Guia das Aves de Aquilino Ribeiro

Transcrição

Guia das Aves de Aquilino Ribeiro
GUIA DAS AVES
DE AQUILINO RIBEIRO
INTRODUÇÃO
Ana Isabel Queiroz
ielt-fcsh, universidade nova de lisboa
ATRAVÉS DO TEXTO CIENTÍFICO
Guias de campo já foram publicados para quase todos os grupos de organismos vivos, ecossistemas e territórios do planeta. São indispensáveis para os
amantes da natureza que gostam de identificar os animais e as plantas que
observam nas suas excursões ao terreno. Estes manuais são também uma
ferramenta de consulta para os estudiosos, porque contêm um número significativo de informações, detalhadas e discriminantes, que ajudam a esclarecer
dúvidas surgidas nas prospecções e amostragens. Levam-se no bolso ou na
mochila. No caso dos guias das aves, acompanham-se com binóculos.
Os guias das aves são profusamente ilustrados com desenhos que facilitam o seu reconhecimento. Para além de uma descrição da dimensão, morfologia e fenologia das espécies, às vezes muito breve, alguns incluem dados
de distribuição — não é raro, por isso, que a cada uma se associe um mapa.
No quadro do formato rígido que este estabelece, o leitor sabe que pode comparar facilmente estes parâmetros. Encontra-os organizados e explicitados
numa terminologia própria e ainda um glossário para ajudar a descodificar
a informação.
Os mais prestigiados guias de aves incluem uma ilustração por espécie e, existindo dimorfismo sexual ou variações de plumagem com a idade
ou com a estação do ano, apresentam diferentes imagens coloridas com os
animais pousados ou em voo. Para facilitar a identificação, o texto clarifica
o seu estatuto de residente ou migrador, nidificante, visitante regular ou
ocasional. O recentemente publicado Aves de Portugal (Costa et al. 2011),
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o primeiro guia pensado para reflectir a realidade da avifauna de Portugal Continental e dos arquipélagos dos Açores, Madeira e Selvagens, inclui
informação sobre 476 espécies: textos curtos (com algumas abreviaturas),
mapas e ilustrações. Por ser uma característica distintiva, alguns guias descrevem o comportamento sonoro, arriscando mesmo transcrever foneticamente os cantos e chamamentos através de sequências silábicas: para a
rola-turca Streptopelia turtur, por exemplo, « turrrrr turrrrr turrrrr », repetido várias vezes (Mullarney et al. 1999).
Os « catálogos » foram precursores dos guias actuais no que toca ao
inventário de espécies e ao seu conteúdo informativo acerca da abundância
e distribuição. Em 1862, José Vicente Barbosa du Bocage, curador do Museu
de História Natural de Lisboa (na Escola Politécnica, hoje pertencente à Universidade de Lisboa), publicou a primeira lista comentada de aves de Portugal
Continental, baseando-se em colecções museológicas. Em 1896, Paulino de
Oliveira, director do Museu da Universidade de Coimbra, compilou informação sobre 402 espécies diferentes, para além de chaves dicotómicas para a
sua determinação. O autor escreveu: « O nosso fim especial é dar elementos
para se determinar o nome das espécies, a sua distribuição geográfica, época
de aparecimento e maior ou menor frequência entre nós » (125). Nenhuma
das duas obras inclui ilustrações. Todavia, nesse final de século, D. Carlos
de Bragança, penúltimo rei de Portugal, preparava já o material que viria a
constituir o Catálogo Ilustrado das Aves de Portugal, obra notável pela qualidade das 301 estampas de Enrico Casanova (c.f. Ferreira et al. 2010, 77-81).
D. Carlos pretendia uma obra onde se representassem « todas as espécies que
foi sucessivamente reconhecendo em Portugal, pela sua observação e a de
outros naturalistas » e que « pela iconografia, facilitasse a todos a classificação
das aves portuguezas e aos homens de sciencia lhes indicasse a variação do seu
colorido e a sua distribuição no paiz » (Girard 1908 apud Teixeira 2002, s/n).
Para a ornitologia em Portugal contribuíram posteriormente muitos
outros autores nacionais e estrangeiros. Neste quadro de obras de referência, cumpre referir a publicação das duas edições do atlas das aves nidificantes (Rufino 1989; Equipa Atlas 2008). De notar ainda o Livro Vermelho dos
Vertebrados de Portugal (Almeida et. al. 2005), que inclui uma listagem de
espécies com ocorrência nos territórios continental e insulares, a avaliação
do seu estatuto de conservação e um conjunto de fichas para as espécies com
estatuto de ameaça. De grande relevo é também a monografia Aves de Portugal. Ornitologia do território continental (Catry et al. 2010), sobretudo pela
revisão exaustiva da bibliografia ornitológica publicada até à sua preparação.
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Monografias, livros vermelhos, atlas, catálogos e guias — há-os transnacionais, nacionais e regionais —, disponibilizam informação concisa, objectiva,
comparável, que pretende cobrir o universo biológico considerado. Todavia, para
conhecer as aves de uma região, não há ornitólogo que se satisfaça com a leitura
destas obras. Por mais completas e vivas que sejam as suas narrativas, falta-lhes
a emoção que a experiência de terreno costuma proporcionar: uma envolvência
sensorial que é única e própria de cada observação, e que resulta dos elementos
presentes no lugar, e da forma como o sujeito os percepciona. Para efeitos de
deleite pessoal ou para a investigação é necessário passar por essa prova.
As experiências de observação das aves são também narradas noutros textos de carácter científico, sobretudo nos que tratam aspectos do seu
reportório etológico. A biologia do comportamento produz « etogramas »,
isto é, inventários específicos dos diferentes tipos de comportamentos. Estes
são conjuntos de narrativas curtas em que cada uma delas descreve um acto
praticado e infere a sua função para a vida do animal. Tal como nos guias e
catálogos, também aqui o texto é objectivo e serve para que o mesmo comportamento possa ser reconhecido por qualquer observador. As narrativas
correspondem a fragmentos — chamados « unidades de comportamento »
— de uma sequência que se decompõe para efeitos de estudo. As descrições
têm carácter operacional e são chaves para a descodificação de posturas e
movimentos com significado particular. É frequente a inclusão de parâmetros quantitativos: por exemplo, os alfaiates do estuário do Tejo alimentam-se
na zona entre-marés movendo a cabeça e bico de um lado para o outro do
eixo do corpo, num movimento regular (« varrimentos » ou scythes), a uma
taxa mediana de 28 « varrimentos » por minuto (Moreira 1995).
Os comportamentos sonoros são divididos em cantos e chamamentos:
em geral, os cantos são vocalizações longas e complexas produzidas pelos
machos durante o período da reprodução; os chamamentos ocorrem em
contextos particulares e têm funções de aviso ou alarme. Na literatura científica actual, estes comportamentos são ilustrados por sonogramas, gráficos
de frequência do som (em kilohertz) em função do tempo (em segundos) e,
por vezes, transcritos para a linguagem corrente. O canto do chamariz Serinus serinus, por exemplo, é uma vocalização relativamente longa, com repetições de três ou quatro elementos que se assemelham a um « trilililit » (Mota
1995). Já o seu pio de alarme é constituído por sons prolongados, semelhantes a « tuiit » ou « tsooeet », constituídos por dois elementos: o primeiro é
mais longo e variável, em crescendo de frequência, e o segundo mais curto e
menos variável e de frequência mais baixa (Ibid.).
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Eilleen Crist (1999) reflectiu sobre o poderoso papel da linguagem
usada nas representações dos animais, estudando obras da chamada « ciência comportamental ». Neste contexto, encontrou diferenças significativas
relacionadas com o uso da linguagem comum e da linguagem técnica, com
consequências na forma como os leitores apreendem a vida animal. A este
respeito, escreve: «At the heart of the conflict between these two pictures of
animal being lies the theme of animal mind. This tension has been expressed
by Griffin as the difference between viewing animals as ‘thinking and feeling’
and regarding then as ‘limited to existing and reacting’ » (90).
Os exemplos acima mencionados poderiam ser enquadrados no que
esta investigadora chama concepção mecanomórfica do comportamento
animal: os seres vivos são « objectos naturais »; retratados quase como autómatos, agem como se algo lhes acontecesse. Ao contrário deste discurso, cujo
objectivo é obter uma compreensão teórica dos comportamentos, o discurso
naturalista pretende exprimir a compreensão existente sobre a experiência
dos seres vivos no seio do mundo que os rodeia.
Tanto quanto o resultado de concepções diferentes, que não cabe
neste contexto discutir, estas duas formas de discurso cumprem objectivos
distintos e dirigem-se a públicos distintos. A primeira é característica de
publicações actuais de carácter académico, resultante do labor de investigação, consultada por outros investigadores ou por iniciados no estudo
da etologia. A segunda, praticada em obras de carácter monográfico e de
divulgação da ciência, era a linguagem dos textos produzidos pelos pioneiros da ornitologia em Portugal. Veja-se, por exemplo, a Zoologia Elementar
Agrícola, publicada por Paulo Morais em 1897, e destinada aos estudantes
das escolas agrícolas:
Um instinto mais singular (…) é o que leva certas espécies de aves a mudarem
de clima segundo as estações e a fazerem, em certas épocas determinadas, viagens mais ou menos longas. (…) Observa-se, com efeito, que essas aves emigram muitas vezes antes mesmo de o tempo frio reaparecer, assim como, na
volta, encontram temperatura diversa daquela que deixaram ao tempo da partida; do que se deve concluir, que as emigrações nessas circunstâncias não coincidem com nenhuma condição exterior apreciável. Este fenómeno, portanto, é
inexplicável, no que não difere de todos os que o instinto determina. (291)
Também como exemplo, cite-se o Catálogo Sistemático e Analítico das
Aves de Portugal (1931) de J.A. Reis Júnior. O autor testemunha sabedorias e
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crenças populares associadas a algumas espécies, bem como assinala o aparecimento de exemplares com características genéticas raras:
Na Barca d’Alva, aonde a perdiz era em outros tempos abundantíssima, corre
entre o povo o seguinte rifão, em que a época da reprodução da espécie está
perfeitamente definida:
Março, três ou quatro [ovos]
Abril, os que onde ir,
Maio, chocaio,
Junho, perdigotos como punho. (11)
Em S. Simão da Junqueira, Vila do Conde, um casal de andorinhas desta espécie
[Hirundo rustica], que nidificava sob um alpendre de casa de lavoura deu, em
dois anos seguidos e no mesmo ninho, a primeira ninhada com dois filhos de
plumagem igual aos pais e dois inteiramente brancos, incluindo unhas, dedos,
tarso e bico. Estes quatro exemplares apresentavam a destacar do branco puro
da plumagem, o vermelho da íris. (85)
Note-se como nestas descrições são valorizados conhecimentos não científicos, todavia relevantes para a compreensão da ecologia da espécie e da sua
relação com os humanos, e casos pontualmente observados, ilustrativos de
fenómenos biológicos a aguardar estudo mais aprofundado.
AVES NA LITERATURA, ALGUNS EXEMPLOS
Except the scientist at his work, everyone has the right to respond freely to
appearances in nature, and responses are inevitably coloured by the emotional condition of the observer.
Leonard Lutwack, Birds in Literature 13
Os contos populares e outras formas de literatura tradicional estão povoados
por uma grande variedade avifaunística, na qual se destacam águias, mochos,
corvos, cegonhas, pegas, grous, galos, cotovias e pombas. A propósito desta
última, Ana Maria Freitas diz-nos que a pomba simbólica ou imaginada
pelos textos tradicionais é sobretudo branca, tal como a que anunciou com
um ramo de oliveira o fim do dilúvio bíblico:
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A brancura faz parte da sua singularidade e define a sua filiação partidária na
grande divisão bem-mal. É por essa característica que é reconhecível, por oposição às pombas negras ou às menos brancas. Uma graduação de cor que vai do
branco, no topo hierárquico do positivo, ao negro, passando pela cor de canela
e pelo cinzento, no outro extremo, o negativo, predestina-lhe as acções, antes de
qualquer acção ser praticada (14)
A interpretação destes textos tradicionais, bem como de outros que
trouxeram a tradição para a modernidade, carecem de um conhecimento da
cultura clássica e da mitologia. Boria Sax (2001) refere-se ao carácter simbólico de diversas espécies de aves, com raiz na cultura grega e latina. Ao cuco,
por exemplo, é atribuído o carácter de sedutor ou de adúltero, em consequência de mitos ancestrais baseados na interpretação distorcida do comportamento reprodutor desta espécie. A tradição grega narra que Zeus, para
seduzir Hera, se terá metamorfoseado em cuco. Para o facto de esta espécie
usar os ninhos e o investimento parental de outras espécies para criar a sua
própria descendência, Plínio o Velho encontrou uma explicação: como todas
as outras aves detestam o cuco, os seus ninhos e posturas seriam sistematicamente destruídos. Este só consegue procriar, então, escondendo a identidade
das suas crias.
Os « fisiólogos » (primeiras obras a compilar histórias tradicionais do
Mediterrâneo Oriental e crenças relativas a animais autênticos ou fabulosos,
para deles extraírem conclusões moralizantes, surgidos entre os séculos II
e V) e os posteriores « bestiários » (onde se interpreta a natureza de forma
simbólica e alegórica) são percursores do Livro das Aves de Hugo de Folieto
(Gonçalves 1999). Considerado uma das mais relevantes obras medievais
acerca das aves, parte dos conhecimentos naturalistas da época e toma diversas espécies como modelo, positivo ou negativo, para fins doutrinários. As
cópias manuscritas portuguesas, que datam do século XII, incluem também
iluminuras com diferentes espécies. Mas, tanto ao nível do conteúdo como
da forma do discurso, não se pode encontrar semelhanças entre esta obra
canónica e os guias de aves que hoje se publicam. Escreve-se, por exemplo, a
propósito do canto da rola:
A voz da rola é a dor da mente perturbada. A voz da rola representa o gemido
de uma alma penitente. A terra de que aqui se trata é o pensamento que se
enreda nos cuidados da fragilidade terrena. Há, porém, a nossa terra e a terra
alheia. Terra alheia é a mente subjugada ao domínio do Diabo. (…) Ouve-se,
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pois a voz da rola na nossa terra, quando se conhece a culpa na mente pacífica.
Ouve-se a voz da rola, quando o ouvido íntimo se inclina humildemente para
a penitência. (89)
O léxico português possui o termo « ornitofonia » para designar o conjunto de sons produzidos pelas aves e, para cada tipo de vocalização, palavras que exprimem as tonalidades e as expressões que lhe são características.
Daquelas aves cujas vozes produzem melodias complexas, tais como o rouxinol, a toutinegra ou o canário, diz-se que cantam, gorgeiam, trilam ou trinam. Grasnam aquelas cujo som é áspero e repetitivo, como o corvo e o gaio.
O estorninho pissita. O melro assobia. O mocho pia. O pardal chilreia, chilra
ou chia. A pega palra. O cuco cucula. A perdiz e a galinha cacarejam. O
pombo arrulha.
Outros termos exprimem a comunicação sonora das aves, frequentemente através de efeitos onomatopaicos ou assemelhando-a a uma acção
desenvolvida pelos humanos. É nesta categoria que se encontra o « gemido »
da rola.
A primeira quadra do poema « Vozes de Animais », de Pedro Dinis, que
durante o Estado Novo muitas crianças portuguesas encontraram no Livro de
Leitura da Terceira Classe (1958), isto reproduz:
Palram pega e papagaio,
E cacareja a galinha;
Os ternos pombos arrulham,
Geme a rola inocentinha.
Numa perspectiva etnográfica, as habilidades elocutórias da rola são também, matéria de reflexão para Leite de Vasconcelos. De acordo com a informação de António Joaquim, de Freiras, as rolas dizem ruh! ruh!; em Tolosa, dizem
« rua… rua… rua… » e em Lisboa « põe-te na rua… põe-te na rua… » (464)
As fábulas, textos ficcionais também alegóricos, estão recheadas de
ideias e valores próprios das culturas de onde emanam. Podendo catalogar-se
como animal stories, estas não são « histórias sobre animais ». Nestes textos,
que emanam de uma « terra conversadora » (Guimarães 2005), retratam-se
tipos humanos e é comum o uso de linguagem antropomorfizada: uma ave,
por exemplo, pode ser diligente ou preguiçosa, esperta ou estúpida, alegre ou
triste, e boa ou má. É através destes qualificativos e da intriga narrada que as
suas atitudes revelam sentimentos e valores morais.
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Há quase 250 anos, John Aikin reflectiu sobre as relações entre a literatura
e a ciência («An Essay on the Application of Natural History to Poetry » 1777).
Este defendeu que o conhecimento emergente sobre a história natural podia
servir os poetas descritivos (descriptive poets, é a expressão usada), permitindo-lhes incorporar imagética e linguagem renovadas (apud Rowlett 1999, 625).
A presença relevante das aves selvagens na literatura foi também justificada
por Leonard Lutwack (1994). Este autor atribui o facto ao voo e ao canto, dois
atributos que tornam este grupo animal mais conspícuo do que outros. Mas
reconhece que a familiaridade que se estabelece entre os humanos e as aves
deriva ainda de comportamentos comensais ligados à alimentação e reprodução: « some wild species even willing to set aside natural caution in order to
accept food and nesting sites from humans » (« Preface », s/n).
Na literatura portuguesa do século XVIII até à actualidade, falta estudar
se uma imagética e linguagem renovadas decorrem do maior conhecimento
da história natural, tal como sugerido pelo autor iluminista. Uma breve revisão de algumas obras publicadas por escritores consagrados pode indicar
pistas para posterior aprofundamento.
De Teixeira de Pascoais, destaca-se aqui o poema « Uma ave e o poeta »,
datado de 1907 (Sombras). O poeta começa, estabelecendo um contraste entre
um elemento vegetal, « aquele pinheiro, aureolado/De inerte e vegetal melancolia, » e um elemento animal, « Um passarinho, alegre e alvoraçado,/Cantou,
cantou, durante todo o dia… » (78). Depois, interroga e conversa com este ser da
natureza, tão alegre, sereno e confiante, para quem a vida se afigura luminosa:
Sonho a perfeita e mística alegria!
Desejo ser a alma da harmonia,
Que toda a terra e todo o espaço inflama!
Quero ser o Infinito e a Eternidade;
Não ser a estrela e ser a claridade;
Ser apenas o Amor, não ser quem ama. (78)
De António Botto, cuja obra poética compilada em Canções (várias edições, entre 1921 e 1932), Jorge de Sena enquadra na fase « simbolístico-esteticista,
em que a juvenilidade tradicionalizante se literaliza dos requebros esteticísticos que marcaram, nos anos 20, muita poesia simultaneamente da tradição
saudosista e modernista » (66), convocam-se os três poemas da série «Aves de
um Parque Real ». Em « Palavras dum faisão », o poeta diz-se perdido de amor
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por uma pomba muito azul, e capaz de fugir com ela, « [p]or causa dum roussinol ciumento/Que me apoquenta/Dizendo/Melodias de ironia penetrante. »
(243) Em « Palavras dum roussinol », tal como Teixeira de Pascoais, também
António Botto questiona elementos da natureza, aqui os arvoredos e as estrelas,
assumindo-se o narrador-poeta como o rouxinol que pergunta:
Interroguei os arvoredos;
Cansei-me de tanto os ouvir falar
E nada compreendi.
Interroguei as estrelas,
E não as vejo brilhar, (245)
Em « Palavras dum avestruz todo gris », o poeta-narrador chama-se a si
mesmo « ave bem educada », desfazendo alguma dúvida, se pudesse persistir,
de que a evocação das aves na sua poesia é uma máscara ou uma zoomorfização com efeito estilístico.
Num contexto de literatura para a infância, em 1932, Afonso Lopes
Vieira publicou « Os passarinhos » (Animais nossos Amigos). Sempre designados de forma genérica, as pequenas aves são qualificadas como engraçadas,
pequenas, coitadinhas, estouvadas, bonitas, contentes, espertas, inocentes e
atrevidas. A apropriação de sentimentos e valores humanos vai ainda mais
longe quando o poeta descreve os cuidados parentais:
se estão casados
dentro dos ninhos,
e vão criando, com mil cuidados,
os seus meninos. (65)
Tal como em exemplos anteriores, este poema enfatiza o voo e o canto
como elementos caracterizadores deste grupo de animais:
A sua vida é cantar, voar,
brincar pelo ar,
e alegrar
com seus chilreios
tão cheios
de graça e boa alegria,
a luz do dia! (63-4)
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A linguagem de Vieira, carregada de antropomorfismos, empresta
familiaridade às pequenas aves selvagens, visando desencadear simpatia e
afeição no público leitor. Supõe-se ter sido o desiderato do autor.
Passando da poesia para a prosa ficcional, atente-se ainda na hipótese
de John Aikin, desta vez aplicada a Bichos, a colecção de contos de Miguel
Torga datada de 1940, povoada por diversas espécies de aves selvagens,
nomeadamente nas histórias em que são personagens principais: o pardal
Ladino que se inicia timidamente no voo e se transforma depois num grande
atrevido; o melro Farrusco e o cuco que, quando cantam, indicam à personagem o tempo que falta para se casar; o corvo Vicente que foge da arca de Noé.
No prefácio da obra, Torga refere a imaginação e a simbologia como os
elementos essenciais da leitura dos seus contos. Apesar dos seus conhecimentos sobre a história natural das aves, adquiridos tanto pela experiência vivida
como pela sua formação científica, estes não se repercutem numa abordagem
naturalista. Como já foi por várias vezes afirmado, nestes contos sobressai a
herança do texto fabular, povoado com personagens zoomórficas. Descreve
João Camilo dos Santos como as fronteiras entre o humano e o animal se atenuam: « [a]presentando-se como réplicas do ser humano, mas sem perderem
a sua qualidade de animais, os bichos de Torga são de facto personagens de
autênticas ficções realistas, companheiros, adversários ou interlocutores dos
homens e das mulheres com quem contracenam. » (127)
AQUILINO RIBEIRO NATURALISTA
Ainda que contemporâneo de Miguel Torga, Aquilino Ribeiro assumiu-se
distante da tradição de Esopo, mesmo quando, como em O Romance da
Raposa, dá voz aos animais selvagens para contarem a sua história: « dei-lhes
voz para melhor manifestarem o que são, e nunca para com eles aprendermos a distinguir bem e mal, aparências ou estados, pouco importa, atribuídos exclusivamente ao rei dos animais, como nos jactamos de ser » (8-9).
Na produção ficcional e nas crónicas sobre as Terras do Demo (o seu território literário, correspondente às serras da Nave e da Lapa, na Beira Alta),
as referências às aves selvagens distinguem-se pelo número, pela variedade de
espécies e pela profundidade com que se tratam aspectos da sua morfologia,
ecologia e comportamento. A sua obra é uma referência para os amantes da
natureza, sobretudo para os que se dedicam à observação e ao estudo das aves.
Ao mesmo tempo que assinala com grande pertinência e exactidão a presença
de certas espécies, suprindo a inexistência de inventários ornitológicos para
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aquelas datas e para aqueles locais, veicula a sua grande experiência de observação e o seu estudo de obras de naturalistas da época.
Atente-se, por exemplo, nas referências explícitas ao pensamento de
George-Louis Leclerc (1707-1788), Conde de Buffon, de quem possuía uma
edição de Ouvres choisies de Buffon, em 2 volumes, datada de 1839 (Toscano
2004). Sobre os pardais, o escritor pensa que o naturalista francês lhes « consagra a soberana antipatia de aristocrata » (O Homem da Nave 147), e que terá
jurado « pelas cinco chagas dos seus punhos de renda » serem estes « gulosos e malcriados » (Ib., 160). O escritor considerou a galinhola « ave ultra-sápida » e, mais uma vez, contrariou o naturalista que a disse « estúpida » e
« sem carácter, pesadona e enxovalhada » (Ib., 299). Das rolas referiu a designação: « columbae turtures, como as baptizou Buffon » (Aldeia 185).
Note-se ainda, usando um exemplo, a semelhança entre uma das
suas descrições do peto-real e a do Conservador do Museu de Zoologia
da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, autor do Catálogo Sistemático e Analítico das Aves de Portugal (Reis Júnior 1931). Em Geografia
Sentimental, num capítulo que, tal como um catálogo, dedica exclusivamente às aves da sua região, Aquilino escreve: « [o] peto-real, chamado
também de peto rinchão e cavalinho, porque a sua voz é tão estridente
que lembra um nitrido, pode considerar-se príncipe do pinhal » (337). Duas
décadas antes, o referido Catálogo publicara a seguinte descrição sobre esta
espécie: « o peto-real é muito comum e sedentário em Portugal, habitando
de preferência os grandes pinhais, aonde faz frequentemente ouvir o seu
grito de alarme, notas ásperas e fortes, que lembram um pouco o relincho
do cavalo; daí lhe provém, por certo, o nome de cavalo rinchão por que é
designado em algumas terras » (83).
Os textos de Aquilino Ribeiro distinguem-se deste e dos de outros estudiosos das ciências naturais, não tanto pelo conteúdo como pelo exercício de
arte literária que a cada passo tornam viva e cativante as descrições e explicações dos fenómenos naturais. Note-se, por exemplo, o que escreve sobre o
ciclo da matéria e o papel dos necrófagos nos ecossistemas:
[P]arece que uma vez por outra se devia encontrar um velho lobo falecido,
como nas fábulas, de velhice pura, uma raposa caída de caquexia, uma águia
que tombasse das nuvens varada por uma pneumonia em vez dum zagalote.
Pois não consta que o fero rei dos animais se recreie com painel em semelhantes condições. O lobo expirará no recesso dos brejos ou das cavernas e ali
será pasto dos gusanos e doutros animáculos devoradores. A comadre zorra
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fornecerá uma excelente almoço a um bando de corvos famintos e a águia terá
cemitério equivalente. (Aldeia 112)
Idênticas capacidades podem ser exemplificadas na sua explicação para
o fenómeno da migração de algumas espécies, « a rola especialmente »:
Se não fosse a aragem desabrida das manhãs, precursora do Outono, estas aves
tímidas e deliciosas poderiam prolongar a estadia até as sementeiras. Mas como
são extremamente friorentas, ao primeiro rebate, quando um ventinho mofareiro enruga a face do arroio e arranca ao pinhal harpejo mais demorado, ala.
(Geografia Sentimental 330)
A valorização do conhecimento e da influência dos textos da tradição oral (provérbios, rimas) e crenças populares, está também presente em
Aquilino Ribeiro. O escritor convoca frequentemente « o anedotário, quando
Portugal era selva e jardim » (O Homem da Nave 160). Referindo-se ao canto
da codorniz, por exemplo, menciona o que a sabedoria rural possui como
prognóstico para as colheitas: « Quantos repeniques der a codorniz de cada
vez que cantar, tantas sementes dará o trigo » (Aldeia 173).
Aquilino Ribeiro apreciava a natureza na sua vertente estética e como fonte
de inspiração artística, mas também na sua componente física e funcional. A sua
representação literária da paisagem contém um imenso potencial informativo
sobre o território e a paisagem da Beira Alta na primeira metade do século XX
(Queiroz 2009). Os animais surgem no contexto natural como elementos da
maior relevância. É o escritor que a si mesmo se define como « campónio insensível a tudo, com exclusão da bicharada » (Arcas Encoiradas 220).
De entre todos os grupos animais, sobressaem as aves. Esta afirmação
encontra fundamento numa análise global da obra do escritor, mas pode ser
corroborada com um excerto de O Homem da Nave, no qual este elabora
sobre a sua quinta em Soutosa e sobre a avifauna que a povoa. Terá ordenado
que não fosse molestada, « e dois, três anos andados, operou-se uma radical
metamorfose. Voltou o passaredo (…) os ares e a luz que me banha os olhos
voltaram à sua pureza original (…) [o] certo, certo é que todos eles, desde os
mais mesquinhos aos mais pimponaços, sabem já que nas árvores da quintarola podem andar sem receio sob o paládio dum deus ignoto, incondicionalmente benigno » (160).
Nas obras aquilinianas, está patente a preocupação com a protecção
das espécies e com a necessidade de uma gestão adequada das actividades
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humanas que interferem com a vida selvagem. Para além dos acima mencionados, um excerto sobre a caça furtiva e a regulamentação cinegética é
aqui vertido como exemplo:
[A] perseguição à perdiz nas aldeias pobres e agrestes não pára na roda do ano.
(…) Debalde as Comissões Venatórias e as Câmaras oferecem pagar a bom
dinheiro de contado as cascas dos ovos que deram a criação. Ir à vila exige tempo,
camisa lavada, brocha nos sapatos, depois parece fantástico que a Fazenda — para
o camponês todo o aparelho da governação se reduz ao Fisco e à Justiça — sanguessuga que nada farta, desça a esportular-se por tal bugiaria. O prémio seduz
a poucos e a depredação continua à vara larga. Por este andar não tardará muito
que estejam despovoados de tal espécie os montes de Portugal. (Aldeia 175)
Surpreende o número de aves que distinguiu e descreveu, e nisto também
se distingue de outros escritores que povoam os seus cenários literários com
apenas algumas espécies de grande dimensão ou que são muito conspícuas
em voo, ou ainda com aquelas que podem ser vistas ou ouvidas nos ambientes
onde os humanos vivem e trabalham. A sombria e o melro dos rochedos, por
exemplo, são espécies mais raras e discretas, sobre as quais Aquilino tece alguns
momentos de prosa. A primeira, é uma espécie migradora que com a sua passagem anuncia o frio que está para chegar: « No Outono, assim que as sombrias
começavam a cair nas esparrelas, um cristão recolhia-se à toca » (Malhadinhas
14). O segundo, junta-se a outras espécies mais conspícuas, em torno de uma
pequena charca, algures no pedregulhal do planalto da Nave:
Na pocinha que acolá forma bebem as ovelhas. Se espreitais de longe, raro é
que não voejem ou debiquem à volta a boeirinha de cauda a dar a dar; o melro
dos rochedos, que é um desconfiadão; a pega que é uma aventureira; a carricinha que é a mais pequenina das nossas aves e não tem medo de ninguém.
(O Homem da Nave 28)
Sendo certo que Aquilino Ribeiro partilhava uma grande proximidade
com a natureza, não deixa de ser relevante que, no contexto de 13 obras, tenha
mencionado 67 unidades taxonómicas diferentes, descrevendo aspectos da
sua biologia (Queiroz 2005; Queiroz e Andresen 2007). Para a dimensão do
seu inventário literário ornitológico, só parece existir paralelo com o verificado por Carlos Pimenta e Marta Moreno Garcia (2011), na obra de Gil
Vicente: « ‘voam’ por lá mais de 4 dezenas de aves diferentes » (20).
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GUIA DAS AVES DE AQUILINO RIBEIRO
Esta antologia literária tem por base as seguintes obras, enumeradas por
ordem cronológica de publicação:
1918 — A Via Sinuosa (romance);
1919 — Terras do Demo (romance);
1922 — O Malhadinhas (novela);
1926 — Andam Faunos pelos Bosques (romance);
1930 — O Homem que matou o Diabo (contos);
1944 — Volfrâmio (romance);
1946 — Aldeia – Terra, gente e bichos (crónicas);
1948 — Cinco Reis de Gente (novela);
1951 — Geografia Sentimental (crónicas);
1953 — Arcas Encoiradas (crónicas);
1954 — O Homem da Nave (crónicas);
1958 — Quando os Lobos Uivam (romance);
1958 — Mina de Diamantes (novela).
À semelhança de outros guias e catálogos ilustrados, encontra-se aqui
o inventário, a enumeração, a descrição e a distinção de diferentes aves que
povoavam o território de Terras do Demo. Mas no texto ressoam o virtuosismo da linguagem e da construção literária de Aquilino Ribeiro, a par das
suas vivências de terreno e do seu saber enciclopédico.
Os excertos literários são apresentados por unidade taxonómica (isto
é, por espécies, grupos de espécies, géneros ou famílias, conforme é possível
discriminar), agregados em capítulos de acordo com os nomes atribuídos
pelo escritor (por vezes múltiplos). Estão também classificados de acordo
com um conjunto de descritores temáticos relativos a características e ritmos biológicos, e à relação dos humanos com as aves. Porque alguns excertos
mencionam diversas aves, para evitar duplicações, adoptou-se um sistema
de referências cruzadas, assinaladas no índice. No final, anexa-se uma lista-tentativa de conversão de nomes vulgares em nomes latinos. Apenas para
o Peneireiro-dos-bosques e a Peneirinha, não foi possível encontrar correspondência usando a obra Nomes portugueses das aves do Paleárctico (Costa
et. al 2000).
Esta antologia literária dá destaque ao canto das aves, secundando
um dos aspectos mais recorrentes das descrições naturalistas de Aquilino
Ribeiro. Desperto pela riqueza e variedade das vocalizações e dotado de um
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ouvido musical que lhe permitiu verter foneticamente as frases escutadas
neste processo de comunicação, o escritor revisita na sua obra a produção
acústica da vida selvagem, dando-lhe notoriedade.
Testemunha o prazer de escutar, sobrepondo-o a outras rotinas de lazer
e sociabilidade que a sua biografia registou: « A visita matinal que faço a estas
queridas e prosaicas coisas, com as rolas a ensaiar, após a traviata sobre o
pinhal, suas sarabandas de amor, trocando o bom-dia com os jornaleiros,
vale uma volta pelo Chiado ao cair da tarde » (Geografia Sentimental 39).
Com deslumbramento, escreveu que da combinação sonora dos cantos
das aves, dos badalos dos gados, dos tamancos dos camponeses a baterem
no caminho gelado, resulta composição igual à Sinfonia Pastoral de Beethoven: « Quem quiser ouvi-la na realidade, que não através dos instrumentos
roufenhos de corda e na tilintada do piano, venha para a serra nestes dias de
intercadência » (O Homem da Nave 184).
Cantando, as aves de Terras do Demo marcam a hora do dia ou o estado
do tempo. Numa « noite escura, duma escuridão de caverna, e tão álgida »
ouve-se « um pio de coruja perdido no ar » (Andam Faunos pelos Bosques
171). Já a calhandra e a laverca estão « prontas a cantar à madrugada » (Ib. 173).
Mas só à « hora do meio dia », as poupas começam a ouvir-se, porque « para
desferir seus cântigos gostam da torreira como os poetas do luar » (Ib. 53).
Se o alcaravão e a rola parecem lamentar-se enquanto cantam, e a
coruja e o mocho soltam pios tristes e de má sorte, outra passarada alegra
o ambiente com as suas vozes bem moduladas. O escritor ouve a meigengra a retrautear « cachapim-pim-pim… cachapim » (Aldeia 177), os pardais
nos beirados a piar « xarriu! xarriu! xarriu! » (A Via Sinuosa 275), a corcolher
a cantar « tem-te lá, tem-te lá » (O Malhadinhas 15), e o pica-peixe a gritar
« ceix! ceix! », numa pedra no meio de uma veiga de água (A Via Sinuosa
184). Já o melro, como toque de címbalos, pode fazer « carrapichó!… pichó…
pichó! » (Aldeia 106) ou, noutro dialecto, « tatachim-chim-tatachim » (Geografia Sentimental 328).
Para além da forma, já num registo mais imaginativo, Aquilino Ribeiro
pretende traduzir o conteúdo das mensagens emitidas pelas aves selvagens.
O marantéu apregoa nos soutos «Arraial! Arraial! » (A Via Sinuosa 147) e os
corvos, a crocitar nos penedos, falam do bicho-homem: « Olha que marau!
Olha que marau! » diz o macho; responde-lhe a corva « Bem vejo! Bem vejo!
Olha que marau! » (Quando os lobos uivam 101). Também o rouxinol anuncia
a refeição que acaba de ter: « Comi… comi… comi… um bichinho… muito
pequerruchinho!? » (Aldeia 110).
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Ultrapassando o processo monoespecífico da comunicação acústica, o
escritor constrói ainda pequenos textos poéticos, mimetizando o ritmo e a
modulação das vocalizações, e apresentando conversas entre indivíduos de
diferentes espécies. O exemplo mais evidente envolve a conversa entre gaios
e marantéus: « Viste-los figos? », perguntam os primeiros; « Lá os vi, lá os vi! »,
respondem os segundos (Geografia Sentimental 33). Os marantéus (também
designados como papa-figos em referência às suas preferências alimentares)
emitem uma frase bem modulada que Aquilino recria numa forma sugestivamente onomatopaica, acentuando a sílaba tónica com um i, e reproduzindo as « notas altas, vivace e presto », que o levam a « desmerecer das primas
donas que garganteiam em S. Carlos » (O Homem da Nave 153).
No Guia das Aves de Aquilino Ribeiro não poderiam faltar as ilustrações,
umas fiéis ao detalhe das proporções e da beleza da plumagem de certas espécies, outras mais difusas, como o « passaredo ». Alguns dos textos impressos
foram também lidos e sonorizados com paisagens acústicas e música original, e são disponibilizados no disco anexo. À literatura de mestre Aquilino
e ao conhecimento ornitológico, junta-se uma dimensão sensorial e estética,
que tal como o concerto nocturno do rouxinol, nos chama « para mundos
desconhecidos como Beethoven » (Geografia Sentimental 329).
grous em voo
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