar - case series and review of the literature
BINS ELY, Jorge ....................................................................................................... 222
Lift Facial e procedimentos associados
Facial lift and ancillary procedures
BINS ELY, Pedro ...................................................................................................... 156
Tratamento da antélice retificada com técnica de escoriação utilizando
lâmina de Beaver
BINS ELY, Jorge ....................................................................................................... 215
Subcisão percutânea tracionada com fios
Plain antelix treated with escoriation technique: alternative approach
Combined subcision using upward stitch traction
BINS ELY, Pedro ...................................................................................................... 159
Retalho em ombreira bilateral pré-expandido em paciente com retração cervical pós-queimadura – relato de caso
BINS ELY, Jorge ....................................................................................................... 219
Reconstrução auricular subtotal com cartilagem recuperada pós amputação traumática
Bilateral pre-expanded shoulder flap in patient with postburn scar
contracture of the neck – case report
Auricular reconstrucction using the same post traumatic cartilage
BINS ELY, Pedro .........................................................................................................35
Estudo clínico preliminar da utilização do conceito dos Propeller flaps
em cirurgia reparadora complexa
Preliminary clinical study about Propeller flaps concept application
in complex reconstructive surgery
BINS ELY, Pedro ...................................................................................................... 197
Avaliação pré-operatória com angiotomografia da integridade dos
vasos toracodorsais para reconstrução de mama com músculo grande
dorsal em pacientes com esvaziamento axilar prévio
Preoperative evaluation with tomographic angiography of thoracodorsal vessels for breast reconstruction with latissimus dorsi in
patients with previous axillary lymph node dissection
BINS ELY, Pedro .........................................................................................................39
Tratamento de queloides em região auricular com ressecção, corticoteria e betaterapia: série de casos.
Auricular region keloid treatment with resection, corticoteria and
betatherapy: a case series
BINS ELY, Pedro .........................................................................................................42
Retalho bilobado musculocutâneo nasal para reparo de defeito na
ponta do nariz: resultados estéticos e satisfação dos pacientes
BINS ELY, Pedro ...................................................................................................... 211
Experiência de hospital especializado no tratamento precoce do fissurado através da modelagem nasoalveolar
Hospital experience specialized in early treatment through modeling cracked nasoalveolar
Nasal myocutaneos bilobate flap for the repair of nasal tip defects:
aesthetics results and patients satisfation
BINS ELY, Pedro .........................................................................................................45
Blefaroplastia inferior com reposicionamento de bolsas gordurosas
com fixação periostal: série de casos
Lower blepharoplasty with repositioning bags greasy with periosteal fixation: case series
BINS ELY, Pedro .........................................................................................................59
Sindactilia – revisão de literatura e relato de caso de sindactilia simples completa
Syndactyly - review of literature and case report of simple complete
syndactyly
BINS ELY, Pedro .........................................................................................................62
Reconstrução de mama utilizando retalhos perfurantes baseados no
músculo reto do abdome - escala de preservação muscular
BITTENCOURT, Rogerio ........................................................................................ 126
Experiência do Serviço de Cirurgia Plástica do Hospital Universitário
Cajuru em reconstrução de membro inferior com retalho solear nos
últimos 8 anos.
Experience of the Departament of Plastic Surgery of Cajuru Hospital
in lower limb for reconstruction with soleus flap In the last 8 years .
BONATO, Flavia Thaiana...........................................................................................22
Relato do primeiro ano de experiência do banco de pele do Hospital
Universitário Evangélico de Curitiba
Report of the first year of experience of the tissue bank in Hospital
Evangélico de Curitiba
BONATO, Flavia Thaiana ...................................................................................... 116
Tratamento cirúrgico da microstomia com técnica de Converse
Surgical treatment of microstomia with converse technique
Breast reconstruction using perforator flaps based in the rectus abdominis muscle – muscle sparing classification system
BINS ELY, Pedro .........................................................................................................66
Reconstrução tardia de mama: benefícios da lipoenxertia no preparo
da zona de mastectomia
Delayed breast reconstruction: the benefits of fat graft to prepair the
mastectomy zone
CAIADO NETO, Brasil Ramos ............................................................................... 180
Rinofima: aspectos importantes da patologia e tratamento cirúrgico
com eletrocautério.
Rhinophyma: important aspects of the disease and its surgical treatment with the electrical scalpel.
CAIADO, Bruno Cosme ......................................................................................... 180
Rinofima: aspectos importantes da patologia e tratamento cirúrgico
com eletrocautério.
Arquivos Catarinenses de Medicina - Volume 44 - Suplemento 1 - 2015
Rhinophyma: important aspects of the disease and its surgical treatment with the electrical scalpel.
XXXI Jornada Sulbrasileira de Cirurgia Plástica - Florianópolis - SC
2
31
CAIADO, Larissa Cosme . ...................................................................................... 180
Rinofima: aspectos importantes da patologia e tratamento cirúrgico
com eletrocautério.
DEGGERONE, Daniel ............................................................................................. 163
Cicatrização: aplicação de células-tronco adiposo-derivadas
Rhinophyma: important aspects of the disease and its surgical treatment with the electrical scalpel.
CALIL, José Augusto . ............................................................................................ 121
Transtorno dismórfico corporal e rinoplastia
Healing: application of adipose- derived stem cell
DEGGERONE, Daniel Gustavo . ..............................................................................91
Técnica de otoplastia no Hospital de Clinicas de Porto Alegre: revisao
de casos.
Otoplasty Technique in Hospital de Clinicas de Porto Alegre: a review of cases
Body dysmorphic disorder and rhinoplasty
CALOMENO, Luiz Henrique ....................................................................................22
Relato do primeiro ano de experiência do banco de pele do Hospital
Universitário Evangélico de Curitiba
DONCATTO, Léo ........................................................................................................32
Paralisia facial idiopátia pós operatória imediata de ritidoplastia:
descrição de caso, diagnóstico e tratamento.
Report of the first year of experience of the tissue bank in Hospital
Evangélico de Curitiba
CASTILHO, Ana Elisa Kadri .................................................................................. 206
Análise de 12 casos operados com o retalho médio frontal no Hospital
de Câncer de Barretos – Unidade de Porto Velho
Facial rhytidectomy with immediate postoperative idiopathic paralysis: case description, diagnosis and treatment.
DONCATTO, Léo ........................................................................................................78
Dimensões palpebrais antes e após blefaroplastia: efeito sobre as
amplitude da região orbitopalpebral
Analysis of 12 cases operated with the average forehead flap in Barretos Cancer Hospital - Porto Velho Unit
CHEDID, Gibran Busatto .........................................................................................52
Sir Harold Gillies: uma vida extraordinária
DONCATTO, Léo ........................................................................................................85
Comparação entre gêneros das medidas palpebrais antes e após
blefaroplastia
Sir Harold Gillies: an extraordinary life
Comparison between genders lid measurements before and after
blepharoplasty
CHEDID, Gibran Busatto .........................................................................................56
Abdominoplastia multifuncional: diminuição do tempo cirúrgico com
trabalho em equipe.
DUARTE, Daniele Walter . .......................................................................................74
Complicação incomum após abdominoplastia em paciente pós-obeso
Multifuncional abdominoplasty: less surgical time with teamwork
An unusual complication of abdominoplasty in a post bariatric patient
CHEFFE, Marcelo Recondo .....................................................................................56
Abdominoplastia multifuncional: diminuição do tempo cirúrgico com
trabalho em equipe.
FAEDA FILHO, José Antônio ................................................................................ 172
Cervicoplastia anterior direta: indicações e resultados em homens
Multifuncional abdominoplasty: less surgical time with teamwork
Direct Cervicoplasty: indications and results in male patients
COLLARES, Marcus Vinicius Martins ....................................................................91
Técnica de otoplastia no Hospital de Clinicas de Porto Alegre: revisao
de casos.
Otoplasty Technique in Hospital de Clinicas de Porto Alegre: a review of cases
COLLARES, Marcus Vinicius Martins ................................................................. 163
Cicatrização: aplicação de células-tronco adiposo-derivadas
FARIAS, Ana Carolina Damm dos Santos Gomes de ...................................... 139
Reconstrução perineal pós grangrena de Fournier: relato de dois casos
e revisão da literatura
Perineal reconstruction post Fournier’s gangrene: report of two cases and literature review
FEITOSA, Laryssa Fernanda ................................................................................. 206
Análise de 12 casos operados com o retalho médio frontal no Hospital
de Câncer de Barretos – Unidade de Porto Velho
Healing: application of adipose- derived stem cell
CORSINO, Paola ..................................................................................................... 190
Rol del colgajo toracodorsal lateral em la reconstruccion mamaria.
nuestra experiencia em Uruguay
Analysis of 12 cases operated with the average forehead flap in Barretos Cancer Hospital - Porto Velho Unit
Role of lateral thoracodorsal flap in breast reconstruction. our experience in Uruguay
CORTABARRÍA, Natalia ......................................................................................... 190
Rol del colgajo toracodorsal lateral em la reconstruccion mamaria.
nuestra experiencia em Uruguay
FERREIRA, Chrystiano de Campos ..................................................................... 206
Análise de 12 casos operados com o retalho médio frontal no Hospital
de Câncer de Barretos – Unidade de Porto Velho
Analysis of 12 cases operated with the average forehead flap in Barretos Cancer Hospital - Porto Velho Unit
Role of lateral thoracodorsal flap in breast reconstruction. our experience in Uruguay
FERREIRA, Lydia Masako .........................................................................................69
Algoritmo de tratamento da paralisia facial do adulto
Adult facial paralysis: algorithm for treatment
COSTA, Sergio Moreira da ................................................................................... 166
Enxertos de cartilagem em rinoplastia: técnica de enxerto em forma de
gravetos (stick graft)
Graft cartilage in rhinoplasty: graft technique in the form of sticks
(graft stick)
CRESTANI, Thayse Antoniolli .................................................................................74
Complicação incomum após abdominoplastia em paciente pós-obeso
An unusual complication of abdominoplasty in a post bariatric patient
CRUZ, Gilvani Azor de Oliveira e ....................................................................... 139
Reconstrução perineal pós grangrena de Fournier: relato de dois casos
e revisão da literatura
Perineal reconstruction post Fournier’s gangrene: report of two cases and literature review
CRUZ, Willian Vargas da ...................................................................................... 152
Mastopexia com uso de implantes nas grandes perdas ponderais
Breast augmentation and mastopexy after massive weight loss patients
DAVID, Felipe de . .................................................................................................. 121
Transtorno dismórfico corporal e rinoplastia
Eyelid dimensions before and after blepharoplasty: effect on the amplitude of orbitopalpebral region
FERREIRA, Lydia Masako ...................................................................................... 107
Reimplante digital baseado apenas na artéria colateral
Is it possible to perform a digital replantation without venous anastomoses?
FERREIRA, Lydia Masako ...................................................................................... 131
Algoritmo no tratamento do nevus congênito gigante do dorso com
risco de malignização
Algorithm for the giant congenital melanocitic nevi of the back with
Malignation Risk
FERRI, Thiago Alessandro .................................................................................... 148
Reconstrução de pálpebra superior com retalho de pálpebra inferior
Upper eyelid reconstruction with lower eyelid flap
FERRI, Thiago Alessandro .................................................................................... 194
Qualidade de vida e câncer de pele não-melanoma
Quality of life and non-melanoma skin cancer
FRANCIOSI, Luiz Fernando .................................................................................. 113
Tratamento da lesão do nervo fibular: 10 anos de prática
Treatment of fibular nerve injury: 10 years of practice
Body dysmorphic disorder and rhinoplasty
Arquivos Catarinenses de Medicina - Volume 44 - Suplemento 1 - 2015
XXXI Jornada Sulbrasileira de Cirurgia Plástica - Florianópolis - SC
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32
GOLDONI, Barbara d’Avila . ................................................................................. 159
Retalho em ombreira bilateral pré-expandido em paciente com retração cervical pós-queimadura – relato de caso
FREITAS, Renato da Silva ..................................................................................... 139
Reconstrução perineal pós grangrena de Fournier: relato de dois casos
e revisão da literatura
Bilateral pre-expanded shoulder flap in patient with postburn scar
contracture of the neck – case report
Perineal reconstruction post Fournier’s gangrene: report of two cases and literature review
GOLDONI, Barbara d’Avila . ....................................................................................59
Sindactilia – revisão de literatura e relato de caso de sindactilia simples completa
FREITAS, Renato da Silva ..................................................................................... 172
Cervicoplastia anterior direta: indicações e resultados em homens
Direct Cervicoplasty: indications and results in male patients
Syndactyly - review of literature and case report of simple complete
syndactyly
FURLANETTO, Magda ...............................................................................................32
Paralisia facial idiopátia pós operatória imediata de ritidoplastia:
descrição de caso, diagnóstico e tratamento.
Facial rhytidectomy with immediate postoperative idiopathic paralysis: case description, diagnosis and treatment.
FURLANETTO, Magda ...............................................................................................78
Dimensões palpebrais antes e após blefaroplastia: efeito sobre as
amplitude da região orbitopalpebral
Eyelid dimensions before and after blepharoplasty: effect on the amplitude of orbitopalpebral region
GOLDONI, Barbara d’Avila . ....................................................................................62
Reconstrução de mama utilizando retalhos perfurantes baseados no
músculo reto do abdome - escala de preservação muscular
Breast reconstruction using perforator flaps based in the rectus abdominis muscle – muscle sparing classification system
GOMES, Rogerio Schutzler .....................................................................................18
Miotomia fechada glabelar
Closed glabelar myotomy
GRAF, Ruth Maria ................................................................................................... 172
Cervicoplastia anterior direta: indicações e resultados em homens
FURLANETTO, Magda ...............................................................................................85
Comparação entre gêneros das medidas palpebrais antes e após
blefaroplastia
Comparison between genders lid measurements before and after
blepharoplasty
Direct Cervicoplasty: indications and results in male patients
GRAF, Ruth Maria ................................................................................................... 177
Reconstrução de mama com uso de dispositivo de expansão externa
Breast reconstruction whith external expansion device
GALUP, Álvaro Martín Fernández ....................................................................... 226
Colgajo de musculos temporal em reconstruccion orbitaria postexenteracion
Orbital reconstruction after exentaration with temporal muscle flap
GAMA, Luiz José Muaccad ................................................................................... 100
Enxerto de gordura autologo associado ao lifting cervicofacial para
tratamento de pacientes muito magras
The use of micro fat graft in the face and neck lift in very thin patients
GIACHERO, Virginia . ................................................................................................48
Colapso valvular nasal
GRAGNANI FILHO, Alfredo . ................................................................................. 121
Transtorno dismórfico corporal e rinoplastia
Body dysmorphic disorder and rhinoplasty
GUS, Ivana de Oliveira ......................................................................................... 126
Experiência do Serviço de Cirurgia Plástica do Hospital Universitário
Cajuru em reconstrução de membro inferior com retalho solear nos
últimos 8 anos.
Experience of the Departament of Plastic Surgery of Cajuru Hospital
in lower limb for reconstruction with soleus flap In the last 8 years .
HAKME, Farid . ........................................................................................................ 180
Rinofima: aspectos importantes da patologia e tratamento cirúrgico
com eletrocautério.
Nasal valve collapse
GIACHERO, Virginia................................................................................................ 103
Modelos de impresión 3D en el planeamiento preoperatorio de fracturas de mandíbula y en la enseñanza académica.
Three-dimensional printing models in the preoperative planning of
jaw fractures and academic education
GIACHERO, Virginia . ............................................................................................. 226
Colgajo de musculos temporal em reconstruccion orbitaria postexenteracion
Orbital reconstruction after exentaration with temporal muscle flap
GOLDONI, Barbara d’Avila . ....................................................................................35
Estudo clínico preliminar da utilização do conceito dos Propeller flaps
em cirurgia reparadora complexa
Preliminary clinical study about Propeller flaps concept application
in complex reconstructive surgery
GOLDONI, Barbara d’Avila . ....................................................................................42
Retalho bilobado musculocutâneo nasal para reparo de defeito na
ponta do nariz: resultados estéticos e satisfação dos pacientes
Nasal myocutaneos bilobate flap for the repair of nasal tip defects:
aesthetics results and patients satisfation
GOLDONI, Barbara d’Avila . ....................................................................................94
Reconstrução de asa nasal com retalho nasogeniano interpolado de
pedículo subcutâneo – relato de caso
Nasal ala reconstruction with interpolated subcutaneous tissue pedicle melolabial flap - case report
GOLDONI, Barbara d’Avila . ................................................................................ 144
Dermolipectomia abdominal em abdome com cicatriz transversa
supraumbilical pré-existente – série de casos e revisão da literatura
Rhinophyma: important aspects of the disease and its surgical treatment with the electrical scalpel.
HARTWIG, Denisse................................................................................................. 103
Modelos de impresión 3D en el planeamiento preoperatorio de fracturas de mandíbula y en la enseñanza académica.
Three-dimensional printing models in the preoperative planning of
jaw fractures and academic education
HARTWIG, Denisse................................................................................................. 226
Colgajo de musculos temporal em reconstruccion orbitaria postexenteracion
Orbital reconstruction after exentaration with temporal muscle flap
HASSAN,Imma ...........................................................................................................16
Dissecção anatômica da artéria interóssea posterior e sua relevância no aprendizado e no planejamento das cirurgias reparadoras do
membro superior
Study and anatomic dissection of posterior interosseous artery and its
relevance in learnig and planning of the repairs surgerys in distal arms.
HERTER, Arthur Helson Russowsky ......................................................................91
Técnica de otoplastia no Hospital de Clinicas de Porto Alegre: revisao
de casos.
Otoplasty Technique in Hospital de Clinicas de Porto Alegre: a review of cases
ITIKAWA, William Massami ................................................................................. 172
Cervicoplastia anterior direta: indicações e resultados em homens
Direct Cervicoplasty: indications and results in male patients
Abdominal Dermolipectomy in Abdomen with a preexisting supraumbilical transverse scar - case series and review of the literature
JACOBO, Oscar........................................................................................................ 103
Modelos de impresión 3D en el planeamiento preoperatorio de fracturas de mandíbula y en la enseñanza académica.
GOLDONI, Barbara d’Avila . ................................................................................. 156
Tratamento da antélice retificada com técnica de escoriação utilizando
lâmina de Beaver
Three-dimensional printing models in the preoperative planning of
jaw fractures and academic education
Plain antelix treated with escoriation technique: alternative approach
JACOBOWSKI, Bruna ................................................................................................10
Coxoplastia Vertical em ex-obesos mórbidos
Thighplasty in former morbidly obese
Arquivos Catarinenses de Medicina - Volume 44 - Suplemento 1 - 2015
XXXI Jornada Sulbrasileira de Cirurgia Plástica - Florianópolis - SC
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33
JAEGER, Marcos Ricardo de Oliveira ................................................................. 107
Reimplante digital baseado apenas na artéria colateral
Is it possible to perform a digital replantation without venous anastomoses?
JAEGER, Marcos Ricardo de Oliveira ................................................................. 131
Algoritmo no tratamento do nevus congênito gigante do dorso com
risco de malignização
Algorithm for the giant congenital melanocitic nevi of the back with
Malignation Risk
JAEGER, Marcos Ricardo de Oliveira ................................................................. 211
Experiência de hospital especializado no tratamento precoce do fissurado através da modelagem nasoalveolar
Hospital experience specialized in early treatment through modeling cracked nasoalveolar
JAEGER, Marcos Ricardo Oliveira . ........................................................................69
Algoritmo de tratamento da paralisia facial do adulto
LOPEZ, Miguel ........................................................................................................ 183
Reconstrução tridimensional de crânio com tela metálica convencional
associada a tela de polipropileno (Márlex)
Three-dimensional reconstruction of skull vault with titanium mesh
associated with polypropylene mesh ( Marlex )
MANTRANA, Gustavo............................................................................................. 103
Modelos de impresión 3D en el planeamiento preoperatorio de fracturas de mandíbula y en la enseñanza académica.
Three-dimensional printing models in the preoperative planning of
jaw fractures and academic education
MARTINS, João Maximiliano Pedron.....................................................................82
Diagnóstico e tratamento da síndrome de incompatibilidade ao silicone: relato de caso
Silicone implant incompatibility syndrome (Siis) Diagnosis And Management: A Case Report
MARTINS, João Maximiliano Pedron.................................................................. 163
Cicatrização: aplicação de células-tronco adiposo-derivadas
Adult facial paralysis: algorithm for treatment
Healing: application of adipose- derived stem cell
JAEGER, Marcos Ricardo Oliveira . ..................................................................... 156
Tratamento da antélice retificada com técnica de escoriação utilizando
lâmina de Beaver
Plain antelix treated with escoriation technique: alternative approach
JURI, Hector............................................................................................................. 103
Modelos de impresión 3D en el planeamiento preoperatorio de fracturas de mandíbula y en la enseñanza académica.
Three-dimensional printing models in the preoperative planning of
jaw fractures and academic education
MARTINS, Maria Roberta Cardoso ..................................................................... 100
Enxerto de gordura autologo associado ao lifting cervicofacial para
tratamento de pacientes muito magras
The use of micro fat graft in the face and neck lift in very thin patients
MASCHIETO, Sara . ....................................................................................................22
Relato do primeiro ano de experiência do banco de pele do Hospital
Universitário Evangélico de Curitiba
Report of the first year of experience of the tissue bank in Hospital
Evangélico de Curitiba
JURI, Hector............................................................................................................. 226
Colgajo de musculos temporal em reconstruccion orbitaria postexenteracion
MATIOSKI, Alysson ..................................................................................................22
Relato do primeiro ano de experiência do banco de pele do Hospital
Universitário Evangélico de Curitiba
Orbital reconstruction after exentaration with temporal muscle flap
JURI, Hector ............................................................................................................ 190
Rol del colgajo toracodorsal lateral em la reconstruccion mamaria.
nuestra experiencia em Uruguay
Role of lateral thoracodorsal flap in breast reconstruction. our experience in Uruguay
JURI, Hector ............................................................................................................ 201
Heridas maxilofaciales por armas de fuego civiles: Presentación de 2
casos clínicos.
JURI, Héctor................................................................................................................48
Colapso valvular nasal
Sir Harold Gillies: an extraordinary life
MATTA, Renato Franz ...............................................................................................56
Abdominoplastia multifuncional: diminuição do tempo cirúrgico com
trabalho em equipe.
MATTOS, Eduarda Lencina . ................................................................................. 148
Reconstrução de pálpebra superior com retalho de pálpebra inferior
KORTE, Rodolfo Luis ............................................................................................. 206
Análise de 12 casos operados com o retalho médio frontal no Hospital
de Câncer de Barretos – Unidade de Porto Velho
Upper eyelid reconstruction with lower eyelid flap
Analysis of 12 cases operated with the average forehead flap in Barretos Cancer Hospital - Porto Velho Unit
LEE, Kuang Hee .........................................................................................................97
Ninfoplastia: plástica dos pequenos lábios com ancoramento cutâneo
na coxa
Surgical treatment of microstomia with converse technique
Multifuncional abdominoplasty: less surgical time with teamwork
Nasal valve collapse
Direct Cervicoplasty: indications and results in male patients
MATIOSKI, Alysson ................................................................................................ 116
Tratamento cirúrgico da microstomia com técnica de Converse
MATTA, Renato Franz ...............................................................................................52
Sir Harold Gillies: uma vida extraordinária
Maxillofacial civilian gunshot wounds: presentation of 2 clinical
cases
LACERDA, Ovidio Ferreira ................................................................................... 172
Cervicoplastia anterior direta: indicações e resultados em homens
Report of the first year of experience of the tissue bank in Hospital
Evangélico de Curitiba
MAURICI, Rosemeri ............................................................................................... 194
Qualidade de vida e câncer de pele não-melanoma
Quality of life and non-melanoma skin cancer
MENDES, Paulo Roberto da Silva ....................................................................... 135
Blefaroplastia inferior com retalho do orbicular
Blepharoplasty bottom with retail orbicularis
MENDES, Paulo Roberto da Silva ....................................................................... 152
Mastopexia com uso de implantes nas grandes perdas ponderais
Breast augmentation and mastopexy after massive weight loss patients
Labiaplasty: anchoring the labia minor at the inner thigh
LEE, Kuang Hee ...................................................................................................... 194
Qualidade de vida e câncer de pele não-melanoma
MILBRATZ, Gherusa Helena ................................................................................ 148
Reconstrução de pálpebra superior com retalho de pálpebra inferior
Upper eyelid reconstruction with lower eyelid flap
Quality of life and non-melanoma skin cancer
LEE, Kuang Hee ...................................................................................................... 222
Lift Facial e procedimentos associados
Facial lift and ancillary procedures
LEE, Kuang Hee ...................................................................................................... 215
Subcisão percutânea tracionada com fios
Combined subcision using upward stitch traction
LEE, Kuang Hee ...................................................................................................... 219
Reconstrução auricular subtotal com cartilagem recuperada pós amputação traumática
MIOLO, Tiago Luiz ................................................................................................. 166
Enxertos de cartilagem em rinoplastia: técnica de enxerto em forma de
gravetos (stick graft)
Graft cartilage in rhinoplasty: graft technique in the form of sticks
(graft stick)
MIOLO, Tiago Luiz ................................................................................................. 183
Reconstrução tridimensional de crânio com tela metálica convencional
associada a tela de polipropileno (Márlex)
Three-dimensional reconstruction of skull vault with titanium mesh
associated with polypropylene mesh ( Marlex )
Auricular reconstrucction using the same post traumatic cartilage
Arquivos Catarinenses de Medicina - Volume 44 - Suplemento 1 - 2015
XXXI Jornada Sulbrasileira de Cirurgia Plástica - Florianópolis - SC
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MORAES, Ana Cristina Beitia Kraemer . ...............................................................16
Dissecção anatômica da artéria interóssea posterior e sua relevância no aprendizado e no planejamento das cirurgias reparadoras do
membro superior
ORSI, Victor Vieira ................................................................................................ 107
Reimplante digital baseado apenas na artéria colateral
Study and anatomic dissection of posterior interosseous artery and its
relevance in learnig and planning of the repairs surgerys in distal arms.
MOREIRA, Guilherme H. G. .................................................................................. 126
Experiência do Serviço de Cirurgia Plástica do Hospital Universitário
Cajuru em reconstrução de membro inferior com retalho solear nos
últimos 8 anos.
Is it possible to perform a digital replantation without venous anastomoses?
OTORMIN, Gabriel ................................................................................................. 201
Heridas maxilofaciales por armas de fuego civiles: Presentación de 2
casos clínicos.
Maxillofacial civilian gunshot wounds: presentation of 2 clinical cases
PALMEIRO, Gustavo Walter ................................................................................ 148
Reconstrução de pálpebra superior com retalho de pálpebra inferior
Experience of the Departament of Plastic Surgery of Cajuru Hospital
in lower limb for reconstruction with soleus flap In the last 8 years .
Upper eyelid reconstruction with lower eyelid flap
PASE, Pablo ................................................................................................................59
Sindactilia – revisão de literatura e relato de caso de sindactilia simples completa
MORGANTI, Mario . ................................................................................................ 211
Experiência de hospital especializado no tratamento precoce do fissurado através da modelagem nasoalveolar
Syndactyly - review of literature and case report of simple complete
syndactyly
Hospital experience specialized in early treatment through modeling cracked nasoalveolar
PASE, Pablo Fagundes .......................................................................................... 159
Retalho em ombreira bilateral pré-expandido em paciente com retração cervical pós-queimadura – relato de caso
MOURA, Rosely Moraes Gonçalves de ................................................................28
Há necessidade de drenagem após utilização de pontos de adesão na
área doadora do retalho do músculo latíssimo do dorso?
Bilateral pre-expanded shoulder flap in patient with postburn scar
contracture of the neck – case report
Is Suction Drainage useless when associated to quilting suture at
donor site area of latissimus dorsi myocutaneous flap?
PAVELECINI, Michel . ................................................................................................39
Tratamento de queloides em região auricular com ressecção, corticoteria e betaterapia: série de casos.
NETTO, Rafael.............................................................................................................66
Reconstrução tardia de mama: benefícios da lipoenxertia no preparo
da zona de mastectomia
Auricular region keloid treatment with resection, corticoteria and
betatherapy: a case series
Delayed breast reconstruction: the benefits of fat graft to prepair the
mastectomy zone
PAVELECINI, Michel . ............................................................................................. 144
Dermolipectomia abdominal em abdome com cicatriz transversa
supraumbilical pré-existente – série de casos e revisão da literatura
NETTO, Rafael . ....................................................................................................... 197
Avaliação pré-operatória com angiotomografia da integridade dos
vasos toracodorsais para reconstrução de mama com músculo grande
dorsal em pacientes com esvaziamento axilar prévio
Preoperative evaluation with tomographic angiography of thoracodorsal vessels for breast reconstruction with latissimus dorsi in
patients with previous axillary lymph node dissection
NIGRO, Marcelus Vinicius de Araujo Santos ......................................................22
Relato do primeiro ano de experiência do banco de pele do Hospital
Universitário Evangélico de Curitiba
Abdominal Dermolipectomy in Abdomen with a preexisting supraumbilical transverse scar - case series and review of the literature
PEDRON, Mirian ........................................................................................................82
Diagnóstico e tratamento da síndrome de incompatibilidade ao silicone: relato de caso
Silicone implant incompatibility syndrome (Siis) Diagnosis And Management: A Case Report
Report of the first year of experience of the tissue bank in Hospital
Evangélico de Curitiba
NIGRO, Marcelus Vinicius de Araujo Santos.................................................... 116
Tratamento cirúrgico da microstomia com técnica de Converse
PEREIRA, Amanda .....................................................................................................16
Dissecção anatômica da artéria interóssea posterior e sua relevância no aprendizado e no planejamento das cirurgias reparadoras do
membro superior
Study and anatomic dissection of posterior interosseous artery and its
relevance in learnig and planning of the repairs surgerys in distal arms.
Surgical treatment of microstomia with converse technique
ODRISOLLA, Michelle Brys .....................................................................................74
Complicação incomum após abdominoplastia em paciente pós-obeso
An unusual complication of abdominoplasty in a post bariatric patient
Labiaplasty: anchoring the labia minor at the inner thigh
OLIVEIRA, Antônio Carlos Pinto ............................................................................91
Técnica de otoplastia no Hospital de Clinicas de Porto Alegre: revisao
de casos.
Otoplasty Technique in Hospital de Clinicas de Porto Alegre: a review of cases
OLIVEIRA, Klaus Rodrigues de . .......................................................................... 183
Reconstrução tridimensional de crânio com tela metálica convencional
associada a tela de polipropileno (Márlex)
Sir Harold Gillies: an extraordinary life
ONO, Maria Cecília Clos . ..................................................................................... 177
Reconstrução de mama com uso de dispositivo de expansão externa
PEREIRA, Osvaldo . ................................................................................................ 219
Reconstrução auricular subtotal com cartilagem recuperada pós amputação traumática
Auricular reconstrucction using the same post traumatic cartilage
Three-dimensional reconstruction of skull vault with titanium mesh
associated with polypropylene mesh ( Marlex )
Treatment of fibular nerve injury: 10 years of practice
Facial lift and ancillary procedures
Combined subcision using upward stitch traction
Graft cartilage in rhinoplasty: graft technique in the form of sticks
(graft stick)
OLIVEIRA, Milton Paulo de .....................................................................................52
Sir Harold Gillies: uma vida extraordinária
PEREIRA, Osvaldo . ................................................................................................ 222
Lift Facial e procedimentos associados
PEREIRA, Osvaldo . ................................................................................................ 215
Subcisão percutânea tracionada com fios
OLIVEIRA, Klaus Rodrigues de . ......................................................................... 166
Enxertos de cartilagem em rinoplastia: técnica de enxerto em forma de
gravetos (stick graft)
OLIVEIRA, Luciene Amaral de.............................................................................. 113
Tratamento da lesão do nervo fibular: 10 anos de prática
PEREIRA, Osvaldo . ...................................................................................................97
Ninfoplastia: plástica dos pequenos lábios com ancoramento cutâneo
na coxa
PICCININI, Pedro Salomão ......................................................................................52
Sir Harold Gillies: uma vida extraordinária
Sir Harold Gillies: an extraordinary life
PICCININI, Pedro Salomão ......................................................................................56
Abdominoplastia multifuncional: diminuição do tempo cirúrgico com
trabalho em equipe.
Multifuncional abdominoplasty: less surgical time with teamwork
PRETTO NETO, Angelo Syrillo ................................................................................42
Retalho bilobado musculocutâneo nasal para reparo de defeito na
ponta do nariz: resultados estéticos e satisfação dos pacientes
Nasal myocutaneos bilobate flap for the repair of nasal tip defects:
aesthetics results and patients satisfation
Breast reconstruction whith external expansion device
Arquivos Catarinenses de Medicina - Volume 44 - Suplemento 1 - 2015
XXXI Jornada Sulbrasileira de Cirurgia Plástica - Florianópolis - SC
2
35
PRETTO NETO, Angelo Syrillo ................................................................................45
Blefaroplastia inferior com reposicionamento de bolsas gordurosas
com fixação periostal: série de casos
SILVEIRA, Daniel Pinheiro Machado da ............................................................ 159
Retalho em ombreira bilateral pré-expandido em paciente com retração cervical pós-queimadura – relato de caso
Lower blepharoplasty with repositioning bags greasy with periosteal fixation: case series
PURICCELI, Edela ................................................................................................... 211
Experiência de hospital especializado no tratamento precoce do fissurado através da modelagem nasoalveolar
Hospital experience specialized in early treatment through modeling cracked nasoalveolar
Bilateral pre-expanded shoulder flap in patient with postburn scar
contracture of the neck – case report
SILVEIRA, Daniel Pinheiro Machado da ............................................................ 197
Avaliação pré-operatória com angiotomografia da integridade dos
vasos toracodorsais para reconstrução de mama com músculo grande
dorsal em pacientes com esvaziamento axilar prévio
Preoperative evaluation with tomographic angiography of thoracodorsal vessels for breast reconstruction with latissimus dorsi in
patients with previous axillary lymph node dissection
QUEIRÓS E NASCIMENTO, Alexandra Sofia Cruz ............................................ 186
Tratamento de queimaduras elétricas
Treatment of electrical burns
SOLANO JUNIOR, Paulo Eduardo Krauterbluth .................................................35
Estudo clínico preliminar da utilização do conceito dos Propeller flaps
em cirurgia reparadora complexa
QUEIROZ E NACIMENTO, Alexandra Sofia ........................................................ 152
Mastopexia com uso de implantes nas grandes perdas ponderais
Preliminary clinical study about Propeller flaps concept application
in complex reconstructive surgery
Breast augmentation and mastopexy after massive weight loss patients
RAMIREZ, Jorge ...................................................................................................... 163
Cicatrização: aplicação de células-tronco adiposo-derivadas
SOLANO JUNIOR, Paulo Eduardo Krauterbluth .................................................39
Tratamento de queloides em região auricular com ressecção, corticoteria e betaterapia: série de casos.
Healing: application of adipose- derived stem cell
Auricular region keloid treatment with resection, corticoteria and
betatherapy: a case series
RAMIREZ, Jorge Luis Hoyos . ..................................................................................91
Técnica de otoplastia no Hospital de Clinicas de Porto Alegre: revisao
de casos.
Otoplasty Technique in Hospital de Clinicas de Porto Alegre: a review of cases
SOLANO JUNIOR, Paulo Eduardo Krauterbluth .................................................45
Blefaroplastia inferior com reposicionamento de bolsas gordurosas
com fixação periostal: série de casos
Lower blepharoplasty with repositioning bags greasy with periosteal fixation: case series
RODRÍGUEZ SILVA, Miguel Angel . ..................................................................... 186
Tratamento de queimaduras elétricas
Treatment of electrical burns
SOLANO JUNIOR, Paulo Eduardo Krauterbluth .................................................66
Reconstrução tardia de mama: benefícios da lipoenxertia no preparo
da zona de mastectomia
SANTOS, Marcelo Evandro dos . ......................................................................... 135
Blefaroplastia inferior com retalho do orbicular
Delayed breast reconstruction: the benefits of fat graft to prepair the
mastectomy zone
Blepharoplasty bottom with retail orbicularis
SEIDEL, William .................................................................................................... 152
Mastopexia com uso de implantes nas grandes perdas ponderais
Breast augmentation and mastopexy after massive weight loss patients
SILVA, Alfredo Benjamim Duarte da ................................................................. 177
Reconstrução de mama com uso de dispositivo de expansão externa
SOLANO JUNIOR, Paulo Eduardo Krauterbluth .................................................71
Queloide em membro inferior associado a calcinose cutis – relato de caso.
Keloid in the lower limb associated with calcinosis cutis - literature
review .
SOLANO JUNIOR, Paulo Eduardo Krauterbluth .................................................94
Reconstrução de asa nasal com retalho nasogeniano interpolado de
pedículo subcutâneo – relato de caso
Breast reconstruction whith external expansion device
SILVANO, Diego Machado .................................................................................... 186
Tratamento de queimaduras elétricas
Nasal ala reconstruction with interpolated subcutaneous tissue pedicle melolabial flap - case report
Treatment of electrical burns
SILVEIRA, Daniel Pinheiro Machado da ...............................................................35
Estudo clínico preliminar da utilização do conceito dos Propeller flaps
em cirurgia reparadora complexa
Preliminary clinical study about Propeller flaps concept application
in complex reconstructive surgery
SILVEIRA, Daniel Pinheiro Machado da ...............................................................42
Retalho bilobado musculocutâneo nasal para reparo de defeito na
ponta do nariz: resultados estéticos e satisfação dos pacientes
Nasal myocutaneos bilobate flap for the repair of nasal tip defects:
aesthetics results and patients satisfation
SILVEIRA, Daniel Pinheiro Machado da ...............................................................59
Sindactilia – revisão de literatura e relato de caso de sindactilia simples completa
Syndactyly - review of literature and case report of simple complete
syndactyly
SILVEIRA, Daniel Pinheiro Machado da ...............................................................62
Reconstrução de mama utilizando retalhos perfurantes baseados no
músculo reto do abdome - escala de preservação muscular
Breast reconstruction using perforator flaps based in the rectus abdominis muscle – muscle sparing classification system
SILVEIRA, Daniel Pinheiro Machado da ...............................................................69
Algoritmo de tratamento da paralisia facial do adulto
SOLANO JUNIOR, Paulo Eduardo Krauterbluth .............................................. 156
Tratamento da antélice retificada com técnica de escoriação utilizando
lâmina de Beaver
Plain antelix treated with escoriation technique: alternative approach
SOLANO JUNIOR, Paulo Eduardo Krauterbluth .............................................. 197
Avaliação pré-operatória com angiotomografia da integridade dos
vasos toracodorsais para reconstrução de mama com músculo grande
dorsal em pacientes com esvaziamento axilar prévio
Preoperative evaluation with tomographic angiography of thoracodorsal vessels for breast reconstruction with latissimus dorsi in
patients with previous axillary lymph node dissection
SOUZA, Elisete Pereira de ......................................................................................71
Queloide em membro inferior associado a calcinose cutis – relato de caso.
Keloid in the lower limb associated with calcinosis cutis - literature
review .
SOUZA, Gustavo Moreira Costa de .................................................................... 166
Enxertos de cartilagem em rinoplastia: técnica de enxerto em forma de
gravetos (stick graft)
Graft cartilage in rhinoplasty: graft technique in the form of sticks
(graft stick)
SOUZA, Gustavo Moreira Costa de .................................................................... 183
Reconstrução tridimensional de crânio com tela metálica convencional
associada a tela de polipropileno (Márlex)
Adult facial paralysis: algorithm for treatment
Three-dimensional reconstruction of skull vault with titanium mesh
associated with polypropylene mesh ( Marlex )
SILVEIRA, Daniel Pinheiro Machado da ............................................................ 144
Dermolipectomia abdominal em abdome com cicatriz transversa
supraumbilical pré-existente – série de casos e revisão da literatura
Abdominal Dermolipectomy in Abdomen with a preexisting supraumbilical transverse scar - case series and review of the literature
SUKSTERIS, Christina Gerber . ............................................................................ 113
Tratamento da lesão do nervo fibular: 10 anos de prática
Arquivos Catarinenses de Medicina - Volume 44 - Suplemento 1 - 2015
Treatment of fibular nerve injury: 10 years of practice
XXXI Jornada Sulbrasileira de Cirurgia Plástica - Florianópolis - SC
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TAKAKI, José Luiz . ................................................................................................. 116
Tratamento cirúrgico da microstomia com técnica de Converse
ZANCANARO, Mariana .............................................................................................69
Algoritmo de tratamento da paralisia facial do adulto
Surgical treatment of microstomia with converse technique
Adult facial paralysis: algorithm for treatment
TAPIÉ, José Paulo . ................................................................................................. 139
Reconstrução perineal pós grangrena de Fournier: relato de dois casos
e revisão da literatura
ZANCANARO, Mariana .............................................................................................71
Queloide em membro inferior associado a calcinose cutis – relato de caso.
Perineal reconstruction post Fournier’s gangrene: report of two cases and literature review
TROMBINI, Carolina .................................................................................................74
Complicação incomum após abdominoplastia em paciente pós-obeso
Keloid in the lower limb associated with calcinosis cutis - literature review .
ZANCANARO, Mariana .............................................................................................94
Reconstrução de asa nasal com retalho nasogeniano interpolado de
pedículo subcutâneo – relato de caso
Nasal ala reconstruction with interpolated subcutaneous tissue pedicle melolabial flap - case report
An unusual complication of abdominoplasty in a post bariatric patient
UEBEL, Carlos Oscar ................................................................................................52
Sir Harold Gillies: uma vida extraordinária
ZANCANARO, Mariana .......................................................................................... 156
Tratamento da antélice retificada com técnica de escoriação utilizando
lâmina de Beaver
Sir Harold Gillies: an extraordinary life
Plain antelix treated with escoriation technique: alternative approach
UEBEL, Carlos Oscar ................................................................................................56
Abdominoplastia multifuncional: diminuição do tempo cirúrgico com
trabalho em equipe.
ZANCANARO, Mariana .......................................................................................... 159
Retalho em ombreira bilateral pré-expandido em paciente com retração
cervical pós-queimadura – relato de caso
Multifuncional abdominoplasty: less surgical time with teamwork
Bilateral pre-expanded shoulder flap in patient with postburn scar
contracture of the neck – case report
URROZ, Nicolás ...................................................................................................... 201
Heridas maxilofaciales por armas de fuego civiles: Presentación de 2
casos clínicos.
ZARPELLON, Alexandre T...................................................................................... 126
Experiência do Serviço de Cirurgia Plástica do Hospital Universitário
Cajuru em reconstrução de membro inferior com retalho solear nos
últimos 8 anos.
Maxillofacial civilian gunshot wounds: presentation of 2 clinical cases
VALIATI, André Alves . .......................................................................................... 144
Dermolipectomia abdominal em abdome com cicatriz transversa
supraumbilical pré-existente – série de casos e revisão da literatura
Abdominal Dermolipectomy in Abdomen with a preexisting supraumbilical transverse scar - case series and review of the literature
VANAZZI Sara ............................................................................................................74
Complicação incomum após abdominoplastia em paciente pós-obeso
Experience of the Departament of Plastic Surgery of Cajuru Hospital
in lower limb for reconstruction with soleus flap In the last 8 years .
ZUKER, Ronald Melvin . ........................................................................................ 131
Algoritmo no tratamento do nevus congênito gigante do dorso com
risco de malignização
An unusual complication of abdominoplasty in a post bariatric patient
Algorithm for the giant congenital melanocitic nevi of the back with
Malignation Risk
VARGAS, Matheus . ...................................................................................................16
Dissecção anatômica da artéria interóssea posterior e sua relevância no aprendizado e no planejamento das cirurgias reparadoras do
membro superior
Study and anatomic dissection of posterior interosseous artery and
its relevance in learnig and planning of the repairs surgerys in distal
arms.
WEBSTER, Ronaldo Scholze ...................................................................................35
Estudo clínico preliminar da utilização do conceito dos Propeller flaps
em cirurgia reparadora complexa
Preliminary clinical study about Propeller flaps concept application
in complex reconstructive surgery
WEBSTER, Ronaldo Scholze ...................................................................................62
Reconstrução de mama utilizando retalhos perfurantes baseados no
músculo reto do abdome - escala de preservação muscular
Breast reconstruction using perforator flaps based in the rectus abdominis muscle – muscle sparing classification system
XAVIER, Felipe Santos .......................................................................................... 139
Reconstrução perineal pós grangrena de Fournier: relato de dois casos
e revisão da literatura
Perineal reconstruction post Fournier’s gangrene: report of two cases and literature review
ZANCANARO, Mariana .............................................................................................39
Tratamento de queloides em região auricular com ressecção, corticoteria e betaterapia: série de casos.
Auricular region keloid treatment with resection, corticoteria and
betatherapy: a case series
ZANCANARO, Mariana .............................................................................................45
Blefaroplastia inferior com reposicionamento de bolsas gordurosas
com fixação periostal: série de casos
Lower blepharoplasty with repositioning bags greasy with periosteal fixation: case series
ZANCANARO, Mariana .............................................................................................66
Reconstrução tardia de mama: benefícios da lipoenxertia no preparo
da zona de mastectomia
Delayed breast reconstruction: the benefits of fat graft to prepair the
mastectomy zone
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