Recursos Humanos
Transcrição
Recursos Humanos
Recursos Humanos C O L E TÂ N E A D E A R T I G O S Livro III - 2013 difusão do conhecimento Recursos Humanos C o l e tâ n e a d e A r t i g o s Livro III Belo Horizonte 2013 A todos os participantes que gentilmente acolheram a idéia da ECX CARD para a edição desta obra, compartilhando seus conhecimentos e suas experiências pessoais, os nossos sinceros agradecimentos e a certeza de que patrocinaram um momento de reflexão para todos os nossos leitores, em especial, para os agentes e profissionais de RH. * De forma a manter íntegro todo o conteúdo e opiniões das obras apresentadas, a ECX CARD promoveu apenas tratamento ortográfico nos trabalhos constantes nessa obra. ** O conteúdo dos artigos e as opiniões ali expostas são de responsabilidade exclusiva dos participantes, não representando qualquer crítica ou posição esposada pela ECX CARD. *** Da mesma feita, a ECX CARD isenta-se de toda e qualquer responsabilidade pelo crime de violação de propriedade imaterial advindo dos artigos que compõem esta obra. Organização ECX CARD - Administradora e Processadora de Cartões S/A Rua São Paulo, 2.566 - Lourdes - Belo Horizonte/MG www.ecx.com.br Capa Matheus Aragão Projeto Gráfico e Editoração Eletrônica percepções - oficina de comunicação É proibida a reprodução total ou parcial, de qualquer forma ou por qualquer meio. ÍNDICE Abundância e escassez: sinônimos, antônimos ou insensatez? Adriana Prates 13 A GINÁSTICA LABORAL CONTRIBUI COM A REDUÇÃO DE DOENÇAS PROFISSIONAIS, GERANDO MAIOR DISPOSIÇÃO PARA REALIZAÇÃO DAS ATIVIDADES NO TRABALHO Francisca Tatiana Campos Lopes 17 “A espera de um milagre!” Maria Sílvia de Azeredo Roscoe 20 A ARTE DE TRABALHAR EM EQUIPE Thelma M. Teixeira 23 A ATUAÇÃO DO RECURSOS HUMANOS COMO PARCEIRO EMPRESARIAL: MITO OU REALIDADE? Júnia Mara Ferreira Gomes 28 A AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO NO SERVIÇO PÚBLICO E O PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA Aldo Nogueira Venâncio 33 A complementaridade entre cultura e clima organizacional Lara Castro 38 A CULTURA ORGANIZACIONAL NO MUNDO CORPORATIVO Beatriz Delgado 40 A Dualidade da atuação do profissional de RH frente às mudanças Organizacionais Silvano Aragão 45 A EMPRESA E A COLABORADORA GRÁVIDA Ana Cristina Alves 48 A experiência de Hawthorne hoje Emerson Zanella 50 A Gestão da Marca Pessoal como Fator de Desenvolvimento Profissional para Atuar no Novo Cenário Corporativo Tais da Graças Tozatti 53 A GESTÃO DE PESSOAS NO CONTEXTO DAS ORGANIZAÇÕES MODERNAS Denise Figueiró Mendes 57 A importância da assertividade nas relações empresariais e interpessoais Alexandre Moreira Faria 61 A IMPORTÂNCIA DA LIDERANÇA COACHING APLICADA AO SETOR DE TELEMARKETING Milene Morais Matos Monteiro 63 A IMPORTÂNCIA DO LÍDER NO PROCESSO DE MUDANÇA ORGANIZACIONAL Tânia de Souza Gonçalves 67 A IMPORTÂNCIA DO MARKETING PESSOAL NA CARREIRA Nicoly Araujo Aragão 71 A importância do QVT para manter a motivação no trabalho Mayara de Oliveira Silva 74 A importância do RH Kezia Lidiane Silva Malaquias 77 A INFLUÊNCIA POSITIVA DO LÍDER SOBRE O FUNCIONÁRIO POR MEIO DA QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO (QVT) Juliane Martins Tito 79 A JUVENTUDE VIRTUAL E A EMPRESA “REAL” 82 Luciana Mara Souza da Silva A Participação dos líderes nos resultados de treinamento Nivia Margarida de Oliveira Alves 85 A Relação de Confiança entre Líder x Liderado – Empregado x Empregador, como base fundamental na parceria e conquista de resultados Fernando Santos 89 A relevância dos Indicadores de RH – Demonstrativos, diagnóstico e estratégia Leandro Souza de Pinho 91 A TRANSFORMAÇÃO DA ÁREA RECURSOS HUMANOS Raquel Satira 94 A VISÃO DE UM LÍDER Nasly Santos Soares de Paula 97 As Organizações: Máquinas ou Organismos Vivos? Uma breve comparação Lucimar Alves Fonseca 100 ATENÇÃO SENHORES EMPRESÁRIOS E GERENTES: CUIDADO COM OS PSICOPATAS DENTRO DA SUA EMPRESA Rosana de Fátima Stancioli Safe Nascimento 103 BULLYING CORPORATIVO: APAGUE ESTA IDEIA! Iramaia Alves Costa Máximo 106 CARREIRA EM Y E A DUALIDADE DO GENERALISTA X ESPECIALISTA Leonardo Caixeta 109 COACHING: UM NOVO MODISMO? Patrícia Viégas Reis 112 Colaboradores não deixam as empresas pelos processos e sim pelos Gestores e sua capacidade de Liderar Luciana Rodrigues Costa 115 COMUNIQUE-SE!!! Mayra Fonseca Carvalho 118 DEMITINDO SEM PERDER A TERNURA Ana Flávia Ceolin 121 DEPARTAMENTO DE RECURSOS HUMANOS (RH) OU DEPARTAMENTO DE PESSOAL (DP)? Anísio Rocha de Rezende 124 Dinheiro não é tudo Fernanda Yankous Rabelo 127 E-Recruitment Recrutamento através das mídias sociais Laura Cristina Rodrigues Silvestre 130 ESTILOS DE LIDERANÇA, CULTURA ORGANIZACIONAL E A COMUNICAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES Milena Cardoso 134 Fatores Dificultadores do Cumprimento da Lei de Cotas e da Inclusão Efetiva de Pessoas com Deficiência no Mercado de Trabalho Renata Curvelana de Moura 138 FEEDBACK – O CASO DO FEIJÃO QUEIMADO Júlio César Vasconcelos 141 Geração Y e Liderança: um novo paradigma nas organizações Layza Cristina Moreira dos Santos 144 GESTÃO DE PESSOAS – QUAL O SEGREDO? Ana Patrícia de Souza Velloso 148 Gestão de Pessoas – Um casamento perfeito com as pessoas na Organização Cláudia Maria Cardoso 152 Gestão do clima organizacional – uma ferramenta estratégica na gestão de pessoas Marcilene Martins da Silva Gonçalves 156 INCLUSÃO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NO TRABALHO: AVANÇOS E DESAFIOS: um problema social ou empresarial? Cleidison da Silva Santos 159 Liderança Responsável, a visão estratégica para a prosperidade dos negócios Ralph Chelotti 162 LIDERANÇA: O novo papel dos líderes dentro das Organizações Tatiana Brandão de Ávila 165 Marketing Pessoal E Comportamento Organizacional Roberta Nascimento 168 Momento Coachingback - retroabastecer os liderados com perguntas assertivas Luana de Souza Teixeira 171 Motivação Joyce Silveira Leles 175 MOTIVAÇÃO: FATOR DE SUSTENTABILIDADE DAS EMPRESAS NO MERCADO Maria Teresa da Silva Coelho 178 Motivação: O que realmente importa? Dileli Carias 181 Nossas metas de cada dia... Hélvia Barcelos Guerra 183 NOVA FACE DO EMPREENDEDOR NO BRASIL Mirian Távora Gomes 187 O “Colapso Mercadológico”, a Sociedade do Espetáculo e o profissional de Recursos Humanos Juliana Lobo Albieri 190 O endomarketing como estratégia de melhoria na rotatividade e clima organizacional Águeda Marques Herédia Vieira 194 O LÍDER COACH E SUA IMPORTÂNCIA NO MUNDO CORPORATIVO Cláudia Suely de Almeida Pinto 197 O Líder como Construtor e Transformador da Cultura Organizacional Henriqueta Silva Chaves 200 O líder que todos querem ser ou ter Marcela Viana de Oliveira 203 O papel da empresa no desenvolvimento e retenção de talentos Danielle Garibaldi de Mello 205 O PAPEL DA GESTÃO DE PESSOAS NO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DAS EMPRESAS Kátia Aparecida Calcagno de Paula 208 O papel do gestor na Avaliação de Desempenho Carolina Gontijo Gonçalves 212 O PAPEL DO LÍDER NAS ORGANIZAÇÕES Anamaria Malta Lima 215 O que é mais importante: a recompensa financeira ou a recompensa emocional? Cláudia Márcia Gomes de Oliveira 217 O que o Recursos Humanos pode fazer para que a Inclusão de pessoas com deficiência torne-se uma realidade? Janaina Ianomani de Paula e Santos 220 O RH que as empresas demandam Cristiano Miranda da Fonseca 223 O RH, a gestão de mudanças e as novas estruturas organizacionais Luna Metz 225 Objetos de aprendizagem no e-learning - tecnologia a serviço da educação corporativa Ubirajara Neiva 229 OS CONCEITOS DE COMPETÊNCIA, COMPLEXIDADE E ESPAÇO OCUPACIONAL NA GESTÃO DE PESSOAS Ângela Aparecida Prata Neves 233 PESQUISA DE CLIMA ORGANIZACIONAL: FERRAMENTA DE GESTÃO PARA MEDIR “PERTENCIMENTO” E ALCANÇAR RESULTADOS Carolina Lobato do Couto 236 PLANEJAMENTO E ORIENTAÇÃO DE CARREIRA: UMA NOVA DEMANDA PARA AS INSTITUIÇÕES Carolina Di Lorenzo Morais 240 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE CARREIRA: GERENCIE SUA CARREIRA COMO UM JOGO DE XADREZ Pedro Eduardo Rodrigues 243 Planejamento Estratégico de Remuneração Sérgio Campos Pereira Ramos 246 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO (QVT) Thais Lindemberg Camargos 249 RECOLOCAÇÃO PROFISSIONAL NOS TEMPOS MODERNOS Flávia Paula Trasladação 252 Recontratar Ex-funcionário Vale a Pena? Tânia Regina Dinelli de Carvalho 255 RECRUTAMENTO E SELEÇÃO Cyntia de Cássia Lima 258 RECRUTANDO GERAÇÕES Michele Ferreira 259 Redes Sociais: nossa vida é sim um livro aberto! Carolina Gonçalves Lima 262 Remuneração Estratégica, uma vantagem competitiva Rita de Cássia Andrade Ferreira 265 Retenção de Talentos Lídia Carolina Fermanian Guimarães Alves 268 RETENÇAO DE TALENTOS – O GRANDE DESAFIO PARA AS ORGANIZAÇÕES Jouberth Fidélis 272 RH E O BANCO DE TALENTOS Luiz Carlos Moreira Gonçalves 275 RH: um lugar para cuidar de pessoas Lafaiete Marques Ciara 277 SATISFAÇÃO E MOTIVAÇÃO NO TRABALHO Rosiane Silva 281 Seis dicas práticas para alcançar o sucesso Ana Meira 284 SELEÇÃO POR COMPETÊNCIAS: PRATICIDADE NAS ORGANIZAÇÕES Stella Fonseca Carvalho 287 TRABALHO: PRAZER OU SOFRIMENTO? Eliete Augusta de Souza Viana 290 Abundância e escassez: sinônimos, antônimos ou insensatez? Adriana Prates É de saber comum que quando uma polaridade se ressalta numa ponta, na outra ponta se ressalta também; quando um desafio novo é superado, na verdade é nesse momento que surge de fato o desafio. Quando as cinzas sopram de um lado, os portões cerram-se do outro. A vida das pessoas pode tomar um novo rumo. O sol pode brilhar numa face, talvez o luar nem apareça na outra. O fato é que somos agentes, mocinhos e vilões ao mesmo tempo dessa sinergia, estamos juntos no mesmo barco, todos querendo fazer a diferença, quando talvez a diferença seja feita quando esse objetivo assim dessa forma não mais existir. Na nossa rotina corporativa, na globalização que vivemos, no dia a dia de nossas vidas, vamos cumprindo parte da nossa história, a parte que podemos lidar comandada pela parte que ainda nem sabemos existir. Muitos questionam tudo e todos. Outros não se permitem questionar e ainda outros não querem ou não sabem o porquê de questionar. Não sabemos qual deles está certo. Também isso não vem ao caso. O questionamento pode vir de um desejo, de uma frustração, de uma dúvida, de uma ironia, ou de tudo isso junto, o fato é que somos questionadores por natureza, desde que nascemos e mesmo quando crescemos continuamos a nos perguntar sobre as polaridades ou digressões de pensamento: • Como lidar com o excesso de informação e a escassez do conhecimento? • Como lidar com a abundância financeira e a escassez dos recursos? 13 • Como lidar com a abundância de gestores e com a escassez dos líderes? • Como lidar com a abundância de ofertas e a escassez do compromisso? • Como lidar com a abundância dos casamentos e a escassez das famílias? Não é necessário ir mais longe, nem mesmo buscar por essas respostas. Podemos até “perguntar para o Freud”, mas, esteja certo, ele não te responderá. Será que questionar leva a alguma coisa, a algum lugar? De fato, há um grupo grande de pessoas que abre espaço para refletir e operar dentro das suas possibilidades e há também outro grande número de pessoas que não prestam atenção, mas elas também operam dentro das suas possibilidades. Os resultados entre esses dois grupos são diferentes, talvez melhores, talvez piores, mas sempre diferentes. As verdades definitivamente foram abaladas, as previsões não se cumpriram, as análises não se comprovaram. Como é compreender e viver num mundo todo novo, num novo sistema que rege o mundo do qual ainda não se tem conhecimento, lembrando que na mesma velocidade que os bancos de gelo se derretem nos polos, os polos dos nossos bancos também se derretem? A abundância dos desastres naturais revela a inexorável fragilidade da nossa existência. E tudo isso em abundância. Às vezes, podemos ficar encantados, deslumbrados ou até mesmo estarrecidos com os volumes, as ocorrências e as manifestações de grandeza de toda sorte e natureza nesse momento peculiar que estamos vivendo. Talvez sejamos até privilegiados pela capacidade de ver e processar tanta coisa junta ao mesmo tempo, como nunca ocorreu. Existe uma pergunta que ajuda a trazer essa percepção para bem perto do nosso centro: O que fazer para ser feliz? Ou melhor: como ser feliz sem trazer infelicidade aos outros? O “Euísmo” chama a atenção, agravado pela explícita convocação feita pelos mais variados estímulos dessa nova economia, cujo principal slogan é: “O importante agora é cada um cuidar de si”. Como se precisasse desse tipo de estímulo nocivo. “Invejar o próximo”, como na maioria dos comerciais de TV. Até uma carona leva o sujeito a pôr fogo no próprio carro. É preciso definir o que você quer ser, o que você quer ter que é melhor 14 para você e para esse “outro”, que na maioria das vezes senta ao seu lado, no trabalho ou em sua mesa do jantar. As pessoas embarcam fácil nessa nova onda míope e seguem por aí cuidando só de si. Como se antes cuidassem dos outros. De quem você cuidava mesmo? A natureza egoísta humana nos revela desde o início que cuidamos dos demais, na medida em que isso também nos traz benefício; celebramos o nascimento dos nossos filhos fadando-os a realizarem nossos propósitos e súplicas mais profundas, sem nem perceber nada disso. “Ah... Não foi essa a intenção!” Tarde demais para isso. Fala-se de um amor incondicional, mas o nível de sensibilidade humana foi levado ao máximo de condescendência na qual “os meios justificam os fins” e mal uma chama de vida se apaga injustiçadamente, continua-se no mesmo caminho e voltando ao mesmo ponto de partida, de preferência numa mesa de bar, ao som de uma música animada e um chope bem geladinho. É sempre bom rever os amigos. Amigos? Muitas dessas coisas subjetivas travestidas de uma suposta aceitação da diversidade humana são trazidas à tona quando focalizamos visões sem aferições, por exemplo: o que é ter um bom senso? Ter noção? Ter bom gosto? Ter educação? Depende, vai prevalecer a visão de quem? Abundância de ideias, escassez de valores produzindo a falta de significado no modo de agir e de existir. A celebração da meta alcançada é rapidamente dominada pela nova meta elencada, impondo ao homem uma insanidade sem fim. Analisar todas essas perguntas fez-me lembrar daquela história sobre o conselho de um jardineiro chinês ao seu patrão. Quando o proprietário perguntou: “Qual é a melhor época para plantar o carvalho?”, o jardineiro respondeu: “Cem anos atrás, mas a segunda melhor época é hoje”. Para o profundo resgate dos valores humanitários e das virtudes universais, talvez a melhor época seja cem anos atrás, mas a segunda melhor época é hoje. Isso é sensatez em abundância! 15 Minicurrículo Adriana Prates é fundadora e presidente da Dasein Executive Search, desde o ano de 1996, empresa com destacada atuação em seu segmento, sendo a única empresa brasileira com sede em Minas Gerais a ter certificação internacional da AESC (Association of Executive Search Consultants). Maior e Melhor associação do mundo no segmento, presente em mais de 75 países. A Dasein possui também escritórios em São Paulo e Recife. Internacionalmente atua em parceria com a empresa Norman Broadbent britânica, presente em 20 países e representada pela Dasein em regime de exclusividade no Brasil. Anteriormente desenvolveu sua carreira como executiva na área de Gestão de Pessoas em empresas tais como Andrade Gutierrez, Santa Bárbara Engenharia e Vale. Psicóloga empresarial, pós-graduada em Gestão de Pessoas – RH Business pela Fundação Getúlio Vargas. Possui formação em Psicodrama Empresarial e é coautora do livro “Pontes do Psicodrama”. Possui formação em coaching executivo nos modelos Americano e Europeu; é certificada pelo ICI – Integrated Coaching Institute, e membro da ICF International Coach Federation. É uma das pioneiras no uso da técnica no Brasil. Atua com coaching executivo, equipe e vida desde 1998. É considerada uma das “Headhunters” mais influentes do Brasil. Articulista, palestrante e conferencista. 16 A GINÁSTICA LABORAL CONTRIBUI COM A REDUÇÃO DE DOENÇAS PROFISSIONAIS, GERANDO MAIOR DISPOSIÇÃO PARA REALIZAÇÃO DAS ATIVIDADES NO TRABALHO Francisca Tatiana Campos Lopes Percebe-se que no mundo atual que a tecnologia apesar de ter facilitado em muito a vida das pessoas,também as tornou-as mais sedentárias.Apesar desta mudança em seu padrão de comportamento, o homem é um ser ativo e que necessita do movimento para o seu bem-estar geral. Além do fator sedentarismo, a exposição às agressões, de diferentes origens e características, sofridas diariamente é outro fator que pode atuar de forma negativa na qualidade de vida das pessoas, muitas vezes sem perceber, para a execução de uma tarefa em determinado posto de trabalho, o homem gera sobrecargas mecânicas, principalmente quando assume posturas ocupacionais inadequadas em função de postos de trabalho mal projetados. A ergonomia é uma ciência que lida com o estudo das características dos trabalhadores para adaptar as condições de trabalho a essas características. Ela tem encaminhado soluções eficazes na concepção e desenvolvimento de produtos, de interface de sistema de trabalhando atuando com resultados positivos no diagnóstico na prevenção de acidentes e doença, na reestruturação produtiva das empresas e em processos de transferência de tecnologias. Aspectos presentes na sociedade moderna como questões relacionadas às condições de trabalho, o mercado altamente competitivo, a ameaça iminente da perda de emprego e outras dificuldades do dia a dia, fazem os colaboradores vivenciarem cada vez mais 17 situações estressantes no ambiente de trabalho. O estresses tem várias causas e afeta diretamente as pessoas, não sendo possível estabelecer uma forma única para preveni-lo ou combatê-lo. Existem diversas medidas que podem ser adotadas, tais como o enriquecimento das tarefas, o redesenho do posto de trabalho e a prática da Ginástica Laboral. Atualmente uma maior atenção tem sido dada à qualidade de vida no trabalho. Cuidar dos talentos humanos tornou-se uma questão de competitividade para as empresas que querem se destacar da concorrência, afinal de contas, hoje o universo corporativo já reconhece que o diferencial do negócio está diretamente ligado às pessoas. Estudos já comprovaram que a Ginástica Laboral é um programa que intensifica a ligação do trabalhador com a empresa, valorizando o significado do seu trabalho, já que as séries de exercícios são baseadas na função exercida. São diversos os resultados obtidos com a implantação de um programa de Ginástica Laboral, conforme afirma Oliveira (1998) são eles: melhoria das condições de saúde geral de todos os colaboradores, melhor adaptação ao posto de trabalho, melhoria na produção, melhoria do clima organizacional, diminuição de queixas relativas à dor, diminuição na procura ambulatorial, diminuição nos acidentes de trabalho, diminuição no afastamento por LER - Lesões por esforços repetitivos e DORT – (Distúrbio osteomuscular relacionado ao trabalho). Com base nos autores, pode-se afirmar que os objetivos da Ginástica Laboral são promover a mudança no comportamento e na cultura dos colaboradores que estão inseridos na organização, pois estes objetivos podem proporcionar um crescimento constante na produtividade, integração e consequentemente o bem estar físico e mental, social, melhorando o relacionamento dentro e fora da organização e contribuindo diretamente para uma melhor qualidade de vida. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANTONALIA, Cláudio. LER (Lesão por esforço repetitivo); DORT (Distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho); Prejuízos sociais e fator multiplicador do custo Brasil.São Paulo: LTr, 2001. 18 LIDA,I,Ergonomia.Projeto e Produção.São Paulo:Editora Edgard Blucher Ltda. LIMONGI-FRANÇA, Ana Cristina. Qualidade de vida no trabalho – QVT; conceitos e práticas nas empresas da sociedade pós-industrial – 2ed. São Paulo: Atlas, 2004. MENDES, Ricardo Alves; LEITE, Neiva. Ginástica Laboral: princípios e aplicações práticas. Barueri-SP: Manole, 2004. OLIVEIRA, João Ricardo Gabriel de Oliveira. A prática da ginástica Laboral – Rio de Janeiro: 2o edição: Sprint, 2003. MINICURRÍCULO Pós Graduada em Gestão Organizacional em Recursos Humanos pela FAMETRO, Pós Graduada em Gestão Ambiental pela Gama Filho. Administradora com ênfase em Recursos Humanos pelo Uninorte em 2006. Com mais de 7 anos de experiência na área de Recursos Humanos, atualmente Gerente de Recursos Humanos da Delima Comércio e Navegação Ltda., onde é responsável pelos subsistemas de Recrutamento e Seleção, Treinamento e Desenvolvimento, Responsabilidade Social e Projetos. Professora da Universidade Paulista-UNIP, Professora de escolas Técnicas Guarany, Centro Literatus – CEL e Metropolitano. 19 “A espera de um milagre!” Maria Sílvia de Azeredo Roscoe Meu filho quer tocar guitarra. Liguei para professores para saber informações a respeito e descobri que o processo pode levar anos de aulas semanais e muita prática. Imaginei uma conversa, como as que presenciamos cotidianamente, entre cliente e fornecedor: Cliente: O curso vai levar quanto tempo? Fornecedor: Não há como dizer, vai depender do desenvolvimento do seu filho. Cliente: Mas é que a agenda dele está muito apertada. Você não pode garantir que ele aprenda a tocar guitarra em pelo menos umas 16 horas? Fornecedor: ?????? Cliente: Pois é, estive pensando numa forma mais prática, vamos pegar uma sexta-feira e um sábado e vocês dão aula para ele durante 16 horas seguidas. E, para diluir o custo do curso, estava pensando em combinar com os colegas dele de também participarem. Pode ser uma turma com 30 pessoas? Fornecedor: ?????? – Nós não damos cursos para 30 crianças de uma vez. Se ele não tem conhecimento prévio de música, 16 horas é muito pouco para aprender a tocar guitarra. 20 Cliente: Mas eu estava pensando que podíamos aproveitar que eles estão na aula para aprender a tocar bateria também de uma vez. Fornecedor: ?????? – Desculpe-me, mas não é mesmo possível. Cliente depois conversando com o amigo: Este fornecedor é muito inflexível. Não tem a menor noção do que é atendimento a cliente. Assim vai ficar fora do mercado rapidamente. Você deve estar achando esta conversa a coisa mais esquisita do mundo, mas, infelizmente, ela ocorre inúmeras vezes na área de Desenvolvimento de Pessoal. Os contratantes querem desenvolver, por exemplo, liderança, habilidades interpessoais, comunicação, gestão do tempo, planejamento e querem que isso seja feito em um programa de 16 horas de duração. Como o milagre não ocorre, dizem que o treinamento foi ruim. É importante deixar claro que é possível conseguir resultados até em uma palestra de 1 hora. Muitas vezes a pessoa ouve algo que a sensibiliza e começa a fazer uma série de mudanças em sua forma de atuar. Por outro lado, precisamos saber que há mudanças que são mais demoradas e que ações de desenvolvimento isoladas dificilmente gerarão o resultado esperado. Eu não esperaria que o meu filho aprendesse a tocar guitarra em 16 horas. Porque pensaria que é mais fácil para um adulto mudar seus hábitos de gerenciamento do tempo, liderança, relacionamento, etc.? Muitos então dizem: - “Estes treinamentos não funcionam, investi e não obtive os resultados esperados”. - “As pessoas não mudam mesmo”. - “Já dei inúmeros feedbacks para esta pessoa e ela não mudou”. Então precisamos considerar o seguinte: - Quanto você realmente investiu nesta pessoa? 21 Só dar feedback, às vezes, não é suficiente. Em alguns casos, é necessário ajudar as pessoas a superar suas dificuldades. Um treinamento de 16 horas seguidas é, muitas vezes, apenas uma parte de um processo muito mais longo e abrangente. - Quais mudanças foram feitas no ambiente para favorecer o desenvolvimento? Os líderes dessas pessoas estão preparados para acompanhar, incentivar e até promover as mudanças que elas precisam fazer? Sei que recursos de tempo e dinheiro são limitados, mas, se não pensarmos em projetos de desenvolvimento sistêmicos e continuados, rapidamente perdemos os investimentos pontuais que fizemos e pior: perdemos competitividade. O custo de não investir é maior que o de investir. Ações de desenvolvimento vão desde leituras, auto-observação, visitas, contatos, acompanhamento de líderes até cursos, treinamentos, mentoring, coaching, estabelecimento de desafios, terapia, etc. Minicurrículo Instrutora de programas de Competências Interpessoais, Liderança para Gestores, Gestão do Tempo, Desenvolvimento Cognitivo. Mediadora do Programa de Enriquecimento Instrumental de Reuven Feuerstein. Consultora de diretores e gerentes em questões relativas à gestão e pessoas. Coach certificada pelo Integrated Coaching Institute e pelo Leading Group. Coach de Bem Estar certificada pela Real Balance. Especialista em Gestão Estratégica em RH pela FACE – UFMG. Formada em Letras e História. Mais de 20 anos de experiência na área de Recursos Humanos. 22 A ARTE DE TRABALHAR EM EQUIPE Thelma M. Teixeira Arte, do latim, significa talento, saber, habilidade. Arte é também definida como perícia em empregar os meios para obter os resultados. Trabalhar em equipe é realmente uma arte, pois, além de ser uma habilidade, um talento, exige perícia para o alcance dos resultados, o que constitui um grande desafio. A educação que recebemos tem um enfoque muito mais individual do que grupal, a nossa sociedade é competitiva e as organizações, por mais que no discurso propaguem o coletivo e a cooperação, têm práticas que valorizam muito mais os resultados individuais e a competição. A sociedade está cada vez mais complexa, com enorme volume de informações e mudanças e precisamos de uma estratégia para lidar com esta complexidade; com as incertezas; com as diversificadas demandas de conhecimentos e habilidades e para atingirmos resultados. Sabemos que as pessoas são capazes de desenvolver inúmeras habilidades, mas são incapazes em outras. Temos que ter consciência e aceitar isso em nós. Temos limites externos e internos e, portanto, para gerar melhores resultados, precisamos complementar nossas habilidades assumindo a nossa interdependência. Em outras palavras: Trabalhar em Equipe. 23 Trabalhar em equipe é atingir resultados através da cooperação (operar com), compartilhando e comprometendo-se com um mesmo propósito, confiando nas pessoas e facilitando seu desenvolvimento. Quando as pessoas não estão conscientes da interdependência do seu trabalho e não são avaliadas e/ou reconhecidas por colaborarem, mas ao contrário, pelo trabalho individual, é difícil que haja cooperação. No entanto, quando se valem da complementariedade de habilidades diversas, da responsabilidade e alcance de resultados de forma compartilhada, da ajuda mútua e colaboração, da confiança e especialmente da interdependência, o trabalho de equipe pode fazer com que as incertezas e dificuldades sejam vistas como oportunidades e não como ameaças. O Trabalho em Equipe tem, portanto, como premissas: • Complementariedade de habilidades – cada membro da equipe contribui com sua competência individual e específica tornando o todo maior do que as partes. • Responsabilidade e alcance de resultados compartilhados - as responsabilidades são distribuídas entre os vários membros, tornando-os mais conscientes do compromisso em assumi-las. O alcance dos resultados é função e mérito de toda a equipe. • Ajuda mútua, colaboração e confiança – as pessoas se ajudam em suas competências individuais, compartilham suas dificuldades e ansiedades e têm confiança de criarem novas alternativas. • Interdependência - as pessoas, no trabalho em equipe, atuam de forma sistêmica, conscientes de que qualquer falha ou acerto individual afetará todo o sistema. O Trabalho em Equipe fundamenta-se em valores que devem ser coerentes com os dos membros da equipe. São eles: • Nós todos estamos nisso juntos, nosso sucesso individual depende de nosso sucesso mútuo e vice versa. 24 • A relação tradicional superior/subordinado não é permitida. O trabalho conjunto dos membros da equipe e da organização agrega valor ao objetivo final • A comunicação aberta e honesta é vital. Os membros de equipe têm que estar aptos a falar francamente uns com os outros. É necessário empatia assim como saber ouvir. • Acesso aberto à informação. A necessidade de fornecer e compartilhar todas as informações facilita a cooperação, interação, o comportamento e as decisões. • Foco no processo. Compreensão por todos de que seu trabalho é vital, de que os outros interdependem deles e que estão contribuindo para fornecer resultados de alta qualidade. Para um eficaz trabalho em equipe alguns comportamentos são necessários: No nível das pessoas é necessário aprender a aprender, aprender a pedir ajuda, ter humildade/não ser onipotente e saber que a interdependência é condição “sine qua non” no trabalho (como também é na vida). No nível das organizações, considerar que o trabalho de equipe é uma filosofia, um valor calcado em uma liderança participativa e não condiz com um sistema de decisões centralizado e ainda, que depende do suporte gerencial e de um ambiente organizacional que facilite as comunicações, o intercâmbio de idéias e especialmente a interdependência. Relato de uma Experiência de Treinamento de Trabalho em Equipe Em um programa, cujo objetivo era conscientizar as pessoas para o esclarecimento e a importância do Trabalho em Equipe, após ter apresentado e discutido a teoria, uma das vivências que utilizei foi a seguinte: Dividi a turma em quatro grupos e utilizando material de Lego, pedi-lhes que montassem a mesma figura em um tempo (15 minutos) igual para todos os grupos. Após os 15 minutos, dois grupos 25 haviam conseguido. Pedi aos quatro grupos que, antes de qualquer comentário, respondessem à pergunta: “Foi um trabalho de equipe?” Por quê?” Todos responderam que sim, mesmo os que não atingiram o resultado (não cumpriram a tarefa). Ao responderem a segunda parte da pergunta (porque havia sido um trabalho de equipe), os dois grupos que realmente haviam chegado ao resultado disseram que havia sido, pois haviam cumprido a tarefa e porque se sentiram realizados. No entanto, eu havia observado que em um destes dois grupos, alguns membros não havia cooperado e não estavam confiando em que o resultado seria atingido. Os outros dois grupos disseram que apesar de não cumprir a tarefa, haviam se empenhado e cooperado muito, o que realmente havia acontecido e estava de acordo com minhas observações. Pedi a todos que relembrassem as premissas, valores e comportamentos do Trabalho em Equipe. Neste momento, refletiram que em três grupos não ocorrera um verdadeiro trabalho em equipe, pois em dois deles não havia sido alcançado o desempenho, apesar da cooperação, confiança e participação de todos. Reforcei que empenho (argumento deles) não significa desempenho. No outro grupo havia tido o desempenho, mas sem cooperação e confiança. E concluíram que apenas em um grupo havia ocorrido verdadeiramente um Trabalho de Equipe. A conclusão foi e é que o Trabalho em Equipe é verdadeiramente um desafio, uma arte, mas que “vale a pena” tanto como estratégia para realização de resultados como provedor da estética que há em toda arte. Referências Bibliográficas AMARU, A.C. Gerência de trabalho de equipe. Biblioteca de Administração e Negócios, 1986. CHANG, Richard Y. Sucesso através do trabalho em equipe. Rio de Janeiro, Qualitymark, 1996. 26 KATZENBACK, Jon A. e Smith,Douglas.A força e poder das equipes.S.P.,Makron Books, 1994. MOSCOVICI, Fela. Equipes dão certo. José Olimpio Editora, Rio de Janeiro, 1994. WOODS, John A. Teams & Teamwork, Alpha Books, New York, 1997. MINIcurrículo Psicóloga, psicodramatista, pós-graduada em Administração de Empresas, especialista em Psicologia Organizacional e em Psicologia Clínica. Consultora de empresas nas áreas de Desenvolvimento Humano, Desenvolvimento Gerencial e Desenvolvimento de Equipes, para empresas nacionais e multinacionais. Membro do Conselho de Administração da ABRH-MG e do Grupo Projetar. Autora de artigos publicados no Brasil e no exterior. Co-autora do Ebook Relações Interpessoais. www.clubedeautores.com.br, 2011. Co-autora do livro: Vivências - Uma Aprendizagem Efetiva. Autoria do Grupo Projetar, 1998. Autora do livro: Psicodrama Empresarial: o que,porque e como fazer. Ed. Santa Clara, 2008. 27 A ATUAÇÃO DO RECURSOS HUMANOS COMO PARCEIRO EMPRESARIAL: MITO OU REALIDADE? Júnia Mara Ferreira Gomes As transformações organizacionais advindas do avanço tecnológico vêm impactando e transformando a cultural brasileira, exigindo, do gestor de recursos humanos uma postura de multiplicador das mudanças culturais organizacionais e um novo posicionamento estratégico de minimização dos impactos nas organizações. Adestrar trabalhadores no período pré-jurídico-trabalhista da década de 30 (século XX), refletia a administração dos empregadores cobertos pelos vínculos escravocratas. Com a criação da legislação trabalhista nas décadas seguintes, surge o departamento pessoal no período legal burocrático, como forma de regulação. A partir da década de 50, as novas demandas industriais fazem emergir a fase tecnicista e a criação da área de relações trabalhistas. Em meados dos anos 60, o trabalhador passa a viver uma nova realidade política com a revolução de 64, a crise do petróleo, a falta de mão-de-obra especializada, o surgimento da qualidade e o enfoque comportamental, emergindo a Gerência de Recursos Humanos – RH. A fase estratégica culmina em 1990 com novos desenhos organizacionais, o avanço tecnológico e as novas relações de trabalho com a gestão de pessoas vinculada às estratégias das empresas. A partir da década de 90, surge a fase de vantagem competitiva, levando os gestores de pessoas a adotarem uma nova postura organizacional de agentes de competitividade. Assim, observa-se que as formas de administração do trabalho possuem uma construção histórica através das alterações solicitadas pelo ambiente organizacional. 28 O papel de fiscalizador e regulador empreendido ao recursos humanos em seus primórdios vem sendo ampliado, exigindo uma postura estratégica e competitiva diante do mundo globalizado. Seu papel passa de mero promotor de treinamentos e executor das obrigações trabalhistas, visando ampliação da destreza operacional, para algo além, atuando em um sistema que considera o objetivo das pessoas, o desenvolvimento tecnológico e o negócio da empresa, trabalhando para uma harmonia do conjunto através de uma visão do ambiente da organização. O recursos humanos diante das novas estratégias de gerenciamento depara-se com o complexo desafio, “[...] precisa assumir um posicionamento estratégico nas organizações e suas atividades devem estar focadas no negócio e no desenvolvimento da organização, a partir do investimento nos funcionários e nos processos” (CANÇADO; MORAES e SILVA, 2006, p.17). O discurso brasileiro aponta a todo o momento para a valiosa contribuição do especialista em pessoas. No entanto, em grande parte das empresas brasileiras, deparamo-nos constantemente com uma incipiente atuação da área de recursos humanos no que se refere ao entendimento sobre seu campo de atuação. Do século XX para o século XXI, a área denominada por grande parte das empresas brasileiras de recursos humanos adquiriu um status de suporte e implementador de mudanças. Entretanto, em muitas empresas, essa área é vista e tratada como uma área estanque, prestadora de serviços burocráticos no nível operacional, sendo mais valorizado o recrutamento da pessoa certa para o lugar certo, com um salário adequado e treinamento focado na atividade. Segundo Lacombe e Tonelli (2001, p.163), “nota-se um atraso de quase uma década entre o discurso da literatura e a prática no Brasil”. Durante a evolução da administração do trabalho, estudos foram desenvolvidos sobre os aspectos da gestão de recursos humanos. O questionário dos múltiplos papéis de recursos humanos desenvolvido por Ulrich (1998) possibilita avaliar o desempenho dos quatro papéis que o recursos humanos necessita desempenhar para ser considerado um parceiro empresarial: Parceiro Estratégico, Especialista Administrativo, Defensor dos Funcionários e Agente de Mudança e possa contribuir para o desenvolvimento e a competitividade da organização: 29 a. Administração de estratégias de Recursos Humanos – Parceiro Estratégico: ocorre quando o profissional de recursos humanos a partir da estratégia empresarial, define as estratégias de recursos humanos, desdobra, identifica as prioridades e alinha-se ao negócio da empresa. b. Administração da Infra-estrutura de Empresas / Especialista Administrativo: ocorre quando o recursos humanos provê e administra, com eficiência, processos de fluxo e gestão de pessoas, buscando sempre a melhoria contínua. c. Administração da contribuição dos funcionários Defensor dos Funcionários: ocorre quando o recursos humanos consegue gerir, de forma integrada e participativa, a contribuição dos funcionários, fornecendo condições para que possam realizar suas atividades de acordo com os resultados planejados. d. Administrador da transformação e da mudança – Agente de Mudança: ocorre quando o recursos humanos atua na gestão da transformação e mudança cultural da organização e das pessoas, resultando em transformação da identidade e dos valores da organização. Ulrich complementa que, a partir de 1989, a mudança cultural deixa de ser uma forma abstrata de “vantagem competitiva inimitável”, presente na academia, para se transformar no centro de discussões dos gestores de pessoas. Ulrich propõe um novo papel de gerenciamento de pessoas que não se limita à mudança do foco operacional para o estratégico e passa a dominar os múltiplos e complexos papéis operacionais e estratégicos, que o recursos humanos necessita desempenhar na sua integração com as pessoas alinhando-se aos resultados organizacionais propostos. O questionário estruturado por Ulrich é validado estatisticamente e tem a funcionalidade de apontar, através de pontos obtidos nas respostas às questões, a visão dos respondentes quanto ao papel fundamental da área de Recursos Humanos. 30 Um grande desafio que lanço ao profissional de recursos humanos é o de identificar, com precisão, em que posição o recursos humanos da organização a que pertence está inserido e os desafios a percorrer ao encontro da excelência, saindo do mito e concretizando uma realidade de ser percebido e legitimado com um parceiro empresarial para o negócio. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANTHONY, W. P.; PERREWÉ, P. L.; KACMAR, K. M. Strategic resource management. [S.l.] : Harcourt Brace & Co, 1996. BOXALL, Peter: PURCELL, John. Strategy and human resource management. New York: Palgrave Macmillan. 2003. CANÇADO, Vera; MORAES, Lúcio e SILVA, Edson. Comprometimento organizacional e práticas de gestão de recursos humanos: o caso da empresa XSA. Revista de Administração Mackenzie. V 7, n. 3, p. 11-37, 2006. CESAR, Ana Maria Roux; CODA, Roberto; BIDO, Diógenes de Souza; SAAD, Sheila M. “O dicurso se Aplica na Prática?”– uma Discussão sobre o papel Estratégico da Área de Recursos Humanos. Anais do EnANPAD – 2006. Salvador (BA). Setembro de 2006. COUTINHO, P.T. Avaliação da Área de Recursos Humanos Segundo o Modelo dos Múltiplos Papéis de Ulrich. 2004. 123 f. Dissertação (Mestrado Profissional em Administração) – Fundação Cultural Dr. Pedro Leopoldo, Pedro Leopoldo, 2004. DUTRA, Joel Souza. Gestão de pessoas: modelo, processos, tendências e perspectivas. São Paulo: Atlas, 2002. LACOMBE, Beatriz e TONELLI, Maria José. O discurso e a prática: o que nos dizem os especialistas e o que nos mostram as práticas das empresas sobre os modelos de gestão de recursos humanos. RAC, v.5, n.2, Maio//ago. 2001: 157-174 MELO, M. C. O. L. Gerenciando os gerentes: reflexões e desafios para os profissionais de recursos humanos. READ, ano 51, v 12, n. 3 maio-jun. 2006. 31 TEIXEIRA, Gilnei Mourão. et al. Gestão estratégica de pessoas. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006. ULRICH, D. Human resource of the future : conclusions and observations: Human Resource Management, v. 36, n. 1, p. 175-179, 1997. ULRICH, Davi. Os campeões de recursos humanos: inovando para obter os melhores resultados. São Paulo: Futura, 1998. ULRICH, Dave (Org.) Recursos Humanos estratégicos: novas perspectivas para os profissionais de RH. São Paulo: Futura, 2000. Wood, JR., T. Mudança organizacional e transformação da função de recursos humanos. In: Wood, JR., T. (Coord.). Mudança organizacional: aprofundando temas atuais em administração de empresas. São Paulo: /Atlas, 1995. p. 221-242. MINICURRÍCULO Profissional de Recursos Humanos com formação em Serviço Social, pós graduação em Gestão Estratégica de Gestão de Pessoas, em Formação e Aperfeiçoamento Gerencial e Mestre em Administração com ênfase em Gestão de Pessoas. Possui formação em Personal & Professional Coach pela Sociedade Brasileira de Coaching, em Programa de Coaching pela Scania Academy LA, em Coaching de Equipes pela Universidade Fenabrave e Certificação Internacional em Coaching, Mentoring e Holomentoring pelo Instituto Holos. Possui profunda vivência em metodologias de gestão para resultados, na gestão dos diversos subsistemas de Recursos Humanos, Gestão da Qualidade e Meio Ambiente em empresas nacionais e multinacionais. Integrante do Grupo de RH ASERT, Vice Coordenadora do Inove Coaching, Membro Fundador do ICF - International Coach Federation capítulo Minas. 32 A AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO NO SERVIÇO PÚBLICO E O PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA Aldo Nogueira Venâncio O art. 37 da Constituição da República explicita os princípios que regem a administração pública no Brasil, que são a base das atividades, regulando as ações das instituições, gestores e servidores públicos. Foram originalmente estabelecidos no texto constitucional de 1988, os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade. Em 1998, considerando o neoliberalismo, a globalização e os imperativos da ordem econômica mundial, foi realizada no Brasil uma profunda reforma administrativa, modificando o regime vigente e dispondo sobre princípios e normas da administração pública e seus agentes. De forma a responder aos anseios da sociedade e as pressões externas, a inserção do principio da eficiência no texto constitucional, objetiva garantir que a gestão da coisa pública seja menos burocrática e atinja seus objetivos de forma mais ágil e eficaz, transformando o modelo de administração burocrática em administração gerencial, aproximando a administração do Estado das administrações privadas, que devem buscar sempre atingir resultados e minimizar custos. Maria Sylvia Zanella Di Pietro (DI PIETRO, 2000, p. 73), explica que a reforma do Estado significa aprimorar não apenas a organização e desenvolver os servidores, mas também as finanças e todo o seu sistema institucional-legal, permitindo que se tenha uma relação harmoniosa e positiva com a sociedade civil. A reforma do Estado permite que seus gestores estratégicos tomem deci33 sões mais corretas e efetivas, e que seus serviços operem mais eficientemente. Podemos identificar dois sentidos no principio da eficiência: o primeiro que é organizar e estruturar a máquina do Estado para torná-la mais racional de forma a alcançar as necessidades da sociedade de forma mais satisfatória e o segundo, que é regular a atuação dos agentes públicos almejando que esses tenham um melhor desempenho possível e com isso atinjam os melhores resultados. Neste trabalho, vamos nos concentrar neste segundo sentido. Explica Hely Lopes Meireles (MEIRELES, 2002, p. 60) que o dever de eficiência é o que se impõe a todos os agentes públicos de cumprir suas atribuições com presteza, perfeição e excelente rendimento funcional. O principio da legalidade e os outros princípios da administração pública já não são suficientes para que se possa exigir resultados no serviço publico e atendimento satisfatório das necessidades coletivas, fazendo-se necessário promover o principio da eficiência. Para muitos, a estabilidade do servidor público seria a principal responsável pela ineficiência dos serviços públicos, por conta da acomodação do servidor no cargo, e por isso deve-se promover o efetivo acompanhamento e avaliação constante das ações, nos moldes do setor privado. Taniguchi e Arten (TANIGUCHI, K., SILVA ARTEN, K., 2013) entendem que há certa resistência dos agentes públicos quanto às mudanças necessárias que se confrontam com a sua zona de conforto, muitas vezes garantida pela morosidade e ineficiência dos processos administrativos. Com a reforma administrativa, os servidores que antes contavam com a estabilidade própria do regime estatutário, passam a submeter-se ao estabelecido na Constituição da República em seu art. 41, parágrafo 1o, inciso III, “o servidor público estável só perderá o cargo mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa.” Na mesma reforma, aumentou-se o tempo do estágio probatório de 2 (dois) para 3 (três) anos e obrigaram-se os entes federativos a promoverem a formação e o aperfeiçoamento dos servidores públicos, constando a participação em treinamentos e cursos como um dos requisitos para promoções e progressões na carreira, fazendo-se constar também nos planos de carreiras retribuições por qualificação e titulação. 34 O Decreto Federal no 5707, de 23 de fevereiro de 2006, instituiu a política e as diretrizes para o desenvolvimento de pessoal da administração pública federal com as seguintes finalidades: I - melhoria da eficiência, eficácia e qualidade dos serviços públicos prestados ao cidadão; II - desenvolvimento permanente do servidor público; III - adequação das competências requeridas dos servidores aos objetivos das instituições, tendo como referência o plano plurianual; IV - divulgação e gerenciamento das ações de capacitação; V - racionalização e efetividade dos gastos com capacitação. O Decreto Federal no 7133, de 19 de marco de 2010, regulamenta os critérios e procedimentos gerais a serem observados para a realização das avaliações de desempenho individual e institucional e o pagamento de gratificações de desempenho em algumas carreiras da administração pública federal. O referenciado decreto conceitua a avaliação de desempenho como o monitoramento sistemático e contínuo da atuação individual do servidor e institucional dos órgãos e das entidades de lotação dos servidores integrantes dos planos de cargos e de carreiras abrangidos por ele, tendo como referência as metas globais e intermediárias das unidades, introduzindo a necessidade das instituições pactuarem metas a serem cumpridas num respectivo prazo. Especifica que os valores referentes às gratificações de desempenho serão atribuídos aos servidores em função do alcance das metas de desempenho individual e do alcance das metas de desempenho institucional do órgão ou entidade de lotação do servidor. A avaliação de desempenho individual deve ser feita com base em critérios e fatores que reflitam as competências do servidor, aferidas no desempenho individual das tarefas e atividades a ele atribuídas. Todas essas alterações devem transformar o perfil da administração pública moderna. Como visto, hoje é comum entidades públicas das mais variadas esferas governamentais trabalhando com metas e medição de produtividade, nos mesmos moldes da administração privada. Em resumo, o mais importante é conscientizar os agentes públicos para que estes compreendam que não basta apenas executar serviços de acordo com a legalidade se não forem atingidos os fins propostos. A maior finalidade da execução de uma atividade pública é oferecer à sociedade serviços rápidos, eficientes e com resultados positivos, trazendo respostas aos anseios sociais. 35 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CALDAS, Igor Lúcio Dantas Araújo. A avaliação periódica de desempenho do servidor público estável. Efeitos do princípio da eficiência sobre o desempenho do servidor público. In: mbito Jurídico, Rio Grande, XIV, n. 87, abr 2011. Disponível em: < http://www.ambito-juridico.com.br/site/?artigo_id=9259&n_ link=revista_artigos_leitura >. Acesso em out 2013. DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 10a ed. São Paulo: Atlas, 2000. FIOCRUZ - Fundação Oswaldo Cruz. Avaliação de Desempenho Individual (ADI) 2013/2014 – Versão 06 - Nota Técnica Disponivel em: <http://www.direh.fiocruz.br/adi/Arquivos/20132014/ Nota-Tecnica-ADI-V6.pdf> e <http://www.direh.fiocruz.br/adi>. Acesso em out. 2013. MARTINS, Cristiane Fortes Nunes. O Princípio da Eficiência na Administração Pública. Disponível em: < www.faete.edu.br/revista/artigocristiane.pdf >. Acesso em out. 2013. MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 12a ed. São Paulo: Malheiros, 2002. TANIGUCHI, K., SILVA ARTEN, K.. O paradigma da estabilidade do funcionário público federal frente ao princípio da eficiência. Revista de Direito. Disponível em: <http://sare.anhanguera.com/ index.php/rdire/article/view/1384>. Acesso em out. 2013. minicurrículo Possui graduação em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (2005), Pós-graduação em Direito Público pela Associação Nacional dos Magistrados Estaduais (2006) e em Contencioso Administrativo pela Universidade Católica Portuguesa (Lisboa-2007). É Mestre em Ciências Jurídico-Políticas (vertente Reforma da Administração Pública) pela Universidade Católica Portuguesa (Lisboa-2010). Foi bolsista da Comissão Européia/EuropeAid/Co-operation Office/Programa Alban (20062008). Atuou em entidades como CEMIG, BDMG, Conselho 36 Regional de Administração (MG) e Redware-Caixa Geral de Depósitos (Lisboa) . Atualmente atua no Serviço Público Federal como Chefe do Serviço de Recursos Humanos da FIOCRUZ Minas. 37 A complementaridade entre cultura e clima organizacional Lara Castro A construção de vantagem competitiva sustentável não depende somente de uma boa estratégia de negócios ou de sorte, mas também de um grupo de colaboradores satisfeitos e motivados. Muitas organizações têm investido tempo e recursos para melhor entender as variáveis que podem influenciar o comportamento dos indivíduos. Essas organizações e seus gestores acreditam que as pessoas são uma importante fonte de criação de vantagem competitiva sustentável. Alguns autores são enfáticos ao afirmar que colaboradores satisfeitos produzem melhor e mencionam que o aumento no grau de satisfação de um determinado indivíduo não gera apenas impacto em seus próprios comportamentos, atitudes e desempenho, mas também influencia positivamente as pessoas com as quais o mesmo se relaciona. Wagner III e Hollenbeck (2003) enfatizam que, até que a ciência invente meios efetivos de clonar seres humanos, a administração do comportamento organizacional talvez seja a única fonte de vantagem competitiva sustentável que os seus concorrentes não podem comprar, roubar ou copiar. Portanto, os desafios enfrentados atualmente pelas organizações exigem a existência de colaboradores comprometidos a ponto de dedicarem suas energias emocional, intelectual e física para seu sucesso. Competências e cultura organizacional constituem uma real e duradoura fonte de vantagem competitiva para as organizações; uma vez que a relação entre organização e colaborador se estabelece por meio da cultura, que se manifesta por meio dos rituais, 38 dos códigos e símbolos que caracterizam o dia a dia da empresa, advém das práticas recorrentes, que são estabelecidas ao longo do tempo. Essa identidade impacta positiva ou negativamente o estado de ânimo das pessoas que trabalham na empresa, conferindo ao clima um fenômeno temporal, pois refere-se ao estado de ânimo dos empregados da empresa num dado momento. Portanto, as ações na organização podem ser facilitadas por fenômenos intangíveis, porém com manifestações concretas, suportadas na relação de causalidade e complementaridade que se apresenta entre cultura e clima, sendo a cultura a causa e o clima a consequência. A apuração do clima organizacional de uma organização, tem, como via de regra, facilitar um bom ambiente de trabalho para que os objetivos organizacionais sejam atingidos. Por meio desta estratégia, a empresa pode conhecer efetivamente o seu clima, quais são as causas que mais contribuem para esse clima, como está o clima em cada unidade de trabalho, área, etc. A responsabilidade pelo diagnóstico, monitoramento e intervenções nas causas que impactam ou podem impactar negativamente o ambiente de trabalho cabe à área de recursos humanos, mediante apoio de todo o corpo gerencial da empresa. minicurrículo Consultora Organizacional graduada em Psicologia pela FUMEC, mestranda em Administração pela FEAD, pós-graduada em Gestão Estratégica em Recursos Humanos pela FACE-UFMG e em Análise Institucional e Esquizoanálise pelo Instituto Felix Guatarri, com formação Internacional em Coaching Executivo Organizacional, Dinâmica de Grupo e Consultoria Interna de Organizações. Professora na Fundação Getúlio Vargas das disciplinas Gestão do Desempenho, Liderança e Inovação e Gestão de Pessoas, Diretora da ABRH-MG e Membro do grupo Projetar – Projetos de jogos empresariais de tecnologia avançada. Possui 20 anos de experiência em Gestão do Desenvolvimento Humano e Organizacional, atuando em Projetos de Avaliação e Desenvolvimento Gerencial e de Equipes, Programas de Coaching, Mapeamento da Planta Humana, Diagnóstico e arquitetura da área de Recursos Humanos, Gestão de Desempenho e Clima Organizacional. É Diretora da RHUMO Consultoria atuando como Gestora e Consultora em projetos de Desenvolvimento Humano para mais de 200 empresas nacionais e multinacionais. 39 A CULTURA ORGANIZACIONAL NO MUNDO CORPORATIVO Beatriz Delgado Na década de 80, o tema cultura organizacional surgiu de forma muito marcante nos estudos organizacionais. Considerado inicialmente como modismo, hoje se encontra incorporado à teoria das organizações, sendo seu estudo imprescindível para qualquer tipo de análise e prática organizacional (FREITAS, M.E., 1997a). A cultura abrange a maneira como as coisas são feitas na organização, podendo ser observada em cada aspecto da atividade organizacional, pois se manifesta a partir de conhecimento, valores, preferências, hábitos e costumes, práticas estabelecidas e artefatos (CHILD; FAULKNER, 1998). Segundo Tanure (2005), a dimensão mais visível da cultura está nos mitos, nos símbolos e nos rituais, que são fundamentais para a compreensão do contexto organizacional. A natureza das relações dentro da empresa e o como as pessoas se relacionam podem ser considerados, segundo Goffee e Jones (1998), o capital social da organização, sendo a cultura o seu elemento mais importante. Classificam, ainda, a “cultura organizacional” como o último paradoxo dos negócios, por ser tão criticamente ligada ao sucesso, mas, ao mesmo tempo, tão “suave”, nebulosa e indefinível. Receitas e lucros são perseguidos, a taxa de retenção de clientes é medida, a participação no mercado é calculada, mas o impacto da cultura de uma empresa sobre sua performance só pode ser inferida. Apesar disso, nenhuma estratégia ou plano de negócio pode ter algum sucesso sem que a cultura organizacional seja considerada. 40 Schein (2001) defende que a cultura é profunda e complexa, pois envolve todos os aspectos da realidade e da vida humana e ainda influencia o modo de pensar, sentir e agir, dando significado e previsibilidade ao dia-a-dia. Sendo assim, não é possível pensar de forma superficial na cultura nem achar que se pode mudá-la com facilidade. Segundo o autor, não compreender a cultura e não levá-la a sério pode ser até mesmo desastroso. Por outro lado, a compreensão também superficial da cultura pode ser tão perigosa quanto não compreendê-la. No entanto, Tanure (2005) argumenta que, em princípio, nenhuma prática de gestão é necessariamente superior a qualquer outra e que a congruência entre a estratégia e a cultura organizacional produz melhor performance empresarial. Alerta, ainda, para a existência de outros fatores que também contribuem para a construção de performance e que extrapolam em muito a questão da cultura, devendo-se evitar reducionismo desnecessário, em que o desenvolvimento econômico é explicado só por meio de culturas transformadoras. Hofstede et al. (2002) defendem que a globalização dos mercados não significa, necessariamente, a globalização dos valores culturais, considerando que cada empresa já possui a sua história, com maneiras distintas de internalizar crenças, valores, mitos ou tradições. Hofstede (1991) também afirma que não há consenso sobre o significado da cultura organizacional, mas a maioria dos autores concorda que algumas características são comuns na construção dessa definição: determinada historicamente, construída socialmente, invisível e difícil de mudar. O desafio, então, é integrar todas estas características em um único conceito. Assim sendo, a influência da cultura no mundo organizacional é considerada significativa. Schein (1992) também entende que a cultura tem grande influência sobre a performance de uma empresa, enquanto os autores Goffee e Jones (1998) ressaltam que a cultura é a força de coesão mais poderosa no ambiente competitivo moderno e consideram que o que mantém a empresa coesa e coerente são os princípios que afetam a construção de relações significativas e redes de conexões entre as pessoas, sendo a cultura responsável pela criação do senso de comunidade e pela energização da empresa. Neste cenário, a cultura organizacional é um fator fundamental para o sucesso de implementação de estraté41 gias, além de ser considerada um elemento crucial na construção de diferencial competitivo para as empresas. Portanto, no ambiente desafiador onde as empresas estão operando, a cultura adquire importância significativa para a gestão dos resultados empresariais, sendo de fundamental importância a compreensão dos conceitos que fundamentam a formação da cultura organizacional. Freitas, A.B. (1997) argumenta que a cultura organizacional é a expressão de um projeto ou de uma missão ao qual os membros de uma organização devem ou querem aderir. Por isso, a cultura organizacional também expressa uma visão da organização, seja ela uma imagem atual ou futura, bem como uma visão de mundo existente e de um mundo que ainda será construído. Desta forma, é a cultura organizacional que sinaliza os comportamentos e as ações que vão sustentar a construção de qualquer projeto na empresa, quais os valores que são compatíveis com essa construção e, ainda, quais os valores que os membros da organização devem seguir. A cultura organizacional determina quais são os modelos reconhecidos e que, naturalmente, devem ser seguidos na empresa, sendo a compreensão da cultura um fator preponderante na performance de qualquer organização. No mundo competitivo, ao qual as empresas estão expostas, mudanças significativas são cada vez mais freqüentes, sendo a compreensão da cultura um dos fatores primordiais para a gestão empresarial. Assim, o entendimento dos conceitos e pressupostos que fundamentam a formação da cultura organizacional, a compreensão das questões relativas às mudanças culturais aos diversos cenários tornaram-se pontos essenciais para o processo de gestão empresarial. O tema é instigante e desafiador, sendo imprescindível, para líderes e profissionais de RH, um estudo ampliado e aprofundado sobre a cultura organizacional, com o objetivo de ampliar a compreensão dos impactos da cultura no mundo corporativo, e favorecer intervenções positivas nos projetos de mudança cultural das organizações. 42 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CHILD, J.; FAULKNER, D. Strategies of cooperation: managing alliances, networks and joint ventures. Oxford: Oxford University Press, 1998. FREITAS, M.E. Cultura organizacional: o doce controle no clube dos raros. In: MOTTA, F.C.P.; CALDAS, M.P. (Org). Cultura organizacional e cultura brasileira. São Paulo: Atlas 1997. GOFFEE, R.; JONES, G.. The character of a corporation: how your company’s culture can make or brake your business. Londres: HarperCollins-Hammersmith,1998. HOFSTEDE, G. Cultures and organizations. London, McGraw-Hill International, 1991. HOFSTEDE, G. et al. What do business leaders pursue? A study in fifteen countries. Journal of International Business Studies, v.33.n.4, p.785-808, out./dez., 2002. SCHEIN, E.H. Organizational culture and leadership. São Francisco: Jossey-Bass, 1992. SCHEIN, E.H. Guia da sobrevivência da cultura corporativa. Rio de Janeiro: Editora José Olympio, 2001. TANURE, B. Gestão à brasileira: somos ou não diferentes? - Uma comparação com América Latina, Estados Unidos, Europa e Ásia. São Paulo: Atlas, 2005. minicurrículo Psicóloga pela UFMG, com Mestrado Profissional em Administração (PUC/FDC), MBA Empresarial pela Fundação Dom Cabral e pós-graduação em Gestão de Recursos Humanos (FGV). Consultora organizacional, atua há 30 anos na área empresarial, com larga experiência em Treinamento Empresarial, Desenvolvimento Gerencial, Desenvolvimento de Equipes e Gestão Estratégica de Pessoas. Possui formação em Coaching Executivo, Consultoria Organizacional, Dinâmica de Grupos e Jogos Empresariais. É integrante do Grupo Projetar – Projetos de Jogos Empresariais 43 Avançados, desde 1990. Co-Autora do Livro “Vivências – Uma Aprendizagem Efetiva” (Grupo Projetar). Membro da atual Diretoria da ABRH – Associação Brasileira de Recursos Humanos / Seccional MG. 44 A Dualidade da atuação do profissional de RH frente às mudanças Organizacionais Silvano Aragão Nos últimos três anos tive a oportunidade de mediar alguns Fóruns de presidentes e executivos de grandes construtoras no cenário nacional, ocasião apropriada para discutir sobre mudanças e a percepção dos presidentes sobre os papéis dos profissionais de Recursos Humanos. Segundo eles, a área de Recursos Humanos está vivendo uma intensa evolução em relação aos seus papéis corporativos. As empresas, de uma maneira geral, estão passando por diversas mudanças, desde infra-estrutura de tecnologia a mudanças culturais, gerando uma verdadeira quebra de paradigmas. Tudo isso ocorre, pois precisam tornar-se mais ágeis diante dos inúmeros desafios frente ao mercado, aos clientes, aos concorrentes, aos colaboradores e às estratégias. Parece ser consenso, entre a alta direção das empresas, que o principal papel deste novo RH será o foco estratégico, ou seja, nos negócios. Por outro lado, existe ainda o desafio de cuidar dos colaboradores de forma que possam produzir, e, ao mesmo tempo, terem motivação para o trabalho. Profissionais motivados opinam mais, criam mais, gastam menos. Neste cenário, destaco uma conotação importante, que nos remete a uma visão crítica das atividades dos profissionais de RH, que muitas vezes não é compreendida: estes profissionais precisam sair em defesa do empregado e, ao mesmo tempo precisam estar ao lado da gestão estratégica da empresa. Porém, para os colaboradores de uma organização, compreender esta dualidade não é fácil. Profissionais de recursos humanos precisam aprender a serem 45 simultaneamente estratégicos e operacionais, direcionando suas ações para o longo e curto prazo. Devem alinhar suas estratégias e práticas à estratégia empresarial como um todo. Ou seja, devem traduzir objetivos empresariais em práticas de recursos humanos, e assim, serem vistos como verdadeiros parceiros estratégicos dentro de sua organização. De outro lado, precisam conservar as práticas de infra-estrutura da empresa, que, igualmente agregam valor à organização, que normalmente são as tarefas de contratar, avaliar, premiar, promover. Não existe receita de bolo. Ações feitas numa empresa provavelmente não irão funcionar em outra. As empresas possuem política, cultura e lideranças diferentes, portanto, copiar práticas de outras empresas sem considerar estas variáveis não é recomendado. As atividades operacionais devem atender às expectativas estratégicas. Não é admissível principalmente nos dias de hoje, diante da rapidez com que as mudanças acontecem, que a gestão de recursos humanos tenha um papel operacional desconectado das estratégias da empresa. Quinhentos anos antes de Cristo, Heráclito, um importante filósofo pré-socrático, deixou escrito: “Nada é permanente. Exceto as mudanças.” No mundo atual, as estratégias das empresas devem se adaptar para atender à nova realidade de constantes transformações, seja de ambiente, econômica ou social. E as estratégias de recursos humanos devem acompanhar essas mudanças, e junto com elas decisões têm que ser tomadas, e, que certamente, vão gerar descontentamento entre alguns empregados. Não devemos ter medo das mudanças, não existe zona de conforto para profissional de RH. É claro que, diante de mudanças ou na escolha de um caminho novo, nunca teremos certeza absoluta sobre os resultados que virão. Por isso o profissional de Recursos Humanos precisa ficar atento, pois é natural dos seres humanos a tendência de se agarrar com o que já considerado “garantido”. E isso acontece com diversos profissionais e empresas; fechamos a mão, tentamos segurar aquilo que nos dá bem estar, ou pelo menos que achamos que nos traz benefícios. Somos inseguros por natureza, não gostamos de mudanças. Esta insegurança é o reflexo da nossa memória querendo se agarrar nas boas experiências, querendo projetar no futuro aquilo que viveu no passado. A referência anterior é muito importante, porém as vitorias do passado podem se apresentar como uma forma muito poderosa de autoengano. Se acreditarmos firmemente nessa zona de conforto e na sua proteção, somos capazes até de fazer guerra 46 em nome disso. Naturalmente, mudanças nem sempre são bem vindas; de outro lado é impossível evitar que elas ocorram, faz parte da vida do ser humano. É papel da gestão de recursos humanos traçarem as etapas corretas para lidar com essas transformações da melhor maneira possível. Não é tarefa fácil, pois se contrapõe ao pensamento dos empregados de que a gestão de RH deve ser direcionada aos seus interesses. As mudanças trazem consigo muito aprendizado, o papel do RH é fazer com que os colaboradores experimentem as novas ideias e consigam demonstrar as diversas vantagens de mudar e estar aberto a novas tendências. Um papel importante do RH é viabilizar as mudanças e se adaptar, facilitando a evolução da organização e dos colaboradores. Entretanto, devido a complexidade das práticas de Gestão de Pessoas e o paradigma de relações de poder dentro das empresas, nem sempre conseguimos exercer este papel da forma que gostaríamos. Em RH, a dualidade acontece naturalmente, agimos para resolver um problema e identificamos outro, que pode desdobrar em mais outro. O importante é agir com equidade, respeito e ética. Esta guia de valores certamente facilitará a implementação de mudanças, nos posicionando como elo entre os problemas e as soluções que se apresentam no nosso cotidiano profissional. MINICURRÍCULO 21 anos de experiência profissional, atualmente Gerente Corporativo de Recursos Humanos e de Saúde, Segurança e Medicina do Trabalho da Construtora Caparaó S/A e empresas associadas. Presidente do Grupo de Intercâmbio da Construção Civil em Recursos Humanos (GICC-RH – SINDUSCON-MG). Conselheiro da Associação Brasileira de Recursos Humanos - ABRH-MG. Professor de graduação e Pós-graduação em diversas faculdades. Eleito Personalidade do Ano de 2012 em RH pela ABRH-MG e também recebeu o prêmio melhores práticas de Gestão de Pessoas em 2005 com o projeto Gente Nossa, categoria Profissional. 47 A EMPRESA E A COLABORADORA GRÁVIDA Ana Cristina Alves Muitas empresas, quando selecionam uma candidata, procuram certificar-se de que ela não esteja planejando uma gravidez. A gestação é vista como um problema para as empresas, que procuram evitar faltas, substituição e custos. Esta questão deve ser repensada porque a mulher moderna evoluiu profissionalmente, mas tem a maternidade como uma meta ao longo da vida. Se a empresa tem mulheres no quadro de colaboradores, é fundamental haver um trabalho estruturado para atenuar as ausências por licença maternidade e para oferecer as condições necessárias para a funcionária gestante viver da melhor forma possível essa fase da vida. A mulher que tem apoio e informação para viver a gestação com segurança emocional faz dessa fase um processo de amadurecimento e aprendizado, além de desenvolver um relacionamento especial com quem trata o período da gravidez com sensibilidade. A empresa pode ser uma facilitadora na capacitação da futura mamãe, para que ela se prepare e tenha condições de iniciar a educação do bebê desde a gestação, o que auxilia na formação de um bebê tranquilo. A gestante que sente segurança emocional trabalha tranquilamente durante a gestação e após a licença maternidade. 48 Além disso, preparar pais para a educação e comunicação com os filhos, é uma forma da organização contribuir com a formação das gerações futuras. minicurrículo Psicóloga com especialização em Teoria Junguiana pelo Instituto Sedes Sapientiae de SP. Positive, Life e Executive Coach certificada pela Sociedade Brasileira de Coaching. Responsável pelo Programa Empresa e Família. 49 A experiência de Hawthorne hoje Emerson Zanella Contextualizando a experiência de Hawthorne, foi uma análise comandada por Elton Mayo1 numa fabrica em Chicago (Western Eletric Company), no ano de 1927. Esta pesquisa teve como prisma a relação entre a intensidade da iluminação e a competência dos operários, medida por meio do ritmo de produção. Trazendo esta análise ao momento atual, temos primeiramente que fazer um corte de tempo para ajustar alguns parâmetros, como: algumas das expectativas dos trabalhadores daquela época não condizem com as expectativas de hoje; o domínio de conhecimento dos pesquisadores da época não são os mesmos de hoje (até pela importância e desdobramentos que esta experiência deixou). Guardando, então, as devidas proporções e demais considerações podemos trazer a tona uma análise do quão foi, e ainda, é relevante o conhecimento adquirido e fazê-lo se tornar efetivo na relação do trabalho. Devemos, ainda, considerar um Stakeholder muito importante neste contexto, o profissional de RH. Ele representa o elo de ligação dos interesses dos empregados/colaboradores, como queiram, aos dos empregadores (é até clichê, mas a redundância em certos casos é conveniente). Assim, “ele” pode e deve demonstrar o quanto é significante ao empregador o investimento direcionado para melhoria (melhora nas competências técnicas e comportamentais) de seus colaboradores, que por sua vez devem ser acompanhados quanto ao Elton Mayo era médico psicopatologista de uma equipe de estudos de Harvard. 1 50 aprimoramento implementado, pois, pouco ou nada adianta o desenvolvimento sem avaliar e monitorar se este esta sendo efetivo e colocado em prática – relação de investimento x retorno. Desta feita o paradigma criado entre custo x investimento torna-se um dilema que atordoa as relações de trabalho, o grande quê desta questão é demonstrar a alta direção, administradores, gerentes e todos aqueles que de forma direta e/ou indireta fazem ou participam das tomadas de decisões e direcionam as ações das estratégias corporativas. Comprada à ideia de que esta linha de trabalho é no mínimo razoável, entramos num plano mais avançado; o da funcionalidade. Ancorado nas premissas definidas pela alta administração deve-se buscar os caminhos, recursos, ferramentas para se colocá-las em prática. Não se pode, ainda, desprezar as particularidades e a realidade cada empregador, pois estas últimas podem influenciar sobremaneira a forma de se aplicar as politicas definidas. Receitas mágicas não são fáceis e na grande verdade dispendiosas, sendo pouco palpável. O envolvimento deve ser total, de toda a estrutura organizacional, iniciando pela alta direção. E, sejamos sinceros, muito difícil de fazer, mas que “pelejamos”. O simples, o objetivo, o prático, são invariavelmente o mais atraente. Mas, porém, todavia, contudo e, entretanto, devemos atentar para atingir o fio certo de ser usual sem esquecermos do ato legal. Sim, incrementações podem gerar incidências de passivo trabalhista, e, desta feita roer o piso de sustentação do processo. Uma ferramenta importante neste contexto é a comunicação, os ruídos podem e vão atrapalhar fortemente, mas bem direcionadas e acompanhadas as ações de Endomarketing vão de encontro com os propósitos a implantar. Ir a campo é uma forma de procurar antecipar os Gap’s, com isto pode-se observar e corrigir quaisquer falhas que já podem aparecer a médio ou curto prazo; em certos momentos de baixa integração com as propostas disparar campanhas recompensadoras para estimular/instigar o empenho (usos de premiações pontuais como folgas, Volchers, e afins), para auxílio temos vários parceiros no mercado que oferecem serviços destas natureza – lembrando sempre em não deixar de observar os aspectos legais. Outrossim, essa busca em alinhar interesses tão antagônicos e ao mesmo tempo intrínsecos é o grande fiel da balança, Hawthorne foi e é o ontem o hoje e o amanhã. Ou seja, é o norte 51 de caminhos que vieram, ainda vem e certamente continuará a propor saídas, alternâncias e nos instiga a “conspirar” ao longe a tentar extrapolar essa dinâmica, a fomentar a engrenagem da lei oferta e procura. Onde parar? Quem sabe? Libertas quae será também!!! minicurrículo Coordenador de Departamento De Pessoal, graduado em Gestão de Recursos Humanos pela UNA/MG. 52 A Gestão da Marca Pessoal como Fator de Desenvolvimento Profissional para Atuar no Novo Cenário Corporativo Tais da Graças Tozatti Diferentemente da Era Industrial, os cargos e funções não são compatíveis com a Era do Conhecimento, onde as mudanças são constantes e rápidas demandando por soluções de problemas de forma inovadora e eficiente, cabendo aos profissionais envolvidos no processo a utilização do talento individual resolver um problema coletivo, não importando o lugar ou o horário, mas sim o que se produz. Os profissionais demandados hoje pelas empresas se parecem mais com um dono do próprio negócio do que com um funcionário, entre as habilidades esperadas são: proatividade, disponibilidade e criatividade que gere inovação. Junto a este novo cenário corporativo assistimos a presença da “geração Y”, termo definido neste trabalho por um estudo realizado por García et al. (2008), na Espanha e no Estados Unidos e publicado na Revista HSM Management, que entre outras coisas, identifica tal geração com características afins que vão desde o uso predominante do lado direito do cérebro a uma maior preocupação com a qualidade de vida em detrimento a uma promoção. As empresas vêm enfrentando uma alta rotatividade de profissionais, o chamado turnover, que contribui para desestimular o investimento, por parte das empresas, no desenvolvimento profissional de seus colaboradores, pois não têm a garantia de quanto tempo eles permanecerão na empresa. Sendo assim, a responsa53 bilidade por investimento na carreira passa a ser do próprio profissional. Em meio a tantas mudanças, tanto empresas, quanto profissionais, ainda, têm dificuldades de compreensão e adaptação para um alinhamento de perfis que seja benéfico a ambos. Ao estudarmos qual é o perfil do profissional para o mercado futuro percebemos o quanto a individualidade se faz presente como forma de autoconhecimento e autonomia para se preparar profissionalmente, cabendo a cada indivíduo a responsabilidade pelo seu aprimoramento. Nos anos de 1997 e 1998, Peters e Bridges, respectivamente, descrevem a necessidade dos profissionais refletirem sobre suas marcas pessoais. O primeiro cita “A marca chamada você” e o segundo, “Você & Cia”. Os dois autores descreveram em artigo e livro, como diante de um novo cenário torna-se imprescindível que os profissionais pensem si mesmos como uma empresa. Bridges (1998) dirá: “[...] somente ao encontrar aquilo para o qual você foi feito para ser e fazer lhe dará a motivação e capacidade que o mundo atual exige [...].” Diante dessa declaração dá-se o início um novo processo de gestão de carreira, a gestão da marca pessoal. Para Peters (2000), a marca pessoal é quem você é, ela é uma promessa e deve ser algo confiável. Utilizar o marketing como ferramenta de gestão da marca pessoal é um dos conselhos dado por Bridges (1998), primeiramente é preciso identificar as oportunidades e relacioná-las com os recursos que os profissionais têm a oferecer, depois é necessário desenvolver um produto que seja benéfico ao seu mercado, e, por último, possuir uma justificativa convincente dos benefícios que o seu produto oferece. Identificar o público também é importante. Torquato (2004) acredita que o marketing pessoal pode ser útil a um profissional num mercado altamente competitivo e exigente, para isso é necessário um planejamento de marketing pessoal, ter um pensamento mercadológico. Através do autoconhecimento se constrói identidade, possibilitando a unicidade de uma pessoa. O comportamento, a comunicação verbal e não verbal, a forma como se relaciona com as pessoas e o desenvolvimento da criatividade são algumas das atitudes necessárias na construção do marketing pessoal. 54 Bender (2009) ressalta a importância da reputação em um mundo onde convivemos com milhões de marcas pessoais, as pessoas serão lembradas pelo valor que elas ofereceram na opinião dos outros, sendo assim a reputação está baseada na confiança. Somos analisados o tempo todo pelas pessoas que convivem conosco. Ter atitudes assertivas e uma identidade alinhada com a imagem é que alavancará a “venda” de nossa marca pessoal. Por isso, é de suma importância que nós saibamos como as pessoas nos percebem para que possamos agir estrategicamente a nossa diferenciação no mercado. “[...] Vivemos numa sociedade em que percepção é realidade, e, quer gostemos, quer não, mais cedo ou mais tarde isso se tornará realidade. E ela fará muita diferença na sua reputação e na sua carreira.” (BENDER, 2009, p.57). Para Bender (2009, as pessoas precisam estar cientes de seus objetivos e metas, pois eles serão o ponto de partida para suas decisões futuras. E assim, como as empresas, as pessoas precisam se planejar para agir no curto e longo prazo. Também se faz necessário ter foco para o direcionamento de esforços. A gestão da marca pessoal surge como uma ferramenta que está baseada na individualidade, por uma busca pelo autoconhecimento para que seja possível conscientizar-se dos talentos pessoais e como utilizá-los a favor do profissional e da empresa alinhando assim demanda e oferta. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BENDER, Arthur. Personal Branding: construindo sua marca Pessoal. 3.ed. São Paulo: Integrare Editora, 2009. BRIDGES, William. Criando você e Cia.: aprenda a pensar como o executivo de sua própria carreira. Rio de Janeiro: Campus, 1998. Critical Skills Needs and Resources for the Changing Workforce: Keeping skills competitive. A study by the Society for Human Resource Manangement and WSJ.com/ Careers. June 2008. Society for Human Resource Manangement. Disponível em <http://www. shrm.org>Caminho: Research&Metrics. Acesso em 20/01/2013. 55 DAVIES, Anna; FIDLER, Devin; GORBIS, Marina. Future Work Skills 2020. Institute for the Future for Apollo Research Institute. 2011, Palo Alto, California. Disponível em<http://www.iftf. org>Caminho: Our Work. Acesso em 20/01/2013. GARCÍA, Pilar; STEIN, Guido; RAMÓN, José. HSM Management 70 setembro-outubro 2008, artigo “Quem é a geração Y”. São Paulo: HSM Editora. HAMEL, Gary. O futuro da administração. 4a tiragem. Rio de Janeiro: Campus, 2007. MANTELL, Ruth. The Wall Street Journal November 18, 2012. Article: “Must-Have Job Skills in 2013”. New York: Dow Jones & Company. Disponível em<http://online.wsj.com>Caminho:Article. Acesso em 23/01/2013. PETERS, Thomas J. A Marca Você: 50 maneiras de se reinventar: de “empregado” a agente de mudanças. Rio de Janeiro: Campus, 2000. PETERS, Thomas J. Fast Company, August/ September 1997, article “The Brand Called You”. New York: Fast Company. Disponível em<www.fastcompany.com>Caminho: Search. Acesso em 25/01/2013. TORQUATO, Gaudêncio. Tratado de Comunicação Organizacional e Política. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004. MiniCurrículo Tais Tozatti acredita que é possível tornar visível o talento das pessoas. Atua como Consultora e Palestrante de Marca Pessoal. Especialista em Gestão de Marcas pela PUC Minas e graduada em Design de Moda pelo Centro Universitário UNA. Colunista aos sábados no site BHAZ. Responsável pela criação de uma metodologia de Consultoria em Gestão de Marca Pessoal que mescla GIIP, coaching e consultoria de imagem. 56 A GESTÃO DE PESSOAS NO CONTEXTO DAS ORGANIZAÇÕES MODERNAS Denise Figueiró Mendes A Gestão de Pessoas nas organizações contemporâneas vem sofrendo grandes transformações causadas por mudanças na organização do trabalho, processos diversificados, competitividade, ambiente multicultural, questões éticas e muitos outros aspectos ligados, principalmente, à vida social. Tanto as empresas quanto as pessoas que dela fazem parte estão mais conscientes das suas responsabilidades, que vão além das relações de trabalho estabelecidas num simples contrato formal de emprego. A atuação é cada vez mais participativa e estratégica, alinhada aos negócios da empresa e em busca de uma visão cada vez mais integrada entre os valores organizacionais e os valores individuais. Se por um lado temos empresas buscando estruturas e formas de organização do trabalho mais flexíveis e adaptáveis às contingências impostas pelo ambiente, processos decisórios ágeis e focados nas exigências do mercado e alto grau de competitividade em padrão global; por outro lado temos pessoas mais conscientes de si mesmas e mobilizadas pela autonomia e liberdade nas suas escolhas de carreira e de desenvolvimento profissional, que buscam transparência na relação da empresa com elas e por processos de comunicação mais eficientes. A rapidez dessas mudanças trouxe uma ideia de instabilidade do trabalho, gerando mudanças nos processos, na descrição dos trabalhos, nas competências individuais e adaptação da estrutura 57 organizacional e do meio ambiente, demandando novas competências do gestor de pessoas. Os desafios da nova estrutura organizacional, em particular o desafio dos sistemas de trabalho, interferiram na hierarquia e nas responsabilidades do capital intelectual. As competências individuais foram favorecidas fazendo com que a hierarquia praticamente desaparecesse. Os sistemas de trabalho desenvolvidos por Taylor, que só favoreciam as condições da área de produção numa organização, não cabem mais na atualidade das organizações. Por outro lado, sua ideia de “funcionalidade”, ou seja, da Estrutura Funcional, é uma fonte de desenvolvimento atual, buscando alguns dos seus princípios e aplicando-os às novas condições da estrutura organizacional. A adaptação das organizações, aos novos valores dos seus serviços e/ou produtos é um desafio constante; onde, as organizações têm de buscar vantagens competitivas, baseando na gestão individual e no comportamento organizacional. A base do desenvolvimento organizacional é gerir indivíduos que sejam comprometidos com todo o processo e que tenham uma visão sistêmica, de todas as áreas. Toda essa mudança, além de forçar as organizações a se reestruturarem com base nas competências individuais dos seus funcionários, proporcionando vantagem competitiva, também alterou as condições nos processos de gestão de pessoas: um trabalho mais ativo, estratégico, de desenvolvimento e gestão do capital intelectual. O papel da gestão de Pessoas é o de atuar estrategicamente, junto às pessoas da organização, buscando o objetivo e a missão da empresa. Se anteriormente o “RH” era encarado como uma área de apoio “STAFF”, hoje tem o papel de uma consultoria interna. É uma área de apoio e formação às lideranças da empresa. Sua atuação está presente na hierarquia funcional, deixando de ser operacional e passando a ser mais estratégica, olhando, não somente internamente, mas para o mercado (concorrentes), a fim de atuar mais adequadamente. 58 O resultado esperado é a capacidade de atrair, manter, fidelizar e desenvolver as pessoas e lideranças da empresa, contribuindo para o crescimento dos mesmos e da organização como um todo, estando atento às suas necessidades pessoais e profissionais, dando ferramentas para capacitá-las nas resoluções de problemas. Diferentemente de ser um órgão assistencialista e com imagem de um Bombeiro (sempre apagando incêndios), deve atender às necessidades das pessoas e organizações, achando um equilíbrio entre as partes. Desta forma, a participação do gestor de pessoas nas reuniões estratégicas da organização, assim como a clareza e reconhecimento do seu papel na empresa são fundamentais para sobrepor quaisquer desafios. Dentro desse contexto identificam-se algumas alterações nas práticas estabelecidas pelas empresas, verificando uma preferência por transparência nos critérios que norteiam as relações entre a empresa e as pessoas; práticas de gestão que privilegiem a conciliação de expectativas das pessoas e da empresa; processos de comunicação para que as pessoas possam contribuir para o negócio da empresa e aprimoramento de sua relação com ela; e espaços para que as pessoas possam assumir atribuições e responsabilidades de maior complexidade em função de sua competência. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DUTRA, Joel Souza. Gestão de pessoas: modelo, processos, tendências e perspectivas. São Paulo: Atlas, 2002. FRANÇA, Ana Cristina Limongi. Práticas de Recursos Humanos – PRH: conceitos, ferramentas e procedimentos. São Paulo: Atlas, 2007. LAWLER III, Edward E. From job-based to competency-organizations. Journal of Organizational Behavior. John Wiley & Sons. Ltd., v.15, 3-13, 1994. 59 MiniCurrículo Mestre em Administração, pela Fundação Cultural Dr. Pedro Leopoldo, Especialista em Administração Hospitalar e Graduada em Administração de Empresas. Professora da FACE e FCH/FUMEC e Consultora com experiência na área de Administração, com ênfase em gestão de setores específicos, atuando principalmente nos seguintes temas: gestão organizacional, gestão de pessoas, aprendizagem e gestão do conhecimento e gestão de processos. Avaliadora do INEP/MEC. 60 A importância da assertividade nas relações empresariais e interpessoais Alexandre Moreira Faria O bom relacionamento interpessoal é um dos fatores que certamente pode impulsionar o sucesso de uma pessoa na vida privada e profissional. Neste último caso, visto que a forma de relacionamento entre as pessoas tem ganhado muito valor quando o que está em jogo é o perfil do profissional desejado pelas organizações. Isso acontece porque a forma de agir das pessoas pode gerar um ambiente sadio onde os relacionamentos são harmônicos, respeitosos, assertivos, etc., ou nocivo onde os relacionamentos baseiam-se em inimizades, antipatia, desconfiança, competição predatória, etc. Para que se tenha noção da importância do relacionamento interpessoal, D. Hélder Câmara certa vez afirmou que “passamos a maior parte do nosso tempo procurando consertar situações conflituosas criadas por inabilidade de relacionamento”. Essa afirmação demonstra que grandes dificuldades poderiam ser evitadas se as pessoas tivessem maior habilidade para se relacionar. Existem muitas competências comportamentais que são valorizadas pelas empresas. Dentre elas estão o trabalho em equipe, a criatividade, a flexibilidade, a ética e a assertividade, objeto deste artigo. Não importa a posição ou o cargo que a pessoa assuma, cedo ou tarde terá que travar um diálogo aberto com pessoas de convicções e crenças diferentes das suas. E, é neste momento que se espera do profissional assumir uma postura assertiva, característica que lhe possibilita expor seus posicionamentos acerca de algo sem que para isso seja necessário desrespeitar o espaço 61 alheio. Portanto, significa atuar sobre o fio tênue que representa a interface entre a agressividade e a passividade no processo de comunicação. Em seus relacionamentos interpessoais, a pessoa assertiva consegue: • Expressar suas ideias, opiniões e sentimentos com naturalidade, espontaneidade, calma e moderação. • Ser transparente e concisa em suas relações, evidenciando a sua posição de forma segura. • Trabalhar com uma análise imparcial – não tendenciosa – e com argumentos profissionais. • Ser firme, mas ao mesmo tempo acessível, ouvindo e fazendo-se ouvir sem ferir o interlocutor. • Melhorar a qualidade nos relacionamentos, pois as relações passam a ser equilibradas. • Ser flexível, sem abandonar seu espaço nem invadir o de outrem. Ingrediente essencial para relacionamentos saudáveis e competência indispensável aos bons profissionais, a postura assertiva sedimenta-se no equilíbrio entre a agressividade e a passividade e possui o condão de evitar conflitos desnecessários que geralmente afetam negativamente a rotina corporativa com impacto no desempenho e produtividade o que certamente interfere no resultado dos negócios. Para Leila Navarro, “quem tem a qualidade da assertividade sabe dizer não àquilo que fere sua integridade e contraria seus valores, mas faz isso sem agredir nem desrespeitar o outro”. A grande sabedoria consiste em transitar por essa linha imaginária sem nos inclinarmos para nenhum dos lados. Minicurrículo Analista de RH – Líder da Seção de Rotinas Trabalhistas da FUVS. Graduado em Ciências Contábeis pela UNIVÁS – 2008. Pós-graduado em Gestão de Pessoas pela FAI – 2011. Pós-graduando em Psicologia Organizacional pela UNIFENAS – 2013. 62 A IMPORTÂNCIA DA LIDERANÇA COACHING APLICADa AO SETOR DE TELEMARKETING Milene Morais Matos Monteiro Segundo Solar (2011), na atualidade há uma grande necessidade de duplicação de bons líderes, pois, um líder consciente conquista sua autoridade quando, graças a seus valores, competências, experiências e uma visão bem executada, ganha o respeito e a confiança de seus seguidores. Assim, o desenvolvimento da atuação de um líder coaching refere-se a “um processo de comunicação voltado para desenvolver competências e conquista de objetivos e é um método de capacitação e treinamento” (p. 40). Sauryanan (2011) defende o líder coach por ser um modelo de liderança onde o foco é nas pessoas, em que há a busca constante na análise de seu desempenho e antecipação de seus problemas. Por tais motivos, aplicar o modelo coaching no setor de telemarketing é relevante. Isto porque o profissional desta área pode atuar em pesquisa, promoção, consultoria, vendas, dentre outros. Cada telemarketing tem seu estilo e características, e o treinamento vai depender se é ativo, receptivo, ou ambos. O ativo ocorre quando a empresa, por meio do televendedor, toma a iniciativa de ligar para o cliente em potencial. Exige muita concentração, habilidade e treinamento. Além ao exposto, Dutra (2002) salienta que, o desenvolvimento de pessoas na organização moderna, é fundamental para a manutenção ou ampliação do diferencial competitivo. Hoje, as organizações estão cada vez mais pressionadas, tanto pelo ambiente externo quanto pelas pessoas com as quais mantém relações de trabalho para investir no desenvolvimento humano, expandindo ao telemarketing. 63 Santos (2001) enfatiza sobre a importância de se avaliar o desempenho e a competência como uma forma de incentivar e estruturar atividades de autodesenvolvimento, preocupar-se sempre com a melhoria da capacitação e adaptação das pessoas e despertar nos talentos humanos a vocação para o aprendizado. Quanto ao feedback, Solar (2011) afirma que este refere-se a um processo de comunicação e melhoramento em nível pessoal e grupal. É uma ferramenta poderosa em liderança que deve ser utilizada constantemente para promover a união, a confiança e o respeito dentro da equipe. Ao se referir ao líder coaching, deve-se também explicar que este profissional trabalha com grupos, equipes e times em busca dos melhores resultados para a organização. Grupo, segundo Giacchetto (2009, p. 42) é “um conjunto de pessoas que se reúnem por afinidades, em geral tem objetivos em comum”. Para o autor (2009, pg 42), equipe é “ter os seus membros voltados para os mesmos objetivos com papéis e funções bem definidas”. Já time são todos trabalhando juntos. Assim, por meio da revisão de literatura, foi possível verificar os diferentes conceitos de liderança bem como o papel do líder frente aos diferentes modos de agir e de pensar de seus liderados. Diante das mudanças sofridas nas organizações devido ao processo globalizador, nota-se que as empresas estão valorizando, cada vez mais, os gerentes que possuem habilidades de Liderança. Isso se deve aos desafios apresentados pelo ambiente mutável. Um gerente eficaz deve também se conscientizar de praticar e desenvolver suas habilidades de liderança. Além disso, o processo de liderança requer o fator motivação por parte dos líderes, mostrando que o respeito ao próximo é mútuo. Tal motivação pode ser desenvolvida nos liderados a partir de programas de treinamento, desenvolvimento, avaliação de competências, salários e benefícios, principalmente se tratando de setor de telemarketing que necessitam de constante aperfeiçoamento para lidar com o público. A motivação promovida pelo líder é um termo que pode fazer a diferença entre o sucesso e o fracasso de uma empresa em qualquer dos seus escalões. Pode-se afirmar que a motivação é um conjunto de 64 fatores que, ao se combinar, transformam a empresa em um negócio altamente poderoso e, por isso, é dever de todo líder motivar sua equipe. Além do exposto, preocupar com a capacitação e desenvolvimento das habilidades de cada profissional tem sido preocupação constante dos líderes que almejam estar sempre à frente de seus concorrentes. É nesse contexto que se percebe o papel do líder no processo de desenvolvimento de uma equipe de telemarketing. Conforme demonstrado na literatura científica deste artigo, o setor de telemarketing não está distante da realidade em que o treinamento de pessoal tem sido foco de vantagens competitivas e, por isso, é necessário que o líder seja o motivador para o desenvolvimento de sua equipe, oferecendo e proporcionando oportunidades de treinamento, desenvolvimento e capacitação de pessoal. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE, Jairo Eduardo Borges Andrade.São Paulo,1996. CARVALHO,Antônio Vieira de Nascimento.Luiz Paulo do Administração de recursos humanos.Paulo:Pioneira,2004.v.1(Biblioteca Pioneira de administração e negócios) 1992. CRUZ, Vilma Aparecida Gimenes da. Práticas de Estágio Supervisionado: Metodologia da Pesquisa Científica. Curitiba: Unopar, 2008. DUTRA, Joel Souza. Administração de Recursos Humanos humanos. Modelo,processos,tendências perspectivas São Paulo AtlasGESTÃO, PESSOAS E ATITUDES LIDERANÇA. Revista Agosto 2010. GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisas. São Paulo: Atlas, 2002. RAMPAZZO, L. Metodologia científica: para alunos dos cursos de graduação e pós-graduação. São Paulo: UNISAL, 1998. SAURYANAN, Auto Liderança Manual para treinamentos e consultores de projetos pessoais: São Paulo: Gran Sol Editora, 2010. 65 SOLAR, Auto Liderança Suryavan. Manual para Líderes. Suryavan Solar: São Paulo:Gran Sol Editora, 2011. Minicurrículo Pós-graduação em Gestão Comercial e Vendas (Universidade Una) Conclusão em 20/12/212. Graduada em Publicidade e Propaganda pela Faculdade Promove - conclusão em 2008. Certificação em Liderança pela Organização Condor Blanco Internacional. (Chile). Curso de Liderança com James Hunter autor do livro o Monge e o Executivo-2011. Participação da palestra “Construindo sua tropa de Elite” com Paulo Storani - o capitão do BOPE que inspirou o personagem Capitão Nascimento do filme “Tropa de Elite” e “Tropa de Elite 2” - 2011. Seleção por competências - Renova Cursos/SP-2011. Atendimento ao cliente - SEBRAE-2010. Como Treinar, Formar e Dirigir Equipes de Vendas com César Frazão-2009. Curso básico de espanhol em Buenos Aires. 66 A IMPORTÂNCIA DO LÍDER NO PROCESSO DE MUDANÇA ORGANIZACIONAL Tânia de Souza Gonçalves Atualmente a globalização e a concorrência acirrada, fazem com que as organizações inteligentes e competitivas invistam de forma considerável na formação de lideres, pois de acordo Ulrich (1998), esta é a estratégia adotada pelas empresas de sucesso. Hoje, as exigências são de que o líder, em qualquer nível da organização, seja um mentor, treinador, conselheiro, aliado, amigo e sempre com o foco nos interesses da empresa e das pessoas que o cercam. Segundo Chiavenato (2010), são exigidas também competências na comunicação oral e escrita, capacidade de escutar, negociar, administrar conflitos, estabelecer estratégias, táticas e poder de influência no comportamento das pessoas com que trabalha. No mercado competitivo é necessário inovar tecnologicamente para não ser “atropelado” pela concorrência. As atualizações e inovações, no cenário atual fazem parte da rotina empresarial, pois, através delas, o líder busca resultados positivos e crescimento em todos os setores da empresa (Maximiano, 2007). É importante, entretanto, questionar: Quais são dificuldades de um líder na implementação de um processo de mudança organizacional? Buscando responder ao questionamento anterior pretende-se com este trabalho analisar a importância do líder durante o processo de mudança em uma organização, a influência deste na equipe e seu papel na implementação de novas tecnologias para o grupo de trabalho. 67 A metodologia utilizada no presente estudo foi realizada a partir de pesquisas bibliográficas, procurando identificar conceitos de alguns autores que dissertam sobre a atuação dos líderes frente às mudanças organizacionais. A liderança, de acordo com Chiavenato (2010), está na “(...) habilidade de motivar e influenciar os liderados para que contribuam da melhor forma com os objetivos do grupo ou da organização”. O papel do líder é fundamental no processo de mudança nas organizações, que exige práticas criativas, inovadoras e flexíveis, pois cada vez o trabalho em equipe se torna necessário para se ter êxito nos resultados esperados. O líder que tem um diferencial, frente aos demais, não é mais aquele que faz com as pessoas obedeçam a suas regras. Essa é uma visão errônea que deve ser extinta devido à velocidade em que o mundo moderno se transforma. A modernidade atual, acarreta nas empresas dificuldades na formação de seus líderes tanto na qualidade, como também no que se refere à quantidade necessária para se expandirem e ter um posicionamento eficaz frente aos funcionários, clientes e fornecedores, (Fonseca, 2009). As empresas esperam que seus líderes tenham a capacidade de gerenciar pessoas, focar em metas e resultados fazendo com que isso seja alcançado através das pessoas. Além das competências técnicas, ele precisa saber trabalhar com as mudanças das organizações e principalmente aprender as competências comportamentais e novas habilidades da lidar com pessoas e processos. Na tentativa de definir um conceito padrão de liderança, é visto que existem vários estilos de lideres e formas de liderar. Levando em consideração, que as pessoas são seres únicos, sistêmicos dotados de diferentes personalidades, culturas, grau de informação e formas de expressar, no contexto da liderança não poderiam ser diferentes. Com isso é comum às empresas atribuir o sucesso do líder com sua equipe relacionado com o estilo da liderança aplicada. Mudanças e transformações no mundo atual Chiavenato (2010) ressalta que os desafios do novo milênio apontam para grandes mudanças cada vez mais intensas e rápidas nas empresas e com as pessoas. O mesmo autor afirma que essas mu68 danças estão diretamente envolvidas com as novas tendências do mundo moderno que são: “globalização, tecnologia, informação, conhecimento, serviços, ênfase no cliente, qualidade, produtividade e competitividade”. (Chiavenato, 2010 p.42). Desta forma, mesmo que indiretamente, essas novas tendências afetam a maneira em que as pessoas trabalham e principalmente o papel do líder frente às mudanças contínuas. A permanência é coisa do passado, nada fica como estar por muito tempo. A amplitude necessária das respostas dos líderes, frente às mudanças deve expandir à medida que elas acontecem. Atualmente o perfil exigido para trabalhar nas organizações é aquele dinâmico, proativo e adaptável. Essas novas exigências no mundo dos negócios influenciam o estilo de liderar as pessoas, onde cada vez mais a procura pela mão de obra está sendo substituída pela busca do talento humano. Para essa confirmação, Chiavenato (2010) conceitua o talento humano como principal patrimônio nas organizações capaz de atingir a competitividade com sucesso nos resultados. Portanto, diante das mudanças nas organizações, para que haja o sucesso nas lideranças, é preciso trabalhar com estratégias inovadoras, com muita competência e dedicação, pois, a pressão pela busca por melhores resultados é intensa e para que isso aconteça é necessário que as pessoas estejam na mesma sintonia. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas: O novo papel dos recursos humanos nas organizações. 3 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. FONSECA, T. Kátia. O que um líder 5 estrela deve saber. Disponível: http://www.hsm.com.br/ Acesso em 07/06/2011. MAXIMIANO. Antonio C. A. Introdução à Administração. 7 ed. São Paulo: Atlas, 2007. ULRICH, Dave. Os campeões de Recursos Humanos: Inovando para obter melhores resultados. São Paulo: Futura, 1998. 69 MiniCurrículo Pedagoga, Pós-graduada em Gestão de Pessoas. Cinco anos de experiência em Recursos Humanos, atuando de forma sistêmica em todos os processos de Gestão de Pessoas nos diversos subsistemas da área. A IMPORTÂNCIA DO MARKETING PESSOAL NA CARREIRA Nicoly Araujo Aragão Marketing pessoal está inserido no universo de marketing e, entender bem esse último, facilita o entendimento do primeiro. Quando pensamos em uma organização que se propõe em realizar um bom marketing, ela busca na verdade fazer com que os produtos e/ou serviços que ela comercializa sejam reconhecidos no mercado, sejam desejados, adquiridos e ainda bem falados para o ciclo social de cada cliente. Até que tudo isso seja realizado, existem muitos estudos de mercado, definições de posicionamento, estratégias a serem seguidas e reconstruídas a cada espaço de tempo. Até que a marca então seja fixada na mente do consumidor e que a proposição de valor do produto e/ou serviço se eleve a proposição de preço. Quando então pensamos em marketing pessoal, não distanciamos muito das definições e construções de um bom marketing empresarial. Só precisamos pensar em pessoas ao invés de pensar em produto e/ou serviço. Uma pessoa não é um produto, mas o benefício que ela tem a oferecer para outras pessoas ou empresas, pode ser entendido como um produto. E assim como produtos se destacam pelos seus diferencias, com as pessoas isso não é diferente. E um plano de marketing pessoal bem trabalhado e estrategicamente pensado, é sem dúvida alguma, um grande diferencial que qualquer profissional no mercado não só pode, como precisa ter para ganhar destaque em sua carreira. Seja você um profissional assalariado, um profissional liberal ou o presidente de uma grande multinacional, não importa qual o cargo que você assuma, o mundo está te vendo e você precisa cuidar da sua imagem. 71 Mas afinal o que engloba o marketing pessoal? Qualquer pessoa pode fazer? É um dom? Pode ser adquirido? Ainda há tempo? Se sim, como fazer e em quanto tempo terei um bom marketing pessoal? Essas são algumas perguntas frequentes para quem está querendo iniciar nesse universo. Iniciando as respostas, sim! Qualquer pessoa pode fazer marketing pessoal. Qualquer profissional deve fazer marketing pessoal. A área de atuação não importa. O que importa é que não faltam argumentos para que o seu marketing pessoal comece a ser desenvolvido. E ele não é feito do dia para a noite, é um processo que é desenvolvido continuamente e nunca acaba. Quanto mais cedo você começar a fazer em sua carreira melhor, mas não é uma lei. Ele pode ser feito a partir de já, independente de qual patamar da sua carreira você esteja. Portanto saia da sua zona de conforto e comece a agir, pois o mundo corporativo tem essa necessidade e você não vai querer ficar pra trás na hora de uma recolocação, promoção ou contratação, não é mesmo? Conheça quais são os fatores críticos de sucesso para construir um bom marketing pessoal, faça uma observação profunda e sincera sobre a sua pessoa, apontando quais os pontos que você precisa melhorar, quais destacar e como é o seu comportamento diante do ciclo de pessoas que você convive. Feito isso, você estará apto a desenvolver um plano de marketing pessoal que seja realmente eficaz e condizente com a sua pessoa. Dentre alguns fatores que vale ser levado em consideração no desenvolvimento do seu plano de marketing pessoal temos: • Networking: conheça pessoas influentes e se faça presente na vida delas sempre que possível. Reunião de negócios, congressos, simpósios e seminários, são ótimas oportunidades de iniciar bem o seu networking. Presença em cursos de atualizações e cursos em gerais relacionados á sua área, além de ótima oportunidade de se interar sobre o mercado e suas tendências, também aumenta o seu ciclo de convívio pessoal. Para um networking eficaz, estude, se atualize sobre temas atuais e dome os elefantes – faça diferença numa conversa e saiba se posicionar e passar informações realmente relevantes 72 para as pessoas ao seu redor. Isso só aumenta a credibilidade que as pessoas adquirem sobre você. • Presença no ambiente online: no ambiente on-line, seja condizente com a imagem que você passa no ambiente off-line. Pessoas estão conectadas em redes diariamente, e principalmente os profissionais de RH, que já se atentaram para essa nova tecnologia. Seja você mesmo, mas seja profissional. Atente-se as fotos, mensagens e não mate o português em suas postagens. Além de se atentar para isso, poste matérias relevantes a sua carreira, curta e acompanhe páginas que publicam conteúdos de valor. Dessa forma as pessoas te veem bem, você ganha credibilidade e se torna referência. • Apresentações pessoais: use sempre trajes adequados ao meio profissional e saiba se apresentar em uma reunião ou, até mesmo, em uma roda de profissionais que conversam informalmente. Saiba elevar seus pontos positivos, valorizando os mesmo. Tudo está na forma como a mensagem é passada. Essas são apenas algumas dicas iniciais para você começar seu plano de marketing pessoal. Agora é com você! Não seja só mais um com código de barra dentro da sociedade, faça á diferença! Minicurrículo Gestora de Marketing, atualmente Diretora de Marketing da Núcleo Consultores Associados. Especialista em Marketing Digital, fundadora/colunista do Blog Papo de Blogueira. Formada em Marketing pela UNA e presta consultoria em Mídias Sociais para empresas de TI e Comércio. 73 A importância do QVT para manter a motivação no trabalho Mayara de Oliveira Silva A importância da qualidade de vida é demonstrar que, um bom clima organizacional pode influir na motivação de uma equipe, e pode ser útil na melhoria da produtividade dentro da empresa. Manter um funcionário motivado é um dos desafios do gestor. Segundo a teoria de MASLOW, o comportamento motivacional, é explicado pelas necessidades básicas humanas: • Necessidades de segurança: constituem a busca de proteção contra a ameaça ou privação, a fuga e o perigo. • Necessidades sociais: incluem a necessidade de associação, de participação, de aceitação por parte dos companheiros, de troca de amizade, de afeto e de amor. • Necessidades de autoestima: envolvem a auto apreciação, a autoconfiança, a necessidade de aprovação social e de respeito, de status, prestígio e consideração, além de desejo de força e de adequação, de confiança perante o mundo, independência e autonomia. • Necessidades de autorealização: são as mais elevadas, é a capacidade de cada pessoa realizar o seu próprio potencial e de auto desenvolver-se continuamente. 74 AutoRealização Auto-Estima Necessidades Sociais Necessidades de Segurança Necessidades Fisiológicas Básicas Figura 1 - Pirâmide de Maslow O conceito da Qualidade de vida no trabalho é muito complexo, e é preciso ser definido com clareza, uma vez que as posições profissionais dos colaboradores dentro de uma estrutura organizacional são meios de satisfazerem as necessidades da empresa, com reflexos evidentes em sua QVT e na produtividade dos mesmos. A compensação é um estimulo que move o ser humano, principalmente no âmbito profissional. Sua abordagem esclarece o que inspira as pessoas no campo organizacional, como produzem as suas atividades com maior qualidade e dedicação, tornando mais prazerosa a arte do ofício. As organizações praticam essa teoria, sem ter conhecimento da mesma. É a preocupação com fatores relacionados ao ambiente de trabalho e suas condições, como: salário, condições de segurança e condições físicas do ambiente. E os fatores ligados ao próprio trabalho em si, como: gerar possibilidade de crescimento dentro da organização, reconhecer os trabalhos bem feitos, delegar tarefas de acordo com as qualificações do indivíduo, entre outras. Frederick Herzberg explica em sua teoria como o ambiente de trabalho e o próprio trabalho interagem para desencadear motivação. 75 Dessa maneira, percebe-se, o quão importante é a adequada apresentação ou preservação do ambiente de trabalho, assim como, do contexto geral que envolve o colaborador. São fatores primordiais para que haja um bom desenvolvimento de tarefas, satisfação profissional, além do incentivo da equipe. O QVT depende de boas condições do ambiente e da própria ocupação em si, para agir a favor de toda a organização, trazendo benefícios para os empregados e para os empregadores. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CHIAVENATO, I. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. Rio de Janeiro: Campus, 1999 MARRAS, J. P. Administração de Recursos Humanos: do operacional ao 3o edição São Paulo: Futura 2000. 332 p MiniCurrículo Formada em Tecnologia de Gestão de Recursos humanos. Experiência de 2 anos na área de RH. 76 A importância do RH Kezia Lidiane Silva Malaquias É comum que em empresas de pequeno e médio portes o RH limite-se em atividades burocráticas, mesclando-se com as funções próprias do Departamento De Pessoal (folha de pagamentos, administração de pessoal, etc.). Mas são nas empresas maiores, que o RH costuma ter mais relevância em sua atuação, cuidando de gestão de carreira, benefícios, avaliação de desempenho e competências. As empresas lidam diariamente com competitividade. Para se destacarem no mercado precisam inovar, agregar valor, serem diferenciadas. E o que gera isso são as pessoas. São as pessoas que dão potencialidade e é, a partir delas, que vêm as tomadas de decisões. O verdadeiro papel do Recursos Humanos é o de cuidar das pessoas para os gestores, dentro da política institucional da empresa, ou seja, o RH deve ser uma espécie de consultor interno a serviço de seus líderes. O RH deve entender profundamente sobre o negócio da empresa; contribuindo, inclusive, com a construção e implementação das estratégias corporativas e diminuindo a distância entre competências organizacionais e pessoais. Por esse motivo é que o RH deve ter uma posição estratégica, trabalhando lado a lado com a administração. A Objetividade e melhoria contínua no clima organizacional devem ser qualidades inerentes ao setor para que seus colaboradores atinjam resultados. O trabalho de implantar um RH eficiente é árduo e complexo, pois lidar com pessoas é um desafio que exige sensibilidade e flexibilidade, muitas vezes envolve mudanças no sistema organizacional da empresa e, não raramente, o resultado é a longo prazo. As empresas necessitam cada vez mais de uma política de recursos humanos estruturada e focada no desenvolvimento pessoal e, principalmente, alinhada com as necessidades da empresa. Pois esse é o seu principal papel: cuidar do aprimoramento das pessoas para o fortalecimento e crescimento da organização. 77 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS GRAMIGNA, Maria Rita. Modelo de competências e gestão de talentos. 2. ed. São Paulo: Pearson, 2007. Livro- Texto da disciplina. Capítulo 1 “Gestão de Pessoas”. MiniCurrículo Kezia Lidiane , Profissional de Recursos humanos, formando em gestão de pessoas (faculdade anhanguera/2013) atuando há 5 anos na empresa TERRAPLENAGEM CWA no setor departamento pessoal. 78 A INFLUÊNCIA POSITIVA DO LÍDER SOBRE O FUNCIONÁRIO POR MEIO DA QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO (QVT) Juliane Martins Tito Na tentativa de estabelecer uma integração entre os vários conceitos de Qualidade de Vida no Trabalho, é imprescindível que o QVT seja considerado como o ambiente interno e externo de uma organização, ou seja, ele deve abranger princípios no contexto familiar, social, político e econômico, nos quais os indivíduos sintam - se inseridos de uma maneira geral. Entretanto faz-se necessário um plano estratégico, para ser implantado de forma justa e benéfica para todos os envolvidos, a partir de ações preventivas e educativas em relação ao ambiente de trabalho. É cabível lembrar também que as ações e programas do QVT, fundamentam - se no conhecimento e nos conceitos desenvolvidos por vários teóricos que destacam os aspectos dos ambientes de trabalho. Os modelos de instruções em torno do que se entende por QVT, são certamente métodos que os programas usam como instrumento, sendo cada vez mais adotados, de forma eficaz, na sua aplicação nas organizações, de um modo geral. Vale ressaltar que a empresa, ao buscar o QVT, visa aumentar o nível de satisfação de seus colaboradores, a fim de melhorar a sua produtividade e a qualidade de seu produto final. Porém, cabe a ela estabelecer a melhor forma de trabalhar com as pessoas para que elas se sintam satisfeitas com as suas atividades e, para que obtenham, como resultado, um aumento nos níveis de produtividade e de qualidade. 79 Entende-se, entretanto, que em se tratando de ambiente de trabalho, o fator determinante de mudanças é o setor do RH, que apresenta os resultados almejados, para um bom ambiente organizacional. A produtividade vai além da eficiência no trabalho, e está relacionada às melhorias da natureza e da qualidade de vida de cada colaborador no ambiente de trabalho. Deste modo os líderes têm influência diretamente na qualidade de vida proporcionada no ambiente de trabalho, pois as necessidades e expectativas das pessoas mudam constantemente, assim como o mundo corporativo. Nesse contexto as práticas e técnicas gerenciais também devem mudar. É preciso haver líderes que desenvolvam uma comunicação mais eficiente, que apóiem as pessoas, ou seja, motivem os seus colaboradores, cujas vidas podem ser mais produtivas numa escala mais ampla. Entende-se que para ser um bom líder, ele deve reunir as seguintes características: humildade, saber ouvir, ter responsabilidade e iniciativa, quesitos essenciais para que possa ser respeitado. Diante disto, verifica – se o mérito em promover uma mudança de pensamento por parte dos administradores, aplicando nas empresas o programa de qualidade de vida para os trabalhadores, como forma de melhoria organizacional, pois quanto maior o investimento no QVT, melhor será o retorno em termos de produtividade e de qualidade. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BENNIS, Warren. A formação do líder. Tradução de Marcelo Levy. São Paulo: Atlas, 1996 CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. MARRAS, J. P. Administração de Recursos Humanos: do operacional ao 3o edição São Paulo: Futura 2000. 332 p 80 MiniCurrículo Formada em Gestão de Recursos Humanos pela Faculdade Anhanguera de Belo Horizonte. Data: 10/08/2013. Experiência: 6 meses na área de RH. 81 A JUVENTUDE VIRTUAL E A EMPRESA “REAL” Luciana Mara Souza da Silva Há 15 anos quando eu fazia cursinho pré-vestibular havia uma garota que era a sensação da sala de aula. Não era a mais bonita, nem a mais inteligente, mas ela tinha um bip. Sim, um bip! Não foram raras as vezes que o bip tocou, o que chamava atenção de todos, é que ela saía no meio da aula para ir ao telefone público mais próximo ouvir seu recado. Pode-se dizer que o bip era um aparelho que todos daquela geração queriam ter: a Geração X (representada pelos nascidos entre 1965 e 1979), ou talvez possamos dizer que este aparelho simbolizou a transição entre as duas gerações: X e Y. Dali pra frente, nada mais seria igual. A partir daí, a Geração Y, representada pelos jovens que hoje têm de 20 a 30 anos, tomou conta de tudo. Ter só o bip já não era suficiente. Era preciso o celular, o laptop, o que houvesse de mais moderno. Informação à palma da mão. Tudo é para hoje, ou melhor, tudo é para ontem. Essa geração é um grande desafio para todos nós, profissionais de Recursos Humanos, todos os dias. Nós, e nossas empresas, estamos preparados para lidar com ela? Você pode estranhar o tema e pensar: “por que falar em geração Y quando já lemos e vemos textos e estudos sobre Geração Z, a geração do “zapear””? Sim, precisamos entender melhor a geração Y, e como ela enxerga o mundo corporativo, pois ela representa uma grande mudança de paradigmas empresarial. Ficar numa só empresa até aposentar. Nossos pais sempre sonharam com isso, para eles e para nós. Mas a geração Y, não. Ficar mais de um ano numa mesma empresa pode significar comodida82 de e estagnação, como já ouvi de um funcionário, certa vez.Como lidar com essa turma tão fiel ao seu desejo de constantes mudanças e tão “infiel” à empresa. “Vestir a camisa? O que é isso?”, fico imaginando muitos deles fazendo essas duas perguntas. A Geração Y é uma geração acostumada a rápidas mudanças tecnológicas. Por isso não é de se estranhar que empresas como Apple e Google sempre apareçam entre as mais cobiçadas por eles. Como outras empresas reais podem se preparar para receber esta juventude virtual? Um grande conselho é começar de dentro, atualizando a liderança. Cursos, palestras, workshops,estudar os cases das empresas dos sonhos dessa geração são de extrema importância para que os líderes entendam os anseios dos jovens, como a necessidade de crescimento rápido na carreira e de feedback constante. Além disso, é preciso ser sincero. Desde o momento do recrutamento, a sinceridade pode poupar o tempo do candidato e da empresa. Não adianta querer “vender” algo que não poderá ser entregue ou que o futuro funcionário não tenha condições de atender. Deve-se falar sobre dificuldades e desafios do cargo a ser ocupado. Feita a contratação, o acompanhamento periódico também é muito importante. A equipe de Recursos Humanos precisa estar sempre presente e atenta à demanda do funcionário. Também o processo de coaching, ou aconselhamento no qual o novo funcionário recebe dicas de um mentor, é de grande valia para mostrar o melhor caminho para se obter sucesso profissional e evitar tropeços, principalmente no que se refere ao imediatismo inerente à idade. Claro que essas dicas não garantem o sucesso da contratação ou a permanência do funcionário na empresa, mas podem servir para minimizar perdas e ensinar a empresa real a, finalmente, conviver e valorizar sua juventude virtual. 83 MINICURRÍCULO Administradora formada pela UNA, com MBA em Gestão Estratégica de Pessoas e Gestão Estratégica de Marketing pela UFMG, possui 9 anos de experiência nos processos de Gestão de Pessoas. Foi coordenadora, por dois anos, do Grupo de Estudos de Remuneração e Administração de Recursos Humanos – GERARH – que conta com a participação de mais de 20 empresas de diversos setores, da região metropolitana de Belo Horizonte. Atualmente, é Especialista de Recursos Humanos na General Electric – GE. 84 A Participação dos líderes nos resultados de treinamento Nivia Margarida de Oliveira Alves Os analistas de Recursos Humanos conhecem bem os benefícios da capacitação (treinamento e desenvolvimento - T&D ou educação corporativa) e dos resultados que geram no desempenho de qualquer empresa. Entretanto, o desafio está exatamente na demonstração desses resultados, visto que o elemento humano é o grande dinamizador dos processos organizacionais. Os reflexos dos treinamentos nem sempre podem ser percebidos claramente nos números das empresas (ROI) e, muitas vezes, se apresentam de forma subjetiva. Mas apenas fornecer treinamentos e avaliar os indicadores não é suficiente. A capacitação fornece as teorias e as técnicas, mas se a equipe não se comprometer com os objetivos organizacionais não haverá a ação e, portanto, os resultados advindos do treinamento não poderão ser percebidos. Para agir os funcionários precisam estar motivados. E quem é o responsável pela motivação das equipes nas empresas? Os gestores. O papel do gestor no programa de capacitação começa ainda no processo de aprendizagem. Durante os cursos, o gestor precisa acompanhar o aprendizado, ajudar o aprendiz funcionário a aplicar o conhecimento, incentivar a finalização do curso, explicar os objetivos, ajudar ou tirar dúvidas diante das dificuldades. Vale destacar a capacidade de convencimento sobre a importância do treinamento (nem sempre as pessoas estão dispostas a realizá-lo até porque na maioria das vezes não sabem que elas não sabem). 85 É preciso que alguém as diga quais são seus próprios gaps. Ninguém melhor do que o gestor para fazer isso, pois, é ele que conhece bem (ou pelo menos deveria conhecer) seus funcionários, suas dificuldades de aprendizagem, seus interesses e objetivos pessoais. O primeiro a comprar a ideia do objetivo de capacitação deve ser o gestor. O desafio do Analista de RH é transformar o gestor em líder couch, portanto, é hora de exercitar sua capacidade de liderar líderes. Como? Seguem algumas dicas: • Inclua a responsabilidade de monitorar a capacitação na descrição de funções dos gestores bem como proporcione treinamento para eles nessa área. Inclusive extermine o perfil da liderança autocrática: o estilo participativo centrado nas pessoas favorece a formação de equipes, permite uma participação ativa na aprendizagem e maior percepção sobre as necessidades de desenvolver novas atitudes e adquirir habilidades e conhecimentos novos. • Ajude o líder na identificação de gaps na área de gestão de pessoas e na utilização do feedback positivo: Um vendedor pode não estar vendendo porque se sente desmotivado pela falta de benefícios justos e não porque desconhece as técnicas de vendas. O que quero dizer é que o gestor precisa estar atento a todos os componentes organizacionais (pessoas, equipamentos, estrutura e ambiente de trabalho) e não apenas acreditar que o treinamento não gerou resultados satisfatórios. Para isso, ajude e permita que o gestor delegue mais, planeje mais e tenha mais tempo disponível para o relacionamento com seus funcionários. Assim, ele terá maior possibilidade de observar comportamentos, necessidades de equipamentos, espaços, material de trabalho, de perceber o progresso do grupo e motivar. Além de tudo essas práticas ajudam você a melhorar a política de recursos humanos. • Mantenha um bom relacionamento com os gestores: Demonstre confiança neles e promova a con86 fiança deles em você; demonstre interesse por eles mesmo em assuntos que não estejam relacionados à gestão de pessoas; envolva-se com a aplicação das ferramentas de capacitação e avaliação de desempenho e auxilie nas dificuldades diárias; compartilhe informações; converse com os líderes e valorize suas opiniões; reconheça a tarefa bem feita, uma tomada de decisão acertada e o trabalho de equipe; esteja acessível e seja amistoso; permita a participação deles nas decisões estratégicas do RH; estabeleça metas junto com eles e não imponha; dê feedback sobre o desempenho deles deixando clara a discrepância entre o despenho desejado e o real; use de forma criteriosa recompensas e punições; aprenda com eles. Em suma, a função de monitoria de capacitação para gestores pode contribuir para a melhoria do desempenho das empresas seja pelo acompanhamento da aplicação da aprendizagem, pela identificação das necessidades de novos treinamentos ou pelas intervenções de gestão de pessoas. Finalmente, é importante ressaltar que quanto maior for o interesse do gestor de RH pelo aprendizado geral, tendo o apoio dos líderes, melhor serão suas chances de angariar recursos para a capacitação, pois, ele será capaz de justificar a necessidade de novos treinamentos e provar que os investimentos são revertidos em satisfação dos clientes e consequentemente na sustentabilidade econômica do negócio. Referências bibliográficas ALVES, Nivia. O gestor e a aprendizagem de colaboradores: EAD e o setor hoteleiro em foco. Vila velha, ES: ESAB, 2012. ARGYRIS, Chris. Aprendizado de duas voltas. In: Liderança e gestão de Pessoas: autores e conceitos imprescindíveis. JULIO, C. A.; NETOL, J. S. (Org.). São Paulo: Publifolha, 2002 – Coletânea HSM Management. 87 BERGAMINI, C.; CODA, R. Motivação e liderança: psicodinâmica das organizações. São Paulo: Pioneira, 1997. DAVEL, E; MACHADO, H.V; GRAVE, P. Identificação e liderança nas organizações contemporâneas: por uma abordagem complementar. 24 Encontro Nacional de Administração. Florianópolis, 2000. LEFRANÇOIS, Guy R. Teorias da aprendizagem. Tradução: Vera Magyar. São Paulo: Cengage Learning, 2008. LEME, Rogério. T&D e mensuração de resultados e ROI de treinamento integrado a BSC. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2010. _____, Rogério. Feedback. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2010. Minicurrículo Mestranda em Consultoria e direção de hotéis, pela Universidad Europea Miguel de Cervantes - FUNIBER, Especialista em Gestão de Pessoas pela FACE - UFMG, Especialista em Docência para Educação à Distância – ESAB, Graduada em Turismo e Hotelaria pelo Unicentro Newton Paiva. Diretora de ensino da Hotel em Curso atuando como gestora e consultora em projetos de educação corporativa online para a Emcorp – incorporadora hoteleira responsável pela expansão da Wyndham Worldwide no Brasil. Experiência de mais de 13 anos como gestora na hotelaria, consultora em gestão de pessoas e programas de capacitação para pequenos hotéis, tutora, instrutora, conteudista, gerenciadora de plataformas de aprendizagem virtual, produção e coordenação de treinamentos presenciais. 88 A Relação de Confiança entre Líder x Liderado – Empregado x Empregador, como base fundamental na parceria e conquista de resultados Fernando Santos Nas diversas formas de relacionamentos, a CONFIANÇA é a base para o crescimento, desenvolvimento e obtenção de bons resultados, seja na vida pessoal ou profissional. Sabemos que é praticamente impossível relacionar e trabalhar com quem não confiamos ou quem não confia em nós. A relação entre Líder e Liderado deve ser totalmente transparente, não deve existir gargalo na comunicação ou execuções das tarefas delegadas e executadas, uma vez que isso pode comprometer totalmente os resultados e a interatividade entre as pessoas no dia a dia. Para atingirmos uma boa relação de confiança é necessário que as partes tenham uma certa Intimidade Intelectual Profissional, isso significa que devemos estar juntos e ligados confidencialmente e profissionalmente. A entrega no relacionamento profissional acontece através do tempo e inicia-se no ato do processo seletivo, levando em consideração todo histórico do profissional que está sendo contratado, além das referências que são fundamentais para formação da Base. Sabemos que não podemos criar expectativas nas pessoas além da integridade que norteiam os princípios morais de caráter e 89 personalidade, ou seja, existe uma frase popular que diz: “Você me decepcionou”, é como se quebrasse o encanto, mas porque criamos tantas expectativas nas pessoas sabendo que a natureza humana é imperfeita? Ou porque não confiar? O fato é que só relacionamos com quem confiamos, e para que esta relação seja duradoura é fundamental que tenhamos conhecimento intimo da pessoa que estamos convivendo. Na relação entre Pais e Filhos a intimidade é familiar, e a confiança é total, devido aos laços maternos e paternos. Na Relação de Emprego, o que podemos chamar de Vínculo Empregatício – Empregado e Empregador, também não é diferente, uma vez que vem acompanhada do contrato de trabalho como um instrumento de garantia da dignidade humana, contribuindo para assegurar esta relação que vem acompanhada da ética e dos valores morais, onde nascem os deveres e as obrigações que são explicitadas e formalizadas ordenadamente e juridicamente. Devemos lembrar que, na Relação de Emprego as pessoas estão totalmente ligadas, sejam formal ou informalmente, mas intimamente juntas profissionalmente, com objetivos comuns alinhados aos interesses coletivos, individuais e profissionais. Minicurrículo Gestor de Recursos Humanos, graduado em Gestão de Recursos Humanos pelo Centro Universitário .UNA de Belo Horizonte, pós-graduado MBA Gestão Estratégica de Pessoas pelo Centro Universitário .UNA de Belo Horizonte – Atua há 25 anos na área de Recursos Humanos e Relações do Trabalho. 90 A relevância dos Indicadores de RH – Demonstrativos, diagnóstico e estratégia Leandro Souza de Pinho A mensuração de resultados da área de Recursos é fundamental, para demonstrar o seu significado para o negócio. Por muito tempo as propostas e ações do RH, foram pautadas em observações, diálogos e hipóteses, nem sempre baseadas em números. No cenário atual, existem empresas nos mais diferentes níveis de maturidade, principalmente quando falamos da área de Recursos Humanos, que, apesar de ter vivenciado grandes mudanças, ao longo das últimas décadas, ainda luta por um papel reconhecido e necessário entre as demais áreas da empresa. Para Ulrich (1997), o RH precisa aprender a mostrar a sua contribuição em termos quantitativos para ficar em condições de igualdade com as demais áreas. Pode-se dizer, portanto, que as justificativas para a mensuração se agrupam em três razões principais: • • • para provar que a área faz uma contribuição efetiva para os objetivos estratégicos da organização; para que as medidas possam ajudar a guiar ações e comportamentos futuros; para o monitoramento dos custos relativos às pessoas na organização. Um dos desafios dos profissionais de Recursos Humanos é o desenvolvimento dos indicadores para a área. Na implantação destas métricas é necessária a criação de fontes de dados confiáveis, a sistematização periódica desses dados e a utilização adequada das 91 informações para as decisões gerenciais. “Medir RH é complexo, difícil e às vezes confuso, mas pode e deve ser feito. Quando os profissionais de RH começam com um claro entendimento dos objetivos da organização (frequentemente apresentados em termos financeiros), pode-se transformar esses objetivos em práticas de RH mensuráveis. Esses esforços focam nas entregas e práticas, que profissionais e departamentos precisam fazer para o negócio. A conceitualização, a definição e a operacionalização dessas entregas são passos críticos em direção à mensuração de RH” (Ulrich, 1997, p. 317). Uma utilização direcionada dos Indicadores de Recursos Humanos oferece condições de gerenciar os pontos de melhoria necessários e de estabelecer ações corretivas com rapidez, assim como também ações preventivas; dá condições de redirecionar o planejamento estratégico das áreas, não somente a do RH. Indicadores com Turnover, Absenteísmo, Custo com Pessoal sobre o Faturamento afetam diretamente o resultado dos setores e consequentemente da empresa. Também merecem ser citados, vários outros indicadores de RH: Head Count, Tempo médio de fechamento de vagas, Horas de treinamento por colaborador, Remuneração média por funcionário, Custo médio por admissão, Tempo médio de permanência por funcionário, Avalição de eficácia e reação aos treinamentos, Investimento médio na formação dos funcionários, Pesquisa de clima, Analise por tipo desligamento, Média de causas trabalhistas por funcionário, Custo de rescisão por faturamento, dentre outros. Salienta-se que os indicadores só tem significado para as Organizações quando os seus resultados são analisados e a partir desta analise, são criados planos de ações, que visem ajustar a realidade apurada às expectativas do negócio. Além de subsidiar decisões e estratégias para o exercício das funções e das entregas da área, deve ser um interlocutor claro e objetivo para os demais setores, a diretoria e os seus demais stakeholders. Nas empresas em que os indicadores de RH fazem parte do Planejamento Estratégico, eles são denominados KPIs (Key Perfor92 mance Indicators). Os KPIs geralmente fazem parte de dos relatórios organizacionais apresentados em forma de Dashboards ou Scorecards sendo um dos mais comuns o BSC (Balanced Scorecard). A mensuração e o acompanhamento fornecem subsídios para o constantemente aperfeiçoamento das ações, construindo uma cultura de resultados, consequentemente, fortalece as propostas do RH. Referências bibliográficas Ulrich, D., Recursos humanos estratégicos – novas perspectivas para os profissionais de RH, São Paulo: Futura, 1997. Lacombe, B. M. B. (2004). Avaliação de resultados em RH: análise dos métodos propostos na literatura acadêmica. (Relatório de Pesquisa no 29), São Paulo, SP, Escola de Administração de Empresas de São Paulo, Fundação Getúlio Vargas. Minicurrículo Superintendente de Recursos Humanos, da rede de Supermercados Verdemar, Bacharel em Psicologia, Pós-Graduado em Gestão Estratégica de Pessoas, Mestrando em Administração de Empresa, com mais de 10 anos de experiência em Gestão de Pessoas, responsável por todos os subsistemas de RH, assim como, pela gestão do Budget da área. 93 A TRANSFORMAÇÃO DA ÁREA RECURSOS HUMANOS Raquel Satira A área de recursos humanos, para atender a nova demanda de mercado, vem passando por significativas mudanças, saindo do seu modelo mais operacional e passando para o modelo chamado de estratégico. Assim, as ferramentas que dão suporte aos processos internos a possibilidade de aplicação destas ferramentas, em contexto que ainda parece muito tradicional, tornam-se aspectos relevantes a se abordar. Uma vez que a gestão de pessoas é um processo interno nas organizações consideram-se três importantes dimensões: o comportamento das pessoas ao trabalharem sozinhas, em grupos ou equipes e a compreensão dos comportamentos das empresas inteiras. Ao que se vê em relação às empresas de pequeno e médio porte, estas ainda encontram-se em fase de transição do tradicional departamento pessoal para uma área mais estratégica de recursos humanos. Segundo Ulrich o departamento pessoal é bastante ineficaz e as opiniões segundo as áreas de recursos humanos que permanecem neste formato é que estas deveriam ser abolidas. Autores como Ulrich (1998) e Boxall (2003), dentre outros colocam que uma gestão estratégica de recursos humanos é aquela que vai estar centrada na identificação das demandas da organização e dos empregados e na transformação destas demandas em um modelo de gestão de pessoas capaz de conduzir a implementação da estratégia organizacional. Desenvolvendo um novo relacionamento entre empresa e empregado. Uma área estratégica deve estar integrada com a estratégia corporativa. 94 Em um contexto estratégico passou-se a esperar que a área de recursos humanos funcione como um negócio e não mais como um centro de custo (ULRICH, 1998; MOHRMAN; LAWLER III, 1995). Embora aceita, a abordagem da administração estratégica de recursos humanos tem sido bastante debatida e criticada. Story (1989) observava o uso “flexível” da expressão: gestão estratégica de recursos humanos. Ainda na linha crítica, Legge (1995), propõe que a Aerh é muito mais falada do que efetivamente colocada em prática. Sabe-se da importância de uma área mais estratégica de recursos humanos em relação a resultados e melhoria de qualidade de vida. No entanto, muitas vezes a realidade organizacional busca apenas por uma eficácia operacional. Em pesquisas viu-se a necessidade de um modelo estratégico na gestão de pessoas no Brasil, porém a adaptação foi muito pequena, uma vez a que, há uma grande distância entre a prática empresarial brasileira e o discurso literário. Mascarenhas e Vasconcelos (2004) apontam os três principais aspectos que justificam a lacuna entre teoria e prática de recursos humanos. A diferença entre o desenvolvimento da área recursos humanos no Brasil em relação a Estados Unidos e Europa: A ausência de um movimento sindical e a homogeneidade de práticas utilizadas pelos profissionais de recursos humanos. Para Ulrich o novo papel do recursos humanos consiste em liderar diálogos da empresa e os projetos de mudanças. Dessa forma, para que um gestor de recursos humanos garanta sua contribuição estratégica deve desenvolver um sistema que mensure o desempenho e que demonstre o impacto dos recursos humanos nos demais setores. Mascarenhas e Vasconcelos (2004) relatam que a gestão de pessoas no contexto faz com que a área assuma uma perspectiva voltada para a área do negócio. Portanto, as decisões estratégicas são aquelas que permitem a empresa se desenvolver e perseguir seu objetivo da melhor forma possível. Em meados de 60, em decorrência da absolescência dos tradicionais planejamentos, a estratégia passou a ocupar o mundo empresarial. O planejamento estratégico por sua vez é o processo formalizado e de longo alcance, usado para definir e atingir objetivos. 95 Ao longo da história muito se evoluiu em relação às teorias, e muitos novos modelos surgiram. Para Ferreira, Reis e Pereira (2002), a mudança contínua é a única constante da sociedade contemporânea e a sua velocidade é cada vez maior. Diante dessas mudanças as empresas podem nortear suas ações pela flexibilidade e desprendimento na análise de situações ou resistir às mudanças. A liderança, nesse processo é fundamental na forma como as pessoas verão a mudança. As empresas que investem no capital humano, tecnologia e informação, valorizando a receptividade ao novo, dificilmente terão problemas em relação à mudança. Acredito que mudança seja um processo comum de evolução. Pois o próprio nome já diz “mudança”, ou seja, “muda”, “transforma”. E transformar é mudar a forma de fazer as coisas, a forma de ver as coisas, de administrar. Mas, muitas vezes o medo do desconhecido ou do resultado a ser obtido, é a grande barreira para as mudanças. Isso trás insegurança, e com ela a resistência. Assim, um fator que contribuirá para o sucesso da transformação é ação dos gestores de pessoas, precisam trabalhar a ideia da necessidade da mudança, da melhoria dos processos, para que o tradicional recursos humanos seja extinto e entre em cena a gestão de pessoas “estratégica”. Buscando transformar os dados em informações estratégicas, fazendo com que as informações geradas sejam necessárias nas estratégias corporativas. Minicurrículo Coordenadora de recursos humanos/departamento pessoal. Formada em Administração de empresa, com ênfase em gestão estratégica de pessoas (Faculdade Novos Horizontes) e pós-graduada em gestão estratégica de pessoas (PUC). Hoje atua no ramo comércio atacadista. 96 A VISÃO DE UM LÍDER Nasly Santos Soares de Paula Certa vez li um artigo do Max Gehringer que dizia: “A liderança negativa só floresce num solo pobre em lideranças positivas. Quando os líderes formais, aqueles que possuem títulos que lhes permitem tomar decisões se omitem ou se escondem, as lideranças informais ganham espaço para influenciar os indecisos”. Esta colocação é uma realidade em boa parte das empresas. O líder tem que estar atento a tudo que envolve a empresa e os seus comandados. É necessário conduzir todo o processo de maneira honesta, sem prejudicar nenhuma das partes, fazendo tudo aquilo que é realmente certo e não aquilo que é conveniente, levando sempre a equipe em busca do seu melhor, identificando a capacidade de cada um e valorizando-os. No meu ponto de vista uma das características de um bom líder é ser proativo, pensando sempre lá na frente, ter tudo muito claro em sua mente e passar ao seu subordinado de maneira precisa, sem deixar dúvidas. É importante estar sempre acessível, para que nada se perca por falta de orientação. Algumas empresas tem um método de trabalho de conceder oportunidade para quem já se encontra na organização, e isto é plausível, mas é importante que antes de promovê-lo, avaliar se o mesmo está realmente apto a exercer a nova função. Vejo como primordial conversar com o funcionário sobre a intensão da empresa em promovê-lo, deixando-o ciente das novas atri97 buições e principalmente o que a empresa espera daquele setor, e logo depois ouvi-lo. O fato dele fazer tão bem a antiga função, não significa que ele esteja preparado para uma nova função e isso pode frustra-lo e consequentemente a empresa. É muito importante, independente do tempo de trabalho do empregado, que ele passe por um treinamento desta nova função. Apesar de ser a mesma organização, as atribuições possivelmente serão diferentes, inclusive os seus subordinados. Ele tem que estar bem preparado, precisa conhecer melhor o perfil de cada um, para realmente poder cumprir bem com as suas obrigações e com o que promete para os seus comandados, e não prometer o que não pode cumprir. Ser justo sem ser grosseiro, tratar a todos com respeito. Assim ele vai conseguir a confiança dos seus subordinados e cada vez mais da empresa. Uma frase que acho linda, e que trabalho neste foco é: “Se tiveres que ser rígido, sim. Porém perder a ternura jamais” (Che Guevara). O Líder também deve ser enérgico quando a situação se faz necessária, percebendo-se que a conversa não está mais resolvendo, a punição deve existir para aqueles que insistem no erro, servindo até mesmo de exemplo para os demais, tanto para os que estão fazendo o seu trabalho de maneira correta, quanto aos que não se enquadram. Por fim, o líder é aquele que conduz um grupo em direção a um objetivo, mas prestando atenção às necessidades individuais de cada um dos componentes. Lembrando que nem todo mundo que é líder é bom, e nem todo mundo que é bom é Líder (Max Gehringer). “Bons lideres fazem as pessoas sentir que elas estão no centro das coisas, e não na periferia. Cada um sente que ele ou ela faz a diferença para o sucesso da organização. Quando isso acontece, as pessoas se sentem centradas e isso dá sentido ao seu trabalho.” 98 (Warren Bennis - psicólogo e conselheiro de quatro presidentes norte-americanos, professor de Gestão na University of Southern Califórnia). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS http://www.historiadaadministracao.com.br/jl/index. php?option=com_content&view=article&id=47:warren-g-bennis &catid=10:gurus&Itemid=10 http://liderarinfluenciar.blogspot.com.br/2010/07/como-acabar-com-as-liderancas-negativas.html http://www.rh.com.br/Portal/Lideranca/Entrevista http://www.ucg.br/site_docente/adm/francisco_jose/pdf/liderancaechefia/pdf/ArtigosdeMaxGehringer.pdf MINICURRÍCULO Coordenadora Administrativa da empresa Alternativa Eventos. Oito anos de experiência em Recursos Humanos com foco em gestão de pessoas, cursando Gestão de RH na faculdade Estácio de Sá em Belo Horizonte. 99 As Organizações: Máquinas ou Organismos Vivos? Uma breve comparação Lucimar Alves Fonseca Pensar as instituições sob a ótica das teorias de Morgan é um exercício que leva às reflexões críticas acerca das diversas possibilidades para analisar e entender como elas estão organizadas. Aqui, a reflexão tem como base a comparação entre as metáforas da mecanização e das organizações vistas como organismos. Na primeira: “A mecanização assume o comando – As organizações vistas como máquinas”, examina a imagem das organizações com uma forma mecânica de pensar desenvolvendo instituições organizadas burocraticamente. O uso das máquinas transformou o cenário produtivo e trouxe grandes avanços tecnológicos, possibilitando evolução, aprimoramento e escala de produção e desenvolvimento das nações, deixando, incontestavelmente sua marca no tempo. O trabalho, muitas vezes é mecânico e repetitivo, de forma metódica, seguindo padrões precisos. Até as atividades mais administrativas seguem procedimentos, operando como partes de uma máquina. Ao tentar aplicar esta metáfora para analisar as organizações nos dias atuais, percebemos o quanto é atual, moderna e facilmente contextualizada. Por mais que os processos tenham evoluído, as máquinas modernizadas e gestores especializados, podemos deparar com organizações extremamente mecanicistas, que operam em grande escala e com rotinas totalmente bem definidas e marcadas, além da estrutura administrativa e gerenciamento burocratizado. É importante, portanto, reconhecer a contribuição das máquinas no cenário produtivo, sem deixar de pensar o sentimento dos trabalhadores numa condição de “parte destas máquinas” dentro de um setor de trabalho. 100 Por outro lado, a segunda metáfora: “A natureza entre em cena – As organizações vistas como organismos”; a organização é analisada levando em consideração a influência do ambiente sobre o tipo de organização adotada. Desta vez, ela é observada como organismos vivos e a satisfação de suas várias necessidades é levada em consideração. O foco passou a ser a hierarquia das necessidades básicas dos trabalhadores e a definição de que o trabalho motivado é uma possibilidade de satisfação destas necessidades. Ainda sob a luz desta metáfora, os sistemas são um conjunto de subsistemas interligados, as atividades e os setores de uma empresa são como as moléculas, células e órgãos do corpo humano. A Administração de recursos humanos ou áreas de desenvolvimento humano nas organizações, examinado pela metáfora orgânica, tem um papel importante, pois nesta ótica, tem um potencial de atuação, vendo o empregado como um recurso valioso da organização e se preocupando em atender as suas necessidades. Esta teoria favorece a análise e entendimento das organizações atuais que estabelecem políticas salariais e de benefícios, acreditando, desta forma, serem necessárias para o atendimento das necessidades básicas dos seus empregados. A metáfora da mecanização parece mais apropriada para o exame das organizações mais burocratizadas, enquanto a metáfora orgânica parece mais aplicável às organizações suscetíveis a constantes transformações e incertezas e que necessitam evoluções e participação dos funcionários nas soluções de problemas e criação de novos produtos e mercados. Esta análise cabe bem para as empresas de áreas como eletrônica, comunicação e tecnologia em que a criação é o papel fundamental dos trabalhadores. Referências Bibliográficas MORGAN, Gareth. Imagens da Organização. São Paulo: Atlas, 1996. Minicurrículo Especialista em Gestão de Recursos Humanos, Psicóloga formada pela PUC Minas e profissional COACH pelo Instituto Brasi101 leiro de Coaching, cursando disciplinas no Mestrado Profissional em Administração. Sólida experiência em desenvolvimento de setor de RH e coordenação de sistema de gestão de qualidade ISO 9001. Atuação em orientação de carreiras para estudantes de ensino superior. Professora de disciplinas afins à área de gestão de pessoas e comportamento organizacional. 102 ATENÇÃO SENHORES EMPRESÁRIOS E GERENTES: CUIDADO COM OS PSICOPATAS DENTRO DA SUA EMPRESA Rosana de Fátima Stancioli Safe Nascimento ENCANTADOR, bom de papo, charmoso e apaixonante, o psicopata é muito difícil de ser identificado. A avaliação psicológica pode auxiliar bastante esse processo de identificação, com a utilização de recursos projetivos associados a instrumentos psicométricos padronizados, na avaliação dessas personalidades. O DSM-IV TR, utiliza os seguintes critérios para classificar um individuo como portador de personalidade antissocial : “incapacidade de se adequar às normas sociais, propensão para enganar; usar nomes falsos ou ludibriar os outros; impulsividade ou fracasso para fazer planos para o futuro; instabilidade e agressividade; desrespeito irresponsável pela segurança própria ou alheia; ausência de remorso.” A maioria dos empresários, alguns por não acreditar no processo de avaliação psicológica, outros por economia, não se preocupam em selecionar criteriosamente através de um psicólogo experiente, os seus colaboradores, e... O psicopata pode ingressar na empresa com o objetivo de fazer um arraso na mesma. De acordo com a psiquiatra Ana Beatriz B Silva, “os psicopatas têm total ciência dos seus atos..sabem perfeitamente porque estão agindo dessa maneira. A deficiência deles é no campo dos afetos e das emoções. Assim, para eles tanto faz ferir, maltratar ou atropelar alguns que atravessem o seu caminho ou os seus interesses, mesmo que esse alguém seja do seu convívio intimo. Os psicopatas apresentam ainda acessos de cólera quando seus desejos não são satisfeitos imediatamente, e o traço de impulsividade excessiva, pode levá-lo a cometer crimes que podem ter con103 seqüências desastrosas, tendo em vista que não há conexão lógica entre o sentir, o pensar e o agir desses indivíduos.” No momento, o Brasil encontra-se estarrecido com alguns casos que podem ser encaixados como psicopatas. O caso do goleiro Bruno, por exemplo, como um excelente profissional e com uma carreira bem sucedida pode mudar a sua vida para uma trajetória tão trágica? Poderia continuar com a carreira brilhante, no entanto, joga tudo por água abaixo e encerra da pior forma o caminho do sucesso, com frieza e sem remorsos. O psicólogo ao fazer a avaliação psicológica poderá identificar traços que sugerem a psicopatia, evitando desta maneira, que os empresários contratem pessoas com este tipo de transtorno da personalidade antissocial ou psicopatia que o levará a causar muitos problemas na empresa, podendo chegar mesmo a atitudes desastrosas, já que eles podem se envolver em fraudes, furtos, podem causar um ambiente hostil entre funcionários. Além das práticas profissionais, decisão que podem prejudicar a empresa é fundamental lembrar que são indivíduos que estão preocupados somente com eles mesmos. Os psicopatas vão aonde existe ação. E financeiramente, a ação em grandes corporações. ATENÇÃO SENHORES EMPRESÁRIOS, tomem as devidas providencias, para não contratar um psicopata, um Serial Killer em sua empresa. Utilizem a avaliação psicológica. PREVINAM-SE. ReferÊncias Bibliográficas Albergaria, Jason, Noções de Criminologia, mandamentos, 1999. Golemann, Daniel, Inteligência Emocional, RJ, Objetiva Mielnik, Isaac, Dicionário de termos psiquiátricos, SP, 1987. Silva, Ana Beatriz Barbosa, Mentes Perigosas, o psicopata mora ao lado, RJ, oBJetiva, 2010. DSM-IV- TR = Revisão mais recente do manual para profissionais da área da saúde com lista das diferentes categorias de transtornos mentais e critérios para diagnosticá-los. 104 Minicurrículo Especialista em Psicologia do Trânsito. Especialista em Psicologia do Trabalho. Pós-graduada em Perito Examinador do Trânsito com enfoque em Avaliação Psicológica. Pós-graduada em Gestão de Pessoas. Graduada em Psicologia - PUC Minas-1977. Professora de Avaliação Psicológica, Perícia Psicológica, Psicopatologia e Saúde Mental para Curso de Especialização em Psicologia do Trânsito pela Pós Graduar e Faculdade de Caratinga. Sócia proprietária da Clinica Médica e Psicológica Psicomedic Ltda. 105 BULLYING CORPORATIVO: APAGUE ESTA IDEIA! Iramaia Alves Costa Máximo Bullying, do inglês bully, significa tirano, brutal. Na linguagem atual, nada mais é, do que manter uma conduta violenta seja ela por palavras ou ações, que intimidem um ou mais indivíduos. No ambiente corporativo, a nível mundial, esta prática está bem mais frequente do que há 10 anos atrás. As relações comerciais e as expansões empresariais estão em um patamar menor em relação ao crescimento desta prática tão inaceitável. As organizações buscam, a cada dia, por profissionais mais qualificados, que possam agregar valores e contribuir para o alcance de suas estratégicas organizacionais. Pergunta-se: como essa cultura vem refletindo no aumento da prática de bullying corporativo? A resposta é bem visível: a busca incessante pelo poder tem feito com que as pessoas esqueçam seus valores e sua ética, pelo simples fato de conseguir a tão sonhada promoção, o cargo mais cobiçado, não só pelo superior hierárquico, mas também pelos seus pares. Para Freitas, Heloani e Barreto (2008, p.37) o bullying corporativo (ou assédio moral) é caracterizado por: Uma conduta abusiva, intencional, frequente e repetida, que ocorre no ambiente de trabalho e que visa diminuir, humilhar, vexar, constranger, desqualificar e demolir psiquicamente um indivíduo ou um grupo, degradando as suas condições de trabalho, atin106 gindo a sua dignidade e colocando em risco a sua integridade pessoal e profissional. Porém, a curto/médio prazo já é possível visualizar as consequências do bullying no seu colaborador (físicas e psíquicas) e na sua empresa (queda de produção, alto índice de turnover, etc.). No indivíduo, através do aumento do absenteísmo e dos vários atestados médicos apresentados por N motivos: cefaléia, aumento da pressão arterial, dispnéia (falta de ar), fibromialgia (dores em várias partes do corpo), consumo excessivo de tabaco, álcool e outras drogas, problemas psíquicos (paranóia), medo excessivo, irritabilidade, choros constantes, isolamento, depressão, além da diminuição da energia para o trabalho e manifestações suicidas. Já nas organizações o impacto é bem maior: rotatividade (turnover), absenteísmo (principalmente pelos afastamentos decorrentes de doenças a longo prazo), queda na produtividade e na qualidade do trabalho, aposentadoria prematura, perda excessiva de máquinas e equipamentos e o pior: redução do valor de sua marca perante a sociedade comercial e familiar. O bullying pode ser facilmente percebido pelo gestor ou pelo profissional de RH. Pequenas atitudes como: dar instruções de processos impossíveis de serem finalizados, em grupo ao interromper constantemente o indivíduo, induzir a vítima a situações que demonstrem incompetência, isolá-lo de conversas e evitar contato físico são algumas destas situações. Qual o papel do RH nestas situações? Ao primeiro indício crítico, seja pelo aumento dos conflitos, absenteísmo ou turnover, devem-se buscar ações corretivas junto às gerências e direção, que visem inibir tais práticas, quase que invisíveis mais crescentes, através de pesquisa de clima, palestras sobre convivência sadia no ambiente corporativo, saúde física e psíquica, relacionamentos interpessoais. Pequenas intervenções teatrais dentro do horário de trabalho, que simulem situações corriqueiras, também são uma ótima alternativa. Porém a principal ação dever partir do maior nível do organograma. A direção deve deixar claro que não aceitará nenhuma prática de assédio em suas dependências e que tomará as medidas neces107 sárias para se manter um ambiente de trabalho acolhedor e produtivo, garantindo a satisfação e o bem estar de todos. ReferÊncias Bibliográficas FREITAS, M. E. de; HELOANI, J. R.; BARRETO, M. Assédio Moral no Trabalho. Cengage Learning, São Paulo, 2008. Minicurrículo Gerente de Recursos Humanos do Grupo Vila (empresas do segmento petrolífero – Postos de Combustíveis, Química e TRR), graduada em Gestão de Recursos Humanos pelo Centro Universitário UNA. Atua há mais de 18 anos na área de RH, com foco na reestruturação e otimização dos subsistemas de DP e R&S e no desenvolvimento de processos de gestão de pessoas, qualidade de vida e clima organizacional. 108 CARREIRA EM Y E A DUALIDADE DO GENERALISTA X ESPECIALISTA Leonardo Lino Caixeta A avançada qualificação dos diferentes profissionais, atrelada ao seu tempo de casa nas organizações e a competitividade do mercado de trabalho, convidam e ao mesmo tempo exigem do RH, constantes revisões no aporte para uma maior assertividade na retenção de talentos. Sabemos que não há espaço para todos serem líderes e ocuparem cargos de gestão. Como alternativas desse empasse, também é necessário esquematizar estratégias para promoção, remuneração adequada e satisfatória dos colaboradores de perfil técnico, atendendo aos interesses do empregado e conciliando-os com os da empresa. A princípio, o RH como área suporte e atentada especialmente aos talentos humanos, deverá traçar projetos que estabeleçam e identifiquem as atualizações de qualificação e outras peculiaridades dos seus trabalhadores. O foco na observação constante visa mapear competências e habilidades para que futuramente, nos levem à consideráveis decisões no que tange ao desenvolvimento profissional. Assim, podemos realocar o plano de carreira em dois diferentes âmbitos: área de gestão e área técnica. Ser líder, independente do segmento de atuação, engloba comportamentos e atitudes comuns. É simples percebemos, em qualquer tipo de grupo, aquele que destaca-se naturalmente para tomar frente e ser o responsável, controlar, remanejar e agregar pessoas. Por mais que seja possível aprender a ser um líder, em meio a 109 busca de resultados rápidos das organizações, revela-se os que já possuem aptidão e desenvoltura para gerir. Dessa forma, é possível a avaliação para classificação de um cargo de gestão, seja coordenador, supervisor, encarregado, gerente, entre outros, acarretando também aumento salarial e maiores benefícios, retribuindo e valorizando o profissional destacado. O profissional em que as habilidades técnicas são mais relevantes que as gerenciais, também busca reconhecimento sobre suas funções. Para esse embate, uma opção seria, através do tempo e avaliações positivas de desempenho, torná-lo um especialista nas suas atribuições e obviamente, obter uma digna adequação salarial. Para Fiester (2010), deverá ter garantia, equidade de remuneração total entre profissionais de mesmo nível independente do eixo especialista ou generalista. A carreira em Y se estabelece dessa maneira; onde não há espaço para todos na liderança, conquista-se o aprimorado colaborador de valiosa mão de obra técnica, com uma remuneração atrativa equivalendo com os de cargos de gestão, retendo assim o profissional para concorrentes. Uma atual discussão no RH, tem sido sobre os questionamentos de candidatos e profissionais que no momento de procurarem direcionamentos sobre sua carreira e qualificação, indagam se é melhor ter uma atuação generalista ou especialista. O amplo e diversificado mercado, cercado de oportunidades, propiciam perfeitamente o aproveitamento das duas tendências. Sendo assim, o que deverá ser analisado é o que o profissional almeja, o que tem mais perfil, para então, poder escolher um desses focos. Em algum momento da trajetória profissional, nos deparamos com a carreira em Y, onde nessa bifurcação, somos impelidos a escolher um dos caminhos a seguir. Perceber os desdobramentos de sua empresa, avaliando criteriosamente seus gargalos, também podem fornecer pistas de qual direção percorrer entre generalista e especialista. O generalista motiva, inspira, envolve-se na gestão de pessoas. O especialista tem expertise na sua atuação, projeta, pesquisa, planeja. O ideal é que o colaborador, através de coaching, experiência e autoconhecimento, identifique qual carreira terá maior probabilidade de prazer, onde sentirá mais realizado. A empresa, como instituição empreendedora, necessita subsidiar essa escolha visando a 110 maior produção e satisfação do seu colaborador, peça fundamental para aprimoramento dos produtos e serviços da organização, que impacta diretamente no resultado, conquistando o almejado lucro. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FIESTER, Margaret. “What is meant by the term ‘dual career ladder?’” HR Magazine, p.21, Nov. 2010. MINICURRÍCULO Psicólogo, pós-graduação, nível especialização em Consultoria Organizacional, profissional de Recursos Humanos. Seis anos de atuação sistêmica nos processos gerais de Gestão de Pessoas em multinacional italiana e empresas metalúrgicas de grande porte, líderes no seguimento de engenharia/manutenção, automotivo e implementos rodoviários. Consultoria Interna, Treinamento Organizacional e Recrutamento e Seleção. Desenvolvimento e aplicação de projetos e inovações para RH. 111 COACHING: UM NOVO MODISMO? Patrícia Viégas Reis O Coaching tem sido um dos assuntos mais falados no meio do RH, inclusive, foi tema da maior parte das palestras do Congresso da Associação Brasileira de Recursos Humanos em 2013. Hoje as empresas percebem a necessidade de desenvolvimento de seus líderes e presidentes, e é aí que o coaching se insere como uma ferramenta de rápido efeito e com foco diferenciado do que o que o RH está acostumado. O RH está acostumado a procurar gap’s e atuar nas falhas e erros. O Coaching chega com uma nova proposta: melhorar aquilo que já é bom. Seu foco concentra-se no objetivo e metas do coachee, ajudando-o a conquistar aquilo que almeja. Apesar de possuir certa semelhança com a psicoterapia breve, coaching não é terapia. A psicoterapia breve atua nas situações de crise ou situações-problema, que são trazidos pelo paciente através de uma queixa ou sintoma. Explora as soluções que o sujeito encontra para se adaptar aos problemas. O Coaching não é voltado para problemas, assim, não pretende atuar nos líderes que são considerados problemas para a empresa. O Coaching busca aquilo que há de melhor no coachee, ampliando seu potencial através de algumas ferramentas. Por isso, não há a busca de queixas, sintomas, crises ou situação-problema. Ele busca metas, visão, autoconhecimento e auto-observarão. O que há de comum entre o coaching e a psicoterapia breve? Ambos pretendem uma atuação em curto espaço de tempo e com re112 sultados efetivos. Quando surge uma necessidade maior de aprofundar no autoconhecimento, psicopatologias ou crises intensas recomenda-se a psicoterapia de longo prazo. Assim, coaching e psicoterapia breve trabalham com um foco que, quando atingido (ou não), determinam o fim do processo. Os dois acreditam que o sujeito será capaz de continuar a autoanálise e o crescimento sozinhos. Por que as pessoas buscam o coaching? Pelo mesmo motivo que buscam a psicoterapia breve- querem um resultado rápido (mas não podemos esquecer que o objetivo da psicoterapia é diferente). Quando comecei a estudar as ferramentas do coaching, percebi que eram ferramentas antigas, já utilizadas pelo RH e pela administração. Foi então que conjecturei se o coaching não seria mais um modismo. Porém, ao analisar o processo de coaching, percebi que a comunicação entre coach e coachee é o grande diferencial, pois produz um novo padrão de reflexão. Não traz respostas, mas estimula o pensamento e a análise. O resultado rápido deriva dessa reflexão, pois o coach leva o coachee a refletir sobre sua postura e dos demais ao seu redor, buscando novas formas de atuar no ambiente para alcançar novos resultados. Compara-se com a criação de novos hábitos alimentares nas pessoas que querem emagrecer. Não basta perder peso, é preciso aprender um novo padrão de alimentação. Sendo considerado modismo ou não, o coaching tem seus resultados comprovados. Um bom coach é aquele que conseguiu acompanhar seu coachee até suas metas, ou reformular as metas de forma que sejam atingíveis. E, principalmente, sabe diferenciar coaching de psicoterapia, de forma que, se o coachee estiver deprimido, deverá ser encaminhado para uma terapia e não tratado nas sessões de coaching. Alguns conhecimentos da psicoterapia breve podem auxiliar o processo de coaching. Por exemplo, é importante procurar identificar onde o sujeito coloca seu valor, se em si mesmo ou em um objeto externo. Quando há uma supervalorização de si, o objeto externo é desvalorizado, o que pode ser apresentado como um comportamento de arrogância e desdém pelos demais. Quando 113 há uma desvalorização de si, o objeto externo é supervalorizado, o que pode ser apresentado como um comportamento de fragilidade, autoestima rebaixada e toda a razão de vida do sujeito é colocada em algo externo a ele. Assim, o trabalho de coaching pode contribuir para aumentar o valor do objeto externo (no primeiro caso) ou aumentar o valor do self (no segundo caso). Porém, quem determina o que deve ser modificado é o coachee. O coaching é uma nova tendência que traz para o mercado uma solução rápida para o desenvolvimento pessoal, tendo como foco a realização do sujeito. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Simon, Ryad. Psicoterapia Breve Operacionalizada. Casa do Psicólogo. São Paulo, 2005. Weiss, Alan. Coach de Ouro. Bookman. Porto Alegre, 2012. MINICURRÍCULO Psicóloga, formada pela FUMEC em 1995. Pós graduada em Educação e gestão de pessoas e processos. Formação como personal e Professional coach pela Sociedade Brasileira de Coaching. Especialização em treinamento e desenvolvimento, com experiência de 15 anos em desenvolvimento de líderes e equipes, atuando como gestora de RH. Atualmente atua como diretora de RH pela Novva Consulting, em processos de desenvolvimento de líderes e coaching. 114 Colaboradores não deixam as empresas pelos processos e sim pelos Gestores e sua capacidade de Liderar Luciana Rodrigues Costa Em um cenário tão competitivo e com bruscas mudanças organizacionais, os gestores fazem total diferença no contexto, principalmente no que refere -se ao saber ouvir, no valorizar de competências e no reconhecer dos pequenos detalhes. Essas características do novo gestor, passam por um repensar de lideranças do mundo corporativo, onde as pessoas não aceitam mais esta ruptura de lideranças que com a velocidade das informações, a busca incessante pelo resultado, perde espaço para olhar humano. Todos esses processos, passam a fazer mais sentido no desenvolvimento do colaborador e no contexto de propósito. É neste momento que muitas vezes perdemos os melhores profissionais, os mais engajados, os mais competentes e aqueles que acreditam de forma leal na condução de sua capacidade de contribuir de forma ativa no contexto organizacional. Entende -se que a valorização do colaborador está acima da recompensa financeira e vai além das fronteiras da liderança, buscando sentido e significado para o colaborador se desenvolver de forma plena e eficaz para o sucesso da organização. Por mais que essas atitudes sejam tão simples de serem realizadas, ainda são consideradas vilãs nas organizações. É necessário um repensar de estratégias para reter os novos talentos, considerando que todas as ações sejam feitas de forma transparente, genuína e verdadeira, para que todos os colaboradores entendam a condução dos processos e a forma com que a liderança pretende alcançar os seus objetivos. É preciso dar autonomia e saber exercer a autonomia. Para Vergara (2007,p169), o 115 empowerment, ou reinvenção do poder nas organizações, passa pela criação de 10 novas formas de exercê-lo, como: autoconhecimento, autodesenvolvimento, mente flexível, comunicação interpessoal, compromisso, incerteza, aglutinação de forças, reconhecimento de possibilidades, intuição e senso coletivo de destino. Diante de todas as formas apresentadas como oportunidades a serem desenvolvidas nas organizações, principalmente avaliando as oportunidades que os lideres possuem de compartilhar e de preparar os colaboradores para colocarem em prática o seu conhecimento, sua capacidade de criar, de se desenvolver, de criar o compromisso com a entrega, de fazer parte do processo de forma inteira , será que os lideres estão preparados para este desafio? Ser um líder de transformação é colocar em prática os modelos de aprendizagem de uma forma um pouco diferente, é se permitir, é construir juntos e mostrar sua competência e se fazer competente. É estar livre para aprender juntos e valorizar cada momento de aprendizado da equipe. É mostrar a importância que cada colaborador tem com sua competência essencial e valorizar os momentos de construção do conhecimento de forma agregadora e de forma verdadeira. Quando pensamos e analisamos dessa forma, fica claro que há muito espaço para os novos líderes aprenderem a lidar com as pessoas e lhe permitirem fazer parte de um contexto mais inteligente e valorizado, sair do discurso e colocar em prática todas as teorias aprendidas, quebrar os paradig, mais próxima e acima de tudo mais humana. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Tópicos Avançados em Recursos Humanos Autor: Fábio Cassio Costa Moraes . MINICURRÍCULO Pedagoga, Pós Graduada em Gestão Estratégica de Negócios pela FGV, formação em MBA executivo Internacional pela faculdade de OHIO University Estados Unidos, Mestranda em Tecnologia, 116 Informação e Comunicação pela UTAD (Universidade Trás dos Montes – Portugal). Especialista em Gestão de pessoas do Banco Santander, Rede Minas Gerais com formação de Coaching, Mentoring e Holomentoring. Atuação em instituições financeiras nos últimos 20 anos. Professora em todas as disciplinas de Gestão de Pessoas e Marketing Pessoal dos cursos de Graduação e MBA da Faculdade Pitágoras em Minas Gerais. 117 COMUNIQUE-SE!!! Mayra Fonseca Carvalho Cerca de 70% das horas em que o indivíduo está acordado, ele passa se comunicando através da escrita, leitura, fala, audição e gestos. Segundo Millor (1996), depois que a tecnologia inventou o telefone, telégrafo, televisão e todos os meios de comunicação a longa distância, é que se descobriu que o maior problema da comunicação não era a distância, mas a proximidade. Mas afinal. O que é comunicação? Comunicação é, em síntese, a relação estabelecida pela transmissão de estímulos e respostas. Uma definição bem detalhada, a que define com um “processo, voluntário ou não, pelo qual dois ou mais agentes transmitem e/ ou recebem mensagens por meio de um sistema compartilhado por sinais, símbolos e comportamentos”. É a troca de informações entre um transmissor e um receptor e a percepção do significado entre os indivíduos envolvidos. Esta percepção é envolvida tanto via receptor, quanto via transmissor. Portando, a boa comunicação é essencial para a eficácia de qualquer organização ou grupo. É uma via de “mão dupla” em que deve haver equilíbrio entre a quantidade de informação dada e a quantidade de informação recebida. Existe uma distinção entre a transmissão da comunicação e a compreensão do significado dessa informação, portanto é preciso 118 ter clareza na consciência do que se quer comunicar para não gerar dúvidas. Quantas vezes você já ficou mais preocupado em dar a sua resposta do que escutar o que o outro está dizendo? Quantas vezes você já demonstrou total desinteresse pelo assunto que o outro está lhe contando? Quantas vezes você deixou de perguntar algo não compreendido na escola ou no trabalho por medo de falar bobagens? Com isto, criam-se barreiras para uma comunicação eficaz. Vejamos então, as principais barreiras da comunicação, que podem estar vinculadas a quem está emitindo ou a quem está recebendo a mensagem e, o ideal, identificá-las e superá-las: • Dificuldades de expressão – muitas vezes usamos palavras ou expressões inadequadas para transmitir mensagens ou ideias; • Medo de expressar as opiniões – a vergonha e o receio de “falar bobagens”; • Falta de carisma – pode afetar como a mensagem vai ser recebida; • Suposições – nunca se deve supor o que a outra pessoa pensa, sabe ou conhece; • Juízo precipitado – conclusões precipitadas por achar que sabemos o que o outro vai dizer; • Pouco interesse em que o outro tem a dizer; estereótipos e preconceitos – lembre-se: “as aparências enganam”; • Distração – podemos perder grande parte da mensagem se não nos concentrarmos no que o outro tem a dizer; Outro fator fundamental que devemos observar no processo de comunicação é a diferença entre OUVIR e ESCUTAR: OUVIR: capacidade física e biológica de captar os sons. ESCUTAR: pressupor, interpretar, compreender o que se ouve. Bem, para possamos nos transformar de “ouvintes” em “escutantes”, existem algumas condições fundamentais que são: querer 119 escutar, julgar o conteúdo e não a forma de expressão, evitar a hostilidade, prestar atenção às ideias, ser flexível, resistir às distrações, procurar entender o ponto de vista do outro, deixar de lado preconceitos e preferências, ouvir a mensagem completa. A título de sugestão, veja algumas dicas para uma boa comunicação: • Identifique a pessoa pelo seu próprio nome; dê atenção a quem fala; • Olhe de frente para quem fala; • Transmita a mensagem com clareza; • Dê feedback ( retorno daquilo que você está percebendo ); • Mostre-se acolhedor e solícito; • Mostre-lhe que você deseja ouvi-lo. Não desvie sua atenção enquanto o outro fala; ouça ao invés de estar preparando respostas; • Procure colocar-se no lugar da outra pessoa e tente compreender seu ponto de vista; não fale enquanto ouve. É impossível ouvir e falar ao mesmo tempo; • Deixe a pessoa falar inteiramente à vontade; • Não critique enquanto a pessoa fala. Ele poderá colocar-se na defensiva; • Faça perguntas, assim você estará demonstrando que está ouvindo, e ela terá mais disposição para falar e você estará esclarecendo pontos obscuros; Desta forma, COMUNIQUE-SE de maneira EFICAZ, você e sua empresa ganharão muito com isto! MINICURRÍCULO Psicóloga formada pelo Unicentro Newton Paiva, Especialista em Gestão estratégica em RH. Profissional com 15 anos de experiência, atuando com todos os subsistemas de RH em consultorias e empresas do ramo varejista e indústria. Desde 2007 é Gestora de RH da Orthocrin Industria e Comércio Ltda. 120 DEMITINDO SEM PERDER A TERNURA Ana Flávia Ceolin Há 18 anos funcionando no mesmo endereço, a Horizonte Têxtil iniciou suas atividades em 1995 a partir da compra pelo Grupo VDL, das instalações da antiga Companhia Industrial Belo Horizonte., que havia decretado falência. Com a abertura da Horizonte, muitos funcionários da antiga empresa, permaneceram , razão pela qual a nossa empresa ainda tem alguns empregados com mais tempo de trabalho na fábrica , que a própria empresa tem de funcionamento. Naquele tempo, a Companhia Industrial representava muito mais que um emprego para a maioria dos funcionários. A empresa concedia além do salário e dos benefícios normais, casa, creche, material escolar aos filhos e representava muitas vezes a única possibilidade de trabalho formal disponível. Também por este motivo, o vínculo relação entre a empresa e o empregado era fortíssimo e muitos começavam e terminavam a carreira profissional na mesma empresa, inclusive permanecendo no trabalho após a aposentadoria. Relações de emprego como estas, são dificílimas de serem vistas nos dias atuais, por inúmeras razões, dentre as quais podemos citar: grande oferta de empregos, maior qualificação dos trabalhadores, semelhança entre a remuneração e os benéficos entre as diversas empresas, pouca valorização dos empregos pelos trabalhadores, políticas que privilegiam os que deixam o trabalho, como seguro-desemprego e multa de FGTS, além da facilidade das novas gerações de pular de um emprego para outro. Estabelecer um vínculo entre a empresa e o empregado se tornou um grande desafio para as empresas através da área de Recursos Hu121 manos e de suas lideranças. Sobre este tema, encontramos amplos debates disponíveis. Mas, e quando o que se precisa fazer é exatamente o contrário? Isso mesmo, desfazer um vínculo fortíssimo que foi criado no passado e que precisa ser, pelo menos modificado, com o fim do contrato de trabalho. Como fazer isso de forma que a pessoa que dedicou grande parte da sua vida à empresa consiga continuar a viver com qualidade, sem ter que se apresentar ao trabalho todos os dias? Esse foi o desafio lançado pela Horizonte ao longo deste ano. Explico: por questões de estratégia de mercado, a empresa descontinuou a sua principal linha de produtos e entrou em um novo segmento, o de Denim, tecido usado para a confecção de peças jeans. Como o processo se fabricação do Denim é bem menos complexo que o dos outros tecidos até então fabricados, foi necessário reduzir o número de pessoas de 380 para 280 em Belo Horizonte. Ocorre que, como comentado no início deste texto, muitos destes funcionários estavam na empresa há mais de 20 anos e tinham estabelecido um grande vínculo . Era preciso cuidar das pessoas que estavam saindo, de quem estava ficando e da imagem da empresa no mercado. Então, as demissões precisavam ocorrer de forma a causar o menor sofrimento possível para estas pessoas, ou seja, sem perder a ternura. A primeira etapa foi relativamente fácil: analisando o desempenho individual, cada supervisor de equipe optou por desligar aqueles funcionários que apresentavam baixo rendimento, ou que já haviam manifestado o interesse em sair da empresa. Num segundo momento, optamos por conduzir uma conversa franca com cada um dos funcionários que já estavam aposentados e, cujas máquinas, deixariam de operar. Esta talvez tenha sido a fase do projeto que demandou maior esforço em todos os sentidos. Foi preciso olhar nos olhos daquelas pessoas, explicar o que estava ocorrendo e perguntar se a opção dela era ficar na empresa, remanejada para outro setor ou ir para casa gozar da aposentadoria. Tivemos as duas situações. Para quem ficou, buscamos uma realocação sem grandes mudanças de horário ou na própria atividade diária e eles têm se adaptado bem. Em um único caso, a sau122 dade dos colegas e a dificuldade de trabalhar com o novo produto foram fortes e uma funcionária mudou de opção e resolveu ir para casa. Para quem optou por não continuar, buscamos fazer um acompanhamento. Conversamos com a família, explicamos a situação e pedimos apoio, para que a pessoa tivesse uma ocupação. Na empresa, fizemos uma cerimônia com a presença da diretoria, para agradecer o tempo de dedicação, com direito a placa de homenagem e tudo! Em nossos breves contatos, parece que tudo está caminhando de forma tranquila. Mas não havia como fazer 100 desligamentos sem passar por momentos difíceis. Chegou o momento em que não tínhamos mais como realocar todos os que queriam permanecer conosco. Procuramos deixar para esta fase as pessoas mais jovens, com um pouco mais de estudo, para que tivessem condições de se recolocar em outra empresa e ajudamos no que foi possível. Algumas pessoas, conseguimos realocar em outras empresas do mesmo Grupo VDL, do qual a Horizonte faz parte. Para os demais, elaboramos currículo, indicamos para nossos contatos, ensinamos como e onde realizar cadastros e para um supervisor, chegamos a contratar uma empresa de recolocação profissional. Para nossa surpresa, muitos preferiram descansar antes de procurar um novo trabalho. Tivemos até casos de quem aproveitou o dinheiro da rescisão para montar o seu próprio negócio e hoje, já está oferecendo trabalho a mais pessoas. Manter contato com estas pessoas e saber que estão bem, é muito confortante e nos dá a certeza de termos feito as mudanças da melhor forma possível. Este processo está concluído, mas sabemos que virão outros desafios em decorrência desta alteração de mix. O rico aprendizado que tivemos, nos deixa mais fortes e preparados para enfrentar o que vier pela frente. Minicurrículo Graduada em Psicologia pela universidade Fumec, especialista em Gestão de Pessoas pela Faculdade Pitágoras, concluiu o Programa de Desenvolvimento de Dirigentes pela Fundação Dom Cabral. Desde 2007 é coordenadora da área de Recursos Humanos da Horizonte Têxtil. 123 DEPARTAMENTO DE RECURSOS HUMANOS (RH) OU DEPARTAMENTO DE PESSOAL (DP)? Anísio Rocha de Rezende Estamos no século XXI! Já vivemos mais de uma década deste século, mas o Departamento de Recursos Humanos não existe em milhares de empresas brasileiras, pois o velho conhecido Departamento de Pessoal continua executando algumas atividades do Departamento de Recursos Humanos. Muitas pessoas ainda não sabem diferenciar as atividades do “RH” e as atividades do “DP”, melhor dizendo, poucos sabem que tais atividades são pares, uma depende da outra e juntas se completam. O Departamento de Pessoal, ainda, está muito arraigado dentro das empresas. Muitos profissionais que atuam no Departamento de Pessoal executam atividades que são do Departamento de Recursos Humanos sem saber diferenciá-las. Conceito de Departamento de Pessoal O Departamento de Pessoal é a unidade de execução vinculada ao Departamento de Recursos Humanos. São competência do Departamento de Pessoal as seguintes atribuições: admissão (cadastro do funcionário e emissão de documentos para formalização do registro), controle de férias e afastamentos, concessão de licenças, controle ponto, confecção da folha de pagamento, Termo de Rescisões do Contrato de Trabalho - TRCT, CAGED, RAIS , FGTS, GPS, GFIP, DARF, recibo de pagamento, contribuição sindical, vale transporte, cadastro PIS de funcionários no 1o emprego, acompanhamento reclamatórias trabalhistas. Este departamento é responsável pela parte “burocrática” e por fazer cumprir 124 a legislação trabalhista existente em nosso país. Os funcionários desse departamento têm que ter conhecimento da legislação trabalhista vigente e manter-se atualizados, pois a nossa legislação muda constantemente. Conceito de Recursos Humanos Atualmente, o termo Recursos Humanos foi substituído pela expressão Gestão de Pessoas. “Gestão de pessoas é a função gerencial que visa à cooperação das pessoas que atuam na organização para o alcance dos objetivos tanto organizacionais quanto individuais” (GIL, 2006, p.17). O Departamento de Recursos Humanos tem as seguintes atribuições: recrutamento e seleção, treinamentos, desenvolvimento, manutenção, controle e avaliação dos funcionários de uma empresa. Sendo assim, pode-se considerar que a existência da área de Recursos Humanos está diretamente relacionada à melhoria da efetividade dos funcionários nas empresas, implicando na melhor efetividade organizacional. (CHIAVENATO, 2000, p.11). Gerenciar pessoas se tornou uma atividade estratégica dentro das empresas, devido à globalização e o acirramento da concorrência, escassez da mão de obra qualificada e a falta de conhecimento técnico. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CHIAVENATO, Idalberto. Iniciação a administração de pessoal. 3a.ed. São Paulo: Makron Books,2000. GIL, Antônio Carlos. Gestão de pessoas: enfoque nos papeis profissionais. São Paulo: Atlas, 2006. MINICURRÍCULO Anísio Rocha de Rezende – Graduado em Gestão de Recursos Humanos pela UNATEC. Em curso MBA em Administração Estratégica pela Estácio de Sá. 26 anos de experiência em Gestão de 125 Pessoas. Membro do Grupo de Intercambio da Construção Civil em RH do Sinduscon - MG desde 1991. Atualmente Gerente de Recursos Humanos da Construtora Castor Ltda. e empresas associadas. 126 Dinheiro não é tudo Fernanda Yankous Rabelo Não há mais dúvidas de que o capital intelectual de uma empresa é uma de suas mais importantes fontes de competitividade: são as pessoas que movem as organizações na medida em que são elas que atuam diretamente na renovação e/ou confirmação da estratégia organizacional. Adicionada a esta questão, percebe-se que o mercado de trabalho, de forma geral, vem sofrendo com a escassez de mão de obra qualificada que se estende desde os cargos operacionais até os níveis de alta gerência. Assim, Atração e Retenção de talentos exercem papel crítico nos subsistemas de Gestão de Pessoas, pois são importantes elos desta área à estratégia da organização e, por isso, devem ser uma preocupação constante dos especialistas de RH e pesquisadores da área. Os chamados talentos das empresas são imensamente disputados, ficando a cargo das organizações apresentarem formas cada vez mais criativas de atração e retenção desses profissionais: tudo vale para garantir que bons profissionais permaneçam ou sejam atraídos para a empresa. Mas o que, de fato, atrai e retém talentos? Grande parte das pessoas pode pensar que incentivos financeiros são os mais importantes fatores neste desafio. Saibam que estão enganadas. Estudos comprovam que o valor da remuneração e pacotes de benefícios são influentes sim, mas atuam mais na atração de profissionais e, assim, não são considerados, necessariamente, os mais indicados para retenção de talentos (WALKER; FERREIRA, 2012; LEITE; ALBUQUERQUE, 2012; VIEIRA; SILVA, 2008). 127 Quando se trata de ancorar os bons profissionais na empresa, o setor de Gestão de Pessoas deve focar em motivadores não financeiros como, por exemplo, a criação de possibilidades de desenvolvimento e de formação de carreira, bem como de assumir algum tipo de liderança. O crescimento da Geração Y e sua imersão no mercado de trabalho é outro fator a ser considerado pelos profissionais de Gestão de Pessoas. Estas pessoas que, dentre outras características, são preocupadas com o meio ambiente e qualidade de vida, tendem fazer a escolha de trabalhar em empresas com as quais se identifiquem nesse aspecto. Portanto, investir em programas de valorização do ambiente (ou redução da poluição) e em maneiras que possibilitem ao profissional conseguir equilibrar vida pessoal e profissional, aparece como um forte caminho tanto para atração quanto retenção de perfis da “Geração do Milênio”. De modo geral, o que se vê no mercado de trabalho é que as empresas investem em velhas fórmulas de atração e retenção de pessoas, esperando resultados extraordinários. No entanto, para ter sucesso nesse aspecto é necessário estar atento às tendências do mercado e ouvir as necessidades individuais das pessoas. Para tanto, faz-se interessante flexibilizar práticas enraizadas no passado e inovar na oferta de atrativos, lembrando que, em muitos casos, dinheiro não é tudo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FAISSAI et al. Atração e seleção de pessoas. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2009. LEITE, Nildes P.; ALBUQUERQUE, Lindolfo G. Gestão Estratégica de Pessoas nas Organizações Petroquímicas de Camaçari – Bahia: Seus Reflexos nas Estratégias de Atração, Retenção e Desenvolvimento de Profissionais. Revista Ibero-Americana de Estratégia - RIAE, São Paulo, v. 11, n. 3, p. 61-96, set./dez. 2012. RABELO, Fernanda Yankous; Atração E Retenção De Executivos: os fatores mais influentes na decisão de executivos de Belo Horizonte e São Paulo. 2013. 28p. Monografia (conclusão de curso). Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Instituto de 128 Educação Continuada, Pós Graduação em Gestão Estratégica de Pessoas, Belo Horizonte. VIEIRA, Adriane; SILVA, Cléber Jorge de M. Porque deixar a empresa quando tudo indica que o melhor é ficar? Revista de Ciências da Administração. v. 10, n. 20, p. 37-58, jan/abr, 2008. WALKER, Elisa C.; FERREIRA, Marcos Aurélio de A. Contribuições dos Motivadores de RH na Gestão e Retenção de Talentos: Um Estudo sobre Jovens Engenheiros na ALCOA. ReCaPe – Revista de Carreiras e Pessoas. São Paulo, V. 02, n.01 Jan/Fev/Mar/ Abr, 2012. MINICURRÍCULO Consultora organizacional graduada em Psicologia pela Universidade Federal de Minas Gerais e Pós Graduada em Gestão Estratégica de Pessoas pela PUC/MG. Com trajetória profissional focada em Gestão de Pessoas, vivenciou a prática de diversos subsistemas de RH e, atualmente, na RHUMO Consultoria atua em projetos na área de Remuneração e Desenvolvimento Humano. Em 2011 foi premiada no 10o Prêmio Ser Humano, promovido pela ABRH-MG, pela co-autoria em um dos projetos ganhadores. 129 E-Recruitment Recrutamento através das mídias sociais Laura Cristina Rodrigues Silvestre A sociedade sofreu diversas mudanças ao longo do tempo, e consequentemente a Gestão de Pessoas também foi se transformando para melhor adequar ao mercado competitivo. Com o grande avanço da tecnologia da informação através da internet, e com novos meios de interação social, passou-se a utilizar a rede mundial de computadores como uma nova ferramenta de gestão com maior eficácia e eficiência de captação e disseminação de informação. Portanto, devido à maior integração da internet na sociedade, possibilitou e permitiu que as informações geradas pelas organizações chegassem mais rápidas e em maior volume. E diante as transformações das organizações, surge o e-recruitment, conhecido também como o recrutamento online, que envolve não apenas em divulgar vagas através da Internet/Intranet, mas como também uma ferramenta tecnológica que possa ser utilizada para triar currículos, manter o banco de dados atualizado pelas características específicas das vagas divulgadas e até mesmo aplicar o feedback online e avaliações. Segundo Rui Alves, cerca de 77 % dos profissionais de recursos humanos, especificamente em empresas de consultorias de recrutamento e seleção, utilizam recursos e funcionalidades de oferta de emprego e pesquisa de candidatos online.1 1.Alves, Rui. eRecruitment: novos desafios para o recrutamento online. In: http/:janelanaweb. com/reinv/rui_alves6.html acesso (10/05/2013). 130 O recrutamento online despertou a maneira dos empregadores irem em busca de bons empregados e que estejam alinhados a vagas necessitadas. (CARLSON 2007). Além disso, a internet vem alterando completamente o modo como as empresas gerenciam os recursos humanos, embora facilite a obtenção de currículos de candidatos passivo, a internet também levanta importantes questões éticas sobre privacidade. Vantagens do uso de e-recruitment Pode-se dizer que ao mesmo tempo em que a tecnologia determina grandes saltos de produtividade exige uma mudança no perfil de formação do trabalhador que precisa estar apto a lidar com processos mais complexos e a colocar-se como uma pessoa que desempenha um papel ativo no processo produtivo. De acordo com Rui Alves, o e-recruitment apresenta as seguintes vantagens2: • Maior rapidez no processo de recrutamento. • Os custos associados ao tipo de processos baixam consideravelmente, uma vez que atualmente se paga por um anúncio de emprego online é bastante inferior ao que se paga por um anúncio de emprego publicado na imprensa, ainda que apenas durante um dia, dependendo do tipo de publicação. • Facilidade para segmentar e selecionar os diversos candidatos de forma automática, atribuindo características e requisitos específicos nas pesquisas. • Facilidade de enriquecimento e diversificação dos anúncios de emprego online (definição do perfil do candidato) e triagem de currículos. • Para os candidatos a melhor vantagem de recrutamento online é pela facilidade de divulgar seus currículos, experiências através das vagas disponibilizadas. • As empresas possibilitam por um universo de candidatos, consideravelmente maior que outras metodologias tradicionais de captação. 2.Alves, Rui. eRecruitment: novos desafios para o recrutamento online. In: http/:janelanaweb. com/reinv/rui_alves6.html acesso (10/05/2013). 131 Desvantagens do uso de e-recruitment • Nem sempre os candidatos familiarizados com informática são os de interesse da Empresa ainda que as pessoas que se utilizam da Internet estão em grande fase de ascensão em todo mundo. • A objetividade almejada pode gerar contratações inadequadas. • A impessoalidade, ou seja, os contatos feitos pela rede ainda são pouco afetivos, valor importante para a empresa, uma vez que é no contato mais estreito que se conhece o funcionário e que se pode estabelecer um bom relacionamento. Atualmente, as mídias sociais para recrutamento e seleção vêm sendo muito utilizadas pelas organizações para captar candidatos, das quais podemos destacar: • Linkedin – Apresenta informações profissionais, suas habilidades e formação, áreas de interesse e avaliação do networking do candidato. Esta ferrmenta pode permitir que o indivíduo ofereça informações valiosas sobre o perfil profissional. • Twitter – Revela informações de interesses da pessoa, observa quem a pessoa segue e que tipo de informação ela fornece sobre si mesma no perfil. • Facebook e Orkut – Oferecem informações importantes sobre o comportamento pessoal e valores dos canditados. • Vagas.com e Catho – Permite ao canditado informar sua formação, habilidades e experiências profissionais. É importante salientar também que essas informações obtidas por mídias sociais só terão valor se devidamente analisadas por um profissional de recursos humanos, considerando a qual geração o candidato pertence e avaliar a relação entre os dados para análise de perfil. Enfim, a inovação proposta pelo e-recruitment é mais um caminho para melhorar a gerenciabilidade dos fatores organizacionais em busca de competitividade, redução de custos, reciclagem profissional e realocação dos fatores, sejam estes produtivos ou intelectuais. 132 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, Rui. E-Recruitment: novos desafios para o recrutamento online. In: <http/:janelanaweb.com/reinv/rui_alves6.html>. Acesso (10/05/2013) CARLSON, Dane; ZIMERMANN, Cris. Como o Recrutamento Online Muda o Sistema de Contratação. Disponível em: <http://brasil.business-opportunities.biz/2006/01/03/como-o-recrutamento-online-muda-o-sistema-de-contratacao/>. Acesso (10/05/2013) COSTA, Tatiana: e-RH: o impacto da tecnologia para a gestão competitiva de Recursos Humanos; Universidade de São Paulo, Novembro/2002. MINICURRÍCULO Sócia- proprietária da SILPA Contabilidade e Assessoria em Recursos Humanos, Analista de Recursos Humanos, graduada em Gestão de Recursos Humanos no Centro Universitário Una. 133 ESTILOS DE LIDERANÇA, CULTURA ORGANIZACIONAL E A COMUNICAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES Milena Cardoso Dentro de uma organização é muito difícil encontrar uma atividade que não tenha ligação com a comunicação. Os pensamentos, desejos, comportamentos, sentimentos, a cultura, têm como afinidade a necessidade de expressão, verbal ou corporal para se tornarem reais e com esse fim recorrem à comunicação. É interessante perceber como os estilos de liderança se encaixam neste contexto da cultura organizacional, contribuindo para a permanência dela ou não, influenciando na comunicação. O foco na comunicação organizacional revela-se com grande importância na prática, pois um melhor entendimento dos influenciadores do processo comunicacional no interior das empresas melhora o entendimento, eleva a eficiência, aumenta a satisfação e gera aumento na qualidade de todas as relações interpessoais, visto que os problemas comunicacionais presentes nas organizações refletem e são reflexos da sociedade. 1 - LIDERANÇA E SEUS ESTILOS Desconstruir o conceito de que a liderança está ligado apenas a postura hierárquica superior, é necessário. “A liderança é o processo de conduzir um grupo de pessoas, transformando-o numa equipe que gera resultados. É a habilidade de motivar e influenciar os liderados, de forma ética e positiva, para que contribuam 134 voluntariamente e com entusiasmo para alcançarem os objetivos da equipe e da organização” (BERGAMINI). Historicamente os primeiros estudos sobre liderança norteavam-se pelos traços de personalidade dos líderes, sendo conhecida como teoria dos traços. Como um segundo momento os estudiosos passaram a tentar identificar “conjunto de comportamentos que pudessem configurar aquilo que passa a ser chamado de habilidade de liderança” (BERGAMINI, 1994), podendo ser agrupados em dois estilos de liderança: o estilo democrático e o estilo autocrático. De acordo com BERGAMINI, estes “dirigem suas ações mais no sentido de conseguirem ‘que o trabalho saia’, ocupando-se prioritariamente com assuntos tais como planejamento, formulação de procedimentos e estabelecimento de padrões de produtividade” (BERGAMINI, 1994). Com o aprofundamento dos estudos surge a teoria do Caminho-Objetivo (Path-Goal), fundamentada no processo motivacional apresentado pelo líder aos seguidores e utiliza como referencial teórico o modelo desenvolvido por Vroom, chamado de Teoria da Expectativa ou VIE, devido ao três conceitos essenciais: Valência, instrumentalidade e expectativa. Onde a satisfação está relacionada com a experimentação de resultados, havendo assim uma relação de causa-efeito. 2 - CULTURA ORGANIZACIONAL A cultura organizacional vai estar presente de maneira explicita através da missão, visão e valores da empresa e/ou também de maneira implícita no modo de se vestir, no layout do escritório, na maneira de comunicar, nas normas e regras, etc. A cultura tem um aspecto interessante, onde apresenta características diferentes de ambiente para ambiente organizacional levando ao surgimento de subculturas no interior da organização. O surgimento destas tem como influenciador direto os lideres da organização, que apresentam um certo nível de poder e influenciam suas equipes de acordo com seus valores, ideais, crenças e objetivos. Elas são sempre moldadas pela cultura “geral” da organização e podem assumir características específicas e maneiras diversas de funcionamento na: comunicação, necessidade de autorização, autonomia dos funcionários e clima. 135 3 - A COMUNICAÇÃO NO CONTEXTO ORGANIZACIONAL A comunicação, em seu contexto, já é um processo bastante complexo e explorada sob a perspectiva organizacional. O número de variáveis que interferem multiplicam-se e algumas ganham uma maior relevância como a cultura da organização e a relação entre o emissor e o receptor, ou como também é comum nas organizações, entre o emissor e os diversos receptores. Diante dessa conjuntura que envolve a comunicação organizacional emergem os problemas de comunicação. A má utilização dos caminhos da comunicação no interior das organizações também surge como um dos problemas comunicacionais. 4 - CONCLUSÕES: Analisar a dinâmica organizacional é fundamental para gestão de toda a empresa. O olhar do profissional de RH vem transformar, assim como dizia Freud, baseado na teoria psicanalítica, os mecanismos inconscientes do ato da comunicação, os lapsos, tiradas espirituosas, chistes, piadas, trocas de nomes, fofocas e até mesmo falta de resultado, em um conceito mais “concreto”, onde as pessoas consigam enxergar a sua contribuição para a continuidade da cultura organizacional ou a promoção de mudança da mesma. Pensar em regra de ouro para a excelência da comunicação organizacional fica banal ao perceber que o papel do líder é intrínseco e único de cada estilo, por possuir valores, crenças e missões peculiares. Investir na formação e desenvolvimento dos lideres da organização pode ser o diferencial para uma organização de sucesso e preparada para as mudanças do mundo corporativo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BERGAMINI, Cecília W. Liderança: administração do sentido. São Paulo: Atlas. 1994. FREUD, Sigmund. Edição Standart Brasileira das Obras Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1970 (Volumes, VI e VII). 136 FURNHAM Adrian, EVGENIYA Petrova. O corpo fala no negócios. São Paulo: Editora Gente, 2011. WAGNER III, J.A. Comportamento organizacional: criando vantagem competitiva. São Paulo: Saraiva, 2000. Minicurrículo Psicóloga, pós-graduando em Gestão de Pessoas pelo Instituto Integrado de Gestão, há três anos e meio na área de Recursos Humanos, atua como Coordenadora de RH na empresa Granja Brasília, exercendo atividades como consultoria interna, recrutamento e seleção, descrição de cargos, treinamento e desenvolvimento, pesquisa de clima, avaliação de desempenho, entrevista de desligamento, intervenções, promoção a saúde e motivação do trabalhador, ouvidoria, dentre outras que englobam a rotina. 137 Fatores Dificultadores do Cumprimento da Lei de Cotas e da Inclusão Efetiva de Pessoas com Deficiência no Mercado de Trabalho Renata Curvelana de Moura Introdução É de conhecimento geral que as empresas têm enfrentado inúmeras dificuldades para cumprirem a cota de funcionários deficientes definida pela Lei 8213/91 – mais conhecida como Lei de Cotas. As dificuldades enfrentadas pelas empresas são tanto de ordem interna, quanta externa: falta de qualificação dos profissionais, despreparo dos profissionais de RH para lidar com os candidatos, inadequação da estrutura física das empresas e a resistência de gestores e funcionários à contratação de pessoas com deficiência (PCD’s). Diante de tamanha dificuldade, qual seria a solução para que as empresas possam cumprir o que determina a Lei de Cotas e de fato conseguir incluir Pessoas com Deficiência no seu quadro de pessoal? Dificuldades na Inclusão de Pessoas com Deficiência Podemos afirmar que de maneira geral os fatores dificultadores da inclusão da PCD no mercado de trabalho estão atrelados ao preconceito. Infelizmente, grande parte da população ainda enxerga a PCD como uma pessoa incapaz, adotando uma postura superprotetora com essas pessoas, que consequentemente passam a duvidar de sua própria capacidade. 138 Dessa forma, o tratamento recebido durante séculos pelas pessoas deficientes impacta negativamente na inclusão destes profissionais no mercado de trabalho. A maioria das PCD’s não investe em sua qualificação profissional, e existe uma grande resistência da sociedade na inclusão dos mesmos no mercado de trabalho – resistência tanto de colegas de trabalho quanto de familiares. Outro problema enfrentado pelas empresas para o cumprimento da Lei de Cotas é inadequação da estrutura física para receber as PCD’s : a arquitetura do edifício pode limitar o acesso de pessoas com determinada deficiência, e tornar a edificação acessível pode ser inviável em termos técnicos ou até mesmo financeiros. O despreparo dos profissionais de RH também pode dificultar a contratação de uma PCD, uma vez que pode haver dificuldade na condução do processo seletivo. Como Efetivamente Incluir as Pessoas com Deficiência? Para que as pessoas com deficiência sejam de fato incluídas no mercado de trabalho, se faz necessário, em primeiro lugar, trabalhar a resistência da sociedade, desmistificando a inferioridade de uma PCD. Essa é uma ação que precisa envolver a sociedade como um todo, e deve ser intensificada nas empresas para que os funcionários tratem os colegas com deficiência com igualdade e respeito. A qualificação é outro caminho: tanto as empresas necessitam qualificar seus profissionais de RH para conduzirem de forma mais adequada processos seletivos, quanto as Pessoas com Deficiência precisam se qualificar para atender às exigências do mercado de trabalho; na maioria dos processos seletivos os candidatos com deficiência são eliminados por não possuírem a qualificação exigida para a vaga. Conclusão Sociedade, governo e empresas precisam trabalhar juntos para que as Pessoas com Deficiência sejam verdadeiramente incluídas 139 no mercado de trabalho, caso contrário, as empresas continuarão enfrentando dificuldades para cumprir a cota definida na Lei, e utilizando de estratégias, cuja única finalidade é evitar que as empresas sejam multadas. A dificuldade em cumprir a cota estabelecida na Lei 8213/91 parece estar sendo reconhecida, tanto que, tramita uma proposta de revisão da Lei que propõe, entre outras mudanças, a redução do percentual de vagas a ser preenchidas por Pessoas com Deficiência e/ ou Reabilitados. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMIRALIAN, Maria Lúcia T. M., Psicologia do Excepcional, São Paulo, E.P.U., 1986. Artigos e Reportagens diversas abordando o Tema da Inclusão da Pessoa com Deficiência no mercado de trabalho. MiniCurrículo Psicóloga graduada pela UFMG e pós-graduada em Gestão de Pessoas pela Faculdade Pitágoras. Possui experiência nas áreas Social e Organizacional. Na área Organizacional destaca-se sua atuação como Analista e Supervisora de RH em empresas de pequeno e grande porte; além da experiência atual como Consultora Interna de RH no grupo Diários Associados. Na área social possui experiência de trabalho junto a comunidades carentes, atendimento psicológico em instituição policial e em instituição de privação de liberdade, além de atuações em Projeto de Extensão na área de Saúde Pública – capacitação e avaliação de conselheiros de saúde – e em Iniciação Científica na área de gênero e violência contra a mulher. 140 FEEDBACK – O CASO DO FEIJÃO QUEIMADO Júlio César Vasconcelos “A maioria dos homens prefere um elogio que os prejudica a uma crítica que os beneficia”. (Autor desconhecido) O feedback é uma das mais poderosas ferramentas motivacionais do sistema de Gestão com Pessoas no ambiente organizacional. Através dele, o empregado, num clima de transparência e respeito, tem oportunidade de tomar conhecimento sobre como anda o desenvolvimento do seu trabalho. O problema é que esta nunca foi e não é uma prática comum no ambiente de trabalho. A grande maioria dos empregados trabalha anos e anos a fio sem nunca ter ouvido o chefe falar sobre o resultado do seu trabalho. Existem situações em que a coisa realmente não vai bem, mas a omissão e o medo do chefe se unem para reforçar a incompetência gerencial. Vem à minha lembrança um fato real ocorrido no ambiente familiar de um colega de trabalho, que provavelmente possa contribuir para refletir sobre o fato. Três filhos pequenos, ele e a esposa, sobrecarregados no trabalho, perdem a empregada doméstica que cuidava da casa. Tiveram que se virar! Durante um bom tempo foi uma verdadeira luta, um corre-corre danado: levar e buscar crianças na escola, almoço para fazer, vasilhas e roupas sujas para lavar, faxina na casa e um monte de problemas mais. Depois de longo período e muita procura, conseguiram arranjar uma senhora que tinha vindo do interior e que parecia adequada para tirá-los de tamanha dificuldade. Reuniram os filhos e chegaram a um acordo: estava proibido reclamar do trabalho da empregada; depois de tanta luta não queriam correr o risco de perder aquele achado 141 raro. E a vida aparentemente voltou à normalidade. Logo surgiu um problema, a pobre criatura tinha vindo da roça e não estava acostumada com as modernidades da cidade. Fogão a gás e panela de pressão para ela era uma verdadeira novidade! O que ela conhecia era o famoso fogão a lenha e o caldeirão de alça comprida e não aquela maldita chama azul que se acendia com o triscar de uma cigarra e aquela panela esquisita que mais parecia uma maria-fumaça! Resultado: o feijão sempre saía queimado! No primeiro dia ela passou um aperto danado; quando colocou a tigela de feijão na mesa, o cheiro forte e característico de queimado exalou pelo ar. Pensou que ia perder o emprego que com tanto sacrifício tinha conquistado, mas simplesmente não aconteceu nada. Pai, mãe e filhos, temerosos do risco de perder a empregada se reclamassem, olharam uns para os outros, deram uma piscada de olhos e ficaram todos calados. Melhor comer feijão queimado do que voltar àquele inferno do passado. Os dias foram passando e ela não conseguia acertar a receita, o feijão sempre saia queimado. Como os patrões sempre estavam de cara boa e nunca reclamavam, foi ficando relaxada. No entanto a situação realmente a deixava intrigada, não conseguia entender por que eles não reclamavam. Um belo dia resolveu trocar umas ideias com a colega responsável pelos afazeres domésticos da vizinhança do lado. Ela tinha mais experiência e talvez pudesse entender o que se passava e ajudá-la. Conversa vai, conversa vem, comentou: - Sabe Mundica, desde que eu comecei a trabalhar nesta casa não acerto a mão para cozinhar feijão! Não consigo mexer naquele fogão de lata e naquela maldita panela que mais parece uma maria-fumaça e o raio do feijão sai sempre queimado! O mais estranho é que eu nunca vi patrões com um gosto tão esquisito! Parece que eles adoram comer feijão queimado! Eles ficam de cara boa e nunca reclamaram! E a conversa continuou por aí sem que a colega também conseguisse ajudá-la a esclarecer por que os patrões não se zangavam. Interessante é que elas não perceberam que os patrões do feijão queimado despropositadamente tinham ouvido a conversa da varanda do lado. Era tudo que ele precisava ouvir! No outro dia a empregada foi convidada para um bate-papo e recebeu o feedback dos patrões. Com muito jeito, disseram que 142 na verdade não gostavam de feijão queimado e se propuseram a ensiná-la como trabalhar com aquela maria-fumaça que tanto estrago tinha causado!... Depois de algum tempo e com algumas lições práticas, a doméstica tornou-se uma exímia operadora de panela de pressão e fogão a gás e o feijão parou de sair queimado! Muitas vezes não percebemos, mas acontecimentos do nosso dia a dia podem nos trazer valiosas lições para a vida profissional. Feedback, feijão queimado... E você no seu trabalho? Será que anda fazendo ou comendo feijão queimado e permanece calado?... MINICURRÍCULO Sócio-Proprietário da Cæsarius Consultoria Organizacional Ltda, Professor Universitário, Consultor Organizacional, Personal & Professional Coach, Escritor, Master Business Administration MBA em Gestão de Produção e Qualidade, Pós-Graduado em Gestão de Pessoas, Graduado em Gestão de Recursos e Produção 143 Geração Y e Liderança: um novo paradigma nas organizações Layza Cristina Moreira dos Santos A Geração Y é caracterizada por ser muito talentosa, sempre esteve inserida no meio digital, socialmente consciente, exigente e criativa. São profissionais que querem viver a vida agora, valorizam o tempo livre e a saúde no trabalho. Não se preocupam com estabilidade ou seguir carreira em uma única empresa, preferem ter várias experiências profissionais em diferentes organizações. Procuram lugares que sejam de fácil ascensão profissional e onde não precisam abrir mão da vida pessoal. São ambiciosos, amam aprender e ampliar seus conhecimentos e mentes tendo necessidade de treinamentos práticos. Querem que seu trabalho seja parte dos grandes objetivos da organização e saberem que seu trabalho é importante. A natureza rebelde é bem forte, pois o jovem dessa geração aprende desde o nascimento a ser o melhor, ter o melhor e sempre ser o vencedor. Essa rebeldia estimula as mudanças e abastece a organização de criatividade e inovação que podem ser geradas. A relação entre diferentes gerações, onde normalmente a Geração Y é subordinada, vem criando uma série de atritos, que fazem com que os líderes encontrem grande dificuldade para gerenciar e até mesmo reter estes profissionais na organização. O lider é uma influência marcante na Geração Y além da presença intensiva na sua formação pessoal e profissional. O importante para um líder é saber qual o seu real papel perante a Geração Y e para conseguir ter uma relação saudável com esse novo profissional, deve estar aberto, escutar o que têm a dizer e deixar de lado alguns estereótipos e noções preconcebidas. Eles precisam perce144 ber que os profissionais da Geração Y não possuem os mesmos valores e pontos de vistas que eles, como também não podem ser motivados pelos mesmos incentivos. Um ponto importante nessa relação é que os líderes devem aprender como canalizar e controlar a rebeldia tão forte na Geração Y. Uma das melhores táticas é envolvê-los nos projetos da companhia, pois lealdade é o ponto forte dessa geração. Se esse jovem não encontra um espaço onde possa satisfazer as suas necessidades e expectativas de carreira e de vida, ele simplesmente vai embora, um comportamento totalmente diferente dos profissionais mais antigos. Formalidade, processos longos e burocráticos irritam muito os jovens da Geração Y. Se sentem capazes de realizar boa parte das tarefas e trabalhos que lhes são atribuídos melhor que seus colegas mais experientes. Isso acontece devido à autoconfiança e desejo de responsabilidade presentes nesses novos profissionais. É uma geração que arrisca, e os resultados devem vir imediatos, não gostam de esperar pelo futuro, vivem o presente intensamente. A sede de novidade é grande e as organizações precisam estar abertas e atentas para absorver todo o conhecimento e possibilitar a integração dos mesmos. O despreparo da liderança em acompanhar e entender a sede de conhecimentos dos profissionais da geração Y está cada vez mais perceptível nas organizações. A liderança precisa reconhecer quais os fatores motivacionais dessa nova geração que precisa ter reconhecimento e receber elogios. Líder e liderados precisam estar mais próximos, os aprendizados devem ser uma constante, novidade e criatividade devem estar presentes no dia a dia desta geração, a divisão do trabalho deve ser realizada e pequenas recompensas são esperadas por estes novos profissionais. Para que esses conflitos comecem a serem amenizados, as organizações devem repensar as práticas de gestão de pessoas. Para Vasconcelos et al (2009, p.230) “o RH deverá repensar e adaptar ao novo perfil de profissional onde o velho modelo de recrutar, gerenciar e manter os novos profissionais não funciona mais”. Assim, pode afirmar que o excesso de normas, a inflexibilidade com horários, o controle excessivo, o desrespeito, a pressão e co145 mentários depreciativos podem trazer conseqüências desagradáveis na relação Líder versus Geração Y como aumento expressivo do absenteísmo e atestados médicos, desmotivação e ritmo de trabalho reduzido, afetando diretamente os resultados desta organização. Muito ainda precisa ser feito para melhorar a relação entre a liderança e os novos profissionais da Geração Y. Por essa razão, não chegamos a nenhuma conclusão definitiva e nem se pretende esgotar as possibilidades de mudanças que podem ocorrer dentro das organizações a partir de um trabalho intensivo para amenizar as diferenças profissionais. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COTA, Carolina. Afinal, o que busca a Geração Y?. Estado de Minas, Belo Horizonte, 23 outubro, 2011. Admite-se, 3, p. 3. KILBERMAN, Tatiane. O perfil da geração Y no ambiente de trabalho. Jan. 2010. Disponível em: http://blog.grupofoco.com.br/ focotalentos/index.php/2010/01/06/o-perfil-da-geracao-y-no-ambiente-de-trabalho/. Acesso em 02/10/2011. KILBERMAN, Tatiane. Take it easy, Geração Y!. Jul. 2010. Disponível em: http://blog.grupofoco.com.br/focotalentos/index. php/2010/07/16/take-it-easy-geracao-y/. Acesso em 02/10/2011. KILBERMAN, Tatiane. O que a geração Y realmente deseja do trabalho. Jan. 2010. Disponível em: http://blog.grupofoco.com. br/focotalentos/index.php/2010/03/03/o-que-a-geracao-y-realmente-deseja-do-trabalho/. Acesso em 02/10/2011. KNICKERBOCKE, Irving. Liderança: uma conceituação e algumas implicações. RAE – Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 1, n. 2, set/dez. 1961. Tradução de Journal of Social Isseus. Disponível em: HTTP://www.rae.com.br/rae/index.cfm. Acesso em: 24 set. 2011. LIPKIN, Nicole.; PERRYMORE, April. A Geração Y no trabalho: Como lidar com a força de trabalho que influenciará definitivamente a cultura da sua empresa. Tradução de Bruno Alexander. 146 Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. 232 p. Título original: Y in the Wokplace. MACEDO, Gutemberg B.; Geração Y: a Nova Força no Ambiente de Trabalho. Instituto Gutemberg. Disponível em: http://institutogutemberg.org/?p=14. Acesso em 02/10/2011. ROCHA, Márcia. Impacientes, infiéis e insubordinados. REVISTA EXAME. São Paulo: Abril, n. 0914, mar.2008. Disponível em: http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/0914/noticias/ impacientes-infieis-e-insubordinados-m0154779. Acesso em: 24 set. 2011. SOLOMAN, Charlene M. Como lidar com a nova geração de administradores – os baby busters. RAE – Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 34, n. 2, mar/abr. 1994. Disponível em: HTTP://www.rae.com.br/rae/index.cfm. Acesso em: 24 set. 2011. VASCONCELOS, Kátia C. A.; MERHI, Daniele Q.; GOULART, Vânia M.; In:______A Geração Y e suas âncoras de carreira. Revista Eletrôniva de Gestão Organizacional, Recife, v. 8, n. 2, mai/ ago. 2010. Disponível em: http://www.ufpe.br/gestaoorg/index. php/gestao/search/results. Acesso em: 24 set. 2011. Minicurrículo Profissional com formação acadêmica em Psicologia e pós graduada em Gestão Estratégica de Pessoas pela UNIBH. Experiência e atuação a mais de 15 anos em Recursos Humanos em todos os subsistemas como recrutamento, seleção, treinamentos e desenvolvimento profissional e Departamento Pessoal. Experiências profissionais em empresas de grande, médio e pequeno porte nos setores de prestação de serviços, transportes rodoviário de passageiros e carga e atualmente indústria de peças automotivas. 147 GESTÃO DE PESSOAS – QUAL O SEGREDO? Ana Patrícia de Souza Velloso “Para ser legitimado o modelo de gestão tem que ser construído com as pessoas.” “Não basta a representatividade do poder. É necessário participar, escutar, ter postura de humildade e criar o norte, o rumo.” “valores pessoais conectados com valores da empresa geram engajamento.” “São as pessoas quem legitimam a liderança.” Refletindo sobre as citações acima, eu paro para pensar qual o grande segredo para gerir um time, pessoas comprometidas e engajadas com um único e mesmo objetivo, oferecendo o seu melhor, inovando e em estado de felicidade. O QUE É GESTÃO DE PESSOAS? Gestão de Pessoas é administrar e gerir o capital humano. É também disseminar a cultura organizacional tendo conhecimento de todos os processos internos e os mecanismos de funcionamento dos elementos que compõem a empresa, envolvendo os colaboradores de forma harmônica. Todas as atividades em uma empresa, independentemente de sua natureza ou propósito, consomem recursos e geram produtos e serviços. A maneira de executar as atividades sofre influência 148 direta das crenças e valores implícitos nas regras, atitudes, comportamentos, hábitos e costumes que caracterizam as relações humanas na organização. Desta forma, a cultura organizacional, composta de crenças e valores, impacta os níveis de eficiência e eficácia das atividades executadas, ao determinarem o grau de importância das variáveis inerentes às atividades. A mudança na organização somente é efetivada se processada a necessária mudança da sua cultura. É preciso que as crenças e valores culturais da organização sejam movimentados juntamente com os processos, em busca de uma congruência. A empresa pode ser vista como um conjunto de atividades geridas por especialistas em áreas específicas, com visão parcial do todo. Assim, a empresa deve buscar a perfeita interação das crenças e valores das diversas áreas que a compõem. Quando os valores mais significativos de cada área forem compatíveis com os valores das demais áreas, haverá maior grau de congruência interna e conseqüente aumento de eficiência por diminuição de desperdícios de tempo e energia nas negociações. Como conseguir harmonia de interesses na gestão das áreas, com eficácia no cumprimento das missões individuais, e levar a empresa ao cumprimento de sua missão? Quais determinações possibilitam o melhor aproveitamento das potencialidades dos gestores, a obtenção do melhor nível de harmonia e ainda provocam adequada mudança organizacional? Quais princípios, crenças e valores devem caracterizar a cultura da empresa, para produzir as melhores condições de relacionamento entre as pessoas, efetivar os melhores resultados das atividades e favorecer a plena realização da missão da empresa e das pessoas? A solução para estas questões parece ser um tanto quanto ampla e subjetiva. Tal solução deve ter como escopo, fomentar uma cultura que seja inovativa, permitindo iniciativas próprias e flexibilidade que premiem os valores grupais, no sentido de buscar coalizão, identidade, interação e integração dos grupos de trabalho em torno de objetivos comuns; que possibilite, ao mesmo tempo, a atribuição de responsabilidades, linhas de poder e descrição clara 149 das funções, para a boa ordem das coisas; e que ainda permita o estabelecimento de processos de planejamento e controle, de visão centrada em resultados e estabilidade das atividades capazes de conduzir a empresa ao cumprimento de sua missão com eficácia, garantindo a sua continuidade. Os requisitos, que devem contemplar a solução do problema, necessariamente, devem considerar os seguintes aspectos, no que concerne à formação da cultura organizacional: • Criar condições para que as pessoas satisfaçam suas necessidades de relacionamentos; • Formar a identidade dos indivíduos e grupos; • Favorecer a motivação para a busca dos melhores resultados das atividades, que garantam a continuidade da empresa; • Oferecer condições de desenvolvimento das potencialidades e aperfeiçoamento de deficiências, individuais e de grupos; • Oferecer oportunidades de participação nas decisões em níveis adequados; • Garantir o envolvimento das pessoas com a missão das áreas com vistas à missão da empresa. A cultura, concebida como um conjunto de valores e crenças compartilhados pelos membros de uma organização deve ser consistente com outras variáveis organizacionais como estrutura, tecnologia, estilo de liderança. Da consistência destes vários fatores depende o sucesso da organização. As principais características da cultura podem ser percebidas através dos seguintes conceitos: Crenças: verdades concebidas ou aceitas a partir da observação de fatos e pela convivência em um grupo de pessoas; Valores: elementos que determinam a importância das coisas. Quando o conjunto de princípios, crenças e valores que caracterizam a cultura da empresa para produzir as melhores condições de relacionamentos entre as pessoas e efetivar os melhores resulta150 dos se encontram em harmonia, aí sim acontece a real Gestão de Pessoas com ganhos individuais e coletivos e conseqüentemente Lucros e felicidade, desenvolvimento e realização. A comunhão de valores e significados constitui poderosa força capaz de buscar as transformações necessárias. O respeito com e pelas pessoas. Este é o segredo da receita de sucesso. Assim, precisamos fomentar em nossas organizações a comunhão de significados e valores, os quais permearão os objetivos e metas a serem alcançados, potencializando as habilidades individuais e contribuindo para construção do coletivo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ITALIANINI Fernando. Gestão de Pessoas – A Principal ferramenta para o Sucesso LACOMBE, Francisco José Masset. Recursos Humanos: Princípios e Tendências CONARH – agosto de 2013 Minicurrículo Diretora de RH - MP CONSULTORIA RH. Psicóloga, especializada em consultoria organizacional e gestão de pessoas, proprietária da MP Consultoria em RH, tendo 20 anos de experiência na área de RH. Formação profissional em Coaching. Atua como consultora na área de recursos humanos para empresas, desenvolvendo ações relacionadas à Gestão Estratégica em RH, Programas de Desenvolvimento de Lideranças e Equipes, Coaching Executivo, ministra cursos e participa de seminários e congressos na área de Recursos Humanos. Alguns clientes atendidos: Ecx Card, Forno de Minas, Embaré, Total Alimentos Patrus Transportes, 5 á Séc Lavanderias, Breton Actual, Clínica Dr. Roberto Pereira Lima, Transremoção, Magazine Luiza, EMIVE, dentre outros. 151 Gestão de Pessoas – Um casamento perfeito com as pessoas na Organização Cláudia Maria Cardoso A Gestão de Pessoas, segundo Chiavenato, “é uma das áreas que mais tem sofrido mudanças e transformações nestes últimos anos... A Gestão de Pessoas tem sido a responsável pela excelência de organizações bem sucedidas e pelo aporte de capital intelectual que simboliza, mais do que tudo, a importância do fator humano em plena era da informação”. A pergunta é o que o casamento tem a ver com o RH? Com base no Aurélio, “casamento é a união legal entre o homem e a mulher”. É um compromisso assumido por duas pessoas, com o propósito de compartilhar a vida juntos. Na igreja Católica o compromisso assumido é: “Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, amando e respeitando todos os dias da vida. Até que a morte os separem”. Com base nestes conceitos, fica mais claro entender que, quando o profissional assume atuar na área de RH, ele assume também o mesmo compromisso assumido no casamento. É possível relacionar todos os subsistemas da Gestão de Pessoas com cada item assumido no matrimônio. É a área que vai cuidar, desde a fase da sedução para o namoro (R&S), até a morte (desligamento). Ao relacionar os itens do compromisso com a gestão de pessoas é importante lembrar que há muitas atividades envolvidas e que não caberia relacioná-las neste artigo, embora façam parte do compromisso assumido. 152 Na alegria: • Provisão: Quando encontra candidato com as competências necessárias; quando o candidato é selecionado e é admitido e quando as vagas são preenchidas corretamente. • Aplicação: Quando desenvolve programas de desenvolvimento das competências e das carreiras, melhorando os resultados dos profissionais e da empresa. Assim como as ações que promovem as promoções, os aumentos salariais e as projeções nas carreiras. • Manutenção: Quando não mede esforços para oferecer os melhores planos de benefícios sociais, desenvolver vários projetos de qualidade de vida no trabalho, cuidar da manutenção de segurança e saúde do trabalhador, zelar pelo meio ambiente ou ainda, manter todos os pagamentos em dia, assim como todos os processos internos de acordo com a legislação e de acordo com a Ética. • Desenvolvimento: Através dos programas de treinamento e de desenvolvimento das competências e das carreiras. • Monitoração: Utilização de programas informatizados que agilizam o processo e trazem maior credibilidade para a área, bem como ações de responsabilidade social. Na tristeza: • Provisão: Quando falta mão de obra necessária para as vagas ou quando há a necessidade de comunicar que o candidato não foi aprovado; processos de desligamentos, seja na comunicação ou na entrevista de desligamento. • Aplicação: Quando as empresas não valorizam o funcionário. Quando não há plano de carreira; quando não há avaliação das competências e não há política salarial definida. Quando o RH tem que dizer “não” para a busca salarial ou crescimento profissional. • Manutenção: Quando a empresa precisa cortar benefícios; não possui segurança ativa na empresa e aumenta o índice de acidentes e afastamentos. 153 • Desenvolvimento: Quando faltam verbas para desenvolver os programas de treinamentos ou quando os profissionais não possuem interesse em participar das ações planejadas. Bem como, quando a área é vista como uma despesa e não como um investimento. • Monitoração: Quando a empresa não busca investimento na área e os recursos são limitados, além do desinteresse em programas sociais. Na saúde: • Quando a empresa procura desenvolver ações que visam melhoria da saúde do trabalhador, como a ginástica laboral e ações educativas e preventivas. A implantação e a manutenção de planos de saúde e odontológicos. Parcerias com academias, com clubes, cinemas e outras ações de qualidade de vida. Na doença: • Quando acompanha os afastamentos, os índices de absenteísmo, os acidentes de trabalho, ao desenvolver ações para evitar que a doença permaneça na empresa. Até mesmo na hora da morte, o RH é responsável por acompanhar o processo. Amando e respeitando todos os dias: • Quem atua na área de Gestão de Pessoas tem que amar o que faz, pois se sabe que lidar com pessoas não é fácil, mas é desafiador e recompensador a partir do momento em que há respeito e dedicação. O maior desafio hoje é fazer com que as organizações valorizem o capital humano e permitam que o RH atue com criatividade e estratégia para melhorar os resultados da organização com e para as pessoas. O respeito a elas é a chave para o sucesso na área e no “casamento”. A Gestão de Pessoas está em fase de transformação e de crescimento. Por isso, percebe-se o número de alunos que estão nos cursos de RH, seja na graduação, pós-graduação, MBA, mestrados, doutorados e nos demais cursos da área. 154 É a confirmação de que a Gestão de Pessoas está ganhando espaço e que mais pessoas buscam assumir o compromisso, assim como no casamento. As relações estão cada dia mais dinâmicas e desafiadoras dentro das empresas. Assim, a Gestão de Pessoas tornou-se um casamento perfeito com as pessoas na organização. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. Rio de Janeiro: Campus, 1999. MINICURRICULO Psicóloga Organizacional pela PUC MINAS, Pós-graduada em Gestão Estratégica de Recursos Humanos pela UNI BH, MBA em Gestão Empresarial pela FGV. Coaching pela Sociedade Latino Americana de Coaching. Possui vasta experiência na área de Gestão de Pessoas em diversos segmentos públicos e privados. Atualmente é Gerente de Recursos Humanos da Saquetto Industrial e Professora Universitária nas Faculdades IBHES e FACEMG. 155 Gestão do clima organizacional – uma ferramenta estratégica na gestão de pessoas Marcilene Martins da Silva Gonçalves Estamos vivendo a era do pleno emprego e convivendo com o “apagão” de talentos, com isso as empresas se preocupam cada vez mais em atrair, manter e reter seus talentos. E para que isso aconteça é importante fazer a gestão do clima, procurar o que motiva, estimula, satisfaz seus colaboradores. É preciso verificar qual é o melhor clima, o que fazer para agradar ao maior número de pessoas, fazendo com que elas se sintam bem, se sintam parte da organização e nela queiram permanecer. A pesquisa de clima é algo fácil de realizar e hoje o mercado disponibiliza várias opções como softwares, consultorias especializadas que podem auxiliar o RH nesse momento. Alguns autores que tratam desse tema recomendam que a pesquisa seja feita por um consultor externo, pois dessa forma garante-se a imparcialidade na apuração do resultado tornando-o real. Segundo Rizzatti (2002), o clima organizacional é uma característica duradoura da cultura organizacional, uma manifestação dessa cultura, enquanto a cultura é uma característica da organização, um registro da sua historia. A cultura é composta por um conjunto de normas, crenças, valores e mitos que definem o comportamento dos membros, ela norteia o comportamento e o desempenho de seus membros. A cultura determina como se dão as relações interpessoais, a comunicação, a busca da qualidade, a criação de valor. Wagner III (2000) define quatro importantes funções da cultura organizacional: 156 a) Dar aos membros uma identidade organizacional; b) Facilitar o compromisso coletivo; c) Promover a estabilidade organizacional; d)Moldar o comportamento ao ajudar os membros a dar sentido ao seu ambiente. A gestão do clima organizacional pode contribuir de forma positiva para essas funções, uma vez que identificada a percepção dos funcionários sobre os fatores que causam satisfação a organização pode atuar na melhoria de tais fatores. Através da identificação do clima, de uma gestão efetiva dele o RH consegue propor, executar e acompanhar várias ações que integrem as áreas da empresa e intervir de forma positiva fazendo com os profissionais dessa organização queiram nela permanecer. Já Coda (1993) afirma que o clima organizacional indica a satisfação dos clientes internos da empresa, no que se refere à cultura, a identificação com a empresa, a valorização das pessoas, a missão e visão e o processo de liderança e comunicação. Através do clima é possível descrever a percepção das pessoas em relação ao ambiente de trabalho e a organização. Coda classifica o clima como favorável, desfavorável ou neutro. Coda afirma: “O clima organizacional diz respeito ao que as pessoas acham que existe e que está acontecendo no ambiente da organização em determinado momento, sendo, portanto a caracterização da imagem que as pessoas têm dos principais aspectos ou traços vigentes na organização. (....) só pode ser compreendido em termos das percepções das pessoas que fazem parte da organização. (....) é uma medida da percepção que os empregados têm sobre o grau de satisfação em relação a determinadas características do ambiente de trabalho da organização onde atuam”. Diante dessa afirmação é fácil verificar na prática que quando há uma gestão do clima, a empresa consegue ter uma visão mais clara dos problemas, das situações a serem alinhadas e consegue reduzir a rotatividade além de consolidar a cultura e trabalhar de forma positiva a imagem da organização frente aos seus colaboradores e á comunidade. 157 Dessa forma a gestão de clima organização é uma ferramenta altamente eficaz na gestão de pessoas e pode contribuir de forma significativa na atração, manutenção e retenção de talentos. A prática como gestora em várias organizações, onde passei, mostrou de forma clara que todo gestor de RH precisa se qualificar para utilizar todos os benéficos que essa ferramenta pode proporcionar em sua gestão e utilizá-la de forma plena. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CODA, R. Estudo sobre clima organizacional traz contribuição para aperfeiçoamento de pesquisa na área de RH. In: Boletim Administração em Pauta, suplemento da Revista de Administração, São Paulo. IA-USP, n. 75, dez., 1993. RIZZATTI, G. Categorias de análise de clima organizacional em universidades federais brasileiras. Florianópolis, 2002. Tese (Doutorado).Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas, Universidade Federal de Santa Catarina. WAGNER III, J. A. Comportamento organizacional: criando vantagem competitiva. São Paulo: Saraiva, 2000. Minicurrículo Mestranda em Administração. Especializada em Gestão Estratégica com foco em Gestão de Pessoas. Especializada em Ensino a Distância. Bacharel em Administração com ênfase em Recursos Humanos. Consultora da Empregar Talentos. Coordenadora do curso de Tecnologia em Gestão de Recursos Humanos na FABE do grupo UNIS. Professora Universitária na FABE do grupo UNIS. 20 anos de atuação em Recursos Humanos. 158 INCLUSÃO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NO TRABALHO: AVANÇOS E DESAFIOS: um problema social ou empresarial? Cleidison da Silva Santos O presente trabalho possibilitou a investigação da forma que estão sendo implantadas as modificações organizacionais a partir da determinação judicial conforme a lei 8.213/91, que em suma garante a inserção das pessoas com deficiência PCD no mercado de trabalho. A partir deste marco, inicia os desafios encontrados pelas organizações para realizarem a inclusão. Evidencia-se a permanência de trabalhadores dentro de instituições apenas em decorrência da lei de cotas sendo este um dos desafios encontrados pela organização no processo de contratação de PCD, alegando não ter pessoas qualificadas que atendem o perfil desejado pela empresa. Neste panorama está lançada à ambigüidade de desafios: Pessoas desqualificadas para o trabalho x O cumprimento de lei de cotas. A ocorrência dos desafios encontrados conclui-se que se trata de um problema social devido à precariedade de desenvolvimento social, escolar e direito de cidadania por parte de políticas governamentais e também por falta de políticas de inclusão empresarial, mas independente da causa as organizações tende a lidar com este panorama, pois, os desafios estão lançados, como contratar sem que o eixo principal tenha como fundamento apenas cumprir a lei de cotas? A dificuldade na relação deficiência/trabalho no processo de inserção no mercado de trabalho se dá pela inadequação do processo 159 de formação escolar, preconceito social e a falta de conhecimento do potencial destas pessoas, ou seja, inicia-se antes de chegarem às organizações. Então, como solucionar um problema social a partir das organizações? Qual a função ou responsabilidade social de uma organização frente a este desafio? Por se tratar de uma recíproca, onde os eventos sociais influenciam nas organizações e as políticas organizacionais afetam a sociedade, como manter um equilíbrio? Diante o exposto, tendo em vista a responsabilidade e a importância da participação social das empresas para a modificação do quadro social de exclusão do mercado de trabalho, tendo em vista que o mundo dos negócios tem uma ligação direta com a sociedade (ETHOS, 2002). Em grande parte a deficiência está associada ao estereótipo de impossibilidade de trabalhar. Tal pensamento pode ter propiciado a situação atual destas pessoas que não estão inseridas no mercado de trabalho, em razão de não ter emprego ou uma renda financeira de seu próprio trabalho. Esta forma de abandono pode causar adoecimento nestas pessoas tendo como uma das consequências a redução da qualidade de vida, assim comprometendo a responsabilidade social (BENTO; CASTELAR, 2001). Desta forma a inclusão social ainda é um grande desafio para a sociedade brasileira. A sua discussão perpassa os setores públicos e privados, tendo como pauta a discriminação, preconceito e atualmente a garantia de se obter um trabalho formal. A integração de pessoas com deficiência constitui um obstáculo para a sua inclusão social, devido à falta de conhecimento a respeito da capacidade destas pessoas (MTE, 2002). Batista (2004, p.18), diz que “estas definições deixam claro que a busca pela inclusão social das pessoas portadoras de deficiência significa, ao mesmo tempo, busca por uma sociedade mais evoluída, em termos de justiça social”. Percebe-se um aumento de trabalhadores nas organizações e um comprometimento maior por parte das empresas, pois, em algumas existem programas específicos para modificações, adaptação e socialização destes profissionais, diminuindo assim as limitações existentes. 160 Ainda tem-se muito a ser desenvolvido no campo da inclusão, seja nas organizações de trabalho, escolas ou na sociedade, para possibilitar paras estas pessoas o direito de exercerem sua cidadania com igualdade e equidade perante todos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BENTO, Maria Aparecida Silva; CASTELAR Marilda: Inclusão no Trabalho: desafios e perspectiva/ Conselho Regional de Psicologia de São Paulo, 2001. BASTISTA, Cristina Abranches Mota: Inclusão: inclusão na diversidade/ Cristina Abranches Mota Batista- Belo Horizonte: Armazém de Idéias, 2004 BRASIL. Constituição Federal de 1988. Vademecum. 9a Edição atual. e ampl. Editora Saraiva: São Paulo. 2010. INSTITUTO ETHOS: O que as empresas podem fazer pela inclusão das pessoas com deficiência /coordenação Marta Gil. - São Paulo: Instituto Ethos, 2002. MISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. MTE atualiza norma de fiscalização sobre inclusão de pessoas com deficiência. http:// portal.mte.gov.br/imprensa/mte-atualiza-norma-de-fiscalizacao-sobre-inclusao-de-pessoas-com-deficiencia.htm. Acesso em 17 de agosto 2012. Minicurrículo Formação: Psicologia – (PUC-MINAS) concluído em 2012. Experiência Profissional Atual: Viação Pássaro Verde LTDA, Belo Horizonte/MG. Cargo: Analista de Recursos Humanos. Período: junho de 2012 – atual. 161 Liderança Responsável, a visão estratégica para a prosperidade dos negócios Ralph Chelotti Objeto de estudo ao longo da história e da evolução no tempo, a Liderança, continua sendo matéria de definições, significações e entendimentos. Muito mais que tentar explicar as significâncias literais, proponho uma reflexão diferente, e uma discussão mais complexa, consistente, e interessante para o termo. Se pensarmos em Liderança como a gestão responsável pelo processo de conduzir um grupo de pessoas, transformando-o numa equipe que gera resultados, equivocamo-nos, mas não em totalidade. Se transformarmos esse pensamento de Liderança para uma gestão alicerçada em ‘colunas seguras’ da responsabilidade, da dedicação, e da competência, com habilidade de motivar e influenciar não só os liderados, mas todos ao seu redor, de forma ética e positiva, para que contribuam voluntariamente e com entusiasmo para alcançarem os objetivos da equipe e da organização contribuindo ainda para o desenvolvimento humano e social, aí sim entendo que estejamos falando daquilo que acredito ser a verdadeira Liderança, a Liderança Responsável. Capaz de contrabalancear a gestão de pessoas e a gestão de resultados, criando significado ao trabalho das pessoas, o líder responsável tem uma visão de longo prazo e pensa além dos interesses individuais e corporativos. Ele é engajador e identifica necessidades e desejos de pessoas e grupos, atuando como facilitador nesse processo de evolução e desenvolvimento. 162 Entendo que a liderança responsável não pode ser uma escolha, mas deve se tornar uma obrigação das organizações. Líderes responsáveis pensam a longo prazo, entregam os resultados certos da forma correta, usando os recursos de uma forma mais eficiente e eficaz, gerando crescimento e sustentabilidade, e dessa forma criando mais valor, satisfazendo os clientes que querem compartilhá-lo. Obter resultados da forma correta significa lucros superiores e de longo prazo, proporcionando crescimento e sustentabilidade, tratando pessoas e instituições de forma justa e com equidade. Justiça transmite confiança e lealdade, o que é chave para os bons negócios. Significa honestidade, significa ter uma visão ampla do impacto das escolhas da empresa na comunidade local, na sociedade e no meio ambiente, significa respeito com seus stakeholders. Preocupar-se com uma decisão e seus impactos, principalmente, com as implicações no desenvolvimento da sociedade, é um pensamento que faz um líder ser diferenciado ganhando o ‘status’ de líder responsável. Esta liderança tem presença responsável, é equilibrada em seus valores, é coerente, congruente e é exemplo. Sua ação transforma a visão da empresa em uma ideia a ser perseguida, desejada e querida por aqueles que nela atuam. Pesquisas científicas apontam que as organizações que adotarem uma ideologia diferenciada como a Liderança Responsável conseguirão perenidade, sustentabilidade e rentabilidade, ao mesmo tempo agregando valor à sociedade, pois, tem como foco permanente a satisfação simultânea de todos os stakeholders: com ênfase no colaborador, cliente e sociedade, como meio de melhoria contínua dos seus resultados econômico-financeiros (consequentemente, satisfazendo os acionistas). Hoje se perde muito tempo nas organizações, e se tem baixo nível de produtividade e resultado abaixo do esperado, muitas vezes por falta de verdadeiros líderes. O líder engajador tira o máximo de seus colaboradores ‘subordinados’ porque as pessoas querem tanto agradá-lo que extrapolam na performance. Com essa visão, acredito que as empresas deveriam começar a repensar em seu futuro levando em consideração a importância das pessoas, não só aqueles que diretamente ajudam a desenvolver o negócio, mas de todos os que direta e indiretamente influenciam 163 nesse processo, sabendo que podem ter resultados melhores se desenvolverem uma liderança responsável. Minicurrículo Eng. Mecânico e Administrador de Empresas, Pós-Graduado em Administração e Organização de Empresas, Especialista em Gestão Estratégica de Pessoas e Mestrando Profissional em Ciências Contábeis com foco em Administração Estratégica. Experiência adquirida em 35 anos, como EXECUTIVO DE RH em grandes empresas nos seguintes segmentos: Mineração, Siderurgia, Telecomunicações e Engenharia de Estrutura Metálica. Sócio-Diretor da HUMANISH – Instituto Ser Humano Consultoria Empresarial e de RH.Palestrante, Professor da FGV, FAESA-ES, UCL-ES e FMN-PE nos cursos de Pós-Graduação e MBA. Consultor Organizacional e Coach em varias empresas. Ex- Presidente da ABRH-NACIONAL no período de 2004 até 2009. 164 LIDERANÇA: O novo papel dos líderes dentro das Organizações Tatiana Brandão de Ávila O cenário atual é de um mundo globalizado que vive turbulentas e constantes mudanças, onde a concorrência é acirrada e exacerbada. As Organizações estão cada vez mais agressivas em suas metas, objetivos e planejamento estratégico. Mediante essa competitividade, percebe-se uma consistente tendência das Corporações de descentralizar o processo de Gestão de Pessoas. No passado a responsabilidade era da área de Recursos Humanos. Com a evolução ao longo da história, essa premissa tornou-se uma função dos gerentes de linha. O RH passou a atuar como um agente estratégico para favorecer a reflexão de novos planos no âmbito empresarial e preparar e orientar líderes para a nova realidade. Os líderes de hoje precisam ser capazes de enfrentar a hipercompetitividade e aumentar a produtividade das empresas através das pessoas. Liderança é a capacidade de conduzir um grupo de pessoas transformando-a numa equipe que gera resultados. É a habilidade de motivar e influenciar os liderados de forma que contribuam, voluntariamente, para a empresa alcançar um objetivo. Falconi (2009, p. 14) é categórico ao afirmar que liderar é bater metas consistentemente, com o time fazendo certo. Quem não bate metas não é líder. Assim sendo, é fácil compreender que o papel do líder dentro das Organizações é o alcance dos resultados através de uma gestão de pessoas, estratégica, eficiente e eficaz. Um líder deve inspirar confiança, incentivar, ser perceptivo e atuar como Coach. O verdadeiro líder promove mudanças por meio de ações criativas. Opera como um facilitador de processos. O líder como 165 gestor de equipe, tem a obrigação de saber atrair, treinar, reter, reconhecer, valorizar e desenvolver as competências e habilidades dos liderados, de forma que eles consigam buscar as melhores alternativas para soluções de problemas do cotidiano. Ulrich (1998, p. 29) declara que as empresas bem sucedidas serão aquelas mais experientes em atrair, desenvolver e reter indivíduos com habilidades, perspectiva e experiência suficientes para conduzir um negócio global. O líder tem a responsabilidade direta pela condução dos seus liderados. Bichuetti (2011, p. 50) abrevia sua afirmação: Gestão de gente não é lá com o RH. É com você gestor. A área de RH deve prover o apoio necessário para que ele possa desempenhar esse papel. As pessoas somente se comprometem com a empresa quando acreditam que fazem a diferença. Compete ao líder motivar e ampliar suas habilidades e competências para melhoria do desempenho individual e organizacional. As Organizações já perceberam essa nova tendência do gestor de equipes. As pessoas são a mola propulsora que dá vida às Corporações e os gestores e dirigentes devem atuar como educadores corporativos. Bichuetti (2011, p. 51) contribui com o ensinamento a respeito do papel do líder dentro das Organizações: “Cada gestor deve, portanto, entender e praticar aspectos fundamentais que são de sua responsabilidade, e não com o RH: as organizações são movidas por pessoas; equipes sem competência e sem motivação chegam a resultados medíocres; [...]. Há outros aspectos a considerar, como participação ativa em todo o processo de contratação (definição de perfil, entrevistas, avaliações e aprovação de contratação); o executivo, não o RH, é o responsável pela decisão final; avaliação criteriosa de cada pessoa, antecedida por uma autoanálise de seu comportamento como chefe; compreensão de ser o principal educador do pessoal; [...], paciência para ouvir a equipe, pois a ouvidoria não é a área de recursos humanos; assunção da responsabilidade pelas demissões e comunicá-las; repetir a si mesmo todos os dias: ‘Eu sou o responsável por minha gente’”. Assim sendo, conclui-se que compete aos líderes, enquanto gestores de equipes, a tarefa de gerir seu pessoal e esta missão é 166 indelegável. Sintetizando na concepção de Bichuetti (2011, p. 172) gerir gente é saber definir as necessidades do pessoal, reconhecer que o capital humano é o propulsor que move e dá vida às empresas e capitalizar de cada membro da equipe suas competências. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FALCONI, Vicente. O verdadeiro poder. Nova Lima: INDG Tecnologia e Serviços Ltda., 2009. BICHUETTI, José Luiz. Gestão de pessoas não é com o RH. São Paulo: Lafonte, 2011. ULRICH, Dave. Os campeões de recursos humanos: Inovando para obter melhores resultados. 8. ed. São Paulo: Futura, 1998. MINICURRÍCULO Pedagoga. Pós-Graduada em Gestão Estratégica de Pessoas. 167 Marketing Pessoal E Comportamento Organizacional Roberta Nascimento O contexto da gestão de pessoas é formado por pessoas e organizações. As pessoas passam boa parte de suas vidas trabalhando dentro de organizações. De um lado, o trabalho toma considerável tempo das vidas e dos esforços das pessoas, que dele dependem para a subsistência e sucesso pessoal. De outro lado, as organizações também dependem direta e irremediavelmente das pessoas para operar, produzir seus bens e serviços, atender seus clientes, competir nos mercados e atingir seus objetivos globais e estratégicos. Uma relação de mútua dependência na qual há benefícios recíprocos, simbiose entre pessoas e organizações. Ser uma pessoa ou uma organização eficaz não é mais uma opção atualmente, é o preço que se paga para entrar em campo. Mas, sobreviver, desabrochar, inovar, mostrar excelência e liderança nesta nova realidade exige que se vá mais além da eficácia. O Marketing Pessoal pode ser definido como um conjunto de ações estratégicas, atitudes e comportamentos que conduzem a trajetória pessoal e profissional para um feliz sucesso por meio de qualidades e habilidades inatas ou adquiridas do indivíduo que, aperfeiçoadas, promoverão comportamentos favoráveis à realização dos seus próprios objetivos. Na retenção de talentos, a organização deve: reconhecer as diferenças individuais; ajustar personalidade ao cargo; trabalho que dê condições de usar as próprias habilidades; utilizar metas e assegurar que sejam percebidas como factíveis; política de benefícios; 168 recompensas justas; individualizar as recompensas; ligar as recompensas ao desempenho; não ignorar o dinheiro; verificar a equidade do sistema; política e práticas de treinamento e desenvolvimento de pessoal; política e prática de administração de pessoal. O clima organizacional está relacionado com o grau de motivação de seus empregados e pode ser desenvolvido pelas variações das condições econômicas e do estilo de liderança. Uma vez criado, o clima organizacional passa a provocar poderosa influência sobre a motivação e, correspondentemente, sobre o desempenho, satisfação no cargo e produtividade, mostrando-se muito favorável. O que se pode observar, também, é que a liderança tem um papel fundamental na criação de um bom ambiente de trabalho, onde as pessoas têm prazer em trabalhar, pois os líderes são responsáveis pela integração da sua equipe de trabalho e pelo reconhecimento e valorização das pessoas para retê-las na organização. Gerenciar pessoas é cada vez mais uma responsabilidade da gerência de linha. Nessa abordagem, as pessoas são consideradas seres humanos e não simples recursos empresariais. Suas características e diferenças individuais são consideradas e respeitadas, pois elas são dotadas de personalidades singulares, de inteligência e de aptidões diferenciadas, de conhecimentos e habilidades específicos. Mais ainda. Nas organizações bem sucedidas, não se fala mais em administrar ou gerenciar pessoas. Fala-se em administrar com as pessoas, como se elas fossem parceiras do negócio e não elementos estranhos e separados da organização. Isso tem um novo significado. Existe um consenso de que o principal cliente da empresa é o seu próprio funcionário. Daí o surgimento do endomarketing, o marketing interno cujo objetivo é manter os funcionários informados sobre as filosofias, políticas e objetivos da empresa, integrá-los através de programas amplos e abrangentes, assisti-los em suas necessidades e aspirações e desenvolver esforços para que as pessoas se sintam orgulhosas de pertencer e colaborar com a organização através de dinâmicas relações de intercâmbio. Daí também a administração holística, que visualiza o homem dentro de um contexto organizacional humano e não mais como uma peça ou componente qualquer do sistema produtivo. Administrar com as pessoas é sinalizar uma nova mentalidade empresarial. 169 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: BEKIN, S. F. Conversando sobre endomarketing. São Paulo: Makron Books, 1995. BUHRER, Ivan Ricardo. MARIN, Luiz Carlos. Poder e Cultura nas Organizações. Ponta Grossa – Paraná. N° 01 – 2004. DACAL, Edson. Marketing Pessoal. Disponível em: http://www. ceunsp.edu.br/eventos/seminfo/material/marketing_pessoal. pdf. Acessado em: 15/03/2010. CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. FRANÇA, Ana Cristina Limongi. Práticas de Recursos Humanos: conceitos, ferramentas e procedimentos. São Paulo: Atlas, 2007. LIMA, Ari. Marketing Pessoal: 10 razões para começar agora. Disponível em: http://www.algosobre.com.br/marketing/marketing-pessoal-10-razoes-para-comecar-agora.html. Acessado em: 15/03/2010. TORTORETTE, Maiara. A importância do líder para o desenvolvimento da organização. Disponível em: Catho – newsletter –http://www.catho.com.br/jcs/inputer_view.phtml?id=11560. Acessado em 07/03/2010. MINICURRÍCULO Psicóloga, formada do Centro Universitário Newton Paiva em 2008. Pós graduação em MBA Gestão de Recursos Humanos em 2012. Experiência de cerca de 7 anos na área de RH/Treinamento e Desenvolvimento – Capacitação de Colaboradores. Como experiências profissionais passei pela BELGO BEKART/MG, GESTÃO RH – CONSULTORIA e atualmente trabalho na empresa MULTIPLA DISTRIBUIDORA E LOGISTICA LTDA. – MEGA GIRO como Analista de RH. 170 Momento Coachingback - retroabastecer os liderados com perguntas assertivas Luana de Souza Teixeira Você já ouviu a frase: “Eu não recebia feedback ou raramente recebi feedback.” Quando questionamos as pessoas em entrevistas sobre os feedbacks que já receberam anteriormente, muitos candidatos não se recordam ou simplesmente respondem que não recebiam feedback de seus líderes. As pessoas além de buscarem aprendizado, segurança, remuneração e carreira, querem ser reconhecidas pelo seu trabalho e muitos colaboradores gostariam de receber feedback, acreditando ser um momento fundamental para apoiá-los no seu desenvolvimento. No contexto organizacional, o processo de feedback é essencial para gerenciar uma performance focada em resultados e no desenvolvimento pessoal e profissional. Porém, muitos líderes consideram dar feedback bastante desafiador. As empresas estão preparando seus líderes para que eles atuem de forma assertiva ao dar o feedback? Quais as principais dificuldades enfrentadas nesse momento? Saber fazer boas perguntas é essencial, pois liderar não é dizer às pessoas o que fazer, é ajudá-las a reexaminar o que estão fazendo no sentido de suas intenções. Os lideres se preparam para realmente perguntarem de forma assertiva durante o feedback? O que estão gerando de ação no outro, quando perguntam? 171 Por que não dedicamos mais tempo e energia na criação de perguntas criativas, desafiadoras e que fazem o outro pensar? As principais razões estão na nossa educação e nas práticas gerenciais de muitas empresas. A cultura que orienta nossa educação focaliza mais o aprender a “resposta certa”, através da memorização de respostas prontas, ao invés de valorizar a arte de formular a “pergunta certa”. Testes, exames e concursos reforçam o valor de ter a resposta certa. Professores dogmáticos se preocupam mais em disseminar suas convicções do que desenvolver as habilidades de raciocinar e questionar em seus alunos. Alguém já disse: “Não é a resposta que nos ensina, mas a pergunta.” As práticas gerenciais, mesmo querendo inovar, não demonstram muita tolerância para as mentes criativas e questionadoras. Essas práticas valorizam mais aqueles que agem rápido e dentro das regras estabelecidas, mesmo que as causas dos problemas permaneçam intocadas e as “soluções” tenham efeitos transitórios. O ritmo rápido dos negócios reduz o tempo disponível para explorar novas possibilidades e oportunidades de inovação. O futuro acaba sacrificado pela correria do dia a dia, as urgências não deixam espaço para as coisas importantes e as perguntas inovadoras não são formuladas. Fazendo uma junção do significado de Feedback (alimentar novamente ou retroabastecer) com a premissa básica do Coaching (arte de fazer perguntas), vamos falar de Coachingback como diferencial de um Líder Coach (líder que entende o potencial de seus liderados e reconhece o seu papel no desenvolvimento destes). De acordo com Peter Drucker: “O líder do passado era uma pessoa que sabia como dizer. O líder do futuro será uma pessoa que sabe como perguntar.” A pergunta é a ferramenta mais poderosa do Coaching, elas são as respostas. Perguntas devem estimular a ação, gerar opção, criar comprometimento e propiciar autoconhecimento. O momento de coachingback é uma fase do ciclo em que o líder e seu liderado têm a oportunidade de conversar sobre o trabalho realizado, sobre os comportamentos esperados no desempenho das atividades, reforçando os pontos de força e esclarecendo as 172 necessidades de desenvolvimento. É um momento propício para alinhar expectativas, criar uma relação de parceria, identificar uma linha de raciocínio que propicie uma melhor tomada de decisão para as novas metas e uma futura entrega mais assertiva. É de grande importância por ter caráter imediato e estimular de forma eficaz a manutenção de comportamentos desejáveis e o aprimoramento de outros comportamentos, através da reflexão provocada pelas perguntas certas elaboradas pelo líder coach. No processo de coachingback o líder coach devolve a responsabilidade para seu liderado. Possibilita refletir sobre o seu interior e encontrar suas próprias respostas e recursos, estabelecer metas e se manter focado até realizá-las, aumentando sua capacidade de se responsabilizar pela própria vida e carreira. O desenvolvimento pessoal e profissional, através de recursos internos e da quebra de crenças limitantes, amplia as competências individuais que passam a ser um grande diferencial competitivo, tanto para a carreira do profissional como para as empresas. Já parou para pensar sobre o significado de uma pergunta e a arte de fazê-la? Perguntar significa estar interessado e dar atenção ao outro com quem estamos falando. Ao fazermos isso, colocamo-nos à disposição com o real interesse de ouvir, compreender e valorizar todas as respostas dadas, propiciando um ambiente de conversa e confiança. As perguntas criam o clima de diálogo e um envolvimento entre comunicadores. Quando bem colocadas, permitem reflexões e respostas novas - as quais o interrogado nunca havia pensado ou dado antes. Sendo adequadas, levam às respostas que solucionam problemas, eliminam dúvidas e apontam novos caminhos. O processo de perguntar requer planejamento, habilidade, prática e saber escutar na essência para que o liderado amplie suas possibilidades de respostas, podendo ter infinitas colocações. Sabendo perguntar, você consegue obter informações que estão além da própria resposta e provocar a reflexão com foco na solução e não no problema. Esta atitude faz com que os liderados aprendam a pensar e a encontrar as soluções por si mesmos, usando seus potenciais e tornando-se agentes de transformação de si e das organizações às quais pertencem. Já dizia Galileu Galilei: “Não se pode ensinar nada a um homem. Pode-se apenas ajudá-lo a encontrar as respostas dentro de si.” 173 Saber perguntar é dominar a arte de ser um espelhamento fiel do outro, no qual o espelhado se enxerga muito melhor. Convido a todos a praticarem o coachingback e apoiarem pessoas a aprender a aprender, pensar por si próprias e estimular as lideranças na habilidade de retroabastecer seus liderados com perguntas assertivas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MISSEL SIMONI- Feedback Corporativo. Como saber se esta indo bem. Editora Saraiva. Recursos Humanos - Coletânea de Artigos - Livro II - 2012- Ecx Card - Difusão do Conhecimento Master Coaches- Técnicas e relatos de mestres do coaching- Editora Ser Mais, 2012. SIQUEIRA, Jairo. Criatividade Aplicada. Disponível em: <http:// criatividadeaplicada.com/2011/07/28/a-arte-das-perguntas-criativas-e-desafiadoras/. Acesso em 13 de outubro de 2013. MINICURRÍCULO Psicóloga graduada pela FUMEC, especialista em Gestão de Pessoas pela UFMG e Coaching pelo Instituto Brasileiro de Coaching (IBC), possuindo as certificações internacionais BCI - Behavioral Coaching Institute; ECA - European Coaching Association; GCC - Global Coaching Comunity; IAC - International Association of Coaching e certificações nacionais Behavioral Analyst - Instituto Brasileiro de Coaching (IBC) em conjunto com a UFMG. Experiência com Desenvolvimento de Pessoas, processos e subsistemas relacionados à RH, como Head Hunter, Atração e Seleção por Competência, Treinamentos, Remuneração, Cultura e Clima, Retenção de Talentos. Conhecimento e prática em diversos testes psicológicos, pesquisas comportamentais, elaboração de laudos, dinâmicas de grupo e jogos empresariais. Atuação Coordenação de Projetos, Consultoria, Gestão de Programas com foco em Desenvolvimento (Trainee, Estágio, Pessoa com Deficiência, Aprendiz) e mentoria de Projetos de Responsabilidade Social. Membro do Grupo Projetar. 174 Motivação Joyce Silveira Leles Na sala de reunião de uma multinacional o diretor nervoso fala com sua equipe de gestores. Agita as mãos, mostra gráficos e, olhando nos olhos de cada um ameaça: “ninguém é insubstituível”. A frase parece ecoar nas paredes da sala de reunião em meio ao silêncio. Os gestores se entreolham, alguns abaixam a cabeça. Ninguém ousa falar nada. De repente um braço se levanta e o diretor se prepara para triturar o atrevido: - Alguma pergunta? - Tenho sim. - E Beethoven? - Como? – o encara o diretor confuso. - O senhor disse que ninguém é insubstituível e quem substituiu Beethoven? Silêncio... O funcionário fala então: - Ouvi essa estória esses dias contada por um profissional que conheço e achei muito pertinente falar sobre isso. Afinal, as empresas falam em descobrir talentos, reter talentos, mas, no fundo continuam achando que os profissionais são peças dentro da organização e que, quando sai um, é só encontrar outro para por no lugar. 175 Quem substituiu Beethoven? Tom Jobim? Ayrton Senna? Ghandi? Frank Sinatra? Garrincha? Santos Dumont? Monteiro Lobato? Elvis Presley? Os Beatles? Jorge Amado? Pelé? Paul Newman? Tiger Woods? Albert Einstein? Picasso? Zico? etc... Todos esses talentos marcaram a história fazendo o que gostam e o que sabem fazer bem, ou seja, fizeram seu talento brilhar. E, portanto, são sim insubstituíveis. Cada ser humano tem sua contribuição a dar e seu talento direcionado para alguma coisa. Está na hora dos líderes das organizações reverem seus conceitos e começarem a pensar em como desenvolver o talento da sua equipe focando no brilho de seus pontos fortes e não utilizando energia em reparar seus ‘erros/ deficiências’. Ninguém lembra e nem quer saber se Beethoven era surdo, se Picasso era instável, Caymmi preguiçoso, Kennedy egocêntrico, Elvis paranóico... O que queremos é sentir o prazer produzido pelas sinfonias, obras de arte, discursos memoráveis e melodias inesquecíveis, resultado de seus talentos. Cabe aos líderes de sua organização mudar o olhar sobre a equipe e voltar seus esforços em descobrir os pontos fortes de cada membro. Fazer brilhar o talento de cada um em prol do sucesso de seu projeto. Se seu gerente/coordenador, ainda está focado em ‘melhorar as fraquezas’ de sua equipe corre o risco de ser aquele tipo de líder/ técnico, que barraria Garrincha por ter as pernas tortas, Albert Einstein por ter notas baixas na escola, Beethoven por ser surdo. E na gestão dele o mundo teria perdido todos esses talentos. Seguindo este raciocínio, caso pudessem mudar o curso natural, os rios seriam retos não haveria montanha, nem lagoas nem cavernas, nem homens nem mulheres, nem sexo, nem chefes nem subordinados... apenas peças. Nunca me esqueço de quando o Zacarias dos Trapalhões “foi pra outras moradas”. Ao iniciar o programa seguinte, o Dedé entrou 176 em cena e falou mais ou menos assim: “Estamos todos muito tristes com a ‘partida’ de nosso irmão Zacarias… e hoje, para substituí-lo, chamamos: Ninguém... pois nosso Zaca é insubstituível” Portanto nunca esqueça: Você é um talento único… com toda certeza ninguém te substituirá! “Sou um só, mas ainda assim sou um. Não posso fazer tudo…, mas posso fazer alguma coisa. Por não poder fazer tudo, não me recusarei a fazer o pouco que posso.” - Edward Everett Hale “No mundo sempre existirão pessoas que vão te amar pelo que você é, e outras, que vão te odiar pelo mesmo motivo, acostume-se a isso, com muita paz de espírito...” É bom para refletir e se valorizar! MINICURRÍCULO Joyce Silveira Leles, 31 anos. Gerente de Dep. Pessoal da empresa NSA Rental Service, estudante de Gestão de RH, com curso técnico em contabilidade e Dep. Pessoal com ampla experiência na área. 177 MOTIVAÇÃO: FATOR DE SUSTENTABILIDADE DAS EMPRESAS NO MERCADO Maria Teresa da Silva Coelho Com o advento da globalização, as empresas buscam cada vez mais expansão mercadológica de maneira agressiva e rápida. Porém, como as grandes empresas estão conduzindo suas equipes para que seja alcançado o crescimento de maneira sustentável? Como as empresas eleitas como as melhores empresas para se trabalhar vêm se posicionando estrategicamente para motivar seus funcionários? Como manter o clima organizacional positivo e construir valores sólidos que se sustentem sem perder a identidade? O objetivo do artigo é proporcionar uma reflexão no que tange as novas estratégias de mercado utilizadas pelas empresas multinacionais, eleitas como as melhores empresas para se trabalhar no Brasil, descritas na revista VOCÊ S/A, de setembro de 2012. De acordo com o filósofo Jean Barcoli, segundo Tatiana (2012), o trabalho desinteressante é um mal do capitalismo moderno, que leva a empresa a pensar somente em lucro e corte de custos. “Como só valorizam o resultado financeiro, o trabalho bem feito ficou em segundo plano, o que é completamente desmotivador”. Em pesquisa realizada com 136.381 funcionários de diversas empresas nacionais e multinacionais, o melhor lugar para se trabalhar é aquele onde os colaboradores conseguem perceber valor à sua contribuição, dessa forma, quanto mais envolvidos no negócio da organização, maiores serão seus entendimentos e percepção de importância para os resultados alcançados. 178 Ao perceberem os principais indicadores que motivam os funcionários em sua trajetória profissional, as empresas começaram a mudar suas estratégias e políticas de RH para melhorar os resultados objetivados e tentar reverter o quadro, é o que diz a reportagem de Tatiana Sendin (2012), “em busca do orgulho perdido”. O funcionário passa da figura de coadjuvante para atuar como protagonista na estrutura de negócios da organização. A aproximação da liderança do corpo operacional através de projetos de “fala liderança”, onde a empresa disponibiliza um ambiente de encontro para que o colaborador faça seus questionamentos à alta cúpula da organização de maneira descontraída e informal, incentivos à elaboração e apresentação de projetos, reformulação do espaço de trabalho, organograma menos vertical, eleições anuais de operários de fábrica para multiplicar e reforçar os valores corporativos, realização de brainstorming durante o período de formulação do planejamento estratégico, são algumas ações que as empresas multinacionais estão adotando para dar sentido de razão de Ser e Estar aos colaboradores. A motivação com o trabalho que realizam é o principal fator que levam os colaboradores a criarem uma identificação com a empresa onde trabalham. Dessa forma, é de suma importância que as organizações estejam atentas a essa demanda de expectativa de seus funcionários e assim deixar claro para o indivíduo o quanto suas competências, habilidades e atitudes são importantes na composição da estrutura da organização, e que o sucesso da mesma está diretamente relacionado ao desempenho e impactos de suas responsabilidades. Desta forma, o mesmo buscará garantir o seu desenvolvimento e sustentabilidade no mercado. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS SENDIN, Tatiana. Em busca do orgulho perdido. As melhores empresas para você trabalhar, 2012. MINICURRÍCULO Psicóloga Organizacional. Mestranda em Administração pela FPL. Cursando MBA em Gerenciamento de Projetos pela Fa179 culdade Pitágoras. MBA em Gestão de Recursos Humanos pela FACINTER. Pós-graduada em Psicologia Clínica, com ênfase psicanalítica pela PUC/MG. Perita examinadora de trânsito pela UEMG/FUNEDI. Analista de RH na Faculdade Pitágoras, responsável pelos processos de Recrutamento e Seleção de docentes e funcionários administrativos, bem como processos de desenvolvimento de colaboradores. 180 Motivação: O que realmente importa? Dileli Carias “Nenhum vento sopra a favor de quem não sabe pra onde ir.” Sêneca Você Gestor ja parou para pensar sobre o que é motivação? O que realmente motiva seus funcionários? Alguma vez já se perguntou se eles realmente fazem o que gostam? Ou apenas deixará que eles passem pela vida como se você fossem um tronco boiando no rio, deixando que a força das águas decidam seu rumo? No corre-corre diário, as horas passam tão rapidamente, que quando paramos, vemos que passaram-se dias, meses. E nesta louca rotina todos estão cada vez mais preocupados em agradar e impressionar uns aos outros, abrindo mão das coisas que realmente gostam. A grande maioria dos profissionais passam pelas oportunidades sem lhes dar atenção. Muitos se arrependem por não ter se dedicado ao que realmente os motivava, jogando preciosas oportunidades fora. So olham para o que não têm e não conseguem aproveitar o que têm, e assim ficam desmotivados. Portanto a motivação começa com as escolhas que são feitas, até mesmo as aparentemente sem importância, pois geram consequências que irão nos acompanhar por toda nossa existência. Por isso cada escolha deve ser feita conscientemente, porque elas definirão o futuro. Vamos parar por alguns minutos e fazer uma reflexão sobre a importância de alguns fatores em nossa vida e principalmente a respeito de nossas escolhas, pois elas estão diretamente ligadas ao que queremos e refletem nossas vontades. Lembre-se: “Você não tem todo tempo do mundo.” A cada minuto de vida é um minuto a menos, e não a mais. 181 Neste mundo de cobranças e preocupações é fundamental sempre manter o questionamento sobre o que faz o trabalhador feliz, o que realmente o motiva. E é nesta linha de pensamento que a área de Recursos Humanos deve atuar, sempre trabalhando para desenvolver e aprimorar seus talentos, oferecendo sempre que possível orientação profissional, e, desta forma, não serão desperdiçados nem oportunidades e nem talentos. Finalmente, é importante destacar que o sucesso profissional está intimamente ligado a felicidade pessoal; prazer em fazer o que se gosta. Sem a motivação o sucesso é apenas uma caixa vazia e muito pesada para se carregar. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS CAPPELI, Peter. Contratanto de mantendo as melhores pessoas. Rio de Janeiro. Editora Record, 2010. 208 p. LUZ, Ricardo. Gestão do Clima Organizacional. Rio de Janeiro. Editora Qualitymark, 2003. 143 p. MARRAS, Jean Pierre. Administração de Recursos Humanos, do operacional ao estratégico. São Paulo. Editora Saraiva, 2009. 332 p. MINICURRÍCULO Formada em Gestão de Pessoas, pela Faculdade INED de Belo Horizonte. Profissional com mais de 13 anos de experiência em todos os subsistemas de RH, ocupando cargos como Gestora e Especialista em empresas de grande e médio porte. Coordenadora de RH na empresa Detronic S/A, Sócia Diretoria da empresa SETE - Seleção, Envolvimento e Treinamento de Recursos Humanos. Atuação em Diagnóstico Organizacional, Reorganização Administrativa, Recrutamento, Seleção, Treinamento, Planejamento e Desenvolvimento de Pessoas, Avaliação de Desempenho, Plano de Cargos, Salários e Carreiras, Planejamento Estratégico, Políticas de RH, Implantação e monitoramento de Sistemas de Gestão Integrado das Normas ISO 9001 e OHSAS 18001 dentro do cenário do RH. 182 Nossas metas de cada dia... Hélvia Barcelos Guerra O mundo ocidental vive uma das mais vigorosas, rápidas e profunda transformação nas estratégias de controle sobre as pessoas nas organizações e nas fontes de poder, motivando uma reconfiguração nas relações de trabalho. Antes quem controlava as pessoas e assegurava a realização das atividades podia ser facilmente identificado. Tinha nome, sobrenome, poderes legitimados pelas organizações. Dava ordens. Impunha disciplina. Os mecanismos de controle atuais tornaram-se sutis e imateriais, indicando um refinamento na manifestação de poder. O trabalho tornou-se lugar de realização pessoal. As pessoas precisam dar coerência a sua atividade, necessitam investir em projetos que lhe permitam um futuro melhor. A ambição pelo poder é confundida com ideal de sucesso. Um paradoxo: hoje mais e mais pessoas com experiência e formação acadêmica brilhante, livres para atuar em qualquer ambiente - acadêmico, governamental ou empresarial - são convidadas a cultivar sua autonomia, sua liberdade, sua criatividade para melhor exercer um poder que reforça sua dependência e submissão. Quanto mais sucesso alcançado mais se submetem às organizações de forma voluntária porque é o que parece correto, natural ou apropriado na construção da realização e sucesso profissional. A empresa propõe um ideal comum que deve ser o ideal dos empregados. E os Valores daqueles que pretendem se juntar à empresa necessitam estar aderentes com os da organização. 183 Compartilhar o desejo de sucesso, o gosto pelo desafio, e a necessidade de reconhecimento e recompensa pelo mérito pessoal contribuem para o ajustamento social e profissional. Metas criam idealizações, sentimento de onipotência e prazer. Sua superação torna as pessoas mais fortes. Ganhadoras! Procedimentos de seleção estão cada vez mais sofisticados. Desde o primeiro dia de trabalho na empresa, políticas, procedimentos, rituais sinalizam traços da cultura empresarial e precisam ser logo assimilados. Muitas ações, em especial as gerenciadas pelas áreas de recursos humanos, criam uma forte identificação com a empresa, e as pessoas passam a experimentar sentimentos de intensa paixão. Antes o ciclo econômico era externo. Agora está dentro de cada pessoa. As pessoas estão eximindo as organizações de controle sobre elas, por que o estado de engajamento e compromisso as leva a trazer para si a responsabilidade pelos resultados organizacionais. As metas estão cada vez mais desafiantes. O desafio impulsiona. E os executivos e profissionais estão dispostos a alcançá-las. Ver os objetivos da empresa alcançados passa a ser um objetivo pessoal. Existe um prazer e orgulho associado ao alcance ou superação de metas. E certa compulsão em querer cada vez mais novas conquistas. Proporciona prestígio, reconhecimento social e profissional, ganhos financeiros cada vez maiores, possibilitam a conquista e a realização de diversas aspirações humanas (viagens, casa, carro, mercado do luxo). Ou seja, confere às pessoas a oportunidade de materializar investimentos na vida profissional. “Justifica” os sacrifícios pessoais em nome da carreira. São persuadidos pelo que é visível, e levados a acreditar que está intrinsecamente correto. A produção de sentido se torna uma questão pessoal. O reconhecimento ao desempenho extraordinário e potencial revelado pode ser acompanhado de ascensão profissional. O que, na maioria das culturas, confere às pessoas maior importância social. Qual seria a razão dessa “escravização”? Uma pesquisa conduzida por Betania Tanure, Antônio Carvalho Neto e Juliana Andrade, mergulhando na alma de mais de 344 empresas, sinaliza para a 184 existência de pressão cultural e pressões impostas pela própria pessoa. O brasileiro tem uma disposição maior para o trabalho árduo e mais longo, se comparado aos seus pares no exterior. Costuma realizar inúmeras atividades ao mesmo tempo. Indisciplina. O prazer em estar ocupado, estilo centralizador, dificuldade para falar não e eleger prioridade, e a fantasia de ser insubstituível estão entre as pressões impostas pela pessoa. Também encontramos na cultura brasileira uma sensação de dívida permanente, medo de jamais fazer o suficiente, de não estar à altura. O fracasso pelo não alcance de determinada meta é sinônimo de fracasso pessoal. Noites de sono serão perdidas imaginando o que mais poderia ter feito para alcançar o resultado. A cultura do alto desempenho é fundamental para gerar crescimento desenvolvimento, elevação de renda e riqueza. Um bom exemplo de resultados advindos de tanta dedicação, no Brasil, está no encolhimento das classes D e E e expansão das classes média e de alta renda nos últimos períodos. Risco é quando o trabalho se transforma na melhor parte da vida. O desempenho ilimitado é um motor, encontrado em pessoas orgulhosas por trabalhar com afinco 12, 14 ou mais horas por dia, sacrificando dias de férias e a relação com a família e amigos. Estar conectado e disponível tempo integral, mesmo quando está com a família ou participa de um evento social, é percebido como fato contemporâneo normal. A dificuldade em colocar limites ao trabalho compromete a construção de vínculos emocionais e de prazer externos à organização. Trabalhei durante muitos anos com um CEO extraordinário. Valorizava a superação de metas, e o crescimento com rentabilidade. E, ao mesmo tempo, alertava para a importância da diversão, da família e amigos na vida. Dizia: se trabalharmos muito e não ganharmos dinheiro, algo estará errado, e se ganharmos muito dinheiro sem diversão, algo estará igualmente errado. Riqueza e bem-estar não são excludentes. São complementares. 185 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS GARCIA, Fernando Coutinho. Sobre o controle, a disciplina e a punição: notas teóricas para uma investigação empírica, publicado na revista de administração do FEAD - Minas. 16 p. GAULEJAC, Vincent de. Gestão como doença social. Aparecida SP: Ideias & Letras, 2007. 334 p. TANURE, Betania; CARVALHO NETO, Antônio; ANDRADE, Juliana. Executivos: sucesso e (in)felicidade. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007 180 p. MINICURRÍCULO Hélvia Barcelos Guerra é psicóloga, advogada, pós-graduada em Administração de RH, mestranda em administração, tem 32 anos de vivência em RH atuando na Brahma, Localiza e como consultora da Betania Tanure Associados e da Total Consultoria. 186 NOVA FACE DO EMPREENDEDOR NO BRASIL Mirian Távora Gomes O movimento do empreendedorismo no Brasil começou a tomar forma na década de 1990. Antes disso, praticamente não se falava em empreendedorismo e em criação de pequenas empresas. Foram necessárias varias ações como: capacitação do empreendedor, o desenvolvimento da legislação em prol das micro e pequenas empresas citando, como exemplos, a Lei da Inovação, instituição do Simples, a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa e o programa Empreendedor Individual, entre outras. Vários cursos e programas são desenvolvidos nas universidades brasileiras para o ensino do empreendedorismo e criação de negócios, levando a uma consolidação da primeira fase do empreendedorismo universitário do país (a fase da disseminação); e o desenvolvimento do ensino de empreendedorismo na educação fundamental, no ensino médio e em cursos técnicos. Especial evidência deve ser dada ao enorme crescimento do movimento de incubadoras de empresas no Brasil. Dados da Anprotec (Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos de Tecnologias Avançadas) mostram que, em 2010, mais de 400 incubadoras de empresas estavam em atividade no país. Os últimos 20 anos foram repletos de ações em prol do empreendedorismo, mas a ultima década destacou-se por criar as bases para a nova fase do empreendedorismo no país. Essa nova fase pode ser representada por dois importantes eventos que ocorrerão no Brasil nesta década, a Copa do mundo de Futebol de 2014 e as olimpíadas de 2016. Trata-se de dois importantes marcos que já estão estimulando novas oportunidades empreendedoras e que proporcionarão a idéia e o desenvolvimento de novos negócios 187 no país. É preciso preparar os jovens para esta nova forma de trabalho. Abrir um pequeno negócio pode ser objeto de realização pessoal e não falta de opção por algo melhor. Ao desenvolver o comportamento empreendedor as pessoas ampliam suas possibilidades de escolha e desenvolvem o crescimento profissional. Para empreendedor moderno é necessário se atualizar constantemente por meio de desenvolvimento de habilidades gerenciais para garantir o sucesso do seu empreendimento. O principal fator para este crescimento é a educação. Aulas de Empreendedorismo já fazem parte do currículo normal do fundamental ao médio de algumas escolas. Pessoas que alcançaram o sucesso aprovam esta iniciativa “Eu não tenho dúvida nenhuma que dá para ensinar perfeitamente. O empreendedorismo é justamente despertar o olhar, a inquietação. O que dá para fazer melhor? Quando você desperta na pessoa esta curiosidade, quais as soluções, o que fazer para resolver um problema, aí você desperta no indivíduo uma inquietação. E isso leva, no segundo momento, a uma potencial atitude empreendedora”, disse o empresário Jorge Gerdau. Diante de todas as informações acredito que para ser um empreendedor de sucesso é necessário buscar informações e conhecimento novos, estar sempre atualizado com o mercado. Transmitir seus conhecimentos aos seus colaboradores, capacitando-os a criar uma consciência coletiva de inovação e crescimento conjunto para fortalecimento da empresa, desenvolvendo o conceito de sustentabilidade e autonomia, tendo como conseqüência o aumento da lucratividade e sucesso. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CHIAVENATO, Idalberto. Empreendedorismo: dando asas ao espírito empreendedor: empreendedorismo e viabilização de novas empresas, um guia compreensivo para iniciar e tocar seu próprio negócio. São Paulo: Saraiva 2006. xi, 278 p. DORNELAS, José. Empreendedorismo no Brasil: as dicas para os iniciantes e para quem quer ainda mais. Disponível em: http:// www.josedornelas.com.br/artigos/empreendedorismo-no-brasil-as-dicas-para-os-iniciantes-e-para-quem-quer-ainda-mais 188 Quando o sonho se transforma em uma oportunidade de negocio. Blog do mundo SEBRAE disponível em: http://mundosebrae.com.br/2010/10/quando-o-sonho-de-transforma-em-uma-oportunidade-de-negocio/ Empreendedorismo também se aprende na escola. Produzido pela empresa Globo Vídeos. http://video.globo.com/videos/player/noticias/0..gim9143737823-empreendedorismo+tambem+se +aprende+na+escola.00html Empresas (SEBRAE) Serviços de Apoio a Micro e Pequenas Empresas. http://www.negociocerto.sebrae.com.br/ http://www.brasil.gov.br/empreendedor/empreendedorismo-hoje/jovens-empreendedores MINICURRÍCULO Formada em Gestão de RH pela Faculdade Anhanguera, em 2013. Atuando na área de Pessoal há 25 anos, especialista em folha de pagamento e demais rotinas de departamento de pessoal. 189 O “Colapso Mercadológico”, a Sociedade do Espetáculo e o profissional de Recursos Humanos Juliana Lobo Albieri Quem ainda não ouviu dizer que existem inúmeras vagas de emprego disponíveis e não têm pessoas para ocupá-las? Imagino que todos já tenham ouvido e muitos de nós vivenciado tal situação que sempre nos deixa com uma pergunta: Por quê? A resposta é clara: isso porque não existem pessoas qualificadas suficientes para ocupar tais vagas! A meu ver essa situação perpetuará por muitos anos ainda! E para os profissionais de RH continuará sendo um enorme desafio de encontrar esse candidato para a empresa solicitante. Percebo que é uma situação crítica que vivemos nos dias atuais e que pouco pode-se fazer para mudar esse cenário. Sabem por quê? Por que a meu ver isso acontece não só pelo fato da falta de qualificação dos indivíduos e sim muitas vezes por estes estarem “escolhendo” o emprego. Quando falo em escolher o emprego estou afirmando com base na minha vivência profissional há muitos anos em processos diversos e contínuos de recrutamento e seleção. Tenho certeza que muitos colegas de RH já passaram por algo assim: um candidato chega para entrevista muito mais preocupado em saber para qual empresa está participando do processo do que com o salário e benefícios! Em alguns casos ao término da entrevista quando o entrevistador vai falar um pouco sobre a empresa e pode divulgar o nome da mesma para o candidato ouve dele o seguinte: “para essa empresa eu não tenho interesse”.... 190 É o que eu classifico como “colapso mercadológico” ou “colapso humano”! Com certeza querer trabalhar em uma empresa “boa” que vai oferecer uma excelente trajetória profissional é importante, porém o candidato não tem como avaliar isso pelo que conhece, por exemplo, da organização pela internet! Desde 2003 venho fazendo uma pesquisa nos processos de recrutamento e seleção que realizo e posso dizer claramente que cheguei a uma importante conclusão: muitos candidatos (usando um termo mais atual: muitas pessoas “disponíveis no mercado de trabalho”) estão em busca de “status social” quando se trata de emprego. Isto é, preferem trabalhar em uma empresa que dê a eles um “status” mais “chic”, porém com salário inferior a uma outra. Não irei aqui dizer os nomes das empresas preferidas pela maioria em termos de “status social”, mas existem! Já imaginou um profissional escolher a empresa a qual vai trabalhar somente pelo “status” que ela poderá oferecer diante do grupo social que este pertence? Será que “status” vale mais do que salário, benefícios, reconhecimento e carreira? Atualmente, os profissionais de RH e organizações buscam pessoas selecionando-as através de entrevistas de competências e em contrapartida recebemos candidatos em busca de “status”! Nessa etapa deparamo-nos (RH) com o grande obstáculo: valores dos indivíduos! De um lado temos a valorização do profissional, da sua competência, do seu conhecimento tácito e operacional e de outro esbarramos apenas na questão do simbólico do indivíduo conforme Pierre Bourdieu classifica como sendo o prestígio ou honra que classificam os agentes no espaço social. Thomaz Wood Jr. cita que vivemos hoje na Era do Espetáculo, em uma Sociedade do espetáculo onde todos querem a visibilidade. Fenômeno esse associado à teatralização da experiência humana. O autor diz ainda que nossos papéis passaram a oscilar: ou somos atores ou somos audiência. O cinema e, mais recentemente, a TV geraram um prodígio: vivemos num mundo onde a imagem parece mais fidedigna que o original e a fantasia é mais real que a realidade. O retrato de tudo isso nas pessoas é que elas acreditam de fato na fantasia de ir à busca somente ao simbólico- “status” 191 transformando isso em uma realidade pura e significado de felicidade! No cenário atual a maioria dos indivíduos estão preocupados em TER do que SER! E onde tudo isso vai parar? Em uma sociedade com crescente índice de desemprego e consequentemente com mais “importação” de mão-de-obra. Em contrapartida os profissionais de RH precisam encarar este grande desafio criando novas formas de gerir esse cenário e reverter o quadro atual. E as pessoas precisam repensar seus valores e vislumbrarem um futuro promissor pautado em profissionalismo! As organizações e os profissionais de RH precisam mais do que nunca ser parceiros a fim de mudarem essa realidade através de inovações e quebra de paradigmas perante a sociedade como um todo! Acreditem! Persistem! Inovem! REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BOURDIEU, P. O poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand, 2012. CARRIERI, A. P.; SARAIVA, L. A. S. Simbolismo organizacional no Brasil. São Paulo: Atlas, 2007. WOOD JR., T. Organizações espetaculares. São Paulo: FGV, 2001. MINICURRÍCULO Psicóloga, formada pela FUMEC em 1998. Mestranda em Administração-Centro Universitário Una-2013; Pós- graduada em Marketing pela Fundação Dom Cabral em 2002, 15 anos de experiência em Gestão de pessoas. Diretora da Id Consult Desenvolvi192 mento de Pessoas, Tutora de EAD da Faculdade Una e Unimonte, Docente de pós graduação e graduação na Una e Uni-BH, Consultora de Recursos Humanos em empresas diversos segmentos. 193 O endomarketing como estratégia de melhoria na rotatividade e clima organizacional Águeda Marques Herédia Vieira Nos dias atuais, um dos grandes desafios do setor de Recursos Humanos está ligado aos altos índices de rotatividade, principalmente em indústrias com grande demanda de mão de obra operacional. Com o aumento das oportunidades de trabalho este público tem se tornado cada vez mais seletivo e criterioso para inserir-se ao mercado de trabalho, resta às empresas buscar estratégias e soluções para manter os colaboradores trabalhando de forma eficaz e motivada. A adoção de um bom programa de endomarketing é uma forte estratégia para reduzir a rotatividade e estimular positivamente os funcionários, proporcionando o desenvolvimento de orientações do negócio, estímulo de espírito de equipe e comunicação entre diversas áreas, incentivo a participação em programas e atividades desenvolvidas na empresa, inclusive vinculadas à família dos colaboradores e comunidade. Essas práticas refletem diretamente no desempenho das funções de cada colaborador da empresa e consequentemente influenciam também na qualidade do produto que é gerado aos seus clientes externos. A escolha das mídias padrões de layouts e linguagem adequada ao perfil do trabalhador resulta em uma comunicação integrada e visualmente atrativa para transmitir a mensagem desejada. O endomarketing é uma ferramenta diretamente ligada à comunicação interna que une técnicas de Marketing a conceitos de Recursos Humanos. Ele existe para atrair e reter seu primeiro cliente: o cliente interno. Obtendo significativos resultados para 194 a empresa e, também atraindo e retendo clientes externos (Sorio, 2006). A comunicação interna pode ser vista também como uma importante ferramenta servindo de instrumento para melhorar o processo de gerenciamento da empresa. Com a tecnologia dos meios de comunicação cada vez mais acelerada, constantemente surgem novas possibilidades de estabelecer e aperfeiçoar modos de comunicação interna. É fundamental salientar que para a implantação de uma comunicação interna eficaz o mais importante não é recursos e altos investimentos, mas sim, o bom conhecimento do público alvo, sabendo interpretar suas necessidades para que as mensagens sejam transmitidas de formas claras, objetivas, gerando motivação e possibilitando interações. A motivação é um conjunto de mecanismos biológicos e psicológicos que possibilitam o desencadear da ação, da orientação (para uma meta ou, ao contrário, para se afastar dela) e, enfim, da intensidade e da persistência: quanto mais motivada a pessoa está, mais persistente e maior é a atividade. (Lieury & Fenouillet, 2000). E é baseado no conceito de motivação, que o RH busca dentro da comunicação interna ferramentas de apoio como os programas motivacionais, tendo como objetivo energizar os comportamentos de seus colaboradores. Na Horizonte Têxtil, usamos como principal ferramenta de comunicação interna os quadros de avisos, que são instalados em lugares adequados que possibilitem a visualização diária dos colaborados. Esses são atualizados semanalmente com informações de interesse dos colaboradores e informações estratégicas da área de Recursos Humanos. Outras formas de comunicação interna utilizadas são através de e-mail marketing, painel de fotos e jornal trimestral (informativo interno). Dentre alguns dos programas motivacionais praticados atualmente na Horizonte Têxtil temos o Aniversariante do Mês e por tempo de serviço (5, 10 e 15 anos de empresa), comemoração mensal festejada com guloseimas, sorteios, integração em dinâmica e oportunidade direta de contato com a diretoria; Plim “Idéias Pra Valer”, com o intuito de estimular os funcionários a sugerir ideias que gerem melhorias para a empresa e esses receberem premiações pelas ideias oferecidas; Funcionário Destaque, que visa homenagear e premiar os funcionários que se destacam na área em que atuam anual195 mente; Melhorando Sempre, disputa saudável mensal pelo setor que apresenta melhores resultados em produção, qualidade, absenteísmo, acidente de trabalho, limpeza e organização; Tecendo com a Comunidade, oportunidade dos colaboradores trazerem a família e a comunidade para participarem de cursos de geração de renda extra gratuito dentro da empresa. Com essas práticas a comunicação dentro da empresa fica mais clara, os empregados possuem mais liberdade de participar de atividades internas, exporem suas ideias e sentem-se mais seguros para tomar atitudes, pois conhecem muito mais a empresa que trabalham, sua missão e seus valores, sentem-se mais acolhidos, respeitados e reconhecidos dentro da instituição, gerando maior motivação e incentivo para alcançarem os resultados estabelecidos. Referências Bibliográficas Lieury, A. & Fenouillet, F. (2000). Motivação e aproveitamento escolar. Tradução de Y. M. C. T. Silva. São Paulo: Loyola. (trabalho originalmente publicado em 1996). Bergamini, C. W. (1997). Motivação nas organizações. São Paulo: Atlas. BRUM, Analisa de Medeiros. Um olhar sobre o marketing interno. Porto Alegre: L&PM, 2000. Sorio, W. O que é endomarketing? Jornal Trabalhista Consulex. 2006 Minicurrículo Graduada em Psicologia pela faculdade FEAD-MG. Atuando em Recursos Humanos há seis anos e meio em empresas como Precon Engenharia e Ação Gerencial, atualmente é Analista de Recursos Humanos na Horizonte Têxtil. 196 O LÍDER COACH E SUA IMPORTÂNCIA NO MUNDO CORPORATIVO Cláudia Suely de Almeida Pinto Nos últimos anos, a prática do Coaching tem sido amplamente divulgada em todo o mundo. Existem várias abordagens, teorias, métodos, instituições e estilos. Raramente o caminho do autodesenvolvimento se faz sozinho. Quando o caminho fica especialmente difícil, precisamos do outro para nos ajudar a observar nossas próprias ações, nos servir de espelho ou de apoio para mudanças, aprendizado e crescimento. Mas o que é o Coaching? Coaching é um processo de aceleração do desenvolvimento pessoal ou profissional que ocorre de uma relação de parceria e compromisso mútuo entre o coach (facilitador) e o coachee (cliente) com o objetivo de atingir determinado resultado. O coach ajuda e estimula o coachee a superar obstáculos, desenvolver competências e despertar o seu potencial. Normalmente o Coach é um profissional contratado pelo cliente (pessoa ou empresa) para trabalhar o processo chamado “Coaching”. O que o Coach faz? Segundo Leonardo Wolk, autor do livro Coaching – A Arte de soprar brasas, o Coach é um soprador de brasas, um provocador, que por meio de perguntas e reflexões ajuda pessoas a gerar novas respostas, deixando de repetir respostas antigas e alterando modelos mentais. Com as mudanças no cenário mundial (globalização, tecnologia, redes, meio ambiente, crises financeiras, etc.), aumentou o nível de exigência para as empresas manterem-se competitivas no mercado. A lucratividade é o foco, mas também é essencial a atitude 197 sustentável, a responsabilidade social, o ambiente de trabalho saudável e as relações de respeito entre equipes e gestores. Segundo Randy Di Stefano autor do livro “O Líder Coach”, estamos vivendo um momento histórico, criando modelos de gestão e novos padrões na busca pela humanização das empresas, humanização esta, entendida como sendo a capacidade de lidar com pessoas não como máquinas, mas como agentes de melhoria, levando as empresas a um patamar de expansão. A humanização significa reavaliar a relação líder-liderado. Neste cenário de constante mudança, espera-se que a liderança seja renovada e que as equipes sejam mais produtivas, mais eficientes e mais adaptáveis. O líder deve criar um clima organizacional necessário para que sua equipe produza e consiga os melhores resultados. O líder precisa ser um mobilizador, alguém que motive o crescimento de seus liderados, contribuindo para formar equipes autossustentáveis. Este é o Líder Coach. É famosa a frase do talentoso ex-CEO da GE, Jack Welch que diz que “Todo Líder deve ser um Coach”. A função “Coaching” promete ser a principal abordagem de liderança do século XXI. Até recentemente era valorizado “o chefe” que usava seu poder de forma abusiva para que as pessoas o obedecessem, mantendo sua equipe em posição inferior. Infelizmente esta realidade ainda ocorre em muitas empresas. O verdadeiro líder é aquele que usa sua posição de poder de forma mais humana, gerando aprendizado na sua equipe. Esta capacidade de equilibrar firmeza, sensibilidade e sabedoria é o alicerce básico do Líder Coach na opinião de Stefano. Segundo este mesmo autor, O Líder Coach desenvolve a liderança pela admiração, ou seja, conquista a lealdade dos liderados, sendo referência para sua equipe. As pessoas tendem a não querer desapontar quem admira, então se empenham mais podendo agir com maior motivação. O ser humano aprende e se desenvolve quando percebe que sua dignidade está sendo respeitada. São papéis do Líder Coach: • Compartilhar conhecimentos, gerenciar a si mesmo, desenvolver o autoconhecimento e as competências pessoais; 198 • Não aconselhar, não dar respostar prontas, trabalhar a autonomia da equipe, ajudando cada um a aprender a pensar soluções por si próprio; • Não querer mudar a personalidade de alguém, mas ajudar a expandir a quantidade de respostas, aumentar as suas escolhas diante das circunstâncias, desenvolver possibilidades de respostas mais efetivas. • Fazer perguntas que conduzam o liderado às reflexões efetivas e mobilizadoras. Fica o desejo para que o universo corporativo apreenda cada vez mais com os ensinamentos do “Coaching” e que mais e mais líderes possam desenvolver as habilidades de “Coach”. Sem dúvida, ganham as pessoas, inclusive os próprios líderes e consequentemente ganham as empresas com melhores resultados financeiros, ambiente de aprendizado e relações de respeito entre as pessoas. Minicurrículo Mestre em Administração, Psicóloga, Coach e Consultora de RH, sócia da SETA RH Consultoria e integrante do grupo Inove Coaching. Contato: [email protected]. Artigo publicado no Jornal Estado de Minas em 1o/09/13 na coluna Mercado de Trabalho. 199 O Líder como Construtor e Transformador da Cultura Organizacional Henriqueta Silva Chaves As empresas vivem um momento de implantação de ações contínuas, a fim de captar e reter o profissional considerado “talento”. Quem são estes profissionais? Com a abertura do mercado da educação e formação profissional, não faltam pessoas com seus diplomas nas mãos e diversos cursos de graduação, pós graduação, MBA’s, dentre outros. As empresas por sua vez, querem e buscam profissionais que valham mais do que o seu diploma ou diversos títulos. É claro que a capacitação técnica é fundamentalmente necessária. Elas lutam de forma agressiva em seus processos seletivos a fim de trazer para a organização, aqueles que possam ir além do que manda o figurino e fazer a diferença. Àqueles que por sua vez, enxergarão fora do limite das atividades de sua descrição de cargos e das rotinas do seu dia-a-dia. São os profissionais que trarão soluções alternativas tanto para problemas e situações diversas do cotidiano, quanto sugestões e ideias inovadoras que garantam maior rentabilidade e consequentemente estabilidade para a organização. Por outro lado, estes profissionais sabem claramente de sua diferenciação, reconhecem seu potencial e percebem ao longo de sua carreira o quanto são importantes e impactam no resultado. Diante disso, buscam empresas que possam valoriza-los à altura. 200 Entra aí um jogo de escolhas: A empresa escolherá o melhor candidato, que por sua vez, irá escolher a empresa considerada a melhor para se trabalhar. Na escolha do candidato entra a diferenciação pessoal e profissional. Na escolha da empresa, entram os valores organizacionais, um pacote de vantagens que vai além do valor do salário, dos benefícios oferecidos e da possibilidade de carreira. Estas demandas não deixaram de existir, mas foram acrescidas por outras que não são tão fáceis de ser oferecidas, muito menos adquiridas ou compradas. Autonomia, liberdade para expor as ideias, acesso irrestrito à alta direção, dentre outros, são atrativos que não estão contemplados na atual carteira de benefícios das organizações de forma concreta, e nem poderiam estar já que são fatores intangíveis, mas saem na frente, aquelas empresas que conseguem inseri-los em sua cultura organizacional. De onde vem este pacote de vantagens diferenciado? Como adquiri-lo? Ele realmente não pode ser comprado, simplesmente é construído de forma gradativa e lenta por líderes com alta capacitação em Gerenciamento de Pessoas. Somente assim é possível conquistar uma cultura participativa com liberdade e autonomia, quesitos considerados essenciais para as novas gerações que entram diariamente no mercado de trabalho buscando condições diferenciadas para trabalhar e produzir com qualidade. Não é nenhuma novidade, a liderança sempre foi e continuará sendo fator determinante para o clima e consequentemente a cultura organizacional. Não bastam boas contratações, não basta qualificar, não basta pagar bons salários ou oferecer diversos benefícios. O Líder sempre será o modelo a ser seguido e determinará a face da organização através de suas atitudes e comportamentos. Somente as lideranças terão a capacidade de impulsionar as pessoas e consequentemente de mudar a cultura de uma organização. 201 Não será do dia para a noite e muito menos com ordens impositivas ou regras bem estabelecidas. Não será fácil, mas certamente será gratificante para a empresa e profissionais. Portanto, se quer que sua empresa seja considera uma das melhores, invista em seus líderes considerando aspectos técnicos e comportamentais. Somente eles conseguirão impulsionar as equipes e gerar transformações. Minicurrículo Graduada em Psicologia Organizacional – PUC. Pós-Graduada Psicologia Organizacional e do Trabalho – UFMG. MBA – Gestão Estratégica e Inovação – BI International. Atualmente responsável pela Gestão de Recursos Humanos da Masb Desenvolvimento Imobiliário S.A. 202 O líder que todos querem ser ou ter Marcela Viana de Oliveira O mundo evoluiu e a sociedade está mais democrata. O líder carrasco de ontem não encontra mais espaço no mundo corporativo de hoje. Atualmente se busca um líder que possa influenciar, mas sem impor autoridade excessiva, ou seja, liderar e a arte de impulsionar sua equipe a fazer aquilo que você quer de forma motivadora, porém focado no maior patrimônio que são as “pessoas”. Antes a ideia que se tinha sobre liderar era ter um líder em que: • Tudo tinha que está centralizado a ele, ou seja, dependência constante; • Só a opinião dele chegava a staff; • Exercia total poder sobre seus subordinados; • Sempre prevalecia sua vontade; • Só importava os resultados da empresa, independente do bem estar de seu subordinado; • Quando queria fazer pressão, falava sempre que a decisão foi dada pela staff da Cia; • Ficava obsoleto ao desenvolvimento das tarefas; • Não dava condições necessárias e muito menos reconhecia o desempenho de sua equipe no resultado alcançado. • Sempre está com o martelo na mão para martelar o prego que se destaca por medo de perder sua posição. 203 A ideia que se tem hoje sobre liderar é ter um líder que: • • • • • • • • • • • • Tem verdadeira paixão pelo que faz; É focado em gente; Tem excelente comunicação com sua equipe; Aceita e analisa as opiniões recebidas; Tem visão, sabe o que quer e aonde que chegar; É líder de lideres; Tem sentimento e entusiasmado; Delega responsabilidade de acordo com a competência e area de seus liderados; Tem controle emocional em frente a um fato inesperado; Cria um ambiente para criatividade e produtividade; Mostra segurança no que faz e delega; Está em busca de novas ferramentas para aumentar a produtividade de sua equipe. Todas essas habilidades comportamentais precisam ser aprendidas e praticadas para se tornar uma líder que toda empresa e qualquer equipe gostariam de ter. Lembrem-se: Um bom chefe faz com que homens comuns façam coisas incomuns. Peter Drucker Minicurrículo Graduada em Gestão de Pessoas. Faz parte da Associação Brasileira de Recursos Humanos - AM, tem diversas certificações na área de gestão e comportamento de pessoas pela (ABRH) Associação Brasileira de Recursos Humanos, ORBI RH, Targo Consultoria. Acumula experiência de mais de 5 anos em Recursos Humanos e Departamento Pessoal. 204 O papel da empresa no desenvolvimento e retenção de talentos Danielle Garibaldi de Mello Para falar do surgimento das grandes organizações, a história data a década de 1870, logo após a guerra civil americana. JEFFREY A. KRAMES (2010, p.63) relata a visão de Peter Drucker sobre o assunto. Segundo Drucker naquela época dependeu-se mais das empresas familiares por mais tempo do que qualquer potência. Antes das grandes empresas surgirem as pessoas de mais talento geriam os negócios da própria família. KRAMES (2010, p.63) relata a visão de Drucker que considera como “ talentos inatos” – indivíduos capazes, considerados bons gestores, que identificam as prioridades certas, inspiram os outros e sabem tomar decisões em momentos críticos. Porém só se pode depender da oferta espontânea de talentos inatos quando a demanda é pequena. Mas quando se necessita de grande quantidade de administradores capazes, a administração deve ser transformada em algo que possa ser ensinado e aprendido, KRAMES (2010, p. 64) cita Drucker. Assim ele criou a Administração como disciplina e comprovou que talentos inatos ou não inatos podem aprender as ferramentas de gestão. Trazendo isso para o cenário atual, a grande questão é saber até que ponto as empresas reconhecem isso, e tratam isso como problema ou oportunidade de melhoria. O que as empresas querem? É preciso que cada organização reflita sobre isso. O que de fato fará a diferença? Enfim, por onde começar? 205 Nos tempos atuais, as empresas se sentem o tempo todo ameaçadas pelo apagão de talentos, o que não é diferente da consideração de KRAMES (2010) sobre a oferta e demanda. Em tempos em que encontrar talentos é uma tarefa difícil, e em que os funcionários estão menos fiéis aos empregadores e o mercado mais aquecido, as empresas deveriam centrar a atenção e os esforços na construção de grandes líderes. Além disso, desenvolver estratégias para a formação e o desenvolvimento contínuo e acompanhado de novos líderes, dentro de casa. Para ROBERT P. GANDOSSY (2004), idealizador da pesquisa Melhores Empresas para Líderes (em inglês, Top Companies for Leaders), “o maior estudo do gênero já realizado”, considerado um dos maiores especialistas do mundo no desenvolvimento de talentos e liderança, apresenta que a liderança, é o maior determinante de competitividade nos negócios. A prática de identificar e promover talentos - através de atribuições de desenvolvimento para programas de liderança e mentoring - está ganhando terreno como a melhor forma de atrair e manter os verdadeiros potenciais, futuros líderes e consequentemente, o desenvolvimento das equipes. Além disso, o trabalho segue com a delegação de atribuições complexas específicas, o que torna a proposta mais desafiadora. Não é tão fácil achar talentos ou comprar esses talentos, GANDOSSY (2004) afirma que os líderes não estão prontos e defende a ideia de ter pessoas em desenvolvimento sempre para possíveis sucessões. Analisando o que ele diz, isso pode poupar as empresas e deixa-las confortáveis em momentos de substituição de lideranças e as equipes sempre com o apoio necessário. Então, quais são as principais lições de empresas top que querem realmente desenvolver os seus líderes do futuro? Primeiro a liderança precisa ser ativa e a companhia deve estar profundamente envolvida na preparação de líderes. Segundo, elas precisam de um pequeno número de práticas que identifiquem e desenvolvam talentos. E terceiro elas precisam estar extremamente atentas aos novos talentos. (GANDOSSY, 2004) 206 Então captar, identificar, desenvolver e acompanhar, se essa não for a fórmula, pelo menos é o caminho. Assim a empresa deve seguir identificando o que se quer, desenvolvendo o que precisa e acima de tudo acompanhando os resultados. As empresas que pensam nisso, utilizam instrumentos de avaliação e de pesquisas de opinião para acompanharem o perfil das lideranças que realmente desejam e as efetivas. Dessa forma compõe-se o ciclo de identificação, avaliação, desenvolvimento e monitoramento dos talentos e traz para toda a empresa a oportunidade de ter uma visão de crescimento e possibilidades. Referências Bibliográficas KRAMES, Jeffrey A. A cabeça de Peter Drucker; Rio de Janeiro; sextante 2010 GANDOSSY, Robert and SONNENFELD, Jeffrey Yale School of Manegement, Leadership and Governance From the Inside Out - Gandossy Liderança e gestão de dentro para fora, Ed. Robert Gandossy, 2004 MiniCurrículo Profissional de Recursos Humanos, graduada em Psicologia pela Newton Paiva desde 1997. Formação em consultoria interna de organização pela Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento e Especialista em Gestão Estratégica de Pessoas, pelo Instituto de Pós Graduação do Brasil. Atuando há 16 anos com implantação, desenvolvimento e manutenção de RH em redes de Comércio Varejista, Indústrias Alimentícias e de tecnologia da informação, além de consultorias em segmentos diversos. Atualmente responsável pela Coordenação da área de Gestão de Pessoas da Empresa 1 Sistemas de Automação e Comércio Ltda. 207 O PAPEL DA GESTÃO DE PESSOAS NO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DAS EMPRESAS Kátia Aparecida Calcagno de Paula Nas últimas décadas, mudanças profundas ocorreram em todas as áreas com o efeito da globalização e da era da informação. O mercado mundial tornou-se extremamente competitivo. O grande crescimento tecnológico contribuiu com a evolução para um mundo globalizado. O sistema capitalista expandiu-se na organização da vida social em todas as suas esferas (política, econômica e cultural). Nesse cenário, as empresas buscaram inovar as administrações, melhorar o atendimento, oferecer novos produtos, melhorar as relações com o mercado e com os clientes. Sendo cada vez maior o numero de empresas que, diante da complexidade no cenário atual das empresas e de tantas turbulências e incertezas, estão buscando ferramentas e técnicas para que as auxiliem no processo gerencial. O planejamento estratégico é uma dessas ferramentas. (ANSOFF, 1990). Este artigo alerta para a necessidade que os profissionais de Gestão de Pessoas terão, cada vez mais, de criar sistemas de medidas contribuindo para o alcance dos resultados estratégicos das empresas. Buscando falar uma linguagem que os colaboradores entendam e fazendo a ligação entre os vários resultados almejados pela direção. Geralmente o RH é conhecido usualmente como executor de atividades rotineiras. Hoje se busca apresentar uma visão diferenciada para este setor. Para Oliveira (1993) o núcleo do planejamento estratégico é o ser humano, ou seja, a organização como um todo. A partir das pes208 soas é possível construir um perfil e fazer um diagnóstico de toda a organização, devendo o planejamento ser marcado por características de flexibilidade e capacidade de adaptação para que todos se relacionem de forma produtiva. Pois se bem implementada apresenta grande viabilidade de sucesso para a empresa. De acordo com Lucena (1995), a Administração de Recursos Humanos surgiu quando o trabalho já estava organizado e desprezou totalmente a organização do trabalho se concentrando apenas no trabalhador de forma isolada, sendo assim o RH entra em ação depois que o trabalho já estava estruturado. Mas, segundo ela, duas variáveis modernas estão mudando essas bases tradicionais, a complexidade e a natureza mutativa dos ambientes externo e interno e a tecnologia, pois estão exigindo uma visão cada vez mais global e integrada da realidade do trabalho, prestando uma contribuição mais efetiva e direta à organização do trabalho e não só atuando no trabalhador. “Enquanto se espera que as modificações estruturais se processem plenamente a realidade está aí e terá que ser encarada. As empresas precisam produzir, dependem das pessoas e devem administrar essas pessoas.” (LUCENA, 1995, p.55) De acordo com Sammartino (2002), a área de RH deve desempenhar um papel mais estratégico nos processos atuais de mudanças organizacionais. Há a necessidade de uma atuação ao mesmo tempo operacional e estratégica, mas sempre apoiada em um sistema de avaliação de resultados. Para Chiavenato (1999) o RH deve ser o Carro-Chefe da mudança organizacional. A empresa de sucesso deve funcionar como um conjunto coeso de habilidades e capacidades sempre pronto para atuar nas oportunidades de mercado. Ele afirma que o planejamento estratégico da organização concentra-se no desenvolvimento e na integração dessas habilidades e capacidades, sempre valorizando o talento humano e a habilidade necessária para passar à ação concreta. Com isso, Chiavenato (1999) nos mostra a importância do RH ser um direcionador do planejamento estratégico da empresa e não apenas um executor. Ele afirma que um dos aspectos mais importantes da estratégia organizacional é sua amarração com a função de Gestão de Pessoas. Segundo o autor, isso é feito através 209 do planejamento estratégico de RH. Ele deve ser parte integrante do planejamento estratégico da organização. O papel fundamental da Gestão de Pessoas no direcionamento das estratégias do negócio é descentralizar a gestão de Recursos Humanos; atuar como orientador e consultor de novas tecnologias; comunicar e informar a empresa das ações planejadas, formarem equipes e desenvolver e capacitar os Gestores. Diante dessas análises percebeu-se que a área de Gestão de Pessoas deve estar cada vez mais introduzida no planejamento estratégico da empresa. Esta introdução é a resposta natural ao entendimento de que uma empresa estrategicamente de sucesso é formada por pessoas atuantes, porque a empresa não é só um projeto, um fluxo de caixa ou um organograma, mas sim um conjunto de crenças, valores, paradigmas, ou seja, um fenômeno humano. De acordo com o estudo teórico feito nesta pesquisa, planejar estrategicamente nada mais é do que estruturar a incerteza do futuro. Mesmo as grandes mudanças enviam sinais que indicam sua ocorrência futuramente e, como exemplo, disso temos o ocorrido no fenômeno da Tsunami, quando uma menina de 12 anos, sabedora de que o mar recua antes de uma onda gigante, conseguiu salvar muitas vidas. O planejamento estratégico dentro de uma empresa possui um papel determinante, pois se este é bem formulado, e com a ativa participação do setor de Gestão de Pessoas, a tendência é se alcançar o sucesso, caso contrário, se os demais aspectos foram ignorados, a tendência é haver falhas, e uma falha pode levar uma empresa ao fracasso. Deixar de ser um mero executor de rotinas trabalhistas é o desafio hoje para a Gestão de Pessoas. Traduzir as estratégias da organização e definir uma política de RH que prepare as pessoas para o atendimento das estratégias ao mesmo tempo, provocar na empresa reflexões sobre a sua cultura e a necessidade de tornar o setor um centro gerador de resultados, são desafios necessários para a melhoria das organizações. Essa nova concepção é o que se espera dos gestores para que em um futuro muito próximo possa dizer que o RH é essencialmente estratégico, auxiliando sua empresa rumo ao alcance de resulta210 dos ainda maiores e passando a ser conhecido verdadeiramente como um setor de Gestão de pessoas e não apenas como RH. Referências Bibliográficas ANSOFF, H.Igor. A nova estratégia empresarial. São Paulo: Atlas, 1990. CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas. O novo papel dos Recursos Humanos nas organizações. Rio de Janeiro. Campus, 1999. CHIAVENATO, Idalberto. Recursos humanos. Edição compact. 7a ed. São Paulo: Atlas, 2002. LUCENA, Maria Diva da Salete. Planejamento de Recursos Humanos. São Paulo: Atlas, 1995. OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças de. Excelência na administração estratégica. São Paulo: Atlas S.A., 1993. SAMMARTINO, Wagner. A Integração do Sistema de Gestão de Recursos Humanos com as estratégias organizacionais. 2002. 270 f. Tese (Doutoramento em Administração) - FEA/USP, São Paulo. Minicurrículo Profissional com 30 anos de experiência, atualmente atuando na Superintendência de Gestão de Pessoas do Grupo Santa Casa BH na gerencia corporativa. Graduada em Administração de Empresas, com MBA em Gestão Estratégica de Pessoas. Atuou por 5 anos como executiva de RH em empresa de grande porte, Grupo AeC, com mais de 20 mil funcionários. Atuação com foco em gestão estratégica de RH através de elaboração de políticas e ferramentas estratégicas para a gestão de pessoas, direcionada na criação de sistemas de medidas que contribuam para o alcance dos objetivos estratégicos da organização, fazendo a ligação entre os vários resultados almejados pela direção e o plano de RH. Já atuou com consultorias e auditorias em RH de empresas de setores diversificados, com amplo conhecimento da legislação trabalhista. 211 O papel do gestor na Avaliação de Desempenho Carolina Gontijo Gonçalves No mundo globalizado e exigente de hoje é de suma importância que as empresas tenham capacidade competitiva. Isso é possível pelo desempenho de seus profissionais, os quais devem ser valorizados pela qualidade do trabalho que realizam e comprometimento com suas atividades. Para conhecer e aprimorar o desempenho dos profissionais, uma das ferramentas mais utilizadas pelas empresas é a Avaliação de Desempenho. Ela tem como objetivo melhorar continuamente o desempenho humano. Segundo Chiavenato (2008, p. 241), “A avaliação do desempenho é uma apreciação sistemática do desempenho de cada pessoa, em função das atividades que ela desempenha, das metas e resultados a serem alcançados, das competências que ela oferece e do seu potencial de desenvolvimento”. Essa ferramenta norteia tanto o gestor quanto o funcionário, pois possibilita que este saiba onde se encontra e aonde deve chegar para atender àquilo que é esperado. Além disso, permite o surgimento de necessidades de treinamento, o que direciona a empresa a aumentar o potencial daquilo que ainda encontra-se deficitário. Ao realizar a Avaliação de Desempenho, o funcionário terá a oportunidade de se autoavaliar e ser avaliado por aquele que o lidera, tendo conhecimento do seu trabalho realizado e de sua contribuição à organização e ao cliente. Não há dúvidas do quanto essa ferramenta, quando bem utilizada, cria condições de desenvolvimento para os funcionários e princi212 palmente à organização. Para que isso aconteça é fundamental que o gestor esteja alinhado com a premissa de tal ferramenta. Ele é o elemento de guia e orientação, deve oferecer os recursos para que o funcionário possa ter um bom desempenho, tais como orientação, feedback, informação, metas, objetivos e resultados. O uso eficaz de um processo de estabelecimento de metas é a base para altos níveis de desempenho, satisfação no trabalho e sentimentos de autoestima elevada. Estabelecer metas fornece propósito, desafio e sentido. Dessa forma, o primordial papel do gestor é estabelecer metas para que o funcionário possa se direcionar. A maioria dos gestores sabe o que querem que seus funcionários façam, porém muitas vezes não repassam isso, pressupondo que eles já sabem. Nunca se deve partir de pressupostos quando o assunto é o estabelecimento de metas. Um outro ponto importante é que os funcionários saibam como ter um bom desempenho. Algumas pessoas têm conhecimento de quais são as suas metas, mas nem sempre sabem como atingi-las, cabe ao gestor disponibilizar essa informação. Em algumas organizações o próprio gestor é responsável por capacitar sua equipe. Já em outras há um setor responsável pelo Treinamento e Desenvolvimento dos funcionários e, mesmo nessa situação, cabe também ao gestor identificar o que sua equipe necessita. Outra situação vivenciada nas organizações é quando as pessoas conhecem as metas, sabem como agir, mas nunca sabem se atingiram o objetivo proposto ou não. Para isso, as pessoas precisam de feedback quanto ao seu desempenho. Trabalhar sem receber o retorno das atividades realizadas é como jogar boliche sem saber quantos pinos foram derrubados. Oferecer feedback à equipe é mais um dos papeis do gestor, é ele quem conhece e sabe como se deu o desempenho do funcionário. Podemos concluir que o gestor tem um papel fundamental no desenvolvimento da Avaliação de Desempenho dentro de uma organização, ele deve: 1 – Estabelecer metas e passá-las aos seus liderados 2 – Conhecer o nível de desenvolvimento de cada liderado (Avaliação de Desempenho) 3 – Dar feedback 213 4 – Disponibilizar oportunidades de crescimento (treinamento e desenvolvimento) 5 – Acompanhar o desempenho e resultados O gestor deve envolver os seus liderados com os objetivos da empresa, motivá-los a trabalhar com excelência e dar exemplo. Profissionais capacitados e com alto desempenho são mais motivados e contribuem ativamente para os resultados da organização. O desempenho é contingencial, varia de pessoa para pessoa, de situação para situação. Cabe ao gestor a expertise de identificar as oportunidades, os potenciais, as deficiências e buscar o crescimento, possibilitando que todos contribuam para a alta performance da organização. Referências Bibliográficas CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas. 3a ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. BLANCHARD, Ken et al. Liderança de alto nível: como criar e liderar organizações de alto desempenho. 1a ed. Porto Alegre: Bookman, 2007. Minicurrículo Psicóloga, graduada pela FUMEC em 2010. Analista de Recursos Humanos da empresa Mastermaq Softwares Brasil Ltda. 214 O PAPEL DO LÍDER NAS ORGANIZAÇÕES Anamaria Malta Lima Logo que comecei a ter contato com o mundo da administração, me deparei com uma frase que se tornou uma inquietação dentro de mim: “se reconhece o líder pelos seus liderados”. E no mundo atual, onde tudo, inclusive as pessoas, estão em constante mutação, é preciso repensar a maneira como nos relacionamos neste ambiente. Hoje, gerenciar o lado humano da empresa é uma questão de sobrevivência, pois não são os objetivos que levam a empresa até onde ela vai, mas sim as pessoas. Na experiência de Hawthorne (realizada em 1927 em uma fábrica da Western Electric Company, situada em Chicago EUA) ficou clara a existência de líderes informais que encarnavam as normas e expectativas do grupo que mantinham estrito controle sobre o comportamento dos demais, ajudando os operários a atuarem como um grupo social integrado. As ações de um líder se configuram em facilitar a relação das pessoas e orientar a equipe no cumprimento dos objetivos organizacionais. O principal desafio do líder é administrar o sentido de tal forma que os indivíduos se orientem a si mesmos para a obtenção dos fins desejados; é inspirar as pessoas a chegar a um lugar onde elas ainda não estão. Nesta abordagem, o líder passa a concentrar-se nas necessidades das pessoas enquanto seres sociais, pensando no fator humano em relação ao trabalho como forma de atingir as necessidades da empresa. O líder tornou-se uma ferramenta indispensável nas organizações para o alcance de resultados. Sua constante busca deve ser a conquista de seguidores e para isso, é preciso que o líder seja, 215 acima de tudo, exemplo. Através de sua visão e energia, os líderes conseguem inspirar seguidores e isso tem impacto significativo em suas organizações. Os líderes devem procurar aumentar o grau de conscientização dos seus seguidores fazendo uso de ideais e valores e não a través de emoções como medo e ganância. O dito “manda quem pode e obedece quem tem juízo” já não sobrevive dentro das organizações. No início do século XX, Taylor (EUA) desenvolveu a Escola da Administração Científica. Suas idéias recomendavam a prática da divisão do trabalho com o objetivo de aumentar a eficiência das organizações com ênfase no nível operacional. A tradicional imagem do líder autoritário, que nos remete ao modelo taylorista, tem sido reconhecida como exageradamente simplificada e inadequada. E dessa necessidade de corrigir a tendência a desumanização do trabalho decorrente da aplicação de métodos rigorosos, científicos e precisos aos quais os trabalhadores deveriam se submeter surgiu a Escola das Relações Humanas, que é um conjunto de teorias administrativas que ganharam força, principalmente após 1929 com a grande depressão causada pela quebra da bolsa de valores de Nova Iorque. Esta Escola começou a enfatizar a importância da satisfação humana para os resultados e o indivíduo deixou de ser visto como uma peça da máquina e passou a ser considerado como um todo. O comprometimento das pessoas com a empresa encontra-se intimamente relacionado à confiança que o seguidor deposita no líder. Essa confiança depende não só da competência percebida do líder, mas também da sua consistência em termos de ações e afirmações. A partir do momento que existem altos níveis de confiança dentro da organização, o compromisso do empregado é conquistado. E pessoas comprometidas e envolvidas, traduzem-se em redução de custos, maior produtividade, melhorias nos processos, entre outros benefícios. MINICURRÍCULO Anamaria Malta Lima - Graduada em Administração de Empresas pela PUC Minas (2005) e Pós Graduada em Gestão Estratégica de Pessoas pela PUC Minas (2007), 18 anos de experiência profissional em Gestão Empresarial, atuando atualmente como Diretora de Negócios e Pessoas na empresa Unimalta Uniformes Profissionais. 216 O que é mais importante: a recompensa financeira ou a recompensa emocional? Cláudia Márcia Gomes de Oliveira Um dos desafios das empresas, nos dias atuais, é encontrar profissionais com o perfil condizente com as expectativas do cargo, mas mantê-los na empresa é um desafio ainda maior. Então, o que encanta o profissional e o motiva a continuar trabalhando na empresa? Com a presença marcante da geração Y nas empresas, o tema a satisfação no trabalho, adquire realce e características. Trata-se de uma satisfação mais ligada a um ambiente de trabalho agradável, com perspectivas de crescimento e de reconhecimento do que apenas com a questão financeira. Nas pesquisas sobre satisfação e clima organizacional pode-se verificar que o principal fator que motiva as pessoas está ligado diretamente ao progresso da carreira, ao aprendizado e ao desenvolvimento. O segundo são as atividades, o trabalho desafiador, motivador e prazeroso. Em terceiro lugar, o trabalho realizado precisa fazer a diferença e trazer uma efetiva contribuição para a empresa e para a carreira. A remuneração ocupa somente o quarto lugar neste ranking. Esta geração está preocupada com outro tipo de remuneração. Esta nova forma de remuneração é chamada de salário emocional, que consiste em fatores emocionais que, se atendidos, motivam o trabalhador a permanecer na empresa. O grande problema é que os líderes não estão preparados para lidar com esta nova demanda do trabalhador, pois quem paga 217 o salário emocional não é a área de recursos humanos, e sim o líder responsável pelas oportunidades, pelo desenvolvimento, e por todo o processo de aprendizagem e da carreira das pessoas que compõem seu time de trabalho. Quando conversamos com os profissionais, percebemos que eles não trocam de emprego, e sim de “chefes”. Os executivos das empresas focam apenas os resultados, na maioria dos casos, não dando valor a esse salário emocional. Como se trata de um fator ainda não integrado à cultura organizacional, nem os diretores o recebem e dessa forma, não o repassam para a equipe. Esse comportamento em cascata só pode chegar a um resultado: desmotivação, humilhação, assédio moral entre outros. Como as empresas podem pagar este salário emocional para os trabalhadores? Elas podem investir em políticas de gestão visando à retenção dos profissionais, criando possibilidades reais de crescimento pessoal, gerando novos desafios. Elas também podem estimular os líderes a se atualizarem por meio de programas de gestão moderna, liderança e coaching. Para que a empresa possa oferecer esse salário emocional é necessário deixar claro as regras e critérios de promoções na carreira, o que se espera de cada profissional, quais as metas individuais e coletivas cumprem o planejamento. Este processo é importante para que não sejam escolhidos os preferidos, e sim que as recompensas sejam entregues por méritos e por entrega de resultados. O maior benefício que o salário emocional traz para a empresa é o comprometimento, que tem um grande impacto na qualidade do atendimento ao cliente interno e externo. Para uma gestão eficiente do salário emocional é fundamental a participação estratégica da área de recursos humanos, atuando junto às lideranças, monitorando o clima organizacional, propondo alternativas e planejando ações para melhorar a qualidade de vida no trabalho. Assim, o grande desafio para os gestores é que a empresa seja percebida como um desafio para os próprios funcionários. 218 Referências Bibliográficas ARAUJO, Luis Cesar G. e GARCIA, Adriana Amadeu. Gestão de pessoas: estratégias e integração organizacional. 2a ed. São Paulo: Atlas, 2009. CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. 3a ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. DUTRA. Joel. Gestão de Pessoas: modelo, processos, tendências e perspectivas. 1.ed. São Paulo: Atlas, 2002 MINICURRÍCULO Sócia diretora da Célula Desenvolvimento do Ser Humano Ltda. Mestre em Administração, graduada em Psicologia, com MBA em Gestão de Negócios e especialização em Dinâmica de Grupo e Jogos Empresariais. Professional & Self Coaching formada pelo Instituto Brasileiro de Coaching. Acumula mais de 20 anos de experiência nas áreas de Recursos Humanos e Organizacional, tendo atuado em empresas de grande e médio porte, nacionais e multinacionais, onde idealizou e coordenou a implantação de diversos programas na área de recursos humanos. Atua como coach e facilitadora, coordenando trabalhos de Consultoria Organizacional, Desenvolvimento de Lideres, Equipes e Pessoas, Gestão por Competências, Assessment/Banco de Identificação de Talentos, Avaliação 360o, entre outros. Ministra palestras e desenvolve Oficinas e Laboratórios Vivenciais nas áreas de Cultura Organizacional, Jogos Empresariais, Criatividade, Desenvolvimento de Lideranças e de Recursos Humanos. Coautora do livro: “Vivências – Uma Aprendizagem Efetiva”, 3o edição, do Grupo Projetar/ BH-MG. 219 O que o Recursos Humanos pode fazer para que a Inclusão de pessoas com deficiência torne-se uma realidade? Janaina Ianomani de Paula e Santos “E aprendi que se depende sempre de tanta, muita, diferente gente. Toda pessoa sempre é as marcas das lições diárias de outras pessoas” (Caminhos do Coração – Gonzaginha) A Lei 8.213/91, regulamentada pelo Decreto n.o 3.298/99, que estabelece quotas obrigatórias para contratação de pessoas com deficiência de acordo com o número de funcionários de uma empresa/organização, tem impulsionado a colocação destas pessoas no mercado de trabalho. Nesse cenário experimentamos um grande desencontro. De um La, empresas a procura de pessoas com deficiência, do outro, pessoas com deficiência a procura de uma oportunidade de trabalho e no meio a ideia de que existe um abismo que separa esses dois grupos que querem e precisam se encontrar. Onde estaria a resposta para essa equação? Quando questionados, profissionais da área de Recursos Humanos afirmam que não conseguem encontrar pessoas com deficiência; muitos, miticamente, imaginam que essas pessoas já estão contratadas por grandes empresas que monopolizam o mercado, mas em contrapartida e de acordo com dados do IBGE – Censo 2010, um grande percentual de pessoas com deficiência está fora do mercado de 220 trabalho. Falta investimento na procura por profissionais/pessoas com deficiência? A divulgação das informações acerca dessa temática é escassa? São muitos os pontos a serem investigados e estamos longe de dar respostas a essas dúvidas que nos assolam todos os dias. Neste momento o que podemos fazer é continuar nos preparando para a diversidade social, para a tão sonhada INCLUSÃO. E como nós profissionais do RH podemos fazer isso? Para essa pergunta existe resposta. Podemos começar do princípio de todas as coisas: conhecer, reconhecer e transmitir esse conhecimento. Disseminar informações importantes ainda é um dos melhores e mais eficazes métodos para quebrar paradigmas, diluir preconceitos e minorar conflitos. Se não estamos preparados e devidamente informados como excluir a segregação do nosso vocabulário, como evitar a palavra integração, que sugere um bom envolvimento do grupo, mas acaba por trair os mais inocentes, uma vez que integrar não é estar totalmente dentro? Nossa tarefa é sensibilizar o maior número de pessoas para a realidade da inclusão, para aceitação de que todos somos diferentes em algum aspecto e que estas diferenças não impedem nosso desenvolvimento social, educacional ou profissional. Temos realizado encontros com os funcionários da nossa empresa abrindo espaços de discussão, para ampliar o cenário e fazer com que cada um seja parceiro na mudança de velhos hábitos. Nesses encontros falamos sobre deficiência, terminologias corretas, acesso a serviços que são de direito a todos os cidadãos, firmamos parcerias em conjunto para proliferar que estamos abertos a novos desafios, estamos contando com as diferenças para crescer. O treinamento introdutório passou a ser um dos veículos mais importantes nesse processo de conscientização e responsabilização é um momento único em que todos estão esperançosos e ávidos pelo que temos a dizer. Uma coisa é certa para fazer valer a inclusão social temos que ser firmes, constantes e encorajadores. Continuar a procura, continuar criando oportunidades, continuar fazendo formações. Toda história tem um inicio, meio e fim, estamos construindo a nossa. 221 MINICURRÍCULO Formada em Psicologia, pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, especialista em Avaliação e Intervenção Psicológica pela Universidade de Lisboa, Mestranda em Estudo sobre as Mulheres pela universidade Nova de Lisboa. Atua na área de Gestão de Pessoas há cinco anos. Especialista em consultoria e implantação de setores de RH e Qualidade para empresas de pequeno e médio porte. Sócia/Diretora da SETE – Seleção Treinamento e Envolvimento de Recursos Humanos. 222 O RH que as empresas demandam Cristiano Miranda da Fonseca Quando falamos em Recursos Humanos (RH) nosso pensamento se remete a pensar em plano de cargos e salários, benefícios, treinamento e desenvolvimento, administração de pessoal e outros subsistemas clássicos da área. Mas nos tempos atuais será que se fizermos somente estas práticas atenderemos a demanda das empresas e de seus acionistas? Eu, em particular, penso que não. Vivemos em um mundo globalizado onde a concorrência é acirrada e muitas vezes até desleal, então como conviver com este cenário usando de uma legislação arcaica que em sua grande parte não atende as necessidades contemporâneas? Diante desta realidade nos deparamos com um grande dilema, cumprir o que a legislação nos impõe ou nos tornar competitivos para um mercado de leões? Uma das respostas para esta indagação acredita estar na palavra “Gestão”, hoje e cada dia mais, nós profissionais de RH temos que ser gestores. Não podemos mais usar a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) como uma bíblia que se coloca debaixo do braço e apenas se cumpre, sem sequer questionar ou buscar alternativas para situações e demandas existentes. Hoje nos é demandado além de gerir pessoas e os subsistemas de RH, gerir também processos, gerir riscos, conhecer as necessidades e anseios da empresa, entender o mercado que se atua e tudo que possa interferir em nossa gestão. O perfil do profissional de RH mudou e precisamos de forma rápida atender a esta nova demanda. As organizações buscam profissionais que entreguem soluções e que não apenas digam “isto pode” ou “isto não pode”. Ao que em 223 tese “não pode”, temos que apresentar alternativas, minimizar o risco, dar valor a este risco, definir se é válido ou não assumir naquela determinada situação aquele determinado risco. Este novo gestor para obter sucesso neste novo cenário que se apresenta, precisa buscar parceiros que possam agregar na formação deste novo conceito de profissional, como a área jurídica e os sindicatos que se tornaram imprescindíveis para uma boa gestão destes conflitos. Conhecer o negócio de sua empresa também é fundamental, conhecer as dificuldades produtivas, o perfil e características do setor são essências, as oportunidades e ameaças, as relações com os stakeholders e tudo que possa de alguma forma interferir em sua gestão deve ser estudado. O termo RH estratégico está na moda, todos dizem ser estratégicos por participar de algumas reuniões ou por definirem qual a melhor estratégia de treinamento a se usar, mas ser estratégico vai muito, além disto, envolve decisões, planejamento e engajamento. Ser estratégico é se antecipar a problemas, é prever possíveis rupturas em um processo e trabalhar para que estas não aconteçam, é trabalhar pro ativamente e não somente de forma reativa, enfim, ser estratégico é ser gestor de informações e situações a favor dos objetivos da empresa, sem se esquecer de fazer com que todos os subsistemas clássicos também funcionem em favor de sua gestão. Diante de todo o exposto podemos perceber que a área de RH ultrapassou o limite das quatro paredes de uma sala, foi além dos subsistemas clássicos de RH e se tornou primordial para o sucesso da empresa. Costumo dizer que nós gestores de RH, temos portas abertas dentro da organização, temos acesso a todas as informações e a todas as áreas ou se não temos, deveríamos trabalhar para ter. Isto nos possibilita atuar de forma abrangente e estratégica, basta que façamos boa gestão de todo este conhecimento e assim poderemos dizer que somos sim um “RH Estratégico” dentro de nossa empresa. MINICURRÍCULO Formado em Administração de Empresas pela PUC Minas. MBA em Gestão Empresarial pela FGV. Participação como Palestrante no Workshop “Mitos e Verdades das Práticas de Gestão de RH” - 2013. Atuante como Gestor de RH há 16 anos no setor da Construção. 224 O RH, a gestão de mudanças e as novas estruturas organizacionais Luna Metz No século da qualidade total, vemos crescer uma tendência de mercado onde as empresas se preocupam cada vez mais com a otimização de seus processos. As áreas tendem a pensar de forma mais objetiva e clara, a fim de minimizar falhas e maximizar resultados, focando o cliente a todo o tempo. Alimentadas por esta visão, as organizações vêm passando por um processo de redimensionamento de equipes, tarefas, procedimentos e regras internas. Este não é um cenário fácil para abrigar antigos modelos de profissionais, habituados a realizar suas tarefas sem preocupar em obter uma visão ampla do negócio onde estão inseridos. Portanto, estamos falando de um momento corporativo de mudanças. Todo processo de mudanças obrigatoriamente envolve pessoas. Estas passarão a ser as principais responsáveis por primeiramente entender a nova lógica apresentada e, em seguida, se apropriar dela, passando a alimentar o novo fluxo de procedimentos internos de determinada companhia. É preciso que os profissionais estejam implicados nestes novos processos e possam se sentir parte dele, entendendo seu papel e o resultado final que deverá ser atingido. Portanto, gerir mudanças em organizações que já estão com seus processos definidos e engessados passa a ser um desafio que será apresentado a todos, mas principalmente à área que é conhecida por ser responsável pela “gestão de pessoas”: o RH. 225 Segundo Gonçalves (1997), o RH neste novo contexto organizacional deixará de ser uma área fechada em seus processos, e passará a servir de suporte para toda a empresa. Ele afirma: De maneira geral, todos os responsáveis pela gestão das empresas precisarão redesenhar os sistemas e redefinir os critérios com os quais as empresas são administradas e caberá aos especialistas em recursos humanos dar o apoio necessário para esse esforço de reestruturação. (GONÇALVES, 1997, P.14). Outra mudança de papéis que se tornará evidente neste cenário de mudanças será o contato entre gestores de equipes e seus liderados, que passará a ser mais constante e direto. Tendo em vista o foco total no cliente e o deslocamento dos profissionais de RH para outras responsabilidades, estas cada vez mais estratégicas, o gestor terá que assumir questões subjetivas da gestão de pessoas como participação ativa na avaliação de desempenho, movimentações internas, motivação, discussão de carreira, etc. Claro que neste trabalho, a área de RH permanecerá presente, porém agora como área de staff nestes processos. Temos aí mais um desafio: colocar os gestores, que muitas vezes denotam perfil estritamente técnico, para atuar como verdadeiras lideranças de suas equipes. Gonçalves destaca que: “(...) os gerentes estão sendo deslocados para a zona de contato com os clientes, o que muitas vezes implica em olhar para a parte mais baixa do organograma convencional. Alguns gerentes estiveram tanto tempo longe de qualquer tipo de trabalho substantivo, que perderam qualquer contato com ele e com a sua realidade”. (GONÇALVES, 1997, P. 16) O desenvolvimento de competências de gestão de pessoas é um dos aspectos que as empresas que buscam alta performance devem ter em vista. Investir em processos não é suficiente se, concomitantemente, não se investir também em novas práticas de gestão, redefinição de cultura organizacional e nova negociação de deveres e direitos entre líderes e equipes. Sustentando a ideia de que as pessoas são os principais mantenedores dos processos empresariais, de nada adianta termos 226 regras e procedimentos bem desenhados e com eficácia teórica comprovada, se os profissionais envolvidos cotidianamente nesta dinâmica não transformarem seu modo de pensar e atuar. A empresa, baseada em processos, deve desenvolver seus funcionários, de todos os níveis, a fim de que estes estejam alinhados com os meios e fins que a companhia pretende atingir, e este não é um desafio fácil. O RH, que estará neste processo como área de suporte, deverá perceber que tal engajamento frente aos novos processos não ocorrerá de maneira automática, em curto prazo. Isto desafiará anos de uma cultura organizacional que terá que desaparecer aos poucos, cedendo espaço para uma visão contemporânea da forma de trabalho. A tendência, então, é que os profissionais de RH, que hoje são analistas especializados em rotinas de recrutamento e seleção, treinamento, cargos e salários, etc., assumam um papel mais próximo de consultores do que técnicos dentro desta reengenharia de processos. Vemos que os profissionais de Recursos Humanos passarão por uma mudança de atuação, tornando parte de uma área mais estratégica e menos operacional. Não atuarão tão diretamente como executores, mas sim como consultores de gestão, auxiliando as áreas nas tomadas de decisão, desenho de processos e apoio na absorção destes processos pelos profissionais. O papel de gestão de pessoas passará a ser responsabilidade dos gestores de equipes, que terão de assumir o relacionamento com seus liderados tratando aspectos subjetivos que anteriormente direcionavam para ser tratado pelo RH. Segundo Bichuetti (2011) Os responsáveis pela gestão de pessoas numa organização são os gestores, e não a área de RH. E, ao contrário do que possa parecer (...) não digo que a área tem atribuições menos importantes do que cuidar das pessoas. Ao contrário: defendo-a como maior do que isso, uma área estratégica que deve ser parceira de negócios dentro da organização. 227 Esta nova estrutura organizacional abrirá novas possibilidades para a área de RH, promovendo trocas e agregando valor. Os profissionais que hoje se mostram focados em rotinas de RH tendem a ganhar uma amplitude de atuação no contexto empresarial, ao mesmo tempo em que este modelo abrirá o setor de Recursos Humanos para que profissionais anteriormente alocados em outros contextos organizacionais também possam se inserir neste. Portanto, o cenário é propício para que as companhias trabalhem a interação entre equipes e conhecimentos e invistam em desenvolvimento de seus colaboradores de maneira ampla e generalista. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BICHUETTI, José Luiz. Gestão de pessoas não é com o RH! Edição Brasil II - Na íntegra. 10 fevereiro, 2011. GONCALVES, José Ernesto Lima. Os novos desafios da empresa do futuro. Rev. adm. empres., São Paulo, v. 37, n. 3, Sept. 1997. MINICURRÍCULO Psicóloga formada pela PUC-MG (2010), Especialista em Consultoria Organizacional pela UNA (2012). Atua na área de Recursos Humanos, com foco em Recrutamento & Seleção desde 2008. Atualmente trabalha na Capgemini Brasil, empresa multinacional de Tecnologia da Informação. 228 Objetos de aprendizagem no e-learning tecnologia a serviço da educação corporativa Ubirajara Neiva O segmento de RH recebe constantemente novos conceitos e termos. Os “novos famosos” do momento são os objetos de aprendizagem, tão defendidos por muitos profissionais da educação corporativa, dada sua incorporação na produção tecnológica aplicada a essa área. Uma definição objetiva e interessante é a de Liane Tarouco, em seu artigo intitulado “Reusabilidade de Objetos Educacionais”, onde ela define que os chamados objetos de aprendizagem podem ser considerados como qualquer recurso, integrante do conteúdo ou suplementar ao processo de aprendizagem, que pode ser usado e reusado durante essa aprendizagem. Para a autora, esses learning objects, na dinâmica da produção voltada ao e-learning, são materiais (conteúdos, atividades, pílulas de conhecimento, iconografias etc.) projetados e construídos em pequenos conjuntos com vistas a maximizar as situações de aprendizagem onde o recurso pode ser utilizado. De início, pode parecer algo complicado, mas a lógica é até simples, quando o projeto educacional é bem planejado e com vistas a ser funcional. Ou seja, é preciso definir com clareza o que se pretende com a utilização dessa tecnologia e quais são as alavancas de conhecimento atreladas aos objetos. Se uma empresa escolhe aplicar um treinamento com menu interativo, por exemplo, e uma orientação para objetos de aprendizagem, já deverá contemplar, na sua estrutura tecnológica, que suporta o ambiente educacional, outras ferramentas e suportes que irão permitir a interoperabilidade do sistema. 229 E essa interoperabilidade, que é apenas um dos benefícios de utilizar os objetos de aprendizagem, diz respeito exatamente a essa possibilidade de se utilizar ou reutilizar um objeto criado em um ambiente, em percursos formativos diferentes, mesmo que os ambientes e as ferramentas ou plataformas sejam outras. Liane Tarouco cita ainda outros benefícios como acessibilidade e durabilidade. A acessibilidade é o benefício simples de se poder ter o acesso aos objetos em vários ambientes. Já a durabilidade é o benefício da reutilização sem a necessidade de retrabalhos. Da técnica para a prática Entendendo um pouco o conceito de objeto de aprendizagem aplicado ao e-learning, é importante saber também como eles são dispostos e o que garante a sua correta e completa utilização na prática. Para quem trabalha com essa modalidade de educação, termos como LMS e SCORM já são comuns, mas para muitos ainda não: • LMS (Learning Management System) ou Sistema de Gestão da Aprendizagem: É um ambiente tecnológico que comporta produtos do e-learning na forma de treinamentos, games, avaliações e outros. É nesse ambiente que se estabelece o campus virtual onde os colaboradores de uma empresa irão acessar conteúdos, realizar seus percursos formativos e utilizar os objetos de aprendizagem conforme o planejamento feito para isso. E as plataformas LMS oferecem também várias funcionalidades para que a empresa possa fazer a gestão das ações educacionais. • SCORM (Sharable Content Object Reference Model): É um conjunto de padrões e especificações internacionais de programação tecnológica, criado para facilitar a comunicação entre os recursos de um ambiente virtual de aprendizagem. Apesar de suas limitações, é o mais usado no mundo hoje porque permite realizar anotações quantitativas e qualitativas sobre o objeto de aprendizagem, define o ambiente operacional necessário e também uma ordem linear para exibição de vários objetos de aprendizagem. 230 Para facilitar a compreensão de como o processo acontece na prática, vamos detalhar uma comunicação entre um LMS e um treinamento e-learning, nomeando possíveis elementos e objetos catalogados e modelados com o auxílio da programação SCORM, numa sequência inversa, até o nível de detalhamento de objeto de aprendizagem: Elemento COMUNICAÇÃO COM O LMS Curso e-learning linear, em Entendido como um bloco único. elemento único tem poucas possibilidades de reutilização, já que não é flexível devido ao seu desenvolvimento em apenas um bloco compacto. Módulo de um treinamento sobre Direção Defensiva, que aborda cuidados com o meio ambiente. Por ser desenvolvido de forma modular, esse elemento (módulo) já pode ser reaproveitado em outro percurso formativo em um LMS, compondo uma sequência de ensino diferente. Gráficos, ícones, classificações, Para um LMS, se dispostos tabelas etc., utilizadas em um em um ambiente como curso. uma biblioteca de dados ou, até mesmo, dentro de um treinamento, pela lógica de organização dos objetos de aprendizagem, é possível reutilizá-los em vários produtos educacionais simultaneamente. A lógica que citei anteriormente dos objetos de aprendizagem é, então, um modelo de descrição dos conteúdos que permite a comunicação entre programação e ambiente tecnológico, facilitando a transferência de informações para o LMS sobre o conteúdo e a interação dos aprendizes ao longo desse conteúdo. É muito importante que cada profissional, envolvido na definição das metodologias e ferramentas que serão aplicados à educação nas empresas, busque sempre conhecer o melhor que puder 231 de cada técnica, não no nível operacional, mas em sua lógica e em como ela afetará o processo educacional como um todo. Os resultados dependerão disso e do melhor planejamento para a efetiva utilização em cada cenário. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS TAROUCO, Liane. Reusabilidade de objetos educacionais. UFRGS, 2003. MINICURRÍCULO Ubirajara Neiva é empresário da área de educação corporativa, fundador da e-Lead – Liderança em educação corporativa (www.elead.com.br) e do blog “Para falar de educação corporativa” (http:// educacaonaempresa.blogspot.com), atualmente com mais de 200 mil visitas. Tem formação em jornalismo e pós-graduação em comunicação empresarial e marketing e sua atuação profissional está focada na gestão de educação corporativa, abertura de mercado e relacionamento com clientes na e-Lead. Como criador e responsável pelo blog da educação corporativa, atualiza semanalmente o canal com artigos especializados sobre a área, textos e entrevistas com profissionais de expressão, contribuindo para a melhor visibilidade da educação corporativa no Brasil. 232 OS CONCEITOS DE COMPETÊNCIA, COMPLEXIDADE E ESPAÇO OCUPACIONAL NA GESTÃO DE PESSOAS Ângela Aparecida Prata Neves Não é difícil perceber que nos últimos tempos a área de Gestão de Pessoas mudou bastante desde seu início. Responsável pela execução de processos que envolvem “pessoas”, esta área se deparou com um aumento constante de atividades e, por consequência, de responsabilidades estratégicas. Sendo assim, necessária a construção de um modelo de gestão integrado e estratégico. A área de Gestão de Pessoas tem como objetivo demonstrar uma amplitude muito maior do que a área de Recursos Humanos e se preocupa em atrair, reter, desenvolver e capacitar os funcionários, ou seja, significa gerir todas as pessoas dentro da organização, na implantação de ações institucionais que envolvam todas as outras áreas. Segundo Dutra (2001), a Gestão de Pessoas é responsável por “um conjunto de políticas e práticas que permitem a conciliação de expectativas entre a organização e as pessoas para que ambas possam realizá-las ao longo do tempo”. O novo modelo de gestão de pessoas utiliza os conceitos de competência, complexidade e espaço ocupacional em conjunto e não de forma isolada. Assim, temos a capacidade de compreender o real motivo da gestão de pessoas, hoje nas organizações, ser estruturada e bem sucedida. A competência é atribuída à organização como um conjunto de competências próprias e atribuída as pessoas como um conjunto 233 de competências que podem ou não serem úteis. Competências estas que a organização pode estar aproveitando ou não. Para um contínuo processo de troca de competências as organizações e as pessoas devem caminhar juntas, lado a lado. A complexidade nos permite visualizar as pessoas em sua relação dinâmica com a organização. Permitindo analisar o nível de entrega destas pessoas e identificar um desenvolvimento das mesmas, estabelecendo as bases para um sistema remuneratório. O desenvolvimento é visto como a capacidade da pessoa de assumir e executar funções e responsabilidades de maior complexidade. Chiavenato (2010, p. 4): Para mobilizar e utilizar plenamente as pessoas em suas atividades, as organizações estão mudando os seus conceitos e alterando as suas práticas gerenciais. Em vez de investirem diretamente nos produtos e serviços, elas estão investindo nas pessoas que entendem deles e que sabem como criá-los, desenvolvê-los, produzilos e melhorá-los. Em vez de investirem diretamente nos clientes, elas estão investindo nas pessoas que os atendem e os servem e que sabem como satisfazê-los e encantá-los. As pessoas passam a constituir o elemento básico do sucesso empresarial. O espaço ocupacional é decorrente da relação existente entre a complexidade e entrega. Sua ampliação acontece em função de duas variáveis: as necessidades das empresas e a competência das pessoas em atendê-las. Observamos que as empresas que estão obtendo bons resultados na nova gestão de pessoas têm aplicado os conceitos de competência, complexidade e espaço cultural. Isso permite que o gestor avalie os riscos e possa acompanhar todos os resultados de suas decisões. A área de Gestão de Pessoas inicia uma trajetória nova dentro das empresas, passando a atuar como sustentação as diversas áreas de negócio, estabelecendo políticas e orientando os gestores nas tomadas de decisões que envolvem pessoas. 234 O profissional da área de gestão será responsável por assessorar os gestores em suas atividades relacionadas a pessoas, procurando alinhar as necessidades destes com as políticas da empresa. A exigência é para que se tenha uma visão generalista, ou seja, que atenda com efetividade todas as áreas da empresa. A preocupação fundamental das empresas bem sucedidas é acrescentar valor às pessoas de maneira contínua e intensa, não como um esforço único e isolado, mas como um esforço constante e permanente. Acrescentando valor às pessoas, as empresas estão evoluindo, melhorando os próprios processos internos, aumentando assim a qualidade e a produtividade, bem como aprimorando seus próprios produtos e serviços. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. 3. ed. - Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. DUTRA, J. S. (org.). Gestão por Competências: um modelo avançado para o gerenciamento de pessoas. São Paulo: Editora Gente, 2001. MINICURRÍCULO Psicóloga Clínica e Organizacional. Graduação em Psicologia e Pós Graduação - MBA em Gestão Estratégica de Pessoas. 235 PESQUISA DE CLIMA ORGANIZACIONAL: FERRAMENTA DE GESTÃO PARA MEDIR “PERTENCIMENTO” E ALCANÇAR RESULTADOS Carolina Lobato do Couto Vivemos em uma época marcada pela globalização, transformações continuas, crises e mudanças velozes, sendo o desafio continuo presente nas empresas a busca pela competitividade e resultados. Diante disso, cada vez mais são as pessoas que geram diferenças, performances e validam resultados. Acho essencial a visão de um cliente que diz: “a tecnologia é commodity, o que nos diferencia é o atendimento. E atendimento não é feito por maquinas, mas sim por pessoas”. O fator humano tornou-se peça fundamental para as organizações. Pessoas felizes, motivadas, orgulhosas de pertencer a uma organização e agindo como donas, fazem total diferença. Partindo desses pressupostos, o RH é acionado, lançando mão de uma excelente ferramenta de gestão que é a Pesquisa de Clima Organizacional. A pesquisa de clima organizacional é uma das mais valiosas ferramentas na gestão de recursos humanos, capaz de diagnosticar e criar condições para a gestão da Qualidade de Vida no Trabalho, identificando a origem dos problemas relacionados aos recursos humanos nas organizações e apurando sentimentos de pertencimento. A pesquisa de clima pode ser considerada uma eficiente ferramenta de diagnóstico e gestão de RH, que contribui para 236 a geração de um ambiente de trabalho motivador, estimulante, agradável e saudável. Se tivermos tais fatores em evidencia, pertencimento está instaurado e geração de resultados facilitados. Esse tipo de pesquisa tem se tornado mais comum, devido aos cada vez mais utilizados processos de automação, que reduzem o quadro de funcionários, ao chamado “downsizing”, às fusões e privatizações que misturam culturas organizacionais completamente diferentes gerando, todos eles, muitas vezes, instabilidade e insegurança aos funcionários o que prejudica seu desempenho e, conseqüentemente o desempenho da organização como um todo. O clima organizacional pode ser definido como os reflexos de um conjunto de valores, comportamentos e padrões formais e informais que existem em uma organização (cultura) e, representa a forma como cada colaborador percebe a empresa e sua cultura, interpreta tais fatores e como ele reage a isso. Essa percepção pode ser boa ou ruim de acordo com a interpretação pessoal que cada colaborador faz das políticas, normas e conduta da empresa frente às diversas questões, tanto referentes ao mercado em que ela atua, como com relação às pessoas e a sociedade. Resumindo, clima organizacional é a percepção coletiva que as pessoas têm da empresa, impactando diretamente na forma de comportar. O clima organizacional então age como um indicador de como as mudanças estão afetando a organização e como ela reage a tais afetações. No processo da Pesquisa de Clima alguns aspectos essências da empresa devem ser contemplados, como por exemplo: • Trabalho em si: identificação que o colaborador tem com o trabalho realizado. • Recursos e infraestrutura para o trabalho • Remuneração • Política de benefícios • Integração e relacionamento interpessoal e entre departamentos • Comunicação 237 • • • • Estilo gerencial/Liderança Ética da e na empresa Desenvolvimento profissional Orientação para resultados É com a apuração da percepção do colaborador sobre tais itens que se torna possível que a empresa detecte possíveis falhas ou oportunidades de melhoria. Outro ponto que favorece a realização da pesquisa de clima organizacional é a questão da imagem da empresa. Os colaboradores são os primeiros clientes que a empresa precisa conquistar para que, depois possa conquistar o mercado. Pouco impacta uma empresa fazer uma campanha publicitária fantástica a respeito da sua responsabilidade social ou ambiental para os clientes externos, sendo que seus colaboradores (clientes internos) não estão satisfeitos com as condições de trabalho ou não tem conhecimento em relação a tais praticas. O clima organizacional pode ser medido, também, através da percepção e observação de alguns “sinais”, quase sempre visíveis e sentidos a olhos nus. Quando o clima é bom, existe alegria no ambiente de trabalho, sentimento de camaradagem e cooperação, idéias e criatividade. As pessoas sentem-se confortáveis, confiáveis, corajosas e predomina a auto-estima e atitudes positivas. Porem, quando o clima é ruim, vale-se da competição, tensão, desinteresse, erros constantes, desobediência às ordens, falta de comunicação, alto índice de absenteísmo, desperdício de materiais e turnover alto. Parceria entre empresa e colaborador tem tornado-se imprescindível para o sucesso coorporativo. Ter essa visão de “Ganha Ganha” é fundamental, e fator estratégico para o sucesso de um negócio. Ter apontado aspectos a aprimorar não é fácil e confortável, como experimentado em qualquer processo de feedback. Porem é conhecendo fraquezas e “olhando para o próprio umbigo” é que se evoluem empresas e pessoas. 238 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS LUZ Ricardo. Gestão do Clima Organizacional NETO, Artur de Souza Leite. Clima Organizacional: Estudo do Comportamento Humano no Trabalho (artigo conclusão de curso – Facex/RN) MINICURRÍCULO Coordenadora de RH - MP CONSULTORIA RH. Psicóloga, formada pelo Unicentro Newton Paiva - BH em 2002, especializada em Atendimento Sistêmico de Redes Sociais, com 11 anos de experiência na área de RH. Atua na área de recursos humanos desenvolvendo ações relacionadas à Gestão Estratégica em RH, Programas de Desenvolvimento de Lideranças e Equipes, ministra cursos e participa de seminários e congressos na área de Recursos Humanos. Alguns clientes atendidos: Ecx Card, Forno de Minas, Embaré, Total Alimentos, Patrus Transportes, 5 á Séc Lavanderias, Breton Actual, Clínica Dr. Roberto Pereira Lima, Transremoção, Magazine Luiza, EMIVE, dentre outros. 239 PLANEJAMENTO E ORIENTAÇÃO DE CARREIRA: UMA NOVA DEMANDA PARA AS INSTITUIÇÕES Carolina Di Lorenzo Morais CONTEXTO HISTÓRICO Durante os séculos, após mudanças econômicas e sociais, o homem passou a ter possibilidade de escolher o trabalho com o qual se identifica e não mais ser direcionado a ele por questões as quais não consideravam suas habilidades e interesses. A partir desta mudança cultural, que afetou inicialmente países mais desenvolvidos e, posteriormente chegou ao Brasil, em 1924 surge o primeiro trabalho de Orientação Profissional no país, com o objetivo de identificar e orientar os profissionais ao mercado de trabalho. CENÁRIO ATUAL O Processo de Orientação vocacional-ocupacional teve inicio com jovens em processo de escolha profissional, contudo, a Psicologia Vocacional se desenvolveu e abraçou novos grupos, como por exemplo, profissionais que já estão ingressados no mercado de trabalho e, que por algum motivo, buscam orientação na carreira. A busca por este trabalho pode ser por insatisfação profissional e necessidade de direcionar sua carreira para algo novo, ou mesmo, desenvolver competências inerentes ao cargo ocupado ou ao cargo que se vislumbra ocupar. Dentro deste contexto, muitas empresas oferecem programas de orientação de carreira ou coaching, como forma de orientar os 240 profissionais que atuam na empresa, bem como, potencializar as características exigidas aos cargos ocupados. PROGRAMAS DE DESENVOLVIMENTO O Planejamento e Orientação de Carreira é hoje uma prática existente nas empresas e tem como objetivo oferecer aos profissionais: consciência de suas habilidades e carências; visualizar oportunidades futuras de atuação e competências necessárias para tal cargo; fazer uma auto reflexão ao confrontar suas competências profissionais ao perfil ideal que se espera possuir. Já a empresa busca com este trabalho: detectar e reter talentos; fazer o planejamento da carreira dos profissionais existentes na organização em consonância com as estratégias de atuação na gestão estratégica; plano de sucessão para cargos táticos e estratégicos, entre outros. Os Programas de Desenvolvimento para Planejamento e Orientação de Carreira utilizam de algumas ferramentas como: Avaliação Psicológica ou Comportamental para levantamento de Potencialidades e Carências; Treinamentos e Capacitações; Técnicas de Coaching e de Orientação Profissional, Treinamentos Práticas em loco e PDI (Programa de Desenvolvimento Individual). O Profissional indicado para realizar este trabalho deve ter formação específica para conduzir este processo, com ferramentas que visam o desenvolvimento do profissional. Muitas empresas possuem o Plano de Carreira como um recurso para reestruturar sua política de Cargos e Salários e, assim, criar condições para oportunidades futuras. A Orientação de Carreira pode vir como um complemento do Plano de Carreira ou como um Programa a parte de Desenvolvimento. O que se nota nas pesquisas realizadas nas empresas, é que os profissionais buscam além da satisfação profissional, oportunidades de crescimento e aprendizado no ambiente onde atuam e o Planejamento e Orientação de Carreira pode ser um instrumento rico para este processo de desenvolvimento. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Neiva, K.M.C. Processos de Escolha e Orientação Profissional, São Paulo: Vetor Editora, 2007. 241 Mahl A.C, Neto E. O. Soares D. H. P. Popi - Programa de Orientação Profissional Intensivo, São Paulo: Vetor Editora, 2005. MINICURRÍCULO Formada em Psicologia, Especialista em Psicologia Organizacional, desde 2006 atua como Consultora em Psicologia do Trabalho/Orientação Profissional e de Carreira. Prestou serviços em empresas como REVAP (Refinaria Vale do Paraíba - São José dos Campos) e RECAP (Refinaria de Capuava - Mauá) - Petrobrás. Atualmente trabalha na empresa Rhodes S/A como Analista de Desenvolvimento Humano e como consultora. 242 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE CARREIRA: GERENCIE SUA CARREIRA COMO UM JOGO DE XADREZ Pedro Eduardo Rodrigues Achou a afirmação estranha? Pode até ser, mas existe um embasamento para essa frase. E adivinha? Ela vai te ajudar a entender melhor a evolução da sua carreira. Sua vida profissional será idêntica às fases de uma partida de Xadrez. Dividida em três fases (abertura, meio-jogo e final), você verá na teoria o que pode acontecer na evolução da sua carreira. Abertura: É o início. No xadrez, normalmente é composto pelos vinte cinco primeiros lances, quando os jogadores desenvolvem seus exércitos e definem o início dos combates. Isso vai da sua fase de faculdade, passa pelos estágios e termina no primeiro emprego. É a época da sua vida em que você está coletando informações, juntando conhecimento e adquirindo experiência. É o momento em que você começa a definir suas preferências e o que fazer para ser melhor que a concorrência. Meio-jogo: O próprio nome já diz. No jogo, essa é a fase de maior desenvolvimento das peças. É quando você precisa sacrificar algumas para defender outras, partir para o combate e estar preparado. Viu como esse ambiente inóspito de batalha se parece com o mercado de trabalho? A partir do seu primeiro emprego, é hora de unir tudo o que você conquistou até então para subir. É a hora da batalha, de ter uma estratégia e querer chegar até o fim sem desistir. Seu objetivo deve estar mais claro do que nunca nessa fase da sua carreira. 243 Final: Para os enxadristas, essa é a fase em que a maioria das peças, de ambos os lados, já foram capturadas e os reis iniciam uma participação ativa no jogo. Na sua vida profissional, é aquele momento em que você está chegando aonde queria: gerência, direção, CEO, sócio. Você já tem o conhecimento, já tem a experiência, já tem os contatos. Agora é a hora de se esforçar ao máximo e mostrar sua capacidade em liderança para dar o xequemate que você tanto almejou. As composições do xadrez envolvem ciência, arte, estratégia, tática e alguns até falam sobre sorte. O seu plano de carreira é o tabuleiro. Para chegar ao xeque-mate da sua carreira, você tem que ter todo esse conhecimento em harmonia. Como profissional, você deve estar sempre atualizado sobre as tendências, estudos e novas pesquisas envolvendo sua área de atuação e outras relacionadas. Essa é a sua ciência. Ainda seguindo o mesmo exemplo da composição do tabuleiro, é essencial que um profissional siga o próprio instinto, dando asas à criatividade. Sua arte, seu “jeitinho”, seu processo - ou como queria chamar – será valorizado na maioria das vezes, pois é algo só seu, que nenhum outro colega poderá substituir. O xadrez é conhecido por ser um jogo extremamente estratégico. Analisar o adversário, começar com a peça certa e se utilizar de todas as informações que você tem para dar o “xeque-mate” é essencial para entender a evolução de sua carreira. Esteja sempre informado sobre tudo – dentro e fora da sua empresa -. Saiba o que acontece com os seus concorrentes, tenha sempre uma ideia, opinião ou “carta na manga”. Tenha uma estratégia para chegar ao xeque-mate e trace seu plano de carreira a partir daí. Afinal de contas, como vai saber como chegar se não sabe ainda aonde? Suas táticas compõem a sua estratégia. Quais são os seus pontos fortes? Qual sua área de especialização? Como é o seu currículo? O que você pode oferecer como diferencial? Pense nessa comparação: no xadrez, alguns jogadores utilizam certas peças como distração para formar sua estratégia. Voltando ao mercado de trabalho, digamos que você participou de uma dinâmica de grupo para se candidatar a uma vaga. Faça o melhor que puder: mostre liderança, saiba reconhecer uma boa ideia e mostre potencial. É isso que seus peões são: potencial. Eles fazem parte da sua tática, mas não são toda a sua estratégica. 244 A sorte é o termo que não muda em qualquer coisa que façamos na vida. No xadrez, dizem que ser sorteado para começar com o time branco é uma leve pitada de sorte. No mercado de trabalho, conhecer as pessoas certas, aproveitar oportunidades e saber sobre certas coisas pode ser considerado sorte. Enfim, tanto no jogo de xadrez como em sua vida profissional, para vencer terá que conhecer e obedecer as suas regras, terá que desenvolver o seu potencial criativo, seu controle emocional e todas as suas habilidades técnicas. Assim, você terá maiores probabilidades de ser um profissional de sucesso. MINICURRÍCULO Administrador com foco em Recursos Humanos há 20 anos, MBA em Gestão Empresarial Estratégica pela Universidade de São Paulo, Coach pela SBCoaching, Palestrante, Docente e Consultor de Carreira e Imagem. Autor do Blog Dicas do Coach. Atualmente é Gestor da área de Recursos Humanos da empresa Componente Holding. 245 Planejamento Estratégico de Remuneração Sérgio Campos Pereira Ramos A remuneração diferenciada torna-se cada vez mais importante para atrair e reter os melhores profissionais, bem como aqueles que melhor se adaptam às características do negócio. Em um mercado globalizado e, cada vez mais competitivo, a tendência é rever a composição da remuneração total dos profissionais, já com a sinalização de crescimento na oferta de benefícios ou pacotes de remuneração variável aos seus profissionais, sem onerar assim significativamente os custos da empresa. O problema está justamente nessa contabilidade e, em como um bom planejamento estratégico de remuneração, pode ser benéfico para profissionais e empregadores. Sair de uma estratégia única de remuneração para diferentes estratégias de remuneração, identificando os grupos de profissionais mais críticos e tratandoos de forma diferenciada, é uma tendência e, ao mesmo tempo, uma solução para a questão apresentada. A Remuneração é o conjunto de vantagens diretas, indiretas (aspectos tangíveis) e psicológicas (intangíveis) com as quais a organização retribui seus profissionais, devido a uma prestação de serviço. Na prática, essa definição extrapola a antiga ideia de salário, sendo possível incluir diversos benefícios para saciar e alcançar mais do que as necessidades básicas dos profissionais, como educação, alimentação, cultura, transporte e assistência médica. Inclusive, complementa significativamente a iniciativa governamental, como uma solução e ação de governança corporativa frente à atual incapacidade do governo de suprir as necessidades mais básicas de seus cidadãos. Estendidos tais benefícios, é interessante observar as diferenças desses tipos de 246 remuneração. As vantagens diretas podem ser consideradas tudo aquilo que se consegue receber financeiramente, como, programa de produtividade, participação nos resultados e implantação de um projeto de plano de cargos e salários como o forte objetivo de manter ou restabelecer o equilíbrio interno e a competitividade externa. Já as vantagens indiretas são os benefícios, como plano de saúde e odontológico, seguro de vida, MBAs, bolsas de estudos formais e línguas, auxílio combustível, alimentação e investimento em cursos de qualificação e desenvolvimento. Outro aspecto importante diz respeito à remuneração intangível, parcela esta que nunca se levou tanto em consideração para que a empresa seja a escolhida pelos profissionais. Essa remuneração engloba ações voltadas para o bom clima do ambiente de trabalho, respeito às diferenças, desenvolvimento e criação de lideranças, qualidade de vida, vida no trabalho, horários flexíveis, ou seja, conseguir a difícil, mas adequada, química entre trabalhar e viver. Além dos benefícios mais comuns, como os já citados, outros podem gerar um externo impacto positivo na relação profissional/ organização, entre eles sessões de massagens relaxantes, academia de ginástica, salão de beleza, estacionamento e tíquetecultura, entre vários outros. Esses benefícios, alinhados e aliados às demais estratégias da organização, compõem a remuneração total. Uma crescente tendência está em remunerar o profissional pelo que ele é, pelo seu conhecimento, suas habilidades, vivência e maturidade adquiridas ao longo de sua vida profissional, e não apenas pelo cargo que ocupa, modo mais comum de remunerar entre as empresas. Também chamada de remuneração por competências, utiliza da avaliação individual de competência e da metodologia denominada carreira em Y como fator favorecedor para atração e retenção de profissionais na organização. Por fim, enfatizo a questão financeira. Se na remuneração fixa (salário nominal) incidem diversos tributos, como Imposto de Renda e encargos previdenciários e trabalhistas, a remuneração variável, o pacote de benefícios e as vantagens psicológicas não sofrem essas tributações, ou no mínimo têm uma carga demasiadamente inferior à da remuneração fixa, alcançando então seu maior objetivo, que é a melhoria de vida do trabalhador. 247 Aí está a mágica de pagar mais e gastar menos. Os pontos positivos também podem ser contabilizados pela satisfação e pelo comprometimento do profissional que irá incorporar, por sua própria vontade, o DNA e o sobrenome da empresa. Por fim, é uma fórmula para criar uma relação saudável e o equilíbrio entre custo do trabalho x custo do produto x lucro x satisfação do profissional, hoje uma real e urgente necessidade para as organizações. MINICURRÍCULO Consultor Organizacional graduado em Administração de Empresas pela UNA, com MBA em Gestão Empresarial pela FGV e pós-graduado em Administração de Recursos Humanos pela UNA. Possui mais de 28 anos de experiência nas áreas / disciplinas Gestão da Remuneração, Gestão do Desempenho, Relações Trabalhistas, Desenvolvimento Humano e Organizacional, Análise e Racionalização de Processos, Diagnóstico e Arquitetura Organizacional. É Diretor-Presidente da RHUMO Consultoria Empresarial atuando como gestor e consultor em projetos para mais de 400 empresas nacionais e multinacionais, em âmbito nacional e internacional. Atua como Palestrante em 0congressos e encontros de administração e recursos humanos, como Professor na FGV - Fundação Getúlio Vargas, no IBMEC – Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais e na FDC - Fundação Dom Cabral (PAEX). É conselheiro efetivo da Associação Brasileira de Recursos Humanos Seccional Minas Gerais – ABRH-MG desde 2006, é Membro do Comitê Executivo de Recursos Humanos da Câmara Americana – AMCHAM e ex Conselheiro Efetivo do Conselho Regional de Administração de Minas Gerais – CRA-MG- 2008 A 2012. Como executivo, atuou no Grupo Mendes Júnior por mais de 13 anos. 248 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO (QVT) Thais Lindemberg Camargos As constantes mudanças vividas por todos os níveis da sociedade contemporânea passaram a exigir do ser humano uma grande capacidade de adaptação física, mental e social. Essa situação acabou expondo as pessoas a uma frequente situação de conflito, ansiedade, angústia e desestabilização emocional, o que, de fato, vem interferindo na saúde do trabalhador e no seu processo de trabalho. Com isso, elas acabam vivendo sob pressão, não só no ambiente de trabalho, mas também sofrendo uma pressão psicológica, que pode desencadear o estresse. O estresse é um estado emocional desagradável que ocorre quando as pessoas estão inseguras de sua capacidade para enfrentar um desafio percebido em relação a um valor importante (WAGNER III; HOLLENBERCK, 2006). O esgotamento físico e mental do trabalhador, conhecido por estresse, é consequência das condições de trabalho no mercado corporativo. Medo da demissão, pressões dos superiores, alta competição, busca de lucro e eficácia, falta de valorização, baixos salários, deixam trabalhadores cansados, receosos e até mesmo exaustos. Diante desse quadro, o trabalho, que deveria ser fonte de prazer e satisfação, passa a ser um local de dor e sofrimento para os trabalhadores. O fator psicológico não está relacionado a atividades distintas, grupos de trabalho ou porte empresarial. Podem afetar desde o chão de fábrica até a alta administração de uma grande empresa. 249 Os gestores devem ter a compreensão de que promover a saúde mental constitui estratégia para aumento de produtividade, com qualidade de vida. Neutralizar os fatores de geração de “estresse” no trabalho contribui para tornar o individuo mais disposto para exercer suas atividades (FIORELLI, 2006). Pode-se concluir que, as organizações junto aos seus gestores, devem promover programas, utilizando as mais eficazes estratégias para diminuir o índice de estresse ocupacional, e, que de fato, se as pessoas estiverem com uma boa saúde mental, acarretará no aumento da produtividade. Acredita-se que se bem treinado, bem orientado e principalmente bem acompanhado psicologicamente no seu dia a dia de trabalho o profissional terá boas chances de ser um colaborador de alta produção e sem prejuízos á sua saúde. Assim, cabe à empresa e seus gestores desenvolverem programas que promovam a qualidade de vida no trabalho. O conhecimento do tema se faz importante para os gestores da área de Recursos Humanos, por se tratar da saúde do trabalhador, resultando na sua produtividade, que por sua vez pode ocasionar um alto índice de turnover, afastamento e absenteísmo. “Algumas pessoas acreditam que a vida deveria ser perfeita e sem estresse. Não sendo assim, tal expectativa só às expõe a mais estresse. Considere a vida pelo que ela é. Aceite seus altos e baixos com graça e humor”. Autor: (Tom McGrath) Referências bibliográficas ARDEN, John B. Sobrevivendo ao estresse do trabalho – como superar as pressões do dia-a-dia. Rio de janeiro: Altas Books, 2003. FERNANDES, E.C. Qualidade de Vida no Trabalho. São Paulo: Salvador, 1996. 250 SEYLE, H. Stress: a tensão da vida. 2 ed. Tradução de Frederico Branco. São Paulo: Ibrasa, 1965. Minicurrículo Graduada em Gestão de Recursos Humanos, faculdade Pitágoras. Atualmente Analista de Recursos Humanos na empresa CHB Rental/Hyundai. 251 RECOLOCAÇÃO PROFISSIONAL NOS TEMPOS MODERNOS Flávia Paula Trasladação Muito se têm apregoado sobre a situação positiva do mercado de trabalho, a redução dos empregos informais e o incremento no número de contratações, consequências do atual momento e expectativas otimistas sobre a economia brasileira. Apesar das boas notícias, há ainda um contingente considerável de pessoas em busca de recolocação nos mais diversos níveis e com as mais variadas experiências e formações. Antes as preocupações eram atender às demandas do mercado. Agora o foco é a sobrevivência. O mercado de trabalho exige cada vez mais qualificações e especializações para seus profissionais. Já se foi à época de mercado fechado – anos oitenta e início dos anos noventa, no qual o termo globalização era ainda algo distante. Profissionais pós-graduados e com inglês intermediário eram raros e disputados pelas multinacionais, num tempo em que empresa nacional era considerada como segunda opção. Afinal o que é esperado dos profissionais do futuro? Domínio das emoções, determinação e independência são fundamentais. Sobreviverão aqueles que forem mais rápidos implacáveis na ação e capazes de produzir resultados tangíveis no curto prazo. Entretanto, é esperado ainda mais dos profissionais, é necessário ter um perfil multicultural. O profissional, agora, precisa ter conhecimento global, não apenas do negócio da empresa em que atua, mas também em relação à cultura de outros países. É preciso saber como se comportam outros povos, pessoal e profissionalmente. 252 A ilusória estabilidade de um cargo sempre mascara um dado de realidade, tudo se tornou instável. Trabalhar para permanecer e estar preparado para sair é o desafio de todos. Portanto, o caminho para ser o protagonista e não apenas um figurante da própria carreira é ter um projeto profissional. Afinal, qual a melhor forma de encarar este período de busca de recolocação profissional? Apesar de incômodo e conturbado, é um período de transição que poderá servir como aprendizado. É preciso estar aberto às mudanças. Mas o que fazer? Aproveitar a memória ainda fresca e refletir de maneira profunda sobre sua carreira. Comece pela última experiência relevante, voltando 10, 15 ou 20 anos atrás, caso seja necessário. O que você faria novamente com prazer e o que não gostaria de fazer. Quais suas principais competências e habilidades, pontos fracos e pontos fortes. Cruze as informações e analise se o eventual desligamento não esteve vinculado a alguma lacuna entre a situação da empresa e seu momento de carreira. Talvez tenha sido melhor sair, antes que o cenário piorasse. Fazer um autoconhecimento é uma forma de se preparar para uma futura entrevista e sair na frente dos seus concorrentes. Hoje a internet tem se transformado em um canal de divulgação de oportunidades e de busca de recolocação profissional. Já se foi o tempo em que o “domingo” era o dia da busca de emprego nas páginas de classificados dos grandes jornais das cidades metropolitanas e a “segunda-feira” era o dia internacional da entrega de currículos. O profissional de hoje, deve esta atento a novas transformações do mercado, há ainda algumas redes sociais específicas para o mundo corporativo que aumentam um leque de oportunidades, hoje o Linkedin é o que mais se destaca. Porém, o contato pessoal é imprescindível, a entrevista individual ou em grupo é uma pratica dos velhos tempos e para passar por ela é preciso esta preparado. Comunicação verbal, sinceridade, comportamento e ética profissional são características que ainda não são possíveis de detectar pela internet. Apesar das versatilidades da recolocação profissional, não há uma receita especifica que garanta o emprego tão almejado, o que existe são orientações de buscas e caminhos que possam aumentar as possibilidades para a recolocação profissional. 253 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS HERNANDES, Anderson. Como construir um negócio rentável. São Paulo: LJM 2005. ROBBINS, Stephen P. Comportamento Organizacional. São Paulo: Prentice Hall, 2002. Bottoni, F.(2009). A crise mudou o mercado de trabalho. Veja como direcionar seu crescimento a partir de agora. Revista Você AS de 11/05/2009. Edição 131. Brasiliense. MINICURRÍCULO Graduada em Psicologia pela Faculdade Metropolitana de Belo Horizonte, Pós-Graduada em Gestão Estratégica de Pessoas pela UNI-BH. Atua como consultora de recursos humanos. 254 Recontratar Ex-funcionário Vale a Pena? Tânia Regina Dinelli de Carvalho Com as dificuldades de recrutar no mercado de trabalho, profissionais que ocupem as vagas existentes nas empresas, tendo esgotadas todas as possibilidades disponíveis de recrutamento interno, recontratar ex-funcionários torna-se uma alternativa a ser considerada. O futuro de um profissional, dentro do ambiente corporativo, vai depender de vários fatores que se relacionam como: oportunidades de desenvolvimento, clima, hierarquia, cultura, satisfação, relacionamento, salário e benefícios. Se um desses fatores não se alinha ás expectativas do profissional o sentimento de insatisfação desencadeia várias dúvidas sobre a permanência na empresa. Se esse descontentamento não é percebido a tempo a necessidade de buscar novos desafios, oportunidades, novo ambiente ou necessidades pessoais, culminam na demissão e, consequentemente, se perde um funcionário experiente que por falta de uma entrevista de desligamento bem feita, não se percebe a fundo os motivos da demissão. Com isso, nos perguntamos: Quais as vantagens para a empresa em recontratar um ex-funcionário? Cito abaixo alguns fatores que podem abrir novas possibilidades neste processo. Em primeiro lugar, se o funcionário para substituição não foi encontrado dentro e fora da empresa, precisamos assegurar quanto à legislação que define o procedimento da readmissão para que se possa pensar no assunto. “De acordo com a CLT a matéria que trata desse assunto não estabelece um prazo mínimo a ser respeitado pela empresa. O 255 Ministério do Trabalho, na sua competência estabelece através da Portaria MTE n.o 384, de 19/06/1992 - artigo 2o - que a rescisão é fraudulenta quando a recontratação ocorre dentro dos noventa dias subsequentes a data de rescisão”. Este artigo tem o objetivo de evitar que a empresa simule uma rescisão contratual para que o trabalhador possa efetuar o saque do FGTS. Contudo, o entendimento é o de que este dispositivo se aplica apenas nos casos da dispensa arbitrária ou sem justa causa, pois se o motivo do desligamento for o pedido de demissão, não estaria havendo fraude ao FGTS, tendo em vista que neste caso não haveria o saque. Como a legislação não é específica sobre os procedimentos aplicáveis para recontratação do empregado, recomendo que a empresa verifique se não constam regras na Convenção Coletiva da categoria. “Se constarem regras mais benéficas ao empregado, elas deverão ser aplicadas.” Observando esses critérios legais podemos pensar na readmissão. Em segundo lugar precisamos verificar os termos em que foi feita a demissão. Houve brigas, desentendimentos, ressentimentos? Estas situações devem ser transparentes e esclarecidas para não comprometer o processo, com possíveis retaliações. Em terceiro lugar, se o funcionário se desligou da empresa porque queria uma nova oportunidade, estudos, viagens, novos desafios, a recontratação será mais fácil. O funcionário recontratado não vai precisar de adaptação ou treinamento, ele conhece a função. Mesmo que a empresa tenha mudado em alguns setores a experiência externa pode agregar novos conhecimentos e comportamentos positivos. Uma nova chance pode ser vista pelo profissional como uma valorização a ser retribuída com maior motivação e entusiasmo. Em quarto lugar, o custo de um novo processo deve ser avaliado e levado em consideração, pois a perda de tempo com pessoal envolvido no processo seletivo, os custos operacionais com anúncios, telefonemas, papeis, custos com as admissões e treinamentos introdutórios ou técnicos dos novos colaboradores, custos com a demissão e seus vários desdobramentos, oneram o processo e demandam um tempo maior. Analisando todos os fatores aqui descritos podemos concluir que é interessante a recontratação de ex-funcionários, a partir do 256 momento em que seja feito com bastante critério e planejamento, estimulando um clima de motivação e bom desempenho do colaborador recontratado. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS - Consolidação das Leis de Trabalho - Decreto Lei No 5452 de 1o Maio de 1943. Minicurrículo Psicóloga, graduada pela Faculdade Newton Paiva. Atuando há cinco anos e meio como Analista de Recursos Humanos na VG Ribeiro Logística de Distribuição de Jornais e Revistas Ltda, nas áreas de T&D, R&S. Sólida experiência na área de transporte coletivo urbano, com implantação e certificação no Processo de Qualidade, I.S.O. 9001/2000, na primeira empresa de transporte coletivo urbano a ser certificada na Grande Belo Horizonte. 257 RECRUTAMENTO E SELEÇÃO Cyntia de Cássia Lima Torna-se importante ressaltar um nível organizacional vários aspectos da Interação organizacional, e um dos aspectos mais importantes da dinâmica organizacional de uma empresa é o processo de Recrutamento e seleção de pessoal. Diante da minha experiência profissional percebo que é de fundamental importância acompanhar este processo, pois através dele podemos eliminar vários fatores de suma importância, para organização. Entre eles o fluxo de rotatividade, a falta de qualificação de seus colaboradores, o interesse de cada colaborador para com a empresa dentre vários outros. Para a vida organizacional da empresa é muito importante fazer uma análise mais complexa, em relação ao recrutamento e seleção de seus colaboradores, pois a qualidade e a produtividade do serviço serão o principal reflexo dessa situação. O sucesso de uma organização inicia-se pelo recrutamento e seleção de seus colaboradores. Colaboradores qualificados com certeza vão gerar serviços com qualidade e garantia de clientes satisfeitos. Minicurrículo Auxiliar de departamento pessoal na empresa FITECAFiação e Tecelagem Araçaí Ltda desde 03/1999. Formação em Administração de Empresa pela faculdade Cenecista de Sete Lagoas, Auxiliar Técnico em Contabilidade e Magistério. 258 RECRUTANDO GERAÇÕES Michele Ferreira A gestão de recursos humanos que tem como premissa, recrutar, selecionar e reter pessoas, se vê em face de um novo desafio, recrutar gerações. Recrutar gerações implica numa análise não só de habilidades técnicas, mas também comportamentais, isso por que teremos em um mesmo ambiente pessoas que integram as gerações , Baby boomers X,Y e Z . E a questão é mais ampla do que gerenciar conflitos, significa gerenciar ideais. A geração Baby Boomers caracterizada pelos nascidos após a década de 60, tinha como ênfase o trabalho. Tratava-se de pessoas que ingressavam em uma organização com o objetivo de crescerem com ela, formando assim laços de lealdade, a ênfase não estava em construir uma carreira, mas sim em ser reconhecido face a dedicação desmedida para com a empresa. Este fato nos remete a características como a paciência e perseverança, e em contra partida notamos a submissão, o que delimita idéias ousadas. Já a geração X foca mais a carreira, visando um desenvolvimento pessoal, que possibilite uma maior empregabilidade, pois prezam por uma maior qualidade de vida. Notamos nesta geração autoconfiança, criatividade e maior facilidade para lidar com tecnologias. Contudo o individualismo começa a se tornar mais evidente. Quando nos referimos à geração Y vemos uma geração que quer ganhar dinheiro, se comunicar e reivindicar seus direitos, esquecendo se, às vezes, dos direitos dos outros. Percebemos 259 claramente uma energia criativa em ascensão, facilidade em se comunicar e lidar com mídias digitais, bem como, uma impaciência e um imediatismo à flor da pele. E finalmente a geração Z. Desta geração não temos muito a dizer, pois ainda estão ingressando no mercado de trabalho . No entanto é notável sua curiosidade e sociabilização por meio de redes sociais. Em face desta apresentação, o desafio da gestão de recursos humanos é inserir essas gerações em um mesmo ambiente, pois toda ideia que separa pessoas em grupos trazem alguns problemas. Vejamos alguns deles: • A geração Baby boomers e X supervalorizam as gerações mais jovens por acreditarem que os mesmos possuem maior adaptação a novas tecnologias e ferramentas de trabalhos. • A geração Y e Z criam uma visão distorcida sobre si mesma. Focando seu desenvolvimento, apenas em habilidades técnicas, desprezando a experiência e o trabalho em equipe. • Relações profissionais enfatizadas no individualismo, impaciência e imediatismo. A geração Baby boomers e X muitas vezes acabam acreditando não ser tão rápida para acompanharem as mudanças tecnológicas e dominarem as novas ferramentas de trabalho como as gerações posteriores. Isso faz com que eles se assustem e creditem aos mais novos um grande potencial. Esta visão, no entanto, faz com que os mais jovens se supervalorizem, não valorizando qualidades e atitudes que permeiam o bom convívio e propiciam o desenvolvimento de um ambiente estimulador. Outro fator importante é que as novas gerações desvalorizam a experiência tácita, que é adquirida frente o trabalho cotidiano e a vivência de situações diversas. O imediatismo faz com que esta geração pule etapas, negligenciando o desenvolvimento da maturidade, ingrediente fundamental para composição de uma trajetória bem sucedida. Diante disso, concluo que as gerações Baby Boomers, X, Y e Z são complementares e não excludentes, como costumam supor, pois o sucesso é conquistado através de técnica, flexibilidade, experiência e relacionamento, sendo este fundamental para construir uma 260 sólida estrutura, o que implica em dizer, desenvolver-se humana e profissionalmente. Lembrando ainda que o futuro vira presente a cada instante e que fundamental é atualizar-se sempre. Referências Bibliográficas O GLOBO, Especialistas apontam as características de cada geração <http://oglobo.globo.com/emprego/especialistas-apontam-ascaracteristicas-de-cadgeracao-3220443> Data de acesso 13/10/2013. DIZAIN. Gerações X, Y e Z disponível em <http://www. pensamentointerativo.com.br/geracoes-x-y-e-z-2/> Data de acesso 13/10/2013. Minicurrículo Graduada em Administração pela Universidade PUC-MG. Realização de Trabalho com ênfase em responsabilidade social (Prodal –Banco de alimentos – Ceasa Minas). Atuando na área DP/RH desde 2007. E na empresa YANGZI BRASIL desde 2012. 261 Redes Sociais: nossa vida é sim um livro aberto! Carolina Gonçalves Lima Impressionante como não temos privacidade hoje. Parece default o que digo, pois está em voga falar sobre invasão a informações confidenciais do governo, dos brasileiros e em como estamos vulneráveis em relação à nossa vida pessoal. Todos têm acesso. Todos conseguem acesso. E não é diferente no mercado de trabalho. Quando vejo um profissional falando que “minha rede social é minha, e ninguém tem nada a ver com isso” ou, “posto o que eu quiser, é meu mesmo”, lamento pelo quão desinformado ele anda... Temos que ter em mente que as empresas de RH hoje acessam nossas redes de forma prática, simples e rápida: inclusive, essa pode ser uma parte importante do processo de seleção, pois ver uma moça se exibindo de biquíni, ou um rapaz com vários copos de bebida alcoólica na mão pode ser um fator eliminatório sem mesmo precisar de um contato pessoal. Ao mesmo tempo em que todos têm acesso à informação, o ser humano parece ter uma necessidade incrível de se mostrar e expressar seus sentimentos de forma pública. Que se expresse, mas de forma inteligente! Poemas, frases, ditos populares, mostram que você tem é cultura, e não que é um mero lamentador... O Facebook, por exemplo, parece um diário de páginas abertas. Escrever que “esta se sentindo triste”, “se sentindo deprimido”, “ que a vida é uma droga”, “que está cansado”, “que tudo tem desabado”, pode sim fazer com que você se sinta melhor, pode provocar preocupação entre as pessoas que você gosta (talvez esse seja o seu objetivo), mas pode afastar de vez quem tem interesse em achar um profissional dinâmico, arrojado, motivado e usa as redes sociais para essa pesquisa. 262 O Linked In nos mostra como podemos, rapidamente, nos posicionar no mercado. Estudos comprovam que hoje, mais de 90% de empresas de hunting procuram por profissionais nessa rede. Através dos dados do profissional, chegam ao Facebook, a Twitter e mais outra rede que possa interessar. Inclusive, para que um profissional possa melhorar ainda mais o desempenho de busca pelos seus dados na internet, ele deve acrescentar em seu currículo virtual todas as suas páginas. Os empregadores querem errar cada vez menos no processo de contratação. Querem ter certeza de que, através das redes sociais, possam identificar fatores determinantes sobre nossa personalidade e, até mesmo, se nossos valores são compatíveis com os valores da empresa. Rede social é uma arma hoje. As pessoas as usam contra ou a nosso favor. Perceba que, se você posta uma foto ”brindando com champanhe”, com um colega de trabalho, no horário de almoço, por simplesmente comemorar um momento de sucesso que passaram juntos, outra pessoa pode usar isso contra você, dando um “print” na tela do seu “face” e enviando para o seu líder imediato, através de um “sinistro” endereço de email anônimo. Por inocência, você não imaginaria que alguém pudesse usar isso contra você, sendo que não estava fazendo nada de tão errado assim, na sua concepção. Mas pode. Um levantamento realizado pela coach e consultora de gestão de carreira e imagem, Waleska Farias, aponta que 80% das demissões são motivadas por problemas comportamentais e não por incompetência, como se poderia imaginar. Dentre estes problemas, segundo a consultora, os mais comuns são as fofocas, a falta de comprometimento do profissional com a empresa, a exposição inadequada em redes sociais e a apresentação, que inclui, tanto a forma como a pessoa se veste, quanto como se comunica. Perceba que “exposição inadequada nas redes sociais” é motivo de demissão… Sim, isso tudo assusta um pouco. Cabe a nós nos adaptarmos e entendermos que, como profissionais, temos que cuidar da nossa imagem. Estamos o tempo inteiro em uma vitrine. Não adianta fecharmos os olhos e acharmos que podemos fazer o que bem entendermos, falar sobre assuntos polêmicos da forma que acharmos melhor, em rede pública. Temos que ter ciência de que, através dessas redes sociais, podemos ter uma grande 263 oportunidade de trabalho, ou, exemplo de profissional com bom posicionamento, que constrói sua própria marca de forma positiva. Além do mais, há de se convir: ninguém quer saber se você está a fim de comer um chocolate... Minicurrículo Atua em marketing há 10 anos e iniciou sua carreira na Superalfa e Belotur. Em 2005, aos 25 anos, assumiu o cargo de Development and Marketing Director na Escola Americana de Belo Horizonte onde implantou a área de marketing e vendas da empresa e, dois anos depois, iniciou seu relacionamento com a Localiza. Graduada em Relações Publicas pela Newton Paiva e pósgraduada em Gestão Estratégica de Marketing pela PUC Minas, Carolina é responsável pela área de Marketing Promocional da Localiza Rent a Car, com contribuição direta no incremento dos negócios da empresa. Também é responsável pelo programa de apoio à cultura da empresa. Carolina é professora universitária no Centro Universitário UNA, onde leciona nos cursos de Gestão Comercial e Marketing as disciplinas de Promoção de Vendas, Gestão do Varejo e Trade e Trade Marketing e Promoção. Professora também na pós graduação da PUC MG, lecionando a disciplina de Gestão Estratégica de Marketing, no curso de Gestão de Negócios. 264 Remuneração Estratégica, uma vantagem competitiva Rita de Cássia Andrade Ferreira Resultados econômicos não estão mais sozinhos quando o objetivo é definir as metas para a remuneração dos profissionais que ocupam cargos executivos. As pessoas constituem, sem dúvida, um dos componentes mais importantes do dia-a-dia das organizações. A empresa jamais existirá sem um corpo ativo próprio. Ele representa a razão que impulsiona a organização rumo à realização de seus objetivos e ao desempenho de excelência. É o capital intelectual e criativo das pessoas que gera riqueza, aproveita oportunidades e conquistas de mercado e clientes. Tal capital, portanto, garante a sobrevivência das empresas. A organização detentora de padrões superiores de produção ou de trabalho vincula-se, necessariamente, a padrões superiores de gestão de pessoas. As empresas que querem prosperar devem alinhar seus sistemas de remuneração as suas estratégias. Nos últimos anos, diante das pressões cada vez maiores da competição, os administradores têm procurado modernizar suas empresas. Administrar passou a ser semelhante a “surfar”: aproveitar ao máximo cada onda de inovação gerencial para atingir patamares superiores de desempenho. Soluções rápidas e criativas são exigidas pelas empresas aos seus administradores. As estruturas hierárquicas estão desaparecendo e no seu lugar surgem estruturas mais enxutas e flexíveis, em que crescem a autonomia dos grupos e dos indivíduos, além de garantir uma liderança situacional. 265 Neste contexto de mudanças, a remuneração estratégica é uma forma de ligação com a realidade, um vínculo com a nova situação das organizações que atuam no mercado globalizado e competitivo. E esse vínculo se dá de duas maneiras: 1. Ao considerar todo o contexto organizacional que define a empresa como sua estratégia, sua estrutura e seu estilo gerencial. A concepção de um sistema de remuneração deve partir do que a empresa é hoje e do que ela deseja ser amanhã, ou seja, sua visão de futuro. 2. Ao remunerar os indivíduos de forma a refletir todo o conjunto de fatores que afetam sua contribuição para o sucesso do negócio (com suas características pessoais), do cargo e da organização. Assim, além das atribuições e responsabilidades, outros aspectos devem ser considerados ao projetar um sistema de remuneração: conhecimento, habilidade, desempenho, resultado e evolução da carreira. A remuneração baseada nesses fatores é também um catalisador para a convergência de energia na organização. A nova vantagem competitiva não é um desafio pequeno, pois quebra os paradigmas. De forma bem genérica, podemos definir quatro etapas ao construir um sistema de remuneração estratégica. 1. Realizar um diagnóstico da organização considerando o ambiente interno e externo; 2. Conhecer as várias formas e alternativas de remuneração existentes, tais como: prêmios, comissões, gratificações, e adicionais variados; participação acionária reforçadora do vínculo e dos compromissos de longo prazo, além da participação de lucros vinculadores dos objetivos de lucratividade de ambos, empresa e executivo; resultados ligados às metas e ao desempenho do individuo, da equipe ou da empresa; a habilidade e os conhecimentos determinados pela formação e capacidade das pessoas; o salário indireto que compreende benefícios e outras vantagens e o salário direto determinado pela função e ajustado ao mercado; 266 3. Definir um sistema com os componentes individuais que devem ser acoplados a remuneração; 4. Implantar uma remuneração funcional e transparente. Com essa visão sistêmica, a remuneração aplicada é especializada e diversas empresas irão remunerar seus respectivos colaboradores de formas diferentes. Uma empresa, porém, não poderá copiar o sistema de outra, por mais que existam semelhanças entre elas. O contexto atual caracteriza-se justamente pela busca de novos significados e definições de valores, mas focados ou sintonizados com os interesses dos clientes, dos colaboradores e do próprio negócio. É importante frisar que a remuneração estratégica torna-se imprescindível para as organizações que desejam sobreviver e prosperar, além, é claro, de reter seus talentos. As pessoas serão atraídas por um sistema de remuneração de competência transparente que traz junto com a descoberta novas oportunidades, desafios, qualidade de vida e inovação. Valores fortes que as fazem se sentirem felizes realizando tarefas rotineiras, porque estão conscientes de que são remuneradas pelas suas competências individuais desenvolvidas. Referências Bibliográficas FILHO, João Lins Pereira. Remuneração Estratégica, a Nova Vantagem Competitiva. Rae Light, São Paulo, v. 2, n. 4, Minicurrículo Formada em Administração de Empresas, pela Faculdade Arnaldo de Belo Horizonte em 2011. Atualmente é Gerente Administrativa na empresa Ferraço Indústria e Comércio Ltda. Defensora da gestão compartilhada para o sucesso das empresas e da valorização das pessoas nos ambientes de negócios. 267 Retenção de Talentos Lídia Carolina Fermanian Guimarães Alves Em meio à busca por profissionais que levem às organizações a atingirem altos índices de lucratividade, a “Retenção de Talentos” é um tema que tem permeado os debates dos gestores, o que levou ao interesse de suscitar reflexões sobre tal tema. As mudanças econômicas e sociais ocasionaram transformações no mercado de trabalho, que passou a ser mais seletivo, exigindo maior rigor das competências e conhecimentos dos candidatos, diante de um quadro em que a oferta de recursos humanos é muito maior do que de empregos. Quando este quadro é invertido, considerando o alto nível de qualificação exigida dos candidatos, são poucos os que conseguem preencher todos os requisitos. Almeida (2008) afirma que em todos os casos, os profissionais mais qualificados, os talentos, levam vantagens. Percebe-se que aquele que possui um diferencial consegue sobressair-se diante da vasta camada populacional de trabalhadores. A definição formulada pela referida autora retrata claramente esta ideia: “... pessoa que traz em sua bagagem um conjunto privilegiado de competências, isto é, conhecimentos, habilidades e atitudes, que a diferencia de outras.” (ALMEIDA, 2008, p.16) Diante desta premissa, fez-se necessário uma reforma na prática de gerir pessoas, que passou a reconhecer o capital intelectual como um poderoso ativo intangível que abre as portas para que o talento se torne um componente crítico para o progresso da performance corporativa, segundo Santos 2007, p. 14: “Em uma era competitiva, o crescimento de qualquer empresa é proporcional ao crescimento do seu talento.” 268 Uma breve análise da concepção de Karl Marx, feita por Stewart (1998), permite-nos entender melhor esta transição de modelo gerencial, pois Marx afirmava que o trabalhador estava “alienado” do seu trabalho por não possuir mais as ferramentas de seu ofício ou o produto do seu trabalho, já que estes pertenciam ao chefe. Nesta época, o gerente podia substituir um funcionário sem muito prejuízo. Mas no contexto atual, o funcionário detém o conhecimento da produção e uma substituição pode acarretar prejuízos intangíveis para a empresa: “Longe de estar alienado das ferramentas de seu ofício e do fruto de seu trabalho, o trabalhador do conhecimento os leva consigo, com seu cérebro.” (STEWART, 1998, p. 47) Não se trata apenas de ter talentos na organização, mas de propiciar meios que os permitem desenvolver suas habilidades e aplicá-las na medida certa das expectativas da empresa. Assumir uma postura diante dos talentos sem esta preocupação eleva as chances de torná-los talentos frustrados. Agir sob esta percepção é um dos principais desafios das empresas que se preocupam com o seu desenvolvimento, já que se trata de uma relação mútua, cujos interesses caminham numa mesma direção: o sucesso. Um talento sem a motivação da empresa não sobreviverá, podendo optar pela omissão ou pelo desligamento com vistas a oportunidades melhores: “O talento (...) é um construto que depende de diversos fatores presentes no indivíduo, na cultura da organização e em práticas de gestão que valorizem o capital humano.” (ALMEIDA, 2008, p. 17). Maior autonomia nas decisões, desafios, ambiente de trabalho agradável, reconhecimento, investimento na carreira, remuneração compatível com o mercado, programa atrativo de benefícios e identificação com a missão e valores da empresa, são alguns fatores que certamente têm peso na decisão de um talento permanecer na empresa. Gil (2007) aborda um novo desafio da gestão de pessoas, designado como empowerment, que busca reduzir a dependência dos empregados em relação aos superiores e um conseqüente aumento do controle individual sobre o trabalho que executa. Implementar este desafio exige dotar os empregados de habilidades e de autoridade para tomar decisões que outrora eram 269 confiadas apenas ao chefe. Por sua vez, este novo desafio caminha para o aumento da produtividade, que está intimamente ligada à questão da identificação com a empresa, pois aqueles empregados que “vestem a camisa” da empresa, considerados por Gil (2007) como os verdadeiros parceiros da empresa, são os que mais produzem, em sua opinião. Diante da premissa de que os talentos estão incluídos na gama dos funcionários que mais produzem, torna-se evidente que a empresa adotará meios para mantê-los parceiros. Gil (2007) acredita que isto requer muita transparência no estabelecimento das bases da política de pessoal da empresa, em que deve estar evidente a preocupação da empresa em não gerir recursos, mas, pessoas. Santos (2007) acrescenta, ainda, o uso da remuneração variável como fonte de motivação e engajamento dos talentos às suas metas estratégicas, mas alerta que a remuneração não pode ser considerada o principal fator na retenção de talentos, pois estes têm visão, objetivos e valores que superam a representatividade da remuneração. Isentar-se de investimentos na retenção de talentos é tornar a empresa estagnada, segundo Santos (2007). Para a autora, a retenção de talentos não representa uma tarefa fácil, por se tratar de pessoas que exigem condições de trabalho especiais e que por confiarem na sua empregabilidade não hesitam em mudar de emprego diante de uma gama de ofertas interessantes. As empresas devem estimular entre os seus gestores a discussão sobre a retenção de talentos, porque para Santos (2007) não há como sobreviver num mercado competitivo com pessoas sem talento na empresa. Há muitos concorrentes, qualidade semelhante de produtos e serviços e preços similares, de forma que a diferença estará em gente talentosa que diferencie a empresa, a sua marca: “A retenção de talentos é o que gera a retenção de clientes e esta sustenta a lucratividade.” (BRANHAM, citado por Santos, 2007, p. 20) Parecem inúmeros os métodos de motivação e conseqüente retenção de talentos, por meios que abrangem esforços dos funcionários em consagrarem-se como talentos e esforços, talvez ainda maiores, das organizações para se manterem competitivas frente às severas exigências do mercado. Reter seus talentos, importantes peças do desenvolvimento organizacional, é ainda um grande desafio. 270 Referências bibliográficas ALMEIDA, Walnice. Captação e Seleção de Talentos: repensando a teoria e a prática. 1 ed. São Paulo: Atlas, 2008. GIL, Antonio Carlos. Gestão de Pessoas: enfoque nos papéis profissionais. São Paulo: Atlas, 2007. SANTOS, Doradia Duran Correira. Talentos: a arte de gerenciar. 2007. 33 f. Monografia (conclusão do curso) – Universidade Católica de Pernambuco, curso de especialização em gestão de equipes, Recife. STEWART, Thomas A. Capital Intelectual: a nova vantagem competitiva das empresas. Tradução: Ana Beatriz Rodrigues, Priscilla Martins Celeste. RJ: Campus, 1998. Minicurrículo Bacharel em Psicologia pela Puc Minas. Pós-graduada em Gestão de Pessoas pelo Uni BH. Analista de RH na Sempre Editora (Jornal O Tempo). 271 RETENÇÃO DE TALENTOS – O GRANDE DESAFIO PARA AS ORGANIZAÇÕES Jouberth Fidélis Atualmente, com as tendências da globalização, onde as transformações econômicas, sociais e tecnológicas são contínuas e aceleradas, o termo competitividade passou a ter um significado mais abrangente para as organizações. Além de se preocuparem com as mudanças do mercado, com a competitividade, a incerteza, a imprevisibilidade e o contínuo desenvolvimento, elas passaram a se preocupar também com as pessoas, contemplandoas como protagonistas de uma nova era organizacional. As empresas começaram a reconhecer o valor de seus funcionários, principalmente os considerados “Talentos”, que são desafiados constantemente a utilizar suas competências, suas qualidades e seus conhecimentos na realização de seus trabalhos, visto que estes são capazes de fazer a grande diferença para uma organização. Assim, surge para as organizações e seus gestores o desafio de como motivar e manter em seu quadro de funcionários, um patrimônio humano altamente qualificado, capaz de contribuir efetivamente com os objetivos e metas da organização. A discussão de retenção de talentos tornou-se fundamental nos dias atuais, porque não há como sobreviver em um mercado competitivo com pessoas sem talento dentro de uma organização. Existem muitos concorrentes com qualidades e políticas semelhantes. A diferença está então na retenção destas pessoas talentosas, que fazem a diferença e direcionam o sucesso da empresa. Segundo Ulrich (1998, p.29), As empresas bem-sucedidas serão aquelas mais experientes em atrair, desenvolver e reter indivíduos 272 com habilidades, perspectivas e experiências suficientes para conduzir um negócio global. A retenção destes talentos não é trabalho fácil. Justamente por serem pessoas talentosas, os gestores precisam estar preparados para garantir a permanência destes colaboradores dentro das organizações, uma vez que a procura por estes profissionais no mercado aumenta constantemente. Portanto, a administração eficiente do fator humano dentro das organizações passa a ser de fundamental relevância e uma excelente política a ser adotada pelos gestores no processo de retenção de talentos. Conforme Chiavenato (2004, pag. 396), a organização viável é aquela que não somente consegue captar e aplicar adequadamente seus recursos humanos, como também os mantém satisfeitos a longo prazo na organização. A manutenção de pessoas exige um conjunto de cuidados especiais, entre os quais sobressaem os estilos de gerência, as relações com os empregados e os programas de higiene e segurança no trabalho que assegurem qualidade de vida na organização. A forma como os colaboradores são remunerados tornou-se também um diferencial importante na atração e na retenção de talentos. Mas é necessário ficar atento, pois a remuneração não pode ser considerada como o principal fator. Além do fator salário, é fundamental que a empresa ofereça um ambiente que respeite e encoraje este profissional, permitindo a ele o equilíbrio entre sua vida pessoal e profissional, e que para ele, a melhor opção seja a de permanecer na organização, sendo reconhecido por todos como um funcionário qualificado, motivado, respeitado e com seus valores alinhados aos ideais da organização. Em conclusão, pode-se afirmar que gerenciar talentos com eficácia tornou-se um desafio para a área de Recursos Humanos. É preciso que os gestores tenham o conhecimento de que uma organização moderna se faz com profissionais de qualidade, que estejam dispostos a contribuir com seus conhecimentos e qualidades e, acima de qualquer coisa, que desejam permanecer na empresa. Os gestores devem conhecer e incentivar as habilidades individuais dos colaboradores e desenvolver métodos 273 capazes de extrair o melhor destes, colocando-os estrategicamente em lugares adequados, para que eles permaneçam motivados, produtivos e valorizados, e assim, oferecer-lhes a possibilidade de crescimento pessoal e profissional, vindo a contribuir de forma positiva e direta nos resultados da organização. REFEÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas: E o novo papel dos recursos humanos nas organizações – 2a Edição – Rio de Janeiro: Elsevier, 2004 – 4a Reimpressão. ULRICH, David. Os campeões de recursos humanos: inovando para obter os melhores resultados / David Ulrich; tradução Cid Knipel. – São Paulo: Futura, 1998. MINICURRÍCULO Analista de Recursos Humanos, graduado em Gestão de Recursos Humanos (Faculdade UNA). Pós-graduação: MBA em Gestão Estratégica de Negócios (Faculdade UNA). Atuando há mais de 13 anos na Empresa Fiação e Tecelagem São Geraldo (Contagem/ MG). 274 RH E O BANCO DE TALENTOS Luiz Carlos Moreira Gonçalves O sucesso empresarial assenta-se cada vez mais no recrutamento, na formação e na retenção dos melhores profissionais, pois se estruturando com profissionais de qualidade a empresa tem potencial de crescimento e desenvolvimento, e o profissional de Recursos Humanos é o encarregado de gerir esse departamento responsável pelos colaboradores da empresa. Para que se faça esta abordagem primeiramente torna-se importante a definição de talentos, que pode ser definido como “Palavra de linguagem comum, que designa um nível superior de certas aptidões particularmente admiradas: talento literário, artístico, musical; talento do escritor, do orador,do advogado, médico, engenheiro”. Neste conceito portanto, pode-se considerar talento o potencial de cada indivíduo em determinada situação ou organização no qual o mesmo esteja inserido. O Banco de Talentos tem a finalidade de ajudar os gestores por meio do melhor entendimento e ampliação do capital humano e intelectual da organização. Afinal, a área de recursos humanos detém grande parte da responsabilidade pelo processo de agregar valor e obter resultados, quando vai além da simples locação de mão de obra, quando harmoniza a pessoa certa no lugar certo, potencializando a sua capacidade e, consequentemente, obtendo melhores resultados para a organização. Com o Banco de Talentos, o processo seletivo fica muito mais rápido. A organização determina quais os requisitos importantes e todos os candidatos selecionados estarão enquadrados no perfil estabelecido. Isso reduz o tempo dos processos seletivos, pois todos os currículos ficam à disposição de 275 forma imediata, não sendo necessária a espera de chegada destes, para posterior leitura e triagem. Basta digitar o perfil desejado e todos os currículos são selecionados automaticamente. ReferÊncias bibliográficas CHIAVENATO, IDALBERTO Recursos Humanos – O capital Humano das Organizações 8 ed. São Paulo: Atlas 2004. MINICURRÍCULO Graduado em Gestão de Recursos Humanos. Atua na área de Departamento Pessoal/RH há mais de 15 anos, com conhecimento em toda a rotina do mesmo. Sócio/Administrador da V.L Reformas e Serviços desde 2012. 276 RH: um lugar para cuidar de pessoas Lafaiete Marques Ciara A experiência do outro é, em si mesma, complexa. Não sabemos quem ele é, nem mesmo a nós conhecemos por completo. São infinitas as variáveis que, desde tempos remotos, incidem sobre meu “aqui-agora-com-ele”. Quando tocamo-nos, certamente não somos apenas eu e o outro que nos tocamos. Sob as diversas camadas da pele uma história de vida lateja e nas veias, de um lado ao outro de nossos corpos, sonhos, desejos, frustrações, medos, alegrias, opiniões, conceitos, pré-conceitos e inúmeros outros sentimentos e crenças nos formam. O que nos leva então ao equivocado pensamento de que um encontro entre dois acontece somente entre dois? “Vivem em nós inúmeros”, como lemos no poema de Fernando Pessoa. Impossível não perceber que tudo em nós é relacional, inclusive quando estamos sós. Todo encontro é um mais um ou uns e no universo das relações surgem assim inevitavelmente questões a respeito do limite ético e prático do agir humano. Há certamente uma interposição limitadora entre nós. Circunscrevemo-nos aos nossos corpos, protegidos pelo Direito Penal, mas também nos estendemos, além, ao universo psíquicomoral, protegido pelo Direito da Personalidade, mas, sobretudo, pelo Direito Constitucional à dignidade, à cidadania e igualdade formais. Daí surgirem questões morais e éticas sobre o agir humano no que respeita a tudo quanto lhe pertence, material e imaterial. Recursos Humanos servem para cuidar de pessoas. Servem para tratar de assuntos humanos. Cabe lembrar, pessoa é um termo que 277 não pode ser banalizado. Pessoa é todo ser humano nascido com vida, sujeito de direitos e deveres. O Departamento de Recursos Humanos ou, d’outro modo, a dimensão humana das relações no trabalho, torna-se, pois, espaço de desembaraço do processo humanizatório e disponibilização de condições para que os trabalhadores se humanizem. RH é, neste contexto, o responsável por prover as ferramentas para desempenho da organização no atendimento às necessidades de todos os envolvidos no empreendimento: consumidores, trabalhadores, proprietários e a sociedade onde atua. É o RH que deve tornar o ambiente laboral mais humano e dignificante. Essa sua dimensão ética. A ética como ciência pode ser vista, e de fato o foi ao longo da história, pelo menos sob dois aspectos: olhar avaliativo sobre o rumo, dever-ser, ou olhar sobre as causas motivadoras do agir humano. Um é projeto de vida, o outro algumas vezes recai no moralismo inútil. Neste sentido, falar de uma ética do cuidado nas relações do trabalho supõe aceitarmos que o cuidado do outro é cuidado de si mesmo e, assim, é a perfeição do ex-istir (por-se para fora) do RH, no sentido de que cuidar é sua razão-de-ser, sua causa de existir. Neste caso, é no e para o cuidado que o RH existe. É nele que melhor se exterioriza e se mostra ao mundo aquele algo que distingue esta de outras dimensões do empreendimento empresarial ou, se quisermos, de outros Departamentos das Empresas. Pensar uma ética do cuidado na Administração dos Recursos Humanos, ou seja, dizer que o RH terá como móvel de suas ações o cuidado do trabalhador é, em primeiro lugar, ir na contramão da sociedade, que não se ocupa em cuidar. E podemos até nos perguntar: isto é possível? Em uma sociedade assim marcada pelo des-cuido, pelo não - cuidar tem espaço uma ética do cuidado laboral? Sim ou não depende muito de nosso foco. Para quem finca vistas apenas na pessoa do profissional ou nos lucros imediatos que ele pode render certamente isso não seria possível. Uma ética pessoal, ou no máximo que fosse da categoria patronal teria certamente pouco espaço e quase nenhuma expressão para o todo social. Uma ética do cuidado no Departamento de Recursos Humanos, se pretende ser significativa para a sociedade, deve mirar, portanto, 278 a transformação das estruturas sociais. Precisa querer e buscar resgatar uma dimensão essencial a todo humano: a dimensão do cuidado. Os empreendimentos empresariais são fruto da sociedade, mas também a produzem e re-produzem. Uma ética do cuidado supõe uma clara e precisa noção de pessoa humana e de cuidado no contexto social em que a empresa está inserida. Assim, suposta uma concepção de pessoa e aceitas tais implicações, podemos dizer que uma ÉTICA DO CUIDADO impõe-se como lei ou norma (NOMOS = REGRA) de comportamento para todos que lidam com pessoas humanas na sua integridade, mormente para o RH. Mas isso não deve ser entendido como uma regra técnica para atingir um fim. Isso não quer dizer que se quiseres isto, faça aquilo. Isso quer dizer que se quiser ser RH, tem que cuidar de trabalhadores. O cuidado é a comunhão. Assumir plenamente o lugar existencial do outro. Ter cuidado é ter compaixão. É paixão pelo outro. Mas não a paixão avassaladora, dos sentimentos esvoaçantes, dos arroubos juvenis. A paixão da maturidade, do socorro a humanidade que subsiste em cada operário trabalhador. O cuidado é da essência do ser humano, é da essência da vida. Cuidar, como tarefa que se impõe ao RH é sinergia que nos enceta a construção de uma nova sociedade. Não a do medo (cuidado!), mas a do interesse pelo outro: cuidar! Cuidar, tarefa da qual não se pode abrir mão, é a ciência-arte que está no âmago do ser, constituindo o existir do RH. As histórias de nossas vidas vão sendo tecidas umas às outras de forma irresistível e exuberante. O que ontem era apenas eu e um ponto de interrogação solto na página em branco da vida hoje são textura de sonhos, suores, risos e lágrimas. Não sabemos em que dimensão encontra-se – se é que existe! – esse alguém que parece caprichosamente nos remeter uns aos outros. Como reza a letra da musica do grupo Roupa Nova: um mais um é sempre mais que dois. Pra melhor juntar as nossas forças é só repartir o pão, recriar o paraíso para merecer quem vem depois. 279 Um mais um é mais que dois e a realidade nos mostra que as tarefas são quase sempre além dos braços disponíveis. Não é fácil cuidar da vida das pessoas e ainda menos quando vivemos em ambientes de competição exacerbada, onde a dimensão humana é desdenhada. Onde não há espaço para o Humano não há espaço para RH. Vamos seguindo, repartindo o pão em sagrados cafés da manhã, partilhando pão das forças e conhecimentos, doando disponibilidade, escorando-nos mutuamente. Sigamos celebrando aniversários, abraçando na alegria e escorando na diversidade. Vamos recriando o paraíso, tropeçando em nossos pecados de soberba e impaciência, afogando-nos vez ou outra na necessidade do lucro financeiro. Reerguendo sempre. Dando mais um passo como se fosse o primeiro. Acordando como a cada manhã com a energia mobilizadora de montanhas. Com fé. Rendamos louvores a todas as divindades que em suas inerentes benevolências nos reúnem a cada dia compartilhando trabalho. Somos nós: você, eu e quem está do lado, que fazemos essa história ser bonita e respeitável. Ser humana. MINICURRÍCULO Graduado em Direito pelo Centro Unviersitário UNA, BH; Filosofia e Teologia pelo Seminário Diocesano de Caratinga - MG; Analista de Pessoal na Saritur. 280 SATISFAÇÃO E MOTIVAÇÃO NO TRABALHO Rosiane Silva Atualmente há uma grande busca das empresas em saber o que motiva o seu colaborador, pois é de conhecimento da maioria que o indivíduo motivado é mais produtivo. De acordo com o dicionário Aurélio (FERREIRA, 1993), a palavra motivação é definida como sendo um conjunto de fatores, que agem entre si, e determinam a conduta do indivíduo. Portanto, a busca por desvendar estes fatores é grande. Existem várias teorias motivacionais, mas o questionamento na prática é compreender melhor o que pode ser feito nas empresas para que os colaboradores se sintam motivados no trabalho. Nesta era do conhecimento e da Informação, temos impactos comparados aos da Revolução Industrial. Conforme Chiavenato (2004), a tecnologia da informação fornece muitas condições para transformações rápidas. Todas as tecnologias interligadas e acontecimentos são transmitidos em segundos mundialmente. Desta forma, as empresas estão cada vez mais exigentes. A concorrência é muito grande entre produtos e serviços. O cliente possui as informações que precisa para poder fazer uma escolha entre diferentes produtos, os fornecedores têm de se desdobrarem para atender a tempo. A produção deve ser aumentada a cada dia para atender a demanda. Como consequência, aparecem, novamente, pessoas alienadas. Não como na era industrial, mas justamente por tentar acompanhar 281 todas as mídias, todas as informações cobradas, o indivíduo se perde e, às vezes, não se reconhece. Muitas vezes esta velocidade e impotência em saber de tudo causa o adoecimento psíquico, que por sua vez traz consequências de baixa produtividade. E, como efeito cascata, traz mais cobrança que gera mais conflito interno neste indivíduo. Assim, é muito importante que as empresas estejam atentas em como diminuir a pressão, ou que o seu colaborador não sinta esta pressão que o mundo corporativo apresenta. Diminuir a pressão permite que o indivíduo seja mais criativo, empreendedor, proativo e mais produtivo. Atualmente é este um perfil desejado pelas empresas, mas é necessário que sejam realizadas diversas ações para o desenvolvimento de seu capital intelectual. Investir em treinamentos, em uma liderança eficaz influência em todos aspectos que contribuem para a motivação do trabalhador. Promover qualidade de vida no trabalho, preocupar-se com a saúde física e mental de cada indivíduo da organização é investimento em produtividade, evita absenteísmo e contribui no aumento de satisfação com o trabalho. É necessário propor novas formas de recompensa para o colaborador, pois além de mantê-lo, por causa do mercado competitivo existente, este colaborador deverá sentir prazer em suas atividades. Porém, em uma mesma organização, um indivíduo pode estar satisfeito com determinada política e cultura organizacional e outro indivíduo não se sentir nas mesmas condições. Mas para empresa é mais fácil pensar no coletivo do que no individual. Assim, faz-se necessário a identificação das necessidades individuais e coletivas para que a empresa possa agir de forma que o maior número de indivíduos da sua organização se sinta satisfeito e motivado a sair para o trabalho todos os dias e que permaneça produzindo eficazmente durante todo o expediente. 282 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas. 2a ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. 529 p. FERREIRA, Aurélio B. H. Dicionário Aurélio Básico da Língua Portuguesa.3a ed. São Paulo: Nova Fronteira, 1993. MINICURRÍCULO Rosiane Silva, psicóloga com MBA em Gestão Estratégica de Pessoas, atuação em gestão de Recursos Humanos, professora e consultora. Experiência em empresas na área industrial e prestação de serviços. 283 Seis dicas práticas para alcançar o sucesso Ana Meira Uma das buscas mais contínuas dos seres humanos é o prazer e, na impossibilidade de obtê-lo, busca-se pelo menos evitar a dor. E por que será que algumas pessoas são mais “afortunadas” do que outras? O que Steve Jobs, Ayrton Senna, Barack Obama, Gisele Bündchen, Neymar e tantos outros que conheceram o sucesso e a fama têm de excepcionais? Muitos estudiosos dedicaram-se e continuam dedicando-se à procura de uma fórmula para o sucesso e para entender o que diferencia um ser humano comum de um outro que obtém sucesso dentro do campo de atuação que decidiu dedicar. Um ponto de consenso é que o primeiro passo para realização de algo é sonhar. Segundo Stephen Covey, autor do livro Os Sete Hábitos das pessoas altamente eficazes, todas as coisas que são criadas são criadas duas vezes. A primeira criação é na mente humana e a segunda é, de fato, a execução. Para exemplificar, tomemos o modelo da construção de uma casa: antes dela se materializar, ela nasceu na imaginação de uma pessoa que a idealizou, depois transformou em uma planta e por fim a construiu. E isso se estende a quase tudo que criamos. Então a dica é sonhar, sonhar muito e alto, visualizar o sonho realizado. Mas só sonhar não é suficiente, a sorte só funciona para quem age. É preciso transformar os sonhos em objetivos tangíveis e para isso é necessário encontrar estratégia para transformar os sonhos em realidade e planejar a sua realização. 284 A dica dos especialistas é definir a data de realização da maneira mais completa possível e preferencialmente utilizando o verbo no presente como se o sonho já estivesse sendo realizado. O exemplo a seguir deixa mais claro essa explicação: hoje é dia 17 de janeiro de 2013 se o seu projeto é comprar um carro, então você deve planejar e definir a data formulando-a no presente: “no dia 15 de dezembro de 2013 tenho o meu carro”. Desenvolva as atividades prioritárias, ou seja, aquelas que agregam valor na realização do seu planejamento. Seja disciplinado na realização das ações que levarão você à realização dos seus sonhos. Aprender continuamente é também um hábito muito frequente nas pessoas que atingiram o sucesso. E os aprendizados não vêm somente de livros ou de cursos formais. Se estiver atento, a todo momento tem oportunidade de aprendizado. Aprende-se com as crianças, com os idosos, com amigos, com os acertos e principalmente com os próprios erros. Então, abra bem os olhos e fique atento a todas as oportunidades! A mente, assim, como um músculo, se não for usada perde a sua função. Então a exercite e a desafie o tempo todo! Um outro fator primordial, mas que é esquecido com grande frequência é a vitalidade física. Para atingir os objetivos, precisase de ter energia, disposição e saúde. Portanto, cuide da sua alimentação, ingira alimentos saudáveis, faça atividade física, tome muita água e consulte regularmente o médico. Parece primário, mas sem saúde nada vai adiante. Portanto, cuide da sua! Por fim, mas não mens importante, dedique-se às pessoas a que você ama, independente o quão ocupado você seja. Qualquer sucesso só faz sentido se é compartilhado com os entes queridos. Além disso, são essas pessoas com certeza estarão ao seu lado em qualquer circunstância. Sendo assim, cuide delas, elas são os maiores tesouros. Curta cada conquista, celebre todas as suas vitórias. Seja positivo e persevere sempre! 285 MINICURRÍCULO Psicóloga organizacional com especialização em Gestão de pessoas. Coach de vida e Carreira pelas renomadas Instituições: IBC (Instituto Brasileiro de Coaching) SBC (Sociedade Brasileira de Coaching), certificada por diversas instituições internacionais - BCI (Behavioral Coaching Institute), pelo ECA (European Coaching Association) e GCC (Global Coaching Comunity). Acumula uma experiência de mais de 15 anos na área de Desenvolvimento Humano de grandes empresas nos segmentos da Indústria, Serviços e Saúde. 286 SELEÇÃO POR COMPETÊNCIAS: PRATICIDADE NAS ORGANIZAÇÕES Stella Fonseca Carvalho A intensa e crescente competição traz como consequência o desenvolvimento e a incorporação ao ambiente empresarial de novas tecnologias e modelos de gestão. Torna-se, então, um desafio às organizações, desenvolver e utilizar instrumentos de gestão que lhes garantam certo nível de competitividade atual e futura. Desta forma, é possível visualizar a gestão por competências como um novo instrumento voltado para oferecer alternativas eficientes de gestão às organizações, uma vez que com a crescente competição no mercado atual, torna-se cada vez mais necessário agregar recursos humanos capacitados. Sendo assim, a seleção por competências vem ganhando cada vez mais espaço nas empresas, e, por meio dela, é possível identificar com maior precisão o perfil ideal para cada cargo, e isto tem chamado a atenção de gestores, já que esta tem sido a forma mais eficaz na identificação das competências necessárias a cada cargo. Entende-se por competência a capacidade de apreciar e julgar certas questões ou realizar determinados atos. De acordo com Brandão e Bahry (2005), a gestão por competência é: “um instrumento definido pela organização para desdobrar suas estratégias, materializando-as em um conjunto de comportamentos estruturados e diferenciados que facilitem a moderna ferramenta, adotada internacionalmente pelas grandes corporações, que confere eficiência à gestão do capital humano e propicia a criação de identidade única às organizações” (p. 182). 287 Sendo assim, a gestão por competências vem orientar a gestão dos empregados com um estilo comum, explicar quais são os comportamentos dos empregados esperados pela companhia, possibilitar o alinhamento das pessoas às necessidades do negócio, etc., propondo a orientar esforços para planejar, captar, desenvolver e avaliar, nos diferentes níveis da organização, as competências necessárias à consecução de seus objetivos. Alguns estudiosos recomendam gravar os depoimentos e registrar notas que facilitem a compreensão das respostas. Finalizadas as entrevistas, as respostas devem ser transcritas e analisadas, visando identificar e descrever, de forma objetiva, as competências mencionadas pelos entrevistados como relevantes à organização. Além disto, é importante verificar a frequência com que cada competência é mencionada durante a entrevista, uma vez que o número de menções referentes a um determinado item é um indicativo de sua relevância. Contudo, vale ressaltar que para realizar a gravação da entrevista, é recomendada uma autorização por escrito de cada candidato. Sendo assim, a prática mais adotada tem sido a transcrição por parte do entrevistador do máximo de informações possíveis. Portanto, é possível afirmar que a seleção por competências tem se mostrado um método eficiente de seleção de pessoas, pois permite mais precisão para traçar o futuro do candidato na medida em que a entrevista é realizada a partir de um método mais focado na experiência anterior do mesmo; diminui a interferência de opiniões e preconceitos dos selecionadores uma vez que é baseado em um perfil de competências e as respostas são baseadas em fatos reais e concretos sobre o candidato; melhora a parceria entre gestores, candidatos e setor de RH. Além disso, ele permite configurar melhor as competências dos futuros profissionais, facilitando a identificação de novos talentos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRANDÃO, H. P.; BAHRY, C. P. (abr/jun. 2005). Gestão por competências: métodos e técnicas para mapeamento de competências. Revista do Serviço Público. Brasília, 56 (2), 179194. 288 FLEURY, A. & FLEURY, M.T. (2001). Construindo o conceito de competência. Revista de Administração Contemporânea, Rio de Janeiro, 2 (Especial), 183-196. MINICURRÍCULO Graduada em Psicologia pela instituição FEAD Minas, e pósgraduanda em Gestão de Pessoas pelo IEC/PUC Minas. Possui ampla experiência na área de RH generalista, atuando com entrevistas por competências, avaliação psicológica, dinâmicas de grupo, além de subsistemas da área de Departamento Pessoal. Atualmente é Coordenadora de RH no Grupo Golden. 289 TRABALHO: PRAZER OU SOFRIMENTO? Eliete Augusta de Souza Viana Vários estudos apontam que o trabalho é central na vida das pessoas, engajando toda a subjetividade do trabalhador. Segundo Dejours (2007a, p. 21), o trabalho “é e continuará central em face da construção da identidade e da saúde, da realização pessoal, da formação das relações entre homens e mulheres, da evolução da convivência e da cultura”. Dejours, Abdoucheli e Jayet (2007) postulam que o sentido do trabalho é construído pelo trabalhador e pode ser positivo/ prazer ou negativo/sofrimento de acordo com as características das tarefas realizadas, a organização do trabalho e as diferenças individuais. Consequentemente, o sentido dependerá do modo como os trabalhadores subjetivam a vivência laboral nas novas formas de organização do trabalho experienciada por eles nos diversos setores produtivos da sociedade. Para Dejours e Abdoucheli (2007, p. 141), o sentido diz respeito àquilo que o sujeito atribui à sua relação na vivência com o trabalho. “[...] o sentido que o sujeito constrói é fortemente singularizado pela forma através da qual a situação atual de trabalho se encaixa, faz ressonância com as experiências passadas e expectativas atuais do sujeito; [...]”. Dejours aponta que a organização do trabalho pode ser causadora de sofrimento psíquico e físico na vida do trabalhador por que: 290 [...] a organização do trabalho exerce, sobre o homem, uma ação específica, cujo impacto é no aparelho psíquico. Em certas condições, emerge um sofrimento que pode ser atribuído ao choque entre uma história individual, portadora de projetos, de esperanças e de desejos, e uma organização do trabalho que as ignora. Esse sofrimento, de natureza mental, começa quando o homem, no trabalho, já não pode fazer nenhuma modificação na sua tarefa no sentido de torná-la mais conforme as suas necessidades fisiológicas e a seus desejos psicológicos – isso é quando a relação homemtrabalho é bloqueada (DEJOURS, 1992, p. 133). Um trabalho com sentido negativo está associado à predominância do sofrimento, devido à falta de autonomia, à divisão do homem e ao menosprezo às habilidades e necessidades humanas por parte das empresas. Para Dejours e Abdoucheli (2007, p. 127), “o conflito entre a organização do trabalho e funcionamento psíquico pode ser reconhecido como fonte de sofrimento”. Esse sofrimento suscita as estratégias defensivas, isto é, reações do trabalhador para lidar de forma equilibrante com o conflito entre organização do trabalho e o próprio funcionamento psíquico: “São defesas elaboradas pelo trabalhador para lutar contra a doença, a loucura e a morte” (DEJOURS, 1992, p. 165). Por meio delas, o trabalhador lida com as situações de desprazer e as transformam, de alguma maneira, em prazerosas. Dejours (2004, p. 30) procura compreender como o trabalhador preserva o equilíbrio psíquico diante das pressões no trabalho. Nessa concepção, [...] o trabalho não é reduzido a uma atividade de produção no mundo objetivo. O trabalho sempre coloca à prova a subjetividade [...]. Trabalhar não é somente produzir, é, também, transformar a si mesmo e, no melhor dos casos, é uma ocasião oferecida à subjetividade para se testar, até mesmo para se realizar. Para Dejours (2007b, p. 25), prazer-sofrimento inscreve-se numa relação subjetiva da pessoa com seu trabalho. Então, o trabalho pode 291 ser uma forma de descarga psíquica para o sujeito e a maneira como ele irá lidar com o impasse psíquico gerado definirá se a vivência permanecerá como sofrimento ou se transformará em prazer. A abordagem da psicodinâmica do trabalho busca descobrir, a partir do discurso do trabalhador, o sentido do trabalho e as estratégias defensivas suscitadas que possibilitam a transformação do sofrimento em prazer. Nessa ótica, o trabalho sempre passará pela dimensão sofrimento/prazer e o sentido será construído pelo trabalhador de acordo com o seu contexto de trabalho e seus modos de subjetivação. Observa-se no discurso de trabalhadores, apresentado em várias pesquisas, que se a organização do trabalho mostra-se flexível, possibilitando ao trabalhador a oportunidade de aprender, transformar, criar e de ter autonomia, há predominância do sentido prazeroso do trabalho. Tais vivências são indicadores de saúde no trabalho, proporcionam estruturação psíquica e expressão da subjetividade (DEJOURS, 2004; DEJOURS; ABDOUCHELI, 2007). Desse modo, reitera-se a afirmativa de Dejours (2004), Dejours e Abdoucheli (2007) de que o prazer-sofrimento é um constructo único e dialético, resultado da relação entre os aspectos subjetivos do trabalhador, a organização do trabalho e o contexto no qual o sujeito está inserido. E que o sofrimento provocado pelas dificuldades vivenciadas no trabalho pode ser transformado pelo trabalhador em prazer quando a organização do trabalho é flexível. Diante disso, ratifica-se que o trabalho constitui aspecto importante da subjetividade e é central na vida das pessoas (DEJOURS, 2004). Assim, para a empresa reduzir o índice de sofrimento e adoecimento do trabalhador é fundamental a revisão do modelo de organização do trabalho proposto aos seus funcionários. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DEJOURS, Christophe. A loucura do trabalho: estudo de psicopatologia do trabalho. 5. ed. ampl. São Paulo: Cortez, Oboré, 1992. 292 DEJOURS, Christophe. Prefácio. In: MENDES, Ana Magnólia. Psicodinâmica do trabalho: teoria, método e pesquisas. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2007a. DEJOURS, Christophe. A carga psíquica do trabalho. In: DEJOURS, Christophe; ABDOUCHELI, Elisabeth; JAYET, Christian. Psicodinâmica do trabalho: contribuições da Escola Dejouriana à análise da relação prazer, sofrimento e trabalho. São Paulo: Atlas, 2007b. DEJOURS, Christophe. Subjetividade, trabalho e ação. Revista Produção, v. 14, n. 3, p. 27-34, set./dez. 2004. DEJOURS, Christophe; ABDOUCHELI, Elisabeth; JAYET, Christian. Psicodinâmica do trabalho: contribuições da Escola Dejouriana à análise da relação prazer, sofrimento e trabalho. São Paulo: Atlas, 2007. 145 p. DEJOURS, Christophe; ABDOUCHELI, Elisabeth. Itinerário teórico em psicopatologia do trabalho. In: DEJOURS, Christophe; ABDOUCHELI, Elisabeth; JAYET, Christian. Psicodinâmica do trabalho: contribuições da Escola Dejouriana à análise da relação prazer, sofrimento e trabalho. São Paulo: Atlas, 2007. 145 p. MINICURRÍCULO Psicóloga, mestre em administração. Consultora em desenvolvimento de pessoas, de equipes e gerencial. Especialista em Psicologia Organizacional e do Trabalho e na área clínica. Formação em Jogos de empresa, dinâmica de grupo, consultoria organizacional e empreendedorismo. Pós-graduada em Educação, Tecnologia e Trabalho e Psicopedagogia. Membro do grupo Projetar. Coautora do livro: Vivências uma Aprendizagem Efetiva – Manual de Técnicas Vivenciais/Grupo PROJETAR. http://lattes. cnpq.br/5334350858897833 293 A ECX CARD é uma empresa brasileira, com sede em Belo Horizonte/MG e filial em São Paulo/SP. Administra e processa um variado portfólio de cartões de benefícios. Investe constantemente em TI, portanto, está apta a disponibilizar aos seus clientes, uma plataforma tecnológica que permite gerenciar operações integralmente on-line, via web - www.ecx.com.br. Todos os produtos da ECX CARD tem foco na RACIONALIZAÇÃO e OTIMIZAÇÃO de processos, REDUÇÃO DE CUSTOS e MELHORIA NA QUALIDADE DE VIDA DO COLABORADOR. A ECX CARD enxerga o profissional de RH como peça fundamental para o desenvolvimento e sucesso das organizações. O livro Recursos Humanos: Coletânea de Artigos tem como objetivo a valorização do profissional de RH, além de fomentar, difundir e compartilhar conhecimento entre os profissionais da área, através da publicação de artigos elaborados por esses profissionais.