TÉCNICAS DE ARTESANATO Tita Mascarenhas CURSO BÁSICO

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TÉCNICAS DE ARTESANATO Tita Mascarenhas CURSO BÁSICO
TÉCNICAS DE ARTESANATO
Tita Mascarenhas
CURSO BÁSICO DE BORDADOS
BORDADO HARDANDER
O bordado chamado HARDANGER originou-se em uma região da Noruega , assim denominada. O hardanger tem
longa tradição nos países escandinavos e no norte da Alemanha.
Inicialmente, era bordado apenas em linho branco, usando linha branca.
O trabalho forma motivos simétricos com o ponto cheio amarrando os fios, permitindo que a área interna seja recortada
sem que o tecido desfie.
TECIDOS
O bordado HARDANGER pode ser feito em linho, algodão ou fibras mistas e sintéticas, mas devem, necessariamente,
possuir trama regular e evidente, por exemplo: cânhamo, fino ou grosso.
Os tecidos disponíveis no mercado nacional são poucos. Dentre os importados, são encontrados linhos em diversas
cores e diferentes espessuras e o tecido chamado Hardanger, feito em algodão, com 22 fios por polegada. Os linhos
mais usados são os que têm entre 20 e 28 fios por polegada.
FIOS (LINHAS)
O calibre dos fios depende do tecido a ser utilizado.
O bordado hardanger usa sempre dois calibres de fios; uma mais grosso para o ponto cetim (cheio) e para o caseado, e
outro mais fino para os demais pontos.
Usualmente, em tecidos com menos de 25 fios por polegada (ex.: cânhamo grosso), usa-se o fio calibre 5 e 8 (ex.: linha
torçal brilhante 5 ou Esterlina 5). Em tecidos com mais de 25 fios por polegada (ex.: cânhamo fino) usa-se fio calibre 8 e
12 (ex.: novelinho 8 ou Esterlina 8).
Os fios importados mais comuns são DMC Perlé Cotton e ANCHOR Pearl Cotton – o fio 5 em meadas, e o fio 8
normalmente vem em novelos.
Para substituir estes fios pelas meadas de linha mouliné, vale a seguinte tabelinha:
FIO 5 = 5 fios de mouliné
FIO 8 = 3 ou 4 fios de mouliné
FIO 12 = 2 ou 3 fios de mouliné
Os fios de algodão calibre 5 encontrados no mercado nacional são CLÉA e ESTERLINA. Os fios calibre 8, são: CARLA,
ESTERLINA, PINGUIN 1000, CLARA, CAMILA, CLÉA, em diversas cores em cada marca. Não são encontrados fios
calibre 12 no mercado nacional.
AGULHAS E TESOURAS
As agulhas utilizadas são TAPESTRY CORRENTE (sem ponta) nºs 18 (mais grossa) e 26 (mais fina), de acordo com a
linha (fio) a ser utilizado. Geralmente, o tamanho 24 é suficiente para tudo. É preciso ter mais de uma agulha, devido a
certos procedimentos de arremate.
As tesouras devem ter ponta fina, aguçada, e devem ser bem afiadas, com capacidade de corte de alta precisão.
O uso de bastidores é opcional para a maior parte do trabalho, embora recomendável especialmente para o ponto cetim
e para o trabalho de corte de fios.
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ESQUEMAS E MARCAÇÕES
Como todo bordado de fio contado, os esquemas para hardanger vêm desenhados em papel quadriculado. É mais
comum encontrar esquemas que representam apenas a quarta parte do bordado, que será sempre delimitada por
setas.
Para facilitar a contagem dos fios, além de ajudar a encontrar o melhor ponto para iniciar o trabalho e ainda dispor de
um meio para certificar-se de que não foram cometidos erros de contagem na execução dos pontos, é necessário
alinhavar todo o tecido, a partir do meio, fazendo pontos que pegam 4 fios de cada vez.
Este alinhavo deve ser feito na altura e na largura do tecido. O procedimento é simples: dobre o tecido de modo a
encontrar o meio. Comece o alinhavo a dois fios à direita deste ponto, e continue, pegando de quatro em quatro fios até
o fim. Faça o outro lado. Volte novamente ao meio, e comece o alinhavo pegando dois fios acima deste ponto. Faça um
alinhavo firme e de cor contrastante.
O meio do tecido sempre deve marcar o meio de um bloco de 4 fios verticais e 4 fios horizontais, tal e qual se faz
quando se conta o número de blocos a serem bordados. Observe que na contagem dos blocos, tanto na altura quanto
na largura, apresentaram números fracionados (ex.: 35,5 e 45,5). O meio é marcado deste jeito, pois quando for feita a
repetição do desenho o meio será ocupado por este 0,5 bloco.
Caso o trabalho a ser feito exija uma barra, esta deve ser, antecipadamente, pelo menos alinhavada.
COMO E ONDE COMEÇAR
O lugar para começar o bordado é sempre um problema, que pode ser minimizado se a etapa de preparação do
trabalho foi bem feita.
Para encontrar o local para começar basta contar tanto o esquema quanto os fios do tecido. Devem ser localizados o
meio do esquema e o meio do tecido. O melhor lugar para começar será sempre o que estiver mais facilmente
acessível, à partir do meio.
O alinhavo feito desenhou uma cruz no tecido, e, no esquema, o meio também deve ser riscado. O que se deve fazer é
encontrar o último bloco de ponto cetim que será bordado em qualquer uma das extremidades desta cruz.
Nunca se deve começar bordando blocos feitos com ponto caseado, estes devem ser feitos depois dos blocos em ponto
cetim. O caseado dificulta a visualização dos fios do tecido, por isso é sempre bom ter os blocos internos bordados
antes, para servir de guia.
O andamento do trabalho deve ser feito de modo a que cada parte sirva como guia para a seguinte. O ideal é completar
cada unidade do desenho de modo a ter sempre uma referência para a contagem. Se toda a volta do trabalho já tiver
sido feita e houver algum erro, todo o trabalho deve ser recomeçado. Fazer por partes diminui muito a margem de erro.
É preciso checar continuamente os pontos dados e os blocos feitos, para verificar se os fios foram pegos corretamente.
O alinhavo central sempre vai acusar o erro, se houver. Verificar, obrigatoriamente, se não há erros na execução dos
blocos de ponto cetim e caseado antes de cortar os fios.
A ORDEM DOS PONTOS
O hardanger usa duas técnicas: o ponto e o recorte. Os pontos são simples de fazer, o recorte é um pouco mais
complicado.
O hardanger usa técnicas de crivo, sendo necessário que fios sejam cortados e retirados da trama e da urdidura do
tecido. O corte só pode ser feito se os fios que vão ficar no tecido estiverem convenientemente fixados pelos pontos do
bordado.
Assim sendo, a ordem dos pontos é extremamente importante, devendo ser rigorosamente seguida. Caso o esquema
que estiver bordando não indicar a ordem em que os pontos devem ser feitos, use como regra cortar por último.
Qualquer ponto que exija maior tensão ou fios muito puxados e apertados deve ser feito antes do corte dos fios.
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ORDEM DOS PONTOS:
1. BLOCOS EM PONTO CETIM
2. BLOCOS EM PONTO CETIM CASEADO
3. ESTRELAS / EYELETS
4. ELEMENTOS DECORATIVOS EM PONTO CETIM
5. CORTE DOS FIOS
6. CRIVO COM CERZIDO
7. ENCHIMENTOS
8. OUTROS PONTOS
OS PONTOS BÁSICOS
BLOCOS EM PONTO CETIM
Os blocos de ponto cetim delimitam as áreas de corte, sendo usados para contornar e formar os desenhos. Cada bloco
é composto por 5 pontos retos, horizontais ou verticais, que prendem 4 fios de tecido. A figura abaixo mostra como são
feitos os blocos diagonais, um bloco horizontal intercalado a um bloco vertical.
Observe que o último ponto de um bloco e o primeiro do bloco seguinte ocupa o mesmo furo do tecido: a agulha sai em
I, entra em J, sai em K e entra em L, que será o mesmo furo que J.
São usadas também carreiras verticais ou horizontais, nas quais os blocos são paralelos e servem para emoldurar
alguns adornos ou para definir as bordas de um desenho. São executados da mesma maneira que os blocos diagonais,
só mudando o modo de passar de um bloco para outro. A figura abaixo mostra, na parte de cima, como seriam os
blocos paralelos e, embaixo, o avesso dos blocos paralelos, com a linha diagonal indicando a passagem de um bloco
para outro.
BLOCOS EM PONTO CETIM CASEADO
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Os blocos feitos com caseado são usados para fazer as bordas de recorte, sendo feitos depois dos blocos em ponto
cetim. Só podem ser recortados os bordados cujas bordas tiverem sido feitas com caseado. Do contrário, deve-se fazer
barra. Não use tecidos sintéticos nem tecidos com fios muito grossos (ex.: cânhamo grosso) para fazer barras
recortadas. Nem mesmo o caseado consegue prender direito os fios destes tecidos. Pode-se fazer caseado sem
recortar, dá uma impressão de ter sido feita uma aplicação sobre o tecido.
Para fazer o ponto cetim caseado, saia com a agulha em 1 (ver figura abaixo), entre em 2, quatro fios acima e um fio à
direita, e saia em 3, 4 fios abaixo, passando a agulha por cima da linha. O caseado é feito sempre da esquerda para a
direita. O fio usado para caseado é sempre o mais grosso.
A figura abaixo mostra como fazer o canto. Os blocos de caseado acompanham os blocos de ponto cetim,
externamente. São também blocos de 5 pontos, que prendem 4 fios e a curva deve ser capaz de apanhar estes 4 fios.
A letra V indica o local em que a agulha entra, as letras W, X, Y e Z indicam os locais em que a agulha deve sair, para
cada um dos pontos da curva.
Quando o sentido do bloco for mudado, de vertical para horizontal, é preciso fazer um canto duro (ou canto interno) sem
os pontos de ligação da curva. Observe a figura, é uma mudança de sentido em que o primeiro ponto é muito
importante.
PONTO ESTRELAS / EYELETS (ILHÓS)
O ponto ilhós deve ser feito antes de cortar qualquer fio e com o fio mais fino. Trata-se de um ponto puxado, que pode
soltar os fios se for feito depois do corte. Há muitos tamanhos e formas de ilhós, dependendo do espaço no qual se está
trabalhando. Usualmente, este ponto é feito entre as filas diagonais de blocos de ponto cetim em uma “caixa” formada
por 4 fios verticais e 4 fios horizontais. Este ponto forma um buraco no tecido, cujo tamanho é determinado pela tensão
dada ao ponto. Arremate o fio e saia em A. Entre no furo do meio e saia um fio à direita. Repita até completar a volta e
pegar todos os fios. Lembre-se de sempre entrar no furo do meio. Este será maior ou menor de acordo com a tensão
dada ao ponto. Em um mesmo bordado, todos devem ser iguais.
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CORTE DOS FIOS
Cada esquema define exatamente quais fios devem ser cortados.
Uma vez formados os blocos, com o caseado e o ilhós feito, determinados fios são cortados e o trabalho decorativo
começa. Alguns fios de tecido são cortados e retirados, de modo a formar as áreas abertas. Dentro destas áreas são
mantidos fios (normalmente em grupos de 4) que não foram cortados ou removidos.
Verifique cuidadosamente os blocos antes de cortar. Corte sempre com a tesoura posicionada à esquerda do bloco, de
baixo para cima. Em cada bloco, 4 fios devem ser cortados. Nunca corte paralelamente ao ponto cetim – a tesoura
nunca pode estar ao lado de um ponto. Tem que estar na frente dos lugares em que a agulha entrou e saiu.
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BARRAS
São feitas por meio de um trabalho de crivo nos fios que restaram após o corte. Isto pode ser feito com o ponto de crivo
(cerzido) ou com o ponto luva ou cordão, que apenas enrola a linha em torno dos fios. Este trabalho sempre é feito com
o fio mais fino.
BARRAS ENROLADAS (OU PONTO DE LUVA OU CORDÃO)
Arremate o fio nos blocos próximos e comece a enrolar, vindo de baixo para cima. A tensão deste tipo de ponto é
apertada e deve ser regular. Enrole o fio em toda a barra e passe à barra adjacente. O trabalho sempre começa com a
linha vindo do avesso.
BARRAS CERZIDAS COM CRIVO OU CERZIDO
As barras com crivo são mais resistentes e mais usadas. Arremate o fio nos blocos vizinhos e saia no meio dos 4 fios.
Passe a agulha em volta de 2 dos fios e saia de volta no mesmo lugar. Faça a mesma coisa no outro lado. A tensão é
apertada e deve ser regular.
BARRAS CERZIDAS COM PICÔS
Os picôs são muito tradicionais no hardanger e provocam um efeito de rendilhado em barras cerzidas com crivo. Devem
ser feitos durante o cerzimento da barra, bem no meio. A posição da linha indica o lado em que o picô vai ser feito. De
acordo com a figura, vai ser feito para baixo, pois a linha foi puxada nesta direção e está por cima da barra.
Fazer um ponto corrente, entrando com a agulha no meio dos fios da barra (ver figuras). Ajustar o ponto e fazer outro
ponto corrente, partindo daquele que foi feito. Ajustar e entrar com a agulha no meio dos fios da barra. Fazer o picô do
outro lado se for o caso.
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BARRAS CERZIDAS COM TEIAS
Os pontos usados para preencher as áreas vazias entre as barras variam muito. As teias e enchimentos com fios
cruzados são os mais comuns. Estas teias podem ser diagonais ou quadradas e formam um ponto de enchimento
rendilhado. Os pontos de enchimento sempre usam o fio mais fino.
Os picôs e as teias, se aparecem juntos, são feitos ao mesmo tempo, durante o cerzimento da barra.
A figura mostra uma teia isolada, no meio de um quadrado formado por barras cerzidas. Na metade do cerzido da
última barra que forma o quadrado, saia com a agulha no meio da barra adjacente.
Passe a agulha por baixo do fio lançado e saia no meio da próxima barra.
Continue para a terceira barra repetindo o procedimento anterior.
Passe a agulha por baixo deste terceiro fio e traga a agulha de volta para completar o cerzido da última barra, passando
por cima do primeiro fio lançado e saindo com a agulha no meio da barra inacabada, que deve ser completada agora.
TÉCNICAS DE ARREMATE
Prender o fio longe do local a ser bordado e chegar nele trazendo a agulha do avesso.
Deixe uma ponta suficientemente longa para enfiar na agulha e arrematar depois de ter feito alguns blocos.
Todos os arremates são feitos pelo avesso.
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ALGUMAS “DICAS” PARA APRENDER HARDANGER:
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A SEGUIR, UM LINDO MODELO DE TRABALHO EM HARDANGER.
Fontes de Consulta:
Site Companhia do Bordado
Site comofaz.net/2008/hardanger
Site uol.com.br/agulhadeouro
JULHO/2005.

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