18 de martelo de 1375 - Os Cavaleiros da Costa
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18 de martelo de 1375 - Os Cavaleiros da Costa
18 D E M A R TE LO D E 1375 18 de martelo de 1375 O chão é coberto de palha e estrum e de ovelha. O am biente é hum ilde e o cheiro não é dos m ais agradáveis. M as o sim ples fato de estarm os passando a noite em uma casa ao invés de em um a carruagem escondida à beira da estrada já faz com que eu me sinta m elhor. A lém disso, a casa é de Telam ir, e isso por si só já quer dizer que estarem os seguros, ao m enos por essa noite. E ste foi o segundo dia de viagem após termos deixado Portão de Baldur. A ntes disso, ainda havíam os viajado por dois dias antes de chegarmos na cidade e após nosso últim o confronto na estrada, ou m elhor, o confronto de H agen contra os assaltantes noturnos. Os dois dias de viagem até Baldur foram tranqüilos, sem muita conversa a não ser pelas vozes de M ourgram e H agen que não cessavam de adentrar a carruagem . A o final do segundo dia, pudem os sentir a algum a distância o cheiro nauseabundo que vinha dos portos e ancoradouros da cidade portuária. Portal de Baldur estendia-se à nossa frente, num declive m eio íngreme, de form a que de onde estávam os podíam os vislum brar à luz da lua perfeitam ente o cais m ais abaixo, ao nível do m ar, a parte popular m ais acim a, e acim a destes a parte nobre da cidade. A s ruas estavam desertas, tam anha era a intensidade do vento e do frio, de m aneira que foi fácil nos locom overm os até a casa de Indrid, um sobrado de dois andares em um a das m uitas ruas estreitas da cidade. Porém, algo despertou nossa atenção: a porta de entrada encontrava-se aberta. Saím os da carruagem alertas e Indrid, com sua usual e calculada discrição, entrou sorrateiramente na casa. E le foi seguido por M ourgram e seu estardalhaço, e eu, percebendo a com binação drasticam ente antagônica dos dois, resolvi os seguir de form a invisível, não sem antes pedir a H agen para que cuidasse a entrada da casa. O interior estava im erso em escuridão, m as não foi difícil perceber que todos os m óveis e pertences do aposento encontravam -se em com pleta desordem , com o se alguém tivesse vasculhado cada canto da casa à procura de algo, ou de alguém ... N ão dem orou m uito para que eu ouvisse o som abafado de passos ligeiros no andar superior. Corri até M ourgram , que ainda estava no andar térreo, e juntos subim os as escadas, para encontrar Indrid em posição de com bate e um corpo decapitado à sua frente. Os restos m ortais do invasor nos revelaram que tratava-se de um m orto-vivo, a carne pútrida e decom posta não nos deixava enganar. Foi então que ouvim os o inconfundível som de projéteis no ar e, não fosse pelo escudo de M ourgram , estaríam os alvejados. A s flechas vieram da janela, que se encontrava aberta, bem como a janela do prédio em frente, do outro lado da rua. Quem quer que tenha desferido as flechadas, não deram m uito trabalho, pois m eus relâm pagos adentraram o outro prédio e fizeram bem o seu serviço. Porém, para m e certificar, pedi que alguém descesse até a porta de entrada da casa e ajudasse H agen na vigilância. Logo após, conjurei um a m agia de vôo e adentrei o outro prédio, para descobrir que havia ainda um sobrevivente em fuga. E ste por fim foi m orto por Indrid e suas infalíveis adagas. D escobri logo após que H agen tivera sido atingido em com bate na entrada da casa e que M ourgram lidara com o inim igo. U m a vasculha no interior da casa vizinha e nos corpos m ascarados revelou que esta estava sendo alugada pelos atacantes, mem bros dos Ladrões das Som bras de Amn. Restava-nos saber o que faziam ali e por que fomos atacados. D eduzi algum as hipóteses: ou estavam à procura de Indrid para resolver suas desavenças antigas e obscuras, ou eram os vingadores daqueles que ali estavam a com ando dos Thayanos em tem pos passados e que foram por nós m esmos derrotados. U m a coisa porém era certa: não poderíamos passar a noite ali, e deveríam os partir logo na m anhã seguinte. Já tínham os problem as dem ais para nos preocupar. A lugam os então um a estalagem próxim a e deixam os a cidade com os prim eiros raios de sol da m anhã, não sem antes avistarm os Bobs, o velho m ago e seu papagaio falante. Certas pessoas não m orrem ... Tínhamos um plano em m ente: os próxim os dias seriam de perigo, pois à nossa frente estendiam -se quilôm etros e quilôm etros de terreno inóspito e hostil. Os Cam pos dos M ortos e seus habitantes am aldiçoados, e mais além , o longo trajeto que costeia os tem idos Charcos E levados e seus negros m istérios. Pretendíam os, portanto, seguir o m ais rápido possível para a casa de Telam ir, nosso velho e bom am igo. Só lá encontraríam os abrigo seguro, e, após isso, teríam os de cavalgar sem descanso enquanto nossos corpos resistissem para que cruzássem os a área dos Charcos no m enor tem po possível. A s lem branças de lá não eram nem um pouco anim adoras... D epois de dois dias de viagem, pudem os ver, na distância dourada da relva que cobre os Cam pos dos M ortos, a hum ilde casa de Telam ir. U m a casa sim ples de m adeira antiga e escura, rodeada de ovelhas gordas que pastam sem descanso. Planejávamos como iríam os pedir hospedagem ao velho fazendeiro, quando percebem os que isso não seria necessário: ele encontrava-se sobre nossa carruagem , as bochechas inchadas e averm elhadas em um largo e caloroso sorriso de boas-vindas. “N ão precisam dizer nada, m eus am igos! Sigam até m inha casa. Já está tudo preparado para sua chegada, e a carne já se encontra no fogo. A pressem -se!” N ão foi necessário nem m esmo dizer que estávam os precisando de sua ajuda. O velho m esm o deduziu que partíam os novam ente em um a nova m issão e, após o pequeno banquete de carne de ovelha, pediu-nos para que lhe contasse o que fazíamos. Telam ir realm ente surpreenderia a qualquer pessoa com sua aparência velha e indefesa. Surpreendeu-m e quando o vi pela prim eira vez. N inguém suspeitaria da enorm e sabedoria e poder concentrados naquele corpo frágil. N inguém suspeitaria do D ragão de Prata disfarçado de hom em . Realmente, um am igo daqueles é precioso quando se está em um território tão perigoso, e quando se precisa de sábios conselhos. D issem os-lhe o que procurávam os, e Telam ir novam ente se m ostrou de extrem a im portância. G ravei bem suas palavras, pois elas são sábias e serão de m uita valia nos dias que virão. A o com entarm os sobre os estranhos acontecim entos nas redondezas do Castelo Lança D racônica, Telam ir cogitou muitas possibilidades para as com bustões estantâneas. M agia, poderes demoníacos, alquim ia rara, todos eram possibilidades. Porém nos alertou: “N ão creio que um m al tão duradouro agindo sobre a região possa ser um a mera obra de U nderdark ou dos drow s, que seja. O m al que assola os Charcos E levados e suas redondezas rem onta a um passado longínquo, e a um poder m uito m aior!” Tal afirm ação m e deixou preocupado. Que m al tão poderoso teria realmente desfigurado a face daquela região de form a tão hedionda e por tanto tem po? Que horríveis m istérios estariam escondidos nas entranhas m ais profundas daquela região am aldiçoada? Telam ir por fim aconselhou-nos a seguir para o tem plo de H agen e influenciálos a deixar o local, junto com a população próxim a. N ão im agino com o isso possa ser possível, m as creio que H agen terá um papel fundam ental nessa história. A lém disso, Telam ir nos disse que nossas respostas provavelm ente estariam imersas nos Charcos, e que, portanto, deveríamos adentrar seus perigos para descobrir a verdadeira fonte do m al. Finalm ente, caso chegássem os à conclusão de que tal fardo é m ais pesado do que conseguirem os carregar, deveríam os procurar ajuda em um a única pessoa. “U m a pessoa que vaga por essa terra há m uito m ais tem po do que eu. E ncontrem E lm inster!” A quelas palavras m e fizeram tremer m ais do que qualquer outra que já tenha ouvido. A caso será o velho m ago E lm inster de que contam as antigas lendas? O velho m ago do V ale das Som bras, m ais velho do que a m ais velha das lendas? Tais fatos enchem m inha m ente de preocupação enquanto escrevo e fumo m eu cachim bo neste canto da casa de Telam ir. E le saiu há pouco, com o rufar de ventos de um dragão. H agen ficou assustado. Para ele, Telam ir é só um velho. Se ele soubesse... M as já estão todos tom ados pelo sono agora. É m elhor eu tam bém m e entregar ao doce esquecim ento do sono. Os dias serão duros a partir de am anhã. Partirem os à cavalo com o raiar do sol e com perigos inim agináveis por todos os lados...
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