Medicina-Intensiva - Professor Jose Vilelas
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Medicina-Intensiva - Professor Jose Vilelas
Manual Prático de Medicina Intensiva Coordenadores Milton Caldeira Filho Glauco Adrieno Westphal 3ª Edição - 2006 Manual Prático de Medicina Intensiva Copyright@ 2006 - Milton Caldeira Filho e Glauco Adrieno Westphal Proibida a reprodução total ou parcial desta obra por qualquer meio ou sistema sem prévio consentimento da ALTANA Pharma Ltda., ficando os infratores sujeitos às penas previstas em lei. Todos os direitos desta edição reservados a ALTANA Pharma Ltda Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Manual prático de medicina intensiva / coordenadores Milton Caldeira Filho, Glauco Adrieno Westphal. -- São Paulo: Editora Segmento, 2006. Vários autores Bibliografia. ISBN 85-89636-10-0 1. Diagnóstico 2. Medicina de urgência 3. Medicina intensiva I. Caldeira Filho, Milton. II. Westphal, Glauco Adrieno. CDD-616.075 NLM-WB 141 Índices para catálogo sistemático 1 Diagnósticos e tratamento Medicina 616.075 IMPRESSO NO BRASIL 2006 III Mensagem dos autores Foi com grata satisfação que assistimos à receptividade do Manual Prático de Medicina Intensiva. A nossa intenção foi, não a de esgotar os assuntos discutidos, mas contribuir com a prática da Medicina Intensiva, com um material atualizado e de consulta prática. Este é um Manual elaborado de forma aberta, no qual todos os interessados podem participar. Pedimos a colaboração com o envio de tópicos que ainda não foram discutidos, atentando para a estrutura editorial de tabelas e fluxogramas, a fim de serem acrescentados à próxima edição. Agradecemos a todos os autores que contribuíram, à Altana Pharma, por acreditar neste projeto, viabilizando-o financeiramente, e à dedicação da Segmento Farma Editores, pelo incentivo para a realização deste Manual. Milton Caldeira Filho [email protected] e Glauco Adrieno Westphal [email protected] IV Autores e colaboradores Alexandre Luiz Longo Eduardo Hochmüller • Especialista em Neurologia pela Sociedade Brasileira de Neurologia; professor da Faculdade de Medicina da Univille. • Residente do Serviço Pré-Natal de alto risco da Maternidade Darcy Vargas, Joinville – SC. Amilton Carniel Guimarães Eliézer Silva • Graduação em Medicina pela Universidade Federal de Santa Catarina; médico do Programa de Residência Médica em Clínica Médica no Hospital Municipal São José de Joinville – SC. • Doutor em Medicina – Unifesp; supervisor do CTI - Hospital Albert Einstein; professor da Faculdade de Medicina – Unisa; médico pesquisador da Disciplina de Fisiologia Cardiopulmonar Aplicada; presidente da Sociedade Brasileira de Choque. Anderson Ricardo Roman Gonçalves Fabiano Schwingel • Doutor em Nefrologia pela FMUSP; Médico intensivista pela AMIB; Professor das disciplinas de fisiologia e Nefrologia no curso de Medicina da Univille. • Especialista em Pneumologia pela Sociedade Brasileira de Pneumologia; professor da disciplina de Pneumologia da Faculdade de Medicina da Univille; preceptor do Programa de Residência em Clínica Médica do HMSJ e Hospital Regional Hans Dieter Schmidt. André Kiss Fernando Wagner • Especialista em Neurocirurgia pelo MEC. • Especialista em Cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia; especialista em Ecocardiografia pelo departamento de Ecocardiografia da Sociedade Brasileira de Cardiologia; especialista em Terapia Intensiva pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira. Andréa Ribeiro Cavalcanti • Mestre em Medicina Interna pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia Glauce Lippi de Oliveira Anna Lecticia Ribeiro Pinto • Mestre pela UFPR; doutorada em Neurologia pela USP; professora da Faculdade de Medicina da Univille; membro da Child Neurology Society. • Especialista em Medicina Intensiva pelo PRM em Medicina Intensiva do Hospital Municipal São José de Joinville – SC e pela AMIB; fellow em Terapia Intensiva do Hospital Israelita Albert Einstein. Carlito Moreira Filho Glauco Adrieno Westphal • Médico obstetra responsável pelo Serviço de alto risco da Maternidade Darcy Vargas, Joinville – SC; professor da Faculdade de Medicina da Univille. • Especialista em Medicina Intensiva pelo PRM em Medicina Intensiva do Hospital Municipal São José de Joinville e pela AMIB; coordenador da UTI do Centro Hospitalar Unimed de Joinville – SC; professor da disciplina de Medicina Intensiva da Faculdade de Medicina da Univille. Christiani Decker Batista João Natel Machado • Fisioterapeuta do Centro Hospitalar Unimed; especialista em Fisioterapia Aplicada à Terapia Intensiva. • Professor de Neurologia da Universidade Regional de Blumenau; mestre em Medicina Interna pela UFSC. Cláudio Celestino Zolinger • Especialista em Terapia Intensiva, Cirurgia Geral e Nutrologia Coordenador Técnico das Unidades de Terapia Intensiva da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia Vice Coordenador da Unidade de Gastroenterologia e Hepatologia do Hospital Português Joel de Andrade • Especialista em Terapia Intensiva pelo PRM em TI HU UFSC e pela AMIB; médico chefe da UTI do Hospital Universitário da UFSC; mestre em Ciências Médicas – Universidade Federal de Santa Catarina; vice-presidente da Socati. Conrado Roberto Hoffmann Filho Josiane Colvero • Especialista em Cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia; especialista em Terapia Intensiva pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira; preceptor de Cardiologia da Residência Médica do Hospital Regional Hans Dieter Schmidt. • Especialista em Cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia; rotineira da UTI Coronariana do Hospital Regional Hans Dieter Schmidt. Luiz Eduardo Faria Coura Durval Gonçalves Rosa Neto • Especialista em Medicina Intensiva pelo PRM em Medicina Intensiva do Hospital Municipal São José de Joinville e pela AMIB; preceptor do Programa de Residência em Clínica Médica do Hospital Regional Hans Dieter Schmidt. • Responsável pelo Serviço de Endoscopia do do Hospital Português, Salvador-BA Daniela Toss Luiz Henrique Melo • Especialista em pneumologia pela Sociedade Brasileira de Pneumologia em Medicina Intensiva pelo PRM em Medicina Intensiva do Hospital Municipal São José de Joinville – SE. • Especialista em Medicina Intensiva pela AMIB; médico infectologista; professor da disciplina de infectologia da Faculdade de Medicina da Univille. V Autores e colaboradores Patrícia Silva de Andrade Paulo Lisboa Bittencourt • Doutor em Gastroenterologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Coordenador da Unidade de Gastroenterologia e Hepatologia do Hospital Português • Médica residente do programa de residência em medicina intensiva do Hospital Municipal São José de Joinville – SC. Marcelo de Paiva Castro • Especialista em Medicina Intensiva pela AMIB; intensivista dos hospitais Dona Helena e Centro Hospitalar Unimed. Pierry Otaviano Barbosa • Especialista em Medicina Intensiva pelo PRM; em Medicina Intensiva do Hospital Municipal São José de Joinville e pela AMIB; intensivista dos hospitais Dona Helena e Municipal São José de Joinville – SC. Marcelo Guimarães da Fonseca • Especialista em suporte nutricional pela Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral; especialista em medicina intensiva pela AMIB; especialista em clínica médica pela SBCM. Rachel Duarte Moritz • Professora do Departamento de Clínica Médica – UFSC; mestra em Ciências Médicas - UFSC; doutora em Engenharia de Produção - UFSC. Marcus Vinícius Roman de Alencar Barbosa Raquel Wanzuita • Médico residente do programa de residência em medicina intensiva do Hospital Municipal São José de Joinville – SC. • Especialista em Medicina Intensiva pelo PRM em Medicina Intensiva do Hospital Municipal São José de Joinville e pela AMIB; professora da disciplina de Medicina de Urgência da Faculdade de Medicina da Univille. Margaret Grando • Farmacêutica Bioquímica; mestre em Ciência dos Alimentos; professora da Disciplina de Toxicologia da Universidade de Joinville – SC. Renate Beims • Enfermeira especialista em Terapia Intensiva pela AMIB; enfermeira-chefe da UTI do Hospital Dona Helena – Joinville – SC. Marlene Zannin • Farmacêutica Bioquímica; doutora em Ciências Médicas pela Escola Paulista de Medicina – Unifesp/EPM; professora adjunta da Disciplina de Toxicologia da UFSC; coordenadora do Centro de Informações Toxicológicas de Santa Catarina. Ricardo Cláudio Koch Maria Alice Pires Soares Sérgio Alberto Wolf • Responsável Técnico e Coordenador do Programa de Reabilitação Pulmonar da Clinicenter (Joinville – SC); fisioterapeuta da Unidade de Terapia Intensiva do Centro Hospitalar Unimed (Joinville – SC). • Especialista em Neurocirurgia pela Sociedade Brasileira de Neurocirurgia; professor colaborador das disciplinas de Neuroanatomia e Neurocirurgia da Faculdade de Medicina da Univille. • Médica Gastroenterologista da Unidade de Gastroenterologia e Hepatologia do Hospital Português, Salvador-BA Maura Milano Cucco Tomio Tomita • Especialista em Terapia Intensiva pela AMIB; intensivista do Hospital Santa Catarina (Blumenau-SC). • Especialista em Medicina Intensiva pela AMIB; especialista em Anestesiologia pela SBA; coordenador da equipe de Anestesiologia do Hospital Municipal São José de Joinville – SC. Milton Caldeira Filho • Especialista em Medicina Intensiva pela Amib; coordenador da UTI do Hospital Dona Helena de Joinville – SC; coordenador da UTI do Hospital Municipal São José (HMSJ) de Joinville – SC; coordenador do Programa de Residência Médica em Medicina Intensiva do HMSJ; presidente da Sociedade Catarinense de Terapia Intensiva. Vilto Michels Júnior • Especialista em Medicina Intensiva pelo PRM; em Medicina Intensiva do Hospital Municipal São José de Joinville e pela AMIB; fellow em Terapia Intensiva do Hospital Israelita Albert Einstein; médico da disciplina de Emergências Clínicas do Hospital das Clínicas. Norberto Luiz Cabral • Especialista em Neurologia pela Sociedade Brasileira de Neurologia; mestre em Medicina Interna pela UFPR; professor da Faculdade de Medicina da Univille. VI Sumário 28 Josiane Colvero, Glauco Adrieno Westphal e Milton Caldeira Filho Informações Gerais – UTI 1 29 31 Glauco Adrieno Westphal e Raquel Wanzuita 4 Trauma crânio-encefálico (TCE) 6 Acidente vascular cerebral isquêmico(AVCi) 9 Hemorragia meníngea (HM) 11 Delírio em unidade de terapia intensiva 13 Estado de mal-epilético 14 Morte encefálica 16 Manutenção do potencial doador de órgãos Drogas vasoativas Vilto Michels Júnior e Eliézer Silva Neurológico Coma Sepse Eliézer Silva e Vilto Michels Júnior Informações mínimas para apresentação de casos em UTI 2 Choque cardiogênico Respiratório 33 João Natel Machado Ventilação mecânica não-invasiva (VNI) Ricardo Cláudio Koch e Glauco Adrieno Westphal 34 Raquel Wanzuita Broncoespasmo em paciente crítico Fabiano Schwingel e Milton Caldeira Filho 36 Alexandre Luiz Longo Ventilação mecânica no pulmão inflamado Milton Caldeira Filho e Glauco Adrieno Westphal André Kiss e Sérgio Alberto Wolf 39 Desmame ventilatório Christiane Decker Batista e Glauco Adrieno Westphal Norberto Luiz Cabral 40 Anna Lecticia Ribeiro Pinto e Glauco Adrieno Westphal Abordagem diagnóstica e terapêutica do tromboembolismo pulmonar Glauco Adrieno Westphal e Daniela Toss Raquel Wanzuita Gastroenterológico Raquel Wanzuita Cardiovascular 42 Síndrome compartimental intra-abdominal 43 Hemorragia digestiva alta não-varicosa Pierry Otaviano Barbosa Paulo Lisboa Bittencourt 17 Ressuscitação cardiorrespiratória 45 Hemorragia digestiva alta varicosa 20 Hipotermia após ressuscitação cardiopulmonar (RCP) 46 Pancreatite aguda 49 Hepatite fulminante 52 Hemorragia digestiva baixa 53 Encefalopatia hepática Joel de Andrade, Glauco Adrieno Westphal e Milton Caldeira Filho Glauce Lippi de Oliveira e Milton Caldeira Filho 21 Síndrome isquêmica aguda (SIA) sem supra do segmento ST Conrado Roberto Hoffmann Filho 23 Abordagem inicial de IAM com supra do segmento ST Fernando Wagner 24 Emergência hipertensiva 25 Abordagem inicial do choque 27 Choque hipovolêmico Paulo Lisboa Bittencourt Cláudio Celestino Zolinger e Paulo Lisboa Bittencourt Andréa Ribeiro Cavalcanti e Paulo Lisboa Bittencourt Maria Alice Pires Soares e Paulo Lisboa Bittencourt Glauco Adrieno Westphal Maura Milano Cucco Infecção Glauco Adrieno Westphal e Milton Caldeira Filho 54 Luiz Eduardo Faria Coura, Milton Caldeira Filho e Glauco Adrieno Westphal VII Avaliação do paciente febril na UTI Glauco Adrieno Westphal Sumário 55 Infecções relacionadas a cateteres venosos centrais 56 Pneumonia comunitária 59 Pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV) 62 Mini-lavado bronco-alveolar às cegas (MiniLBA) no diagnóstico da pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV) Miscelânea Amilton Carniel Guimarães, Luiz Henrique Melo 79 Amilton Carniel Guimarães, Luiz Henrique Melo Marlene Zannin, Magaret Grando 81 Milton Caldeira Filho, Glauco Adrieno Westphal 83 84 87 Distúrbios do potássio 67 Distúrbios ácido-base 69 Controle glicêmico no paciente crítico 71 Cetoacidose diabética (CAD) 72 Insuficiência adrenal secundária em UTI 73 Avaliação nutricional do paciente crítico 75 Posicionamento pós-pilórico de cateter enteral 88 89 Anderson Ricardo Roman Gonçalves Dosagem de medicamentos no paciente obeso Milton Caldeira Filho Glauco Adrieno Westphal Anexos Milton Caldeira Filho 90 Anexo I Fórmulas Milton Caldeira Filho e Marcelo de Paiva Castro Amilton Carniel Guimarães 95 Glauco Adrieno Westphal Anexo II Medicamentos Glauco Adrieno Westphal e Raquel Wanzuita Marcelo Guimarães da Fonseca Renate Beims Sedação e analgesia dos pacientes internados em UTI Rachel Duarte Moritz 78 Profilaxia da lesão aguda de mucosa gástrica (LAMG) Glauce Lippi de Oliveira e Paulo Lisboa Bittencourt Anderson Ricardo Roman Gonçalves Sedação e analgesia 76 Profilaxia da trombose venosa profunda (TVP) Glauco Adrieno Westphal Anderson Ricardo Roman Gonçalves 66 Manuseio de úlceras de pressão baseado em evidências Marcus Vinícius Roman de Alencar Barbosa, Patrícia Silva de Andrade e Glauco Adrieno Westphal Requerimento básico de hidratação e eletrólitos Distúrbios do sódio Atendimento ao paciente grande queimado Pierry Otaviano Barbosa Metabólico e suporte nutricional 65 Doença hipertensiva específica da gravidez (DHEG) Milton Caldeira Filho, Eduardo Hochmüller e Carlito Moreira Filho Daniela Toss, Milton Caldeira Filho e Glauco Adrieno Westphal 63 Intoxicações agudas Prevenção e manuseio da abstinência do uso de opióide no desmame ventilatório Tomio Tomita, Glauco Adrieno Westphal VIII Informações mínimas para apresentação de casos em UTI A Informações gerais UTI 9. Endócrino Avaliação subjetiva e objetiva Hiperglicemias? Administração de insulina; necessita de dosagem de hormônios tireoidianos ou cortisol? Diabetes insipidus? SIADH? 1. Identificação 10. Infecção Data de internação hospitalar. Data de internação UTI. Curva térmica, leucograma; culturas; uso de antibióticos (quantos, quais, quanto tempo). 2. Lista de problemas 11. Hematológico História mórbida pregressa (dados relevantes), hábitos e costumes, diagnóstico de entrada, problemas ocorridos desde o início da internação. Hematócrito, coagulograma; medicamentos que alteram a crase sangüínea. 12. Nutricional Enteral ou parenteral; ingesta calórica; ingesta protéica, lipídica e de carboidratos; balanço nitrogenado, albumina, pré-albumina. 3. Eventos significantes ocorridos nas últimas 24 horas 4. Neurológico 13. Psicossocial Nível de consciência; pupilas; escala de coma de Glasgow; déficit motor; PIC, PPC, SjO2; sedação (escalas de Ramsay/Coock), doses de sedativos; resultados de exames. Depressão, delirium? Os familiares estão inteirados da situação? Há como viabilizar acompanhamento psicológico e/ou de terapia ocupacional? 5. Cardiovascular 14. Tubos, drenos, cateteres e medicamentos Ritmo, freqüência cardíaca e bulhas cardíacas; PAM; uso de drogas vasoativas e suas doses; PVC, Swan-Ganz; oxigenação tissular (pH, BE, lactato, CO2 gap, Ca-vO2/CO2 gap, SvO2, DO2, VO2). Posicionamento de tubos, drenos e cateteres; posição, fixação, data e presença de sinais de infecção na inserção de cateteres venosos e arteriais; checar ritmo de gotejamento das drogas e funcionamento das bombas de infusão. 6. Respiratório Sinais e sintomas; parâmetros ventilatórios; última gasometria arterial; radiografia de tórax (pneumotórax, atelectasia, infiltrado novo); pressão do cuff e localização da cânula traqueal. 7. Gastrointestinal Exame do abdome; ingesta oral ou por cateter enteral; débito do cateter nasogástrico; diarréia ou obstipação; resultados de exames. B Lista de problemas relevantes C Análise sistemática buscando estabelecer conexões entre os problemas encontrados a partir de justificativas fisiopatológicas D Propor condutas diagnósticas e/ou terapêuticas baseadas na análise 8. Metabólico e renal Diurese (kg/hora e total em 24 horas); balanço hídrico; diálise; creatinina, eletrólitos, estado ácido-base, função hepática). Referência bibliográfica 1. Varon J, Fromm Jr RE; Aproach to the intensive care unit. Handbook of Practical Critical Care Medicine. Springer-Verlag 2002:185-188. 1 Coma Neurológico Definição Alteração patológica da consciência, resultante da disfunção ou lesão aguda do sistema reticular ativador ascendente e/ou do tálamo e/ou de hemisférico bilateral; o paciente mantém os olhos fechados e não pode ser despertado por quaisquer estímulos exógenos ou endógenos1. Diagnóstico No exame do paciente em coma são importantes: Tabela 1. Escala de coma de Glasgow2 Resposta motora (M) Resposta verbal (V) Abertura ocular (O) Obedece a comandos 6 Orientado 5 Espontânea 4 Localiza dor 5 Confuso 4 Estímulos verbais 3 Retirada inespecífica 4 Inapropriada 3 À dor 2 Padrão flexor 3 Incompreensível 2 Ausente 1 Padrão extensor 2 Ausente 1 Ausente 1 Pontue a melhor resposta verbal e motora. Anote como: (M) 6; (V) 5; (0) 4 = 15 (melhor escore) Traqueotomia/Entubação Endotraqueal/Trauma facial invalidam (V) Pacientes considerados em coma se (M) 4; (V) 2; (O) 2 ou menos Tabela 2. Avaliação clínica do coma3 Exame geral Função do tronco cerebral • Pele (exemplo: rash, icterícia, cianose) • Respostas pupilares • Temperatura • Movimentos espontâneos dos olhos (roving eyes, bobbing ocular) • Cardiovascular • Resposta oculocefálica ou manobra do “olho da boneca” • Hálito (cetônico, urêmico, hepático) • Abdome • Resposta oculocalórica • Reflexo córneo palpebral • Reflexo da tosse Exame neurológico geral Padrão respiratório • Cabeça, pescoço, ouvidos (otorragia, sinal de Battle, olhos de guaxinim) • Cheyne Stokes: lesões hemisféricas-diencéfalo • Hiperventilação: Neurogênica Central: mesencéfalo • Meningismo (hemorragia subaracnóidea; meningite) • Apnêustica: ponte inferior • Fundoscopia (papiledema, hemorragia sub-hialóidea) • Resposta motora, tônus, reflexos tendinosos, reflexo cutâneo-plantar 2 Coma Neurológico Diagnóstico e tratamento4 COMA • • • • • • TCE grave ou Glasgow < 8 • • • • • Entubação endotraqueal Cabeceira elevada a 30o Cabeça em posição neutra Manitol (0,25 a 1 g/kg) Sedação ABC História clínica Glasgow Avaliação Clínica do Coma Tiamina 100 mg EV + Glicose hipertônica 50% 50 mL EV Exame neurológico alterado Meningismo PUNÇÃO LOMBAR normal Exame neurológico normal Sinais focais TAC DE CRÂNIO SEM CONTRASTE* anormal • • • • • • • • Coma metabólico? Na+, K+, Ca++, Mg++ Glicemia Gasometria arterial Função hepática, renal, Hormônios tireoidianos. Suspeita de intoxicação? Exame toxicológico normal Eletroencefalograma5 Hemorrágico ou infecção anormal • • • • • • • * Repetir em 24 horas a TAC de crânio sem contraste quando há sinais focais novos ao exame neurológico e TAC inicial foi normal UTI Tratamento da causa do coma Cabeceira elevada a 30º Cabeça em posição neutra Sedação Profilaxia de crises convulsivas Medidas suportivas gerais • • • • Controle glicemia, eletrólitos PaO2 ~ 100 mmHg Normoventilar Hiperventilar se sinais de herniação: PaCO2 27-30 mmHg • Se ↑ da pressão intracraniana – monitoração da PIC e tratamento Prognóstico5,6 Fator prognóstico Favorável Desfavorável • • • • • • • • • • • • • • • • • • Etiologia Glasgow Duração (dias) Reflexo tronco-cerebral Resposta motora Potencial Evocado (72h) Metabólico >8 <3 Presente Retirada/localiza dor Presente Referências bibliográficas 1. 2. 3. 4. 5. 6. Plum F, Posner JB, in The diagnosis of stupor and coma. 3a ed. Philadelphia: FA Davis; 1980. Teasdale G, Jennet B. Assessment of coma and impaired conciusness: a pratical scale. Lancet. 1974; 13: 81-4. Bateman DE. Neurological assessment of coma. J Neurol Neurosurg Psychiatry 2001; 71 (supp I) i; 13-7. Ropper AH. In Neurological and Neurosurgical Intensive Care 3a ed. New York: Raven Press; 1993. Bates D. The prognosis of medical coma. J Neurol Neurosurg Psychiatry 2001; 71 (supp I) i; 20-3. Levy DE, Caronna JJ, Singer BH et al. Predicting outcome from hypoxic ischemic coma. JAMA 1985; 253: 1420-6. 3 Estrutural <8 >3 Ausente Ausente/flexora/extensora Ausente Trauma crânio-encefálico (TCE) Neurológico Evitar lesão neurológica secundária: • • • • • • • • • • • • Hipóxia Hipotensão Hipocapnia Hipercapnia Hipoglicemia Hiperglicemia Hiponatremia Hipernatremia Hipomagnesemia Febre Anemia Convulsões TCE GRAVE GLASGOW ≤ 8 Avaliação pelo ATLS Procedimentos diagnósticos ou terapêuticos necessários • Ventilação (PaCO2 ~ 35 mmHg) • 0xigenação • Fenilanila 2 mL + midazolam 15 mg + succinilcolina 1 mg/kg • Sedação • Ressuscitação volêmica • Bloqueador neuromuscular (cristalóides) (curta ação) • Entubação Traqueal • Pré-oxigenação Deterioração? Herniação? Hiperventilação e manitol (0,25 a 1g/kg) Tomografia de crânio Profilaxia da convulsão pós-traumática (hidantal) em paciente de alto risco: • Glasgow < 10 • Contusão cortical • Hematomas intracranianos • Afundamento craniano • Lesão penetrante • Convulsão 1as 24h do trauma Lesão cirúrgica? UTI Monitorizar PIC Tratar hipertensão intracraniana 4 Centro cirúrgico Trauma crânio-encefálico (TCE) Neurológico Manter PPC > 70* * PPC =PAM - PIC Não PIC > 20 + de 10 min. Sim Drenagem Ventricular (se possível) Não PIC > 20 + de 10 min. Sim SjO2 < 55% SjO2 > 75% Medir SjO2 Manitol 20% 0,25 a 1g/Kg Sedação, doppler transcraniano para confirmar hiperemia SjO2 55% - 75% Retirada cuidadosa do tratamento Não PIC > 20 + de 10 min. Sim • Hiperventilação aguda (se SjO2 > 55%) • Repetir manitol (se paciente euvolêmico e osmolaridade sérica < 320 mOsm/L) • Sedação • Bloqueio neuromuscular • Tomografia de Crânio Centro cirúrgico Sim PPC PAM PIC SjO2 Pressão de perfusão cerebral Pressão arterial média Pressão intracraniana Saturação de oxigênio no bulbo jugular • Manter PPC >70 (infusão volêmica + inotrópicos) • Considerar: • Coma barbitúrico • Hipotermia • Salina hipertônica Lesão cirúrgica? Não UTI Referências bibliográficas 1. Brain Trauma Foundation, Inc.,American Association of Neurological Surgeons. Part I: guidelines for the management of severe traumatic brain injury.New York (NY): Brain Trauma Foundation, Inc.; 2000. 2. Cruz J. Hemometabolismo Cerebral: Modulações Terapêuticas Otimizadas,in: Neurointensivismo. São Paulo, Editora Atheneu, 2002, pp.25-35. 3. Clifton GL, Miller E, Choi SC et al. Lack of effect of induction of hypothermia after acute brain injury. N Engl J Med 2001, 344:556-63. 4. Fortune JB, Feostel PJ, Graça L, et al: Effect of hyperventilation, mannitol and ventriculostomy drainage on cerebral blood flow after head injury, in : J Traumma.1995,39 pp. 1091-1099. 5. Haltiner AM, Newell DW, Temkin NR, et al: Side effects and mortality associated with use of phenytoin for early post-traumatic seizure prophylaxis, in: J Neurosurg. 1999, 91, pp. 588-592. 6. Marion DW, Penrod LE, Kelsey SF: Treatment of traumatic brain injury with moderate hypothermia,in: N Engl Med. 1997,336, pp. 540-546. 7. Ramalho Júnior A. et al.Protocolos de Conduta do Hospital Israelita Albert Einstein.São Paulo, Editora Atheneu, 2003, pp. 451-457. 8. Polderman KH, Joe RTJ, Peerdeman SM et al. Effects of therapeutic hypothermia on intracranial pressure and outcome in patients with severe head injury. Intensive Care Med 2002, 28:1563-73. 9. Valet R, Albanese J Thomachot L et al. Isovolemic hypertonic solutes (sodium chloride or manitol) in the treatment of refractory posttraumatic intracranial hypertension: 2 ml/kg 7,5% saline is more effective than 2 ml/kg 20% manitol. Crit Care Med 2003, 31:1683-7. 5 Acidente vascular cerebral isquêmico (AVCi) Tabela 1. Recomendações gerais (nível IV) Suspeita de AVC • • • • • • • TC de CRÂNIO Neurológico Hemograma Glicemia Eletrólitos Função renal Coagulograma ECG Utilizar escala clínica de AVC do NIH (Tab. 4) 1. Só reduzir PA se: PAS > 200 – 220 ou PAD > 120 2. Hipertenso prévio: manter PA ~ 180 – 100 3. Sem HAS prévia: manter PAS ~ 160 – 180 4. As drogas anti-hipertensivas recomendadas são: nitroprussiato, nitroglicerina, labetalol, captopril 5. Evitar nifedipina ou diminuição drástica da PA 6. Evitar e tratar hipotensão Normal ou área hipodensa território vascular Hemorragia, hematoma subdural, neoplasia: tratamento específico Mais de 180 min. do início dos sintomas ou não candidato a trombólise Menos de 180 min. do início dos sintomas candidato a trombólise EV (Tab. 3) 7. Manter glicemia normal 8. Evitar soluções glicosadas e/ou soluções hipotônicas 9. Manter equilíbrio hidroeletrolítico. Hemodiluição não é recomendada (nível I) 10. Não se recomenda drogas neuroprotetoras (nível I) AAS 160 – 325mg/dia Medidas de tratamento geral (Tab. 1) r-TPA - (Actilyser) 0,9mg/kg - EV (dose máxima 90 mg) sendo 10% em bolus e o restante em infusão durante 1 hora (Tab. 2) Medidas de tratamento geral (Tab. 1) Tabela 3. Uso de trombolítico EV (nível I) Critérios de inclusão: 1. AVCi de território vértebro basilar ou circulação anterior. 2. Início dos sintomas menor do que 3 horas. Se dúvida quanto ao Δt contra-indicado. 3. À TAC de crânio: ausência de sinais de infarto recente “major”: edema, efeito de massa, sangramento. 4. Acima de 18 anos de idade. Tabela 2. Cuidados após trombolítico EV (nível IV) Critérios de exclusão: 1. Não utilizar antitrombóticos, antiagregantes e heparina nas próximas 24 horas pós-trombolítico. 2. Não inserir cateter venoso central, arterial ou enteral nas primeiras 24 horas pós-trombólise. 1. AVCi com pouca sintomatologia (< 4 pontos na escala NIH) 2. AVCi com rápida melhora neurológica. 3. Uso de anticoagulantes orais ou RNI acima de 1,7. 4. Uso de heparina nas últimas 48 horas. 5. Plaquetas abaixo de 100.000/mm3. 6. AVC ou TCE grave nos últimos 3 meses. 7. Cirurgia de grande porte nos últimos 14 dias. 8. PAS > 185 e PAD > 110 mmHg, não-controlável 9. Glicemia < 50mg% ou > 400mg% . 10. Crise convulsiva no início dos sintomas. 11. Sangramento gastrointestinal ou urinário nos últimos 21 dias. 12. Infarto do miocárdio recente (controverso). Suspeita de sangramento no SNC 1. Descontinuar r-TPA 2. TC crânio + Coagulograma + Neurocirurgia Tratamento das complicações hemorrágicas: • Crioprecipitado: 10U EV (manter fibrinogênio sérico > 100 mg%) • Plasma fresco congelado: 2 a 6U • Se TS > 9min: plaquetas 10U EV • Manter hemoglobina > 10 mg% • Ipisilon: 5 g EV 30 – 60 min. 6 Acidente vascular cerebral isquêmico (AVCi) Neurológico Tabela 4. NIH STROKE SCALE 1a. Nível de consciência (NC) 0= Alerta 1= Não alerta, mas acorda aos pequenos estímulos, com resposta adequada 2= Não alerta, responde somente com estímulos repetidos, ou com estímulos vigorosos (dor) para realizar movimentos (não esteriotipados) 3= Responde somente com reflexo motor ou autonômico, ou totalmente irresponsivo, flácido ou arreflexo 1b. NC questões 0= Responde as duas questões corretamente 1= Responde uma questão corretamente 2= Não responde a nenhuma questão corretamente 1c. NC comandos 0= Realiza dois comandos 1= Realiza um comando 2= Não realiza nenhum comando 2. Olhar conjugado 0= Normal 1= Paralisia parcial 2= Desvio do olhar conjugado, ou paralisia total não modificada com manobra oculocefálica 3. Campo visual 4. Paralisia facial 0= Normal 0= Normal 1= Hemianopsia parcial 1= Leve (assimetria no sorrir, apagamento sulco nasolabial) 2= Hemianopsia completa 2= Parcial (paralisia total ou quase total da porção inferior da face) 3= Hemianopsia bilateral (cegueira cortical, ou cegueira por outra causa) 3= Completa (de um ou dois dos lados) 5. Resposta motora (MMSS) 6. Resposta motora (MMII) 0= Sem queda a 45º (90º) por 10 seg 0= Sem queda a 30º por 5 seg 1= Queda (não total) antes de completar 10 seg 1= Queda (não total) antes de completar 5 seg 2= Queda (até a cama) antes de 10 seg, com dificuldade de vencer a gravidade 2= Queda (até a cama) antes de completar 5 seg com dificuldade de vencer a gravidade 3= Discreto movimento, mas sem vencer a gravidade 3= Discreto movimento, mas sem vencer a gravidade 4= Sem movimento 4= Sem movimento 9= Amputação/fusão articular 9= Amputação/fusão articular explicação:................................................................................. explicação:................................................................................. 5a. MSE 6a. MIE 5b. MSD 6b. MSD 7. Ataxia apendicular 8. Sensibilidade 0= Ausente 0= Normal 1= Presente em um membro 1= Leve a moderado déficit da sensibilidade do lado afetado, mas o paciente tem consciência de estar sendo tocado 2= Presente em dois membros 2= Severo ou total déficit da sensibilidade (face/ MS/MI) 7 Acidente vascular cerebral isquêmico (AVCi) Neurológico Tabela 4. NIH STROKE SCALE 9. Linguagem 0= Normal 1= Afasia leve a moderada, perda da fluência ou facilidade da compreensão, sem significante limitação nas idéias expressas. Redução na fala ou compreensão 2= Afasia severa, toda a comunicação é através de expressões fragmentadas. Grande necessidade de inferir, adivinhar e questionar por parte do examinador 3= Mutismo, afasia global 10. Disartria 11. Extinção/Inatenção 0= Ausente 0= Normal 1= Leve a moderada (paciente pode ser compreendido com certa dificuldade) 2= Visual, tátil, auditiva, espacial ou extinção aos estímulos simultâneos sensoriais, em uma das modalidades sensoriais 2= Severa / Mutismo / Anartria 3= Hemi-inatenção severa ou em mais de uma modalidade 9= Entubado ou outra barreira à comunicação Especifique a barreira:............................................................... Stroke. 1994:2220-26 N Engl J Med. 1995:333:1581-87 Referências bibliográficas 1. Recommendations For Stroke Management EUSI 2003; European Stroke Initiative on behalf of European stroke Council (ESC), the European Neurological Society (ENS) and the European Federation of Neurological Societies (EFNS) 2. Guidelines for Trombolytic Therapy for Acute Stroke: A Supplement to the Guidelines for the Manegement of Patients with Acute Ischemic Stroke. Circulation 1996;94:1167-74 8 Hemorragia meníngea (HM) Neurológico Deve-se considerar que qualquer cefaléia de início súbito, associada ou não à perda de consciência, náuseas ou vômitos, rigidez de nuca ou qualquer sinal neurológico focal, pode ser manifestação de Hemorragia meníngea (HM). Se houver suspeita clínica, realizar a tomografia (TAC) de crânio nas primeiras 24 horas. A TAC de crânio é anormal em 90% dos casos de HM. Se a TAC é negativa e a suspeita clínica é grande, devese realizar a punção lombar, tomando-se o cuidado de diferenciar uma punção traumática da verdadeira HM (prova dos 3 tubos; xantocromia). Causas de HM • • • • • • • • • • • Ruptura de aneurisma (75% a 80%) Coagulopatia Traumática Trombose de seio dural Vasculites do SNC MAV cerebral e espinhal Tumor cerebral (raramente) Drogas (cocaína) Dissecção arterial Apoplexia pituitária Causa indefinida (até 22% dos casos) Escala clínica de Hunt e Hess Sintomas • • • • • • Grau 0 1 2 3 4 5 Aneurisma assintomático Cefaléia moderada ou assintomática Cefaléia moderada a intensa, rigidez de nuca, com ou sem paralisia de nervo craniano Confusão mental, letargia ou sinais focais moderados Estupor e/ou hemiplegia Coma OBS.: deve-se adicionar um ponto em casos de patologia sistêmica, como hipertensão arterial ou diabetes mellitus. Escala Tomográfica de Fisher Tomografia Grau • Não há sangue na TAC 1 • Extensão focal do sangue no espaço subaracnóideo, sem coágulos e menor que 1 mm de espessura 2 • Grande quantidade de sangue no espaço subaracnóideo (maior do que 1 mm de espessura), hematomas pequenos 3 • Presença de sangue intracerebral e intraventricular, com grande quantidade de sangue no espaço subaracnóideo 4 Avaliação inicial do paciente com HM • Bioquímica sangüínea completa • Coagulograma • Hemograma • Arteriografia cerebral 9 Hemorragia meníngea (HM) Neurológico Tratamento (medidas gerais) Complicações mais freqüentes da HM 1. Internação em UTI com monitorização neurológica 1. Hipovolemia e hiponatremia 2. Hidratação adequada com monitorização rigorosa do sódio 2. Arritmias cardíacas 3. Ressangramento. Ocorre com mais freqüência nas primeiras 24h 3. Sedação 4. Controle da dor 4. Hidrocefalia. Deve ser tratada com ventriculostomia nos casos com deterioração do nível de consciência 5. Profilaxia de crises convulsivas 5. Vasoespasmo. Ocorre em 30% dos casos de HM, iniciando entre o quarto e 12o dia da HM; tem como manifestações clínicas: confusão mental, deterioração do nível de consciência com ou sem sinais focais. Na suspeita diagnóstica, a confirmação deve ser feita pelo Doppler Transcraniano (DTC) 6. Profilaxia do vasoespasmo (nimodipina 60 mg VO a cada 4h) 7. Doppler transcraniano diário Tratamento do vasoespasmo 1. Bloqueadores de canais de cálcio (nimodipina) 2. Indução de hipertensão arterial e expansão do volume intravascular 3. Hemodiluição (hemoglobina entre 10 e 12 g/dL) 4. Angioplastia transluminal percutânea Indicação cirúrgica Nos casos de HM por ruptura de aneurisma cerebral, indica-se tratamento cirúrgico precoce, até o terceiro dia de HM desde que o paciente esteja em condições neurológicas adequadas (Hunt e Hess ≤ 3). Deve-se evitar a cirurgia entre o quarto e o 12o dia, pelo maior risco de ocorrência de vasoespasmo. Referências bibliográficas 1. Greenberg MS. Handbook of Neurosurgery; Mark S. Greenberg, 5ª ed., 2001, Thieme, pp. 754-66. 2. Souza SEM. Tratamento das Doenças Neurológicas, 2000, Guanabara Koogan, pp. 118-23. 3. Stavale MA. Bases da Terapêutica Intensiva Neurológica, Ed. Santos, 1996, pp. 221-48. 10 Delírio em unidade de terapia intensiva Neurológico Tabela 1. Critérios diagnósticos para Delírio - DSM-III-R Conceito Estado confusional agudo, causado por uma disfunção mental global, com comprometimento da consciência, da percepção do ambiente e desatenção. Prevalente, potencialmente reversível e com significante morbimortalidade. A Redução da capacidade de manter atenção aos estímulos externos B Pensamento desorganizado, confabulatório, irrelevante. Pronúncia incoerente C Diagnóstico No mínimo dois dos critérios que se seguem: 1. Redução do nível de consciência 2. Percepção alterada: delusões, alucinações 3. Ciclo sono/vigília alterado com insônia ou sonolência diurna 4. Hipo ou hiperatividade motora 5. Desorientacão tempo-espaço ou pessoa 6. Prejuízo da memória Diferenciar de psicose, depressão, demência e transtornos conversivos. Pontos chaves: início súbito, curso flutuante, alteração do nível de consciência (hipo/hiperativo), ciclo sono/vigília alterado, origem multicausal. Utilizar critérios do DSM-III-R e CAM. D E Início abrupto, curso flutuante Um dos critérios abaixo: 1. Evidência pela história, exame físico ou laboratorial de fator etiológico específico 2. Excluir causa mental não-orgânica Diagnósto: A+B+C+D+E Tabela 2. Método de avaliação de confusão (CAM-ICU) Achado Um Início agudo e curso flutuante do estado mental 1. Há evidência de mudança aguda no estado mental em comparação ao estado basal do paciente? 2. Este comportamento (anormal) flutua nas 24h? 3. A escala de sedação ou a escala de coma de Glasgow variam muito nas últimas 24h? Achado Dois Inatenção 1. O paciente tem dificuldade em focar a atenção? 2. A capacidade de manter a atenção está reduzida? 3. Como está o escore no Exame de Atenção? O paciente tem habilidade em prestar atenção em 10 gravuras? Achado Três Pensamento desorganizado 1. Paciente extubado: conversação lógica? 2. No ventilador, pode responder às seguintes quatro questões? a) Uma pedra irá flutuar na água? b) Existem peixes no mar? c) 1 kg pesa mais que 2 kg? d) Você pode usar um martelo para bater um prego? 3. O paciente pode obedecer as seguintes questões e comandos? a) Você tem algum pensamento confuso? b) Apresentar dois dedos do examinador na frente do paciente e solicitar que ele repita a ação. Achado Quatro Alteração do nível de consciência De um modo geral, em qual estado está o nível de consciência? Alerta (normal), hiperalerta (vigilante, ligado), letárgico ou em coma? Diagnósto de delírio: CAM-ICU Achado Um + Achado Dois + Achado (Três ou Quatro) 11 Delírio em unidade de terapia intensiva Neurológico Tabela 3. Fatores de risco para delírio • Idade maior do que 65 anos, muito comum acima de 80 • Alteração de temperatura (infecções urinária e respiratória) • Uso de quatro ou mais medicamentos • História de quedas • Lesão neurológica prévia • Dor não reconhecida • Comorbidades clínicas (ICC, DPOC, fratura de fêmur etc.) • Depleção de volume, alterações metabólicas/eletrolíticas Tabela 4. Medicamentos associados com delírio • Benzodiazepínicos • Inibidor de bomba de prótons • Antiinflamatórios • Opióides • Digitálicos • Antidepressivos • Anticolinérgicos • Antiarritmicos • Anticonvulsivantes • Biperideno • Antieméticos • Antiparkinsonianos • Anti-histamínicos Abordagem inicial Tratamento 1. História clínica: a. Procurar abstinência alcoólica, geralmente precedida por convulsão. Delírio de padrão hiperativo com descarga simpática b. Descartar quadro infeccioso 1. Tratar a causa de base 2. Reduzir estímulos ambientais (ruídos, luminosidade) 3. Trazer objetos familiares (fotos, objetos pessoais) 2. Verificar o estado cognitivo basal com o cuidador 4. Orientar o paciente quanto aos equipamentos da UTI 3. Exame físico: normalmente não há déficits focais. Utilizar o CAM com o cuidador do paciente ou enfermagem (tabela 2) 5. Evitar contenção física Haloperidol 3 a 5 mg EV de ½ em ½ hora até sedação leve (acordado, porém, controlável). Em casos mais graves, uso prévio de neurolépticos, utilizar 10 mg EV em bolus, manter 5 mg /h EV contínuo até 60 mg/dia. Manutenção de 4/4 h a 8/8 h. Lembrar que o pico plasmático ocorre após 4h; muito idosos, usar metade da dose. Considere neurolépticos novos em pacientes com sintomas extrapiramidais. 4. Suspender todos os medicamentos psicoativos 5. Exames: hemograma, gasometria arterial, eletrólitos, urinálise, uréia, creatinina, TAP, AST, ALT, glicemia, radiografia de tórax, ECG 6. Causas menos comuns: hipotireoidismo, hipertireoidismo, encefalite, estado de mal epiléptico Referências bibliográficas 1. Inouye SK, Bogardus ST, Charpentier PA et al. A multicomponent intervention to prevent delirium in hospitalized elderly patients. N Engl J Med 1999. 340: 669. 2. McNicoll L. Delirium in intensive care unit: occurrence and clinical course in older patients. J Med Geriatr Soc. 2003; 51(5): 591-8. 3. Taylor D, Lewis S. Delirium. J.Neurol, Neuros and Psych. 1993 ; 56: 742-751. 12 Estado de mal-epilético Neurológico Definição Tradicionalmente define-se Estado de Mal-Epiléptico (EME) como 30 minutos de convulção contínua ou série de crises sem retormar a consciência entre os episódios. Entretanto estudos indicam preocupação com convulsões que durem mais que cinco minutos. História clínica e exame físico Convulsão Interrupção da medicação é o dado mais freqüente na história clínica O tipo de crise mais comum é a generalizada tônico-clônica Atentar para a possibilidade de pseudocrise 0 a 5’ Suporte básico: • Sinais vitais • Manter vias aéreas pérvias • Garantir ventilação • Acesso venoso/exames Crise não cessou Exames laboratoriais a. Hemoglicoteste, glicemia, Na+, K+, Ca++, Mg++, uréia, creatinina, gasometria arterial, CPK, hemograma b. Exame toxicológico e nível sérico da medicação anticonvulsivante em uso c. Punção lombar se suspeitar de meningite Sem condições de acesso venoso: Midazolam 15 mg IM 5’ do início Exames específicos • Diazepam 10 mg EV em 2’ (0,2 mg/kg) máx. 30 mg • Hemoglicoteste • Tiamina 100 mg IM • Se hipoglicemia: glicose 50% 50 ml EV Crise não cessou 7 a 8’ do início Fenitoína 20 mg/kg EV (15 mg/kg em idosos) diluído em SF 0,9% 250 mL. Infundir a 50 mg/min. Crise não cessou Outras opções: Lidocaína • Ataque: 1 a 2 mg/kg em bolus • Infusão contínua: 1,5 a 3 mg/kg/hora Halotano Isoflurano Propofol Crise cessou 30 a 60’ do início Fenitoína 10 mg/kg EV diluído em SF 0,9% 250 mL. Infundir a 100 mg/min. Crise não cessou Crise cessou 10’ do início Repetir diazepam (máx. 40 mg) Crise não cessou a. TAC de crânio em especial nos casos sem etiologia ou de difícil controle b. Ressonância magnética fornece mais detalhes c. O EEG está indicado nos casos refratários. Importante no diagnóstico de pseudoeventos e para avaliar o término das crises. Crise cessou Crise cessou Crise não cessou 60’ do início Fenobarbital 20 mg/kg EV diluído em SF 0,9% 250 mL. infundir a 100 mg/min. Tiopental sódico: • Ataque: 3 a 4 mg/kg • Infusão contínua: 0,2 mg/kg/min (em salina ) • ↑ infusão em 0,1 mg/kg/min de 5/5’ até controle Crise cessou Crise cessou Midazolam ou propofol em infusão contínua Crise não cessou Referências bibliográficas 1. 2. 3. 4. Crise cessou Crise não cessou Crise não cessou Fenobarbital 5 a 10 mg/kg EV Crise cessou Bleck Tp. Management approaches to prolonged seizures and status eplepticus. Epilepsia 40 (1), S59-66, 1999. Lowenstein BH, Alldredge BK. Status epilepticus. N Eng J Med 1998, 338 (14) pp. 970-6. Matos EP. Protocolos da unidade de emergência / Hospital São Rafael – 10a Ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2002, pp. 123-5. Willmore LJ: Epilepsy emergencies: the first seizure and status epilepticus. Neurology 51: 5, S34-8, 1998. 13 Crise cessou Morte encefálica Neurológico Definição Perda definitiva da consciência e da capacidade de respirar, devido ao processo irreversível e de causa conhecida. Diagnóstico de morte encefálica Paciente em coma aperceptivo com ausência de atividade motora supra-espinhal Não Etiologia conhecida? Investigação diagnóstica Inconclusiva Interromper o protocolo Sim Conclusiva Há condições de exceção? Choque, hipotermia, drogas depressoras do SNC, distúrbios metabólicos Sim Manter tratamento clínico e corrigir tais distúrbios Não Exame neurológico: ausência de funções corticais e do tronco cerebral? Sim Não Sim Distúrbios corrigidos? Não Manter o tratamento Manter o tratamento Preencher termo de declaração de morte encefálica e comunicar ao órgão controlador estadual (Lei no 9.434/97, art. 13) Exames: •Doppler transcraniano ou •Angiografia cerebral ou •EEG Sim Ausência de atividade ou perfusão cerebral? Sim Observação por tempo adequado e repetição de exame clínico (Resolução CFM no 1.480/97) Confirmada morte encefálica? Não Não Manter o tratamento 14 Morte encefálica Neurológico Termo de declaração de morte encefálica Identificação: nome completo, nome do pai, nome da mãe, data de nascimento, sexo, registro hospitalar. A. Causa do coma B. Exame neurológico 1 Causa do coma: ............................................................... Atenção: verificar o intervalo mínimo exigível entre as avaliações clínicas constantes da tabela abaixo: Idade Intervalo 2 Causas do coma que devem ser excluídas durante o exame: a) Hipotermia ( ) SIM ( ) NÃO b) Uso de drogas depressoras do SNC ( ) SIM ( ) NÃO 7 dias a 2 meses incompletos 2 meses a 1 ano incompleto 1 ano a 2 anos incompletos Acima de 2 anos Se a resposta for sim a qualquer um dos itens, interrompe-se o protocolo. 48 horas 24 horas 12 horas 06 horas Elementos do exame neurológico – Resultados 1o exame ( ) Sim ( ) Sim ( ) Sim ( ) Sim ( ) Sim ( ) Sim ( ) Sim Coma aperceptivo Pupilas fixas e arreativas Ausência de reflexo córneo-palpebral Ausência de reflexos oculoencefálicos Ausência de resposta à prova calórica Ausência de reflexo de tosse Apnéia ( ( ( ( ( ( ( ) Não ) Não ) Não ) Não ) Não ) Não ) Não 2o exame ( ) Sim ( ) Sim ( ) Sim ( ) Sim ( ) Sim ( ) Sim ( ) Sim ( ( ( ( ( ( ( ) Não ) Não ) Não ) Não ) Não ) Não ) Não C. Assinaturas dos exames clínicos D. Exame Complementar Os exames clínicos devem ser realizados por profissionais diferentes, que não poderão ser integrantes da equipe de transplante. Nome completo, CRM, endereço, telefone, data e hora do exame. Indicar o exame realizado e anexar laudo com identificação do médico responsável. E. Observações 1. A presença de sinais de reatividade infraespinhal (atividade reflexa medular) não afasta o diagnóstico de ME. Reflexos medulares são: reflexos osteotendinosos, cutâneo-abdominais, cutâneo plantar em flexão ou extensão, cremastérico superficial ou profundo, ereção peniana reflexa, arrepio, reflexo tônico cervical. 3. Teste da Apnéia No paciente em coma, o nível sensorial de estímulo para desencadear a respiração é alto, necessitando-se da PaCO2 de até 55 mmHg, fenômeno que pode determinar um tempo de vários minutos entre a desconexão do ventilador e o aparecimento dos movimentos respiratórios, caso a região ponto-bulbar ainda esteja íntegra. A prova da apnéia é realizada de acordo com o seguinte protocolo: 2. Prova Calórica 2.1. Certificar-se de que não há obstrução do canal auditivo 2.2. Usar 50 mL de liquído próximo de 0ºC em cada ouvido 2.3. Manter a cabeça elevada em 30º durante a prova 2.4. Constatar a ausência de movimentos oculares. 3.1. 3.2. 3.3. 3.4. Ventilar o paciente com FiO2 100% por 10 min. Desconectar o ventilador Instalar cateter traqueal de O2 com fluxo de 6 L /min. Observar se aparecem movimentos respiratórios por 10 min. ou até PaCO2 = 55 mmHg Referências bibliográficas 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. Lei número 9.434, de 04 de fevereiro de 1997. Decreto número 2.268, de 30 de junho de 1997. Resolução do CFM número 1.480, de 08 de agosto de 1997. Matos EP. Protocolo para diagnóstico de morte encefálica, in Protocolos da Unidade de Emergência. Brasília, Editora MS, 2002 pp. 138-140. Sardinha LAC, Dantas Filho VP. Morte encefálica, in Neurointensivismo. São Paulo, Editora Atheneu, 2002 pp. 285-314. Silvado CES. Determinação da morte encefálica, in Condutas em Emergências Neurológicas. São Paulo,Lemos Editorial, 2001 pp. 183-200. Termo de Declaração de Morte Encefálica - Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos de Santa Catarina. 15 Manutenção do potencial doador de órgãos Os familiares do paciente com suspeita de morte encefálica deverão ser esclarecidos sobre a situação crítica do paciente, o significado de morte encefálica e como é realizado o diagnóstico. Uma equipe trei- Neurológico nada, independente do médico intensivista, deverá discutir com a família sobre a doação de órgãos, explicando os seus benefícios e os cuidados que serão dados ao corpo do paciente. Manutenção do potencial doador O objetivo básico na manutenção do potencial doador pode ser resumido na regra dos 10/100: • Hemoglobina > 10 g/dL • PVC > 10 mmHg • Dopamina < 10 mg/kg/min. • Pressão arterial sistólica > 100 mmHg • Débito urinário > 100 mL/hora • PaO2 > 100 mmHg Alterações Manuseio Descarga simpática: hipertensão arterial e taquicardia Expectante, nitroprussiato de sódio, esmolol Hipotensão e/ou hipovolemia, perda da função do centro vasomotor, depressão da função miocárdica, falência endócrina Reposição volêmica: ringer lactato, soluções hipotônicas (aquecidas), evitar colóides. Vasopressores: dopamina < 10 µg/kg/min. Arritmias/bradicardia Resistente à atropina. Corrigir distúrbios hidroeletrolíticos e ácido-básico. Drogas beta-adrenérgicas/marcapasso Ventilação mecânica PaO2 > 100 mmHg PaCO2: 35-40 mmHg , FiO2 < 40% Hiperglicemia Insulina IV contínua Diabetes insipidus Reposição volêmica hiposmótica DDAVP 0,03-0,15U/kg, intranasal 8/8h Coagulopatia Plasma fresco/plaquetas/crioprecipitado Anemia Concentrado de hemácias (Hb > 10 g/dL) Hipotermia/perda da regulação central Manter temperatura central > 35°C Soluções IV aquecidas, cobertor térmico Referências bibliográficas 1. Robertson KM, Cook OR. Perioperative management of the multiorgan donor. Anesth Analg, 1990; 70: p. 546. 2. Sardinha LAC, Dantas Filho VP. Morte encefálica, In Neurointensivismo. São Paulo, Editora Atheneu, 2002, pp. 306-8. 3. Soifer BE, Gelb AW. The multiple organ donor: identification and management. Ann Intern Med, 1989; 110: p. 814. 16 Ressuscitação cardiorrespiratória Cardiovascular Definição Fundamento Conjunto de manobras que objetivam reverter a cessação súbita e inesperada das funções cardíacas e respiratórias em indivíduos nos quais a morte não constitui um fato esperado. Fibrilação ventricular e taquicardia ventricular sem pulso são ritmos ressuscitáveis e a efetividade das manobras está diretamente ligada a brevidade do seu início. Devemos literalmente caçar este ritmo para poder tratá-lo do modo mais adequado: aplicando a desfibrilação. Diagnóstico diferencial A parada cardiorrespiratória pode manifestar-se de três diferentes formas, a saber: fibrilação ventricular/taquicardia ventricular sem pulso, assistolia, atividade elétrica sem pulso. Figura 1. Algoritmo universal para suporte avançado da vida em adultos Parada cardíaca Soco pré-cordial se apropriado Conecte desfibrilador/ cardioversor Rítmo Checar pulso +/- Durante PCR FV/TV • Checar posição e contato dos eletrodos/pás • Obtenha / verifique via aérea segura • Pacientes com FV/TV refratária aos “choques” iniciais: - Adrenalina 1 mg EV de 3/3’a 5/5’ ou - Vasopressina 40 U EV (dose única) Desfibrilar 3x se necessário Assistolia ou dissociação eletromecânica • Pacientes com ritmo diferente de FV/TV: - Adrenalina 1 mg EV de 3/3’a 5/5’ • Considerar: tampões, antiarrítmicos, marcapasso • Identifique e corrija causas reversíveis PCR 1 minuto Tabela 1. Causas potencialmente reversíveis • • • • • Hipovolemia Hipóxia Acidose ↑ K+,↓ K+, outro distúrbio Hipotermia • • • • • 17 Intoxicação exógena Tamponamento cardíaco Pneumotórax hipertensivo Isquemia cardíaca TEP Tempo de PCR > 3 min. Ressuscitação cardiorrespiratória Cardiovascular Fibrilação Ventricular (FV) ou Taquicardia Ventricular sem pulso (TVSP) ABCD inicial • Checar responsividade do paciente • Ativar equipe • Pedir pelo desfibrilador A: Abrir vias aéreas B: Ventilação por pressão positiva (ambu®) C: Compressões torácicas D: Desfibrilação: mais de 3 vezes (200 J, 200 a 300 J, 360 J) se necessário FV ou TVSP persistente ABCD secundário A: Cânula traqueal assim que possível B: Checar posição e fixar o tubo B: Ventilação por pressão positiva B: Confirmar oxigenação e ventilação C: Acesso venoso C: Identificar o ritmo (monitor) C: Administrar drogas apropriadas D: Diagnóstico diferencial. Procurar por causas reversíveis (Tabela 1) • Adrenalina 1 mg EV. Repetir de 3/3 min. a 5/5 min. ou • Vasopressina 40 U EV, dose única. Desfibrilar 1x 360 J em 30 a 60 s • Considerar antiarrítmicos: Amiodarona, lidocaína, magnésio, procainamida. • Considerar tampão Desfibrilar 1x 360 J em 30 a 60 s 18 Ressuscitação cardiorrespiratória Cardiovascular Assistolia e atividade elétrica sem pulso ABCD inicial • Checar responsividade do paciente • Ativar equipe • Pedir pelo desfibrilador A: Abrir vias aéreas B: Ventilação por pressão positiva (ambu®) C: Compressões torácicas D: Desfibrilação: mais de 3 vezes (200 J, 200 a 300 J, 360 J) se necessário ABCD secundário A: Cânula traqueal assim que possível B: Checar posição e fixar o tubo B: Ventilação por pressão positiva B: Confirmar oxigenação e ventilação C: Acesso venoso C: Identificar o ritmo (monitor) C: Administrar drogas apropriadas D: Diagnóstico diferencial. Procurar por causas reversíveis (Tabela 1) Atividade elétrica sem pulso Adrenalina 1 mg EV (Repetir de 3/3 min. a 5/5 min.) Assistolia Marcapasso transcutâneo: Se considerado, utilizar imediatamente Atropina 1 mg EV (Repetir de 3/3 min. a 5/5 min.), até dose total de 0,04 mg/kg Adrenalina 1 mg EV (Repetir de 3/3 min. a 5/5 min.) Atropina 1 mg EV (Repetir de 3/3 min. a 5/5 min.), até dose total de 0,04 mg/kg Referências bibliográficas 1. Guidelines 2000 for Cardiopulmonary Resuscitation and Emergency Cardiovascular Care. Circulation: 2000; 102: 186 2. Varon J, Fromm RE: Handbook of Pratical Critical Care Medicine. 2002; pp. 20-24 19 Hipotermia após ressuscitação cardiopulmonar (RCP) Cardiovascular Mesmo com uma ressuscitação cardiopulmonar (RCP) bem-sucedida, a recuperação é muito freqüentemente limitada pela encefalopatia anóxica. Muitos pacientes irão desenvolver lesão neurológica grave e somente 10% a 20% deles obterão alta hospitalar sem déficits neurológicos significativos. A hipotermia oferece efeito neuroprotetor por lentificar, modificar ou reverter o metabolismo cerebral, a produção de radicais livres, a permeabilidade da barreira hematoencefálica e a formação de edema, a cascata de excitoxicidade e a resposta imune e inflamatória. Em 2002, o International Liaison Committee on Resuscitation (ILCOR) fez a seguinte recomendação baseada em evidências publicadas: • Pacientes adultos comatosos, com estabilidade hemodinâmica depois de PCR, em fibrilação ventricular fora do ambiente hospitalar, deverão ser resfriados entre 32°C e 34°C por 12 a 24 horas. Indicação (recomendação grau A) Adultos • PCR, fora do ambiente hospitalar, documentada em FV ou TV • Intervalo de 5 a 15 minutos entre a PCR e o primeiro atendimento • RCP dentro de 60 minutos • Ausência de choque refratário (PAM ≤ 60 mmHg por mais de 30 minutos) ou hipóxia persistente pós-RCP • Escala de coma de Glasgow 3 (sem sedação/drogas depressoras do SNC) pós-RCP • Ausência de hipotermia (temperatura da membrana timpânica ou vesical ou esofagiana < 30°C) na admissão Indução da hipotermia • Admissão em unidade de terapia intensiva • Sedação e analgesia • Bloqueio neuromuscular (para evitar calafrios) • Induzir o mais rapidamente possível; se necessário, realizar a infusão EV de 30 mL/kg de SF ou RL a 3º C • Reduzir e manter a temperatura central entre 32°C e 34°C (timpânica, esofagiana ou vesical) por 12 a 24 horas • Resfriamento com colchão térmico, gelo em todo o corpo ou bolsas de gelo envoltas por compressas em axilas e virilha aplicadas na pele, com revezamento das bolsas para evitar queimadura pelo frio • Após 24 horas, iniciar o reaquecimento passivamente dentro de, no mínimo, oito horas (1° C a cada quatro horas) • Suspender a curarização e a sedação analgésica somente após o reaquecimento total Referências bibliográficas 1. Hein OV, Friese ST, Spies C. Controlled therapeutic hypothermia: when is it indicated? Yearbook of Intensive Care and Emergengy Medicine, 2004:823-7. 2. Polderman KH. Use of hypothermia for neuroprotection. Yearbook of Intensive Care and Emergengy Medicine, 2004:830-41. 3. Dietrich WD, Kuluz JW. New research in the field of stroke: therapeutic hypotermia after cardiac arrest. Stroke, 2003;34:1051-3. 4. The Hypothermia after Cardi� 20 Síndrome isquêmica aguda (SIA) sem supra do segmento ST Cardiovascular Definição Diagnóstico diferencial Constelação de sintomas clínicos compatíveis com isquemia miocárdica aguda. Pericardite; dissecção de aorta; TEP; problemas esofágicos. Sintomas sugestivos de síndrome isquêmia aguda (SIA) SIA possível ECG não-diagnosticado Marcadores cardíacos iniciais normais Sem elevação ST Sem dor recorrente Seguimento negativo Observar 4-8h com ECG + enzimas cardíacas Estudos provocativos de isquemia Dor isquêmica recorrente ou seguimento positivo diagnóstico SIA confirmado Negativo Diagnósticos potenciais Dor não-isquêmica ou SIA baixo risco Positivo diagnóstico SIA confirmado SIA confirmada Elevação ST Avaliar terapia de reperfusão. (ver página 23) Alteração ST ou S, dor persistente, marcadores cardíacos (+), anormalidade hemodinâmica. Via isquêmica aguda Aspirina, betabloqueador, nitratos, Regime antitrombótico (inibidor IIB/IIIA) Monitoração cardíaca (ver página 22) Estratégia invasiva precoce Estratégia conservadora precoce Angiografia 12-24h Angiografia imediata Sintomas recorrentes (isquemia, insuficiência cardíaca, arritmias graves) FE<40 Ecocardiograma Paciente estável FE>40 Teste de esforço Médio/alto risco Baixo risco Seguimento ambulatorial 21 Síndrome isquêmica aguda (SIA) sem supra do segmento ST Cardiovascular Medicação 1 Oxigenoterapia: recomendação A, nível de evidência 3 2 Diazepínicos, recomendação B, nível de evidência 3 3 Nitratos. Inicialmente via sublingual, 1 cp ou nitroglicerina EV na dose de 10 mg/min. com incrementos de 10 mg a cada 5 min, até melhora da dor ou se PAS < 110 mmHg, recomendação A, nível de evidência 3 4 Betabloqueadores • Metoprolol 5 mg EV (em 1-2 min.) a cada 5 min até dose máxima de 15 mg, recomendação A, nível de evidência 2 5 AAS 200 mg VO (mastigado), recomendação A, nível de evidência 1 6 Clopidogrel dose inicial de 300 mg VO, recomendação A, nível de evidência 1 7 Antagonistas de receptores II b/III a • Tirofiban, dose 0,4 mg/kg/min. Durante 30 minutos seguido de manutenção de 0,1 mg/kg/min, recomendação A, nível de evidência 1 ou • Abciximab, dose 0,25 mg/kg em bolus seguida de administração de 0,125 mg/ kg por 12 horas (sugerido quando intervenção coronária percutâncea está planejada), recomendação A, nível de evidência 1 8 Inibidores da ECA em pacientes com risco, para disfunção ventricular esquerda, recomendação A, nível de evidência 1 9 Antitrombínicos • Enoxaparina 1 mg/kg 2x/dia, recomendação A, nível de evidência 1 ou • Heparina não-fracionada bolus 5000 UI EV seguido de 1000 UI EV/h, recomendação A, nível de evidência 1 Referências bibliográficas 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. AAC/ AHA 1999. Guideline Update for the Management of Patients with Acute Myocardial Infarction. Circulation 1999, 100: pp. 1016-30. ACC/AHA 2002. Guideline Update for Management of Patients with Unstable Angina and Non-st Segment Elevation Myocardial Infarction JAM Coll Cardiol 2002; 40: pp. 366-74. Myocardial Infarction Society of Cardiology/American College of Cardiology Committee. JAM Coll Cardiol, 2000; 36: pp. 956-69. Myocardial Infarction Redefined - A Consensus Document of the Joint European Society of Cardiology/American College of Cardiology Committee for the redefinition of myocardial Infarction. JAM Coll Cardiol, 2000, 36: pp. 956-69. Antmann EM, Louwerenburg HW, Baars HF et al. Enoxaparin the ENTIRE-Thombolysis in myocardial infarction (TIMI) 23 Trial. Circulation 2002; 105: pp.1642-9. The ASSENT-2 Investigators. Single-bólus tenecteplase in combination with frontloaded alteplase in acute myocardial infarction: the ASSENT-2 double-blind randomised trial. Lancet 1999, 354: pp. 716-22. The ASSENT-3 investigators. Efficacy and safety of tenecteplease combinaton witth enoxaparin, abciximab, or unfractionated heparin: the ASSENT-2 double-blind randomised trial in acute myocardial infarction. Lancet 2001; 358: pp. 605-13. Arquivos Brasileiros de Cardiologia. Vol. 77, Suplemento II, Outubro 2001. 22 Abordagem inicial de IAM com supra do segmento ST Cardiovascular ECG c/ supra ST ≥ 1 mm em 2 ou + derivações ou BRE novo ou presumivelmente novo Providenciar em 10 min. • Acesso venoso • Monitorar (SaO2 + ECG + PA) • Radiografia de tórax • Eletrólitos + coagulograma • Marcadores (troponina, mioglobina e CK MB massa) • O2 4 L/min • Nitrato/ nitroglicerina SL ou spray • AAS 200 mg (mastigados) • Analgesia com morfina • Betabloqueador: metoprolol 5 mg IV 5/5 min. para FC ≤ 60 (até 15 mg) ≤ 12 h evolução ≥ 12 h evolução Sintomas persistentes? sim não Pacientes alto risco: Isquemia recorrente ou IVE ou IAM ou ACTP* ou cirurgia prévios CATETERISMO CARDÍACO: Conforme anatomia coronariana Optar por ACTP* ou cirurgia de revascularização *ACTP - Angioplastia coronariana transluminal percutânea Tratamento clínico REPERFUSÃO MIOCÁRDICA TERAPIA TROMBOLÍTICA • na ausência de contra-indicação de fibrinolítico objetivar Δ t ≤ 30 min • usar uma das drogas: • Tenecteplase (TNK) 30 a 50 mg (conforme peso) IV in bolus • tpA 15 mg in bolus + 50 mg em 30’ + 35 mg em 1h IV Estreptoquinase: 1.500.000 UI em 1h IV • Associar anticoagulação plena com heparina por 48h após tpA ou TNK Enoxaparina (preferencialmente) 1 mg/kg SC 2x ao dia ANGIOPLASTIA COM STENT SE: • Δt porta balão ≤ 90 min. (em centro apto é a escolha preferencial) ou • Contra-indicação para fibrinolítico ou • Choque cardiogênico ENCAMINHAR À UTI • • • • • • • Iniciar IECA após 6h (se não houver hipotensão); manter indefinidamente. Iniciar vastatina precocemente e manter dosagem para LDL ≤ 100, indefinidamente. Recomendado uso de nitrato IV por 24-48h. Manter O2 por aproximadamente ou se houver queda da SaO2. Manter até correção da SaO2. Manter betabloqueador indefinidamente. Manter AAS 200 mg/dia indefinidamente. Usar clopidogrel nos implantes de stent por pelo menos um mês. 23 Emergência hipertensiva Cardiovascular Definição Quebra dos mecanismos de auto-regulação do fluxo sangüíneo (cérebro, coração, grandes vasos, rins, retina), cursando com sinais e sintomas de disfunção dos mesmos, normalmente com PAS > 180 mmHg e/ou PAD > 110 mmHg. Aumento abrupto e sintomático da PA • Internação na UTI • Monitoração rigorosa da PA • Exames complementares • Tratamento específico por patologia Cérebro Déficit neurológico ou hemorragia retiniana ou papiledema ou visão turva Coração Edema agudo de pulmão Vasos Dissecção aórtica Eclâmpsia Ver página 81 Crise (adrenérgica) Feocromocitoma drogas ilícitas Hipertensão maligna NPS 0,25-10 µg/kg/min. TAC de crânio AVCi / AVCH: manter PAD ~ 120 HSA: HAS crônica – PAS ~ 180 HAS aguda – PAS ~ 160 Encefalopatia hipertensiva: ↓ 10% a 15% da PAM em 3 horas *Nitroprussiato (NPS) 0,25-10 µg/kg/min. NPS 0,25-10 µg/kg/min. ou Nitroglicerina (NTG) 10-200 µg/min. + Furosemida 20 a 40 mg IV Metoprolol 5 mg IV 10/10 min (até 20 mg) Esmolol 200-500 µg/kg/4 min. (bolus) e 50-300 mg/kg/min. NPS 0,25-10 µg/kg/min. Reduzir PA ao máximo, mantendo perfusão tissular Alfabloqueadores IV Fentolamina Betabloqueador IV NPS 0,25 a 10 µg/kg/min. Obs.: iniciar medicamentos anti-hipertensivos orais assim que possível Referências Bibliográficas 1. Almeida FA; Hypertensive emergencies: pathophysiological basis for treatment. Brazilian Journal of Hypertension 2002;9: pp. 346-52. 2. Blumenfeld JD, Laragh JH. Manegement of hypertensive crises: The scientific basis for treatment decisions. Am J Hypertens 2001;14: pp.1154-67. 3. Rodrigues CS; Treatment of hypertensive emergencies. Brazilian Journal of Hypertension 2002;9: pp. 353-8. 24 Abordagem inicial do choque Cardiovascular A: Via aérea pérvia (avaliar TOT) B: Ventilação (avaliar VM) C: Acesso venoso periférico, monitor, exames Se TOT + VM: sedar RL 1000 mL > 45 anos ou HMP de cardiopatia < 45 anos sem HMP de cardiopatia RL 500 mL RL 1000 mL Cateteres vesical, venoso central, arterial. Hb, gasoarterial e gasovenosa central Não Dúvida etiológica Choque hipovolêmico revertido? Sim Considerar RL 1000 mL Observar, abordar causa básica Nova queda da PAM Sinais sugestivos de hipóxia tissular? SvO2 < 65% ou >75% e/ou CO2 gap** > 6 e/ou Ca-vO2/CO2 gap**** > 1,4 e/ou BE < -3 e/ou Lactato > 2 e/ou DU < 0,5 mL/kg/h e/ou PAM < 65 Se hipertenso prévio utilizar 80% da PAM habitual como objetivo SvO2 > 75% ΔPP > 13%* Δ neg PVC** > 1 mmHg Variação da PVC < 4 mmHg após prova de volume SvO2 < 65% ΔPP > 13%* Δ neg PVC** > 1 mmHg Variação da PVC < 4 mmHg após prova de volume SvO2 < 65% ΔPP < 13%* Δ neg PVC** < 1 mmHg Variação da PVC > 4 mmHg após prova de volume Provavelmente hiperdinâmico Provavelmente hipovolêmico Provavelmente cardiogênico 25 Abordagem inicial do choque Cardiovascular ΔPP = Variação respiratória da amplitude da pressão de pulso Paciente em ventilação mecânica Inspiração Expiração PP máx PP mín PP = pressão de pulso = Psist - Pdia ΔPP(%) = {(PP máx - PP mín) / [(PP máx + PP mín) / 2]} x 100 Objetivo PAM Pressão arterial média > 65 mmHg SvO2 Saturação venosa obtida por cateter central > 65%-70% Δ Pp* Variação respiratória da amplitude da pressão de pulso < 13% Δ neg PVC** Oscilação negativa da PVC durante a inspiração < 1 mmHg CO2 gap*** CO2 venoso - CO2 arterial Ca-vO2/CO2 gap**** [(SaO2 x Hb x 1,34) - (SvO2 x Hb x 1,34)] / CO2 gap < 1,4 * ** *** **** < 6 mmHg Utilizável em pacientes em ventilação mecânica. Melhor que POAP para detecção de hipovolemia.(Valor preditivo positivo - VPP = 94%; e valor preditivo negativo - VPN = 96%). Útil em pacientes em ventilação espontânea ou que sejam desconectados do ventilador mecânico. (VPP = 84%; VPN = 93%). Indicador de fluxo tecidual. Boa correlação com lactato. Referências bibliográficas 1. LeDoux D, Astiz ME, Carpat CM. Effects of perfusion pressure on tissue perfusion in septic shock. Crit Care Med 2000; 28;2729-2732 2. Michard F, Teboul Jl. Predicting fluid responsiveness in ICU patiens. Chest 2002; 121, 2000-2008 3. Rivers E, Nguyen B, Havztad S, Ressler J, Muzzin A, Knoblich B, Peterson E, Tomlanovich M. Early goal-directed therapy in the treatment of severe sepsis and septic shock. NEJM 2001; 345:1368-1377 4. Shoemaker WC, resuscitation Algorithms in acute emrgency conditions, in: Shoemaker WC et al, Textbook of Critical Care Medicine. 4rd ed. – Philadelphia: W.B. Saunders Company 2000; 5:47-59. 26 Choque hipovolêmico Cardiovascular Definição Causas Queda da oferta de O2 abaixo do ponto crítico decorrente da diminuição da volemia. Sangramento digestivo, lesões viscerais, aneurisma roto, gravidez ectópica, diarréia, vômitos, ferimentos exsanguinantes. Quadro clínico ↑ FC, ↑ FR, PAM < 65 mmHg DU < 0,5 mL/kg/h ↓ Perfusão tissular ↓ Nível de consciência Suporte básico • Manter vias aéreas pérvias • Garantir ventilação • Dois acessos PERIFÉRICOS • Exames laboratoriais Manter Hb > 7 g/dL Se ICO: manter Hb > 10 g/dL Correção da causa Suporte ventilatório Correção bioquímica e distúrbios de coagulação RL ou SF 0,9% 1000 mL EV rápido. Repetir três vezes caso não estabilize. Hemorragia? Avaliar hemoderivados Sim Reversão? Parar infusão Não Acesso venoso central Variação da PVC > 4 mmHg após prova de volume Sim Parar infusão Reavaliar em 10 min. Não Infundir alíquotas de cristalóide Classificação de hemorragia baseada na extensão da perda sangüínea Parâmetro Classe I Classe II Classe III Classe IV Perda sangüínea (%) < 15% 15% a 30% 30% a 40% > 40% FC < 100 > 100 > 120 > 140 PA Normal Normal ↓ ↓ D.U. (mL/h) > 30 20 a 30 5 a 15 <5 Estado mental Ansioso Agitado Confuso Letárgico Tratamento Classe I Classe II Classe III Classe IV Cristalóide Sim Sim Sim Sim Colóide Não Não Controverso Controverso C de hemáceas Não Não Possível Provável Referências bibliográficas 1. Matos EP. Protocolos da unidade de emergência / Hospital São Rafael – 10a Ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2002, p. 21. 2. Marino PL. Distúrbios do fluxo circulatório, in: Marino PL; Compêndio de UTI. 2a ed. – Porto Alegre: Editora Artes Médicas Sul, 1999;7: pp.177-202. 27 Choque cardiogênico Cardiovascular Definição História Incapacidade do coração, com sua pré-carga otimizada, em manter fluxo sangüíneo adequado aos tecidos, resultando em deficiência metabólica, mesmo em repouso e hipóxia tissular. HMP de doença cardíaca HDA compatível com descompensação cardíaca aguda (Palpitação, dispnéia, DPN, ortopnéia, dor torácica, síncope) Exame clínico PAS ≤ 90 ou PAM ≤ 65 mmHg, ↑ FR, ↑ FC, Diurese < 0,5 mL/kg/h, ↓ Nível de consciência Causas IAM anterior, complicações mecânicas pós-IAM, cardiomiopatias terminais, arritmias cardíacas. Monitoração inicial Monitor cardíaco, oximetria, sinais vitais, ECG de 12 derivações, cateter urinário, acesso venoso central e arterial, gasometria arterial e venosa central, perfil metabólico, enzimas cardíacas Objetivo: SvO2 ~ 65% - 70% PAM ≥ 65 mmHg e/ou PAS ≥ 90 mmHg Diurese ~ 0,5 mL/kg A: ventilação mecânica sempre (↓ pré e pós-carga de VE, ↓ VO2 de músculo respiratório) B: acesso venoso periférico, monitor, exames Taquiarritmia Bradiarritmia IAM agudo? Cardioversão elétrica imediata Avaliar marcapasso provisório Reperfusão Drogas, eletrólitos, doença isquêmica, hipertireoidismo Drogas, eletrólitos, doença isquêmica, hipotireoidismo Suporte mecânico Balão de contrapulsação intra-aórtico deve ser usado (redução de mortalidade de 9% em 6 meses) Terapia de suporte PAS < 70 mmHg: noradrenalina, dopamina, PAS 70 – 100 mmHg: dopamina, dobutamina PAS > 100 mmHg: dobutamina, nitroglicerina, nitroprussiato Monitoração invasiva: cateter de artéria pulmonar IC < 2,2 / POAP < 18 mmHg expansão de volume IC > 2,2 / POAP > 18 mmHg diuréticos, vasodilatadores, inibidores da ECA IC < 2,2 / POAP > 18 mmHg inotrópicos, suporte mecânico Angioplastia primária ou revascularização cirúrgica de urgência (quando indicado) diminui a mortalidade (nível I) Trombolíticos têm menor eficácia Referências bibliográficas 1. Menon V, Fincke R. Cardiogenic Shock: Sumary of the randomised SHOCK Trial, in Congest Heart Fail. 2003,9 (1) pp. 35-9. 2. Goldberg RJ, Samad NA, Yarzebski J, et al. Temporal trends in cardiogênico shock complicating acute myocardial infarction. N Engl J Med. 1999; 340: pp. 1162-68. 3. Hochman JS, Buller CE, Sleeper LA, et al. Cardiogenic shock complicatioting acute myocardial infaction- etiologies, management and outcome: a report from the SHOCK Trial Registry. J Am Coll Cardiol. 2000; 36: pp. 1063-70. 28 Sepse Cardiovascular Sepse é definida como resposta inflamatória sistêmica (SIRS) secundária a um processo infeccioso estabelecido. SIRS pode ser diagnosticada pela presença de, no mínimo, dois dos sinais apresenta- dos na Tabela 1. A presença de disfunção orgânica secundária à sepse define sepse grave e, por fim, instabilidade cardiovascular, requerendo vasopressores, define choque séptico. Tabela 1. Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica 1 Temperatura > 38,5oC ou < 36oC 2 FC > 90 bpm 3 FR > 20 mrm ou PaCO2 < 32 mmHg 4 Leucócitos > 12000 cel/μL ou < 4000 cel/μL ou >10% bastões FC, freqüência cardíaca; bpm, batimentos por minuto; FR, freqüência respiratória; mrm, movimentos respiratórios por minuto; VM – ventilação mecânica A incidência de sepse grave chega a 27% em pacientes de terapia intensiva com mortalidade que varia entre 20% e 60%. periférica alteradas: lactato arterial aumentado,↓ base excess. Diminuição da diferença arteriovenosa de O2 e elevação da diferença venoarterial de CO2 e hipercarbia da mucosa gástrica (tonometria). Diagnóstico diferencial Tratamento Grande queimados, pancreatite necrotizante, politraumatizados, intoxicação por monóxido de carbono, nitrogênio ou cianeto, hipotensão prolongada (choque hipovolêmico, choque hemorrágico ou bypass cardiopulmonar), infarto agudo do miocárdio, choque cardiogênico prolongado, intoxicação por metformin, algumas doenças mitocondriais, anafilaxia, insuficiência hepática, insuficiência adrenal e, em alguns casos, parada cardíaca com atividade elétrica sem pulso. O tratamento (ver Figura 1) precoce melhora o prognóstico. Antibioticoterapia empírica precoce e posterior correção de acordo com culturas. Controle do foco infeccioso como a drenagem de abcessos. Ventilação mecânica, quando indicada. Reposição volêmica. Vasoconstrictores como dopamina ou noradrenalina após reposição volêmica adequada. Dobutamina quando houver depressão miocárdica ou sinais de má perfusão tecidual a despeito de adequada reposição volêmica. Corticóides podem ser utilizados na presença de insuficiência adrenal. O controle glicêmico estrito (80 a 110 mg/dL) deve ser buscado. A proteína C ativada é o primeiro tratamento que se mostrou eficaz no controle da cascata de coagulação/inflamação desencadeada pela síndrome, reduzindo a mortalidade principalmente em pacientes com sepse severa associada a duas ou mais disfunções orgânicas. Pacientes com alto risco de sangramento não devem receber este medicamento. Epidemiologia Diagnóstico Presença de SIRS secundária à infecção. Algumas das disfunções orgânicas possíveis são: alteração do nível de consciência, lesão pulmonar aguda ou síndrome do desconforto respiratório agudo, insuficiência renal, disfunção miocárdica, acidose láctica, alteração da função hepática, coagulação intravascular disseminada e choque. Diagnóstico hemodinâmico básico Após reposição volêmica vigorosa, saturação venosa e índice cardíaco estão elevados e a resistência vascular sistêmica está baixa. Variáveis de perfusão 29 Sepse Cardiovascular Fluxograma para o manejo do choque séptico. (modificado de Dellinger RP 4) Hipotensão induzida pela sepse Início da ressuscitação volêmica o mais precocemente possível (dar preferência aos cristalóides) PAS ≥ 90 mmHg ou PAM ≥ 65 mmHg Não Sim Considerar PVC ou PAPO Reavaliação periódica Continuar a ressuscitação volêmica até que haja evidência de perfusão tecidual adequada; ou PVC entre 8-14 mmHg; ou PAPO entre 14-18; ou PAS ≥ 90 mmHg; ou PAM ≥ 65 mmHg Considerar tratamento com drotrecogina alfa ativada; e corticoesteróide (hidrocortisona 50 mg EV a cada 6h) e garantir controle glicêmico adequado (80-110 mg/dL) PAS ≥ 90 mmHg ou PAM ≥ 65 mmHg Índice cardíaco ≥ 3? Sim Não Sim Não Dobutamina com o objetivo de atingir índice cardíaco ≥ 3 Não • Reavaliar infusão hídrica • Adicionar 2ª droga vasoativa (considerar vasopressina 0,01 a 0,04 UL/min.) PAS ≥ 90 mmHg ou PAM ≥ 65 mmHg Reavaliação periódica Reavaliação periódica e insistência no desmame a droga vasoativa Iniciar drogas vasoativas, dopamina ou noradrenalina, com o objetivo de atingir PAS ≥ 90 mmHg ou PAM ≥ 65 mmHg Sim Referências bibliográficas 1. American College of Chest Physicians/Society of Critical Care Medicine. Consensus Conference: Definitions for sepsis and organ failure and guidelines for the use of innovative therapies in sepsis. Crit Care Med 2002; 20:864. 2. http://www.einstein.br/sepse (link para o Consenso Brasileiro de Sepse) 3. Vincent JL, Abraham E, Annane D, et al. Reducing mortality in sepsis: new directions. Critical Care 2002, 6(Suppl 3): S1-S18. 4. Dellinger RP. Cardiovascular management of septic shock. Crit Care Med 2003, 31(3): 946-55. 30 Drogas vasoativas I Cardiovascular Catecolaminas As catecolaminas têm seus efeitos mediados por sua ação em diferentes receptores. A Tabela 1 faz um resumo das ações dos receptores e a Tabela 2 resume a atividade de cada catecolamina nos diferentes receptores. As doses, diluições e apresentações das catecolaminas estão resumidas na Tabela 3. a Noradrenalina Pode ser utilizada como vasopressor inicial no choque séptico. Comparada à dopamina, a noradrenalina aumenta mais consistentemente a pressão arterial com menor efeito sobre o índice cardíaco. Apresenta perfil semelhante sobre a perfusão esplâncnica e não apresenta riscos sobre a perfusão renal em pacientes vasodilatados (aumenta a pressão de filtração glomerular). Ao contrário da dopamina, não tem efeito no eixo hipotálamo-hipófise. A dopamina suprime a concentração de todos os hormônios da hipófise anterior, com exceção do cortisol. b Dopamina Assim como a noradrenalina, pode ser utilizada como vasopressor inicial no choque séptico. Por aumentar menos a pressão arterial e mais o débito cardíaco, pode ser utilizada também no choque cardiogênico. Seu uso pode ser limitado em pacientes taquicárdicos ou com taquiarritmias. c Adrenalina Aumenta a PAM em pacientes que não respondem a outras catecolaminas, mas diminui de maneira importante o fluxo esplâncnico e tem tendência de aumentar os níveis de lactato. Seu uso deve ser limitado aos pacientes que não respondem às terapias convencionais. Doses moderadas ou elevadas levam freqüentemente a arritmias. d Dobutamina Aumenta consistentemente o débito cardíaco em diversas condições clínicas, melhorando a perfusão periférica. Aumenta o consumo de oxigênio pelo miocárdio, o que pode limitar seu uso em pacientes com insuficiência coronariana. Apesar de melhorar agudamente o débito cardíaco, não aumenta a sobrevida em pacientes com choque cardiogênico. Deve ser sempre utilizada após reposição volêmica (assim como a outras catecolaminas), evitando assim taquicardia e hipotensão arterial. II Vasopressina Hormônio antidiurético, arginina vasopressina: Por agir também em receptores V1, exerce importante ação vasopressora. Tem sido testada em pacientes com choque séptico refratário às catecolaminas. A administração é contínua na dose de 2,4 a 6 UI/h. Como limitante de seu uso, destaca-se a possibilidade de induzir isquemia tecidual. III Vasodilatadores Normalmente indicados para pacientes com emergência/urgência hipertensiva, estes medicamentos têm a vantagem de um início de ação rápida quando administrados por via endovenosa e uma meia-vida de poucos minutos quando suspensos. Os medicamentos mais utilizados são nitroprussiato de sódio, um vasodilatador balanceado, arterial e venoso, e nitroglicerina, vasodilatador principalmente venoso. Os principais efeitos colaterais são hipotensão arterial e, no caso específico do nitroprussiato, intoxicação por cianeto. IV Inibidores da fosfodiesterase Amrinona e milrinona são inotrópicos positivos e vasodilatadores. Aumentam o débito cardíaco e diminuem a resistência vascular sistêmica. Utilizados no tratamento da insuficiência cardíaca grave. Cuidado especial deve-se ter quanto à pressão arterial. As doses utilizadas e a apresentação estão resumidas na Tabela 4. 31 Drogas vasoativas Cardiovascular Tabela 1. Receptores de catecolaminas e suas ações Receptor Ação do receptor Receptor Ação do receptor α1 Vasoconstrição arterial. Aumento da contratilidade miocárdica. β2 Relaxamento da musculatura lisa brônquica. Relaxamento da musculatura lisa vascular (músculos esqueléticos) α2 Constrição dos vasos venosos de capacitância. Inibição do feedback da noradrenalina liberada nas fibras simpáticas. DA1 β1 Aumento da contratilidade miocárdica. Relaxamento da musculatura lisa vascular (esplâncnica e renal). Inibe recaptação de sódio no túbulo proximal renal DA2 Inibição da captação da noradrenalina nas fibras simpáticas DA, receptor dopaminérgico Tabela 2. Receptores ativados pelas catecolaminas α1 β1 β2 DA1 Noradrenalina +++ + – – DA2 – Adrenalina +++ +++ ++ +++ +++ Dopamina +++ ++ ++ ++ +++ Dobutamina + +++ + – – Dopexamina – + +++ ++ ++ DA, receptor dopaminérgico; +, atividade baixa; + +, atividade moderada; + + +, atividade alta Tabela 3. Catecolaminas Início da ação Meia-vida Dose habitual Diluição Noradrenalina 1a2 2 0,05-1 16 mg / 234 mL Adrenalina 3 a 10 2 0,1-1 2 mg / 250 mL Dopamina 5 10 10-20 250 mg / 200 mL Dobutamina 2a3 2 2-20 250 mg / 230 mL (minutos) (minutos) (µg/kg/min.) (SF 0,9% ou SG 5%) *As catecolaminas devem ser administradas em bomba de infusão contínua Tabela 4. Inibidores da fosfodiesterase Bolus Manutenção* Apresentação (µg/kg/min) (ampola) Amrinona 0,75 a 3 mg/kg em 2 a 3 min 4 a 10 100 mg / 20 mL Milrinona 50 µg/kg em 10 min 0,375 a 0,75 20 mL /20 mg *Administradas em bomba de infusão Referências bibliográficas 1. http://www.einstein.br/sepse (link para o Consenso Brasileiro de Sepse). 2. Knobel E. Condutas no Paciente Grave. 2ª ed. Ed. Atheneu, São Paulo, 1998. 32 Ventilação mecânica não-invasiva (VNI) Respiratório Definição Implica a colocação de dispositivos, como máscaras nasais ou faciais, suportes orais, prongs-nasais, selos bucais, para o fornecimento da ventilação mecânica, de modo intermitente ou contínuo. Indicações da VNI • Auxílio fisioterápico • Pós-extubação Insuficiência respiratória aguda Hipercápnica • Broncoespasmo • Doença neuromuscular • Alteração caixa torácica • Pós-extubação • Fibrose cística • Pacientes terminais • • • • Ventilador apropriado Máscara adequada Explicar a técnica ao paciente Fixação inicial da máscara: manual até a completa adaptação do paciente • Ajuste da pressão expiratória (PEEP) Hipoxêmica • Edema pulmonar cardiogênico (EAP) • Lesão pulmonar aguda • Pós-operatório • Pós-broncoscopia • Pacientes terminais PEEP/CPAP/EPAP • Menor PEEP para SaO2 > 92% com FiO2 < 60% • PEEP mínima de 5 cmH2O • DPOC: PEEP de 5 a 8 ou 85% do auto-PEEP • EAP: atingir PEEP de até 10 cmH2O • Ajuste da pressão inspiratória (IPAP/PSV) • Colocar as tiras de fixação da máscara • Reavaliação freqüente • Utilizar o maior tempo possível Ajuste da Pressão Inspiratória (IPAP/PSV) • Iniciar VNI com PSV 2 cmH2O acima do PEEP • Elevar PSV de 2/2 cmH2O até Vt adequado • Evitar PSV > 25 cmH2O • Fixação manual até atingir parâmetros adequados Falência da VNI • FiO2 > 60% • ↓ pH e/ou ↑ PaCO2 • FR > 35 mpm • ↓ consciência ou agitação • Instabilidade hemodinâmica • Arritmias • Isquemia miocárdica • Distensão abdominal • Intolerância à máscara Contra-indicações da VNI Absolutas • O não consentimento do paciente • Instabilidade hemodinâmica • Angina instável • Pneumotórax não-tratado • Trauma de face • Necessidade de proteção de vias aéreas (ex.: Glasgow < 9) • Critérios indiscutíveis para TOT Relativas • Infarto agudo do miocárdio • Vômitos/hemoptise durante a VNI • Paciente não-cooperativo • Agitação psicomotora • Gestação • Cirurgia de trato digestivo alto • Má adaptação à prótese • Necessidade de sedação • Obesidade mórbida • Necessidade de FiO2 elevada Complicações • Necrose facial • Distensão abdominal • Broncoaspiração • Hipoxemia transitória • Ressecamento nasal, oral e de conjuntiva • Barotrauma Referências bibliográficas 1. Sinuff T, et al. Evaluation of a Practice Guideline for Noninvasive Positive-Pressure Ventilation for Acute Respiratory Failure. Chest 2003;123: pp. 2062-73. 2. Society AT, et al. International Consensus Conferences in Intensive Care Medicine: Noninvasive Positive Pressure Ventilationin Acute Respiartory Failure. Am J Respir Crit Care Med 2001;163: pp. 283-91. 3. Mehta S, et al. Effects of Continuous Positive Airway Pressure on Cardiac Volumes in Patients with Ischemic and Dilated Cardiomyopathy. Am J Respir Crit Care Med 2000; 161: pp. 128-34. 4. Popnick JM et al. Use of a Support Ventilatory System (BIPAP) for Acute Respiartory Failure in the Emergency Department. Chest 1999;116: pp.166-71. 5. Duarte A, Schettino G, Oliveira PH et al. II Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica: Suporte ventilatório não-invasivo com pressão positiva e suporte ventilatório mecânico domiciliar. J Pneumol 2000; 26(2): pp. 60-3. 33 Broncoespasmo em paciente crítico Respiratório Tratamento farmacológico* I. Betaagonistas e anticolinérgicos (recomendação grau A) É essencial a utilização de beta-agonistas em pacientes com broncoespasmo. Sua via de utilização preferencialmente é a inalatória, independentemente do paciente estar em ventilação espontânea ou mecânica. A aplicação concomitante de brometo de ipratrópio deve ser sempre adicionada em pacientes com asma ou DPOC que apresentem VEF1 abaixo de 30%. Droga Via Dose (min) Dose (máx) Intervalo (min) Resposta (min) Adrenalina SC 0,3 mg 0,5 mg 20 5 Terbutalina SC/EV 0,25 1 mg/hora 20 5 Fenoterol spray 800 mg 1600 μg 20 3–5 Fenoterol 250 μg/gota 5–7 gotas 10–12 gotas 20 3–5 Salbutamol spray 400 μg 800-1000 μg 20 3–5 Ipratrópio inalado 500 μg 1500 μg 60 5–10 II. Corticosteróide (recomendação grau A) Todo paciente com broncoespasmo severo deve utilizar corticosteróide endovenoso ou via oral, com equivalência de eficácia. O tempo total de tratamento deve ser de 10 a 14 dias. Droga Equivalência Dose Hidrocortisona 25 1–6 mg/kg 6/6h Prednisona 5 30–60 mg/dia Prednisolona 5 30–60 mg/dia Metilprednisolona 4 1–4 mg/kg 6/6h III. Xantinas (recomendação grau D) Reserva-se seu uso somente para casos não-responsivos. Abaixo doses de aminofilina. Dose ataque Dose manutenção DPOC Hepatopatas 2,5–5 mg/kg IV 30 min. 0,5 mg/kg/h 0,4 mg/kg/h 0,2–0,3 mg/kg/h IV. Oxigenoterapia (recomendação grau A) Todos os pacientes com saturação de oxigênio abaixo de 92% devem utilizar suplementação de oxigênio, administrado por cateter nasal, máscara facial ou de Venturi, dependendo da necessidade. Observar depressão respiratória nos retentores crônicos. Em caso de dessaturação, optar por ventilação não-invasiva. 34 Broncoespasmo em paciente crítico Respiratório Ventilação mecânica invasiva no broncoespasmo severo** Parâmetro Ventilação invasiva Ventilação não-invasiva Modo ventilatório Volume ou pressão controlados Espontâneo – sensibilidade máxima Volume corrente 5-8 ml/kg Variável Freqüência respiratória 8-12/min 12-15 Fluxo inspiratório 5-6 x volume/min Pressão de pico < 50 cmH2O < 50 cmH2O Pressão de platô < 30 cmH2O Não mensurável Auto – PEEP < 15 cmH2O Não mensurável PEEP 85% do valor do auto-PEEP EPAP 4-6 cmH2O Pressão de suporte (PS) IPAP 12-15 cmH2O PaCO2 > 40 e < 90 mmHg pH > 7,2 > 7,2 PaO2 > 80 e < 120 mmHg 80-120 DPOC 1. Com desnutrição severa 2. DPOC classe II ou III 3. Cor pulmonale 4. Internações prévias em UTI 5. Acidose respiratória 6. Hipoxemia severa ASMA 1. Peak flow < 30% do previsto 2. VEF1 < 15% previsto 3- Sem melhora com medidas farmacológicas intensas* 4. Internações e entubações prévias 5. Distúrbios psiquiátricos 6. PaCO2 > 45 + hipoxemia Avaliar estados neurológico e hemodinâmico Normal VNI – ver pág. 33 Alteração neurológica ou instabilidade hemodinâmica Sem resposta VENTILAÇÃO INVASIVA** A ventilação não-invasiva está contra-indicada em algumas circunstâncias: paciente em coma, com trauma ou com queimadura facial recente, com obstruções fixas de via aérea superior (neoplasia), vômitos e secreções em grande quantidade. Alguns fatores relacionados com sucesso da terapia são pCO2 alto com gradiente alvéolo-arterial baixo, pH entre 7,25 e 7,35 e bom nível de consciência do paciente. Referências bibliográficas 1. Samuel V. Spagnolo MD Status Asthmaticus and Hospital Management of Asthma. Immunology and Allergy Clinics of North America. Volume 21, Number 3, August 2001. 2. Fernandes, A; J. Munos, B de la Calle; I. Alia, et al, Comparison of one versus two bronchodilatators in ventilated COPD patients. Intensive Care Medicine, 20: pp. 199-202. 3- Brit� 35 Ventilação mecânica no pulmão inflamado Respiratório Objetivo Causar o mínimo estresse mecânico com a ventilação mecânica. Nunca Pplatô > 35 cmH20; nunca Vt > 8 mL/kg; sempre PEEP suficiente para manter os pulmões abertos, evitando efeitos deletérios do “abre-e-fecha” alveolar. Diagnóstico ALI (Lesão pulmonar aguda) • PaO2/FiO2 < 300 • Infiltrado pulmonar bilateral • PAPO <18 ou sem sinal sugestivo de ICC SDRA (Sindrome do desconforto respiratório agudo) • PaO2/FiO2 < 200 • Infiltrado pulmonar bilateral • PAPO <18 ou sem sinal sugestivo de ICC Escore de lesão pulmonar (LIS) Pontos Infiltrado ao RX PaO2/FiO2 Compl. estática PEEP 0 Sem > 300 > 80 <5 1 1 quadrante 225 – 299 60 – 79 6–8 2 2 quadrantes 175 – 224 40 – 59 9 – 11 3 3 quadrantes 100 – 174 29 – 39 12 – 14 4 4 quadrantes < 100 < 20 > 15 Cálcula do LIS= soma dos pontos dos componentes utilizados número de componentes utilizados Escore final (LIS) Sem lesão pulmonar Lesão pulmonar moderada Lesão pulmonar severa (SDRA) – 0,1 – 2,5 > 2,5 Como ventilar? 1 Dar preferência a modos ventilatórios que “minimizem” as pressões em vias aéreas: pressão controlada, volume controlado com fluxo descendente 2 Vt de 4 a 7 mL/kg. Se Pplatô > 35 cmH2O, reduzir Vt até 4 mL/kg 3 FR entre 12 e 20 ciclos/min. FR menor → menos “abre-e-fecha” alveolar 4 Tolerar níveis de PaCO2 até 80-90 mmHg, tentando-se manter o pH >7,2. Considerar TGI Cuidados com: hipertensão intracraniana, coronariopatias e cardiomiopatias 5 A melhor maneira de se determinar a PEEP é controversa 36 Ventilação mecânica no pulmão inflamado Respiratório Maneiras para determinar a melhor PEEP A. Curva P x V volumes aleatórios 1 Volume controlado com Vt 4 mL/kg e ZEEP; FR ≤ 10 ciclos/min.; FiO2 = 100% 2 Escolher 20 diferentes volumes-teste (em mL): 50, 1000, 100, 900, 80, 850, 120, 700, 180, 600, 250, 550, 300, 500, 750, 150, 450, 200, 800, 350 3 Manobra de recrutamento alveolar. (ver página 38) 4 Verificar e anotar Pplatô para cada volume-teste durante a pausa inspiratória 5 Plotar os pontos em um gráfico: y = volume e x = pressão de platô 6 Verificar na curva resultante o primeiro ponto de inflexão (Pflex) em que se verifica maior variação volumétrica para a menor variação de pressão entre dois pontos 7 A melhor PEEP estará a 2 cmH2O acima do Pflex B. PEEP que proporciona a maior complacência 1 Volume controlado com Vt 4 mL/kg 2 FR ≤ 12 com pausa inspiratória de 1 a 1,5 s 3 FiO2 = 100% e ZEEP 4 Manobra de recrutamento alveolar 5 Aumentar progressivamente a PEEP de 2/2 cm H2O 6 Aguardar 1 minuto em cada patamar de PEEP 7 Verificar e anotar Pplatô no último ciclo de cada patamar durante a pausa inspiratória 8 Calcular complacência estática para cada nível de PEEP 9 Parar o processo quando a Pplatô > 45 cm H2O 10 A PEEP correspondente à maior complacência é a “melhor PEEP” Complacência estática: Cst = Vt/(Pplatô – PEEP) C. PEEP x FiO2: Ajustar a PEEP conforme a FiO2 necessária para SaO2 > 90% FiO2 0,3 0,4 0,4 0,5 0,5 0,6 0,7 0,7 0,7 0,8 0,9 0,9 0,9 1,0 PEEP 5 5 8 8 10 10 10 12 14 14 14 16 18 20–24 37 Ventilação mecânica no pulmão inflamado Respiratório D. PEEP descendente Uma alternativa fisiológica, porém, sem experimentação clínica, seria realizar manobras de recrutamento alveolar (MRA) para “abrir” os alvéolos e utilizar PEEP de maneira decrescente, até haver piora da oxigenação (que corresponderia ao colabamento alveolar), como descrito abaixo: Etapas de MRA 1. FiO2 = 100% por 5 a 10 min. antes de iniciar a MRA 2. Sedar profundamente o paciente 3. CPAP de 30 cmH2O durante 30 a 40s 4. Se não houver ganho na oxigenação (PaO2/FiO2 < 300), coloque em CPAP de 35 a 40 cmH2O durante 40s após 15 a 20 min. PaO2/FiO2 < 300 Repetir manobra anterior com: CPAP de 40 cmH2O Pa02/Fi02 > 300 PaO2/FiO2 < 300 1. Pressão controlada de 20 cmH2O 2. PEEP de 30 cmH2O 3. FR=10 4. Tempo inspiratório de 3s por 2 min 5. Repetir 2 a 3 vezes Pa02/Fi02 > 300 PaO2/FiO2 < 300? Repetir manobra anterior com: PEEP de 40 cmH2O Objetivo atingido Após haver recrutamento alveolar adequado (PaO2/FiO2 >300) 1. PEEP de 20 cmH2O 2. Reduzir a FiO2 até níveis seguros (em torno de 0,6), mantendo-se a SpO2 entre 90% e 95% 3. Reduzir a PEEP de 2 em 2 cmH2O a cada 30 ou 45 minutos até SpO2 < 90% 4. Nova MRA e colocar a PEEP no nível exatamente antes de ter ocorrido a ↓ SpO2 Se houver dessaturação após 30 ou 45 minutos com a PEEP de 20 cmH2O Repetir manobra anterior com: PEEP de 25 cmH2O Sem melhora na oxigenação tecidual Considerar posição prona Manter o paciente em prona por várias horas Referências bibliográficas 1 2 3 4 5 Kacmarek, RM Lung Recruitment and the Setting of PEEP, http://www.imhotep.net/kacmarekr.html ARDSnet. http://www.ardsnet.org Amato MBP et al. Suporte Ventilatório na Síndrome da Angústia Respiratória Aguda, in: II Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica. Jornal de Pneumologia 2000; 26:S38-S41. Murray JF, Matthay MA, Luce JM, Flick MR, An expanded definition of the adult respiratory distress syndrome. Am Rev Respir Dis. 1988;138(3): pp. 720-3. Bernard GR et al, The American-European Consensus Conference on ARDS. Definitions, mechanisms, relevant outcomes, and clinical trial coordination. Am J Respir Crit Care Med. 1994, 149: pp. 818-24. 6 Marini, J J.; Gattinoni, L Ventilatory management of acute respiratory distress syndrome: A consensus of two. Crit Care Med. 2004; 32(1):250-255 38 Desmame ventilatório Respiratório Sim O paciente está pronto para iniciar desmame? Teste de autonomia ventilatória por 30 min. Tubo T ou PSV = 7 cmH2O+PEEP ≤ 5 cmH2O Avaliar diariamente Reversão do processo que provocou a IRpA Estabilidade hemodinâmica Sem ou mínimos fármacos vasoativos Estabilidade neurológica (Glasgow > 8) Sem ou mínimos fármacos sedativos Sem programação cirúrgica Sem distúrbio eletrolítico grave 7,30 < pH < 7,50 PaO2 > 60 c/ FiO2 ≤ 0,4 e PEEP ≤ 5 cmH2O PaO2/FiO2 > 200 PImáx < -25 cmH2O Há sinais de intolerância? FR > 35, SaO2 > 90%, f/Vt < 106 FC >140, PAS > 180 mmHg ou < 90 mmHg ou: agitação, sudorese, ↓ nível de consciência, respiração paradoxal, instabilidade hemodinâmica Sim Repouso em VM por 24h Correção de distúrbios clínicos Fisioterapia respiratória Rever estratégia Não Extubação Desmame gradual Tubo T progressivo: Tubo T: Tubo T 1 vez ao dia (30 min.) • Alternar VM controlada c/ V espontânea. • Aumentar progressivamente (5/5 min.) o tempo de ventilação espontânea até atingir 30 min. PSV + CPAP: PSV para FR < 30 ciclos/min. e Vt > 5 mL/kg ↓ PSV de 2/2h Mantendo f/Vt < 106 Sucesso? Sim Não Desmame difícil Reabilitação pulmonar Treinamento muscular Novas estratégias? Referências bibliográficas 1. Oliveira e cols. RBTI 2002;14: pp. 22-32. 2. Goldwasser R, Messeder O, Gomes do Amaral JL et al. II Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica: Suporte ventilatório não-invasivo com pressão positiva e suporte ventilatório mecânico domiciliar. J Pneumol 2000; 26(2): S54-S60. 3. Alía I, Esteban A. Weaning from mechanical ventilation. Crit Care 2000; 4:72–80. 39 Abordagem diagnóstica e terapêutica do tromboembolismo pulmonar Quadro clínico Respiratório Tabela 1 Dor pleurítica, hemoptise, taquipnéia, dispnéia, taquiarritimias, hipoxemia e eventual instabilidade hemodinâmica. Fatores de Risco n° de pontos Sinais clínicos e sintomas de TVP 3 Pneumotórax, pneumonia, hérnia hiatal, DPOC, asma, insuficiência coronariana, IVE. Diagnóstico alternativo menos provável que TEP 3 Freqüência cardíaca > 100 bpm 1,5 Terapia trombolítica Imobilização ou cirurgia nas 4 semanas 1,5 • Indicada no TEP maciço com instabilidade hemodinâmica, hipoxemia refratária; hipocinesia VD no ecocardiograma, hipertensão pulmonar grave; • Não há indicação de trombolítico na ausência de sobrecarga ventricular direita; • Dose de trombolítico: • t-PA → 100 mg em 2h •Estreptoquinase → 250.000 UI/30 min. seguido de infusão. 100.000 UI/h duranre 24 horas. TVP ou TEP prévios 1,5 Diagnóstico diferencial Hemoptise 1 Câncer 1 Probabilidade Baixa Intermediária Alta clínica <2 2–6 >6 Suspeita Clínica Eletrocardiograma: S1,Q3,T3 BRD P. pulmonale (TEP maciço) Desvio do eixo p/ à direita (Só em 32% dos casos) Radiografia de tórax: A. Afastar ou constatar Pneumotórax Pneumonia Fratura costal B. Não comprova nem afasta TEP Gasometria arterial: A. ↑ da DA-aO2 em 20 mmHg (86% dos pacientes com TEP) B. Pacientes < 40 anos com TEP: (PaO2 > 80 em 29%) C. Pacientes > 40 anos com TEP: (PaO2 > 80 em 3%) Mantém a suspeita de TEP Alta probabilidade clínica (Tabela 1) Baixa e média probabilidade clínica (Tabela 1) D-dímero (ELISA) Ecocardiografia (Só estudos nível II) > 500 ng/mL Alternativas 1ª escolha TC helicoidal ou RNM (Só estudos nível II) Maior acurácia para TEP central ou lobar. (TC helicoidal normal não afasta TEP) Cintilografia V/Q ou só Q - DPOC, PNM, atelectasia: ↓ especificidade do exame Se Cintilografia V/Q de: • Alta prob (VPP = 96%) • Baixa prob (VPP = 40%) Se Cintilografia Q de: • Alta prob (VPP = 93%) Arteriografia (padrão ouro) TEP < 500 ng/mL Afasta TEP (VPN = 95% a 99%) Transtorácica Hipocinesia de VD e dilatação de VD são sugestivos Trombo em AD, VD ou AP = forte evidência de TEP Transesofágica Localiza trombos em AP direita e eventualmente em AP esquerda. Identifica bem êmbolos maciços. Doppler MMII TVP Não Mantém dúvida diagnóstica Sim Hipotensão e/ou Hipóxia severa? Não Sim Tratar TEP Doppler seriado ou venografia 40 Abordagem diagnóstica e terapêutica do tromboembolismo pulmonar Respiratório Terapia anticoagulante • Inicia-se heparina fracionada com bolus de 80 UI/Kg concomitantemente à infusão contínua de 18 UI/Kg/h (ajustar dose conforme Tabela 2); • Heparina de baixo peso molecular pode ser utilizada em pacientes sintomáticos com diagnóstico de TEP não maciço. Preferencialmente enoxaparina 1 mg/kg duas vezes ao dia; • Terapia com anticoagulante oral deve ser iniciada durante os três primeiros dias de terapia com heparina; • A heparina pode ser descontinuada quando o RNI estiver na faixa terapêutica (entre 2 e 3) por dois dias consecutivos; • Se há suspeita de TEP, inicia-se imediatemante a anticoagulação plena (na ausência de contraindicações). Tabela 2 Doses de heparina baseadas no peso corporal – Verificar KPTT a cada 6h. Faixa desejada = 46 a 70 s KPTT (segundos) Bolus Infusão contínua < 35 80 UI/kg Aumentar em 4 UI/kg/hora 35 – 45 40 UI/kg Aumentar em 2 UI/kg/hora 46 – 70 – 71 – 90 – Diminuir em 2 UI/kg/hora > 90 – Interromper por 1 hora e diminuir 3 UI/kg/hora Adaptado de: Raschke RA et al Ann Intern Med 1993;19:874 In: Marino PL. Compêndio de UTI 1999;7:109 Referências bibliográficas 1. Tapson VFO et al. American Thoracic Society.The diagnostic approach to acute venous thromboembolism - Clinical Practice Guideline. Am. J. Respir. Crit. Care Med 1999;160(3):1043-1066. 2. Torbicki A et al. Task Force on Pulmonary Embolism, European Society of Cardiology. Guidelines on diagnosis and management of acute pulmonary embolism. Eur Heart J 2000 Aug; 21(16):1301-1336. 3. Marino PL. Tromboembolismo venoso. In: Marino PL, Compêndio de UTI. 2.ed – Porto Alegre: Ed. Artes Médicas Sul, 1999; 7:100-111. 4. Fedullo PF, Tapson VF. The Evaluation of Suspected Pulmonary Embolism. N Engl J Med 2003; 349:1247-56. 41 Síndrome compartimental intra-abdominal Gastroenterológico Definição Diagnóstico Condição patológica em que há aumento mantido da pressão intra-abdominal, tendo como repercussão alteração da função de órgãos intra e extraperitoneais. Graus 3 e 4 de hipertensão intra-abdominal geralmente cursam com: • ↓ diurese • ↓ PAM • ↑ Pressões intratorácicas com dificuldades para ventilação Medida da pressão intravesical instilando 100 mL de salina fisiológica através de cateter vesical, aferindo-se a altura da coluna de água com zero na sínfise púbica (utilizar equipo de PVC), medida intraabdominal direta, medida da pressão intragástrica, medida da pressão da veia cava inferior. Sonda uretral cmH20 Bexiga Causas 20 15 10 5 0 Cavidade peritoneal Diafragma Sínfise pública Edema peritoneal (peritonite, trauma, ressuscitação volêmica agressiva no choque, trauma pós-cirurgia eletiva, isquemia), pancreatite, hematoma retro e intraperitoneal, ascite, isquemia mesentérica, íleo adinâmico, fechamento do abdômen sob tensão. Suspeita clínicaFATORES fatores de presentes SUSPEITA CLÍNICA DErisco RISCO PRESENTES Medir pressão intra-abdominal (1 mmHg=1,36 cmH2O) <15 mmHg (grau 1) 16–25 mmHg (grau 2) Manter observação clínica e reposição volêmica adequada 26–35 mmHg (grau 3) Cirurgia descompressiva se o paciente mantiver sinais de descompensação sistêmica apesar de terapia adequada > 35 mmHg (grau 4) Cirurgia descompressiva Referências bibliográficas 1. Leppaniemi AK. Intraabdominal pressure: the abdominal compartment syndrome, program and abstracts of the 23rd international symposium on intensive care and emergency medicine; March 18-21, 2003: Brussels, Belgium. 2. Irwin, R.S., Cerra, F.B., Rippe, J.M. Compartment syndrome of the abdominal cavity, Critical Care Medicine. Philadelphia, ed. Lippincott-Raven, 1999, pp. 1888-1904. 42 Hemorragia digestiva alta não-varicosa Gastroenterológico Definição Diagnóstico Sangramento digestivo proveniente de sítio localizado entre a boca e o ângulo de Treitz, podendo manifestar-se como hematêmese, vômitos ou aspirado de aspecto borráceo na sonda nasogástrica, melena ou enterorragia. Enterorragia pode ocorrer em hemorragia maciças com perdas superiores a 1.000 mL ou na presença de trânsito intestinal acelerado. No momento da admissão do paciente são importantes a avaliação dos sinais e sintomas de hipovolemia que deverão nortear a estratégia de ressucitação, a caracterização da hemorragia em varicosa e não-varicosa pela presença de sinais e sintomas de doença parenquimatosa crônica de fígado, a identificação do sítio de sangramento por métodos endoscópicos e o reconhecimento de variáveis clínicas e endoscópicas associadas a maior mortalidade e maior risco de recidiva hemorrágica. Instabilidade hemodinâmica Não Sim • Jejum • Um acesso venoso periférico • Iniciar 500 mL SF 0,9% • Reserva de 2 UI de C de hemácias • EDA em até 12 horas Suspeita de hemorragia varicosa Não Sim Ver página 45 Considerar IBP (pantoprazol 80 mg EV) • L. Mallory Weiss • Esofagite erosiva • L. Dieulafoy • Angiodisplasia • Ectasia vascular antral • Neoplasias Úlcera péptica Forrest IIC ou III Forrest I-IIA ou IIB (vaso visível) 1a recidiva hemorrágica • Hemostasia endoscópica com adrenalina ou eletrocoagulação • Necessidade de endoscopia com 24 a 48 horas • Monitorização por 48 horas • Pantoprazol 8 mg/h, por 72 horas, para prevenção de recidiva hemorrágica 2a recidiva hemorrágica ou falência do tratamento endoscópico Considerar cirurgia Dieta IBP (Pantoprazol 40 mg VO/dia) ou Inib H2 + tratar H. pylori (SN) Sangramento em jato ou babação Considerar hemostasia endoscópica • Jejum • O2 sob cateter 2 L/min • Dois acessos venosos periféricos • Iniciar 1.000 mL SF 0,9% • Reserva de 4 UI de C de hemácias • EDA urgente Considerar TC de urgência se cirurgia aortabdominal prévia para afastar presença de fístula aortoentérica 43 Hemorragia digestiva alta não-varicosa Gastroenterológico Tabela 1: Risco de recidiva hemorrágica de acordo com a classificação de Forrest modificada Classificação de Forrest Prevalência Recidiva Hemorrágica 18% 55% (17%-100%) Vaso visível 17% 43% (0%-81%) Coágulo aderido 17% 22% (14%-36%) IIC Lesão pigmentada plana 20% 10% (0%-13%) III Base limpa 42% 5% (0%-10%) IA Sangramento em jato IB Sangramento em babação IIA IIB Referências bibliográficas 1. Barkun A et al. Consensus recommendations for managing patients with nonvariceal upper gastrointestinal bleeding. Ann Intern Med. 2003 Nov 18;139(10):843-57. 2. British Society of Gastroenterology Endoscopy Committee. Non-variceal upper gastrointestinal haemorrhage: guidelines. Gut. 2002 Oct;51 Suppl 4:iv1-6 3. Lau JY et al. Effect of intravenous omeprazole on recurrent bleeding after endoscopic treatment of bleeding peptic ulcers. N Engl J Med. 2000 Aug 3;343(5):310-6. 4. Morgan D. Intravenous proton pump inhibitors in the critical care setting. Crit Care Med. 2002; 30: S369-S372. 5. Robinson M, Horn J. Clinical pharmacology of proton pump inhibitors: what the practising physician needs to know. Drugs. 2003;63(24):2739-54. 6. Sabbah et al., High dose intravenous proton pump inhibitors improved outcomes in unselected patients who undergo endoscopy for acute non-variceal upper GI bleeding. Gastroenterology. 2002; 122: A477. 7. Sung JJ. The role of acid suppression in the management and prevention of gastrointestinal hemorrhage associated with gastroduodenal ulcers. Gastroenterol Clin North Am. 2003 Sep;32(3 Suppl):S11-23. 44 Hemorragia digestiva alta varicosa • • • • • Jejum O2 sob cateter 2 L/min Dois acessos venosos periféricos 1000 ml SF 0,9% Reserva de 4 UI de C de hemácias Gastroenterológico Incapacidade de manter PAS < 90 mmHg por 30 a 60 min a despeito da reposição volêmica ou falência de controle de sangramento ou falência de hemostasia endoscópica • Terlipressina 2 mg em bolus* • Hemostasia endoscópia: → Ligadura elástica/eclerose → Considerar cianoacrilato se varizes ectópicas • Jejum por 24 h • Monitorização por 72 h • Lavagem intenstinal/lactulose VO até fezes claras para evitar encefalopatia hepática caso paciente seja Child B/C • Manter telipressina 1 a 2 mg de 4/4 h a depender do peso corpóreo** • Considerar propranolol no 4o dia para redução de FC em 25% na ausência de contraindicações Considerar colocação de balão de Sengstaken Blakemore (sedação + ventilação mecânica) Profilaxia de Infecções Hemocultura, urocultura, SU, citologia de LA, cultura LA Norfloxacin 800 mg/dia VO por 7 dias Falência de controle endoscópico (imediata ou < 6 h pós hemostasia) Recidiva hemorrágica 2o episódio Considerar cirurgia 1o episódio Tentativa de controle endoscópico Considerar TIPS Considerar balão de Sengstaken Blakemore * Terlipressina não deve ser empregada em pacientes em uso de propofol e vice-versa, devido à ocorrência de bradiarritmias fatais ** 2 mg de 4/4 h para pacientes com mais de 70 kg, 1,5 mg de 4/4 h para pacientes entre 50 a 70 kg e 1 mg de 4/4 h para pacientes com menos de 50 kg por 5 dias Referências bibliográficas 1. Ban� Hepatology. 2002;35(3):609-15 2. Bernard B et al. Antibiotic prophylaxis for the prevention of bacterial infections in cirrhotic patients with gastrointestinal bleeding: a meta-analysis. Hepatology. 1999;29(6):1655-61. 3. Boyer TD. Pharmacologic treatment of portal hypertension: Past, present and future. Hepatology. 2001; 834-839. 4. Comar KM, Sanyal AJ. Portal hypertensive bleeding. Gastroenterol Clin North Am. 2003;32(4):1079-105. 5. D’Amico G, Pagliaro L, Bosch J. The treatment of portal hypertension: a meta-analytic review. Hepatology. 1995;22(1):332-54. 6. Eisen GM et al. The role of endoscopic therapy in the management of variceal hemorrhage. Gastrointest Endosc. 2002;56(5):618-20. 7. Grace et al. Portal hypertension and variceal bleeding: Na AASLD single topic symposium. Hepatology 1998: 28: 868-880. 8� Hepatology. 2003;38(1):258-66. 45 Pancreatite aguda Gastroenterológico Definição Processo inflamatório agudo da glândula pancreática secundário à ativação de enzimas digestivas no interior das células acinares, que induzem à lesão e à necrose do parênquima pancreático, responsáveis por complicações locais (necrose pancreática, pseudocisto e abscesso) e sistêmicas (SRIS e disfunção orgânica) da pancreatite aguda (PA). As principais causas de PA são, em ordem de freqüência: biliar (37%), alcoólica (20%), idiopática (17%), medicamentosa (6%), pós-CPRE (5%), hipertrigliceridemia (5%), obstrução por áscaris ou tumor (4%) e hipercalcemia (1%). O diagnóstico de PA baseia-se na presença de dor abdominal típica associada à elevação de amilase e lipase acima de três vezes o valor normal. A doença é classificada em leve e grave de acordo com a presença de SRIS, disfunção orgânica e necrose pancreática Conduta inicial • Ressucitação volêmica • Analgesia: acetaminofeno ou outra droga de ação periférica potencialmente combinada com droga antiespasmódica na dor de pequena intensidade, acetaminofeno + tramadol (ou substituto) na dor moderada e acetaminofeno + meperidina ou buprenorfina ou infusão epidural de analgésicos na dor intensa ou refratária • Coleta de exames: Na+, K+, creatinina, hemograma, glicose, DHL, Ca++ e gasometria, lipase, amilase, proteína C reativa (48 horas), TGO, TGP, FA, GGT, triglicérides, radiografias de abdome e tórax PA e perfil • Avaliação adicional de etiologia: US de abdome superior, questionamento do uso de drogas, pródromos virais, status HIV, uso de álcool, CPRE ou cirurgia recente Estratificação de gravidade Pancreatite aguda leve Pancreatite aguda grave • • • • • Presença de falência orgânica com 1 ou mais critérios: PAS < 90 mmHg; PO2 < 60 mmHg; insuficiência renal (Cr > 2 mg/dL após expansão volêmica); hemorragia digestiva (> 500 mL em 24 horas) • APACHE II ≥ 8 • Pontuação na Classificação de Ranson ≥ 3 • Presença de complicações locais: necrose, abscesso, pseudocistos Ausência de falência orgânica APACHE II < 8 Pontuação na Classificação de Ranson < 3 Pontuação inferior a 7 na escala de Balthazar baseada em TC Pancreatite aguda grave (critérios adicionais) • Proteína C reativa > 150 mg/L nas 48 horas • Pontuação de 7 na escala de Balthazar baseada em TC • Índice de massa corpórea > 30 • Idade superior a 70 anos • Hematócrito > 43% para homens e 39,6% para mulheres • Persistência de disfunção orgânica por mais que 48 horas 46 Pancreatite aguda Gastroenterológico Classificação de Balthazar baseada em achados tomográficos 1- Aspecto pancreático à TAC de pâncreas 2 - Intensidade de necrose pancreática Grau Pontos Percentual Pontos A – Pâncreas normal 0 Sem necrose 0 B – Aumento focal ou difuso do pâncreas 1 < 30% 2 C – Inflamação pancreática ou peripancreática 2 30% - 50% 4 D – Coleção peripancreática única 3 > 50% 6 E – ≥ 2 coleções peripancreáticas e/ou ar retroperitoneal 4 Classificação de Ranson Escore total resultante da soma dos pontos encontrados nas duas colunas Escore total resultante da soma dos pontos encontrados nas duas colunas acima Mortalidade esperada (%) 0a3 Na admissão • Idade > 55 anos • Leucócitos > 16.000/mm3 • Glicemia > 200 mg/dL • DHL > 350 UI • AST > 250 UI 3% 4a6 6% 7 a 10 17% Após 48 horas • Queda do hematócrito > 10% • Aumento da uréia > 15 mg/dL • Ca++ < 8 mEq/L • PaO2 < 60 mmHg • Deficit de base > 4 mEq/L • Seqüestro de fluidos > 6 litros Pancreatite aguda leve • • • • • Monitorização não invasiva Analgesia Jejum SNG aberta se náusea ou vômitos Hidratação e correção de distúrbios hidroeletrolíticos Melhora em 48-72 horas? sim Manter conduta Iniciar alimentação oral/enteral Ultrassonografia de abdômen não • Reavaliação diagnóstica • Nova estratificação de gravidade • TC de abdômen 47 Sem coledocolitíase Com coledocolitíase Programar colecistectomia a partir do 10o dia Considerar CPRE Se colangite ⇒ Associar antibioticoterapia Pancreatite aguda Gastroenterológico Pancreatite aguda grave • • • • Admissão em unidade de terapia intensiva Analgesia e SNG aberta na presença de íleo Expansão volêmica agressiva de acordo com PVC e diurese Considerar monitorização hemodinâmica invasiva na presença de instabilidade hemodinâmica e disfunção orgânica não reversível com ressuscitação volêmica adequada TC helicoidal dinâmica ou ressonância magnética se creatinina > 2 mg/dL • Investigação inicial de necrose pancreática 3 a 5 dias após admissão • Avaliação subseqüente de PA grave graus D e E de Balthazar entre 7 e 10 dias • Investigação de complicações locais na presença de deterioração clínica • Suporte respiratório e cardiovascular • Suporte nutricional enteral precoce com sonda em posição jejunal • Considerar antibioticoterapia profilática (ciprofloxacino + metronidazol por 10 a 15 dias)* Pseudocistos Tratamento conservador - Cirurgia ou tratamento endoscópico após 6 semanas na presença de sintomas Abscesso Drenagem cirúrgica e antibioticoterapia Necrose Punção aspirativa com agulha fina guiada por TC na suspeita de necrose infectada: 1) piora progressiva do leucograma; 2) deterioração clínica; 3) DMOS Gram ou cultura Manutenção de tratamento agressivo de suporte Colelitíase Colecistectomia após resolução do quadro no mesmo internamento Coledocolitíase com sinais de obstrução biliar e/ou colangite CPRE de urgência dentro das primeiras 48 a 72 horas Necrose estéril Gram ou cultura + Necrose infectada • Ajustar antibioticoterapia: Imipenem ou Cefalosporina de 3a ou 4a + Metronidazol ou Piperacilina + Tazobactam • Desbridamento cirúrgico (Preferencialmente entre a 2a e 3a semana) * uso controverso e sem comprovação de impacto na mortalidade Referências bibliográficas 1. Banks PA. Practice guidelines in acute pancreatitis. Am J Gastroenterol. 1997;92:377-86. 2. British Society of Gastroenterology. United Kingdom guidelines for the management of acute pancreatitis. Gut. 1998;42:S1-S13. 3. Johnson CD, Abu-Hilal M. Persistent organ failure during the first week as a marker of outcome in acute pancreatitis. Gut. 2004;53:1340-4. 4. Marik PE, Zaloga GP. Meta-analysis of parenteral nutrition versus enteral nutition in patients with acute pancreatitis. Papers 2005; 1-6. 5. Swaroop VS, Chari ST, Clain JE. Severe acute pancreatitis. JAMA 2004;291:2865-8. 48 Hepatite fulminante Gastroenterológico Definição Insuficiência hepática aguda grave caracterizada pelo aparecimento de encefalopatia hepática (EH) no intervalo de oito semanas do início de quadro ictérico, na ausência de comprometimento prévio conhecido de função hepática. A mortalidade da hepatite fulminante (decorrente principalmente de hipertensão intracraniana secundária a edema cerebral) varia de 60% a 90% nos indivíduos com graus III e IV de encefalopatia hepática, havendo indicação nesses pacientes de transplante de fígado. Insuficiência hepática aguda grave (hipoalbuminemia/ascite/TP < 50%, INR > 2) Considerar Encefalopatia hepática (EH) Transferência para centro com disponibilidade de transplante de fígado (www.abto.com.br) Hepatite fulminante Investigação de causa e tratamento etiológico específico (Tabela 1) Monitorização do estado neurológico Admissão em unidade de terapia intensiva EH grau II Avaliação de critérios de indicação de transplante de fígado (Tabela 2) para priorização no sistema nacional de alocação e distribuição de órgãos EH grau III/IV Considerar intubação orotraqueal para proteção de via aérea Considerar monitorização de pressão intracraniana (PIC)* Medidas de suporte Suporte hemodinâmico • Monitorização hemodinâmica invasiva (PAM e PVC) em pacientes com EH graus III e IV • Uso de cateter de artéria pulmonar em pacientes com instabilidade hemodinâmica e/ou disfunção orgânica (padrão de circulação hiperdinâmica com RVS baixa e IC elevado). • Manter PAM > 65 e 70 mmHg ou em níveis superiores a depender da PPC Manejo da coagulopatia • Evitar uso de plasma fresco (PF) antes da indicação de transplante hepático pelo valor prognóstico do INR • Uso de plasma fresco e crioprecipitado caso INR > 1,5 e 2 e fibrinogênio abaixo de 100 mg/dL antes de procedimentos invasivos • Uso de plaquetas se níveis inferiores a 20.000/mm3 ou 50.000/mm3 antes de procedimentos invasivos Monitorização rigorosa de eletrólitos e níveis glicêmicos Prevenção e tratamento da insuficiência renal • Evitar agentes nefrotóxicos • Expansão volêmica • Na necessidade de terapia de reposição renal, usar preferencialmente hemofiltração/hemodiafiltração Uso de IBP (pantoprazol 40 mg 12/12 horas/omeprazol 20 mg 12/12 horas) para profilaxia de lesão aguda de mucosa gástrica Suporte nutricional Manejo de infecções • Uso empírico de antibióticos de largo espectro (vancomicina + cefalosporina de terceira) em pacientes com suspeita de infecção, SRIS ou com instabilidade hemodinâmica • Uso empírico de antifúngicos (fluconazol) 5 a 6 dias após instituição de antibioticoterapia de amplo espectro Considerar uso de MARS (diálise extracorpórea com albumina) na indisponibilidade momentânea de órgãos para transplante hepático * uso controverso e sem comprovação de impacto na mortalidade 49 Hepatite fulminante Gastroenterológico Prevenção e manejo da hipertensão intracraniana • Cabeceira elevada entre 30º e 40º • Minimizar o uso de manobras invasivas, aspiração traqueal, mobilização • Evitar hipertermia e tratar agressivamente hipotensão arterial • Tratar hipoxemia e hipercapnia • No uso de monitorização de PIC empregar cateter subdural e manter pressão de perfusão cerebral (PPC) (PPC = PAM – PIC) idealmente acima de 60 mmHg. Tratar elevação progressiva ( > 25 mmHg) ou sustentada da PIC por mais de 5 minutos (30 a 50 mmHg) • Uso de manitol 20% 1 g/kg de acordo conforme PIC e PPC, ou de acordo com evidências clínicas e neurológicas de hipertensão intracraniana em pacientes não monitorizados com PICs * uso controverso e sem comprovação de impacto na mortalidade Tabela 1. Avaliação etiológica e tratamento específico da hepatite fulminante Causa Avaliação de etiologia Tratamento específico Viral Hepatite A IgM anti-VHA Hepatite B agHbs, IgM anti-Hbc Hepatite delta (raro) anti-VHD Hepatite E (raro) anti-VHE Hepatite C (excepcional) anti-VHC Herpes simplex (raro) IgM e IgG anti-HSV Aciclovir IV EBV (raro) IgM e IgG anti-EBV Aciclovir IV CMV (raro) IgM anti-CMV Drogas História clínica (Sugestiva ou compatível) Tratamento específico Acetaminofeno Uso intencional ou inadvertido (> 4 g) Níveis séricos: > 200 mg/dL 4 h após o uso, > 50 mg/dL 15 h após o uso N-acetilcisteína VO 140 mg/kg + 70 mg/kg 4/4 h por 48-72 h ou N-acetilcisteína IV 150 mg/kg / 200 ml SG 5% em 15 min + 50 mg/kg 4/4 horas até dose cumulativa total de 300 mg/kg Halotano, isoniazida, outros medicamentos Ervas e fitoterápicos 50 Hepatite fulminante Gastroenterológico Vascular Quadro Clínico Síndrome de Budd-Chiari US doppler/arteriografia Tratamento específico Hepatite isquêmica Congestão hepática (ICC) US doppler Esteatose aguda Quadro Clínico Indução do parto da gravidez Síndrome HELLP Indução do parto Eclampsia Hepatite auto-imune Auto-anticorpos: AAML, AAN, AAMFR1 Considerar imunossupressão (prednisona 20 a 30 mg/dia) Doença de Wilson Cobre, ceruloplasmina Pesquisa de anel de Kayser-Fleischer Tabela 2. Critérios para indicação de transplante hepático Paciente portador de insuficiência hepatica aguda grave com descompensação definida pelos seguintes critérios: KINGS COLLEGE CLICHY Hepatite fulminante induzida por acetaminofeno • pH < 7,3 ou • INR > 6,5 e creatinina > 3,4 mg/dL Encefalopatia hepática associada a • Nível de fator V < 20% (pacientes < 30 anos) • Nível de fator V < 30% (pacientes ≥ 30 anos) Hepatite Fulminante Induzida por Outras Causas – INR > 6,5 ou – ≥ 3 dos seguintes parâmetros: • Idade < 10 anos ou > 40 anos • Etiologia adversa (hepatite NANB, hepatite por halota no ou por outras drogas) • INR > 3,5 • BT > 17,6 mg/dL • Intervalo entre icterícia e encefalopatia > 7 dias Ministério da Saúde, portaria no 541, 14 de março de 2002 Referências bibliográficas 1. Bass NM. Drug-Induced Liver Disease. In: Friedman et al. (eds.). Current Diagnosis & Treatment in Gastroenterology. Second edition. Mc Graw Hill, 2003, p. 664-679. 2. Bernuau J, Durand F, Belghiti J. 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Acute Hepatic failure: A British perspective. In: Arroyo V et al. (eds.). Therapy in Hepatology. Ars Médica, 2001, p. 149-57. 51 Hemorragia digestiva baixa Gastroenterológico Definição Sangramento digestivo proveniente de sítio localizado entre o ângulo de Treitz e o ânus, podendo se manifestar como enterorragia e melena. Enterorragia pode ocorrer em hemorragia digestiva alta maciça com perdas superiores a 1.000 mL ou na presença de trânsito intestinal acelerado, e melena pode ser manifestação de sangramento digestivo baixo de menor monta, de sítio localizado em cólon direito ou intestino delgado. Diagnóstico No momento da admissão do paciente são importantes a avaliação dos sinais e sintomas de hipovolemia que deverão nortear a estratégia de ressucitação e a identificação do sítio de sangramento pelo exame proctológico e por métodos endoscópicos (Tabela 2). Na suspeita de sangramento hemorroidário, é importante a avaliação proctológica com anoscopia rígida antes do preparo do paciente para exame colonoscópico. Todo paciente com enterorragia e instabilidade hemodinâmica deve ser submetido, por outro lado, à sondagem gástrica e/ou à endoscopia digestiva alta para afastar causa de sangramento em trato gastrintestinal superior. Estabilidade hemodinâmica? sim não • Jejum • Um acesso venoso periférico • Iniciar 500 ml SF 0,9% • Reserva de 2 UI de papa • Jejum Veja protocolo de choque hipovolêmico. Página 27 Lavagem gástrica Sangue positivo Protocolo HDA Sangue negativo / Bile positivo Sítio não identificado Colonoscopia em 6 horas Parada do sangramento? sim não Trânsito intestinal Cintilografia Sítio identificado Hemostasia endoscópica Exame inconclusivo por por enterorragia maciça Estabilidade hemodinâmica? não Considerar arteriografia Considerar cirurgia sim Considerar enteroscopia ou cápsula endoscópica Colonoscopia second-look Considerar TC de urgência se cirurgia aortabdominal prévia para afastar presença de fístula aortoentérica Referências bibliográficas 1. Bounds BC, Friedman LS. Lower gastrointestinal bleeding. Gastroenterol Clin North Am 2003 Dec;32(4):1107-25. 2. Eisen GM et al. An annotated algorithmic approach to acute lower gastrointestinal bleeding. Gastrointest Endosc 2001 Jun;53(7):859-63. 3. Zuccaro G Jr. Management of the adult patient with acute lower gastrointestinal bleeding. American College of Gastroenterology. Practice Parameters Committee. Am J Gastroenterol 1998 Aug;93(8):1202-8. 4. Zuckerman GR, Prakash C. Acute lower intestinal bleeding. Part I. Gastrointest Endoscopy 1998;606-16. 52 Encefalopatia hepática Gastroenterológico Definição É uma síndrome neuropsiquiátrica complexa precipitada por alteração da função hepática. Pode fazer parte do quadro de falência hepática aguda ou crônica. Diagnóstico Alteração da função mental + evidências clínico-laboratoriais de hepatopatia (tremor de extremidades, hálito hepático, história prévia de doença hepática). O diagnóstico é de exclusão. Afastar outras causas de alteração da função mental. Estágio I • Euforia, depressão, confusão, raciocínio lento, déficit de atenção, hipersonia ou insônia, inquietação, inversão do padrão do sono • Presença de leve tremor de extremidades (flapping) Estágio III • Diminuição do nível de consciência, desorientação, agressividade, perseveração vocal, sintomas piramidais, aumento do tônus muscular, hiperreflexia • Tremor de extremidades freqüentemente ausente Estágio II • Confusão, sonolência, fala empastada, comportamento inapropriado, desorientação no tempo e espaço, disartria, ataxia, diminuição de reflexos profundos • Evidente tremor de extremidades (flapping) Estágio IV • Coma Fatores desencadeantes • Dieta protéica excessiva • Transfusão sangüínea • Hipóxia • Anorexia • Distúrbios eletrolíticos • Drogas psicoativas; Álcool • Constipação • Hipovolemia • Hemorragia digestiva • Uso de diuréticos • Anemia • Azotemia • Infecções (peritonite espontânea, pneumonia) Tratamento Estágio Proteína Lactulose Enemas Antibiótico AACR Flumazenil I ≤ 20 g/dia ++ ++ (+) ++ (+) II ≤ 20 g/dia ++ ++ (+) ++ (+) III Jejum ++ ++ ++ ? + IV Jejum ++ ++ ++ ? + 0 = não recomendado; � cada Como fazer Proteína Lactulose Enemas Antibiótico AACR Flumazenil 10 g a cada 3 a 5 dias. Até alcançar 0,8 a 1,2 g/kg/d 10 mL VO ou enema 3 a 6 x/d 1 L de água + vaselina líquida ou Fleet Enema® 1 a 3 x/d Neomicina 2 a 4g VO/dia ou metronidazol 500 mg VO 2x 0,25 g/kg/d 0,5 mg EV +0,2 a 0,4 mg/h em 24h Referências Bibliográficas 1. Hepatic Encephalopathy - Effective Treatments Available Once Acute Precipitants Have Been Eliminated. Drug Ther Perspect 17(15):8-11, 2001. 2. D’Este MRS. Encefalopatia hepática. In: Orlando JMC, Milani Jr R; Programa UTI Beira-de-leito. Rotinas em Medicina Intensiva Adulto. 1ª ed. São Paulo: AMIB 2003; 43-5. 3. Fulminant hepatic failure and encephalopathy, in: Varon J, Fromm Jr RE; Handbook of Practical Critical Care Medicine. Springer-Verlag 2002:185-8. 53 Avaliação do paciente febril na UTI Infecção Febre de início recente > 38,3o C é um motivo razoável para avaliação clínica cuidadosa do paciente. É um sinal de inflamação, não necessariamente infecção. Dos episódios febris na UTI, 50% não estão ligados a infecções. Causas não-infecciosas Geralmente episódio febril único 1. Excluir causa infecciosa (atenção com cateteres sítios cirúrgicos, sinusite, colecistite alitiásica) 2. Revisar, suspender ou substituir drogas (se causada por drogas pode demorar dias para ceder) 3. SIRS 4. Síndrome neuroléptica maligna (haloperidol) 5. Hipertermia maligna (anestesia geral) 6. Infarto intestinal,TEP, pancreatite, insuficiência adrenal Sistema nervoso central 1. Febre + sinal focal e/ou ↓ consciência = punção lombar (PL) 2. Lesão neurológica acima do forame magnum → realizar TAC de crânio antes da PL 3. Febre + cateter intracraniano = coletar líquor 4. Análise bioquímica, Gram e cultura Líquor Bactéria no Gram ou Leuc >1000/mm3 ou Proteína > 100 mg/dL ou Glicose < 40 mg/dL ou Glicose LCR/Glicose sangue < 0,4. Meningite Qualquer ↑ de leucócitos no LCR sem outras alterações bioquímicas Meningite asséptica ou piogênica ou granulomatosa ou abscesso cerebral Infecção urinária (40% das infecções hospitalares) 1. Os valores referenciais de 10 leuc/campo ou bacteriúria de 105 cfUI/mL podem não significar infecção em pacientes com sondagem vesical 2. Coletar amostras seriadas de urina para cultura e confirmação de piúria 3. Não coletar amostras do reservatório de urina. A amostra deve chegar ao laboratório em menos de 1 hora. Se o tempo de transporte for > 1 hora, deve-se refrigerá-la 4. ATB terapia deve ser baseada no quadro clínico sistêmico + avaliação seriada de amostras de urina Sinusite 1. Hipótese diagnóstica de sinusite 2. TAC de seios da face 3. Sinusopatia radiológica + clínica de infecção = punção e drenagem de seios da face 4. Gram e cultura do aspirado ATB conforme cultura 5. Remover tubos e cateteres nasais. Infecções abdominais 1. Abscesso abdominal 2. Colecistite alitiásica (1,5% dos pacientes graves) 3. Enterocolite pseudomembranosa a) Pesquisa Clostridium difficile nas fezes b) Se negativa: fazer 2ª pesquisa c) 2ª pesquisa negativa: sigmoidoscopia d) Paciente muito grave: considerar metronidazol empírico. Vanco só com comprovação diagnóstica. Deve-se tentar evitar a ATB terapia empírica → resistência bacteriana Pós-operatório – PO 1. Atelectasia (40% a 70%) em PO < 72h 2. Cateter urinário > 72h 3. Ferida operatória: a) Avaliação diária, procurar sinais flogísticos b) Se suspeitar de infecção – exploração cirúrgica ATB só com acometimento de tecidos profundos c) Cultura + Gram da área mais profunda da FO 4. Cultura para outros germes em pacientes sem HIV tem pouca utilidade Na suspeita de infecção: 1. Hemoculturas – 2 amostras com TSA 2. Cultura de fluido/secreção do(s) sítio(s) suspeito(s) 3. Antibióticoterapia empírica relacionada à suspeita diagnóstica. Rever ATB após resultados das culturas 4. Antipirese: pode trazer conseqüências adversas em infecções graves Referências bibliográficas 1. O’Grady NP et al. Practice parameters for evaluating new fever in critically ill adult patients. Crit Care Med 1998;26: pp. 392-408. 2. Haas DW, Kaiser AB. Central nervous system infections, in: Schoemaker WC et al. Textbook of Critical Care Medicine. 3a ed. – Philadelphia: W.B. Saunders Company 1995; 139: pp.1291-1304. 3. Marino PL. Sepse abdominal e pélvica, in: Marino PL, trad. Eliézer Silva; Compêndio de UTI. 2a ed. – Porto Alegre: Editora Artes Médicas Sul, 1999;33: pp. 430-40. 4. Marino PL. O paciente febril, in: Marino PL, trad. Eliézer Silva; Compêndio de UTI. 2a ed. Porto Alegre: Editora Artes Médicas Sul, 1999;30: pp. 393-406. 54 Infecções relacionadas a cateteres venosos centrais Infecção Paciente com cateter venoso central (CVC) e febre Avaliar a indicação de antibiótico Doença branda ou moderada (sem hipotensão ou falência de órgãos) Gravemente enfermo (hipotensão, hipoperfusão ou falência de órgãos) Hemoculturas Duas amostras, uma central e outra periférica Hemoculturas Duas amostras, uma central e outra periférica Se a causa da febre não for identificada, remova o CVC, solicite cultura da ponta do cateter, insira em outro local ou troque o cateter usando um fio-guia Se a causa da febre não for identificada, remova o CVC, solicite cultura da ponta do cateter, insira em outro local ou troque o cateter usando um fio-guia Hemoculturas Hemoculturas neganegativas sem cultura tivas cultura do CVC do CVC negativa Se a febre persistir, sem causa aparente, remova o CVC e solicite cultura da ponta Staphylococcus coagulase - negativo Remova CVC + ATB EV por 5-7 dias. Se pretender manter cateter, usar ATB EV ± terapia de retenção ATB por 10-14 dias Hemoculturas negativas CVC com ≥ 15 UFC Nos pacientes com valvulopatia ou neutropenia e colonização do CVC por S. aureus ou Cândida, monitorar sinais de infecção e repetir culturas se necessário Procure outra fonte para a infecção Staphylococcus aureus Bacilos Gramnegativos Remova CVC + ATB EV por 14 dias. Se TEE positivo, use ATB EV por 4-6 semanas Remova CVC + ATB EV por 10-14 dias. Hemoculturas positivas CVC com ≥ 15 UFC Iniciar antibiótico empiricamente Infecção relacionada ao CVC Não-complicada Cândida spp. Remova CVC + antifúngicos por 14 dias após a última cultura negativa Complicada Trombose séptica, endocardite, osteomielite etc. Remova o CVC e inicie ATB EV por 4-6 semanas; 6-8 semanas para osteomielite CVC cateter venoso central; UFC, unidade formadora de colônia; ATB, antibiótico; EV, via endovenosa; TEE, ecocardiograma transesofágico. Referências bibliográficas 1. Mermel LA, Farr BM, et al. Guidelines for the management of intravascular catheter-related infections. Clin Infect Dis 2001;32: pp. 1249-69. 55 Pneumonia comunitária Infecção IGP História sugestiva de Pneumonia Comunitária Idade Diagnóstico de Pneumonia Comunitária (PAC) Solicitar radiografia de tórax se dois ou mais dos seguintes sinais estiverem presentes: • • • • • Avaliar gravidade da pneumonia e melhor sítio de tratamento Idade > 50 anos? +__ • Mulher (anos -10) +__ Residente em Asilo +10 Comorbidades • • • • Temperatura > 37,8ºC; Freqüência cardíaca > 100 bpm Murmúrio vesicular diminuído Estertores crepitantes Freqüência respiratória > 20 mrm Neoplasia Hepatopatia ICC DCV +30 +20 +10 +10 • Nefropatia +10 Exame Físico • • • • Sim Não Confusão mental FR 30 mrm PAS < 90 mmHg Tax < 35ºC ou ≥ 40ºC +20 +20 +20 +15 • FC >125 bpm Comorbidades associadas? • • • • • • Homem (anos) Neoplasia Hepatopatia Insuficiência cardíaca Doença cerebrovascular Doença renal +10 Achados Rx e Lab • • • • • • • Sim pH arterial < 7,35 Uréia 64 mg/dL Na < 130 mEq/L Glicose >250 mg/dL Ht < 30% paO2 < 60 mmHg ou SpO2 < 90% Derrame pleural +30 +20 +20 +10 +10 +10 +10 Não Uma ou mais das alterações abaixo estão presentes no exame físico? • • • • • Sim Confusão mental Freqüência respiratória ≥ 30min. Pressão arterial sistólica < 90 mmHg Temperatura < 35oC ou ≥ 40oC Freqüência cardíaca ≥ 125 bpm IGP significa Índice de Gravidade da Pneumonia; ICC, insuficiência cardíaca congestiva; DCV, doença cerebrovascular; FR, freqüência respiratória; PAS, pressão arterial sistólica; Tax, temperatura axilar; FC, freqüência cardíaca; Na, sódio; PaO2, pressão parcial arterial de oxigênio; SpO2, saturação da hemoglobina. Calcular o Índice de Gravidade da Pneumonia (IGP) Classes de risco e mortalidade associada [Ib] Não Classe de risco I Classe de risco II ou III Internação hospitalar (UTI)? Classe de risco IV ou V Risco Classe Baixo Baixo Baixo Moderado Alto Julgamento Clínico I II III IV V Pontuação Mortalidade Vide algoritmo ≤ 70 71–90 91–130 > 130 0,1% 0,6% 0,9% 9,3% 27,0% • Internação hospitalar por curto período • Observação por 24h • Acompanhamento domiciliar Sim Contra-indicações absolutas para o manejo ambulatorial: • • • • Hipoxemia (Sp02 < 90%) Instabilidade hemodinâmica Comorbidade descompensada Incapacidade de ingestão oral Não Fatores que contribuem para evolução desfavorável? • Desnutrição • Sem resposta com terapia oral • Sem residência fixa 56 Não Tratamento ambulatorial Pneumonia comunitária Infecção Antibioticoterapia empírica Fatores modificadores Pneumococo resistente à penicilina Enterococos ou Gram-negativos Pseudomonas aeruginosa • • • • • • Idade > 65 anos Uso de betalactâmico nos últimos 3 meses Alcoolismo Imunodepressão1 Múltiplas comorbidades Contato com crianças em creches • • • • • Doença estrutural pulmonar (bronquiectasia) • Terapia com corticóides • Antibiótico de largo espectro (> 7 dias há 1 mês) • Desnutrição 1 Incluindo o uso de corticóides (prednisona 10 mg/dia). Residente em asilo Doença cardiopulmonar subjacente Múltiplas comorbidades Antibióticoterapia recente GRUPO I: Sem indicação de internação hospitalar, doença cardiopulmonar e fatores modificadores GRUPO II: Sem indicação de internação hospitalar, com doença cardiopulmonar e/ou fatores modificadores Microrganismo Terapia Microrganismo Terapia • • • • • • • • Macrolídeos1 (azitromicina, claritromicina) ou doxiciclina2 • • • • • • • • (betalactâmico5 + macrolídeo ou doxiciclina) ou fluoroquinolona antipneumococo (isoladamente)6 Streptococcus pneumoniae Mycoplasma pneumoniae Chlamydia pneumoniae Hemophilus influenzae Viroses respiratórias Legionella spp. Mycobacterium tuberculosis Fungos 1. Eritromicina não é ativa contra H. influenzae. Azitromicina e claritromicina são mais bemtolerados; 2. Muitas cepas do S. pneumoniae são resistentes à tetraciclina, devendo ser reservada apenas para os casos de alergia ou intolerância.*[Nível de evidência]. Streptococcus pneumoniae1 Mycoplasma pneumoniae Chlamydia pneumoniae Infecções mistas2 Hemophilus influenzae Enterococos Gram-negativos Viroses respiratórias Miscelânea3,4 1. Incluindo pneumococo resistente; 2. Bactérias associadas com patógenos atípicos ou vírus; 3. Moraxella catarrhalis, Legionella spp., aspiração (anaeróbios), Mycobacterium tuberculosis, fungos; 4. Amoxicilina + clavulanato cobrem os anaeróbios, porém, a associação de clindamicina ou metronidazol é indicada na presença de abscesso pulmonar; 5. Via oral: cefpodoxima, cefuroxima, amoxicilina em alta dose (1 g 8/8h) e amoxicilina + clavulanato ou ceftriaxona via parenteral seguido de cefpodoxima via oral; 6. moxifloxacin, gatifloxacin, sparfloxacin, levofloxacin. *[Nível de evidência]. GRUPO III: Com indicação de internação hospitalar, sem indicação de UTI A. Doença cardiopulmonar e/ou fatores modificadores (incluindo residência em asilos) B. Sem doença cardiopulmonar e/ou fatores modificadores Microrganismo Terapia Microrganismo Terapia • • • • • • • • • • (betalactâmico4 EV) + macrolídeo5 (VO ou EV) ou doxiciclina ou fluoroquinolona antipneumococo (isoladamente)6 • • • • • • • • Azitromicina isolada (EV) [III] ou (Doxiciclina + betalactâmico)7 ou fluoroquinolona antipneumococo (isoladamente)6 Streptococcus pneumoniae1 Hemophilus influenzae Mycoplasma pneumoniae Chlamydia pneumoniae Infecções mistas2 Enterococos Gram-negativos Aspiração (anaeróbios) Viroses Legionella spp. Miscelânea3 Streptococcus pneumoniae Hemophilus influenzae Mycoplasma pneumoniae Chlamydia pneumoniae Infecções mistas2 Viroses Legionella spp. Miscelânea3 1. Incluindo pneumococo resistente; 2. Bactérias associadas com patógenos atípicos ou vírus; 3. Mycobacterium tuberculosis, fungos, P. carinii; 4. Cefotaxima, ceftriaxona, ampicilina + sulbactam, ampicilina em dose alta (2g 4/4h); 5. Claritromicina ou azitromicina; 6. Moxifloxacin, gatifloxacin, sparfloxacin, levofloxacin; 7. Em caso de alergia ou intolerância aos macrolídeos *[Nível de evidência]. 57 Pneumonia comunitária Infecção GRUPO IV: Com indicação de internação hospitalar em UTI A. Sem fatores modificadores para Pseudomonas aeruginosa B. Com fatores modificadores para Pseudomonas aeruginosa Microrganismo Terapia Microrganismo Terapia • • • • • • • • betalactâmico3 (EV) + azitromicina (EV) ou fluoroquinolona antipneumococo6 • Todos os supracitados • Pseudomonas aeruginosa pseudomona4 + quinolona (betalactâmico antiantipseudomona5) ou (betalactâmico antipseudomona4 + aminoglicosídeo + azitromicina (EV) ou fluoroquinolona antipneumococo6) Streptococcus pneumoniae1 Legionella spp. Hemophilus influenzae Bacilos entéricos Gram-negativos Staphylococcus aureus Mycoplasma pneumoniae Viroses respiratórias Miscelânea2 1. Incluindo pneumococo resistente; 2. Chlamydia pneumoniae, Mycobacterium tuberculosis, fungos; 3. Cefotaxima, ceftriaxona; 4. Cefepima, imipenem, meropenem, piperacilina + tazobactam; 5. Ciprofloxacina; 6. Moxifloxacin, gatifloxacin, sparfloxacin, levofloxacin; 7. Em caso de alergia a betalactâmico, substituir por aztreonam e associar um aminoglicosídeo e uma fluoroquinolona antipneumococo. *[Nível de evidência]. Referências bibliográficas 1. Halm EA, Teirstein AS. Management of community-acquired pneumonia. N Engl J Med 2002;25: pp. 2039-45. 2. Niederman MS, Mandell LA, Anzueto A, et al. Guidelines for the management of adults with community-acquired pneumonia: diagnosis, assessment of severity, antimicrobial therapy, and prevention. Am J Respir Crit Care Med 2001;163: pp. 1730-54. 58 Pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV) Infecção Tabela 1. ECIP - Escore Clínico de Infecção Pulmonar Parâmetro Valor Pontuação Temperatura (ºC) 36,5 – 38,4 38,5 – 39 < 36 ou > 39 0 1 2 Leucócitos (x 1000) 4 – 11 11 – 17 > 17 0 1 2 Secreções +/+ ++ Purulenta PaO2/FiO2 > 250 < 250 (excluir SDRA) 0 2 Rx de tórax (infiltrado) Limpo Difuso Localizado 0 1 2 0 1 2 +1 Quadro Clínico • Infiltrado radiológico novo + 2 dos abaixo: • Febre • Leucocitose • Secreção traqueal purulenta ECIP ≥ 6 + dois dos indicadores OU ECIP ≥ 8 + um dos indicadores Sensibilidade e especificidade ~ 70% Indicadores • Curso clínico compatível com PNM • Sem evidência de outro foco Realizar Mini BAL (página 62) Iniciar antibioticoterapia empírica baseando-se em: - algoritmo 2 - dados microbianos locais Verificar culturas e resposta clínica após 72 horas Não Houve melhora clínica? Sim Culturas Negativas Culturas Positivas Procurar por: Outros diagnósticos Outros locais de infecção Ajustar antibiótico conforme culturas Procurar por: Outros patógenos, Outros diagnósticos, Outros locais de infecção 59 Culturas Negativas Culturas Positivas Considere suspender antibióticos Se possível de-escalonar antibiótico Tratar por 7-8 dias Pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV) Infecção Algoritmo 2 Antibioticoterapia empírica para PAV (Todos os graus de severidade da doença) Inicio tardio (≥5 dias) ou Fatores de risco para microorganismos multirresistentes (tabela 2) Não Tabela 2. Fatores de risco para microorganismos multirresistentes Sim • Uso de antibiótico nos últimos 90 dias Tabela 3 Tabela 4 • Hospitalização atual ≥ 5 dias • Alta incidência de resistência antimicrobiana no hospital • Diálise crônica • Paciente reside em asilos ou hospital geriátrico • Feridas crônicas • Familiar com microorganismo multirresistente • Doença ou tratamento imunossupressor Tabela 3. Antibioticoterapia empírica para PAV em pacientes sem fator de risco para microrganismos resistentes e com início do quadro ≤ 5 dias Microorganismo potencial Antibiótico recomendado Streptococcus pneumoniae Ceftriaxone Haemophilus influenzae ou Staphylococcus aureus sensível à oxacilina Quinolona respiratória Bacilos gram-negativos sensíveis ou Escherichia coli Ampicilina/sulbactam Klebsiella pneumoniae ou Enterobacter sp Ertapenem Proteus sp Serratia marcescens 60 Pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV) Infecção Tabela 4. Antibioticoterapia empírica para PAV em pacientes com fator de risco para microrganismos resistentes e com início do quadro ≥ 5 dias Microorganismo potencial Antibiótico recomendado Mesmos patógenos da tabela 3 Cefalosporinas antipseudomonas e microrganismos multirresistentes (cefepime ou ceftazidima) Pseudomonas aeruginosae OU Klebisiella pneumoniae (ESBL) Carbapenêmicos Acinetobacter sp (imipenem ou meropenem) OU β lactâmicos com inibidor de β lactamase MAIS Aminoglicosídeos (amicacina ou gentamicina) MAIS Stafilococcus aureus resistente à oxacilina Vancomicina, teicoplanina ou linezolida Tabela 5. Dose inicial venosa dos antibióticos para adultos Antibiótico Dose Cefalosporina antipseudomonas Cefepime Ceftazidima 1–2 g cada 8–12 h 2 g cada 8 h Carbapenêmicos Imipenem Meropenem 500 mg cada 6 h ou 1g cada 8 h 1 g cada 8 h β lactâmicos com inibidor de β lactamase Piperacilina-tazobactam 4.5 g cada 6 h Quinolona antipseudomonas Ciprofloxacino Levofloxacino 400 mg cada 8 h 750 mg cada 24 h Aminoglicosídeos Amicacina Gentamicina 20 mg/kg cada 24 h 7 mg/kg cada 24 h Vancomicina 15 mg/kg cada 12 h Linezolida 600 mg cada 12 h Referências bibliográficas 1. Ewig S, Bauer T, Torres A. The pulmonary physician in critical Care: Nosocomial pneumonia. Thorax 2002; 57: pp. 366-71 (www.thoraxjnl.com). 2. American Thoracic Society. Hospital-acquired pneumonia in adults; diagnosis, assessment, initial severity and prevention. A consensus statement. Am J Respir Crit Care Med 1996;153: pp. 1711-25. 3. www.socati.org.br – Protocolos. 4. AmericanThoracic Society Documents: Guidelines for the management of adults with hospital-acquired, Ventilator-associated, and health care-associated pneumonia. Am J Respir Crit Care Med 2005;171:388-416. 61 Mini-lavado broncoalveolar às cegas (Mini-LBA) no diagnóstico da pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV) Infecção Nos casos de suspeita de PAV com Escore Clínico de Infecção Pulmonar (ECIP) é possível realizar coleta de secreção do trato respiratório inferior, às cegas, sem o auxílio de broncoscópio. Descrevemos a seguir a maneira que realizamos o mini-LBA às cegas, uma técnica simples e eficaz3 para ser utilizada quando não há broncoscopia disponível. 1 PEEP elevada e/ou hipoxemia grave contra-indicam o procedimento 2 Pré-oxigenar o paciente, ventilando com FiO2 100% por 5 minutos 3 Introduzir, com técnica asséptica, cateter gástrico n° 16 ou 18 pelo tubo traqueal até que não haja mais sua progressão. Se houver dificuldade na progressão do cateter pode-se retificá-lo com guia estéril de cateter naso-enteral 4 Instilar 20 mL de soro fisiológico pelo cateter e aspirar em seguida sem deslocá-lo 5 Submeter a amostra à cultura semiquantitativa (método semelhante à urocultura). A cultura é considerada positiva se a concentração bacteriana for igual ou maior que 104 ufc/mL IMPORTANTE: o diagnóstico de pneumonia é realizado retrospectivamente através da evolução clínica compatível 6 Avaliar a qualidade da amostra pelo exame direto (fácil e rápido). O exame direto deve mostrar no máximo 1% de células escamosas e no mínimo 50 leucócitos por campo 7 Idealmente verificar a presença de microorganismos intracelulares, que tem um alto valor preditivo positivo para PAV 8 Iniciar antibioticoterapia empírica imediatamente após a coleta da amostra, ajustando a terapêutica após resultados da cultura Referências bibliográficas 1. Koleff MH, Ward S. The Influence of Mini-BAL cultures on patient outcomes. Chest 113;2:412-20. 2. Campbell DC. Blinded Invasive Diagnostic Procedures in Ventilator-associated Pneumonia. Chest 117;4:207S-11S. 3. Gonçalves ARR, Caldeira Filho M, Beims R. Lavado Broncoalveolar não-protegido com cateter gástrico. Estudo prospectivo comparativo com BAL-CATH®. Anais do VIII Congresso Brasileiro de Terapia Intensiva Adulto e Pediátrico e I Fórum Latino Americano de Ressuscitação,1997, Salvador, BA. 62 Requerimento básico de hidratação e eletrólitos A esses valores são adicionadas as perdas diárias previstas ou verificadas ao longo do dia: Manutenção É a oferta de líquidos e eletrólitos para repor as perdas da respiração, da sudorese, da diurese e gastrointestinais previstas para as próximas horas (em geral 24 horas). Comumente, o requerimento básico pode ser prescrito com base na fórmula de Holliday-Segar, que resulta em: Valores estimados para reposição de água Origem Necessidades diárias de água e solutos baseados no peso corporal Peso Água Na+ K+ (mL/kg/ (mEq/100 (mEq/100 dia) mL de água) mL de água) De 0 a 10 kg 100 2–3 2 De 10 a 20 kg 50 2–3 2 Acima de 20 kg 20 2–3 2 Metabólico e suporte nutricional Volume Detalhe Diurese Variável Atentar para causas de poliúria: diabetes melito descompensado, uso de diurético e natriurese cerebral Evacuação 50 – 200 mL Considerar para cada episódio de evacuação: pequeno volume ~ 50 mL; volumosa ~ 200 mL Febre 200 mL Valor para cada grau centígrado acima de 38o C Taquipnéia 200 mL Valor para cada 4 mrpm acima da freqüência respiratória de 20 mrpm Adaptado de Rakel: Conn’s Current Therapy. 57a. ed. Elsevier, 2005, p. 716. Situações clínicas que freqüentemente aumentam a necessidade diária de água e eletrólitos: • carga aumentada de soluto: cetoacidose diabética, glicosúria • perdas protéicas elevadas: queimado, rabdomiólise • diabetes insipidus • febre, taquipnéia Em situações com efetiva ou provável secreção inapropriada de ADH, é prudente reduzir o volume de manutenção para a metade ou dois terços do previsto. Exemplo importante são os casos de pós-operatório (dor, náuseas, uso de AINH ou de opiáceos). Repor perdas específicas (tabela a seguir). Valores médios para reposição de solutos Cl - (mEq/L) HCO3- (mEq/L) 10–80 10–110 15–50 5–20 100–150 0 120–140 5–15 40–80 110–115 Intestino delgado 100–140 5–15 90–130 30–40 Bile 120–140 5–15 80–120 40 Ileostomia 45–135 3–15 20–115 30 Sudorese 30–65 0 30–65 0 20–100 (~ 75) Variável (~ 40) ~ 115 0 Origem Na+ (mEq/L) K+ (mEq/L) Diarréia 10–90 Gástrica 20–80 Pancreática Urina Composição de cristalóides intravenosos Solução mOsm/L mEq/L Na+ Cl– Glicose 5% 278 Glicose 5% em NaCl 0,45% 405 77 77 Glicose 5% em NaCl 0,9% 561 154 154 Ringer lactato 275 130 109 NaCl 0,45% 154 77 77 NaCl 0,9% 308 154 154 NaCl 3,0% 1026 513 513 g/L K+ Ca++ Lactato Glicose (g/L) 50 63 50 50 4 3 28 Requerimento básico de hidratação e eletrólitos Metabólico e suporte nutricional Desidratação Para repor as perdas da desidratação, é fundamental considerar a distribuição da água corporal pelos diferentes compartimentos. Ela varia de acordo com o sexo e a idade, mas, para fins práticos, no adulto pode-se considerar: % do peso Exemplo em adulto de 70 kg (litros) H2O corporal total 60 42 H2O intracelular 40 28 H2O extracelular 20 14 H2O intravascular 5 3,5 As desidratações comprometem principalmente o volume do meio extracelular (VEC), em última instância a volemia do paciente. Assim, como abordagem inicial, deve-se estimar e repor o grau de depleção por meio de avaliação clínica do VEC. Quadro clínico Déficit do VEC Valor em homem de 70 kg (mL) Solução de reposição preferencial História de perda hídrica (vômitos, diarréia, intermação...) 10% 1.400 NaCl 0,9% ou Ringer lactato Hipotensão postural 20% 2.800 NaCl 0,9% ou Ringer lactato Taquicardia, diminuição do turgor, olhos encovados, hipotensão postural acentuada 30% 4.200 NaCl 0,9% ou Ringer lactato Choque 40% 5.600 NaCl 0,9% ou Ringer lactato Referências bibliográficas 1. Friedman AL. Kidney Int 67:380-, 2005. 2. Tommasino C. Anesthesiol Clin North America 20(20:329-46, 2002. 3. Rakel: Conn’s Current Therapy 2005, 57th ed, Elsevier:716-717 64 Distúrbios do sódio Metabólico e suporte nutricional Principal causa em UTI é a infusão de líquidos hipotônicos Hiponatremia (Na+ < 135 mEq/L) Falsa Hipoosmótica Hiperosmótica Aumento na porção não-aquosa do plasma: hiperlipidemia e hiperproteinemia Caracterizar volemia PVC, diurese, edema, hipotensão postural Shift de água do intra Æ extracelular: hiperglicemia e manitol Hipovolêmica Causas Euvolêmica Hipervolêmica Gl Pele SIADH Psicogênica Hipotireoidismo Drogas ICC Cirrose Síndrome nefrótica ↑ (> 20) ↓ (< 10 mEq/L) ↑ ↓ Isotônica ↑ ↑ ↑ Restrição de água Tratamento de base + restrição de água Perdas renais Perdas não-renais Diuréticos Natriurese [Na] urinário OSM urinário Tratamento SF 0,9% até correção da volemia Fórmula de correção ΔNasérico = Nainfundido – Nasérico Águacorporal total + 1 Aguda sintomática • Na+ alvo = 125 mEq/L • correção 1 a 2 mEq/h no início • máximo 8 a 12 mEq/24h Atenção: A infusão de 0,5 mL/Kg de NaCl 3% deve elevar o Na sérico em 0,5 a 1 mEq/L/h. Dosar Na+ repetidas vezes. Só realizar reposição se Na+ sérico < 120 mEq/L acompanhado de sinais neurológicos. Hipernatremia (Na+ > 145 mEq/L) A principal causa em UTI é a hipovolemia por hiperglicemia Caracterizar volemia PVC; diurese; edema; hipotensão postural Hipovolêmica Perda H2O > perda Na+ Causas Euvolêmica Perda pura de H2O Hipervolêmica Ganho de Na+ > ganho de H2O Perdas renais Perdas não-renais Perdas renais Perdas não-renais Diurese osmótica Gl DI central Insuf. respiratória Bicarbonato de sódio Diurético sem H2O Pele DI nefrogênico Pele Hipertônicas [Na] urinário ↑ (> 20) ↓ (< 10 mEq/l) variável variável ↑ OSM urinário Isotônica ↑ Hipotônica ↑ Tratamento 1. SF 0,45% ou 0,9% até correção da volemia 1. Reposição de água livre 2. Líquidos hipotônicos a seguir Déficit de água livre = Iso ou ↑ 1. Reposição de água livre 2. Diurético Fórmula de correção (Na encontrado – 140) x 0,6 x peso em Kg 140 Iatrogênico Atenção: Repor o déficit de água livre em 48 horas 65 • Na+ alvo = 145 mEq/L • Máximo 10 mEq/24h • Aguda – correção 1 mEq/h no início • Crônica – 0,5 mEq/h • Atenção: repor o déficit de água livre em 48 horas Distúrbios do potássio Metabólico e suporte nutricional Hipocalemia (K+ < 3,5 mEq/L) Causas mais comuns em UTI • • • • • Hiperaldosteronismo secundário: desidratação, ICC, cirrose Drogas: diuréticos, manitol, anfotericina B Gastrointestinal: drenagem por SNG, fístulas, diarréia Shift transcelular: alcalose, insulina, β2-agonistas Outros: tireotoxicose, NPT, hiperglicemia, hipomagnesemia Manifestações clínicas • • • • Fraqueza muscular, íleo paralítico, insuficiência respiratória Taquiarritmias cardíacas (TSV, TV, FV) ECG: onda U, prolongamento QT, depressão ST Alcalose metabólica, rabdomiólise, diabetes insipidus nefrogênico, predisposição à nefrotoxicidade Déficit de 1mEq K+ sérico ~100 a 200 mEq K+ corporal total Tratamento • Assintomática: xarope KCI 6% (20 mL = 7,8 mEq) • Sintomática: EV, concentração máxima de 100 mEq/L, máximo 20 a 40 mEq/h, máximo 250 mEq/dia, preferir veia central e paciente monitorizado • Se houver necessidade de diurético, utilizar poupador de potássio Hipercalemia (K+ > 5,5 mEq/L) Causas mais comuns em UTI • • • • Pseudo: hemólise na coleta da amostra Shift transcelular: acidose, hiperosmolaridade, betabloqueadores, deficiência insulínica Administração excessiva (NPT, manutenção) Diminuição da excreção renal: insuficiência renal severa, deficiência mineralocorticóide (Addison, hipoaldo-hiporreninêmico) • Drogas: AINHs, iECA, ARA-1, espironolactona, trimetoprima • Outras: rabdomiólise, doenças renais intersticiais, desidratação severa Manifestações clínicas • Arritmias: ESV, TV, FV, BAVT • ECG: onda T em tenda, achatamento da onda P, prolongamento PR, alargamento QRS • Paralisia flácida Tratamento Mecanismo de ação Início/Duração Dose 1. Estabilização de membrana Gluc. Ca++ 10% Medida 1 min/30-60 min 10 mL EV lentamente (monitorizado) 2. Shift de K+ intracelular a. insulina b. beta 2-agonista c. H2CO3 a. 10-20 min/ 4-6h b. 10-20 min/ 2-4h c. 10-20 min/ 2-4h a. 1 UI insulina/10 g glicose b. inalatório, dose variável c. 50–100 mEq/1h 3. Remoção do K+ corporal a. resina de troca b. diurético c. hemodiálise a. 1-2h/ 4-6h b. 1-2h/ 4-6h c. imediato a. Enema de retenção de sorcal 60 g b. Furosemida 20 a 100 mg EV c. 1 a 2h de HD 66 Distúrbios ácido-base Metabólico e suporte nutricional Alcalose Alcalose ou acidose Respiratória Metabólica Grau PaCO2 Severa pH PaCO2 BE Interpretação BE mEq/L ↓ ↑ ↑ > 62 < -13 ↓ ↑ N Importante 55 a 62 -13 a -9 ↓ ↓ ↓ Moderada 50 a 55 -9 a -6 ↓ N ↓ Metab. pura Leve 46 a 50 -6 a -4 ↑ N ↑ Metab. pura Mínima 43 a 46 -4 a -2 ↑ ↑ ↑ Normal 37 a 43 2 a–2 ↑ ↓ N Mínima 34 a 37 2a4 ↑ ↓ ↓ Leve 30 a 34 4a6 Moderada 25 a 30 6a9 Importante 18 a 25 9 a 13 Severa < 18 < 13 Acidose Resp. compensada Alcalose Acidose Interpretação da gasometria arterial Resp. pura Metab. compensada Metab. compensada Resp. pura Resp. compensada Considerações clínicas Acidose metabólica Excesso de Base (BE) O BE da gasometria desconsidera variações de água corporal, eletrólitos e albumina. Ex: albumina ↓1g/dL : BE ↓3,7 • BE corrigido pelo método de Fencl-Stewart • BEfw = 0,3 (Na – 140) • Clcor = Cl (140/Na) • BECl = 102 - Clcor • BEalb = 3,4 x (4,5 - albumina) • BEua = BE - (BEfw + BECl + BEalb) BEfw é a alteração no BE causada pelo efeito da água livre Clcor é o Cloro corrigido BEcl é a alteração no BE causada pelo Cloro BEalb é a alteração no BE causada pela albumina BEua é a alteração no BE causada pelos ânions não medidos Acidose respiratória Anion Gap (AG) AG = Na+ + K+ - Cl– - HCO–3 15 = 140 + 5 - 105 - 25 (normal) Aguda PaCO2 ↑ 10 mmHg: pH ↓ 0,08 HCO3 ~ 2 mEq acima do normal AG é relativo à carga iônica dos ânions não-mensuráveis. Quando o AG > 12 = ↑ carga de ânions não-mensuráveis pH = 7,40 – (PaCO2 medido – 40) x 0,08 10 Se pH gaso = pH fórmula → aguda AG normal: retenção de HCO3 (diarréia, acidose tubular renal) AG aumentado: acúmulo de ácidos orgânicos (choque, CAD, metanol) Crônica PaCO2 ↑ 10 mmHg: pH ↓ 0,03; HCO3 ~ 5 mEq acima do normal pH = 7,40 – (PaCO2 medido – 40) x 0,03 10 Se pH gaso = pH fórmula → crônica Se ↓ pH entre 0,03 e 0,08 → acidose parcialmente compensada Se ↓ pH > 0,08 → acidose metabólica superposta 67 Distúrbios ácido-base Metabólico e suporte nutricional Tratamento Acidose metabólica Alcalose metabólica • Tratar a causa básica • Usar NaHCO3 EV somente se pH < 7,10 a 7,15 • O uso de NaHCO3 não muda o prognóstico • DEEC (vômitos, diurético) ↓ NaCl – absorve HCO3 • Alcalose severa = HCO3 > 45 e pH > 7,6 • Objetivo do tratamento: HCO3 < 40 e pH < 7,55 a. Controlar causa básica Déficit de NaHCO3 b. Descontinuar drogas com HCO3 ou precursoras como lactato, acetato, citrato (compostos da NPT) 0,3 x peso (kg) x BE (mEq/kg) Atenção: repor somente 50% do déficit de NaHCO3 Utilizar peso corporal ideal c. Suspender diuréticos d. Restaurar volemia (não usar RL) 0,6 x peso (kg) x (HCO3 desejado - HCO3 medido) Se HCO3 sérico < 10: HCO3 desejado = 10 Se HCO3 sérico > 10 < 15: HCO3 desejado = 15 e. Normalizar potássio sérico f. Sem reversão com medidas acima: considerar acetazolâmida 250-375 mg 1 a 2 x ao dia Ritmo de infusão do HCO3: Casos refratários às medidas iniciais • 50% em 30 min. a 60 min. e 50% em 4 a 6h • Avaliar correção paralela de K+ • Gasometria e K+ de controle 30 min. após infusão • Se Na ↑: 150 mEq de NaHCO3 + SG 5% 1000 mL 1. HCl 0,1N – 0,2N (0,1N = 100 mmol de H+/L) 2. Cálculo da infusão de HCl: (HCO3 encontrado – HCO3 desejado) x peso x 0,5 3. Ritmo de reposição: 0,2 mmol/kg/h Acidose respiratória Alcalose respiratória a. Corrigir broncoespasmo ou ↓ da complacência a. Corrigir causa básica b. Ventilação mecânica b. Considerar sedação c. Diminuir espaço morto c. Correção ventilatória: PaCO2 atual x PaCO2 desejado = VE atual x VE desejado ou d. Correção ventilatória: PaCO2 atual x PaCO2 desejado = FR atual x FR desejado ou PaCO2 atual x PaCO2 desejado = VE atual x VE desejado ou PaCO2 atual x PaCO2 desejado = Vt atual x Vt desejado PaCO2 atual x PaCO2 desejado = FR atual x FR desejado ou PaCO2 atual x PaCO2 desejado = Vt atual x Vt desejado (Cuidado: evitar auto-PEEP) e. Insuflação traqueal de gás (TGI) f. Uso de NaHCO3: medidas acima e pH < 7,10 g. ECMO Não há necessidade de corrigir acidose respiratória aguda de pacientes em ventilação mecânica com ↑ da resistência das vias aéreas (broncoespasmo) ou ↓ da complacência (SDRA) desde que o pH > 7,15 e causas básicas estejam sendo combatidas Referências bibliográficas 1. Balasubramanyan N et al. Unmeasured anions identified by the Fencl-Stewart method predict mortality better than base excess, anion gap, and lactate in patients in the pediatric intensive care unit. Crit Care Med 1999;27: pp. 1577-81. 2. Marino PL. Distúrbios ácido-básicos, in: Marino PL; Compêndio de UTI. 2a ed. Porto Alegre: Editora Artes Médicas Sul, 1999; pp. 469-96. 3. Grogono AW. Acid-Base Tutorial. www.acid-base.com; última revisão em junho de 2002. 4. Adrogué H, MADIAS A. Management of life-threatening acid-base disorders. First of two parts 1998; 338(1): pp. 26-34. 5. Management of life-threatening acid-base disorders. Second of two parts 1998; 338(2): pp. 107-11. 68 Controle glicêmico no paciente crítico Iniciando a infusão de insulina Metabólico e suporte nutricional O protocolo que se segue foi desenhado para ser usado no controle da hiperglicemia do paciente adulto na UTI, NÃO devendo ser usado em emergências diabéticas (cetoacidose diabética e síndrome hiperglicêmica hiperosmolar). 1. Objetivo glicemias entre 100 e 139 mg% 2. Bolus e taxa inicial de infusão dividir o HGT inicial por 100 e arredondar para a unidade mais próxima, tanto para o bolus quanto para o início da infusão. Exemplos: a. HGT inicial = 325 mg%: 325 ÷ 100 = 3,25, arredondar para 3. Bolus de 3 UI, iniciar a infusão com 3 UI/hora b. HGT inicial = 184 mg%: 174 ÷ 100 = 1,84, arredondar para 2. Bolus de 2 UI, iniciar a infusão com 2 UI/hora Monitorando-se o HGT 1. Verificar o HGT de 1 em 1 hora, até estável (3 valores consecutivos dentro da faixa desejada). Em pacientes chocados, o HGT colhido por punção digital pode ser incorreto. Nestes casos, preferir HGT colhido por cateteres venosos ou arteriais 2. Então, verificar o HGT de 2 em 2 horas, por 12 a 24 horas. Estando estável, espaçar a verificação para 4 em 4 horas SE a. Nenhuma mudança clínica significativa E b. Nenhuma mudança significativa na ingestão alimentar 3. Se alguma das situações a seguir ocorrer, retornar à verificação horária do HGT a. Qualquer mudança na velocidade de infusão da insulina b. Alterações significantes do quadro clínico c. Início ou retirada de medicamentos vasoativos ou corticosteróides d. Início ou parada de diálise e. Início, parada ou mudança na taxa de infusão do suporte nutricional (NPT, NE) 69 Controle glicêmico no paciente crítico Iniciando a infusão de insulina Metabólico e suporte nutricional Mudando a velocidade de infusão de insulina Aplicar 50 mL de glicose a 50% EV. Verificar HGT a cada 15 minutos. → Quando HGT > 100 mg%, esperar 1 hora e reiniciar a infusão de insulina com 50% do valor anterior. Se HGT < 50 mg% PARAR A INFUSÃO Se sintomático ou sedação/coma, aplicar 50 mL de glicose 50% EV. Se assintomático, aplicar 25 mL de glicose 50% EV. Verificar HGT a cada 15 minutos. → Quando HGT > 100 mg%, esperar 1 hora e reiniciar a infusão de insulina com 75% do valor anterior Se HGT entre 50 e 74 mg% PARAR A INFUSÃO Identificar o nível atual do HGT nas colunas da tabela a seguir. Determinar a taxa de mudança em relação ao HGT anterior, identificar a célula da tabela, então seguir para a coluna das instruções. Observação: se o último HGT foi medido entre 2 a 4 horas do HGT atual, calcular a taxa horária de variação do HGT. Exemplo: se o HGT das 14 horas era 150 mg% e o HGT das 16 horas está agora em 120 mg%, então a variação total nestas 2 horas foi ↓ 30 mg%; entretanto, a variação horária foi ↓ 30 mg% divididos por 2 horas = ↓ 15 mg%/h. Se HGT > 75 mg% 75 a 99 100 a 139 140 a 199 > 200 Instruções G ↑ > 50 mg%/h Qualquer ↑ de G ↑ infusão 2Δ G ↑ > 25 mg%/h G ↑ 1 a 50 mg%/h OU G não variou G não variou OU G ↓ 1 a 25 mg%/h ↑ infusão Δ Qualquer ↑ de G G ↑ 1 a 25 mg%/h, G não variou, OU G ↓ 1 a 25 mg%/h G ↓ 1 a 50 mg%/h G ↓ 26 a 75 mg%/h Sem mudanças na infusão G não variou OU G ↓ 1 a 25 mg%/h G ↓ 26 a 50 mg%/h G ↓ 51 a 75 mg%/h G ↓ 76 a 100 mg%/h ↓ infusão Δ G ↓ > 25 mg%/h (veja a seguir)* G ↓ > 50 mg%/h G ↓ > 75 mg%/h G ↓ > 100 mg%/h PARE por 30 minutos depois ↓ Infusão 2Δ * PARE A INFUSÃO HGT 30 em 30 minutos Quando HGT > 100 mg%, reiniciar a infusão com 75% do valor anterior. Taxa atual de infusão (UI/h) Δ = mudança na taxa de infusão (UI/h) 2Δ = 2X mudança na taxa de infusão (UI/h) <3 1 1 3a6 1 2 7 a 10 1 3 11 a 15 2 4 16 a 20 3 6 21 a 25 4 8 > 26 5 10 (consultar médico) Referências bibliográficas 1. Goldberg PA et al. Implementation of a Safe and Effective Insulin Infusion Protocol in a Medical Intensive Care Unit. Diabetes Care 2004;27:461-7. 2. Van den Bergh G et al. Intensive insulin therapy in critically ill patients. N Engl J Med. 2001;345:1359-67. 3. Brown G et al. Intravenous insulin nomogram improves blood glucose control in the critically ill. Crit Care Med. 2001;29:1714-9. 70 Cetoacidose diabética (CAD) Metabólico e suporte nutricional Diagnóstico 1. Critérios diagnósticos de CAD: glicemia > 250 mg/dL, pH arterial < 7,3, HCO3 < 15 mEq/L e cetonúria ou cetonemia; 2. Após história e exame físico, solicitar gasometria arterial, hemograma, urinálise, glicemia, uréia, creatinina, eletrólitos e ECG; 3. [Na] corrigido: para cada 100 mg/dL de glicose acima de 100 mg/dL, adicionar 1,6 mEq ao [Na]; 4. Controle metabólico: glicemia < 200 mg/dL, HCO3 >18 mEq/L, anion gap 12, pH >7,3. Avaliação inicial. Iniciar fluidos EV: 1 L salina a 0,9%/h (15-20 mL/Kg/h) instituir simultaneamente os quatro fluxogramas Fluidos EV Insulina regular Determinar estado de hidratação Choque hipovolêmico Hipotensão leve Administrar NaCl 0,9% (1L/h) e/ou colóide Choque cardiogênico Monitoração hemodinâmica Potássio EV IM 0,15 UI/kg EV em bolus 0,4 UI/kg: EV em bolus e IM IR 0,1 UI/kg/h, em BI Se [K] < 3,3 mEq/L: repor 40 mEq K/h até K 3,3 mEq/L antes de iniciar insulina IR 0,1 UI/kg/h, IM Se [K] ≥ 5,5 mEq/L: não administrar K, mas avaliar [K] plasmático de 2/2 h Avaliar [Na] plasmático corrigido [Na] alto [Na] normal NaCl 0,45% (4–14 mL/Kg/h) dependendo do estado de hidratação Se glicemia não cair50-70 mg/dL em 1h [Na] baixo NaCl 0,9% (4–14 mL/kg/h) dependendo do estado de hidratação Dobrar infusão até glicemia cair 50-70 mg/dL Bolus EV (10 UI) até glicemia cair 50-70 mg/dL Se [K] ≥ 3,3 mas < 5,5 mEq/L: repor 20-30 mEq K/L de fluido EV para manter [K] plasmático em 4-5 mEq/L Quando glicemia < 250 mg/dL Avaliar necessidade de bicarbonato Suspender salina e iniciar SG 5% a 150–250 mL/h com insulina (0,05–0,1 U/kg/h BI ou 5–10 U SC 2/2h) para manter glicemia entre 150 e 200 mg/dL até atingir o controle metabólico Exames laboratoriais a cada 2–4h até estabilização. Buscar causas da descompensação. Após resolução da CAD, verificar glicemia 4/4h e usar escala progressiva de IR pH < 6,9 pH 6,9–7 pH > 7 Diluir 18 mL NaHCO3 8,4% + 12 mL KCl 19,1% em 400 mL de H2O. Infundir a 200 mL/h Diluir 9 mL NaHCO3 8,4% + 6 mL KCl 19,1% em 200 mL de H2O. Infundir a 200 mL/h Não administrar NaHCO3 Repetir NaHCO3 a cada 2h até pH > 7 Monitorar [K] plasmática Referências bibliográficas Kitabchi AE, Umpierrez GE, Murphy MB, et al. Management of hyperglycemic crises in patients with diabetes. Diabetes Care. 2001;24(1):131-53. 71 Insuficiência adrenal secundária em UTI Metabólico e suporte nutricional Clínica Em pacientes graves, quando há hipotensão sem causa definida e pouco responsiva a vasopressores, devemos suspeitar de insuficiência adrenal secundária ou relativa. Hiponatremia, hipercalemia, fraqueza e hiperpigmentação são incomuns e inespecíficos. A incidência geral em UTI varia de 0% a 30%. Entre pacientes sépticos a incidência é de 25% a 40%. Pacientes de alto risco 1. Suspensão de terapia com corticosteróides nos últimos 12 meses 2. Doença tromboembólica em anticoagulação 3. Coagulopatia 4. Sepse e choque séptico 5. Grandes queimados 6. Politrauma 7. SIDA 8. Bypass coronariano PA estável PA instável/choque Tratamento imediato Teste rápido do ACTH* Responsivo Não-responsivo 1. Dexametasona** 4 mg EV 2. Hidratação 3. Infundir glicose 5% 4. Correção de fatores precipitantes Solicitar cortisol sérico Normal ou ↓ ↑ Confirma o diagnóstico Hidrocortisona 50 mg a 100 mg de 8/8h *Teste rápido do ACTH 1. Coletar sangue para cortisol sérico 2. ACTH 250 µg EV 3. Coletar novo cortisol 60 min. após item 2 4. Cortisol > 20 µg – resposta normal Afasta o diagnóstico **Dexametasona não interfere com teste de cortisol plasmático. Pode ser realizado antes ou durante o teste rápido do ACTH. Referências bibliográficas 1. Marino PL. Disfunção adrenal e tireoidiana, in: Marino PL; Compêndio de UTI. 2a ed. – Porto Alegre: Editora Artes Médicas Sul, 1999; 49: pp. 611-20. 2. Manuseio dos graves distúrbios eletrolíticos e metabólicos, in: FCCS, Texto do Curso. 2a ed. – São Paulo: Livraria e Editora Revinter Ltda. 2000; 11: pp. 115-30. 3. Matos EP. Insuficiência supra-renal aguda (algoritmo), in: Protocolos da Unidade de Emergência. Brasília Editora MS, 2002, p. 41. 72 Avaliação nutricional do paciente crítico Metabólico e suporte nutricional TGI NE NP SE Avaliação nutricional, se: • Desnutrição prévia; • Alto estresse metabólico; • Ingestão inadequada nos próximos três dias Trato gastrintestinal Nutrição enteral Nutrição parenteral Sonda enteral Terapia Nutricional TGI Funcionante Sim Não NE Nutrição Parenteral Central NP *5 *1 Nutrição parenteral periférica SE *2 TGI Funcionante Não Gástrica Jejunal *4 *3 Evolução até o alvo nutricional NE TGI Funcionante Mais de seis meses Não Evolução até o alvo nutricional em três dias Sim • Infusão contínua com 6h de descanso; • Medir estase gástrica a cada 8h Cateter totalmente implantado *1 Se o paciente estiver com tubo orotraqueal, preferir via oral para SE *2 Cateter em posição pós-pilórica se houver alto risco de broncoaspiração (patologia gástrica) ou patologia que impeça a alimentação gástrica (no caso de pancreatite, o posicionamento da sonda deve ser jejunal). Optando pela administração pós-pilórica da dieta, realizá-la em infusão contínua em bomba de infusão. Utilizar dietas oligopeptídicas. *3 Utilizar métodos às cegas de posicionamento pós-pilórico do cateter (vide página 75). Programar posicionamento pós-pilórico por via endoscópica quando não for possível às cegas *4 Havendo vômitos ou estase gástrica maior que metade do volume infundido nas duas últimas horas. Não retardar EDA por mais de 48 horas. Risco de desnutrição *5 NP periférica se o trato gastrintestinal não estiver funcionante dentro dos próximos sete dias 73 Avaliação nutricional do paciente crítico Metabólico e suporte nutricional Ostomias Investigação da diarréia Clínica Avaliar medicamentos (xarope com xilitol, xarope de KCI, metoclopramida) Programar, caso não haja previsão de utilização da via oral após oito semanas (gastrostomia, jejunostomia). Avaliar densidade calórica e osmolaridade da dieta Fezes Vômitos/estase • Avaliar medicação (opióides) • Exame abdominal • Utilizar infusão contínua da dieta • Realizar colocação pós-pilórica da sonda (às cegas ou endoscópica) • Parasitológico • Coprocultura • Leucócitos fecais • Gordura fecal • Toxina de Clostridum dificilli • Osmolaridade fecal = 290 – 2 x (sódio fecal + potássio fecal) Se > 100 – diarréia osmolar Se < 100 – diarréia secretora Retoscopia/Colonoscopia Tratamento da diarréia • Mix de fibras • Administrar a dieta em infusão contínua • Probióticos • Colestiramina Cálculo de gasto energético 1 Preferencialmente por calorimetria indireta respiratória 2 Harris - Benedict Homem: 66,47 + (13,7 x peso) + (5 x altura) – (6,7 x idade) Mulher: 65,5 + (9,5 x peso) + (1,8 x altura) – (4,6 x idade) Esta fórmula geralmente superestima o gasto energético: Pacientes não-hipermetabólicos – utilizar o valor obtido com a fómula sem aplicar fator de injúria Pacientes hipermetabólicos e/ou desnutridos – administrar no máximo 1,3 vez o gasto energético basal obtido com a fórmula Distribuição da oferta dos macronutrientes Oferta protéica 1 a 1,5 g/kg/dia. 1 g/kg/dia no paciente não-catabólico (Exceção: grande queimado até 2 g/kg/dia) Oferta de carboidratos 3 a 4 mg/kg/dia (5 mg é o máximo recomendado) Oferta lipídica até 1,5 g/kg/dia Exceção: Grande queimado. Multiplicar por fator de injúria de até 1,6 3 Fórmula de bolso: 25 a 30 kcal/kg (calorias não-protéicas) Referências bibliográficas The A.S.P.E.N. nutrition support practice manual, 2002. 74 Posicionamento pós-pilórico de cateter enteral Metabólico e suporte nutricional O posicionamento pós-pilórico dos cateteres enterais é fundamental para que se institua o suporte nutricional adequado em alguns pacientes. A técnica-padrão de posicionamento passivo dos cateteres enterais tem um índice baixíssimo de mi- gração para a posição pós-pilórica (13%). A técnica abaixo apresenta sucesso no posicionamento póspilórico em 64% dos procedimentos, contra 14,3% da técnica convencional (p < 0,001). 1 Posicionar o paciente em posição supina; 2 Por via oral ou pela narina passar o cateter enteral até o estômago, confirmar a posição gástrica auscultando-se o epigástrio durante a injeção rápida de 20 mL de ar através do cateter enteral, puxando-se somente uma pequena porção do guia metálico e forçando a inserção da seringa entre o guia e o bocal do cateter. Não retirar o guia; 3 Colocar o paciente em decúbito lateral direito, colocando o eixo coronal perpendicular à cama. O decúbito lateral direito discreto não é suficiente; 4 Infle o estômago através do cateter enteral com 10 mL/kg de ar o mais rapidamente possível, usando uma seringa de 50 mL (ou frasco de soro vazio), e uma conexão tipo “torneirinha” de três vias para facilitar o procedimento de aspirar o ar da atmosfera. O estômago insuflado com o paciente em decúbito lateral direito ganha a conformação de um funil; 5 Introduzir o cateter enteral totalmente até somente uma pequena parte permanecer externamente (± 5 cm); 6 Retornar o paciente à posição supina, esvaziar o restante de ar do estômago pela abertura ao ar ambiente pelo cateter enteral; 7 Retirar o guia introdutor e fixar o cateter à pele com esparadrapo MicroporeTM; 8 Realizar imediatamente radiografia simples de abdômen; 9 Caso o cateter não esteja em posição pós-pilórica: metoclopramida 10 mg EV de 8/8h e realizar nova radiografia de abdômen 24h após. Referências Bibliográficas 1. Sargent EN, Meyers HI. Wire guard and techniques for cantor tube insertion into the small bowel. Applied Radiology. 1988; 16(11):51 2. Caldeira Filho M e cols. Colocação pós-pilórica de cateteres enterais –Um método simples e eficaz. Anais da V Jornada Sul-Brasileira de Terapia Intensiva. Florianópolis, SC, 8 a 11 de outubro de 1996. 3. Beims R e cols. Posicionamento pós-pilórico de cateter enteral a beira de leito por um método simples e eficaz. Variante de uma boa técnica. Anais do VIII Congresso Brasileiro de Terapia Intensiva Adulto e Pediátrico; I Fórum Latino-americano de Ressuscitação (Resucitacion/97) Salvador, BA, 5 a 8 de outubro de 1997. 75 Sedação e analgesia dos pacientes internados em UTI Sedação e analgesia Indicações de sedoanalgesia Recomendações Facilitação da ventilação mecânica Controle da doença de base (por exemplo: TCE/tétano) Diminuição do estresse e da VO2 Controlar a dor Tratamento individualizado Mais superficial possível Monitoração e avaliação freqüentes Vantagens e desvantagens dos diversos medicamentos • Benzodiazepínicos (sedativos) Diazepam Θ em razão dos metabólitos de ação prolongada, é pouco utilizado em infusão contínua (T1/2β = 40 a 100 horas). Instabilidade hemodinâmica ⊕ mais barato Midazolam Θ efeito prolongado em pacientes graves (T1/2β = 1 a 6 horas), metabólito ativo ⊕ maior estabilidade hemodinâmica Propofol Θ hipotensão, hipertrigliceridemia, síndrome da infusão do propofol (> dose + 48 horas) ⊕ acorda mais rapidamente, sedação mais superficial, anticonvulsivante, broncodilatador, ↓ PIC • Opióides (analgésicos) Morfina Θ induz liberação de histamina. Pode causar hipotensão e broncoespasmo, menos potente que fentanil ⊕ mais barato Tramadol é um opióide-like com potência semelhante à da morfina Fentanil Θ possibilidade de tolerância ⊕ maior estabilidade hemodinâmica, fácil administração contínua • Outros (analgésicos e sedativos) Quetamina Θ fenômenos disfóricos, hipertensão intracraniana ⊕ estimulação cardiovascular (↑ PA, ↑ FC), broncodilatação Agonistas α2 Clonidina Θ bradicardia, hipotensão ⊕ evita abstinência e tolerância a benzodiazepínicos e opióides, ⊕ barato Dexmedetomidina ⊕ > estabilidade FC e PA Θ alto custo 76 Sedação e analgesia dos pacientes internados em UTI Sedação e analgesia Sedoanalgesia do paciente internado em UTI Curto Prazo (< 48h) Iniciar: Midazolam (0,1 mg/kg/h) ou propofol (1 mg/kg/h) + Morfina (5-10 mg 6/6h) ou fentanil (1 mg/kg/h) • Propofol: sedação + superficial, acordar + tranqüilo, causa + hipotensão, custo financeiro (++). • Morfina: + hipotensão, difícil administração contínua. • Dexmedetomidina: efeito analgésico e sedativo, indicada em pósoperatório, custo financeiro (++++) Dose inicial: 0,4 µg/kg/h Longo Prazo (> 48h) Iniciar: Midazolam (0,1 mg/kg/h) + morfina (5-10 mg 6/6h) ou fentanil (1 µg/kg/h) • Situações específicas: diazepam (efeito prolongado - desmame difícil) Situações específicas Pacientes sem ventilação invasiva Dor Moderada Morfina (5-10 mg IV/SC 6/6h) ou tramadol (50-100 mg/L/IV6/6h) Dor Intensa Fentanil (até 1,5 µg/kg/h) Ansiólise Propofol (0,5 mg/kg/h) ou midazolam (0,05 a 1 mg/kg/h) Pacientes com tolerância às drogas Sedoanalgesia Iniciar Fentanil (1-2 µg/Kg/h) + midazolam (0,1–0,2 mg/kg/h) Adicionar Clonidina (0,5-2 µ/kg/h) e/ou propofol (1-2 mg/kg/h) Pacientes com asma grave Com Hipotensão Quetamina (1–2 mg/kg/h) + midazolam (0,1–0,2 mg/kg/h) Sem Hipotensão Fentanil (1–2 µg/kg/h) + propofol (1 a 2 mg/kg/h) Sedoanalgesia Dexmedetomidina (0,2 µg/kg/h). Pacientes com instabilidade hemodinâmica Quetamina (1–2 mg/kg/h) + midazolam (0,1–0,2mg/kg/h) Início do tratamento ou após o controle PA: Midazolam (0,1–0,2 mg/kg/h) + fentanil (1-–2 µg/kg/h) Desmame da ventilação mecânica Fentanil (1-2 µ/kg/h) + Propofol (1–2 mg/kg/h) ou dexmedetomidina (0,2–0,7 µg/kg/h) ou propofol + clonidina (0,5–2 µ/kg/h) (simpatolítico) ou clonidina(0,5–2 µg/kg/h) • • • • Sedoanalgesia individualizada Sedoanalgesia o mais superficial possível Preferir via endovenosa Monitorar analgesia e sedação Pacientes com TCE Retirar drogas prescritas Iniciar: Propofol (1–2 µg/kg/h) + fentanil (0,5–1 µg/kg/h) ou midazolam (0,1–0,2 mg/kg/h) + fentanil (1–2 µ/kg/h) Escala Ramsay Nível Nível Nível Nível Nível Nível 1 2 3 4 5 6 Ansioso e agitado ou irrequieto, ou ambos Cooperativo, aceitando a ventilação, orientado e tranqüilo Dormindo, abrindo os olhos ao comando, resposta ao estímulo glabelar Dormindo, resposta leve ao estímulo glabelar Sem resposta ao estímulo glabelar, porém, com resposta à dor Sem resposta ao estímulo doloroso Referências bibliográficas 1. Amaral J, Réa Neto A, Conceição NA, Rosenfeld KG, Fernandes CG, David CM et al. Consenso Brasileiro sobre analgesia, sedação e bloqueio neuromuscular em terapia intensiva. 1999. Disponível em: http://www.amib.com.br/consedacaoo.pdf (consultado em 04-01-05). 2. Society of Critical Care Medicine and American Society of Health System Pharmacists. Sedation, analgesia and neuromuscular blockade of the critically ill adult: revised clinical practice guidelines for 2002. Am J Healty System Pharm 2002;59:147-9. 3. Randovanovic D, Pjevic M. Ketamina: the past 30 years and its future. Med Pregl 2003;56:439-45. 4. Marik PE. Propofol: therapeutic indications and side-effects. Cur Pharm Des 2004;10:3639-49. 77 Prevenção e manuseio da abstinência do uso de opióide no desmame ventilatório Sedação e analgesia Atende aos critérios de desmame ventilatório Tempo de uso de fentanil 5 a 7 dias + de 7 dias 1º Suspender Fentanil 2º Metadona enteral de 6/6h 3º Trocar midazolam EV por lorazepam VO e/ou haloperidol EV 4º ↓ 25% a 50% da dose do lorazepam na extubação 5º ↑ Intervalo do lorazepam a cada 48h (4/4 a 12/12h) 1º Metadona enteral de 6/6h 2º Diminuir 25% da dose do fentanil a cada 6h 3º Trocar midazolam EV por lorazepam VO e/ou haloperidol EV 4º ↓ 25% a 50% da dose do Lorazepam na extubação 5º ↑ Intervalo do lorazepam a cada 48h (4/4 a 12/12h) Até 5 dias Usou > 5 µg/kg/h? Sim Não 1º Suspender fentanil 2º Trocar midazolam por lorazepam VO e/ou haloperidol EV 3º ↓ 25% a 50% da dose do lorazepam na extubação 4º ↑ Intervalo do lorazepam a cada 48h (4/4 a 12/12h) Sinais de abstinência ao opióide? Agitação, ansiedade, tremores, mioclonia, vômitos, diarréia, piloereção, sudorese, pupilas dilatadas, hipertensão e taquicardia. 1º Bolus de 50 µg a 100 µg de fentanil + 2º ↑ 50% da dose metadona enteral + 3º • Associar clonidina ± benzodiazepínico (ou) • dexmedetomidina ± benzodiazepínico (ou) • desmamar 25% da dose de fentanil a cada 24h 4º Retirada progressiva da metadona Drogas Doses Dexmedetomidina bolus 1 µg/kg EV em 20 min e infusão contínua de 0,2 - 0,7 µg/kg/h Propofol 1% bolus de 3,5 mL a 7 mL EV e infusão contínua de 10 a 35 mL/h Lorazepam 1 mg a 4 mg via enteral de 2/2h a 12/12h Haloperidol 5 mg EV de 2/2h a 12/12h Metadona 5-10 mg enteral de 6/6h Referências Bibliográficas 1. 2. 3. 4. Lewis J L, et al. Effective medical treatment of opiate addiction. NHI Consensus Statement. 1997; 15: pp. 1-26. Durbin Jr GC. Tolerance, dependence, and addiction in the ICU patient. In: Handbook of critical care pain management. New York, McGraw Hill, 1994, pp. 495-506. Lugo A R, et al. Enteral methadone to expedite fentanyl discontinuation and prevent opioid abstinence syndrome in the PICU. Pharmacotherapy. 2001; 21: pp. 1566-73. Maccioli, et al. Dexmedetomidine to Facilitate Drug Withdrawal. Anesthesiology. 2003; 98: pp. 572-7. 78 Intoxicações agudas Miscelânea Diagnóstico História • Medicamentos • Substâncias químicas • Produtos de limpeza • Medicamentos • Drogas de abuso • Exposição ocupacional • Agrotóxicos e raticidas Síndrome simpatomimética ou adrenérgica ↑ FC,↑ PA, midríase, hipertermia, ilusões, paranóia, diaforese, hiper-reflexia, convulsões e coma. Hipotensão. Arritmias Suporte vital Exame físico Concentrar-se em: • Sistema nervoso central • Sistema cardiovascular Diagnóstico diferencial: • Síndrome anticolinérgica (pele seca e rosada) • Síndrome adrenérgica (diaforese e palidez) Agentes envolvidos Cocaína, teofilina, anfetaminas, cafeína, fenilpropanolaminas, efedrina. Se agente alfa-agonista puro: ↓FC • Estabilizar vias aéreas • Estabilizar função cardiovascular • Identificar síndromes tóxicas Síndrome anticolinérgica mucosas secas, rubor facial, hipertermia, ↑ PA, retenção urinária, midríase, delírios, arritmia cardíaca, convulsões e coma Agentes envolvidos Anti-histamínicos, antidepressivos tricíclicos, antipsicóticos, relaxantes musculares, antiparkinsonianos Síndrome sedativo-hipnótica ou opióide Miose, constipação, depressão respiratória, ↓FC, ↓PA, hipotermia, sonolência, coma Síndrome serotoninérgica Alteração do estado mental (agitação, delírio e coma), disfunção autonômica (midríase, diaforese, hipertermia, ↑ FC e instabilidade da PA) e alteração neuromuscular (tremores, rigidez, convulsões) Síndrome colinérgica sinais muscarínicos (salivação, sudorese, vômitos, diarréia, ↓ FC, miose, secreção brônquica, sibilos, incontinência urinária); nicotínicos (fasciculações, mioclonias, midríase, ↑ FC, ↑ PA, ↑ glicemia, fraqueza muscular, IRpA) e centrais (agitação, coma, sonolência, convulsões) Agentes envolvidos Opióides (miose), barbitúricos (midríase), benzodiazepínicos. Clonidina e oximetazolina simulam síndrome opióide Agentes envolvidos inibidores da recaptação da serotonina Agentes envolvidos organofosforados e carbamatos, fisostigmina, alguns cogumelos Descontaminação Carvão ativado • Doses únicas ou múltiplas. Melhor método para diminuir a absorção do agente tóxico. • Não adsorve Li, K+, ácidos, álcalis, Fe++, Pb e hidrocarbonetos Lavagem gástrica • Melhor até 1h após imgestão • Até 4 h em condições que o ↓ esvaziamento gástrico estela Contra-indicação: bases e ácidos fortes, corrosivos, hidrocarbonetos 79 Descontaminação da pele • Remover roupas • Banho com água e sabão neutro • Usar luvas e avental impermeável Atenção: não utilizar medidas de neutralização (ácidos/álcalis) Intoxicações agudas Miscelânea Antídotos específicos Útil em ± 10% dos casos Antídotos e Antagonistas Indicação Ácido dimercaptosuccínico (DMSA) Intoxicação por chumbo, mercúrio ou arsênico Anticorpos antidigoxina Nas intoxicações por glicosídeos cardíacos Azul de metileno 1% Nas metemoglobinemias (nitritos, anilina, sulfonas) Bicarbonato de sódio Nas acidoses metabólicas, na profilaxia e tratamento das arritmias por antidepressivos tricíclicos, quinina, carbamazepina, cocaína, fenotiazinas. Aumenta a eliminação de salicilatos, clorpropramida, fenobarbital, metanol, herbicidas clorofenoxiácidos Biperideno (Akineton®) Liberação do sistema extrapiramidal por fenotiazinas, butirofenonas, metoclopramida e bromoprida Carvão ativado (em pó) Descontaminação do trato gastrointestinal (adsorvente) Deferoxamina (Desferal®) Ferro Dimercaprol (DMCP) Arsênico, mercúrio, chumbo EDTA cálcico Chumbo Etanol ou 4-Metilpirazol (Fomepizole ) Metanol, etilenoglicol Fitomenadiona (Kanakion®) Cumarínicos e derivados da indandiona Flumazenil (Lanexat®) Benzodiazepínicos: intoxicações graves, pp em idosos e crianças. É também usado como diagnóstico em coma de etiologia obscura Glucagon (Glucagen®) Intoxicações por betabloqueadores e bloqueadores dos canais de cálcio N-acetilcisteína (Fluimucil®, Flucistein®, Acetilcisteína) Paracetamol Naloxona (Narcan®) Opióides Hidroxicobalamina, nitrito de sódio, tiossulfato de sódio (hipossulfito de sódio) Cianetos Octreotide Nas overdoses por hipoglicemiantes orais ® Oxigênio (oxigênio hiperbárico) Intoxicações por monóxido de carbono e cianetos Penicilamina (Cuprimine ) Chumbo, cobre, mercúrio Pralidoxima (Contrathion ) Organofosforados Sulfato de atropina Inibidores das colinesterases (carbamatos e organofosforados) Sulfato de protamina Neutralizador da heparina ® ® CIT-SC: 0800 643 52 52 Referências bibliográficas 1. Goldfrank LR, Flomenbaum NE, Lewin NA, Weisman RS, Howland MA, Hoffman RS. Goldfrank´s toxicologyc emergencies. 6a ed. Stamford, Connecticut: Appleton&Lange, 1998, p.1917. 2. Ellenhorn’s MJ, Barceloux, DG. Ellenhorn’s Medical toxicology: diagnosis and treatment of human poisoning. 2a ed. Baltimore: Williams & Wilkins, 1997, p. 2047. 80 Doença hipertensiva específica da gravidez (DHEG) Miscelânea Conceito Pressão Arterial > 140/90 mmHg ou incremento de 30 mmHg na PAS ou 15 mmHg na PAD, iniciando-se após a 20a semana de gestação. Associada a proteinúria > 300 mg/24h e edema generalizado. Critérios de gravidade na DHEG Indicam uma necessidade imediata de interrupção da gestação. 1. PAD > 110 mmHg ou PAS > 160 mmHg em duas medidas com intervalo inferior a 6h; 6. Proteinúria de 24h > 3 g; 2. Sintomas e sinais de eclâmpsia iminente: visão turva, diplopia, escotomas cintilantes, cefaléia, tontura e perda de consciência (sinais premonitórios); 8. Sinais de hemólise microangiopática; 3. Hemorragia retiniana, exsudatos, edema de papila; 11. Oligoidrâmnio; 7. Perda progressiva de função renal; 9. Plaquetopenia (< 100.000/mm3); 10. Crescimento intra-uterino restrito; 12. Eclampsia; 4. Insuficiência cardíaca, edema pulmonar; 13. Síndrome HELLP (hemólise, enzimas hepáticas elevadas, plaquetopenia). 5. Disfunção hepática; Tratamento 1 O tratamento definitivo consiste na interrupção da gestação. Entretanto, em casos leves de DHEG pode-se adiar a interrupção da gestação se for necessária uma melhor maturação fetal. 2 Avaliação da gravidade: • Níveis tensionais; • Sintomas e sinais premonitórios; • Exames complementares mínimos (funções hepática e renal, LDH, hemograma com dosagem de plaquetas, gasometria arterial); • Vitalidade fetal. 3 Repouso no leito em decúbito lateral direito. 4 Reposição hídrica cuidadosa. A DHEG cursa com uma redução do volume circulante efetivo e vasoconstricção arteriolar. 81 Doença hipertensiva específica da gravidez (DHEG) 5 Miscelânea “Sulfatação”. Infusão de sulfato de magnésio. • • DHEG leve. Realizar “sulfatação” profilática. Manter por 8h após a interrupção da gestação DHEG grave. Manutenção por 24h após a interrupção da gestação Sulfato de magnésio • Ataque: 4 g IV lento em 5 min • Manutenção:1 g/h em infusão contínua • Alteração da função renal (Cr > 1,3 mg/dL): aplicar metade da dose • Com este esquema não é necessária a dosagem rotineira de magnésio sérico Efeitos colaterais da infusão de sulfato de magnésio (incidência geral – 24%) Rubor facial 20% Náuseas, vômitos 3% Fraqueza muscular, reflexos diminuídos 25% Depressão respiratória 1% Hipotensão, palpitações, taquicardia 1% Sede, dor de cabeça, tonturas, confusão mental, prurido 1% Antídoto Gluconato de cálcio 10% 10 mL IV 5 mL/min. 6 Hidralazina venosa para controle de picos hipertensivos. O objetivo é proteger a gestante do risco de hemorragia cerebral provocada pela hipertensão severa (> 160/110 mmHg). Reduzir, no máximo, a PA diastólica em 20% • • Hidralazina 1 amp contém 20 mg/4 mL 5 mg EV em bolus de 20/20 min. Dose máxima 20 mg Referências bibliográficas 1. Cunningham FG, MacDolnald PC, Gant NF, Leveno KJ, Gilstrap LC, Hankins GDV et al. Williams Obstetrics. 20ª ed. EUA: Prentice-Hall International; 1997. p. 693-744. 2. The Magpie Trial Collaborative Group. Do women with pre-eclampsia, and their babies, benefit from magnesium sulphate? The Magpie Trial: a randomized placebo-controlled trial. Lancet 2002; 359: 1877-90. 3. Lew M, Klonis E. Emergency management of eclampsia and pre-eclampsia. Emergency Medicine 2003;15: 361-8. 82 Atendimento ao paciente grande queimado Miscelânea Causa: calor escaldante, elétrica, química ABC primário A e B: checar FR, SaO2, nível de consciência Pesquisar injúria de inalação: acidente em locais fechados, perda de consciência, queimadura de face e/ou pêlos do nariz, rouquidão, escarro enegrecido, estridor, sibilância Sem queimadura de vias aéreas Possível queimadura de vias aéreas Fibrobroncoscopia (se disponível) Obs: não deve ser protelada intubação se houver indicação C: Avaliar PA, FC, perfusão tecidual e pulsos periféricos Intubação orotraqueal Profilática (deve ser realizada mesmo com paciente estável): sedar com midazolan (5-15 mg IV), evitar succinilcolina, 02 sob macro ou VM a 100% de FI02 por 24 h ( possível intoxicação por CO) Avaliação da queimadura na pele e traumas associados Extensão (regra dos nove): Cabeça 9%, tronco anterior 18%, tronco posterior 18%, braços 9% (cada), pernas 18% (cada), períneo 1% Profundidade: 1o grau: eritema, dor 2o grau: bolhas, muita dor, edema 3o grau: indolor, cor esbranquiçada Critérios de internação (transferir ao CTQ: • SCQ > 5% de 2o grau • SCQ > 20% (idade entre 10 e 50 anos) • SCQ > 10% (idade < 10 anos e > 50 anos) • Queimadura de face, mãos, pés, genitália ou sobre articulações • Queimadura elétrica • Trauma grave associado • Sinais de inalação de calor Queimadura circunferencial de 3o grau com restrição ventilatória ou sínd. compartimental = escarotomia Dois acessos venosos calibrosos, sonda vesical, controle rigoroso de diurese, lavar área queimada com soro gelado (útil nos primeiros 15 min), analgesia com morfina (2 mg conforme necessário), evitar hipotermia Colher: hemograma, glicose, uréia, creatinina, Na+, K+, coagulograma, gasometria, radiografia de tórax, urinálise, ECG Reposição volêmica (conforme páginas 25 e 27 ou fórmula de Parkland*) *Volume = 2 a 4 mL/kg/% SCQ. 50% do volume calculado nas 8 h iniciais da Injúria (e não da admissão hospitalar) e 50% nas 16 horas seguintes. Usar cristalóide isotônico aquecido. Limpeza com retirada do tecido necrótico e bolhas, curativo com sulfadiazina de prata 1% no corpo e colagenase na face Queimadura elétrica: pesquisar mioglobinúria, manter débito urinário acima de 70-100 mL/h, avaliar alcalinização da urina. Atenção quanto à síndrome compartimental Referências bibliográficas 1. Irwin RS, Cerra FB, Rippe JM. Burn management. Critical care medicine. Philadelphia: LIPPINCOTT-RAVEN, 1999, p.p. 2015-22. 2. FCCS Textbook. Fun� 83 Avaliar passagem de sonda enteral e nutrição precoce Requerimento calórico = 25 Kcal x peso (kg) + 40 Kcal x %SCQ Manuseio de úlceras de pressão baseado em evidências Miscelânea Classificação e tratamento inicial Estágio Descrição Tratamento geral inicial I • Sinais flogísticos sobre proemi- • Proteger contra injúrias e forças de estiramento (reconências ósseas mendação grau C). Monitoração freqüente II • Úlcera superficial apresentando- • Revestir o membro, mantendo úlcera hidratada e tecido se clinicamente como abrasão, adjacente seco bolhas ou cratera rasa III • Necrose do TCSC que pode se • Se cobertura com tecido de granulação e marginada com estender, sem atingir fáscia. tecido epitelial: idem estágio II Apresenta-se com úlcera pro- • Se não: debridamento de escaras e superfícies necrosafunda com ou sem enfraquecidas, com flutuação ou drenagem (exceto em úlceras de mento dos tecidos adjacentes calcanhar com escaras secas sem sinais flogísticos) • Se purulência, inflamação ao redor da úlcera ou odor fétido persistente acima de 2 a 4 semanas: aumentar a freqüência da limpeza ou debridamento* (recomendação grau A) IV • Destruição extensa da pele, ne- • Se cobertura com tecido de granulação e marginada com crose tecidual ou dano muscular, tecido epitelial: idem estágio II. ósseo ou estruturas de suporte • Se não: debridamento cirúrgico extenso, se possível, re(tendões, cáps ulas articulares) movendo todo tecido desvitalizado. Manter compressas secas por 8 a 24 horas *Métodos de debridamento a. Cirúrgico b. Enzimático b1. Colagenase até melhora (removê-la com solução salina) b2. Papaína/uréia por quatro dias b3. Estreptoquinase/estreptodornase por oito semanas (efeito equivalente ao do óxido de zinco) c. Mecânico c1. Jatos de água c2. Curativos úmidos que secam espontaneamente Em debridamento de extremidades (recomendação grau C): observar possibilidade de comprometimento vascular. Documentação da lesão (recomendação grau C) Descrever localização, tamanho, profundidade, cor do tecido circundante e do fundo da lesão, além de descrição de drenagem líquida. Registrar semanalmente a evolução. Limpeza periódica da lesão Limpar com solução salina o fundo da úlcera sempre que trocar curativo. Curativos especiais a. Hidrogel: Indicado para úlceras agudas ou crônicas com mínimo exsudato. Pode ser associado a antibiótico tópico. Trocar em um a três dias dependendo da quantidade de exsudato. 84 Manuseio de úlceras de pressão baseado em evidências Miscelânea Custo médio: US$ 2,00 a $ 4,00 por tubo de 30 g. b. Hidrocolóide: Indicado em estágios de 1 a 3. Troca em três a sete dias, limpando com solução salina. Custo médio: US$ 10,00 a US$ 20,00. c. Alginato: Indicado para pós-debridamento de úlceras agudas ou crônicas com moderado exsudato. Pode ser deixado por sete dias ou até ausência de secreção. Custo médio: US$ 20,00 a US$ 30,00. d. Impregnados: Indicados para úlceras agudas ou crônicas com exsudato de quantidade mínima ou moderada. Custo médio: US$ 1,00 a US$ 15,00. e. Pasta e pó absorventes: Indicado para úlceras crônicas com exsudato em grande quantidade. Aplicar diretamente na base da úlcera. Pode potencializar maceração da pele se deixada por muito tempo. Custo médio: US$ 15,00 a US$ 20,00 por três pacotes. Falência de tratamento (após medidas anteriores) Antibiótico tópico por duas semanas (recomendação grau A) • Neomicina • Bacitracina • Sulfadiazina de prata • Mupirocina • Polimixina Terapias adjuvantes a. Fatores de crescimento b. Filmes de polímero c. Espuma de polímero d. Peles substitutas sintéticas e biossintéticas Complicações a. Celulite: se avanço de inflamação 1 cm além do bordo da úlcera b. Abscesso: se drenagem de pus c. Osteomielite: se drenagem de pus Conduta diante das complicações a. Cultura de biópsia do tecido profundo durante curativo cirúrgico (se abscesso) e/ou biópsia óssea (se osteomielite) 85 Manuseio de úlceras de pressão baseado em evidências Miscelânea b. Antibioticoterapia sistêmica: somente se houver evidências de infecção sistêmica (celulite, osteomielite ou sepse) (recomendação grau A) Medidas gerais 1- Controle de dor (recomendação grau B) 2- Mudança de decúbito de duas em duas horas 3- Estabelecer tabela por escrito (cartazes ou em ficha clínica) com horários de mudança de decúbito 4- Evitar uso de dispositivo tipo “rosca“ 5- Manter cabeceira da cama no nível mais baixo possível para condição do paciente 6- Usar o mínimo de força mecânica na limpeza com gaze ou esponjas 7- Evitar excesso de hidratante na pele por facilitar macerações e fissuras (recomendação grau A). Anti-sépticos tópicos não devem ser utilizados 8- Preencher feridas com curativos úmidos evitando espaços mortos 9- Proteger de contaminação exógena (por exemplo: fezes) (recomendação grau B) 10- Se múltiplas lesões, estabelecer como rotina a limpeza primeiramente das menos para as mais contaminadas 11- Usar instrumentos estéreis (recomendação grau C) 12- Revisar estado nutricional e hidratação. Manter dieta com 25 a 30 cal/kg/dia (1,25 a 1,5 g/kg/dia de ingesta protéica). Se desnutrição aumentar em 5% a 10%, o ganho calórico, mantendo albumina acima de 3 g/dL (Recomendação Grau B) 13- Repor vitaminas A, C e E 14- Minerais: acetato de zinco 5 a 10 mg/dia Referências bibliográficas 1. Moon CH. New wound dressing techniques to accelerate healing. Current Treatment Options in Infectious Diseases 2003;5:251-60. 2. Krasner, D. The AHCPR pressure ulcer infection control recommendations revisited. Ostomy/Wound Management;45(1A Suppl.):88S-91S. 3. Compliance Network Physicians/Health Force Initiative. Guidelines for Outpatient Treatment of Chronic Wounds and Burns. Berlin: Blackwell Science Ltd., 1999. 4. Clinical Resource Efficieny Support Team. Guidelines for the Prevention and Management of Pressure Sores. Belfast, 1998. 86 Profilaxia da trombose venosa profunda (TVP) Miscelânea Avaliação de risco e profilaxia da TVP Atribuir um ponto para cada um dos fatores abaixo • • • • • • • • • • • • • • • Idade > 40 anos Eclâmpsia IAM Trauma Puerpério AVC Infecção grave Neoplasias Doença auto-imune Obesidade (IMC >35) Diabetes Anestesia geral ACHO Síndrome nefrótica ICC Atribuir dois pontos para cada um dos fatores abaixo • Cirurgia prolongada (+60 min) • Trauma grave Atribuir cinco pontos para cada um dos fatores abaixo • • • • • Cirurgia de quadril/joelho Trombofilia Prostatectomia transvesical TVP/TEP há menos de dois anos Trauma raquimedular Somar os pontos relacionados acima e definir o risco Avaliação de risco Regime de profilaxia para TVP Baixo risco (0 a 1 ponto) Sem indicação de profilaxia medicamentosa Médio risco (2 a 4 pontos) HNF 5000 UI de 12/12h ou enoxaparina 20 mg 1x ou daltreparina 0,3 mg 1x Alto risco (5 ou mais pontos) HNF 5000 UI de 8/8h ou enoxaparina 40 mg ou daltreparina 0,6 mg 1x HNF = Heparina não-fracionada. Se a opção for por HNF, manter KPTT no limite superior da normalidade. Referências bibliográficas 1. Bastos M et al. A brasilian registry stablisching risk factors for venous thromboembolic events and use of thromboprophylaxis in hospitalized medical end surgical patients. Blood 2001;98(11): pp. 265A. 2. Practice parameters for the prevention of venous thromboembolism. The Standards Task Force of the American Society of Colon and Rectal Surgeons. Dis Colon Rectum 2000 Aug; 43(8):1037-47. 3. American Society of Health-System Pharmacists. ASHP therapeutic guidelines on stress ulcer prophylaxis. American Society of Health-System Pharmacists. Am J Health Syst Pharm 1999 Feb; 56(4): pp. 347-79. 87 Profilaxia da lesão aguda de mucosa gástrica (LAMG) Miscelânea Definição Lesão aguda da mucosa gástrica caracterizada endoscopicamente por petéquias ou erosões ou ulcerações superficiais que acometem mais freqüentemente o fundo e o corpo gástrico e que ocorre dentro de 24 a 48 horas da admissão da maioria de pacientes internados em unidade de terapia intensiva. Cerca de 5% a 25% dos pacientes acometidos apresentam sangramento clinicamente evidente e 3% a 5% sangramento clinicamente significativo caracterizado por: instabilidade hemodinâmica ou queda de hemoglobina superior a 2 g/dL ou necessidade de uso de mais de 2 unidades de papa de hemácias. Os pacientes sob risco de sangramento clinicamente relevante se beneficiam de prolilaxia contra lesão aguda de mucosa gástrica por stress. Avaliação de risco e profilaxia de LAMG. Atribuir um (1) ponto para cada um dos fatores abaixo • Insuficiência respiratória em ventilação mecânica* (> 48h de duração) • Choque • Uso de corticosteróides ou AINH • Sepse/DMOS • Coagulopatias* (incluindo anticoagulação e plaquetopenia) • Politraumatismo • História recente de hemorragia digestiva ou de úlcera péptica • Insuficiência renal (especialmente em diálise) • Queda inexplicada de Hb > 3 g/24h • TCE grave/HIC • Queimaduras > 35% da supefície corporal total • Alimentação abaixo do piloro • Insuficiência hepática aguda Baixo risco 1 ponto Não há necessidade de profilaxia Médio risco 2 pontos Alimentação ou profilaxia farmacológica** Alto risco *ou ≥ 3 pontos Profilaxia farmacológica** **Agentes para profilaxia farmacológica Antiácidos Hidróxido de alumínio 10 a 40 mL/SNG de 4 a 12 x Sucralfato 1 g/SNG de 6/6h Bloqueadores H2 Ranitidina 50 mg EV 3 x ou 150 mg/SNG 2 x Inibidores da bomba de prótons Pantoprazol 40 mg EV/SNG 1 a 2 x ou Omeprazol 20 e 40 mg EV/SNG 1 a 2 x Referências bibliográficas 1. American Society of Health-System Pharmacists. ASHP therapeutic guidelines on stress ulcer prophylaxis. American Society of Health-System Pharmacists. Am J Health Syst Pharm. 1999 Feb; 56(4): pp. 347-79. 2. Steinberg KP. Stress-related mucosal disease in the critically ill patiente: Risk factors and strategies to prevent stress-related bleeding in the intensive care unit. Crit Care Med. 2002 Jun; 30(6):S362-364. 3. Abraham E. Acid suppression in a critical care environment: State of the art and beyond. Crit Care Med. 2002 Jun; 30(6):S349-350. 4. Mutlu GM et al. Prevention and Treatment of Gastrointestinal Complications in Patients on Mechanical Ventilation. American Journal of Respiratory Medicine. 2003;2(5):395-411, 2003. 5. Cash BD. Evidence-based medicineas it applies to acid suppression in the hospitalized patient. Crit Care Med. 2002 Jun;30(6 Suppl):S373-8. 88 Dosagem de medicamentos no paciente obeso Miscelânea As dosagens dos medicamentos devem ser ajustadas conforme a tabela abaixo: Droga Dose de ataque Dose de manutenção Lidocaína Peso total Peso ideal Procainamida Peso ideal Peso ideal Digoxina Peso ideal Peso ideal Betabloqueadores Peso ideal Peso ideal Verapamil Peso total Peso ideal Aminofilina Peso ideal Peso ideal Catecolaminas • Peso dose Aminoglicosídeos Peso dose Peso dose Quinolonas Peso dose Peso dose Vancomicina Peso dose Peso dose Penicilinas e cefalosporinas Peso ideal Peso ideal Macrolídeos Peso ideal Peso ideal Aciclovir Peso ideal Peso ideal Fentanil, sulfentanil Peso total 0,8 x peso ideal Morfina Peso ideal Peso ideal Benzodiazepínicos Peso total Peso ideal Tiopental Peso total Peso ideal Cetamina Peso ideal Peso ideal Propofol Peso ideal Peso dose Atracúrio Peso total Peso total Vecurônio Peso ideal Peso ideal Succinilcolina Peso total • Fenitoína Peso total Peso ideal Corticosteróides Peso ideal Peso ideal Ciclosporina Peso ideal Peso ideal Bloqueador-H2 Peso ideal Peso ideal Heparina Peso dose Peso dose Peso ideal para homem: 50 kg + [0,9 kg x (cm acima de 1,5 m de altura)] Peso ideal para mulher: 45,5 kg + [0,9 kg x (cm acima de 1,5 m de altura)] Peso dose: peso ideal + 0,4 (peso total - peso ideal) Referência Bibliográfica 1. Varon J, Marik P. Management of the Obese Critically Ill Patient. Crit Care Clinics 2001; 17: pp. 187-200. 89 Anexo I Fórmulas Anexos Parâmetros hemodinâmicos no adulto Parâmetro Equação Valores normais Pressão arterial sistêmica Sistólica (PAS) Diastólica (PAD) 90–140 mmHg 60–90 mmHg Pressão arterial média (PAM) (PAS + (2 X PAD))/3 70–105 mmHg Pressão venosa central (PVC) 2–6 mmHg Pressão ventricular direita (PVD) Sistólica (PSVD) Diastólica (PDVD) 15–25 mmHg 0–8 mmHg Pressão de artéria pulmonar (PAP) Sistólica (PSAP) Diastólica (PDAP) 15–25 mmHg 8–15 mmHg Pressão arterial pulmonar média (PAPM) (PSAP + (2 X PDAP))/3 10–20 mmHg Pressão ocluída de artéria pulmonar (POAP) 6–12 mmHg Pressão de átrio esquerdo (PAE) 6–12 mmHg Débito cardíaco (DC) DC/FC x V5 4,0–8,0 L/min. Índice cardíaco (IC) DC/SC 2,5–4,0 L/min/m2 Volume sistólico (VS) VS = DC/FC 60–100 mL/sístole Volume sistólico indexado (VSi) VSi = IC/FC 33–47mL/m2/sístole Resistência vascular sistêmica (RVS) 80 X (PAM-PVC)/DC 800–1200 dynes.seg/cm5 Resistência vascular sistêmica indexada (RVSi) 80 X (PAM-PVC)/IC 1970–2390 dynes.seg/cm5/m2 Resistência vascular pulmonar (RVP) 80 X (PAPM-POAP)/DC < 250 dynes.seg/cm5 Resistência vascular pulmonar indexada (RVPi) 80 X (PAPM-POAP)/IC 255–285 dynes.seg/cm5/m2 Trabalho de ejeção do VE (LVSW) VS X (PAM – POAP) X 0,0136 58–104 g-m/sístole Trabalho de ejeção do VE indexado (LVSWi) VSi X (PAM – POAP) X 0,0136 50–62 g-m/m2/sístole Trabalho de ejeção do VD (RVSW) VS X (PAPM – PVC) X 0,0136 8–16 g-m/sístole Trabalho de ejeção do VD indexado (RVSWi) VSi X (PAPM – PVC) X 0,0136 5–10 g-m/m2/sístole Superfície corpórea (SC) m2 – DuBois SC = (alturacm)0,725 x (pesokg)0,425 x 0,007184 Superfície corpórea (SC) m2 – Máttar SC = (alturacm + pesokg – 60)/100 90 Anexo I Fórmulas Anexos Parâmetros de oxigenação no adulto Parâmetro Equação Valores normais Pressão arterial de oxigênio (PaO2) 80 – 100 mmHg Pressão arterial de gás carbônico (PaCO2) 35 – 45 mmHg Saturação arterial de oxigênio (SaO2) 95% – 100% Saturação sangue venoso misto de O2 60% – 80% Conteúdo arterial de oxigênio (CaO2) (1,34 x SaO2 x Hb) + (0,0031 x PaO2) 17 – 20 mL/dL Conteúdo venoso misto de oxigênio (CvO2) (1,34 x SvO2 x Hb) + (0,0031 x PvO2) 12 – 15 mL/dL Diferença arteriovenosa de oxigênio (C(a-v)O2) CaO2-CvO2 4 – 6 mL/dL Transporte de oxigênio (DO2) CaO2 x DC X 10 950 – 1150 mL/min. Transporte de oxigênio indexado (DO2I) CaO2 x IC X 10 500 – 600 mL/min/m2. Consumo de oxigênio (VO2) C(a-v)O2 x DC X 10 200 – 250 mL/min. Consumo de oxigênio indexado (VO2I) C(a-v)O2 x IC X 10 120 – 160 mL/min/m2. Extração de oxigênio [(CaO2-CvO2)/CaO2] x 100 22% – 30% 91 Anexo I Fórmulas Anexos Nutrição e metabolismo A Taxa metabólica basal (TMB) TMB = (37 – idade em anos – 20)/10 Kcal/m2.h B Gasto energético basal (GEB) fórmula de Harris-Benedict Homens GEB = 66 + (13,7 x peso em kg) +(5 x altura cm) – (6,8 x idade em anos) Mulheres GEB = 655 + (9,6 x peso em kg) + (1,8 x altura cm) – (4,7 x idade em anos) Utilizar fatores de injúria C Balanço nitrogenado (BN) = N ingerido – N excretado Onde: D N ingerido = proteína ingerida em 24h (gramas)/6,25 N excretado = uréia na urina 24h x 0,47 + PI PI = perdas insensíveis de nitrogênio 2 g a 6 g/24h Fórmula de bolso para cálculo de necessidade calórica 25 a 30 cal x peso em kg E Peso ideal Homens =50 kg + [0,9 x (cm acima de 1,5 m de altura)] Mulheres = 45,5 kg + [0,9 x (cm acima de 1,5 m de altura)] Equilíbrio hidroeletrolítico A Água corporal total = 0,6 x peso Kg 1. 2. 3. 4. B Líquido intracelular = 0,4 x peso em kg Líquido extracelular = 0,2 x peso em kg Volume de sangue homens = 69 mL/kg / mulheres = 65 mL/kg Volume de plasma homens = 39 mL/kg / mulheres = 40 mL/kg Conteúdo eletrolítico 1. Cálcio corrigido = Ca++ medido/(0,6+(proteína total/8,5)) 2. Para corrigir valores de cálcio: para cada 1g/dL de albumina menor que 4,0 g/dl diminuir 1 mg/dL do cálcio sérico 3. Índice de troca entre potássio e hidrogênio: para cada alt. de 0,1 no pH sangüíneo, o potássio altera-se 0,6mEq/L proporcionalmente 92 Anexo I Fórmulas Anexos Fórmula para tratamento de déficit específico A Água livre Água total corporal = 0,6 x peso atual Água corporal desejada = sódio medido x água total corporal sódio normal Déficit de água = água corporal desejada – água corporal atual B C Potássio Nível sérico Perda corporal (mEq/L) Normal < 200 3 a 3,5 150 a 300 2,5 a 3 300 a 500 Cada 0,5 abaixo de 2,5 Perda adicional de 100 a 200 Sódio Déficit [Na] (mEg/L = (125 – sódio medido) x 0,6 x peso) Fração de excreção de sódio = sódio Ur/sódio Ser X 100 Cr urina / Cr sérica D Bicarbonato Déficit Bic mEg/L = [(0,4 x peso) x bic desejado)] – (bic observado) E Anion Gap (AG) AG = (sódio) - {[cloreto] + [bicarbonato ]} (valor normal = 12 ± 4 mEg/L) F Osmolaridade sérica OSM = 2x (sódio + potássio) + glicose / 18 + uréia / 6 Normal = 280 a 300 mOsm/kg G Estimativa de creatinina levando em conta o peso CL = (140 – idade) x peso (kg) 72 x creatinina (sérica) Mulheres: resultado acima x 0,85 93 Anexo I Fórmulas Anexos Função ventilatória A Complacência estática Complacência estática = volume corrente Pplatô – PEEP Normal de 60 a 100mL/cm H20 B Resistência de vias aéreas Resistência de vias aéreas = Ppico – Pplatô Fluxo inspiratório Normal =1 a 3 cmH2O/L/seg C SHUNT QS/QT = (CcO2 – CaO2) / CcO2 – CvO2) Normal < 0,05 D Diferença alvéolo arterial de O2 P (A-a) O2 = PAO2 – PaO2 Onde: PAO2 é a pressão parcial de O2 alveolar PAO2 = (PB – PH20) x FiO2 – PaCO2/R PB = Pressão Barometria PH20 = Pressão de vapor de água (47 mmHg) R = Coeficiente respiratório (0,8) P(A – a)O2 Normal em torno < 10 (indivíduos normais). Eleva-se com a idade, até ~ 30 94 Anexo II Medicamentos Anexos Aminas vasoativas e inotrópicos I Droga Amrinona Milrinona Levosimendan Comercial Inocor Primacor Syndax® Indicação Inotrópico (inibição da fosfodiesterase) Ampola ® ® Descompensação aguda da ICC 100 mg/ 20mL 20 mg/ 20 mL 5 mL = 12,5 mg e 10 mL = 25 mg Diluição 200 mg/SF 210 mL 40 mg/SF ou SG 210 mL 12,5 mg/ SG 495 mL Cc. diluição 800 μg/mL 160 μg/mL 0,025 mg/mL Dose inicial 0,75 a 3 mg/kg em 2 a 3 min. 50 μg/kg em 10 min. 12-24 μg/Kg em 10 min. Dose de manutenção 4 a 10 μg/kg/min. 0,3 a 0,7 μg/kg/min. 0,1 a 0,2 μg/Kg/min. Efeitos colaterais Náuseas, diarréia, arritmias, hipotensão, plaquetopenia Arritmias ventriculares, hipotensão, angina Hipotensão, taquicardia, cefaléia, ↓ Hb, ESV, FA, hipocalemia, tontura Gravidez C D ? Aminas vasoativas e inotrópicos II Droga Dopamina Noradrenalina Adrenalina Dobutamina Comercial Revivan Levophed Adrenalina Dobutrex® Indicação Vasopressor Vasopressor Vasopressor Inotrópico Ampola 10 mL = 50 mg e 5mL = 200mg 4 mg 1mg/mL 250 mg/20 mL Diluição 250 mg/ 250 mL ou 200 mg/ 200 mL 16 mg/ 234 mL 2 mg/250 mL 250 mg/230 mL Cc. diluição 1.000 μg/mL 64 μg/mL 8 μg/mL 1000 μg/mL Dose inicial 2 μg/kg/min. 0,01 μg/kg/min. 0,005 μg/kg/min. 2 μg/kg/min. Dose de manutenção até 25 μg/kg/min. até 2 μg/kg/min. até 0,1 μg/kg/min. até 30 μg/kg/min. Efeitos colaterais Cefaléia, arritmias, piloereção, dispnéia, alargamento do QRS Arritmias, angina, Euforia, arritmias, heEuforia, arritmias, hemorragia cerebral, HAS, morragia cerebral, HAS, HAS, hipotensão na hipovolemia EAP, dispnéia EAP, dispnéia Gravidez C C ® ® ® C 95 B Anexo II Medicamentos Anexos Analgésicos I Droga Fentanila Morfina Tramadol Metadona Quetamina Comercial Fentanil Dimorf Tramal Metadon Ketalar® Indicação Analgesia/ anestesia Analgesia Analgesia Analgesia Analgesia Ampola ou CP 50 μg/mL 2 e 10 mg 50 e 100 mg (cp ou amp) 5 a 10 mg (cp) 10 mg/mL (amp) 10 mL = 500 mg Diluição 50 mL/SF 200 mL 50–100 mg /SF 250 – – 500 mg/SG 90 mL Cc. diluição 0,2 μg/mL 0,2 – 0,4 mg/mL – – 5 mg/mL Dose inicial 0,7 a 2 μg/kg 2,5 a 15 mg – – 0,25 a 2 mg/kg Dose de manutenção 1 a 7 μg/kg/h 2 a 20 mg/h 100 mg de 12/12 h a 6/6h 0,05 a 0,1 mg/kg de 12/12h a 6/6h 0,5 a 1,8 mg/kg/h Efeitos colaterais Bradicardia, depen- Hipotensão, prurido, dência dependência, broncoespasmo Tontura, cefaléia, sonolência, vômito, boca seca Delírio, sedação, cefaléia, prurido, retenção urinária Hipertensão, taquicardia, anafilaxia, diplopia, alucinações, delírio Gravidez B C B B ® ® ® B ® Analgésicos II Droga Clonidina VO Clonidina EV Dexmedetomidina Comercial Atensina® Clonidin® Precedex® Indicação HAS, analgesia, sedação, abstinência a opióide Ampola ou CP 1 cp = 150 ou 200 μg 1 amp = 1 mL = 150 μg 2 mL = 200 μg Diluição – 2 amp/18 mL 1 amp + SF 50 mL Cc. diluição – 15 μg/mL 4 μg/mL Dose inicial 150 a 300 μg 2 a 6 μg/kg 1 μg/kg em 10 min. Dose de manutenção 150 a 300 µg 12/12 h a 4/4 h 2 μg/kg/h 0,2 a 0,7 μg/kg/h Efeitos colaterais Sonolência, xerostomia, constipação, fraqueza, dor muscular, agitação, cefaléia, insônia, taquicardia, bradicardia, exantemas, alucinações, crise hipertensiva grave com a suspensão súbita. Gravidez Analgesia e sedação Hipotensão, bradicardia, náuseas, boca seca, hipóxia C C 96 Anexo II Medicamentos Anexos Antagonistas Droga Naloxona Flumazenil Neostigmine Protamina Comercial Narcan Lanexat Prostigmine Protamina® Indicação Antagonista opióide Antagonista benzodiazepínico Agente colinérgico Antagonista dos curarizantes Neutralizar a ação da heparina Ampola 0,4 mg 0,5 mg 1 mL = 0,5 mg Ampola com 5 mL Diluição – – – – Cc. diluição – – – – Dose inicial 0,4 a 2 mg 0,3 mg 2,5 a 5 mg (associar atropina) 1mL neutraliza 1.000 UI de heparina Dose de manutenção A cada 3 min. até total de10 mg 0,1 a 0,4 mg/h até dose máx = 2 mg – – Efeitos colaterais Náuseas, abstinência em narcótico-dependentes – Bradicardia, miose, vômitos, diarréia, cólicas abdominais Hipotensão, reações alérgicas, isoladamente pode apresentar efeito anticoagulante ® ® ® Antiarrítmicos Droga Amiodarona Adenosina Lidocaína Verapamil Procainamida Comercial Ancoron® Adenocard® Xilocaína® Dilacoron® Prodamide® Indicação Antiarrítmico FV, TSV, FA Antiarrítmico TSV Antiarrítmico (arritmia ventricular) Antiarrítmico, anti-hipertensivo Antiarrítmico (arritimia ventricular) Ampola ou CP 150 mg/ 3mL 6 mg 20 mL a 2% 5 mg/ 2mL 500 mg /5 mL Diluição 5 amp/SG 235 mL 60 mg/100 mL 50 mL/SG 200 mL 50 mg/SG 230 mL 2 amp/SF 240 mL Cc. diluição 3 mg/mL 0,6 mg/mL 4 mg/mL 200 μg/mL 4 mg/mL Dose inicial 5 a 10 mg/kg em 5 min. 50 a 250 μg/kg em 1 a 3 seg (1 a 3 amp) 1 mg/kg 1 mg/min. até 5 a 20 mg 100 mg de 5/5 min. (máximo de 1.500 mg) Dose de manutenção 5 μg/kg/min. - EV 50 a 100 μg/kg/min. 1 a 4 mg/min. min em < 10 min. 1 a 5 μg/kg/min. 2 a 5 mg/min. Efeitos colaterais IVE, bradicardia hipotensão, doença tireoideana, pneumonite Broncoespasmo flush facial, dispnéia, dor precordial Confusão, arritmias Tontura, cefaléia, sonolência, hipotensão, convulsão, ICC, BAV hipotensão 97 Confusão, convulsão, ↓ PA, ↓ FC Anexo II Medicamentos Anexos Anticoagulantes, trombolíticos e antiagregantes plaquetários I Droga Heparina Comercial Enoxaparina Nadroparina Warfarina Liquemine Clexane Fraxiparina Coumadin Marevan® Indicação Anticoagulante Anticoagulante/ profilaxia Profilaxia de TVP Anticoagulante Anticoagulante Ampola ou CP 25.000 UI/ 5 mL (5000 U/mL) 20, 40, 60, 80 mg 0,3 e 0,6 mL 1; 2; 2,5; 5; 7,5 e 10 mg 5 mg Diluição 5 amp/SG 225 mL – – – – Cc. diluição 100 UI/mL – – – – Dose inicial 80 UI/kg Profilaxia TVP 20 a 40 mg/dia SC 5 mg a 10 mg 5 mg Dose de manutenção 18 U/kg e monitorar TTP Dose terapêutica 1mg/kg 2x/dia Profilaxia TVP 0,3 a 0,6 mL/dia SC Ajustar dose conforme RNI Ajustar dose conforme RNI Efeitos colaterais Hemorragia, plaquetopenia Hemorragia, plaquetopenia Hemorragia, plaquetopenia Hemorragia Hemorragia Gravidez B (C em uso prolongado) B B Contra-indicado Contra-indicado ® ® ® Warfarina ® Anticoagulantes, trombolíticos e antiagregantes plaquetários II Droga Estreptoquinase rt-PA Tenecteplase Cloridrato de tirofiban Comercial Streptase® Actilyse® Metalyse® Agrastat® Indicação IAM, TEP IAM, TEP, AVCi IAM Angina instável, IAM não-Q, pós-angioplastia Ampola 250.000, 750.000 e 1.500.000 UI 50 mg 40 mg frasco com 50 mL Diluição 1.500.000UI/SF 250 mL 50 mg/ 50 mL 40 mg/ 8mL 50 mL / 200 mL Cc. diluição – 1 mg/mL 5 mg/mL 50 μg/mL < 60 kg – 30 mg 61 a 70 kg – 35 mg 71 a 80 kg – 40 mg 81 a 90 kg – 45 mg > 90 kg – 50 mg 0,4 μg/kg/min. em 30 min. Dose inicial Dose de manutenção Ver protocolos específicos 0,1 μg/Kg/min. 48h Efeitos colaterais Sangramento, hipersensibilidade Hemorragias Hemorragias Hemorragias Gravidez B C C B 98 Anexo II Medicamentos Anexos Inibidores da secreção ácida Droga Pantoprazol Omeprazol Cimetidina Ranitidina Comercial Pantozol Losec Tagamet Antak® Indicação Úlcera péptica, esofagites de refluxo Úlcera péptica, esofagites de refluxo Proteção de mucosa gástrica Adjuvante na anafilaxia Ampola ou CP 40 mg 40 mg 2 mL/ 300 mg 2mL/ 50mg Diluição – – 5 amp/SG 240 mL 5 amp/SF 225 mL Cc. diluição – – 6 mg/mL 1 mg/mL Dose inicial 40 mg 40 mg 300 mg 50 mg Dose de manutenção 40 mg/dia 40 mg/dia 40 a 50 mg/h ou 300 mg EV de 6/6h 20 a 30 mg/h ou 50 mg EV de 8/8h Efeitos colaterais Dor abdominal, diarréia, prurido, constipação, cefaléia, depressão, choque anafilático Dor abdominal, diarréia, prurido, constipação, cefaléia, urticária, parestesia Confusão, ↓ FC, diarréia, ginecomastia Tontura, diarréia, erupções cutâneas Gravidez B C B B Risco de interação medicamentosa Não apresenta int. medicamentosa comprovada Apresentam interações medicamentosas comprovadas ® ® 99 ® Anexo II Medicamentos Anexos Miscelânea Droga Dantrolene Fenitoína Fenobarbital Vasopressina Somatostatina Dextrocloro-feniramina Comercial Dantrium (USA)® Hidantal® Gardenal® Pitressin® Stilamin® Polaramine® Indicação Hipertermia maligna Anticonvulsivante Anticonvulsivante Antidiurético vasopressor HDA Manifestações alérgicas Ampola 20 g 250 mg/amp 1 mL = 200 mg 5UI/ 1 mL 250 mg e 3 mg 5 mL/ 2 mg 1 cp/ 2 mg Diluição 20 g/ 50 mL água destilada Não diluir em SG – 100 UI/SG 250 mL 3 mg/SF 500 mL – Cc. diluição 400 mg/mL – – 0,4 UI/mL 6 µg/mL – Dose inicial 1 mg/kg Hidantalização 15 mg/kg (50 mg/min.) No estado de malconvulsivo: 15 mg/kg 5 a 10 U IM. SC/EV 3,5 mg/kg/h 2 mg VO ou IV Dose de manutenção Repetir a dose até dose cumulativa de 10 mg/kg 5 a 7 mg/kg de 8/8 h 1 a 5 mg/kg/dia 0,3 UI/min./12h 3,5 mg/kg/h por 0,2 UI/min. próx 24h 48 a 72h 0,1 UI/min. próx 24h 2 mg VO ou IV 3 a 4 x/dia Efeitos colaterais Cefaléia, confusão mental Pancitopenia, plaquetopenia, Apnéia, hipotensão, sonolência Tontura, cefaléia, angina, HAS, vasoconstrição Sonolência, hipotensão, agitação, urticária, ↓ PA, FV, púrpura, ↑ glicose Gravidez C B ↓ insulina ↓ FC, ↑ PA, vertigem intoxicação hídrica D B 100 sedação, diplopia C B Anexo II Medicamentos Anexos Relaxantes neuromusculares Droga Succinilcolina Pancurônio Vecurônio Atracúrio Rocurônio Comercial Quelicin Pavulon Norcuron Tracrium Esmeron® Indicação Bloqueio neuromuscular breve Bloqueio neuromuscular Bloqueio neuromuscular Bloqueio neuromuscular Bloqueio neuromuscular Ampola 100 mg 4 mg 4 ou 10 mg 25 ou 50 mg 50 mg Diluição 1 fco/AD 10 mL 10 amp/SF 250 mL 20 mg/SF 250 mL 250 mg/SF 225 mL 250 mg/ SF 250 mL Cc. diluição 1mg/mL 0,16 mg/mL 0,08 mg/mL 1 mg/mL 1mg/mL Dose inicial 0,5 a 1 mg/kg 0,01 a 0,08 mg/kg 0,06 a 0,15 mg/kg 0,4 a 0,5 mg/kg 0,5 a 0,7 mg/kg Dose de manutenção – 0,02 a 0,07 mg/kg/h 0,1 a 0,2 mg/kg/h 5 a 10 µg/kg/min 0,3 a 0,6 mg/kg/h Efeitos colaterais ↑ FC, ↓ FC, HAS, arritmia, hipertermia maligna, ↑ pressão ocular, hipercalemia ↑ FC, HAS, hipersecreção, polineuropatia, isquemia miocárdica Liberação histamínica, ↓ DC, polineuropatia Paralisia prolongada, polineuropatia ® ® ® Paralisia prolongada, polineuropatia, ↑ Mg++, acidose metabólica ® Atrofia muscular, tromboembolismo venoso, escaras de decúbito, úlceras de córnea, lesão nervosa por compressão Gravidez C C C C C Droga Midazolam Diazepam Lorazepam Propofol 1% Etomidato Comercial Dormonid® Valium® Lorax® Diprivam® Hipnomidate® Indicação Sedativo, hipnótico Sedativo, hipnótico Sedativo, hipnótico Sedativo, hipnótico Hipnótico de ação rápida Ampola ou CP 5, 15 e 50 mg 10 mg 2 mg/mL ou 1 e 2 mg/cp 200 a 500 mg 10 mL = 20 mg Diluição 50 mg + SF250 mL – – 20 e 50 mL de emulsão lipídica – Cc. diluição 0,2 mg/mL – 1 mg/mL 10 mg/mL 2 mg/mL Dose inicial 0,02 a 0,8 mg/kg 2/2h a 30/30min. 0,03 a 0,1 mg/kg 6/6h a 30/30min. 0,02 a 0,06 mg/kg 6/6h a 2/2h 0,05 a 0,8 mg/kg 0,3 mg/kg Dose de manutenção 0,04 a 0,2 mg/kg/h – 0,01 a 0,1 mg/kg 5 a 80 µg/kg/min. – Efeitos colaterais Bradipnéia, náuseas,↓ PA , agitação paradoxal ↓ ↓ PA, flebite, agita- NTA, acidose ção paradoxal lática Hipotensão, ↑ triglicerídeos (*) Gravidez B B D C Sedativos I B (*) Calafrios, apnéia transitória, broncoespasmo, reações anafilactóides, movimentos clônicos espontâneos, dor local da injeção, hipotensão, oligúria e supressão reversível da função adrenocortical 101 Anexo II Medicamentos Anexos Sedativos II Droga Haloperidol Tiopental Comercial Haldol Thionembutal® Indicação Agitação psicomotora Sedação Coma barbitúrico Ampola 5 mg 1g 1g Diluição 10 amp + SF 250 mL 2,5 g + SF 250 mL 2,5 g + SF 250 mL Cc. diluição 0,16 mg/mL 10 mg/mL 10 mg/mL Dose inicial 0,5 a 10 mg IM/EV 50 a 100 mg Até 20 mg/kg Dose de manutenção 2 a 10 mg EV de 8/8 até 2/2h Infusão: até 30 mg/h 0,01 a 0,1 mg/kg/h 2 a 8 mg/kg/h Efeitos colaterais Prolonga intervalo QT, alteração extrapiramidais, agitação paradoxal, hipotensão ortostática, galactorréia, ginecomastia Excitação paradoxal, náuseas, alergia, apnéia, hipotensão Gravidez C D ® Vasodilatadores e anti-hipertensivos I Droga Nitroglicerina Mononitrato-5 de isossorbida Nitroprussiato de sódio Hidralazina injetável Comercial Tridil® Monocordil® Nipride® Apresolina® Indicação Insuficiência coronariana, ↓ da pré-carga Insuficiência coronariana, ↓ da pré-carga HAS, EAP HAS, DHEG, ICC Ampola 10 mL = 25 ou 50 mg 1mL = 10 mg 2mL = 50mg 20 mg Diluição 50 mg/SF 240 mL 40–100 mg/SF 100 mL 1 amp/SG 248 mL 1 amp/SG 200 mL Cc. diluição 200 µg/mL 0,4 a 1 mg/mL 200 µg/mL 0,1 mg/mL Dose inicial – – – 10 mg EV Dose de manutenção 5 a 10 µg/min. 0,05 a 0,3 µg/kg/min. 0,8 a 1 mg/kg de 8/8h 0,5 a 8 µg/kg/min. 1 mg/h (bolus ou infusão contínua) Efeitos colaterais Cefaléia, ↓ PA, ↑ FC, tontura, náuseas, vômitos e anafilaxia ↓ PA, ↑ FC ↓ PA, ↑ FC, cefaléia tontura, coma, acidose toxicidade por cianeto Angina, ↑ FC, síndrome lupus-like Gravidez C C D B 102 Anexo II Medicamentos Anexos Vasodilatadores e anti-hipertensivos II Droga Labetalol Comercial Normodyne/ Trandate Indicação Esmolol Metoprolol Atenolol Carvedilol Brevibloc Seloken Atenol Cardilol® HAS Overdose de cocaína, HAS, antiarrítmico HAS, ↓ FC, ↓ demanda, miocárdica de O2 HAS, ↓ FC ICC, HAS, angina Ampola ou CP 100 mg 10 mL = 100 mg ou 2,5 g 5 mL = 5 mg e 100 mg/cp 25, 50 e 100 mg/cp 3,125; 6,25; 12,5 e 25 mg/cp Diluição 300 mg/SF 250 mL 2,5 g/SF 240 mL – – ® ® ® ® – Cc. diluição 1 mg/mL 10 mg/mL – – – Dose inicial 1 mg/kg 500 µg/Kg/min. 5 mg de 5/5 min. até 15 mg 25 mg 3,125 mg 12/12h Dose de manutenção 1 a 3 µg/kg/min. ou 2 a 3 mg/min. 200 µg/ Kg/min. 50–100 mg VO de 12/12h 25–100 mg/dia 3,125 a 25 mg 12 /12h Efeitos colaterais Cautela em doentes com ICC, broncoespasmo, insuficiência hepática, insuficiência arterial periférica Pode mascarar sintomas de hipoglicemia. Contra-indicado em BAVT, bradicardia sinusal, choque. Gravidez B B B 103 B C Anexo II Medicamentos Anexos Vasodilatadores e anti-hipertensivos III Droga Propranolol Captopril Nimodipina Minoxidil Fentolamina Comercial Inderal Capoten Oxigen Loniten Regitina® Indicação HAS, arritmias, insuficiência coronariana, hipertireoidismo, cardiomiopatia hipertrófica, feocromocitoma HAS, ICC Hemorragia subaracnóidea HAS grave Anti-hipertensivo (feocromocitoma) Ampola ou CP 10,40,80 mg/cp 12,5; 25 e 50 mg/cp 50 mL= 10 mg 30 mg/cp 10 mg/cp 5 mg/amp Diluição – – Sem diluição – Sem diluição Cc. diluição – – – – – Dose inicial 10 a 60 mg 12/12 ou 8/8h 6,25 a 25 mg 12/12h 15 μg/kg/h em 2h 5 a 10 mg Dose diagnóstica = 5 mg Dose de manutenção 40 mg 6/6, 80 mg 8/8, 160 mg 12/12h ou mais 6,25 a 50 mg VO de 8/8h 30 μg/kg/h ou 60 mg VO de 4/4h 5 a 20 mg de 4/4 h Antes da remoção do TU, 2 a 5 mg Na cirurgia, 1 mg Efeitos colaterais Cautela em doentes com ICC, broncoespasmo, insuficiência arterial. Pode mascarar sintomas de hipoglicemia. Contra-indicado em BAVT, ↓ PA e ↓ FC Tosse, anemia, Cefaléia, flush, broncoespasmo, febre, angina, hipercalemia, ↑ FC, ↓ PA erupções cutâneas, creatinina ↑ FC, ↓ PA, hirsutismo Tontura, flush, hipoglicemia, ↓ PA arritmia, angina Gravidez B C/D C C ® ® ® B ® Categorias de riscos do uso de fármacos sobre o feto no primeiro trimestre de gravidez A = Sem problemas para o feto B = Sem problemas para fetos animais, mas sem estudos em humanos C = Estudos humanos contraditórios, podendo ser usado apesar dos riscos D = Evidência de risco para o feto humano. Uso depende do risco–benefício materno X = Alterações fetais em animais e humanos com riscos maiores do que os possíveis benefícios 104 Notas Notas Notas Notas Notas Notas Notas Notas Notas Notas Notas Notas Notas Notas Notas Rua Cunha Gago, 412, 2º andar, cj. 21, Pinheiros – 05421-001 – São Paulo, SP. Fone/fax: 11 3039-5669. www.segmentofarma.com.br e-mail: [email protected] Diretor geral: Idelcio D. Patricio Diretor executivo: Jorge Rangel Diretor editorial: Maurício Domingues Coordenadora editorial: Caline Devèze Diagramação: Miguel Luis Escamez Simon Revisão: Jandira Queiroz e Michel Kahan Apt Produção gráfica: Marcelo Barra e Fabio Rangel Cód. da publicação: 2085.01.06 Infopro (GMR/GM - 10/2005) Pantozol® EV pantoprazol sódico Uso adulto Apresentação e composição: Embalagens com 1 frasco-ampola contendo 40 mg de pantoprazol (na forma de pantoprazol sódico (42,3 mg)), acompanhado de 1 ampola com 10 ml de diluente. Indicações: Tratamento da úlcera péptica gástrica ou duodenal e das esofagites de refluxo moderada ou grave, quando a via oral não puder ser utilizada. Contra-indicações: Pantozol® ev não deve ser usado em casos de hipersensibilidade conhecida aos componentes da fórmula. Pantozol® ev não deve ser administrado em gestantes e lactantes, a menos que absolutamente necessário, uma vez que a experiência clínica sobre seu uso em mulheres nestas condições é limitada. Estudos de reprodução em animais demonstraram fetotoxicidade leve com doses acima de 5 mg/kg. Não existem informações sobre a excreção de pantoprazol no leite humano. P Precauções e advertências: Pantozol® ev deve ser utilizado exclusivamente por via endovenosa. Recomenda-se a administração de Pantozol® ev quando o uso por via oral não for possível. Pantozol® ev 40 mg não está indicado em distúrbios gastrointestinais leves, como por exemplo na dispepsia não-ulcerosa. Antes de se iniciar o tratamento, é necessário que se exclua a possibilidade de lesão ulcerada gástrica maligna e doenças malignas do esôfago, já que o tratamento com Pantozol® ev pode aliviar os sintomas e retardar o diagnóstico. O diagnóstico de esofagite de refluxo deve ser confirmado por endoscopia. A dose diária de 40 mg de pantoprazol não deve ser excedida em pacientes idosos ou naqueles com insuficiência renal. Em pacientes com insuficiência hepática grave, a dose diária deve ser reduzida para 20 mg. Além disso, nestes pacientes, as enzimas hepáticas devem ser regularmente monitoradas durante o tratamento com Pantozol® ev; se houver aumento significativo nos valores enzimáticos, o tratamento deve ser descontinuado. Até o momento, existem poucas experiências do uso de Pantozol® ev em crianças.. Não há efeitos conhecidos sobre a habilidade de dirigir e operar máquinas. Interações medicamentosas: Em caso de administração concomitante, pantoprazol pode alterar a absorção de medicamentos cuja biodisponibilidade seja dependente do pH intragástrico, como por exemplo o cetoconazol. Pantoprazol é extensivamente metabolizado no fígado. Inicialmente sofre desmetilação e oxidação a sulfonas pelas subenzimas CYP2C19 e CYP3A4 do citocromo P 450 (Fase I do metabolismo). Como conseqüência da baixa afinidade do pantoprazol e de seus metabólitos, o hidroxipantoprazol e hidroxipantoprazol sulfona pelas enzimas do citocromo P 450, seu potencial de interação na Fase I é limitado, o que permite que a droga saia rapidamente do retículo endoplasmático e seja subseqüentemente transferida para o citoplasma para ser conjugada com sulfato, na Fase II do metabolismo. Esta baixa afinidade resulta em predominância do metabolismo no sistema de conjugação (Fase II) que, ao contrário do sistema P 450, não é saturável e conseqüentemente não interativa. Esta etapa independe do sistema enzimático citocromo P 450. A interação entre pantoprazol e outras substâncias metabolizadas na Fase I do metabolismo não pode, em princípio, ser excluída. Nos estudos sobre interações medicamentosas conduzidos até o momento, onde foram analisados os substratos de todas as famílias do citocromo P 450 envolvidos no metabolismo de drogas no homem, verificou-se que pantoprazol não afeta a farmacocinética ou a farmacodinâmica da antipirina, carbamazepina, cafeína, diazepam, diclofenaco, digoxina, etanol, glibenclamida, metoprolol, naproxeno, nifedipina, fenitoína, piroxicam e teofilina. Da mesma forma, as drogas investigadas não influenciaram a farmacocinética ou a farmacodinâmica do pantoprazol. Embora, em estudos clínicos farmacocinéticos, não tenha sido observada nenhuma interação durante a administração concomitante à femprocumona ou à varfarina, foram observados, no período de pós-comercialização, alguns casos isolados de alterações no INR (tempo de protrombina do paciente/média normal do tempo de protrombina)ISI nessas situações. Consequentemente, em pacientes que estão sendo tratados com anticoagulantes cumarínicos, é recomendada a monitorização do tempo de protrombina/INR, após o início, término ou durante o uso irregular de pantoprazol. Pantoprazol não aumenta a excreção urinária dos marcadores de indução enzimática, ácido D-glucarídico e 6 ß-hidroxicortisol. Estudos de interação farmacocinética em humanos, administrando-se pantoprazol simultaneamente aos antibióticos claritromicina, metronidazol e amoxicilina, não demonstraram nenhuma interação clinicamente significativa. Também não houve interações com a administração concomitante de antiácidos. Reações adversas: Distúrbios gastrointestinais: ocasionalmente foram relatados casos de dor abdominal, diarréia, constipação ou flatulência. Houve raros relatos de náusea e vômito. Distúrbios do sistema nervoso: ocasionalmente pode ocorrer o aparecimento de cefaléia. Têm sido relatados raros casos de vertigem ou distúrbios visuais (visão turva). Distúrbios do tecido cutâneo e subcutâneo: reações alérgicas como prurido e exantema foram ocasionalmente relatados. Urticária e angioedema foram relatados em casos isolados. Reações graves na pele como Síndrome de Stevens-Johnson, eritema multiforme, Síndrome de Lyell, fotossensibilidade. Distúrbios hepatobiliares: aumento de enzimas hepáticas (transaminases, γ-GT) em casos isolados. Em casos raros ocorreu dano hepatocelular severo conduzindo à icterícia com ou sem insuficiência hepática. Distúrbios musculoesqueléticos, no tecido conjuntivo: mialgia, em casos isolados, que regrediu com o término do tratamento. Distúrbios psiquiátricos: depressão mental, em casos isolados, que regrediu com o término do tratamento. Distúrbios renais e urinários: nefrite intersticial. Distúrbios gerais: raros relatos de tromboflebite por injeção local. Em casos isolados, febre e edema periférico, que regrediram com o término do tratamento. Distúrbios metabólicos: aumento de triglicérides em casos individuais. Distúrbios no sistema imune: o tratamento com pantoprazol pode levar, em casos isolados, à reações anafiláticas, incluindo o choque anafilático. Posologia e modo de usar: Injetando-se o conteúdo da ampola de diluente (10 ml) no frasco-ampola que contém o pó liofilizado, obtém-se rapidamente a solução injetável pronta para a aplicação endovenosa. Esta solução pode ser administrada sob a forma de bolus (no mínimo por 2 minutos) ou sob a forma de infusão, após a diluição da solução reconstituída em 100 ml de solução fisiológica ou 100 ml de solução de glicose a 5% ou a 10%, sendo neste caso recomendado um tempo de administração de 15 minutos. A solução reconstituída, límpida e incolor, deve ser utilizada dentro de, no máximo, 12 horas. Do ponto de vista microbiológico, a utilização do produto deve ser imediata. Caso isso não ocorra, o tempo e as condições de armazenamento antes do uso são de responsabilidade do usuário e, normalmente, não deveriam ser de mais de 12 horas à temperatura abaixo de 25ºC. A administração deve ser feita exclusivamente por via endovenosa. Qualquer produto restante no frasco-ampola, ou que tenha sua aparência visual alterada (como por exemplo, turvação ou precipitação) deve ser descartado. O conteúdo do frasco é de dose única. Pantozol® ev não deve ser diluído em nenhum outro tipo de diluente ou misturado a nenhum outro medicamento para uso injetável. A solução reconstituída deve manter um pH 9. Salvo critério médico diferente, recomenda-se a administração de 1 frasco-ampola (40 mg) de Pantozol® ev ao dia. Tão logo o tratamento por via oral seja possível, Pantozol® ev deve ser descontinuado e substituído pelo tratamento com Pantozol® comprimidos, levando-se em consideração a equivalência terapêutica entre a forma injetável de 40 mg e os comprimidos gastro-resistentes de 40 mg. O tratamento não deve ser superior a 8 semanas, uma vez que são restritas as experiências a longo prazo. PRODUTO DE USO SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. AO PERSISTIREM OS SINTOMAS O MÉDICO DEVERÁ SER CONSULTADO. Registro MS - 1.0639.0182 Informações completas para prescrição: vide bula. PTEVA0105-00A - versão 05.05.05 1224297 - PZ Manual Prático de Terapia Intensiva jan/2006.