curso avançado - Escoteiros do Brasil

Transcrição

curso avançado - Escoteiros do Brasil
MANUAL DO FORMADOR
CURSO AVANÇADO
LINHA ESCOTISTA
MANUAL CURSO AVANÇADO
LINHA ESCOTISTA
Esta é o Manual do Formador do Curso Avançado da UEB - União dos Escoteiros do Brasil - para
Escotistas, conforme previsto nas Diretrizes Nacionais para Gestão de Adultos, e produzido por
orientação da Diretoria Executiva Nacional com base na experiência centenária do Movimento
Escoteiro no Brasil.
2ª EDIÇÃO | ABRIL DE 2014
Conteúdo
Os conteúdos que aparecem nesta apostila foram baseados nos materiais de
cursos das Regiões Escoteiras.
Ilustrações
Foram usados desenhos produzidos ou adaptados por Raphael Luis K.,
assim como ilustrações em geral que fazem parte do acervo da UEB ou são de domínio público.
Diagramação
Raphael Luis K.
Organização de conteúdo
Megumi Tokudome | Vitor Augusto Gay
Revisão de textos
Shenara Pantaleão
Todos os direitos reservados.
Nenhuma parte desta publicação poderá ser traduzida ou adaptada a nenhum idioma, como
também não pode ser reproduzido, armazenado ou transmitido por nenhuma maneira ou meio,
sem permissão expressa da Diretoria Executiva Nacional da União dos Escoteiros do Brasil.
União dos Escoteiros do Brasil - Escritório Nacional
Rua Coronel Dulcídio, 2107 - Bairro Água Verde
CEP 80250 100 | Curitiba | Paraná
www.escoteiros.org.br
APRESENTAÇÃO
MENSAGEM
OBJETIVO DO NÍVEL
A UEB está se dedicando a atualizar e produzir
importantes publicações para adultos, contando, para
tanto, com a inestimável colaboração e esforço de muitos
voluntários de todo o Brasil, além do apoio dos profissionais
do Escritório Nacional. A todos que contribuíram, e
continuam trabalhando, os agradecimentos do escotismo
brasileiro.
É claro que ainda podemos aprimorar o material,
introduzindo as modificações necessárias a cada nova
edição. Portanto, envie suas sugestões para melhorar o
trabalho ([email protected]), pois a sua opinião e
participação serão muito bem-vindas!
A qualidade do Programa Educativo aplicado nas
Seções, além da eficiência nos processos de gestão da
organização escoteira, em seus diversos níveis, depende
diretamente da adequada preparação dos adultos.
O nosso trabalho voluntário rende mais e
melhores frutos na medida em que nos capacitamos
adequadamente para a tarefa. Portanto, investir na
formação significa valorizar o próprio tempo que
dedicamos voluntariamente ao escotismo.
Além disso, o nosso compromisso com as crianças
e jovens exige que estejamos permanentemente
dispostos a adquirir novos conhecimentos, habilidades e
atitudes, em coerência com a postura de educadores em
aperfeiçoamento constante.
Desejo que tenham ótimos e proveitosos momentos
de formação, que aprendam e ensinem, que recebam e
compartilhem. Sejam felizes!
Consolidar a qualificação do adulto para o pleno
desempenho de todas as atribuições como Escotista.
Sempre Alerta!
TAREFAS PRÉVIAS
Ler e discutir com seu Assessor Pessoal de Formação:
• Apostila do Curso
• Manual do Escotista do Ramo (leitura integral)
• Características Essenciais do Movimento Escoteiro
SUGESTÃO DE LEITURA
• Livro 250 milhões de Escoteiros
PRÁTICA SUPERVISIONADA
• Aperfeiçoar suas habilidades na coordenação do
planejamento, execução e avaliação de, pelo menos,
dois ciclos de programa;
• Avaliar a sua atuação como escotista educador em
reunião com o seu APF após os ciclos mencionados
no item;
• Atualizar o seu Plano Pessoal de Formação; e
• Planejar e executar um projeto, produzindo e
entregando um produto útil à organização, tais como:
vídeo institucional; plano de captação de jovens e/
ou adultos, campanha financeira, conjunto de fichas
técnicas, ferramenta de gestão ou algum produto
similar.
Diretoria Executiva Nacional
ESCOTEIROS DO BRASIL
CURSO AVANÇADO
3
ÍNDICE
APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................................................................................... 3
FOGO DE CONSELHO II ............................................................................................................................................................................... 7
JOGOS III - VIVENCIANDO A PRATICA ................................................................................................................................................................ 11
GRANDES JOGOS E JOGOS NOTURNOS .............................................................................................................................................................. 13
VALORES III - COM ÊNFASE NOS PRINCÍPIOS ................................................................................................................................................... 25
ESPIRITUALIDADE III .......................................................................................................................................................................................... 31
COMUNICANDO-SE COM O JOVEM - ACONSELHAMENTO....................................................................................................................................... 39
ATIVIDADES EDUCATIVAS ................................................................................................................................................................................... 47
ARTES MATEIRAS ................................................................................................................................................................................................ 53
COMIDA MATEIRA ............................................................................................................................................................................................... 61
PIONEIRIAS .......................................................................................................................................................................................................... 67
RECURSOS EDUCATIVOS NA ALCATÉIA ............................................................................................................................................................... 73
JORNADAS, CAMINHADAS E ESCALADAS ......................................................................................................................................................... 83
REUNIÃO ESPECIAL NA ALCATÉIA ...................................................................................................................................................................... 101
ESCOTISMO E MEIO AMBIENTE ....................................................................................................................................................................... 113
ASPECTOS JURÍDICOS .......................................................................................................................................................................................... 123
NOITE INTERNACIONAL - UMA CELEBRAÇÃO DA FRATERNIDADE ............................................................................................................... 137
CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO ........................................................................................................................................................................... 141
PLANEJAMENTO ANUAL ..................................................................................................................................................................................... 145
INCLUSÃO DE JOVENS E ADULTOS ...................................................................................................................................................................... 155
ESCOTISMO MUNDIAL ......................................................................................................................................................................................... 163
GILWELL PARK ..................................................................................................................................................................................................... 171
PREVENÇÃO AO CONSUMO DE DROGAS ......................................................................................................................................................... 183
CONHECENDO E REFLETINDO SOBRE SEXUALIDADE ........................................................................................................................................ 189
LIDERAR E DELEGAR ........................................................................................................................................................................................... 195
CAPTAÇÃO/SELEÇÃO E ACOMPANHAMENTO ...................................................................................................................................................... 201
ADMINISTRAÇÃO DE TEMPO E NEGOCIAÇÃO ...................................................................................................................................................... 205
EDUCAÇÃO PELO AMOR SUBSTITUINDO A EDUCAÇÃO PELO TEMOR ..................................................................................................................... 215
CANCIONEIRO ...................................................................................................................................................................................................... 221
ESCOTEIROS DO BRASIL
CURSO AVANÇADO
5
GRADE HORÁRIA DO CURSO BÁSICO
FOGO DE CONSELHO II ................................................................................................................................................................................... 60 MIN
JOGOS III - VIVENCIANDO A PRATICA ............................................................................................................................................................ 60 MIN
GRANDES JOGOS E JOGOS NOTURNOS .......................................................................................................................................................... 90 MIN
VALORES III - COM ÊNFASE NOS PRINCÍPIOS ................................................................................................................................................. 60 MIN
ESPIRITUALIDADE III ..................................................................................................................................................................................... 90 MIN
COMUNICANDO-SE COM O JOVEM - ACONSELHAMENTO............................................................................................................................... 60 MIN
ATIVIDADES EDUCATIVAS .............................................................................................................................................................................. 60 MIN
ARTES MATEIRAS ......................................................................................................................................................................................... 130 MIN
COMIDA MATEIRA ........................................................................................................................................................................................ 120 MIN
PIONEIRIAS .................................................................................................................................................................................................. 120 MIN
RECURSOS EDUCATIVOS NA ALCATÉIA .........................................................................................................................................................120 MIN
JORNADAS, CAMINHADAS E ESCALADAS .................................................................................................................................................... 210 MIN
REUNIÃO ESPECIAL NA ALCATÉIA ................................................................................................................................................................ 210 MIN
ESCOTISMO E MEIO AMBIENTE ...................................................................................................................................................................... 70 MIN
ASPECTOS JURÍDICOS .................................................................................................................................................................................... 90 MIN
NOITE INTERNACIONAL - UMA CELEBRAÇÃO DA FRATERNIDADE ............................................................................................................... 240 MIN
CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO ........................................................................................................................................................................... 60 MIN
PLANEJAMENTO ANUAL ...............................................................................................................................................................................120 MIN
INCLUSÃO DE JOVENS E ADULTOS ................................................................................................................................................................. 40 MIN
ESCOTISMO MUNDIAL ................................................................................................................................................................................... 60 MIN
GILWELL PARK ............................................................................................................................................................................................... 60 MIN
PREVENÇÃO AO CONSUMO DE DROGAS ........................................................................................................................................................ 60 MIN
CONHECENDO E REFLETINDO SOBRE SEXUALIDADE ..................................................................................................................................... 60 MIN
LIDERAR E DELEGAR ...................................................................................................................................................................................... 40 MIN
CAPTAÇÃO/SELEÇÃO E ACOMPANHAMENTO ................................................................................................................................................. 60 MIN
ADMINISTRAÇÃO DE TEMPO E NEGOCIAÇÃO ................................................................................................................................................ 70 MIN
EDUCAÇÃO PELO AMOR SUBSTITUINDO A EDUCAÇÃO PELO TEMOR ............................................................................................................ 6 0 MIN
A unidade Fogo de Conselho não possui texto referente ao tema no manual do formador e nem na apostila do cursante.
Esta unidade visa proporcionar a vivência prática dos participantes sobre este conteúdos.
Na unidade de Fogo de Conselho, o formador responsável pela unidade deverá solicitar que cada equipe indique um
voluntário no início do curso. Esses voluntários constituirão a “equipe do fogo de conselho” e serão orientados para definir o
tema, escolha do local, montagem do fogo, tipo de acendimento e programação, sempre acompanhados pelo formador e a
equipe do curso durante este processo.
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CURSO AVANÇADO
ESCOTEIROS DO BRASIL
UNIDADE DIDÁTICA | CURSO AVANÇADO - ESCOTISTA
Fogo de Conselho II
Duração
60 minutos
Objetivos Gerais
Planejar e executar um Fogo de Conselho ou Lamparada.
Objetivos Específicos
• Compreender a importância do Fogo de Conselho como elemento no programa
educativo;
• Envolver-se no processo de planejamento de um Fogo de Conselho (programação);
• Escolher o local e contribuir na montagem da fogueira;
• Executar um Fogo de Conselho.
Conteúdo
• Escolha do local para o Fogo de Conselho;
• Montagem e acendimento de fogueiras;
• Programação de um Fogo de Conselho.
Material
• Lenha para montagem da fogueira;
• Isca para acendimento da fogueira;
• Fósforos.
• Materiais diversos para confecção de adereços (TNT, materiais de papelaria, caixas de
papelão, etc)
PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO
Tempo (minutos)
Tema
Metodologia
60
Execução do Fogo de Conselho
TG
TG = Trabalho em Grupo
DETALHAMENTO DA METODOLOGIA
A proposta dessa unidade didática se divide em duas partes, sendo que apenas uma delas consome tempo
específico na grade do curso. A primeira parte se desenvolve em horários livres (preferencialmente durante o almoço
e intervalos). Ela visa proporcionar uma vivência da atividade, aplicada pelos próprios cursantes. A referência teórica
é o documento indicado no campo “Bibliografia recomendada”.
ESCOTEIROS DO BRASIL
CURSO AVANÇADO
7
Planejamento do Fogo de Conselho (Atividade prévia antes do curso)
O formador responsável deverá solicitar que cada equipe indique um voluntário. Esses voluntários constituirão a
“Equipe do Fogo de Conselho” e serão orientados para definir o tema, escolha do local, montagem do fogo, tipo de
acendimento e programação, sempre acompanhados pelo formador durante este processo. O acompanhamento do
formador é fundamental para o andamento e boa execução do Fogo de Conselho.
Dentre os indicados deverão ser definidos os papéis necessários para o desenvolvimento de um Fogo de Conselho
(diretor, animador, foguista, etc).
A programação deverá ser registrada em papel e entregue ao formador responsável, conforme modelo em anexo a
esta unidade didática.
O tema definido deve ser informado às equipes para que possam organizar os esquetes, as canções, os aplausos e
as caracterizações.
A equipe do Fogo de Conselho também poderá contribuir para a escolha do local, montagem e tipo de acendimento
da fogueira.
Em caso de chuva, a equipe responsável deverá estar pronta para providenciar uma Lamparada.
Execução do Fogo de Conselho (60 minutos)
No horário agendado para sua realização, a equipe responsável deverá coordenar o Fogo de Conselho.
Ao final, o formador deverá conduzir o processo de avaliação, ouvindo os demais participantes, destacando os pontos
positivos, negativos e buscando verificar se o que foi planejado foi realmente executado. Encerrando o processo de
avaliação, o formador deverá reforçar a importância do Fogo de Conselho e relembrar com os cursantes os aspectos
educativos envolvidos nesta atividade.
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
Livro Fogo de Conselho - União dos Escoteiros do Brasil, 1985
Última atualização: 30/03/2014
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CURSO AVANÇADO
ESCOTEIROS DO BRASIL
ANEXO | CURSO AVANÇADO - ESCOTISTA
MODELO DE PROGRAMAÇÃO DE FOGO DE CONSELHO
Local:
Data:
Tema:
Dirigente do Fogo:
Equipe de animação:
Foguista:
TEMPO
ESCOTEIROS DO BRASIL
TÍTULO DA APRESENTAÇÃO
RESPONSÁVEL
CURSO AVANÇADO
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UNIDADE DIDÁTICA | CURSO AVANÇADO - ESCOTISTA
JOGOS III - VIVENCIANDO A PRÁTICA
Duração
60 minutos (pulverizados na grade do curso)
Objetivos Gerais
Aplicar jogos educativos, nas diversas áreas de desenvolvimento.
Objetivos Específicos
• Elaborar jogos diversos;
• Vivenciar a aplicação de jogos educativos;
• Enumerar as competências que podem ser trabalhadas com a aplicação dos jogos
propostos.
Conteúdo
• Jogos escoteiros.
Material
• Livros diversos sobre jogos;
• Materiais diversos para aplicação de jogos (bola, barbante, etc).
PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO
Tempo (minutos)
Tema
Metodologia
60
Aplicação prática de jogos nas diversas áreas de
desenvolvimento
TG
TG = Trabalho em Grupo
DETALHAMENTO DA METODOLOGIA
Esta unidade se caracteriza pela aplicação prática de jogos, distribuídos na grade do Curso Avançado.
No início do curso, durante a divisão das equipes, cada equipe ficará responsável em aplicar um determinado jogo,
dentro de uma das áreas de desenvolvimento (físico, intelectual, social, espiritual, afetivo, caráter) definida pelo
formador.
Cada jogo terá a duração máxima de 10 minutos e terá um momento definido para sua aplicação.
Ao final da aplicação de cada jogo, a equipe responsável deverá explicar os objetivos propostos com a atividade, as
competências que podem ser trabalhadas e realizar uma breve avaliação de sua aplicação.
O formador responsável deverá acompanhar a aplicação de todos os jogos, fazendo as observações que julgar
necessárias para cada caso.
ESCOTEIROS DO BRASIL
CURSO AVANÇADO
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BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
Jogos, Dinâmicas & vivências Grupais/Albigenor & Rose Militão – Rio de Janeiro: Qualitymark Editora, 2000.
Jogos e Dinâmicas de Grupo – Pessoa com Deficiência – União dos Escoteiros do Brasil, 2009.
Jogos para a Paz e a Compreensão entre os Homens – União dos Escoteiros do Brasil, 1995.
Jogos para Educação para o Desenvolvimento – União dos Escoteiros do Brasil, 1995.
Jogos ao Ar Livre – União dos Escoteiros do Brasil, 1995.
Livro de Jogos - – União dos Escoteiros do Brasil.
Atividades Educativas – 7 a 11 anos – União dos Escoteiros do Brasil, 2006.
Atividades Educativas – 11 a 15 anos – União dos Escoteiros do Brasil, 2007.
Projetos e Atividades Educativas – 15 a 21 anos - – União dos Escoteiros do Brasil, 2008.
Última atualização: 01/04/2014
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CURSO AVANÇADO
ESCOTEIROS DO BRASIL
UNIDADE DIDÁTICA | CURSO AVANÇADO - ESCOTISTA
GRANDES JOGOS E JOGOS NOTURNOS
Duração
90 minutos
Objetivos Gerais
Compreender na prática a definição e como aplicar Grandes Jogos e Jogos Noturnos
Objetivos Específicos
1-Citar as Características de um Grande Jogo e Jogos noturnos
2 – Identificar as necessidades para aplicação de um Grande Jogo e Jogo Noturno
3-Vivenciar um Grande Jogo e um Jogo Noturno
Conteúdo
1 – Grandes Jogos – Conceitos , objetivos e cuidados na aplicação
2-Jogos Noturnos – Conceitos , objetivos e cuidados na aplicação
3- Sistema de “Eliminação” – Vidas nos Grandes jogos e Jogos noturnos
4- Utilização de Mensagens em Grandes Jogos e Jogos Noturnos
Material
1 lanterna para cada jovem e para cada escotista;
Tesouras;
Pedaços de cartolina de 20 x 15 cm no dobro da quantidade de jovens (metade vermelho
e metade azul); Elásticos de dinheiro (dois para cada jovem);
Marcadores permanentes (pincel atômico);
Apito;
Um lampião
PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO
Tempo (minutos)
Tema
Metodologia
30
Grandes Jogos e Jogos Noturnos
PL
30
Vivência de um Grande Jogo
DM
30
Vivência de um Jogo Noturno
DM
PL = Palestra
TG = Trabalho em Grupo
DD = Discussão Dirigida
DM = Demonstração
DETALHAMENTO DA METODOLOGIA
O Formador utilizando recursos áudio visuais falará sobre Grandes Jogos e jogos Noturnos, conceitos, objetivos,
cuidados na aplicação, sistema de eliminação vidas e utilizando mensagens nos Grandes Jogos e Jogos Noturnos.
Depois os cursantes irão vivenciar um Grande Jogo e um jogo noturno aplicado pelos formadores. O Grande Jogo
pode ser aplicado durante o dia e o jogo noturno durante uma noite do curso.
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CURSO AVANÇADO
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Exemplo de Jogo Noturno que o formador poderá aplicar:
Guerra de números (para um grupo de 20 a 40 pessoas, à noite)
Divide-se o grupo em dois exércitos: o exército azul e o exército vermelho. Confeccionam-se os capacetes das
pessoas que vão jogar nas duas cores.
A confecção desses capacetes é simples: cortam-se dois pedaços de cartolina de 20X15 cm, na cor do exército
correspondente, unindo-os com um pedaço de elástico. A circunferência total do capacete deve corresponder ao
tamanho da cabeça. Feito isso, dá-se a cada capacete um número qualquer de quatro algarismos, sendo que o 6 e o
9 devem trazer um tracinho embaixo, como no bingo.
Com os capacetes numerados na cabeça, na frente e atrás, e munido de uma lanterna a pilha, um dos exércitos sai
para esconderse na floresta, enquanto o outro espera uns 15 minutos para sair em seu encalço. Começa então a
guerra de números. Os perseguidores terão que eliminar os perseguidos, e vice-versa, iluminando com a lanterna o
número do adversário e cantando-o bem alto (antes que o outro cante o seu).
Aquele que cantar o número do outro venceu e continua em pé de guerra. O vencido tem que tirar o capacete e sair
do jogo.
Aquele que permanecer até o fim da guerra é o campeão e seu exército, o vencedor.
Não vale: - Camuflar o capacete ou seu número, ou colocá-lo de ponta cabeça;
- Ficar escondido para dar vitória ao seu exército.
Exemplo de Grande Jogo que o formador poderá aplicar:
Bomba Nuclear
História:
O Escotista chama os Monitores e entrega a cada um deles, um envelope com a carta abaixo dentro.
“MINISTÉRIO DA DEFESA DA ONU
Ao 55º Grupo Escoteiro Morvan Dias Figueiredo
Prezados Escoteiros
Em nosso patrulhamento de rotina, com lentes super potentes de raios meganoscópicos, acopladas ao nosso
satélite MDF55 captamos uma manobra executada por terroristas mercenários e perigosos, enterrando não muito longe
da vossa posição, uma bomba nuclear altamente devastadora, armada para detonar automaticamente em 30 minutos.
Caso eles consigam explodi-la, a radiação nuclear irá se espalhar contaminando todo o continente Americano,
levando a destruição e a morte em poucos dias. Quando explodir, aqueles que estiverem num raio de 300 quilômetros da
bomba morrerão instantaneamente e os outros, fora desta área, serão contaminados e morrerão em cindo dias. Ainda
não foi descoberta uma defesa eficiente para esse tipo de radiação.
Como não há a menor possibilidade de chegarmos à tempo no local para desarmarmos a bomba, contamos com
vocês, Escoteiros, que são os mais próximos do artefato, com inteligência e coragem para desempenhar esta missão de
alta periculosidade.
Sigam as pistas deixadas no caminho , cumpram os desafios durante o caminho e desarmem a bomba.
Ministro da Defesa da ONU
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CURSO AVANÇADO
ESCOTEIROS DO BRASIL
Desenvolvimento:
Após a entrega do envelope para cada Monitor, dê a eles um tempo para apresentarem a tarefa para suas Patrulhas,
e apite dando início da aventura. As patrulhas vão seguir os sinais de pistas e durante o percurso terão 4 tarefas para
realizar
1 – Fazer oito nós com macarrões cozidos
2 – Cantar uma canção escoteira
3- Criar uma oração
4 – Decifrar uma charada Ex : Charada
1) Que país e este ?
• A letra “L” está oposta ao “N” e também está à esquerda do “E” e à direita
do “A”
• A letra “N” está entre o “H” e o “A”
• A letra “M” está oposta ao “A” e também está entre o “E” e o “A”
• Se forem colocadas as letras nos lugares indicados, vai ser descoberto o nome de um país. Qual ?
Resposta: ALEMANHA
Se nenhuma Patrulha chegar a tempo e o relógio despertar, é sinal que a bomba explodiu e todos morreram.
Lembre-se que deve ser feito um percurso diferente para cada Patrulha, cujo ponto de encontro será o mesmo local
em que está a bomba. A Patrulha que chegar primeiro e achar a bomba têm o direito de desarmá-la antes das outras
que chegaram depois.
Avaliação:
A Patrulha vencedora é a que chegar em primeiro e desarmar a bomba, evitando que o relógio desperte! Dê
como premio uma caixa de chocolate.
Grande Jogo Adaptado manual de
GRANDES JOGOS DO ESCOTISMO
Elmer S. Pessoa
Lenita A. Pessoa
Junho 2013
ESCOTEIROS DO BRASIL
CURSO AVANÇADO
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GRANDES JOGOS/JOGOS NOTURNOS
CONCEITO:
O Grande Jogo Escoteiro é assim denominado,
devido ao seu tempo de duração, por suas regras serem
mais complexas e por outros pontos que mencionaremos
abaixo.
Os Grandes Jogos oferecem ao jovem ocasiões para
praticar as técnicas escoteiras aprendidas, atender sua
necessidade de desprendimento físico, desenvolver sua
iniciativa e responder a seu desejo de aventura. Como
todo jogo educativo, revela a índole e o caráter específicos
de cada jovem, seus defeitos e suas qualidades.
TÉCNICA ESCOTEIRA:
Dependendo do jogo, pode ser necessário: orientarse por todos os métodos; utilizar um mapa; observar e
deduzir; seguir uma pista; decifrar códigos e mensagens;
sinalizar; estabelecer um plano; aplicar os primeiros
socorros; cozinhar; vigiar cuidadosamente os adversários;
“atacar o inimigo”; tocaiar; camuflar; rastrear; etc.
QUALIDADES FÍSICAS:
b) Responsabilidade – os jogadores devem assumir
funções muito precisas;
c) Jogo franco – saber aceitar a derrota, não atacar
um adversário caído, observar às normas de educação;
d) Auto-domínio – observar às regras em todas
as circunstâncias, saber esconder-se, manter-se imóvel,
dominar seu temperamento impulsivo;
e) Jogo duro, mas leal – “Creio nos jogos ao ar livre e
pouco me importa que sejam jogos brutos ou violentos e
que ocasionalmente alguém se machuque. Não simpatizo
com o sentimentalismo exagerado que pretende manter
os jovens embrulhados em algodão. Na luta pela vida o
homem formado ao ar livre sempre demonstrou ser o
melhor.
Quando vocês brincarem, joguem duro; e quando
trabalharem, trabalhem duro. Mas não deixem que os
jogos e os desportos prejudiquem os seus estudos”.
Theodore Roosevelt em revista a alguns escoteiros
em Londres.
TERRENO:
a) Resistência, exigindo dos jogadores um esforço
controlado e proporcional a sua idade;
b) Reflexos, agilidade e destreza;
c) Alternar corridas e caminhadas para favorecer o
processo respiratório;
d) O Grande Jogo em si pede esforços físicos muito
diversos: corridas, caminhadas, saltos, lutas, etc.
É preciso ter um local bem amplio, arborizado e que
tenha boas condições de segurança.
Por esta razão, os grandes jogos são normalmente
realizados em excursões e acampamentos. O chefe deve
ter um conhecimento prévio do terreno para certificarse dos recursos que oferecem e seus inconvenientes.
Demarcar os limites da área do jogo, frisando isso muito
bem aos jogadores, é importantíssimo que o sucesso do
jogo.
INICIATIVA:
REGRAS:
Não servirá de nada ter escoteiros “experts” em
técnicas escoteiras, se não são capazes de colocar em
prática outras qualidades. Para ganhar é necessário refletir;
ter espírito de equipe; obedecer as regras; sacrificar-se
para que sua equipe ganhe; ter iniciativa, decisão, audácia,
etc.
O jogo resultará tanto melhor quanto mais
simples e claras forem as regras e quanto melhor forem
compreendidas pelos jogadores. Regras precisas e claras
quanto a:
· Limites da área e objetivos;
· Duração;
· Identificação dos distintos grupos;
· Meios de eliminação;
· Sinais de início e término do jogo.
QUALIDADES MORAIS:
O jogo exige, por parte dos participantes, uma série
de qualidades morais:
a) Sentido de equipe – que haja abstenção das
tendências individuais e egocêntricas;
ESCOTEIROS DO BRASIL
DURAÇÃO:
CURSO AVANÇADO
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A duração de um grande jogo para escoteiros é
maior do que a de um jogo normal, podendo variar de
30 a 120 minutos, no caso de um grande jogo para sênior
a duração pode ser maior, dependendo dos objetivos e
desenvolvimento do próprio jogo. No caso de Grandes
Jogos Noturnos para escoteiros não deverá passar de
23:00h. Para os seniores pode ser feito pela madrugada
adentro, inclusive.
SINAIS:
Para anunciar o início e o fim do jogo ou a troca dos
jogadores serão emitidos sinais sonoros com o auxílio
de um apito, corneta, morteiro, etc. Todos os jogadores
devem saber da função desses sinais e a eles obedecerem
prontamente.
O desenvolvimento do jogo indicará ao Chefe se seus
escoteiros – pelos gritos, ruídos, etc. – são principiantes,
ou – pelo silêncio – são verdadeiros escoteiros.
PISTAS:
As pistas estabelecidas antecipadamente pelo
Chefe ou traçadas no decorrer do jogo pelos jogadores,
desempenham sempre um papel importante nestes
jogos. Uma pista pode ser traçada de várias maneiras. As
mais utilizadas são as seguintes:
a) Os sinais de pista – todos conhecemos os
principais sinais de pista. Estes sinais poderão ser
construídos utilizando os meios naturais: marcações
feitas no solo, pedras, ramos secos, bocados de musgo,
etc. (preferível); ou poderão ser desenhados com giz nas
árvores, nas paredes, nas rochas, etc. (é o processo mais
simples).
b) As pistas à moda dos índios – como não
escreviam à européia, os índios praticavam uma espécie
de escrita primitiva, com a ajuda de sinais naturais. Tufos
de erva atados, ramos partidos ou enterrados no solo,
gravações na casca das árvores, pedras alinhadas ou
amontoadas, eram os elementos do alfabeto que permitia
aos índios de uma mesma tribo comunicarem entre si.
c) As pistas do Pequeno Polegar - trata-se das pistas
que um jogador traça deixando cair, na sua passagem,
objetos facilmente identificáveis, como gesso ou farinha
espalhados com ajuda de um saco furado, grãos de arroz
ou papéis picados.
d) Pistas aromáticas - engraçada, mas utilizável
somente em pequenas distâncias e em curtos lapsos de
tempo, a pista aromática traça-se esfregando o tronco de
árvores, as pedras, etc., com uma substância que possua
18
CURSO AVANÇADO
um cheiro característico: alho ou cebola, noz-moscada,
água –de-colônia.
e) Outras pistas – são traçadas, na maior parte dos
casos, colocando de longe em longe certas marcas que
sobressaiam na paisagem (é o processo das marcas de cor
para as azinhagas tirísticas). Poder-se-ão utilizar:
· Fios de lã de cor;
· Quadradinhos de papel de cor;
· Folhas de árvore aplicadas em ramos de uma árvore
de espécie diferente;
· Sinais luminosos (jogo noturno);
· Sinais sonoros (caça à raposa).
COMO APRESENTAR UM GRANDE JOGO
A maneira de apresentar um jogo influenciará
muitíssimo em seu resultado. Não é anunciado:
“HOJE VAMOS LUTAR ESCALPE”, ou “HOJE TEREMOS
EXERCÍCIO DE SEMÁFORA”, que se obterá um bom
resultado. A luta de escalpe será infinitamente mais
ardente, o ardor empregado na prática da semáfora será
maior, se uma motivação, uma história bem contada
funcionar como FUNDO MOTIVADOR. Ex.: “Há muito
tempo, sobre esta colina de onde só se vê uma casa em
ruínas, vivia um bandido que dominava a região”. Desta
forma, já apreendida a atenção geral, expõe-se as regras
do grande jogo, durante o qual o escalpe ou a prática da
semáfora serão incluídos.
Os jovens se apaixonam pelas histórias se forem
boas, a ponto de encarnarem seus personagens. Histórias
ilógicas, relatos grandes demais cansam os escoteiros
desejosos de jogar ao invés de motivá-los.
Um bom sistema consiste em contar a história um
dia antes, sem falar que é o tema do jogo. Assim, os jovens
estarão prontos para viverem suas aventuras. Quando
o momento do jogo chegar, bastará explicar as regras
essenciais e distribuir as tarefas.
HISTÓRIAS QUE PODEMOS UTILIZAR COMO MOTIVAÇÃO:
· episódios de guerras;
· episódios da vida de B.P., como Mafeking;
· de grandes aventureiros e descobertas arqueológicas
· espaciais;
· de tribos indígenas;
· Fatos ocorridos durante as guerras mundiais;
· de cavaleiros da Idade Média;
· Passagens da vida do Rei Arthur;
· de Robin Hood;
· de espionagem;
ESCOTEIROS DO BRASIL
· de povos perdidos;
· Fatos da pré-história, como a descoberta do fogo;
· de cientistas e suas descobertas ultra secretas (verídicas
ou não)
JOGOS NOTURNOS
A diversão que os jogos noturnos proporcionam é
enorme, como também o valor que deles se obtém. Muitos
escoteiros conseguem dominar o seu medo à escuridão
praticando gradualmente o Escotismo noturno. Não há
dúvida de que é uma tarefa fácil traçar o esboço de uma
cidade à luz do dia, mas tentem fazê-lo completamente no
escuro e em silêncio.
É aconselhável avisar à Polícia e a outras autoridades
pertinentes (em caso do jogo ser em área urbana). Talvez
possa obter-se, inclusive, a cooperação da polícia.
Quando prepara-se jogos noturnos, é sempre
conveniente consultar os meteorologistas e considerar as
fases da lua. Um jogo que pode ser ótimo de se praticar em
uma noite escura, talvez não tenha êxito se há lua cheia ou
vice-versa.
É imprescindível visitar também a área do jogo na
véspera para conhecer os limites e as suas características,
para que a maioria dos que irão participar do jogo se
familiarizem com o terreno, especialmente os Monitores.
A prática de bons jogos noturnos constitui um bom
Escotismo, porém a experiência demonstra que poucas
modalidades do Escotismo são mais passíveis de fracassar,
se todos os detalhes não forem estudados e preparados.
Como dito anteriormente, a duração de um jogo
noturno deve ter de 30 a 120 minutos, embora isto dependa,
principalmente, da área utilizada e do número de jogadores
que participarem e do público alvo (Ramo Lobinho,
Escoteiro, Sênior ou Pioneiro). Todos estes detalhes devem
ser considerados e esclarecidos perfeitamente antes de
começar o jogo. Nada é mais deprimente para um jovem
do que participar de um jogo que não entenda. Passar uma
noite estendido sob um arbusto, talvez seja benéfico para
a sua alma, mas não é isso que o escoteiro médio espera
obter do Escotismo. Um jogo noturno, para ter êxito,
precisa, principalmente, de muita ação e movimento.
O argumento que serve de base a um jogo noturno
pode dar-lhe vida ou fazê-lo fracassar, da mesma forma que
nos grandes jogos. Se o argumento for muito complicado
ou longo, ninguém o entenderá nem lhe dará a atenção
necessária, porém, se não existir nenhum argumento,
perde-se o sabor da aventura. O argumento deve ter, então,
facetas da realidade no referente à instruções escritas e
no que diz respeito ao desenrolar da ação. Por exemplo, o
argumento poderia tornar um dos jovens num Supremo
Sacerdote, adorador do Fogo Sagrado, encarregado de
cuidar de uma coleção de ídolos encontrados durante uma
expedição nas margens do Rio Amazonas. Isto é excelente,
mas o escoteiro precisa, também, que lhe digam que ele,
João da Silva, deve cuidar da zona situada entre 4 grandes
árvores, onde estão guardadas 14 bandeiras de sinais.
Muitas vezes, antes de começar, esquecemos
de preparar devidamente o jogo dando as instruções
necessárias, e após o seu início ser inútil dar ordens
complementares ou esclarecer coisas que deveriam ter sido
feitas quando a Tropa estava reunida para preparar o jogo.
SISTEMAS DE ELIMINAÇÃO (“VIDAS”)
O sistema de “vidas“ é um elemento motivador dos
grades jogos / jogos noturnos. Como dizia Baden-Powell
“Para jogos como esse – geralmente chamados Grandes
Jogos pois se jogam em campo aberto – precisa-se de
algum processo ou método para “matar ou capturar”. Um
pedaço de lã, geralmente de cor diferente para cada lado,
ou um pedaço de atadura de gaze de uma polegada podem
ser usados em torno do braço, bem visível, entre cotovelo
e ombro.
Quando rompido, a vítima procura o árbitro para
ganhar uma nova “vida” para poder continuar a se
divertir. É importante que o menor Escoteiro tenha tantas
possibilidades quantas tem o maior e mais forte”.
O Grande Jogo é um ótimo momento para revisar a
aprendizagem de habilidades escoteiras ensinadas. Ex.: o
jogador perde a “vida”. Para recuperá-la, procura o Chefe
e faz um nó ou responde uma pergunta sobre História do
Escotismo, caso acerte, recebe uma nova “vida”.
Podemos também fazer com que só até um certo
tempo possa haver a recuperação da “vida”, ou um mesmo
jogador só possa perder a “vida” uma vez para poder
recuperá-la.
Numa seção onde o porte físico seja mais homogêneo,
podemos fazer com que não haja recuperação da “vida”, isso
torna o jogo mais cauteloso.
Não há uma regra para recuperação de “vidas”. O
importante é VARIAR!!! Citamos abaixo alguns exemplos de
sistemas de “vidas”
GUERRA DE NÚMEROS (PARA UM GRUPO DE 20 A 40 PESSOAS,
À NOITE)
O jogo é ideal para uma Tropa Escoteira ou Sênior, e
deve ser desenvolvido durante a noite. Envolve técnicas
de observação, tocai e rastreamento.
O LOCAL:
A área de jogo deve ser claramente delimitada, em
um bosque e campo, evitando-se lugares com cercas de
arame farpado, muito acidentados ou com pontos de
perigo. Alguns escotistas da Tropa devem posicionar-se
nos locais com maior risco, ou pontos por onde algum
jovem possa sair da área de jogo.
20
CURSO AVANÇADO
ESCOTEIROS DO BRASIL
ZONA NEUTRA:
Um local, com iluminação, deve ser designado como
Zona Neutra, onde deverá ficar um escotista e para onde
os eliminados devem se dirigir.
ORGANIZAÇÃO:
Divide-se a Tropa em duas equipes: Equipe Azul e
Equipe Vermelho. É possível, evidentemente, criar uma
motivação adicional usando um tema e designações
baseadas nele, que pode ser fato históricos, episódio
da vida de B-P, de grandes aventureiros e descobertas
arqueológicas, ficção científica ou da vida de tribos
indígenas. respectivas cores. A confecção desses chapéus
é simples: cortam-se dois pedaços de cartolina de 20 x 15
cm, na cor da equipe correspondente, unindo as pontas
com um pedaço de elástico. A circunferência total do
chapéu deve corresponder ao tamanho da cabeça (ou
seja, a medida é pessoal).
Feito isso, escreve-se na parte frontal e posterior do
chapéu, de maneira bem visível, um número qualquer de
quatro algarismos.
INÍCIO E FIM DO JOGO:
Depois de todas as explicações e preparação, o
jogo começa com um sinal de apito, e deve ter duração
máxima de 30 minutos. Ao final um outro sinal de apito
avisa que o jogo terminou, e todos devem se dirigir para
a Zona Neutra.
O JOGO:
Com os chapéus numerados na cabeça, na frente e
atrás, e cada jovem munido de uma lanterna a pilha, uma
das equipes sai para esconder-se na floresta, enquanto a
outra espera uns 15 minutos para sair em sua perseguição.
Importante avisar e reforçar que não vale camuflar
o chapéu ou seu número, ou colocá-lo de ponta cabeça,
nem ficar escondido para dar vitória à sua equipe.
A um sinal de apito da chefia começa então a batalha
de números.
Os perseguidores terão que eliminar os perseguidos,
e vice-versa, iluminando com a lanterna o número do
adversário e anunciando-o bem alto (antes que o outro
grite o seu).
Aquele que gritar o número do outro vence e
continua na batalha. O vencido tem que tirar o chapéu e
sair do jogo, indo para uma zona neutra. Os eliminados,
na zona neutra, serão acompanhados de um escotista que
lhes ensinará alguma técnica útil.
O jogo termina quando terminar o tempo, ou no
caso de uma das equipes ter todos os seus membros
ESCOTEIROS DO BRASIL
eliminados. Vence a equipe que, ao final do jogo, tiver o
maior número de membros.
Baseado na Ficha Técnica no 07/2006, da Região
Escoteira do Rio de Janeiro, elaborada por Rubem Tadeu C.
Perlingeiro.
MENSAGENS
As mensagens são também um dos elementos de
base destes jogos. Segundo os casos, fazem-se no começo
do jogo ou descobrem-se no decorrer do mesmo. Serão
normalmente mensagens secretas escritas com a ajuda ,
de um dos processos seguintes (para simplificar, vamos
utilizar, para cada um dos elementos, a mesma mensagem
com o significado de “O TESOURO ESTÁ NO POÇO”):
I. Letras cortadas ou ponteadas.
Num texto qualquer só devem ser aproveitadas as
letras marcadas com um sinal combinado:
O TRAIDOR ESCAPOU-SE DO SUBTERRÂNEO DA
TORRE SUL. ESTAMOS NO BOSQUE PODEMOS CAÇÁ-LO.
Só valem as letras em negro.
II. Modificação da ordem das letras e introdução de
letras parasitas.
a. OCOPONATSEORUOSETO
A mensagem foi simplesmente escrita às avessas.
b. ONOE
CART
OTUO
PSO
OES
A mensagem deve ser lida de baixo para cima e da
direita para a esquerda.
c
OATBECSDOEUFRGOHEISJTKALNMONPOOPCQO(2)
Neste caso deve ler-se letra sim letra não
.
d.OTAEBCS/OUDREFO/ESGTHIA/NOJPLMO/CO
(1,2,4,7)
De cada grupo de sete letras só devem aproveitar-se
as que ocupam o lugar indicado pela chave (1,2,4,7).
CURSO AVANÇADO
21
e.
OVXTVXEVXSVXOVXUVXRVXOVX
EVXSVXTVXAVX
NVXOVXPVXOVXCVXO
Basta eliminar os grupos VX.
b.
III. Deslocação do lugar da letra no alfabeto.
PUFTPVSPFTUBOPQPDP
É preciso substituir cada letra pela que a precede no
alfabeto.
IV. Mensagens escritas com algarismos.
Neste tipo de mensagem, cada letra é substituída
por um algarismo ou número, conforme um determinado
código. Normalmente utiliza-se a ordem da letra do
alfabeto com ou sem deslocações.
a. 16 . 21 . 7 . 20 . 16 . 22 . 19 . 16
7 . 20 . 21 . 3 . 15 . 16 . 17 . 16 . 5 . 16 (A=3).
Aqui a deslocação é de 2 unidades; o A é representado
por 3 e não por r.
Pondo os quadrados um sobre o outro verifica-se
que certas letras se sobrepõem; são essas que formam a
mensagem.
c. AMNALITECOPASETERQ
OLATRECSUOZURRIOLO
UCILOBUDCOETDEQASITURM
EQSDTMALENOTOPIOPCSOMI
POTE = TAQRIBEPA
GPZNOUTSE
b. Podem imaginar-se combinações mais
complicadas. Por exemplo:
18.4 / 19.0 / 13.8 / 23.5 / 20.6 / 29.9 /
28.11 / 21.7 / 14.9 / 20.2 / 32.13 / 9.8 /
19.6 / 23.9 / 25.10 / 30.16 / 8.5 / 24.10 /
(POTE = 19.4 / 25.11 / 22.3 / 12.7)
Neste caso é a linha superior que forma a grade. É
preciso ler, na linha inferior, as letras colocadas debaixo
das vogais.
Cada grupo representa uma letra: substituindo o
segundo número do primeiro, obtém-se o lugar da letra
no alfabeto.
I. Deformação ou amputação da mensagem.
A mensagem é escrita em linguagem corrente, mas
apresentada de tal maneira que não pode ler-se à primeira
vista.
V. Grades.
Por este processo, a mensagem aparentemente
incompreensível, lê-se facilmente sobrepondo-lhe uma
grade transparente.
Continuando os exemplos de formas de mensagens
possíveis a serem utilizadas, podemos apresentar ainda:
a. A mensagem depois de escrita é cortada em
pedaços que os jogadores devem reconstruir como um
puzzle.
a.
Aqui, a leitura é fácil porque só temos que escolher
entre quatro posições da grade. Mas podem imaginarse
grades menos evidentes:
22
CURSO AVANÇADO
ESCOTEIROS DO BRASIL
b. Certas partes da mensagem são cobertas com
borrões de tinta. Os jogadores devem adivinhar as letras
ocultas.
c. A mensagem é escrita num mata-borrão e depois
impressa em papel opaco; para a decifrar os jogadores
devem lê-la refletida num espelho.
É o processo clássico do enigma. Utiliza-se de
preferência para as chaves.
III. Mensagens escritas com tinta simpática.
A mensagem, cifrada ou não, é escrita com uma
tinta que só aparece quando o papel é aquecido. Pode
empregar-se sumo de limão, de laranja, de cebola ou
vinagre branco.
O VALOR DA APRENDIZAGEM DAS TÉCNICAS DE TOCAIA
d. A mensagem é escrita numa tira de papel frisado,
depois desdobra-se e preenchem-se os espaços com
letras parasitas. A mensagem torna-se clara dobrando a
tira de papel pelos vincos indicados pelo ponteado.
Não adianta bolarmos um excelente Grande Jogo,
se nossa tropa ainda não aprendeu essa técnica. O jogo
acontecerá, sem dúvida, mas, estará longe de ser um jogo
escoteiro. Como o ensino das habilidades escoteiras, os
argumentos de um Grande Jogo devem ser progressivos.
Se nunca fizemos um Grande Jogo na tropa ou se a tropa é
nova, devemos começar com um jogo simples e de regras
fáceis, para a partir daí, passarmos para Grandes Jogos
mais complexos.
PROCLAMAÇÃO DOS RESULTADOS
O término do jogo é tão importante como seu início.
Os jovens e os árbitros expõem suas críticas. O Chefe
deverá ressaltar os aspectos positivos e negativos do jogo
e proclamará o resultado. Se possível, terminará com uma
canção.
BIBLIOGRAFIA
II. Mensagens-enigmas.
ESCOTEIROS DO BRASIL
· JUEGOS SCOUTS – Luis Ibánez de La Rosa
· JOGOS AO AR LIVRE – John Thurman e Bob Appell
· O MEU LIVRO DE JOGOS AO AR LIVRE – Claude Appell
· MINHA CARTILHA DE JOGOS – Gilbert Fraignac (tradução
de Yolanda M. Bina)
· MANUAL DO C.T.A – Equipe Nacional de Adestramento
CURSO AVANÇADO
23
· ESCOTISMO PARA RAPAZES – Baden Powell
· LIVRO DE JOGOS – Velho Lobo
· GUIA DO ESCOTEIRO – Velho Lobo
· GUIA S.O.S. ECOLÓGICO – Armando Conceição da Serra
Negra
ANOTAÇÕES
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CURSO AVANÇADO
ESCOTEIROS DO BRASIL
UNIDADE DIDÁTICA | CURSO AVANÇADO - ESCOTISTA
VALORES III - COM ÊNFASE NOS PRINCÍPIOS
Duração
60 minutos
Objetivos Gerais
Apresentar os principais conceitos que ajudam na compreensão dos princípios
adotados pelo Escotismo.
Objetivos Específicos
• Apresentar aos alunos as principais definições ligados aos conceitos de princípios;
• Explicar sobre os valores implícitos na Promessa e Lei Escoteira
Conteúdo
• Princípios, valores e moral - algumas definições;
• O projeto educativo do Movimento Escoteiro;
• Princípios do Escotismo;
• A Promessa, um compromisso para a vida;
• Os valores expressos na Lei Escoteira
Material
• Projetor ou quadro negro / branco.
PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO
Tempo (minutos)
Tema
Metodologia
10
O que são “princípios” e o que são “valores”?
DD
5
Fechamento da DD, com apresentação dos conceitos sobre
princípios, valores e moral.
PL
25
Apresentação dos conceitos do projeto educativo do
Movimento Escoteiro, Princípios do Escotismo e a Promessa.
PL
10
Análise dos valores propostos pela Lei Escoteira e sua aplicação
na vida.
TG
10
Fechamento do TG, sintetizando os valores e sua contribuição
na educação para a vida.
PL
PL = Palestra
ESCOTEIROS DO BRASIL
TG = Trabalho em Grupo
DD = Discussão Dirigida
CURSO AVANÇADO
25
DETALHAMENTO DA METODOLOGIA
1. Iniciar provocando uma discussão dirigida, buscando que cada um expresse o que entende por Princípios e o que
entende por valores. Incentivar a manifestação de todos e marcar, em um quadro ou cartaz, as palavras chaves.
2. Fechar a discussão apresentando os conceitos que adotamos para esta definição, de forma mais ampliada,
incluindo, também, o que é ética e o que é moral.
3. O formador fará uma breve apresentação sobre o projeto educativo do Escotismo, enfatizando o caráter de
educação para a vida, e detalhando os princípios e o compromisso formalizado pela Promessa Escoteira.
4. Formar grupos de trabalho, com até seis pessoas, e pedir que anotem em um cartaz uma interpretação de valores
para três ou quatro artigos da Lei designados para eles (pode haver repetição). Ao final do tempo pedir para que
alguém de cada grupo apresente o que discutiram.
5. Fechar a UD fazendo um resumo dos principais valores destacados nos artigos da Lei e como isso atende aos
princípios do Movimento Escoteiro e contribuem na educação para a vida.
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
Escotismo e Valores – UEB
Orientando-se - UEB (Rubem Tadeu C. Perlingeiro)
Características Essenciais do Movimento Escoteiro - UEB (OMME)
Guia do Chefe Escoteiro - UEB (Baden-Powell)
Lições da Escola da Vida - UEB (Baden-Powell)
Manual do Escotista Ramo Escoteiro – UEB
Última atualização: 02/04/2014
26
CURSO AVANÇADO
ESCOTEIROS DO BRASIL
VALORES III - COM ÊNFASE NOS PRINCÍPIOS
Algumas expressões e conceitos se confundem, pela
proximidade, mas estão estruturados e se relacionam em
uma ordem crescente, que começa na ética e termina na
moral. Entre os dois, o principal espaço é ocupado pelos
valores.
Ética é parte da filosofia que se dedica ao estudo
das noções que orientam o comportamento humano em
sociedade. É um estudo para, de forma lógica e baseada
na razão, compreender-se os princípios e valores que
sustentam a convivência social. A palavra “ética” vem do
grego “ethos”, que significa o modo de ser ou caráter.
Princípios são produzidos como resultado da ética,
como concepções genéricas de onde se organizam as
diretrizes que orientam crenças e condutas.
Valores são baseados nos princípios, e se constituem
no conjunto de crenças incorporadas por cada um, e que
se refletem em suas condutas.
Moral é o conjunto de regras que orientam o
comportamento em uma sociedade, baseada em valores
comuns que se consolidam por meio da cultura, educação
e tradição. Alguns conceitos morais são particulares de
uma sociedade, enquanto outros são compartilhados por
quase toda a humanidade. A moral se modifica de acordo
com as alterações na concepção dos valores da população
que constitui a sociedade.
Como a formação de valores dos indivíduos é
que determinará a concepção moral da sociedade, é
indispensável que os agentes de educação, principalmente
a família (educação informal), a escola (educação formal)
e as instituições em que as crianças e jovens frequentam,
como o Escotismo (educação não formal), assuma o
papel de contribuir na aquisição progressiva de valores
positivos.
“A autoeducação, ou seja, o que o jovem aprende por si
mesmo, é o que permanecerá nele e o orientará mais tarde
em sua vida, em um grau muito maior que qualquer coisa
que lhe tenha sido imposta por um professor na escola”
(Baden-Powell, em “Escotismo para Rapazes”,
26ª edição inglesa, 1951).
ESCOTEIROS DO BRASIL
O PROJETO EDUCATIVO DO MOVIMENTO ESCOTEIRO
O Movimento Escoteiro contribui para a educação
dos jovens por meio de um sistema de valores, propostos
como um projeto para toda a vida.
A missão do Escotismo é contribuir para a educação
dos jovens para que participem da construção de
um mundo melhor, onde as pessoas se desenvolvam
plenamente e desempenhem um papel construtivo na
sociedade. Esta missão se cumpre pela aplicação de um
programa educativo por meio do Método Escoteiro,
que transforma o jovem em agente principal do seu
desenvolvimento, de modo a chegar a ser uma pessoa
autônoma, solidária, responsável e comprometida.
O convite aos jovens para aderir a determinados
princípios espirituais, sociais e pessoais é parte essencial
do Escotismo. Esses princípios constituem o sistema de
valores do Movimento, comum aos escoteiros de todo o
mundo, mas que se expressa de maneira diferente nos
projetos educativos das associações escoteiras nacionais.
A Constituição da Organização Mundial do
Movimento Escoteiro deixa bem claro que o Escotismo
é “um Movimento educativo”, no sentido mais amplo,
que auxilia no desenvolvimento global e contínuo das
potencialidades da pessoa, como indivíduo e como
membro da sociedade.
Nosso propósito é contribuir para o desenvolvimento
pleno de uma pessoa autônoma, colaboradora, responsável
e comprometida. Isso inclui todas as suas dimensões – físico,
intelectual, social, afetivo, espiritual e do caráter - assim
como a consciência de respeito ao próximo, o sentido de
pertencer a uma comunidade e de ser parte de sua história
e evolução.
PRINCÍPIOS DO ESCOTISMO
A Promessa e a Lei resumem, em termos simples,
os valores sobre os quais Baden–Powell considerava que
deveria estar baseada uma sociedade saudável. Estes
valores constituem o marco de referência ético essencial
no qual opera o Movimento Escoteiro e sem o qual o
Movimento deixaria de ser escoteiro.
Para os jovens, os valores do Escotismo se
expressam na Promessa e na Lei, que são um componente
fundamental do Método Escoteiro. Para o Movimento
CURSO AVANÇADO
27
como um todo, os valores se expressam nos princípios do
Escotismo.
Os princípios do Movimento e os valores que ele
sustenta se resumem habitualmente em três categorias,
espirituais, sociais e pessoais.
• Deveres para com Deus – a relação de uma pessoa com
os valores espirituais da vida e a crença fundamental em
uma força superior à humanidade.
• Deveres para com os demais – a relação e a
responsabilidade de uma pessoa para com a sociedade
em seu sentido mais amplo: sua família, sua comunidade
local, seu país e o mundo, incluindo o respeito pelos
demais e pela natureza.
• Deveres para consigo mesmo – a responsabilidade de
uma pessoa por desenvolver seu próprio potencial, até o
máximo que lhe permitam suas potencialidades.
É importante destacar a função exata dos princípios
(e consequentemente dos valores) no Movimento
Escoteiro.
No âmbito geral os princípios representam a visão
que tem o Movimento Escoteiro da sociedade, os ideais
que sustenta e a imagem que projeta.
Para todos os que se incorporam ao Movimento, os
princípios representam aqueles elementos ante os quais a
pessoa deve ter abertura para aceitar e vontade para fazer
o seu melhor possível para seguir.
A PROMESSA, UM COMPROMISSO PARA A VIDA
A Promessa é um compromisso voluntário de cumprir
a Lei Escoteira, feito diante de si mesmo, dos demais e de
Deus. As palavras em que ela se expressa e seus conceitos
são bem simples, e externam o compromisso de uma
forma muito próxima daquela que naturalmente seria
escolhida por um jovem.
A Promessa Escoteira - prestada por Escoteiros,
Escoteiras, Sêniores, Guias, Pioneiros e Pioneiras durante
a “Cerimônia de Promessa” é a seguinte:
Prometo pela minha honra fazer o melhor possível para:
Cumprir meus deveres para com Deus e minha Pátria;
Ajudar o próximo em toda e qualquer ocasião;
Obedecer à Lei Escoteira.
A Promessa do Lobinho, prestada por Lobinhos e
Lobinhas durante a “Cerimônia de Promessa”, possui o
seguinte texto:
28
CURSO AVANÇADO
“Prometo fazer o melhor possível para: cumprir meus deveres
para com Deus e minha Pátria;
obedecer à Lei do Lobinho e fazer todos os dias uma boa
ação.”
A Promessa é um oferecimento voluntário, e não um
juramento. Pela Promessa o jovem assume, livremente,
um compromisso e a fazer o melhor de si para cumprir o
prometido
OS VALORES EXPRESSOS NA LEI ESCOTEIRA
Baden-Powell, com sua genialidade, estabeleceu
para o Escotismo uma Lei totalmente positiva. Quando se
entende que, em consequência da vida escoteira, o jovem
será influenciado para toda a sua vida, esse aspecto é de
extrema relevância.
Muitas vezes, quando um escotista explica ao jovem
um artigo da Lei, como, por exemplo, “O escoteiro é leal”,
tende a dizer que isso significa não mentir, não enganar
os outros, etc. Mas, não é isso que está escrito! O que está
escrito é que o escoteiro é leal, de forma positiva e incisiva.
A Lei diz exatamente como o escoteiro deve ser e o que
deve fazer, e não se refere ao que o escoteiro não deve
ser e não deve fazer. Existe uma diferença grande as duas
posições.
Quando alguém tem como lei de vida que deve ser
ou fazer alguma coisa, para que possa cumprir com sua
lei deverá buscar as oportunidades em que possa ser ou
possa fazer. Isso o leva, necessariamente, a uma ação. Por
outro lado, quando alguém tem como lei de vida que não
deve ser e não deve fazer alguma coisa, para que possa
cumprir sua lei não precisa fazer nada. Basta ficar parado.
A Lei Escoteira, que pelo exemplo do escotista e
pela convivência no grupo de amigos será incorporada
como lei pessoal de cada um, indica sempre um caminho
positivo a seguir. Leva as pessoas a prática dos valores
propostos pelo Escotismo e a ser a pessoa que o Escotismo
pretende entregar à sociedade.
A Lei Escoteira, composta por dez artigos, é a
seguinte:
I. O escoteiro tem uma só palavra, sua honra vale mais que
sua própria vida;
II. O escoteiro é leal;
III. O escoteiro está sempre alerta para ajudar o próximo e
pratica diariamente uma boa ação;
IV. O escoteiro é amigo de todos e irmão dos demais
Escoteiros;
V. O escoteiro é cortês;
ESCOTEIROS DO BRASIL
VI. O escoteiro é bom para os animais e as plantas;
VII. O escoteiro é obediente e disciplinado;
VIII. O escoteiro é alegre e sorri nas dificuldades;
IX. O escoteiro é econômico e respeita o bem alheio;
X. O escoteiro é limpo de corpo e alma.
A Lei do Lobinho, composta por cinco artigos, é a
seguinte:
I. O Lobinho ouve sempre os Velhos Lobos.
II. O Lobinho pensa primeiro nos outros.
III. O Lobinho abre os olhos e os ouvidos.
IV. O Lobinho é limpo e está sempre alegre.
V. O Lobinho diz sempre a verdade.
São vários os valores promovidos pela Lei Escoteira,
e a forma genérica pode ser apresentada nos conceitos a
seguir, embora se deva registrar que podem e devem ser
ampliados pelas percepções e realidades individuais.
Palavra, honra e confiança - o escoteiro é uma pessoa
digna de confiança, e seus atos e palavras são coerentes
com suas convicções. É alguém em quem se pode confiar
no que crê e acreditar naquilo que diz, pois vive com
sinceridade, franqueza, autenticidade, coerência e a boa
fé.
Lealdade - essa fidelidade se fundamenta na nossa
identidade pessoal. Nós, os seres humanos, mudamos
constantemente e não somos sempre os mesmos, mas,
apesar da intensidade que possam ter essas mudanças,
encontramos nossa identidade na lealdade que
prometemos a nós mesmos, aos outros, ao mundo e a
Deus.
Solidariedade e serviço - servir é olhar com atenção e
respeito para o ser humano, é descobrir e aceitar o outro
tal como ele é, pondo-se livremente a serviço dos demais
para que cada um seja, dentro de sua própria dignidade,
tudo aquilo que está chamado a ser.
Fraternidade, companheirismo e serviço - servir ao
próximo e compartilhar com todos são, de certa forma, as
duas faces de uma mesma moeda. Compartilhar é praticar
o desprendimento, que pode acontecer ao colocar a
serviço dos outros os próprios bens, mas que se constitui,
mais do que tudo, em ter uma atitude aberta em relação
às demais pessoas e às formas variadas com que elas
encaram o mundo e vivem suas vidas.
ESCOTEIROS DO BRASIL
Cortesia e amabilidade - a cortesia designa a gentileza
do comportamento, o respeito e a benevolência para com
os demais. Para os antigos gregos, isso era sinônimo de
humanidade, em oposição à barbárie. Em um contexto
mais nobre, é capacidade de acolher e aceitar o outro
porque só se lhe deseja o bem.
Respeito à natureza e proteção ao meio ambiente - por
ser bom para os animais e as plantas, o escoteiro protege
a vida e a natureza. A vida é um fenômeno extraordinário,
surpreendente e único. Também implica em tomar
consciência da relação que existe entre o homem e as
demais espécies animais e vegetais, respeitar a natureza
e se comprometer ativamente com a integridade do
meio ambiente, entendendo que o desenvolvimento
sustentável exige pessoas que se preocupem com o futuro
e que estejam dispostas a assumir uma atitude solidária
com o destino da humanidade e de outras espécies que
convivem no ecossistema mundial.
Organização, disciplina e compromisso - para o
escoteiro, ser obediente e disciplinado significa se
organizar. É um convite e um desafio à capacidade de
assumir compromisso. Quem se compromete, organiza
seu tempo para alcançar o objetivo proposto, respeita
a necessidade dos outros, se dispõe a levar adiante sua
tarefa, não se furta a encarar o trabalho em que está
empenhado. E isto é ser disciplinado.
Alegria, otimismo e bom humor - a vida precisa ser
enfrentada com alegria e boa disposição de espírito.
É assim que vale a pena viver a vida. Quem enfrenta a
vida com alegria começa por saber rir de seus próprios
equívocos, de seus próprios absurdos. Entende que a
força para enfrentar dificuldades não nasce só da vontade,
e que esta tem mais força quando se faz acompanhar de
um sorriso.
Valorização do esforço, do trabalho e respeito ao que é
dos outros - não interessa a simples acumulação de bens,
que não bastam para assegurar a felicidade humana.
Economizar é mais do que isso: é não se deixar levar
pela sociedade de consumo, é poupar projetando ações
futuras e sonhos a realizar. Também não se pode usufruir
daquilo que sobre ou que não se tem direito. Respeitar o
que é não é seu é fruto da capacidade de reconhecer o
direito dos outros, e regra fundamental de convivência
social.
CURSO AVANÇADO
29
Pureza de corpo e espírito - algo é puro quando se
encontra livre de toda a mistura com outra coisa que
pudesse alterar ou adulterar sua natureza. Assim, a pureza,
é entendida como retidão de coração ou de consciência,
livre de atitudes interesseiras, egoísmos, cobiças, e tudo
o que é sórdido e que pode contaminar pensamentos e
atos. Também se insere neste contexto a manutenção do
corpo, dimensão física do ser humano, protegido e em
boas condições de saúde e higiene.
ANOTAÇÕES
30
CURSO AVANÇADO
ESCOTEIROS DO BRASIL
UNIDADE DIDÁTICA | CURSO AVANÇADO - ESCOTISTA
ESPIRITUALIDADE III
Duração
90 minutos
Objetivos Gerais
Ter uma visão mais ampla do conceito de “Deveres para com Deus” contido na
Promessa Escoteira.
Objetivos Específicos
- Conhecer as diversas formas de abordagem do princípio escoteiro “Deveres para com
Deus” nos textos oficiais dos Escoteiros do Brasil e da Organização Mundial do Movimento
Escoteiro, a fim de poder trabalhar melhor a área do desenvolvimento espiritual.
PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO
Tempo (minutos)
Tema
Metodologia
20
Apresentação do conteúdo da UD.
PL
35
Discussão em grupo do texto de apoio.
TG
30
Apresentação das conclusões do trabalho em grupo.
DD
5
Palavra final de B-P (Guia do Chefe Escoteiro).
PL
PL = Palestra
TG = Trabalho em Grupo
DD = Discussão Dirigida
DETALHAMENTO DA METODOLOGIA
O formador fará uma explanação sobre:
Constituição Escoteira Mundial
Adesão a princípios espirituais, lealdade à religião que os expresse e a aceitação dos deveres que daí decorrem.
Justificativa da modificação em relação à Constituição Escoteira Mundial.
Características Essenciais do Escotismo
A relação de uma pessoa com os valores espirituais da vida, a crença fundamental em uma força superior à
humanidade.
POR
Adesão a princípios espirituais e vivência ou busca da religião que os expresse, respeitando as demais (reler também
o Capítulo 3, Regras 21, 22 e 23 – Orientação Espiritual)
ESCOTEIROS DO BRASIL
CURSO AVANÇADO
31
Projeto Educativo dos Escoteiros do Brasil
Nossas definições e convicções fundamentais
A Relação com Deus
O homem e a mulher que pretendemos oferecer à sociedade
Baden-Powell
Guia do Chefe Escoteiro (4ª edição, 1982)
- Mente Aberta – Respeito Religioso (p. 54 a 58)
Caminho para o Sucesso
- Irreligião como uma das escolhas em que o jovem poderá deparar-se.
Atividades que podem contribuir para o desenvolvimento espiritual:
Divididos em grupos, os cursantes deverão realizar leitura e discussão da F!cha técnica: Escotismo e Crença em Deus
e elaborar uma atividade que contribua com o Desenvolvimento Espiritual dos jovens.
Cada grupo deverá apresentar aos demais participantes as conclusões da discussão e a sugestão de atividade.
Para finalizar a unidade, o formador provocará uma reflexão com o texto abaixo:
Uma palavra final de B-P (Guia do Chefe Escoteiro):
“Estou completamente convencido de que há muitas maneiras de estimular respeito religioso, e não somente uma.
As soluções dependem das características pessoais do jovem e de seu meio ambiente, seja ele criado à vontade, na
rua, ou junto à saia da mamãe.
O tratamento adequado a um pode não ter o mínimo efeito em outro. Cabe ao Chefe Escoteiro ou ao Assistente
Religioso escolher o método adequado.
Religião somente pode ser inspirada! Jamais incutida!
Não é como uma roupagem exterior, feita para usar aos sábados ou domingos. É parte integrante do caráter do
jovem, um desenvolvimento espiritual , e não uma camada superficial de tinta que pode ser raspada. É um assunto
ligado à personalidade, questão de convicção íntima, e não matéria de instrução.”
- Ficha técnica: “Escotismo e Crença em Deus”, disponível para download no site dos Escoteiros do Brasil.
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
Documentos da Organização Mundial do Movimento Escoteiro (também disponíveis em espanhol):
“Scouting and Spiritual Development”
“Guidelines on Spiritual and Religious Development”
Última atualização: 04/02/2013
32
CURSO AVANÇADO
ESCOTEIROS DO BRASIL
ESPIRITUALIDADE III
Num tempo em que se dizer “ateu” parece estar na
moda (conforme se verifica no depoimento de alguns
jovens e em muitos livros que têm sido publicados sobre
o tema), temos sido consultados acerca da posição do
Escotismo frente ao Ateísmo. Em vista disso, gostaríamos
de responder sob três aspectos que se destacam nessa
questão. O primeiro diz respeito à posição do Escotismo
no que se refere a Deus; a outra sobre a posição de
adolescentes sobre crenças e religiosidade; e finalmente
considerações sobre filiação na nossa organização.
1. A posição do Escotismo sobre Deus:
O Movimento Escoteiro tem como uma das
suas bases a crença em Deus, de uma forma muito
aberta para contemplar as diferentes interpretações e
relacionamentos pessoais. O Fundador Robert BadenPowell, no Guia do Chefe Escoteiro, diz que “A religião
de um jovem depende, via de regra, da vontade de seus
pais. São eles que decidem. A nossa obrigação é respeitar
seu desejo e secundar seus esforços, incutindo respeito
religioso nos jovens, seja qual for a religião que eles
professem.”
É dentro desses parâmetros que a questão é tratada
pelas Organizações Escoteiras, no Brasil e no Mundo,
conforme segue:
- No POR sempre constou, e continua constando, que a
UEB respeita e estimula a prática da religião dos seus
participantes, e incentiva a todos os seus membros a
praticar ou buscar uma religião. Incentiva e facilita para
que os programas de atividades escoteiras proporcionem
a prática das confissões religiosas dos participantes.
- Baden-Powell criou apenas uma Promessa Escoteira,
que é a mesma em todo o mundo, adaptada em cada
Organização Nacional de acordo com a abertura que é
dada pela Organização Mundial do Movimento Escoteiro
- OMME. Aqui cabe um esclarecimento: O Comitê
Mundial, em 1924, autorizou que algumas associações
substituíssem a referência a Deus na promessa por
“religião”, como é o caso das associações de países
predominantemente budistas - Tailândia, por exemplo,
em que a crença em Deus tem uma concepção diferente
da cristã, e as associações predominantemente hinduístas,
que substituíram a referência a Deus por Dharma. A
ideia da OMME é a de que os princípios do Escotismo
cubram também as religiões não monoteístas, como o
ESCOTEIROS DO BRASIL
Hinduísmo, e as religiões que não reconhecem Deus na
concepção judaica, cristã ou islâmica, como o Budismo,
daí por que o corpo do texto que explica os “Deveres para
com Deus” não utiliza a palavra Deus, e sim “aderência a
princípios espirituais, lealdade à religião que os expressa
e a aceitação dos deveres que dela decorrem”. Registre-se,
ainda, que, no caso dos países que compunham a antiga
União Soviética e de outros países da Europa Comunista,
foi aceito o seguinte termo no lugar de “Deveres para com
Deus”: “Aceitar uma realidade espiritual e buscar o seu
pleno significado”.
- A Associação Escoteira Inglesa –The Scout Association –
mantém presente no texto da Promessa os deveres para
com Deus, como se pode ver no texto a seguir.
On my honour,
I promise that I will do my best,
To do my duty to God and to the Queen,
To help other people and to keep the Scout Law.
Ou seja:
Por minha honra,
Prometo que farei o meu melhor,
Para realizar o meu dever para com Deus e para com
a Rainha,
Para ajudar outras pessoas e cumprir a Lei Escoteira.
- A Organização Mundial do Movimento Escoteiro também
tem bem clara esta questão, ao afirmar: “All members of the
Scout Movement are required to adhere to a Scout Promise
and a Law reflecting, in language appropriate to the culture
and civilization of each National Scout Organization and
approved by the World Organization, the principles of Duty
to God, Duty to others and Duty to self, and inspired by the
Promise and Law conceived by the Founder of the Scout
Movement in the following terms:
Constituição Escoteira Mundial
Adesão a princípios espirituais, lealdade à religião
que os expresse e a aceitação dos deveres que daí
decorrem.
CURSO AVANÇADO
33
Em contraste com o título, o corpo do texto não
utiliza a palavra “Deus” para deixar bem claro que esse
princípio também abrange as religiões não monoteístas,
como o Hinduísmo, bem como as religiões que não
necessariamente reconhecem um Deus propriamente
dito, como o Budismo e o Taoismo.
Justificativa da modificação em relação à Constituição
Escoteira Mundial
A citação da “vivência ou busca da religião que os
expresse” objetiva permitir a participação no Movimento
Escoteiro daquelas pessoas com sentido espiritual e que
ainda procuram identificar sua melhor opção de fé, sem
adotar uma atitude exclusivamente de apresentação
“externa” e sem prejudicar a necessária autenticidade de
sua posição pessoal.
A explicitação de que se pratica o dever para com
Deus “respeitando as demais” religiões dá uma clara visão
do ecumenismo que identifica o Movimento Escoteiro,
que não adota uma atitude passiva de tolerância religiosa,
mas uma ativa valorização das opções individuais de
cada membro da fraternidade escoteira, respeitando as
escolhas dos demais.
A partir de 1924, o Comitê Escoteiro Mundial
começou a aceitar algumas flexibilizações à expressão
“Deveres para com Deus”, como por exemplo:
- Os budistas passaram a poder utilizar o termo “Deveres
para com minha religião” e os hindus o termo “Deveres
para com meu darma”(Darma significa preceitos morais e
religiosos);
Alguns exemplos
No Paquistão tem dois tipos de promessa: um
para muçulmanos e outro para não muçulmanos. Os
muçulmanos prometem cumprir seus deveres para com
Alá e o Profeta Maomé, e os não muçulmanos para com
“minha religião”.
- Japão: pode prometer cumprir seus deveres para com
Deus ou Buda.
- Índia: Pode prometer cumprir seus deveres para com
Deus ou Darma.
- Sérvia / Eslovênia: Aceitar uma realidade espiritual e
buscar o seu pleno significado.
Características essenciais do Escotismo
A relação de uma pessoa com os valores espirituais
da vida e a crença fundamental em uma força superior à
humanidade.
POR
Adesão a princípios espirituais e vivência ou busca
da religião que os expresse, respeitando as demais (reler
também o Capítulo 3, Regras 21, 22 e 23 – Orientação
Espiritual)
Projeto Educativo dos Escoteiros do Brasil
Nossas definições e convicções fundamentais
- Algumas associações muçulmanas passaram a adotar
uma expressão mais elaborada: “Ser fiel a Deus e seguir os
passos de seu Profeta e seus discípulos”;
- No caso dos animistas (designação genérica para as
religiões de origem africana, que se fundamentam nas
forças da natureza), foi aceito que a crença em um poder
superior seria suficiente.
No caso dos países que formavam a antiga União
Soviética e de outros países da Europa comunista, foi
aceito o seguinte termo no lugar de “Deveres para com
Deus”:
“Aceitar uma realidade espiritual e buscar o seu
pleno significado”.
34
CURSO AVANÇADO
- Caminhamos em busca de Deus e estimulamos o jovem a
dar testemunho de sua fé, vivendo ou buscando a religião
que a expresse.
A relação com Deus
- Convidamos os jovens a ir além do mundo material, a
orientar suas vidas por princípios espirituais e a seguir
caminhando em busca de Deus, presente na experiência
de todos os dias, na criação, no próximo, na história.
- Convidamos os jovens a assumir a mensagem de sua
fé, buscá-la e vivê-la na comunidade de sua confissão
religiosa, compartilhando da fraternidade dos que se
unem em torno de uma mesma religião e sendo fiéis às
suas convicções, seus símbolos e suas celebrações.
ESCOTEIROS DO BRASIL
- Destacamos diante dos jovens a importância de integrar
a fé à vida e à conduta, dela prestando testemunho em
todos os seus atos.
- Além disso, nós os convidamos a viver sua fé com alegria,
sem nenhuma hostilidade para com aqueles que buscam,
encontram ou vivem respostas diferentes diante de Deus,
abrindo-se ao interesse, à compreensão e ao diálogo com
todas as opções religiosas.
- Uma pessoa guiada por estes princípios reconhece, vive
e compartilha o sentido transcendente de sua vida, sem
posicionamentos sectários e sem fanatismo.
O homem e a mulher que pretendemos oferecer à
sociedade
- Um homem ou uma mulher amante da natureza e
capaz de respeitar sua integridade. Guiado por valores
espirituais, comprometido com seu projeto de vida, em
permanente busca de Deus e coerente em sua fé. Capaz
de encontrar seus próprios caminhos na sociedade e ser
feliz.
Baden-Powell
Guia do Chefe Escoteiro (4ª edição, 1982)
- Mente Aberta – Respeito Religioso (p. 54 a 58)
Caminho para o Sucesso
- Irreligião como uma das escolhas em que o jovem
poderá deparar-se.
Atividades
que
podem
desenvolvimento espiritual:
contribuir
para
o
- Que favoreçam a observação da natureza;
- De serviço comunitário;
- Que promovam a eliminação de preconceitos em geral;
- Que favoreçam o descobrimento intercultural e interreligioso;
- Reflexão sobre textos sagrados e orações de diversas
religiões;
- Reflexão sobre a vida de Abrahão, que originou as três
grandes religiões monoteístas;
- Livros com fichas de atividade da área de desenvolvimento
espiritual.
Uma palavra final de B-P (Guia do Chefe Escoteiro):
“Estou completamente convencido de que há muitas
maneiras de estimular respeito religioso, e não somente
uma.
As soluções dependem das características pessoais
do jovem e de seu meio ambiente, seja ele criado a
vontade, na rua, ou junto à saia da mamãe.
O tratamento adequado a um pode não ter o mínimo
efeito em outro. Cabe ao Chefe Escoteiro ou ao Assistente
Religioso escolher o método adequado.
Religião somente pode ser inspirada! Jamais incutida!
Não é como uma roupagem exterior, feita para usar
aos sábados ou domingos. É parte integrante do caráter
do jovem, um desenvolvimento espiritua , e não uma
camada superficial de tinta que pode ser raspada. É um
assunto ligado à personalidade, questão de convicção
íntima, e não matéria de instrução.”
ANOTAÇÕES
ESCOTEIROS DO BRASIL
CURSO AVANÇADO
35
FICHA TÉCNICA | ESCOTISMO E CRENÇA EM DEUS
Num tempo em que se dizer “ateu” parece estar na
moda (conforme se verifica no depoimento de alguns jovens
e em muitos livros que têm sido publicados sobre o tema),
temos sido consultados acerca da posição do Escotismo
frente ao Ateísmo. Em vista disso, gostaríamos de responder
sob três aspectos que se destacam nessa questão. O primeiro
diz respeito à posição do Escotismo no que se refere a Deus;
a outra sobre a posição de adolescentes sobre crenças e
religiosidade; e finalmente considerações sobre filiação na
nossa organização.
1. A posição do Escotismo sobre Deus
O Movimento Escoteiro tem como uma das
suas bases a crença em Deus, de uma forma muito
aberta para contemplar as diferentes interpretações e
relacionamentos pessoais. O Fundador Robert BadenPowell, no Guia do Chefe Escoteiro, diz que “A religião
de um jovem depende, via de regra, da vontade de seus
pais. São eles que decidem. A nossa obrigação é respeitar
seu desejo e secundar seus esforços, incutindo respeito
religioso nos jovens, seja qual for a religião que eles
professem.”
É dentro desses parâmetros que a questão é tratada
pelas Organizações Escoteiras, no Brasil e no Mundo,
conforme segue:
• No POR sempre constou, e continua constando, que
a UEB respeita e estimula a prática da religião dos seus
participantes, e incentiva a todos os seus membros a
praticar ou buscar uma religião. Incentiva e facilita para
que os programas de atividades escoteiras proporcionem
a prática das confissões religiosas dos participantes.
• Baden-Powell criou apenas uma Promessa Escoteira,
que é a mesma em todo o mundo, adaptada em cada
Organização Nacional de acordo com a abertura que é
dada pela Organização Mundial do Movimento Escoteiro
- OMME. Aqui cabe um esclarecimento: O Comitê
Mundial, em 1924, autorizou que algumas associações
substituíssem a referência a Deus na promessa por
“religião”, como é o caso das associações de países
predominantemente budistas - Tailândia, por exemplo,
em que a crença em Deus tem uma concepção diferente
da cristã, e as associações predominantemente hinduístas,
que substituíram a referência a Deus por Dharma. A
36
CURSO AVANÇADO
ideia da OMME é a de que os princípios do Escotismo
cubram também as religiões não monoteístas, como o
Hinduísmo, e as religiões que não reconhecem Deus na
concepção judaica, cristã ou islâmica, como o Budismo,
daí por que o corpo do texto que explica os “Deveres para
com Deus” não utiliza a palavra Deus, e sim “aderência a
princípios espirituais, lealdade à religião que os expressa
e a aceitação dos deveres que dela decorrem”. Registre-se,
ainda, que, no caso dos países que compunham a antiga
União Soviética e de outros países da Europa Comunista,
foi aceito o seguinte termo no lugar de “Deveres para com
Deus”: “Aceitar uma realidade espiritual e buscar o seu
pleno significado”.
• A Associação Escoteira Inglesa –The Scout Association –
mantém presente no texto da Promessa os deveres para
com Deus, como se pode ver no texto a seguir.
On my honour, I promise that I will do my best, To do my
duty to God and to the Queen, To help other people and to
keep the Scout Law.
OU SEJA:
Por minha honra, eu prometo que farei o meu melhor
Para cumprir o meu dever para com Deus e o Rei (ou a
Deus e ao meu País);
Para ajudar outras pessoas em todos os momentos;
Para obedecer a Lei Escoteira.
• É importante considerar que o Propósito do Escotismo,
tal como descrito no POR na Regra 002, busca contribuir
para que os jovens assumam seu próprio desenvolvimento,
ajudando-os a realizar suas plenas potencialidades, dentre
as quais é citada especificamente a dimensão espiritual.
• Também definimos sem equívoco os nossos Princípios,
na Regra 003 do POR, sendo o primeiro deles o Dever para
com Deus – Adesão a princípios espirituais e vivência ou
busca da religião que os expresse, respeitando as demais.
• Também em nosso texto da Promessa Escoteira consta,
de maneira clara, o cumprimento dos deveres para com
Deus, tal como se pode ver na Regra 004 do POR.
ESCOTEIROS DO BRASIL
Prometo pela minha honra fazer o melhor possível para:
Cumprir meus deveres para com Deus e minha Pátria;
Ajudar o próximo em toda e qualquer ocasião; Obedecer à
Lei Escoteira.
Assim, não há nenhuma dúvida de que a crença
em Deus é parte essencial do Movimento Escoteiro,
admitindo-se, porém, que esta concepção seja totalmente
pessoal, de acordo com as interpretações e forma de
relacionamento de cada um.
2. Sobre a posição de adolescentes
Há que se considerar que a adolescência é um período em
que se forma a identidade pessoal, a partir de uma visão
própria que cada um desenvolve, e que faz parte deste
processo a contestação dos valores que até então foram
acatados pelo jovem, para que possa fazer suas próprias
experiências e, então, decidir-se sobre crenças e valores
fundamentais.
Dentro deste quadro é normal que os jovens tratem
de forma superlativa várias questões, com afirmações
que servem apenas para lhes dar uma sensação de
independência, seja sobre religião, drogas, sexo,
autonomia, valores materiais, etc. Embora estas posições
possam nos chocar (e tem esse propósito mesmo, muitas
vezes), elas fazem parte de um processo que é necessário
para firmar uma escala de valores pessoal.
Eis porque o próprio Baden-Powell nos alerta, no
Guia do Chefe Escoteiro, dizendo: “Religião somente pode
ser inspirada! Jamais incutida!” E continua afirmando:
“Não é como uma roupagem exterior, feita para usar aos
sábados ou domingos. É parte integrante do caráter do
jovem, um desenvolvimento espiritual, e não uma camada
superficial de tinta que pode ser raspada. É um assunto
ligado à personalidade, questão de convicção íntima e
não matéria de instrução.”
É por isso que o Fundador indica que o Escotismo
pode ajudar o jovem a desenvolver esta compreensão,
através do exemplo pessoal do escotista, do estudo da
natureza, das boas ações e inspiração dos jovens mais
velhos.
Portando, é necessária precaução e cuidado quanto
se trata desta questão com os adolescentes. Por um lado
é imperativo que os adultos, educadores que são, deixem
claro aquilo que é realidade, sem tentar adaptá-la as
circunstâncias. Isso significa, sem dúvida, deixar sempre
claro que o Movimento Escoteiro tem como princípio a
ESCOTEIROS DO BRASIL
crença em Deus, e que qualquer pessoa, para fazer parte
deste Movimento, faz uma Promessa na qual afirma
cumprir seus deveres para com Deus.
Também é necessário que, diante da afirmação de
um adolescente de que não acredita em Deus, se faça
uma análise do contexto, principalmente verificando se
essa posição é apenas retórica ou é identificada de fato
nas ações do dia-a-dia do jovem. Muitas vezes o jovem
afirma uma coisa, mas se percebe em suas atitudes que
ele tem uma convicção em um Ser Supremo, e com o qual
mantém uma relação pessoal.
Mas, caso exista de fato uma incompatibilidade
entre as crenças do jovem e os Princípios do Movimento
Escoteiro, deve-se pedir ao jovem que tome uma
decisão coerente com seus valores. Nisso não existe,
absolutamente, nenhuma discriminação ou demérito
do jovem, mas apenas uma conclamação honesta e
ética, dentro de um Movimento que prega valores. Aliás,
o mesmo se dá se houver tal incompatibilidade com
qualquer outro princípio ou valor entre qualquer pessoa
e o Movimento.
Antes de tudo, porém, é necessário que o Chefe de
Tropa de qualquer jovem, no papel de irmão mais velho
que lhe é outorgado, converse abertamente com o jovem
sobre seus objetivos, suas posições e sua relação com o
Escotismo.
3. Sobre a opção de filiar-se à UEB.
A decisão de filiar-se à UEB passa, evidentemente,
por duas questões: 1o - O desejo voluntário do indivíduo
que quer filiar-se; e, 2o - A aceitação do interessado pela
Associação. Nossa Constituição estabelece a plena a
liberdade de associação e, mais do que isso, se encontra
no Código Civil que qualquer associação deve definir, no
seu estatuto, os requisitos para a admissão, demissão e
exclusão dos associados;
É explicito, em nossas leis, que ninguém poderá
ser compelido a associar-se ou a permanecer associado,
mas, também, que cada associação tem total liberdade
de decidir se quer ou não a filiação de alguém como
associado. Nisso não reside, em absoluto, qualquer tipo
de discriminação ou preconceito!
As pessoas formam associações em torno de
interesses e princípios comuns. Não é possível pensar
que alguém que se oponha a estes interesses e princípios
queira juntar-se a uma associação das quais discorda.
Não seria espantoso que alguém que se manifeste ateu
queira tornar-se sacerdote católico? Ou alguém que se
manifeste republicano queira associar-se num clube de
CURSO AVANÇADO
37
defesa da monarquia? Da mesma forma, como alguém
que não acredita em Deus pode querer participar de
uma organização que, em seus princípios fundamentais,
proclama um dever para com Deus (com a amplitude
admitida pela OMME - “aderência a princípios espirituais,
lealdade à religião que os expressa e a aceitação dos
deveres que dela decorrem”, de forma a abranger
também as religiões não monoteístas e as religiões que
não reconhecem Deus na concepção judaica, cristã ou
islâmica)?
É indiscutível que existindo de fato uma
incompatibilidade entre as crenças de alguém e os
Princípios de uma Associação, deve-se esperar desta
pessoa que tome uma posição coerente com seus valores
e não busque filiação, cabendo, também, a qualquer
Associação, o direito de não aceitar alguém cujos valores
sejam contrários ao seus. Nisso não existe nenhuma
discriminação, pois não está sendo negado ou violado
qualquer direito fundamental em decorrência de origem,
raça, credo, sexo, idade, opção sexual ou outras diferenças
biológicas ou sociais existentes entre as pessoas.
Elaboração:
Grupo Nacional de Espiritualidade da
Equipe Nacional de Atualização do Programa.
Rubem Tadeu Cordeiro Perlingeiro
Luiz Cesar de Simas Horn
38
CURSO AVANÇADO
ESCOTEIROS DO BRASIL
UNIDADE DIDÁTICA | CURSO AVANÇADO - ESCOTISTA
COMUNICANDO-SE COM O JOVEM - ACONSELHAMENTO
Duração
60 minutos
Objetivos Gerais
Ao final da sessão os alunos deverão:
- conhecer os princípios básicos para um aconselhamento
- conhecer técnicas de abordagem na conversa com o jovem
- saber métodos de introdução de um clima para o aconselhamento
Objetivos Específicos
- fazer com que os alunos reconheçam a importância do aconselhamento como
instrumento de apoio ao desenvolvimento das crianças, adolescentes e jovens.
Conteúdo
- princípios do aconselhamento
- procedimentos de aconselhamento
- criando o clima – métodos e atividades
PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO
Tempo (minutos)
Tema
Metodologia
15
Representação de situações
DM
10
Análise do que foi assistido pelos cursantes
DD
15
Princípios do aconselhamento
PL
20
Discussões e conclusões
DD
PL = Palestra
TG = Trabalho em Grupo
DD = Discussão Dirigida
TI = Trabalho individual
DETALHAMENTO DA METODOLOGIA
Inicialmente preparam-se previamente os atores da representação, de maneira que se tenha alguém que faça o
papel de um jovem, e que busca ajuda com um escotista. Em um ambiente ao Ar Livre está o escotista onde o jovem
vai procura-lo. Repete-se o processo três vezes, sendo que:
- Na primeira vez o jovem encontra um escotista que o acolhe com “simpatia”, e que não o deixa nem mesmo falar, já
se manifestando solidário a ele, concordando com tudo e oferecendo uma solução depois da outra.
ESCOTEIROS DO BRASIL
CURSO AVANÇADO
39
- Na segunda vez o jovem encontra um escotista que o acolhe com “antipatia”, e que não dá atenção ao que o jovem
fala, fica lendo sem olhar o jovem, atende ao telefone, e apenas diz: “vai falando...”.
- Na terceira vez o jovem encontra um escotista que o acolhe com “empatia”, que lhe escuta e se comporta como
descrito no documento, ajudando o jovem a encontrar uma resposta.
Na sequencia se abre para que os alunos discutam sobre o que viram, ajudando-os na identificação dos pontos
positivos.
Depois se apresentam os conceitos, de forma expositiva, para que os alunos entendam os fundamentos a partir da
relação com o que viram e comentaram.
Finalmente se abre um espaço para perguntas e questionamentos, jogando para o grupo a procura de respostas, e
concluindo com o fechamento do tema.
Última atualização: 10/03/2014
40
CURSO AVANÇADO
ESCOTEIROS DO BRASIL
CONHECENDO O JOVEM III - ACONSELHAMENTO
DEFINIÇÃO
Aconselhamento é um auxílio para que alguém
possa tomar suas próprias decisões e resolver seus
próprios problemas.
APOIO AO CRESCIMENTO
Faz parte do Escotismo o auxílio ao “crescimento” do
jovem; ao desenvolvimento de sua personalidade.
As vezes, nesse processo, os jovens terão que tomar
decisões, fazer opções, procurar relacionamentos. Em
muitos desses momentos, quando acreditarem ter um
problema, procurarão ajuda, direta ou indiretamente.
Em algumas ocasiões há oportunidades para
um escotista sensível e alerta para auxiliá-los no seu
amadurecimento. Não através da imposição de soluções
ou apontando respostas feitas, mas sim, ajudando-os a
explorar a situação por si mesmo, de modo que possam
comparar as alternativas que possuem e tomarem assim
suas próprias decisões.
Será decisivo, no processo de aconselhamento, a
forma como se acolhe quem pede ajuda. Existem três
formas com as quais se pode receber este pedido:
• Atitude de Simpatia - em que se acolhe totalmente
tudo o que o jovem afirma, tomando seu partido e lhe
dando total razão, e lhe oferecendo fórmulas e soluções
para todos os seus problemas. Como veremos adiante, não
é uma boa maneira, pois não leva a pessoa a encontrar os
próprios caminhos e cria relação de dependência.
• Atitude de Antipatia - em que não se acolhe
a demanda do jovem, negando-se a ouvir ou dar
atenção, pois o problema não é seu. Também não é uma
boa maneira, pois afasta o jovem e o leva a sentir-se
desamparado.
• Atitude de Empatia - em que se acolhe a pessoa,
fazendo-a sentir-se apoiada, mas levando-a a encontrar
as próprias respostas e tomar as decisões que lhe cabem.
Esta é a posição de um “chefe escoteiro”, como irmão mais
velho que mantém um vínculo de afeto e respeito com o
jovem.
O ACONSELHAMENTO
que Ana Maria pegou carona depois da reunião, ou ainda
quando Pedro ficou para trás na excursão para conversar.
•“Parece que não consigo convencer os demais
monitores a pensar no acampamento de verão ... “
•“Eu tive outra discussão em casa ... “
•“Eu quero ir para a aeronáutica e meu pai quer
que eu faça a Escola Técnica. O que acha?”
Muitos escotistas identificarão imediatamente
situações como essas, em que semelhantes declarações
ou perguntas foram feitas. Às vezes terão sido feitas
diretamente, ou então iniciadas por frases tais como:
“Falando nisso ... “ ou, “Poderia falar um pouco sobre
... “ Em outras oportunidades o assunto poderá surgir
indiretamente e a primeira pergunta não tem nada a ver
com o assunto em si. Pode ter surgido informalmente de
uma conversa dois a dois, ou em grupo.
Tais repentes são uma verdadeira oportunidade
para o escotista. Como ele reage, o que diz, e sua atitude,
determinarão se ele (escotista) será ou não de utilidade
para João, Ana Maria ou Pedro.
Quem irá ajudar?
Todos nós necessitamos de ajuda, jovens e velhos,
homens e mulheres, bem ou mal sucedidos; ajuda para
criar relacionamentos, para explorar e compreender
situações, para fazer escolhas, para desencadear ações e
para viver com suas conseqüências.
Às crianças é dado um círculo de pessoas que podem
ajudar: pais, parentes, professores. Os adultos escolhem
um círculo de amizades e o utilizam, salvo quando
necessitam de ajuda de um especialista, por exemplo, um
médico ou advogado. Os adolescentes se encontram entre
esses dois estágios; podem estar rejeitando a ajuda das
pessoas que os vinham ajudando enquanto crianças, mas
ainda não escolheram substitutos. Eles podem procurar
ajuda no seu próprio grupo etário (que estão eles mesmos
ainda parcialmente confusos), ou podem escolher um
adulto, que pode ser um chefe escoteiro.
O adulto escolhido é quase sempre alguém
reconhecido como genuinamente interessado no jovem
como gente, amigável e facilmente disponível, um ouvinte
cuidadoso, e alguém que o jovem acredita ser realmente
prestativo na prática.
Poderia ter sido naquela noite quando João telefonou
para tratar de um assunto bem diferente. Ou naquela vez
ESCOTEIROS DO BRASIL
CURSO AVANÇADO
41
Ajuda através de conselho?
Alguns adultos julgam ser sua responsabilidade
serem diretos e dar conselhos: “o que você deve fazer é
... “ Eles acreditam que da sua experiência de vida ou da
sua habilidade de ver as coisas claramente, eles estão
numa boa posição para emitir julgamentos e transmiti-los:
“se eu fosse você eu ... “ Podem existir situações em que
não haverá outra alternativa senão esta abordagem (por
exemplo no caso de uma crise ou emergência, ou quando
a outra pessoa está tão descontrolada que não consegue
raciocinar).
No entanto situações como essa são raras. Em geral
a adoção de uma posição em se diz ou se implica: “se
eu estivesse no seu lugar eu faria ... “ apresenta muitas
dificuldades. Nós não estamos no lugar daquela pessoa.
Podem existir fatores pessoais escondidos e que ela não
está revelando. Nós não podemos ter certeza de todos os
sentimentos e situações envolvidas. O conselho é sempre
algo de segunda mão e pode, como resultado, ser pouco
satisfatório ou estar até errado. Mesmo que seja bom, a
outra pessoa não estará tão motivada a agir de acordo,
porque ele não foi encontrado por ela mesma.
Conselho e opiniões vindas de diferentes fontes
(pais, professores, amigos) podem levar o jovem a
comparar o valor das diferentes opiniões das pessoas, em
lugar de observar as vantagens e desvantagens desta ou
daquela solução.
Quando recebe conselhos, o indivíduo está sendo
impedido de resolver o problema por si mesmo, e de fato
encorajado a desenvolver uma atitude de dependência,
e talvez até se tornar de fato dependente. Em poucas
palavras, os conselhos não ajudarão um jovem a assumir
o seu próprio desenvolvimento, se transformar em adulto
maduro e responsável capaz de chegar a decisões por si
mesmo.
Outro modo: pelo aconselhamento?
Uma alternativa é evitar a imposição de soluções
ou de se dar respostas prontas, mas sim, ajudar a outra
pessoa a examinar as situações por todos os lados, a
entender suas reações, a pesar as alternativas possíveis
e fazer o seu próprio julgamento sobre o caminho ou a
decisão a tomar.
Esta maneira de ajudar uma pessoa a examinar
as situações integralmente e honestamente, de pensar
e tomar suas próprias decisões é conhecida como
aconselhamento.
42
CURSO AVANÇADO
A palavra aconselhamento é utilizada com diversos
sentidos, mas os princípios envolvidos geralmente são os
mesmos. As idéias a seguir são uma introdução ao tópico
e uma apresentação de alguns destes princípios.
Nós não estamos pensando em ajudar pessoas
que podem estar com grandes problemas ou desvios de
personalidade, e que requerem a ajuda de especialistas,
mas sim prestar uma espécie de primeiros socorros. Uma
pesquisa escolar descobriu que “a maioria dos jovens
não necessita de ajuda há longo prazo. Eles necessitam,
isto sim, e às vezes desesperadamente do conforto de
um bom ouvinte e de uma oportunidade para separar
suas idéias na presença de um adulto experiente e não
envolvido emocionalmente”. Nós podemos, talvez, ser
para este jovem aquele adulto.
Quando aconselhar?
Pode-se encontrar dois tipos principais de situações:
... A outra pessoa está confusa.
Ela não sabe o que fazer, ela está preocupada,
indecisa. Ela não tem todos os fatos, ou não sabe
interpretar os fatos que tem. Ela está indecisa quanto as
diferentes opções que tem pela frente.
...A outra pessoa tomou uma decisão repentina
sobre algo.
Quando ela está preocupada, zangada ou confusa,
está propensa a tomar decisões apressadas. Ela não avalia
as alternativas que poderia seguir. Ela falha em apreciar
as conseqüências do seu plano ou ação, e tira conclusões
apressadas.
Você, o chefe, pode ser solicitado a ajudar, ou você
mesmo pode julgar isto necessário. Crie o clima para
esta possibilidade tornando-se disponível, abordável e
observando as “deixas”, tais como mudanças bruscas de
atitudes, humor ou conduta.
Onde aconselhar?
O tipo de aconselhamento de “primeiros socorros”
que está sendo descrito não precisa de salas a meia luz
com divãs, e uma abordagem psicológica! Pode acontecer
numa excursão ou num canto de sua sede sem o escoteiro
marcar consulta! Igualmente, muitos chefes aconselham
sabiamente e intuitivamente sem nem mesmo perceber
que o estão fazendo.
ESCOTEIROS DO BRASIL
Se trata de um assunto pessoal, leve a pessoa para um
espaço em que, mesmo aos olhos dos outros, não possam
ser ouvidos pelos demais, ou mesmo interrompidos.
Procure deixa-Ia à vontade e relaxada.
Obviamente cada pessoa é diferente. Algumas
falarão rapidamente dos seus problemas, ou serão
fortes nas suas declarações; algumas vão diretamente
ao assunto, outras ficarão perambulando em torno dele.
Cada problema e cada chefe também serão diferentes.
Isto torna o aconselhamento algo de difícil realização,
algo que não tem receita própria. Os princípios seguintes
são guias genéricos, e que devem ser’ adaptados a cada
pessoa, à situação e a você mesmo.
ALGUNS PRINCÍPIOS DE ACONSELHAMENTO
Ouça a pessoa.
Parece simples, mas é para muitos de nós, o mais
difícil de por em prática.
Pense na sua própria experiência; provavelmente
você já conversou com alguém e teve a sensação que ele o
ouvia, entendendo o que você estava tentando expressar.
De outro lado, você provavelmente já falou com alguém,
que lhe passou o sentimento que realmente não ouvia o
que você estava falando, ou não entendia. Você o deixou
sentindo-se ressentido.
Quais são as coisas que uma pessoa faz que tornam
difícil conversar com ela? Talvez estivesse ocupada e
desinteressada, e fez você sentir isso ao ficar remexendo
nos papéis colocados sobre sua mesa, ou falando com
outra pessoa, ao mesmo tempo, que lhe atendia. Talvez
tenha lhe dito como dirigir sua vida e feito comentários
sarcásticos a respeito do que você disse, ou tenha lhe dito
que seus problemas não eram muito importantes e o que
você deveria fazer é “ser homem”.
Ela o interrompeu todo o tempo para dar conselhos,
ou perguntou insistentemente, ou talvez ela deturpou o
sentido daquilo que você estava tentando dizer. Era claro
que ela simplesmente não entendeu.
Assim, para evitar estes fatos, ouça. Dê ao indivíduo a
sua atenção integral quando este vier procurá-Io. Deixe-o
sentir que você está disposto a ouví-Io até o final.
Fique perguntando a si próprio: estou entendendo o
que ele tenta dizer-me? Você freqüentemente descobrirá
que não o entende inteiramente, ou não está certo de
ter entendido. Neste caso, faça o possível para que ele
continue falando, e continue ouvindo.
Evite dar conselhos.
Ele irá provavelmente pedir conselhos e você será
tentado a dá-Ios. A única coisa, é que o conselho dado será
provavelmente errado ou não satisfatório, não obstante
lhe parecer excelente. Há longo prazo os jovens serão
melhor ajudados a assumir o seu próprio desenvolvimento
e tomar decisões realistas por eles mesmos, se forem
encorajados a raciocinar, em vez de receber as respostas
prontas.
Resuma o problema.
Você talvez julgue conveniente fazer isto diversas
vezes no desenrolar da conversa. Será mais eficiente se
resumir os fatos em suas próprias palavras, de forma a ter
certeza de ser bem entendido. Isto também ajuda a outra
pessoa a verificar o que está dizendo a você.
Forneça toda a informação necessária.
Às vezes ela é incapaz de tomar uma decisão porque
não conhece todos os fatos. Por exemplo: ela pode não
saber os recursos que poderia utilizar, tais como outros
escotistas ou um Orientador Educacional. Descubra se
necessita ou quer alguma informação, procure obtê-Ia e
forneça-a. Tenha certeza que é equilibrada, precisa e que
não vem sob a forma de conselho e sim de informação.
Encoraje-a a pensar em diferentes abordagens.
Pergunte-lhe se pode imaginar outra saída. Muitos
de nós ao sermos confrontados com um fato ou situação
que nos é importante, temos dificuldade em pensar.
Ficamos confusos e bloqueados. Nós nos fixamos numa
solução e não vemos outras. Encoraje-a a pensar. Se ela for
incapaz de pensar em outras soluções, talvez você possa
sugerir algumas, apontando o fato de que ela é que deve
escolher. Ao estudar seu problema sob diferentes ângulos,
ela poderá não se sentir tão encurralada.
ALGUMAS POSSÍVEIS RESPOSTAS EM ACONSELHAMENTO
Utilizando estes princípios como guia, vamos agora
examinar o tipo de respostas ou reações que podem
acontecer. As sugestões abaixo são apenas guias e você
deverá utiliza-Ias ao seu modo. Você não pode aprender
de cor palavras que sirvam para qualquer situação, e não
se pode indicar palavras que se adaptem ao seu modo de
falar e fazer as coisas. Também não existe uma seqüência
de frases cujo resultado seja garantido. O aconselhamento
é um relacionamento, e não uma fórmula.
Reafirme.
Reafirme, resumidamente, os pensamentos dela
com suas próprias palavras. “Se entendi corretamente, você
pretende realizar esta atividade, porém os demais membros
da Corte de Honra acham que ...”
Faça perguntas que sejam abertas.
Aconselhar não é interrogar, assim evite excesso de
perguntas. No entanto, você pode querer saber o que ele
fez ou como se sentiu: “E daí?” “0 que aconteceu?” “Como
você se sentiu?” “Qual foi o problema hoje?” Perguntas
deste tipo ajudam a pessoa a falar, sem dar a impressão
que você a está examinando.
ALGUMAS OBSERVAÇÕES E CUIDADOS IMPORTANTES
Mencione e aceite seus sentimentos.
Quando alguém levanta um problema ou uma
queixa, ele provavelmente terá fortes sentimentos a
respeito. Não dará nenhum resultado tentar dizer-lhe que
não deve sentir-se desta ou daquela maneira. Ele sentese assim, e não adianta tentar afastar estes sentimentos
ignorando-os. Você também não conseguirá fazê-Ios
desaparecer. Ser capaz de exprimir seus sentimentos, já
é de grande valia, mesmo que não se encontre solução
para o caso. Aceite seus sentimentos; você provavelmente
já ajudará muito se o fizer saber que compreende seus
sentimentos e suas razões. Você pode aceitar sem, no
entanto, concordar ou perdoar suas ações.
Você poderá dizer “imagino que você ficou um bocado
perturbado, ou chateado (ou coisa parecida) com este fato”.
Evidentemente haverá ocasiões em que apesar do
seu aconselhamento, a pessoa continuará desanimada.
A pessoa confusa continuará confusa, a pessoa apressada
continuará apressada; nem todos os problemas tem
solução. Não importa quão hábil você seja, não irá
solucionar todos os problemas que lhe apresentarem.
Não tente ultrapassar-se.
Quando você encontrar-se sem saída, encaminhe a
pessoa para outra ajuda. Admita sua limitação e pergunte
se não gostaria que você encontrasse outra pessoa que
possa melhor ajudá-Ia. O escotismo e a comunidade em
geral, tem imensos recursos. Mas ao mesmo tempo, você
deve respeitar sua autoconfiança.
Mostre que você está ouvindo.
Aconselhar implica em responsabilidades.
Estamos tentando ouvir com compreensão.
Ninguém gosta de conversar com uma parede; todos
nós temos que saber que a outra pessoa está prestando
atenção. Assim você deve, de vez em quando, mostrar
que está ouvindo e entendendo. Como fazê-Io, cabe a
você decidir. Faça-o da forma que lhe parecer mais natural
“Compreendo” ou ainda a palavra “sim”. Um movimento
de cabeça ou um gesto de mão podem dar o mesmo
resultado. O silêncio também pode ser eficiente e às vezes
ficar sentado esperando enquanto ela pensa, pode ser a
melhor solução.
Tente entender seus próprios sentimentos a respeito
de situações . Estas podem incluir às vezes, a dor de saber
e não poder contar, ou a frustração de acreditar que,
apesar de todos seus esforços, alguém está se tomando
decisões sem perceber todas as suas conseqüências.
Encoraje-a a continuar falando.
O que dizer depende de você, da outra pessoa e da
situação, mas pode incluir frases tais como: “continue”, “me
conte ... “, ou mesmo “ah! ah! “.
Aconselhar significa engajar-se com pessoas.
Aconselhar pode ser difícil mesmo sendo muito
gratificante. Controle seus envolvimentos emocionais.
Seja cuidadoso e não se deixe impressionar pela aura que
parece envolver situações pessoa-pessoa. Se trabalharmos
com maior eficiência nos pequenos grupos de membros
de nossas unidades, poderemos evitar muitas crises
individuais.
PREPARANDO-SE PARA ACONSELHAR
As primeiras tarefas do aconselhador são:
• Prover imediato apoio pessoal;
• Ajudar o individuo a esclarecer as situações;
• Encaminhar para melhor apoio se necessário.
44
CURSO AVANÇADO
ESCOTEIROS DO BRASIL
Cada uma destas tarefas pode ser preparada com
antecedência, de modo que quando você se encontrar
inesperadamente numa situação de aconselhamento,
estará preparado. Medite sobre seus pontos de vista, seus
sentimentos e suas reações sobre problemas que podem
afetar os jovens: assuntos pessoais, drogas, estudo,
trabalho, carreira, assuntos de sexo e vida familiar.
Tente relacionar algumas situações específicas que
podem ocorrer e o tipo de perguntas que os membros
de sua unidade podem fizer. Como responderia? Que
informações você pode precisar? E onde busca-Ias?
Aconselhamento por si só, não é tudo em matéria de
liderança, mas é uma das habilidades mais importantes
das que um chefe poderia ter. Não existe substituto para
um coração receptivo e uma boa vontade real em ajudar,
mas o conhecimento que capacita a ser efetivamente útil,
pode ser obtido pelo treinamento e pela experiência.
Algumas idéias e princípios podem ser aprendidos
de livros ou cursos, mas a arte de aconselhar é somente
adquirida na prática. As oportunidades não podem
ser encomendadas, mas quando elas ocorrem exigem
auto-disciplina, paciência e preocupação para aplicar os
princípios e avaliar as conseqüências.
ROTEIRO RESUMO
PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA UM ACONSELHAMENTO
1. Ouça a pessoa
2. Entenda o que ela está tentando lhe dizer
3. Não dê conselhos
4. Sumarize o problema
5. Dê informações adicionais
6. Encoraje a pessoa a pensar sobre diferentes
maneiras de resolver ou lidar com seus problemas
PROCEDIMENTOS
1) Coloque o problema nas suas próprias palavras
- (“ Se eu entendi corretamente, você gostaria de ir a
Aventura Sênior mas acredita que não pode arcar com
esta despesa”.)
2) Mencione os sentimentos da pessoa - (“Acredito
que você ficaria muito contente se superasse este
problema”.)
3) Demonstre que você está ouvindo - (diga
“compreendo”, “sim”, “estou entendendo”, “hah-hah”)
4) Encoraje a pessoa a falar - (diga: “fale-me sobre
isso”, “prossiga”)
ESCOTEIROS DO BRASIL
5) Faça perguntas que sejam abertas para uma
conclusão - (ex.: “De que forma você pensa que isto seria
melhor”, “o que mais lhe atrai a atenção nesta pessoa”)
LEMBRE-SE
• Conheça suas limitações, não queira ultrapassar a
si mesmo.
• Nunca divulgue o que lhe foi confidenciado, mesmo
que não cite o nome.
• Não tente analisar, simplesmente entenda.
• Mostre que aceita a pessoa e seu problema, sem
agressividade ou pena.
• Nem todos os aconselhamentos precisarão ser
individuais, pode-se trabalhar em grupo, atingindo as
pessoas particularmente.
• Cada pessoa e cada problema são diferentes, e nas
há uma regra exata que se ajustará a você e a sua maneira
própria de agir.
PERGUNTAS IMPORTANTES
POR QUE ACONSELHAR?
• Para encorajar e apoiar;
• Para tranqüilizar;
• Para ajudar no desenvolvimento pessoal;
• Para ajudar a resolver um problema.
QUANDO ACONSELHAR?
Especialmente quando alguém...
• Está confuso;
• Está temeroso quanto a uma decisão a ser tomada;
• Está com problemas sentimentais.
ONDE ACONSELHAR?
• Em qualquer lugar: no campo, após uma reunião,
andando pela rua, em casa. O importante é que a conversa
se dê em caráter privado, isto é, que não seja interrompida
ou ouvida por outras pessoas.
CURSO AVANÇADO
45
ANOTAÇÕES
46
CURSO AVANÇADO
ESCOTEIROS DO BRASIL
UNIDADE DIDÁTICA | CURSO AVANÇADO - ESCOTISTA
ATIVIDADES EDUCATIVAS
Duração
60 minutos
Objetivos Gerais
Compreender a importância da realização de atividades educativas, como forma de
fazer com que os jovens vivam experiências e por meio delas adquiram conhecimentos,
habilidades e atitudes úteis para suas vidas.
Objetivos Específicos
• Reconhecer a relação existente entre atividade e experiência educativa;
• Diferenciar atividades fixas de atividades variáveis.
Conteúdo
• Objetivos, competências, atividades e experiências;
• Tipos de atividades;
• As atividades fixas;
• As atividades variáveis.
Material
• Bloco de papel flipchart ou cartolina;
• Pincel atômico;
• Tiras de papel contendo afirmações sobre o conteúdo trabalhado nesta UD;
• Projetor e notebook.
PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO
Tempo (minutos)
Tema
Metodologia
20
Características das atividades educativas
PL
10
Painel conceitual
TG
30
Elaborando uma atividade variável
TG
PL = Palestra
TG = Trabalho em Grupo
DETALHAMENTO DA METODOLOGIA
Características das atividades educativas (20 minutos)
Utilizando-se de recursos audiovisuais, o formador deverá abordar os seguintes conteúdos:
• Objetivos, competências, atividades e experiências;
• Tipos de atividades;
• As atividades fixas;
• As atividades variáveis;
ESCOTEIROS DO BRASIL
CURSO AVANÇADO
47
Painel conceitual sobre atividades educativas (10 minutos)
Este momento da unidade tem como objetivo fazer com que os cursantes fixem os conteúdos explorados
anteriormente pelo formador. Em uma parede ou quadro, o formador deverá colar quatro cartazes com os seguintes
temas:
• Atividade fixa;
• Atividade variável;
• Atividade;
• Experiência educativa.
Cada cursante receberá uma tira de papel, contendo uma afirmação sobre o tema trabalhado anteriormente. Um a
um, cada cursante deverá colar a sua tira no cartaz a que se refere a afirmação. Seguem alguns exemplos:
É o interno, o que se passa com cada pessoa, o que cada um obtém da ação desenvolvida.
É um instrumento que gera diferentes situações.
É o que ocorre externamente, a ação que se desenvolve entre todos.
É o interno, o que se passa com cada pessoa, o que cada um obtém da ação desenvolvida.
É o que é verdadeiramente educativo.
Contribuem progressivamente para que os jovens conquistem seus objetivos pessoais
Devem ser realizadas continuamente, para criar o ambiente desejado pelo método escoteiro.
Não se repetem continuamente, a não ser que os membros juvenis desejem fazê-lo e depois de transcorrido
certo tempo.
Contribuem para criar a atmosfera da Seção e produzem vivências propriamente escoteiras.
Asseguram que a programação responda às inquietações e aos interesses dos jovens e os projete sobre a
diversidade do entorno.
Cerimônias Escoteiras.
Acampamentos
Reuniões de Patrulha.
Expressão artística em suas diferentes formas.
Elaborando uma atividade variável (25 minutos)
Os cursantes deverão ser divididos em quatro equipes. Cada equipe ficará responsável em elaborar uma atividade
variável, relacionada a um determinado tema que será sorteada pelo formador, conforme abaixo:
• Técnicas e habilidades manuais;
• Reflexão, conhecimento de si mesmo e dos demais;
• Desportos;
• Expressão artística em suas diferentes formas;
• Conhecimento e proteção à natureza;
• Serviço à comunidade;
48
CURSO AVANÇADO
ESCOTEIROS DO BRASIL
• Vida familiar;
• Compreensão intercultural;
• Direitos humanos e democracia;
• Educação para a paz e o desenvolvimento.
A atividade a ser elaborada deve cobrir os seguintes aspectos:
• Duração;
• Local;
• Ideia geral da programação;
• Área de desenvolvimento enfatizada.
Cada equipe deverá apresentar sua atividade para os demais cursantes. O formador deverá sanar as dúvidas e realizar
intervenções conforme for necessário.
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
Manual do Escotista (de todos os Ramos)
Última atualização: 01/04/2014
ESCOTEIROS DO BRASIL
CURSO AVANÇADO
49
ATIVIDADES EDUCATIVAS
No Movimento Escoteiro, as crianças, adolescentes
aprendem fazendo, como protagonistas das atividades.
Eles participam das propostas e escolhas, preparação
e desenvolvimento das atividades, com o apoio dos
escotistas. As experiências permitem que eles tenham
experiências pessoais que contribuem para incorporar a
seu comportamento as condutas desejáveis propostas
pelos objetivos educativos e formatadas como
competências.
A aprendizagem pela ação permite uma
aprendizagem por descobrimentos, que faz com que
conhecimentos, atitudes e habilidades adquiridos se
incorporem de maneira profunda e permanente. Além
disso, já demonstrou ser um sistema mais efetivo do
que outros para fazer com que os membros juvenis se
interesse por sua autoeducação.
As crianças, adolescentes e jovens aprendem por
meio das experiências que vivem nas atividades
Se as atividades proporcionam experiências
pessoais, devemos diferenciar a atividade, que se realiza
entre todos, da experiência que cada um adquire durante
a atividade.
Atividade
É o que ocorre
externamente, a ação
que se desenvolve entre
todos.
É um instrumento que
gera diferentes situações.
Experiência
É o interno, o que se
passa com cada pessoa,
o que cada um obtém da
ação desenvolvida.
É o resultado que se
produz na pessoa
ao enfrentar essa
diversidade de situações.
O que é verdadeiramente educativo é a experiência,
pois é uma relação pessoal do membro juvenil com
a realidade que lhe permite observar e analisar seu
comportamento e adquirir e praticar a conduta prevista
no objetivo.
Como a experiência é uma relação pessoal do
membro juvenil com aquilo que vivencia, os escotistas não
podem intervir nela, manipulá-la nem prever com certeza
seus resultados, mas podem atuar sobre as atividades,
para que estas suscitem ou favoreçam experiências
50
CURSO AVANÇADO
que conduzam à obtenção das condutas previstas nos
objetivos.
As atividades que o Escotismo oferece, por meio
das sucessivas experiências que desencadeiam nos
membros juvenis, contribuem progressivamente para
que eles conquistem seus objetivos pessoais. Isto significa
que, ao término de uma atividade, só ela em si mesma é
que pode ser avaliada, pois a A avaliação da progressão
pessoal dos jovens só será possível a cada certo tempo.
Ao avaliar objetivos de desenvolvimento, mede-se a
maturidade, e a maturidade de uma pessoa é um estado
de plenitude a que se chega por meio de um processo de
desenvolvimento paulatino, sequencial e cumulativo.
TIPOS DE ATIVIDADES
Evidentemente, como consideramos a totalidade
da vida dos membros juvenis, devemos considerar que
muitas das atividades que eles participam ocorrem fora
do Escotismo, são as atividades externas. Nestas não
temos como interferir. Mas, também existem aquelas que
acontecem promovidas no âmbito do Escotismo,são as
atividades internas, e estas merecem todo um processo
de planejamento e execução.
A principal distinção, entretanto, e entre as
ATIVIDADES FIXAS E VARIÁVEIS:
Fixas
São as atividades típicas
e de rotina do Escotismo.
Utilizam uma mesma
forma e se relacionam
com um mesmo
conteúdo.
Devem ser realizadas
continuamente, para
criar o ambiente
desejado pelo método
escoteiro.
Contribuem de forma
genérica para conquista
dos objetivos educativos.
Variáveis
Utilizam formas variadas
e se referem a conteúdos
os mais diversos,
segundo as inquietações
expressas pelos jovens.
Não se repetem
continuamente, a não ser
que os membros juvenis
desejem fazê-lo e depois
de transcorrido certo
tempo.
Contribuem para
a conquista de
determinadas
competências
individualizadas.
ESCOTEIROS DO BRASIL
Atividades fixas contribuem para criar a atmosfera
própria da vida de grupo na Seção e, de modo geral, para
o crescimento total dos membros juvenis, em todas as
suas dimensões, e são a maioria das atividades realizadas
nas Seções.
Atividades variáveis são planejadas de acordo com
os momentos de vida de cada Seção, de acordo com os
diagnósticos que precedem os ciclos de programa, com
intenção de atender algum interesse específico. Para que
atividade variável possa se incorporar à programação
de uma patrulha ou de uma Tropa, basta que ela seja
desafiante, útil, recompensante e atraente.
Uma das chaves para enriquecer a vida de grupo nas
Seções é construir, com a participação ativa dos membros
juvenis, uma programação que mantenha um equilíbrio
adequado entre os dois tipos de atividades educativas.
Fixas
Variáveis
Fortalecem o Método
Escoteiro, assegurando
a participação juvenil,
a tomada de decisões
coletivas e a vigência dos
valores.
Asseguram que a
programação responda
às inquietações e aos
interesses dos jovens
e os projete sobre a
diversidade do entorno.
Contribuem para criar
a atmosfera da Seção
e produzem vivências
propriamente escoteiras.
Se relacionam
diretamente com
as necessidades da
comunidade.
AS ATIVIDADES FIXAS
Na prática, as atividades fixas tendem a ser
realizadas de uma maneira bastante padronizada.
Contudo, elas admitem variações em sua aplicação, e
é conveniente revisar continuamente a forma como as
fazemos, perguntando se não poderíamos melhorá-las,
introduzindo variações e, assim, evitar que se convertam
em rotina, percam sua atração para os jovens ou tenham
reduzido seu valor educativo.
As principais atividades fixas são:
AS REUNIÕES DA SEÇÃO
A reunião da Seção se realiza, geralmente, durante
o final de semana, durante um tempo não inferior a 2 ou
3 horas. Ocorre na sede do Grupo ou, se o Grupo não tem
ESCOTEIROS DO BRASIL
sede, no lugar proporcionado por alguma instituição da
comunidade.
ACAMPAMENTOS, ACANTONAMENTOS E EXCURSÕES
O acampamento é a atividade fixa mais importante
da programação de atividades, pois o Método Escoteiro
não é compreensível sem a vida ao ar livre. Para cada
Ramo existem orientações mais específicas.
OS JOGOS
O jogo pode ser visto segundo duas perspectivas.
Uma é pelo interesse que exerce sobre os membros
juvenis, e outra pela capacidade de fornecer experiências
de alto valor educativo.
HISTÓRIAS, CASOS, CONTOS E RELATOS
Presentes em todos os Ramos, podem ser usados
em muitas oportunidades, ao começar ou encerrar uma
reunião, antes de sair para uma excursão, antes de ir
dormir, numa noite de acampamento, no descanso a
meio de uma longa caminhada, durante uma viagem
prolongada, de ônibus ou de trem.
AS CANÇÕES E A DANÇA
A canção e a dança contribuem de maneira
importante para o desenvolvimento das aptidões
artísticas das crianças, adolescentes e jovens, o controle
de seu corpo e a aprendizagem de compartilhar com
o grupo. Cantar e dançar são atividades que unem, que
ajudam a superar inibições e que despertam a alegria.
AS CERIMÔNIAS
As cerimônias promovem o sentimento de fazer
parte de algo, valorizam, simbolicamente, aspectos
relevantes da cidadania, da fraternidade e da alegria de
fazer parte do Movimento Escoteior.
ATIVIDADES TÍPICAS DOS RAMOS
Como as “Caçadas” para o Ramo Lobinho, as Reuniões
e atividades de Patrulha nos Ramos Escoteiro e Sênior, as
atividades desafiantes para os Ramos Sênior e Pioneiro, os
Projetos do Ramo Pioneiro, etc.
CURSO AVANÇADO
51
AS ATIVIDADES VARIÁVEIS
As atividades variáveis devem ser desafiantes, úteis,
recompensantes e atraentes
Os temas, ou grupos de temas, que surgem com
mais frequência entre as atividades variáveis das Tropas
Escoteiras são:
• Técnicas e habilidades manuais
• Reflexão, conhecimento de si mesmo e dos demais
• Desportos
• Expressão artística em suas diferentes formas
• Conhecimento e proteção à natureza
• Serviço à comunidade
• Vida familiar
• Compreensão intercultural
• Direitos humanos e democracia
• Educação para a paz e o desenvolvimento
O fato de as atividades variáveis se desenvolverem
com maior frequência em torno destes temas não
significa que não possam ser considerados outros que
podem surgir do interesse ou da realidade social em que
vivem. Sem prejuízo do que se afirmou e de acordo com
seu Método, o Movimento Escoteiro privilegia as que se
relacionam com o jogo, o serviço e a natureza.
ANOTAÇÕES
52
CURSO AVANÇADO
ESCOTEIROS DO BRASIL
UNIDADE DIDÁTICA | CURSO AVANÇADO - ESCOTISTA
ARTES MATEIRAS
Duração
130 minutos
Objetivos Gerais
Reconhecer as técnicas de campismo como importantes instrumentos educativos.
Objetivos Específicos
• Saber fazer nós e amarras básicos;
• Saber utilizar e conservar ferramentas de corte, reconhecendo os cuidados básicos
quanto ao seu uso;
• Saber utilizar e conservar fogareiro e lampião, reconhecendo os cuidados básicos
quanto ao seu uso;
• Saber montar uma barraca;
• Distribuir corretamente o material dentro de uma mochila;
• Identificar as competências que podem ser trabalhadas com estas atividades.
Conteúdo
• Nós e amarras;
• Fogareiro e lampião;
• Ferramentas de corte;
• Barracas e material individual.
Material
• Cabos para nós e amarras;
• 8 bastões ou cabos de vassoura para praticar amarras;
• 2 lampiões com liquinho ou cartucho;
• 2 fogareiros com liquinho / cartucho;
• 4 facões;
• 4 machadinhas;
• 3 barracas;
• Mochila com material individual completo.
PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO
Tempo (minutos)
Tema
Metodologia
30
Base 1 - Nós e amarras
TG
30
Base 2 – Fogareiro e lampião.
TG
30
Base 3 - Ferramentas de corte
TG
30
Base 4 – Barracas e material individual.
TG
10
Avaliação final (conjunta)
DD
TG = Trabalho em Grupo
ESCOTEIROS DO BRASIL
DD = Discussão Dirigida
CURSO AVANÇADO
53
DETALHAMENTO DA METODOLOGIA
Esta unidade deve ser dividida em quatro bases, que funcionarão em sistema de rodízio, sendo que cada uma deve
contar com um formador responsável. Os cursantes deverão ser distribuídos nessas quatro bases.
Cada base terá a duração de 30 minutos. Um formador deverá ser responsável por controlar o tempo para o rodízio.
É importante que as bases sejam relativamente próximas, para que não se gaste tempo no deslocamento entre uma
base e outra.
O caráter prático de cada uma das bases é essencial para o bom desenvolvimento desta unidade. Os assuntos
trabalhados em cada base serão os seguintes:
BASE 1 – NÓS E AMARRAS (30 minutos)
O formador deverá ensinar os seguintes nós e amarras:
- Nó direito;
- Nó de escota (simples e alceado);
- Volta do fiel;
- Volta redonda com cotes;
- Lais de guia;
- Amarra quadrada;
- Amarra diagonal.
Caso haja cursantes que dominem os nós acima, o formador deve incentivar o aprendizado pelos pares, com um
ensinando o outro. O formador deve se assegurar que o material seja suficiente para que todos os participantes
possam praticar.
BASE 2 – FOGAREIRO E LAMPIÃO (30 minutos)
O formador deverá explicar a correta utilização do fogareiro e lampião, destacando os seguintes pontos:
• Tipos de lampião (liquinho, cartucho de gás, bateria, etc);
• Como trocar a camisa do lampião;
• Tipos de fogareiro;
• Acendimento do fogareiro e do lampião;
• Manutenção;
• Segurança;
O formador pode envolver os participantes solicitando para que alguns voluntários coloquem uma camisa no
lampião, bem como para que montem e acendam um fogareiro, troquem o liquinho, verifiquem vazamentos de gás,
etc.
BASE 3 – FERRAMENTAS DE CORTE (30 minutos)
O formador deverá explicar a correta utilização do canivete, facão e machadinha, bem como as regras de segurança
na utilização dessas ferramentas.
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CURSO AVANÇADO
ESCOTEIROS DO BRASIL
É importante que os cursantes tenham experiência prática no manuseio das ferramentas, como por exemplo:
cortando um toco, passando a ferramenta, afiando, transportando etc.
Para tornar a base mais atrativa o formador pode aplicar um jogo que envolva essas técnicas.
BASE 4 – BARRACAS E MATERIAL INDIVIDUAL (30 minutos)
O formador distribui duas barracas para que os cursantes façam a montagem. No decorrer da montagem, o formador
deverá fazer as orientações que se fizerem necessárias.
Em seguida,, o formador deve explicar como se arruma uma mochila; quais os materiais individuais mais importantes
e a importância do isolante térmico e do saco de dormir para uma adequada noite de sono.
AVALIAÇÃO FINAL (10 minutos)
Após todas as rodadas nas bases, o formador responsável deverá reunir todos os cursantes para uma avaliação final,
reforçando a importância da realização deste tipo de atividade, bem como os aspectos educativos que elas envolvem.
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
Guia da Aventura Escoteira – Pista e Trilha
Guia da Aventura Escoteira – Rumo e Travessia
Guia do Desafio Sênior
Livro Acampar e Explorar - União dos Escoteiros do Brasil
Última atualização: 01/04/2014
ESCOTEIROS DO BRASIL
CURSO AVANÇADO
55
ARTES MATEIRAS
NÓS E AMARRAS
NÓ DIREITO
Serve para emendar cabos com o mesmo diâmetro.
AMARRA QUADRADA
NÓ DE ESCOTA
Para emendar cabos de diâmetros iguais ou
diferentes, ou para prender um cabo numa argola. O
alceado serve para prender a bandeira.
É usada para unir dois troncos ou varas em ângulo
reto. Começa-se com uma Volta de Fiel bem firme. A
ponta que sobre desse nó, deve ser torcida com o cabo
para maior segurança. As toras ou varas são rodeadas
por três voltas completas redondas entre as peças (toras)
concluindo-se com a Volta do Fiel na vara oposta ao que
se deu o nó de início. Observe o desenho.
NÓ VOLTA DO FIEL
Para amarrar o cabo à vara nos trabalhos de pioneiria.
AMARRA DIAGONAL
LAIS DE GUIA
Forma uma laçada que não corre. É usado para
salvamento.
56
CURSO AVANÇADO
Serve para aproximar e unir duas varas que se
encontram formando um ângulo agudo. É menos
usada que a Amarra Quadrada, mas é muito utilizada
na construção de cavaletes de ponte, pórticos etc. Para
começar usa-se a Volta da Ribeira apertando fortemente
as duas peças. Em seguida dá-se três voltas redondas em
torno das varas no sentido dos ângulos, arrematando-se
com um anel de duas ou três voltas entre as peças e uma
Volta de Fiel para encerrar.
ESCOTEIROS DO BRASIL
LAMPIÃO
FOGAREIROS
O fogão (ou fogareiro) de acampamento mais
comum possui duas bocas e funciona ligado por uma
borracha a um bujão de gás (conhecido também como
liquinho).
Deve-se sempre estar atento à temperatura do
bujão pois seu superaquecimento pode causar acidentes
(explosões).
Hoje em dia há modelos que usam um cartucho de
gás, muito mais leve e seguro que os bujões, porém de
menor duração. Há ainda modelos de uma só boca ligados
ao cartucho por uma mangueira (mais estável e seguro).
DICAS:
• Transportar sempre dentro de caixa de proteção.
• Verificar se a mangueira de borracha está ressecada.
• Verificar o estado de funcionamento do registro de gás.
• Verificar se a passagem de gás não está entupida e se o
anel de regulagem da mistura ar/gás está equilibrado.
• Verificar se os queimadores estão limpos e secos.
• Proteger o fogão da chuva e do orvalho.
• O fogareiro exala gás carbônico, nocivo à saúde. Não usar
dentro ou muito próximo de barracas.
Botijão de gás (liquinho)
• Evitar choques mecânicos.
• Manter longe do calor.
• Verificar se o anel de borracha de vedação que se
encontra na rosca está em boas condições.
• Verificar se não existe vazamento de gás.
• Verificar se a válvula está limpa.
• Recarregar o botijão em postos autorizados.
• Não usar adaptadores de rosca.
• Não guardar dentro de barracas.
ESCOTEIROS DO BRASIL
O lampião é acoplado no mesmo tipo de bujão
do fogão de camping. Para acendê-lo deve-se colocar a
camisa de amianto no queimador e queimá-la totalmente
sem abrir o gás, com cuidado para não encostar nela o
palito de fósforo, ou ela se quebrará. Após isso, aproximase um palito de fósforo aceso da camisa e abre-se o gás.
Após algum tempo a redoma de vidro e a alça do
lampião ficam extremamente quentes, podendo causar
acidentes.
Há modelos menores que utilizam cartuchos de gás
muito mais leves que os bujões. São tão bons quanto os
maiores, porém mais fracos.
Dicas
• Transportar sempre dentro de caixa de proteção.
• Verificar o estado de funcionamento do registro de gás e
da borracha de vedação.
• Verificar se o vidro usado é do tipo temperado. Não use
vidros trincados ou defeituosos.
• Verificar se o filtro ou difusor estão em perfeitas
condições.
• Usar camisas novas. Levar sempre de reserva.
• Verificar se a passagem do gás não está entupida e se o
anel de regulagem da mistura ar/gás está equilibrada.
• O lampião exala gás carbônico, nocivo à saúde. Não usar
dentro de barracas ou recintos fechados.
FERRAMENTAS DE CORTE
As ferramentas de corte só devem ser portadas
quando for necessário usá-las, não devendo ser utilizadas
normalmente como adereço ao uniforme ou traje
escoteiro Não são brinquedos, não são símbolos de
status e ostentação e seu manuseio exige uma série de
regras de segurança: aprenda a usá-las e como mantê-las
conservadas.
CANIVETE OU FACA
A faca é uma ferramenta indispensável nas excursões
e acampamentos. É com ela que você vai preparar
gravetos para acender fogo, vai cortar seus alimentos,
limpar peixe e outras mil utilidades. As facas inoxidáveis
são geralmente fracas e perdem o fio com facilidade. As
de aço comum são mais fortes e permanecem afiadas por
mais tempo, mas necessitam de cuidados e limpeza para
não enferrujar. O tamanho ideal deve ter até 25 cm, com o
CURSO AVANÇADO
57
cabo já incluso. Não escolha pela aparência, verifique se a
lâmina possui uma boa espessura (3 mm) e se a ponta não
é muito fina. Um bom canivete pode ser um substituto
eficiente da faca, desde que possua uma lâmina forte e
que permaneça firme quando aberto.
FACÃO
O facão é uma ferramenta de desbaste e cortes
pequenos. Não serve nem deve ser usada cortar lenha.
Para as atividades escoteiras o melhor é o “facão
de mato”, com lâmina de aço carbono 18¨, com fio liso
e tamanho total de 58 cm, tendo cabo de polipropileno
fixado por pregos de alumínio.
MACHADO E MACHADINHA
A diferença entre eles está no tamanho e
consequentemente na aplicação. Para utilizar o machado
é necessário usar as duas mãos. A machadinha é bem
menor e basta uma mão para manobrá-la. É claro que
nenhum membro do Movimento Escoteiro irá utilizar um
machado para derrubar árvores, mas você pode precisar
desobstruir uma trilha ou estrada e neste caso, um
machado pode lhe ser muito útil.
Tipos de machadinha
• Não utilize cordões, colares ou outros objetos
pendurados. Retire-os antes de começar o trabalho;
• Verifique se toda a área a sua volta está desobstruída.
Para isso coloque-se exatamente no local em que vai fazer
o corte. Estendendo o braço que empunha a ferramenta
gire 360º. Levante também o braço o mais alto que puder.
Se você neste momento não tocar em nada, então você
tem uma área segura para trabalhar;
• O cepo deve ser de madeira bem pesada de forma que
não se movimente quando alguém golpeá-lo;
• O cepo deve ser bastante longo para que toda a extensão
da ferramenta (da cabeça ao cabo) fiquem protegidos
pelo tronco;
• Quando cansar pare imediatamente o trabalho, não
gaste sua energia desnecessariamente;
• Nunca esqueça o velho dito popular “A prática faz o
mestre”. Treine sempre que possível.
REGRAS DE MANUTENÇÃO E CONSERVAÇÃO
• Mantenha a lâmina com graxa quando não estiver
utilizando e dentro de um estojo resistente;
• Uma ferramenta “cega” é mais perigosa do que se
imagina;
• Mantenha as ferramentas em condições de pronto
emprego;
Existem dois tipos principais de machadinha:
• Não corte lenha além do necessário;
a) O primeiro é o tipo tradicional, com a cabeça de aço e o
cabo de madeira. É mais bonito e mais barato;
b) O segundo é feito em uma só peça, tanto a cabeça
quanto o cabo são de aço. Este segundo tipo é um pouco
mais pesado, mas tem a vantagem de não apresentar o
defeito usual dos machados, que é a cabeça afrouxar ou
soltar-se do cabo.
REGRAS DE SEGURANÇA QUANTO AO USO DE FERRAMENTAS DE
CORTE.
• Antes de iniciar o trabalho com uma ferramenta cortante
faça uma minuciosa inspeção em todas as partes da
ferramenta;
• Mantenha os espectadores a pelo menos 3 metros de
distância;
• Ponha a capa ou estojo na ferramenta quando não
estiver em uso;
58
CURSO AVANÇADO
• Nunca abata árvores sem a devida necessidade;
• Peça autorização a quem de direito para abater uma
árvore, por menor que ela seja.
MOCHILA
A mochila é o objeto mais importante de uma
atividade pois, dentro dela, vão estar todos os seus
materiais pessoais e alguns coletivos.
É importante tomar alguns cuidados para não tornar
a caminhada desconfortável e a viagem desprazerosa: a
mochila deve ser do tipo escoteira, com alças de três pontos
(duas nas costas e uma na cintura), e todo o conteúdo
deve ser acondicionado em sacos plásticos, para evitar
acidentes com umidade. Já dentro dos plásticos, as vestes
devem ser arrumadas como rocamboles, enroladinhas,
para tornar seu volume menor.
ESCOTEIROS DO BRASIL
BARRACAS
CARACTERÍSTICAS DE UMA BOA BARRACA
• Ter armação interna ou preferivelmente externa, com
polos bem construídos, leves e resistentes, de duralumínio
ou fibra de vidro resinada.
• Ter costuras duplas, transpassadas e impermeabilizadas.
• Ser fácil de montar e desmontar.
• O tecido do chão deve ser espesso, impermeável e
resistente, preferivelmente de náilon impermeabilizado
ou tecido vulcanizado.
ESCOTEIROS DO BRASIL
• Altura preferivelmente não superior a 1,5 metros,
especialmente quando se tratar de acampamento nas
montanhas.
• Observe-a quando armada: deve ser firme, aerodinâmica,
sem franzido ou dobras.
• O sobreteto deve ser mantido afastado do teto,
aproximadamente 10 cm, e suas bordas devem quase
tocar o solo.
• Os espeques devem ser de alumínio ou plástico, com um
desenho que os torne resistente à tração.
CURSO AVANÇADO
59
CUIDADOS COM A BARRACA
• Ao armar e desarmar a barraca não pise calçado em cima
do tecido.
• Ao desarmá-la, procure limpar e secar seu interior e
exterior. Se estiver molhada de água de chuva, não se
esqueça de providenciar a secagem assim que puder. Se
for água do mar, lave-a antes com água doce e seque-a
em seguida.
• Observe periodicamente as costuras. Sempre que
recosturar ou remendar, reimpermeabilize o local com
selante de silicone, cuidando para deixar apenas uma fina
camada.
• Evite cores como o vermelho ou laranja, que atraem
certos insetos e espantam os pássaros.
• Ao acampar nas praias, em vez de fincar os espeques,
enterre-os na areia. Ao invés de usar espeques, um galho
seco, caído, também enterrado funcionará melhor.
• Recorte, de uma câmara de ar de automóvel, anéis para
serem usados como esticadores entre as espias e os
espeques. Essa medida manterá sua barrava mais segura e
sempre esticada, mesmo durante uma ventania.
• Lembre-se de que várias substâncias químicas causam
danos tanto aos tecidos, como aos impermeabilizantes,
assim como os óleos de qualquer tipo: detergentes,
repelentes de insetos, combustíveis, etc.
• Não a mantenha embalada por um longo tempo.
Periodicamente estenda-a por alguns minutos num local
arejado e com sol para preveni-la do mofo.
Para saber mais, consulte:
• Não cozinhe no seu interior. A maioria das barracas
modernas possui um avanço próprio para isso.
• Dificilmente uma barraca precisará ser lavada.
Caso seja necessário, passe apenas um pano úmido
cuidando para não encharcá-la, colocando em risco sua
impermeabilidade.
Guia da Aventura Escoteira – Pista e Trilha
Guia da Aventura Escoteira – Rumo e Travessia
Guia do Desafio Sênior
Acampar e Explorar
ANOTAÇÕES
60
CURSO AVANÇADO
ESCOTEIROS DO BRASIL
UNIDADE DIDÁTICA | CURSO AVANÇADO - ESCOTISTA
COMIDA MATEIRA
Duração
120 minutos
Objetivos Gerais
Preparar e provar algumas receitas da culinária mateira, vivenciando métodos de
cozinhar ao ar livre.
Objetivos Específicos
• Montar uma fogueira adequada para preparação de comida mateira (braseiro) ou outra
técnica;
• Executar receitas da culinária mateira;
• Identificar as competências que podem ser trabalhadas com esta atividade.
Conteúdo
• Fogueiras;
• Batata recheada;
• Ovo no espeto;
• Pão a caçador;
• Arroz em panela;
• Banana ou maçã caramelada;
Material
• Madeira suficiente para construção das fogueiras;
• Ingredientes em quantidade suficiente conforme receitas indicadas.
PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO
Tempo (minutos)
Tema
Metodologia
20
Explicações sobre a atividade, divisão de tarefas, distribuição
do material
DD
100
Montagem da fogueira, execução das receitas culinárias,
culinária mateira, degustação e arrumação do local
TG
TG = Trabalho em Grupo
DD = Discussão Dirigida
DETALHAMENTO DA METODOLOGIA
Montagem da fogueira e execução de receitas da culinária mateira (120 minutos)
Esta unidade se desenvolve por meio de uma vivência prática durante uma das refeições do curso (almoço ou jantar).
Segue abaixo o passo-a-passo:
ESCOTEIROS DO BRASIL
CURSO AVANÇADO
61
1 – Minutos antes do horário da refeição, o formador deve entregar uma ficha contendo as receitas que deverão ser
realizadas (batata recheada, ovo no espeto, pão a caçador, arroz sem panela, banana ou maça caramelada, ou outras
receitas a critério da equipe do curso), juntamente com o kit de ingredientes e demais materiais necessários.
2 – Nos locais pré-determinados, cada equipe deverá providenciar a montagem da fogueira, sendo diretamente
acompanhada e orientada por um integrante da equipe de formação.
3 – Com o braseiro pronto, cada equipe deverá executar as receitas repassadas anteriormente, seguindo acompanhada
por um formador, que dará orientações sobre os procedimentos no preparo de cada prato.
4 – Ao final, o formador deverá avaliar a refeição com os integrantes da equipe, reforçando o caráter educativo deste
tipo de atividade, bem como as competências que podem ser trabalhadas.
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
2º Guia do Caminho da Jângal
Guia da Aventura Escoteira – Pista e Trilha
Guia da Aventura Escoteira – Rumo e Travessia
Guia do Desafio Sênior
Livro Acampar e Explorar - União dos Escoteiros do Brasil
Última atualização: 31/03/2014
62
CURSO AVANÇADO
ESCOTEIROS DO BRASIL
COMIDA MATEIRA
COMIDA DE CAMPO
melhor o alimento como um todo, pois se houver caldo
não derrama do pacotinho.
Alimentação feita no campo com o uso de panelas.
COMIDA MATEIRA
• Cada alimento tem uma posição melhor para cozinhar,
uns em cima da brasa, outros dentro da brasa, outros mais
acima.
Alimentação feita no campo com o uso de utensílios
diferentes, como: folha de bananeira, grelhas, pedras,
gravetos e etc.
COZINHANDO A LENHA
DICAS PARA PROGRAMAR
• Em uma atividade escoteira, a cozinha mateira deve ser
um módulo, com início, desenvolvimento e fim.
• É imprescindível que haja um treinamento dos escotistas
e jovens antes da atividade.
O grande segredo da culinária mateira está nas
brasas. Para tanto, uma boa fogueira torna-se necessária.
Para acender e manter melhor o fogo, siga as
instruções abaixo:
• Consiga bastante madeira seca e empilhe separadamente
de acordo com a grossura e o tamanho;
• Arme a fogueira;
• É importante que seja feito um acampamento ou bivaque
experimental.
• Quando a comida mateira fizer parte de uma
programação maior, deve ser dado o tempo suficiente
para que a atividade seja bem desenvolvida.
• O tempo deve ser compatível e suficiente para que os
jovens “curtam” a refeição, tanto no fazer a comida quanto
em comer.
• A partir do momento que o fogo tenha pegado, vá
colocando lenha mais grossa até formar um bom braseiro;
• Continue a manter o fogo com lenha média e grossa;
• Nunca deixe de colocar lenha, pois o fogo terá que se
manter na mesma intensidade (cuidado para não abafar);
• As panelas serão colocadas sobre uma grelha que está
apoiada sobre uma pedra ou tijolos bem equilibrados;
DICAS PARA COZINHAR
• Sempre fazer um furo no ovo, na parte mais larga, para
que ao cozinhar não quebre (pois existe uma bolsa de ar
que se expande ao aquecer). No ovo no espeto, ao espetar
o palito de churrasco um pouco acima do meio para pegar
a gema. O ovo deverá ser cozido na brasa, mais afastado
do fogo, para que não cozinhe rápido demais e venha a
explodir.
• A carne não deve ser salgada com antecedência. Devese colocar o sal e temperos na hora de cozinhar. O sal
desidrata a carne fazendo com que ela fique dura.
• Ao embrulhar os alimentos que vão para a brasa ou
chapa, enrolados em papel alumínio, fazer uma trouxa
que tenha espaço para o ar quente circular, cozinhando
ESCOTEIROS DO BRASIL
• Lembre-se do seguinte: gravetos pegam fogo, porém
não fornecem o calor necessário para o cozimento dos
alimentos; portanto, use lenha grossa para manter a
fogueira. A melhor forma é ter esta lenha cortada em
achas.
O FOGO DE TRINCHEIRA
Este fogo consome pouca lenha, oferece menos
riscos, não é incomodado pelo vento e não irradia tanto
calor, sendo apropriado para os dias quentes. Construa
uma valeta mais rasa e larga de um lado, e mais funda e
estreita do outro, para que o vento sopre do lado mais
largo para o mais estreito. Se o chão for duro, corte as
bordas bem retas, de modo que apoiem as grelhas ou
panelas. O único inconveniente deste fogo é ficar ao nível
CURSO AVANÇADO
63
do chão, o que deixa seu uso um pouco desconfortável.
Mas, ficar ao redor dele, proporciona momentos na equipe
de muito prazer.
RECEITAS PARA UMA REFEIÇÃO MATEIRA
• Kabobs ou empadão de verduras e/ou carne;
• Kafta ou carne e/ou frango e/ou queijo no espeto;
• Ovo no espeto e/ou ovo no barro;
• Peixe assado e/ou peixe recheado assado;
• Batata assada com requeijão e/ou com carne moída;
• Pão a caçador (salgado ou doce) no espeto ou vara;
• Fruta caramelada;
• Panqueca doce, com frutas ou com açúcar, canela ou
achocolatado.
Para conhecer essas e outras receitas, consulte:
Guia da Aventura Escoteira – Pista e Trilha
Guia da Aventura Escoteira – Rumo e Travessia
Guia do Desafio Sênior
Acampar e Explorar
ANOTAÇÕES
64
CURSO AVANÇADO
ESCOTEIROS DO BRASIL
ANEXO 1 | CURSO AVANÇADO - ESCOTISTA
RECEITAS MATEIRAS
PÃO A CAÇADOR
lado brilhante para dentro para melhor aproveitamento
da fonte de calor.
Ingredientes:
• Arroz
• Água
• Sal
Modo de Preparar:
Coloque uma caneca de arroz e duas canecas de
água, adicione uma pitada de sal. Tampe a vasilha e
coloque perto da brasa. Não deixe o arroz queimar. Se for
preciso coloque mais água. comida com poucos recursos
não significa refeições desequilibradas, sem gosto ou sem
higiene.
Ingredientes:
• 1 xícara de farinha
• 2/3 xícara de água
• 1 colher de açúcar
• ½ colher de sal
• ¼ colher de fermento biológico
Modo de Preparar:
Junte a água, fermento, sal e o açúcar em uma
panela. Deixe por 5 minutos, junte a farinha e amasse até
ficar no ponto de enrolar no espeto.
ARROZ SEM PANELA
MAÇÃ COM GOIABADA
Ingredientes:
• Maçã
• Goiabada
• Papel alumínio.
Modo de Fazer:
Retire o caroço da maçã e preencha os buracos com
goiabada.
OVOS
No Espeto
Fazer um orifício em cada extremidade do ovo,
introduzir um espeto fi no de bambu previamente
aquecido para que o ovo não vaze.
No Barro
Cobrir o ovo com uma camada de 3 a 4 cm de barro
e assar nas brasas até o barro rachar.
Como vasilha se pode usar um gomo de Bambu Açu
verde, uma Abóbora tipo Moranga.
Abra uma tampa e limpe bem por dentro. Essa
embalagem pode ser revestida de papel alumínio ou ser
colocada diretamente nas brasas. O ideal é utilizar-se o
ESCOTEIROS DO BRASIL
Em Casca de Laranja
Corte uma laranja ao meio e tire o miolo, pegue o
ovo , quebre e coloque dentro da casca de laranja e deixe
fritar colocando a casca em meio as brasas.
CURSO AVANÇADO
65
Na Pedra
Ingredientes:
• Batata: da terra ou doce, sal, barro.
Modo de Preparar:
Envolva a batata com o barro numa camada de mais
ou menos 2 cm, e a coloque sobre as brasas. No momento
em que estiver pronto o barro trincará.
CAFÉ TROPEIRO
Coloque água para ferver em um recipiente. Quando
a água começar a esquentar ponha o pó de café e deixe
ferver, pegue então uma brasa e coloque dentro da lata,
isso fará o pó ir para o fundo do recipiente. Aqui pode ser
usado um gomo de bambu Açu como recipiente.
Para fazer esta fácil receita, primeiramente consiga
uma pedra lisa e plana, que depois de lavada será
colocada no fogo da cozinha, somente onde tenha brasas.
Deixe que essa esquente e quando começar a emitir calor,
quebre um ovo pela metade deixando cair suavemente
para que cozinhe sobre a pedra. A dificuldade maior
reside em que o ovo não derrame caindo ao chão.
Com Batata
Pegar uma batata grande, tirar a tampa e abrir um
buraco na batata para colocar um ovo (com casca e tudo!)
e tampar com a própria batata. O que foi retirado dela
coloca-se no envelope de alumínio e coloca o envelope e
a batata com ovo na brasa e terá tudo cozido após uns 20
min aproximadamente.
BANANA ASSADA
Enrole a banana no papel alumínio, sem tirar a casa,
e leve a fogueira.
Após cerca de 30 minutos, retire e desenrole. Sobre
um prato, retire a casca da banana, polvilhe um pouco de
canela.
MILHO ASSADO NA BRASA
Chorão
Colocar um ovo cru na casca, entre 5 e 10 cm das
brasas da fogueira. Esperar 2 minutos e virar com cuidado.
Quando ele começar a chorar (uma gota de água aparece
na casca) ele está pronto.
BATATA ASSADA NO BARRO
Colocar o milho verde em espiga na grelha, e ir
“regando” com água e sal, até o cozimento .
Também pode-se colocado em brasas, com casca e
tudo, depois de dourada a palha, retirar.
66
CURSO AVANÇADO
ESCOTEIROS DO BRASIL
UNIDADE DIDÁTICA | CURSO AVANÇADO - ESCOTISTA
PIONEIRIAS
Duração
120 minutos
Objetivos Gerais
Construir pioneirias de médio ou grande porte.
Objetivos Específicos
• Praticar nós e amarras;
• Executar um projeto em grupo;
• Aplicar as regras de segurança quanto ao uso de ferramentas de campo;
• Identificar as competências que podem ser trabalhadas com esta atividade;
Conteúdo
• Construção de pioneirias de médio ou grande porte.
Material
• Sisal;
• Ferramentas de corte (facão, machadinha);
• Bambus ou toras de bracatinga.
• Palitinhos de churrasco;
• Linha de costura ou fio 10.
PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO
Tempo (minutos)
Tema
Metodologia
120
Construção de pioneirias
TG
TG = Trabalho em Grupo
DETALHAMENTO DA METODOLOGIA
Projeto da pioneiria (atividade prévia)
Antes do início desta unidade, recomenda-se que as equipes do curso (composta pelos cursantes), elaborem um
projeto de pioneiria de médio (mesa, portal, mastro para bandeira, etc) ou grande porte ( como torres de observação
...) utilizando os palitinhos de churrasco. Este projeto pode ser realizado antes do curso ou nos momentos livres
durante o próprio curso (refeições, etc). O projeto deve ser apresentado para o formador responsável antes da
construção das pioneirias.
Construção de pioneirias (90 minutos)
Em um espaço amplo, com os materiais necessários disponíveis (bambus, sisal, ferramentas) as equipes deverão
reproduzir a pioneiria apresentada no projeto.
Após a construção, as equipes serão convidadas pelo formador para fazer a avaliação dos projetos realizados.
ESCOTEIROS DO BRASIL
CURSO AVANÇADO
67
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
Livro Acampar e Explorar - União dos Escoteiros do Brasil
Guia da Aventura Escoteira – Rumo e Travessia
Guia do Desafio Sênior
Última atualização: 02/04/2014
68
CURSO AVANÇADO
ESCOTEIROS DO BRASIL
PIONEIRIAS
As pioneirias proporcionam o conforto de um
acampamento. Algumas delas são indispensáveis em um
acampamento de três ou mais dias, e você deve estar apto
a ajudar a projetar e construir qualquer uma delas.
Fossa com tampa - um escoteiro não deixa vestígios de
sua passagem pelo local, e deve ser muito cuidadoso com
as sobras e lixo que produz. O equilíbrio ecológico é frágil
e necessita de nossa ajuda para se manter.
Separe o que for lixo ou rejeito em dois grupos:
Pórtico - o pórtico é a entrada do “Canto de Patrulha”,
e deve ser preparado de forma a que seja prático e
identifique a Patrulha. É interessante colocar um portão,
que pode ser acionado de forma criativa, e também
assegurar-se que a cerca de campo evite a passagem de
animais domésticos.
a. Biodegradáveis rápidos: são todos aqueles de origem
orgânica, como restos de comida e papéis. Este lixo pode
ser descartado em uma fossa escavada longe de fontes
de água. A cada dia cubra com uma camada fina de terra.
Com objetivo de produzir a decomposição desse lixo,
transformando-o em composto útil à natureza, jogue
água dentro da fossa antes de cobri-la definitivamente.
b. Biodegradáveis lentos: são aqueles que têm algum grau
de industrialização, e em geral receberam elementos que
o preservam. Sempre que possível este tipo de lixo deve
ser colocado em sacos de lixo e retornar para a cidade,
onde será descartado. Somente se houver absoluta
necessidade de eliminá-lo ainda no campo, recomenda-se
que se queime tudo antes de cobrir com terra.
PIONEIRIAS BÁSICAS
Num acampamento de três dias, é interessante ter
pelo menos as seguintes pioneirias básicas:
1. Canto do lenhador com porta ferramentas;
2. Toldo;
3. Mesa com bancos;
4. Dispensa;
5. Tripé.
ESCOTEIROS DO BRASIL
CURSO AVANÇADO
69
CANTO DO LENHADOR COM PORTA FERRAMENTAS
TOLDO
Normalmente, é a primeira pioneiria a ser montada
no campo, pois precisaremos dele para termos mais
segurança ao montarmos as outras pioneirias. Caso
haja possibilidade de chuva iminente, o toldo pode ser
feito primeiro para garantir a continuidade do trabalho
debaixo do mesmo. Deve ser instalado num local afastado
das demais construções do campo e não deve haver
galhos de árvores baixos sobre ele para evitar acidentes. O
tamanho dependerá da maior ferramenta de corte que a
Patrulha possuir, conjugado com a envergadura do jovem
que irá utilizá-la, buscando formar-se um espaço que seja
suficiente para trabalhar com segurança. A cerca deverá
balizar e evitar que alguém possa ultrapassá-la facilmente,
assim, sua altura deverá ser próxima da cintura, nem
muito alta, nem muito baixa. O cepo deverá ficar numa
posição central e isolado das demais construções do
canto do lenhador. É extremamente importante que o
cepo fique bem fixo, não podendo balançar com a sua
utilização, evitando acidentes. O porta ferramentas deve
ter altura compatível, evitando que os jovens tenham que
se agachar para utilizá-lo.
Depois do canto do lenhador, inicie a montagem
do toldo, pois será sua proteção contra o sol e a chuva.
As laterais deverão ser ter altura suficiente para que
seja possível movimentar-se sem necessidade de
contorcionismos:
GRANDES PIONEIRIAS
As grandes pioneirias são uma demonstração de
qualidade técnica, organização, trabalho em equipe e
criatividade. Tudo isso é necessário para montar grandes
estruturas de forma segura e eficiente. A seguir um
exemplo de pioneiria de médio/grande porte:
Torre de observação: sempre que for necessário
ampliar a área de observação e supervisão, uma boa
alternativa é a construção de uma torre. Esta é, também,
uma boa forma de observar animais.
(Fonte: texto extraído do Guia do Desafio Sênior)
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CURSO AVANÇADO
ESCOTEIROS DO BRASIL
PROCESSOS DE ANCORAGEM E ESTIRAMENTO DE CABOS
ANCORAGEM
Denomina-se de ancoragem um dos meios utilizados
para garantir a estabilidade e fi xar ao terreno uma grande
ioneira, tal como uma ponte, uma torre ou outra estrutura
qualquer.
A ancoragem mais simples é aquela em que os cabos
que sustentam a estrutura são presos em uma árvore,
mas nem sempre isso é possível, razão pela qual é bom
conhecer outros processos.
PROCESSOS DE ANCORAGEM E ESTIRAMENTO DE CABOS
Enterrando um piquete ou uma estaca
O espeque ou estaca é enterrado com o uso de um maço
ou marreta. A colocação do espeque deve levar em conta
o ângulo formado com o cabo que ele irá sustentar, que
deve ser de 90 graus.
Construindo um espeque ou uma estaca
Para usar em uma ancoreagem pode ser pioneira o
um espeque ou estaca maior, que:
• A ponta deve ser afi ada para penetrar no solo com
facilidade (use o machado);
• A cabeça deve incluir um entalhe acima contras
como se a corda vai escapar (Use a serra para o entalhe);
• O entalhe enfraquece o espeque, que pode rachar
quando golpeado pelo maço. Por isso ele deve ser cortado
levemente, como mostrado (se a linha pontilhada não
passa através da ranhura é bom). Então, quando você
bater com um maço as tensões no entalhe serão insignifi
cantes.
Ao se projetar e se construir uma ancoragem deve-se
considerar as seguintes variáveis:
Tipo de solo;
Esforço mecânico a ser submetido ao sistema. Cargas
dinâmicas ou estáticas;
Dimensionamento dos materiais a serem utilizados
(estacas, cabos, sisal);
Qualidade, procedência e tipo da madeira
empregada na fabricação das estacas.
Outro aspecto de extrema importância no que tange
a segurança e manutenção da integridade da ancoragem
é o Alinhamento do sistema. A ancoragem deverá ficar
em linha reta com o esforço a que será submetida,
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pois o menor desvio produzirá tensões indesejáveis,
descompensando ou gerando sobrecargas que poderão
romper o sistema.
CONSELHOS PRÁTICOS
Procure utilizar estacas de madeiras resistentes,
sempre que possível, extraídas de uma mesma espécie de
árvore;
As bitolas das estacas devem ser as mais próximas
possíveis;
É comum ocorrer o esmagamento da cabeça ou
rachaduras em toda a extensão da estaca, ocasionadas
pelas pancadas de marreta. Para evitar ou minimizar tais
inconvenientes, faça uma falcaça bem apertada ou anéis
de arame nas extremidades superiores das estacas;
Posicione a estaca de forma correta, só então
comece a enterrá-la, sempre aplicando golpes uniformes
de marreta;
Não dê golpes nas laterais da estaca para corrigir o
direcionamento: é um procedimento incorreto;
Após aplicar as ligações de sisal, nunca bata nas
estacas, pois tal procedimento provocará tensões
indesejadas, pondo o sistema em risco;
Ao terminar a construção de uma ancoragem é
indispensável a realização de uma rigorosa inspeção e
testes, afi m de assegurar uma alta margem de segurança;
Em termos concretos, o conjunto deverá ser testado
através de cargas de trabalho superiores àquelas que será
submetido durante a atividade. Porém nunca chegue
próximo a carga de ruptura dos materiais empregados;
Durante a utilização de ancoragens, posicionar
vigias, quantos forem necessários, com o intuito de
informar sobre possíveis deformações das estruturas e
danos ocorridos nos materiais.
A tripla âncora
Às vezes um ponto de suporte não é forte o sufi
ciente para suportar a tensão exercida. O sistema chamado
de Trilha Ancora é bastante forte, pois distribui a força
exercida pelo cabo em vários lugares (três espeques). Ele
usa três espeques fi ncados em linha, ligados por cabo.
Observe que o cabo deve sair da cabeça do espeque da
frente até a base do espeque de trás.
CURSO AVANÇADO
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Ancoragem com Tronco
Torniquete espanhol
Neste sistema usamos um tronco para distribuir a
força exercida pelo cabo em vários lugares. Esses pontos
são reforçados por espeques trazeiros, aliviando a tensão
aplicada nos espeques frontais.
O Torniquete é feito com dois bastões, e serve para
esticar um cabo. Para terminar e não escapar, deve-se
unir um dos bastões com o próprio cabo, através de duas
falcaças.
Ancoragem “Corpor Morto”
Sistema de roldanas
Aqui o sistema começa enterrando um tronco, em
torno do qual o cabo foi amarrado, em uma trincheira
perpendicular à corda. Não se esqueça de cavar uma
passagem para a corda.
Trata-se de uma combinação de cordas e polias que
permitem trocar força por distância. Quando você usa
apenas uma roldana não há qualquer diferença na força
aplicada. Você vai apenas mudar a direção da força.
Para ter um sistema são necessárias pelo menos duas
roldanas, fazendo com que a força seja dividida entre elas.
Mas, veja que você precisará puxar um comprimento
de corda duas vezes maior do que apenas com uma
roldana. Existe, então, uma relação entre força e distância.
A força necessária diminuiu pela metade, enquanto o
comprimento da corda dobrou.
O sistema pode admitir mais roldanas, usando o
mesmo princípio, diminuindo proporcionalmente a força
necessária para esticar o cabo, mas a cada nova roldana
será necessário aumentar também o comprimento do
cabo.
Na falta de roldana este sistema pode ser aplicado
usando moitões ou outra peça de aço em seu lugar.
Proteção das árvores
Você precisa ter cuidado ao usar uma árvore como
ponto de ancoragem para não danifi car a casca e nem
a corda. Isso pode ser feito usando algumas lonas de
proteção para
proteger a casca de atrito. Também pode ser
necessário o uso de lonas ou estofamento, se a corda
estará sujeito ao atrito excessivo, especialmente no caso
de uma ponte de
macaco. Isto é particularmente importante quando
se usa cordas sintéticas que são propensas a derreter,
se em uma situação de atrito ou se duas cordas estão
esfregando umas contra as outras.
Volta do enfardador
SISTEMAS DE ESTIRAMENTO DE CABOS
Quando se usa ancoragem para manter uma
estrutura de ioneira é normal que também se necessite
esticar os cabos de sustentação.
Existem algumas formas de fazer isso.
ANOTAÇÕES
A Volta do Enfardador é usada para esticar um
cabo quando não existem outros recursos. Usa o mesmo
princípio do sistema de roldana, ou seja, o segredo está
no uso de dois pontos para correr o cabo (o espeque e a
laçada no próprio cabo) que faz com que a força exercida
seja a metade do peso.
UNIDADE DIDÁTICA | RAMO LOBINHO
RECURSOS EDUCATIVOS NA ALCATEIA
Duração
120 minutos
Objetivos Gerais
Orientar como trabalhar os seguintes recursos educativos na alcateia, Trabalho Manual,
História, dramatização.
Objetivos Específicos
Avaliar a criatividade, inovação e recursos utilizados na contação de história,
dramatização, trabalho Manual .
Conteúdo
Trabalho Manual
História
Dramatização
História Animada
PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO
Tempo (minutos)
Tema
Metodologia
30
Trabalho Manual
TG
30
Dramatização
TG
30
História
TG
30
História Animada
TG
PL = Palestra
TG = Trabalho em Grupo
DD = Discussão Dirigida
DM = Demonstração
DETALHAMENTO DA METODOLOGIA
Antes do inicio de curso cada equipe será informada que ficará responsável por apresentar um destes Recursos
Educativos da Alcateia no tempo de 20 minutos:
1 – Trabalho Manual - A equipe terá que trazer um projeto de trabalho manual que possa ser utilizado com os
lobinhos . Deve trazer numa folha de ofício este projeto, trazer um exemplar do trabalho manual já feito e material
para que todos os outros cursantes façam o trabalho manual.
2- Dramatização – Utilizando Caracterização a equipe fará uma dramatização sobre uma história da Jangal
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CURSO AVANÇADO
73
3- História – Utilizando alguma técnica de Contar História a equipe contará uma história da Jangal
4- História Animada – Uma equipe coordenará a aplicação de uma história animada para todos os cursantes , pode
ser a história animada anexa ou outra a critério dos cursantes.
Após cada apresentação o Formador em 10 minutos fará os comentários pertinentes sobre o tema. É importante que
o formador acompanhe o projeto destas atividades e oriente os cursantes.
Caso só tenham 3 equipes no curso avançado os formadores devem aplicar a história animada.
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
“Livro da Jângal” – Rudyard Kipling
“A arte de contar histórias”
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CURSO AVANÇADO
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RAMO LOBINHO
RECURSOS EDUCATIVOS NA ALCATÉIA
TRABALHOS MANUAIS
Por meio do Trabalho Manual, o jovem poderá
descobrir um “passatempo” que o agrade quando
criança, sendo útil depois, quando adulto. Assim, é muito
importante que ele experimente os mais variados tipos de
técnicas, a fim de poder identificar estas situações.
Tudo na vida tem um objetivo. No Trabalho Manual
não é diferente. A aplicação de um Trabalho Manual
poderá atender:
a) ao Desenvolvimento Pessoal do Jovem –
aplicando trabalhos manuais que auxiliem a minimizar
determinadas carências, por exemplo, a falta de
concentração, a dificuldade com a coordenação motora
fina, a atenção...
b) ao desenvolvimento de Especialidades.
Etapas do Planejamento:
1- Objetivos a serem atingidos
2- Escolha do trabalho a ser realizado
3- Especificação do material a ser utilizado
4- Tempo de duração do trabalho
5- Ensinar ao jovem a trabalhar com o material
6- Avaliação do trabalho (de acordo com o nível e a
capacidade do jovem)
DRAMATIZAÇÕES
As dramatizações são minas de auxílio,
principalmente, para crianças que estão na idade do
drama, do faz-de-conta e da ficção como os Lobinhos.
É um processo valioso e muito popular de educação do
caráter, caracterizar-se e representar pequenas peças.
Às vezes é útil em ligação com as histórias contadas aos
Lobinhos. (B-P, 1985).
As dramatizações desenvolvem:
• percepções: auditiva e visual
• concentração
• a essência das emoções e das paixões
• a perda da inibição
• expressão: oral e corporal
• memória
• extroversão
• criatividade
• emoção
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• disciplina
• sociabilidade
• caráter
• auto-afirmação
• vida em equipe
A dramatização leva à livre expressão da imaginação
criativa – à expressividade da criança.
DRAMATIZAR = IMAGINAR
Fundamental para o processo de desenvolvimento
da inteligência.
Aplicação – de forma prática, envolvendo três
elementos essenciais:
1-Forma
2-Tema
3-Tipos
1. FORMA
Engloba os seguintes elementos: enredo,
organização das falas, expressão corporal, caracterização,
sonorização, iluminação e cenário.
CENÁRIO
• fonte inesgotável de atividade
• criatividade
• habilidade manual
• habilidade de montar um projeto de grupo
O cenário ajuda no entendimento do enredo e
facilita a criação de atmosfera para representar. O cenário
pode ser:
a) tridimensional – interior: objetos – época, situação
econômica, etc... –exterior: elaborar com papéis, bolas,
flores,...
b) Plano – pano pintado – árvores recortadas,
montagens
c) Um ou mais cenários – fechar a cortina
d) Miniatruras – fantoches – sombras de dedos, etc.
2.TEMA
Podem ser utilizados a partir de histórias, contos,
fábulas, passagens bíblicas, lendas, poesias, canções...
CURSO AVANÇADO
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As fontes existentes para escolha de temas para
dramatizações são inúmeras. A escolha do tema pode ser:
• livre – criam da melhor forma que entenderem
• balizado por um título (época, povo, ...)
Ex: Chegada em Marte. O rapto da Bruxa, ...
• direcionado – fábulas, parábolas, trecho da história
de Mowgli, ...
• dirigido – texto especialmente escrito para
representar com cenários, ...
3.TIPO
Entre os tipos de dramatizações podemos encontrar:
• Mímicas
• quadros parados
• Radionovelas
• operetas
• falas e versos
• jograis
• teatro de fantoches
• teatro de sombra
• teatro de vara
• grandes peças
A combinação destes elementos – forma, tipo e
tema – é que formará a apresentação, sendo admitidas
inúmeras variações.
PREPARAÇÃO PROGRESSIVA
As dramatizações são fontes de enriquecimento para
elaboração de nossas atividades. Devem ser aplicadas
progressivamente, a partir de desafios mais simples
(fábula conhecida é mais simples do que a palavra
lealdade, por exemplo) aumentando gradativamente o
grau de dificuldade quanto à montagem e encenação.
A preparação deve ser realizada através de músicas,
jogos (de observação, imaginação, ritmo, reflexos,
concentração de sentidos, expressão corporal), contar e
ouvir histórias, trabalhos manuais, jogos dramatizados,
brincadeiras com rimas, caracterizações.
Para atendermos aos Lobinhos mais tímidos, é
importante trabalharmos com tipos que não exijam a
exibição do corpo, como por exemplo: radionovela, teatro
de fantoches e de sombras.
Etapas do Planejamento:
•Objetivo
•Incentivação
• Tipo e duração
76
CURSO AVANÇADO
• Jogos a desenvolver
• Escolha da peça
• Ensaios e avaliações
• Montagem dos figurinos
• Ensaio geral
•Apresentação
• Avaliação final
Com base nos exemplos acima, fica fácil visualizar a
riqueza que as dramatizações representam na elaboração
das nossas atividades.
É importante salientar que as dramatizações devem
ser aplicadas progressivamente, oferecendo-se primeiro
desafios mais simples quanto ao tipo, ao tema e a forma,
assim: quadros parados são muito mais simples do que
fazer uma opereta e serão vencidos facilmente pelos
mais tímidos. Aliás, em se tratando de timidez, as formas
em que não se exige a exibição do próprio corpo são as
mais adequadas (exemplo: a radionovela e os fantoches
e sombras).
A dificuldade é também progressiva no tocante ao
tema: uma fábula conhecida é muito mais simples de
representar do que a palavra “lealdade”, por exemplo.
Finalmente, podemos alternar as solicitações feitas
aos jovens com a forma. Podemos por exemplo: oferecer
o enredo pronto, porém os jovens deverão desenvolver a
caracterização e o cenário. Isto será um excelente exercício
de criatividade. As dramatizações são preciosas também
porque se combinam vários recursos.
HISTÓRIAS: SUA IMPORTÂNCIA NO NOSSO MÉTODO
As histórias são muito usadas no nosso trabalho,
devido a inesgotável variedade de temas, os efeitos
educacionais conseguidos através delas, e, por último, não
tem qualquer exigência de recursos para sua aplicação.
Existem vários argumentos a favor das historias.
Para o lobinho, uma boa história constitui um favor, uma
maneira de crescer. Cada lobinho vai tomando para si
papel de herói, vai se vendo valente, leal, arrojado, amigo,
vencendo todas as dificuldades com sua sabedoria e
destreza. Aí não importa aonde e quando ele está a fazer
as mesmas coisas.
Esse é por certo o mais magnífico dom da criança,
o de poder se transformar em qualquer coisa que queira,
desde uma ilha deserta até em um avião. Esse dom se
desenvolve nela desde a mais tenra idade; quando esta
fazendo o papel de leão, não esta apenas imitando gestos
e ruídos, não esta imitando um leão, naquele momento ela
é um leão. Esse dom maravilhoso precisa ser alimentado e
ESCOTEIROS DO BRASIL
acalentado, senão se perde. É um direito das crianças que
lhe contem historias, elas lhe são tão necessárias como o
sol para os vegetais verdes.
O ideal que devemos alcançar é contar uma historia,
ao menos, uma vez por mês, e tal coisa não é difícil de
ocorrer na prática. Aqueles Velhos Lobos que nasceram
com o dom de contar histórias, não terão dificuldades
de contar uma infinidade delas, mas a maioria de nós
não teve esse tipo de sorte. Todos nós, por pior que nos
consideremos na arte de contar algum fato, podemos
com perseverança chegar a nos tornarmos bons relatores
e até mesmo geniais nesse tipo de arte.
É conveniente começar com histórias curtas
contadas a poucas pessoas, o sucesso que você vai obter o
incentivará a prosseguir. Devemos sempre pensar naquilo
que nossos lobinhos gostam e naquilo que queremos
ensinar. Tão importante como o ato de contar histórias é o
preparo que devemos ter para contá-las.
1.COMO USAR?
Sabemos que contar uma história por si só já é um
excelente recurso de auxilio para a progressão do jovem,
bastando para atingir o duplo objetivo: ENTRETER E
ENSINAR. Porém, à medida que vamos elaborando as
nossas atividades, começamos a combinar estes recursos,
e aí, as histórias aparecem em um papel de destaque.
Como introduzir os lobinhos a viverem uma reunião
especial, seguirem conosco para uma excursão aventureira
ou empolgarem-se com a trama de um grande jogo ou um
jogo noturno, se não criarmos inicialmente o ambiente
adequado? E a criação deste ambiente poderá usar de
caracterização e decorações cuidadosas, mas somente
terá sucesso se o chefe for muito habilidoso, que dará o
arranque inicial contando uma bela história. O mesmo se
dará, entre uma atividade e outra, o tema abordado, terá
nexo, seqüência, através do chefe que a está dirigindo, o
qual contanto pedaços da história enredo, irá ligando uma
parte a outra.
Assim, à medida que o chefe vai adquirindo
capacidade de fazer atividades mais complexas, vai
sentindo a necessidade de aperfeiçoar sua técnica de
contar histórias, o que se dará treinando, fazendo cursos
e através da própria dedicação, pesquisando em livros
sobre o assunto bem como buscando referência na
vasta literatura dedicada as idades dos lobinhos que
trabalhamos.
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2.PARA QUE USAR?
É desnecessário perdermos palavras para reafirmar
o óbvio, as crianças gostam de ouvir histórias! Partindose, então desde princípio inquestionável e vital para que
possa ser utilizado como recurso na progressão pessoal
do jovem, passemos a analisar os fins educacionais que
obtemos com essa pratica.
O primeiro argumento (já plenamente decorrido no
CB Lobinho) é a incapacidade da criança da faixa etária de
lobinhos de raciocinar, no abstrato. Assim, virtudes, maus
hábitos, defeitos ou esforços louváveis, que interferem
no comportamento social do individuo, gerando
conseqüências na sua vida, não podem ser entendidos
com esta clareza pelos lobinhos. Há falta, também, de
referencial para eles, capaz de associar uma questão de
comportamento a um fato, fulano agiu assim e deu-se
mal... A falta de lealdade de beltrano fez a verdade vir à
tona. Se nós adultos, com tanta vivência muitas vezes
nos perdemos para associar tendências a fatos, prever se
determinada atitude levará ao melhor, o que pensar das
crianças, vivendo tão poucas experiências e com o mundo
todo a descobrir!
A história trará este referencial, transformará o
abstrato no concreto. O povo macaco sem lei e disciplina,
aparentemente só brincava, mas padecia de fome e de
doenças. Tabaqui não tomava partidos, não tinha, porém,
nenhum amigo verdadeiro. A cigarra cantou no verão,
mas chorou no inverno. A perseverante e lenta tartaruga
venceu a lebre.
A história traz o abstrato ao entendimento dos
lobinhos, e com isso municia-os de experiências que
aumentarão sua vivencia e também aumentando suas
possibilidades dentro do relacionamento social.
O trabalho do Escotista com estas figuras, que
sintetizam uma série de conceitos, proporcionará,
também que ele conheça melhor os seus meninos, que
expressando suas opiniões dentro do concreto que é a
temática da própria história, manifestarão os sentimentos
abstratos que povoam seu íntimo.
A conversa em torno da história é o momento ideal
para atribuir às palavras uns significados concretos, reais,
dirimir preconceitos e idéias falsas.
As histórias aumentam, também o horizonte dos
ouvintes, com elas, eles “conhecem” a “China”, as “Arábias”,
“pisam na Lua”, voam através do tempo, da pré-história aos
dias de hoje, travam conhecimentos com fadas, duendes,
monstros e heróis.
Estas emoções semeiam a imaginação e estimulam
a criatividade.
CURSO AVANÇADO
77
Em última análise as histórias ensinam a criança
crescer e a pensar.
3.ONDE ENCONTRÁ-LAS?
Os Chefes de Lobinhos não podem esperar que vão
adquirir um repertório de histórias infantis, nos cursos
de formação, nem tão pouco que um “raio do dom da
criatividade” cairá sobre eles juntamente com o cordão da
Insígnia da Madeira.
Embora estas palavras pretendam ser apenas uma
brincadeira, às vezes agimos como se assim fosse...
É preciso muito esforço e dedicação de cada chefe
para estudar o mundo a que pertencem nossas crianças.
Temos que pesquisar, ler literatura especializada,
ler literatura feita para eles, inteirar-se do currículo
escolar, conhecer seus heróis, sejam eles pertencentes
aos desenhos animados ou historias quadrinhos, assistir
filmes, conhecer suas brincadeiras e preferências.
E só dessa forma que saberemos escolher, dentro
de um repertorio formado, qual historia se adapta aquela
situação comportamental que desejamos (ou precisamos)
abordar. Qual historia infantil será melhor para o enredo
básico daquela excursão ou reunião especial.
Nosso fundo de cena esta fincado na Jângal, e desta
preciosíssima história tiramos nossos exemplos principais,
dela tiramos a linha mestra da meta que iremos atingir.
Porém, o excesso de apelos a que a criança esta
sujeita nos dias de hoje, faz com que diversas outras
fantasias apontem no seu cenário (porem, infelizmente,
quase nenhuma delas objetivando construir algo na
criança) e assim, nós não podemos ficar indiferentes a
essa situação. É preciso que, sem abandonar os propósitos
do Livro da Jângal, façamos atividades utilizando outros
personagens, com intuito de auxiliar em nossas reuniões.
Assim é necessário estudar, pesquisar, testar e
treinar, uma historia levará a outra, uma idéia daqui junto
com outra de lá, surgirá uma terceira inteiramente nova,
somando-se assim, as diversas idéias aprendidas, as
próprias criadas formando um manancial inesgotável de
matéria prima para uso em nossas programações.
É importante, para orientar a escolha dos textos
úteis, saber exatamente os interesses predominantes de
assuntos na faixa etária que trabalhamos.
7 anos - aventuras no ambiente próximo;
- família, comunidade;
- histórias de fadas
8 anos - histórias de fadas;
- histórias vinculadas a realidade
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CURSO AVANÇADO
9 anos- histórias de fada com enredo mais elaborado;
- histórias humorísticas;
- aventuras, narrativas de viajem, explorações,
invenções
10 anos - fábulas, mitos e lendas.
4.COMO ESTUDÁ-LAS?
Estudar uma história é em primeiro lugar, divertirse com cada uma, captar a mensagem que nela implícita
e em seguida, após algumas leituras, identificar os seus
elementos essenciais.
Uma história pode ser compreendida em quatro
partes:
- INTRODUÇÃO
- ENREDO
- PONTO CULMINANTE
- DESFECHO
INTRODUÇÃO: É o que situará os ouvintes no tempo
e no espaço, apresenta os principais personagens. Ela deve
ser clara, sucinta, curta, mas o suficiente para esclarecer os
componentes que comporão a história.
Se a versão original não satisfizer todos os requisitos
acima, caberá ao narrador, com sua imaginação completála.
ENREDO: A sucessão de episódios, os conflitos
que surgem e a ação do personagem forma o enredo.
É importante destacar o que é essencial e o que são
detalhes.
O essencial deve ser rigorosamente respeitado, já
os detalhes podem variar conforme a criatividade do
narrador, a situação que se deseja abordar ou o tipo de
audiência.
As histórias da Jângal são todas muito ricas em
detalhes, porém, de linguagem árida, difícil para a
compreensão da criança. É preciso então “captar” o
essencial da história, a sucessão de fatos que levará a
mensagem.
Tomamos, por exemplo, as Caçadas de Kaa, o que é
importante?
• A repreensão de Baloo
• A conversa de Baloo e Bagheera
• O rapto de Mowgli
• A forma de persuasão a Kaa
• O auxílio de Chill
• A recepção a Mowgli
• O comportamento dispersivo dos macacos
• A decepção de Mowgli
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E assim por diante.
Agora, a louca corrida dos macacos levando Mowgli
entre as árvores, a discrição da cidade perdida, a descrição
de cada golpe de batalha, são detalhes, pertence muito
ao narrador que imprimirá as suas próprias características
a eles.
PONTO CULMINANTE: Em uma história bem
produzida, o ponto culminante surge como uma
conseqüência natural dos fatos narrados ordenado e
sucessivamente. Uma história poderá conter vários pontos
de emoção. Ainda em Caçadas de Kaa:
• Aceitará Kaa acompanhar o urso e a pantera?
• Os três chegarão ao destino?
• Mowgli realmente ficará como rei do povo
macaco?
Mas, indubitavelmente é o desfecho da batalha
que se constitui do clímax da questão. O narrador
deverá estudar a intensidade da emoção em cada fato,
identificando, porém, qual o seu ponto culminante.
Deverá estudar, também, as estratégias para despertar as
sensações desejadas para cada fato.
DESFECHO: A história seguindo em um crescente,
atingiu o ponto culminante e agora somente o que resta
é terminá-la! A conclusão poderá ser simples, sem fazer
alusão a moral da história ou lições que elas encerram.
Uma boa narração expõe a conclusão, cabe aos ouvintes
captá-las. Pode-se fazer um debate sobre a história depois
da narração, mas isto seria uma outra atividade e as
conclusões obtidas não fariam parte da narrativa.
No estudo da história, devemos identificar as quatro
fases, a fim de darmos o tratamento adequado a cada
uma. É muito útil também fazer uma sinopse da história,
que serviria de base para treino e para a identificação da
necessidade de utilizar algum recurso e como preparálo. Seria ideal que a história estivesse bem treinada,
para dispensar no momento da narração a utilização da
sinopse, porém, se tal acontecer, ela servirá como um bom
apoio.
5.COMO NARRÁ-LAS?
Contar história é uma arte que poderá ser nata
em uma grande parcela de elementos que procuram
a atividade de educador, porem, a um nexo em pensar
que, embora essa qualidade não seja visível em alguns,
certamente haverá em todos que procuram um trabalho
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com crianças, uma predisposição, um dom “escondido”
que poderá eclodir mediante treino, estudo e observação
de algumas lições didáticas.
Alguns elementos importantes para narrar uma
história:
CONVERSA INFORMAL – é útil antes de iniciar
a conversa propriamente dita, iniciar um bate-papo
informal o que evitará interrupções ou constrangimentos.
Por exemplo: Vou contar uma história sobre uma fazenda.
Alguém já foi em uma? Isto evitará interrupções do tipo:
quando eu fui à fazenda do meu tio... Quando eu tomei
o trem para... etc. Esta conversa também identifica se
a história poderá ferir alguma sensibilidade, o que, em
sendo o caso poderá ser suspensa a tempo.
HORA E LOCAL – Os lobinhos deverão sentar-se
em círculo com o narrador fazendo parte do mesmo, é
interessante ser usada após um jogo movimentado, pois,
a energia estará mais descarregada e a atenção será maior.
É conveniente não utilizar o recurso de contar histórias
após as refeições e tarde da noite, a atenção poderá ser
pequena.
INTERRUPÇÕES – É raro ocorrer, interrupções
se a história estiver bem contada, mas existem casos.
É conveniente não interromper a narração de forma
alguma, um gesto, um sorriso, no máximo, uma palavra,
deverá brecar o ouvinte mais inquieto.
INTENSIDADE – A intensidade da voz deve variar de
acordo com as emoções que se deseja passar. O narrador,
porém, não deve constituir-se em um ator, gesticulandose e movendo-se freneticamente, isto roubará a atenção
ao enredo, fixando-se no ator.
CLAREZA – O narrador deverá treinar para concluir
qual é o volume de voz que necessita para ser ouvido por
todos sem gritar. É comum o fracasso de uma boa narração,
palestra ou esquete, simplesmente, porque o público não
a ouve. Outro cuidado que se deve tomar é com a dicção,
o que também é um treino. É de importância fundamental
ao lidar com crianças o uso de vocabulário adequado ao
entendimento delas. Uma palavra desconhecida, em uma
frase chave, levará a ruína talvez o objetivo principal: a
conclusão da história. Incômodos indesejáveis são os
“tiques”: não é? Certo? E daí... Inúmeras vezes repetidas
devem ser banidas mediante disciplina e auto controle.
CURSO AVANÇADO
79
Em resumo, uma boa narração, precisa, antes de
tudo, de absoluta segurança e naturalidade, e isto só se
consegue por quem está perfeitamente entrosado com
o assunto, domina a técnica e está convenientemente
preparado para contá-la.
Entretanto nada disso funciona se o contador de
histórias não gostar de crianças e não se divertir tanto
quanto elas com a história. Funciona, quando é capaz
de sentir que o ato de narrar é uma interação integral e é
capaz de captar com sensibilidade a mensagem implícita
na narrativa.
DOBRADURAS – Outra arte que pode representar
muito mais figuras que nossa imaginação pode alcançar.
Realmente não é uma técnica acessível a todos, mas há os
que fazem e o efeito é surpreendente.
6.RECURSOS AUXILIARES
INTERAÇÃO COM A PALESTRA – Poderá ser feita
uma canção para ser usada em momentos chave: no
perigo, quando aparece determinado personagem.
Poderão também ser usados gestos, um para cada
personagem (é claro que são gestos discretos para não
tumultuar). Ao contrário do que parece, este recurso não
desvia a atenção, prende-a.
Em: “uma caixa de Pandora”, o artifício é uma caixa
vistosa, fechada, colocada, antes, em cima da mesa. Os
ouvintes ficam curiosos para saber o que há dentro da
caixa e pode compreender melhor a simbologia do mito.
No final convido um menino e uma menina para abrir a
caixa e distribuir o seu conteúdo, bombons para alegria
geral.
A narração poderá ter como suporte diversas
técnicas, cada qual constituindo-se em um novo desafio
para os chefes, no tocante e aperfeiçoar seu conhecimento
de aplicação. São alguns exemplos:
USAR O PRÓPRIO LIVRO – Se a história for baseada
em livro com boas e fartas ilustrações, o mesmo poderá
ser levado e sendo apontadas as figuras correspondentes
ao momento da narrativa.
COM GRAVURAS – Fazer uma seqüência de quadros
(ampliados dos próprios livros, ou, fotografados, sendo
nesse caso, projetados em slides) que serão expostos à
medida que a narração evolui.
COM FIGURAS SOBRE O CENÁRIO – O cenário será
um quadro básico, e as figuras (talvez cada personagem
em algumas posições diferentes) irão compondo as cenas
conforme o desenrolar. As figuras poderão ser presas com
tachinha ou do tipo flanelográfico (feltro no quadro e
lixa grossa nas figuras) ou com “velcrom” colado uma das
partes no quadro e a outra nas figuras.
FANTOCHES – São muito apreciados pelas crianças
e podem ser usadas por mais de um narrador.Outra
vantagem é ter o roteiro escrito, o que facilitará bastante a
tarefa. Existe uma técnica para o trabalho com fantoches,
cujo acesso deve ter-se através do curso técnico respectivo
ou de literatura apropriada.
TEATRO DE SOMBRAS – O mesmo processo que o
quadro de figuras móveis, porém, com uma vantagem,
não há necessidade de ter-se um bom desenhista na mão,
basta somente o desenho de silhuetas.
80
CURSO AVANÇADO
MAQUETE – Também alcança um profundo sucesso
e é mais simples do que parece, uma floresta de papel
crepom, uma casinha de papelão e pequenos bonecos de
feltro comandados por um contador habilidoso, operara
maravilhas historia “Embriagues da Primavera”, por
exemplo.
CONTAR HISTÓRIAS É UMA ARTE SEM IDADE E...
IMAGINAR É PRECISO...
HISTÓRIA ANIMADA
Na História animada os lobinhos , a medida que
vão escutando a história vão vivenciando a mesma,
participando de algumas atividades .
Segue sugestão de História animada que pode ser
aplicada no curso , para o sucesso da mesma é essencial
que os cursantes ou formadores do curso que forem
contar as histórias estejam bem caracterizados.
HISTÓRIA ANIMADA
“Os Pequenos Gêmeos e o malvado Wakon”
O Sol, Pacha-Kamac, era o Deus do céu. Sua mulher
Pacha-Mama, a lua, era a deusa da terra. Eles tinham um
casal de filhos gêmeos, chamados Willcas.
Um dia ao anoitecer, Pacha-Kamac morreu afogado
no mar, transformando-se em ilha. A partir desse dia
os dias se tornaram uma eterna noite. Então a viúva
ESCOTEIROS DO BRASIL
Pacha-Mama decidiu fazer uma grande viagem com seus
filhinhos.
Os Willcas não sabiam que o pai tinha morrido.
Pensavam que estava perdido na escuridão. Por isso
quando avistaram uma pequena claridade, acharam que
fosse o pai e pediram a mãe para ir até lá. Porém o fogo
que ardia era a caverna de um homem muito estranho e
sujo, chamado Wakon. Ao chegarem perto o homem se
aproximou e mandou-os entrar. Wakon estava cozinhando
e pediu aos meninos que fossem buscar água, porém este
lhes deu uma vasilha rachada e as crianças demoraram
muito para voltar à suja caverna.
Na ausência das crianças, Wakon quis namorar
Pacha-Mama. Esta porém rejeitou. Ele furioso matou-a.
Quando os Willcas voltaram e perguntaram pela mãe, ele
lhes disse que ela havia viajado.
O tempo passava e as crianças esperavam muito
triste a mãe. Um dia passou voando sobre a caverna um
pássaro, que contou as crianças tudo sobre a morte da
mãe, e para ajudá-los disse-lhes para aproveitar a hora
que Wakon estava dormindo, amarrar seus cabelos na
pedra e fugir.
As crianças mais que depressa amarraram o cabelo
e fugiram. Na correria encontraram com Anãs, mãe das
raposas, e apavorados contaram a ela a triste historia. A
velha pediu para que ajudassem num serviço e adotou-os
como netos.
Os meninos aceitaram e finalmente puderam
descansar da correria.
O tempo passou e um dia as crianças souberam que
Wakon havia morrido. As crianças cansadas de comer
comida de raposa pediram a Anãs para ir ao campo
pegar batatas. Anãs deixou e os Willcas partiram felizes.
Estavam colhendo batatas quando encontraram uma
batata especial, muito doce e parecendo uma boneca.
Começaram então a brincar com ela, mas a batata se
partiu. Tristes por terem perdido o brinquedo acabaram
dormindo. Quando acordaram a menina disse ao irmão
que sonhou que jogava as coisas para o céu mas não
voltaram. Os Willcas pensativos sem saber que explicação
dar ao sonho, viram uma corda descendo do céu. Neste
momento, Anãs e o pássaro aconselharam os dois irmãos
a subirem a corda, onde encontrariam seu pai e sua mãe.
Chegando lá o grande Deus Pacha-Kamac transformou
o Willca menino em sol e a Willca menina em Lua, para
que através deles o céu, enviasse chuva para as plantas
crescerem e para os animais nascerem e crescerem para
ajudar o homem a servir de alimento.
ESCOTEIROS DO BRASIL
1ª parte:
Quando terminar de contar a história, haverá o
começo da história animada, com pista cega.
Material: Lenços, sisal, bolas de encher
2ª parte:
Wakon – Estou sem água e preciso cozinhar, eu sei
que vocês querem continuar o caminho e posso ajudá-los
se vocês me trouxerem a água de que preciso. Dará um
copo furado para encher 2 pratos fundos.
Material: 2 copos furados, 2 pratos fundos, água
3ª parte:
Pássaro – Vocês estão sendo enganados por Wakon.
A mãe de vocês está morta e o assassino foi Wakon eu sei
como vocês podem se libertar. É só vocês amarrarem o
cabelo de Wakon na pedra quando ele estiver dormindo e
saírem correndo. E aqui vocês podem treinar.
Atividade: Amarrar 3 gravetos no alto
Material: Sisal, bambu
Vocês agora podem continuar o caminho, pois já
estão libertos de Wakon, e eu sei que o caminho até Anãs
é pelo alto e ao chegarem no final terá uma mensagem.
Atividade: Falsa Baiana e no final mensagem.
Material: Cordas, mensagem
Mensagem: Será feita no local.
4ª parte: Anãs – Eu sou a mãe raposa e sei que
vocês estão apavorados e sós. Vocês podem ficar me
ajudando. Está na hora do almoço e preciso que vocês
tragam a comiga pronta para mim e para vocês.
Atividade: Fazer fogueira e cozinhar a salsicha
Material: Espeto de churrasco, salsicha e fósforo
CURSO AVANÇADO
81
ANOTAÇÕES
82
CURSO AVANÇADO
ESCOTEIROS DO BRASIL
UNIDADE DIDÁTICA | CURSO AVANÇADO - ESCOTISTA
JORNADAS, CAMINHADAS E ESCALADAS
Duração
210 minutos
Objetivos Gerais
Reconhecer a importância de organizar jornadas, caminhadas e escaladas com
responsabilidade e segurança.
Objetivos Específicos
• Diferenciar jornada, caminhada e escalada;
• Utilizar corretamente a bússola para tirar azimutes;
• Conhecer os procedimentos para organização de uma jornada, bem como as orientações
quanto à segurança deste tipo de atividade;
• Adquirir conhecimentos para aplicar um percurso de Gilwell;
• Reconhecer as competências que podem ser trabalhadas nessas atividades.
• Trabalhar com mapas
Conteúdo
• Definição de jornada, caminhada e escalada;
• Uso de bússola;
• Percurso de Gilwell;
• Organização de uma jornada;
• Segurança em atividades de jornada;
Material
• Cartas prego;
• Bússola;
• Pranchetas;
• Tabelas para preenchimento do percurso de Gilwell.;
• Mapas;
PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO
Tempo (minutos)
Tema
Metodologia
20
Jornada, caminhada e escaladas (ênfase nos procedimentos
para organização e segurança de uma jornada)
PL
30
Bússola e percurso de Gilwell
TG
150
Vivenciando uma jornada
TG
10
Avaliação
PL = Palestra
ESCOTEIROS DO BRASIL
TG = Trabalho em Grupo
CURSO AVANÇADO
83
DETALHAMENTO DA METODOLOGIA
Jornada, caminhada e escaladas (20 minutos)
O formador deverá descrever as principais diferenças entre jornada, caminhada e escaladas, demonstrando como
estas atividades se desenvolvem em cada ramo, levando em consideração a progressividade de um ramo para outro.
A ênfase desta unidade será a organização de jornadas, devendo ser abordados os seguintes conteúdos:
• Objetivos educativos da jornada;
• Preparação do jovem antes da jornada;
• Preparação do escotista antes da jornada;
• Jovem durante a jornada;
• Atuação do escotista durante a jornada;
• Cartas-prego e relatório;
• Segurança.
Bússola e Percurso de Gilwell (30 minutos)
Ao ar livre, o formador deverá ensinar para os cursantes como tirar azimutes e fazer o percurso de Gilwell.
Nesse momento é importante que os cursantes manuseiem a bússola e compreendam o funcionamento do percurso
de Gilwell, pois ambos os conhecimentos serão necessários para a jornada vivencial que será realizada na sequência.
Vivenciando uma jornada (150 minutos)
Os cursantes realizarão uma jornada especialmente elaborada pela equipe do curso.
Para organização desta jornada, a equipe do curso deve se ater aos seguintes pontos:
• Percurso: deve ser definido e preparado antes do curso. Um percurso de 5 ou 6 km são suficientes para trabalhar os
objetivos propostos nesta unidade.
• As cartas-prego, bem como as atividades e tarefas que serão realizadas durante a jornada, devem ser cuidadosamente
elaboradas. Seu caráter educativo deve ser considerado. Brincadeiras sem sentido e “pegadinhas” não tem espaço
nessa atividade.
• A equipe do curso deve verificar todos os aspectos de segurança relacionados ao percurso. As regras de segurança
devem ser claras e todo esquema deve ser percebido pelos participantes.
• A lista de materiais deve ser enviada para os cursantes antes do curso.
• A critério da equipe de formadores, os cursantes poderão acampar fora do local onde está sendo realizado o curso
(chácara, fazenda, etc).
• Recomendamos que a jornada seja realizada no período noturno, pois o clima é mais ameno.
Ao final da jornada, o formador responsável deverá reunir todos os cursantes para uma avaliação, reforçando
os aspectos educativos que este tipo de atividade envolve, bem como a percepção dos cursantes quanto aos
procedimentos de segurança.
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
Livro Padrões de Atividades Escoteiras - União dos Escoteiros do Brasil 2013
Guia da Aventura Escoteira – Rumo e Travessia
Guia do Desafio Sênior
Livro Acampar e Explorar - União dos Escoteiros do Brasil
Última atualização: 02/04/2014
84
CURSO AVANÇADO
ESCOTEIROS DO BRASIL
JORNADAS, CAMINHADAS E ESCALADAS
DIFERENÇAS ENTRE JORNADAS, CAMINHADAS E ESCALADAS:
Jornada
É uma atividade ao ar livre, em área não urbana,
onde os participantes deslocam-se por um trajeto de
pelo menos 12 km por qualquer meio de locomoção
não motorizado com pernoite em barraca, bivaque ou
acantonamento.
Caçadas/caminhadas
São atividades ao ar livre realizadas pelo Ramo
Lobinho. Elas são frequentes na programação da Alcateia e
possibilitam a vivência de muitas aventuras e descobertas
de coisas, lugares e pessoas. As caçadas podem ser
realizadas no campo ou na cidade e utiliza diferentes
meios de transporte. As caçadas podem durar um período
ou um dia inteiro; elas tem forte impacto educativo e
mantêm as crianças em permanente empolgação.
Escalada
É considerada escalada toda ascensão difícil ou
impossível de se fazer apenas com os membros inferiores
(pernas e pés), e que requer o uso de extremidades
superiores (braços e mãos). Basicamente são duas formas
principais de escalada: natural e artificial. Enquanto a
escalada livre ou natural as mãos e os pés são usados
como elementos de progresso, na escalada artificial
diferentes tipos de ferramentas ou materiais são usados
para ajudar na progressão.
ORGANIZAÇÃO DE JORNADAS
A jornada é uma aventura que o jovem, a Patrulha,
Equipe ou a Tropa desenvolve em contato com a
natureza. A jornada não é apenas um exercício físico, mas
principalmente uma oportunidade de se desenvolver em
vários aspectos, tais como cultural, história, observação,
consciência ecológica, sociabilidade, respeito mútuo e
outros. Uma jornada propicia a oportunidade do jovem
conquistar competências relacionadas a todas as áreas
de desenvolvimento: física, intelectual, social, afetiva,
espiritual e de caráter. Para que uma jornada tenha
sucesso, ela deve ser planejada com antecedência.
ESCOTEIROS DO BRASIL
Progressão nos Ramos
Ramo
Lobinho
Ramo
Escoteiro
Ramo
Sênior
Ramo
Pioneiro
Realiza
caminhadas
Jornada
nas etapas
Jornada de
Projeto de
curtas,
excursões
de Rumo /
Travessia.
Patrulha.
viagem
Não realiza
jornadas
de longa
duração,
com
pernoite,
como é
realizado
nos demais
ramos.
Jornadas de
Patrulha.
Realiza
jornada
utilizando
outros
meios de
transporte
(por ex.
bicicleta,
embarcado)
Percurso das
jornadas
de Ramo
Escoteiro
tem
distância
média de 12
km.
Percurso das
jornadas
de Ramo
Sênior tem
distância
média de 15
km.
A tabela acima apresenta uma orientação geral.
Obviamente, guardadas as características dos jovens que
integram a seção, essas atividades podem variar em seu
grau de complexidade e variações.
A jornada como ferramenta educativa, propicia que o
jovem:
- Vivencie desafios pessoais;
- Tome suas próprias decisões;
- Assuma responsabilidades;
- Resolva problemas;
- Coloque em prática as técnicas escoteiras aprendidas;
- Desenvolva suas potencialidades;
- Aceite limitações;
- Oriente forças e impulsos;
- Desenvolva a espiritualidade por meio da reflexão;
- Avalie e enfrente riscos.
CURSO AVANÇADO
85
Treinamento do jovem para a jornada:
- Verificar que tipos de tarefas o jovem poderá desenvolver;
Antes de oportunizar atividades como jornadas para
os jovens, eles devem ser capacitados em:
- Verificar o local do pernoite e os locais de desenvolvimento
de tarefas. Solicitar autorização para o proprietário e
explicar para ele o que é uma jornada e o que os jovens
fazem;
- Técnicas escoteiras: mochilas, barraca, material individual
e de patrulha, cardápio balanceado, comida mateira,
fogueiro, lampião, bússola, medidas pessoais e percurso
de Gilwell;
- Técnicas de relacionamento: postura junto à comunidade
e junto aos companheiros de jornada;
- Técnicas de segurança quanto ao uso dos materiais de
campo, tais como ferramentas de corte, cuidados com
fogueira e segurança pessoal;
- Técnicas de limpeza dos materiais, do local e pessoal.
Tarefas do jovem antes da jornada:
- Escolher um ou mais companheiros para acompanhá-lo
na jornada;
- Preparar um plano de jornada para apresentar ao
escotista responsável pela Tropa;
- Preparar os materiais individuais que vai levar na jornada;
- Preparar os materiais de campo e dividi-los com todos os
participantes da jornada;
- Verificar os recursos de segurança: postos policiais,
telefones públicos e os recursos de emergência: posto de
saúde e hospitais;
- Verificar o plano de jornada que o jovem deve fazer antes
da jornada. Este plano inclui: cardápio, material individual,
barraca, esquemas de emergência e de segurança,
objetivos da jornada e tarefas que gostaria de realizar. Esta
verificação deve ser feita em um clima de cordialidade e
cooperação. O escotista procura orientar o jovem para
que sua jornada seja inesquecível. Isto inclui refeições
saborosas, roupas e sapatos adequados, materiais
individuais úteis.
- Verificar se os companheiros do jovem que estão fazendo
a jornada também estão preparados, pois eles também
devem colaborar carregando o material e dividindo
tarefas com o jovem que está desenvolvendo a atividade;
- Verificar se os jovens estão em boas condições de saúde
para realizar a jornada;
- Preparar o estojo de 1º socorros;
- Verificar se os jovens conhecem as regras de segurança
específicas relacionadas com os meios de transporte que
vão utilizar e as regras de trânsito, especificamente sobre
caminhar em estradas;
- Levar um telefone celular ou rádio HT para comunicação
de emergência;
- Explicar aos pais dos jovens como será realizada a
jornada;
- Todos devem entregar para o escotista responsável a
autorização de seus pais para participar da jornada;
- Quando utilizar bicicleta, seguir as normas do Código
de Trânsito Brasileiro, usando capacete, levando material
para reparos de emergência e equipando a bicicleta com
os materiais necessários à segurança;
- Separar seus documentos para levar na jornada.
Tarefas do escotista antes da jornada:
- Orientar sobre os registros das tarefas, pois irão compor
o relatório que deverá ser feito com qualidade.
- Treinar o jovem nas técnicas escoteiras acima citadas;
- Escolher o local da jornada e percorrer o trajeto;
- Verificar se o local é seguro e interessante para uma
jornada;
86
CURSO AVANÇADO
TAREFAS QUE PODEM SER REALIZADAS DURANTE A
JORNADA
Propiciar atividades relacionadas com: fauna, flora,
saúde, comércio, pecuária, recursos minerais, população,
ESCOTEIROS DO BRASIL
agricultura, meio ambiente, indústria, meios de transporte,
educação, recreação e turismo.
vida em contato com a natureza para refletirem sobre
atitudes e vida espiritual.
Orientações para o escotista durante a jornada:
CARTA DE AGRADECIMENTO: Os jovens entregam às
pessoas que os auxiliam durante a jornada (acampamento,
tarefas etc).
- Realizar a supervisão/acompanhamento de uma forma
discreta sem interferir ou atrapalhar a jornada. Esta
verificação pode ser feita por pais, outros escotistas ou
pessoas de confiança que se dispuserem a colaborar.
- Recomendar aos jovens utilizarem o vestuário/uniforme
escoteiro durante a jornada, pois os identifica como
membros do Movimento Escoteiro.
Orientações para os jovens durante a jornada:
- Portar seus documentos;
- Seguir todas as recomendações de segurança
estabelecidas;
- Ter dinheiro suficiente para seu uso;
- Para jornadas com poucos jovens, após o término da
jornada, os jovens deverão entrar em contato com o
escotista o mais rápido possível, anunciando sua chegada.
Cartas-prego
Uma das formas dos jovens receberem orientações
sobre o desenvolvimento das tarefas e recomendações
sobre a jornada é por meio de cartas.
Exemplos de cartas:
CARTA DE APRESENTAÇÃO: mensagens de incentivo e
orientação sobre a jornada.
Relatórios:
Após a realização da jornada, é recomendável que o
jovem apresente um relatório escrito de sua aventura. O
relatório deve ser caprichado, claro, conciso e limpo.
Quem prepara um relatório deve ser um bom
observador prestando atenção em: fatos, lugares,
natureza, objetos, pessoas, clima, horário, etc.
Apresentação de relatórios:
Existem várias formas de apresentar um relatório.
De uma forma geral podemos citar que um relatório deve
conter os seguintes itens:
- Folha de rosto;
a) Título – tema central do relatório;
b) Identificação – nome dos autores do relatório, local da
jornada e período que a jornada se desenvolveu.
- Desenvolvimento das tarefas;
- Conclusão e recomendações para os outros jovens
que venham a desenvolver projetos semelhantes ou dar
continuidade ao mesmo;
- Data e assinaturas dos autores do relatório;
CARTA DE EMERGÊNCIA: telefones dos escotistas e de
outras pessoas que poderão ajudar se necessário, assim
como orientações aos jovens de como proceder em caso
de uma emergência.
- Anexos como mapas, amostras, fotografias, documentos,
etc.
CARTOGRAFIA
CARTA DE SEGURANÇA: dicas de segurança, lembretes
e procedimentos no caso de enfrentar problemas. Ex:
trajeto com muitos cachorros, trânsito, etc.
CARTAS COM TAREFAS: tarefas que os jovens irão realizar
durante a jornada. Servem também para orientar o trajeto
que o jovem está fazendo.
As Cartas Topográficas: são representações gráficas
de uma zona geográfica determinada, de onde por um
código é possível identificar com clareza os elementos
principais e relevantes de um terreno.
CARTA DE REFLEXÃO: reflexão sobre a Lei e a Promessa
Escoteira ou outro assunto que o escotista considerar
adequado para o momento. Aproveitar o momento da
ESCOTEIROS DO BRASIL
CURSO AVANÇADO
87
Exemplo de carta topográfica
Atualmente as cartas são muito exatas: são baseadas
em fotografias aéreas tiradas de uma altitude bem elevada
e transpassada a um plano por um cartógrafo com a ajuda
de computadores. Existem vários tipos de cartas e mapas,
desde os turísticos, de estradas, topográficos, geológicos,
etc. A diferença entre mapa e carta é que os mapas
abrangem grandes regiões: o mundo, países, estados
e municípios ou quaisquer outras. Podem fornecer
informações políticas, geográficas, climáticas, etc. Já
as cartas são representações dos aspectos naturais e
artificiais da Terra, destinada a fins práticos da atividade
humana, permitindo a avaliação precisa de distâncias,
direções e a localização plana, geralmente em média ou
grande escala, de uma superfície da Terra, subdividida em
folhas, de forma sistemática, obedecido um plano nacional
ou internacional (ABNT). Elas abrangem áreas menores e
são as que nos interessam para as caminhadas.
A escala: é o sistema que permite desenhar os
elementos de tamanho natural, porém com dimensões
reduzidas. Esse processo é muito útil, sobretudo na
confecção das cartas. A escala associa as medidas reais
do objeto com as que se têm no plano. Pode ser em
centímetros, metros, polegadas, milhas, pés, entre outras.
Se disser ESCALA 1:2, significa que um centímetro
no plano equivale a dois centímetros no real. No caso das
cartas, são usadas escalas maiores como por exemplo,
1:50.000; um centímetro da carta corresponde a 50.000
centímetros ou 500 metros no terreno. Quanto maior a
escala, maior a região de abrangência e menor os detalhes.
Quanto menos a escala, menor a região de abrangência,
porém possuem mais detalhes.
Para medir as distâncias na carta, bastará olhar
a escala que aparece nele e com a ajuda de uma régua
pode-se calcular as distâncias lineares existentes entre
os pontos a averiguar. Querendo saber quanto será
necessário percorrer em um caminho sinuoso, recorra a
um cordão ou linha e coloque-o sobre a carta, na rota a
seguir. Depois estique e meça com a régua, ou com a escala
gráfica existente no rodapé da carta, o comprimento
total do percurso. Existe um instrumento chamado
curvilímetro que possui uma rodinha. Ao passar pelas
curvas da carta, ele marca diretamente no visor a distância
percorrida em função da escala da carta topográfica.
ESCALA GRÁFICA
O relevo de um terreno se expressa com linha que
unem os pontos de uma mesma altura. Essas linhas são
chamadas de curvas de nível. Geralmente é desenhado a
cada 20 metros (a distância vem no rodapé) e com elas
se pode ler uma carta e identificar se o terreno é plano,
montanhoso ou com queda suave. A distância entre as
linhas indicará a declividade: quanto mais espaçadas,
mais suave será a queda. Para se saber a direção das águas
de um curso, por exemplo, deve se levar em consideração
que ele corre do ponto mais alto para o mais baixo.
Para ler uma carta e saber como é o relevo coloque um
papel semitransparente sobre ele e com um lápis marque
uma linha reta onde pretenda fazer o levantamento.
Com a ajuda de um esquadro baixe os pontos a
uma grade dividida em cotas de igual distância, fixando
nos indicadores da carta. Una posteriormente os pontos
da intersecção e o resultado será um corte topográfico
do terreno. Com a prática será possível distinguir e
reconhecer os acidentes geográficos só olhando as cotas
de nível e a forma que tem no plano.
Curvilímetro
88
CURSO AVANÇADO
ESCOTEIROS DO BRASIL
Para se orientar por um carta topográfica é preciso
entendêla. Com a ajuda de uma bússola oriente o norte
magnético que é indicado no selo dela. As cartas e mapas
sempre indicam o norte para cima e basta abri-los para
saber os pontos cardeais.
TÉCNICA DE TRIANGULAÇÃO
Depois de orientar a carta, caso queira saber a posição
em que se encontra, utilize a técnica de triangulação.
Basta localizar pelo menos três pontos reconhecíveis
ou de referência no terreno, e com a bússola ache seus
azimutes.
Depois, somando ou subtraindo 180° nos mesmos
pontos da carta, teremos o contraazimute. Basta traçar os
rumos inversos de cada ponto escolhido. No cruzamento
destes, estará aproximadamente tua posição.
CONVENÇÕES CARTOGRÁFICAS
Para que a leitura das cartas seja mais fácil, temse estabelecido certos símbolos convencionais que
se aplicam em todo mundo. Todo explorador deve
reconhecê-los e saber perfeitamente seus significados.
ESCOTEIROS DO BRASIL
CURSO AVANÇADO
89
De todo modo, sempre há na legenda da carta um
lembrete dos principais símbolos utilizados.
Principais informações nas margens dos mapas:
As informações contidas nas margens dos mapas são
vitais para se ter conhecimento do lugar em questão e do
significado dos símbolos contidos nele.
Nome ou código do mapa: corresponde ao
quadrângulo em questão. A Articulação da Folha mostra
quais são os quadrantes mais próximos.
Data: indica quando o mapa foi feito.
No Brasil a maioria dos mapas, pelo menos da região
Sudeste do país, foram desenvolvidos pelo IBGE entre as
décadas de 70 e 80 a partir de fotografias da Força Aérea
Americana. Dada a defasagem de tempo, é natural que se
encontrem incongruências, como o aumento do tamanho
das cidades e surgimento de novos bairros, a adição de
novas trilhas, estradas, etc.
90
CURSO AVANÇADO
Equidistância das curvas de nível: indica a distância
vertical entre as curvas de nível.
Cores dos Mapas
As cores nos mapas visam facilitar sua leitura,
tornando-a mais intuitiva.
Branco mostra áreas sem floresta.
Verde indica mata densa o suficiente para ocultar um
pelotão - cerca de 40 pessoas - em um acre (4,4 km2).
Azul simboliza qualquer área coberta por água, como
lagos, rios, açudes e represas.
Vermelho é usado para indicar as marcas mais
proeminentes feitas pelo homem, como rodovias.
Marrom marca curvas de nível
ESCOTEIROS DO BRASIL
Preto indica características causadas pelo homem,
como trilhas, casas, pontes e estradas.
USANDO A BÚSSOLA JUNTO COM O MAPA
Quando você usa a bússola juntamente com um
mapa é que ela torna-se realmente útil, e você poderá
navegar com segurança e precisão num terreno em
que nunca esteve antes, sem precisar seguir trilhas.
Mas, o entanto, você precisará de algum treinamento e
experiência.
Novamente utilizaremos a bússola silva. Os princípios
são muito parecidos com os vistos anteriormente, porém,
desta vez, você está usando o mapa para dizer-lhe que
caminho seguir ao invés da sua intuição ou a indicação de
outros.
Olhe para o mapa ao lado como exemplo. Você
quer ir do cruzamento das trilhas no ponto A para a
rocha localizada no ponto B. Naturalmente, para usar
com sucesso este método, você terá que ter certeza que
está realmente no ponto A. Ou seja, você tem certeza
que o cruzamento das trilhas que aparece no mapa é
exatamente o cruzamento de trilhas onde você está no
terreno. Caso não saiba exatamente onde você está no
mapa, deverá utilizar a técnica de triangulação descrita ao
lado.
Tendo certeza de onde você está, vamos prosseguir.
Primeiro você deve colocar sua bússola sobre o mapa, e
usando a lateral como régua, ligar o ponto A ao ponto
B, como está no desenho abaixo Segure a bússola
firmemente no mapa. Então alinhe os meridianos da
bússola e a seta guia com o norte do mapa. Durante este
processo, não se importe com o que acontece com a
agulha magnética.
Tome cuidado para não confundir-se e deixar a seta
guia apontar para o sul do mapa. Verifique também o
alinhamento da borda da bússola com os pontos A e B, se
não estiverem alinhados você terá um erro na sua direção,
e isso pode colocar você fora de seu curso. Quando você
estiver certo que o limbo graduado está correto, pode
tirar a bússola do mapa. E agora, basta ler o azimute
geográfico, onde a linha de direção se encontra com o
limbo graduado. Este valor encontrado é a azimute que
você deverá seguir.
A etapa final é similar ao que você fez anteriormente.
Segure a bússola na sua mão bem na horizontal, de modo
que a agulha possa girar livremente. Quando ela parar
totalmente, vire-se então, lentamente certificando-se que
o limbo graduado da bússola não gire, até que a agulha
esteja alinhada com os meridianos da mesma.
ESCOTEIROS DO BRASIL
Hora de caminhar. Mas para fazer isso com uma
boa exatidão, você precisa encontrar um ponto, uma
montanha, uma árvore ou mesmo outra pessoa. Uma boa
dica é colocar a bússola no chão ou apoiada sobre alguma
coisa e aí sim, tentar localizar alguma referência. Como
vimos anteriormente, essa ação chamamos de visada.
Fixe seu olhar em alguma característica especial do
terreno tão longe quanto você pode ver naquela direção.
Vá então para esse ponto. Dependendo do tipo de
terreno, se acidentado, mata densa ou descampado, você
precisará verificar constantemente sua direção. Se fizer
tudo direitinho, você chegará em B. E assim continuar sua
caminhada para C, D, E, F...O
PERCURSO DE GILWELL
O Percurso de Gilwell é uma representação gráfica
de um caminho percorrido, denominado em topografia
de “itinerário”, e que transforma todas as curvas em
segmentos de retas, ou seja, uma grande curva é
demonstrada graficamente como uma seqüência de
várias pequenas retas.
Ao iniciar o percurso, deve-se ter uma planilha
previamente preparada para anotar diversas informações.
O modelo pode ser encontrado mais a frente. Feito isto, o
local que você está é o ponto ou estação zero, ou seja, é
CURSO AVANÇADO
91
o início do seu trajeto. Olhando para o caminho que deve
seguir, faz-se a visada num ponto de referência que será
sua próxima estação, ou seja, estação 1 (pode-se usar letras
também: estação A, B, ...). Este ponto deve ser bem nítido
e permanente no terreno como uma grande árvore ou
pedra. Então você tira o azimute magnético deste ponto
e anota em sua planilha juntamente com a direção que
a agulha estava apontando. Isso vai ajudá-lo no relatório.
A seguir, caminha em direção a estação 1, contando os
passos (normalmente passos duplos) até lá. Ao chegar,
anota a distância além de outras informações importantes.
O processo é repetido até o final do Percurso de Gilwell,
podendo ter quantas estações forem necessárias.
Caso se faça o percurso com mais companheiros, o
trabalho pode ser dividido e facilitado. Poderemos ter as
seguintes funções:
Homem-Bússola: quem fica com a bússola e é o
responsável pela medição dos azimutes e anotações na
planilha;
Homem-Ponto: Responsável por ir a frente até o
próximo ponto escolhido e ajudar o homem-bússola a
realizar a visada para o azimute;
Homem-Passo: Responsável por contar os passos
até o homem-ponto.
Dessa forma, quando o homem-bússola chegar na
estação e terminar de anotar os dados, o homem-passo já
pode partir para a próxima estação, seguido do homempasso e com isso agilizar o processo.
COMO PREENCHER A PLANILHA DO PERCURSO DE GILWELL
Estação: São as estações do percurso. Já podem
estar numeradas na planilha.
Hora: Marcar o horário de início (na estação 1) e
depois o de chegada em cada estação seguinte. Com isso
pode se ter uma estimativa da duração do percurso.
Azimute: Anotar o ângulo da direção da próximo
estação.
Norte: Desenhar a direção cuja agulha da bússola
está apontando. Isso vai ajudar na hora de fazer o croqui.
Passos: Quantidade de passos duplos até a estação.
Metros: Basta transformar seus passos duplos em
metros. Só irá anotar quando for fazer o relatório.
Total: Soma gradual do percurso realizado. Idem
anterior
Desenho: Desenho do caminho que vê a frente
(curva para direita, reta, etc...).
Margem direita: Desenhar ou descrever o que você
vê na margem direita do caminho
Margem esquerda: Idem para a margem esquerda
Observação: Qualquer observação importante.
COMO TRANSFORMAR A PLANILHA DO PERCURSO EM UM
CROQUI?
Para transformar os dados da sua planilha num
croqui você irá precisar de um papel almaço quadriculado,
92
CURSO AVANÇADO
uma folha de papel manteiga do mesmo tamanho,
transferidor, régua e lápis. Siga as orientações:
ESCOTEIROS DO BRASIL
1 – Como convenção, o norte é sempre definido na
parte de cima dos mapas. Então marque isso em sua folha
quadriculada;
2 – Escolha na folha um lugar para ser a estação
inicial. Uma dica é tentar avaliar para onde seu caminho
o levará. Assim poderá escolher um ponto inicial que
evite logo de início que você saia do papel. Imagina você
escolher o canto inferior da folha para iniciar e sua próxima
estação está a 180º. Se o norte está para cima, você terá
que sair da folha deixando um espaço enorme para cima.
Com a prática essas escolhas ficarão mais fáceis.
3 – Escolhido o local da estação inicial, pega-se
os dados da estação 1. Em nosso caso, ela fica a 68º da
estação inicial e distante 26 passos duplos (veja esquema
abaixo).
4 – Defina uma escala. Pode ser 1 cm do croqui =
10 passos duplos no terreno. Depois de pronto pode
transformar os PD em metros. Por exemplo, se o seu PD =
1,2m sua escala será 1cm=12m (1,2 x10=12).
5 – Pegue o transferidor e coloque o centro no seu
ponto zero. Veja onde marca 68º e faça um ponto com o
lápis. Você já sabe que a direção seguida está nessa reta.
ESCOTEIROS DO BRASIL
6 – Para saber o tamanho da reta, vamos converter
para a escala definida. Se 10PD = 1cm então 26PD =
2,6cm. Basta pegar a régua e traçar uma reta de 2,6cm
saindo do ponto inicial em direção ao ponto marcado de
68º. Alcançando a distância acima, será o ponto número 1.
7 – Repete-se o processo para o próximo ponto,
sendo marcado do ponto 1 a direção de 90º e depois
3,0cm de reta até o ponto 2. E daí por diante.
8 – Ao terminar, coloque o papel manteiga por cima
do papel quadriculado, e utilize as retas para desenhar
o croqui, utilizando as anotações dos campos desenho,
margem direita, esquerda e observações.
9 – Utilize as formas e cores das convenções
cartográficas para ilustrar o mesmo e criar uma legenda.
10 – Seu croqui está pronto para ser utilizado.
CURSO AVANÇADO
93
ORIENTAÇÃO SEM BÚSSOLA
Pode acontecer que você precise orientar-se em
relação ao norte, mas não tenha uma bussola para isso.
Terá, então, que recorrer aos sistemas alternativos.
PELO SOL
Em razão do movimento de rotação da Terra, que
resulta em dia e noite, o sol nasce pela manhã no leste,
atravessa o céu pelo norte, em um semicírculo, e escondese, ao final da tarde, no oeste. Assim, se for possível
acompanhar o nascer do sol, basta colocar-se de lado,
estendendo o braço direito para esta direção, que é o
Leste. Daí que na direção da mão esquerda vai estar o
Oeste, na sua frente vai estar o Norte e às suas costas vai
estar o Sul.
PELO RELÓGIO
Caso você tenha um relógio de pulso analógico (com
ponteiros) você pode usá-lo para encontrar o Norte. Para
isso aponte com o 12 do mostrador do relógio para o sol.
Nesta posição verifique onde está o ponteiro das
horas (o menor) e divida este ângulo exatamente no meio.
Esta é a direção no Norte!
No caso do relógio ser digital, o problema resolvese desenhando com um graveto um relógio no chão,
começando-se por desenhar primeiro a direção das 12H,
que é o que deve ficar apontado para o sol (no Hemisfério
Sul).
94
CURSO AVANÇADO
ESCOTEIROS DO BRASIL
CONSTELAÇÃO DE ÓRION
Uma constelação fácil de enxergar é Órion, mostrada
na figura acima como é vista no hemisfério sul. Para
identificá-la devemos localizar 3 estrelas próximas entre
si, de mesmo brilho, e alinhadas. Elas são chamadas Três
Marias, e formam o cinturão da constelação de Órion, o
caçador. Seus nomes são Mintaka, Alnilan e Alnitaka.
A constelação tem a forma de um quadrilátero com as
Três Marias no centro. O vértice nordeste do quadrilátero
é formado pela estrela avermelhada Betelgeuse, que
marca o ombro direito do caçador. O vértice sudoeste do
quadrilátero é formado pela estrela azulada Rigel, que
marca o pé esquerdo de Órion. Estas são as estrelas mais
brilhantes da constelação. Como vemos, no hemisfério Sul
Órion aparece de ponta cabeça. Segundo a lenda, Órion
estava acompanhado de dois cães de caça, representadas
pelas constelaçõs do Cão Maior e do Cão Menor. A estrela
mais brilhante do Cão Maior, Sírius, é também a estrela
mais brilhante do céu, e é facilmente identificável a sudeste
das Três Marias. Procyon é a estrela mais brilhante do Cão
Menor, e aparece a leste das Três Marias. Betelgeuse, Sírius
e Procyon formam um grande triângulo, como pode ser
visto no esquema abaixo.
ESCOTEIROS DO BRASIL
Para nos orientarmos com o auxílio da constelação
de Órion, devemos alinhar a estrela do meio do cinturão,
Alnilan, com as estrelas de baixo da constelação que
formam a cabeça de Órion. Após isso, prolonga-se essa
linha até o horizonte. O ponto em que a linha tocar o
horizonte indicará a direção sul, o norte estará às costas do
observador, ao seu lado direito o Leste e do lado esquerdo
o Oeste. É sempre bom lembrar que no hemisfério sul
Órion aparece de cabeça para baixo, por isso o Cinturão
de Órion está acima de sua cabeça. Entretanto, há uma
restrição a esse procedimento. Ele só deve ser feito
quando a constelação estiver perto ou próxima de seu
ápice, o que se dá 6 horas após ela ter nascido no céu. Há
uma tolerância de até 2 horas antes e até 2 horas depois
do ápice, fora deste período ela induz a muitos erros.
CURSO AVANÇADO
95
PELA LUA
A lua descreve em sua trajetória diária, um arco de
círculo de leste para oeste, e podemos nos orientar de
acordo com suas fases. As quatro fases principais do ciclo
são:
Lua Nova:
• Lua e Sol, vistos da Terra, estão na mesma direção
• A Lua nasce as 6h e se põe as18h.
Nessa fase, a Lua está no céu durante o dia, nascendo
e se pondo aproximadamente junto com o Sol. Durante os
dias subsequentes, a Lua vai ficando cada vez mais a leste
do Sol e, portanto, a face visível vai ficando crescentemente
mais iluminada a partir da borda que aponta para o oeste,
até que aproximadamente uma semana depois temos o
Quarto-Crescente, com 50% da face iluminada.
Lua Quarto-Crescente:
• Lua e Sol, vistos da Terra, estão separados de 90°.
• a Lua está a leste do Sol e, portanto, sua parte
iluminada tem a convexidade para o oeste.
• a Lua nasce em torno do meio-dia e se põe em
torno da meia-noite.
A Lua tem a forma de um semi-círculo com a parte
convexa voltada para o oeste. Lua e Sol, vistos da Terra,
estão separados de aproximadamente 90°. A Lua nasce
aproximadamente ao meio-dia e se põe aproximadamente
à meia-noite. Após esse dia, a fração iluminada da face
visível continua a crescer pelo lado voltado para o oeste,
até que atinge a fase Cheia.
96
CURSO AVANÇADO
Lua Cheia:
• Lua e Sol, vistos da Terra, estão em direções opostas,
separados de 180°, ou 12h.
• a Lua nasce às18h e se põe às 6h do diaseguinte.
Na fase cheia 100% da face visível está iluminada.
A Lua está no céu durante toda a noite, nasce quando
o Sol se põe e se põe no nascer do Sol. Lua e Sol, vistos
da Terra, estão em direções opostas, separados de
aproximadamente 180°, ou 12h. Nos dias subsequentes
a porção da face iluminada passa a ficar cada vez menor
à medida que a Lua fica cada vez mais a oeste do Sol; o
disco lunar vai dia a dia perdendo um pedaço maior da
sua borda voltada para o oeste. Aproximadamente 7 dias
depois, a fração iluminada já se reduziu a 50%, e temos o
Quarto-Minguante.
Lua Quarto-Minguante:
• a Lua está a oeste do Sol, que ilumina seu lado
voltado para o leste
• a Lua nasce à meia-noite e se põe ao meio-dia
A Lua está aproximadamente 90° a oeste do Sol,
e tem a forma de um semi-círculo com a convexidade
apontando para o leste. A Lua nasce aproximadamente à
meia-noite e se põe aproximadamente ao meio-dia. Nos
dias subsequentes a Lua continua a minguar, até atingir o
dia 0 do novo ciclo.
ESCOTEIROS DO BRASIL
ORIENTAÇÃO PELAS ESTRELAS
CRUZEIRO DO SUL
O Cruzeiro do Sul é uma constelação de forma de
cruz, situada bem perto do pólo sul celeste. Possui uma
única estrela de primeira grandeza (Alfa) e é identificada,
geralmente:
• Por sua forma característica;
• Pela Constelação da Mosca, que fica situada logo
abaixo do Cruzeiro do Sul; e
• Pelo “Saco de Carvão” da Via Láctea que está a SE da
Constelação do Cruzeiro do Sul.
ESCOTEIROS DO BRASIL
Para se orientar pelo Cruzeiro do Sul prolonga-se o
braço maior (a partir de Alfa) quatro vezes e meia o seu
cumprimento.
Deste ponto traça-se uma perpendicular sobre o
horizonte e se tem, assim, “amarrado” no terreno a direção
sul.
TRIÂNGULO AUSTRAL
O triângulo Austral é uma constelação com a forma
de um triângulo eqüilátero, situado próximo ao Pólo
Sul Celeste, e não possui nenhuma estrela de primeira
grandeza. É identificado, geralmente, por:
CURSO AVANÇADO
97
GPS - SISTEMA DE POSICIONAMENTO GLOBAL
• Sua forma característica; e
• Pelo alinhamento que, passando por Alfa e Beta do
Cruzeiro do Sul, também passará na base do triângulo.
Para se orientar pelo Triângulo Austral tira-se a
mediana do triângulo a partir do vértice “Beta” e prolongase três vezes e meio o seu comprimento. Deste ponto
baixa-se uma perpendicular no horizonte visual e tem-se
“amarrado” no terreno a direção sul.
98
CURSO AVANÇADO
O GPS (Global Positioning System) é um sistema de
posicionamento geográfico que nos dá as coordenadas
de um lugar na Terra, desde que tenhamos um receptor
de sinais produzidos por um sistema de satélites. Hoje em
dia é possível a qualquer um ter a sua posição geográfica
na Terra determinada com uma precisão entre 100m até
menos de 1m. Isso é feito com a utilizaçãodos aparelhos
de GPS que recebem sinais de uma rede de 24 satélites
que dão uma volta à Terra em cada 12 horas e que enviam
continuamente sinais de rádio. Em cada ponto da Terra
estão sempre visíveis quatro satélites e com os diferentes
sinais desses quatro satélites o receptor GPS calcula a
latitude, longitude e altitude do lugar onde se encontra.
Dependendo da riqueza da triangulação (quanto
mais afastados entre si e quanto mais satélites forem
“traqueados” (captados) mais rica será a triangulação e
a posição geográfica será determinada com maior ou
menor precisão. Pela triangulação também pode ser
determinada a altitude, embora este cálculo tenha o
dobro da margem de erro com que o aparelho determina
sua posição geográfica (aparelhos mais sofisticados
incluem um altímetro barométrico para contrabalançar
isso). É necessária uma vista desimpedida do céu, pois o
sinal de transmissão dos satélites é de apenas 50 watts de
potência. Nuvens e folhagem normalmente não impedem
o contato, embora existam casos de perda do contato com
satélites em locais de densa cobertura de folhagem, unida
com rochas altas próximas.
ESCOTEIROS DO BRASIL
ANOTAÇÕES
ESCOTEIROS DO BRASIL
CURSO AVANÇADO
99
ANOTAÇÕES
100
CURSO AVANÇADO
ESCOTEIROS DO BRASIL
UNIDADE DIDÁTICA | RAMO LOBINHO
REUNIÃO ESPECIAL NA ALCATEIA
Duração
210 minutos
Objetivos Gerais
O cursante deverá ser capaz de elaborar e aplicar uma reunião especial em sua seção.
Objetivos Específicos
- Identificar as características de uma reunião especial;
- Conhecer o passo a passo do planejamento de uma reunião especial: Tema, local,
programa e ingredientes
- Envolver-se com a elaboração e execução de uma reunião especial na segunda fase
do curso..
Conteúdo
Reunião especial – suas especificidades;
Planejamento e
Criatividade.
Material
De acordo com o tema escolhido pelos cursantes
PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO
Tempo (minutos)
Tema
Metodologia
60
Preparação da Reunião Especial
PL
120
Vivência da Reunião Especial
TG
30
Avaliação da Reunião Especial
DM
PL = Palestra
TG = Trabalho em Grupo
DETALHAMENTO DA METODOLOGIA
Antes do Curso o formador deverá solicitar para que os cursantes planejem uma Reunião Especial de 120 minutos
para ser aplicada durante o Curso Avançado. É importante que o formador analise a programação feita pelos
cursantes antes do curso e passe as orientações necessárias.
Durante o curso os cursantes deverão aplicar a Reunião Especial para as crianças da comunidade ou para uma
alcateia convidada.
Após a aplicação da atividade , a Reunião Especial será avaliada por todos os cursantes, e o formador deve reforçar os
principais conceitos sobre Reunião Especial ( importância do tema, escolha do local , programa etc..)
ESCOTEIROS DO BRASIL
Ultima atualização: 01/09/2014
CURSO AVANÇADO
101
RAMO LOBINHO
REUNIÃO ESPECIAL
É CHEGADA A GRANDE HORA! HOJE TEREMOS UMA REUNIÃO
ESPECIAL!!!
É assim que nós Chefes e Lobinhos devemos ver
esta atividade, com indistinta alegria, com expectativa de
como ela será? Que personagens iremos representar? Que
estória ela contaria? Uma Reunião Especial é uma festa na
Alcatéia, é um sair da rotina, é algo muito, muito especial!
Cada criança encerra dentro de si um mundo
particular povoado de castelos, heróis e façanhas mágicas,
onde épocas se misturam desafiando qualquer lógica
cronológica, onde fatos e conquistas independem de
leis ou naturais, que abriga o inusitado e distingue-se da
realidade por uma tênue névoa, facilmente transponível.
É a sua imaginação.
Alimentar essa imaginação é fazer a criança viver, ser
criança, e proporcionar-lhe experiências que estruturarão
sua personalidade, é dar-lhe arsenal que sustentará sua
criatividade, saciá-la, certamente, proporcionará que viva
a ilusão no momento certo, destilando-a da realidade que
será vivida na maturidade.
No Ramo Lobinho utilizamos, constantemente, a
imaginação, na vastidão da Jangal, em seus personagens,
penetrando na sua magia e vivenciando cada ato. De lá,
retiramos suas lições, certamente fator determinante na
formação do caráter de nossos jovens.
E A REUNIÃO ESPECIAL? COMO É FEITA? QUANDO É A SUA VEZ?
PARA QUE SERVE?
A Reunião Especial é rara, acontece de vez em
quando, justamente por ser festa e não querer, nem poder
deixar de ser. Aconselha-se de uma a, no máximo, duas
vezes ao ano.
Ela é um rompimento com a Jângal, onde outra
mística será usada. Na Reunião Especial não se usa vozes
de comando, não existem cerimônias, não há matilhas,
nem primos, nem Akelá. Todos nós vamos viver um
outro mundo com suas próprias características, normas
e organizações, sendo realizada, se possível, até em lugar
diferente do habitual.
A vestimenta é importante, dispense o uniforme/
traje ou vestuário e dê condições para que se fantasiem
(ou avisando como os Lobinhos deverão se apresentar, na
reunião anterior ou fornecendo adereços e material para
caracterização, antes da Reunião começar) Mas, atenção
ESCOTEIROS DO BRASIL
– o mais absoluto segredo deverá ser mantido sobre o
conteúdo da Reunião. A surpresa é a maior aliada.
A decoração do local é importante, precisa ser
esmerada, não precisa ser custosa, mas não deve lembrar
em nada uma sede de escoteiros, uma gruta ou uma sala
de aula. Tampe janelas, rebaixe o teto com lona, esconda
os móveis sob lonas, ilumine indiretamente e decore as
paredes com adereços que lembrem o tema, certamente
nos “guardados” de sua sede existem numerosos
“tesouros” que usados, habilidosamente, impressionarão
os Lobinhos, lembrando sempre que é dentro deles que
reside a maior parte da história , lembrando que a reunião
especial pode ser feita tanto em sede como ao ar livre.
O fator preponderante para o sucesso da Reunião
Especial é a programação. Deverá ser elaborada com
cuidado: o tema deverá ser pesquisado, lembrando que os
Lobinhos são “letrados” em assuntos futurísticos, heróis,
etc, podendo ser encontrado, de repente, um “doutor” de
animais pré-históricos , por exemplo. Por isso, precisamos
de muita atenção. A roupa errada do Superman, um
pé a menos de um dinossauro ou a falta de bico num
ornitorrinco, podem causar uma decepção, prejudicando
a Reunião.
A elaboração da programação deverá conter jogos,
canções, história, mas sempre dentro do tema. Por
exemplo, se o tema for bruxa, um revezamento deverá
objetivar a elaboração de uma porção mágica, a conquista
da varinha mágica, etc... As canções e a história também
deverão versar sobre o assunto, podendo, também, se
lançar mão de pequenos trabalhos manuais, palestras
informativas sobre assuntos interessantes e que estejam
inseridos no tema. Para se fazer uma boa programação
de uma Reunião Especial, não existe nenhum segredo, na
verdade, o que é necessário é prática, o que se adquire
com treino. As primeiras tentativas deverão ser com temas
simples e ricos de elementos fantasiosos, por exemplo:
piratas, bruxas, astronautas,circo, as histórias também
constituem uma base boa, sobre a qual fica fácil montar
uma programação, por exemplo: O Mágico de Oz, fábulas
como A Cigarra e a Formiga ou A Lebre e a Tartaruga...
Dentro do tema deverá haver uma “trama”, ou seja
uma história sobre a qual a atividade se desenrolará,
assim, a fada perdeu a sua varinha mágica e pede ajuda
aos Lobinhos, um rei tem um traidor e quer descobri-lo,
ou um mapa de piratas é encontrado e todos os Lobinhos
seguem ao encalço do tesouro. Sobre a “trama” é que se
CURSO AVANÇADO
103
montarão as atividades, pois muitos obstáculos irão se
opor para a conquista dos objetivos e estes obstáculos
serão representados por jogos, trabalhos manuais,
adivinhações, etc... Os personagens ensaiam músicas,
danças, passarão conhecimentos, etc...
A elaboração deste tipo de Reunião traz um grande
desafio aos Chefes, porém poderão se constituir em
uma imensa fonte de prazer. A pesquisa para colocar um
enredo na Reunião é muito interessante, por exemplo:
numa reunião de piratas – tentar desenterrar um tesouro;
numa tarde num brejo – fazer uma competição olímpica
de sapos; desvendar um intrigante mistério que fez a
princesa do país de Samkaleshe virar pé-de-moleque;...
Criar, inventar, curtir e estudar os enredos para elaborar
a programação. Como fonte temos o folclore, a Mitologia,
a História, épocas, civilizações, temas juvenis,detetives ,
personagens de histórias em quadrinhos ...
A Reunião Especial deverá ser montada com carinho
e certamente ficará linda e única, lembrando que só ela
e nela é que um dia os Lobinhos e a Chefia viverão. É de
importância vital que a Reunião Especial seja planejada
com cuidado e muita reflexão.
PLANEJAMENTO DA REUNIÃO ESPECIAL
Os preparativos para realizar uma Reunião Especial
da Alcatéia precisam ser mais cuidadosamente planejados
do que uma reunião comum. Quanto mais tempo se
estiver planejando os detalhes, maior sucesso terá a
reunião.
• Tema: decide-se qual o fundo ou ambiente, tendo
em mente os seguintes pontos: - Os Lobinhos pediram
algum tema especial ? Os Lobinhos irão entender o tema?
Oferecerá momentos de grande alegria ou será muito
sério?
• Local: Onde será realizada a Reunião ? Se for
possível procure fazê-la em um lugar diferente, ao ar livre,
por exemplo. Se não, caracterize a gruta, escondendo
tudo que lembre a Jangal.
• Programa: Tendo decidido o tema e o local, começa
o trabalho de programar os detalhes. O horário da Reunião
deve cobrir o mesmo tempo de uma reunião comum –
aproximadamente 2 horas.
• Ingredientes do Programa:
- Abertura – viva, cheia de atividade e alegria,
marcando o tom de toda a reunião.
- Continuidade – um Velho Lobo deve acompanhar
a Alcatéia durante toda a atividade, dando as explicações
necessárias enquanto está “viajando”, mantendo o clima
da Reunião Especial., dentro da atmosfera criada pelo
tema.
- Atividades e jogos – atendendo aos objetivos
educativos, mas apresentados de maneira criativa, de
modo que façam parte da história.
- Práticas – dentro da atmosfera criada: trabalho
manual, músicas, dramatizações, história, experiências
curiosas.
- Adereços teatrais – para dar o clima, a ambientação
e a atmosfera à Reunião Especial.
- Vestimentas e fantasias – todos, Chefia e Lobinhos,
deverão estar caracterizados de acordo com o tema. Os
Velhos Lobos devem representar personagens do tema,
vestidos de acordo.
- Instruções à Alcatéia – os Lobinhos devem ser
preparados para a Reunião Especial, sem contar a eles
o enredo. Poderão preparar suas fantasias em casa, por
exemplo. Dependendo do tema, se for baseado numa
história, essa poderá ser contada numa reunião anterior.
- Encerramento – o final da reunião deve ser
tranqüilizadora, terminando talvez como uma narrativa
de um dos personagens que levará os Lobinhos a mudar
da “terra do faz-de-conta” para o mundo real, voltando a
ser Lobinho e Escotista. Uma das melhores maneiras de
fazer isto é despir todas as fantasias e maquilagens...
IMPORTANTE
Mesmo que a Reunião Especial tenha sido um
sucesso enorme, não repeti-la, sob nenhum pretexto,
até que todos os Lobinhos já a tenham esquecido.
ANOTAÇÕES
104
CURSO AVANÇADO
ESCOTEIROS DO BRASIL
ANEXO 1 | RAMO LOBINHO
TEMA: HALLOWEEN
PROGRAMAÇÃO:
Horário
Duração
Atividades
Responsável
00:00
05’
História
00:05
20’
Visita a Horta de Abóboras
Canção: “Fui Ver a Horta”
Explicação: Como se planta
Jardineiro 1
00:25
20’
Visita a Horta de Cenouras
Jogo: Kim do Paladar
Explicação: O valor nutritivo dos vegetais
Jardineiro 2
00:45
20’
Visita a Horta de Alface
Jogo: Espantar passarinhos
Espantalho
01:05
20’
Visita ao Lago
Construir o sapo (dobradura)
01:25
20’
Concurso das Abóboras
Magana
01:45
15’
Halloween – premiação da abóboras
Magana
05’
História
Magana
Sapo
DESENROLAR:
00:00
Hoje é Halloween – o Dia das Bruxas! E todos nós queremos comemorar. Iremos fazer lindas máscaras com
abóboras para ir de casa em casa assustar todo mundo. Mas há um problema: existe uma falta grande de abóboras e
vegetais na cidade, isso porque as crianças não gostam de comer vegetais e assim ninguém está vendendo mais nas
feiras e supermercados. Para resolver este problema a Magânia levou todo o povo das Bruxas até a Super Bruxa Magana
para ver como ela resolveria a situação. Experiente, ela foi logo apontando:
- Vamos à fazenda colher todo o material, assim poderemos participar do concurso da mais bela abóbora do
Halloween.
00:05
20’
Visita a Horta de Abóboras:
A) Canção: “Fui Ver a Horta”
B) Explicação: Como se planta
A) OS BRUXOS (LOBINHOS) CANTAM A CANÇÃO: FUI VER A HORTA
Fui ver a horta, ta, ta, ta, ta
Era bonitinha tic, tic, ta
ESCOTEIROS DO BRASIL
CURSO AVANÇADO
105
Aio, aio, aio
1,2,3,4,5,
6,7,8,9,10
11,12,13,14,15.
A canção é cantada com todos em círculo, colocando a mão esquerda sob a mão direita do companheiro da sua
esquerda, virada a palma para cima. Quando conta-se de 1 a 15, vai-se batendo com a mão direita na mão esquerda
do vizinho, sendo que quem receber o número 15 deverá tirar a mão para não ser batido, se não conseguir, ajoelhará.
B) EXPLICAÇÃO:
Como se planta.
Deverá ser explicado e realizada a plantação de uma muda.
00:25
20’
Visita a Horta de Cenouras
A) Jogo: Kim do Paladar
B) Explicação: O valor nutritivo dos vegetais
A) JOGO: KIM DO PALADAR
PREPARAÇÃO:
Os bruxos colocam-se em círculo, sentados no chão e com os olhos vendados. Prepara-se pequenos pedaços de
vegetais crus (um para cada Lobinho) de 10 qualidades diferentes.
DESENROLAR:
Colocam-se os pedaços de vegetais um a um na boca dos Lobinhos, observando-se sempre a mesma ordem. No
término, os Lobinhos abrirão os olhos e tentarão fazer uma lista dos vegetais que comeram.
B) EXPLICAÇÃO:
Magana irá explicar a todos os bruxos como as crianças fazem mal em não comer vegetais, pois eles têm um
grande valor nutritivo.
00:45
20’
A) Visita a Horta de Alface
B) Jogo: Espantar passarinhos
A) HORTA DE ALFACES:
Esta horta está infestada de passarinhos que não param de bicar e comer todas as alfaces. Isto está deixando o
espantalho louco, pois ele não consegue defender o seu pedaço. Os bruxos resolvem ajudar, pois caso não consigam
espantar os passarinhos, não venderão as alfaces necessárias para a preparação das abóboras.
B) JOGO: VAMOS LEVAR OS PASSARINHOS PARA O NINHO?
PREPARAÇÃO:
Em número de um para cada bruxo haverá passarinhos que serão divididos em quatro cores diferentes,
obedecendo a divisão dos bruxos. Haverá quatro ninhos eqüidistantes, pintados na cor dos passarinhos. (os passarinhos
serão bolinhas de ping-pong e os ninhos serão arcos)
DESENROLAR:
Os bruxos deverão espantar os passarinhos assoprando, pois são encantados e esse é o único meio de espantá-los.
O Espantalho, porém, não quer que lhes faça mal, por isso quer conduzi-los de volta ao seu ninho. O grupo que terminar
primeiro ganhará as alfaces de graça.
106
CURSO AVANÇADO
ESCOTEIROS DO BRASIL
00:50
20’
Visita ao Lago
Construir o sapo (dobradura)
No lago encontramos o triste sapo, triste porque é o único da lagoa. Magana tem uma brilhante idéia: Vamos
construir sapos de papel que depois, ela usando seus poderes fenomenais os transformará em verdadeiros.
Construir um sapo em dobradura.
Após o feito, Magana transforma todos em lindos sapinhos e para comemorar, todos cantam uma canção.
01:25
20’
Concurso das Abóboras
01:45
15’
Halloween – premiação das abóboras
De posse de todos os pertences para construção do boneco de abóboras, cada equipe de bruxos prepara sua
abóbora que será avaliada pela Grande Magana, premiando com balas os trabalhos.
ESCOTEIROS DO BRASIL
CURSO AVANÇADO
107
ANEXO 2 | RAMO LOBINHO
OS PIRATAS
HISTÓRIA:
Esta história se passa com velhos marinheiros que tinham um sonho – conquistar o tesouro perdido de Galpaleão.
Liderado pelo velho chefe Barba Pink eles acalentavam a idéia de um dia colocar seus grossos dedos, nessas delicadas
e preciosas relíquias e jóias. Coragem eles tinham, porém faltava muito para os marinheiros, pois nem um bom barco
tinham. Anos se passaram e eles alimentavam o mesmo sonho – como conquistar esta fortuna que poderia deixá-los na
riqueza por várias gerações.
PROGRAMAÇÃO:
Horário
Duração
00:15
15’
Jogo: Conquista do Castelo
Barba Pink
00:30
20’
Pista
Barba Pink
00:50
10’
Canção: Tomar o Barco
Barba Pink
01:00
10’
Retirar o Náufrago
Náufrago
01:10
05’
Canção: Tomar Vinho
Barba Pink
01:15
20’
Aportar – fazer fogueira
01:35
05’
Travessia de Zulinhos
Barba Pink
01:40
10’
Jogo: Combate
Barba Pink
01:50
10’
Pegar o Tesouro
02:00
Atividades
Responsável
Robson Xulé
Dividir e degustar o tesouro
DESENROLAR:
Iniciar a ambientação da Reunião com a História e Construção da Espada.
Cada Marujo (Lobinho) receberá uma folha de cartolina e papel laminado para construir sua espada.
00:15
15’
Jogo: Conquista do Castelo
PREPARAÇÃO:
Traça-se uma linha no chão. A uma distância de aproximadamente 2m estarão quatro pergaminhos – um para
cada equipe. Os Marujos colocam-se ao lado da linha.
DESENROLAR:
Ao dar-se o sinal de início, os marujos deverão pegar o seu pergaminho, do modo que conseguirem, mas sem
ESCOTEIROS DO BRASIL
CURSO AVANÇADO
109
ultrapassar a linha. (deve-se por os pergaminhos de forma a dificultar muito o acesso. Para alcançarem deverão fazer
“pontes” uns com os outros).
00:30
20’
Pista
O pergaminho deverá conter um mapa do local onde está ancorado o barco, por indicações de passos.
00:50
10’
Canção: Tomar o Barco
O barco deverá ser feito de papel e jornal,. Os marujos entram no barco e seguem cantando a canção (melodia da
Canção Heygo – do cancioneiro chileno – Cantos para Todos nº 139)
Ei! Ou! Eu remando vou
O meu barco no oceano vai
Tenho coragem
Sei que vou vencer!
Ei! Ou! Eu remando vou
Ei! Ou! Eu remando vou
La, la, la, la
Assobiando
01:00
10’
Retirar o Náufrago
HISTÓRIA:
No caminho, encontraram um náufrago e, como bons homens que eram trataram de retirá-lo de lá. Cada marujo
deverá ter um cabo, sendo que, a metade receberá cabo fino e a outra metade cabo mais grosso.
DESENROLAR:
Para que o náufrago seja retirado, os marujos deverão unir os cabos, usando os nós corretamente. (direito para
os cabos iguais e escota para os cabos diferentes) O náufrago deverá ficar em uma posição tal que depois que a corda
formada pela união dos cabos atinja-o somente quando estiverem unidos.
01:10
05’
Canção: Tomar Vinho
HISTÓRIA:
O pobre homem estava quase agonizante devido as lutas travadas pela conquista de sua vida e mesmo assim
incessantemente balbuciava:
Do gato tirei o to
Comecei no leão
Se fome tens, procura-o.
Os homens de nada entendiam mas deram de beber ao coitado, aproveitando para beberem seu vinho, também e
seguiram remando e cantando sua velha canção. Os marujos tentam reanimar o náufrago e esforçam-se para entender
o que o pobre dizia.
NOTA: A mensagem visa dar a primeira pista de onde está o tesouro, da seguinte forma:
Do gato tirei o to
= ga
Comecei no leão
= l
galpão
Se fome tens procura-o= pão
110
CURSO AVANÇADO
ESCOTEIROS DO BRASIL
Os chefes poderão dar um auxílio caso a conclusão esteja difícil. É claro que, se no local não existir um galpão para
o esconderijo do tesouro, deve-se adaptar a mensagem.
01:15
20’
Aportar – fazer fogueira
HISTÓRIA:
Passou-se o tempo e o alimento acabou, assim precisaram aportar, pararam na primeira ilha, justamente aquela
em que morava o senhor Robson Xulé. O velho senhor, renomado ermitão, revelou conhecer o segredo, vontade de
dizê-lo aparentava não ter. Assim, eles resolveram ficar um pouco com ele a fim de obter tão valioso segredo. Robson
Xulé convidou-os a jantar e fizeram sua própria fogueira e assaram batatas e maçãs. Conversaram e comeram e a
determinada hora Robson falou:
- Dize-me a palavra secreta e lhes direi o que querem.
Palavras e mais palavras,
até que digam a que distingue os homens dos demais,
aqueles que a têm como lema,
sempre mais poderão conquistar:......
(Melhor Possível)
Assim Robson soltou o segredo:
A crista tem o galo
A cela tem o cavalo
Lá está o céu
E mostrou o caminho a seguir, porém alertou que deveriam passar pela tribo dos zulinhos, homens pequeninos,
pretos e ferozes, valia a pena desafiá-los.
DESENROLAR:
Os marujos deverão fazer cada qual a sua fogueira e depois serão servidos, com uma maçã assada (em um braseiro
a parte)
NOTA: Aos Chefes – Robson Xulé dá a continuidade da mensagem:
A crista tem o galo
= em cima
A cela tem o cavalo
= em cima
Lá está o céu
= em cima
Temos então: em cima do galpão.
01:35
5’
Travessia de Zulinhos
HISTÓRIA:
Eles passaram pelos zulus, atravessando um lago minado, onde somente os bravos passariam. Venceram os
desafios e se não fossem espertos não perceberiam, mas lá estava o final do enigma.
PREPARAÇÃO:
Os Zulinhos colocam-se uns de frente para os outros, a uma distância de mais ou menos dois metros traçamse duas linhas paralelas a uma distância de mais ou menos 15 metros. Os Zulinhos batendo suas lanças pelo chão e
gritando: LADOLAGO! LADOLAGO! Repetidamente de forma que não fique muito fácil o entendimento.
DESENROLAR:
Os marujos terão 2’ por equipe para cruzarem a área minada. Isto representado por um despertador, acertado para
soar nesse tempo. Se não conseguirem, ou seja, se o sinal soar, receberão cocos sobre suas cabeças (bolas de jornal).
Pelo campo minado deverão passar na seguinte ordem: 3m em carniça; 3m em saci; 3m em cambalhota; 3m pulando
corda.
Enfim, o enigma está completo: Em cima do galpão, ao lado do lago.
ESCOTEIROS DO BRASIL
CURSO AVANÇADO
111
01:40
10’
Jogo: Combate
HISTÓRIA:
Mas a cobiça é coisa séria! E, tão logo foi descoberto o segredo, o coleguismo acabou e os homens começaram
a se debater uns contra os outros. Uma violenta batalha se travou e somente o último marujo sobrou e a este coube o
belíssimo tesouro.
PREPARAÇÃO:
Traça-se uma linha divisória no chão, cada duas equipes ficam de um lado. Os marujos deverão usar a sua espada
a fim de defender a sua vida que é representada por um fio de lã no braço esquerdo.
DESENROLAR:
A luta desenvolve-se normalmente cada um tentando tirar o fio de lã do braço do companheiro, sempre se
defendendo com sua espada. Quando vencer parte para um novo adversário até chegar ao último marujo.
01:50
10’
Pegar o Tesouro
Dividir e degustar o tesouro. Representado por uma arca cheia de moedas de ouro, gulosamente o homem deitouse sobre ele, mas o velho Barba Pink alertou:
- A cobiça é a pior inimiga do homem, esquece-se agora de seus companheiros que com você passo a passo este
tesouro galgaram?
O pobre homem era ambicioso, mas justo e leal e achou mais certo dividir com seus amigos e juntos comemoraram
tomando a última caneca de vinho.
112
CURSO AVANÇADO
ESCOTEIROS DO BRASIL
UNIDADE DIDÁTICA | CURSO AVANÇADO - ESCOTISTA
ESCOTISMO E MEIO AMBIENTE
Duração
70 minutos
Objetivos Gerais
Valorizar o desenvolvimento das atividades de meio ambiente como importante
instrumento do programa educativo no Movimento Escoteiro.
Objetivos Específicos
• Ampliar a consciência ambiental, reconhecendo como a interferência do ser humano
influencia na natureza;
• Identificar as ferramentas que o Escotismo oferece para trabalhar o tema meio ambiente.
• Habituar-se a realizar atividades de conscientização e preservação do meio ambiente.
Conteúdo
• Escotismo e meio ambiente;
• Relação homem x natureza;
• Insígnia Mundial do Meio Ambiente (IMMA);
• Atividades sobre meio ambiente.
Material
• Guia da Insígnia Mundial do Meio Ambiente
• Cópias da carta do Cacique de Seattle (em anexo)
PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO
Tempo (minutos)
Tema
Metodologia
20
Reflexão: carta do Cacique de Seattle
DD
20
Escotismo e meio ambiente
PL
30
Atividades educativas sobre meio ambiente.
TG
DD = Discussão Dirigida
PL = Palestra
TG = Trabalho em Grupo
DETALHAMENTO DA METODOLOGIA
Reflexão: carta do Cacique de Seattle (20 minutos)
O formador deverá dividir a turma em quatro grupos. Cada grupo receberá uma cópia do texto “Carta do Cacique de
Seattle” (em anexo).
Após leitura, cada grupo deverá discutir os principais pontos trazidos pelo texto, apresentando suas conclusões para
os demais participantes.
Após apresentação das conclusões, o formador deverá dirigir uma discussão em grupo, apresentando os pontos
chave do texto e fazendo as seguintes perguntas aos cursantes:
ESCOTEIROS DO BRASIL
CURSO AVANÇADO
113
• Como o homem tem explorado o meio ambiente? Quais os resultados dessas intervenções?
• Que tipo de posturas o ser humano pode adotar para evitar a degradação do meio ambiente?
• Como o Movimento Escoteiro pode ajudar o meio ambiente?
• Por que é importante realizar atividades de meio ambiente?
Escotismo e meio ambiente (20 minutos)
O formador deverá abordar os seguintes aspectos:
• A visão de Baden Powell sobre a natureza;
• O 6º artigo da Lei Escoteira;
• Mutirão Nacional de Ação Ecológica;
• Insígnia Mundial de Meio Ambiente;
• Fichas de atividade sobre meio ambiente (ver site da Rede Ambiental Escoteira).
Atividades educativas sobre meio ambiente (30 minutos)
Utilizando-se das equipes formadas na dinâmica anterior, cada equipe ficará responsável por elaborar uma ficha de
atividade, de acordo com um dos seguintes temas, que serão sorteados pelo formador:
• Ar e água;
• Habitats e espécies;
• Substâncias perigosas;
• Melhores práticas ambientais;
• Riscos ambientais e desastres naturais.
A ficha deverá conter as seguintes informações:
• Nome da atividade;
• Ramo (Lobinho, Escoteiro, Sênior ou Pioneiro);
• Competências que podem ser trabalhadas com a atividade;
• Objetivo da atividade;
• Duração;
• Local;
• Materiais;
• Descrição da atividade;
• Avaliação.
Com as fichas elaboradas, cada equipe deverá apresentar sua proposta de atividade para turma. O formador deverá
fazer os apontamentos e ajustes necessários.
As fichas criadas poderão posteriormente ser enviadas para o e-mail [email protected] para futura
publicação.
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
Guia da Insígnia Mundial do Meio Ambiente
Última atualização: 26/03/2014
114
CURSO AVANÇADO
ESCOTEIROS DO BRASIL
ANEXO | CURSO AVANÇADO - ESCOTISTA
A CARTA DO CACIQUE DE SEATTLE
Em 1855, o cacique Seattle, da tribo Duwamish, do
Estado de Washington, enviou esta carta ao presidente
dos Estados Unidos (Francis Pierce), depois do Governo
haver dado a entender que pretendia comprar o território
ocupado por aqueles índios. Faz mais de um século e meio.
Mas o desabafo do cacique tem uma incrível atualidade.
“O grande chefe de Washington mandou dizer que
quer comprar a nossa terra. O grande chefe assegurounos também da sua amizade e benevolência. Isto é gentil
de sua parte, pois sabemos que ele não necessita da nossa
amizade. Nós vamos pensar na sua oferta, pois sabemos
que se não o fizermos, o homem branco virá com armas
e tomará a nossa terra. O grande chefe de Washington
pode acreditar no que o chefe Seattle diz com a mesma
certeza com que nossos irmãos brancos podem confiar na
mudança das estações do ano. Minha palavra é como as
estrelas, elas não empalidecem. Como pode-se comprar
ou vender o céu, o calor da terra? Tal ideia é estranha.
Nós não somos donos da pureza do ar ou do brilho da
água. Como pode então comprá-los de nós? Decidimos
apenas sobre as coisas do nosso tempo. Toda esta terra é
ESCOTEIROS DO BRASIL
sagrada para o meu povo. Cada folha reluzente, todas as
praias de areia, cada véu de neblina nas florestas escuras,
cada clareira e todos os insetos a zumbir são sagrados
nas tradições e na crença do meu povo. Sabemos que o
homem branco não compreende o nosso modo de viver.
Para ele um torrão de terra é igual ao outro. Porque ele é um
estranho, que vem de noite e rouba da terra tudo quanto
necessita. A terra não é sua irmã, nem sua amiga, e depois
de exauri-la ele vai embora. Deixa para trás o túmulo de
seu pai sem remorsos. Rouba a terra de seus filhos, nada
respeita. Esquece os antepassados e os direitos dos filhos.
Sua ganância empobrece a terra e deixa atrás de si os
desertos. Suas cidades são um tormento para os olhos do
homem vermelho, mas talvez seja assim por ser o homem
vermelho um selvagem que nada compreende. Não se
pode encontrar paz nas cidades do homem branco. Nem
lugar onde se possa ouvir o desabrochar da folhagem na
primavera ou o zunir das asas dos insetos. Talvez por ser
um selvagem que nada entende, o barulho das cidades
é terrível para os meus ouvidos. E que espécie de vida é
aquela em que o homem não pode ouvir a voz do corvo
noturno ou a conversa dos sapos no brejo à noite? Um
índio prefere o suave sussurro do vento sobre o espelho
d’água e o próprio cheiro do vento, purificado pela chuva
do meio-dia e com aroma de pinho. O ar é precioso para
o homem vermelho, porque todos os seres vivos respiram
o mesmo ar, animais, árvores, homens. Não parece que o
homem branco se importe com o ar que respira. Como
um moribundo, ele é insensível ao mau cheiro. Se eu me
decidir a aceitar, imporei uma condição: o homem branco
deve tratar os animais como se fossem seus irmãos. Sou
um selvagem e não compreendo que possa ser de outra
forma. Vi milhares de bisões apodrecendo nas pradarias
abandonados pelo homem branco que os abatia a tiros
disparados do trem. Sou um selvagem e não compreendo
como um fumegante cavalo de ferro possa ser mais valioso
que um bisão, que nós, peles vermelhas matamos apenas
para sustentar a nossa própria vida. O que é o homem sem
os animais? Se todos os animais acabassem os homens
morreriam de solidão espiritual, porque tudo quanto
acontece aos animais pode também afetar os homens.
Tudo quanto fere a terra, fere também os filhos da terra.
Os nossos filhos viram os pais humilhados na derrota. Os
nossos guerreiros sucumbem sob o peso da vergonha. E
CURSO AVANÇADO
115
depois da derrota passam o tempo em ócio e envenenam
seu corpo com alimentos adocicados e bebidas ardentes.
Não tem grande importância onde passaremos os nossos
últimos dias. Eles não são muitos. Mais algumas horas
ou até mesmo alguns invernos e nenhum dos filhos das
grandes tribos que viveram nestas terras ou que tem
vagueado em pequenos bandos pelos bosques, sobrará
para chorar, sobre os túmulos, um povo que um dia foi tão
poderoso e cheio de confiança como o nosso.
De uma coisa sabemos, que o homem branco talvez
venha a um dia descobrir: o nosso Deus é o mesmo
Deus. Julga, talvez, que pode ser dono Dele da mesma
maneira como deseja possuir a nossa terra. Mas não pode.
Ele é Deus de todos! E quer bem da mesma maneira ao
homem vermelho como ao branco. A terra é amada por
Ele. Causar dano à terra é demonstrar desprezo pelo
Criador. O homem branco também vai desaparecer, talvez
mais depressa do que as outras raças. Continua sujando
a sua própria cama e há de morrer, uma noite, sufocado
nos seus próprios dejetos. Depois de abatido o último
bisão e domados todos os cavalos selvagens, quando as
matas misteriosas federem à gente, quando as colinas
escarpadas se encherem de fios que falam, onde ficarão
então os sertões? Terão acabado. E as águias? Terão ido
embora. Restará dar adeus à andorinha da torre e à caça;
o fim da vida e o começo pela luta pela sobrevivência.
116
CURSO AVANÇADO
Talvez compreendêssemos com que sonha o homem
branco se soubéssemos quais as esperanças transmite a
seus filhos nas longas noites de inverno, quais visões do
futuro oferecem para que possam ser formados os desejos
do dia de amanhã. Mas nós somos selvagens. Os sonhos
do homem branco são ocultos para nós. E por serem
ocultos temos que escolher o nosso próprio caminho. Se
consentirmos na venda é para garantir as reservas que nos
prometeste. Lá talvez possamos viver os nossos últimos
dias como desejamos. Depois que o último homem
vermelho tiver partido e a sua lembrança não passar da
sombra de uma nuvem a pairar acima das pradarias, a
alma do meu povo continuará a viver nestas florestas e
praias, porque nós as amamos como um recém-nascido
ama o bater do coração de sua mãe. Se te vendermos a
nossa terra, ama-a como nós a amávamos. Protege-a
como nós a protegíamos. Nunca esqueça como era a terra
quando dela tomou posse. E com toda a sua força, o seu
poder, e todo o seu coração, conserva-a para os seus filhos,
e ama-a como Deus nos ama a todos. Uma coisa sabemos:
o nosso Deus é o mesmo Deus. Esta terra é querida por
Ele. Nem mesmo o homem branco pode evitar o nosso
destino comum.”
Fonte: www.culturabrasil.pro.br
ESCOTEIROS DO BRASIL
ESCOTISMO E MEIO AMBIENTE
ESCOTISMO E NATUREZA – UMA RELAÇÃO ANTIGA
Desde a criação do Escotismo por Baden-Powell,
estava implícita uma relação íntima entre a prática do
Escotismo e a natureza. Não é à toa que a data oficial da
sua criação coincide com a realização do acampamento
de Brownsea. Até hoje, a “vida ao ar livre” faz parte do
método educativo do Movimento Escoteiro, conforme
explicitado no seu projeto educativo:
“A vida ao ar livre é um meio privilegiado para as
atividades escoteiras.
Os desafios que a natureza apresenta permitem aos
jovens equilibrar seu corpo, desenvolver suas capacidades
físicas, manter e fortalecer a saúde, ampliar a criatividade,
exercitar espontaneamente sua liberdade, estabelecer
vínculos profundos com outros jovens, compreender as
exigências básicas da vida em sociedade, valorizar o mundo,
formar seus conceitos estéticos, descobrir e se encantar com
a ordem da Criação.
O método escoteiro propõe aos jovens integrar essas
experiências a seus hábitos frequentes e a seu estilo de vida,
recuperando continuamente o silêncio interior e retornando
sempre aos ritmos naturais e à vida sóbria”.
(Projeto educativo do Movimento Escoteiro)
Portanto, é natural que a preocupação com o meio
ambiente esteja sempre presente no planejamento e
desenvolvimento das atividades escoteiras.
“O Escotismo mundial, com seus mais de 25 milhões de
jovens e adultos, em 216 países e territórios de todo mundo,
esteve sempre ativo com o que hoje chamamos temas
ambientais. Ao inspirar o amor e o respeito pela natureza a
milhões de crianças e jovens que passam pelo Movimento,
o escotismo tem contribuído de forma significativa para o
presente momento da causa do ambiente em todo mundo”.
(J.Moreillon,1993)
Desejamos que todo o jovem que tenha sido
escoteiro faça o melhor possível para ser, na idade adulta,
um homem ou uma mulher “amante da natureza e capaz
de respeitar sua integridade”.
ESCOTEIROS DO BRASIL
Mesmo no tempo em que ainda nem existia a palavra
“ecologia” (citada pela primeira vez pelo biólogo Ernest
Haeckel (1834-1919) em 1869, em seu livro “Generelle
Morphologie des Organismen” – Morfologia Geral dos
Organismos), a preocupação com a preservação do
meio ambiente já estava presente em nosso movimento.
Baden-Powell insistiu sempre em afirmar que o escoteiro
vê a natureza como obra de Deus, e protege os animais
e as plantas. Mas a atenção dispensada aos animais e as
plantas, por si só, não traduz toda a nossa preocupação
com a natureza.
Após o Jamboree do Canadá em 1957, a Conferência
Mundial definiu que o ano de 1957 seria o ano das medidas
para a proteção da natureza, mostrando desta forma a
preocupação em orientar os jovens no sentido de que,
o futuro do planeta, depende inteiramente do empenho
e da vontade de todos. Para compreender o mundo,
suas necessidades e carências é preciso informação.
Conhecendo é possível amar e amando nos sentiremos
capazes para defender.
O restante do mundo só despertou para os problemas
ambientais com o desenvolvimento do movimento
ecológico a partir de 1970, quando a degradação do
planeta aumentou consideravelmente com fatos como:
aumento populacional mundial, aumento do buraco da
camada de ozônio, guerras modernas, destruição das
florestas, extinção de espécies animais e vegetais, entre
outros.
O crescimento industrial desencadeou forças
criadoras que podem ser utilizadas para nos proporcionar
uma vida com melhor qualidade; mas esse mesmo
crescimento desencadeou também forças destruidoras
que tendem a arruinar o sistema ecológico, pela
exploração insensata que envenena as fontes vitais de
que tanto dependemos: a terra, a água e o ar.
ATIVIDADES EDUCATIVAS SOBRE MEIO AMBIENTE
As práticas de educação ambiental são uma busca
frequente de educadores, líderes comunitários e também
de nós, escotistas. Cabe esclarecer que estas práticas
não podem ser estanques, determinando um período
específico para o seu desenvolvimento, mas devem estar
inseridas nas diferentes formas de ação e na rotina das
pessoas.
CURSO AVANÇADO
117
Muitos educadores apresentam dificuldades ou,
até mesmo, uma certa resistência quanto à inserção da
educação ambiental em suas atividades rotineiras. Isto se
deve ao fato de termos poucas referências sobre práticas
educativas ambientais. Com esta falta de referenciais,
as pessoas, em geral, sentem-se “perdidas” em relação à
educação ambiental.
Inserir a educação ambiental às atividades rotineiras
nada mais é do que tomá-la como foco principal de toda
e qualquer atividade que esteja inserida no contexto das
ações que estão sendo desenvolvidas. Não é necessário
ser um biólogo ou engenheiro agrônomo, engenheiro
florestal, cientista, para falar em educação ambiental. Na
verdade, todos nós somos (ou deveríamos ser) educadores
ambientais, só nos falta a prática.
Esta prática vamos adquirir na medida em que
tivermos coragem de ousar. Aquilo que não soubermos,
iremos aprender junto com os jovens, pois o nosso
direcionamento é a curiosidade delas. Apontamos as
temáticas para despertar o interesse nos assuntos. O
nosso desafio maior é desafiarmos nossos jovens. São elas
que nos levarão às práticas seguras. Basta seguirmos na
mesma direção despertando sempre o desejo do aprender
através de uma aprendizagem real e significativa.
Fonte: Projeto Apoema - Educação Ambiental
SUGESTÕES DE ATIVIDADES
ATIVIDADE 1: COLETA SELETIVA NA SEDE DO GRUPO
Implantar, na sede do grupo escoteiro, um projeto
(pode ser considerado o da Insígnia Mundial de Meio
Ambiente, por exemplo) de coleta seletiva de resíduos,
instalando lixeiras com as cores respectivas para os
resíduos produzidos no local.
O projeto poderá seguir os seguintes passos:
1. Levantamento dos tipos de resíduos produzidos na
sede em cada reunião;
2. Classificação dos resíduos (orgânico, metal, papel,
plástico, etc.);
3. Apresentação do projeto para o grupo, enfatizando a
implantação das lixeiras e a responsabilidade ambiental
de cada um;
amarelo – metal, vermelho – plástico, verde – vidros, cinza
– geral não reciclável, misturado ou contaminado não
passível de separação);
5. Avaliação mensal dos resultados em forma de relatório.
ATIVIDADE 2: COLETA SELETIVA NA CASA DO JOVEM
Idem a atividade 1, só que nesta, enfatiza aos
familiares a importância de separar o lixo para a proteção
ambiental.
ATIVIDADE 3: CONSTRUINDO ABRIGOS E COMEDOUROS PARA PÁSSAROS
A Alcateia, Patrulha ou Equipe de Interesse poderá
desenvolver ninhos e comedouros utilizando para isso
materiais recicláveis como garrafas PET, latas de alumínio,
caixas longa vida, etc.
ATIVIDADE 4: PLANTANDO ÁRVORES
A Alcateia, Patrulha ou Equipe de Interesse poderá
desenvolver um projeto de plantio de árvores para a
regeneração de uma área degradada, mata ciliar de um
rio, formação de um bosque público, etc. Um projeto
desta categoria requer uma sequência de planejamento
bastante grande e a autorização do órgão municipal de
agricultura e meio ambiente, que poderá atuar como
parceiro do grupo escoteiro na atividade.
ATIVIDADE 5: LIMPANDO RIOS
O grupo poderá realizar a limpeza de rios e córregos
de seu município, atuando na coleta do lixo que se
deposita nas margens ou que flutua no leito. Outro projeto
grande, que necessitará de planejamento e auxílio de
outros órgãos como o corpo de bombeiros, a defesa civil,
ONG´s e outras organizações como clubes de jeepeiros ou
motoqueiros que costuma fazer trilhas próximas a rios.
ATIVIDADE 6: CULTIVANDO ERVAS MEDICINAIS
Poderá ser adotado pela Alcateia, Patrulha ou Equipe
de Interesse o cultivo de ervas medicinais na sede do
grupo, para que sejam usadas pelo grupo ou doadas para
instituições, como a pastoral da criança. Para tanto, será
necessário que a equipe realize:
4. Confecção e instalação das lixeiras nas cores respectivas:
azul – papel, preto – madeira, marrom – orgânicos,
118
CURSO AVANÇADO
ESCOTEIROS DO BRASIL
1. Pesquisa sobre ervas medicinais e suas aplicações
terapêuticas;
2. Construção de canteiros ou vasos para o cultivo;
3. Plantio e acompanhamento do crescimento das ervas,
com os devidos cuidados de cultivo;
4. Colheita, secagem ou distribuição das ervas produzidas.
AÇÕES COMUNITÁRIAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Existem inúmeras ações comunitárias que poderão
ser desenvolvidas pelos jovens. Tais ações poderão
englobar o conjunto de requisitos para a progressão
pessoal e com isso, engrandecer o nível da Seção. O
escotista pode sugerir ou incentivar tais ações. Eis alguns
exemplos:
• Confecção de panfletos sobre educação ambiental
para serem distribuídos em pedágios, estabelecimentos
comerciais, cinemas, etc;
• Palestras em comunidades carentes sobre temas
como higiene pessoal, cuidados básicos na preparação
e manipulação de alimentos, métodos de controle de
parasitas, etc;
• Ações sociais em datas específicas, como o Dia D de
combate à Dengue, o McDia Feliz, Hora do Planeta, etc;
• Trabalhos conjuntos com as secretarias municipais de
Meio Ambiente ou de Saúde, na organização de palestras,
apoio em atividades municipais, etc;
Além dessas ações, devemos incentivar nossos
jovens a participar do Mutirão Nacional de Ação
Ecológica, maior atividade ecológica dos Escoteiros do
Brasil, que vem se tornando, ano após ano, uma referência
e um norte de como educar nossas gerações do presente
para que trabalhem pela sobrevivência sustentada das
gerações futuras.
à medida que o escoteiro desenvolve uma consciência
e uma compreensão do ambiente e do mundo que o
circunda.
As atividades exteriores, jogos e dinâmicas são
divertidos, permitem a exploração do ambiente, encorajam
a investigação e a consciência ambiental compartilhada.
Encorajam o pensamento crítico sobre o ambiente e
promovem a compreensão da responsabilidade individual
para com o meio em que vivemos. Todas as atividades
propostas são vivenciais e permitem uma discussão dos
temas pela Seção.
A IMMA, portanto, incentiva a educação pelo jogo
e a discussão aberta conforme o nível de cada indivíduo,
permitindo que este contribua para o aumento do
conhecimento geral da sua Seção.
Saiba mais sobre a IMMA no Guia da Insígnia
Mundial do Meio Ambiente e no POR.
ALGUMAS ATITUDES QUE PODEMOS FAZER IMEDIATAMENTE PARA
PROTEGER NOSSO PLANETA.
Manter sua casa limpa
Cuidar do lugar de vida do ser humano pode ser um
meio de lutar positivamente pela ecologia, transformando
o seu “ecossistema casa” num exemplo de excelente
qualidade de vida, ajudando assim, a conservar o meio
ambiente. A limpeza constante do local onde moramos,
além de nos proporcionar bem estar físico e psicológico,
evita inúmeros aborrecimentos, como o aparecimento de
ratos, aranhas, baratas, pó excessivo, doenças, etc.
Comprar materiais adequados
Procurar utilizar materiais biodegradáveis, ajudando
desta maneira a conservar a natureza, uma vez que estes
produtos são aqueles de que se desdobram em matéria
orgânica, não vindo deste modo a poluir rios e solos.
Fazer reciclagem
INSÍGNIA MUNDIAL DE MEIO AMBIENTE
O Programa Mundial Escoteiro de Meio Ambiente
(PMEMA), do qual faz parte a nova IMMA, coloca o
Movimento Escoteiro no lugar em que sempre esteve: na
vanguarda da educação ambiental para a juventude. A
estrutura da IMMA encoraja um aprendizado progressivo
ESCOTEIROS DO BRASIL
Não jogue fora aquilo que você puder reutilizar.
Aproveite tudo o que você puder. Separe corretamente o
lixo imprestável daquele que não é tão lixo assim.
CURSO AVANÇADO
119
Economizar energia
Se cada cidadão procurar fazer a sua economia,
não utilizando luz em excesso, e nem utilizando
eletrodomésticos sem disciplina, muito será conseguido.
Pode parecer pouco, mas o importante é a soma desta
economia em milhares de casas.
Cuidar bem da área verde de sua casa
Se você possui um espaço em seu terreno, que tal
implantar um jardim, que além de embelezar a sua casa
e fortalecer o solo, também estará ornamentando sua
rua, proporcionando vida a diversos tipos de animais
pequeninos (micro flora e micro fauna). Se houver espaço
poderá fazer uma pequena horta, que certamente
trará muitas alegrias, economia e uma alimentação
mais saudável (sem uso desordenado de herbicidas,
agrotóxicos, etc).
Cuidar dos animais domésticos
Tratar os animais com carinho e atenção, levá-los
frequentemente ao veterinário e procurar alimentá-los
com ração adequada. Os animais devem ser tratados
como seres amigos e companheiros, onde nosso respeito
à natureza se traduz em tratá-los bem.
Ajudar na limpeza da sua rua
Ajude a educar o povo e a cuidar das praças e dos
parques. Com o progresso industrial, a poluição do ar
está aumentando no dia-a-dia. Una-se para que todos
não aumentem a poluição sonora, hídrica ou eólica e
participem então de sua diminuição.
Proteger a água
Ela é vida: precisamos cuidar das nossas nascentes
de água afim de evitarmos o aparecimento de doenças,
tanto para o ser humano, como para os animais e plantas;
economizar na utilização da água em nosso dia-a-dia,
afinal a água doce e potável é um bem cada vez mais raro,
e é fundamental nos processos de vida e das indústrias.
Incentivar o ensino da educação ambiental
Você melhora um país educando o seu povo. Uma
educação que passa pelo conhecimento pessoal das
coisas, com o ensino informal e chega ao seu auge
por meio do respeito às leis e normas, as condições
primordiais urbanas, para que o convívio coletivo não
chegue ao extremo dos crimes e atritos. As cidades
devem ser limpas e arejadas, com boa estrutura viária,
atendimento às pessoas e suas necessidades elementares,
áreas verdes, parques, lazer, saúde e principalmente uma
boa perspectiva de futuro.
Fonte: http://ambientes.ambientebrasil.com.br/
Não deixe o lixo ficar muito tempo na rua, pode ser
revirado por animais e também servir de foco de atração
de insetos. Não use terrenos baldios como depósitos de
lixo ou móveis usados. Com a chuva e o vento, pedaços
deles podem ir parar dentro de bueiros e esgotos,
provocando alagamentos. Não jogue lixo nas ruas!
Cuidar da área verde de sua cidade
120
CURSO AVANÇADO
ESCOTEIROS DO BRASIL
ANOTAÇÕES
ESCOTEIROS DO BRASIL
CURSO AVANÇADO
121
UNIDADE DIDÁTICA | CURSO AVANÇADO - ESCOTISTA
ASPECTOS JURÍDICOS
Duração
90 minutos
Objetivos Gerais
Conscientizar o escotista e o dirigente sobre os aspectos legais envolvidos nas
atividades escoteiras.
Objetivos Específicos
- Identificar as responsabilidades de escotistas e dirigentes;
- Verificar os itens de segurança para as atividades;
- Compreender a importância da segurança nas atividades escoteiras como elemento
indispensável de planejamento.
Conteúdo
- Legislação escoteira;
- Legislação civil.
Material
- Cadeiras;
- Mesa;
- Cópia das fichas de trabalho.
PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO
Tempo (minutos)
Tema
Metodologia
5
Apresentação e divisão da dinâmica: júri simulado
PL
10
Preparação
TG
40
Início do júri
DD
35
Avaliação e sentença
DD
PL = Palestra
TG = Trabalho em Grupo
DD = Discussão Dirigida
DETALHAMENTO DA METODOLOGIA
Sugerimos duas formas de aplicar esta unidade didática.
1) Juri Simulado com base no caso do Anexo 1.
2) Trabalho em Grupo com base nos casos constantes no anexo -5
Apresentação e divisão:
Apresentar o tema “segurança” e explicar que os escotistas formarão parte de um júri simulado e que eles terão
papéis. Dividir os escotistas entre os possíveis personagens: escrivão, autor, réu 1, réu 2, réu 3 e réu 4, Márcio Alves,
José Floriano, oficial de justiça, promotores e advogados de defesa.
ESCOTEIROS DO BRASIL
CURSO AVANÇADO
123
Preparação:
- Os promotores deverão elaborar uma denúncia, por escrito, expondo os motivos, inclusive mencionando a
legislação pela qual pretendem a condenação dos réus.
- Os advogados de defesa deverão debater quais serão as estratégias de defesa, inclusive analisando a legislação
pertinente.
- Os demais deverão aguardar o início da sessão do júri, sendo que deverão ler o caso inteirando-se das peculiaridades,
bem como analisando a legislação pertinente. Os que serão testemunhas deverão pensar em como contarão a
história que viram perante o tribunal, bem como os autores e réus.
00:15 – Início do júri:
Antes de iniciar os procedimentos do júri, é importante que o formador esclareça que será utilizado um procedimento
análogo ao de Tribunal de Júri, que serve para julgamento no âmbito do Direito Penal, mas que para efeitos didáticos
será utilizado para a discussão de um assunto do direito civil.
1. Toque de campainha
2. Declaro instalados os trabalhos preparatórios da reunião do Tribunal do Júri desta Comarca.
3. Proceda o senhor escrivão à verificação, na urna, da existência das 21 cédulas com os nomes dos 21 jurados
sorteados para a sessão periódica.
4. Proceda o sr. escrivão a chamada dos senhores jurados.
5. O juiz colocará as cédulas dos jurados presentes na urna (menor) e, fechando-a, anunciará qual o processo que
será submetido a julgamento.
6. Será submetido a julgamento o processo em que é autor MARCOS PEFIN. São réus JONATAS ELMES, MARTA
PINHEIRO, CRISTINA MACHADO E O GRUPO ESCOTEIRO SÃO JOÃO , tendo como vítima JULIANO PEFIN.
7. O Oficial de Justiça apregoe as partes e as testemunhas.
- O escrivão entregará ao Oficial a lista.
8. O juiz perguntará a cada um dos réus:
- Qual é o seu nome?
- Qual é a sua idade?
- Tem advogado? Quem é?
- Para a representante do GE São João pergunta quem representa.
9. A seguir procederei ao sorteio dos sete jurados que formarão o conselho de sentença, mas antes fazendo a
seguinte menção:
124
CURSO AVANÇADO
ESCOTEIROS DO BRASIL
- Advirto-os, porém, que não poderão servir no mesmo conselho, por impedimento, marido e mulher, ascendentes e
descendentes, sogro e genro ou nora, irmãos, cunhados, tio e sobrinho, padrasto e madrasta e enteado, não poderão
servir também, por suspeição, os jurados que tiverem parentesco com o juiz, com o promotor, com o advogado, com
os réus ou com as vítimas.
Advirto-os, ainda, que depois de sorteados, os jurados não poderão comunicar-se com outrem, nem manifestar sua
opinião sobre o processo, sob pena de exclusão do conselho e multa.
Os jurados que serviram em julgamento anterior dos mesmos réus estão impedidos de servir.
Os jurados que estiverem em qualquer das circunstâncias das quais foram advertidos, deverão manifestar seu
impedimento ou suspeição.
10. O juiz vai tirando as cédulas da urna, até o número de 7 e as lerá em voz alta, convidando os jurados sorteados a
tomarem seus assentos.
11. Formado o conselho, o juiz em pé:
- Convido a todos a se levantarem para exortação e compromisso dos jurados. “Em nome da lei, concito-vos a
examinar com imparcialidade esta causa e a proferir a vossa decisão, de acordo com a vossa consciência e os ditames
da justiça”.
- Ao serem chamados nominalmente, os jurados responderão um a um: ACEITO
12. Convidar os demais jurados, que não foram sorteados a assistirem o julgamento.
13. Interrogatório dos réus, um a um. Ler a denúncia antes de interrogá-los (o juiz começa escutando o autor, depois
faz perguntas e abre para as perguntas da promotoria e depois para cada uma das defesas).
14. Para o início dos debates concedo a palavra aos doutores promotores de justiça pelo tempo de sete minutos.
15. Concedo a palavra à defesa pelo prazo de sete minutos para cada réu.
16. Réplica para os promotores. (três minutos)
17. Tréplica para os réus. (três minutos)
18. Chamar as testemunhas, uma a uma para depoimentos e perguntas.
19. Concluídos os debates: indago dos senhores jurados se estão habilitados a julgar a causa ou se precisarão de mais
esclarecimentos.
20. Superadas as dúvidas: “Procederemos ao julgamento dos réus. Convido os senhores jurados, defesa e acusação
a permanecerem neste local”.
A votação é referente a cada réu para cada vítima, devendo ser julgado um réu de cada vez.
Distribuir as cédulas de SIM e NÃO aos senhores jurados, explicar que a resposta é sobre o pedido de absolvição.
ESCOTEIROS DO BRASIL
CURSO AVANÇADO
125
21. “Solicito aos senhores jurados que coloquem o voto válido na primeira urna a ser passada pelo senhor oficial de
justiça e o voto não válido na segunda urna a ser passada”.
Terminada a votação, o juiz lerá em voz alta cada qual dos votos válidos mandando o escrivão escrevê-los em termo
próprio.
O juiz declarará que está encerrada a incomunicabilidade dos senhores jurados.
22. Após um pequeno tempo em que o juiz sai da sala, volta e convida a todos a se levantarem para a leitura da
sentença.
23. O juiz encerra a sessão, fazendo os agradecimentos:
Ao promotor;
Aos advogados;
Aos senhores jurados;
Aos réus;
Aos serventuários e funcionários da justiça.
Avaliação e sentença:
Proferida a sentença, abrir a discussão para avaliação do que fora observado.
LISTA DE PARTES E TESTEMUNHAS: (a ser entregue ao oficial de justiça para apregoar as partes)
- MARCOS PEFIN
- JONATAS ELMES
- MARTA PINHEIRO
- CRISTINA MACHADO
- GRUPO ESCOTEIRO SÃO JOÃO na pessoa de JOEL SANTOS SILVA
- MÁRCIO ALVES
- JOSÉ FLORIANO
Sugestão 2- Trabalho em Grupo
Dividir os cursantes em 6 grupos , cada grupo ira debater um estudo de caso do anexo 5 e depois apresentar para
todos os cursantes .
O formador então deverá fazer os devidos comentários considerando o Código Civil e a Legislação Escoteira sobre
segurança.
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
POR
Código Civil
Código de Processo Penal
Livro Padrões de Atividades Escoteiras
Última atualização: 28/03/2014
126
CURSO AVANÇADO
ESCOTEIROS DO BRASIL
ASPECTOS JURÍDICOS
Cabe aos escotistas e aos dirigentes fazer com que
as atividades sejam realizadas adequadamente dentro
das orientações técnicas, regras da instituição e legislação
brasileira. Existem questões legais que não podem ser
ignoradas.
AUTORIZAÇÕES DOS PAIS E RESPONSÁVEIS:
Existem dois tipos básicos de atividades realizadas
como parte do programa educativo do Movimento
Escoteiro: as de sede e as de campo.
Para as atividades de sede, por serem a maioria no
“ano escoteiro”, pode-se utilizar o expediente de incluir
um campo na ficha de inscrição a ser preenchida pelo
pai ou responsável legal, onde conste a autorização
expressa para que o menor participe das atividades
normais de sede e imediações, ou dentro do limite
urbano, desde que acompanhados ou supervisionados
por adultos devidamente nomeados pelo grupo escoteiro
e registrados nos Escoteiros do Brasil no ano em curso.
Isto facilita em muito a organização, pois não será preciso
obter autorizações a cada saída da sede, haja vista que os
próprios jovens, no seu dia-a-dia, se deslocam livremente
dentro do limite urbano, sozinhos ou acompanhados de
amigos de mesma idade, autorizados verbalmente pelos
pais.
As atividades de campo podem ser divididas entre
aquelas que acontecem dentro do perímetro urbano da
cidade, e as que excedem esse limite. Mesmo nos casos das
atividades dentro do perímetro urbano, há a necessidade
de os pais ou responsáveis legais autorizarem por escrito
a participação do filho. Não basta apenas assinar, mas
também se identificar com o número do RG ou do CPF,
a fim de que se tenha valor legal. Esta questão deve ser
bem entendida, pois não se pode correr o risco de ter em
mãos apenas um “pedaço de papel assinado”, porém sem
valor legal. Um dispositivo do Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA) responsabiliza aquele que hospeda a
criança ou o adolescente, desacompanhado dos pais ou
responsáveis ou sem autorização escrita destes, ou da
autoridade judiciária.
Um outro ponto a ser explorado na autorização
de atividade refere-se ao preenchimento do formulário.
Campos referentes ao uso de medicamentos (contínuos
ou não), doenças ou problemas de saúde atuais, entre
outros, devem ser indicados na ficha, assim como informar
se o jovem possui algum plano de saúde.
ESCOTEIROS DO BRASIL
A fim de facilitar o trabalho no grupo escoteiro,
há muitos anos utilizam-se as fichas de autorização de
atividades de campo. Os modelos são variados e são
criados de acordo com a necessidade e a realidade de
cada grupo. Existe um modelo pronto no Sistema de
Gerenciamento de Unidade Escoteira (SIGUE) que pode
ser usado com muita facilidade.
Também é necessário destacar o caso das atividades
cujos locais de realização excedem o perímetro urbano da
cidade. Nesse caso o Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA), Lei 8069/90, em seu artigo 83, traz todas as
informações legais pertinentes às autorizações para
atividades fora da comarca onde o jovem reside.
No caso de atividades em outro estado deve-se obter,
além da autorização dos pais, também a autorização da
diretoria da região escoteira de origem para se deslocar
e participar da atividade. Também é necessário, nesse
caso, solicitar ao juizado de menores a expedição de uma
autorização para a viagem. Quando se tratar de atividades
fora do país, deve-se seguir o exposto nos artigos 84 e 85
do ECA.
Nas autorizações, em geral, a organização das
atividades deve se embasar em toda a legislação específica
no assunto.
RESPONSABILIDADES DOS ADULTOS
A palavra responsabilidade é legalmente usada
quando da necessidade de restituição ou compensação
por algo que foi retirado de alguém. Em nossos conceitos
podemos nos referir às responsabilidades civis, penais e
morais.
• A responsabilidade civil, prevista no código próprio,
entende que aquele que, por ação ou omissão voluntária,
negligência, ou imprudência, violar direito, ou causar
prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar o dano. Neste
sentido, por exemplo, quando se estraga algo de uma
área que foi cedida ao grupo escoteiro para realização
de atividade, a responsabilidade pode levar a ter que
consertar, indenizar e pagar por todos os danos causados
à vítima.
• Na responsabilidade penal a pessoa infringe uma norma
de direito público, uma lei, infringindo o interesse da
sociedade. Nesse caso a responsabilidade é pessoal,
intransferível, ou seja, o réu será julgado e pode pagar
com a privação da sua liberdade.
CURSO AVANÇADO
127
• Em muitos casos o ato poderá provocar tanto ação de
responsabilidade civil como de responsabilidade penal.
Em qualquer um dos dois casos, entretanto, a idade
mínima para ser responsabilizado é de 18 anos.
• Também existe a responsabilidade moral, ligada à ética,
e relacionada à responsabilidade com as ações e suas
consequências nas relações sociais. Diz respeito ao dano
causado ao indivíduo, a um grupo ou a uma sociedade
inteira devido às ações ou omissões de uma ou várias
pessoas. É o caso do prejuízo causado ao Movimento
Escoteiro, como um todo, em consequência de ato de
alguém.
Estas questões devem levar todos os escotistas e
dirigentes a constante reflexão, organizando-se para
realizar atividades com devido conhecimento, habilidade,
seguindo a legislação e minimizando riscos. Os escotistas
devem ter consciência de que não dominam todas as
habilidades para todas as atividades. Reconhecer as
próprias limitações e buscar ajuda de pessoas competentes
para coordenar determinadas atividades, com qualidade e
segurança, reflete a responsabilidade do adulto perante
os jovens, a sociedade e ao Movimento Escoteiro.
POLÍTICA DE PROTEÇÃO INFANTOJUVENIL
Os Escoteiros do Brasil contam com uma
regulamentação que norteia as ações contra as posturas
inadequadas. Qualquer suspeita de que alguma criança
ou adolescente corra riscos ou tenha sido objeto de
negligência, discriminação, exploração, violência,
crueldade e opressão, deve ser imediatamente investigado
com o auxílio das autoridades e poderes competentes,
atendendo os preceitos das leis brasileiras.
O Programa de Proteção Infantojuvenil oferece aos
pais, dirigentes e escotistas materiais impressos e online com orientações sobre bullying, cuidados nas redes
sociais, drogas, etc.
A partir de 2014, tornou-se obrigatória para
voluntários acima de 18 anos no momento da inclusão ou
renovação do registro escoteiro, a participação no curso
de Proteção Infantojuvenil em plataforma EaD. Além do
curso, os membros adultos que ocuparem funções de
escotistas ou dirigentes deverão, como parte do processo
de inclusão, apresentar documentos que ajudem
às respectivas diretorias a conhecer melhor os seus
voluntários, possibilitando a participação de cidadãos que
estejam de acordo com os princípios éticos do Escotismo.
ANOTAÇÕES
128
CURSO AVANÇADO
ESCOTEIROS DO BRASIL
ANEXO 1 | CURSO AVANÇADO - ESCOTISTA
O A CASO CONCRETO E LEGISLAÇÃO A SER ENTREGUE AOS
ESCOTISTAS
O Grupo Escoteiro São João, da cidade de Jupira
de Sapucaia, possui uma Alcateia, uma Tropa de Escoteiros
e uma Tropa Sênior. Faz parte do setor 31 da Região
Escoteira “X”. No dia 12 de agosto de 2006 realizava o 3°
Acampamento de Integração de Tropas em comemoração
ao seu 7º aniversário.
Antes da realização da atividade, uma equipe
coordenada pelo Chefe Jonatas Elmes, preparou as
bases que seriam aplicadas aos jovens. Cada base seria
desenvolvida por dois ou três chefes e teria duração de
aproximadamente 30 minutos. Como todos os chefes
eram bastante experientes, avaliou-se que não havia
necessidade da elaboração de planos de segurança e
emergência. As autorizações individuais dos pais de cada
jovem deveriam ser providenciadas por cada chefe em
seu grupo de origem, de forma escrita ou verbal conforme
o costume local. Quatro dias antes da atividade, em uma
reunião final da coordenação, o diretor-presidente do
Grupo Escoteiro São João, Joel Santos Silva, autorizou
verbalmente a realização da atividade.
No dia da atividade, por volta de 15h30, o
Sênior, Juliano Pefin, 16 anos, conhecido também como
Peixinho, chegou com sua equipe na base de travessia
da Lagoa dos Marrecos e decifrou a última pista que
orientava a realização da travessia da lagoa com os pés
unidos. As chefes que cuidavam da base, Marta Pinheiro
e Cristina Machado, na hora da travessia, dispensaram os
componentes de fazer a travessia com os pés unidos, mas
não forneceram nenhum equipamento de segurança. Ao
ser dada a largada, Juliano pulou na lagoa para fazer a
travessia. Aproximadamente 20 participantes caíram na
água também, mas a metade desistiu. Juliano não resistiu
às dificuldades de fazer a travessia, no meio da lagoa, o
menino começou a se debater. Os responsáveis pelo
grupo pularam na água para socorrê-lo, mas ele afundou
em questão de segundos. Como a água era escura, o
menino não foi achado. O Corpo de Bombeiros, então, foi acionado.
O garoto já estava desaparecido por cerca de meia
hora quando foi retirado da lagoa. Os bombeiros ainda
tentaram reanimá-lo, mas não havia mais nada a fazer.
ESCOTEIROS DO BRASIL
O presidente da União dos Escoteiros do Brasil da
Região Escoteira “X” , Rafael Dias, afirmou que : “os diversos
grupos escoteiros da Região Escoteira “X” realizam suas
atividades isoladamente em suas sedes, porém, na tarde
do dia do incidente, reuniram-se 12 grupos, 30 chefes e
cerca de 130 jovens no parque. A atividade foi organizada
pelo Grupo Escoteiro São João, com sede no local. O
Grupo Escoteiro comemorava sete anos de sua fundação.
Na hora do ocorrido, três adultos acompanhavam os 40
jovens que estavam envolvidos na atividade aquática.”
Ele confirmou que a travessia era uma sugestão dos
organizadores da atividade e ponderou que: “quando um
menino de 16 anos fala que sabe nadar a gente confia,
né?”
As duas chefes que cuidavam da base,
Marta Pinheiro e Cristina Machado, dispensaram os
componentes de fazer a travessia com os pés unidos e
afirmaram que foram induzidas pelo Sr. Jonatas Elmes a
realizar a atividade sem equipamento de segurança.
Márcio Alves, 21 anos, motorista estava no local
na hora do acidente e tentou socorrer o garoto. “Eu não
achei muito certo aquelas crianças na água, sem colete e
de roupa”, afirma. Ferraz pulou na lagoa e tentou ajudar
o adolescente. “Pedi para ele bater os pés, mas acho
que ele estava muito cansado e acabou afundando”,
contou. “Ele só disse ‘fala para o meu irmão que eu o amo
muito’”, lembrou o motorista. Márcio chamou o Corpo de
Bombeiros que resgatou o jovem sem vida.
José Floriano, 31 anos, pescador, foi uma das
testemunhas da tragédia. Ele disse que pescava na lagoa
quando Guilherme e outros dois meninos começaram a se
afogar. Segundo o moço, os instrutores salvaram os outros
dois adolescentes e não viram que Guilherme tinha se
afogado. “Disseram que ele deveria ter ido para a margem”,
contou ele, que não quis se identificar. O pescador, então,
mergulhou na água e localizou o adolescente. Mas não
conseguiu levá-lo para a terra porque a água estava muito
suja e densa. O rapaz disse que foi ele quem avisou os
Bombeiros.
O pai de Juliano Pefin, Marcos Pefin, após ouvir
o relato dos chefes envolvidos na organização e execução
da atividade, do presidente do Grupo Escoteiro São João
e das testemunhas, resolveu processar o Grupo Escoteiro
São João, na pessoa de seu diretor-presidente Joel Santos
Silva e os chefes Jonatas Elmes, Marta Pinheiro e Cristina
Machado.
CURSO AVANÇADO
129
ANEXO 2 | CURSO AVANÇADO - ESCOTISTA
LEGISLAÇÃO
POR - REGRA 140 - ORIENTAÇÃO GERAL SOBRE SEGURANÇA
I - A segurança nas atividades escoteiras deve ser a principal
preocupação de seus dirigentes e a responsabilidade pela
segurança recai sobre a diretoria do nível a quem está
subordinado o evento.
II - Cabe aos escotistas e dirigentes assegurarem-se de que
toda e qualquer atividade escoteira seja realizada dentro
das orientações técnicas, das regras da UEB e conforme o
que estabelece legislação brasileira.
III - Todos os participantes em atividades escoteiras devem
estar previamente inteirados e capacitados às regras de
segurança estabelecidas e necessárias para atividade a ser
desenvolvida, cumprindo-as e as fazendo cumprir.
IV - A segurança nas atividades pressupõe a presença de
adultos responsáveis com conhecimento e capacitação
nas habilidades necessárias para sua realização, o uso
de equipamento adequado e a preparação prévia aos
participantes.
V - A realização de qualquer atividade escoteira está
condicionada à existência de planejamento aprovado
pela diretoria do nível a quem está subordinada, que
contenha todas as informações relativas ao local, meio de
transporte, recursos materiais e humanos existentes ou a
providenciar, plano de segurança, as atividades que serão
realizadas, quem serão responsáveis por elas e que tipo de
roupa ou proteção exige.
VI - A participação de membros juvenis em atividades
escoteiras fora da sede está condicionada à autorização de
seus pais ou responsáveis, em documento específico para
a respectiva atividade. Para os jovens maiores de 18 anos
não é necessária a autorização dos pais ou responsáveis,
mas é indispensável a autorização da Diretoria da Unidade
Escoteira Local.
VII - Para qualquer atividade escoteira, o Chefe da Seção
deve obter com os pais ou responsáveis, informações
130
CURSO AVANÇADO
sobre as condições de saúde da criança, adolescente ou
jovem e a sua eventual necessidade de medicação ou
dieta especial. Essas informações devem ser prestadas por
escrito, pelo próprio jovem, no Ramo Pioneiro.
VIII – O Chefe de Tropa Escoteira ou Sênior/Guia pode
autorizar uma patrulha a realizar atividade ao ar livre,
sendo tal atividade de sua inteira responsabilidade. Neste
caso, deve obter autorização por escrito da Diretoria da
Unidade Escoteira Local e dos pais ou responsáveis, onde
deverá constar que não haverá a presença de escotistas
acompanhando os adolescentes.
No Ramo Pioneiro, não é necessária autorização dos pais
ou responsáveis, mas é indispensável a autorização da
Diretoria da Unidade Escoteira Local.
IX - Os encarregados de uma atividade escoteira devem
ler o livro Padrões de Atividades Escoteiras e seguir as
suas recomendações. Deve-se ter especial cuidado em
relação aos acampamentos/ acantonamentos, tendo em
vista a escolha do local, as condições climáticas, a possível
ocorrência de eventos naturais adversos, a salubridade do
terreno, a água a ser usada, a alimentação, as condições
dos equipamentos, a segurança nas atividades aquáticas e
nas atividades noturnas. Além disso, deve-se sempre estar
preparado para eventual necessidade de socorro médico.
X - Não são permitidos, sob quaisquer pretextos, os trotes,
os castigos físicos, os ataques a acampamentos, os jogos
violentos e as cerimônias de mau gosto, que possam vir a
constranger, humilhar ou colocar em risco a integridade
física, psíquica ou moral de qualquer participante da
atividade.
XI - Não é permitido aos jovens o uso de pólvora, fogos
de artifício e materiais semelhantes em qualquer tipo de
atividade escoteira.
XII - Os responsáveis pela organização de uma atividade
escoteira ao ar livre devem revesti-la de todas as iniciativas
e providências necessárias para garantir o mínimo
impacto ambiental e fazer com que todos os envolvidos
tenham uma atitude de conservação do meio ambiente.
ESCOTEIROS DO BRASIL
NOTA:
O texto abaixo é parte do regulamento de um grupo
escoteiro fictício, e não faz parte das normas atualmente
vigentes na U.E.B.
Todo Grupo Escoteiro pode ter um regulamento, desde
que suas regras não colidam com o Estatuto da UEB, o POR
e os Regulamentos Nacionais.
Para os grupos que estão em fase de elaboração de
regulamento, as regras seguintes podem servir como
sugestão. Em caso de dúvidas, entre em contato com a
equipe do curso ou com a diretoria do seu grupo escoteiro.
ESCOTEIROS DO BRASIL
CURSO AVANÇADO
131
ANEXO 3 | CURSO AVANÇADO - ESCOTISTA
GRUPO ESCOTEIRO SÃO JOÃO - REGULAMENTO
CAPÍTULO VIII - DAS REGRAS DE SEGURANÇA PARA O RAMO SÊNIOR
40 - Qualquer atividade fora da sede só poderá ser realizada com autorização escrita da diretoria do grupo com
antecedência mínima de 15 dias.
41 - No caso de primeira atividade fora da sede de um chefe de Seção, o pedido de autorização deverá ser efetuado com
30 dias de antecedência.
42 - Não deve ser exigido dos jovens e atividades físicas exaustivas sem antes ter o conhecimento do condicionamento
físico de cada jovem.
43 - O local escolhido para uma atividade fora da sede deve ser visitado com no mínimo 60 dias de antecedência,
verificando-se a área externa, área construída, sanitários distintos para cada sexo, abastecimento de água e a segurança
geral do local. Na ocasião da visita deve ser pesquisado e contatado o hospital mais próximo, bem como averiguada a
existência de telefone público ou particular.
A visita ao local deve ser feita por toda a chefia e não é dispensável em hipótese alguma, mesmo em se tratando de local
conhecido.
44 - Deverá estar presente à atividade, pelo menos um escotista para a cada seis jovens. Pelo menos um dos adultos
deve estar habilitado em enfermagem.
Em atividades com seis ou menos participantes, deverá haver no mínimo dois adultos.
46 - As atividades a serem desenvolvidas devem ser adequadas à faixa etária dos jovens, conforme a literatura oficial e
manuais de cursos.
47 - Em toda atividade fora da sede deve haver um veículo a disposição e pronto para um deslocamento de emergência.
132
CURSO AVANÇADO
ESCOTEIROS DO BRASIL
ANEXO 4 | CURSO AVANÇADO - ESCOTISTA
CÓDIGO CIVIL
Art. 186. Aquele que por ação ou omissão voluntária,
negligência ou imprudência, violar direito e causar dano
a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato
ilícito.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar
dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,
independentemente de culpa, nos casos especificados
em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida
pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para
os direitos de outrem.
Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar,
se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação
de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.
Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo,
que deverá ser eqüitativa, não terá lugar se privar do
necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem.
Art. 929. Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do
inciso II do art. 188, não forem culpados do perigo, assistirlhes-á direito à indenização do prejuízo que sofreram.
Art. 930. No caso do inciso II do art. 188, se o perigo
ocorrer por culpa de terceiro, contra este terá o autor do
dano ação regressiva para haver a importância que tiver
ressarcido ao lesado.
Parágrafo único. A mesma ação competirá contra aquele
em defesa de quem se causou o dano (art. 188, inciso I).
Art. 931. Ressalvados outros casos previstos em lei
especial, os empresários individuais e as empresas
respondem independentemente de culpa pelos danos
causados pelos produtos postos em circulação.
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:
I – os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua
autoridade e em sua companhia;
II – o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se
acharem nas mesmas condições;
ESCOTEIROS DO BRASIL
III – o empregador ou comitente, por seus empregados,
serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes
competir, ou em razão dele;
IV – os donos de hotéis, hospedarias, casas ou
estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo
para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e
educandos;
V – os que gratuitamente houverem participado nos
produtos do crime, até a concorrente quantia.
Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo
antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte,
responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali
referidos.
Art. 934. Aquele que ressarcir o dano causado por outrem
pode reaver o que houver pago daquele por quem pagou,
salvo se o causador do dano for descendente seu, absoluta
ou relativamente incapaz.
Art. 935. A responsabilidade civil é independente da
criminal, não se podendo questionar mais sobre a
existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando
estas questões se acharem decididas no juízo criminal.
Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano
por este causado, se não provar culpa da vítima ou força
maior.
Art. 937. O dono de edifício ou construção responde pelos
danos que resultarem de sua ruína, se esta provier de falta
de reparos, cuja necessidade fosse manifesta.
Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele,
responde pelo dano proveniente das coisas que dele
caírem ou forem lançadas em lugar indevido.
Art. 939. O credor que demandar o devedor antes de
vencida a dívida, fora dos casos em que a lei o permita,
ficará obrigado a esperar o tempo que faltava
para o vencimento, a descontar os juros correspondentes,
embora estipulados, e a pagar as custas em dobro.
CURSO AVANÇADO
133
Art. 940. Aquele que demandar por dívida já paga, no
todo ou em parte, sem ressalvar as quantias recebidas
ou pedir mais do que for devido, ficará obrigado a pagar
ao devedor, no primeiro caso, o dobro do que houver
cobrado e, no segundo, o equivalente do que dele exigir,
salvo se houver prescrição.
Art. 941. As penas previstas nos arts. 939 e 940 não
se aplicarão quando o autor desistir da ação antes
de contestada a lide, salvo ao réu o direito de haver
indenização por algum prejuízo que prove ter sofrido.
Art. 942. Os bens do responsável pela ofensa ou violação
do direito de outrem ficam sujeitos à reparação do dano
causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos
responderão solidariamente pela reparação.
Parágrafo único. São solidariamente responsáveis com os
autores os co-autores e as pessoas designadas no art. 932.
Art. 943. O direito de exigir reparação e a obrigação de
prestá-la transmitem se com a herança.
os devia, levando-se em conta a duração provável da vida
da vítima.
Art. 949. No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor
indenizará o ofendido das despesas do tratamento e dos
lucros cessantes até ao fim da convalescença, além de
algum outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido.
Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido
não possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe
diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além
das despesas do tratamento e lucros cessantes até ao
fim da convalescença incluirá pensão correspondente
à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da
depreciação que ele sofreu.
Art. 951. O disposto nos arts. 948, 949 e 950 aplica-se
ainda no caso de indenização devida por aquele que,
no exercício de atividade profissional, por negligência,
imprudência ou imperícia, causar a morte do paciente,
agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou inabilitá-lo para o
trabalho.
CAPÍTULO II
DA INDENIZAÇÃO
Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano.
Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre
a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir,
eqüitativamente, a indenização.
Art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente para
o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se
em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a
do autor do dano.
Art. 946. Se a obrigação for indeterminada, e não houver
na lei ou no contrato disposição fixando a indenização
devida pelo inadimplente apurar-se-á o valor das perdas e
danos na forma que a lei processual determinar.
Art. 947. Se o devedor não puder cumprir a prestação na
espécie ajustada, substituir-se-á pelo seu valor, em moeda
corrente.
Art. 948. No caso de homicídio, a indenização consiste,
sem excluir outras reparações:
I – no pagamento das despesas com o tratamento da
vítima, seu funeral e o luto da família;
II – na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto
134
CURSO AVANÇADO
Art. 952. Havendo usurpação ou esbulho do alheio, além
da restituição da coisa, a indenização consistirá em pagar
o valor das suas deteriorações e o devido a título de lucros
cessantes; faltando a coisa, dever-se-á reembolsar o seu
equivalente ao prejudicado.
Parágrafo único. Para se restituir o equivalente, quando
não exista a própria coisa, estimar-se-á ela pelo seu preço
ordinário e pelo de afeição, contanto que este não se
avantaje àquele.
Art. 953. A indenização por injúria, difamação ou calúnia
consistirá na reparação do dano que delas resulte ao
ofendido.
Parágrafo único. Se o ofendido não puder provar prejuízo
material, caberá ao juiz fixar, eqüitativamente, o valor da
indenização, na conformidade das circunstâncias do caso.
Art. 954. A indenização por ofensa à liberdade pessoal
consistirá no pagamento das perdas e danos que
sobrevierem ao ofendido, e se este não puder provar
prejuízo, tem aplicação o disposto no parágrafo único do
artigo antecedente.
Parágrafo único. Consideram-se ofensivos da liberdade
pessoal:
I – o cárcere privado;
II – a prisão por queixa ou denúncia falsa e de má-fé;
III – a prisão ilegal.
ESCOTEIROS DO BRASIL
ANEXO 5 | CURSO AVANÇADO - ESCOTISTA
CASOS PRÁTICOS
CASO 1:
A Alcateia Mista do Grupo Escoteiro Mahatma Gandhi
está acampando na Fazenda Inglesa, em Petrópolis, com
18 lobinhos(as) e 4 escotistas. Entre os escotistas, há
Thiago, 18 anos, recém chegado à chefia, mas com status
de “jovem promessa”, por ter sido formado no Grupo (foi
lobinho, escoteiro e sênior e, em todos os ramos, atingiu
o grau máximo – foi Cruzeiro do Sul, Lobinho e Escoteiro
da Pátria). Thiago foi, inclusive, lobinho da Akelá atual,
D. Lucy, muito experiente e na função há quase 20 anos.
D. Lucy, já um pouco cansada de estar à frente da seção
por tanto tempo, vê em Thiago a pessoa para quem ela
pode, daqui a alguns anos, “passar o bastão” da chefia
da Alcateia, já que as outras duas assistentes não são tão
ativas quanto Thiago, que também é muito querido pelos
lobinhos e lobinhas.
A Alcateia não possui uma barraca grande que possa
acomodar todos os(as) lobinhos(as) e a chefia.
Assim, a chefia montou cinco barracas canadenses
(de 4 lugares cada) para acomodar os lobinhos e lobinhas,
e uma barraca (também canadense, de 4 lugares) para
acomodar a chefia.
À noite, na hora de dormir, Thiago ficou constrangido
de dormir na mesma barraca que as outras mulheres da
chefia e, como solução do impasse, foi dormir com outros
três lobinhos que estavam dormindo sozinhos em uma
das barracas. Era a primeira noite de campo de um dos
lobinhos, que estava muito amedrontado, e D. Lucy achou
que, assim, “mataria dois coelhos com uma cajadada só”.
Se você fosse da chefia, você concordaria com essa
solução? Por quê?
CASO 2:
O Grupo Escoteiro Sidarta Gautama fará 50 anos no
próximo dia 8 de dezembro.
Para celebrar o cinquentenário, a Diretoria do Grupo
decidiu realizar uma grande festa, convidando, além dos
membros do Grupo, membros da comunidade e antigos
escoteiros.
O grande impasse entre os membros da Diretoria é
a conveniência, ou não, de se fornecer bebidas alcóolicas
ESCOTEIROS DO BRASIL
durante a festa (cerveja, principalmente).
A Diretora Administrativa do Grupo, D. Eulália,
é contra o fornecimento de bebidas alcóolicas. Já o
Presidente do Grupo, S. Eustáquio, é a favor.
D. Eulália sustenta que será muito difícil controlar
o consumo de bebidas alcóolicas por parte dos jovens
do Grupo e o S. Eustáquio entende que esse controle é
possível e que “festa sem cerveja não é festa”.
Se você fosse da diretoria, de que lado você ficaria.
Por quê?
CASO 3:
A Tropa Senior do Grupo Escoteiro Martin Luther
King, com 8 jovens e 2 escotistas, estava fazendo a
travessia Petrópolis-Teresópolis, quando o Chefe da Tropa,
Marcelo, que conhecia bem a trilha, começou a sentir uma
forte enxaqueca. Para se recuperar da enxaqueca, Marcelo
optou por ficar mais tempo no Açu, junto com dois
seniores, que estavam mais cansados do que os demais.
Para não atrasar a travessia, Marcelo pediu a André
que seguisse adiante com o restante da Tropa. De acordo
com seu plano, Marcelo e os dois seniores mais cansados
os alcançariam, tão logo ele melhorasse.
André já tinha feito a travessia outras vezes, mas não
conhecia a trilha tão bem quanto Marcelo.
Cerca de uma hora e meia depois de partir do Açu,
André estava com muita dificuldade de ver os marcos da
trilha, em razão do forte nevoeiro. Assim, decidiu retornar
ao Açu, para encontrar com Marcelo.
Como não estava muito seguro do caminho de volta
ao Açu, André pediu que os seniores mais bem dispostos
voltassem com ele e, para não cansar os menos dispostos,
pediu que estes os esperassem numa clareira, onde
poderiam montar uma barraca. Dessa forma, três seniores
voltaram com ele e outros três ficaram na clareira.
Você acha que André agiu de forma correta? Por
quê?
CASO 4:
A Tropa Escoteira do Grupo Escoteiro do Mar Jacques
Costeau tem o hábito de “batizar” os recém promessados.
O “batizado” consiste num “corredor polonês” de lenços
na praia, finalizando no mar, onde o promessado precisa
CURSO AVANÇADO
135
mergulhar e nadar até uma pedra, relativamente próxima
à areia. Os promessados que ainda não sabem nadar têm
que “pagar uma prenda” definida pelos monitores.
A mãe de um ex-lobinho,”recém passado” para a
Tropa Escoteira, D. Ana, sabendo desse costume, resolveu
questionar o Chefe da Tropa, Ricardo.
Ricardo disse que era um costume muito antigo da
Tropa e que isso ajudaria o filho dela a se integrar mais
rapidamente à seção.
D. Ana não ficou satisfeita e resolveu questionar à
Diretoria de Grupo, que concordou com Ricardo.
Você acha que esse entendimento do Chefe de Tropa
está correto? Por quê?
CASO 5:
Um dos Assistentes da Tropa de Seniores e Guias
do Grupo Escoteiro Gênesis, Carlos, apresentou uma
sugestão de jogo noturno para o próximo acampamento
da Tropa, chamado “O Paiol”.
O jogo é simples: consiste em dividir a Tropa em duas
equipes; cada equipe deve proteger o seu Paiol e destruir
o Paiol da equipe adversária. A atratividade do jogo está
no fato de que o Paiol é uma área de 4 metros de diâmetro,
delimitada por um círculo de sisal, com quatro morteiros
presos a bastonetes enterrados no chão no meio do
círculo, onde não podem entrar nem os defensores nem
os atacantes; os morteiros somente são acionados por
quatro rastros de pólvora que se estendem até fora do
círculo. Durante o jogo, cada participante levará consigo
uma caixa de fósforo, contendo quatro fósforos somente.
A outra Assistente da Tropa, Mônica, achou o jogo
muito perigoso e sugeriu que fosse substituído por outro.
Carlos insiste em aplicar o jogo.
Como Chefe da Tropa, você aplicaria o jogo?
Comente.
CASO 6:
A Tropa Senior do Grupo Escoteiro Nelson Mandela
foi acampar no sítio do pai de um dos seniores, Sr. Marcus
Vinícius Teixeira, atirador federado da Confederação
Brasileira de Tiro Esportivo, e várias vezes campeão
estadual na modalidade de tiro com carabina.
Para aproveitar o conhecimento do Sr. Marcus
Vinícius, o Chefe da Tropa, Alexandre, teve a ideia de
desenvolver no acampamento uma base de Tiro ao Alvo,
com carabina (de verdade), pedindo ao Sr. Marcus Vinícius
que ficasse responsável pela base, o que ele aceitou
prontamente.
Se você tivesse um pai na sua Tropa com essa mesma
expertise do Sr. Marcus Vinícius, você desenvolveria essa
base num acampamento da sua seção? Por quê?
ANOTAÇÕES
136
CURSO AVANÇADO
ESCOTEIROS DO BRASIL
UNIDADE DIDÁTICA | CURSO AVANÇADO - ESCOTISTA
NOITE INTERNACIONAL - UMA CELEBRAÇÃO DA FRATERNIDADE
Duração
240 minutos
Objetivos Gerais
• Oferecer aos participantes uma visão, fraterna e atraente, das possibilidades do
encontro proporcionado pela fraternidade mundial escoteira.
Objetivos Específicos
• Proporcionar oportunidades para que os participantes conheçam detalhes de cultura e
tradições de diferentes países;
• Valorizar a relação fraterna entre os alunos do curso e os formadores.
Conteúdo
• Distribuição prévia de tarefas e designação de países;
• Produção dos locais das equipes e confecção dos pratos típicos;
• Jantar com os membros das equipes;
• Visitação de todos em cada um dos espaços das equipes.
Material
• Cartolinas, papéis, fitas adesivas e cola para caracterização dos locais das equipes;
• Gêneros alimentícios, de acordo com os cardápios das equipes;
• Fogões e equipamento de cozinha para confecção.
• Ambientes separados, com mesas e assentos.
PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO
Tempo (minutos)
Tema
Prévio
Envio das explicações e tarefas para as equipes.
Prévio
As equipes organizam seus cardápios, caracterização do local,
animação e vestuário típico.
Prévio
Aprovação dos cardápios pela Equipe Dirigente e decisões
sobre compras.
120
Preparação do local e do jantar, por equipe
120
Jantar e confraternização
Metodologia
DETALHAMENTO DA METODOLOGIA
• Cada equipe escolhe o seu pais, e o diretor do curso negocia caso duas equipes escolham países repetidos.
• O diretor do curso encaminha para cada equipe um documento informando sobre a Noite Internacional, seu
objetivo, e instruindo sobre as tarefas que devem ser realizadas previamente: escolha de um cardápio, necessidades
de equipamentos de cozinha, preparação de caracterização para ser usado no curso (do local e de cada aluno) e
animação (canções e coisas típicas do país designado).
ESCOTEIROS DO BRASIL
CURSO AVANÇADO
137
• A equipe do curso analisa o cardápio, aprova ou solicita modificações, e depois de aceito se organiza para a
aquisição dos gêneros alimentícios e disponibilização dos equipamentos.
• A equipe do curso, normalmente, já designa quais dos formadores irão para cada “país”, e eles deverão se caracterizar
respectivamente.
• As equipes dos cursantes devem ser instruídas para preparar um convite especial para a equipe dirigente visitar o
seu “país” e jantar.
• No dia previsto, as equipes de cursantes se organizam para preparar o local, a refeição, e caracterizar-se de acordo
com seus países.
• Na hora adequada os formadores se dirigem para os respectivos “países”, onde serão recepcionados e jantarão.
• Após um tempo e feita a refeição, a equipe do curso organizará um “tour” de todos pelos países, de maneira que, a
cada vez, uma equipe receba a visita de todos os demais, lhes oferecendo alguma coisa típica, uma canção ou uma
dança. Tudo termina ao final do tour, de acordo com decisão do diretor do curso.
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
Em meus sonhos volto sempre a Gilwell - Letra Capital (Antonio Boulanger)
Última atualização: 01/04/2014
138
CURSO AVANÇADO
ESCOTEIROS DO BRASIL
NOITE INTERNACIONAL - UMA CELEBRAÇÃO DA FRATERNIDADE
A partir da terceira edição dos cursos em Gilwell Park
começaram a participar escotistas estrangeiros, dando ao
centro de treinamento um caráter internacional que foi se
consolidando com o tempo.
Com o fortalecimento do conceito do 1o Grupo de
Gilwell adotado pelas associações escoteiras da maior
parte dos países, cada vez mais o sentido de Gilwell e da
Insígnia de Madeira se tornaram internacionais.
A partir de 1921, todos os anos (exceto por quatro
anos durante a Segunda Guerra Mundial), no primeiro
fim de semana completo em setembro (a sexta-feira
deve ser em setembro), realiza-se a Reunião Anual do
1o Grupo de Gilwell, permitindo que os portadores da
Insígnia de Madeira de todo o mundo a se unam como
um grupo escoteiro de caráter internacional, celebrando a
fraternidade e o companheirismo.
O Centro Escoteiro de Gilwell Park passou a ser um
local de muitos eventos escoteiros, inclusive reuniões
internacionais, que passaram a contar com uma noite
especial, em que os participantes se instalam em mesas
ou estandes, oferecendo um jantar ou parte dele com
alimentos e bebidas típicas de seus países.
A Noite Internacional, assim, se tornou uma espécie
de tradição nos eventos realizados no Grande Salão de
Conferências de Gilwell, incluindo alimentação, roupas
típicas, músicas e danças dos países presentes.
Exatamente dentro deste mesmo sentido é que os
cursos avançados realizados fora de Gilwell usam uma de
suas noites para um jantar especial, conhecida como Noite
Internacional ou Noite das Nações, em que as distintas
equipes formadas pelos alunos representam países onde
existe Escotismo, e em seus nomes oferecem cardápio
típico e elementos de suas culturas.
Mais do que apenas um jantar, a Noite Internacional
pressupõem pesquisas sobre o país designado, seu
povo, sua cultura e, evidentemente, sobre o Movimento
Escoteiro que lá de desenvolve. Deve ser uma maneira de
demonstrar que o Escotismo é uma grande fraternidade
mundial e, dando a conhecer as características de cada
país, contribuindo na aproximação e aceitação.
ANOTAÇÕES
ESCOTEIROS DO BRASIL
CURSO AVANÇADO
139
ANOTAÇÕES
UNIDADE DIDÁTICA | CURSO AVANÇADO - ESCOTISTA
CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO
Duração
60 minutos
Objetivos Gerais
Mostrar aos escotistas que todos temos potencial criativo para implementar mudanças,
buscar soluções ou adotar novas formas de fazer coisas conhecidas.
Objetivos Específicos
- Conceituar Criatividade e Inovação
- Apresentar a forma como a mente trabalha
- Apresentar os principais conceitos do processo criativo
Conteúdo
- Conceitos de criatividade e inovação
- Processos mentais
- Etapas do processo criativo
Material
- Projetor
- Quadro negro
- Espaço para trabalho
- Vela, barbante, espetos de bambu, papel alumínio, fósforo.
PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO
Tempo (minutos)
Tema
Metodologia
10
Conceitos de criatividade e inovação
PL
20
Atividade de Criatidade
TG
10
Como a mente trabalha
PL
20
O processo criativo
PL
PL = Palestra
TG = Trabalho em Grupo
DD = Discussão Dirigida
DETALHAMENTO DA METODOLOGIA
Inicialmente apresentar os conceitos de criatividade e inovação, destacando que um é um processo puramente
mental, enquanto o outro depende de uma disposição em aplicar uma nova forma de fazer.
ESCOTEIROS DO BRASIL
CURSO AVANÇADO
141
Depois apresentar um desafio para as equipes, oferecendo a cada uma o mesmo material – 1 vela, 1 rolo de barbante,
10 espetos de bambu, 1 rolo de papel alumínio, 1 caixa de fósforo. Proponha que cada equipe, usando apenas o
material entregue, realize uma tarefa diferente das outras, ou seja, será dada à cada equipe um desafio único e
diferente dos demais, que são: 1) Construir um despertador; 2) Construir uma lanterna, 3) Construir um aquecedor;
4) Construir um fogareiro. A apresentação das tarefas levará 5 minutos, as equipes terão 10 minutos para realizar o
desafio, e os 5 últimos minutos serão para apresentação.
Em seguida, através de palestra – e associando com o trabalho realizado – serão apresentados os conceitos dos
processos mentais e os passos da criatividade.
Última atualização: 19/09/2014
142
CURSO AVANÇADO
ESCOTEIROS DO BRASIL
CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO
Somos tentados a pensar que criatividade é um
atributo de algumas pessoas privilegiadas, de alguns
poucos que nascem com um dom especial. Este é um
equívoco que merece ser corrigido.
A verdade é que criatividade não é uma qualidade
com a qual se nasce, mas o produto que resulta da
formação de cada indivíduo, de suas experiências e
aprendizagens.
A criatividade é a capacidade de quebrar paradigmas,
pensar em novas formas e possibilidades, e encontrar
solução para os problemas que se apresentam.
A inovação é a capacidade de usar a criatividade nas
aplicações do dia-a-dia, introduzindo o novo no cotidiano.
Em outras palavras, criatividade é um potencial, e
inovação é a decisão de usá-lo. Todos os seres humanos
necessitam de certa constância de atitude e buscam o
equilíbrio em suas vidas. Mas não se pode pensar, apenas
por comodismo, que todo conhecimento é definitivo,
nem aceitar que tudo já está feito, ou que nada mais existe
para ser descoberto ou alterado.
Graças às pessoas que não aceitam estes parâmetros,
que ousam desafiar paradigmas, o mundo evolui e a
ciência avança possibilitando o acesso à tecnologias que
facilitam nossas vidas.
Ninguém precisa ser um inventor ou cientista para
desenvolver sua capacidade criativa e usá-la na sua vida.
A atitude inovadora só acontece em ambiente e
disposição individual favorável. O ambiente deve permitir
e valorizar a iniciativa, e a pessoa deve ser capaz de superar
medos e aceitar correr riscos. Assim, não se pode esperar
criatividade e inovação sem liberdade de discutir, ousar
e mudar, ou de pessoas que tenham medo de assumir
responsabilidades e de cometer erros.
Mas não espere que uma solução surja como milagre.
É preciso dedicação e trabalho para chegar a bons
resultados. Thomas Edison, cientista norte-americano
considerado o maior inventor de todos os tempos
(inclusive da lâmpada incandescente), registrando 2.332
patentes, dizia que criatividade é 1% de inspiração e 99%
de transpiração.
AS FUNÇÕES DA MENTE
Criação é associação de duas ou mais impressões
antigas para produzir uma ideia nova.Nada mais é do que
novas combinações daquelas imagens que já haviam sido
ESCOTEIROS DO BRASIL
previamente recolhidas e depositadas na memória. Nada
pode ser feito do nada; aquele que não juntar material
não produzirá combinações.
É bom saber que a associação de ideias se
compõe basicamente de imaginação + memória.
Os antigos gregos já haviam estabelecido quatro
leis para a associação de ideias:
• Contiguidade: proximidade que existe entre duas imagens: mar lembra navio, pena lembra pássaro;
• Semelhança: duas imagens se superpõem: um
gato lembra tigre;
• Sucessão: uma ideia segue a outra: trovão/
tempestade; veneno / morte;
• Contraste: preto lembra branco, ódio lembra amor.
COMO A MENTE TRABALHA
Nossa mente:
• Absorve, através da aplicação da atenção;
• Retém, através da memória;
• Cria, visualizando, prevendo e gerando ideias;
• E julga, analisando, comparando e escolhendo.
A educação formal dá ênfase a três funções mecânicas
da mente humana: a absorção, a retenção e o julgamento.
Estuda-se lógica; lê-se história; aprende-se matemática...
Mas que passos são tomados, conscientemente para
desenvolver a mente criadora?
OS BLOQUEIOS
Nossa educação por tentar desenvolver apenas
as três funções, é fundamentalmente bloqueante. Usar
apenas a absorção, a retenção e o julgamento é querer
transformar nossas mentes em instrumentos reflexivos.
No entanto o pensamento criador é desinibido
e subjetivo, ao passo que o pensamento reflexivo é
estruturado e formalista.
O maior obstáculo para a criatividade reside no fato
de, face a um problema e obrigada a apresentar ideias,
a criatura humana tem a tendência de utilizar duas das
funções da sua mente ao mesmo tempo – isto é, criar e
julgar.
É da quantidade que se extrai a qualidade –
quanto maior o número de ideias colocadas ao nosso
CURSO AVANÇADO
143
dispor, maiores as chances de encontrarmos aquela que
realmente representará a solução do problema.
A maneira como cada ser humano estrutura sua
personalidade, será determinante para que ele supere os
principais obstáculos à criatividade:
• A ignorância
• Os preconceitos
• Os medos
O PROCESSO CRIATIVO
O processo de criação passar por um conjunto
de etapas, sucessivas, e que levam a uma ideia ou solução
final.
• Identificação
• Preparação
• Incubação
• Aquecimento
• Iluminação
• Elaboração
• Verificação
1 - Identificação:
Qual é o problema? Um problema bem definido já
está 50% resolvido.
Einsten dizia ser a mera formulação de um problema,
frequentemente, mais essencial do que sua solução -que
pode ser mera questão de habilidade matemática ou
experimental.
2 - Preparação:
Pode ser direta ou indireta.
É direta quando acumulamos informações
pertinentes ao problema a ser resolvido, quando
buscamos somente informações que contribuam para
uma possível solução.
É indireta quando buscamos informações sobre tudo
o que possa colaborar para uma solução, mesmo que à
primeira vista não tenha nada a ver com o problema.
3 - Incubação:
Segundo alguns psicólogos, o processo da incubação
se desenvolve mais no plano do inconsciente, ou naquela
faixa do pré-consciente.
A filosofia Zen define que a mente deve tentar
parar de agir sobre si própria, sobre a sua corrente de
experiências.
“...Não há dúvidas a respeito da importância da
atividade inconsciente nas descobertas matemáticas.
Trabalhando sobre um problema, é comum que nada se
consiga desde o começo. É preciso descansar. Em seguida
trabalha-se novamente...
O trabalho consciente parece ter ficado melhor
graças à interrupção... “
(Thomas Edison)
4 - Aquecimento:
O retorno ao problema, com a sensação de uma
solução próxima, constitui uma fase claramente distinta
do processo criativo.
Pode ser inconsciente, quando através de flashes, a
mente foge e retorna ao problema com frequências cada
vez menores. As ideias atravessam a barreira consciente/
inconsciente de forma desordenada, a princípio, porém
caminhando para a solução por meio de aproximações
sucessivas.
No dia-a-dia, porém, com prazos a cumprir, esse
processo é provocado artificialmente, através de recursos
já bastante experimentados como o brainstorm...
Chega-se ao limiar da criatividade – quando se sente
que a solução está próxima, embora ainda não possa ser
inteiramente vista ou compreendida.
5 - Iluminação:
É o heureka, quando, então, explode a ideia. Em
muitos casos – em quase todos, na verdade – é o término
daquela forte angústia que o indivíduo vinha sentindo.
É o insight, ou seja, a súbita compreensão das
relações entre meios e fins. Embora surja de repente,
aparentemente sem esforço físico nem grande esforço
mental, a iluminação é, na verdade, o resultado de
períodos terrivelmente laboriosos de preparação.
6 - Elaboração:
Depois de encontrada a ideia, e desde que a
julguemos satisfatória, entra-se em novo processo criativo
o período, agora totalmente consciente da elaboração.
As ideias, antes abstratas, são colocadas linearmente.
Começamos a associá-la com dados conhecidos da
realidade, a fim de tornar familiar o desconhecido.
7 - Verificação:
O objetivo é testar a ideia antes de colocá-la em
aplicação.
Há um intervalo de tempo que pode variar de
segundos até vários anos, entre a iluminação, a elaboração
da ideia e sua verificação.
O tempo de verificação dos resultados de uma ideia
depende de diferentes fatores, incluindo complexidade e
urgência.
UNIDADE DIDÁTICA | CURSO AVANÇADO - ESCOTISTA
PLANEJAMENTO ANUAL
Duração
120 minutos
Objetivos Gerais
Capacitar os cursantes na elaboração do Planejamento Anual da Seção
Conhecer o Planejamento Estratégico da U.E.B
Saber utilizar o Documento Façamos um Plano de Grupo
Objetivos Específicos
- Usar os indicadores do Plano de Grupo para sua Seção
- Entender com encaixar o Ciclo de Programa no Planejamento Anual
- Elaborar um Planejamento Anual para sua Seção
Conteúdo
Planejamento Anual da Seção
Plano de Grupo
Planejamento Estratégico da UEB
Material
- Calendário Nacional/regional/de cursos
- Papel Pardo
PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO
Tempo (minutos)
Tema
Metodologia
15
Explanação sobre Planejamento Estratégico
PL
25
Planejamento Estratégico e seus Desdobramentos no nível
regional e local
TG
15
Explanação sobre o “Façamos o Plano de Grupo”
DD
25
“Plano de Grupo” na Prática
TG
15
Explanação sobre Planejamento Anual da Seção
25
Elaborar um Planejamento Anual com o calendário anual da
seção
PL = Palestra
ESCOTEIROS DO BRASIL
TG = Trabalho em Grupo
DD = Discussão Dirigida
TG
DM = Demonstração
CURSO AVANÇADO
145
DETALHAMENTO DA METODOLOGIA
O formador fará uma explanação sobre o planejamento estratégico focando em como foi elaborado , porquê ele é
importante para uma instituição como a UEB e como as ações planejadas no nível nacional têm seus desdobramentos
nos níveis regionais e local.
Dividir os participantes em quatro grupos e oferecer a cada um deles uma ação estratégica estabelecida no nível
nacional, solicitando para que verifiquem quais ações serão necessárias no nível regional e local para que a proposta
da ação seja atingida. Poderá utilizar como exemplo de ação nacional: Mutirão Nacional de Ação Ecológica, ampliar
o quadro de associados dos Escoteiros do Brasil, etc.
Após o trabalho de grupo, fechar o conteúdo reforçando que a atuação local é fundamental para o crescimento e
fortalecimento da instituição como um todo.
O Formador fará uma explanação sobre o documento “Façamos um Plano de Grupo” , então cada equipe vai escolher
um indicador do documentos Façamos um Plano de Grupo e preenchê-lo com base numa Seção fictícia.
O Formador fará uma explanação sobre o Planejamento Anual da Seção e cada Equipe irá preencher o formulário
anexo de Planejamento Anual, e com a orientação do formador todos juntos vão elaborar um calendário anual.
Na elaboração do Planejamento Anual, além de frisar que o Escotista deve começar observando as Atividades
Internacionais, Nacionais, Regionais, Distritais e de Grupo, ele deve deixar datas pré agendadas para as atividades
que serão escolhidas pelos Jovens a cada Ciclo de Programa.
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
Façamos um Plano de Grupo
Manual do Escotista do Ramo Lobinho
Última atualização: 24/03/2014
146
CURSO AVANÇADO
ESCOTEIROS DO BRASIL
PLANEJAMENTO
É o conjunto organizado de atividades para
determinar:
• o que deve ser feito
• como deve ser feito
• quando deve ser feito
Se pararmos para pensar, concluímos que passamos
planejando grande parte do nosso tempo. Planejamos a
curto, a médio, a longo e a “longuíssimo” prazo.
No Movimento Escoteiro, a curto prazo são os
planejamentos das reuniões semanais; a médio prazo, os
Ciclos de Programa; a longo prazo, o planejamento anual
da Seção e a longuíssimo prazo os Planos de Grupo para
três anos ou mais.
Planejamento é a progressão das medidas
necessárias a serem tomadas para determinado fim. O
planejamento pode ser considerado também como a
otimização da forma de alcançar um objetivo.
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DA U.E.B
O planejamento estratégico representa o processo
de tomada de decisão em termos dos rumos de uma
instituição frente às mudanças que sempre ocorrem em
seu ambiente interno, assim como no ambiente externo.
Esta decisão implica em definir para onde se quer
avançar, em que horizonte temporal e com quais valores
institucionais.
O processo de formulação do planejamento
estratégico é sempre desenvolvido por iniciativa
das instâncias superiores de uma instituição. A sua
implementação eficaz, entretanto, somente se dá com o
envolvimento de todos os níveis da instituição.
O planejamento estratégico dos Escoteiros do Brasil
teve início por iniciativa do Conselho de Administração
Nacional (CAN), que estabeleceu, de forma consensuada e
mediante orientações gerais da World Organization of the
Scout Movement (WOSM), as bases estratégicas, as linhas
de ação, objetivos, metas, indicadores e ações estratégicas
para que os demais níveis possam operacionalizá-las.
As diretorias regionais devem desenvolver seu
trabalho em realidades específicas, havendo da mesma
forma situações ligadas aos seus ambientes internos e
aos contextos externos a serem analisados. Desta forma,
é necessária a elaboração de planejamentos estratégicos
ESCOTEIROS DO BRASIL
regionais para definição de objetivos e resultados a
serem alcançados por meio das instâncias vinculadas,
sempre de forma alinhada à base estratégica definida e ao
planejamento estratégico nacional.
O planejamento estratégico não é estático. Deve
ser entendido como instrumento dinâmico de gestão
que contém decisões antecipadas sobre a linha de
atuação para o cumprimento da missão da organização. É
elaborado com base em uma visão de futuro e alicerçado
em valores institucionais, que demandam a escolha
cuidadosa de estratégias para o alcance de objetivos
estratégicos.
Para a elaboração de um plano estratégico
institucional é necessário ter claros e consensuados alguns
referenciais que se constituem na sua base estratégica.
São eles: a missão, a visão e os valores institucionais.
MISSÃO
A missão é a declaração de propósito ampla e
duradoura que individualiza e distingue o negócio e a razão
de ser da instituição em relação a outras organizações do
mesmo tipo. A missão define o que é a organização hoje,
seu propósito e como pretende atuar no seu dia a dia. Cria
um clima de comprometimento dos dirigentes em seus
diferentes níveis, bem como da equipe de colaboradores,
com o trabalho que a organização realiza.
Missão da União dos Escoteiros do Brasil “Contribuir
para o desenvolvimento integral de crianças e jovens por
meio do Método Escoteiro, para a vivência da cidadania e
construção de um mundo melhor”.
VISÃO DE FUTURO
A visão é a idealização de um futuro desejado para
a organização. Ela deve ser clara e estar em permanente
visibilidade para a sociedade. Transmite a essência
da organização em termos de seus propósitos e a
maneira pela qual deseja ser reconhecida em um futuro
determinado.
Difunde um lema motivacional que mobiliza e
desafia para a conquista do pretendido. Assim, ficou
definido como visão de futuro para 2015 para os Escoteiros
do Brasil:
“Ser referência por seu método de desenvolvimento
integral de crianças e jovens que os leva a desempenhar
CURSO AVANÇADO
147
papel relevante na construção de uma sociedade justa,
fraterna e solidária, orientados por adultos capacitados e
comprometidos”.
VALORES INSTITUCIONAIS
Valores institucionais são as ideias fundamentais em
torno das quais se constrói uma organização.
Representam as convicções dominantes e as crenças
básicas que norteiam a atuação da organização, sendo
um compromisso institucional. Muito além de uma
declaração de princípios, os valores institucionais são
elementos motivadores, que induzem comportamentos
e atitudes das pessoas envolvidas. Os atributos de valor
estabelecidos devem se constituir em temas transversais
em todas as ações dos Escoteiros do Brasil
São valores institucionais dos Escoteiros do Brasil:
• Ética em todas as ações e relações;
• Participação e transparência na gestão da
organização e dos recursos;
• Valorização do trabalho em equipe;
• Respeito à diversidade humana e defesa de iguais
oportunidades de acesso à educação e inserção social.
As ações nacionais estabelecidas no planejamento
estratégico são ações de nível nacional que provocam
desdobramentos nos níveis regionais e locais.
Podemos citar como exemplo a produção dos
materiais do programa educativo. Esta ação estava prevista
no planejamento estratégico nacional. a confecção deste
material subsidia o trabalho desenvolvido dentro dos
grupos escoteiros, contribuindo no trabalho desenvolvido
pelo escotista
O planejamento estratégico nacional é uma
ferramenta para que as ações desenvolvidas na unidade
local, Região Escoteira e pelo nível nacional não se
desvirtuem e estejam embasadas na missão, visão e
valores da instituição. Desta forma, possibilita que a
instituição concentre suas forças com foco no mesmo
objetivo.
PLANO DE GRUPO
É um instrumento que serve para conhecer a atual
situação do Grupo Escoteiro, melhorar os resultados por
meio de uma ação organizada que se orienta conforme as
metas compartilhadas por todos, organizar os recursos e
determinar o que fazer para passar do estado atual para o
estado desejado.
O futuro pertence aos que têm planos para o futuro.
148
CURSO AVANÇADO
A vida de um Grupo Escoteiro é formada por
variados aspectos e, para fazer um Plano que integre a
todos eles, é necessário determinar áreas de afinidades –
áreas estratégicas:
• Valores – tal como aparecem no propósito e nos
princípios do Movimento que se expressam na Lei e na
Promessa Escoteiras. A conquista deste objetivo é a meta
fundamental do Movimento e representará o maior ou
menor alcance da tarefa educativa de um Grupo Escoteiro.
• Programa Educativo – os objetivos educativos
propostos, as atividades que desenvolvemos para
conquistá-los e o método que usamos para atuar com os
jovens. É o meio pelo qual o Movimento Escoteiro procura
alcançar seu propósito, respondendo às necessidades e
interesses dos jovens. Avaliá-lo constantemente é uma
das condições para que o Grupo tenha eficácia.
• Gestão – as tarefas de organização e administração
que desenvolvemos em apoio ao nosso trabalho
educativo.
• Recursos Humanos – quantidade e qualidade de
adultos que dão testemunho dos valores e contribuem
para a aplicação do programa.
• Recursos Financeiros – obtenção e administração
para que nossos planos se transformem em realidade.
• Crescimento – as metas que nos propomos para
melhorar.
Em cada área estratégica é possível identificar
funções chaves que servem para avaliar se o Grupo está
cumprindo seu objetivo. Para cada função chave, definese um estado que se deseja alcançar – o indicador de
desenvolvimento.
Passos para formulação do Plano de Grupo:
• A respeito de cada indicador de desenvolvimento:
1. Determinar o estado atual – diagnóstico
participativo para identificar os principais desafios a
serem enfrentados.
2. Descrever a visão – “para onde vamos?” – descrevese a situação onde todos gostariam de estar dentro de
certo tempo, imaginando como poderia ser o Grupo no
futuro.
3. Estabelecer metas anuais – o que se pretende
alcançar durante um ano na direção da visão. A meta deve
ser factível e não necessariamente superada em um ano,
mas deve alcançar uma melhoria em relação ao estado
atual.
ESCOTEIROS DO BRASIL
4. Projetar ações – cada meta pode motivar uma
ou várias ações que devem ser precisas. As ações
podem ser realizadas por todo Grupo, por algum dos
seus componentes estruturais ou por cada uma de suas
Seções, partindo dos elementos básicos: conteúdo (Em
que consiste?), destinatário (A quem se destina?) e prazos
(quando se realizará?).
5. Designar responsáveis – poderá ser uma pessoa,
um componente da estrutura do Grupo ou uma de
suas Seções, ficando muito claro para todos quem deve
assumir a coordenação das ações.
• A respeito do conjunto de indicadores:
6. Confeccionar um calendário – as Seções devem
conhecer o calendário antes de dar início ao primeiro
ciclo de programa do ano, pois devem considerar as
ações programadas pelo Grupo antes de organizar suas
atividades. O Plano deve ser formulado ao final do ano
escoteiro.
7. Estabelecer um sistema de avaliação – que permita
corrigir e reforçar as ações durante a execução; estimular e
apoiar os participantes e verificar se foram alcançados os
resultados esperados.
PLANEJAMENTO ANUAL
ETAPAS DO PLANEJAMENTO
O método que sugerimos para elaboração de
um Planejamento Anual se divide em quatro etapas:
Discussão ... Decisão ... Execução ... Avaliação
1ª ETAPA - DISCUSSÃO
A 1ª etapa no planejamento é constituída pelo
levantamento e pela análise de dados, que é realizada em
quatro fases:
1.1.Enquete
1.2.Pesquisa de Interesses
1.3.Coleta de Informações
1.4.Análise
1.1.Enquete
• Pesquisa a ser realizada junto aos jovens, aos
Escotistas, baseada em diagnóstico da seção , com a
finalidade de avaliar o ano anterior, bem como propor
ideias para atividades e projetos para o ano que começa.
Uma boa estratégia é que sejam preparados
questionários para que os jovens os complementem com
este diagnóstico.
Lembramos que este trabalho não é aquele realizado
no final de um Ciclo de Programa e início do próximo,
mas sim, aquele realizado ao final de um ano inteiro de
atividades, podendo, ou não, coincidir como o interstício
entre os Ciclos de Programa.
ESCOTEIROS DO BRASIL
Visto isso, uma pergunta nos vem à mente: “QUE
ASSUNTOS DEVERÃO CONSTAR DA ENQUETE?”: “TODOS
AQUELES QUE FOREM CONSIDERADOS DE IMPORTÂNCIA
PARA A Seção!”
Assuntos que deverão constar no questionário para
avaliação do ano:
• Atividades
• Reuniões (de Patrulha e de Seção)
• Atuação da Corte de Honra, COMAD
• Atuação da Chefia
• Materiais
• Progressão Pessoal dos Jovens
• auto-avaliação
1.2.Pesquisa de Interesses
Junto à avaliação, deverá ser remetida uma pesquisa
de interesses para coletar dados sobre os anseios dos
jovens.
Através desses instrumentos (Enquete e Pesquisa),
temos constatado que a participação e a motivação dos
jovens aumentaram sensivelmente.
1.3.Coleta de Informações
Nessa fase, deverá ser coletado o maior número
possível de dados, tais como: calendário de atividades
(Nacional, Regional, da Área, do Grupo e da Comunidade),
feriados, datas de compromissos pessoais da Chefia e
tudo mais que for considerado útil para montagem do
Plano Anual.
CURSO AVANÇADO
149
1.4.Análise
Com os dados levantados nas fases anteriores,
devemos reunir todos os Escotistas da seção e realizar
uma criteriosa avaliação do trabalho realizado no ano
anterior e das demais informações. Presume-se que, a
partir daí, surgirão muitos assuntos para o Plano (melhores
atividades, expansão, aquisição de equipamentos, etc.).
Esse resultado é o DIAGNÓSTICO.
2ª ETAPA - DECISÃO
Partimos então para o PROGNÓSTICO, quando
esboçamos os objetivos a serem alcançados, dando
atendimento às necessidades levantadas no DIGNÓSTICO.
Tudo isso é feito pela Chefia, levando-se em conta os
interesses dos jovens e como eles se encontram.
Um bom Plano deve ter uma formatação simples. Para
a definição de cada objetivo são necessários os seguintes
itens: VERBO DE AÇÃO + RESULTADOS ESPERADOS +
PRAZO + RESPONSÁVEL (se aplicável). Por exemplo:
“definir a camisa da Tropa até 31.03 - responsável: Corte
de Honra”; “viabilizar a aquisição de duas barracas tipo
canadense para a patrulha Corvo até 31.05 - responsável:
Chefe de Tropa”; “informatizar os arquivos de jogos até
30.04 - responsável: Assistente 1”; “atingir o índice de 80%
de freqüência no Conselho de Pais”; etc.
Um bom Plano não é medido pela quantidade de
objetivos, e sim pelos seus resultados. Se houver mais de
10 objetivos, eles, provavelmente, não serão lembrados
facilmente. Se houver dificuldade em lembrá-los,
certamente, haverá problema em cumpri-los.
3ª ETAPA - EXECUÇÃO
Essa etapa, como o próprio nome diz, consistirá na
implementação do Plano Anual, através do detalhamento
feito no Ciclo de Programa.
É de suma importância que os Ciclos de Programa
estejam integrados ao Planejamento Anual para facilitar
os trabalhos administrativos e práticos, bem como, manter
a coerência das condutas a serem adotadas por todos.
Um ponto importante a ser observado é a definição
dos atributos das ações (tempo, recursos materiais e
humanos, etc.).
150
CURSO AVANÇADO
4ª ETAPA - AVALIAÇÃO
A última etapa do Plano, mas que não deverá ser
somente realizada no final do ano. Deve-se realizar
avaliações periodicamente em todos os níveis
Não podemos esquecer que todo bom Plano é
como uma bússola que indica a direção e que o mesmo é
flexível; portanto, volta e meia, precisamos corrigir o rumo
conforme as realidades que se apresentem.
O planejamento significa decidir adiantadamente o
que deve ser feito para alcançar determinados objetivos
ou metas.
Dados do mapa de planejamento anual:
• Objetivos - Quais os objetivos maiores da seção
para o período de um ano.
• Relação de Atividades - por mês deverão ser
relacionadas às atividades Nacionais, Regionais e do
Grupo, baseados nos calendários da Direção Nacional (Elo
Nacional, Mutirões) e Regional e do Grupo (Aniversário do
Grupo, Acampamento de Grupo, Confraternizações), além
das datas de atividades da Alcatéia, como por exemplo aniversário da Alcatéia, Acampamentos/Acantonamentos.
• Efetivo quantidade de jovens com que
iniciaremos o ano, a evasão prevista durante o período
(evasão prevista –passagem de jovens para outra seção)
e qual o efetivo que pretendemos atingir ao final do ano.
• Formação dos escotistas - Envolvimento dos
Escotistas em sua formação escoteira, com a quantidade
de Escotistas da seção com formação escoteira por níveis,
no início do ano, ao final do 1º semestre e do 2º (a partir
do calendário de Cursos oferecidos pela Região, planejar
formação)
• Sistema de progressão dos jovens - quantidade
de jovens por etapa de progressão no 1º semestre e
expectativa ao final do ano (2º semestre)
• Objetivos do Ramo para o ano em curso.
ESCOTEIROS DO BRASIL
ANOTAÇÕES
ESCOTEIROS DO BRASIL
CURSO AVANÇADO
151
ANOTAÇÕES
152
CURSO AVANÇADO
ESCOTEIROS DO BRASIL
ANEXO 1 | CURSO AVANÇADO - ESCOTISTA
União dos Escoteiros do Brasil
Região ____________________
____ Distrito Escoteiro
____ Grupo Escoteiro _________________________
PLANEJAMENTO ANUAL
OBJETIVOS:
Mês
Atividades Internacionais/
Nacional/ Regional / Área/Distrito
Atividades
G. E.
Atividades
Seção
Observações
Janeiro
Fevereiro
Março
Abril
Maio
Junho
Julho
Agosto
Setembro
Outubro
Novembro
Dezembro
EFETIVO: Início do ano ______ Evasão prevista ______ Final do ano ______
ESCOTEIROS DO BRASIL
CURSO AVANÇADO
153
ETAPAS DE PROGRESSÃO DOS JOVENS
Etapa de
Progressão
1º semestre
2º semestre
Lobo Pata – Tenra/
Pista/Escalada/
Comprometimento
Lobo Saltador/Trilha/
Conquista/Cidadania
Lobo Rastreador/
Rumo/Azimute
Lobo Caçador/
Travessia
Cruzeiro do Sul/Lis
de Ouro/Escoteiro da
Pátria/Insígnia de BP
FORMAÇÃO DOS ESCOTISTAS
Cursos
Início do ano
1º semestre
2º semestre
C. Preliminar
C. Básico Escotista
Curso Avançado
OBJETIVOS DO ANO:
Descrição
154
CURSO AVANÇADO
Prazo
Responsável
ESCOTEIROS DO BRASIL
UNIDADE DIDÁTICA | CURSO AVANÇADO - ESCOTISTA
INCLUSÃO DE JOVENS E ADULTOS
Duração
40 minutos
Objetivos Gerais
Sensibilizar os participantes sobre a deficiência visual.
Capacitar os cursantes sobre inclusão de jovens e adultos.
Objetivos Específicos
- Vivenciar as dificuldades que as pessoas com deficiência visual passa nas atividades do
cotidiano;
- Refletir de que forma cada um pode contribuir na adaptação e no convívio com uma
pessoa com deficiência visual.
Conteúdo
Inclusão de jovens e adultos;
Como chamar os que tem deficiência;
Escotismo e Inclusão;
Dicas para conviver e apoiar pessoas com deficiência.
Material
• Vendas para olhos – metade do Nº de participantes;
• Mesa de café com: copos, talheres, xícaras, pratos, biscoitos, pão, manteiga, jarra, água,
café, etc;
• Lista de presença;
• Caneta.
PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO
Tempo (minutos)
Tema
Metodologia
20
Explanação sobre o tema da pessoa com deficiência
PL
10
Dinâmica de grupo – Café às Escuras
TG
10
Fechamento
DD
PL = Palestra
ESCOTEIROS DO BRASIL
TG = Trabalho em Grupo
DD = Discussão Dirigida
CURSO AVANÇADO
155
DETALHAMENTO DA METODOLOGIA
O formador fará uma explanação sobre a inclusão de jovens e adultos.
É possível aproveitar um dos coffe-break do curso para aplicar esta dinâmica. Esta vivência deverá ser em torno de 5 a
10 minutos. Após este período as pessoas vendadas poderão retirar as vendas e desfrutar do restante do cofee break.
É apenas uma forma vivencial de perceber as dificuldades no cotidiano das pessoas que possuem deficiência visual.
Após o encerramento do coffee break é importante realizar um fechamento baseado nos sentimentos e situações
vivenciadas pelos participantes.
Divide-se os participantes em dois grupos;
• O 1º grupo será vendado;
• O 2º grupo atuará como guias e observadores;
• O 2º grupo guia o 1º grupo individualmente até a sala onde está servido o café. No local, o grupo vendado, deverá
servir-se de café, biscoito, pão, vivenciando as dificuldades de se executar essa ação corriqueira para a maioria das
pessoas, sem o recurso da visão. Antes de serem guiados novamente para a sala, devem assinar a lista de presença
(com as vendas);
• Ao retornar para a sala, inverte-se as funções. As pessoas vendadas ocupam a função de guias e observadores, e
as pessoas que eram guias serão vendadas e guiadas até a sala com a sala com a mesa de café para vivenciar as
dificuldades sem o recurso da visão.
Última atualização: 10/03/2014
156
CURSO AVANÇADO
ESCOTEIROS DO BRASIL
INCLUSÃO DE JOVENS E ADULTOS
UM OLHAR PARA A INCLUSÃO
Por: Claudia Grabois Dischon
A diversidade está presente nas nossas vidas a partir
do momento do nosso nascimento. Nunca vimos o rosto
de nossos pais, mas mesmo assim, a partir do momento
que nos sentimos aceitos e amados neste novo mundo
pós-uterino ficamos mais aptos para enfrentarmos a nova
realidade, um mundo a ser descoberto e construído. Assim
nós crescemos descobrindo e convivendo com o novo, até
que um dia nos deparamos com as rupturas impostas pelo
preconceito, que é filho do medo, às vezes com tanto poder
em nossas vidas. Ficamos então com uma grande vontade
de banir tudo o que é diferente e passamos anos tentando
nos restringir a uma zona de conforto imaginária, que na
melhor das hipóteses adiará este encontro fantástico
com a diversidade, com pessoas diferentes, em lugares
diferentes, de uma maneira talvez um pouco diferente
daquela para a qual fomos programados.
Inclusão é uma palavra rica, que envolve
compreensão, um novo olhar para o outro, e sobre tudo,
um novo olhar para nós mesmos. Inclusão não significa
assimilação, não há na inclusão uma perda de valores
éticos , religiosos e culturais, pelo contrário, é um adicional
ao legado dos nossos pais, é uma soma de culturas com
total respeito à diversidade, é na verdade quando temos a
chance de encararmos nossos valores e nossa moralidade
de frente.
Existem pessoas com deficiências aparentes, sejam
elas motoras, físicas ou mentais. Estas deficiências estão
expostas e as outras pessoas que não se enquadram neste
quadro são aquelas com deficiências ocultas em maior
ou menor grau. O convite para que venham participar da
nossa festa pode ser feito agora, pois todos cabem neste
contexto inclusivo de iguais diferentes.
Toda vida é sagrada e a inclusão é a escolha pela
vida, a aceitação de nós mesmos e precisamos estar
presentes nesta celebração inclusiva, de convivência
entre diferentes. A partir do momento que nos aceitamos
como seres humanos, como pessoas que vencem, que
falham, que acertam e erram e que também convivem
com suas própria limitações, ficamos mais aptos a aceitar
quem aparentemente não é como nós. Todos nós temos
a centelha divina, somos todos abençoados, há sempre
mais uma benção a ser dada e bênçãos são inclusivas.
ESCOTEIROS DO BRASIL
Mesmo que muitas vezes nos pareça difícil, pois são tantos
os nossos questionamentos, toda vida é uma dádiva, toda
vida é um grande acontecimento.
A inclusão é a igualdade pela aceitação da
diversidade, é o caminho da paz social e o caminho da paz
no mundo, por mais difícil que está ideia nos pareça. É o
desenvolvimento de uma nova ordem, não é na verdade
uma ideia radical, mas, como já disse, uma escolha pela
vida, onde os pais de homossexuais poderão conviver
naturalmente com seus filhos, onde uma pessoa em
cadeira de rodas terá acesso aos ambientes, pessoas com
deficiência mental serão respeitadas, os cegos e surdos
estarão integrados, enfim, a diversidade fará parte do
nosso cotidiano.
A inclusão sempre nos fará pensar no mundo em que
vivemos e em como desejamos que seja este mundo, para
nós, nossos filhos e nossos netos. É o reconhecimento de
que todos fomos feitos a imagem e semelhança de Deus,
e somos todos capazes de amar e amor é a chave para
inclusão.
Somos inclusivos, quando acreditamos que quem
não pensa como nós e não tem a nossa crença é merecedor
do mesmo respeito de que nós nos consideramos dignos,
somos também inclusivos quando acreditamos que
quem pensa como nós, mas não tem exatamente a nossa
aparência é merecedor deste mesmo respeito, somos
também inclusivos quando acreditamos que aqueles que
não têm a mesma opção sexual são também merecedores
deste respeito.
Estamos mais próximos da inclusão quando
encaramos a velhice de frente, quando encaramos as
doenças, quando encaramos nossa autorejeição, nosso
medo da morte. Se ainda não estamos hoje, todos nós
estaremos sujeitos a buscar a nossa própria inclusão, em
algum momento de nossas vidas, mesmo que seja em
retorno, como aquele que afastado de sua religião, um dia,
ouvirá um chamado e iniciará o caminho de volta. Talvez
não seja tão fácil aprender as rezas, se relacionar com as
pessoas, ainda estranhas, mas é preciso voltar, se incluir, se
aproximar, compartilhar, fazer parte e acreditar.
Inclusão é amor, é abraçar a vida, é crença no divino,
é fé no potencial humano, é igualdade, diversidade,
é compartilhar, discordar, é respeito pela diferença, é
o caminho da paz, a busca da plenitude, exercício de
tolerância, diminuição brusca da violência, diversidade na
sala de aula e riqueza na nossa vida.
CURSO AVANÇADO
157
Vamos começar nas nossas casas, na nossa
comunidade e vamos sonhar juntos que este seja
realmente o nosso sonho, o sonho de um mundo inclusivo,
o sonho de um mundo melhor.
“é desnecessário discutir a questão das deficiências
porque todos nós somos imperfeitos”, “não se preocupem,
agiremos como avestruzes com a cabeça dentro da
areia” (i.é, “aceitaremos vocês sem olhar para as suas
deficiências”);
COMO CHAMAR OS QUE TÊM DEFICIÊNCIA?
Por: Romeu Kazumi Sassaki
Em todas as épocas e localidades, a pergunta que não
quer calar tem sido esta, com alguma variação: “Qual é o
termo correto - portador de deficiência, pessoa portadora
de deficiência ou portador de necessidades especiais?”
Responder esta pergunta tão simples é simplesmente
trabalhoso, por incrível que possa parecer.
Comecemos por deixar bem claro que jamais houve
ou haverá um único termo correto, válido definitivamente
em todos os tempos e espaços, ou seja, latitudinal e
longitudinalmente. A razão disto reside no fato de que
a cada época são utilizados termos cujo significado seja
compatível com os valores vigentes em cada sociedade
enquanto esta evolui em seu relacionamento com as
pessoas que possuem este ou aquele tipo de deficiência.
Os movimentos mundiais de pessoas com deficiência,
incluindo os do Brasil, estão debatendo o nome pelo
qual elas desejam ser chamadas. Mundialmente, já
fecharam a questão: querem ser chamadas de “pessoas
com deficiência” em todos os idiomas. E esse termo faz
parte do texto da Convenção Internacional para Proteção
e Promoção dos Direitos e Dignidade das Pessoas com
Deficiência, a ser aprovada pela Assembleia Geral da ONU
em 2005 ou 2006 e a ser promulgada posteriormente por
meio de lei nacional de todos os países-membros.
Eis os princípios básicos para os movimentos terem
chegarem a esse nome:
1. Não esconder ou camuflar a deficiência;
2. Não aceitar o consolo da falsa ideia de que todo mundo
tem deficiência;
3. Mostrar com dignidade a realidade da deficiência;
4. Valorizar as diferenças e necessidades decorrentes da
deficiência;
5. Combater neologismos que tentam diluir as diferenças,
tais como “pessoas com capacidades especiais”, “pessoas
com eficiências diferentes”, “pessoas com habilidades
diferenciadas”, “pessoas deficientes”, “pessoas especiais”,
158
CURSO AVANÇADO
6. Defender a igualdade entre as pessoas com deficiência
e as demais pessoas em termos de direitos e dignidade, o
que exige a equiparação de oportunidades para pessoas
com deficiência atendendo às diferenças individuais e
necessidades especiais, que não devem ser ignoradas;
7. Identificar nas diferenças todos os direitos que lhes são
pertinentes e a partir daí encontrar medidas específicas
para o Estado e a sociedade diminuírem ou eliminarem as
“restrições de participação” (dificuldades ou incapacidades
causadas pelos ambientes humano e físico contra as
pessoas com deficiência).
Conclusão
A tendência é no sentido de parar de dizer ou
escrever a palavra “portadora” (como substantivo e
como adjetivo). A condição de ter uma deficiência faz
parte da pessoa e esta pessoa não porta sua deficiência.
Ela tem uma deficiência. Tanto o verbo “portar” como o
substantivo ou o adjetivo “portadora” não se aplicam a
uma condição inata ou adquirida que faz parte da pessoa.
Por exemplo, não dizemos e nem escrevemos que uma
certa pessoa porta olhos verdes ou pele morena.
Uma pessoa só porta algo que ela possa não portar,
deliberada ou casualmente. Por exemplo, uma pessoa
pode portar um guarda-chuva se houver necessidade e
deixá-lo em algum lugar por esquecimento ou por assim
decidir. Não se pode fazer isto com uma deficiência, é
claro.
A quase totalidade dos documentos, a seguir
mencionados, foi escrita e aprovada por organizações
de pessoas com deficiência que, no atual debate sobre
a Convenção da ONU a ser aprovada em 2003, estão
chegando ao consenso quanto a adotar a expressão
“pessoas com deficiência” em todas as suas manifestações
orais ou escritas.
ESCOTISMO E INCLUSÃO
Por: Mariluce Gomes N. Maia Pereira – UEB-SP
O Escotismo, maior movimento de educação não
formal para crianças e jovens de todo o mundo, desde sua
ESCOTEIROS DO BRASIL
fundação, tem recebido pessoas com deficiência em suas
fileiras, ainda que esporadicamente, fruto de iniciativas
isoladas de grupos escoteiros ou de umas poucas
organizações escoteiras nacionais.
A Conferência Mundial do Movimento Escoteiro
de 1988 tomou importantes decisões sobre a prática do
Escotismo por deficientes físicos, defendendo a opinião de
que todos os líderes no Movimento têm responsabilidade
de promover o Escotismo para pessoas com deficiência;
recomendando a todas as organizações escoteiras
nacionais a rever seus programas, a fim de satisfazer
às necessidades de todos os jovens, a despeito das
deficiências que possam ter; encorajando fortemente a
todas as organizações escoteiras nacionais que garantam
a existência de uma pessoa com influência na Equipe
Nacional de Programa responsável especificamente por
promover o Escotismo para deficientes; e instando as
organizações escoteiras nacionais para que disponibilizem
recursos suficientes para a promoção efetiva do Escotismo
com deficientes.
Os jovens devem ser os principais agentes de
seu próprio desenvolvimento, mesmo aqueles com
incapacidades, e o Movimento Escoteiro deve oferecerlhes – assim como faz aos demais jovens – plenas
oportunidades para envolvimento e participação.
Embora o conceito e a prática universal da inclusão
sejam muito recentes, os mesmos já eram preconizados
pelo Movimento Escoteiro, praticamente desde sua
fundação. O fundador do Escotismo afirmava que
“queremos especialmente ajudar o mais fraco a não sentir
suas fraquezas, e a ganhar esperança e força”.
Já em 1919, em seu livro “Aids to Scoutmastership”,
Baden-Powell afirma: “Por toda parte no Escotismo há
inúmeros meninos aleijados, surdos-mudos e cegos que
agora estão ganhando mais saúde, alegria e esperança
do que tinham antes”. Baden-Powell percebeu que
algumas adaptações se faziam necessárias: a maioria
desses meninos não é capaz de passar nas provas
escoteiras normais, sendo supridos com provas especiais
ou alternativas. Além disso, em consonância com a
orientação dos nossos dias (isto é, 80 a 90 anos a sua
frente), ele adverte que deve-se evitar a superproteção ou
paternalismo: “O que é admirável nesses meninos é sua
alegria e entusiasmo para fazer tudo o que lhes for possível
no Escotismo. Eles não querem provas e tratamento mais
especiais do que o estritamente necessário.” Seguindo o
mesmo princípio, ele enfatiza a regra geral da educação:
ajudá-los a tornarem-se autônomos o máximo possível e
a adquirirem autoestima: “O Escotismo os ajuda unindoos à uma fraternidade mundial, dando-lhes algo que fazer
ESCOTEIROS DO BRASIL
e pelo que esperar, oferecendo-lhes uma oportunidade
de provar a si mesmos e aos outros que eles podem fazer
coisas por si mesmos – e coisas difíceis também”
Integração x inclusão
O Movimento Escoteiro mundial adere à ideia da
inclusão da pessoa com deficiência, e não da simples
integração da mesma. Cabendo, portanto, diferenciar
os termos integração e inclusão, de modo que, um
entendimento claro do conceito inclusão, venha evitar
erros na implantação e operacionalização do Escotismo
para todos no Brasil.
Não se trata de uma mera troca de verbos, mas de
novo olhar sobre a pessoa com deficiência como sendo
alguém que se insere no “nós”, no “todos”.
Quando atingirmos esse progresso, esse grau de
desenvolvimento humano, essa naturalidade diante da
diversidade, o preconceito e a segregação serão uma
realidade muito distante. Quando o objetivo da verdadeira
inclusão houver ocorrido, o fato de uma pessoa sofrer um
acidente e transformar-se num portador de deficiência
significará apenas que suas aptidões mudaram e que ela
deve adequar-se a uma nova condição de vida, também
repleta de oportunidades.
Tanto a integração quanto a inclusão, constituem
formas de inserção social das pessoas com deficiência.
Com o diferencial de que, na prática da integração –
definida mais claramente nas décadas de 60 e 70 – era
baseada no “modelo médico”, visando modificar (habilitar,
reabilitar, educar) a pessoa com deficiência, para tornála apta a satisfazer os padrões aceitos no meio social
(familiar, escolar, profissional, recreativo, ambiental).
Já a prática da inclusão, que se inicia na década de
80 e se consolida nos anos 90, vem seguindo o “modelo
social”, segundo o qual a nossa tarefa é modificar a
sociedade para torná-la capaz de acolher todas as pessoas
que, uma vez incluídas nessa sociedade em modificação,
poderão ser atendidas em suas necessidades comuns e/
ou especiais.
Assim:
- Integração: inserção da pessoa deficiente devidamente
preparada para conviver na sociedade.
- Inclusão: modificação da sociedade como pré-requisito
para a pessoa com necessidades especiais buscar seu
desenvolvimento e exercer a cidadania.
CURSO AVANÇADO
159
“As
necessidades
de
aprendizagem
dos
incapacitados exigem atenção social. São necessários
passos para se oferecer igualdade de acesso à educação a
todas as categorias de pessoas incapacitadas como parte
integral do sistema educacional”.
DICAS PARA CONVIVER E APOIAR PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
Fonte: http://www2.camara.gov.br
Apresentamos a seguir algumas orientações que as
pessoas podem seguir nos seus contatos com as pessoas
com deficiência. Não são regras, mas esclarecimentos
resultantes da experiência de diferentes pessoas que
atuam na área e que apontam para as especificidades dos
diferentes tipos de deficiências.
Se achar que ela está em dificuldades, ofereça
ajuda e, caso seja aceita, pergunte como deve proceder.
As pessoas têm suas técnicas individuais para subir
escadas, por exemplo, e, às vezes, uma tentativa de ajuda
inadequada pode até atrapalhar. Outras vezes, o auxílio é
essencial. Pergunte e saberá como agir e não se ofenda se
a ajuda for recusada.
Se você presenciar um tombo de uma pessoa com
deficiência, ofereça-se imediatamente para auxiliá-la. Mas
nunca aja sem antes perguntar se e como deve ajudá-la.
Esteja atento para a existência de barreiras
arquitetônicas quando for escolher uma casa, restaurante,
teatro ou qualquer outro local que queira visitar com uma
pessoa com deficiência física.
Não se acanhe em usar termos como “andar” e
“correr”. As pessoas com deficiência física empregam
naturalmente essas mesmas palavras.
Como chamar:
Pessoas com deficiência visual
Prefira usar o termo hoje mundialmente aceito:
“pessoa com deficiência (física, auditiva, visual ou
intelectual)”, em vez de “portador de deficiência”, “pessoa
com necessidades especiais” ou “portador de necessidades
especiais”;
Os termos ”cego” e “surdo” podem ser utilizados;
Jamais utilizar termos pejorativos ou depreciativos
como “deficiente”, “aleijado”, “inválido”, “mongol”,
“excepcional”, “retardado”, “incapaz”, “defeituoso” etc.
Pessoas com deficiência física
É importante perceber que para uma pessoa
sentada é incômodo ficar olhando para cima por muito
tempo. Portanto, ao conversar por mais tempo que alguns
minutos com uma pessoa que usa cadeira de rodas, se for
possível, lembre-se de sentar, para que você e ela fiquem
com os olhos no mesmo nível.
A cadeira de rodas (assim como as bengalas e
muletas) é parte do espaço corporal da pessoa, quase
uma extensão do seu corpo. Apoiar-se na cadeira de rodas
é tão desagradável como fazê-lo numa cadeira comum
onde uma pessoa está sentada.
Ao empurrar uma pessoa em cadeira de rodas, faça-o
com cuidado. Preste atenção para não bater naqueles que
caminham à frente. Se parar para conversar com alguém,
lembre-se de virar a cadeira de frente para que a pessoa
também possa participar da conversa.
Mantenha as muletas ou bengalas sempre próximas
à pessoa com deficiência.
160
CURSO AVANÇADO
É bom saber que nem sempre as pessoas com
deficiência visual precisam de ajuda. Se encontrar alguém
que pareça estar em dificuldades, identifique-se, faça-a
perceber que você está falando com ela e ofereça seu
auxílio.
Nunca ajude sem perguntar como fazê-lo. Caso sua
ajuda como guia seja aceita, coloque a mão da pessoa no
seu cotovelo dobrado. Ela irá acompanhar o movimento
do seu corpo enquanto você vai andando. Num corredor
estreito, por onde só é possível passar uma pessoa,
coloque o seu braço para trás, de modo que a pessoa cega
possa continuar seguindo você.
É sempre bom avisar, antecipadamente, sobre a
existência de degraus, pisos escorregadios, buracos e
outros obstáculos durante o trajeto.
Ao explicar direções, seja o mais claro e específico
possível; de preferência, indique as distâncias em metros
(“uns vinte metros à nossa frente”, por exemplo). Quando
for afastar-se, avise sempre.
Algumas pessoas, sem perceber, falam em tom de
voz mais alto quando conversam com pessoas cegas. A
menos que ela tenha, também, uma deficiência auditiva
que justifique isso, não faz nenhum sentido gritar. Fale em
tom de voz normal.
Não se deve brincar com um cão-guia, pois ele tem a
responsabilidade de guiar o dono que não enxerga e não
deve ser distraído dessa função.
Trate a pessoa com paralisia cerebral com a mesma
consideração e respeito que você usa com as demais
pessoas.
ESCOTEIROS DO BRASIL
Quando encontrar uma pessoa com paralisia
cerebral, lembre-se que ela tem necessidades específicas,
por causa de suas diferenças individuais, e pode ter
dificuldades para andar, fazer movimentos involuntários
com pernas e braços e apresentar expressões estranhas
no rosto.
Não se intimide, trate-a com naturalidade e respeite
o seu ritmo, porque em geral essas pessoas são mais lentas.
Tenha paciência ao ouvi-la, pois a maioria tem dificuldade
na fala. Há pessoas que confundem esta dificuldade e o
ritmo lento com deficiência intelectual.
Mesmo que pessoa surda esteja acompanhada de
um intérprete, dirija-se a ela, e não ao intérprete.
Algumas pessoas surdas preferem a comunicação
escrita, outras usam língua de sinais e outras ainda
preferem códigos próprios. Estes métodos podem ser
lentos, requerem paciência e concentração. Você pode
tentar se comunicar usando perguntas cujas respostas
sejam sim ou não. Se possível, ajude a pessoa surda a
encontrar a palavra certa, de forma que ela não precise
de tanto esforço para transmitir sua mensagem. Não fique
ansioso, pois isso pode atrapalhar sua conversa.
Pessoas com deficiência auditiva
Pessoas com deficiência intelectual
Não é correto dizer que alguém é surdo-mudo.
Muitas pessoas surdas não falam porque não aprenderam
a falar. Algumas fazem a leitura labial, outras não.
Ao falar com uma pessoa surda, acene para ela
ou toque levemente em seu braço, para que ela volte
sua atenção para você. Posicione-se de frente para ela,
deixando a boca visível de forma a possibilitar a leitura
labial. Evite fazer gestos bruscos ou segurar objetos em
frente à boca. Fale de maneira clara, pronunciando bem as
palavras, mas sem exagero. Use a sua velocidade normal, a
não ser que lhe peçam para falar mais devagar.
Ao falar com uma pessoa surda, procure não ficar
contra a luz, e sim num lugar iluminado.
Seja expressivo, pois as pessoas surdas não podem
ouvir mudanças sutis de tom de voz que indicam
sentimentos de alegria, tristeza, sarcasmo ou seriedade,
e as expressões faciais, os gestos e o movimento do seu
corpo são excelentes indicações do que você quer dizer.
Enquanto estiver conversando, mantenha sempre
contato visual. Se você desviar o olhar, a pessoa surda
pode achar que a conversa terminou.
Nem sempre a pessoa surda tem uma boa dicção. Se
tiver dificuldade para compreender o que ela está dizendo,
não se acanhe em pedir para que repita. Geralmente, elas
não se incomodam em repetir quantas vezes for preciso
para que sejam entendidas. Se for necessário, comuniquese por meio de bilhetes. O importante é se comunicar.
Você deve agir naturalmente ao dirigir-se a uma
pessoa com deficiência intelectual.
Trate-a com respeito e consideração. Se for uma
criança, trate-a como criança. Se for adolescente, trate-a
como adolescente, e se for uma pessoa adulta, trate-a
como tal.
Não a ignore. Cumprimente e despeça-se dela
normalmente, como faria com qualquer pessoa.
Dê-lhe atenção, converse e verá como pode ser
divertido. Seja natural, diga palavras amistosas.
Não superproteja a pessoa com deficiência
intelectual. Deixe que ela faça ou tente fazer sozinha
tudo o que puder. Ajude apenas quando for realmente
necessário.
Não subestime sua inteligência. As pessoas com
deficiência intelectual levam mais tempo para aprender,
mas podem adquirir muitas habilidades intelectuais e
sociais.
ESCOTEIROS DO BRASIL
CURSO AVANÇADO
161
ANOTAÇÕES
162
CURSO AVANÇADO
ESCOTEIROS DO BRASIL
UNIDADE DIDÁTICA | CURSO AVANÇADO - ESCOTISTA
ESCOTISMO MUNDIAL
Duração
60 minutos
Objetivos Gerais
Reconhecer que o Movimento Escoteiro se desenvolve no mundo dentro de uma
estrutura organizada com apenas um propósito.
Objetivos Específicos
Conhecer os principais órgãos da estrutura do Movimento Escoteiro
Compreender a penetração do Escotismo em outros países
Identificar alguns símbolos universais utilizadas no Movimento Escoteiro
Conteúdo
- A Organização Mundial do Movimento Escoteiro
- A Conferência Mundial do Escotismo
- O Comitê Mundial do Escotismo
- O Bureau Mundial do Escotismo
- A Organização Interamericana de Escotismo
- A Conferência Interamericana do Escotismo
- O Comitê Interamericano de Escotismo
- O Escritório Interamericano de Escotismo
- Fraternidade Mundial
- Jamboree Mundial
- Moot
Material
- Projetos Multimídia
- Rolo de Papel cartaz
- Canetas tipo pincel atômico de diversas cores e quantidade pra 4 patrulhas
- Tubos de cola branca
- Revistas diversas
- 4 livros escotismo para rapazez
- Apostila
PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO
Tempo (minutos)
Tema
Metodologia
30
Conhecendo a história do Escotismo Mundial
PL
20
Compreendendo a estrutura
TG
10
Sessão esclarecimento
DD
PL = Palestra
ESCOTEIROS DO BRASIL
TG = Trabalho em Grupo
DD = Discussão Dirigida
CURSO AVANÇADO
163
DETALHAMENTO DA METODOLOGIA
Com auxilio de apoio áudio visual, o formador falará sobre o Escotismo Mundial ressaltando os principais órgãos da
estrutura mundial e as principais atividades.
Divididos em subgrupos, os participantes receberão uma lista contendo algumas das palavras abaixo e deverão
definir o significado de cada uma delas.
- A Conferência Mundial do Escotismo
- O Comitê Mundial do Escotismo
- O Bureau Mundial do Escotismo
- A Conferência Interamericana do Escotismo
- O Comitê Interamericano de Escotismo
- O Escritório Interamericano de Escotismo
- Fraternidade Mundial
- Jamboree Mundial
- Moot
O formador abrirá ao final espaço para esclarecimentos dos participantes.
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
Escotismo pra rapazes
Caminhos para o sucesso – Baden-Powell
250 milhões de escoteiros – Laszno Nagy
Última atualização: 04/12/2013 04/12/13
164
CURSO AVANÇADO
ESCOTEIROS DO BRASIL
ESCOTISMO MUNDIAL
eleições, aprovação de novos membros, taxas de registro,
emendas a Constituição Mundial e aos regimentos etc.
O COMITÊ MUNDIAL DO ESCOTISMO
A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO MOVIMENTO ESCOTEIRO
A Organização Mundial do Movimento Escoteiro
é uma organização internacional, não governamental,
composta por suas associações escoteiras nacionais
reconhecidas.
Hoje somos mais de 40 milhões de escoteiros, jovens
e adultos, rapazes e moças, em 216 países e territórios.
Existem 162 associações escoteiras nacionais,
membros reconhecidas da Organização Mundial do
Movimento Escoteiro (OMME). Existem 26 territórios onde
o Escotismo existe por meio de “filiais” de associações
escoteiras. Existem ainda 35 países onde o Escotismo
existe, mas não há uma Associação Escoteira Nacional
reconhecida como membro da OMME.
Por fim, existem 06 países no mundo onde o
Escotismo não existe.
A CONFERÊNCIA MUNDIAL DO ESCOTISMO
A Conferência é a “Assembleia Geral” do Escotismo. É
o órgão máximo da Organização Mundial do Movimento
Escoteiro e reúne-se a cada três anos, sempre em um país
diferente. É composta por todos os seus membros, que
são as Associações Escoteiras Nacionais reconhecidas.
Somente uma associação é reconhecida em cada
país. Em alguns países, onde há várias associações, estas
são organizadas em federações, que são as detentoras
deste reconhecimento.
As associações membro são representadas nas
conferências mundiais do Escotismo por um máximo de
seis delegados. Os observadores autorizados por suas
associações podem também participar.
O objetivo da Conferência é promover a unidade, a
integridade e o desenvolvimento do Movimento Escoteiro
Mundial. Isto é alcançado por meio de uma estrutura
organizada para: troca de ideias e informações entre
seus membros, formular as políticas mundiais, analisar e
aprovar os relatórios e recomendações do Comitê Mundial
e dos órgãos que gerenciam a Organização Mundial,
ESCOTEIROS DO BRASIL
O Comitê Mundial é o órgão diretivo da Organização
Mundial do Movimento Escoteiro. É responsável pela
execução do que foi definido na Conferência Mundial e
por agir em seu interesse entre as suas reuniões.
O comitê é composto por 12 membros eleitos,
com direito a voz e voto, que são eleitos para mandatos
de três anos e devem ser todos de países diferentes. Os
membros não representam seu país, mas sim os interesses
do movimento como um todo. As eleições ocorrem nas
Conferências Mundiais a cada três anos.
O secretário geral e o tesoureiro da OMME
são membros ex-ofício do Comitê, assim como um
representante da Fundação Escoteira Mundial e os
presidentes dos seis comitês regionais.
Durante o Fórum Mundial de Jovens os participantes
elegem seis assessores juvenis do Comitê Mundial e estes
participam de todas as reuniões e de grupos de trabalho.
O Comitê reúne-se ao menos duas vezes ao ano. Seu
Comitê Executivo, constituído pelo Presidente, dois Vicepresidentes e pelo Secretário Geral reúne-se sempre que
necessário.
O BUREAU MUNDIAL DO ESCOTISMO
O Bureau Mundial é o secretariado da Organização
Mundial. O Bureau é dirigido pelo Secretário Geral da
OMME. Ele é nomeado pelo Comitê Mundial e é o principal
gerente administrativo da Organização. Praticamente
todas as pessoas que lá trabalham são profissionais a
serviço do Escotismo.
O Bureau Mundial foi criado e sediado em Londres,
Inglaterra em 1920. Em 1959 foi transferido para Ottawa
no Canadá e em 1968 mudou-se para Genebra, Suíça.
Durante o ano de 2014 será transferido para Kuala Lumpur,
capital da Malásia, no sudeste asiático.
Existem também filiais do Bureau que servem às
Regiões Escoteiras: são os escritórios regionais que estão
localizados como segue (o escritório principal está por
primeiro):
• Região África: Nairobi, Quênia.
• Região Árabe: Cairo, Egito.
CURSO AVANÇADO
165
• Região Ásia Pacífico: Manila, Filipinas.
• Região Eurásia: Yalta-Gurzuf, Ucrânia.
• Região Européia: Genebra.
• Região Interamericana: Ciudad del Saber, Panamá
Como secretariado da OMME, o Bureau Mundial tem
diversas funções constitucionalmente definidas. São elas:
• Suporte às conferências mundiais e regionais, aos
comitês mundiais e regionais e a seus órgãos subsidiários
no cumprimento de suas funções;
• Preparação das reuniões e apoio para a execução das
decisões destes diversos órgãos;
• Promoção do Escotismo em todo o mundo;
• Manter relações com as associações escoteiras nacionais;
• Apoio no desenvolvimento do Escotismo nos países.
• Promover o desenvolvimento do Escotismo em países
onde ele não existe ou ainda não é reconhecido;
• Supervisão de eventos mundiais e regionais tal como
jamborees;
• Manter relações com organizações internacionais cujas
atividades são relacionadas com juventude.
O Bureau Mundial realiza estas funções de diversas
maneiras:
• Dando apoio para comitês, forças tarefa e grupos de
trabalho;
• Desenvolvendo e conduzindo cursos;
• Auxiliando técnica e consultivamente;
• Publicando boletins regulares com notícias do Escotismo.
O Bureau Mundial tem seus custos financiados
parcialmente pelas taxas anuais de registro pagas
pelas Associações Nacionais, baseadas no número de
associados. Outros recursos provêm de contribuições das
fundações, das corporações, das agências e de indivíduos.
Uma importante parcela provêm da Fundação Mundial
do Escotismo, que é um fundo de capitalização. As
contribuições para a Fundação são investidas de tal forma
que produzem uma entrada regular para a Organização
Mundial. A Fundação recebe também doações materiais
para o Escotismo internacional.
A ORGANIZAÇÃO INTERAMERICANA DE ESCOTISMO
A Organização Interamericana de Escotismo faz
parte da Organização Mundial do Movimento Escoteiro
e é composta pelos membros desta última, que desejem
166
CURSO AVANÇADO
agrupar-se dentro da área geográfica da Região
Interamericana.
Podem ser membros da Organização Interamericana
as associações escoteiras de países da Região
Interamericana e que sejam reconhecidas pela Conferência
Mundial como membros da OMME. Além destas, podem
também fazer parte as “filiais” de associações nacionais
de países localizados em outras regiões, mas que
tenham atividades em seus territórios dentro da Região
Interamericana.
A CONFERÊNCIA INTERAMERICANA DO ESCOTISMO
A Conferência Interamericana é o órgão máximo
da Organização Interamericana de Escotismo e se reúne
a cada três anos, sempre em um país diferente (definido
pela Conferência anterior) e no ano que antecede a
Conferência Mundial.
O COMITÊ INTERAMERICANO DE ESCOTISMO
O Comitê Interamericano de Escotismo é composto
por dez membros, eleitos pela Conferência Interamericana
para mandatos de seis anos. A cada conferência são eleitos
cinco novos membros. Portanto, a cada três anos o Comitê
passa por uma renovação de 50%. O Diretor Executivo
Regional também faz parte deste Comitê, na função de
secretário-executivo. O Comitê reúne-se ordinariamente
duas vezes ao ano.
Os próprios membros do Comitê elegem o
presidente e os dois vice-presidentes. Juntamente com
o Diretor Executivo, formam o Comitê Executivo, que se
reúne sempre que necessário.
Participam como convidados permanentes o
presidente da Fundação Escoteira Interamericana e os
coordenadores da Rede Interamericana de Jovens.
O ESCRITÓRIO INTERAMERICANO DE ESCOTISMO
O Bureau Mundial do Escotismo – Região
Interamericana, conhecido anteriormente como OSI
(Oficina Scout Interamericana) é uma filial do Bureau
Mundial, que tem como principal função dar o suporte
administrativo à Organização Interamericana de
Escotismo, ao Comitê Interamericano de Escotismo e às
associações membro.
Sua sede está localizada desde 2010 na Ciudad del
Saber, Panamá.
ESCOTEIROS DO BRASIL
FRATERNIDADE MUNDIAL
Um escoteiro chegando a uma cidade, estado ou
país estranho não é um forasteiro ou estrangeiro, pois é
recebido como um irmão pela comunidade escoteira.
CARATERÍSTICAS:
- União
- Convivência como irmãos
- Harmonia
- Paz e concórdia
Na cerimônia da Promessa, o escotista informa ao
jovem que a partir daquele momento ele passa a fazer
parte da fraternidade mundial do Movimento Escoteiro.
O jovem ingressa na grande família escoteira, que
não distingue raças, credos, fronteiras, religiões ou classes
sociais.
Receber ou visitar membros do Movimento
Escoteiro geralmente são atividades agradáveis e devem
ser incentivadas. A fraternidade não se inicia em outro
continente ou outro país. Ela está presente quando
fazemos um jogo setorial ou se recebe um jovem de outro
grupo em sua reunião de sede. Todos devem ser tratados
como irmãos, com carinho e atenção.
Acampamentos setoriais, regionais, nacionais
e internacionais são oportunidades de praticar a
fraternidade escoteira. Os grupos devem motivar e
viabilizar a participação do maior número de jovens.
A partir de 1920, e com intervalos de quatro
anos, vêm sendo realizados jamborees mundiais. Esta
atividade reúne jovens e adultos de todo o mundo em um
acampamento onde o ponto forte é a confraternização.
Os jovens vencem a barreira da língua e estabelecem
relacionamentos fraternos que devem servir de modelo
aos dirigentes mundiais.
FRATERNIDADE
• Inicia no próprio Grupo
• Passa pelos Grupos do Setor
• Segue pelas atividades nacionais
• Chega em outros países
A troca de correspondências entre membros do
Movimento, atividade conhecida por “Companheiros de
Pena”, “Pen Pal” ou “LinkUp”, deve ser incentivada.
Anualmente ocorre no terceiro final de semana
de outubro o Jamboree no Ar (JOTA) e o Jamboree na
ESCOTEIROS DO BRASIL
Internet (JOTI), que une jovens de todo o mundo por meio
do radioamadorismo e da internet, respectivamente.
A cada dois anos também ocorrem os Elos, que
são acampamentos descentralizados, realizados a
nível setorial, abrangendo uma determinada região.
A característica é que os acampamentos devem ser
realizados na mesma data e com a mesma programação.
JAMBOREES MUNDIAIS
Um jamboree mundial é um evento único na vida de
seus participantes. É o grande encontro dos escoteiros de
todo o mundo. Realiza-se a cada quatro anos, sempre em
um local diferente. Suas últimas edições têm reunido mais
de 40 mil participantes.
Veja abaixo quando e onde foram realizados os
Jamborees Mundiais
1o
1920
Olympia, Londres, Inglaterra
o
2
1924
Ermelunden, Copenhague, Dinamarca.
3o
1929
Arrowe Park, Birkenhead, Inglaterra
4o
1933
Gödöllö, Hungria
5o
1937
Vogelensang-Bloemendaal, Países
Baixos.
6o
1947
Moisson, França.
7o
1951
Salzkammergut, Bad Ischl, Áustria.
o
8
1955
Niagara on the Lake, Canadá.
9o
1957
Sutton Park, Inglaterra.
10o
1959
Mount Makiling, Filipinas.
o
11
1963
Maratona, Grécia.
12o
1967
Farragut State Park, Idaho, EUA.
13o
1971
Asagiri Heights, Japão.
14
1975
Lake Mjosa, Lillehammer, Noruega.
1979
Previsto para ser realizado no Irã, o
Jamboree foi cancelado em função da
“Revolução Islâmica”.
15o
1983
Kananaskis Country, Alberta, Canadá.
16o
1988-1989
Cataract Scout Park, New South
Wales, Austrália.
17o
1991
Mount Sorak National Park, Coréia
do Sul.
o
CURSO AVANÇADO
167
18o
1995
Drönten, Flevoland, Países Baixos.
4o
1949
Skiak, Noruega
19o
1998-1999
Picarquin, Chile.
5o
1953
Kandersteg, Suíça
20o
2002-2003
Sattahip, Chonburi Province,
Tailândia
6o
1957
Sutton Coldfield, Inglaterra.
7
1961
Melbourne, Austrália
8o
1990-1991
Melbourne, Austrália
9o
1992
Kandersteg, Suíça.
o
10
1996
Ransberg, Suécia.
11o
2000
México
12o
2004
Hualien, Taiwan
o
13
2010
Nairobi, Quênia
14o
2013
Montreal, Canadá
21o
2007
Hylands Park, Chelmsford, Inglaterra
22
2011
Rinkaby, Kristianstad, Suécia.
23
2015
Yamaguchi, Japão
o
o
MOOTS
Pouco depois de iniciado o Escotismo por B-P,
verificou-se com surpresa que alguns rapazes mais
velhos que saiam das Patrulhas continuavam ligados
ao Movimento. Foi então que começou a crescer uma
irmandade de escoteiros mais velhos. Eles começaram a
chamar-se Rovers, e não só cumpriam a Lei Escoteira e a
Lei dos Cavaleiros, como o seu lema era “Servir”. No Brasil,
os Rovers são chamados de Pioneiros.
Em 1933, B-P organiza o primeiro Rover Moot
mundial que a cada quatro em quatro anos se realizou até
1961 (sendo só interrompido pela IIª Guerra Mundial).
Entre 1965 e 1982 os Rover Moots mundiais foram
substituídos por Moot Mundiais (os World Rover Moots),
esta mudança teve o objetivo de aumentar o número de
eventos e a melhorar a acessibilidade dos jovens do Ramo
Pioneiro.
Durante a Conferência Mundial de 1989 na Austrália,
analisou-se a possibilidade de voltar a organizar os moots
a um nível mundial. No entanto, este início foi difícil, pois
tantos anos sem se reunirem e sem um acompanhamento
a nível mundial, os Pioneiros de todo o mundo eram
diferentes, muito similares nas regiões, mas contrastantes
no global.
Por essa razão, combinou-se realizar uma reunião de
jovens em 1990/91 na Austrália, e outro no verão de 1992
na Suíça; no entanto foi eliminada a palavra Rover para
permitir a participação de todos os jovens pertencentes
ao Movimento Escoteiro com as idades compreendidas
entre os 18 e os 26 anos (regra que ainda hoje se mantém).
CONFERÊNCIAS MUNDIAIS
CME
ANO
LOCAL
PAÍSES
PARTICIPANTES
1o
1920
Londres, Inglaterra.
33
2o
1922
Paris, França.
30
3o
1924
Copenhague, Dinamarca.
34
o
4
1926
Kandersteg, Suíça.
29
5o
1929
Birkenhead, Inglaterra.
33
o
6
1931
Vienna-Baden, Áustria.
44
7o
1933
Gödöllö, Hungria.
31
o
8
1935
Estocolmo, Suécia.
28
9o
1937
Haia, Holanda.
34
o
10
1939
Edimburgo, Escócia.
27
11o
1947
Chateau de Rosny, França.
32
o
12
1949
Elvesaeter, Noruega
25
13o
1951
Salzburgo, Áustria.
34
14o
1953
Vaduz, Liechtenstein.
35
15o
1955
Niagara Falls, Canadá.
44
16o
1957
Cambridge, Inglaterra.
52
1o
1931
Kandersteg, Suíça.
17o
1959
Nova Dheli, Índia.
35
2
1935
Ingaro, Suécia.
18o
1961
Lisboa , Portugal.
50
3
1939
Monzie, Escócia.
o
o
168
o
CURSO AVANÇADO
ESCOTEIROS DO BRASIL
19o
1963
Rhodes, Grécia.
52
20o
1965
Cidade do México,
México
59
21o
1967
Seattle, EUA.
70
22o
1969
Otaniemi, Finlândia.
70
23o
1971
Tóquio, Japão
71
24o
1973
Nairobi, Quênia.
77
25o
1975
Lundtofte, Dinamarca.
77
26o
1977
Montreal, Canadá.
81
27o
1979
Birmingham, Inglaterra.
81
28o
1981
Dakar, Senegal.
74
29o
1983
Dearborn, EUA.
90
30o
1985
Munique, Alemanha.
93
31o
1988
Melbourne, Austrália.
77
32o
1990
Paris, França.
100
33o
1993
Bangkok, Tailândia.
99
34o
1996
Olso, Noruega
108
35o
1999
Durban, África do Sul.
116
36o
2002
Tessalônica, Grécia.
125
37o
2005
Hammamet, Tunísia,
124
38o
2008
Coréia do Sul
150
39o
2011
Curitiba, Brasil
138
40o
2014
Ljubljana, Eslovênia
108
EFETIVO MUNDIAL
Somos hoje mais de 40 milhões de escoteiros,
distribuídos em 216 países e territórios. A tabela abaixo
mostra os países com o maior número de escoteiros e
escoteiras (as bandeirantes não estão incluídas nestes
números) e sua relação em porcentagem com o número
total de habitantes.
PAÍS
ESCOTEIROS*
POPULAÇÃO**
%
Indonésia
8.909.435
232.073.071
3,84
Estados Unidos
da América
6.239.435
281.421.906
2,22
ESCOTEIROS DO BRASIL
Índia
1.045.845.226
2.138.015
0,20
Filipinas
1.956.131
84.525.639
2,31
Tailândia
1.305.027
62.354.402
2,09
Bangladesh
908.435
133.376.684
0,68
Paquistão
526.403
147.663.429
0,36
Reino Unido
498.888
59.778.002
0,83
Coréia do Sul
252.157
48.324.000
0,52
Japão
220.223
126.974.630
0,17
Canadá
212.259
31.902.268
0,67
Quênia
151.722
31.138.735
0,49
Alemanha
123.937
83.251.851
0,15
Tanzania
102.739
37.187.939
0,28
França
102.405
59.765.983
0,17
Itália
100.675
57.715.625
0,17
Australia
98.084
19.546.792
0,50
Malásia
96.893
22.662.365
0,43
Bélgica
88.271
10.274.595
0,86
Polônia
85.822
38.625.478
0,22
Uganda
77.894
24.700.000
0,32
Egito
74.598
70.712.345
0,11
Espanha
74.561
40.077.100
0,19
Hong Kong
74.147
7.303.334
1,02
Portugal
70.863
10.084.245
0,70
Taiwan (Scouts
of China)
69.452
22.548.009
0,31
Brasil
66.375
176.029.560
0,04
Suécia
60.122
8.876.744
0,68
Países Baixos
57.484
16.067.754
0,36
Suíça
52.349
7.301.994
0,72
Argentina
44.981
37.812.817
0,12
México
39.327
103.400.165
0,04
Chile
33.812
15.498.930
0,22
Fontes: OMME 2003 e MSN Encarta 2002.
CURSO AVANÇADO
169
ANOTAÇÕES
170
CURSO AVANÇADO
ESCOTEIROS DO BRASIL
UNIDADE DIDÁTICA | CURSO AVANÇADO - ESCOTISTA
GILWELL PARK E A HISTÓRIA DA I.M
Duração
60 minutos
Objetivos Gerais
Conhecer a História de Gilwell Park
Objetivos Específicos
Reconhecer a importância da Insígnia da Madeira no processo de Formação de Adultos
Conteúdo
- A história de Gilwell Park e da I.M
Material
- 1 Xícara para cada aluno
- Chá ( Quente , Gelado ou outra bebida a depender do clima do local)
- Uma caixa de chocolate
- Um livro sobre Gilwel Park
- Um formulário por aluno com perguntas sobre Gilwell
PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO
Tempo (minutos)
Tema
Metodologia
50
Jogo sobre Gilwell
JG
10
Canções de Gilwell
JG = Jogo
DETALHAMENTO DA METODOLOGIA
O Chá de Gilwell:
Gilwell Park foi inaugurado em 25/07/1919 sendo que BP recebeu os convidados com o tradicional chá Inglês.
Nesta Unidade Didática será servido um Chá para os cursantes, enquanto os mesmos participam de um jogo de
perguntas e respostas . ( a depender do clima do local , pode ser um chá gelado ou outra bebida).
Os cursantes recebem um formulário com perguntas sobre Gilwell e terão 10 minutos para responder.
Depois o formador irá ler cada pergunta , dizer a resposta correta e fazer os devidos comentários.
ESCOTEIROS DO BRASIL
CURSO AVANÇADO
171
Quem acertar mais perguntas ganha uma caixa de chocolate e quem acertar menos perguntas ganha um livro de
Gilwell Park.
Curso Avançado Ramo Lobinho
Chá de Gilwell
1. O primeiro Curso de Insígnia de Madeira aconteceu em:
A- 1905
B- 1919
C- 1907
D- 1988
2. As primeiras contas de Insígnia de Madeira entregues aos cursantes aprovados no Curso Avançado:
A - Eram feitas em Gilwell
B- Feitas na UEB
C- De um colar do chefe Dinizulu
D- Feitas por Baden-Powell
3. Qual a afirmativa correta em relação aos chefes de lobinhos?
A- Recebiam uma unha de lobo em vez das contas do colar
B-Chegaram a receber dentes de lobos em vez das contas do colar
C- Somente após 1923 passaram a usar as contas de madeira , com uma conta esférica amarela acima do nó
D- Todas as afirmativas estão corretas
4. Qual o máximo de contas que podem ser usadas no colar de Insígnia de Madeira?
A- duas
B- Três
C- Quatro
D- Seis
5. O lenço de Gilwell foi criado em homenagem a:
A- Baden Powell
B- Francis Gideney
C- Caio Martins
D- William F. De Bois Maclaren
6. O 1º Grupo de Gilwell se reúne uma vez por ano em Gilwell , no mês de:
A- Fevereiro
B- Setembro
C- Novembro
D- Outubro
7. Qual o símbolo de Gilwell?
A- A insígnia da Madeira
B- pedaço de tronco com o machado
C- O Anel de Gilwell
D- A foto de Bade Powell
172
CURSO AVANÇADO
ESCOTEIROS DO BRASIL
8. Wiliam Maclaren era:
A- Publicitário
B- Jogador de Futebol
C- Jornalista
D- Editor
9. O Descobridor de Gilwell foi:
A- Baden Powell
B- Pedro Alvares Cabral
C- John Thurman
D- P.B Nevill
10.A inauguração de Gilwell foi em:
A- 19 de junho de 1919
B- 26 de julho de 1919
C- 12 de outubro de 1976
D- 21 de setembro de 1920
Resposta : 1 – B ; 2- C; 3- D; 4-D ; 5-D ;6-B ; 7-B ; 8-C ; 9-D ; 10-B.
ESCOTEIROS DO BRASIL
CURSO AVANÇADO
173
CANÇÃO DE GILWELL
OS CAMPOS DE GILWELL
Quando a fogueira reduz sua luz
Eu começo a recordar
Volta à memória o passado distante
Que a saudade não deixa olvidar
Vão-se os anos e eu posso de novo viver
Feliz naquele escarcéu
Do reino infantil e juvenil
Onde é sempre azul o céu
Eu vou voltar a acampar
Com todos os meus amigos
E junto ao fogo poder cantar
Nos campos lá de Gilwell
Como eu quero acampar
de mochila e cantil a acampar
Com o peito transbordando de alegria
E meus amigos
Nos meus sonhos volto sempre a Gilwell
Onde alegre e feliz eu acampei
Vejo os fins de semana com os meus velhos amigos
E o campo em que treinei
E juntos da fogueira
Nossas vozes reunidas
Mil canções cantar
Nos campos lá de Gilwell
É mais verde a grama lá em Gilwell
Onde o ar do Escotismo eu respirei
E sonhando assim, verei B-P
Que nunca longe está dali
VOLTO A GILWELL
}
Volto a Gilwell, terra boa
Um curso assim que eu possa vou tomar Bis
Eu era um bom Lobo
Um bom Lobo de lei
Não estou mais Lobiando
O que fazer não sei
Me sinto velho e fraco
A Gilwell vou voltar
Um curso assim que eu possa vou tomar
174
CURSO AVANÇADO
ESCOTEIROS DO BRASIL
GILWELL PARK
da medicina generosa que ele nos ofereceu de forma tão
generosa”.
Para conhecer um pouco mais de Gilwell é necessário
conhecer um pouco mais de sua história e de como veio a
pertencer ao Movimento Escoteiro.
O GILWELL PRÉ-ESCOTISMO
Gilwell Park é uma lenda viva. A todo momento em
nosso dia-a-dia, ouvimos este nome.
Muitos perguntam o que é, o que se faz neste lugar,
porque é tão formoso e até mesmo porque atrai, como um
imã, as atenções de todo o mundo escoteiro.
É preciso dizer que nem sempre um lugar desperta
tanto fascínio, também é verdade que as características
de qualquer lugar são definidas por seus habitantes e que
muitas vezes o caráter desses habitantes são influenciados
pelo lugar que vivem. Um círculo de influências mútuas é
o se diria.
Avançado
No caso desse Centro de Formação, este efeito não é
casual, pois grande número de
pessoas por lá passaram em visita e/ou trabalho para
o Escotismo. Alguns, assim o fizeram diretamente como
nosso fundador; recebendo e irradiando o espírito do
Movimento Escoteiro.
John Thurman, terceiro Chefe de Campo de Gilwell,
define este espírito com rara felicidade:
“Talvez pareça um contra-senso dizer que o espírito de
um homem permaneça depois que ele tenha desaparecido.
Porém no caso de B-P e a forma que ele in- fluiu em Gilwell
constituem-se em uma grande verdade.
É o espírito da alegria, tolerância e camaradagem, de
reflexão, preparação e generosidade que esboçou em seu
livro Escotismo para Rapazes o que através dos anos tem se
espalhado de Gilwell para o mundo ... Portanto o lugar trata
de manter vivo
o espírito do melhor dos ensinamentos de B-P, e que
se manterá vivo não por sentimentalismo, mas sim, porque
é uma mensagem eterna e todo o mundo atual necessita
ESCOTEIROS DO BRASIL
É impossível pensar em Gilwell sem associá-lo
ao bosque de E pping, e que, segundo John Thurman,
significa tanto para Gilwell em sentido físico e espiritual
devido às suas colinas e vales, que tem estado vinculado
a alguns dos grandes homens da história da Inglaterra:
Shakespeare, Defoe, David Livingstone, Charles Dickens,
Laurence da Arábia, entre outros.
O bosque de Epping é a parte restante de uma floresta
conhecida como Bosque Real de Essex. Isto não quer
dizer que toda aquela área era um bosque. Na realidade
existiam clareiras, áreas cultivadas e até vilas residenciais.
Porém, desde os tempos de Guilherme, O Conquistador e
João Henrique III apenas os reis da Inglaterra era dado o
direito de caçar cervos e outros animais naquela região.
Ou seja, o solo pertencia aos habitantes do lugar, mas as
árvores e os animais pertenciam ao Rei.
Por volta de 1700 as terras foram divididas, e assim
perma
neceram por um bom tempo até que foram
compradas por Willian Basset Chinnery em 1790.
Em 1810, foi descoberto que o Sr. Chinnery,
na qualidade de agente do Tesouro Real havia dado
desfalque de 81000 libras esterlinas. Tão logo a falcatrua
foi descoberta, ele fugiu para Paris, onde faleceu em 1834,
sem jamais ter sido preso.
A área de Gilwell, foi confiscada pela justiça, dividida
em 5 lotes e vendida em leilão público.
Os lotes 1 e 2, que compreendiam a elegante mansão
de Gilwell, as terras conhecidas co- mo Church (igreja) e
apequena granja foram adquiridas por Gilpin Gorst em
1815 e posteriormente vendida para Tomas Usborne em
1824.
Após a morte deste último, Gilwell foi adquirido por
Samuel Burgess, em 1847. Este senhor adquiriu o campo
Branchet em 1849.
Novamente vendida, em setembro de 1858
para William Alfred Gibbs a propriedade, por razões
econômicas, esteve abandonada. A mansão propriamente
dita não foi ocupada por cerca de 15 anos, até ser vendida
para o Movimento Escoteiro.
CURSO AVANÇADO
175
O ESCOTISMO CHEGA A GILWELL
Em meados de 1918, o Sr. William F. de Bois Maclaren,
Comissário Escoteiro de Roseneath, em Dunbartonshire,
Condado de Dunbarton, na Escócia, ofereceu a B-P a
oportunidade, há muito acalentada, de obter um local
para acampamento a leste de Londres. Iniciou-se então,
uma busca pela região, até que foi descoberto a área de
Gilwell por P.B. Nevill, um membro do Conselho Nacional
da Associação Escoteira Inglesa.
Deixemos que o próprio Nevill nos conte como se
deu o fato.
“As anotações de meu diário me lembram que
MacLaren encontrou-se comigo em 20 de novembro de 1918
... Disse-me aquela noite: Quando você encontrar o local
adequado avise-me, que eu comprarei.
Assim, passei os fins de semana percorrendo a área de
Epping de motocicleta. O primeiro que me sugeriu Gilwell foi
um Assistente de Chefe de Bethnal Green, chamado Gayfer,
que já conhecia o local por tê-lo percorrido observando
hábitos dos pássaros. Fui a Gilwell em 8 de março de 1919.
Não conhecia a extensão da propriedade, mas encontrei
uma tabuleta que anunciava sua venda”
Na tarde de 22 de novembro de 1918, B-P visitou
Gilwell pela primeira vez. Após da inspeção do comitê
responsável pela compra, o campo foi adquirido.
PIGSTY
Enquanto o processo de compra estava em
andamento, um Clã de Pioneiros do leste de Londres, sob a
chefia de P.B. Nevill, foi autorizado a realizar uma atividade
no campo. Chegaram na quinta-feira da Páscoa, sob
chuva torrencial e passaram a primeira noite no Pigsty,
(chiqueiro), na manhã seguinte, montaram acampamento
do outro lado do pomar, próximo ao Session Circle.
O campo foi adquirido por £7000 doadas pelo Sr.
MacLaren, que também fez uma doação adicional de
£3000 para reforma da casa.
176
CURSO AVANÇADO
The White House, ou simplesmente, The Hall, como
é chamada a casa branca, principal edificação de Gilwell,
tem origem no reinado de de Edward VI, em 1548, era
utilizada como refúgio de caça por Sir Edward Denny,
amigo de Henry VIII. A casa foi reconstruída em 1790 pela
família Chinnery.
Neste casarão, funciona um pequeno museu com
relíquias das viagens de B-P.
Do lado esquerdo do The Hall está situada a sala do
1º Grupo de Gilwell (o grande grupo escoteiro do mundo,
do qual B-P e chefe perpétuo).
Em junho de 1919, um artigo publicado na “Gazeta
Oficial” informava que o Sr. MacLaren havia doado Gilwell
para o Escotismo com dois propósitos:
1. Criar um centro de adestramento de chefes e
2. Prover locais para realização de acampamentos de
tropas e patrulhas, onde as mesmas encontrem facilidades
para a realização de fogos de conselho, orientação e
práticas escoteiras.
O campo foi oficialmente inaugurado em 26 de julho
de 1919, quando as fitas com as cores escoteiras (verde
e amarela) foram cortadas pelo Srª. MacLaren, naquela
ocasião o Sr. MacLaren foi condecorado com a Ordem do
“Lobo de Bronze”. Os convidados foram recepcionados por
Baden Powell e sua esposa com o tradicional chá, servido
nos jardins e 700 escoteiros participaram da atividade.
O primeiro curso da Insígnia de madeira foi realizado
em setembro do mesmo ano.
Segundo Laszlo Nagy “O Centro era uma experiência
notável para os participantes. Nos grupos de trabalho e nas
patrulhas, aristocratas confraternizavam com artesãos,
garagistas com dentistas e jardineiros com seus patrões. Era
uma mescla social extraordinária e, não obstante, funcionava
como mágica, devido a uma “química” indefinível que corria
como se fosse um fio, através da filosofia do Escotismo
Era muito mais que espírito de equipe”.
A partir de 1922, Gilwell, também tornou-se o Centro
Oficial para Treinamento Internacional
O Parque era uma propriedade com cerca de 23
hectares de pradarias e bosques, com algumas edificações
distribuídas aleatóriamente pelo local. Estes edifícios
traziam em suas fachadas as marcas do tempo, que
dia após dia os transformou em ruínas. Contudo, eram
guardiões de um local que conhecera a prosperidade e a
pobreza. Testemunhas mudas da evolução do tempo e da
história, gravada impiedosamente em cada marca de suas
fachadas.
A primeira adição foi The Barn, o Celeiro, em 1926.
Naquela época funcionava como depósito de alimentos,
barracas e equipamentos. O andar superior era utilizado
ESCOTEIROS DO BRASIL
como dormitório nos cursos de inverno e sala de matilhas,
decorada com passagens do Livro da Jângal. Atualmente,
é a residência do staff do campo.
O Búfalo de Bronze é uma versão ampliada da
maior condecoração da Boy Scouts of America. Foi
presenteado em 4 de julho de 1926, em homenagem ao
escoteiro desconhecido, que em 1909, fez uma boa ação
ao empresário William D. Boyce, que estava perdido em
meio ao fog londrino.
O portão principal, Leopard Gates, foi projetado
e construído em 1928 por Don Potter, primeiro Guia de
Tropa de Gilwell, que durante muitos anos (de 1919 a
1930), integrou ao staff do campo. Projetou, também, a
Gidney Cabin, Cabana Gidney (1930) em homenagem ao
primeiro Chefe de Campo Francis “Skipper” Gidney e o Jim
Green Gate (1931), portão que homenageia Jim “Dymoke”
Green, editor da revista Scouters, filho do Secretário Geral
da Associação Escoteira, falececido em 1930, aos 28 anos
de idade.
Cabe ressaltar que Don Potter é responsável pelo
design de importantes memoriais da associação inglesa,
entre eles: A estátua do Fundador da Baden Powell House
em Queen’s Gate, Londres e o Memorial de pedra no
local do primeiro acampamento experimental, na Ilha de
Brownsea.
ESCOTEIROS DO BRASIL
Em 1936 o local conhecido como Granja de Gilwell
foi adquirido e reintegrado à propriedade. Compreende
além das terras um edifício raro, visto que tem ape
nas dois dormitórios e 6 salas de recepção. Em Gilwell
diz-se que esta desproporção de deve ao fato de que lá
existe tanto trabalho que não há tempo para dormir, logo,
mais dormitórios são desnecessários.
Recentemente, quando se fez reforma no assoalho
de um dos quartos foi encontrado um saco de moedas
do tempo do Rei George III. Hoje estas moedas estão no
museu de Gilwell.
Em 1940, foram comprados dez hectares a oeste do
campo em 1946 mais três hectares ao norte, sendo que,
com este último, se obteve também acesso a estrada que
rodeia a propriedade.
Apesar das dificuldades econômicas passadas pela
Associação Escoteira, a diretoria de 1953 teve ousadia
suficiente para comprar Gilwellbury que consistia em
uma casa e duas cabanas.
A soma destas aquisições nos permite verificar que o
terreno original havia sido duplicado e, além dos prédios
existentes mais alguns foram somados com propósitos
escoteiros: depósitos, enfermarias, salas de cursos,
piscinas, etc ...
Dentre todas devemos destacar a Storm Hut,
Cabana das Tormentas, antes estava situada ao norte do
Pais de Gales, onde foi desmontada e transportada peça
por peça (centenas delas) por metade da Inglaterra e
CURSO AVANÇADO
177
remontada em Gilwell. Ao final desta imensa tarefa, mais
uma construção havia se incorporado ao campo e capaz
de abrigar 830 pessoas.
O Arco Maori, presente dos escoteiros da Nova
Zelândia, em 1951, marca a entrada do campo de Fogo de
Conselho, onde mais de 1200 pessoas podem se juntar e
cantar no final do dia.
CRONOLOGIA DE GILWELL
1919 - GILWELL É NOSSO B-P
No meio da Praça central está o Big Mac, um grande
relógio erguido como tributo a um antigo guardião do
campo,de 1945 a 1958, Alfred Macintosh, que durante
anos economizou para comprá-lo e instalá-lo no campo.
Em volta da praça estão situados o prédios que abrigam o
staff, a loja escoteira, lanchonete e restaurante.
Finalmente, também é interessante ressaltar o
pequeno lago conhecido como The Bomb Hole, o buraco
da bomba, “Presente de Hitler para Gilwell Park”feito por
uma das três bombas alemãs lançada na Segunda Guerra.
Em 1961 este buraco foi dragado e transformado num
lago utilizado para canoagem e pioneirias e a terra dele
retirada foi utilizada na construção de um círculo para fogo
de conselho, com capacidade para mais de 400 pessoas.
Seria por demais aborrecido relatar tudo o que há
em Gilwell, mas é necessário concluir dizendo que de
Gilwell ainda tem-se irradiado o espírito e as idéias de
Este parque somente existe como tal e foi ampliado
porque os dirigentes nestes 80 anos, souberam
desenvolvê-lo com os pés no chão e os olhos voltados
para o futuro, transformando-o num local valioso para o
entretenimento e adestramento de jovens e adultos de
vários países. Isto sem perder o encanto e sem modificar
o espírito original: O espírito de serviço a juventude. O
espírito das idéias de B-P. Gilwell é um lugar especial na
mente e nas almas de milhões de escoteiros de todo
mundo.
1923
- John Skinner Wilson – Chefe de Campo
1926
- 1º Curso de Mestres-Pioneiros
- The Barn
- Francis Gidney – Chefe de Campo
- 1º Curso da Insígnia de Madeira
1921
- 1º Curso da Insígnia de Madeira Lobinho
- 1ª Reunião de Gilwell
- O Búfalo de Bronze
178
CURSO AVANÇADO
ESCOTEIROS DO BRASIL
1928
- 1º Curso de Comissários
1929
- 1ª Reunião Internacional da
- Equipe de Formação
- Portão Australiano
- Cursos de Jamborees Mundiais
1951
1930
- 200º Curso de Escoteiros
- 1º Acampamento Internacional de Patrulhas de Londres
- Mallinson Hut
-Cabana Gidney
1931
- Jim Green Gateway
1952
1933
1953
- Abrigo de Fogo de Conselho
- Cabana das Tormentas
- Gilwellbury
1934
- The Lodge
1935
- The Providore
1938
-1º Indaba Mundial de Chefes
1954
- 2ª Reunião Internacional da
- Equipe de Formação
- Swan Hut
- Campo de Adestramento
- 1ª Conferência Internacional de Lobinhos
1955
1940
- 2º Acampamento Internacional de Patrulhas de Londres
- Wilson Way
- Gilwell evacuado
1943
1956
- John Thurman – Chefe de Campo
- 1º TTT – Training the Team
- Refúgio Húngaro
1945
1957
- Volta a Gilwell
- The Quick
- Hilly Field
- Sinagoga
- Nova sala do 1º Grupo
1946
- Warden’s Hut
- The Shea Hut
- The Agoon
1947
1959
- Capela Católica Apostólica Romana
- 21ª Reunião de Gilwell
- Hospital
- The Campbell Ward
1949
1962
- Cabana da África do Sul
- 100º Curso de Lobinhos
- Woodland - Campo de Treinamento
1950
- The Barnacle
- Arco Maori
- Locker Hut
ESCOTEIROS DO BRASIL
1958
1964
- Arco de Woodland e Totens
1966
- Estátua Tait MacKenzie
CURSO AVANÇADO
179
1968
- Buddha’s Sala
- Big Mac
1969
- Jubileu de Ouro de Gilwell
- John Huskins – Chefe de Campo
1970
- 1º TTT Internacional
BIBLIOGRAFIA
BOY SCOUTS OF AMERICA. A histoy of Wood Badge in the
United States. Irving: BSA, 1988
GILWELCRAFT. El libro de Gilwell. San José: Conselho
Interamenricano de Escultinmo, 1981.
ROGERS, Peter. Gilwell Park . A briedf history and guided
tour. 13th Itchen Noth Socut Croup, 1998.
Ficha técnica elaborada pelo DCB Maurício Moutinho
da Silva, em setembro de 1989. Atualizada, ampliada e
revisada pelo DCIM Moacyr Ennes, em janeiro de 1999.
ANOTAÇÕES
180
CURSO AVANÇADO
ESCOTEIROS DO BRASIL
A INSÍGNIA DE MADEIRA
Quando o primeiro grupo de escotistas completou
o seu curso em Setembro de 1919, BP reconheceu que
deveria haver uma forma de identificar os participantes
que haviam terminado o treinamento. Pensando na lista
de troféus da sua carreira militar ele lembrou-se de um
colar de contas de Madeira. O colar era feito com mais de
1000 contas, cada uma feita utilizando uma madeira sulafricana de cor amarelada. O formado da madeira formava
um encaixe natural de forma que cada conta se ajustava
perfeitamente a seguinte.
para caminheiros. Em 1927, a mesma comissão decidiuse por cancelar o uso da conta. O padre Jacques Sevin,
fundador dos Scouts de France, foi um dos recebeu a
Insígnia de Aquelá (dois dentes).
O LENÇO DE GILWELL
Este tipo de colar era conferido a realeza e aos
guerreiros que haviam se distinguido pelo seu valor em
campo de batalha. Aquele colar em particular havia sido
usado pelo Rei Dinizulu dos Zulus e havia caído nas mãos
de BP quando os ingleses venceram os Zulus na Província
de Natal.
BP pegou duas contas do grande colar e passando-as
por um pequeno barbante fechou-a com um nó formando
um colar que ficaria conhecido mundialmente como a
Insígnia da Madeira.
As réplicas são feitas com a madeira retirada da
Floresta de Epping, localizada nos arredores de Gilwell
Park. Originalmente o colar era utilizado para prender
o chapéu. Mais tarde ele passou a ser utilizado ao redor
do pescoço, como é atualmente. O lenço e o arganel
completavam o uniforme.
De 1922 a 1925, aos formandos do curso para Chefes
de Alcateia que terminassem com sucesso, era oferecido
um dente canino de lobo - A Insígnia de Aquelá -, em
vez das contas de madeira. Os formadores destes cursos
recebiam dois dentes.
Em 1925, a mesma comissão que decidiu acabar
com o uso do dente, instituiu o uso de uma pequena
conta colorida, imediatamente acima do nó do colar,
para identificar a secção a que respeitava o curso tirado:
amarela para lobitos, verde para escuteiros e vermelha
ESCOTEIROS DO BRASIL
O lenço, conhecido como o Lenço de Gilwell era
cinza (cor da humildade) por for a e vermelha tijolo por
dentro. Hoje em dia o lenço e bege por fora.
Na parte superior do triangulo está fixado um
pequeno tartan do Clã MacLaren, em reconhecimento
ao Sr. De Bois MacLaren que doou Gilwell Park para o
Movimento Escoteiro.
O ARGANEL DE GILWELL
Nos primeiros tempos o lenço era amarrado com
um nó. Em 1920 ou 1921 foi introduzida a peça que
hoje conhecemos como o arganel de Gilwell. Dizem que
o nome arganel, woggle em inglês, foi inventada pelo
Primeiro Chefe de Campo de Gilwell, o Chefe Gidney.
No inicio do século XIX estava em moda fazer fogo
por fricção e isto era sempre demonstrado nos cursos
de treinamento de adultos. A principal peça para esta
atividade era um pedaço de couro, estreito e longo o
suficiente, para que fora de uso, formasse um nó Cabeça
de Turco de duas voltas, o woggle, ou o Arganel de Gilwell.
(Texto retirado de Provincial Note
(Ontario-Canada) de Junho de 1992).
CURSO AVANÇADO
181
ANOTAÇÕES
182
CURSO AVANÇADO
ESCOTEIROS DO BRASIL
UNIDADE DIDÁTICA | CURSO AVANÇADO - ESCOTISTA
PREVENÇÃO AO CONSUMO DE DROGAS
Duração
60 minutos
Objetivos Gerais
Oferecer subsídios para que os participantes percebam os motivos que levam a alguém
a usar drogas.
Objetivos Específicos
- Identificar alternativas de como prevenir o uso de drogas;
- Reconher alguns motivos que levam as pessoas a buscarem pela droga em suas vidas.
Conteúdo
Drogas lícitas e ilícitas.
Material
Anexo.
PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO
Tempo (minutos)
Tema
Metodologia
40
Dramatizações dos casos
DM
20
Discussão sobre o assunto Drogas
DD
DM =
DD = Discussão Dirigida
DETALHAMENTO DA METODOLOGIA
Dividir os participantes em cinco subgrupos.
Entregar a cada subgrupo uma cópia de uma história do anexo 1.
Explicar que cada subgrupo deverá dramatizar a história para apresentar aos colegas.
Determinar o tempo necessário para que os subgrupos discutam e se organizem para apresentar a dramatização aos
outros participantes.
Solicitar que cada subgrupo apresente a sua dramatização, sendo que no final de cada uma, haverá discussão sobre
o tema proposto, com todos os participantes, utilizando os questionamentos específicos de cada história.
Após as dramatizações e questionamentos sobre as histórias selecionadas, introduzir os pontos de discussão.
Pontos de discussão:
ESCOTEIROS DO BRASIL
CURSO AVANÇADO
183
Como é para os jovens a questão da pressão que os amigos exercem quanto ao uso de drogas? É difícil recusar o
convite? Em quais situações fica mais difícil ainda?
Colocando-se no lugar dos jovens, de que modo vocês poderiam demonstrar recusa firme e consciente aos convites
para o uso de drogas? Solicitar e comentar exemplos de formas verbais e não verbais.
Vocês conseguem descrever uma situação onde seria quase impossível dos jovens resistirem à pressão para usar
algum tipo de droga?
Última atualização: 27/03/2014
184
CURSO AVANÇADO
ESCOTEIROS DO BRASIL
ANEXO | CURSO AVANÇADO - ESCOTISTA
HISTÓRIAS PARA DRAMATIZAÇÃO
HISTÓRIA 3: INFLUÊNCIA DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO
HISTÓRIA 1: ABORDAGEM: CURIOSIDADE/ PRESSÃO
Cena
Cena
Maria está em casa, assistindo um comercial de
televisão. Nele, o cantor preferido de Maria está em um
iate. Depois, ele aparece com outros cenários bastantes
luxuosos, com carros importados, helicópteros, etc. em
seguida, ele pega um cigarro, o acende calmamente e
pede para quem está assistindo ao comercial que fume
um cigarro daquela marca. Maria por sua vez, reagiu...
Os colegas de escola convidam Luiz para uma festa
no final de semana. Quando Luiz disse para a sua mãe que
iria na festa, ela comentou que não chegasse tarde em
casa, e que não deveria tomar bebida alcoólica, além de
verificar junto á vizinha se as pessoas que frequentariam a
festa eram boas companhias para seu filho.
Chegando a festa, Luiz encontra seus amigos
tomando bebida alcoólica. Ele ficou um pouco tímido já
que nunca tinha bebido. Depois da insistência de amigos...
Questionamentos
1. Existe possibilidade de que Maria comece a fumar, ou
não?
Questionamentos
1. Luiz aceitou, ou recusou a bebida, dos amigos?
2. Qual o papel da mãe de Luiz?
3. Qual o papel dos amigos de Luiz?
4. É comum acontecer esse tipo de situação?
5. Luiz desejou realemnte beber?
2. Por que os comerciais que vendem cigarros e bebidas
mostram apenas coisas bonitas e pessoas bem sucedidas?
3. Você acredita que esses comerciais influenciam as
pessoas?
HISTÓRIA 2: FUGA DOS PROBLEMAS/ NECESSIDADE EMOCIONAL
HISTÓRIA 4: UTILIZAÇÃO DE REMÉDIOS SEM RECEITA MÉDICA
Cena
Cena
Rodrigo tem 14 anos. Sua vida familiar tem sérios
problemas. Seus pais vivem brigando e normalmente
responsabilizam Rodrigo por tudo de errado que acontece
com eles. Não se importam com a sua vida, o que ele faz,
onde anda, quem são seus amigos, se vai para a escola
ou não. Depois de uma discussão em casa, Rodrigo saiu e
encontrou um amigo que lhe ofereceu maconha. Então..
João está com dor de ouvido. Beatriz pega um
remédio e oferece para João usar, ´já que seu médico
o receitou para ela. João segura o remédio que Maria
ofereceu e...
Questionamentos
Questionamentos
1. João usou ou não o remédio? Quais os motivos que o
levaram a fazer isto?
1. Rodrigo aceitou ou não?
2. É comum acontecer este tipo de situação?
2. Qual a razão que levou Rodrigo a comportar-se assim?
3. O que é possível que ocorra se João usar o remédio?
3. Os problemas apresentados nesta história são
suficientes para alguém utilizar drogas?
4. Por que as pessoas não podem usar o mesmo remédio
embora apresentem o mesmo problema de saúde?
ESCOTEIROS DO BRASIL
CURSO AVANÇADO
185
HISTÓRIA 5: REINCIDÊNCIA A DROGAS
Cena
Juntos, Mariana, Marília e João sempre usaram
cocaína, mas há uns 3 meses Mariana deixou de usar. Foi
uma decisão muto difícil para ela e não viu Marilia e João
nesses três meses. Um dia, encontraram-se na rua. Marilia
falou a Mariana que tinha agora, algo melhor que cocaína,
tinha crack. João lhe deu uma pedra de crack na mão e lhe
disse: Mariana, tens que provar! É incrível! É bem melhor
que a coca”. Mariana pensou e disse...
Questionamentos
1. Mariana aceitou, ou não, o convite para experimentar a
nova droga?
2. Por que e tão perigoso a Mariana experimentar o crack?
3. Que poderá Mariana fazer agora? Com quem poderá
falar?
4. Marília e João são amigos de verdade? Por que sim? Por
que não?
PREVENÇÃO AO CONSUMO DE DROGAS
Álcool e outras drogas são substâncias que causam
mudanças na percepção e na forma de agir de uma
pessoa. Essas variações dependem do tipo de substância
consumida, da quantidade utilizada, das características
pessoais de quem as ingere e até mesmo das expectativas
que se têm sobre os seus efeitos.
Agora, o que faz uma pessoa usar álcool e outras
drogas?
Essa parece ser uma pergunta simples de responder,
mas é justamente o contrário. Para começo de conversa,
é bom saber que, historicamente, a humanidade sempre
procurou por substâncias que produzissem algum tipo de
alteração em seu humor, em suas percepções e em suas
sensações. E existem substâncias que produzem essas
alterações e são aceitas pela sociedade, outras não.
Em segundo lugar, não é possível determinar
um único porquê. Os motivos que levam algumas
pessoas a utilizar drogas variam muito. Cada pessoa tem
necessidades, impulsos ou objetivos que as fazem agir de
uma forma ou de outra e a fazer escolhas diferentes.
De acordo com o que os especialistas o que motiva
as pessoas ao uso da droga se dá por várias razões:
• Curiosidade;
• Para esquecer problemas, frustrações ou insatisfações;
• Para fugir do tédio;
• Para escapar da timidez e da insegurança;
• Por acreditar que certas drogas aumentam a criatividade,
a sensibilidade e a potência sexual;
• Busca do prazer;
• Enfrentar a morte e correr risco;
• Necessidade de experimentar emoções novas e
diferentes.
Para tentar compreender e evitar o uso abusivo
do álcool e de outras drogas precisa-se saber que cada
usuário tem seus próprios motivos. Mas, mesmo que
a gente saiba quais são estes motivos, ainda é preciso
analisar outros fatores como: a droga em si, seus efeitos,
prazeres e riscos; a pessoa, com a sua história de vida, suas
experiências, condições de vida, seus relacionamentos e
aprendizado; o lugar em que a pessoa vive, com as suas
regras, seus costumes, se ela tem ou não contato com
essas substâncias e o que acha disso.
ESCOTEIROS DO BRASIL
O uso de drogas vem desde a antiguidade e até hoje
é bastante comum na sociedade. Em algum momento,
diferentes povos ou grupos passaram a ingerir drogas em
rituais, festas ou no convívio social. Por exemplo, o hábito
de ingerir bebidas alcoólicas tem mais de oito mil anos! O
problema é quando este hábito vira vício e a pessoa passa
a se orientar somente pelo uso da substância, colocandose em situações de risco. Sabemos que quando se
bebe de forma exagerada, os sentidos e reflexos ficam
comprometidos. Porém muitas vezes insiste-se em dirigir
alcoolizado, o que pode ocasionar acidentes.
Normalmente quando se pensa em drogas, associase ao uso de cocaína, maconha, crack, etc., isto é, o uso de
substância proibida. Mas algumas substâncias fazem parte
do nosso cotidiano, não são ilegais, e também podem
prejudicar se forem ingeridos em grande quantidade ou
usados inadequadamente. É o caso do tabaco, álcool e
alguns medicamentos, por exemplo.
As drogas também são encontradas nos mais
variados locais e nas mais variadas situações. Elas podem
estar dentro do armário, na geladeira, nos barzinhos, em
supermercados, nas festas de amigos, apresentando-se
de diversas formas, como o cigarro e os remédios para
emagrecer e dormir. O importante é pensar no uso que
se faz dessas substâncias, pois, em excesso, podem afetar
o bem estar físico e mental, o trabalho, o estudos, as
relações afetivas, enfim, a vida.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde
(OMS), droga é qualquer substância não produzida pelo
organismo, que tem a propriedade de atuar sobre um
ou mais de seus sistemas, produzindo alterações em seu
funcionamento, ou seja, altera ou causa uma série de
mudanças na forma de existir, pesar, agir e expressar.
Uma droga não é por si só boa ou má. Existem
substâncias que são utilizadas com a finalidade de produzir
efeitos benéficos, como o tratamento de doenças, e são,
então, considerados medicamentos.
Em uma pesquisa realizada em 2005 pelo Centro
Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas
(Cebrid) em parceria com a Secretaria Nacional Antidrogas
(Senad) com o objetivo estimar a prevalência do uso
de drogas psicotrópicas pela população brasileira. A
pesquisa permitiu avaliar como nossa sociedade, em
geral, comporta-se ante o uso de drogas lícitas e ilícitas.
CURSO AVANÇADO
187
Foram entrevistados 7.939 brasileiros, entre 12 e
65 anos, em seus domicílios, nas cidades brasileiras com
mais de 200 mil habitantes. Constatou-se que 22,8%
da população pesquisada já fez uso na vida de drogas
(exceto álcool e tabaco), índice ligeiramente maior que o
encontrado no levantamento realizado em 2001 (19,4%).
O maior índice de consumo foi encontrado na
Região Nordeste (27,6%) e o menor na Região Norte
(14,4%). O uso de maconha na vida aparece em primeiro
lugar entre as drogas ilícitas, com relato de consumo por
8,8% dos entrevistados. Vale destacar que, apesar de
numericamente ter havido aparente aumento no consumo
de quase todas as drogas neste segundo levantamento,
somente o consumo de estimulantes (anorexígenos), sem
receita médica, sofreu aumento real em seu consumo, ou
seja, houve diferença estatisticamente significante (de
1,5% em 2001 para 3,2 % em 2005).
No que diz respeito à porcentagem de dependentes
de drogas no Brasil, os resultados apontam para o álcool
como o maior problema de saúde pública nacional, já
que cerca de 12% da população estudada apresenta-se
dependente dessa substância. Tal índice de dependência
é parecido com o de tabaco (10,1 %) e quase dez vezes
menor que o de maconha (1,2%).
A análise dos resultados mostra-nos que o consumo
de drogas no Brasil é menos alarmante que nos Estados
Unidos e Reino Unido, uma vez que os índices brasileiros
são bem inferiores aos encontrados nesses países. Como
exemplo, tomamos o uso na vida de maconha que foi de
8,8 % no Brasil e de 40,2 % nos EUA e 30,8 % no Reino
Unido.
Texto extraído: Adolescentes e jovens para a educação
entre pares - Saúde e Prevenção nas Escolas - Álcool e
outras drogas. Ministério da Saúde, 2010.
ANOTAÇÕES
188
CURSO AVANÇADO
ESCOTEIROS DO BRASIL
UNIDADE DIDÁTICA | CURSO AVANÇADO - ESCOTISTA
CONHECENDO E REFLETINDO SOBRE SEXUALIDADE
Duração
60 minutos
Objetivos Gerais
Compreender a necessidade de oferecer aos jovens uma orientação quanto à
sexualidade.
Objetivos Específicos
- Ampliação do conceito de “sexualidade”.
- Perceber os diversos aspectos do tema Sexualidade.
- Alinhar os entendimentos pessoais com as ideias aprovadas pela Sociedade Brasileira
de equidade de gênero.
Conteúdos
Conceito de prevenção às DST/AIDS, abuso sexual e gravidez precoce.
Material
PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO
Tempo (minutos)
Tema
Metodologia
30
Aspectos sobre a sexualidade de interesse educativo
PL
20
Discussão sobre o papel do educador
DD
15
Fechamento
DD
PL = Palestra
TG = Trabalho em Grupo
DD = Discussão Dirigida
TI = Trabalho Individual
DETALHAMENTO DA METODOLOGIA
Promover uma apresentação do tema, em seus diferentes subtópicos, de forma interativa.
Depois, o formador deve mediar uma discussão sobre o papel do educador, em relação à orientação sobre a
sexualidade.
ESCOTEIROS DO BRASIL
CURSO AVANÇADO
189
CONHECENDO E REFLETINDO SOBRE SEXUALIDADE
CORPO E ORGANISMO
O corpo, como sede do ser, é uma fonte inesgotável
de questões e debates.
Além da sua
anatomia interna e externa, é importante considerar que
os sentimentos, as emoções e o pensamento se produzem
a partir do corpo e se expressam nele, marcando-o, e
constituindo o que é cada pessoa.
Assim é preciso distinguir os conceitos de organismo
e de corpo.
O organismo refere-se à infraestrutura biológica
dos seres humanos. O corpo é concebido como um todo
integrado de sistemas interligados e que inclui emoções,
sentimentos, sensações de prazer e desprazer, assim como
as transformações nele ocorridas ao longo do tempo.
Há que considerar, portanto, os fatores culturais que
intervêm na construção da percepção do corpo, esse todo
que inclui as dimensões biológica, psicológica e social.
A partir dessa diferenciação, vê-se que a abordagem
da Educação sexual deve ir além das informações sobre
anatomia e funcionamento, pois os órgãos não existiriam
fora de um corpo que pulsa e sente. Ela deve favorecer
a apropriação do próprio corpo pelos adolescentes e
jovens, assim como contribuir para o fortalecimento da
autoestima e para a conquista de maior autonomia, dada
a importância do corpo na identidade pessoal.
Dessa forma podem ser trabalhadas questões, como
conhecer e gostar do próprio corpo, respeitá-lo tanto
no aspecto físico como psicológico, como o direito ao
prazer e ao preparo para a vida sexual de forma segura,
chamando-os à responsabilidade de cuidar de seu próprio
corpo.
Trabalhar também as relações de gênero e a
diversidade de crenças, valores e expressões culturais
existentes numa sociedade democrática e pluralista.
O trabalho em Educação Sexual supõe refletir sobre
os estereótipos de gênero, raça, nacionalidade, cultura e
classe social, ligados à sexualidade.
O respeito a si próprio, ao seu corpo, aos seus
sentimentos e os cuidados com sua saúde são as bases
para a possibilidade de um relacionamento enriquecedor
com o outro e da valorização da vida.
INTERESSES
A maioria das questões trazidas pelas crianças tem
um caráter de esclarecimento bastante superficial sobre
a sexualidade.
ESCOTEIROS DO BRASIL
A partir da puberdade os questionamentos vão
aumentando, exigindo progressivamente a discussão de
temas como as transformações no corpo, masturbação, os
mecanismos da concepção, gravidez e parto.
Com a ativação hormonal trazida pela puberdade,
é comum a curiosidade e o desejo da experimentação
erótica ou amorosa a dois. A sexualidade torna-se o
centro de todas as atenções e está sempre presente no
comportamento dos adolescentes - nas malícias, nas
piadinhas, nas atitudes, nas carícias públicas, no namoro,
A invenção do “ficar” é a mais genuína expressão
dessa necessidade vivida na adolescência e indica o
desejo da experimentação na busca do prazer com um
parceiro, desvinculada do compromisso entre ambos (o
namoro). Trata-se de uma experimentação que implica
um relativo avanço social em relação às adolescentes do
sexo feminino (para as quais ainda se coloca reprovação
social na experimentação de intimidade erótica com
vários parceiros, sanção praticamente inexistente para os
adolescentes do sexo masculino).
Algumas pessoas dão conta dos seus sentimentos
muito cedo, outras não. Durante a adolescência podem
surgir diversas dúvidas acerca da orientação sexual de
cada um e ocorrer experiências de carácter homossexual,
bissexual ou heterossexual, assim como fantasias sexuais,
quase sempre na procura da compreensão do que se é.
Depois, a curiosidade gira em torno da tentativa
de compreender como funcionam os diferentes
métodos contraceptivos, homossexualidade, aborto,
erotismo e pornografia, desempenho sexual, gravidez
na adolescência, prevenção das doenças sexualmente
transmissíveis/Aids, entre outros.
São temas que despertam curiosidade, refletem as
preocupações e ansiedades dos jovens, dizem respeito
ao que eles veem, leem e ouvem. Temas como mães de
aluguel, hermafroditas, transexuais, novas tecnologias
reprodutivas, por exemplo, são trazidas por meio da
veiculação pela mídia, aparecendo então como demanda
efetiva de conhecimento e debate.
GÊNERO
Nas questões mais diretamente ligadas à sexualidade
humana, a perspectiva de gênero está inevitavelmente
presente.
O gênero corresponde ao sexo da pessoa. Assim,
temos o sexo feminino e o masculino. Temos também
aqueles que nascem com características sexuais tanto
CURSO AVANÇADO
191
de um sexo quanto de outro: os hermafroditas. Quanto a
estes, seu gênero costuma ser considerado de acordo com
as características físicas predominantes – femininas ou
masculinas. No entanto, em alguns países, são adotados
como um terceiro sexo.
Não podem mais ser aceitos os antigos estereótipos
ligados ao gênero, segundo os quais a atuação da mulher
se dá predominantemente na esfera doméstica e realizando
trabalho não remunerado, enquanto o homem é associado
ao desempenho de atividades na esfera pública, com justo
reconhecimento social.
Nas atividades escoteiras não se pode admitir a
persistência de, como a separação de práticas dirigidas
a meninos e a meninas. Os escotistas devem garantir as
mesmas oportunidades de participação a ambos os sexos,
ao mesmo tempo em que respeita os interesses existentes
entre eles.
A atenção, o questionamento e a crítica dos
educadores no trato dessas questões é parte do seu
trabalho, que contribui para o acesso à plena cidadania de
meninos e meninas.
Há ainda outro fato que merece muita atenção por
parte dos educadores: a violência associada ao gênero. Essa
forma de violência deve ser alvo de atenção, pois se constitui
em atentado contra a dignidade e até a integridade física
das mulheres. O fato de os meninos geralmente possuírem
maior força física que as meninas não deve possibilitar que
ocorram situações de coerção, agressão ou abuso sexuais.
ATITUDES NÃO PRECONCEITUOSAS
O trabalho em Educação Sexual deve levar ao
reconhecimento e ao respeito às diferentes formas de
atração sexual e ao seu direito à expressão, garantida a
dignidade do ser humano.
Analisar criticamente os estereótipos, identificar e
repensar tabus e preconceitos referentes à sexualidade,
bem como evitar comportamentos discriminatórios e
intolerantes é contribuir para a superação de tabus e de
preconceitos ainda arraigados no contexto sociocultural
brasileiro.
Há tantas maneiras de ser homem ou mulher quantas
são as pessoas e cada um tem o seu jeito próprio de viver
e expressar sua sexualidade. Isso precisa ser entendido
e respeitado pelos jovens, pois independentemente da
orientação sexual de cada um, todas as pessoas têm o
mesmo desejo de intimidade, a mesma capacidade de dar e
receber afeto e a mesma capacidade de amar.
DST / AIDS
A promoção da saúde e do conhecimento sobre
as doenças sexualmente transmissíveis e sobre a Aids, é
fundamental para evitar contrair ou transmitir doenças.
Esse trabalho passa pela orientação quanto à adoção
de condutas preventivas (práticas de sexo protegido, calçar
luvas ao lidar com sangue, etc.) e pela promoção do debate
sobre os obstáculos que dificultam a prevenção e, de modo
propositivo, sobre ações públicas voltadas para prevenção
e tratamento das doenças sexualmente transmissíveis/Aids.
Esses conteúdos devem propiciar atitudes
responsáveis (tanto individual quanto coletivamente)
diante de epidemias, solidárias e não discriminatórias em
relação aos soropositivos, enfatizando o convívio social.
ABUSO SEXUAL
Para a prevenção do abuso sexual de crianças e
jovens, devemos ajudá-los a tomar consciência de que
seu corpo lhes pertence e só deve ser tocado por outro
com seu consentimento ou por razões de saúde e higiene.
Isso contribui para o fortalecimento da autoestima, com a
consequente inibição do submetimento ao outro.
Com relação às brincadeiras que remetam à
sexualidade, é importante afirmar como princípios a
necessidade do consentimento mútuo e a aprovação sem
constrangimento por parte dos envolvidos para usufruir
prazer numa relação a dois.
Também importante é ensinar que as práticas sexuais
são prejudiciais quando envolvem crianças ou jovens de
idades muito diferentes ou quando são realizadas entre
adultos e crianças.
É preciso ensiná-las a proteger-se de relacionamentos
sexuais coercitivos ou exploradores.
Além disso, as crianças e adolescentes devem saber
que podem procurar ajuda de um adulto de sua confiança,
no caso de serem envolvidos em situação de abuso.
GRAVIDEZ PRECOCE
Com relação à gravidez precoce, o debate sobre
a contracepção, o conhecimento sobre os métodos
anticoncepcionais, sua disponibilidade e a reflexão sobre
a própria sexualidade ampliam a percepção sobre os
cuidados necessários quando se quer evitá-la.
Além disso, uma adolescente que engravida nesse
período de transição corpórea pode sofrer muitos problemas
de saúde, como anemia, parto prematuro, vulnerabilidade
a infecções, depressão pós-parto, hipertensão, inchaço,
retenção de líquidos, eclampsia, convulsões e até mesmo
a morte.
Ela passa também por problemas psicológicos, pois
a mudança de vida rápida exige grande adaptação e
isso pode gerar conflitos, pois uma etapa de sua vida foi
pulada.
MÍDIA
Os meios de comunicação, entre tantos outros
que utilizam o sexo para chamar a atenção das pessoas,
acabam por estimular e criar curiosidades precoces
até em crianças, o que dificulta bastante o processo de
conscientização e responsabilidade individual sobre o
assunto.
Assim, é cada vez mais importante conversar
com as crianças e com os jovens sobre as repercussões
das mensagens transmitidas pela mídia, pela família
e pelas demais instituições da sociedade. Trata-se de
preencher lacunas nas informações que eles já possuem
e, principalmente, criar a possibilidade de formar opinião
a respeito do que lhes é ou foi apresentado.
Transexual - Quando a pessoa de determinado
gênero se sente mais como se fosse de outro, falamos
que ela é transexual. Então, transexual é aquele cuja
identidade sexual não é a mesma que seu sexo biológico.
Logo, transexuais costumam sentir atração por pessoas do
mesmo gênero que o seu.
Travestis são aqueles cuja identidade sexual é
mista, se sentem tanto homens quanto mulheres. Assim,
costumam vestir-se e se comportar como se fossem do
gênero oposto (papel sexual).
TERMINOLOGIA – Considera-se mais adequado
dizer heteroafetividade, homoafetividade e biafetividade
em substituição aos termos heterossexualidade,
homossexualidade e bissexualidade, porque o sufixo
“sexual” tende a compreender que essas relações se
reduzem unicamente ao aspecto sexual e reconhecemos
a dimensão sentimental envolvida.
Quanto ao termo “homossexualismo”, cada vez mais
em desuso, ele é incorreto, uma vez que o sufixo “ismo”
sugere que essa orientação sexual é uma doença.
ORIENTAÇÃO SEXUAL
Atualmente, entende-se que o comportamento
sexual pode ser flexível e mudar ao longo da vida.
Para a compreensão deste tema, é importante ter em
conta três aspectos fundamentais:
– os aspectos biológicos (a pessoa nasce com um
pénis ou com uma vagina);
– os aspectos de identidade sexual (a pessoa sentese homem ou mulher);
– os aspectos de orientação sexual (a pessoa sentese atraída por homens, por mulheres ou por ambos).
IDENTIDADE SEXUAL - é a forma como a pessoa
se sente. Integra as dimensões da identidade de
género, a orientação sexual, as fantasias, os desejos e os
comportamentos sexuais.
TIPOS DE ORIENTAÇÕES SEXUAIS –
Homossexual - a pessoa sente atração por outra do
mesmo sexo;
Heterosexual - a pessoa sente atração por outra do
sexo oposto;
Bissexual – a pessoa sente atração tanto por pessoas
do sexo oposto quanto do seu próprio sexo;
Assexual – a pessoa é indiferente à prática sexual;
Pansexual – a pessoa pode ter atração física e/ou
emocional por qualquer uma pessoa ou coisa;
ESCOTEIROS DO BRASIL
LEGISLAÇÃO - Em 05/05/2011, o Supremo Tribunal
Federal (STF) reconheceu a união estável entre casais do
mesmo sexo como entidade familiar, permitindo com que
tenham os mesmos direitos que envolvem uma união
estável entre indivíduos do sexo oposto.
PAPEL DO EDUCADOR
O bem-estar sexual passa pelo esclarecimento das
questões que estão sendo vivenciadas pelas crianças e
pelos jovens e é favorecido pelo seu debate aberto, nas
diversas etapas do crescimento.
Para um consistente trabalho de Educação Sexual,
é necessário que se estabeleça uma relação de confiança
entre os jovens e os escotistas, que precisam se mostrar
disponíveis para conversar a respeito do assunto e abordar
as questões de forma direta e esclarecedora.
É importante o levantamento do conhecimento
prévio dos jovens para discutir os diferentes assuntos.
No trabalho com crianças, os conteúdos devem
favorecer a compreensão de que o ato sexual é
manifestação pertinente à sexualidade de jovens e de
adultos, não de crianças.
A postura dos educadores precisa refletir valores
democráticos e pluralistas e sua conduta deve transmitir
a valorização da equidade entre os gêneros e a dignidade
de cada um individualmente, trabalhando pela nãodiscriminação das pessoas.
CURSO AVANÇADO
193
A ação educativa deve proporcionar conhecimento
e ajuda no desenvolvimento do respeito a si mesmo, ao
outro e à coletividade.
CONCLUSÃO
Na sociedade contemporânea o tema sexualidade se
impõe, como um dos maiores interesses dos adolescentes,
exigindo posicionamentos e atitudes cotidianas.
Não se pode desperdiçar a oportunidade de abordar
o tema quando algo referente a ele é trazido pelos
próprios jovens ou é vivido pela comunidade escoteira.
Esclarecimentos sobre as questões trazidas pelos jovens
são fundamentais para seu bem-estar e tranquilidade,
para uma maior consciência de seu próprio corpo,
elevação de sua autoestima, para o desenvolvimento da
consciência crítica e da tomada de decisões responsáveis
ANOTAÇÕES
a respeito de sua sexualidade.e, portanto, melhores
condições de prevenção das doenças sexualmente
transmissíveis, gravidez indesejada e abuso sexual.
O trabalho de Educação Sexual também visa contribuir
para o exercício da cidadania na medida em que
propõe o desenvolvimento do respeito a si e ao outro
e contribui para garantir direitos básicos a todos,
como a saúde, a informação e o conhecimento,
elementos fundamentais para a formação de cidadãos
responsáveis e conscientes de suas capacidades.
Ao propiciar informações atualizadas do ponto de
vista científico e ao explicitar e debater os diversos valores
associados à sexualidade e aos comportamentos sexuais
existentes na sociedade, possibilita ao jovem desenvolver
atitudes coerentes com os valores que ele próprio eleger
como seus.
UNIDADE DIDÁTICA | CURSO AVANÇADO - ESCOTISTA
LIDERAR E DELEGAR
Duração
40 minutos
Objetivos Gerais
Compreender a importância do papel do líder dentro de um grupo.
Objetivos Específicos
- Perceber as consequências da atuação positiva ou negativa do líder dentro de um
processo de grupo;
- Reconhecer a importância da cooperação do grupo no desenvolvimento do trabalho
do líder;
- Identificar o perfil de um bom líder.
Conteúdo
Liderança;
Perfil de um líder;
Funções de um líder.
PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO
Tempo (minutos)
Tema
Metodologia
15
Explanação do conteúdo
PL
20
O que é ser um bom líder?
TG
5
Fechamento
DD
PL = Palestra
TG = Trabalho em Grupo
DD = Discussão Dirigida
DETALHAMENTO DA METODOLOGIA
O formador deverá separar os participantes em 5 grupos e solicitar para que cada grupo discuta e responda as
perguntas abaixo:
- Definição de liderança (elaborada pelo próprio grupo);
- Quais as principais características de um bom líder dentro do Grupo Escoteiro?;
- Como um grupo pode auxiliar na atuação do líder?
O formador deverá solicitar para que todos os grupos leiam as respostas. Diante do que foi apresentado, o formador
deverá fechar a unidade com a informação de que um bom líder só conseguirá atuar de forma positiva com o apoio
do grupo. Todos fazem parte do processo e portanto quando se atinge o objetivo de algo planejado, a conquista é
compartilhada por todos e nunca somente de uma pessoa só.
Última atualização: 24/03/2014
ESCOTEIROS DO BRASIL
CURSO AVANÇADO
195
LIDERAR E DELEGAR
Liderança é o processo de conduzir um grupo de
pessoas. É o poder de motivar e influenciar os liderados
para que contribuam da melhor forma com os objetivos
do grupo ou da organização.
Liderar é exercer uma influência que inspire e mova
as pessoas à ação, obtendo delas o máximo de cooperação
e o mínimo de oposição.
Desta definição, alguns pontos merecem ser
destacados:
a) Liderança é sinônimo de influência;
MÉTODOS DE LIDERANÇA
Existem, basicamente, três métodos de liderança:
a) Método por coação: o líder procura coagir, forçar,
obrigar a sua equipe a trabalhar. Ele não motiva, porém
ameaça e amedronta. A ação é forçada e os resultados são
mesquinhos.
b) Método por persuasão: o líder procura persuadir seu
grupo, insistindo, apelando, chantageando. Ele procura
vencê-los pelo cansaço. Geralmente, ele se cansa primeiro.
b) Essa influência deve inspirar e mover pessoas;
c) Uma ação desejada é o resultado de uma liderança
equilibrada;
d) Uma boa liderança trabalha com o máximo de
cooperação (Totalidade de cooperação é utopia);
e) Uma boa liderança trabalha com o mínimo de
oposição (Mas a oposição sempre existirá, ainda que
velada).
A influência é um poder ambíguo, que constrói e
destrói com a mesma facilidade. Lembra-se de Mahatma
Gandhi e Adolf Hitler? Ambos possuíam um poder de
influenciar pessoas. Duas fortes influências mundiais que
são referenciais do que é bom e do que é mau.
Que tipo de influência você exerce sobre seus
liderados, sobre a sua seção ou grupo escoteiro?
Nicholas Butler, antigo presidente da Universidade
de Colúmbia, Estados Unidos, disse que há no mundo três
tipos básicos de pessoas:
a) as que não sabem o que está acontecendo;
b) as que observam o que está acontecendo;
c) Método por indução: o líder, devido a sua
personalidade forte, capacidade, talento, entusiasmo e
dinamismo, motiva e conduz a sua equipe para o trabalho.
Ele os leva a ação.
TIPOS CLÁSSICOS DE LIDERANÇA
Existem vários tipos de liderança. Faça uma
autoanálise da sua liderança junto à sua seção, grupo
escoteiro, ou até mesmo no seu trabalho, e veja onde você
se encontra e onde pretende chegar.
a) Liderança institucional: é aquela liderança exercida
pela força da instituição que nomeia o líder. Exemplos:
Ministro de Estado, Secretário de Governo, Chefe de Tropa
Escoteira, etc.
b) Liderança natural: é aquela exercida pelas qualidades
naturais indispensáveis à liderança e presentes na vida do
líder.
c) Liderança democrática: é aquela liderança na qual
o líder sempre procura ouvir e dar atenção aos seus
liderados, envolvendo-os nas tomadas de decisões,
fazendo com que todos participem das mesmas. Os
resultados deste tipo de liderança são excelentes.
c) as que fazem com que as coisas aconteçam.
Liderança é a capacidade de fazer com que as coisas
aconteçam.
ESCOTEIROS DO BRASIL
d) Liderança Laissez-Faire: esta expressão é de origem
francesa e significa “deixa fazer”. Este tipo de liderança
tem como lema a seguinte frase: “Deixa como está para
ver como é que fica”. Geralmente fica pior. O Leissez-Faire
não orienta seus liderados, não traça planos, não toma
decisões e não aponta os caminhos. Enfim, ele não faz
nada.
CURSO AVANÇADO
197
e) Liderança autocrática: neste tipo de liderança, o líder
procura fazer tudo sozinho. Ele não abre espaço para
ninguém, não confia em ninguém, não deixa ninguém
fazer nada. Considera-se o poderoso chefão, ao qual todos
devem obediência cega e incontestável. Ele não valoriza o
seu grupo. Valoriza apenas a si mesmo. Geralmente este
tipo de líder acaba sozinho no seu sistema ditatorial.
3. Oferecer condições
f) Liderança paternalista: é aquele tipo de liderança
na qual se trabalha motivado por simpatias e antipatias.
Geralmente, este tipo de líder obtém o apoio apenas dos
seus “preferidos”, e, por vezes, nem destes.
O bom líder é aquele que oferece condições
aos seus liderados para que a tarefa seja executada
satisfatoriamente. Exemplo: você pede a um chefe da
seção que prepare e aplique um jogo na tropa escoteira.
Então, se necessário, o líder deve fornecer-lhe literatura,
materiais, e outra coisas que possam facilitar esta tarefa.
Uma boa coisa que todo líder deve fazer para
oferecer condições à sua equipe de realizar o trabalho de
maneira sempre satisfatória é manter no grupo um clima
de treinamento e crescimento contínuo.
FUNÇÕES DO LÍDER
4. Cobrar resultados
1. Planejar
De maneira suave e branda, porém constante, o líder
deve cobrar resultados de seus liderados. As atividades
que foram designadas para cada pessoa devem receber
um “acompanhamento” permanente do líder. Mas cuidado
para não parecer policial ou fiscal do grupo.
O planejamento é essencial para uma liderança de
sucesso. O planejamento é o preparo para o sucesso, e
quem fracassa no preparo, prepara-se para o fracasso.
O planejamento é um mapa que orienta, uma reta
que encurta distâncias e uma alavanca que duplica forças.
Diz um provérbio chinês: “A mais longa viagem
começa com um único passo.”
A improvisação pode ser o cotidiano nos grupos
escoteiros. A melhor forma de acabar com o improviso é
o “planejamento”.
No planejamento estão envolvidos três aspectos:
a) Conhecer a realidade presente;
b) Estabelecer metas futuras;
c) Promover os meios para se atingir estas metas.
Ainda dentro da função do planejamento, dois
aspectos são de fundamental importância:
• O programa: é a sequência das prioridades a serem
seguidas para se atingir os objetivos (alvos) propostos;
• O cronograma: é o período de tempo ou as datas
necessárias para se realizar o programa. Desta maneira
você tem condições de saber onde está, para onde está
indo e quando chegará lá.
5. Avaliar
Após cada atividade realizada, é importante que o
líder, juntamente com a sua equipe, faça uma avaliação do
programa ou atividades realizadas. Nesta avaliação devese verificar os pontos fortes e fracos no desenvolvimento
do programa, estabelecer com clareza a verdadeira fonte
dos problemas e tomar providências para que não se
repitam.
CARACTERÍSTICAS NEGATIVAS DO LÍDER
O maior perigo para um líder é querer racionalizar
os seus próprios erros, buscar desculpa-los ou justifica-los,
convencendo a si mesmo de que seus erros na realidade
são acertos. As atitudes negativas são as maiores causas de
fracasso do líder junto ao seu grupo ou equipe. Conhecer
essas atitudes negativas e superá-las é de fundamental
importância para o sucesso da sua liderança. Vencer esses
obstáculos revela maturidade emocional, funcional e
espiritual na vida do chefe escoteiro.
a) Teimosia: alguns líderes raciocinam desta maneira:
2. Delegar
É a arte de distribuir responsabilidades com todos
os membros do seu grupo. Ninguém pode fazer tudo
sozinho. O melhor líder é aquele que sabe ter como seus
auxiliares pessoas tão ou mais capazes do que ele.
198
CURSO AVANÇADO
“Nos outros existe teimosia, mas em mim existe firme
convicção”. Teimosia é tentar manter uma posição mesmo
quando ela já se evidenciou equivocada. É não querer “dar
o braço a torcer”
ESCOTEIROS DO BRASIL
Algumas vezes o líder tenta pela argumentação, pela
imposição ou pelo cansaço, levar o grupo a aceitar suas
ideias. Isto se dá com os líderes autocráticos, ou mesmo
os paternalistas quando na tentativa de proteger seus
“afilhados”.
b) Dificuldade em delegar atribuições: esta é uma
falha mortal na liderança, pois entra em choque com uma
das funções do líder que é delegar responsabilidades.
Eis algumas razões que costumam impedir o líder de
distribuir responsabilidades com seus liderados:
• Receio de ser ofuscado por um de seus liderados;
• Inveja de seus liderados (atestado de incompetência);
• Medo de perder o controle sobre o grupo.
Estes três fatores podem ser resumidos em uma
única palavra: insegurança.
c) Atitude da super competência: o líder acha que
somente ele pode realizar com perfeição determinadas
tarefas.
d) Falta de visão quando é a hora de “passar o bastão”:
alguns líderes recusam-se terminantemente a aceitarem a
ideia de que outra pessoa poderá, um dia, ocupar o lugar
que hoje lhe pertence. Pelé soube a hora de “pendurar as
chuteiras”, e ainda hoje é tido em todo o mundo como o
rei do futebol.
e) Falta de estímulo para a equipe: alguns líderes
agem como se seus liderados fossem na realidade seus
empregados. Tudo o que fazem não passa na opinião
dele, de mera obrigação. Todo liderado precisa de
reconhecimento por seus esforços e dedicação. Isto é
valorização da pessoa humana.
f ) Julgamento apressado ou parcial: lembre-se:
toda moeda tem dois lados. Nunca julgue uma questão
sem estar plenamente consciente de conhecer com
profundidade todos os detalhes envolvidos na mesma.
g) Nutrição de sentimentos negativos: lembre-se de
um ditado bastante comum, porém cheio de sabedoria:
“Não é por um coice dado que se corta a pata do burro”.
Não é porque alguém falhou uma vez que irá falhar
sempre. Confie nas pessoas, dê novas oportunidades.
Limpe seu coração de sentimentos negativos e daninhos
que só fazem mal a você mesmo.
ESCOTEIROS DO BRASIL
CARACTERÍSTICAS POSITIVAS DO LÍDER
a) Competência: para Napoleão, a maior
imoralidade consistia em alguém ocupar uma função para
a qual não estava devidamente preparado. Competência e
capacidade devem andar de mãos dadas. O conhecimento
suficiente dos vários aspectos da sua esfera de ação o
colocará a altura de realizar com competência o seu
trabalho.
b) Domínio próprio: perder o controle ou o domínio
de si mesmo é sempre a maneira mais rápida de se perder
o controle e a autoridade sobre o grupo. Um líder agressivo
é um fracasso como líder.
c) Conhecimento das pessoas: conhecer bem
a personalidade das pessoas com as quais nós vamos
trabalhar é tão importante quanto conhecer o próprio
trabalho a ser realizado.
d) Respeito humano: na presença de um superior, a
falta de respeito é um ato de indisciplina. Na presença de
um “subordinado” a falta de respeito é um ato de covardia.
e) Espírito de justiça: é, entre outras coisas,
reconhecer lealmente seus erros e suas faltas, não
procurando lançá-las sobre outras pessoas. É também
saber reconhecer as realizações de seus liderados, dando a
eles o crédito devido e a oportunidade de desenvolverem
seus potenciais.
f) Humildade: o bom líder precisa cultivar a
humildade, reconhecendo suas falhas e otimizando-as. É
preciso também saber reconhecer o valor individual de
cada membro da sua equipe. Humildade não é contentarse com pouco, e sim buscar o muito com o objetivo de
melhor servir.
g) Exemplo: queira você ou não, os olhos de todos
estarão sempre voltados para você, que é o líder do grupo.
Você não pode separar a sua função como líder escoteiro
da sua vida pessoal.
h) Resistência: o líder precisa saber suportar as
críticas, oposições e dificuldades. Sua equipe espera isto
de você. Transforme as críticas em um fator de crescimento
na sua liderança. Nunca as rejeite de imediato. Faça sempre
uma análise imparcial das mesmas. Busque o conselho e a
orientação de amigos sinceros.
CURSO AVANÇADO
199
Algumas diferenças entre o líder e o chefe:
O LÍDER
O CHEFE
Orienta
Manda
Entusiasma
Amedronta
Diz: vamos
Diz: vá
Torna o trabalho interessante
Torna o trabalho irritante
Diz: nós
Diz: eu
Baseia-se na cooperação
Baseia-se na autoridade
Assume responsabilidades
Procura culpados
Comunica
Faz mistério
Acompanha
Fiscaliza
Confia
Desconfia
Moraliza
Desmoraliza
Nunca promete o que não
pode cimprir
Promete e nunca cumpre
Para refletir:
“NÃO É COMIGO!!!”
Esta é uma estória sobre quatro pessoas:
- Todo mundo;
- Alguém;
- Qualquer um;
- Ninguém
Havia um importante trabalho a ser feito, e Todo
Mundo tinha certeza que Alguém o faria. Qualquer um
poderia ter feito, mas Ninguém o fez. Alguém se zangou
porque este era um trabalho para Todo Mundo. Todo
Mundo pensou que Qualquer um poderia fazê-lo, mas
Ninguém imaginou que Todo Mundo deixaria de fazê-lo.
Ao final, Todo Mundo culpou Alguém quando Ninguém
fez o que Qualquer um poderia ter feito.
ANOTAÇÕES
200
CURSO AVANÇADO
ESCOTEIROS DO BRASIL
UNIDADE DIDÁTICA | CURSO AVANÇADO - ESCOTISTA
CAPTAÇÃO/SELEÇÃO E ACOMPANHAMENTO
Duração
60 minutos
Objetivos Gerais
Reconhecer a importância do recrutamento de adulto e do acompanhamento do
adulto como premissa de qualidade e crescimento da organização.
Objetivos Específicos
Entender como recrutar Adultos para a seção, e a importância do eficaz acompanhamento
Conteúdo
- Perfil do Adulto;
- Educadores Líderes;
Material
- Cópia Projeto Educativo
- Texto: Escotismo e Comunidade
PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO
Tempo (minutos)
Tema
Metodologia
20
Captação , Seleção e Acompanhamento
PL
20
Plano de Captação de Adultos para a Seção
TG
10
Apresentação do Plano
PL
10
Conclusão
PL
PL = Palestra
TG = Trabalho em Grupo
DD = Discussão Dirigida
DM = Demonstração
DETALHAMENTO DA METODOLOGIA
O Formador inicia a Unidade Didática fazendo uma explanação dobre Captação, Seleção e Acompanhamento de
Adultos.
Depois divididos em equipes os alunos elaborarão um plano de captação de adultos para a sua Seção.
Uma das equipes será sorteada e apresentará o plano, depois todos irão debater sobre o mesmo.
ESCOTEIROS DO BRASIL
CURSO AVANÇADO
201
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
Planejamento Estratégico da UEB 2011 - 2015
POR
PROJETO EDUCATIVO
Ultima atualização: 12/2011
202
CURSO AVANÇADO
ESCOTEIROS DO BRASIL
CAPTAÇÃO, SELEÇÃO E ACOMPANHAMENTO
CAPTAÇÃO
A preparação para se receber um voluntário é
fundamental, pois é a partir dela, já com as informações
coletadas na descrição das tarefas a serem realizadas por
voluntários, que o grupo escoteiro poderá correlacionar
o perfil do candidato às competências exigidas pela vaga
e verificar a possibilidade de sua adequação, bem como
propiciará subsídios suficientes para a integração do
voluntário, passando-lhe detalhes sobre onde ele estará
efetivamente fazendo diferença, o que é muito importante
para a motivação e a permanência do voluntário.
Onde e como encontrar pessoas que queiram ser
voluntárias? Como convidá-las a participar? Não são
poucos os indivíduos que gostariam de dedicar parte de
seu tempo livre para realização de algum tipo de serviço
voluntário, mas não sabem como nem onde fazê-lo. Por
outro lado, os voluntários desejam encontrar serviços
através dos quais possam ter a oportunidade de dar parte
de seu tempo livre e conseguir uma autêntica satisfação.
Além das donas de casa, fonte tradicional do voluntariado,
existem outros que querem ser úteis:
• Pais que desejam participar das atividades de seus
filhos;
• Pessoas que desejam praticar um hobby ou
interesse particular;
• Aposentados;
• Membros de diversas igrejas, grupos de auto-ajuda,
das associações de bairro;
• Adultos que desejam estar em contato com
crianças;
• Outros.
Os métodos de captação de voluntários podem
ser diversos, entretanto, são sempre determinados em
função dos objetivos e expectativas das pessoas a quem
se quer atingir. A instituição precisa ter claro, antes de
qualquer coisa, saber que público quer captar, que tipo de
voluntários irá satisfazer as suas necessidades. Só assim
pode-se determinar onde e que tipo de estratégias utilizar.
É aconselhável que a entidade esteja sempre divulgando o
seu trabalho, com vistas à captação de novos voluntários.
Além disso, é preciso garantir o número de voluntários
atuantes para a manutenção das atividades no grupo
escoteiro, pois há um ciclo de mudanças entre as pessoas
do grupo, pois as pessoas desgastam-se, têm novas
ESCOTEIROS DO BRASIL
preocupações ou oportunidades e, muitas vezes, surgem
mudanças que impedem a continuidade de dedicação ao
escotismo.
Um dos modos de captar voluntários é, sempre
que possível, divulgar para a comunidade sobre o
trabalho desenvolvido pelo grupo escoteiro. Além
de apresentar resultados concretos em benefício à
comunidade, apresenta a transparência e organização,
fortalecendo a imagem de instiuição séria de trabalho
voluntário. O recrutamento de voluntários através dos
próprios voluntários é um dos melhores métodos. É o
chamado boca-a-boca. Se os voluntários estão realmente
comprometidos e motivados falarão com seus amigos de
um modo persuasivo, sincero e positivo. Não basta apenas
acolher as pessoas que se oferecem como voluntárias na
organização.
SELEÇÃO
É fundamental que ao ser acolhida essa pessoa
tanto atenda às necessidades de um determinado
serviço do grupo escoteiro, como também tenha as suas
aspirações e motivações como voluntária atendidas. Para
isso o processo de seleção é uma importante etapa a ser
cumprida.
Em nosso universo organizacional, o processo
seletivo serve como um modo de direcionar a pessoa
adequada para a execução de atividades específicas.
Da mesma forma que a escolha por determinado
profissional para desempenhar alguma atividade em
uma empresa se dará pelo preenchimento dos requisitos
predefinidos para os diferentes cargos, considerando
características subjetivas, conhecimentos e aptidões,
também o processo seletivo de voluntários serve como
um modo de direcionar a pessoa adequada para a
execução de atividades específicas. A melhor regra ainda
é a sensibilidade e o bom senso. A seleção criteriosa do
voluntário e sua adequada colocação em atividades
para as quais está capacitado é o que garante seu bom
desempenho. Portanto, é importante ter claro que o
serviço voluntário deve proporcionar prazer para quem o
realiza. Se o voluntário não se sentir adaptado na função
para o qual foi designado, certamente este representará
um fardo e ele desenvolverá uma noção negativa do
trabalho voluntário, afastando-se inevitavelmente do
movimento escoteiro. É importante lembrar que um
CURSO AVANÇADO
203
processo de seleção deficiente pode vir a prejudicar o
trabalho de outros voluntários, causar dano ao grupo
escoteiro e aos membros juvenis.
Muitas vezes ao apresentar com clareza as tarefas
que os voluntários irão realizar é possível que eles mesmos
desistam no momento da seleção, o que resultará em
ganho de tempo e energia para todos.
Todos os candidatos que entraram em contato
com o grupo escoteiro demonstrando interesse em
atuar como voluntário, deverão ser contatados sobre
o parecer do seu processo, seja ele favorável ou não. O
grupo escoteiro deverá sentir-se tranqüilo para contraindicar candidatos que não preencham os requisitos
preestabelecidos. Nesses casos, é importante fazer a
ressalva de que poderão se adaptar melhor a outras
instituições onde potencialidades serão mais bem
aproveitadas, minimizando, assim, qualquer possível
sensação de menos-valia ou baixa estima pela sua recusa
como voluntário no grupo escoteiro. É importante que se
demonstre agradecimento ao interesse de atuar como
voluntário no Movimento Escoteiro e motive-o a buscar
uma oportunidade de serviço mais adequada a suas
habilidades e anseios.
Os candidatos aptos que ingressarem como
voluntários no escotismo, deve ser apresentada a Lei do
Serviço Voluntário para que tome conhecimento de seus
direitos e deveres, além do Termo de Acordo de Trabalho
Voluntário, que equivale ao contrato de trabalho de uma
empresa. Este documento deve ser assinado por ele antes
do início do trabalho voluntário no grupo. Também deve
ser apresentado ao voluntário o processo de formação
existente na instituição para o aprimoramento da sua
atuação junto ao grupo escoteiro.
ACOMPANHAMENTO
A UEB oferece aos seus voluntários uma formação
específica para subsidiá-lo no desenvolvimento das suas
tarefas. A formação compreende todo o ciclo de vida do
adulto na instituição acompanhado pelo apoio de assessor
pessoal de formação. O sistema de cursos sequenciais de
formação busca desenvolver as competências que cada
adulto necessita, de acordo com o seu perfil pessoal,
para desempenhar o cargo ou função com o qual se
comprometeu, oferecendo-lhe uma série de atividades
de capacitação dirigidas à transmissão de conhecimentos,
proposição de condutas e prática de habilidades, que
são logo reforçadas e supervisionadas durante o seu
desempenho, mediante o processo de acompanhamento.
É fundamental no processo de acompanhamento,
quando envolve voluntariado, é o reforço à Motivação
dos Voluntários. As satisfações pessoais de um voluntário
são sempre abstratas como por exemplo: a satisfação
de contribuir com a diminuição do sofrimento ou das
injustiças, a realização em trazer alegria ou contribuir
com a auto-suficiência de outras pessoas, sentir-se um
agente construtor de sua comunidade, etc. Assim como
ele não recebe nada material em troca, o que o irá motivar
são também coisas de ordem subjetiva como: sentir-se
aceito, aprovado, valorizado. Para que isto ocorra é preciso
manter o entusiasmo “em alta”. De forma prática isso
significa que é importante saber a hora de elogiar, bem
como ajustar possíveis desvios de qualidade nos serviços
prestados, tomando cuidado para que as críticas sejam
sempre construtivas e sejam feitas em particular com cada
voluntário e membro da equipe. Apresentar os resultados
do grupo escoteiro, apontando o sucesso para o empenho
do trabalho voluntário.
Outro fator que é absolutamente importante
para a manutenção da motivação é o sistema de
reconhecimento. As necessidades por recompensas
variam de pessoas para pessoas. Alguns necessitam mais
do que outros da aprovação do seu serviço, porém, todas
se sentem lisonjeadas quando de alguma forma o seu
esforço é reconhecido.
ANOTAÇÕES
204
CURSO AVANÇADO
ESCOTEIROS DO BRASIL
UNIDADE DIDÁTICA | CURSO AVANÇADO - ESCOTISTA
ADMINISTRAÇÃO DO TEMPO/NEGOCIAÇÃO
Duração
70 minutos
Objetivos Gerais
Fazer com que os Escotistas reflitam sobre temas importantes no exercício da sua
função no Movimento Escoteiro.
Objetivos Específicos
Trabalhar como Administrar o Tempo e característica da negociação
Conteúdo
- Administração de TEMPO
- Negociação
PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO
Tempo (minutos)
Tema
Metodologia
70
Apresentações dos cursantes sobre o TEMA.
TG
PL = Palestra
TG = Trabalho em Grupo
DD = Discussão Dirigida
DM = Demonstração
DETALHAMENTO DA METODOLOGIA
1- Antes do curso , os cursantes para esta unidade serão divididos em duas equipes, cada equipe irá ler um dos
capítulos abaixo do livro “Os 7 hábitos das pessoas altamente eficazes” e prepará uma esquete de 20’ sobre o tema ,
após cada esquete o formador fará uma dinâmica fechando o tema.
a- Administração do Tempo = Hábito 3 (Primeiro o Mais Importante) – Livro “Os 7 Hábitos das Pessoas Altamente
Eficazes”
b- Negociação = Hábito 4 (Pense Ganha-Ganha) – livro ““Os 7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes””
Ao final de cada apresentação o formador em 15 minutos dará um fechamento a cada tema
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
“Os 7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes”
Ultima atualização: 12/2011
ESCOTEIROS DO BRASIL
CURSO AVANÇADO
205
ADMINISTRAÇÃO DE TEMPO
Uma das angústias dos dias que vivemos é, sem
dúvida, a falta de tempo para fazer tudo que gostaríamos.
Muitas pessoas tem a constante sensação de que o tempo
está passando rápido demais para dar conta de tudo o
que há para fazer.
Administrar o tempo se tornou totalmente
indispensável e necessário, mas não existem técnicas
milagrosas que resolverão o problema do dia para a noite.
É preciso repensar seu estilo de vida para ter mais tempo,
pois cada um é responsável pela importância que dá a
cada atividade ou tarefa.
Para começar este trabalho de organizar seu tempo,
seguem algumas dicas:
1. Escolha e use uma ferramenta para gerenciar seu
tempo.
Um dos problemas com as pessoas é a mania de
guardar o que temos para fazer na cabeça. Isso gera
esquecimentos e urgências. É extremamente necessário
que você escolha uma ferramenta para anotar suas
prioridades e liberar sua mente para não pensar, não para
ficar preocupada com o que deve ser feito. Você precisa
de uma agenda, que pode ser a tradicional em papel,
ou algum software em seu computador que lhe ajude a
organizar seus dias, planejar suas metas, agendar suas
reuniões, etc. crie uma rotina de anotar tudo o que você
tem para fazer, nas diferentes atividades da sua vida.
Não tente fazer tudo.
Você tem limites, e não é correto pensar que pode
fazer tudo. Não assuma compromisso só porque não quer
decepcionar os outros. Quando alguém lhe pedir algo
ou for convidado para algum evento, avalie antes na sua
agenda se você tem disponibilidade em aceitar.
3. Aprenda com as lições da vida.
Quando não aprendemos com nossos erros,
acabamos por repeti-los! Quando acontecer algo urgente
e fora da sua agenda, pare e pense como isso poderia ter
sido evitado. Em geral, com antecipação e planejamento,
você conseguirá reduzir este tipo de situação.
4. Reserve seu tempo de descanso.
Evite ao máximo utilizar o seu domingo para realizar
tarefas. Domingo deve ser reservado para a convivência
com a família, descanso em casa e lazer.
5. Cuidado com seus e-mails, redes sociais, programas
de mensagens instantâneas.
Reserve um horário para responder mensagens,
todos os dias, e acessar redes sociais e sites de
relacionamentos. Avise seus amigos disso.
6. Administre seu tempo.
É necessária uma metodologia que lhe ajude a usar
de forma adequada seu tempo. Estabeleça prioridades
para o que tem que ser feito. Negocie os compromissos
para horários possíveis. E, mais importante, não deixe de
fazer o que tiver que ser feito, no horário e tempo previsto.
Fonte: texto adaptado do Guia da Aventura
Escoteira – Pistas e Trilhas.
2. Reserve tempo para seus compromissos da semana.
Não viva correndo atrás de seus compromissos.
Reserve na agenda também os pequenos momentos
importantes em seus dias como, por exemplo, um almoço
em família, ir ao cinema, passear com seus filhos, praticar
um esporte ou hobby. Você deve planejar a sua semana e
não deixar os compromissos surjam desorganizado.
ESCOTEIROS DO BRASIL
CURSO AVANÇADO
207
ANOTAÇÕES
208
CURSO AVANÇADO
ESCOTEIROS DO BRASIL
NEGOCIAÇÃO
APRESENTAÇÃO
ENFOQUE ESTRATÉGICO
O caráter associativo das organizações escoteiras se
baseia no espírito de desenvolvimento que caracteriza
os voluntários, principal potencial de adesão dos adultos
ao Movimento Escoteiro. Esta condição, particular em
quase toda a totalidade dos envolvidos nas estruturas,
faz com que as relações inter-pessoais e entre grupos
seja constantemente marcada por processos de conflito
e negociação.
Os impulsos naturais levam algumas pessoas a
querer impor seu ponto de vista, sem buscar argumentos
que sustentem suas idéias e que reflitam com maior
objetividade uma condição de solução para todas as
partes. Em algumas ocasiões isto pode gerar a origem
de rodas de discussão que não chegam a decisões ou
ações que levem ao beneficio coletivo. Impõe-se então
a necessidade de desenvolver formas de negociar, com
o objetivo de buscar em conjunto as opções possíveis e
decidir qual é a que melhor atende as necessidades de
cada um.
Em uma organização internacional como o
Movimento Escoteiro existe uma missão que dará sentido
global aos distintos componentes de sua estrutura, com
uma particular circunstância: será a base da organização
que se apresenta como protagonista da “razão de ser”
expressada na Missão, ou seja, são os Grupos Escoteiros os
que aplicam as metodologias e ferramentas relacionadas
com a Missão, tendo o resto da estrutura um caráter
institucional de apoio. Estas condições da organização
geram uma gama de visões muito diferentes, mesmo que
todas existam em função da Missão.
Surge, então, uma postura estratégica onde os
comportamentos buscam alcançar o maior grau de
benefícios coletivos com o mínimo de risco, considerando
somente a capacidade interna de cada equipe ou grupo
dentro da associação, e principalmente nas características
do que está no entorno, que condiciona ou gera as
mudanças dentro da organização.
Estes comportamentos estratégicos se traduzem em
um conjunto de relações entre os indivíduos e entre as
equipes de trabalho, que podem ser consideradas como
relações de poder, já que se trata para certos indivíduos
ou grupos em intervir em outros indivíduos ou outros
grupos. Deve ficar bem claro que o poder não é um
atributo das pessoas que atuam na organização, mas uma
relação de intercâmbio e negociação.
Podemos definir o poder em termos de influência
potencial máxima que um agente X – indivíduo, grupo,
norma... – é capaz de exercer sobre o agente Y – indivíduo,
grupo, norma, etc... A palavra e o conceito “poder” gera
rejeição, mas temos que lembrar que o poder não é em
si mesmo algo bom ou ruim – depende para o que será
usado e dos valores que sustentam seus limites.
Considerando a questão anterior, podemos afirmar
que a negociação, entendida como um espaço para o
exercício do poder, está ligada também à noção de conflito.
Este se encontra no campo das relações da organização e
se origina da confrontação de racionalidades provenientes
dos projetos. Todo conflito então tem uma razão de ser,
e é aí que precisa da intervenção de um processo de
negociação efetivo.
Os modelos mentais que orientam as organizações
escoteiras não são tão fáceis de determinar. Um dos
caminhos possíveis para fazer isto é a observação das
condutas.
A NEGOCIAÇÃO, UMA AÇÃO PERMANENTE.
Entre as tarefas mais freqüentes colocadas em
prática nas organizações está a busca do consenso,
levando em conta o caráter associativo que possuem.
Sem dúvida, são muitos os obstáculos que se originam
a partir do comportamento dos membros da instituição,
com lógicas que se desenvolvem desde suas perspectivas
mais cotidianas e com visões que às vezes se contrapõe.
Como parâmetro que define o estilo com que se
tomam decisões dentro da organização, o consenso passa
necessariamente pela contraposição de idéias que nascem
dentro dos distintos modelos mentais ou paradigmas,
com os quais cada integrante da associação vê o mundo.
Um processo equilibrado e adequado de persuasão e
indagação permite encontrar caminhos de racionalidade,
com os quais os atores institucionais podem determinar
novos enfoques, conceitos, práticas ou processos que
resultem no melhor benefício para todas as partes
envolvidas. Na confrontação inicial das idéias surgem os
conflitos na busca do poder influir. Em todo caso, propor
uma mudança na cultura, ou até uma cultura de mudança,
encerra um grau importante de dificuldade e conflito,
pelo qual se faz imprescindível uma metodologia de
negociação clara e assertiva entre os atores institucionais.
ESCOTEIROS DO BRASIL
CURSO AVANÇADO
209
Vamos considerar os comportamentos imprevistos
uma vez que o conceito de modelo mental não significa,
necessariamente, um cálculo racional e consciente. Por isso
se pode afirmar que não existe comportamento irracional
ou não motivado totalmente. Assim se produzem os
conflitos mencionados: são geradas confrontações para
controlar porções de determinadas áreas de incertezas,
e é aqui que os responsáveis pela gestão institucional
devem dar seu apoio técnico, através do conceito e da
metodologia da negociação.
LIDERANÇA E NEGOCIAÇÃO
A negociação é uma realidade da vida, desde o
momento em que o ser humano nasce e reclama pelo seio
da mãe, aí ocorre a primeira “negociação” de nossas vidas.
No mundo se negocia todos os dias, em nosso trabalho,
em nossas organizações, até consigo mesmo se negocia
constantemente, basta tomar como exemplo quando
toca o despertador a cada manhã e surge dentro de nós a
negociação “me levanto ou fico um pouco mais na cama?”.
No entanto temos que considerar que nem todos os
conflitos podem ser negociados, e em alguns casos não
podem nem ser mediados. O contexto dos conflitos varia
muito, principalmente com relação às partes em disputa,
seus interesses e valores, aspirações e expectativas,
conseqüências imediatas ou vindouras, fatores temporais,
influências e pressão de terceiros, variáveis imprevistas.
A complexidade contemporânea dos conflitos,
tanto individuais como organizacionais, nas associações
escoteiras, demanda o aperfeiçoamento da compreensão,
experimentação, análise e avaliação dos conflitos. Estes
não podem ser simplificados, com a tentativa de soluções
com teorias e habilidades superficiais ou superadas.
Deste ponto de vista, negociação é um processo
interdependente para o desenvolvimento, intercâmbio
e manutenção dos acordos eqüitativos e práticas que
satisfaçam os interesses essenciais das partes envolvidas
(a conhecida teoria do “ganhar/ganhar”). Este tipo de
negociação tem como objetivo a busca de resultados
justos, benéficos e práticos. Para alcançar esta meta é
imprescindível melhorar as bases teóricas, técnicas e as
habilidades dos dirigentes que ocupam funções “chave”
na direção das organizações.
Não são poucos os dirigentes escoteiros que
pensam que o conhecimento e a formação sobre
negociação seja algo que só corresponda aos
profissionais, o que está parcialmente correto no caso
de esferas muito especializadas, como negociações
comerciais e internacionais, entre outras. Porém devemos
210
CURSO AVANÇADO
compreender que na realidade da vida cotidiana, de cada
uma das associações e suas estruturas internas – patrulhas,
equipes, conselhos, comissões de trabalho, etc. – somos
todos negociadores, mesmo que não se tenha consciência
disso. Muitos fracassos pessoais ou associativos se dão em
grande medida ao desconhecimento de “como negociar”.
Considerando que a maior parte das atividades se
desenvolve através da relação com outras pessoas, se
entende que os problemas de comunicação humana sejam
tão complexos. Frequentemente pequenos desacordos
chegam a se converter em verdadeiros conflitos, não
devido ao propósito explícito das partes interessadas,
se não pela falta de habilidade para conseguir um
entendimento, uma comunicação simpática para ambos.
Na medida em que a atividade específica que
se desenvolve exige uma maior interação com outras
pessoas, no exemplo particular do processo de direção de
recursos humanos, seja uma empresa, uma universidade
ou o próprio Movimento Escoteiro, se faz necessário o
conhecimento de uma metodologia geral de negociação
que permita solucionar com êxito os conflitos que
objetivamente surgem no transcurso da interação.
Até a pouco tempo atrás os cursos sobre
negociação tinham um caráter muito especializado e
estavam direcionados a setores muito específicos, para
profissionais com objetivos bem claros. Rompendo
com este paradigma surge a necessidade de dar aos
dirigentes institucionais, das associações escoteiras, uma
metodologia geral de negociação, desenhada para obter
acordos duradouros e mutuamente satisfatórios para as
partes envolvidas, sobre o espírito de colaboração, que
possa ser aplicada para enfrentar e resolver dos conflitos
mais simples aos mais complexos.
A NEGOCIAÇÃO SEGUNDO O PROJETO DE HARVARD.
Duas irmãs e uma laranja
“Duas irmãs discutiam sobre quem ficaria com uma
laranja que estava em cima da mesa, ambas queriam a
laranja e brigavam por ela. A mãe estava cansada de tanta
discussão, decidiu intervir e dar uma solução definitiva ao
conflito: pegou a laranja, e a partiu ao meio, dando uma
metade para cada uma. Uma das irmãs pegou a sua metade,
descascou, pegou a casca para assar um bolo, e jogou a fruta
fora. A outra irmã também pegou sua metade, descascou,
comeu toda a polpa e jogou a casca no lixo”.
Na realidade nenhuma das duas precisava da laranja,
apenas queriam uma parte desta e a mãe tomou uma
decisão que sem dúvidas não foi a que melhor poderia
satisfazer ambas ao máximo.
ESCOTEIROS DO BRASIL
Quantas vezes os conflitos na associação são
resolvidos com a mesma atitude da mãe na história?
Não será o caso de que muitas vezes o que se quer não
é “a laranja” e aí fica escondido o verdadeiro interesse,
em detrimento das posições? Comecemos a esclarecer
alguns conceitos básicos, que a metodologia do Projeto
Harvard de Negociação propõe.
OS SETE ELEMENTOS
Alternativas
São as possibilidades de se retirar que cada parte
dispõe se não há um acordo.
Também é o que uma parte ou outra do conflito
podem fazer por conta própria sem a necessidade de
que a outra parte esteja de acordo. Como regra geral se
define que nenhuma das partes deverá aceitar algo que
seja pior para ela que seu “MAAN” (Melhor Alternativa em
um Acordo Negociado). Se por fora do acordo existe uma
solução do conflito que no final seja mais benéfica do que
o próprio acordo pode oferecer, então a negociação perde
o sentido.
Interesses
Este é o termo utilizado para descrever o que
realmente buscam as partes (“a casca e a polpa”); aqui
se encontram as necessidades, inquietações, desejos,
esperanças e temores. O acordo sempre será melhor na
medida em que satisfaça os interesses das duas partes,
pelo menos em níveis que possam ser escritos assim:
“o nosso”, bem; “o deles”, de maneira aceitável; e o “dos
outros”, de maneira tolerável.
Opções
Este termo identifica toda a gama de possibilidades
que as partes têm para chegar a um acordo. Refere-se às
opções que estão sobre a mesa de negociação, ou as que
poderiam ser apresentadas. No caso das duas irmãs que
brigavam pela laranja, as opções poderiam ser: que uma
ficasse com a laranja inteira, que cortem a laranja pela
metade, que uma fique com a casca para usar no forno
e que a outra fique com a polpa, etc.. No geral um acordo
será mais benéfico se incorpora a melhor das opções.
Temos o melhor acordo quando não é possível melhorar
sem prejudicar uma das partes.
Legitimidade
Um acordo será sempre melhor e duradouro na
medida em que cada parte o considere justo. Uma
referência externa, um critério ou princípio que vá além
ESCOTEIROS DO BRASIL
da simples vontade de qualquer das partes, determinará
em grande medida o grau de justiça do acordo. Entre
as normas externas de legitimidade estão as leis e os
regulamentos, os padrões, a prática habitual, o algum
outro princípio de aceitação geral tal como a reciprocidade
ou os precedentes.
Compromissos
Os compromissos são as definições verbais ou
escritas que especificam o que cada uma das partes
fará ou deixará de fazer. Os compromissos podem ser
definidos durante o curso de uma negociação ou podem
ser incorporados ao acordo que se chegou ao fim da
negociação.
Em geral, um acordo será melhor na medida em que
as promessas que tenham sido feitas sejam planejadas
e descritas adequadamente, de maneira que resultem
práticas, duráveis, facilmente compreensíveis por quem
deve cumpri-las e, se necessário, suscetíveis de verificação.
Trata-se de manter o caráter realista e funcional dos
compromissos assumidos.
Comunicação
A negociação eficaz requer uma efetiva comunicação
bilateral, somente desta forma estaremos em condições
de obter um resultado melhor, sem perda de tempo ou
esforço. A comunicação é a arte e a ciência de escutar e
falar efetivamente. Se isto é alcançado, os mal entendidos
são evitados e as negociações se tornam mais fáceis,
rápidas e simples.
Relacionamento
Uma negociação terá produzido um melhor resultado
sempre que as partes melhorarem sua capacidade para
trabalhar em conjunto. As negociações mais importantes
são feitas com as pessoas ou as instituições com as quais
já se tenha negociado antes ou que se negociará no
futuro. Entre os elementos de uma relação, a capacidade
de resolver bem as diferenças é crucial. Em geral podemos
afirmar que uma boa relação de trabalho permite as partes
gerenciar adequadamente suas diferenças.
Premissas da negociação
O início de um processo de negociação resultará em
melhores ganhos para as partes envolvidas na medida
em que, de forma racional, exista a consciência prévia
de que negociar implica desenvolver atitudes pessoais e
coletivas que facilitem a busca de acordos. É importante
destacar que não se pode esperar que a negociação
resulte da aplicação esquemática de passos, que podem
CURSO AVANÇADO
211
ser numerados com uma intenção didática, mas que na
prática requerem uma fluidez que só é alcançada com
o desenvolvimento das condutas que deixam natural o
processo de negociação.
As condutas que facilitam chegar a um acordo
negociado incluem:
• Ser construtivo com o relacionamento;
• Promover uma comunicação eficiente e clara;
• Estar sempre atendo a buscar os interesses sob as
posições;
• Criar a maior quantidade de opções, para maximizar
as possibilidades de acordo;
• Utilizar sempre critérios de legitimidade;
• Visualizar a melhor alternativa de acordo
negociado da parte oposta, e/ou considerar a sua própria;
• Comprometer-se somente depois de propor
múltiplas opções.
De forma similar podem ser listados os erros e
problemas que habitualmente se produzem e observam
nas organizações, que concretamente algumas
associações escoteiras vivenciam e que dificultam o
trabalho de negociação e busca de solução para os
diferentes conflitos. A tabela a seguir ilustra alguns destes
erros e seus efeitos:
Por querer chegar rápido a uma solução...
Passamos por fora das alternativas.
Por supor que temos que escolher entre a relação ou
conteúdo...
Dificultamos o diálogo.
Por centrar somente em posições...
Passamos por fora dos interesses.
Por misturar o processo de gerar idéias com o
processo de decidir...
Limitamos as opções.
Por não dar importância a legitimidade...
Avançamos em soluções inconsistentes.
Por comunicar em um único sentido...
Não escutamos as demandas das outra parte.
Por nos comprometer sem escutar...
A negociação fracassa e o conflito perdura.
212
CURSO AVANÇADO
A POSTURA DIFÍCIL
Nem sempre o processo de negociação se desenvolve
entre pessoas ou grupos que tenham consciência de
como levar este processo de maneira produtiva, pelo que
em algumas ocasiões surge a chamada “postura difícil”,
onde a aplicação normal dos elementos de um processo
negociador pode exigir uma maior astúcia e muita
paciência, para saber desviar dos obstáculos que a outra
parte colocou.
Um dos aspectos importantes a considerar nesta
situação é não perder a calma e a consciência do processo
negociador, pois a postura difícil surge na maioria das
vezes em casos de insegurança oculta ou falta de visão
estratégica.
Portanto, podemos dizer que o clássico “negociador
difícil” é a pessoa que vem com a clara posição de passar
com a “planadora” sem conceder um mínimo. Algumas
das características que permitem reconhecê-lo:
• Utiliza expressões como “Não temos mais o que
conversar”;
• Acredita que os participantes da negociação são
adversários e seu objetivo é ganhar;
• Insiste permanentemente em sua postura;
• É obstinado e não realiza concessões, acredita
intimamente que haja poder em “marcar posição”; e
• Utiliza a ameaça como poder coercitivo, “Não farei
isso”.
O PROCESSO NEGOCIADOR
Com base nos sete elementos que foram descritos
anteriormente – e lembrando que não se trata de dar
receitas nem soluções mágicas, somente indicadores
que auxiliem a compreender e aplicar a proposta
metodológica – esta pode ser descrita da seguinte forma:
Alternativas
• Introduzir os outros seis elementos que outra parte
está ignorando;
• De ser ameaçado com a melhor alternativa de
acordo negociado (MAAN), considerar um exame de
realidade com as próprias alternativas. Perguntar por que
os objetivos da outra parte são legítimos;
• Avaliar os próprios interesses, considerando se
retirar da mesa de negociação se a alternativa própria
satisfaz melhor os interesses que o acordo proposto à
mesa;
ESCOTEIROS DO BRASIL
• Se a melhor alternativa de acordo negociado é
frágil, negociar com outra parte ou convidar uma terceira
pessoa;
• Negociar sobre o processo.
Interesses
• Não atacar as posições da outra parte, buscar quais
são seus verdadeiros interesses;
• Se a outra parte recusa discutir sobre seus interesses,
explicar as razões da indagação;
• Imaginar por que a outra parte não quer
compartilhar seus interesses (medos) e tratar de se dirigir
aos mesmos;
• Se antecipar aos interesses alheios, indagando sem
usar frases como “Quando tentei me por no seu lugar
pensei que seria importante para você, diga por favor o
que faltaria considerar”.
Opções
• Registrar em uma lista a própria posição como uma
das muitas opções a ser consideradas;
• Não adotar uma atitude de defesa das idéias
pessoais, perguntar pelas alheias;
• Utilizar a técnica do brainstorm (“chuva de idéias”);
• Apresentar propostas que convidem ao “Sim”,
opções que satisfaçam as preocupações ou problemas da
outra parte, enquanto satisfazem os próprios interesses.
Legitimidade
• Estabelecer o foco de discussão sobre normas
externas ou princípios de equidade, ao invés da vontade
das partes;
• Não permitir que a discussão chegue a ser uma luta
sobre quais critérios são mais justos, considerar muitos,
encontrar os critérios que parecem mais aplicáveis na
situação em questão;
• Manter abertos os argumentos baseados na razão,
mas sem se submeter à coerção;
• Usar a “prova de reciprocidade” (se for pedido a eles
que façam o que nos pediram – eles aceitariam como algo
justo?);
• Assegurar que os critérios propostos satisfaçam a
“prova de reciprocidade”;
• Considerar o uso de uma terceira parte neutra ou
de uma organização, cujo prestígio seja reconhecido
por ambas as partes para resolver disputas sobre a
aplicabilidade de critérios;
• Negociar sobre o processo.
ESCOTEIROS DO BRASIL
Relacionamentos
• Reformular qualquer “ataque” contra si mesmo
como um ataque contra o problema;
• Reformular a discussão como um ataque conjunto
contra o problema;
• Se existem antecedentes de desconfiança ou
sentimentos ruins, falar abertamente sobre isso, com a
intenção de mudar as relações futuras.
Comunicação
• Evitar tomar atribuições, falar por si mesmo, nunca
pela outra parte;
• Usar o poder legítimo do silêncio, fazendo
perguntas e aguardando, se for necessário, pode-se
perguntar de novo.
Compromissos
• Esclarecer com a outra parte porque o compromisso
foi prorrogado, usando expressões como “não tenho a
informação suficiente”. Mas é importante ser explícito
sobre a informação requerida para realizar o compromisso
adquirido;
• Separar claramente o processo de pensar em
grupo (“chuva de idéias”) para estudar possibilidades, do
processo de decidir conjuntamente quais compromissos
serão adotados por ambas as partes;
• Quando estiver pronto para assumir compromissos,
é necessário ser claro sobre seu conteúdo, a distribuição
de responsabilidades, prazos e datas, custos, etc.
Se no processo de negociação a conduta da outra
pessoa está interferindo com a habilidade para se centrar
no conteúdo da negociação e tratá-la efetivamente,
então será preferível deixar de negociar. Será necessário
negociar primeiro como serão tratadas as partes (o
relacionamento). Abertamente é necessário deixar de
lado os temas substanciais para gerenciar os prazos e o
processo propriamente dito.
CURSO AVANÇADO
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ANOTAÇÕES
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CURSO AVANÇADO
ESCOTEIROS DO BRASIL
UNIDADE DIDÁTICA | CURSO AVANÇADO - ESCOTISTA
EDUCAÇÃO PELO AMOR SUBSTITUINDO A EDUCAÇÃO PELO TEMOR
Duração
60 minutos
Objetivos Gerais
Entender como funciona a Disciplina Consciente Escoteira
Objetivos Específicos
Perceber que a boa aplicação do Método Escoteiro contribui para uma boa disciplina
consciente na seção.
Conteúdo
Porque as crianças cometem indisciplina
Utilizando o Método Escoteiro para combater a indisciplina
Valorizando os pontos positivos dos jovens
Material
Uma cópia do Estudo de Casos – Homens e Ratos
PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO
Tempo (minutos)
Tema
Metodologia
30
Estudo de Caso – Homens e Ratos
TG
30
Apresentação sobre a Disciplina Consciente Escoteira
PL
PL = Palestra
TG = Trabalho em Grupo
DD = Discussão Dirigida
DM = Demonstração
DETALHAMENTO DA METODOLOGIA
1 - Em grupos os alunos vão discutir o texto os Homens e Ratos ( Anexo 1), então após o grupo externar o que acha
que aconteceu na experiência , o formador diz o que aconteceu e faz uma correlação do resultado da experiência
com o comportamento dos nossos jovens
2 - O formador fará uma apresentação sobre a Disciplina Escoteira que deve ser assumida e vivida livremente ,
ressaltando que a aplicação eficaz do Método Escoteiro contribui com a disciplina nas Seções.
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
Manual do Escotista do Ramo Lobinho
Manual do Escotista do Ramo Escoteiro
Manual do Escotista do Ramo Sênior
Manual do Escotista do Ramo Pioneiro
O Segredo das Crianças Felizes – Steve Biddulph
Educação Pelo Amor Substituindo a Educação pelo Temor
ESCOTEIROS DO BRASIL
CURSO AVANÇADO
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ANEXO 1 | CURSO AVANÇADO - ESCOTISTA
RATOS E HOMENS
Em uma experiência ratos eram colocadas em
uma gaiola especial, com água, comida e uma pequena
alavanca. Eles comiam, bebiam e eventualmente se
faziam a mesma pergunta que você esta fazendo: “Para
que serve a alavanca?”. Eles a pressionaram (sendo como
crianças pequenas, eles queriam experimentar tudo) e,
para a surpresa deles, uma pequena janela se abriu na
gaiola, mostrando um filme que estava sendo mostrado
na parede de fora. Talvez fosse um filme do Mickey Mouse
– eu não sei! A janela logo se fechava e o rato tinha que
pressionar a alavanca novamente para assistir mais um
pouco.
Os ratos estavam dispostos a trabalhar muito
apertando a alavanca para poder continuar vendo o
filme, o que nos leva à teoria um: criaturas inteligentes
(como ratos e crianças) gostam de ter alguma coisa
interessante para fazer. Isso ajuda a desenvolver os seus
cérebros.
Os pesquisadores então colocaram os ratos em uma
gaiola diferente, com água e comida, mas sem alavanca
e sem janela. Os ratos ficaram contentes por um tempo,
mas então começaram a se comportar mal! Eles roíam as
paredes, brigavam uns com ou outros, arrancavam os seus
pêlos e geralmente se comportavam como maus ratos, o
que nos leva à teoria dois: criaturas inteligentes (como
ratos e crianças) farão qualquer coisa para evitar que se
sintam entediados, inclusive coisas que chamamos de
tolas ou destrutivas.
ESCOTEIROS DO BRASIL
Finalmente os pesquisadores foram realmente
cruéis. Eles tentaram uma gaiola com água e comida e
com pequenos arames colocados pelo chão, ligados à
uma bateria. De vez em quando mandavam um choque
pelo arame, o suficiente para que as pequenas criaturas
sentissem mas não se machucassem (agora você entende
porque não usaram crianças).
E então o momento excitante chegou. Os ratos
foram tirados da gaiola, sendo lhes dada a oportunidade
de escolher para qual preferiam volta.
Tente adivinhar qual foi a primeira escolha dos ratos,
a segunda e assim por diante. Aqui estão elas mais uma
vez.
• Gaiola com água , comida e filme;
• Gaiola com água e comida
• Gaiola com água, comida e choques inesperados.
Resposta do experimento – Os Ratos preferiram
os filmes acima de tudo , a segunda escolha foi muito
interessante , eles preferiram a gaiola com choque e não
aquela que só tinha água e comida . Isto leva a uma teoria
interessante – ratos ou crianças preferem que coisas ruins
aconteçam a não acontecer nada.
CURSO AVANÇADO
217
ORDEM E DISCIPLINA DEVEM SER ASSUMIDAS E VIVIDAS LIVREMENTE
No Movimento Escoteiro, ordem e disciplina não se
impõem nem se forçam, não se utiliza violência física ou
psicológica, assim como a aplicação de qualquer sanção
ou repreensão que prejudique ou humilhe o jovem ,
diante dos demais ou de si mesmo.
No Movimento Escoteiro a ordem e a disciplina são
assumidas e praticadas porque isso é uma decorrência
natural da vida comum, das próprias atividades e da
vivência espontânea da
Lei e da Promessa. A riqueza da vida de grupo
proporciona um ambiente favorável às relações próximas,
espontâneas e respeitosas.
O programa de atividades decidido pelos próprios
jovens é tão atraente e exige tanta atenção para “fazer o
que deve ser feito” que não sobra tempo para “fazer o que
não deve ser feito”. É por isso que dizemos que a ordem e
a disciplina são assumidas e vividas livremente.
Comportamentos inadequados devem ser discutidos
na seção para que as crianças e jovens pensem em
alternativas que possam promover a solução dos conflitos
e o estabelecimento de um clima harmônico e produtivo
que os leve ao crescimento pessoal e da Alcateia, Tropa
ou Clã.
Se, apesar de tudo isso, o espírito que anima a
seção não se manifesta pela disciplina espontânea e
livremente aceita, talvez fosse o caso de estabelecer,
temporariamente algumas normas. Nesse caso, é preciso
considerar o seguinte:
A equipe de escotistas deve fazer com que os
próprios jovens proponham as normas. Se os escotistas
sugerem algumas, devem se assegurar de que jovens
entendam sua razão de ser. De qualquer forma, as
normas devem ser estabelecidas de comum acordo entre
escotistas e jovens. Uma vez fixadas às regras, os escotistas
se asseguram de que todos as entenderam claramente, as
recordam de tempos em tempos e, a cada nova admissão,
as transmitem em linguagem simples aos que ingressam
na Seção
ESCOTEIROS DO BRASIL
Não é conveniente deixar que o ambiente se torne
permissivo, a pretexto de manter boas relações. Acatar a
ordem e a disciplina não deve ser uma opção individual.
Entretanto, nunca devemos esquecer que crianças são
crianças, e que a maioria de suas reações e formas de
comportamento é própria da idade, não constituindo
violações deliberadas das normas. Por mais grave que nos
pareça uma falta, nunca devemos perder a paciência ou
agir impulsivamente.
Nos casos em que seja inevitável chamar a atenção
de um criança ou jovem para uma conduta pouco
apropriada, o melhor caminho é o diálogo, explicando
claramente, com bondade e com firmeza, a importância de
viver de acordo com as regras, para que todos possam ser
felizes e para que se preserve a da seção. Nenhum jovem
deve ser repreendido em público pelo descumprimento
de uma norma, nem receber o cumprimento de tarefas
rotineiras como punição por alguma conduta inadequada.
Mesmo quando essas tarefas pareçam desagradáveis a
alguns lobinhos, devem ser vistas como uma contribuição
voluntária a serviço do bem estar comum, e não como um
castigo reservado aos que se comportam mal.
Por trás de uma conduta inadequada que se repete
ou persiste, há sempre uma causa que a desencadeia. Por
isso, o diálogo com o jovem deve buscar a causa, mais do
que corrigir a conduta.
Devemos recordar a todo o momento que somos
“irmãos mais velhos” que queremos o melhor para
nossos irmãos mais novos e que, por isso, os orientamos,
protegemos e corrigimos sem castigar.
Logo que a riqueza da vida de grupo torne
desnecessária a existência de normas preestabelecidas,
os escotistas deixarão de mencioná-las e retornarão à
regulamentação espontânea, como já se descreveu.
CURSO AVANÇADO
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ANOTAÇÕES
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CURSO AVANÇADO
ESCOTEIROS DO BRASIL
CANCIONEIRO
BRILHA A FOGUEIRA
(https://www.youtube.com/watch?v=jtE3HWGxmhY&list=P
L5765FD7FC974AFD6&index=9 )
Brilha a fogueira, ao pé do acampamento
Para alegria não há melhor momento,
Velhos amigos não perdem a ocasião,
De reunidos cantarem esta canção:
Hei, sto-do-la, sto-do-la, sto-do-la pum-pa,
Sto-do-la pum-pa, sto-do-la pum-pa-pum-pa-pum (2x)
Quando se talha la bela polenta, la bela polenta,
Se talha cosi, se planta cosi, se cresce cosi,
se flora cosi, se talha cosi?
(Refrão)
Quando se moe la bela polenta, la bela polenta,
Se moe cosi, e planta cosi, se cresce cosi,
se flora cosi, se talha cosi, se moe cosi?
(Refrão)
No acampamento o que faz um escoteiro?
Muito trabalho durante o dia inteiro,
Mas quando a noite já traz a escuridão,
Acenda o fogo e cante esta canção:
Hei, sto-do-la, sto-do-la, sto-do-la pum-pa,
Sto-do-la pum-pa, sto-do-la pum-pa-pum-pa-pum (2x)
Quando cose la bela polenta, la bela polenta,
Se cose cosi, se planta cosi, se cresce cosi,
se flora cosi, se talha cosi, se moe cosi,
se cose cosi?
(Refrão)
Sugestão: Em “stodola” bater cada vez com as mãos, em
“pumpa”, no entanto bater nos joelhos.
LA BELA POLENTA
Quando se manja la bela polenta, la bela polenta,
Se manja cosi, se planta cosi, se cresce cosi,
se flora cosi.Se talha cosi, se moe cosi,
se cose cosi, se manja cosi?
(https://www.youtube.com/watch?v=vzZTRPKWwcE)
(Refrão)
Quando se planta la bela polenta, la bela polenta,
Se planta cosi. Se planta cosi?
(Refrão)
Oh!, oh!, oh!, bela polenta cossi.
Tcha - tcha - bum.
Tcha - tcha - bum.
Tcha - tcha - bum.
Quando se gusta la bela polenta, la bela polenta,
Se gusta cosi, se planta cosi, se cresce cosi,
se flora cosi, se talha cosi, se moe cosi, se cose cosi,
se manja cosi, se gusta cosi?
(Refrão)
Quando se cresce la bela polenta, la bela polenta,
Se cresce cosi, se planta cosi, se cresce cosi?
Quando se enche la bela paciência, la bela paciência,
Se perde cosi, se planta cosi, se cresce cosi,
se flora cosi, se talha cosi, se moe cosi,
se cose cosi, se manja cosi, se gusta cosi.
(Refrão)
Oh! Oh! Oh! Haja paciência cossi!
Quando se flora la bela polenta, la bela polenta,
Se flora cosi, se planta cosi, se cresce cosi,
se flora cosi?
Tcha - tcha - bum.
Tcha - tcha - bum.
Tcha - tcha - bum.
(Refrão)
ESCOTEIROS DO BRASIL
CURSO AVANÇADO
221
KUMBAYAH
(https://www.youtube.com/watch?v=rmMd9ESu0qs)
Kumbayah Senhor, Kumbayah
Kumbayah Senhor, Kumbayah
Kumbayah Senhor, Kumbayah
Senhor, Kumbayah.
Alguém chora aqui, Kumbayah
Alguém chora aqui, Kumbayah
Alguém chora aqui, Kumbayah
Senhor, Kumbayah.
Alguém rí aqui, Kumbayah
Alguém rí aqui, Kumbayah
Alguém rí aqui, Kumbayah
Senhor, Kumbayah.
Alguém reza aqui, Kumbayah
Alguém reza aqui, Kumbayah
Alguém reza aqui, Kumbayah
Senhor, Kumbayah.
Alguém canta aqui, Kumbayah
Alguém canta aqui, Kumbayah
Alguém canta aqui, Kumbayah
Senhor, Kumbayah.
ALABUM, TIKABUM
(https://www.youtube.com/watch?v=f9HRxTg-mxo)
Alabum, tikabum
Alabum, tikabum
Alabum, tikauaka,
tikauaca, tikabum
Ahã
Oh yes
Mais uma vez...
(bem alto, bem baixo, bem fino,etc.)
222
CURSO AVANÇADO
ESCOTEIROS DO BRASIL
CONTRIBUÍRAM NA ELABORAÇÃO DESTE MATERIAL
Ailton Carlos Santos
Alessandro Garcia Vieira
André Luiz Corrêa Gomes
André Luiz Assi
Ângelo Ernesto
Antônio César Oliveira
Carmen V. C. Barreira
Daniel Hackbart
Fábio Conde
Felipe de Paulo
Fernando Brodeschi
Hugo Sales
Ilka Denise Gallego
Juliana Oliveto
Leonardo Weihrauch
Líria Romero Dutra
Luiz César de Simas Horn
Luíza Flávia Almeida
Marcos Carvalho
Maria Soares
Marjorie Friedrich
Megumi Tokudome
Paulo Cabello
Renato Eugênio
Ricardo Kontz
Rodrigo Valentim
Rogério Assunção
Rubem Suffert
Rubem Tadeu Cordeiro Perlingeiro
Sônia Jorge
Theodomiro Rodrigues
Vitor Augusto Gay
Wilham Bonalume
2014
União dos Escoteiros do Brasil - Escritório Nacional
Rua Coronel Dulcídio, 2107 - Água Verde
CEP 80250-100 | Curitiba | Paraná
Tel.: 41. 3253 4732 | Fax: 41. 3353-4733
www.escoteiros.org.br

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