Apost. NOVA AXVET - AP+ Mód. 2

Transcrição

Apost. NOVA AXVET - AP+ Mód. 2
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
APOSTILA 2
AUXILIAR VETERINÁRIO
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FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
Auxiliar Veterinário
MÓDULO II
Sumário
Etapas da Vida do Cão
Desenvolvimento do Cachorro
Desenvolvimento do Gatinho
Nutrição dos Animais
Alimentando os Gatos
Medicina Preventiva
Calendário de Vacinação
Endoparasitos
Ectoparasitos
Doenças dos Cães
Principais Enfermidades dos Gatos
Zoonoses
Os Sinais Vitais
Primeiros Socorros
Princípios Cirúrgicos
Aplicação de Medicamentos
Os Diferentes Estabelecimentos Veterinários
Pet Shop e Banho e Tosa
Contenção e Transporte de Animais
Espécies Exóticas e alguns Pássaros
Trabalho em Equipe
Atendimento ao Público
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2º edição – maio/2009
AUXILIAR VETERINÁRIO
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FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
2o MÓDULO
Aula 21 As etapas da vida do
cão
A amamentação
O final do metaestro (período correspondente à
gestação ou à pseudogestação) é caracterizado por uma
queda dos níveis de progesterona no sangue e por uma
elevação temporária dos estrógenos, permitindo a
dilatação do colo do útero e um aumento da prolactina,
hormônio que permite a produção do colostro e depois
do leite.
Estas variações hormonais são idênticas numa cadela gestante e numa cadela
não gestante, o que explica a freqüência de "lactação nervosa" ou "lactação de
pseudogestação". Este fenômeno é observado em matilhas de cães selvagens e atinge
essencialmente as cadelas de posição hierárquica inferior que podem então servir de
"amas de leite" em caso de perturbações na lactação de cadelas dominantes. Assim,
como em muitas outras espécies de mamíferos, a pseudogestação ressalta de forma
evidente a importância do fator psicológico no desencadeamento da lactação.
A lactação na cadela
Dada a importância do fator psíquico, é compreensível que uma cadela que não
se sente à vontade com a sua maternidade, contrariada pela escolha do seu ninho ou
até anestesiada por uma cesariana, apresenta um atraso no aparecimento do leite.
Este problema pode ser contornado, modificando as condições ambientais,
utilizando produtos fito-homeopáticos ou ainda administrando medicamentos
antieméticos que estimulam a secreção de prolactina pelo sistema nervoso central.
Uma vez expulsos os primeiros cachorros, a excreção
do leite é mantida por um reflexo neuro-hormonal. O ato de
mamar ou a massagem dos mamilos, estimulam a secreção
de uma outro hormônio, a ocitocina, que por sua vez lança o
leite nos canais galactóforos. Este mecanismo é proporcional
ao número de cachorros amamentados e permite que a
produção de leite seja adaptada ao seu apetite. Os cachorros
tornam-se de certa forma, prioritários em relação à saúde da
mãe.
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A produção de leite
O primeiro leite, chamado colostro, é secretado pela mãe nos dois primeiros dias
após o parto. Não tem nem o aspeto nem a composição do leite clássico. Na verdade,
ele é amarelado e translúcido a ponto de se poder confundir com pus.
O colostro é muito mais rico em
proteínas do que o leite: além das suas
qualidades nutritivas, ele permite estimular a
primeira defecação dos cachorros e fornecelhes 95% dos anticorpos (imunoglobulinas)
necessários para ficarem protegidos contra
as infecções. Assim, a mãe transmite-lhes de
forma passiva a sua "memória imunológica",
por um período de cinco a sete semanas,
enquanto os cachorros se vão tornando
capazes de se defender das infecções.
Os cachorros são capazes de absorver estas "defesas maternas" durante um
período que não vai além das 48 horas após o parto. Após o qual estes anticorpos
seriam destruídos pelo estômago antes da sua absorção e perderiam assim toda a sua
eficácia. Nesse caso, os cachorros estariam protegidos apenas pelos anticorpos que
atravessaram a barreira placentária durante a gestação (não mais de 5 %).
Em poucos dias o colostro é substituído por leite, cuja composição depende do
tamanho da raça da cadela (raças grandes têm um leite mais rico em proteínas), das
aptidões genéticas individuais e da mama em questão (as mamas posteriores são mais
produtivas).
A lactação tem uma duração média de seis semanas
após o parto, com o pico de produção máxima às três
semanas.
Nas semanas seguintes, o decréscimo da produção
de leite incita a mãe a regurgitar alimentos para
complementar a alimentação dos cachorros. Estes começam
a ficar interessados no alimento que a mãe consome. Este
período assinala o início de um desmame progressivo, que
terminará por volta da sexta semana com a passagem para a
alimentação de crescimento.
Alimentação da cadela em lactação
Em resumo, a escolha do alimento de "lactação" deve ter em consideração os
seguintes critérios:]
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- A apetência do alimento: dependendo particularmente da qualidade e da quantidade
de gorduras e de proteínas de origem animal,
- a alta digestibilidade, que permite uma boa assimilação do
alimento num volume razoável (evita as dilatações
abdominais após as refeições, reduz o volume e melhora a
consistência das fezes),
-
o elevado conteúdo energético, que orienta a escolha
para uma alimentação seca,
-
a qualidade e a quantidade das proteínas,
indispensáveis para o desenvolvimento esquelético e
muscular dos cachorros,
- os níveis de cálcio, magnésio e vitamina D, que devem ser suficientes para diminuir
os riscos de eclampsia (crises convulsivas durante a lactação), principalmente nas
cadelas de raças pequenas com ninhadas numerosas.
Aleitamento artificial complementar
Quando a produção de leite durante as primeiras três semanas de lactação for
insuficiente para satisfazer as necessidades de todos os cachorros (freqüente nas
cadelas primíparas), é aconselhável fornecer a toda a ninhada um substituto do leite
em vez de retirar e alimentar um ou dois cachorros exclusivamente com um leite
artificial.
Como os cachorros mamam espontaneamente
mais de vinte vezes por dia, será difícil para o
proprietário manter este ritmo de aleitamento. É
suficiente alimentá-los a cada três horas na primeira
semana, adotando um ritmo regular e respeitando
imperativamente os tempos de sono (durante primeira
semana de vida, os cachorros passam de mais de 90%
do tempo dormir) indispensáveis aos fenômenos de
ligação e impregnação.
Embora seja possível para um
proprietário adaptar o leite de vaca para
alimentar os cachorros, a utilização de um
substituto artificial do leite materno mostra-se
muito mais adequada, principalmente devido
ao fornecimento controlado em lactose.
A fim de economizar tempo e dinheiro,
os substitutos do leite materno apresentam-se
sob a forma de pó. Além disso, esta apresentação seca diminui os riscos de ocorrer
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diarréias nos cachorros, cuja acidez gástrica ainda é insuficiente para esterilizar o bolo
alimentar de um modo eficaz.
Depois da adição de água e do seu aquecimento a 37o C, o leite é administrado
através de um biberon, ou, se o animal se recusar a mamar, através duma sonda (tipo
sonda urinária). Quando o leite é administrado por via oral com a ajuda de uma seringa,
ele deve ter uma consistência de papa mais espessa, para estimular o reflexo de
deglutição e diminuir os riscos de "falso trajeto" (passagem para a árvore respiratória,
responsável por uma pneumonia por aspiração).
Quando o proprietário não tiver condições de adquirir um suscedâneo do leite do
tipo comercial, pode-se fazer receitas caseiras, tendo o cuidado de não armazenar o
produto por mais de 2 dias na geladeira.
Exemplo de substituto de leite para cachorros:
- meia lata de creme de leite
- 1 lata de leite de vaca
- 1 gema de ovo
- 1 grama de suplemento vitamínico em pó
Outra opção seria a adoção dos filhotes por outra fêmea em lactação, tomando o
cuidado de verificar a aceitação dos mesmos pela cadela.
O desmame
Como em qualquer mudança nos hábitos
alimentares, o desmame é uma fase progressiva
que possibilita uma transição lenta da dieta láctea
para um alimento de crescimento. É a
alimentação que se deve adaptar à evolução da
capacidade digestiva do cachorro e não o inverso.
O início do período de desmame é naturalmente
imposto pela diminuição da produção de leite pela
cadela. Tendo atingido o seu nível máximo de
produção, esta torna-se incapaz de satisfazer as
necessidades crescentes dos cachorros.
Nos cães de raças pequenas, a lactação cobre
o período de crescimento mais intenso dos cachorros,
satisfazendo assim as suas necessidades máximas.
Por outro lado, os cachorros de raças médias e
grandes são desmamados mais cedo, e o leite materno é "abandonado" num momento
crítico do seu crescimento. Assim, embora o período de lactação seja mais penoso
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para as cadelas de raças pequenas do para as gigantes, ocorre o inverso para os
cachorros.
Qualquer que seja o modo de aleitamento, o desmame deve
ser sempre uma transição alimentar progressiva, que começa por
volta das três semanas de idade e termina em torno das 7 a 8
semanas. Durante este período a mãe começa a tornar-se menos
solidária com os cachorros, afirmando inclusivamente a sua
precedência alimentar. Não é recomendado separar
completamente os cachorros da sua progenitora antes desta
data, para evitar mais uma fonte de stress a um período que já
é por si só, muito sensível à drástica variação da dieta.
Uma solução consiste em isolar progressivamente os
cachorros durante o dia, e juntá-los novamente à mãe
durante a noite.
As exigências nutricionais dos cachorros no período de
desmame são comparáveis qualitativamente às exigências da mãe
no final da lactação (período de reposição das suas reservas), o que
facilita consideravelmente a tarefa do proprietário.
Com efeito, se não houver a possibilidade de fornecer "papas de desmame", o
proprietário poderá colocar à disposição dos cachorros alguns croquetes para cães
(alimento de crescimento) misturados com água morna ou leite de substituição.
Progressivamente, este alimento será cada vez menos diluído para que no final do
desmame seja fornecido sem qualquer tipo de manipulação.
É necessário reter que a utilização de uma
alimentação caseira requer sempre uma adição de
minerais ao alimento base, sob a forma de
suplementos comerciais: casca de ovo esmagada ou
farinha de osso, para que a mineralização do esqueleto
se processe de forma adequada. O reajuste diário que
é necessário realizar com esta suplementação, torna
esta prática rara nos dias de hoje.
Inversamente, o acréscimo de um suplemento
mineral a um alimento já equilibrado (comercial)
apresenta o risco, mesmo nas grandes raças, de
calcificações precoces e irreversíveis comprometendo
gravemente o futuro dos cachorros.
As necessidades em cálcio são avaliadas em
função do peso dos cachorros: cerca de 400 mg/kg no
início do crescimento, atingindo no final do crescimento
as necessidades de adulto, estimadas em 200 mg/kg.
A título de exemplo, um cachorro em crescimento com 30 kg terá necessidades
de cálcio seis vezes superiores às de cachorro com 5 kg no mesmo estágio de
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desenvolvimento. Em compensação, as suas necessidades energéticas serão apenas
quatro vezes superiores.
É por este motivo que é de extrema importância alimentar o cachorro com um
alimento cuja relação cálcio/energia esteja adaptada ao seu potencial de crescimento.
A alimentação da ninhada com uma ração seca ad libitum evita habitualmente a
disputa de alimento entre os cachorros, controlando assim as diarréias por consumo
excessivo. Durante o início do desmame, é aconselhável repartir a quantidade diária do
alimento em três ou quatro refeições diárias, durante um tempo limitado (15 minutos),
para prevenir a ocorrência de obesidade.
Após o desmame, é recomendado um ritmo de
duas refeições por dia.
A obesidade que surge quando as células de
gordura estão a sofrer uma multiplicação rápida
(conhecida como obesidade hiperplásica), é muito mais
difícil de tratar do que um excesso de gordura
adquirida na idade adulta (conhecida como obesidade
hipertrófica). Durante o período de crescimento,
qualquer desequilíbrio nutricional vai afetar os tecidos
em formação.
Como os cachorros de raças pequenas são desmamados em pleno período de
constituição do tecido adiposo, estão predispostos à obesidade se consumirem
alimentos em excesso. Uma ligeira subalimentação é por isso menos prejudicial do que
uma sobrealimentação. Além disso, enquanto que um pequeno atraso ponderal pode
ser compensado posteriormente, a obesidade, quando ocorre durante o período de
crescimento será dificilmente reversível na idade adulta.
Nos cachorros de raças grandes, pelo contrário, o desmame ocorre durante a
fase de crescimento esquelético. Uma insuficiência alimentar em proteínas ou em
cálcio vai afetar a formação dos ossos (osteofibrose). Inversamente, um consumo de
energia em excesso acelera o crescimento, o que torna o cachorro vulnerável a várias
perturbações, como por exemplo displasias articulares ou osteodistrofia hipertrófica.
O Desmame do Gatinho
Constitui uma necessidade fisiológica, tanto
para o gatinho como para a mãe. O gatinho
evidencia necessidades nutricionais crescentes
enquanto que a lactação começa a decrescer por
volta da 5» ou 6» semana após o parto. A
alimentação láctea passa então a ser insuficiente
para satisfazer as exigências da ninhada.
Paralelamente, o gatinho desenvolve-se, as suas capacidades digestivas evoluem e o
seu organismo prepara-se para uma alimentação sólida.
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A partir das 4 a 5 semanas de vida, o gatinho pode demonstrar interesse pela
alimentação da mãe, começando por lamber o alimento que está perto da boca desta.
De forma a que os jovens tenham acesso ao comedouro, este deve ser largo e com
rebordos bastante baixos. Para além disso, se a apresentação do alimento for sob a
forma de croquetes, estes devem ser de pequenas dimensões para facilitar a preensão
dos gatinhos. Desde que se trate de um alimento adaptado, é aconselhável administrar
à mãe, durante a lactação, um alimento idêntico ao que os gatinhos irão receber no
pós-desmame. Evitar-se-á assim adicionar outro fator de stress ( a mudança de
alimentação) ao período de desmame.
Evolução da capacidade
digestiva do cachorro
À medida que o cachorro se desenvolve,
ocorrem várias mudanças graduais que são
responsáveis pela evolução da sua capacidade
digestiva. Citando apenas um exemplo, a
quantidade de enzimas digestivas capazes de
digerir a lactose diminui progressivamente,
enquanto que a aptidão para digerir o amido cozido é desenvolvida muito mais
lentamente.
Estas variações explicam o fato de alguns cachorros não tolerarem o leite de
vaca (que é três vezes mais rico em lactose do que o leite de cadela), bastando
diminuir a quantidade fornecida para controlar a diarréia, causada por uma saturação
da capacidade enzimática. Estas alterações são essencialmente determinadas
geneticamente e dependem pouco dos hábitos alimentares impostos aos cachorros.
Aula 22 As primeiras etapas
no desenvolvimento do
cachorro
Desenvolvimento físico
Os cachorros crescem devido à construção e
maturação de vários tecidos. Estes tecidos, de natureza
diferente, não se formam todos ao mesmo tempo nem à
mesma velocidade, o que explica a variação das
necessidades alimentares dos cachorros, tanto no plano qualitativo quanto quantitativo.
Poderíamos comparar o desenvolvimento físico à construção de uma fábrica.
Esta, começa por um projeto (o sistema nervoso) e prossegue pela instalação de
máquinas (o esqueleto). Para fazer funcionar estas "máquinas", serão então
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necessários operários (os músculos) que irão reivindicar em seguida uma proteção
social (a gordura).
Esta imagem, apesar de ser demasiado simplista, visto que estas fases são
naturalmente progressivas e simultâneas, apresenta o interesse de sublinhar os riscos
inerentes a cada estágio de desenvolvimento do cachorro e ilustra:
- a razão pela qual existe uma insuficiente reserva
energética no cachorro ao nascimento. A gordura só
é depositada numa fase mais tardia do
desenvolvimento do cachorro, apesar de ser a
principal fonte de armazenamento de energia. A
única fonte de energia que o recém-nascido contém
é constituída pelas pequenas reservas de glicogênio
(fígado e músculos), as quais cobrem apenas as
necessidades referentes às doze horas após o
parto. O cachorro, fica deste modo dependente das
condições térmicas exteriores, até ao aparecimento
do reflexo do calafrio (depois do 6¼ dia),
desenvolvimento do tecido adiposo (final da terceira
semana) e aparecimento dos mecanismos de
regulação térmica.
- a variação existente entre as necessidades alimentares das várias raças e, para um
mesmo indivíduo, durante as diferentes fases do seu desenvolvimento. A composição
do corpo evolui durante o crescimento no sentido de uma diminuição do seu teor em
água e em proteínas, para favorecer um aumento das gorduras e dos minerais.
- a obesidade, que ameaça as raças pequenas de forma muito mais precoce que as
raças grandes.
Uma pesagem diária dos cachorros,
sistematicamente à mesma hora, permite
controlar o seu crescimento. Os cachorros de
raças grandes, que multiplicam o seu peso por
100 até atingir a idade adulta, merecem uma
atenção e uma vigilância especial.
De uma forma geral, um cachorro que
não ganhe peso durante dois dias consecutivos
deve ser cuidadosamente vigiado. A causa
responsável pelo atraso de crescimento deve
ser rapidamente pesquisada. Esta causa pode
estar relacionada com a mãe se toda a ninhada
apresentar
o
mesmo
problema
(leite
insuficiente ou tóxico), ou a fatores individuais se apenas alguns cachorros apresentam
este atraso (fenda palatina, competição alimentar).
Visto que durante este período a morbidade e a mortalidade da ninhada podem
aparecer de forma rápida e inesperada, o proprietário deve controlar outros
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parâmetros, nomeadamente: observação dos cachorros a mamar, escuta de gemidos,
a observação do comportamento materno, a apreciação da vitalidade, da temperatura
retal e do estado de hidratação dos cachorros.
Desenvolvimento comportamental dos cachorros
Antes do desmame, a mãe assume,
muito mais do que o pai, uma parte ativa no
desenvolvimento físico e comportamental dos
cachorros,
parte
que
se
mostrará
determinante para o equilíbrio e integração
posterior destes no seu novo meio social.
Sem estudar aqui o conjunto das
etapas do desenvolvimento do cachorro, já
que a sua cronologia difere substancialmente
de raça para raça (as raças pequenas são
mais precoces), um elevado número de erros
ou de inconvenientes podem ser evitados,
pelo simples conhecimento dos períodos mais
favoráveis à aprendizagem ou sensíveis à
aversão.
O desenvolvimento nervoso do cachorro não está completo ao nascimento. Com
efeito, ele nasce surdo, cego, dotado de muito pouco olfato e de um sistema nervoso
desmielinizado, ou seja incapaz de conduzir rapidamente os impulsos nervosos. O
conhecimento das etapas do seu desenvolvimento motor, psíquico e sensorial, é útil
para o diagnóstico precoce de certas anomalias, mas principalmente para dirigir o
desenvolvimento do cachorro no sentido da sua eventual utilidade. Assim, a partir da
quarta semana, é possível proceder ao diagnóstico precoce da surdez nas raças
predispostas (Dálmata, Dogue argentino, etc).
Durante as duas primeiras semanas de idade, é
útil verificar o instinto materno da reprodutora
(especialmente a limpeza dos cães, indispensável para
os seus reflexos de defecação e de micção) e vigiar o
aleitamento, colocando os cachorros menos vigorosos
ou os mais subordinados nas mamas que produzem um
leite mais rico. Por vezes, é necessário controlar as
unhas dos cachorros, as quais podem traumatizar as
mamas e levar a uma recusa de aleitamento.
Os etologistas têm por hábito dividir o período de
maturação do cachorro em quatro etapas sucessivas:
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O período pré-natal
Os fetos no útero não estão totalmente isolados
do meio exterior. O desenvolvimento das técnicas de
ecografia permitiu observar as várias reações dos
fetos quando se realiza na mãe, uma palpação
abdominal a partir da quarta semana de gestação. O
seu sentido do tacto desenvolve-se portanto muito
cedo, e nada impede pensar que seriam sensíveis às
festas feitas à mãe durante a gestação. Da mesma
forma, o stress da mãe pode aparentemente ser
sentido pelos cachorros, podendo levar a abortos,
atrasos de crescimento intra-uterino, dificuldades de
aprendizagem depois do nascimento ou até a
deficiências imunológicas.
Finalmente, embora o olfato se desenvolva apenas após o nascimento, o sentido
do gosto aparece mais precocemente: parece que a alimentação consumida pela mãe
durante a sua gestação, pode de alguma forma orientar as posteriores preferências
alimentares dos seus cachorros.
O período neonatal
O período neonatal tem início no
nascimento e termina com a abertura das
pálpebras. Foi frequentemente chamado "fase
vegetativa", visto que a vida do cachorro
parece estar dominada pelo sono e por
algumas atividades reflexas. Durante esta
fase, o cachorro apenas reage aos estímulos
tácteis e move-se em direção às fontes de
calor, rastejando. Este tipo de movimento é
possível pelo desenvolvimento do sistema
nervoso central que se mieliniza na direção
anterior-posterior permitindo, desta forma, a
motricidade dos membros anteriores antes da
dos membros posteriores.
Se excluirmos os fenômenos reflexos, a
percepção dolorosa é a última a aparecer no
desenvolvimento neurológico, o que explica
que algumas pequenas intervenções cirúrgicas podem ser realizadas sem anestesia
durante este período.
Durante o período neonatal, basta confinar a mãe e a sua ninhada numa
maternidade quente e acolhedora. Se o instinto materno parece falhar, ou se a ninhada
for pouco numerosa, é possível completar os estímulos tácteis dos cachorros
explorando a normalidade dos seus reflexos (reflexos de micção, de defecação, de
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mamar, educação gustativa). Os outros estímulos (música, brinquedos, cores, etc.)
ainda são inúteis nesta idade e apenas perturbam o sono da ninhada.
O Período de Transição
Também chamada "fase de despertar",
corresponde ao período de abertura das pálpebras
(por volta dos 10 a 15 dias de idade). Este período
termina assim que o cachorro começa a ouvir, ou
seja, a reagir aos ruídos (perto da quarta semana).
Mesmo que a visão ainda não esteja perfeita nesta
fase, a persistência de comportamentos tais como o
escavar ou as explorações tácteis, permitem
suspeitar de perturbações na visão.
O Período de Socialização
Como o seu nome indica, o período de
socialização representa para os cachorros uma
fase de aprendizagem da vida social. Começa por
um período de atração (não têm medo de nada) e
prossegue geralmente por um período de aversão
(medo de tudo o que é novo). Os cachorros
tornam-se
progressivamente
capazes
de
comunicar, e adquirem o sentido da hierarquia
interpretando as represálias maternas, os sinais
olfativos e de postura.
Se, por falta de tempo ou de observação,
não se aproveita o período de atração do cachorro
(geralmente 3 a 9 semanas) para o acostumar ao
seu futuro ambiente, será muito mais difícil retificar
os maus hábitos adquiridos.
Este período, extremamente sensível e
maleável, pode ser explorado pelo proprietário ou
criador para:
- favorecer os contactos com os futuros proprietários (em especial com as crianças)
caso se trate de um animal de companhia, e com os indivíduos com os quais deverá
conviver em paz (carteiros, gatos, ovelhas),
- habituar o cachorro aos estímulos que encontrará na sua vida futura (barulhos, odores
de roupa, tiros se tratar de um cão de caça como o Setter ou o Perdigueiro, carros,
helicópteros, etc.),
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- reforçar a aprendizagem da hierarquia, impondo-lhe, se
necessário, posturas de submissão (segurando-o pelo
dorso ou pela pele do pescoço). Pelo mesmo método, é
possível reforçar os comportamentos desejados e
reprimir as atividades indesejadas;
- motivar os contactos entre cachorros, sancionando
aqueles que ainda não controlam bem a intensidade da
sua mordida,
- observar o comportamento dos cachorros para poder
orientar a escolha dos futuros proprietários, em função
do caráter de cada um. As tendências para a dominância
podem ser percebidas a partir desta época, através de
jogos, de imitações sexuais e dos comportamentos
alimentares. Em algumas raças (Cocker, Golden), a
agressividade tornou-se mesmo um motivo de não
confirmação.
- muitas atitudes ditas "naturais" podem ser adquiridas durante este período,
principalmente se a mãe estiver habituada a esses estímulos e de evidenciar uma
postura calma junto da sua ninhada durante o período de aversão.
Posto isto, aconselham-se classicamente dois períodos propícios para a venda
dos cachorros:
- a partir da 7° semana, se o proprietário
entende de educação canina e deseja
adquirir um cachorro "maleável";
- no final do período de aversão (pela 12°
semana), se o cliente procura um cachorro
"pronto", que já tenha sido socializado e
ensinado por um profissional.
Em todos os casos, será sempre útil
orientar a escolha do futuro proprietário, de
modo a obter um cachorro adaptado às
suas exigências. Também devem ser
dados conselhos de socialização que
deverão ser posteriormente reforçados pelo apoio do Médico Veterinário durante a
consulta pós-compra.
Para evitar uma ligação demasiado forte do cão ao seu dono (que
frequentemente se traduz em danos ambientais quando o cão é deixado sozinho), será
bom lembrar do fenômeno natural de "desligamento" que ocorre antes da puberdade
quando o cachorro é deixado com a mãe.
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Aula 23 O crescimento do cachorro
O crescimento constitui o período mais crítico da vida do cão, visto que
condiciona o seu desenvolvimento futuro e inclui fases de elevado risco patológico,
nomeadamente a fase de crescimento que se segue ao desmame, que é a mais
intensa. Esta fase é muito delicada porque corresponde ao período em que se
sucedem numerosas exigências (nutricionais, de medicina preventiva com as primeiras
vacinações, de desenvolvimento do comportamento), e condiciona:
– o próprio crescimento (ganho de peso que determina o peso atingido na idade adulta)
e a velocidade de crescimento (ganho de peso por unidade de tempo);
– o desenvolvimento (aquisição da conformação e das
várias características do adulto) em relação com a
precocidade do cachorro (ou seja, a velocidade de
desenvolvimento que permite atingir mais ou menos
rapidamente o estado adulto fisiológico). O início deste
período é também o momento em que o cachorro é
adquirido, separando-o da sua mãe, e levando
frequentemente a diversas alterações alimentares, do
modo de vida e das ligações afetivas.
Os cães têm velocidade de crescimento diferente
O crescimento de um cachorro não é linear com o tempo: ou seja, o seu ganho
de peso diário evolui com o decorrer do tempo. Assim, o ganho de peso diário aumenta
após o nascimento para alcançar um patamar de duração variável, diminuindo depois,
à medida que o animal se aproxima da sua maturidade (idade e peso adulto). No plano
estritamente matemático, a evolução desta velocidade de crescimento (fala-se em
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GMD, ou ganho médio diário) corresponde a uma derivada da função sigmóide
representada pela curva de crescimento (evolução no peso em função do tempo).
As diferenças entre as raças de
cães
são
observáveis
desde
o
nascimento: uma cadela Caniche, por
exemplo, dá à luz três cachorros
pesando cada um 150 a 200 gramas,
enquanto que o peso à nascença de
cachorros Terra Nova (oito a dez
cachorros) oscila entre 600 e 700
gramas. Mesmo que um cão adulto de
raça gigante pese 25 vezes mais que um
cão de raça pequena, a relação dos seus
pesos à nascença não ultrapassa um
fator de 1 para 6. Isto significa que as
diferentes raças têm diferentes padrões
de crescimento, sendo a amplitude e a
duração do crescimento, proporcional ao
peso final do cão.
O envelhecimento
O envelhecimento é um processo biológico
progressivo que, na verdade, começa a
desenvolver-se desde o nascimento do cão,
intensificando-se até à sua morte. Qualquer que seja
a espécie, é responsável por modificações celulares,
metabólicas e orgânicas cuja importância começa a
ser melhor entendida no cão.
A mudança mais importante é sem dúvida, o
aumento da variabilidade dentro de uma população
canina já bem heterogênea, sendo o tamanho
individual um dos fatores mais importantes. Daqui
resulta a necessidade de ter uma abordagem crítica
em relação às tendências gerais baseadas em
médias, porque, apesar do exame físico pôr em
evidência uma desaceleração de numerosos processos biológicos no cão idoso,
algumas afecções patológicas podem também mostrar-se responsáveis por estas
variações.
Além disso, o recurso a novas teorias fisiológicas que têm os seus fundamentos
naquilo que se chama a "dinâmica caótica", pode por vezes pôr em causa aquilo que a
sensatez médica atribui classicamente ao envelhecimento, a saber que este seria
apenas conseqüência da desregulagem de um sistema vivo ordenado e automático.
Resultaria no aparecimento de efeitos aleatórios que modificariam os ritmos periódicos
normais do organismo. Mas paradoxalmente, um coração jovem e sadio pode ter um
comportamento mais fortemente caótico do que um coração velho: um funcionamento
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mais regular acompanha por vezes, sem que isto seja evidentemente a norma, o
envelhecimento.
Mas antes de envelhecer, o cão torna-se "maturo". De fato, biologicamente
falando, existem duas fases sucessivas na vida de um cão adulto, sendo a fase de
envelhecimento precedida pela segunda fase.
A maturidade
Antes de atingir a velhice, o cão passa por uma fase
de maturidade, comparável a um segundo período da sua
idade adulta (para simplificar, poderíamos falar em fase
adulta 1 – entre o final do crescimento e a maturidade – e
fase adulta 2 – período que precede a velhice). A
maturidade é um período de realização do cão, durante a
qual se instalam modificações celulares. Apesar destas
modificações não serem ainda observáveis a olho nu, são
uma indicação de idade avançada.
O envelhecimento e suas conseqüências
No que diz respeito à composição
global do organismo, no cão idoso verifica-se :
- um aumento dos depósitos adiposos, sendo
o animal mais gordo e metabolizando pior os
seus lipídios;
- uma diminuição na hidratação do organismo,
comparável a uma desidratação crônica, que
é prejudicial ao seu bom funcionamento.
Algumas funções não digestivas estão alteradas :
- redução da proteção imunológica,
- diminuição da resistência ao frio e das
capacidades de luta contra o calor,
- redução gradual da função renal,
- desmineralização lenta do esqueleto,
- destruição das membranas celulares devido ao
"stress oxidativo membranário",
- aumento dos casos de insuficiências hepáticas
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FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
ou cardíacas,
- aumento evidente da freqüência de tumores, malignos ou benignos,
- o pêlo torna-se baço e a pele laxa.
As funções digestivas também são atingidas :
- a dentição pode-se tornar um problema para o animal, com o aumento da formação
de tártaro (o qual deve ser tratado), podendo causar inflamações e infecções nas
gengivas que podem conduzir à perda dos dentes;
- à medida que o cão engorda, a saliva é produzida em menor quantidade pois o tecido
adiposo invade as glândulas salivares;
- a passagem dos alimentos através do
trato intestinal é mais lenta, devido a um
decréscimo
do
tônus
muscular
intestinal. Assim, o cão pode evidenciar
fases obstipação, às quais se seguem
frequentemente episódios de diarréias;
- o intestino torna-se progressivamente
menos capaz de se adaptar a uma
modificação do alimento. Por esta
razão, a alimentação deve permanecer
constante. A absorção dos nutrientes é
menos eficiente, sendo necessário
fornecer um alimento hiperdigerível.
comportamento do cão também sofrem modificações:
Finalmente, os sentidos
e o
- queda da acuidade visual e perda da visão são freqüentes,
- o sentido do olfato pode estar diminuindo,
- o animal torna-se apático, pois fica mais fraco e menos resistente. Assim, deve-se
fornecer um alimento com baixo teor energético.
EXERCÍCIOS
1. Um cão da raça Pinscher cresce da mesma maneira que um São
Bernardo? Por que?
2. O que acontece com o animal na velhice? Explique resumidamente.
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FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
Aula 24 O desenvolvimento do gatinho
Entre o nascimento e a idade adulta o gatinho
adquire inúmeras capacidades. As principais
modificações podem ser observadas antes do
desmame, ou seja, enquanto ainda são amamentados
pela mãe.
Os 5 sentidos
Quando nasce, o gatinho possui já um olfato
bastante desenvolvido, o que lhe permite encontrar a
mãe num raio de 50 cm. De igual forma é capaz de
diferenciar os 3 sabores fundamentais: doce, salgado
e amargo, sendo estes dois últimos pouco
apreciados. Por outro lado, o gatinho nasce cego e
surdo.
voz da mãe.
O animal adquire estes dois sentidos quase em
simultâneo. A audição surge por volta dos 5 dias de
idade, mas a orientação em função do som só é
conseguida por volta dos 14 dias. O animal só irá
adquirir as capacidades auditivas da idade adulta ao
atingir 1 mês de vida, passando então a reconhecer a
O gatinho abre os olhos
entre os 7 e os 15 dias após o
nascimento. Precisará ainda de
mais 3 a 4 dias para adquirir a
noção de profundidade de
campo. A adaptação à aquisição
simultânea da visão e da
audição requer vários dias. O
gatinho possui desde muito cedo
o sentido de equilíbrio, ainda que
de início se mostre um pouco
desajeitado.
Até às 2 semanas de idade, o gatinho tem alguma dificuldade em coordenar os
movimentos. A locomoção sobre as 4 patas inicia-se por volta dos 17 dias e a
aquisição da agilidade suficiente para conseguir coçar as orelhas com a pata posterior
aproximadamente às 3 semanas.
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19
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
As grandes regiões anatômicas não se desenvolvem todas ao mesmo ritmo.
Assim, o gatinho nasce com uma cabeça relativamente grande, seguidamente observase um alongamento dos membros: o animal parece ser muito alto, com uma locomoção
desengonçada. Finalmente, o resto do corpo desenvolve-se, apresentando as
proporções típicas do adulto.
O crescimento do gatinho
O crescimento do gatinho pode ser
acompanhado através do seu aumento de peso. O
peso é um critério facilmente registável. Deve ser
obtido diariamente, à mesma hora, em todos os
gatinhos da ninhada. Este registro permite visualizar
a evolução do peso, gatinho a gatinho, e comparálos entre si.
Um gatinho deve aumentar de peso todos os
dias. Alguns pontos de referência permitem avaliar
se o crescimento se está a processar de forma
normal. Se um gatinho não aumentar de peso
durante dois dias consecutivos, ou perder peso,
será
conveniente
determinar
a
causa:
subalimentação da mãe, doença…
fases:
O crescimento normal de um gatinho desde a
concepção até ao tamanho adulto processa-se em 3
• No período neo-natal aproximadamente os 4 primeiros dias
de vida, a velocidade de crescimento pode ser muito variável,
principalmente em função das condições do parto. Se este tiver
sido difícil, os gatinhos poderão evidenciar uma estagnação,
mas raramente perdem peso. Durante o período exclusivamente
de amamentação, representado pelas quatro primeiras
semanas, o crescimento é regular, linear e permite para além
disso prever o peso em função da idade. Assim, o peso do 7° ao
10° dia é igual ao dobro do peso à nascença. O peso à 4°
semana é igual a 4 vezes o peso de
nascimento.
• O período pré-desmame : período de transição
alimentar que vai da 4a à 7a semana de idade. Por volta
das 4a a 5a semanas, observa-se uma redução da
velocidade de crescimento, correspondente a um
decréscimo da lactação, associada a um subconsumo
transitório de alimentos. Por volta da 7» semana, é
observável um novo impulso no crescimento, que assinala
o final do período de desmame: o gatinho consome uma
AUXILIAR VETERINÁRIO
20
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
grande quantidade de alimentos sólidos que permitem a sua evolução. Atenção,
mesmo durante este período de transição o gatinho continua a engordar. Geralmente, o
peso às 8 semanas é igual a 2 vezes o peso à 4» semana, ou seja, 8 vezes o peso à
nascença;
• O período pós-desmame : ao fim de 8 semanas inicia-se o período de autonomia do
gatinho, que corresponde à expressão das suas potencialidades genéticas. A
variabilidade individual expressa-se então plenamente. O gatinho passa a alimentar-se
por si só, à descrição, e cresce então até ao seu tamanho de adulto. Uma vez atingido
o tamanho adulto, por volta dos 10-12 meses, o gato deve normalmente conservar o
peso constante.
Fatores que influenciam o crescimento do gato
Dentre os fatores que influenciam o
crescimento do gatinho distinguem-se os
fatores intrínsecos, dominados pela genética
(raça, sexo, patrimônio genético dos pais,
mecanismos hormonais), e os fatores
extrínsecos constituídos pelo meio ambiente
no sentido mais amplo, representado
fundamentalmente pela alimentação da mãe e
depois do gatinho, influenciado por condições
sanitárias e sociais (condições de criação, tipo
de vida e qualidades maternais).
Fatores intrínsecos
• A raça : tal como na maioria das espécies vivas, quanto
mais pesada for a raça, mais rápido é o crescimento;
• O sexo : pouco nítido à nascença, o dimorfismo sexual
aumenta
com
a
idade,
os
machos
tornam-se
significativamente mais pesados do que as fêmeas entre as
6 e as 12 semanas de vida. O macho evidencia assim um
potencial de crescimento superior ao da fêmea, mas também
mais tardio, uma vez que o seu crescimento se prolonga
algumas semanas para além do das fêmeas;
• Os fatores familiares : o gatinho recebe, metade do
seu material genético da mãe e a outra metade do pai e
este conjunto vai remodelar-se entre si. Os caracteres
familiares podem assim, dentro de uma mesma raça,
traduzir-se em indivíduos de corpulência, tamanho ou
tipo morfológico diferente, fator amplamente utilizado na
seleção;
• O peso da mãe : este parâmetro não é independente
da raça e dos fatores familiares. Quanto mais pesada
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FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
for a mãe (simultaneamente de grande porte e em bom estado físico) mais rápido será
o crescimento, o que se explica em parte pelas qualidades do leite materno.
• Os fatores genéticos individuais : a mistura dos genótipos materno e paterno leva à
formação de um indivíduo único, criando variações individuais dentro da mesma
ninhada. É por este motivo que, para calcular melhor o crescimento do jovem animal, é
preferível utilizar a média das medidas dos pais.
• Os fatores hormonais : a seguir ao nascimento
determinadas hormônios sintetizadas pelo jovem orientam o
seu crescimento. Contrariamente ao que se passa na espécie
humana, as perturbações hormonais endógenas passíveis de
perturbar o crescimento são raras no gatinho. A diabetes
juvenil é mais marcada por distúrbios metabólicos do que por
problemas de crescimento. O hipotiroidismo é muito raro, o
nanismo um caso excepcional. Finalmente as raras
anomalias responsáveis por uma secreção anormal dos
hormônios sexuais parecem perturbar muito pouco o
crescimento do gatinho. Aliás, a esterilização precoce não
altera nem o aumento ponderal nem o crescimento em
termos de "estatura", ou seja, o porte adulto definitivo.
Em contrapartida, a utilização terapêutica de
hormônios no gatinho pode perturbar de forma assinalável o equilíbrio endócrino
natural e, consequentemente, modificar o crescimento. Deve ser realizada com grande
prudência e unicamente por razões médicas.
Fatores ambientais
• A higiene do gatil e o stress ambiental : O
período de amamentação é muito exigente
para a mãe e sensível para o gatinho. Como
tal, a higiene deve ser rigorosa a partir do
período que antecede o parto, incluindo quer o
material colocado à disposição da gata quer o
local onde se encontrem os gatinhos. Uma
higiene deficiente pode fragilizar a mãe e a
ninhada. Para além disso, quando a gata é
constantemente perturbada, a amamentação
ressente-se.
O crescimento do gatinho processa-se, como no caso de todos os animais
jovens, durante o sono. Durante os primeiros dias de vida, o gatinho dorme quase
continuamente e mama sempre que é acordado pela mãe através de lambidelas.
Durante o crescimento, passa mais tempo a brincar e a explorar o meio envolvente e
menos tempo a dormir. Contudo, a qualidade do seu sono continua a ter um papel
muito importante. Além disso, sob o efeito do stress, são segregadas certos hormônios
que podem perturbar gravemente o equilíbrio hormonal e o seu crescimento. Assim, um
ambiente gerador de stress pode perturbar o bem-estar tanto das crias como da mãe,
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22
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
comprometendo um crescimento que à partida parecia ser ótimo. O ambiente do
"ninho" e da ninhada deve ser preservado de qualquer agitação ao nível das
instalações, de grandes alterações de temperatura, de presenças estranhas…
• Dimensões da ninhada : As ninhadas
numerosas são usualmente constituídas por
gatinhos com menos peso do que as ninhadas
de dimensões mais reduzidas. Esta diferença de
peso tende mesmo a aumentar durante as
primeiras semanas de vida (numa ninhada
numerosa a mesma quantidade de leite é
partilhada por um número superior de gatinhos).
Os gatinhos provenientes de ninhadas
numerosas (6 ou mais) têm menos peso até
atingirem aproximadamente os dois meses de
vida. Só depois do desmame, quando o gatinho
passa a receber uma alimentação sólida, é que
esta diferença se atenua.
Fatores nutricionais
A alimentação da mãe durante a gestação influencia o
peso à nascença e a viabilidade dos gatinhos. Do nascimento
até ao desmame, a alimentação do jovem resume-se ao leite
materno. Como tal a sua qualidade e quantidade são fatores
determinantes do crescimento e saúde dos gatinhos. Deve ser
tomada em consideração tanto a alimentação materna como a
alimentação das crias.
As necessidades de uma gata em lactação aumentam muito. Durante a
gestação a gata acumula reservas. No início do período de aleitamento, as reservas
maternas são utilizadas para a produção de leite. Como o organismo materno está
vocacionado em primeira instância para a produção de leite, se a gata estiver
subalimentada começará a perder peso. O efeito seguinte será a diminuição da
quantidade de leite produzido. Uma gata alimentada ad libitum durante a fase de
gestação e lactação regressa ao seu peso inicial (antes da gestação) no momento do
desmame (6 a 7 semanas após o nascimento dos gatinhos). Quando a gata recebe
apenas 50% das suas necessidades no período que vai das 5 semanas antes do parto
até ao final da lactação, chega a perder até 33% do seu peso inicial. A conseqüência
desta subnutrição materna é, em primeiro lugar, a falta de atenção em relação aos
gatinhos, a gata evidencia uma grande irritabilidade sempre que estes tentam mamar.
Esta alteração do comportamento materno, acrescido da subnutrição dos
gatinhos por falta de leite, vai comprometer o futuro da ninhada.
AUXILIAR VETERINÁRIO
23
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
A subnutrição dos gatinhos durante a fase de
amamentação pode dever-se a diversas causas: à
subnutrição da mãe, tal como acabamos de ver,
mas também a uma lactação insuficiente (ninhada
muito numerosa, mãe que produz pouco leite) ou
mamadas insuficientes (a mãe não deixa as crias
mamarem o tempo necessário, demasiados
gatinhos, ambiente estressante, pouco calmo).
Em todas as circunstâncias referidas os
gatinhos enfraquecem rapidamente. Observa-se
desidratação,
hipoglicemia,
diminuição
da
temperatura corporal a que se sucede a morte.
Vários fenômenos explicam este enfraquecimento
muito rápido :
• O fígado do gatinho não atingiu ainda a sua maturidade e depende como tal de uma
fonte de açúcar externa, resultante da digestão da lactose que fornece a glicose. Em
caso de subalimentação, a hipoglicemia é inevitável e pode conduzir ao coma.
• Os rins do gatinho são imaturos à nascença. O recém-nascido não possui ainda a
capacidade de regular as trocas de água e minerais, pelo
que deve beber frequentemente e em pequenas
quantidades.
Qualquer
fator
que
restrinja
a
amamentação vai expô-lo a uma desidratação rápida.
• O gatinho - principalmente o recém-nascido - não
possui
reservas de gordura que lhe permitam lutar
contra temperaturas demasiado baixas e é incapaz de
regular a sua temperatura corporal. A ingestão regular e
suficiente de leite, assim como os cuidados maternos
durante a amamentação (lamber) e o "ninho" (calor da
mãe) são fatores indispensáveis para evitar a hipotermia.
A temperatura retal dos gatinhos deve ser vigiada,
especialmente se o seu peso estagnar repentinamente.
Aula 25 A nutrição dos animais
A alimentação caseira
Sob o termo "alimentação caseira" está agrupado um conjunto heterogêneo de
modos de alimentação, desde a utilização exclusiva de sobras de refeições até à
elaboração de alimentações sofisticadas, mas preparadas pelo dono, e que têm em
conta todos os dados dietéticos indispensáveis ao equilíbrio nutricional.
Os Veterinários dispõem até mesmo de programas informáticos muito
completos, elaborados por professores investigadores das escolas de Veterinária de
AUXILIAR VETERINÁRIO
24
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
Alfort e de Toulose, que lhes permitem prescrever aos seus pacientes caninos dietas
perfeitamente adaptadas a todos os tipos de porte.
No sentido mais clássico, a ração doméstica compõe-se de uma mistura "carnearroz-cenoura", à qual deve sempre ser acrescentado um complemento mineral e
vitamínico específico. É evidente que podem ser utilizados outros ingredientes
substitutos, desde que o seu valor nutritivo seja equivalente. Mas, será necessário
conhecê-los bem para não cometer erros.
No caso mais simples de manutenção, a
associação "produtos de carne + fontes de amido +
legumes + suplementos" pode concretizar-se de
maneira extremamente diferente, conforme os
ingredientes escolhidos e as proporções respeitadas.
No plano prático, os conselhos clássicos do tipo:
- um terço de carne, um terço de arroz não cozido, um
terço de legumes, associados a um suplemento
mineral e vitamínico (modelo "1/3-1/3-1/3");
- quatro partes de carne, três partes de arroz não cozido, duas partes de legumes, uma
parte de um suplemento composto por um terço de levedura dietética, um terço de
osso desidratado, um terço de azeite (modelo"4-3-2-1") são muito simplistas e devem
ser questionados, pois não levam em conta, por exemplo, as variabilidades de tamanho
das diferentes raças de cães.
Por outro lado, substituindo a carne gorda por carne magra, o valor energético
de uma ração, como a definida acima, passará de cerca de 2000 kcal para
aproximadamente 1250 kcal/kg de alimentação!
A
relação
"proteína/caloria",
expressa em gramas de proteínas por
megacaloria
de
energia,
bastante
importante
para
o
cão,
depende
estreitamente da fonte de carne utilizada:
peixe magro ou gordo, tipo de carne.
Assim, o conteúdo em lipídeos da carne
pode variar de 0,5% a 35%, o seu conteúdo
em proteínas de 10% a 20% e em água de
45% a 80%!
Na alimentação caseira também é importante determinar se as fontes de amido
a serem utilizadas estão cruas ou cozidas nas proporções utilizadas, pois o arroz
absorve até três vezes o seu peso em água durante o cozimento.
AUXILIAR VETERINÁRIO
25
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
Enfim, neste contexto de alimentação tradicional, é evidente que o complemento
vitamínico-mineral incorporado não pode ter em conta as ingestões vitamínicas e
minerais específicas para cada tipo de dieta e a imprecisão da dosagem ponderal pode
perturbar o equilíbrio nutricional global da mistura.
Caso seja adotada esta solução, o dono deverá utilizar um complemento no qual
a relação Ca/P (relação dos conteúdos em cálcio e em fósforo) seja obrigatoriamente
igual a dois.
A alimentação industrializada
Derivados das indústrias agro-alimentares humana e dos
animais de produção, os alimentos industriais são classificados
em função do seu conteúdo em água:
•
Alimentos úmidos (70% a 85% de umidade):
- alimentos enlatados, carnes e legumes frescos;
- carnes cozidas para conservação no frio.
•
Alimentos semi-úmidos (25% a 60% de umidade):
- alimentos cozidos e estabilizados graças à presença de conservantes e mantidos
sob refrigeração.
•
Alimentos secos (menos de 14% de umidade):
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26
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
- croquetes, biscoitos, flocos de cereais, massas, arroz tufado.
Os diferentes alimentos podem ser "completos" ou "complementares", estes
últimos devendo ser associados a outros para assegurar o suprimento das
necessidades fisiológicas.
As técnicas de fabricação
As latas
As
latas
(conservas)
são
alimentos
esterilizados durante o processo de enlatamento (1
hora e 30, dos quais 55 minutos a 120°C) e
acondicionados em recipientes estanques a líquidos,
gases e microorganismos. Os produtos são
constituídos principalmente por carnes e miúdos
derivados daquilo a que chamamos "subprodutos"
(alimentos não consumidos pelo homem), tratados
sob a forma fresca ou congelada. A indústria de
alimentos em lata surgiu em 1923 nos Estados Unidos e teve o seu maior
desenvolvimento a partir dos anos 50.
Alimentos semi-úmidos
Estes produtos não são esterilizados mas são:
- estabilizados com a ajuda de açúcar, sal ou aditivos químicos
(ex.: propilenoglicol),
- ou conservados sob refrigeração.
Alimentos secos (croquetes)
As tecnologias utilizadas são originadas directamente
das utilizadas na alimentação humana:
- as massas são preparadas a partir da sêmola de trigo duro,
triturada a vácuo, comprimida e depois cozida a vapor;
- os biscoitos, que apareceram pela primeira vez na Grã
Bretanha em 1885 e em França em 1920, são feitos de farinha
amassada e, em seguida, cozida em forno tubular a vapor após o corte;
- os cereais em flocos são preparados como os destinados aos humanos para o
pequeno-almoço, por cozimento a vapor, trituração e secagem.
Massas, biscoitos e flocos são alimentos complementares destinados a serem
misturados a uma fonte de carne.
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FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
os croquetes são alimentos "extrudidos": o efeito conjugado da pressão na
extrusora e da temperatura (90 a 150° C) durante um tempo muito curto (20 a 30
segundos), que atua sobre a mistura de ingredientes, permite a obtenção, após a
secagem, de um produto homogêneo, em seguida envolvido em gordura de acordo
com o objetivo fisiológico.Esta última categoria de produtos domina totalmente o
mercado americano, de longe o mais evoluído na atualidade (80% de alimentos secos,
66% de croquetes extrudidos), e impõe-se progressivamente em todos o mundo,
devido às suas qualidades nutricionais reconhecidas em todos os testes efetuados
pelas organizações de consumidores e às suas qualidades de custo e aspectos
práticos (alimentos geralmente utilizados pelos profissionais, ou seja, os criadores, ou
preconizadas por aqueles que prescrevem, ou seja os Médicos Veterinários).
Tipos de ração comercial
Falar sobre alimentação de cães e gatos, mais especificamente ração comercial,
pode parecer um tema bastante simples, afinal estamos falando de uma embalagem
que se compra com o alimento pronto para servir. Mas não é bem assim, já que
existem inúmeros tipos e marcas de rações diferentes. Mas qual é a melhor para o
animal?
Qual a diferença entre ração premium e ração super
premium?
Vamos começar falando em qualidade do alimento. As rações
estão agrupadas conforme o tipo da matéria prima utilizada na sua
fabricação (veja a tabela abaixo com as principais marcas em cada
categoria). As chamadas super premium são as que possuem melhor
fonte, seguidas pelas rações premium. Vamos usar como exemplo as
fontes de proteínas: o cão apresenta um aproveitamento maior se a
base da proteína for frango ou ovo. Essa proteína do frango pode ser
dos pés, das vísceras, da carcaça ou da carne propriamente dita. É
claro que exite proteína em todas estas partes, mas a existente na carne é de
qualidade superior a todas as outras. Sendo assim, temos uma matéria prima de
melhor qualidade na ração que utiliza essa fonte do que as rações que usam as outras,
embora todas contenham proteína na sua formulação. É por isso que muitas vezes
achamos uma ração muito cara perto de outras, mas se formos procurar saber o
porquê dessa diferença é muito provável que a matéria prima utilizada por uma seja
bastante superior a outra, isso com certeza é um dos fatores.
AUXILIAR VETERINÁRIO
28
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
Agora que escolhemos uma ração de boa qualidade,
ela estará dividida em diversos sub-tipos, como filhote, adulto,
alta energia, light, tamanho do cão...
De maneira geral um cão é considerado filhote até 1
ano de idade, salvo em algumas raças muito grandes onde
podemos considerar até 1 ano e meio, nesse período ele
deverá comer a ração apropriada para sua idade e porte da
raça quando adulto, isso acontece porque um filhote de
Maltês não tem as mesmas necessidades de um filhote de
Dog Alemão, tanto no aporte de nutrientes, quanto no
tamanho do grão da ração.
Exemplo de rações comerciais para cães
Super premium
Eukanuba (IAMS)
K & S Equilíbrio (Total)
Hills Science Diet (Hill’s)
Linha size Royal Canin
Ossobuco (Nutron)
Premier Pet (Premier)
Pro Plan (Nestlé)
Guabi Natural (Guabi)
Premium
Big Boss (Total)
Faro (Guabi)
Friskies (Nestlé)
Golden
Fórmula
(Premier)
Max (Total)
Pedigree (Effem)
Premium dog (Royal
Canin)
Tutano (Nutron)
Standard
Bonzo (Purina)
Croc Dog (Socil)
Deli Dog (Purina)
Frolic (Effem)
Herói (Guabi)
Pedigree Champ (Effem)
Selection (Royal Canin)
Nutridog (Provimi)
EXERCÍCIOS
1. Cite as vantagens e desvantagens da alimentação
caseira
2. Cite as vantagens e desvantagens da alimentação
industrializada.
3. Perante estas respostas, qual tipo de alimentação você indicaria
para um proprietário?
Aula 26 Alimentando os cães nas diferentes
etapas da vida
AUXILIAR VETERINÁRIO
29
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
Alimentando Cães Adultos
Quando um cão atinge a maturidade total,
ele entra no período de manutenção. Os animais
saudáveis normais que não estão prenhes,
amamentando ou trabalhando pesado têm
necessidades nutricionais relativamente baixas
para manter um estado corporal apropriado. Um
bom estado corporal é aquele em que o animal
está bem proporcionado, com uma cintura
perceptível atrás das costelas, podendo-se, ao
apalpá-las, sentir uma fina camada de gordura
sobre elas.
Com a variedade de alimentos para cães nutricionalmente completas e
balanceadas existentes no mercado, proporcionar uma dieta apropriada para um cão
adulto pode ser simples, sem a necessidade de nenhum tipo de suplemento. Se carne
ou sobras de comida forem administradas como suplemento, elas deverão perfazer não
mais de 10% da dieta total. Níveis mais elevados podem diluir o valor nutricional da
dieta comercial, predispor um animal à obesidade e levar um animal a ficar exigente
para comer.
No caso de cães com necessidades
calóricas mais baixas e/ou cães que são
menos ativos, deve-se atentar para a
possibilidade de um ganho de peso
excessivo. Freqüentemente, o peso de um
cão pode ser reduzido simplesmente
eliminando-se as sobras de comida e
snacks da dieta e evitando-se alimentos
para cães de alto teor calórico. Cães com
excesso de peso podem ter mais
problemas de saúde e uma expectativa de
vida mais curta.
As recomendações para a alimentação de cães adultos podem variar,
dependendo da raça, da atividade, do metabolismo e da preferência do dono do cão.
Independentemente do fato de um animal ser alimentado uma ou duas vezes ao dia,
ele deve ser alimentado na mesma hora e ter sempre água potável fresca à sua
disposição. Assim como acontece com os seres humanos, o apetite de um cão pode
variar de dia para dia. Isto não deve constituir nenhum problema, a menos que a perda
de apetite persista ou o cão apresente sinais de doença ou perda de peso. Nestas
situações, o cão deve ser examinado por um veterinário.
Alimentando Durante a Prenhez
AUXILIAR VETERINÁRIO
30
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
Independentemente da raça, a fêmea deve ter pelo menos um ano de idade e
estar pelo menos no segundo período de cio antes de acasalar. É importante o estado
corporal tanto dos machos como das fêmeas utilizados em um programa de
reprodução. Se os machos estiverem com excesso de peso, eles poderão ser
fisiológica e anatomicamente ineficientes para o acasalamento. As fêmeas com
excesso de peso podem ter taxas de concepção mais baixas e mais problemas no
momento do parto.
A ingestão de alimentos variará de acordo com a idade, atividade, metabolismo
corporal e ambiente. Se possível, cada cão deverá ser alimentado individualmente a
fim de atingir e manter o estado corporal normal.
As necessidades de nutrientes da fêmea
durante as primeiras seis ou sete semanas de
prenhez não são maiores do que para os cães na
manutenção. Durante as últimas duas ou três
semanas, as necessidades para todos os
nutrientes aumentarão e as necessidades
calóricas poderão ser atendidas durante o último
terço aumentando-se, gradualmente, a ingestão de
alimentos pela fêmea. Recomendam-se dietas
contendo mais de 3.500 calorias metabolizáveis
por quilo de alimento e, pelo menos, 21% de
proteína. A forma mais fácil de assegurar uma
nutrição apropriada consiste em dar ao cão um
alimento para cães de boa qualidade que seja rotulado como completo e balanceado
para reprodução e crescimento ou para todas as etapas da vida. Quando estas dietas
dadas, não é necessária a suplementação de vitaminas e minerais. Problemas podem
ocorrer com o excesso de suplementação, particularmente quando níveis elevados de
vitamina A ou cálcio são acrescentados.
A menos que uma fêmea tenha tendência para engordar demais durante a
prenhez, pode-se dar a ela todos os alimentos que ela quiser comer. Não é raro que
uma fêmea prenhe diminua sua ingestão de alimentos, temporariamente, por volta da
terceira ou quarta semana de prenhez.
Normalmente, ela comerá mais durante a
última fase da prenhez. Todavia, se isto não
ocorrer e o estado corporal começar a
deteriorar-se, medidas deverão ser tomadas
para aumentar a ingestão de alimentos. Isto
pode ser feito umedecendo-se o alimento seco
com água morna a fim de melhorar a
palatabilidade ou adicionando-se pequenas
quantidades de alimentos enlatados para cães
ao alimento seco e alimentando-se a fêmea
várias vezes ao dia. À medida em que o
momento do parto se aproxima, a fêmea pode perder o apetite. Isto é considerado
como um comportamento normal e, a menos que ela pareça estar com um problema de
saúde, não será necessária nenhuma alteração no programa de alimentação. Em
muitos casos, a rejeição ao alimento durante a última semana é uma indicação de que
AUXILIAR VETERINÁRIO
31
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
o parto ocorrerá dentro das próximas 24 a 48 horas. Usualmente, dentro de 24 horas
pós-parto, o apetite da fêmea retornará. Após o nascimento dos cãezinhos, ela deverá
receber todo o alimento que quiser.
Durante a reprodução, a água serve como um meio de transporte de nutrientes
para o feto em desenvolvimento e remove os resíduos para serem eliminados. As
outras funções importantes da água dietética consistem em ajudar a regular a
temperatura corporal e em auxiliar na produção de leite. Manter as vasilhas de água
limpas e trocar a água freqüentemente tendem a encorajar o consumo de água. Água
fresca em uma vasilha limpa deve estar disponível durante todo o tempo.
Alimentando Durante a Lactação
A produção de leite é uma das etapas que
apresentam maiores necessidades nutricionais na
vida de uma fêmea. Uma dieta completa e
balanceada para a reprodução e crescimento ou
para todas as etapas da vida proporcionará a
nutrição de que uma fêmea precisa durante este
tempo. A necessidade de leite dos cãezinhos que
estão mamando continuará a aumentar durante
cerca de 20 a 30 dias. Conseqüentemente, as
necessidades de alimento e água da fêmea
aumentam neste período. No pico da lactação, a
ingestão de alimento da fêmea pode ser duas a
quatro vezes maior do que sua ingestão de
alimento usual ou de manutenção. Pode acontecer
que fêmeas muito atenciosas raramente deixem
seus filhotes para comer ou beber e precisarão de
encorajamento. A mesma dieta utilizada durante o
período de gestação pode ser dada durante a lactação. A fim de manter um bom
estado corporal e fornecer amplas quantidades de leite aos seus filhotes, as fêmeas
lactantes devem receber todo o alimento que quiserem.
Umedecer com água o alimento seco
para cães ajudará a aumentar a ingestão de
alimento durante a lactação. Uma outra
importante razão para oferecer alimento
seco umedecido é que, com três a quatro
meses de idade, os filhotes normais
começam a lambiscar alimentos sólidos.
Acostumar os filhotes a uma dieta comercial
de boa qualidade o mais cedo possível
ajudará a evitar que se tornem enjoados
para comer.
Alimentos preparados em casa devem ser evitados. À medida em que os filhotes
começam a comer mais alimento sólido, a necessidade de produção de leite da fêmea
diminui. Normalmente, os filhotes são desmamados entre seis e oito semanas de idade
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32
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
e, na época da desmama, o consumo de alimento pela fêmea deve ser de menos de
50% acima do seu nível usual ou de manutenção. A fim de ajudar a reduzir o fluxo de
leite e evitar problemas nas glândulas mamárias, recomenda-se o seguinte
procedimento para a desmama:
No dia em que os filhotes são
desmamados, a fêmea não deve receber
nenhum alimento, mas deve ter bastante água
fresca para beber. Deve-se separar os
cãezinhos da mãe e oferecer-lhes alimento e
água. Alimento seco umedecido com água
morna pode ajudar a estimular os cãezinhos a
ingerirem alimento. No dia após a desmama, a
mãe deve receber ¼ da quantidade de alimento
que lhe era oferecida antes dela ser acasalada.
A mãe e os filhotes podem ser mantidos juntos
por várias horas no dia após a desmama de
modo que os filhotes possam mamar até acabar
com o leite da mãe. No terceiro dia, a fêmea
deve receber ½ da quantidade que recebia
antes do acasalamento e, no quarto dia, ¾ da
referida quantidade. No quinto dia, deve-se
oferecer a ela seu nível de alimentação de
manutenção usual. Se a ninhada for grande, a
fêmea poderá estar bem magra quando os filhotes forem desmamados. Neste caso,
deve-se dar a ela uma quantidade extra de alimento após o quinto dia da desmama e
até o seu estado corporal voltar ao normal.
Alimentando os Filhotes
Embora as fêmeas sejam, em sua
maioria, excelentes mães, algumas mães
nervosas ou descuidadas podem precisar de
uma atenção especial que as ajude a se
acalmar e aceitar sua nova prole. Para isto
pode ser que tenhamos que trabalhar junto à
mãe e/ou filhotes e colocar os filhotes junto
ao mamilos da mãe. Os filhotes mal
amamentados poderão ter um tamanho
menor, uma temperatura corporal mais baixa
e menos peso. Ao cuidar, rotineiramente,
dos filhotes você terá uma oportunidade de
verificar seu estado e progresso, embora
cuidados
excessivos
possam
ser
estressantes para a mãe e os filhotes e devam ser evitados.
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33
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
Usualmente, a maneira típica de um filhote começar a comer alimentos sólidos
(cerca de 3 a 4 semanas) é correndo por cima e em volta da vasilha de alimento da
mãe e lambendo o alimento seco umedecido que fica em suas patas. Por causa disto,
o alimento tenderá a ficar compactado, razão porque se deve considerar a necessidade
de mexer a dieta compactada ou oferecer quantidades frescas periodicamente. Com
seis semanas de idade, a maioria dos filhotes está pronta para ser desmamada. Se os
filhotes tiverem começado a comer alimentos sólidos da vasilha da mãe, não é raro que
comecem, eles próprios, a se desmamarem com cerca de quatro a cinco semanas de
idade.
As necessidades de nutrientes para o
crescimento e desenvolvimento normais dos filhotes
são maiores do que aquelas de um cão adulto. Por
esta razão, as dietas nutricionalmente completas e
balanceadas destinadas ao crescimento e reprodução
ou todas as etapas da vida são recomendadas. Não é
necessária nenhuma suplementação adicional na
forma de vitaminas, minerais, carne ou outros aditivos.
A capacidade do estômago de um filhote não é
grande o bastante para conter alimento suficiente,
ingerido em uma "refeição", para atender à sua
necessidade diária de nutrientes requeridos. Os
filhotes novos devem ser alimentados pelo menos três
vezes ao dia até que suas necessidades alimentares
comecem a equilibrar-se à medida em que vão amadurecendo. Os filhotes devem ter
água fresca em uma vasilha limpa à sua disposição durante todo o tempo.
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34
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
Estabelecer hábitos alimentares rotineiros
alimentando um filhote no mesmo lugar e à
mesma hora todos os dias é recomendável e pode
ajudar a treiná-lo a se comportar bem em sua
casa. Oferecer alimentos humanos da mesa não é
recomendável porque isto encorajaria o animal a
pedir comida e poderia a torná-lo enjoado para
comer. Os filhotes que consomem uma dieta
completa e balanceada não precisam de
vitaminas, minerais ou carne suplementares. Na
realidade, o excesso de suplementação provou
ser prejudicial para o desenvolvimento apropriado
dos filhotes novos e em crescimento.
A quantidade de alimento oferecida a um filhote variará, dependendo do seu
tamanho, atividade, metabolismo e ambiente. Não se deve deixar que os filhotes
fiquem com excesso de peso. O excesso de peso não só dá ao filhote uma má
aparência, mas também pode causar anormalidades ósseas. Se um filhote parece que
está engordando demais, sua ingestão de alimento deve ser reduzida. Se um filhote
parece que está magro demais e não há nenhum problema de saúde, sua ingestão de
alimento deve ser aumentada. Toda vez que os donos tiverem perguntas a fazer ou
preocupações a respeito do estado corporal do seu animal, eles devem consultar seu
próprio veterinário.
Alimentando
Trabalho
Cães
de
Independentemente da temperatura ambiental
sazonal ou do estado fisiológico de um cão, quando
tudo mais é igual, quanto mais ativo for um cão, de
mais alimento ele precisará. Todos os nutrientes
serão requeridos em quantidades maiores do que
para um cão adulto em manutenção, não
simplesmente proteína adicional ou minerais extra,
tais como cálcio e fósforo. A atividade física é o
resultado externamente visível de uma seqüência
complexa de contrações musculares. A combustão
de combustíveis dietéticos, tais como gordura,
proteína e carboidratos proporciona a energia para o
trabalho muscular. Água, vitaminas e minerais
participam na utilização da energia para trabalho.
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35
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
Os cães de trabalho são, usualmente, aqueles
utilizados para caçar, pastorear ovelhas, bem como
cães que, rotineiramente, correm longas distâncias
(isto é, mais de 20 milhas por semana). Estes grupos
de cães de trabalho podem ter uma maior necessidade
de nutrientes quando estão treinando ou efetivamente
trabalhando. A necessidade de nutrientes adicionais
dependerá do nível de atividade de um cão em
particular. Um ponto de referência é o fato de que eles
são completos e balanceados com alta densidade de
nutrientes, incluindo, pelo menos, 26% de proteína,
10% de gordura, 30% de carboidratos e 3.000
quilocalorias por quilo de alimento seco.
Nos períodos em que um cão não está treinando nem
trabalhando, é recomendável que a quantidade da ração
de treinamento/trabalho do cão seja reduzida ou que o
cão passe, gradualmente, para uma alimentação com
menos calorias e menos densa em nutrientes (contendo,
pelo menos, 20% de proteína e 3.300 quilocalorias por
quilo de alimento). Manter os cães em um bom estado
corporal no período em estão fora de atividade ajuda a
tornar menos estressante o seu condicionamento para os
períodos de treinamento ou trabalho.
Não se deve dar aos cães que estão trabalhando
ou treinando uma refeição imediatamente antes ou
imediatamente após uma sessão de atividade extenuante. Alimentar os cães quase na
hora dos exercícios pode resultar em um mau desempenho ou distúrbio gástrico ou
desconforto (evidenciado por vômitos ou fezes soltas) e aumentar o risco de dilatação
gástrica. A utilização apropriada de alimentos (tais como snacks ou snacks) durante os
períodos de maior atividade pode evitar desconforto de fome e fadiga nos cães de
trabalho. A utilização apropriada de alimentos consiste em oferecer o snack ou snack
após um período de repouso, em pequenas porções, com água fresca e fria e seguido
de um período de repouso.
Alimentando Cães Mais Velhos
Os cães são definidos como mais velhos ou geriátricos quando atingiram os
últimos 25% do seu período de expectativa de vida, que está diretamente relacionado
com o tamanho ou raça, bem como cuidados recebidos durante toda sua vida:
• Cães de raça pequena com mais de 12 anos de idade
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36
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
• Cães de raça média com mais de 10 anos de idade
• Cães de raça grande com mais de 9 anos de idade
• Cães de raça gigante com mais de 7 anos de idade
Estudos mostraram que os cães mais velhos
saudáveis utilizam a proteína do mesmo modo
que o cão adulto jovem e que os cães
geriátricos
podem
precisar
de,
aproximadamente, 50% a mais de proteína do
que os cães adultos mais jovens. Entretanto,
as dietas comerciais atuais formuladas para
cães adultos em manutenção, geralmente,
proporcionam proteína adequada. Os
animais menos ativos podem ter baixas
necessidades calóricas, razão porque se
deve ter cuidado ao se administrar dietas
densas em calorias a fim de evitar o
risco de um ganho excessivo de peso.
Aula 27 Alimentando os gatos
Quem tem um gato quer estar sempre seguro de que as refeições que serve a
ele são não apenas apetitosas, mas também balanceadas para atender as
necessidades de nutrição do animal.
lsso é possível com o uso do alimento especialmente preparado para ele. Hoje,
existe no mercado, vários alimento completos e balanceados, que atende totalmente ás
necessidades de nutrição dos gatos.
AUXILIAR VETERINÁRIO
37
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
O alimento industrializado (Ração) deve ser introduzido aos poucos na
alimentação dos gatos, para que eles se acostumem a mudança no paladar e na
textura. Água fresca deve estar sempre á disposição do gato, qualquer que seja a
dieta.
Os gatos diferem muito quanto a quantidade de alimento que necessitam, que
varia conforme o tamanho, a raça, o estado e as características de cada animal. A
maioria dos gatos está bem adaptada para controlar o alimento que ingerem em
relação ás suas necessidades. Como , normalmente, os alimentos industrializados tem
uma alta aceitação, poderá ocorrer do gato comer em excesso. Por esta razão, é
sempre recomendável observar as indicações nas embalagens dos pacotes de ração.
Gatos obesos
Os gatos raramente se tornam gordos, mesmo sendo animais bastante
preguiçosos. Mas os gatos castrados podem muitas vezes tornar-se obesos. Para
evitar isso, é aconselhável reduzir a quantidade de comida e alimentá-los de forma
mais equilibrada.
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38
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
Você pode dar ao seu gato metade da quantidade habitual de
ração e observar se isto reduzirá o peso do animal de modo
satisfatório. Em caso contrário, o regime alimentar deverá ser feito
sob a supervisão de um veterinário.
Se normalmente você dá ao seu gato algum tipo de
guloseima durante as refeições, suprima este hábito. Ele pode ser
responsável pelo excesso de peso. Se o seu gato, além de gordo,
parecer em más condições, leve-o sem demora ao veterinário, pois
ele poderá estar precisando de tratamento.
Leite
A maioria dos gatos aprecia uma tigela de leite, mas alguns têm dificuldade de
digeri-lo, o que poderá causar diarréia. Nestes casos, você deve reduzir a quantidade
ou eliminar o leite. Assegure-se de que o seu gato tenha à disposição água fresca.
Gatas gestantes
A gata necessitará de mais alimento
quando tiver filhotes. Por esta razão, deve ser
fornecida uma quantidade maior de alimento
para o crescimento antes e após o nascimento
dos filhotes, para assegurar a produção do
leite.
Desde o inicio da gestação, a gata
prenhe necessitará de mais alimento, cuja
quantidade
deverá
ser
aumentada
gradativamente. Durante as últimas 2 ou 3
semanas do período de 9 semanas de
gestação,
ela
estará
comendo
aproximadamente o dobro da quantidade
normal.
Uma gata em período de lactação
poderá necessitar até três vezes mais a
quantidade normal de alimento quando os
filhotes atingirem 3 ou 4 semanas e precisará ser alimentada com mais freqüência,
variando a dieta para assegurar a nutrição adequada. É aconselhável dar á gata tanto
leite quanto ela queira beber, desde que possa ser digerido convenientemente.
Filhotes
Quando em fase de crescimento, os gatinhos têm necessidades maiores de
alimentação: proteínas para criar músculos, mais cálcio e fósforo para o
desenvolvimento dos ossos e uma enorme quantidade de outros sais minerais e
vitaminas. Pode ser dado alimento em grande quantidade, bem como leite.
AUXILIAR VETERINÁRIO
39
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
Mesmo quando é dado leite aos filhotes, é importante que eles tenham sempre
água fresca disponível.
Em geral os filhotes são suficientemente ativos e bem
constituídos para iniciar a ingestão de alimentos
suplementares com quatro semanas Nesta fase, a mãe terá
menos leite para dar Os filhotes nesta idade poderão comer
ração adicionado ao leite.
Os filhotes desmamados de 7 ou 8 semanas devem ser
alimentados ao menos três vezes ao dia.
Lembre-se que os filhotes crescem muito rapidamente e
que o seu apetite e necessidade de alimentação aumentam
também. É difícil super alimentar um filhote em crescimento se
as refeições forem fornecidas conforme o indicado.
Alimente os filhotes sempre que achar conveniente e nunca menos que três
vezes ao dia até eles completarem 6 meses. Caso haja sobra de alimento no
comedouro, o mesmo deverá ser retirado em no máximo 15 minutos.
Aula 28 A medicina preventiva
Vários parasitas externos (ectoparasitos)
de origem animal, como as pulgas, sarnas,
piolhos e ácaros, ou de origem vegetal, como
tinhas e ainda as sarnas, podem modificar
profundamente a pele e a pelagem do cão. As
infestações internas devidas a endoparasitos,
frequentemente veiculadas pelas pulgas, sarnas
ou mosquitos, e as doenças virais podem atingir
gravemente a saúde do cão e desenvolver
doenças infecto-contagiosas, das quais algumas
beneficiam hoje em dia de uma profilaxia por
vacinas. A vigilância e uma boa higiene de vida
podem evitar a maioria destas afecções da saúde
do cão das quais algumas podem tornar-se fatais.
A vacinação dos animais
As vacinações permitem evitar doenças infecto-contagiosas fatais. Algumas são
obrigatórias. Só podem ser eficazes se forem administradas em determinada
circusntância, ou seja, respeitando um calendário preciso.
Imunidade do cão
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FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
O cachorro recebe uma primeira imunidade da mãe: são os anticorpos presentes
no colostro. Estes são transmitidos pelo leite materno, durante as primeiras horas de
vida do cachorro (24 horas no máximo) e caso a mãe possua uma boa imunidade.
Estes anticorpos desaparecem entre a quarta e a quinta semana. Então, o cachorro já
não está protegido na ausência de medidas de vacinação. Além disso, deve-se saber
que o sistema imunológico do cão não está completamente desenvolvido ao
nascimento e só estará maturo pela sexta semana. Nas primeiras semanas de vida, o
cachorro só pode combater as infecções através dos anticorpos fornecidos pela mãe.
Ao vacinar o cão pela primeira vez deve-se
tomar cuidado para não interferir com os anticorpos
maternos, fenômeno que pode persistir até às 10 a 12
semanas de idade. Portanto, pode-se começar a
implementar protocolos de vacinação a partir das 8 a
10 semanas de idade.
É preferível que o cão seja vacinado contra
todas as doenças infecciosas que poderiam ser-lhe
fatais. Além da vacinação anti-rábica, legalmente
obrigatória, o cachorro deve ser vacinado contra: a
cinomose, a hepatite contagiosa, a leptospirose e a
parvovirose.
Os diferentes tipos de vacinas
A administração de uma vacina a um cão baseia-se na
inoculação de microrganismos patogênicos ou de frações
destes, de forma a que o animal possa produzir uma
imunidade contra esses vírus ou bactérias.
Algumas vacinas são ditas "de agentes vivos", o que
significa que os microrganismos ainda se podem multiplicar no
organismo do cão, sem, no entanto, possuírem caráter
patogênico. Distinguem-se:
• As vacinas de agentes atenuados. Trata-se de
microrganismos – vírus ou bactérias – cujo poder patogênico
está diminuído após mutações obtidas, para os vírus, por meio
de passagens sucessivas em culturas de células pertencentes
a animais de outras espécies (galinha, porquinho-da-índia). A
capacidade do vírus em provocar uma reação no cão é, então, atenuada
progressivamente. No que diz respeito às bactérias, são utilizados outros
procedimentos visando obter esses mesmos efeitos.
AUXILIAR VETERINÁRIO
41
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
As vacinas são ditas homólogas se os
agentes com os quais se pratica a vacinação
forem os mesmos do que os responsáveis pela
doença. São denominadas heterólogas quando
se utiliza um microrganismo diferente, menos
virulento que o primeiro, mais próximo do
agente patogênico selvagem.
• Outras vacinas, cujos agentes patogênicos
foram modificados geneticamente, perdendo a
sua virulência.
Também existem vacinas com agentes
inertes incapazes de se multiplicar no
hospedeiro. São elas:
• Vacinas com agentes inativados, nas quais o
agente patogênico foi morto por ações
químicas.
• Vacinas sub-unitárias, que contêm unicamente a parte do microrganismo responsável
pelo aparecimento da doença.
Estas vacinas de agentes inativados possuem uma maior inocuidade do que as
vacinas vivas, mas uma eficácia menor. Por este motivo, são frequentemente
associadas a um adjuvante com a função de prolongar o contacto com o organismo. No
caso da vacina anti-rábica, a presença de um adjuvante dispensa uma segunda injeção
após a primeira vacinação.
De modo a evitar a aplicação de muitas
injeções, utilizam-se com freqüência várias valências,
ou seja, o cão é vacinado contra várias doenças
infecciosas ao mesmo tempo. No entanto, é
necessário tomar o cuidado de não misturar vacinas
provenientes de diferentes fabricantes.
Acidentes pós-vacinais
Um cuidado importante dos profissionais de
Clínicas Veterinárias e Pet shops é prestar
importantes esclarecimentos aos proprietários de
animais de estimação, quanto aos riscos dos
procedimentos de imunização (vacinação) de seus
animais, sem a devida orientação e/ou supervisão médico veterinária; considerando
que esta vem se tornando uma prática, cada vez mais comum e temerosa, com o
advento da comercialização de vacinas em Pet shops e lojas de produtos
agropecuários.
AUXILIAR VETERINÁRIO
42
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
Não somente os aspectos abaixo apresentados
seriam os fatores únicos de nossa preocupação com a
vacinação praticada por leigos, mas também aqueles
que proporcionam interferências negativas nas respostas
imunológicas às vacinas; tais como, interferência de
anticorpos
maternos,
verminoses
e
doenças
intercorrentes. Fatores estes também, que só poderão
ser detectados e resolvidos por médicos veterinários.
Existem três formas principais de manifestações
sintomáticas que caracterizam os acidentes pós-vacinais;
reações alérgicas locais, reações alérgicas sistêmicas
(choque anafilático) e acidentes neuro-paralíticos.
•
Reações alérgicas locais
As reações alérgicas locais que podem ocorrer após a aplicação de vacinas
estão associadas a presença de um adjuvante de imunidade, necessário para
aumentar a resposta imunogênica. A maioria das vacinas inativadas contém adjuvantes
e a reação pós-vacinal está relacionada com uma questão de sensibilidade individual.
Estas reações locais se caracterizam por uma alopecia (queda de pelo) no local de
aplicação da vacina, como resultado de uma paniculite granulomatosa focal ou de uma
vasculite, podendo se apresentar hiperpigmentada.
•
Reações alérgicas sistêmicas (Choque Anafilático)
A anafilaxia é uma síndrome determinada por um
choque sistêmico, que se manifesta minutos após a
disseminação do alérgeno nos animais sensibilizados.
Dentre os alérgenos que podem induzir a uma anafilaxia
estão as vacinas. Os órgãos envolvidos na anafilaxia, na
maioria dos animais, são o baço e os pulmões. A
liberação de aminas vasoativas resulta em uma
vasodilatação esplênica, colapso vascular periférico, e
em casos severos, coma e morte. Os sinais clínicos
incluem náusea, vômitos, diarréia, inquietação, ataxia,
ataques epileptiformes, palidez das membranas
mucosas, taquipnéia e taquicardia. Alguns animais
podem mostrar sinais de hipersalivação, tenesmo e
defecação.
Anafilaxia pode também ocorrer em formas localizadas, referidas como edema
angioneurótico ou facio-conjuntival e reações urticariformes. O edema angioneurótico é
tipicamente manifestado por inchaço dos lábios, pálpebras e conjuntiva, e é gerado
pelo mesmo tipo de alérgeno que induz a anafilaxia sistêmica. As lesões urticariformes
são lesões salientes e pruriginosas da pele, que ocorrem alguns minutos após à
exposição ao alérgeno.
•
Acidentes neuro-paralíticos
AUXILIAR VETERINÁRIO
43
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
São afecções nervosas desmielinizantes ou mielinoclásticas, determinantes de
uma encefalomielite alérgica, cujo substrato é a desmielinização do Sistema Nervoso
Central. Estas afecções têm maior importância no cão, que é mais sujeito a tais
encefalites, pela freqüência com que é imunizado com determinadas vacinas antirábicas. Está evidenciado que a substância responsável pela encefalite alérgica existe
na substância branca do cérebro de mamíferos. Quando injetada esta substância,
haveria a formação de anticorpos que se ligariam a uma parte não determinada da
mielina, causando sua degradação e conseqüente estabelecimento da encefalite
alérgica. Em condições naturais, o processo aparece sobretudo em animais e em seres
humanos, que inesperadamente exibem sintomas de paralisia, alguns dias após à
administração de suspensões de tecido nervoso (vacinas anti-rábicas). A afecção se
inicia, comumente, por paralisia de um ou mais membros, com rápida progressão por
todo o corpo. A morte é o desfecho habitual, nas formas graves da enfermidade.
Podemos ver desta forma, que todo processo de imunização em animais
domésticos de estimação deve passar pelo crivo da responsabilidade técnica de um
profissional médico veterinário, que avalie primeiramente a condição básica de saúde
deste animal que será submetido à vacinação; analisando seu nível de infestação
parasitária, sua condição nutricional e elaborando um programa de vacinação que
obedeça as possíveis condições de imuno-interferências, para definição do quantitativo
adequado de doses seriadas em relação a faixa etária de aplicação do mesmo. Por
conseguinte, em decorrência dos riscos de acidentes pós-vacinais descritos, a
exigência de uma supervisão e acompanhamento do ato de aplicação deste programa
de vacinação, fica clara e evidentemente demonstrada neste relato técnico.
Fatos, verdades e mentiras sobre
a vacinação de cães
1. Em filhotes pequenos, 95% de sua
imunização é obtida através do consumo do
colostro, que é o primeiro leite produzido pela
mães durante um tempo curto logo após o
nascimento.
VERDADE Se a mãe é imunizada contra as
principais doenças infecciosas caninas, seus
filhotes também irão se proteger por 6 a 16
semanas após o nascimento se eles consumirem o
colostro logo após o nascimento.
2. Fêmeas revacinadas antes da cobertura
passam mais anticorpos para seus filhotes pelo colostro do que as fêmeas não
vacinadas.
VERDADE Quanto mais alta for a concentração de anticorpos contra doenças
infecciosas na mãe, maior será a proteção que ela passará para seus filhotes. A
revacinação causa um aumento na produção de anticorpos maternos.
AUXILIAR VETERINÁRIO
44
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
3. Enquanto estão presentes, os anticorpos recebidos da mãe não vão interferir
com a vacinação permanente dos filhotes.
FALSO : Os anticorpos recebidos da mãe vão
interferir na produção de anticorpos produzidos
pelos filhotes por algumas semanas após o
nascimento.
4. A via de administração (usualmente
intramuscular ou subcutânea) não tem efeito
no nível de proteção produzido em cães com
idade para serem vacinados.
FALSO : O efeito da via de administração na
resposta vacinal depende da vacina que é
aplicada. Por exemplo, a vacina anti-rábica é mais
efetiva se for administrada pela via intramuscular
do que a via subcutânea. Com a vacina contra
Cinomose, ambas as vias são igualmente efetivas.
5. Cães idosos(mais de sete anos de idade) podem ter uma diminuição na
habilidade de produzir anticorpos após vacinação, então devem ser revacinados
anualmente.
VERDADE Cães idosos não produzem anticorpos vacinais tão bem como cães mais
jovens. A duração da proteção com uma vacinação única será mais curta em animais
idosos. A revacinação anual impede que os níveis de anticorpos de proteção diminuam
deixando o animal exposto a doenças.
6. A vacinação de animais que já estão
doentes, irá prevenir a progressão da
doença.
AUXILIAR VETERINÁRIO
45
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
FALSO : A vacinação de animais doentes não irá prevenir a progressão da mesma,
pois
os
anticorpos
vacinais
demoram vários dias até atingirem
níveis de proteção que impeçam a
progressão da doença. 7 dias a
duas semanas são necessários para
que
o
organismo
produza
quantidades
suficientes
de
anticorpos para proteger os animais
contra as doenças. Os anticorpos
devem estar presentes antes da
exposição do paciente ao agente
causador da doença.
7. Filhotes
protegidos
reduz a
anticorpos
vacinação.
vacinados devem ser
do frio, pois a friagem
qua
ntidade de
produzidos após a
VERDADE Pesquisas recentes em
ninhadas separadas por sexo, idade
e
peso,
demostraram
níveis
significativamente maiores de anticorpos em filhotes que não ficaram expostos ao frio
durante o tempo de formação de anticorpos após a vacinação.
8. Cães não devem ser vacinados contra Cinomose, Hepatite, Leptospirose,
Parainfluenza e Parvovirose, pois eles irão adquirir naturalmente imunidade.
FALSO : Todas as doenças citadas acima podem ser fatais. Quando o animal se
recupera de uma desta doenças, o seu organismo pode realmente ficar imune a esta
doença, mas as lesões nos orgãos e sistemas pode ser tão severas que podem
predispor o animal a ter inúmeras outras doenças.
Aula 29 Calendário de vacinação de cães
Antes de vacinar um animal, devemos ter alguns cuidados importantes, para
garantir a integridade da saúde do nosso paciente. É preferível não vacinar os cães em
más condições de saúde, especialmente aqueles que estejam com febre ou fortemente
infestados por ectoparasitas ou endoparasitas. Neste caso, é preferível tratar o cão
contra os parasitas. Se o calendário não pôde ser seguido desde a 7a ou 9a semana,
ele deverá ser retomado na sua totalidade o mais rapidamente possível,
independentemente da idade do cão, com o mesmo ritmo de espaçamento entre
vacinações.
45 dias
66 dias
87 dias
Quadro de vacinas obrigatórias para o cão
1a dose da óctupla (décupla)
2a dose da óctupla (décupla)
3a dose da óctupla (décupla)
AUXILIAR VETERINÁRIO
46
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
120 dias
1a dose da anti-rábica
Reforço anual para a óctupla (décupla) e para a anti-rábica
O quadro de vacinação dos cães pode variar conforme as necessidades de cada
animal, situação de risco ou região, podendo ser alterado apenas pelo Médico
Veterinário.
Doenças imunizadas
•
Óctupla
Vacina que imuniza cães contra cinomose, hepatite infecciosa, Adenovírus tipo
2, parainfluenza, parvovirose, coronavirose e leptospirose, sendo esta contra a
Leptospira icterohaemorrhagiae e Leptospira canicola.
•
Décupla
Imuniza conta as mesmas doenças da óctupla, porém contra mais 2 sorovares
de leptospirose, sendo eles a Leptospira grippotyphosa e Leptospira pomona.
Existem outras vacinas polivalentes, porém de atuação menos eficaz:
•
Sextupla
Imuniza contra cinomose, hepatite infecciosa, parvovirose, parainfluenza e 2
sorovares de leptospirose, sendo a Leptospira icterohaemorrhagiae e Leptospira
canicola.
•
Tríplice canina
Vacina esta que imuniza contra cinomose, hepatite infecciosa e leptospirose,
sendo os sorovares Leptospira icterohaemorrhagiae e Leptospira canicola.
AUXILIAR VETERINÁRIO
47
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
Existem ainda inúmeras vacinas contra as mais variadas doenças, sendo as
chamadas vacinas monovalentes. Dentre estas existem vacinas contra parvovirose,
leptospirose, coronavirose, raiva, giardíase, leishmaniose, tosse dos canis, etc.
Outras vacinas importantes
Para o conforto do cão e quando existem riscos realmente grandes pode-se
considerar a vacinação contra o tétano, a giardíase e a tosse dos canis.
•
Tétano
A toxina tetânica, produzida pelo bacilo
tetânico, age sobre os centros nervosos. É
segregada no local de entrada da bactéria,
geralmente uma ferida minúscula. O tétano é
caracterizado por contrações musculares
involuntárias
que
se
estendem
progressivamente por todo o corpo do animal.
Vacinam-se essencialmente os cães de trabalho
ou aqueles que freqüentam locais onde se
podem ferir com facilidade (ruínas, obras).
Não existe vacina contra o tétano específica para o cão; utiliza-se então a vacina
destinada aos cavalos, que contém a toxina tetânica purificada. A primeira vacinação é
realizada em duas injeções com intervalos de duas semanas. Os reforços devem ser
feitos um ano mais tarde, depois a cada três anos e em caso de traumatismo.
•
Tosse dos canis
A vacinação é realizada em animais que vivem em canil ou que freqüentam
exposições. A quarentena antes de introduzir um novo animal numa coletividade
previne eventuais contágios.
Existem diferentes tipos de vacinas no
mercado: vacinas compostas por vírus e bactérias
inativas (Parainfluenza, Bordetella bronchiseptica),
injetáveis, mas de eficácia aleatória. A primeira
vacinação é realizada em duas injeções com 3
semanas de intervalo e, depois, o reforço é anual.
Um outro protocolo, mais recente, parece dar
melhores resultados: trata-se de uma vacina viva
atenuada, administrada por via intra-nasal.
•
Giardíase
GiardiaVax ®, a primeira vacina mundial contra Giardíase Canina. Trata-se de
uma vacina inativada que protege os cães contra a infecção causada pelo protozoário
giardia duodenalis. A vacinação com GiardiaVax é indicado para filhotes (a partir de 2
meses) e adultos, sendo um reforço 21 dias após a primeira dose, e reforços anuais.
AUXILIAR VETERINÁRIO
48
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
Calendário de vacinação de gatos
Qualquer dono, consciente da saúde do seu gato,
deve preocupar-se em protegê-lo de doenças graves
através da vacinação.
A prevalência de diversas doenças graves do gato
tem vindo a diminuir ao longo dos anos graças à
disponibilidade de várias vacinas. Se por um lado, o número
de gatos vacinados tem vindo a aumentar de forma regular,
por outro lado, em França, os gatos vão menos às consultas
médico-veterinárias em comparação com os cães e, como
tal, estão menos protegidos pela vacinação preventiva.
De entre as doenças que podem afetar os gatos, algumas são fatais. Outras
raramente colocam em risco a vida do animal. No entanto, é sempre preferível evitar o
seu aparecimento vacinando o animal. Infelizmente, não existem hoje em dia vacinas
eficazes para todas as doenças identificadas no gato.
De modo geral, está contra-indicada a vacinação de
gatos doentes, parasitados ou em fase de tratamento com
um imunossupressor. Em regra, todos os gatinhos devem
ser submetidos a desverminação antes da administração
da primovacinação. Além disso, a administração de
vacinas modificadas é contra-indicada nas fêmeas em
gestaçã o, pois existe um risco potencial de induzir
anomalias no feto.
O calendário de vacinas deve ser estabelecido pelo médico veterinário, em
função de diversos parâmetros, tais como o modo de vida do gato, idade e meio
ambiente. Entretanto, todos estes programas correspondem aos princípios gerais que
seguidamente passamos a res umir.
A maior dificuldade da primovacinação,
consiste em conseguir vacinar o gatinho da
melhor forma e com a maior rapidez possível,
imediatamente a seguir ao desaparecimento
da imunidade passiva. Isto obriga à aplicação
de duas inoculações sucessivas: a primeira,
administrada entre as 6 e as 10 semanas de
idade – habitualmente às 8 semanas – e a
segunda 3 a 4 semanas após a primeira – de
forma geral entre as 12 – 14 semanas. Existe
uma legislação específica referente à
vacinação anti-rábica, pelo que esta não pode
ser aplicada antes dos 3 meses de vida. A
administração de uma dose de reforço aos
AUXILIAR VETERINÁRIO
49
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
gatos que foram vacinados muito jovens é indispensável para a manutenção de um
nível de imunidade eficaz.
IDADE DO GATO
VACINA
2 meses
1a dose da tríplice felina
2 meses e 3 semanas
2ª dose da tríplice felina
3 meses e 2 semanas
3ª dose da tríplice felina
4 meses
1ª dose da anti-rábica
Deve-se proceder o reforço anual de todas
A tríplice felina imuniza contra Rinotraqueíte,
Calicivirose e Panleucopenia Felina.
Existe também a chamada vacina
quádrupla felina (Rinotraqueíte, Calicivirose,
Panleucopenia e Clamidiose felinas) e
quíntupla felina (Rinotraqueíte, Calcivirose,
Clamidiose, Leucemia e Panleucopenia
Felina).
Aula 30 Os endoparasitos (verminoses)
Esófago e estômago
Tratam-se,
principalmente,
de
espirocercoses, causadas na espécie canina por
Spirocerca lupi, um nematode presente na parede
do esôfago ou, mais raramente, do estômago, por
vezes até mesmo na parede da artéria aorta. Estes
parasitas causam uma doença grave, presente
essencialmente nos países tropicais, na África do
Norte e na Europa meridional. Os cães infestam-se
ingerindo os hospedeiros intermediários, ou seja
coleópteros, mas, principalmente, pequenos
vertebrados.
Os animais atingidos apresentam sintomas digestivos esofágicos (regurgitações,
por vezes impossibilidade de deglutir) e gástricos (vômitos recorrentes, aumento da
sede). Podem ser observadas dificuldades respiratórias quando o parasita se encontra
na parede da aorta. O tratamento é muito difícil e baseia-se em anti-helmínticos sob
forma injetável, como a ivermectina. Dada a diversidade de hospedeiros intermediários
(vetores do parasita) responsáveis pela infestação do cão, é praticamente impossível
considerar a possibilidade de qualquer profilaxia.
Estômago e intestino
AUXILIAR VETERINÁRIO
50
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
Estes parasitas são estrôngilos, principalmente Ancylostoma caninum, nas
regiões quentes e Ancylostoma braziliense, nos países tropicais. Afetam,
principalmente, os animais que vivem em coletividade (fala-se, frequentemente, de
anemia de cães de matilha), mas outros cães também podem ser infestados. As larvas
dos estrôngilos do gênero Ancylostoma penetram através da pele ou são ingeridas
pelos cachorros com o leite materno. A infestação desenvolve-se em várias fases,
correspondentes às migrações das larvas no organismo. Inicia-se com uma fase
cutânea, durante a qual surgem pequenas borbulhas no abdômen do cão, que
desaparecem espontaneamente após cerca de dez dias. Em seguida, o
desenvolvimento dos adultos no intestino delgado é acompanhado por sintomas
digestivos, tais como a alternância diarréia/prisão de ventre e, depois, uma diarréia
persistente de odor fétido. Finalmente, o estado geral do cão degrada-se por causa da
anemia que se instala. Nas formas graves, a evolução pode resultar na morte do cão,
nquanto que nas formas benignas é possível uma cura espontânea.
Ancylostoma caninum
AUXILIAR VETERINÁRIO
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FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
Os parasitas exercem uma ação de espoliação sanguínea: os adultos fixam-se
à mucosa intestinal; absorvem um pouco de sangue e provocam um efeito de sangria.
É provável que exerçam também uma ação tóxica e uma ação no sistema imunológico,
tendo como conseqüência uma reação cutânea mais pronunciada em caso de
reinfestação, impedindo a migração das larvas. Por isso, o cão torna-se mais ou menos
resistente a estes estrôngilos.
As medidas de prevenção consistem, primeiramente, numa desinfecção do local.
As fêmeas gestantes podem ser tratadas preventivamente com fenbendazole, que
destrói as larvas. Os cachorros com 10 a 45 dias de idade também podem ser tratados
uma vez por semana e, em seguida, na 8° e 12° semanas nas áreas fortemente
atingidas por estes parasitas.
Intestino delgado
Os parasitas do intestino delgado incluem nematódeos da família dos
Ascarídeos (Toxascaris leonina) e Toxocarídeos (Toxocara canis), sendo estes últimos
transmissíveis aos seres humanos. Este parasita afeta principalmente os cães jovens
até um ano de idade. A infestação é realizada pela ingestão de ovos embrionados,
presentes na água ou nos alimentos, ou pela transmissão no útero da mãe aos seus
filhos, ou através do leite materno quando este contém larvas. Os animais em más
condições físicas gerais são mais receptivos, bem como aqueles que apresentam
determinadas carências alimentares.
Uma infestação maciça é responsável por sintomas gerais, tais como atraso no
crescimento, emagrecimento, mortalidade significativa nos cachorros de 3 a 7 semanas
de idade que foram maciçamente infestados antes do nascimento. Evidentemente,
estes cachorros apresentam sintomas digestivos: diarréia alternada com períodos de
prisão de ventre, vômitos levando à eliminação de parte dos parasitas, bem como um
inchaço abdominal mais ou menos acentuado. Outras complicações podem surgir sob
a forma de obstrução intestinal (por uma bola de vermes), ou até mesmo por uma
perfuração intestinal que levará a uma hemorragia ou a uma peritonite.
Além destes sintomas, os parasitas ingerem sangue e conteúdo intestinal, que
contêm elementos essenciais ao crescimento do cachorro. O diagnóstico é geralmente
fácil: o cachorro apresenta uma saúde geral debilitada, o seu abdômen está distendido
e é possível encontrar parasitas nas fezes ou nos vômitos. Por vezes, um exame
AUXILIAR VETERINÁRIO
52
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
coprológico pode ajudar no diagnóstico. Há vários antiparasitários disponíveis, sendo
os mais freqüentes o pamoato de pirantel, o nitroscanato e a ivermectina. A prevenção
consiste em tratar sistematicamente os cães jovens e destruir os vermes adultos
presentes nas mães. A destruição dos ovos no meio ambiente é extremamente difícil,
pois são de uma grande resistência.
Os cestódeos também parasitam esta parte do tubo digestivo. Tratam-se de
tênias, como o Dipylidium caninum, transmitido pela ingestão de pulgas. Este parasita
atinge cães de todas as idades, provocando-lhes um prurido anal intenso. O cão
esfrega a parte traseira no chão. Existem sintomas digestivos associados, como a
eliminação de anéis de parasitas – com a forma de grãos de arroz – nas fezes, que
podem ter um aspecto mais ou menos diarréico. As reinfestações são freqüentes e
favorecidas pelo fato dos ovos poderem colar-se aos pêlos e serem assim ingeridos
pelo cão. A ação de espoliação é extremamente fraca, os parasitas exercem
principalmente uma ação de irritação e de inchaço das glândulas anais.
Dipylidium caninum
A profilaxia consiste, em primeiro lugar, na eliminação dos hospedeiros
intermediários, ou seja, as pulgas e, em menor grau, os piolhos. Nos animais
parasitados, aconselha-se a utilização de cestocidas específicos, tais como o
praziquantel, ou de anti-helmínticos polivalentes, como o nitroscanato.
Intestino grosso
Os principais parasitas desta parte do tubo digestivo, mais exatamente do ceco e
do cólon, são nematódeos do gênero Trichuris. Os cães infestam-se pela ingestão dos
ovos, presentes no meio ambiente, sendo que os adultos aparentemente são mais
afetados. Quando existe uma infestação maciça, surgem sintomas como diarréia (que
pode ser hemorrágica), anemia, emagrecimento, etc.
AUXILIAR VETERINÁRIO
53
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
Trichuris vulpi
Os tricuros são hematófagos, exercendo por isso uma ação espoliadora, mas,
pelas lesões que causam, também podem permitir o desenvolvimento de bactérias. O
diagnóstico baseia-se no exame coprológico, revelando a presença dos ovos dos
parasitas nas fezes do cão. O tratamento consiste na administração de benzimidazois,
como o febendazole, durante três dias consecutivos ou de febantel durante o mesmo
intervalo de tempo. Contudo, as reinfestações permanecem freqüentes. Portanto, é
fundamental cuidar da higiene dos locais e dos alimentos.
Vermífugos
A título preventivo, os cachorros podem ser desverminados a partir das duas
semanas de idade. Utiliza-se um vermífugo polivalente – geralmente uma associação
de vários anti-helmínticos, o que permite obter um espectro de ação muito amplo – cuja
dose é adaptada ao peso do cão. Em seguida, trata-se o cão uma vez por mês até à
idade de 6 meses, depois 3 a 4 vezes por ano, dependendo se o cão sai muito ou não.
Também é possível proceder a um exame coprológico de ovos de helmintos e,
desta forma, identificar o antihelmíntico mais adaptado ao caso observado. Além disso,
deve-se considerar o temperamento do cão para adaptar a forma de administração do
vermífugo. Alguns estão disponíveis sob a forma de comprimidos, outros sob a forma
de pasta ou de líquido; são administrados numa única ou em várias vezes, o que pode
também influenciar a escolha do vermífugo.
AUXILIAR VETERINÁRIO
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FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
De qualquer forma, é essencial desverminar regularmente o seu cão,
especialmente nos casos em que vários cães vivem juntos e, principalmente, porque
existe um risco de transmissão aos seres humanos.
Aula 31 Os ectoparasitos
As afecções parasitárias externas atingem, essencialmente, a pele e a pelagem.
Elas podem causar eczemas, prurido ou queda de pêlo acentuada.
As pulgas
São insetos desprovidos de asas, cujo corpo é achatado lateralmente. As pulgas
do cão pertencem às espécies Ctenocephalides canis ou Ctenocephalides felis, dos
quais somente os adultos são parasitas. Encontram-se principalmente nos lugares
freqüentados pelo cão: estima-se que, num determinado momento, apenas 10 % das
pulgas estejam presentes na pelagem (o restante está no ambiente!). As pulgas são
muito prolíferas: as fêmeas põem numerosos ovos (às vezes mil ou dois mil) em alguns
meses. Como estes ovos não aderem à pelagem, caem ao solo e acumulam-se nos
tapetes, no chão, etc. Os ovos eclodem, libertando larvas que sofrem metamorfoses,
realizam mudas e transformam-se em ninfas. Depois, em condições favoráveis, o
adulto formado sai do casulo e torna-se um parasita no cão, chamado hospedeiro
definitivo.
A pulga adulta perfura então a pele do cão, utilizando as suas peças bucais, e
suga sangue, graças à sua probóscide, após ter inoculado saliva anti-coagulante. A
presença de pulgas é revelada pelos seus excrementos: trata-se de pequenos grãos
pretos que se encontram na pele do animal, especialmente na região dorso-lombar.
Correspondem ao sangue absorvido e, depois, digerido pelas pulgas.
As pulgas causam várias patologias no cão. Em
primeiro lugar, têm um papel patogênico direto, em
geral pouco incomodativo, que se limita às comichões.
No entanto, o cão pode desenvolver uma dermatite por
hipersensibilidade às picadas de pulga (DAPP), que se
traduz por um prurido intenso, levando à queda de pêlo
ou, até mesmo, feridas ao coçar, localizadas na parte
superior do corpo (sobretudo na região lombar). Esta
afecção é mais rara na estação fria, quando a atividade
das pulgas é menor. O seu papel patogênico indireto
consiste na transmissão de agentes patogênicos:
bactérias (como a responsável pela peste humana) e
parasitas do tubo digestivo (transmissão por ingestão
de pulgas adultas).
AUXILIAR VETERINÁRIO
55
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
Porque e como combater as pulgas do cão ?
Para combater um parasita é preciso
conhecer o seu desenvolvimento para poder agir
nas suas diferentes etapas. A larva desloca-se
para se abrigar da luz (numa casa: nos tapetes,
almofadas, rodapés, frestas do piso, cantos).
Depois de uma vida de 1 a 2 semanas, a larva
transforma-se em casulo que é muito resistente
ao tratamento e pode sobreviver cinco meses. A
eclosão do adulto a partir do casulo deve-se à
presença de animais ou de seres humanos.
Numa casa desabitada durante vários
meses, a eclosão de vários casulos pode ser simultânea, levando a uma invasão de
pulgas em algumas horas. Na maioria das vezes, o adulto ataca um gato ou um cão e
pica-o para se alimentar de sangue. As fêmeas são as mais vorazes: ingerem
aproximadamente 15 vezes o seu próprio peso em sangue (70 fêmeas ingerem 1 ml de
sangue por dia !). Durante os repastos sanguíneos, as fêmeas defecam e podem ser
encontrados excrementos de pulga na pelagem, como pequenos pontos pretos que se
tornam vermelhos em contacto com um papel úmido.
Além da espoliação sanguínea, as pulgas são frequentemente responsáveis por
alergias e também podem transmitir aos cães e aos gatos um verme achatado, muitas
vezes visto nos carnívoros adultos.
A maioria dos tratamentos anti-pulgas
aplicados aos animais (coleira, spray, pós...)
diminui o número de pulgas, mas esses
tratamentos geralmente não são suficientes para
as eliminar todas porque muitas vezes estas
ficam no meio ambiente. Por isso, recomendase geralmente associar dois tratamentos. O
primeiro, à base de inseticida, visa matar todas
as pulgas adultas nos cães e nos gatos que
vivem no local a ser tratado. Para tal, utilizam-se
produtos antiparasitas (piretróides) sob a forma
de spray ou spot-on, ou seja, através da
colocação na pele do cão de algumas gotas de
uma solução muito concentrada, contendo o
mesmo produto que o spray. Esta solução
difunde-se então por todo o corpo do animal e
permite matar todas as pulgas quando estas se
alimentam.
Este tratamento deve ser renovado todos os meses como manutenção. Existe
um outro método que visa esterilizar as pulgas durante o seu repasto sanguíneo, que
se realiza administrando ao cão um comprimido uma vez por mês. O segundo visa
matar as pulgas (com um inseticida) ou bloquear o seu desenvolvimento (com um
AUXILIAR VETERINÁRIO
56
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regulador de crescimento de inseto, o IGR, que significa "Insect Growth Regulator") no
meio ambiente.
Os carrapat os
Os carrapatos são ácaros de grandes dimensões (de
2 a 10 mm). Existe um grande dimorfismo sexual
relacionado com o fato do abdômen das fêmeas ser
fortemente dilatável, ao contrário do que acontece com os
machos. O seu corpo, de cor vermelho acastanhado, é
achatado, exceto depois de se alimentarem, quando se
torna globuloso. São parasitas intermitentes, estritamente
hematófagos, exceto alguns machos de algumas espécies
que não se alimentam.
Os carrapatos parasitos do cão são principalmente da espécie Rhipicephalus
sanguineus. São muito específicas do cão, visto que procuram fixar-se neste
hospedeiro (e apenas nele), em qualquer estado evolutivo (larva, ninfa ou adulto). O
carrapato fixa-se à pele do cão, de preferência onde esta é mais fina. Então, introduz
as suas peças bucais na pele e inocula uma saliva especial que se solidifica, formando
uma área de fixação muito resistente. Assim, o carrapato pode alimentar-se de sangue,
o que é facilitado pela injeção de uma saliva com propriedades anticoagulantes e
vasodilatadoras. Esta refeição é parcial para as larvas e as ninfas, bem como para as
fêmeas não fecundadas, mas torna-se muito significativa (até alguns mililitros) para as
fêmeas fecundadas.
As larvas, ninfas e adultos fazem apenas um
repasto sanguíneo, ao contrário dos machos, que se
alimentam em pequenas quantidades e várias vezes. O
carrapato pode libertar-se no final do repasto sanguíneo
graças a uma outra saliva, que dissolve a primeira. A este
período de vida parasitária sucede uma fase de vida livre,
dependendo das condições do meio ambiente.
No ciclo evolutivo do carrapato o período de
vida livre é consideravelmente mais lo ngo do que
o de vida parasitária. O carrapato do cão reproduzse geralmente no seu hospedeiro, depois a fêmea
enche-se de sangue e cai ao solo. Após várias
semanas, a fêmea põe alguns milhares de ovos e
morre. Conforme as condições do meio ambiente,
os ovos incubam durante um período mais ou
menos longo de algumas semanas, depois
eclodem. De cada ovo surge uma larva, que
aguarda sobre as folhagens a passagem do seu
futuro hospedeiro, o cão. Ela pode, então, fixar-se
nele e fazer a sua refeição de sangue, que dura
alguns dias e, depois, deixa-se cair novamente ao
solo. Após algum tempo no chão, a larva transforma-se em ninfa. O processo repeteAUXILIAR VETERINÁRIO
57
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
se: a ninfa alimenta-se, cai novamente ao solo e faz a muda para adulto, macho ou
fêmea. O ciclo completo é longo, considerando que requer a fixação do carrapato em
três hospedeiros; se as condições não forem ideais, pode durar até quatro anos. Além
disso, nem todos os ovos chegam ao estado adulto porque podem ser ingeridos em
diferentes fases do seu desenvolvimento por vários animais, principalmente durante a
sua vida livre.
Os carrapatos desempenham um papel patogênico direto importante, pela
irritação que provoca a penetração do carrapato e a sua saliva. Depois do carrapato se
desprender do hospedeiro, a pele do cão fica fragilizada. A lesão provocada pela
fixação pode tornar-se um foco de penetração de bactérias, conduzindo a mais
infecções. O repasto sanguíneo constitui uma espoliação sanguínea mais ou menos
intensa para o cão, podendo causar uma anemia severa em caso de infestação
maciça. Finalmente, a presença de carrapatos no cão pode provocar uma reação
tóxica, tanto local quanto generalizada. Conhecem-se, por exemplo, paralisias por
carrapatos na Austrália causadas pela espécie Ixodes holocyclus; sem tratamento,
levam à morte por paralisia dos músculos respiratórios.
A presença de carrapatos também tem
influência sobre a imunidade do cão. Quando
ocorre uma nova infestação, surge uma
hipersensibilidade que se manifesta por reações
violentas (prurido) no ponto de fixação,
dificultando a presença carrapatos que, aos
poucos, vão diminuindo em número. Observa-se o
aparecimento de uma imunidade adquirida. Os
carrapatos também podem transmitir vários
agentes causadores de doenças, seja através de
uma fêmea à sua descendência, seja de um
estado de desenvolvimento a outro, seja pela
combinação dos dois. Os carrapatos são
responsáveis pela transmissão de:
•
Babesia canis, agente da babesiose (também chamada piroplasmose)
•
Hepatozoon canis, responsável pela hepatozoonose
•
Ehrlichia canis, agente da erliquiose
•
Zoonoses, (doenças transmissíveis aos seres humanos) tais como a febre
escaro-nodular da Ásia, da África e da Europa meridional, causada pela
Rickettsia conori, e a febre maculosa, doença que ocorre no Brasil e estados
como Minas Gerais e São Paulo, causado pela Rickettsia riquettsi.
Como eliminar os carrapatos?
Se o cão estiver pouco infestado, é possível extrair os carrapatos uma a uma
com o auxílio de uma pinça, de preferência após ter deitado um pouco de éter sobre o
carrapato ou depois de passar um papel absorvente embebido em ivermectina.. Na
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58
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
verdade, é essencial que esta seja retirada, sob pena de ocorrer a formação de um
abscesso no local de implantação do parasita.
Se a infestação for muito intensa, deve-se então proceder a lavagens, utilizando,
por exemplo, piretróides ou amitraz, substâncias contra carrapatos. É aconselhável
cimentar o solo e as paredes dos canis e pulverizar com um insecticida adequado, de
modo a prevenir as infestações a outros grupos de animais. Existe também uma
vacina, cuja duração é de seis meses, que visa prevenir as parasitoses quando o cão
se desloca frequentemente a locais onde a população de carrapatos é grande, como
nas florestas ou matas.
EXERCÍCIOS
1. Cite algumas doenças transmitidas por pulgas aos cães.
2. Cite uma doença transmitida pela pulga ao ser humano.
3. Cite algumas doenças transmitidas por carrapatos aos cães.
4. Cite uma doença transmitida por carrapatos ao ser humano.
Aula 32 As doenças dos cães combatidas por
vacinação
Leptospiroses
São doenças contagiosas devidas a bactéiras
do gênero Leptospira; envolvem diversas espécies e
são transmissíveis ao ser humano. No cão, há dois
grupos principais, chamados sorotipos: são denominados
Leptospira icterohaemorragiae e Leptospira
canicola. Estas doenças ocorrem no mundo
inteiro, em particular nas regiões úmidas e nos
agrupamentos de cães.
AUXILIAR VETERINÁRIO
59
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
As leptospiroses manifestam-se sob
diferentes formas clínicas, conforme o
sorotipo envolvido. Em primeiro lugar, o
cão pode apresentar uma gastroenterite
hemorrágica, causada pelos sorotipos
acima citados. Esta gastroenterite existe
sob uma forma aguda: depois de cinco dias
de incubação, o cão torna-se abatido,
prostrado, anorético,
com polidipsia
(aumento da sede). Apresenta uma
hipertermia significativa durante dois a três
dias, ocorrendo depois uma hipotermia. A
palpação abdominal é muito dolorosa. Em
seguida, começa o período crítico, com
uma duração de cinco a seis dias, durante
o qual aparecem sinais digestivos (vômitos
que se tornam sanguinolentos, diarréias hemorrágicas), bem como hemorragias nas
mucosas e na pele, uma inflamação da mucosa bucal, que exala um odor fortemente
desagradável, e uma insuficiência renal aguda (diminuição da quantidade de urina
excretada, podendo esta estar manchada de sangue). Podem também surgir
complicações nervosas, oculares, cardíacas e pulmonares. Instala-se, então, uma fase
de coma que evolui para a morte.
Esta gastroenterite também pode existir sob uma forma hiperaguda: a doença
evolui para a morte em 48 horas, depois de um período de hipotermia acompanhado
por vômitos e diarréia, antes do cão entrar em coma.
Existe uma outra forma subaguda, com uma duração aproximada de duas
semanas, que pode resultar na cura do cão após a fase de gastroenterite.
Existe uma segunda forma, devida, neste caso,
unicamente à Leptospira icterohaemorragiae, denominada
de leptospirose ictérica. A incubação dura entre cinco a
oito dias, depois o cão apresenta febre durante dois dias
que é substituída, em seguida, por hipotermia, abatimento
e dores abdominais. O cão torna-se anorético. Ocorre,
então, a fase crítica, em que as mucosas assumem um
tom vermelho alaranjado, característica da icterícia. A ela
estão associados sintomas digestivos, diarreia e vómitos.
Esta forma evolui para a morte em cinco a quinze dias.
A terceira forma existente deve-se à Leptospira
canicola. Trata-se da nefrite por leptospira. Esta doença pode evoluir conforme duas
modalidades: rápida, com predominância de uma gastroenterite, ou lenta. Neste último
caso, a doença só pode ser diagnosticada na sua fase terminal, a uremia (forte
aumento do teor de uréia no sangue). O cão morre no final de uma fase de coma
urêmico.
Hepatite infecciosa canina
AUXILIAR VETERINÁRIO
60
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
O vírus responsável pela doença é denominado CAV 1: é um adenovírus canino
do tipo 1. Pode resistir durante aproximadamente dez dias no meio ambiente, mas é
destruído pelo calor e pelos raios ultravioletas. A doença pode existir numa forma
hiperaguda, aguda ou subaguda.
A contaminação pode ser obtida por simples contato entre um animal doente e
um cão sadio ou por contacto indireto, por intermédio de objetos contaminados ou
pelos alimentos. A cadela que amamenta também pode transmitir o vírus aos seus
cachorros, desencadeando a forma hiperaguda da doença. O vírus penetra
principalmente por via digestiva ou acessoriamente por via aérea. Apenas o cão e a
raposa são sensíveis a este vírus. Durante toda a doença, eles podem propagar o vírus
no meio ambiente através do sangue e das excreções. A urina pode ser responsável
pelo contágio durante vários meses após a cura. No organismo, o vírus multiplica-se
primeiramente nas amídalas e em diversos gânglios, e depois pode ou não disseminarse. O fato deste vírus poder permanecer localizado em certas regiões explica o grande
número de formas não aparentes.
A parvovirose
A parvovirose é uma doença contagiosa,
surgida nos Estados Unidos e na Austrália em 1978,
e que atualmente existe no mundo inteiro. É
causada por um vírus da família dos Parvoviridae,
muito resistente no meio ambiente. As espécies
sensíveis são exclusivamente os Canídeos.
Em geral, esta doença traduz-se por uma
gastroenterite hemorrágica. Depois de três ou quatro
dias de incubação, começa a fase crítica. Durante
esta fase, o cão está inicialmente prostrado e
anorético. Surgem, então, vômitos que precedem,
por pouco, o aparecimento da diarréia de aspecto
hemorrágico. Depois de quatro a cinco dias de evolução, as fezes assumem um
aspecto rosa-acinzentado, característico desta doença infecciosa.
A evolução pode ser hiperaguda, na qual o cão se desidrata de forma muito
significativa e morre em dois ou três dias, e aguda, com diminuição do volume
sanguíneo, ocasionada pela diarréia e vômitos. Neste caso, as infecções bacterianas
suplementares levam o animal à morte em cinco a seis dias. Os animais que não
morrem no quinto dia ficam curados.
A mortalidade mais significativa que se
observa é a dos cachorros de pouca idade com seis
a doze semanas, ou seja, no momento em que a
proteção conferida pelos anticorpos de origem
materna desaparece. Existe também uma forma
cardíaca, muito rara, que afeta exclusivamente os
cachorros de 1 a 2 meses de idade que não
receberam imunidade da sua mãe. Após um curto
AUXILIAR VETERINÁRIO
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período de dificuldades respiratórias, a doença evolui geralmente para a morte. Os
cachorros que sobrevivem conservam seqüelas cardíacas. Finalmente, vários cães
podem estar infectados sem apresentarem sintomas.
O contágio de um cão a outro pode ser direto, por contato entre os dois animais,
ou indireto, por intermédio dos objetos contaminados pelas fezes de um animal
contaminado.
A raiva
Esta doença infecciosa, inoculável, é
causada por um vírus da família dos
Rhabdoviridae. Este vírus é sensível ao calor e
desativado pela luz e pelos raios ultravioletas. É
conservado pelo frio. O vírus rábico possui uma
afinidade muito acentuada pelos tecidos
nervosos. A sua virulência depende da
glicoproteína G, molécula situada no vírus. Na
maioria dos casos, este vírus é inoculado no cão
quando ocorre um traumatismo (dentada,
arranhão) e multiplica-se localmente. Depois de
uma multiplicação no músculo, o vírus difunde-se
por todo o organismo e penetra nos nervos.
Os sintomas que se seguem à infecção pelo vírus são de origem nervosa,
levando sempre à morte do cão. Várias evoluções são possíveis após um contacto com
o vírus. Pode-se observar uma contaminação sem sintomas ou até mesmo, em casos
muito raros, uma infecção que se traduz por sintomas, mas tendo como resultado a
cura, com ou sem seqüelas e finalmente, em praticamente 100 % dos casos, uma
infecção normal levando a uma evolução para a morte.
Os animais perigosos são aqueles que se
encontram na última fase da incubação, quando o vírus é
eliminado pela saliva, bem como os animais que mostram
sinais clínicos da doença. Vários tecidos e órgãos
representam fontes do vírus rábico. Alguns deles contêm o
vírus que permanece no organismo, enquanto outros são
responsáveis
pela
excreção
do
vírus
sendo,
consequentemente, perigosos para os outros cães. Tratase principalmente da saliva; nela, a concentração em vírus
é muito elevada, o que explica o perigo das dentadas para
os outros animais. Os cadáveres dos animais mortos com
raiva também são perigosos, uma vez que o vírus
permanece muito mais tempo neles do que no meio
ambiente ou do que em objetos contaminados por um
animal raivoso. O contágio está essencialmente associado
às mordeduras, mas nem todas elas são necessariamente
contagiosas.
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62
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A cinomose
A cinomose atinge o cão em qualquer
idade e a sensibilidade à infecção varia de um
indivíduo a outro. Os cães contaminam-se na
maioria dos casos de forma direta, sendo que o
vírus é inalado e atravessa as vias respiratórias.
Depois da penetração do vírus no organismo,
este multiplica-se nas amídalas e nos
brônquios, disseminando-se a seguir por todo o
organismo em, aproximadamente, oito dias. A
partir desse momento, existem três modalidades
de evolução. Em metade dos cães, a resposta imunológica desenvolvida depois da
infecção é suficiente e o vírus desaparece.
Os animais curam-se após terem apresentado alguns sintomas relativamente
discretos. Entretanto, outros animais têm uma imunidade deficiente e estes cães
apresentam os sintomas característicos da doença. Finalmente, uma minoria parece
curar-se, mas está sujeita a sintomas nervosos após um mês.
A forma mais clássica da doença ocorre
da seguinte forma: a incubação dura entre três
a sete dias; durante esta fase, o cão não
apresenta nenhuma manifestação da infecção.
Depois, o vírus dissemina-se pelo organismo e
observa-se uma hipertermia (40° C), um
corrimento de líquido localizado nos olhos e no
nariz, por vezes, o aparecimento de pequenas
pústulas no abdômen. Esta etapa, que dura
dois a três dias, é seguida por uma fase
durante a qual o cão parece voltar ao estado
normal, exceto pela persistência de uma
conjuntivite.
Em seguida, entra-se na fase crítica, durante a qual se observa o maior número
de sintomas que evocam um ataque pelo vírus da cinomose. A temperatura permanece
elevada (aproximadamente 39,5°C), as mucosas estão inflamadas, depois observa-se
um corrimento nasal e ocular, diarréia e uma inflamação traqueobronqueal que se
traduz em tosse. O vírus pode localizar-se em diferentes locais: quando ocorrem
complicações devidas à presença de bactérias, estaremos em presença de uma rinite e
de uma conjuntivite, de uma broncopneumonia (que se traduz por tosse e dificuldades
respiratórias), de uma gastroenterite (provocando diarréia e vômitos) e de uma ceratite
(inflamação da córnea), podendo ocorrer complicações pelo aparecimento de úlceras.
Mais tarde, após a reação do sistema imunológico, o cão apresenta sintomas nervosos
que evoluem segundo duas modalidades.
Os sintomas podem aparecer rapidamente e observam-se então dificuldades de
coordenação locomotora, paralisias, convulsões e contrações musculares involuntárias.
Quando o aparecimento destes sintomas é mais demorado (até alguns meses), o cão
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também tem dificuldades em coordenar os seus movimentos locomotores e esta ataxia
evolui progressivamente para a paralisia; além disso, o cão apresenta contrações
musculares involuntárias e perturbações da visão. Existem diferentes modos de
evolução: o cão pode curar-se sem seqüelas e sem ter passado pela fase crítica; ele
pode curar-se, porém com seqüelas da doença, que podem ser nervosas, respiratórias
ou dentárias.
Existem formas diferentes da doença, que são chamadas de formas atípicas.
Uma variação é conhecida como uma forma cutâneo-nervosa, que se traduz por um
espessamento da trufa e das almofadinhas, escorrimento nasal e ocular e uma
hipertermia persistente. A evolução é lenta: em algumas semanas surge uma encefalite
que evolui para a morte. Existe também uma outra forma de encefalite que se instala
progressivamente nos cães idosos.
A tosse dos canis
Esta doença, designada de tosse
dos canis ou traqueobronquite infecciosa, é
uma afecção respiratória contagiosa,
caracterizada por uma tosse que pode
durar várias semanas. Esta síndrome devese à ação de um conjunto de
microrganismos (bactérias e vírus). É
encontrada, essencialmente, nos locais em
que estão reunidos cães de diversas
origens, mas, por vezes, também surge em
animais isolados, como após uma
exposição de cães, por exemplo. A principal
bactéria responsável é a Bordetella
bronchiseptica.
Ela intervém com freqüência em paralelo com uma infecção viral. O estado geral
do cão não se encontra debilitado: depois de aproximadamente três dias de incubação,
o animal apresenta tosse e um fluxo nasal de aspecto mais ou menos purulento. Vários
vírus também podem ser responsáveis por uma parte dos sintomas. O vírus da
Parainfluenza pode provocar uma ligeira inflamação da região rinofaríngea, bem como
uma tosse de alguns dias. Este vírus é muito contagioso. A doença é transmitida aos
cães presentes em redor. Finalmente, os Micoplasmas podem potencializar a ação dos
outros microrganismos, sem, no entanto, serem responsáveis pelo aparecimento dos
sintomas quando agem isoladamente.
A giardíase
A Giardíase é uma infecção causada por
protozoários que acometem, principalmente, a porção
superior do intestino delgado. É considerada uma
zoonose, ou seja doença transmitida ao homem pelos
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64
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animais.
Os sintomas mais comuns da doença nos animais são fezes moles, odor fétido e
algumas vezes diarréia acompanhada de dor abdominal, que pode ser intermitente e
aguda e muitas vezes associada à desidratação. Outros sinais incluem vômito,
cansaço, falta de apetite, perda de peso e anemia. O ser humano pode apresentar a
mesma sintomatologia canina, ou seja: diarréias freqüentes, vômitos, desidratação,
fraqueza, dores abdominais, podendo evoluir para problemas mais graves quando não
tratados.
Aula 33 Outras importantes doenças que
acometem os cães
A babesiose
Esta doença é causada por um parasita da família dos Protozoários (seres
formados por uma única célula), chamado piroplasma e, mais particularmente, Babesia
canis. Durante o seu ciclo, este parasita necessita de passar por um hospedeiro vetor
de forma a garantir a transmissão da doença de um cão a outro. Esse vetor é o
carrapato fêmea.
A incubação, correspondente ao período de
multiplicação dos parasitas no organismo do cão, dura
entre dois dias a duas semanas aproximadamente.
Durante esta fase, não se encontra nenhum piroplasma no
sangue. Após esta fase, os parasitas surgem no sangue e
os sintomas aparecem quase simultaneamente. Na forma
aguda da doença, o cão apresenta uma hipertermia muito
pronunciada, acompanhada por abatimento; a crise febril
dura, em média, seis a dez dias. Concomitantemente,
aparecem sintomas de anemia (descoloração das
mucosas), causada pela destruição dos glóbulos
vermelhos frente à multiplicação dos parasitas no seu
interior. Depois de alguns dias de doença, ocorre uma
hemoglobinúria: a urina cora-se de sangue (urina de
“coca-cola”).
Existem sinais clínicos atípicos, que podem ser manifestações de ordem
nervosa, respiratória, digestiva, cutânea ou ainda ocular. A evolução é curta, de no
máximo uma semana. Na ausência de tratamento, o estado do cão agrava-se e evolui
para o coma e, depois, a morte. Existe uma forma crônica que afeta principalmente os
adultos, podendo seguir-se à forma aguda. A febre é menos pronunciada, até mesmo
ausente, e, na maioria das vezes, o estado geral de saúde permanece bom. A anemia
está sempre presente e é bastante nítida. A evolução desta forma de babesiose é lenta
e existem possibilidades de complicações. Esta forma pode evoluir durante várias
semanas e resultar na morte do cão.
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A ehrlichiose
A ehrlichiose canina é uma importante doença infecciosa cuja prevalência tem
aumentado significativamente em várias regiões do Brasil. É transmitida pelo carrapato
Rhipicephalus sanguineus, e tem como agente etiológico a Erhlichia canis. Os sinais
clínicos observados são conseqüências da resposta imunológica face à infecção. De
acordo com estes sinais clínicos e patológicos, a doença pode ser dividida em três
fases: aguda, sub-aguda e crônica. O sucesso do tratamento depende de um
diagnóstico precoce. Varias drogas são utilizadas no tratamento da ehrlichiose sendo
que a doxiciclina é o antibiótico de escolha no tratamento desta infecção.
O ciclo da Ehrlichia é constituído de três fases
principais: (1) penetração dos corpos elementares nos
monócitos, onde permanecem em crescimento por
aproximadamente 2 dias; (2) multiplicação do agente, por
um período de 3 a 5 dias, com a formação do corpo
inicial; e (3) formação das mórulas, sendo estas
constituídas por um conjunto de corpos elementares
envoltos por uma membrana. Em uma mesma célula
podemos ter mais de uma mórula. Estas permanecem na
célula hospedeira por 3 a 4 dias para então serem
liberadas com a lise celular, e conseqüente morte desta.
Os diabetes
A "diabetes mellitus" caracteriza-se por um
aumento da concentração de glicose ("a çúcar")
no sangue e pela sua presença na urina do cão.
Em termos de sintomas clínicos, o cão diabético
aumenta significativamente a ingestão de líquidos,
urina em grande quantidade, come bastante e
sofre, por vezes, de cataratas a nível ocular.
Quando a doença evolui, o cão torna-se muito
magro e a urina adquire um odor característico
adocicado. Na ausência de tratamento, acaba por
entrar em coma e morrer. Um simples exame ao
sangue e à urina permite detectar esta doença.
Sem fornecer todos os detalhes de uma classificação médica complexa,
assinalemos que existem, no cão adulto, dois grandes tipos de diabetes mellitus, a
segunda resultando, aliás, da evolução da primeira: a diabetes não insulinodependente (para a qual a dieta por si só permite combater a doença) e a diabetes
insulino-dependente (neste caso, o animal deve receber diariamente uma ou várias
injeções de insulina e a alimentação – em especial o horário das refeições – adapta-se
a ela(s)).
No caso mais simples (no plano da alimentação, mas não no plano médico) da
diabetes dependente de insulina, uma alimentação tradicional, sem excesso de
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lipídeos, é suficiente: pode ser utilizado com sucesso um alimento hiperdigerível, como
alimentos rehidratáveis ou secos, o que permite aumentar o tempo de absorção de
carboidratos. Os açucares de rápida absorção (sacarose) não são recomendáveis; é
imperativo respeitar perfeitamente as horas das refeições definidas pelo Médico
Veterinário, em função do tipo de insulina utilizada, e nunca mudar a alimentação uma
vez estabilizada a diabetes.
Para a diabetes não insulino-dependente, o cão conserva uma certa capacidade
para regular a glicemia e é importante manter o nível de açúcar no sangue o mais baixo
possível depois das refeições, de forma a não forçar em demasia o pâncreas ao pedirlhe que produza grandes quantidades de insulina. Para tal, deve-se utilizar tanto um
alimento seco dietético completo hipocalórico ou um alimento a rehidratar, como uma
alimentação caseira composta por:
- glícidos de absorção lenta (arroz, massas),
- proteínas de excelente qualidade (carnes magras brancas ou vermelhas),
- fibras (alface, feijão verde, farelo, evitando as cenouras que são bastante
açucaradas).
As diarréias
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A alimentação pode intervir a dois níveis num problema de diarréia:
- pelo seu papel indutor, se estiver mal
preparada.
- pelo seu papel paliativo, se ajudar no
tratamento da diarréia em causa.
Desta forma, a alimentação pode
desencadear uma diarréia quando:
- a alimentação do cão é bruscamente
alterada, de um dia para o outro, sem
respeitar a necessária transição alimentar de uma semana;
- a quantidade de alimento fornecida é excessiva, ultrapassando as capacidades de
digestão do cão;
- a alimentação contém em excesso glicídios pouco digeríveis, o que conduz a uma
diarréia de odor azedo; acontece em determinados cães que não suportam o leite ou
que já não estão adaptados a ele, ou quando o amido do arroz ou das massas está
insuficientemente cozido. Os cães mais frágeis a este problema são as raças próximas
dos cães selvagens (cães nórdicos, Pastores alemães);
- a alimentação é rica em proteínas pouco digeríveis (carnes de má qualidade, tendões,
aponeuroses, cereais crus, carnes muito cozinhadas) que, ao chegarem ao intestino
grosso, vão "fermentar" e provocar a produção de diversas substâncias tóxicas,
causadoras de diarréias de odor pútrido.
No entanto, a alimentação pode igualmente
ajudar a prevenir ou a tratar certas diarréias, desde
que seja convenientemente utilizada. Assim, no
caso de uma diarréia aguda, impõem-se as
seguintes medidas:
- dieta de líquidos de 24 horas (sem sólidos mas
bastantes líquidos), de modo a prevenir qualquer
desidratação e permitir o repouso do intestino;
- fracionamento da alimentação (assim que cessa a
dieta, o fornecimento de pequenas refeições
permite um melhor funcionamento do sistema
digestivo);
- fornecimento de um alimento hiperdigerível de grande qualidade.
Os casos de diarréias crônicas (com uma duração de várias semanas) são mais
complicados de avaliar porque, conforme os casos, a adaptação da alimentação será
diferente; uma diarréia que tem por origem o intestino delgado, requer uma alimentação
hiperdigerível, enquanto que uma diarréia proveniente do intestino grosso necessitará
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68
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de um maior suplemento de fibras celulósicas, para aproveitar os seus efeitos
higiênicos. Na verdade, toda a arte do "nutricionista Médico Veterinário" revela-se no
tratamento alimentar de uma diarréia crônica.
As afecções oculares
O ectropion e o entropion
O ectropion é a eversão da pálpebra, estando a
borda livre separada da pálpebra. Assim, o olho está
constantemente exposto ao ar. É frequente no São
Bernardo, Cocker inglês e americano e nas raças de
lábios pesados e pendentes. O entropion é a
interiorização da borda livre da pálpebra em direção à
córnea. As raças atingidas são o Chow-Chow, o São
Bernardo, os Caniches pequenos, o Dogue Alemão, o
Shar-pei.
No entropion, a irritação local e a inflamação da córnea e da conjuntiva
provocam uma vermelhidão da conjuntiva e um corrimento transparente que pode se
tornar muco-purulento. O incomodo e a dor levam a um fechamento das pálpebras e a
um prurido que agrava os sintomas clínicos. Tardiamente, pode surgir uma erosão da
córnea. Os sinais clínicos do ectropion são uma congestão da conjuntiva com um
corrimento que pode infectar e tornar-se muco-purulento. As complicações são
nitidamente menos graves do que as do entropion.
Apenas uma cirurgia pode ser benéfica. Entretanto, aconselha-se a limpeza
regular (várias vezes por dia) dos olhos do cão com uma solução ocular fracamente
anti-séptica.
As cataratas
Refere-se à opacificação de uma ou de todas as
estruturas do cristalino, que impede os raios luminosos de
atingirem a retina. A brancura do cristalino e a diminuição da
visão são os únicos sinais da catarata. Só a consulta de um
Médico Veterinário pode melhorar a evolução da catarata. De
acordo com a gravidade, deverá ser adoptado um tratamento
médico ou cirúrgico.
O glaucoma
Trata-se de um conjunto de afecções que têm em
comum um aumento da pressão intra-ocular, colocando
em risco a visão e o futuro do olho. O olho parece
grande, como se estivesse a sair da cavidade ocular:
uma midríase total (pupila muito dilatada) com perda do
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reflexo fotomotor (a pupila não se contrai sob o efeito da luz); congestão significativa da
vascularização das conjuntivas (o olho está muito vermelho, os vasos grandes e
sinuosos). Consultar rapidamente o Médico Veterinário; o futuro da visão e do olho
estão em perigo.
As conjuntivites
São afecções inflamatórias das conjuntivas e da membrana nictante. As causas
podem ser alérgicas, infecciosas ou parasitárias. Sintomas: Vermelhidão, edema (por
vezes) e corrimento ocular que pode ser fluido, mucoso ou muco-purulento. Uma boa
higiene do olho com a utilização de um colírio de limpeza irá acalmar a inflamação.
Contudo, as causas só são realmente eliminadas após um tratamento recomendado
pelo Médico Veterinário.
As úlceras de córnea
São perdas de substância córnea, podendo afetar as diferentes camadas da
córnea. As suas origens podem ser diversas. A dor predomina (coçar ou esfregar o
olho no solo). Segue-se um fechamento do olho e um corrimento fluido de aspecto
muco-purulento. A córnea perde o seu aspecto brilhante e torna-se menos
transparente. Limpar os olhos com uma solução ocular ligeiramente anti-séptica que irá
acalmar a inflamação. Principalmente, não utilizar colírio ou pomada à base de
corticóides, que agravam a úlcera. É aconselhável consultar um Médico Veterinário,
que saberá diagnosticar com precisão e adotar um tratamento adequado.
Aula 34 Principais enfermidades dos gatos
Leucose e imunodeficiência felina
Os gatos são sensíveis a diversos agentes infecciosos responsáveis por
doenças por vezes fatais. À cabeça destes flagelos encontram-se três vírus: o da
leucose felina (FeLV), o da imunodeficiência felina (FIV) e o da peritonite infecciosa
felina (PIF).
O FeL.V. é veiculado por ocasião de
contactos, lambidelas e utilização de caixas
de areia comuns. Os animais mais expostos
são os gatinhos e adultos jovens com acesso
ao exterior e/ou que vivam em grupos.
A transmissão do F.I.V processa-se
essencialmente através de mordeduras. A
infecção por este vírus, raro nos locais de
criação, é mais frequente nas populações de
gatos vadios. O tipo de gato de maior risco é
o macho adulto não-castrado, com acesso
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ao exterior.
Os sintomas são muito variáveis e surgem após uma fase assintomática, durante
a qual o gato é contagioso. Surge depois anemia, com palidez das mucosas, o doente
cansa-se e perde o fôlego rapidamente. Devido a uma deficiência ao nível das defesas
imunitárias, o gato infectado pode sofrer todo o tipo de complicações: viroses
respiratórias, abscessos, diarréias crônicas ou ainda afecções cutâneas. Qualquer gato
que evidencie doenças reincidentes ou uma afecção resistente ao tratamento deverá
ser submetido a um teste de rastreio de retrovírus. São classicamente observadas
alterações reprodutivas assim como tumores, principalmente linfossarcomas.
Peritonite infecciosa felina
Familiarmente designada por P.I.F, deve o seu
nome a uma das formas que pode assumir: uma ascite,
ou seja, a acumulação de líquido no abdômen. O
agente causal pertence à família dos coronavírus.
A P.I.F. constitui um problema real e bastante
grave para os criadores, abrigos e gatis onde existe
uma grande concentração de gatos, principalmente se
entre estes também existirem crias.
A P.I.F. surge em gatos de todas as idades, com especial incidência nos jovens
(gatinhos e adultos até ao ano e meio). O vírus transmite-se principalmente por via orofecal: um gato sensível é contaminado pela boca (lambidelas, contactos com secreções
ou fezes do animal doente). Pode ocorrer transmissão aérea, mas ignora-se se as
pulgas ou outros insetos podem funcionar como agentes de contágio.
É provável que uma determinada proporção de gatos, uma vez contraído o vírus,
se tornem portadores sãos e que, ocasionalmente, o excretem durante uma situação
de stress, uma doença ou durante a reprodução. O vírus da P.I.F é muito resistente em
meio exterior (diversas semanas).
Afecções oculares e das
vias aéreas superiores
As mais graves são causadas por 2
vírus e uma clamídia, dos quais, apenas os
calicivirus conseguem resistir por mais de
48 horas no meio exterior (10 dias), apesar
do meio ambiente ter pouca influência no
contágio
que
se
processa
fundamentalmente gato a gato.
Os sinais clínicos são geralmente
designados pelo termo familiar e global
"coriza". Os sintomas comuns são a febre,
rapidamente seguida de conjuntivite,
lacrimejamento, espirros que, por vezes,
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71
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se complicam com secreções serosas a purulentas (secreções nasais abundantes) e
tosse. Alguns sinais particulares permitem distinguir, ocasionalmente, os diferentes
agentes mas as infecções mistas não são raras.
O herpesvirus do tipo 1 é responsável pela rinotraqueite viral, caracterizada por
espirros paroxísticos, descarga nasal e conjuntivite purulentas com úlceras na córnea e
lesões na língua.
Os sintomas da calicivirose, provocada
por um calicivírus, são variáveis dependendo
da estirpe e da resistência do animal. Nos
casos menos graves, a doença limita-se ao
aparecimento de úlceras na língua, no palato,
nos lábios e sulco mediano do nariz. A dor que
a acompanha, desencadeia a anorexia total: o
animal deixa de se alimentar. É observável
igualmente o corrimento ao nível dos olhos e
do nariz. Nas formas mais graves, desenvolvese também uma pneumonia que pode conduzir
à morte (em 100% dos casos nos gatinhos
jovens). De forma menos típica, pode
observar-se claudicação em conseqüência de
dores articulares e musculares, ou contração
dos dedos.
A reovirose, por ação de um reovírus, provoca sobretudo conjuntivite; as
complicações são raras. Não existe vacina.
Asma felina
O termo asma é utilizado para descrever os episódios reincidentes de tosse
paroxística, respiração sibilante e dispnéia. Esta síndrome evidencia muitas
semelhanças clínicas com a asma humana. A origem da asma felina inclui,
provavelmente, uma reação de hipersensibilidade à inalação de pneumoalergenos, que
provoca a contração dos músculos lisos das vias respiratórias e uma inflamação das
vias aéreas. Por vezes, a tosse é tão violenta que acaba por desencadear o vômito ou
a rejeição de líquidos digestivos. Alguns episódios graves requerem um tratamento de
urgência. Um gato em crise fica prostrado no solo, com os cotovelos afastados, o
pescoço esticado, de boca aberta e língua de fora, evidenciando por vezes uma
coloração azulada por efeito da cianose (oxigenação insuficiente). A afecção resulta de
uma hiperatividade das vias respiratórias que se traduz pela contração dos músculos
lisos (broncoespasmo) e uma inflamação por contacto com alérgenos aéreos. Os
antibióticos revestem-se de fraca utilidade neste tipo de afecção respiratória visto que a
origem não é infecciosa, exceto em caso de infecção secundária. Os anti-inflamatórios
esteróides geralmente permitem controlar a crise e a melhorar o estado do doente.
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72
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
Parasitoses e micoses externas
As doenças cutâneas do gato
provocadas por parasitas ou fungos são
numerosas e variadas. Os ácaros são
organismos microscópicos responsáveis
pela sarna ou pseudo-sarna.
As doenças cutâneas do gato
provocadas por parasitas ou fungos são
numerosas e variadas. Os ácaros são
organismos microscópicos responsáveis
pela sarna ou pseudo-sarna. Podem
existir insetos, como pulgas ou piolhos, na
pelagem dos gatos que dão origem a
doenças como a pulicose e a ftiriose. Os
dermatófitos são fungos filamentosos e
microscópicos que se alimentam da
queratina presente nos pêlos ou na
superfície da pele. Os dermatófitos são os
agentes responsáveis pela tinha. Alguns
agentes patogênicos atrás citados podem
ser transmitidos ao homem. Os ácaros
cheiletiela provocam o aparecimento de
pequenas pápulas no corpo (referimo-nos
ao "Prurigo da sarna"): a comichão é tão
intensa que frequentemente obriga a
consultar um dermatologista. É o médico
que, face às lesões observadas,
aconselha o dono a recorrer a um médico veterinário para eliminar os parasitas do
gato.
As pulgas dos carnívoros domésticos podem,
ocasionalmente, alimentar-se do sangue humano.
Finalmente, os dermatófitos, nomeadamente a espécie
observada no gato, são facilmente transmissíveis ao
dono. Estes podem provocar lesões na pele glabra,
designadas por herpes circinado, que consistem em
lesões circulares, mais freqüentes nos antebraços,
rosto ou pescoço. Ao contrário do que se passa com o
animal, a inflamação e o prurido deixam marcas.
De entre todas as afecções do gato, a infestação
por pulgas (pulicose) e a tinha merecem uma atenção
especial. Estas afecções são muito freqüentes e a sua
prevenção é bastante difícil, por vezes mesmo
impossível, principalmente quando se trata de uma
comunidade de gatos e não de um animal isolado.
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73
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
Hemobartonelose felina
Hemobartonelose (haemobartonellosis, anemia infecciosa felina) é causada por
uma ricketsia: Haemobartonella felis. É um parasita microscópico que invade as células
vermelhas do sangue, causando sua destruição.
Ele nem sempre produz doença, podendo
o
gato
ser
portador
assintomático.
Quando produz doença, se acopla a parede das
hemácias de forma cíclica.
A anemia que causa é regenerativa,
porque não causa dano à medula óssea, o que
deve ser levado em conta na hora do
diagnóstico.
Em muitos gatos a hemobartonelose
ocorre após stress.
O hematozoário é transmitido pela picada
do carrapato ou pulga. Outros modos de transmissão são via placentária, da mãe para
os filhotes, por mordidas e transfusão de sangue.
Fases da Doenças:
- Fase aguda: Esplenomegalia (aumento do baço)
- Fase crônica: febre; hematúria (sangue na urina);
mucosas descoradas pela anemia profunda;
epistaxe (perda de sangue pelo nariz); perda de
peso; redução do apetite; petéquias (pequenas
hemorragias subcutâneas); podendo ocorrer
hemorragia gastrintestinal (devido ao rompimento
de pequenos vasos) e icterícia; histórico de
infestação por carrapatos, pulgas.
Cerca de 1/3 dos gatos não tratados morrem
da infecção.
corticosteróide, a doença retorna.
Os animais se tornam portadores para o resto
da vida, mesmo se recuperando da doença. Em
casos de comprometimento do sistema imunológico,
por causa viral, stress ou administração de
Quando o gato está bebendo muita água
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74
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
A poliúria–polidipsia é um sintoma que se manifesta em inúmeras afecções,
entre as quais:
- Afecções renais (insuficiência renal crônica ou por vezes aguda, nefrite intersticial,
pielonefrite, reações após a remoção da obstrução);
- Afecções genitais (Piometra, Metrite);
- Afecções hepáticas (Insuficiência hepática);
- Afecções endócrinas (doença das supra-renais, diabetes mellitus, diabetes insipidus,
hipertiroidismo);
- Desequilíbrios eletrolíticos (hiper ou hipocalcemia;hiponatremia, hipocalemia)
- Conseqüências do tratamento (corticóides, diuréticos, alguns antibióticos);
- Excesso de sal nos alimentos
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75
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
Aula 35 - Zoonoses
Definição
Zoonoses são doenças de animais
transmissíveis ao homem, bem como aquelas
transmitidas do homem para os animais. Os
agentes que desencadeiam essas afecções podem
ser microrganismos diversos, como bactérias,
fungos, vírus, helmintos e rickéttsias.
O termo antropozoonose se aplica a doenças
em que a participação humana no ciclo do parasito
é apenas acidental, ou secundária, como ocorre na
hidatidose. Nessa p arasitose, o ciclo se completa
entre cães, que hospedam a forma adulta do
parasito, e carneiros, que abrigam a forma larvária.
O homem, ao ingerir os ovos provenientes do cão, passa a comportar-se como
hospedeiro intermediário, no qual só se desenvolve a forma larvária. O termo
zooantroponose se aplica a parasitoses próprias do homem, que acidentalmente
podem transferir-se para animais. É o exemplo da amebíase causada pela Entamoeba
histolytica, que acidentalmente pode manifestar-se em cães.
Existem, no entanto, muitos parasitos que não causam doenças em animais,
mas que, transmitidos ao homem, encontram nesse novo hospedeiro melhores
condições de desenvolvimento e multiplicam-se ativamente, aproveitando-se das
insuficiências defensivas desse último e acarretando graves lesões. As variantes dessa
situação, envolvendo o homem, o agente etiológico e os animais reservatórios, são
muito freqüentes na natureza.
Vias de transmissão
A transmissão das zoonoses
ocorrer através das seguintes vias:
pode
1 ) TRANSMISSÃO DIRETA: Um hospedeiro
vertebrado infectado transmite o parasita a
outro hospedeiro vertebrado suscetível através
do contato direto. Ex.: a raiva, brucelose,
carbúnculo hemático, sarnas, microsporidioses,
tricofitoses.
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FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
2) TRANSMISSÃO INDIRETA: Pode ocorrer através de diferentes vias:
2.1) Alimentos - Ex.: leptospirose, botulismo, carbúnculo hemático, brucelose,
tuberculose, salmoneloses, teníases, triquinelose.
2.2) Secreções - Ex.: Raiva, brucelose.
2.3) Vômitos - Ex.: leptospirose, peste, sarna, brucelose.
2.4) Artrópodes - Ex.: febre amarela, encefalomielite equina, tifo e peste.
Zoonoses de importância em Saúde Pública
Nos países em desenvolvimento a canalização de recursos está dirigida para a
assistência médica, resultando em inversões mínimas para a medicina preventiva. A
ocorrência de "doença" na população acarreta a baixa produção de bens e serviços
com a conseqüente redução dos níveis salariais. 0 baixo poder aquisitivo da população
conduz a padrões deficientes de alimentação, moradia inadequada e à diminuição do
nível de educação. Este ciclo vicioso, chamado de "ciclo econômico da doença", fechase com a ocorrência de mais doença, diminuindo ainda mais o potencial de trabalho da
população humana. Colateralmente, verifica-se uma pequena inversão de capital e de
conhecimento técnico na pecuária, favorecendo a ocorrência e disseminação de
doenças entre os anim ais, muitas delas de Caráter Zoonótico, agravando ainda mais a
já deficiente condição de saúde do homem. Em decorrência deste fato, verifica-se
baixa natalidade e elevadas morbidade e mortalidade nos rebanhos, gerando, em
conseqüência, a produção de bens e serviços cada vez mais baixos.
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FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
Para se aquilatar a importância das zoonoses em Saúde Pública, basta lembrar
que, das seis doenças em que a notificação dos casos é exigida universalmente, duas
pertencem a este grupo, a Peste e a Febre Amarela, e ambas ocorrem no Brasil.
Das doenças obrigatoriamente notificáveis de acordo com as Normas Técnicas
Especiais relativas à Preservação da Saúde, dez pertencem ao Grupo de Zoonoses a
saber: Febre Amarela, Peste, Leptospiros e, Raiva Humana, Carbúnculo Hemático,
Tuberculose, Brucelose, Ricktesioses, Arboviroses e Doença de Chagas.
De maneira geral, não existem muitos dados estatísticos disponíveis e
fidedignos sobre a ocorrência das diferentes zoonoses no Brasil. Vários fatores
contribuem para agravar esta situação, tais como, a grande extensão territorial, a
escassez dos serviços de saúde e de recursos médicos em muitas regiões, a deficiente
educação sanitária de grande parte da população e diversos problemas de esfera
administrativa e política.
Algumas zoonoses não constituem problema de saúde pública propriamente
dito, porque raros são os casos humanos até hoje descritos. A Febre Aftosa enquadrase neste contexto; embora não acarrete prejuízos diretamente à saúde pública é
responsável por grandes perdas na pecuária, e, implicitamente, à economia nacional.
A Raiva Urbana, por outro
lado, apresenta coeficientes de
morbidade e mortalidade baixos,
porém, constitui um grande problema
para a Saúde Pública em função de
letalidade no homem ser de100%. Via
de regra, nos casos de acidentes com
animais suspeitos, várias pessoas
são envolvidas, o que acarreta um
grande ônus ao Estado com o
tratamento preventivo aos expostos
ao risco de infecção. Em saúde
animal, na raiva silvestre (rural) os
prejuízos são decorrentes da perda,
às vezes, de grande número de
animais de um mesmo rebanho.
A raiva humana é doença extremamente grave, pois admite-se que todas as
pessoas acometidas por ela morrem, a despeito das medidas terapêuticas, inclusive de
caráter intensivo, instituídas. Por isso, a correta adoção de providências preventivas é
essencial. A raiva humana se manifesta após um período de incubação usualmente
compreendido entre 20 e 60 dias, com sintomas inespecíficos mal definidos: febre
moderada, cefaléia, insônia, ansiedade e distúrbios sensoriais, sobretudo ao nível da
mordedura. Em 24 - 48 horas, aparece a sintomatologia típica que, na raiva furiosa,
assume decurso dramático, caminhando inexoravelmente para a morte em 2-6 dias:
excitação cerebral, com crises de delírio e de agressividade, espasmos musculares
dolorosos, convulsões, paralisias, hiperemia (41-42o C) e asfixia terminal. Na
denominada paralítica, são pouco intensos os fenômenos espasmódicos e predomina a
paralisia, que pode ser ascendente (tipo Landry) ou descendente.
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FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
A Leptospirose, a Raiva, as Salmoneloses, a Brucelose e as Teníases ocorrem
em todos os Estados da Federação. As arboviroses apresentam elevada prevalência
nas zonas de matas, Amazônia principalmente, mas, levantamentos epidemiológicos
demonstram infecções humanas com ou sem manifestações clínicas, em outras
regiões, tal como o sul do país, Mato Grosso, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
A Hidatidose tem incidência primordial no Rio Grande do Sul atingindo ainda
Santa Catarina e Paraná e representa um grave problema de Saúde Pública. O mesmo
ocorre com a Cisticercose, que ainda constitui um risco permanente para os
consumidores de carne suína.
A Leptospirose apresenta prevalência moderada nos rebanho: bovino e suíno.
Por sua vez a Brucelose apresenta alta morbidade e baixa mortalidade; todavia é um
problema de saúde ao nível de grupos profissionais, tais como empregados de
matadouros, granjas leiteiras, veterinários e tratadores de animais, embora acarrete,
anualmente, consideráveis prejuízos à pecuária e a suinocultura. Sintomas no humano:
pode variar, desde casos leves quase sem sintomas, até outros com dor de cabeça,
febre, vômitos, mal estar geral, conjuntivite, “manchas escuras “na pele (petéquias
hemorrágicas), as vezes icterícia (“pele amarelada”), meningite, encefalite, e casos que
pode m chegar até a morte.
A Tuberculose, além dos prejuízos à indústria animal, determina a redução da
mão de obra humana disponível para o trabalho, porquanto após a alta hospitalar o
indivíduo nem sempre pode voltar às suas atividades anteriores como é o caso dos
trabalhadores braçais. Em razão dos fatos apresentados, pode-se concluir que
qualquer que seja a zoonose considerada, de maior ou menor gravidade para o homem
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FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
e para os animais, esta sempre contribuirá para diminuir a produção de bens e serviços
com todas as suas conseqüências.
Infecção e doença são coisas diferentes. A pessoa infectada é aquela que se
contaminou com o bacilo da tuberculose, mas não chegou a desenvolver a doença.
Doente é a pessoa que se contaminou e apresenta os sintomas gerais da tuberculose:
febre, canseira, emagrecimento, tosse e suadeira à noite. Nos casos em que a
tuberculose compromete outros órgãos que não sejam os pulmões (tuberculose extrapulmonar), os sintomas vão depender da localização da doença. Na tuberculose
intestinal podem aparecer, além dos sintomas gerais, queixas relacionadas com o
aparelho digestivo. Na tuberculose urinária aparecem sintomas relacionados com o
aparelho urinário e assim por diante.
Na tuberculose extra-pulmonar não existe risco de contágio. Como já dissemos,
e insistimos, a tuberculose só se transmite pelo ar, através da tosse. O
comprometimento de outros órgãos pelo bacilo da tuberculose é sempre secundário ao
processo pulmonar.
Outra importante zoonose, que não é de
notificação obrigatória é a toxoplasmose. É
uma doença infecciosa causada por um
protozoário chamado Toxoplasma gondii, ele
pode ser encontradado em fezes de gatos e na
carne
de
animais
contaminados.
Diferentemente do que se pensa, os gatos não
é o grande vilão desta doença, o protozoário
da toxoplasmose é liberado quando os gatos
infectados defecam na terra ou nas plantas. Se
as fezes forem ingeridas por outros animais,
este animal também estará infectado.
Apenas o contato com os gatos não transmite a doença, e sim o solo por ele
contaminado.
Os gatos domésticos dificilmente possuem o protozoário da toxoplasmose, já que
em geral, eles se alimentam de ração industrializada, assim o risco de um gato
doméstico contraria o protozoário é muito pequeno.
A doença pode determinar quadros variados, desde ausência de sintomas até
doença com manifestações graves. Os sintomas são muito variados, dependentes
também da imunidade do paciente.
O início dos sintomas pode variar de cinco a 30 dias após a contaminação.
Podemos distinguir algumas manifestações mais chamativas:
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•
Doença febril: febre e manchas pelo corpo como sarampo ou rubéola; podem
haver sintomas localizados nos pulmões, coração, fígado ou sistema nervoso. A
evolução dos sintomas tem curso benigno, isto é, autolimitado.
•
Linfadenite: são as famosas ínguas pelo corpo, mais localizadas na região do
pescoço e raras vezes disseminadas.
•
Doença ocular: é a doença mais comum no paciente com boa imunidade, inicia
com dificuldade para enxergar, inflamação, podendo até terminar em cegueira.
•
•
Toxoplasmose neonatal: infecção que ocorre no feto quando a gestante fica
doente durante a gravidez, podendo ser sem sintomas até fatal dependendo da
idade da gestação; quanto mais cedo se contaminar, pior a infecção. Por isso a
importância do pré-natal.
Toxoplasmose e AIDS/Câncer: como a imunidade do paciente está muito
diminuída, a doença se apresenta de forma muito grave, causando lesões no
sistema nervoso, pulmões, coração e retina.
Exercícios
1. Você conhece alguma outra zoonose que não foi citada anteriormente? Qual?
Aula 36 - Os sinais vitais
Sinais vitais são aqueles que evidenciam o funcionamento e as alterações da
função corporal. Dentre os inúmeros sinais que são utilizados na prática diária para o
auxílio do exame clínico do animal, destacam-se pela sua importância e por nós serão
abordados: a auscultação cardíaca, o pulso, a temperatura corpórea e a respiração.
Por serem os mesmos relacionados com a própria existência da vida, recebem o nome
de sinais vitais.
Auscultação cardíaca
Para realizar a auscultação cardíaca utilizamos um aparelho denominado
estetoscópio. Existem vários modelos, porém os principais componentes são: Olivas
auriculares: são pequenas peças cônicas que proporcionam uma perfeita adaptação ao
meato auditivo, de modo a criar um sistema fechado entre o aparelho e o ouvido.
- Armação metálica: põe em comunicação as peças auriculares com o sistema flexível
de borracha; é provida de mola que permite um perfeito ajuste do aparelho.
- Tubos de borracha: possuem diâmetro de 0,3 a 0,5 cm. e comprimento de 25 a 30
cm.
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FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
- Receptores: existem dois tipos fundamentais: o de campânula de 2,5 cm. que é mais
sensível aos sons de menor freqüência e o diafragma que dispõe de uma membrana
semi-rígida com diâmetro de 3 a 3,5 cm., utilizado para ausculta em geral.
Técnica: realize a auscultação em uma sala quieta,
sem barulho e com o paciente calmo. Posicione o paciente
em pé, se possível, de forma que o coração fique em sua
posição normal. Avalie o coração independentemente dos
pulmões; se for preciso segure o focinho do animal para
prender a respiração por alguns segundos. Primeiro
ausculte do lado esquerdo do tórax, depois do lado direito. O
local correto de se colocar o diafragma do estetoscópio é
embaixo das axilas do animal, ou onde você sentir a
pulsação do coração (faça isso colocando a mão sobre a
parede do tórax e procurando onde o coração “bate mais
forte”).
Conte as batidas durante 15 segundos e
depois multiplique por 4 para saber quantas
batidas por minuto (bpm) aquele animal
apresenta. Se auscultar algum ruído estranho
(um sopro por exemplo) avise ao veterinário.
Freqüências cardíacas
Calmo (ou adormecido)
Durante o exame
Exercício
Cão
50 a 90 bpm
80 a 160 bpm
230 bpm
Gato
90 a 120 bpm
140 a 220 bpm
230 bpm
Pulso
A palpação do pulso é um dos procedimentos clínicos mais antigos da prática
médica, e representa também um gesto simbólico, pois é um dos primeiros contatos
físicos entre o médico ou enfermeiro e o paciente.
Fisiologia: com a contração do ventrículo esquerdo há uma ejeção de um volume
de sangue na aorta, e dali, para a árvore arterial, sendo que uma onda de pressão
desloca-se rapidamente pelo sistema arterial, onde pode ser percebida como pulso
arterial. Portanto o pulso é a contração e expansão alternada de uma artéria.
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FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
Local: o melhor local para aferir o pulso nos animais é na artéria femoral, do
lado interno da coxa. Pode-se tentar aferir também nas carótidas (ao lado da veia
jugular) no pescoço. Conte as pulsações também em 15 segundos e multiplique por 4.
Verifique também se o pulso é forte ou se está fraco.
Temperatura
Sabemos ser quase constante, a
temperatura no interior do corpo, com uma
mínima variação, ao redor de 0,6 graus
centígrados, mesmo quando expostos à
grandes diferenças de temperatura externa,
graças à um complexo sistema chamado
termorregulador. Já a temperatura no exterior
varia de acordo com condições ambien tais. A
mesma é medida através do termômetro
clínico.
Local: o melhor local para medir a temperatura dos animais é no ânus, pois é a
que melhor reflete a verdadeira temperatura corporal.
O aparelho deve ser cuidadosamente introduzido, às vezes com uso de vaselina,
de modo que o depósito de mercúrio fique em contato com a mucosa do intestino (o
reto). Como muitos animais oferecem resistência à tomada de temperatura é
conveniente que a operação dure pouco tempo, com o emprego de termômetros
clínicos que em trinta segundos marcam a temperatura corretamente. É preciso que a
coluna do mercúrio seja previamente baixada de pelo menos um grau abaixo da
temperatura normal do animal em exame. Para facilitar a colocação, o termômetro deve
ser lubrificado com vaselina, óleo ou mesmo água. A introdução jamais deve ser
forçada a fim de que o animal não se assuste e quebre o aparelho com movimentos
violentos.
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FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
A temperatur a retal dos cães é: 35 a 37,2ºC na primeira semana de vida; 37,2 a
37,8ºC na segunda e terceira semanas; 37,5 a 39ºC na quarta semana; e 38,5 a 39ºC
da quinta semana em diante, inclusive nos animais adultos. Em cães adultos de grande
porte, vai de 37,4ºC a 39ºC, e em cães de pequeno porte de 38ºC a 39ºC. A
temperatura retal de gatos oscila entre 38ºC a 39,5ºC, sendo que em filhotes ela é um
pouco mais baixa.
Quando a temperatura dos animais está acima do normal ele está com febre, e o
termo técnico que deve ser utilizado é hipertermia. Quando a temperatura está abaixo
do normal, o animal está em hipotermia. Ambos os casos deve ser imediatamente
comunicado ao veterinário.
Freqüência respiratória
O ritmo respiratório, que também deve ser
regular, é verificado por meio da contagem do
número de modos dos movimentos do flanco ou do
tórax, por minuto. O número de movimentos
respiratórios aumenta muito após um exercício ou
esforço pesado, assim como em conseqüência do
susto, do medo e da excitação e quando o frio ou o
calor são extremos, em lugares de atmosfera
confinada e durante um ataque de febre, convulsão
ou eclampsia.
O normal para um cão de grande porte é de 14
a 30 movimentos por minuto, para um cão pequeno é
de 16 a 35, e para os gatos é de 20 a 40 movimentos
por minuto, quando os animais estão cal mos.
Aula 37 - Primeiros socorros para
Cães e Gatos
Introdução
A vida dos cães e gatos tem se tornado muito mais longa nos últimos anos por
várias razões tais como o progresso da terapêutica e utilização dos medicamentos
adequados, vacinações regulares com vacinas mais eficazes, as quais controlam as
doenças infecto-contagiosas, a alimentação cada vez mais aperfeiçoada, as visitas
regulares aos veterinários, etc.
Hoje em dia mais do que nunca, nossos animais de estimação gozam de mais
segurança, vivendo até dentro de casa, muitas vezes longe dos riscos de acidentes de
trânsito, traumas em geral e brigas com outros animais. Inclusive os proprietários
também começaram a se conscientizar de uma posse mais responsável de seus
animais, procurando controlá-los de uma forma mais segura através de confinamentos
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FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
adequados, ou mesmo a utilização de guias, tudo isso colaborando diretamente no
aumento da expectativa de vida.
Entretanto
é
indispensável
que
estejamos a par de medidas de emergência
que se devem tomar quando é preciso prestar
primeiros socorros. Quantas vidas de animais
não se veriam livres de complicações
ocasionadas
por
cortes,
fraturas,
envenenamentos, queimaduras e outros
acidentes, se houvesse no momento oportuno
alguém que pudesse prestar-lhes os devidos
cuidados!
Esta seção de Primeiros Socorros para
Cães e Gatos tem o intuito de dar uma primeira
noção ao auxiliar de veterinária do que fazer
num momento de emergência, enquanto não
consegue localizar seu veterinário de
confiança.
Obviamente não se tem a pretensão de esgotar todos os assuntos e muito menos
de, com estas breves informações, dispensar a completa atenção e experiência de um
atendimento veterinário.
Os objetivos dos primeiros socorros aqui descritos estão relacionados com
aquelas situações inesperadas de emergências, tendo como finalidade básica de
abranger as seguintes situações: de preservar a vida do animal, diminuir a dor e o
sofrimento, de se evitar outros ferimentos, de favorecer a recuperação e finalmente de
transportar o animal com segurança, segurança esta para o animal e para o
proprietário, a fim de receber o tratamento de um profissional.
Definição
Primeiro socorro é o tratamento imediato e provisório dado em caso de acidente
ou enfermidade imprevista. Geralmente se presta no local do acidente e, com exceção
de certos casos leves, até que se possa por o animal a cargo de um veterinário para
tratamento definitivo.
Exame do Animal
Geralmente se vê de imediato qual é o sintoma e/ou a lesão presente. No
entanto, sempre é conveniente um breve exame do animal para observar outros
sintomas e/ou lesões importantes, além daquelas evidentes. Com uma observação
mais cuidadosa, rapidamente se poderá determinar se há hemorragia, vômitos,
diarréia, perturbação na respiração, batimentos cardíacos fracos, perda dos sentidos,
AUXILIAR VETERINÁRIO
85
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
estado de choque. Obviamente deve se dar uma prioridade de atenção aos sintomas
mais graves, em vez de se buscar outras lesões de menor gravidade.
Primeiramente
observe
qualquer
mudança de comportamento: se o animal é
normalmente assustado e passa a querer
ficar ao lado do proprietário, pode ser que
não esteja se sentindo bem.
Examine a pelagem e os pelos do
animal, veja se está uniforme, se apresenta
regiões com falhas, prurido, lesões,
aumentos de volume, odor, etc.
Observe a posição do corpo, examine os membros. Se um membro apresenta
posição muito anormal, provavelmente há fratura ou luxação. Se a fratura for de
coluna, o caso é bastante sério podendo haver perda de movimentos dos membros
posteriores ou mesmo anteriores.
Examine o pescoço, a cabeça, se há ferimentos, saliências, depressões,
hemorragia. Observe os olhos, a boca, se há dentes quebrados, coloração das
gengivas, o hálito do animal, presença de queimaduras provocadas por algum produto
cáustico, corpos estranhos que possam prejudicar a respiração de um animal semiconsciente, os quais devem ser retirados imediatamente, se visualizados.
Se o animal não perdeu os sentidos e estiver com
muita dor, cuidado ao tocá-lo. Mesmo que seja bastante
manso, se a sensibilidade for grande, animal pode se
tornar perigoso. Sempre é bom salientar que nestes
casos de animais assustados ou sentindo dores, convém
limitar seus movimentos, aproximando-se com calma e
tranqüilizando-os com palavras de carinho, para se evitar
maiores acidentes. A primeira providência, em caso de
cães, é amordaçá-los com uma tira de tecido macio,
barbante ou algo semelhante. No caso de um gato
assustado, o mesmo pode ser contido com auxílio de
uma toalha, deixando uma pequena abertura para
respirar e evitando que ele arranhe, enrolando-o
completamente.
Observe o tórax, poucas vezes se vêem deformações do tórax por afundamento
das costelas, mas com freqüência, se houver fraturas das mesmas num caso de
atropelamento, por exemplo, produzirão muita dor até quando o animal respirar.
No abdômen um dos pontos mais importantes de ser observado é se há ou não
rigidez dos músculos da parede abdominal. Se houver poderemos estar diante de um
caso grave de ruptura de alguma víscera oca. Neste caso somente uma cirurgia
urgente poderá salvar o animal.
AUXILIAR VETERINÁRIO
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FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
Examine a cauda, o ânus, os órgãos genitais de seu
animal quando ele estiver saudável para reconhecer odores
normais e a anatomia das regiões. Qualquer aumento de
sensibilidade, variação na cor ou alteração nos odores é
importante de ser avaliado.
É preciso agir com rapidez, mas sem precipitação e ao
atuar com calma e segurança poderemos com estas
observações anteriores, as quais podem ser feitas em poucos
minutos, ajudar o animal até que um veterinário possa dar
continuidade ao que foi iniciado.
Sinais de choque
Independente da causa especifica, o choque é a emergência com o qual
podemos nos deparar com maior probabilidade e constitui uma grande ameaça à vida
do animal.
Em todas as emergências deve-se considerar sempre os sinais de choque
porque indica a gravidade do caso em questão. Sempre num momento de choque é
fundamental se manter a calma.
Os sinais de choque são os seguintes:
•
Gengivas descoradas ou brancas.
•
Freqüência cardíaca rápida (nos cães, superior
a 150 batimentos por minuto e nos gatos
superior a 250 batimentos por minuto).
•
Freqüência respiratória acelerada (mais de 30
movimentos por minuto no caso dos cães e nos
gatos respiração com mais de 40 respirações
por minuto).
•
Inquietação ou ansiedade.
•
Letargia ou fraqueza.
•
Temperatura corporal abaixo do normal (verifique a temperatura corporal
tocando o animal e observando se está mais frio do que o normal).
Providências para minimizar os efeitos do choque:
•
Deite o animal de lado com a cabeça estendida.
•
Erga a parte traseira do animal usando travesseiro ou toalha.
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FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
•
Estanque qualquer hemorragia evidente fazendo pressão com uma compressa
absorvente ou se necessário aplicando um torniquete.
•
Evite a perda de calor corporal cobrindo o animal com cobertor aquecido.
•
Importante: Não ofereça nada para beber ou comer.
•
Não permita que o animal, se consciente, fique perambulando, mantenha-o
confinado.
•
Leve o animal ao veterinário mais próximo, urgentemente. Se o animal estiver
em choque profundo, mantenha o animal deitado com os membros acima do
nível do coração.
Choque Anafilático
O choque anafilático é causado
principalmente por picadas de insetos ou
aranhas, medicamentos e às vezes também
por alimentos. Difere do choque anterior
porque o animal pode apresentar um
quadro destes somente após uma causa
específica como por exemplo: picada de
inseto ou aranha, ingestão de um
medicamento (oral ou injetável) ou produto
químico.
Os sintomas característicos que o animal pode apresentar são os seguintes:
vômitos e/ou diarréia repentinos, dificuldade respiratória, erupções na pele, sinais de
choque (como descrito anteriormente) e até óbito dependendo do caso. Tome as
seguintes medidas:
-
Mantenha as vias aérea s desimpedidas.
-
Se necessário faça respiração artificial e massagem cardíaca (caso ocorra
parada cárdio-respiratória).
-
Se perceber que existe líquido nas vias respiratórias (quando animal respira
percebe-se sons de material atrapalhando a passagem do ar), levante o animal
pelos membros posteriores para tentar, por gravidade, que as vias aéreas
fiquem desimpedidas.
-
Procure o veterinário urgentemente, para a utilização de medicamentos e
procedimentos que interrompam a ação dos sintomas alérgicos.
AUXILIAR VETERINÁRIO
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FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
Respiração Artificial e Massagem Cardíaca
Se por um curto período de tempo o
cérebro do animal não receba o suprimento
adequado de Oxigênio devido a uma parada da
respiração ou do coração, danos irreversíveis
ocorrerão, geralmente acarretando na morte do
animal. Num caso destes poderemos salvar a
vida do animal se aplicarmos as medidas que se
seguem.
São as seguintes situações que poderão
exigir uma respiração artificial ou massagem
cardíaca: hemorragia intensa, traumatismo grave,
principalmente na cabeça, envenenamento,
inalação de fumaça, parada cardíaca, choque,
asfixia, choque elétrico.
Uma observação importante é a de que somente faça estes procedimentos se for
evidente que o animal esteja inconsciente com uma parada cárdio-respiratória e que a
morte esteja iminente caso nada seja feito. Lembre-se: caso o quadro seja muito grave,
até os socorros mais adequados feitos por um profisional podem ser insuficientes para
salvar a vida de um animal.
Respiração Artificial
Caso o animal tenha parado de respirar:
-
Deite-o de lado, puxe a língua para fora e desobstrua as vias respiratórias.
-
Com uma da mãos ao redor do focinho e mantendo a boca do animal fechada,
sopre as narinas com sua boca até que o peito do animal se expanda
(respiração bo ca-a-focin ho).
-
Retire a boca até que os pulmões
esvaziem.
-
Repita este procedimento umas 15
vezes
por
minuto
(conte
aproximadamente até 4 entre uma
soprada e outra).
-
Se o coração não estiver batendo,
faça
massagem
cardíaca
juntamente com a respiração
artificial (ver abaixo).
-
Chame
o
veterinário
o
mais
AUXILIAR VETERINÁRIO
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FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
depressa possível.
Massagem cardíaca
Quando o coração do animal pára
de bater, este quadro também influi na
coloração das gengivas, as quais deixam o
seu tom róseo normal para um tom pálido
ou azulado. Faça o seguinte se perceber
que o coração do animal parou de bater:
-
Deite o animal de lado, de preferência com o lado direito para baixo e com a
cabeça mais baixa que o corpo. Segure o peito logo pós o membro anterior com
o polegar de um lado e os outros 4 dedos do outro lado, se o animal for
pequeno. Se o animal for de porte médio, faça a massagem com uma mão de
um lado e a outra do outro. Se for de porte grande ou obeso, deite o animal de
costas no chão e faça a massagem com ambas as mãos (uma em cima da
outra), sobre o esterno (osso que está no meio do peito).
-
Em qualquer dos casos acima aja com vigor (mas não com violência) tentando
impelir o sangue para o cérebro. Se não houver nenhum ferimento no animal na
região torácica, não se preocupe em estar machucando o animal.
-
Repita esta operação de 80 a 120 vezes por minuto. Nos animais pequenos o
coração bate mais depressa que nos animais maiores, leve esta informação em
consideração.
-
Faça a massagem cardíaca durante 15 segundos aproximadamente, em
seguida faça 10 segundos de respiração boca-a-focinho (ver acima).
-
Verifique o batimento cardíaco. Continue a fazer a massagem cardíaca até o
batimento normalizar, quando isso acontecer, preocupe-se com a respiração.
-
Chame urgentemente um veterinário.
Lembre-se: este tratamento é o chamado tratamento heróico. Muitas vezes
apesar de todos os esforços não se consegue salvar o animal, pois quando o quadro
chega neste ponto sempre podemos considerá-lo bastante grave. Entretanto, faça o
que puder e caso não tenha êxito, não se culpe.
Aula 38 – Primeiros Socorros para Cães e
Gatos (Continuação)
AUXILIAR VETERINÁRIO
90
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
Abordaremos em seguida algumas situações emergenciais mais comuns e
algumas dicas de procedimento (em ordem alfabética):
Afecções dos olhos
Todas as afecções dos olhos são
potencialmente perigosas. Um arranhão de menor
importância na superfície do olho, quando não
tratado pode infeccionar e causar perda da visão.
Olho está fora da órbita:
-
Não tente recolocar o olho no lugar.
Cubra com uma esponja ou pano limpo embebido em solução de água
açucarada e mantenha preso levemente à cabeça.
-
Mantenha o animal mais imóvel possível e procure ajuda veterinária rápida.
Secreção verde ou amarela:
-
São sinais de infecção, limpe os olhos com água morna ou colírio.
-
Fique atento a outros sinais de doença.
Queimaduras com produtos químicos:
-
Lave o olho afetado com água limpa durante vários minutos.
Proteja o olho com uma atadura até a chegada do veterinário
Afogamento
Embora a grande maioria dos animais saiba nadar, estas emergências ocorrem
quando eles caem em locais que não consigam sair como piscinas, canais ou poços
ficando exaustos ou em pânico.
AUXILIAR VETERINÁRIO
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FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
- Se possível salve o animal com uma vara ou galho de ponta curva, ou
aproxime-se dele de barco. Entre na água somente em ultimo caso, pois poderá
colocar em risco sua própria vida principalmente em se tratando de animais de
grande porte. Em caso de animais de pequeno porte leve algo com você para que o
animal possa agarrar.
- Se possível e se o animal estiver consciente, leve-o para terra firme e
mantenha-o aquecido. Se estiver inconsciente, drene a água dos pulmões, segurandoo, no caso de animais de pequeno porte, de cabeça para baixo de dez a vinte
segundos e dando várias sacudidas para baixo.
- Se o animal for maior e mais pesado, deite-o de lado com a cabeça num
plano inferior a dos pulmões, limpe resíduos da boca e puxe a língua para fora, caso
tenha parado de respirar ou o coração tenha parado de bater, faça respiração artificial
e/ou massagem cardíaca, conforme explicado no texto.
-Podem ocorrer problemas graves ou fatais horas após um acidente com
afogamento, se possível procure um veterinário imediatamente após o acidente para ser
avaliado.
Asfixia
Normalmente é um quadro que pode ser bastante grave a ponto de poder levar o
animal à morte. Entretanto precisamos tentar rapidamente descobrir a causa da asfixia
e ajudar o animal a respirar urgentemente. É importante lembrar que a asfixia pode ser
perigosa a quem estiver socorrendo o animal porque ele está num quadro
desesperador e de um estado normalmente calmo, pode se tornar agressivo. Tome as
seguintes medidas:
AUXILIAR VETERINÁRIO
92
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
-
Abra a boca do animal com cuidado para descobrir se há algum corpo estranho
e remova-o se possível. Às vezes um cabo de colher pode ajudar a arrancar um
osso preso no céu da boca.
-
Se o cão estiver inconsciente e for de pequeno porte, segure-o pelos quadris e
balance-o de cabeça para baixo para que a gravidade auxilie.
-
Faça respiração artificial e/ou massagem cardíaca se perceber que o caso é
grave (ver texto).
Choque elétrico
Se for forte, o choque elétrico pode causar
de imediato uma parada cardíaca, além de
queimaduras na parte afetada do corpo.
Freqüentemente, a causa mais comum para a
eletrocussão em animais de pequeno porte está
ligada a mastigação de fios elétricos, porém os
contatos com linhas de força ou relâmpagos
também causam acidentes fatais.
Eventualmente, fios desencapados no chão,
ao entrar em contato com urina, podem causar um
choque grave.
•
Verifique se os movimentos cardíacos e respiratórios estão presentes, caso
contrario faça respiração artificial pressionando o costado do animal em
movimentos rítmicos por alguns minutos (ver no texto anotações sobre
respiração artificial e massagem cardíaca).
•
Se houver apenas lesões ou queimaduras na mucosa oral, trate com
compressas de água fria.
Bicheira (Miíase)
Afecção bastante comum nas regiões em que apresentam vegetação e criações
de animais domésticos como por exemplo, bovinos, eqüinos, suínos, aves, cujas
instalações sejam atrativos para moscas.
A popularmente chamada bicheira é uma lesão ou lesões causadas por larvas de
moscas que acometem os animais muitas vezes enfraquecidos, debilitados e com
pelagem molhada. Seus locais favoritos para colocar os ovos são a região perinasal,
periocular, peribucal, perianal e a genitália, ou as proximidades de ferimentos
negligenciados. As moscas varejeiras (apresentam várias espécies, algumas delas
parasitas obrigatórios de tecidos vivos) aproveitam ferimentos já existentes e colocam
seus ovos, havendo então uma infestação larval. Estas larvas são altamente
destrutivas produzindo lesões com forte odor, muitas vezes formando verdadeiras
AUXILIAR VETERINÁRIO
93
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
“cavernas” sob a pele. A gravidade deste tipo de lesão está relacionada ao local onde
existe o processo e a sua extensão. A miíase quase sempre é o reflexo de negligência
no tratamento do animal.
Existe também outro tipo de miíase provocada pela mosca do berne, cujas larvas
não necessitam de que o tecido do animal apresente lesão. As larvas penetram
ativamente na pele íntegra e desenvolvem abscessos císticos, encimados por um poro
respiratório e por onde as larvas, depois que completam seus ciclos, saem para
empupar.
O tratamento, obviamente dependendo do tamanho da lesão, é relativamente fácil
de ser feito. Entretanto muitas pessoas querendo tratar o animal sem o saber ou
seguindo palpites de leigos pioram o quadro utilizando produtos cáusticos, cuja ação
agrava ainda mais o processo.
Deve-se tentar retirar o máximo de larvas possíveis, com o auxilio de uma pinça e
de produtos larvicidas. Dependendo do local e da agressividade do animal, o mesmo
deve ser sedado.
Constipação
Também conhecido como prisão de ventre é mais freqüente em animais velhos
devido ao funcionamento intestinal ser mais lento, porém os jovens também podem ser
acometidos no caso de ingestão de objeto não digerível como por exemplo, pedaço de
osso grande, brinquedos de crianças , chupetas, etc. Alterações anatômicas como
hérnias, aumento do volume prostático ou mesmo uma bola de pêlos que se forma no
intestino dos felinos devido o ato de se lamber constantemente também podem causar
a constipação.
- Nos casos leves poderemos adicionar óleo mineral no
alimento dos animais na proporção de uma colher das de
chá para cada 5 kg de peso corporal até percebermos a
diminuição dos sintomas. Entretanto sempre é bom
informar ao veterinário sobre o caso assim que puder
para ver se há necessidade de uma Radiografia ou Ultrasom abdominal (pode haver algum tipo de obstrução
intestinal e num caso destes a saúde se deteriora
rapidamente).
- Nos casos graves onde há distensão abdominal evidente, esforço para
evacuar sem conseguir, dor deve-se avisar imediatamente ao veterinário.
Convulsões e ataques
De forma geral as convulsões são comuns a uma variedade enorme de situações
que provocam o distúrbio neurológico, porém quando os quadros aparecem de forma
freqüente podemos estar diante de uma epilepsia. Outras possibilidades que poderiam
AUXILIAR VETERINÁRIO
94
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
causar as convulsões são intoxicações, alterações metabólicas como hipoglicemia
(diminuição do teor de glicose do sangue), infecções virais ou bacterianas, tumores
cerebrais etc, de qualquer forma muitas vezes fica difícil determinar a causa com
exatidão, sendo somente possível através de exames.
A crise convulsiva pode ser
classificada como grande mal ou pequeno
mal. Grande mal quando o quadro é forte,
muitas vezes ocorrendo com o animal
deitado, contorcendo-se e batendo as patas
como se estivesse pedalando. Pequeno mal
quando a convulsão é mais fraca, de forma
que o animal fica andando em círculos,
compulsivamente, aparentemente cego e
contorcendo-se levemente.
-
Proteja o cão com almofadas para evitar o atrito com superfícies duras e
mantenha-o em confinamento em ambiente pequeno em silencio e a meia luz.
-
Cuidado, não ponha a mão dentro da boca do animal no momento da crise; num
momento de convulsão o animal pode fechar a boca vigorosamente e pode
machucá-lo.
-
Se o ataque durar mais de quatro minutos, envolva-o em pano de algodão para
evitar a hipertermia e chame imediatamente o veterinário. Registre o tempo do
ataque e o que o animal fazia antes do seu início, porque isto poderá ajudar no
diagnostico.
-
Uma outra situação singular é a da fêmea em lactação. Podemos ter um quadro
de incoordenação e tremores musculares com aumento do ritmo respiratório.
Isto ocorre devido a problemas metabólicos (eclâmpsia), sendo necessário neste
caso socorro veterinário de imediato, pois o quadro é fatal se não socorrido a
tempo.
Aula 39 - Primeiros Socorros para Cães e
Gatos (continuação)
Ferimentos
Ferimentos com lesão da pele provocando uma solução de continuidade com o
meio externo geralmente infeccionam e necessitam de tratamento à base de
antibióticos e antinflamatórios. Os ferimentos profundos devem ser tratados sempre
como potencialmente fatais. Os ferimentos superficiais (escoriações, contusões e
AUXILIAR VETERINÁRIO
95
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
lacerações) apresentam graus diferentes de gravidade a qual somente um profissional
pode saber.
Mordedura de animais:
Se o animal estiver em choque ou com perfuração do abdômen e órgãos
internos expostos, evite que o animal se lamba e leve-o imediatamente ao veterinário.
Ferimentos à bala:
Acalme o cão, amordace-o e contenha as hemorragias.
Fraturas
As fraturas ou lesões nos ossos são quase tão comuns como os ferimentos e
freqüentemente estão a eles associadas. Podem ser causadas por quedas, brigas,
atropelamentos, etc. A fratura pode ser exposta (quando a pele fica aberta), geralmente
mais grave pois pode infeccionar ou fratura comum, em que o osso não atravessa a
pele. Existem também os entorses, quando a articulação é apenas forçada, mas não há
desarticulação e a luxação, em que o osso escapa da articulação, provocando uma
verdadeira desarticulação e neste caso o processo é tão doloroso e perigoso quanto
uma fratura. Sempre é aconselhável se evitar que uma fratura comum fique se torne
uma fratura exposta.
Em se falando de fraturas, entorses ou luxações
orientamos as seguintes providências:
-
Amordace o animal para evitar maiores acidentes.
-
Se possível observe qual a região do corpo que
está afetada, se o animal apóia o membro, se apóia
mas claudica (manca), etc.
-
Se o membro afetado está muito dolorido enrole
uma atadura para que não fique balançando
enquanto transporta o animal.
Em todos os casos de fraturas, como norma geral, deve ser providenciado um
apoio para diminuir a dor. Não tente reparar a fratura e muito menos faça massagem
ou utilize anti-sépticos. Uma tala mal colocada pode prejudicar a circulação sangüínea
e provocar danos mais sérios. Todos estes serviços devem ser feitos por um
veterinário, acompanhado de anestesia e chapas radiográficas.
AUXILIAR VETERINÁRIO
96
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
Hemorragias
As hemorragias podem ser internas e externas. As internas embora não são
evidentes como as externas, mas também são igualmente importantes. Dependendo
do local em que houve a lesão e dos vasos comprometidos obviamente a hemorragia
será mais ou menos intensa.
choque.
-
De forma geral as pequenas
hemorragias se forem devidamente
estancadas com compressas frias ou
faixas compressivas podem ser
contidas.
-
Já
as
grandes
hemorragias
necessitam de intervenções mais
drásticas como suturas, cirurgias
mediante
anestesias
gerais
cuidadosas devido à perda de sangue.
Caso o animal apresente hemorragia
severa o animal pode entrar em
Acidentes por animais peçonhentos
Cobras:
Os animais mais freqüentemente
são picados por cobras do que os
humanos. Dependendo do tipo da
peçonha da cobra varia a ação do
veneno. As do gênero Crotalus, as
cascavéis costumam provocar sintomas
neurológicos, as do gênero Bothrops,
abrangendo as jararacas, jararacuçus,
urutus, etc. costumam provocar uma forte
lesão e posterior necrose local devido a
ação proteolítica do veneno. Em ambos
os casos de picada de cobra, poderemos
ter os seguintes sintomas: tremores,
excitação, vômitos, prostração, salivação,
pupilas dilatadas, pulso acelerado.
AUXILIAR VETERINÁRIO
97
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
Aranhas e Escorpiões:
As aranhas e escorpiões picam com mais dificuldade os animais do que as
cobras devido à proteção que os pelos proporcionam. Entretanto em casos de
acidentes com estes artrópodes os sintomas mais comuns são dor intensa no local,
inflamação, vômitos, convulsões, espasmos musculares, dificuldades respiratórias e
em casos mais graves até paralisia.
Em todos estes casos de Mordeduras e Picadas, as principais providências a
serem tomadas são as seguintes:
-
Procure reduzir ao mínimo o movimento do animal.
-
Se souber onde foi o acidente lavar o ferimento cuidadosamente com água fria.
-
Mantenha o animal calmo e chame rapidamente um veterinário para uso de soro
anti-ofídico (no caso das picadas de cobra) e medicamentos apropriados, os
quais se forem ministrados a tempo podem salvar a vida do animal.
Parada Cardíaca
A parada cardíaca é mais freqüente em algumas raças de cães de grande porte
ou aquelas que tenham uma predisposição genética. Entretanto, geralmente quando
estamos diante de uma parada cardíaca, ela se deve a alguma outra crise mais grave
que precisa ser superada para que o animal sobreviva. Enquanto se chama o
veterinário, deve-se fazer massagem cardíaca e se parou de respirar, também
respiração artificial (ver texto de massagem cardíaca e respiração artificial).
Perda dos Sentidos
É raro ocorrer este tipo de
problema nos animais, um suprimento
deficiente de energia (hipoglicemia) ou
Oxigênio para o cérebro ou alterações
cardíacas podem provocar um quadro
deste.
Entretanto
as
principais
providên cias a serem tomadas numa
situação dessa são as seguintes:
Puxe a língua do animal para fora
para garantir uma boa respiração.
-
AUXILIAR VETERINÁRIO
Avalie
a
coloração
das
gengivas para ver se há um
98
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
bom suprimento de Oxigênio (quando falta Oxigênio as gengivas e outras
mucosas ficam arrocheadas).
-
Se o animal recobrou-se dos sentidos, informe urgentemente o veterinário
fornecendo se possível os dados do desmaio, ou seja: duração, momento, local
do episódio, etc.
Queimaduras
As
queimaduras
podem
ser
provocadas
principalmente pelas seguintes causas: calor, produtos
químicos ou eletricidade. As queimaduras mais graves
podem levar o animal a um estado de choque e óbito,
portanto necessitam de um tratamento veterinário urgente.
Num momento de emergência, faça o seguinte:
- Imobilize o animal.
-
Lave a região afetada com água fria, de preferência com um suave jato de
chuveiro imediatamente após o acidente para reduzir os danos nos tecidos.
-
Remova o produto químico, caso seja o causador da queimadura (use luvas).
-
Coloque sobre a queimadura alguma atadura que não cole na lesão (evite
colocar algodão).
Torção de Estômago ou Timpanismo
Ocorre frequentemente nos cães de grande porte como fila-brasileiro, dog
alemão, mastim napolitano, mastiff, etc. Este quadro é provocado pela ingestão
excessiva de alimentos ricos em carboidratos (principalmente quando o animal é
alimentado uma só vez ao dia) e logo após exercício físico. É mais comum em cães
mais velhos, mas também pode ocorrer nos jovens, pois fatores genéticos e ambientais
também influem.
O estômago se enche de gases e o animal impossibilitado de eliminá-los. Com o
passar do tempo, estes gases começam a empurrar o diafragma (músculo que separa
o tórax do abdômen) para frente afetando a respiração. É um quadro bastante grave,
procure um veterinário urgentemente, pois caso o animal não seja socorrido a morte é
certa e rápida.
Venenos
Ingestão de venenos:
AUXILIAR VETERINÁRIO
99
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
Os cães são muito mais susceptíveis a envenenarem-se do que os gatos, pois os
gatos são bem mais prudentes com o que comem. Entretanto todos podem estar
sujeitos a se intoxicarem e dependendo do porte do animal, do veneno e da quantidade
ingerida, teremos a gravidade do caso. Alguns produtos podem provocar efeitos
desagradáveis temporariamente, outros podem ser fatais após sua ingestão num curto
período de tempo, caso o animal não seja socorrido a tempo.
Como medidas gerais faça o seguinte:
-
Verifique se as vias respiratórias estão desimpedidas
-
Se o veneno ingerido nas últimas 2hs não foi um produto alcalino, ácido ou
derivado de petróleo provoque vômito dando sal grosso ou Água Oxigenada 10V
(2,5ml a 5,0ml a cada 15 minutos), até que ocorra o vômito. Somente dê algo
oral se o animal estiver consciente.
-
Dê carvão ativado em água (encontrado em farmácia, não é o carvão de uso
domiciliar).
Sintomas produzidos por Inseticidas a
base de Carbamatos: Agitação, Contrações,
Salivação, Convulsões e Coma.
Sintomas produzidos por Inseticidas a
base de Organofosforados: Fraqueza dos
Membros
Posteriores,
Dificuldade
Respiratória,
Tremores
Musculares,
Salivação e Aumento na Produção de Urina e
Fezes.
Raticidas:
Há vários tipos de raticidas, os mais comuns são os que produzem hemorragia
interna (anticoagulantes). Geralmente na embalagem contêm especificações com
relação ao tipo de produto. O animal pode se intoxicar ingerindo a própria isca ou
comento o rato envenenado.
Os sintomas principais produzidos pelos raticidas são os seguintes: Vômitos,
Letargia, Anemia, Sinais de hemorragia interna, gengivas pálidas e feridas na pele.
-
Se o animal acabou de ingerir o veneno provoque vômito e dê carvão ativado,
até a chegada do veterinário;
Aula 40 - Princípios cirúrgicos gerais
AUXILIAR VETERINÁRIO
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FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
O sucesso de uma operação cirúrgica depende não só da compreensão dos
princípios básicos de divisão de tecidos, hemostasia e fechamento da ferida (atributos
do médico veterinário), como também de um centro cirúrgico bem equipado, mantido
por equipe treinada, que tem uma rotina organizada e estabelecida para esterilização
de instrumentos e para preparo e assistência ás operações.
Nenhum centro cirúrgico fornece todas as exigências ideais, mas isto não é
desculpa para não se procurar os padrões de assepsia, os mais aceitáveis possíveis,
dentro das instalações do cent ro e do equipamento disponível.
São vários os tipos de operações além daquelas realizadas em tecidos
normalmente não-infectados, como ováriohisterectomia de rotina e a maioria dos
procedimentos ortopédicos; operações no aparelho gastrointestinal, durante as quais o
contudo intestinal pode contaminar tanto os instrumentos como as mãos do cirurgião e
do assistente; e finalmente exploração de tecidos excessivamente infectado, como
abscessos e fístulas.
Deve
ser
regulamento
preestabelecido que nenhuma pessoa
terá permissão para entrar no centro
cirúrgico sem primeiro vestir a
indumentária protetora apropriada, que
deve incluir sapatilhas, gorro, máscara
e avental.
Preparação do pessoal
Todos que adentrarem o centro cirúrgico devem passar por uma rigorosa
assepsia, que inclui limpeza com escova, sabão iodado, colocação de avental e luvas.
Primeiramente deve-se retirar todos os anéis, alianças, pulseiras, relógios, ou
qualquer outro objeto que seja potencialmente contaminante. Os antebraços e mãos
são esfregados com uma escova de unhas convencional, no mínimo 3 minutos, com
atenção especial às unhas e entre os dedos. Deve-se enxaguar as mãos e antebraços
de cima para baixo, de modo que o fluxo de água vá das mãos para o cotovelo.
Preparação das mesas de instrumentos
Se as mesas são preparadas para uma série de operações é impossível garantir
sua esterilização mesmo se forem cuidadosamente cobertos; portanto, as mesas de
instrumentos devem ser preparadas antes de cada operação.
AUXILIAR VETERINÁRIO
101
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
Deve-se limpar a superfície da mesa com solução anti-séptica, como por
exemplo álcool 70%, álcool iodado, solução de cloro, etc. Depois cobre-se a mesa com
um pano de campo esterilizado.
A bandeja esterilizadas com todos
os instrumentos necessários para aquele
tipo de cirurgia só deve ser aberta no
momento
da
preparação
dos
instrumentos na mesa. Estes devem ser
“derramados” sobre a mesa já coberta
pelo pano de campo, para só depois,
alguém já com luvas estéreis, possa
arrumar os instrumentos de forma
adequada.
Na hora de secar, comece pelos dedos, depois as mãos, punhos, antebraço e
por último os cotovelos, seguindo sempre esta ordem. As toalhas também devem estar
esterilizadas.
Preparação para a cirurgia
Tendo o (a) enfermeiro(a) ou auxiliar preparado a mesa de instrumentos,
colocado o avental esterilizado e calçado as luvas, deve agora arrumar os
instrumentos. Estes devem ser dispostos de maneira que se possa dar assistência ao
cirurgião durante toda a operação.
A mesa deve conter pinças hemostáticas (também chamadas “mosquito”),
pinças de Allis, pinças de Kocher, cabos de bisturi, tesouras de Mayo (retas e curvas),
pinças de dissecação (lisas e denteadas), afastadores, porta-agulhas além de
compressas de reserva e materiais de sutura para o fechamento.
Alguns instrumentos cirúrgicos mais utilizados:
1
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FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
3
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FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
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1. Afastador de Farabeuf
2. Cabo de bisturi
3. Pinça Kelly
4. Pinça de Kocher
5. Afastador de Weitlaner
6. Pinça de Halstead reta (mosquito)
7. Pinça de Halstead curva (hemostática)
8. Pinça Backhaus
9. Pinça dente de rato
10. Pinça Allis
11. Pinça Mayo-Robson
12. Tesoura Mayo reta
13. Tesoura Metzembaum curva
14. Tesoura para corte de cauda
EXERCÍCIOS
1. Descreva a seqüência correta de eventos que antecedem uma cirugia.
2. Pesquise e traga o nome de mais 3 instrumentos cirúrgicos que não foram
citados aqui.
Aula 41 - Aplicação de medicamentos
Os medicamentos podem ser administrados por diversas vias: pela boca (oral);
por injeção em uma veia (intravenosa) ou em um músculo (intramuscular) ou sob a pele
(subcutânea); inseridos no reto (retal); instilados no olho (ocular); borrifados dentro do
nariz (nasal) ou dentro da boca (inalação); aplicados à pele para efeito local (tópica) ou
sistêmico (transdérmica). Cada via tem finalidades, vantagens e desvantagens
específicas.
Via Oral
AUXILIAR VETERINÁRIO
104
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
A administração oral é, em geral, a mais conveniente, segura e barata, e
portanto a mais comum. Contudo, a via oral tem suas limitações. Muitos fatores, como
outros medicamentos e a alimentação, afetam a forma de absorção dos medicamentos
depois de sua ingestão oral. Assim, alguns medicamentos apenas devem ser tomados
com o estômago vazio, enquanto outros devem ser ingeridos com o alimento ou
simplesmente não podem ser tomados por via oral. Os medicamentos administrados
por via oral são absorvidos pelo trato gastrointestinal.
A absorção começa na boca e no estômago, mas ocorre principalmente no
intestino delgado. Para chegar à circulação geral, o medicamento precisa
primeiramente atravessar a parede intestinal e, em seguida, o fígado. A parede
intestinal e o fígado alteram quimicamente (metabolizam) muitos medicamentos,
diminuindo a quantidade absorvida. Em contraposição, os medicamentos injetados por
via intravenosa chegam à circulação geral sem atravessar a parede intestinal e o
fígado, e assim oferecem uma resposta mais rápida e consistente.
Alguns medicamentos administrados por via oral irritam o trato gastrointestinal: a
aspirina e a maioria das outras drogas antiinflamatórias não-esteróides, por exemplo,
podem prejudicar o revestimento do estômago e do intestino delgado e causar úlceras.
Outros medicamentos são absorvidos de forma deficiente ou errática no trato
gastrointestinal ou destruídos pelo ambiente ácido e pelas enzimas digestivas do
estômago. A despeito dessas limitações, a via oral é utilizada com freqüência muito
maior que as demais vias de administração.
As outras vias geralmente são reservadas para situações em que o paciente não
pode ingerir nada pela boca, em que o medicamento deve ser administrado
rapidamente ou em dose muito precisa ou quando a droga é absorvida de forma
deficiente e errática.
Comprimidos
Tente colocá-los dentro de uma pequena
porção do alimento preferido do cão. Ele vai engolir
sem mastigar e não perceberá a medicação.
Se não for possível fazer isso, a segunda
opção é mais agressiva. Abra a boca do cão, segure
a sua língua e coloque o comprimido bem próximo da
garganta. Feche a boca, mantenha-a assim por um
tempo, de forma que fique um pouco elevada. Faça
uma ligeira pressão na região da garganta, até que
você perceba que ele tenha engolido.
Líquidos
Coloque
a
AUXILIAR VETERINÁRIO
medicação
em
uma
seringa
105
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
descartável (plástica), sem a agulha. Segure o focinho do animal, com a boca fechada,
puxe a bochecha para o lado, para formar uma bolsa, introduza a seringa e vá
empurrando o êmbulo, e liberando o líquido, lateralmente aos dentes.
Como a cabeça deve estar elevada, o líquido
chegará mais fácil à garganta e estimulará a deglutição.
Mantenha a boca segura, fechada, e a cabeça elevada
até perceber que a medicação foi engolida.
Vias Injetáveis
A administração por injeção (administração parenteral) compreende as vias
subcutânea, intramuscular e intravenosa. No caso da via subcutânea, a agulha é
inserida por baixo da pele. Depois de injetada, a droga chega aos pequenos vasos e é
transportada pela corrente sangüínea. A via subcutânea é utilizada para muitos
medicamentos protéicos, como a insulina, que poderiam ser digeridos no trato
gastrointestinal se fossem tomados pela boca.
Os medicamentos podem ser preparados em suspensões ou em complexos
relativamente insolúveis, de modo que sua absorção se prolongue por horas, dias ou
mais tempo, não precisando ser administrados com tanta freqüência.
A via intramuscular é preferível à via subcutânea quando há necessidade de
maiores volumes do medicamento. Levando em consideração que os músculos estão
situados mais profundamente que a pele, é utilizada uma agulha mais comprida. No
caso da via intravenosa, a agulha é inserida diretamente em uma veia. Em pequenos
animais usa-se a região entre os músculos semimembranoso e semitendinoso. Devese ter o cuidado para aspirar o êmbolo da seringa antes de aplicar o remédio, pois se
vier sangue terá que mudar a agulha de lugar. Outro cuidado muito importante é fazer a
injeção no local correto, pois se ocorrer um erro e a agulha perfurar o nervo ciático, o
animal poderá nunca mais movimentar a perna!
A aplicação intravenosa pode ser mais difícil que as demais parenterais,
especialmente em animais obesos. A administração intravenosa, seja em dose única
ou em infusão contínua, é o melhor modo de administrar medicamentos com rapidez e
precisão. Em situações corriqueiras utiliza-se as veias cefálica e safena, porém numa
situação emergencial, qualquer veia que se conseguir canular (até mesmo a jugular)
pode ser usada para a aplicação de algum medicamento de emergência. Esta via é
perigosa se for utilizada de forma incorreta. Só pode ser usado medicamentos com
indicação para aplicação endovenosa, e em alguns casos, se o medicamento vazar e
cair fora da veia pode levar a sérios problemas como flebite e necrose. Outro cuidado é
nunca aplicar ar junto com o remédio, uma vez que isso pode levar a uma embolia
pulmonar ou cerebral, por exemplo.
Via Retal
AUXILIAR VETERINÁRIO
106
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
Muitos medicamentos que são administrados por via oral podem também ser
administrados por via retal, em forma de supositório. Nessa forma, o medicamento é
misturado a uma substância cerosa, que se dissolve depois de ter sido inserida no reto.
Em razão do revestimento delgado e da abundante irrigação sangüínea do reto, o
medicamento é rapidamente absorvido.
Supositórios são receitados quando o
animal não pode tomar o medicamento por via
oral em razão da náusea, impossibilidade de
engolir ou alguma restrição à ingestão, como
ocorre em seguida a uma cirurgia. Alguns
medicamentos são irritantes em forma de
supositório; para essas substâncias, deve ser
utilizada a via parenteral.
Via Transdérmica
Alguns medicamentos podem ser administrados pela aplicação de um emplastro
à pele. Essas substâncias, às vezes misturadas a um agente químico que facilita a
penetração cutânea, atravessam a pele e chegam à corrente sangüínea.
A via transdérmica permite que o medicamento seja fornecido de forma lenta e
contínua, durante muitas horas ou dias, ou mesmo por mais tempo. Mas alguns
animais sofrem irritação onde o emplastro toca a pele.
Além disso, a via transdérmica fica limitada pela velocidade com que a
substância pode atravessar a pele. Apenas medicamentos que devem ser
administrados em doses diárias relativamente pequenas podem ser dados por via
transdérmica. Alguns exemplos são: nitroglicerina (para problemas cardíacos),
escopolamina (contra o enjôo de viagem), clonidina (contra a hipertensão) e fentanil
(para o alívio da dor).
Inalação
Algumas substâncias, como os gases
utilizados em anestesia e os medicamentos
contra a asma em recipientes aerossóis de
dose
medida,
são
inaladas.
Essas
substâncias transitam através das vias
respiratórias diretamente até os pulmões,
onde são absorvidas pela circulação
sangüínea.
Um
número
pequeno
de
medicamentos é administrado por essa via,
AUXILIAR VETERINÁRIO
107
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
porque a inalação precisa ser cuidadosamente monitorada para garantir que o paciente
receba a quantidade certa do medicamento dentro de determinado período.
Os sistemas de dose medida são úteis para os medicamentos que atuam
diretamente nos canais condutores do ar até os pulmões. Considerando que a
absorção até a corrente sangüínea é muito variável no caso da inalação por aerossol,
raramente esse método é utilizado na administração de medicamentos que atuem em
outros tecidos ou órgãos além dos pulmões.
EXERCÍCIOS
1. O que é perigoso no fato de uma pessoa sem treino ou experiência fazer injeções
intramusculares ou endovenosas?
Aula 42 – Aplicação de Medicamentos
(Continuação )
Via intravenoso
A via intravenosa só deve ser
utilizada
por
pessoas
devidamente
capacitadas, com treinamento prévio, uma
vez que usada de forma inadequada pode
até levar à morte do animal por embolia,
tromboembolia,
choque
anafilático
(dependendo
do
tipo
da
droga
administrada) ou intoxicação (uma vez que
aplicado o remédio não tem mais como tirálo do organismo).
Até mesmo os medicamentos utilizados por esta via devem ser prescritos
unicamente pelo médico veterinário, mesmo que você saiba que aquele determinado
remédio seja de aplicação intravenosa. Antes de cateterizar qualquer vaso, deve-se
fazer tricotomia da área e uma assepsia cuidadosa.
O acesso venoso periférico, com cânula metálica (escalpe ou agulhas) ou
plástica (cateter), de preferência em membros anteriores (veia cefálica principalmente),
possibilita a infusão de medicamentos como antibióticos, antiinflamatórios, vitaminas,
soros, etc. Na impossibilidade de uma veia periférica (por exemplo em casos de
emergência), esses fármacos podem ser administrados por um vaso de maior calibre,
como a jugular; nos filhotes existe ainda a alternativa da via intra-óssea. Os escalpes
metálicos devem ser trocados a cada 48 horas, já os cateteres podem permanecer no
vaso do animal por até 4 dias, dependendo da marca.
AUXILIAR VETERINÁRIO
108
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
Para a fluidoterapia, além de um escalpe ou
um cateter, é necessário o equipo do soro e o
frasco do soro. Existe 2 tipos de equipos: o macrogotas (possibilita uma maior infusão de fluidos por
minuto) e o micro-gotas (permite uma menor
infusão de fluidos por minuto).
Existem diversos tipos de soros, cada um com
fórmula diferente, e a determinação do tipo de soro que o
animal vai utilizar quem faz é o médico veterinário. Um
soro errado pode até levar o animal à morte. Os mais
comuns e mais utilizados na rotina de uma clínica
veterinária são: solução fisiológica 0,9 % de cloreto de
sódio, solução glicosada 5%, solução de Ringer simples e
solução de Ringer-Lactato. Existe também diferentes
tamanhos de frascos, sendo que a maioria das marcas
comerciais varia de 100 ml a 1litro.
As principais complicações da cateterização de veias são:
a) hematomas: ocorre pelo insucesso da punção sem a devida compressão do local
abordado, ou quando a coagulação sanguínea do paciente está seriamente
comprometida;
b) infiltração: observada quando a cânula se encontra fora da veia ou uma punção
posterior sem sucesso foi realizada proximal à mesma;
c) celulite e flebites: que podem ser prevenidas com o emprego da boa técnica de
punção, assepsia local, cateter adequado e menor tempo de uso;
AUXILIAR VETERINÁRIO
109
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
d) sepse: especialmente por germes de pele, podendose diminuir a chance dessa
complicação com emprego de técnica correta de punção, reconhecimento de infecção,
tratamento com antibióticos e retirada do acesso precocemente, bem como da
formação de eventuais abscessos;
e) embolia gasosa: evitada com o uso de sistemas fechados. A punção venosa pode
ser realizada por agulhas hipodérmicas, agulhas tipo borboleta ou cateter plástico, que
pode ser inserido sobre ou dentro da agulha.
Na rotina de tratamento do paciente grave, os cateteres plásticos são os eleitos,
já que ficam mais bem ancorados, permitem ao paciente melhor mobilização sem
trauma de parede dos vasos, e na reposição volêmica de emergência poderá ser usado
cateter de grande calibre e curto, que são os que possibilitam maiores fluxos.
Tricotomia
Tricotomia nada mais é que depilar uma
certa área do corpo do animal para a
realização de alguma intervenção médica,
como cirurgias, cateterização de vasos,
realização de curativos, etc. Pode ser feito com
máquina de tosa ou com lâminas de gilete.
Curativos
Curativo é o tratamento de qualquer tipo de lesão da pele ou mucosa.
FINALIDADES
1.
2.
3.
4.
5.
Prevenir a contaminação.
Facilitar a cicatrização.
Proteger a ferida.
Facilitar a drenagem.
Aliviar a dor.
TIPOS DE CURATIVOS
O curativo é feito de acordo com as características da lesão.
•
Aberto: curativo em feridas sem infecção, que após tratamento permanecem
abertos (sem proteção de gaze).
AUXILIAR VETERINÁRIO
110
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
•
Oclusivo: curativo que após a limpeza da ferida e aplicação do medicamento
•
Compressivo: é o que faz compressão para estancar hemorragia ou vedar
•
Com irrigação: nos ferimentos com infecção dentro da cavidade ou fistula,
•
Com drenagem: nos ferimentos com grande quantidade de exsudato.
é fechado ou ocluido com gaze ou atadura.
bem uma incisão.
com indicação de irrigação com soluções salinas ou anti-séptico. A irrigação é
feita com seringa.
Coloca-se dreno de (Penrose, Kehr), tubos, cateteres ou bolsas de colostomia.
MATERIAL
Bandeja contendo:
•
Pacote de pinças para curativo (usamos
2 anatômicas – 1 com dentre e outra
sem e 1 Kocher) e espátula com gaze.
•
Frascos com anti-sépticos.
•
Esparadrapo, fita crepe ou micropore.
•
•
Tesoura.
Pacote com gazes.
•
Quando indicados: pomadas, ataduras,
chumaços de algodão, seringas, cubas.
MÉTODO
- Lavar as mãos.
- Separar e organizar o material de acordo com o tipo de curativo a ser executado.
- Levar a bandeja com o material
- Colocar o animal em posição apropriada, contendo-o se necessário
- Abrir o pacote de curativo e dispor as pinças com os cabos voltados para o
executante, em ordem de uso – da esquerda para a direita: pinça anatômica sem
dente, Kocher, anatômica com dente, e a espátula montada com gaze.
- Abrir o pacote de gaze e colocá-la no campo.
chumaços de algodão.
AUXILIAR VETERINÁRIO
Se necessário colocar também
111
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
- Retirar o curativo anterior utilizando a espátula montada com gaze embebida em
benzina ou éter, e a 1ª pinça antômica com dente.
- Retirar o esparadrapo no sentido dos pêlos;
- Com a 2ª pinça (Kocher, Pean ou Kelly) limpar as bordas da lesão com gaze
embebida em soro fisiológico.
- Secar com gaze e desprezar a pinça.
- Com a 3ª pinça (anatômica sem dente) limpar a
lesão com gaze embebida em soro fisiológico
- Obedecer o princípio: do menos contaminado
para o mais contaminado, usando tantas gazes
forem necessárias;
- Usar técnica de toque com movimentos rotativos
com a gaze, evitando os movimentos de dentro
para fora da ferida, tanto quanto os de fora para
dentro;
- Remover ao máximo os exsudatos (secreções –
pus, sangue), corpos estranhos e tecidos
necrosados;
- Secar com gaze e passar o anti-séptico indicado
(ou pomada, creme, etc.)
- Proteger com gaze e fixar com adesivo (se
indicado).
PRODUTOS MAIS UTILIZADOS NO TRATAMENTO DE FERIDAS
- Açúcar cristal ou fino – utilizado como cicatrizante, bactericida das feridas infectadas.
Em regiões de difícil aderência dos cristais, como proeminências ósseas, região
perineal e inguinal, utiliza-se uma pasta constituída de 10% de furacin ou vaselina e
90% de açúcar cristal.
- Água e sabão – emoliente utilizado para limpeza.
- Benzina – utilizada para desprendimento do adesivo.
- Clorexedine – anti-séptico.
- Éter – anestesia levemente a superfície da pele e serve também para desprender o
adesivo. Por ser volátil precisa ficar sempre em recipiente bem fechado.
AUXILIAR VETERINÁRIO
112
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
- Nitrato de prata – utilizado na cicatrização de pequenas lesões; apresenta-se
especialmente em forma de spray.
- Permanganato de Potássio – anti-séptico útil nas supurações com infecção
secundária. É oxidante e cicatrizante. Remove exsudatos e odores.
- Solução fisiológica – usada para limpeza de lesões.
- Vaselina – emoliente utilizado para retirar crostas e impermeabilizar a pele.
- Violeta de Genciana 1 ou 2% - substância germicida e fungicida utilizada em micoses
ou lesões da pele e mucosas.
Cuidados com o lixo hospitalar
Dentro de um hospital, nem todo o lixo hospitalar é hospitalar propriamente dito,
haja vista que o lixo proveniente dos setores administrativos se comporta como se
fosse da classe dos lixos urbanos.
Mas o que se quer dizer como lixo hospitalar é aquela porção que pode estar
contaminada com vírus ou bactérias patogênicas das salas de cirurgia e curativos, das
clínicas dentárias, dos laboratórios de análises, dos ambulatórios e até de clínicas e
laboratórios não localizados em hospitais, além de biotérios e veterinárias.
A composição de tal lixo é a mais
variada
possível,
podendo
ser
constituída de restos de alimentos de
enfermos, restos de limpeza de salas de
cirurgia e curativos, gazes, ataduras,
peças anatômicas etc.
É importante estar atento ao
manuseio deste lixo, pois as pessoas
que o manipulam podem ficar sujeitas a
doenças e levarem para outras, vários
tipos de contaminação.
O lixo hospitalar contaminado deve ser embalado de forma especial, segundo a
Norma EB 588/1977 (sacos plásticos branco-leitosos, grossos e resistentes).
O depósito desses sacos deve ser em vasilhames bem vedados e estes
colocados fora do alcance de pessoas, até a chegada do carro próprio para a coleta.
Nunca tais lixos devem aguardar a coleta em locais públicos; nas calçadas, por
exemplo.
AUXILIAR VETERINÁRIO
113
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
A melhor forma de destruir o lixo hospitalar é a incineração, desde que os
incineradores possuam tecnologia adequada e estejam em locais que não causem
incômodos à população. A pior forma, e que deve ser evitada, é levar o lixo hospitalar
para usinas de lixo urbano, aterros sanitários e lixões, o que é praxe.
Os custos do tratamento do lixo hospitalar são elevados e seria, de todo
interessante, a formação de consórcios de geradores, para a adoção de uma solução
comum na destinação.
Aula 43 - Os diferentes estabelecimentos
veterinários
De acordo com o Conselho Federal de Medicina
estabelecimentos médico veterinários são assim classificados:
Veterinária,
os
Consultórios veterinários
São estabelecimentos destinados ao
ato básico de consulta clínica, curativos e
vacinações de propriedade de Médico
Veterinário regularmente inscrito no Conselho:
A) Setor de Atendimento:
•
•
•
•
•
3 - consultórios;
4 - pias convencionais;
5 - arquivo médico.
1 - sala de recepção;
2 - mesa impermeabilizada de fácil
higienização;
B) Equipamentos necessários para:
- manutenção exclusiva de vacinas, antígenos e outros produtos biológicos;
- secagem e esterilização de materiais.
Clínicas veterinárias
São estabelecimentos destinados ao atendimento de animais para consultas e
tratamentos clínicos-cirúrgicos, podendo ou não ter internamentos, sob a
responsabilidade técnica e presença de Médico-Veterinário. No caso de internamentos,
é obrigatório manter, no local, um auxiliar no período integral de 24 horas e, à
disposição, um profissional Médico-Veterinário durante o período mencionado.
AUXILIAR VETERINÁRIO
114
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
A) Setor de atendimento:
•
•
•
•
1 - sala de recepção;
2 - consultório;
3 - sala de ambulatório;
4 - arquivo médico
B) Setor Cirúrgico:
•
•
•
•
•
•
•
•
1 - sala de esterilização de materiais;
2 - local para preparo dos pacientes;
3 - local de antissepsia de uso exclusivo com pias de higienização;
4 - sala cirúrgica:
4.1 - mesa cirúgica impermeabilizada e de fácil higienização;
4.2 - oxigenoterapia;
4.3 - sistema de iluminação emergencial próprio;
4.4 - mesas auxiliares.
C) Setor de Internamento (opcional), deve dispor de:
•
•
1 - mesa e pia convencionais;
2 - baias, boxes ou outras acomodações individuais e de isolamento, para as
espécies destinadas e de fácil higienização e com coleta diferenciada de lixo.
D) Setor de sustentação:
•
•
•
•
•
1 - local para manuseio de
alimentos;
2 - instalações para repouso de
plantonista e auxiliar (qunado
houver internamento);
3 - sanitários e vestiários
compatíveis com o número de
funcionários;
4 - lavanderia (quando houver
internamento);
5 - setor de estocagem de
drogas e medicamentos.
E) Equipamentos indispensáveis para:
•
•
•
1 - manutenção exclusiva de vacinas, antígenos e outros produtos biológicos;
2 - secagem e esterilização de materiais;
3 - conservação de animais mortos e restos de tecidos.
Hospitais Veterinários
São estabelecimentos destinados ao atendimento de pacientes para consultas,
internamentos e tratamentos clínicos-cirúrgicos, de funcionamento obrigatório em
AUXILIAR VETERINÁRIO
115
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
período integral (24 horas), com a presença permanente e sob a responsabilidade
técnica de Médico-Veterinário.
A) Setor de Atendimento:
•
•
•
•
1- sala de recepção;
2 - consultório;
3 - sala de ambulatório;
4 - arquivo médico;
B) Setor Cirúrgico:
•
•
•
•
•
•
•
•
1 - sala de esterilização;
2 - local de antissepsia com pias de higienização;
3 - local de preparo de pacientes;
4 - sala cirúrgica:
4.1 - mesa cirúrgica impermeável de fácil higienização;
4.2 - oxigenoterapia e anestesia inalatória;
4.3 - sistema iluminação emergencial própria;
4.4 - mesas auxiliares.
C) Setor de Internamento:
•
•
1 - mesa e pia convencionais;
2 - baias, boxes ou outras acomendações individuais e de isolamento
compatíveis com os animais a elas destinadas, de fácil de isolamento
compatíveis com os animais e elas destinadas, de fácil higienização, obedecidas
as normas sanitárias municipais e/ou estaduais.
D) Setor de Sustenção:
•
•
•
•
•
•
1 - lavanderia;
2 - cozinha;
3 - depósito/almoxarifado;
4 - instalações para repouso de plantonistas
5 - sanitários/vestiários compatíveis com o número de funcionários;
6 - setor de estocagem de medicamentos e drogas (farmácia)
E) Setor Auxiliar de Diagnóstico:
•
1 - serviço de radiologia e/ou análises clínicas próprio ou conveniado, realizados
nas dependências do hospital, obedecendo as normas para instalação e
funcionamento da Secretaria de Saúde do município ou estado.
F) Equipamentos Indispensáveis para:
•
•
•
1 - manutenção exclusiva de vacinas, antígenos e outros produtos biológicos;
2 - secagem e esterilização de materiais;
3 - respiração artificial;
AUXILIAR VETERINÁRIO
116
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
•
4 - conservação de animais mortos e restos de tecidos.
Recepção
Farmácia
Laboratório
Sala de internação
Consultório
Sala de radiologia
Sala de cirurgia
Sala de preparação do animal
AUXILIAR VETERINÁRIO
117
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
Cozinha
Quarto do plantonista
Aula 44 - Pet shops e banho e tosa
Pet shop
O estabelecimento denominado "Pet Shop" inclui a comercialização de produtos
destinados a cães e gatos, salão de banho e tosa de pêlos, hotel, e pode ou não ter um
consultório veterinário.
AUXILIAR VETERINÁRIO
118
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
Os estabelecimentos veterinários deverão ser mantidos nas mais perfeitas
condições de ordem e higiene, inclusive no que se refere ao pessoal e material. É
necessário que conste no quadro de funcionários do Pet Shop, obrigatoriamente,
faxineiro que deverá estar presente durante todo o período de expediente.
As instalações mínimas necessárias para funcionamento dos Pet Shops são:
1. loja com piso impermeável;
2. sala para tosa (“trimming”);
3. sala para banho com piso impermeável;
4. sala para secagem e penteado (“grooming”);
5. as instalações para abrigo dos animais expostos à venda deverão ser separadas das
demais dependências;
6. abrigo para resíduos sólidos.
Banho e tosa
Os animais de estimação exigem cada vez mais cuidados. E isso inclui o item
beleza. Muitas vezes os proprietários adquirem um “animalzinho” e acreditam que os
mesmos necessitam somente de alimentação, vacinas e carinho. Não sabem, porém
que seu cão necessita de ter higiene de uma forma ampla, que inclui periodicamente
banhos e tosas, corte de unhas, limpeza dos ouvidos, dos olhos e escovação dos
dentes.
AUXILIAR VETERINÁRIO
119
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
A tosa ou grooming é uma arte que se desenvolveu com o passar do tempo,
tendo a função não só da estética (como esconder alguns defeitos e ressaltar outras
qualidades), mas também, função de higiene e conforto para o animal.
Banho, tosa, condicionamento do pêlo e tratamento das orelhas e unhas são os
itens básicos de qualquer tratamento de beleza de pets. No caso de algumas raças, o
banho talvez seja um dos mais importantes. Isto porque um banho inadequado para
uma raça pode prejudicar o aspecto do pêlo ou mesmo deixá-lo impróprio para a tosa.
O ideal é que o animal vá desde cedo (filhote) para os serviços de banho e tosa,
para assim ir se acostumando com o tosador e as práticas de higiene. A partir de 3
meses ele já pode frequentar fazendo tosa higiênica. Não se recomenda mais de um
banho por semana, sendo em animais de pelos longos (poodle, shi-tzu, lhasa apso etc)
a necessidade semanal para evitar que se embole os pelos e nos animais de pelos
curtos (dachshund, pinsher, basset hound) pode ser espassar para cada 10-15 dias.
• O banho
Quantas vezes um cão deve
banhar-se? A resposta difere de acordo
com a raça. O poodle, por exemplo, deve
ser banhado a cada quatro ou seis
semanas. Já o pointer pode esperar
aproximadamente três meses por um
bom banho.
Em geral, cães mantidos em casa
pedem banhos freqüentes por questões
de higiene. Antes do banho, deve-se
escovar bem o pêlo, a fim de remover os
pêlos mortos e desemaranhar a pelagem.
O desemaranhamento do pêlo é melhor realizado com uma rasqueadeira e um
pente de nós. Os utensílios normalmente usados para a prática são xampu (existem
aqueles especiais para acondicionar o pêlo e os próprios para cada cor de pelagem),
escova de cerdas, esponja, esteira de borracha para a banheira, duas toalhas de
tamanho grande, corrente e “enforcador” (para não deixar que o animal escape da
banheira), mangueira com spray (esguicho) e creme rinse (para cães de pêlo longo,
exceto poodles e terriers). Muitos desemaranhamentos devem ser feitos antes do
banho, porque a água tende a apertar os nós, dificultando sua remoção.
• A secagem
Existem várias maneiras de se secar o pêlo. O primeiro
método (embora o mais difícil) é afofá-lo, usando um secador de
chão de alta velocidade. Muito usado em cães de raça poodle,
afghan, sheepdog e maltês, é importante não só porque seca mas
também por estreitar o pêlo.
AUXILIAR VETERINÁRIO
120
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
O segundo método de secagem é conhecido como
e é geralmente usado em cães de pêlo curto ou em
aparência de pêlo esticada ou felpuda. O terceiro método
raças pequenas e de pêlo duro, como o chihuahua,
manchester terrier toy.
secagem em canil ou gaiola
cães que não exijam uma
é a toalha e é adotado para
o pinscher miniatura e o
• A tosa
Existem dois tipos de tosa: o trimming
(especial para exposição) e o grooming (mais usado
para cães domésticos). Para o grooming, ou tosa
comum, usa-se tanto a tesoura como o cortador.
Quando for usar o cortador, é importante manter o
pulso flexível no caso de o cão mover-se
subitamente. Usa-se o cortador, em geral, seguindo a
direção do pêlo. Cortar com a tesoura é uma arte um
pouco mais lenta de se adquirir e requer mais horas
de prática.
• As unhas
Muitas raças precisam de um corte de unhas a
cada quatro ou seis semanas. Para isso, há uma
grande variedade de cortadores: o tipo tesoura (para
cães pequenos), o tipo guilhotina (para cães médios)
e o tipo alicate pesado (para cães grandes).
Para um profissional ser qualificado para realizar banho e tosa ele deve fazer
cursos específicos neste ramo.
Contenção e transporte
de animais
A adoção de medidas que visem o bem-estar animal é de suma importância
durante todos os procedimentos de contenção e transporte, a fim de lhes proporcionar
tranqüilidade, sem comprometimento de sua saúde e a dos membros das equipes de
trabalho.
Equipamentos de recolhimento, contenção e manejo
Guia/corda ou laço de contenção: pode ser tecido em fibra de algodão
ou outro material macio, resistente e maleável, com espessura mínima de 1,5 cm (para
AUXILIAR VETERINÁRIO
121
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
não ferir o animal). Deve-se aproximar calmamente do animal, acompanhando seus
movimentos, mantendo a corda feito um arco na mão direita. Quando o animal estiver
mais tranqüilo, passar o laço por sua cabeça até o pescoço e puxar rapidamente a
ponta livre para segurar o animal, deixando que ele ande alguns metros para se sentir
seguro.
Mordaça: corda macia em fibra de algodão, com 1,5 m de comprimento,
utilizada para cães. A mordaça deve ser colocada segurando-se a corda com a mão
esquerda, passando-a pela região dorsal do pescoço e, com a mão direita, passar a
outra ponta da corda em volta do focinho por três vezes. Na última volta, posicionar o
braço embaixo da cabeça do animal. Segurar as duas pontas da corda com a mão
direita; libera-se a mão esquerda, que passa embaixo do ventre do animal para pegá-lo
no colo;
Cambão: trata-se de um tubo rígido produzido com diferentes materiais,
resistente ao peso dos animais, devendo ser leve, revestido na extremidade de contato
com o animal por borracha ou outro material atraumático e macio. No interior do tubo
rígido é inserida uma corda de material flexível, como couro, algodão, aço, borracha ou
outro similar. A corda, quando de aço, deverá ter um revestimento de material
atraumático, resistente. Deverá, preferencialmente, possuir uma trava de segurança
para facilitar o manejo e evitar o enforcamento do animal. O material deve ser leve e
ergonômico.
Puçá: rede de malha de algodão trançado, fixa a um
aro de material leve e rígido, com cabo, geralmente
confeccionado em alumínio. Este equipamento é utilizado
para manejar gatos em situações especiais e, também,
alguns animais silvestres de pequeno porte. Ao retirar o
animal da malha deve-se escolher ambiente calmo e
fechado e utilizar luvas de material resistente (borracha
grossa ou raspa de couro) para evitar acidentes com unhas
ou dentes de felinos.
AUXILIAR VETERINÁRIO
122
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
Luvas: podem ser confeccionadas em diversos
materiais, tais como raspa de couro, borracha, silicone, tecidos
tipo lona ou mistos. Devem ser utilizadas as confeccionadas
em material resistente, espesso, macio e flexível, podendo
apresentar diferentes comprimentos de cano, curto a longo, e
ser aprovadas pelo Ministério do Trabalho. São empregadas
na contenção de animais como proteção individual, devendo
ser utilizadas para recolhimento de animais de pequeno porte,
filhotes, gatos adultos em locais de difícil acesso ou com
pequeno espaço para manipulação, em especial de animais
agressivos ou arredios, a fim de evitar mordeduras e
arranhaduras.
Gaiola de contenção: utilizada para administração de
medicamentos injetáveis ou tratamento de ferimentos. Possui
parede retrátil para restringir ao mínimo a movimentação do animal.
Gaiola ou caixa de transporte: confeccionada em
material leve, lavável, preferencialmente impermeável, resistente e
com ventilação, sistema externo de fechamento seguro e alças para
facilitar o transporte. Sendo utilizada para o alojamento temporário ou
transporte do animal recolhido. O tamanho da caixa ou gaiola deve
ser compatível com o do animal, de forma a permitir movimentos
naturais e transporte confortável.
Focinheiras: devem ser de material flexível, macio e adaptáveis aos
diferentes tipos de focinhos, mantendo a respiração e salivação normais. Seu emprego
será necessário em diversas situações e existem no mercado vários modelos. Para
gatos pode-se utilizar uma toalha de rosto ou pano largo dobrado, colocado ao redor do
pescoço, e unidas suas pontas pela mão do funcionário no alto da cabeça, mantendo
as patas imóveis por outro operador. Deve-se sempre observar que as narinas do
animal permaneçam livres. Também existem máscaras especiais para os gatos.
AUXILIAR VETERINÁRIO
123
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
Transporte: o veículo
Recomenda-se que:
o veículo esteja em perfeitas
condições
para
utilização
e
corretamente
higienizado;
o
compartimento
específico
destinado ao transporte de animais
(carroceria) seja fechado, com
sistema de ventilação permanente
para
circulação
de
ar,
proporcionando
conforto
e
segurança, e seja adaptado para
desembarque no local de alojamento
dos
animais
recolhidos;
em veículos sem sistema de controle de temperatura e ventilação interna, o
recolhimento dos animais seja realizado somente nos períodos mais frescos do
dia;
a altura do veículo seja compatível com a atividade, considerando-se aspectos
ergonômicos, no embarque e desembarque dos animais;
o veículo exiba: a identificação do órgão a que pertence (logotipo, nome);
telefone e endereço empresa.
Manejo para o transporte de animais
Recomenda-se:
transportar pequeno número de animais,
não excedendo a capacidade prevista;
evitar a
animais
que os cães sejam transportados em
caixas/gaiolas
ou
compartimentos
individuais, de tamanho adequado ao porte,
permitindo que possam realizar pequenos
movimentos de acomodação no seu interior;
que as gaiolas ou caixas de transporte
possam ser removíveis e, durante o
transporte, mantidas fixas no veículo;
AUXILIAR VETERINÁRIO
permanência
nos
prolongada
veículos;
dos
124
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
que os gatos sejam transportados apenas em gaiolas ou caixas de transporte ,
nunca soltos nos compartimentos específicos destinados ao transporte de
animais dos veículos;
que não sejam transportadas espécies diferentes na mesma viagem;
que as mães sejam mantidas com as ninhadas;
que animais acidentados, com suspeita de doenças infecto-contagiosas, feridos,
idosos ou cegos sejam rapidamente encaminhados para a clínica veterinária.
Aula 45 - Espécies exóticas e alguns
pássaros
Furão ou Ferret
Os Ferrets são animais carnívoros pertencentes à família Mustalidae, sendo
parentes próximos do cachorro. Possuem grande quantidade de glândulas sebáceas
espalhadas pelo corpo todo. Os machos têm um peso que varia de 1 a 2 kg. As fêmeas
são menores e pesam de 600g a 950 g. São animais que enxergam bem preto e
branco e tonalidades do cinza, sendo que podem distinguir cores que não são muito
próximas. Assim como o seu parente, o cão, possuem um olfato muito apurado. Os
Ferrets são monoéstricos estacionais (apresentam 1 cio por ano), são fotoestimulados
e o cio persiste na presença do macho.
Os ferrets são animais que costumam
morder quando provocamos dor, portanto, a
sua contenção é muito importante para o
exame. Devemos segura-lo pela prega do
pescoço, assim como fazemos com o gato.
Mas é importante mantê-lo sem o apoio das
patas traseiras, em posição vertical. Não
devemos estranhar seu comportamento
nessa posição, pois adquirem um certo ar
sonolento, facilitando a anamnese. A
aplicação do medicamento deve ser feita
segurando os membros posteriores e
esticando o animal a fim de não deixa-lo
movimentar-se. As vias de administração de
medicamentos podem ser oral, intramuscular, intra-venosa, ou sub-cutânea.
AUXILIAR VETERINÁRIO
125
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
Podemos utilizar, também, a via intraóssea.
Para aplicação de medicamento SC, deve-se utilizar a
prega do pescoço, facilitando a aplicação do
medicamento pelo próprio médico veterinário que o
está contendo. Para aplicação de medicamento IM
deve-se ter muito cuidado ou usar pequenos volumes
de medicamentos, pois eles possuem pouca massa
muscular.
Para aplicação de medicamento IV,
podemos utilizar a veia jugular. Em machos, por
serem maiores pode-se tentar a cefálica.
Papagaios
Na natureza vivem em bandos, mas podem separar-se em casais na época
reprodutiva. O papagaio sacode vigorosamente a plumagem como sinal de alerta ou
como forma de cumprimento a uma pessoa conhecida que se aproxima. Os papagaios
normalmente são canhotos. Gostam de banhar-se na chuva, às vezes pendurados de
cabeça para baixo. Dormem empoleirados. Gostam de brincar com objetos. São aves
inteligentes que necessitam de muita atividade, caso contrário se entendiam e podem
apresentar comportamentos anormais.
O que os papagaios comem em cativeiro? Essa é uma dúvida comum à maioria
das pessoas que mantêm aves em residências. A alimentação a ser fornecida deve ser
balanceada nutricionalmente para permitir uma vida saudável e longa à ave . O termo
dieta aqui utilizado refere-se à soma de alimentos e nutrientes que formam a
alimentação de uma ave. Portanto, não tem nada a haver com aquele regime alimentar
elaborado para o emagrecimento ("fazer uma dieta").
É muito comum encontrar pessoas que fornecem às suas aves café, pão, fubá,
sementes de girassol, doces ou somente frutas. Não é preciso ser um especialista para
saber que essa alimentação é incorreta e trará sérios prejuízos à saúde da pobre ave
de estimação.
Infelizmente, grande parte das aves tratada em
clínicas veterinária apresenta alguma patologia
decorrente da desnutrição. Podemos citar as doenças
respiratórias e renais decorrentes da hipovitaminoseA (deficiência de vitamina A), o raquitismo (em
decorrência da falta de cálcio e vitamina D), mau
empenamento, emagrecimento, obesidade, distúrbios
e tumores hepáticos, distocia, infecções, parasitismo
e tantos outros problemas diretos ou indiretos.
Sabe-se que sementes de girassol e amendoim
são normalmente contaminadas com aflatoxinas, ou
seja, toxinas produzidas por fungos que crescem
naturalmente nas sementes. Em longo prazo, as
aflatoxinas podem causar degeneração e mesmo
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126
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
tumores no fígado.
Além disso, essas sementes são ricas em gordura, que podem levar ao
aparecimento de aterosclerose, ou seja, a deposição de colesterol nos vasos do
coração. Outros alimentos usualmente fornecidos aos papagaios são pobres em
nutrientes. É o caso das frutas, que têm algumas vitaminas, mas são pobres em
proteínas, gorduras e outros nutrientes essenciais. O pão e fubá são alimentos ricos
em carboidratos (energéticos), mas pobres em nutrientes essências para o crescimento
da ave. Filhotes criados com fubá não crescem satisfatoriamente e podem morrer logo
nas primeiras semanas de vida.
As dietas balanceadas para papagaios (tipo ração) são fabricadas no Brasil e
podem ser encontradas nas lojas especializadas.
Canários
O canário da terra (Sicalis flaveola) é o pássaro canoro mais popular do Brasil,
uma verdadeira paixão nacional. Ele se distribui por todo o País em muitas de suas
formas. O mais comum é o que se estende do Nordeste até o Norte do Paraná.
Embora tenha alta taxa de natalidade está extinto em certas regiões onde outrora era
abundante.
É difícil criar os canários? Não, não é. O canário-daterra, especialmente, é o pássaro brasileiro de mais fácil
manejo. Come de tudo e se adapta com facilidade a
qualquer tipo de ambiente. Suporta bem o frio e calor
ocorrentes em todas a regiões do Brasil. Temos,
contudo, se quisermos obter sucesso, que escolher
um local adequado para que eles possam exercer a
procriação. Esse local deve ser claro, arejado e sem
correntes de vento. A temperatura ideal deve ficar na
faixa de 20 a 35 graus Celsius e umidade relativa entre 40 e
60%. O sol não precisa ser direto, mas se puder ser, melhor. A
melhor época para a reprodução no Centro Sul do Brasil é de novembro a maio,
coincidente com o período chuvoso.
Pode-se criar em viveiros, mas pela dificuldade de todo o manejo, notadamente
do controle do ambiente e da higiene é melhor criar-se em gaiolas.
Essas devem ser de puro arame, com medida de 60cm comprimento X 30cm
largura X35 cm altura, com quatro portas na frente, comedouros pelo lado de fora. No
fundo ou bandeja colocar papel, tipo jornal para ser retirado todos os dias logo que o
canária tomar banho, momento esse que se deve retirar a banheira para colocá-la no
outro dia de manhã cedo.
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FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
O ninho (caixa tipo ninheira feita de madeira)
tem as seguintes dimensões: 25cm comprimento X
14 cm largura X 12 cm. altura, e tem que ser
colocado pelo lado de fora da gaiola para não ocupar
espaço. Terá uma tampa móvel e outra gradeada
para o manuseio de filhotes e de ovos. O substrato material para o canário confeccionar o ninho - deve
ser o saco de estopa (usado para ensacar café) e
cabelo de cavalo cortados a 15 cm. Colocar o
material no fundo da gaiola que a fêmea, quando
estiver na hora, carrega sozinha para a caixinha do
ninho. O número de ovos de cada postura varia entre
4 e 6, e cada canária choca 4 vezes por ano,
podendo tirar até 20 filhotes por temporada.
A alimentação para as aves em processo de reprodução é a seguinte: Alpiste
50%, painço amarelo 30%, senha 10% e niger 10%. Além disso, ministrar ração de
codorna pura adicionando "proprionato de cálcio" à base de 1 grama por kilo de ração.
A criação de cobras e lagartos como animais de estimação!?
De repente você vê o filho do seu vizinho com uma serpente enorme enrolada
no pescoço, ou então assiste estarrecida, à reportagem do "Fantástico" sobre a nova
moda da garotada em ter aqueles lagartos verdes, as Iguanas, penduradas nos ombros
ou de coleirinha como se fossem cachorrinhos. "Meu Deus", você pensa, "será que o
mundo enlouqueceu de vez?" ou será que não?
No mundo moderno, a criação de répteis como "Hobby" (Herpetocultura) é uma
prática relativamente recente, mas vem crescendo de maneira vertiginosa, já sendo
considerada hoje a 30 maior industria "PET" nos E.U.A. e na Europa , perdendo
somente para os gatos e cães, tendo superado em muito as aves ornamentais e a
aquariofilia, entre outros.
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128
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
No Brasil, apesar de muito recente, o mercado "Herpe" vem seguindo esta
tendência e cresce muito rapidamente.
Os répteis porém, exigem cuidados bastante distintos daqueles exigidos pelos
demais animais domésticos e por isto é fundamental conhecermos a biologia, a
fisiologia e as peculiaridades de cada espécie que se pretende criar.
A atual inter-relação entre os répteis e os homens nos traz questões de
relevância: São os répteis bons animais domésticos? Os répteis podem ser perigosos
para os seres humanos transmitindo doenças ?
Quanto à primeira pergunta, a resposta depende do conceito que se pretende
adotar como animal doméstico. Nunca espere que a sua Iguana ou a sua Python (Um
tipo de serpente muito procurada como animal doméstico) venha correndo fazer
festinha e abanando o rabo assim que você chega em casa do serviço, mas saiba que
elas vão lhe reconhecer e ficarão satisfeitas em receber um afago! Existem outras
espécies que serão apreciadas em belos terrários sem que se tenha contato físico mais
"íntimo", assim como peixes ornamentais em um aquário. Outro fato é que nos dias
atuais, com este corre-corre em que vivemos, muitos de nós não dispõem de tempo
para passear com um cão, limpar suas fezes, escovar seus pelos, enfim, dar toda a
atenção que este animal solicita. Neste aspecto os répteis são indiscutivelmente mais
práticos.
Quanto à Segunda pergunta, quem já não escutou as avós dizendo, "meu filho,
não encoste na lagartixa porque ela transmite cobreiro!" Puro folclore. É obvio que
répteis podem sim transmitir doenças aos seres humanos mas se compararmos com
os outros animais domésticos os répteis são de longe os mais seguros animais
domésticos que existem. Devido à grande distancia evolutiva que nos separa, as
doenças que acometem um praticamente não acometem o outro (salvo algumas raras
exceções que falaremos mais tarde). Portanto do ponto de vista zoonótico, os répteis
são considerados muito seguros.
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FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
Mas para o sucesso e segurança destes novos hospedes, é absolutamente
fundamental, a orientação de um profissional médico veterinário que detenha o
conhecimento sobre o assunto e que assim possa transmitir ao novo herpetocultor as
instruções fundamentais para a saúde e o bem estar do animal bem como dos seus
proprietários.
O Camundongo
O camundongo, Mus musculus, é um roedor
da
família
Muridae.
Atualmente
estão
disseminados por todo o mundo, a partir de um
presumível foco de origem na Ásia temperada,
para regiões atualmente correspondentes à
Turquia e China.
Os camundongos são geralmente brancos,
mas existem outras variações de cores os quais
são utilizados como pet. Um camundongo adulto
pesa aproximadamente 30 g. São boas
companhias para crianças acima de 10 anos de
idade. Raramente mordem, mas podem escalar rapidamente, e por isso crianças muito
pequenas não são capazes de manuseá-los. São tímidos, embora de comportamento
social e territorial. O hábito alimentar caracteriza o camundongo como um animal
onívoro. Apresentam tendência à fuga e necessitam apenas de uma caixa com
pequeno espaço e poucas quantidades de alimento e água (por favor, não confundam
isso com privação de água e alimento!). Enquanto o camundongo silvestre tem hábitos
distintamente noturnos, os de laboratório e de estimação apresentam períodos de
atividade e repouso tanto durante o dia quanto à noite. As fêmeas são mas indicadas
do que os machos, porque possuem um odor mais suave.
Os camundongos são animais resistentes e raramente sofrem de doenças
infecciosas; contudo infestações são comuns e muito difíceis de serem tratadas. As
brigas ocorrem quando são alojados machos adultos estranhos na mesma caixa. Da
mesma forma, quando se desestabiliza a hierarquia social em caixa com vários machos
alojados.
O relativo estado hierárquico dos machos
em uma caixa pode, amiúde, ser determinado
pelo número e gravidade das feridas causadas
por mordeduras na cauda e região lombar.
Portanto os machos devem ser alojados
separadamente para evitar brigas. De um modo
geral os camundongos mordem ou tentam
morder quando grosseiramente manipulados ou
assustados.
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FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
Aula 46
Trabalho em Equipe
Clientes cada vez mais exigentes, concorrência acirrada, guerra de preços,
pressões diversas... São palavras muito conhecidas de profissionais e organizações
que atuam no mercado em geral.
Nesse cenário competitivo, as empresas buscam, constantemente, novas
maneiras de conquistar a preferência dos clientes e realizar as vendas necessárias
para a obtenção do lucro.
Para isso é importante, entre outros
fatores, a qualidade de produtos e serviços, a
excelência no atendimento, uma política de
preços coerente com a realidade do mercado,
a compreensão das necessidades dos
clientes e a existência de uma equipe disposta
a vencer os desafios e obstáculos que surgem
a todo o momento.
Mas como desenvolver este espírito de equipe?
Por que ele é tão importante? Quais os
benefícios para a empresa e os profissionais?
Muitas questões surgem quando se trata desse tema e esse texto tem a
finalidade de apresentar aspectos relacionados ao trabalho em equipe.
6.1 Práticas das equipes vencedoras
Quando um cliente chega a uma empresa, a diferença proporcionada pela
atuação em equipe é sentida já no próprio ambiente, caracterizado por profissionais
entusiasmados, otimistas e dinâmicos e reflete-se em todos os processos. Desde a
anotação clara de um simples recado, até a busca de auxílio junto a um colega de
trabalho, quando não se tem certeza de uma informação a ser passada para o cliente.
E essa diferença contribui, e muito, para a realização de negócios. Essa atmosfera de
equipe, de confiança e de compartilhamento, é conseguida por um árduo trabalho de
liderança, capaz de conciliar os aspectos individuais dos profissionais com as
expectativas da empresa e dos clientes. E cada empresa tem o seu estilo, as suas
peculiaridades. Assim, não existe uma receita pronta. Entretanto, algumas práticas
podem ser inspiradoras para o desenvolvimento de equipes vencedoras:
6.1.1- Definição de metas: saber aonde se quer chegar.
Esse é um fator relevante em qualquer organização. As metas são importantes
porque definem para a equipe o que se espera dela. Geralmente não são muitas.
Não adianta que apenas um seja excelente, pois o sucesso da empresa é condicionado
aos bons resultados de todos.
As metas devem ser passíveis de serem atingidas, desafiadoras e acompanhadas
periodicamente. Além disso, a própria equipe pode ser encarregada de encontrar
soluções quando as coisas não vão bem. Para isso, também é importante incentivar a
participação em encontros e reuniões, que podem ser bem rápidos e constantes, por
AUXILIAR VETERINÁRIO
131
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
exemplo, 15 minutos no início do expediente ou da semana. Essa participação contribui
para a motivação dos profissionais e para o compartilhamento de informações.
6.1.2- Praticar constantemente o "feedback": uma palavra colocada de forma
correta faz toda a diferença; comunicação é tudo.
Alguma coisa não deu certo, um cliente
reclamou, um balconista não está em condições
de desempenhar bem sua função por algum
motivo, ou então é preciso dar uma boa notícia.
Situações como essas podem ser resolvidas pelo
exercício do "feedback", palavra que quer dizer
"retorno" e que é a alma da comunicação
empresarial. Não é fácil realizá-lo, tanto por quem
emite, quanto por quem recebe, mas tudo é uma
questão de treino e consciência. O importante é
comunicar, de uma forma transparente e honesta,
visando melhorias dos processos e das pessoas.
6.1.3- Reconhecimento: satisfação pessoal e profissional.
Reconhecer, premiar e investir nos profissionais da empresa é também muito
importante. Isso pode ser feito de várias formas: participação nos lucros ou resultados
(verificar legislação), homenagens (colaborador do mês), apoio para participação em
cursos de atualização e de desenvolvimento pessoal - e também em atitudes simples,
como por exemplo, dar os parabéns quando algo tiver sido bem feito. O
reconhecimento tem um forte significado para o funcionário, pois dá sentido de utilidade
e valorização, aumenta a auto-estima e também cria energias para que ele vença os
próximos desafios.
6.1.4- Liberdade para pedir ajuda: a importância da confiança.
Quantas vendas são perdidas por falta de uma orientação correta, decorrente de
desconhecimento sobre o produto? Uma equipe plena consegue desenvolver um
ambiente de confiança, no qual o resultado do conjunto de profissionais é maior do que
a soma individual.
Pedir ajuda significa a intenção de não errar, e a atenção dispensada por quem
pode ajudar significa ensinamento e apoio. Esse efeito se multiplica e reflete-se em
processos eficazes e clientes satisfeitos.
6.1.5- Delegar responsabilidades e apoiar realizações: autonomia e
tomada de decisão.
Em uma equipe vencedora, as funções são distribuídas entre seus integrantes,
que assumem a responsabilidade de executá-las. Também são estabelecidos graus de
autonomia para tomada de decisão, como por exemplo, as possibilidades de descontos
e condições especiais. Essas atitudes facilitam a realização de negócios, além de
conferirem transparência e segurança ao negociador. Essas práticas de equipes
vencedoras deixam claros os benefícios para a organização, principalmente no que diz
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FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
respeito à melhoria das condições para realização de negócios, aumento da sinergia
entre os funcionários, melhoria no ambiente de trabalho e aumento da satisfação dos
clientes.
Por outro lado, as empresas que não atuam
com o sentido de equipe têm maior propensão para
desenvolverem aspectos como burocracia interna e
confusão, em uma atmosfera de desconfiança e
individualismo,
o
que
pode
influenciar
negativamente em seu relacionamento com os
clientes, diminuindo as suas condições de
competitividade.
É por isso que desenvolver equipes nas
organizações é tão importante no acirrado mercado
contemporâneo.
6.2 Dez ótimas dicas para o trabalho em equipe
Cada vez mais o trabalho em equipe é valorizado. Porque ativa a criatividade e
quase sempre produz melhores resultados do que o trabalho individual, já que "1+1=
3". Por tudo isto, aqui ficam dez dicas para trabalhar bem em equipe.
1. Seja paciente
Nem sempre é fácil conciliar opiniões diversas, afinal "cada cabeça uma
sentença". Por isso é importante que seja paciente. Procure expor os seus pontos de
vista com moderação e procure ouvir o que os outros têm a dizer. Respeite sempre os
outros, mesmo que não esteja de acordo com as suas opiniões.
2. Aceite as idéias dos outros.
As vezes é difícil aceitar idéias novas
ou admitir que não temos razão; mas é
importante saber reconhecer que a idéia de
um colega pode ser melhor do que a nossa.
Afinal de contas, mais importante do
que o nosso orgulho, é o objetivo comum
que o grupo pretende alcançar.
3. Não critique os colegas
As vezes podem surgir conflitos entre
os colegas de grupo; é muito importante
não deixar que isso interfira no trabalho em
equipe. Avalie as idéias do colega,
independentemente daquilo que achar dele.
Critique as idéias, nunca a pessoa.
AUXILIAR VETERINÁRIO
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FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
4. Saiba dividir
Ao trabalhar em equipe, é importante dividir tarefas. Não parta do princípio que é
o único que pode e sabe realizar uma determinada tarefa. Compartilhar
responsabilidades e informação é fundamental.
5. Trabalhe
Não é por trabalhar em equipe que deve
esquecer suas obrigações. Dividir tarefas é uma
coisa, deixar de trabalhar é outra completamente
diferente.
6. Seja participativo e solidário
Procure dar o seu melhor e procure ajudar os
seus colegas, sempre que seja necessário. Da
mesma forma, não deverá sentir-se constrangido
quando necessitar pedir ajuda.
7. Dialogue
Ao sentir-se desconfortável com alguma situação ou função que lhe tenha sido
atribuída, é importante que explique o problema, para que seja possível alcançar uma
solução de compromisso, que agrade a todos.
8. Planeje
Quando várias pessoas trabalham em conjunto, é natural que surja uma
tendência para se dispersarem; o planejamento e a organização são ferramentas
importantes para que o trabalho em equipe seja eficiente e eficaz. É importante fazer o
balanço entre as metas a que o grupo se propôs e o que conseguiu alcançar no tempo
previsto.
9. Evite cair no "pensamento de grupo"
Quando todas as barreiras já foram ultrapassadas, e um grupo é muito coeso e
homogêneo, existe a possibilidade de se tornar resistente a mudanças e a opiniões
discordantes. É importante que o grupo ouça opiniões externas e que aceite a idéia de
que pode errar.
10. Aproveite o trabalho em equipe
Afinal o trabalho de equipe, acaba por ser uma oportunidade de conviver mais
perto de seus colegas, e também de aprender com eles.
AUXILIAR VETERINÁRIO
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FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
6.3 Check-list do bom trabalho em equipe
Como saber se a sua equipe está no
caminho certo e vai atingir os resultados
esperados? Assinale as alternativas das quais
você conhece a resposta e que acontecem na
sua equipe de trabalho. Quanto mais opções
marcar, maior serão as chances de sucesso.
1. Os objetivos e metas estão claros?
2. A qualidade de comunicação é boa e eficaz?
3. A equipe está preparada para encontrar um
problema e resolver? A capacidade de
resolução de conflitos é real ou fica apenas no
projeto?
4. A equipe é auto-motivada?
5. Há confiança estabelecida entre todos os
membros da equipe?
6. E a cooperação, todos se ajudam
mutuamente ou é cada um por si?
7. As pessoas buscam trazer respostas criativas para a solução dos problemas? O
nível de projetos implantados a partir de idéias da equipe é alto?
8. Os colaboradores sabem superar adversidades, como um cliente perdido ou uma
meta não alcançada? Eles têm uma boa capacidade de aceitação da derrota e de
superação?
9. Há um bom relacionamento interpessoal entre os membros?
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135
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
10. A equipe é orientada para a obtenção de resultados ou para a resolução dos
problemas?
Este check-list é mutável e a empresa
deve batalhar para conseguir nota 10 em todos
os quesitos, mesmo que o desafio seja difícil.
Para formar uma equipe de sucesso acima de
tudo, é fundamental ter um objetivo bem
definido, compartilhado e dimensionado. É
preciso garantir um compromisso comum,
assumido entre os membros da equipe, para
se construir e transformar o sonho em
realidade. O dia-a-dia do grupo deve ser
orientado por quatro princípios básicos: união,
disciplina, trabalho e profissionalismo. Com
eles, é possível fazer com que a equipe renda
o desejado.
No livro "Os 5 Desafios das Equipes", da Editora Campus, o autor Patrick
Lencioni fez o oposto e listou cinco atitudes que definem como os membros das
equipes verdadeiramente coesas se comportam. Confira:
1. Eles confiam uns nos outros.
2. Eles se envolvem em conflitos de idéias sem qualquer censura.
3. Eles se comprometem com as decisões e planos de ação.
4. Eles chamam uns aos outros à responsabilidade quando alguma coisa não sai de
acordo com seus planos.
5. Eles se concentram na realização dos resultados coletivos.
Parece simples, não? E é, pelo menos na teoria. Na prática, as coisas complicam, mas
não são impossíveis. Experimente!
Aula 47 Atendimento ao
Público
7.1 Conceitos:
Atendimento:
Ato ou efeito de atender;
Maneira como habitualmente são atendidos
os usuários de determinado serviço.
Cliente:
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FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
•
•
•
Na antiga Roma indivíduo que estava sob a proteção de um patrono
(cidadão rico e poderoso);…
Cada um dos indivíduos sócio-economicamente dependentes que fazem
parte de uma clientela (conjunto de indivíduos dependentes),
Comprador assíduo...
7.2 Como atender clientes: Preceitos Básicos
Você é a primeira pessoa a manter contato com o público. Sua maneira de falar e
agir vai contribuir muito para a imagem que irão formar sobre sua empresa. Você é o
cartão de visita da empresa. Preste atenção a todos os detalhes do seu trabalho:
•
•
•
•
•
•
•
•
Voz: deve ser clara, num tom agradável e o mais natural possível.
Calma: às vezes pode não ser fácil, mais é muito importante que você mantenha
a calma e a paciência.
Interesse e iniciativa: cada pessoa que você atende merece atenção especial.
Polidez: seja simpática, atenciosa e procure demonstrar interesse em ajudar.
Tratamento adequado: não use de intimidade seja formal (Sr., Sra., Por favor,
Queira desculpar).
Evite gírias e conotações de intimidade.
Sigilo: às vezes é preciso saber de detalhes importantes, lembre-se, eles são
confidenciais e pertencem somente às pessoas envolvidas. Seja discreta e
mantenha tudo em segredo.
Postura / Apresentação pessoal: Atenda as pessoas com um sorriso, olhe nos
olhos.
Filosofia: Ao atender a um cliente devemos ter em mente:
•
•
•
•
•
•
•
•
O bom atendimento deve gerar auto-realização
Uma reclamação é uma nova oportunidade de se fazer certo na próxima vez.
Uma reclamação é uma ajuda e não um transtorno
Uma reclamação bem atendida vale mais do que uma boa venda
O cliente é a razão da existência da empresa
O atendente é a empresa perante o cliente
O bom atendimento envolve: presteza, bom
humor, boa vontade e COMPROMETIMENTO.
Atender ao cliente é responsabilidade de todos
nós.
7.3 Direitos Do Consumidor:
1. À SEGURANÇA Contra Produtos ou Serviços que
Possam ser Nocivos à Saúde.
2. À ESCOLHA entre Vários Produtos e Serviços de
Qualidade Satisfatória e Preços Competitivos.
AUXILIAR VETERINÁRIO
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FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
3. A Ser Ouvido.
4. À Indenização.
5. À Educação Para O Consumo.
6. A Um Meio Ambiente Saudável.
7. À Informação
8. À Proteção Contra A Publicidade Enganosa.
9. À Proteção Contra Contratos Abusivos.
7.4 Por Que Se Perde Um Cliente?
✁
✁
✁
✁
✁
✁
1% morte
3% mudam
5% adotam novos hábitos
9% acham o preço alto demais
14% estão desapontados com a qualidade dos produtos
68% estão insatisfeitos com a atitude do pessoal (má qualidade do serviço)
7.5 Razões Para A Excelência No Atendimento Ao Cliente
☛ O cliente bem tratado volta sempre.
☛ O profissional de atendimento tem 70% da responsabilidade sobre a satisfação
do cliente .
☛ Nem sempre se tem uma segunda chance de causar boa impressão.
☛ Relações eficazes com os clientes, aliadas à qualidade técnica e preço justo,
fortalecem a opinião pública favorável à Empresa.
☛ Opinião pública favorável suscita lucros e boas relações profissionais geram
produtividade.
☛ Recuperar o cliente custará pelo menos 10 vezes mais do que mantê-lo.
☛ Cada cliente insatisfeito conta para aproximadamente 20 pessoas , enquanto
que os satisfeitos contam apenas para cinco.
7.6 Técnicas Para Garantir A
Satisfação Dos Clientes:
• Leve as coisas pelo lado profissional,
não pessoal.
• Detecte o estresse prematuramente e
previna-o.
• Trate cada pessoa como um cliente
para conseguir mais cooperação.
• Vise à satisfação do cliente e não
apenas ao serviço.
• Solucione problemas sem culpar a si
próprio ou aos outros.
• Pratique técnicas comprovadas.
• Estimule o feedback continuo.
AUXILIAR VETERINÁRIO
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FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
7.6.1 As 15 Competências Fundamentais Para A Linha de
Frente
1 - Desenvolver a confiança e fidelidade dos clientes.
2 - Colocar-se no lugar do cliente = empatia.
3 - Comunicar-se bem.
4 - Dominar a tensão.
5- Prestar atenção.
6 - Estar sempre alerta.
7 - Trabalhar bem em equipe.
8 - Demonstrar confiança e lealdade.
9 - Demonstrar motivação pessoal.
10- Resolver problemas.
11- Manter o profissionalismo.
12- Entender a empresa e o setor.
13- Conservar a energia.
14- Aplicar conhecimentos e habilidades técnicas.
15- Organizar as atividades de trabalho.
7.7 Inteligência Emocional
★
★
★
★
★
AUTOCONSCIÊNCIA
AUTOCONTROLE
AUTOMOTIVAÇÃO
EMPATIA
HABILIDADE NOS RELACIONAMENTOS
7.7.1 Que Irritações Podemos Evitar ?
✄
✄
✄
✄
✄
✄
✄
✄
✄
✄
PROMETER E NÃO CUMPRIR
INDIFERENÇA E ATITUDES INDELICADAS
NÃO OUVIR O CLIENTE
DIZER QUE ELE NÃO TEM O DIREITO DE
ESTAR “IRADO”
AGIR COM SARCASMO E PREPOTÊNCIA
QUESTIONAR A INTEGRIDADE DO CLIENTE
DISCUTIR COM O CLIENTE
NÃO DAR RETORNO AO CLIENTE
USAR PALAVRAS INADEQUADAS
APRESENTAR APARÊNCIA
E
POSTURA
POUCO PROFISSIONAIS
7.7.2 O Que
Irritados?
•
•
Querem
Os
Clientes
SER LEVADOS A SÉRIO.
SER TRATADOS COM RESPEITO.
AUXILIAR VETERINÁRIO
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FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
•
•
•
•
QUE SE TOME UMA AÇÃO IMEDIATA.
GANHAR COMPENSAÇÃO/ RESTITUIÇÃO.
VER PUNIDO OU REPREENDIDO QUEM ERROU COM ELES.
TIRAR A LIMPO O PROBLEMA, PARA QUE NUNCA ACONTEÇA OUTRA VEZ.
• SER OUVIDOS.
Boa Sorte!!!
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