Março de 2007 - res.ldschurch.eu

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Março de 2007 - res.ldschurch.eu
A Liahona
A IGREJA DE JESUS CRISTO DOS SANTOS DOS ÚLTIMOS DIAS • MARÇO DE 2007
Pregar Meu Evangelho:
Como Preparar-se
Março de 2007 Vol. 60 Nº. 3
A LIAHONA 00783 059
Publicação oficial em português d’A Igreja de Jesus Cristo
dos Santos dos Últimos Dias
A Primeira Presidência: Gordon B. Hinckley,
Thomas S. Monson, James E. Faust
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Jeffrey R. Holland, Henry B. Eyring, Dieter F. Uchtdorf,
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tcheco, télugo, tonganês, ucraniano, urdu e vietnamita.
(A periodicidade varia de uma língua para outra.)
A LIAHONA, MARÇO DE 2007
P A R A O S A D U LT O S
2
25
26
32
41
44
48
Mensagem da Primeira Presidência:
O Dom da Compaixão
Presidente Thomas S. Monson
Mensagem das Professoras Visitantes:
Tornar-se um Instrumento nas Mãos
de Deus, Ouvindo e Seguindo os
Sussurros do Espírito
O Aprimoramento Pessoal, Familiar
e Doméstico no Mundo Inteiro
Connie D. Cannon
Ter Fé em que o Senhor Fará as
Coisas no Seu Devido Tempo
Catherine Edwards
Lições do Novo Testamento:
Jesus Cristo, o Pão da Vida
Élder Won Yong Ko
Vozes da Igreja
Correspondentes e Referências
Brittany Jones Beahm
Nunca É Tarde Demais
Sylvia de Moscui Maldonado
Falar a Língua do Espírito
Sergio Adrián López
A Primeira de Muitas Almas
Norie Tsubaki Murae
Comentários
26 O Aprimoramento Pessoal,
Familiar e Doméstico no
Mundo Inteiro
IDÉIAS PARA A NOITE FAMILIAR
Estas idéias podem ajudá-lo a
usar esta edição d’A Liahona
para reforçar seu ensino
tanto na sala de aula
como em casa.
“Como Preparar-se
para Ser um Bom
Missionário”,
p. 10.
Com antecedência,
distribua uma pergunta do artigo
para cada membro da família.
Peça-lhes que estudem a resposta
que o Élder Ballard deu para a
sua pergunta e que cada um venha
preparado para transmitir essa
resposta à família. Testifique a
respeito da grande alegria que
advém de servir ao Senhor como
missionário.
“Se aos 19 Anos Eu
Soubesse...”, p. 38. Fale sobre
as quatro sugestões feitas aos
missionários e coloque em
discussão os princípios
envolvidos. Proponha
uma dramatização
(teatrinho) das maneiras como
essas sugestões podem ser usadas
na escola, no trabalho ou em outras
áreas da vida. Sugira aos membros
da família que cada um estabeleça a
meta de usar uma das sugestões
durante uma semana e, depois, conte
o que aconteceu como resultado.
22 Presentes pa
ra Trazer
para Casa
do Campo Mission
ário
O A M I G O : PA R A A S C R I A N Ç A S
A2
A4
16 Um Dia na Vida de um Missionário
A6
PA R A O S J O V E N S
9
10
16
22
36
38
Pôster: Centro de Treinamento Missionário
Como Preparar-se para Ser um Bom Missionário:
Entrevista com o Élder M. Russell Ballard
Um Dia na Vida de um Missionário Adam C. Olson
Presentes para Trazer do Campo Missionário
para Casa Presidente Gordon B. Hinckley
De Amigas para Irmãs e, de Irmãs, para
Companheiras Rebecca Mills Hume e Brad Wilcox
Se aos 19 Anos Eu Soubesse... Roger Terry
A8
A11
A12
A13
A14
A16
Vinde ao Profeta Escutar:
Ter Mais Disposição de Perdoar
Presidente Gordon B. Hinckley
Tempo de Compartilhar: Tentar, Tentar,
Tentar Elizabeth Ricks
Da Vida do Presidente Spencer W. Kimball:
Ler a Bíblia
Pulseirinhas da Amizade Jennifer Rose
O Morgan Honesto Vicki H. Budge
Página para Colorir
Testemunha Especial: Acabei
de Receber O Dom do Espírito
Santo. Como Posso Sentir a
Influência do Espírito em Minha
Vida? Presidente Boyd K. Packer
De um Amigo para Outro:
Amigos Missionários
Élder Gary J. Coleman
Tentar Ser como Jesus: Um Anel
do CTR na Sala da Diretora
A11 O Morgan
Rebeca F.
Honesto
Ao procurar o anel do CTR escondido
nesta edição, pense em como você pode
seguir o exemplo do Salvador, cumprindo
os mandamentos.
NA CAPA
Primeira Capa: Fotografia: Welden C. Andersen.
Última Capa: Fotografia: Craig Dimond.
CAPA DE O AMIGO
Fotografia: John Luke.
TÓPICOS DESTA EDIÇÃO
“Jesus Cristo, o Pão da Vida”,
p. 41. Deixe à mostra as escrituras e
um filão de pão. Pergunte à família:
“Como estas coisas podem nos
dar nutrição?” Leia as duas últimas
seções do artigo na revista. Testifique
a respeito do poder de Jesus Cristo
para nos nutrir espiritualmente.
“Pulseirinhas da Amizade”, p. A8.
Leia a história em voz alta. Peça aos
membros da família que, em pé,
façam um círculo e dêem as mãos.
Diga-lhes que, assim que sentirem a
mão esquerda ser levemente apertada, devem também apertar gentilmente a mão da pessoa que estiver
à sua direita. Explique-lhes que esses
suaves apertos nas mãos simbolizam
atos de bondade. Proponha que os
membros da família sempre sejam
bondosos e façam atos de bondade
uns aos outros.
“Amigos Missionários”, p. A14.
Peça aos filhos que descrevam uma
ocasião em que freqüentaram a
Primária em uma ala ou ramo diferente. Como se sentiram? O que eles
podem fazer, para que, se receberem visitantes na Primária, estes se
sintam bem-vindos e à vontade? Faça
etiquetas missionárias juniores, para
que sejam usadas durante a noite
familiar como um lembrete de sempre serem acolhedores e bondosos.
A = O Amigo
Honestidade, A11
Amizade, 36, A8
Jesus Cristo, 2, 41
Amor, 22
Livro de Mórmon, 45, 46
Aprimoramento pessoal,
Mestre Familiar, 8
familiar e doméstico, 26
Milagres, 2, 38, 41
Arbítrio, 32, A4
Noite familiar, 1
Auto-suficiência, 10
Obediência, 32, A4
Batismo, 36, 46
Obra missionária, 16, 44,
Bondade, 2, A8, A14
45, 46, 47, A14, A16
Casamento, 32
Perdão, A2, A8
Compaixão, 2, 41
Pesar, 2
Companheiros missionários,
Preparação missionária,
9, 10, 22, 36, 38
36, 38, 44
Confiança, 32
Primária, A4
Conhecimento, 22
Professoras visitantes, 25
Dons espirituais, 22
Serviço, 2
Ensino, 1
Sociedade de Socorro, 26
Espírito Santo, 22, 25, A13
Templos, 2
Expiação, A2
Trabalho, 10, 22
Finanças, 26
Vida eterna, 41
A LIAHONA MARÇO DE 2007
1
MENSAGEM DA PRIMEIRA PRESIDÊNCIA
O Dom da
Compaixão
P R E S I D E N T E T H O M A S S. M O N S O N
Primeiro Conselheiro na Primeira Presidência
O BOM SAMARITANO, DE WALTER RANE, CORTESIA DO MUSEU DE HISTÓRIA E ARTE DA IGREJA; FOTOGRAFIA: BUSATH PHOTOGRAPHY
H
á poucos anos, tive a oportunidade
de presidir uma conferência regional em Oklahoma City, Oklahoma.
Enquanto desfrutava o doce espírito que
reinava na conferência e a maravilhosa
hospitalidade das pessoas, refleti sobre
como o espírito de ajuda compassiva da
comunidade havia sido testado ao extremo
em 19 de abril de 1995. Naquele dia, uma
bomba colocada por um terrorista destruiu
o Edifício Federal Alfred P. Murrah, no centro de Oklahoma City, causando a morte de
168 pessoas e ferindo inúmeras outras.
Depois da conferência naquela cidade,
levaram-me para conhecer o monumento,
belo e simbólico, que se ergue na área onde
ficava o edifício Murrah. Era um dia sombrio
e chuvoso, o que parecia realçar a dor e
o sofrimento do que lá ocorrera. O monumento tem um lago artificial de 130 metros,
um enorme espelho d’água. Em um dos
lados, encontram-se 168 cadeiras feitas de
vidro e granito, em homenagem a cada uma
das pessoas que lá morreram. Elas foram
colocadas, até onde é possível se determinar, no lugar em que os corpos foram
encontrados.
No lado oposto, em uma pequena elevação,
encontra-se um velho olmo americano — a
única árvore a sobreviver à destruição. Ela é
chamada adequada e carinhosamente de “A
Árvore Sobrevivente”. Em nobre esplendor,
homenageia os sobreviventes da terrível
explosão.
Meu anfitrião chamou-me a atenção
para a inscrição colocada sobre o portão
do monumento:
Aqui viemos para recordar os que foram
mortos, os que sobreviveram e os que
se mudaram para sempre.
Que todos os que vierem a este local
sintam o impacto da violência.
Que este monumento traga consolo,
força, paz, esperança e serenidade.
Então, com lágrimas nos olhos e a voz
embargada, ele declarou: “Esta comunidade,
todas as suas igrejas e seus cidadãos se uniram. Nosso pesar tornou-nos fortes. Unimonos em espírito”.
Chegamos à conclusão de que a melhor
palavra para descrever o que ocorrera era
compaixão. Meus pensamentos voltaram-se
para o musical Camelot, escrito por Alan
Jay Lerner e inspirado no romance de T. H.
White. O Rei Arthur, em seu sonho por um
mundo melhor e por melhores relacionamentos entre as pessoas, disse, ao vislumbrar
“Mas um samaritano (...) moveu-se
de íntima compaixão, (...) atou-lhe
as feridas (...),
levou-o para uma
estalagem, e cuidou
dele.” Tal como o
fez naquela época,
Jesus nos diria hoje:
“Vai, e faze da
mesma maneira”.
A LIAHONA MARÇO DE 2007
3
E de igual modo também um levita, chegando àquele
lugar, e, vendo-o, passou de largo.
Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé
dele e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão;
Força na Compaixão
E, aproximando-se, atou-lhe as feridas,
Um relato emocionante que ilustra
deitando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o
essa declaração encontra-se no Velho
sobre a sua cavalgadura, levou-o para
Testamento da Bíblia Sagrada. José era
uma estalagem, e cuidou dele;
amado de modo especial pelo pai,
E, partindo no outro dia, tirou
Jacó, o que suscitou ressentimento
dois dinheiros, e deu-os ao hospee ciúmes nos irmãos. Seguiu-se uma
deiro, e disse-lhe: Cuida dele; e tudo
conspiração para matar José, em que
o que de mais gastares eu to pagarei
o lançaram numa cova profunda sem
quando voltar”.
comida nem água. José foi tirado da
Bem que a pergunta do Salvador
cova por uma caravana de mercadores,
poderia ser feita a cada um de nós:
foi vendido por vinte moedas de prata e
“Qual, pois, destes três te parece que foi
acabou sendo levado para a casa de Potifar,
o próximo daquele que caiu nas mãos dos
no Egito. Lá José prosperou, pois “o Senhor
salteadores?”
estava com José”.1
José poderia ter sido
Sem dúvida, nossa resposta seria: “O que
cruel com eles devido
Depois dos anos de abundância, seguiramusou de misericórdia para com ele”.
ao tratamento duro e
se os anos de fome. Durante esse último
Aí então Jesus nos diria: “Vai, e faze da
desumano que recebera
período, quando os irmãos de José foram
anteriormente. Contudo, mesma maneira”.3
ao Egito para comprar trigo, foram abençoados por esse homem influente no Egito
foi bondoso e gentil
Jesus deu-nos muitos exemplos de envol— seu próprio irmão. José poderia ter sido
para com eles.
vimento compassivo: o homem enfermo
cruel com eles devido ao tratamento duro
no tanque de Betesda; a mulher apanhada
e desumano que recebera anteriormente. Contudo, foi
em adultério; a mulher na fonte de Jacó; a filha de Jairo;
bondoso e gentil e conquistou sua confiança e apoio
Lázaro, o irmão de Maria e Marta — cada um deles era
com estas palavras e ações:
como o homem ferido na estrada de Jericó. Todos precisa“Agora, pois, não vos entristeçais, nem vos pese aos vosvam de ajuda.
sos olhos por me haverdes vendido para cá; porque para
Ao enfermo de Betesda Jesus disse: “Levanta-te, toma
conservação da vida, Deus me enviou adiante de vós. (...)
o teu leito, e anda”.4 Para a pecadora veio o conselho:
Pelo que Deus me enviou adiante de vós, para conser“Vai-te, e não peques mais”.5 Para ajudar aquela que foi
var vossa sucessão na terra, e para guardar-vos em vida por
tirar água do poço, Ele ofereceu uma fonte de água, que
um grande livramento.”2
saltava para a vida eterna.6 Para a filha de Jairo que estava
morta veio a ordem: “Menina, a ti te digo, levanta-te”.7 E
José exemplificou a sublime virtude da compaixão.
No meridiano dos tempos, quando Jesus caminhou
para Lázaro, no sepulcro: “Sai para fora”.8
pelos caminhos poeirentos da Terra Santa, sempre recorria
O Salvador sempre demonstrou uma capacidade ilimia parábolas.
tada para a compaixão.
Ele disse: “Descia um homem de Jerusalém para Jericó,
No continente americano, Jesus apareceu a uma multie caiu nas mãos dos salteadores, os quais o despojaram, e
dão e disse:
espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto.
“Tendes enfermos entre vós? Trazei-os aqui. Há entre
E, ocasionalmente descia pelo mesmo caminho certo
vós coxos ou cegos ou aleijados ou mutilados ou leprosos
sacerdote; e, vendo-o, passou de largo.
ou atrofiados ou surdos ou pessoas que estejam aflitas de
4
JOSÉ DO EGITO, DE MICHAEL T. MALM; A MULHER APANHADA EM ADULTÉRIO, DE HARRY ANDERSON, CORTESIA DA IGREJA ADVENTISTA DO SÉTIMO DIA, CÓPIA PROIBIDA
o propósito da távola redonda: “A violência não é força
e a compaixão não é fraqueza”.
algum modo? Trazei-os aqui e eu os curarei,
porque tenho compaixão de vós (...).
E ele curou a todos”.9
Nossa Estrada para Jericó
Alguém poderia fazer a instigante pergunta: Esses relatos dizem respeito ao
Salvador do mundo. Será que uma experiência de tal valor pode, de fato, ocorrer
em minha vida, em minha própria estrada
de Jericó?
Expresso minha resposta com as
palavras do Mestre: “Vinde, e vede”.10
Não temos como saber quando o privilégio de oferecer ajuda surgirá diante de nós.
A estrada de Jericó que cada um de nós percorre não tem nome e o viajante fatigado
que talvez precise de nossa ajuda poderá
ser um estranho.
Uma gratidão autêntica foi expressada
pelo autor de uma carta recebida há algum
tempo na sede da Igreja. Não havia endereço
nem remetente, mas o carimbo do correio era de Portland, Oregon:
“Ao Escritório da
Primeira Presidência:
J
esus deu-nos
muitos exemplos de envolvimento compassivo:
o homem enfermo no
tanque de Betesda;
a mulher apanhada
em adultério; a
mulher na fonte de
Jacó; a filha de Jairo;
Lázaro, o irmão de
Maria e Marta —
todos precisavam
de ajuda.
Salt Lake City demonstrou-me uma hospitalidade cristã durante os anos em que vaguei
errante.
Em uma viagem de ônibus atravessando o
país rumo à Califórnia, desci no terminal de
Salt Lake City doente e trêmulo, devido a
uma insônia grave causada pela falta de um
medicamento de que precisava. Em minha
saída apressada de Boston, fugindo de uma
situação desagradável, esquecera completamente o remédio.
Sentei-me deprimido no restaurante da
Praça do Templo. Com o canto dos olhos,
vi um casal aproximar-se de minha
mesa. ‘Meu jovem, você está
sentindo-se bem?’ perguntoume a mulher. Endireitei-me na
cadeira, chorando e um pouco
chocado, contei-lhes minha história e a dificuldade pela qual passava. Eles escutaram
atenta e pacientemente minhas explicações
quase que incoerentes e, então, assumiram
o controle. Conversaram com o gerente do
restaurante e disseram-me que eu poderia
comer lá, por cinco dias, tudo o que quisesse. Levaram-me para a recepção do hotel
e reservaram-me um quarto por cinco dias.
Então, levaram-me a
uma clínica e
providenciaram para
ILUSTRADO POR MICHAEL T. MALM
S
entei-me
deprimido.
Com o canto
dos olhos, vi um
casal aproximar-se
de minha mesa.
‘Meu jovem, você
está sentindo-se
bem?’ perguntou-me
a mulher.”
“
e acompanhava-me até a sala onde vários pacientes
que eu recebesse a medicação de que necessitava —
ficavam.
tudo de que eu precisava para minha sanidade mental
Sempre tinha que começar por Jeannie Burt, que era
e conforto.
a mais idosa — 102 anos de idade quando faleceu.
Enquanto me recuperava e readquiria as forças,
Ela conhecia a mim e à minha família desde
decidi ir aos recitais diários de órgão no
que nasci.
Tabernáculo. Os tons celestiais daquele
Certa ocasião, Jeannie perguntouinstrumento variando desde o mais
me com seu forte sotaque escocês:
suave até o mais majestoso, são os
“Tommy, você esteve recentemente
sons mais sublimes que jamais ouvi.
em Edimburgo?”
Comprei discos e fitas do órgão e
Eu repliquei: “Sim, estive lá há não
do Coro do Tabernáculo, que posso
muito tempo”.
usar a qualquer hora para acalmar e
“Ela é linda!” declarava ela.
elevar uma alma desanimada.
Jeannie fechava os olhos como
No último dia em que estive no
quem estivesse sonhando calmamente.
hotel, antes de reiniciar minha jornada,
Então ficava séria. “Já paguei pelo meu
entreguei a chave e lá havia uma mensagem
enterro — em dinheiro. Você deve falar
do casal para mim: ‘Pague-nos demonsna cerimônia e declamar ‘Atravessando o
trando bondade a alguma alma atribulada
Dou meus
Banco de Areia’ de Tennyson. Vamos lá,
ao longo de sua vida’. Esse era meu hábito,
cumprimentos àqueles
quero ouvi-lo!”
mas decidi que seria mais atento para
que, com cuidado
Parecia que todos os olhos se voltavam
encontrar alguém que precisasse de um
amoroso e atenção
para mim e, certamente, era o que aconteestímulo na vida.
compassiva, alimentam
cia. E eu começava:
Desejo-lhes tudo de bom. Não sei se
os famintos, vestem
estes são, de fato, os ‘últimos dias’ mencioos nus e acolhem os
Estrela do poente e da noite,
nados nas escrituras, mas sei que dois
desabrigados. Aquele
E um claro chamado para mim!
membros de sua igreja foram santos para
que percebe até a queda
Que não haja nenhum lamento no
mim durante minhas horas desesperadas
de um pardal não
banco de areia,
de necessidade. Achei que talvez quisesdeixará de reconhecer
Quando ao mar eu me lançar por fim.11
sem saber disso.”
tal serviço.
Que grande exemplo de amor e
O sorriso de Jeannie era doce e celestial
compaixão.
— então declarou: “Ó, Tommy, muito bem. Mas trate de
praticar um pouquinho mais antes do meu enterro!” Foi
o que fiz.
Para os Necessitados
Em alguma parte de nossa missão mortal, há momentos
Em um asilo particular de idosos, a compaixão era a
em que tropeçamos, momentos em que nosso sorriso é
regra. A proprietária era Edna Hewlett. Havia até uma
triste, momentos em que enfrentamos dores e enfermilista de espera de pacientes que queriam passar os últidades — o final do verão, a chegada do outono, o frio do
mos dias de vida sob seus ternos cuidados, pois era uma
inverno e a experiência a que damos o nome de morte e
pessoa angelical. Ela lavava e penteava o cabelo de cada
que sobrevém a toda a humanidade. Vem para os idosos
paciente. Dava banho naqueles corpos cansados e vestiaque caminham vacilantes. Seu chamado é ouvido por aqueos com roupas limpas e alegres.
les que mal atingiram a metade da jornada da vida e muitas
Durante os anos em que visitei as viúvas da ala em
vezes silencia o riso de criancinhas.
que era bispo, geralmente começava as visitas pelo
Pelo mundo todo, vê-se a cena diária de entes queridos
asilo de Edna. Ela me recebia com um sorriso jovial
A LIAHONA MARÇO DE 2007
7
pranteando ao despedirem-se de um filho, filha, irmão,
irmã, mãe, pai ou amigo querido.
Na cruz impiedosa, as doces palavras de despedida do
Salvador para Sua mãe são particularmente tocantes:
“Ora Jesus, vendo ali sua mãe, e que o discípulo a quem
ele amava estava presente, disse a sua mãe: Mulher, eis aí o
teu filho.
Depois disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E desde
aquela hora o discípulo a recebeu em sua casa.”12
Lembremos que depois do enterro as flores murcham,
as palavras de conforto dos amigos tornam-se recordações e as orações e mensagens tendem a desvanecer-se
nos corredores da mente. Muitas vezes, os que sofrem
vêem-se sozinhos, com saudades do riso das crianças, da
agitação dos adolescentes e do cuidado carinhoso e doce
do companheiro que se foi. O relógio bate mais forte, o
tempo passa mais lentamente e as quatro paredes se tornam uma prisão.
Dou meus cumprimentos àqueles que, com cuidado
amoroso e atenção compassiva, alimentam os famintos,
vestem os nus e acolhem os desabrigados. Aquele que
percebe até a queda de um pardal não deixará de reconhecer tal serviço.
Refúgios de Paz
Devido a Sua compaixão e de acordo com Seu plano
divino, os templos sagrados trazem aos filhos do nosso
Pai a paz que excede todo entendimento.
Sob a liderança do Presidente Gordon B. Hinckley,
o número de templos construídos e em construção é
assombroso só de se pensar. O cuidado compassivo do
Pai Celestial por Seus filhos aqui na Terra e por aqueles
que já passaram pela mortalidade merece nossa gratidão.
Graças demos ao Senhor e Salvador Jesus Cristo por
Sua vida, por Seu evangelho, por Seu exemplo e por Sua
Expiação abençoada.
Volto em pensamento para a cidade de Oklahoma. Para
mim, não é mera coincidência que hoje um templo do
Senhor, com toda sua beleza, tenha sido erguido naquela
cidade, como um farol do céu para indicar o caminho da
alegria aqui na Terra e da vida eterna no futuro. Lembremonos das palavras dos Salmos: “O choro pode durar uma
noite, mas a alegria vem pela manhã”.13
8
De uma forma muito real, o Mestre fala a nós: “Eis
que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz,
e abrir a porta, entrarei em sua casa”.14
Estejamos atentos para escutar quando Ele bater.
Que possamos abrir as portas do nosso coração, para
que Ele — o exemplo vivo da verdadeira compaixão
— entre. ■
NOTAS
1. Gênesis 39:2.
2. Gênesis 45:5, 7.
3. Ver Lucas 10:30–37.
4. João 5:8.
5. João 8:11.
6. Ver João 4:14.
7. Marcos 5:41.
8. João 11:43.
9. 3 Néfi 17:7, 9.
10. João 1:39.
11. Versos 1–4.
12. João 19:26–27.
13. Salmos 30:5.
14. Apocalipse 3:20.
IDÉIAS PARA OS MESTRES FAMILIARES
Depois de se preparar em espírito de oração, compartilhem esta mensagem, utilizando um método que incentive a
participação daqueles a quem vocês estiverem ensinando.
Seguem-se alguns exemplos:
1. Faça um coração de papel para cada membro da família. Ao contar os exemplos de compaixão da mensagem do
Presidente Monson, convide os membros da família a pensar
em pessoas necessitadas e em como poderiam expressar
compaixão por eles. Peça que escrevam suas idéias no
coração.
2. Conte vários exemplos de compaixão tirados do artigo.
Peça à família que pondere as seguintes perguntas: Quem é
meu próximo? Quem eu conheço que poderia ser abençoado
por minha compaixão? O que posso fazer para ajudar essa
pessoa? Quando posso começar? Conclua lendo os dois
parágrafos finais do artigo e desafie a família a ponderar
maneiras de colocar em ação um plano de compaixão.
3. Depois de contar alguns relatos do artigo, pergunte qual
é o tema comum. Mostre uma gravura do Salvador e preste
testemunho de Sua mão compassiva em sua própria vida.
Desafie os membros da família a se esforçarem para seguir
o exemplo do Salvador, oferecendo a dádiva da compaixão.
FOTOGRAFIA: STEVE BUNDERSON; COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS
CENTRO DE TREINAMENTO
MISSIONÁRIO
O TEMPO DE SE PREPARAR É AGORA. O LAR É ONDE TUDO COMEÇA.
(Ver D&C 38:40.)
A LIAHONA MARÇO DE 2007
9
Como
PREPARAR-SE
As revistas da Igreja perguntaram ao
Élder M. Russell Ballard, do Quórum dos
Doze Apóstolos, como os jovens podem preparar-se para uma missão de tempo integral e que bênçãos advêm desse serviço.
Por que a Igreja pede a todo rapaz digno
que sirva em uma missão?
Comprometase desde cedo
a servir em
uma missão.
Concentre-se
na tarefa de
tornar-se um
servo do
Senhor.
O maior encargo que o Senhor deu a Seu
povo foi o de compartilhar o evangelho com
os filhos de nosso Pai Celestial. Os missionários tiram as pessoas das trevas do mundo e
as conduzem para a segurança e luz do evangelho de Jesus Cristo. Encontrar, ensinar,
batizar e confirmar alguém que nunca dedicou muita atenção a Deus ou a Cristo e Seu
grandioso sacrifício expiatório é um dos
maiores serviços que um portador do sacerdócio pode prestar.
Conhecemos o propósito da vida. O restante do mundo não conhece. É responsabilidade de todo rapaz preparar-se para proclamar
essa mensagem ao mundo. É um trabalho
emocionante.
E as moças? Qual é a responsabilidade delas?
Uma missão de tempo
integral é totalmente adequada para uma moça, se
esse for seu desejo
e se ela for digna. Ao
receber o sacerdócio, o rapaz recebe também a obrigação de levar a mensagem da
Restauração ao mundo. As moças são convidadas a participar do trabalho missionário,
se isso for conveniente para a situação delas.
Se a moça tiver planos de se casar, este
chamado é mais importante para ela. No
entanto, as moças que têm condições de servir tornam-se grandes missionárias. São boas
professoras, têm empatia e podem relacionar-se especialmente bem com as mulheres.
Não creio que haja nenhum presidente de
missão no mundo que não ficaria entusiasmado por receber mais missionárias.
Como os rapazes e moças podem prepararse melhor para uma missão?
O ponto-chave é a atitude. Bem cedo na
vida os jovens precisam comprometer-se a
servir em uma missão. Desse modo, quando
ficarem mais velhos e começarem a enfrentar
algumas das tentações do mundo, haverá
menor probabilidade de que estas lhes
penetrem o coração ou a mente. Resistirão
melhor às tentações por estarem concentrados em tornar-se servos do Senhor. Será
muito útil se viverem num lar em que o
evangelho seja compartilhado. O espírito
missionário é desenvolvido em lares nos
quais os pais e os filhos compartilham o
evangelho uns com os outros.
EMBAIXO, À ESQUERDA: FOTOGRAFIAS: BRYAN GYGI E MICHAEL KAWASAKI; À DIREITA: FOTOGRAFIA: MATTHEW REIER, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS
para Ser um Bom Missionário
A LIAHONA MARÇO DE 2007 11
Digo sempre aos missionários novos que
eles precisam incutir em sua mente que os
18 ou 24 meses que passam na missão não
são deles. Esse tempo pertence ao Senhor.
Eles devem dedicar todos os seus talentos e
aptidões em tempo integral para ajudar a edificar o reino Dele. Quando pensam assim, os
missionários não têm problemas em seguir as
regras da missão. Não se opõem ao conselho
do presidente da missão, às diretrizes de
Pregar Meu Evangelho e ao conselho
das Autoridades Gerais. Aceitam esses
conselhos porque não querem desperdiçar nenhum minuto do tempo
do Senhor.
O que mais o missionário em perspectiva deve fazer para preparar-se?
Os missionários têm de compreender a doutrina e precisam
saber como compartilhá-la. Não
é possível tirar água de uma
fonte seca. Quando os missionários conhecem o evangelho
E quanto à preparação física, financeira
e emocional?
Os missionários precisam ser autosuficientes. Os jovens precisam aprender
a cuidar de si mesmos e não ser tão dependentes da mãe ou do pai.
Precisam ser capazes de lidar com as exigências físicas do trabalho missionário. Os
jovens devem controlar o peso e manter-se
FOTOGRAFIAS: ROBERT CASEY, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS
O
s missionários
precisam ser
auto-suficientes. Os jovens precisam aprender a
cuidar de si mesmos
e não ser tão dependentes da mãe ou
do pai.
e sabem como ensiná-lo, não querem fazer outra coisa. Sabem que
podem ensinar qualquer pessoa,
em qualquer lugar, a qualquer
momento, em qualquer situação,
usando suas próprias palavras,
juntamente com o poder do
Espírito. Têm autoconfiança e
força interior. Há muito vigor
nesse tipo de preparação.
Por esse motivo, incentivo
todo rapaz e toda moça a conhecer bem o manual Pregar Meu
Evangelho. Todo jovem tem a
obrigação de instruir-se e de
compreender por si mesmo as
doutrinas da Restauração. Essa
preparação é tão importante para
as moças quanto para os rapazes.
Quer a moça se case, quer sirva
em uma missão de tempo integral, o evangelho precisa fazer parte de sua vida.
Os jovens devem procurar saber o que
acontece no trabalho missionário. Seria útil,
se possível, que ajudassem os missionários
e sentissem como é trabalhar nessa obra.
Também recomendo que os jovens estudem e sigam as diretrizes de Para o Vigor
da Juventude. Os missionários precisam
estar moralmente limpos e espiritualmente
preparados. Se viverem os princípios de
Para o Vigor da Juventude, estarão espiritualmente preparados para ser grandes
missionários.
fisicamente aptos. A programação diária do missionário
inclui um programa de exercícios de 30 minutos por dia.
A boa forma física melhora a capacidade mental.
Os missionários em perspectiva precisam aprender a
trabalhar. Precisam ter um emprego e economizar para a
missão. Todo presidente de missão concordará comigo
que o jovem que trabalha, economiza e ajuda a pagar sua
missão parcial ou integralmente é um missionário mais
bem-preparado. Trabalhar e economizar para a missão
são coisas que geram entusiasmo pelo serviço e desenvolvem bons hábitos de trabalho. Pois o trabalho missionário é, além de tudo, trabalho!
Trabalhar na missão e ser responsável pela própria vida
são coisas que também ajudam emocionalmente os rapazes
e as moças. Eles têm dentro de si a certeza de que podem
ter sucesso em qualquer lugar para onde forem enviados
e em todas as circunstâncias. Sabem que são fortes o suficiente para lidar com qualquer assunto, em um mundo
que está cada vez menos interessado nas coisas de Deus.
Precisamos de missionários com esse tipo de autoconfiança.
E quanto ao aprendizado de outro idioma?
A maioria das escolas de nível médio exige o aprendizado de outro idioma, e os alunos devem esforçar-se
arduamente para isso. Pode ser que aprendam espanhol
e sejam enviados para Taiwan, mas isso não importa. É a
disciplina adquirida durante o aprendizado que realmente
importa. Depois de aprenderem outro idioma, será mais
fácil para eles aprender o idioma da missão para a qual
forem chamados.
Como esse chamado é determinado?
Em primeiro lugar, o bispo ou presidente do ramo
entrevista o rapaz ou a moça e emite uma recomendação. Depois, o presidente da estaca ou missão entrevista
o jovem. A maioria dos formulários de recomendação
para missionários são enviados eletronicamente para a
sede da Igreja. Uma fotografia acompanha a recomendação. Quando ela é recebida, um membro do Quórum
dos Doze Apóstolos vê a fotografia e analisa cuidadosamente a atitude do missionário em perspectiva, de
acordo com os comentários dos líderes locais do
E Se Você Não Puder Servir em uma Missão de Tempo Integral?
Os rapazes e moças com severas limitações mentais, emocionais ou físicas estão
liberados do serviço missionário de tempo
integral. Não devem sentir-se culpados por
isso. Eles são tão preciosos e importantes
para a Igreja quanto se fossem capazes de
ir para o campo missionário.
Embora não possam servir em tempo
integral, eles podem aproveitar todas as
oportunidades que tiverem de encontrar
e ajudar pessoas a filiarem-se à Igreja.
Podem ser membros missionários na
faculdade, no trabalho e na vizinhança.
Devem seguir adiante, ter uma vida maravilhosa e plena e ajudar a edificar o reino
onde quer que estejam. Nem todos
os Apóstolos que estão servindo hoje
puderam servir em uma missão de tempo
integral em sua juventude, alguns deles
porque foram obrigados a servir nas forças
armadas. Mas todos fizeram o trabalho
missionário. Todos trouxeram pessoas
para a Igreja.
Os líderes do sacerdócio são incentivados a ajudar todo rapaz e toda moça fiel e
digno(a) a servir. Esses jovens podem, por
exemplo, ajudar o bispo como missionários
de ala. Podem trabalhar no armazém do
bispo. Se morarem perto do templo, podem
servir de várias maneiras ali. Os líderes
do sacerdócio precisam apenas sugerir
os meios e, depois, encaminhá-los.
Élder M. Russell Ballard, do Quórum
dos Doze Apóstolos.
A LIAHONA MARÇO DE 2007 13
Por que alguns missionários são chamados para servir
em seu próprio país?
Asseguro-lhes de que os chamados são feitos por
revelação. Os missionários servem onde o Senhor deseja
que sirvam. Precisamos de missionários bons e capazes
em todas as missões. Digamos, por exemplo, que um
rapaz, líder estudantil, esteja morando na Virginia, nos
Estados Unidos.
Ele abre seu chamado para a missão e fica chocado
ao descobrir que
foi enviado para
Salt Lake City. Mas
não se passa muito
tempo até que
descubra exatamente por que o
Senhor o chamou
para servir ali.
O que você diria aos jovens que acham, por algum
motivo, que não têm tudo que é necessário para servir
em uma missão?
Em 2002, elevamos as exigências para o serviço missionário. Isso significa que os pré-requisitos de dignidade
para que alguém se torne missionário precisam ser compreendidos e colocados em prática pelos jovens desde
bem cedo. Eles precisam evitar os males do mundo.
Evidentemente, o arrependimento é possível, sendo uma
grande bênção. Mas os que caírem precisam se arrepender sincera e completamente, e isso leva tempo. Pode
ser necessária até uma liberação da Primeira Presidência
antes que possam servir. A elevação das exigências não
exclui ninguém; apenas exige um arrependimento mais
completo e, às vezes, mais difícil. Rogo aos jovens que não
tenham de fazer isso! Não se coloquem nessa situação.
14
Simplesmente se mantenham dignos de servir.
Pode ser que haja alguns jovens que se considerem
indignos ou incapazes de servir, apesar do que ouviram
de seu bispo ou presidente de ramo. Mas a verdade é
que os líderes do sacerdócio possuem as chaves da aprovação. Se os líderes do sacerdócio considerarem uma
pessoa digna de ser chamada, ela deve exercer fé nesse
chamado e servir ao Senhor com plena confiança de que
é digna e capaz.
Como o missionário recebe a capacidade espiritual
necessária para ser bem-sucedido?
Assim que chega ao campo, o missionário geralmente
carece de autoconfiança. Por isso, damos-lhe um bom
companheiro, e este o ensina a fazer o trabalho missionário. Em poucos meses, o missionário
está pleno do Espírito. Sente a grande
alegria daqueles que conduzem almas a
Cristo. Compreende que está ajudando
o Pai Celestial e o Salvador no grande
trabalho de redenção. Quando se dá
conta disso, sente-se entusiasmado.
Essa capacidade advém da obediência, da dedicação, do trabalho árduo e
do entusiasmo. Se os missionários não
forem obedientes, se não trabalharem
arduamente fazendo o melhor possível
a cada dia, não terão a mesma influência
que têm os que irradiam o espírito do evangelho.
Freqüentemente, perguntamos aos recém-conversos
quando foi que ficaram sabendo que a Igreja era verdadeira. Não é incomum que digam: “Soube que a Igreja
era verdadeira quando fui ensinado pelos élderes ou sísteres e senti a força de sua crença e vi o brilho no rosto
deles”. Se a pessoa não está ativa e avidamente engajada,
o Espírito não fortalecerá seu serviço missionário como
poderia, se estivesse.
Que bênçãos recebem os que servem em uma missão?
Os missionários dedicados que fazem o melhor possível
aprendem lições tão importantes quanto qualquer outra
coisa que poderiam aprender numa faculdade, ou até mais
importantes. Gostaria de dar um exemplo disso. Os missionários aprendem a se relacionar com as pessoas, a conversar com elas e a ajudá-las. Quer venham a ser médicos,
À ESQUERDA: FOTOGRAFIA: MATTHEW REIER, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS; À DIREITA: FOTOGRAFIA: WELDEN C. ANDERSEN; EXTREMA DIREITA: FOTOGRAFIA: CRAIG DIMOND
sacerdócio, as anotações do jovem e sua disposição
manifesta de aprender um novo idioma. O Apóstolo
também leva em consideração as necessidades de todas
as 344 missões do mundo inteiro e depois recebe uma
inspiração espiritual sobre o local onde o missionário
deve servir. Tudo isso é feito sob a direção do Presidente
da Igreja, e o chamado vem dele.
advogados, comerciantes ou
qualquer outra coisa, a capacidade de relacionar-se com
as pessoas pode significar a
diferença entre o sucesso ou
o fracasso em sua carreira
profissional.
Uma segunda grande
bênção é que os missionários se ancoram, em termos
de doutrina, na realidade da
Expiação. Passam a sentir
grande amor e devoção ao
Senhor Jesus Cristo, e isso
sem dúvida abençoará a vida
deles e de sua família na
mortalidade e na eternidade. As mais vigorosas
experiências de aprendizado
acontecem quando ensinamos outra pessoa. E é isso
que os missionários fazem.
Eles interiorizam a doutrina; interiorizam a
realidade da Expiação. E isso os abençoará
em todos os seus futuros encargos na Igreja.
Outra grande bênção é que, à medida
que estendem a mão para as famílias que
estão vagando nas trevas, a fim de resgatálas e trazê-las para a luz do evangelho, os
missionários vêem coisas que não desejam
em sua própria vida. Essa experiência deixa
bem claro para eles quais são os valores que
desejam seguir, o tipo de família que querem ter, o modo como desejam ensinar seus
filhos e as metas que precisam estabelecer
para merecer as bênçãos prometidas no
templo. Uma missão é a maior fonte de
instrução do mundo.
O Presidente Gordon B. Hinckley disse
muitas vezes que sua missão foi a base de
uma vida inteira dedicada ao serviço. Ele atribui a sua missão o fato de ter-se mantido no
caminho certo e de ter-se tornado um líder
O
na Igreja. Creio que todos concordam que ele
está fazendo isso de um modo magnífico.
Estamos numa época da história da Igreja
em que os rapazes e moças do mundo inteiro
precisam erguer-se e apresentar-se para servir
como missionários. Eles não podem supor
que haja um número suficiente de jovens
nos Estados Unidos para fazer tudo o que o
Senhor considera necessário. O Senhor precisa que os jovens de todos os lugares em que
a Igreja esteja organizada se preparem para
conduzir almas a Ele. Ao fazê-lo,
abençoarão o mundo inteiro e
receberão as bênçãos do
céu, juntamente com
sua família, agora e
para sempre. ■
s missionários
aprendem a
se relacionar
com as pessoas, a
conversar com elas
e a ajudá-las. Uma
missão é a maior
fonte de instrução
do mundo.
UM DIA NA VIDA DE UM
MISSIONÁRIO
Acompanhe um missionário e conheça os altos e baixos da vida missionária.
A DA M C . O L S O N
Revistas da Igreja
E
“
16
i, acorde!” diz alguém,
cutucando-o. Sonolento,
você olha para o relógio ao
lado da cama. São 6h30? O que está
acontecendo? Espere, esse não é o
seu relógio. Essa não é sua cama.
Onde você está?
“Ei!” diz a voz, “foi você que quis
nos acompanhar. É hora de começar
o dia”.
Quando você ergue os olhos para
o missionário que está de pé ao lado
de sua cama, finalmente se lembra do
que está acontecendo. As revistas da
Igreja lhe ofereceram a oportunidade
de acompanhar uma dupla de missionários por um dia, e você aceitou com
entusiasmo a chance de ver como é
de fato a vida deles.
Mas não sabia que teria de começar de manhã, tão cedo!
“Oi, sou o Élder Jesse Ward, de
Utah”, diz o missionário alto, quando
você se senta na cama. “Bem-vindo à
Espanha. Este é o meu companheiro,
o Élder Pierrick Triplet.”
O Élder Triplet é da França, e está
aprendendo não apenas o espanhol,
mas o inglês também. Apesar do desafio de ter que aprender dois idiomas
de uma vez, o Élder Triplet sente-se
muito grato por estar na missão.
6h41
“Sou converso”, diz ele. “Tive uma
grande mudança na minha vida, e gostaria que outros tivessem também. A
missão pode ser muito árdua, mas ver
alguém mudar de vida faz tudo valer
a pena.”
Isso deixou você interessado.
Sempre ouviu falar que os dois anos
da missão podiam ser os melhores de
sua vida. Hoje você tem a oportunidade de saber por quê.
6h41. Depois de orar, os missionários passam algum tempo se exercitando. Flexões, abdominais, até
levantamento de pesos são coisas costumeiras para o Élder Ward. Depois
de tomar um banho e barbear-se,
vem o desjejum. Cereal com leite
frio é o prato favorito.
8h07. Os missionários passam
muito tempo estudando individualmente e com o companheiro para que
possam obter a palavra antes de proclamá-la (ver D&C 11:21). Depois do
estudo da língua e do estudo individual das escrituras, é hora do estudo
com o companheiro, usando o manual
Pregar Meu Evangelho.
9h55. Os missionários passam
muito tempo planejando no início do
dia, durante o dia e no final do dia.
Trocam idéias não apenas sobre o
que irão fazer, mas também sobre as
necessidades de cada pesquisador.
FOTOGRAFIAS: ADAM C. OLSON
9h55
8h07
Hoje, os élderes vão conversar
com um homem da França, um pesquisador que eles vão convidar para
ser batizado.
“Ele está preocupado”, diz o Élder
Triplet. “Não se sente digno.”
“Vamos falar sobre o arrependimento e dizer que Deus não Se lembra dos pecados”, sugere o Élder
Ward, depois de pensar um pouco.
“Por que você não ensina em
francês para ter certeza de que
ele compreendeu?”
Antes de saírem de casa, a última
coisa que os élderes fazem é orar —
de novo. Essa é uma das muitas orações que farão hoje. O trabalho
missionário requer muita ajuda do
11h09
céu. Depois, saem para a rua e
correm até o ponto de ônibus.
11h09. Os missionários falam
do evangelho com todo mundo, em
todos os momentos, porque nunca
sabem quem vai estar interessado.
Enquanto esperam o ônibus, os missionários conversam com um rapaz
e lhe entregam um folheto com o
número do telefone deles.
“Ele gosta da Igreja. Sente que é
verdadeira. Quer pagar o dízimo.
Mas não acredita que precise ser
batizado de novo. Ele apresentou
muita argumentação.”
“É um bom sujeito”, diz o Élder
Ward, meneando a cabeça. “Talvez
ele esteja pronto para falarmos sobre
o batismo na próxima vez.”
14h06. Os missionários tomam
outro ônibus, dessa vez para El Casco,
o bairro histórico de Toledo, Espanha.
Param na loja de um pesquisador para
convidá-lo para uma atividade naquela
noite.
“É fácil se perder por aqui, se a pessoa não prestar atenção”, diz o Élder
Ward, referindo-se ao labirinto de ruas
estreitas, cheias de prédios, que parecem inclinar-se sobre os pedestres.
14h24. Enquanto caminham pelas
ruelas, os missionários param para
oferecer ajuda a uma mulher que está
carregando um fardo pesado. Passam
algum tempo explicando quem são e o
11h21. Depois de dez minutos
no ônibus e uma breve caminhada,
os missionários chegam a uma capela
alugada, junto com o pesquisador.
Tudo começa bem, mas as dúvidas
do pesquisador fazem com que a lição
de 45 minutos que tinham planejado
se estenda por mais de uma hora.
“Essa foi a lição mais frustrante que
já ensinei”, diz depois o Élder Triplet.
18
11h21
que fazem, mas a mulher não demonstra interesse.
14h47. É hora da siesta na
Espanha, por isso os missionários
pegam um ônibus de volta para
seu apartamento, ou piso, para almoçar. “Tudo fecha das 14h às 16h”,
explica o Élder Ward. “Algumas pessoas ficam muito zangadas se você
bate na porta delas nesse horário.”
“Isso é um chorizo, ou salsicha”,
diz o Élder Triplet, apontando para o
almoço. “É um prato típico. Comemos
muito macarrão e chorizo, porque é
barato e fácil de preparar.”
“A missão é uma grande preparação para o casamento”, diz o Élder
14h06
Ward, rindo, enquanto mistura seu
suco em pó com água. “Você tem
de aprender a morar com outra pessoa, cozinhar, limpar a casa, lavar
roupa, fazer orçamento e cuidar de
si mesmo.”
14h24
A LIAHONA MARÇO DE 2007 19
16h59
16h59. Os Élderes acabam
ficando com um tempo livre, mas
os missionários estão acostumados
a alterar os planos quando surgem
imprevistos. Seu plano de reserva
era bater em portas.
16h24. De volta para El Casco, os
missionários se reúnem com um conselheiro na presidência da missão para
conversar sobre o trabalho atual de
ativação.
“É uma ótima área”, diz o Élder
Ward, explicando que a freqüência na
Igreja passou de 15 para 80 membros
todas as semanas, porque uma família
deu o exemplo na integração dos
membros.
19h45. Depois de tomar dois ônibus, os Élderes chegam à atividade
que tinham planejado realizar com as
missionárias que trabalham na mesma
cidade, a Síster Kathleen Bonifay e a
Síster Brittany Hofman.
As pessoas que eles estavam esperando não apareceram. “Isso acontece, às vezes”, diz o Élder Ward.
Mas depois de fazer algumas visitas,
os missionários conseguem reunir
os pesquisadores que moram nas
redondezas. Depois de um hino e
um vídeo, é fácil sentir a influência
do Espírito Santo, quando os missionários prestam testemunho de que o
Livro de Mórmon é outro testamento de Jesus Cristo. A atividade
foi um sucesso.
17h42. Em El Casco, onde muitas
pessoas moram acima do nível da rua,
bater em portas freqüentemente significa conversar com as pessoas que
aparecem na sacada. E mesmo nas
turísticas cidades históricas, os missionários precisam tomar cuidado com os
cachorros.
Os élderes tiveram algum sucesso:
“Encontramos pessoas excelentes”,
diz o Élder Ward. “Havia alguns jovens
do Paraguai que nos convidaram para
voltar amanhã.” E alguns fracassos:
“Conversamos por meia hora com
um homem”, diz o Élder Triplet. “Foi
como conversar com uma parede.”
20
17h42
“O Senhor cuida de nós quando
nos esforçamos ao máximo para planejar e trabalhar”, diz a Síster
Bonifay.
21h13. Depois de uma carona até
o ponto de ônibus, os élderes e as
sísteres voltam para seus respectivos
apartamentos, onde irão telefonar
para seus líderes, analisar as atividades do dia e os planos a longo prazo,
e planejar o dia seguinte.
“Bem, é isso que fazemos”, diz
o Élder Ward. “Não varia muito.”
O Élder Triplet ri. “Somos os
mesmos ontem, hoje e amanhã.”
19h45
21h13
vida. Sou missionário. Estou falando
com as pessoas sobre Cristo todos
os dias. Partir vai ser uma coisa feliz
e triste ao mesmo tempo.”
Você acabou de ter uma idéia de
como é o trabalho missionário. Por
mais emocionante que seja, o trabalho missionário pode ser exaustivo.
Agora é hora de descansar um pouco
e de preparar-se para o seu dia como
missionário. Ele vai chegar mais
depressa do que você imagina. ■
As coisas não saíram exatamente
como os élderes haviam planejado,
mas foi um bom dia, no fim das contas:
eles fizeram alguns contatos promissores, realizaram uma boa atividade,
prestaram testemunho de Cristo e fizeram o melhor possível para seguir os
sussurros do Espírito Santo.
“Já ouvi dizer que estes são os dois
melhores anos da vida”, diz o Élder
Triplet. “Esses dois anos têm sido
ótimos, mas não significa necessariamente que são os melhores 730 dias
da minha vida. Houve dias que achei
que nunca iriam terminar. Mas adoro
ser missionário.”
O Élder Ward concorda. Ele tem
sentimentos confusos a respeito de
sua partida da missão. “Sempre achei
que ficaria animado em voltar para
casa”, diz ele. “Mas vejo a vida de
modo diferente agora. Adoro minha
A LIAHONA MARÇO DE 2007 21
Presentes para
Trazer do Campo
Missionário para Casa
PRESIDENTE GORDON B. HINCKLEY
H
Eis dez presentes
excelentes, duradouros e maravilhosos
que espero que todo
missionário traga
consigo do campo
missionário e os
leve para casa.
á vários anos, eu estava num aeroporto e encontrei alguns missionários
que voltavam para casa. A família
deles estava lá. Os missionários estavam
apanhando a bagagem, e perguntei a um
deles: “O que são todas essas coisas?” Ele
disse: “São presentes que estou trazendo
para casa”. Isso me deu a idéia do título de
uma mensagem que gostaria de compartilhar: “Presentes para Trazer do Campo
Missionário para Casa”.
1. O conhecimento do amor de Deus, nosso
Pai Eterno, e Seu Filho Amado, o Senhor
Jesus Cristo.
3. Mais amor pelos pais.
“E a vida eterna é esta: que te conheçam,
a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus
Cristo, a quem enviaste” (João 17:3). Não
há maior dádiva que qualquer pessoa deste
mundo possa receber do que a convicção
segura e confiante de que Deus, nosso Pai
Eterno, vive e que Jesus é o Cristo. Creio
nisso e considero essa convicção extremamente importante.
Assisti a centenas de reuniões missionárias ao longo dos anos. Adoro ouvir os missionários falar de seu amor ao Senhor, mas
também adoro ouvi-los falar dos pais com
muito amor e gratidão. Rapazes que haviam
sido indiferentes e descuidados se erguem
com lágrimas nos olhos agradecendo ao
Senhor por seu pai e por sua mãe. Nos dias
atuais, que coisa maravilhosa e benéfica é
ouvir um rapaz forte erguer-se e falar com
muito sentimento a respeito de seu pai e
sua mãe, dizendo coisas que nunca teria
dito antes em toda a vida. Todo rapaz e toda
moça deve voltar para casa sentindo mais
amor pelos pais.
2. O conhecimento das escrituras, a
palavra do Senhor, e um grande amor
por elas.
Quando eu era missionário, lia alguns
capítulos do Livro de Mórmon todas as
22
noites antes de me deitar, e foi assim que
adquiri no coração a convicção que nunca
me abandonou: que essa era a palavra de
Deus, restaurada na Terra pelo poder do
Todo-Poderoso, traduzida pelo dom e poder
de Deus para convencer os judeus e os gentios de que Jesus é o Cristo. Agradeço ao
Senhor pelo testemunho que tenho da veracidade da palavra de Deus, que se encontra
nesses sagrados livros revelados. Espero que
todo missionário saia do campo de trabalho
com a convicção no coração de que essas
coisas são verdadeiras.
4. Um grande amor pelas pessoas em meio às quais
FOTOGRAFIA: MATTHEW REIER; EXTREMA DIREITA: COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS
eles trabalharam.
Amo os ingleses. Ninguém consegue diminuir o
bom conceito que tenho dos ingleses, pois trabalhei
com eles, morei com eles, estive na casa deles junto
à lareira, aprendi a conhecer o coração deles e
aprendi a amá-los.
Aprendi a amar as pessoas da Ásia. Passei onze
anos entre elas e as amo. Digo que as amo tanto
quanto alguém poderia amar, por causa da experiência que tive entre elas como missionário, por
assim dizer.
Há algo errado em um missionário que volta
para casa sem sentir grande amor pelas pessoas
entre as quais trabalhou.
5. Apreço pelo trabalho árduo.
Todo missionário deveria reconhecer que o
trabalho árduo é o segredo para fazer com que as
coisas aconteçam, o segredo do sucesso na vida.
A LIAHONA MARÇO DE 2007 23
fazemos é um trabalho de equipe, e que coisa maravilhosa é aprender a trabalhar com outras pessoas.
8. O valor da virtude pessoal.
Creio que não há nada maior que o
missionário possa aprender em relação
à sua futura integridade do que o valor
da virtude pessoal. Creio que há poucas
palavras mais grandiosas do que a promessa dada sob inspiração do Senhor e
proferida pelo Profeta Joseph Smith: “Que
a virtude adorne teus pensamentos incessantemente”. Esse é o mandamento. E a promessa é esta: “Então tua confiança se fortalecerá
na presença de Deus” (D&C 121:45). Essa é a promessa para os que levam uma vida virtuosa.
9. Fé para agir.
Não há substituto para o trabalho,
nada substitui levantar-se bem
cedo pela manhã, começar a
trabalhar e não parar até que
o serviço esteja terminado.
Não conheço nada melhor
para ajudar uma pessoa, em
tudo que venha a enfrentar na vida, do que a capacidade
de disciplinar-se para o trabalho.
“Eu irei e cumprirei as ordens do Senhor, porque sei
que o Senhor nunca dá ordens aos filhos dos homens sem
antes preparar um caminho pelo qual suas ordens possam
ser cumpridas” (1 Néfi 3:7).
Pedimos aos missionários que façam coisas tremendamente difíceis. É muito difícil para jovens tímidos e
inseguros fazer as coisas que, às vezes, pedimos que
façam. Eles precisam ter fé para fazer, agir, seguir adiante
e realizar a tarefa. Que dádiva maravilhosa para levar
para casa!
6. A certeza de que a inspiração do Santo Espírito está
10. Humildade para orar.
ao alcance de todos, se formos dignos.
Reconhecer que existe um poder maior que nós, reconhecer que, por melhor que seja um homem, ele não é
bom o suficiente; que por mais sábio que ele seja, não é
sábio o suficiente; que por mais forte que seja, não é forte
o suficiente para todas as coisas que enfrentará na vida; e
que há uma fonte de poder à qual todos podemos recorrer, com a certeza de que seremos atendidos e que haverá
uma resposta.
Esses são dez presentes que espero que todo missionário ou missionária traga para casa consigo — não um
monte de enfeites dourados, bonecas, tapetes, peles,
vestidos ou pratos, mas, sim, essas coisas excelentes,
duradouras e maravilhosas. Deus os abençoe para que
mantenham a fé e, ao mantê-la, tenham grande alegria
naquilo que vocês foram chamados para fazer. ■
A inspiração está ao alcance de todos nós, se formos
dignos e a cultivarmos. Adoro estas grandiosas palavras
de revelação e promessa: “Deus vos dará conhecimento,
por seu Santo Espírito, sim, pelo indescritível dom do
Espírito Santo” (D&C 121:26). Que presente precioso
para trazer para casa: a certeza de que teremos acesso
a algo que nos será concedido pelo poder do Santo
Espírito, se formos dignos.
7. A compreensão da importância do trabalho de
equipe.
Ninguém consegue fazer esse trabalho sozinho.
Trabalhamos em duplas. “Por boca de duas ou três testemunhas será confirmada toda a palavra” (II Coríntios
13:1). Trabalhamos juntos. Não há lugar para estrelismo
no campo missionário. Grande parte de tudo o que
24
Extraído de um discurso proferido em um seminário para novos
presidentes de missão, em 24 de junho de 1983.
MENSAGEM DAS PROFESSORAS VISITANTES
Como o Espírito Pode Magnificar-me
Tornar-se um Instrumento nas Mãos
de Deus, Ouvindo e Seguindo os
Sussurros do Espírito
FOTOGRAFIAS: CRAIG DIMOND, EXCETO QUANDO INDICADO; FOTOGRAFIA DE FAMÍLIA: MATTHEW REIER, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS; BORDA © ARTBEATS
Selecione em espírito de
oração e leia as escrituras e ensinamentos
desta mensagem que
atendam às necessidades das irmãs
que você for visitar. Compartilhe
suas experiências e seu testemunho. Convide as irmãs
a quem você estiver ensinando a fazerem o
mesmo.
Como Posso Reconhecer
os Sussurros do Espírito?
D&C 8:2:
“Eu te falarei em
tua mente e em teu coração,
pelo Espírito Santo que virá
sobre ti e que habitará em
teu coração.”
Élder Robert D.
Hales, do Quórum
dos Doze Apóstolos:
“O Espírito de
Deus (...) será
tão suave quanto
um sussurro, vindo
como um pensamento a nossa mente ou como
um sentimento a nosso coração.
(...) Escolha colocar-se em posição
de ter experiências com o Espírito
de Deus por meio da oração, do
estudo das escrituras, das reuniões
da Igreja, em seu lar, e da interação
sadia com outras pessoas” (“Agir por
Nós Mesmos: O Dom e as Bênçãos
do Arbítrio”, A Liahona, maio de
2006, p. 7).
Presidente Boyd K. Packer,
Presidente Interino do Quórum dos
Doze Apóstolos:
“Deixe as perguntas
difíceis no fundo de sua mente e
siga adiante com a vida. Pondere e
ore silenciosa e persistentemente a respeito
delas. A resposta
não virá como um
relâmpago. Pode vir
como uma pequena
inspiração aqui e
outra ali, ‘linha sobre
linha, preceito sobre
preceito’ (D&C 98:12).
Algumas respostas
serão concedidas pela
leitura das escrituras, outras
de ouvir discursos. E ocasionalmente, quando for
importante, algumas virão
por uma inspiração muito
direta e vigorosa” (“Prayers
and Answers” [Orações e
Respostas], Ensign, novembro
de 1979, p. 21).
Élder Henry B. Eyring, do
Quórum dos Doze Apóstolos: “Anote
as impressões ou pensamentos
que sentir que vieram de Deus. (...)
Pondere cuidadosamente se a verdade
que recebeu exige ação. É por meio
da obediência aos mandamentos que
nos qualificamos para receber mais
revelação de verdade e luz” (“A Life
Founded in Light and Truth” [Uma
Vida Alicerçada na Luz e na Verdade],
Ensign, julho de 2001, p. 13).
para que Eu Seja um Instrumento nas
Mãos do Senhor?
Eliza R. Snow (1804–1887), antiga
presidente geral da Sociedade de
Socorro:
“Quando vocês estão
plenas do Espírito de Deus, (...) esse
[Espírito] satisfaz e preenche todo
anseio do coração humano e preenche todo espaço vazio. Quando estou
plena desse espírito, minha alma está
satisfeita. (...) O Espírito de Deus
transmitirá instruções para sua
mente, e vocês as transmitirão umas
às outras. (...) Lembrem-se de que
vocês são santos de Deus; e que têm
trabalhos importantes para realizar
em Sião” (Woman’s Exponent, 15 de
setembro de 1873, p. 62).
Élder M. Russell Ballard, do
Quórum dos Doze Apóstolos: “As
mulheres (...) que conseguem ouvir
a voz do Senhor e atender a Seus
sussurros se tornam instrumentos
inestimáveis em Suas mãos. (...) Nunca
tenham dúvida de que sua influência
é absolutamente vital para preservar a
família e auxiliar no crescimento e vitalidade espiritual da Igreja” (“Mulheres
de Retidão”, A Liahona, dezembro de
2002, p. 42).
Bonnie D. Parkin, presidente geral
da Sociedade de
Socorro: “Se
estivermos em sintonia
com o Espírito,
se buscarmos o
Senhor e Sua orientação, se a direção que seguirmos for a de retornar à presença
do Pai no Céu, os mais doces
momentos surgirão. Nós os apreciaremos, pois nos tornamos instrumentos nas mãos de Deus” (“Doces
Momentos”, A Liahona, novembro
de 2005, p. 108). ■
A LIAHONA MARÇO DE 2007 25
O Aprimoramento Pessoal,
Familiar e Doméstico
o
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I
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M
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ro
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À esquerda: As irmãs da Sociedade de Socorro
da Ala San Miguel de Allende, Estaca Celaya
México, apresentam uma dança que aprenderam numa atividade de aprimoramento pessoal,
familiar e doméstico. À direita: Como parte de
uma reunião e atividade de aprimoramento da
Ala Mont St. Hilaire, Estaca Longueuil Québec,
as irmãs aprendem a cultivar couve-de-bruxelas
— um acréscimo saudável para sua dieta.
À esquerda: Irmãs de Orem, Utah, confeccionam acolchoados, que há muito é uma atividade favorita das irmãs da
Sociedade de Socorro.
À esquerda: A irmã Adelma M.
Linhares costura num projeto
de serviço de sua ala em São
Paulo, Brasil. Essa atividade de
À ESQUERDA: FOTOGRAFIA: JUAN CARLOS SANTOYO; NO ALTO À DIREITA:
FOTOGRAFIA: LAURENT LUCUIX; ACIMA: FOTOGRAFIA: CHRISTINA SMITH; À DIREITA:
FOTOGRAFIA: ANA CLÁUDIA OLIVEIRA; FUNDO © DYNAMIC GRAPHICS, INC.
C O N N I E D. C A N N O N
Junta Geral da Sociedade de Socorro
U
m lugar no qual “o coração e as mãos das irmãs se
unem numa atmosfera segura, descontraída e agradável”, é assim que Bonnie D. Parkin, presidente
geral da Sociedade de Socorro, descreve a reunião de aprimoramento pessoal, familiar e doméstico. É um lugar em
que as mulheres de todas as idades podem fortalecer sua
fé em Jesus Cristo e aprender habilidades e aptidões de
economia doméstica e para a criação dos filhos. É uma
ocasião em que as irmãs podem desfrutar do convívio
social, aprender e ser edificadas.
Desde janeiro de 2006, quando as novas diretrizes
para o aprimoramento pessoal, familiar e doméstico
entraram em vigor, as irmãs da Sociedade de Socorro
do mundo inteiro estão começando a compreender
o que esse programa pode ser.
aprimoramento beneficiou os
hospitais públicos da região.
Reuniões de Aprimoramento
Em vez de mensais, as reuniões de Aprimoramento
Pessoal, Familiar e Doméstico para todas as irmãs são realizadas quatro vezes por ano. Uma dessas quatro reuniões
deve comemorar o dia 17 de março de 1842, da organização da Sociedade de Socorro. Além das reuniões da ala
ou ramo, a Sociedade de Socorro da estaca ou distrito
realiza uma ou duas reuniões de aprimoramento a cada
ano. Uma dessas reuniões de aprimoramento é realizada
em conjunto com a transmissão anual da reunião geral
da Sociedade de Socorro, em setembro.
Atividades de Aprimoramento
A Sociedade de Socorro da ala ou ramo também oferece
atividades regulares para grupos de irmãs com interesses
comuns. Ao fazer isso, as líderes da Sociedade de Socorro
devem procurar conhecer as necessidades e os desejos das
irmãs para saber quais atividades vão oferecer.
A LIAHONA MARÇO DE 2007 27
de Aprimoramento Pessoal,
Familiar e Doméstico
N
as reuniões de aprimoramento trimestrais, as irmãs
da Sociedade de Socorro podem “sentir-se integradas ao participar de atividades que edificam a força
espiritual, desenvolvem habilidades pessoais, fortalecem o
lar e a família e exercem caridade por meio do serviço”, diz
a irmã Parkin. “Nessas reuniões, são fortalecidos os laços
fraternais, os membros novos e menos ativos são integrados e as oportunidades missionárias se sucedem.”
Seguem-se exemplos do que as estacas e alas têm feito
em suas reuniões de Aprimoramento Pessoal, Familiar e
Doméstico.
Uma ala comemorou a organização da Sociedade de
Socorro com um programa ao qual deram o nome de
“Irmandade, um Tapete de Amor”. O programa baseou-se
num discurso proferido pelo Presidente James E. Faust,
Segundo Conselheiro na Primeira Presidência, na reunião
geral da Sociedade de Socorro de setembro de 2002.1 Depois
do jantar, oito irmãs compartilharam experiências e pensamentos sobre o que a Sociedade de Socorro significava para
elas, como um lugar em que aprendiam, faziam amizades
eternas, desfrutavam da irmandade e prestavam serviço.
A reunião de aprimoramento de uma estaca concentrouse na edificação da fé em Jesus Cristo por meio de testemunhos. Stephanie Wilkey, a presidente da Sociedade de
Socorro da estaca, escreveu: “Sentimo-nos inspiradas a realizar uma reunião de aprimoramento pessoal, familiar e
doméstico baseada em um dos princípios da caridade: a
bondade. Tivemos de exercer toda a nossa fé para seguir
os sussurros que recebemos, como presidência, para levar
adiante essa idéia. Minhas conselheiras me garantiram que as
irmãs compareceriam e expressariam o que sentiam no coração. E elas realmente vieram! Quase 350 irmãs encheram
a capela numa noite de chuva e vento. Abriram o coração
umas para as outras em magníficos testemunhos, falando
28
de como colocar em prática o princípio da bondade em
sua vida. Quando estavam saindo da capela, uma hora e
meia depois, as irmãs expressaram com palavras e lágrimas
que tinham sentido o amor do Senhor e que se sentiam
muito gratas por terem comparecido”.
Em outra estaca, a presidente da Sociedade de Socorro,
Mickie Neslen, deu-se conta de que a segurança financeira
ajudava a fortalecer as famílias. Ela e a presidência da estaca
prepararam uma reunião de aprimoramento pessoal, familiar e doméstico que foi levada de ala em ala. Começava
com uma lição espiritual sobre finanças. Depois, as irmãs
eram convidadas a visitar cinco ‘estações’ ou oficinas diferentes, com apresentações de 15 minutos, ministradas
por irmãs experientes:
1. “Orçamento” apresentava várias maneiras de acompanhar e administrar o dinheiro usando cadernos, envelopes ou programas de computador.
2. “Dicas de Economia” ensinava maneiras simples de
economizar dinheiro a cada dia.
3. “Finanças para Crianças” mostrava diversas maneiras de
ensinar princípios financeiros para as crianças, incluindo
jogos interativos.
4. “Preparação para o Futuro” analisava informações sobre
seguros contra doença ou invalidez, casas de repouso,
cuidados de enfermagem e outras questões que envolviam os aposentados.
5. “O Preço do Crédito” explicava o perigo das dívidas e
como evitá-las.
Essas reuniões de aprimoramento ajudaram a instruir
e fortalecer as irmãs de várias maneiras importantes.
NOTA
1. Ver “Vocês Todas Vieram do Céu”, A Liahona, novembro de 2002,
p. 110.
SENTIDO HORÁRIO, A PARTIR DO ALTO: FOTOGRAFIAS: SERGIO DÍEZ, DANNY SOLETA, ADRIAN LEYVA E ABEL GÓMEZ
n
u
e
R iões
“Precisamos rir juntas”, disse
uma irmã da Sociedade de
Socorro da Ala Juniper, Estaca
Lancaster Califórnia. “O simples
fato de estar com as irmãs nas
reuniões de aprimoramento pessoal, familiar e doméstico ajuda
a equilibrar minha vida.”
À direita: Entre as atividades da Sociedade
de Socorro da Ala Makati II, Estaca Makati
Filipinas, houve uma apresentação sobre
como fazer óleo a partir do coco virgem.
À esquerda: Uma vez que Elvira
Garza, da Ala San Fernando I,
Estaca Valle Hermoso México,
As irmãs que participaram
adora preparar enlatados, ela
dessa reunião de aprimora-
foi a escolha perfeita para ensi-
mento da Ala Tacuarembó
nar esse processo na atividade
I, no Uruguai, aprenderam
de aprimoramento pessoal,
a fazer arranjos de flores.
familiar e doméstico.
A LIAHONA MARÇO DE 2007 29
Abaixo: As irmãs da Ala Jardines, Estaca
À esquerda: No mês
Cidade do México Ermita, estudam e apren-
de julho, a Estaca
dem juntas.
Cidade do México
Chapultepec realiza
básicas. As irmãs
escolhem um curso
para participar das
9h às 14h, todos
os dias da semana.
Aqui, as irmãs estão
aprendendo a cortar cabelo.
À esquerda: Depois de uma lição espiritual no Ramo Odessa Tsentralny, na
Ucrânia, as irmãs da Sociedade de
Socorro participam de uma aula sobre
armazenamento correto de produtos
alimentícios. Abaixo: Mãos habilidosas
confeccionam bolsas numa atividade
de aprimoramento pessoal, familiar e
doméstico da Ala Votorantim, Estaca
Sorocaba Brasil Barcelona.
Acima: As irmãs da Sociedade
de Socorro do mundo inteiro, como
estas do Brasil, aprendem técnicas
de armazenamento doméstico e
outras aptidões para ajudar a prover o sustento da família numa
emergência.
30
NO ALTO: FOTOGRAFIAS: ISRAEL GUTIÉRREZ E CORTESIA DA PRESIDÊNCIA GERAL DA SOCIEDADE DE SOCORRO; CENTRO: FOTOGRAFIA: MARINA LUKACH; EMBAIXO À ESQUERDA: FOTOGRAFIA: MIRIAM NERY; ABAIXO À DIREITA: FOTOGRAFIA: ISRAEL ANTUNES
cursos de aptidões
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a
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t
A des
de Aprimoramento Pessoal,
Familiar e Doméstico
A
s atividades de Aprimoramento Pessoal, Familiar
e Doméstico são menos estruturadas do que as
reuniões trimestrais. Podem ser organizadas por
especialistas, sob a direção da presidência. A princípio,
a idéia de realizar atividades parecia difícil para algumas
líderes. Contudo, ao avaliarem as necessidades das irmãs,
consultarem os líderes do sacerdócio e orarem pedindo
inspiração, acabaram tendo boas idéias e desenvolveram
confiança. Eis alguns exemplos de idéias eficazes: reformas
e consertos domésticos do tipo faça-você-mesma, cursos
de fortalecimento do casamento, grupos de estudo do
manual Pregar Meu Evangelho, preparo de refeições para
irmãs acamadas e um grupo de apoio para irmãs com problemas de infertilidade.
“Eu ficava me perguntando como esse novo programa
uniria as irmãs se nos reuníssemos em grupos menores,
mas estava disposta a tentar”, escreveu Richelle Pearce,
da Ala Shadowbrook, Estaca Kaysville Utah Sul. “Faço
pão algumas vezes na semana; portanto, depois de fazer
os preparativos necessários, as líderes da Sociedade de
Socorro convidaram todas as interessadas a reunirem-se
em minha casa para uma atividade.
Na quinta-feira seguinte, cinco irmãs bateram em
minha porta. Cada uma delas estava numa fase diferente
da vida: uma mãe que acabara de ter o primeiro filho,
uma mãe que trabalhava fora de casa, uma irmã idosa e
duas que tinham uma família grande como a minha. O
que aconteceu nas duas horas seguinte foi para mim um
testemunho de que esse programa é inspirado. As irmãs
não apenas aprenderam a moer o trigo e fazer pão, mas
também conversaram, riram, compartilharam idéias e
realmente se integraram. Quando estavam indo embora
com seu pão e a farinha de trigo, eu soube que esse
programa poderia unir as irmãs de um modo maravilhoso.”
Na Nigéria, aprender a fazer pão fez mais do que ensinar uma habilidade importante. Uma irmã do Ramo Ikot
Ekpene, Missão Nigéria Uyo, disse que as atividades de
aprimoramento mudaram sua vida. Ela explicou que,
depois do batismo e confirmação, ela havia deixado de freqüentar a Igreja. Então, uma irmã da Sociedade de Socorro
a convidou para uma atividade de aprimoramento, onde as
irmãs aprenderam a fazer sabão, um artigo raro na vila isolada em que moravam. Em outra atividade, ela aprendeu a
fazer pão de boa qualidade, que não era encontrado perto
da casa dela. Seu entusiasmo continuou, à medida que as
irmãs se reuniam regularmente a fim de fazer pão para uso
doméstico e para o sacramento do domingo.
No México, as irmãs interessadas aprenderam alguns
tipos diferentes de corte de cabelo. Para muitas, o aprendizado dessa aptidão ajudou financeiramente a família, proporcionando economia de dinheiro.
Em uma ala de solteiros, as líderes da Sociedade de
Socorro pediram ao quórum de élderes que ensinasse as
irmãs da Sociedade de Socorro a trocar o pneu do carro e
a verificar o nível do óleo. Isso não apenas ajudou a desenvolver a auto-suficiência nas irmãs, mas também proporcionou uma oportunidade para que os jovens adultos
solteiros desfrutassem de um convívio social.
De que modo, então, as novas diretrizes para o aprimoramento pessoal, familiar e doméstico estão sendo recebidas pelas irmãs da Sociedade de Socorro? Estão sendo
recebidas em muitos lugares com fé, entusiasmo e criatividade. Com o passar do tempo, esse programa inspirado
continuará a crescer e a abençoar a vida de um número
cada vez maior de irmãs da Sociedade de Socorro, de
todas as idades, no mundo inteiro. ■
A LIAHONA MARÇO DE 2007 31
Ter Fé em
que o Senhor
Fará as Coisas no
Seu Devido Tempo
Sendo solteira, aprendi a compreender que o Senhor
nos sustém no momento certo de nossa vida.
C AT H E R I N E E DWA R D S
Q
uando eu tinha 19 anos, uma de minhas melhores
amigas se casou. A cerimônia foi maravilhosa, ela
estava linda, o noivo era muito bonito, e eles estavam muito felizes. Eu, porém, fiquei um pouco desgostosa.
O casamento dela foi uma surpresa para mim. Ela estava
alterando a perspectiva que eu tinha para ela e para mim
mesma. Sem dúvida, eu queria me casar, mas não tão cedo.
Eu achava que éramos jovens demais, mas ela estava-se
casando não apenas antes de formar-se na faculdade, mas
antes que tivéssemos a chance de viajar juntas ou empenhar-nos em oportunidades intelectualmente estimulantes
na carreira profissional. Fiquei acordada a noite inteira, na
véspera do casamento, preocupada com o futuro dela, ao
passo que ela dormiu tranqüilamente, devidamente confiante em sua decisão.
Quando penso na reação que tive, acabo sorrindo. No
que eu estava pensando? Contemplo a vida dela agora: tem
dois filhos lindos e um lar cheio de amor. Poucos meses
depois de seu casamento, ficou claro para mim que ela
havia tomado a decisão certa, e isso está ainda mais claro
agora. Reconheço que ela orou, ponderou e confiou na
inspiração que Deus lhe concedera.
Isso foi há quase 20 anos. Ainda estou solteira. A maioria
32
de minhas amigas já se casou; elas têm marido, filhos e
um lar. Tenho um lar: um apartamento alugado de dois
quartos na cidade de Nova York. Não tenho marido nem
filhos. Às vezes me pergunto se alguém fica acordado à
noite, se preocupando comigo, como fiz em relação à
minha amiga.
Sei que cometi alguns erros na vida, mas não creio que
tenha feito nada que me impossibilite de receber a bênção do casamento. Admito que me perguntei às vezes se
minha vida teria sido diferente se eu tivesse agido melhor
ou trabalhado mais arduamente ou sido mais bondosa,
mas sei que fiz coisas boas e que sempre procurei seguir
adiante com uma visão eterna das coisas. Procuro fazer
a minha parte para realizar meu desejo de casar-me no
templo.
Também reconheço que Deus sabe o momento certo
para que os eventos importantes aconteçam em minha
vida e que esse cronograma é diferente do das outras
pessoas. Sinto-me imensamente grata por compreender
isso. Meu apreço cresceu à medida que desenvolvi fé em
um Pai Celestial amoroso, que sabe do que eu preciso e
o que posso oferecer às pessoas.
O reconhecimento de que minha vida segue um cronograma próprio foi um processo. Minhas perguntas a Deus
ILUSTRADO POR STEVE KROPP
referentes ao Seu desígnio para mim fizeram com que eu
adquirisse a noção de que tenho um potencial e virtudes
próprias e distintas. Descobri que essa certeza é questionada na maioria das vezes não por minhas próprias idéias,
mas pela freqüente preocupação bem-intencionada de
outras pessoas. Os sentimentos das pessoas em relação
ao fato de eu continuar solteira não diferem da reação
que tive com minha amiga de 19 anos que ia se casar.
Supus que eu soubesse o que ela devia fazer, mas eu
estava errada.
Às vezes as pessoas sugerem possíveis explicações
para o fato de eu ainda não ter marido nem filhos. Sei
que a maioria dessas sugestões são feitas com bondade,
mas no fundo parece haver a idéia de que cometi erros
que me desqualificaram para a bênção do casamento e
da maternidade. Já me disseram que talvez eu seja muito
exigente, muito agressiva, muito inteligente, muito dedicada à carreira profissional, muito independente, muito
liberal ou — a minha favorita — muito feliz. Devo dizer
que em certas ocasiões considerei essas críticas como
um elogio, mas ao mesmo tempo me dei conta de que
há mulheres casadas que são mais inteligentes, mais
agressivas, mais exigentes e mais independentes do
que eu.
Uma Meta do Discipulado
Ao ponderar no que creio ser o cronograma de Deus
para os eventos importantes da minha vida, estou profundamente ciente de minhas escolhas e do meu arbítrio.
Como filhos do Pai Celestial, recebemos a feliz oportunidade e responsabilidade de buscar a bênção do casamento. Ao nos esforçar por alcançar essa meta, estamos
fazendo a nossa parte.
Como membro da Igreja, tenho as bênçãos da oração,
das escrituras, da ala que freqüento e das palavras dos
profetas para dar-me uma compreensão mais profunda
do Pai Celestial e do Salvador. Cada uma dessas bênçãos
provê diretrizes para a boa utilização de meu arbítrio.
Espero ter sabedoria nas decisões que tomar, inclusive
em minha reação a alegrias e desafios inesperados.
Regularmente faço um balanço da minha vida e
da minha situação. O aspecto mais importante dessa
auto-análise é a questão da minha dignidade. Tenho me
esforçado diligentemente por viver de acordo com as
doutrinas e práticas da Igreja: assistir às reuniões e freqüentar o templo, pagar o dízimo, ter uma vida virtuosa
e servir ao próximo. Creio na Expiação do Salvador e
na eficácia de viver os mandamentos e as orientações
dos profetas.
A LIAHONA MARÇO DE 2007 33
uer sejamos
casados,
divorciados,
viúvos ou solteiros,
todos temos as bênçãos de um legado
divino comum e um
papel divino e distinto. Sou grata por
ter um Pai Celestial
amoroso que nos
conhece e sabe o
que podemos fazer
de nossa vida, por
mais diferente e
emocionante que
ela seja.
Q
Uma Vida Rica
Freqüentemente me perguntam como
posso ser tão feliz sendo um membro da
Igreja que não se casou, numa cultura que
dá tanta ênfase ao casamento. Vou dizer o
que tenho feito.
Minha irmã Christine e eu decidimos
bem cedo na vida que sem dúvida nos casaríamos um dia, mas que até lá viveríamos
de modo a tornar-nos pessoas instruídas e
experientes. Sinto-me imensamente grata
por termos feito esse plano: um plano vinculado a nosso desejo de fazer aquilo que
acreditamos que Deus espera de nós. Em
essência, era um plano que se alicerçava
na obediência aos sussurros do Espírito.
Minha irmã se casou há dez anos e tem
dois filhos lindos. Ela concluiu o doutorado
e fez contribuições importantes para a Igreja
e sua comunidade. Continuo a seguir nosso
plano e creio que é isso que Deus deseja
que eu faça. Analiso sempre se o que faço
está certo, se minhas metas na vida são condizentes com a meta mais ampla de ser uma
34
discípula do Salvador. Esforço-me para
garantir que meus atos e realizações, tanto
espirituais quanto seculares, estejam me
conduzindo a uma compreensão melhor
de meu papel como filha de Deus.
Como mulher SUD solteira, tive a oportunidade de servir de maneiras maravilhosas. Tenho uma carreira profissional voltada
para o serviço ao próximo e tenho sido
capaz de cumprir meus chamados na Igreja.
Desenvolvi meus talentos e alcancei minhas
próprias metas educacionais. Minha vida é
muito rica. Sempre procuro seguir os sussurros do Senhor em minhas decisões.
Há vários anos, juntamente com seis
outras mulheres solteiras da minha faixa
etária, tive a especial e inesperada oportunidade de reunir-me com Bonnie D. Parkin,
presidente geral da Sociedade de Socorro.
Passamos mais de uma hora conversando
a respeito de nossa vida como mulheres
solteiras da Igreja.
Naquele ano, essa reunião foi uma das
grandes bênçãos da minha vida. Reunidas
em volta da mesa do escritório da irmã Parkin, falamos
dos desafios e bênçãos de nossa vida. No final, ela perguntou se tínhamos algum comentário que gostaríamos
de fazer. Ergui a mão e declarei: “A Igreja é o melhor
lugar para ser uma mulher solteira”. Tendo a oportunidade naquela breve hora de prestar meu testemunho
de serviço e lealdade a Deus, aprofundei genuinamente
o testemunho de meu papel na Igreja. Eu já sabia qual
era esse papel, mas precisei daquela conversa para
compreendê-lo e aprofundar minha convicção de sua
importância.
Confiança no Indivíduo
Na Igreja, creio que há uma nítida necessidade de
desenvolver confiança na pessoa, não por enquadrar-se
em um cronograma culturalmente determinado, mas
por seguir suas próprias revelações recebidas de um Pai
Celestial amoroso. É importante acreditar firmemente
que as pessoas podem estar fazendo a coisa certa e reconhecer que mesmo que a vida delas pareça diferente,
elas têm coisas especiais a oferecer das quais necessitamos. É fácil presumir e achar que existe um cronograma
certo para todos.
Todos têm desafios. Quer sejamos casados, divorciados,
viúvos ou solteiros, todos temos as bênçãos de um legado
divino comum e um papel divino e distinto.
É claro que oro para casar-me e para que meu marido
e eu tenhamos filhos. Enquanto isso, estou me esforçando para ampliar e desenvolver minha vida voltada
para o evangelho. Recebo bênçãos por ser solteira, e
seria muita ingratidão e negligência de minha parte desperdiçá-las, e tenho certeza de que essas bênçãos, no
final, vão me tornar uma esposa e mãe melhor.
Sou grata por ter um Pai Celestial amoroso que nos
conhece e sabe o que podemos fazer de nossa vida, por
mais diferente e emocionante que ela seja. Sinto-me
grata pela vida que tenho e pelas oportunidades que me
aguardam. Oro para que todos tenhamos confiança no
cronograma que o Senhor reservou para nós, cronograma esse que é apoiado por nossas boas decisões e
por nossa fé em Deus. ■
O CASAMENTO E O TEMPO
DO SENHOR
“A ocasião para o casamento talvez seja
o melhor exemplo de um acontecimento
extremamente importante em nossa
vida que é quase impossível de planejar.
Como outros acontecimentos mortais importantes que dependem do arbítrio de outros, ou da vontade e do tempo do
Senhor, o casamento não pode ser previsto ou planejado com
certeza. Podemos e devemos trabalhar e orar para a realização
de nossos desejos justos, mas, a despeito disso, muitos ficarão solteiros muito tempo além de sua ocasião desejada para
o casamento.
Assim, o que precisa ser feito nesse meio tempo? A fé no
Senhor Jesus Cristo prepara-nos para o que quer que a vida
traga. Esse tipo de fé prepara-nos para lidar com as oportunidades da vida — para tirar vantagem das que são recebidas
e persistir, superando a decepção das que foram perdidas.
No exercício dessa fé, devemos comprometer-nos com as
prioridades e padrões que seguiremos em assuntos que não
controlamos, e persistir fielmente nesses compromissos, a
despeito do que nos aconteça por causa do arbítrio de outros,
ou do tempo do Senhor. Quando fizermos isso, teremos em
nossa vida uma constância que nos fornecerá orientação e
paz. Sejam quais forem as circunstâncias que estiverem além
de nosso controle, nossos compromissos e padrões podem
ser constantes.
O comprometimento e o serviço prestado pelos adultos
solteiros podem mantê-los firmes durante os anos de espera
pelo tempo certo e pela pessoa certa. Seu comprometimento
e serviço podem também inspirar e fortalecer a outros. Sábios
são aqueles que assumem este compromisso: Colocarei o
Senhor em primeiro lugar em minha vida, e cumprirei os Seus
mandamentos. A realização desse compromisso está dentro
do controle de todos. Podemos cumpri-lo sem levar em conta
o que os outros decidirem fazer, e esse compromisso nos fortalecerá, não importando a ocasião que o Senhor escolher
para os acontecimentos mais importantes de nossa vida.”
Élder Dallin H. Oaks, do Quórum dos Doze Apóstolos,
“Ocasião”, A Liahona, outubro de 2003, p. 15.
A LIAHONA MARÇO DE 2007 35
Amigas Irmãs
Irmãs Companheiras
DE
DE
Valeria conduziu
Paula ao evangelho
por meio da amizade e do exemplo
e estando sempre
ao lado dela para
ajudá-la.
36
PARA
E,
, PARA
R E B E C C A M I L L S H U M E E B R A D W I L C OX
V
aleria Pontelli de Río Gallegos, Santa
Cruz, Argentina, não tinha intenção de
converter a amiga. Simplesmente vivia
seus padrões com convicção. Por ser membro da Igreja, havia algumas coisas que ela
fazia e outras que não fazia, e todas as amigas
sabiam disso. Uma dessas amigas era Paula
Alvarez, que sempre observou Valeria de
perto e ficava impressionada com a fidelidade
e constância com que ela seguia suas crenças.
Paula tinha uma família maravilhosa,
mas eles não tinham o evangelho — até que
Valeria apareceu na vida deles. Paula recorda:
“Valeria não se envergonhava do testemunho
que tinha. Ela sabia quem ela era. Sabia que
era filha de um Rei majestoso e eterno, uma
filha de Deus”.
Esse conhecimento e confiança impressionou o tio de Paula, Moises. Ele começou a
pesquisar a Igreja e a reunir-se com os missionários. No dia em que ele anunciou que seria
batizado, Paula ficou um pouco chocada. Não
esperava que o tio estivesse disposto a fazer
uma mudança tão grande na vida.
Toda a família foi convidada para o
batismo, mas Paula não estava querendo ir.
Não sabia o que esperar. Por fim, a família a
convenceu a acompanhá-los ao batismo
do tio. Paula recorda: “Quando vi meu tio
entrando nas águas do batismo, o Espírito
tocou-me o coração. O impacto foi profundo
e inegável. Naquele momento, também quis
fazer um compromisso com Deus de fazer
tudo o que Ele me pedisse”.
“Posso falar com você?” Disse Paula,
puxando Valeria para o lado. “Senti algo
especial no batismo do meu tio”, explicou
ela, em voz baixa.
Valeria disse à amiga que ela havia sentido
a influência do Espírito. “Ele está dizendo que
você precisa seguir o exemplo de seu tio”.
“Mas não posso fazer isso sozinha”, disse
Paula.
“Não se preocupe. Vou ajudá-la”, assegurou a amiga. Pouco tempo depois, Paula e
toda a família receberam os missionários e
aceitaram o convite para ser batizados. A
vida deles mudou para sempre.
Paula disse: “Os padrões que sempre via
minha amiga seguir passaram a fazer parte
de minha vida. O testemunho da minha
amiga passou a ser meu”. Pouco tempo
depois, Paula começou a sentir forte desejo
de compartilhar com outras pessoas o que
tinha recebido. Quando completou um ano
de membro da Igreja, preencheu seus
FOTOGRAFIA: MAURICIO A. TAPIA HERRERA
papéis para a missão, foi entrevistada pelos líderes do
sacerdócio e recebeu um chamado para servir na Missão
Chile Santiago Leste.
Valeria disse: “Quando vi minha amiga preparar-se
para servir em uma missão, o Espírito tocou-me o coração. Desejei comprometer-me a servir a Deus, como ela
tinha feito”.
“Posso falar com você?” Dessa vez foi Valeria que puxou
Paula para o lado. “Senti algo especial quando a vi preparando-se para partir em uma missão”.
Paula disse à amiga o mesmo que ela lhe dissera uma
vez: “É o Espírito dizendo o que você precisa fazer”.
Os planos de Valeria não incluíam uma missão de tempo
integral. Ela não sabia muito bem o que fazer. “Mas não
posso fazer isso sozinha”, disse Valeria para Paula.
“Não se preocupe. Vou ajudá-la”, assegurou a amiga.
Mais tarde, quando Valeria abriu seu chamado, ficou
surpresa ao saber que estava indo para a mesma missão
da amiga. Paula começou a servir em outubro de 2002;
Valeria foi para a missão em fevereiro de 2003.
Durante a missão, elas se viam freqüentemente, nas
conferências e atividades. Gostavam muito de conversar
e contar as novidades de suas respectivas áreas. Nunca
sonharam que em novembro de 2003 se tornariam
companheiras. Sua
amizade floresceu num relacionamento que duraria para
sempre. Passaram de amigas para irmãs no evangelho e,
depois, para companheiras missionárias.
A Síster Valeria Pontelli disse: “A princípio, tive receio de
que nossa amizade ficasse prejudicada por trabalharmos
juntas, mas esse receio se dissipou no primeiro dia. Essa
chance de trabalhar juntas só fortaleceu nosso relacionamento, e nossa amizade ajudou-nos no trabalho”.
As pessoas concordam. Uma mulher, que costumava
ser menos ativa mas voltou para a Igreja devido ao trabalho daquelas duas missionárias, disse: “Não podíamos deixar de amá-las, pois víamos o amor que sentiam uma pela
outra e por todas as pessoas a seu redor. Elas são meus
anjos”.
Foi difícil para as companheiras se despedirem uma da
outra em março de 2004, quando a Síster Paula Alvarez terminou sua missão. Ela estava preocupada em voltar para a
Argentina e enfrentar o que o futuro lhe reservava. As duas
irmãs conversaram sobre suas preocupações e foram juntas para seus compromissos. “Não posso fazer isso sozinha”, disse a Síster Alvarez.
“Não se preocupe”, foi a resposta conhecida da companheira, a Síster Pontelli. “Vou ajudá-la.” ■
A LIAHONA MARÇO DE 2007 37
o que sei hoje, teria feito
diferentemente algumas
coisas como missionário.
ROGER TERRY
S
ervi no norte da Alemanha de 1975 a 1977. Esses
foram de fato os dois anos mais memoráveis da
minha vida, mas a lembrança também traz consigo
uma compreensão maior. Como a compreensão de algo
que aconteceu pode ser uma dádiva maravilhosa, gostaria
de oferecer quatro sugestões que podem ajudar os que se
preparam para servir em uma missão.
de novo, faria todo o possível para ser o melhor amigo
de todos os meus companheiros, quer nossas personalidades ou interesses combinassem ou não. Eu encorajaria
meu companheiro e procuraria ter um entusiasmo contagiante, sem criticá-lo.
Você poderia perguntar: Se amar o companheiro é a
segunda maior prioridade, qual seria a primeira? Ser obediente. Amar o companheiro não significa que você deva
segui-lo quando ele desobedecer aos mandamentos ou
regras da missão. Felizmente, nenhum de meus companheiros foi desobediente. Alguns não eram tão motivados
quanto deveriam ser, mas eles precisavam mais de alguém
que os aceitasse e fortalecesse do que alguém que os criticasse e reclamasse deles.
1. Eu faria com que minha segunda maior prioridade
38
fosse amar meu companheiro.
2. Eu procuraria milagres. Na verdade, esperaria que
Tive companheiros de vários tipos e tamanhos, com
dons e personalidades próprias e distintas. Alguns se tornaram amigos instantâneos e assim continuaram ao longo dos
anos. Com outros, eu não tinha muito em comum além do
trabalho de bater em portas e ensinar. Envergonho-me de
admitir que não tive sentimentos calorosos em relação a
um ou dois deles. Na verdade, às vezes, nosso relacionamento se tornou muito frio.
Mas com cada um desses companheiros eu tinha pelo
menos uma coisa em comum: estávamos ambos sacrificando nosso tempo, recursos e trabalho para divulgar o
evangelho de Jesus Cristo. Se eu tivesse de começar tudo
acontecessem.
Lembro-me de quando estive na casa da missão, no
final do meu tempo de serviço, participando de uma reunião de testemunhos com 13 élderes e uma síster que
também estavam indo para casa. Não me lembro do que eu
disse. Não me lembro do que os outros élderes disseram.
Mas jamais esquecerei o testemunho da Síster Thorpe. Ela
explicou que, na entrevista com seu presidente de estaca,
18 meses antes, ela tinha revelado um desejo secreto:
“Quero ver milagres na minha missão”, confidenciou ela.
Então, quase pedindo desculpas, perguntou se era errado
procurar milagres. Ele garantiu-lhe que não era errado.
À ESQUERDA: FOTOGRAFIA: DON L. SEARLE; NO ALTO À DIREITA: FOTOGRAFIA: CRAIG DIMOND, COM A UTILIZAÇÃO
DE MODELOS; EMBAIXO À DIREITA: FOTOGRAFIA: ROBERT CASEY, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS
Se aos
19 Anos Eu
Soubesse...
Depois de contar-nos essa conversa, ela testificou: “Vi milagres na minha missão”.
De repente, dei-me conta de que também
tinha visto milagres, mas não os havia procurado nem esperado que acontecessem.
Simplesmente deixei que acontecessem. Por
não tê-los procurado e esperado que acontecessem, provavelmente devo ter impedido
que muitos deles ocorressem. Os milagres
acontecem pela fé, e a fé é algo que tem a
ver com a expectativa de que certas coisas
aconteçam e com o trabalho ativo para que
ocorram.
Se eu fosse servir hoje, faria minha parte,
mas também esperaria que o Senhor fizesse
a Dele em meu trabalho como Seu servo. Ele
é especialista em milagres, que, por definição, são coisas que Ele pode fazer por nós e
que não podemos fazer sozinhos. Acredito
hoje que Ele está mais disposto a realizar
milagres do que estamos dispostos a recebêlos. Ensinar pelo Espírito é provavelmente a
maneira mais eficaz de um missionário abrir
as portas para que milagres aconteçam.
Isso convida diretamente a influência do
Senhor na vida do pesquisador.
3. Eu trabalharia de modo mais inteligente
e árduo.
O lema de meu primeiro líder de distrito
parecia ser: “Trabalhe de modo mais inteligente, e não mais arduamente”. Não concordo com a segunda metade desse lema,
mas se tivesse que fazer de novo, sem dúvida
tentaria trabalhar de modo mais inteligente.
Meu líder de distrito era muito criativo e
tinha muito sucesso. Por exemplo: ele organizava um time de vôlei com os jovens do
ramo, e eles convidavam os amigos para
jogar. Era uma
maneira divertida e simples
de ajudar os
jovens a ser
missionários.
Muitas oportunidades de
ensino e
E
u esperaria
ver milagres.
O Senhor é
especialista em milagres e acredito hoje
que Ele está mais
disposto a realizar
milagres do que
estamos dispostos a
recebê-los. Se fizermos nossa parte, o
Senhor fará a Dele.
A LIAHONA MARÇO DE 2007 39
conversões resultaram desse método fácil de
compartilhar o evangelho.
Eu era provavelmente muito rígido e restrito em minha definição de como o trabalho
do Senhor devia ser realizado. Consideravame preguiçoso se não estivesse batendo em
portas o dia inteiro ou ensinando pesquisadores sérios. Mas o trabalho do Senhor não
precisa ser árduo para ser considerado trabalho. Se eu fosse um missionário hoje, sob a
orientação de meu presidente de missão, tentaria ser mais criativo nos métodos de encontrar pessoas para ensinar.
4. Não deixaria que a rejeição e o fracasso
me desencorajassem.
Em minha missão, a rejeição e o fracasso
faziam parte de nossa vida diária tanto quanto
comer e respirar. Era fácil esperar a rejeição e
prever que nossos pesquisadores perdessem
o interesse por nossa mensagem. Mas cinco
semanas em certa cidade me ensinaram uma
lição valiosa. Era uma
cidade na qual ninguém tivera muito
sucesso. Mas
alguém esqueceu
de contar isso para
meu companheiro
e eu. Tivemos
muito sucesso ali. Trabalhamos arduamente.
Divertimo-nos. Encontramos muitas pessoas interessadas em nossa mensagem.
Tínhamos uma aula cheia de pesquisadores
todos os domingos naquele minúsculo
ramo. Milagres aconteceram na vida das
pessoas. No entanto, sentíamos que estávamos apenas arranhando a superfície,
naquela cidade de ouro.
Por que tivemos tanto sucesso ali? Creio
que o Senhor nos abençoou com sucesso por
causa de nossa atitude. Meu companheiro e
eu adorávamos trabalhar um com o outro.
Éramos unidos. Trabalhávamos arduamente.
Acreditávamos sinceramente que a cidade
era uma mina de ouro que estava apenas
aguardando as pessoas certas para entregar
seus tesouros. A atitude tem muito a ver com
fé. A fé tem tudo a ver com sucesso. E a fé é
contagiante.
Infelizmente, aprendi tarde essa lição.
Deixei de perceber a relação que havia entre
os frutos de nosso trabalho e a maneira pela
qual trabalhávamos. Conseqüentemente, não
pude aplicar esse princípio de modo tão eficaz
nas duas áreas seguintes em que trabalhei.
Há provavelmente muitas outras coisas que
eu faria diferentemente, se tivesse a chance de
servir novamente em minha missão, mas essas
quatro se sobressaem em minha mente.
Se você observar cuidadosamente
essas idéias, verá que se enquadram
nas qualificações que o próprio
Senhor determinou para Seus
servos: “Fé, esperança, caridade e amor, com os olhos
fitos na glória de Deus, qualificam-no para o trabalho.
Lembrai-vos da fé, da virtude,
do conhecimento, da temperança, da paciência, da bondade fraternal, da piedade, da
caridade, da humildade, da
diligência” (D&C 4:5–6). ■
FOTOGRAFIA: MATTHEW REIER
M
eu companheiro e eu
adorávamos
trabalhar um com o
outro. Éramos unidos. Trabalhávamos
arduamente. E devido
a nossa atitude e
esforços, creio que o
Senhor nos abençoou
com sucesso.
LIÇÕES DO
NOVO TESTAMENTO
Jesus Cristo,
o Pão da Vida
É L D E R W O N YO N G KO
Dos Setenta
Q
uando estava na Terra,
Jesus Cristo realizou muitos milagres, como o de
transformar água em vinho, curar os
enfermos e incapacitados e até erguer
Lázaro de entre os mortos. O milagre testemunhado pelo maior número de pessoas foi,
provavelmente, quando Ele alimentou cinco
mil com cinco pães e dois peixes. Esse milagre
está descrito em todos os quatro Evangelhos
(ver Mateus 14:13–21; Marcos 6:34–44; Lucas
9:12–17; João 6:5–14). Examinemos alguns
detalhes desse dia milagroso e troquemos
idéias sobre o motivo pelo qual ele é relevante em nossos dias.
FUNDO © PHOTOSPIN
A Compaixão do Salvador
O Salvador realizou esse milagre devido
à Sua compaixão pelo povo. Marcos escreveu que quando olhou para a multidão que
ouvia atentamente Suas palavras, Ele “teve
compaixão deles, porque eram como ovelhas que não têm pastor” (Marcos 6:34). Ele
estava ciente de que “o dia (...) já [estava]
muito adiantado” e que, por estarem em um
“lugar (...) deserto” (Marcos 6:35), as pessoas não teriam o que comer.
Mas Jesus reteve o poder de realizar o
milagre por algum tempo, decidindo testar
primeiro Seus discípulos. Perguntou a Filipe:
“Onde compraremos pão, para estes comerem?” (João 6:5). Por que fez essa pergunta
a Filipe se “ele bem
sabia o que havia
de fazer” (João 6:6)?
Talvez quisesse que
Seus discípulos reconhecessem plenamente que não
poderiam alimentar tantas pessoas com o
dinheiro e o tempo que lhes foram concedidos. Para que a imensa multidão pudesse ser
alimentada, seria necessário um milagre.
Então, os discípulos mostraram a comida
que um rapaz havia trazido, o único alimento
de que dispunham: cinco pães de cevada e
dois peixinhos. Gosto de pensar que aquele
rapaz devia estar faminto, mas ofereceu tudo
o que tinha ao supremo Mestre, em vez de
preocupar-se consigo mesmo. Isso pode ter
contribuído para preparar o ambiente para o
grande milagre.
“[Assentaram-se] Todos, em Ranchos”
Jesus Cristo deliberadamente concluiu
outra tarefa antes de realizar o milagre:
ordenou a Seus discípulos que “fizessem
assentar a todos, em ranchos, sobre a erva
verde. E assentaram-se repartidos de cem em
cem, e de cinqüenta em cinqüenta” (Marcos
6:39–40). Por que Ele pediu que as pessoas
se sentassem assim? Sem dúvida queria assegurar-Se de que o processo de distribuição
de alimento ocorresse de modo ordeiro. O
Élder Bruce R. McConkie (1915–1985), do
Jesus ensinou as pessoas a não se concentrarem no pão
material, mas a buscarem um pão bem
mais importante:
“Trabalhai, não pela
comida que perece,
mas pela comida
que permanece para
a vida eterna, a qual
o Filho do homem
vos dará”.
A LIAHONA MARÇO DE 2007 41
Quórum dos Doze Apóstolos, esclarece: “Não
havia nada informal nem desorganizado no
planejamento ou nas realizações de nosso
Senhor. A multidão reunida foi assentada
de modo sistemático em grupos e ranchos.
Sua beneficência não se constituía de dádivas
desordenadamente espalhadas pela multidão.
Em vez disso, Ele estava provendo o alimento
necessário — que não podia ser conseguido
de outra forma — a uma congregação de
ouvintes atentos. Desse modo, não podia
haver dúvida na mente de ninguém sobre o
que estava realmente acontecendo. Os apóstolos deveriam distribuir os pães e peixes
de modo ordeiro, tratando todos com
justiça e imparcialidade”.1
Além disso, creio que, tal como
fizera com Filipe, o Senhor quis
que as pessoas percebessem
como era grande a multidão, enquanto o
milagre era realizado. Ele pode ter desejado
assegurar-Se de que não houvesse dúvida a
respeito do número de pessoas que participaram daquele grande milagre.
O número de pessoas da multidão era na
verdade superior a 5.000 porque as mulheres e crianças não foram contadas. Portanto,
bem mais do que 5.000 pessoas foram milagrosamente alimentadas com cinco pães e
dois peixes.
Depois que o Salvador tomou os cinco pães
e peixes, “levantou os olhos ao céu, abençoou
e partiu os pães” (Marcos 6:41), e deu-os aos
Seus discípulos, para que os distribuíssem
às pessoas. Depois, distribuiu os peixes. As
pessoas não apenas receberam um pouco
de comida, preocupadas com a escassez. Em
vez disso, pegaram “quanto eles queriam”
(João 6:11) e “todos comeram, e ficaram fartos” (Marcos 6:42).
Jesus deu outras instruções depois de realizar o milagre. Ele disse a Seus discípulos:
“Recolhei os pedaços que sobejaram, para
que nada se perca” (João 6:12). Os discípulos recolheram doze cestos de comida!
Era evidente que Jesus realizara o milagre por meio de Seu poder. O relato do
livro de João termina com este comentário: “Vendo, pois, aqueles homens o milagre que Jesus tinha feito, diziam: Este é
verdadeiramente o profeta que devia
vir ao mundo” (João 6:14).
Alimento Espiritual
A história não termina aí.
Todos esses eventos foram apenas um prelúdio para aquilo
que Salvador ensinou depois.
Ele realizou aquele milagre
de modo dramático para que
as pessoas compreendessem
claramente que Ele tinha
42
ALIMENTANDO OS CINCO MIL, DE HARRY ANDERSON, CORTESIA DA IGREJA ADVENTISTA DO SÉTIMO DIA, CÓPIA PROIBIDA; FOTOGRAFIA: CHRISTINA SMITH, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS
J
esus alimentou
mais de 5.000
pessoas com
apenas cinco pães e
dois peixes — um ato
divino. Ele declarou
ser o “pão da vida”
— um ensinamento
divino.
grande poder, e assim estivessem mais
Relevância em Nossos Dias
preparadas para aceitar Seus ensinamenHoje, alguns acham que o milagre dos
tos — algo bem mais importante do que
pães e peixe não passa de uma história
comer pães e peixes.
antiga que não é relevante para nossos
Pouco tempo depois de realizar
dias. Ao fazê-lo, deixam de compreender
esse milagre, Jesus ensinou as pessoas
a importância daquela história milagrosa
a não se concentrarem no pão matee do significado do “pão da vida”.
rial, mas buscarem um pão muito
O Élder Jeffrey R. Holland, do
mais importante: “Trabalhai, não pela
Quórum dos Doze Apóstolos, disse:
comida que perece, mas pela comida
“Em nosso sucesso e sofisticação conque permanece para a vida eterna,
temporâneos, talvez também estejamos
a qual o Filho do homem vos dará”
nos afastando do pão fundamental(João 6:27).
mente essencial da vida eterna; talvez
As pessoas ficaram confusas com
estejamos de fato escolhendo ficar espiabendo que Jesus Cristo
o que Ele disse. A mente delas ainda
ritualmente desnutridos, incorrendo
é o Pão da Vida — o
estava nos pães que haviam comido.
numa espécie de anorexia espiritual
caminho pelo qual
Não conseguiram entender o significado
deliberada”.2
todos podem receber a vida
do termo “pão da vida”.
O Bible Dictionary explica que
eterna — temos uma responsaJesus declarou: “Eu sou o pão da
os milagres foram “um elemento
bilidade importante. Devemos
vida; aquele que vem a mim não terá
importante na obra de Jesus Cristo,
procurar ajudar as pessoas a
fome, e quem crê em mim nunca terá
tendo sido não apenas atos divinos,
achegarem-se a Ele.
sede” (João 6:35).
mas também faziam parte do ensinaProsseguiu, explicando: “Eu sou o pão da vida. (...)
mento divino” (p. 732; ver também Guia para Estudo das
Este é o pão que desce do céu, para que o que dele
Escrituras, “Milagre”, p. 140). O milagre dos pães e peixes
comer não morra. Eu sou o pão vivo que desceu do
é um bom exemplo dessa definição. Jesus alimentou mais
céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre”
de 5.000 pessoas com apenas cinco pães e dois peixes —
(João 6:48, 50–51).
um ato divino. Ele declarou ser o “pão da vida” — um
Algumas pessoas murmuraram por causa do que Ele
ensinamento divino.
disse. Achavam que conheciam Jesus, o filho de José, o
Sabendo que Jesus Cristo é o Pão da Vida — o camicarpinteiro. Esqueceram o poder por meio do qual Jesus
nho pelo qual todos podem receber a vida eterna — temos
havia realizado aquele grande milagre. Muitos decidiram
uma responsabilidade importante. Devemos procurar ajuabandoná-Lo. Jesus perguntou a Seus Doze Apóstolos:
dar as pessoas a achegarem-se a Ele e partilharem Sua
“Quereis vós também retirar-vos?” (João 6:67). Pedro respalavra, como as pessoas que comeram os pães e os peipondeu com um testemunho poderoso em sua simplicixes. Os nossos amigos talvez não saibam que estão famindade: “Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras tos em espírito. Pode ser que tentem consumir muitas
da vida eterna” (João 6:68).
coisas para satisfazer sua fome espiritual e, como resulEmbora o Salvador tivesse preparado bem as pessoas
tado, estejam se sentindo frustrados e perdidos. Vamos
para que lhes fossem ensinadas a Sua natureza e missão
ajudá-los a saber como podem nutrir-se espiritualmente:
divinas, elas ainda assim não compreenderam o signifiachegando-se a Jesus Cristo, o Pão da Vida. ■
cado do milagre ou do ensinamento de Jesus de que Ele
NOTAS
era o Pão da Vida. Mas os Doze, liderados por Pedro, con1. Doctrinal New Testament Commentary, 3 vols., 1966–1973,
volume 1, p. 344.
firmaram o testemunho que tinham Dele. Isso deve ter
2. “He Hath Filled the Hungry with Good Things”, Ensign,
sido um grande consolo para o Senhor.
novembro de 1997, p. 65.
S
A LIAHONA MARÇO DE 2007 43
VOZES DA IGREJA
Correspondentes e Referências
Brittany Jones Beahm
M
inha companheira me entregou um envelope e disse:
“Síster Jones, acho que é
para você”. Olhei o endereço do
remetente e fiquei contente ao ver o
nome de minha prima elegantemente
impresso no canto do envelope. Eu
tinha acabado de ser transferida para
uma nova cidade, tendo saído do
outro lado do sul da França, e não
achava que alguém lá em casa, nos
Estados Unidos, soubesse meu novo
endereço. Abri o envelope e li um
curto bilhete no qual minha prima
dizia ter recebido recentemente um
e-mail de sua correspondente na
França, após oito anos sem contato.
Minha prima explicou que, embora
ela e Céline tivessem recebido o endereço uma da outra em seus respectivos cursos de francês e inglês no
ensino médio, nunca tinham realmente trocado cartas. Minha prima,
portanto, ficou surpresa ao receber
o e-mail de Céline. Ela não sabia se
Céline morava no sul da França,
onde eu estava servindo, mas anotou
o nome e endereço dela, pedindo
que a contatasse, se possível.
Como eu era nova na área, entreguei o bilhete à minha companheira
e perguntei se a correspondente da
minha prima morava na missão. “Ela
não apenas mora dentro dos limites
da missão”, respondeu ela, “mas mora
em nosso distrito!” Entusiasmada,
liguei para Céline para apresentar-nos,
e ela concordou em receber-nos.
Tomamos o trem e fizemos o breve
trajeto até Montauban.
Quando descemos do trem, fomos
calorosamente recebidas por Céline
e seus pais. Eles nos convidaram para
sua casa e pediram que compartilhássemos nossa mensagem. Enquanto
lhes ensinávamos sobre o Livro de
Mórmon e o Profeta Joseph Smith, o
Espírito prestou testemunho da veracidade do evangelho restaurado. A família expressou gratidão pelos valores
ensinados pela Igreja e, após uma
longa conversa, deixamos com eles um
exemplar do Livro de Mórmon, fizemos uma oração e prometemos voltar.
Essa foi a primeira de várias visitas
que fizemos a Céline e sua família.
Minha missão terminou enquanto
eles ainda estavam no processo de
conhecer a Igreja, mas antes que eu
dissesse adeus a Céline, perguntei
por que ela havia decidido entrar em
contato com minha prima após oito
anos. Sua resposta me surpreendeu:
44
ILUSTRAÇÕES POR DOUG FAKKEL
M
aravilheime ao
refletir
sobre como um
Pai amoroso permitira que um
endereço perdido
fosse encontrado e
um antigo contato
fosse restabelecido.
“Quando eu estava limpando uma
gaveta, encontrei o endereço dela
numa folha de papel que pensei estar
perdida. Tive a forte impressão de
que devia escrever para ela”.
No caminho para nosso apartamento, olhei pela janela do trem e
maravilhei-me ao refletir sobre como
um Pai amoroso havia permitido que
um endereço perdido fosse encontrado e um antigo contato fosse restabelecido, bem no momento em que
eu havia sido inesperadamente transferida para uma nova cidade nas últimas seis semanas de minha missão.
Ele Se preocupa com todos e faz milagres acontecerem, mesmo que seja
uma coisa pequena e simples como o
endereço de uma correspondente. ■
Nunca É Tarde
Demais
Sylvia de Moscui Maldonado
Q
uando eu servia como missionária de tempo integral em
minha terra natal, no Equador,
tive, certo dia, um claro sentimento
de que alguém especial estava esperando por nós — alguém que aceitaria o evangelho.
Caminhando com minha companheira, chegamos até uma casa bem
humilde. Uma senhora idosa, que
tinha provavelmente uns 80 anos
de idade, sorriu amavelmente para
mim. Sorri para ela também. Estava
prestes a seguir meu caminho, mas
a mulher pareceu-me muito feliz
de nos ver. Algo me disse para parar
ali mesmo.
Muitas pessoas daquela pequena
cidade eram analfabetas, por isso
perguntei se ela sabia ler. A resposta
foi um entusiástico sim. De repente,
fiquei muito animada. Senti que ela
era a pessoa que o Senhor queria
que ensinássemos. Peguei um Livro
de Mórmon em minha bolsa e mostrei para ela. Fiquei surpresa quando
ela começou a ler a primeira página
em voz alta sem precisar de óculos.
Perguntei se ela gostaria de ficar com
o livro e novamente ela respondeu
que sim. Uma grande felicidade luzia
em seus olhos cansados — olhos
esses que há muito procuravam
uma vida melhor.
Começamos a ensinar-lhe o evangelho, e o Espírito prestou-lhe testemunho de sua veracidade. Esses
ternos sentimentos encheram-me
o coração.
Quando concluímos a lição, mostrei-lhe o capítulo 11 de 3 Néfi, que fala
da visita de Jesus Cristo às Américas.
Ela prometeu que o leria. Ela mesma
marcou a página e então beijou o livro,
radiante de alegria.
Fizemos outras visitas à nova pesquisadora e ficamos muito felizes ao
ver que ela lia tudo que lhe indicávamos. Depois de terminar seu dia de
trabalho, lia o Livro de Mórmon até
tarde da noite. Ela também começou
a freqüentar a Igreja, embora levasse
duas horas para caminhar lentamente
até a capela. Seus sentimentos a respeito do Livro de Mórmon e Jesus
Cristo cresceram rápida e profundamente. Depois de ouvir todas as
lições missionárias, quis ser batizada
e pagar o dízimo.
Que grandes bênçãos aquela querida senhora recebeu! Tinha o coração pronto para seguir o Senhor, e
o Espírito Dele guiou-nos até ela. Ela
nos ensinou amor, coragem, sacrifício, alegria e obediência. Acima de
tudo, ensinou que nunca é tarde
demais para mudar. ■
A LIAHONA MARÇO DE 2007 45
S
e vocês permitirem que
o Espírito
magnifique seus
chamados, estarão
mais aptos a fazer
milagres para o
Senhor”.
“
Falar a Língua do Espírito
Sergio Adrián López
C
omo missionários da Missão
Argentina Buenos Aires Sul,
meu companheiro, o Élder
Allred, e eu recebemos um cartão de
referência para contatar uma família
da Rússia. Quando encontramos a
casa, a mulher reconheceu-nos como
missionários e convidou-nos a conhecer a família.
Rapidamente nos demos conta
de que a família não sabia falar espanhol muito bem, e também tivemos
muita dificuldade para compreendêlos. Pelo que nos tentaram explicar
com seu espanhol truncado, concluímos que estavam na Argentina havia
pouco tempo, mas tinham grande
interesse em conhecer a Igreja.
Adaptamos a primeira lição usando
um espanhol simplificado, e a família
recorreu a seus dois dicionários
de russo-espanhol enquanto lentamente ensinamos a nossa mensagem, mas ficamos em dúvida se eles
46
estariam realmente compreendendo.
Depois de marcar o compromisso
de outra lição, caminhamos de volta
para casa, comentando como havia
sido difícil transmitir o significado de
nossa mensagem. Não sabíamos se a
família compreenderia melhor o significado das outras lições ou se ficariam frustrados e pediriam que não
mais os visitássemos.
Voltamos a visitar a família Balva no
dia seguinte para ver como estavam e
se tinham começado a ler o Livro de
Mórmon e orado para saber se ele era
verdadeiro. Para nossa surpresa e alegria, eles nos mostraram, muito felizes, um papel no qual tinham escrito
em espanhol os princípios que lhes
havíamos ensinado. Também nos disseram que tinham lido em 3 Néfi 11
o relato da visita do Salvador ao continente americano, garantindo-nos que
tinham entendido tudo que havíamos conversado no dia anterior e
que estavam entusiasmados para
aprender mais.
Nas semanas seguintes, meu testemunho foi fortalecido à medida que
o Espírito Santo testificava à família
Balva sobre a veracidade do evangelho e lhes facilitava o entendimento
do espanhol. O Pai Celestial sabia do
desejo de seu coração e reconheceu
a sinceridade de suas orações para
encontrar a verdade. Juntos, a família
Balva, o Élder Allred e eu sentimos
a alegria descrita em D&C 50:22:
“Portanto aquele que prega e aquele
que recebe se compreendem um ao
outro e ambos são edificados e juntos
se regozijam” — não porque falássemos a mesma língua mas, sim, por
causa da língua universal do Espírito.
A família Balva apresentou-nos
outra família russa, a quem também
tivemos o privilégio de ensinar. As
duas famílias fizeram convênios com
o Pai Celestial entrando nas águas do
batismo não muito tempo depois que
as conhecemos.
Sou testemunha de que as palavras do Presidente Ezra Taft Benson
(1899–1994) são verdadeiras: “A
influência do Espírito é o elemento
mais importante deste trabalho. Se
vocês permitirem que o Espírito magnifique seus chamados, estarão mais
aptos a fazer milagres para o Senhor”
(Seminário de novos presidentes de
missão, 25 de junho de 1986). ■
A Primeira de
Muitas Almas
Norie Tsubaki Murae
M
inha companheira e eu
estávamos servindo na
Missão Fukuoka Japão e
trabalhávamos numa área conhecida
como Kasuga, que fica perto da estação Kumamoto. As pessoas que
viviam nessa área eram bastante descrentes em relação a religião. Mesmo
sabendo disso, nosso presidente da
missão nos disse: “Há muitas pessoas em Kumamoto que foram preparadas pelo Senhor. Por favor,
encontrem-nas”.
Em um dia chuvoso, decidimos
procurar Noboru Yamagata, membro
menos ativo que não conhecíamos.
Ao aproximar-nos de sua casa, notamos um cartaz que dizia “Não aceitamos solicitações religiosas” — um
aviso muito comum na cultura
japonesa. Mas atendendo aos
sussurros do Espírito, batemos
na porta.
A mãe do irmão
Yamagata atendeu à porta
e informou-nos de que
seu filho estava fora da
cidade. Disse ainda que
atenderia cordialmente a qualquer
pessoa do convívio dele, como era
tradição nas famílias japonesas, e por
isso convidou-nos a entrar. Mas a despeito de sua hospitalidade superficial, tinha no rosto uma expressão
ameaçadora.
Assim que nos sentamos, ela avisou: “Não quero ouvir nada a respeito
de religião”. Ela então começou a falar
sobre si mesma e expressou seus profundos sentimentos a respeito de certos valores em sua vida.
Para nossa surpresa, falou de fé,
amor e das Bem-Aventuranças; então,
aproveitamos a chance para explicar
que esses princípios também eram
importantes para nós. Contamos a
gloriosa visão que Joseph Smith teve
graças à sua fé e descrevemos a
importância do Livro de Mórmon
na Restauração do evangelho.
Foi interessante observar a mudança
que ocorreu na Sra. Yamagata ao ouvir
nossa mensagem. Lágrimas correramlhe pelo rosto quando testificamos a
respeito da divindade de Jesus Cristo
e a restauração do evangelho por
Joseph Smith. Ela disse: “Joseph
Smith foi um homem de sorte”.
Quando nos despedimos, por fim,
sua face brilhava e seus olhos cintilavam de felicidade. Ela disse: “Obrigada
por terem-me visitado hoje. Meu filho
deve tê-las conduzido até a minha
casa”. Despedimo-nos com um aperto
de mão, e ela disse, brincando: “Não
vou lavar a mão hoje!”
Quando voltávamos para casa,
reconhecemos que aquela mulher
era uma das pessoas que nosso
presidente de missão dissera que
estavam prontas para receber o
evangelho. Era evidente que
o Espírito havia preparado seu coração para
nossa mensagem,
e soubemos que
ela era a primeira
das muitas almas
que precisávamos
encontrar. ■
N
osso presidente de
missão nos
disse: “Há muitas
pessoas que foram
preparadas pelo
Senhor. Por favor,
encontrem-nas”.
COMENTÁRIOS
e Harmonia
Sentimo-nos extremamente gratos
pela Liahona. Vemos o quanto ela
traz serenidade ao nosso espírito
e harmonia para os relacionamentos familiares. Nós a usamos
como livro de histórias
porque gostamos de
ler suas histórias reais
para os nossos filhos
antes de irem dormir. É uma grande
bênção receber as
mensagens simples
do evangelho restaurado por meio dessa
agradável revista.
Família Carzola, Espanha
Testemunhos de Fé
Agradeço ao Pai Celestial por esta
revista maravilhosa, A Liahona. Por
meio dela recebo testemunhos de fé,
vindos do mundo inteiro. Essa comunicação de nossos irmãos e irmãs, de
tantos lugares do mundo, fortalecenos espiritualmente.
dele e saber o que devemos fazer para
que dure para sempre. Sua mensagem
veio na hora certa. Sou grato por
termos Apóstolos chamados
pelo Senhor em nossos dias.
Alberto Reuben C. Reyes, Filipinas
Um Reforço para Meu
Conhecimento
Quero expressar minha gratidão pelas pessoas
que tornam a
Liahona possível,
bem como aos
que compartilham
sua história pessoal.
Sou particularmente grato
pelo artigo “O Perfil de um Profeta”
(junho de 2006), do Presidente
Hugh B. Brown, na seção Clássicos do
Evangelho. Sua experiência reforçou
meu conhecimento de que o evangelho de Jesus Cristo foi restaurado nos
dias atuais e de que esta é a Sua Igreja,
organizada sob Sua direção por intermédio do Profeta Joseph Smith.
Herwin A. Pado, Filipinas
Esperança, Coragem e Força
Espiritual
Tenho 73 anos de idade. É grande
o amor que tenho por nosso querido
profeta e pelas Autoridades Gerais e
líderes locais da Igreja, bem como
por todos os meus irmãos e irmãs
neste mundo. Sou especialmente
grata por vocês, que se dedicam na
preparação das lindas mensagens da
Liahona, que recebemos todos os
meses. Elas nos dão esperança, coragem e força espiritual para enfrentar
as tempestades da vida.
Otília Pereira, Portugal
Um Consolo
Nenhuma outra revista consegue
me emocionar como a Liahona. As
histórias me inspiram a fazer o bem
continuamente. Às vezes, a simples
leitura da Liahona me consola
quando estou triste e deprimida.
Ela me ajuda a vencer as dificuldades e tentações, tornando-me firme
e constante na obediência aos mandamentos de Deus.
Beeny Mayang, Filipinas
Ilka Odierno, Brasil
Cuidando do Casamento
Gostaria de agradecer-lhes pela
publicação dos discursos da conferência na edição de maio de 2006,
especialmente pela mensagem do
Élder Russell M. Nelson, “Fortalecer o
Casamento”. Aleth e eu nos casamos
no ano passado, no Templo de Manila
Filipinas. Recebemos muitas bênçãos,
mas também enfrentamos as dificuldades que todo casal enfrenta. A
mensagem do Élder Nelson lembrou-nos da beleza e da característica
sagrada do casamento. Ensinou-nos
a fortalecer nosso casamento, cuidar
48
NO PRÓXIMO NÚMERO
Em janeiro de 1989, o Élder David B.
Haight (1906–2004), do Quórum dos Doze
Apóstolos, sentiu-se mal e foi levado às
pressas, de ambulância, para
o hospital, onde foi submetido a duas cirurgias no
abdômen. Antes de ser
levado, a intensa dor levou-o
a se ajoelhar. Ele orou para que sua vida
fosse poupada. Enquanto orava, começou
a perder a consciência. O som da sirene foi
a última coisa de que se lembrava. Nesse
estado de inconsciência, a dor cessou e
ele se viu em um lugar muito tranqüilo.
Aos poucos, deu-se conta de estar na
presença de um ser celestial.
Na edição do próximo
mês de A Liahona, leia
na seção Clássicos do
Evangelho: “O Sacramento
— e o Sacrifício”, testemunho do Élder
Haight a respeito do Salvador e um relato
do que aprendeu enquanto esteve
inconsciente.
DETALHE DE O PROFETA DO SENHOR, DE DAVID LINDSLEY; REPRODUÇÃO PROIBIDA; BORDA E AMBULÂNCIA © PHOTOSPIN
A Revista Traz Serenidade
PA R A A S C R I A N Ç A S • A I G R E J A D E J E S U S C R I S TO D O S S A N TO S D O S Ú LT I M O S D I A S • M A R Ç O D E 2 0 0 7
OAmigo
VINDE AO
PROFETA ESCUTAR
Ter Mais Disposição de
Perdoar
PRESIDENTE GORDON B. HINCKLEY
A2
ILUSTRADO POR PAUL MANN
A
lgum tempo atrás, eu recortei um
as costas enquanto ele soluçava, e testemuartigo no jornal Deseret Morning
nhas, inclusive um repórter do jornal Times,
News, escrito por Jay Evensen.
ouviram-na dizer: ‘Está tudo bem. Apenas
Com a permissão dele, vou citar uma
quero que faça com que sua vida seja a
parte do artigo.
melhor possível’.”1
“Como você se sentiria em relação a um
Quem consegue sentir algo que não
O Presidente
seja admiração por essa mulher? De algum
adolescente que resolvesse atirar um peru
Hinckley prometeu
modo, o perdão, com amor e tolerância,
congelado de cinco quilos em um carro em
que o amor e o
realiza milagres que, de outra maneira, não
movimento, diretamente no pára-brisa do
perdão podem
aconteceriam.
carro que você estivesse dirigindo? Como se
realizar milagres.
A grande Expiação foi o supremo ato de
sentiria depois de enfrentar seis horas de
perdão. O sofrimento foi tão grande, a agocirurgia em que usassem placas de metal e
nia tão intensa, que nenhum de nós pode
outros materiais para refazer seu rosto? (...) .
compreender como é que o Salvador ofereceu a Si
(...) A vítima, Victoria Ruvolo, (...) estava mais intemesmo para pagar o preço da redenção dos pecados
ressada em recuperar a vida de seu agressor de 19 anos
de toda a humanidade. Sei apenas que ela ocorreu, e
de idade, Ryan Cushing, do que em (...) vingança. (...)
que Ele a fez por mim e por vocês. É por intermédio
Insistiu em oferecer-lhe um acordo. Ryan cumpriria
Dele que recebemos o perdão. É por intermédio Dele
uma pena de seis meses na cadeia e cinco anos em
que toda a humanidade receberá a bênção da ressurliberdade condicional desde que admitisse ser culpado
reição dos mortos. É por intermédio Dele e de Seu
de agressão em segundo grau.
grande sacrifício que nos foi oferecida a oportunidade
Se ele tivesse sido condenado por agressão em primeiro grau — a acusação mais adequada para o crime — da vida eterna, mediante a nossa obediência.
Que Deus nos ajude a ser um pouco mais bondosos,
ele poderia cumprir uma pena de 25 anos na prisão. (...)
perdoar mais, colocar de lado antigos ressentimentos e
De acordo com um relato no jornal New York Post,
não os alimentar mais. ●
Ryan (...) foi até onde Victoria estava sentada na sala do
De um discurso proferido na conferência geral de outubro de 2005.
tribunal e, com lágrimas nos olhos, sussurrou uma desculpa: ‘Sinto muito mesmo pelo que fiz à senhora’.
NOTA
Victoria levantou-se e vítima e agressor se abraça1. “Forgiveness Has Power to Change Future”, Deseret Morning News,
21 de agosto de 2005, p. AA3.
ram chorando. Ela acariciou-lhe a cabeça e afagou-lhe
COISAS EM
QUE PENSAR
1. Como você acha que
o perdão de Victoria
Ruvolo afetou a vida de
Ryan Cushing? Por quê?
2. O Presidente
Hinckley nos lembra
que Jesus Cristo sofreu
por nossos pecados.
Por intermédio Dele
recebemos o perdão,
se nos arrependermos.
Como esse conhecimento nos ajuda a perdoar as outras pessoas?
3. Perdoar a alguém
significa permitir que
essa pessoa continue
a nos prejudicar?
O AMIGO MARÇO DE 2007
A3
Ficar em
Vestir-se com recato
Pagar o dízimo
recatadas
Gastar dinheiro em um brinquedo
Orar somente quando precisar de ajuda
NASCIMENTO
palavrão
Ficar zangado e dizer um
Ir à Igreja
Cantar um hino da Primária
Vestir roupas que estão na moda, mas que são pouco
VIDA
ETERNA
Orar todos os dias pela manhã e à noite
F4
Dizer coisas ruins para alguém
casa e assistir à televisão
Ser bondoso com as pessoas
TEMPO DE
COMPARTILHAR
Tentar, Tentar, Tentar
“Segui-me, pois; e fazei as coisas que me vistes fazer”
(2 Néfi 31:12).
ELIZABETH RICKS
§
Há muitos anos, as pessoas faziam elaborados jardins em forma de labirinto para entreter os amigos. Podavam sebes formando
caminhos por onde as pessoas podiam caminhar
de um lado para o outro tentando encontrar a saída.
Muitos gostavam de passear por esses imensos jardins
em forma de labirinto. Outros, às vezes, ficavam confusos pelo caminho, mas ainda assim apreciavam o agradável passeio e, por fim, encontravam a saída. Tinham
que tentar, tentar, tentar. Ainda existem jardins em
forma de labirinto, que são muito apreciados pelos
visitantes.
Assim como os visitantes encontram o caminho no
labirinto, tomando uma decisão a cada bifurcação, cada
um de nós precisa encontrar seu caminho na vida. Todos
os dias nos deparamos com decisões. Algumas delas não
são importantes. Provavelmente não importa muito se
você vai vestir uma camisa azul ou vermelha. Contudo,
muitas decisões são importantes. Quando você se depara
com a decisão de dizer a verdade ou contar uma mentira,
é importante que conte a verdade.
Nas decisões importantes, você pode fazer a escolha
certa perguntando-se: “O que Jesus faria?” Quando tentamos ser como Jesus — quando tentamos, tentamos, tentamos — fazemos a coisa certa. Jesus sempre fez o que
era certo. Nossa fé cresce quando seguimos Seu exemplo.
ILUSTRADO POR SCOTT GREER
Atividade
Com o dedo, trace o caminho no jardim em forma de
labirinto. Toda vez que fizer uma escolha, decida fazer o
que Jesus faria. Comece em “Nascimento”, siga o exemplo de Jesus até chegar a “Vida Eterna”.
Idéias para o Tempo de Compartilhar
1. Explique às crianças que, se seguirem o exemplo de Jesus,
isso nos ajudará a voltar à presença de nosso Pai Celestial.
Pergunte às crianças o que é um exemplo e dê ilustrações. Um
professor pode resolver um problema de matemática para mostrar aos alunos como resolver outros problemas. Um treinador
de futebol pode dar um chute na bola para mostrar como
chutar. Explique-lhes que, se seguirmos o exemplo de Jesus, isso
pode ajudar-nos a fazer boas escolhas. Prepare estudos de caso
(ver “Estudos de Caso”, Ensino, Não Há Maior Chamado, 1999,
pp. 161–162) ou situações tiradas da vida real. Dê um estudo de
caso para cada classe e peça que discutam o problema. Peça
às crianças que resolvam o problema perguntando-se: “O que
eu faria se seguisse o exemplo de Jesus?” Peça a cada classe
que relate como seguiriam Jesus. Explique-lhes que, para sermos como Jesus, precisamos tentar. O mais importante é tentar. Preste testemunho de que a decisão de seguir o exemplo de
Jesus exige esforço, mas é algo que nos dará alegria.
2. Convide o bispo ou o presidente do ramo (ou outro membro do bispado ou presidência do ramo) a mostrar sua carteira
de motorista às crianças. (Qualquer tipo de licença, como uma
licença para pesca ou uma licença para casamento, também
serve.) Peça-lhe que diga quais foram as exigências que ele teve
de cumprir para conseguir esse documento. Depois, peça-lhe
que mostre um documento ainda mais importante: sua recomendação para o templo. Peça-lhe que diga às crianças algumas coisas que as pessoas precisam fazer para conseguir uma
recomendação para o templo. Prepare várias tiras de papel
nas quais você escreverá um princípio do evangelho que precisamos cumprir para ir ao templo, e um número de passos. Por
exemplo: “Guardar a Palavra de Sabedoria — avance dois
passos”. Coloque uma gravura do templo em cada parede e
escreva no verso o nome de um hino. Chame quatro crianças
para ficarem no centro da sala e peça que cada uma se mova
em direção a um templo diferente. (Esclareça que não se trata
de uma competição. Você quer que todas as crianças cheguem
ao templo.) Peça a cada criança que escolha uma tira de
papel, leia o princípio e dê tantos passos quanto for o número
indicado. Quando cada criança alcançar o templo, peça-lhe
que leia no verso da gravura o nome do hino. Cante o hino e
prossiga com o jogo. Depois que vocês tiverem cantado todos
os hinos, incentive as crianças a viverem de modo a serem
dignas de entrar no templo. ●
O AMIGO MARÇO DE 2007
A5
DA VIDA DO PRESIDENTE SPENCER W. KIMBALL
Ler a Bíblia
Quando Spencer tinha uns
14 anos, ele foi a uma conferência de estaca. Susa Gates,
filha de Brigham Young, participou como oradora.
Spencer olhou em volta. Havia
cerca de mil pessoas no salão, mas
somente cinco ou seis levantaram
a mão.
Quantos
de vocês já leram a
Bíblia inteira?
Vou ler a Bíblia de capa
a capa, como a irmã Gates
disse. Farei isso, sim, farei.
ILUSTRAÇÕES: SAL VELLUTO E EUGENIO MATTOZZI
Sempre leio os quadrinhos no jornal. Já li muitos
livros, mas nunca li a Bíblia
Sagrada. Por quê?
A6
Leu todas as noites, mesmo quando não
entendia o que estava lendo.
Quando ele voltou para casa, encontrou a Bíblia da família, subiu até o
sótão em construção onde ele dormia, acendeu a luz e abriu o livro
no primeiro capítulo de Gênesis.
“No princípio
criou Deus os céus
e a terra ...”
Não compreendi muito
bem esta parte, mas tenho certeza
de que vale a pena continuar lendo.
Pelo menos terei uma idéia do que a
Bíblia contém quando terminar.
Um ano depois, ele fechou
o livro, tendo-o lido de
capa a capa. Ele não só
aprendeu mais sobre a
Bíblia, mas também aprendeu que podia estabelecer
uma meta e alcançá-la.
Extraído de Edward L. Kimball e Andrew E. Kimball Jr.,
Spencer W. Kimball, 1977, pp. 56–57, e Ensinamentos dos
Presidentes da Igreja: Spencer W. Kimball, 2005, pp. 59–60.
O AMIGO MARÇO DE 2007
A7
h
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P
Amizade
“Em todo o tempo ama o amigo” (Provérbios 17:17).
JENNIFER ROSE
Revistas da Igreja
Inspirado em uma histórica verídica
ILUSTRADO POR BRITTA PETERSON
C
onheci a Megan quando minha família se mudou
para nossa nova casa. Ela morava na mesma rua,
e nós duas estávamos na classe da irmã Crawford,
na Primária. Tornamo-nos amigas e brincávamos muito.
Eu observava a Megan atentamente, tentando guardar
na lembrança como ela contava uma piada ou prendia
o cabelo ou conversava com tanta facilidade com as
outras crianças. Eu achava Megan perfeita. Eu era tímida.
Queria ser como a Megan.
Um dia, liguei para a Megan para saber se ela queria
brincar. A princípio, ela não disse nada.
“A Caitlin já está aqui”, disse ela, por fim.
Caitlin também estava em nossa classe da Primária.
Esperei que a Megan me convidasse para ir à casa dela,
mas ela não convidou. Fez-se silêncio do outro lado
da linha.
“Oh! Está bem”, gaguejei. Megan desligou sem dizer
mais nada.
Naquele domingo, na Primária, a irmã Crawford perguntou: “O que significa ser um bom amigo?”
Sorri para a Megan, mas ela não me viu. Virou-se para
o outro lado e cochichou algo para a Caitlin. De repente,
a Caitlin riu bem alto.
“Fiquem quietas, meninas”, disse a irmã Crawford.
Elas pararam de cochichar, mas seus ombros tremiam
com os risinhos. A irmã Crawford virou-se para mim.
“Angie, o que você acha que é preciso fazer para ser
uma boa amiga?”
“Bem, uma amiga é uma pessoa que é bondosa e
gosta de brincar conosco e...”
Megan e Caitlin riram alto. Fiquei com o rosto vermelho e olhei para o chão. Será que elas estavam rindo
de mim?
A irmã Crawford fez uma cara feia para elas, depois
sorriu para mim. “Está certo, Angie”, disse ela. Olhou
para a classe. “Como vocês poderiam ser um bom
amigo?”
Adam ergueu a mão. “Podemos ajudar as pessoas”,
disse ele.
A irmã Crawford fez que sim com a cabeça. “Um
bom amigo quer ajudar e servir aos
outros. Jesus Cristo ensinou isso
quando viveu na Terra. Também
ensinou que devemos ser bondosos com todos.”
Olhei para a Megan e sorri
para ela. Ela não sorriu para
mim. Senti um vazio no peito.
Será que a Megan não gostava mais de mim?
No final da aula, a irmã
Crawford ergueu uma
cestinha. “Tenho algo
para vocês”, disse ela.
Pôs a mão dentro da
cesta e mostrou-nos
fitas coloridas que
tinham sido amarradas em pequenos
círculos. “São pulseirinhas da amizade. Coloquem
uma pulseira no
punho e sempre
que olharem para
ela, lembrem-se
de ser um bom
amigo.”
Talvez as
pulseirinhas
da amizade
ajudassem!
Podia ser que
a Megan e eu
tirássemos pulseiras que combinassem. Quando a
cesta foi passada pela classe, inclinei-me para a Megan.
“Que cor você vai escolher?” perguntei para ela.
Megan deu de ombros. “Acho que amarelo.”
“Eu também”, disse eu.
A Caitlin escolheu uma pulseira azul. Depois, passou
a cesta para a Megan. Ela examinou algumas pulseirinhas, depois pegou uma azul também. Fiquei olhando
para ela. Azul? Ela rapidamente me passou a cesta.
Fiquei olhando para a cesta,
sem saber o que
FOTOGRAFIA: BUSATH PHOTOGRAPHY
N
ão queria
perder minha
amizade com
a Megan. Sabia que
o Pai Celestial podia
consolar-me e ajudarme a perdoá-la.
A10
fazer. Só havia pulseiras amarelas.
Lentamente, peguei uma delas.
Megan e Caitlin deram risadinhas
e estenderam o braço, uma ao lado da
outra, admirando suas pulseiras azuis que
combinavam entre si. Senti um nó na garganta. Lágrimas me vieram aos olhos.
Fiz força para não chorar. Não ia chorar
na frente delas.
****
Joguei-me nos braços da mamãe assim
que voltamos para casa. “O que houve, querida?” perguntou mamãe, quando comecei
a chorar. Em meio às lágrimas, contei-lhe o
que havia acontecido. Ela sentou-se a meu
lado na cama e me abraçou. “Sinto muito,
Angie”, disse ela.
“A Megan nunca mais vai querer ser
minha amiga?” perguntei.
Mamãe passou os dedos em meus cabelos. “Às vezes não sabemos por que as pessoas fazem certas coisas”, disse ela. “Sinto
muito que isso tenha acontecido.”
“A irmã Crawford disse hoje que devemos tentar ser bondosos com todos, como
Jesus fez. Mas não quero ser bondosa com
a Megan.”
“Entendo”, disse mamãe. “Mas
também concordo com a irmã
Crawford. Pode ser difícil, mas
devemos tentar ser bondosos,
mesmo que alguém magoe
nossos sentimentos. Jesus
nos ensinou a perdoar às
pessoas.”
“Como posso fazer
isso?” perguntei. Lembrei
como a Megan e a Caitlin
tinham rido e senti
de novo um vazio
no peito.
Mamãe apontou
para a gravura de uma
menina ajoelhada em
“Cada uma de vocês pode fazer amizade com alguém, mesmo que seja
somente sorrindo. (...) Vocês podem
fazer com que a luz que há em seu
coração brilhe em seu rosto.”
Presidente James E. Faust, Segundo
Conselheiro na Primeira Presidência,
“Sua Luz — Um Estandarte para Todas
as Nações”, A Liahona, maio de 2006,
p. 113.
oração, que eu tinha na cabeceira da cama.
“Sempre que alguém magoa meus sentimentos, peço ao Pai Celestial que me ajude
a perdoar àquela pessoa. Peço-lhe que
abrande o meu coração e o dela.”
“Funciona?” perguntei.
Mamãe sorriu e beijou minha cabeça.
“Sempre me sinto melhor depois de conversar com o Pai Celestial”, disse ela.
Quando fiz minha oração naquela
noite, agradeci ao Pai Celestial pela amizade que tivera com a Megan. Depois,
pedi que me ajudasse a perdoá-la. Apertei
os olhos e pensei com força. “Por favor,
ajude a Megan e eu a sermos amigas de
novo”, disse eu.
Orei pedindo as mesmas coisas nos dias
que se seguiram. No sábado, eu estava no
balanço de casa, quando a Megan apareceu. Parei de balançar. Olhamos uma para
a outra, mas não dissemos nada. Por fim,
a Megan estendeu o braço e colocou algo
em minha mão.
“É para você”, disse ela. Abri a mão e
vi uma pulseirinha da amizade azul.
“Quer brincar comigo?” perguntou
Megan. “A Caitlin vai estar na minha casa.
Vamos fingir que somos princesas, e a
Noodle vai ser a rainha.”
A Noodle era a gata listrada da Megan.
Dei uma risadinha, imaginando a Noodle
de coroa. Senti o vazio no peito desaparecer. “Quero ir, sim”, disse eu.
“Obrigada.”
Sorri para ela, e Megan sorriu para mim
dessa vez. ●
“A honestidade não é
apenas a melhor regra,
é a única regra!”
Élder David B. Haight
(1906–2004), do
Quórum dos
Doze Apóstolos,
“Ethics and
Honesty” [Ética
e Honestidade],
Ensign, novembro
de 1987, p. 15.
“Cremos em ser honestos” (Regras de Fé 1:13).
O Morgan Honesto
VICKI H. BUDGE
Inspirado em uma histórica verídica
ILUSTRADO POR DAN BURR
U
m dia, Morgan estava brincando com seu caminhão de brinquedo na mesa da cozinha. O irmãozinho de Morgan, Jacksen, que ainda era bebê,
estava sentado em sua cadeira, olhando. Morgan empurrou o caminhão com muita força e bateu num copo de
laranjada.
“Mãe! Mãe!” gritou Morgan. “O Jacksen derramou
toda a laranjada!”
A mãe enxugou a laranjada com uma toalha.
“Morgan”, disse ela, “hoje é o seu dia de ser honesto”.
“O que é honesto?” perguntou Morgan.
“Honesto é alguém que derrama laranjada e conta
o que fez. Alguém que não diz que outra pessoa fez
aquilo.”
“Está bem, fui eu que derramei a laranjada”, disse
Morgan. “Agora estou sendo honesto?”
“Sim, está”, disse a mãe. “Você é honesto, Morgan.
Estou orgulhosa de você.” ●
O AMIGO MARÇO DE 2007 A11
Minha fé em Jesus Cristo cresce quando sigo
Seu exemplo e guardo Seus mandamentos.
“Segui-me, pois; e fazei as coisas que me vistes fazer”
(2 Néfi 31:12).
A12
ILUSTRADO POR THOMAS S. CHILD
PÁGINA
PARA COLORIR
TESTEMUNHA
ESPECIAL
Acabei de receber o dom do Espírito
Santo. Como posso sentir a influência
do Espírito em minha vida?
FOTOGRAFIA: WELDEN C. ANDERSEN, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS
✸ A voz do Espírito é mansa e delicada,
uma voz que mais se sente do que se ouve.
É uma voz espiritual que vem à mente
na forma de pensamentos instilados
no coração.
✸ A oração é tão essencial à revelação que, sem ela, o véu pode permanecer fechado para vocês. Aprendam
a orar. Orem sempre. Orem em pensamentos, no coração.
✸ A voz do Espírito fala mansamente,
inspirando-nos sobre o que fazer ou o que
dizer, ou pode advertir-nos ou avisar-nos.
✸ É mais fácil receber inspiração em
lugares tranqüilos.
✸ Essa orientação chega como
pensamentos, sentimentos, impressões
e sussurros.
✸ Se seguirmos os sussurros
do Espírito, estaremos seguros, não
importando o que o futuro nos
reserve. Vai-nos ser mostrado
o que fazer. ●
O Presidente Boyd K.
Packer, Presidente
Interino do Quórum
dos Doze Apóstolos,
compartilha alguns
pensamentos sobre
o assunto.
Extraído de “Línguas Repartidas
como que de Fogo”, A Liahona,
julho de 2000, pp. 9–10; “Revelação
Pessoal: O Dom, o Teste e a
Promessa”, A Liahona, junho de
1997, pp. 10–11; “A Reverência
Convida a Revelação”, Ensign,
novembro de 1992, p. 23;
“A Revelação num Mundo
Inconstante”, Ensign,
novembro de 1990, p. 15.
O AMIGO MARÇO DE 2007
A13
DE UM AMIGO
PARA OUTRO
Amigos
Missionários
F
De uma entrevista
com o Élder Gary J.
Coleman, dos
Setenta; por
Hilary M. Hendricks
A14
ui criado numa família muito ativa
na Igreja Católica. Freqüentávamos
nossa igreja e suas atividades regularmente e orávamos em família todas as noites em casa. Durante minha infância, os
amigos da igreja me ajudaram a fazer boas
escolhas na vida.
Quando tinha nove anos, tornei-me
coroinha. Os coroinhas da igreja católica ajudam o padre nas missas de domingo. Meus
irmãos e muitos amigos serviam comigo —
para nós era uma grande honra. Acendíamos
as velas do altar, desdobrávamos cuidadosamente o manto do padre e colocávamos as
escrituras ao lado do altar. Durante a missa,
ajudávamos a distribuir a hóstia, que era
semelhante ao sacramento.
Para tornar-nos coroinhas, decorávamos
trechos da missa em latim. Também tínhamos aulas de religião semanais. No verão,
meus amigos, meus irmãos e eu freqüentávamos a escola bíblica, que ficava a mais
de trinta quilômetros de casa. Meus pais
tinham muito trabalho em nossa plantação
de trigo, no verão. Bem que nossa ajuda
lhes teria sido útil nessas semanas, mas
eles achavam que era mais importante que
tivéssemos a oportunidade de aprender
a respeito de Deus e de estar com bons
amigos. Eu ficava impressionado com a
fé que tinham os padres e as freiras que
nos ensinavam. Decidi, então, que sempre
faria o que Deus quisesse de mim.
No final do ensino fundamental e no início do ensino médio, muitos de meus colegas escolheram fazer coisas que tínhamos
aprendido que não eram corretas, como
tomar bebidas alcoólicas e fumar. Continuei
trabalhando arduamente na fazenda, praticando esportes e participando de peças de
teatro na escola, e das atividades da minha
igreja. Senti-me abençoado por ter amigos
que também estavam tentando fazer as
coisas certas.
Quando eu estava na faculdade e comecei a aprender um pouco sobre A Igreja
de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos
Dias, novamente tive bons amigos que
exerceram sobre mim uma boa influência.
Lembro-me muito bem da minha primeira
visita a uma ala SUD, que se reunia num
pequeno salão comunitário. Assim que
desci do carro, meus amigos da faculdade
me rodearam. “Que bom vê-lo aqui!” disseram eles. “Estamos muito contentes por
você ter vindo!” Nunca apertei a mão de
tantas pessoas na vida. “É maravilhoso têlo aqui conosco”, disseram pessoas que
eu nem conhecia. “Volte novamente.”
Ainda me sinto tocado pelo amor que
FOTOGRAFIA: CORTESIA DA FAMÍLIA COLEMAN; ILUSTRADO POR ROBERT A. MCKAY
“[Ide] anunciar seu evangelho aos filhos dos homens” (Moisés 8:19).
aquela ala expressou por mim, um estranho.
Tudo que me aconteceu naquele dia pareceu estranho. O serviço de adoração a que eu estava acostumado
como coroinha era muito estruturado e extremamente
silencioso. O serviço de adoração SUD era muito diferente — muita integração antes da reunião, muitos conceitos novos para ponderar e coisas novas para ver e
fazer. Sentado ali naquele salão, tive muitas dúvidas e
perguntas. Mas o calor e a amizade dos membros da
Igreja ajudaram a sentir-me bem. Então, quando estudei
o evangelho, o testemunho do Espírito Santo ajudoume a desejar ser batizado.
Sinto-me grato pelas verdades restauradas que só
podem ser encontradas na Igreja de Jesus Cristo dos
Santos dos Últimos Dias. Sinto-me grato pelos amigos
que me ajudaram a encontrar essas verdades.
Ajudem as pessoas e façam
com que se sintam bem-vindas.
Lembrem-se de sorrir e de
ser bondosos.
Por serem crianças que pertencem à Igreja de Jesus
Cristo, vocês têm a bênção de conhecer muito a respeito de nosso Pai Celestial e de Seu Filho. Sua fé crescerá ao freqüentarem a Igreja, orarem e estudarem as
escrituras individualmente e com sua família.
À medida que fazem boas escolhas na vida, procurem ajudar os que não são membros da Igreja ou
que não estão indo regularmente à Igreja. Façam
com que se sintam bem-vindos na Primária. Sorriam
para eles. Sentem-se ao lado de alguém que seja novo.
Perguntem quais são os interesses deles, e sempre
sejam bondosos ao falar. O amor que vocês compartilharem ajudará as pessoas a seu redor a fazer boas
escolhas e a conhecer o Salvador Jesus Cristo e os
ensinamentos de Seu evangelho restaurado. ●
TENTAR SER
COMO JESUS
UM naANEL
DO
CTR
Sala da Diretora
R E B E C A F.
diretora me perguntou o que significava o anel. Eu disse: “Conserva
a Tua Rota”. Expliquei-lhe que na
Igreja aprendemos a ser bons, a orar
e a ler as escrituras. Ela perguntou
qual era a igreja que eu freqüentava,
e eu disse: “A Igreja de Jesus Cristo
dos Santos dos Últimos Dias”. Então,
ela me perguntou como era a Igreja,
e eu lhe contei a respeito de Joseph
Smith, que foi a um bosque para
orar e viu o Pai e o Filho. Contei-lhe
que fui ao templo para ser selada
a meus pais e que seria batizada
quando tivesse oito anos. Ela
disse: “Você vai poder me
“Quem me segue
não andará em trevas, mas terá a luz
da vida” (João 8:12).
A16
contar mais em uma outra hora,
porque agora você precisa ir para
a aula de matemática”.
Mais tarde, levei para a diretora
um exemplar do Livro de Mórmon
com meu testemunho escrito nele.
Tenho a meta de ser missionária
quando crescer. Mas estou tentando
desde agora compartilhar o evangelho com meus amigos. ●
Rebeca F., 12 anos, Guatemala
FOTOGRAFIA: CHRISTINA SMITH
C
erto dia na escola, antes de
eu fazer oito anos, inspecionaram as mãos e unhas dos
alunos para ver se estavam limpas,
e a diretora viu meu anel do CTR.
Depois de verificar os outros alunos
da minha fila, a diretora voltou até
onde eu estava e disse: “Rebeca,
venha à sala da diretoria”. Depois,
perguntou à minha professora:
“Posso levar a Rebeca por alguns
instantes?”
Na sala dela, a
REPRODUÇÃO PROIBIDA
Pescadores de Homens, de Clark Kelley Price
Missionários vindos do mundo inteiro, como esses Élderes tonganeses, deixam o lar e o trabalho
secular para tornar-se ‘pescadores de homens’, como os antigos Apóstolos Simão Pedro e André: “E [Jesus],
andando junto do mar da Galiléia, viu Simão, e André, seu irmão, que lançavam a rede ao mar, pois
eram pescadores. E Jesus lhes disse: Vinde após mim, e eu farei que sejais pescadores de homens.
E, deixando logo as suas redes, o seguiram” (Marcos 1:16–18).
O
02007 83059
4
PORTUGUESE
6
“
maior encargo que o Senhor deu a Seu
povo foi o de compartilhar o evangelho
com os filhos de nosso Pai Celestial. Os
missionários tiram as pessoas das trevas do
mundo e as conduzem para a segurança e
luz do evangelho de Jesus Cristo.” Ver “Como
Preparar-se para Ser um Bom Missionário”,
do Élder M. Russell Ballard, p. 10.

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