Rafael Duarte na Campinas de Outrora

Transcrição

Rafael Duarte na Campinas de Outrora
Rafael Duarte na Campinas de Outrora1
Milton Duarte Segurado
Volume 1
Número 6
Fevereiro 2003
Rafael de Andrade Duarte, filho do fazendeiro Capitão Joaquim
Carlos Duarte e de Ana Francisca de Andrade Duarte (parenta do poeta
Guilherme Andrade de Almeida), nasceu em Campinas aos 21-9-1867,
onde faleceu aos 10-4-1958. Foi o primeiro acadêmico da Campinense de
Letras a deixar este mundo.
Seu pai – Tico Duarte – recebeu em sua fazenda o Visconde de
Taunay, segundo relata em suas “Memórias”, edição Melhoramentos, p.119
e 135.
É autor de comédias, para o Grêmio Artístico Rafael Duarte, um
romance, “Dona Clarita” (1907), criticado por José Veríssimo em “Últimos
Estudos de Literatura Brasileira”, Itatiaia, p.169-174, inúmeras crônicas,
algumas enfeixadas em “Campinas de Outrora” (1905).
Parte de sua correspondência passiva foi publicada na Revista do
Centro de Ciências, Letras e Artes no 65, de 1958/9, incluindo cartas de D.
Nery, D. Vieira, Francisco Glicério, Coelho Neto, Júlia Lopes de Almeida,
Vasco Ramalho Ortigão, Oliveira Lima e esposa Flora, Martim Damy, João
Lourenço Rodrigues, Washington Luís, Ítala Gomes Vaz de Carvalho, Jorací
Camargo. No mesmo número consta uma sua biografia resumida. Foi
vereador, prefeito, sócio fundador do Clube Semanal de Cultura Artística,
presidente do Tênis Clube, vice-presidente do Centro de Ciências, Letras e
Artes, de cuja Revista foi colaborador, vice-presidente, redator gerente,
redator e secretário geral.
Faz-se notar que esta Revista foi citada por Euclides em “Os
Sertões”, edição Aguilar, II, p.106, e por José Veríssimo, “História da
Literatura Brasileira”, J. Olímpio, p.136.
Quando do centenário da Independência, comemorado no Rio com
um pavilhão para cada Estado (1922), conseguiu o prefeito Rafael Duarte
um pavilhão só para Campinas, onde uma banda musical, das três aqui
existentes, era aplaudida, tocando as composições de Carlos Gomes, e não
só a sinfonia do guaraná, mas, outras, superiores, tais como Fosca, Maria
Tudor e Lo Schiavo.
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Eis o seu conteúdo, uma vez que não há índice, nem título dos capítulos: Cap. 1 e 2– Filorfênica; 3 – indumentária; 4 – costura; 5 - quadrilha; 6 e 7
– medicina caseira; 8 – festa do Divino; 9 a 12 – Clube Semanal; 13 e 14 – seu baile; 15 – Venda Grande; 16 – serenata; 17 – banda; 18 - gente
local: Ramalhete, Pe. Abel; 19 – nacionalistas e estrangeiros; 20 – o poeta Eusébio; 21 – e sua família; comércio, medicina e família; 22 a 24 –
Teatro de S. Carlos e travesti; 25 – carnaval do Maneco Roso; 26 – carnaval de 1857; 27 – carnaval de 1862; escola e tabuada; 28 – carnaval de
1860; 29 e 30 – préstito carnavalesco; 31 – colônia portuguesa; Irmandade do Santíssimo; 32 – comerciantes portugueses; suas lojas; Krug e
Florence; 33 – os irmãos Gomes Pinto; 34 – Florence, Faber, Rosen e outros estrangeiros; a faca-fuzil, o monjolo a motu-contínuo e o navio-voador;
35 e 36 – imprensa; 37 – Fôro; 38 – exército; 39 – Igreja, maçonaria; 40 – clubes; 41 – festas; 42 – conversa; 43 – demandas do arreio e do judar; 44
e 45 – congada e caiapó; 46 a 50 – música popular; 51 – as duas irmãs; 52 – no bairro de Santa Cruz; 53 – folclore; 54 – “M”; 55 – feitiçaria; 56 –
centro da cidade; 57 – Teatro de S. Carlos; um crime; 58 – e último.
Infelizmente está esgotada a primeira e única edição de “Campinas
de Outrora”, livro que tem sido muito procurado por escritores, jornalistas,
historiadores, inclusive botânicos, e que mereceria ser reeditada. É com
este livro, autêntico, que Rafael Duarte, aos 38 anos, conquistou posição
certa e importante na História de Campinas – um lugar de honra entre
Benedito Otávio e Leopoldo Amaral.
Aguardemos o feliz dia em que alguma editora venha salvar do
olvido esta jóia literária da História de Campinas, - cidade que já foi a
Princesa do Oeste, a Cidade das Andorinhas, a Cidade do Vento Fresco e,
hoje, é a Cidade dos Crimes Impenetráveis.
Volume 1
Número 6
Fevereiro 2003
Milton Duarte Segurado
Professor Universitário