Leia Mais - Cristal Mineração e Petróleo

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Leia Mais - Cristal Mineração e Petróleo
Ano XI | 2016 | Nº62 | R$ 25,00
PROCESSAMENTO
MINERAL: BRITAGEM
Mineradoras detalham os processos, gestão,
manutenção e investimentos na otimização
de plantas industriais em seis operações
diversificadas no país
POLÍTICA
AS PROPOSTAS E
METAS DE VICENTE
LÔBO, NOVO
TITULAR DA SGM
EMPRESAS JR
DE ESTUDANTES
A APRENDIZES DE
EMPRESÁRIOS
DA MINERAÇÃO
MERCADO
CENÁRIOS PARA
A PRODUÇÃO DE
DE MINÉRIO DE
FERRO EM 2030
PERSONALIDADE
RUBEN FERNANDES
E A NOVA ERA DA
ANGLO AMERICAN
NO BRASIL
Foto Divulgação
12
GESTÃO
NOVO TITULAR
Na SGM, o geólogo Vicente Lôbo quer
resgatar a credibilidade da mineração
15
TREINAMENTO
SIMULADORES
Mais de 10 mil operadores novatos
e experientes capacitados na Vale
34
FOSFATOS
PROJETO
Começa a implantação da nova mina
da Vale Fertilizantes em Patrocínio (MG)
28
PERSONALIDADE
ENTREVISTA
Com 28 anos de experiência em cargos
executivos na Vale, Vale Fertilizantes e
Votorantim Metais, o engenheiro metalúrgico Ruben Fernandes muda de
presidência: da Unidade de Negócios
Nióbio e Fosfatos para o comando de
toda a Anglo American Brasil. Caberá a
ele cumprir as novas estratégias
definidas pela matriz da mineradora
britânica de desinvestimento em ativos
“não-centrais”. Entre eles, a transferência das operações de Catalão e Ouvidor
(GO), já vendidas a uma empresa chinesa, e da área de níquel, assim que
for negociada. Em entrevista exclusiva
à In The Mine, Fernandes garante, no
entanto, a permanência do Minas-Rio.
17 PROCESSAMENTO
MINERAL: BRITAGEM
SUMÁRIO
DESTAQUES DA EDIÇÃO
foto Divulgação • capa Mina de Vazante, da Votorantim Metais
www.inthemine.com.br
Ano XI | 2016 | Nº62 | R$ 25,00
PROCESSAMENTO
MINERAL: BRITAGEM
Mineradoras detalham os processos, gestão,
manutenção e os investimentos na otimização
de plantas industriais em seis operações
diversificadas no país
POLÍTICA
AS PROPOSTAS E
METAS DE VICENTE
LÔBO, NOVO
TITULAR DA SGM
EMPRESAS JR
DE ESTUDANTES
A APRENDIZES DE
EMPRESÁRIOS
DA MINERAÇÃO
MERCADO
CENÁRIOS PARA
A PRODUÇÃO DE
DE MINÉRIO DE
FERRO EM 2030
PERSONALIDADE
RUBEN FERNANDES
E A NOVA ERA DA
ANGLO AMERICAN
NO BRASIL
A configuração dos circuitos de britagem instalados
em operações da Anglo American Brasil – nióbio, fosfatos, níquel e minério de ferro; da AngloGold Ashanti
– ouro –, da Vale Fertilizantes – fosfatos – e da
Votorantim Metais – zinco. Diretores e gerentes das
mine-radoras falam também da gestão e manutenção
des-ses ativos, dos investimentos em 2016 e de estudos e análises para maximizar a eficiência dos
equipamentos e reduzir os custos operacionais
EDITORIAS - INTHEMINE
04
MINEMAIL Os posts mais clicados na rede
05
MINEPROSPECÇÃO Nova liga de alumínio-cério
05
MINEBOOK Guia sobre preservação de cavernas
06
MINEAGENDA Congresso mineral na Argentina
06
MINEWEB Integrador de mapas da CPRM
06
MINEMARKET Caterpillar: The Age of Smart Iron
08
LEGISLAÇÃO Hermenêutica no Direito Minerário II
36
GUIA ITM Produtos e serviços para mineração
38
MINEGALERIA Luxemburgo e o minério de asteróides
julho | agosto | inthemine
3
mineeditorial
A
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4
inthemine | julho | agosto
D O
E D I T O R
CONFIAR DE NOVO
Nas últimas semanas, sinais inequívocos advindos de relatórios elaborados por
bancos, fundos de investimento, consultorias econômicas e órgãos do governo federal deram conta
que grande parte dos empresários, investidores e, mesmo da população brasileira, retoma a confiança no país.
É justamente nesse novo clima, que Vicente Lôbo, recém nomeado Secretário Nacional
de Geologia, Mineração e Transformação Mineral, fala em resgatar a credibilidade do setor. Entre
outros assuntos, o geólogo diz que o projeto do novo Código de Mineração será revisto, mas não
mais engavetado. Diz, ainda, que pretende um diálogo permanente do governo com o setor privado. Fala de leiloar 354 áreas em disponibilidade na CPRM (SGB) e de eliminar um passivo de
90 mil processos no DNPM. De discutir a flexibilização do monopólio de minerais nucleares e de
estimular a volta dos investimentos em pesquisa mineral.
Também nesta edição, temos como Mine Personalidade o novo presidente da Anglo American
Brasil, Ruben Fernandes. Com 28 anos de experiência em mineração, o executivo confirma a
venda da área de nióbio e fosfatos e as negociações para a venda da área de níquel. Mas garante
que o Minas-Rio ficará.
A edição traz, ainda, a primeira parte do Especial Processamento Mineral, com um panorama
importante das plantas de britagem de grandes mineradoras.
Muito interessante também foi conversar com os estudantes de Geologia e Engenharia de
Minas que dirigem as empresas juniores criadas em suas faculdades. É uma moçada que pretende se capacitar para uma futura posição de tomada de decisões em empresas alheias ou
próprias. Diante do ânimo, envolvimento e determinação desses jovens, resta parafrasear
Gonzaguinha e dizer: “Eu acredito nessa rapaziada”.
A fase, enfim, é de deixar o passado. Um passado nefasto nos últimos 14 anos. E buscar o
futuro. É para lá que vamos. Lá nos veremos.
Wilson Bigarelli, [email protected]
M I N E M A I L
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REDES SOCIAIS
A revista In The Mine - Gestão de Processos e Tecnologia para Mineração, é uma
publicação bimestral da Facto Editorial, dirigida aos profissionais e empresas das áreas de
Mineração, Meio Ambiente e Equipamentos.
Redação e Publicidade - Pereira Estéfano, 114
- cj 911/912, CEP 04144-070 - São Paulo (SP).
Editor e Jornalista responsável
Wilson Bigarelli (MTB 20.183)
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Redação Tébis Oliveira (Editora de
Sustentabilidade e Novos Projetos),
Fernando Rezende e Marisa Santos
tebis@inthe mine.com.br
Fotógrafos Betho Rocha (MG) e
Gildo Mendes (SP)
Ilustradores Heder e Moacyr Vasquez
Edição de arte Hiro Okita
Assistência de arte Diva Maddalena
Diagramação Mônica Biasi
Publicidade Taís Malta (gerente comercial)
Circulação 10 mil exemplares
PA L AV R A
facebook.com/inthemine
Green Mine Parabéns pela iniciativa de
premiar os melhores cases de sustentabilidade da mineração no Brasil. Entre eles,
destaco a modelagem hidrogeológica do
Domo I de Catalão (Vale Fertilizantes e
Anglo American), o aproveitamento de
escórias para a produção de cimentos
(Votorantim Cimentos) e o uso de drones
para cálculo volumétrico de minério de
bauxita (PL4N4R). São projetos de grande
responsabilidade e compromisso ambiental. Márcio Campos de Aguiar (Belém).
Obrigado pelo reconhecimento, Márcio,
que nos estimula a fazer da In the Mine,
cada vez mais, uma referência para o setor.
Wilson Bigarelli (Editor)
@intheminet
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Errata O nome de Roberto Meilus, gerente
Técnico-Comercial da Inbras-Eriez, foi
grafado incorretamente na edição 61 (“As
Marcas da Classificação e Concentração”).
plus.google.com/u/1/+revistainthemine/posts
Leitor Envie dúvidas,
críticas e sugestões para:
[email protected]
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MINEPROSPECÇÃO
M I N E B O O K S
GEOFÍSICA APLICADA
Lançado em 2016, o livro do geólogo Antonio
Celso de Oliveira Braga, professor adjunto da
UNESP-Rio Claro, aborda a detecção de águas
subterrâneas e de contaminantes, através de técnicas de sondagem elétrica e caminhamento
elétrico. O conteúdo inclui estudos de perfuração
de poços em diferentes tipos de aquíferos e investigações para a detecção de plumas de contaminação provenientes de aterros sanitários,
cemitérios, vazamentos de combustíveis e produtos
químicos, entre outros. www.ofitexto.com.br
CARTEIRA DE PROJETOS
Foi lançado em 3 de agosto, pelo governo do Piauí, o PDES2050 (Plano de Desenvolvimento Econômico e Social do
estado). O estudo, coordenado pela Cepro (Fundação Centro
de Pesquisas Econômicas e Sociais do Piauí), consistiu do
diagnóstico e elaboração de projetos para os setores do
agronegócio, energias renováveis, infraestrutura, mineração
e turismo. A carteira de mineração é composta por 17 projetos de exploração de minerais não metálicos (calcário e fosfato), para agricultura e construção civil, e de minerais metálicos nobres (cobre, ferro e níquel), nos vales do Guaribas e
Canindé, tabuleiros do Rio Piauí, Itaueira e Alto Parnaíba e na
Chapada das Mangabeiras.
OURO
O ouro continua um dos ativos que mais impulsiona projetos
minerais de junior companies no Brasil. Em 3 de agosto foi
iniciada a produção experimental da mina Cascavel, em
Faina (GO), da australiana Orinoco Gold. Pouco antes, em 29
de julho, a canadense Yamana Gold anunciou a retomada do
projeto C1-Santa Luz, na Bahia, que havia sido suspenso em
2014. No início do mesmo mês, a Mineração Apoena, da
também canadense Aura Minerals, colocou em ramp up o
projeto Ernesto/Pau a Pique, em Pontes e Lacerda (MT).
Ainda em julho, duas outras mineradoras divulgaram novas
interceptações de ouro de alto teor em suas sondagens: a
australiana Cleveland Mining, no projeto Capitão (GO), e a
canadense Equitas Resources, no projeto Cajueiro (PA).
Também australianas, a Centaurus Metals iniciou as sondagens em Mombuca (MG) e a TriStar Gold adquiriu integralmente Castelo dos Sonhos (PA).
A Sociedade Brasileira de Espeleologia (SBE), a
Votorantim Cimentos e a Reserva da Biosfera da
Mata Atlântica (RBMA) lançaram o Guia de Boas
Práticas Ambientais na Mineração de Calcário em
Áreas Cársticas, sobre preservação de cavernas, e o
Plano de Gestão Territorial Sustentável, com ações
de preservação ambiental da mineradora em operações no sul de São
Paulo e Sergipe. www.cavernas.org.br/guia_mineracao_carsticas.asp e
http://rbma.org.br/rbma/rbma_7_outras.asp
TERRAS RARAS
Pesquisadores do Laboratório Nacional Oak Ridge (ORNL), ligado ao
Departamento de Energia norte-americano, em parceria com o Laboratório
Nacional Lawrence Livermore e a Eck Industries, desenvolveram uma liga de
alumínio com cério, óxido de terras raras (OTR), com baixo custo de produção,
alta maleabilidade, menor exigência de tratamento térmico e grande estabilidade sob altíssimas temperaturas. O material é indicado para a fabricação de
modelos mais leves de motores de combustão interna ou como substituto de
seus componentes de ferro fundido, caixas de transmissão e cabeçotes (foto).
Essa aplicação, se adotada em escala pela indústria de motores, tem ainda
um ganho adicional: viabilizar economicamente a produção de terras raras. O
cério – juntamente com o lantânio - é o elemento de maior quantidade presente nesses minérios (três vezes mais que neodímio e 500 vezes mais que
disprósio, utilizados na fabricação de imãs) e, sem ter uma destinação industrial, geraria elevados volumes de rejeito. Para atender a apenas 1% da produção atual de ligas de alumínio, são necessárias 3 mil t de cério.
Foto Divulgação/ORNL
Divulgação
ESPELEOLOGIA
julho | agosto | inthemine
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minemarket
M I N E M A R K E T
MINEAGENDA
ORLA LITORÂNEA
24 a 26 de agosto - Porto de Galinhas (PE)
http://conjugatemargins.com.br
GEOLOGIA
27 de agosto a 4 de setembro
Cape Town (África do Sul)
www.35igc.org/
MINERAÇÃO
7 a 9 de setembro - Salta (Argentina)
www.argentinamining.com
ÁGUAS SUBTERRÂNEAS
20 a 23 de setembro - Campinas (SP)
www.abas.org/xixcabas
MINEWEB
APPs
ESTUDOS MARINHOS
O Instituto de Estudos Avançados do Mar
(IEAMar), da Unesp, desenvolve pesquisas
em geologia marinha, oceanografia, gestão
de recursos naturais, meio ambiente e
recursos pesqueiros. www.ieamar.unesp.br
NOVA FILIAL
A Sotreq, revenda Caterpillar para as regiões Sudeste, Centro-Oeste e Norte do país, inaugurou uma
filial em São Gonçalo do Rio Abaixo (MG). O projeto foi viabilizado através de uma parceria firmada
em 2014 com a prefeitura da cidade, que concedeu o terreno e isenção de impostos para a implantação da unidade. Instalado no Distrito Industrial II em uma área de 44mil m², o empreendimento
conta com áreas de vendas, depósito de resíduos sólidos e um almoxarifado com 2.970 m², um
dos maiores da região.
CONTÊINER SOBRE TRILHOS
A VLI, operadora logística de ferrovias,
terminais e portos que, desde 2010,
substituiu vagões-gôndola por contêineres no transporte de calcário para a
ArcelorMittal Tubarão, passou a adotar
a mesma solução, em 2015, no transporte de cal para a siderúrgica. No
período, a medida aumentou em quase
400% o volume transportado dos produtos, além de reduzir o fluxo de caminhões rodoviários antes utilizados, que
somavam até 2,2 mil veículos/mês,
entre as cidades de Belo Horizonte e
Arcos (MG) e o porto em Vitória (ES).
Foto Divulgação / ArcelorMittal Tubarão
mineagenda
LINHA FULL
TOUR PORTUGUÊS
Iniciativa estatal, o Roteiro das Minas
traz informações sobre localização,
funcionamento, alojamento e transporte,
além de fotos, dos pontos de interesse
mineiro e geológico de Portugal.
www.roteirodeminas.pt
A aquisição da Joy Global, no final de julho, marca a expansão da Komatsu para além do Japão
e amplia a oferta de sua linha Dantotsu, de equipamentos para mineração a céu aberto e subterrânea, com escavadeiras a cabo, carregadeiras sobre rodas de grande porte, draglines, perfuratrizes, caminhões off road e mineradoras contínuas da fabricante norte-americana. A transação, com valor de US$ 3,7 bilhões, em dinheiro, depende de aprovações regulatórias e deve ser
concluída somente em 2017.
INTEGRADOR
ERA DOS DRONES
LAUDOS TÉCNICOS
O Instituto Brasileiro de Avaliações e
Perícias de Engenharia de Minas Gerais
tem por objetivo a organização, atualização
e aprimoramento técnico de peritos e
avaliadores das áreas de engenharia.
http://ibape-mg.com.br
6
inthemine | julho | agosto
Durante a Bauma’2016, feira de construção e mineração realizada em abril na Alemanha, a
Caterpillar lançou a estratégia global “The Age of Smart Iron”, que incorpora soluções digitais ao
seu portfólio de produtos e serviços. A última novidade nessa campanha é a parceria fechada
entre a fabricante e a Redbird, start up com escritórios em Paris (França) e em São Francisco
(EUA), fundada em 2013 e uma das pioneiras na obtenção e análise de dados coletados por veículos aéreos não tripulados (VANT’s), os populares drones. A associação entre as duas empresas cobre os mercados da Europa, Ásia e Oriente Médio. Já estão sendo coletados pelas aeronaves dados relativos a áreas de operação e equipamentos Caterpillar, em tempo real, que
podem resultar em ganhos
de produção e produtividade, com redução de custos, para os usuários da
marca.
Foto Divulgação / Redbird
Nova versão do Integrador de Mapas e
Projetos da CPRM permite modificar o
mapa base (Base Map Gallery) e adicionar
filtros de pesquisa por tema parcial,
código da folha e escala e tema juntos.
geociencias.cprm.gov.br/novointegrador/
minelegislação
Por William
Freire1
HERMENÊUTICA APLICADA
AO DIREITO MINERÁRIO
Foto Betho Rocha
Dando sequência ao estudo da Hermenêutica aplicada ao Direito Minerário,
analisa-se uma dúvida recorrente: o DNPM pode revogar uma autorização de
pesquisa baseado, exclusivamente, na sua discricionariedade?
Há os que entendem que sim, argumentando que o ato administrativo de autorização é, por natureza, discricionário.
Então, a autorização de pesquisa também
seria. Defendem que não há como sustentar que o legislador não tinha consciência desta característica da autorização, quando prescreveu, na Constituição,
que a atividade mineral seria exercida
através de autorização ou de concessão.
nal. Autorização, concessão, permissão e licença
não se confundem.
Alegam que todos os termos da
Constituição da República foram tomados
na sua acepção técnica. Este argumento,
entretanto, não resiste a uma análise superficial:
Está claro que a única forma de harmonizar os
mencionados regimes jurídicos é valendo-se das
seguintes assertivas:
(i) Se a expressão autorização de pesquisa foi
tomada na sua acepção técnica, também o vocábulo concessão teria sido. Mas não se pode concluir isto a respeito da concessão, porque a concessão clássica é celebrada via contrato, depende de prévia licitação, como regra geral, e tem
prazo determinado. A concessão de lavra, por
sua vez, não é formalizada por contrato, não
depende de licitação, e vigora por prazo indeterminado até a exaustão da jazida.
(ii) Se o legislador tivesse adotado as expressões autorização e concessão nas suas respectivas acepções técnicas, não poderia haver aproveitamento dos recursos minerais via licença
mineral ou via permissão de lavra garimpeira. A
Lei 6.567/78 não teria sido recepcionada pela
Constituição e a Lei 7.805/89 seria inconstitucio-
1
8
Por essa razão, se o vocábulo pertencem (à
União) tiver sido tomado em sentido técnico de
propriedade, o Município não poderia outorgar a
licença mineral da Lei 6.567/78, porque esta lei
não poderia ter sido recepcionada. Só quem
fosse proprietário (a União) poderia consentir a
exploração mineral.
(i) Os vocábulos autorização, concessão e pertencem não estão utilizados na sua acepção técnica;
(ii) A autorização de pesquisa tem atributos diferentes e não se confunde com a autorização clássica do Direito Administrativo;
(iii) O vocábulo pertencem não indica relação de
propriedade da União sobre os recursos minerais, mas relação de soberania e controle sobre
eles;
(iv) O legislador constituinte não redigiu o art.
176 com a melhor técnica, mas tão somente
copiou os vocábulos autorização e concessão
que vinham tradicionalmente sendo usados na
legislação mineral;
(v) Na interpretação do art. 176 da Constituição
a estrutura de raciocínio deve ser lógica e uniforme. Não se pode variar de acordo algum interesse específico do intérprete.
WILLIAM FREIRE é advogado formado pela UFMG. Professor de Direito Minerário em diversos cursos de pós-graduação.
Autor de vários livros sobre Direito Minerário e Direito Ambiental, entre eles o Código de Mineração Anotado, o Comentários
ao Código de Mineração, o Direito Ambiental Brasileiro, Fundamentals of Mining Law e o Gestão de Crises e Negociações
Ambientais. Publicou mais de cem artigos e proferiu dezenas de palestras sobre Direito Minerário, inclusive no exterior. É
Árbitro da CAMARB, CAMINAS e Diretor do Departamento do Direito das Minas e Energia do Instituto dos Advogados de
Minas Gerais. Fundador do IBDM — Instituto Brasileiro de Direito Minerário.
inthemine | julho | agosto
mineartigo
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PARTE I
CENÁRIOS DE PRODUÇÃO
PARA O MINÉRIO DE
FERRO NO BRASIL EM 2030
Após anos de exuberância no setor mineral
como um todo (notadamente o minério de
ferro), o período 2014/2015 foi marcado pela
ruptura do super ciclo das commodities, com a
queda mais abrupta das cotações (Fig.01) inviabilizando a produção de uma enorme quantidade de minas, expansões e novos projetos. A
combinação da desaceleração do crescimento
da China e seu menor enfoque em obras de
infraestrutura, diversificação de fornecedores
mundiais, estoques em alta, maior oferta mundial de minério de ferro, escassez mundial de
capital, ociosidade da siderurgia mundial (cerca
de 31% em abr/2016) e nacional (mercado interno) foram bastante significativas na queda das
cotações do minério de ferro. Adicionalmente,
existe um impacto decorrente de uma crescente
reciclagem do aço nos próximos anos na China
e de sua substituição por outros materiais.
O surgimento de novos players de maior porte
na Austrália, como a FMG e Roy Hill, adicionou
anualmente cerca de 200 Mt na oferta mundial
de minério de ferro (Fig.02), além de uma série
de novos projetos e expansões de outras
empresas. Por outro lado, uma contínua elevação de produção da Vale, Rio Tinto e BHP, que
têm em comum a vantagem competitiva de
baixo custo advinda de suas minas de classe
mundial em Carajás e Pilbara, elevadas reservas
e uma ampla integração mina/logística/porto.
Além disso, uma enorme quantidade de projetos concebida entre 2008 e 2013 foi considerada em um cenário onde as altas cotações de
ferro inibiram a avaliação do impacto de diversos riscos (geológico, cotações, mercado, etc) e
estimaram um elevado retorno de investimento
com forte geração de caixa (considerando as
elevadas cotações do minério de ferro vigentes
nesse período), levando diversas mineradoras a
realizarem pesadas baixas contábeis, cancelamentos e fechamento de minas. Diversas
empresas realizaram desinvestimentos, vendendo ativos minerários e projetos ou buscando
novos sócios.
A estratégia das grandes mineradoras (Vale, Rio
Tinto, BHP, FMG/Fortescue) diante do atual
cenário de baixas cotações do minério de ferro
focou pesadamente, com sucesso, a redução de
custos e elevação da produção de minas com
menor custo operacional. A Vale planeja atingir
um custo de US$ 7/t de minério no porto (custo
FOB) no projeto S11D, em 2019 (90 Mtpa),
quando sua produção total anual deverá atingir
450 Mt (nos sistemas Sul, Centro Oeste e Norte).
As altas cotações do minério de ferro vigentes
até 2013 mascararam os elevados custos de produção, insuflados por uma maior inflação nos
produtos, insumos e serviços da cadeia mineral
e pela abertura de minas com menor produtivi-
Foto Divulgação
1.Introdução
Por Mathias
Heider
Mathias Heider
é engenheiro de
minas do DNPM
Figura 01: Cotação média anual do minério de ferro 2013 a 2015
julho | agosto | inthemine
9
Fonte: http://www.hellenicshippingnews.com/has-the-iron-ore-price-hit-bottom-now/
mineartigo
Figura 02:
Produção das
principais
empresas de
mineração de
ferro
Figura 03:
Curva de custos
da mineração de
ferro mundial
2012 e 2016
dade e teores mais baixos. Com a queda das
cotações do minério de ferro, seus produtores
de alto custo se inviabilizam (principalmente na
China). Dessa forma, a estrutura de custos de
produção do minério de ferro mundial foi totalmente reconfigurada entre 2012 e 2016 (Fig.03).
Pilbara). Em 2014/15, a Austrália exportou 719
Mt (233 Mt em 2004/05) e o Brasil, cerca de 344
Mt (224 Mt em 2005). A maior proximidade do
mercado chinês, elevadas reservas e formação
de joint ventures com siderúrgicas chinesas
impulsionaram a produção australiana.
As reservas mundiais de minério de ferro são
estimadas em torno de 190 Bt (23 Bt no Brasil e
53 Bt na Austrália, com 90% na região de
2. Minério de ferro no Brasil
Entre 2000 e 2014, a produção anual brasileira
de minério de ferro evoluiu de 212,6 Mt
para 411,2 Mt (Gráfico 01). Em 2015 a
produção total da Vale atingiu o recorde
de 345,9 Mt. Entre 2000 e 2015, as exportações acumuladas de minério de ferro
do Brasil foram da ordem de 4,078 Bt,
com um ingresso de divisas em torno de
US$ 248 bilhões (US$ 41,7 bilhões
somente em 2011). A produção de
Carajás (PA) romperia a marca de 100
Mtpa somente em 2008, tendo atingido
um total acumulado de 1 Bt em out/2007.
Em 2000, a produção anual da Vale, em
Carajás, era da ordem de 47,7 Mt atingindo, em 2015, cerca de 130 Mt.
Fonte: http://fmgl.com.au/media/2841/updated-diggers-and-dealers-presentation-2016.pdf
10
inthemine | julho | agosto
www.inthemine.com.br
Fonte: DNPM
Gráfico 01:
Produção anual de
minério de ferro
2000 a 2014
Em qualquer estudo de cenário futuro, a produção futura de Carajás, em 2018/19, deverá ser da
ordem de 230 Mtpa, com o projeto S11D (90
Mtpa) exercendo papel fundamental na estratégia de redução dos custos de produção. Também
deve ser considerado o impacto da elevação dos
custos ambientais e a disponibilidade de locais
para barragens de rejeito, com adoção de métodos construtivos de maior custo, refletindo futuramente na produção de minério de ferro em
Minas Gerais.
Principais Projetos de Minério
de Ferro no Brasil (2002/2015)
Para efeito demonstrativo, seguem os principais
projetos de mineração de ferro que foram iniciados a partir de 2002. Ao todo, foram cerca de 38
novos projetos, variando de pequeno a grande
porte. Além disso, houveram expressivas elevações de capacidade de produção em projetos já
ativos (Vale, CSN, Samarco, Usiminas, Gerdau,
ArcelorMittal, Ferrous, etc).
Obs.: Leia a continuação do artigo na edição 63.
Projeto/Localização
Empresa
2002
Pelotização/Ponta da Madeira (MA)
Vale
2004
Capão Xavier (MG)
Vale
2005
Fábrica Nova (MG)
Vale
2006
Brucutu (MG)
Vale
MMX Amapá (AP)
MMX/Zamin
2007
Fazendão (MG)
Vale
2008
P3P (MG)
Samarco
2009
Projeto Itabiritos/ Pelotização (MG)
Vale
2010
SAFM (MG)
SAFM
2012
Carajás Expansão 40 Mt (PA)
Vale
2013
Conceição Itabiritos (MG)
Vale
BAMIN (BA)
ENRC
Pelotização VSM (MG)
Vallourec/Sumitomo
Projeto Tucano/Concentração (AP)
Beadell
P4P (ES)
Samarco
Minas-Rio (MG)
Anglo American
VIII Pelotização (ES)
Vale
Serra Leste/Carajás (PA)
Vale
Cauê Itabiritos (MG)
Vale
Conceição Itabiritos II (MG)
Vale
2014
Fonte: Diversos
Também foram iniciados diversos projetos de
médio e pequeno porte: Minerminas, Mtransminas, MIB, Cofersul, SAFM, Minerinvest, Empresa
de Mineração Pau Branco e Posse (MG); Vetorial
e MMP/Pirâmide (MS); Mhag (RN); Floresta do
Araguaia (PA); Zamin, Unangem, Vila Nova e
Zamapá (AP); Globest (CE) e Valmesa (TO). No
cenário atual, diversas empresas acima citadas já
paralisaram ou reduziram as operações devido
aos seus elevados custos e gargalos logísticos.
Ano
2015
julho | agosto | inthemine
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minepolítica
RESGATE DA
MINERAÇÃO
Entrevista: Warley Mattos
Edição: Tébis Oliveira
As ideias, propostas e metas de Vicente Lôbo, recém-empossado titular da SGM,
para retomar o crescimento e a competitividade da mineração no país
Vindo da iniciativa privada e após uma bem-sucedida carreira
iniciada na lendária Paulo Abib Engenharia, seguindo pela
Ultrafértil, Bunge Fertilizantes, Vale Fosfatos e Vale Fertilizantes
- sempre em cargos de gerência, coordenação e direção - e chegando à sua própria consultoria, Vicente Humberto Lôbo Cruz
foi nomeado como Secretário Nacional de Geologia, Mineração
e Transformação Mineral em 29 de julho passado.
Os dois meses entre sua indicação e a publicação do ato no
Diário Oficial da União, enquanto formalizava o desligamento
de sua empresa, foram consumidos em uma maratona de reuniões que, segundo ele, lhe deram uma visão da governança da
SGM e permitiram ouvir as expectativas e conhecer as dificuldades e desafios do setor mineral, através de encontros com
representantes de entidades sindicais a ele vinculadas e com
executivos das principais mineradoras do país.
O saldo desse processo de imersão são propostas e metas para
recuperar a credibilidade, garantir a estabilidade regulatória e a
segurança jurídica e atrair investimentos, sempre em linha com
as diretrizes definidas pelo ministro de Minas e Energia,
Fernando Bezerra Filho: “Estabelecer políticas claras e objetivas
para fazer o setor mineral voltar a crescer”. É disso e um pouco
mais que o engenheiro de minas de 63 anos, mineiro de
Uberaba e torcedor inconteste do Vasco da Gama, fala nesta
entrevista exclusiva concedida ao jornalista Warley Mattos, colaborador da In the Mine, direto de Brasília (DF).
Política Mineral
Uma política de atração de investimentos e ampliação sustentável, com diversificação, da produção mineral brasileira será a
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nossa diretriz fundamental. Entre nossas metas
estão a reestruturação das instituições do setor Departamento Nacional de Produção Mineral
(DNPM) e Serviço Geológico do Brasil (CPRM);
a atualização e integração dos sistemas de informação mineral; o aprofundamento do conhecimento geológico do território nacional e a maior
agilidade na disponibilização dos dados. Além
disso, estão previstas ações nas áreas de inovação e tecnologia, agregação de valor, sustentabilidade e formalização da pequena e média mineração. Acredito, ainda, ser primordial estreitar a
relação entre o Governo e o setor privado.
Minha gestão será de abertura do diálogo com as
grandes, médias e pequenas empresas do setor,
além da comunidade em geral
Marco Regulatório
O tema precisa ser rediscutido à luz do atual
momento da mineração mundial e já é um consenso que a proposta de um novo marco regulatório deve ser avaliada em separado, já que
engloba três assuntos de natureza distinta: regulamentação do setor, participação governamental
(CFEM) e criação da Agência Nacional de
Mineração. O Código de Mineração vigente tem
o mérito de ser uma legislação estável, que tem
proporcionado a segurança jurídica demandada
pelos investidores e garantiu importantes avanços ao setor mineral brasileiro. Por outro lado, é
preciso reconhecer que conjunturas políticas,
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DNPM
É necessário, em caráter mais urgente, um choque de gestão que promova o aumento da produtividade e da qualidade técnica do órgão.
Além disso, a reestruturação da informatização, a
criação de um banco de dados integrado do
setor mineral e a definição de uma árvore arquitetônica organizacional que possibilite maior
celeridade na análise dos processos minerários,
reduzindo o tempo para a emissão de títulos e o
passivo processual do órgão. Esperamos liberar
mais de 90 mil processos que se encontram em
análise e colocar no mercado mais de 20 mil
áreas em disponibilidade.
CPRM (SGB)
Uma de nossas prioridades na CPRM é a implementação de um modelo de gestão mais eficiente, para que a empresa cumpra a sua missão, e o
direcionamento da cultura organizacional para a
superação de desafios, aumento da produtividade e atingimento dos objetivos estratégicos. É necessário disseminar a disponibilidade dos dados aerogeofísicos e geoquímicos e agregarlhes conhecimento, para gerar informações que demonstrem a
potencialidade e as oportunidades para investimentos em pesquisa mineral no Brasil. Em paralelo, atualizar e integrar os sistemas de informação, criando uma plataforma mais amigável
para o acesso dos usuários. Prevemos também leiloar 354 áreas
para carvão, ouro, zinco, chumbo, fosfato e caulim, entre
outras, detidas pelo órgão. O primeiro passo será a realização
de um “road show” com as áreas prioritárias. Até o primeiro trimestre de 2017, já devemos ter licitado ao menos 10 delas.
Pesquisa Mineral
No prazo mais curto possível, queremos tornar o ambiente
brasileiro mais amigável aos investimentos de risco, principalmente externos, em exploração. Paralelamente, vamos dialogar com as grandes casas de mineração no Brasil, que vem
concentrando seus investimentos apenas no entorno de suas
minas, para voltarem a investir em pesquisa mineral.
Recentemente, tivemos a inclusão da Comissão Brasileira de
Recursos e Reservas (CBRR) como membro oficial do Comitê
Internacional de Normas de Declaração de Recursos Minerais
(CRIRSCO). Trazer para o Brasil um sistema moderno de definição e classificação de recursos e reservas minerais é um
passo de extremo valor para a captação de investimentos para
a indústria mineral.
Foto Warley Mattos
econômicas e sociais têm se modificado cada vez
mais e em velocidade cada vez maior, demandando mudanças estruturais que adequem os
setores a essa realidade. Todo o setor mineral
será convidado a esse debate.
"Minha gestão será
de abertura do diálogo
com as grandes,
médias e pequenas
empresas do setor,
além da comunidade
em geral"
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minepolítica
Transformação Mineral
Nossa agenda prevê a intensificação dos programas de inovação e tecnologia, por meio da atuação conjunta com outros
órgãos de governo, com o setor privado e com a academia.
Esperamos, ainda, uma ampliação do diálogo com o CETEM
(Centro de Tecnologia Mineral), com o objetivo de promover
ações de pesquisa, desenvolvimento tecnológico e inovação,
com foco na verticalização do setor e na agregação de valor aos
bens minerais. Outra proposta a ser estudada é a criação de
uma rede de centros tecnológicos, voltados a novas tecnologias
para exploração, engenharia de processos e transformação
mineral, além de mecanismos de financiamento público e privado. A implementação da primeira Zona de Processamento e
Transformação Mineral (ZPTM), em análise, será o passo inicial
da criação de centros de desenvolvimento mineral.
Pequena e Média Mineração
A pequena e a média mineração respondem, atualmente, por
80% da atividade minerária no Brasil, com uma relevância econômica e social inquestionável. Paradoxalmente, é um segmento com elevado grau de informalidade, gerando prejuízos econômicos, sociais e ambientais importantes. Nossa expectativa é
estabelecer um programa de formalização para a mineração em
pequena escala, que considere aspectos como financiamento e
acesso a créditos, legalização, ferramentas de gestão, desenvolvimento tecnológico e adoção de melhores práticas. Esperamos
estreitar o relacionamento com o CETEM e atuar conjuntamente para a promoção de programas de inovação e desenvolvimento tecnológico aplicados à mineração.
e os importados, excluindo esses insumos da
Lista de Exceções à Tarifa Externa Comum
(LETEC) e implementando a isonomia de ICMS.
Além disso, devemos realizar levantamentos de
recursos minerais específicos para potássio e
fosfato, ampliando o conhecimento de seu
potencial nacional e disponibilizando novos
dados.
Terras Raras
Prevemos a elaboração de um programa de
desenvolvimento integrado da cadeia produtiva
de elementos terras-raras no país, visando ao
estabelecimento de processos produtivos e à
definição de produtos específicos de alto valor
agregado, como catalisadores e ímãs permanentes de Neodímio-Ferro-Boro (NdFeB) de alto
desempenho para uso em geradores eólicos e
motores elétricos. Também esperamos criar a
Rede Tecnológica de Terras-Raras, formada por
instituições científicas e tecnológicas, para atuar
no desenvolvimento tecnológico e na definição
de processos e produtos de cada etapa da
cadeia produtiva, com compartilhamento de
infraestrutura e otimização dos recursos investidos em PD&I. Essas ações envolvem a articulação interministerial (MME, MCTI e MDIC), além
de parcerias com o setor empresarial, e serão
estudadas e aprimoradas em nossa gestão.
Gestão de Barragens
Minerais Nucleares
A revisão do monopólio dos minerais nucleares faz parte da
agenda definida para o setor. Apesar de seu enorme potencial
de jazidas de urânio, o Brasil possui apenas uma mina em operação no País, em Caetité (BA), cuja produção é suficiente para
abastecer todo o Programa Nuclear Brasileiro. Os principais países mineradores não apresentam restrições a esse comércio e
concentrados de minerais nucleares são comercializados em
todo o mundo como commodities, sem colocar em risco os países que os produzem. Outro fator é que, em geral, os minerais
nucleares ocorrem associados a outros minerais úteis que, com
a restrição, têm seu aproveitamento prejudicado. É importante
avaliar quais os impactos desse monopólio para o setor mineral brasileiro e propor a sua revisão.
Agrominerais
É estratégico termos uma política de insumos agrícolas que
garanta segurança futura a este setor, hoje muito dependente
do subsolo de outros países. Vamos estudar a possibilidade de
estabelecer isonomia entre os fertilizantes produzidos no País
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Considero essencial rediscutirmos a forma de
atuação do DNPM no que diz respeito à fiscalização da segurança de barragens de rejeito de
mineração. É necessário revisar a metodologia
adotada para que a avaliação dos dados apresentados pelas empresas ocorra com a devida
perícia técnica, assim como a verificação da
execução de procedimentos preventivos e corretivos em barragens que receberem notificação
de mau funcionamento. Isso requer o adequado
aparelhamento do órgão e o reforço do esforço
fiscalizatório. Podemos pensar ainda na criação
de um instrumento que estabeleça a adoção,
pelas mineradoras, de um sistema uniformizado
de gestão de barragens, com a alimentação de
um banco de dados integrado online, que possa
ser visitado e monitorado pelo DNPM. Outro
ponto importante é a gestão integrada com a
CPRM, quanto ao conhecimento geotécnico das
áreas de barragens e às políticas de prevenção
e resposta a riscos.
minetreinamento
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GAME ON
Em pouco mais de dez anos, a Vale já treinou cerca de 10 mil operadores em
simuladores virtuais de operação de equipamentos em minas
Há mais de dez anos, a Vale emprega simuladores virtuais no treinamento de seus operadores.
Até 2014, eram quatro equipamentos. Em 2015,
foram adquiridos outros sete. Atualmente, quatro
ficam no Sistema Norte (Pará) e sete no Sistema
Sul (Minas Gerais). Oito são usados para caminhões off road, dois para escavadeiras e um para
tratores de esteira.
Os modelos são da
Immersive Technologies, CAE Terra Mining
Simulator e 5DT (Fifth Dimension).
A condução mais eficiente pelos operadores
também traz ganhos de produtividade e disponibilidade dos equipamentos, aumenta o fator
de enchimento de carga e a carga média transportada e reduz os tempos de manobra e, no
caso das escavadeiras, os tempos de giro. Entre
os custos operacionais, destacam-se a redução
do consumo de combustível e de gastos com
manutenção e o aumento da vida útil dos pneus
e componentes das máquinas. O uso de simuladores também eliminou o emprego de equipamentos reais para os treinamentos, evitando
danos por imperícia e mantendo sua taxa de
utilização em campo.
Fotos Agência Vale
A decisão de adotar o treinamento virtual, explica Kesley Julianelli, gerente de Competitividade
e Produtividade de Minério de Ferro da Vale,
visou a maior capacitação dos operadores para a
obtenção de índices melhores de segurança, produtividade e custo operacional. “Reduzimos o
número de acidentes e ampliamos o controle em
situações de emergência. Antes, os funcionários
só conseguiam aplicar a teoria aprendida em
situações reais”, justifica.
Simulador de
equipamento
de mina, com
kit de caminhão
off road, usado
pela Vale
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minetreinamento
Aproveitamento
Para os operadores novatos, diz Julianelli, a simulação é uma
oportunidade de primeiro contato com os equipamentos em
um ambiente seguro onde as condições de operação são reproduzidas em realidade virtual com alta fidelidade. “Além do
aumento da capacitação técnica, percebemos uma maior satisfação pessoal dos treinandos, com impacto positivo no clima
organizacional da empresa”, acrescenta o gerente. Para os
empregados já experientes, o curso é focado na identificação
dos principais vícios ou falhas operacionais, que são corrigidos
pelo instrutor.
Cada sessão ou cenário de treinamento possui 40
minutos de duração, totalizando 4 h de capacitação, em média. O treinamento teórico é o
mesmo para todos os operadores, mas a capacidade de aplicá-lo em campo varia de um para
outro. “Cada operador leva o tempo que for
necessário para o seu desenvolvimento, tornando o treinamento mais individualizado em função de seu ritmo pessoal”, explica o gerente. A
sistemática permite, ainda, medir o percentual de
melhora em cada KPI (indicador operacional)
verificado. Mais de 10 mil operadores da Vale já
passaram pelos simuladores até hoje.
Em termos técnicos, Julianelli lembra que os
simuladores mais antigos apresentavam falhas
nos compressores que acionavam os cilindros da
base de movimento. Nos mais novos, há alguns
problemas no sistema de refrigeração e na manutenção dos projetores. Também há situações que,
apesar de reais, ainda não podem ser simuladas.
Uma delas é a superfície irregular na área de
movimentação do caminhão off road, que pode
ocasionar seu tombamento.
Aprendizado
Ronaldo Cristino opera equipamentos na mina
Capão Xavier, no Sistema Sul da Vale, em Nova
Lima (MG), desde abril de 2013. Mas foi antes,
quando começou a operar uma escavadeira na
Mina de Tamanduá, na mesma cidade, que ele
fez seu primeiro treinamento em um simulador.
Faria um segundo, depois, para operar o caminhão 775 Caterpillar.
Entre um curso e outro há diferenças, diz
Cristino. “No primeiro, tudo o que aprendi sobre
o equipamento foi no simulador. No segundo, eu
já tinha habilitação na categoria “D” e experiência na área”, lembra. Para ele, o simulador muda
toda a operação para quem já dirige equipamentos porque identifica os erros cometidos no dia a
dia. O treinamento também lhe deu dicas de
economia e segurança. ”Aprendi que podemos
cuidar melhor do equipamento e economizar
combustível com algumas atitudes. O bom disso
é que não contribui somente para a vida profissional dos operadores, mas também para o meio
ambiente”, explica.
Ronaldo Cristino: treinamentos virtuais para
operação de escavadeira e caminhão 775 Caterpillar
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mineprocessamento
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Por Wilson Bigarelli
BRITAGEM:
PROCESSOS E GESTÃO
Mineradoras detalham suas plantas de britagem em operações de fosfato, minério
de ferro, nióbio, níquel, ouro e zinco e falam de sua manutenção e otimização
Segundo, o gerente de Operações de
Ouvidor (GO), da Unidade de
Negócios Fosfatos, da Anglo American,
Hugo Cliger Santos Nadler, existe um
cronograma semanal, na maioria das
vezes, de manutenção preventiva das
instalações de britagem, aproveitando
os momentos em que o pátio está com
estoque completo. Também da Anglo
American, a planta industrial de Barro
Alto (GO) tem dez rotas de manutenção preventiva, além de intervenções
corretivas e preditivas, explica Cristiano
Cobo, diretor de Operações de Níquel
da Anglo American Brasil, gerando
bons resultados com o aumento das
manutenções
programadas.
Na
Unidade Vazante (MG), da Votorantim
Metais, a gerente de Beneficiamento da
planta, Juliana de Souza Siqueira, tem
uma equipe própria para manutenções
preventivas quinzenais da britagem,
sendo que as que não requerem a paralisação
dos circuitos são feitas na rotina.
Com instalações novas, operando há cerca de dois anos, as plantas de britagem do Minas-Rio e da Unidade de Negócios Nióbio,
da Anglo American, não tiveram investimentos em 2016.Também
não estão previstos recursos adicionais para a usina de Araxá, da
Vale Fertilizantes, que processará o minério extraído da nova
mina de Patrocínio, no final deste ano exceto, talvez, por uma
mudança na rota operacional de concentração, diz o gerenteexecutivo de Desenvolvimento de Projetos da mineradora,
Camilo Silva. Considerando os Complexos de Cuiabá, Sabará
(MG) e Serra Grande (GO), o gerente de Projetos e Processos da
AngloGold Ashanti, José Roberto Vago acredita que sempre é
possível otimizar as instalações de britagem e beneficiamento
com a aplicação de conceitos OEE (Operational
Equipment Efectiveness).
Há investimentos sendo realizados em Ouvidor e
estudos para otimização dos circuitos de britagem
de Barro Alto e do peneiramento da planta de
Córrego do Sítio.
Fosfato
Na unidade de Ouvidor, da Anglo American
Brasil, o minério passa inicialmente pelas etapas
de peneiramento e britagem primária, seguindo
para a pilha de homogeneização, que visa reduzir a variabilidade da alimentação, e daí para a
moagem primária, fase inicial do circuito de processamento. A planta de britagem é formada por
uma grelha, um silo de alimentação, um alimentador de sapatas, duas peneiras vibratórias
Nordberg CBS 8’x20”DD, da Metso, dois britadores Hazemag AP-P1615, um extrator de sucatas
Inbras, um amostrador (fabricação interna), correias transportadoras Mercúrio e uma empilhadeira de minério Metso. A capacidade de produção da britagem
é de cerca de 6,4 Mtpa.
Foto Divulgação
Com o objetivo de traçar um panorama dos circuitos de britagem em operação no Brasil, parte
do especial Processamento Mineral, trazemos,
nesta edição, as configurações dessas plantas em
unidades de produção da Anglo American Brasil,
AngloGold Ashanti, Vale Fertilizantes e
Votorantim Metais. Na edição 63 serão apresentadas as etapas e componentes das usinas de
beneficiamento dessas empresas. Estão contempladas, também, as práticas de manutenção e os
investimentos previstos ou realizados neste ano
nessas instalações.
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Foto Divulgação
mineprocessamento
Planta de beneficiamento do Minas-Rio, em Alvorada de Minas (MG)
Neste ano, diz Nadler, perto de R$ 700 mil estão sendo investidos no processo de amostragem do minério britado, mas o sistema como um todo sempre pode ser otimizado. “Podemos
revisar o projeto, o dimensionamento e tipo de equipamentos,
confrontando com as tecnologias atualmente disponíveis em
mercado”, explica o gerente.
Minério de Ferro
Também produtora de fosfatos, a Vale Fertilizantes tem sua
planta de beneficiamento em Araxá (MG), que recebe o minério extraído de Cajati (SP) e, a partir do final do ano, também o
do novo projeto Patrocínio, na cidade mineira de mesmo nome
(veja matéria nesta edição). O circuito de britagem é composto
por um britador de impacto Icon, um britador sizer MDE e por
peneiras vibratórias Metso. As etapas de empilhamento e retomada são realizadas por um stacker e por uma retomadora de
caçambas, ambos da Isomonte.
Na planta de beneficiamento do Minas-Rio, que
começou a operar em outubro de 2014, da
Unidade de Negócio Minério de Ferro Brasil da
Anglo American, os investimentos foram divididos em três áreas, segundo o diretor de Operação,
Rodrigo Vilela: pessoas, equipamentos e processos. Para a britagem e usina, mais de 100 menores aprendizes da região, entre mecânicos, soldadores e eletricistas, foram qualificados através de
uma parceria com o Senai de Conceição do Mato
Dentro (MG) e tiveram um treinamento de capacitações específicas de manutenção com fornecedores do projeto, por 6 meses. Hoje, 90% deles
são contratados do Minas-Rio.
Do minério de Patrocínio serão gerados dois tipos de produto:
65% de GCA (Grosso de Concentrado Apatítico, com 35% de
teor P2O5) e 35% de FCA (Fino de Concentrado Apatítico, com
33% de teor P2O5). “Em princípio, não será necessária qualquer
modificação no processo atual de beneficiamento para agregar
essa produção. Porém, se houver uma demanda no processo,
está prevista uma pequena mudança na rota operacional de
concentração com a criação de um circuito cleaner de flotação
em coluna”, diz Silva.
Já os equipamentos foram adquiridos de empresas que são referência na mineração e estão no
início de sua vida útil, diz Vilela. “Agora, estamos
investindo em técnicas de monitoramento como
análise de vibração e ultrassom e de integridade
estrutural, alimentando os sistemas de automação que nos fornecem parâmetros e alarmes
online, permitindo a programação preventiva das
intervenções”, explica o diretor.
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Além de grelhas e peneiras para classificação, o
circuito de britagem do Minas-Rio opera com 2
britadores de mandíbula C 140 Metso, com abertura de 150 mm e capacidade nominal de 557 tph,
na britagem primária, 4 britadores cônicos HP 500
Metso (25 mm de abertura e capacidade nominal
de 616,50 tph), na britagem secundária, e 3 prensas de rolo, com diâmetro de 2,4 m, comprimento de 1,65 m e capacidade nominal de 2.164 tph.
Nióbio
A Unidade de Negócios Nióbio, da
Anglo American Brasil, tem a Mina
Boa Vista, em Catalão, e a Mina 2, em
Ouvidor (GO), onde também fica a
planta de beneficiamento. Tanto as
instalações de britagem quanto as de
beneficiamento são novas, com menos
de dois anos de operação. Daí que os
investimentos previstos para essas
áreas, diz Joselito Dásio da Silva,
gerente de Produção da unidade, são
para manter sua disponibilidade física e para melhorias de processo, automação e sistemas de controle avançado.
A instalação de Britagem é composta do peneiramento primário, com uma grelha vibratória Haver & Boecker e da britagem
primária, com um britador de mandíbulas Metso. Para o peneiramento secundário são usadas peneiras vibratórias Haver &
Boecker e para a britagem secundária, um britador cônico
Metso. Segue-se o peneiramento terciário, também com penei-
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Foto Divulgação
Na área de processo foi desenvolvido o Plano
Diretor de Lubrificação (PDL), com investimentos
de mais de R$ 8 milhões, para a blindagem dos
equipamentos, evitando sua contaminação, e a
filtragem de lubrificantes novos e usados. As
equipes de lubrificação foram treinadas e certificadas pelo International Council for Machinery
Lubrication (ICML). Além do PDL, foi implantado
o Plano Diretor de Automação e Informação
(PDAI), com 12 sistemas distintos de suporte à
produção, com destaque para o Process
Information Management System.
mineprocessamento
ciária estão uma peneira RollerScreen
RS6R180/50, da FLSmidth, com 474 tph de capacidade de projeto, e um britador de rolos
RR100120 Metso, para 80,6 tph. Por fim, a britagem quaternária é composta por uma peneira
vibratória MSH 10’x24’DD Metso (472 tph) e por
um britador cônico CH660 Sandvik (273,1 tph).
As britagens secundária e terciária são divididas
em duas linhas (A e B), ou seja, os equipamentos são duplicados.
ras vibratórias Haver & Boecker, separadores magnéticos de
média intensidade Inbras e britadores cônicos Metso para na
britagem terciária. A capacidade nominal de alimentação do circuito é de 660 tph. Segundo o gerente, a planta conta com um
programa robusto de manutenção preditiva e preventiva e com
uma equipe altamente especializada.
Níquel
Foto Divulgação
A planta industrial de Barro Alto (GO) trabalha atualmente com
quatro instalações de britagem, explica Cobo. Na britagem primária estão um britador Mineral Sizer 10/220 CHD, da
FLSmidth, com 875 tph de capacidade de projeto. Outro britador da mesma marca, modelo 7/220 CCDT, com capacidade de
projeto de 475 tph, realiza a britagem secundária. Na etapa ter-
Segundo Cobo, a área de britagem conta com em
dez rotas de manutenção preventiva, que segue
como referência o Plano de Manutenção de 52
Semanas da mineradora. Há também manutenções corretivas e preditivas e, anualmente, são
realizadas duas intervenções de manutenção de
grande porte, durante as paradas programadas
dos fornos da planta de beneficiamento. “Existe
um trabalho robusto em andamento, para aumentar a confiabilidade desses equipamentos e o
emprego cada vez maior de manutenções programadas já produz bons resultados”, diz o diretor.
Sem investimentos previstos para este ano, ele
conta que a empresa estuda, agora, a viabilidade
de uma nova etapa de peneiramento do minério
antes de sua entrada nos fornos secadores.
Ouro
O Complexo Córrego do Sítio, da AngloGold
Ashanti, em Santa Bárbara (MG), possui uma
etapa da britagem no circuito de minério sulfetado composta por um britador de mandíbulas
Sandvik CJ-411 e por um britador cônico HP 300
Metso. A massa processada é de 250 tph. No circuito de minério oxidado, com capacidade para
150 tph, há um britador de mandíbulas FAÇO
80x50C e um de martelos Svedala. Nos dois circuitos são empregadas peneiras IMIC.
No Complexo Cuiabá, em Sabará e Nova Lima
(MG), a mineradora possui uma etapa da britagem
no subsolo e outra na superfície. A britagem de
subsolo é composta por um britador de mandíbulas Metso C-125 e opera em turno de 12 h/dia. A
massa processada é de 3.600 t/dia. A etapa de
superfície, com capacidade instalada de 345 tph,
conta com um britador de mandíbulas C-110, um
HP-300 e um HP-500, todos Metso. Nos dois circuitos, as peneiras são da Haver & Boecker.
Instalações de britagem da planta industrial de Barro Alto (GO)
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Já no Complexo Serra Grande, em Crixás (GO),
um britador primário de mandíbulas de 1 eixo,
mineprocessamento
modelo FAÇO 100x80, trabalha em circuito aberto e alimenta uma correia transportadora de 36”.
A correia descarrega em uma peneira vibratória
primária Metso, com 2 decks (1” e 5/16”) e inclinação de 20º, para uma primeira classificação. O
britador secundário FAÇO 10-60, com eixo
excêntrico, é do tipo hidrocônico e também trabalha em circuito aberto. Na etapa terciária, duas
peneiras vibratórias Metso, com 2 decks cada e
inclinação de 20º, trabalham em circuito fechado
com um britador hidrocônico FAÇO 3-60, com
eixo excêntrico e abertura de 14 mm, e com um
cônico CH440-MF Sandvik, com abertura de 6
mm. A planta de britagem é totalmente automatizada, possui capacidade instalada de 270 tph e
seu produto final é 100%< 5/16”.
Fluxograma do
circuito de
britagem de
calamita na na
Mina Vazante (MG)
22
“Na Unidade Vazante da Votorantim Metais possuímos britadores de mandíbulas, cônico e
Barmac. Nosso circuito de britagem é totalmente
fechado com peneiras e tem capacidade atual de
220 tph para um minério com WI de 18 e produto com granulometria de 95% passante em 9,5
mm”, descreve Siqueira.
No circuito de minério de calamina opera um
britador primário de mandíbulas 9060 Atlas
Copco (150 tph). A britagem secundária é realizada por dois britadores de mandíbulas 9025,
também Atlas Copco (100 tph), e por uma peneira MN 60024/2ª FAÇO (150 tph – 3”). No circuito de minério de willemita, são da Metso os britadores que operam na britagem primária, secundária e terciária: um modelo de mandíbulas
Nordberg C100 (250 tph), um cônico Nordberg
OMNICONE1352 (300 tph) e um cônico
Nordberg OMN400 HP (300 tph). Na britagem
quaternária há um B7100 VSI Barmac, para 120
tph. As peneiras empregadas na classificação são
uma LH7’x16’DD Svedala (307 tph), com dois
decks (58 mm/50 mm e 25 mm) e uma banana
k8’x16’ Schenck (364 tph), com dois decks (16
mm/14 mm e 12 mm/10 mm). Há, ainda uma
empilhadeira (250 tph) e uma raspadora tipo
ponte duplo ancinho (200 t de capacidade nominal), ambas da Krupp Fördertechnik. Os dois circuitos de britagem possuem produto final com
granulometria de 95% passante em 9,5 mm.
Foto Divulgação
Segundo Vago, na planta de minério oxidado de
Córrego do Sítio, está sendo avaliada a substituição da peneira vibratória da britagem primária,
secundária e da estocagem intermediaria reguladora. No que se refere à otimização das instalações, diz o gerente, “sempre há oportunidades de
implementarmos melhorias da gestão dos processos, das operações unitárias e de manutenção
para a eliminação de gargalos de capacidade e
tecnológicos. Por exemplo, a vida útil dos revestimentos dos britadores, a performance das
peneiras de classificação, a maximização das
horas operadas, produtividade, automação e controle dos processos, no caso da britagem. Tudo
contribuindo para a maximização da performance operacional e redução de custos”, justifica.
Zinco
inthemine | julho | agosto
mineempresa
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GERAÇÃO JÚNIOR
A atuação, projetos e desafios dos futuros geólogos
e engenheiros de minas à frente de empresas juniores,
buscando a profissionalização ainda na academia
No caso da mineração, são jovens estudantes de
Geologia e Engenharia de Minas que trabalham
nas empresas juniores criadas em seus cursos
universitários para antecipar a vivência e experiência da futura profissão. O modelo, que surgiu
no Brasil na década de 1980, deu ao país a liderança mundial desse ranking, passando inclusive
a França, que criou a primeira EJ em 1967. Em
2015, segundo a Brasil Júnior, confederação
nacional que representa o setor, havia 311 EJs no
país (na França há 173), com 11,4 mil jovens
empresários vinculados a 287 universidades, em
18 estados e no Distrito Federal (DF), com um
faturamento de R$ 10 milhões.
Organização
diário com o meio acadêmico e, por extensão, com as atualizações científicas de sua área, contribui para a concepção de projetos de sucesso. Também a dedicação da equipe é exclusiva e
sua interatividade permanente com o contratante é enorme.
Em que pesem todos esses pontos positivos, o céu sobre as EJs
ainda está sujeito a turbulências. Por conta do mercado e, também de seus próprios emissários, às vezes. “Hoje, os principais
desafios das EJs são as dificuldades para sua legalização contábil, a obtenção de apoio financeiro para os projetos e, principalmente, o reconhecimento, pelo mercado, de sua condição
de empresa capaz de atuar em sua área”, diz Erisvaldo
Bitencourt de Jesus, coordenador do Colegiado de Engenharia
de Minas da UFBA e orientador da Cristal Jr.
Foto Álvaro Britto
Mesmo nas férias de julho, eles estão atentos aos
e-mails. Nem sempre em dias e horários comerciais, é verdade. Cabe se ligar em respostas que
podem vir num sábado à noite, numa manhã de
domingo ou madrugada adentro. Alguns preferem conversar por WhatsApp e todos possuem
fotos em alta resolução. Sinais dos tempos
modernos de conectividade full time e da cultura de selfies com celulares de câmaras poderosas. E, se a resolução não for adequada, basta
explicar uma vez e esperar que a caixa de e-mail
aguente o peso de milhões de bytes atravessando o túnel da banda larga.
Por Tébis
Oliveira
Henrique Avelar e Álvaro Britto, do CEFET-MG (1º e 3º na foto),
com Mayara Cunha (RH), Pâmella Ribeiro (vice-presidente),
Renata Monteiro (Finanças) e Luiz Ramos (Projetos), da EngMine Jr
Em relação a consultorias tradicionais de mineração, as EJs são bastante competitivas. O custo de
seus trabalhos está abaixo do valor de mercado.
A qualidade é de excelência: contam com a
orientação de professores, que também supervisionam suas atividades. Além disso, seu contato
Foto Divulgação
As EJs possuem um organograma com cargos de
presidência e direção, no geral, eleitos por votos
diretos de seus membros. Estes, ingressam como
trainees após um processo seletivo, sendo depois
efetivados conforme o seu desempenho.
Wallace Freire (Marketing), Arnaldo Vilela (Projetos),
Heminny Galvão (Presidente), Diego Trindade (Administrativo Financeiro)
e Igor Mandu (Gestão de Pessoas), da Cristal Jr, da UFBA
julho | agosto | inthemine
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mineempresa
envolvidas com desmonte de rocha, principalmente pedreiras da região metropolitana e do
interior da Bahia. “Somos a única empresa do
estado que realiza cursos de formação e reciclagem em blaster, segmento onde já nos consolidamos. Mas ainda está difícil conseguir abertura
de mercado para serviços como o de consultoria
em otimização de desmonte de rocha”, diz a
diretora-presidente Heminny Galvão.
Rodrigo de Lemos Peroni, professor associado de Engenharia
de Minas da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do
Sul) e orientador da EJ Minas, diz que falta conhecimento, pela
sociedade e comunidade, da possibilidade de contar com os
serviços especializados das EJs. Mas acrescenta: “Por outro lado,
falta também aos alunos desenvolvimento técnico e maturidade
para se apresentar ao mercado”.
Da parte das universidades, o apoio vai desde a cessão do espaço físico e laboratório, passando pela assistência técnica dos
orientadores que chegam inclusive a ajudar, na medida do possível, a captar recursos e atrair parcerias no mercado. Mas, infelizmente, há exceções.
A EngMine Jr, do CEFET-MG (Centro Federal de
Educação Tecnológica, de Araxá), criada em
2014, já organizou eventos técnicos como o
Seminário de Águas Subterrâneas, que teve o
apoio da ABAS (Associação Brasileira de Águas
Subterrâneas), e o CBH (Comitê da Bacia
Hidrográfica) Araguari, com a Vale Fertilizantes e
a CBMM (Cia. Brasileira de Mineração e
Metalurgia), diz o ex-presidente da EJ, Ramon
Vinhas Oliveira Lima. Na nova gestão, conta o
presidente atual, Cássio Murilo Borges Júnior, foi
iniciado em abril o Sun Valley, primeiro ecossistema de empreendedorismo e inovação de
Araxá, iniciativa conjunta com a EJ da Uniaraxá,
a ACIA (associação comercial da cidade), o
SEBRAE e outras empresas locais. E, ainda neste
semestre, será executado um projeto para otimizar a secagem da planta de beneficiamento e realizar um estudo financeiro detalhado em uma
mineradora da região.
Engenharia de Minas
Foto Divulgação
Fundada em 2003, atualmente a Cristal Jr, da UFBA
(Universidade Federal da Bahia), tem como foco as empresas
Foto Jefferson Araujo
Diretores, membros, consultores e trainees da EJ Minas, da UFRGS
Geoconsultoria Jr, da UFOP: atrás, Raphael Perpetuo (diretor de Comunicação),
João Henrique G.de Almeida (Qualidade), João Arthur Andreazzi (gerente de
Projetos). À frente, João Vitor Abreu (Administrativo Financeiro), Christiane Soares
(assessora de Comunicação), Matheus Amaral Parreiras (vice-presidente),
Guilherme Frade (diretor de Projetos), Wanessa Neves (diretora de RH) e Philippe
Resende (presidente)
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inthemine | julho | agosto
Com dois anos de atividades, a EJ Minas, da
UFRGS, trabalha com médias e grandes empresas da Região Sul e já executou projetos de
modelagem geológica, avaliação econômica de
depósitos, sequenciamento de lavra e estabilidade de taludes. “Somos a única empresa júnior
atuante nessa área no sul do país, mas ainda
somos desconhecidos. Nosso maior desafio é
vencer a resistência inicial de empresas seniores
para que entendam nosso propósito, acreditem
em nossa capacidade e confiem em nós para
seus projetos”, diz a presidente Bruna E.Gava
Milanesi.
Surgida em 2005, a Minas Jr agrega estudantes de
Engenharia de Minas e Geologia, da UFMG
(Universidade Federal de Minas Gerais). Entre
suas atividades, o vice-diretor de Comunicação,
Arthur Guerra Iglesias Rodrigues, destaca a realização de ensaios de caracterização de areia, o
mapeamento de propriedades físico-químicas de
fosfato em rochas, estudos para otimização da
produção de pigmentos a partir de rochas ferru-
ginosas e ensaios caracterizadores de amostras
de minério de ferro.
A Minera Jr sucedeu, em 2014, a antiga EJ da
UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto).
Entre seus clientes estão mineradoras de grande,
médio e pequeno porte, órgãos públicos e pessoas físicas. Segundo o diretor-presidente Pedro
Henrique Neuppmann, a empresa já atuou na
recuperação ambiental de áreas degradadas para
a Prefeitura de Mariana (MG), na padronização
de operações de beneficiamento para a Samarco
e na elaboração de laudos geotécnicos para
empresas e pessoas físicas no centro-sul de
Minas Gerais e está realizando diferentes projetos para mineradoras e prefeituras da região de
Ouro Preto.
Fotos Divulgação
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Diretores e membros da Geo Jr Consultoria, do IGc-USP
Geologia
Também da UFOP, a Geoconsultoria Jr destaca o
mapeamento, em escala 1:10000, realizado para
a Helby Álvares Muzzi Construções, para caracterizar o modelo estrutural de um jazimento de
minerais berilíferos, definindo as melhores áreas
e parâmetros para prospecção futura. “Neste
semestre, iniciaremos o Programa Educacional
de Geologia em Áreas de Risco (PEGAR), integrando estudos de comunidades acadêmicas e
utilizando mapeamentos geotécnicos recentes da
CPRM (SGB), com fins educativos, informativos
e de mobilização da população moradora de
áreas de risco", explica o diretor de Projetos,
Guilherme Frade.
Segunda EJ mais antiga em Geociências, também
criada em 1992, a Geo Jr Consultoria, da USP
(Universidade de São Paulo), em uma fase de
baixa demanda de mercado, está executando dois
projetos de cunho social. “Um deles, com o
Museu de Geociências da USP, é uma cartilha
sobre mineração para auxiliar na identificação de
alguns minerais e na diferenciação entre os que
não possuem valor econômico e os que são economicamente rentáveis, além de orientações básicas sobre a operação de uma mineradora. Outro
é o Profissão Geocientista, de divulgação dos cursos do IGc-USP em escolas públicas e particulares”, conta a presidente Fernanda Ferreti.
Fundada em 2009, a Geologus Jr, da UFRN
(Universidade Federal do Rio Grande do Norte),
atua em todas as linhas da Geologia e está
ampliando seus serviços com duas novas tecno-
Diretoria executiva da Geologus Jr, da UFRN
logias: o uso de drones para aerofotogrametria, mapeamento
geológico e monitoramento de frentes de lavra e construção
civil, entre outras aplicações, e geoaplicativos para tours virtuais
por sítios de mineração e eventos geológicos. “Já está disponível para download no Google Play um aplicativo que permite
um passeio pelos 16 geossítios do Geoparque Seridó (RN)”,
conta a diretora presidente da EJ, Lidyane Araújo.
Criada em 2015, a Petra Jr, da UFRGS, que aceita estudantes de
Geologia, Geografia e Engenharia Cartográfica, ainda não tem
um portfólio de projetos realizados. “Atualmente, estamos em
uma fase de contato com outras EJs e de definição do perfil de
alunos e ex-alunos para desempenhar melhor nossas funções,
tanto em termos de demanda de mercado, quanto em relação
às necessidades dos estudantes”, explica o presidente Orlando
Quintela.
Importância
Peroni, da UFRGS, acredita que a participação em uma EJ cobre
uma lacuna das universidades quanto à questão de empreendedorismo, gestão e percepção de uma estrutura hierárquica.
“Os alunos passam a perceber que o bom técnico precisa, muitas vezes, gerenciar um setor ou a sua própria empresa, estar
em contato com o seu cliente, receber o feedback de forma
construtiva para aprimorar seu desempenho e buscar mercado
para sua ideia, serviço ou produto”.
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mineempresa
Issamu Endo, diretor da Escola de Minas, da
UFOP, um dos fundadores e orientador da
GeoConsultoria Jr, destaca a aprovação recente
da Lei nº 13.267/2016, que regulariza as empresas juniores. “Entre outros pontos, a lei normatiza o funcionamento dessas empresas com o
envolvimento institucional dos órgãos colegiados
das unidades acadêmicas, aprovando os planos
acadêmicos da associação, reconhecendo a carga
horária do professor orientador e o suporte institucional, técnico e material necessário ao desenvolvimento das atividades da EJ”, explica.
Diretoria e membros da Minas Jr, da UFMG
Embora esse vínculo com a academia possa
parecer natural, o geólogo Ideval Souza Costa,
responsável pelo Museu de Geociências, diz que,
até o momento, a USP não visualiza a importância da Geo Jr Consultoria como uma oportunidade para formar melhores profissionais e nem
como provedora de bons serviços à sociedade.
“O que ajuda é o fato da empresa estar ligada à
uma instituição do porte da Universidade de São
Paulo, o que já se torna um apoio importante.
Falta, então, credibilidade da universidade e da
sociedade, além de uma melhor divulgação dos
serviços prestados por essas empresas”, conclui.
Já Marcos Antonio Leite do Nascimento, professor de Geologia e da Pós-Graduação em
Geodinâmica e Geofísica da UFRN e tutor da
Geologus Jr, lembra que o apoio à criação de EJs
pela universidade data dos últimos anos. “Hoje,
contamos com a Central de Empresas Juniores,
vinculada à Coordenação de Apoio às Iniciativas
Empreendedoras da Pró-Reitoria de Pesquisa
(PROPESQ). A central tem funções de apoio,
divulgação, representação, integração e credenciamento ou descredenciamento, se for o caso,
da EJ, o que é de suma importância”, explica.
Fotos Divulgação
Diretoria, membros e trainees da Minera Jr, da UFOP
Membros da Petra Jr, com alunos da UFRGS
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Na UFRGS, o apoio, diz Clovis Gonzatti, tutor da
Petra Jr e chefe do Departamento de Mineralogia
e Petrologia do Instituto de Geociências, se dá
através da dedicação de horas técnicas do tutor e
de outros docentes, para orientação a EJ, e do
suporte operacional. “Mas, internamente, é preciso que esses futuros profissionais mudem seus
hábitos e comportamento como alunos, saindo do
estado de conforto do ambiente universitário para
a realidade do mercado de trabalho. Talvez esse
ainda seja o maior desafio para uma geração de
alunos, pelo menos para boa parte dela, acostumada a ser o centro das atenções”, considera.
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Por Marcus
Vinícios
Andrade
Silva (*)
12 GRANDES MOTIVOS PARA PARTICIPAR DE
UMA EMPRESA JÚNIOR
5) O ambiente entre as EJs proporciona um
benchmarking constante;
1) A vivência que eu tive ao longo de 4 anos na
EJ de Geologia (Geoconsultoria Jr.) da UFOP
ajudou a moldar um perfil profissional que as
grandes empresas procuram. Essa experiência
foi diferencial para a minha entrada em grandes empresas como a Votorantim e a Vale;
10) Assim como nas demais entidades estudantis, uma EJ proporciona condições favoráveis para a organização de eventos, sejam eles técnicos ou para fins de confraternização,
desenvolvendo a relação interpessoal;
2) Todo conteúdo teórico é automaticamente
aplicado nos projetos e na administração da
empresa;
3) Para participar de uma EJ, basta o aluno buscar informações. Os processos seletivos são
frequentes. Serão muitos desafios que irão
proporcionar maturidade ao longo do processo;
4) Os alunos de uma EJ têm a oportunidade de
participar da federação estadual e da confederação nacional, que congregam essas empresas, crescendo politicamente e ampliando sua
rede de contatos;
6) Os alunos de uma EJ vivem intensamente a
rotina de uma carreira profissional (podendo ir
de trainee a presidente, passando pelos diversos cargos intermediários);
Foto Divulgação
Como ex-aluno da Escola de Minas da UFOP
(Universidade Federal de Ouro Preto), aproveito
para homenageá-la listando 12 grandes motivos
para os alunos participarem das empresas juniores (EJs). Cada vez mais reconhecidas pelos trabalhos de alto nível, essas EJs vêm ganhando
destaque na preparação dos estudantes para o
mercado de trabalho. Ao longo da minha trajetória acadêmica e profissional tive a oportunidade
de conhecer e conversar com muitos profissionais das áreas de recursos humanos de grandes
empresas e é comum escutar deles que existe
uma lacuna entre a formação superior e o mercado de trabalho. As universidades nem sempre
entregam recém-formados devidamente preparados para os empregos. A seguir serão listados 12
motivos que tornam a experiência em uma EJ o
grande diferencial no currículo de um recém-formado:
7) Características como liderança e trabalho em
equipe são desenvolvidas e aprimoradas participando de uma EJ;
8) Os alunos mais tímidos terão oportunidade de
desenvolver características importantes, como
falar em público;
9) Uma EJ intensifica os contatos entre alunos e
ex-alunos, facilitando inclusive o intercâmbio entre diferentes universidades;
11) Na minha época, tivemos muito apoio dos professores que
haviam participado da criação da Geoconsultoria Jr décadas
antes. Enquanto fui professor do curso de Engenharia de
Minas do CEFET-MG, incentivei os alunos a criarem a EJ
deles. Não só criaram, como trabalharam intensamente em
parceria com a Geoconsultoria Jr em um projeto que desenvolvemos juntamente com o CBH Araguari, onde organizamos seminários técnicos de Águas Subterrâneas nas cidades
mineiras de Uberlândia (2014) e Araxá (2015);
12) Os cargos ocupados numa EJ farão parte do currículo com
o mesmo peso dos estágios e empregos.
Sabendo dessas vantagens, procure se informar sobre a EJ do
seu curso. Havendo uma, não pense duas vezes em participar
e descobrir as incríveis experiências que uma EJ pode proporcionar!
(*) Marcus Vinícios Andrade Silva é engenheiro geólogo graduado pela Escola de Minas – UFOP e ex-presidente da
Geoconsultoria Jr. Atualmente é hidrogeólogo sênior da Vale Fertilizantes
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O CONDUTOR DA NOVA
ANGLO AMERICAN BRASIL
minepersonalidade
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Por Tébis Oliveira
Engenheiro metalúrgico pela Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG), Ruben Fernandes atua há 28 anos no setor mineral, tempo
que lhe rendeu um currículo invejável e bastante eclético. Só na Vale
passou 12 anos, chegando a presidente das duas produtoras de caulim que a mineradora possuía. Entrou, então, para o comando da
Fosfértil que, no último de seus cerca de três anos de permanência, já
era a atual Vale Fertilizantes. Foi para a Votorantim Metais, dirigindo
o negócio Zinco e, posteriormente, toda a área de mineração, incluindo as operações no Peru e Colômbia. Em 2012, tornou-se presidente
das unidades de Nióbio e Fosfatos da Anglo American Brasil.
Hoje, é na subsidiária da mineradora britânica que o executivo se
vê diante de uma situação inédita: realizar a transferência de ativos
que, de “alternativas de desinvestimento”, como chamados pelo
presidente do grupo, Mark Cutifani, se converteram em ex-ativos de
fato, a novos controladores. A começar das operações de nióbio e
fosfato, adquiridas em abril pela China Molybdenum. Dois meses
depois, em 20 de junho, Fernandes assumiu a presidência de toda
a Anglo American Brasil, que pode, assim que encontrado um comprador, desfazer-se também de suas unidades de níquel. A concentração da matriz em um core business limitado às operações de diamantes, platina e cobre colocou sob especulação o Negócio Minério
de Ferro Brasil, mais conhecido como Minas-Rio, enquanto próximo ativo a ser “desinvestido”, encerrando a trajetória de 43 anos da
companhia no país.
Nesta entrevista exclusiva à In the Mine, Fernandes garante que não.
E explica: o ramp up prossegue rumo à capacidade nominal prevista
no projeto – 26,5 Mtpa, não mais em 2017, mas em 2019. O custo FOB
do minério está em cerca de US$ 32/t e deve chegar à faixa de US$
26 a 28/t. Um programa de melhoria contínua já reduziu os custos
operacionais em R$ 200 milhões no ano passado e deve economizar
outros R$ 150 milhões neste ano. Os programas ambientais e socioeconômicos estão mantidos e já ocorrem negociações com novos
superficiários para garantir o avanço futuro da lavra e a instalação de
suas estruturas associadas. Otimista, o presidente acredita que o cenário mineral se desanuvie a partir de 2018, com uma relação mais
balanceada entre a oferta e demanda mundial por minério de ferro. O
Minas-Rio é o foco. Já não há outros.
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Foto Divulgação
"O Minas-Rio tem uma
importância significativa na
estratégia do grupo Anglo
American, sendo o maior
investimento já realizado
pela companhia no Brasil,
de US$ 8,4 bilhões".
ITM: Está mantida a meta de produção de
26,5 Mtpa para o Minas-Rio em 2017?
zir o custo de caixa FOB do minério do Minas-Rio, de
US$ 60/t para US$ 33 a 35/t, foi concretizada?
Fernandes: O Minas-Rio está em uma curva
ascendente de produção. Em 2015, produzimos 9,2 Mt de minério de ferro e apenas no
primeiro semestre de 2016 já alcançamos 6,8
Mt. Nossa previsão de produção para este ano
é de 15 a 17 Mt. Em relação ao ramp-up,
temos um cronograma contínuo do processo
de licenciamento, que está ligado a um
aumento progressivo da área de lavra disponível para operação. Por essa razão, em fevereiro passado revisamos o prazo para o alcance da nossa capacidade máxima de produção
para 2019.
Fernandes: O intervalo de US$ 33 a 35/t compreendia uma
expectativa de média de custo unitário de longo prazo, calculada em termos reais de 2015. Atualizando esse custo
para as condições de mercado atuais, estamos trabalhando
com uma faixa de US$ 26 a 28/t, também no longo prazo.
Atualmente, ele está em torno de US$ 32/t, mas nossa
expectativa é que ele se aproxime gradativamente da meta,
conforme o Minas-Rio continue seu ramp-up e atinja sua
capacidade nominal, bem como todas as iniciativas de
redução de custos sejam implementadas.
ITM: A previsão, no final de 2015, de redu-
Fernandes: O Programa de Excelência em Melhoria Contí-
ITM: O Programa de Excelência em Melhoria Contínua
integra essas iniciativas de redução de custos?
julho | agosto | inthemine
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minepersonalidade
nua foi criado para estimular a criação de soluções para otimizar a produção, reduzir custos e perdas e aumentar a
segurança do sistema. Das cerca de 200 ideias recebidas,
foram implantados 79 projetos em 2015, gerando uma economia de R$ 200 milhões. Outras 21 iniciativas foram concluídas neste ano. O resultado foi tão positivo que o programa selecionou mais 26 projetos, focados principalmente
na estabilidade operacional, que é nossa diretriz estratégica
para 2016. A estimativa de ganhos, nesse novo ciclo, é de
R$ 150 milhões.
ITM: Quais dessas iniciativas o senhor destacaria?
Fernandes: Temos, por exemplo, a que restabeleceu a
permeabilidade das placas cerâmicas da filtragem com a
aplicação de uma nova substância, recuperando sua capacidade de filtrar a polpa de minério e garantindo a produtividade do processo, um saving de R$ 36 milhões apenas
em 2015. Outro projeto reduziu a carga morta nos caminhões fora-de-estrada, que movimentam estéril e minério
na área da mina, com aumento da produtividade do transporte e ganhos de cerca de R$ 27 milhões.
ITM: Como está o licenciamento para as próximas
fases do Minas-Rio?
ITM: Há investimentos adicionais previstos para o
Minas-Rio neste ano?
Fernandes: Não. Nosso foco é otimizar a operação no
atual cenário de preços do minério de ferro, contribuindo
para a geração de fluxo de caixa positivo em 2016 e nos
anos seguintes. Continuamos, porém, com os programas
ambientais e com aqueles voltados ao desenvolvimento
inthemine | julho | agosto
ITM: Restam pendências nas negociações
com superficiários nas áreas de operação
do projeto?
Fernandes: A Anglo American já adquiriu ou
instituiu servidões em todas as áreas de instalação das estruturas operacionais do MinasRio, como as da mina, mineroduto, adutora e
linhas de transmissão. Estamos trabalhando
na aquisição de outras, necessárias para o
futuro avanço da lavra e suas estruturas associadas, o que é natural para uma empresa de
mineração. Além disso, a empresa mantém
um programa ativo de resolução de possíveis
passivos sociais e ambientais, desenvolvido
com intuito de estabelecer
uma relação de confiança
com a comunidade.
American
"o Grupo Anglo
está progredindo em uma série
de processos para avaliar o
potencial valor de desinvestimento
de alguns dos seus ativos
não-centrais, incluindo o
negócio Níquel".
Fernandes: Possuímos todas
as Licenças de Operação (LO)
referentes à Fase 1, o que nos
permitiu o início da operação.
Com a Autorização Provisória
para Operação (APO), obtida
em julho último, demos início à
Fase 2, de otimização da mina e acesso a novas reservas,
até que a LO seja concedida, o que deve ocorrer no segundo semestre deste ano. Já as Licenças Prévia (LP) e de
Instalação (LI) referentes à Fase 3, para extensão da mina,
estão previstas para o segundo semestre de 2017. A obtenção dessas licenças e o alcance da capacidade máxima de
produção do Minas-Rio, ao longo do tempo, são extremamente importantes para garantir que todos os nossos stakeholders recebam os benefícios máximos da operação.
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socioeconômico das comunidades vizinhas à
nossa operação. Apenas na fase de implantação do Minas-Rio, entre 2008 e 2014, foram
investidos R$ 100 milhões em programas
socioeconômicos nas regiões de influência
direta e indireta do projeto.
ITM: Quais são os planos
da Anglo American para o
Minas-Rio?
Fernandes: O Minas-Rio
tem uma importância significativa na estratégia do grupo
Anglo American, sendo o
maior investimento já realizado pela companhia no Brasil, de US$ 8,4 bilhões. No curto e
médio prazo, nossa prioridade é reduzir custos e aumentar a produtividade, visando à
continuidade do negócio de forma sustentável. Já no médio e longo prazo, vamos trabalhar para obter as licenças necessárias e atingir a capacidade máxima de produção em
2019, além de fortalecer nosso relacionamento com os stakeholders e continuar contribuindo de maneira positiva e sustentável para
a população vizinha ao empreendimento.
ITM: Como está a aprovação da venda dos
negócios de nióbio e fosfatos?
Fernandes: Conforme anunciado em 28 de
abril, o Grupo Anglo American chegou a um
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de alguns dos seus ativos não-centrais, incluindo o negócio
acordo com a China Molybdenum Co. Ltd
Níquel. Qualquer decisão final sobre venda dependerá do
(CMOC) para vender seus negócios de nióbio
valor. De toda forma, permanecemos focados em atingir o
e fosfatos. A transação está seguindo o cropleno potencial dos nossos ativos de níquel e em fortalecer
nograma acordado e é condicional às habisua estabilidade operacional.
tuais aprovações regulatórias da República
Popular da China. A previsão é que seja concluída
ITM: Como é ser o presidente
neste segundo semestre.
da Anglo American Brasil neste
"Estamos vivendo um momento
Até lá, os negócios contimomento?
desafiador da indústria de
nuam sendo gerenciados
mineração, em especial de
da mesma forma de hoje.
Fernandes: Estou muito satisfeiminério de ferro, cujos preços
to com a oportunidade de liderar
continuam muito baixos.
os negócios da Anglo American
ITM: Qual é a produção
Mas
a expectativa é de mudanças
no Brasil e, em particular, por
atual dessas operações?
positivas a partir de 2018".
poder contribuir com o excelente
trabalho realizado pela equipe no
Fernandes: Em Catalão e
desenvolvimento do Minas-Rio.
Ouvidor (GO), houve uma
Em abril deste ano, conquistamos a marca de 100 embarparalisação planejada em maio para impleques de minério de ferro, e isso, com certeza, é um reflexo
mentar o projeto Debottlenecking (desgargadesse trabalho. Nosso foco será aumentar a competitividalamento), de melhoria e adequação da planta
de global do Minas-Rio, oferecendo aos nossos clientes prode metalurgia para suportar o aumento de
duto diferenciado e de alta qualidade.
produção dos projetos BVFR e Escalpe. Como
resultado dessas melhorias, em junho, a
Anglo American registrou o recorde de proITM: A variação dos preços das commodities é um
dução de 1,2 mil t. Em todo o semestre foram
fator de desestabilização?
produzidas 2,6 mil t de nióbio. No mesmo
período, a produção de fosfatos foi de 691,1
Fernandes: Estamos vivendo um momento desafiador da
mil t de concentrado, 152,7 mil t de ácido fosindústria de mineração, em especial de minério de ferro,
fórico, 560,8 mil t de fertilizantes e 73 mil t de
cujos preços continuam muito baixos e, de acordo com os
fosffato bicálcico - DCP.
analistas de mercado, não vão melhorar no curto prazo.
Apenas neste ano, já tivemos uma variação de 60% nos preços. Mas acredito que esse período crítico vai passar. Em
ITM: E quanto à área de níquel?
2016 e 2017, acredito que ainda teremos um cenário mais
difícil, mas a expectativa é de mudanças positivas a partir
Fernandes: No primeiro semestre deste ano,
de 2018, quando poderemos ter uma relação entre oferta e
houve um aumento de 72% na produção de
demanda por minério de ferro mais balanceada. Na minha
níquel, em relação ao mesmo período de
opinião, a China vai retomar o crescimento, mesmo que
2015, atingindo 22,3 mil t. A reforma dos dois
não seja nos mesmos patamares de anos anteriores, impulfornos da operação Barro Alto (GO), que
sionando a economia global e do Brasil.
agora operam próximos à capacidade nominal, permitiu a produção de 17,7 mil t. Já a
produção na Codemin, em Niquelândia (GO),
ITM: Quais foram as principais ações de sustentabilificou em 4,6 mil t. Nossa estimativa de prodade do Minas-Rio?
dução para o ano como um todo está entre 45
mil e 47 mil t.
Fernandes: Por meio de convênios, cerca de R$ 400
milhões foram investidos em infraestrutura e mobilidade
urbana, habitação, água e saneamento, saúde e bem-estar,
ITM: Está mantida a intenção de venda
segurança pública e educação na região de atuação do
dessas operações?
Minas-Rio. Um exemplo é a instalação do Senai em
Conceição do Mato Dentro (MG), que já formou quase 600
Fernandes: Como indicado em 16 de feveprofissionais através do Promova (Programa de Desenvolvireiro passado, o Grupo Anglo American está
mento de Fornecedores Locais) e o Crescer, que oferece
progredindo em uma série de processos para
oficinas de capacitação e assessoria presencial para produavaliar o potencial valor de desinvestimento
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minepersonalidade
PERFIL
Nasceu em Belo Horizonte (MG),
em 22 de junho de 1965
Mora em Belo Horizonte (MG)
Formação Acadêmica: Engenharia
Metalúrgica pela Universidade Federal
de Minas Gerais (UFMG) e MBA pela
Universidade de São Paulo (USP)
Trajetória Profissional: Possuo 28 anos
de experiência na indústria de mineração.
Antes de começar a trabalhar na Anglo
American em 2012, fui diretor de Mineração
da Votorantim Metais, responsável por
projetos e atividades de exploração em
todo o mundo, bem como operações no
Peru e na Colômbia. Entre 2009 e 2011,
fui diretor de Operações da Vale
Fertilizantes, responsável pelas operações
de fertilizantes, vendas e marketing.
Também presidi as empresas Kaolin Pará Pigmentos e Cadam - duas
subsidiárias da Vale, entre 2007 e 2009,
e ocupei diferentes cargos de análise,
marketing e projetos nos negócios de
Metais Básicos da Vale, onde ingressei
em 1999. Entre 1988 e 1998, ocupei
diversas posições de liderança na
indústria de ligas especiais.
Família: Casado, um filho e uma filha
Hobby: Cozinhar e correr
Um mestre: Winston Churchill
Uma definição para a mineração:
Arte de extrair metais e minerais,
de forma sustentável, transformando-os
em riqueza para o bem estar de todos
Um “conselho” a jovens
engenheiros metalúrgicos:
Parafraseando o meu mestre,
“para vencer batalhas, procure
sempre fazer mais que o seu dever”
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inthemine | julho | agosto
tores rurais e urbanos aprimorarem seus processos
de negócios. Além disso, está em curso, desde
2013, o Programa de Reestruturação Produtiva, de
readequação da capacidade produtiva das famílias
reassentadas. Uma rápida análise dos indicadores
sociais da região do empreendimento mostra que
todas as dimensões sociais avançaram em níveis
superiores aos do estado de Minas Gerais e à média
nacional.
ITM: E nos outros estados onde a companhia
atua?
Fernandes: Em Catalão e Ouvidor, em Goiás, e na
Baixada Santista, em São Paulo, temos projetos
socioambientais que, por meio de leis de incentivo
fiscal e investimento privado, beneficiam de forma
direta mais de 20 mil crianças, adolescentes, adultos
e idosos. Destacam-se projetos de educação
ambiental e geração de renda como o Conexão
Sustentável - Cultura e Sustentabilidade, em Catalão
e Ouvidor; Fábrica de Sabão, em Catalão, e Água e
Gestão, conduzido pela Secretaria Municipal de
Meio Ambiente de Ouvidor. Outro exemplo é o
“Programa Avançar”, com oficinas de capacitação e
consultoria para a comunidade local, visando estimular negócios para atender às demandas na
região. O programa foi concluído em Barro Alto e
já passou por Catalão e Ouvidor. Temos também o
Reciclando para Mudar, da Associação dos
Catadores de Material Reciclável da Baixada Santista
ITM: Qual é sua avaliação da mineração no
Brasil em termos de legislação regulatória e
ambiental?
Fernandes: É muito difícil opinar sobre o novo
Código de Mineração porque existem várias versões de texto em processo, ou seja, a discussão
ainda está em curso. No entanto, acredito que,
independentemente das mudanças que venham a
ocorrer na legislação, o setor precisa de uma entidade regulatória forte e bem estruturada, bem
como de maior segurança jurídica e estabilidade
para fazer os investimentos necessários no longo
prazo. No âmbito ambiental, existe uma questão
muito desafiadora para as empresas que são as
definições de competências. Os licenciamentos
ambientais do Minas-Rio, por exemplo, envolvem
entidades públicas nas três esferas de poder. Isso
deixa o processo muito complexo e bastante complicado em relação aos prazos.
mineprojeto
Por Redação ITM
PATROCÍNIO:
SURGE UMA NOVA MINA
Com LI desde 2010 e após reavaliações e ajustes de projeto, Vale Fertilizantes
começa a implantação de mina de fosfato em Patrocínio
Foi iniciada em julho a implantação do Projeto Patrocínio, da
Vale Fertilizantes, na cidade homônima, em Minas Gerais. O início da operação está previsto para dezembro deste ano. O
investimento de R$ 1 bilhão será dividido entre a Vale
Fertilizantes e a VLI, operadora logística formada pela Vale,
Mitsui, FI-FGTS, e Brookfield, que fará o transporte do minério
até o Complexo Mineroquímico de Araxá (MG), onde ele será
beneficiado.
A Vale Fertilizantes possui a LI (Licença de Instalação) da mina
desde 2010 e a renovou em 2014. Mas o projeto passou por reavaliações e ajustes e a proposta com um novo escopo otimizado só foi concluída em 2015, quando também foi protocolado
o EIA-RIMA junto ao órgão ambiental. Em setembro do mesmo
ano, foi realizada uma audiência pública em Patrocínio e, em
abril passado, foi concedida a LIC (Licença de Instalação
Corretiva).
Originalmente, Patrocínio teria também uma planta de beneficiamento, com a usina e a barragem de rejeitos. “O atual escopo tem menor necessidade de supressão vegetal, já que a área
diminui em cerca de 450 ha, e menor consumo de água, porque o processamento mineral será feito em Araxá”, explica
Camilo Silva, gerente executivo de Projetos da Vale
Fertilizantes. Segundo ele, o ajuste foi determinado, principalmente, por fatores macroeconômicos, uma vez que a nova
planta industrial geraria uma oferta excedente de produtos fosfatados que o mercado de fertilizantes, na conjuntura atual, não
absorveria.
Projeto
Além da mina, com capacidade produtiva de 6,5 Mt, podendo
chegar a 7 Mt futuramente, estão previstas instalações de apoio
e utilidades. As primeiras incluem oficinas mecânicas e para
lavagem dos equipamentos móveis, borracharia, posto de combustível para veículos leves e pesados, depósito intermediário
de resíduos (DIR), laboratório, galpão de geologia e o setor de
Meio Ambiente, Saúde, Segurança e Qualidade (SEMASQ), entre
outras. A área de utilidades terá uma Central de Materiais
Descartáveis (CMD), subestações (principal e secundárias) de
energia, Estações de Tratamento de Água (ETA), Efluentes (ETE)
34
inthemine | julho | agosto
e Efluentes Oleosos (ETEO). Serão construídos,
ainda, um ramal e a pera ferroviária, o terminal
de embarque de minério e paióis de explosivos.
Durante a implantação, serão mobilizadas cerca
de 450 pessoas, selecionadas prioritariamente na
cidade e região, através de uma parceria com o
Sistema Nacional de Emprego (SINE) de
Patrocínio. Parte delas poderá ser contratada
para a fase de operação, que dever chegar a
cerca de 570 postos de trabalho. O treinamento
desse quadro será realizado através de parcerias
com o SENAI e o SEST/SENAT.
Para a concessão do licenciamento, foram estabelecidos 25 condicionantes e 29 programas
socioambientais a serem cumpridos pela Vale
Fertilizantes. Entre eles estão programas de controle e monitoramento de processos erosivos e
de assoreamento e hidrogeológico, de gestão da
qualidade das águas e do ar e de controle de ruídos, gerenciamento de resíduos sólidos, monitoramento do Pato Mergulhão, resgate arqueológico, educação ambiental e aquisição assistida da
Comunidade Mata da Bananeira.
Lavra e Transporte
A reserva mineral de Patrocínio é considerada de
grande porte e com alto teor de fósforo (P2O5),
totalizando 250 mil Kt, com teor de corte de 5%
de P2O5. Desse volume, serão produzidos
131.270 Kt para atender a 20 anos de operação
da mina.
A lavra será executada a céu aberto, em bancadas de 10 m, utilizando escavadeiras para abertura e carga do minério e do estéril (veja tabela).
O transporte para o terminal ferroviário será feito
por caminhões basculantes convencionais tipo
8x4, com capacidade de 35 t. No terminal ferro-
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Estimativa de Equipamentos para o Projeto Patrocínio
Equipamentos
Especificações
Material
Transporte
Caminhão MB 8X4
34
35 t
Minério
20
85 t
Estéril
14
NI
Minério
3
NI
Estéril
3
Equipamentos de carga
Escavadeira
6
Perfuração/Desmonte
Perfuratriz
Rompedor Hidráulico
3
6 polegadas
-
NI
-
Apoio à Mina
2
1
16
Caminhão Comboio
25.000 l
-
1
Caminhão Pipa Rodoviário
25.000 l
-
2
10 t
-
1
Escavadeira Hidráulica
NI
-
1
Motoniveladora
NI
-
3
Pá Carregadeira
NI
-
2
75 t
-
1
NI
-
5
Caminhão Munck
Fonte: Vale Fertilizantes
Quantidade
Prancha
Trator de Esteira
Embarque de Minério
Pá Carregadeira
4
4,5m
3
-
4
Total
63
viário, a cerca de 8 km das frentes de lavra, o minério será
embarcado em composições ferroviárias, seguindo por 180
km para Araxá. O estéril será transportado em caminhões
off road de 85 t para uma pilha de estéril localizada a 5,5
km da cava. Os equipamentos da mina deverão operar 24
horas/dia, em 4 turnos de 6 horas, operando 7.400
horas/ano.
Para transportar o minério de Patrocínio até Araxá, a VLI
construirá um novo pátio ferroviário e ampliará outros seis
já existentes. Também serão implantadas duas alças ferroviárias, remodelados de mais de 100 km de linha ferroviária, com a adequação de três pontes e a substituição dos
trilhos, e instalados novos postos de abastecimento de
locomotivas em Patrocínio. Será criada, ainda, a infraestrutura “fast track”, para manutenção de material rodante
(locomotiva e vagões) no pátio de Araxá e adquiridas 28
locomotivas DASH9 e 433 vagões HAE.
julho | agosto | inthemine
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mineGuiaITM
Por Redação ITM
LIEBHERR BRASIL
Destaque: Pá-carregadeira L 580
Especificações: Carga de tombamento - 18.000 kg;
Capacidade da Caçamba - de 3,2 m³ a 14,0 m³; Peso Operacional 24.720 kg (padrão); Potência do Motor - 209 kW / 284 CV
Aplicação: Carregamento e movimentação de agregados (ex.: areia e
brita), minério de ferro, cerâmica, madeira e chip de madeira, entre outros
Diferenciais: Todas as pás-carregadeiras Liebherr contam com sistema de
translação hidrostático, que reduz seu peso operacional ao permitir o posicionamento ideal do motor e demais componentes, sem necessidade de
contrapeso adicional. O peso reduzido aumenta a produtividade do equipamento, com ciclos de trabalhos mais rápidos e reduz em até 25% o consumo de combustível. O sistema de translação hidrostático também reduz o
desgaste dos freios e dos pneus. O freio mecânico de serviço é usado
somente em frenagens secundárias e a força de tração pode ser gradualmente regulada. O desgaste dos pneus é reduzido em até 25%, já que as
rodas não patinam. O travamento automático também proporciona mais
segurança ao operador, especialmente em operações em rampas.
Principais Clientes: Pedreiras de grande porte e minerações
Endereço: Rua Dr. Hans Liebherr, 1 – Vila Bela – Guaratinguetá - SP
Contato: Ricardo Zurita, gerente comercial de Movimentação de Terra
Fone: (12) 2131 4200
E-mail: [email protected]
HAVER & BOECKER LATINOAMERICANA
Fotos Divulgação
Produtos: Peneiras Vibratórias (desde a pré-classificação antes da britagem primária - corte até 300 mm, passando pela classificação intermediária e chegando à separação até 0,5 mm; Peneiras para Agregados e
Aplicações Convencionais; Excitadores HAVER; Discos Pelotizadores (para gerar pellets de minérios nos mais
diversos processos); Hydro-Clean™ (sistema de lavagem/limpeza de materiais contaminados, minimizando o consumo de água e energia); Telas ( poliuretanos, híbridas, borracha, autolimpantes e metálicas); Revestimentos em
PU; Chanel Universal
Serviços: Manutenção, Reforma de Equipamentos, Peças de Reposição e Treinamentos
Diferenciais: Tecnologia própria desenvolvida no Brasil, principalmente para equipamentos vibratórios de grande
porte; alta capacidade e eficiência de classificação; elevada disponibilidade de operação e equipamento robusto
Principais Clientes: Grupo Vale, Imperial Oil, CBMM, CSN, Grupo Votorantim, Grupo Anglo American, Arcelor
Mittal, Ferrous, Usiminas, Timac Agro, Grupo Anglo Gold, Bunge, Ciplan e outros
Matriz: Rodovia Campinas Monte-Mor, km 20 - Aterrado - Monte-Mor - SP
www.haverbrasil.com.br • Contato: Denilson Moreno
F.: (19) 3879-9187 • E-mail: mineraçã[email protected]
36
inthemine | julho | agosto
www.inthemine.com.br
CUMMINS POWER GENERATION
Produtos: Grupos Geradores e Quadros de Transferência
Aplicação: Geração de energia stand by (emergência) ou prime power (contínuo)
Diferenciais: Única empresa que projeta e fabrica todos os principais componentes
de seus Grupos Geradores, criando um ambiente de
confiabilidade e respostas rápidas. Rede de distribuição
que cobre todo o território nacional, com técnicos
treinados e habilitados para
prover suporte elétrico e
mecânico para todos os
grupos geradores
Endereço: R. Jati, 310
Cumbica, Guarulhos - SP
Contato: Tatiane Cardin
Fone: 0800 CUMMINS
(0800 286 6467)
E-mail:
[email protected]
METSO BRASIL INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA
PW HIDROPNEUMÁTICA
Destaque: Carreta de Perfuração Hidráulica LOBO XVI
Aplicação: Perfuração de rocha com Ø de 2.1/2” a 4”
Diferenciais: Equipamento nacional (venda através
de Finame); cabine acústica e com ar condicionado;
trocador de hastes com sistema de rodízio automático;
coletor de pó; compressor acoplado de 280 pcm a 8 bar
Principais Clientes: Odebrecht, Votorantim,
Master Perfurações, Grupo Estrutural, Andrade Gutierrez,
Toniolo Busnello, Blaster Explosivos
Endereço: Rua Antonio Barnabé, 652
Distrito Industrial – Indaiatuba - SP
Contato: Gilberto Wolf • Fone: (19) 3801-9500
E-mail: [email protected]
Website: www.pwhidro.com.br
Fotos Divulgação
Destaque: Britador Cônico Noberg Série HP
Aplicação: Combinação única da rotação do britador, excentricidade e
perfil da câmara. Essa combinação é reconhecida por proporcionar
maior capacidade e qualidade superior do produto, além de torná-lo
versátil para diferentes aplicações (secundária, terciária ou quaternária)
Diferenciais: Menor tempo de parada, baixo custo de manutenção, alto
desempenho e alto índice de confiabilidade proporcionado pelo sistema
de automação padrão do britador, chamado IC70C, com possibilidade
de comunicação com outros sistemas.
Endereço: Avenida independência, 2500 – Sorocaba - SP
Fone: 15 21021700
E-mail: [email protected]
julho | agosto | inthemine
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Foto: Bryan Versteeg / DSI
minegaleria
mineequipamentos
Concepção artística do que seriam as fases de prospecção, coleta de amostras, separação e processamento mineral
ASTERÓIDES GO
Por: Wilson Bigarelli
A mineração em asteróides com órbitas próximas à Terra é objeto de especulações desde a década de
1980. Passados quase 40 anos, a ideia continua no plano astral e, se lhe faltam recursos minerais, não lhe
tem faltado os financeiros, de magnatas bastante visionários, para dizer o mínimo. Neste ano, ganhou um
reforço de peso, ainda que venha do pequeno Grão-Ducado de Luxemburgo, primeiro país da União
Europeia a lançar um programa espacial voltado à prospecção, lavra e beneficiamento de minérios nos chamados Objetos Próximos à Terra (NEO ou Near Earth Objects, em inglês). Além de lançar o programa, o
governo luxemburguês, com a retaguarda de seu banco estatal, a Société Nationale de Crédit et
d'Investissement (SNCI), assinou memorandos de entendimento com as americanas Deep Space Industries
(DSI) e a Planetary Resources, americanas, para cofinanciar projetos de P&D de tecnologias para
mineração em asteróides e estruturação de uma cadeia de fornecimento de recursos minerais
no espaço. A DSI planeja realizar sua primeira missão experimental ainda em 2016. Além da
extração de água e minérios de ferro, níquel, titânio, platina e ouro, entre outros, as empresas se
conferem a nobre tarefa de livrar a Terra de futuras colisões com NEOs desorientados.
minegaleria
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inthemine | julho
março| agosto
| abril
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INSTITUTIONAL SUPPORT
Secretariat of
Geology, Mining and
Mineral Transformation
Apoios confirmados até maio de 2016
Ministry of
Min
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Mines
Secretariat of
Technological development
and Innovation
Ministry of
Science, Technology
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confirmed
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