nova técnica utilizando óleo vegetal para triagem

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NOVA TÉCNICA UTILIZANDO ÓLEO VEGETAL PARA TRIAGEM
DA ANEMIA FALCIFORME: EFETIVIDADE, BAIXO CUSTO, MAIOR
PRODUTIVIDADE E RAPIDEZ.
Emilly Ataide Novais - Farmacêutica formada pela União Metropolitana de Educação e Cultura (UNIME)
[email protected]; Iderval Borges Lima Filho - Economista, Mestre em Desenvolvimento Regional e
Meio Ambiente pela Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), Docente do curso de Administração e
Direito da UNIME [email protected]; Pedro Costa Campos Filho – Biomedico, Dr(c) em Biologia
e Biotecnologia de Microrganismos (UESC), Docente da UNIME da Universidade Estadual do Sudoeste da
Bahia (UESB) [email protected]
RESUMO:
A anemia falciforme é a doença genética de gravidade clínica e hematológica. No Brasil a doença
tornou-se um problema de Saúde Pública, em especial na Bahia, por conta do maior número de negros.
Atualmente, a principal técnica de triagem utilizada é o teste de falcização, que apresenta algumas
interferências, influenciando no resultado final da análise. Pelo exposto, o atual trabalho objetivou
avaliar oito outras diferentes técnicas que poderiam ser utilizadas para a triagem dessa doença,
considerando custo e viabilidade. Foram coletadas 30 amostras de sangue de doentes falciformes entre
setembro de 2010 a abril de 2011 em 3 hospitais e 1 laboratório, no município de Itabuna – BA. Nos
novos métodos colocou-se em tubo de ensaio sangue total, misturando ou não com metabissulfito de
sódio e óleo mineral ou vegetal. Depois colocou uma gota dessa mistura em lâmina, cobriu com
lamínula, procedendo leituras em microscópio. No teste convencional de falcização, utilizou o
protocolo, de acordo com Naoum (2004), com presença e ausência do metabissulfito. Os métodos
utilizando óleo mineral com e sem metabissulfito em tubo apresentaram menos quantidade de células
falcizadas pela incompatibilidade da mistura. Nos métodos utilizando óleo vegetal com e sem
metabissulfito em tubo apresentaram diferença quantitativa quando comparado com o convenciona.
Utilizando óleo vegetal em lâmina com metabissulfito, verificou-se a diferença média da contagem de
apenas uma célula, comparado ao teste convencional, mostrando ser esse tão eficiente quanto aquele.
Visando o custo, os testes utilizando óleo vegetal se mostrou mais barato do que o teste de falcização
em 38,5%. Em relação a execução, esse método gastou aproximadamente a metade tempo, quando
comparado com aquele.
PALAVRAS CHAVES: Anemia Falciforme, Teste de Falcização, Óleo Vegetal.
NEW TECHNIQUE USING VEGETABLE OIL FOR SCREENING OF
SICKLE CELL ANEMIA: EFFECTIVE, LOW COST, HIGHER
PRODUCTIVITY AND SPEED
ABSTRACT
Sickle cell anemia is a genetic disorder of clinical severity and hematology. In Brazil, the disease has
become a public health problem, especially in Bahia, due to the greater number of blacks. Currently,
the main technique used is the screening test sickling, which presents some interference, influencing
the outcome of the analysis. For these reasons, the current study evaluated eight other different
techniques that could be used for screening of this disease, considering cost and feasibility. We
collected 30 samples of blood from sickle cell patients between September 2010 and April 2011 at
three hospitals and one laboratory in the city of Itabuna - BA. In the new methods placed in a test tube
whole blood, mixed or not with sodium metabisulfite and mineral or vegetable oil. Then put a drop of
this mixture in foil, covered with coverslip, doing readings microscope. In conventional sickling test,
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we used the protocol, according to Naoum (2004), with the presence and absence of metabisulfite. The
methods using mineral oil with and without metabisulfite tube showed the least amount of cells
falcizadas the incompatibility of the blend. In methods using vegetable oil with and without
metabisulfite tube exhibited quantitative differences as compared to the convenciona. Using vegetable
oil blade metabisulfite, there was a difference in average only one cell count, compared to the
conventional assay, showing that this is as efficient as that. Aiming cost, tests using vegetable oil
showed less than the test sickling 38.5%. In relation to performance, this method spent approximately
half time compared therewith.
KEY-WORDS: Sickle Cell Anemia, sickling test, Vegetable Oil.
1 Introdução
A anemia falciforme é a mais comum das anormalidades estruturais da hemoglobina (ZAGO
et al., 1983; WATANABE, 2008). Refere-se a uma hemoglobinopatia, classificada no grupo
das síndromes falciformes e são patologias sanguíneas de caráter genético, autossômicas, e
que tem presença da hemoglobina anômala S (HbS) (CORDEIRO et al., 2003).
A falcemia é caracterizada por uma mutação genética em apenas uma base nitrogenada, a
adenina pela timina, que resulta na troca da valina pelo ácido glutâmico na posição 6 da
cadeia β da hemoglobina originando a hemoglobina S (COELHO e RUZ, 2001 apud
CORDEIRO et al.,2003).
O teste de falcização é utilizado como coadjuvante no diagnóstico da anemia falciforme.
Exposto a uma baixa tensão de oxigênio, as hemácias contendo hemoglobina S tomam a
forma característica de foice. O metabissulfito de sódio, devido a sua ação antioxidante, retira
o oxigênio presente no meio, reduzindo sua tensão. Dessa forma, quando uma solução de
metabissulfito é adicionada ao sangue total e esta mistura é vedada entre lâmina e lamínula, os
eritrócitos contendo HbS se deformam após algumas horas de repouso, confirmando a
patologia (NAOUM e NAOUM, 2004; GÓES et al., 2006; DI NUZZO e FONSECA, 2004).
A realização de exames laboratoriais, considerando o laboratório ser uma instituição
empresarial, deve direcionar não apenas a uma abordagem clínica, bem
como também
administrativa, focada na melhor relação custo e beneficio dos processos produtivos. Insere-se
nesse contexto os exames laboratoriais, bem como o teste de falcização. Dentre as
características de um produto/serviço que o impulsionam ao êxito, destaca-se o baixo custo,
alta qualidade e desempenho superior aos similares, direcionando-o a possuir atributos únicos,
que, com a capacidade de aquisição, adaptação e gerenciamento, contribuem para o sucesso
ou fracasso empresarial (SILVA et al.; 2006).
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Devido à importância de executar o teste de falcização como auxiliar na triagem para o
diagnóstico da anemia falciforme, este trabalho objetivou comparar o método tradicional com
novas técnicas adicionando óleo mineral ou vegetal, com ausência ou acréscimo de
metabissulfito de sódio, tanto em tubo, como em lâmina, avaliando não apenas a viabilidade
para a aplicação clínica dos mesmos, bem como seu custo e tempo de execução.
2 Metodologia
2.1 Local de Estudo e Coleta das Amostras
A pesquisa foi realizada no município de Itabuna-BA, que possui aproximadamente 213.700
habitantes, e é considerada a primeira Unidade do Macro Sul Bahia especializada no
tratamento de pessoas portadoras da anemia falciforme (IBGE, 2009). A população desejada
para a pesquisa foi composta por pacientes portando anemia falciforme.
As amostras foram obtidas em três hospitais e em um laboratório particular de análises
clínicas. Obteve-se um total de 30 amostras de sangue de pacientes com anemia falciforme,
independente da faixa etária, raça ou sexo. Para tanto, foram colhidas por punção venosa,
acondicionadas em tubo limpo contendo anticoagulante (EDTA), seguindo para análise no
mesmo dia. Todos os testes foram realizados no Laboratório de Pesquisa Clínica do Curso de
Farmácia da União Metropolitana de Educação e Cultura (UNIME), unidade de Itabuna.
Esse trabalho obteve parecer favorável pelo Comitê de Ética da Faculdade Maria Milza
(FAMAM), na cidade de Cruz das Almas – BA.
2.2 Execução dos Métodos
O primeiro teste foi realizado colocando-se em um tubo de ensaio 100μL do sangue total e
200μL de metabissulfito de sódio a 2% (0,02g de metabissulfito de sódio em 1,0mL de água
destilada). Misturou esses dois componentes, retirou-se aproximadamente 20μL, e colocou em
uma lâmina, cobrindo-a com uma lamínula e vedando suas bordas com vaselina sólida – Teste
de Falcização Convencional (Figura 01). Outro exame também foi executado, colocando-se
apenas 20μL de sangue total na lâmina, cobrindo com lamínula e vedando com vaselina
sólida. Este último foi realizado sem o metabissulfito de sódio, para posterior comparação
(Tabela 01). Os dois testes foram examinados em microscópio com objetiva de 40X para se
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obter um maior campo de visualização. Para contagem das células em campos aleatórios, foi
utilizada objetiva de 100X, após 12 e 24 horas.
Figura 01 - Lâmina do Teste de Falcização Convencional
Fonte: Acervo do Autor
Outro teste foi realizado colocando em um tubo de ensaio 100μL de sangue total, 200μL de
metabissulfito de sódio a 2% e a mesma proporção (1:1) de óleo mineral (óleo de imersão).
Em seguida, colocou 20μL dessa mistura em uma lâmina, cobrindo com a lamínula – Teste de
falcemia utilizando óleo mineral (Tabela 01).
Esse exame também foi realizado colocando-se no tubo de ensaio 300μL de sangue total e
300μL de óleo mineral, sem a utilização do metabissulfito de sódio. Logo após, retirou-se
20μL dessa mistura, aplicando-se em uma lâmina e cobrindo com lamínula (Tabela 01). As
duas lâminas foram examinadas em microscópio com objetiva de 40X, e para contagem das
células, com objetiva de 100X, após 12 e 24 horas. O próximo teste foi realizado da mesma
forma que o anterior, substituindo apenas o óleo mineral pelo óleo vegetal (óleo de soja),
fazendo-se a leitura em microscópio da mesma forma (Tabela 01). Os diferentes óleos foram
utilizados, objetivando avaliar a diferença significante entre os mesmos, no que diz respeito à
vedação da lâmina e no auxilio da falcização das células.
Para a análise das amostras que haviam sido acondicionadas em tubo, após 12 e 24 horas,
foram confeccionadas lâminas, para que as mesmas fossem lidas imediatamente. Para aquelas
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que já se encontravam nas lâminas, desde o primeiro momento, foi preciso tão somente
analisá-las no microscópio (objetivas de 40 e 100X).
MÉTODO CONVENCIONAL
NOVOS MÉTODOS
Óleo Mineral com Metabissulfito de Sódio em
Tubo de Ensaio
Óleo Mineral sem Metabissulfito de Sódio em
Tubo de Ensaio
Teste de Falcização com Metabissulfito de Óleo Vegetal com Metabissulfito de Sódio em
Sódio
Tubo de Ensaio
Óleo Vegetal sem Metabissulfito de Sódio em
Tubo de Ensaio
Óleo Mineral com Metabissulfito de Sódio em
Lâmina
Óleo Mineral sem Metabissulfito de Sódio em
Lâmina
Teste de Falcização sem Metabissulfito de Óleo Vegetal com Metabissulfito de Sódio em
Sódio
Lâmina
Óleo Vegetal sem Metabissulfito de Sódio em
Lâmina
TABELA 01: Demonstrativo das Técnicas Utilizadas para a Análise Comparativa.
A partir desses resultados, avaliou-se a eficácia dos óleos utilizados nos exames tanto nos
tubos de ensaio, quanto nas lâminas, comparando-os com o método de falcização
convencional. Para tal análise, foram avaliados cinco campos aleatoriamente escolhidos em
cada uma das lâminas, e o número de células falcizadas foram contadas e anotadas. Ressaltase que tanto o teste de falcização convencional quanto os novos métodos aqui avaliados, são
qualitativos. Fez-se a contagem das células como um critério de comparar da eficiência dos
diferentes métodos no que se refere a falcização das células.
2.3 Avaliação de Viscosidade dos Diferentes Óleos
Para avaliar à eficácia dos óleos vegetal e mineral, mediu-se a viscosidade de cada um deles,
utilizando o viscosímetro tipo Copo Ford número 04, cronometrando-se o tempo (em
segundos) de escoamento do óleo, realizando os cálculos de acordo com a fórmula: V=3,85(t4,49), como preconizado para o modelo e número do copo utilizado. As análises foram
realizadas em triplicata.
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2.4 Critérios de Avaliação de Tempo, Custo e Benefício
Para a avaliação do tempo gasto durante o preparo das técnicas aqui analisadas, as mesmas
foram cronometradas. Dois técnicos experientes repetiram todos os procedimentos (em
triplicata) e o tempo foi estabelecido como sendo a média obtida.
Os valores de todos os materiais também foram orçados em cada uma das técnicas, visando a
realização da análise do custo e beneficio dos mesmos. Calculou-se e se comparou,
considerando o preço dos materiais envolvidos como parâmetro de avaliação, tendo em vista
o custo de mão-de-obra e demais aspectos (energia, material de limpeza, dentre outros) ser o
mesmo para os métodos comparados.
3.Resultados e Discussão
3.1 Método Utilizando Óleo Mineral com e sem Metabissulfito de Sódio em Tubo de
Ensaio
Realizando a quantificação celular no método com metabissulfito de sódio (Tabela 02),
observou-se uma média de 5,71 células falcizadas, enquanto que, sem metabissulfito de sódio,
houve uma média superior àquela, contendo aproximadamente 5,93 células. As amostras de
24 horas contendo metabissulfito de sódio não foram executadas, tendo em vista que após 12
horas já se apresentavam inapropriadas para a leitura.
A média da contagem de células falcizadas utilizando-se apenas o óleo mineral em tubo
mostrou-se pouco eficiente quando comparado com o teste de falcização convencional
(contendo 21,04 células).
3.2 Método Utilizando Óleo Vegetal com e sem Metabissulfito de Sódio em Tubo de
Ensaio
Na quantificação celular do método em tubo com metabissulfito de sódio (Figura 02),
observou-se uma média de 12,11 células falcizadas, e uma média de 9,13 células no método
em tubo sem metabissulfito (Tabela 02).
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Figura 02 - Tubos do teste feito utilizando óleo vegetal com metabissulfito (1) e sem metabissulfito
de sódio (2)
Fonte: Acervo do autor
A análise dos dados caracterizou diferença entre as técnicas (com e sem metabissulfito),
apresentando valores pouco relevantes, demonstrando que ambas têm a mesma eficiência.
Comparando esses métodos com o convencional de falcização com metabissulfito (onde se
quantificou aproximadamente 21 células), observou-se que teve diferença entre ambos, sendo
essa última mais eficaz. Dessa forma, os primeiros métodos foram descartados.
MÉTODOS
TOTAL
DE
CÉLULAS FALCIZADAS
12h
24h
com 589
645
Teste
de
Falcização
Metabissulfito de Sódio
Teste
de
Falcização
sem 404
487
Metabissulfito de Sódio
Óleo Mineral com Metabissulfito 160
de Sódio em Tubo de Ensaio
Óleo Mineral sem Metabissulfito 178
de Sódio em Tubo de Ensaio
Óleo Vegetal com Metabissulfito 339
de Sódio em Tubo de Ensaio
Óleo Vegetal sem Metabissulfito 274
de Sódio em Tubo de Ensaio
Óleo Mineral com Metabissulfito 438
436
de Sódio em Lâmina
Óleo Mineral sem Metabissulfito 334
414
de Sódio em Lâmina
Óleo Vegetal com Metabissulfito 558
616
de Sódio em Lâmina
Óleo Vegetal sem Metabissulfito 438
525
de Sódio em Lâmina
Tabela 02. Quantidade de Células Falcizadas nos Métodos Avaliados
MÉDIA
DAS
CÉLULAS FALCIZADAS
12h
24h
21,04
23,04
13,47
16,23
5,71
-
5,93
-
12,11
-
9,13
-
15,64
15,57
11,13
13,8
19,93
22
14,6
17,5
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3.3 Método Utilizando Óleo Mineral com e sem Metabissulfito de Sódio em Lâmina
Das análises obtidas utilizando o óleo mineral com metabissulfito de sódio em lâmina (Tabela
02), observou-se que as amostras lidas com 12 (15,64 células) e 24 (15,57) horas não tiveram
relevância significativa na quantidade de células falcizadas, uma vez que a diferença na
contagem nos diferentes tempos foi inferior a uma célula (0,07 células).
Comparando esses resultados, com a média de células por campo encontrados no teste
convencional (21,04), observou-se que o último continuou apresentando uma quantidade
superior de células falcizadas. Contudo, a quantidade de células observadas para esses
métodos (15,64 células), também demonstrou ser eficientes para a triagem.
Os resultados observados no método utilizando óleo mineral sem metabissulfito de sódio em
lâmina, no tempo de 12 e 24 horas, foi de 11,13 e 13,8 células respectivamente. Essa variação
em relação ao tempo é pequena (média de 2,67).
Quando comparado o método com (15,57 células) e sem (13,80 células) metabissulfito de
sódio após 24 horas (Tabela 02), o teste com essa substância mostrou-se capaz de falcizar um
número maior de células, porém em quantidades inferiores a 2 células.
Comparando-se o teste contendo óleo mineral sem metabissulfito em lâmina (13,80 células)
para o tempo de 24 horas, com o teste convencional de falcização sem metabissulfito (16,23),
observou-se pouca diferença entre as médias dos dois testes (2,43 células). Sendo assim,
pode-se afirmar que a técnica utilizando óleo mineral sem metabissulfito de sódio em lâmina
mostrou-se tão eficaz quanto o método de falcização convencional. Contudo, o método
convencional utilizando metabissulfito, ainda mostrou-se superior a todos os testes aqui
realizados.
3.4 Método Utilizando Óleo Vegetal com e sem Metabissulfito de Sódio em Lâmina.
A técnica contendo óleo vegetal e metabissulfito obteve contagens altas, com 19,93
células em 12 horas e 22 células em 24 horas, quando comparados com todos os outros testes
novos aqui avaliados. A presença do metabissulfito se mostrou relevante, e isso pode ser
observado quando se compara esses resultados com aqueles obtidos pela mesma técnica,
contudo sem o metabissulfito (14,6 e 17,5, respectivamente). Comparando os testes
supracitados com o método de falcização convencional (21,04 e 23,04 células), verificou-se
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que ambos apresentam médias de quantificação celular muito próxima, principalmente em 24
horas, onde a diferença foi insignificante (apenas 1,04 células).
Figura 03 - Lâminas do teste utilizando óleo vegetal com metabissulfito (1) e sem metabissulfito
de sódio (2).
Fonte: Acervo do autor
Figura 04 - Células Falcizadas utilizando óleo vegetal, observada em microscópio
com aumento de 40x
Fonte: Acervo do autor
3.5 Avaliações da Viscosidade e do Tempo no Preparo do Testes
Na verificação do grau de viscosidade dos os óleos utilizados, observou-se que o mineral
obteve um valor de 36,6 centistokes, enquanto que vegetal apresentou um valor de 55,8
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centistokes. Esses resultados demonstram que o óleo vegetal é mais denso que o mineral, e
essa característica justifica a verificação de maior vedação entre a lâmina e lamínula,
observando-se assim uma maior eficiência na falcização das células.
Contudo, na cronometragem de execução de cada método (Tabela 03), observou-se que a
utilização do óleo mineral sem metabissulfito de sódio em lâmina foi o mais rápido (com ~30
segundos), seguido do teste utilizando óleo vegetal sem o metabissulfito de sódio em lâmina
(~35 segundos). Como a técnica utilizada em ambas os métodos era similar, verificou-se essa
diferença do tempo por conta dos valores do grau de viscosidade encontrados.
Comparando o método em lâmina com uso de óleo vegetal e metabissulfito de sódio (onde se
observou o melhor resultado entre as novas técnicas analisadas, com 22 células falcizadas), e
o teste de falcização convencional (com 23,04 células), verificou-se que o primeiro método
(com ~42s) obteve aproximadamente 100% mais rápido, quando comparado com o segundo
(~120s). Sendo assim, com a realização dessa nova técnica, o laboratório terá aumento no que
se refere a sua produtividade no que se refere ao preparo de dois exames, com o mesmo
tempo que é utilizado para a confecção de apenas um, pelo método convencional,
representando vantagem na competitividade e na otimização desse tempo para a execução de
outras atividades laborais observadas no ambiente laboratorial.
MÉTODOS
TEMPO LÂMINA
TEMPO TUBO
Óleo
mineral
com
metabissulfito de sódio ~ 38 segundos
~ 45 segundos
Óleo
mineral
sem
metabissulfito de sódio ~ 30 segundos
~ 38 segundos
Óleo
vegetal
com
metabissulfito de sódio ~ 42 segundos
~ 52 segundos
Óleo
vegetal
sem
metabissulfito de sódio ~ 35 segundos
~ 47 segundos
Teste de falcização com
metabissulfito de sódio ~ 1,20 minutos
Teste de falcização sem
metabissulfito de sódio ~ 1,05 minutos
TABELA 03: Tempo Estimado de cada Método
Vale ressaltar, que os valores referentes ao tempo gasto em todos os testes foram medidos,
utilizando-se como parâmetro a manipulação realizada por dois diferentes indivíduos. Apesar
de não ter se observado diferença significante de valores entre os manipuladores (dados não
mostrados), os tempos de preparo podem diferir de um técnico para outro, pois a experiência
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na manipulação dos materiais utilizados pode interferir. No entanto, mesmo sabendo da
existência dessa possível variável, espera-se que a média da diferença do tempo não seria
discrepante.
3.6 Avaliação de Custo e Tempo de Produtividade
Quanto aos materiais para vedação da lâmina (Tabela 04), verificou-se que a utilização do
óleo vegetal comparando com o óleo mineral tem como valor para a unidade de 1 (um) litro,
um preço 100 (cem) vezes menor, possibilitando a realização da mesma quantidade de
exames (3.333). Isto representa, considerando-se o custo unitário do óleo vegetal e do
mineral, um valor 100 (cem) vezes mais barato.
Comparando a vaselina sólida utilizada no teste de falcização convencional (50 exames),
ainda no que se refere a vedação da lâmina, com o uso do óleo vegetal (3.333 exames) para o
mesmo fim, verificou-se o aumento do custo em aproximadamente 100%, possibilitando, com
o uso desse óleo, uma quantidade de 66,6 vezes mais exames (Tabela 04).
TABELA 04. Preço das Substâncias para cada Amostra
O valor do metabissulfito de sódio para cada exame também foi vantajoso, com um custo de
milésimos de centavos de reais, além de ter apresentado uma boa reprodutibilidade (em um
pote de 500g consegue-se fazer 125.000 testes).
Na rotina laboratorial, para a execução do teste de falcização convencional normalmente se
utiliza o metabissulfito de sódio. Sendo assim, a média final de custos para sua elaboração foi
de R$ 0,26 centavos (Tabela 05). Comparando esse valor com aquele observado no método
contendo óleo vegetal com e/ou sem metabissulfito (R$ 0,16), observa-se uma diminuição de
R$ 0,10 centavos. Dessa forma, pode-se afirmar que o ultimo teste aqui relatado não apenas
apresenta um custo final menor, como também possui uma boa eficácia no que se refere a
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quantificação de células falcizadas, e metade do tempo para o preparo do mesmo.
MÉTODOS
Custo aproximado para 100
Exames
Óleo
mineral
com
metabissulfito de sódio
R$ ~24,00
Óleo
vegetal
com
metabissulfito de sódio
R$ ~16,00
Teste de falcização com
metabissulfito de sódio
R$ ~26,00
TABELA 05: Custo dos métodos com metabissulfito para 100 exames
3.7 Discussão Final dos Testes
O teste utilizando óleo mineral, tanto em tubo, quanto em lâmina, não se mostrou eficiente na
falcização das células, quando comparado com o teste de triagem padrão. Ao se acrescentar o
metabissulfito, verificou-se que ao mesmo reagiu quimicamente com o óleo, impossibilitando
assim a leitura dos resultados após 24 horas, o que acabou inviabilizando a utilização desse
reagente. Contudo, sabe-se que a presença do metabissulfito de sódio é importante no
aumento da hipóxia in vitro. De acordo com NAOUM (2004) e GÓES (2006), ele tem a
capacidade de retirar o oxigênio presente no meio, devido a sua ação antioxidante, reduzindo
a tensão das células, falcizando-as.
Em relação aos custos, verificou-se que os métodos utilizando óleo mineral apresentou um
valor final muito próximo ao encontrado no teste de falcização convencional, tendo uma
diferença de apenas 8,3% mais barato. O único benefício verificado nesse teste foi referente
ao tempo, apresentando o mais rápido de todos. Contudo, a leitura se mostrou não mais
eficiente pela baixa quantificação de células drepanocíticas, ou até mesmo a dificuldade de
visualização, quando utilizado o metabissulfito de sódio. Sendo assim, esse teste não se
mostrou eficiente para o seu objetivo final.
Por sua vez, quando testado o óleo vegetal, verificou-se uma maior falcização quando
comparado com o método utilizando óleo mineral. Isso possivelmente se justifica pelo fato do
primeiro óleo apresentar maior densidade, e, por conta disso, produzir uma vedação mais
eficiente. Testes posteriores devem ser realizados, para melhor elucidar as diferenças físicoquímicas de ambos, e entender melhor como se dá o mecanismo de vedação.
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O óleo vegetal também apresentou melhor vedação quando realizado o teste em lâmina,
comparadamente com o teste em tubo. As condições de hipóxia e a quantidade final de
volume (óleo e sangue) parecem ser inversamente proporcionais. Isso é, quando maior foi o
volume final (teste em tubo), menor foi a verificação da falcização, contudo, quanto menor foi
o volume utilizado (teste em lâmina), maior foi a quantidade de drepanócitos encontrados.
Vale reforçar que, quantidades muito pequenas de volume final também não são
recomendados. Sugere-se também que, mesmo em laboratório clínico de triagem, deve-se
realizar triplicatas para cada paciente analisado, minimizando a possibilidade de exames falso
negativos.
Por sua vez, quando comparado o teste utilizando o óleo vegetal com o teste de falcização
convencional, verificou-se que ambos obtiveram quantidades similares de células falcizadas,
comprovando assim, a eficiência daquele. Contudo, no que se refere a procedimento
metodológico, a vedação utilizando a vaselina (teste convencional – figura 01) poderá
apresentar desvantagens em relação ao óleo vegetal (figura 03), pois o primeiro, se não for
corretamente vedado, possibilitará a entrada de ar, não criando assim a condição adequada de
hipóxia, aumentando a possibilidade de resultados falso-negativos. No teste utilizando óleo
vegetal, isso não irá acontecer (independentemente do manipulador), pois a vedação é
verificada em toda a extensão da lamínula quando sobreposta a lâmina.
Em análise de custo e benefício, o óleo vegetal se mostrou mais rentável quando contrapondo
com todos os outros aqui realizados. Comparando os testes utilizando óleo para vedação, o
vegetal se mostrou 33,3% mais barato que o mineral, além de se mostrar 38,5% mais barato
que o teste convencional. Quanto ao benefício, o mesmo possibilitou uma contagem de
células falcizadas, semelhante ao observado no teste convencional, mostrando-se tão bom
quanto aquele. Contudo, verificou-se que o tempo gasto para a realização desse teste foi
aproximadamente a metade, quando comparado com o teste padrão de falcização.
Dessa forma, de todos os oito novos testes aqui estudados e comparados, associados com o
teste de falcização convencional, aquele que apresentou a melhor relação custo e benefício,
foi o Teste de Falcização utilizando Óleo Vegetal. Tais vantagens do teste (tempo, custo e
eficiência) são abordados por Coutinho (1993), onde o mesmo afirma que, frante à pressão
competitiva, “as empresas vão ter de se aprimorar na busca de padrões de produtividade,
qualidade e eficiência [...] o que exige um bom estruturamento [...] e fluxos de produção mais
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InterPHacis- 2012, Vol.1.
Informação Farmacêutica
eficiente” . Esta assertiva, coaduna com outra vantagem do exame com óleo de vegetal em
relação aos métodos aqui apresentados, por se tratar de produção.
4.Considerações Finais
De acordo com os resultados, conclui-se que os testes utilizando Óleo Vegetal em lâmina com
metabissulfito se mostrou o método mais vantajoso e eficaz, pois o mesmo não apenas
apresentou uma quantificação relativamente alta no que se refere à presença de células
falcizadas, bem como se destacou em relação ao seu custo final e tempo de execução.
Novas pesquisas já estão sendo realizadas com o intuído de melhor elucidar alguns
questionamentos encontrados durante o atual trabalho. Outros diferentes tipos de óleos
vegetais estão sendo testados, bem como suas características físico-químicas, e sua relação
custo e benefício.
5. Referências
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