1º episódio – Podcast Canal Respiratório

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1º episódio – Podcast Canal Respiratório
1º episódio – Podcast Canal Respiratório
Impacto da Asma não controlada na vida do paciente.
Dr. Oliver Nascimento
A asma é uma doença inflamatória crônica, afetando tanto crianças quanto adultos e é
considerada um sério problema de saúde mundial. A asma acomete aproximadamente 20 milhões de
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pessoas no Brasil, pois a prevalência está entre 10-20% da população, dependendo da faixa etária.
A doença é caracterizada por uma inflamação crônica, associada a uma hiperresponsividade das
vias aéreas, que leva a episódios recorrentes de tosse, chiado no peito, dispneia, opressão torácica,
particularmente no período noturno ou no início da manhã.2,3
O objetivo do manejo da asma é a obtenção do controle da doença, minimizando o impacto da
mesma na vida do paciente. Esse objetivo compreende dois domínios distintos: o controle das
limitações clínicas atuais e a redução dos riscos futuros.2,3
Para avaliar se a doença está controlada, deve-se investigar a frequência dos sintomas diurnos
(dias/semana), despertares noturnos pelos sintomas da asma, limitação das atividades e a frequência do
uso de medicação de alívio. Outra forma é a a utilização de instrumentos padronizados de
monitorização da asma, como o Asthma Control Test (ACT).2,3
Clinicamente, quando falamos em controle, estamos lidando diretamente com a redução ou
remoção completa das manifestações da asma observadas nos pacientes com o tratamento instituído.
Além da redução dos riscos futuros de desfechos negativos da doença, como a função pulmonar e
histórico de exarcebações.3
As diretrizes internacionais e nacionais apresentam uma estratégia multifatorial para o manejo
da doença, que envolve avaliação e estratificação do paciente quanto as suas características clínicas e
pessoais, controle ambiental, co-participação médico/paciente e revisão sistemática do quadro para
3
ajuste e adequação da terapia proposta de acordo com a resposta clínica ao tratamento.
Apesar das diretrizes e dos dados científicos amplamente divulgados, o controle da doença
ainda não é o esperado pelas autoridades médicas e científicas. Importantes estudos como o AIRLA ,
demonstraram que apenas 2,5% dos pacientes com Asma brônquica atingiram os níveis de controle
seguindo as recomendações e critérios das diretrizes internacionais, os mesmos utilizados durante o
estudo GOAL.4
Porém, quando não se obtem o controle adequado da asma, os pacientes sofrem com um
grande impacto na sua vida, pois apresentam limitações em suas atividades do dia a dia. Em um estudo
publicado por Neffen e colaboradores, pode-se observar que tanto adultos quanto crianças com asma
apresentam maior limitações para esportes e recreação, atividades físicas, atividades sociais, afazeres
4
domésticos e sono. Nos adultos, a asma pode alterar até mesmo escolha de carreiras.
Em acréscimo, um estudo publicado pela Gazzotti e colaboradores em 2013 demonstrou que
mais de 90% dos pacientes com asma não apresentam controle da asma e com isso, apresentam mais
idas ao pronto socorro, hospitalização e faltas à escola ou trabalho.5
Um ponto de destaque na abordagem clínica da Asma é que muitas vezes a expectativa entre o
paciente e o médico quanto ao significado de controle da doença, que pode se mostrar divergente.
Um exemplo disso é quando a falta de sintomas descrita pelo paciente, pode ser consequência
de uma limitação proposital às suas atividades rotineiras ao invés de uma efetividade do tratamento
instituído, evitando assim os sintomas que estas desencadeariam. Basicamente isso quer dizer que o
significado da palavra “controle” entre pacientes e médicos é diferente , fazendo com que o médico
deva sempre explorar mais profundamente o significado do termo “controle” usado pelo paciente.3
Contudo, é possível mudar o quadro do impacto que a asma causa nos pacientes. Um
importante marco no manejo da Asma foi a publicação do estudo GOAL. O estudo realizado por
Bateman e colaboradores, avaliou pacientes tratados com a combinação salmeterol/propionato de
fluticasona vs propionato de fluticasona isolado em uma população de 3400 pacientes asmáticos não
controlados com sua terapia usual. O resultado apresentado foi a obtenção do controle na manifestação
da Asma na maioria dos pacientes, demonstrando que o controle da doença é uma realidade possível.6
Em um outro estudo realizado em Salvador – Bahia, pelo grupo do Dr. Álvaro Cruz, demonstrou
a importância de aumentar a aderência ao tratamento da asma na redução da hospitalização. Eles
demonstraram que com o aumento na dispensação de medicamentos que continham corticoide
inalatório, houve uma redução da taxa de internações por asma na capital da Bahia. Portanto, quanto
maior o número de pacientes com asma tratados, menor a taxa de internação.7
Portanto, para termos sucesso no tratamento da asma e melhorar o estado de saúde dos
pacientes precisamos de uma abordagem completa do paciente com controle do ambiente, reduzir a
exposição aos alérgenos, estimular uma co-participação do paciente no tratamento, fazendo dele um
parceiro e responsável pelo seguimento correto do plano de tratamento proposto. Portanto, a adesão e
uso correto dos dispositivos inalatórios são importantes fatores para se obter controle da asma. Em
acréscimo, deve-se observar a preferência do paciente aos dispositivos inalatórios e ao esquema
2,3
posológico proposto para seu tratamento.
Concluindo, o manejo e o controle da asma permanecem um desafio para o profissional de saúde.
Apesar do avanço no conhecimento e das ferramentas terapêuticas na Asma, a doença permanece
trazendo grande impacto ecônomico e social para os pacientes e sistema de saúde no Brasil e no
mundo. O manejo , a avaliação e o tratamento adequado da doença devem ser instituídos o mais
precioce possível, levando em consideração as características individuais de cada paciente e que podem
impactar de forma positiva o nível de controle da Asma e a qualidade de vida de seus pacientes.
O conteúdo desse episódio encontra-se integralmente disponível em nosso site, e todas as referências
utilizadas para produção desse texto, e outras relacionadas à Asma, podem ser solicitadas por qualquer
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Referências bibliográficas:
1. Solé, J Pediatr (Rio J). 2015;91(1):30-35.
2. SOCIEDADE BRASILEIRA DE PNEUMOLOGIA E TISIOLOGIA. Diretrizes da
Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia para o Manejo da Asma –
2012.
Disponível
em:
http://www.jornaldepneumologia.com.br/detalhe_suplemento.asp?id=88
acesso em 28/03/2016.
3. Global Initiative for Asthma. Global Strategy for Asthma Management and
Prevention, 2015. Disponível em http://ginasthma.org/gina-report-globalstrategy-for-asthma-management-and-prevention/. Acesso em 25/03/2016.
4. NEFFEN, H. et al. Rev Panam Salud Publica, 17(3): 191-7, 2005.
5. GAZZOTTI, MR. et al. J Bras Pneumol, 39(5): 532-538, 2013.
6. BATEMAN, E.D. et al. Am J Respir Crit Care Med, 170(8): 836-44, 2004.
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