promoção da biomassa florestal residual na bacia do
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PROMOÇÃO DA BIOMASSA FLORESTAL RESIDUAL NA BACIA DO MEDITERRÂNEO FLORESTAS MEDITERRÂNICAS Conteúdo 2: Florestas Mediterrânicas 4: O que é biomassa? 5: Apresentação do projecto 6: F omentar a sensibilização e o networking 9: Estimativa da biomassa 13: Uso da biomassa 16: Mobilização da biomassa 18: D isseminação de resultados 2 A vegetação associada a florestas mediterrânicas pode referir-se a vários tipos de florestas e outras áreas florestais, desde o estrato arbustivo a altos povoamentos de pinheiro, incluindo muitas outras espécies, tais como azinheira ou sobreiro, cedros e medronheiros e também sistemas florestais de curta rotação e matos. A principal característica destas florestas é estarem sujeitas ao clima mediterrânico, o que significa verões quentes e secos, quando as plantas mais precisam de água para crescer, e outonos e invernos chuvosos e húmidos. As florestas mediterrânicas sempre fizeram parte das actividades antrópicas e exploração humana. Não existe uma clara distinção entre a actividade económica e o ambiente natural: as dinâmicas das florestas mediterrânicas sempre estiveram intimamente ligadas com as sociedades humanas que se têm desenvolvido em torno destas. As florestas mediterrânicas são ecossistemas particularmente multifuncionais: • Apresentam características ecológicas notáveis: hotspots de biodiversidade (grande riqueza de espécies, espécies endémicas e habitats singulares), sistemas de prevenção contra erosão, cheias e desertificação, reservatórios de carbono, etc.; • Têm um valor económico intrínseco e geram vários produtos, nomeadamente madeira e cortiça, assim como, plantas medicinais, trufas e outros cogumelos, bolotas, frutos, mel, resina de pinheiro, etc.; • Estão sujeitas a significativa procura social: fornecem um ambiente vivencial a muitas comunidades florestais e têm funções recreativas, constatando-se um aumento das actividades ao ar livre em florestas, particularmente em florestas urbanas e periurbanas. Neste sentido, as florestas mediterrânicas são ecossistemas de elevado interesse mas frágeis e insuficientemente promovidas. Estão sujeitas a várias ameaças: ameaças intrínsecas, tais como os riscos naturais (incluindo incêndios florestais), solos pobres e condições climáticas difíceis, assim como, ameaças externas designadamente o aumento da pressão socio-económica e a ausência de uma cultura coesa associada à floresta e à exploração da madeira, em concreto. Tudo isto conduz à dificuldade em atribuir valor ao produto madeira e à implementação de uma gestão sustentável. A s florestas mediterrânicas são ecossistemas de grande interesse mas são frágeis e insuficientemente fomentadas 3 O QUE É BIOMASSA? A Directiva 2009/28/CE do Parlamento Europeu define biomassa como a “fracção biodegradável de produtos, resíduos e detritos de origem biológica provenientes da agricultura (incluindo substâncias de origem vegetal e animal), da exploração florestal e de indústrias afins [...]”. Simplificadamente, a biomassa é material derivado de organismos vivos (ou recém-vivos). Porquê a biomassa? No contexto da Política Energética da UE e da Estratégia Horizonte 2020, o desenvolvimento de fontes de energias renováveis, incluindo a biomassa, representa um dos principais desafios para os Estados Membros. " A biomassa oferece uma ampla gama de benefícios em comparação com outras fontes de energia. Por exemplo, a energia a biomassa contribui para a criação local de emprego. Apresenta também um impacte neutro no ciclo do carbono, uma vez que o carbono libertado é novamente capturado em florestas em crescimento. O seu preço é altamente competitivo e menos flutuante, quando comparado com as fontes de energia fósseis. O desenvolvimento de fontes de energias renováveis, incluindo a biomassa, está-se a tornar um desafio chave para os Estados Assim, a promoção das energias renováveis em áreas rurais, atraMembros…" vés da gestão sustentável da biomassa florestal, está no centro do projecto PROFORBIOMED. 4 O PROJECTO PROFORBIOMED No enquadramento específico das Florestas Mediterrânicas, a União Europeia financiou projectos para a promoção do uso de produtos florestais, nomeadamente através do programa MED, um programa de cooperação transnacional financiado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER). Como resposta ao Objectivo MED 2.2: “Promoção das energias renováveis e melhoria da eficiência energética”, o projecto PROFORBIOMED é um projecto MED estratégico ligado à promoção do uso de energias renováveis através do desenvolvimento de uma estratégia integrada para o uso da biomassa florestal como fonte de energia que demonstra, aplica e transfere sistemas de gestão sustentáveis adaptados às diversas condições florestais na área MED. A estratégia assenta no desenvolvimento das florestas mediterrânicas e no seu potencial como fonte de rendimento em áreas rurais, necessitando de uma gestão e manutenção apropriadas (a nível ambiental). Mapa dos parceiros do projecto 18 PARCEIROS no projecto: distribuídos por seis países da União Europeia – Espanha, Grécia, Itália, Portugal, Eslovénia e França. Estes envolvem uma ampla gama de parceiros a nível nacional, regional e local, representados por entidades públicas e privadas. 5 FOMENTAR A SENSIBILIZAÇÃO E O NETWORKING Parceiros: CRPF ADEP Enguera Um dos objectivos do projecto PROFORBIOMED foi identificar e envolver todos os actores relevantes (stakeholders) relacionados com a cadeia de biomassa florestal, desde proprietários florestais (privados e públicos), entidades públicas de gestão e licenciamento, até empresas de sistemas de aquecimento e caldeiras, desenvolvendo-se assim uma rede multinível. Esta rede foi considerada como uma base para a criação de estruturas e compromissos sustentáveis, tendo em conta a sensibilização sobre a biomassa e a revitalização da cadeia de valor florestal, criando emprego e desenvolvendo indústrias ligadas ao sector florestal. PROPRIETÁRIOS FLORESTAIS PRIVADOS Um dos principais obstáculos à exploração da biomassa, e da madeira em geral recai, nos próprios proprietários. Na maioria dos casos, falta-lhes a tradição e cultura florestais, enquanto alguns desconhecem mesmo que possuem terrenos florestais. O CRPF da região de Provence-Alpes-Côte d’Azur (França) tem vindo a experimentar novas metodologias para contactar e reunir proprietários florestais privados a fim de aumentar o seu interesse nas suas parcelas florestais. Pelo que, no âmbito do projecto PROFORBIOMED, o CRPF convocou representantes locais oficiais para criar vínculos e sinergias para diversos conteúdos. Também trabalharam no sentido de remover outros obstáculos no sector da exploração da madeira e biomassa, tais como expectativas 6 irrealistas no que concerne à qualidade do trabalho florestal, que é muitas vezes encarado como “jardinagem” em região turística ou a relutância em deixar resíduos no terreno no contexto do risco de incêndio. Para enfrentar estes constrangimentos e o elevado nível de fragmentação das propriedades florestais, é necessário tempo e esforços para contactar e motivar um grande número de proprietários florestais privados através do fornecimento de argumentos e soluções relevantes. CENTRO DE BIOMASSA NA GRÉCIA OCIDENTAL O Centro de biomassa na Grécia Ocidental foi inaugurado a 15 de Janeiro de 2014. É usado para promover o aproveitamento da biomassa florestal e de resíduos rurais para fins energéticos. São várias as ferramentas de comunicação implementadas neste centro (tablets, vídeos e jogos educacionais) e os seus funcionários cedem informação técnica sobre a procura no sector da biomassa florestal. Para além de fornecer informações ao público em geral, o centro da biomassa visa formar crianças e alunos, oferecendo um programa de aprendizagem completo; neste contexto, foram contactadas as escolas da região e convidadas a registar as suas aulas no programa. Para atingir este objectivo, os parceiros implementaram várias actividades nos seus territórios. Por exemplo, em França, o Centro Regional de Proprietários Florestais (CRPF) trabalhou com representantes oficiais, no sentido de os envolver numa estratégia de extracção e mobilização de biomassa nas suas áreas. Em níveis mais baixos da cadeia, as plataformas de biomassa florestal trabalharam com grupos stakeholders profissionais ligados ao sector da biomassa para reforçar a cooperação; e foram criados gabinetes/ centros para promover a biomassa e os seus usos para diversos públicos-alvo. Principais impactes do projecto nos territórios Para o CRPF, o principal impacte tem sido o interesse renovado na gestão das florestas privadas, assim como a consciencialização da necessidade de mudar a abordagem da prevenção de riscos de incêndios para uma abordagem de cariz mais silvicultural. Para a Empresa Municipal para o Desenvolvimento Local de Patras (ADEP) na Grécia, o Centro de Biomassa é usado como fonte de informação, educação e consultoria técnica, assim como fornece informação objectiva e especializada sobre energia da biomassa florestal, tecnologias e recursos de combustíveis em geral. Em Enguera, Espanha, a Plataforma Florestal Valenciana (VFP) faz lobby para promover um sector económico verdadeiramente sustentável para as florestas mediterrânicas em Valência. F omentar a sensibilização e consciencialização sobre a biomassa e revitalizar a cadeia de valor florestal, criando empregos e desenvolvendo indústrias ligadas ao sector florestal. 7 PLATAFORMA FLORESTAL VALENCIANA Sob a alçada do projecto PROFORBIOMED, no dia 31 de Maio de 2013 um total de 18 associações, entidades e organizações criaram a Plataforma Valenciana Florestal (PVF), em Enguera (Valencia, Espanha), com o objectivo de conservar e requalificar as áreas florestais através da harmonização de práticas de conservação e gestão florestal. O Presidente da PVF, José Vicente Oliver, explicou que a nova entidade tem “um desafio muito ambicioso, um contrato com as futuras gerações para manter e preservar um legado rico e um ambiente diversificado e também desenvolver um sector capaz de aproveitar oportunidades, tanto na criação de empregos como de riqueza [...]”. Os parceiros que criaram a Plataforma trabalharam, numa fase inicial, no diagnóstico da situação das florestas Valencianas. " 8 Um contrato com as futuras gerações para manter e preservar um legado rico e ambiente diversificado…" Estabeleceram que, apesar de estas ocuparem mais de metade do território Valenciano, o actual sector contribui com menos de 1 % do Produto Interno Bruto (PIB). Através desta iniciativa, a Plataforma visa promover o “real e verdadeiro” reconhecimento da propriedade florestal “como estratégia para fomentar o desenvolvimento sustentável do nosso sector, produzindo valor ambiental e socio-económico, e contribuindo para uma melhoria das condições de vida nas aldeias da região”. A Plataforma também pretende tornar-se um verdadeiro “Cluster da bioenergia em Valência” e começar a promover a bioenergia na sociedade. ESTIMATIVA DA BIOMASSA: QUANTIDADE E VALOR ENERGÉTICO Os planos de gestão adequados são uma ferramenta essencial para o desenvolvimento, de forma sustentável, da cadeia de valor da biomassa florestal. Na verdade, permitem aos técnicos florestais planear a gestão florestal, tendo em conta o potencial de produção e os melhores usos, permitindo assim desenvolver modelos energéticos realísticos e sustentáveis. Parceiros: DGMA ISPRA ARGEM/INFO DRAFD GOV PLANEAMENTO REGIONAL DE BIOMASSA FLORESTAL A DGMA, em Múrcia, desenvolveu uma metodologia inovadora para a elaboração de planos de gestão de biomassa florestal. Esta metodologia é baseada numa pesquisa estratificada, que utiliza os dados recolhidos no âmbito do 4º Inventário Florestal Nacional e que, reduz pela metade o trabalho de campo necessário, economizando custos e tempo. Para além disto, através do projecto PROFORBIOMED, a DGMA desenvolveu um software que processa de forma mais rápida os dados recolhidos. O programa calcula o volume de biomassa e outros parâmetros importantes para a gestão florestal, com base nos dados obtidos e integrando os dados do Inventário Florestal Nacional. Foram organizados vários seminários, com o principal objectivo de fornecer aos técnicos regionais e empresas de engenharia, a metodologia específica para o uso da ferramenta desenvolvida. Esta acção facilita a padronização dos planos na Região de Múrcia. Como resultado, o primeiro Plano de Gestão de Biomassa Florestal foi elaborado para a floresta pública Serra de Burete (Cehegín, Região de Múrcia, Espanha). 9 POTENCIAL DE BIOENERGIA DAS TERRAS FLORESTAIS DA LAZIO Após o levantamento da flora e vegetação de Lazio e da análise dos recursos florestais, o Instituto Italiano de Protecção e Pesquisa Ambiental (ISPRA) desenvolveu uma metodologia para avaliar o potencial de bioenergia dos recursos da floresta e fora desta, sem aumentar a pressão ou prejudicar o meio ambiente. O ISPRA focou-se no papel das culturas de curta rotação (CCR) para o fornecimento de bioenergia. O ISPRA realizou um estudo para avaliar a quantidade de terras que poderiam ser destinadas às CCR. Este instituto focou-se nos potenciais impactos das CCR para bioenergia e em vários aspectos do ambiente e da paisagem, incluindo a biodiversidade e os serviços provenientes dos ecossistemas. Com base nos resultados de estudos anteriores foram elaboradas directrizes, a fim de fornecer assessoria às partes interessadas sobre a escolha do local, espécies, criação de zonas técnicas de cultivo do solo, técnicas de plantação, gestão da cultura e métodos de colheita, tendo em conta o conceito de sustentabilidade ambiental. Foi também realizada uma análise económica e de sensibilidade da espécie Robinia pseudoacacia. O trabalho realizado pelo ISPRA sobre os impactes ambientais das CCR corresponde à acção-piloto 1.6 (parcelas de demonstração com plantações energéticas de curta rotação); as directrizes criadas para a Itália seguiram assim, as indicações e recomendações da acção piloto 1.6. Os parceiros PROFORBIOMED trabalharam nesta perspectiva para desenvolverem novas ferramentas e métodos para formalizar planos de gestão e avaliar o potencial bioenergético florestal. Por exemplo, tanto os governos regionais de Múrcia, como de Valência pesquisaram, com sucesso, formas de recolher mais rapidamente e economicamente os dados de silvicultura necessários, com base em inventários existentes e novas tecnologias. 10 BIOMASSA DISPONÍVEL E OS PROCEDIMENTOS DE COLHEITA Foram realizados, pela ARGEM (Agência de Energia da Região de Múrcia), vários estudos para a determinação de uma zona com uma alta produção de agrobiomassa no município de Cieza. Através de ferramentas de sistemas de informação geográfica (SIG), foi calculada a quantidade de biomassa disponível a cada ano para um total de 542 mil toneladas, a maior parte proveniente de actividades agrícolas. Além disso, foi desenvolvido um teste para melhorar os procedimentos de coleta de agro-biomassa, a fim de reduzir os custos finais, permitindo mais eficácia ao nível de custos de matéria-prima na produção de biocombustíveis e estilha de madeira. Os resultados finais revelam reduções de potenciais custos de cerca de 45 %, a partir de 50 € a 27 € por tonelada (20 % de humidade). Principais impactes do projecto no território Na Região de Múrcia, o trabalho da Direcção-Geral do Ambiente (DGMA), em particular as novas ferramentas que foram desenvolvidas, tem contribuído para o aparecimento de grande interesse na elaboração de Planos de Gestão de Biomassa Florestal, e para a sua implementação e gestão em florestas públicas e privadas. Este trabalho também ajudou a melhorar a cooperação entre os quadros técnicos, as empresas do sector florestal e os GESTÃO DE PLANTAÇÕES PARA A PROMOÇÃO DE UMA CADEIA DE FORNECIMENTO FLORESTA-MADEIRA-ENERGIA A região da Sicília realizou um estudo sobre a madeira obtida a partir da renaturalização da reflorestação nas Montanhas Sicani. O estudo foi realizado para avaliar a biomassa, numa base territorial para toda a área com recurso ao SIG, e numa base municipal através da realização de um plano de gestão, em que foram utilizados dados dendrométricos experimentais da Universidade de Palermo. Além disso, foi realizada uma actividade experimental numa área de teste (1 ha) para a biomassa da colheita a partir de um desbaste selectivo de Pinus halepensis. Os resultados confirmam que o desenvolvimento de uma cadeia de fornecimento floresta-madeira-energia é apropriado para fornecer uma central de co-geração que estaria localizada em cada zona do concelho, dimensionada de acordo com a disponibilidade da biomassa. 11 ELABORAÇÃO DE UMA METODOLOGIA INOVADORA PARA O DESENVOLVIMENTO DE PLANOS DE GESTÃO FLORESTAL A Generalitat Valenciana desenvolveu uma metodologia inovadora para o desenvolvimento de planos de gestão florestal, com foco na produção sustentável de biomassa florestal. Esta metodologia baseia-se na combinação da tecnologia LIDAR e de técnicas de inventário florestal convencionais. A aplicação deste método no campo é uma forma menos dispendiosa para a obtenção de dados provenientes da silvicultura, uma vez que requer menor número de parcelas do que um inventário florestal. ao uso desta nova metodologia. É complementada por um documento técnico que descreve a metodologia, fornece mapas e inclui toda a documentação da gestão de projectos. A floresta pública Serra Negrete, localizada no município de Utiel (Valência), é gerida pela Generalitat Valenciana e propriedade da cidade de Utiel. O seu plano de gestão florestal foi criado pela Generalitat Valenciana com recurso proprietários florestais privados. Em última análise, irá apoiar o sector florestal na região, através do uso sustentável da biomassa. " Em Valência, o desenvolvimento da metodologia e a sua comunicação aos proprietários florestais e técnicos tem promovido o desenvolvimento de um maior número de planos de gestão florestal. Reduzir o custo de aplicação desta metodologia é fundamental para incentivar os proprietários de terras públicas e Desenvolvimento privadas a gerir as suas propriedades florestais. A área de floresta de novas ferramen- gerida de forma sustentável irá assim aumentar, conduzindo a tas e métodos para uma maior rentabilidade económica e a benefícios ambientais. projectar planos de gestão e avaliar o potencial bioenergético das florestas" 12 USO DE BIOMASSA: NOVOS USOS E USOS COMBINADOS A biomassa florestal residual é usada principalmente para fins energéticos, para a produção de calor, electricidade, ou ambos através de combustão. Assim, foram realizados estudos para avaliar a viabilidade e os benefícios de uma mudança de combustíveis fósseis para as energias renováveis, como a biomassa ou biogás. Parceiros: Algar Region West. Macedonia Univ. West. Macedonia O projeto PROFORBIOMED também tem realizado estudos no desenvolvimento de novos usos para a biomassa, para expandir as possibilidades oferecidas pelas cadeias de valor de biomassa. Um exemplo de novas utilizações são os compostos encontrados na madeira e em outras partes da planta. Uma das tarefas do Centro de Investigação em Ciências do Ambiente e Empresariais (CICAE), em Portugal, foi a sua identificação, a caracterização e quantificação em várias amostras, em particular de parcelas acção-piloto do projecto. CICAE / INUAF Outra possibilidade para utilização da biomassa é usá-la juntamente com outros materiais, para evitar a grande mudança em instalações já existentes. Por exemplo, a central energética Kardia, SISTEMA DE AQUECIMENTO DE UMA PISCINA A ALGAR, a agência para o tratamento de resíduos sólidos no Algarve, conduziu um estudo sobre a avaliação do retorno económico, ambiental e social da substituição na piscina interior de São Brás de Alportel, de um sistema de aquecimento a gasóleo por um sistema a biomassa. Duas caldeiras a gasóleo, com o apoio adicional de painéis solares instalados no telhado, eram suficientes para as necessidades térmicas da piscina. do tanque e um projecto para Motivada pelos aumentos constantes no preço do diesel, a solucionar o armazenamento dos pellets. Uma vez identifigestão da piscina decidiu procados os investimentos e os curar uma solução de energia custos operacionais, o estudo alternativa para a redução dos de viabilidade económica irá elevados custos operacionais. considerar os gastos de energia A metodologia aplicada neste para a piscina através do estudo foi baseada na comconsumo actual do diesel, comparação do consumo actual parado com a mesma energia do diesel e nos valores da biofornecida por um sistema de massa como fonte de energia biomassa a pellets. alternativa. Como resultado, o novo sistema irá adoptar uma caldeira a pellets, que requer uma revisão da capacidade 13 UNIDADE DE BIOGÁS E INSTALAÇÃO DE PRODUÇÃO DE PELLETS A Região da Macedónia Ocidental apoiou um projecto na área da Servia-Velventos para a construção de uma unidade combinada de produção de biogás e pellets. A principal matéria-prima do biogás serão os resíduos de animais com uma menor proporção de resíduos agrícolas (70/30). O Centro de Investigação e Tecnologia Hellas/processos químicos e Instituto de Recursos Energéticos (CERTH/ CPERI) apoia o município de *Joint European Support for Sustainable Investment in City Areas Servia-Velventós na preparação dos documentos para o projecto que será financiado através do mecanismo de Apoio Europeu Conjunto para o Investimento Sustentável em Áreas Urbanas (JESSICA)*. novas tecnologias), melhorar o perfil energético da região (para atrair novos investimentos), e contribuir para a meta nacional de diminuição das emissões de gases com efeito de estufa. Este projecto tem como objectivo, economizar os recursos (por substituição de combustíveis importados para resíduos não utilizados), controlar a queima de resíduos e a emissão de poluentes (usando na Grécia, não fez uma mudança completa do carvão de lenhite a biomassa, mas sim várias experiências com combinação de ambos os combustíveis. Principais impactes do projecto nos territórios " No Algarve (Portugal), a transformação de um sistema de aquecimento a biomassa de uma piscina, irá contribuir para o desenvolvimento territorial, através da utilização de um material regional. Irá também reduzir o uso de combustíveis fósseis e os custos económicos (até 60 %). Para além dos indicadores económicos muito atractivos, a instalação de uma caldeira a pellets conduz a benefícios ambientais significativos. As emissões As emissões de CO2 de CO2 associadas à combustão de biomassa são considerados associadas à com- zero, porque as árvores que produzem esta biomassa combustível bustão de biomassa durante o seu crescimento absorvem a mesma quantidade de são consideradas CO2 que a emitida em combustão. zero…" Na Macedónia Ocidental, o projecto de uma nova unidade de biogás irá desenvolver novos empregos (directos e indirectos) na cadeia de matérias-primas e produtos finais, juntamente com condições propícias para futuros investimentos semelhantes (centrais de produção de energia, sistemas de produção 14 descentralizados, etc). Também irá contribuir para o uso de sub-produtos, actualmente inexploradas, criando novas cadeias de valor acrescentado. Finalmente, os investimentos realizados criam redes para o desenvolvimento de tecnologias de energia renovável. Na Grécia, a acção-piloto liderada pela Universidade promove o uso da biomassa lenhosa, entre os agentes locais interessadas, para fins de calor e energia, reforçando a mensagem do Cluster Bioenergia na região e promovendo o desenvolvimento de biomassa e bioenergia, para uma economia regional mais verde e mais próspera. A biomassa florestal surge como uma matéria-prima ideal para a recuperação, de forma sustentável, de compostos de valor acrescentado provenientes dos recursos naturais. Ainda na região do Algarve, a caracterização e identificação de compostos químicos, com grande interesse e valor acrescentado, provenientes de biomassa florestal residual permite a criação de uma nova cadeia de valor, o que pode melhorar o CO-INCINERAÇÃO DE BIOMASSA COM LENHITE A co-incineração foi realizada na estação de energia Kardia em Kozani, Grécia. O objetivo da operação foi a mistura da biomassa lenhosa e carvão de lenhite para o abastecimento de uma unidade de energia já existente. A duração da co-incineração foi cerca de 14 horas e foram introduzidos 510 toneladas de estilha de madeira, juntamente com o carvão, numa das unidades de energia; foi mantida uma carga de potência de 225 MW durante a co-combustão. A substituição de biomassa foi de cerca de 2,1 % com base no peso que corresponde a 6,22 % numa base de energia (com base em sistemas térmicos com valores de aquecimento mais baixos para a lenhite e estilha de madeira). A mistura foi feita nas fábricas normais que pulverizaram o carvão e todo o procedimento decorreu de forma muito satisfatória. No geral, o teste piloto foi bem-sucedido e toda a operação decorreu de forma facilitada, sem problemas significativos, evitando as principais ameaças para os padrões operacionais estabelecidos pela fábrica. A co-incineração contou com a presença de representantes do Instituto de Processos Químicos e Recursos Energéticos (CPERI/CERTH) e da Agência Regional para o Desenvolvimento da Macedónia Ocidental (ANKO, SA), aumentando assim o público e enriquecendo a discussão do potencial global da actividade. 15 PRINCIPAIS COMPOSTOS DE VALOR ACRESCENTADO DA BIOMASSA FLORESTAL RESIDUAL Por exemplo, nas amostras O Centro de Investigação de eucalipto, considerou-se o em Ciências do Ambiente seguinte: e Empresariais do INUAF (Portugal), desenvolveu um - As amostras são ricas em estudo sobre os compostos óleos essenciais e lipofílico de valor acrescentado que volátil não extraível podem ser obtidos da biomassa florestal residual. Foram - Estão presentes sesquiteridentificados, caracterizados e penos, aromadendreno e quantificados, em várias amos- alloaromadendrene tras, compostos que poderão ter valor económico acrescido. - Um dos principais compostos identificados foi o globulol - Estão presentes ácidos gordos, como o ácido palmítico. desenvolvimento económico dos produtores. A identificação e quantificação dos compostos de valor acrescentado é o primeiro passo de um esquema mais amplo; o próximo passo será a determinação da actividade antioxidante. Em última análise, a biomassa florestal surge como uma matéria-prima ideal para a recuperação dos recursos naturais de forma sustentável e para a obtenção de compostos de interesse. MOBILIZAÇÃO DE BIOMASSA TRACEABILIDADE DA BIOMASSA: UM NOVO PROTOCOLO PARA MELHORAR A SUSTENTABILIDADE E QUALIDADE A Fundação para o Ambiente de Lombardia (FLA), em cooperação com os outros parceiros do projecto, desenvolveram e testaram um novo protocolo para o estabelecimento de princípios e requisitos técnicos para a 16 traceabilidade da biomassa florestal ao longo de toda a cadeia de abastecimento. O protocolo pretende contribuir para a promoção do uso responsável dos recursos florestais para fins energéticos. O novo sistema de traceabilidade define procedimentos, instruções de trabalho e medidas de manutenção de registos que garantam a identificação dos lotes de biomassa ao longo de toda a cadeia de abastecimento. MOBILIZAÇÃO DE BIOMASSA: NOVAS FERRAMENTAS Um dos objectivos do projecto PROFORBIOMED é estabelecer estratégias de desenvolvimento integrado para as energias renováveis, em particular através da melhoria dos aspectos técnicos, logísticos e ambientais das cadeias de produção de biomassa. Isto inclui o desenvolvimento de novas ferramentas, metodologias e de técnicas para a colheita de biomassa florestal sustentáveis, que reduzam os custos para os proprietários e preservem o ambiente. Uma das acções-piloto foi a extração completa da biomassa de árvores, que foram realizadas em várias áreas-piloto (incluindo o sul da França e Catalunha). O objectivo foi a promoção da árvore como um todo, reduzindo os custos operacionais e a avaliação do impacte sobre o ambiente (em particular sobre o solo e nutrientes). Parceiros: FLA CTFC EXTRACÇÃO DA ÁRVORE INTEIRA PARA APROVEITAMENTO DA BIOMASSA A equipa do CTFC realizou um grande conjunto de medidas para melhor avaliar a viabilidade económica da extracção de biomassa através de um sistema de colheita completa de árvores. Em particular, concentraram-se na utilização da maquinaria Feller-buncher. Estas medidas também levaram o CTFC a criar e sugerir uma metodologia para a avaliação dos impactes a longo prazo deste tipo de extracção. Principais impactes do projecto sobre o território O trabalho do CTFC (Centro de Tecnologia Florestal da Catalunha) forneceu uma visão sobre a viabilidade económica e ambiental da extração completa de biomassa de árvores, juntamente com uma avaliação dos seus impactes. Este centro também analisou qual a necessidade de subsídios para a realização de operações de desbaste. Os seus esforços também pretendem sensibilizar os gestores florestais para a necessidade da monitorização dos impactes a longo prazo. 17 DISSEMINAÇÃO DOS RESULTADOS DO PROJECTO Parceiros: AIFM Para que as actividades e os resultados do projecto fossem amplamente divulgados, os vários parceiros fizerem esforços especiais para delinear uma estratégia de comunicação. O objectivo foi a promoção e divulgação do projecto e as suas áreas de maior interesse: biomassa florestal, diversidade da florestal mediterrânica e as suas especificidades e desafios para a economia local e para o ambiente. Principais impactes do projecto sobre os territórios Durante todo o projecto, as actividades de comunicação tiveram um elevado impacto. O site do projeto recebeu mais de 17 000 visitas em Julho de 2014, e as redes sociais obtiveram 273 gostos (Facebook) e 185 membros (LinkedIn), respectivamente. " Promover o projecto e fornecer informações sobre este, e as suas principais áreas de interesse: a biomassa florestal, a diversidade da floresta mediterrânea... “ 18 O principal evento organizado no âmbito do projecto, a conferência internacional final, reuniu cerca de 100 pessoas que visitaram as áreas-piloto, discutiram sobre os projetos de biomassa em curso na área e debateram sobre os desafios relacionados com a biomassa. CONFERÊNCIA INTERNACIONAL FINAL A Associação Internacional das Florestas do Mediterrâneo (AIFN), juntamente com o CRPF, organizaram a conferência internacional final do projecto, em Marselha (França) nos dias 19 e 20 de Junho de 2014, onde foram apresentados os resultados do projecto e discutido o desenvolvimento da biomassa, os seus impactes e o seu futuro na bacia do Mediterrâneo. A conferência iniciou-se com uma visita de campo às áreas piloto do CRPF, onde esteve presente um grupo de proprietários florestais privados para a produção de biomassa que fizeram uma apresentação, no local, para os parceiros do projecto sobre a temática em questão no sul da França. O segundo dia focou-se em duas questões principais: “onde e como mobilizar biomassa” e “quais as tecnologias e estruturas organizacionais que devem ser implementadas”. As apresentações das acções do projeto (projectos-piloto, capitalização e actividades de comunicação) forneceram abordagens tangíveis no âmbito das questões colocadas no debate. • Editor: AIFM (International Association for Mediterranean Forests) • Tradução: Centro de Investigação em Ciências do Ambiente e Empresariais (CICAE) 14, rue Louis Astouin 13 002 Marsiglia Γαλλία Tel: +33 (0)4 91 90 76 70 www.aifm.org • Fotografia: • Design gráfico: Falhène Productions Moca 20140 Moca Croce Γαλλία Tel: +33 (0)4 95 24 39 25 www.falhene.info • impresso na UE. PROFORBIOMED, Marie de Guisa, Nicolas Joly, MEDLAND 2020, Falhène Productions. Copyrights : Outubro 2014 ISBN: 978-2-9550619-0-9 19 PARCERIA Para mais informações, visite o site do projecto: www.proforbiomed.eu Ou contacte: Roque Perez Palazon (Região de Múrcia) Endereço electrónico: [email protected] O projecto PROFORBIOMED também está presente em : Facebook: www.facebook.com/ Proforbiomed E no LinkedIn: Group “Proforbiomed (Mediterranean Forest Biomass for Energy)” Esta publicação é co-financiada pelo FEDER no âmbito do Projecto “ PROFORBIOMED, Promoção da Biomassa Florestal na Bacia do Mediterrâneo “ No. Ref. (1S-MED 10-009). A responsabilidade do conteúdo desta publicação é dos autores. A publicação não reflecte necessariamente a opinião das Comunidades Europeias ou do Programa MED. A Comissão Europeia não é responsável por qualquer uso que possa ser feito das informações contidas nesta publicação.