certificação de empresas de projeto no rio de janeiro - Proarq
Transcrição
certificação de empresas de projeto no rio de janeiro - Proarq
CERTIFICAÇÃO DE EMPRESAS DE PROJETO NO RIO DE JANEIRO: INDICATIVO DA SITUAÇÃO Técia Maria Pereira DUARTE Arquiteta, Mestranda do PROARQ/FAU/UFRJ. Rua Sete de Setembro, no 55 / 2004, Centro, Rio de Janeiro (RJ) Brasil - Correio eletrônico: [email protected] Mônica Santos SALGADO D. Sc Professor Adjunto PROARQ/FAU/UFRJ e do Departamento de Construção Civil da Escola Politécnica/UFRJ. Av. Ipê, 550 - Cidade Universitária - Rio de Janeiro – RJ Correio eletrônico: [email protected] RESUMO Este trabalho tem como objetivo apresentar um quadro preliminar indicativo da situação relativa a certificação de empresas de projeto no Rio de Janeiro. A partir de dados coletados junto as Certificadoras(1), ao SINDUSCON (Sindicato da Indústria da Construção Civil) e ao Comitê Brasileiro da Qualidade - CB 25, aliado a alguns relatos de empresas já certificadas, em processo de certificação ou que participaram de algum programa na área de qualidade, foi possível detectar qual tipo de atividade de projeto está mais engajada no processo de gestão da qualidade e também quais programas e/ou entidades promoveram algum tipo de evento visando divulgá-lo. 1. SITUAÇÃO GERAL Em 28 de abril de 1999 o SINDUSCON-RIO promoveu um Workshop visando “esclarecer o funcionamento operacional do PBQP-H (Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade da Construção Habitacional) e homogeneizar as informações à cadeia produtiva da construção civil”, tendo como público alvo “construtores, órgãos licitantes, escritórios de projetos, associações de fabricantes de materiais, instituições de ensino e laboratórios de ensaios tecnológicos”. A partir daí, vários grupos de trabalho foram formados (por exemplo o Comitê de Normas e Procedimentos e o de Indução de Materiais). Apenas uma empresa de projeto participou e segundo seu representante, o arquiteto Wagner Fonseca, após algumas reuniões o trabalho caminhou em direção a materiais e construtoras, não havendo aspectos específicos para área de projetos. Como resultado, a empresa retirou-se do processo. O CTE (Centro de Tecnologia de Edificações) está dando assessoria para duas empresas de projetos que atuam na área de instalações prediais. Entramos em contato com uma das empresas (CEMOPE) e foi relatado que o processo encontra-se paralisado. A funcionária Sônia Pacheco informou que uma das maiores dificuldades foi o pequeno número de pessoas designadas para elaboração dos procedimentos e a respectiva falta de tempo reservado para a tarefa, inviabilizando assim a continuidade do trabalho. O que motivou a empresa a iniciar o programa foi o fato de sua associada paulista estar sendo pressionada pelos clientes a se certificar. No CREA-RJ (Conselho regional de Arquitetura, Engenharia e Agronomia) e no Sindicato de Arquitetos do Rio de Janeiro, não existe nenhum programa voltado para área de gestão da qualidade de projetos e a AsBEA-RJ (Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura), atualmente em fase de implantação conforme informado pela arquiteta Sonia Lopes, encaminha as consultas feitas por profissionais do Rio, para a AsBEA-SP que orienta sobre o caminho a ser trilhado. 2. QUADRO DE EMPRESAS CERTIFICADAS O Quadro 1 relaciona as empresas certificadas segundo a ISO-9001.94, até 25/09/2001, na atividade 74-2 - Atividades de arquitetura, de engenharia e atividades técnicas afins (fonte: (1) certificadoras e catálogo CB 25). Empresa Data da Certificação BARGOA S/A Certificadora atividades de engenharia, arquitetura e atividades técnicas afins ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas Engenharia de sistemas, compreendendo comercialização de serviços de desenvolvimento de sistemas, planejamento, projeto, construção e implantação de sistemas de informação. DBA Engenharia de Sistemas Ltda. Empresa Municipal de Urbanização – RIO URBE INEPAR S/A Indústria e Construções Tipo de Serviço 07/11/1996 INTER Assessoria Aeronáutica M.T.C. Engenharia S/A MONTREAL ENG. S/A SISTEMA PRI Engenharia de Planejamento S/C Ltda. SONDOTÉCNICA Engenharia de Solos S/A FCAV – Fundação Carlos Alberto Vanzolini BVQI – Bureau Execução de projeto, gerenciamento de obras Veritas Quality e serviços de engenharia para Prefeitura do Rio Internacional Provision of feasibility studies and basic ABS – Group detailed engineering projects in the areas of Services do Brasil industry, energy, telecommunication, Ltda. transportation and infra-structure BRTÜV Avaliações Segurança de vôo, avaliação de aeronaves, da Qualidade motores e componentes Ltda.S/C. Engenharia, concepção, gestão, ABNT – Associação desenvolvimento, produção, instalação, Brasileira de Normas integração e manutenção de sistemas de Técnicas comunicação ABS – Group Outras obras de construção envolvendo Services do Brasil trabalho especializado Ltda. DNV – Det Norske Veritas Certificadora Ltda. PROMON Engenharia Ltda. 06/08/1993 UTC – PROJETOS E CONSULTORIA 05/07/1999 Consultoria e projetos de engenharia, gerenciamento de empreendimentos, supervisão e fiscalização de obras Turn-key (main contractor), project management, engineering and design, procurement, construction, and commissioning management Provision of consulting engineering and design services related to chemical, petrochemical, oil and gas processing, pipelines, off-shore facilities, power generation and co-generation DNV – Det Norske Veritas Certificadora Ltda. ABS – Group Services do Brasil Ltda. ABS – Group Services do Brasil Ltda. Quadro 1. Empresas certificadas 3. RELATOS DE EMPRESAS JÁ CERTIFICADAS Das empresas já certificadas, coletou-se alguns dados sobre o processo de implantação e manutenção do sistema, conforme transcrito abaixo: • Empresa Municipal de Urbanização – RIO URBE Responsável: Sr. Charles Collyer Dificuldades: motivação da equipe, resistência a mudanças e falta de recursos financeiros Natureza dos projetos: projetos urbanísticos e de edificações Início do processo: 1998 Observações: Por se tratar de empresa Governamental (Municipal) a falta de recursos e a grande diversidade de níveis de funcionários (alguns com muitos anos de casa) geraram um tempo maior de adaptação e engajamento de todos • INEPAR S/A Indústria e Construções Responsável: Sra. Ângela Denise Detentor Dificuldades: seguir procedimentos (principalmente pessoal antigo na empresa) e adaptação de projetos já em andamento e de longa duração Natureza dos projetos: plataformas de extração de petróleo, usinas, fábricas, indústria e geração de energia Início do processo: 1992 Observações: O início do processo se deu na empresa que deu origem a esta (Montreal Engenharia S/A) • SONDOTÉCNICA Engenharia de Solos S/A Responsável: Sra. Maria de Fátima Sanchez Alvarez Dificuldades: sistematização dos vários procedimentos internos já existentes na empresa Natureza dos projetos: de engenharia (geotécnica, estradas, pontes, etc.) Início do processo: 1997 • UTC – Projetos e consultoria S/A Responsável: Sr. Arlei Dificuldades: percepção da importância da gestão, atribuindo-se a isso a natureza prática da categoria dos profissionais envolvidos Natureza dos projetos: na área petrolífera (ex.: plataformas) 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Até outubro de 2001 estão cadastradas no CREA-RJ, 2914 empresas de arquitetura. Segundo o levantamento apresentado, nenhum escritório de arquitetura que atue na área de edificações está hoje certificado. O escopo das empresas de projeto já certificadas está concentrado na área petrolífera, de instalações industriais e de comunicação. Atividades estas onde o “Cliente” pressiona seus fornecedores e prestadores de serviço a acompanharem seu estágio de desenvolvimento. Acredita-se que: a falta de controle na administração do tempo dentro dos escritórios, o fato dos procedimentos adotados não serem registrados de modo formal e o custo do processo, representem os maiores obstáculos para um maior envolvimento do setor no programa de Qualidade Brasileiro. Não é raro ouvir em reuniões informais ou mesmo de trabalho entre arquitetos, estes tipos de comentários (não dá tempo, é muito caro, nenhum funcionário vai seguir o procedimento,etc.), gerando então uma certa inércia do setor. Diante do engajamento cada vez maior das empresas de construção no processo de gestão da qualidade, se faz urgente à quebra deste paradigma por parte dos profissionais de projeto. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASBEA - Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura. Site oficial, Brasil. In <http:www.asbea.org.br>. Acessado em 16.07.01 ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. Coletânea das Normas de Sistemas da Qualidade, Rio de Janeiro, ABNT, 1995 CB 25 – Comitê Brasileiro da Qualidade. Catálogo de Certificados, 5a Edição – ver.: 54/55, 25/09/2001. CTE - Centro de Tecnologia de Edificações, NGI – Núcleo de Gestão e Inovação. Programa de Gestão da Qualidade no Desenvolvimento de Projeto na Construção Civil, apostila organizada para o programa – 19/10/2001 e 26/10/2001. SALGADO, Mônica Santos. Gestão da Qualidade Administração de Equipes, apostila organizada para o Curso de Mestrado em Arquitetura da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo/UFRJ – 2000. -------------------------------------. A qualidade do projeto segundo a norma ISO 9001: roteiro para discussão. Salvador, 2000. In: VIII Encontro Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído. Anais: USP/ANTAC, São Paulo, 2000 (v1, p. 325-332). Notas: (1) Certificadoras consultadas: ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas, ABS GROUP, FCAV (Fundação Carlos Alberto Vanzolini), BVQI do BRASIL Sociedade Certificadora Ltda., DNV – Det Norske Veritas Certificadora Ltda., LLOYD’S Register Quality Assurance Ltd. e BRTÜV Avaliações da Qualidade Ltda.S/C.