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NÚMERO 3/4 ANO 2010
DIRECÇÃO NOTIZIE: Jorge Arévalo + Pablo Torres.
DIRECÇÃO DE ARTE: Jorge Arévalo. CORDENAÇÃO E MODA: Ana Moya
EDIÇÃO: Fedrigoni España e Entreplanta Comunicación
CONSELHO DE REDACÇÃO: Roberto Mancini / Nino Murcia / Sylvia García
CORDENAÇÃO PORTUGAL: Ana Isabel Antão.
NOTIZIE MAGAZINE / Antonio Maura 8, 28014 Madrid
www.notiziemagazine.com / [email protected]
Publicidade: (+34 91 522 59 50). Depósito legal: B-40137-2009
Capa, Fedrigoni Sirio Pearl Merida White de 220g.
Interior, Fedrigoni Marcate Nettuno Pesca de 140g e Oikos Extra White de 150g.
Os anos SETENTA nunca terminaram. Outras décadas caducam,
mas esses anos entre 70 e 79 regressam com incómoda frequência às
tendências. Talvez seja porque foram tempos especialmente criativos,
livres e desenfadados (com as manifestações hippies e o Maio francês),
que contrastavam com a elegância sóbria e aborrecida dos anos
sessenta. Ou apenas porque em comparação com os terríveis anos
oitenta qualquer outra época parece melhor.
Muitos de nós não os vivemos, mas aprendemos a reconhecê-los
quando os vemos chegar camuflados numa nova moda, tendência ou
movimento. Não importa que se disfarcem com cabeleiras revoltas
e patilhas compridas, de rock progressivo ou óculos de massa, de
revivals de drogas ou papéis pintados na parede, de calças à boca-desino ou objectos de decoração de plástico brilhante.
Por isso, neste número de NOTIZIE, com a simpática capa do
BROSMIND STUDIO, queremos levar-vos a passear por alguns
dos nossos favoritos dessa década e, de passagem, revelar-vos outras
coisas que os levam escondidos lá dentro.
O Outono tem também a feia mania de voltar todos os anos e, por
isso, a Fedrigoni escolheu para este número uma selecção de papéis
apropriados para a estação, quentes ao tacto e, sobretudo, muito
naturais: Sirio Pearl Merida, Marcate Nettuno Pesca e o novo Oikos
Extra White. Uma pequena homenagem da Fedrigoni a todos os
movimentos ecologistas que nasceram na década que nos ocupa:
produzidos com fibras recicladas e com a certificação FSC.
Saboreie a revista. Nós ficaremos vigilantes, à espera do próximo
regresso dos anos setenta.
Ci vediamo a Natale!
3
BROSMIND
8
MILTON GLASER
10
JAYRO LANTIGUA
12
DAVID MANN
14
SHINYA KIMURA
16
SWINGING LONDON
24
GAINSBOURG & BIRKIN
28
CELENTANO
30
LO SIENTO
A NOSSA CAPA
BROSMIND
Desenhando a quatro mãos
Os 70’ por Brosmind.
Entrar uma noite nas cabeças dos irmãos
Mingarro enquanto dormem (porque seguramente
partilham sonhos) deve ser um autêntico cocktail de
anos setenta. Uma viagem psicotrópica por um mundo
de cores, curvas e delicadezas, abarrotado de
protagonistas lisérgicos mas amigáveis. E tudo num
ambiente tão festivo e simpático que não quererá que
acordem, para poder ficar ali dentro.
A partir do seu estúdio Brosmind em Barcelona, estes
dois irmãos ganham há quatro anos todos os prémios
imagináveis (Leões, Laus, El Sol, etc.), reclamados
como ilustradores pelas principais agências do mundo
e referenciados por Taschen ou Luerzers Archive.
Para lá do seu particular imaginário popular e do seu
estilo de traço claro e humorista, a sua melhor
qualidade é a de conseguirem encher de desenfado e
humor as mensagens de qualquer cliente, por muito
sérias que pareçam, para que nos afeiçoemos e
aproximemos.
FotografIa: Meritxell Arjalaguer.
Buon giorno, fratelli Mingarro!
03
BROSMIND
A primeira pergunta típica que vos
fazem sempre é como lidam com isso
de serem irmãos e par criativo. E respondem sempre que é só vantagens.
Algum inconveniente devem ter, não?
Para nós é perfeito. De facto, não nos
importávamos de ter um terceiro irmão
para nos ajudar.
Outra das perguntas que normalmente
ouvem: Como é que se organizam durante o processo criativo? Quem é que
segura o prego e quem é que dá a martelada?
Tomamos sempre em conjunto todas
as decisões criativas. Depois, no momento da execução, também fazemos
os dois o esboço a lápis. Nesta parte
do processo, a folha de papel vai passando indistintamente de um para o
outro. Só dividimos o trabalho quando
já decidimos que o esboço a lápis está
perfeito. Nessa altura, o Juan passa o
desenho a tinta e o Alejandro digitalizao e pinta-o no computador.
O optimismo e humor das vossas
ilustrações representam a atitude que
têm perante a vida?
Não é uma atitude que adoptemos
conscientemente... suponho que essa é
a nossa maneira de ser, que se reflecte
de forma natural no nosso trabalho.
Transmitem a invejável impressão de
que se divertem e apreciam muito o
que fazem. Digam-nos que é mentira,
por favor.
A verdade é que adoramos o que fazemos …excepto quando temos que trabalhar durante toda a noite, ou quando
o cliente pede alterações de última hora,
ou quando tentam regatear um orçamento, ou quando ficamos sem folhas…
Nesta edição de Notizie metemo-nos
em cheio nos anos setenta. Há algum
tópico dessa época pelo qual tenham
um carinho especial?
A verdade é que não somos grandes
peritos nessa década… gostamos
mais dos anos oitenta.
No que se refere à ilustração ou à
arte, têm algum favorito desses anos
que vos tenha influenciado?
Muitos dos autores que consideramos influências no nosso trabalho
já publicavam nos anos setenta, embora tenham continuado (ou continuam) a trabalhar e não se identificam exclusivamente com essa década.
Sobretudo são influências que vêm
do mundo das bandas desenhadas
publicadas nesses anos, de autores
espanhóis como Ibáñez, Raf, Jan,
Miguel Calatayud, Escobar, os irmãos Fresno… europeus como Herge, Uderzo, Franquin… ou americanos como Robert Crumb e, claro
qualquer banda desenhada de super
heróis.
Regressemos ao futuro: gente do
panorama nacional espanhol que
vos pareça especialmente interessante?
Alex Trochut, Hey Studio, Home
de Caramel…
Que tal foi a experiência da Brosmind
Army? Estão a gostar mais dos projectos de estúdio do que da ilustração
comercial?
Foi uma experiência muito enriquecedora, onde pudemos expandir a
nossa criatividade para além das duas
dimensões e que nos permitiu conhecer como funciona o processo da cerâmica.
Como criativos, é lógico que preferimos um projecto pessoal a um comercial e adoraríamos poder viver
apenas da nossa vertente mais artística. Temos sorte porque os nossos
clientes nos dão muita liberdade na
elaboração dos projectos, mas, apesar
disso, na ilustração comercial há sem-
pre alguns requisitos aos quais nos
temos que adaptar.
Ao contrário, nos nossos projectos pessoais podemos fazer o que queremos,
é muito mais gratificante e é quase uma
obrigação para os dois.
Uma pergunta obrigatória na Notizie: Como é a vossa relação com o
papel como base para as vossas
ilustrações?
Embora o resultado final das nossas
ilustrações seja habitualmente um
ficheiro digital, ainda temos um vínculo importante com o papel na fase
do esboço e de pintura. Para o lápis
usamos folhas offset normais, e para
a pintura usamos papéis acetinados
especiais para tinta. Conservamos
estes originais a tinta como relíquias,
até que algum dia nos atrevamos a
vendê-los.
Refiram-nos um par de trabalhos
pelos quais estejam especialmente
orgulhosos.
Há dois trabalhos que tiveram muito
significado, pois foram pontos de
viragem na nossa carreira.
Um é o The Power of Dreams para
a HONDA (Agencia Villarrosas).
Foi um dos nossos primeiros trabalhos e durante a sua realização consolidaram-se as bases daquilo que
viria a ser o estilo BROSMIND.
Além disso, foi premiado em Cannes
e colocou o nosso estúdio na mira
de agências de todo o mundo.
O outro, For all the Headaches
Along the way para a EXCEDRIN.
Foi o nosso primeiro trabalho para
os Estados Unidos (Agência Saatchi
& Saatchi NY) e um dos mais complexos que já fizemos.
Projectos futuros?
Temos vários projectos em mente.
Haverá ilustrações, esculturas...
Stay tuned!
04
Gi
Da
US
Gig Poster
David Gray & Ray Lamontagne,
USA 2010
Brosmind RV: carro a pedais
construído com quadros /
Projecto pessoal.
Fotografias: Meritxell Arjalaguer.
Espanha 2010.
Gig Poster
Dave Matthews Band,
USA 2009
Fedrigoni España
Caricaturas para comunicações
online
Espanha 2010.
Meatman
Capa para a revista.
Cliente: Étapes.
Espanha 2008.
Brosmind Army
Série limitada de esculturas de cerâmica.
Projecto pessoal.
Fotografias: Meritxell Arjalaguer.
España 2010.
05
COLABORADORES
ilustradora NATALIA MIRAPEIX
Natalia (ou Ene13, que é como se esconde no 2.0) tem, apesar da sua
insultuosa juventude, uma grande bagagem adquirida como directora de
arte em estúdios e agências de Madrid. A sua cabeça está cheia de traços e
aguarelas e papelitos recortados. Ilustrou alguns poemários, desenha capas
para netlabels e colabora periodicamente com revistas como a Yorokobu, a
Neo2 ou a Fanzine Fetiche. E agora para a Notizie Magazine. Vai trabalhar
para Pequim durante um ano, mas podem acompanhá-la em
www.ene13.net.
designer de interiores
“PATRI” FERNÁNDEZ CASTRO
A designer de interiores Patricia Fernández Castro, depois do seu êxito
profissional no mundo da decoração na sua Pontevedra natal, com as lojas ”La
Moderna“ e “La Antigua”, abriu um novo espaço em Madrid. IN DIETRO,
em pleno bairro de Salamanca, tornou-se na loja de decoração de referência
da cidade em menos de um ano. Na IN DIETRO podem comprar-se artigos
para oferta, móveis, velas, candeeiros ou pode solicitar-se a realização de
projectos de obras. Também se pode encontrar uma infinidade de telas e papéis
das melhores marcas estrangeiras.
designer e consultor de marca
SERGIO GUTIÉRREZ
O Sergio tem fome.
Quando o design não sacia a sua curiosidade, Sergio reparte
as suas energias como professor de Fashion Marketing
Communications na Universidade de Barcelona, escrevendo
(como neste número) e ajudando os seus clientes a
potenciarem os seus negócios através de projectos de inovação
baseados na marca. É todo vosso através do endereço de
email [email protected]
ORRES
estilista ELENA TORRES
Elena acaba de regressar de New York com
baús cheios de roupa para encher a sua nova
loja, a BLUMA, no Paseo de la Habana de
Madrid, caracterizada pelas suas colecções
eclécticas e muito pessoais. Além disso, Elena
desenha a sua própria colecção de roupa. Para
a sessão de fotografias “Swinging London”,
emprestou-nos algumas peças da colecção de
bijutaria.
06
OLDSCHOOL
SKATE
No Verão de 76, a seca na Califórnia lança
a miudagem para as piscinas vazias com
os seus skates. As novas rodas de
poliuretano têm maior aderência e são
mais rápidas. As pranchas de
polipropileno são mais flexíveis e largas.
Começam a personaliza-las com pinturas
e motivos gráficos.
E tudo isso permite que os miúdos
inventem truques cada vez mais vistosos
e arriscados. Aparece o skate vertical, uma
nova forma de patinar muito mais
espectacular, rápida e agressiva.
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Estilo..ONI
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FEDR ow Plain
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Savile rk Grey.
Da lixa”
“Pura
O skate deixa de ser apenas um desporto
em decadência para se converter num
movimento contracultural e estético que
arrasa. Os Z-BOYS de Alva e Peralta,
Bruce Logan, Bobby Piercy, Kevin Reed:
os skaters tornam-se estrelas e convertemse noutro dos símbolos inegáveis da
década.
O ilustrador Jorge Arévalo personaliza
para a NOTIZIE MAGAZINE a sua
própria prancha, uma Sector 9 longa para
surfar nos passeios, com rodas Tunel
moles, de 75 e com eixos especialmente
largos. Uma combinação de peças pouco
purista que junta as cores italianas com
os motivos de Rock Psicadélico dos Anos
Setenta faz deste skate uma obra de arte.
07
FROM MILTON WITH LOVE
Sergio Gutiérrez
Se o termo “castiço” se pudesse aplicar
a um newyorker, essa seria a definição
perfeita de Milton Glaser, o designer
nascido em 1929 e criado nas ruas (de
perigosas tendências comunistas) de
Little Moscow no Bronx. Mas o que
mais liga Glaser à cidade que o viu
trabalhar durante 50 anos, é a criação
de um ícone que, indiscutivelmente,
se converteu no principal símbolo da
urbe, mais do que inclusivamente os
quiosques de pretzels ou o vapor saindo
das condutas. O seu I LOVE NEW
YORK teve tanto impacto cultural
(basta dar-se uma volta por qualquer
cidade do mundo para o comprovar)
que passou a ser também seu sinónimo.
No princípio, esta sincera declaração
de amor escrita numa American
Typewriter iria ser um trabalho menor
(do ponto de vista "artístico"), uma
campanha de meados dos anos 70 para
levantar o turismo e a moral dos
habitantes de uma cidade que nessa
altura sofria uma grande degradação
estética e civil. No entanto, acabou por
ensombrar outros feitos mais
importantes da sua carreira, como a
criação do New York Magazine em
1968 ou de uma das imagens míticas
da pop nos anos setenta, o Dylan de
cabelo multicolor devido aos efeitos
da psicodelia e dos lisérgicos.
Glaser também teve impacto na
profissão trabalhando a partir de
dentro: representa essas pessoas
suficientemente generosas para
dedicarem parte de seu tempo a formar
novos designers, para que entendam a
sua posição e o seu valor no contexto
da sociedade. No seu caso, o seu nome
está ligado à School of Visual Arts de
forma muito íntima, onde ainda
participa em workshops dedicados a
estudar o impacto social do design.
Entrando no seu perfil mais pessoal,
e nas palavras do antigo Director
08
Adjunto de Arte da Vanguardia,
Carlos Pérez de Rozas, Milton Glaser
é, sobretudo, alguém “entranhável”.
No mesmo qualificativo coincide o
catedrático de jornalismo da UPF
Josep María Cassasús. Eles tiveram a
oportunidade de colaborar com Glaser
no inovador redesign da Vanguardia
lançado em 1989.
Outra palavra usada para definir
Glaser é “europeu”, inclusivamente
para os padrões de uma cidade como
Nova Iorque. Juan Botas, ilustrador
asturiano falecido em 1992, que
trabalhou para ele (e em cuja vida se
baseia o filme Philadelphia), descreviao como um apaixonado pelo
Mediterrâneo, para onde regressava
todos anos para passar as férias na
Costa Azul. Trabalhador incansável,
apenas se permitia gozar férias durante
uma semana, suficiente para adquirir
uma percepção mironiana das cores e
levá-la para o outro do Atlântico.
Anos depois da sua criação, o seu I
LOVE NY voltou a surgir quando a
cidade mais necessitava dele. Alguns
dias após os atentados do 11 de
Setembro, Glaser retomou a obra (e
com ela todo o valor e a omnipresença
adquiridos) para a transformar num I
LOV E N E W YO R K M O RE
THAN EVER. Esta nova versão
circulou massivamente graças ao New
York Post – e aos estudantes da SVAe converteu-se numa acção de resgate
para unir os nova-iorquinos em
momentos tão duros.
Esta “segunda vida” do símbolo
permitiu que Glaser fizesse as pazes
com uma peça que, embora represente
o trabalho de maior impacto da sua
carreira, lhe retirou o reconhecimento
por outros projectos que estavam
destinados a ocupar um lugar mais
destacado no seu portfolio.
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de Glaser.
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criação
Babyteeth (1968), uma das
primeiras fontes geométricas.
New York Magazine,
fundada por Glaser e Clay
Felker em 1968.
Poster para a discográfica CBS,
utilizado mais tarde como capa
de um disco de grandes êxitos
em 1966.
09
UNDERGROUND
JAYRO LANTIGUA
Em todas as classes há um. O puto
típico que se deita sobre a mesa, alheio
à lição, e que desenha e risca e que enche
cadernos e livros e a própria mesa de
bonecos. Que começa a reflectir a sua
realidade através das bandas desenhadas
que inventa, com essa mistura inocente
de ideias feias e humor que apenas é
possível na adolescência.
JAYRO LANTIGUA (1985, embora
de origem cubana e dominicana, foi
criado em Miami, onde ainda vive)
devia esse puto na sua turma.
Cresceu agarrado a uma televisão onde,
por magia e radiodifusão, se misturavam
os velhos cartoons a preto e branco de
Tex Avery ou Disney, com os seus filhos
bastardos pós-modernos como Ren &
Stimpy, Superjail ou Bob Esponja.
E devorava com avidez qualquer livro
de banda desenhada que caía nas suas
mãos, fugindo das omnipresentes
Marvel ou DC para se dedicar ao
underground de “Odio” de Bagge,
“Black Hole” de Burns ou de “Ghost
World” de Clowes.
E assim Jayro se transforma no
PHANTOM SQUID, o pseudónimo
com que cria e com o qual se tornou
autor de renome.
Não tem formação académica artística,
mas trabalha em todos os suportes
possíveis: ilustra, faz autocolantes,
personaliza munnys (pequenos bonecos
de vinil) e prossegue o seu projecto para
publicar as suas tiras de banda
desenhada.
Nos seus desenhos há uma influência
clara da caricatura clássica (o estilo e o
traço recorda-nos muito o Popeye de
10
Segar), de forma que quando se vêem
as suas ilustrações temos a estranha
sensação de que as conhecemos desde
sempre. Parece que são personagens da
nossa infância reinterpretados de uma
forma encantadoramente grotesca, com
um cunho obscuro e retorcido e,
sobretudo, humorístico.
Mas Jayro merece estar neste número
pela vontade que tem de fazer rir sem
esconder as misérias, essa atmosfera
suja, é uma herança da banda desenhada
underground dos anos setenta. E
recorda-nos inevitavelmente o pai do
género nessa década, o neurótico e genial
ROBERT CRUMB.
Pode ver-se o seu trabalho em
www.phantomsquid.com e acompanhar
o seu percurso e a sua obra no Facebook.
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11
EASY RIDERS & DAVID MANN
Pablo Torres
Curiosidade histórica. Os capacetes
vikings não tinham cornos. Foram
adicionados pelos pintores românticos
do século XIX nos seus quadros, para
os fazerem parecer mais ferozes. E assim
ficaram no imaginário colectivo, até ao
Vikie o Viking com seu pequeno
capacete com corninhos.
Bem. Passemos agora à nossa ideia do
motard selvagem norte-americano
montado na sua chopper. Barbas e
melenas, lenço, óculos de sol, botas de
cowboy, blusão de cabedal. Pois essa
imagem deve-se, principalmente, ao
tipo afável que posa na foto da direita,
David Mann.
Porque, durante trinta anos, Mann foi
o ilustrador da revista de motas mais
importante dos EUA, Easyriders (uma
recordista de vendas, tendo em conta a
afinidade com a leitura do público a que
se dirige), afirmando as bases da ideia
de motard que temos actualmente.
Basicamente, o seu tema predilecto é o
do par de motociclistas de expressão
pomposa e atitude presunçosa, que
queima pneus lado a lado ocupando a
largura da estrada, como Voight e
Hopper em EASY RIDER. Tudo com
um toque new age californiano: natureza
selvagem, céus psicotrópicos, cores
saturadas.
Fugas exageradas e perspectivas
impossíveis. Pormenores nos motores
e nos cromados. Quase se sente a falta
dos arco-íris e dos unicórnios.
Um dos seus recursos favoritos era
acompanhar o motard com outras
personagens com essa aura mítica:
12
cowboys, piratas, vikings (com
cornos), cavaleiros andantes. Outro
era escandalizar gente de bem. Mãe
e filhos assustados no carro parado
no semáforo ao lado do motard,
enquanto o pai observa com inveja a
mota e a ruiva jeitosa montada atrás.
Talvez a nossa favorita seja a do
motard que mostra raivoso o dedo
do meio ao céu e a Deus com um
fuckyou nos lábios porque começou
a chover mesmo quando ele se monta
na mota.
Mas sempre estava subentendida a
ideia de companheirismo e
irmandade, de um estilo de vida
romântico e nobre. O que não deixa
de ser curioso, tendo em conta que o
clube “El Forasteros”, ao qual Mann
pertencia, se dedicava ao tráfico de
anfetaminas e ao roubo.
E isto multiplicado por mil suportes.
Tatuagens. T-shirts. Posters.
Emblemas para blusões. Pinturas em
motas, em paredes de tascas ou de
oficinas. A sua influência foi tanta
que se diz que alguns engenheiros
desenharam choppers baseando-se
mais nas pinturas de Mann do que
em modelos já existentes.
Com o passar dos anos, os seus
desenhos ganharam um toque naif, e
acabam por ser ternos pela sua
ingenuidade e a sua idealização do
mundo das pandilhas de motards. Dão
vontade de abraçar esses desgrenhados
vestidos de cabedal, embora a intenção
de Mann fosse apresentá-los como
tipos duros e selvagens.
As suas cinzas (morreu há cinco anos)
repousam dentro do depósito de
g a s o l i n a d e u m a H A R LEY
SPORTSTER XLCH, decorado
com uma das suas ilustrações.
13
SHINYA KIMURA & ZERO STYLE:
BACK TO THE 70’s
Pablo Torres
“Nasci em 1962, na Velha Tóquio.
Cresci rodeado pelo cheiro a óleo e aço,
pelo barulho da maquinaria.
Creio que é por isso que encaixo neste tipo
de vida”
Fotografia de Troy Critchlow/
Sideburn Mag.
Quem conta isto é Shinya Kimura. É
g r a v e e t í m i d o, c o m u m a r
desorientado, mas tranquilo. Esfrega
as mãos manchadas de gordura,
distraído. Alguns pequenos tiques nos
olhos dão-lhe um toque enternecedor.
Há vinte anos abriu uma pequena loja
de reparação de motos em Tóquio. Era
a sua paixão. Já em criança fazia
tunning à sua bicicleta para que não
fosse igual às dos outros miúdos. Na
sua oficina começou a utilizar peças
velhas e descartadas para construir
motas de acordo com o seu ideal.
Ninguém tinha visto nada parecido.
Este japonês introvertido é o
responsável pelo “ZERO STYLE”, a
nova tendência em design de motos.
Uma viragem num estilo entre grunge
e vintage, que se impôs nas
personalizações. Minimalismo e
funcionalidade com uma envolvente
retro-futurista.
“Tenho imagens na cabeça, mas não me
inspiro em nada em concreto. Também
não faço desenhos prévios.
Corto o aço ou dobro o alumínio deixandome levar por como me sinto no momento.
14
Uso as minhas próprias mãos e dou
cabo das costas a construir as minhas
motas.”
Creio que isso transmite algo que fala
directamente com as emoções das pessoas,
e faz com que queiram ter uma.”
Wabi Sabi é um conceito do budismo
zen que diz que a autêntica beleza é
austera e imperfeita. A sua estética
baseia-se no assimétrico, no áspero e
no simples como formas de
representar o modesto e o íntimo,
sugerindo um processo natural. Como
dizia Lloyd Wright: eliminar o
insignificante.
É o que faz Kimura. Constrói e molda
as suas motas, desde a transmissão até
ao motor, com peças de Harleys
vintage ou de Triumphs dos anos
setenta que resgata de ferros-velhos
ou que consegue por troca. Desfazse das decorações e dos adornos.
Desfaz-se do plástico substitui-o por
metal moldado a golpes. Deixa os
rebites à vista. Sem pintura, apenas
metal nu ou envernizado. A beleza do
material em bruto.
O oposto dos modelos todos em
plástico e cromados, com pintura de
aerógrafo que se impunham até agora
no mercado.
O resultado final tem o aspecto de
uma velha e castigada nave espacial,
com um detalhe orgânico nos tubos
dos motores arrefecidos com água,
:
Fotografia:
Adam Wright
entre gigeriano e steampunk. Motas
mais pensadas para contemplar do que
para montar. Se caíssemos com uma
delas cortaríamos a perna.
“Uma mota deve ser bonita por si mesma,
mas está incompleta até que alguém a
monte.
Para mim uma mota é mais do que arte.
É algo que liberta os meus instintos. O
selvagem e o vulnerável que há em mim.”
É o trabalho de amor de um génio
ensopado em óleo com uma paixão que
roça a loucura. Há algo cru e animal
em tudo o que produz, como se puxasse
cá para fora a personalidade oculta, a
autêntica natureza, das peças que antes
estavam cobertas com a pintura.
Em doze anos criou duzentos modelos.
Em cada mota investe cerca de quatro
meses. Quatro anos em lista de espera
para conseguir uma. Começaram a
custar uns quarenta mil dólares, mas
agora chegar aos seis zeros. George
Clooney tem uma. Brad Pitt, três. Foi
ele que conseguiu para Kimura a
autorização de residência nos EUA.
obras de arte e que agora quer sentirse assim, um artista.
No branquíssimo deserto do Sonora
o ar vibra todo quando a Aguja, uma
das suas criações, o divide em dois
deixando um rasto de pó. Kimura
trava, desliga o motor, tira os óculos
de aviador e olha para a câmara. E já
não há tiques enternecedores. Apenas
calma.
Fotografias:
Alexander Babic
“Não é algo violento, como pode parecer de
fora.
É algo muito sereno. A terra e o céu são tão
brancos que desaparecem os limites entre
eles.
Não vos posso explicar a calma que se sente.”
Mudou-se para a Califórnia porque diz
que no Japão não há estradas
suficientemente longas para desfrutar as
suas criações. Aí tem quilómetros de
deserto para as experimentar.
Parece sinceramente surpreendido de
que no seu novo país as pessoas se
aproximem para lhe dizer como são
bonitas as suas criações. Que o elogiem
e lhe tirem fotografias. Conta que só
assim aprendeu a ver as suas motas como
Estilo... NI
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“Asfalto
15
SWINGING
LONDON
Fotografia JORGE CUETO
Textos GEMA FERNÁNDEZ ESTEBAN
Antes do
16
Estilismo ANA MOYA
17
18
São anos sofisticados, psicadélicos, de
festas chiques douradas.
De observar escondidos atrás do copo e
de rir a bandeiras despregadas.
É tempo de voar, de viagens à Lua, de
aviões que quebram a barreira do som e de
modelos que suspiram em busca de sexo,
drogas e rock & roll.
Ela bebe, abana a cabeleira e grita bem
alto o desejo que habita debaixo da sua saia.
O desejo que dança debaixo do seu colete,
debaixo da sua pele. Dentro dos seus ossos.
Num exibicionismo hedonista que torna
inevitável o voyeurismo.
Ninguém pode deixar de olhar.
Quando acaba a bebida, e o gelo derrete,
ela esconde-se atrás da câmara.
Para imortalizar outros corpos que
bebem, que se agitam e gritam dentro de
roupas tecnicolor extravagantes e
complicadas.
E cada disparo da câmara pede que
namorem consigo até ao amanhecer.
Ao ritmo da música de rádios pirata como
a Swinging Radio England.
love party
Estilo... NI
O
FEDRIG
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Pergamaranle
Natu s
“Sutile as”
nci
transpare
Colete militar LA CONDESA
Saia de tule TERESA HELBIG
Botins de camurça ASH
Colar dourado BLUMA
Pulseiras de brilhantes FUN & BASIC
19
Blow up
Vai ser como se vivesses a rodagem de
Blow up, cantam Los flechazos.
Uma realidade de cores saturadas,
violenta, que está a ponto de se desintegrar.
A modelo que clama, que procura, que
espera, que fuma.
Sensual e sofisticada, numa encenação
tão medida e calculada que assusta.
Se se observar mais tempo do que o
necessário, a realidade desloca-se e apagase.
Sabemos que tudo é irreal, só que não
sabemos como comprová-lo.
E desespera-se por não se ser capaz de
diferenciar a verdade da fantasia.
Vais vir?, pergunta ela.
Ele não vai porque está convencido de
que se trata de um sonho.
Esteve perto de apanhar a realidade,
mas o momento passou.
Ela dá brilho à sua maçã de ouro e
adormece imaginando o paraíso.
20
Vestido de seda TERESA HELBIG
Roupa interior OYSHO
Colar prateado de BLUMA
Pulseiras de brilhantes FUN & BASIC
Maçã de bronze IDIETRO
Estilo... NI
O
FEDRIG
Emboss
Sirio PeararlFusion
Fiand nze
Bro
e luxe”
“Bronze d
21
LOVE uk
Colete com tachas BLUMA
Calções de ganga TCN
Maxi Carteira D-DUE
Roupa interior OYSHO
Colar com penas BLUMA
Blusão militarLA CONDESA
22
A bandeira britânica converte-se num
ícone, num símbolo da moda.
Se Londres é o centro do universo,
Carnaby street é o centro do centro do
universo.
O seu rei? John Stephen. O designer
que revolucionou a moda masculina e
que, com o seu sucesso, tornou Carnaby
street no epicentro da moda.
E ao fundo há música, música e mais
música.
Tocam os Kinks, os Who e os Small
faces.
Ser rocker ou ser mod. O que importa
é ser.
Ela será o que ele quiser que seja.
Sonhará ser a miúda da Estrela Rock.
Sonhará ser a Anita Pallenberg, capaz
de enamorar Brian Jones, que depois
abandona por Keith Richards, que filma
com Mike Jagger e se torna má em
Barbarella.
Sonhará ser Pattie Boyd e que George
Harrison crie Something para ela.
Os Beatles não são tão bons rapazes como
parecem.
Os Rolling não são tão maus como
os pintam.
Sonhará ser a superstar Edie
Sedgwick, e que Dylan lhe cante ao
ouvido:
“She takes just like a woman, yes she does
/ She makes love just like a woman, yes she
does / And she aches just like a woman / But
she breaks just like a little girl.”
A mulher que converteu em arte a sua
própria auto-destruição e que não chegou
a conhecer o paraíso:
Esse llove, love, love.
Estilo... NI
O
FEDRIGr Colour
Golden Sta& Cream
Blue, Red n Jack”
“Unio
23
À LA MANIÈRE DE
GAINSBOURG & BIRKIN
Pablo Torres
GITANES
BRUNE
O dandy tinha sempre um cigarro na boca e
chegava a dizer “Dieu est um fumeur de
Gitanes”. A marca de tabaco francesa por
excelência (que nos perdoem os Gauloises)
tem um certo encanto boémio, especialmente
fora das suas fronteiras.
Os clássicos Gitane Brune são característicos
porque o seu papel é feito de arroz e porque a
secagem do seu tabaco é feita a lenha, o que
confere um sabor forte e um aroma
especialmente intenso. À venda com e sem filtro,
dependendo de quão decadente se queira parecer.
MONSIEUR
GAINSBOURG,
REVISITED
Um disco de tributo ao génio com
versões das suas canções
interpretadas por Portishead, Franz
Ferdinand, Jarvis Cocker ou Cat
Power, apoiados pelas vozes das
femmes gainsbourg originais:
Birkin, Françoise Hardy ou
Marianne Faithfull.
Na redacção de NOTIZIE
gostamos especialmente da versão
de “La Chanson de Slogan”
interpretada pelos The Kills. No
seu refrão, a filosofia de vida de
Gainsbourg: “Chama-lhe amor,
chama-lhe ódio: eu chamo-lhe
arte”. Na Virgin Records.
24
LOOK GAINSBOURG
Blazer de risca “diplomática“+
Jeans justos +
Óculos de sol +
Pulseira de homem aberta +
Camisa à cowboy desabotoada
até meio do peito +
eias
Sapatos brancos, sem meias
BIRKIN BAG
O presidente da Hermès partilha o
seu lugar com a jovem Birkin num
avião. Observa como todos os
pertences da Diva caem
acidentalmente da carteira para o chão
e ocorre-lhe desenhar uma à sua
medida, que evite tal eventualidade.
O resultado final, um dos designs de
maior sucesso da casa francesa, foi
baptizado como Hermès Birkin.
Sempre em peles exóticas como a de
crocodilo de água salgada e com forro
de pele de cabra, tem uma lista de
espera de três anos e custa cerca de
oito mil euros.
Dizem que é a carteira favorita de
Victoria Beckham. Para compor a
insignificância, a Hermès
disponibiliza um tratamento de
rejuvenescimento para estas carteiras
que as deixa como novas por um par
de (milhares de) dólares.
L’AIR DE RIEN
O “Ar de nada” de Miller Harris foi criado exclusivamente para
Jane Birkin, de acordo com as suas preferências olfactivas. As suas
indicações eram simples: “Quero que cheire ao cabelo do meu
irmão, ao cachimbo do meu pai, a chão acabado de encerar, a
gavetas de escritório vazias e a casas velhas esquecidas”. Nada de
especial.
E Miller reinterpretou-o com uma mistura de neroli tunisino,
almíscar doce, âmbar, baunilha e musgo de carvalho francês. Terá
apenas que gastar uns cem euros para poder cheirar como o cabelo
do irmão da Birkin.
REPETTO
ZIZI JAZZ
Nos pés de Serge nunca faltavam uns sapatos Repetto Jazz de pele branca. A
casa francesa era especializada na criação de sapatilhas de ballet e quis manter
essa comodidade na sua linha de sapatos para o homem dos anos setenta, mas
ainda hoje se fabricam.
Confortáveis e elegantemente intemporais. Um toque de classe retro que não
faz distinção entre os pés de um rocker, os de um homem de negócios ou os
de um fashionista.
25
SERGE (ELE)
Ele, um sedutor. O principal
responsável pela fama de galãs dos
franceses. Um Don Juan feio, com uns
olhos de besugo, um narigão impossível,
umas orelhas exageradas. Mas a sua
segunda esposa afirma: "quando olha
para uma mulher, ela já caiu na sua
armadilha". E todas as beldades da
época vão passando pela sua cama até
conseguir a mais desejada, Brigitte
Bardot, que assegura que Serge é o
melhor e o pior. Um príncipe
encantador que perante ma
contrariedade se transforma num
Quasimodo terrível.
Ele, um artista. De pianista de cabaret
a músico de jazz protegido por Boris
Vian. Daí a intérprete de chanson à
moda de Brel ou Aznavour, e em
seguida torna-se compositor yeyé para
a divas da época. A sua Poupée de cire,
poupée de son na voz de France Gall
ganha o festival da Eurovisão e ele
ganha fama definitiva.
Ele, um visionário. Adapta-se a cada
nova tendência. O seu Nazi Rock,
injustificável para alguém que não teve
que se esconder em criança para fugir
da caça nazi aos judeus. A sua época
reggae na Jamaica, com Peter Tosh e
Rita Marley. Nos anos oitenta enche
as pistas de dança de música disco ao
26
ritmo da sua Love on the Beat ou do
seu rap “You are Under Arrest”.
Ele, um provocador. Um individualista
feroz. Um egocêntrico arrogante.
Uma estrela mediática com todos os
meios de comunicação à espera do seu
próximo escândalo. Capaz de enfurecer
toda a França com a sua versão
irreverente da Marselhesa.
No fim, um exagero de si próprio.
Gainsbarre, mal barbeado, alcoólico,
incontrolável, convertido em
personagem polémica de uma tertúlia
televisiva. Obrigado e afogado pela
sua própria personagem. Whitney
Houston, aos vinte anos, é convidada
do programa estrela da televisão
francesa. Gainsbourg, sessentão, diz,
em directo, ao apresentador: “I want
to fuck her”.
Morre quatro anos depois.
SERGE & JANE (ELA E ELE)
Ela, a miúda pop do swinging
London que escandaliza a Europa com
a sua nudez frontal em Blow Up de
Antonioni e que se lança à conquista
de França fugindo de um casamento
fracassado.
Conhecem-se quando protagonizam
em conjunto Slogan, no ano de sessenta
e nove. Ela tem vinte e um, ele tem o
dobro da sua idade. Ao princípio
detestam-se, mas quando se solta a
faísca, abanam os pilares da época. A
combinação de sensibilidade dele com
a sensualidade dela, o tom sujo e
profundo juntamente com a voz frágil
e evocadora, as letras poéticas mas
provocativas.
Artisticamente, é o período mais rico
de ambos, com discos como a balada
de Melody Nelson. E o seu “Je t'aime
moi non plus”, o escândalo: "como uma
onda interminável vou e venho entre as
tuas ancas". Quatro minutos de
respiração ofegante que terminam em
êxtase. O single é condenado pela igreja
e censurado na Europa Central, mas
vende mais de um milhão de cópias.
Tornam-se o par com quem todos
querem estar, que todos os paparazzi
perseguem. O Times chega a dizer que
vê-los juntos é acreditar novamente em
contos de fadas. A fotografia deles no
festival de Cannes marca a tendência
todos os anos. Consolidam a base do
erotismo pós-hippie com cada capa dos
seus discos. Representam a elegância
decadente, a sofisticação casual, a
boémia glamourosa dos anos setenta.
A relação morre com a década. A sua
principal herança, Charlotte
Gainsbourg, que reúne a beleza da mãe,
o encanto do pai, a arte dos dois.
E O SEU ESTILO
Quando se conheceram ele
usava sempre fatos negros ajustados e
impecáveis, camisas brancas de colarinhos
mínimos engomados, gravatas asfixiantes.
O uniforme oficial de crooner francês.
Ela pede-lhe que não faça a barba todos
os dias. Que deixe o cabelo um pouco
mais comprido. Que deixe de usar gravata
e que desabotoe a camisa. Que use jeans.
Compra-lhe nuns saldos os seus
primeiros sapatos brancos de jazz. Ele
acrescenta o seu eterno cigarro e uns
óculos de sol.
E ficou favorecido com a mudança.
Aprendeu a jogar com as regras de estilo
para as saltar. Pareceu sempre sentir-se
insultantemente confortável na sua roupa.
Os seus coletes e camisas são um bom
exemplo de sartorialismo, mas o encanto
reside no descuido com que as apresenta.
E ela descobre que não precisa de um
vestido yeyé com o rabo meio à mostra
para revelara a sua sensualidade. É das
primeiras a pousar para as revistas com
uns jeans e uma T-shirt branca, sem
maquilhagem, procurando o encanto
menos artificial e mais natural.
No entanto, o complemento que sempre
assentou melhor em ambos foi o outro
de braço dado.
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27
ADRIANO CELENTANO,
IL RAGAZZO QUE CHEGA A
SER UN MITO
texto Gema Fernández Esteban
Adriano Celentano nasce no nº 14
da rua Gluck, nos arredores de Milão,
no dia de Reis. E talvez tenham sido os
Reis Magos que se inclinaram sobre o
seu berço, ao estilo das três fadas da
Bela Adormecida, para lhe lançarem
um feitiço mágico: “brilharás em tudo
aquilo a que te proponhas. Serás um
artista, uma lenda, um mito”.
E Adriano começa por ser um aprendiz
de relojoeiro que, quando chega a noite,
actua como imitador e comediante nos
cabarets de Milão imitando Jerry Lewis.
Mas há momentos em que a vida faz
um “clic” e muda de direcção: Adriano
Celentano ouve o “Rock around the
clock” de Bill Haley & The Comets e
a vida faz-lhe um “clic”. Forma a banda
The Rock Boys e, a partir daí, ninguém
o pode parar. Actua no primeiro Festival
de Rock & Roll de Itália. Celentano é
dos primeiros a dar conta que a música
está em mudança e encarrega-se de que
toda a Itália o saiba. “Eu não percebia
o inglês, mas o ritmo era tão
extraordinário que, esse sim, eu agarravao bem”, declara em certa ocasião.
Numa fantástica cena de “La Dolce
Vita” (1960), uma espectacular Anita
Ekberg deseja com voz de menina bonita
mimada: “Rock & Roll, quero Rock &
Roll”, e do nada aparece um Celentano
muitíssimo jovem, dançando e cantando
“Ready Teddy”, porque, quem podia
dizer que não a Anita Ekberg? Anita
era mulher demais e Celentano era tudo
demais.
Adriano contorciona-se numa dança ao
estilo de Elvis, mas mais electrocutado
e nervoso. Tem o corpo cheio de rock,
de soul, de valsas e de tangos;
experimenta tudo, tem de tudo.
Tem o corpo tão cheio de música que,
em pleno ano de 1972, interpreta uma
canção surpreendente e hipnótica:
28
“Prisencolinensinainciusol”. Criada
por ele num idioma que não existe,
uma galimatias, uma espécie de inglês
visto de fora. Celentano inventa o
“celentanês”, tal como Cortazar
inventou a linguagem gíglica para
exprimir o inexprimível do amor em
“Rayuela”. Ver a interpretação desta
canção de nome impossível é um
autêntico espectáculo: a coreografia
de bailarinos e espelhos com os seus
cânticos inquietantes em coro e
Rafaella Carra mostrando-se uma
perfeita showgirl, não tem desperdício.
Embora haja mais opiniões que em
“Prisencolinensinainciusol”
reconhecem influências de James
Brown em vez de som rap, a canção
tem sido reivindicada na rede como
sendo o primeiro rap da história,
assim, Adriano Celentano seria rapper
antes de o rap ser inventado. Foi
necessário esperar que passassem
quase quarenta anos para que o
considerassem um precursor.
Mas não teve que esperar para
triunfar. Em 1961 apresenta-se no
Festival de S an Remo com
“Venticuatromilla baci” e fica em
segundo lugar. Adriano Celentano
está nessa altura a cumprir serviço
militar e tem que pedir uma
autorização especial para cantar em
San Remo a qual, curiosidades da
vida, foi assinada por Giulio
Andreoti, que anos mais tarde seria
Primeiro-ministro de Itália. A canção
vende um milhão de cópias. Mas os
Reis Magos prometeram-lhe que
brilharia e uma segunda posição não
lhe deveria parecer suficientemente
brilhante. Assim, Celentano volta a
apresentar-se no Festival de San
Remo de 1970 e consegue o primeiro
lugar com a sua canção “Chi non
lavora, non fa’l amore”, desta vez
cantando com a actriz e cantora
Claudia Mori. Sua esposa, com quem
ilustração Natalia Mirapeix
se tinha casado seis anos antes em
segredo, a meio da noite na igreja de
San Francesco em Grosseto. Assim
era a personalidade cinematográfica
de Celentano.
Teria sido um desperdício se não
tivesse conseguido ter êxito no cinema.
Filmou mais de uma trintena de
filmes como actor, chegando a dirigir
algumas delas. Porque não? E, já
agora, também escreve um par de
livros: um com as suas memórias, “Il
paradiso è um Cavallo Biancho che
non suda mai”, e outro baseado nas
suas experiências televisivas, “Il profeta
e il fariseo”. Não estamos no país de
Leonardo da Vinci?
Das mil caras de Celentano não
devemos esquecer que era ainda um
animal televisivo imbatível, um
comunicador nato que batia recordes
de audiência. Os telespectadores
admiram o seu carácter libertino,
irreverente e sempre polémico, que
nunca cala o que pensa por muito
politicamente incorrecto que seja. Um
homem de ideias ecologistas, defensor
dos animais e da natureza, ideias já
referidas no seu tema de sucesso “Il
ragazzo della vía Glück”, canção
inspirada nele próprio, e que não
deixou de repetir durante o seu meio
século de carreira. O seu carácter
indomável e contestatário chegou a
desencadear a ira de Berlusconi, que
conseguiu suspendê-lo, mas não
conseguiu calá-lo. É difícil vencer um
mito.
Porque Adriano Celentano é uma
autoridade intocável em Itália. A
causa? Pode ser por ter conseguido
vender 150 milhões de discos ao longo
da sua vida, talvez porque participou
em mais de trinta filmes, quem sabe
porque o feitiço dos Reis Magos sobre
o seu berço esteja certo.
A verdade é que a Itália está há mais
de meio século a admirá-lo em cena,
considerando-o um mito inesgotável.
O último? Será o protagonista de uma
série de animação de 26 episódios, de
argumento biográfico e ecologista, que
se chamará “Il ragazzo della Vía
Gluck”. Não é a primeira vez que
Adriano Celentano é transformado
em desenho, já no vídeo da canção
“Che t’aggia di”, juntamente com a
c antora Mina, ambos foram
desenhados como patos. Desta vez
teve a sorte de ser desenhado por Milo
Manara, que o deixou tão atraente
como a suas mulheres.
Treme Corto Maltés, que chega
Celentano! Um autêntico mito em
Itália.
29
LO SIENTO
Falsas desculpas. Estúdio Lo Siento.
www.losiento.net
a equipa de LoSiento é que procura
sempre uma aproximação física às
soluções gráficas que planificam nos
seus projectos de identidade. Os miúdos
trabalham com elementos físicos:
investigam e experimentam materiais,
medem volumes, cortam e colam,
modelam, retorcem e brincam até que
finalmente fotografam. E sente um
fascínio especial pelas tipografias
construídas desta forma.
O resultado produz identidades
corporativas ou peças concretas onde
convivem o design gráfico e o industrial,
mas sempre com uma perspectiva
artesanal que o humaniza. E assim
desenharam capas para Macaco ou para
os Pinkertones, construíram a
identidade de Txoco, o restaurante de
Martín Berasategui, ou criaram peças
para o restaurante Bulli de Adriá.
À equipa de Lo Siento pedimos algo
à anos 70’ e fizeram-nos esta
maravilha para a NOTIZIE.
Muito op art.
Não sabemos o que lamentam,
porque têm que se desculpar Borja e
Gerard e Roger e Rocio. Talvez peçam
perdão com esse pequeno ponto de
falsa modéstia de quem sabe que faz
as coisas bem feitas.
Os vencedores do Grand Laus 2010
estão a posicionar-se com um dos
estúdios jovens de design de referência
no panorama nacional espanhol.
O projecto começou como iniciativa
pessoal de Borja Martínez, que, depois
de trabalhar em Londres e Barcelona,
decidiu dar o passo em 2005 e fundar
o seu próprio estúdio unipessoal, que
se foi ampliando com o tempo até
completar a equipa que o forma hoje.
A principal característica que distingue
30
Mas o projecto que os fez ganhar o
Grand Laus deste ano é a espectacular
tipografia Empo. O que começou por
ser uma identidade para uma escola de
osteopatia baseada em interpretações
em papel de partes do corpo humano,
acabou por se tornar numa tipografia
volumétrica feita em cartolina. Eles
dizem que para a criarem aplicaram
uma fórmula pitagórica que afirma que
a distância real é igual à soma dos
quadrados da diferença entre
coordenadas correspondentes. E na
Notizie não entendemos como algo tão
complicado (a matemática não é o nosso
forte) acabou por se concretizar num
trabalho tão bonito.
E se têm alguma certeza, é a de que o
resultado final depende em grande parte
dos materiais com os que trabalham.
Por isso a Fedrigoni á a sua principal
opção quando o suporte é o papel: as
vastíssimas gamas da papelaria italiana
não estabelecem limites à sua
criatividade e garantem também um
produto de qualidade. Esperamos que
este prémio seja apenas o primeiro de
uma longa carreira de sucesso.
HOTEL PULITZER (Grupo Regina)
Descrição / Cadeia de Hotéis
Tipo / Agenda / Notebook
Papel / Constellation snow INTRECCIO 280gr.
EMPO BLACK BOX
Descrição / Embalagem oferta de
tipografia tridimensional
Tipo / Packaging
Papel / Constellation jade
RASTER 215gr
MARTINI + MARTIN BERSATEGUI
Descrição / Welcome pack jantar
Tipo / Packaging
Papel / ISPIRA purezza+passione 300gr
PARXET
Descrição: Produção vinícola / Adega
Tipo / Etiquetas de garrafa
Papel / Constellation snow LASER
SMILE
Descrição / Agência de publicidade
Tipo / Cartões-de-visita
Papel / Constellation snow INTRECCIO 350gr
31
NEWS!
'Empapeladas',
desenhando papel e luz.
Estoril Fashionart
Festival 2010
Entre 30 de Junho e 4 de Julho deste
Verão, realizou-se, dividindo a
localização entre Estoril e Cascais, a
primeira edição do festival Estoril
Fashionart. O objectivo do festival é
mostrar as múltiplas visões que nascem
da união entre o mundo da moda e
outras disciplinas, especialmente as da
indústria criativa. O evento reuniu
exposições, desfiles de moda, projecções
e apresentações de artistas e criadores
de moda, da fotografia, do mundo
editorial, da vídeo arte ou do cinema.
O país convidado para esta primeira
edição foi a Espanha. As actuações
estrela deste país foram o desfile de
Amaya Arzuaga e a exposição de
fotógrafos espanhóis, com obras de
Daniel Riera, David Urbano, Eugenio
Recuenco e José Manuel Ferrater.
A l é m d i s s o, a p r e s e n t o u u m a
retrospectiva das colecções mais
importantes de Paco Rabanne e o
jornalista Roger Salas apresentou
novamente a sua célebre exposição
“Hombres em Falda”.
Os melhores designers portugueses
também estiveram presentes no show
“Eternal is the night ”, no qual
participaram nomes como Alexandra
Moura, Ana Salazar, Dino Alves, Filipe
Faísca ou Ricardo Preto.
A Fedrigoni España foi a empresa
colaboradora do festival. Toda a
comunicação do evento, incluindo os
convites para cada desfile, foram
produzidos em papéis Fedrigoni, a
escolha mais adequada se o que se
pretende transmitir for classe, elegância,
inovação e moda.
32
As designers valencianas Yolanda
Herraiz e Kumi Furió apresentaram, por
ocasião da celebração da Valencia
Disseny week, uma inovadora instalação
artística.
Trata-se do projecto 'Empapeladas', cuja
fórmula é simplesmente "papel e luz".
E o resultado é um volume único de
dezasseis metros quadrados e mais de
três metros de altura, criado por meio
de planos de papel em série e repetidos
até desenharem entre a luz uma curiosa
composição onde o espectador pode
entrar para esquecer a barreira que separa
a público e projecto.
Yolanda Herraiz e Kumi Furió são duas
profissionais que trabalham de forma
independente no seu próprio estúdio.
Ambas se formaram como designers
industriais e se especializaram no design
de espaços de exposição e de encenação,
respectivamente. Receberam vários
reconhecimentos pelo seu trabalho,
entre os quais se deve destacar o prémio
em interiores de stands da Feira de
Valença, a selecção do III Certame de
interiores de Porcelanosa, ou o Ouro
nos prémios ADCV, na categoria de
design de espaços.
O projecto foi possível graças ao apoio
e colaboração da Fedrigoni España,
sempre disposta a apostar nas
tendências artísticas mais inovadoras.
FedrigoniClub:
Lisboa Open Day
Após a festa de inauguração do
FedrigoniClub este Verão em Barcelona,
esta sociedade refinada quis apresentarse aos seus membros em Portugal,
convocando-os para um Open Day que
se celebrou em Lisboa, no dia nove de
Setembro.
Fedrigoni, este Outubro
em Luxe Pack 2010
É mais ano em que a Fedrigoni
Cartiere participa como expositor na
feira internacional de packaging de luxo,
a Luxe Pack, que decorre no Principado
de Mónaco nos dias 20, 21 e 22 de
Outubro.
A Fedrigoni dará as boas-vindas aos
visitantes do Fórum Grimaldi entre as
paredes de uma instalação realizadas com
os papéis de suas gamas policromáticas.
Nesta ocasião será oferecida aos
assistentes a “LA CRÈME DES
PAPIERS”, um atraente mostruário com
uma selecção de papéis especiais para
packaging.
As novidades são muitas, tanto em design
como em cores. Aida e Fluid são os
nomes dos dois novos gofrados que
passarão a enriquecer as gamas Snow e
Jade de Constellation com novas
superfícies: um rastro flutuante e
sonhador para F luid, uma tela
tecnológica para Aida. Esta última será
também a nova trama para a gama
Imitlin, um papel pensado para capas de
livros, que oferece excelentes resultados
como forro para embalagens de prestígio.
Estas novidades atractivas não eclipsarão
a presença dos grandes clássicos da
Fedrigoni, como o elegante Splendorlux,
o sofisticado Sirio Pearl, o liso e
aveludado Ispira, a ampla gama Freelife
ou o vivaz Sirio color.
Benetton escolhe a colecção
Freelife.
A colecção Freelife propõe papéis
de qualidade para projectos que se
preocupam com o impacto ambiental:
a colorida gama Mérida, a Vellum
aveludada graças às fibras de algodão, a
Cento com 100% de fibras recicladas,
o Kendo com cânhamo italiano. Todas
estas gamas dispõem de certificação
FSC e possuem a marca Ecolabel. O
ponto-chave da colecção reside no
aspecto estético refinado e no óptimo
resultado de impressão tal como
demonstram as opções da Benetton.
Quase uma centena de convidados
reuniu-se no Chiado, famoso bairro
cultural lisboeta, onde Ana Isabel Antão,
responsável da Fedrigoni España para
o território luso, lhes apresentou o Club,
assim como as últimas novidades da
Fedrigoni desta temporada, como o novo
catálogo geral de papéis Imaginative
Papers e o Catálogo de Preços
2010/2011.
Sem dúvida uma jornada de celebração
e trabalho entre amigos e profissionais
que todos apreciaram.
A revista Colors do grupo Benetton,
dirigida a um vasto público juvenil em
todo o mundo, aborda temas muito
variados com um enfoque anticonvencional e criativo que pretende
um impacto imediato. O número 77,
publicado no passado mês de Maio,
tinha como tema central o mar. Por
coerência escolheram o Freelife Vellum
para a capa e o suplemento, e o Freelife
Cento para as páginas interiores
33
NEWS!
Novo Relatório de Meio Ambiente
da Fedrigoni
O Grupo Fedrigoni publicou o
oitavo Relatório de Meio Ambiente e
Segurança, confirmando assim a atenção
que dedica aos temas ambientais e de
segurança no trabalho. Os resultados
obtidos nos últimos anos destacam-se
devido à política ambiental.
Fedrigoni Nettuno: a classe é
importante
Fedrigoni Nettuno é um papel
natural marcado a feltro em ambas as
faces e com matizes muito variados. É
fabricado com celulose pura, branqueada
por processos que contêm pouco cloro,
e é a escolha ideal para quem procura
um resultado com impacto e ao mesmo
tempo discreto, em que se destaque a sua
elegância.
Está disponível em dezasseis cores, entre
as quais se destacam as mais ténues, como
Nata, Cinza e Pêssego, e as mais fortes,
como o Azul-marinho, Verde Bosque e
Vermelho Fogo. Tem 5 gramagens
diferentes. É ideal para trabalhos muito
dúcteis, que podem incluir edições de
nobres, identidades coordenadas,
embalagens e sacos de compras elegantes.
Para a elaboração de um saco, produziuse o mesmo modelo com dois tipos
diferentes de papel. Desta forma é
possível analisar melhor as características
de cada papel: um em Fedrigoni Symbol
Bags de 165 gramas impresso em
vermelho e plastificado depois, e Nettuno
Vermelho Fogo de 215, sem impressão
nem plastificação.
34
Actualmente, a Fedrigoni pode afirmar
com orgulho que todos os papéis das
suas colecções se adequam aos padrões
Forest Stewardship Council (FSC) e
que 85% dos seus produtos obtiveram
o certificado FSC Chain of Custody,
enquanto os restantes 15% cumprem o
F S C - C o n t ro l Wo o d ( m a d e i r a
controlada). Tudo isto sem esquecer que
a maioria dos papéis ecológicos Freelife
também apresentam a marca europeia
exclusiva Ecolabel.
Para reduzir o impacto ambiental e os
consumos energéticos, o Grupo instalou
centrais de cogeração alimentadas a gás
metano que permitem a autoprodução
simultânea de energia eléctrica e térmica.
O elemento mais significativo associado
à produção de energia é a emissão de
gases. Em concreto, as emissões de CO2
das nossas fábricas reduziram quase 50%
durante os últimos 7 anos.
THE PRIVATE SPACE EM BCN
Recomendação Fedrigoni
Nas velhas naves industriais de Poble
Nou estão a concentrar-se, de há alguns
anos para cá, estúdios de design, galerias,
oficinas de artistas, clubes e salas de
concertos que tornam o bairro histórico
num dos centros da vida cultural de
Barcelona. A Fedrigoni España quer
apresentar-vos um dos seus projectos
favoritos na zona: The Private Space.
The Private Space é um ponto de
encontro para os amantes da arte e do
design. Um grande espaço com uma
galeria para exposições, uma loja, uma
marca editorial própria e uma sofisticada
gráfica. Um espaço aberto à literatura, à
fotografia, à música, à ilustração, ao design
e à moda, aos audiovisuais e a qualquer
proposta original.
A inauguração do The Private Space
(TPS) ocorreu em Fevereiro, embora o
projecto estivesse a desenvolver-se há
anos. A ideia ganhou forma num local
privilegiado, o da antiga fábrica La
Harinera La Asunción, que se
transformou num espaço claro e diáfano,
de cerca de 400 m2, em que se retroalimentam os seus três grandes pilares:
gráfica, editora e galeria de exposições.
Um trio magnífico pensado para oferecer
tudo o que um artista ou comunicador
possa necessitar, de forma próxima, fácil
e económica. A essência é criar, propor,
estimular ideias que se concretizem em
projectos que cheguem ao público com
qualidade, de forma atractiva e antielitista.
Dá a sensação de que no TPS tudo está
interligado. Por exemplo: um fotógrafo
pode entrar no TPS com uns quantos
negativos e sair com um projecto
completo que vai desde uma exposição
na Gallery (comunicação incluída), ao
design e produção de um catálogo, e à
venda deste na Shop.
O que é certo é que a gráfica, de avançada
tecnologia de ponta, é um filão; que a
editora, não sujeita a tiragens fechadas,
permite uma grande liberdade para
publicar, e que a galeria é, para os jovens
artistas, uma nova oportunidade. Nova
e dupla, porque à sala de Poble Nou,
focalizada nas esferas privadas que se
ligam ao mundo contemporâneo, é
adicionada a recém-estreada TPSBy...,
outra sala no bairro de Gràcia que acolhe
as propostas mais underground.
Verdade seja dita, o TPS tem uma
fraqueza pelos artistas emergentes, por
isso participa nos prémios de fotografia
El Pati de la Llotja que se realizam este
Outubro dentro do Emergent (o Festival
Internacional de Fotografia e Artes
Visuais de Lleida).
Mas que fique claro que o The Private
Space não está focalizado apenas em
artistas e comunicadores; os amantes da
arte e do design podem apreciar as
exposições gratuitas e os curiosos
tesouros que depressa estarão à venda
na Shop. Um festival completo de
opções.
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CLIPPER CRONO
Caixa de aço com 13 diamantes,
Mostrador de nacar natural, pulseira de borracha,
Fabricado pelos relogeiros de Hermès na Suiça.
www.hermes.com

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