Maio - AW Portuguese

Transcrição

Maio - AW Portuguese
Órgão Internacional dos Adventistas do Sétimo Dia
Maio 2010
Começando
o enditnow
(Pare com isso agora)
12
Perigos
Espirituais
24
Jakob Erzberger: O
Pioneiro Esquecido
27
Quando Deus
Criou o Amor
Maio 2010
A
A R T I G O
D E
C A P A
Começando o
enditnow
(Para com isso
agora) .......................... 16
Heather-Dawn Small, diretora
do Ministério da Mulher da
Associação Geral, e Charles
Sandefur, presidente da Agência
Adventista de Desenvolvimento e
Recursos Assistenciais (ADRA),
falam sobre a nova iniciativa
mundial para neutralizar a
violência contra a mulher.
DEVOCIONAL
IGREJA
EM
AÇÃO
Editorial............................. 3
Notícias do Mundo
3 Notícias & Imagens
Visão Mundial
8 Ênfase em Liderança
Janela
10 Lesoto por Dentro
SAÚDE
Mamografia .................... 11
Por Allan R. Handysides e
Peter N. Landless
Perigos Espirituais Por Roy Adams .................................... 12
Como livros, filmes e programas de televisão confundem
a linha entre a fantasia e espiritualidade.
ARTIGO
ESPECIAL
ASI: O Poder da Associação
Por Steve Dickman ...................................................................... 14
PERGUNTAS
BÍBLICAS
Mais que a História
de um Peixe .................... 26
Por Angel Manuel Rodríguez
A crescente influência do ministério leigo.
ESTUDO
CRENÇAS
FUNDAMENTAIS
A Batalha Continua! Por Alberto R. Timm ........................ 20
A luta entre o bem e o mal é uma realidade com
a qual temos de conviver.
ESPÍRITO
DE
Quando Deus
Criou o Amor................. 27
Por Mark A. Finley
PROFECIA
Centro White Por Tim Poirier .............................................. 22
Preservando o dom que foi demonstrado na vida
e ministério de Ellen White.
HERANÇA
BÍBLICO
INTERCÂMBIO
MUNDIAL
29 Cartas
30 O Lugar de Oração
31 Intercâmbio de Ideias
ADVENTISTA
Jakob Erzberger: o Pioneiro Esquecido
Por Daniel Heinz......................................................................... 24
Um herói, sem louros, do princípio de nossa história.
O Lugar das
Pessoas ............................. 32
Tradução: Sonete Magalhães Costa
Adventist World (ISSN 1557-5519) é editada 12 vezes por ano, na primeira quinta-feira do mês, pela Review and Herald
Publishing Association. Copyright (c) 2005. Vol. 6, nº 5, maio de 2010.
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Adventist World | Maio 2010
www.portuguese.adventistworld.org
A Igreja em Ação
EDITORIAL
A
“A cura é um ato de
mudança social”
dmito que fiquei surpreso quando comecei a considerar
essa ideia, pois sempre pensei na cura como uma
experiência profundamente pessoal. Como pastor
por cerca de trinta anos, tenho testemunhado centenas de
momentos muito particulares, onde o poder de Deus curou
um corpo destroçado, transformou corações pecaminosos
e restaurou casamentos esfacelados. Já contei histórias dos
milagres de Jesus em muitos de meus sermões, orando para
que meus ouvintes conseguissem alcançar a graça que ainda
restaura pessoas feridas, vida após vida, uma de cada vez.
O que acontece, porém, quando um corpo ferido é restaurado ou quando um relacionamento rompido é reparado? O
que aconteceu aos conhecidos e às vilas daqueles dez ex-leprosos, cuja história é relatada por Lucas em seu evangelho, após
Jesus os ter curado? Outras vidas, além das deles, rapidamente
e até dramaticamente foram mudadas. Empregos reassumidos;
casamentos restaurados; crianças voltaram a ter os pais;
amizades foram reatadas no lugar em que foram bruscamente
deixadas quando a doença trouxe sua terrível interrupção.
A onda crescente de mudanças que fluiu do instante em que
aqueles dez foram curados seguiu mudando famílias, estruturas
sociais, aldeias e nações. E toda essa transformação estava clara
na mente de Cristo ao pronunciar as palavras que fizeram com
que aqueles homens ficassem curados.
Os adventistas do sétimo dia têm sido historicamente
cuidadosos com a publicidade em relação a mudanças sociais,
pois temos visto a rapidez com que a graça e a cura realizadas
pelo Grande Médico podem ser obscurecidas por sinais de
piquete e manobras políticas. O que se iniciou como uma
busca profundamente espiritual para conectar o perdido e
quebrantado a Jesus, pode facilmente se transformar numa
paixão avassaladora pelo poder e dominação social. Mas
nunca nos esqueçamos do fato de que a boa notícia de Jesus,
que nos oferece a vida eterna, deve sempre fazer uma diferença
visível, aqui e agora, nas esquinas, nos bairros e em todos
os relacionamentos de uma vida restaurada. A mulher que
aprende a ler a Bíblia adquire posição econômica e influência
social positiva por causa de sua nova habilidade. O marido
abusivo que abandona seus hábitos de violência e intimidação
porque seu coração foi transformado por Jesus, torna-se
agora um baluarte pelo que é justo nos negócios, na família,
na comunidade e na igreja.
Ao ler o artigo de capa deste mês sobre a campanha
“enditnow” (Acabe agora com isso), que está sendo difundida
em todo o mundo, ore para que a cura e a mudança cheguem
até a rua em que você mora.
– Bill Knott
NOTÍCIAS DO MUNDO
Confirmada a Morte de
Quatro Adventistas
no Terremoto do Chile
■ Os líderes da igreja confirmaram
a morte de quatro membros da Igreja
Adventista do Sétimo Dia, no terremoto com a magnitude de 8,8 da escala
Richter, na manhã de 27 de fevereiro,
o qual atingiu a parte central do Chile,
país da América do Sul.
Duas sedes da igreja foram severamente atingidas, e mais de dez prédios
de igrejas foram “quase completamente
destruídos”, segundo Erton Köhler, presidente da Igreja na América do Sul.
Ao mesmo tempo, a Divisão declara
que a secretária de Estado dos EUA,
Hillary Clinton, se encontrou com
voluntários da ADRA no aeroporto de
Santiago, no dia 2 de março e elogiou o
grupo de socorro.
“Agradeço aos que oraram e
continuam orando por nossos irmãos
e irmãs e por todos os que sofreram
com o terremoto que aconteceu no
Chile”, escreveu Köhler em mensagem
por e-mail, no dia 5 de março de 2010.
“Permanecemos unidos, intercedendo e
apoiando nossos irmãos chilenos.”
Köhler acrescenta: “Até agora, temos
notícia de que quatro irmãos adventistas foram mortos e ainda há alguns
desaparecidos. Ainda estamos esperando por mais notícias. Além disso, temos
duas sedes da igreja, da Associação do
CLINTON REÚNE-SE COM VOLUNTÁRIOS
DA ADRA: O então presidente eleito do
Chile, Sebastian Piñera, e a secretária de
Estado Hillary Clinton falaram com
voluntários da ADRA durante visita ao
aeroporto de Santiago, na terça-feira,
2 de março. A ADRA está trabalhando na
distribuição de alimentos e água potável
entre os sobreviventes do terremoto.
(Piñera foi empossado nove dias após
essa foto ser tirada).
F O T O :
A D R A
C H I L E
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A Igreja em Ação
NOTÍCIAS DO MUNDO
e para ajudar nossos irmãos em seus
desafios pessoais”, acrescentou.
Segundo Karen Cordovez,
“Hillary Clinton, após reunião com a
ex-presidente Michelle Bachelet, falou
com o então presidente eleito, Sebastian
Piñera (no aeroporto de Santiago).
Clinton se aproximou dos oitenta
voluntários da ADRA ali presentes, para
ver seu trabalho.
“Cristián Pincheira, coordenador
de projetos da ADRA/Chile, falou com a
Sra. Clinton sobre o auxílio prestado
às vítimas do terremoto que a ADRA
está realizando no país. Clinton expressou sua apreciação pela dedicação
dos voluntários e declarou conhecer
o trabalho da ADRA nos Estados
Unidos.”
– Por Mark A. Kellner, editor de
notícias, com informações da Divisão
Sul-Americana.
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Adventist World | Maio 2010
F O T O
APRENDENDO SOBRE BLOGS:
Uma reunião de trabalho sobre
Blogs na Internet e vídeos na Web
foi promovida pela Associação
Centro-Sul de Luzon.
S S D
Sul do Chile, em Temuco, e Missão
Central, em Talca, Chile, que estão
tremendamente comprometidas. Mais
de dez igrejas estão quase totalmente
destruídas e alguns colégios e escolas da
igreja estão severamente danificados.
Muitos de nossos irmãos [e irmãs] perderam seus lares e estão lutando para
conseguir alimento, água e um abrigo.”
Segundo Köhler, a Agência
Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (ADRA) continua
a prestar assistência à região.
“A ADRA está ajudando a entregar
alimentos, cobertores, barracas, além
de ter um grupo canadense trabalhando na purificação da água e outro
grupo de cerca de cem voluntários
ajudando a arrecadar alimentos em
Santiago, para serem enviados às
regiões carentes”, ele relatou.
“Agora estamos nos reunindo para
procurar recursos e ajudar as instituições da igreja (templos, escolas e escritórios) a voltar à sua rotina normal
Nas Filipinas, Blogs Adventistas
Levantam Desafio na Internet
■ Quando se percebe a utilidade de
um blog para alcançar pessoas e convidá-las a experimentar Jesus em sua vida,
um entusiasta de blogs não pensará
duas vezes para usar essa moderna ferramenta no ministério.
Essa foi a impressão dos participantes da reunião de trabalho em
mídia de comunicação intitulado
“Fechando Lacunas”, com duração de
três dias, dirigido pelo Departamento
de Comunicação da Igreja Adventista
do Sétimo Dia na região centro-sul de
Luzon (SCLC), com a ajuda da Divisão
Asiática do Pacífico Sul (SSD), nos dias
25 a 27 de janeiro de 2010.
Na semana de trabalho que foi
realizada na sede da SCLC, em San Pablo
City, Filipinas, 28 participantes aprenderam a usar a Internet para ministrar
às necessidades sociais e espirituais das
pessoas. Aprenderam ainda a construir
websites e blog, conectar-se à Internet,
como também enviar mensagens para
inspirar amigos e futuros amigos.
Aprenderam outras habilidades,
entre elas, conceitos e programas de
relações comunitárias, notícias, artigos
especiais e videografia.
Os seminários foram apresentados
por Wineldre Pasamba, webmaster da
Universidade Adventista das Filipinas;
Mary Lorelei Escasa, membro da equipe
da Amazing Grace Media Productions
e entusiasta dos blogs; Welsie dela Cruz,
diretor-assistente para produções de
mídia da SSD, e Jonathan C. Catolico,
diretor de comunicação da SSD.
“Planejamos ter acesso à comunidade
utilizando um método mais moderno
de comunicação”, disse Joel B. Macraig,
diretor de comunicação da SCLC e organizador do encontro. “Estamos com uma
nova equipe, formada para nos ajudar a
realizar esses planos.” Quando perguntado se percebe alguma lacuna entre os
adventistas e não-adventistas em certos
assuntos, Catolico diz que tal “percepção
varia de um lugar para outro. Algumas
comunidades conhecem muito bem os
adventistas, não apenas como o ‘povo da
Bíblia’, mas como um grupo de crentes
envolvidos em projetos comunitários”.
Entretanto, disse ele, “precisamos que
todos na igreja participem evangelizando
seus vizinhos ao ajudá-los em suas
necessidades por meio de programas de
saúde, para jovens, serviços para família,
melhoria educacional e de muitas outras
maneiras, utilizando as nossas novas habilidades de comunicação. A realização
de tais objetivos não está muito distante;
desse modo, diminuímos a lacuna, se
houver (alguma).”
No fim do encontro, os participantes
(que foram divididos em três grupos)
apresentaram seus exercícios de vídeo.
Um grupo recebeu a tarefa de entrevistar as pessoas na rua para dimensionar
seu conhecimento dos programas da
Igreja Adventista do Sétimo Dia em
sua comunidade. “Infelizmente, havia
alguns que nem conheciam os adventistas, disse o porta-voz do grupo de
entrevistas. “Embora muitos conheçam
SAUDAÇÕES: Sherry
Ayittey, esquerda,
Ministra do Meio
Ambiente de Gana,
com Helge Wendenburg,
ministro do Meio
Ambiente, Conservação da Natureza e Segurança Nuclear da Alemanha, logo
após a inauguração do Centro Baobab para Estudos Ecológicos da Valley
View University, dia 23 de fevereiro de 2010.
F O T O :
os adventistas e seus programas, o mais
conhecido é o trabalho educacional da
igreja em suas comunidades.”
– Reportagem da equipe de comunicação
da SSD
Doação da Alemanha Ajuda
Universidade Adventista em Gana
■ Doações do governo e universidades
alemãs estão ajudando a Universidade
Adventista do Sétimo Dia em Gana
a se tornar uma das universidades
mais conscientes em conservação do
Oeste africano, dizem administradores
da escola.
A Valley View University, com cerca
de três mil alunos, recebeu 1,3 milhões
de euros para projetos de conservação
do campus, que inclui a reciclagem
de águas residuais convertidas em um
sistema de combustível, coleta e armazenamento de águas pluviais, plantio
de árvores e um novo centro de estudos
em ciência ambiental.
“Esse centro criará oportunidades
de interação entre estudiosos tanto
locais como internacionais, no campo
da ecologia”, disse Seth A. Laryea,
presidente da Valley View, no dia 23 de
fevereiro de 2010, durante cerimônia
de dedicação do Centro Baobab para
Estudos Ecológicos. Estavam presentes
parceiros do projeto vindos da
Alemanha, ministros de estado de Gana,
alunos e professores.
Helge Wendenburg, Ministro do
Meio Ambiente, Conservação da
C O R T E S I A
D A
V V U
Natureza e Segurança Nuclear da
Alemanha, disse que esperava “esclarecer
que não apenas ali, na Valley View
University, mas como um todo, a cooperação Alemanha/Gana, no campo da
proteção climática, está andando bem”.
Os esforços de conservação da universidade receberam um impulso cerca
de seis anos atrás, quando o Ministério
Federal Alemão de Educação e Pequisa
ofereceu um subsídio para o desenvolvimento do plano de a universidade se
tornar um “campus-eco” amigável.
A Justus-Liebig University em
Giessen, Alemanha, está colaborando
com a universidade no plantio de dez
mil árvores no campus e na comunidade ao seu redor, como também na
preservação das espécies de árvores
nativas existentes na área.
A Sociedade de Engenharia
Ecológica está realizando a coleta e
armazenamento de água de chuva,
enquanto a Universidade de Recursos
Naturais e Ciências Aplicadas à Vida,
em Viena, Áustria, é responsável pelo
tratamento da água.
Em outro projeto, banheiros secos
estão reduzindo o uso de água, e os dejetos humanos são usados para produzir
biogás para complementação do gás de
petróleo liquefeito usado para cozinhar
no refeitório da universidade.
Sherry Ayittey, ministra do meio
ambiente, elogiou a Valley View University por sua determinação em expor e
disseminar as iniciativas de conservação
e prometeu trabalhar com a universidade, repetindo a iniciativa em outras
instituições.
A Valley View University tornou-se a
primeira universidade privada credenciada em 1995 e a primeira universidade
privada no país a ser projetada em
2006. A universidade localiza-se numa
região rural, cerca de 20 quilômetros a
nordeste de Acra, capital de Gana.
– Reportagem da equipe da Rede
Adventista de Notícias
Escolas Adventistas em Belize
Fecham as Portas em Protesto Contra
a Violência
■ A Igreja Adventista do Sétimo Dia
em Belize fechou as portas de suas 25
escolas, por um dia (5 de março), em
protesto contra a violência dos policiais
IGREJA ENLUTADA: Centenas de
pessoas prestam homenagem a Teddy
Murillo Jr., jovem adventista do sétimo
dia assassinado a tiros no dia 27 de
fevereiro, em Belize City. A igreja
fechou as 25 escolas do país para um
dia de protesto contra o que os líderes
chamam de escalada da violência por
parte da polícia do país.
F O T O :
A B I L I O
C I M A / I A D
Maio 2010 | Adventist World
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A Igreja em Ação
NOTÍCIAS DO MUNDO
do país, que resultou na morte de um
membro da igreja.
Teddy Murillo, Jr. teria sido morto
a tiros na manhã do sábado, 27 de
fevereiro, por um oficial da lei que foi
interrogado e liberado mais tarde.
Murillo, 21, era membro do
Tabernáculo Adventista Monte Sião,
em Belize City, primeira igreja a ser
fundada na cidade. Era membro ativo
do grupo de jovens de sua igreja, da
qual era diácono.
Murillo foi o segundo adventista
vítima da violência policial em anos
recentes, segundo Abilio Cima, secretário executivo e diretor de comunicação
para a igreja em Belize.
A jovem adventista, de 19 anos de
idade, assassinada há alguns anos, foi a
primeira, disse Cima, somado a outros
dois casos noticiados nos últimos anos.
Um caso ainda está em julgamento
e outro foi arquivado, por falta de
testemunhas, diz ele.
“As pessoas têm medo de testemunhar (no tribunal), porque sua vida
corre risco,” disse Cima.
“Ao fechar nossas escolas, queremos
mostrar à grande comunidade que
somos contra a violência”, disse Cima,
acrescentando que a Igreja Adventista
está desafiando o governo nacional a
“fazer algo urgentemente para que o
crime e a violência terminem”.
Centenas de pessoas lotaram o
Tabernáculo Adventista Monte Sião, no
dia 7 de março, para a cerimônia fúnebre de Murillo, transmitida ao vivo por
uma emissora de televisão local.
Murillo frequentou a Escola
Fundamental Adventista Garbutt, Escola
Adventista de Ensino Médio Canaã e
era calouro na Universidade de Belize,
cursando Agricultura, quando morreu.
A Igreja Adventista do Sétimo Dia é
a segunda maior igreja em Belize, com
mais de 34 mil membros, divididos
entre 76 igrejas e congregações.
– Reportagem da Divisão Interamericana
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Adventist World | Maio 2010
Adventistas
Marcam Goleada
com
Revista
Copa doMundo
Para a
Por Mark A. Kellner, editor de notícias
Uma edição da Signs of the Times
Sentido horário, a partir da esquerda:
Cerca de 300 mil cópias de uma edição
especial da Singns of the Times é impressa para alcançar os turistas da Copa
do Mundo em Joanesburgo, África do Sul. EDITORES: Ruth e Eric Webster,
sul-africanos adventistas, ambos com mais de oitenta anos de idade, produziram
uma edição especial da revista, a qual têm editado nos últimos vinte anos.
APOIO DA UNIÃO: Gift Mweenba, diretor de pessoal e de publicação da união,
ajudou na produção massiva e contribuiu como editor convidado da edição
especial da revista.
C O R T E S I A
D A
S I G S
O F T H E T I M E S
U
m casal adventista do sétimo
dia se levantará para alcançar
os fãs do futebol durante a
Copa do Mundo de 2010 da FIFA, na
África do Sul, com início no dia 11
de junho e término cerca de um mês
mais tarde.
A edição sul-africana da Signs of
the Times (Sinais dos Tempos), revista
evangelística há anos publicada
estritamente secular. Junto com o conteúdo relacionado ao esporte, há artigos
destinados a apresentar aos leitores a
Igreja Adventista do Sétimo Dia e sua
mensagem, observou Webster.
“Estamos orando para que o Espírito Santo trabalhe no coração dos leitores de diferentes formas”, ele acrescenta.
“Eles poderão descobrir que a revista é
patrocinada pela Igreja Adventista do
grande parte das informações sobre
futebol. Ele é editor de um dos jornais
do Zâmbia e ex-jornalista e editor
de esportes.”
Entre outros colaboradores para
essa edição está Gift Mweemba, diretor
de publicações e do ministério pessoal
da União da África do Sul, e adventistas
de todo o mundo. Além disso, François
Louw, presidente da união, disse
atingirá turistas de todo o mundo em Joanesburgo
mundialmente pela Igreja Adventista
do Sétimo Dia, dedicará pelo menos
280 mil cópias, a maior parte em
inglês, para fornecer informações sobre
os jogos e também como ganhar o
maior desafio da vida, que é a fé em
Jesus Cristo.
“Pensamos que os leitores vão guardar a revista por causa de sua aparência
e abordagem seculares. Não será a aparência típica de uma revista evangélica”,
disse Eric Webster, pastor adventista
do sétimo dia de 82 anos de idade, que,
junto com sua esposa, Ruth, mantém
a Signs como um ministério auto-suficiente no sul da África há 20 anos.
“Os interessados em futebol terão
uma mina de ouro de informações
sobre os 32 países participantes. Há,
inclusive, três páginas com fotografias
em alta definição de dezessete jogadores internacionais. Os fãs vão querer
guardar essas páginas. No centro
da revista, há duas páginas com a
programação de todos os jogos, datas,
locais e espaço para marcar os resultados. Mais uma vez, será difícil para
quem é fã de futebol jogar fora essa
revista”, disse Webster.
A edição especial da Signs, entretanto, não é um empreendimento
Sétimo Dia. Isso está na página três.
Há também informação sobre o preço
e endereço para alguém se tornar assinante da revista. Há ainda nove artigos
espirituais, de uma página, espalhados
pela revista. Acreditamos que alguns
leitores serão levados a ler esses artigos
e que Deus lhes falará ao coração.”
Um elemento espiritual importante
será anexado aos artigos de meia página
detalhando a importância do futebol
para cada um dos 32 países participantes na Copa de 2010: “No fim de cada
um dos 32 artigos sobre os países, há
endereços onde os leitores poderão
entrar em contato para receber ajuda
espiritual, em seu próprio país. Isso
significa que os visitantes provenientes
desses países poderão receber acompanhamento. Há também o endereço da
Internet, na página 2, onde os leitores
poderão acompanhar a revista e obter
outras informações”, disse Webster.
Quando questionado sobre as
surpresas que encontrou na preparação
dessa edição especial, Webster observou
vários incidentes da direção de Deus na
procura de colaboradores, como Jack
Mwewa, membro da igreja do Zâmbia,
“que escreveu os artigos sobre quatro
países africanos e me ajudou com
que um grupo de jovens adventistas
brasileiros participará da equipe de
testemunho/distribuição em Joanesburgo e trabalhará junto com os jovens
adventistas sul-africanos na distribuição
da revista e outras literaturas.
“A Copa do Mundo nos forçou a
pensar: Não podemos nos dar ao
luxo de perder essa oportunidade”,
disse Louw.
Uma tarefa de distribuição mais
abrangente, o endereçamento e envio
de 30 mil revistas impressas cairão
sobre os Webster, ambos na casa dos
80 anos e, como observa Eric, também
“abençoados com boa saúde”. Ruth
Webster colará milhares de etiquetas de
endereços nas revistas e, em seguida,
ajudará Eric a carregar seu carro para
levá-las aos correios.
E depois disso? Eric Webster, que
anualmente corre uma maratona
completa, planeja pedir ao presidente
de sua união que o ajude a encontrar
outras pessoas para assumir esse ministério da página impressa, que, segundo
se espera, alcance os turistas durante a
Copa do Mundo.
Mais informações sobre a revista
especial estarão disponíveis online, na
página http://www.impact2010.co.za/.
Maio 2010 | Adventist World
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A Igreja em Ação
VISÃO MUNDIAL
Ênfase
em
Liderança
Encontro realizado em Pequim enfatiza crescimento em liderança
Por Bill Knott, editor, com Mark A. Kellner, editor de notícias da Adventist World
C
om um número de membros batizados chegando a
17 milhões em todo o mundo, a Igreja Adventista do
Sétimo Dia também necessita de maior número de
líderes de igreja, bem treinados. Com esse objetivo, os líderes
mundiais do Desenvolvimento de Liderança Global realizaram, recentemente, uma reunião de diretoria em Pequim,
China – o terceiro de uma série anual e o primeiro a ser realizado naquele país – para discutir métodos e estratégias para
ajudar os líderes da igreja a cumprir sua missão.
Michael L. Ryan, vice-presidente geral da Igreja Adventista,
é um dos líderes desse departamento, em parceria com
Pardon Mwansa, também vice-presidente. Ao retornar de
Pequim, Ryan falou à Adventist World sobre o encontro e seus
objetivos.
Dê-nos uma ideia da importância desse evento para a
igreja mundial. Quantos membros havia em sua equipe?
Tínhamos cerca de trinta pessoas, representantes de todas as
divisões do mundo.
Essas reuniões foram organizadas para os presidentes
das divisões?
Não. Três presidentes de divisão estavam lá, mas foram
representar o item sobre liderança. As demais divisões tinham
outros representantes.
O treinamento da liderança na igreja sempre foi uma
espécie de colcha de retalhos. Temos dois líderes na Associação Geral que realizam seminários de liderança aqui e
ali. Mas isso tende a ser bastante periférico na discussão
da filosofia, questões teológicas, como integridade ou algo
semelhante. A princípio, quando tivemos nosso primeiro
encontro há dois anos, falei sobre nosso conceito de dois
tipos de treinamento de liderança. Temos o que poderíamos
chamar de “disponível”, o doutor (PhD, mestre (MA), etc.
Eles estão disponíveis para encontrar uma maneira de
atender ao que for necessário.
8
Adventist World | Maio 2010
Ao outro poderíamos chamar de “específico e intencional”.
Nossa igreja mundial, por exemplo, está organizada em 512
associações, 106 uniões e 13 divisões. Pelo menos três administradores dirigem cada uma dessas instituições e, às vezes,
há associados. É essencial preparar pessoas para ocupar essas
funções específicas. O que temos feito para os presidentes?
Estou falando, especificamente, daqueles que chegam à presidência em nível de associação. Eles são vistos pelos colegas e
por quem eles representam, como pessoas capazes. Mas o que
sabem sobre a arte de presidir uma comissão? O que sabem
sobre o funcionamento de uma assembleia constituinte? O
que sabem sobre a leitura de um relatório financeiro? Eles
podem ter sido pastores de grandes igrejas, realizado um bom
trabalho, mas essas são habilidades diferentes.
Temos um site recente na Internet, leadershipdevelopment.
adventist.org., que está estruturado de tal modo que a
declaração de missão/visão pode ser encontrada junto com a
pesquisa atualizada, nomes de palestrantes de todo o mundo,
disponíveis para fazer apresentações sobre determinados
temas. Temos listados os livros mais recomendados recentemente sobre liderança, e provavelmente a seção mais importante do site sejam os “eventos de liderança”. Ela, basicamente,
mostra data, horário, local, quem vai apresentar, organizado
pela Associação Geral, divisão, união, e cada divisão tem
espaço para sua própria lista.
No primeiro encontro, analisamos a declaração de missão,
os valores, a administração. No segundo encontro, focalizamos as atribuições de trabalho mais importantes do campo
mundial. Nessa ocasião, as divisões levaram seu calendário de
eventos para ser inserido no site. Em termos de importância,
esse é um grande passo em direção ao objetivo.
Seria justo dizer que a transição para esse modelo é,
por assim dizer, “nós vamos aonde somos convidados”,
responsabilizando os líderes da Associação Geral e das
divisões por um programa de treinamento contínuo em
Quando se olha para os assuntos que o grupo de
liderança gostaria de pesquisar, quais são as três ou
quatro questões fundamentais no topo da lista para o
desenvolvimento em liderança?
No momento, estamos nos concentrando em reunir currículos para presidente, secretários e tesoureiros. Estou
explorando com certos autores e começando a preencher
os outros espaços em branco. Isso não significa que os
primeiros são mais importantes. Mas, se tivesse que dizer, e
todos concordam, penso que as questões de liderança mais
importantes são as da liderança da igreja local, que precisam
mudar com certa rapidez. E essa mudança começaria, na
realidade, com o pastor. Material de liderança para pastores
está disponível online. Incluem-se também vários oficiais
da igreja, especialmente os anciãos, diretores de Escola
Sabatina e tesoureiros. Porque do modo como funciona essa
unidade funcionará o resto da igreja. Temos a tendência de
nos esquecer disso.
Qual será o próximo passo para nosso grupo? Na sua
maneira de ver, que rumo está tomando? Como o
adventista comum pode orar efetivamente pelo trabalho
que vocês estão fazendo?
TREINO PRÁTICO: Stan Patterson (destaque),
professor do Seminário Teológico da Universidade
Andrews, oferece treinamento para desenvolver
habilidades de liderança.
liderança e o alvo especialmente desse grupo de dois
mil líderes, que inclui associações, uniões e divisões de
todo o mundo?
É importante notar que há diferentes papeis a serem
desempenhados. A Associação Geral desempenha o papel
da visão e da responsabilidade de que exista um programa
de liderança e uma rede mundial. Porém, a responsabilidade
de desenvolver o programa de liderança está sobre cada
divisão… Nós ajudamos, até certo ponto, com material…
Às vezes, o estilo de liderança varia de um lugar para
outro… Assim, não podemos chegar e dizer: “Esse tamanho
serve, então vamos dar a mesma medida para todos.”
Por que temos treinamento em liderança? Primeiro, a maior
preocupação é toda a problemática da unidade. Temos
treinamento de liderança em todos os níveis porque estamos
intensamente interessados na unidade. Em segundo lugar
– esse é basicamente um assunto de missão –, somos uma
igreja que o Senhor abençoa com o privilégio de crescermos
cerca de 4,8 por cento ao ano, e em alguns lugares, o crescimento
é maior. Desde 1990, o trabalho dentro da Janela 10/40 (tenha
em mente que estamos lidando com porcentagens) cresceu
284 por cento. A obra fora dessa janela, desde 1990, cresceu
cerca de 88 por cento.
Quando olhamos para esse tipo de crescimento, há uma
dinâmica envolvida que o povo não entende. Por muito
tempo, estivemos envolvidos na missão global e em plantar
igrejas, gerando um rápido crescimento. Entretanto, não nos
concentramos no treinamento de líderes. Assim, temos três
ou quatro líderes em áreas de enorme crescimento, os quais
estão sobrecarregados. Portanto, se nossa igreja continuar
crescendo na mesma proporção, precisaremos nos comprometer em treinar líderes nessas áreas. Se não fizermos isso,
as outras estruturas da igreja (associações, uniões e divisões)
serão prejudicadas.
Precisamos assumir o compromisso de ser a melhor
organização do mundo. E isso acontece quando temos líderes
capacitados.
Maio 2010 | Adventist World
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A Igreja em Ação
JANELA
esoto
L por Dentro
Por Hans Olson
N
o coração da África austral, está o pequeno reino de
Lesoto. Esse país interior, completamente cercado
pela República da África do Sul, é conhecido por
seus planaltos e montanhas. Na verdade, mais de oitenta por
cento do país situa-se a mais de 1.800 metros acima do nível
do mar. Sua altitude elevada torna o clima de Lesoto muito
mais frio do que os outros países do sul da África.
Os colonos Sotho-Tswana colonizaram a região da África
austral, que agora inclui Lesoto, entre os séculos III e XI d.C.
Lesoto, então chamado Basutolândia, não emergiu como país
até 1822, quando Moshoeshoe I, chefe local, organizou vários
grupos de tribos basotos e tornou-se seu rei.
Durante os 46 anos seguintes, enquanto eclodiam várias
guerras contra tribos vizinhas, Moshoeshoe I lutou para
manter o controle da Basutolândia. Em 1868, o monarca
apelou para que a Grã-Bretanha estabelecesse Basutolândia
como país protegido pela Inglaterra. Assim, pelos 98 anos
seguintes, o país ficou livre dos ataques externos e se desenvolveu como nação. Em 4 de outubro de 1966, a nação se
independeu da Inglaterra e trocou seu nome para Lesoto.
Desde então, tem havido disputas pelo poder político, mas
relativamente pacíficas.
O povo de Lesoto enfrenta muitos desafios. Segundo as
Nações Unidas, cerca de 40 por cento da sua população vive
abaixo no nível internacional de pobreza, de 1,25 dólares
americanos por dia. Outro desafio é a alta incidência de
HIV/AIDS. Há estimativas de que uma em cada quatro
pessoas em Lesoto é portadora do HIV/AIDS. Além disso,
sua paisagem montanhosa e estilo de vida rural fazem com
que grande parte do país seja inacessível por estradas. Muitas
aldeias dependem de cavalos, viagens a pé e avionetas para
conseguir o que necessitam. Em virtude das dificuldades da
vida em Lesoto, muitos homens mosoto, como é denominado
o povo de Lesoto, trabalham na África do Sul, especialmente
em minas de metais preciosos, para ganhar o suficiente para
manter a família em seu país.
Adventistas em Lesoto
O primeiro adventista a visitar Lesoto foi Stephen N.
Haskell, que batizou o mosoto David Kalaka, seu guia, após
10
Adventist World | Maio 2010
LESOTO
Capital:
Maseru
Principais Idiomas:
Inglês (oficial), Sesoto (Soto do Sul),
Zulu, Xosa
Religiões:
Cristã – 80%; crenças indígenas – 20%
População:
1,8 milhão*
Membros adventistas: 6.428*
População adventista
per capita:
1:280*
Crescimento da
igreja no último ano:
12%*
*146
o
Relatório Estatístico Anual dos Arquivos Estatísticos da Associação Geral.
visita ao país em 1885. Quatro anos mais tarde, J. M. Freeman
ajudou Kalaka a estabelecer a sede da Missão Basutolândia.
Em 1910, foi inaugurada a segunda sede de missão, a Missão
Emanuel. Uma terceira instituição foi fundada em Mapoteng,
em 1951: o Hospital Adventista Maluti.
Lesoto é um dos países que formam a Divisão África do
Sul-Oceano Índico da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Essa
divisão, a mais nova da igreja mundial, é formada por onze
países no terço sul da África e várias nações insulares do
Atlântico Sul e Índico, na costa da África. Cerca de 151 milhões de pessoas vivem nessa divisão, e mais de 2,1 milhões
compartilham a fé adventista do sétimo dia ali. Essa é uma
proporção de cerca de um adventista para cada 72 pessoas.
A Divisão África do Sul-Oceano Índico está recebendo
o “Siga a Bíblia”. Patrocinado pelas igrejas adventistas do
sétimo dia de todo o mundo, “Siga a Bíblia” é uma iniciativa
destinada a encorajar os adventistas a desenvolver interesse
mais profundo na leitura diária da Bíblia. Como parte dessa
iniciativa, a jornada da Bíblia viajante teve seu início nas
Filipinas, em outubro de 2008, e será concluída em junho,
na Assembleia da Associação Geral, em Atlanta, Geórgia,
Estados Unidos.
Para saber sobre a obra da Igreja Adventista do Sétimo
Dia em Lesoto, acesse www.AdventistMission.org.
S A Ú D E
N O
M U N D O
Por Allan R. Handysides e
Peter N. Landless
Mamografia: Prevenção Vital
Tenho 50 anos de idade e história de câncer de mama na família (minha mãe).
Vivo em um país em que a mamografia é usada para rastreamento e prevenção do
câncer de mama. Porém, estou angustiada, com as opiniões conflitantes em relação
à mamografia para esse fim. O que devo fazer em relação à repetição desse exame?
P
rimeiro, recomendamos que você
discuta o assunto com seu médico. Isso é particularmente importante por causa do seu histórico familiar.
Há um componente genético definido
para certos tipos de câncer de mama, e
principalmente as mulheres que tiveram
parentes de primeiro grau com a doença
(mãe, irmã) devem ser meticulosas em
realizar os exames de rotina.
Atualmente, há um debate nos
Estados Unidos em relação às diretrizes
práticas, originalmente formuladas pela
Sociedade Americana de Câncer. A discussão foi influenciada pelo anúncio de
novas diretrizes para exames de mamografia pela Força de Tarefa de Serviços
Preventivos dos EUA (FTSPEUA), em
novembro de 2009, logo após a publicação de um artigo no The Journal of the
American Medical Association (Revista
Americana da Associação Médica),
que levantou algumas questões sobre
o valor da mamografia para salvar a
vida das mulheres. Embora o assunto
não necessite de novidade para muitos
médicos e pesquisadores, as manchetes
alimentaram a ansiedade do público.
A FTSPEUA é contra o início da
realização da mamografia de rotina
na maioria das mulheres a partir dos
40 anos. Recomendam, ainda, que
mulheres entre 50 e 74 anos deveriam
submeter-se à mamografia a cada dois
anos, em vez de anualmente. As que são
do grupo de alto risco (portadoras de
mutações genéticas ligadas ao câncer de
mama) devem continuar sua rotina de
exames anuais ou tão frequentes quanto
o aconselhado pelo médico. A força de
A R I E L
D A
S I LVA
PA R R E I R A / O N TA N U
tarefa não fez recomendações para mulheres acima de 75 anos de idade, devido
a informação insuficiente. Além disso,
aconselhou os médicos a não ensinar
as mulheres a fazer o auto-exame de
mama regularmente por causa da falta
de evidências de que esse procedimento
contribuiu para salvar vidas. A confusão
e a discordância tornaram-se ainda
maiores quando a American Cancer
Society anunciou que vai manter sua
recomendação original para a realização
da mamografia anual em mulheres a
partir dos 40 anos de idade. Várias outras opiniões foram levantadas.
Toda essa discussão destaca a
importância da análise transparente e
da publicação das evidências sobre o
cuidado da saúde, e o que pode parecer
ser uma bagunça desanimadora é na
realidade um processo e não uma crise.
Dois exames para rastreamento
do câncer provaram, sem dúvida, ser
efetivos para salvar vidas: o Papanicolau,
para o câncer cervical, e a colonoscopia,
para o câncer de cólon. Há um debate
em curso sobre o valor da pesquisa do
antígeno prostático específico (PSA),
assim como o rastreamento do câncer
de pulmão. A mamografia, também,
é um exame imperfeito e, embora haja
contribuído para diminuir os índices de
morte nos Estados Unidos nos últimos
vinte anos, o decréscimo foi gradual,
muito dispendioso e resultou em alguns
tratamentos desnecessários. Isso porque
alguns tipos de câncer identificados
pela mamografia são de crescimento
lento e outros podem até desaparecer
sem nenhum tratamento. O problema
M I H A I / M O D I F I C A D A
D I G I TA L M E N T E
é que não sabemos quais cânceres são
perigosos e oferecem risco de morte.
Certamente, não é aconselhável deixar
de tratar um câncer diagnosticado.
As sugestões, a seguir, são baseadas
no fato de que acreditamos que a mamografia salva vidas e as mulheres devem continuar a submeter-se ao exame:
■ Mulheres que sabem que fazem parte
do grupo de risco por sua história
familiar, resultado de biópsia ou de uma
condição genética conhecida, devem
submeter-se à mamografia como recomendado por seus médicos.
■ Grande parte das mulheres poderia
mudar a rotina de mamografia, com
segurança, para cada dois anos. Isso
salva quase tantas vidas quanto o
exame anual, mas pode estar associado
a menor ansiedade, dor e despesa com
procedimentos desnecessários. Mais
uma vez, consulte seu médico.
■ Embora o auto-exame sistemático não
seja uma recomendação baseada em
evidências, é inofensivo. Esteja ciente de
qualquer alteração ou caroços nos seios
e procure tratamento médico precoce.
■ A maioria das mulheres, salvo indicação contrária, deveria submeter-se à
mamografia a partir dos 50 anos, com
intervalos de 18 a 24 meses.
Allan R. Handysides, M.B.,
Ch.B., FRCPC, FRCSC, FACOG,
é diretor do Departamento de
Saúde da Associação Geral.
Peter N. Landless, M.B., B.Ch.,
M.Med., F.C.P.(SA), F.A.C.C.,
é diretor-executivo da ICPA e
diretor-associado do
Departamento de Saúde.
Maio 2010 | Adventist World
11
D E V O C I O N A L
A
ve Maria, uma das mais antigas e
a mais popular das orações
cristãs, tem sido parte da liturgia católica desde o século XV, recitada
como parte do rosário.
Incorporada a melodias, ela aparece
em várias versões. As composições de
Franz Schubert e Charles Gounod são
consideradas as mais populares. Se alguma vez você já as ouviu cantadas por
Luciano Pavarotti (ou um pouco mais
comovente – perdão pela irreverência—
por Aaron Neville), então compreende
quão cativantes são essas peças musicais.
Elas me cativam toda vez que as ouço.
Não obstante os elementos bíblicos
válidos da canção (com base em Lucas
terem involuntariamente tornado a
doutrina e a teologia repugnantes, seria
um erro terrível abandonar essa postura
histórica. E nenhuma das doutrinas que
defendemos é mais duramente rejeitada
do que a questão do que acontece às
pessoas quando morrem.
Onda de Livros
Certo professor, em uma de nossas
universidades, entrou em contato
comigo no início de 2009, perguntando
se eu ouvira falar sobre “o fenomenal
best-seller cristão … A Cabana.”1 Os
professores da classe de Escola Sabatina,
disse ele, haviam usado esse livro em
lugar da lição no trimestre anterior e
Perigos
Por
Roy Adams
Espirituais
Invasões sutis (e não tão sutis) à integridade de nossa fé
1), o que temos ali é essencialmente
uma oração a Maria, para muitos de nós
disfarçada pela versão em latim. Será
que eu me emocionaria com essa obra se
a letra fosse simultaneamente traduzida
enquanto a linda melodia chegasse aos
meus ouvidos? Veja o que diz a letra:
“Santa Maria, Mãe de Deus,
rogai por nós pecadores,
agora e na hora de nossa morte. Amém.”
Se eu permitir que meu amor pela
música ofusque o conteúdo inapropriado da letra, então será puro emocionalismo de minha parte. Orar pelos
mortos é impróprio e não bíblico.
Desde seus primórdios, a Igreja
Adventista do Sétimo Dia deu muita
importância à teologia e à doutrina.
Embora tenhamos sido zombados
por isso e apesar de alguns adventistas
12
Adventist World | Maio 2010
ele disse ter ouvido que outras igrejas
adventistas também o “introduziram
para discussão na Escola Sabatina e
outros usos”. Desde aquele dia, tenho
ouvido que outras instituições adventistas estão recomendando o livro para
os alunos e até (em um dos casos) distribuindo exemplares nos dormitórios
e convidando o autor para entrevistas e
palestras para alunos e funcionários.
A ficção tem recebido críticas
elogiosas de alguns periódicos. Em um
anúncio no site do livro na Internet,
Eugene Peterson descreve A Cabana
como tendo o “potencial de fazer por
nossa geração o que O Peregrino, de
John Bunyan, fez pela sua”.2
E qual é o assunto do livro?
Um resumo do enredo aparece na
contracapa do livro: “Missy, a filha
B E N J A M I N
mais nova de Mackenzie Allen Philips,
foi raptada durante as férias da família
e encontrada morta e abandonada
numa cabana no deserto do Óregon,
com evidências de que tenha sido
brutalmente assassinada. Quatro anos
depois, no meio de sua grande tristeza,
Mack recebe um bilhete suspeito,
aparentemente vindo de Deus, convidando-o a voltar à cabana para um fim
de semana. Contra o melhor de seu
bom-senso, ele chega à cabana numa
tarde de inverno e volta ao seu mais
terrível pesadelo. O que ele encontra
ali muda seu mundo para sempre.”
Uma coisa que nunca devemos fazer
é subestimar o poder da ficção. E o que
temos nesse livro é ficção com uma
agenda – agenda teológica. Na cabana
isolada, Mack encontra os três membros
E A R W I C K E R / AT I F
G U L Z A R / M O D I F I C A D A
D I G I TA L M E N T E
da Divindade e descobre que tudo
em Deus envolve “relacionamentos”,
uma palavra bem popular nos círculos
cristãos hoje em dia. (Aconteceu de
eu estar estudando o livro de Jeremias
enquanto lia o livro e não pude deixar
de observar o imenso contraste entre
o Deus de A Cabana e o Deus de
Jeremias. Casualmente, encontramos
ali um Deus de convívio, que precisa
do seu café da manhã e vai em busca de
bebidas alcoólicas.)
Filhas Mortas Estão Voltando
A coisa mais importante que
acontece na cabana é que Mack, mais
tarde, é colocado em contato com (você
adivinhou) Missy, que agora está em
segurança (adivinhou novamente) no
Céu. Ela lhe traz conforto, oferece pistas
sobre o assassino e lhe garante que ele
não é culpado por sua morte. Toda a
narrativa é um sonho envolvido por
torpor dentro de um trabalho de ficção.
Tudo é fluido, exotérico, místico. Mas
algo claramente aceito é que os mortos
podem se comunicar conosco.
Esse é um assunto que tem saturado
a cultura contemporânea, como observou o crítico de cinema do Los Angeles
Times, Bob Mondello, em recente
declaração na Rádio Pública Nacional.3
Falando sobre o recente filme, Mondello
observou: “Filhas mortas voltam como
fantasmas para ajudar os pais.” No filme
The Lovely Bones, “o fantasma de Susie
Salmon … cuida de seu pai, guiando
seus passos na direção do assassino”.
No The Edge of Darkness, “a garotinha
do papai, ao tentar sair do caminho
perigoso, é morta à porta de entrada da
casa dele e, em seguida, começa a falar
com ele do além. “E no drama histórico
A Criação, “a filha de Charles Darwin
(Annie) falecida havia pouco tempo …
aparece em seu escritório e o encoraja a
terminar seu legendário livro A Origem
das Espécies”.4
Sussuros de Fantasmas, série da
Televisão CBS, americana, que estreou
em setembro de 2005, é apenas mais um
de uma série de outras na mesma linha.
E o enredo segue a vida de Melinda
Gordon (Jennifer Love Hewitt), que é
capaz de “se comunicar com espíritos
presos ou fantasmas que se agarram
à vida, porque eles têm questões não
resolvidas em nosso mundo”.5
Perigo
A questão mais controversa para os
evangelistas adventistas não é defender
o sábado, mas o estado dos mortos. As
pessoas querem acreditar que seus entes
queridos que partiram foram para o
Céu e estão “olhando para baixo”, para
eles, e são capazes de enviar sinais e
mensagens. Qualquer ensino contrário,
enfrenta dura resistência.
O preeminente estudioso do Novo
Testamento, o falecido Oscar Cullmann,
disse que algumas das piores cartas que
recebeu em toda a sua carreira vieram
em reação a um pequeno ensaio no
qual argumentava a conjectura bíblica
da ressurreição dos mortos contra o
conceito grego da imortalidade da alma.
Uma mulher francesa escreveu-lhe: “O
povo francês, morrendo por falta do pão
da vida, tem recebido, em vez de pão,
pedras, senão serpentes.”6 Numa cerimônia fúnebre, repleta de celebridades
na Catedral Nacional de Washington,
pouco depois do “11 de Setembro”, Billy
Graham, cujas palavras seriam, noutras
circunstâncias, um excelente sermão,
afirmou aos ouvintes que “muitas das
pessoas que morreram na semana passada estão no Céu agora”.7
Seja por meio da ficção ou (supostamente) narrativas da vida real (como
em um programa religioso que ouvi
recentemente no rádio, em que as pessoas se reúnem, como em sessão espírita, para invocar a aparição de Maria), há
muita “mensagem subliminar” aí fora,
numa abordagem sutil, compreendida
por todo anunciante.
É importante não reagirmos
exageradamente a cada incidente que
ocorre na sociedade, mas a confusão
sobre o que acontece quando morremos
não é uma questão irrelevante. Pode
servir como trampolim para o espiritu-
alismo, uma evolução perigosa prevista
para desempenhar papel decisivo na
crise final. Olhando através dos séculos
para nosso tempo, João viu: “Então, vi
sair da boca do dragão, ... da besta e ...
do falso profeta três espíritos imundos
semelhantes a rãs.” Eles são, disse ele,
“espíritos de demônios, operadores de
sinais, e se dirigem aos reis do mundo
inteiro com o fim de ajuntá-los para a
peleja do grande Dia do Deus TodoPoderoso” (Ap 16:13, 14).
Como adventistas, temos uma missão especial. Às vezes, por ingenuidade,
ou por complexo de inferioridade,
podemos danificar nossa “marca”. Acho
que sempre serei cativado pela música
da Ave Maria, mas recomendar e endossar essa peça para outras pessoas seria
errado. Posso me impressionar com
o brilhantismo literário de A Cabana,
identificar-me emocionalmente com
a tragédia que levou William Young a
escrever a obra, e até indicar para meus
alunos como leitura acadêmica. Mas
usá-la como substituto da Lição da
Escola Sabatina ou endossá-la para os
alunos adventistas, seria ir muito longe.
Em virtude de questões bíblicas envolvidas e o poder sobrenatural da ficção,
seria tão irresponsável quanto apresentálos a Ouija Boards e às cartas de tarô.
Indo aos extremos, para muitos, esse
trabalho, embora bem intencionado,
pode muito bem servir como uma
incursão ao ocultismo.
Wm. Paul Young, A Cabana (Editora Extante, 2008).
http://theshackbook.com.
“Daughters, daughters everywhere... “ NPR, 29 de janeiro de
2010. www.npr.org/templates/story/story.php?storyId=123122
932&sc=emaf.
4
Ibid.
5
www.cbs.com/primetime/ghost_whisperer/about.
6
Oscar Cullmann in Krister Stendahl, ed., Immortality and
Resurrection (New York: Macmillan Co., 1965), p. 47.
7
www.americanrhetoric.com/speeches/
billygraham911memorial.htm.
1
2
3
Roy Adams é editor
associado da Adventist
World.
Maio 2010 | Adventist World
13
A D
V E N
T I S
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M U
N D
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E S P E C I A L
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A R T I G O
G E R RY
O
asi:Poderda
D
Assocıaçao
esde o seu início, a ASI – Adventist-laymen’s
Services and Industries (Associação Adventista de
Empresários e Profissionais Liberais) – tem sido um
movimento leigo. Ela nasceu da convicção de alguns funcionários leigos do Madison College, de propriedade da Igreja
Adventista, no Tennessee, Estados Unidos, de que o trabalho
missionário leigo é essencial ao chamado para a missão da
denominação. A ASI foi criada em 1947 especificamente para
ajudar a igreja a levar o evangelho a todos os cantos da Terra.
Logo se tornou evidente que os empresários, profissionais
liberais e líderes de ministérios de apoio são mais eficientes
como missionários leigos quando têm a oportunidade de se
associar, trocar informação e colaborar com um propósito
comum. Esse acordo é expresso no lema da ASI: “Levando
Cristo ao local de trabalho”.
A cofundadora da Igreja Adventista, Ellen White, escreveu
no livro Obreiros Evangélicos, página 352: “A obra de Deus na
Terra nunca poderá ser terminada a não ser que os homens e
as mulheres que constituem a igreja concorram ao trabalho e
unam os seus esforços aos dos pastores e oficiais da igreja.”
A comissão de Ellen White foi a preocupação principal
da primeira reunião organizacional das Instituições Adventistas Auto-suficientes, em 1945, que mais tarde se tornou a
ASI. Os que estiveram presentes à reunião reconheceram a
necessidade de uma organização de leigos para cooperar com
o trabalho oficial organizado da denominação adventista. Os
membros da ASI têm trabalhado juntos, coletiva e individualmente, desde aquela época.
Cada ano, os membros da ASI se reúnem em uma convenção internacional para animar-se mutuamente, trocar ideias
e recursos vitais para os objetivos do ministério leigo. Eles
14
Adventist World | Maio 2010
Por Steve
Dickman
metem a mão no bolso quando doam para a “oferta destinada
a projetos especiais” que apoiam de 30 a 35 ministérios préselecionados, tanto grandes como pequenos. As convenções
da ASI são poderosas, inspiradoras, durante as quais há grande troca de informação e são feitos planos que um indivíduo
ou ministério nunca poderia realizar sozinho. Esses relacionamentos de cooperação produzem resultados eternos.
Ministérios Apoiados pela ASI
Mike e Diana Halverson, um casal de Dayton, Tennessee,
nos Estados Unidos, sentiram-se impressionados a iniciar um
ministério no rádio, nas florestas da Nicarágua. Por meio de
associações e contatos que receberam como membros da ASI,
os Halversons conseguiram lançar e expandir seu ministério.
Seu principal objetivo e energia estão agora sendo investidos
nesse ministério e recebem apoio contínuo e incentivo de
seus colegas, membros da ASI.
Um projeto chamado Igreja de Um Dia começou com a
ideia de um dos membros da ASI, Garwin McNeilus, de criar
um kit igreja/com estrutura de aço que pudesse ser despachado e construído em qualquer lugar do mundo com custo e
mão de obra mínimos. Os membros da ASI investiram tempo
e dinheiro para tornar a ideia de McNeilus uma realidade
mundial. Hoje, milhares de congregações que se reuniam sob
árvores, em cabanas de palha ou ao ar livre, estão se reunindo
em igrejas e protegidas das intempéries, como resultado do
projeto Igreja de Um Dia. Mas os membros da ASI reconhecem que as ideias e os recursos são dons do Senhor e estão
muito felizes por simplesmente ser parte do processo.
Esse é o tipo de história que se ouve nas convenções – reuniões familiares que oferecem programas para cada grupo etário.
D A
Coisas impressionantes acontecem quando os membros
leigos unem as mãos com a igreja em espírito de unidade. A
cada ano, tanto novos como velhos amigos se unem e desenvolvem relacionamentos próximos, como de uma família.
Os participantes deixam a convenção cheios de boas ideias e
fortalecidos pelo entusiasmo dos oradores e seminários.
Satanás deseja conquistar o povo de Deus tentando dividilo e separá-lo. As Escrituras alertam: “Sede sóbrios e vigilantes.
O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que
ruge procurando alguém para devorar” (1Pe 5:8). As táticas de
nosso inimigo são como as táticas de um leão na selva. Quando
um leão separa sua presa do grupo, garante uma refeição suculenta. Quando agimos independentemente, como indivíduos
e ministérios, Satanás aproveita a oportunidade para provocar
divisão entre nós. Juntos, somos mais fortes, mais seguros e responsáveis por nosso chamado para servir ao Senhor com tudo
o que temos e somos. É uma grande bênção o fato de Deus ter
reunido os talentos simples e os recursos dos membros leigos e
ministérios de todo o mundo para construir o Seu reino!
A ASI começou com apenas alguns homens e mulheres
que compartilhavam o mesmo objetivo. Hoje, além de seu
escritório central na sede da Igreja Adventista mundial, em
Silver Spring, Maryland, Estados Unidos, a ASI tem oito filiais
regionais nos EUA, além de novas filiais estarem se formando,
todos os dias, em outros países ao redor do mundo, incluindo a
Áustria, República Checa, Alemanha, Portugal, Espanha, Suíça,
Reino Unido, África do Sul e vários países da América Central.
Os empresários, profissionais liberais ou líderes de ministérios de apoio que ainda não desfrutam dos benefícios
de ser membros da ASI, deveriam considerar a oportunidade
de investir nessa experiência transformadora de vidas e unir
as mãos com outros para finalizar a comissão evangélica.
Uma maneira de fazê-lo é participar da próxima Convenção
Internacional da ASI, programada para os dias 4-7 de agosto
de 2010, em Orlando, Flórida, Estados Unidos.
Para saber mais sobre a ASI, incluindo informação sobre
como associar-se, ou como formar uma filial da ASI em sua
região ou país, visite www.ASIministries.org.
C O R T E S I A
Força na Unidade
A S I
Extrema esquerda: PROGRAMAÇÃO PARA CRIANÇAS DA ASI:
Crianças do departamento dos primários sopram chifres de carneiro
que receberam na Convenção Internacional de 2009 da ASI, em
Fênix, Arizona, Estados Unidos. Esquerda: RÁDIOS AWR: Um projeto
de oferta especial em 2008 ajudou a Rádio Mundial Adventista (AWR)
a fornecer toca-fitas/rádios para evangelistas do Divulgadores
do Evangelho e Missão Global na Tailândia, Cambodia e Laos.
Direita: MEMBROS DA ASI: Debbie e Brian Bergherm.
membros da asi
Realizam
“Negocıos”
para o
Senhor
POR STEVE DICKMAN
“Agora sei por que sou empresário”, diz Briam Bergherm,
membro da ASI e dono de uma empresa em Atlanta, Georgia,
Estados Unidos. Essa é a resposta dele quando perguntam
sobre seu envolvimento com a ASI.
Bergherm e sua esposa Debbie são proprietários da
Georgia Home Theater, que instala e projeta iluminação
residencial, aquecimento, ventilação e ar condicionado, além
de áudio, vídeo e sistemas de segurança.
O que isso tem que ver com a ASI? Tudo, diz Bergherm.
Membro desde 2001, ele cresceu participando com seus
pais dos encontros da ASI e era inspirado quando ouvia os
testemunhos dos membros.
“Sinto-me honrado em agora ser parte da ASI e estou feliz
em poder dar meu próprio testemunho.” Ele especialmente
aprecia a parceria da ASI com a Igreja Adventista para atingir
objetivos comuns.
“A ASI mudou minha perspectiva do que significa ser o
proprietário de um negócio,” diz ele. “Nossa empresa existe por
uma razão apenas: promover a obra do Senhor, seja financiando
projetos missionários ou testemunhando no cotidiano de nossos
negócios. Meus funcionários já têm essa compreensão.”
Há anos, Bergherm oferece estudos bíblicos semanais
na sede da Home Theater para empresários adventistas. No
ano passado, ele e outros quatro empresários alugaram um
espaço na vizinhança e abriram um Centro de Evangelismo.
Membros de dezoito igrejas frequentaram as reuniões de
reavivamento, o que resultou em feiras de saúde, cursos
bíblicos, aulas de culinária, seminários sobre saúde.
Outros centros similares a esse já foram fundados em
grandes cidades dos EUA, como Fênix, Los Angeles e
brevemente em Orlando, Flórida.
Steve Dickman e sua esposa Brenda estão
“Nosso objetivo é fazer a parte dos membros leigos na
envolvidos em apoiar o trabalho do ministério
pregação do evangelho”, diz Bergherm. “É nosso dever
educacional na Academia Harbert Hills, em Savannah,
como empresários adventistas do sétimo dia usar nossa
Tennessee, Estados Unidos, há 19 anos. Dickman
equipe e recursos para levar a mensagem de esperança
serviu como presidente da filial da ASI da União do Sul por seis
e salvação às nossas cidades.”
anos e atualmente é o vice-presidente da ASI Nacional para sócios.
Maio 2010 | Adventist World
15
A R T I G O D E C A PA
Começando
o
endit
“Viu o Senhor que a maldade do homem se havia multiplicado na Terra e que era continuamente mau todo
desígnio do seu coração” (Gn 6:5). Essa avaliação
extrema de Gênesis sobre a maldade humana antes
do Dilúvio bem corresponde à condição de nosso
mundo, hoje. A humanidade exibe continuamente a maldade que há no coração humano.
Se nosso coração e pensamentos fossem
maus apenas, isso já seria ruim o suficiente.
Mas do coração nascem as ações, e uma
das ações mais destrutivas que saem do
coração humano é a violência e o abuso
contra mulheres e meninas.
Os números são assustadores: estima-se que um terço das mulheres
em todo o mundo é espancada, estuprada ou abusada de um modo
ou de outro. Em alguns países, a
porcentagem é ainda mais alta.
Só nos Estados Unidos, uma
mulher é abusada a cada
quinze segundos. Vendidas
como escravas sexuais,
estupradas em zonas de
conflito ou espancadas
pelo namorado ou
cônjuge, mulheres
em todo o mundo
estão sob risco de
alguma forma
de violência.
Oramos e
imploramos
pela mudança de
coração
que
16
Adventist World | Maio 2010
B L A C
K M E R
now
só o Espírito Santo pode realizar. Mas até que isso aconteça,
podemos e devemos fazer o que for possível para combater
o mal que emana de corações que não foram enternecidos e
moldados pelo poder santificador de Deus.
Esse terrível problema se manifesta de várias maneiras:
tráfico para exploração sexual na Ásia, frequentemente incluindo meninas de dez ou onze anos; abuso doméstico nos países
“desenvolvidos”; estupros por militares em zonas de conflito
em toda a Ásia e África; mutilação genital feminina em algumas
culturas, deixando milhões de meninas traumatizadas e deformadas. A lista dos abusos contra mulheres vai longe. De um
modo ou de outro, milhões de mulheres enfrentam agressões
contra sua essência, seu corpo, sua saúde e contra a própria vida.
Alguma coisa deve ser feita. E algo tem sido feito.
A Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos
Assistenciais (ADRA) e o Ministério da Mulher da Associação
Geral lançaram uma campanha em nível mundial – enditnow
(pare com isso agora) – não apenas para chamar a atenção
para esse terrível problema, mas para dar fim a esse tipo de
violência. O plano não é somente falar sobre o assunto, lamentar sua realidade, apresentar seminários e formar grupos
de discussão. O objetivo é enditnow (parar com isso agora). Os
dois ministérios da Igreja Adventista do Sétimo Dia mundial
têm visto, em primeira mão, os terríveis resultados desse
flagelo: ambos estão determinados a reunir todos os recursos
disponíveis para dar fim a esse problema.
Na linguagem da sua declaração conjunta, “enditnow (pare
com isso agora) é uma campanha mundial de sensibilização que
defende o fim da violência contra mulheres e meninas em todo
o mundo. Tem como objetivo mobilizar os adventistas de todo
o planeta e convidar outros grupos da comunidade a participar
do movimento para resolver esse problema mundial.”
Centenas de líderes de igrejas, incluindo os da Associação
Geral, pessoal dos departamentos, uniões, associações e
líderes das missões, assinaram o abaixo-assinado do enditnow
(pare com isso agora) (acesse www.enditnow.org). Milhares de
membros de igrejas colocaram seus nomes em apoio ao fim
S A N D
R A
(Pare com isso agora)
do terrível abuso e a favor da onda de preocupação e ação,
que tem assolado a Igreja Adventista.
A diretora do Ministério da Mulher, Heather-Dawn
Small, e o presidente da ADRA, Charles Sandefur, encontraram-se recentemente com o editor da Adventist World para
falar sobre os motivos que devem levar os adventistas a se
envolver com esse assunto.
Toda tentativa de resolver algum problema ou de acabar
com um mal nasce de determinado momento ou de um conjunto propício de situações. O que fez com que a ADRA e o
Ministério da Mulher decidissem que este era o momento
de abordar o doloroso problema da violência contra as
mulheres com a campanha enditnow (pare com isso agora)?
Sandefur: A ADRA surgiu da Igreja Adventista como uma
expressão do compromisso desse movimento de fazer a diferença para o bem, aqui e agora. Sob vários nomes, temos sido
testemunhas, por mais de um século, do compromisso da igreja
de fazer a diferença na vida das pessoas. Por essa razão, alimentamos os famintos e ajudamos os que vivem na pobreza.
Para nós, ficou muito claro que a violência contra mulheres e meninas é um dos males pandêmicos de nosso mundo.
É um mal contra o qual a Igreja Adventista do Sétimo Dia, a
ADRA e o Ministério da Mulher, unidos, querem falar.
A violência contra mulheres e meninas ocorre em todos
os lugares do mundo. Milhões de mulheres, todos os anos, são
vítimas de estupro por militares, do tráfico para exploração
sexual ou da violência doméstica. Essa violência tem muitas
faces diferentes e, levando em conta a ampla disseminação do
problema, fomos motivados a dizer: “Como Igreja Adventista,
temos que falar sobre o assunto.” Somos cidadãos do Reino:
respeitamos os valores do Reino – shalon de Deus, a paz de
Deus e a visão que Ele tem para Seus filhos. Precisamos falar,
agora, contra a violência e a favor do Reino; contra as coisas
que se opõem aos valores do Reino. E não apenas falar contra,
mas também fazer algo. Enditnow (pare com isso agora) foi
criado para chamar a atenção para o problema a fim de que os
Maio 2010 | Adventist World
17
adventistas possam falar e agir com energia comum contra esse
mal. Os adventistas foram chamados a fazer isso, pois essa é a
coisa certa a fazer.
Na sua opinião, esperar para falar é, de algum modo,
perpetuar o que está errado?
Small: Sim. Se não fizermos algo e se não fizermos agora, o
COMEÇO DO FIM: Alto: Charles Sandefur,
presidente da Agência Adventista de
Desenvolvimento e Recursos Assistenciais,
estimula as pessoas a assinarem uma
petição em oposição à violência contra a
mulher em todo o globo. Abaixo: Pastor Jan
Paulsen, presidente mundial da igreja, ora
para que essa iniciativa possa ajudar a
parar a violência contra a mulher, ao lado de
Heather Dawn Small, diretora do Ministério
da Mulher para a Associação Geral, e Peris
Mutero, estudante da Escola Adventista
de Beltsville.
18
Adventist World | Maio 2010
problema continuará e se tornará ainda pior. Não temos a
ilusão de que, por causa de uma campanha específica como
o pare com isso agora, esse problema mundial será resolvido.
Queremos, porém, começar a causar impacto. Nos últimos cinco anos, o Ministério da Mulher tomou novo rumo. Realmente,
nós nos concentramos nos assuntos relacionados à mulher:
tudo, desde saúde, educação de filhos e analfabetismo até o
problema do abuso. Para nós, já está na hora; na verdade, esse é
o momento perfeito. Ainda realizamos programas de extensão,
ainda estamos completamente comprometidas com o evangelismo e oferecendo estudos bíblicos, mas também estamos
intencionalmente envolvidas com esses assuntos.
Para mim, o grande impacto desta campanha pode ser o
fato de que a voz da igreja será ouvida pelo grande público
– governos, organizações de ajuda e pelas Nações Unidas, onde
desesperadamente precisam de nossa voz. Por muitos anos,
nossa igreja emitiu declarações públicas sobre uma variedade de
questões sociais importantes, mas não muitas pessoas sabem da
posição da Igreja a respeito dessas causas. Enditnow (pare com
isso agora) está dizendo em alto e bom som: “A Igreja Adventista
do Sétimo Dia diz NÃO à violência contra a mulher.”
Vocês usaram o termo “pandemia” para descrever a
extensão do problema da violência contra a mulher. Quantas
mulheres são afetadas pela violência que vocês estão
tentando impedir?
Small: Eis o que as estatísticas mostram: Uma em cada três
mulheres no mundo sofrerá alguma forma de violência
doméstica durante seu período de vida: abuso emocional,
físico ou sexual; uma em três. Note que eu não disse: “Uma
em cada três mulheres fora da igreja.”
Eu estava falando para um grupo de 250 de minhas
irmãs num curso de liderança, faz pouco tempo, em
F O T O
C O R T E S I A
D A
A D R A
uma das divisões da igreja no mundo. Eu
disse: “Uma em três mulheres é vítima de abuso.
Isso inclui as mulheres desta sala.” Percebi o choque
no rosto delas. Algumas começaram a olhar ao redor, como
dizendo: “Não é possível! Talvez seja você, ou você.” O assunto,
porém, é sério, dentro e fora da nossa família de fé. Alguns
dizem: “Ah, mas aqui não há mutilação. Aqui não existe
preferência pelos filhos. Aqui não existem dotes assassinos.”
Mas uma em cada três mulheres sofrerá com a violência em
sua vida. Cada família tem, em seu círculo, alguma mulher
sofrendo abuso.
É claro que você não está se referindo apenas às nações ou regiões desfavorecidas. Você também está falando sobre a violência contra as mulheres no chamado “mundo desenvolvido”.
Sandefur: Um dos aspectos mais difíceis da violência e do abu-
so contra mulheres e meninas é o fato de que é um problema
mundial. Atravessa fronteiras e não é específico a castas, culturas ou geografia. Pode ser uma violência doméstica, pode ser a
mutilação genital feminina, pode ser o tráfico para exploração
sexual, ou uma mistura de tudo isso, e está em todo lugar. Não
existe lugar que seja imune a essas práticas, porque questões
de sexualidade e relacionamento são universais, assim como o
mal é universal e praticado em todo o mundo.
Small: Obrigada por ter perguntado sobre a extensão do problema nos países ocidentais. Nos Estados Unidos, país de primeiro
mundo, uma mulher é espancada a cada quinze segundos. Isso
é simplesmente intolerável. Estamos ficando insensíveis às estatísticas horripilantes porque não conseguimos pensar em nada
que possamos fazer para mudar esse quadro. “Sim”, dizemos:
“isso é terrível, mas o que eu posso fazer?” enditnow (pare com
isso agora) está dizendo que você pode emprestar sua voz; pode
assinar seu nome ou deixar sua marca ao se levantar pelas
mulheres abusadas e contra os que perpetuam esse mal.
Será que se uma mulher ou menina, já traumatizada, como
vocês descreveram, pode ouvir e responder à mensagem
adventista de salvação e restauração em Jesus Cristo?
Sandefur: Creio piamente que a mensagem de salvação em Jesus
também inclui a crença na dignidade humana, nos direitos
humanos e no que significa ser um filho de Deus. Se a igreja
não tocar nesses assuntos, então será vista como silenciando-se
sobre a realidade de vida que centenas de milhões de mulheres
enfrentam. A Igreja Adventista do Sétimo Dia tem um papel a
cumprir em relação a esse problema. Essa é uma crise mundial,
com uma face mundial e somos uma igreja mundial.
Small: Geralmente pensamos em levar pessoas a Cristo por
meio do evangelismo, estudos bíblicos e pelo ministério dos
pequenos grupos. Mas quando tentamos esse tipo de abordagem com mulheres que acabaram de ser agredidas pelo esposo,
ou que foram estupradas, a Palavra de Deus não faz sentido
para elas. A primeira pergunta que farão será: “Onde estava
Deus quando isso aconteceu comigo?” Temos que casar o que
considero as duas armas mais fortes da nossa igreja: serviço
comunitário e os ensinos bíblicos. Digo às líderes do ministério
da mulher: “Vá à comunidade com as mãos, braços e coração
abertos. A Palavra de Deus deve estar escondida em nosso coração. Espera-se que levemos a Palavra de Deus a todos os lugares
conosco, em nossas mãos e em nossas ações. Vá, porém, para a
comunidade e procure ajudar as pessoas em suas necessidades.
Ao mostrar-lhes o amor de Deus, podem contar-lhes sobre o
amor de Deus.” Ao nos aproximarmos com amor, portas que
nunca se abriram a outras abordagens nos serão abertas.
Somos uma das poucas comunidades no mundo que
podem falar sobre esse assunto. Quando os adventistas falam,
falam em mais de duzentos países. enditnow (pare com isso
agora) é para toda a igreja e é poderosa oportunidade de a igreja
falar de um tema sobre o qual a Bíblia é clara. Leia 1 e 2 João. A
violência contra a mulher nunca foi correta; sempre foi errada.
Que rumo a campanha enditnow (pare com isso agora) vai
tomar agora?
Sandefur: A campanha começa chamando a atenção ao
coletar centenas de milhares de assinaturas de apoio dos
adventistas – líderes, membros, homens, mulheres, jovens
e crianças. Mas o motivo principal é chamar a atenção para
motivar as pessoas a agirem de modo a erradicar a violência
contra mulheres e meninas. Isso significa que o Ministério
da Mulher patrocinará outros projetos que também mudam
vidas e que já estão prontos e funcionando, assim como os
que foram lançados recentemente. Ao intensificar o trabalho
que já está em progresso por meio de seus programas, a
ADRA dará mais atenção. Queremos ter certeza de que cada
projeto que planejamos tenha um componente que atue
com o objetivo de proteger e manter as mulheres e meninas
seguras em suas comunidades.
Small: O problema é tão grande que somos tentados a lavar as
mãos. Alguns anos atrás, eu estava assistindo a uma conferência
das Nações Unidas chamada Comissão do Status da Mulher,
sentindo-me sufocada pela extensão e dor causada por esse
problema mundial da violência contra a mulher. Lembro-me
de ter orado: “Senhor, esse problema é grande demais para nós.
Vamos simplesmente continuar a fazer o que estamos fazendo.
Não podemos eliminá-lo.” Mas a impressão que repetidamente
vinha à minha mente era: “Sim, você pode. Faça o que puder,
mas faça alguma coisa.” Foi assim que nasceu o enditnow (pare
com isso agora); é algo que podemos fazer agora.”
Para assinar o abaixo-assinado enditnow (pare com isso
agora), imprimir os cartões de compromisso, assistir ao vídeo
informativo e ter acesso a subsídios para realizar um evento
comunitário ou fazer uma contribuição financeira para essa
campanha, acesse http://www.enditnow.org.br Endereço para
enviar e-mail para a campanha: [email protected]. Enviar
solicitações impressas de recursos e informações para:
enditnow Campaign
ADRA International/Women’s Ministries
General Conference of Seventh-day Adventists
12501 Old Columbia Pike
Silver Spring, MD 20904, USA
Maio 2010 | Adventist World
19
C R E N Ç A S
F U N D A M E N T A I S
A
Batalha
Continua!
NÚMERO 8
Por Alberto R. Timm
Compreendendo o Grande Conflito
M
uitas pessoas, hoje,
concordam que nosso
mundo é um campo de
batalha entre o bem e os
poderes espirituais do mal. Suas atividades estão evidentes, como, por exemplo,
o dramático contraste entre a felicidade
da vida e a dor da morte, a beleza do
amor e a crueldade do ódio, ou o fato
de que, às vezes, pessoas boas são as que
mais sofrem (cf. Sl 73:2-17; Ml 3:13-18).
Na parábola de Jesus sobre o joio (Mt
13:24-29), os servos perguntaram: “O
senhor não semeou boa semente em seu
campo? Então, de onde veio o joio?” E o
dono respondeu: “Um inimigo fez isso”1
(versos 27 e 28).
O mistério coexistente de uma
disputa entre o bem e o mal levanta
algumas questões cruciais: Essa controvérsia teve um início, mas será que um
Alberto R. Timm é reitor
do Seminário Teológico
Adventista LatinoAmericano e mora em
Brasília, DF, Brasil. É casado com Marly
e tem três filhos: Suellen (22), William (16)
e Shelley (13).
20
Adventist World | Maio 2010
dia terá fim? Qual é seu significado com
base teológica? E, mais, quão difundido
está em nosso mundo hoje? Esse artigo
procura encontrar respostas bíblicas
para essas questões fundamentais.
Como o Conflito Começou
O grande conflito é um conflito
cósmico, em curso, que teve princípio
e terá fim. Seu misterioso início nas
cortes celestes estava previsto, mas
não ordenado por Deus, que “tomou
providências para enfrentar a terrível
emergência”.2 Após deixar de ser
agradecido a Deus e ter cada vez mais
inveja dEle (Is 14:12-14; Ez 28:12-17),
Lúcifer começou a difundir a apostasia
nas cortes celestes. “Deus, em Sua
grande misericórdia, suportou longamente a Satanás”,3 mas chegou um
momento em que a rebelião havia se
consolidado e Lúcifer (que se tornou
Satanás) e seus anjos “foram atirados
para a Terra” (Ap 12:7-9).
Com a queda de Adão e Eva (Gn 3),
a Terra tornou-se o campo de batalha
entre o bem e o mal. A história da
humanidade é muito mais do que um
simples palco das atividades humanas.
É, na verdade, o cenário da constante
luta entre as estratégias enganadoras
de Satanás e o plano redentor de Deus.
A despeito do sucesso de Satanás,
enganando a vasta maioria dos seres
humanos, Deus ainda está no controle
de toda a luta e permite que ela se desenvolta até certo limite (cf. Dn 4:32).
Sempre que esses limites são forçados,
Deus intervém por meio do Seu julgamento, como na destruição do mundo
pelo dilúvio (Gn 6, 7) e de Sodoma,
Gomorra, Admá e Zeboim, com fogo e
enxofre (Gn 19:23-29; Dt 29:23; Jd 7).
A teoria pagã da imortalidade natural da alma sugere que o pecado teve
um início, mas nunca terá um fim. Em
contraste, a Bíblia ensina que pecado e
pecadores, finalmente, serão destruídos
e que o Universo será restaurado à sua
perfeição e harmonia originais. Pelo
perfeito plano de salvação de Deus,
está garantido o triunfo de Cristo sobre
Satanás, o pecado e a morte (Jo 12:31;
14:30; 19:30; Ap 1:18). Essa grande
controvérsia terá fim com a destruição
definitiva de Satanás, seus anjos e todos
os ímpios (Ml 4:1; Jd 5-7).
O Que Isso Significa?
Toda a controvérsia cósmica gravita
em torno do caráter de Deus como está
expresso em Sua lei moral. Ao longo da
história, Satanás desenvolveu diferentes
estratégias para distorcer a relação das
pessoas com a lei. Nos tempos do Antigo
Testamento, até o exílio babilônico, o
povo de Deus sempre foi tentado a transgredir a lei pela idolatria. Após o exílio,
o pêndulo foi para o lado oposto, para
o legalismo extremo, quando a lei foi
considerada um fim em si mesma para
a salvação. No período pós-apostólico,
a lei, confirmada pela cruz de Cristo
(Rm 3:31), começou a ser considerada
abolida. Entrementes, o compromisso
incondicional do povo remanescente do
tempo do fim para com a lei coloca-os
sob a especial fúria de Satanás (Ap 12:7).
Algumas pessoas consideram o conflito cósmico como o centro da teologia
bíblica. Porém, nem ele nem outro assunto qualquer podem substituir Deus
como o centro da revelação de toda
doutrina verdadeira. O conflito cósmico
fornece a estrutura teológica básica na
qual todas as doutrinas da Bíblia e princípios de vida se tornam significativos
e na perspectiva correta. Além disso,
também nos dá uma compreensão verdadeira da história como um palco em
que seres humanos desempenham seu
papel na vida, tanto para Satanás e sua
causa enganosa, como para Deus e Seu
plano salvífico.
Realidade Mundial
À medida que o grande conflito
avança para o fim, o mal, a tentação
e o pecado estão se tornando mais
agressivos na natureza e avançando em
sua extensão. No Jardim do Éden, a tentação era delimitada geograficamente
à árvore do conhecimento do bem e
do mal (Gn 2:16, 17). Com a queda de
Adão e Eva, a tentação tornou-se uma
realidade global com expressões externas (ambientais) e internas (natureza
humana) (Gn 3:7-19). Em séculos passados, os lares dos filhos de Deus eram
(embora nem sempre) fortalezas de
valores morais e espirituais (cf. Js 24:15;
Jó 1:5). No entanto, com a intromissão
da mídia moderna em nossa vida, todo
tipo de tentação tornou-se disponível
aos filhos de Deus, de todos os lugares.
No cenário do grande conflito, é
crucial a disputa pela mente humana, a
qual comanda os comportamentos pessoais e sociais. Cristo explicou que “do
interior do coração dos homens vêm
os maus pensamentos, as imoralidades
sexuais, os roubos, os homicídios, os
adultérios, as cobiças, as maldades, o
engano, a devassidão, a inveja, a calúnia,
a arrogância e a insensatez” (Mc 7:21,
22). A força do mal é reconhecida nas
palavras de Paulo: “Pois não faço o
Grande
Conflito
Toda a humanidade está agora envolvida num grande conflito
entre Cristo e Satanás quanto ao caráter de Deus, Sua lei e Sua
soberania sobre o Universo. Esse conflito originou-se no Céu
quando um ser criado, dotado de liberdade de escolha, por
exaltação própria, tornou-se Satanás, o adversário de Deus, e
bem que quero, mas justamente o mal
que não quero fazer é que eu faço”
(Rm 7:19, NVLH). Somente o poder
sobrenatural da graça salvadora de
Deus pode resgatar os pecadores do
“domínio das trevas” e os transportar
para “o Reino” de Cristo (Cl 1:13, 14; cf.
Ef 2:1-10), restaurando neles “a mente
de Cristo” (1Co 2:16) e fazendo deles
“novas criaturas” (2Co 5:17).
O grande conflito cósmico começou no Céu, com a rebelião de Lúcifer
e seus anjos, e foi transferido para
este mundo por causa da queda de
Adão e Eva, e permanecerá aqui até a
destruição final do pecado e de todos
os pecadores impenitentes (inclusive
Satanás e seus anjos), no fim dos mil
anos mencionados em Apocalipse 20.
Como o pecado não é eterno, nem
os pecadores imortais, Deus é capaz
de destruí-los e de restaurar a Terra
ao seu estado de perfeição original.
Então, a dor da morte será substituída
pela alegria da vida; a crueldade do
ódio será dominada pela beleza do
amor, e nunca mais as pessoas boas
sofrerão. Finalmente, o bem triunfará
sobre o mal.
1
2
3
Textos bíblicos extraídos da Nova Versão International.
Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 22.
Ellen G. White, O Grande Conflito, p. 495.
conduziu à rebelião uma parte dos anjos. Ele introduziu o espírito
de rebelião neste mundo, ao induzir Adão e Eva ao pecado.
Esse pecado humano resultou na deformação da imagem de
Deus na humanidade, no transtorno do mundo criado e em sua
consequente devastação por ocasião do dilúvio mundial.
Observado por toda a criação, este mundo tornou-se o palco do
conflito universal, dentro do qual será finalmente vindicado o
Deus de amor. Para ajudar Seu povo nesse conflito, Cristo envia o
Espírito Santo e os anjos leais para os guiar, proteger e amparar
no caminho da salvação. (Ap 12:4-9; Is 14:12-14; Ez 28:12-18; Gn 3;
Rm 1:19-32; 5:12-21; 8:19-22; Gn 6–8; 2Pe 3:6; 1Cr 4:9; Hb 1:14.)
Maio 2010 | Adventist World
21
D E S C O B R I N D O
O
E S P Í R I T O
D E
P R O F E C I A
Direita: ESTUDANDO: Estudantes no
Centro de Estudos Ellen G. White mais
recentemente inaugurado, localizado na
Universidade Peruana União, em Lima,
desfrutam do ambiente espaçoso enquanto
pesquisam sobre a história adventista.
Detalhe: O cofre original onde os
manuscritos eram armazenados na casa de
Ellen White em Elmshaven, Califórnia, EUA.
Centro
White
Por Tim Poirier
Trazendo o passado para a
geração de hoje
V
ocê leu, recentemente, algum livro novo de Ellen
White? Talvez esteja pensando: “Se Ellen White
morreu em 1915, como pode haver algum livro
recente escrito por ela?”
Preparar novos livros dos seus escritos é apenas uma das
atribuições que Ellen White deixou para aqueles que ela designou especificamente para cuidar de seus escritos após sua
morte. Em seus últimos anos de vida, Ellen White sabia que
não viveria para ver o retorno de seu Redentor, mas também
sabia que as instruções que recebeu durante setenta anos de
ministério continuariam sendo de muito valor, mesmo após
sua morte. Assim, ela tomou as providências para a realização
desse trabalho em seu último desejo e em testamento.
22
Adventist World | Maio 2010
O que é o Centro White?
O Ellen G. White Estate, Inc (Patrimônio Ellen G. White)
é uma organização criada para levar adiante o legado de Ellen
White. Originalmente, estava situado junto à casa dela, em
Elmshaven, norte da Califórnia, mas hoje seus escritórios
estão na sede mundial da Igreja Adventista do Sétimo Dia, em
Silver Spring, Maryland (EUA).
O que Ellen White pediu que os depositários de seu
patrimônio fizessem em seu nome após sua morte? Primeiro,
preservar fisicamente seus livros, cartas e manuscritos para
o benefício da igreja. Segundo, atuar como seus agentes nas
questões de publicação, tais como direitos autorais, melhoria
dos livros, novas publicações e traduções. Ao longo dos anos,
C O R T E S I A
D O
E L L E N
G .
W H I T E
E S TAT E
o Patrimônio Ellen G. White assumiu responsabilidades
adicionais no serviço para a igreja, como prover informação
e responder a perguntas dos membros da igreja, pastores e
administradores, sobre Ellen White e a herança adventista.
Como você pode ser beneficiado por essa
variedade de serviços?
Preservando. Ninguém pode ser beneficiado pelas mensagens proféticas de Ellen White se elas, antes de tudo, não forem
preservadas. Todos os seus escritos conhecidos, incluindo os
rascunhos escritos a mão que subsistiram, estão protegidos em
um cofre à prova de fogo de 6X13 metros, guardado no escritório central do Centro White. Esse material não é mantido
num cofre para se tornar inacessível, mas para que as mensagens de Deus por meio de Ellen White possam ser preservadas
em segurança para estudos no presente e no futuro. Visitantes
são recebidos diariamente no Centro White, onde podem ter
acesso não apenas às cartas e manuscritos de Ellen White, mas
também às primeiras edições de seus livros e muitos periódicos
da igreja, incluindo a coleção completa da Adventist Review
(Revista Adventista em inglês), de 1850 até hoje.
E se você mora no México, Índia ou nas Filipinas? Não
tem que viajar aos Estados Unidos para ter acesso a esse
material. O Centro White mantém centros de pesquisa nas
dezenove universidades ao redor do mundo. Nesses centros,
estão as cópias de todos os escritos de Ellen White, além de
milhares de páginas de material histórico a eles relacionados.
Os centros de pesquisa existem para servir os membros da
igreja mundial em seus estudos sobre Ellen White e sobre a
herança adventista. Planeje uma visita a esses centros. Para
ter acesso à lista completa dos países que os abrigam, visite
www.WhiteEstate.org/about/estate.asp#research.
Publicando. Além de manter disponíveis os conselhos de
Ellen White para publicação para os membros da igreja em
seus dias, o Patrimônio Ellen G. White também produz novos
livros, conhecidos como compilações, contendo material não
publicado por Ellen White em vida. Esse é um dos desafios
deixados por ela aos depositários de seu patrimônio. Livros
como Evangelismo ou Conselhos Sobre Mordomia reúnem
adequadamente em uma publicação a essência das instruções
de Ellen White sobre o assunto. A cada cinco ou seis anos, são
editados livros devocionais com o objetivo de aprofundar o
relacionamento com Deus.
Os leitores que estranham o estilo de escrita do século dezenove, usado por Ellen White, deveriam conhecer uma das modernas adaptações produzidas pelo Patrimônio Ellen G. White, que
procura preservar a mensagem dela, “traduzindo” a estrutura e o
vocabulário menos familiar para a linguagem de hoje.
Além das páginas impressas, o Patrimônio Ellen G. White
produz um banco de dados eletrônico de todos os trabalhos
de Ellen White publicados em inglês, que pode ser acessado
gratuitamente na página da Web do Centro White: www.
WhiteEstate.org, e também em CD-ROM, por um preço bem
acessível. Esforços são feitos para adicionar ao site tantas
traduções de seu trabalho quantas forem possíveis, assim
como audiobooks e downloads em MP3. O projeto “Conectado
com Jesus”, patrocinado pela Associação Geral em parceria
com o Patrimônio Ellen G. White, visa a distribuir dez dos
principais livros de Ellen White para mais de dois milhões de
famílias adventistas em todo o mundo. Para saber mais sobre
esse projeto, visite www.ConnectingWithJesus.org.
Informando. Embora Ellen White não tenha especificado
essa informação em seu testamento, a igreja solicitou ao
Patrimônio Ellen G. White que tomasse a frente e informasse
os membros da igreja sobre a herança adventista em geral,
assim como o ministério profético de Ellen White em particular. O Patrimônio usa uma variedade de meios nesse esforço,
tais como Website próprio, seminários, exposições, artigos,
livros (como o Mensageira do Senhor), CD-ROMs, Visionário,
revista online para crianças (www.WhiteEstate.org/vez), visitas
com guia sobre a história adventista e programas (como “Gift
of Light” [O Dom da Luz]), no Hope Channel (TV da igreja).
Recursos Gratuitos na Web. O Website do Patrimônio
Ellen G. White contém mais de 75 mil páginas dos escritos
publicados de Ellen White, para estudar e ler. Click para baixar um guia de estudo gratuito ou história dramatizada dos
pioneiros. Inscreva-se para receber por e-mail o “Pensamento
do Dia”. Talvez sua igreja esteja considerando a possibilidade
de alugar o prédio para outra denominação e gostaria de
saber se Ellen White deu algum conselho sobre o assunto.
Suponhamos que você queira saber alguma coisa sobre o
navio missionário Pitcairn; veja fotografias das nossas primeiras instituições de saúde ou encontre quais as cartas de S. N.
Haskell ou A. T. Jones, que ainda existem. Você vai encontrar
respostas para todos esses assuntos, e muito mais, no Website
do Patrimônio Ellen G. White.
Não deixe de explorar milhares de itens, inclusive o Centro
de Pesquisas Digital (http://drc.WhiteEstate.org/), recentemente lançado. Mergulhe nos tesouros de nossa herança
adventista e descubra respostas a perguntas, das mais comuns
às mais complicadas, inclusive dos Websites hostis à igreja ou
a Ellen White. Visite o Website com regularidade e confira a
re-diagramação maciça e a expansão dos recursos que estarão
ocorrendo durante o ano de 2010.
Em 1848, Ellen White recebeu uma visão que mostrava as
verdades de Deus sendo transmitidas como torrentes de luz
ao redor do mundo. Ela nem podia imaginar como a tecnologia de hoje traria satisfação ainda maior. Não deixe de viver
essa luz, hoje.
Tim Poirier é vice-diretor do Patrimônio
Ellen G. White da Associação Geral dos
Adventistas do Sétimo Dia, em Silver Spring,
Maryland, EUA.
Maio 2010 | Adventist World
23
H E R A N Ç A
A D V E N T I S T A
C
ertos nomes receberam lugar de
destaque na história do início
do adventismo na Europa:
Michael Czechowski, ex-padre polonês
e missionário aventureiro independente,
primeiro a chegar em solo europeu
com a mensagem adventista; J. N.
Andrews, que continuou o trabalho
de Czechowski e foi fundamental no
estabelecimento da obra impressa na
Europa. E, claro, a história não poderia
ignorar Ludwig R. Conradi, o grande
evangelista e estrategista de missão que,
começando em 1886, previu o crescimento fenomenal e o estabelecimento
da fé adventista na Europa.
Pioneiro da Segunda Geração
Há outro nome, frequentemente
esquecido, Jakob Erzberger, que, em
1870, se tornou o primeiro pastor
adventista do sétimo dia europeu a ser
ordenado.* Na realidade, ele era um
tipo de pastor itinerante para toda a
Suíça e Alemanha. Homem humilde,
Erzberger se alegrava em permanecer
à sombra de Czechowski, Andrew
e Conradi, que ficaram conhecidos
como os fundadores do Adventismo na
Europa. De certo modo, Erzberger foi o
“primeiro fruto” do trabalho missionário de Czechowski naquele continente.
De modo geral, ele dava continuidade
aos esforços evangelísticos de outros
pioneiros como fervoroso pastor para as
igrejas recém- estabelecidas e era quem
prestava cuidado pastoral e fortalecia
os recém-conversos na fé, depois que os
pioneiros partiam para novos desafios.
Um bom exemplo do trabalho de
Erzberger foi a área de Vohwinkel/
Wuppertal, onde era imprescindível
estabelecer a primeira igreja adventista
em solo alemão, nos anos 1875/1876.
J. N. Andrews, que, na época, liderava
o trabalho da missão na Europa, não
era fluente no alemão. Assim, ficou
apenas algumas semanas na região de
Vohwinkel/Wuppertal, antes de voltar
para a Suíça. Erzberger ficou em seu
lugar e alimentou espiritualmente o
pequeno grupo de fiéis com as verdades
adventistas. Seu trabalho levou oito
pessoas ao batismo em um lago perto de
Vohwinkel, em janeiro de 1876, sendo
essa a primeira igreja oficial da Alemanha. Erzberger, entretanto, não pregava
e batizava apenas. Ele também produziu
o primeiro panfleto adventista em
alemão que a jovem igreja distribuía.
Chamado para a Educação
Jakob Erzberger nasceu em 1843,
em Seltisberg, perto de Liestal, na Suíça.
Devido à da morte precoce de seu pai,
Jakob cresceu na pobreza. Sua mãe fez
o que pôde para criar seus quatro filhos
pequenos, trabalhando como tecelã.
Por causa da influência piedosa da mãe,
Jakob decidiu muito cedo trabalhar
para Deus. Em 1864, ele se matriculou
num seminário, perto de Basel. Seria
Da esquerda para a direita: IGREJA DE
TRAMELAN: Primeira igreja em Tramelan,
Suíça, fundada por Czechowski e pastoreada
por Erzberger. JACOB ERZBERGER (1843-1920):
Fundou a primeira igreja adventista oficial
da Alemanha, em Vohwinkel.
Jakob
Erzberger
O pioneiro
esquecido
Por
Daniel Heinz
24
Adventist World | Maio 2010
um período de crescimento espiritual e
maturidade para aquele jovem, apesar
das dúvidas e lutas particulares.
Quando chegou ao seminário, um
dos alunos observou que o diabo não se
atrevia a entrar no portão da escola. O
jovem Erzberger respondeu que o inimigo tinha dado um jeito e entrado no
terreno sagrado, pois ele o confrontava
continuamente “dentro de seu coração”.
Após completar o primeiro ano, foi
requerido dos alunos um componente
prático dos estudos. Com o objetivo de
desenvolver-lhes o caráter, eles eram
enviados como pregadores missionários.
Erzberger serviu parte desse tempo como
capelão de uma prisão em Pruntrut.
F O T O S :
C O R T E S I A
D O
A U T O R
Sua vida tomou rumo inesperado em
1867, quando Erzberger se encontrou com
um grupo de adventistas em Tramelan.
Esse grupo tinha sido fundado por
Czechowski no mesmo ano. Erzberger
estava pregando em vários lugares para o
seminário e, perto da pequena cidade de
Tramelan, ele rasgou sua calça. Ali encontrou um alfaiate que não apenas costurou sua calça, mas lhe deu um estudo
bíblico sobre o fim do mundo, o breve
retorno de Jesus e a validade do mandamento do sábado. Erzberger, como
estudante do seminário e “teólogo”, ficou
profundamente impressionado com o
conhecimento bíblico daquele simples
alfaiate. Quando retornou ao seminário
e expôs suas novas ideias sobre a Bíblia,
foi forçado a retirar-se. “Todos meus
amigos me deram as costas”, ele escreveu
mais tarde; “para eles, eu não era nada
mais que um herege.”
Somos os Únicos?
Em 1868, decidido a pastorear
o pequeno grupo de Tramelan, tão
importante para seu crescimento espiritual, Erzberger enfrentou um grande
desafio. O grupo tinha a convicção
de que eram os únicos, no mundo
inteiro, a crer naquelas verdades. Alguns
meses mais tarde, quando os membros
descobriam que a Igreja Adventista
do Sétimo Dia já fora estabelecida na
América do Norte (a qual Czechowski
nunca havia mencionado), enviaram
Erzberger a Battle Creek, Michigan
(EUA), para fazer contato com a igreja.
Assim, Erzberger, que não falava uma
palavra em inglês, viajou para uma terra
desconhecida sem nenhum contato ou
amigo. Felizmente, foi calorosamente
recebido no lar de Tiago e Ellen White.
O jovem John H. Kellog o assessorava
no inglês, enquanto Tiago White lhe
dava estudos bíblicos. Enquanto esteve
no lar dos White, Erzberger descobriu
um texto bíblico que não conseguia
entender e que o deixou perturbado.
Ele não contou o problema a ninguém.
Certa noite, ao redor da lareira, Ellen
White de repente perguntou-lhe se
havia compreendido claramente aquela
questão específica. Erzberger ficou
impressionado e só podia atribuir o fato
ao dom profético de Ellen.
Após estudos mais profundos,
Erzberger foi ordenado em 1870 por
Tiago White e J. N. Andrews, numa
reunião campal em South Lancaster,
Massachusetts (EUA), e ao mesmo
tempo comissionado para o trabalho
missionário na Europa. Quando Andrews
assumiu o trabalho na Suíça, em 1874,
ele já tinha um colega de trabalho e guia
de confiança no local.
Apaziguador e Companheiro
O trabalho de Erzberger nem
sempre foi fácil. Ele até desistiu de seu
trabalho missionário por um período,
porque ficou desanimado com os membros da igreja. Esses membros, como
se pode deduzir por uma carta escrita
por Ellen White em 1878, o acusaram
de ter ficado “orgulhoso” com seu novo
“conhecimento americano”, sobre o
qual estava pregando. De algum modo,
ele encontrou coragem de assumir o
trabalho outra vez e continuou sendo
uma força para a missão, especialmente
após a morte precoce de J. N. Andrews,
em 1883.
Quando Ludwig Conradi foi enviado de volta para a Europa em 1886,
Erzberger, mais uma vez, foi o fiel guia
e ajudante. Inspirado pela tendência
evangelística de Conradi, ele iniciou um
seminário sobre profecia de muito
sucesso em várias cidades grandes da
Suíça (Lausanne, Basel, Zurique, Berna),
que resultou no estabelecimento de
igrejas nesses lugares. O pregador metodista (mais tarde pioneiro adventista)
E. E. Frauchiger ouviu Erzberger pela
primeira vez, em Lausanne, e exclamou:
“Uma tempestade vai atingir a cidade.”
Os assuntos apresentados e o
modo em que eram apresentados prendiam a atenção das massas. Erzberger
todos os dias apresentava um assunto
em alemão ou francês. Sua convivência
com Conradi fortaleceu e desenvolveu
suas habilidades evangelísticas. Muito
breve, porém, Conradi mudou-se
para a Alemanha e, concentrando seus
esforços naquele país, Erzberger foi
deixado como o único pregador para
cuidar, por muitos anos, de todas as
igrejas de fala alemã na Suíça.
Em 1903, Marie, sua esposa, morreu
aos 53 anos. Erzberger se casara em 1882
e tinha dois filhos: Heinrich (nascido em
1884) e Jakob (nascido em 1886).
Últimos Anos
De 1904 em diante, Erzberger trabalhou, essencialmente, como evangelista
ambulante, viajando por toda a
Alemanha. Em apenas um mês (abril de
1906), ele pregou 49 vezes e dirigiu 28
estudos bíblicos. Cheio do fervor evangelístico, ele escreveu de Munique para
seu filho Heinrich, em 1910: “O tempo
está voando, Jesus está voltando em
breve e há tantas pessoas despreparadas.”
Abatido pela doença e pela vida
sacrificada de missionário pioneiro,
Erzberger viveu seus últimos anos
em Sissach, Suíça, e morreu em 1920.
Ludwing R. Conradi escreveu em um
tributo pelo trabalho árduo do colega
e amigo: “Sem buscar glória própria,
dedicou-se extremamente na busca de
pessoas no típico ‘estilo suíço’, direto
ao ponto. Mesmo como obreiro idoso,
estava sempre disposto a trabalhar com
homens mais jovens. Nunca buscava
os próprios interesses e não buscava
posições elevadas… Para ele, o trabalho
mais sagrado e importante era levar as
pessoas a Jesus.”
*Em algumas fontes em inglês e francês, seu nome tanto é
escrito “Erzenberger” ou “Ertzenberger”. Isso pode ser observado
especialmente nas cartas e documentos de Ellen White. A
pronúncia de seu nome era obviamente difícil para quem
falava inglês ou francês. O próprio Jakob Erzberter usou
frequentemente a “modificação” de seu sobrenome, após a
visita à América do Norte, em 1870, destacando humildade e
flexibilidade como missionário.
Daniel Heinz é diretor
dos Arquivos Históricos
Europeus da Igreja
Adventista do Sétimo Dia,
localizado no Theologische Hochschule
Friedensau, Alemanha. Esse artigo
foi publicado em versão mais longa na
Advent-Echo, em outubro de 2009.
Maio 2010 | Adventist World
25
P E R G U N TA S B Í B L I C A S
P E R G U N T A : Tenho
ouvido algumas pessoas
dizerem que a história de Jonas é apenas uma
parábola. Qual é sua opinião?
M
uitas vozes contraditórias estão por aí, criando
confusão. Por favor, leia o livro de Jonas, com oração,
e permita que ele fale a você em suas próprias
palavras. A vozes humanas geralmente não são confiáveis, a
não ser que estejam claramente baseadas no texto bíblico.
Consideraremos os motivos pelos quais alguns consideram
que o livro de Jonas não é
confiável, como também as
razões para considerá-lo uma
narração histórica.
1. É um Livro Profético
Singular: Quando o livro de
Jonas é comparado com os
outros profetas menores, parece ser um tanto diferente.
Os demais livros enfatizam a
proclamação da mensagem
de Deus para Seu povo. Em
Jonas, a ênfase é na vida do
profeta e pouco é dito sobre a
mensagem propriamente dita.
Parece que estamos lidando
com uma narrativa em lugar
de um texto de literatura profética. Por isso, os estudiosos
perguntam: “Que tipo de livro
é o de Jonas?”
Muitas respostas já foram dadas a essa pergunta. O que
você ouviu é uma delas. A parábola compara algo com alguma coisa de modo instrutivo. Mas o problema dessa hipótese
é que é difícil os estudiosos concordarem sobre o que Jonas
está comparando. O resultado são opiniões contraditórias. Se
você simplesmente ler o livro, verá que ele fala de um profeta
comissionado por Deus para levar uma mensagem de julgamento contra uma cidade não israelita. Ele combina narrativa
e mensagem semelhante ao que encontramos nas histórias de
Elias e Eliseu.
2. Livro não Histórico: Na tentativa de determinar o que
é o livro de Jonas, muitos acham que ele não é um relato
histórico, mas apenas uma peça de ficção literária que nunca
aconteceu. Argumentam, por exemplo, que não inspira
credibilidade. Como uma pessoa pode estar dentro de um
grande peixe e sair vivo depois de três dias? Outros argumentos utilizados para questionar a historicidade do livro
são: (1) andar a pé pela cidade levaria muito menos tempo
que uma jornada de três dias (cap. 3:3); (2) a referência ao
“rei de Nínive” está errada, deveria ser o “rei da Assíria”;
e (3) a conversão de uma cidade inteira.
3. Historicidade da Narrativa: Se aceitarmos o texto
bíblico ao pé da letra, não será difícil concluir que é um
livro profético na forma de narrativa. Em outras palavras, a
narrativa contém uma mensagem profética, e uma não exclui
a confiabilidade da outra. Era assim que o livro era lido até
cerca de duzentos anos atrás, quando a autoridade bíblica foi
substituída pela razão humana e tornou-se necessária a redefinição dos estudiosos sobre a natureza do livro de Jonas.
A historicidade do livro,
porém, é mencionada na sua
introdução e endossada pelo
próprio Jesus (Mt 12:38-41;
Lc 11:29-32). Uma vez que
aceitamos que Deus pode
intervir na história de maneiras além de nossa compreensão, o relato do grande
peixe e Jonas se torna parte
confiável da narrativa.
As contradições históricas alegadas não são
realmente contradições. Se o
substantivo “Nínive” é usado
Por
para designar a região de
Angel Manuel
Nínive, que abrangia uma
Rodríguez
distância de aproximadamente 50 a 100 quilômetros,
uma viagem de três dias estaria correta. Algumas vezes,
os reis eram identificados pela cidade em que residiam (e.g.,
1Rs 21:1); portanto, a frase “rei de Nínive” é historicamente
confiável. A conversão de uma cidade inteira não deveria ser
tão difícil de aceitar, mesmo não havendo evidências bíblicas
extras que apóiem esse fato. Estudiosos salientaram que, na
época em que Jonas visitou Nínive, aconteceu uma série de
eventos que prepararam psicologicamente os cidadãos para
essa mudança. Duas pragas atingiram a cidade e houve um
eclipse, que era considerado como mau presságio. Obviamente, porém, logo se esqueceram do Deus verdadeiro.
A sabedoria humana é necessária, mas quando ela substitui o que é claramente revelado na Palavra de Deus, devemos
ouvir a Palavra. Essa é nossa única segurança em um mundo
de desorientação e confusão.
Mais que
a
História de um
Peıxe
26
Adventist World | Maio 2010
Angel Manuel Rodríguez é diretor do Instituto de Pesquisas
Bíblicas da Associação Geral.
E S T U D O
B Í B L I C O
Deus
Quando
Amor
Criou o
Por Mark A. Finley
A Criação revela o modelo de Deus para que a vida seja desfrutada em sua plenitude.
O estilo de vida da Criação é composto de dieta saudável, água pura, exercício, domíniopróprio, ar puro, luz solar, descanso e confiança em Deus. Também inclui relacionamentos
de amor. A conexão social é parte importante de uma vida plena de saúde total. Na lição
deste mês, estudaremos o plano de Deus para as relações familiares.
1.
Como fomos criados? Leia Gênesis 1:27 e escreva sua resposta no espaço em branco.
“Criou Deus, pois, o homem à Sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” (Gn 1:27).
Deus criou o homem e a mulher à
própria
.
Uma vez que todos os seres humanos foram criados à imagem de Deus, cada um de nós tem
valor diante dEle. O que isso tem que ver com os relacionamentos humanos?
Valorizamos o que Deus valoriza e respeitamos um ao outro?
2. Que declaração fez Deus sobre o valor dos relacionamentos humanos e contatos
sociais de uns com os outros?
“Disse mais o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja
idônea” (Gn 2:18).
Nosso Senhor declarou: “Não é
o homem esteja
.”
Em suas palavras, faça uma lista mencionando algumas razões pelas quais Deus fez essa declaração.
3.
Onde surgiu o casamento? Quem realizou o primeiro casamento?
“Então, o Senhor Deus fez cair pesado sono sobre o homem, e este adormeceu; tomou uma das suas costelas e
fechou o lugar com carne. E a costela que o Senhor Deus tomara ao homem, transformou-a numa mulher
e lha trouxe” (Gn 2:21, 22).
Deus fez Adão cair em
Deus tomou a costela e transformou-a numa
. Ele tomou uma das
de Adão.
. Deus levou a mulher para o
.
O casamento foi uma ideia de Deus. Ele o tornou santo.
4.
Como Deus descreveu a perenidade do casamento?
“Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne” (Gn 2:24).
Relacione três expressões usadas em Gênesis para descrever que a relação do casamento deve ser permanente.
Deixará o homem
Maio 2010 | Adventist World
27
Se une à
Tornando-se
Gênesis revela o ideal de Deus para o casamento. Ele descreve uma relação de amor duradoura, aberta e atenciosa; um relacionamento de afeição mútua, respeito e companheirismo.
Como o inimigo conhece o potencial de felicidade que o casamento contém, ele o ataca
com todas as suas forças.
5.
Que conselho Deus dá aos maridos, esposas e filhos?
“Não obstante, vós, cada um de per si, também ame a própria esposa como a si mesmo, e a esposa respeite ao
marido” (Ef 5:33).
“Filhos, obedecei a vossos pais no Senhor, pois isto é justo” (Ef 6:1).
Os maridos devem
As esposas devem
Os filhos devem
6.
Que duas promessas foram feitas por Deus aos filhos que obedecem a seus pais?
“Filhos, obedecei a vossos pais no Senhor, pois isto é justo. Para que te vá bem, e sejas de longa vida sobre a
Terra” (Ef 6:2, 3).
1.
2.
O conflito, a discórdia e desobediência tornam infelizes os lares. Quando os filhos brigam
com os pais e estes gritam constantemente com os filhos, a alegria desaparece. O lar se
torna um campo de batalha. Isso afeta a saúde psicológica, emocional e espiritual de cada
membro da família.
7.
Que conselho o apóstolo Paulo dá para preservar a felicidade em nossos lares?
“Longe de vós, toda amargura, e cólera, e ira, e gritaria, e blasfêmias, e bem assim toda malícia” (Ef 4:31).
Os fatores que destroem a felicidade do lar são:
1.
4.
2.
5.
3.
6.
8.
Que três qualidades tornam felizes os lares?
“Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também
Deus, em Cristo, vos perdoou” (Ef 4:32).
1.
2.
3.
No próximo mês, estudaremos:
“Quando Partimos
o Coração de Deus”
28
Adventist World | Maio 2010
Intercâmbio Mundial
C A R TA S
Passado,
Presente e
Futuro
Sou assinante e
leitor da Revista
Adventista há
muito tempo. A
Adventist World de
fevereiro de 2010,
com o artigo de
William G. Johnsson, “Adventistas e
Muçulmanos: Cinco Convicções”, fezme lembrar de quando eu tinha sete
anos de idade, em Bekaa Valley, e ouvi
um pedreiro falar ao meu pai sobre os
cristãos que moravam na América e
que se identificavam com o Islã em seus
hábitos e ações.
Aos vinte anos, vim para o Brasil e
encontrei esses cristãos. Hoje, 50 anos
mais tarde, sou parte desse grupo: os
Adventistas do Sétimo Dia.
Sleiman Ali Zeitoun
Várzea Grande,
Mato Grosso, Brasil
Expandindo
Nossos
Estudos
Aprecio grandemente o fato de
vocês estimularem
seus leitores a
estudar a Bíblia.
Entretanto, gostaria de solicitar que
fossem fornecidos todos os versos importantes e necessários para responder
adequadamente às questões.
Por exemplo, senti a falta de vários
versos na questão número 5 de “A
Eterna Recompensa do Apocalipse”,
de Mark A. Finley (janeiro de 2010).
A questão era: “Quais são as duas
características especificadas em Apo-
calipse 21 dos que entrarão no Céu
e Nova Terra?” Uma das passagens
indicadas, Apocalipse 21:7, diz: “O
vencedor herdará estas coisas.” Então,
para chegarmos lá, temos que lutar
para vencer por nós mesmos?
Felizmente, as Escrituras dizem em
Apocalipse 12:11: “Eles, pois, o venceram por causa do sangue do Cordeiro.”
A única qualificação que Deus espera de
nós é a fé em Seu Filho, nada mais, nada
menos. Caso contrário, teríamos que
confessar com o apóstolo Paulo: “Tenho
o desejo de fazer o que é bom, mas não
consigo realizá-lo (Rm 7:18, NVI).
Deus facilita as coisas para nós. Para
que torná-las difíceis?
Lothar Engel
Spandau, Berlim, Alemanha
Suas Mãos Sobre Mim
Fui abençoada com a leitura do artigo
“Podemos Sempre Contar com a
Proteção de Deus?” por J. Stanley
McCluskey (janeiro 2010). Às vezes,
não sentimos a proteção de Deus ao
enfrentar nossas provas. Em minha
experiência, algumas dessas provas são
insuportáveis, humanamente falando.
O Senhor, porém, sabe os pensamentos
que tem a nosso respeito: “Pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o
fim que desejais” (Jr 29:11).
Obrigada por essas palavras de
conforto.
Tahina Andrianiaina
Antananarivo, Madagáscar
Dizendo o que Significa
O artigo “Compreendendo a Palavra”
(janeiro 2010) começou muito bem:
“Traduzir é muito mais que mudar uma
palavra ou frase para outro idioma.”
Se isso é verdade na comunicação
do dia a dia, quanto mais o é quando
a Palavra é traduzida de seus idiomas
originais para linguagens modernas
que há muito foram
removidas de seu ambiente? O trabalho de
um tradutor não é fácil. Portanto, antes de
criticarmos os tradutores dessa ou daquela
versão moderna da
Bíblia, não seria melhor que os críticos
tivessem o trabalho de aprender os
idiomas originais e avaliar se podem
fazer algo melhor?
É sabido que acontecem equívocos
honestos com os idiomas modernos.
Quase não foi declarada uma guerra
quando uma nota diplomática, traduzida do francês para o inglês, traduziu
demander (requerente) por demand
(exigência) e prétendant (pretender) por
pretend (simular)? A palavra francesa
significa perguntar, enquanto a palavra
em inglês tem nuances de ameaças
por trás da pergunta, se não atendida
instantaneamente. Mesmo em inglês,
pretend não é necessariamente aplicado
à falsidade, como mostra a expressão
legal “falsas pretensões”, e o uso do termo pretender para descrever alguém que
pretende um título real confirma isso.
Assim, vamos interceder em oração,
pelos tradutores em Atlanta.
Barry Gowland
Milton Keynes, Inglaterra
Algo Novo–Adventisten heute
Meus cumprimentos pela revista
Adventisten heute. Com meus 25 anos
de idade, nunca fui um leitor da
AdventEcho, uma vez que ela não
atende aos meus interesses. Entretanto,
durante os últimos anos, desenvolvi
certo interesse pela Adventist World, em
inglês, a qual, de quando em quando,
encontro na igreja.
Estou feliz com o fato de que essa
Maio 2010 | Adventist World
29
Intercâmbio Mundial
C A R TA S
revista agora está disponível, gratuitamente, para nossos membros, e em
alemão. Muito obrigado!
Jakob Wieck
Monique, Alemanha
Apreciação/Inspiração
Desde o ano passado, estou assinando
a Revista Adventista e junto com ela,
recebo a Adventist World. Ela é de valor
inestimável para nosso povo, uma
vez que nos liga aos nossos irmãos e
irmãs mais distantes. Seus artigos são
excelentes.
Que Deus continue a abençoar
seu ministério. Espero que os que recebem essa revista a considerem uma
bênção de Deus para o crescimento,
missão e identidade de nossa Igreja.
Ezekiel Feito
Balcarce, Argentina
obra que tem sido realizada em todos os
lugares. Obrigado.
Kevin Murray
Jamaica, Índias Ocidentais
Lyu Shin Young. Young Soon Lyu foi
editor da Sinais dos Tempos coreana de
1945-1958. Pedimos desculpas pelo erro
– Os Editores
Sou um estudante universitário, de
24 anos de idade, da Tanzânia. Decidi
escrever por causa das mensagens de
Deus trazidas na Adventist World. Ela
me ajuda a fazer boas escolhas na vida
diária. Obrigado.
Fredrick Nderingo
Tanzânia
Alimentação e
Hospedagem
Correção
Esta fotografia
foi erroneamente
identificada no
artigo, “Tocando
os Intocáveis”
(Março, 2010).
O casal retratado
à esquerda são
Young Soon Lyu e
sua esposa,
Que bom que a Adventist World
existe para tornar a vida ainda
melhor, conscientizando-nos da boa
Os tickets de alimentação para a
próxima Assembleia
da Associação Geral,
em Atlanta, EUA,
podem ser adquiridos pelo Web site
www.gcsession.org.
A hospedagem pode ser reservada do
site [email protected].
Cartas para o Editor – Envie para: [email protected]
As cartas devem ser escritas com clareza e ao ponto, com
250 palavras no máximo. Lembre-se de incluir o nome do artigo,
data da publicação e número da página em seu comentário.
Inclua, também, seu nome, cidade, estado e país de onde você
está escrevendo. Por questão de espaço, as cartas serão
resumidas. Cartas mais recentes têm maior chance de ser
publicadas. Nem todas, porém, serão divulgadas.
O LUGAR DE ORAÇÃO
Quero estudar fisioterapia na Universidade Adventista da Bolívia, mas não
tenho os recursos necessários. Suas
orações serão de grande ajuda.
Karina, Peru
Por favor, orem para que Deus abençoe
meu trabalho. Estou feliz com minha
função atual e não quero ser transferido
para outro departamento. Com Deus,
todas as coisas são possíveis. Realmente
necessito de que Ele intervenha no
meu caso.
Chido, Zimbábue
Obrigado por este espaço para compartilhar os pedidos de oração. Orem pelo
evangelismo em nossa igreja e, especialmente, por duas pessoas que necessitam
30
Adventist World | Maio 2010
de aceitação. Isso é muito importante ao
buscarmos a salvação.
Wellington, Barbados
seu relacionamento com sua esposa.
Louvado seja Deus!
Sophia, Estados Unidos
Minha esposa e eu somos recém-casados.
Pedimos suas orações por nós, para
Deus nos ajudar a construir um sólido
alicerce para nossa família. Peço ainda
orações, pois estou me preparando para
continuar meus estudos.
Martin, Sul do Sudão
Sou um jovem pastor que cuida de
dez igrejas, o que é um grande desafio.
Estou tentando aprender a andar de
motocicleta para facilitar minha luta
com transporte. Por favor, incluam-me
em suas orações.
Alice, Papua-Nova Guiné
Alguém por quem pedi a vocês que
orassem, encontrou emprego após
procurar por muito tempo. Já pedi
várias vezes oração pelas famílias. Um
dos meus colegas de trabalho me disse
que, nas últimas duas semanas, ele
tem notado uma mudança positiva no
Pedidos de oração e agradecimentos (gratidão por resposta à
oração). Sua participação deve ser concisa e de, no máximo,
75 palavras. As mensagens enviadas para esta seção serão
editadas por uma questão de espaço. Embora oremos por todos
os pedidos nos cultos com nossa equipe durante a semana, nem
todos serão publicados. Por favor, inclua no seu pedido, seu nome
e o país onde vive. Outras maneiras de enviar o seu material:
envie fax para 00XX1(301) 680-6638, ou carta para: Intercâmbio
Mundial, Adventist World, 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring,
Maryland 20904-6600 EUA.
“Eis que cedo venho…”
INTERCÂMBIO DE IDEIAS
a
Bandeıra
S TA C H O W S K I
M AT E U S Z
Mantenha
Nossa missão é exaltar Jesus Cristo, unindo os
adventistas do sétimo dia de todo o mundo numa só
crença, missão, estilo de vida e esperança.
Tremulando
no
Alto Céu
Neste mês, um leitor conta por que devemos
levantar Cristo como nossa bandeira
A
s bandeiras representam pompa, poder e prestígio. São bonitas de se ver.
Todos os países, governos e altos funcionários têm uma. Você as pode ver
tremulando sobre prédios, instituições e locais que representem algum
país ou negócio. Você pode vê-las em limusines finas e elegantes.
Embaixadores, diplomatas, times esportivos e delegações empunham bandeiras para
representar sua nação em discursos pela paz, conferências, concursos, encontros
e eventos ao redor do globo. Até as companhias aéreas nacionais de muitos países
têm aeronaves adornadas com as belas cores de sua bandeira nacional. É bonito
de se ver!
As bandeiras nos deixam orgulhosos. Elas nos inspiram a aspirar a cargos e realizações mais elevadas. Elas nos fazem querer ser vencedores/premiados, campeões,
imbatíveis. As bandeiras nos dão a unidade para tirar um A+ em todos os nossos
esforços e a ir alto e longe. Elas nos desafiam a estar no topo do topo.
Como cristãos, nossa bandeira é Jesus Cristo. Nossas cores são fé total e crença
nEle, com nossa vida e obras. Nosso desafio é “brilhar diante das pessoas, para que
vejam as boas obras e glorifiquem ao Pai do Céu”(veja Mateus 5:16). Deus ilumina
nossa vida para que nossa luz ilumine a vida de outros. Num tempo como este, em
que a chama de muitos está se apagando, quando muitos deixaram o bastão cair,
não podemos nos dar ao luxo de deixar que nossa chama se apague. Não podemos
nos dar ao luxo de deixar que nosso bastão caia!
Hoje, é nosso momento. Olhe para o céu. O Sol está brilhando. Os pássaros
cantam. O céu está azul. O caminho à frente é claro (João 14:6). O vento sopra. O
futuro é brilhante. Devemos seguir em frente e encará-lo, destemidos. Devemos
levantar nossa bandeira. Devemos mantê-la tremulante no ar. Devemos manter a
chama acesa e manter a fé. Esse é seu alto chamado, e o meu também!
– Kioko Joshua, Jr., Nairobi, Quênia
Editor
Adventist World é uma publicação internacional da
Igreja Adventista do Sétimo Dia, editada pela
Associação Geral e pela Divisão Ásia-Pacífico Norte.
Editor Administrativo
Bill Knott
Editor Associado
Claude Richli
Gerente Internacional de Publicação
Chun, Pyung Duk
Comissão Editorial
Jan Paulsen, presidente; Ted N. C. Wilson, vice-presidente;
Bill Knott, secretário; Armando Miranda; Pardon K.
Mwansa; Juan Prestol; Charles C. Sandefur; Don C.
Schneider; Heather-Dawn Small; Robert S. Smith;
Karnik Doukmetzian, assessor jurídico
Comissão Coordenadora da Adventist World
Lee, Jairyong, presidente; Akeri Suzuki; Clyde Iverson;
Guimo Sung; Glenn Mitchell; Chun, Pyung Duk
Editor-Chefe
Bill Knott
Editores em Silver Spring, Maryland
Roy Adams, Gerald A. Klingbeil (editores associados),
Sandra Blackmer, Stephen Chavez, Mark A. Kellner,
Kimberly Luste Maran
Editores em Seul, Coréia
Chun, Jung Kwon; Choe, Jeong-Kwan
Editor Online
Carlos Medley
Coordenadora Técnica
Merle Poirier
Assistente Executiva de Redação
Rachel J. Child
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Atendimento ao Leitor
Merle Poirier
Diretor de Arte e Diagramação
Jeff Dever, Fatima Ameen
Consultores
Jan Paulsen, Matthew Bediako, Robert E. Lemon,
Lowell C. Cooper, Mark A. Finley, Eugene King Yi Hsu,
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Lee, Israel Leito, Geoffrey G. Mbwana, John Rathinaraj,
Paul S. Ratsara, Barry Oliver, Don C. Schneider, Artur A.
Stele, Bruno Vertallier, Gilbert Wari, Bertil A. Wiklander.
Aos colaboradores: São bem-vindos artigos enviados
voluntariamente. Toda correspondência editorial deve ser
enviada para: 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring MD
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E-mail: [email protected]
Website: www.adventistworld.org
A menos que indicado de outra forma, todas as referências
bíblicas são extraídas da Versão João Ferreira de Almeida,
Revista e Atualizada no Brasil pela Sociedade Bíblica do
Brasil, 1993.
Adventist World é uma revista mensal editada simultaneamente
na Coreia, Brasil, Indonésia, Austrália, Alemanha, Áustria e
nos Estados Unidos.
Vol. 6, No. 5
Maio 2010 | Adventist World
31
O Lugar Das
PESS
Q U E
L U G A R
AS
É
E S S E ?
FRASE DO MÊS
“Uma igreja sem
missão, breve será uma
igreja sem ação.”
– Pastor George Whitsett, na Igreja Adventista do
Sétimo Dia de Fort Myers, Flórida, Estados Unidos,
durante sermão no dia 20 de fevereiro de 2010.
E N V I A D O
P O R
S I M S O N
H A L D E R ,
VIDA ADVENTISTA
Quando meu esposo, que havia
sido convidado para pregar, e eu
estávamos cumprimentando os
irmãos após o culto, encontramos
uma senhora com forte sotaque
alemão. Glen lhe disse que também
era alemão, mas que não tinha uma
pronúncia tão boa quanto a dela.
Eu disse, então, à senhora: “Ele
é alemão e pastor. Sabe o que isso
significa?”
D I R E T O R
D E
D E S B R AVA D O R E S
Ela me olhou inquisitivamente. Eu sorri e disse: “Ele é um
pastor alemão.”
– Marybeth Gessele, Gaston, Oregon,
Estados Unidos.
Nossa igreja tem vários grupos
de oração/estudo da Bíblia semanais e nos reunimos em vários lares, em diferentes dias da semana.
O que frequento tem
várias pessoas idosas, uma das
quais se ausentou por várias
semanas, devido a uma doença.
Ao ser recepcionada alegremente, foi-lhe perguntado se os
médicos haviam diagnosticado a
causa da doença. Ela respondeu
que o médico ainda não havia
recebido os resultados de sua
autópsia! O riso geral a fez mudar
a palavra para biópsia!
– Vivian Ahlkvist, Sonora, Califórnia,
Estados Unidos.
PARTICIPE DA CONVERSA!
Precisamos de participações nas seguintes categorias:
FRASES ADVENTISTAS (profundas ou espontâneas)
VIDA ADVENTISTA (anedotas curtas, especialmente da vida adulta)
JOTAS E TILES (dicas relacionadas com a igreja)
MEMÓRIAS DE ACAMPAMENTOS (curtas, humorísticas, ou anedotas profundas)
QUE LUGAR É ESSE? (fotos de alta qualidade, de membros da igreja de todo o mundo)
Por favor, envie sua participação para O Lugar das Pessoas, Adventist World, 12501 Old Columbia Pike,
Silver Spring, MD 20904-6600; fax: 301-680-6638; e-mail: [email protected]. Por favor, inclua
número de telefone. As participações recebidas não serão notificadas ou devolvidas.
Em Bangladesh, a Igreja Adventista do Sétimo Dia de Dhaka oferece, pela primeira vez, aulas para
líderes de desbravadores. Os membros foram fotografados em seu acampamento de inverno, em fevereiro.
RESP O S TA :

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