Crónica página 2 Oración página 16 Concluciones página 17

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Crónica página 2 Oración página 16 Concluciones página 17
Fecha: Del 30 de septiembre al 10 de
octubre de 2008
Lugar: Angola
Destinatarios: Hermanas y laicos/as de
distintos continentes
Responsables:
Rita Fdez. Barbosa
Giselle Gómez
CONTENIDOS:
Nuestra realidad de mujeres en la
historia.
Contribución del movimiento feminista y
sus distintas variantes.
Interpretación de la historia y la Biblia
desde la perspectiva de género.
Relectura de nuestras fuentes
carismáticas.
Experiencias compartidas.
Visiones alternativas.
Crónica
página 2
Oración
página 16
Concluciones
página 17
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Palavras de Boas - Vindas de Irma Celestina Gueve, Delegada de Educacion
Bem – Vindas a esta celebração, presidida por sua excelência reverendíssima, D. José
de Queirós Alves, Arcebispo do Huambo, cidade na qual nos encontramos.
Desde já agradecemos a sua disponibilidade sempre solícita para connosco.
Bem-Vindas as Irmãs: Rita Barbosa, vigária geral e Giselle Gómez, conselheira geral,
respetivamente,
representando
desse
modo
a
Companhia.
Bem-Vindas às Irmãs da nossa Província; as leigas das diversas províncias onde se
encontram e labutam as Irmãs Teresianas: Cabinda, Benguela, Lubango e Huambo.
Com esta celebração, pretendemos dar início aos trabalhos dessa semana,
respondendo assim à sugestão e proposta do XV Cap. Geral: “Continuar a reflexão
sobre a mulher desde as diversas disciplinas e o Carisma, com a finalidade
de educar-nos e educar mulheres e homens, construtores de uma sociedade
que respeite e promova a dignidade e direitos da mulher, desde o sentido de
reciprocidade”.
Fica pois o convite a participação, a acolher o dom deste encontro dentro do
compromisso de que através da nossa vida e missão, como mulheres, outros/as
cheguem a uma vida condizente com a sua dignidade, sobretudo mulheres.
Bem hajam a todas!
3
Huambo, 1 de Outubro de 2008
O primeiro dia teve início com a celebração eucarística presidida por Sua Excelência
D. José de Queirós Alves, Arcebispo do Huambo, precedida pelas palavras de abertura
do encontro proferidas pela Ir. Celestina Gueve, Delegada Provincial da Animação
Apostólica cujo texto passamos na íntegra:
“Bem – vindas a esta celebração, presidida por sua Excelência Reverendíssima, D.
José de Queirós Alves, Arcebispo do Huambo, cidade na qual nos encontramos.
Desde já agradecemos a sua disponibilidade sempre solícita para connosco. Bem –
vindas as Irmãs: Rita Barbosa, Vigária Geral e Giselle Gómez, conselheira geral,
representando desse modo a Companhia.
Bem – vindas a leigas das diversas províncias onde se encontram as Irmãs
teresianas:Cabinda,
Cubal,
Lubango,
Lobito,
Huambo
…
Bem – vindas também às Irmãs da nossa Província, oriundas das diversas províncias
do
país,
de
S.Tomé
e
Príncipe
e
Moçambique.
Com esta celebração pretendemos dar início aos trabalhos desta semana,
respondendo assim à sugestão do XVI Capítulo Geral: “Continuar a reflexão sobre
a mulher desde as diversas disciplinas e o Carisma, com a finalidade de
educar-nos e educar mulheres e homens, construtores de uma sociedade que
respeite e promova a dignidade e direitos da mulher, desde o sentido de
reciprocidade”
O convite é , pois, de participar, acolher o dom que é este encontro para construir,
promover a vida de todos/todas através da missão que nos cabe. Bem hajam”.
Na sequência da sua homilia, o Sr. Arcebispo destacou o papel da mulher na
sociedade em todos os sectores da vida social “ Uma mulher que no seu pensar e no
seu agir deve primar pela promoção da paz, pela dignidade humana e defesa dos
direitos humanos”.
No final da eucaristia foi a voz das antigas alunas na pessoa de Felícia Kafundi
Manuel, destacando a importância do encontro no momento actual e no local em que
estão com as Irmãs Teresianas, a necessidade da promoção dos valores da mulher
como
mãe,
esposa,
trabalhadora,
acolhedora
e
defensora
da
vida.
Seguidamente a fotografia da família Teresiana com Sua Ex.cia D. José de Queirós
Alves.
O passo a seguir foi o início dos trabalhos com a apresentação individual das
participantes bem como as funções desempenhadas; os objectivos do encontro com
esclarecimento de algumas terminologias bem como o organigrama das actividades
pelas Ir. Rita Barbosa, Vigária Geral e Celestina Gueve, Conselheira Provincial.
A manhã terminou com a dinâmica “Monumento ao poder”, composto de três
personagens desempenhando funções diferentes trocáveis com uma interpretação a
partir de cada grupo participante, concluindo-se que o poder é cego e esmagador.
Na generalidade, pesou sobre a mulher angolana aspectos culturais de submissão,
discriminação, humilhação social, aspectos que merecem especial atenção e trabalho
4
por parte da mesma de forma a poder libertar-se e libertas as outras pessoas.
É sobejamente sabido que cabe à mulher a educação dos filhos, porque segundo
Henrique de Osso, “educar um menino é formar um homem; educar uma menina é
formar
uma
família
e,
consequentemente,
uma
sociedade”.
Fazendo uso da palavra, a ir. Rita Barbosa disser que “é preciso tomar consciência da
realidade da mulher, reflectir juntas os aspectos que facilitem o processo de mudança
e assumir a responsabilidade sem medo”.
PERÍODO DA TARDE
Na continuidade dos trabalhos desta manhã, a Ir. Giselle Gomez dinamizou a sessão
da tarde precedida pelo relato da Ir. Celestina, sobre o que se fez de manhã para
situar às participantes que foram chegando.
Após a apresentação das participantes oriundas do Lubango, fez-se o comentário
interpretativo sobre uma canção cultural que representa a submissão da mulher no
contexto
angolano,
sugerida
pelo
grupo
de
animação.
Seguiu-se a leitura orante da Palavra desde a óptica da mulher curvada (Lc.13,1017), primeiro em grupo grande e depois em quatro grupos pequenos, cada qual
respondendo às questões propostas. O plenário feito de diferentes maneiras (com
encenações, simbologias …) foi bastante enriquecedor desde a identificação da
situação degradante da mulher (curvada: analfabeta, com horizonte limitado, pobre,
ignorante, sofredora, sem liberdade de expressão e acção, …) até ver o rosto de
Jesus que a liberta do peso do tempo, da religião e da cultura legalista.
O grupo chegou a conclusão de que a lei se resume no amor e que ainda hoje há
mulheres curvadas com o peso da opressão do homem. Fica com o compromisso de
que a ruptura com este peso só é possível com a alfabetização da mulher porque só
assim ela descobrirá os seus valores, só assim conhecerá os seus direitos e deveres.
A Ir. Giselle na sua explanação final dizia:” a mulher é curvada como o povo é
curvado. E quando Jesus põe a mulher direita e a olha cara a cara, ela reconhece a
sua dignidade de mulher e dá glória a Deus assim como o povo liberto dá glória a
Deus”.
A sessão terminou com a apresentação do grupo das participantes de Lobito e da
Pastora da Igreja Evangélica Congregacional de Angola oriunda de Katchiungo.
O nosso segundo dia de trabalho começou de forma diferente do de ontem. Deixámos
o Eucaristia para o fim da tarde. Sob a orientação da Ir. Giselle Gómez começámos
por acolher a Palavra (Ex.23,20-22) identificando a presença de Deus na estrada das
nossas vidas. Parámos, e cada qual desenhou um caminho onde marcou com nitidez
os momentos mais fortes da vida em que Deus se fez presente de forma especial. A
leitura espontânea do Salmo 91 intercalada com o refrão: “A Tua Palavra é uma
lâmpada para os meus pés, Senhor…” puseram fim à nossa oração comunitária.
O passo seguinte consistiu na leitura e reflexão do texto “Sete ratos cegos…” a
convite da Ir Rita Barbosa, seguido de um “cochicho” por pares cuja posta em comum
elucidou toda a assembleia: “Cada um vê uma parte de um todo”.
5
Seguiu-se a contemplação das diversas realidades de onde viemos expostas em
cartazes expressando as diferentes riquezas culturais.
A Ir Luzia Otília, das Irmãs da Caridade do Sagrado Coração de Jesus (Coraçonista),
angolana, licenciada em Psicologia, partilhou connosco o tema “A Bíblia e a Mulher
Africana”,que provou um grande impacto nas participantes e despertou grande
vontade de lutar pelos direitos da mulher que passa pela sua formação.
A última actividade consistiu na contemplação do nosso passado que remontou até à
infância e à adolescência. Foi um momento emocionante por se tratar de recordações
do trato que cada uma teve durante essas etapas da vida na família, na escola e na
Igreja
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Huambo, 3 de Outubro de 2008
Hoje tudo começou com olhar direccionado para a MULHER objecto do nosso encontro
nesta cidade planaltica do Huambo que ressurge de forma assustadora. Basta olhar
para as crianças a sorriem de forma diferente porque experimentam outro tipo de
vida num Huambo diferente do de antes.
Ao entrarmos na sala deparámo-nos com a figura de uma mulher estendida no chão
sobre ananga (traje normal da mulher angolana). O “NADA DE PERTTURBE, NADA TE
ESPANTE”gerou em nós tranquilidade do início do dia cheio de actividades.Tudo
preparado e orientado pela Ir. Giselle Gómez.
A identificação das situações de violência contra a mulher nas nossas realidades foi o
momento emocional bastante forte pois, entre estes, houve testemunhos vivos das
participantes
que
nos
deixaram
emudecidas.
Depois da leitura orante (Jz.19, 1-30), texto considerado de terror e de difícil
interpretação produziu em cada uma sentimentos negativos que só se apagaram
depois da interpretação do texto a partir do seu contexto cultural.
Seguiu-se o esquartejamento da figura da mulher em seis partes que constituíram os
seus grupos de trabalho baseado no questionário referente à parte correspondente do
corpo. Foi um trabalho interessantíssimo pelo seu impacto no grupo que veio a ser
partilhado em plenário.
A resposta às perguntas: Que nos sugere parte do corpo da mulher que recebemos
no grupo? Que fazer para restaurar e reconstruí-la? foi partilhada em forma de
oração.
Comentando esta parte, Giselle disse que com tudo o que foi partilhado pelos grupos
podemos fazer um programa de ajuda mútua para as mulheres.
Mais uma vez ao tornar ao texto de Juízes, 19, 1-30 para entender melhor que se
tratava de uma metáfora, alguma pergunta surgiu na assembleia. Porquê, para
explicar o que aconteceu com o povo de Israel se buscou uma mulher para
despedaçar? Ao que Giselle respondeu que se tratava de uma mentalidade patriarcal,
hendrocêntrica?
Foi o momento de destruir no fogo os papéis em que estavam escritos as palavras
que expressavam todo o tipo de violência contra a mulher. De mãos dadas em sinal
de compromisso e de reconstrução do ser da mulher, entoamos o canto: ”Venham
todas e edifiquemos juntas”.
Seguidamente a Ir. Rita Barbosa apresentou e explicou os Objectivos do Milénio:
Promover a igualdade entre géneros e o empoderamento da mulher assim como a
meta: Eliminar as desigualdades entre os géneros na educação primária e secundária,
e
em
todos
os
níveis
da
educação
antes
de
2015.
A sessão do dia terminou com partilha de significados dos seguintes
termos: patriarcado, hembrismo, machismo, hendrocentrismo, feminismo e
género, seguida da escuta da Palavra (Gal, 3,25-29).
7
Huambo, 4 de Outubro de 2008
O sábado ofereceu-nos outra dinâmica. Tivemos Eucaristia de manhã e por isso
começamos meia hora mais tarde do habitual.
Ao acolher a nossa realidade o espírito nos conduziu a rezar com a Palavra (Sal 118,
88-105).
Após a explanação da Ir. Rita Barbosa sobre a Oração no entender de Teresa de Jesus
nos apresentou a MULHER COM HEMORRAGIA Mc.5,24-34. Deu orientações para
fazer uma leitura interiorizada baseada no questionário:
·
·
·
·
O que mais me tocou e chamou a atenção?
Qual era o contexto e qual a situação da mulher nesta realidade?
Qual foi a acção e a palavra de: Jesus, da mulher, dos discípulos e do povo?
Qual é o rosto de Deus revelado por Jesus?
Relação… e como esta Palavra ilumina a nossa realidade, hoje.
A reflexão e partilha foram feitas em grupos.
Na partilha em plenário constatou-se que aquela cena fazia parte dum contexto da lei
e da mentalidade patriarcal, onde a situação de impureza enquanto a mulher
estivesse com hemorragia era legal, de total opressão, angústia, humilhação, etc. A
mulher era proibida de expressar o que sentia apesar de ser também filha de Israel.
No entanto ela continuou procurando a sua cura apesar de já ter gasto tudo. Atreveuse arriscar a aproximar-se de Jesus do qual ouviu dizer: “Quem me tocou”? Temos
uma mulher que mesmo cheia de medo e proibida, toca Jesus. É uma mulher em
movimento.
Neste texto, Jesus revela-nos o rosto de um Deus compassivo, misericordioso, de Pai
e Mãe, Deus de amor que resgata do anonimato uma mulher onde coloca a situação
de visibilidade.
Jesus ao ser tocado pela mulher, sentiu que saíra de Si uma força; a força que curou
a mulher. As nossas buscas, lutas já são sinais de vida em nós, por
rezamos: “Mulher: tua força é vida.”
A Palavra de Deus dá luz às nossas realidades, ajuda a discernir sobre elas e a
resgatar situações de morte de muitas mulheres.
Nesta atitude de buasca, passámos à etapa de partilha de experiências de actividades
nalgumas realidades:
PROMAICA: Promoção da Mulher Angolana na Igreja Católica, e um movimento que
nasce na diocese de Benguela em 1990 com a finalidade de promover a mulher de
todas as classes sociais, sem exclusão.
Objectivos: Aprender para saber e saber para trabalhar na Igreja e na sociedade.
Para além da espiritualidade própria, tem o aspecto social e humano. Promove a
mulher no conhecimento dos seus direitos.
Expansão: em tão pouco tempo expandiu-se por quase todas as dioceses de Angola
tendo já celebrado um jubileu e duas assembleias.
PROJECTO RENASCER: Nasceu no ano 2003 e está direccionado para o
acompanhamento de Seropositivos e doentes de sida. É obra das Ir. Teresianas que
se desenvolve no Hospital Diocesano Nossa Senhora da Paz no Cubal.
8
Actualmente o PROJECTO RENASCER segue aproximadamente 200 casos entre os
quais mulheres grávidas, crianças, jovens, mamãs jovens, homens e mulheres. As
mulheres são as mais vulneráveis entre os 18 e 30 anos de idade.
EXPERIÊNCIA DAS VIUVAS: projecto das mulheres viúvas de guerra e dos
militares, regressadas das bases para a sua reinserção na sociedade.
Tanto esta experiência como a PROMAICA, são actividades promovidas pelas Exalunas Teresinha.
As actividades do dia terminaram com o reconhecimento por parte de cada
participante das pessoas de referência na própria vida: “Eu te louvo, ó Pai e Mãe
porque revelastes estas coisas a…”
Depois de quatro dias de trabalho, fez-se uma avaliação onde se pediu sugestões
para facilitar o melhor funcionamento das actividades nos próximos dias.
Uma palavra de gratidão ao pessoal da casa que nos acolhe; todo o assessoramento
desde a coordenação de todas as actividades da cozinha, lavandaria, campo, guardas
da casa, economia, etc. o nosso muito obrigado.
9
Huambo, 5 de Outubro de 2008
É domingo, dia do Senhor. Descansámos um pouco mais e começámos os trabalhos
às 9 horas e 30 minutos, depois da eucaristia à que presisdiu o Padre André
Lukamba, sacerdote do clero diocesano, no Centro Apostólico D.Manuel Junqueira,
mesmo ao lado da nossa casa.
O salmo 121 introduziu-nos no ambiente de oração no início do trabalho que se
centrou nos três itens que se seguem:
Ø
Ø
Ø
A mortalidade materna por causa da gravidez e parto é muito alta;
O aborto é uma das primeiras causas da morte das mulheres;
Muitos meninos/as menores de cinco anos sofrem de desnutrição.
Estes itens foram confirmados por três participantes que trabalham na saúde e não
só, porque são situações verídicas, identificadas na nossa realidade e que requerem a
nossa especial atenção e coragem para denunciar muitos casos de negligência nas
maternidades onde algum pessoal de saúde não actua com responsabilidade no
momento sagrado de receber uma vida que nasce ao mundo; assim como o caso de
muitos abortos provocados por medo por carência ou por comodidade.
É triste que neste mundo todos vivemos situações de morte provocada por uma
estrutura social organizada. Por isso partimos destes pontos para a análise do texto
bíblico (Ex. 1,7-2,10).
Foi possível a descoberta da multidão de mulheres (parteiras, mãe, irmã, princesa e
criadas) que participou na salvação da vida de Moisés no Egipto.
As parteiras, tementes a Deus, não cumpriram a ordem de matar o menino no
momento de nascer, dada por Faraó. (Ex. 1,15-21).
À semelhança do Criador que vê a Sua obra perfeita (Gen. 1, 31), a mãe vê o seu
filho uma obra bela, perfeita, maravilhosa e, dotada de sabedoria divina, arranja
estratégias para salvar o filho. A irmã do menino, em atitude de vigilância. (Ex. 2, 14).
A filha do Faraó se apresenta simplesmente “sem traje de princesa”, com ternura de
mulher e se compadece do menino. (Ex.2,5-10).
Começa assim a história de salvação de um povo. A princesa desce ao rio para
banhar-se, escuta o choro de uma criança, vê o seu sofrimento e se compadece dele.
Deus ouve o clamor do Seu povo no Egipto e decide salvá-lo. (Ex.3,7-9).
Voltamos o olhar para a nossa realidade e fica em nós o compromisso de encontrar
estratégias positivas na luta pelos direitos da mulher e do nosso povo:
>
Trabalhar para que a mulher tome consciência dos problemas que vive;
>
Envolver a rede de mulheres com a Associação dos Enfermeiros para fazer
chegar às instâncias superiores os problemas vividos pelas mulheres;
>
Incentivar a criação de Associação de Enfermeiros nas outras Províncias;
>
Criação de centros para acolher as crianças órfãs e continuar o processo de
adopção das mesmas crianças.
E porque viemos para reflectir sobre “MULHERES QUE TECEM A VIDA”, achamos e
sentimos que é possível, todas juntas, pondo cada uma o seu caudal feminino, salvar
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a mulher da situação em que se encontra para ser o VERDADEIRO BERÇO DA
HUMANIDADE.
À tarde saímos para conhecer a cidade do Huambo e saudar os amigos.
11
Huambo, 6 de Outubro de 2008
Hoje o dia apresentou-se-nos de forma diferente por causa do funeral da senhora
Isabel, mamã da nossa Ir. Cândida Nunes, que veio urgentemente de Espanha onde
desenvolve
a
sua
missão.
Alterou-se assim o curso normal das nossas actividades pois o grupo preferiu
participar na missa de exéquias da mamã Isabel no nosso Centro Paroquial.
A oração inicial orientada pela Ir. Giselle Gómez, começou com o canto: "Tua Palavra
é fonte de vida…" enquanto duas senhoras da PROMAICA entravam segurando cada
uma a ponta de um quadro com pintura de mulheres africanas no se quotidiano.
E porque a causa da MULHER nos reúne, transportámos para junto de nós a figura de
Maria Madalena e outras mulheres (Mc.15, 45 - 47; 16, 1-2) que, mesmo de longe,
seguiram Jesus até ao pé da cruz. Salientámos a atitude do grupo de mulheres que
compraram unguentos e perfumes para o corpo do seu Senhor. O unguento é sinal de
cura e o perfume sinal de amor que tinham pelo Senhor. Neste clima de interiorização
nos ungirmos umas as outras na testa, no peito e nas mãos, enquanto
pronunciávamos a seguinte oração:
"Que o Senhor te abençoe e te proteja.
Que faça resplandecer a Sua face sobre ti.
Que o Senhor dirija o Seu olhar sobre ti e te conceda a paz". (Nm.6,22-26).
Passámos de seguida para o trabalho antes esclarecido pela Ir. Rita, que consistiu na
leitura e reflexão pessoal e /ou em grupo destacando a figura de Maria madalena, a
primeira testemunha da ressurreição de Jesus, apóstola dos apóstolos, acompanhada
de outras mulheres, com as questões que se lhe seguem (Mc. 16, 1-6; Mt. 28, 110; Lc. 24, 1-12.).
Ler atentamente o texto, reflectir, orar… e destacar o que me tocou e
chamou a atenção. Ressonâncias…
o Contexto…realidade do povo e da mulher. Atitude… das mulheres, dos
apóstolos/discípulos, do povo… perguntas que o texto suscita em mim…
o Qual foi a acção e a palavra de: - Jesus - das Mulheres – dos discípulos –
do povo – dos anjos( homens de branco)…
o Qual é o rosto de Deus revelado neste texto?
o Como esta Palavra ilumina a nossa realidade… e a que me – nos convida?
2. Da partilha do trabalho a nível pessoal e de grupo, o que mais nos tocou foi a
coragem a atenção, a fé, a esperança o amor das mulheres que prepararam o
perfume e foram ao sepulcro a busca de Jesus num contexto de medo,
patriarcal e o seu testemunho no anúncio da ressurreição aos apóstolos.
Quanto à quinta pergunta o grupo está convencido que esta Palavra ilumina a
nossa realidade na medida em que nos convida para a solidariedade (as
mulheres aparecem sempre muitas e a sua acção realiza-se em grupo) o que é
muito importante na vida quotidiana para conquistar a liderança, a primar pela
união entre todas, a estar ao serviço de Deus e dos irmãos com disponibilidade,
em fidelidade criativa e dinamismo.
3. Nos perguntámos: porquê as comunidades actuais perderam o dinamismo de
liderança que tinham as mulheres das primeiras comunidades? E achámos que
naquelas comunidades havia plena participação dos homens e mulheres.
o
12
Esta reflexão terminou com a recitação espontânea do Magnificat (Lc.1, 39-55),
cântico de Maria, mulher anunciadora da BOA NOTÍCIA intercalada com o refrão:
"Vem
Maia
mulher,
teu
canto
novo
nos
ensinar…"
A reflexão da tarde baseada na Leitura (Rom. 16,1-16) nos ajudou a descobrir a
missão das mulheres nas primeiras Comunidades Cristãs. Depois partilhámos sobre a
hermenêutica feminista, teoria que iluminou a interpretação que fizemos dos textos
bíblicos lidos durante a semana.
Terminámos com uma pequena avaliação do dia bastante rica em sugestões para o
futuro.
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Huambo, 7 de Outubro de 2008
O dia foi bastante intenso. As actividades foram Divididas em quatro momentos.
Oração comunitária Rezámos com o salmista (Sal. 146). Uma oração de louvor a
Deus que nos concedeu um dia belíssimo e nos acompanhou com ternura.
Contemplação da realidade da Comunidade de Galácia (Gal.3,23-29) para onde
S.Paulo dirige admoestações para melhorar o modo de relação entre os membros,
dado o problema de diferenças, discriminação, opressão de escravos e livres naquela
comunidade
cristã.
Lançámos o olhar para as nossas realidades e constatámos também muitas
diferenças. Apesar de este país ser rico, há uma grande diferença entre ricos e
pobres, tribalismo e partidárias.
Acolhemos de novo a Palavra em (Cor. 13). Ao partilharmos o
documento “Fazendo memória da luta das mulheres e do Feminismo”.
Aprofundámos a questão do Feminismo desde as origens. A Grécia antiga, na
civilização romana, na idade média, no Século XIV, no renascimento, no Século XVIII,
XIX, até aos nossos dias onde os movimentos feministas reivindicaram os direitos da
mulher e da cidadã.
Ficou em nós a inquietação de, com uma visão crítica construir relações mais
humanizadas a partir da realidade quotidiana, da cultura e da Bíblia.
Depois do intervalo continuamos a contemplar a realidade desde a óptica de Teresa
de Jesus. Oferecemos-lhe uma entrada solene na nossa sala de trabalho e a
colocámos num lugar de destaque.
A Ir. Giselle contextualizou-nos na leitura do pensamento da Santa, Século XVI,
“Século de ouro” por ser muito importante para Espanha, na altura, com divisão de
classes (nobres e plebeus); século da divisão da Igreja, o que levou a Teresa
interrogar-se sobre o que havia de fazer para mudar aquela situação sendo mulher e
ruim. E então entra em relação íntima com Deus. Reflectimos em grupo sobre:
O pensamento de Teresa sobre as mulheres, os homens e de todas as pessoas
quando fala da alma; A forma de interpretar as Escrituras; o trato de Jesus para com
as mulheres públicas; a sua experiência de Deus; o tipo de relação com Deus a que
nos convida; o seu pensamento sobre o trabalho/serviço de Marta e Maria.
Em jeito de conclusão destacaram-se estes pontos: a relação com Deus e com as
pessoas; a igualdade de direitos; a promoção da mulher e a solidariedade.
Outro momento foi o estudo dos artigos: 29, 30, 31 e 32 das
Constituições para nos situarmos no contexto e modalidade em que deve ser
realizada a nossa acção educativa.
Foi ainda feita uma leitura rápida da realidade da mulher na Proposta educativa
Teresiana que encontra na quarta tendência mundial.
Já no fim foram traçadas algumas sugestões para dar resposta à proposta do XV
Capítulo Geral: “Educar-nos e educar a mulheres e homens, construtores de uma
sociedade que respeite e promova a dignidade e os direito da mulher, desde um
sentido de reciprocidade.
Concluiu-se que a educação teresiana é uma educação integral, inclusiva,
comprometida com a pessoa e com a sociedade
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Huambo, 8 de Outubro de 2008
Hoje começámos por acender a vela que já se encontrava no círculo interior na nossa
sala de trabalho. É o último dia do nosso encontro e acreditámos que dele havia de
sair luz para dar continuidade ao que aqui se iniciou nestes dias. Ancoradas em Deus,
Lhe suplicámos: “ A Tua Palavra é uma lâmpada para os meus pés Senhor…Luz para
o meu caminho.”Interiorizámos o “Salmo da mulher oprimida que confiou em Javé” e
acolhemos a Palavra em (Lc. 11, 1-4) que nos convidava à oração do Painosso. Pedimos ao Senhor que nos conceda forçapara continuarmos a libertar-nos e
libertar as outras ao mesmo tempo que lhe suplicámos que nos liberte da tentação
de:
Complexo de inferioridade; domínio de outras mulheres; falta de solidariedade;
passivismo; desprezo de outras falta de uma palavra de consolo para as mulheres;
não valorização da mulher; nada fazer pela causa da mulher; …
Em seguida fomos remetidas para o trabalho de grupo por zonas para encontrar
caminhos de continuidade do trabalho iniciado neste encontro nas nossas realidades
pela equipa organizadora, Ir. Rita Barbosa, Giselle Gómez e Celestina Gueve.
Grupo 1: Cubal, Lobito e Lubango.
Grupo 2: Huambo e Menongue
Grupo 3: Cabinda, Moçambique e S.Tomé.
Linhas de orientação do trabalho:
1. Aspectos mais iluminadores e significativos destes dias;
2. Como dar continuidade ao que iniciámos nestes dias;
3. Como partilhar com os nossos grupos e comunidades. Preparar ou recolher
alguma sugestão.
Do trabalho eis o sintetizado:





Tivemos a oportunidade de aprofundar a Bíblia desde a nossa realidade;
nela vimos a mulher resgatada por Jesus;
Louvamos a metodologia participativa com uma dinâmica de trabalho em
grupos empregue pela equipa orientadora, que levou a participação de
todas e nos incentivou a buscar estratégias oportunas;
Tomámos consciência da realidade da mulher, hoje, que nos despertou
para a necessidade de formar-nos e formar a outras mulheres e homens
desde esta perspectiva.
A vida de Santa Teresa de Jesus constitui para nós um exemplo de luta
pela causa da mulher;
Sentimos que a experiência partilhada por todas desde as nossas
realidades é um grande desafio para a nossa missão.
A tarde foi o coroar das actividades da semana. Fizemos a releitura dos objectivos a
que nos propusemos e confrontá-los com o que fizemos como projecção de futuro.
Terminámos com a celebração de “ENVIO”, uma celebração na qual destacámos as
nossas luzes expressas em dança tradicional; as sombras onde recordámos tantas
mulheres ainda oprimidas, sem casa, analfabetas, humilhadas por homens e outras
mulheres, que com os seus filhos morrem de fome…
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A Ir. Rita acendeu a vela que foi passando para cada uma das participantes como
sinal de que somos luz para iluminar as sombras da nossa realidade ao mesmo tempo
pedíamos a intercessão da Santa”andariega”.
Agradecemos uma vez mais à Comunidade que tudo fez para tornar possível o nosso
encontro até ao fim, nos brindou um almoço de festa com o corte de bolo em que
pudemos felicitar-nos mutuamente.
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ORAÇÕES
1. Senhor, mesmo ferida, sou útil. Ajuda-me a restabelecer as minhas forças
caminhar rumo ao futuro. Um futuro brilhante, um futuro de pás e de amor.
e a
2. Senhor nosso Deus, olhai para o sofrimento da mulher. Ajudai-nos nosso
sofrimento e iluminai caminho a trilhar para ultrapassá-lo com fé e unificai-nos no
Vosso nome. Ámen.
3. Senhor nosso Deus, Vós que criastes a mulher a Vossa imagem e semelhança,
olhai para ela como obra das vossas mãos. Restaurai-a, devolvendo-lhe a sua
dignidade original que lhe foi usurpada. Fazei com que ela tome consciência do seu
sofrimento e das suas limitações e que com a Vossa graça, Senhor, ela seja
reconstruída, unificada e recuperada. Por nosso Senhor Jesus Cristo. Ámen.
4. Senhor, Vós que criastes o ser humano isto é, o homem e a mulher à Vossa
imagem e semelhança, nós Vos rogamos para que o mundo reconheça que a mulher
é igual ao homem. Pela vossa misericórdia, Senhor, libertai a mulher do jugo da
escravidão, do espancamento de humilhação em vários aspectos do seu eu. Abençoai
as mulheres, curai-as e libertai-as. Dai-lhes a graça de partilhar, junto com o homem
no resgate dos valores morais e cívicos e na obra da salvação da humanidade. Ámen.
5. Senhor Jesus dá-nos força para tomarmos consciência de sermos capazes de
reconstruirmos e participarmos na reconstrução da mulher que está degradada, que
será a reconstrutora de uma sociedade digna.
6. Senhor, muitas vezes perde a fé e confiança em Vós que sois o único Mestre e Guia
na caminhada. Concedei-nos a fé e curai as nossas enfermidades e perdoai o nosso
pecado, para que, deixando-nos conduzir por Vós sejamos geradoras da e promotoras
de paz e reconciliação. Assim seja.
7. Nós Vos pedimos Senhor: concedei-nos um coração de mãe, a valentia de
sabermos arriscar, passar por cima de tudo quanto nos pode acontecer a exemplo da
mulher que toca o Vosso manto, para também sabermos ir ao encontro de quem
sofre, padece no corpo ou na alma a partir da nossa fé em Jesus Cristo. Amen.
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Conclusões
Realizamos o CIT: Mulheres que Tecem a Vida I, de 01 a 08 de Outubro de 2008, em
Huambo, Angola. Participamos mais de 30 mulheres da Família Teresiana, Religiosas
e leigas, de Angola, Moçambique e São Tomé, e uma pastora da Igreja Evangélica
Congregacional de Angola.
Este CIT respondia a uma das sugestões do XV Capítulo Geral, de continuar a reflexão
sobre a mulher, desde as diversas disciplinas e o carisma, com o fim de educar-nos e
educar a mulheres e homens, construtores de uma sociedade que respeite e promova
a dignidade e os direitos da mulher, desde um sentido de reciprocidade.
Desde a experiência de estudo e reflexão levados a cabo nestes dias, consideramos
como aspectos mais significativos:
. O aprofundamento da Bíblia desde a nossa realidade e óptica de mulher, a fim de
descobrir o seu valor e dignidade, como também o seu papel na família, na sociedade
e na Igreja.
. A Metodologia Participativa com uma dinâmica de trabalho em grupos, que levou a
participação de todas e incentivou a buscar estratégias criativas e oportunas.
. A tomada de consciência sobre a nossa realidade de mulher, hoje, que nos
despertou para a necessidade de formar-nos e formar a outras mulheres e homens
desde esta perspectiva.
. Compreender a questão de género com maior profundidade, bem como os
Movimentos de Mulheres e suas lutas pela igualdade de direitos, relações de
reciprocidade para a construção de uma sociedade mais justa.
. As experiências partilhadas por algumas participantes do Encontro, desde a sua
realidade, organizações e compromisso em favor das mulheres.
. O estudo de Santa Teresa de Jesus, desde a sua visão e compromisso como mulher,
com a Igreja e a sociedade do seu tempo.
Os textos e outros materiais utilizados contribuíram para o aprofundamento dos
conteúdos e à dinâmica do Encontro.
Sentimo-nos motivadas a dar continuidade através dos compromissos:
1. Criação de núcleos regionais para consolidar e amadurecer o que reflectimos e
partilhamos nestes dias.
2. Promoção de Encontros Regionais e a nível Nacional.
3. Intercâmbio com grupos de outros países.
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4. Trabalho com outras instituições, especialmente a PROMAICA, para promover e dar
continuidade a Projectos de Alfabetização de mulheres e homens, e incentivá-las/os a
participarem em acções formativas a favor dos direitos e da dignidade da mulher.
5. Formação permanente a começar por nós próprias. Estudo da Bíblia a nível pessoal
e em grupos. Maior conhecimento de Santa Teresa de Jesus e de sua contribuição
como mulher na Igreja e na sociedade do seu tempo.
6. Uso duma linguagem inclusiva em todas as nossas acções.
7. Trabalho desde a perspectiva de género nas Comunidades, nos grupos de Igreja e
outros, no colectivo de trabalho, nas escolas, nos internatos, na família, no âmbito da
Saúde, a começar pelas/os líderes desses grupos.
8. Realização de Projectos de promoção e desenvolvimento em parceria com outras
Instituições, para minimizar situações de extrema pobreza da mulher.
9. Busca das melhores estratégias que nos convençam a nós mesmas e aos homens,
que as mulheres somos capazes de exercer qualquer função na família e na
sociedade. E que possibilitem relações de reciprocidade.
Partilha da experiência que vivemos:
Na vida quotidiana, na família, nas amizades e em todos os grupos que participamos,
a fim de influenciar para uma mudança de mentalidade e novas relações de
reciprocidade.
Nas Comunidades e Grupos Apostólicos, nos quais podemos iniciar com algumas
passagens bíblicas onde Jesus valoriza as mulheres e outras do Antigo Testamento
que façam referência às mulheres.
Em outros colectivo de trabalho, seria conveniente começar com a reflexão sobre as
relações de género.
Huambo, 8 de Outubro de 2008
As Participantes
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