2 - Aplicações da Energia Nuclear

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2 - Aplicações da Energia Nuclear
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2 - Aplicações da Energia Nuclear
Reatores Nucleares
O projeto de uma Usina Nuclear é
fiscalizado e analisado, passo a passo, por
uma equipe diferente da que o elaborou: o
Órgão Fiscalizador. Da mesma forma, a
construção é fiscalizada e auditada por
equipes do Órgão Fiscalizador que não
foram
envolvidas
diretamente
ou
indiretamente na obra. É claro que existem
vazamentos em Reatores Nucleares, como
existem em outras usinas térmicas. O que
não
existe
é
vazamento
de
Reatores
Modelo esquemático dos reatores de
Angra 1 e 2.
Nucleares, como muitas vezes se faz crer
pela mídia.
As águas de refrigeração dos Circuitos Primário e Secundários circulam por
meio de bombas rotativas (para
para “puxar” a água) em sistemas fechados. Em
qualquer instalação industrial e também nos Reatores Nucleares, bombas de
refrigeração são colocadas em diques, como um “box” de banheiro, dotados de
ralos, para recolher a água que possa vazar pelas “juntas”. No caso de vazamento
em Reatores, a água recolhida vai para um tanque, onde é analisada e tratada,
podendo até voltar para o circuito correspondente.
Aí está a diferença: podem existir vazamentos, inclusive para dentro da
Contenção, ou seja, no Reator e não para o meio ambiente, isto é, do Reator. Por
esse motivo, os “vazamentos” ocorridos em 1986 (de água) e em 1995 (falhas em
varetas), ambos dentro da instalação, não causaram maior preocupação por parte
dos operadores de Angra I. No segundo caso, a Usina operou ainda por cerca de
três meses, sob controle, até a parada prevista para manutenção. Não houve parada
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de emergência. Em resumo e comparando com um fato do dia a dia: é como se uma
torneira de uma pia em um apartamento estivesse com defeito, pingando ou
deixando escorrer água (vazando).
). Existiria um vazamento no apartamento ou até
no edifício, mas não se deveria dizer que teria havido um vazamento do edifício.
Bomba A
A bomba atômica é uma aplicação
bélica da fissão nuclear que utiliza a imensa
quantidade de energia e radiação liberadas
numa reação de fissão em cadeia para
causar destruição. Podemos descrever esta
ação por etapas:
Exemplo de uma Bomba A
1) O início da explosão de uma
re em pleno ar.
bomba atômica corresponde ao início da reação em cadeia que ocorre
Ao ser detonada, atinge temperaturas da ordem de milhões de graus Celsius.
2)) Após 10/4 segundos, a massa gasosa em que se transformou a bomba
emite elevadas quantidades de raio X e raios ultravioleta,, podendo destruir a retina e
cegar pessoas que olharem diretamente para o clarão.
3)) Entre 10/4 e 6 segundos, a radiação já foi totalmente absorvida pelo ar ao
redor, que se transforma numa enorme bola de fogo cuja expansão provoca a
destruição de todos os materiais inflamáveis num raio médio de 1 km, assim como
queimaduras de primeiro, segundo e terceiro graus,, dependendo da distância do
ponto zero e dos obstáculos entre a pessoa e explosão.
4)) Após 6 segundos, a esfera de fogo atinge o solo iniciando uma onda de
choques e devastação que se propaga através de um deslocamento de ar
comparável a um furacão, com ventos de 200 a 400 km/h.
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5) Após 2 minutos a esfera de fogo já se transformou completamente num
cogumelo que atinge a estratosfera. As partículas radioativas se espalham pela
atmosfera levadas pelos ventos fortes e acabam se precipitando em diversos pontos
da Terra durante muitos anos.
Fissão nuclear
A palavra fissão significa partição, quebra, divisão. Fissão nuclear é a quebra
de um núcleo atômico pesado e instável através de bombardeamento desse núcleo
com nêutrons moderados, originando dois núcleos atômicos médios, mais 2 ou 3
nêutrons e uma quantidade de energia enorme.
Em 1934, Enrico Fermi, bombardeando núcleos com nêutrons de velocidade
moderada, observou que os núcleos bombardeados capturavam os nêutrons. Pouco
tempo depois, após o bombardeamento de urânio com nêutrons moderados, a
equipe do cientista alemão Otto Hahn constatou a presença de átomos de bário,
vindo a concluir que, após o bombardeio, núcleos instáveis de urânio, partiam-se
praticamente ao meio. Como os nêutrons não possuem carga elétrica, não sofrem
desvio de sua trajetória, devido ao campo eletromagnético do átomo. Estando muito
acelerado, atravessariam completamente o átomo; estando a uma velocidade muito
lenta, seriam rebatidos; mas com velocidade moderada, ficam retidos, e o novo
núcleo formado, instável, sofre desintegração posterior com emissão de partículas
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beta. Somente alguns átomos são capazes de sofrer fissão, entre eles o urânio-235
e o plutônio.
A enorme quantidade de energia produzida numa fissão nuclear provém da
transformação da matéria em energia. Na fissão nuclear há uma significativa perda
de massa, isto é, a massa dos produtos é menor que a massa dos reagentes. Tal
possibilidade está expressa na famosa equação de Einstein: E=mc2, onde E é
energia, m massa e c a velocidade da luz no vácuo. No processo de fissão, cerca de
87,5% da energia liberada aparece na forma de energia cinética dos produtos da
fissão e cerca de 12,5% como energia eletromagnética.
Reação em Cadeia e Massa Crítica Esse bombardeamento do núcleo de um
átomo com um nêutron causa a fissão do núcleo desse átomo e a liberação de 2 ou
3 novos nêutrons. Esses nêutrons podem provocar a fissão de 2 ou 3 átomos que
irão liberar outros nêutrons.
A reação em cadeia só ocorre acima de determinada massa de urânio. A
mesma ocorre com velocidade máxima quando a amostra do material físsil é grande
suficiente para a maioria dos nêutrons emitidos serem capturados por outros
núcleos. Portanto, a reação em cadeia se mantém, se a massa do material é
superior a certo valor característico chamado massa crítica. Para o urânio-235, a
massa crítica é de aproximadamente 3,25 kg.
Alguns elementos químicos, como o boro, na forma de ácido bórico ou de
metal, e o cádmio, em barras metálicas, têm a propriedade de absorver nêutrons,
porque seus núcleos podem conter ainda um número de nêutrons superior ao
existente em seu estado natural, resultando na formação de isótopos de boro e de
cádmio.
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A primeira bomba atômica
Em
1939,
Einstein
informou
ao
presidente dos Estados Unidos, Franklin
Roosevelt,
que
talvez
fosse
possível
construir uma bomba atômica. Em 1945, um
homem genial inventava uma bomba capaz
de destruir toda a vida no planeta.
No início da década de 40, um grupo
de cientistas foi ao Novo México para tentar
detonar uma bomba atômica, antes que os
Trinity: primeiro teste nuclear da História,
em 16 de julho de 1945, no Novo
México, EUA. Potência: 40 kTon.
alemães construíssem a sua. Muitos cientistas, tentando escapar do nazismo e do
fascismo, encontraram abrigo nos Estados Unidos, onde continuaram
ontinuaram suas
pesquisas. Enrico Fermi era um deles. Em 1942, foi o primeiro físico a produzir uma
reação atômica em cadeia, sob controle, comprovando assim a teoria de Einstein. O
experimento secreto aconteceu em Chicago.
Na Alemanha, uma experiência semelhante
melhante havia fracassado. Em silêncio, os
americanos continuaram as pesquisas em Los Alamos - Novo México. A pergunta
que os cientistas precisavam responder era a seguinte: uma reação em cadeia, não
controlada, poderia ser usada para fazer uma bomba? Havia
a quem temesse que a
bomba faria explodir todo o planeta. Ao mesmo tempo, os americanos anteviam a
possibilidade de usar a bomba contra o Japão, forçando, assim, o fim da guerra.
Em julho de 1945, dois aparelhos foram levados, secretamente, até o deserto
do Novo México. Os americanos estavam ansiosos para testar a nova invenção. A
explosão foi tão poderosa que chegou a ser vista de três estados americanos. Havia
começado a era nuclear.
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Hiroshima e Nagasaki
"Soldados alemães, cidadãs e cidadãos da Alemanha: nosso líder, Adolf
Hitler, se foi...".
Com esse pronunciamento no dia 8 de maio de 1945 o almirante Dönitz, que
fora nomeado por Hitler seu sucessor, anunciou pela rádio a rendição incondicional
da Alemanha. Hitler e sua companheira de anos Eva Braun, haviam cometido
suicídio no dia 30 de abril de 1945, após seu bunker em Berlim estar totalmente
cercado pelo exército vermelho da URSS.
A Segunda Guerra Mundial terminava, mas somente no continente europeu.
No Pacífico o Japão ainda resistia às investidas norte-americanas. Em maio de 1945
os líderes aliados reunidos na Conferência de Potsdan, haviam exigido a rendição
incondicional do império japonês. Essa imposição já era aceita por uma parte do
gabinete japonês, mas não pelos generais - o Japão nunca
nca havia perdido uma
guerra.
Eram 8h 16min 8s do dia 6 de agosto
de 1945. A interrogação foi a primeira
reação de um dos tripulantes do Enola Gay,
após presenciar a devastação produzida
pela primeira bomba atômica jogada sobre
uma cidade povoada.
Enola Gay foi o nome dado ao avião
norte-americano B-29 pelo seu comandante
em homenagem à própria mãe. A cidade era
Cidade
dade de Hiroshima, Japão, após o
bombardeamento. 100 mil pessoas
morreram nesse ataque.
ima, no Japão, que desapareceu em baixo de uma nuvem em forma de
Hiroshima,
cogumelo. As notícias sobre a cidade eram desencontradas, e ninguém sabia
exatamente o que ocorrera. No dia 9 outra bomba atômica foi lançada sobre a
cidade de Nagasaki. Os norte-americanos haviam
aviam treinado durante meses uma
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29 para um ataque especial. Nos aviões, quase ninguém sabia o
esquadrilha de B-29
que transportava.
Morreram cerca de 100 mil pessoas em Hiroshima
ima e 80 mil em Nagasaki. As
vítimas eram civis, cidadãos comuns, já que nenhuma das
as duas cidades era alvo
militar muito importante. O cenário histórico dessa tragédia que permanece até hoje
na memória de milhares de japoneses era a guerra no Pacífico, entre Japão e
Estados Unidos no contexto do término da Segunda Guerra Mundial.
Cidade de Nagasaki, Japão, após o bombardeamento dos EUA. 80 mil pessoas morreram nesse
ataque.
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Os generais japoneses ainda tentaram resistir, até serem convencidos do
contrário pelo próprio imperador Hiroito. No dia 15 de agosto de 1945 os japoneses
escutam pelo rádio a rendição incondicional do país. Em 2 de setembro o
encouraçado norte-americano USS Missouri entrou na baía de Tóquio e a paz foi
assinada. A Segunda Guerra chegava ao fim, deixando um saldo de 50 milhões de
mortos em seis anos. A bomba atômica tinha sido mais um episódio desumano na
história da Segunda Guerra Mundial.
“Será que não existia uma maneira menos estúpida de forçar a rendição
japonesa?”
Para alguns historiadores o governo norte-americano tinha que dar um basta,
pois não podia mais resistir às pressões do Congresso, que não aceitava mais
perdas de vidas norte-americanas, numa guerra que já se prolongara demais. Uma
outra corrente, entretanto, acharia que estúpida é a pergunta feita acima, já que o
uso de armas atômicas contra o Japão não correspondia a qualquer necessidade
bélica. O Japão estava em negociações secretas com os Estados Unidos para
capitulação definitiva. Era uma questão de dias.
Para essa segunda corrente, as bombas atômicas tinham outro endereço: a
URSS. Se até agora EUA e URSS estavam do mesmo lado, isso era fruto de uma
aliança circunstancial, contra um inimigo comum que já não os preocupava mais: o
nazifascismo.
As bombas de Hiroshima e Nagasaki, segundo essa última interpretação,
marcam o início do contexto conhecido como "Guerra Fria": a disputa políticoideológica e militar que bi-polarizou o mundo entre o socialismo soviético e o
capitalismo norte-americano por mais de 40 anos, até a desintegração da URSS, a
reunificação da Alemanha e mais simbolicamente a queda do muro de Berlim em
novembro de 1989.
Nas duas conferências que selaram o final da guerra, realizadas pelos três
grandes vencedores - norte-americanos, britânicos e soviéticos - em Yalta e
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Potsdam, são estabelecidos os pontos de divisão do mundo entre os blocos
capitalista e socialista. Em 25 de abril de 1945 a Conferência de São Francisco
rancisco criou
a Organização das Nações Unidas, cuja carta foi promulgada em junho.
Quanto ao Japão, que teve mais de um milhão e oitocentas mil vítimas, além
de 40% das cidades arrasadas e a economia totalmente destruída, foi
desmilitarizado e ocupado pelos
los Estados Unidos até 1951, quando as Nações
Unidas (exceto a URSS e China), concluíram com ele, o Tratado de São Francisco,
devolvendo sua soberania e marcando sua reconstrução integrada ao capitalismo
internacional.
Corrida EUA x URSS
A crença de que agentes soviéticos
procuravam se infiltrar por todos os lados
era apenas uma das faces do clima de
pavor anticomunista vivido pelos norteamericanos. Desde 1949, quando a União
Soviética realizou seu primeiro teste nuclear,
havia também o receio de que os soviéticos
subitamente decidissem utilizar a bomba
atômica.
Gradualmente, foi se cristalizando na
opinião pública dos Estados Unidos a idéia
de que a União Soviética preparava em
O fim da Segunda Guerra Mundial (1945)
marcou o início da Guerra Fria entre as
duas superpotências mundiais à época:
os EUA e a URSS.
segredo um fulminante ataque nuclear contra o território norte-americano,
americano, a ser
desencadeado sem prévio aviso. Imaginava-se
se que os impiedosos soviéticos não
hesitariam em cometer assassinato em massa,
ssa, como parte de seu projeto de
conquistar o mundo. A crença de que o apocalipse nuclear poderia acontecer a
qualquer momento - talvez dali a cinco minutos - acentuava o clima de pânico.
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A montagem de abrigos subterrâneos antiatômicos tornou-se um dos ramos
mais lucrativos da indústria de construção civil nos anos 50: nenhuma família se
sentiria totalmente protegida a menos que contasse com um deles em sua casa. A
Defesa Civil, por sua vez, desenvolveu esquemas de emergência, a serem
imediatamente ativados caso alguma cidade norte-americana fosse vítima de um
ataque nuclear.
Assistindo à televisão, as crianças aprendiam como deveriam agir, caso tal
ataque fosse realizado. Um personagem de desenho animado - Burt, a tartaruga repetia as instruções: "Jogue-se ao chão, cubra os olhos!" Outro filme, também
repetido à exaustão, dava mais detalhes:
“Este é Tony, um escoteiro mirim. Tony sabe que a bomba pode explodir a
qualquer momento. Mas ele está preparado: jogue-se ao chão, cubra os olhos! Muito
bem, Tony! O clarão da bomba exige reflexos rápidos!
“Tony sabe o que fazer - não se desespera, nem sai correndo.
Fica parado, até o perigo passar.
A Defesa Civil virá socorrê-lo.
Ela nos protege em caso de ataque nuclear.
Devemos obedecer suas instruções.
Devemos saber nos abrigar também nos ônibus escolares ou coletivos:
jogue-se ao chão, cubra os olhos!
E afaste-se das janelas, por causa dos cacos de vidro!”
Preparar a população para o caso de um ataque atômico era apenas uma das
medidas a serem tomadas. Outras tinham a ver com a conquista de uma
superioridade nuclear inquestionável em relação à União Soviética. Se os Estados
Unidos não eram mais o único país a dispor de bombas atômicas, então que ao
menos possuísse mais e melhores bombas. O governo passou a investir um volume
cada vez maior de recursos no desenvolvimento de novos modelos de bombas
nucleares, sempre mais poderosas.
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Em novembro de 1952, finalmente, foi
realizado o primeiro teste com a bomba de
hidrogênio, também conhecida como bomba
H. Ao contrário das que tinham sido jogadas
no Japão em 1945, baseadas no principio
da fissão nuclear, a bomba de hidrogênio
funciona com base na fusão nuclear - o que
implica uma explosão muitas vezes mais
destrutiva.
A
primeira
bomba
H,
que
explodiu no teste realizado na ilha de
Ivy Mike: primeiro teste termonuclear da
história, com potência de 10,4 Mton (ou
10,4 milhões de toneladas de TNT).
Elugelab, no atol de Eniwetok, no Pacífico, tinha uma potência quase mil vezes
superior à da bomba de Hiroshima. No futuro seriam desenvolvidos novos modelos
de bomba H, ainda mais poderosos. Nenhum preço parecia alto demais na luta
contra a subversão em escala internacional.
Bomba H
A bomba de hidrogênio ou também conhecida como bomba de fusão é uma
das maiores armas existentes na terra. Essa bomba
omba tem uma força explosiva muitas
vezes maior que a da bomba atômica. Sua explosão tem poder de produzir
precipitação
radioativa
com
capacidade
mortífera.
funcionamento, vamos a alguns conceitos básicos.
E
para
entender
seu
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Seu funcionamento é baseado em fusão nuclear, ou seja, junção de dois ou
mais átomos leves para se transformarem em átomos pesados. Um exemplo muito
simples de fusão são as estrelas (como o nosso Sol), que brilham pela fusão de
hidrogênio, e formando átomos de hélio. Quando a fusão ocorre, esse átomo criado
possui um núcleo mais estável e com cerca de 70% da massa dos átomos de
hidrogênio combinados, portanto produz uma grande quantidade de energia (30% da
massa), que no caso do sol e estrelas, se dá na forma de radiação eletromagnética
(das ondas de rádio aos raios gama, passando pelo espectro da luz visível,
infravermelhos – calor, ultravioleta e raios x).
Alguns efeitos causados durante a explosão de uma bomba de H são as
precipitações radioativas, que são mais ou menos como uma “neve radioativa”;
ondas de choque, que são efeitos de choque térmico e eletromagnético, além do
chamado inverno nuclear, que é uma espécie de fumaça espessa e tóxica que
bloqueia a luz do sol e provocaria severas mudanças no planeta.
Ao explodir, uma bomba de hidrogênio funciona em fases. Primeiro a bomba
explode, em milésimos de segundo ela fornece calor e pressão necessários para a
fusão e quando ocorre a reação, grandes quantidades de energia são liberadas
produzindo uma gigantesca explosão.
Arsenais nucleares
Com gastos militares que atingiram
US$ 478,2 bilhões em 2005, ou 48% do total
mundial, os Estados Unidos estão no topo
das nações que mais gastam com
o
chamado setor militar. Para se ter uma idéia
do que isso representa os gastos de Reino
Unido, França, Japão e China, os quatro
países mais militarizados, exceto os EUA,
somaram
bilhões.
juntos
‘modestos’
US$
177,5
Arsenais nucleares dos EUA e da
Rússia entre 1945 e 2005.
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Esses números fazem parte de um levantamento realizado pelo SIPRI
(Stockholm International Peace Research Institute), que aponta também para a
crescente e alarmante ‘terceirização’ das atividades relacionadas à guerra e aos
assuntos de ‘segurança’, principalmente nos EUA.
Não é por acaso que nesses quase quatro anos de invasão e ocupação do
Iraque, o número oficial de baixas norte-americanas é relativamente baixo, apenas
3.000 soldados. Isso se dá porque os ‘terceirizados’ não aparecem nas estatísticas
oficiais, afinal, não são responsabilidade do governo dos EUA, mas sim de suas
empresas, as ‘contractors’.
A selvageria e agressividade do imperialismo estadunidense contra os povos
dos países dominados, como demonstrado pelas dezenas de guerras de rapina que
ele promoveu ao longo do século XX e nesse começo de século XXI que
presenciamos, têm sido amparadas por um formidável arsenal nuclear, usado para
chantagem, persuasão e intimidação.
Como mostra levantamento recentemente publicado no Boletim dos Cientistas
Atômicos, a maior concentração de armas de destruição em massa, neste caso as
nucleares, encontra-se em território norte-americano, ou está localizada em bases
dos EUA em países da OTAN. Os cientistas norte-americanos, concretamente,
fizeram esta importante denúncia, baseada em fatos e pesquisas, sobre o potencial
destruidor dessa imensa quantidade de armas nucleares em poder dos EUA.
A ameaça recente de um ataque nuclear de Israel contra o Irã, com o apoio
dos EUA, traz à tona a questão do arsenal nuclear israelense, cuja existência nunca
foi assumida pelos governos israelitas.
Onde estão as bombas?
A edição de novembro/dezembro de 2006 do Boletim dos Cientistas Atômicos
(Bulletin of the Atomic Scientists) traz um artigo que mostra que os Estados Unidos
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armazenam suas quase 10 mil ogivas nucleares em 18 localidades de 12 estados e
seis países europeus.
Hans M. Kristensen, da Federação de Cientistas Americanos (FAS) e Robert
S. Norris, do Conselho de Defesa dos Recursos Naturais (NRDC), identificaram as
localizações prováveis das armas nucleares através do cruzamento de informações
de anos de monitoramento de documentos desclassificados (públicos), declarações
oficiais, relatórios, vazamentos de informações e conversas com oficiais da ativa e
da reserva, além de fotos comerciais de satélite de alta resolução.
De acordo com eles, a maior concentração de ogivas nucleares encontra-se
na Instalação de Armas Estratégicas do Pacífico em Bangor, estado de Washington.
Ali estão localizadas mais de 2.300 ogivas – provavelmente a maior concentração de
armas nucleares num único lugar em todo o mundo. Cerca de metade dessas ogivas
é composta de mísseis balísticos submarinos em ação no oceano Pacífico.
Cerca de 1.700 ogivas estão espalhadas na forma de mísseis balísticos em
submarinos classe Ohio, que operam nos oceanos Pacífico e Atlântico, e
aproximadamente 400 ogivas estão em oito bases em seis países europeus –
Bélgica, Alemanha, Itália, Holanda, Turquia e Grã-Bretanha (para maiores
informações
sobre
ogivas
norte-americanas
na
Europa,
acesse
http://www.nukestrat.com/us/afn/nato.htm). Os Estados Unidos são o único estado
nuclear que mantém armas nucleares em países estrangeiros.
O crescimento das localidades de armazenamento nuclear dos EUA diminuiu
consideravelmente na década passada em comparação com o período entre 1992 e
1997, quando o Pentágono removeu armas nucleares de 10 estados e numerosas
bases européias. Ao longo da década passada, os Estados Unidos removeram
armas nucleares de três estados – Califórnia, Virgínia e Dakota do Sul, e de um país
europeu – Grécia.
Os especialistas mostram que mais de 2/3 de todas as ogivas nucleares dos
EUA estão ainda armazenadas em bases para mísseis balísticos e bombardeiros,
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ainda que a Guerra Fria tenha terminado há mais de 16 anos. Mais de 2.000 dessas
ogivas estão em prontidão para lançamento. Somente 28% das ogivas norteamericanas foram transferidas para instalações de armazenamento separadas. A
maior destas, um abrigo subterrâneo na Base Aérea de Kirtland em Albuquerque,
Novo México, armazena mais de 1.900 ogivas.
As dez localidades norte-americanas que atualmente mantêm armas
nucleares são: a Instalação para Armas Estratégicas do Pacífico, Bangor,
Washington; Base Aérea de Nellis, Nevada; Base Aérea de Warren, Wyoming; Base
Aérea de Kirtland, Novo México; Base Aérea de Malmstrom, Montana; Base Aérea
de Minot, Dakota do Norte; Planta Pantex, Texas; Base Aérea de Barksdale,
Louisiana; Base Aérea de Whiteman, Missouri; e a Instalação para Armas
Estratégicas do Atlântico, em Kings Bay, Geórgia.
O governo dos EUA se recusa a divulgar onde armazena as armas nucleares,
mas os pesquisadores são enfáticos em afirmar que todas as localidades são
conhecidas há anos por armazenar armas nucleares. A segurança das armas
nucleares é determinada não pelo conhecimento de sua localização, mas pela
proteção militar física das instalações e para que as armas não possam ser
detonadas por pessoal não-autorizado.
De acordo com o relatório “Global nuclear stockpiles, 1945-2006” (Estoques
Nucleares globais, 1945-2006), a distribuição das armas nucleares no mundo é
atualmente a seguinte:
EUA – aproximadamente 10.000 ogivas, das quais mais de 5.113
operacionais;
Rússia – aproximadamente 5.000 ogivas operacionais;
França – cerca de 350 ogivas operacionais;
Grã-Bretanha - cerca de 200 ogivas operacionais;
China – aproximadamente 200 ogivas operacionais;
Índia e Paquistão – cerca de 160 ogivas operacionais, considerados os dois
arsenais;
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Israel [*] – entre 120 e 180 ogivas operacionais, apesar das negativas do
governo israelense;
Coréia do Norte – cerca de 10 ogivas operacionais;
[*] Outras fontes estimam que Israel possua entre 150 e 300 ogivas, além de
um sofisticado sistema de lançamento composto por aviões bombardeiros e mísseis
balísticos de médio e longo alcance conhecidos como Jericho.
Submarino nuclear
Submarinos são embarcações que navegam e executam operações
preferencialmente submersas. Embora possam ter diversos empregos, como
pesquisa e serviços em plataformas de prospecção de petróleo, é, no entanto, na
aplicação militar que eles têm maior destaque.
Submarinos Nucleares x Submarinos Convencionais
Os submarinos de propulsão convencional são submarinos cuja energia, tanto
para propulsão quanto para o uso a bordo, provém de um conjunto de baterias
recarregadas através do acionamento de grupos diesel geradores instalados a
bordo. A operação de carregamento das baterias requer grande quantidade de
combustível, que é armazenado no próprio submarino, e oxigênio; proveniente do ar
atmosférico, admitido através de tubos especiais de ventilação (Snorkel). Isso faz
com que esses submarinos, além de carregar muito combustível, sejam obrigados a
permanecer próximos à superfície por longos períodos de tempo, tornando-se lentos
e vulneráveis. Sua autonomia dificilmente chega aos 40 dias de operação.
Já nos submarinos de propulsão nuclear a energia provém da fissão nuclear
em reatores termo-nucleares. A sua reserva de energia é muito maior que a de um
submarino convencional, não precisando recorrer ao "snorkel" para gerá-la. Os
submarinos nucleares podem operar permanentemente submersos por longos
períodos, ficando sua autonomia limitada apenas pela resistência humana.
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Propulsão dos Submarinos Nucleares
Uma planta de propulsão de um
submarino nuclear é constituída por um ou
mais reatores termo-nucleares do tipo PWR
- Pressurized Water Reactor, (reator a água
pressurizada) que são resfriados por um ou
mais circuitos fechados (circuitos primários),
constituídos de bomba, gerador de vapor e
pressurizador.
Os
geradores
de
vapor
Submarino de propulsão nuclear francês
Le Triomphant.
produzem vapor que trabalha em um circuito fechado (circuitos secundários),
constituído de turbinas, condensadores e bombas. As turbinas acionam os
geradores elétricos de bordo e, ainda podem acionar diretamente a linha de eixo
xo de
propulsão ou acionar um gerador elétrico, cuja energia alimentará um MEP - motor
elétrico de propulsão.
Submarinos Nucleares de Ataque
A tabela abaixo apresenta as características principais dos submarinos
nucleares de ataque de cada um dos cinco países que os possuem:
ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA (EUA)
CLASSE
Constr.
Em
Constr.
Início
Oper.
Baixa
Diam.(m)
Desl.
Sub
(ton)
Comprim.
(m)
VMax
(nós)
Pot.Eixo
(Hp)
Obs.
Nautilus
1
-
1954
1987
8,4
4040
97,4
20
15.000
1 PWR 2
Hélices
Sea Wolf
1
-
1957
1987
8,4
4200
102,9
20
15.000
1 MCR 2
Hélices
Skate
4
-
1958
1986
7,6
2360
81,5
25
6.600
1 PWR 2
Hélices
Triton
1
-
1959
1986
11,3
6670
136,2
20
34.000
2 PWR 2
Hélices
Skipjack
5
-
1959
1990
8,5
3500
76,7
30
15.000
1 PWR 1 Hélice
Halibut
1
-
1959
1986
9
5000
106,6
20
6.600
Convertido
SSGN
57
Tillibee
1
-
1960
1987
7,1
2640
83,2
15
2.500
1 PWR Prop.
Elétrica
Permit
14
-
1961
1989
9,7
4300
84,9
27
15.000
Reprojeto do
Thresher
Sturgeon
32
-
1967
-
9,7
4960
92,1
26
15.000
1 PWR 1 Hélice
Narwhal
1
-
1969
-
11,5
5830
95,9
25
17.000
Reat. Circ.
Natural
NR1
1
-
1969
-
4,5
700
44,8
*
*
Pesquisa
G.P.Lipscomb
1
-
1973
1990
9,7
6480
120,5
25
*
1 PWR Prop.
Elétrica
Los Angeles
62
8
1976
-
10,1
6927
109,8
>30
35.000
1 PWR 1 Hélice
SSGN
Sea Wolf
-
3
1998
pv.
-
12,9
9150
107,6
>30
60.000
1 PWR 1 Hélice
TOTAL
125
11
FRANÇA
CLASSE
Constr.
Em
Constr.
Início
Op.
Baixa
Diam.
(m)
Desl.Sub(ton)
Comp.(m)
Vel Max
(nós)
Pot.
Eixo
(Hp)
Obs.
Amethyste
6
-
1982
-
7,6
2670
73,6
25
9.500
1 PWR
Integrado
TOTAL
6
INGLATERRA
CLASSE
Constr.
Em
Constr.
Início Oper.
Baixa
Diam.
(m)
Desl.Sub
(ton)
Comprim
(m)
VMax
(nós)
Pot.Eixo
(Hp)
Obs.
Trafalgar
7
-
1983
-
9,8
5900
85,4
32
15.000
1 PWR 1
Hélice
Swiftsure
5
-
1974
-
9,8
4900
82,9
>30
15.000
1 PWR 1
Hélice
Valiant
1
-
1966
-
10,1
4800
86,9
28
15.000
1 PWR 1
Hélice
Dreadnought
1
-
1963
1983
9,8
4000
81
28
15.000
1 PWR 1
Hélice
TOTAL
14
CHINA
CLASSE
Constr.
Em
Constr.
Início
Oper.
Baixa
Diam.
(m)
Desl.
Sub
(ton)
Comprim
(m)
VMax
(nós)
Pot.Eixo
(Hp)
Obs.
Han
5
-
1974
-
11
5000
108
25
*
1 PWR Prop.
Eletr.
TOTAL
5
58
RÚSSIA
CLASSE
Constr.
Em
Constr.
Início
Oper.
Baixa
Diam.
(m)
Desl.Sub
(ton)
Comprim.(m)
VMax
(nós)
Pot.Eixo
(Hp)
November
13
-
1958
-
9,1
5000
109,7
30
22.000
Obs.
1º SNA Russo
2 PWR 2 Hélices
SSGN
2 PWR 2 Hélices
SSGN
Echo I
5
-
1960
-
9,8
5500
112
28
30.000
Echo II
9
-
1961
-
9,8
6200
116
24
30.000
Victor I
14
-
1967
-
10
5300
93
30
30.000
Charlie I
11
-
1967
-
9,9
4800
94
24
30.000
SSGN
2 MCR Prop.
Elétrica 1 Hélice
Alfa
6
-
1970
-
9,5
3600
81,4
43
45.000
Victor II
7
-
1972
-
10
6000
102
30
30.000
Papa
1
-
1973
-
12,2
8000
109
30
75.000
Charlie II
5
-
1973
-
9,9
5500
102
24
30.000
Victor III
26
-
1978
-
10
6300
104
30
30.000
Oscar I/II
10
3
1978
-
18,3
16000
150
25
60.000
Uniform
2
-
1982
-
7
2500
73
10
30.000
2 PWR 1 Hélice
1PWR 1 Hélice
2 PWR 2 Hélices
SSGN
SSGN
2 PWR 1 Hélice
2 PWR 2 Hélices
SSGN
Pesquisa
Mike
1
-
1983
-
12
9700
110
32
60.000
*
Akula
10
5
1983
-
13
8000
107
32
40.000
2 PWR 1 Hélice
1984
-
12,4
7600
110
34
30.000
2 PWR 1 Hélice
Sierra
4
1
TOTAL
124
9
Submarinos Nucleares Balísticos
A tabela abaixo apresenta as características principais dos submarinos
nucleares balísticos (capazes de lançamento de mísseis balísticos) de cada um dos
cinco países que os possuem:
ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA (EUA)
CLASSE
Constr
Em Constr
Início
Oper
Baixa
Diam.
(m)
Desl.Sub
(ton)
Comprim.
(m)
VMax
(nós)
Pot.Eixo
(Hp)
G.
Washington
5
-
1960
1988
10,1
6700
126
30
15.000
Ethan Allen
5
-
1962
1992
10,1
7900
200
30
15.000
Lafayette
31
-
1963
-
10,1
8250
129,5
>25
15.000
Ohio
13
5
1982
-
12,8
18700
170,7
>20
60.000
TOTAL
54
5
Obs.
1 PWR
1 Hélice
1 PWR
1 Hélice
1 PWR
1 Hélice
1 PWR
1 Hélice
59
FRANÇA
CLASSE
Constr
.
Em
Constr
.
Início
Oper.
Baixa
Diam
(m)
Desl.Su
b
(ton)
Comprim.
(m)
VMax (nós)
Pot.Eixo
(Hp)
Le
Triomphant
1
2
1994
-
12,5
14120
138
25
41.000
L'Inflexible
1
-
1971
-
10,6
8920
128,7
25
16.000
Le
Redoutable
5
-
1970
-
10,5
9000
128
>20
16.000
TOTAL
7
2
Obs.
1 PWR
PumpJet
1 PWR
1 Hélice
1 PWR
1 Hélice
INGLATERRA
CLASSE
Constr.
Em Constr.
Início
Oper.
Baixa
Diam.
(m)
Desl.Sub
(ton)
Comprim. (m)
VMax
(nós)
Pot.Eixo
(Hp)
Obs.
Vanguard
2
2
1993
-
12,8
16000
149,9
25
27.500
1 PWR
1 Hélice
Resolution
3
-
1967
-
10,5
8500
129,5
25
15.000
1 PWR
1 Hélice
TOTAL
5
2
CHINA
CLASSE
Constr.
Xia
1
TOTAL
1
Em
Constr.
-
Início
Oper.
1987
Baixa
Diam.
(m)
Desl.Sub
(ton)
Comprim.
(m)
-
10
8000
120
VMax
(nós)
22
Pot.Eixo
(Hp)
Obs.
*
1 PWR
Prop.
Elétrica
RÚSSIA
CLASSE
Constr.
Em
Constr.
Início
Oper.
Baixa
Diam.
(m)
Desl.Sub
(ton)
Comprim.
(m)
VMax
(nós)
Pot.Eixo
(Hp)
Obs.
Hotel II/III
8
-
1958
-
9,1
5500
115,2
26
22.000
1 PWR
Yankee
I/II
15
-
1967
-
11,6
9450
160
26
50.000
Delta I
18
-
1972
-
12
11000
139
25
60.000
Delta II
4
-
1973
-
11
12750
152
25
60.000
Delta III
13
-
1974
-
12
13250
155
25
60.000
Typhoon
6
-
1982
-
23
25000
170
24
120.000
Delta IV
6
4
1985
-
12
13600
160
24
60.000
TOTAL
70
4
2 PWR
2 Hélices
1 PWR
2 Hélices
1 PWR
2 Hélices
1 PWR
2 Hélices
2 PWR
2 Hélices
1 PWR
2 Hélices
60
Navios nucleares
As plantas propulsoras de navios de superfície são compostas por motores
diesel, turbinas a gás ou a vapor e motores elétricos, utilizados isoladamente ou em
forma combinada, de modo a atender os requisitos de operação e otimizar os custos
de instalação e manutenção. A energia necessária à movimentação desses
equipamentos pode ser proveniente de combustíveis fósseis, os mais variados, ou
da fissão nuclear de materiais radioativos.
Navios com propulsão nuclear têm como principal característica a utilização
de um reator nuclear de água pressurizada (PWR - Pressurized Water Reactor), por
meio do qual é produzido vapor para a movimentação das turbinas de propulsão e
para geração da energia elétrica necessária a bordo.
Embora alguns países tenham utilizado a propulsão nuclear em navios
mercantes e navios quebra-gelo, seu uso se consagrou em navios militares do tipo
porta-aviões (CVN) e cruzadores (CGN), permitindo, graças à grande capacidade de
armazenamento de energia, a manutenção de altas velocidades por longos períodos
de tempo, sem necessidade de reabastecimento.
A tabela a seguir mostra as principais características dos navios de superfície
com propulsão nuclear.
NAVIOS DE SUPERFÍCIE COM PROPULSÃO NUCLEAR - NAVIOS DE GUERRA
ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA (EUA)
CLASSE
Construídos
Em
Constr.
Início
Oper.
Tipo
L(m)
B(m)
D(m)
Deslocam.
Carreg.
VMax
(nós)
Pot.Eixo
(Hp)
Nimitz
9
-
1975
CVN
332,9
40,8
11,9
102.000
>30
260.000
Enterprise
1
-
1961
CVN
342,3
40,5
11,9
93.970
33
280.000
Virginia
2
-
1978
CGN
178,3
19,2
9,6
11.300
>30
70.000
California
2
-
1974
CGN
181,7
18,6
9,6
10.450
>30
70.000
TOTAL
12
-
Obs
2 PWR 4
Hélices
8 PWR 4
Hélices
2 PWR 2
Hélices
2 PWR 2
Hélices
61
FRANÇA
CLASSE
Construídos
Em
Constr.
Início
Oper.
Tipo
L(m)
B(m)
D(m)
Deslocam.
Carreg.
VMax
(nós)
Pot.
Eixo(Hp)
Obs
C. de Gaulle
1
1
2001
CVN
261,5
64,4
8,5
39.680
27
83.000
2 PWR
2 Hélices
TOTAL
1
1
Míssil balístico intercontinental (ICBM)
Um míssil balístico intercontinental,
ou ICBM, é um míssil balístico que possui
um alcance extremamente elevado (maior
que
5.500
km
ou
3.500
milhas),
normalmente desenvolvido para carregar
armas nucleares.
Os ICBMs se diferenciam dos demais
mísseis balísticos por possuírem um alcance
Míssil balístico Minuteman, dos EUA,
capaz de levar múltiplas ogivas
nucleares.
e velocidades maiores do que os mesmos. Outras classes de mísseis balísticos são
os mísseis balísticos de alcance médio (IRBMs) mísseis balísticos de curto alcance e
os mísseis balísticos de palco. Estass categorias são essencialmente subjetivas,
sendo os limites entre as mesmas escolhidas pelas autoridades competentes.
As seguintes nações possuem sistemas de ICBM operacionais: a Rússia,
Rússi os
Estados Unidos, a França , o Reino Unido e a China. A Índia possui
ui IRBMs, mas
estão no processo de desenvolvimento de ICBMs, assim como o Paquistão.
Acredita-se
se que a Coréia do Norte também esteja desenvolvendo um foguete ICBMs
Taepodong-2, tendo realizado testes com sucesso limitado em 1998 e 2006.
62
Em 2002, os Estados Unidos e a Rússia assinaram o acordo SORT visando a
redução de seu estoque de ICBMs para não mais que 2.200 ogivas cada.
Fases de vôo
As seguintes fases de vôo podem ser distinguidas:
Fase de arranque — 3 a 5 minutos (para um foguete sólido menor do que
para um foguete com propelentes líquidos); a altitude no final desta fase é
normalmente entre 150 e 400 km, dependendo da trajetória escolhida, e a
velocidade de saída é normalmente de 7 km/s;
Fase intermediária — aproximadamente 25 minutos — vôo sub-orbital numa
órbita elíptica; a órbita é parte de uma elipse com eixo principal vertical; o apogeu
(metade da fase intermediária) ocorre numa altitude de cerca de 1200 km; o eixo
intermediário possui um tamanho entre metade do raio da Terra e o raio da elipse; a
projeção da órbita na superfície da Terra é próxima de um grande círculo,
ligeiramente deformada devido à rotação da Terra durante o tempo de vôo; o míssil
pode lançar também várias ogivas independentes, incluindo contramedidas.
Fase de reentrada (iniciando-se a 100 km de altitude) — 2 minutos — o
impacto ocorre numa velocidade de até 4 km/s (para ICBMs antigos, menor que 1
km/s).
História
63
O progenitor do ICBM foi o alemão
A9/10, o qual nunca foi desenvolvido, mas
apenas proposto por Wernher von Braun. O
progenitor do IRBM foi o alemão Foguete V2
(Vergeltung
ou
"represália",
oficialmente
chamado de A4) foguete desenvolvido por
von Braun que usava propelente líquido e
um sistema de guia inercial. Era lançado de
um lançador móvel, o qual o tornava menos
suscetível para ataques aéreos dos Aliados.
Míssil V-2
2 Alemão, usado contra a
Inglaterra na Segunda Guerra Mundial:
precursor
dos
modernos
mísseis
balísticos.
Depois da 2ª Guerra Mundial von Braun e outros cientistas nazistas foram
fo
transferidos secretamente para os Estados Unidos para trabalhar diretamente para o
Exército estadunidense através da Operação Paperclip, desenvolvendo o V2 para o
Redstone IRBM e Jupiter IRBM. Devido aos artigos do tratado, os Estados Unidos
foram capazes de criar bases de IRBMs em países próximos a URSS com um
alcance estratégico.
A URSS não teve território similar na década de 50, então sob a direção do
engenheiro de propulsão reativa Sergei Korolev, projetou um programa para
desenvolver seus próprios foguetes.. Korolev teve acesso a alguns materiais dos V2
capturados, mas descobriu que o seu design era pobre, desenvolvendo o seu
próprio design distinto, o R-7, que foi testado em agosto de 1957 e, em 4 de outubro
de 1957, colocou o primeiro satélite (Sputnik) no espaço, assim abrindo a era da
exploração espacial para a humanidade.
Nos Estados Unidos, a competição entre as forças armadas significaria
aria que
cada força desenvolveria seu próprio programa de ICBMs, em um lento
ento progresso. O
primeiro ICBM estadunidense foi o Atlas, operacional em 1959. Ambos, o R7 e o
Atlas requeriam uma grande base de lançamento, o que os tornava vulneráveis a
ataques, e não poderiam ser mantidos em um estado de pronta utilização.
Sob a direção de Robert McNamara, os Estados Unidos o desenvolvimento
de ICBMs propelidos a combustíveis sólidos: o Minuteman, o Polaris e o Skybolt.
Skybolt
ICBMs modernos tendem a serem menores que seus ancestrais (devido ao aumento
64
da precisão e ao fato de as ogivas ficarem menores e mais leves), e usam
combustíveis sólidos, fazendo-os menos úteis como bases para lançamentos de
veículos orbitais. O desenvolvimento desses sistemas foi governado pela teoria
estratégica de Destruição Mutuamente Garantida (em inglês: MAD).
ICBMs modernos
ICBMs modernos tipicamente carregam MIRV’s (Multiple Independent
Reintrance Vehicle), onde cada qual carrega uma ogiva nuclear separada,
permitindo um único míssil acertar múltiplos alvos. MIRV foi um resultado da rápida
diminuição em tamanho e peso das modernas ogivas e os Tratados de Limitação de
Armas Estratégicas, onde foram impostas limitações no número de veículos de
lançamentos. O Sistema Nacional de Mísseis de Defesa dos EUA, no Alasca, foi
considerado operacional em 2004.
ICBMs podem ser desenvolvidos de múltiplas plataformas:
•
Em silo de míssil, que oferece alguma proteção de ataque militar
(incluindo, nas esperanças dos desenvolvedores, alguma proteção a
um primeiro ataque nuclear);
•
Em submarinos: submarino lançador de mísseis balísticos (SLMB); a
maioria ou todos SLBMs possuem o longo alcance dos ICBMs (o
oposto dos IRBMs);
•
Em caminhões pesados; isto aplica para uma versão do RT-2UTTH
Topol russo, capaz de se mover através de terrenos sem estrada, e
lançando um míssil de qualquer ponto ao longo de sua rota;
•
Em lançadores móveis sobre trilhos; este modo de lançamento se
aplica, por exemplo, para o SS-24 "Scapel" russo.
Os três último tipos são móveis e, por isso mesmo, difíceis de se localizar.
65
Mísseis específicos
ICBMs terrestres e mísseis de cruzeiro
A Força Aérea dos Estados Unidos atualmente opera 500 ICBMs em cerca de
3 bases localizadas primariamente ao norte dos estados das Montanhas Rochosas.
Estes são da variante única do ICBM LGM-30 Minuteman III. Mísseis Peacekeeper
(mantenedor da paz) foram planejados em 2005.
Mísseis balísticos de submarinos
Tipos específicos de mísseis balísticos de submarinos incluem:
•
Classe George Washington
•
Classe Ethan Allen
•
Classe Lafayette
•
Classe Benjamin Franklin
•
Classe Ohio
•
Classe Resolution
•
Classe Vanguard
•
Classe Typhoon
•
Classe Delta IV
•
Classe Le Redoutable
•
Classe Triomphant
•
Classe Xia

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