Atualidades
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Português Atualidades Fascículo 05 Cinília Tadeu Gisondi Omaki Maria Odette Simão Brancatelli Índice Nova Ordem vive entre acordo de paz e conflito ........................................................................1 Exercicíos............................................................................................................................................2 Gabarito.............................................................................................................................................2 Negociações amenizam conflitos no Oriente Médio ...................................................................3 Exercícios............................................................................................................................................4 Gabarito.............................................................................................................................................4 Nova Ordem vive entre acordo de paz e conflito Na Nova Ordem, elementos novos convivem com velhos problemas. Antigas rivalidades têm sido minimizadas, enquanto conflitos ainda desestabilizam regiões. Na Irlanda do Norte, foi instalada uma assembléia regional, como na Escócia e no País de Gales, parte da política do premiê Tony Blair de transição de poderes do Parlamento britânico. Cumpre-se um ponto do Acordo de Paz de Sexta-Feira Santa, assinado em 1998 entre os líderes católicos e protestantes, rivais há séculos. A católica Irlanda, ocupada por protestantes na Idade Moderna, foi anexada oficialmente ao Reino Unido no século 19. Conflitos levaram britânicos e irlandeses a um tratado na década de 1920, criando o Estado Livre da Irlanda. Em 49, nasceu a católica República da Irlanda (Eire). A divisão provocou novas tensões. A minoria católica da Irlanda do Norte (Ulster), nos anos 60, passou a reivindicar maiores direitos e a reunificação com o Eire. Na oposição, os protestantes unionistas defendiam o vínculo ao Reino Unido. Alternando luta armada e pacífica, o IRA (Exército Republicano Irlandês, guerrilha católica) partiu para o terrorismo, sob forte repressão britânica. Nos anos 90, começou o processo de paz entre o Sinn Fein, braço político do IRA, e a Coroa britânica. Formalizou-se em 98 o Acordo de Sexta-Feira Santa e no final do ano o Nobel da Paz foi entregue a negociadores do Ulster. Rivais históricos aceitaram o desafio de governarem juntos a Irlanda do Norte e fizeram concessões. Católicos renunciaram à reunificação, já os protestantes concordaram em rever a situação caso a maioria deseje. Por sua vez, o Eire retirou de sua Constituição a reclamação territorial sobre o Ulster. Um importante impulso nesse processo foi a decisão do Partido Unionista do Ulster (protestante), defendida pelo líder e Nobel da Paz David Trimble, de apoiar a reinstalação do governo regional na Irlanda do Norte, após apertada vitória (53%) na votação de maio de 2000 no conselho diretivo do partido. Tal fato, considerado histórico por analistas e chefes de Estado, significa que, na prática, católicos e protestantes dividem o poder no país. Espera-se que o principal obstáculo à paz seja definitivamente superado: o desarmamento total de grupos paramilitares protestantes e do IRA. Por outro lado, atentados a bomba, em agosto e setembro de 1999, provocaram violenta reação russa contra a Tchetchênia, sob a alegação de destruir bases guerrilheiras dos separatistas islâmicos do Daguestão, acusados desses atos. O recente conflito no Cáucaso demonstrou que umas das heranças do fim da URSS, o separatismo, continuava assombrando o frágil governo de Bóris Yeltsin. O stalinismo, a partir de 1927, criou entraves ao crescimento econômico. Nos anos 70, a estagnação alertou para a necessidade de mudanças, que exigiam ousadia política. Consciente dos problemas, Mikhail Gorbatchov (85-91) adotou um amplo programa de reestruturação econômica (perestroika) e de abertura política (glasnost). Golpes frustrados de opositores e a independência das Repúblicas Bálticas, em 91, enfraqueceram Gorbatchov. Yeltsin aproveitou-se da situação e, com outras lideranças, assinou o Acordo de Minsk. Surgia a CEI. Instabilidade político-econômica e tensões étnico-separatistas continuaram na década de 90. Na Tchetchênia a guerra com a Rússia (94-96) não garantiu a independência desejada pela primeira, mas a segunda concedeu-lhe autonomia. Para analistas, os ataques sobre a Tchetchênia e as ameaçadoras declarações russas faziam parte de uma estratégia política, visando as eleições. Ademais, havia interesses econômicos: o controle das fontes de petróleo e gás. Tais motivos desconsideraram a população civil. O conturbado e polêmico governo Yeltsin, marcado por duas guerras contra a separatista Tchetchênia, crise econômica e problemas de saúde do líder, terminou em 31 de dezembro de forma 1 surpreendente e antecipada. Assumiu o premiê Vladimir Putin, com a difícil missão de administrar uma Rússia repleta de problemas, crises e inseguranças, tanto da Guerra Fria quanto da era Yeltsin. A recente tragédia do submarino Kursk revelou a falência da antiga superpotência e suas Forças Armadas. Cresce a esperança de que acordos como o Sexta-Feira Santa dominem mais o cenário mundial e que as guerras e tensões político-étnico-religiosas não continuem aumentando as tristes estatísticas de mortes e refugiados. Maria Odette Simão Brancatelli e Cinília T. Gisondi Omaki são professoras de História do Colégio Bandeirantes. Texto publicado no Caderno Fovest, Folha de São Paulo, 17/12/1999, e atualizado no início de setembro de 2000 para o Portal. Exercícios 01. (Fei-SP) Os conflitos na Irlanda do Norte protagonizados por ataques terroristas do IRA (Exército Republicano Irlandês), têm como origem: a. reivindicações separatistas da minoria católica; b. problemas econômicos surgidos com a unificação das duas Irlandas; c. aprovação de novas medidas trabalhistas; d. reações nacionalistas contra os imigrantes estrangeiros; e. a atual política econômica recessiva. 02. (Mackenzie-SP) “Quando, em agosto de 1991, os conservadores tentam derrubar Gorbatchev, Yeltsin intuiu o momento político e colocou-se à frente da resistência aos golpistas.” História Moderna e Contemporânea – Alceu l. Pazzinato e Maria Helena Senise O texto acima relaciona-se exceto com: a. o contexto de estruturação da Nova Ordem Internacional e fim da URSS; b. a desintegração da URSS e o surgimento de quinze estados independentes; c. substituição da URSS pela CEI; d. insatisfação da população soviética com o desequilíbrio entre produção e consumo; e. desintegração da Rússia e criação do COMECON. Gabarito 01. Alternativa a. 02. Alternativa e. 2 Negociações amenizam conflitos no Oriente Médio “Acordos modificam mapa e criam uma nova geopolítica no Oriente Médio.” Esta poderia ser uma das manchetes de 2000, pois as negociações durante 1999 abriram boas perspectivas para uma área historicamente marcada por rivalidades. A religião, o nacionalismo e a política sempre acirraram conflitos nesse que foi o berço do monoteísmo judaico, cristão e muçulmano. O domínio turco, iniciado na Idade Moderna, terminou com a Primeira Guerra, mas a independência das várias nações ainda estava distante. França e Reino Unido, vencedores da guerra, assumiram o controle e dividiram a região, alimentando o nacionalismo árabe. Organizou-se também um amplo movimento sionista, com o objetivo de criar um “lar nacional judeu na Palestina”. Em 1947, a ONU (Organização das Nações Unidas) decidiu pela partilha da Palestina: a judaica e a palestina. Com a retirada britânica em 1948, nasceu oficialmente o Estado de Israel, gerando reação dos países árabes. A primeira guerra (1948-1949), vencida por Israel, desencadeou a “Questão Palestina”. Na Guerra dos Seis Dias (1967), Israel derrotou o Egito, a Síria e a Jordânia, anexou Jerusalém e ocupou Cisjordânia, Sinai, Gaza e Golã. O êxodo palestino aumentou e a recém-criada OLP (Organização pela Libertação da Palestina) firmou-se como expressão política e braço armado do povo. Desobedecendo à ONU, Israel manteve as conquistas, o que provocou em 1973 a Guerra do Yom Kippur e a crise do petróleo. Os acordos de Camp David (1979), entre o egípcio Anuar Sadat e o israelense Menahem Begin, marcaram o início de uma nova fase. O Egito pôde então recuperar a península do Sinai, transformando-se no primeiro país muçulmano a assinar um tratado de paz com o Estado judeu. Israel devolveu parte de Golã à Síria, mas assentou colonos na Cisjordânia e na faixa de Gaza. A luta palestina para formar seu Estado, os ataques israelenses ao Líbano e a Intifada (revolta armada palestina de 1987) retardaram o fim dos confrontos. Somente em 93 a via diplomática ganhou destaque. Pelos acordos de Oslo, houve o reconhecimento mútuo entre Israel (Yitzhak Rabin) e OLP (Yasser Arafat). Também foram iniciadas negociações para a retirada de tropas israelenses, a devolução de áreas e a transferência do poder à Autoridade Nacional Palestina (ANP). No entanto, pouco foi concretizado, pois radicalizações político-religiosas, o assassinato de Rabin (1995) e a vitória do direitista Benjamin Netanyahu (1996) dificultaram o avanço do tratado de 1993. A vitória do trabalhista Ehud Barak, em 1999, demonstrou a vontade de mudanças dos israelenses, insatisfeitos com a recessão e a parada no processo de paz da política do ex-premiê Netanyahu. Israel e ANP estabeleceram como data para sacramentar o acordo o dia 13 de setembro de 2000. O otimismo cresceu, mas pontos polêmicos preocupavam: a retirada dos colonos judeus da Cisjordânia e Gaza, o retorno dos muitos refugiados palestinos, o controle sobre os recursos hídricos, a definição fronteiriça e a divisão de Jerusalém. A retomada do diálogo entre sírios e israelenses, interrompido desde 1996, é um grande passo na direção de um acordo de paz, cujo ponto central é Golã. A Síria exige sua devolução, enquanto Israel pretende uma retirada parcial. A manchete esperada para o ano 2000 ainda não apareceu nos jornais, mas a saída de Israel do sul do Líbano, em maio, depois de 22 anos de ocupação, o novo encontro em Camp David entre Arafat e Barak, em julho, e o adiamento, para novembro, da proclamação do Estado Palestino, chamaram a atenção mundial. A retirada das tropas israelenses ocorreu sem nenhum confronto, segundo os observadores da ONU. No entanto Israel, ameaçando o Líbano e a Síria, declarou que qualquer ataque contra suas áreas será interpretado como uma “ação de guerra”. Completando o processo, milhares 3 de refugiados libaneses puderam voltar aos seus lares e o dia 24 de maio foi transformado em feriado nacional no Líbano. Novamente a casa de campo da presidência norte-americana, em Camp David, foi palco de mais um encontro entre os líderes de Israel e da OLP. As expectativas foram frustradas, após 9 dias de conversações pouco frutíferas. Os pontos centrais de discórdia continuam os mesmos, especialmente a disputa de Jerusalém. A conjuntura de incertezas teve um momento de alento, quando o Conselho Central Palestino comunicou a decisão, elogiada por todos, de adiar para 15 de novembro a proclamação de independência da Palestina. A nova data é simbólica, pois foi em 15 de novembro de 1988 que Yasser Arafat declarou, na Argélia, o nascimento de um Estado Palestino soberano. Arafat saiu fortalecido e ganhou mais tempo para organizar a fundação formal do Estado de seu povo – preparar a nova Constituição e os sistemas eleitoral, financeiro e judicial. O nascimento de um Estado palestino e a normalização das relações entre Israel e Líbano, sob controle sírio, criariam uma situação ímpar na história do Oriente Médio: Israel em paz com seus vizinhos árabes, definindo uma nova geopolítica. Maria Odette Simão Brancatelli e Cinília T. Gisondi Omaki são professoras de História do Colégio Bandeirantes. Texto publicado no Caderno Fovest, Folha de São Paulo, 07/01/2000, e atualizado no início de setembro de 2000 para o Portal. Exercícios 01. (Metodista) No dia 13/09/93, Yitzhak Rabin e Yasser Arafat, nos jardins da Casa Branca, deram-se as mãos. “Vamos dar uma chance à paz”, disse Rabin. Esse fato marcou: a. o acordo entre o Hamas, movimento fundamentalista muçulmano, e Israel; b. o acordo entre Israel e Egito, devolvendo a faixa de Gaza aos palestinos; c. o início da retirada do exército israelense das colinas de Golã e da faixa de Gaza; d. a retirada da OLP (Organização para Libertação da Palestina) dos territórios ocupados na Cisjordânia e sua devolução a Israel; e. o acordo de reconhecimento mútuo entre Israel e a OLP (Organização para Libertação da Palestina). 02. (Fei-SP) Após décadas de conflitos, guerras abertas e atentados, a região passa, já há algum tempo, por um delicado processo de paz. Interrompido por atentados e pelo assassinato de um dos líderes envolvidos nas negociações, mais uma cúpula foi realizada em outubro de 1998 nos Estados Unidos, dando origem a mais um acordo. As fraturas são seculares e difíceis de serem curadas. Estamos nos referindo às negociações de paz realizadas entre: a. Israel e OLP, representante dos palestinos; b. Rússia e Estados Unidos; c. Alemanha e França; d. Índia e Paquistão; e. Iraque e Irã. Gabarito 01. Alternativa e. 02. Alternativa a. 4