IP-45 Privada.pmd - Escola Interativa

Transcrição

IP-45 Privada.pmd - Escola Interativa
[ editorial ]
Caros Educadores
“A principal meta da educação é criar
homens que sejam capazes de fazer
coisas novas, não simplesmente repetir
o que outras gerações já fizeram.
Homens que sejam criadores, inventores, descobridores. A segunda meta
da educação é formar mentes que
estejam em condições de criticar,
verificar e não aceitar tudo que a elas
se propõe.” (Jean Piaget)
Não é por acaso que iniciamos
este editorial com Jean Piaget. Sempre
que cada um de nós lê e interpreta as
matérias da Impressão Pedagógica
tem a exata noção de que realmente
trabalhamos por uma educação construtivista e interacionista. Aliás, na edição nº 2161 de 21 de abril da Revista
Veja, Cláudio de Moura Castro foi muito
feliz em escrever: “O construtivismo é
uma hipótese teórico-atraente e que
pode ser útil na sala de aula. Mas, nos
seus desdobramentos espúrios, vira
[ índice ]
uma cruzada religiosa, claramente
nefasta ao ensino”. Essa matéria deve
ser lida por todo educador que optou
pelo Sistema Expoente de Ensino e(ou)
acredita que o construtivismo é a
melhor opção para uma educação que
valoriza o desenvolvimento do ato
criativo e do pensar em detrimento da
simples absorção do conhecimento.
Na entrevista “Aprender a
Aprender”, com o articulador do Comitê
Científico da CICI 2010 e da Escola de
Redes, o leitor entenderá que estamos
falando de uma educação construtivista. Ao abordamos o bullying, idem. A
educação não é apenas o que está no
material que a escola usa, é também a
interação com os temas que nos
afligem e(ou) nos afetam no dia a dia.
O artigo da professora Cleusa
Maria Fuckner, mestre e doutora em
Educação e professora da Faculdade
Expoente, nos mostra que “é na escola
que podemos ter um espaço de reflexão
privilegiado, que nos permite fazer leituras de tantas construções”. Isso também é Piaget e(ou) Vigotski.
Há muito
mais sobre o
tema. A matéria
sobre o Enem
“Formação escolar substitui
decoreba” fala
que o novo forAngerer
mato privilegia Armindo
Diretor-Geral
a interdiscipli- Grupo Educacional Expoente
naridade e o
espírito crítico, buscando a troca do
“acúmulo excessivo do conteúdo” pela
solução de problemas.
Por fim, todos temos a clareza de
que o Sistema de Ensino Expoente
busca com exacerbada convicção o que
há de melhor na educação. Uma educação que contribua para que tenhamos
alunos críticos, pensadores, que saibam contextualizar o conhecimento
absorvido e que possam contribuir para
um mundo cada vez melhor.
Uma boa e proveitosa
leitura para todos.
4
19
Enem: novo
formato de
prova descarta
a decoreba
Entrevista: o professor e
escritor Augusto de Franco
fala sobre educação
inovadora
[ expediente ]
Direção-Geral: Armindo Vilson Angerer
CEEE: Sandra Poli
Revisão: Daniela Lemos da Cruz
Gabriela Sbeghen
Design: Augusto de Paiva Vidal Neto
eixeira
Marketing: Jomara TTeixeira
Jornalista Responsável: Danielle Ribas
(Mtb
3853/15/46v)
Pré-Impressão: Alexandre Straube
Fotolitos e Impressão:
Editora Gráfica Expoente: Antonio Both
Av. Maringá, 350 – Pinhais-PR
CEP: 83324-000 – TTel.:
el.: 41 3312 43 50
Fax: 41 3312 43 70
Tiragem: 20 000 exemplares.
Impressão Pedagógica é uma publicação semestral, de circulação
nacional, dirigida a diretores de escolas, coordenadores e professores,
sendo distribuída por mailing personalizado. Não nos responsabilizamos por
opiniões expressas nos artigos assinados. Todos os direitos reservados.
8
Matéria de capa:
bullying, agressões
físicas e psicológicas no
ambiente escolar
24
Saúde: ajude a prevenir e
combater o vírus da gripe
H1N1
13
26
Artigo: o que fazer para
aumentar o interesse dos
alunos na carreira pedagógica
Artigo: uma reflexão sobre a
necessidade de transformar
as práticas avaliativas
impressão Pedagógica [ 3 ]
[ entrevista ]
O professor e escritor Augusto de Franco fala sobre a educação que transforma o mundo e as pessoas
Aprender
a aprender
“Na transição que vivemos, da
sociedade hierárquica para a sociedade em rede, o que é educação?”
Especialistas, docentes e a comunidade debateram esta questão durante
um dos simpósios da I Conferência
Internacional de Cidades Inovadoras
[ 4 ] impressão Pedagógica
(CICI 2010), que aconteceu em março
em Curitiba. A Revista Impressão
Pedagógica entrevistou com exclusividade Augusto de Franco, articulador do Comitê Científico da CICI
2010, e da Escola de Redes, autor de
18 livros sobre desenvolvimento local,
capital social, redes sociais e
democracia. Entre eles: “Alfabetização democrática”, “A revolução do
Local”, “Escola de Redes: novas
visões”, “Uma nova formação política
no Brasil”, e “Três gerações de políticas sociais”.
escola?
IP - Isso também vai se refletir na
transformação do papel do
professor?
Augusto - Os novos ambientes edu-
Augusto - Totalmente, pois o professor
cativos valorizam outras habilidades.
deve ser um catalisador do processo
Uma delas é saber não apenas
de aprendizagem. Ele também
acessar, mas produzir e repassar
aprende mais quando compartilha seu
informações. Outra é conseguir não
conhecimento com os outros. Por
só trabalhar em grupo, mas também
isso, ele não deveria ser um
fazer amigos e viver e atuar em
“ensinante”, mas um “aprendente”. Ele
comunidade. As escolas ainda são
não vai somente transferir um
instituições muito fechadas, feitas por
conhecimento. No processo educa-
muros, portas e cadeados. As escolas
tivo, ele vai colocar as visões dele, os
ainda não entenderam nem como usar
caminhos que viu, os itinerários de
o computador, que normalmente fica
aprendizagem que percorreu, e
trancado numa sala, fora do alcance
compartilhar com aquela comunidade.
de todos. É a “antifunção” da
Isso é o papel do agente de educação.
ferramenta. Os computadores deve-
É preciso desaprender a ensinar, e
riam estar nas mãos dos alunos,
aprender a aprender, individual e
sendo usados no momento em que
coletivamente. Porque no futuro,
eles quisessem.
como buscadores e polinizadores,
IP - Na sua opinião, que outras
“Quando
apareceu o
computador,
a máquina de
escrever
continuou
existindo, mas
foi se tornando
irrelevante.
Assim vai ser
com o formato
atual da escola.”
IP - Com a transformação da sociedade, os sistemas socioeducativos
também serão transformados.
Qual será o futuro da escola?
Augusto - O processo não acontece
de um dia para o outro. As novas
instituições surgem e as antigas
continuam. Quando apareceu o
computador, a máquina de escrever
continuou existindo, mas foi se
tornando irrelevante. Assim vai ser
com o formato atual da escola. Os
novos processos, mais adaptados à
dinâmica e à estrutura moderna da
sociedade, vão se impor aos poucos.
A escola hoje é uma instituição
heterodidata. Tem um professor e um
aluno. Um que sabe e um que não
sabe. E parte do princípio de que “o
que sabe” vai transmitir para “o que
não sabe”, como se o conhecimento
fosse um objeto que pudesse ser
depositado, assim como você deposita um dinheiro no banco. O conhecimento não é isso, ele é uma relação
social que é reconstruída e reinventada cada vez que se estabelece essa
interação. A escola hoje precisa deixar
de ser uma estrutura de ensino e
passar a ser uma instituição de
aprendizagem.
mudanças vão acontecer com a
seremos todos aprendentes.
IP - No lugar do heterodidatismo,
o senhor ressalta a ideia de que o
futuro pertence ao autodidatismo
e principalmente ao alterdidatismo. Como será essa mudança?
Augusto - Hoje nós já percebemos
que a escola é a rede. E assim será a
IP - Diante da quantidade de
informações disponíveis na rede,
todos
nós
precisaremos
desenvolver ainda mais nossa
capacidade de reflexão e crítica.
Como filtrar tanta informação?
transição do heterodidatismo para o
autodidatismo, que é você aprender
por si mesmo, e o alterdidatismo, que
pode ser resumido como o aprendizado com seus amigos. As pessoas
estão conectadas e podem buscar o
conhecimento que quiserem, do jeito
e na hora em que quiserem. E o
principal do alterdidatismo é que elas
ainda podem polinizar esse conhecimento com outro conhecimento,
interagindo com outras pessoas.
Esses são os dois pilares das nossas
experiências com Arranjos Educativos
Locais: aprender a aprender, e
“Hoje nós já
percebemos
que a escola é
a rede. E
assim será a
transição do
heterodidatismo
para o
autodidatismo,
que é você
aprender por
si mesmo.”
aprender a polinizar.
impressão Pedagógica [ 5 ]
Augusto defende a
transformação do
papel do professor
de “ensinante”
para “aprendente”
Augusto - Esse filtro vai se dar pela
interação, e não porque teremos um
tribunal epistemológico para estabelecer o que é conhecimento verdadeiro e falso. É o fim das alfândegas
ideológicas, que determinam quais
ideias podem ou não passar. Durante
muito tempo, a igreja foi essa
alfândega. Os bispos e cardeais
determinavam quais livros poderiam
ser impressos e reproduzidos. Depois,
as universidades se transformaram em
tribunais epistemológicos, que
julgavam se o conhecimento estava
de acordo com seus cânones. Agora,
nenhum tipo de instituição vai poder
assumir esse papel. A interação entre
as pessoas é que vai dizer o que é
consistente ou não.
IP - Mas muitos jovens, e até
mesmo profissionais da comunicação, têm reproduzido informa[ 6 ] impressão Pedagógica
ções absurdas, que foram colocadas na internet por brincadeira.
É um sinal de que ainda não chegamos nessa etapa da “autofiltragem”?
Augusto - A tendência desses enganos é acabar, porque nós mesmos
desenvolveremos critérios para
selecionar o conhecimento. Quando
o número de acessos é muito grande,
os erros tendem a ser corrigidos automaticamente. É uma curva de correção de erros. É o mesmo processo
pelo qual você seleciona um produto
no mercado. O fabricante não é proibido de fazer um produto muito ruim.
No primeiro dia, as pessoas vão comprar. No segundo dia, vão perceber que
o produto é ruim. E depois não vão
comprar mais. É um processo organizado de baixo para cima, e não de
cima para baixo. O problema do tribunal epistemológico é querer ser um
conselho de sábios que diz: “isso
pode, isso não pode”. Hoje em dia,
não temos como impedir o conhecimento de chegar a um jovem com
acesso à internet banda larga, que
saiba um pouco de português, inglês
e o básico de raciocínio lógico. Ele
vai sozinho. Não adianta nem querer
proibir.
IP - Mas a tendência natural do
aluno é só buscar informações
sobre assuntos dos quais ele gosta.
Isso não pode ser um limitador de
uma visão global?
Augusto - O conhecimento real não é
e nunca foi segmentado. Não é
através de determinadas disciplinas
que a pessoa vai ter visão global.
Senão seria muito fácil, bastava criar
uma disciplina chamada “visão global”.
A verdade é que um conhecimento
puxa o outro. A partir do momento em
que a pessoa se dispõe a aprender
sobre determinado assunto, existem
sempre assuntos perpendiculares,
pelos quais ela também vai ter
interesse em aprender. Cada um sabe
o que é necessário para o desenvolvimento de suas potencialidades e
para a execução do seu papel social.
“Hoje em dia, não
temos como
impedir o
conhecimento de
chegar a um
jovem com
acesso à internet
banda larga, que
saiba um pouco
de português,
inglês e o básico
de raciocínio
lógico.”
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[ Matéria de capa ]
[ 8 ] impressão Pedagógica
Bullying
Agressividade
na
escola
Um terço dos alunos já sofreu agressões físicas e psicológicas no ambiente escolar.
Reconhecer a existência do bullying é o primeiro passo no combate e na prevenção
A pequena Aiko de 8 anos
queixava-se de dores no estômago e
ansiedade. Durante seis dias não foi
à escola. Só então os pais
descobriram que o verdadeiro motivo
das queixas era um grupo de
meninos que intimidava os colegas
de classe. O incidente seria algo
corriqueiro, mas ganhou as capas
dos jornais mundo afora no início
deste ano por um motivo simples – a
vítima de bullying era a princesa
Aiko, neta do imperador e única filha
do herdeiro ao Trono do Japão,
Naruhito. A palavra de origem inglesa
ainda não possui tradução
específica em português, e
compreende “todas as formas de
atitudes agressivas, intencionais e
repetidas, adotadas por um ou mais
estudantes contra outro, causando
dor e angústia, e executadas dentro
de uma relação desigual de poder”.
As agressões físicas, chutes,
socos e empurrões são mais
facilmente percebidos, mas podem
acontecer outras formas de
agressões mais sutis. São piadas,
apelidos, fofocas, exclusão e até
mesmo olhares e risinhos. “A
essência desse comportamento
agressivo e negativo está pautada na
[1]
intolerância e no desrespeito às
diferenças. Negros, magros, gordos,
deficientes, ricos, pobres, nerds,
emos1 são exemplos de vítimas
típicas de bullying. A lista de
possíveis vítimas é infindável, pois
qualquer diferença física, social ou
racial pode servir como desculpa e
estimular uma agressão”, explica o
psicólogo, especialista em
comportamento, Erick Huber.
“Durante algum tempo, esse
comportamento foi tratado como
coisa de criança. Hoje, porém,
existem pesquisas, artigos e livros
comprovando que o bullying tem
consequências sérias no
desenvolvimento humano”, afirma
Erick. Baixo rendimento escolar,
falta de apetite, insegurança,
ansiedade, fobia escolar, depressão
e até suicídio podem ser algumas
delas.
Os casos que chegam à
mídia são normalmente os que vão
às últimas consequências. Nos
Estados Unidos, mais de 37
tiroteios em escolas foram
atribuídos ao bullying. Um dos
primeiros, em 1999, foi o massacre
de Columbine – quando dois alunos
mataram a tiros doze colegas e um
professor, suicidando-se em
seguida. No Brasil, já existem
registros desses ataques nas
cidades de Taiuva (SP), Remanso
(BA) e Petrolina (PE).
Um estudo inédito no país, a
Pesquisa Nacional de Saúde
Escolar de 2009 do IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e
Estatísticas), mostra que quase um
terço dos alunos (30,8%) já sofreu
com o bullying. O fenômeno
acontece em ambos os sexos,
32,6% dos meninos e 28,3% das
meninas. E apresenta mais vítimas
nas escolas particulares (35,9%) do
que nas públicas (29,5%).
Prevenção e orientação
A volta da princesa Aiko à sala
de aula aconteceu depois que um
representante da Casa Imperial
japonesa solicitou a resolução do
problema. Reconhecer e admitir a
existência do bullying dentro da
escola é o primeiro passo par
combatê-lo, afirma Erick. A postura
dos educadores também é peça
chave na prevenção. “É uma
situação que pode acontecer em
praticamente todas as escolas do
mundo. Educadores, pais e alunos
Emo ou Emocore (abreviação do inglês emotional hardcore) é um gênero de música derivado do hardcore punk. Emos seriam os adeptos desse estilo musical.
impressão Pedagógica [ 9 ]
precisam ter o maior conhecimento
possível a respeito do bullying”,
garante Erick.
“Antes de incluirmos o
assunto no nosso planejamento
curricular, muitos alunos agressores
não identificavam seu próprio
comportamento nem o relacionavam
ao bullying, portanto não tinham
noção das consequências que ele
acarretava para o outro”, afirma
Adriane Fernandes dos Santos,
diretora da Escola CEC, de Nova
Friburgo (RJ).
Ao perceber qualquer
situação atípica, o corpo docente do
CEC é orientado a procurar a
direção ou o professor Marcus
Vinícius Buaiz, responsável pela
disciplina “Educação para a Vida”,
que aborda o tema
bullying com
os alunos. “Nós construímos uma
linha de frente nesse combate.
Centralizamos as informações e
traçamos as estratégias, que
podem ser desde uma simples
conversa individual, quando
o caso é menos extenso, até
uma conversa em grupo visando
conscientizar e direcionar as
atitudes. Nós também utilizamos
dinâmicas de socialização”,
explica Marcus.
Há alguns anos, o CEC
percebeu problemas de agressão
entre alunos fora dos muros da
escola. Antes que a situação
chegasse à sala de aula, os
responsáveis começaram a agir
efetivamente contra o bullying.
Os professores participaram
de palestras com especialistas, e
colocaram em prática os
ensinamentos sobre prevenção e
o
peit
sres s
e
d
mà
cia,
e r â n ão leva s e
l
o
t
ç
In
a
stra
físic
e fru s s õ e s
s
agre l ó g i c a
o
psic
orientação aos alunos.
As ações preventivas
do CEC acontecem nos
primeiros meses de aula,
o que também ajudou a
reduzir a prática do bullying.
“Os alunos do 8° e 9°
ano preparam palestras
com o tema ‘A sua
liberdade termina
quando começa a do
seu próximo’ e
apresentam para os
alunos mais novos,
do 6° e 7° anos “,
conta Marcus.
Além
disso, são
feitas mesasredondas onde os alunos
falam abertamente sobre
apelidos e provocações que
os incomodam.
[ 10 ] impressão Pedagógica
Marcus exemplifica duas
situações reais: “Em uma turma,
isoladamente, tivemos casos de
tapas nos alunos que falavam ou
faziam algo contrário a um grupo
específico. Depois de um conversa e
da dinâmica de grupo, tudo foi
solucionado. Em outro caso,
recente, uma aluna sofreu bullying
de um colega por causa do seu
cabelo. Nesse episódio, uma
conversa individual com ambos foi o
suficiente para encerrar o assunto”.
Nos casos mais graves, é
solicitado o envolvimento dos pais.
“Na maioria das vezes os pais se
surpreendem porque também
desconhecem essa faceta do
comportamento dos filhos”, conta
Adriane.
Frustrações
e desconforto
“O bullying é uma projeção das
dificuldades que eles têm. Às vezes,
até mesmo um aluno brilhante em
sala de aula acaba reproduzindo
suas frustrações através desse
comportamento”, explica Eloisa
Helena Chagas Monteiro Alves,
diretora pedagógica e psicóloga do
Colégio Auxiliadora, em São
Gonçalo (RJ). Ela conta que a
entrada dos alunos no 6º ano do
Ensino Fundamental, em geral,
provoca uma
sensação de
liberdade que pode
terminar em bullying:
“Eles dão apelidos
para todos. Por medo
de não ser aceito pelo
grupo, o aluno vai
suportando a
brincadeira até o momento
em que todo o desconforto
vem à tona de uma só vez.
Ele se sujeita, mas
não percebe que não
tem estrutura para suportar
os ataques.”
Eloísa cita um caso
emblemático, de um aluno muito
tranquilo, com boas notas e
elogiado pelos professores, mas
educado a não reagir: “Após uma
queixa da família, a escola chamou
os agressores e a situação de
bullying foi resolvida. Algum tempo
depois, os ataques voltaram a
acontecer. Desta vez, o aluno não
se queixou diretamente aos pais,
falou apenas que estava passando
mal e que não queria mais voltar à
sala de aula. A família pediu
transferência e não deu chance à
escola de resolver o problema. A
pressão social dos colegas é tão
grande que, mesmo trocando de
escola, o aluno não contou quem
eram os novos agressores.” No
entanto, a saída do aluno não foi
motivo para que a instituição
deixasse de tomar providências. A
coordenação descobriu de quem
partiam os ataques, e os agressores
foram suspensos, com o apoio das
próprias famílias. “Um deles
inclusive não tinha o perfil, mas
como os ataques ocorriam pela
internet ele contava com o
anônimato virtual”, conta Eloisa.
O ciberbullying acontece com
frequência entre os alunos de 12 a
16 anos, no Ensino Médio. “Nesse
período, a prática do bullying se
torna maliciosa e camuflada e
geralmente acontece pela
internet, nas redes sociais. No
entanto, se o ataque virtual
ocorre entre alunos, também
é papel da escola intervir”,
alerta Eloisa. A instituição
deve evitar que um pai
tente resolver o assunto
diretamente com o outro,
explica, pois existem
grandes chances de
ambos perderem o
controle.
“O grande erro
de algumas escolas
é fechar os olhos.
Nós procuramos
orientar pais e
alunos para que
procurem a
direção. A instituição
precisa traçar um canal de
confiança, mostrar que é presente”,
afirma Eloisa.
Periodicamente, são feitas
reuniões com os professores e
funcionários, nas quais todos se
comprometem a verificar e informar
os casos suspeitos. “Nós
reforçamos que somos uma equipe.
Se um de nós fecha os olhos, não
está colaborando com o restante da
equipe. O companheirismo entre os
professores não deixa de ser uma
forma de o aluno sentir confiança e
perceber que pode contar conosco”,
diz Eloisa.
Para finalizar, ela lembra que
o papel da escola é sempre protetor,
até mesmo em relação aos
agressores. “A punição precisa ser
corretiva, e não a punição pela
Um o
lh
ajuda ar atento
r a id
p
vítim
entific ode
as e
a g r e s ar
sores
punição. Tem que servir
para ajudar o aluno a refletir.” Pode
ocorrer por meio de uma conversa
com os pais, advertência,
suspensão e em alguns casos
avaliação psicopedagógica para
identificar um possível evento que
possa ter dado início ao
comportamento, como a separação
dos pais, morte de um parente, o
nascimento de um irmão.
“Um comportamento
agressivo é inaceitável, porém, nada
justifica o uso de algumas técnicas
igualmente inaceitáveis: exposição
do aluno, humilhação e retaliações
que prejudiquem os estudos”,
finaliza Erick.
impressão Pedagógica [ 11 ]
Conselhos para as escolas
Envolvimento da comunidade escolar
O agressor
• Atitude hostil, desafiadora e
agressiva;
Mostre aos pais e à comunidade que a responsabilidade pelo
comportamento dos alunos é de todos. Faça reuniões, palestras com
profissionais, explique o que é o bullying, e peça a participação e
contribuição de pais, professores, coordenadores, vizinhos, funcionários,
enfim, de qualquer um que tenha contato com situações de violência.
• Ameaças constantes para pessoas
Capacitação de Profissionais
outras pessoas;
Torne o assunto pauta das reuniões de professores. Existem
apostilas, vídeos, cursos, e muito material de pesquisa na internet. Vários
profissionais da escola devem ter um “olhar clínico” para identificar,
caracterizar, diferenciar e pensar em possíveis soluções para casos de
bullying. Incentive a observação da rotina dos alunos, de forma próxima e
presente.
Serviço de Denúncia
Por medo, a maioria das vítimas não procura ajuda. Facilite o contato
através da divulgação de um e-mail para receber denúncias e investigá-las.
Outra possível solução, simples e de baixo custo, consiste na criação de
uma “Caixa Anti-Bullying”, que deve ficar num local de fácil acesso para
que qualquer um possa denunciar ou pedir ajuda através de bilhetes. Por
outro lado, nunca deixe a caixa num lugar de grande concentração de
alunos, pois a vítima pode ter medo de ser vista pelo agressor.
Estimulação de Comportamentos Positivos
próximas (independente da idade);
• Habilidade para sair de situações
difíceis;
• Tentava de impor autoridade sobre
• Portar dinheiro ou pertences sem
justificar a origem dos mesmos.
A vítima
• comportamento pouco sociável;
• forte sentimento de insegurança (o
que os impede de solicitar ajuda);
• tem poucos amigos, são passivos,
quietos e não reagem efetivamente
aos atos de agressividade sofridos;
• apresenta com frequência dores de
cabeça, pouco apetite, dor de
estômago, tonturas;
• mudanças de humor inesperadas e
recorrentes, apresentando, às vezes,
“explosões de irritação”;
O ser humano aprende pela observação. Antes de cobrar
determinados comportamentos dos alunos, é preciso garantir que todos
os adultos da escola comportam-se de maneira solidária e cooperativa,
demonstrando tolerância, empatia e até cuidado com outras pessoas.
Nenhum comportamento se altera da noite pra o dia, mas pode ser
moldado aos poucos. Valorize e elogie os bons comportamentos.
Estimule o envolvimento dos jovens em projetos sociais, que desenvolvem
valores como o respeito, a colaboração, e o trabalho em equipe.
• volta da escola com roupas
Orientação familiar
ou arranhões sem saber dizer onde se
Promova encontros com os pais, faça cartilhas de orientação e
procure, com muito cuidado, sensibilizá-los sobre a importância de
participarem do processo, afinal eles são os primeiros modelos dos filhos.
Explique que o uso da agressão em casa (física e verbal) aumenta as
chances da criança reproduzir o mesmo comportamento na escola, e que
as demonstrações de afeto, envolvimento, e dedicação estão diretamente
relacionadas a comportamentos pró-sociais e também com a autoestima
dos filhos.
Fonte – Erick Huber
[ 12 ] impressão Pedagógica
amassadas ou rasgadas ou até com
material escolar danificado;
• desleixo gradual em tarefas
escolares;
• aparenta tristeza, contrariedade ou
aflição constantes;
• apresenta feridas, contusões, cortes
machucou;
• dá muitas desculpas para faltar às
aulas;
• possui poucos amigos ou passa
muito tempo isolado deles;
• pede dinheiro extra à família ou
chega a furtar dinheiro, gastos altos
na cantina.
[ artigo ]
É preciso
reencantar
a educação
Cleusa Maria Fuckner*
“Quando a humanidade tem um problema e ela não consegue resolver, é preciso que se eduquem as crianças para
resolverem na geração seguinte. Por isso a pedagogia é a questão fundamental no mundo.”
Michel Serres, filósofo francês
No início dos anos 80, quando cursei Magistério
no Instituto de Educação do Paraná, estudar naquela
instituição, usar aquele uniforme azul e branco e ser
professora ainda faziam parte do sonho de muitas
jovens. Éramos dezenas de alunas, e alguns poucos
alunos, cientes do que representava a carreira
docente e tínhamos orgulho de abraçarmos aquele
caminho. O curso de Magistério representava um
ideal, um objetivo de vida. Sabíamos das dificuldades
que enfrentaríamos na profissão: turmas
superlotadas, salário desvalorizado, falta de estrutura,
mesmo assim acreditávamos.
Formamo-nos em um evento marcado pela
emoção, éramos professoras normalistas. A grande
maioria foi para a universidade cursar Pedagogia ou
licenciaturas nas áreas de Línguas, História,
Sociologia, Matemática etc. O tempo passou,
prestamos concursos e assumimos a carreira
docente nas áreas pública e privada. O curso de
Magistério foi extinto e a legislação passou a exigir o
curso superior para atuar na atuar nas séries iniciais.
Depois o Magistério retornou, já não mais com o
glamour do passado. Agora, quase trinta anos depois,
muitas já estão próximas da aposentadoria, mas
continuam atuando na área de educação, e continuam
acreditando que, aos poucos, a educação será o
carro chefe de transformação da sociedade brasileira.
Em 2000 terminei o meu mestrado sobre a
Educação Feminina em Curitiba nas décadas
passadas. Na pesquisa, entrevistei muitas
professoras e ex-alunas do Magistério. Em todas
encontrei o brilho no olhar ao falar da suas
experiências.
Nessas três décadas vivemos muitas mudanças.
O Brasil conquistou a democracia, passou por crises
econômicas, pacotes, controlou a inflação, elegeu
presidentes da república, conquistou avanços
tecnológicos, sociais. Mas e a educação? Não
é sem espanto que vemos muitas reportagens
na mídia mostrando o desencanto dos jovens pela
profissão e pela possibilidade de seguir a carreira
docente. Dados estatísticos das instituições de
pesquisa demonstram que sobram vagas nas
universidades nas áreas da Pedagogia e licenciaturas,
enquanto apenas 2% dos estudantes do ensino
médio, em um universo de 9 milhões de estudantes,
pretendem cursar Pedagogia ou licenciaturas, cujo
principal mercado de trabalho é a área educacional.
Não se trata de cair no saudosismo do que
representava ser professor(a) em um passado próximo
ou distante. A história da educação nos mostra as
contradições dessa profissão, em um país em que,
durante séculos, apenas uma pequena parcela da
sociedade teve acesso à formação escolar.
impressão Pedagógica [ 13 ]
É preciso avaliar o que ocorre com a carreira
docente. Por que hoje os estudantes estão
desmotivados? Dados do IBGE demonstram que já
faltam em torno de 700 mil professores no Brasil. E
no futuro? Outras áreas da economia se
desenvolveram e atraíram mais os jovens. O que é
preciso para atrair jovens para as carreiras docentes?
O país continua a amargar os últimos lugares nos
rankings de educação. É frequente o discurso político
do investimento em educação como fator de
desenvolvimento do país, mas, na prática, o que é
preciso?
Entendemos que a educação envolve quatro
atores: o Estado, o professor, o aluno e a família.
Para reverter este
quadro atual toda a
sociedade precisa
repensar suas práticas
e discursos. O Estado
precisa criar propostas
sérias de investimento
e formação continuada
na carreira docente.
É necessário
estabelecer um plano
nacional de incentivo e
de valorização, em que
a formação continuada
represente também
melhorias salariais, que
estimulem o professor
a buscar a pesquisa
e o conhecimento.
Na rede pública do Estado do Paraná, por
exemplo, conquistas como mestrado ou mesmo
doutorado não representam avanços na carreira,
desvinculou-se a formação individual, como se os
estudos de pós-graduação só se destinassem
àqueles que vão atuar no ensino superior. Sabemos
que os países que hoje apresentam índices de
destaque na educação incentivam a formação
permanente, por meio de políticas públicas e de
incentivos individuais.
A família precisa passar a ver na educação não
apenas um caminho para garantir conquista de
emprego, mas um valor de formação e transformação.
Como já afirmou Paulo Freire, se “a educação
sozinha não transforma a sociedade, sem ela,
tampouco, a sociedade muda”.
[ 14 ] impressão Pedagógica
Estamos vivendo um momento em que há a
necessidade de enfrentar novos desafios, como as
questões ambientais, as modificações geradas pela
tecnologia no relacionamento entre as pessoas, a
compreensão da diversidade e a superação das
diferentes formas de preconceito. Percebemos que é
na escola que podemos ter um espaço de reflexão
privilegiado, que nos permite fazer leituras de tantas
construções que a mídia nos impõe diariamente
naturalizando o consumismo, impondo uma
competição exacerbada: as práticas de tirar
vantagens.
Como professora do curso de Pedagogia percebo
que, à medida que
vamos desvelando o
contexto histórico da
educação no Brasil e
no mundo, que
vamos apresentando
os pensadores, as
ideias, os alunos
em geral começam a
se questionar e
perceber as
possibilidades que
o Magistério oferece,
não apenas como
um trabalho de
dificuldade, mas
de realizações, de
ideal, de saber que
estão contribuindo
para mudanças.
Acredito que também, na prática, podemos
reencantar os jovens com a possibilidade de
despertar o ideal pelo processo de ensinar e aprender,
de perceber a conscientização que somente a
escola tem a possibilidade de construir, de descobrir
que educar é trabalhar, agir, buscar o novo, apesar
de todos os percalços, no sentido de compromisso
social e político. A educação, sem dúvida, é o
caminho do futuro, mas, para isso, todos precisamos
agir: escola, estado e família.
*Professora Titular da Faculdade Expoente, em
Curitiba (PR), e da Secretaria de Estado de Educação do
Paraná, graduada em História, mestre e doutora em
Educação pela Universidade Federal do Paraná UFPR.
[ conveniadas ]
1º Encontro
Expoente – Ateneu
Evento promove reflexão, capacitação e aperfeiçoamento
das atividades pedagógicas
Mais de 180 profissionais
reunidos com o mesmo objetivo –
atualização e aprimoramento da
prática pedagógica. O 1º Encontro
Expoente - Ateneu aconteceu em
Fortaleza, em março de 2010 e
reuniu gestores, coordenadores e
professores de todas as sedes do
Colégio Ateneu (CE).
O encontro possibilitou
discussões sobre metodologias e
práticas de ensino e deu aos
professores novas perspectivas
quanto à utilização de uma
linguagem mais adequada para
otimizar os resultados da relação
ensino-aprendizado. “Além de
congregar mais ainda nossos
profissionais, eles tiveram a
oportunidade de um contato mais
próximo com as novas abordagens e
concepções da educação moderna”,
conta Regina Moraes, diretora
pedagógica.
Após a abertura do evento,
realizada pelo
professor Portela,
diretor da instituição,
os participantes
assistiram à
palestra da gerente
do Centro de
Excelência em
Educação
Expoente, Sandra
Poli, sobre “O
Mundo de Hoje e a Escola”. Em
seguida o professor do Expoente
Edgar Silva falou sobre o novo
Enem. À tarde os professores
participaram de oficinas, que
foram divididas nas áreas de
ciências humanas, biológicas e
exatas.
Regina destaca o
entusiasmo e satisfação dos
participantes diante dos trabalhos
e discussões propostos pelos
palestrantes: “Um dos grandes
destaques foi o tema Enem,
enfocado em debates realizados
com professores de distintas
áreas disciplinares, considerando
as novas formas de abordagem
das questões, bem como a
transversalidade dos temas”.
impressão Pedagógica [ 15 ]
[ conveniadas ]
Pais e filhos
uma convivência saudável
O primeiro encontro do ano com os pais dos alunos da Escola
Principius do Saber e Dominius, em Curitiba (PR), foi muito além da
apresentação de procedimentos, recados gerais e regulamentos.
Para reforçar a relação família-escola, a psicopedagoga Marilza
Regazzo realizou a palestra “Pais e filhos - uma convivência
saudável”.
Na Educação Infantil, foi abordado o tema da imposição de
limites. Para os pais dos alunos do Ensino Fundamental, Marilza
falou sobre a adaptação escolar, o diálogo com os filhos e a
questão das drogas. “Nossa intenção é contribuir com os pais e
aproximá-los de seus filhos e da escola”, afirma Vanda Luci
Poletto Cabral, diretora pedagógica. Muitas vezes, segundo
Vanda, a presença de um especialista facilita a abordagem de
temas mais delicados.
Em 2010, a escola completa 20 anos de história. “É emocionante trabalhar todo esse
tempo a serviço da educação, tendo como valores a ética, a aprendizagem e a disciplina”, conta
Vanda. “O exercício desses valores proporcionará a toda comunidade escolar condições de
enfrentar os novos desafios, que provocam nosso interior e nos fazem voar cada vez mais alto”.
Conveniadas em destaque
A Escola Caminho do Sol foi premiada como Escola Destaque de 2009 no Congresso Internacional
de Educação, com o projeto “Inteligência adormecida”, que ficou entre os quatro melhores do Brasil.
Nos anos anteriores, a escola também foi premiada pelos projetos “Neuróbica”, “Reconstituição
coletiva de laço social, ambiental e ética maternal” e “Inspiração para matemática faz trilhar caminhos
éticos com determinação e lógica”;
A aluna Mayra Nascimento Gomes, do 2º ano do Ensino Médio da Escola Dom Mota, de Afogados
de Ingazeira (PE), é a campeã pernambucana de xadrez e vice-campeã brasileira de 2009;
Na Paraíba, a 2º colocação em xadrez no campeonato estadual ficou com a Escola Compacto, de
Piancó;
Alunos do Ensino Fundamental e Médio do Colégio Estillo, de Pinhais (PR), lançaram o livro À
Helena Kolody – A Dama dos Haikais. A obra apresenta poemas sobre temas variados, selecionados
por uma comissão julgadora.
[ 16 ] impressão Pedagógica
[ conveniadas ]
O Jardim
dos Desejos
O objetivo do projeto “O Jardim dos Desejos”, do Colégio Vivência, em Petrolina
(PE), é proporcionar ações práticas para que as crianças compreendam a
importância de cuidar da natureza. Trata-se de uma nova forma de educar, que
substitui os métodos tradicionais por diálogos, ações, descobertas e muitas
emoções.
Cada aluno escolheu um tipo de planta, recebeu as informações sobre os
cuidados com aquela espécie e criou sua própria jardineira. Histórias, poesias e
músicas também fizeram parte desse projeto, que teve atividades como cantigas de
roda e exposição de telas pintadas pelos alunos.
“Imaginamos e desejamos um jardim
que pudesse permitir às nossas crianças
conhecer melhor o processo de vida no
planeta Terra, tornando-as conscientes da
importância de cada ser nessa grande
luta”, afirma a professora Thacyana Gonzaga. O projeto,
segundo ela, deixou a sensação de ter plantado uma sementinha de
conscientização, que será regada por valores, crescerá e dará origem a
um fruto chamado mundo melhor.
Prevenção de
acidentes
Os acidentes domésticos são uma das principais causas de
hospitalização de crianças no país. Preocupado em promover um momento de
reflexão e alerta, o Colégio Literato, de São Luís (MA), realizou uma visita dos
alunos do 5o e 6o ano à Rede Sarah de Hospitais de Reabilitação.
Os estudantes participaram de uma palestra sobre prevenção de
acidentes e, com o uso de um protótipo de esqueleto, aprenderam o que
acontece com o corpo humano ao passar por um trauma. Relatos de crianças
que sofrem com sequelas, como incapacitação física, devido à imprudência
no trânsito e acidentes domésticos, foram um ponto emocionante da visita.
Essa experiência, sem dúvida, irá conscientizar e provocar a mudança de
atitude desses alunos.
impressão Pedagógica [ 17 ]
[ conveniadas ]
A forma de
pensar e agir em
relação ao nosso
papel individual e
coletivo no futuro do
planeta e da
humanidade passa por
profundas
transformações. O
avanço na
conscientização é
inegável, porém ainda
temos um longo
caminho a percorrer.
No Encontro Temático 2010, o
Grupo Expoente propõe Por Um
Mundo Melhor - Um Novo Olhar
como tema de reflexão. O evento
oferece a oportunidade da discussão
dos temas mais relevantes do
Poli, gerente do Centro de
Excelência em Educação Expoente
(CEEE).
Um dos desafios desta edição
é influenciar e modificar a forma de
pensar das pessoas em relação ao
consumo, tendo em
vista os limites
ecológicos da Terra.
O ciclo de palestras
e oficinas promove
a troca de
experiências e a
partilha de saberes,
que consolidam
espaços de formação
mútua, nos quais
cada professor é
chamado a
desempenhar,
simultaneamente, o papel do
formador e do formando. São
reflexões e questionamentos para
que educadores e gestores sejam
os agentes aceleradores dessa
transformação.
momento sob uma perspectiva
crítico-reflexiva, e a oportunidade de
aprimoramento profissional a
Programação - Encontros Temáticos 2010
professores, coordenadores e
VI Encontro Temático Expoente de Curitiba
24 de abril
gestores das escolas conveniadas.
VI Encontro Temático Expoente de Fortaleza
15 de maio
V Encontro Temático Expoente de Recife
22 de maio
IX Encontro Temático Expoente de São Paulo
29 de maio
consequências diretas na nossa
VI Encontro Temático Expoente de Goiânia
14 de agosto
vida. Somente mudando conceitos,
VI Encontro Temático Expoente do Rio de Janeiro
21 de agosto
“Precisamos rever e ampliar o
nosso olhar sobre as conexões dos
acontecimentos globais e suas
mudaremos atitudes”, afirma Sandra
[ 18 ] impressão Pedagógica
[ enem ]
Formação
escolar
substitui
decoreba
Material Didático do Sistema de Ensino Expoente contextualiza e correlaciona as
disciplinas, preparando o aluno para os novos formatos de provas de seleção
Fraude, investigação da Polícia
Federal, alteração de data, seleção
unificada... A 11ª edição do Exame
Nacional do Ensino Médio (ENEM)
foi destaque, nem sempre positivo,
nos noticiários. Polêmicas à parte, a
mudança no formato da prova
reforça o fim da segmentação do
conhecimento em nome da
interdisciplinaridade e do
espírito crítico. Segundo o
MEC, a reformulação busca
trocar o “acúmulo excessivo
de conteúdo” pela “solução de
problemas”. A proposta do chamado
“novo Enem” não é novidade para as
escolas conveniadas ao Sistema de
Ensino Expoente. Há 15 anos, o
material didático é voltado ao
modelo construtivista-interacionista,
que trata o aluno como sujeito ativo
do seu processo de aprendizagem.
“A prova da forma como foi
concebida,
dividida em
áreas de
conhecimento,
é fácil de
entender e de
responder.
Cobra
raciocínio e
vivência e
descarta a
prática da
decoreba”, afirma Renaldo
Franque, diretor do Colégio
Expoente Comendador Araújo, em
Curitiba (PR). O desempenho do
aluno no Enem será cada vez mais
resultado de sua experiência escolar
e formação, e cada vez menos do
treino de última hora. Oitenta por
cento do conteúdo cobrado na prova
do MEC são contemplados no
material didático Expoente de 1ª e
2ª séries do Ensino Médio e apenas
20% na terceira série.
“Não tive dificuldade com o
conteúdo, nem com a interpretação
das questões, pois sempre estudei
nesse formato crítico. O pior foi a
quantidade de perguntas e a
duração da prova, que se torna
muito cansativa”, relata Larissa
Schraier, aluna do Expoente, que
prestou o Enem 2009 na época em
que terminava o segunda série do
Ensino Médio. Enquanto 50% dos
estudantes do país não atingiram a
média de 500 pontos sugerida pelo
MEC, ela chegou aos 690 pontos.
Aplicação e contextualização
“No nosso material didático, a
divisão entre as matérias
impressão Pedagógica [ 19 ]
(Português, História, Matemática)
existe unicamente para situar os
alunos. Mas, na prática, os temas já
estão correlacionados e
contextualizados. Eles conversam
entre si,” explica Renaldo. Fotos,
quadrinhos, tabelas e notícias
complementam e contextualizam as
informações contidas no material
didático. Toda a seleção de testes é
voltada para questões dos
vestibulares que já seguem a linha
interpretativa, como UFRJ, UEM,
Fuvest, UFPR, entre outras. “Nem
sempre as conexões entre as
disciplinas são explícitas, mas elas
estão presentes para que o aluno as
identifique”, explica Edgar da Silva,
consultor pedagógico e professor de
Robótica do Expoente.
Mas, antes do aluno, defende
Edgar, o professor precisa enxergar
e se dedicar à aplicação e
contextualização da sua disciplina
no dia-a-dia. “Eu leciono há 12 anos,
e ainda passo várias noites
preparando as minhas aulas, com
situações que vi ou vivi naquele dia.
Com todo o material que possuo,
poderia ficar meses sem preparar
nada, mas a atualização se
transforma em hábito.”
Ele destaca também a
importância das atividades práticas
exercidas desde a infância: “Eu
leciono Robótica para alunos do 3º
ano do Ensino Fundamental. Em
uma das aulas, sobre o tema Meios
de Transporte, eles construíram
helicópteros de sucata. Alguns
usaram hélices maiores, outros
menores. E ao verem a diferença de
vôo dos dois modelos, aprenderam
implicitamente as condições de
equilíbrio da Física, sem falar em
nenhuma teoria. Essa é uma lição
que eles nunca mais vão esquecer”.
“Para um aluno ir bem, o
professor precisa despertar o
interesse dele sobre o assunto.
Depois disso, a gente mesmo vai
atrás de mais informações na
internet, nos jornais, etc.”, afirma
Larissa. A faísca do interesse pode
surgir em debates, pesquisas e na
produção de textos, por exemplo.
Dessa forma, o aluno consegue
convencer-se da importância desse
conhecimento. “Em algumas
disciplinas, como Física e Química,
ainda existe uma herança de
imagem negativa. As médias são
sempre baixíssimas, um sinal de
que o aluno não entende por que
precisa estudar aquilo. O professor
precisa trabalhar com a visualização
e com a contextualização do
conhecimento”, afirma Edgar.
A uniformidade no desempenho
nas quatro áreas de conhecimento
(linguagens, ciências humanas,
ciências da natureza e matemática)
pode ser a diferença para garantir
uma vaga no ensino superior, já que
a nota do Enem passou a ser usada
para a seleção em algumas
universidades federais, além de ser
parte do critério para distribuição
das bolsas de estudo no Programa
Universidade para Todos (ProUni).
Renaldo ressalta que a
aparente facilidade da prova elevou o
nível de disputa. “Até o ano
passado, por exemplo, alunos com
nota acima de 5 eram facilmente
aprovados nos cursos de
Engenharia da Universidade
Tecnológica Federal do Paraná
(UTFPR). Em 2010, a nota de corte
no Sisu passou para 7,5, em virtude
da concorrência com candidatos do
Brasil inteiro”. O Sistema de
Seleção Unificada (SISU) é
responsável por boa parte da
controvérsia em torno do Enem.
Pela internet, os alunos candidataram-se gratuitamente a uma das
47,9 mil vagas em cursos superiores
de todo o país, usando somente a
nota da prova como critério. Nesta
primeira edição, 51 instituições
participaram da seleção unificada.
Os críticos à proposta do
MEC alegam a perda da identidade
regional das provas. Além disso,
O educador precisa mostrar a aplicação do conteúdo no dia-a-dia, com atividades práticas
[ 20 ] impressão Pedagógica
Metade dos alunos brasileiros
não atingiu a média de 500
pontos, sugerida pelo MEC
acreditam que o acesso de alunos
do Brasil inteiro às mesmas vagas
pode prejudicar os estudantes de
determinadas regiões.
Para os defensores, o ponto
forte é justamente a vantagem
econômica e logística do processo
para o aluno, afinal ele não precisa
mais sair de sua cidade para
concorrer às vagas.
Aplicação e logística
O ministro da Educação,
Fernando Haddad, anunciou que o
Enem 2010 será aplicado em
novembro, portanto após o
segundo turno das eleições
presidenciais, em 31 de outubro.
Com isso, o governo federal
espera minimizar os riscos de
uso político de uma eventual
fraude no exame.
A preocupação é legítima,
pois mais de 4 milhões de
estudantes foram prejudicados
pela alteração da data do Enem
no ano passado, após o vazamento
da prova – que foi oferecida
para a imprensa em troca de
dinheiro. O caso continua
sendo investigado pela Polícia
Federal, e cinco suspeitos foram
indiciados. “Nos Estados Unidos e
na Europa, esse modelo de
avaliação é utilizado há décadas e
não há falhas no sistema. No Brasil,
ainda estamos muito no início do
processo, esta é 11ª edição, a
primeira no novo formato. Acredito
que a tendência do Enem é crescer
em credibilidade e consolidar-se”,
afirma Renaldo.
Professores e Enem
Educação Expoente (CEEE) sobre como os
Acompanhe as dicas do Centro de Excelência em
didático:
professores podem potencializar o uso do material
sala de aula, desde eventos sociais e políticos,
• Esteja atualizado – Use temas dos noticiários na
até os da natureza, como terremotos e tsunamis;
ssores para elaborar questões
• Faça provas em conjunto – Junte-se a outros profe
contextualizadas e interdisciplinares;
o mesmo tema dentro da sua disciplina, o
• Use o tema do ano – Se cada professor trabalhar
estão interligados;
aluno consegue perceber como todos os assuntos
ulares e até mesmo no Enem, mas tendem a
• Evite pegadinhas – Elas ainda existem nos vestib
elas não valem a pena;
diminuir. A preocupação e o tempo que se perde com
ção do conhecimento, o aluno se torna mais
• Faça atividades práticas – Ao visualizar a aplica
receptivo;
e faça os alunos buscarem informações pró e
• Promova debates – Aproveite temas do dia a dia,
contra determinados assuntos.
impressão Pedagógica [ 21 ]
[ fique por dentro ]
Lançamento
Musical
O ano de 2011 é a data limite estabelecida pela Lei
11.769 para a inclusão do ensino musical nos currículos
do Ensino Fundamental e Médio das escolas
brasileiras. O Expoente disponibiliza os
livros “Coleção História da
Música Volume I e II” e
“Desvendando a Orquestra
– Formando Plateias do
Futuro”, comercializados
diretamente com os
educadores e com as
escolas públicas e privadas.
A coleção História da
Música é formada por dois
volumes: A Música e sua
relação com outras Artes e
Os Instrumentos Musicais. O
primeiro apresenta a história da música clássica
ocidental até o século XXI e sua relação com outras
artes. O segundo enfoca a evolução histórica da
orquestra, o ritual universal do concerto, a importância
do maestro, e todos os instrumentos que compõem
uma orquestra. A coleção é acompanhada por um CD
com pequenos trechos musicais didáticos, e traz ainda
atividades, curiosidades e
indicação de sites.
“Desvendando a Orquestra
– Formando Plateias do Futuro”
é voltado às crianças, tem
ilustrações coloridas e a
participação de três personagens:
Chiquinha (homenagem à
Chiquinha Gonzaga), Villinha
(homenagem a Villa-Lobos) e
Mozart (homenagem ao
gênio da música). Além das
informações do livro, um CD
com jogos, palavras cruzadas
e sons acompanha o material, junto com
uma minibatuta.
Expoente na
Feira do Saber
Entre os dias 16 e 18 de setembro, o Grupo Expoente
participa de um dos maiores eventos educacionais do país - o 14o
Congresso e Feira Saber, que será realizado no Centro de
Exposições Imigrantes, em São Paulo (SP).
Em um espaço de 4 mil metros quadrados, com nove
auditórios destinados a palestras, mesas de debate, workshops e
oficinas, a Feira Saber reúne produtos e serviços do mercado
educacional. A expectativa dos organizadores é de superar os
números da edição de 2009, que teve 60 expositores e mais de
30 mil visitantes.
[ 22 ] impressão Pedagógica
[ fique por dentro ]
Robótica
Educacional
A robótica na educação é um fantástico
instrumento para inovar o método de trabalho do
professor, possibilitando uma nova aprendizagem lúdica,
interatividade e troca de experiências. O aluno passa a
ser um construtor de seu próprio conhecimento.
A Robótica
Educacional nada
mais é do que a
caracterização de
ambientes de
aprendizagem
que reúnem
materiais de
sucata compostos por peças diversas,
entre os quais motores e sensores controláveis
por computador e softwares que permitem programar, de
alguma forma, o funcionamento de modelos. O Grupo
Expoente oferece, com exclusividade, Soluções
Educacionais de Robótica, desenvolvidas por uma
equipe técnica pedagógica. O projeto, comercializado
para escolas públicas ou privadas, contempla:
Aquisição de Kits de Robótica, Software e Formação de
Professores conforme a necessidade de cada cliente.
Trata-se de uma inovação de mercado que cria uma
nova dimensão à tarefa de ensinar, incentivando a
participação das escolas, dos educadores e dos alunos
de forma ativa no processo de qualificação da
aprendizagem e promovendo um grande
desenvolvimento na relação interpessoal, além de
constituir uma ferramenta interdisciplinar.
Revista do
Como complemento ao Expodicas, material de
apoio que reforça os assuntos mais importantes das
disciplinas do Pré-Vestibular, o Expoente oferece
também a Revista do Vestiba, disponível exclusivamente no portal Escola Interativa. Trata-se de um
espaço virtual, com dicas, resultados de vestibulares e
gabaritos comentados, podendo ser usado por alunos e
professores. As últimas provas e resultados do Enem
2009 podem ser consultadas com um clique. No
simulado virtual, o aluno escolhe a matéria, o número de
questões e acompanha a correção com comentários. A
Revista do Vestiba é um guia indispensável na
preparação dos alunos do Ensino Médio.
Vestiba
impressão Pedagógica [ 23 ]
[ saúde ]
Prevenção
e controle da
Influenza
A H1N1
Governo Federal recomenda prevenção como principal medida nas escolas contra novo
surto de gripe. Também é preciso saber identificar os casos suspeitos e agir rapidamente
No último inverno, o surto
da Influenza A H1N1 gerou pânico
entre pais e educadores pela falta
de conhecimento e informações.
Recesso, alteração no calendário
escolar, alunos sem sair de casa e
reposição de aulas no final do ano
[ 24 ] impressão Pedagógica
foram apenas alguns dos efeitos
para as escolas. Agora, o governo
aposta na prevenção, com
campanhas informativas e de
vacinação antes da chegada do
período crítico. Também foram
realizados encontros regionais e
reuniões para estabelecer as
medidas de combate em conjunto
com as instituições de ensino. O
Grupo Expoente participou da
Audiência Pública de Vigilância
Sanitária, promovida pelo Sindicato
das Escolas Particulares do
Paraná (SINEPE) e pela Prefeitura
Municipal de Curitiba, que definiu
as principais medidas a serem
adotadas na prevenção e controle
da circulação do vírus. Cabe aos
educadores e responsáveis
promover as ações de higiene,
repassar informações sobre a
doença, conhecer as medidas
de prevenção e saber como
agir diante de casos suspeitos.
Cartazes, fôlderes, notícias,
filmes e áudios que podem ser
utilizados pelas escolas estão à
disposição no site
www.vacinacaoinfluenza.com.br.
Outra forma de conscientização é o
desenvolvimento de atividades
pedagógicas com os alunos, para
que eles se tornem repassadores
de conhecimento aos pais e à
comunidade.
Peças da campanha de prevenção estão no site www.vacinacaoinfluenza.com.br
Para facilitar a identificação de
casos suspeitos, aconselha-se que
um responsável acompanhe a
rotina diária de chegada dos alunos
em cada turno. Alunos com tosse,
olhos vermelhos, febre e dor de
garganta durante o período de aulas
devem ser mantidos afastados dos
colegas, preferencialmente usando
máscara cirúrgica descartável, até
a chegada dos pais. Um alerta – a
escola deve notificar imediatamente
a Unidade de Saúde mais próxima
se houver três ou mais casos de
gripe ao mesmo tempo na mesma
sala. Se a doença for confirmada, a
criança deve ficar afastada da
escola por um período mínimo de
14 dias do início dos sintomas e
adultos, 7 dias.
Vacinação
O fato de crianças e adolescente entre 2 e 19 anos não
aparecerem na lista de vacinação
do governo gerou muita reclamação
e questionamentos dos pais. O
Ministério da Saúde afirma que as
pessoas entre 20 e 49 anos foram
as mais atingidas em quantidade e
índice de mortalidade, por isso se
tornaram o grupo prioritário. Mas,
caso a situação epidemiológica no
país se altere, e se houver
disponibilidade de vacina, as
crianças podem ser incluídas na
campanha de vacinação. Enquanto
isso, muitos pais procuram pela
vacina em clínicas particulares.
A orientação do governo em
relação à vacinação em clínicas
particulares segue uma portaria
da Anvisa, de 2000. Nenhum
estabelecimento privado de
vacinação pode funcionar sem
licença sanitária e sem responsável
técnico (médico). Os estabelecimentos de ensino podem disponibilizar
vacinas aos alunos, professores ou
trabalhadores, dentro das
dependências da escola, somente
com a liberação da autoridade
sanitária competente e com a
contratação de clínica com licença
específica para atuação externa. É
absolutamente proibido comprar ou
aplicar, por conta própria, qualquer
tipo de vacina adquirida diretamente
em farmácias, distribuidores ou
fabricantes.
Ações de prevenção na escola
• Instalar porta-copos junto aos bebedouros, para
evitar o contato da boca com o bico ejetor d´água;
• Disponibilizar álcool em gel na entrada dos
ambientes;
• Realizar a limpeza adequada das mesas e
carteiras;
• Preparar palestras de esclarecimento a professores
e funcionários;
• Utilizar os materiais de campanha do Ministério da
Saúde na escola;
• Praticar ações diretas com os pais e alunos.
impressão Pedagógica [ 25 ]
[ artigo ]
Práticas
Avaliativas
Ferramenta
como
de
Inclusão
Liliane Aparecida dos Santos Dutra*
O sociólogo suíço Philippe Perrenoud, nas suas
incansáveis buscas à procura de uma saída, provou que
“o fracasso não é a simples tradução lógica de
desigualdades reais. O fracasso é, assim, um
julgamento institucional”.
A prova está presente na maioria de nossas
escolas, no entanto, nos dados estatísticos sobre a
educação brasileira o ensino está muito abaixo do nível
ideal de proficiência. Então para que prova? São muitas
as incoerências do
do
a Caminho
ca da Escol aduada em
gi
gó
da
pe
gr
*Diretora
ei (MG), é
e
João Del R
pedagogia,
Sol, de São s-graduada em Psico o da UFSJ.
pó
çã
,
ca
ia
Pedagog
do em Edu
al do Mestra
aluna especi
sistema avaliativo, apenas para mostrar números. A
avaliação é pensada sem levar em conta a realidade da
comunidade escolar. Avalia-se o aluno sem considerar a
sociedade em que ele vive, transfigurada por problemas
familiares, econômicos e sociais. Qual o perfil do
[ 26 ] impressão Pedagógica
educador que temos? Cumpridor do calendário escolar,
passivo, desatualizado? Qual o perfil do educador que
necessitamos? Essa é uma questão a ser posta.
A escola, ao contrário do que se prega, não
consegue criar um espaço efetivamente formativo para
seus alunos; um espaço inclusivo, que consiga cumprir
a sua função social. Para criar uma nova cultura de
avaliação, ajustes precisam ser promovidos, e mais
práticas pedagógicas desenvolvidas nos
estabelecimentos de ensino. Reavaliar seus métodos e
repensar o ato de avaliar torna-se necessário aos
profissionais da educação em exercício.
Nas últimas décadas a experiência que o país vive
no campo educacional mostra a importância de avaliar a
curto, médio e longo prazo. Entretanto a avaliação
suscita muitas discussões e polêmicas, assim como
uma grande dificuldade da escola em estabelecer
parâmetros para sua implementação. Uma das
consequências desse fenômeno são as “provas”, até
hoje aplicadas, e o tradicional modelo de avaliar que
continua prevalecendo em muitas escolas brasileiras,
onde o processo de ensino resume-se à tarefa de mera
transmissão de conteúdo, sobrecarregando o aluno com
prática de “decorebas”.
A defesa de uma nova forma de avaliação tem sido
um tema largamente divulgado nos últimos anos por
renomados pesquisadores; mas devido a vários fatores,
como o tempo para tomada de decisão e a
complexidade da legislação, a avaliação da
aprendizagem escolar hoje praticada acaba por causar
consequências que são decisivas nos resultados e na
obtenção de êxito ou insucesso. Mas aplicações
práticas dessa nova postura de avaliação exigem das
escolas e dos professores a clareza de como o trabalho
docente pode prestar um efetivo serviço à população
que mais necessita. O respeito ao saber sistematizado,
aos conteúdos a serem assimilados, assim como a
uma recolocação de práticas pedagógicas, deve ser
voltado para respostas às exigências profissionais,
políticas e culturais postas por uma sociedade que
ainda não alcançou a democracia plena.
Os atores sociais mudaram, a hipermodernidade
os influenciou radicalmente, e ainda assim a avaliação
educacional continua sendo um processo equivocado e
descontextualizado, que não deve, porém, ser encarado
como um problema sem solução, e sim como uma
solução extremamente viável e libertadora.
Atualmente o sistema de avaliação instituído no
Brasil descarta uma cultura pedagógica historicamente
construída pelo coletivo de educadores e, enfatizando o
seu aspecto meramente técnico, reduz esse processo a
um complexo de números, quadros, médias,
contribuindo com isso para que o prazer de aprender
desapareça.
A avaliação pode servir, ainda, para minimizar
impasses no ambiente escolar, servindo de subsídio
para a solução de problemas e semeando uma nova
consciência que possibilite a revisão do plano de ensino
e o encaminhamento do trabalho docente para uma
Qual o perfil do educador
que temos? Cumpridor do
calendário escolar, passivo,
desatualizado? Qual o perfil
do educador que
necessitamos?
necessidade de se fazer anotações para acompanhar
efetivamente o progresso. Os autores mencionados
apontam para um processo de avaliação como maneira
de organizar o ensino e subsidiar novas políticas de
gestão de conhecimento.
Contudo a escola convive, ainda, com um grande
impasse entre a prática desejável e a realizada, pois
enfrenta uma rotina pesada de cobranças externas e
internas, além de contar com a alta rotatividade de
professores. Propiciar momentos de estudo com os
professores dentro do ambiente escolar é uma das
atividades primordiais. A finalidade desses estudos deve
ser o desenvolvimento e aperfeiçoamento dos
professores em suas habilidades em avaliar, renovando
conhecimentos, repensando a sua prática avaliativa e
buscando novas metodologias de trabalho voltadas para
as necessidades da comunidade.
direção mais adequada, correta e mais humana.
O ato de avaliar não deve ser uma tarefa exclusiva
dos professores. Essa atividade pode ser partilhada
entre pais, alunos e outros profissionais da educação. O
entendimento do conceito de avaliação deve estar de
acordo com as grandes concepções de transformações
da ciência. A prática de avaliar deve estar voltada para
um novo paradigma educacional, uma prática voltada
para a qualidade do conhecimento e também para a
construção de um conhecimento emancipatório.
A prova não deve ser aplicada, conforme alerta o
Mestre em Didática das Ciências, Vasco Moretto, como
acerto de conta. Ele defende que “a avaliação da
aprendizagem precisa ser coerente com a forma de
ensinar. Se a abordagem no ensino for dentro dos
princípios da construção do conhecimento, a avaliação
da aprendizagem seguirá a mesma orientação”.
A Mestra em Educação e Avaliação Jussara
Hoffmann sugere cuidados ao avaliar para não amputar o
crescimento e a autonomia dos aprendizes e fala da
impressão Pedagógica [ 27 ]
[ salada cultural ]
A
sala depelo
aula
olhar
sétima arte
da
A Corrente do Bem
No primeiro dia de aula do ano, sem
grandes expectativas, o professor de
Estudos Sociais Eugene Simonet (Kev
in Spacey, vencedor do Oscar de Mel
hor
Ator por Beleza Americana) sugere que
os alunos pensem em um projeto para
mudar o mundo na prática. O que ele
não esperava é que o estudante Trev
or
Mckinney (Haley Joel Osment) levasse
a tarefa a sério.
Dessa forma, surge a ideia da corrente
do bem: faça por alguém algo que ele
não
pode fazer por si mesmo; faça o bem
para três pessoas; e peça aos três que
ajudem outras três pessoas. Assim,
a corrente cresce em progressão
geométrica, de três para nove, de nov
e para vinte e sete, e assim por diante.
O
filme mostra que as pequenas ações
podem sim transformar nosso mundo.
A Corrente do Bem (Pay it Forwar
d) EUA, 2000
Duração/Gênero: 122 min, Drama
- Direção: Mimi Leder
Nenhum a menos
Wei Minzhi tem apenas 13 anos e se torna professora substituta da escola
de seu vilarejo na China. O professor titular teve que viajar para ajudar a mãe
doente. Antes de partir, ele recomenda à garota que não deixe nenhum aluno
abandonar a escola durante sua ausência.
Mesmo perdida em meio aos alunos, a menina não esquece a recomendação
do professor. Quando descobre que um garoto desapareceu da escola, e foi
em direção à cidade em busca de emprego, para ajudar no sustento da
família, inicia uma jornada incansável para trazê-lo de volta à sala de aula.
Filme premiado no Festival de Veneza.
Nenhum a Menos (Not one less) China, 1999
Duração/Gênero: 106 min, Drama - Direção: Zhang Yimou
Glossário do Aluno
A-J
Para falar a língua dos alunos, o professor precisa conhecer os temas e ídolos do momento
Anime – refere-se aos desenhos animados feitos em
geral no Japão. Os personagens são caracterizados por
olhos muito grandes. Podem ter o gênero de comédia,
terror, drama ou ficção científica.
[ 28 ] impressão Pedagógica
Bella – personagem fictícia da série Crepúsculo, da
escritora americana Stephenie Meyer, que se envolve
numa trama com vampiros e outras criaturas.
Interpretada pela atriz Kristen Stewart.
educação
retratada
literatura
A
pela
Clube do Filme
crítico de
Jesse, de 15 anos, o professor e
Cansado das reclamações do filho
ola com
esc
a
se
o adolescente abandonas
cinema David Gilmour permitiu que
a
mic
por semana ao lado do pai. A polê
uma condição – assistir três filmes
pai
biográfica. O livro mostra como o
história do “Clube do Filme” é auto
tos, em
Jun
a.
dox
orto
co
filho, de maneira pou
consegue cuidar da formação do
velo,
coto
de
dor
sobre mulheres, música,
constante diálogo, eles aprendem
asobr
s
As lições saem da mais variada
trabalho, drogas, amor e amizade.
inado, até
Vida, Os Reis do Iê, Iê, Iê, O Ilum
primas da sétima arte, de A Doce
o cinema.
anos, Jesse escreve roteiros para
O Poderoso Chefão. Hoje, aos 22
ca
Gilmour - Editora - Intrínse
Clube do Filme - Autor – David
Entre
os Muros da Escola
Narrado do ponto de vista de um
jovem professor de francês, o livro
mostra sua
relação com uma turma desinte
ressada e que não faz questão
de
coo
per
ar com a
aula. A classe representa um mic
rocosmo da França, com mistura
s étnicas e
choque entre diferentes cultura
s. O idioma lecionado se torna
um dos motivos de
conflito, principalmente porque
diversos alunos são provenient
es
de outros países,
colônias francesas ou não. O retr
ato do comportamento dos ado
lescentes nas
escolas e dos professores den
tro da sala de aula foi transforma
do
em filme, que
ganhou a Palma de Ouro no Fes
tival de Cannes e foi indicado ao
Oscar de Melhor
Filme Estrangeiro. Uma curiosi
dade - Quem faz o papel do pro
fessor é o autor do
livro
Fra
nçois Bégaudeau.
Entre os Muros da Escola Autor – François Bégaudeau
- Editora – Martins
Cine – banda paulista, considerada a grande
revelação de 2009 pelo Vídeo Music Brasil,
premiação da MTV, e pelo Prêmio Multishow. O
clipe da música “Garota Radical” já foi visto no
Youtube mais de 5 milhões de vezes.
Habbo Hotel – jogo virtual que virou febre entre os jovens.
Cada usuário tem um avatar (uma versão de si mesmo) que
passeia pelos espaços do hotel, compra e troca móveis virtuais
adquiridos com dinheiro real. Um dos objetivos é ganhar status
ao interagir com o maior número de pessoas.
Eragon – Filme adaptado do livro de Christopher
Paolini. Um garoto órfão, Eragon encontra uma pedra
azul e descobre que se trata do último ovo de dragão.
Ele se torna um cavaleiro e luta ao lado do dragão
Saphira contra o mal.
Justin Drew Bieber - cantor pop
canadense, de 16 anos, que é considerado
pela revista Celebuzz um dos 10 maiores
artistas revelados pelo Youtube da década.
impressão Pedagógica [ 29 ]
nal
21ª Bie
nal do
Internacio
Livro de
Educasul
2010
[ 30 ] impressão
impressão Pedagógica
Pedagógica
O evento, que acontece em Florianópolis
ser o ponto
(SC), de 21 a 23 de julho, se propõe a
jam
de encontro para educadores que dese
da
participar do processo de transformação
a deste
tem
educação e da sociedade brasileira. O
na
ano é “Lugares e Desafios da Docência
site
Educação Básica”. Inscrições on-line no
fone: (48)
www.educasul.com.br, informações pelo
3028-2004.
CONGRESSOS
Com o tema Energia e Meio Ambien
te –
Soluções para o Futuro, a premia
ção distribui R$ 150
mil entre cinco categorias, incluind
o R$ 30 mil para a
instituição de ensino com o maior
número de trabalhos
com mérito científico inscritos. O
público-alvo é
constituído por jovens estudantes
que criam
alternativas para diminuir os impacto
s ambientais
causados pelo uso de diferentes
fontes de energia. As
inscrições são feitas pela Interne
t, no site
www.jovemcientista.cnpq.br, até
30 de junho.
FEIRAS
Prêmio
Jovem
Cientista
PRÊMIOS
São Paulo
de
De 12 a 22 de agosto, o Pavilhão
lo
Pau
Exposições do Anhembi, em São
das
o
ontr
(SP), torna-se palco de enc
idoras
principais editoras, livrarias e distribu
ates em
do país. O público participa de deb
Café
espaços como o Salão de Ideias,
a
Par
Literário e Fala Professor.
acesse o
acompanhar a programação 2010
site www.bienaldolivrosp.com.br.
EVENTOS
[ agenda ]

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