Workshop Danças Circulares das Diversidades

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Workshop Danças Circulares das Diversidades
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Workshop Danças Circulares das Diversidades (abril/maio 2013), por Andrea Paula e João Kamensky.
Projetos de Extensão Dança Circular na UFABC e Diversidades em Performances
(PROEX, PROAP - UFABC)
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1) O que são Danças Circulares?
As Danças Circulares fazem parte de um movimento de dança contemporânea que surgiu
com Bernhard Wosien (1908-1986), bailarino polonês/alemão, professor de danças, pintor que, a
partir das décadas de 1950 e 1960 pesquisou e divulgou danças circulares de vários povos,
buscando a valorização das diversidades das culturas, e contando com o apoio para o
desenvolvimento de suas práticas da Comunidade de Findhorn, na Escócia, onde viveu por muitos
anos.
Wosien conviveu com grandes artistas de seu tempo, sendo um deles Rudolf Laban (18791958), grande estusioso sobre a linguagem do movimento, ambos preocupados com o papel da
dança na educação. Eles e outros artistas da dança no século XX, tais como Isadora Duncan (18771927) , Klauss Vianna (1928-1992), entre outros, viveram uma época de experimentação e grande
liberdade de criação de métodos e maneiras de se trabalhar com o corpo em movimento. Algumas
dessas propostas, como a das Danças Circulares, são responsáveis por uma grande democratização e
expansão da dança por todo o mundo, agregando em suas práticas pessoas de diversas tradições
culturais, de vários povos, de todas as idades, gêneros, etnias e grupos sócio-econômicos. A dança,
dessa forma, pode ser vivenciada por todos que quiseram participar dela, transformando e/ou
reconhecendo como sujeitos da arte e da cultura as pessoas comuns, não apenas artistas ou
bailarinos profissionais.
Na vida cultural brasileira, as danças de roda possuem presença marcante, com tradições
ancestrais marcadas pela mistura e hibridismo de influências indígenas, afro-brasileiras e europeias.
Há incontáveis expressões consideradas populares e/ou folclóricas brasileiras em que as danças de
roda estão presentes, de norte a sul do país, sendo que desde a infância as crianças aprendem sobre
cirandas como brincadeira e como prática cultural, dentro e fora da escola. No Brasil, existem
artistas e pesquisadores que mesclam o movimento das Danças Circulares com investigações e
criações que dialogam com as culturas e danças brasileiras, estudando sua história, fazendo
releituras, inventando novos passos e coreografias, divulgando nossas músicas, danças e artes em
geral.
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Assim, as Danças Circulares (também conhecidas como Danças Circulares Sagradas ou
ainda Danças dos Povos) têm se espalhado por parques, praças, escolas, centros culturais, por
iniciativa de grupos independentes e também de inúmeras instituições públicas e privadas. Seus
objetivos são reunir pessoas para vivenciar em conjunto experiências em que a multiplicidade de
músicas e danças de diversas partes do mundo e de vários gêneros musicais apresentam
possibilidades afetivas, subjetivas e educativas de construção de uma cultura da paz, na qual os
corpos em movimento se tocam e se confraternizam, repensando e reposicionando formas de
sociabilidades e de práticas culturais na contemporaneidade.
As Danças Circulares são conduzidas ou focalizadas por uma pessoa chamada de
focalizador/a, geralmente alguém que estudou ou adquiriu alguma formação em um grupo de
convívio regular ou ainda em cursos livres ou profissionais sobre essa prática, abordada como parte
da história da dança e das artes. O papel de focalizador/a é o de ajudar as pessoas a interagir, a
conviver em grupo, a vivenciar as danças numa roda ou círculo, explicando sobre os sentidos das
músicas e coreografias escolhidas, ensinando alguns passos que serão dançados coletivamente,
assim como acerca da história e da filosofia da dança e das Danças Circulares em particular.
Nas Danças Circulares o que importa é que o grupo vivencie as danças, sejam estas
meditativas, folclóricas e/ou contemporâneas, respeitando a forma como cada um coloca seu corpo
em movimento e em diálogo com a presença das outras pessoas, buscando uma experiência de
integração, em que emerge uma prática coletiva na qual as individualidades também têm seu espaço
e seu papel. Algumas pessoas encontram nas Danças Circulares mais do que a possibilidade de
aprender sobre uma arte, sobre outras culturas ou apenas para movimentar o corpo, pois podem
conquistar igualmente uma experiência de autoconhecimento, de libertação, de solidariedade e, para
alguns, até mesmo de outras expressões de amizade, de amor, de espiritualidade, todas essas
expressões complexas e indizíveis de sociabilidade humana.
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Viagem Sagrada
Música: Sacred Journey; Autor: Nicholas Gunn, músico instrumentista inglês; CD: Breathe, 2009
Formação: Círculo; Mãos: em V; Coreografia: Guataçara Monteiro e João Paulo Pessoa
A música possui uma sonoridade única, de inspiração andina, e a coreografia foram transmitidas por Guataçara Monteiro e João
Paulo Pessoa no Curso de Formação de Focalizadores de Danças Circulares (Espaço Guataçara Brasil, Jacareí, SP, 2012).
Link para a música - http://www.youtube.com/watch?v=APG6BRJGwbQ
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Highland lilt
Origem: Escócia
Formação: Círculo ou Espiral
Mãos: em V
Início: Com a letra da música
Coreografia: Bernhard Wosien
A música e a coreografia foram transmitidas por Guataçara Monteiro e João Paulo Pessoa no
Curso de Formação de Focalizadores de Danças Circulares (Espaço Guataçara Brasil, Jacareí, SP,
2012). A fonte de aprendizado deles foi a educadora e focalizadora Sonia Lima (também presente
como convidada no mesmo curso) que, em 2003, apresentou-os Highland Lilt como uma música
que partia das tradições folclóricas das lavadeiras escocesas e que foi coreografada por Bernhard
Wosien. Ao pesquisar, encontramos referências sobre Peter Vallance, da Escócia, como alguém que
ensina essa dança na Fundação Findhorn, contando lendas e histórias irlandesas, escocesas e celtas.
A dança acontece por meio de uma sequência de passos simples: nos posicionamos de mãos
dadas, dando dois passos para a direita e, em seguida, balançando, com a perna esquerda e a direita,
de frente para a roda, também por duas vezes. Ao longo da dança, o/a focalizador/a pode soltar uma
das mãos e conduzir os participantes do círculo pelo espaço, serpenteando, formando espirais e
retomando o círculo ao final. É uma música que mescla o caráter folclórico e étnico com um
aspecto meditativo, pois a beleza da melodia ritmada e a simplicidade dos passos da dança
favorecem a concentração, a integração e a atenção a si mesmo, aos outros e ao grupo.
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Dança do sol
Origem: Escócia; Música: J.S. Bach, Secular Cantata BWV 208 Part 2
Formação: Círculo; Mãos: em V; Coreografia: Bernhard Wosien
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2) História da dança
Uma pequena história da Dança Ocidental
Não se sabe em que momento da História o ser humano começou a dançar. Mas, nas
pinturas das cavernas já se vêem traços rítmicos.
Nos rituais antigos, o movimento do corpo era uma forma de conectar o ser humano à
natureza e aos deuses do seu universo espiritual. Dançava-se em diversas ocasiões: nos ciclos da
colheita, em festas de casamento etc.
Cada dança tem seu repertório de movimentos. Quem já praticou reconhece que estilo está
na cena: flamenco, valsa, frevo, cavalo-marinho, chula; dança para a colheita, para a chuva; danças
populares, religiosas, cênicas (clássica, moderna, contemporânea).
Os primeiros espetáculos do que é conhecido como dança clássica ou balé no Ocidente
datam do século XVI. O primeiro balé surgiu na França, patrocinado pelos reis, em 1581, e teve
enorme repercussão, se desenvolvendo muito neste e em outros países, até se tornar uma atividade
profissionalizada. O rei Luis XIV foi considerado o pai da dança clássica, inclusive com
participação em espetáculos, e foi ele que autorizou a fundação da Academia Real de Dança,
primeira instituição profissional de bailarinos, que tem continuidade até os dias de hoje com o
famoso Balé da Ópera de Paris.
As posições dos pés e os movimentos do corpo foram codificados por coreógrafos, e isso
permitia que os bailarinos desenvolvessem com mais técnica e por maior tempo movimentos de
saltar, girar e manter o corpo de frente, para evitar dar as costas ao rei.
Nas primeiras décadas, nesse tipo de balé profissionalizado, as mulheres não era admitidas
na Academia e os personagens femininos eram dançados por homens que se vestiam como
mulheres. As mulheres participavam de alguns balés de corte, em espaços privados, porém nos
espaços públicos era considerado imoral que as mulheres dançassem e, mesmo quando foi
permitido que elas o fizessem, bailarinas como Mademoiselle La Fontaine, a primeira a dançar no
palco da Ópera de Paris, eram consideradas como indecentes.
“Nos salões da corte, o que mais fascinava no espetáculo eram os desenhos que os corpos
criavam no espaço, pois o balé era visto de cima. Quando vai para o palco dos teatros, ele passa a
ser visto de frente, destacando-se os desenhos de um bailarino. Saltos leves eram mais comuns e
decorados com pequenos batimentos das pernas e variações das piruetas. Mesmo assim, havia
pouca diferença entre os passos da dança de salão e de palco. Mas, à medida que os mestres foram
aperfeiçoando seus métodos e os bailarinos profissionais aumento suas habilidades, as distinções
entre a dança social e a de palco se ampliaram.”
Na dança clássica há toda uma hierarquia e isso se reflete no espaço reservado ao público:
os lugares centrais (dos bailarinos principais e dos acontecimentos cruciais da história)
correspondem aos assentos reservados ao rei e seus familiares na platéia, o que determina até hoje o
nosso olhar e a construção do espetáculo.
Somente no século XX, especialmente nas obras do coreógrafo norte-americano Merce
Cunningham (1919- ), é que cai por terra a regra da frontalidade da cena, ou seja, a determinação de
que todas as ações deviam acontecer de frente para a platéia. Para esse artista, o palco deveria ser
como o espaço da rua, onde a frente é a do dançarino, permitindo várias ações simultâneas.
Ao longo do tempo, a dança foi se tornando cada vez mais técnica. Alguns coreógrafos
insistiam que a dança deveria representar ação e sentimento. O mais conhecido coreógrafo
dramático foi Jean Georges Noverre (1727-1810), que reuniu uma série de noções sobre o balé de
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ação e reexaminou a técnica para uma reforma da dança. Para ele, a dança “é a arte de transmitir,
pela expressão verdadeira dos nossos movimentos, de nossos gestos e da fisionomia, nosso
sentimento e nossas paixões para a alma dos espectadores”.
A dança clássica ocidental conheceu vários estilos para os espetáculos de balé: o balé
romântico, o balé acadêmico ou clássico, com grande influência francesa e russa. E todos esses
estilos incorporaram inovações quanto aos movimentos do corpo, mas também da ligação destes
com tecnologias e cenários que tornavam o espetáculo complexo, único e cheio de novidades.
Desde engenhocas que carregam os bailarinos pelos ares, as sapatilhas de ponta que
potencializavam o efeito de elevação, as novas roupas para as bailarinas, como o tutu, a iluminação
a gás, todos esses dispositivos manipulados por técnicos, coreógrafos, cenógrafos e dançarinos,
visavam o fluxo de movimentos que desafiavam as leis da gravidade, o que marcou principalmente
o estilo de balé romântico. O balé acadêmico ou clássico, influenciado pelos russos, tinha essas
características técnicas sofisticadíssimas e contava histórias inspiradas nos contos de fadas, como
no balé romântico, porém incorporou a mímica e a estilização de danças populares tradicionais
(espanholas, chinesas, húngaras, indianas, escocesas, russas) para dar originalidade às coreografias.
Começam a surgir espetáculos de balé que desafiavam a noção de frontalidade e que se
inspiravam em movimentos atribuídos a rituais primitivos, fazendo a ponte entre a dança clássica e
a dança moderna, no início do século XX. Com as guerras mundiais, ocorre uma grande
transformação na cultura europeia, um grande questionamento de suas bases acadêmicas e clássicas,
modificando a forma de se fazer ciência e arte.
No campo da dança, foram questionados os movimentos consagrados na dança clássica, na
qual o corpo deveria buscar a verticalidade para escapar da gravidade, com os gestos desenhando
linhas muito bem marcadas no espaço.
Começa a se desenvolver a dança moderna, na qual o corpo busca lidar com a gravidade,
sem escapar dela, utilizando movimentos mais expressivos para revelar ou representar sentimentos.
E não é por acaso que a dança moderna surgiu com mais força onde a tradição clássica não era tão
presente, como na Alemanha e nos Estados Unidos.
Duas americanas, Loie Fuller (1862-1928) e Isadora Duncan (1877-1927), vão encarnar a
nova dança. Fuller descobriu por acaso, ao improvisar, o efeito dos projetores de luz sobre os panos
e ela usava vestidos esvoaçantes para acentuar seu tamanho e prolongar os braços com bastões,
produzindo formas surpreendentes.
Inspirada pela Grécia, Isadora Duncan alterou a dança de dentro para fora. É considerada a
grande pioneira da dança moderna – contrapondo-se ao balé, que para ela era artificial e vazio.
Segundo Isadora, se o dançarino fosse tocado pela natureza ou pela música, ele responderia com
belos gestos.
Já na Alemanha, o nascimento da dança moderna está associado à Rudolf von Laban (18791958) e Mary Wigman (1886-1973). Laban foi um grande teórico, voltado para a análise do
movimento (peso, espaço, tempo, fluência, dinâmica). Wigman é um grande nome da dança
expressionista, em que os movimentos se baseiam na oposição: interior/exterior; peso/elevação;
solista/grupo. Essa é também a arte da dança como revelação de figuras ou temas universais: a
magia, o êxtase, o amor, a morte, a renovação.
Para a norte-americana Marta Graham (1894-1991), a dança é expressão do inconsciente, e
ela criou sua própria técnica, baseada na oposição entre contração e distensão, e tratando a bacia
como centro do corpo. Já Doris Humphrey, outro grande nome da dança moderna, considerava que
o movimento é “um arco tenso entre suas mortes”; quer dizer, um jogo com a gravidade, sempre
uma escolha entre resistir e aceitar a queda. A música, para ela, é uma fonte de reflexão, mas a
dança não deve ser dependente disso: tem de desenvolver sua própria musicalidade.
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Merce Cunningham, que foi um dançarino da companhia de Graham, é considerado um elo
fundamental entre a dança moderna e a dança contemporânea. Para ele, tudo é dança e a dança é
tudo. A partir disso, definiu a independência entre as artes: dança, música, cenário e figurino são
criados separadamente e só se juntam na estréia. Os movimentos eram decididos por acaso (atirando
dados ou fazendo contas matemáticas, por exemplo) Isso mudou o papel do criador – e salientou a
fragilidade do ser humano nas decisões de sua vida. Mais tarde, Cunningham usaria o computador
como ferramenta para fazer suas coreografias.
A dança contemporânea usa os movimentos do dia-a-dia, privilegiando o gesto individual.
Busca não as poses, mas o fluxo do movimento. Os dançarinos proclamam a dança livre, sem regras
estabelecidas.
Novas formas de dança teatral passam a acontecer em galerias, igrejas, museus e outros
espaços públicos. Quando a dança vem para o teatro, este é usado de outro modo: as coxias podem
estar abertas e o palco sem cenário, por exemplo, deixando à mostra a parte técnica dos bastidores.
Nas montagens contemporâneas de balés clássicos, o corpo não usa somente as regras do
clássico, mas se dobra sobre ele mesmo, lida com seu peso, cede à gravidade. Pode até usar os
passos clássicos, como o plié (flexão de joelho com os pés no chão) e o grand jeté (grande salto
com as pernas abertas), mas eles vêm junto com outros movimentos.
A dança contemporânea se vale de muitas técnicas, sejam clássicas, sejam modernas, sem
necessariamente sentir-se presa a uma ou a outra. E mantém um diálogo com outras artes,
especialmente as artes plásticas e o teatro.
A dança de hoje agrega os vários gêneros, como a clássica, a moderna, a contemporânea,
simultaneamente. Nesse contexto, a escolha da linguagem artística é opção de quem cria, uma
ferramenta para a expressão e a comunicação com seu público.
Extraído e/ou adaptado do livro de Inês Bogéa, “A Dança na história”, In: Contos do balé. São Paulo: Cosac Naify, 2007, pp. 65-72.
“O ser humano possui inscrito em suas células um imenso leque de possibilidades de gestos que vão
além dos objetivos funcionais e mecânicos. Os movimentos estão sempre atrelados ao universo
afetivo e cultural, construindo pontes e representações entre as ações motoras e o mundo
imaginário.”
Bertazzo, Ivaldo. Corpo Vivo - Reeducação do Movimento. SP: SESC, 2010.
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Moldávia
Hanshtul (tradicional)
“A música e a dança sempre estiveram muito presentes na cultura moldava, influenciada por russos, armênios, persas, italianos,
húngaros e alemães, entre outros povos. O ritmo forte apresentado neste tema (que comemora a boa colheita) é um dos elementos
pagãos presentes em sua música e que se mantiveram apesar da introdução do cristianismo.” Extraído do CD Continentes do Grupo
Terra Sonora, 2001. Link - http://www.terrasonora.com.br/disco2.htm
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Egito
Taksim Arghoul (tradicional)
“Abençoado pelo Nilo, o Egito desfrutou de elevado desenvolvimento científico, artístico e cultural, cujos registros datam de
milênios. Boa parte de sua música atravessa gerações, levada pela tradição oral. Este tema instrumental para dança pertence à
comunidade Nawar e é originalmente tocado por dois mizmar (sopros de palheta dupla), ritmados por um tambor duplo chamado
tabla baladi. Os músicos dessa comunidade (oriundos do braço cigano que, vindo da Índia, se dirigiu para o Egito e a Arábia) viajam
pelas vias apresentando-se nos mais variados festejos.”
Extraído do CD Continentes do Grupo Terra Sonora, 2001. Link -
http://www.terrasonora.com.br/disco2.htm
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Jamaica
Emmanuel Road (tradicional)
Formação: em Círculo; Mãos: em V e W; Coreografia: Andrea Paula e João Kamensky
“A maior parte dos jamaicanos descende de escravos do oeste africano, trazidos para as plantações pelos colonizadores europeus a
partir do século XVI. A essas influências mesclaram-se o senso de humor, a irreverência e a criatividade característica da Jamaica.
Criou-se um vasto repertório com músicas para trabalho, corte, revitalização, funeral e cerimônias diversas. Este tema, muito popular
na ilha, pertence à gama de jogos circulares em que, originalmente, um grupo de homens dispostos em roda, passa pesadas pedras
para o outro, realçando a pulsação da música.” Extraído do CD Continentes do Grupo Terra Sonora, 2001. Link http://www.terrasonora.com.br/disco2.htm
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3) Dança e educação
Dançar é celebrar. Para muitos, é a demonstração dos sentimentos extrapolando palavras; é
também a manifestação do instinto de vida que busca encontrar o êxtase na unidade primeva; é a
união, o encontro entre corpo e alma, criador e criação, uma volta ao Ser Uno de onde tudo emana.
Bonetti cita Roger Garaudy, que define a dança como:
'Expressão, através de movimentos do corpo organizados em sequências significativas, de
experiências que transcendem o poder da palavra e da mímica... a dança não é apenas uma arte, mas
um modo de viver, de existir. Não apenas um jogo, mas celebração, participação e não espetáculo, a
dança está presa à magia e à religião, ao trabalho e à festa, ao amor e à morte.'
Tan é a raiz da palavra dança em vários idiomas. Em sânscrito significa tensão:
'Dançar é vivenciar e exprimir, com o máximo de intensidade, a relação do homem com a natureza,
com a sociedade, com o futuro e com seus deuses. Dançar é participar do movimento cósmico e do
domínio sobre ele.'
A dança, enquanto linguagem, nasceu da espontaneidade expressiva dos gestos. E as Danças
Circulares valorizam elementos como o círculo, as mãos, os passos como símbolos de união,
integração, cooperação, solidariedade, inclusão, caminhada, jornada e percurso em busca de
conhecimento, igualdade e inclusão com reconhecimento de diferenças e valorização do outro.
Atualmente, a dança está presente em conteúdos e atividades da educação básica, inseridas
em disciplinas como Educação Física ou Artes, e também é um ramo de conhecimento em diversos
níveis do Ensino Superior, de áreas disciplinares e multidisciplinares, como Dança, Artes, Educação
Artística, Psicologia, Pedagogia, entre outros, nos cursos de Bacharelado, Licenciatura e PósGraduação. Os estudos, pesquisas e práticas de Danças Circulares estão presentes em disciplinas e
são objetos de cursos inteiros de especialização. No âmbito da educação, da cultura e das artes, as
Danças Circulares possibilitam trabalhar conhecimentos sobre diversidades culturais dos povos;
movimento e o corpo humano; aspectos psicológicos e sociais, abrangendo dimensões cognitivas,
físicas e sociais.
Alguns aspectos valorizados nos processos de aprendizado em grupos de Danças Circulares
são:
- a dança como instrumento que favorece a formação de grupos;
- a criação de sentidos de união e integração;
- o contato corporal e social;
- a sensibilização para o conhecimento do ritmo e do movimento, como aspectos do
desenvolvimento humano;
- a quebra de preconceitos e o alargamento de horizontes e fronteiras ao conhecer temas das culturas
e das histórias de vários povos;
- a inclusão das pessoas diferentes, de acordo com suas habilidades e capacidades, sem julgamento
a partir de um parâmetro único nivelador do que é certo ou errado ao dançar;
- a comunicação e percepção do grupo e do papel dos sujeitos e suas singularidades dentro dele;
- a valorização da cooperação, da solidariedade, da confraternização, do prazer, da alegria, do
acolhimento, do relaxamento, do papel das emoções e do conhecimento de linguagens artísticas e
corporais como canais para a produção de saber, conhecimento e autoconhecimento.
Esses são alguns entre muitos outros pontos que colocam as Danças Circulares como um
movimento cultural, educativo e artístico contemporâneo e heterogêneo, cada vez mais presente nos
espaços de arte, educação e cultura e nos lugares públicos, tais como parques, praças e centros
comunitários.
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Ha po zamani
Origem: África do Sul – interpretada por Miriam Makeba; Coreografia: Fleur Barragan – 2010
Formação: Círculo; Mãos: braços em V
A música e a coreografia foram transmitidas por Guataçara Monteiro e João Paulo Pessoa no
Curso de Formação de Focalizadores de Danças Circulares (Espaço Guataçara Brasil, Jacareí, SP,
2012). A fonte de aprendizado deles, em 2010, foi a focalizadora Fleur Barragan, sul-africana
residente em Córdoba, Argentina.
A dança acontece por meio da seguinte coreografia: um passo para a direita com a perna
direita, que logo se junta a um passo dado pela perna esquerda, projetando os quadris para cima e
impulsando-os para a frente. Esse movimento é repetido por quatro vezes, para a direita, quando
então os/as participantes se posicionam de frente para o centro da roda, dando, em seguida um passo
para a frente com a perna direita, reposicionando-a ao lado da esquerda, para, logo depois, dar um
passo para frente com a perna esquerda. Retoma-se então o início da sequência apresentada, até o
final da música.
Essa música é contagiante, e dançamos com muito movimento e alegria, celebrando a graça
e a beleza da cultura africana. Segundo alguns estudiosos, a letra (num dialeto sul-africano) é um
lamento, sendo que Ha Po Zamani significaria “no passado” ou “tempos atrás”, e quem canta fala
de um tempo em que essa pessoa não era assim, tendo sido vítima dos efeitos do álcool. Alguns
interpretam essa música como um lamento e um protesto sobre as transformações negativas que a
colonização e os colonizadores trouxeram para a África.
O fato é que Miriam Makeba foi uma grande diva da música africana, sendo expulsa de seu
país quando lá existia oficialmente a segregação racial entre negros e brancos, o apartheid, contra o
qual lutou seu povo, liderado pelo famoso Nelson Mandela, que passou décadas na prisão antes de
ser libertado e se tornar presidente oficialmente eleito da África do Sul. Miriam Makeba foi então
convidada a retornar ao país, sendo reconhecida em todo mundo como uma das grandes artistas e
ativistas contra o racismo, símbolo da força da cultura dos povos africanos.
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Boneca de lata
Música: Boneca de Lata – Domínio Público
CD: Brinquedos cantados – Bia Bredan
Coreografia: Vanerí de Oliveira
Mãos: Soltas
Início: com a letra da música
Letra:
Minha boneca de lata
Minha boneca de lata
bateu com a cabeça no chão
bateu com a barriga no chão
levou mais de uma hora
levou mais de 6 horas
pra fazer a arrumação
pra fazer a arrumação
desamassa aqui
desamassa aqui
pra ficar boa
desamassa aqui pra ficar boa...
Minha boneca de lata
Minha boneca de lata
bateu com o nariz no chão
bateu com as costas no chão
levou mais de duas horas
levou mais de 7 horas
pra fazer a arrumação
pra fazer a arrumação
desamassa aqui
desamassa aqui
pra ficar boa...
desamassa aqui pra ficar boa...
Minha boneca de lata
Minha boneca de lata
bateu com o ombro no chão
bateu com o joelho no chão
levou mais de 3 horas
levou mais de 8 horas
pra fazer a arrumação
pra fazer a arrumação
desamassa aqui
desamassa aqui
pra ficar boa
desamassa aqui pra ficar boa...
Minha boneca de lata
Minha boneca de lata
bateu com o cotovelo no chão
bateu com o pé no chão
levou mais de 4 horas
levou mais de 9 horas
pra fazer a arrumação
pra fazer a arrumação
desamassa aqui
desamassa aqui
desamassa aqui pra ficar boa...
desamassa aqui pra ficar boa...
Minha boneca de lata
Minha boneca de lata
bateu com a mão no chão
bateu com o bumbum no chão
levou mais de 5 horas
levou mais de 10 horas
pra fazer a arrumação
pra fazer a arrumação
desamassa aqui
desamassa aqui
desamassa aqui pra ficar boa...
desamassa aqui pra ficar boa...
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Coreografia de Boneca de Lata (Vanerí de Oliveira)
1 – Minha boneca de lata: caminhar no sentido anti-horário, mãos soltas, com passos livres,
conforme a música.
2 – Bateu com a cabeça no chão: levar a cabeça ao centro, como se pesasse e continuar caminhando.
3 – Levou mais de uma hora pra fazer a arrumação: ainda caminhando com a cabeça baixa. Com a
palma da mão esquerda indicar o número da hora e mencionar a canção.
4 Desamassa aqui pra ficar boa: Parar no lugar, de frente para o centro, com as duas mãos, erguer a
cabeça como se a colocasse no lugar e balançar o polegar direito enquanto repetir “pra ficar boa”.
E assim sucessivamente, alterando a indicação dos números com os dedos. Conforme as horas vão
aumentando, mais uma parte do corpo vai ser consertado.
Cabeça: como se a cabeça estivesse pensando
1 hora
Nariz:
2 horas
Ombro: ombro direito caído
3 horas
Cotovelo: cotovelo direito dobrado
4 horas
Mão: mão direita caída
5 horas
Barriga: pendendo para a frente
6 horas
Costas: pender as costas para trás
7 horas
Joelho: joelho direito levemente dobrado
8 horas
Pé: pé direito mancando
9 horas
Bumbum: 2 mãos no bumbum
10 horas
A dança termina com todos de frente para o centro fazendo uma pose. Esta dança pode ser aplicada
como uma atividade lúdica, trabalhando a contagem, o autoconhecimento, o raciocínio, além de ser
uma brincadeira de memorização.
Adaptado de Apostila do Curso de Formação de Focalizadores de Danças Circulares, Módulo IV (Espaço Guataçara
Brasil, Jacareí, SP, 2012), por Guataçara Monteiro e João Paulo Pessoa.
Workshop Danças Circulares das Diversidades (abril/maio 2013), por Andrea Paula e João Kamensky.
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Dança das Palmas
Origem: Israel
Fonte da Música: Beto Wakrat - 2003
Fonte: Guataçara Monteiro: Sônia Lima – 2011
Coreografia: adaptação Sônia Lima – 2011
Mãos: em V
Essa dança é muito animada! E, particularmente, as crianças adoram dançá-la!
De mãos dadas, começamos com a perna direita, dando quatro passos na roda, para o lado direito.
Em seguida, giramos o corpo e, de costas, no mesmo sentido da roda, damos mais quatro passos.
Fazemos essa sequência mais uma vez e, ao final dela, ficamos de frente para a roda, abrindo a
perna direita para o lado direito e batendo palmas duas vezes.
Então, abrimos a perna esquerda para o lado esquerdo e batemos palmas duas vezes também,
repetindo essa sequência.
Toda essa dança é feita novamente, até acabar a música, que vai ficando mais rápida!
O divertido é criarmos o nosso próprio ritmo, acompanhando o crescendo da música...
Fonte: Adaptado da Apostila do Curso de Danças Circulares – Dança da Vida, com Bebel Moraes, Guataçara Monteiro
e João Junqueira. Pindamonhangaba (SP), 2012.
Workshop Danças Circulares das Diversidades (abril/maio 2013), por Andrea Paula e João Kamensky.
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Luz
Música: Luz – Rubinho do Vale; Coreografia: Cristiana Menezes
Formação da Roda: Círculo; Mãos: em V; Fonte: Guataçara Monteiro e João Paulo Pessoa
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Letra:
Eu quero luz
Quero alegria
Quero força p'ra cantar todo santo dia
Eu quero mais é paz interior
P'ra repartir com quem olhar p'ra mim
Eu quero mesmo é cultivar o amor
Ver um tantão de flor no meio do meu jardim
Quero abraçar nossa mãe natureza
Que é rainha de toda beleza
Olhando a lua, o mar e os vegetais
A gente aprende mais a ter maior firmeza
Quero guiar o meu pensamento
Redescobrir todo o meu sentimento
Ter na memória a verdadeira história
Que o Rei da Glória traz a luz do tempo
Ter na memória a verdadeira história
Que o Rei da Glória é a luz do tempo
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Carrossel do destino
Música: Carrossel do Destino – Antônio Nóbrega e Bráulio Tavares
CD: Lunário Perpétuo – Antônio Nóbrega
Fonte do Guataçara: Cristiana Menezes, 2005; Coreografia: Cristiana Menezes
Início: Esperar 16 tempos; http://www.youtube.com/watch?v=uGDZV_Ja9pk
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Letra:
Deixo os versos que escrevi,
As cantigas que cantei,
Cinco ou seis coisas que eu sei
E um milhão que eu esqueci.
Deixo este mundo daqui,
Selva com lei de cassino;
Vou renascer num menino,
Num país além do mar...
Licença, que eu vou rodar
No carrossel do destino.
Enquanto eu puder viver
Tudo o que o coração sente,
O tempo estará presente
Passando sem resistir.
Na hora que eu for partir
Para as nuvens do divino,
Que a viola seja o sino
Tocando pra me guiar...
Licença,que eu vou rodar
No carrossel do destino.
Romances e epopéias
Me pedindo pra brotar
E eu tangendo devagar
A boiada das idéias.
Sempre em busca das colméias
Onde brota o mel mais fino,
E um só verso, pequenino,
Mas que mereça ficar...
Licença, que eu vou rodar
No carrossel do destino.
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Rights of men
Origem: Irlanda/Escócia
Música: Rights of men – música tradicional irlandesa/escocesa, em referência à cultura celta
Fonte: Guataçara Monteiro e João Paulo Pessoa
Um verdadeiro clássico, traduzido como "Os Direitos do Homem" e que é frequentemente ouvido em sessões tradicionais de música
irlandesa. Apesar de ser considerada como uma música da antiga cultura do povo celta, que viveu no norte da Europa antes do
Cristianismo, ela aparece em ambas as fontes, de irlandeses e escoceses, do século XIX, e alguns manuscritos atribuem a James Hill,
embora não haja consenso sobre isso. Algumas pessoas dizem que esta canção deriva seu título de 1791, do livro de Thomas Paine,
ao defender a Revolução Francesa, mas a música provavelmente não volta tanto no tempo.
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Adeus Sarita
Música: Adeus Sarita – Domínio Público
CD: Antigas Cantigas Brasileiras – Renato Motha e Patrícia Lobato
Coreografia: Cristiana Menezes; Fonte Guataçara e João Paulo: Cristiana Menezes - 2005
Formação: Círculo; Inicio: Adeus Sarita...
Link para a música - http://www.youtube.com/watch?v=zdJRoO9T790
“Adeus Sarita é uma guarânia típica gaúcha, o que nos remete em termos musicais, às mais fortes raízes latino-amerinas. Como o
estilo musical indica, a guarânia tem suas origens nas melodias dos Guaranis. O povo Guarani, se estendia desde o Chile, Argentina,
Paraguay e Brasil até a Colômbia. Esse típico ritmo Paraguayo é muito apreciado pelos brasileiros, e está presente na maioria das
nossas músicas, sertanejas e românticas.”
Texto extraído da apostila “Danças Circulares Brasileiras – Cristiana Menezes” – ITU 2005, citado na Apostila do Curso de
Formação de Focalizadores de Danças Circulares (Espaço Guataçara Brasil, Jacareí, SP, 2012), por Guataçara Monteiro e João
Paulo Pessoa.
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Letra:
Adeus Sarita
Vou partir para a fronteira
Vou levar minha boiada
Pra vender lá na feira
Com o dinheiro dessa venda
Eu vou comprar
Mais uma linda fazenda
Pra contigo me casar
No dia do casamento
Vai ter baile a noite inteira
A sanfona vai tocar
Essa rancheira
Os amigos reunidos
Cantarão para nós dois
E nossa felicidade
Virá depois
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De Usuhaia a La Quiaca
Música: De Usuhaia a La Quiaca, de Gustavo Santaolalla
CD: Diários de Motocicleta, 2004
Formação: Círculo Mãos: em V
Coreografia: Andrea Paula e João Kamensky, 2013
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4) Dança e diversidade cultural
A dança, como linguagem e manifestação expressiva dos povos de várias culturas, está
intimamente ligada com a noção de diversidade cultural como sendo o reconhecimento da
pluralidade, da multiplicidade, dos hibridismos e das transformações e sobreposições incessantes
das produções simbólicas das pessoas e grupos sociais.
Portanto, há várias construções de conceitos e tipologias que tentam mapear a linguagem da
dança, partindo de critérios diferentes. E, em nossa opinião, todas as tentativas de mapeamento são
válidas e interessantes, porque partem de épocas históricas e pontos de vista culturais específicos
daqueles que as criaram e que, como todos os seres humanos, nasceram e cresceram dentro de uma
determinada cultura ou de um conjunto de culturas.
Abaixo adaptamos e citamos uma construção conceitual e uma tipologia elaborada por
Maria Cristina de Freitas Bonetti, para seu artigo no livro Danças Circulares Sagradas: uma
proposta de educação e de cura, que pode servir principalmente de exemplo para compreender a
diversidade cultural na linguagem da dança. Isso não significa que esse exemplo dá conta de tudo o
que diz respeito à pluralidade e à multiplicidade das expressões e dos movimentos da dança, e nem
que são conceitos inquestionáveis, definitivos e fechados sobre essas expressões. Para nós, que
pesquisamos, estudamos e praticamos a dança como uma linguagem complexa, essas formulações
são pontos de partida para novas pesquisas, reflexões e formulações, que sempre existirão e que
interessam ao conhecimento artístico e cultural.
A dança é a expressão representativa de diversos aspectos da vida, é uma linguagem social
que permite a expressão de sentimentos, emoções e afetividade vividas nas esferas da religiosidade,
da saúde, da guerra, e de todos os momentos importantes da existência.
A dança pode ser individual e coletiva e quando expressa a imaginação, as emoções básicas,
os fenômenos da natureza ou ações objetivas em geral, pode ser chamada figurativa e, quando
representa configurações simbólicas do inconsciente, diz abstrata.
Dança Sagrada é considerada fruto da sabedoria do povo e o contato do sujeito com a sua
divindade, a união com ele mesmo, com o seu próximo e com a realidade cósmica ou espiritual.
Dança Profana pode ser popular ou erudita, individual ou coletiva, mostrar irreverência, expressar
a necessidade de libertar-se do que oprime.
Dança Ritual está relacionada a ritos sagrados, que podem vir desde festividades agrícolas, de
passagem de ano ou Ano Novo, que é variável, conforme as culturas dos povos.
Dança Étnica é um conjunto de tradições vivenciadas por um grupo de pessoas com identidade
comum para compartilhar elementos culturais e étnicos, caracterizados por uma sincronicidade de
sons e movimentos que expressam histórias, estórias, mitos, lendas, sentimentos de um povo.
Dança Folclórica desenvolve-se em cada país conforme o temperamento e os costumes de cada
povo, baseando-se no ritmo e na criação através do movimento, percebido e sentido por artistas, que
elaboram sua arte com a pesquisa, buscando origens das danças e fazendo releituras com elementos
teatrais.
Dança Guerreira busca captar uma força viva, por vezes sobrenatural, que nasce dos esforços e das
motivações dos grupos, também mostrando costumes, crenças religiosas e grandes ritmos humanos
de sua comunidade.
Dança Nacionalista tenta caracterizar ou representar uma nação. Exemplos: samba brasileiro,
dança flamenga da Espanha, tarantela da Itália.
Dança Dramática possui conteúdo figurativo, contando histórias, mitos, lendas, com fatos e
passagens que se pretendem representativas de origens culturais, inspirando-se também em fontes
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mágicas, lendárias, religiosas, tanto pagãs quanto cristãs.
Dança Auto-Popular é a dança dos bailes, festas e outras reuniões sociais, e podem representar
modas passageiras, com maior ligação com a época que fez mais sucesso.
Folguedo Popular é formado por brincadeiras de festas que os povos organizam para se divertir e
se unir, reforçando um sentido de comunidade. Alguns falam em desaparecimento, outros em
ressurgimento, outros ainda em releituras, e existem muitos folguedos no Brasil, com traços
bastante populares. São exemplos: Congada, Maracatu, Moçambique, Reisado, Pastorinhas, Bumba
meu Boi, Coco, Retumbão, Cavalo-Marinho, Cirandas, etc...
Bailado é ação teatral representada por meio da dança com acompanhamento musical, e pode ser
um espetáculo independente ou estar dentro de uma ópera.
Cortejo é uma comitiva que acompanha uma procissão ou uma banda de músicos de um folguedo
popular. Exemplo: Cortejos de Maracatu.
Um pouco mais sobre dança e cultura no Brasil
Para alguns pesquisadores, a dança é muito ligada às matrizes culturais dos povos. E, no
caso do povo brasileiro, possuem grande importância a cultura indígena ou ameríndia, a cultura
europeia ou branca e a cultura africana ou negra.
As danças na cultura indígena são parte de cerimônias místicas e são consideradas como
um conhecimento, um legado, uma herança, transmitidas de pais para filhos, sendo conhecidas
somente por determinadas pessoas do grupo. A dança começa lenta e compassadamente, indo, num
crescente até o verdadeiro frenesi.
A dança tem grande importância na vida social e simboliza atos, fatos, mitos, feitos relativos
às suas vidas e costumes, e a sua música uníssona (unitônica), tem ritmo marcado com a repetição
criando um efeito hipnótico, de transe.
Bonetti cita o antropólogo Mário Arruda sobre o conhecimento das danças indígenas:
“A dança está ligada a musicalidade, ou seja, é uma consequência da música. A música entre os
índios se desenvolve a partir dos elementos da Natureza (canto dos pássaros, movimento dos
animais, etc), que incorpora a música, concretizando-a na dança.
A dança, muitas vezes é a incorporação do Totem que protege o grupo. Ex.: na dança em
homenagem ao espírito da onça, eles reproduzem a música no compasso da onça e fazem os
movimentos da onça. Em geral é um ritual de pedido de proteção para que o espírito protetor da
onça fique mais próximo deles. (…) Os Kraô são a tribo que dança ritmos sagrados como o Nascer
do Sol, o Por do Sol, a Lua Cheia, Ritual da Estrela D'Alva e a música é inspiração deles. Os UruEu-Au-Au têm uma cerimônia de dança sagrada para contar a história de como o inimigo morreu,
fazendo toda a encenação. Dançam com o arco na mão, sem flecha, e no momento em que esticam a
corda do arco e a soltam é a representação de que estão mandando o espírito para as estrelas. A
dança é feita ao anoitecer ou amanhecer, mas os arcos só podem ser disparados quando tem estrelas
no céu.”
A cultura africana também traz como herança uma ligação sagrada com os elementos da
natureza, contando histórias através dos deuses do seu universo espiritual, chamados de Orixás. A
prática espiritual de origem africana, o Candomblé, abriga a dança contagiante, misteriosa, realizada
em estado de êxtase, que representa uma conexão com o divino, o Orixá, sendo que cada um deles
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possui dança e canto específicos.
A Capoeira de Angola é um jogo e uma dança, algo como “um jogo de xadrez com
movimentos corporais técnicos e rítmicos” e o vencedor é considerado representante e mensageiro
dos deuses na terra.
Assim como no caso das culturas e das danças indígenas, são inúmeras as influências das
culturas e das danças africanas nos folguedos e manifestações populares brasileiras!
A cultura europeia é multifacetada e plural, com legados pagãos e cristãos bastante
hibridizados e, no caso brasileiro, a influência portuguesa trouxe a herança cultural das danças
através do Cristianismo. Nas manifestações exteriores do seu culto diante dos altares, os fiéis
dançavam enquanto entoavam cantos e hinos sagrados, e as primeiras procissões eram dançadas e
cantadas, com ampla participação popular. Os jesuítas foram grandes responsáveis pelo ensino das
primeiras danças europeias e na ligação e mistura destas com as culturas indígenas e africanas,
dando origem e influenciando manifestações populares como o Reisado, o Rei dos Mouros,
Pastorinhas, Congadas, Bumba meu Boi, etc.
Escrito com a contribuição de trechos extraídos e/ou adaptados de Maria Cristina de Freitas Bonetti, e outros autores, do livro
Danças Circulares Sagradas: uma proposta de educação e de cura. São Paulo: TRIOM, 2002.
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Peru
Pollerita (tradicional)
Formação: em Círculo; Mãos: em V
Coreografia: Andrea Paula e João Kamensky
“Este tema para dança é tocado durante o festival dedicado ao Deus Sol (Inti Raymi), que comemora a chegada do sol de inverno.
Realiza-se anualmente em junho nas ruínas de Sacsayhuamán, uma antiga fortaleza na região dos Andes centrais da qual se avista
Cuzco, a antiga capital do Império Inca. Os festejos, atualmente recriado cenicamente, terminavam com o sacrifício de uma lhama. O
coração do animal, ainda palpitando, era observado por um sacerdote, que fazia então uma série de previsões sobre guerra e paz, boas
e más colheitas e demais eventos importantes relacionados à comunidade.” Extraído do CD Continentes, 2001, do grupo Terra
Sonora, 2001. Link - Extraído do CD Continentes do Grupo Terra Sonora, 2001. Link - http://www.terrasonora.com.br/disco2.htm
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Ciranda das flores
Música: Ciranda, cantada por Gilberto Gil e Marlui Miranda
Autores: Gilberto Gil/Moacir Santos
CD: O Sol de Oslo, 1998
Coreografia: Cristiana Menezes; Fonte: Guataçara Monteiro e João Paulo Pessoa
Mãos: em V; Início com a letra
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Letra:
Vem de um lugar chamado Flores
Esta ciranda
De tantas cores
Vem nos aliviar as dores
Os maus olhados
Os dissabores
Ó, cirandeiro, cirandeiro
Que faz ciranda o tempo inteiro
Só por folia
Só por amor
Vem de um lugar chamado Flores
Esta ciranda
De tantas cores
Vem nos falar dos trovadores
Dos bem-amados
Dos benfeitores
Ó, cirandeiro, cirandeiro
Que faz ciranda o tempo inteiro
E só por isso
Tem seu valor
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Rota da Estrela
Música: Rota da estrela
Autor: Ronaldo Silva
Nome do CD: Rota da estrela – Arraial do Pavulagem
Coreografia: Guataçara Monteiro e João Paulo Pessoa – 2011
Base rítmica: Retumbão do Pará.
“Música de preferência da Marujada de Bragança, manifestação folclórica bicentenária do nordeste
paraense. O seu compasso musical e ritmo se assemelha ao Lundu. Parece-nos que o retumbão é o
lundu em sua forma mais primitiva que ficou nessa região do país sem ter sofrido as influências da
civilização, que o modificou progressivamente da senzala ao salão aristocrático.”
Letra:
Seguindo a rota da estrela papa ceia
Minha canoa vai cortando a água e o vento
Vai navegando com o seu leme de ferro
De vela azul da cor do céu iluminado
Minha bandeira vai no mastro tremulado
Vai tremulando pela costa brasileira
O vento leva o vento trás minha lembrança
Vou de Bragança Caviana pra te ver
Fonte: Guataçara Monteiro e João Paulo Pessoa, Apostila do Curso de Formação de Focalizadores de Danças Circulares (Espaço
Guataçara Brasil, Jacareí, SP, 2012.
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Austrália
Beyarmak (tradicional)
Formação: em Círculo
Mãos: em V
Coreografia: Andrea Paula e João Kamensky
“Os aborígenes migraram do sudeste asiático para a Austrália há milhares de anos.
Caçadores seminômades, espalharam-se pelo vasto território num grande número de pequenos
grupos. Falavam cerca de 200 línguas aparentadas entre si, porém com diferenças claras entre as
regiões. Como não possuíam uma linguagem escrita, os aborígenes desenvolveram uma rica
tradição oral, baseada em sua mitologia.
Sua principal crença refere-se ao 'tempo dos sonhos', quando seres míticos corporificavamse em plantas, animais, pedras, lugares e elementos que animavam seu habitat. Música, dança e
pintura em pedras carregadas de simbolismo e força eram consideradas manifestações sagradas, um
dom para quem as realizava.
A partir do final do século XVIII, com a colonização europeia – sobretudo inglesa – o modo
de vida aborígene foi violentado ao extremo, quase extinto. Atualmente, são poucas as comunidades
que conseguem manter vivas suas tradições. Este tema para dança pertence ao repertório dos
aborígenes Youlgu, habitantes da região nordeste da Austrália.”
Extraído do CD Continentes, 2001, do grupo Terra Sonora, 2001. Link - Extraído do CD Continentes do Grupo Terra Sonora, 2001. Link http://www.terrasonora.com.br/disco2.htm
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Al outro lado del rio
Música: Al outro lado del rio (No outro lado do rio), de Jorge Drexler
CD: Diário de Motocicleta, 2004
Formação: em Círculo
Mãos: em V
Coreografia: Andrea Paula e João Kamensky
Letra:
Clavo mi remo en el agua
Finco o meu remo na água
Llevo tu remo en el mío
Levo o teu remo no meu
Creo que he visto una luz al otro lado del río
Acredito ter visto uma luz no outro lado do rio
El día le irá pudiendo poco a poco al frío
O dia vai vencer aos poucos o frio
Creo que he visto una luz al otro lado del río
Acredito ter visto uma luz no outro lado do rio
Sobre todo creo que no todo está perdido
Principalmente acredito que nem tudo está perdido
Tanta lágrima, tanta lágrima y yo, soy un vaso vacío
Tanta lágrima, tanta lágrima e eu, sou um copo vazio
Oigo una voz que me llama casi un suspiro
Ouço uma voz que me chama, quase um suspiro
Rema, rema, rema-a Rema, rema, rema-a
Rema, rema, rema-a, rema, rema rema-a
En esta orilla del mundo lo que no es presa es baldío
Nesta margem do mundo o que não é represa é baldio
Creo que he visto una luz al otro lado del río
Acredito ter visto uma luz no outro lado do rio
Yo muy serio voy remando muy adentro sonrío
Eu, muito sério vou remando, e bem lá dentro sorrio
Creo que he visto una luz al otro lado del río
Acredito ter visto uma luz no outro lado do rio
Sobre todo creo que no todo está perdido
Principalmente acredito que nem tudo está perdido
Tanta lágrima, tanta lágrima y yo, soy un vaso vacío
Tanta lágrima, tanta lágrima e eu, sou um copo vazio
Oigo una voz que me llama casi un suspiro
Rema, rema, rema-a Rema, rema, rema-a
Ouço uma voz que me chama, quase um suspiro
Rema, rema, rema-a, rema, rema rema-a
Clavo mi remo en el agua
Llevo tu remo en el mío
Finco o meu remo na água
Creo que he visto una luz al otro lado del río
Levo o teu remo no meu
Acredito ter visto uma luz no outro lado do rio
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Ilha de Páscoa
Ahuru ma piti ote po (tradicional)
Formação: em Círculo; Mãos: em V; Coreografia: Andrea Paula e João Kamensky
“Isolada entre a Polinésia e a América do Sul, a Ilha de Páscoa – atualmente sob administração do governo chileno – é o pedaço de
terra firme mais distante dos solos continentais. Foi colonizada por comunidades polinésias que há séculos se lançaram ao mar,
partindo de ilhas a oeste, a 2400 quilômetros de distância. Descoberta no domingo de Páscoa de 1722 pelo navegador holandês Jakob
Roggeveen, a ilha tornou-se mundialmente conhecida pelas quase mil estátuas de pedra – os moai – cuja origem e cujo propósito
ainda permanecem obscuros. Sua música, bem descritiva, está presente em recreações e rituais diversos, comemorando o amor e os
períodos do dia, como nesta canção, intitulada 'À meia-noite'.” Extraído do CD Continentes, 2001, do grupo Terra Sonora, 2001. Link
- Extraído do CD Continentes do Grupo Terra Sonora, 2001. Link - http://www.terrasonora.com.br/disco2.htm
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Meditação para a flor
Essa música é um mistério que nos gostaríamos de descobrir... A nossa fonte foi a formação
com Guataçara Monteiro e João Paulo Pessoa que, por sua vez, aprenderam com Sônia Lima, em
2003, e com quem também tivemos o privilégio de aprender lindas danças!
Uma versão da coreografia, bem delicada, é assim: ficamos em pé, em círculo e parados.
Utilizamos apenas os braços, e as mãos, que primeiro farão gestos de cuidado, como se estivessem
formando, na altura do peito uma esfera, acarinhando uma semente.
Depois as mãos ficam justapostas e separadas, subindo para o alto, como se uma planta
crescesse daquela semente. Em seguida, os braços se abrem para o alto, como se fosse uma árvore
que florescesse. E, por fim, os braços se abrem e descem ao longo do corpo, como se as folhas e as
sementes da árvore caíssem e se espalhassem... E tudo começa novamente!
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Dança do Agradecimento
Música: Vivaldi
Coreografia: Benhard Wosien
Formação: Circulo
“Bernhard Wosien dançou esta música pouco antes de morrer. Conta sua filha Gabrielle que os cinco passos na direção da dança
simbolizam o seu caminhar em direção a uma outra dimensão; mas ao perceber que tinha esquecido de agradecer o ciclo passado
aqui na Terra, retorna, e agradece. Friedel Kloke, companheira de dança de Bernhard, faz o agradecimento elevando os braços ao céu,
em vez de inclinar o corpo em reverência.”
Texto extraído da apostila “Danças Circulares Sagradas – Curso de Formação módulo II – Renata Ramos” – EBDCS 2007, citado na Apostila do Curso de Formação de
Focalizadores de Danças Circulares (Espaço Guataçara Brasil, Jacareí, SP, 2012), por Guataçara Monteiro e João Paulo Pessoa.
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Realização:
Projeto de Extensão Dança Circular na UFABC
http://dancacircularufabc.wordpress.com/
Equipe: Andrea Paula dos Santos, Dulcimara Darre (coordenadora), Laura Ueno. Maria do Carmo Cardoso
Kersnowsky. Paula Rondinelli
Projeto de Extensão Diversidades em Performances
http://diversidadesemperformances.wordpress.com/
Equipe: Ana Maria Dietrich, Andrea Paula dos Santos (coordenadora), Carla Adriana Menegotto, Danielle Bandeira,
Luana Homa
Focalizador@s
Andrea Paula dos Santos é professora e pesquisadora da Universidade Federal do ABC, onde coordenadora do Grupo de Pesquisa
ABC das Diversidades e do Projeto de Extensão Diversidades em Performances, colaboradora do Projeto de Extensão Dança Circular
na UFABC. Também é estudante de Educação Artística e focalizadora de Danças Circulares, coordenando o Projeto de Extensão
Rodas das Diversidades na Faculdade Santa Cecília (FASC -SP).
João Kamensky é focalizador, pesquisador e cursa Licenciatura em Educação Artística, desenvolvendo e coordenando, atualmente, na
Faculdade Santa Cecília (FASC – SP), o projeto de extensão Rodas das Diversidades, de Danças Circulares. Fez parte do
Bacharelado em Ciências e Humanidades e do Bacharelado em Políticas Públicas (Universidade Federal do ABC, UFABC).
São focalizadores de danças circulares, desde 2012, sob orientação dos mestres João Paulo Pessoa e Guataçara Monteiro.
Blog: http://rodasdasdiversidades.wordpress.com/
Fontes e Sugestões de livros sobre corpo em movimento, dança e danças circulares:
Apostila do Curso de Danças Circulares – Dança da Vida, com Bebel Moraes, Guataçara Monteiro e João Junqueira. Pindamonhangaba (SP),
2012.
Apostilas do Curso de Formação de Focalizadores de Danças Circulares (Espaço Guataçara Brasil, Jacareí, SP, 2012), por Guataçara Monteiro e
João Paulo Pessoa.
Bertazzo, Ivaldo. Corpo vivo – reeducação do movimento. São Paulo: Sesc, 2010.
Bogéa, Inês. “A Dança na história”, In: Contos do balé. São Paulo: Cosac Naify, 2007
Carneiro, Eliana. Pequeno manual de corpos e danças. Rio de Janeiro: Lamparina, 2008.
Laban, Rudolf. Domínio do movimento. São Paulo: Summus, 1978.
Ramos, Renata C. L. (org.) Danças circulares sagradas: uma proposta de educação e cura. São Paulo: TRIOM/Faculdade Anhembi Morumbi,
1998.
Wosien, Bernhard. Dança: um caminho para a totalidade. São Paulo: TRIOM, 2000.
Wosien, Maria-Gabriele. Dança sagrada. Deuses, mitos e ciclos. São Paulo: TRIOM, 2002.
Material de caráter educativo, sem fins lucrativos, elaborado para o Workshop de Danças Circulares das Diversidades, realizado em abril/maio de
2013 na UFABC.
Workshop Danças Circulares das Diversidades (abril/maio 2013), por Andrea Paula e João Kamensky.
Projetos de Extensão Dança Circular na UFABC e Diversidades em Performances
(PROEX, PROAP - UFABC)
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Workshop Danças Circulares das Diversidades (abril/maio 2013), por Andrea Paula e João Kamensky.
Projetos de Extensão Dança Circular na UFABC e Diversidades em Performances
(PROEX, PROAP - UFABC)
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Workshop Danças Circulares das Diversidades (abril/maio 2013), por Andrea Paula e João Kamensky.
Projetos de Extensão Dança Circular na UFABC e Diversidades em Performances
(PROEX, PROAP - UFABC)
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Workshop Danças Circulares das Diversidades (abril/maio 2013), por Andrea Paula e João Kamensky.
Projetos de Extensão Dança Circular na UFABC e Diversidades em Performances
(PROEX, PROAP - UFABC)

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