ambiental Vila Via Metrô - Vera Maria Góes Lago Ellery
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ambiental Vila Via Metrô - Vera Maria Góes Lago Ellery
Área do trabalho CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS Título INTERVENÇÃO HABITACIONAL E URBANÍSTICO-AMBIENTAL – VILA VIA METRÔ Nome do aluno VERA MARIA GOES LAGO ELLERY Orientador FRANCISCO GIUSEPPE SAMPAIO MAZZONI Departamento de Engenharia e Arquitetura UNIVERSIDADE SALVADOR Agência de Fomento Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia – FAPESB 1. INTRODUÇÃO Ao longo dos anos o país vem sofrendo com a falta da definição de uma efetiva política habitacional que amenize o efeito implacável da urbanização dos assentamentos irregulares; fruto do crescimento acelerado da população urbana e de deterioração de sua condição de vida aonde o déficit habitacional vem sendo resolvido por conjuntos habitacionais nas periferias e através da remoção de locais de risco, porém com o Estatuto das Cidades intervenções em áreas de assentamentos irregulares passam a ser programas de integração social e de valorização do espaço, aproximando cidades informais das ditas formais. A falta e/ou má qualidade de serviços, infra-estrutura e habitação em Salvador demonstram o descaso do poder público com a população de baixa renda aliado à necessidade de grande volume de recursos para investimentos em infraestrutura, regularização fundiária, urbanização em áreas de ocupação irregular. Sendo outro fator a baixa capacidade de endividamento do município, a produção de novas unidades habitacionais fica vinculada a uma ação conjunta entre a população, prefeitura e outros agentes. Na contramão destes, temos uma população que utiliza o espaço para função de moradia de modo improvisado, criativo, porém precário e infringindo regras e leis, desenvolvendo formas alternativas para habitar. Dentro deste contexto, este trabalho tem por objetivo uma intervenção habitacional e urbanístico-ambiental na comunidade da Vila Via Metrô, uma ocupação irregular, localizada no bairro da Mata Escura, em Salvador. 2. METODOLOGIA Após a delimitação da poligonal de estudo através dos critérios das sub-bacias e dos setores censitários e utilizando a metodologia participativa do projeto Agenda 21 para Mata Escura, com observação em campo, aplicação de questionários, estudos morfológicos, produziu-se um diagnóstico sócio-ambiental e um quadro das principais tipologias habitacionais. 2.1 Caracterização das tipologias habitacionais existentes Historicamente existe uma tendência de queda da qualidade de moradia a partir das cumeadas, local das vias principais, até atingir os vales, áreas ainda carentes de infra-estrutura, portanto menos valorizadas. Podem-se destacar quatro diferentes tipologias habitacionais na região estudada. A primeira, o conjunto habitacional vertical é caracterizada por edifícios de até quatro pavimentos com paredes de alvenaria rebocada, coberturas com telhas de fibro-cimento ou zinco, com recuos laterais, ruas largas e pavimentadas, com infra-estrutura (Conjuntos Morada do Sol, Recanto Verde e ACM I). Ainda nesta primeira categoria, o conjunto habitacional horizontal, em geral é de casas geminadas com até três pavimentos com paredes de alvenaria nem sempre rebocadas, coberturas com telhas predominantemente cerâmicas, com recuos frontal e de fundo, em lotes de menos de 100m², que têm acesso por alamedas e passeios estreitos (Conjunto Jardim Santo Inácio). A segunda, o loteamento, possui casas de até três pavimentos, com paredes de alvenaria rebocada, coberturas com telhas de fibro-cimento, zinco ou cerâmica, com recuos lateral, frontal e de fundo, em lotes com pouco menos de 200m², acessados por vias locais pavimentadas e largas. Muitas delas com o térreo destinado ao uso de pequenos comércios e serviços (Conjunto de Edificações Jardim Pampulha, Imbassahy, Ponto 13 e da Rua Acelino José da Encarnação conhecida como Rua Direta da Mata Escura). A ocupação irregular consolidada, terceira tipologia, é composta por casas com até três pavimentos, predomínio de paredes de alvenaria sem reboco, coberturas com telhas de fibro-cimento ou zinco, na maioria dos casos sem recuos, construídas em terrenos inclinados, com becos e travessas estreitas com circulação apenas por pedestres e bicicleta e infra-estrutura precária (Conjunto de edificações da Nova Mata Escura, Bate Folha, Arraial do Retiro e Calabetão). A quarta e última tipologia habitacional é a ocupação irregular recente, com casas térreas, feitas com materiais de “refugo”, onde as paredes podem ser de papelão, madeira, compensado e outros, e a cobertura de fibro-cimento, zinco ou plástico. Não há infra-estrutura no local (Vila Via Metrô, objeto deste trabalho). Os parâmetros urbanísticos, como os índices de utilização e ocupação, existentes para a poligonal de estudo são desrespeitados pela maioria das edificações. Outro problema é o adensamento nas ocupações irregulares e a construção informal sem uma definição e planejamento da infra-estrutura que acabam prejudicando os próprios moradores seja por aumento da violência, limitação de acessos e melhorias do sistema viário, dificuldades de implantação de redes, falta de áreas livres no lote que acabam substituídos pelas lajes e a desvalorização imobiliária da região. 2.2 Caracterização da Vila Via Metrô Liderado pelo Sr. Walter Sena, o movimento de ocupação identificado por Vila Via Metrô, inicialmente com 360 famílias, existe no local desde 2003. Hoje com pouco mais de 220 famílias cadastradas pela Secretaria Municipal da Habitação, a comunidade ocupa uma região de topografia bastante acidentada com declividade acima de 30% cuja encosta apresenta susceptibilidade ao deslizamento de terra classificada por médio, alto e de muito alto risco. Seus integrantes são na maioria de pessoas vindas de outros bairros ou cidades vizinhas, desempregadas (pedreiros, serventes gerais, carpinteiros, domésticas, etc.), onde 63% das pessoas entrevistadas percebem até três salários mínimos e 60% estão dentro de uma faixa etária entre os 25 e 45 anos. 2.3 Traçado de hipóteses preliminares para uma proposta habitacional Os estudos sinalizam a necessidade de ofertar casas de 1 e 2 pavimentos e alguns edifícios de até quatro pavimentos em número máximo de unidades habitacionais para atender aproximadamente 250 famílias que vivem em péssimas condições de salubridade e em situação de risco. Reinterpretar lajes e terraços, como possibilidades de acessos, ligações (utilização de ruas e vias aéreas) e espaços para lazer. Propor o emprego de tecnologias e materiais construtivos alternativos e prever sistema de captação de águas pluviais para serviços como irrigação da horta comunitária, limpeza de casa, lavagem de roupa, etc. 3. RESULTADOS E CONCLUSÕES O desafio deste projeto, portanto, consiste em elaborar um projeto habitacional a partir das diversidades e dificuldades físicas do terreno, utilizando-se, na medida do possível, de sistemas de construção simples e materiais de baixo custo, promovendo a formação e qualificação da mão-de-obra local. Visa também o fortalecimento da organização social da comunidade através do envolvimento da mesma durante a formulação e desenvolvimento do projeto em questão. 4. BIBLIOGRAFIA BENETTI, Pablo César. Violência e projeto urbano em favelas. VITRUVIUS, Arquitextos 048, maio de 2004. Capturado em: <http://www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq048.asp>, novembro de 2004. BONDUKI, Nabil Georges. Origem da habitação social no Brasil. São Paulo: Estação Liberdade: FAPESB, 1998. DUARTE, Cristiane Rose; SILVA, Osvaldo Luiz; BRASILEIRO, Alice (Org.). Favela um bairro: propostas metodológicas para intervenção pública em favelas do Rio de Janeiro. São Paulo: Pró-Editores, 1996. 184. MARICATO, Ermínia e LOCONTE, Wanderley (Coord.). Habitação e cidade. São Paulo: Atual, 1997. SOUZA, Angela G. Limites do Habitar: Segregação e exclusão na configuração urbana contemporânea de Salvador e perspectivas no final do século XX. Salvador: EDUFBA, 2000.