Apost. NOVA AXVET - AP+ Mód. 2
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FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE APOSTILA 2 AUXILIAR VETERINÁRIO 1 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE Auxiliar Veterinário MÓDULO II Sumário Etapas da Vida do Cão Desenvolvimento do Cachorro Desenvolvimento do Gatinho Nutrição dos Animais Alimentando os Gatos Medicina Preventiva Calendário de Vacinação Endoparasitos Ectoparasitos Doenças dos Cães Principais Enfermidades dos Gatos Zoonoses Os Sinais Vitais Primeiros Socorros Princípios Cirúrgicos Aplicação de Medicamentos Os Diferentes Estabelecimentos Veterinários Pet Shop e Banho e Tosa Contenção e Transporte de Animais Espécies Exóticas e alguns Pássaros Trabalho em Equipe Atendimento ao Público 03 09 19 24 37 40 46 50 55 59 70 76 81 84 100 104 114 118 121 125 131 136 2º edição – maio/2009 AUXILIAR VETERINÁRIO 2 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE 2o MÓDULO Aula 21 As etapas da vida do cão A amamentação O final do metaestro (período correspondente à gestação ou à pseudogestação) é caracterizado por uma queda dos níveis de progesterona no sangue e por uma elevação temporária dos estrógenos, permitindo a dilatação do colo do útero e um aumento da prolactina, hormônio que permite a produção do colostro e depois do leite. Estas variações hormonais são idênticas numa cadela gestante e numa cadela não gestante, o que explica a freqüência de "lactação nervosa" ou "lactação de pseudogestação". Este fenômeno é observado em matilhas de cães selvagens e atinge essencialmente as cadelas de posição hierárquica inferior que podem então servir de "amas de leite" em caso de perturbações na lactação de cadelas dominantes. Assim, como em muitas outras espécies de mamíferos, a pseudogestação ressalta de forma evidente a importância do fator psicológico no desencadeamento da lactação. A lactação na cadela Dada a importância do fator psíquico, é compreensível que uma cadela que não se sente à vontade com a sua maternidade, contrariada pela escolha do seu ninho ou até anestesiada por uma cesariana, apresenta um atraso no aparecimento do leite. Este problema pode ser contornado, modificando as condições ambientais, utilizando produtos fito-homeopáticos ou ainda administrando medicamentos antieméticos que estimulam a secreção de prolactina pelo sistema nervoso central. Uma vez expulsos os primeiros cachorros, a excreção do leite é mantida por um reflexo neuro-hormonal. O ato de mamar ou a massagem dos mamilos, estimulam a secreção de uma outro hormônio, a ocitocina, que por sua vez lança o leite nos canais galactóforos. Este mecanismo é proporcional ao número de cachorros amamentados e permite que a produção de leite seja adaptada ao seu apetite. Os cachorros tornam-se de certa forma, prioritários em relação à saúde da mãe. AUXILIAR VETERINÁRIO 3 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE A produção de leite O primeiro leite, chamado colostro, é secretado pela mãe nos dois primeiros dias após o parto. Não tem nem o aspeto nem a composição do leite clássico. Na verdade, ele é amarelado e translúcido a ponto de se poder confundir com pus. O colostro é muito mais rico em proteínas do que o leite: além das suas qualidades nutritivas, ele permite estimular a primeira defecação dos cachorros e fornecelhes 95% dos anticorpos (imunoglobulinas) necessários para ficarem protegidos contra as infecções. Assim, a mãe transmite-lhes de forma passiva a sua "memória imunológica", por um período de cinco a sete semanas, enquanto os cachorros se vão tornando capazes de se defender das infecções. Os cachorros são capazes de absorver estas "defesas maternas" durante um período que não vai além das 48 horas após o parto. Após o qual estes anticorpos seriam destruídos pelo estômago antes da sua absorção e perderiam assim toda a sua eficácia. Nesse caso, os cachorros estariam protegidos apenas pelos anticorpos que atravessaram a barreira placentária durante a gestação (não mais de 5 %). Em poucos dias o colostro é substituído por leite, cuja composição depende do tamanho da raça da cadela (raças grandes têm um leite mais rico em proteínas), das aptidões genéticas individuais e da mama em questão (as mamas posteriores são mais produtivas). A lactação tem uma duração média de seis semanas após o parto, com o pico de produção máxima às três semanas. Nas semanas seguintes, o decréscimo da produção de leite incita a mãe a regurgitar alimentos para complementar a alimentação dos cachorros. Estes começam a ficar interessados no alimento que a mãe consome. Este período assinala o início de um desmame progressivo, que terminará por volta da sexta semana com a passagem para a alimentação de crescimento. Alimentação da cadela em lactação Em resumo, a escolha do alimento de "lactação" deve ter em consideração os seguintes critérios:] AUXILIAR VETERINÁRIO 4 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE - A apetência do alimento: dependendo particularmente da qualidade e da quantidade de gorduras e de proteínas de origem animal, - a alta digestibilidade, que permite uma boa assimilação do alimento num volume razoável (evita as dilatações abdominais após as refeições, reduz o volume e melhora a consistência das fezes), - o elevado conteúdo energético, que orienta a escolha para uma alimentação seca, - a qualidade e a quantidade das proteínas, indispensáveis para o desenvolvimento esquelético e muscular dos cachorros, - os níveis de cálcio, magnésio e vitamina D, que devem ser suficientes para diminuir os riscos de eclampsia (crises convulsivas durante a lactação), principalmente nas cadelas de raças pequenas com ninhadas numerosas. Aleitamento artificial complementar Quando a produção de leite durante as primeiras três semanas de lactação for insuficiente para satisfazer as necessidades de todos os cachorros (freqüente nas cadelas primíparas), é aconselhável fornecer a toda a ninhada um substituto do leite em vez de retirar e alimentar um ou dois cachorros exclusivamente com um leite artificial. Como os cachorros mamam espontaneamente mais de vinte vezes por dia, será difícil para o proprietário manter este ritmo de aleitamento. É suficiente alimentá-los a cada três horas na primeira semana, adotando um ritmo regular e respeitando imperativamente os tempos de sono (durante primeira semana de vida, os cachorros passam de mais de 90% do tempo dormir) indispensáveis aos fenômenos de ligação e impregnação. Embora seja possível para um proprietário adaptar o leite de vaca para alimentar os cachorros, a utilização de um substituto artificial do leite materno mostra-se muito mais adequada, principalmente devido ao fornecimento controlado em lactose. A fim de economizar tempo e dinheiro, os substitutos do leite materno apresentam-se sob a forma de pó. Além disso, esta apresentação seca diminui os riscos de ocorrer AUXILIAR VETERINÁRIO 5 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE diarréias nos cachorros, cuja acidez gástrica ainda é insuficiente para esterilizar o bolo alimentar de um modo eficaz. Depois da adição de água e do seu aquecimento a 37o C, o leite é administrado através de um biberon, ou, se o animal se recusar a mamar, através duma sonda (tipo sonda urinária). Quando o leite é administrado por via oral com a ajuda de uma seringa, ele deve ter uma consistência de papa mais espessa, para estimular o reflexo de deglutição e diminuir os riscos de "falso trajeto" (passagem para a árvore respiratória, responsável por uma pneumonia por aspiração). Quando o proprietário não tiver condições de adquirir um suscedâneo do leite do tipo comercial, pode-se fazer receitas caseiras, tendo o cuidado de não armazenar o produto por mais de 2 dias na geladeira. Exemplo de substituto de leite para cachorros: - meia lata de creme de leite - 1 lata de leite de vaca - 1 gema de ovo - 1 grama de suplemento vitamínico em pó Outra opção seria a adoção dos filhotes por outra fêmea em lactação, tomando o cuidado de verificar a aceitação dos mesmos pela cadela. O desmame Como em qualquer mudança nos hábitos alimentares, o desmame é uma fase progressiva que possibilita uma transição lenta da dieta láctea para um alimento de crescimento. É a alimentação que se deve adaptar à evolução da capacidade digestiva do cachorro e não o inverso. O início do período de desmame é naturalmente imposto pela diminuição da produção de leite pela cadela. Tendo atingido o seu nível máximo de produção, esta torna-se incapaz de satisfazer as necessidades crescentes dos cachorros. Nos cães de raças pequenas, a lactação cobre o período de crescimento mais intenso dos cachorros, satisfazendo assim as suas necessidades máximas. Por outro lado, os cachorros de raças médias e grandes são desmamados mais cedo, e o leite materno é "abandonado" num momento crítico do seu crescimento. Assim, embora o período de lactação seja mais penoso AUXILIAR VETERINÁRIO 6 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE para as cadelas de raças pequenas do para as gigantes, ocorre o inverso para os cachorros. Qualquer que seja o modo de aleitamento, o desmame deve ser sempre uma transição alimentar progressiva, que começa por volta das três semanas de idade e termina em torno das 7 a 8 semanas. Durante este período a mãe começa a tornar-se menos solidária com os cachorros, afirmando inclusivamente a sua precedência alimentar. Não é recomendado separar completamente os cachorros da sua progenitora antes desta data, para evitar mais uma fonte de stress a um período que já é por si só, muito sensível à drástica variação da dieta. Uma solução consiste em isolar progressivamente os cachorros durante o dia, e juntá-los novamente à mãe durante a noite. As exigências nutricionais dos cachorros no período de desmame são comparáveis qualitativamente às exigências da mãe no final da lactação (período de reposição das suas reservas), o que facilita consideravelmente a tarefa do proprietário. Com efeito, se não houver a possibilidade de fornecer "papas de desmame", o proprietário poderá colocar à disposição dos cachorros alguns croquetes para cães (alimento de crescimento) misturados com água morna ou leite de substituição. Progressivamente, este alimento será cada vez menos diluído para que no final do desmame seja fornecido sem qualquer tipo de manipulação. É necessário reter que a utilização de uma alimentação caseira requer sempre uma adição de minerais ao alimento base, sob a forma de suplementos comerciais: casca de ovo esmagada ou farinha de osso, para que a mineralização do esqueleto se processe de forma adequada. O reajuste diário que é necessário realizar com esta suplementação, torna esta prática rara nos dias de hoje. Inversamente, o acréscimo de um suplemento mineral a um alimento já equilibrado (comercial) apresenta o risco, mesmo nas grandes raças, de calcificações precoces e irreversíveis comprometendo gravemente o futuro dos cachorros. As necessidades em cálcio são avaliadas em função do peso dos cachorros: cerca de 400 mg/kg no início do crescimento, atingindo no final do crescimento as necessidades de adulto, estimadas em 200 mg/kg. A título de exemplo, um cachorro em crescimento com 30 kg terá necessidades de cálcio seis vezes superiores às de cachorro com 5 kg no mesmo estágio de AUXILIAR VETERINÁRIO 7 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE desenvolvimento. Em compensação, as suas necessidades energéticas serão apenas quatro vezes superiores. É por este motivo que é de extrema importância alimentar o cachorro com um alimento cuja relação cálcio/energia esteja adaptada ao seu potencial de crescimento. A alimentação da ninhada com uma ração seca ad libitum evita habitualmente a disputa de alimento entre os cachorros, controlando assim as diarréias por consumo excessivo. Durante o início do desmame, é aconselhável repartir a quantidade diária do alimento em três ou quatro refeições diárias, durante um tempo limitado (15 minutos), para prevenir a ocorrência de obesidade. Após o desmame, é recomendado um ritmo de duas refeições por dia. A obesidade que surge quando as células de gordura estão a sofrer uma multiplicação rápida (conhecida como obesidade hiperplásica), é muito mais difícil de tratar do que um excesso de gordura adquirida na idade adulta (conhecida como obesidade hipertrófica). Durante o período de crescimento, qualquer desequilíbrio nutricional vai afetar os tecidos em formação. Como os cachorros de raças pequenas são desmamados em pleno período de constituição do tecido adiposo, estão predispostos à obesidade se consumirem alimentos em excesso. Uma ligeira subalimentação é por isso menos prejudicial do que uma sobrealimentação. Além disso, enquanto que um pequeno atraso ponderal pode ser compensado posteriormente, a obesidade, quando ocorre durante o período de crescimento será dificilmente reversível na idade adulta. Nos cachorros de raças grandes, pelo contrário, o desmame ocorre durante a fase de crescimento esquelético. Uma insuficiência alimentar em proteínas ou em cálcio vai afetar a formação dos ossos (osteofibrose). Inversamente, um consumo de energia em excesso acelera o crescimento, o que torna o cachorro vulnerável a várias perturbações, como por exemplo displasias articulares ou osteodistrofia hipertrófica. O Desmame do Gatinho Constitui uma necessidade fisiológica, tanto para o gatinho como para a mãe. O gatinho evidencia necessidades nutricionais crescentes enquanto que a lactação começa a decrescer por volta da 5» ou 6» semana após o parto. A alimentação láctea passa então a ser insuficiente para satisfazer as exigências da ninhada. Paralelamente, o gatinho desenvolve-se, as suas capacidades digestivas evoluem e o seu organismo prepara-se para uma alimentação sólida. AUXILIAR VETERINÁRIO 8 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE A partir das 4 a 5 semanas de vida, o gatinho pode demonstrar interesse pela alimentação da mãe, começando por lamber o alimento que está perto da boca desta. De forma a que os jovens tenham acesso ao comedouro, este deve ser largo e com rebordos bastante baixos. Para além disso, se a apresentação do alimento for sob a forma de croquetes, estes devem ser de pequenas dimensões para facilitar a preensão dos gatinhos. Desde que se trate de um alimento adaptado, é aconselhável administrar à mãe, durante a lactação, um alimento idêntico ao que os gatinhos irão receber no pós-desmame. Evitar-se-á assim adicionar outro fator de stress ( a mudança de alimentação) ao período de desmame. Evolução da capacidade digestiva do cachorro À medida que o cachorro se desenvolve, ocorrem várias mudanças graduais que são responsáveis pela evolução da sua capacidade digestiva. Citando apenas um exemplo, a quantidade de enzimas digestivas capazes de digerir a lactose diminui progressivamente, enquanto que a aptidão para digerir o amido cozido é desenvolvida muito mais lentamente. Estas variações explicam o fato de alguns cachorros não tolerarem o leite de vaca (que é três vezes mais rico em lactose do que o leite de cadela), bastando diminuir a quantidade fornecida para controlar a diarréia, causada por uma saturação da capacidade enzimática. Estas alterações são essencialmente determinadas geneticamente e dependem pouco dos hábitos alimentares impostos aos cachorros. Aula 22 As primeiras etapas no desenvolvimento do cachorro Desenvolvimento físico Os cachorros crescem devido à construção e maturação de vários tecidos. Estes tecidos, de natureza diferente, não se formam todos ao mesmo tempo nem à mesma velocidade, o que explica a variação das necessidades alimentares dos cachorros, tanto no plano qualitativo quanto quantitativo. Poderíamos comparar o desenvolvimento físico à construção de uma fábrica. Esta, começa por um projeto (o sistema nervoso) e prossegue pela instalação de máquinas (o esqueleto). Para fazer funcionar estas "máquinas", serão então AUXILIAR VETERINÁRIO 9 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE necessários operários (os músculos) que irão reivindicar em seguida uma proteção social (a gordura). Esta imagem, apesar de ser demasiado simplista, visto que estas fases são naturalmente progressivas e simultâneas, apresenta o interesse de sublinhar os riscos inerentes a cada estágio de desenvolvimento do cachorro e ilustra: - a razão pela qual existe uma insuficiente reserva energética no cachorro ao nascimento. A gordura só é depositada numa fase mais tardia do desenvolvimento do cachorro, apesar de ser a principal fonte de armazenamento de energia. A única fonte de energia que o recém-nascido contém é constituída pelas pequenas reservas de glicogênio (fígado e músculos), as quais cobrem apenas as necessidades referentes às doze horas após o parto. O cachorro, fica deste modo dependente das condições térmicas exteriores, até ao aparecimento do reflexo do calafrio (depois do 6¼ dia), desenvolvimento do tecido adiposo (final da terceira semana) e aparecimento dos mecanismos de regulação térmica. - a variação existente entre as necessidades alimentares das várias raças e, para um mesmo indivíduo, durante as diferentes fases do seu desenvolvimento. A composição do corpo evolui durante o crescimento no sentido de uma diminuição do seu teor em água e em proteínas, para favorecer um aumento das gorduras e dos minerais. - a obesidade, que ameaça as raças pequenas de forma muito mais precoce que as raças grandes. Uma pesagem diária dos cachorros, sistematicamente à mesma hora, permite controlar o seu crescimento. Os cachorros de raças grandes, que multiplicam o seu peso por 100 até atingir a idade adulta, merecem uma atenção e uma vigilância especial. De uma forma geral, um cachorro que não ganhe peso durante dois dias consecutivos deve ser cuidadosamente vigiado. A causa responsável pelo atraso de crescimento deve ser rapidamente pesquisada. Esta causa pode estar relacionada com a mãe se toda a ninhada apresentar o mesmo problema (leite insuficiente ou tóxico), ou a fatores individuais se apenas alguns cachorros apresentam este atraso (fenda palatina, competição alimentar). Visto que durante este período a morbidade e a mortalidade da ninhada podem aparecer de forma rápida e inesperada, o proprietário deve controlar outros AUXILIAR VETERINÁRIO 10 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE parâmetros, nomeadamente: observação dos cachorros a mamar, escuta de gemidos, a observação do comportamento materno, a apreciação da vitalidade, da temperatura retal e do estado de hidratação dos cachorros. Desenvolvimento comportamental dos cachorros Antes do desmame, a mãe assume, muito mais do que o pai, uma parte ativa no desenvolvimento físico e comportamental dos cachorros, parte que se mostrará determinante para o equilíbrio e integração posterior destes no seu novo meio social. Sem estudar aqui o conjunto das etapas do desenvolvimento do cachorro, já que a sua cronologia difere substancialmente de raça para raça (as raças pequenas são mais precoces), um elevado número de erros ou de inconvenientes podem ser evitados, pelo simples conhecimento dos períodos mais favoráveis à aprendizagem ou sensíveis à aversão. O desenvolvimento nervoso do cachorro não está completo ao nascimento. Com efeito, ele nasce surdo, cego, dotado de muito pouco olfato e de um sistema nervoso desmielinizado, ou seja incapaz de conduzir rapidamente os impulsos nervosos. O conhecimento das etapas do seu desenvolvimento motor, psíquico e sensorial, é útil para o diagnóstico precoce de certas anomalias, mas principalmente para dirigir o desenvolvimento do cachorro no sentido da sua eventual utilidade. Assim, a partir da quarta semana, é possível proceder ao diagnóstico precoce da surdez nas raças predispostas (Dálmata, Dogue argentino, etc). Durante as duas primeiras semanas de idade, é útil verificar o instinto materno da reprodutora (especialmente a limpeza dos cães, indispensável para os seus reflexos de defecação e de micção) e vigiar o aleitamento, colocando os cachorros menos vigorosos ou os mais subordinados nas mamas que produzem um leite mais rico. Por vezes, é necessário controlar as unhas dos cachorros, as quais podem traumatizar as mamas e levar a uma recusa de aleitamento. Os etologistas têm por hábito dividir o período de maturação do cachorro em quatro etapas sucessivas: AUXILIAR VETERINÁRIO 11 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE O período pré-natal Os fetos no útero não estão totalmente isolados do meio exterior. O desenvolvimento das técnicas de ecografia permitiu observar as várias reações dos fetos quando se realiza na mãe, uma palpação abdominal a partir da quarta semana de gestação. O seu sentido do tacto desenvolve-se portanto muito cedo, e nada impede pensar que seriam sensíveis às festas feitas à mãe durante a gestação. Da mesma forma, o stress da mãe pode aparentemente ser sentido pelos cachorros, podendo levar a abortos, atrasos de crescimento intra-uterino, dificuldades de aprendizagem depois do nascimento ou até a deficiências imunológicas. Finalmente, embora o olfato se desenvolva apenas após o nascimento, o sentido do gosto aparece mais precocemente: parece que a alimentação consumida pela mãe durante a sua gestação, pode de alguma forma orientar as posteriores preferências alimentares dos seus cachorros. O período neonatal O período neonatal tem início no nascimento e termina com a abertura das pálpebras. Foi frequentemente chamado "fase vegetativa", visto que a vida do cachorro parece estar dominada pelo sono e por algumas atividades reflexas. Durante esta fase, o cachorro apenas reage aos estímulos tácteis e move-se em direção às fontes de calor, rastejando. Este tipo de movimento é possível pelo desenvolvimento do sistema nervoso central que se mieliniza na direção anterior-posterior permitindo, desta forma, a motricidade dos membros anteriores antes da dos membros posteriores. Se excluirmos os fenômenos reflexos, a percepção dolorosa é a última a aparecer no desenvolvimento neurológico, o que explica que algumas pequenas intervenções cirúrgicas podem ser realizadas sem anestesia durante este período. Durante o período neonatal, basta confinar a mãe e a sua ninhada numa maternidade quente e acolhedora. Se o instinto materno parece falhar, ou se a ninhada for pouco numerosa, é possível completar os estímulos tácteis dos cachorros explorando a normalidade dos seus reflexos (reflexos de micção, de defecação, de AUXILIAR VETERINÁRIO 12 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE mamar, educação gustativa). Os outros estímulos (música, brinquedos, cores, etc.) ainda são inúteis nesta idade e apenas perturbam o sono da ninhada. O Período de Transição Também chamada "fase de despertar", corresponde ao período de abertura das pálpebras (por volta dos 10 a 15 dias de idade). Este período termina assim que o cachorro começa a ouvir, ou seja, a reagir aos ruídos (perto da quarta semana). Mesmo que a visão ainda não esteja perfeita nesta fase, a persistência de comportamentos tais como o escavar ou as explorações tácteis, permitem suspeitar de perturbações na visão. O Período de Socialização Como o seu nome indica, o período de socialização representa para os cachorros uma fase de aprendizagem da vida social. Começa por um período de atração (não têm medo de nada) e prossegue geralmente por um período de aversão (medo de tudo o que é novo). Os cachorros tornam-se progressivamente capazes de comunicar, e adquirem o sentido da hierarquia interpretando as represálias maternas, os sinais olfativos e de postura. Se, por falta de tempo ou de observação, não se aproveita o período de atração do cachorro (geralmente 3 a 9 semanas) para o acostumar ao seu futuro ambiente, será muito mais difícil retificar os maus hábitos adquiridos. Este período, extremamente sensível e maleável, pode ser explorado pelo proprietário ou criador para: - favorecer os contactos com os futuros proprietários (em especial com as crianças) caso se trate de um animal de companhia, e com os indivíduos com os quais deverá conviver em paz (carteiros, gatos, ovelhas), - habituar o cachorro aos estímulos que encontrará na sua vida futura (barulhos, odores de roupa, tiros se tratar de um cão de caça como o Setter ou o Perdigueiro, carros, helicópteros, etc.), AUXILIAR VETERINÁRIO 13 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE - reforçar a aprendizagem da hierarquia, impondo-lhe, se necessário, posturas de submissão (segurando-o pelo dorso ou pela pele do pescoço). Pelo mesmo método, é possível reforçar os comportamentos desejados e reprimir as atividades indesejadas; - motivar os contactos entre cachorros, sancionando aqueles que ainda não controlam bem a intensidade da sua mordida, - observar o comportamento dos cachorros para poder orientar a escolha dos futuros proprietários, em função do caráter de cada um. As tendências para a dominância podem ser percebidas a partir desta época, através de jogos, de imitações sexuais e dos comportamentos alimentares. Em algumas raças (Cocker, Golden), a agressividade tornou-se mesmo um motivo de não confirmação. - muitas atitudes ditas "naturais" podem ser adquiridas durante este período, principalmente se a mãe estiver habituada a esses estímulos e de evidenciar uma postura calma junto da sua ninhada durante o período de aversão. Posto isto, aconselham-se classicamente dois períodos propícios para a venda dos cachorros: - a partir da 7° semana, se o proprietário entende de educação canina e deseja adquirir um cachorro "maleável"; - no final do período de aversão (pela 12° semana), se o cliente procura um cachorro "pronto", que já tenha sido socializado e ensinado por um profissional. Em todos os casos, será sempre útil orientar a escolha do futuro proprietário, de modo a obter um cachorro adaptado às suas exigências. Também devem ser dados conselhos de socialização que deverão ser posteriormente reforçados pelo apoio do Médico Veterinário durante a consulta pós-compra. Para evitar uma ligação demasiado forte do cão ao seu dono (que frequentemente se traduz em danos ambientais quando o cão é deixado sozinho), será bom lembrar do fenômeno natural de "desligamento" que ocorre antes da puberdade quando o cachorro é deixado com a mãe. AUXILIAR VETERINÁRIO 14 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE Aula 23 O crescimento do cachorro O crescimento constitui o período mais crítico da vida do cão, visto que condiciona o seu desenvolvimento futuro e inclui fases de elevado risco patológico, nomeadamente a fase de crescimento que se segue ao desmame, que é a mais intensa. Esta fase é muito delicada porque corresponde ao período em que se sucedem numerosas exigências (nutricionais, de medicina preventiva com as primeiras vacinações, de desenvolvimento do comportamento), e condiciona: – o próprio crescimento (ganho de peso que determina o peso atingido na idade adulta) e a velocidade de crescimento (ganho de peso por unidade de tempo); – o desenvolvimento (aquisição da conformação e das várias características do adulto) em relação com a precocidade do cachorro (ou seja, a velocidade de desenvolvimento que permite atingir mais ou menos rapidamente o estado adulto fisiológico). O início deste período é também o momento em que o cachorro é adquirido, separando-o da sua mãe, e levando frequentemente a diversas alterações alimentares, do modo de vida e das ligações afetivas. Os cães têm velocidade de crescimento diferente O crescimento de um cachorro não é linear com o tempo: ou seja, o seu ganho de peso diário evolui com o decorrer do tempo. Assim, o ganho de peso diário aumenta após o nascimento para alcançar um patamar de duração variável, diminuindo depois, à medida que o animal se aproxima da sua maturidade (idade e peso adulto). No plano estritamente matemático, a evolução desta velocidade de crescimento (fala-se em AUXILIAR VETERINÁRIO 15 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE GMD, ou ganho médio diário) corresponde a uma derivada da função sigmóide representada pela curva de crescimento (evolução no peso em função do tempo). As diferenças entre as raças de cães são observáveis desde o nascimento: uma cadela Caniche, por exemplo, dá à luz três cachorros pesando cada um 150 a 200 gramas, enquanto que o peso à nascença de cachorros Terra Nova (oito a dez cachorros) oscila entre 600 e 700 gramas. Mesmo que um cão adulto de raça gigante pese 25 vezes mais que um cão de raça pequena, a relação dos seus pesos à nascença não ultrapassa um fator de 1 para 6. Isto significa que as diferentes raças têm diferentes padrões de crescimento, sendo a amplitude e a duração do crescimento, proporcional ao peso final do cão. O envelhecimento O envelhecimento é um processo biológico progressivo que, na verdade, começa a desenvolver-se desde o nascimento do cão, intensificando-se até à sua morte. Qualquer que seja a espécie, é responsável por modificações celulares, metabólicas e orgânicas cuja importância começa a ser melhor entendida no cão. A mudança mais importante é sem dúvida, o aumento da variabilidade dentro de uma população canina já bem heterogênea, sendo o tamanho individual um dos fatores mais importantes. Daqui resulta a necessidade de ter uma abordagem crítica em relação às tendências gerais baseadas em médias, porque, apesar do exame físico pôr em evidência uma desaceleração de numerosos processos biológicos no cão idoso, algumas afecções patológicas podem também mostrar-se responsáveis por estas variações. Além disso, o recurso a novas teorias fisiológicas que têm os seus fundamentos naquilo que se chama a "dinâmica caótica", pode por vezes pôr em causa aquilo que a sensatez médica atribui classicamente ao envelhecimento, a saber que este seria apenas conseqüência da desregulagem de um sistema vivo ordenado e automático. Resultaria no aparecimento de efeitos aleatórios que modificariam os ritmos periódicos normais do organismo. Mas paradoxalmente, um coração jovem e sadio pode ter um comportamento mais fortemente caótico do que um coração velho: um funcionamento AUXILIAR VETERINÁRIO 16 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE mais regular acompanha por vezes, sem que isto seja evidentemente a norma, o envelhecimento. Mas antes de envelhecer, o cão torna-se "maturo". De fato, biologicamente falando, existem duas fases sucessivas na vida de um cão adulto, sendo a fase de envelhecimento precedida pela segunda fase. A maturidade Antes de atingir a velhice, o cão passa por uma fase de maturidade, comparável a um segundo período da sua idade adulta (para simplificar, poderíamos falar em fase adulta 1 – entre o final do crescimento e a maturidade – e fase adulta 2 – período que precede a velhice). A maturidade é um período de realização do cão, durante a qual se instalam modificações celulares. Apesar destas modificações não serem ainda observáveis a olho nu, são uma indicação de idade avançada. O envelhecimento e suas conseqüências No que diz respeito à composição global do organismo, no cão idoso verifica-se : - um aumento dos depósitos adiposos, sendo o animal mais gordo e metabolizando pior os seus lipídios; - uma diminuição na hidratação do organismo, comparável a uma desidratação crônica, que é prejudicial ao seu bom funcionamento. Algumas funções não digestivas estão alteradas : - redução da proteção imunológica, - diminuição da resistência ao frio e das capacidades de luta contra o calor, - redução gradual da função renal, - desmineralização lenta do esqueleto, - destruição das membranas celulares devido ao "stress oxidativo membranário", - aumento dos casos de insuficiências hepáticas AUXILIAR VETERINÁRIO 17 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE ou cardíacas, - aumento evidente da freqüência de tumores, malignos ou benignos, - o pêlo torna-se baço e a pele laxa. As funções digestivas também são atingidas : - a dentição pode-se tornar um problema para o animal, com o aumento da formação de tártaro (o qual deve ser tratado), podendo causar inflamações e infecções nas gengivas que podem conduzir à perda dos dentes; - à medida que o cão engorda, a saliva é produzida em menor quantidade pois o tecido adiposo invade as glândulas salivares; - a passagem dos alimentos através do trato intestinal é mais lenta, devido a um decréscimo do tônus muscular intestinal. Assim, o cão pode evidenciar fases obstipação, às quais se seguem frequentemente episódios de diarréias; - o intestino torna-se progressivamente menos capaz de se adaptar a uma modificação do alimento. Por esta razão, a alimentação deve permanecer constante. A absorção dos nutrientes é menos eficiente, sendo necessário fornecer um alimento hiperdigerível. comportamento do cão também sofrem modificações: Finalmente, os sentidos e o - queda da acuidade visual e perda da visão são freqüentes, - o sentido do olfato pode estar diminuindo, - o animal torna-se apático, pois fica mais fraco e menos resistente. Assim, deve-se fornecer um alimento com baixo teor energético. EXERCÍCIOS 1. Um cão da raça Pinscher cresce da mesma maneira que um São Bernardo? Por que? 2. O que acontece com o animal na velhice? Explique resumidamente. AUXILIAR VETERINÁRIO 18 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE Aula 24 O desenvolvimento do gatinho Entre o nascimento e a idade adulta o gatinho adquire inúmeras capacidades. As principais modificações podem ser observadas antes do desmame, ou seja, enquanto ainda são amamentados pela mãe. Os 5 sentidos Quando nasce, o gatinho possui já um olfato bastante desenvolvido, o que lhe permite encontrar a mãe num raio de 50 cm. De igual forma é capaz de diferenciar os 3 sabores fundamentais: doce, salgado e amargo, sendo estes dois últimos pouco apreciados. Por outro lado, o gatinho nasce cego e surdo. voz da mãe. O animal adquire estes dois sentidos quase em simultâneo. A audição surge por volta dos 5 dias de idade, mas a orientação em função do som só é conseguida por volta dos 14 dias. O animal só irá adquirir as capacidades auditivas da idade adulta ao atingir 1 mês de vida, passando então a reconhecer a O gatinho abre os olhos entre os 7 e os 15 dias após o nascimento. Precisará ainda de mais 3 a 4 dias para adquirir a noção de profundidade de campo. A adaptação à aquisição simultânea da visão e da audição requer vários dias. O gatinho possui desde muito cedo o sentido de equilíbrio, ainda que de início se mostre um pouco desajeitado. Até às 2 semanas de idade, o gatinho tem alguma dificuldade em coordenar os movimentos. A locomoção sobre as 4 patas inicia-se por volta dos 17 dias e a aquisição da agilidade suficiente para conseguir coçar as orelhas com a pata posterior aproximadamente às 3 semanas. AUXILIAR VETERINÁRIO 19 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE As grandes regiões anatômicas não se desenvolvem todas ao mesmo ritmo. Assim, o gatinho nasce com uma cabeça relativamente grande, seguidamente observase um alongamento dos membros: o animal parece ser muito alto, com uma locomoção desengonçada. Finalmente, o resto do corpo desenvolve-se, apresentando as proporções típicas do adulto. O crescimento do gatinho O crescimento do gatinho pode ser acompanhado através do seu aumento de peso. O peso é um critério facilmente registável. Deve ser obtido diariamente, à mesma hora, em todos os gatinhos da ninhada. Este registro permite visualizar a evolução do peso, gatinho a gatinho, e comparálos entre si. Um gatinho deve aumentar de peso todos os dias. Alguns pontos de referência permitem avaliar se o crescimento se está a processar de forma normal. Se um gatinho não aumentar de peso durante dois dias consecutivos, ou perder peso, será conveniente determinar a causa: subalimentação da mãe, doença… fases: O crescimento normal de um gatinho desde a concepção até ao tamanho adulto processa-se em 3 • No período neo-natal aproximadamente os 4 primeiros dias de vida, a velocidade de crescimento pode ser muito variável, principalmente em função das condições do parto. Se este tiver sido difícil, os gatinhos poderão evidenciar uma estagnação, mas raramente perdem peso. Durante o período exclusivamente de amamentação, representado pelas quatro primeiras semanas, o crescimento é regular, linear e permite para além disso prever o peso em função da idade. Assim, o peso do 7° ao 10° dia é igual ao dobro do peso à nascença. O peso à 4° semana é igual a 4 vezes o peso de nascimento. • O período pré-desmame : período de transição alimentar que vai da 4a à 7a semana de idade. Por volta das 4a a 5a semanas, observa-se uma redução da velocidade de crescimento, correspondente a um decréscimo da lactação, associada a um subconsumo transitório de alimentos. Por volta da 7» semana, é observável um novo impulso no crescimento, que assinala o final do período de desmame: o gatinho consome uma AUXILIAR VETERINÁRIO 20 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE grande quantidade de alimentos sólidos que permitem a sua evolução. Atenção, mesmo durante este período de transição o gatinho continua a engordar. Geralmente, o peso às 8 semanas é igual a 2 vezes o peso à 4» semana, ou seja, 8 vezes o peso à nascença; • O período pós-desmame : ao fim de 8 semanas inicia-se o período de autonomia do gatinho, que corresponde à expressão das suas potencialidades genéticas. A variabilidade individual expressa-se então plenamente. O gatinho passa a alimentar-se por si só, à descrição, e cresce então até ao seu tamanho de adulto. Uma vez atingido o tamanho adulto, por volta dos 10-12 meses, o gato deve normalmente conservar o peso constante. Fatores que influenciam o crescimento do gato Dentre os fatores que influenciam o crescimento do gatinho distinguem-se os fatores intrínsecos, dominados pela genética (raça, sexo, patrimônio genético dos pais, mecanismos hormonais), e os fatores extrínsecos constituídos pelo meio ambiente no sentido mais amplo, representado fundamentalmente pela alimentação da mãe e depois do gatinho, influenciado por condições sanitárias e sociais (condições de criação, tipo de vida e qualidades maternais). Fatores intrínsecos • A raça : tal como na maioria das espécies vivas, quanto mais pesada for a raça, mais rápido é o crescimento; • O sexo : pouco nítido à nascença, o dimorfismo sexual aumenta com a idade, os machos tornam-se significativamente mais pesados do que as fêmeas entre as 6 e as 12 semanas de vida. O macho evidencia assim um potencial de crescimento superior ao da fêmea, mas também mais tardio, uma vez que o seu crescimento se prolonga algumas semanas para além do das fêmeas; • Os fatores familiares : o gatinho recebe, metade do seu material genético da mãe e a outra metade do pai e este conjunto vai remodelar-se entre si. Os caracteres familiares podem assim, dentro de uma mesma raça, traduzir-se em indivíduos de corpulência, tamanho ou tipo morfológico diferente, fator amplamente utilizado na seleção; • O peso da mãe : este parâmetro não é independente da raça e dos fatores familiares. Quanto mais pesada AUXILIAR VETERINÁRIO 21 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE for a mãe (simultaneamente de grande porte e em bom estado físico) mais rápido será o crescimento, o que se explica em parte pelas qualidades do leite materno. • Os fatores genéticos individuais : a mistura dos genótipos materno e paterno leva à formação de um indivíduo único, criando variações individuais dentro da mesma ninhada. É por este motivo que, para calcular melhor o crescimento do jovem animal, é preferível utilizar a média das medidas dos pais. • Os fatores hormonais : a seguir ao nascimento determinadas hormônios sintetizadas pelo jovem orientam o seu crescimento. Contrariamente ao que se passa na espécie humana, as perturbações hormonais endógenas passíveis de perturbar o crescimento são raras no gatinho. A diabetes juvenil é mais marcada por distúrbios metabólicos do que por problemas de crescimento. O hipotiroidismo é muito raro, o nanismo um caso excepcional. Finalmente as raras anomalias responsáveis por uma secreção anormal dos hormônios sexuais parecem perturbar muito pouco o crescimento do gatinho. Aliás, a esterilização precoce não altera nem o aumento ponderal nem o crescimento em termos de "estatura", ou seja, o porte adulto definitivo. Em contrapartida, a utilização terapêutica de hormônios no gatinho pode perturbar de forma assinalável o equilíbrio endócrino natural e, consequentemente, modificar o crescimento. Deve ser realizada com grande prudência e unicamente por razões médicas. Fatores ambientais • A higiene do gatil e o stress ambiental : O período de amamentação é muito exigente para a mãe e sensível para o gatinho. Como tal, a higiene deve ser rigorosa a partir do período que antecede o parto, incluindo quer o material colocado à disposição da gata quer o local onde se encontrem os gatinhos. Uma higiene deficiente pode fragilizar a mãe e a ninhada. Para além disso, quando a gata é constantemente perturbada, a amamentação ressente-se. O crescimento do gatinho processa-se, como no caso de todos os animais jovens, durante o sono. Durante os primeiros dias de vida, o gatinho dorme quase continuamente e mama sempre que é acordado pela mãe através de lambidelas. Durante o crescimento, passa mais tempo a brincar e a explorar o meio envolvente e menos tempo a dormir. Contudo, a qualidade do seu sono continua a ter um papel muito importante. Além disso, sob o efeito do stress, são segregadas certos hormônios que podem perturbar gravemente o equilíbrio hormonal e o seu crescimento. Assim, um ambiente gerador de stress pode perturbar o bem-estar tanto das crias como da mãe, AUXILIAR VETERINÁRIO 22 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE comprometendo um crescimento que à partida parecia ser ótimo. O ambiente do "ninho" e da ninhada deve ser preservado de qualquer agitação ao nível das instalações, de grandes alterações de temperatura, de presenças estranhas… • Dimensões da ninhada : As ninhadas numerosas são usualmente constituídas por gatinhos com menos peso do que as ninhadas de dimensões mais reduzidas. Esta diferença de peso tende mesmo a aumentar durante as primeiras semanas de vida (numa ninhada numerosa a mesma quantidade de leite é partilhada por um número superior de gatinhos). Os gatinhos provenientes de ninhadas numerosas (6 ou mais) têm menos peso até atingirem aproximadamente os dois meses de vida. Só depois do desmame, quando o gatinho passa a receber uma alimentação sólida, é que esta diferença se atenua. Fatores nutricionais A alimentação da mãe durante a gestação influencia o peso à nascença e a viabilidade dos gatinhos. Do nascimento até ao desmame, a alimentação do jovem resume-se ao leite materno. Como tal a sua qualidade e quantidade são fatores determinantes do crescimento e saúde dos gatinhos. Deve ser tomada em consideração tanto a alimentação materna como a alimentação das crias. As necessidades de uma gata em lactação aumentam muito. Durante a gestação a gata acumula reservas. No início do período de aleitamento, as reservas maternas são utilizadas para a produção de leite. Como o organismo materno está vocacionado em primeira instância para a produção de leite, se a gata estiver subalimentada começará a perder peso. O efeito seguinte será a diminuição da quantidade de leite produzido. Uma gata alimentada ad libitum durante a fase de gestação e lactação regressa ao seu peso inicial (antes da gestação) no momento do desmame (6 a 7 semanas após o nascimento dos gatinhos). Quando a gata recebe apenas 50% das suas necessidades no período que vai das 5 semanas antes do parto até ao final da lactação, chega a perder até 33% do seu peso inicial. A conseqüência desta subnutrição materna é, em primeiro lugar, a falta de atenção em relação aos gatinhos, a gata evidencia uma grande irritabilidade sempre que estes tentam mamar. Esta alteração do comportamento materno, acrescido da subnutrição dos gatinhos por falta de leite, vai comprometer o futuro da ninhada. AUXILIAR VETERINÁRIO 23 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE A subnutrição dos gatinhos durante a fase de amamentação pode dever-se a diversas causas: à subnutrição da mãe, tal como acabamos de ver, mas também a uma lactação insuficiente (ninhada muito numerosa, mãe que produz pouco leite) ou mamadas insuficientes (a mãe não deixa as crias mamarem o tempo necessário, demasiados gatinhos, ambiente estressante, pouco calmo). Em todas as circunstâncias referidas os gatinhos enfraquecem rapidamente. Observa-se desidratação, hipoglicemia, diminuição da temperatura corporal a que se sucede a morte. Vários fenômenos explicam este enfraquecimento muito rápido : • O fígado do gatinho não atingiu ainda a sua maturidade e depende como tal de uma fonte de açúcar externa, resultante da digestão da lactose que fornece a glicose. Em caso de subalimentação, a hipoglicemia é inevitável e pode conduzir ao coma. • Os rins do gatinho são imaturos à nascença. O recém-nascido não possui ainda a capacidade de regular as trocas de água e minerais, pelo que deve beber frequentemente e em pequenas quantidades. Qualquer fator que restrinja a amamentação vai expô-lo a uma desidratação rápida. • O gatinho - principalmente o recém-nascido - não possui reservas de gordura que lhe permitam lutar contra temperaturas demasiado baixas e é incapaz de regular a sua temperatura corporal. A ingestão regular e suficiente de leite, assim como os cuidados maternos durante a amamentação (lamber) e o "ninho" (calor da mãe) são fatores indispensáveis para evitar a hipotermia. A temperatura retal dos gatinhos deve ser vigiada, especialmente se o seu peso estagnar repentinamente. Aula 25 A nutrição dos animais A alimentação caseira Sob o termo "alimentação caseira" está agrupado um conjunto heterogêneo de modos de alimentação, desde a utilização exclusiva de sobras de refeições até à elaboração de alimentações sofisticadas, mas preparadas pelo dono, e que têm em conta todos os dados dietéticos indispensáveis ao equilíbrio nutricional. Os Veterinários dispõem até mesmo de programas informáticos muito completos, elaborados por professores investigadores das escolas de Veterinária de AUXILIAR VETERINÁRIO 24 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE Alfort e de Toulose, que lhes permitem prescrever aos seus pacientes caninos dietas perfeitamente adaptadas a todos os tipos de porte. No sentido mais clássico, a ração doméstica compõe-se de uma mistura "carnearroz-cenoura", à qual deve sempre ser acrescentado um complemento mineral e vitamínico específico. É evidente que podem ser utilizados outros ingredientes substitutos, desde que o seu valor nutritivo seja equivalente. Mas, será necessário conhecê-los bem para não cometer erros. No caso mais simples de manutenção, a associação "produtos de carne + fontes de amido + legumes + suplementos" pode concretizar-se de maneira extremamente diferente, conforme os ingredientes escolhidos e as proporções respeitadas. No plano prático, os conselhos clássicos do tipo: - um terço de carne, um terço de arroz não cozido, um terço de legumes, associados a um suplemento mineral e vitamínico (modelo "1/3-1/3-1/3"); - quatro partes de carne, três partes de arroz não cozido, duas partes de legumes, uma parte de um suplemento composto por um terço de levedura dietética, um terço de osso desidratado, um terço de azeite (modelo"4-3-2-1") são muito simplistas e devem ser questionados, pois não levam em conta, por exemplo, as variabilidades de tamanho das diferentes raças de cães. Por outro lado, substituindo a carne gorda por carne magra, o valor energético de uma ração, como a definida acima, passará de cerca de 2000 kcal para aproximadamente 1250 kcal/kg de alimentação! A relação "proteína/caloria", expressa em gramas de proteínas por megacaloria de energia, bastante importante para o cão, depende estreitamente da fonte de carne utilizada: peixe magro ou gordo, tipo de carne. Assim, o conteúdo em lipídeos da carne pode variar de 0,5% a 35%, o seu conteúdo em proteínas de 10% a 20% e em água de 45% a 80%! Na alimentação caseira também é importante determinar se as fontes de amido a serem utilizadas estão cruas ou cozidas nas proporções utilizadas, pois o arroz absorve até três vezes o seu peso em água durante o cozimento. AUXILIAR VETERINÁRIO 25 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE Enfim, neste contexto de alimentação tradicional, é evidente que o complemento vitamínico-mineral incorporado não pode ter em conta as ingestões vitamínicas e minerais específicas para cada tipo de dieta e a imprecisão da dosagem ponderal pode perturbar o equilíbrio nutricional global da mistura. Caso seja adotada esta solução, o dono deverá utilizar um complemento no qual a relação Ca/P (relação dos conteúdos em cálcio e em fósforo) seja obrigatoriamente igual a dois. A alimentação industrializada Derivados das indústrias agro-alimentares humana e dos animais de produção, os alimentos industriais são classificados em função do seu conteúdo em água: • Alimentos úmidos (70% a 85% de umidade): - alimentos enlatados, carnes e legumes frescos; - carnes cozidas para conservação no frio. • Alimentos semi-úmidos (25% a 60% de umidade): - alimentos cozidos e estabilizados graças à presença de conservantes e mantidos sob refrigeração. • Alimentos secos (menos de 14% de umidade): AUXILIAR VETERINÁRIO 26 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE - croquetes, biscoitos, flocos de cereais, massas, arroz tufado. Os diferentes alimentos podem ser "completos" ou "complementares", estes últimos devendo ser associados a outros para assegurar o suprimento das necessidades fisiológicas. As técnicas de fabricação As latas As latas (conservas) são alimentos esterilizados durante o processo de enlatamento (1 hora e 30, dos quais 55 minutos a 120°C) e acondicionados em recipientes estanques a líquidos, gases e microorganismos. Os produtos são constituídos principalmente por carnes e miúdos derivados daquilo a que chamamos "subprodutos" (alimentos não consumidos pelo homem), tratados sob a forma fresca ou congelada. A indústria de alimentos em lata surgiu em 1923 nos Estados Unidos e teve o seu maior desenvolvimento a partir dos anos 50. Alimentos semi-úmidos Estes produtos não são esterilizados mas são: - estabilizados com a ajuda de açúcar, sal ou aditivos químicos (ex.: propilenoglicol), - ou conservados sob refrigeração. Alimentos secos (croquetes) As tecnologias utilizadas são originadas directamente das utilizadas na alimentação humana: - as massas são preparadas a partir da sêmola de trigo duro, triturada a vácuo, comprimida e depois cozida a vapor; - os biscoitos, que apareceram pela primeira vez na Grã Bretanha em 1885 e em França em 1920, são feitos de farinha amassada e, em seguida, cozida em forno tubular a vapor após o corte; - os cereais em flocos são preparados como os destinados aos humanos para o pequeno-almoço, por cozimento a vapor, trituração e secagem. Massas, biscoitos e flocos são alimentos complementares destinados a serem misturados a uma fonte de carne. AUXILIAR VETERINÁRIO 27 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE os croquetes são alimentos "extrudidos": o efeito conjugado da pressão na extrusora e da temperatura (90 a 150° C) durante um tempo muito curto (20 a 30 segundos), que atua sobre a mistura de ingredientes, permite a obtenção, após a secagem, de um produto homogêneo, em seguida envolvido em gordura de acordo com o objetivo fisiológico.Esta última categoria de produtos domina totalmente o mercado americano, de longe o mais evoluído na atualidade (80% de alimentos secos, 66% de croquetes extrudidos), e impõe-se progressivamente em todos o mundo, devido às suas qualidades nutricionais reconhecidas em todos os testes efetuados pelas organizações de consumidores e às suas qualidades de custo e aspectos práticos (alimentos geralmente utilizados pelos profissionais, ou seja, os criadores, ou preconizadas por aqueles que prescrevem, ou seja os Médicos Veterinários). Tipos de ração comercial Falar sobre alimentação de cães e gatos, mais especificamente ração comercial, pode parecer um tema bastante simples, afinal estamos falando de uma embalagem que se compra com o alimento pronto para servir. Mas não é bem assim, já que existem inúmeros tipos e marcas de rações diferentes. Mas qual é a melhor para o animal? Qual a diferença entre ração premium e ração super premium? Vamos começar falando em qualidade do alimento. As rações estão agrupadas conforme o tipo da matéria prima utilizada na sua fabricação (veja a tabela abaixo com as principais marcas em cada categoria). As chamadas super premium são as que possuem melhor fonte, seguidas pelas rações premium. Vamos usar como exemplo as fontes de proteínas: o cão apresenta um aproveitamento maior se a base da proteína for frango ou ovo. Essa proteína do frango pode ser dos pés, das vísceras, da carcaça ou da carne propriamente dita. É claro que exite proteína em todas estas partes, mas a existente na carne é de qualidade superior a todas as outras. Sendo assim, temos uma matéria prima de melhor qualidade na ração que utiliza essa fonte do que as rações que usam as outras, embora todas contenham proteína na sua formulação. É por isso que muitas vezes achamos uma ração muito cara perto de outras, mas se formos procurar saber o porquê dessa diferença é muito provável que a matéria prima utilizada por uma seja bastante superior a outra, isso com certeza é um dos fatores. AUXILIAR VETERINÁRIO 28 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE Agora que escolhemos uma ração de boa qualidade, ela estará dividida em diversos sub-tipos, como filhote, adulto, alta energia, light, tamanho do cão... De maneira geral um cão é considerado filhote até 1 ano de idade, salvo em algumas raças muito grandes onde podemos considerar até 1 ano e meio, nesse período ele deverá comer a ração apropriada para sua idade e porte da raça quando adulto, isso acontece porque um filhote de Maltês não tem as mesmas necessidades de um filhote de Dog Alemão, tanto no aporte de nutrientes, quanto no tamanho do grão da ração. Exemplo de rações comerciais para cães Super premium Eukanuba (IAMS) K & S Equilíbrio (Total) Hills Science Diet (Hill’s) Linha size Royal Canin Ossobuco (Nutron) Premier Pet (Premier) Pro Plan (Nestlé) Guabi Natural (Guabi) Premium Big Boss (Total) Faro (Guabi) Friskies (Nestlé) Golden Fórmula (Premier) Max (Total) Pedigree (Effem) Premium dog (Royal Canin) Tutano (Nutron) Standard Bonzo (Purina) Croc Dog (Socil) Deli Dog (Purina) Frolic (Effem) Herói (Guabi) Pedigree Champ (Effem) Selection (Royal Canin) Nutridog (Provimi) EXERCÍCIOS 1. Cite as vantagens e desvantagens da alimentação caseira 2. Cite as vantagens e desvantagens da alimentação industrializada. 3. Perante estas respostas, qual tipo de alimentação você indicaria para um proprietário? Aula 26 Alimentando os cães nas diferentes etapas da vida AUXILIAR VETERINÁRIO 29 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE Alimentando Cães Adultos Quando um cão atinge a maturidade total, ele entra no período de manutenção. Os animais saudáveis normais que não estão prenhes, amamentando ou trabalhando pesado têm necessidades nutricionais relativamente baixas para manter um estado corporal apropriado. Um bom estado corporal é aquele em que o animal está bem proporcionado, com uma cintura perceptível atrás das costelas, podendo-se, ao apalpá-las, sentir uma fina camada de gordura sobre elas. Com a variedade de alimentos para cães nutricionalmente completas e balanceadas existentes no mercado, proporcionar uma dieta apropriada para um cão adulto pode ser simples, sem a necessidade de nenhum tipo de suplemento. Se carne ou sobras de comida forem administradas como suplemento, elas deverão perfazer não mais de 10% da dieta total. Níveis mais elevados podem diluir o valor nutricional da dieta comercial, predispor um animal à obesidade e levar um animal a ficar exigente para comer. No caso de cães com necessidades calóricas mais baixas e/ou cães que são menos ativos, deve-se atentar para a possibilidade de um ganho de peso excessivo. Freqüentemente, o peso de um cão pode ser reduzido simplesmente eliminando-se as sobras de comida e snacks da dieta e evitando-se alimentos para cães de alto teor calórico. Cães com excesso de peso podem ter mais problemas de saúde e uma expectativa de vida mais curta. As recomendações para a alimentação de cães adultos podem variar, dependendo da raça, da atividade, do metabolismo e da preferência do dono do cão. Independentemente do fato de um animal ser alimentado uma ou duas vezes ao dia, ele deve ser alimentado na mesma hora e ter sempre água potável fresca à sua disposição. Assim como acontece com os seres humanos, o apetite de um cão pode variar de dia para dia. Isto não deve constituir nenhum problema, a menos que a perda de apetite persista ou o cão apresente sinais de doença ou perda de peso. Nestas situações, o cão deve ser examinado por um veterinário. Alimentando Durante a Prenhez AUXILIAR VETERINÁRIO 30 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE Independentemente da raça, a fêmea deve ter pelo menos um ano de idade e estar pelo menos no segundo período de cio antes de acasalar. É importante o estado corporal tanto dos machos como das fêmeas utilizados em um programa de reprodução. Se os machos estiverem com excesso de peso, eles poderão ser fisiológica e anatomicamente ineficientes para o acasalamento. As fêmeas com excesso de peso podem ter taxas de concepção mais baixas e mais problemas no momento do parto. A ingestão de alimentos variará de acordo com a idade, atividade, metabolismo corporal e ambiente. Se possível, cada cão deverá ser alimentado individualmente a fim de atingir e manter o estado corporal normal. As necessidades de nutrientes da fêmea durante as primeiras seis ou sete semanas de prenhez não são maiores do que para os cães na manutenção. Durante as últimas duas ou três semanas, as necessidades para todos os nutrientes aumentarão e as necessidades calóricas poderão ser atendidas durante o último terço aumentando-se, gradualmente, a ingestão de alimentos pela fêmea. Recomendam-se dietas contendo mais de 3.500 calorias metabolizáveis por quilo de alimento e, pelo menos, 21% de proteína. A forma mais fácil de assegurar uma nutrição apropriada consiste em dar ao cão um alimento para cães de boa qualidade que seja rotulado como completo e balanceado para reprodução e crescimento ou para todas as etapas da vida. Quando estas dietas dadas, não é necessária a suplementação de vitaminas e minerais. Problemas podem ocorrer com o excesso de suplementação, particularmente quando níveis elevados de vitamina A ou cálcio são acrescentados. A menos que uma fêmea tenha tendência para engordar demais durante a prenhez, pode-se dar a ela todos os alimentos que ela quiser comer. Não é raro que uma fêmea prenhe diminua sua ingestão de alimentos, temporariamente, por volta da terceira ou quarta semana de prenhez. Normalmente, ela comerá mais durante a última fase da prenhez. Todavia, se isto não ocorrer e o estado corporal começar a deteriorar-se, medidas deverão ser tomadas para aumentar a ingestão de alimentos. Isto pode ser feito umedecendo-se o alimento seco com água morna a fim de melhorar a palatabilidade ou adicionando-se pequenas quantidades de alimentos enlatados para cães ao alimento seco e alimentando-se a fêmea várias vezes ao dia. À medida em que o momento do parto se aproxima, a fêmea pode perder o apetite. Isto é considerado como um comportamento normal e, a menos que ela pareça estar com um problema de saúde, não será necessária nenhuma alteração no programa de alimentação. Em muitos casos, a rejeição ao alimento durante a última semana é uma indicação de que AUXILIAR VETERINÁRIO 31 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE o parto ocorrerá dentro das próximas 24 a 48 horas. Usualmente, dentro de 24 horas pós-parto, o apetite da fêmea retornará. Após o nascimento dos cãezinhos, ela deverá receber todo o alimento que quiser. Durante a reprodução, a água serve como um meio de transporte de nutrientes para o feto em desenvolvimento e remove os resíduos para serem eliminados. As outras funções importantes da água dietética consistem em ajudar a regular a temperatura corporal e em auxiliar na produção de leite. Manter as vasilhas de água limpas e trocar a água freqüentemente tendem a encorajar o consumo de água. Água fresca em uma vasilha limpa deve estar disponível durante todo o tempo. Alimentando Durante a Lactação A produção de leite é uma das etapas que apresentam maiores necessidades nutricionais na vida de uma fêmea. Uma dieta completa e balanceada para a reprodução e crescimento ou para todas as etapas da vida proporcionará a nutrição de que uma fêmea precisa durante este tempo. A necessidade de leite dos cãezinhos que estão mamando continuará a aumentar durante cerca de 20 a 30 dias. Conseqüentemente, as necessidades de alimento e água da fêmea aumentam neste período. No pico da lactação, a ingestão de alimento da fêmea pode ser duas a quatro vezes maior do que sua ingestão de alimento usual ou de manutenção. Pode acontecer que fêmeas muito atenciosas raramente deixem seus filhotes para comer ou beber e precisarão de encorajamento. A mesma dieta utilizada durante o período de gestação pode ser dada durante a lactação. A fim de manter um bom estado corporal e fornecer amplas quantidades de leite aos seus filhotes, as fêmeas lactantes devem receber todo o alimento que quiserem. Umedecer com água o alimento seco para cães ajudará a aumentar a ingestão de alimento durante a lactação. Uma outra importante razão para oferecer alimento seco umedecido é que, com três a quatro meses de idade, os filhotes normais começam a lambiscar alimentos sólidos. Acostumar os filhotes a uma dieta comercial de boa qualidade o mais cedo possível ajudará a evitar que se tornem enjoados para comer. Alimentos preparados em casa devem ser evitados. À medida em que os filhotes começam a comer mais alimento sólido, a necessidade de produção de leite da fêmea diminui. Normalmente, os filhotes são desmamados entre seis e oito semanas de idade AUXILIAR VETERINÁRIO 32 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE e, na época da desmama, o consumo de alimento pela fêmea deve ser de menos de 50% acima do seu nível usual ou de manutenção. A fim de ajudar a reduzir o fluxo de leite e evitar problemas nas glândulas mamárias, recomenda-se o seguinte procedimento para a desmama: No dia em que os filhotes são desmamados, a fêmea não deve receber nenhum alimento, mas deve ter bastante água fresca para beber. Deve-se separar os cãezinhos da mãe e oferecer-lhes alimento e água. Alimento seco umedecido com água morna pode ajudar a estimular os cãezinhos a ingerirem alimento. No dia após a desmama, a mãe deve receber ¼ da quantidade de alimento que lhe era oferecida antes dela ser acasalada. A mãe e os filhotes podem ser mantidos juntos por várias horas no dia após a desmama de modo que os filhotes possam mamar até acabar com o leite da mãe. No terceiro dia, a fêmea deve receber ½ da quantidade que recebia antes do acasalamento e, no quarto dia, ¾ da referida quantidade. No quinto dia, deve-se oferecer a ela seu nível de alimentação de manutenção usual. Se a ninhada for grande, a fêmea poderá estar bem magra quando os filhotes forem desmamados. Neste caso, deve-se dar a ela uma quantidade extra de alimento após o quinto dia da desmama e até o seu estado corporal voltar ao normal. Alimentando os Filhotes Embora as fêmeas sejam, em sua maioria, excelentes mães, algumas mães nervosas ou descuidadas podem precisar de uma atenção especial que as ajude a se acalmar e aceitar sua nova prole. Para isto pode ser que tenhamos que trabalhar junto à mãe e/ou filhotes e colocar os filhotes junto ao mamilos da mãe. Os filhotes mal amamentados poderão ter um tamanho menor, uma temperatura corporal mais baixa e menos peso. Ao cuidar, rotineiramente, dos filhotes você terá uma oportunidade de verificar seu estado e progresso, embora cuidados excessivos possam ser estressantes para a mãe e os filhotes e devam ser evitados. AUXILIAR VETERINÁRIO 33 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE Usualmente, a maneira típica de um filhote começar a comer alimentos sólidos (cerca de 3 a 4 semanas) é correndo por cima e em volta da vasilha de alimento da mãe e lambendo o alimento seco umedecido que fica em suas patas. Por causa disto, o alimento tenderá a ficar compactado, razão porque se deve considerar a necessidade de mexer a dieta compactada ou oferecer quantidades frescas periodicamente. Com seis semanas de idade, a maioria dos filhotes está pronta para ser desmamada. Se os filhotes tiverem começado a comer alimentos sólidos da vasilha da mãe, não é raro que comecem, eles próprios, a se desmamarem com cerca de quatro a cinco semanas de idade. As necessidades de nutrientes para o crescimento e desenvolvimento normais dos filhotes são maiores do que aquelas de um cão adulto. Por esta razão, as dietas nutricionalmente completas e balanceadas destinadas ao crescimento e reprodução ou todas as etapas da vida são recomendadas. Não é necessária nenhuma suplementação adicional na forma de vitaminas, minerais, carne ou outros aditivos. A capacidade do estômago de um filhote não é grande o bastante para conter alimento suficiente, ingerido em uma "refeição", para atender à sua necessidade diária de nutrientes requeridos. Os filhotes novos devem ser alimentados pelo menos três vezes ao dia até que suas necessidades alimentares comecem a equilibrar-se à medida em que vão amadurecendo. Os filhotes devem ter água fresca em uma vasilha limpa à sua disposição durante todo o tempo. AUXILIAR VETERINÁRIO 34 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE Estabelecer hábitos alimentares rotineiros alimentando um filhote no mesmo lugar e à mesma hora todos os dias é recomendável e pode ajudar a treiná-lo a se comportar bem em sua casa. Oferecer alimentos humanos da mesa não é recomendável porque isto encorajaria o animal a pedir comida e poderia a torná-lo enjoado para comer. Os filhotes que consomem uma dieta completa e balanceada não precisam de vitaminas, minerais ou carne suplementares. Na realidade, o excesso de suplementação provou ser prejudicial para o desenvolvimento apropriado dos filhotes novos e em crescimento. A quantidade de alimento oferecida a um filhote variará, dependendo do seu tamanho, atividade, metabolismo e ambiente. Não se deve deixar que os filhotes fiquem com excesso de peso. O excesso de peso não só dá ao filhote uma má aparência, mas também pode causar anormalidades ósseas. Se um filhote parece que está engordando demais, sua ingestão de alimento deve ser reduzida. Se um filhote parece que está magro demais e não há nenhum problema de saúde, sua ingestão de alimento deve ser aumentada. Toda vez que os donos tiverem perguntas a fazer ou preocupações a respeito do estado corporal do seu animal, eles devem consultar seu próprio veterinário. Alimentando Trabalho Cães de Independentemente da temperatura ambiental sazonal ou do estado fisiológico de um cão, quando tudo mais é igual, quanto mais ativo for um cão, de mais alimento ele precisará. Todos os nutrientes serão requeridos em quantidades maiores do que para um cão adulto em manutenção, não simplesmente proteína adicional ou minerais extra, tais como cálcio e fósforo. A atividade física é o resultado externamente visível de uma seqüência complexa de contrações musculares. A combustão de combustíveis dietéticos, tais como gordura, proteína e carboidratos proporciona a energia para o trabalho muscular. Água, vitaminas e minerais participam na utilização da energia para trabalho. AUXILIAR VETERINÁRIO 35 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE Os cães de trabalho são, usualmente, aqueles utilizados para caçar, pastorear ovelhas, bem como cães que, rotineiramente, correm longas distâncias (isto é, mais de 20 milhas por semana). Estes grupos de cães de trabalho podem ter uma maior necessidade de nutrientes quando estão treinando ou efetivamente trabalhando. A necessidade de nutrientes adicionais dependerá do nível de atividade de um cão em particular. Um ponto de referência é o fato de que eles são completos e balanceados com alta densidade de nutrientes, incluindo, pelo menos, 26% de proteína, 10% de gordura, 30% de carboidratos e 3.000 quilocalorias por quilo de alimento seco. Nos períodos em que um cão não está treinando nem trabalhando, é recomendável que a quantidade da ração de treinamento/trabalho do cão seja reduzida ou que o cão passe, gradualmente, para uma alimentação com menos calorias e menos densa em nutrientes (contendo, pelo menos, 20% de proteína e 3.300 quilocalorias por quilo de alimento). Manter os cães em um bom estado corporal no período em estão fora de atividade ajuda a tornar menos estressante o seu condicionamento para os períodos de treinamento ou trabalho. Não se deve dar aos cães que estão trabalhando ou treinando uma refeição imediatamente antes ou imediatamente após uma sessão de atividade extenuante. Alimentar os cães quase na hora dos exercícios pode resultar em um mau desempenho ou distúrbio gástrico ou desconforto (evidenciado por vômitos ou fezes soltas) e aumentar o risco de dilatação gástrica. A utilização apropriada de alimentos (tais como snacks ou snacks) durante os períodos de maior atividade pode evitar desconforto de fome e fadiga nos cães de trabalho. A utilização apropriada de alimentos consiste em oferecer o snack ou snack após um período de repouso, em pequenas porções, com água fresca e fria e seguido de um período de repouso. Alimentando Cães Mais Velhos Os cães são definidos como mais velhos ou geriátricos quando atingiram os últimos 25% do seu período de expectativa de vida, que está diretamente relacionado com o tamanho ou raça, bem como cuidados recebidos durante toda sua vida: • Cães de raça pequena com mais de 12 anos de idade AUXILIAR VETERINÁRIO 36 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE • Cães de raça média com mais de 10 anos de idade • Cães de raça grande com mais de 9 anos de idade • Cães de raça gigante com mais de 7 anos de idade Estudos mostraram que os cães mais velhos saudáveis utilizam a proteína do mesmo modo que o cão adulto jovem e que os cães geriátricos podem precisar de, aproximadamente, 50% a mais de proteína do que os cães adultos mais jovens. Entretanto, as dietas comerciais atuais formuladas para cães adultos em manutenção, geralmente, proporcionam proteína adequada. Os animais menos ativos podem ter baixas necessidades calóricas, razão porque se deve ter cuidado ao se administrar dietas densas em calorias a fim de evitar o risco de um ganho excessivo de peso. Aula 27 Alimentando os gatos Quem tem um gato quer estar sempre seguro de que as refeições que serve a ele são não apenas apetitosas, mas também balanceadas para atender as necessidades de nutrição do animal. lsso é possível com o uso do alimento especialmente preparado para ele. Hoje, existe no mercado, vários alimento completos e balanceados, que atende totalmente ás necessidades de nutrição dos gatos. AUXILIAR VETERINÁRIO 37 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE O alimento industrializado (Ração) deve ser introduzido aos poucos na alimentação dos gatos, para que eles se acostumem a mudança no paladar e na textura. Água fresca deve estar sempre á disposição do gato, qualquer que seja a dieta. Os gatos diferem muito quanto a quantidade de alimento que necessitam, que varia conforme o tamanho, a raça, o estado e as características de cada animal. A maioria dos gatos está bem adaptada para controlar o alimento que ingerem em relação ás suas necessidades. Como , normalmente, os alimentos industrializados tem uma alta aceitação, poderá ocorrer do gato comer em excesso. Por esta razão, é sempre recomendável observar as indicações nas embalagens dos pacotes de ração. Gatos obesos Os gatos raramente se tornam gordos, mesmo sendo animais bastante preguiçosos. Mas os gatos castrados podem muitas vezes tornar-se obesos. Para evitar isso, é aconselhável reduzir a quantidade de comida e alimentá-los de forma mais equilibrada. AUXILIAR VETERINÁRIO 38 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE Você pode dar ao seu gato metade da quantidade habitual de ração e observar se isto reduzirá o peso do animal de modo satisfatório. Em caso contrário, o regime alimentar deverá ser feito sob a supervisão de um veterinário. Se normalmente você dá ao seu gato algum tipo de guloseima durante as refeições, suprima este hábito. Ele pode ser responsável pelo excesso de peso. Se o seu gato, além de gordo, parecer em más condições, leve-o sem demora ao veterinário, pois ele poderá estar precisando de tratamento. Leite A maioria dos gatos aprecia uma tigela de leite, mas alguns têm dificuldade de digeri-lo, o que poderá causar diarréia. Nestes casos, você deve reduzir a quantidade ou eliminar o leite. Assegure-se de que o seu gato tenha à disposição água fresca. Gatas gestantes A gata necessitará de mais alimento quando tiver filhotes. Por esta razão, deve ser fornecida uma quantidade maior de alimento para o crescimento antes e após o nascimento dos filhotes, para assegurar a produção do leite. Desde o inicio da gestação, a gata prenhe necessitará de mais alimento, cuja quantidade deverá ser aumentada gradativamente. Durante as últimas 2 ou 3 semanas do período de 9 semanas de gestação, ela estará comendo aproximadamente o dobro da quantidade normal. Uma gata em período de lactação poderá necessitar até três vezes mais a quantidade normal de alimento quando os filhotes atingirem 3 ou 4 semanas e precisará ser alimentada com mais freqüência, variando a dieta para assegurar a nutrição adequada. É aconselhável dar á gata tanto leite quanto ela queira beber, desde que possa ser digerido convenientemente. Filhotes Quando em fase de crescimento, os gatinhos têm necessidades maiores de alimentação: proteínas para criar músculos, mais cálcio e fósforo para o desenvolvimento dos ossos e uma enorme quantidade de outros sais minerais e vitaminas. Pode ser dado alimento em grande quantidade, bem como leite. AUXILIAR VETERINÁRIO 39 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE Mesmo quando é dado leite aos filhotes, é importante que eles tenham sempre água fresca disponível. Em geral os filhotes são suficientemente ativos e bem constituídos para iniciar a ingestão de alimentos suplementares com quatro semanas Nesta fase, a mãe terá menos leite para dar Os filhotes nesta idade poderão comer ração adicionado ao leite. Os filhotes desmamados de 7 ou 8 semanas devem ser alimentados ao menos três vezes ao dia. Lembre-se que os filhotes crescem muito rapidamente e que o seu apetite e necessidade de alimentação aumentam também. É difícil super alimentar um filhote em crescimento se as refeições forem fornecidas conforme o indicado. Alimente os filhotes sempre que achar conveniente e nunca menos que três vezes ao dia até eles completarem 6 meses. Caso haja sobra de alimento no comedouro, o mesmo deverá ser retirado em no máximo 15 minutos. Aula 28 A medicina preventiva Vários parasitas externos (ectoparasitos) de origem animal, como as pulgas, sarnas, piolhos e ácaros, ou de origem vegetal, como tinhas e ainda as sarnas, podem modificar profundamente a pele e a pelagem do cão. As infestações internas devidas a endoparasitos, frequentemente veiculadas pelas pulgas, sarnas ou mosquitos, e as doenças virais podem atingir gravemente a saúde do cão e desenvolver doenças infecto-contagiosas, das quais algumas beneficiam hoje em dia de uma profilaxia por vacinas. A vigilância e uma boa higiene de vida podem evitar a maioria destas afecções da saúde do cão das quais algumas podem tornar-se fatais. A vacinação dos animais As vacinações permitem evitar doenças infecto-contagiosas fatais. Algumas são obrigatórias. Só podem ser eficazes se forem administradas em determinada circusntância, ou seja, respeitando um calendário preciso. Imunidade do cão AUXILIAR VETERINÁRIO 40 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE O cachorro recebe uma primeira imunidade da mãe: são os anticorpos presentes no colostro. Estes são transmitidos pelo leite materno, durante as primeiras horas de vida do cachorro (24 horas no máximo) e caso a mãe possua uma boa imunidade. Estes anticorpos desaparecem entre a quarta e a quinta semana. Então, o cachorro já não está protegido na ausência de medidas de vacinação. Além disso, deve-se saber que o sistema imunológico do cão não está completamente desenvolvido ao nascimento e só estará maturo pela sexta semana. Nas primeiras semanas de vida, o cachorro só pode combater as infecções através dos anticorpos fornecidos pela mãe. Ao vacinar o cão pela primeira vez deve-se tomar cuidado para não interferir com os anticorpos maternos, fenômeno que pode persistir até às 10 a 12 semanas de idade. Portanto, pode-se começar a implementar protocolos de vacinação a partir das 8 a 10 semanas de idade. É preferível que o cão seja vacinado contra todas as doenças infecciosas que poderiam ser-lhe fatais. Além da vacinação anti-rábica, legalmente obrigatória, o cachorro deve ser vacinado contra: a cinomose, a hepatite contagiosa, a leptospirose e a parvovirose. Os diferentes tipos de vacinas A administração de uma vacina a um cão baseia-se na inoculação de microrganismos patogênicos ou de frações destes, de forma a que o animal possa produzir uma imunidade contra esses vírus ou bactérias. Algumas vacinas são ditas "de agentes vivos", o que significa que os microrganismos ainda se podem multiplicar no organismo do cão, sem, no entanto, possuírem caráter patogênico. Distinguem-se: • As vacinas de agentes atenuados. Trata-se de microrganismos – vírus ou bactérias – cujo poder patogênico está diminuído após mutações obtidas, para os vírus, por meio de passagens sucessivas em culturas de células pertencentes a animais de outras espécies (galinha, porquinho-da-índia). A capacidade do vírus em provocar uma reação no cão é, então, atenuada progressivamente. No que diz respeito às bactérias, são utilizados outros procedimentos visando obter esses mesmos efeitos. AUXILIAR VETERINÁRIO 41 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE As vacinas são ditas homólogas se os agentes com os quais se pratica a vacinação forem os mesmos do que os responsáveis pela doença. São denominadas heterólogas quando se utiliza um microrganismo diferente, menos virulento que o primeiro, mais próximo do agente patogênico selvagem. • Outras vacinas, cujos agentes patogênicos foram modificados geneticamente, perdendo a sua virulência. Também existem vacinas com agentes inertes incapazes de se multiplicar no hospedeiro. São elas: • Vacinas com agentes inativados, nas quais o agente patogênico foi morto por ações químicas. • Vacinas sub-unitárias, que contêm unicamente a parte do microrganismo responsável pelo aparecimento da doença. Estas vacinas de agentes inativados possuem uma maior inocuidade do que as vacinas vivas, mas uma eficácia menor. Por este motivo, são frequentemente associadas a um adjuvante com a função de prolongar o contacto com o organismo. No caso da vacina anti-rábica, a presença de um adjuvante dispensa uma segunda injeção após a primeira vacinação. De modo a evitar a aplicação de muitas injeções, utilizam-se com freqüência várias valências, ou seja, o cão é vacinado contra várias doenças infecciosas ao mesmo tempo. No entanto, é necessário tomar o cuidado de não misturar vacinas provenientes de diferentes fabricantes. Acidentes pós-vacinais Um cuidado importante dos profissionais de Clínicas Veterinárias e Pet shops é prestar importantes esclarecimentos aos proprietários de animais de estimação, quanto aos riscos dos procedimentos de imunização (vacinação) de seus animais, sem a devida orientação e/ou supervisão médico veterinária; considerando que esta vem se tornando uma prática, cada vez mais comum e temerosa, com o advento da comercialização de vacinas em Pet shops e lojas de produtos agropecuários. AUXILIAR VETERINÁRIO 42 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE Não somente os aspectos abaixo apresentados seriam os fatores únicos de nossa preocupação com a vacinação praticada por leigos, mas também aqueles que proporcionam interferências negativas nas respostas imunológicas às vacinas; tais como, interferência de anticorpos maternos, verminoses e doenças intercorrentes. Fatores estes também, que só poderão ser detectados e resolvidos por médicos veterinários. Existem três formas principais de manifestações sintomáticas que caracterizam os acidentes pós-vacinais; reações alérgicas locais, reações alérgicas sistêmicas (choque anafilático) e acidentes neuro-paralíticos. • Reações alérgicas locais As reações alérgicas locais que podem ocorrer após a aplicação de vacinas estão associadas a presença de um adjuvante de imunidade, necessário para aumentar a resposta imunogênica. A maioria das vacinas inativadas contém adjuvantes e a reação pós-vacinal está relacionada com uma questão de sensibilidade individual. Estas reações locais se caracterizam por uma alopecia (queda de pelo) no local de aplicação da vacina, como resultado de uma paniculite granulomatosa focal ou de uma vasculite, podendo se apresentar hiperpigmentada. • Reações alérgicas sistêmicas (Choque Anafilático) A anafilaxia é uma síndrome determinada por um choque sistêmico, que se manifesta minutos após a disseminação do alérgeno nos animais sensibilizados. Dentre os alérgenos que podem induzir a uma anafilaxia estão as vacinas. Os órgãos envolvidos na anafilaxia, na maioria dos animais, são o baço e os pulmões. A liberação de aminas vasoativas resulta em uma vasodilatação esplênica, colapso vascular periférico, e em casos severos, coma e morte. Os sinais clínicos incluem náusea, vômitos, diarréia, inquietação, ataxia, ataques epileptiformes, palidez das membranas mucosas, taquipnéia e taquicardia. Alguns animais podem mostrar sinais de hipersalivação, tenesmo e defecação. Anafilaxia pode também ocorrer em formas localizadas, referidas como edema angioneurótico ou facio-conjuntival e reações urticariformes. O edema angioneurótico é tipicamente manifestado por inchaço dos lábios, pálpebras e conjuntiva, e é gerado pelo mesmo tipo de alérgeno que induz a anafilaxia sistêmica. As lesões urticariformes são lesões salientes e pruriginosas da pele, que ocorrem alguns minutos após à exposição ao alérgeno. • Acidentes neuro-paralíticos AUXILIAR VETERINÁRIO 43 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE São afecções nervosas desmielinizantes ou mielinoclásticas, determinantes de uma encefalomielite alérgica, cujo substrato é a desmielinização do Sistema Nervoso Central. Estas afecções têm maior importância no cão, que é mais sujeito a tais encefalites, pela freqüência com que é imunizado com determinadas vacinas antirábicas. Está evidenciado que a substância responsável pela encefalite alérgica existe na substância branca do cérebro de mamíferos. Quando injetada esta substância, haveria a formação de anticorpos que se ligariam a uma parte não determinada da mielina, causando sua degradação e conseqüente estabelecimento da encefalite alérgica. Em condições naturais, o processo aparece sobretudo em animais e em seres humanos, que inesperadamente exibem sintomas de paralisia, alguns dias após à administração de suspensões de tecido nervoso (vacinas anti-rábicas). A afecção se inicia, comumente, por paralisia de um ou mais membros, com rápida progressão por todo o corpo. A morte é o desfecho habitual, nas formas graves da enfermidade. Podemos ver desta forma, que todo processo de imunização em animais domésticos de estimação deve passar pelo crivo da responsabilidade técnica de um profissional médico veterinário, que avalie primeiramente a condição básica de saúde deste animal que será submetido à vacinação; analisando seu nível de infestação parasitária, sua condição nutricional e elaborando um programa de vacinação que obedeça as possíveis condições de imuno-interferências, para definição do quantitativo adequado de doses seriadas em relação a faixa etária de aplicação do mesmo. Por conseguinte, em decorrência dos riscos de acidentes pós-vacinais descritos, a exigência de uma supervisão e acompanhamento do ato de aplicação deste programa de vacinação, fica clara e evidentemente demonstrada neste relato técnico. Fatos, verdades e mentiras sobre a vacinação de cães 1. Em filhotes pequenos, 95% de sua imunização é obtida através do consumo do colostro, que é o primeiro leite produzido pela mães durante um tempo curto logo após o nascimento. VERDADE Se a mãe é imunizada contra as principais doenças infecciosas caninas, seus filhotes também irão se proteger por 6 a 16 semanas após o nascimento se eles consumirem o colostro logo após o nascimento. 2. Fêmeas revacinadas antes da cobertura passam mais anticorpos para seus filhotes pelo colostro do que as fêmeas não vacinadas. VERDADE Quanto mais alta for a concentração de anticorpos contra doenças infecciosas na mãe, maior será a proteção que ela passará para seus filhotes. A revacinação causa um aumento na produção de anticorpos maternos. AUXILIAR VETERINÁRIO 44 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE 3. Enquanto estão presentes, os anticorpos recebidos da mãe não vão interferir com a vacinação permanente dos filhotes. FALSO : Os anticorpos recebidos da mãe vão interferir na produção de anticorpos produzidos pelos filhotes por algumas semanas após o nascimento. 4. A via de administração (usualmente intramuscular ou subcutânea) não tem efeito no nível de proteção produzido em cães com idade para serem vacinados. FALSO : O efeito da via de administração na resposta vacinal depende da vacina que é aplicada. Por exemplo, a vacina anti-rábica é mais efetiva se for administrada pela via intramuscular do que a via subcutânea. Com a vacina contra Cinomose, ambas as vias são igualmente efetivas. 5. Cães idosos(mais de sete anos de idade) podem ter uma diminuição na habilidade de produzir anticorpos após vacinação, então devem ser revacinados anualmente. VERDADE Cães idosos não produzem anticorpos vacinais tão bem como cães mais jovens. A duração da proteção com uma vacinação única será mais curta em animais idosos. A revacinação anual impede que os níveis de anticorpos de proteção diminuam deixando o animal exposto a doenças. 6. A vacinação de animais que já estão doentes, irá prevenir a progressão da doença. AUXILIAR VETERINÁRIO 45 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE FALSO : A vacinação de animais doentes não irá prevenir a progressão da mesma, pois os anticorpos vacinais demoram vários dias até atingirem níveis de proteção que impeçam a progressão da doença. 7 dias a duas semanas são necessários para que o organismo produza quantidades suficientes de anticorpos para proteger os animais contra as doenças. Os anticorpos devem estar presentes antes da exposição do paciente ao agente causador da doença. 7. Filhotes protegidos reduz a anticorpos vacinação. vacinados devem ser do frio, pois a friagem qua ntidade de produzidos após a VERDADE Pesquisas recentes em ninhadas separadas por sexo, idade e peso, demostraram níveis significativamente maiores de anticorpos em filhotes que não ficaram expostos ao frio durante o tempo de formação de anticorpos após a vacinação. 8. Cães não devem ser vacinados contra Cinomose, Hepatite, Leptospirose, Parainfluenza e Parvovirose, pois eles irão adquirir naturalmente imunidade. FALSO : Todas as doenças citadas acima podem ser fatais. Quando o animal se recupera de uma desta doenças, o seu organismo pode realmente ficar imune a esta doença, mas as lesões nos orgãos e sistemas pode ser tão severas que podem predispor o animal a ter inúmeras outras doenças. Aula 29 Calendário de vacinação de cães Antes de vacinar um animal, devemos ter alguns cuidados importantes, para garantir a integridade da saúde do nosso paciente. É preferível não vacinar os cães em más condições de saúde, especialmente aqueles que estejam com febre ou fortemente infestados por ectoparasitas ou endoparasitas. Neste caso, é preferível tratar o cão contra os parasitas. Se o calendário não pôde ser seguido desde a 7a ou 9a semana, ele deverá ser retomado na sua totalidade o mais rapidamente possível, independentemente da idade do cão, com o mesmo ritmo de espaçamento entre vacinações. 45 dias 66 dias 87 dias Quadro de vacinas obrigatórias para o cão 1a dose da óctupla (décupla) 2a dose da óctupla (décupla) 3a dose da óctupla (décupla) AUXILIAR VETERINÁRIO 46 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE 120 dias 1a dose da anti-rábica Reforço anual para a óctupla (décupla) e para a anti-rábica O quadro de vacinação dos cães pode variar conforme as necessidades de cada animal, situação de risco ou região, podendo ser alterado apenas pelo Médico Veterinário. Doenças imunizadas • Óctupla Vacina que imuniza cães contra cinomose, hepatite infecciosa, Adenovírus tipo 2, parainfluenza, parvovirose, coronavirose e leptospirose, sendo esta contra a Leptospira icterohaemorrhagiae e Leptospira canicola. • Décupla Imuniza conta as mesmas doenças da óctupla, porém contra mais 2 sorovares de leptospirose, sendo eles a Leptospira grippotyphosa e Leptospira pomona. Existem outras vacinas polivalentes, porém de atuação menos eficaz: • Sextupla Imuniza contra cinomose, hepatite infecciosa, parvovirose, parainfluenza e 2 sorovares de leptospirose, sendo a Leptospira icterohaemorrhagiae e Leptospira canicola. • Tríplice canina Vacina esta que imuniza contra cinomose, hepatite infecciosa e leptospirose, sendo os sorovares Leptospira icterohaemorrhagiae e Leptospira canicola. AUXILIAR VETERINÁRIO 47 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE Existem ainda inúmeras vacinas contra as mais variadas doenças, sendo as chamadas vacinas monovalentes. Dentre estas existem vacinas contra parvovirose, leptospirose, coronavirose, raiva, giardíase, leishmaniose, tosse dos canis, etc. Outras vacinas importantes Para o conforto do cão e quando existem riscos realmente grandes pode-se considerar a vacinação contra o tétano, a giardíase e a tosse dos canis. • Tétano A toxina tetânica, produzida pelo bacilo tetânico, age sobre os centros nervosos. É segregada no local de entrada da bactéria, geralmente uma ferida minúscula. O tétano é caracterizado por contrações musculares involuntárias que se estendem progressivamente por todo o corpo do animal. Vacinam-se essencialmente os cães de trabalho ou aqueles que freqüentam locais onde se podem ferir com facilidade (ruínas, obras). Não existe vacina contra o tétano específica para o cão; utiliza-se então a vacina destinada aos cavalos, que contém a toxina tetânica purificada. A primeira vacinação é realizada em duas injeções com intervalos de duas semanas. Os reforços devem ser feitos um ano mais tarde, depois a cada três anos e em caso de traumatismo. • Tosse dos canis A vacinação é realizada em animais que vivem em canil ou que freqüentam exposições. A quarentena antes de introduzir um novo animal numa coletividade previne eventuais contágios. Existem diferentes tipos de vacinas no mercado: vacinas compostas por vírus e bactérias inativas (Parainfluenza, Bordetella bronchiseptica), injetáveis, mas de eficácia aleatória. A primeira vacinação é realizada em duas injeções com 3 semanas de intervalo e, depois, o reforço é anual. Um outro protocolo, mais recente, parece dar melhores resultados: trata-se de uma vacina viva atenuada, administrada por via intra-nasal. • Giardíase GiardiaVax ®, a primeira vacina mundial contra Giardíase Canina. Trata-se de uma vacina inativada que protege os cães contra a infecção causada pelo protozoário giardia duodenalis. A vacinação com GiardiaVax é indicado para filhotes (a partir de 2 meses) e adultos, sendo um reforço 21 dias após a primeira dose, e reforços anuais. AUXILIAR VETERINÁRIO 48 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE Calendário de vacinação de gatos Qualquer dono, consciente da saúde do seu gato, deve preocupar-se em protegê-lo de doenças graves através da vacinação. A prevalência de diversas doenças graves do gato tem vindo a diminuir ao longo dos anos graças à disponibilidade de várias vacinas. Se por um lado, o número de gatos vacinados tem vindo a aumentar de forma regular, por outro lado, em França, os gatos vão menos às consultas médico-veterinárias em comparação com os cães e, como tal, estão menos protegidos pela vacinação preventiva. De entre as doenças que podem afetar os gatos, algumas são fatais. Outras raramente colocam em risco a vida do animal. No entanto, é sempre preferível evitar o seu aparecimento vacinando o animal. Infelizmente, não existem hoje em dia vacinas eficazes para todas as doenças identificadas no gato. De modo geral, está contra-indicada a vacinação de gatos doentes, parasitados ou em fase de tratamento com um imunossupressor. Em regra, todos os gatinhos devem ser submetidos a desverminação antes da administração da primovacinação. Além disso, a administração de vacinas modificadas é contra-indicada nas fêmeas em gestaçã o, pois existe um risco potencial de induzir anomalias no feto. O calendário de vacinas deve ser estabelecido pelo médico veterinário, em função de diversos parâmetros, tais como o modo de vida do gato, idade e meio ambiente. Entretanto, todos estes programas correspondem aos princípios gerais que seguidamente passamos a res umir. A maior dificuldade da primovacinação, consiste em conseguir vacinar o gatinho da melhor forma e com a maior rapidez possível, imediatamente a seguir ao desaparecimento da imunidade passiva. Isto obriga à aplicação de duas inoculações sucessivas: a primeira, administrada entre as 6 e as 10 semanas de idade – habitualmente às 8 semanas – e a segunda 3 a 4 semanas após a primeira – de forma geral entre as 12 – 14 semanas. Existe uma legislação específica referente à vacinação anti-rábica, pelo que esta não pode ser aplicada antes dos 3 meses de vida. A administração de uma dose de reforço aos AUXILIAR VETERINÁRIO 49 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE gatos que foram vacinados muito jovens é indispensável para a manutenção de um nível de imunidade eficaz. IDADE DO GATO VACINA 2 meses 1a dose da tríplice felina 2 meses e 3 semanas 2ª dose da tríplice felina 3 meses e 2 semanas 3ª dose da tríplice felina 4 meses 1ª dose da anti-rábica Deve-se proceder o reforço anual de todas A tríplice felina imuniza contra Rinotraqueíte, Calicivirose e Panleucopenia Felina. Existe também a chamada vacina quádrupla felina (Rinotraqueíte, Calicivirose, Panleucopenia e Clamidiose felinas) e quíntupla felina (Rinotraqueíte, Calcivirose, Clamidiose, Leucemia e Panleucopenia Felina). Aula 30 Os endoparasitos (verminoses) Esófago e estômago Tratam-se, principalmente, de espirocercoses, causadas na espécie canina por Spirocerca lupi, um nematode presente na parede do esôfago ou, mais raramente, do estômago, por vezes até mesmo na parede da artéria aorta. Estes parasitas causam uma doença grave, presente essencialmente nos países tropicais, na África do Norte e na Europa meridional. Os cães infestam-se ingerindo os hospedeiros intermediários, ou seja coleópteros, mas, principalmente, pequenos vertebrados. Os animais atingidos apresentam sintomas digestivos esofágicos (regurgitações, por vezes impossibilidade de deglutir) e gástricos (vômitos recorrentes, aumento da sede). Podem ser observadas dificuldades respiratórias quando o parasita se encontra na parede da aorta. O tratamento é muito difícil e baseia-se em anti-helmínticos sob forma injetável, como a ivermectina. Dada a diversidade de hospedeiros intermediários (vetores do parasita) responsáveis pela infestação do cão, é praticamente impossível considerar a possibilidade de qualquer profilaxia. Estômago e intestino AUXILIAR VETERINÁRIO 50 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE Estes parasitas são estrôngilos, principalmente Ancylostoma caninum, nas regiões quentes e Ancylostoma braziliense, nos países tropicais. Afetam, principalmente, os animais que vivem em coletividade (fala-se, frequentemente, de anemia de cães de matilha), mas outros cães também podem ser infestados. As larvas dos estrôngilos do gênero Ancylostoma penetram através da pele ou são ingeridas pelos cachorros com o leite materno. A infestação desenvolve-se em várias fases, correspondentes às migrações das larvas no organismo. Inicia-se com uma fase cutânea, durante a qual surgem pequenas borbulhas no abdômen do cão, que desaparecem espontaneamente após cerca de dez dias. Em seguida, o desenvolvimento dos adultos no intestino delgado é acompanhado por sintomas digestivos, tais como a alternância diarréia/prisão de ventre e, depois, uma diarréia persistente de odor fétido. Finalmente, o estado geral do cão degrada-se por causa da anemia que se instala. Nas formas graves, a evolução pode resultar na morte do cão, nquanto que nas formas benignas é possível uma cura espontânea. Ancylostoma caninum AUXILIAR VETERINÁRIO 51 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE Os parasitas exercem uma ação de espoliação sanguínea: os adultos fixam-se à mucosa intestinal; absorvem um pouco de sangue e provocam um efeito de sangria. É provável que exerçam também uma ação tóxica e uma ação no sistema imunológico, tendo como conseqüência uma reação cutânea mais pronunciada em caso de reinfestação, impedindo a migração das larvas. Por isso, o cão torna-se mais ou menos resistente a estes estrôngilos. As medidas de prevenção consistem, primeiramente, numa desinfecção do local. As fêmeas gestantes podem ser tratadas preventivamente com fenbendazole, que destrói as larvas. Os cachorros com 10 a 45 dias de idade também podem ser tratados uma vez por semana e, em seguida, na 8° e 12° semanas nas áreas fortemente atingidas por estes parasitas. Intestino delgado Os parasitas do intestino delgado incluem nematódeos da família dos Ascarídeos (Toxascaris leonina) e Toxocarídeos (Toxocara canis), sendo estes últimos transmissíveis aos seres humanos. Este parasita afeta principalmente os cães jovens até um ano de idade. A infestação é realizada pela ingestão de ovos embrionados, presentes na água ou nos alimentos, ou pela transmissão no útero da mãe aos seus filhos, ou através do leite materno quando este contém larvas. Os animais em más condições físicas gerais são mais receptivos, bem como aqueles que apresentam determinadas carências alimentares. Uma infestação maciça é responsável por sintomas gerais, tais como atraso no crescimento, emagrecimento, mortalidade significativa nos cachorros de 3 a 7 semanas de idade que foram maciçamente infestados antes do nascimento. Evidentemente, estes cachorros apresentam sintomas digestivos: diarréia alternada com períodos de prisão de ventre, vômitos levando à eliminação de parte dos parasitas, bem como um inchaço abdominal mais ou menos acentuado. Outras complicações podem surgir sob a forma de obstrução intestinal (por uma bola de vermes), ou até mesmo por uma perfuração intestinal que levará a uma hemorragia ou a uma peritonite. Além destes sintomas, os parasitas ingerem sangue e conteúdo intestinal, que contêm elementos essenciais ao crescimento do cachorro. O diagnóstico é geralmente fácil: o cachorro apresenta uma saúde geral debilitada, o seu abdômen está distendido e é possível encontrar parasitas nas fezes ou nos vômitos. Por vezes, um exame AUXILIAR VETERINÁRIO 52 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE coprológico pode ajudar no diagnóstico. Há vários antiparasitários disponíveis, sendo os mais freqüentes o pamoato de pirantel, o nitroscanato e a ivermectina. A prevenção consiste em tratar sistematicamente os cães jovens e destruir os vermes adultos presentes nas mães. A destruição dos ovos no meio ambiente é extremamente difícil, pois são de uma grande resistência. Os cestódeos também parasitam esta parte do tubo digestivo. Tratam-se de tênias, como o Dipylidium caninum, transmitido pela ingestão de pulgas. Este parasita atinge cães de todas as idades, provocando-lhes um prurido anal intenso. O cão esfrega a parte traseira no chão. Existem sintomas digestivos associados, como a eliminação de anéis de parasitas – com a forma de grãos de arroz – nas fezes, que podem ter um aspecto mais ou menos diarréico. As reinfestações são freqüentes e favorecidas pelo fato dos ovos poderem colar-se aos pêlos e serem assim ingeridos pelo cão. A ação de espoliação é extremamente fraca, os parasitas exercem principalmente uma ação de irritação e de inchaço das glândulas anais. Dipylidium caninum A profilaxia consiste, em primeiro lugar, na eliminação dos hospedeiros intermediários, ou seja, as pulgas e, em menor grau, os piolhos. Nos animais parasitados, aconselha-se a utilização de cestocidas específicos, tais como o praziquantel, ou de anti-helmínticos polivalentes, como o nitroscanato. Intestino grosso Os principais parasitas desta parte do tubo digestivo, mais exatamente do ceco e do cólon, são nematódeos do gênero Trichuris. Os cães infestam-se pela ingestão dos ovos, presentes no meio ambiente, sendo que os adultos aparentemente são mais afetados. Quando existe uma infestação maciça, surgem sintomas como diarréia (que pode ser hemorrágica), anemia, emagrecimento, etc. AUXILIAR VETERINÁRIO 53 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE Trichuris vulpi Os tricuros são hematófagos, exercendo por isso uma ação espoliadora, mas, pelas lesões que causam, também podem permitir o desenvolvimento de bactérias. O diagnóstico baseia-se no exame coprológico, revelando a presença dos ovos dos parasitas nas fezes do cão. O tratamento consiste na administração de benzimidazois, como o febendazole, durante três dias consecutivos ou de febantel durante o mesmo intervalo de tempo. Contudo, as reinfestações permanecem freqüentes. Portanto, é fundamental cuidar da higiene dos locais e dos alimentos. Vermífugos A título preventivo, os cachorros podem ser desverminados a partir das duas semanas de idade. Utiliza-se um vermífugo polivalente – geralmente uma associação de vários anti-helmínticos, o que permite obter um espectro de ação muito amplo – cuja dose é adaptada ao peso do cão. Em seguida, trata-se o cão uma vez por mês até à idade de 6 meses, depois 3 a 4 vezes por ano, dependendo se o cão sai muito ou não. Também é possível proceder a um exame coprológico de ovos de helmintos e, desta forma, identificar o antihelmíntico mais adaptado ao caso observado. Além disso, deve-se considerar o temperamento do cão para adaptar a forma de administração do vermífugo. Alguns estão disponíveis sob a forma de comprimidos, outros sob a forma de pasta ou de líquido; são administrados numa única ou em várias vezes, o que pode também influenciar a escolha do vermífugo. AUXILIAR VETERINÁRIO 54 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE De qualquer forma, é essencial desverminar regularmente o seu cão, especialmente nos casos em que vários cães vivem juntos e, principalmente, porque existe um risco de transmissão aos seres humanos. Aula 31 Os ectoparasitos As afecções parasitárias externas atingem, essencialmente, a pele e a pelagem. Elas podem causar eczemas, prurido ou queda de pêlo acentuada. As pulgas São insetos desprovidos de asas, cujo corpo é achatado lateralmente. As pulgas do cão pertencem às espécies Ctenocephalides canis ou Ctenocephalides felis, dos quais somente os adultos são parasitas. Encontram-se principalmente nos lugares freqüentados pelo cão: estima-se que, num determinado momento, apenas 10 % das pulgas estejam presentes na pelagem (o restante está no ambiente!). As pulgas são muito prolíferas: as fêmeas põem numerosos ovos (às vezes mil ou dois mil) em alguns meses. Como estes ovos não aderem à pelagem, caem ao solo e acumulam-se nos tapetes, no chão, etc. Os ovos eclodem, libertando larvas que sofrem metamorfoses, realizam mudas e transformam-se em ninfas. Depois, em condições favoráveis, o adulto formado sai do casulo e torna-se um parasita no cão, chamado hospedeiro definitivo. A pulga adulta perfura então a pele do cão, utilizando as suas peças bucais, e suga sangue, graças à sua probóscide, após ter inoculado saliva anti-coagulante. A presença de pulgas é revelada pelos seus excrementos: trata-se de pequenos grãos pretos que se encontram na pele do animal, especialmente na região dorso-lombar. Correspondem ao sangue absorvido e, depois, digerido pelas pulgas. As pulgas causam várias patologias no cão. Em primeiro lugar, têm um papel patogênico direto, em geral pouco incomodativo, que se limita às comichões. No entanto, o cão pode desenvolver uma dermatite por hipersensibilidade às picadas de pulga (DAPP), que se traduz por um prurido intenso, levando à queda de pêlo ou, até mesmo, feridas ao coçar, localizadas na parte superior do corpo (sobretudo na região lombar). Esta afecção é mais rara na estação fria, quando a atividade das pulgas é menor. O seu papel patogênico indireto consiste na transmissão de agentes patogênicos: bactérias (como a responsável pela peste humana) e parasitas do tubo digestivo (transmissão por ingestão de pulgas adultas). AUXILIAR VETERINÁRIO 55 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE Porque e como combater as pulgas do cão ? Para combater um parasita é preciso conhecer o seu desenvolvimento para poder agir nas suas diferentes etapas. A larva desloca-se para se abrigar da luz (numa casa: nos tapetes, almofadas, rodapés, frestas do piso, cantos). Depois de uma vida de 1 a 2 semanas, a larva transforma-se em casulo que é muito resistente ao tratamento e pode sobreviver cinco meses. A eclosão do adulto a partir do casulo deve-se à presença de animais ou de seres humanos. Numa casa desabitada durante vários meses, a eclosão de vários casulos pode ser simultânea, levando a uma invasão de pulgas em algumas horas. Na maioria das vezes, o adulto ataca um gato ou um cão e pica-o para se alimentar de sangue. As fêmeas são as mais vorazes: ingerem aproximadamente 15 vezes o seu próprio peso em sangue (70 fêmeas ingerem 1 ml de sangue por dia !). Durante os repastos sanguíneos, as fêmeas defecam e podem ser encontrados excrementos de pulga na pelagem, como pequenos pontos pretos que se tornam vermelhos em contacto com um papel úmido. Além da espoliação sanguínea, as pulgas são frequentemente responsáveis por alergias e também podem transmitir aos cães e aos gatos um verme achatado, muitas vezes visto nos carnívoros adultos. A maioria dos tratamentos anti-pulgas aplicados aos animais (coleira, spray, pós...) diminui o número de pulgas, mas esses tratamentos geralmente não são suficientes para as eliminar todas porque muitas vezes estas ficam no meio ambiente. Por isso, recomendase geralmente associar dois tratamentos. O primeiro, à base de inseticida, visa matar todas as pulgas adultas nos cães e nos gatos que vivem no local a ser tratado. Para tal, utilizam-se produtos antiparasitas (piretróides) sob a forma de spray ou spot-on, ou seja, através da colocação na pele do cão de algumas gotas de uma solução muito concentrada, contendo o mesmo produto que o spray. Esta solução difunde-se então por todo o corpo do animal e permite matar todas as pulgas quando estas se alimentam. Este tratamento deve ser renovado todos os meses como manutenção. Existe um outro método que visa esterilizar as pulgas durante o seu repasto sanguíneo, que se realiza administrando ao cão um comprimido uma vez por mês. O segundo visa matar as pulgas (com um inseticida) ou bloquear o seu desenvolvimento (com um AUXILIAR VETERINÁRIO 56 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE regulador de crescimento de inseto, o IGR, que significa "Insect Growth Regulator") no meio ambiente. Os carrapat os Os carrapatos são ácaros de grandes dimensões (de 2 a 10 mm). Existe um grande dimorfismo sexual relacionado com o fato do abdômen das fêmeas ser fortemente dilatável, ao contrário do que acontece com os machos. O seu corpo, de cor vermelho acastanhado, é achatado, exceto depois de se alimentarem, quando se torna globuloso. São parasitas intermitentes, estritamente hematófagos, exceto alguns machos de algumas espécies que não se alimentam. Os carrapatos parasitos do cão são principalmente da espécie Rhipicephalus sanguineus. São muito específicas do cão, visto que procuram fixar-se neste hospedeiro (e apenas nele), em qualquer estado evolutivo (larva, ninfa ou adulto). O carrapato fixa-se à pele do cão, de preferência onde esta é mais fina. Então, introduz as suas peças bucais na pele e inocula uma saliva especial que se solidifica, formando uma área de fixação muito resistente. Assim, o carrapato pode alimentar-se de sangue, o que é facilitado pela injeção de uma saliva com propriedades anticoagulantes e vasodilatadoras. Esta refeição é parcial para as larvas e as ninfas, bem como para as fêmeas não fecundadas, mas torna-se muito significativa (até alguns mililitros) para as fêmeas fecundadas. As larvas, ninfas e adultos fazem apenas um repasto sanguíneo, ao contrário dos machos, que se alimentam em pequenas quantidades e várias vezes. O carrapato pode libertar-se no final do repasto sanguíneo graças a uma outra saliva, que dissolve a primeira. A este período de vida parasitária sucede uma fase de vida livre, dependendo das condições do meio ambiente. No ciclo evolutivo do carrapato o período de vida livre é consideravelmente mais lo ngo do que o de vida parasitária. O carrapato do cão reproduzse geralmente no seu hospedeiro, depois a fêmea enche-se de sangue e cai ao solo. Após várias semanas, a fêmea põe alguns milhares de ovos e morre. Conforme as condições do meio ambiente, os ovos incubam durante um período mais ou menos longo de algumas semanas, depois eclodem. De cada ovo surge uma larva, que aguarda sobre as folhagens a passagem do seu futuro hospedeiro, o cão. Ela pode, então, fixar-se nele e fazer a sua refeição de sangue, que dura alguns dias e, depois, deixa-se cair novamente ao solo. Após algum tempo no chão, a larva transforma-se em ninfa. O processo repeteAUXILIAR VETERINÁRIO 57 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE se: a ninfa alimenta-se, cai novamente ao solo e faz a muda para adulto, macho ou fêmea. O ciclo completo é longo, considerando que requer a fixação do carrapato em três hospedeiros; se as condições não forem ideais, pode durar até quatro anos. Além disso, nem todos os ovos chegam ao estado adulto porque podem ser ingeridos em diferentes fases do seu desenvolvimento por vários animais, principalmente durante a sua vida livre. Os carrapatos desempenham um papel patogênico direto importante, pela irritação que provoca a penetração do carrapato e a sua saliva. Depois do carrapato se desprender do hospedeiro, a pele do cão fica fragilizada. A lesão provocada pela fixação pode tornar-se um foco de penetração de bactérias, conduzindo a mais infecções. O repasto sanguíneo constitui uma espoliação sanguínea mais ou menos intensa para o cão, podendo causar uma anemia severa em caso de infestação maciça. Finalmente, a presença de carrapatos no cão pode provocar uma reação tóxica, tanto local quanto generalizada. Conhecem-se, por exemplo, paralisias por carrapatos na Austrália causadas pela espécie Ixodes holocyclus; sem tratamento, levam à morte por paralisia dos músculos respiratórios. A presença de carrapatos também tem influência sobre a imunidade do cão. Quando ocorre uma nova infestação, surge uma hipersensibilidade que se manifesta por reações violentas (prurido) no ponto de fixação, dificultando a presença carrapatos que, aos poucos, vão diminuindo em número. Observa-se o aparecimento de uma imunidade adquirida. Os carrapatos também podem transmitir vários agentes causadores de doenças, seja através de uma fêmea à sua descendência, seja de um estado de desenvolvimento a outro, seja pela combinação dos dois. Os carrapatos são responsáveis pela transmissão de: • Babesia canis, agente da babesiose (também chamada piroplasmose) • Hepatozoon canis, responsável pela hepatozoonose • Ehrlichia canis, agente da erliquiose • Zoonoses, (doenças transmissíveis aos seres humanos) tais como a febre escaro-nodular da Ásia, da África e da Europa meridional, causada pela Rickettsia conori, e a febre maculosa, doença que ocorre no Brasil e estados como Minas Gerais e São Paulo, causado pela Rickettsia riquettsi. Como eliminar os carrapatos? Se o cão estiver pouco infestado, é possível extrair os carrapatos uma a uma com o auxílio de uma pinça, de preferência após ter deitado um pouco de éter sobre o carrapato ou depois de passar um papel absorvente embebido em ivermectina.. Na AUXILIAR VETERINÁRIO 58 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE verdade, é essencial que esta seja retirada, sob pena de ocorrer a formação de um abscesso no local de implantação do parasita. Se a infestação for muito intensa, deve-se então proceder a lavagens, utilizando, por exemplo, piretróides ou amitraz, substâncias contra carrapatos. É aconselhável cimentar o solo e as paredes dos canis e pulverizar com um insecticida adequado, de modo a prevenir as infestações a outros grupos de animais. Existe também uma vacina, cuja duração é de seis meses, que visa prevenir as parasitoses quando o cão se desloca frequentemente a locais onde a população de carrapatos é grande, como nas florestas ou matas. EXERCÍCIOS 1. Cite algumas doenças transmitidas por pulgas aos cães. 2. Cite uma doença transmitida pela pulga ao ser humano. 3. Cite algumas doenças transmitidas por carrapatos aos cães. 4. Cite uma doença transmitida por carrapatos ao ser humano. Aula 32 As doenças dos cães combatidas por vacinação Leptospiroses São doenças contagiosas devidas a bactéiras do gênero Leptospira; envolvem diversas espécies e são transmissíveis ao ser humano. No cão, há dois grupos principais, chamados sorotipos: são denominados Leptospira icterohaemorragiae e Leptospira canicola. Estas doenças ocorrem no mundo inteiro, em particular nas regiões úmidas e nos agrupamentos de cães. AUXILIAR VETERINÁRIO 59 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE As leptospiroses manifestam-se sob diferentes formas clínicas, conforme o sorotipo envolvido. Em primeiro lugar, o cão pode apresentar uma gastroenterite hemorrágica, causada pelos sorotipos acima citados. Esta gastroenterite existe sob uma forma aguda: depois de cinco dias de incubação, o cão torna-se abatido, prostrado, anorético, com polidipsia (aumento da sede). Apresenta uma hipertermia significativa durante dois a três dias, ocorrendo depois uma hipotermia. A palpação abdominal é muito dolorosa. Em seguida, começa o período crítico, com uma duração de cinco a seis dias, durante o qual aparecem sinais digestivos (vômitos que se tornam sanguinolentos, diarréias hemorrágicas), bem como hemorragias nas mucosas e na pele, uma inflamação da mucosa bucal, que exala um odor fortemente desagradável, e uma insuficiência renal aguda (diminuição da quantidade de urina excretada, podendo esta estar manchada de sangue). Podem também surgir complicações nervosas, oculares, cardíacas e pulmonares. Instala-se, então, uma fase de coma que evolui para a morte. Esta gastroenterite também pode existir sob uma forma hiperaguda: a doença evolui para a morte em 48 horas, depois de um período de hipotermia acompanhado por vômitos e diarréia, antes do cão entrar em coma. Existe uma outra forma subaguda, com uma duração aproximada de duas semanas, que pode resultar na cura do cão após a fase de gastroenterite. Existe uma segunda forma, devida, neste caso, unicamente à Leptospira icterohaemorragiae, denominada de leptospirose ictérica. A incubação dura entre cinco a oito dias, depois o cão apresenta febre durante dois dias que é substituída, em seguida, por hipotermia, abatimento e dores abdominais. O cão torna-se anorético. Ocorre, então, a fase crítica, em que as mucosas assumem um tom vermelho alaranjado, característica da icterícia. A ela estão associados sintomas digestivos, diarreia e vómitos. Esta forma evolui para a morte em cinco a quinze dias. A terceira forma existente deve-se à Leptospira canicola. Trata-se da nefrite por leptospira. Esta doença pode evoluir conforme duas modalidades: rápida, com predominância de uma gastroenterite, ou lenta. Neste último caso, a doença só pode ser diagnosticada na sua fase terminal, a uremia (forte aumento do teor de uréia no sangue). O cão morre no final de uma fase de coma urêmico. Hepatite infecciosa canina AUXILIAR VETERINÁRIO 60 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE O vírus responsável pela doença é denominado CAV 1: é um adenovírus canino do tipo 1. Pode resistir durante aproximadamente dez dias no meio ambiente, mas é destruído pelo calor e pelos raios ultravioletas. A doença pode existir numa forma hiperaguda, aguda ou subaguda. A contaminação pode ser obtida por simples contato entre um animal doente e um cão sadio ou por contacto indireto, por intermédio de objetos contaminados ou pelos alimentos. A cadela que amamenta também pode transmitir o vírus aos seus cachorros, desencadeando a forma hiperaguda da doença. O vírus penetra principalmente por via digestiva ou acessoriamente por via aérea. Apenas o cão e a raposa são sensíveis a este vírus. Durante toda a doença, eles podem propagar o vírus no meio ambiente através do sangue e das excreções. A urina pode ser responsável pelo contágio durante vários meses após a cura. No organismo, o vírus multiplica-se primeiramente nas amídalas e em diversos gânglios, e depois pode ou não disseminarse. O fato deste vírus poder permanecer localizado em certas regiões explica o grande número de formas não aparentes. A parvovirose A parvovirose é uma doença contagiosa, surgida nos Estados Unidos e na Austrália em 1978, e que atualmente existe no mundo inteiro. É causada por um vírus da família dos Parvoviridae, muito resistente no meio ambiente. As espécies sensíveis são exclusivamente os Canídeos. Em geral, esta doença traduz-se por uma gastroenterite hemorrágica. Depois de três ou quatro dias de incubação, começa a fase crítica. Durante esta fase, o cão está inicialmente prostrado e anorético. Surgem, então, vômitos que precedem, por pouco, o aparecimento da diarréia de aspecto hemorrágico. Depois de quatro a cinco dias de evolução, as fezes assumem um aspecto rosa-acinzentado, característico desta doença infecciosa. A evolução pode ser hiperaguda, na qual o cão se desidrata de forma muito significativa e morre em dois ou três dias, e aguda, com diminuição do volume sanguíneo, ocasionada pela diarréia e vômitos. Neste caso, as infecções bacterianas suplementares levam o animal à morte em cinco a seis dias. Os animais que não morrem no quinto dia ficam curados. A mortalidade mais significativa que se observa é a dos cachorros de pouca idade com seis a doze semanas, ou seja, no momento em que a proteção conferida pelos anticorpos de origem materna desaparece. Existe também uma forma cardíaca, muito rara, que afeta exclusivamente os cachorros de 1 a 2 meses de idade que não receberam imunidade da sua mãe. Após um curto AUXILIAR VETERINÁRIO 61 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE período de dificuldades respiratórias, a doença evolui geralmente para a morte. Os cachorros que sobrevivem conservam seqüelas cardíacas. Finalmente, vários cães podem estar infectados sem apresentarem sintomas. O contágio de um cão a outro pode ser direto, por contato entre os dois animais, ou indireto, por intermédio dos objetos contaminados pelas fezes de um animal contaminado. A raiva Esta doença infecciosa, inoculável, é causada por um vírus da família dos Rhabdoviridae. Este vírus é sensível ao calor e desativado pela luz e pelos raios ultravioletas. É conservado pelo frio. O vírus rábico possui uma afinidade muito acentuada pelos tecidos nervosos. A sua virulência depende da glicoproteína G, molécula situada no vírus. Na maioria dos casos, este vírus é inoculado no cão quando ocorre um traumatismo (dentada, arranhão) e multiplica-se localmente. Depois de uma multiplicação no músculo, o vírus difunde-se por todo o organismo e penetra nos nervos. Os sintomas que se seguem à infecção pelo vírus são de origem nervosa, levando sempre à morte do cão. Várias evoluções são possíveis após um contacto com o vírus. Pode-se observar uma contaminação sem sintomas ou até mesmo, em casos muito raros, uma infecção que se traduz por sintomas, mas tendo como resultado a cura, com ou sem seqüelas e finalmente, em praticamente 100 % dos casos, uma infecção normal levando a uma evolução para a morte. Os animais perigosos são aqueles que se encontram na última fase da incubação, quando o vírus é eliminado pela saliva, bem como os animais que mostram sinais clínicos da doença. Vários tecidos e órgãos representam fontes do vírus rábico. Alguns deles contêm o vírus que permanece no organismo, enquanto outros são responsáveis pela excreção do vírus sendo, consequentemente, perigosos para os outros cães. Tratase principalmente da saliva; nela, a concentração em vírus é muito elevada, o que explica o perigo das dentadas para os outros animais. Os cadáveres dos animais mortos com raiva também são perigosos, uma vez que o vírus permanece muito mais tempo neles do que no meio ambiente ou do que em objetos contaminados por um animal raivoso. O contágio está essencialmente associado às mordeduras, mas nem todas elas são necessariamente contagiosas. AUXILIAR VETERINÁRIO 62 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE A cinomose A cinomose atinge o cão em qualquer idade e a sensibilidade à infecção varia de um indivíduo a outro. Os cães contaminam-se na maioria dos casos de forma direta, sendo que o vírus é inalado e atravessa as vias respiratórias. Depois da penetração do vírus no organismo, este multiplica-se nas amídalas e nos brônquios, disseminando-se a seguir por todo o organismo em, aproximadamente, oito dias. A partir desse momento, existem três modalidades de evolução. Em metade dos cães, a resposta imunológica desenvolvida depois da infecção é suficiente e o vírus desaparece. Os animais curam-se após terem apresentado alguns sintomas relativamente discretos. Entretanto, outros animais têm uma imunidade deficiente e estes cães apresentam os sintomas característicos da doença. Finalmente, uma minoria parece curar-se, mas está sujeita a sintomas nervosos após um mês. A forma mais clássica da doença ocorre da seguinte forma: a incubação dura entre três a sete dias; durante esta fase, o cão não apresenta nenhuma manifestação da infecção. Depois, o vírus dissemina-se pelo organismo e observa-se uma hipertermia (40° C), um corrimento de líquido localizado nos olhos e no nariz, por vezes, o aparecimento de pequenas pústulas no abdômen. Esta etapa, que dura dois a três dias, é seguida por uma fase durante a qual o cão parece voltar ao estado normal, exceto pela persistência de uma conjuntivite. Em seguida, entra-se na fase crítica, durante a qual se observa o maior número de sintomas que evocam um ataque pelo vírus da cinomose. A temperatura permanece elevada (aproximadamente 39,5°C), as mucosas estão inflamadas, depois observa-se um corrimento nasal e ocular, diarréia e uma inflamação traqueobronqueal que se traduz em tosse. O vírus pode localizar-se em diferentes locais: quando ocorrem complicações devidas à presença de bactérias, estaremos em presença de uma rinite e de uma conjuntivite, de uma broncopneumonia (que se traduz por tosse e dificuldades respiratórias), de uma gastroenterite (provocando diarréia e vômitos) e de uma ceratite (inflamação da córnea), podendo ocorrer complicações pelo aparecimento de úlceras. Mais tarde, após a reação do sistema imunológico, o cão apresenta sintomas nervosos que evoluem segundo duas modalidades. Os sintomas podem aparecer rapidamente e observam-se então dificuldades de coordenação locomotora, paralisias, convulsões e contrações musculares involuntárias. Quando o aparecimento destes sintomas é mais demorado (até alguns meses), o cão AUXILIAR VETERINÁRIO 63 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE também tem dificuldades em coordenar os seus movimentos locomotores e esta ataxia evolui progressivamente para a paralisia; além disso, o cão apresenta contrações musculares involuntárias e perturbações da visão. Existem diferentes modos de evolução: o cão pode curar-se sem seqüelas e sem ter passado pela fase crítica; ele pode curar-se, porém com seqüelas da doença, que podem ser nervosas, respiratórias ou dentárias. Existem formas diferentes da doença, que são chamadas de formas atípicas. Uma variação é conhecida como uma forma cutâneo-nervosa, que se traduz por um espessamento da trufa e das almofadinhas, escorrimento nasal e ocular e uma hipertermia persistente. A evolução é lenta: em algumas semanas surge uma encefalite que evolui para a morte. Existe também uma outra forma de encefalite que se instala progressivamente nos cães idosos. A tosse dos canis Esta doença, designada de tosse dos canis ou traqueobronquite infecciosa, é uma afecção respiratória contagiosa, caracterizada por uma tosse que pode durar várias semanas. Esta síndrome devese à ação de um conjunto de microrganismos (bactérias e vírus). É encontrada, essencialmente, nos locais em que estão reunidos cães de diversas origens, mas, por vezes, também surge em animais isolados, como após uma exposição de cães, por exemplo. A principal bactéria responsável é a Bordetella bronchiseptica. Ela intervém com freqüência em paralelo com uma infecção viral. O estado geral do cão não se encontra debilitado: depois de aproximadamente três dias de incubação, o animal apresenta tosse e um fluxo nasal de aspecto mais ou menos purulento. Vários vírus também podem ser responsáveis por uma parte dos sintomas. O vírus da Parainfluenza pode provocar uma ligeira inflamação da região rinofaríngea, bem como uma tosse de alguns dias. Este vírus é muito contagioso. A doença é transmitida aos cães presentes em redor. Finalmente, os Micoplasmas podem potencializar a ação dos outros microrganismos, sem, no entanto, serem responsáveis pelo aparecimento dos sintomas quando agem isoladamente. A giardíase A Giardíase é uma infecção causada por protozoários que acometem, principalmente, a porção superior do intestino delgado. É considerada uma zoonose, ou seja doença transmitida ao homem pelos AUXILIAR VETERINÁRIO 64 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE animais. Os sintomas mais comuns da doença nos animais são fezes moles, odor fétido e algumas vezes diarréia acompanhada de dor abdominal, que pode ser intermitente e aguda e muitas vezes associada à desidratação. Outros sinais incluem vômito, cansaço, falta de apetite, perda de peso e anemia. O ser humano pode apresentar a mesma sintomatologia canina, ou seja: diarréias freqüentes, vômitos, desidratação, fraqueza, dores abdominais, podendo evoluir para problemas mais graves quando não tratados. Aula 33 Outras importantes doenças que acometem os cães A babesiose Esta doença é causada por um parasita da família dos Protozoários (seres formados por uma única célula), chamado piroplasma e, mais particularmente, Babesia canis. Durante o seu ciclo, este parasita necessita de passar por um hospedeiro vetor de forma a garantir a transmissão da doença de um cão a outro. Esse vetor é o carrapato fêmea. A incubação, correspondente ao período de multiplicação dos parasitas no organismo do cão, dura entre dois dias a duas semanas aproximadamente. Durante esta fase, não se encontra nenhum piroplasma no sangue. Após esta fase, os parasitas surgem no sangue e os sintomas aparecem quase simultaneamente. Na forma aguda da doença, o cão apresenta uma hipertermia muito pronunciada, acompanhada por abatimento; a crise febril dura, em média, seis a dez dias. Concomitantemente, aparecem sintomas de anemia (descoloração das mucosas), causada pela destruição dos glóbulos vermelhos frente à multiplicação dos parasitas no seu interior. Depois de alguns dias de doença, ocorre uma hemoglobinúria: a urina cora-se de sangue (urina de “coca-cola”). Existem sinais clínicos atípicos, que podem ser manifestações de ordem nervosa, respiratória, digestiva, cutânea ou ainda ocular. A evolução é curta, de no máximo uma semana. Na ausência de tratamento, o estado do cão agrava-se e evolui para o coma e, depois, a morte. Existe uma forma crônica que afeta principalmente os adultos, podendo seguir-se à forma aguda. A febre é menos pronunciada, até mesmo ausente, e, na maioria das vezes, o estado geral de saúde permanece bom. A anemia está sempre presente e é bastante nítida. A evolução desta forma de babesiose é lenta e existem possibilidades de complicações. Esta forma pode evoluir durante várias semanas e resultar na morte do cão. AUXILIAR VETERINÁRIO 65 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE A ehrlichiose A ehrlichiose canina é uma importante doença infecciosa cuja prevalência tem aumentado significativamente em várias regiões do Brasil. É transmitida pelo carrapato Rhipicephalus sanguineus, e tem como agente etiológico a Erhlichia canis. Os sinais clínicos observados são conseqüências da resposta imunológica face à infecção. De acordo com estes sinais clínicos e patológicos, a doença pode ser dividida em três fases: aguda, sub-aguda e crônica. O sucesso do tratamento depende de um diagnóstico precoce. Varias drogas são utilizadas no tratamento da ehrlichiose sendo que a doxiciclina é o antibiótico de escolha no tratamento desta infecção. O ciclo da Ehrlichia é constituído de três fases principais: (1) penetração dos corpos elementares nos monócitos, onde permanecem em crescimento por aproximadamente 2 dias; (2) multiplicação do agente, por um período de 3 a 5 dias, com a formação do corpo inicial; e (3) formação das mórulas, sendo estas constituídas por um conjunto de corpos elementares envoltos por uma membrana. Em uma mesma célula podemos ter mais de uma mórula. Estas permanecem na célula hospedeira por 3 a 4 dias para então serem liberadas com a lise celular, e conseqüente morte desta. Os diabetes A "diabetes mellitus" caracteriza-se por um aumento da concentração de glicose ("a çúcar") no sangue e pela sua presença na urina do cão. Em termos de sintomas clínicos, o cão diabético aumenta significativamente a ingestão de líquidos, urina em grande quantidade, come bastante e sofre, por vezes, de cataratas a nível ocular. Quando a doença evolui, o cão torna-se muito magro e a urina adquire um odor característico adocicado. Na ausência de tratamento, acaba por entrar em coma e morrer. Um simples exame ao sangue e à urina permite detectar esta doença. Sem fornecer todos os detalhes de uma classificação médica complexa, assinalemos que existem, no cão adulto, dois grandes tipos de diabetes mellitus, a segunda resultando, aliás, da evolução da primeira: a diabetes não insulinodependente (para a qual a dieta por si só permite combater a doença) e a diabetes insulino-dependente (neste caso, o animal deve receber diariamente uma ou várias injeções de insulina e a alimentação – em especial o horário das refeições – adapta-se a ela(s)). No caso mais simples (no plano da alimentação, mas não no plano médico) da diabetes dependente de insulina, uma alimentação tradicional, sem excesso de AUXILIAR VETERINÁRIO 66 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE lipídeos, é suficiente: pode ser utilizado com sucesso um alimento hiperdigerível, como alimentos rehidratáveis ou secos, o que permite aumentar o tempo de absorção de carboidratos. Os açucares de rápida absorção (sacarose) não são recomendáveis; é imperativo respeitar perfeitamente as horas das refeições definidas pelo Médico Veterinário, em função do tipo de insulina utilizada, e nunca mudar a alimentação uma vez estabilizada a diabetes. Para a diabetes não insulino-dependente, o cão conserva uma certa capacidade para regular a glicemia e é importante manter o nível de açúcar no sangue o mais baixo possível depois das refeições, de forma a não forçar em demasia o pâncreas ao pedirlhe que produza grandes quantidades de insulina. Para tal, deve-se utilizar tanto um alimento seco dietético completo hipocalórico ou um alimento a rehidratar, como uma alimentação caseira composta por: - glícidos de absorção lenta (arroz, massas), - proteínas de excelente qualidade (carnes magras brancas ou vermelhas), - fibras (alface, feijão verde, farelo, evitando as cenouras que são bastante açucaradas). As diarréias AUXILIAR VETERINÁRIO 67 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE A alimentação pode intervir a dois níveis num problema de diarréia: - pelo seu papel indutor, se estiver mal preparada. - pelo seu papel paliativo, se ajudar no tratamento da diarréia em causa. Desta forma, a alimentação pode desencadear uma diarréia quando: - a alimentação do cão é bruscamente alterada, de um dia para o outro, sem respeitar a necessária transição alimentar de uma semana; - a quantidade de alimento fornecida é excessiva, ultrapassando as capacidades de digestão do cão; - a alimentação contém em excesso glicídios pouco digeríveis, o que conduz a uma diarréia de odor azedo; acontece em determinados cães que não suportam o leite ou que já não estão adaptados a ele, ou quando o amido do arroz ou das massas está insuficientemente cozido. Os cães mais frágeis a este problema são as raças próximas dos cães selvagens (cães nórdicos, Pastores alemães); - a alimentação é rica em proteínas pouco digeríveis (carnes de má qualidade, tendões, aponeuroses, cereais crus, carnes muito cozinhadas) que, ao chegarem ao intestino grosso, vão "fermentar" e provocar a produção de diversas substâncias tóxicas, causadoras de diarréias de odor pútrido. No entanto, a alimentação pode igualmente ajudar a prevenir ou a tratar certas diarréias, desde que seja convenientemente utilizada. Assim, no caso de uma diarréia aguda, impõem-se as seguintes medidas: - dieta de líquidos de 24 horas (sem sólidos mas bastantes líquidos), de modo a prevenir qualquer desidratação e permitir o repouso do intestino; - fracionamento da alimentação (assim que cessa a dieta, o fornecimento de pequenas refeições permite um melhor funcionamento do sistema digestivo); - fornecimento de um alimento hiperdigerível de grande qualidade. Os casos de diarréias crônicas (com uma duração de várias semanas) são mais complicados de avaliar porque, conforme os casos, a adaptação da alimentação será diferente; uma diarréia que tem por origem o intestino delgado, requer uma alimentação hiperdigerível, enquanto que uma diarréia proveniente do intestino grosso necessitará AUXILIAR VETERINÁRIO 68 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE de um maior suplemento de fibras celulósicas, para aproveitar os seus efeitos higiênicos. Na verdade, toda a arte do "nutricionista Médico Veterinário" revela-se no tratamento alimentar de uma diarréia crônica. As afecções oculares O ectropion e o entropion O ectropion é a eversão da pálpebra, estando a borda livre separada da pálpebra. Assim, o olho está constantemente exposto ao ar. É frequente no São Bernardo, Cocker inglês e americano e nas raças de lábios pesados e pendentes. O entropion é a interiorização da borda livre da pálpebra em direção à córnea. As raças atingidas são o Chow-Chow, o São Bernardo, os Caniches pequenos, o Dogue Alemão, o Shar-pei. No entropion, a irritação local e a inflamação da córnea e da conjuntiva provocam uma vermelhidão da conjuntiva e um corrimento transparente que pode se tornar muco-purulento. O incomodo e a dor levam a um fechamento das pálpebras e a um prurido que agrava os sintomas clínicos. Tardiamente, pode surgir uma erosão da córnea. Os sinais clínicos do ectropion são uma congestão da conjuntiva com um corrimento que pode infectar e tornar-se muco-purulento. As complicações são nitidamente menos graves do que as do entropion. Apenas uma cirurgia pode ser benéfica. Entretanto, aconselha-se a limpeza regular (várias vezes por dia) dos olhos do cão com uma solução ocular fracamente anti-séptica. As cataratas Refere-se à opacificação de uma ou de todas as estruturas do cristalino, que impede os raios luminosos de atingirem a retina. A brancura do cristalino e a diminuição da visão são os únicos sinais da catarata. Só a consulta de um Médico Veterinário pode melhorar a evolução da catarata. De acordo com a gravidade, deverá ser adoptado um tratamento médico ou cirúrgico. O glaucoma Trata-se de um conjunto de afecções que têm em comum um aumento da pressão intra-ocular, colocando em risco a visão e o futuro do olho. O olho parece grande, como se estivesse a sair da cavidade ocular: uma midríase total (pupila muito dilatada) com perda do AUXILIAR VETERINÁRIO 69 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE reflexo fotomotor (a pupila não se contrai sob o efeito da luz); congestão significativa da vascularização das conjuntivas (o olho está muito vermelho, os vasos grandes e sinuosos). Consultar rapidamente o Médico Veterinário; o futuro da visão e do olho estão em perigo. As conjuntivites São afecções inflamatórias das conjuntivas e da membrana nictante. As causas podem ser alérgicas, infecciosas ou parasitárias. Sintomas: Vermelhidão, edema (por vezes) e corrimento ocular que pode ser fluido, mucoso ou muco-purulento. Uma boa higiene do olho com a utilização de um colírio de limpeza irá acalmar a inflamação. Contudo, as causas só são realmente eliminadas após um tratamento recomendado pelo Médico Veterinário. As úlceras de córnea São perdas de substância córnea, podendo afetar as diferentes camadas da córnea. As suas origens podem ser diversas. A dor predomina (coçar ou esfregar o olho no solo). Segue-se um fechamento do olho e um corrimento fluido de aspecto muco-purulento. A córnea perde o seu aspecto brilhante e torna-se menos transparente. Limpar os olhos com uma solução ocular ligeiramente anti-séptica que irá acalmar a inflamação. Principalmente, não utilizar colírio ou pomada à base de corticóides, que agravam a úlcera. É aconselhável consultar um Médico Veterinário, que saberá diagnosticar com precisão e adotar um tratamento adequado. Aula 34 Principais enfermidades dos gatos Leucose e imunodeficiência felina Os gatos são sensíveis a diversos agentes infecciosos responsáveis por doenças por vezes fatais. À cabeça destes flagelos encontram-se três vírus: o da leucose felina (FeLV), o da imunodeficiência felina (FIV) e o da peritonite infecciosa felina (PIF). O FeL.V. é veiculado por ocasião de contactos, lambidelas e utilização de caixas de areia comuns. Os animais mais expostos são os gatinhos e adultos jovens com acesso ao exterior e/ou que vivam em grupos. A transmissão do F.I.V processa-se essencialmente através de mordeduras. A infecção por este vírus, raro nos locais de criação, é mais frequente nas populações de gatos vadios. O tipo de gato de maior risco é o macho adulto não-castrado, com acesso AUXILIAR VETERINÁRIO 70 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE ao exterior. Os sintomas são muito variáveis e surgem após uma fase assintomática, durante a qual o gato é contagioso. Surge depois anemia, com palidez das mucosas, o doente cansa-se e perde o fôlego rapidamente. Devido a uma deficiência ao nível das defesas imunitárias, o gato infectado pode sofrer todo o tipo de complicações: viroses respiratórias, abscessos, diarréias crônicas ou ainda afecções cutâneas. Qualquer gato que evidencie doenças reincidentes ou uma afecção resistente ao tratamento deverá ser submetido a um teste de rastreio de retrovírus. São classicamente observadas alterações reprodutivas assim como tumores, principalmente linfossarcomas. Peritonite infecciosa felina Familiarmente designada por P.I.F, deve o seu nome a uma das formas que pode assumir: uma ascite, ou seja, a acumulação de líquido no abdômen. O agente causal pertence à família dos coronavírus. A P.I.F. constitui um problema real e bastante grave para os criadores, abrigos e gatis onde existe uma grande concentração de gatos, principalmente se entre estes também existirem crias. A P.I.F. surge em gatos de todas as idades, com especial incidência nos jovens (gatinhos e adultos até ao ano e meio). O vírus transmite-se principalmente por via orofecal: um gato sensível é contaminado pela boca (lambidelas, contactos com secreções ou fezes do animal doente). Pode ocorrer transmissão aérea, mas ignora-se se as pulgas ou outros insetos podem funcionar como agentes de contágio. É provável que uma determinada proporção de gatos, uma vez contraído o vírus, se tornem portadores sãos e que, ocasionalmente, o excretem durante uma situação de stress, uma doença ou durante a reprodução. O vírus da P.I.F é muito resistente em meio exterior (diversas semanas). Afecções oculares e das vias aéreas superiores As mais graves são causadas por 2 vírus e uma clamídia, dos quais, apenas os calicivirus conseguem resistir por mais de 48 horas no meio exterior (10 dias), apesar do meio ambiente ter pouca influência no contágio que se processa fundamentalmente gato a gato. Os sinais clínicos são geralmente designados pelo termo familiar e global "coriza". Os sintomas comuns são a febre, rapidamente seguida de conjuntivite, lacrimejamento, espirros que, por vezes, AUXILIAR VETERINÁRIO 71 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE se complicam com secreções serosas a purulentas (secreções nasais abundantes) e tosse. Alguns sinais particulares permitem distinguir, ocasionalmente, os diferentes agentes mas as infecções mistas não são raras. O herpesvirus do tipo 1 é responsável pela rinotraqueite viral, caracterizada por espirros paroxísticos, descarga nasal e conjuntivite purulentas com úlceras na córnea e lesões na língua. Os sintomas da calicivirose, provocada por um calicivírus, são variáveis dependendo da estirpe e da resistência do animal. Nos casos menos graves, a doença limita-se ao aparecimento de úlceras na língua, no palato, nos lábios e sulco mediano do nariz. A dor que a acompanha, desencadeia a anorexia total: o animal deixa de se alimentar. É observável igualmente o corrimento ao nível dos olhos e do nariz. Nas formas mais graves, desenvolvese também uma pneumonia que pode conduzir à morte (em 100% dos casos nos gatinhos jovens). De forma menos típica, pode observar-se claudicação em conseqüência de dores articulares e musculares, ou contração dos dedos. A reovirose, por ação de um reovírus, provoca sobretudo conjuntivite; as complicações são raras. Não existe vacina. Asma felina O termo asma é utilizado para descrever os episódios reincidentes de tosse paroxística, respiração sibilante e dispnéia. Esta síndrome evidencia muitas semelhanças clínicas com a asma humana. A origem da asma felina inclui, provavelmente, uma reação de hipersensibilidade à inalação de pneumoalergenos, que provoca a contração dos músculos lisos das vias respiratórias e uma inflamação das vias aéreas. Por vezes, a tosse é tão violenta que acaba por desencadear o vômito ou a rejeição de líquidos digestivos. Alguns episódios graves requerem um tratamento de urgência. Um gato em crise fica prostrado no solo, com os cotovelos afastados, o pescoço esticado, de boca aberta e língua de fora, evidenciando por vezes uma coloração azulada por efeito da cianose (oxigenação insuficiente). A afecção resulta de uma hiperatividade das vias respiratórias que se traduz pela contração dos músculos lisos (broncoespasmo) e uma inflamação por contacto com alérgenos aéreos. Os antibióticos revestem-se de fraca utilidade neste tipo de afecção respiratória visto que a origem não é infecciosa, exceto em caso de infecção secundária. Os anti-inflamatórios esteróides geralmente permitem controlar a crise e a melhorar o estado do doente. AUXILIAR VETERINÁRIO 72 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE Parasitoses e micoses externas As doenças cutâneas do gato provocadas por parasitas ou fungos são numerosas e variadas. Os ácaros são organismos microscópicos responsáveis pela sarna ou pseudo-sarna. As doenças cutâneas do gato provocadas por parasitas ou fungos são numerosas e variadas. Os ácaros são organismos microscópicos responsáveis pela sarna ou pseudo-sarna. Podem existir insetos, como pulgas ou piolhos, na pelagem dos gatos que dão origem a doenças como a pulicose e a ftiriose. Os dermatófitos são fungos filamentosos e microscópicos que se alimentam da queratina presente nos pêlos ou na superfície da pele. Os dermatófitos são os agentes responsáveis pela tinha. Alguns agentes patogênicos atrás citados podem ser transmitidos ao homem. Os ácaros cheiletiela provocam o aparecimento de pequenas pápulas no corpo (referimo-nos ao "Prurigo da sarna"): a comichão é tão intensa que frequentemente obriga a consultar um dermatologista. É o médico que, face às lesões observadas, aconselha o dono a recorrer a um médico veterinário para eliminar os parasitas do gato. As pulgas dos carnívoros domésticos podem, ocasionalmente, alimentar-se do sangue humano. Finalmente, os dermatófitos, nomeadamente a espécie observada no gato, são facilmente transmissíveis ao dono. Estes podem provocar lesões na pele glabra, designadas por herpes circinado, que consistem em lesões circulares, mais freqüentes nos antebraços, rosto ou pescoço. Ao contrário do que se passa com o animal, a inflamação e o prurido deixam marcas. De entre todas as afecções do gato, a infestação por pulgas (pulicose) e a tinha merecem uma atenção especial. Estas afecções são muito freqüentes e a sua prevenção é bastante difícil, por vezes mesmo impossível, principalmente quando se trata de uma comunidade de gatos e não de um animal isolado. AUXILIAR VETERINÁRIO 73 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE Hemobartonelose felina Hemobartonelose (haemobartonellosis, anemia infecciosa felina) é causada por uma ricketsia: Haemobartonella felis. É um parasita microscópico que invade as células vermelhas do sangue, causando sua destruição. Ele nem sempre produz doença, podendo o gato ser portador assintomático. Quando produz doença, se acopla a parede das hemácias de forma cíclica. A anemia que causa é regenerativa, porque não causa dano à medula óssea, o que deve ser levado em conta na hora do diagnóstico. Em muitos gatos a hemobartonelose ocorre após stress. O hematozoário é transmitido pela picada do carrapato ou pulga. Outros modos de transmissão são via placentária, da mãe para os filhotes, por mordidas e transfusão de sangue. Fases da Doenças: - Fase aguda: Esplenomegalia (aumento do baço) - Fase crônica: febre; hematúria (sangue na urina); mucosas descoradas pela anemia profunda; epistaxe (perda de sangue pelo nariz); perda de peso; redução do apetite; petéquias (pequenas hemorragias subcutâneas); podendo ocorrer hemorragia gastrintestinal (devido ao rompimento de pequenos vasos) e icterícia; histórico de infestação por carrapatos, pulgas. Cerca de 1/3 dos gatos não tratados morrem da infecção. corticosteróide, a doença retorna. Os animais se tornam portadores para o resto da vida, mesmo se recuperando da doença. Em casos de comprometimento do sistema imunológico, por causa viral, stress ou administração de Quando o gato está bebendo muita água AUXILIAR VETERINÁRIO 74 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE A poliúria–polidipsia é um sintoma que se manifesta em inúmeras afecções, entre as quais: - Afecções renais (insuficiência renal crônica ou por vezes aguda, nefrite intersticial, pielonefrite, reações após a remoção da obstrução); - Afecções genitais (Piometra, Metrite); - Afecções hepáticas (Insuficiência hepática); - Afecções endócrinas (doença das supra-renais, diabetes mellitus, diabetes insipidus, hipertiroidismo); - Desequilíbrios eletrolíticos (hiper ou hipocalcemia;hiponatremia, hipocalemia) - Conseqüências do tratamento (corticóides, diuréticos, alguns antibióticos); - Excesso de sal nos alimentos AUXILIAR VETERINÁRIO 75 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE Aula 35 - Zoonoses Definição Zoonoses são doenças de animais transmissíveis ao homem, bem como aquelas transmitidas do homem para os animais. Os agentes que desencadeiam essas afecções podem ser microrganismos diversos, como bactérias, fungos, vírus, helmintos e rickéttsias. O termo antropozoonose se aplica a doenças em que a participação humana no ciclo do parasito é apenas acidental, ou secundária, como ocorre na hidatidose. Nessa p arasitose, o ciclo se completa entre cães, que hospedam a forma adulta do parasito, e carneiros, que abrigam a forma larvária. O homem, ao ingerir os ovos provenientes do cão, passa a comportar-se como hospedeiro intermediário, no qual só se desenvolve a forma larvária. O termo zooantroponose se aplica a parasitoses próprias do homem, que acidentalmente podem transferir-se para animais. É o exemplo da amebíase causada pela Entamoeba histolytica, que acidentalmente pode manifestar-se em cães. Existem, no entanto, muitos parasitos que não causam doenças em animais, mas que, transmitidos ao homem, encontram nesse novo hospedeiro melhores condições de desenvolvimento e multiplicam-se ativamente, aproveitando-se das insuficiências defensivas desse último e acarretando graves lesões. As variantes dessa situação, envolvendo o homem, o agente etiológico e os animais reservatórios, são muito freqüentes na natureza. Vias de transmissão A transmissão das zoonoses ocorrer através das seguintes vias: pode 1 ) TRANSMISSÃO DIRETA: Um hospedeiro vertebrado infectado transmite o parasita a outro hospedeiro vertebrado suscetível através do contato direto. Ex.: a raiva, brucelose, carbúnculo hemático, sarnas, microsporidioses, tricofitoses. AUXILIAR VETERINÁRIO 76 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE 2) TRANSMISSÃO INDIRETA: Pode ocorrer através de diferentes vias: 2.1) Alimentos - Ex.: leptospirose, botulismo, carbúnculo hemático, brucelose, tuberculose, salmoneloses, teníases, triquinelose. 2.2) Secreções - Ex.: Raiva, brucelose. 2.3) Vômitos - Ex.: leptospirose, peste, sarna, brucelose. 2.4) Artrópodes - Ex.: febre amarela, encefalomielite equina, tifo e peste. Zoonoses de importância em Saúde Pública Nos países em desenvolvimento a canalização de recursos está dirigida para a assistência médica, resultando em inversões mínimas para a medicina preventiva. A ocorrência de "doença" na população acarreta a baixa produção de bens e serviços com a conseqüente redução dos níveis salariais. 0 baixo poder aquisitivo da população conduz a padrões deficientes de alimentação, moradia inadequada e à diminuição do nível de educação. Este ciclo vicioso, chamado de "ciclo econômico da doença", fechase com a ocorrência de mais doença, diminuindo ainda mais o potencial de trabalho da população humana. Colateralmente, verifica-se uma pequena inversão de capital e de conhecimento técnico na pecuária, favorecendo a ocorrência e disseminação de doenças entre os anim ais, muitas delas de Caráter Zoonótico, agravando ainda mais a já deficiente condição de saúde do homem. Em decorrência deste fato, verifica-se baixa natalidade e elevadas morbidade e mortalidade nos rebanhos, gerando, em conseqüência, a produção de bens e serviços cada vez mais baixos. AUXILIAR VETERINÁRIO 77 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE Para se aquilatar a importância das zoonoses em Saúde Pública, basta lembrar que, das seis doenças em que a notificação dos casos é exigida universalmente, duas pertencem a este grupo, a Peste e a Febre Amarela, e ambas ocorrem no Brasil. Das doenças obrigatoriamente notificáveis de acordo com as Normas Técnicas Especiais relativas à Preservação da Saúde, dez pertencem ao Grupo de Zoonoses a saber: Febre Amarela, Peste, Leptospiros e, Raiva Humana, Carbúnculo Hemático, Tuberculose, Brucelose, Ricktesioses, Arboviroses e Doença de Chagas. De maneira geral, não existem muitos dados estatísticos disponíveis e fidedignos sobre a ocorrência das diferentes zoonoses no Brasil. Vários fatores contribuem para agravar esta situação, tais como, a grande extensão territorial, a escassez dos serviços de saúde e de recursos médicos em muitas regiões, a deficiente educação sanitária de grande parte da população e diversos problemas de esfera administrativa e política. Algumas zoonoses não constituem problema de saúde pública propriamente dito, porque raros são os casos humanos até hoje descritos. A Febre Aftosa enquadrase neste contexto; embora não acarrete prejuízos diretamente à saúde pública é responsável por grandes perdas na pecuária, e, implicitamente, à economia nacional. A Raiva Urbana, por outro lado, apresenta coeficientes de morbidade e mortalidade baixos, porém, constitui um grande problema para a Saúde Pública em função de letalidade no homem ser de100%. Via de regra, nos casos de acidentes com animais suspeitos, várias pessoas são envolvidas, o que acarreta um grande ônus ao Estado com o tratamento preventivo aos expostos ao risco de infecção. Em saúde animal, na raiva silvestre (rural) os prejuízos são decorrentes da perda, às vezes, de grande número de animais de um mesmo rebanho. A raiva humana é doença extremamente grave, pois admite-se que todas as pessoas acometidas por ela morrem, a despeito das medidas terapêuticas, inclusive de caráter intensivo, instituídas. Por isso, a correta adoção de providências preventivas é essencial. A raiva humana se manifesta após um período de incubação usualmente compreendido entre 20 e 60 dias, com sintomas inespecíficos mal definidos: febre moderada, cefaléia, insônia, ansiedade e distúrbios sensoriais, sobretudo ao nível da mordedura. Em 24 - 48 horas, aparece a sintomatologia típica que, na raiva furiosa, assume decurso dramático, caminhando inexoravelmente para a morte em 2-6 dias: excitação cerebral, com crises de delírio e de agressividade, espasmos musculares dolorosos, convulsões, paralisias, hiperemia (41-42o C) e asfixia terminal. Na denominada paralítica, são pouco intensos os fenômenos espasmódicos e predomina a paralisia, que pode ser ascendente (tipo Landry) ou descendente. AUXILIAR VETERINÁRIO 78 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE A Leptospirose, a Raiva, as Salmoneloses, a Brucelose e as Teníases ocorrem em todos os Estados da Federação. As arboviroses apresentam elevada prevalência nas zonas de matas, Amazônia principalmente, mas, levantamentos epidemiológicos demonstram infecções humanas com ou sem manifestações clínicas, em outras regiões, tal como o sul do país, Mato Grosso, Minas Gerais e Rio de Janeiro. A Hidatidose tem incidência primordial no Rio Grande do Sul atingindo ainda Santa Catarina e Paraná e representa um grave problema de Saúde Pública. O mesmo ocorre com a Cisticercose, que ainda constitui um risco permanente para os consumidores de carne suína. A Leptospirose apresenta prevalência moderada nos rebanho: bovino e suíno. Por sua vez a Brucelose apresenta alta morbidade e baixa mortalidade; todavia é um problema de saúde ao nível de grupos profissionais, tais como empregados de matadouros, granjas leiteiras, veterinários e tratadores de animais, embora acarrete, anualmente, consideráveis prejuízos à pecuária e a suinocultura. Sintomas no humano: pode variar, desde casos leves quase sem sintomas, até outros com dor de cabeça, febre, vômitos, mal estar geral, conjuntivite, “manchas escuras “na pele (petéquias hemorrágicas), as vezes icterícia (“pele amarelada”), meningite, encefalite, e casos que pode m chegar até a morte. A Tuberculose, além dos prejuízos à indústria animal, determina a redução da mão de obra humana disponível para o trabalho, porquanto após a alta hospitalar o indivíduo nem sempre pode voltar às suas atividades anteriores como é o caso dos trabalhadores braçais. Em razão dos fatos apresentados, pode-se concluir que qualquer que seja a zoonose considerada, de maior ou menor gravidade para o homem AUXILIAR VETERINÁRIO 79 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE e para os animais, esta sempre contribuirá para diminuir a produção de bens e serviços com todas as suas conseqüências. Infecção e doença são coisas diferentes. A pessoa infectada é aquela que se contaminou com o bacilo da tuberculose, mas não chegou a desenvolver a doença. Doente é a pessoa que se contaminou e apresenta os sintomas gerais da tuberculose: febre, canseira, emagrecimento, tosse e suadeira à noite. Nos casos em que a tuberculose compromete outros órgãos que não sejam os pulmões (tuberculose extrapulmonar), os sintomas vão depender da localização da doença. Na tuberculose intestinal podem aparecer, além dos sintomas gerais, queixas relacionadas com o aparelho digestivo. Na tuberculose urinária aparecem sintomas relacionados com o aparelho urinário e assim por diante. Na tuberculose extra-pulmonar não existe risco de contágio. Como já dissemos, e insistimos, a tuberculose só se transmite pelo ar, através da tosse. O comprometimento de outros órgãos pelo bacilo da tuberculose é sempre secundário ao processo pulmonar. Outra importante zoonose, que não é de notificação obrigatória é a toxoplasmose. É uma doença infecciosa causada por um protozoário chamado Toxoplasma gondii, ele pode ser encontradado em fezes de gatos e na carne de animais contaminados. Diferentemente do que se pensa, os gatos não é o grande vilão desta doença, o protozoário da toxoplasmose é liberado quando os gatos infectados defecam na terra ou nas plantas. Se as fezes forem ingeridas por outros animais, este animal também estará infectado. Apenas o contato com os gatos não transmite a doença, e sim o solo por ele contaminado. Os gatos domésticos dificilmente possuem o protozoário da toxoplasmose, já que em geral, eles se alimentam de ração industrializada, assim o risco de um gato doméstico contraria o protozoário é muito pequeno. A doença pode determinar quadros variados, desde ausência de sintomas até doença com manifestações graves. Os sintomas são muito variados, dependentes também da imunidade do paciente. O início dos sintomas pode variar de cinco a 30 dias após a contaminação. Podemos distinguir algumas manifestações mais chamativas: AUXILIAR VETERINÁRIO 80 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE • Doença febril: febre e manchas pelo corpo como sarampo ou rubéola; podem haver sintomas localizados nos pulmões, coração, fígado ou sistema nervoso. A evolução dos sintomas tem curso benigno, isto é, autolimitado. • Linfadenite: são as famosas ínguas pelo corpo, mais localizadas na região do pescoço e raras vezes disseminadas. • Doença ocular: é a doença mais comum no paciente com boa imunidade, inicia com dificuldade para enxergar, inflamação, podendo até terminar em cegueira. • • Toxoplasmose neonatal: infecção que ocorre no feto quando a gestante fica doente durante a gravidez, podendo ser sem sintomas até fatal dependendo da idade da gestação; quanto mais cedo se contaminar, pior a infecção. Por isso a importância do pré-natal. Toxoplasmose e AIDS/Câncer: como a imunidade do paciente está muito diminuída, a doença se apresenta de forma muito grave, causando lesões no sistema nervoso, pulmões, coração e retina. Exercícios 1. Você conhece alguma outra zoonose que não foi citada anteriormente? Qual? Aula 36 - Os sinais vitais Sinais vitais são aqueles que evidenciam o funcionamento e as alterações da função corporal. Dentre os inúmeros sinais que são utilizados na prática diária para o auxílio do exame clínico do animal, destacam-se pela sua importância e por nós serão abordados: a auscultação cardíaca, o pulso, a temperatura corpórea e a respiração. Por serem os mesmos relacionados com a própria existência da vida, recebem o nome de sinais vitais. Auscultação cardíaca Para realizar a auscultação cardíaca utilizamos um aparelho denominado estetoscópio. Existem vários modelos, porém os principais componentes são: Olivas auriculares: são pequenas peças cônicas que proporcionam uma perfeita adaptação ao meato auditivo, de modo a criar um sistema fechado entre o aparelho e o ouvido. - Armação metálica: põe em comunicação as peças auriculares com o sistema flexível de borracha; é provida de mola que permite um perfeito ajuste do aparelho. - Tubos de borracha: possuem diâmetro de 0,3 a 0,5 cm. e comprimento de 25 a 30 cm. AUXILIAR VETERINÁRIO 81 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE - Receptores: existem dois tipos fundamentais: o de campânula de 2,5 cm. que é mais sensível aos sons de menor freqüência e o diafragma que dispõe de uma membrana semi-rígida com diâmetro de 3 a 3,5 cm., utilizado para ausculta em geral. Técnica: realize a auscultação em uma sala quieta, sem barulho e com o paciente calmo. Posicione o paciente em pé, se possível, de forma que o coração fique em sua posição normal. Avalie o coração independentemente dos pulmões; se for preciso segure o focinho do animal para prender a respiração por alguns segundos. Primeiro ausculte do lado esquerdo do tórax, depois do lado direito. O local correto de se colocar o diafragma do estetoscópio é embaixo das axilas do animal, ou onde você sentir a pulsação do coração (faça isso colocando a mão sobre a parede do tórax e procurando onde o coração “bate mais forte”). Conte as batidas durante 15 segundos e depois multiplique por 4 para saber quantas batidas por minuto (bpm) aquele animal apresenta. Se auscultar algum ruído estranho (um sopro por exemplo) avise ao veterinário. Freqüências cardíacas Calmo (ou adormecido) Durante o exame Exercício Cão 50 a 90 bpm 80 a 160 bpm 230 bpm Gato 90 a 120 bpm 140 a 220 bpm 230 bpm Pulso A palpação do pulso é um dos procedimentos clínicos mais antigos da prática médica, e representa também um gesto simbólico, pois é um dos primeiros contatos físicos entre o médico ou enfermeiro e o paciente. Fisiologia: com a contração do ventrículo esquerdo há uma ejeção de um volume de sangue na aorta, e dali, para a árvore arterial, sendo que uma onda de pressão desloca-se rapidamente pelo sistema arterial, onde pode ser percebida como pulso arterial. Portanto o pulso é a contração e expansão alternada de uma artéria. AUXILIAR VETERINÁRIO 82 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE Local: o melhor local para aferir o pulso nos animais é na artéria femoral, do lado interno da coxa. Pode-se tentar aferir também nas carótidas (ao lado da veia jugular) no pescoço. Conte as pulsações também em 15 segundos e multiplique por 4. Verifique também se o pulso é forte ou se está fraco. Temperatura Sabemos ser quase constante, a temperatura no interior do corpo, com uma mínima variação, ao redor de 0,6 graus centígrados, mesmo quando expostos à grandes diferenças de temperatura externa, graças à um complexo sistema chamado termorregulador. Já a temperatura no exterior varia de acordo com condições ambien tais. A mesma é medida através do termômetro clínico. Local: o melhor local para medir a temperatura dos animais é no ânus, pois é a que melhor reflete a verdadeira temperatura corporal. O aparelho deve ser cuidadosamente introduzido, às vezes com uso de vaselina, de modo que o depósito de mercúrio fique em contato com a mucosa do intestino (o reto). Como muitos animais oferecem resistência à tomada de temperatura é conveniente que a operação dure pouco tempo, com o emprego de termômetros clínicos que em trinta segundos marcam a temperatura corretamente. É preciso que a coluna do mercúrio seja previamente baixada de pelo menos um grau abaixo da temperatura normal do animal em exame. Para facilitar a colocação, o termômetro deve ser lubrificado com vaselina, óleo ou mesmo água. A introdução jamais deve ser forçada a fim de que o animal não se assuste e quebre o aparelho com movimentos violentos. AUXILIAR VETERINÁRIO 83 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE A temperatur a retal dos cães é: 35 a 37,2ºC na primeira semana de vida; 37,2 a 37,8ºC na segunda e terceira semanas; 37,5 a 39ºC na quarta semana; e 38,5 a 39ºC da quinta semana em diante, inclusive nos animais adultos. Em cães adultos de grande porte, vai de 37,4ºC a 39ºC, e em cães de pequeno porte de 38ºC a 39ºC. A temperatura retal de gatos oscila entre 38ºC a 39,5ºC, sendo que em filhotes ela é um pouco mais baixa. Quando a temperatura dos animais está acima do normal ele está com febre, e o termo técnico que deve ser utilizado é hipertermia. Quando a temperatura está abaixo do normal, o animal está em hipotermia. Ambos os casos deve ser imediatamente comunicado ao veterinário. Freqüência respiratória O ritmo respiratório, que também deve ser regular, é verificado por meio da contagem do número de modos dos movimentos do flanco ou do tórax, por minuto. O número de movimentos respiratórios aumenta muito após um exercício ou esforço pesado, assim como em conseqüência do susto, do medo e da excitação e quando o frio ou o calor são extremos, em lugares de atmosfera confinada e durante um ataque de febre, convulsão ou eclampsia. O normal para um cão de grande porte é de 14 a 30 movimentos por minuto, para um cão pequeno é de 16 a 35, e para os gatos é de 20 a 40 movimentos por minuto, quando os animais estão cal mos. Aula 37 - Primeiros socorros para Cães e Gatos Introdução A vida dos cães e gatos tem se tornado muito mais longa nos últimos anos por várias razões tais como o progresso da terapêutica e utilização dos medicamentos adequados, vacinações regulares com vacinas mais eficazes, as quais controlam as doenças infecto-contagiosas, a alimentação cada vez mais aperfeiçoada, as visitas regulares aos veterinários, etc. Hoje em dia mais do que nunca, nossos animais de estimação gozam de mais segurança, vivendo até dentro de casa, muitas vezes longe dos riscos de acidentes de trânsito, traumas em geral e brigas com outros animais. Inclusive os proprietários também começaram a se conscientizar de uma posse mais responsável de seus animais, procurando controlá-los de uma forma mais segura através de confinamentos AUXILIAR VETERINÁRIO 84 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE adequados, ou mesmo a utilização de guias, tudo isso colaborando diretamente no aumento da expectativa de vida. Entretanto é indispensável que estejamos a par de medidas de emergência que se devem tomar quando é preciso prestar primeiros socorros. Quantas vidas de animais não se veriam livres de complicações ocasionadas por cortes, fraturas, envenenamentos, queimaduras e outros acidentes, se houvesse no momento oportuno alguém que pudesse prestar-lhes os devidos cuidados! Esta seção de Primeiros Socorros para Cães e Gatos tem o intuito de dar uma primeira noção ao auxiliar de veterinária do que fazer num momento de emergência, enquanto não consegue localizar seu veterinário de confiança. Obviamente não se tem a pretensão de esgotar todos os assuntos e muito menos de, com estas breves informações, dispensar a completa atenção e experiência de um atendimento veterinário. Os objetivos dos primeiros socorros aqui descritos estão relacionados com aquelas situações inesperadas de emergências, tendo como finalidade básica de abranger as seguintes situações: de preservar a vida do animal, diminuir a dor e o sofrimento, de se evitar outros ferimentos, de favorecer a recuperação e finalmente de transportar o animal com segurança, segurança esta para o animal e para o proprietário, a fim de receber o tratamento de um profissional. Definição Primeiro socorro é o tratamento imediato e provisório dado em caso de acidente ou enfermidade imprevista. Geralmente se presta no local do acidente e, com exceção de certos casos leves, até que se possa por o animal a cargo de um veterinário para tratamento definitivo. Exame do Animal Geralmente se vê de imediato qual é o sintoma e/ou a lesão presente. No entanto, sempre é conveniente um breve exame do animal para observar outros sintomas e/ou lesões importantes, além daquelas evidentes. Com uma observação mais cuidadosa, rapidamente se poderá determinar se há hemorragia, vômitos, diarréia, perturbação na respiração, batimentos cardíacos fracos, perda dos sentidos, AUXILIAR VETERINÁRIO 85 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE estado de choque. Obviamente deve se dar uma prioridade de atenção aos sintomas mais graves, em vez de se buscar outras lesões de menor gravidade. Primeiramente observe qualquer mudança de comportamento: se o animal é normalmente assustado e passa a querer ficar ao lado do proprietário, pode ser que não esteja se sentindo bem. Examine a pelagem e os pelos do animal, veja se está uniforme, se apresenta regiões com falhas, prurido, lesões, aumentos de volume, odor, etc. Observe a posição do corpo, examine os membros. Se um membro apresenta posição muito anormal, provavelmente há fratura ou luxação. Se a fratura for de coluna, o caso é bastante sério podendo haver perda de movimentos dos membros posteriores ou mesmo anteriores. Examine o pescoço, a cabeça, se há ferimentos, saliências, depressões, hemorragia. Observe os olhos, a boca, se há dentes quebrados, coloração das gengivas, o hálito do animal, presença de queimaduras provocadas por algum produto cáustico, corpos estranhos que possam prejudicar a respiração de um animal semiconsciente, os quais devem ser retirados imediatamente, se visualizados. Se o animal não perdeu os sentidos e estiver com muita dor, cuidado ao tocá-lo. Mesmo que seja bastante manso, se a sensibilidade for grande, animal pode se tornar perigoso. Sempre é bom salientar que nestes casos de animais assustados ou sentindo dores, convém limitar seus movimentos, aproximando-se com calma e tranqüilizando-os com palavras de carinho, para se evitar maiores acidentes. A primeira providência, em caso de cães, é amordaçá-los com uma tira de tecido macio, barbante ou algo semelhante. No caso de um gato assustado, o mesmo pode ser contido com auxílio de uma toalha, deixando uma pequena abertura para respirar e evitando que ele arranhe, enrolando-o completamente. Observe o tórax, poucas vezes se vêem deformações do tórax por afundamento das costelas, mas com freqüência, se houver fraturas das mesmas num caso de atropelamento, por exemplo, produzirão muita dor até quando o animal respirar. No abdômen um dos pontos mais importantes de ser observado é se há ou não rigidez dos músculos da parede abdominal. Se houver poderemos estar diante de um caso grave de ruptura de alguma víscera oca. Neste caso somente uma cirurgia urgente poderá salvar o animal. AUXILIAR VETERINÁRIO 86 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE Examine a cauda, o ânus, os órgãos genitais de seu animal quando ele estiver saudável para reconhecer odores normais e a anatomia das regiões. Qualquer aumento de sensibilidade, variação na cor ou alteração nos odores é importante de ser avaliado. É preciso agir com rapidez, mas sem precipitação e ao atuar com calma e segurança poderemos com estas observações anteriores, as quais podem ser feitas em poucos minutos, ajudar o animal até que um veterinário possa dar continuidade ao que foi iniciado. Sinais de choque Independente da causa especifica, o choque é a emergência com o qual podemos nos deparar com maior probabilidade e constitui uma grande ameaça à vida do animal. Em todas as emergências deve-se considerar sempre os sinais de choque porque indica a gravidade do caso em questão. Sempre num momento de choque é fundamental se manter a calma. Os sinais de choque são os seguintes: • Gengivas descoradas ou brancas. • Freqüência cardíaca rápida (nos cães, superior a 150 batimentos por minuto e nos gatos superior a 250 batimentos por minuto). • Freqüência respiratória acelerada (mais de 30 movimentos por minuto no caso dos cães e nos gatos respiração com mais de 40 respirações por minuto). • Inquietação ou ansiedade. • Letargia ou fraqueza. • Temperatura corporal abaixo do normal (verifique a temperatura corporal tocando o animal e observando se está mais frio do que o normal). Providências para minimizar os efeitos do choque: • Deite o animal de lado com a cabeça estendida. • Erga a parte traseira do animal usando travesseiro ou toalha. AUXILIAR VETERINÁRIO 87 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE • Estanque qualquer hemorragia evidente fazendo pressão com uma compressa absorvente ou se necessário aplicando um torniquete. • Evite a perda de calor corporal cobrindo o animal com cobertor aquecido. • Importante: Não ofereça nada para beber ou comer. • Não permita que o animal, se consciente, fique perambulando, mantenha-o confinado. • Leve o animal ao veterinário mais próximo, urgentemente. Se o animal estiver em choque profundo, mantenha o animal deitado com os membros acima do nível do coração. Choque Anafilático O choque anafilático é causado principalmente por picadas de insetos ou aranhas, medicamentos e às vezes também por alimentos. Difere do choque anterior porque o animal pode apresentar um quadro destes somente após uma causa específica como por exemplo: picada de inseto ou aranha, ingestão de um medicamento (oral ou injetável) ou produto químico. Os sintomas característicos que o animal pode apresentar são os seguintes: vômitos e/ou diarréia repentinos, dificuldade respiratória, erupções na pele, sinais de choque (como descrito anteriormente) e até óbito dependendo do caso. Tome as seguintes medidas: - Mantenha as vias aérea s desimpedidas. - Se necessário faça respiração artificial e massagem cardíaca (caso ocorra parada cárdio-respiratória). - Se perceber que existe líquido nas vias respiratórias (quando animal respira percebe-se sons de material atrapalhando a passagem do ar), levante o animal pelos membros posteriores para tentar, por gravidade, que as vias aéreas fiquem desimpedidas. - Procure o veterinário urgentemente, para a utilização de medicamentos e procedimentos que interrompam a ação dos sintomas alérgicos. AUXILIAR VETERINÁRIO 88 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE Respiração Artificial e Massagem Cardíaca Se por um curto período de tempo o cérebro do animal não receba o suprimento adequado de Oxigênio devido a uma parada da respiração ou do coração, danos irreversíveis ocorrerão, geralmente acarretando na morte do animal. Num caso destes poderemos salvar a vida do animal se aplicarmos as medidas que se seguem. São as seguintes situações que poderão exigir uma respiração artificial ou massagem cardíaca: hemorragia intensa, traumatismo grave, principalmente na cabeça, envenenamento, inalação de fumaça, parada cardíaca, choque, asfixia, choque elétrico. Uma observação importante é a de que somente faça estes procedimentos se for evidente que o animal esteja inconsciente com uma parada cárdio-respiratória e que a morte esteja iminente caso nada seja feito. Lembre-se: caso o quadro seja muito grave, até os socorros mais adequados feitos por um profisional podem ser insuficientes para salvar a vida de um animal. Respiração Artificial Caso o animal tenha parado de respirar: - Deite-o de lado, puxe a língua para fora e desobstrua as vias respiratórias. - Com uma da mãos ao redor do focinho e mantendo a boca do animal fechada, sopre as narinas com sua boca até que o peito do animal se expanda (respiração bo ca-a-focin ho). - Retire a boca até que os pulmões esvaziem. - Repita este procedimento umas 15 vezes por minuto (conte aproximadamente até 4 entre uma soprada e outra). - Se o coração não estiver batendo, faça massagem cardíaca juntamente com a respiração artificial (ver abaixo). - Chame o veterinário o mais AUXILIAR VETERINÁRIO 89 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE depressa possível. Massagem cardíaca Quando o coração do animal pára de bater, este quadro também influi na coloração das gengivas, as quais deixam o seu tom róseo normal para um tom pálido ou azulado. Faça o seguinte se perceber que o coração do animal parou de bater: - Deite o animal de lado, de preferência com o lado direito para baixo e com a cabeça mais baixa que o corpo. Segure o peito logo pós o membro anterior com o polegar de um lado e os outros 4 dedos do outro lado, se o animal for pequeno. Se o animal for de porte médio, faça a massagem com uma mão de um lado e a outra do outro. Se for de porte grande ou obeso, deite o animal de costas no chão e faça a massagem com ambas as mãos (uma em cima da outra), sobre o esterno (osso que está no meio do peito). - Em qualquer dos casos acima aja com vigor (mas não com violência) tentando impelir o sangue para o cérebro. Se não houver nenhum ferimento no animal na região torácica, não se preocupe em estar machucando o animal. - Repita esta operação de 80 a 120 vezes por minuto. Nos animais pequenos o coração bate mais depressa que nos animais maiores, leve esta informação em consideração. - Faça a massagem cardíaca durante 15 segundos aproximadamente, em seguida faça 10 segundos de respiração boca-a-focinho (ver acima). - Verifique o batimento cardíaco. Continue a fazer a massagem cardíaca até o batimento normalizar, quando isso acontecer, preocupe-se com a respiração. - Chame urgentemente um veterinário. Lembre-se: este tratamento é o chamado tratamento heróico. Muitas vezes apesar de todos os esforços não se consegue salvar o animal, pois quando o quadro chega neste ponto sempre podemos considerá-lo bastante grave. Entretanto, faça o que puder e caso não tenha êxito, não se culpe. Aula 38 – Primeiros Socorros para Cães e Gatos (Continuação) AUXILIAR VETERINÁRIO 90 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE Abordaremos em seguida algumas situações emergenciais mais comuns e algumas dicas de procedimento (em ordem alfabética): Afecções dos olhos Todas as afecções dos olhos são potencialmente perigosas. Um arranhão de menor importância na superfície do olho, quando não tratado pode infeccionar e causar perda da visão. Olho está fora da órbita: - Não tente recolocar o olho no lugar. Cubra com uma esponja ou pano limpo embebido em solução de água açucarada e mantenha preso levemente à cabeça. - Mantenha o animal mais imóvel possível e procure ajuda veterinária rápida. Secreção verde ou amarela: - São sinais de infecção, limpe os olhos com água morna ou colírio. - Fique atento a outros sinais de doença. Queimaduras com produtos químicos: - Lave o olho afetado com água limpa durante vários minutos. Proteja o olho com uma atadura até a chegada do veterinário Afogamento Embora a grande maioria dos animais saiba nadar, estas emergências ocorrem quando eles caem em locais que não consigam sair como piscinas, canais ou poços ficando exaustos ou em pânico. AUXILIAR VETERINÁRIO 91 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE - Se possível salve o animal com uma vara ou galho de ponta curva, ou aproxime-se dele de barco. Entre na água somente em ultimo caso, pois poderá colocar em risco sua própria vida principalmente em se tratando de animais de grande porte. Em caso de animais de pequeno porte leve algo com você para que o animal possa agarrar. - Se possível e se o animal estiver consciente, leve-o para terra firme e mantenha-o aquecido. Se estiver inconsciente, drene a água dos pulmões, segurandoo, no caso de animais de pequeno porte, de cabeça para baixo de dez a vinte segundos e dando várias sacudidas para baixo. - Se o animal for maior e mais pesado, deite-o de lado com a cabeça num plano inferior a dos pulmões, limpe resíduos da boca e puxe a língua para fora, caso tenha parado de respirar ou o coração tenha parado de bater, faça respiração artificial e/ou massagem cardíaca, conforme explicado no texto. -Podem ocorrer problemas graves ou fatais horas após um acidente com afogamento, se possível procure um veterinário imediatamente após o acidente para ser avaliado. Asfixia Normalmente é um quadro que pode ser bastante grave a ponto de poder levar o animal à morte. Entretanto precisamos tentar rapidamente descobrir a causa da asfixia e ajudar o animal a respirar urgentemente. É importante lembrar que a asfixia pode ser perigosa a quem estiver socorrendo o animal porque ele está num quadro desesperador e de um estado normalmente calmo, pode se tornar agressivo. Tome as seguintes medidas: AUXILIAR VETERINÁRIO 92 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE - Abra a boca do animal com cuidado para descobrir se há algum corpo estranho e remova-o se possível. Às vezes um cabo de colher pode ajudar a arrancar um osso preso no céu da boca. - Se o cão estiver inconsciente e for de pequeno porte, segure-o pelos quadris e balance-o de cabeça para baixo para que a gravidade auxilie. - Faça respiração artificial e/ou massagem cardíaca se perceber que o caso é grave (ver texto). Choque elétrico Se for forte, o choque elétrico pode causar de imediato uma parada cardíaca, além de queimaduras na parte afetada do corpo. Freqüentemente, a causa mais comum para a eletrocussão em animais de pequeno porte está ligada a mastigação de fios elétricos, porém os contatos com linhas de força ou relâmpagos também causam acidentes fatais. Eventualmente, fios desencapados no chão, ao entrar em contato com urina, podem causar um choque grave. • Verifique se os movimentos cardíacos e respiratórios estão presentes, caso contrario faça respiração artificial pressionando o costado do animal em movimentos rítmicos por alguns minutos (ver no texto anotações sobre respiração artificial e massagem cardíaca). • Se houver apenas lesões ou queimaduras na mucosa oral, trate com compressas de água fria. Bicheira (Miíase) Afecção bastante comum nas regiões em que apresentam vegetação e criações de animais domésticos como por exemplo, bovinos, eqüinos, suínos, aves, cujas instalações sejam atrativos para moscas. A popularmente chamada bicheira é uma lesão ou lesões causadas por larvas de moscas que acometem os animais muitas vezes enfraquecidos, debilitados e com pelagem molhada. Seus locais favoritos para colocar os ovos são a região perinasal, periocular, peribucal, perianal e a genitália, ou as proximidades de ferimentos negligenciados. As moscas varejeiras (apresentam várias espécies, algumas delas parasitas obrigatórios de tecidos vivos) aproveitam ferimentos já existentes e colocam seus ovos, havendo então uma infestação larval. Estas larvas são altamente destrutivas produzindo lesões com forte odor, muitas vezes formando verdadeiras AUXILIAR VETERINÁRIO 93 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE “cavernas” sob a pele. A gravidade deste tipo de lesão está relacionada ao local onde existe o processo e a sua extensão. A miíase quase sempre é o reflexo de negligência no tratamento do animal. Existe também outro tipo de miíase provocada pela mosca do berne, cujas larvas não necessitam de que o tecido do animal apresente lesão. As larvas penetram ativamente na pele íntegra e desenvolvem abscessos císticos, encimados por um poro respiratório e por onde as larvas, depois que completam seus ciclos, saem para empupar. O tratamento, obviamente dependendo do tamanho da lesão, é relativamente fácil de ser feito. Entretanto muitas pessoas querendo tratar o animal sem o saber ou seguindo palpites de leigos pioram o quadro utilizando produtos cáusticos, cuja ação agrava ainda mais o processo. Deve-se tentar retirar o máximo de larvas possíveis, com o auxilio de uma pinça e de produtos larvicidas. Dependendo do local e da agressividade do animal, o mesmo deve ser sedado. Constipação Também conhecido como prisão de ventre é mais freqüente em animais velhos devido ao funcionamento intestinal ser mais lento, porém os jovens também podem ser acometidos no caso de ingestão de objeto não digerível como por exemplo, pedaço de osso grande, brinquedos de crianças , chupetas, etc. Alterações anatômicas como hérnias, aumento do volume prostático ou mesmo uma bola de pêlos que se forma no intestino dos felinos devido o ato de se lamber constantemente também podem causar a constipação. - Nos casos leves poderemos adicionar óleo mineral no alimento dos animais na proporção de uma colher das de chá para cada 5 kg de peso corporal até percebermos a diminuição dos sintomas. Entretanto sempre é bom informar ao veterinário sobre o caso assim que puder para ver se há necessidade de uma Radiografia ou Ultrasom abdominal (pode haver algum tipo de obstrução intestinal e num caso destes a saúde se deteriora rapidamente). - Nos casos graves onde há distensão abdominal evidente, esforço para evacuar sem conseguir, dor deve-se avisar imediatamente ao veterinário. Convulsões e ataques De forma geral as convulsões são comuns a uma variedade enorme de situações que provocam o distúrbio neurológico, porém quando os quadros aparecem de forma freqüente podemos estar diante de uma epilepsia. Outras possibilidades que poderiam AUXILIAR VETERINÁRIO 94 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE causar as convulsões são intoxicações, alterações metabólicas como hipoglicemia (diminuição do teor de glicose do sangue), infecções virais ou bacterianas, tumores cerebrais etc, de qualquer forma muitas vezes fica difícil determinar a causa com exatidão, sendo somente possível através de exames. A crise convulsiva pode ser classificada como grande mal ou pequeno mal. Grande mal quando o quadro é forte, muitas vezes ocorrendo com o animal deitado, contorcendo-se e batendo as patas como se estivesse pedalando. Pequeno mal quando a convulsão é mais fraca, de forma que o animal fica andando em círculos, compulsivamente, aparentemente cego e contorcendo-se levemente. - Proteja o cão com almofadas para evitar o atrito com superfícies duras e mantenha-o em confinamento em ambiente pequeno em silencio e a meia luz. - Cuidado, não ponha a mão dentro da boca do animal no momento da crise; num momento de convulsão o animal pode fechar a boca vigorosamente e pode machucá-lo. - Se o ataque durar mais de quatro minutos, envolva-o em pano de algodão para evitar a hipertermia e chame imediatamente o veterinário. Registre o tempo do ataque e o que o animal fazia antes do seu início, porque isto poderá ajudar no diagnostico. - Uma outra situação singular é a da fêmea em lactação. Podemos ter um quadro de incoordenação e tremores musculares com aumento do ritmo respiratório. Isto ocorre devido a problemas metabólicos (eclâmpsia), sendo necessário neste caso socorro veterinário de imediato, pois o quadro é fatal se não socorrido a tempo. Aula 39 - Primeiros Socorros para Cães e Gatos (continuação) Ferimentos Ferimentos com lesão da pele provocando uma solução de continuidade com o meio externo geralmente infeccionam e necessitam de tratamento à base de antibióticos e antinflamatórios. Os ferimentos profundos devem ser tratados sempre como potencialmente fatais. Os ferimentos superficiais (escoriações, contusões e AUXILIAR VETERINÁRIO 95 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE lacerações) apresentam graus diferentes de gravidade a qual somente um profissional pode saber. Mordedura de animais: Se o animal estiver em choque ou com perfuração do abdômen e órgãos internos expostos, evite que o animal se lamba e leve-o imediatamente ao veterinário. Ferimentos à bala: Acalme o cão, amordace-o e contenha as hemorragias. Fraturas As fraturas ou lesões nos ossos são quase tão comuns como os ferimentos e freqüentemente estão a eles associadas. Podem ser causadas por quedas, brigas, atropelamentos, etc. A fratura pode ser exposta (quando a pele fica aberta), geralmente mais grave pois pode infeccionar ou fratura comum, em que o osso não atravessa a pele. Existem também os entorses, quando a articulação é apenas forçada, mas não há desarticulação e a luxação, em que o osso escapa da articulação, provocando uma verdadeira desarticulação e neste caso o processo é tão doloroso e perigoso quanto uma fratura. Sempre é aconselhável se evitar que uma fratura comum fique se torne uma fratura exposta. Em se falando de fraturas, entorses ou luxações orientamos as seguintes providências: - Amordace o animal para evitar maiores acidentes. - Se possível observe qual a região do corpo que está afetada, se o animal apóia o membro, se apóia mas claudica (manca), etc. - Se o membro afetado está muito dolorido enrole uma atadura para que não fique balançando enquanto transporta o animal. Em todos os casos de fraturas, como norma geral, deve ser providenciado um apoio para diminuir a dor. Não tente reparar a fratura e muito menos faça massagem ou utilize anti-sépticos. Uma tala mal colocada pode prejudicar a circulação sangüínea e provocar danos mais sérios. Todos estes serviços devem ser feitos por um veterinário, acompanhado de anestesia e chapas radiográficas. AUXILIAR VETERINÁRIO 96 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE Hemorragias As hemorragias podem ser internas e externas. As internas embora não são evidentes como as externas, mas também são igualmente importantes. Dependendo do local em que houve a lesão e dos vasos comprometidos obviamente a hemorragia será mais ou menos intensa. choque. - De forma geral as pequenas hemorragias se forem devidamente estancadas com compressas frias ou faixas compressivas podem ser contidas. - Já as grandes hemorragias necessitam de intervenções mais drásticas como suturas, cirurgias mediante anestesias gerais cuidadosas devido à perda de sangue. Caso o animal apresente hemorragia severa o animal pode entrar em Acidentes por animais peçonhentos Cobras: Os animais mais freqüentemente são picados por cobras do que os humanos. Dependendo do tipo da peçonha da cobra varia a ação do veneno. As do gênero Crotalus, as cascavéis costumam provocar sintomas neurológicos, as do gênero Bothrops, abrangendo as jararacas, jararacuçus, urutus, etc. costumam provocar uma forte lesão e posterior necrose local devido a ação proteolítica do veneno. Em ambos os casos de picada de cobra, poderemos ter os seguintes sintomas: tremores, excitação, vômitos, prostração, salivação, pupilas dilatadas, pulso acelerado. AUXILIAR VETERINÁRIO 97 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE Aranhas e Escorpiões: As aranhas e escorpiões picam com mais dificuldade os animais do que as cobras devido à proteção que os pelos proporcionam. Entretanto em casos de acidentes com estes artrópodes os sintomas mais comuns são dor intensa no local, inflamação, vômitos, convulsões, espasmos musculares, dificuldades respiratórias e em casos mais graves até paralisia. Em todos estes casos de Mordeduras e Picadas, as principais providências a serem tomadas são as seguintes: - Procure reduzir ao mínimo o movimento do animal. - Se souber onde foi o acidente lavar o ferimento cuidadosamente com água fria. - Mantenha o animal calmo e chame rapidamente um veterinário para uso de soro anti-ofídico (no caso das picadas de cobra) e medicamentos apropriados, os quais se forem ministrados a tempo podem salvar a vida do animal. Parada Cardíaca A parada cardíaca é mais freqüente em algumas raças de cães de grande porte ou aquelas que tenham uma predisposição genética. Entretanto, geralmente quando estamos diante de uma parada cardíaca, ela se deve a alguma outra crise mais grave que precisa ser superada para que o animal sobreviva. Enquanto se chama o veterinário, deve-se fazer massagem cardíaca e se parou de respirar, também respiração artificial (ver texto de massagem cardíaca e respiração artificial). Perda dos Sentidos É raro ocorrer este tipo de problema nos animais, um suprimento deficiente de energia (hipoglicemia) ou Oxigênio para o cérebro ou alterações cardíacas podem provocar um quadro deste. Entretanto as principais providên cias a serem tomadas numa situação dessa são as seguintes: Puxe a língua do animal para fora para garantir uma boa respiração. - AUXILIAR VETERINÁRIO Avalie a coloração das gengivas para ver se há um 98 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE bom suprimento de Oxigênio (quando falta Oxigênio as gengivas e outras mucosas ficam arrocheadas). - Se o animal recobrou-se dos sentidos, informe urgentemente o veterinário fornecendo se possível os dados do desmaio, ou seja: duração, momento, local do episódio, etc. Queimaduras As queimaduras podem ser provocadas principalmente pelas seguintes causas: calor, produtos químicos ou eletricidade. As queimaduras mais graves podem levar o animal a um estado de choque e óbito, portanto necessitam de um tratamento veterinário urgente. Num momento de emergência, faça o seguinte: - Imobilize o animal. - Lave a região afetada com água fria, de preferência com um suave jato de chuveiro imediatamente após o acidente para reduzir os danos nos tecidos. - Remova o produto químico, caso seja o causador da queimadura (use luvas). - Coloque sobre a queimadura alguma atadura que não cole na lesão (evite colocar algodão). Torção de Estômago ou Timpanismo Ocorre frequentemente nos cães de grande porte como fila-brasileiro, dog alemão, mastim napolitano, mastiff, etc. Este quadro é provocado pela ingestão excessiva de alimentos ricos em carboidratos (principalmente quando o animal é alimentado uma só vez ao dia) e logo após exercício físico. É mais comum em cães mais velhos, mas também pode ocorrer nos jovens, pois fatores genéticos e ambientais também influem. O estômago se enche de gases e o animal impossibilitado de eliminá-los. Com o passar do tempo, estes gases começam a empurrar o diafragma (músculo que separa o tórax do abdômen) para frente afetando a respiração. É um quadro bastante grave, procure um veterinário urgentemente, pois caso o animal não seja socorrido a morte é certa e rápida. Venenos Ingestão de venenos: AUXILIAR VETERINÁRIO 99 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE Os cães são muito mais susceptíveis a envenenarem-se do que os gatos, pois os gatos são bem mais prudentes com o que comem. Entretanto todos podem estar sujeitos a se intoxicarem e dependendo do porte do animal, do veneno e da quantidade ingerida, teremos a gravidade do caso. Alguns produtos podem provocar efeitos desagradáveis temporariamente, outros podem ser fatais após sua ingestão num curto período de tempo, caso o animal não seja socorrido a tempo. Como medidas gerais faça o seguinte: - Verifique se as vias respiratórias estão desimpedidas - Se o veneno ingerido nas últimas 2hs não foi um produto alcalino, ácido ou derivado de petróleo provoque vômito dando sal grosso ou Água Oxigenada 10V (2,5ml a 5,0ml a cada 15 minutos), até que ocorra o vômito. Somente dê algo oral se o animal estiver consciente. - Dê carvão ativado em água (encontrado em farmácia, não é o carvão de uso domiciliar). Sintomas produzidos por Inseticidas a base de Carbamatos: Agitação, Contrações, Salivação, Convulsões e Coma. Sintomas produzidos por Inseticidas a base de Organofosforados: Fraqueza dos Membros Posteriores, Dificuldade Respiratória, Tremores Musculares, Salivação e Aumento na Produção de Urina e Fezes. Raticidas: Há vários tipos de raticidas, os mais comuns são os que produzem hemorragia interna (anticoagulantes). Geralmente na embalagem contêm especificações com relação ao tipo de produto. O animal pode se intoxicar ingerindo a própria isca ou comento o rato envenenado. Os sintomas principais produzidos pelos raticidas são os seguintes: Vômitos, Letargia, Anemia, Sinais de hemorragia interna, gengivas pálidas e feridas na pele. - Se o animal acabou de ingerir o veneno provoque vômito e dê carvão ativado, até a chegada do veterinário; Aula 40 - Princípios cirúrgicos gerais AUXILIAR VETERINÁRIO 100 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE O sucesso de uma operação cirúrgica depende não só da compreensão dos princípios básicos de divisão de tecidos, hemostasia e fechamento da ferida (atributos do médico veterinário), como também de um centro cirúrgico bem equipado, mantido por equipe treinada, que tem uma rotina organizada e estabelecida para esterilização de instrumentos e para preparo e assistência ás operações. Nenhum centro cirúrgico fornece todas as exigências ideais, mas isto não é desculpa para não se procurar os padrões de assepsia, os mais aceitáveis possíveis, dentro das instalações do cent ro e do equipamento disponível. São vários os tipos de operações além daquelas realizadas em tecidos normalmente não-infectados, como ováriohisterectomia de rotina e a maioria dos procedimentos ortopédicos; operações no aparelho gastrointestinal, durante as quais o contudo intestinal pode contaminar tanto os instrumentos como as mãos do cirurgião e do assistente; e finalmente exploração de tecidos excessivamente infectado, como abscessos e fístulas. Deve ser regulamento preestabelecido que nenhuma pessoa terá permissão para entrar no centro cirúrgico sem primeiro vestir a indumentária protetora apropriada, que deve incluir sapatilhas, gorro, máscara e avental. Preparação do pessoal Todos que adentrarem o centro cirúrgico devem passar por uma rigorosa assepsia, que inclui limpeza com escova, sabão iodado, colocação de avental e luvas. Primeiramente deve-se retirar todos os anéis, alianças, pulseiras, relógios, ou qualquer outro objeto que seja potencialmente contaminante. Os antebraços e mãos são esfregados com uma escova de unhas convencional, no mínimo 3 minutos, com atenção especial às unhas e entre os dedos. Deve-se enxaguar as mãos e antebraços de cima para baixo, de modo que o fluxo de água vá das mãos para o cotovelo. Preparação das mesas de instrumentos Se as mesas são preparadas para uma série de operações é impossível garantir sua esterilização mesmo se forem cuidadosamente cobertos; portanto, as mesas de instrumentos devem ser preparadas antes de cada operação. AUXILIAR VETERINÁRIO 101 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE Deve-se limpar a superfície da mesa com solução anti-séptica, como por exemplo álcool 70%, álcool iodado, solução de cloro, etc. Depois cobre-se a mesa com um pano de campo esterilizado. A bandeja esterilizadas com todos os instrumentos necessários para aquele tipo de cirurgia só deve ser aberta no momento da preparação dos instrumentos na mesa. Estes devem ser “derramados” sobre a mesa já coberta pelo pano de campo, para só depois, alguém já com luvas estéreis, possa arrumar os instrumentos de forma adequada. Na hora de secar, comece pelos dedos, depois as mãos, punhos, antebraço e por último os cotovelos, seguindo sempre esta ordem. As toalhas também devem estar esterilizadas. Preparação para a cirurgia Tendo o (a) enfermeiro(a) ou auxiliar preparado a mesa de instrumentos, colocado o avental esterilizado e calçado as luvas, deve agora arrumar os instrumentos. Estes devem ser dispostos de maneira que se possa dar assistência ao cirurgião durante toda a operação. A mesa deve conter pinças hemostáticas (também chamadas “mosquito”), pinças de Allis, pinças de Kocher, cabos de bisturi, tesouras de Mayo (retas e curvas), pinças de dissecação (lisas e denteadas), afastadores, porta-agulhas além de compressas de reserva e materiais de sutura para o fechamento. Alguns instrumentos cirúrgicos mais utilizados: 1 AUXILIAR VETERINÁRIO 2 102 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE 3 4 5 6 7 9 8 10 AUXILIAR VETERINÁRIO 11 103 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE 13 12 14 1. Afastador de Farabeuf 2. Cabo de bisturi 3. Pinça Kelly 4. Pinça de Kocher 5. Afastador de Weitlaner 6. Pinça de Halstead reta (mosquito) 7. Pinça de Halstead curva (hemostática) 8. Pinça Backhaus 9. Pinça dente de rato 10. Pinça Allis 11. Pinça Mayo-Robson 12. Tesoura Mayo reta 13. Tesoura Metzembaum curva 14. Tesoura para corte de cauda EXERCÍCIOS 1. Descreva a seqüência correta de eventos que antecedem uma cirugia. 2. Pesquise e traga o nome de mais 3 instrumentos cirúrgicos que não foram citados aqui. Aula 41 - Aplicação de medicamentos Os medicamentos podem ser administrados por diversas vias: pela boca (oral); por injeção em uma veia (intravenosa) ou em um músculo (intramuscular) ou sob a pele (subcutânea); inseridos no reto (retal); instilados no olho (ocular); borrifados dentro do nariz (nasal) ou dentro da boca (inalação); aplicados à pele para efeito local (tópica) ou sistêmico (transdérmica). Cada via tem finalidades, vantagens e desvantagens específicas. Via Oral AUXILIAR VETERINÁRIO 104 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE A administração oral é, em geral, a mais conveniente, segura e barata, e portanto a mais comum. Contudo, a via oral tem suas limitações. Muitos fatores, como outros medicamentos e a alimentação, afetam a forma de absorção dos medicamentos depois de sua ingestão oral. Assim, alguns medicamentos apenas devem ser tomados com o estômago vazio, enquanto outros devem ser ingeridos com o alimento ou simplesmente não podem ser tomados por via oral. Os medicamentos administrados por via oral são absorvidos pelo trato gastrointestinal. A absorção começa na boca e no estômago, mas ocorre principalmente no intestino delgado. Para chegar à circulação geral, o medicamento precisa primeiramente atravessar a parede intestinal e, em seguida, o fígado. A parede intestinal e o fígado alteram quimicamente (metabolizam) muitos medicamentos, diminuindo a quantidade absorvida. Em contraposição, os medicamentos injetados por via intravenosa chegam à circulação geral sem atravessar a parede intestinal e o fígado, e assim oferecem uma resposta mais rápida e consistente. Alguns medicamentos administrados por via oral irritam o trato gastrointestinal: a aspirina e a maioria das outras drogas antiinflamatórias não-esteróides, por exemplo, podem prejudicar o revestimento do estômago e do intestino delgado e causar úlceras. Outros medicamentos são absorvidos de forma deficiente ou errática no trato gastrointestinal ou destruídos pelo ambiente ácido e pelas enzimas digestivas do estômago. A despeito dessas limitações, a via oral é utilizada com freqüência muito maior que as demais vias de administração. As outras vias geralmente são reservadas para situações em que o paciente não pode ingerir nada pela boca, em que o medicamento deve ser administrado rapidamente ou em dose muito precisa ou quando a droga é absorvida de forma deficiente e errática. Comprimidos Tente colocá-los dentro de uma pequena porção do alimento preferido do cão. Ele vai engolir sem mastigar e não perceberá a medicação. Se não for possível fazer isso, a segunda opção é mais agressiva. Abra a boca do cão, segure a sua língua e coloque o comprimido bem próximo da garganta. Feche a boca, mantenha-a assim por um tempo, de forma que fique um pouco elevada. Faça uma ligeira pressão na região da garganta, até que você perceba que ele tenha engolido. Líquidos Coloque a AUXILIAR VETERINÁRIO medicação em uma seringa 105 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE descartável (plástica), sem a agulha. Segure o focinho do animal, com a boca fechada, puxe a bochecha para o lado, para formar uma bolsa, introduza a seringa e vá empurrando o êmbulo, e liberando o líquido, lateralmente aos dentes. Como a cabeça deve estar elevada, o líquido chegará mais fácil à garganta e estimulará a deglutição. Mantenha a boca segura, fechada, e a cabeça elevada até perceber que a medicação foi engolida. Vias Injetáveis A administração por injeção (administração parenteral) compreende as vias subcutânea, intramuscular e intravenosa. No caso da via subcutânea, a agulha é inserida por baixo da pele. Depois de injetada, a droga chega aos pequenos vasos e é transportada pela corrente sangüínea. A via subcutânea é utilizada para muitos medicamentos protéicos, como a insulina, que poderiam ser digeridos no trato gastrointestinal se fossem tomados pela boca. Os medicamentos podem ser preparados em suspensões ou em complexos relativamente insolúveis, de modo que sua absorção se prolongue por horas, dias ou mais tempo, não precisando ser administrados com tanta freqüência. A via intramuscular é preferível à via subcutânea quando há necessidade de maiores volumes do medicamento. Levando em consideração que os músculos estão situados mais profundamente que a pele, é utilizada uma agulha mais comprida. No caso da via intravenosa, a agulha é inserida diretamente em uma veia. Em pequenos animais usa-se a região entre os músculos semimembranoso e semitendinoso. Devese ter o cuidado para aspirar o êmbolo da seringa antes de aplicar o remédio, pois se vier sangue terá que mudar a agulha de lugar. Outro cuidado muito importante é fazer a injeção no local correto, pois se ocorrer um erro e a agulha perfurar o nervo ciático, o animal poderá nunca mais movimentar a perna! A aplicação intravenosa pode ser mais difícil que as demais parenterais, especialmente em animais obesos. A administração intravenosa, seja em dose única ou em infusão contínua, é o melhor modo de administrar medicamentos com rapidez e precisão. Em situações corriqueiras utiliza-se as veias cefálica e safena, porém numa situação emergencial, qualquer veia que se conseguir canular (até mesmo a jugular) pode ser usada para a aplicação de algum medicamento de emergência. Esta via é perigosa se for utilizada de forma incorreta. Só pode ser usado medicamentos com indicação para aplicação endovenosa, e em alguns casos, se o medicamento vazar e cair fora da veia pode levar a sérios problemas como flebite e necrose. Outro cuidado é nunca aplicar ar junto com o remédio, uma vez que isso pode levar a uma embolia pulmonar ou cerebral, por exemplo. Via Retal AUXILIAR VETERINÁRIO 106 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE Muitos medicamentos que são administrados por via oral podem também ser administrados por via retal, em forma de supositório. Nessa forma, o medicamento é misturado a uma substância cerosa, que se dissolve depois de ter sido inserida no reto. Em razão do revestimento delgado e da abundante irrigação sangüínea do reto, o medicamento é rapidamente absorvido. Supositórios são receitados quando o animal não pode tomar o medicamento por via oral em razão da náusea, impossibilidade de engolir ou alguma restrição à ingestão, como ocorre em seguida a uma cirurgia. Alguns medicamentos são irritantes em forma de supositório; para essas substâncias, deve ser utilizada a via parenteral. Via Transdérmica Alguns medicamentos podem ser administrados pela aplicação de um emplastro à pele. Essas substâncias, às vezes misturadas a um agente químico que facilita a penetração cutânea, atravessam a pele e chegam à corrente sangüínea. A via transdérmica permite que o medicamento seja fornecido de forma lenta e contínua, durante muitas horas ou dias, ou mesmo por mais tempo. Mas alguns animais sofrem irritação onde o emplastro toca a pele. Além disso, a via transdérmica fica limitada pela velocidade com que a substância pode atravessar a pele. Apenas medicamentos que devem ser administrados em doses diárias relativamente pequenas podem ser dados por via transdérmica. Alguns exemplos são: nitroglicerina (para problemas cardíacos), escopolamina (contra o enjôo de viagem), clonidina (contra a hipertensão) e fentanil (para o alívio da dor). Inalação Algumas substâncias, como os gases utilizados em anestesia e os medicamentos contra a asma em recipientes aerossóis de dose medida, são inaladas. Essas substâncias transitam através das vias respiratórias diretamente até os pulmões, onde são absorvidas pela circulação sangüínea. Um número pequeno de medicamentos é administrado por essa via, AUXILIAR VETERINÁRIO 107 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE porque a inalação precisa ser cuidadosamente monitorada para garantir que o paciente receba a quantidade certa do medicamento dentro de determinado período. Os sistemas de dose medida são úteis para os medicamentos que atuam diretamente nos canais condutores do ar até os pulmões. Considerando que a absorção até a corrente sangüínea é muito variável no caso da inalação por aerossol, raramente esse método é utilizado na administração de medicamentos que atuem em outros tecidos ou órgãos além dos pulmões. EXERCÍCIOS 1. O que é perigoso no fato de uma pessoa sem treino ou experiência fazer injeções intramusculares ou endovenosas? Aula 42 – Aplicação de Medicamentos (Continuação ) Via intravenoso A via intravenosa só deve ser utilizada por pessoas devidamente capacitadas, com treinamento prévio, uma vez que usada de forma inadequada pode até levar à morte do animal por embolia, tromboembolia, choque anafilático (dependendo do tipo da droga administrada) ou intoxicação (uma vez que aplicado o remédio não tem mais como tirálo do organismo). Até mesmo os medicamentos utilizados por esta via devem ser prescritos unicamente pelo médico veterinário, mesmo que você saiba que aquele determinado remédio seja de aplicação intravenosa. Antes de cateterizar qualquer vaso, deve-se fazer tricotomia da área e uma assepsia cuidadosa. O acesso venoso periférico, com cânula metálica (escalpe ou agulhas) ou plástica (cateter), de preferência em membros anteriores (veia cefálica principalmente), possibilita a infusão de medicamentos como antibióticos, antiinflamatórios, vitaminas, soros, etc. Na impossibilidade de uma veia periférica (por exemplo em casos de emergência), esses fármacos podem ser administrados por um vaso de maior calibre, como a jugular; nos filhotes existe ainda a alternativa da via intra-óssea. Os escalpes metálicos devem ser trocados a cada 48 horas, já os cateteres podem permanecer no vaso do animal por até 4 dias, dependendo da marca. AUXILIAR VETERINÁRIO 108 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE Para a fluidoterapia, além de um escalpe ou um cateter, é necessário o equipo do soro e o frasco do soro. Existe 2 tipos de equipos: o macrogotas (possibilita uma maior infusão de fluidos por minuto) e o micro-gotas (permite uma menor infusão de fluidos por minuto). Existem diversos tipos de soros, cada um com fórmula diferente, e a determinação do tipo de soro que o animal vai utilizar quem faz é o médico veterinário. Um soro errado pode até levar o animal à morte. Os mais comuns e mais utilizados na rotina de uma clínica veterinária são: solução fisiológica 0,9 % de cloreto de sódio, solução glicosada 5%, solução de Ringer simples e solução de Ringer-Lactato. Existe também diferentes tamanhos de frascos, sendo que a maioria das marcas comerciais varia de 100 ml a 1litro. As principais complicações da cateterização de veias são: a) hematomas: ocorre pelo insucesso da punção sem a devida compressão do local abordado, ou quando a coagulação sanguínea do paciente está seriamente comprometida; b) infiltração: observada quando a cânula se encontra fora da veia ou uma punção posterior sem sucesso foi realizada proximal à mesma; c) celulite e flebites: que podem ser prevenidas com o emprego da boa técnica de punção, assepsia local, cateter adequado e menor tempo de uso; AUXILIAR VETERINÁRIO 109 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE d) sepse: especialmente por germes de pele, podendose diminuir a chance dessa complicação com emprego de técnica correta de punção, reconhecimento de infecção, tratamento com antibióticos e retirada do acesso precocemente, bem como da formação de eventuais abscessos; e) embolia gasosa: evitada com o uso de sistemas fechados. A punção venosa pode ser realizada por agulhas hipodérmicas, agulhas tipo borboleta ou cateter plástico, que pode ser inserido sobre ou dentro da agulha. Na rotina de tratamento do paciente grave, os cateteres plásticos são os eleitos, já que ficam mais bem ancorados, permitem ao paciente melhor mobilização sem trauma de parede dos vasos, e na reposição volêmica de emergência poderá ser usado cateter de grande calibre e curto, que são os que possibilitam maiores fluxos. Tricotomia Tricotomia nada mais é que depilar uma certa área do corpo do animal para a realização de alguma intervenção médica, como cirurgias, cateterização de vasos, realização de curativos, etc. Pode ser feito com máquina de tosa ou com lâminas de gilete. Curativos Curativo é o tratamento de qualquer tipo de lesão da pele ou mucosa. FINALIDADES 1. 2. 3. 4. 5. Prevenir a contaminação. Facilitar a cicatrização. Proteger a ferida. Facilitar a drenagem. Aliviar a dor. TIPOS DE CURATIVOS O curativo é feito de acordo com as características da lesão. • Aberto: curativo em feridas sem infecção, que após tratamento permanecem abertos (sem proteção de gaze). AUXILIAR VETERINÁRIO 110 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE • Oclusivo: curativo que após a limpeza da ferida e aplicação do medicamento • Compressivo: é o que faz compressão para estancar hemorragia ou vedar • Com irrigação: nos ferimentos com infecção dentro da cavidade ou fistula, • Com drenagem: nos ferimentos com grande quantidade de exsudato. é fechado ou ocluido com gaze ou atadura. bem uma incisão. com indicação de irrigação com soluções salinas ou anti-séptico. A irrigação é feita com seringa. Coloca-se dreno de (Penrose, Kehr), tubos, cateteres ou bolsas de colostomia. MATERIAL Bandeja contendo: • Pacote de pinças para curativo (usamos 2 anatômicas – 1 com dentre e outra sem e 1 Kocher) e espátula com gaze. • Frascos com anti-sépticos. • Esparadrapo, fita crepe ou micropore. • • Tesoura. Pacote com gazes. • Quando indicados: pomadas, ataduras, chumaços de algodão, seringas, cubas. MÉTODO - Lavar as mãos. - Separar e organizar o material de acordo com o tipo de curativo a ser executado. - Levar a bandeja com o material - Colocar o animal em posição apropriada, contendo-o se necessário - Abrir o pacote de curativo e dispor as pinças com os cabos voltados para o executante, em ordem de uso – da esquerda para a direita: pinça anatômica sem dente, Kocher, anatômica com dente, e a espátula montada com gaze. - Abrir o pacote de gaze e colocá-la no campo. chumaços de algodão. AUXILIAR VETERINÁRIO Se necessário colocar também 111 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE - Retirar o curativo anterior utilizando a espátula montada com gaze embebida em benzina ou éter, e a 1ª pinça antômica com dente. - Retirar o esparadrapo no sentido dos pêlos; - Com a 2ª pinça (Kocher, Pean ou Kelly) limpar as bordas da lesão com gaze embebida em soro fisiológico. - Secar com gaze e desprezar a pinça. - Com a 3ª pinça (anatômica sem dente) limpar a lesão com gaze embebida em soro fisiológico - Obedecer o princípio: do menos contaminado para o mais contaminado, usando tantas gazes forem necessárias; - Usar técnica de toque com movimentos rotativos com a gaze, evitando os movimentos de dentro para fora da ferida, tanto quanto os de fora para dentro; - Remover ao máximo os exsudatos (secreções – pus, sangue), corpos estranhos e tecidos necrosados; - Secar com gaze e passar o anti-séptico indicado (ou pomada, creme, etc.) - Proteger com gaze e fixar com adesivo (se indicado). PRODUTOS MAIS UTILIZADOS NO TRATAMENTO DE FERIDAS - Açúcar cristal ou fino – utilizado como cicatrizante, bactericida das feridas infectadas. Em regiões de difícil aderência dos cristais, como proeminências ósseas, região perineal e inguinal, utiliza-se uma pasta constituída de 10% de furacin ou vaselina e 90% de açúcar cristal. - Água e sabão – emoliente utilizado para limpeza. - Benzina – utilizada para desprendimento do adesivo. - Clorexedine – anti-séptico. - Éter – anestesia levemente a superfície da pele e serve também para desprender o adesivo. Por ser volátil precisa ficar sempre em recipiente bem fechado. AUXILIAR VETERINÁRIO 112 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE - Nitrato de prata – utilizado na cicatrização de pequenas lesões; apresenta-se especialmente em forma de spray. - Permanganato de Potássio – anti-séptico útil nas supurações com infecção secundária. É oxidante e cicatrizante. Remove exsudatos e odores. - Solução fisiológica – usada para limpeza de lesões. - Vaselina – emoliente utilizado para retirar crostas e impermeabilizar a pele. - Violeta de Genciana 1 ou 2% - substância germicida e fungicida utilizada em micoses ou lesões da pele e mucosas. Cuidados com o lixo hospitalar Dentro de um hospital, nem todo o lixo hospitalar é hospitalar propriamente dito, haja vista que o lixo proveniente dos setores administrativos se comporta como se fosse da classe dos lixos urbanos. Mas o que se quer dizer como lixo hospitalar é aquela porção que pode estar contaminada com vírus ou bactérias patogênicas das salas de cirurgia e curativos, das clínicas dentárias, dos laboratórios de análises, dos ambulatórios e até de clínicas e laboratórios não localizados em hospitais, além de biotérios e veterinárias. A composição de tal lixo é a mais variada possível, podendo ser constituída de restos de alimentos de enfermos, restos de limpeza de salas de cirurgia e curativos, gazes, ataduras, peças anatômicas etc. É importante estar atento ao manuseio deste lixo, pois as pessoas que o manipulam podem ficar sujeitas a doenças e levarem para outras, vários tipos de contaminação. O lixo hospitalar contaminado deve ser embalado de forma especial, segundo a Norma EB 588/1977 (sacos plásticos branco-leitosos, grossos e resistentes). O depósito desses sacos deve ser em vasilhames bem vedados e estes colocados fora do alcance de pessoas, até a chegada do carro próprio para a coleta. Nunca tais lixos devem aguardar a coleta em locais públicos; nas calçadas, por exemplo. AUXILIAR VETERINÁRIO 113 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE A melhor forma de destruir o lixo hospitalar é a incineração, desde que os incineradores possuam tecnologia adequada e estejam em locais que não causem incômodos à população. A pior forma, e que deve ser evitada, é levar o lixo hospitalar para usinas de lixo urbano, aterros sanitários e lixões, o que é praxe. Os custos do tratamento do lixo hospitalar são elevados e seria, de todo interessante, a formação de consórcios de geradores, para a adoção de uma solução comum na destinação. Aula 43 - Os diferentes estabelecimentos veterinários De acordo com o Conselho Federal de Medicina estabelecimentos médico veterinários são assim classificados: Veterinária, os Consultórios veterinários São estabelecimentos destinados ao ato básico de consulta clínica, curativos e vacinações de propriedade de Médico Veterinário regularmente inscrito no Conselho: A) Setor de Atendimento: • • • • • 3 - consultórios; 4 - pias convencionais; 5 - arquivo médico. 1 - sala de recepção; 2 - mesa impermeabilizada de fácil higienização; B) Equipamentos necessários para: - manutenção exclusiva de vacinas, antígenos e outros produtos biológicos; - secagem e esterilização de materiais. Clínicas veterinárias São estabelecimentos destinados ao atendimento de animais para consultas e tratamentos clínicos-cirúrgicos, podendo ou não ter internamentos, sob a responsabilidade técnica e presença de Médico-Veterinário. No caso de internamentos, é obrigatório manter, no local, um auxiliar no período integral de 24 horas e, à disposição, um profissional Médico-Veterinário durante o período mencionado. AUXILIAR VETERINÁRIO 114 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE A) Setor de atendimento: • • • • 1 - sala de recepção; 2 - consultório; 3 - sala de ambulatório; 4 - arquivo médico B) Setor Cirúrgico: • • • • • • • • 1 - sala de esterilização de materiais; 2 - local para preparo dos pacientes; 3 - local de antissepsia de uso exclusivo com pias de higienização; 4 - sala cirúrgica: 4.1 - mesa cirúgica impermeabilizada e de fácil higienização; 4.2 - oxigenoterapia; 4.3 - sistema de iluminação emergencial próprio; 4.4 - mesas auxiliares. C) Setor de Internamento (opcional), deve dispor de: • • 1 - mesa e pia convencionais; 2 - baias, boxes ou outras acomodações individuais e de isolamento, para as espécies destinadas e de fácil higienização e com coleta diferenciada de lixo. D) Setor de sustentação: • • • • • 1 - local para manuseio de alimentos; 2 - instalações para repouso de plantonista e auxiliar (qunado houver internamento); 3 - sanitários e vestiários compatíveis com o número de funcionários; 4 - lavanderia (quando houver internamento); 5 - setor de estocagem de drogas e medicamentos. E) Equipamentos indispensáveis para: • • • 1 - manutenção exclusiva de vacinas, antígenos e outros produtos biológicos; 2 - secagem e esterilização de materiais; 3 - conservação de animais mortos e restos de tecidos. Hospitais Veterinários São estabelecimentos destinados ao atendimento de pacientes para consultas, internamentos e tratamentos clínicos-cirúrgicos, de funcionamento obrigatório em AUXILIAR VETERINÁRIO 115 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE período integral (24 horas), com a presença permanente e sob a responsabilidade técnica de Médico-Veterinário. A) Setor de Atendimento: • • • • 1- sala de recepção; 2 - consultório; 3 - sala de ambulatório; 4 - arquivo médico; B) Setor Cirúrgico: • • • • • • • • 1 - sala de esterilização; 2 - local de antissepsia com pias de higienização; 3 - local de preparo de pacientes; 4 - sala cirúrgica: 4.1 - mesa cirúrgica impermeável de fácil higienização; 4.2 - oxigenoterapia e anestesia inalatória; 4.3 - sistema iluminação emergencial própria; 4.4 - mesas auxiliares. C) Setor de Internamento: • • 1 - mesa e pia convencionais; 2 - baias, boxes ou outras acomendações individuais e de isolamento compatíveis com os animais a elas destinadas, de fácil de isolamento compatíveis com os animais e elas destinadas, de fácil higienização, obedecidas as normas sanitárias municipais e/ou estaduais. D) Setor de Sustenção: • • • • • • 1 - lavanderia; 2 - cozinha; 3 - depósito/almoxarifado; 4 - instalações para repouso de plantonistas 5 - sanitários/vestiários compatíveis com o número de funcionários; 6 - setor de estocagem de medicamentos e drogas (farmácia) E) Setor Auxiliar de Diagnóstico: • 1 - serviço de radiologia e/ou análises clínicas próprio ou conveniado, realizados nas dependências do hospital, obedecendo as normas para instalação e funcionamento da Secretaria de Saúde do município ou estado. F) Equipamentos Indispensáveis para: • • • 1 - manutenção exclusiva de vacinas, antígenos e outros produtos biológicos; 2 - secagem e esterilização de materiais; 3 - respiração artificial; AUXILIAR VETERINÁRIO 116 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE • 4 - conservação de animais mortos e restos de tecidos. Recepção Farmácia Laboratório Sala de internação Consultório Sala de radiologia Sala de cirurgia Sala de preparação do animal AUXILIAR VETERINÁRIO 117 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE Cozinha Quarto do plantonista Aula 44 - Pet shops e banho e tosa Pet shop O estabelecimento denominado "Pet Shop" inclui a comercialização de produtos destinados a cães e gatos, salão de banho e tosa de pêlos, hotel, e pode ou não ter um consultório veterinário. AUXILIAR VETERINÁRIO 118 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE Os estabelecimentos veterinários deverão ser mantidos nas mais perfeitas condições de ordem e higiene, inclusive no que se refere ao pessoal e material. É necessário que conste no quadro de funcionários do Pet Shop, obrigatoriamente, faxineiro que deverá estar presente durante todo o período de expediente. As instalações mínimas necessárias para funcionamento dos Pet Shops são: 1. loja com piso impermeável; 2. sala para tosa (“trimming”); 3. sala para banho com piso impermeável; 4. sala para secagem e penteado (“grooming”); 5. as instalações para abrigo dos animais expostos à venda deverão ser separadas das demais dependências; 6. abrigo para resíduos sólidos. Banho e tosa Os animais de estimação exigem cada vez mais cuidados. E isso inclui o item beleza. Muitas vezes os proprietários adquirem um “animalzinho” e acreditam que os mesmos necessitam somente de alimentação, vacinas e carinho. Não sabem, porém que seu cão necessita de ter higiene de uma forma ampla, que inclui periodicamente banhos e tosas, corte de unhas, limpeza dos ouvidos, dos olhos e escovação dos dentes. AUXILIAR VETERINÁRIO 119 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE A tosa ou grooming é uma arte que se desenvolveu com o passar do tempo, tendo a função não só da estética (como esconder alguns defeitos e ressaltar outras qualidades), mas também, função de higiene e conforto para o animal. Banho, tosa, condicionamento do pêlo e tratamento das orelhas e unhas são os itens básicos de qualquer tratamento de beleza de pets. No caso de algumas raças, o banho talvez seja um dos mais importantes. Isto porque um banho inadequado para uma raça pode prejudicar o aspecto do pêlo ou mesmo deixá-lo impróprio para a tosa. O ideal é que o animal vá desde cedo (filhote) para os serviços de banho e tosa, para assim ir se acostumando com o tosador e as práticas de higiene. A partir de 3 meses ele já pode frequentar fazendo tosa higiênica. Não se recomenda mais de um banho por semana, sendo em animais de pelos longos (poodle, shi-tzu, lhasa apso etc) a necessidade semanal para evitar que se embole os pelos e nos animais de pelos curtos (dachshund, pinsher, basset hound) pode ser espassar para cada 10-15 dias. • O banho Quantas vezes um cão deve banhar-se? A resposta difere de acordo com a raça. O poodle, por exemplo, deve ser banhado a cada quatro ou seis semanas. Já o pointer pode esperar aproximadamente três meses por um bom banho. Em geral, cães mantidos em casa pedem banhos freqüentes por questões de higiene. Antes do banho, deve-se escovar bem o pêlo, a fim de remover os pêlos mortos e desemaranhar a pelagem. O desemaranhamento do pêlo é melhor realizado com uma rasqueadeira e um pente de nós. Os utensílios normalmente usados para a prática são xampu (existem aqueles especiais para acondicionar o pêlo e os próprios para cada cor de pelagem), escova de cerdas, esponja, esteira de borracha para a banheira, duas toalhas de tamanho grande, corrente e “enforcador” (para não deixar que o animal escape da banheira), mangueira com spray (esguicho) e creme rinse (para cães de pêlo longo, exceto poodles e terriers). Muitos desemaranhamentos devem ser feitos antes do banho, porque a água tende a apertar os nós, dificultando sua remoção. • A secagem Existem várias maneiras de se secar o pêlo. O primeiro método (embora o mais difícil) é afofá-lo, usando um secador de chão de alta velocidade. Muito usado em cães de raça poodle, afghan, sheepdog e maltês, é importante não só porque seca mas também por estreitar o pêlo. AUXILIAR VETERINÁRIO 120 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE O segundo método de secagem é conhecido como e é geralmente usado em cães de pêlo curto ou em aparência de pêlo esticada ou felpuda. O terceiro método raças pequenas e de pêlo duro, como o chihuahua, manchester terrier toy. secagem em canil ou gaiola cães que não exijam uma é a toalha e é adotado para o pinscher miniatura e o • A tosa Existem dois tipos de tosa: o trimming (especial para exposição) e o grooming (mais usado para cães domésticos). Para o grooming, ou tosa comum, usa-se tanto a tesoura como o cortador. Quando for usar o cortador, é importante manter o pulso flexível no caso de o cão mover-se subitamente. Usa-se o cortador, em geral, seguindo a direção do pêlo. Cortar com a tesoura é uma arte um pouco mais lenta de se adquirir e requer mais horas de prática. • As unhas Muitas raças precisam de um corte de unhas a cada quatro ou seis semanas. Para isso, há uma grande variedade de cortadores: o tipo tesoura (para cães pequenos), o tipo guilhotina (para cães médios) e o tipo alicate pesado (para cães grandes). Para um profissional ser qualificado para realizar banho e tosa ele deve fazer cursos específicos neste ramo. Contenção e transporte de animais A adoção de medidas que visem o bem-estar animal é de suma importância durante todos os procedimentos de contenção e transporte, a fim de lhes proporcionar tranqüilidade, sem comprometimento de sua saúde e a dos membros das equipes de trabalho. Equipamentos de recolhimento, contenção e manejo Guia/corda ou laço de contenção: pode ser tecido em fibra de algodão ou outro material macio, resistente e maleável, com espessura mínima de 1,5 cm (para AUXILIAR VETERINÁRIO 121 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE não ferir o animal). Deve-se aproximar calmamente do animal, acompanhando seus movimentos, mantendo a corda feito um arco na mão direita. Quando o animal estiver mais tranqüilo, passar o laço por sua cabeça até o pescoço e puxar rapidamente a ponta livre para segurar o animal, deixando que ele ande alguns metros para se sentir seguro. Mordaça: corda macia em fibra de algodão, com 1,5 m de comprimento, utilizada para cães. A mordaça deve ser colocada segurando-se a corda com a mão esquerda, passando-a pela região dorsal do pescoço e, com a mão direita, passar a outra ponta da corda em volta do focinho por três vezes. Na última volta, posicionar o braço embaixo da cabeça do animal. Segurar as duas pontas da corda com a mão direita; libera-se a mão esquerda, que passa embaixo do ventre do animal para pegá-lo no colo; Cambão: trata-se de um tubo rígido produzido com diferentes materiais, resistente ao peso dos animais, devendo ser leve, revestido na extremidade de contato com o animal por borracha ou outro material atraumático e macio. No interior do tubo rígido é inserida uma corda de material flexível, como couro, algodão, aço, borracha ou outro similar. A corda, quando de aço, deverá ter um revestimento de material atraumático, resistente. Deverá, preferencialmente, possuir uma trava de segurança para facilitar o manejo e evitar o enforcamento do animal. O material deve ser leve e ergonômico. Puçá: rede de malha de algodão trançado, fixa a um aro de material leve e rígido, com cabo, geralmente confeccionado em alumínio. Este equipamento é utilizado para manejar gatos em situações especiais e, também, alguns animais silvestres de pequeno porte. Ao retirar o animal da malha deve-se escolher ambiente calmo e fechado e utilizar luvas de material resistente (borracha grossa ou raspa de couro) para evitar acidentes com unhas ou dentes de felinos. AUXILIAR VETERINÁRIO 122 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE Luvas: podem ser confeccionadas em diversos materiais, tais como raspa de couro, borracha, silicone, tecidos tipo lona ou mistos. Devem ser utilizadas as confeccionadas em material resistente, espesso, macio e flexível, podendo apresentar diferentes comprimentos de cano, curto a longo, e ser aprovadas pelo Ministério do Trabalho. São empregadas na contenção de animais como proteção individual, devendo ser utilizadas para recolhimento de animais de pequeno porte, filhotes, gatos adultos em locais de difícil acesso ou com pequeno espaço para manipulação, em especial de animais agressivos ou arredios, a fim de evitar mordeduras e arranhaduras. Gaiola de contenção: utilizada para administração de medicamentos injetáveis ou tratamento de ferimentos. Possui parede retrátil para restringir ao mínimo a movimentação do animal. Gaiola ou caixa de transporte: confeccionada em material leve, lavável, preferencialmente impermeável, resistente e com ventilação, sistema externo de fechamento seguro e alças para facilitar o transporte. Sendo utilizada para o alojamento temporário ou transporte do animal recolhido. O tamanho da caixa ou gaiola deve ser compatível com o do animal, de forma a permitir movimentos naturais e transporte confortável. Focinheiras: devem ser de material flexível, macio e adaptáveis aos diferentes tipos de focinhos, mantendo a respiração e salivação normais. Seu emprego será necessário em diversas situações e existem no mercado vários modelos. Para gatos pode-se utilizar uma toalha de rosto ou pano largo dobrado, colocado ao redor do pescoço, e unidas suas pontas pela mão do funcionário no alto da cabeça, mantendo as patas imóveis por outro operador. Deve-se sempre observar que as narinas do animal permaneçam livres. Também existem máscaras especiais para os gatos. AUXILIAR VETERINÁRIO 123 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE Transporte: o veículo Recomenda-se que: o veículo esteja em perfeitas condições para utilização e corretamente higienizado; o compartimento específico destinado ao transporte de animais (carroceria) seja fechado, com sistema de ventilação permanente para circulação de ar, proporcionando conforto e segurança, e seja adaptado para desembarque no local de alojamento dos animais recolhidos; em veículos sem sistema de controle de temperatura e ventilação interna, o recolhimento dos animais seja realizado somente nos períodos mais frescos do dia; a altura do veículo seja compatível com a atividade, considerando-se aspectos ergonômicos, no embarque e desembarque dos animais; o veículo exiba: a identificação do órgão a que pertence (logotipo, nome); telefone e endereço empresa. Manejo para o transporte de animais Recomenda-se: transportar pequeno número de animais, não excedendo a capacidade prevista; evitar a animais que os cães sejam transportados em caixas/gaiolas ou compartimentos individuais, de tamanho adequado ao porte, permitindo que possam realizar pequenos movimentos de acomodação no seu interior; que as gaiolas ou caixas de transporte possam ser removíveis e, durante o transporte, mantidas fixas no veículo; AUXILIAR VETERINÁRIO permanência nos prolongada veículos; dos 124 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE que os gatos sejam transportados apenas em gaiolas ou caixas de transporte , nunca soltos nos compartimentos específicos destinados ao transporte de animais dos veículos; que não sejam transportadas espécies diferentes na mesma viagem; que as mães sejam mantidas com as ninhadas; que animais acidentados, com suspeita de doenças infecto-contagiosas, feridos, idosos ou cegos sejam rapidamente encaminhados para a clínica veterinária. Aula 45 - Espécies exóticas e alguns pássaros Furão ou Ferret Os Ferrets são animais carnívoros pertencentes à família Mustalidae, sendo parentes próximos do cachorro. Possuem grande quantidade de glândulas sebáceas espalhadas pelo corpo todo. Os machos têm um peso que varia de 1 a 2 kg. As fêmeas são menores e pesam de 600g a 950 g. São animais que enxergam bem preto e branco e tonalidades do cinza, sendo que podem distinguir cores que não são muito próximas. Assim como o seu parente, o cão, possuem um olfato muito apurado. Os Ferrets são monoéstricos estacionais (apresentam 1 cio por ano), são fotoestimulados e o cio persiste na presença do macho. Os ferrets são animais que costumam morder quando provocamos dor, portanto, a sua contenção é muito importante para o exame. Devemos segura-lo pela prega do pescoço, assim como fazemos com o gato. Mas é importante mantê-lo sem o apoio das patas traseiras, em posição vertical. Não devemos estranhar seu comportamento nessa posição, pois adquirem um certo ar sonolento, facilitando a anamnese. A aplicação do medicamento deve ser feita segurando os membros posteriores e esticando o animal a fim de não deixa-lo movimentar-se. As vias de administração de medicamentos podem ser oral, intramuscular, intra-venosa, ou sub-cutânea. AUXILIAR VETERINÁRIO 125 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE Podemos utilizar, também, a via intraóssea. Para aplicação de medicamento SC, deve-se utilizar a prega do pescoço, facilitando a aplicação do medicamento pelo próprio médico veterinário que o está contendo. Para aplicação de medicamento IM deve-se ter muito cuidado ou usar pequenos volumes de medicamentos, pois eles possuem pouca massa muscular. Para aplicação de medicamento IV, podemos utilizar a veia jugular. Em machos, por serem maiores pode-se tentar a cefálica. Papagaios Na natureza vivem em bandos, mas podem separar-se em casais na época reprodutiva. O papagaio sacode vigorosamente a plumagem como sinal de alerta ou como forma de cumprimento a uma pessoa conhecida que se aproxima. Os papagaios normalmente são canhotos. Gostam de banhar-se na chuva, às vezes pendurados de cabeça para baixo. Dormem empoleirados. Gostam de brincar com objetos. São aves inteligentes que necessitam de muita atividade, caso contrário se entendiam e podem apresentar comportamentos anormais. O que os papagaios comem em cativeiro? Essa é uma dúvida comum à maioria das pessoas que mantêm aves em residências. A alimentação a ser fornecida deve ser balanceada nutricionalmente para permitir uma vida saudável e longa à ave . O termo dieta aqui utilizado refere-se à soma de alimentos e nutrientes que formam a alimentação de uma ave. Portanto, não tem nada a haver com aquele regime alimentar elaborado para o emagrecimento ("fazer uma dieta"). É muito comum encontrar pessoas que fornecem às suas aves café, pão, fubá, sementes de girassol, doces ou somente frutas. Não é preciso ser um especialista para saber que essa alimentação é incorreta e trará sérios prejuízos à saúde da pobre ave de estimação. Infelizmente, grande parte das aves tratada em clínicas veterinária apresenta alguma patologia decorrente da desnutrição. Podemos citar as doenças respiratórias e renais decorrentes da hipovitaminoseA (deficiência de vitamina A), o raquitismo (em decorrência da falta de cálcio e vitamina D), mau empenamento, emagrecimento, obesidade, distúrbios e tumores hepáticos, distocia, infecções, parasitismo e tantos outros problemas diretos ou indiretos. Sabe-se que sementes de girassol e amendoim são normalmente contaminadas com aflatoxinas, ou seja, toxinas produzidas por fungos que crescem naturalmente nas sementes. Em longo prazo, as aflatoxinas podem causar degeneração e mesmo AUXILIAR VETERINÁRIO 126 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE tumores no fígado. Além disso, essas sementes são ricas em gordura, que podem levar ao aparecimento de aterosclerose, ou seja, a deposição de colesterol nos vasos do coração. Outros alimentos usualmente fornecidos aos papagaios são pobres em nutrientes. É o caso das frutas, que têm algumas vitaminas, mas são pobres em proteínas, gorduras e outros nutrientes essenciais. O pão e fubá são alimentos ricos em carboidratos (energéticos), mas pobres em nutrientes essências para o crescimento da ave. Filhotes criados com fubá não crescem satisfatoriamente e podem morrer logo nas primeiras semanas de vida. As dietas balanceadas para papagaios (tipo ração) são fabricadas no Brasil e podem ser encontradas nas lojas especializadas. Canários O canário da terra (Sicalis flaveola) é o pássaro canoro mais popular do Brasil, uma verdadeira paixão nacional. Ele se distribui por todo o País em muitas de suas formas. O mais comum é o que se estende do Nordeste até o Norte do Paraná. Embora tenha alta taxa de natalidade está extinto em certas regiões onde outrora era abundante. É difícil criar os canários? Não, não é. O canário-daterra, especialmente, é o pássaro brasileiro de mais fácil manejo. Come de tudo e se adapta com facilidade a qualquer tipo de ambiente. Suporta bem o frio e calor ocorrentes em todas a regiões do Brasil. Temos, contudo, se quisermos obter sucesso, que escolher um local adequado para que eles possam exercer a procriação. Esse local deve ser claro, arejado e sem correntes de vento. A temperatura ideal deve ficar na faixa de 20 a 35 graus Celsius e umidade relativa entre 40 e 60%. O sol não precisa ser direto, mas se puder ser, melhor. A melhor época para a reprodução no Centro Sul do Brasil é de novembro a maio, coincidente com o período chuvoso. Pode-se criar em viveiros, mas pela dificuldade de todo o manejo, notadamente do controle do ambiente e da higiene é melhor criar-se em gaiolas. Essas devem ser de puro arame, com medida de 60cm comprimento X 30cm largura X35 cm altura, com quatro portas na frente, comedouros pelo lado de fora. No fundo ou bandeja colocar papel, tipo jornal para ser retirado todos os dias logo que o canária tomar banho, momento esse que se deve retirar a banheira para colocá-la no outro dia de manhã cedo. AUXILIAR VETERINÁRIO 127 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE O ninho (caixa tipo ninheira feita de madeira) tem as seguintes dimensões: 25cm comprimento X 14 cm largura X 12 cm. altura, e tem que ser colocado pelo lado de fora da gaiola para não ocupar espaço. Terá uma tampa móvel e outra gradeada para o manuseio de filhotes e de ovos. O substrato material para o canário confeccionar o ninho - deve ser o saco de estopa (usado para ensacar café) e cabelo de cavalo cortados a 15 cm. Colocar o material no fundo da gaiola que a fêmea, quando estiver na hora, carrega sozinha para a caixinha do ninho. O número de ovos de cada postura varia entre 4 e 6, e cada canária choca 4 vezes por ano, podendo tirar até 20 filhotes por temporada. A alimentação para as aves em processo de reprodução é a seguinte: Alpiste 50%, painço amarelo 30%, senha 10% e niger 10%. Além disso, ministrar ração de codorna pura adicionando "proprionato de cálcio" à base de 1 grama por kilo de ração. A criação de cobras e lagartos como animais de estimação!? De repente você vê o filho do seu vizinho com uma serpente enorme enrolada no pescoço, ou então assiste estarrecida, à reportagem do "Fantástico" sobre a nova moda da garotada em ter aqueles lagartos verdes, as Iguanas, penduradas nos ombros ou de coleirinha como se fossem cachorrinhos. "Meu Deus", você pensa, "será que o mundo enlouqueceu de vez?" ou será que não? No mundo moderno, a criação de répteis como "Hobby" (Herpetocultura) é uma prática relativamente recente, mas vem crescendo de maneira vertiginosa, já sendo considerada hoje a 30 maior industria "PET" nos E.U.A. e na Europa , perdendo somente para os gatos e cães, tendo superado em muito as aves ornamentais e a aquariofilia, entre outros. AUXILIAR VETERINÁRIO 128 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE No Brasil, apesar de muito recente, o mercado "Herpe" vem seguindo esta tendência e cresce muito rapidamente. Os répteis porém, exigem cuidados bastante distintos daqueles exigidos pelos demais animais domésticos e por isto é fundamental conhecermos a biologia, a fisiologia e as peculiaridades de cada espécie que se pretende criar. A atual inter-relação entre os répteis e os homens nos traz questões de relevância: São os répteis bons animais domésticos? Os répteis podem ser perigosos para os seres humanos transmitindo doenças ? Quanto à primeira pergunta, a resposta depende do conceito que se pretende adotar como animal doméstico. Nunca espere que a sua Iguana ou a sua Python (Um tipo de serpente muito procurada como animal doméstico) venha correndo fazer festinha e abanando o rabo assim que você chega em casa do serviço, mas saiba que elas vão lhe reconhecer e ficarão satisfeitas em receber um afago! Existem outras espécies que serão apreciadas em belos terrários sem que se tenha contato físico mais "íntimo", assim como peixes ornamentais em um aquário. Outro fato é que nos dias atuais, com este corre-corre em que vivemos, muitos de nós não dispõem de tempo para passear com um cão, limpar suas fezes, escovar seus pelos, enfim, dar toda a atenção que este animal solicita. Neste aspecto os répteis são indiscutivelmente mais práticos. Quanto à Segunda pergunta, quem já não escutou as avós dizendo, "meu filho, não encoste na lagartixa porque ela transmite cobreiro!" Puro folclore. É obvio que répteis podem sim transmitir doenças aos seres humanos mas se compararmos com os outros animais domésticos os répteis são de longe os mais seguros animais domésticos que existem. Devido à grande distancia evolutiva que nos separa, as doenças que acometem um praticamente não acometem o outro (salvo algumas raras exceções que falaremos mais tarde). Portanto do ponto de vista zoonótico, os répteis são considerados muito seguros. AUXILIAR VETERINÁRIO 129 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE Mas para o sucesso e segurança destes novos hospedes, é absolutamente fundamental, a orientação de um profissional médico veterinário que detenha o conhecimento sobre o assunto e que assim possa transmitir ao novo herpetocultor as instruções fundamentais para a saúde e o bem estar do animal bem como dos seus proprietários. O Camundongo O camundongo, Mus musculus, é um roedor da família Muridae. Atualmente estão disseminados por todo o mundo, a partir de um presumível foco de origem na Ásia temperada, para regiões atualmente correspondentes à Turquia e China. Os camundongos são geralmente brancos, mas existem outras variações de cores os quais são utilizados como pet. Um camundongo adulto pesa aproximadamente 30 g. São boas companhias para crianças acima de 10 anos de idade. Raramente mordem, mas podem escalar rapidamente, e por isso crianças muito pequenas não são capazes de manuseá-los. São tímidos, embora de comportamento social e territorial. O hábito alimentar caracteriza o camundongo como um animal onívoro. Apresentam tendência à fuga e necessitam apenas de uma caixa com pequeno espaço e poucas quantidades de alimento e água (por favor, não confundam isso com privação de água e alimento!). Enquanto o camundongo silvestre tem hábitos distintamente noturnos, os de laboratório e de estimação apresentam períodos de atividade e repouso tanto durante o dia quanto à noite. As fêmeas são mas indicadas do que os machos, porque possuem um odor mais suave. Os camundongos são animais resistentes e raramente sofrem de doenças infecciosas; contudo infestações são comuns e muito difíceis de serem tratadas. As brigas ocorrem quando são alojados machos adultos estranhos na mesma caixa. Da mesma forma, quando se desestabiliza a hierarquia social em caixa com vários machos alojados. O relativo estado hierárquico dos machos em uma caixa pode, amiúde, ser determinado pelo número e gravidade das feridas causadas por mordeduras na cauda e região lombar. Portanto os machos devem ser alojados separadamente para evitar brigas. De um modo geral os camundongos mordem ou tentam morder quando grosseiramente manipulados ou assustados. AUXILIAR VETERINÁRIO 130 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE Aula 46 Trabalho em Equipe Clientes cada vez mais exigentes, concorrência acirrada, guerra de preços, pressões diversas... São palavras muito conhecidas de profissionais e organizações que atuam no mercado em geral. Nesse cenário competitivo, as empresas buscam, constantemente, novas maneiras de conquistar a preferência dos clientes e realizar as vendas necessárias para a obtenção do lucro. Para isso é importante, entre outros fatores, a qualidade de produtos e serviços, a excelência no atendimento, uma política de preços coerente com a realidade do mercado, a compreensão das necessidades dos clientes e a existência de uma equipe disposta a vencer os desafios e obstáculos que surgem a todo o momento. Mas como desenvolver este espírito de equipe? Por que ele é tão importante? Quais os benefícios para a empresa e os profissionais? Muitas questões surgem quando se trata desse tema e esse texto tem a finalidade de apresentar aspectos relacionados ao trabalho em equipe. 6.1 Práticas das equipes vencedoras Quando um cliente chega a uma empresa, a diferença proporcionada pela atuação em equipe é sentida já no próprio ambiente, caracterizado por profissionais entusiasmados, otimistas e dinâmicos e reflete-se em todos os processos. Desde a anotação clara de um simples recado, até a busca de auxílio junto a um colega de trabalho, quando não se tem certeza de uma informação a ser passada para o cliente. E essa diferença contribui, e muito, para a realização de negócios. Essa atmosfera de equipe, de confiança e de compartilhamento, é conseguida por um árduo trabalho de liderança, capaz de conciliar os aspectos individuais dos profissionais com as expectativas da empresa e dos clientes. E cada empresa tem o seu estilo, as suas peculiaridades. Assim, não existe uma receita pronta. Entretanto, algumas práticas podem ser inspiradoras para o desenvolvimento de equipes vencedoras: 6.1.1- Definição de metas: saber aonde se quer chegar. Esse é um fator relevante em qualquer organização. As metas são importantes porque definem para a equipe o que se espera dela. Geralmente não são muitas. Não adianta que apenas um seja excelente, pois o sucesso da empresa é condicionado aos bons resultados de todos. As metas devem ser passíveis de serem atingidas, desafiadoras e acompanhadas periodicamente. Além disso, a própria equipe pode ser encarregada de encontrar soluções quando as coisas não vão bem. Para isso, também é importante incentivar a participação em encontros e reuniões, que podem ser bem rápidos e constantes, por AUXILIAR VETERINÁRIO 131 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE exemplo, 15 minutos no início do expediente ou da semana. Essa participação contribui para a motivação dos profissionais e para o compartilhamento de informações. 6.1.2- Praticar constantemente o "feedback": uma palavra colocada de forma correta faz toda a diferença; comunicação é tudo. Alguma coisa não deu certo, um cliente reclamou, um balconista não está em condições de desempenhar bem sua função por algum motivo, ou então é preciso dar uma boa notícia. Situações como essas podem ser resolvidas pelo exercício do "feedback", palavra que quer dizer "retorno" e que é a alma da comunicação empresarial. Não é fácil realizá-lo, tanto por quem emite, quanto por quem recebe, mas tudo é uma questão de treino e consciência. O importante é comunicar, de uma forma transparente e honesta, visando melhorias dos processos e das pessoas. 6.1.3- Reconhecimento: satisfação pessoal e profissional. Reconhecer, premiar e investir nos profissionais da empresa é também muito importante. Isso pode ser feito de várias formas: participação nos lucros ou resultados (verificar legislação), homenagens (colaborador do mês), apoio para participação em cursos de atualização e de desenvolvimento pessoal - e também em atitudes simples, como por exemplo, dar os parabéns quando algo tiver sido bem feito. O reconhecimento tem um forte significado para o funcionário, pois dá sentido de utilidade e valorização, aumenta a auto-estima e também cria energias para que ele vença os próximos desafios. 6.1.4- Liberdade para pedir ajuda: a importância da confiança. Quantas vendas são perdidas por falta de uma orientação correta, decorrente de desconhecimento sobre o produto? Uma equipe plena consegue desenvolver um ambiente de confiança, no qual o resultado do conjunto de profissionais é maior do que a soma individual. Pedir ajuda significa a intenção de não errar, e a atenção dispensada por quem pode ajudar significa ensinamento e apoio. Esse efeito se multiplica e reflete-se em processos eficazes e clientes satisfeitos. 6.1.5- Delegar responsabilidades e apoiar realizações: autonomia e tomada de decisão. Em uma equipe vencedora, as funções são distribuídas entre seus integrantes, que assumem a responsabilidade de executá-las. Também são estabelecidos graus de autonomia para tomada de decisão, como por exemplo, as possibilidades de descontos e condições especiais. Essas atitudes facilitam a realização de negócios, além de conferirem transparência e segurança ao negociador. Essas práticas de equipes vencedoras deixam claros os benefícios para a organização, principalmente no que diz AUXILIAR VETERINÁRIO 132 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE respeito à melhoria das condições para realização de negócios, aumento da sinergia entre os funcionários, melhoria no ambiente de trabalho e aumento da satisfação dos clientes. Por outro lado, as empresas que não atuam com o sentido de equipe têm maior propensão para desenvolverem aspectos como burocracia interna e confusão, em uma atmosfera de desconfiança e individualismo, o que pode influenciar negativamente em seu relacionamento com os clientes, diminuindo as suas condições de competitividade. É por isso que desenvolver equipes nas organizações é tão importante no acirrado mercado contemporâneo. 6.2 Dez ótimas dicas para o trabalho em equipe Cada vez mais o trabalho em equipe é valorizado. Porque ativa a criatividade e quase sempre produz melhores resultados do que o trabalho individual, já que "1+1= 3". Por tudo isto, aqui ficam dez dicas para trabalhar bem em equipe. 1. Seja paciente Nem sempre é fácil conciliar opiniões diversas, afinal "cada cabeça uma sentença". Por isso é importante que seja paciente. Procure expor os seus pontos de vista com moderação e procure ouvir o que os outros têm a dizer. Respeite sempre os outros, mesmo que não esteja de acordo com as suas opiniões. 2. Aceite as idéias dos outros. As vezes é difícil aceitar idéias novas ou admitir que não temos razão; mas é importante saber reconhecer que a idéia de um colega pode ser melhor do que a nossa. Afinal de contas, mais importante do que o nosso orgulho, é o objetivo comum que o grupo pretende alcançar. 3. Não critique os colegas As vezes podem surgir conflitos entre os colegas de grupo; é muito importante não deixar que isso interfira no trabalho em equipe. Avalie as idéias do colega, independentemente daquilo que achar dele. Critique as idéias, nunca a pessoa. AUXILIAR VETERINÁRIO 133 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE 4. Saiba dividir Ao trabalhar em equipe, é importante dividir tarefas. Não parta do princípio que é o único que pode e sabe realizar uma determinada tarefa. Compartilhar responsabilidades e informação é fundamental. 5. Trabalhe Não é por trabalhar em equipe que deve esquecer suas obrigações. Dividir tarefas é uma coisa, deixar de trabalhar é outra completamente diferente. 6. Seja participativo e solidário Procure dar o seu melhor e procure ajudar os seus colegas, sempre que seja necessário. Da mesma forma, não deverá sentir-se constrangido quando necessitar pedir ajuda. 7. Dialogue Ao sentir-se desconfortável com alguma situação ou função que lhe tenha sido atribuída, é importante que explique o problema, para que seja possível alcançar uma solução de compromisso, que agrade a todos. 8. Planeje Quando várias pessoas trabalham em conjunto, é natural que surja uma tendência para se dispersarem; o planejamento e a organização são ferramentas importantes para que o trabalho em equipe seja eficiente e eficaz. É importante fazer o balanço entre as metas a que o grupo se propôs e o que conseguiu alcançar no tempo previsto. 9. Evite cair no "pensamento de grupo" Quando todas as barreiras já foram ultrapassadas, e um grupo é muito coeso e homogêneo, existe a possibilidade de se tornar resistente a mudanças e a opiniões discordantes. É importante que o grupo ouça opiniões externas e que aceite a idéia de que pode errar. 10. Aproveite o trabalho em equipe Afinal o trabalho de equipe, acaba por ser uma oportunidade de conviver mais perto de seus colegas, e também de aprender com eles. AUXILIAR VETERINÁRIO 134 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE 6.3 Check-list do bom trabalho em equipe Como saber se a sua equipe está no caminho certo e vai atingir os resultados esperados? Assinale as alternativas das quais você conhece a resposta e que acontecem na sua equipe de trabalho. Quanto mais opções marcar, maior serão as chances de sucesso. 1. Os objetivos e metas estão claros? 2. A qualidade de comunicação é boa e eficaz? 3. A equipe está preparada para encontrar um problema e resolver? A capacidade de resolução de conflitos é real ou fica apenas no projeto? 4. A equipe é auto-motivada? 5. Há confiança estabelecida entre todos os membros da equipe? 6. E a cooperação, todos se ajudam mutuamente ou é cada um por si? 7. As pessoas buscam trazer respostas criativas para a solução dos problemas? O nível de projetos implantados a partir de idéias da equipe é alto? 8. Os colaboradores sabem superar adversidades, como um cliente perdido ou uma meta não alcançada? Eles têm uma boa capacidade de aceitação da derrota e de superação? 9. Há um bom relacionamento interpessoal entre os membros? AUXILIAR VETERINÁRIO 135 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE 10. A equipe é orientada para a obtenção de resultados ou para a resolução dos problemas? Este check-list é mutável e a empresa deve batalhar para conseguir nota 10 em todos os quesitos, mesmo que o desafio seja difícil. Para formar uma equipe de sucesso acima de tudo, é fundamental ter um objetivo bem definido, compartilhado e dimensionado. É preciso garantir um compromisso comum, assumido entre os membros da equipe, para se construir e transformar o sonho em realidade. O dia-a-dia do grupo deve ser orientado por quatro princípios básicos: união, disciplina, trabalho e profissionalismo. Com eles, é possível fazer com que a equipe renda o desejado. No livro "Os 5 Desafios das Equipes", da Editora Campus, o autor Patrick Lencioni fez o oposto e listou cinco atitudes que definem como os membros das equipes verdadeiramente coesas se comportam. Confira: 1. Eles confiam uns nos outros. 2. Eles se envolvem em conflitos de idéias sem qualquer censura. 3. Eles se comprometem com as decisões e planos de ação. 4. Eles chamam uns aos outros à responsabilidade quando alguma coisa não sai de acordo com seus planos. 5. Eles se concentram na realização dos resultados coletivos. Parece simples, não? E é, pelo menos na teoria. Na prática, as coisas complicam, mas não são impossíveis. Experimente! Aula 47 Atendimento ao Público 7.1 Conceitos: Atendimento: Ato ou efeito de atender; Maneira como habitualmente são atendidos os usuários de determinado serviço. Cliente: AUXILIAR VETERINÁRIO 136 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE • • • Na antiga Roma indivíduo que estava sob a proteção de um patrono (cidadão rico e poderoso);… Cada um dos indivíduos sócio-economicamente dependentes que fazem parte de uma clientela (conjunto de indivíduos dependentes), Comprador assíduo... 7.2 Como atender clientes: Preceitos Básicos Você é a primeira pessoa a manter contato com o público. Sua maneira de falar e agir vai contribuir muito para a imagem que irão formar sobre sua empresa. Você é o cartão de visita da empresa. Preste atenção a todos os detalhes do seu trabalho: • • • • • • • • Voz: deve ser clara, num tom agradável e o mais natural possível. Calma: às vezes pode não ser fácil, mais é muito importante que você mantenha a calma e a paciência. Interesse e iniciativa: cada pessoa que você atende merece atenção especial. Polidez: seja simpática, atenciosa e procure demonstrar interesse em ajudar. Tratamento adequado: não use de intimidade seja formal (Sr., Sra., Por favor, Queira desculpar). Evite gírias e conotações de intimidade. Sigilo: às vezes é preciso saber de detalhes importantes, lembre-se, eles são confidenciais e pertencem somente às pessoas envolvidas. Seja discreta e mantenha tudo em segredo. Postura / Apresentação pessoal: Atenda as pessoas com um sorriso, olhe nos olhos. Filosofia: Ao atender a um cliente devemos ter em mente: • • • • • • • • O bom atendimento deve gerar auto-realização Uma reclamação é uma nova oportunidade de se fazer certo na próxima vez. Uma reclamação é uma ajuda e não um transtorno Uma reclamação bem atendida vale mais do que uma boa venda O cliente é a razão da existência da empresa O atendente é a empresa perante o cliente O bom atendimento envolve: presteza, bom humor, boa vontade e COMPROMETIMENTO. Atender ao cliente é responsabilidade de todos nós. 7.3 Direitos Do Consumidor: 1. À SEGURANÇA Contra Produtos ou Serviços que Possam ser Nocivos à Saúde. 2. À ESCOLHA entre Vários Produtos e Serviços de Qualidade Satisfatória e Preços Competitivos. AUXILIAR VETERINÁRIO 137 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE 3. A Ser Ouvido. 4. À Indenização. 5. À Educação Para O Consumo. 6. A Um Meio Ambiente Saudável. 7. À Informação 8. À Proteção Contra A Publicidade Enganosa. 9. À Proteção Contra Contratos Abusivos. 7.4 Por Que Se Perde Um Cliente? ✁ ✁ ✁ ✁ ✁ ✁ 1% morte 3% mudam 5% adotam novos hábitos 9% acham o preço alto demais 14% estão desapontados com a qualidade dos produtos 68% estão insatisfeitos com a atitude do pessoal (má qualidade do serviço) 7.5 Razões Para A Excelência No Atendimento Ao Cliente ☛ O cliente bem tratado volta sempre. ☛ O profissional de atendimento tem 70% da responsabilidade sobre a satisfação do cliente . ☛ Nem sempre se tem uma segunda chance de causar boa impressão. ☛ Relações eficazes com os clientes, aliadas à qualidade técnica e preço justo, fortalecem a opinião pública favorável à Empresa. ☛ Opinião pública favorável suscita lucros e boas relações profissionais geram produtividade. ☛ Recuperar o cliente custará pelo menos 10 vezes mais do que mantê-lo. ☛ Cada cliente insatisfeito conta para aproximadamente 20 pessoas , enquanto que os satisfeitos contam apenas para cinco. 7.6 Técnicas Para Garantir A Satisfação Dos Clientes: • Leve as coisas pelo lado profissional, não pessoal. • Detecte o estresse prematuramente e previna-o. • Trate cada pessoa como um cliente para conseguir mais cooperação. • Vise à satisfação do cliente e não apenas ao serviço. • Solucione problemas sem culpar a si próprio ou aos outros. • Pratique técnicas comprovadas. • Estimule o feedback continuo. AUXILIAR VETERINÁRIO 138 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE 7.6.1 As 15 Competências Fundamentais Para A Linha de Frente 1 - Desenvolver a confiança e fidelidade dos clientes. 2 - Colocar-se no lugar do cliente = empatia. 3 - Comunicar-se bem. 4 - Dominar a tensão. 5- Prestar atenção. 6 - Estar sempre alerta. 7 - Trabalhar bem em equipe. 8 - Demonstrar confiança e lealdade. 9 - Demonstrar motivação pessoal. 10- Resolver problemas. 11- Manter o profissionalismo. 12- Entender a empresa e o setor. 13- Conservar a energia. 14- Aplicar conhecimentos e habilidades técnicas. 15- Organizar as atividades de trabalho. 7.7 Inteligência Emocional ★ ★ ★ ★ ★ AUTOCONSCIÊNCIA AUTOCONTROLE AUTOMOTIVAÇÃO EMPATIA HABILIDADE NOS RELACIONAMENTOS 7.7.1 Que Irritações Podemos Evitar ? ✄ ✄ ✄ ✄ ✄ ✄ ✄ ✄ ✄ ✄ PROMETER E NÃO CUMPRIR INDIFERENÇA E ATITUDES INDELICADAS NÃO OUVIR O CLIENTE DIZER QUE ELE NÃO TEM O DIREITO DE ESTAR “IRADO” AGIR COM SARCASMO E PREPOTÊNCIA QUESTIONAR A INTEGRIDADE DO CLIENTE DISCUTIR COM O CLIENTE NÃO DAR RETORNO AO CLIENTE USAR PALAVRAS INADEQUADAS APRESENTAR APARÊNCIA E POSTURA POUCO PROFISSIONAIS 7.7.2 O Que Irritados? • • Querem Os Clientes SER LEVADOS A SÉRIO. SER TRATADOS COM RESPEITO. AUXILIAR VETERINÁRIO 139 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE • • • • QUE SE TOME UMA AÇÃO IMEDIATA. GANHAR COMPENSAÇÃO/ RESTITUIÇÃO. VER PUNIDO OU REPREENDIDO QUEM ERROU COM ELES. TIRAR A LIMPO O PROBLEMA, PARA QUE NUNCA ACONTEÇA OUTRA VEZ. • SER OUVIDOS. Boa Sorte!!! AUXILIAR VETERINÁRIO 140