O relógiO e O tempO
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O relógiO e O tempO
tic-tac O relógio e o tempo tic-tac O relógio e o tempo índice Introdução Uma viagem pelas horas História Milênios de inovação Tipos REFERÊNCIAS Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) – Brasil Mãos livres para o trabalho Federation of the Swiss Watch Industry (Federação Suíça da Indústria de Relógios) – Bienne, Suíça O toque certo para acordar Grupo Swatch – Biel, Suíça Museu do Relógio Dimas de Melo Pimenta – São Paulo, Brasil Projeto editorial desenvolvido pela Editora Contadino para o jornal Agora São Paulo. Projeto gráfico: Multi Design. Fotos: Shutterstock, Museu do Relógio, Cartier, The Long Now Foundation Agora São Paulo Diretoria Executiva de Circulação Al. Barão de Limeira, 401 – Campos Elíseos São Paulo – SP CEP 01202-001 Editora Contadino Ltda. Av. Paulista, 2006, conj. 1203 – Cerqueira César São Paulo – SP CEP 01310-200 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, arquivada ou transmitida de nenhuma forma ou por nenhum meio sem permissão expressa e por escrito. Pulso Cartier – Paris, França Fondation de la Haute Horlogerie (Fundação da Alta Horologia) – Genebra, Suíça ISBN 978-85-66042-00-9 Com a força dos elementos National Association of Watch and Clock Collectors (Associação Nacional de Colecionadores de Relógios) – Colúmbia, Estados Unidos National Institute of Standards and Technology (Instituto Nacional de Padronização e Tecnologia), Departamento de Comércio – Estados Unidos O Relógio, Sua História – Dimas de Melo Pimenta, 1976 Observatório Nacional – Ministério da Ciência e Tecnologia – Brasil Observatório Real – Greenwich, Inglaterra The Long Now Foundation (Fundação do Longo Agora) – São Francisco, Estados Unidos Time and Frequency: Theory and Fundamentals – Byron E. Blair, NBS, 1974 Universidade de Alberta – Edmonton, Canadá Time and Timekeepers – Willis I. Milhan, Macmillan, 1974 Whitechapel Bell Foundry – Londres, Inglaterra Despertador Big Ben As badaladas da torre Greenwich Símbolo de pontualidade Referência Precisão com marca suíça Horologia Ciência estuda as horas e a arte de fabricar instrumentos Fusos horários Tempo cortado em fatias Economia Um horário só de verão São Paulo O valor de cada minuto Passeio Único museu do país guarda peças inusitadas Relógio dos 10 mil anos Um ícone de longo prazo 4 6 10 22 24 26 28 30 32 34 38 40 42 46 introdução Uma viagem pelas horas Desde sempre, o homem se preocupa em conhecer a evolução do tempo para organizar melhor a sua vida o primeiro motivo do homem para medir o tempo foi garantir a sua sobrevivência, com a caça e a pesca 4 Todos se guiam por relógios para acordar, trabalhar, assistir à televisão, entre tantas atividades cotidianas. Mas quase nunca têm tempo para refletir sobre essa medição, que remonta a milênios. Este livro resgata essa história e a noção de que o tempo não escraviza, mas liberta as pessoas para tornar seus instantes mais produtivos e até mesmo prazerosos. Os primeiros motivos para a medição do tempo foram de sobrevivência. Eles vêm do Período Paleolítico, que aconteceu entre 2,7 milhões e 10 mil anos antes de Cristo (a.C.). Os homens primitivos viviam da caça e da pesca e precisavam entender como a Lua e as estações do ano influenciavam a migração dos animais ou o período mais farto para a captura dos peixes. A seguir, quando passou a se dedicar à agricultura, a intuição do homem era de que o ano se dividia em fases, sendo cada uma delas propícia à determinada cultura. Havia uma época melhor para plantar o trigo, outra para cultivar o algodão ou o linho. A cronologia (estudo do tempo) é uma das invenções fundamentais da espécie humana. É com base nesse conjunto de conhecimentos que a civilização consegue, até os dias de hoje, controlar e organizar sua vida e suas atividades, diz o professor Ricardo Normando Ferreira de Paula, da Universidade Federal do Ceará (UFC). Mas não é só uma questão disciplinadora, lembra Adalberto Tripicchio, neuropsiquiatra e doutor em Filosofia pelo Instituto de Viena, na Áustria. O tempo apresenta vários aspectos psicológicos e fisiológicos. Por isso, parece que os dias passam mais devagar quando estamos doentes, experimentamos dor, nos sentimos tristes ou entediados e fazemos algo que detestamos. Ao contrário, a impressão é que as horas voam quando estamos sadios, bem-dispostos, felizes e entretidos em uma atividade agradável. Convidamos para esta deliciosa viagem pelas horas e pelo tempo. Boa leitura! HISTÓRIA Os relógios no tempo 3000 a.C. Primeira referência a um instrumento para medir as horas, um gnômon (relógio de Sol) Mistério de pedra Alguns monumentos relacionados ao tempo nunca foram totalmente decifrados, como o Stonehenge (ou eixo de pedra, do inglês antigo stone = pedra e hencg = eixo), na Inglaterra. Acredita-se que sua construção, há mais de 4 mil anos, teve como finalidade a observação de eventos astronômicos. Algumas pedras estão alinhadas com o nascer e o pôr do Sol no início do verão e do inverno. O que seria a avenida central do monumento aponta para o local em que nasce o Sol no dia mais longo do verão (o chamado solstício de verão). Esse eixo de pedra também permitiria identificar os eclipses lunares. Milênios de inovação Um dos artefatos mais utilizados pela humanidade surgiu a partir da luz do Sol e de um simples graveto cravado no chão 6 Seja para comemorar festas religiosas ou o momento adequado para plantar, colher e caçar, o homem começou a construir instrumentos para medir a passagem do tempo. Há cerca de 5 mil anos, surgiu o primeiro artefato para aferir as horas: o gnômon. Em sua forma mais simples, consiste de uma vara fincada no chão que, iluminada pelo Sol, projeta uma sombra que se move com o passar do dia. Mais tarde, os babilônios o aperfeiçoaram, dividindo o dia em 24 horas. Daí surgiu o relógio de Sol, com uma haste vertical se projetando do centro de um círculo. O maior pro- 1500 a.C. Pira funerária egípcia, de Amenophis I, menciona uma clepsidra (relógio de água) 600 a.C. Referência a um relógio de Sol, chamado “pedra horária”, construído na Babilônia 430 a.C. Clepsidra começa a ser usada na Grécia 260 a.C. Primeiro quadrante solar é construído em Roma 27 a.C. Em Roma, no Campo de Marte, é erguido um obelisco com a função de gnômon 250 Surgem referências aos primeiros relógios de areia, as ampulhetas 885 Alfredo, o Grande, usa velas para medir o tempo 1380 Surgem, na península itálica, os primeiros relógios domésticos 1386 Henry de Vicky fabrica, na Inglaterra, o primeiro relógio mecânico conhecido, que foi instalado na Catedral de Salisbury. Hoje, ele se encontra no Museu de Ciência, em Londres 1510 Peter Henlein, de Nuremberg (Alemanha), aperfeiçoou o mecanismo de corda e inventou o relógio portátil 1582 Galileu Galilei descobre que as oscilações do pêndulo são constantes, o que permitiu fabricar relógios mais precisos 1656 Christiaan Huygens inventa o relógio de pêndulo, fabricado depois pelo relojoeiro Salomão Coster, de Haia 7 1670 O ponteiro de minutos começa a ser aplicado 1675 Christiaan Huygens inventa a espiral de aço para relógios de bolso, substituindo a cerda de porco 1730 O primeiro relógio Cuco é fabricado na Floresta Negra 1790 Abraham Louis Breguet introduz inovações nos relógios de bolso, como corda automática e sistema a prova de choque 1813 Surge o primeiro relógio montado em bracelete de ouro e esmalte, com forma de serpente. O exemplar está no museu da relojoaria Chateau dês Monts, na Suíça Relógio de sol, de torre e de pulso: a evolução dE instrumentos para medir as horas blema é que em dias de chuva ou nublados não se conseguia ver as horas. O próximo passo foi o surgimento do relógio de água, a clepsidra, nome que vem de duas palavras gregas: kleptein (ocultar, roubar) e hydôr (água). Consiste de um recipiente cheio de água, com as paredes graduadas e um pequeno orifício para o líquido escoar para um segundo vaso. O problema é que, no inverno, a água congelava e o relógio não funcionava. Portátil O primeiro relógio portátil foi inventado em 1510 pelo relojoeiro Peter Henlein, na Alemanha, que desenvolveu um aparelho para guardar no bolso. Sua invenção significou um grande salto tecnológico na cronometragem do tempo. Ele trabalhou dez anos na criação de um relógio redondo de apenas alguns centímetros de largura, contendo rodas e uma mola de aço – o segredo para reduzir o tamanho da peça. Outro avanço foi quando o relógio passou do bolso para o pulso. Conta-se que a primeira pessoa que realmente usou um relógio de pulso foi o matemático e filósofo francês Blaise Pascal (1623-1662). Com uma espécie de correia, ele amarrou o seu relógio de bolso no braço. O aparelho foi patenteado no século 20, pelo inglês Jon Harwook. 8 O nome clepsidra, ou relógio de água, tem origem nas palavras gregas kleptein (roubar) e hydôr (água) Avanços Mas o homem não se cansava de buscar opções. E, no século 8, idealizou a ampulheta: dois cones de vidro ligados por um pequeno orifício que regulava a passagem da areia, destinada principalmente à contagem de períodos curtos de tempo. Avanços tecnológicos não foram notados até a metade do século 14, quando começaram a surgir enormes relógios mecânicos nas torres de cidades italianas, com mecanismo regulado por pesos. Em 1656, o matemático, físico e astrônomo holandês Christiaan Huygens fez o primeiro relógio a pêndulo. Ele apresentava um minuto de erro por dia, o que foi reduzido paulatinamente a apenas dez segundos ao dia. No ano de 1675, o mesmo cientista criou a engrenagem com rodinhas dentadas, que ainda hoje existe em relógios de pulso mecânicos. Muitos avanços foram feitos desde então. O mais importante, sem dúvida, depois do relógio mecânico, foi o surgimento do aparelho a quartzo, desenvolvido em 1928 pelos americanos Joseph Horton e Warren Morrison. Seu desempenho era infinitamente superior às engrenagens dentadas. Esses cristais fizeram com que a margem de erro caísse para menos de meio segundo por dia. A evolução seguinte foi o relógio atômico, ainda mais preciso: nos mais modernos,o atraso é de segundos em milhões de anos. 1842 A Patek Fellipe cria um mecanismo sem chave para dar corda em relógio, facilitando a produção dos relógios de pulso 1876 A Seth Thomas Corporation, de Nova York, registra a patente do relógio despertador 1923 John Hardwood, um relojoeiro inglês, registrou na Suíça a patente de um relógio automático 1928 Os americanos Joseph Horton e Warren Morrison criam o primeiro relógio a quartzo do mundo, reduzindo a margem de erro na medição para cerca de dez segundos a por mês 1948 O primeiro relógio atômico é construído O homem não se cansa de buscar opções para acompanhar com precisão a passagem do tempo no National Bureau of Standard (EUA). O atraso é medido em nanossegundos, ou um segundo em milhões de anos. 1969 A Dimep, do Brasil, lança o Quartzo-Point, o primeiro relógio de ponto eletrônico do mundo Fontes: O Relógio, Sua História – Dimas de Melo Pimenta, 1976; Time and Frequency: Theory and Fundamentals – Byron E. Blair, NBS, 1974; Time and Timekeepers – Willis I. Milhan, Macmillan, 1974. 9 TIPOS Com a força dos elementos Sol, fogo, água e areia foram usados para criar relógios. Hoje, o quartzo é o material mais empregado projeção da sombra do sol SOBRE A PLACA indica as frações das horas ao longo do dia sol O aparente movimento do Sol foi a primeira forma de marcação do tempo conhecida pelo homem. No começo, os instrumentos eram formados simplesmente por uma vareta cravada verticalmente no chão – o comprimento de sua sombra indicava o período do dia. Esses artefatos eram conhecidos como gnômons. Gradualmente, o aperfeiçoamento dos relógios de Sol permitiu maior exatidão e pontualidade. Acredita-se que, em 380 a.C., foi criado o quadrante, nada mais do que uma placa com um marco em uma lateral. Esse objeto era bem mais preciso para medir o avanço do dia. O ponteiro ou placa é ajustado à posição da Terra para apresentar projeção de sombra semelhante em todas as épocas do ano, e o mostrador é divido em áreas que indicam as frações do tempo. O mais antigo relógio de Sol, que supostamente pertenceu ao faraó Tutmés II do Egito (1504-1450 a.C.), hoje está exposto no Museu de Berlim, na Alemanha. areia Baseada no princípio da gravidade, a ampulheta, ou relógio de areia, é composta por dois recipientes de vidro entre os quais há uma abertura estreita, por onde a areia escoa devagar. A passagem de todo o conteúdo de um lado para o outro determina um período de tempo, a exemplo de dez minutos ou uma hora. Bastante utilizada na Antiguidade, a ampulheta podia ser transportada sem dificuldades, facilitando seu uso na navegação. Ainda sobrevive hoje em dia para fins lúdicos. 10 AREIA ESCOA DEVAGAR ENTRE OS DOIS RECIPIENTES DE VIDRO QUE FORMAM UMA AMPULHETA 11 antigo relógio de água no palácio ChangGyoung, em seul, na coreia do sul 12 água vela Uma das primeiras soluções encontradas pelo homem para vencer o desafio de medir o tempo à noite ou em dias sem Sol foi a invenção do relógio de água, ou clepsidra. Historiadores atribuem a ideia ao grego Ctésibios, que desenvolveu um sistema que mantinha o nível de água constante pelo uso de vasos que se comunicavam com um dreno. O instrumento utiliza o princípio da gravidade e inicialmente foi montado com dois recipientes em níveis diferentes, regulados de forma que o gotejamento do líquido de um para outro marcasse os períodos de tempo. Entre o ponto em que o vaso estava cheio até ficar completamente vazio, foi criada uma escala para dividir o dia. Hoje, os relógios de água têm diferentes formatos e são utilizados como objetos decorativos. Riscos em torno do corpo da vela ou em um suporte determinavam o tempo consumido durante a sua queima. As divisões apresentavam números indicando o período equivalente, e velas com diferentes diâmetros e comprimentos serviam para assinalar espaços de tempo mais ou menos extensos. Normalmente, a divisão mínima era o período de um quarto de hora. Utilizados principalmente à noite, também para iluminar o ambiente, os relógios-vela apresentavam como desvantagem seu alto consumo, visto que não podiam ser abastecidos ou reutilizados. Como não podia deixar de ser, seu funcionamento também apresentava erros bastante significativos na marcação da passagem das horas. A disseminação desse tipo de relógio é atribuída a Alfredo, o Grande, que foi rei de Wessex, na Inglaterra, e viveu entre 849 e 899. modelo de relógio-vela, que combinava funções de iluminação do ambiente e marcação da passagem do tempo azeite Invenção permitiu medir as horas em qualquer condição atmosférica, tanto de dia como de noite desenho de relógio de água egípcio, publicado no século 19 Utilizado na mesma época da clepsidra, o relógio de azeite funcionava de forma semelhante. O líquido era armazenado em um reservatório de vidro que tinha em sua parte externa uma faixa graduada que representava as horas. O tempo era medido pela queima de um pavio imerso no óleo, em escala baseada na diminuição do volume. Como esses instrumentos eram bas- tante usados à noite, servindo como relógio e também como iluminação, a maioria possuía uma escala que ia das oito da noite às sete horas da manhã. O uso mais acentuado do relógio de azeite ocorreu na Europa, no século 18. Essa difusão deve-se evidentemente à sua dupla finalidade e ao fato de poder funcionar muitas vezes, simplesmente repondo azeite no recipiente. 13 pêndulo Utilizando o princípio da regularidade da oscilação, os relógios de pêndulo surgiram no século 17 e se tornaram uma das formas mais confiáveis de medida do tempo durante três séculos, até a criação dos relógios de quartzo. O peso serve como armazenador da energia obtida por meio do movimento de corda – é assim que o relógio funciona sozinho. Nos relógios de pulso, o pêndulo é substituído por molas. O mecanismo do primeiro relógio de pêndulo foi desenvolvido pelo holandês Christiaan Huygens, que se baseou em uma das mais importantes descobertas do cientista italiano Galileu Galilei, no século 16. A história conta que Galileu assistia a uma missa quando se distraiu com as oscilações de um candelabro. Observou que elas se tornavam cada vez menores na medida em que diminuía o ritmo do movimento. Ele comparou essas oscilações com sua pulsação e verificou que, mesmo quando a amplitude era menor, o tempo de cada vai e vem era sempre o mesmo. galileu descobriu que o pêndulo mantém a mesma oscilação em movimentos longos ou curtos 14 sistema consistia em queimar uma corda para marcar o tempo de combustão entre um nó e outro Corda com nós ilustração de peças isoladas do relógio de pêndulo criado pelo holandês Christiaan huygens, em 1656 Sistema muito simples, é constituído de uma corda com nós em intervalos regulares, correspondentes a um período de tempo predefinido. A corda era pendurada, sendo colocado fogo na extremidade inferior. Como o tempo que levava para queimar entre um nó e outro era basicamente o mesmo, o instrumento ajudava a identificar a passagem das horas. O sistema é muito precário, uma vez que fatores como umidade e vento influenciam a velocidade da combustão. Por essa razão, era usado em momentos em que a precisão era menos importante do que ter uma referência de tempo. Um exemplo era acompanhar a queima dos nós para definir o intervalo da mudança de sentinelas em fortalezas. 15 bolso Fundamental para o desenvolvimento de diversas outras invenções, o relógio de bolso surgiu no século 16. Por seu formato, a peça foi denominada Ovo de Nuremberg, referência à cidade alemã onde foi criada. O relógio era de ferro e apresentava mola espiral, com apenas um indicador de hora. Ele surgiu como um aperfeiçoamento do mecanismo de pêndulo. É fruto do trabalho do serralheiro alemão Peter Heinlein, que substituiu o peso por uma cinta de aço que tinha a mesma função. Isso permitiu reduzir o tamanho das máquinas até chegar ao relógio de bolso. A peça que conseguia movimentar o ponteiro dos minutos foi chamada de balancim, responsável pelo tic-tac dos relógios. A patente do mecanismo, entretanto, só foi registrada por Louis Recordon em 1780, em Londres. Esses relógios eram muito raros e considerados como verdadeiras joias e símbolo da alta aristocracia. quartzo Os relógios de quartzo estão entre os mais precisos do mundo, pois utilizam as propriedades desse mineral para produzir impulsos e vibrações constantes. Isso acontece porque o cristal gera pulsos elétricos quando submetido a uma pressão física e também vibra quando é atravessado por uma corrente elétrica. Essa propriedade foi descoberta por Marie e Pierre Curie, que também foram os primeiros cientistas a identificar a radioatividade. A vibração é transmitida a um circuito eletrônico, que se baseia nesses pulsos para formar os números do mostrador digital, ou, caso o aparelho seja analógico, dividir a vibração a apenas um impulso por segundo. Esse impulso regula um pequeno motor 16 que move as engrenagens do relógio. O primeiro relógio de cristal de quartzo foi desenvolvido nos laboratórios da Bell Telephone, nos Estados Unidos, em 1928. Esse tipo de relógio se popularizou na década de 1970 e substituiu quase completamente os mecânicos, regulados por mola e corda. Seu grande diferencial é a precisão. Enquanto os antigos relógios mecânicos perdiam um décimo de segundo por dia, os de quartzo não erram mais do que um milésimo. Em um mês, são apenas dez segundos de atraso. Além de serem precisos, os relógios de quartzo ficaram muito baratos, tornando quase obsoletos os mecanismos de corda, ainda usados como peças decorativas ou de coleção. grande diferencial dos relógios a quartzo é a precisão, com atraso de apenas dez segundos por mês os primeiros relógios de bolso surgiram no século 16 e eram considerados símbolos de aristocracia 17 de xadrez cuco Para controlar o tempo gasto em cada jogada, evitando atrasos, o relógio é peça fundamental nas competições de xadrez. Inicialmente, eram utilizadas ampulhetas. Em busca de uma medição mais precisa, os primeiros relógios mecânicos para esses jogos surgiram no fim do século 19. O relógio de xadrez é composto por duas peças montadas de forma a que uma nunca funcione ao mesmo tempo que a outra, determinando a alternância entre os jogadores. O relógio Cuco nasceu na Alemanha, na região da Floresta Negra, por volta de 1730. Desde o início, as peças emitiam som semelhante ao canto do pássaro cuco, muito comum na região. Dos diversos estilos fabricados originalmente, dois ganharam destaque: o que apresenta um cenário típico da Floresta Negra e o pássaro no topo da cena; e o que representa uma casa ferroviária da época, com telhado pontudo, de dentro da qual o pássaro sai a cada hora. o metrônomo é usado no estudo de música, marcando o compasso correto o relógio de xadrez tem duas peças que indicam o tempo utilizado por cada jogador Metrônomo som do relógio cuco imita o canto de um pássaro comum na região da floresta negra, na alemanha 18 De pêndulo ou eletrônicos, os metrônomos medem o tempo musical. Usados para estudos ou interpretação, os instrumentos apresentam pulsos regulares, que marcam o compasso. O objetivo é manter um tempo padrão ao longo de toda a peça. As marcações de metrônomo são indicadas nas partituras para identificar em que ritmo a música deve ser tocada. Beethoven é referido como o primeiro compositor a fazer esse tipo de registro. 19 w 8 7 1 6 2 3 4 5 1. Entrada dos átomos 2. Gerador de campo magnético 3. Gerador de micro-ondas/oscilador 4. Gerador de campo magnético 5. Leitor de frequência de oscilações 6. Circuito que interpreta as oscilações 7. Divisores de frequência 8. Mostrador do relógio Fonte: Museu do Relógio Dimep pequenas baterias de quartzo são a fonte de energia dos relógios digitais 20 Digital ATÔMICO Criado no final dos anos 1960, o relógio digital utiliza energia elétrica por meio de pequenas baterias e mecanismos de quartzo. Seu visor, de LCD ou LED, apresenta os números de hora, minuto e segundo em vez de ponteiros. Além de serem amplamente utilizados como relógios de pulso, esses mecanismos estão presentes em aparelhos eletrônicos e eletrodomésticos. O relógio atômico utiliza as vibrações de átomos, que ocorrem a intervalos regulares, sem atrasos ou adiantamentos. O primeiro modelo foi construído em 1949, nos Estados Unidos. Em 1955, o cientista Louis Essen, do Reino Unido, desenvolveu uma versão que utilizava o átomo de Césio-133, que vibra 9.192.631.770 vezes em um segundo. A partir de 1967, precisão torna o relógio atômico indispensável no mundo moderno 0 mundo passou a usar esse número como a definição de segundo. O erro de um relógio atômico é de alguns segundos em milhões de anos, em comparação a um segundo por dia em um relógio de pulso comum. O Brasil possui 11 relógios atômicos e o último entrou em operação no dia 1º de julho de 2010, no Observatório Nacional, no Rio de Janeiro. 21 PULSO relógio atual inspirado na linha desenvolvida pela Cartier para Santos Dumont, em 1904 Não há dúvidas de que Alberto Santos Dumont, mais conhecido como o “pai da aviação”, era um gênio. Tanto que muitos acreditam ter sido o brasileiro também o responsável pela invenção do relógio de pulso. No entanto, a afirmação não é verdadeira. Apesar de não criar o modelo, foi o responsável por sua popularização, já que, até então, os cavalheiros usavam somente os relógios de bolso. Os relógios de pulso eram considerados modelos exclusivos de joalheria feminina. Há diferentes versões sobre quem foi o real inventor dessa facilidade. Uma é de que a primeira pessoa a usar o modelo foi o matemático e filósofo francês Blaise Pascal (1623-1662), que amarrou no braço, com uma correia, o seu relógio de bolso. Outra é de que o primeiro modelo surgiu em 1814, criado pelo relojoeiro Abraham Louis Bréguet, por encomenda de Carolina Murat, princesa de Nápoles e irmã de Napoleão Bonaparte. Mas outras fontes indicam que foi a dupla Antoni Patek e Adrien Phillipe, fundadores da suíça Patek Phillipe, que criou o modelo em 1868. Morador da capital francesa, terra natal de seu pai, Santos Dumont era grande amigo do joalheiro Louis Cartier. Por estar sempre com as mãos ocupadas nos voos e necessitar cronometrar o tempo que permanecia no ar, os relógios de bolso mostravam-se pouco práticos, já que muitos modelos eram também protegidos por uma tampa. Cansado dessa dificuldade, ele queixou-se ao amigo e pediu uma solução. Exclusividade Em 1904, Cartier criou o primeiro relógio de pulso masculino, exclusivamente para Santos Dumont, batizado de Santos – pronunciado Santôs, em francês. O modelo era simples: uma caixa retangular em metal presa a alças de couro. A partir de 1911, foi criada a linha Santos que, com design atemporal, é comercializada até hoje. E não demorou para que o novo e moderno acessório caísse no gosto popular e se espalhasse pelo mundo, inclusive tornando-se a maneira mais prática de ver as horas também para os aviadores que lutaram na Primeira Guerra Mundial. O francês Blaise Pascal teria sido a primeira pessoa a usar relógio de pulso Mãos livres para o trabalho Embora inicialmente criados como joias femininas, os relógios de pulso ficaram mais conhecidos por sua praticidade 22 23 DESPERTADOR O toque certo para acordar Ao longo de sua história, a humanidade tem encontrado soluções diversas e curiosas para não perder a hora Desde o início dos tempos, a luz do Sol foi o grande despertador das pessoas. A claridade do dia ajudava a regular o relógio biológico, sinalizando que era hora de levantar. Durante séculos, outra forma de indicar que o dia estava amanhecendo era o canto do galo. Um protótipo do despertador foi inventado pelos gregos em torno de 250 antes de Cristo. Era um relógio de água, que vertia de um recipiente para outro até acertar um pássaro mecânico que apitava um alarme. Uma variação usava uma haste com um sino na extremidade superior e uma rolha de cortiça na parte inferior. Quando o recipiente ficava cheio, a cortiça flutuava, empurrava e derrubava a haste, levando o sino a bater. O filósofo Platão dizia ter um relógio de água desse tipo para acordar pela manhã. Fogo Os chineses usavam um despertador de fogo, geralmente no formato de um barco com cabeça de dragão. Ele consistia de uma vareta colocada horizontalmente em cima de fios de arame. Sobre a vareta, ficava suspenso um fio de seda com duas esferas metálicas. O 24 suporte do conjunto era colocado sobre um prato também metálico. Para acionar o despertador, a extremidade da vareta era acesa. Com o transcorrer das horas, o fogo avançava lentamente, até alcançar e queimar o fio de seda. Assim, as duas esferas eram soltas e caíam sobre o prato metálico produzindo um ruído suficientemente forte para acordar uma pessoa. No início do século 6, foi descrito um relógio público existente em Gaza, no Oriente Médio, em que um gongo tocava de hora em hora e figuras se movimentavam dia e noite. Em 1235, em Bagdá, no Iraque, foi inaugurado um monumental despertador à água. Instalado no hall de entrada da madrassa (escola) Mustansiriya, ele anunciava as horas de oração e a passagem do tempo durante o dia e ao longo da noite. Igrejas e fábricas Na Europa, os relógios das igrejas passaram a ajudar os habitantes a despertar no início da manhã, assim como a chamar para as missas e a marcar outras horas do dia. O primeiro carrilhão desse tipo foi descrito em Florença, em 1319, por Dante Alighieri, autor de A Divina Comédia. Na década de 1850, durante a revolução industrial, era o apito da fábrica – e não o galo ou a torre do relógio – que acordava as pessoas. Os operários viviam nas proximidades das indús- trias, que, dessa forma, asseguravam que ninguém perderia o horário de levantar e começar a trabalhar. O primeiro despertador do homem foi o Sol, que nasce e se põe com regularidade O canto do galo ao amanhecer ajudou a controlar o momento de levantar Com corda Já o primeiro despertador mecânico, movido a corda, foi inventado pelo otomano Taqi al-Din, em 1559. Seu instrumento era capaz de soar um alarme no momento determinado pelo usuário, o que foi conseguido por meio de um pino colocado na roda das horas. No Ocidente, Levi Hutchins, de New Hampshire (EUA), é considerado inventor do mecanismo, em 1787. No entanto, o alarme tocava apenas às 4 da manhã, o que era pouco flexível. O francês Antoine Redier foi o primeiro a patentear um despertador mecânico ajustável, em 1847. E em 1876, um relógio que podia despertar a qualquer tempo foi patenteado por Seth E. Thomas, em Nova York (EUA). Para assegurar o funcionamento, ele era movido por uma espécie de ventoinha, pela qual se dava corda no relógio. Música e soneca O primeiro rádiorrelógio despertador foi inventado por James Reynolds, nos anos 1940. As pessoas poderiam finalmente acordar com notícias ou músicas de sua estação favorita. E o primeiro despertador com a função soneca (do inglês snooze, que permite programar o relógio para tocar em determinado intervalo, dando tempo para uma “viradinha”) surgiu em 1956. 25 BIG BEN As badaladas da torre O Parlamento britânico tem em seu prédio um dos maiores símbolos internacionais de medição do tempo Como parte da celebração dos 60 anos de reinado de Elizabeth II, a torre passou a se chamar Elizabeth Tower 26 Mais famoso do mundo e símbolo da cidade de Londres, o Big Ben badalou pela primeira vez no dia 11 de julho de 1859, 11 dias depois de ser inaugurado. O nome, na realidade, é uma referência ao sino de mais de 13 toneladas, instalado em uma das torres do Palácio de Westminster, sede do Parlamento britânico, às margens do Rio Tâmisa, também conhecida como Clock Tower (Torre do Relógio). Não se sabe exatamente por que o sino foi batizado com o nome, mas existem duas teorias a respeito. A primeira diz que foi uma homenagem a Benjamin Hall, ministro de Obras Públicas da Inglaterra no período de construção da torre. Benjamin era um homem grande, apelidado de Big Ben, daí a origem. A segunda teoria é que seria referência ao campeão de boxe peso-pesado da época, Benjamin Caunt, que, por sua estatura, também era conhecido como Big Ben. História Um incêndio destruiu quase a totalidade do Palácio de Westminster, em 1834. Dez anos depois, ainda com as obras de recuperação em andamento, terceiro relógio de torre mais alto do mundo, o big ben tem ponteiros com 4,26 metros de comprimento o Parlamento decidiu que a nova estrutura deveria incluir uma torre e um relógio. O relógio foi construído por EJ Dent & Co., e o sino, o Big Ben, foi modelado pela Whitechapel Bell Foundry. O relógio raramente parou de funcionar, nem mesmo durante o bombardeio que atingiu Londres na Segunda Guerra Mundial. Características O Big Ben é o terceiro relógio de torre mais alto do mundo.O prédio, construído em estilo gótico, mede 96,3 metros de altura. Os ponteiros que marcam os minutos medem 4,26 metros e originalmente eram de ferro, mas, devido ao peso, foram substituídos por cobre; já as figuras têm 60 centímetros. A hora é regulada por uma pilha de moedas colocadas sobre um pêndulo. Cinco sinos constituem o carrilhão que emite a cada 15 minutos um som conhecido como Westminster Chimes (expressão que pode ser traduzida como Melodias Westminster). Já o número de badaladas coincide com o de horas cheias. Diariamente, o som é transmitido ao vivo por TV e rádio. Isso ocorreu pela primeira vez em em 31 de dezembro de 1923. O acesso ao alto da torre é fechado para estrangeiros, mas é possível conhecer os salões do Parlamento por meio de visitas monitoradas. Quando os parlamentares estão reunidos, é acesa uma luz especial acima da face do relógio, para que o público fique sabendo do funcionamento da Casa. big ben e os guardas da rainha são símbolo da capital britânica Inclinação O Big Ben está inclinado 0,26 grau para Noroeste, o que significa existir um desvio de cerca de meio metro entre a base e o ponto mais alto da estrutura da torre que o abriga. A medição consta de um estudo encomendado pela autoridade responsável pelos transportes em Londres – pois uma linha de metrô passa por baixo do Parlamento. De acordo com as medições, a torre está se inclinando, desde 2003, a um ritmo de 0,9 milímetro por ano. Nessa proporção, serão necessários alguns milhares de anos (entre 4 mil a 10 mil) para que isso se torne um problema semelhante ao da Torre de Pisa, na Itália, inclinada cerca de quatro graus. 27 Greenwich Símbolo de pontualidade O Meridiano de Greenwich passa exatamente sobre o Observatório Real, o marco zero da hora no mundo O Observatório de Greenwich é referência mundial na marcação das horas e se tornou atração turística em Londres É exatamente na localidade de Greenwich que se mede a hora zero do mundo O conjunto de prédios foi tombado pela Unesco como patrimônio da humanidade 28 Todo mundo já deve ter ouvido a expressão “pontualidade britânica”. Não é à toa que o inglês é um povo famoso por esse aspecto. Além de abrigar o Big Ben, o mais famoso relógio do mundo, é na Inglaterra – mais precisamente em Greenwich – que se “mede” a hora zero do mundo. Ali está localizado o Primeiro Meridiano, o zero grau de longitude, que serviu de base para definir o Tempo Médio de Greenwich (GMT). (Veja detalhes na página 34) É sobre essa localidade, a 20 minutos de Londres, que passa uma linha imaginária que divide o planeta Terra em Ocidente e Oriente. É o chamado Meridiano de Greenwich. Outra linha imaginária, a Linha do Equador, divide o planeta em dois hemisférios: Sul e Norte. Patrimônio O distrito de Greenwich é famoso por abrigar uma coleção de prédios históricos, que incluem o Observatório Real, o Museu Marítimo Nacional, a Casa da Rainha e o Old Royal Naval College. Devido ao grande interesse arquitetônico, o Maritime Greenwich – como é conhecido o conjunto de edificações – foi declarado patrimônio da humani- dade pela Unesco, em 1997. Em fevereiro de 2012, como parte das celebrações do jubileu de diamante do reinado de Elizabeth II, o distrito tornou-se Royal Borough (cidade real). Observatório Real O Observatório Real é uma das construções mais importantes de todo o Reino Unido, pois desempenha um papel importante nas histórias da astronomia e da navegação. É exatamente sobre ele que passa o Meridiano de Greenwich. O prédio está situado em uma colina, em meio a um parque, de onde é possível ter uma vista privilegiada da região, incluindo o Rio Tâmisa. O Observatório Real foi encomendado em 1675, pelo Rei Charles II, para contribuir no desenvolvimento de conhecimentos astronômicos essenciais à navegação. Ali trabalharam astrônomos como John Flamsteed e Edmond Halley, os dois primeiros detentores do título de Astrônomo Real Britânico. Entre suas funções, estudavam as estrelas, a fim de entender o movimento do céu. Halley descobriu o cometa que leva o seu nome. Os meridianos e as horas Os meridianos são linhas imaginárias que cortam a Terra verticalmente. O principal é o de Greenwich, definido em 1851, que divide o globo em Ocidente e Oriente. Ele atravessa dois continentes e sete países: Europa (Reino Unido, França e Espanha) e África (Argélia, Mali, Burkina Faso e Gana). O seu reconhecimento como referência ocorreu anos mais tarde, a partir de um acordo mundial firmado em 1884, na cidade de Washington (EUA), com o objetivo de estabelecer uma padronização de horários e datas em todo o mundo. A Hora Média de Greenwich (Greenwich Mean Time, ou GMT), baseada na rotação da Terra, foi utilizada como padrão mundial de tempo até 1972, quando um acordo internacional criou o Tempo Universal Coordenado (Coordinated Universal Time ou UTC). Zero hora UTC corresponde à meia-noite no Meridiano de Greenwich. 29 Referência Os relógios suíços são conhecidos como referência de precisão e qualidade. É uma tradição que vem do século 16, época em que a Suíça era uma importante produtora de joias. Em 1541, por determinação da Igreja Protestante, os sinais de luxo e pompa foram proibidos em Genebra, uma das maiores cidades do país. Com isso, joalheiros e ourives (profissionais que trabalham com ouro e prata) foram obrigados a procurar novas atividades – e muitos dedicaram sua atenção à produção de relógios. Em 1601, foi criada em Genebra a primeira associação de relojoeiros do mundo. Por volta de 1700, os profissionais começaram a buscar novos mercados, se estabelecendo em outras cidades da região. Embora o método de trabalho continuasse artesanal, em 1790 já eram exportados mais de 60 mil relógios. Escala Os avanços industriais permitiram a fabricação de peças em grande es- 30 Joalheiros e ourives dedicaram atenção à produção de relógios ícone Outra inovação fundamental para recolocar o país no topo da indústria relojoeira foi a criação dos relógios Swatch, lançados em 1983. Feitos de plástico e muito finos, tinham apenas 51 componentes, quase a metade das peças habituais. Com qualidade suíça, design inovador e preço acessível, os relógios Swatch rapidamente viraram um ícone mundial. atestado de qualidade Precisão com marca suíça Cinco séculos de produção e pesquisa justificam a especialidade dos mecanismos fabricados pelas empresas do país europeu Durante muitos anos, a Suíça produziu quase a metade dos relógios do mundo cala no começo do século 20 e, durante muitos anos, a Suíça foi responsável por quase a metade de toda a produção mundial de relógios. Em 1967, o Centro de Horloger Electronique (CEH), na cidade de Neuchâtel, apresentou o primeiro relógio de quartzo analógico, chamado Beta 21, um avanço na precisão do tempo. A nova tecnologia ganhou a preferência do mercado na década de 1970. Por causa dela, entretanto, os suíços perderam espaço de mercado para os fabricantes asiáticos, que conseguiam fazer o produto com preços menores. regras rígidas determinam como os relógios podem exibir a marca Swiss made A designação Swiss Made (Feito na Suíça) dá ao relógio um atestado de qualidade. O país tem acordos internacionais e reforça instrumentos jurídicos com o objetivo de evitar seu uso por equipamentos não autênticos. Para ganhar a marca, o relógio precisa ter mecanismo fabricado na Suíça, bem como ser montado e inspecionado no país. Há especificações para determinar a origem dos componentes, o local e a forma de aplicação das palavras na peça. Até mesmo a inscrição na pulseira é regulamentada. Se o relógio tiver o mecanismo suíço, mas for montado em outro país, não poderá ter inscrição na parte de fora e sim apenas no interior da peça. 31 HOROLOGIA Ciência estuda as horas e a arte de fabricar instrumentos Escolas e centros especializados tratam do estudo do tema. Além de pesquisadores, colecionadores também se dedicam ao assunto Horologia é a ciência que estuda as horas, criada há muito tempo, na época da Babilônia (civilização que data dos anos 1900 a.C.). Naquele período, convencionou-se que um minuto teria 60 segundos e uma hora, 60 minutos. Hoje, os especialistas medem o tempo em bilhões de frações. É também a arte de fazer relógios, assim como conservá‑los e repará-los. Milhares de pessoas são fascinadas por esses instrumentos; são colecionadores e se interessam em aprofundar os estudos sobre o tempo e suas medidas. Há escolas especializadas nessa ciência, além de centenas de publicações e museus espalhados por todo o mundo. Não por acaso, a Suíça concentra o maior número de locais dedicados ao tema. Não se trata de uma disciplina estática. Sempre foi impulsionada por técnica, materiais e design. O que antes era moderno, agora representa um retorno ao passado. Mas as novidades não param de surgir. Existe até, a exemplo do que ocorre na alta costura, uma alta horologia. Não é a produção em massa, mas relógios construídos à mão, difíceis de serem encontrados e caríssimos. 32 ciência é impulsionada por técnica, materiais e design, que fazem do estudo das horas tema de museus e centros internacionais 33 fusos horários Tempo cortado em fatias Linhas imaginárias padronizamOCEANO a PACÍFICO contagem mundial, facilitando a mobilidade das pessoas e as relações comerciais entre os países +9 +10 +11 +12 -12 OCEANO PACÍFICO OCEANO PACÍFICO -11 -10 Desde o início da contagem das horas, o Sol foi fundamental para que o homem pudesse definir a passagem do tempo. Quando estava a pino, determinava o horário do meio-dia. Assim, cada comunidade tinha seu próprio tempo solar. Foi no século 19, com a criação das ferrovias e do telégrafo, que essas di- 34 -9 -8 -7 -6 -5 -4 ferenças se transformaram em problemas para os moradores de diferentes cidades. Na América do Norte, havia 74 modos diferentes de contar as horas. As empresas ajustavam a saída de seus trens de acordo com o horário da cidade natal. Como informar a hora certa do trem para os passageiros e funcio- -3 -2 -1 OCEANO ÍNDICO Meridiano de Greenwich OCEANO ATLÂNTICO 0 +1 +2 +3 +4 nários de cada local? Gradualmente, as ferrovias foram criando sistemas para o melhor funcionamento. Grã-Bretanha, Estados Unidos e Canadá foram pioneiros nesse movimento, adotando padrões que utilizavam o Meridiano de Greenwich como referência. A escolha se deu pela exatidão +5 +6 +7 +8 +9 +10 +11 +12 que o Observatório de Greenwich, nos arredores de Londres, na Inglaterra, apresentava nos dados de navegação – na época, a maior parte das cartas geográficas era feita pelos ingleses. Assim, o padrão Greenwich Mean Time (Tempo Médio de Greenwich – GMT) se tornou uma referência para o mundo. 35 Você sabia? Padrões de tempo Em 1972, o padrão GMT foi substituído pelo Coordinated Universal Time (Tempo Universal Coordenado – UTC). A diferença entre UTC e GMT está na variação de milésimos de segundo que acontece na rotação do planeta Terra. As horas são contadas com a soma ou subtração de um número inteiro para cada fuso, sendo zero o horário de Greenwich. Na direção Leste, somam-se horas. Para Oeste, é preciso subtrair. Assim o Japão, que fica nove fusos a Leste de Greenwich, está na faixa UTC +9:00. E o Peru, cinco fusos a Oeste, adota o UTC -5:00. Países que têm maior extensão leste-oeste podem ter mais de um fuso. É o caso da Rússia, cujo território apresenta nove fusos horários; dos Estados Unidos, que tem quatro faixas em sua área continental; e do Brasil, com três fusos. Cada país tem liberdade para definir a sua hora legal, ou seja, estabelecer em qual faixa de tempo vai se encaixar. Assim, as linhas que separam os fusos não necessariamente coincidem com os meridianos, de forma reta, e sim seguem as fronteiras estabelecidas pelos países. A Argentina é um exemplo: embora a maior parte de seu território esteja sobre o fuso a quatro horas de Greenwich, o país definiu sua hora legal como UTC -3:00. 36 FUSOS HORÁRIOS DO BRASIL Linha internacional de data: Exatamente oposta à Greenwich, a linha internacional de data passa sobre o Oceano Pacífico. Ela marca o ponto da Terra onde é necessário ajustar o calendário, não o relógio: a diferença de tempo entre um lado e outro da linha é 24 horas, ou seja, um dia inteiro. -4 horas* -3 horas* -2 horas* Samoa: Limite teórico O dia 30 de dezembro de 2011 não existiu em Samoa, ilha com 180 mil habitantes localizada no Oceano Pacífico. Para melhorar sua relação com seus principais parceiros comerciais, Nova Zelândia e Austrália, o governo local decidiu “pular” a linha internacional de data e ajustar seu calendário. Antes, Samoa era UTC -11:00, agora é UTC +13:00. Limite prático civil ou político *Em relação ao horário Meridiano de Greenwich OCEANO PACÍFICO Brasil: De 1913 a 2008, o Brasil teve quatro fusos horários: UTC -2:00 (Fernando de Noronha e outras ilhas), UTC -3:00 (Brasília e a maior parte do território nacional), UTC -4:00 (parte das regiões Norte e Centro-Oeste) e UTC -5:00 OCEANO PACÍFICO (Acre e parte do Amazonas). Essa última zona foi extinta em 2008, sendo integrada à faixa anterior, e assim o país passou a integrar apenas três fusos. Tramita no Congresso Nacional projeto que deve restabelecer o antigo padrão. Rússia: País com maior extensão do mundo, a Rússia não poderia deixar de ter vários fusos em seu território. No total são nove faixas, variando de UTC +2:00 a UTC +11:00. Nepal: Em 1986, o Nepal, na Ásia, foi o último país a integrar o sistema internacional, adotando o padrão UTC +5:45. Estados Unidos: Venezuela: Embora os fusos se refiram a horas inteiras, alguns países adotam tempos intermediários. É o caso da Venezuela, que em 2007 retornou à faixa UTC -4:30, que o país já havia utilizado entre 1912 e 1967. OCE +9 +10 +11 +12 -12 -11 -10 -9 O dia 18 de novembro de 1883 ficou conhecido nos Estados Unidos como the day of two noons (o dia de dois meios-dias), pois foi nessa data que os relógios das companhias ferroviárias do país foram ajustados seguindo o padrão inter-8 -7 -6 -5 -4 nacional. A mudança foi de até 30 minutos. 37 -3 -2 ECONOMIA Um horário só de verão Dias mais longos e melhor iluminação fazem da estação mais quente do ano a época para alterar o relógio benjamin franklin foi o primeiro a propor o horário de verão para economizar energia No verão, normalmente os dias são mais ensolarados e longos do que nas outras estações do ano. Com base nessa observação, em 1784, época em que ainda não havia luz elétrica, o norte‑americano Benjamin Franklin teve a ideia de adiantar os relógios para que a luminosidade do dia fosse mais bem-aproveitada, especialmente no entardecer. Franklin ficou conhecido por inúmeras invenções, entre elas o para-raios e as lentes bifocais. Mas o sistema só entrou em vigor em 1916, durante a Primeira Guerra Mundial, primeiramente na Alemanha e em seguida na Inglaterra. Na ocasião, a medida foi vista como esforço de guerra, já que houve grande economia de carvão, principal fonte de energia da época. Países Atualmente, o horário de verão é adotado em 30 países. Em inglês, a medida é chamada de daylight saving time; em italiano, de ora legale. Nos países da União Europeia, o horário de verão costuma vigorar entre o último domingo de março e o último domingo de outubro; nos Estados Uni- 38 dos, no Canadá e no México, a duração é de abril a outubro; na Rússia, na Turquia e em Cuba, de março a outubro; e na Austrália, na Nova Zelândia, no Chile e no Paraguai, de outubro a março. Brasil No Brasil, a primeira vez aconteceu em 1931. Houve anos em que a medida não foi adotada, mas isso passou a ocorrer anualmente a partir de 1985. Em 2008, um decreto presidencial definiu que a medida tem início no terceiro domingo de outubro, finalizando no terceiro domingo de fevereiro. Se coincidir com o Carnaval, entretanto, o encerramento é no domingo seguinte. Em termos de economia de energia, a adoção do horário de verão só apresenta resultados significativos em regiões distantes da Linha do Equador, que separa a Terra em Hemisfério Sul e Hemisfério Norte. Esse é o motivo pelo qual a medida vigora, no Brasil, somente nos Estados das Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Não é adotada no Norte e no Nordeste (com exceção da Bahia), por conta da proximidade com o Equador – que torna praticamente igual a duração do dia e da noite. HORÁRIO DE VERÃO no brasil, estados das regiões norte e nordeste não mudam o relógio no período de verão MUDAM NÃO MUDAM 39 são paulo Em 2011, a BM&FBovespa movimentou o equivalente a R$ 182 milhões por hora, em compras e vendas de ações. Qual é o mais rápido? A cada ano, em São Paulo, é promovido o Desafio Intermodal. A ideia é apurar qual a forma mais rápida de se movimentar na cidade em horário de pico no trânsito. Em 2011, o percurso de dez quilômetros foi traçado entre a Praça General Gentil Falcão, na Avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini, na zona sul, até o Viaduto do Chá, em frente à Prefeitura, no centro da cidade. A bicicleta chegou na frente. O brasileiro gasta em média 5 horas, 28 minutos e 38 segundos por dia vendo televisão. Por hora, são pagos R$ 3,8 milhões em impostos na cidade de São Paulo. A cada 60 minutos, 54,8 voos decolam ou aterrissam nos aeroportos de Guarulhos e Congonhas, em São Paulo. IMPOSTÔMETRO 3.800.000,00 Transporte público (ônibus + metrô) Pedestre caminhando Transporte público (ônibus) Automóvel início A cada 1 hora saem do forno 43,2 mil pizzas, o que significa pelo menos 1 milhão de redondas por dia. Motociclista Ciclista por vias rápidas chegada Praça General Gentil Falcão Viaduto do Chá 10 km 0 km 97min40s 74min25s 74min0s O valor de cada minuto Se o tempo é precioso, ele vale ainda mais em São Paulo. Trânsito e custo de vida influenciam os relógios na capital Em São Paulo, sexta metrópole mais populosa e um dois principais centros financeiros do mundo, tempo é dinheiro. Mas também é um indicador de qualidade de vida. Os paulistanos vivem de olho no relógio. A boa gestão das horas é imprescindível para conseguir, além de trabalhar, usufruir o conjunto de atrações culturais, esportivas e de lazer. Por isso mesmo, morar em locais que favoreçam o acesso a produtos e serviços indispensáveis, bem como residir perto do trabalho, é um sinônimo de vida boa. O principal vilão do tempo é o trânsito 40 – ou melhor, a lentidão: a média anual de congestionamentos, em 2011, foi de 80 quilômetros no pico da manhã, e de 108 quilômetros no da tarde. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apenas 5% das pessoas levam até 5 minutos para o deslocamento de casa até o trabalho; 28% gastam entre 6 e 30 minutos no trajeto; 35%, de 30 minutos a 1 hora; e 31%, mais de 60 minutos por dia no percurso. Os dados foram apurados a partir do Censo 2010. A Rede Nossa São Paulo também divulgou nú- 52min57s 28min15s meros que confirmam o quanto o paulistano perde de tempo no trânsito. Apresentado em 2011, na véspera do Dia Mundial Sem Carro (22 de setembro), o estudo identificou que 2h49min são gastos diariamente para o deslocamento na cidade. O número foi sete minutos maior do que no ano anterior, de acordo com o levantamento encomendado ao Ibope. Considerando que o paulistano trabalhe 250 dias em um ano, ele perde 29,3 dias a cada 12 meses no tráfego. Tempo para ver 352 filmes, por exemplo. Menos sono Já que é difícil escapar dos congestionamentos, paulistanos compensam a perda de tempo nas ruas dormindo menos. Um estudo de pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), divulgado em 2010, mostrou que os moradores da capital dormem quase meia hora menos, por noite, do que os habitantes de há 20 anos. A média de 22min50s horas na cama, agora, é de sete e meia nos dias úteis e perto de oito horas e meia aos domingos. Muita gente sacrifica minutos de descanso justamente para aproveitar a cidade ou mesmo cumprir tarefas rotineiras, como ir ao supermercado. E o paulistano tem cada vez mais motivos para frequentar a noite e ficar desperto: um levantamento feito pela Central Mailing List apontou que a cada 24 horas uma casa noturna é aberta na metrópole. São bares, baladas e locais de shows. Filas são marca registrada da cidade também nos momentos de lazer. Elas estão presentes no cinema, no estacionamento, no trânsito, no restaurante, na hora de comprar ingressos e na hora de usá-los. Em 2007, a Revista da Folha fez um levantamento e identificou, em 43 estabelecimentos, espera de 3 a 40 minutos para entrar no cinema, de até duas horas em filas nos restaurantes e de uma hora e meia em bares e baladas. 41 PASSEIO Único museu do país guarda peças inusitadas fábrica em são paulo reserva espaço para expor peças colecionadas ao longo dos anos Mais de 700 itens curiosos e valiosos apresentam ao público a história do relógio, mecanismo imprescindível para a evolução da humanidade Fruto do sonho e da dedicação de seu fundador, o professor Dimas de Melo Pimenta, o Museu do Relógio ocupa área de 226 metros quadrados dentro da fábrica da Dimep - Sistemas de Acesso, Segurança e Ponto, no bairro Vila Leopoldina, em São Paulo. Fundado em 1975, o espaço abriga um acervo de mais de 700 peças, que inclui raridades e alguns itens bastante curiosos, como um despertador com cafeteira embutida, que data do início do século 20. Dimas de Melo Pimenta nasceu em Portugal, mas veio para o Brasil com apenas um ano de idade. Sua paixão pelo universo dos medidores de tempo começou aos 18 anos, quando foi trabalhar em uma companhia de relógios e telefones. Entusiasmado pelas máquinas que passavam pelas suas 42 Procedência: Estados Unidos Data aproximada de fabricação: 1910/1920 Procedência: Suíça Data aproximda de fabricação: Não identificada Procedência: Portugal Data aproximada de fabricação: Não identificada Relógio despertador com cafeteira embutida. Quando é ligado, um aparato mecânico complexo aciona uma cafeteira, produzindo café quente em recipiente próprio. Ao término do processo, a cafeteira imediatamente para o seu funcionamento e aciona o alarme de despertar. Antiga chatelaine de ouro e pérolas, com tampa decorada em esmalte azul, trabalhada com motivos florais e brilhantes. Todo o conjunto é feito em ouro 18 quilates. Presente dado pela Imperatriz do Brasil no século 19. Variante do modelo de relógio de Sol, essa peça sinalizava um determinado horário por meio de um pequeno canhão carregado com pólvora. A regulagem era feita por uma lente que refletia os raios solares, acionando a pólvora que entrava em ignição e produzia um estampido. 43 mãos, importadas da Alemanha, dedicou todo o seu tempo disponível na observação e análise desses relógios. A contribuição do professor Dimas no campo do desenvolvimento e da fabricação de relógios no país foi notável. Ele solicitou mais de cem patentes de invenção, além de publicar oito livros sobre a especialidade. Peças raras O seu fascínio pela criação e inovação e sua obsessão por aprimorar o maquinário dos relógios o levaram a iniciar a busca por peças raras, em 1950. Sua determinação conquistou também o apoio da família, o que seria fundamental, anos depois, para a criação do Museu do Relógio, que se mantém como o único do Brasil. A tarefa de agrupar um número tão grande de relógios históricos e curiosos foi bastante árdua. Peças originais foram procuradas por todos os lugares, em especial nos mercados de antiguidades espalhados pelas mais diversas cidades do mundo. O relógio mais antigo apresentado no museu foi fabricado em 1620, na Alemanha. Trata‑se de uma peça portátil, semelhante a um relógio de bolso, todo em prata lavrada, em caixa cilíndrica, possuindo apenas o ponteiro das horas – o ponteiro de minutos só foi incorporado aos relógios a partir de 1670. 44 Procedência: Estados Unidos Data aproximada de fabricação: 1897 Procedência: Alemanha Data aproximada de fabricação: 1620 Representa os primeiros relógios de ponto já fabricados. A identificação do funcionário era feita por uma roda metálica com 150 furos numerados. O registro de ponto era impresso por meio de um mecanismo próprio, em uma folha de papel que envolvia um cilindro existente dentro da caixa do relógio. Relógio mais antigo exposto no museu. Bastante curiosa, a peça possui somente o ponteiro de horas. Devido à imprecisão dos mecanismos, os relógios daquela época não possuíam o ponteiro de minutos. Seu mecanismo, todo artesanal, levava alguns anos para ser concluído. Seu custo, portanto, era bastante alto e, dessa forma, só era possuído por pessoas de grande poder aquisitivo. Procedência: Estados Unidos Data aproximada de fabricação: 1883 Procedência: Suíça Data aproximada de fabricação: 1920 O relógio ficou conhecido como Crazy Clock, devido a um inusitado sistema para determinar a passagem do tempo. Um fino cordão com uma pequena esfera metálica está amarrado à extremidade de uma haste que, girando, atira-o contra varetas que ciclicamente impedem e liberam o seu movimento. Desta forma, criava-se uma informação padrão de tempo para o mecanismo do relógio. O curioso relógio é composto por um pedestal e um prato de prata na parte superior, cuja borda está gravada com uma escala de 12 horas. No centro, mantido com água, uma falsa tartaruga flutua e aponta, com a cabeça, o horário correto. O mecanismo é acionado por campos magnéticos que movem a tartaruga. Reforma Em 2000, o Museu do Relógio foi fechado devido à partilha dos bens do professor, que havia falecido em novembro de 1996. Seu filho, Dimas de Melo Pimenta II, foi o responsável pela reabertura, realizada em abril de 2005, com cerca de 600 modelos expostos. Dimas II continuou fielmente o trabalho de seu pai, adquirindo novos itens e exigindo que todos os relógios contivessem somente peças originais e manutenção apropriada. Após uma nova reforma, que durou seis meses, o museu foi reaberto em outubro de 2011 para visitação do público, com cerca de 700 modelos, desde demarcadores de tempo, relógios de bolso, de parede, de mesa, relógios Cuco, versões curiosas e únicas. Além das peças adquiridas no mercado, o acervo conta ainda com uma gama de relógios de fabricação própria da Dimep. As peças resumem a evolução das fases pelas quais a empresa passou e sua contribuição para a indústria brasileira de relógios. Serviço: Museu do Relógio Prof. Dimas de Melo Pimenta Avenida Mofarrej, 840 – Vila Leopoldina. De segunda a sexta, das 9h às 11h, e das 14h às 17h – necessário agendamento prévio. Todo último sábado de cada mês, nos mesmos horários, quando não é necessário agendamento. Entrada gratuita. Visita monitorada. Acesso para deficientes. 45 RELÓGIO DOS 10 MIL ANOS Um relógio especial, projetado para ser um símbolo de pensamento de longo prazo, está sendo construído dentro de uma montanha nos Estados Unidos. É o Relógio dos 10 Mil Anos – também chamado de Relógio do Longo Agora –, que irá marcar o tempo para os próximos milênios. Além das horas, fornecerá aos habitantes do futuro informações sobre as estações do ano e as fases da Lua. Uma das características mais marcantes do relógio é a sua capacidade de autoajuste, o que vai permitir grande precisão. O projeto leva em consideração os movimentos da Terra e inclui uma lente apontada para o Sol, para assim garantir calibragem e sintonia com os movimentos celestes. Criar um relógio que funcione corretamente durante 10 mil anos é um enorme desafio. Ele deve ser confiável, fácil de manter, capaz de resistir a mudanças climáticas e não ser superado por novas tecnologias daqui a algumas centenas de anos. Por essa razão, o protótipo é baseado em mecânica básica. Um ícone do longo prazo Com precisão de dez milênios, mecanismo será construído nos Estados Unidos com aço inoxidável, titânio, cerâmica e sílica 46 um dos protótipos é o planetário exposto no museu da fundação do longo agora Características Com 60,2 metros de altura, será parecido com um relógio de pêndulo. Mas haverá diferenças: a marcação de tempo ocorrerá de dez em dez segundos e não a cada segundo, para aumentar a durabilidade dos componentes. No lugar de 12 pontos que indicam as 24 horas do dia, o mostruário marcará a posição de astros e planetas, com ponteiros indicando a data e a hora em curso. Embora o relógio vá computar o tempo ininterruptamente, será preciso dar corda manual para que as horas apareçam no mostrador de 2,5 metros. São 20 rolamentos de aço inoxidável, com 2,4 metros de diâmetro. Eles acionarão dez sinos programados pelo músico Brian Eno para jamais produzir a mesma melodia ao longo de 10 mil anos. O mecanismo de carrilhão permite combinar cerca de 3,5 milhões de sequências únicas, quantidade suficiente para atravessar os séculos sem repetir uma única vez a mesma música. Brian Eno, por sinal, é o autor do nome Longo Agora, inspirado em fazer as pessoas estenderem seu pensamento sobre o que constitui “agora”. Na montanha O relógio será construído com materiais resistentes, mas sem valor significativo para não despertar a cobiça de saqueadores do futuro. Inclui aço inoxidável, titânio, cerâmica e sílica. Seu mecanismo ficará integralmente visível para que possa ser entendido sem precisar de desmontagem. A Fundação do Longo Agora (www. longnow.org) adquiriu o topo do Monte Washington, no Estado de Nevada (EUA), para o armazenamento permanente do relógio. Antes, está montando um mecanismo similar em uma montanha no Texas (EUA), que foi cedida por Jeff Bezos, fundador da Amazon, que também destinou US$ 42 milhões para o projeto. As lições aprendidas na construção desse primeiro relógio determinarão 47 Princípios do Relógio do Longo Agora: o design final do equipamento a ser instalado em Nevada. A área foi escolhida em parte porque ela abriga árvores (sequoias) com cerca de 5 mil anos de idade – companhia apropriada para a obra monumental. Além disso, é um deserto seco, sendo o interior da montanha caracterizado pela estabilidade de temperatura (em torno de 13 graus centígrados), o que é uma vantagem para assegurar o funcionamento constante do relógio. Protótipos O primeiro protótipo do relógio começou a trabalhar em 31 de dezembro de 1999, apenas a tempo para exibir a transição para o ano de 2000. Esse protótipo, com cerca de dois metros de altura, está em exposição no Museu da Ciência, em Londres, na Inglaterra. Mais dois protótipos estão em exibição no museu da Fundação, em São Francisco (EUA). Um deles é o sincronizador solar, mecanismo que vai ajudar a manter a hora exata ao longo dos milênios, corrigindo os desvios. Outro é o Planetário, que mostra a posição relativa do Sol, da Terra e de mais cinco planetas visíveis pelo olho humano (Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno). É construído em uma liga de níquel-cobre e aço inoxidável e em pedras que se assemelham a cada planeta que representam: Mercúrio, de um meteorito; Júpiter, de arenito; Vênus, de calcita laranja; Saturno, com anéis de ônix; Marte, de jaspe vermelho; Terra, de lápis-lazúli azul; e o Sol, de calcita amarela. 48 1. Longevidade O relógio deve ser exato, mesmo depois de 10 mil anos, e não deve conter partes valiosas (como metais caros ou ligas especiais), que podem ser saqueadas. O primeiro protótipo, que está exposto no Museu da Ciência de Londres 2. Manutenção As gerações futuras devem ser capazes de manter o relógio funcionando, se necessário, com nada mais avançado do que ferramentas e materiais da Idade do Bronze. 3. Transparência O relógio deve ser compreensível sem a necessidade de ser parado ou desmontado; nenhuma funcionalidade deve ficar oculta. 4. Evolução Deve ser possível melhorar o relógio ao longo do tempo. SINCRONIZADOR SOLAR, QUE AJUDARá a manter a precisão do relógio 5. Escalabilidade Para garantir que o grande relógio irá funcionar corretamente, protótipos menores devem ser construídos e testados. tic-tac O relógio e o tempo A medição do tempo é um desafio que o homem venceu e aprimorou ao longo dos séculos. Inventou e construiu diferentes tipos de relógios que se tornaram cada vez mais práticos e precisos.