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são, é uma missão, é uma arte, é um sentimento de investigação, de descoberta, um desejo de transmitir para as pessoas tudo aquilo que desvendamos. Mas como repassar uma
informação transformando-a em notícia? Para isso é que os
estudantes de Jornalismo se preparam. Praticam a linguagem objetiva, clara, para que os mais variados públicos
consigam entender o que é dito.
Pensar em Jornalismo também significa agilidade, informação no ato do acontecimento, porém, o que vocês vão
encontrar aqui é um Jornalismo diferente, um outro segmento, o Jornalismo de Revista, onde o repórter e toda equipe dispõe de mais tempo para elaboração do impresso. No
mercado encontramos revistas semanais, quinzenais e mensais. Aqui a nossa periodicidade é semestral. Mesmo assim,
os estudantes não têm o semestre todo para produzi-la.
Toda profissão tem a sua importância. Muitas vezes
comparei em minhas aulas a nossa profissão com a do médico, que não têm rotina, nem hora para atender emergências. O jornalista também não sabe quando os fatos irão
acontecer, pode ser no meio da madrugada ou durante um
almoço em família. O dever fala mais alto e lá vamos nós
fazer a cobertura. No Jornalismo de Revista o desenvolver
das matérias não ocorre exatamente nessa rotina frenética.
Há mais tempo para apurar e desenvolver a matéria, a grande reportagem, a entrevista exclusiva, enfim, encontrar as
outras versões para os fatos que não foram reveladas pelos
outros veículos mais dinâmicos na periodicidade.
Cada estudante escolheu livremente a sua pauta, debatemos em sala de aula de forma coletiva e depois com
orientação individual, para que pudessem alcançar com
êxito a conclusão de mais essa tarefa. Alguns fizeram como
uma atividade apenas para nota, mas muitos – e isso me
fez e faz mais feliz e realizada como professora e jornalista
– vivenciaram a atividade de maneira profissional, encararam o desafio, porque alguns estudantes escolheram pautas
com certo grau de dificuldade para desvendar as várias faces
dos acontecimentos. Eles tiveram sucesso na atividade e
prova disso é esse excelente produto jornalístico que temos
a satisfação de apresentar para vocês. Lembrando que os
estudantes que a produziram estão apenas no segundo nível da faculdade. O comprometimento deles com a leitura
diária de jornais, ouvindo notícias no rádio e assistindo telejornais, atentos a tudo que acontece nos seus bairros, no
Estado, no Brasil e no mundo, dão a certeza que tornará esses estudantes futuros profissionais conscientes de seus
deveres com a sociedade.
Espero que gostem do que preparamos para vocês.
Boa leitura!
Profª. Me. Ana Paula Megiolaro
DRT/RS 11.419
ed i tor i al
O Jornalismo não é apenas uma profis-
Entrevista | Simon ....................................................................................................................................................................................... 4
cultura | Na onda das rádios comunitárias ........................................................................................................... 5
cultura | A segunda revolução farroupilha ............................................................................................................ 6
cultura | Cultura escondida ...................................................................................................................................................... 10
cultura | O P&B agoniza em seus últimos suspiros ........................................................................... 12
cultura | Um ano de bastidores ......................................................................................................................................... 15
cultura | Cultura underground .............................................................................................................................................. 17
religião | Morte. Como compreender esse mistério? .................................................................... 19
religião | Budismo na Serra Gaúcha ............................................................................................................................ 22
religião | Verdades e mentiras: sincretismo afro-católico ....................................................... 24
religião | Espiritismo no Brasil ................................................................................................................................................ 26
comportamento | A busca pela beleza ............................................................................................. 27
masculino. .......................................................................................... 28
comportamento | Feminino,
|
Um
novo
mundo
sustentável ............................................................................ 30
meio ambiente
meio ambiente | Água potável será raridade .................................................................................... 32
meio ambiente | Judith Cortesão .......................................................................................................................... 34
Economia | Regiões apresentam as suas atividades ...................................................................... 36
Moda | Moda, o que usar? ..................................................................................................................................................................... 38
Literatura | O poder do pensamento positivo ................................................................................... 40
transporte | Porto Alegre pode parar ............................................................................................................. 42
educação | Um ano a mais na escola ................................................................................................................... 46
segurança | Da academia para as ruas ............................................................................................................ 48
segurança | Identidade do tráfico ........................................................................................................................... 52
saúde | Maternidade ausente ......................................................................................................................................................... 54
saúde | Autismo: um universo paralelo? ...................................................................................................................... 56
saúde | Comprimido da felicidade ......................................................................................................................................... 58
saúde | Doação de órgãos ................................................................................................................................................................... 60
saúde | Medo não é fobia ..................................................................................................................................................................... 64
saúde | Socorrista, o homem que leva a vida salvando vidas .................................................. 66
saúde | Saúde e beleza na gravidez ..................................................................................................................................... 68
saúde | Bronzeamento artificial ................................................................................................................................................... 70
saúde | Em busca da longevidade ......................................................................................................................................... 72
saúde | Simbolismo da vida ............................................................................................................................................................... 74
saúde | O poder da música ................................................................................................................................................................. 75
saúde | Dança como terapia ............................................................................................................................................................ 76
saúde | Emagreça sem perder a saúde ........................................................................................................................... 77
saúde | Drogas no Brasil ........................................................................................................................................................................... 78
economia | Videiros do semi-árido nordestino ...................................................................................... 79
tecnologia | MSN e Orkut: inimigos ou aliados? ........................................................................... 80
tecnologia | Tecnologia sem limites ................................................................................................................. 82
entretenimento | Seja o verdadeiro amigo da onça ................................................... 84
turismo | Torres: beleza e cores ............................................................................................................................................ 87
história | Filhos do vento................................................................................................................................................................. 91
história | O terror da guerra ....................................................................................................................................................... 94
história | O eterno carro do povo .................................................................................................................................... 96
profissão | O diploma está guardado .................................................................................................................. 98
profissão | Corpo de Bombeiros salvando vidas ....................................................................... 100
profissão | Profissão: vendedor ............................................................................................................................... 102
esportes | Raio X da arbitragem brasileira ................................................................................................. 103
esportes | Saudade de casa é o preço de um sonho .............................................................. 106
esportes | Estilo praiano na Capital ....................................................................................................................... 108
esportes | Os benefícios na prática do tênis .......................................................................................... 112
concurso | Amamentação em público ...................................................................................................... 114
ed i tor i a l
leitor
Sumário
Universo IPA | Dezembro 2007
Carta ao
Universo IPA - É possível fazer amigos na
política ou esse deve ser apenas um espaço
de convivência?
Simon - Não tenho inimigos, nunca fiz a
política do ódio ao adversário, sempre tratei a
todos com respeito, mesmo quando discordava radicalmente. Política não se faz desqualificando o adversário, é preciso garantir um clima
de civilidade para que o debate das idéias possa se dar em benefício da população.
Universo IPA - Houve um caso específico
ou um momento em que o senhor pensou em
desistir da vida pública? Caso sim, por quê?
Simon - Acredito que tenho uma missão
na vida, que é servir. Sou membro da Ordem
Terceira de São Francisco e, como tal, cumpro
minha jornada confiando em casa passo com
base no compromisso com a minha gente, com
as pessoas que confiaram em mim, principalmente os mais humildes, nesses anos todos em
que sou honrado com a representação parlamentar e nos cargos executivos que ocupei.
Universo IPA - Na vida pessoal, sua conduta assim como na pública é considerada
exemplar. Quais valores e referências o senhor busca como apoio para isso?
Simon - Tenho recebido muitas homenagens por ter mantido uma vida pública marcada
pela ética, mas sempre me surpreende o fato de
um cidadão ser homenageado só pelo fato de
ser honesto. Isso já nos remete à gravidade da
situação que vivenciamos atualmente em termos de valores e princípios. Agir corretamente
e de acordo com valores morais deveria ser uma
condição natural de todo o cidadão, principalmente do homem público. Porém, estamos
vendo tantos escândalos se sucedendo, inclusive praticados por pessoas que julgávamos
exemplos maiores de honestidade, que parece
que está tudo contaminado. Mas corrupção
existe em todos os países, o problema é que o
Brasil é o país da impunidade, onde só ladrão de
galinha vai para a cadeia. Minha maior referência
é Alberto Pasqualini (1901-1960), líder e teórico
do antigo PTB, que desenvolveu uma doutrina
política baseada na supremacia e no valor do
trabalho. Pasqualini acreditava na solidariedade
e na cooperação humanas e, eu acredito nesses
valores. Saúde, educação, moradia e lazer para
todos, é nisso em que acredito.
Universo IPA - Como tem sido a sua experiência com adoção?
Simon - A experiência da adoção da Ana
Clara, que está com cinco anos, tem sido maravilhosa. Ela é amada por todos nós, especial-
mente pelo Pedrinho, meu filho menor. Além
deles, tenho ainda outros dois filhos, o Tiago, já
casado, e o Tomaz. Perdi um menino, o Mateus,
ainda pequeno, num acidente de trânsito, e isso
me abalou muito. Contudo, consolidou em
mim a fé religiosa e a devoção à Cristo. Acredito
na vida e no amor.
Universo IPA - Conte um pouco sobre os livros que o senhor autografou na feira do livro.
Simon - Todos os anos compareço à feira
do livro de Porto Alegre. Geralmente lanço dois
livros, um com uma seleção de meus discursos,
numa espécie de prestação de contas do mandato e, outro com uma temática específica.
Neste ano, além da coletânea de discursos feitos no Congresso em 2006, lancei“Dois Mundos
– Em busca de valores e referências”. Em “Dois
Mundos”, comento a situação de quase barbárie em que vivemos, a falta de valores e referências para as novas gerações, num mundo marcado por um sistema econômico que estimula
o individualismo e a competição. Eu indago sobre os reflexos dessa situação nas relações humanos e a falência da família, da escola e da
religião como formadores do cidadão.
Universo IPA - Na sua opinião, o Brasil
está preparado para sediar a Copa do Mundo de 2014? Por quê?
Simon - Creio que sim, pois recentemente
sediamos uma competição internacional no
Rio de Janeiro, os Jogos Pan-americanos, cuja
organização foi elogiada no mundo todo. Não
vejo por que ter receio de que com a Copa do
Mundo possa ser diferente.
Universo IPA - O senhor acredita num
Brasil melhor?
Simon - Sou um otimista e acredito na força do povo brasileiro. Peço sempre a Deus que
nos ilumine e ajude o país a se encontrar consigo mesmo, num ambiente de paz e de prosperidade, em que todos tenham uma vida digna, como aliás determina a nossa Constituição.
c ultur a
Na onda das rádios
c ultur a
Advogado, professor universitário, coordenador do movimento pelas‘Diretas Já’, vereador,
deputado, governador e, por fim, senador. Estamos falando de Pedro Jorge Simon, respeitado
político brasileiro, com mais de 50 anos de serviços prestados ao povo gaúcho. Natural de
Caxias do Sul, município da região serrana do
Estado.
Para cumprimentar e dar satisfações a seus
eleitores e, também para autografar uma de suas obras na Feira do Livro de Porto Alegre “Dois
Mundos – Em Busca de Valores e Referências”, o
Senador esteve na cidade no último mês de
novembro e conversou com o Universo IPA.
comunitárias
Andreza fiuza
As rádios comunitárias nasceram com a
idéia de dar voz à população.Trata-se de uma
pequena estação de rádio que possibilita às
comunidades de bairro terem um canal de comunicação inteiramente destinado a elas, pelo
qual seus membros vão divulgar ideologias.
A legislação brasileira, para a concessão
de emissoras é rodeada de polêmicas, o que
muitas vezes acaba por levar casos de transmissão de canais à polícia.
Diferenciando-se das rádios comerciais
locais, as comunitárias têm a participação efetiva da comunidade local. A programação é
feita pelo ouvinte e para o ouvinte.
“Apesar da morosidade e da burocracia
para se criar uma rádio comunitária, quem realmente acredita nessa visão diferenciada de
transmissão de informação, com certeza desistir não é o caminho, sou ouvinte e apoio
totalmente esse segmento”, declara a estudante de Relações Públicas, Letícia Souza.
Especialmente entre as populações de
menor poder aquisitivo e de regiões afastadas
dos centros urbanos, as rádios têm grande influência. O rádio é um excelente prestador de
serviços e formador de opiniões. A sua importância como veículo de comunicação é inquestionável.
Conforme o site da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (Imes), a estimativa
é de que atualmente no Brasil existam 10 mil
rádios comunitárias legalizadas de acordo
com a lei que as regulamenta, a 9.612 de 1998.
Basicamente ela determina que a rádio é um
tipo especial de emissora FM. Deve ter alcance limitado a, no máximo, um quilômetro a
partir de sua antena transmissora. Não podem
ter fins lucrativos nem vínculos com partidos
políticos, instituições privadas ou religiosas.
Não podem inserir propaganda comercial,
com exceção de apoios culturais. Por fim rádio
comunitária não pode utilizar sinal de outras
emissoras simultaneamente, a menos quando houver expressa determinação do Governo Federal.
Comunitária ou pirata?
Com intenção de esclarecer, o que não dá
para negar é que as rádios piratas, apesar de
ilegais e de todas as ações de fiscalização, funcionam. A qualquer momento, uma estação
pode sofrer interferências de outra, a clandestina. É possível até, em alguns casos, que as
pessoas escutem uma rádio e não identifiquem que se trata de uma emissora sem concessão do governo.
O grande debate sobre rádio comunitária
e rádio pirata parece ainda ser longo, mas o
que não deve ser feito é considerar tudo a
mesma coisa. As piratas são de responsabilidade da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), em conjunto com a Polícia Federal, somente este ano foram interditadas 69
emissoras ilegais que operavam no Estado de
São Paulo.
De acordo com o livro “Rádio Comunitária
não é crime”, do autor Armando Coelho Neto,
“hoje, mais de dez mil rádios estão sendo disseminadas pelo Brasil, atendendo um segmento que normalmente as grandes emissoras não se prestam a fazer. Totalmente integrada às comunidades, em alguns rincões elas
até já conseguiram baixar o preço da comida.
Falta de remédios e cobertores estão entre
algumas dificuldades que são muitas vezes
solucionadas com a intervenção dessas pequenas emissoras”.
Além de vontade e uma visão social ampla, para se obter uma rádio comunitária a
programação tem que ser estabelecida, contendo informação, lazer, manifestações culturais, artísticas, folclóricas e tudo que definitivamente possa contribuir para o crescimento
da comunidade.
A discriminação de raças, religião, sexo,
convicções político-partidário e condições
sociais são excluídas em favor dos valores éticos e sociais.
A proposta das rádios comunitárias é
animadora, pois é uma ferramenta democrática para uso da sociedade. Fornece o
poder quem quer falar, abrindo espaço para
o cidadão comum.
Quem pode se candidatar
a uma rádio comunitária?
Somente as fundações e as associações comunitárias sem fins lucrativos, legalmente constituídas e registradas, com sede na comunidade em que
pretendem prestar o serviço, cujos dirigentes sejam
brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez
anos, maiores de 18 anos, residentes e domiciliados
na comunidade. A candidata a prestar serviço de
nham vínculos, de qualquer natureza, com parti-
Universo IPA | Dezembro 2007
entrev
entr
evistaista
Universo IPA | Dezembro 2007
www.sxc.hu
Arthur Machado
Universo IPA - A sua vocação para o
exercício da vida pública teve influência familiar ou esteve relacionada a outras questões?
Pedro Simon - Minha vocação para a vida
pública surgiu muito cedo, talvez antes que eu
próprio tivesse condições de racionalizar isso.
Sempre acreditei que a participação do cidadão
nos destinos da sua comunidade, entendendo
a comunidade também num sentido amplo, o
país, era algo quase obrigatório. Assim me inseri no movimento estudantil, chegando a presidente da junta governativa da União Nacional
dos Estudantes. Mais tarde, inscreveram meu
nome para candidato a vereador em Caxias.
Não aceitei, no início, mas recebi muitos apelos
e acabei concordando. Depois, fui eleito deputado estadual, quando liderei a oposição ao regime militar na Assembléia Legislativa do Rio
Grande do Sul. Aliás, durante a ditadura, apesar
de termos sofrido muito, com perseguições,
cassações, prisões e assassinatos políticos, a Assembléia gaúcha era a única que o regime não
conseguiu fechar. Na seqüência, fui honrado
com sucessivas eleições para o Senado e, uma
vez, para o governo do estado.
Galileu Oldenburg
Simon
dos políticos, entidades religiosas, sindicatos etc.
rádio comunitária, não pode ter ligação de qualquer tipo e natureza com outras instituições.
Quem não pode se candidatar
a uma rádio comunitária?
Instituições que estejam prestando serviços
de radiodifusão ou que tenham vínculos, de qualquer natureza, com outras empresas do mesmo
segmento. Ainda fundações e associações que te-
Movimento iniciado em 1947 no Colégio Júlio
de Castilhos, em Porto Alegre, ganhou força em
1971 com o início dos festivais nativistas
a partir da Califórnia da Canção Nativa, em
Uruguaiana. Trinta e seis anos depois do
festival e 60 após o acendimento da primeira
chama farroupilha, gaúchos comemoram, em
todo o mundo, uma verdadeira globalização
de tradições e regionalismo
Universo IPA | Dezembro 2007
Luís Bustamante
Colégio Júlio de Castilhos, Porto Alegre, agosto de
1947. Um grupo de estudantes, liderados pelo jovem
João Carlos Paixão Côrtes, fundava o Departamento de
Tradições Gaúchas, anexado ao Grêmio Estudantil da escola. A proposta era fazer frente ao anti-regionalismo
imposto pelo “Estado Novo” do então presidente Getúlio
Vargas, que provocava excesso de estrangeirismos nos
meios de comunicação e tornava motivo de gozação o
modo campesino de vestir-se (hoje, andar pilchado).
Cine Pampa, Uruguaiana, dezembro de 1971. Um
grupo de músicos e compositores, liderados pelo poeta
Colmar Duarte, realizavam a primeira Califórnia da Canção Nativa, idéia surgida dois anos antes, quando a composição Abichornado (de Colmar Duarte e Júlio Machado da Silva Filho) foi desclassificada no Festival de Música Popular da Fronteira-Oeste por tratar-se de uma música de temática regional. Viviam-se os anos de chumbo
da ditadura militar, então sob o comando do presidente
Médici, ironicamente outro gaúcho a impor uma integração do país, em de-trimento das culturas locais.
Nem Paixão Côrtes nem Colmar Duarte tinham certeza da repercussão dos movimentos que cada um, à sua
época, dava o impulso inicial. O primeiro tornou-se folclorista, fez parceria com o músico e pesquisador Luiz
Carlos Barbosa Lessa, e saiu a percorrer o Rio Grande do
Sul buscando resgatar para a História canções e danças
folclóricas, das quais nenhum registro existia. O segundo continuou poeta, fez parcerias com músicos e compositores, e, da
fronteiriça Uruguaiana, dedicou-se a relevar aspectos que, até então, a música dita gauchesca, tendo o cantor Teixeirinha
como maior expoente, mencionava de
forma anedótica ou apolégica: o homem
excluído do campo e nunca incluído na cidade, a mulher tão guerreira quanto os descendentes farrapos, a industrialização substituindo as
lidas campeiras, enfim, questões sociais.
Das andanças de Paixão e da nova proposta musical
de Duarte, surgiram dois dos maiores movimentos culturais de que se tem notícia: o tradiciona-lismo e o nativismo. Ambos ganharam o mundo com uma silenciosa e
solene profecia: vinham para ficar.
Vendaval de tradição
O movimento tradicionalista, ao que parece, não
teve pressa para conquistar seu espaço. Até a eclosão do segundo movimento, o nativista, transcorreram 24 anos, período em que, num trabalho de formiguinha, foram-se implantando
Centros de Tradições Gaúchas -
c ultur a
c ultur a
revolução
farroupilha
as nos grandes centros com suas mateiras e formar rodas de mate nas praças. Uma grande produção musical
motiva a realização de novos programas de rádio e televisão, propiciando a criação da primeira emissora de
rádio segmentada exclusivamente na cultura gaúcha, a
Rádio Liberdade FM. A mídia começa a olhar com atenção para os nativistas e vê fundamento nos temas que
são abordados pelos novos valores que começam surgir
ano a ano. Os festivais tornam-se mercado de trabalho,
gerando um elenco de mais de mil nomes entre compositores, músicos e intérpretes do gênero musical só
no Rio Grande do Sul.
“Embora com o vigor e com a pressa de quem anseia
por mudanças, o nativismo não foi uma negação ao tradicionalismo”, pondera Colmar Duarte, o idealizador do
primeiro festival de música denominada como essência
gaúcha. “Um movimento impulsionou o outro e os dois
provocaram um verdadeiro vendaval de tradição e cultura, que varreu o Rio Grande e seguiu mundo afora”,
complementa.
Renascimento do gauchismo
Enquanto ambos movimentos percorriam as querências arrolando adeptos para um e para outro, alguns
tradicionalistas discordavam, argumentando que o nativismo não configuraria um movimento e não passaria
de modismo. O radialista, declamador e compositor
Paulo de Freitas mendonça pondera: “São movimentos
distintos, porém iguais. Há o tradicionalista que não
compreende ou não gosta do nativismo, e o nativista
que não entende ou não aprecia os rituais do tradicionalismo. Todavia, há aqueles que ora são interpretados
como tradicionalistas, ora como nativistas, transitam
nos dois campos culturais com a mesma notoriedade e
legitimidade”.
Estudioso do tema, o presidente do IGTF - Instituto
Gaúcho de Tradição e Folcore - Manoelito Carlos Savaris
discorda em parte: “Houve e ainda há grande movimentação em torno de novas correntes musicais e culturais.
Mas nativismo, como movimento, não existe, e sim uma
expressão de sentimentos com relação às coisas da terra,
as coisas nativas”.
Indiferente às disputas de quem quer ter mais razão,
a historiadora e professora do Mestrado em Comunicação e Informação da UFRGS, Nilda Jacks, prefere abordar
o tema pelo prisma da diversidade cultural, enfoque que
lhe rendeu o livro Mídia nativa: indústria cultural e cultura regional (Editora UFRGS, 2003). Ali, a pesquisadora
mostra como na década de 1980 há um renascimento
do gauchismo no Rio Grande do Sul e como esse fenômeno social se relaciona com a indústria cultural.
“O renascimento do gauchismo, que muitos supunham estar praticamente desaparecido, é responsável
pela existência de aproximadamente 1.350 centros de
tradições no Rio Grande do Sul e mais 500 em outros
estados brasileiros e no exterior, mais de 40 festivais de
música nativista, envolvendo um público de aproximadamente um mulhão de pessoas, a constituição de um
mercado musical que vende cerca de 2 milhões de discos
por ano, e de vários rodeios”, revela um trecho do livro.
“Esse crescente interesse também ajuda a explicar o con-
Universo IPA | Dezembro 2007
c ultur
c ultur
a a
A segunda
CTGs - por todo o Estado, além de entidades derivadas,
como os piquetes, os centros de cultura e os departamentos (esses, anexados a empresas e instituições). Organizado a partir da adesão voluntariosa de seus membros, ganhou o reconhecimento público como entidade
cultural, tornou-se o principal
ponto de convergência de
manifestações artísticas tipicamente sul-riograndenses e constituiu-se
numa espécie de clube familiar, com atividades ligadas às tradições e à vida campeira
- nesse particular, por
estar essencialmente
relacionado à área rural, o movimento passou a reproduzir a estância dentro dos CTGs,
com denominações de
cargos como patrão, capataz,
peonada, posteiros, e acontecimentos típicos,
como invernadas, bailantas, tertúlias. Consolidado,
atra-vessa o tempo com as iniciais maiúsculas: Movimento Tradicionalista Gaúcho - MTG.
O movimento nativista surge num tempo em que
sentimentos revolucionários varrem o mundo, esbarrados aqui e ali por sentimentos mais conservadores,
mas sempre em frente,
veloz, intrépido, como na
metáfora do potro sem
dono, que, desgarrado,
atravessa o campo, competindo em força e velocidade com o vento Minuano.
O Brasil é governado pela ditadura militar. Os censores, com carta branca para intervirem em tudo, definem o que é mais apropriado para divulgar ao povo.
A música estrangeira ganha as paradas de sucesso das
emissoras de rádio e televisão, numa forma de desestabilizar artistas mais atuantes cultural e politicamente. Em resposta a esses tempos cinzentos, há grande
movimentação cultural com a realização de festivais de
música popular brasileira nas mais diversas cidades do
país. O mercado da música gaúcha está voltado para o
regionalismo e o tradicionalismo. A trova está em alta,
ainda por resquícios do programa radiofônico Grande
Rodeio Coringa e alguns programas em emissoras AM
no amanhecer ou entardecer do dia. Apesar disso, a parcela gaúcha no mercado discográfico é irrelevante, excetuando-se o cantor Victor Matheus Teixeira, o Teixeirinha, recordista em vendas de discos até hoje.
Acontece a primeira Califórnia da Canção Nativa,
promovida por um grupo ligado ao CTG Sinuelo do Pago, em Uruguaiana. A primeira edição tem uma platéia
de sessenta pessoas. Nos anos seguintes, pelo menos
até a vigésima edição, chegará a atrair 60 mil pessoas.
No rastro de um inovador e bem sucedido evento popular, surgem novos festivais e um verdadeiro turbilhão
nativista começa a tomar conta do Estado. Os jovens
passam a vestir bombachas, sair às ru-
res da música nativa, da poesia gaúcha e da pajada riograndense. Seguem seus ídolos, mas não lhes dão exclusividade. Aplaudem e consomem o produto cultural
dos que mais se identificam. Vão aos festivais com o
mesmo entusiasmo com que freqüentam os CTGs. Há
migrantes entre os grupos, contudo pode-se afirmar,
independente de qualquer pesquisa, que o tradicionalismo municia o nativismo com maior contingente de
pessoas do que o contrário.
c ultur a
O nativismo gaúcho não é uma entidade e, sim, um
movimento cultural cuja união está na identificação pessoal
e na semelhança de produção artística de seus membros.
Os líderes são os artistas e os organizadores de festivais, mas não há uma hierarquia estabelecida entre
eles. Ambos possuem associações independentes na
expectativa de uma organização maior, porém não se
pode comparar com as diretorias e patronagens do tradicionalismo. Os guerreiros desta tribo são os admirado-
c ultur a
Nativismo
Vanerão com axé
Conforme Savaris, do IGTF, tradicionalismo é uma forma de organização associativa,
é preciso associar-se a uma entidade reconhecida pelo MTG para cultivar o tradicionalismo. Ou seja, não basta o uso de roupas típicas, as pilchas - tem que fazer parte, de forma
presencial e documental.
E aqui entra outro divisor de águas: usos
e costumes que lá e cá são ou não aceitos. É
o caso do uso de brincos pelos homens: nos
CTGs é terminantemente proibido, assim como dançar sem a devida indumentária ou de
forma não condizente com os padrões estabelecidos. “Não é questão de puritanismo, de
excesso de moral”, observa Tabajara Porto,
responsável pelo DTG da Empresa Trevo de
Transportes, na Zona Sul de Porto Alegre.
“CTG é uma sociedade recreativa familiar, tem regras
que são do conhecimento de todos,
e acaba sendo um
reduto de confraternização, protegido
da violência das ruas”,
explica, complementando: “Agora, nos rodeios e festas campeiras, principalmente em
ambientes abertos, aí a
coisa libera um pouco,
até os tchês se apresentam sem problema algum”.
Os tchês a que ele se refere são os grupos musicais
pós-nativistas, que se vestem
de forma mais despojada,
embora mantendo as bombachas, e fazem mistura de ritmos, muitas vezes
intercalando vanerões com axés, bugios com
funks, chamamés com pagodes e por aí vai.
A propósito, na trilha aberta pelos dois
movimentos, muitos artistas que ostentavam
perfis essencialmente gaúchos acabaram se
beneficiando com a expansão do nativismo,
como é o caso do cantor Gaúcho da Fronteira,
Para entender
melhor o assunto
Tradicionalismo
O tradicionalismo gaúcho é um movimento organizado com uma estrutura hierárquica rígida e um mapeamento do Estado. É quase como um governo paralelo
especificamente para o gerenciamento da tradição, mas
não exclusivamente.
Há uma questão humana intrínseca. Possui um presidente na Capital, 30 coordenadores nas chamadas Regiões Tradicionalistas (RTs) e os patrões nos Centros de
Tradições Gaúchas.
Há cidades que possuem ainda uma associação das
entidades, cujo presidente tem sua posição hierárquica
estabelecida entre o patrão e o coordenador. Como pri-
meiras-damas culturais existem as primeiras prendas em
três modalidades e três níveis. As modalidades são mirim, juvenil e adulta e os níveis são as prendas das entidades, das regiões e do Estado. Um cargo surgido mais
recentemente é o de Peão Farroupilha, nos mesmos níveis das prendas e nas modalidades de piá e adulto. Todos
são uma espécie de relações públicas do tradicionalismo
e conquistam seus cargos num verdadeiro vestibular cultural. Ao contrário do nativismo, há uma rigidez quase
militar no tradicionalismo no que tange a indumentária.
Chega em alguns casos no limite de que a imagem vale
mais do que o conteúdo.
Regionalismo
que foi ao Rio de Janeiro e voltou com o
chacoaleante Vanerão Sambado, onde
não faltaram referências até mesmo
às escolas de samba Mangueira e
Portela. Seguindo a trilha, a
a c o rd e o n i s t a
Berenice Azambuja não deixou por menos: foi de
mala e cuia
para o Nordeste brasileiro e de lá
voltou com o hit Forronerão, que, como o próprio nome revela, é uma mistura de forró com
vanerão
Do pago para o mundo
Enquanto se travam embates entre tradicionalistas e nativistas que fazem de suas posições bandeiras a serem defendidas, o Sul do
país vive uma segunda revolução. Os motivos
até se assemelham aos da revolução deflagrada mais de 170 anos atrás - defesa de patrimônio e de ideais. Felizmente, as armas são outras, ficam no plano das idéias, e, certamente,
não vai acabar em qualquer tipo de guerra.
As mudanças se refletem por toda parte
(e aqui se anexam os estados do Paraná e Santa Catarina ao Rio Grande do Sul, por sinal outra antiga reivindicação, que seria a formação
de um novo país com esses três estados - aí é
outra conversa). Jovens tomando chimarrão
nas praças, bailes gauchescos para terceira
idade, mulheres formando grupos e participando de festivais de música, humoristas parodiando o jeito de ser do gaúcho, padres
pilchados celebrando missas em suas paróquias, enfim, hábitos até pouco tempo impensáveis ou estigmatizados como grossura,
hoje fazem parte do dia-a-dia de gaúchos,
muitos dos quais percorrem o mundo promovendo uma verdadeira globalização das tradições e das coisas nativas do Sul do Brasil.
É certo que houve uma revolução, como
é certo que ainda muita história vai se contar
para explicá-la. E nada melhor para se buscar
informações do que as duas principais fontes:
Paixão Côrtes, hoje com 80 anos, e Colmar Duarte, com 75, ambos ainda se sentindo guris e
com muita energia para manter acesas as chamas do tradicionalismo e do nativismo.
Regionalismo é uma corrente artística que se inspira
nos temas da terra. Assim a natureza e o homem da região
com seus valores e cultura típicos constituem-se em inspiração para que o artista realize o seu trabalho (Paulo Cortes).
“Regionalismo é tudo aquilo que diz respeito a uma
região, termo, locução ou costumes próprios daqueles
que vivem nessa região. E regionalista é aquele que defende os interesses regionais” (Edilberto Teixeira).
Opinião de quem
conhece o assunto
“Afirmaria que o tradicionalismo é um movimento de
matriz cultural, tal como o samba ou a cultura tropeira. Não
posso afirmar o MTG como um “movimento social” pelo fato
dele não ter uma política reivindicativa, não agredir o Estado
para arrancar conquistas nem promover luta popular. Atua no
terreno da cultura e da ideologia, muitas vezes reescrevendo
a memória como se fosse história. Sobre o nativismo, eu diria
que é mais uma postura de alguns do que um movimento
como ensaiou ser na década de 1970. Entendo que haveria
nativismo como uma polarização se uma esquerda social levantasse essa bandeira, aproximadamente como foi o canto
popular no Uruguay e na Argentina a partir da década de
1950. Sobre o futuro de ambos, vejo o tradicionalismo como
crescendo e levando seu modelo a um esgotamento. Percebo
isso no convívio com colegas e amigos que são frequentadores
de CTGs. Vi isso na boa receptividade que o portal Estratégia
& Análise e a abordagem nativista tiveram entre gente com
perfil bastante conservador, mas com raízes populares. Em
suma, falta uma causa maior para o MTG, e esta causa não se
encontra no mito pastoril de um CTG mas sim no outro mito,
o da liberdade peleada à morte, rasgando coxilha, sentindo o
vento na cara, indo ao encontro do destino no passado heróico. Nada disso é balela e pode ser trabalhado. Mas, reitero, é
uma construção que mexe com forças ancestrais, é como a
memória oral para os povos oprimidos. Força latente que pode gerar mudança e revolta.”
Bruno Lima Rocha
Mestre em Ciências Políticas.
Carioca radicado no Rio Grande do Sul
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Fotos: Divulgação
sumo de produtos culturais voltados a temáticas gaúchas: programas de televisão e rádio,
colunas jornalísticas, revistas e jornais especializados, editoras, livros, livrarias e feiras de livros regionais, publicidade que faz referência
direta aos valores gaúchos, bailões, conjuntos
musicais, cantores e discos, restaurantes típicos com shows de músicas e danças, lojas de
roupas gauchescas, enfim, um formidável
mercado que movimenta grande nú-mero de
pessoas e recursos e que, pelo visto, está em
expansão”.
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Fonte com mulher egípcia na Ala Residencial do Palácio Piratini
Museu de Artes do Rio Grande do Sul (Margs),
o Museu Júlio de Castilhos, o Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa entre
outros locais de lazer.
Apesar de Porto Alegre ter em seu currículo manifestações de arte e cultura invejáveis, como a Bienal do Mercosul e, ainda, possuir a lembrança do Fórum Social Mundial
(FSM), que se deu nos anos de 2001, 2002,
2003 e 2005, a Capital ainda possui lugares
riquíssimos de cultura e arte que estão um
pouco escondidas atrás de muros e paredes.
No Paço Municipal, onde se localiza o gabinete do prefeito, pode-se contar com a Pinacoteca Aldo Locatelli. O espaço mostra uma
coleção de obras de arte da prefeitura que vem
sendo constituída desde 1919, até mesmo antes da existência da prefeitura. As cidades brasileiras durante o período do Império eram
administradas não por prefeituras, mas, pelas
câmaras municipais. Essas câmaras começaram a adquirir gradativamente obras de arte e,
mesmo depois da existência da prefeitura, essa
criação continuou sendo aumentada por diversas aquisições ao longo do tempo.
Nesse período ela não possuía nome, logo
foi denominada Pinacoteca Municipal, há 30
anos obteve o nome Aldo Locatelli, em homenagem ao artista italiano, que fez carreira em
Porto Alegre nos anos 50. O espaço foi consti-
tuído para abrigar justamente as obras da Pinacoteca que estão Paço Municipal desde 1901.
Segundo o diretor do acervo artístico, Flávio Krawczyk, 39 anos, por falta de espaço, a
prefeitura fez uma parceria com o Governo do
Estado, pare que as obras ficassem expostas
no Margs. Depois da restauração do Paço Municipal, em 2002, onde foi feito todo um sistema novo de alarme, foram projetados pilares
e foi executado o projeto luminotécnico para
que cada tipo de exposição tivesse um tipo
de luz adequado, a exposição pôde ser toda
reformulada no local novamente.
As exposições mostram a arte contemporânea, com pinturas, desenhos, fotografias e
mídias, como vídeos e DVD. O espaço é utilizado para expor obras da Pinacoteca e também de artistas convidados pela curadoria da
coordenação de artes plásticas. As exposições
mudam no máximo de três em três meses.
O sistema de divulgação é feito pela assessoria de comunicação da Secretaria Municipal da Cultura (SMC) que envia release e
fotos para diversos veículos. Mas a assessoria
divulga de 40 a 60 ações culturais, de todos os
tipos, por semana e às vezes não se consegue
dar conta de tudo. “O setor de cooperação de
artes plásticas, no qual eu trabalho, também
faz a divulgação levando as informações da
Pinacoteca aos órgãos de imprensa. É uma
Pinacoteca Aldo Locatelli
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Cultura pode ser um microfone, uma sala,
até mesmo uma mesa que está posta nela.
Tudo que existe, feito de mão ou pensamento
humano, pode ser cultura. Ela pode ser a reflexão do ser humano sobre si mesmo e sobre
o mundo. Ou se encaixa simplesmente na tradição de um povo, de uma região ou até de
um país. É o feito, é o fazer, é a criação de uma
realidade. Mas a cultura possibilita e produz
uma coisa certa, a arte.
Entende-se por arte uma criação humana
com valores estéticos que sintetizam as emoções, a história, os sentimentos e a sua cultura.
É um conjunto de procedimentos utilizados
para realizar obras, no qual se aplica os conhecimentos pessoais. A arte é feita para enfeitar
e explorar o mundo, para ajudar no dia-a-dia,
para explicar e descrever a história e para
transformar cultura em realidade. É apresentada sob variadas formas como a plástica, a
música, a escultura, o cinema, o teatro, a dança, a arquitetura e inúmeros exemplos.
Porto Alegre possui, aproximadamente,
1,3 milhões de habitantes, além de ser a cidade mais verde do mundo, é também rica em
arte e cultura. A Capital é o reflexo de uma
mistura étnica muito interessante, que se percebe em todas as expressões, desde o folclore,
o tradicionalismo, a culinária, a música e a literatura. Os três primeiros são os mais ricos
artisticamente falando. Os bailes típicos com
prendas e gaúchos nos Centros de Tradição
Gaúcha (CTG), ganham ênfase próximo ao dia
20 de setembro, dia em que é comemorada a
Revolução Farroupilha. É no Parque Farroupilha que os gaúchos montam seus CTGs algumas semanas antes para apreciar o bom carreteiro, o velho churrasco e o chimarrão.
Na dança é notável a influência marcante
dos portugueses e espanhóis em ritmos como pezinho, chula, pericom, tirana, chimarrita
e anu. A literatura, na Capital se destaca principalmente nos meses de outubro e novembro, onde anualmente acontece a Feira do
Livro. No teatro aparecem enormes referências quando se fala de Teatro São Pedro e Teatro da Ospa. Também é sediada a Festa da
Nossa Senhora dos Navegantes, no dia 12 de
outubro, em que fiéis acompanham a pé e de
motocicleta as procissões.
Outros locais agradáveis em que se pode
desfrutar de bons momentos é a Casa de Cultura Mário Quintana, o Anfiteatro Pôr do Sol,
a Usina do Gasômetro, a Biblioteca Pública, o
afirma que nunca visitou o Piratini mesmo estando tão perto dele, não por opção, mas por
não saber das exposições que tem e por falta
de tempo para procurar locais de lazer.
No Piratini se encontra a escultura do Negrinho do Pastoreio e a fonte da Mulher Egípcia, que localizam-se na Ala Residencial do
Galpão Crioulo. Na fachada principal as esculturas da Indústria e Agricultura. Além de todos
utensílios do Gabinete do Governador serem
feitos de bronze e prata, pode-se presenciar
as pinturas da década de 50 em murais, de
Aldo Locatelli, que registram anjos, homens e
mulheres. Na visita também há mostras de
carros, como o Ford modelo T, utilizado como
carro oficial de Borges de Medeiros, em 1919
e o Conversível adquirido por Flores da Cunha,
fabricado no ano de 1928.
Atualmente, todos correm atrás do tempo e do dinheiro para sobreviver. Muitos cansam durante o dia e à noite só pensam em
descansar. Outras pessoas se preocupam tanto com o mercado concorrido lá fora e querem somente estudar e trabalhar para chegar
a uma profissão bem remunerada. Alguns
não pensam tanto no futuro, mas não possuem interesse por arte. De uma forma, quase
toda a população esquece do lazer, do prazer
de visitar uma obra de arte ou um monumento histórico, do conhecimento que pode adquirir com tudo isso.
Em todo lugar meio escondido os monitores, muito bem treinados, esperam ansiosos
para mostrar e explicar tudo a alguém que
tenha coragem de adentrar a porta para visitar uma exposição ou uma mostra de arte que
estará lá sempre à espera de alguém. Então,
talvez se prejudicando pelo passar dos anos,
as mostras estarão sempre aguardando que
todos um dia queiram adquirir um pouco
mais de arte, um pouco mais da cultura que
está escondida por esse mundo a fora.
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Ivan de Andrade
Caroline Marques
de serviço, como o restaurante, o café e os
banheiros.
Segundo Bertoto, “a visitação é bem constante, em média mil pessoas passam lá por
dia, em períodos normais e em períodos que
acontece a Feira do Livro e a Bienal do Mercosul a visitação pode chegar a 6 mil pessoas”.
As visitas são acompanhadas por monitores.
A assessora ainda ressalta que é preferível que
todos agendem as visitas, em especial as escolas, para que a exposição seja melhor mostrada e os visitantes melhor atendidos.
Nos últimos 85 anos o Palácio Piratini serviu de cenário para importantes fatos que
marcaram a história brasileira e gaúcha. Em
2003 foi assinado um termo com o Ministério
da Cultura, a prefeitura de Porto Alegre e o
Banco Interamericano de Desenvolvimento
(BID), para que o Palácio Piratini se tornasse
prédio histórico. Com esse contrato, nos últimos três anos, foram feitos grandes investimentos em manutenção, preservação e restauração do Piratini.
Todos se envolveram em sua reforma, pois
a umidade e infiltração estavam danificando
as obras de arte. “Foram restauradas as pinturas de Aldo Locatelli, por todo o Piratini. Também ganharam pintura nova as paredes e os
forros de todas as alas. Foram restauradas mais
de cem luminárias e recuperadas esquadrias
de madeira. O tapete do Gabinete do Governador passou por um grande trabalho de limpeza e restauração. As cadeiras em estilo Luiz
XI feitas pelos detentos da Casa de Correção,
na década de 20, também foram igualmente
recuperadas”, diz a monitora Laís Gois, 19.
Fora a beleza estética que o Piratini possui, na visita pode-se deparar com estatuárias,
carros e as pinturas. Segundo o enfermeiro
Rafael Aguiar, 30, muitas pessoas vivem na
“loucura” do dia-a-dia e não param para botar
atenção em algumas coisas como essas. Ele
Caroline Marques
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Cultura escondida
divulgação pequena diante de grandes exposições como a Bienal do Mercosul e a Fundação Iberê Camargo, que possuem recursos e
patrocínios maiores, talvez por isso não seja
tão visitada”, diz Krawczyk.
A exposição recebe turistas, uma quantidade razoável de escolas e a visita de porto-alegrenses são bem menores. Como é
um prédio de administração pública, o público tem que ser bem controlado. Podemse agendar as visitas na recepção do Paço
para que os visitantes possuam acompanhamento de monitor para a mostra das
obras. “Essa é nova para mim. Eu juro que
não sabia que tinha estas exposições ali na
prefeitura, acho que é pouco divulgado por
isso que muitos não sabem que tem”, diz a
vendedora Lidiane Neves, 26.
O Santander Cultural apresenta a exposição do Acervo da Moeda que apareceu antes
mesmo de existir o Santander Cultural. Ele era
proveniente de antigos bancos, desde 1965.
Em 1988 o Acervo foi adquirido pelo Banco
Santander e foi posto em um pequeno museu, que depois virou Santander Cultural, o
qual cuida até hoje do espaço. É uma exposição permanente, em particular do Banco Santander, assim enquanto o banco existir ele
também existirá.
Expõe uma das coleções mais completas
ao público das primeiras cédulas utilizadas no
Brasil e no Sul. “Aparecem moedas de todos os
períodos, em uma cronologias bem apurada,
as de ouro, prata e de bronze ganham destaque pela quantidade. As de metal, mais pesadas aparecem um pouco antes de chegar as
de aço inoxidável, que são as que existem até
hoje, pois possuem uma maior durabilidade
e são mais baratas”, diz a assessora institucional, Márcia Bertoto, 40.
As primeiras cédulas que o Brasil teve estão em grande número na exposição, elas retratam a riqueza que se passou no país. O que
não se tem no Acervo foi levantado historicamente em livros, que expõem as primeiras
moedas que foram trazidas com a invasão holandesa, a cédula desde a extração dos diamantes em Minas Gerais que tem um valor
histórico bem grande.
Os objetos utilizados pelos bancos são os
que mais expressam a antiguidade nos carimbos antigos, os tinteiros, as chaves dos cofres,
a máquina de escrever, os livros, os telefones,
com quase um metro de comprimento, o decreto de autorização ao banco assinado por
Dom Pedro II e cheques assinados por GetúlioVargas.
Não há uma divulgação expressiva, porque o foco maior do Santander são as artes
visuais. Mas, é bem visitada, pois, está em
uma área permanentemente aberta, no
subsolo, onde as pessoas têm acesso à área
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Beto Rodrigues
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A arte fotográfica original e artesanal, juntamente com os processos de revelação, estão desenganados. E as evidências tripudiam
de uma forma ainda mais grave: o processo
fotográfico está moribundo. Para os aficionados pela arte que deixou D. Pedro II desconsertado e, anteriormente, por volta de 1839
fez a revolução das artes visuais em plena revolução insdustrial na França de Daguerre, a
que se contentar com a fotografia high-tech
do século 21.
Para se falar mais especificamente, o ponto em referência é o processo em preto e
branco. Esse, decididamente, está fadado ao
total desaparecimento.
Dentro do mercado das artes visuais, a Fotografia ainda detém uma significativa fatia,
sobretudo na área da publicidade. Esse segmento exige agilidade e custo benefício. Até
porquê são produzidas centenas de imagens
que devem ser colocadas a serviço da persuasão de clientes, o mais rápido possível.
Em entrevista concedida pelo presidente
da Associação dos Laboratórios Fotográficos
do Sul (Alasul), Janir Benin, pode-se ter uma
clara idéia desta realidade: “Se considerarmos
o advento do sistema digital na Fotografia,
está decretado o fim do processo em preto e
branco. Sabemos que a qualidade do processo em preto e branco tradicional, de forma
artesanal, com cópia feita no ampliador, é superior. Ocorre que através do digital, o mercado coloca o produto de forma mais acessível
e mais rápida de ser produzido”.
Benin acrescenta ainda que salvo os que
usam o preto e branco por hobby ou estudos,
em termos mercadológicos, o processo não
tem futuro e não vê reserva de mercado para
este segmento. E finaliza: “O digital supre estas
necessidades. Inclusive o pessoal que trabalha com acervos, fotos documentais e museus, migrarão para o digital. Hoje se tem dificuldades em conseguir material fotográfico
em preto e branco (filmes, químicos, papéis).
Mantemos a preocupação em preservar a
memória da Fotografia. Ocorre que esbarramos na questão mercadológica. Temos que
pensar na valorização de uma Associação que
representa os interesses dos empresários”.
O presidente Benim fala com a autoridade
que delegam os seus associados. Mas o mercado preocupa-se com as vendas e não esclarece aos consumidores questões como arquivamento de imagens, por exemplo.
O iminente final da prática fotográfica em
preto e branco deixa queixosos. Era de se prever este final. A Fotografia, desde os seus primórdios, era disputada em sua paternidade
por franceses e ingleses. Nessa época, as indústrias olhavam com carinho para o invento.
Comercialmente falando, visualizavam um futuro promissor.
A professora de laboratório fotográfico
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colorido do Curso Específico de Fotografia
da Universidade de Caxias do Sul (UCS), Lia
Oliveira, fica impressionada com a falta de
conhecimento dos alunos sobre o processo
analógico. A sua disciplina é ministrada no
final do curso. “Têm turmas quase se formando no curso de Fotografia e desconhecem o
processo analógico. A falta de interesse pelo
acervo fotográfico é total”, aponta. Segundo
Oliveira, esta geração nasceu na era digital e
desconhecem os fundamentos da fotografia analógica.
Oliveira é, também, proprietária de um
dos poucos laboratórios fotográficos, em Porto Alegre, que processa o sistema digital e
ainda mantém o processo analógico. “Trabalhamos com revelações de cromos, negativos
color e preto e branco, além de ampliações
em papel fotográfico colorido. Os negativos
preto e branco podem ser ampliados no papel colorido com bom resultado, dependendo da qualidade do negativo”. Ela adverte que
está muito difícil manter esses processos: “Já
temos dificuldade em encontrar papéis e químicos no mercado”. E completa: “Ainda existe
um público que preza a prática da fotografia
voltada para a arte”. Segundo Oliveira, o seu
laboratório mantém o processo analógico
pensando nesses abnegados.
A empresária e professora está cursando
Artes na Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) e pretende dedicar-se à fotografia fazendo uma caminhada inversa no processo criativo da imagem.
O cineasta e documentarista João Moreira Salles, que filmou recentemente Santiago,
comentou sobre o uso da película P&B no cinema: “No passado, filmar em P&B era mais
barato. A produção não precisava se preocupar em pintar o cenário, em combinar as roupas do figurino, em iluminar tanto a cena (P&B
perdoa mais a falta de luz). Hoje, isso mudou.
Pelo fato de poucas pessoas filmarem em P&B,
os negativos ficaram mais caros; o processo
de revelação, idem. Portanto, não há mais razão econômica que justifique filmes em P&B.
Sobram as razões estéticas, e francamente
não consigo pensar em muitas que exijam o
uso do P& B. Sobram as razões estéticas, e francamente não consigo pensar em muitas que
exijam o uso do P&B”.
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agoniza
em seus
últimos
suspiros
Fotos: Beto Rodrigues
O P&B
“(...) ainda existe um
público que preza a
prática da fotografia
voltada para a arte.”
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Pinhole
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Quando se pensa em criatividade, é inevitável falar da fotografia Pinhole. O significado
literal dessa palavra de origem inglesa, também conhecida como Pin-Hole, é “buraco de
agulha”.
A técnica Pinhole é uma forma alternativa
e criativa de se fazer fotografia. Ela não se assemelha em nada com as câmeras convenciona is, existentes no mercado. O seu aspecto duvidoso vem, basicamente, da ausência
de objetivas. Em seu lugar, apenas um minúsculo orifício por onde a luz é captada para
dentro da câmera. O resultado são imagens
únicas. A câmera Pinhole pode ser construída
com muita facilidade. Basta que se tenha à
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Agilidade e preocupação com o acervo fotográfico são fundamentais
mão uma caixa de sapato ou uma lata de leite
em pó. A única exigência é que o objeto precisa ter tampa (é necessário que a vedação
seja perfeita). O primeiro passo é transformar
esta caixa ou lata em uma câmara escura.
Com tinta preto-fosco, pinta-se o interior da
câmara, inclusive a tampa. O importante é
que o seu interior fique totalmente escuro.
Com o auxílio de uma agulha, fura-se uma das
laterais da câmera-caixa. O tamanho do furo
deve ser o menor possível, com diâmetro que
não ultrapasse o da ponta de uma agulha. Para finalizar a “engenhoca” coloca-se uma fita
isolante sobre o furo. Esse será o dispositivo
de controle de entrada de luz na câmera.
As oficinas de fotografia Pinhole despertam muito interesse, principalmente, nas
crianças do ensino fundamental. Elas se sentem desafiadas e isso é perfeito para o seu
desenvolvimento cognitivo.
Pierre Verger veio para ficar
O contexto social e cultural dos anos 50
do século passado, com os seus matizes, gingados e contrastes, foram magnificamente
representados em fotografias em preto e
branco. Na exposição “O Brasil de Pierre Verger” os seus monocromáticos revelaram um
contrastado e cintilante verde-amarelo.
O público deleitou-se com imagens que
os permitiram conhecer um Brasil mais rústico. De dezembro de 1932 a agosto de 1946,
foram quase 14 anos de viagens pelo mundo,
juntamente com a sua inseparável Rolleiflex.
Nessa época, o Brasil ganhou um dos mais
ilustres fotógrafos documentais. Pierre Verger
não apenas desembarcava na Bahia de todos
os santos mas, também, apaixonava-se pela
terra que a partir daí, tornava-se cidadão brasileiro.
As tecnologias caminham a passos largos
no sentido de proporcionar às pessoas conforto, funcionalidade, interatividade e otimização de tempo e espaço. Isto parece ser consenso, de uma forma geral. O que está colocado para análise é a forma imediatista e consumista que a indústria tecnológica trata
questões como a preservação documental da
história. Seja ela de um núcleo familiar, uma
comunidade, estado ou nação.
Por trás de 50 minutos de apresentação,
um ano de bastidores
xaene pereira
Ao contrário
do que as pessoas
pensam, o Carnaval
não encerra em
fevereiro. Dentro
das quadras das
escolas de samba
o Carnaval dura
o ano inteiro.
Que o Carnaval é considerado uma das
festas populares mais animadas e representativas do mundo, isso todo mundo sabe. Fantasia, alegorias, samba enredo, verão, festas
nas ruas são alguns componentes que tornam essa festa ainda melhor. O que muita
gente não sabe é que se levam meses preparando esse espetáculo do samba, ensaios e
muita dedicação para se chegar até a avenida
e apresentar todo o trabalho em apenas 50
minutos.
Bambas da Orgia
Na escola de samba Bambas da Orgia,
fundada há 67 anos, os preparativos iniciam
cedo. Os ensaios começam em junho, aos sábados. São intitulados ensaios técnicos, com
a finalidade de preparação dos instrumentos
que compõem a bateria, organização e preparação física dos integrantes. A partir de
agosto, inicia os ensaios também às quintasfeiras, então chamados de Ensaios Show. Esses são ensaios coreografados, com a participação de todos integrantes da escola e abertos à visitação do público.
As alegorias, fundamentais e que dão ainda maior riqueza aos desfiles, têm a sua preparação iniciada em maio, onde é feito o desmanche dos carros e, através daí a reciclagem
e aproveitamento do material, principalmente o ferro, para a composição de novos carros
alegóricos que estarão na apresentação da
escola no próximo ano.
Segundo o diretor de Harmonia Geral da
escola, Cleomar Soares da Rosa, a Bambas
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A comparação da funcionalidade dos sistemas analógico e do digital, hoje, causam
risos. Para se ter uma idéia, um cartão Compact Flash de 1 giga bite, pode possibilitar o
armazenamento de 294 imagens se estas forem obtidas em “Fine”, que se refere à qualidade de obtenção das fotografias. Se o fotógrafo optar por arquivos menos pesados - quando se fotografa com equipamento digital, é
fundamental saber a que se destinam as imagens e de que forma serão arquivadas - poderá optar por fotografar em “Basic” (qualidade
de obtenção com arquivos menos pesados)
com possibilidade de 557 imagens.
No sistema tradicional, a “jurácica” bobina
possibilita míseras 36 poses com possibilidade de alguns modelos de câmeras em dobrar
a quantidade de fotogramas. Ainda assim,
comparado ao sistema digital, este plus - 72
fotogramas - ainda é ridículo.
Um detalhe importantíssimo e que tem
passado totalmente despercebido, principalmente por parte dos fotógrafos amadores, é a forma de armazenamento ou arquivamento destas imagens. Não se tem hoje,
uma garantia de acervo seguro das imagens
obtidas digitalmente. As imagens podem ficar organizadas em pastas no computador
ou serem gravadas em CD ou DVD. A questão
é a confiabilidade dessas mídias. Essas imagens estarão intactas no ano de 2017? Temse notícia de imagens armazenadas há questão de três anos e que não abrem mais. E as
imagens guardadas no computador? Resistirão elas a uma pane do sistema? São questões que os “Bill Gates” (William Henry Gates,
fundador da Microsoft, empresa de software)
de plantão ainda não conseguiram responder com precisão.
O negativo pode ter os seus problemas,
mas ele não deixa ninguém refém da tecnologia. Basta guardá-lo com carinho.
Fotos: Beto Rodrigues
Davi contra Golias
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dúvidas um espetáculo do samba, que move
milhares de expectadores ao longo do país
ano após ano. Mas não deixa de ser um produto pronto. É fácil julgarmos uma escola de
samba por sua apresentação no momento do
desfile, com sua bateria, por suas fantasias e
alegorias, porque o que está diante dos olhos
do público está pronto, o espetáculo montado e ensaiado. A proposta dos ensaios ao longo do ano, por possibilitar a entrada de pessoas que não integram a escola, é justamente
mostrar os bastidores do carnaval, o que existe por trás dos desfiles, aquilo que muitos desconhecem. Mostrar quem faz parte de cada
ala, quem são os responsáveis pela sinfonia da
bateria, como são feitas as coreografias, como
é feita a escolha dos passistas ou ainda do casal mestre e sala e porta bandeira.
Vale a dica para aqueles que nunca pisaram em uma quadra de escola de samba que
presenciem essa preparação, sentir a boa
energia destas pessoas que trabalham o ano
todo de coração em nome de sua escola, dançar, sorrir e cantar junto às marchinhas de carnaval. Vale conferir de perto aquela que é uma
das maiores paixões nacionais.
Cultura underground
Fotos: Bruna Lago
Mais do que roupas,
música e baladas,
o underground
é um estilo de vida.
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tasias patrocinadas pela verba da própria escola. O restante dos integrantes pagam por
suas despesas e por suas fantasias. Os gastos
que a escola tem ao longo do ano são amenizados com os lucros obtidos nas vendas da
copa e na venda de ingressos na portaria em
dias de ensaios, contando ainda com uma
verba disponibilizada pela prefeitura.
As alegorias passam a ser confeccionadas
no final do ano, à medida que se aproxima o
carnaval propriamente dito. São construídas
baseadas no tema proposto e ficam guardadas no Complexo Porto Seco, onde acontecem os desfiles. Segundo Lemos, pouco material dos carros anteriores é reaproveitado ou
reciclado para confecção dos novos.
A Imperadores do Samba pretende entrar
na avenida com a base de 1,8 mil pessoas, número esse de integrantes que é mantido quase todos os anos no desfile, podendo, muitas
vezes, chegar a duas mil pessoas, variando de
ano para ano. A escola está aberta para a entrada de novos interessados em participar do
desfile ainda deste ano.
O que se presencia nas avenidas ou ainda
o que se assiste na televisão é sem sombra de
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vem se mantendo e está todos anos na avenida graças a dedicação e ao amor que os integrantes demonstram a escola, uma vez que,
a Bambas não tem condições de custear as
fantasias para as alas, são os próprios integrantes que pagam por suas fantasias. Os outros
gastos da escola ao longo do ano são custeados através de verba arrecadada com as vendas da copa e dos ingressos vendidos na portaria, contando ainda com uma contribuição
oferecida pela prefeitura.
O número de integrantes da escola varia
de ano para ano, normalmente de 800 a 1,2
mil pessoas, uma variação resultante do poder
aquisitivo que poderão dispensar para o desfile. A escolha do tema é feita por inscrições e
a aprovação por consenso da diretoria. Com o
tema definido, um concurso é aberto para escolha do melhor samba enredo, dentre eles o
que melhor se encaixar no tema será aquele
que puxará a escola ao longo da avenida.
Para a integrante da Bateria Show, Telma
Alci Pinheiro Ramos, o número de ensaios é o
fator responsável pela grande harmonia da
escola. Como exemplo disso está o casal de
passistas Débora Cristina Ramos e Adílson,
que levaram a sua sintonia na quadra também aos bastidores, dupla na avenida e namorados no dia-a-dia.
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Em outra tradicional escola de samba de
Porto Alegre, a Imperadores do Samba, fundada no ano de 1959, o carnaval não acaba,
apenas tira férias, como diria Júlio César Lemos, Diretor de carnaval. Ele explica que os
preparativos para o próximo ano iniciam logo
após o término do carnaval. Exemplo disso é
os integrantes da bateria, que começam a se
reunir na quadra da escola a partir de março,
e seguem com os ensaios ao menos uma vez
por semana ao longo do ano, para que o samba não pare, e a harmonia seja mantida sempre em dia.
Os ensaios na Imperadores também têm
a divisão entre técnico e ensaio coreografado,
intitulado Ensaio Show. Iniciam em setembro,
então com a participação de grande parte
dos integrantes da escola. Os ensaios passam
a se dividir em dois dias da semana, quartasfeiras e aos sábados, sempre à noite, abertos
para presença do público.
Este ano, diferente dos anteriores, não
houve concurso para escolha do samba enredo na escola. O tema que será mostrado na
avenida havia sido escolhido pela própria direção. Foi a partir desse que o compositor Maguila compôs o samba enredo que foi aprovado e puxará a escola ao longo do desfile.
A Imperadores possui em sua composição duas alas comunitárias, que tem suas fan-
Passeata Punk no Parque da Redenção contra a homofobia
Bruna Lago
Termo conhecido pela maioria das pessoas, muito utilizado para definir tendências em
diversas áreas culturais que são desconhecidas ou que não são aceitas pelo grande público, o Underground nem sempre é bem interpretado. Conhecido genericamente por
contra-cultura, esse termo é usado também
para definir estilos de vida, a exemplo disso,
estão as “sociedades alternativas” aldeias Hippies espalhadas por todo o mundo além disso,
abrange outras ações das contra-culturas da
sociedade.
Quando citado pela imprensa em geral o
underground é focado para o lado das baladas eletrônicas ou de rock, o que não é revelado é que o mundo alternativo vai muito
além destas cenas, ultrapassa essa linha e segue para o dia-a-dia das pessoas, em sua maneira de levar a vida e na forma de enxergar o
mundo.
Mas então o que é o underground? O que
pode ser considerado uma contra-cultura?
Atualmente tudo está muito rotulado, são
emos, pin ups, mods, clubers, ravers, hip hopers, em meio a várias classificações de estilos
que são considerados fora dos parâmetros da
normalidade, ou seja, alternativos. Esses jovens, em maioria de classes privilegiadas, buscam se diferenciar através das roupas que
vestem, tatuagens, piercings, mas o real underground não é aquele que se diferencia dos
demais por roupas ou acessórios, mas sim pelo modo de pensar e agir, não estar de acordo
com o pensamento cultural da maioria das
pessoas os Mainstream, ir contra ao que esses
juntamente com os grandes veículos de mídia vendem e dizem ser socialmente aceitável. “Adquirir sua própria opinião, criar seus
conceitos e lutar por eles”, para o adepto do
underground, Fabiano Do Carmo, 29 anos, essa frase pode resumir bem o que realmente
são as contra-culturas. Do Carmo afirma que
não suficientes para defirnir o underground,
“podemos comparar com a libertadede escolher por qual caminho seguir sem acompanhar rotas anteriormente traçadas” e comple-
ta: “ é dizer não enquanto todos dizem sim as
imposições de uma sociedade comsumista e
os padrões considerados por ela aceitáveis.”
Muitos jovens não sabem realmente o
que buscam, ao se vestir ou agir de uma forma
que chama atenção, acreditam que isto seja
ser “diferente”, e que assim serão reconhecidos
e admirados pelos demais. Vão á festas raves
(baladas eletrônicas que estouraram por todo
Brasil) pelo modismo ou em busca de drogas,
mas não compreendem a filosofia dos festivais eletrônicos, onde seus idealizadores buscavam a liberdade e pregavam a cultura P.
L.U.R. (Peace, Love, Union and Respect) e não
visavam o lucro através da venda de ingressos
e drogas a seus participantes.
Isso não se passa apenas na cena eletrônica, mas sim em todas as cenas culturais, como os Punks que pregam uma idealização
política, ações anti-racismo, homofoba e antisemitas, expressada através de musicas e de
um visual chamativo são confundidos com
aqueles que a colocam um moicano (corte de
cabelo, no qual os cabelos ficam levantados,
Universo IPA | Dezembro 2007
Universo IPA | Dezembro 2007
Imperadores do Samba
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Por que existe a morte? Você
pensou sobre isso? As pessoas nascem, crescem, envelhecem e certamente morrerão, faz parte da vida,
tudo o que começa termina, mas o
que vem depois disso?
Os malabares expressam bem a liberdade da cultura underground, são muito usados nos festivais eletrônicos
Daiane benso
geralmente raspados nas laterais) alguns
pressam através do estilo de vestir ou do uso
ser uma filosofia que tem sua origem ligada
acessórios, vandalisão e agridem pessoas se
de assessórios que caracterizam a cena ideoás favelas e guetos do mundo inteiro e tratar
dizendo Punks, mas ao se falar em política e
lógica em que acreditam, mas sim por sua fisobre a violência e pobreza as pessoas acham
ações sociais são completamente incapazes
losofia de vida, “Eu acredito muito na força
que só marginal e bandido produz e participa
de formular uma única frase.
política e de inclusão social do Rap e Hip Hop,
deste segmento”.
A atração dos jovens pelos modismos sealém de adorar as músicas desse estilo. Mas
De acordo com o estudante de ciências
gue para outras diversas ideologias
sociais, Eder Fernandes, 27, este
culturais,
“Podemos comparar com a liberdade de preconceito tem origem no sensaisso acontece pela falta de incionalismo midiatico: “Esse preescolher por qual caminho seguir sem
formação sobre a cultura que dericonceito é fruto do efeito que a
vou determinado estilo de roupa,
acompanhar rotas anteriormente traçadas” mídia sensacionalista transmite, e
música ou festa. Atualmente, sursendo assim os adeptos do mainsgem classificações de estilos a cada momennem por isso uso roupas largas e boné”, afirma
tream abraçam a mais uma idéia que foi lanto, mas que não aderem á cultura apenas a
a estudante de administração, Renata Schaçada”. Para o estudante a falta de embasamenmoda então não se pode considerá-los Unpke , 21, adepta da cultura Hip Hop.
to político e social de uma sociedade despredergrounds.
Concluindo o seu pensamento, Schapke
parada para o diferente e autêntico agravam
Nem sempre o adepto underground se exdiz que o Rap sofre com o preconceito, “por
a situação.
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A história da contra-cultura
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Não é de hoje que o underground existe, ele
foi se estabelecendo durante décadas.
Da necessidade dos jovens de se diferenciar
dos demais, dos questionamentos sobre os valores da sociedade de consumo e do interesse por
tudo aquilo que permaneceu nas margens e no
escuro durante muito tempo que no fim do século
19, 50 anos após o surgimento da adolescência
que nasceu o Underground. Foi posto á tona tudo
aquilo que a sociedade moderna desprezava como o misticismo, naturismo, sexualidade, agressividade, inebriamento, loucura, tudo isso formulou uma critica feroz e um rompimento com a
modernidade.
Esse movimento desorientou e desestabili-
zou boa parte das pessoas. Mas a história do Underground tem menos do “alternativo” do que se
imagina, logo após essa desestabilização, a sociedade de consumo se re-estabilizou criando novas
identidades, valores e condutas muito propícias
para a realidade onde não existem cidadãos, mas
sim consumidores.
Ironicamente, após esta re-estruturação, o
Underground serviu muito bem para os interes-
“Foi posto à tona
tudo aquilo que a
sociedade moderna
desprezava”
ses do Mainstream. A tendência anterior de ir
contra os valores de uma sociedade consumista
foi transformada na própria cultura de consumo,
que no início do século 20 precisava de novos horizontes, a cultura Underground liderada por
adolescentes caiu como uma luva para produção
deste capital.
De qualquer maneira não se pode generalizar
toda uma cultura por conta de artimanhas do
Mainstream, o Underground sobreviveu a essa
transformação e como acontece atualmente sempre foi dividido na real contra-cultura e na contracultura de consumo onde os seus adeptos se diferem
não por suas atitudes anti-capitalistas mas sim por
sua aparência, suas tatuagens, roupas e piercings .
A fé pode responder a essa pergunta, mas
mesmo assim continua um mistério intacto,
que só o tempo responderá. De acordo com a pesquisa “Distribuição da
população segundo a religião ou crença,
(2000)”, existem 33 religiões e crenças oficiais
no Brasil. No site, “Fronteira da Fé: alguns sistemas de sentido, crenças e religiões no Brasil de
hoje”, as religiões que mais têm adeptos no
Brasil são: Igreja Católica, Protestantes ou Evangélicos, (incluídas as confissões pentecostais),
Espíritas Kardecistas, adeptos de religiões de
origem afro-brasileiras, Budistas e pessoas que
se reconhecem como “sem-religião”.
Independente de religião, todas as pessoas têm muitas indagações e dúvidas sobre a
morte. O fiel da Igreja Católica, Tiago Ioriatti
Gambatto, questiona se a morte realmente é
o fim de tudo. A Espírita, Elaine Salgueiro, pensa diferente. Ela não tem dúvidas sobre a morte e crê que o importante é fazer o bem enquanto está vivo.
Para a frequentadora da Igreja Pentecos-
tal, Michele Lenise Silva, o que mais lhe desperta interesse sobre a morte é compreender
o que haverá depois da vida terrena. A cristã
da Igreja Presbiteriana do Brasil, Eliani da Silva
Lazzari, acredita que a morte é um mistério
que só Deus irá responder, da mesma maneira que o cristão Metodista, Marcos Calovi: “a
morte sempre será um mistério enquanto
houver vida na Terra”.
Veja como algumas religiões com mais
adeptos de fiéis explicam a morte.
diferente pelas pessoas:“Depende da experiência, é subjetiva de cada um, é um ponto de interrogação, ” afirma, e ainda que a vida começa
com a morte, pois assim nascem para Deus.
* Padre: A função do padre é mostrar o caminho de Deus e
da fé. Rezar a Missa, coordenar os Sacramentos da Igreja
que são: O Batismo (nascimento da graça), O Crisma (desenvolvimento da graça), A Eucarística (o alimento da alma), A Penitência (a cura das fraquezas da alma), A Extrema-Unção (o restabelecimento das forças espirituais), A
Ordem (autoridade sacerdotal), o Matrimônio.
Igreja Católica
Doutrina Espírita
A Igreja Católica, a partir da Bíblia, explica
a morte não como sendo o fim da vida humana, mas a passagem dessa vida para uma vida
superior. Segundo o Padre da Igreja Católica
de Coronel Vivida, Paraná, Dorvalino Dotta, a
pessoa que ama e faz o bem na Terra será mais
feliz na outra vida e quem faz o mal terá o
castigo dos seus atos por não ter observado a
Ordem de Deus.
Acredita que as pessoas deveriam aceitar
a morte com naturalidade, pois a mesma faz
parte da vida humana. “Claro que o amor fica
chocado quando perdemos pessoas que
amamos muito, a perda de um ente querido
abala os sentimentos, mas não pode ser encarado com desespero, tristeza, mágoa ”, afirma o Padre.
A crença Católica acredita que a morte é
um dos grandes mistérios, mas não é o maior.
Segundo o padre, a morte é vista de maneira
A Doutrina Espírita acredita que a morte é
uma continuação da vida, mas sem o corpo
físico. A vida continua, mas se torna uma energia que continua até a próxima reencarnação.
A morte é apenas do corpo, o espírito imortal.
Segundo a Trabalhadora da Casa Sociedade Espírita Luz e Fraternidade de Santa Isabel,
Viamão, Rio Grande do Sul, Neiva Nunes dos
Santos, a crença está baseada na ciência e filosofia deixada por Allan Kardec, o patrono da
doutrina. Ele ensina que são diversos planos,
não existe céu e inferno, existem etapas de
vida onde se estuda o porquê que se deixa o
corpo físico. No decorrer do estudo, acontece
a elevação, até chegar ao plano espiritual.
Os Espíritas crêem que para chegar ao
plano espiritual é necessário viver com amor,
humildade, caridade. E para obter a salvação
é necessário morrer para reencarnar-se.
A Trabalhadora da doutrina afirma que
Túmulos do cemitério Irmandade de São Miguel e Almas
Fotos: Daiane Benso
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Como compreender esse mistério?
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Igreja Presbiteriana
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A Igreja Presbiteriana do Brasil acredita
que a vida após a morte existe em espírito. O
corpo envelhece, mas a alma e o espírito são
eternos. Segundo o Obreiro da Igreja, Jocemar de Proêncio, a crença está baseada na
Sagrada Escritura, que diz que as pessoas que
fizeram o bem na terra irão para o céu e quem
fez o mau irá para o inferno.
“Para superar a morte devemos contar
com a esperança e o conforto da Bíblia e relembrar os exemplos e ensinamentos do ente querido”, afirma o Obreiro. Para ele, a morte deve
ser encarada de frente, mesmo sendo complicado. É importante ter um bom alicerce fami-
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Igreja Pentecostal
A Igreja Pentecostal, Encontros de Fé, com
base no texto Bíblico, acreditam na vida eterna, onde somente a carne é mortal. No livro
sagrado de Gênesis verifica-se essa afirmação:
“Do pó vieste, do pó voltarás”.
De acordo com a Obreira do setor de ministração da Igreja, Iracema Oliveira Beck, será
Jesus Cristo que determinará a vida após a
morte: “se a pessoa viver com Cristo quando
morrer ressuscitará com ele. Mas, se rejeitar
Jesus nessa vida, também será rejeitada no dia
do juízo final.”
A Igreja diz que o consolo para superar a
morte é encontrado em Deus. Crêem que a
morte é um mistério, no entanto, o maior mistério é a vida após a morte. Segundo a Obrei-
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ra, Deus é o único que dá e tira a vida, nada
acontece sem a permissão dele. “ O corpo necessita de uma alma e de um espírito, no momento que o espírito e a alma são retirados, o
corpo desfalece, relata”. Ela acredita que a
morte é triste para quem fica, mas para quem
morre com salvação encontrará alegria e gozo no Senhor.
* O breira: A função da obreira é de ministrar, aconselhar os
fiéis iniciantes na fé com base no texto Bíblico, participar
de ações sociais e de Cruzadas (evento realizado pela Igreja para ajudar as pessoas que estão sofrendo, independente de religião). Existem várias lideranças de Igrejas Pentecostais todas voltadas para o Cristianismo.
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liar, fé e congregar com as pessoas da Igreja.
Cada pessoa nasce para cumprir uma
missão determinada e o tempo para que isso
aconteça só pertence a Deus. Crêem que é o
maior mistério que existe, pois é cheio de entrelinhas. “Enquanto a ciência precisa ver para
crer, a fé nos faz crer naquilo que não vemos,”
conclui.
* Obreiro: A função do obreiro é de trabalhar na Igreja, responsabilizar-se pela obra do Senhor. O termo obreiro é a
forma genérica de identificar o crente escolhido por Deus
para cooperar no ministério. A designação e graduação
dos cargos, varia conforme a organização eclesiástica da
denominação. Ministrar a palavra, coordenar encontros
de reflexão Bíblica, visitar as famílias da congregação.
Igreja Metodista
A Igreja Metodista acredita que a vida
após a morte reafirma a eternidade do espírito. Para o Reverendo e coordenador da Pastoral Escolar e Universitária do Centro Universitário Metodista IPA, Flávio Artigas, não existe
reencarnação, pois a vida é uma experiência
única e precisa ser desfrutada em plenitude.
“Somos seres com corpos mortais, com um
espírito eterno que vive em um corpo material uma só vez”, explica.
Baseiam-se pelos textos da Bíblia Sagrada,
principalmente nos textos do Novo Testamento. Crêem que para quem exercitou a fé,
haverá um retorno à convivência espiritual
com Deus, onde não existirá tempo, dor e sofrimento.
O Reverendo considera que as pessoas
superam a perda física do ente querido, se
souberem desfrutar da presença da pessoa
enquanto viva, amando-a e valorizando-a.
“Creio que dessa maneira a morte não será a
separação e o peso da culpa do que não foi
feito”, ressalta.
Para ele, a morte é a maior certeza, visto
que o grande mistério é a vida, essa que é uma
dádiva. Crê que a morte é o coroamento de
uma vida intensa.
* Reverendo: A função de alguém como título de reverendo
é a função pastoral, que pressupõem a pregação da Palavra
de Deus e a ministração dos Sacramentos (Santa Ceia e
Batismo). É alguém que incentiva o culto dos meios de
Graça: culto comunitário, leitura bíblica, oração, jejum,
descanso, entre outros. Reverendo é um título distintivo de
quem é ordenado para o Ministério Sacerdotal Clérigo.
Túmulo do cemitério São José
“A função do médico é evitar a morte, no entanto, em muitos casos, isso não acontece”,
argumenta ele.
De acordo com a psicologia, a morte plena não acontece, pois as partículas se transformam e nelas existe a memória. Portanto, se
existe vida após a morte, será a vida do conhecimento que cada ser construiu. Explicam que
a Tanatologia é o estudo do fenômeno da
morte e dos processos emocionais e psicológicos envolvidos na reação à morte, incluindo
luto, perda e lamentação.
“As reações diante da morte são diversas
e estão diretamente relacionadas à cultura de
cada povo. Se referirmos a nossa cultura po-
Medicina e Psicologia
Cemitério São José, bairro Glória, Porto Alegre
A medicina não explica a morte, apenas
relaciona a doenças e declínio da vitalidade
dos seres vivos. Segundo o médico, formado
em 1968 pela Faculdade de Medicina de Porto Alegre, (UFRGS), com pós-graduação em
Ginecologia, Obstetrícia e Medicina do Trabalho, Paulo Gonzaga, os médicos são muito
frios com a morte, pois a mesma é esperada.
“Dizem que criança quando
morre se transforma em anjo”
de-se dizer que estas reações vão desde a negação e isolamento, podendo passar pela raiva, barganha, depressão e aceitação”, explica
a psicóloga e orientadora de estudos psicanalíticos, Lurdes Pacheco Aibar.
De acordo com a psicóloga, existem
muitas perdas na vida, no entanto, a morte
é a maior. As experiências de vida e de morte ocorrem em uma perspectiva sistêmica e
a morte é um processo que envolve o morto e os sobreviventes em um ciclo de vida
comum. Segundo ela, a Filosofia está presente em muitos dos discursos psicológicos
e pode ajudar a explicar como ocorre a morte, encerrando um ciclo e afetando os fatores biológicos.
O filósofo Martin Heidegger diz que o viver para a morte constitui o sentido autêntico
da existência. A verdadeira existência implica
aceitar a própria finitude, sem medo, como
um ser livre diante da morte. O filósofo Ernest
Becker afirma que no fundo ninguém crê em
sua própria morte, pois o inconsciente está
convencido de sua imortalidade, isto é, conscientemente todos sabem do fim que os espera, mas para o inconsciente não existe a
passagem do tempo nem referências a temporalidade.
A psicopedagogia e a psicologia apresentam que, de acordo com a Lei Norte-Americana de Determinação Uniforme da Morte, um
indivíduo está morto quando sofre cessação
irreversível das funções circulatória e respiratória; cessão completa das funções de todo o
cérebro, incluindo o tronco encefálico.
Diante das explicações da religião, da medicina e da psicologia, cabe a cada pessoa se
questionar sobre o que é a morte. Para muitos,
é algo inevitável e natural. A morte é relacionada a diversos pontos de vista: emocional,
científico, religioso. “A morte é uma mudança
de estágio que vai conduzir os componentes
físicos a uma degeneração e o espírito a um
estágio mais livre”, afirma a psicopedagoga
Ana Luisa Fischer. Outros vêem como o grande mistério. “A morte é o mistério da vida e
continuará sendo, enquanto existir vida na
Terra”, diz o professor Calovi.
A Igreja Católica, A Igreja Presbiteriana, A
Igreja Pentecostal e a Igreja Metodista crêem
que a morte é a passagem para uma vida eterna junto com Deus, os espíritas crêem que é
a elevação para um plano espiritual. E para
você, o que é a morte? É o maior mistério que
existe? É o começo de uma outra vida ou é o
fim de tudo?
Reflexões
sobre a morte
“Acreditamos ficar tristes pela morte de uma
pessoa, quando na verdade é apenas a morte
que nos impressiona”. Gabriel Meilhan
“A única coisa tão inevitável quanto a
morte é a vida”. Charles Chaplin
“A morte nos ensina a transitoriedade
de todas as coisas”. Leo Buscaglia
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para superar a morte é necessário não sentir
mágoas, olhar para o ente querido e dizer: “Eu
te amei mais do que a mim mesmo”, não ter
ressentimentos por algo que deixou de fazer.
O Espiritismo vê a morte não como um
mistério, mas sim como a salvação. O homem
vem para a terra, cumpre a sua missão e morre, reencarnando novamente. Acreditam que
a vida após a morte existe, mas cada um é
responsável pelo seu plano espiritual.
* Trabalhadora: A função da trabalhadora é ministrar o curso
básico para os iniciantes na Doutrina, acompanhar as sessões de estudos dos livros: O Livro dos Espíritos, o Livro dos
Médiuns, (livros da Doutrina Espírita) participar das sessões
de estudos de “A Gênese, O Céu e Inferno”. Promover apadrinhamentos, programas de apoio, dar passe juntamente
com os médiuns, dar assistência espiritual e material.
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Desde de 1994 não só brasileiros, mas
também estrangeiros ali vivem juntos no
meio do mato, em casas com muita simplicidade, totalmente desconectados do agito das
cidades urbanas, em busca da paz de espírito,
através do silêncio e do isolamento, praticando a religião surgida na Índia há cerca de 2,6
anos. Com a morte do Chagdud Tulku Rimpoche, mestre espiritual e regente deste lugar,
coube à sua viúva Chagdud Khadro, uma lama da escola Nyingma, assumir o papel de
líder espiritual do Khadro Ling.
“Ajudar-nos uns aos outros e procurar a
harmonia: essa é uma busca interna. Não
adianta querer mudar as condições externas,
nós não vamos conseguir. A partir da busca interna, aí sim, conseguiremos ver o efeito disso
externamente”, diz Chagdud Tulku Rinpoche.
O divertimento das pessoas que moram
no templo budista, muitos dos quais bem instruídos e originários da classe média, vem
com leitura, filmes, música e esportes, e futebol. Mas sem deixar o budismo em segundo
plano. Para os líderes do budismo tibetano
Vajraiana que vivem ali, os brasileiros têm vocação para a fé, seja qual for a religião que
escolhem, motivo que pesou para Chagdud
Tulku Rinpoche construir no país, com ajuda
de muitas doações, o segundo centro budista
dessa linhagem em todo o Ocidente. O outro
fica na Califórnia norte-americana.
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O leve tom do misticismo é inevitável no
começo, quando as vozes ainda treinam para
recitar mantras milenares. As cores enchem os
olhos de vida e a meditação domina o dia,
bandeiras de orações, convidadas pelo vento
a rezar e levar tranqüilidade e paz ao mundo.
Paz de espírito, aquela que para os budistas é
possivel e acreditável.
Ali, até placas com “Cuidado, Formigas” se
encontra, é o respeito com todos os seres.
Muitas taças com água, que são trocadas diariamente dentro do templo, é o sinônimo da
purificação.
Ao fundo, presidindo o panorama, a maravilhosa estátua de Padmasambhava, chefe
da linhagem Nyngma, idealizada, finalizada e
consagrada por Sua Eminência Chagdud
Tulku Rimpoche, ladeada por cadeias de estupas (esculturas que representam a mente iluminada).
A doutrina é do Budismo Tibetano, uma
religião que prospera sem alarde. “Você fica
hipnotizado, você quer morar ali, são as cores,
os tons, os sons,o silêncio, tudo é lindo. Só de
estar aqui, eu penso em virar budista, o respeito pelas coisas, é preciso até mesmo tirar os
sapatos para entrar no templo.Esses sinos,as
bandeiras,as estátuas,é tudo perfeito, é
encantável,as cores são muito vivas, muito
vermelho.Tem rodas gigantes girando com
pedidos para a energia fluir, achei muito interessante.É primeira vez que venho ao templo
a convite de uma amiga,adorei”,afirma a estudante de Educação Fisica, Juliana Souza, 20
anos. Acho que o mundo seria melhor se ao menos as pessoas tivessem a paz que eles
devem ter aqui”, afirma.
Na Serra Gaúcha, a 72 quilômetros de Porto Alegre e a mais
de 16 mil quilômetros de Lhasa, a capital do
Tibete, fica o centro budista Chagdud Gonpa
Khadro Ling , nome que quer dizer “local sagrado dos dançarinos do céu”, dos 40 templos
budistas tibetanos no Brasil é o mais bonito,
fundado por um monge tibetano em 1995, é
uma réplica de santuários existentes nas
montanhas do Himalaia.
No topo de uma montanha, muitas vezes
coberta de neblina, a sensação é de estar no
céu entre as nuvens. Em meio a estátuas, templos e palácios coloridos, cerca de 60 habitantes vivem na disciplinada rotina da doutrina
budista, com orações no início e no fim do dia
em nome da compaixão e do bem-estar da
humanidade. Longas meditações e meses
em completo retiro também são necessários
no centro religioso. Chama-se Sangha um grupo de pessoas, como estas, que pautam a sua
vida segundo os ensinamentos do Buda. O
curioso é que realmente não importa, se para
uns esta é a hora e a vez de fazer retiro e dedicar-se totalmente à prática espiritual, enquanto para outros, o chamado é levar à prática
para a ação, trabalhando na loja, na costura,
jardim, construção, cozinha ou administração
geral. São funções diferentes de um mesmo
corpo cuja saúde depende de todos. Em momentos diferentes, altera-se a rotina do grupo
e quem estava no campo de frente vai ter a
oportunidade de recolher-se. Aprende-se lá,
por exemplo, que enquanto componentes de
um mesmo sistema, todos estão fundamentalmente ligados. A motivação
e o objetivo comum cria esse
véu invisível
que os une.
“Paz em campo livre”
Muitas pessoas procuram o centro em
busca
de algum tipo de ajuda, para as
angústias do cotidiano, brigas familiares, medo de perder o emprego, angústia, procura de algo
perdido e até mesmo depressão.“
O Budismo me ensinou a ser uma
pessoa melhor, não só pra mim,
mas para o mundo, abri mão de muitas coisas
e fiquei dois meses em um “retiro espiritual”,
paz em campo livre. Minha família me apoiou
mesmo achando loucura.Foi difícil acordar pela madrugada e ter que meditar. Mas depois a
gente acostuma e a mente fica mais tranqüila.
Eu usava roupas normais e não foi preciso raspar a cabeça, o que é sinal de voto monástico.
É proibido namorar e fazer sexo lá dentro. O
mais importante é que os ensinamentos de
Buda passaram a fazer sentido e viver dentro
de mim, é importante que possamos aprender a largar os nossos velhos hábitos.
Eu paguei em torno de R$ 400 para ficar
no retiro, não sei o preço é o mesmo hoje.O
desafio é ser capaz de sentir o mesmo amor
por aqueles que se ama e pelos que não se
ama. É incrível como em um país em que o
catolicismo e outras religiões disputam fiéis,
o budismo ganha cada vez mais o seu lugar.
Faz quatro anos que sou budista, o acesso no
centro é livre, mas para viver no centro é necessário que haja um convite de um dos líderes, é como nascer de novo”, afirma a arquite Aline Coelho, 26.
Essa conexão foi a mesma que Eduardo
Simões, 40 , um dos primeiros brasileiros chamados para morar no centro budista, há 11
anos, sentiu. Ao contrário de muitos dos habitantes dali, o ex-mecânico não tem curso superior nem fala inglês com fluência.
Muitos centros funcionam em casas particulares ou em salas alugadas em prédios comerciais. A maioria dispõe de uma lojinha
acoplada, que vende livros, fotos de monges
e malas, colares de contas usados na recitação
de mantras. Cursos, seminários e retiros espirituais promovidos pelos templos costumam
funcionar como pontos iniciais do processo
de recrutamento de novos adeptos.
Doutrina Budista
O Budismo ensina a doutrina de Anatmán, ou negação da existência de uma alma
permanente, a doutrina do Carma - que determina o tipo de reencarnação - e o Nirvana
ou estado de Iluminação perfeito.O Budismo
é uma religião de importância mundial, criada
no noroeste da Índia. Baseia-se nos ensinamentos de Siddhartha Gautama, mais conhecido como Buda, o iluminado. Siddhartha
Gautama, Buda, filho do soberano de um pequeno reino, nasceu em Kapilavastu, no ano
563 a.C., perto da atual fronteira entre a Índia
e o Nepal. Aos 29 anos decidiu renunciar a
todos os seus bens materiais e adotou uma
vida de ascetismo. Quando alcançou o nível
de Iluminado (o mais alto) formou, com os
seus discípulos, uma comunidade monástica
onde passou o resto de sua vida.
Os elementos principais em que se baseia a Iluminação referem-se à realização das Quatro Verdades Excelentes:
– o sofrimento
– a causa do sofrimento
– a sua supressão
– o caminho para seu fim
“Acredito que o objetivo da nossa vida seja a busca da felicidade. Isso está claro. Quer se acredite em religião
ou não, quer se acredite nesta religião ou naquela, todos nós buscamos algo melhor na vida. Portanto,
acho que a motivação da nossa vida é a felicidade”. (Dalai Lama, no livro, A arte da felicidade).
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Roberta Lotti
Fotos: Beto Rodrigues
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Budismo na Serra Gaúcha
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Arquivo
Verdades e mentiras:
sincretismo afro-católico
ou Otá (pedras), é através do formato delas
que é sabido de qual orixá se trata, a filosofia
é de irmandade, que confere ajuda ao próximo. A pessoa pronta, na religião afro, se chama Pai de Santo ou Babalorixá, nesse nível, ela
já está apta a ter um ou mais Filhos-de-Santos,
que seria uma espécie de aprendiz.
Os orixás governam, à sua discrição, a vida
e o destino dos seres humanos. São caprichosos, amam e odeiam, beneficiam e castigam,
curam ou perseguem com doenças, e se fazem
respeitar e temer, são alguns deles: Oxalá,
Oxum, Yemanjá, Xangô, Ogum, Bará, Iansã e
Xapanã. Outros orixás se ramificam desses,
dando a personalidade à pessoa que é regido
por eles, semelhante a signos e posição astral.
Sincretismo: Iansã e Santa Bárbara que
protegem contra os raios e tempestades
Jesus, escolhido por Deus para redimir a humanidade
Evelize Cristina Silva
Santos: “Homens e mulheres que
mostraram com sua vida que é pos-
Universo IPA | Dezembro 2007
sível vencer todo o poder do mal e as
24
dificuldades com cabeça erguida”.
Padre Valdemar Alves Pereira.
Orixás: “Não é espírito, é força da
natureza. A África, historicamente,
é a mãe do mundo, de onde veio toda a questão da arte, da religião,
toda a questão de tudo do ser humano”. Filho-de-Santo Cléber Otávio Silva
O orixá Oxalá seria o Jesus Cristo da Religião Afro
Atualmente, no Brasil, a religião predominante é o Catolicismo, oriundo do Cristianismo, religião originária a Ásia, baseia-se na
crença de que Jesus foi o Messias enviado para redimir a humanidade e restabelecer o laço
com Deus. O seu livro sagrado é a Bíblia, dividida em Velho e Novo Testamento. O Catolicismo ensina que o fiel deve obedecer aos
Sete Sacramentos, são eles:
Batismo: O indivíduo é aceito como
membro da Igreja e, portanto, da família de
Deus.
Crisma: Confirmação do Batismo.
Eucaristia (ou Comunhão): Ocasião em
que o fiel recebe a hóstia consagrada, símbolo do corpo de Cristo.
Arrependimento ou Confissão: Ato em
que o fiel confessa e reconhece os seus pecados, obtendo o perdão divino mediante a devida penitência.
Ordens Sacras: Consagração do fiel como sacerdote, se ele assim o desejar, e após
ter recebido a preparação adequada;
Matrimônio: Casamento;
Extrema-unção: Sacramento ministrado
aos enfermos e pessoas em estado terminal,
com o intuito de redimi-las dos seus pecados
e facilitar o ingresso de suas almas no Paraíso.
Os Dez Mandamentos da Lei de Deus são:
Amar a Deus sobre todas as coisas, não tomar
seu santo nome em vão, guardar domingos e
festas, honrar pai e mãe, não matar, não pecar
contra a castidade, não furtar, não levantar falso testemunho, não desejar a mulher do próximo, não cobiçar as coisas alheias.
Diferentemente do Catolicismo, o Candomblé, a Umbanda e a Nação, religiões afrodescendentes, sendo que a Umbanda é uma
religião tipicamente brasileira, tendo aqui no
Brasil a sua origem, são religiões que se baseiam no culto aos orixás, divindades criadas
por um único Deus, Olorum (dentro da corrente Nagô) ou Zamby (dentro da corrente
Bantu e as correntes sincréticas). A cada orixá
são associados cores, elementos, toques (rezas) e comidas. São simbolizados por Ocutá
Sincretismo, no dicionário, significa a fusão
de elementos culturais diferentes, ou até antagônicos, em um só elemento, continuando perceptíveis alguns traços originários.
Há quem diga que os negros, vindos da
África para o Brasil, como escravos, não rezavam
para as imagens dos santos católicos, como
pensavam os senhores de engenho, pelo contrário, usavam essas imagens, comparando-as
aos orixás, de suas origens, por sua aparência ou
feitos, e rezavam para aqueles em que eles realmente acreditavam, essas aparências ou feitos, definem, hoje, o sincretismo Afro-Católico.
Há pessoas que acreditam que o sincretismo não existe, que são coisas totalmente diferentes, que santo é santo e orixá é orixá, como
afirma o Pai-de-Santo, Antonio Ricardo Silveira,
conhecido como Chula, 35 anos. “As casas com
sincretismo não são casas de raízes realmente
africanas, na época dos escravos não se podia
adorar um Ocutá (pedra), por isso eles o escondiam, e por cima colocavam a imagem de santos católicos. Hoje a opressão acabou, não é
mais necessário esconder, gosto de tudo quanto é santo, mas são coisas diferentes”, afirma.
O Filho de Santo, da casa Sociedade Africanista Divino Espírito Santo, Cléber Otávio Silva,
28, tem outra opinião: “O sincretismo foi uma
forma de não afrontar o que não dava para ser
afrontado naquele momento e de manter viva
as raízes e toda a cultura africana, os negros que
tinham mais conhecimento, já que foram impostos às imagens católicas, estudaram para
poder ver a proximidade e o equivalente da religião a cada orixá, o sincretismo é real”.
Silva se aproximou da religião afro há oito
anos, em questão das músicas e a sua curiosidade em como a religião afro acontece. “As entidades mais antigas são africanas, então em
outros povos, as mesmas entidades surgiram
com outro nome, por exemplo, no caso da Iansã, na África, ela se apresentou como a tal, e em
outras regiões, como na Europa se apresentou
como Ékate com outra forma e outra cor, mais
tarde para os romanos, se apresentou como
Santa Bárbara, a energia e a entidade é exatamente a mesma, o sincretismo é verdadeiro, só
mudou o nome porque mudou a época em
que se apresentou, se pegar a Ékate, Iansã e Santa Bárbara vai ver coisas que são praticamente
iguais, muito próximas”, enfatiza.
O sincretismo é acreditado por pessoas de
religiões bem distintas. O padre Valdemar Alves
Pereira, 38, da Congregação Católica da Paróquia Santuário Nossa Senhora do Trabalho,
acredita que o sincretismo religioso acontece e
é a busca de Deus e da cura em várias religiões.
“As vezes, nessa busca por fora, as pessoas acabam esquecendo de buscar a si próprio dentro
de si mesmo, onde encontrará paz, encontrando isso, ela tem mais base e força. O sincretismo
é visível, as pessoas buscam paz e apoio, conforto em todas as religiões”, diz.
No sincretismo, Oxalá da religião afro seria
Jesus Cristo, da católica, Ogum seria São Jorge,
Xangô o São Jerônimo, Iansã a Bárbara e Yemanjá a Nossa Senhora da Glória.
Ao ser questionado sobre acreditar ou não
na religião Católica, o Babalorixá Chula fala: “Eu
acredito em todas as religiões, se tu vais a um
lugar e se sente bem lá, deve ficar lá, as pessoas
que procuram uma crença e melhoram, devem
permanecer onde procuraram, se vai para a
Igreja e melhora, então fica lá, se vai no batuque
e melhora, então fica lá, acredito em tudo, se
não acreditasse não estaria aqui”.
Chula foi batizado, crismado e casado pela
Igreja Católica sendo católico por muito tempo.
“Hoje não me considero católico, fiz tudo o que
o católico tem que fazer para casar, mas não sou,
se fosse hoje não me casaria na igreja”, comenta.
O babalorixá escolheu a religião afro porque achou ter chegado o momento na sua vida
em que ele tinha que melhorar como pessoa,
sendo que o seu irmão e a sua mãe eram africanistas. “Não foi por intermédio deles que eu
entrei para a religião, comecei sendo só eu, daqui a pouco surgiu meu primeiro filho de santo,
depois veio outro e outro, era para mim, eu poderia ter encolhido outro caminho, é coisa de
destino, de raíz”, enfatiza.
O padre Pereira se tornou padre por influência de sua família que o motivou e o ajudou.
“A minha família me ajudou a compreender
que tudo nessa vida em matéria de conhecimento é importante, o intelecto, e que os bens
materiais são dispensáveis”, diz. O padre, nordestino de raíz, antes de se tornar religioso, trabalhava e estudava na Bahia em uma empresa,
onde foi bem sucedido e estava crescendo, foi
quando, de acordo ele, armaram-lhe uma cilada, foi demitido e voltou para casa. “Foi uma
tristeza, pois eu estava crescendo e gostando
do trabalho, mas Deus conduz você através de
instrumentos que você não entende no momento”, declara. Conforme Pereira, quando chegou em sua casa viu um papel escrito sobre um
encontro de juventude na igreja, se envolveu
tanto que acabou entrando para o Seminário,
hoje é padre há quatro anos, formado em Filosofia, trabalha na formação de outros padres.
Ao ser questionado se acredita ou não nas
religiões afro, o padre diz:“A minha fé é na minha
religião, respeito a todas as outras. A Igreja Católica sempre respeita as evocações religiosas,
é preciso viver aquilo que sua religião pede, porque nenhuma religião prega a morte, todas são
em favor à vida”.
Não existe uma religião certa ou errada, as
religiões Católica e Afro-desccendentes estão
certas cada uma a sua maneira, e todas elas levam a um único e bem maior, o bem estar de
seus seguidores. Conforme relato do filho-desanto Silva, “a religião é pra ti ficar bem contigo
e integrado com o mundo em que tu vive, com
a natureza a que tu pertence”.
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O sincretismo religioso
25
no Brasil
Universo IPA | Dezembro 2007
Sandra Costa
O ser humano nunca sentiu tanta necessidade de encontrar paz íntima, como nos
dias atuais. “Tinha uma vontade muito grande
de morrer’,’ diz a aposentada, Realda Vargas
Ferreira, 75 anos, pois foi um dos motivos que
levou à se interessar pela Doutrina Espírita,
mesmo sem ter conhecimento.
O homem passa boa parte do tempo
projetando o futuro, isto compõe um ritual
de celebração da vida e torna tão rica, aventura humana que é uma reflexão, o que é espiritismo?
O Espiritismo de inspiração Kardecista,
nome que deriva do francês, Allan Kardec, estudioso positivista do fim século 19, que produziu uma versão cientifica dos fenômenos
religiosos focados na vida depois da morte.
O Espiritismo desembarcou no Brasil no
momento de crise política que antecedeu o
advento da República. Naquele período havia
uma insatisfação com a cúpula da Igreja Católica, ligada ao conservadorismo político da
monarquia, mas deslanchou de vez no Brasil
pelas mãos do médium mineiro Chico Xavier,
que se torno uma celebridade nacional. Mas,
afinal, o que é Espiritismo?
Espiritismo e ao mesmo tempo uma ciência de observação e uma doutrina filosófica,
conforme o vice-presidente da Federação Espírita do Rio Grande do Sul, João Felício, 60
que “acredita na lei de causa e efeito’’. É o conjunto de princípios e leis, revelados pelos Espíritos superiores, contidos nas obras de Allan
Kardec, que constituem a codificação Espírita:
O Livro dos Espíritas, O Livro dos Médiuns, O
Evangélico Segundo o Espiritismo, O Céu e o
inferno e A Gênese.
Hoje em busca de conforto espiritual,
vem aumentando o número de adeptos à
doutrina. A espiritual leva o espírito a desejar
Bruna Carpenedo
Na sociedade em que vivemos, é grande a preocupação das pessoas com a
beleza. Mas isso não ocorre somente entre os adultos, cada vez mais adolescentes e crianças preocupam-se com a aparência. A psicóloga, Valéria Pinheiro, acredita que a vaidade vem sendo despertada desde cedo e, muitas vezes, influenciada pelos pais, amigos ou até mesmo pela televisão. “É comum hoje em dia
meninas trocarem a brincadeira com boneca por um estojinho de maquiagem.
As crianças gostam de brincar de ser adultos e acabam, algumas vezes, deixando
cedo de mais de serem apenas crianças”, analisa Pinheiro.
A pressão social e o valor que se dá à boa forma física saíram do controle,
afetando principalmente os jovens. Clínicas de cirurgia plástica, academias, salões de beleza, lojas, entre outros estabelecimentos, estão especializando-se no
atendimento a crianças e adolescentes. Que, em virtude do mundo em que vivem, procuram alternativas para melhorar o aspecto físico, acreditando com isso,
obterem um melhor relacionamento no grupo social a que pertencem.
Devido ao padrão de estética que os adolescentes julgam ser o ideal, é comum, principalmente entre elas, a preocupação com o peso. Muitas, mesmo sem
precisar, acabam fazendo regimes severos, almejando magreza absoluta. Na adolescência, as dietas sem indicação médica podem causar ausência de nutrientes
como ferro e cálcio, causando anemias, retardo no crescimento e afetando o
ciclo menstrual nas meninas. Conforme Pinheiro, essa distorção da imagem, que
as adolescentes costumam fazer do próprio corpo, achando estarem gordas
quando na verdade estão no peso ideal, ocorre por dois motivos principais. A
produção hormonal que está a pleno vapor, tornando as transformações do corpo facilmente percebidas, junto com a pressão sociocultural por um modelo de
corpo que valoriza as formas mais esguias.
Pinheiro comenta que as mulheres acabam sendo as mais pressionadas, basta olhar as revistas voltadas ao público adolescente. Boa parte delas abordam a
beleza feminina, com dicas de saúde questionáveis e modelos magérrimas estampadas na capa. “Já os garotos, têm uma relação mais saudável e de menos
culpa com o peso e o alimento. Eles conseguem ser mais aceitos socialmente
com outras habilidades, como prática de esportes e o sucesso profissional”, compara Pinheiro. Que ainda destaca a diferença no crescimento biológico do homem e da mulher na adolescência. Enquanto ela ganha mais tecido adiposo com
os seios e as nádegas, o menino tem uma tendência maior para desenvolver a
parte muscular.
Segundo o cirurgião plástico, Márcio Farias, a procura por intervenção cirúrgica entre os jovens de oito a 17 anos quadruplicou nos últimos cinco anos.
Entre cem pacientes, 24 se encaixam nesse perfil. “A cirurgia deve ser a última
opção, pois até os 17 anos o corpo está em desenvolvimento e não é fácil determinar os efeitos da plástica nesses organismos. Também existem os riscos de uma
anestesia, medicamentos e internação em ambiente hospitalar, que são alguns
dos fatores que devem ser levados em conta”, esclarece Farias. O jovem não deve
procurar no bisturi a solução dos seus problemas e nem optar por uma cirurgia
apenas pelo modismo.
A estudante Bibiana Goulart, 16 anos, colocou prótese de silicone aos 14 por
achar os seus seios assimétricos. Além disso, ela faz dieta e atividade física desde
os 11. Sem falar nas horas em que passa no salão de beleza cuidando do megahair, pintando o cabelo e fazendo as unhas. A estudante ganha total apoio da
mãe, que sempre a incentiva para malhar e cuidar da alimentação sem se descuidar da saúde. “Sempre gostei de me cuidar, desde pequena me preocupo com
a aparência. Faço tudo ao meu alcance para me sentir bonita, e todas às vezes
em que achar necessário, e que não me prejudique, farei algum tipo de cirurgia
plástica”, declara Goulart.
O professor de Educação Física, Rodrigo Vargas, diz que nas academias, assim como nas clínicas é considerável o
aumento do número de adolescentes.
Que na maioria das vezes buscam o
mesmo que os adultos, corpo magro e
sarado. “Sou muito procurado pelos jovens, que geralmente querem um resultado rápido e sem muito esforço. Na
cabeça deles é tudo simples, com uma
semana de musculação já querem estar
na forma desejada”, conta Vargas. De
acordo com a endocrinologista, Mariana de Souza, os exercícios físicos são benéficos a saúde, desde que feitos na medida certa e com acompanhamento de
um profissional. Crianças e adolescentes
não devem fazer atividades intensas, para não prejudicar o crescimento nem
causar problemas de articulação. Não é
recomendado ultrapassar 3 horas ao dia
na prática de atividades físicas.
Além da boa forma, os adolescentes
procuram vestir-se de acordo com a
moda. Desejam looks modernos e que
os caracterizem. As meninas, em especial, adoram arrumar os cabelos, pintar
as unhas e fazer maquiagem. A vontade
de comprar tudo que se vê pela frente
é grande nessa fase da vida. Parecem
umas “maquininhas de consumo”, ainda
mais se for algo de “marca”.
Os adolescentes de hoje são um
pouco diferentes dos de antigamente.
Mas uma coisa eles tem em comum, a
constante mudança e o desejo de tornarem-se adultos.
Pesquisa realizada com
20 meninos e 20 meninas
entre 12 e 18 anos.
Meninos
Meninas
Estão satisfeitos
com o corpo
65%
30%
Querem perder peso
25%
75%
Fariam uma
cirurgia plástica
15%
60%
Praticam esportes
80%
70%
c omp or tame nto
cada vez mais cedo
c om por ta m e nto
O Centro Espírita é uma casa religiosa onde se ensina, pratica, estuda e divulga a Doutrina Espírita. Em suas atividades estão incluídas palestras públicas, nas quais são comentados ensinamentos da Codificação Kardequiana e do Evangelho de Jesus, além de assistência espiritual e material aos necessitados. O socorro espiritual é obtido através do
atendimento individual àqueles que se encontram em aflição e desequilíbrio, com
orientações e passes, sendo que o mesmo e
uma transmissão de fluidos benéficos com
caráter assistencial e regerenerador, que é
aplicado pela simples imposição de mãos como fonte de regeneração e amparo. Também
inclui sessões espíritas reservadas onde se lida
com a mediunidade na área da desobsessão
(perturbações espirituais), sem a participação
dos necessitados, onde são esclarecidos e
afastados Espíritos sofredores ou de corações
endurecidos que porventura sejam a causa
de seus problemas.
O Centro Espírita tem como objetivo primeiro, orientar as pessoas no sentido de melhorar a sua qualidade de vida através da ação
reeducadora da moral do Cristo. Endereçando o homem a esse entendimento, ele de forma mais ou menos rápida, poderá livrar-se das
más influências e atrair as boas, que o ajudarão a seguir adiante de forma equilibrada e
sadia. Quando um orientador ou médium é
procurado por pessoas necessitadas no Centro Espírita, “procede-se com caridade, ouvindo, consolando e orientando’’, diz a orientadora Ione saraiva, 49. Todos poderão receber
orientação individual através de entrevistas
particulares, participar de palestras públicas e
receber passes. O contato com o estudo da
Doutrina e com os Espíritos depende de normas rígidas e particulares de cada Centro, mas
o bom senso diz que a disciplina e o estudo
são metas que devem ser observadas com
rigor para o sucesso das atividades.
O socorro material, por sua vez, considerado como uma atividade paralela, mas de
grande importância, é dado através da assistência a necessitados em forma de alimentos,
vestuário, abrigo, remédios. Os recursos são
obtidos através de uma variedade de promoções realizadas em cada Centro Espírita, como
almoços, jantares e bazares. Qualquer casa
que cobrar taxa pelas orientações ou assistência não são espíritas, mesmo que mantenham
uma placa.
A busca pela beleza
Universo IPA | Dezembro 2007
reli
r eli
g i ãgoi ão
Site: SXC.HU
Atendimento
Espiritismo
26
algo mais profundo, compreendendo então
que esse “algo mais’’ não se encontra nas coisas transitórias e impermanentes da vida terrena, com isto cada dia aumenta os adeptos
a centros espíritas.
27
Ronald Santiago,
49 anos, estudante
de Administração
de Empresas
Universo IPA | Dezembro 2007
“Apesar de o homem
gaúcho ser muito
machista, e acreditar
no autoritarismo,
a mulher está, cada vez
mais conquistando seu
espaço na sociedade”.
28
“Não adianta toda
mulher é muito mais
arrumadinha que
a maioria dos homens,
mais vaidosa, delicada,
e até fisicamente
ela é mais bonita
que nós.”
Jorge B. Cardoso,
19 anos, estudante
de Educação Física
estudante de Ed. Física, namoram há três anos apesar das diferenças
destacam-se em planejamento familiar, fazendo com que os homens sintam- se inferiorizados ocupando maior espaço.
Homens são valentes, fortes e grandes,
pelo menos aparentam ser, não demonstram
sentimentos nem sob tortura, adoram ser o
centro das atenções, mas vamos combinar
quem não gosta disso,mulheres são gentis,
amáveis, delicadas, se entregam de corpo e
alma num relacionamento,mesmo que esse
relacionamento esteja pronto a desabar.
Os mitos que fazem com que os homens
sejam másculos, fortes e valentes, que eles
não choram, começam a deixar de lado velhos
parâmetros machistas. O homem chora sim,
se emociona, sente dor, até muito mais que
mulheres. Imaginem como seria se um homem tivesse que ganhar nenéns. “Seria uma
dor tão grande que não sobraria mãe alguma
para contar história”, comenta a Estudante de
Psicologia, Valéria Alessandra da Silva Santiago. O homem nasce sob uma cultura que o
Diferenças entre
homens e mulheres
ELAS
1. São sensíveis.
2. Suportam dor física.
3. São mães.
4. São delicadas.
5. Vêem sua imagem destorcida no espelho.
6. São criadas para administrar a família.
O que elas
pensam sobre
eles...
Fabiana Saraiva,
20 anos, estudante
de Publicidade
“O homem está sempre
desconfiando de tudo,
sempre indagando alguma
coisa, têm uma cumplicidade
tão grande que morrem
todos abraçados, ninguém
entrega ninguém, coisa
que mulher não, se vê
o namorado da amiga
numa festa conta no ato.”
“Os homens hoje em dia
estão sempre correndo,
sempre atrasados, dispersos
conosco, são muito práticos,
agem várias vezes de forma
irracional, usam o orgulho,
acabando relacionamentos
por falta de diálogos,
não existe mais o antigo
romantismo”.
ELES
1. São durões.
2. São orgulhosos.
3. Não acreditam em amizades
entre homens e mulheres.
4. São mais práticos do que sensíveis.
5. Não abrem mão do futebol e do churrasco com
os amigos no final de semana.
6. Alguns tem medo do sucesso profissional.
c omp or tame nto
elas...
As diferenças com­­­­­­­
portamentais entre homens e mulheres estão
muito além da distinção
dos cromossomos XX e XY.
Nem mesmo a genética
explica o porquê de tamanha oposição de pensamentos, atitudes e temperamentos. Enquanto o cérebro feminino volta-se a
aptidões lingüísticas, verbais, teóricas, o cérebro
masculino resolve questões exatas com mais facilidade, e lidera o ranking de
detectar problemas mecânicos e serem monossílabos, (elas parecem falar até
pelos cotovelos!). Mesmo
com tantas divergências,
homens e mulheres buscam o mesmo ideal, porém
de maneiras diferentes.
Por que as relações
não dão certo? Pergunta
que os autores Allan e BárO casal Renata Beux, estudante de Biologia, e Anderson Izaguires,
bara Pease respondem
em “Por que os homens faTerapeuta Luciana Colman, que lida com vázem sexo e as mulheres fazem amor?”. Muitas
rios casos desde o incio de relações de casavezes é porque as mulheres amadurecem
mentos, até casais que há anos estão juntos,
mais rápido,tornam-se responsáveis, comea cabeça feminina age de maneira totalmente
çam a trabalhar mais cedo, tomando atitudes
diferente ao lidar com a chegada de um filho,
mais maduras, desde a independência finanpor exemplo, explica.
ceira até os pensamentos, e os homens conEntão pode-se afirmar que mulheres são
tinuam a depender da família, mesmo que
de Marte e homens são de Vênus? Não, os dois
tenham renda suficiente para morar sozinhos.
são do mesmo planeta, porém com uniforOu pelo simples fato de que a maioria das mumes diferentes. O mundo está cada vez mais
lheres querem um relacionamento estável e
evoluído que, certos homens deixam de ser
homens querem algo mais descontraído.
machistas e expressam os seus sentimentos,
Sem generalizar, óbvio, até porque os problee algumas mulheres entendem que não só
mas de adaptação são muitos e em certos
eles devem tomar a iniciativa, tanto na área
casos eles pedem ajuda, estão mais abertos
sentimental como profissional,até porque, a
do que antigamente, querem mesmo fazer a
mulherada está tomando frente mesmo, pois
manutenção de seus pensamentos, procucom base nas estatísticas do Instituto Brasileiram terapeutas, psicólogas, técnicas de relaro de Geografia e Estatística (IBGE) a indepenxamento, etc.
dência das mulheres cresceu 56% nos últimos
Como eles fazem para tentar compreenseis anos. Hoje, elas tomam o lugar dos hoder a mente feminina?E como elas fazem pamens na liderança da família, além de cuidara tentar detectar pensamentos masculinos?
rem dos filhos e das atividades domésticas,
Tudo uma questão de convivência afirma a
diferencia, tanto na maneira de caminhar, falar, vestir,
até mesmo tratar uma mulher. Uma menina ao chegar em casa com um namorado seria recepcionada pelo pai com uma cara
de babão na sala?Até pode ser que aconteça, mas
somente em casos raros. É
muito mais fácil para eles
iniciarem a vida sexual do
que para elas. Femininamente pensando as meninas devem perder a virgindade, no mínimo, depois
dos 15 anos de idade.
Segundo Allan e Bárbara Pease, em “Como conquistar pessoas?”, homens e
mulheres obedecem a regras completamente opostas, até mesmo na resolução
das questões mais banais do
dia a dia. Apesar disso, os autores afirmam que é possível
chegar em um nível de relacionamento mais elevado,
bastando entender e respeitar a natureza de cada um.
c om por ta m e nto
O que eles
pensam sobre
Fotos: Marília Miños
Marília Miños
Maria Isabel
da Silva Martins,
32 anos, estudante
de Pedagogia
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c omp
ormtame
c om
por ta
e nto nto
Feminino Masculino
29
Fotos: Arquivo
Os telhados verdes ajudam a manter a temperatura interior das residências.
Com certeza você deve ter ouvido muito sobre desenvolvimento
sustentável nos últimos tempos. Sobre como economizar água, luz e
preservar a biodiversidade e os
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ecossistemas naturais. Mas até que
30
ponto você leva isso a sério?
Mariana Blessmann
Milhares de pessoas falam de tal desenvolvimento mas poucas sabem exatamente
do que se trata.
Desenvolvimento sustentável é a busca
do equilíbrio entre o crescimento econômico
e o desenvolvimento humano. Deve-se obter
o equilíbrio entre ambos, no sentido da sus-
tentabilidade da vida humana. O desenvolvimento satisfaz no presente sem colocar em
risco o esgotamento, a qualidade, o uso abusivo de seus recursos naturais e sem comprometer as necessidades das pessoas no futuro.
Consiste num processo de transformação
no qual a exploração dos recursos reforça o
potencial presente e futuro. O conceito sustentabilidade relaciona todos os aspectos da
sociedade, bem como, ambientais, sociais,
culturais e econômicos. Tentando entender
como e o que está sendo feito para a melhoria
da sociedade, é que as pessoas se interessam
pelos recursos usados nas obras arquitetônicas e nas próprias residências.
A construção sustentável nada mais é do
que o uso inteligente de recursos naturais,
que ajudam na diminuição da poluição e na
economia de água e energia. Em muitos lugares, pode-se ver o uso deste tipo de arquitetura e a escassez de recursos.
Como você gasta?
Sabe-se que é necessário economizar para ajudar, mas por onde será que você pode
começar?
Dentro de sua própria casa estão os piores
vilões de gastos, começando pelo vaso sanitário. Ele representa cerca de 50% do consumo de água de uma residência gastando de
dez a 14 litros em seis segundos de acionamento da válvula.
O uso de lâmpadas incandescentes consomem muita energia, assim como o uso de aparelhos de ar condicionado que representam
hoje 20% do gasto de energia residencial.
Segundo a estudante de arquitetura, Lívia
Iglin, os gastos nas residências são bastante
elevados, a tendência de crescer ainda mais
nos edifícios e indústrias é muito grande, tendo então que estagnar este fator.
Os prédios são responsáveis por uma po-
A energia solar é ecologicamente correta, limpa,
inesgotável e gratuita. Com a utilização de aquecedores solares, a economia em energia é significativa.
Um aquecedor solar, por exemplo, proporciona
água quente para banho sem a necessidade de um
chuveiro elétrico. Para o aquecimento de água, ele absorve o calor e funciona como uma estufa, aquecendo
a água que passa no seu interior, portanto, quanto
maior for a área de absorção de energia solar, maior
será a sua eficiência. Fazendo parte ainda do aquecedor, o boiler solar é onde fica armazenada a água aquecida nos coletores solares, esses isolados por camada
térmica para evitar perdas de calor durante a noite e
podem ter apoio de emergência que entra em funcionamento nos dias de chuva ou excesso de consumo.
Como você sabe, um dos maiores gastos em uma
residência é no vaso sanitário. Para não ter desperdícios os arquitetos estão criando meios de economizar
a água que está entrando em escassez.
Em alguns lugares são utilizados vasos sanitários
que contam com dois acionadores, um com dois litros
e outro com seis, para descarga, respectivamente, de
líquidos e sólidos. Existe também uma nova válvula
de acionamento com fechamento automático que
impede fluxos superiores a seis litros, mesmo que a
pessoa fique pressionando o botão. As torneiras com
temporizador e chuveiros com redutor, também diminuem a quantidade de água sem prejudicar a qualidade do banho.
Pode-se contar, ainda, com uma caixa para coleta de água pluvial, chamada cisterna, armazenando
essa água para o uso nos vasos sanitários e para molhar as plantas.
Para a melhoria do edifício como um todo, podem-se usar os cata-ventos, colocados nos topos dos
prédios para produzir a energia consumida pelo edifício. Esse último ainda é um recurso pouco usado por
ser uma tecnologia cara.
O mesmo recurso é usado nos parques eólicos, que
são espaços onde estão concentrados vários aerogeradores destinados a transformar energia eólica em energia elétrica. Para a construção desses parques é necessário um estudo e Relatório de Impacto Ambiental
(EIA/Rima) pois a sua má localização pode causar danos
ao meio ambiente como a morte de aves e a poluição
sonora, causadas pelos zumbidos das hélices.
O mais novo parque brasileiro é o parque eólico
de Osório, localizado na cidade de Osório no estado do
Rio Grande do Sul. Sendo o maior da América Latina,
ele conta com 75 torres de aerogeradores capazes de
atender uma cidade de 700 mil habitantes.
luição dez vezes maior que as próprias indústrias e 50% maior que os carros. O que é consumido por eles, no total, em água, energia
elétrica e gás de cozinha, é responsável por
31% da emissão anual do gás responsável pelo aquecimento global, sem contar o que é
liberado pelo lixo e durante a produção do
cimento em sua construção. O valor estimado
da taxa anual de resíduos da construção é de
500 quilos por habitante, uma quantidade superior a do lixo doméstico urbano.
Algumas das mudanças mais usadas são,
a solar, a hidráulica e a eólica (Veja o quadro
ao acima e abaixo).
Como outras pequenas soluções estão, o
acionamento automático de lâmpadas, chamados sensores de presença, que ligam ao
notar a presença de alguma pessoa e ficam
acesas por tempo determinado e o aquecimento de água à gás, que é menos danoso ao
meio ambiente do que o chuveiro elétrico.
Segundo a estudante, essa são algumas
das medidas que seriam necessárias para a
economia: “As pessoas ainda não estão totalmente conscientizadas de que a solução está
em começar pelas pequenas coisas, é preciso
que cada um faça sua parte para que todos
tenham um bom resultado no final”.
O ar condicionado, grande consumidor
de energia, tem um outro inconveniente, não
promove a renovação do ar, o que é prejudicial à saúde. Para um melhor condicionamen-
to de ar, que reduza ou elimine o uso de recursos artificiais, é necessário que se faça, por
exemplo, a ventilação cruzada, que nada mais
é do que a abertura nas paredes opostas do
local. Deve se considerar sempre o tamanho
do ambiente, assim como, a quantidade de
pessoas que nele estão e a existência de equipamentos geradores de calor.
Como economizar?
O uso racional da energia elétrica é um
dos pontos mais abordados na atualidade. Ele
se encaixa nas medidas que se pode tomar
dentro de casa, todos os dias, para a melhoria
da situação atual.
Dentro do que é possível, existem diversas maneiras de se economizar dentro de casa e nas próprias construções civis.
“A economia de um edifício, num todo,
depende de cada indivíduo que reside no local. Não somente cada indivíduo pode fazer
um uso racional de energia como o próprio
arquiteto na elaboração consciente de seu
projeto, adaptando-o ao clima do local. A utilização de ventilação natural, considerar a iluminação natural para não ter o uso excessivo
de iluminação artificial e materiais adequados
ao clima e local” , informa Iglin.
mei o ambi e nte
sustentável
Energia eólica
m ei o a m b i e nte
Um novo mundo
Economia de água
Fontes
- Leandro Narloch, Os prédios verdes, http://super.abril.com.
br/superarquivo/2006/conteudo_134541.shtml. Acesso
em 10/11/07.
- Lara Braun, Parceria com a natureza, http://www.hiarq.
com/pagina_aux.php?id_secao=5&id_pag=68&id_
pag_aux=111. Acesso em 10/11/07.
- Especial guia imobiliário Época, Um edifício ecológicamente
correto, http://epoca.globo.com/imoveis/imgs/edificioVA76.pdf. Acesso em 10/11/07.
- Texto resumido a partir da reportagem de Nanci Corbioli, O
futuro pode ser limpo, http://www.arcoweb.com.br/tecnologia/tecnologia32.asp. Acessado em 10/11/07.
Política dos três R’s
Reduzir, reutilizar e reciclar. Essa é a base de tudo, por onde todos deviam começar e se aprofundar,
se tratando de conscientização com o meio-ambiente. Os três R’s são o início para uma nova cultura. Um
conceito que promove a consciência de que é preciso reduzir a utilização de recursos naturais e a quantidade de lixo; reutilizar materiais, evitando o descarte imediato, procurando embalagens, por exemplo,
que possam ser usadas mais de uma vez, como garrafas retornáveis de vidro e reciclar, transformando
algo usado, em algo igual, só que novo, normalmente por um processo industrial, visando diminuir o
consumo de matéria-prima extraída da natureza. O que você pode fazer é reduzir e reutilizar. Quanto à
reciclagem, o seu único papel é separar o lixo que produz.
Universo IPA | Dezembro 2007
mmei
ei o aomambi
b i e ntee nte
residências, prédios e grande empresas entram na era
da sustentabilidade. O meio ambiente fala mais alto
Energia solar
31
Embora o Brasil seja o primeiro país em disponibilidade hídrica em rios no mundo, a poluição e o uso inadequado comprometem esse
recurso em várias regiões do País. Estudiosos
prevêem que em breve a água será a principal
causa de conflitos entre nações. Existem sinais
dessa tensão em áreas do planeta como Oriente Médio e África. Além disso, os brasileiros, que
sempre se consideraram dotados de fontes
inesgotáveis, estão vendo algumas de suas cidades sofrerem com a falta de água. A distribuição desigual é maior causa de problemas.
De acordo com o Instituto Socioambiental, esse é o caso da cidade de São Paulo que,
embora nascida na confluência de vários rios,
está vendo a poluição tornar imprestáveis para consumo as fontes próximas e tem de captar água de bacias distantes, alterando cursos
de rios e a distribuição natural da água na região. Na última década, a quantidade de água
distribuída aos brasileiros cresceu 30%, mas a
proporção de água sem tratamento quase do-
brou: de 3,9% para 7,2%. Nas cidades, os problemas de abastecimento estão diretamente
ligados ao crescimento da demanda, ao desperdício e ao descontrole da urbanização. Na
zona rural, os recursos hídricos também são
explorados de forma irregular, além de parte
da vegetação protetora da bacia (mata ciliar)
ser destruída para a realização de atividades
como agricultura e pecuária. Não raramente,
os agrotóxicos e dejetos utilizados nessas atividades também acabam por poluir a água.
Segundo a Gerente de Hidrologia e Recursos Minerais da Companhia de Pesquisas
e Recursos Minerais, Andréa Germano, o Brasil
concentra em torno de 12% da água doce do
mundo disponível em rios e tem o maior rio
em extensão e volume do Planeta, o Amazonas. Apesar disso, a água limpa está cada vez
mais rara na Zona Costeira e a água de beber
cada vez mais cara. Essa situação resulta não
só do desperdício mas dos processos de urbanização, industrialização e produção agrícola, que são incentivados mas pouco estruturados em termos de preservação ambiental
da água. Apesar da importância para saúde e
meio ambiente, o saneamento básico no Brasil está longe de ser adequado. Mais da metade da população não conta com redes para
coleta de esgotos e 80% dos resíduos gerados
são lançados diretamente nos rios, sem nenhum tipo de tratamento. Enchentes, lixo,
água sem tratamento e doenças têm uma relação estreita. Diarréias, dengue e malária, que
resultam em milhares de mortes anuais, especialmente de crianças, são transmitidas por
água contaminada com esgotos humanos,
dejetos de animais e lixo.
Medidas alternativas
No bairro Camaquã, pessoas usam água potável para varrer a rua
Universo IPA | Dezembro 2007
Fotos: Andréa Barilli
32
A água disponível no território brasileiro é
suficiente para as necessidades do país, apesar da degradação. Seria necessário, então,
mais consciência por parte da população no
uso da água e, por parte do governo, um
maior cuidado com a questão do saneamento e abastecimento. Por exemplo, 90% das
atividades modernas poderiam ser realizadas
com água de reuso que apesar de não ser própria para consumo humano, poderia ser usada, entre outras atividades, nas indústrias, na
lavagem de áreas públicas e nas descargas
sanitárias de condomínios. Além disso, as novas construções – casas, prédios, complexos
industriais – poderiam incorporar sistemas de
aproveitamento da água da chuva, para os
usos gerais que não o consumo humano.
O problema atual e futuro de escassez de
água na maioria dos países, com exceção daquelas regiões do planeta em que há limitações naturais, está mais ligado à qualidade do
que à quantidade de água disponível. A água
existe, porém encontra-se cada vez mais comprometida em função do mau uso e da gestão
inadequada deste recurso.
Segue, ao lado, entrevista com a Gerente
de Hidrologia e Gestão Territorial da Companhia de Pesquisas e Recursos Minerais (CPRM),
Andréa Germano:
“Acredito que, em 30 anos,
teremos que reduzir muito
no desperdício e fazer
muitos investimentos no
tratamento de esgotos”.
Universo IPA - Existem países em que
o racionamento da água já chegou. Quanto tempo você acredita que lavará para
chegar ao Brasil?
Andréa - Sim, muitos países sofrem com
o racionamento. Em casos isolados já passamos por esta situação no Brasil.
Universo IPA - Que dicas você daria para que a população se conscientize e comece a poupar esse bem tão precioso que
se tem e que em breve pode acabar?
Andréa - Economizar água deveria ser
matéria obrigatória nas escolas, existem pequenos gestos que fazemos no dia a dia que
dão efeito como: fechar a torneira durante a
escovação e durante a lavagem das louças,
usar balde e não mangueira para lavar carros,
jamais varrer a rua com a água da mangueira,
mas o ideal mesmo é que a população cobre
de nossos governantes o tratamento de esgotos evitando assim, a morte de nossos rios.
NA LAVANDERIA
- U se a máquina de lavar com a carga máxima e
evite o excesso de sabão, que aumenta o número de enxágües.
- Ao esfregar as roupas, mantenha a torneira do
tanque fechada e abra somente para enxaguar.
NO BANHEIRO
- Tente tomar banho em cinco minutos. A cada
minuto mais 20 litros de água vão embora pelo ralo.
- Feche a torneira quando for escovar os dentes
ou fazer a barba.
- Mantenha as válvulas da descarga sempre reguladas. Não use a privada como lixeira ou
cinzeiro e nunca acione a descarga à toa pois
ela gasta muita água.
NO JARDIM
- Ao esfregar as roupas, mantenha a torneira
do tanque fechada e abra somente para enxaguar.
-M
olhe o jardim com regador. Não regue as
plantas nas horas quentes do dia. A água evapora antes mesmo de atingir as raízes.
- Se você tem uma piscina de tamanho médio
exposto ao sol e à ação do vento, você perde
aproximadamente 3.785 litros de água por
mês por evaporação, Com uma cobertura (encerado, material plástico), a perda é reduzida em 90%.
mei o ambi e nte
Andréa Barilli
NA COZINHA
- Não lave a louça com água corrente. Passe rapidamente água nas louças, ensaboe os pratos
e utensílios. Abra a torneira somente para enxaguar. No caso de máquina de lavar louça ou
roupa só utilize quando estiverem cheias.
- Na higienização de frutas e verduras, ponha
um tampão na pia ou use um recipiente. Coloque água sanitária de uso geral (uma colher de
sopa para um litro de água, por 15 minutos).
Depois, coloque duas colheres de sopa de vinagre em um litro de água e deixe por mais 10
minutos, para inativar o gosto do cloro e retirar a sujeira. Sempre com a torneira fechada!
m ei o a m b i e nte
Escassez de água atingirá 60% da população do mundo em 2025
DICAS PARA ECONOMIZAR
OUTRAS DICAS
- U se balde ao invés de mangueira para lavar o
carro.
-Jamais use água para varrer a calçada! Saber
utilizá-la com moderação é uma questão de
educação.
-Cuidado com vazamentos! Uma torneira pingando consome 46 litros de água por dia e, num
mês, 1.380 litros!
É possível notar a escassez de água em alguns locais
Artigo publicado no site Terra Notícias
Cerca de 60% da população mundial viverá em
regiões com escassez de água em 2025, caso se mantenha seu atual ritmo de consumo, segundo dados
divulgados nesta quarta-feira pela ONU em Genebra.
Por ocasião da celebração do Dia Mundial da Água o
escritório das Nações Unidas em Genebra alertou que
“combater a escassez de água é um dos maiores desafios do século XXI”. Segundo o Conselho para o
Acesso à Água e a Recursos Sanitários (WSSCC),
cada continente possui zonas com déficit de água
ou com grandes dificuldades de acesso por causa
de fenômenos ambientais, como as secas, combinados com um maior consumo derivado do crescimento global da população e do desenvolvimento
econômico. Por isso, mais de um sexto da população mundial (1,1 bilhão de pessoas) não dispõe de
um acesso garantido e acessível a esse recurso natural. “Até mesmo em lugares onde aparentemente
há água suficiente, os pobres têm dificuldades para
ter acesso a ela”, denuncia o organismo. A diretoraexecutiva do WSSCC, Joan Lane, alerta que “as doenças relacionadas com a água, dentre as quais a
diarréia, são a principal causa das mortes entre as
crianças e matam muito mais do que a aids”.
Universo IPA | Dezembro 2007
mmei
ei o aomambi
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Água potável será raridade
Universo IPA - Você tem alguma idéia
de como se deve usar a água daqui há
30 anos, devido ao desperdício dos dias
de hoje?
Andréa Germano - A quantidade de
água no mundo é sempre a mesma. Temos
problemas hoje porque a população mundial
vem crescendo muito nos últimos anos, para
piorar não cuidamos de nossos rios temos
problemas de qualidade de água. Acredito
que, em 30 anos, teremos que reduzir muito
no desperdício e fazer muitos investimentos
no tratamento de esgotos.
33
Sala Verde: biblioteca com acervo pessoal de Dona Judith
Thaís Medeiros
Cidadã Honorária, que Judith realizou grandes projetos.
Dona Judith adorava a cidade de Rio Grande. Adorava passar temporadas na Estação Ecológica do Taim. Tinha Prazer em
levar seus alunos amigos para conhecer e conviver com a natureza.
Por ter participado das primeiras expedições brasileiras a
Antártida, teve em Rio Grande, enorme colaboração na organização do Museu Antártico. O museu é o primeiro da América
do Sul voltado a observação do continente Antártico. Com instalações idênticas as utilizadas na base Comandante Ferraz (estação do Brasil, inaugurada no dia 6 de fevereiro de 1984, localizada na Ilha Rei George, no Arquipélago Shetland do Sul). No
cartaz de apresentação, encontrado na entrada do Museu, Dona Judith declara: “Defrontava-se o Brasil, há pouco mais de uma
década, com a incomparável grandeza da Antártida. É para partilhar convosco essa vivência -se projetando agora no futuroque este Museu vos abre suas portas”. Durante essas expedições
criou o programa Asas Polares, que visa proteger áreas de pouso e reprodução de aves marinhas migratórias. Também prestava consultoria aos Museus Oceanográfico Professor Eliezer de
Carvalho Rios e Eco Museu da Ilha da Pólvora.
Ainda dessa cidade, Dona Judith criou e organizou o projeto Meninos do Mar, voltado para crianças e adolescentes carentes, promovendo oficinas profissionalizantes. Outro Projeto dela era Mar de Dentro, que mesmo após sua morte continua
atuando com o objetivo de despoluir e preservar as águas da
Lagoa dos Patos e seus ecossistemas. Junto a Fundação Universidade do Rio Grande (Furg), entre outros projetos, fez parte do
Programa de Pós-Graduação em Educação Ambiental (PPGEA),
mei o ambi e nte
Condecorção ao Mérito Cultural em 2003
Adriana Lobo
Maria Judith Zuzarte Cortesão, mais conhecida como Dona
Judith, foi uma mulher à frente de seu tempo. Em uma época
em que não se falava em aquecimento global e preservação da
natureza ela lutava pela causa ambiental. Acreditava no amor e
convivência com a natureza como algo primordial para a existência humana. Ser condecorada pela National Aeronautics and
Space Administration (Nasa) e com a Ordem do Mérito Cultural,
em 2003, receber o prêmio Cláudia Mulher do Ano 2007, não
modificou a sua simplicidade e desprendimento material.
Nascida em 30 de dezembro de 1914, em Portugal, Dona
Judith não teve uma vida habitual. Aos 17 anos teve de o deixar
seu país para acompanhar seu pai, o médico, político, escritor e
historiador Jaime Cortesão. Era o ano de 1931 e Portugal estava
sobre o regime ditatorial de António de Oliveira Salazar, que só
cairia em 25 de abril de 1974, através da Revolução dos Cravos.
Viveu exílada, junto de sua família, em países como Espanha,
França, Bélgica, Inglaterra, Peru, Uruguai e também Brasil.
Foi nesse período em que conheceu o filósofo e literato português Agostinho da Silva. Ele encontrava-se na mesma situação: exilado de Portugal e colaborou com uma pesquisa de seu
pai sobre Alexandre de Gusmão, além de ajudá-lo a Exposição
Do Quarto Centenário da Cidade de São Paulo. De volta a Portugal casaram-se e tiveram oito filhos, sendo dois deles adotivos.
Após voltar a seu país, Judith veio muitas vezes ao Brasil. Até
que na década de 1990, deixou os seus filhos em Portugal e se
estabeleceu na cidade de Rio Grande, no interior do Rio Grande
do Sul. Dona Judith dizia que não estava deixando os seus filhos,
pois eles estavam em seu coração e iriam com ela para onde
fosse. Foi nesta cidade, onde mais tarde receberia o título de
que tem por objetivo formar educadores ambientais nas mais
diversas áreas de atuação, além de ser o único curso de pósgraduação em Educação Ambiental Marinha do Brasil. Dona
Judith dizia que “a ameaça á qualidade de vida é tão grande que
não podemos ficar de braços cruzados nem atuar individualmente. Precisamos capacitar quadros e formar ecólogos, que,
por princípio, sempre serão pacifistas. O importante é que o
homem seja jardineiro da natureza, não usuário”.
Em sua homenagem a Furg conta hoje com a Sala Verde
Judith Cortesão. Uma biblioteca setorial com materiais referentes ao meio ambiente e ecologia. Além do a biblioteca do Programa de Pós-Graduação em Educação Ambiental (PPGEA) e
de livros recebidos do Ministério do Meio Ambiente a Sala Verde Judith Cortesão conta com a biblioteca pessoal da ambientalista. Segundo Cláudio Renato Moraes, amigo íntimo de Dona
Judith, muitos de seus livros se perderam. Ela disponibilizava a
sua biblioteca para os seus alunos e colegas e muitos não devolviam ou perdiam os livros.
O trabalho de Dona Judith foi muito além do município de
Rio Grande. Ela foi fundadora, conselheira e consultora da ONG
S.O.S. Mata Atlântica, fundada em 1986. Também colaborou
com o Instituto Acqua. Foi assessora de Política Ambiental do
Ministério do Meio Ambiente. Representante do Brasil em encontros internacionais relacionados às questões marinhas. Em
colaboração com o Serviço do Patrimônio Histórico e ArtísticoNacional (SPHAN), foi representante deste no Pantanal e diretora do Centro de Estudo Terra/Homem. Assessorou a Marinha
do Brasil em questões a bientais.
Em colaboração com a Rede Globo idealizou dez filmes da
série Viva o Mar, Viva o Povo que Vive do Mar. Foi ainda a criadora do programa Globo Ecologia, que ainda hoje é veiculado
pela Rede Globo e pelo Canal Futura.
Apesar de sua principal área de atuação, o ambientalismo
e a ecologia não foram as únicas áreas de atuação de Dona
Judith. Em Rio Grande colaborou com a Casa Judith Cortesão
dos Povos de Língua Portuguesa, além do centro de história e
pesquisa da cultura luso-portuguesa. Ambas localizadas no Sobrado dos Azulejos, antiga construção Portuguesa da cidade,
famosa pela beleza de seus azulejos trabalhados.
Era formada em Medicina, Antropologia, Letras, Biblioteco-
m ei o a m b i e nte
sosmatatlantica.org.br
Universo IPA | Dezembro 2007
a verdadeira
mãe natureza
Thaís Medeiros
Judith Cortesão:
nomia, Metereologia, Climatologia e Biologia. Tinha especialização em Neuroendocrinologia, Genética e Reprodução Humana. Lecionou em 16 universidades pelo mundo inteiro. Idealizou
o Centro de Informação e Formação de Médicos e Cirurgiões
de Doenças do Aparelho locomotor de Brasília, no Hospital Sarah Kubitchesck. Falava 14 idiomas, entre elas o árabe, esperanto e chinês. “Judith dizia que o cérebro tem fome de aprender,
e que todo mundo deveria saber mais de três idiomas, sendo
que espanhol e inglês não contavam, por que já se devia nascer
sabendo”, lembra o professor Cláudio Renato Moraes.
Escreveu 16 livros, entre eles Pantanal, Pantanais e Juréia.
Também participou da elaboração de seis filmes, como Taim,
sobre a reserva que tanto adora.
Na cidade de Ilópolis, município do interior do Rio Grande
do Sul, Dona Judith fez uma revolução ecológica. Dizia não conhecer outro lugar que tivesse um perfil tão adequado para ser
reconhecido como município ambiental. Afirmou que “a natureza de Ilópolis é rica, a quelidade do ar é excepcional e, mais
importante, há empenho dos moradores em preservar tudo
isso”. Conhecido hoje como ‘condado verde’, a cidade tem hoje
63% de Mata Atlântica preservada, além de ter aterro sanitário
e tratamento especial para limpeza e para a manutenção dos
lençóis freáticos.
Ela investiu naquilo que mais acreditava: educação ambiental, que passou, então, a fazer parte do currículo escolar da cidade. As crianças entraram em contato com a natureza, aprendendo a cuidar e conviver com o meio ambiente. Em entrevista a revista Mundo Jovem afirmou: “A criança ambientalizada
constitui hoje, sem dúvida, a promessa, a maior força de esperança de um futuro em que haja mais dignidade para todos os
seres e mais paz entre os homens”.
Dona Judith, que tinha por um de seus lemas de vida “servir
é o mais importante; em seguida vem o compadecimento, depois o maravilhar-se com a natureza e só então o saber”, passou
o final de sua vida em Rio Grande. Por causa da diabetes e do
Mal de Parkinson não tinha a mesma força de lutar. A sua garra
porém, se mantinha a mesma. Tentava ser escutada dentro da
universidade. Queria sempre aprender mais e ensinar mais ainda. Desejou sempre viver em contato e harmonia com a natureza. Os seus últimos dias de vida se passaram em Genebra,
Suíça. Faleceu aos 93 anos, no dia 26 de setembro de 2007, ao
lado de seus filhos.
35
A economia do Estado pode ser dividida
em três Macrorregiões: Sul, Norte, Nordeste.
Cada uma delas com as suas atividades de
destaque.
A região Sul possui formação predominantemente agropecuária baseada principalmente na grande e média propriedade, ocupadas com atividades pecuárias tradicionais e
mais recentemente com atividades orizículas.
As divisões espaciais encontradas estão associadas a centros urbanos tradicionais, como
Santa Maria, Pelotas, Rio Grande e as cidades
localizadas na área de fronteira.
Santa Maria destaca-se pela hierarquia e
funções urbanas que desempenha. Historicamente, tem uma posição significativa nas atividades de comércio e serviços, principal-
mente nas áreas de saúde e educação. Dessa
forma, tornou-se um importante centro regional, atraindo o capital originário das atividades
agrícolas dos centros periféricos menores.
As cidades de Pelotas e Rio Grande têm,
além do setor terciário, a presença do capital
industrial, mesmo apresentando um crescimento menor que a média do Estado. Isto
deve-se, principalmente a existência do Porto
de Rio Grande, por onde passam boa parte
das exportações gaúchas.
Junto à fronteira do Uruguai e da Argentina: Chuí/Chuy, Jaguarão/Rio Branco, Santana do Livramento/Rivera, Quarai/Artigas, Uruguaiana/Passo de Los libres, Itaqui/Alvear e
São Borja/Santo Tomé. Localizadas numa das
áreas mais estagnadas do Estado, essas cidades são dotadas de algumas peculiaridades
que distinguem das demais. Possuem áreas
urbanas integradas, estão nas chamadas rotas
de transporte do Mercosul e por terem economias complementares sofrem influências
das flutuações cambiais.
O assessor parlamentar da Assembléia Legislativa, Jandir Andreatta, indaga que, questões como a extensão dos municípios e os
dois principais setores de produção da economia estarem em crise, podem ser as causas
do momento vivido pela Metade Sul. “Além
disso, as cidades da fronteira são pontos fortes
da economia regional. A partir da criação de
universidades e a chegada de novas fábricas
nestes localidades a população sente-se estimulada a permanecer em suas moradias, não
sendo obrigado a buscar seu futuro em outros destinos”, conta Andreatta.
A região Norte, também baseada na atividade agropecuária e agroindustrial, caracteri-
Estrutura do valor bruto da produção da
agropecuária do Rio Grande do Sul - 1985 a 2004
Universo IPA | Dezembro 2007
Efetivo de bovinos no Brasil - 2001 a 2003
36
Fonte: FEE/Núcleo de Contabilidade Social.
(*) Inclui Silvicultura, extração vegetal, produção particular do pessoal residente, indústria rural, energia elétrica, investimento no plantio de matas, serviços agrícolas e autônomos.
ec onomi a
Leonardo Santos
ec onom i a
atividades
zada pela presença de pequenas e médias
propriedades, com produção diversificada,
destacando-se nas últimas décadas pela
grande participação da cultivo da soja.
Essa região apresenta características populacionais diferenciadas do restante do Estado. Possui grande quantidade de municípios
com número de população rural elevada e,
por isso, vem perdendo população para as cidades que os polarizaram, e também para a
Região Metropolitana de Porto Alegre. Destacam-se dois recortes espaciais significativos:
o primeiro formado pelas cidades de Horizontina, Santa Rosa, santo Ângelo, Ijuí, Cruz Alta,
Panambi, e o segundo por Carazinho, Passo
Fundo e Erechim.
Esses recortes diferenciam-se dos demais
pela grande produção industrial, vinculada a
agricultura. Além da presença de agroindústrias do setor alimentar, a região se destaca
pela presença de indústrias metal-mecânicas,
principalmente de implementos agrícolas.
A cidade de Passo Fundo possui também
um papel importante na hierarquia urbana do
Estado, concentrando importantes serviços
especializados, principalmente na área da
educação e da saúde.
Segundo o economista da Fundação de
Economia e Estatística, Antônio Carlos Fraquelli, após o período de estiagem, a região
está numa crescente. No ano passado, o Norte do Estado obteve bom desempenho e a
perspectiva para 2008 é de uma supersafra.
Fraquelli salienta que nos últimos sete trimestres a localidade teve um ótimo crescimento
Fonte: FEE - 2006. Municípios com maior participação no VAB industrial - 2003
no setor da indústria. “Canoas, Caxias do Sul e
Pelotas são os três municípios chaves da economia do Estado”, fala o economista, fazendo
uma pequena análise da situação geral do Rio
Grande do Sul.
Nordeste
No Nordeste do Estado aparece a indústria como o seu setor mais influente. Constituído pelo eixo Porto Alegre-Caxias do Sul
e áreas ao seu entorno, onde a partir do início do século começou a implementar-se
um parque industrial diversificado que rapidamente suplantou a agricultura e assumiu
papel hegemônico como base da economia local.
A aceleração do crescimento da indústria, ao longo deste século, foi responsável
pela última grande mudança na configuração espacial da economia gaúcha. O Nordeste do Estado (mais notadamente, a área em
torno do eixo Porto Alegre-Caxias do Sul),
passou com a expansão do seu parque industrial, do restante da região de agricultura colonial diversificada, que cobria então a maior
parte da metade Norte do Rio Grande do Sul.
O progressivo acúmulo de economias externas de localização e de urbanização encarregou-se de atrair um número cada vez maior
de novos empreendimentos manufatureiros
para essa área, à medida que, no Rio grande
do Sul, também ocorria o aproveitamento de
oportunidades de substituição de importações, que resultou na industrialização do país.
Como conseqüência, Nordeste veio a caracterizar-se como região industrial por excelência do Estado.
Para o economista e professor da Universidade Federal do Rio Grande do SUl(UFRGS),
Pedro Bandeira, após a chegada dos imigrantes alemães nos municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre, depois a vinda dos
italianos para a Serra, o setor da indústria obteve grande crescimento. Tornando-se hoje a
mais importante região do Estado. “Caxias e
Bento Gonçalves aparecem como ponto forte
da Serra, uma por ser dinâmica e a outra pela
indústria de móveis”, diz Bandeira.
Universo IPA | Dezembro 2007
onomi
ecec
onom
ia a
Regiões apresentam as suas
Panorama com
opiniões e destaques
de alguns municípios
do Rio Grande do Sul
37
moda
O modelo
ideal para
cada tipo
de corpo
Cinema
Vai curtir um cinema com as amigas ou
com o namorado? Invista num modelo
estilo brechó, como um exemplo
a velha e tradiconal boina.
Fotos: Luiza Borges
m oda
mmoda
oda
Moda
O que
usar?
38
Ter estilo é como um sentido – tato, olfato,
paladar – uma característica presente em todos, em uns mais, outros menos, mas todo
mundo pode desenvolver o seu. Segundo o
consultor de moda, Fabiano Biazon, “somos o
que vestimos, ou seja, características da nossa
personalidade são expressas através do tipo
de roupa que usamos, lembrando que não
estamos falando de “marca”, mas sim de estilo!”. No dicionário a palavra estilo tem o significado - conjunto de qualidades de expressão
características de um setor ou de uma época.
Estilo é diferente de moda, vem de dentro pra
fora, a moda passa o estilo não. Para encontrar
o seu estilo é preciso conhecer e aprender a
combinar a sua personalidade com o seu visual. Portanto não adianta copiar o jeito de
outra pessoa se vestir porque acha bonito,
pois pode não dar muito certo, cada um tem
a sua personalidade. É preciso tempo e autoconhecimento para criar seu próprio estilo.
Você tem que ter o seu estilo, mas isso não
significa que precisa ignorar as regras do lugar
ou da situação para onde vai. Quem nunca
passou horas na frente do guarda-roupa com
a dúvida de o que usar em certa ocasião? Para se obter uma boa produção exige-se uma
grande dose de sensatez, ou seja, aquela linda
peça de roupa que escolheu em seu guardaroupa pode virar um desfile de moda ou um
grande fracasso. Portanto, antes de sair para
qualquer local é totalmente indispensável
checar se estamos de acordo com o objetivo
e, muito importante, diria de importância total para o seu bem, estar em completa harmonia com o tipo físico. Independente do que
você gosta, existe o que lhe cai bem. É difícil
ter estilo quando você está usando peças que
desvalorizam seu corpo. Para isso é preciso
chamar a atenção nas vantagens e esconder
as desvantagens.
Muito peito
Decotes retos e geométricos porque
minimizam o volume. Evite decotes
arredondados ou com babados,
que aumentam o volume.
Quadril Largo
Calças retas diminuem o volume do quadril,
sobreposição de vestidos também funciona.
Evite usar cinto grosso na altura do quadril.
Gordinhas
Roupas estruturadas, como camisas
e jaquetas caem bem. Calças retas
e sapatos que deixam os tornozelos
livres. Evite usar roupas molengas
porque ressaltam as gordurinhas.
Almoço com a sogra
Vai conhecer a mãe do seu namorado?
Então não se vista para ele. Seja mais
discreta. As listras são clássicas. As
calças curtas dão um toque esportivo
e o saltinho feminino equilibra.
Seu aniversário
Este é o dia da sua festa. Por isso merece vestir
um modelo exclusivo: um vestido lindo, estampado
que te destaque. Coloque aquele salto-alto e ponha
as pernas de fora. Capriche na maquiagem, você
tem que brilhar mais que todas.
Magrelas
Roupas com estampas aumentam o volume e
botas de cano médio, porque engrossam as pernas.
Na praia, o maiô é mais indicado que o biquíni.
Evite roupas escuras, pois dão impressão de emagrecer.
Baixinhas
Salto alto (lógico) e decote “v” para alongar o corpo.
Se for esbelta, pode usar tudo. Para as gordinhas,
a saia tem que estar acima do joelho. Evite listras
horizontais largas e bicolores, cinto grosso
e calça curta porque achatam.
Festa Formal
Como exemplo uma festa de casamento.
Os vestidos longos são clássicos, sejam eles
lisos ou babados. O segredo é não chamar
a atenção mais do que a noiva.
Shows e Raves
Um visual mais despojado cai bem em dias de baladas
intensas. Botas sem salto, ou plataforma evitam dores
nos pés. O short é mais seguro e confortável do que a
mini-saia. Boinas e óculos escuros dão o toque final.
Shopping
Quer encarar as compras com um look confortável?
Use uma calça jeans e camiseta com um
toque fashion nos acessórios (como a maxibolsa
prata), faça um coque nos cabelos, deixando
uns fios soltos. Use argolas e pulseiras.
Universo IPA | Dezembro 2007
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Luiza Borges
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A lei da atração
O
poder
do
pensamento positivo!
Universo IPA | Dezembro 2007
Diéli Fontoura
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Você pensou se todas as coisas que você
quer viessem até você através da força do
pensamento? Como seria fácil a sua vida. Pois
segundo psicólogos e filósofos de atualmente, isso é possível sim! Pela da Lei da Atração.
Essa lei diz que “tudo o que você pensa você
atrai”. Seja bom ou ruim. Portanto, cuidado
com o que você anda pensando.
A Lei da Atração é uma teoria que sugere
que os pensamentos, sejam eles de origem
positiva ou negativa, se traduzem em realidade para as pessoas que cultivam e acreditam
neles, através de um campo magnético que
criam. Ao imaginar o que se quer é irradiada
para o exterior uma energia, que atrai as pessoas e situações como se fosse um imã. Essa lei
se apóia em conceitos da física quântica, que
diz que tudo é energia. Vive-se em um universo vibracional, mas o homem só pode atrair o
que está na mesma vibração que ele. Por
exemplo, as pessoas vivem dizendo que querem ficar ricas, que precisam de dinheiro.Mas
não pensam positivamente sobre isso, elas
pensam “estou sem dinheiro” ou “sou pobre” e
isso só faz o dinheiro se afastar mais delas. Por
que o que você pensa, é o que você atrai. Elas
deveriam pensar “terei dinheiro para tudo o
que eu quiser”. E acreditar fielmente nisso.Muitas pessoas reclamam que mesmo que penando positivamente não conseguem atrai o que
desejam, provavelmente por que não colocam uma fé inabalavel nas suas orações.
A Lei não escolhe o bom ou o ruim, ela só
entende que o que você deseja é uma ordem
e faz acontecer. O seu subconsciente capta o
que o seu consciente envia e coloca em prática, por isso psicólogos indicam pensar sempre coisas boas. Você deve ter ouvido alguma
vez alguém dizer “eu como de tudo e não engordo!” Por que será?Porque o organismo dessa pessoa só está cumprindo ordens. Está pré-
estabelecido que ela não vai engordar.O desejo e o medo são sentimentos que atraem
tanto aquilo que se pretende como o que se
teme. Por isso, a forma de evitar o indesejado
é não lhe dando importância. O medo tem
uma força de atração muito grande e deve ser
evitado em todos os casos. Se em alguma situação você pensar que não vai conseguir ou
que está com medo, trate logo de substituir
esse pensamento e prender a sua mente em
algo tranquilo e que faça você se sentir melhor. Seus sentimentos são uma indicação dos
seus pensamentos. Você tem aproximadamente 60 mil pensamentos por dia, é praticamente impossível controlar todos eles, mas se
você prestar atenção nos seus sentimentos,
verá que fica mais fácil.
O segredo
Recentemente foi lançado no Brasil o livro
“The Secret- O segredo” de Rondha Byrne, que
explica tudo sobre a lei da atração. No livro a
autora afirma que você é responsável por tudo
o que acontece na sua vida. Sendo bom ou ruim.
E agora você pensa “eu não pensei em atrair nada ruim”, você pode não ter pensado, mas se
algo de ruim aconteceu é porque em algum
momento você duvidou que daria certo.
O professor de psicologia do Centro Uni-
versitário Metodista IPA, Felipe Aço, acha que
a lei não é tão eficaz ou relevante: “Certamente pessoas motivadas e com pensamento positivo (auto estima elevada) tem muito mais
possibilidades de concretizar o que idealizam,
do que aquelas que não creem em si mesmas
(baixo estima) e que acreditam que o mundo
não lhes deixa ser feliz.” Este princípio de “construir a própria realidade” serve à sociedade
individualista e ocidental, surge para justificar
as injustiças e os motivos por que as pessoas
sofrem ou são fracassadas. E muitas vezes
também para justificar a exploração de uns
sobre os outros”.
O poder da mente
Não é de hoje que as questões sobre o
poder da mente estão em pauta. Há 22 anos,
Lauro Trevisan lançou um livro chamado “O
PODER INFINITO DA SUA MENTE 1”, que chegou 2,5 milhões exemplares em todo o Brasil.
Trevisan é formado em Filosofia com pós-graduação, Psicologia, Teologia, História, Jornalismo, Psicanálise Clínica, Pedagogia entre outros cursos. É um dos mais destacados nomes
da ciência do poder da mente e auto-ajuda
que há tanto tempo tenta ajudar as pessoas a
viver melhor.
O seu livro fala de como melhorar a sua
vida em todos os aspectos e principalmente,
como ser mais feliz ou conseguir o que se deseja. Demonstra de forma clara o mecanismo
da mente, do inconsciente para tornar realidade tudo que se pensa. Ele indica as pessoas
para pensarem só em sucesso, alegria, saúde,
tranquilidade, dinheiro e o que desejam de
bom para as suas vidas. Porque o que se pensa ACONTECE. Exatamente como se imagina.
Ensina em detalhes como realizar desejos
através do poder infinito que contém inconsciente de cada um. E, explica por que não
acontecem também, mesmo quando é utili-
Com o boom do livro “O segredo” surgiram
vários outros que se encaixam nessa linha de
pensamento positivo, entre eles o próprio “A
lei da atração - O segredo colocado em prática”, de Michael J. Losier.
Losier afirma que todas as pessoas fazem
parte de um Universo Abundante e vibrante
que fornece tudo o que as pessoas precisam
o tempo todo. Tudo está à disposição, só é
preciso atrair o que se deseja de melhor. Ele
diz que não existe nada que impeça as pessoas de ter, ser, ou fazer o que se quer, basta
querer. Mas tem que vir do fundo do coração,
com fé, ou então talvez não funcione. Com
páginas específicas e detalhadas sobre a Lei
da atração o objetivo é fazer com que sua
mente trabalhe em função de seus desejos,
transformando-os em breve realidade. Perceberá que além de ser uma pessoa essencial
perante o Universo é também, um ser provido
de um dom extraordinário que pode mudar
não só a sua vida, mas também a de outras
pessoas que estão a sua volta.
Os mais vendidos
Na livraria cultura, nos dez livros mais
1º
O segredo
Rondha Byrne
2º
Lei da atração
li teratur a
e O Segredo estão em disparada:
li teratur a
vendidos de auto-ajuda a Lei da atração
Michael Losier
3º
Peça e será atendido
Jerry Hicks
4º
O poder do agora
Eckhart tolle
5º
O caminho do
guerreiro pacífico
Dan Millman
6º
A lei universal da atração
Jerry Hicks
7º
Só depende de você
Joel Osteen
8º
As sete leis
espirituais do sucesso
Deepak Chopra
9º
O despertar de uma
nova consciência
Eckhart Tolle
10º
Mulheres falam isso, homens entendem aquilo
Hilke Steinfeld
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teratur
a
lili
teratur
a
Anna Júlia Kessler
zada essa técnica, as pessoas não desejam
com fé, ou não acreditam fielmente no que
querem e até muitas vezes nem sabem o que
querem, e isso faz o processo dar ré e não
acontecer. Algumas não acham que são merecedoras de todos os bens que existem ou
que nasceram para sofrer. Trevisan explica
que ninguém veio ao mundo para sofrer ou
para ser martirizado, as pessoas tem o que
atraem para as suas vidas.O Escritor publicou
em 2003, O PODER INFINITO DA SUA MENTE
II, acrescentando pesquisas, estudos e descobertas feitas sobre as potencialidades humanas. É um livro para transformar a vida de
quem lê.
41
Alegre, a taxa de crescimento de carros foi quase cinco vezes maior do
que a de pessoas , sem que esse cres-
Fotos: Sandro Pereira
cimento tenha sido amparado em
obras viárias de porte. O resultado é
o congestionamento crescente das
vias. São 51 novos veículos que diariamente são emplacados na Capital.
Soluções
Hoje já existem 612 mil veículos circulando, segundo informa o Detran.
Universo IPA | Dezembro 2007
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Apesar do movimento intenso do trânsito, em relação ao ano passado caiu o número de vítimas
7424
7051
Para especialistas, estão claras as soluções para o trânsito de Porto Alegre: um
sistema de transporte coletivo fortemente
sustentável e um sistema viário estruturado para permitir a sua hierarquização, priorizando o coletivo. Se a pressão da demanda aumentar, novas medidas restritivas,
como o rodízio, terão de ser tomadas. O
custo coletivo disso é muito alto. É melhor
ter espaços públicos de convivência do
que viadutos ou avenidas largas.
O diretor-técnico do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), Renato Rohden,
assinala que o automóvel se transformou
em um dos bens mais preciosos da população e culpa os vários governos federais
pelo incentivo a esse tipo de transporte. Ele
considera que o aumento da frota traz um
problema de difícil solução para as autoridades, sobretudo na Região Metropolitana.
“A saída é ônibus ou trem. Se todos os 1,2
milhão de carros inventassem de se dirigir
para o centro da Capital num dia, jamais
conseguiríamos desatar o nó”, alerta.
Sandro Pereira
Em declaração ao jornal Zero Hora, dia
14 de outubro, José Wilmar Govinatzki, diretor de Trânsito e Circulação da Empresa
Pública de Transporte e Circulação (EPTC),
admite que o trânsito na capital gaúcha “vai
piorar...”. Govinatzki realmente tem motivos
para se preocupar: a Associação Nacional
dos Fabricantes de Veículos Automotores
(Anfavea) informa que o Brasil vai bater,
neste ano, o recorde nacional de venda de
veículos. Em meio a esse aquecimento, esperam-se para breve, anúncios de grandes
investimentos destinados a dar conta das
encomendas; só a General Motors deve fazer um aporte de mais R$ 1 bilhão. Essa boa
notícia para o emprego significa, ao mesmo tempo, um risco de colapso urbano e
danos à qualidade de vida. É veículo demais para que as ruas saturadas do trânsito
porto-alegrense dar conta.
E pensar que a história do trânsito automotor na Capital começou de maneira
quase anedótica: o primeiro carro que circulou nas ruas da cidade, em 1906, foi um
De Dion Bouton, importado da França pelos irmãos Grecco, proprietários do cinema
Apollo. Só que o único homem que sabia
dirigir na cidade estava preso na casa de
correção. Através de um pedido oficial, os
Grecco se responsabilizaram e conseguiram a liberação do detento. Ele levou-os
para circular pelo centro da Capital, onde
posaram para fotos. Logo depois o preso
voltou para a cadeia. Cento e um anos depois existem mais de 600 mil carros rodando pela Capital.
Além de atrasar o cotidiano de todas as
Os cruzamentos com maior grau de acidentalidade no trânsito neste primeiro semestre foram a Ipiranga x Salvador França,
42 acidentes; Ipiranga x Silva Só, com 36;
Ipiranga x Azenha e Ipiranga x João Pessoa,
com 20 acidentes, além da Sarmento Leite
com Osvaldo Aranha, com 17. Quanto às
vias, a Av. Assis Brasil liderou em acidentes,
com 291, ocorrendo quatro mortes. Seguem-se a Protásio Alves, com 265; Ipiranga, com 233; Bento Gonçalves, com 219; e
Sertório, com 159 acidentes. Ocorreram 149
mil multas de janeiro até início de junho.
A cada dia entram em circulação 51 novos veículos em Porto Alegre.
A última grande avenida criada, a Beira-Rio, é do final da década de 80
pessoas que dependem do trânsito para se
locomover, ele causa prejuízo material e
morte. Até setembro, morreram nas ruas
porto-alegrenses 107 pessoas este ano ( ver
gráfico). E o clima é de guerra no trânsito
de Porto Alegre: xingamentos, insultos, bate boca, agressões e buzinaços são constantes. Motociclistas passam “voando” pelos carros levando seu espelho sem olhar
para o lado ou para trás. O Sindicato dos
Fiscais de Trânsito, os populares “azulzinhos”, (Sintran) denuncia a falta de apoio,
equipamentos, condições de trabalho. De-
nuncia que não se realizam mais guinchamentos porque o depósito da EPTC está
superlotado.
Apesar desse quadro, o secretário municipal de Mobilidade Urbana, Luiz Afonso
Senna, a situação está melhorando: em relação ao último ano o número de vítimas baixou. “Aumentamos o efetivo de agentes nas
ruas, a quantidade de blitze do Comando de
Operações Especiais para combater os rachas nas madrugadas, obviamente resultando em mais autuações, além das constantes
ações de educação para o trânsito”, explica.
transp orte
uma explicação estatística. Em Porto
Porto Alegre
pode parar
tr a nsporte
motoristas da capital gaúcha têm
Pontos críticos
1278
152
1268
157
Alguns dos “vilões” do trânsito
Carroças irregulares
Uma em cada três carroças de tração
animal que circulam pelas ruas de Porto
Alegre diariamente está em situação irregular. O cadastro da Empresa Pública de
Transporte e Circulação (EPTC) registra 3
mil, mas estima-se que o trânsito da Capital recebe mais 1,5 mil carroceiros de outros municípios da Região Metropolitana.
Apenas os carroceiros de Porto Alegre recebem autorização da EPTC para circular. A habilitação é concedida mediante a apresentação de comprovante de residência e de identidade do condutor, de vistoria do veículo e de inspeção veterinária do animal. Por residir em outras cidades, a maioria dos “invasores” desconhece as regras de circulação de
Porto Alegre, provocando acidentes.
Protestos
O trânsito da Capital é caótico por natureza. Mas ele consegue piorar ainda mais
quando ocorrem protestos que fecham ruas,
principalmente na região central da cidade.
O ponto chave do município é a Avenida
Mauá, quando ela pára, a cidade praticamente pára junto, onde justamente é um
ponto tradicional de protestos na Capital.
Fotos: Divulgação
Falta de investimentos
A demanda de investimentos no transporte público na Capital ainda deixa a desejar. A saída seria fazer a segunda linha do metrô, para ligar o Centro à Zona Norte. O
custo aproximado é de R$ 6 bilhões.
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orte
trtransp
a nsporte
freqüentes a que são submetidos os
www.sxc.hu
As filas irritantes e cada vez mais
43
Ipiranga
Assis Brasil
Trecho complicado
Se localiza entre o Viaduto Obereci e a Rua
Roque Callage
Por que complica?
O esgotamento da rua para o tráfego já é
sentido de modo geral. No citado local, no
sentido Centro-bairro, a avenida agrega o movimentode carros de quem vem pela Plínio
Brasil Milano. Por perto também existe uma
parada de ônibus.
Trecho complicado
Se localiza no cruzamento da Silva Só e com
a Salvador França
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Por que complica?
Somado ao grande movimento de automóveis ao longo da própria Ipiranga, a primeira região também absorve os automóveis que pretendem ingressar na Silva Só com o objetivo de se
locomover à Zona Norte ou ingressar na Felipe de
Oliveira. O segundo local, dos carros que vêm da
Terceira Perimetral ou rumam para ela.
44
O que melhoraria a situação?
A construção obras de grande porte, como
viadutos, por exemplo.
O que está sendo feito?
Segundo a EPTC, a edificação de um viaduto
na esquina da Ipiranga com a Perimetral é uma
das prioridades para o órgão, entretanto, ainda
não há recursos até o momento.
Sugestão
A melhor alternativa é de evitar os horários
de pico ou sair com alguma antecedência.
O que está sendo feito
Ainda não há prazo para realização desta
obra, mas como contrapartida a um empreendimento em vias de realização perto da via pública, a Prefeitura Municiapl vai realizar a ampliação do tamanho da Avenida Grécia (paralela à Assis Brasil), que a capacitaria para comportar parte do fluxo atual que passam pelo local.
Claúdio Furtado
Qual a sua avaliação sobre a situação do trânsito neste final de ano em Porto Alegre? E que
ações a EPTC têm realizado para tentar fazer com
que esta situação fique melhor?
Para dezembro, mês tradicionalmente conflituoso na
circulação da cidade, a EPTC projeta diversas ações educativas, além das tradicionais blitze contra rachas. As atividades, basicamente com distribuição de folders e adesivos,
terão, como foco principal, buscar maior segurança para os
condutores de motos, os jovens e também os pedestres.
Baltazar de Oliveira Garcia
Trecho complicado
Fica no cruzamento com a Aparício Borges
Por que complica?
A existência de uma sinaleira de um minuto e meio de duração provoca congestionamento, tanto na Bento Gonçalves quanto na Terceira Perimetral
Etiqueta no volante do carro
- Evite, ao máximo, correções bruscas na direção do veículo.
- Ao cedermos a passagem, para quem recebe será uma
cortesia, mas para nós será uma garantia, um risco a
menos.
- A o dirigir, nossa atenção deve estar voltada apenas ao
trânsito. É assim que recebemos o máximo de informações visuais e auditivas.
-M
anter distância do veículo da frente é um diferencial.
Fica claro que o motorista sabe gerenciar riscos.
- O farol baixo é a melhor e mais segura iluminação.
Na sua opinião, os problemas de trânsito vão
se resolver através de ações pedagógicas ou ações
coer­citivas, como multas e apreensões?
Partimos pelas ações educativas, fiscalização e engenharia de tráfego houve uma redução na violência do
nosso trânsito. Vamos trabalhar muito para que esta sinalização de redução prossiga em dezembro, um mês tradicionalmente crítico em acidentes na Capital. E necessitamos do apoio de todos para alcançarmos os nossos objetivos, com mais segurança para motoristas e pedestres.
Túnel da Conceição
Trecho complicado - Fica entre as ruas Professor Emílio Kemp e
Tenente Ary Tarragô.
Por que complica? A lentidão no tráfego se deve a obras realizadas para o aumento de tamanho da pista da Baltazar, fazendo com que
ocorra diminuição da velocidade dos automóveis, ampliando os congestionamentos na área.
O que melhoraria a situação? Prevista para fevereiro, a conclusão
da obra de alargamento, resolveria parte dos problemas de trânsito do
local. Entretanto, a obra sofreu sucessivos atrasos por falta de recursos
financeiros. Outra media para agilizar o tráfego seria a implantação de
sinalização.
O que está sendo feito? O término do alargamento em setembro de
2008 – cerca de 19 meses depois da promessa inicial.
Sugestão - Ao menos até o final das obras na rua, o motorista que
não quiser se atrasar, deve sair com antecedência.
Aparício Borges
Sugestão
A única forma para ganrantir que não se atrase, é sair com antecedência, pois o congestionamento não se resume aos horários de pico ao
longo de boa parte da Assis Brasil.
- Olhe ao longe.
- Mantenha os olhos em movimento.
- Deixe sempre uma saída para si.
- Assegure-se de que esteja sendo visto pelos carros
próximos.
- Confire visualmente os dois lados de um cruzamento,
sempre.
- Em caso de chuva, os pneus precisam drenar a água
para as laterais e/ou empurrá-las para a frente. Se isso
não acontecer, ocorrerá a aguaplanagem.
“Dezembro é o mês crítico do trânsito”
tr a nsporte
Trecho complicado - Rótula da Encol
Por que complica? O tamanho de rótula (que tem 17 metros de extensão)
deveria ter, no mínimo, o dobro dessa extensão para poder dar conta ao trânsito ao tráfego carros que transitam nesta via. Não podendo comportar esse fluxo intenso de carros, ocasiona que os condutores acabem ficando presos aguardando a vez para entrar na rotatória.
O que melhoraria a situação? Uma vez que não existe a possibilidade de ampliação da rótula devido a ausência de espaço físico, a alternativa restante seria eliminá-la.
O que está sendo feito? Está ocorrendo num ritmo muito tímido um projeto que visa eliminar a rotatória e substituí-la por um sistema de sinaleira no
local. Não existe um prazo definitivo para que isto se torne realidade.No momento, a obra está sob análise da Smam e, ainda, necessita passar por processo
de licitação antes de tornar forma.
Sugestão - Como rota alternativa, a Pedro Ivo costuma ser uma boa pedida, porém corre o risco de estar com o trânsito lento. Ainda, o melhor é
evitar horários de pico.
O que melhoraria a situação?
A implantação de um retorno em conversão que eliminasse o impacto de uma
sinaleira no tráfego. Para isso, é necessário desapropriar um terreno e realizar uma obra
viária para implantar o retorno.
O que está sendo feito?
Não há perspectivas para a realização da obra.
Sugestão
Ipiranga, fora dos horários de pico, pode estar menos congestionada.
Trecho complicado - Se localiza entre o campus da Ufrgs e Rodoviária.
Por que complica? A saída de um túnel em direção a Rodoviária
mistura um grande fluxo de carros e de ônibus. No sentido oposto, juntase o fluxo que vem do túnel, da Independência e da Irmão José Otão.
O que melhoraria a situação? a retirada das paradas de ônibus
localizadas junto a rodoviária e da estação Trensurb, para amenizar o
tráfego no sentido mais congestionado.
O que está sendo feito? A prefeitura pretende remover os ônibus
com o Projeto Portais da Cidade, mas ainda não existe data anunciada
para que isso ocorra.
Sugestão - para quem chega à Capital, uma solução pode ser seguir a
Avenida Mauá e a Beira-Rio. Para quem sai, a Farrapos pode ser uma opção.
Protásio Alves
Trecho complicado - Entre Ramiro
Barcelos e Lucas de Oliveira
Por que complica? O local agrega
o fluxo de quem segue pela Osvaldo Aranha ou pela Ramiro Barcelos. Como quem
vêm pela Ramiro tem o cruzamento com
a Protásio bloqueado, acaba tendo de
pegar a avenida.
O que está sendo feito? Não há
mudança prevista. A prefeitura descarta
liberar a passagem de quem vem pela
Ramiro, e hoje acaba tendo de pegar a
Protásio em vez de cruzá-la, com a justificativa do que isso acabaria sobrecarregando a Independência e a Cristóvão Colombo – salvo mediante a construção de
túnel ou viaduto.
Sugestão - nas proximidades dos
trechos críticos, existe a possibilidade de
utilizar o binário formado pelas ruas Felipe de Oliveira (Centro-bairro) e Dona Eugênia (Bairro-centro).
Universo IPA | Dezembro 2007
orte
trtransp
a nsporte
Nilo Peçanha
transp orte
Entrevista José Wilmar Govinatzki - Diretor de Trânsito e Circulação da EPTC
45
A maioria das instituições deve aderir no ano de 2008 ao
plano de ampliação do Ensino Fundamental para nove anos
Bruno vinhola
Universo IPA | Dezembro 2007
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Ampliação
A primeira coisa que muda no ensino é a
nomenclatura. As séries agora são chamadas
de anos. A Primeira Série virou Primeiro Ano,
e assim por diante. O Programa tem um grande objetivo: possibilitar que todas as crianças
de seis anos, sem distinção de classe, sejam
matriculadas na escola. Dentro deste, a criança teria outros ganhos com a ampliação, incluindo menor vulnerabilidade a situações de
risco, maior escolaridade e principalmente,
pública ainda investirá na Educação Infantil,
que já é precária. “Aqui na nossa escola foi abolida a Educação Infantil após a implantação
dos nove anos”, afirma a professora das Séries
Iniciais Cláudia Oliva, do Colégio Estadual Dolores Alcaraz Caldas. Heineck pensa que o ideal seria uma disponibilidade de vagas para
todos na Educação Infantil nos colégios estaduais e municipais. “Quero crer que a Educação Infantil continue sendo trabalhada na
rede pública, pois a demanda é enorme. Mas
ao mesmo tempo que observamos ótimos
trabalhos na área, também existem os de péssima qualidade”, conclui Heineck.
Práticas pedagógicas
A entrada de uma criança um ano mais
nova no Ensino Fundamental gera opiniões
diversas principalmente entre os pais. A grande dúvida é se a criança estará perdendo a sua
infância ao entrar mais cedo em um mundo
de responsabilidade. A empregada doméstica Ana Pereira dá sua opinião sobre a mudança no sistema de ensino: “Acho que como o
ensino público é ruim, com um ano a mais
pode ser que melhore. Meu sobrinho fará seis
anos ano que vem e com a mudança será beneficiado. A vida dos pais que não tem onde
deixar seus filhos também será facilitada”.
Por gerar controvérsias, o plano de ampliação visa à criação de um Primeiro Ano que
una elementos da Educação Infantil com elementos da atual Primeira Série. É idealizada a
Preparo
O projeto de ampliação do Ensino Fundamental fará com haja uma grande reestruturação no ensino. Para que isto ocorra, é necessário que as entidades relacionadas à educação
estejam muito bem preparadas. Esse processo
se aplica tanto ao Ministério da Educação
(MEC) e às Secretarias Estaduais e Municipais,
quanto às universidades e às próprias escolas,
formadores dos profissionais da área.
Mariante analisa a questão da preparação
dos profissionais com preocupação: “Me preocupa o trabalho dos professores, principalmente nas escolas em que o projeto já foi
instalado. O profissional necessita de capacitação, de adaptação para atender crianças
com outros objetivos. Nossas alunas aqui do
IPA que já fazem estágios revelam que os professores das escolas se mostram extremamente confusos.” Ela relembra também que
haverá necessidade de mais professores, e de
que estes estejam qualificados pelos siste-
ed uca ç ã o
ed ucaç ão
O Projeto de Lei nº 3.675 tem como objetivo tornar obrigatória a matrícula no Ensino Fundamental a
partir dos seis anos de idade e com duração de nove
anos. A ementa do Projeto de Lei foi a seguinte:
Altera a redação dos artigos 29, 30, 32 e 87 da Lei
nº 9.394/96, que estabelece as Diretrizes e Bases da
Educação Nacional, dispondo sobre a duração mínima
de nove anos para o Ensino Fundamental, com matrícula obrigatória a partir dos seis anos de idade.
ganho processual que seus filhos terão. Queremos implantar a metodologia gradativamente buscando alcançar todos os objetivos
em 2016, quando estarão formados os primeiros alunos do Nono Ano”, explica Sehnem.
O sucesso do Projeto de Ampliação do
Ensino Fundamental para nove anos tem objetivos muito claros e consistentes. Ficará a
dúvida sobre o sucesso deste, algo que poderá ser respondido apenas quando estas
novas turmas que entrarão neste sistema estiverem formadas. E este futuro sucesso está
intimamente ligado ao processo de preparação e capacitação dos profissionais da área.
Há muito material disponibilizado pelo governo para a rede pública, mas a realidade
parece necessitar de algo mais. “Aqui na nossa escola a implantação do projeto foi turbulenta. Não houve uma preparação das mais
adequadas. Até mesmo nas matrículas houve confusão, pois não se sabia se as matrículas eram para série ou ano, já que na escola
existem os dois sistemas em meio à transição.
Os professores não tiveram a preparação específica, estão sendo capacitados aos poucos.”, relata a professora Oliva.
Ensino Fundamental a partir dos seis anos
Site: SXC.HU
O ano de 2007 deu início, de fato, a uma
polêmica no meio pedagógico. Escolas, pais e
professores se deparam com uma mudança
significativa no Ensino Fundamental, que conseqüentemente, influenciará todo o sistema
educacional. O Programa de Ampliação do Ensino Fundamental para nove anos trouxe consigo muitas idéias, transformações e opções,
mas, ao mesmo tempo, muitas dúvidas.
O projeto vem sendo idealizado desde o
ano de 2003, quando a Secretaria de Educação Básica (SEB/MEC) começou a discutí-lo
com as secretarias municipais e estaduais.
Mesmo com a implantação do projeto
por algumas secretarias no decorrer desses
anos, foi em 2007 que a maioria das escolas
começou a se mobilizar de verdade, instaurando o Fundamental de nove anos, ou planejando para o próximo ano letivo.
qualidade de ensino.
Entre os professores e profissionais da
área, o ganho com qualidade no ensino é a
principal razão que sustenta a importância do
projeto. A professora do curso de Pedagogia
do Centro Universitário Metodista IPA, Antonieta Mariante, analisa o acréscimo de um ano
no Ensino Fundamental como uma possibilidade de inclusão das classes mais baixas, além
de um ganho no tempo de contato com o
ambiente escolar, gerando mais oportunidades de aprendizagem. A coordenadora pedagógica do Colégio Americano, Débora Heineck, concentra a sua visão na qualidade de
ensino que as crianças poderão ganhar. “Este
ano a mais está na realidade voltando, pois foi
historicamente retirado na década de 70,
quando eram cinco anos de primário e quatro
de ginásio. Hoje temos conteúdos apertados
e dificuldades de implantar projetos significativos e interdisciplinares. Não podemos esquecer também de que o aluno ganha maturidade com um ano a mais, o que acarretará
frutos no final do Ensino Médio, quando ele
terá que escolher uma profissão”, completa
Heineck.
É observado, principalmente nas escolas
públicas, um lado social no projeto. A rede
pública possibilitará maior convivência no
ambiente escolar, aproveitando melhor o
tempo que muitas vezes é desperdiçado ou
mal utilizado nas ruas. E, por fim, facilitará a
vida dos pais, que agora terão onde deixar suas crianças. Mas a dúvida que fica é se a rede
Fundamentação legal
Universo IPA | Dezembro 2007
ed
ucaç
ed
uca
ç ã o ão
Beto Rodrigues
Um ano a mais na escola
criação de um espamas. “Aqui no IPA te“Essa reorganização não
ço lúdico de aprenmos um curso voltaé apenas administrativa,
dizagem, onde o
do para Educação
mas pedagógica”
aluno que ingressar
Infantil e Séries Inino Ensino Fundaciais, e mesmo assim
mental consiga fazer uma boa transição. O
pensamos em rever nosso currículo”, finaliza
primeiro ano deve contar com características
Mariante.
da Educação Infantil como mesas dispostas
Houve resistência de muitas escolas no
em círculos, brincadeiras educativas, mas em
que diz respeito à implantação, principalmenum ambiente mais formal. “Essa reorganizate entre a rede estadual, onde prazos maiores
ção não é apenas administrativa, mas pedaforam pedidos. Entre as escolas particulares, a
gógica. Currículos devem ser reestruturados,
maioria ainda não aderiu o projeto, colocane cabe ao docente proporcionar um espaço
do-o em prática apenas em 2008. Heineck
lúdico onde a criança possa aprender usando
explica como está sendo feita a preparação de
sua imaginação”, afirma Mariante.
sua escola: “Nos primeiros anos adequaremos
Heineck não visualiza grandes mudanças
a recepção dos alunos mais novos, formando
nas práticas pedagógicas entre escolas partium ambiente mais acolhedor e parecido com
culares, principalmente. “Hoje a rede particua Educação Infantil. Focando até o final do Enlar já recebe alunos da Educação Infantil bem
sino Médio, estamos redistribuindo conteúpreparados ou já alfabetizados. O problema é
dos, revendo currículos com professores de
que as escolas públicas terão que fazer uma
licenciaturas”. Quanto ao esclarecimento aos
pré-alfabetização ainda no primeiro ano, pois
pais, ela classifica como uma espécie de conseus alunos muitas vezes não têm preparo ou
vencimento: “Existem pais que acham um
nem sequer tiveram acesso à Educação Infandesperdício, mas a maioria do público interno
til. O que muda nas escolas privadas é que
está tranqüilo. Estamos fazendo reuniões com
com um ano a mais podem ser melhor incluos pais da Educação Infantil, e alguns já queídas no Ensino Fundamental práticas do Ensirem até matricular seus filhos com cinco anos
no Médio, como uso de laboratórios, interdisno Ensino Médio. Minha expectativa é que
ciplinaridade”, pondera.
saibamos trabalhar com idades diferenciadas,
O novo Primeiro Ano do Ensino Fundapreservando a autonomia das crianças”, commental traz uma novidade. O professor não
pleta Heineck.
tem autoridade para rodar o aluno. Para evitar
A diretora do Colégio Santa Família, Irmã
um fracasso nos primeiros contatos com leiRosália Sehnem, explica que o processo de
tura e escrita, a pressão da repetência é inadmobilização vem acontecendo há alguns
missível. “O Primeiro Ano continuará tendo o
anos, e neste ano está sendo intensificado,
objetivo de alfabetizar. E não há condições de
com reuniões esclarecedoras com os pais. “A
rodarmos um aluno que passará agora mais
aceitação vem ocorrendo de forma gratificancedo por esse processo”, diz Mariante.
te, pois eles estão conseguindo enxergar o
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Universo IPA | Dezembro 2007
Márcia souza
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“O CATI nasceu quase que acidentalmente”, relembra o ex-professor de Aikido, Marcos Do Val. Certo dia, enquanto
finalizava sua aula, o professor Do Val,
observa da janela, uma movimentação,
era um policial abordando um ônibus para retirar um suspeito de dentro do veículo. O policial entra em luta corporal com
o suspeito, quando, finalmente, consegue dominá-lo. Na hora de algemar o rapaz foge. Ele dá um tiro de advertência,
porém o disparo acaba atingindo o rapaz
na cabeça. Do Val ficou chocado com a
cena. “A imagem do rapaz morto, estirado no chão não saía da minha mente”, diz.
“Tudo aconteceu porque ele não teve como resolver antes, dominar”, lamenta. A
partir daí, Do Val começou a desenvolver
técnicas com base na luta que praticava,
o Aikido, e passar para os outros instrutores da academia, para ver se eles conseguiam aplicá-la com os seus alunos.
Do Val foi aperfeiçoando a sua técnica e passou a dar aulas na Academia de
Polícia do Espírito Santos. Um policial
do Rio de Janeiro, que fez o curso, achou
que era importante divulgar a técnica e
mandou material, como sugestão de
pauta, para um programa de TV, em rede nacional. A repercussão da entrevis-
ta foi imediata, milhares de e-mails e a
página na internet congestionada de
tantos acessos.
Um policial americano, que estava no
Brasil, contatou Marcos e disse que nos
EUA a técnica desenvolvida por ele, era
inédita e os policiais americanos precisavam conhecer. Porém, o policial foi em
missão para o Afeganistão e eles perderam o contato. Decidido a mostrar a sua
técnica, Do Val resolveu levar adiante, “já
que o policial americano falou que era
inovador, resolvi eu mesmo contatá-los”.
Entrou em contato com o Policial Christian D”Alessandro, da Special Weapons
Marcos Do Val, fundador do Cati: “a imprensa é a única luz no fim do túnel”
seg uranç a
“Quanto mais
suor derramado
em treinamento,
menos sangue será
derramado em batalha”.
seg ur a nç a
Fotos: Carlos Tiburski
ceito, só passamos a ter credibilidade
aqui no Brasil, porque treinamos o pessoal da Swat. O brasileiro não costuma
valorizar o que é seu”, enfatiza Do Val. Segundo ele, a mídia exerce uma forte
influên­cia no comportamento da sociedade. O filme “Tropa de Elite”, do diretor
José Padilha, na opinião de Do Val “é um
divisor de águas, a polícia evoluiu cinco
anos com este filme”, referindo-se a atenção que a imprensa está dando ao Bope
e a forma com que a segurança vem sendo abordada pela mídia. “O policial passou a ser, de certa forma, um herói” e
complementa, “a imprensa é a única luz
no fim do túnel”, conclui. DoVal salienta
que a presença do Bope nos Treinamentos do CATI (as Swat’s como são conhecidos), não é em função do filme. “Nossa
parceria com o BOPE é de longa data.
Desde 2005 eles participam como instrutores”, ressalta.
Quando questionado sobre quem é
melhor: o BOPE ou a SWAT?, diz que “se
fosse para resgatar um refém, sem dúvida
a SWAT, mas se este refém estiver em uma
favela, com certeza chamaria o BOPE!”
(brinca). “Para dar treinamento em nossos cursos chamamos os melhores do
mundo em suas áreas”, finaliza.
Universo IPA | Dezembro 2007
seg
a
seg
ururanç
a nç a
Da academia
para as ruas
and Tactics de Dallas (Swat), Texas. “Se é
assim como você diz, vem mostrar para
gente” disse o policial. E foi o que Do Val
fez. “Era oito ou 80, ia ser um sucesso ou
um fracasso”, lembra. E foi um sucesso.
Convidado pelo policial Patrick O’Quinn,
passou a ministrar cursos de táticas de
imobilização na Swat.
Surge então o Centro Avançado em
Técnicas de Imobilização, o CATI. Com
matriz no Brasil e filiais nos Estados Unidos, Portugal, Itália, Espanha e na China,
o CATI é uma das únicas empresas privadas, no mundo, a oferecer treinamento
de táticas de imobilização a policiais. A
empresa tem em seu currículo as equipes da Swat, da Natinal Aeronautics na
Space (Nasa), Federal Bureau of Investigation (FBI) e a soldados da Divisão de
Montanha do Exército que foram para o
Afeganistão.
O lema do CATI é “treinar para vencer”, realidade distante para o policial
brasileiro, que convive diariamente com
muitas dificuldades. Para Do Val, é complicado comparar a polícia brasileira com
a americana. “O policial americano treina
diariamente. Para termos um bom policial, ele precisaria treinar muito, no mínimo cem tiros por semana, que é a média
de tiros de um policial americano. O brasileiro não consegue este número em um
ano”, afirma.
Não há, no Brasil, uma política pública que invista em treinamento do policial. A maioria dos cursos que o policial
brasileiro recebe, ao longo de sua carreira, é por sua conta. “O policial sabe que a
única maneira de proteger sua vida é
treinando, é um investimento porque ele
precisa voltar para casa”, comenta Do Val
referindo-se aos gastos que o policial
tem com qualificação. Anualmente o CATI oferece bolsas para alunos que desejam se qualificar e não tenham condições
financeiras. “Saber que nosso policial vai
estar preparado para enfrentar desafios
é o nosso maior retorno”, confessa.
Atualmente, Do Val mora em Dallas,
EUA, com a esposa e a filha. Ele diz que
não pretende voltar a morar no Brasil:
“aqui é muito perigoso, não temos liberdade, lá (Dallas) as casas não têm muros,
deixamos as portas abertas, meu carro
vai ficar na garagem enquanto eu estiver no Brasil e sei que, quando voltar, ele
vai estar lá!”.
Atento às notícias do Brasil Do Val diz
que a imagem que se tem lá fora é ruim,
“só conseguimos entrar na Europa graças a parceria que temos com a Swat.
A­liás, os próprios brasileiros têm precon-
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do Batalhão de Operações Especiais
do RJ, o BOPE, concorda em dar
entrevista ao Universo IPA.
Conflito entre a
realidade e a ficção
Eles evitam o assédio dos jornalistas
e fotógrafos, pedem para não
serem fotografados. “A exposição
excessiva não é boa para nosso
trabalho, ficamos vulneráveis”,
comenta o Major. E seguem
as instruções: “Pedimos para não
registradar algumas ações em
treinamento, temos que
restringir as informações para
resguardar a corporação”,
referindo-se ao que
se poderia registrar
durante a reportagem.
Major do Bope, Ricardo Soares, orienta uma progressão simulada na favela
Universo IPA | Dezembro 2007
Universo IPA - Como você classifica o
assédio da mídia após o lançamento do
filme “Tropa de Elite”, do diretor José Padilha?
Major Ricardo Soares (Bope) - A mídia colocou à mostra uma coisa que talvez estava mais escondida, as pessoas
tinham curiosidade, mas não tanto. Recebíamos 400 e-mails mensais. Após a
estréia do filme “Tropa de Elite” chegamos ao ponto de recebermos 440 e-mails
diários. Eram solicitações absurdas do
tipo quero servir no Bope direto sem fazer academia, quero lembrança. Ficou
uma loucura. É todo mundo querendo
visitar, conhecer. No Rio está assim e fora
também. O filme jogou uma série de informações.
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Universo IPA - Na visão do Bope, o
que é real e o que é ficção no filme “Tropa
de Elite”?
Major Soares - O filme é uma história
de ficção em cima de fatos reais. Ficção e
realidade misturados. Uma coisa eu quero deixar bem claro, esta prática de saco
na cabeça, isso não é uma prática institucionalizada, é uma prática que alguns
policiais que exageravam no controle faziam, mas é um desvio, nem policial mili-
tar, nem policial civil fazem isto. É realmente um desvio.
Universo IPA - Dá para fazer um balanço geral do filme “Tropa de Elite” para
o Bope?
Major Soares - Dá para fazer um balanço. O positivo foi a afirmação definitiva da unidade reconhecida no cenário
mundial. A revista americana “War Dogs” já tinha nos apontado como a primeira tropa em experiência de combate
em área de risco. Inclusive, superando
as tropas americanas, era um contexto
que já existia, só que era uma situação
mais resguardada, ninguém comentava. Com o filme o reconhecimento veio a
“flor da pele”.
Hoje estamos na mídia e parece que
houve uma sensibilização e identificação
da população com a necessidade de ter
uma unidade que, realmente, vá confrontar o crime e que apesar das dificuldades vença toda a problemática de corrupção, de dificuldades, de falta de material e, ainda sim, continue combatendo o
crime. Este é o grande negócio na história do filme.
O lado ruim da história é essa coisa
de colocar um estereótipo. O estereóti-
po do saco na cabeça, da unidade que só
sai para matar. Inverdade. Há duas semanas atrás, por exemplo, tivemos uma
ação em um hotel que envolvia reféns no
centro do Rio de Janeiro. O tenente, ao
chegar na área e iniciar a negociação obteve a rendição dos quatro marginais.
Eles se entregaram, foram presos e acabou! Esse estereótipo que nos colocam é
prejudicial.
Mas, de certa forma, o filme nos surpreendeu no efeito, porque causou grande comoção, grande identidade. Hoje em
dia, ouvimos os jovens, meninas, mulheres falando sobre o Bope.
Universo IPA - Como o Major vê a repercussão do filme “Tropa de Elite”na imprensa, em relação ao Bope?
Major Soares - Eles deram um tiro pela culatra. Lá no Rio, por causa da pirataria, ele estava sendo visto só pelo “povão”e a“classe média”também. Ninguém
se pronunciou. Porque ninguém queria
reconhecer que estava vendo filme pirata. Aí quando houve o lançamento, aquela esquerda caolha, não sou contra a esquerda, mas tem uma esquerda no País
que é muito caolha, que só enxerga o que
quer. Aí, eles falaram que a posição do
Universo IPA - Quem é esta esquerda
caolha a que você se refere?
Major Soares - Certa vez, um repórter(...) falou uma besteira. “Ah, ninguém
vê o Bope no Leblon”. Ora, no Leblon não
tem marginal fazendo ação as duas, três
horas da manhã com fuzil, não no nível
que as outras localidades (favelas) tem.
Mas se solicitar, nós vamos também.
Agora, crime de colarinho branco é competência da polícia federal, se ela precisar de nossa ajuda para combater estes
delitos, vamos também. Fazer esta analogia que “o Bope não vai na classe alta”,
é errado. Como se devêssemos entrar,
com pé na porta, explodir granadas em
toda e qualquer casa ou apartamento da
elite buscando provas, não tem lógica!
Quer combater a elite? Basta fortalecer a
Polícia Federal, para que ela possa fazer
o que dever ser feito. O que, na minha
opinião, ela já está fazendo atualmente
muito bem, diga-se de passagem.
Hoje conseguimos contra-atacar alguns conceitos, algumas posições firma-
Universo IPA - O filme “Tropa de Elite”
passa a imagem de um Bope “incorruptível” em relação as outras unidades. Como ficou a relação do Bope com as outras
corporações?
Major Soares - Esta crítica que se faz
à Polícia Militar, no filme, é uma situação
muito delicada para nós. As nossas representações de classe (cabos, soldados,
sargentos e oficiais) se pronunciaram
chateadas com isso por que parecia que
só o Bope era honesto e o restante todo
desonesto. Não é bem isso. Quero deixar
bem claro: esta não é nossa opinião. Não
queremos dizer que, fora o Bope, todo
mundo é corrupto.
Universo IPA - Como o Bope lida com
a questão da corrupção?
Major Soares - Pode até haver desvios. Nossa unidade trabalha a honestidade. Aliás, a honestidade, no meio policial, deveria ser a tônica. Mas nós trabalhamos mais porque sabemos das “mazelas”. Se formos estudar o aparelho policial brasileiro, vamos ver, que ele foi feito
para reprimir ao invés de prover a segurança. A partir dos anos 80 tiveram que
se adaptar a punir crime e não estavam
preparados para isso. Aí é que nasceu o
Bope e começou a desenvolver as técnicas de combate a criminalidade.
Universo IPA - Há previsão da entrada
de mulheres no Bope?
Major Soares - Em 2008 terá um estágio de aplicações táticas destinados a policiais civis e militares femininos nos moldes do que fazemos aqui, mas com menos dificuldades físicas, para passar conceitos de proteção para as policiais se
habilitarem ao programa do Bope.
seg uranç a
finalmente, o Major Ricardo Soares,
das sobre isso, justamente porque já há
informações mais detalhadas. Vocês estão vendo que não somos nenhum “comedor de criancinhas”. Mas por causa de
alguns maus policiais, tem-se a idéia de
que a corporação policial é uma corporação de “trogloditas”!
seg ur a nç a
seg
a
seg
ururanç
a nç a
debaixo de um sol escaldante,
Padilha (diretor do filme) era fascista por
estar incentivando que a força policial
mate os criminosos ao invés de procurar
prender e investigar. A tônica foi esta. Só
que setores da mídia e da classe média
começaram a apoiar o filme, “é isso mesmo!”. A vibração dentro do cinema era
forte, não teve como negar. Eles ficaram
acuados, o tiro saiu pela culatra, “eles”
acabaram ficando mal
Universo IPA - Como o Major vê a preparação dos policiais gaúchos para o enfrentamento a traficantes?
Major Soares - Sentimos que eles estão tendo dificuldades, pois é um conceito novo que eles não tinham. Mas há
uma equipe que está preparada. A vantagem do Rio Grande do Sul e dos outros
Estados e que este conceito já existe e
pode ser adaptado para a realidade de
cada Estado.
Universo IPA - Se você tivesse que escolher outra profissão, qual seria?
Major Soares - Eu tinha o sonho de ser
juiz. Comecei estudando Direito, mas o
Bope é meu sangue. Estou há 22 anos na
corporação. Não pensaria em ser outra
coisa. Para nós, missão dada é missão
cumprida, pode ser a mais simples. No
Bope é assim!
Cati, Bope e Swat unindo forças
para combater a criminalidade
Na rua Intendente Alfredo Azevedo, 530, no bairro
Glória em Porto Alegre/RS, está localizado a sede do CATI
Treinamentos Policiais, em uma área de dois hectares.
Prédios inacabados em meio a árvores. O cenário é perfeito para a realização de treinamentos táticos, segundo
os organizadores. “Aqui dentro temos toda a estrutura de
uma favela, fica bem próximo à realidade”, explica o coor­
denador do evento, Amaral. Quem passou pela rua, dificilmente imaginou que lá dentro havia mais de 120 policiais, vindos de todo Brasil, enfrentando situações adversas para tornarem-se aptos a combater a criminalidade
crescente no País.
O evento organizado pelo CATI está na sua nona
edição e, pela primeira vez, em Porto Alegre. Durante
dez dias, 18 instrutores, das melhores equipes de elite
do mundo, o Bope e a Swat, passaram para os policias as
mais eficientes táticas de combate ao crime.
O roteiro do curso previa instruções de imobilização
tática (técnica desenvolvida pelo CATI), assalto a ônibus
e veículos, combate em locais fechados, progressão em
favela, low light, gerenciamento de crises, negociação de
reféns, entradas táticas, rappel tático e planejamento
operacional.
Os policiais foram divididos em seis times, durante
o dia eles passavam pelas pistas de treinamento. A noite,
enquanto uma equipe deslocava-se a um terreno com
casas abandonadas, no bairro Ipanema, em Porto Alegre, para fazer a simulação da incursão noturna em favelas, outra ficava na sede, tendo aulas de rappel tático
(técnica vertical em cordas), com o instrutor do CATI,
Felipe Leal e técnicas policias com o Coronel Heitor, da
Brigada Militar gaúcha. Nas aulas de tiro tático, ministradas pelos snipers (atiradores) da Swat, os alunos usavam as armas que utilizam no seu dia-a-dia com projéteis reais.
No último dia, as equipes competiram para ver
quem, em menos tempo e sem erros conseguiam aplicar
todas as técnicas aprendidas. Foram dez dias de convívio, troca de experiências e aprendizado. Imaginar que,
por trás dos uniformes camuflados e dos rostos com ex-
pressões sérias, existem seres humanos que, diariamente, convivem com o perigo, com baixos salários, falta de
condição de trabalho e que nunca sabem se voltarão
para casa no final do dia e, ainda assim, acreditam que
podem fazer a diferença, é difícil. Mas pasmem, eles
existem e estão lá, diariamente nas ruas e, muitas vezes,
até criticamos suas atuações. Dificilmente levamos em
conta as dificuldades que estes homens e mulheres policiais enfrentam em seu cotidiano.
“Ações, como as que o CATI - Treinamento Policial realiza, para treinar os policiais, isoladamente, talvez não resolva o problema da segurança no Brasil, mas com certeza
o primeiro passo foi dado”, na opinião dos participantes.
“Ano que vem estaremos aqui novamente, somos uma família”, diz um policial despedindo-se dos amigos. E é com
este espírito de cooperação que encerrou o nono Swat.
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Após alguns dias aguardando
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Universo IPA | Dezembro 2007
Como tudo começou
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O uso de drogas é uma fuga constante da sociedade. Com intuitos diferentes,
todas as camadas sociais estão cada vez
mais aderindo aos entorpecentes. Na
guerra do Vietnam, a heroína se popularizou entre os soldados. A geração ‘paz e
amor’, por sua vez, passou a ir contra todas as normas sociais que apoiavam o
conflito. O cabelo comprido tomou o lugar do corte baixo usado pelos guerrilheiros. O brim prevaleceu sobre o terno.
E o álcool foi substituído pela maconha e
outros alucinógenos. O sociólogo francês Edgar Morin, entende esse fenômeno
como uma resposta ao movimento de criminalização das drogas ocorrente nos
EUA, pouco antes da guerra do Vietnã.
A juventude brasileira também viu na
droga, principalmente no movimento de
Contracultura, uma forma de se rebelar
aos abusos cometidos pela ditadura. A
geração anos 1960, estava cansada de repressão, de consumismo, de ‘ordem e
progresso’. Era preciso encontrar um
mundo novo, com liberdade individual e
sexual. A vontade de fazer as coisas de
modo diferente era manifestada através
da música, das roupas, do vocabulário e
no uso freqüente de substâncias ilícitas
que proporcionavam mesmo que por
instantes, uma nova realidade. “Eu senti
na pele os abusos na ditadura. A maconha era usada como uma forma de libertação. Hoje, é diferente as drogas viraram uma arma do capitalismo”, diz o vendedor, Pedro Fonseca.
Corrupção + exclusão
social = violência
O tráfico de drogas na capital gaúcha
vem crescendo nos últimos anos. A violência em Porto Alegre ainda não é proporcional a de outras grandes cidades
como São Paulo e Rio de Janeiro, em que
as pessoas perderam a confiança na polícia, tendo na figura do traficante um herói. E, onde facções criminosas como o
Comando Vermelho levam vantagem sobre as autoridades policiais. Entretanto,
Porto Alegre está longe de ser um modelo de segurança pública. Apesar, de não
possuir contato direto com o crime organizado de outros estados, os infratores
gaúchos também praticam ações como:
a corrupção de policiais, o uso de menores para auxiliar no comércio ilegal, e
também tem controle de crimes dentro
dos presídios. O sociólogo justifica esse
quadro pela falta de seriedade dos lídeFotos: Bruna Geremias
res políticos, ao se tratar de segurança
pública. “Temendo uma perda de mandato, os governantes não pensam na descriminalização dos entorpecentes. Somente esquecendo as questões morais
poderíamos diminuir o crescimento da
violência”, indaga Morais
Atualmente, os entorpecentes tomaram uma proporção tamanha que o tráfico constitui a terceira mercadoria global.
O desemprego e a falta de condições sociais são alguns fatores que levam os homens a aderirem a esse estilo de vida. Como afirma o traficante, A.S: “ao ver meus
dois filhos passando fome, por falta de
um emprego para o pai pratiquei meu
primeiro delito. Mudei da água para o vi-
nho, virei assaltante, depois traficante”.
Segundo o delegado do Departamento de Investigações sobre Narcotráfico (Denarc), Luís Fernando de Oliveira,
o tráfico é uma das mercadorias mais lucrativas do mercado. A falta de oportunidade, somada a ausência de estrutura
familiar são fatores que levam os jovens
a praticarem o comércio ilegal. Para ele,
a única forma de acabar com a violência
é repensando a questão social.
Um crime diferente
O narcotráfico é um crime distinto
dos demais. Não há uma classe definida
para quem está envolvido com o comércio ilegal. No meio rural a maconha ganha espaço, em zonas menos favorecidas
a cocaína e o craque são mais presentes.
E, entre a classe média e alta, prevalece o
uso de êxtase e dietilamida do ácido lisérgico (LSD), ressalta o delegado do (Denarc). Ele revela também, que as investigações aos comerciantes de substâncias
ilícitas são as mais trabalhosas, por não
existirem testemunhas que acusem o crime. “Quando estamos investigando um
assalto, ou um assassinato, há uma vítima, alguém foi prejudicado. Mas ao trabalharmos com o tráfico é diferente, pois
os usuários nunca vão denunciar quem
lhes fornece a mercadoria. Precisamos
ser muito criativos, usar vigilância e
grampeação telefônica”, explica ele.
Para A.S, o traficante não é um ladrão,
ou um assassino, ele só vende o que as
pessoas querem comprar. A culpa pela
violência geralmente é posta nos comerciantes ilegais, porém os consumidores
também são responsáveis por grande
parte dos delitos. “É fácil por a culpa nos
traficantes, mas a gente não obriga ninguém a usar nada. Um viciado rouba a
família, rouba desconhecidos, e se tiver
que matar ele mata para sustentar o vício”, disserta, A.S.
A vida na Boca de Fumo
As Bocas de Fumo (local onde a droga
é armazenada) funcionam como uma
empresa, todos os envolvidos com o tráfico possuem uma função especifica. Os
cargos se estendem do endolador (quem
enrola a droga) ao patrão (chefe da boca). O dinheiro adquirido é dividido de
maneira proporcional à função exercida
por cada um. “O patrão fica com a maior
parte do dinheiro, porque precisa pagar
os empregados, comprar armas, repor a
mercadoria, e ajudar a comunidade no
que for preciso”, explica o aviãzinho S.G.
Os entorpecentes percorrem um extenso caminho até chegar aos usuários.
Nada é vendido puro, a droga é pesada,
refinada e entregue aos consumidores. A
facilidade com que os alucinógenos são
repassados para a população, somada
com a desonestidade de alguns policiais
são agravantes do comércio ilegal.
“Quem não quer vir até o morro, como a
Vocabulário do tráfico
Arrego - Dinheiro destinado aos policiais
para não prender os traficantes.
Aviãozinho - Aquele que busca e entrega
a droga para o consumidor
Doce - Ácido alucinógeno
Draga, berro, ferro - Arma
Roupa no varal - Área sendo vigiada
Boca de fumo - Local onde a droga é armazenada
Pray (play boy) - Cliente
Branco - Cocaína
Bicho solto - Criminoso
X9 - Dedo duro
Malhada - Droga misturada
Patrão - Chefe da boca de fumo
Samango - Policial
Tomar Bote - Ir preso
maioria dos ‘play boys’, pode recorrer a
nós ‘entregadores’ que levamos a mercadoria-(droga), até o consumidor”, afirma
o aviãozinho. “Sempre tem os policiais
que tu consegue comprar, além disso, alguém avisa quando a polícia está chegando. Um traficante nunca é pego desprevenido”, completa ele.
Além da polícia, os comerciantes de
substâncias ilícitas enfrentam confrontos
internos diariamente. Quando ocorre
uma disputa por ‘boca de fumo’ o tiroteio
é inevitável. Entretanto, essa não é uma
prática comum, pois há respeito entre os
infratores e somente casas que estão falidas são tomadas. “Um traficante só entra
em confronto por ‘boca de fumo’ quando
sabe que vai ganhar” salienta, S.G.
Uma cidade muito longe
Na Ditadura Militar, os revolucionários que se opunham ao regime
Vigente, foram encarcerados ao lado
de criminosos comuns. O contato com os
idealistas fez com que todos os presos tivessem consciência dos seus direitos e de
como a união e a organização poderiam
lhes favorecer. Em meio a esse ambiente,
surgiu no presídio da Ilha Grande, situado no Rio de Janeiro, a facção criminosa
Comando Vermelho. O movimento tinha
como principal objetivo denunciar os
abusos cometidos pelas autoridades carcerárias. Os ideais de paz, justiça e liberdade pregados pelos integrantes do Comando são cultivados também pelos
contraventores do Sul, porém com outro
significado. Como afirma S.G: “O tráfico
gaúcho possui esses fatores. Mas é a paz
e a justiça da favela. Com os traficantes
vendendo drogas, ganhando o dinheiro
deles, sem polícia entrando no morro,
sem x9 (delator) entregando os caras”.
Semelhante ao que ocorre nos presídios cariocas os delinqüentes gaúchos
também possuem um controle do crime
seg uranç a
seg ur a nç a
bruna Geremias
mesmo estando atrás das grades. Segundo A.S, os prisioneiros que possuem um
bom poder aquisitivo permanecem trabalhando com o comércio ilegal através
de informantes. O contraventor justifica
essa atitude por razões sociais: “a justiça
prende, mas o governo não sustenta a família do preso, muito menos dá assistência ao mesmo, É preciso sobreviver de
alguma forma”.
Apesar, das facções criminosas possuírem armamento semelhante ao da polícia e comportarem um grande número de
adeptos, uma revolução marginal hoje
seria sufocada com facilidade, como alega o delegado. “Há vinte anos atrás, talvez
o crime organizado tivesse sucesso. Atualmente não, pois falta liderança e conscientização entre os contraventores”.
O crime não compensa
Apesar de o comércio indecoroso proporcionar um poder aquisitivo maior ele
é repudiado pelos próprios infratores, como expõem o traficante, “o Brasil é um
país rico, porém mal administrado, onde
quem rouba milhões dos cofres públicos
é absolvido e quem rouba um pacote de
biscoitos vai para a cadeia. Apesar disso,
o crime não compensa e em circunstância
alguma vai compensar o tempo que ficamos longe dos nossos filhos e familiares.
O primeiro delito é como uma tatuagem
fica marcado para sempre”.
Obs.: Alguns entrevistados preferiram não
se identificar, por isso o nome e o sobrenome
dos mesmos foram substituídos por iniciais.
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seg
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Identidade do tráfico
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Maternidade
ausente
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Anna Paula Medeiros
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Dar á luz pode ser um dos momentos
mais felizes e gratificantes de uma mulher.
Mudanças físicas e psicológicas ocorrem no
período da gestação. Mas, sentimentos como
tristeza, ansiosidade, confusão e medo, quando permanecem ou tornam-se piores, exigem um tratamento médico imediato para
um diagnóstico que atinge cerca de 10% á
30% das mulheres no mundo, a chamada depressão pós-parto.
A preocupação em criar um ser humano,
planejar a sua existência para além da sua própria vida e a perda do status de uma gestante,
leva a nova mãe a reconhecer seu bebê como
uma pessoa e não como uma imagem idealizada. O calor, o aconchego, a sensação de proteção que ao logo dos meses foi sentido como apenas seu, como parte de si, passa a ser
compartilhado com as demais pessoas. Isso
provoca na mulher um estado de total confusão, como se tivessem lhe arrancado algo de
muito valioso ou como se tivesse pedido uma
das partes mais importantes de seu corpo. E
assim como na morte que ocorre a separação
definitiva, no nascimento isso não é diferente,
a marca desta separação dá origem a uma cicatriz, o umbigo.
Para suportar tais dificuldades o cérebro
da paciente cria alguns mecanismos de defesa. Ao mesmo tempo em que pode demonstrar-se cheia de energia, eufórica, falante, preocupada com o espaço físico ou com a ordem
do ambiente onde está, também pode apresentar um quadro de depressão intensa seguida da necessidade de isolamento, choro,
ciúmes e provocando até mesmo febre. Para
operadora de tele marketing Mariana de Carvalho, 28 anos, foi a perda de sua independên-
cia. “Sentia tristeza o tempo todo, sentia medo
de fazer algo de errado, medo de não saber o
que meu filho estava pedindo através do seu
choro”, conclui a operadora que foi mãe solteira aos 17 anos.
Mas, assim como as mulheres os homens
também são suscetíveis a caírem em depressão, porém com menos intensidade, e pode
se manifestar em até dois anos após o nascimento de seu filho. A depressão masculina se
inicia-se devido ao abandono da mulher que
passa a viver em torno do bebê. É como se ele
percebesse que sua função é a de somente
trabalhar e satisfazer as exigências impostas
pela mulher. Em alguns casos esses fatores podem levar até a separação de um casal, como
é o caso da dona de casa, Luciana M., 29, que
não quis ser identificada, foi abandonada pelo
marido durante o período que teve o distúr-
A questão não é simples: exclusão, impossibilidade de abortar legalmente, o desinteresse das autoridades competentes que poderiam levá-la a entregar o filho nos Juizados
da Infância e da Juventude, medo, ausência
de amor, falta de estrutura familiar, desespero... Como nesses casos, a mãe dificilmente é
localizada, torna-se impossível traçar seu perfil, mas é possível criar um perfil das mães que
doam o seu bebê para adoção: solteira, mais
de 20 anos, educação primária incompleta,
trabalha esporadicamente como empregada
doméstica e não conta com o apoio da família. Geralmente ela engravida em uma relação
eventual e, na maior parte dos casos, essa mãe
já teve outros filhos, que também foram doados ou estão em instituições.
As estatísticas mostram que é na cidade
de São Paulo onde acontecem os casos mais
freqüentes e mais tristes. Dados mostram que,
a cada dia, duas crianças são abandonadas na
cidade, em abrigos ou nas ruas. Só nos primei-
Saúd e
Abandono
ros três meses deste ano, mais de 200 crianças
foram desamparadas. Isso resulta em uma
média de 15 crianças a cada semana.
Um dos casos que pode ser lembrado e
que chocou o país foi em julho deste ano, na
periferia de Paulínia, em Campinas. Um recém-nascido, ainda estava com o cordão umbilical, foi encontrado nu, enrolado em um
lençol, dentro de um bueiro de 1,20 m de profundidade. O choro do bebê foi ouvido por
um ciclista que passava pelo local e pediu socorro. O bebê foi levado por guardas municipais para o hospital, onde lá recebeu os cuidados necessários
sa úd e
as piores formas de violência contra um filho.
No Brasil e também na maior parte dos países
o aborto continua sendo pauta de discussões
que questionam até que ponto uma mãe tem
direito sobre a vida da criança que carrega em
seu ventre. Hoje a legislação brasileira prevê
pena de uma a três anos de prisão em casos
envolvendo aborto; de seis meses a três anos
em casos de abandono; se houver alguma lesão física à prisão passa a ser de um a cinco
anos e nos casos de morte, a detenção vai de
quatro a 12 anos.
Desenvolvimento
Um problema que afeta de uma a cada
mil mães influência diretamente no desenvolvimento do bebê, em sua vida ou em sua saúde, pois é comum durante a amamentação, o
período de tratamento o uso de anti-depressivos.Uma pesquisa das universidades de Bristol e Oxford mostrou que a depressão pós
parto exerce efeitos negativos na criança. O
sentimento de abandono causa tendências
anti-sociais, e também dificuldades afetivas e
de relacionamento, como o desinteresse em
ter amigos, mentiras ou furtos.
As crianças de mães deprimidas apresentam maior risco de terem desordem comportamental, e maior risco de para apresentarem
alterações no funcionamento cerebral. As
mães em situação de depressão normalmente tem menos capacidade de interagir com
seus filhos o que agrava muito mais a convivência em meio a sociedade.
Crianças em atividade de recreação
Maltratos
A principal característica da DPP é a rejeição total do bebê, como se ele fosse um inimigo. Trata-se de um estado capaz de causar
freqüentes agressões aos filhos. Segundo a
psicóloga, Gilda Monteiro, em entrevista para
um site direcionado ao público feminino,
“quando a violência ocorre fora de uma situação de DPP é porque a mulher foi maltratada,
abandonada ou rejeitada durante sua infância
(...) quando há a morte da criança, geralmente
foi por espancamento. Quanto mais a criança
chora, mais apanha”, acrescenta.
O aborto e o abandono são considerados
Universo IPA | Dezembro 2007
sasaúd
úd e e
Fotos: Anna Paula Medeiros
Distúrbio atinge
cerca de 10% à 30% das
mulheres no mundo
bio“. Quando percebi não chegava mais perto
do meu filho, tinha medo e meu marido no
momento que eu mais precisava acabou saindo de casa”, relata a paciente.
O tratamento para a depressão pós-parto
(DPP) exige acompanhamento psiquiátrico e
farmacêutico, além disso, depende da sensação de segurança e confiança que devem ser
transmitidas por familiares e amigos, essenciais na recuperação de quem sofre deste distúrbio, segundo a Psicóloga da Universidade
Federal do Rio grande do Sul (UFRGS), Diana
Battistel e que durante a entrevista relembra
um dos casos que acompanhou.
“Lembro de ter atendido uma paciente
em uma Clínica Psiquiátrica particular da capital, em que tratava pacientes de internação
e ambulatório com os mais diversos transtornos. Ela estava sofrendo de Transtorno Depressivo Maior Com Início no Pós-Parto – seus
sintomas eram graves e a paciente possuía
histórico de episódios depressivos, maníacos,
mistos, com sintomas psicóticos. A paciente
mantinha tratamento permanente com seu
psiquiatra, mas não investia em psicoterapia,
mesmo já havendo sido lhe recomendado.
Após o nascimento de seu bebê, passou a ter
sintomas severos de depressão, tendo vontade de morrer e de agredir seu filho, o que lhe
provocava muita culpa e exigia presença
constante do marido. Com isso, ele não podia
trabalhar e se complicava a situação familiar.
Por insistência da família e de seu médico, ela
aceitou a internação e a psicoterapia, que realizávamos de duas a três vezes por semana.
Trabalhamos seus sentimentos, pensamentos
e comportamentos em relação à gestação, a
ser mãe, ao seu bebê e como poderia ser diferente. É um trabalho árduo, que exige muita
dedicação do paciente e vínculo deste com o
terapeuta. É preciso ouvir o paciente e entender suas motivações, sem julgamentos, fornecendo apoio. Com as sessões, ela demonstrou
alguma melhora e vontade de seguir, de ser
feliz junto à sua família e de continuar aderindo ao tratamento”, conclui a médica.
55
Fotos: site SXC.HU
saúd e
um universo paralelo?
tamente para tratar psicologicamente dessa família que
precisa de apoio.
“São pessoas mui“São pessoas muito
to sinceras, ou eles
sinceras, ou eles
confiam em ti, ou
eles não confiam,
confiam em ti, ou eles
e se tu consegues que eles
não confiam, e se tu
confiem em ti,
isso é para semconsegues que
pre”, observa Kueles confiem em ti,
perstein. Afirma,
também, que paisso é para sempre”.
ra conquistar uma
criança autista, tem
que se descobrir do
que elas gostam. Despertar o interesse delas, para ganhar credibilidade. Até na
parte do ensino, entender o que os
atrai é muito importante. Alguns despertam habilidades em algumas áreas, esses são
chamados de autistas com ilhas de pensamento. O filme “O gênio do vídeo game” mostra o interesse e desempenho de um menino
autista nos jogos que o irmão mais velho e
não autista não consegue ganhar.
O Transtorno autista não tem cura, mas
pode ser tratado e acompanhado de modo
que a criança leve uma vida sadia e feliz. Alguns autistas conseguem ingressar em faculdades, e até mesmo no mercado de trabalho,
embora ainda no Brasil isso seja mais difícil
que nos paises desenvolvidos.
sa úd e
sasaúd
úd e e
Autismo:
para crianças que necessitam de tratamento
clínico. Kuperstein afirma ser a favor da inclusão, mas isso depende muito do modo como
essa será feita. Completa, também, que as escolas brasileiras são pouco preparadas para
receber crianças com algum tipo de síndrome
ou deficiência mental e que essas escolas devem sempre ser acompanhadas e assessoradas por especialistas.
Por terem dificuldades para aceitar mudanças, o funcionamento dentro de casa, às
vezes, torna-se muito complicado. As coisas
não podem ser trocadas de lugar, ou de cor
bruscamente, isso deve ser trabalhado com
a criança primeiramente. Elas criam rotinas,
nas quais sabem como agir, a partir do momento que as modificam, elas simplesmente sentem-se perdidas. A professora Roberta
Mundt Silva explica que primeiramente encontrou dificuldade para lidar com um aluno autista: “A principio foi difícil, mas depois
que ganhei sua confiança ficou muito mais
fácil. Sempre o avisava das atividades do
próximo dia, e se alguma coisa na sala de
aula fosse modificada”.
Além dos pais, os irmãos dessas crianças
devem passar por acompanhamento psicológico. A psicóloga explica que muitos irmãos não entendem o “abandono” de seus
pais para se dedicarem ao irmão autista. E
muitos acabam criando quadros de depressão ou até mesmo dificuldades nas atividades escolares. Dentre os serviços oferecidos
no site www.autismo.com.br, existem Grupos de Pais e Grupos de Irmãos, que são exa-
56
Muitos ouviram falar, mas poucos sabem
o que é realmente e quais os sintomas de uma
criança autista. Após, por muito tempo ser tratado como uma deficiência, hoje em dia o
Transtorno (ou síndrome) Autista, conforme o
Autism Society of American (ASA), pode ser
detectado logo nos primeiros anos de vida,
pois a maioria dos sintomas está presente
nesse período. Acontece em 20 de 10 mil
crianças nascidas, e chega ser quatro vezes
mais comum no sexo masculino. As causas
desse transtorno ainda são desconhecidas, e
embora tenha uma patologia diferenciada do
Retardo Mental e da Lesão Cerebral, alguns
autistas também apresentam essas doenças.
Segundo a psicóloga Ana Paula Lemos, as
crianças autistas preferem estar só, não formam relações pessoais íntimas, não costumam abraçar, evitam contato visual, são muito resistentes a mudanças, são excessivamente presas a objetos familiares e repetem continuamente atos e rituais. Elas podem começar a falar depois das demais crianças de
mesma idade, podem usar o idioma de modo
diferente, e podem também, por não conseguir ou por não querer, não falarem. Muitas
vezes, os autistas repetem aquilo que lhes foi
perguntado, além de terem dificuldades de
entender o que foi dito. E é normal que troquem pronomes, usando o “tu” ao invés do
“eu” quando se referem a si próprio.
Escolas no Brasil
Hoje em dia no Brasil, existem escolas especializadas para essas crianças. A pioneira
delas nasceu aqui no Rio Grande do Sul, em
Porto Alegre. Surgiu de um sonho da Pedagoga Adriana Latosinski Kuperstein, no ano de a
1994. Começou com poucos alunos até que
em 2001 se tornou a primeira escola para
crianças com transtorno autista e deficiência
mental do Brasil a Escola Especial de Ensino
Fundamental Re-fazendo. Mas não se manteve por muito tempo, em 2002 deixou de ser
escola e voltou a ser oficina de aprendizagem.
A Re-fazendo não atende mais alunos diretamente, mas presta assessoria para escolas e
famílias, o que faz com que ela atenda mais
de mil autistas de variadas partes do país.
Kuperstein é formada em Pedagogia e
sempre atuou na área de transtorno autista. Diz
que viu fora do país tratamentos fantásticos e
escolas apropriadas e bem estruturadas. Conta
também que muitas vezes fora chamada de
maluca por colegas aqui no Brasil. Mas afirma
ter atingido o seu objetivo, que foi ver alguns
alunos concluírem a oitava série através das
provas oferecidas pela Secretaria da Educação
(SEC). Quando se fala em abrir outra escola, a
resposta é imediata: “Não. Ainda me sinto responsável pelos meus antigos alunos, hoje já
adultos. É muito triste saber que muitos estão
em casa, deixaram de falar, voltaram a fazer suas necessidades fisiológicas nas roupas.”
Por ser uma síndrome, o grau de comprometimento pode variar do mais severo ao
mais brando. Isso é o que diferencia as crianças para uma inclusão em escolas normais,
Sintomas
associados
ao autismo
- Dificuldade de relacionamento com outras crianças
- Riso inapropriado
- Pouco ou nenhum contato visual
- Não quer ser tocado
- Isolamento; modos arredios
- Gira objetos
- Cheira ou lambe os brinquedos, Inapropriada fixação em objetos
- Perceptível hiperatividade ou extrema inatividade
- Ausência de resposta aos métodos normais de ensino
- Aparente insensibilidade à dor
- Acessos de raiva - demonstra extrema aflição sem razão aparente
- Procedimento com poses bizarras (fixar objeto ficando de cócoras; colocar-se de pé numa
perna só; impedir a passagem por uma porta, somente liberando-a após tocar de uma
determina maneira os alisares)
- Ecolalia (repete palavras ou frases em lugar da linguagem normal)
- Insistência em repetição, resistência à mudança de rotina
- Age como se estivesse surdo
- Dificuldade de comunicação em expressar necessidades - usa gesticular e apontar no lugar
de palavras
- Não tem real noção do perigo
- Irregular habilidade motora - pode não querer chutar uma bola, mas pode arrumar blocos.
Universo IPA | Dezembro 2007
Universo IPA | Dezembro 2007
Gabriella cardoso
57
go
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Cr
Será que funciona?
Universo IPA | Dezembro 2007
Diego de Andrade Cruz
58
Você ouviu aquele ditado que diz, que
são dos carecas que elas gostam mais! Pois é,
nem todo mundo pensa assim, especialmente quem está perdendo os seus cabelos.
A calvície é um problema que persegue
50% dos homens antes dos 50 anos. Há pouco tempo, não havia muito que fazer quando
os cabelos começavam a cair. Hoje, avanços
da medicina fazem com que a alopecia androgenética (como é chamada a calvície
cientificamente) possa ser plenamente controlada. A causa da calvície é genética, mas
apesar disso, a calvície pode pular gerações
ou aparecer isoladamente em meio a gerações de não-calvos. Além da predisposição
genética, outros fatores podem contribuir
para a queda de cabelos. Os estresses físicos
e psíquicos, regimes alimentares rigorosos,
anemia, distúrbios metabólicos ou qualquer
redução significativa do peso pode provocar
a alopecia. Além disso, o uso de anabolizantes, cigarro e álcool pode agravar o problema.
O fator genético faz com que o folículo piloso fique sensível aos hormônios masculinos,
em particular à testosterona. No homem,
após a puberdade, quando os níveis desses
hormônios começam a aumentar, e quando
geneticamente predisposto, a calvície se manifesta. Essas alterações começam gradualmente a partir dos 20 anos de idade.Todo
mundo perde cabelo. Fios caem, outros nas-
cem,
numa
renovação constante. Normalmente,
por dia, a pessoa pode perder
cerca de cem fios
de cabelo
Seja qual for a causa, a perda de cabelos,
trás um verdadeiro desconforto para o ser humano, as tentativas para combatê-las são descritas desde a mais remota antigüidade.
Histórico da calvície
Desde o antigo Egito a calvície é motivo
de preocupação para os homens, onde produziam fórmulas mirabolantes que incluíam
pata de cachorro cozida com casco de asno,
mistura de gorduras de leão, hipopótamo,
crocodilo e de ganso. Estas fórmulas eram friccionadas diretamente sobre o couro cabeludo. O egípcio Hakiem-El-Demagh, considerado o primeiro especialista em doenças do
couro cabeludo, idealizou
várias fórmulas para a calvície
e o próprio
Hipócrates em
seu respectivo tempo
receitava para quadros iniciais massagens de láudano
com óleo de rosa, de linho ou de oliva
verdes. Em casos mais avançados prescrevia cataplasma à base de cominho, fezes de
pombo, alho socado e urtiga. Por toda a idade
média vários medicamentos foram sugeridos,
inclusive urina de cachorro, poções dos mais
variados animais, e infusões de inúmeros vegetais e até rituais de exorcismo. Porém, uma
fórmula que se tornou muito famosa, foi idealizada por volta do ano de 1600, e era feita de
várias plantas medicinais, vinho, semente de
rabanete, bago de uva, óleo de linhaça, trigo,
etc. Essa fórmula foi adotada na época pelo
exército alemão, porém adicionaram saliva de
cavalo como complemento. Enfim, em todos
os tempos sempre houve preocupação com
o tratamento da calvície e obviamente as portas foram abertas para a exploração comercial
e não deixaram de existir os aproveitadores,
charlatões, curiosos e inúmeras outras modalidades de promessas de cura para a doença.
Segundo a Dermatologista Patrícia Royes
Salenave, a finasterida atua bloqueando a
ação da enzima (5-alfa-redutase) que transforma a testosterona em diidrotestosterona, hormônio que promove a miniaturização dos
pêlos até a sua atrofia, cujo resultado final é a
calvície. Com o bloqueio da enzima, os pêlos
que ainda não atrofiaram (pêlos velus) podem
voltar a crescer, recuperando áreas que estavam rarefeitas. Em geral, o paciente em uso de
finasterida começa a melhorar após quatro
meses de tratamento. A queda de cabelo é a
primeira a ceder, e em seguida ocorre aumento da densidade capilar.
Por volta de um ano de tratamento, o paciente atinge o máximo de densidade e em
seguida ocorre a manutenção, explica Salenave. O medicamento foi inicialmente utilizado
para o tratamento do aumento da próstata, a
Hiperplasia Prostática benigna. A observação
de seus efeitos sobre a calvície de pacientes
que utilizavam o tratamento, chamou a atenção do dos cientistas que, reduziram a concentração da finasterida, nos pacientes e notaram que continuavam a crescer os cabelos.
Para manutenção do resultado, o tratamento
deve ser contínuo pois, com a sua interrupção, os cabelos voltam cair no mesmo ritmo
de antes conclui salenave. Em Homens com
calvície avançada o tratamento não obteve
resultado satisfatório. Com relação aos efeitos
colaterais estudos clínicos indicam que menos de 2% dos homens que começaram a
Que dor de cabeça!
O cabelo não é fundamental para a sobrevivência orgânica do ser humano. Segundo o
psicólogo Douglas Pedroso, do ponto de vista
estético-psicológico e social, a sua imagem se
reflete no padrão cultural vigente, deixando-o
com baixa auto-estima o tornando inseguro
e infeliz quando começa a perder o seu cabelo. A falta de cabelo tem representações internas que afetam a saúde global do indivíduo.
Entre os jovens a preocupação é muito grande, visto que na sua idade a perda de cabelos
causa uma grande decepção, pois essa é a fase de conquistas e descobertas e a calvície
gera um empecilho muito grande para eles.
Existem homens que ficam impotentes por
conta da tarefa, outros reclamam queda no
desempenho profissional, relata Pedroso. Por
conta disso o psicólogo recomenda que não
ponha a perda do seu cabelo em primeiro lugar, continue a viver normalmente e procure
um especialista se necessário.
A finasterida X esporte
No esporte existe a alegria e o sofrimento,
suas conquistas e seus dramas. Desde a Olimpíada de Seul em 1988 na Coréia do Sul, quando o velocista Canadense Bem Johnson vencedor de duas medalhas de ouro que quebrou o recorde mundial o esporte nunca foi
mais o mesmo. Johnson foi flagrado em um
exame anti-doping e por causa disso foi suspenso por dois anos. Hoje em dia principalmente nas olimpíadas os exames são obrigatórios, por conta de diversos escândalos envolvendo atletas renomados. Visto que diversos anabolizantes estão presentes no mercado e, por conseqüência sendo usados por
diversos atletas. Por isso desde 2004 a finasterida está incluída na lista de substâncias proibidas pela (WADA) Agência Mundial Anti-Doping, por “mascarar” a presença de outras
substâncias anabolizantes. Este ano o jogador
de futebol do Sport Club Internacional, o zagueiro Marcão foi pego no exame realizado
na partida contra o Juventude no dia 21 de
Mitos sobre
a calvície
saúd e
Desde a Idade Antiga ela é um
problema, por muitos anos
ficou sem solução, será que
agora a CALVÍCIE encontrou
um inimigo a altura?
julho, pelo Campeonato Brasileiro. Marcão foi
suspenso por 120 dias pelo Superior Tribunal
de Justiça Desportiva (STJD), como cumpriu
metade da pena foi liberado do restante mediante o pagamento de cestas básicas. Atualmente, a finasterida é usada para a fabricação
dos principais medicamentos utilizados no
combate a queda dos fios capilares, e os resultados da sua utilização são cada vez mais animadores. Os calvos comemoram.
sa úd e
versão número dois
tomar finasterida notaram algum efeito colateral. Sobre o diagnóstico da alopecia androgenética, existem duas maneiras de fazê-lo.
Primeiro, por meio do padrão clínico, ou seja,
da observação das entradas e da parte superior da cabeça (que inclui a chamada coroa do
padre). Posteriormente, por meio de biopsia
de um fragmento do couro cabeludo, em que
o patologista vai avaliar e identificar a presença das enzimas, conclui a Dermatologista. O
medicamento pode ser encontrado em farmácias com um preço bem acessível variando
entre 30 a 50 reais
Verdades
- Banhos e secadores muito quentes ajudam na
queda de cabelo.
- Boné aquece o cabelo causando excesso de oleosidade que ajuda o cabelo a cair.
- Lavar cabeça com água fria ajuda a não cair o
cabelo.
- Fumar aumenta a queda de cabelo.
Mentiras
- Lavar a cabeça diariamente enfraquece os fios.
- Cortar o cabelo regularmente evita a queda.
- Dormir com o cabelo molhado faz cair o cabelo.
- Tomar sol no couro cabeludo faz cair o cabelo.
- Raspar a cabeça faz engrossar os fios de cabelos.
Fonte: Dermatologista
Números
- Estima-se que existam cerca de 40 milhões de
homens calvos no Brasil.
- No mundo, há cerca de 2 bilhões de pessoas calvas (5% são mulheres).
- Até os 50 anos de idade, 50% dos homens brasileiros ficam calvos.
- Até os 80 anos, 80% dos homens brasileiros desenvolvem a calvície.
- No mundo, 15% dos homens que nascem com
predisposição genética para calvície vão desenvolvê-la a partir dos 17 anos; 80%, entre 24 e 26
anos; e 5%, após os 30 anos de idade.
- Em cada 100 homens calvos, 50 são brancos, 30
são amarelos e 20 são negros.
- Uma pessoa possui, em média, de 100 mil a 120
mil fios de cabelo.
Fonte: Folha de São Paulo
Links Úteis
www.clubedoscarecas.com.br
www.dermatologia.net
www.brasil.cavizie.net
Universo IPA | Dezembro 2007
sasaúd
úd e e
Comprimido da felicidade
Estudos científicos sobre a doença, a partir da
década de 1940, mostraram que a doença
não se desenvolvia antes da puberdade, bem
como em pacientes que por um distúrbio
hormonal não produziam testosterona. A partir dos anos 70, conhecendo-se um pouco
mais sobre homens com deficiência da 5-alfa
redutase começou-se a desvendar o mistério
da ação hormonal. A revolução do tratamento
da queda de cabelos começou na década de
1980 e, por incrível que pareça, aconteceu por
acaso. Os cientistas envolvidos no desenvolvimento de um medicamento anti- hipertensivo por via oral, o minoxidil, perceberam que
a substância fazia crescer pêlos no corpo. Remédios à base do composto passaram a ser
produzidos para o combate à calvície, porém,
os resultados do seu uso sempre se mostraram limitados. Mas foi na década de 1990 que
foi descoberta a substância com o nome de
finasterida. Mas foi apenas em 1997 que ela
foi aprovada para o tratamento oral de homens, em forma de comprimido. A substância
proporcionou uma nova abordagem no tratamento da queda de cabelos, para a qual
existem poucas opções terapêuticas.
59
só pensamos no assunto
quando acontece conosco
Universo IPA | Dezembro 2007
Renato M. Oliveira
60
Pelo terceiro ano seguido, caiu no país o
número de doadores. E, pela primeira vez, foi
registrada queda nos transplantes de fígado,
iniciados nos anos 1980. Os dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) fizeram com que a entidade antecipasse
a sua campanha nacional para alertar a população sobre a baixa taxa. No primeiro semestre
deste ano, o índice nacional ficou em 5,4 doadores a cada milhão de pessoas, menos que
no mesmo período de 2006 (5,8), 2005 (6,4) e
2004 (7,6). O número também ficou abaixo
dos primeiros seis meses de 2003, quando 5,6
pessoas a cada um milhão se tornaram doadores efetivos. Foram 2.221 transplantes no
primeiro semestre deste ano. De acordo com
o responsável pelo Registro Brasileiro de
Transplantes da ABTO, Valter Duro Garcia, a
ausência de uma política estabelecida para os
transplantes, a desigualdade na distribuição
dos centros e a dificuldade no fornecimento
de medicamentos, são alguns dos fatores que
explicam a nova queda. “É apenas a ponta do
iceberg do apagão dos transplantes”, diz. “O
país está chegando a resultados iguais aos de
1998. Tudo o que avançou nesses anos está se
perdendo agora. A nossa expectativa era crescer pelo menos 0,5 doadores por milhão de
habitantes por ano”, conclui. Para o diretor da
ONG Aliança Brasileira pela Doação de Órgãos
e Tecidos (Adote), do Rio de Janeiro, Paulo Renato Gomes, o dado é reflexo da crise na saúde no país. “Tem até médico cardiologista em
greve. E o problema não é só de uma região
Esperança
Somente as pessoas que estão na lista de
espera, aguardando pela notícia de que finalmente surgiu um doador, sabe o quanto é
angustiante. Para essas pessoas o tempo e o
relógio andam mais depressa. Por outro lado,
cada dia que passa, a esperança se renovada.
Acompanhe o depoimento da assistente social, Maysa Simon Manzatti, 29 anos, da cidade
de Penápolis, São Paulo:
“Sou diabética tipo um desde que nasci e
ces de ficar bom. Tivemos que sair de São José do Norte para morar em Porto Alegre. Entramos na lista de espera e ficamos certos de
que iríamos conseguir. Só dependíamos do
doador. É muito triste ver uma pessoa sofrer.
Se não acontecesse o transplante ele morreria. E foi exatamente isso o que ocorreu. Quem
faz o transplante ganha uma vida nova. Vi
transplantados renascerem. Espero que as
pessoas não tenham medo de doar os órgãos.
Ainda tem muita gente esperando”.
Realmente a questão “doação de órgãos”
merece ser tratada de forma mais consciente.
Você pode pensar como milhares de pessoas
pensam: “pode acontecer com outros, mas
comigo nunca”. Pessoas que foram transplantadas sabem o que é voltar a viver. É o caso da
aposentada Ana Cássia Ramalho, 34, que mora em São Paulo. Aos três anos ela contraiu
diabetes. Passou então a conviver com as doses diárias de insulina. Aos 29 anos ficou cega
por quase um ano. Foi então que fez uma cirurgia no Hospital oftalmológico de Sorocaba,
recobrando parte de sua visão. Mas a neces-
Ana Paula (direita) fez transplante de pâncreas e rim, com Maria Aldice, mãe de Carine (foto sobre a
mesa). Carine teve aneurisma e a família doou pulmões, coração, fígado, córneas, rins e pâncreas
saúd e
James F. Burdick
sidade de um transplante de pâncreas era inevitável. Felizmente ele aconteceu no dia 26 de
abril de 2004. Ramalho diz que agora está tudo bem: “Estou curada do diabetes e não preciso mais usar insulina. Estou em estado de
graça. Aproveito a oportunidade para dizer
que sempre quis ser doadora. Na qualidade
de receptora essa minha vontade está ainda
mais viva. Deixei minha família avisada dessa
decisão”.
Um transplante de pâncreas e rim em
2004, feito no Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo, mudou a vida de Viviane
Pelichero Lyra. Depois de 20 anos, “sinto-me
uma nova mulher. Resgatei minha qualidade
de vida. Sobretudo, serei grata até os últimos
dias de minha vida, á família do doador, pois
sem eles nada disto teria acontecido”, conclui. Além da dor de uma família e a alegria
de quem recebe um transplante, está a parte
afetiva. Muitas famílias de doadores e transplantados acabam formando um vínculo
muito forte, unindo-as de forma impressionante. A questão muitas vezes passa a ser,
não de quantas vidas um transplante pode
salvar, mas o conforto que pode trazer à família do doador. Os benefícios de quem recebe um transplante são imensos, como vistos nos depoimentos. Mas a experiência de
uma família que, em um gesto de grandeza
e amor pela vida, doa os órgãos de seu familiar é compensada pelo fato de saber que
parte daquela pessoa pode viver na vida de
outra. Quando Bráulio de Freitas Oliveira, pai
sa úd e
“Transplante é muito mais
do que uma simples cirurgia.
É um procedimento que
envolve a mais profunda
conexão entre seres humanos”.
Arquivo pessoal
Universo IPA | Dezembro 2007
sasaúd
úd e e
Doação
de órgãos:
ou de
outra, é
de todo
o Brasil”,
afirma.
Gomes revela que a
estrutura
“horrível” dos
hospitais, onde o
atendimento
é
“péssimo”,
também
contribuiu para esse dado. Bahia, Goiás e o Distrito
Federal tiveram doações que
não foram concretizadas por falta
de infra-estrutura.
O transplante é, sem dúvida, a tão esperada resposta para milhares de pessoas com
insuficiências orgânicas terminais ou cronicamente incapacitantes. É um procedimento
médico com enormes perspectivas, porém
impossível de ser executado sem o consentimento de uma população consciente da possibilidade, necessidade e responsabilidade
de, depois da morte, destinar os seus órgãos
para salvar vidas. Não existe transplante sem
doador. A questão da escassez de órgãos para
transplantes, mais acentuada no Brasil do que
em outros países, somente será resolvida através de um intenso esforço de educação de
toda a sociedade. A conscientização da sociedade como um todo, tarefa de longo prazo,
deve ser iniciada nas escolas. Neste sentido, a
incorporação dessa temática nos conteúdos
curriculares dos diversos níveis de ensino é
determinante para se lograr uma atitude crítica que permita o debate e a análise sobre a
doação de órgãos.
tenho 15% de meus dois rins funcionando.
Hoje me encontro em quarto lugar na fila de
espera. Quando você está numa situação assim, que é o de correr contra o tempo, a espera se torna ainda mais sofrível. A espera é sufocante. Tem dias que você sente vontade de
desistir de tudo. Meu pedido é que as pessoas
que tem a intenção de ser um doador, deixem
isso bem claro aos seus familiares. É difícil julgar as pessoas com relação ao fato de não
doarem os órgãos de um ente que acaba de
falecer. Apelo para que as pessoas tentem entender desse assunto que é a doação de órgãos, antes que elas mesmas, ou alguém de
sua família, precise.”
O rim é um órgão que pode ser de doador
vivo, bem como o fígado, dependendo do tipo de doença. O tempo estimado de espera
por um rim é de, no mínimo, três anos. Em
muitos casos, as pessoas que aguardam esse
tipo de transplante, terão que fazer sessões de
hemodiálise. A espera por transplante de pâncreas é de cinco a seis meses, o que pode variar de acordo com o volume de doações recebidas. Enquanto algumas pessoas esperam
por um órgão na esperança de viver, outras
não viveram o suficiente para concretizar esse
momento. Foi o caso de Carla Gaudério, que
perdeu o seu marido Alamir em abril de 1999.
Ele sofria de uma infecção decorrente de tuberculose. Precisava receber um novo pulmão. O depoimento de Gaudério é ao mesmo
tempo, emocionante e desafiador: “o sofrimento é terrível. O Alamir tinha todas as chan-
61
O que é transplante?
É um procedimento cirúrgico que consiste na reposição de um órgão (coração, pulmão, rim, pâncreas, fígado) ou tecido (medula óssea, ossos, córneas...) de uma
pessoa doente (RECEPTOR) por outro órgão ou tecido normal de um DOADOR, vivo ou morto. O transplante é um
tratamento que pode salvar e melhorar a qualidade de
vida de muitas pessoas.
Maysa Manzatti, que aguarda
por transplante de pâncreas e rim
mais sérias”, explica o especialista.
Mas nem todos os transplantados enfrentam dificuldades para obter as medicações.
Através da portaria 2577/06, o Governo Federal passou a ceder 80% para aquisição dos
medicamentos de Alto Custo e os 20% restantes as Secretárias Estaduais se responsabilizam. Na teoria, o Governo Federal e os Governos Estaduais é quem devem arcar com os
custos da medicação. O problema, ás vezes,
está no repasse da verba, o que pode ocasionar a falta de alguns medicamentos. A aposentada Ramalho diz que nunca teve problemas com a falta de medicação em São Paulo.
Ramalho precisa usar imunossupressor. “Aqui
o sistema funciona”, conclui.
A professora Ana Paula Lima da Silva, 31,
que fez transplante duplo de pâncreas e rim,
retira seus remédios gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A professora diz
que ainda não enfrentou nenhum tipo de
problema para retirar os medicamentos. Segundo a professora, o que atrapalha mesmo
é a burocracia com os papéis que os médicos
são obrigados a preencher. As viagens de deslocamento para São Paulo a cada três meses
faz parte do tratamento, pelo fato de morar
em São José dos Campos. O advogado Célio
Fernandes de Oliveira, 40, transplantado a cin-
“A cada dia que vivo, mais
me convenço de que o
desperdício da vida está no
amor que não damos, nas
forças que não usamos, na
prudência egoísta que nada
arrisca, e que, esquivando-nos
do sofrimento, perderemos
também a felicidade”.
Carlos Drummond de Andrade
co anos e oito meses, também não encontra
dificuldades para retirar seus medicamentos
uma vez por mês através do SUS.
Gesto de amor
Uma lenda conta a experiência que um
turista teve com um velho sábio que morava
nas montanhas. As pessoas ficavam maravilhadas diante da sabedoria daquele homem.
Um dia, um homem resolveu desmascarar
aquele sábio. Então, ele arquitetou um plano.
Iria subir a montanha com um passarinho na
mão. Colocaria as mãos para trás e perguntaria ao sábio: “mestre, tenho um pássaro na minha mão. Ele está vivo ou morto?”. A estratégia
daquele homem era a seguinte: se o sábio respondesse que o pássaro estava vivo, simplesmente ele apertaria a mão, matando a ave. Se
a resposta fosse o contrário, ele soltaria o pequeno pássaro. E o homem subiu a montanha
cheio de confiança. Ele iria provar que o sábio
não era tão sábio assim.
Chegando perto daquele ancião e com as
mãos para trás, segurando a pequenina ave,
perguntou: “mestre, seguro em minhas mãos
um pássaro. Diga-me, ele está vivo ou morto?”.
A resposta veio prontamente: “se está vivo ou
morto, depende de você”.
Muitas pessoas ainda aguardam na fila à
espera de um transplante. Doar é um gesto
de amor, e dos mais altruístas. E pensar que o
maior exemplo de doação já visto foi o do próprio nosso Senhor Jesus Cristo. Ele deu a Si
mesmo para salvar. Não precisamos de exemplo mais digno e mais motivacional do que
este. A dor e o sofrimento de quem aguarda
por um transplante só é compensada pela esperança de viver. James F. Burdick disse o seguinte: “Transplante é muito mais do que uma
simples cirurgia. É um procedimento que envolve a mais profunda conexão entre seres
humanos”. Por isso deixe dito aos seus familiares que você é um doador. Esse gesto salva
vidas. Depende de você.
Quem pode e quem não pode ser doador?
A doação pressupõe critérios mínimos de seleção.
Idade, o diagnóstico que levou à morte clínica e tipo sangüíneo, são itens estudados do provável doador para saber se há receptor compatível. Não existe restrição absoluta à doação de órgãos a não ser para pessoas portadoras
do vírus da Aids e pessoas com doenças infecciosas ativas.
Em geral, fumantes não são doadores de pulmão.
Por que existem poucos doadores?
Uma das razões é porque não se tem essa preocupação em vida. É muito mais cômodo não pensarmos sobre
isso, seja porque “não acontece comigo ou com a minha
família” ou “isso só acontece com os outros”. Doação de
órgãos é uma via de duas mãos. Você nunca sabe em que
lado pode estar.
Quero ser doador. O que devo fazer?
Todos são doadores, desde que a família autorize.
Portanto, a atitude mais importante é comunicar para a
sua família o seu desejo de ser doador.
Quando se pode doar?
A doação de órgãos, como rim, parte do fígado e da
medula óssea pode ser feita em vida. Em geral, nos tornamos doadores em situação de morte encefálica e quando a nossa família autoriza a retirada dos órgãos.
O que é morte encefálica?
Morte encefálica é a parada definitiva e irreversível
do encéfalo (cérebro e tronco cerebral), provocando em
poucos minutos a falência de todo o organismo. É a morte propriamente dita. No diagnóstico de morte encefálica, primeiro são feitos testes neurológicos clínicos, os
quais são repetidos seis horas após. Depois dessas avaliações, é realizado um exame complementar (um eletro
encefalograma ou uma arteriografia).
Pessoa em coma pode ser doadora?
Não. Coma é um estado reversível. Morte encefálica,
como o próprio nome sugere, não.
Como proceder para doar?
Um familiar pode manifestar o desejo de doar os
órgãos. A decisão pode ser dada aos médicos, ao hospital
ou à Central de Transplantes mais próxima.
Quem paga os procedimentos de doação?
A família não paga pelos procedimentos de manutenção do potencial doador, nem pela retirada dos órgãos. Existe cobertura do Sistema Único de Saúde (SUS) para isso.
O que acontece depois de autorizada a doação?
Desde que haja receptores compatíveis, a retirada
dos órgãos é realizada por várias equipes de cirurgiões,
cada qual especializada em um determinado órgão. O
corpo é liberado após, no máximo, 48 horas.
Quem recebe os órgãos doados?
Os receptores são escolhidos com base em testes
laboratoriais que confirmam a compatibilidade entre o
doador e o receptor. Quando existe mais de um receptor
compatível, a decisão de quem receberá passa por critérios tais como tempo de espera e urgência do procedimento. Em princípio, a família do doador não escolhe o
receptor.
Como funciona o sistema de captação de órgãos?
Se existe um doador em potencial (vítima de acidente com traumatismo craniano, derrame cerebral, etc..) a
função vital dos órgãos deve ser mantida pelo hospital. É
realizado o diagnóstico de morte encefálica e a Central de
Transplantes é notificada. A Central localiza e entra em
entendimento com a família do doador e pede o seu consentimento, mesmo que a pessoa tenha manifestado em
vida o desejo de doar. Após isso, o doador é submetido a
uma bateria de exames para verificar se não possui doenças que possam comprometer o transplante (hepatite,
AIDS, etc.,) Com estes procedimentos, a Central de Transplantes faz um cruzamento de compatibilidade com os
pacientes na lista de espera, identifica um receptor e aciona as equipes de captação e de transplante.
Quantas partes do corpo podem
ser aproveitadas para transplante?
O mais freqüente: dois rins, dois pulmões, coração,
fígado e pâncreas, duas córneas, três válvulas cardíacas,
ossos do ouvido interno, cartilagem costal (ossos do tórax), crista ilíaca (enxerto de cartilagem), cabeça do fêmur, tendão da patela, ossos longos, fáscia lata (fibras,
nervos dos músculos), veia safena, pele. Mais recentemente foram realizados transplantes de uma mão completa. Um único doador tem a chance de salvar, ou melhorar a qualidade de vida, de pelo menos 25 pessoas.
Pode-se escolher o receptor?
Nem o doador, nem a família podem escolher o receptor. Este será sempre indicado pela Central de Transplantes. A não ser no caso de doação em vida.
Quem é beneficiado com os transplantes?
Milhares de pessoas, inclusive crianças, todos os
anos, contraem doenças cujo único tratamento é um
transplante. A espera por um doador, que muitas vezes
não aparece, é dramática e adoece também um círculo
grande de pessoas da família e de amigos.
Qual a chance de um
transplante ser bem sucedido?
É alta. Mas muita coisa depende de particularidades
pessoais, o que impede uma resposta mais precisa. Existem no Brasil pessoas que fizeram transplante de rim, por
exemplo, há mais de 30 anos, tiveram filhos e levam uma
vida normal.
Quais os riscos e até que ponto um
transplante interfere na vida de uma pessoa?
Além dos riscos inerentes a uma cirurgia de grande
porte, os principais problemas são infecção e rejeição.
Para controlar esses efeitos o transplantado usa medicamentos pelo resto da vida. Transplante não é cura, mas
um tratamento que pode prolongar a vida com uma melhor qualidade.
saúd e
A qualidade de vida de um transplantado
melhora consideravelmente. Mas o que acontece depois do transplante, quando a vida
recomeça? E os medicamentos e tratamentos? E a possibilidade de rejeição? Quanto
custa ser um transplantado?
Muitos pacientes recém-transplantados
podem sofrer durante quase um mês e ainda
enfrentar o medo da rejeição do novo órgão.
É o caso do funcionário público Élson Vasco,
43, que há dois anos fez um transplante de
rim. Mas o medo de perder novamente as funções renais ainda assombra. O remédio que
Élson precisa ingerir diariamente para evitar a
rejeição ficou em falta na Farmácia de Alto
Custo de Brasília durante quase um mês. Durante dez dias o funcionário público não pôde
tomar as cápsulas de Tacrolimus, um eficiente
imunossupressor que custa cerca de R$ 800.
“Essa é a terceira vez que o remédio fica em
falta. Tenho medo que isso se repita mais vezes”, reclama.
Cerca de 50 pacientes, principalmente
doentes renais, tomam o Tacrolimus no Distrito Federal. A autônoma Dayse Luci Terraço
Alves, 48, também fez várias viagens ao Hospital de Base para conseguir o remédio. Ela se
submeteu a um transplante de rim há três
anos e desde então precisa tomar o medicamento para eliminar qualquer risco de rejeição. “Fiz hemodiálise durante quase seis anos
até conseguir um rim novo. Não quero nem
pensar em voltar à máquina depois de tanto
sacrifício. Não podemos ficar todo esse tempo
sem o remédio”, explica Alves. Ela ficou quatro
dias sem o Tacrolimus e chegou a sentir até
alguns efeitos sobre o seu corpo. O mesmo
aconteceu com a autônoma Elaine Cristina
Blanquez, 41, que em 2004 fez transplante de
pâncreas. A autônoma chegou a enfrentar por
dois meses a falta da medicação no posto de
saúde, tendo que recorrer a amigos.
O nefrologista Rafael de Aguiar Barbosa,
da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, lembra que o paciente transplantado
precisa tomar o remédio pelo resto da vida.
“Esse medicamento é usado depois do transplante de qualquer órgão sólido. Se o paciente não tomar o Tacrolimus pode ter um quadro de rejeição aguda e até complicações
Tire suas dúvidas sobre doação de órgãos
sa úd e
Pós-transplante
“É difícil julgar as pessoas
com relação ao fato de não
doarem os órgãos de um
ente que acaba de falecer.
Apelo para que as pessoas
entendam sobre a doação
de órgãos. Antes que elas
mesmas, ou alguém de
sua família, precisem”.
Tenho um familiar esperando um
transplante. Matematicamente,
qual a chance dele encontrar um doador?
É muito difícil responder a esta questão do ponto de
vista de probabilidade. Mas considere inicialmente que
ele seja do grupo sangüíneo A+. Na população brasileira,
a chance de encontrar outro indivíduo A+ é algo em torno de 35%, ou seja, 35 em 100 ou 0,35. Mas o doador e o
receptor devem ser também compatíveis em termos de
tecido. Neste caso, a chance de encontrar indivíduos semelhantes é menor. Considere, ainda, que o doador deverá ser uma pessoa cujo órgão a ser doado tenha peso e
tamanho semelhante ao do receptor, tenha sofrido um
acidente cerebral, tenha boas condições de saúde e tenha
chegado vivo a um hospital e cuja equipe médica tenha
tido a boa vontade de entrar em contato com uma Central
de Transplante. Logo, matematicamente falando, a chance de alguém encontrar um doador plenamente compatível é pequena. Agora, pense no seguinte: se você opta
por “NÃO SER DOADOR”, você realmente está contribuindo
para diminuir a chance de sobrevivência de outra pessoa
e a felicidade de muitos.
As pessoas têm vida normal
após um transplante?
Após o transplante, os receptores devem tomar diversos medicamentos. Os mais importantes são para evitar a rejeição. Estes medicamentos, que devem ser usados
pelo resto da vida, podem causar uma série de efeitos não
desejáveis. Para combater estes para efeitos, outras drogas devem ser administradas. As estatísticas mundiais
mostram que a maioria (mais de 80%) das pessoas que
receberam um coração por transplante, por exemplo, retornaram às suas atividades anteriores. Alguns praticam
esportes, existindo até federações de transplantados.
Quanto custa um transplante e quem paga?
Mais de 90% das cirurgias são feitas pelo SUS. A maioria
dos planos privados de saúde não cobrem este tipo de tratamento, cujo custo pode variar entre R$ 5 mil a R$ 60 mil.
Quem faz transplante no Brasil?
Segundo o Ministério da Saúde, existe no Brasil cerca de 117 instituições cadastradas para realizar transplante de órgãos: Rim (111), Medula óssea (13), Fígado
(6), Coração (9) e Pulmão (3). Deste total, 40 estão localizadas na Região Sul (PR, SC, RS) dos quais, 20 são Hospitais do Rio Grande do Sul.
Universo IPA | Dezembro 2007
sasaúd
úd e e
Universo IPA | Dezembro 2007
62
do médico Ricardo soube da morte cerebral
de seu filho, resolveu, juntamente com a família, doar os seus órgãos. Foram salvas seis
vidas. Entre elas a do ator Norton Nascimento, que recebeu o coração de Ricardo. “Em
todos nós, familiares, esta doação serviu como um conforto, quando então nos conscientizamos que sua morte não foi em vão”,
comenta o pai do médico.
63
Calafrios, náuseas, tremedeiras
são alguns dos sintomas de uma
O fóbico sente um medo desproporcional
doença pouco conhecida. Trata-se
da fobia, muitas vezes, vista como
uma “frescura” pela maioria das
pessoas que não sofrem com essa
doença, diferente do medo que é
um sentimento comum aos indivíduos, em algum momento da vida.
Universo IPA | Dezembro 2007
Márcia Dihl
64
É o medo de ser atropelado que faz uma
pessoa olhar para o lado na hora de atravessar
uma rua. Também se controla a velocidade de
um carro por medo de acidentes. Da mesma
forma, pessoas que nunca viram um animal
venenoso têm medo de encontrar algum. Seres humanos e animais sentem medo e esse
sentimento tem por objetivo promover a sobrevivência, por isso alguns psicólogos definem o medo como um sentimento bom. Portanto, pode-se dizer que o medo é racional,
pois ninguém em sã consciência ousaria passar perto de uma favela quando traficantes e
policiais estão trocando tiros.
Certos medos poderiam ser universais,
como apontam alguns
estudos que indicam
que as pessoas podem ser geneticamente predispostas a
temer determinados animais como aranhas,
cobras e ratos, porque eles estão diretamente
relacionados com doenças, além de serem
venenosos, como no caso de algumas cobras
e aranhas. O programa “Fear Factor” – Fator
medo - da famosa rede de TV americana NBC
é um defensor da idéia do medo universal.
Existe ainda outro aspecto do medo, chamado condicionamento. O condicionamento
é o que leva algumas pessoas a temerem um
cachorro, enquanto outras convivem com o
animal dentro de suas casas. Se uma criança
foi mordida por um cachorro, ela pode estar
condicionada a sentir medo mesmo depois
de adulta. O cérebro da pessoa relaciona a visão do cachorro com a dor da mordida sentida na infância. O psicólogo, Martin Seligman,
desenvolveu uma experiência de condicionamento em que apresentava aos participantes
fotos de certos objetos e lhes dava um choque elétrico em seguida. O objetivo era criar
uma fobia do objeto da foto. Quando era uma
foto de aranha ou cobra bastavam dois a quatro choques para estabelecer uma fobia, ao
passo que apresentando fotos de uma árvore
ou flor, era preciso muito mais choques para
criar um medo real.
Racional x Irracional
Mas então qual é a diferença entre medo e
fobia? Segundo o psicólogo, Leandro Feix, a diferença está relacionada com a razão, pois as
pessoas convivem com o medo, que
é racional. Hoje em dia quase todas as pessoas têm medo de
sair de casa e serem assalta-
As fobias têm cura
Se você conhece alguém que sofre de algum tipo de fobia, sabe que não adianta tentar convencer a pessoa de que nada vai acontecer se ela subir em um prédio alto, por
exemplo. A pessoa que tem acrofobia - medo
de altura - não deixará de ter medo ao ouvir
você dizer que nada acontecerá a ela se lhe
acompanhar até o 13ª andar.
Geralmente, o fóbico não precisa de um
profissional para reconhecer a sua fobia, no
entanto, a cura para a doença dificilmente é
alcançada sem ajuda terapêutica. O momento de procurar auxílio deve ser decidido pelo
próprio indivíduo, que muitas vezes tende a
adiar o tratamento, por acreditar que os sintomas desaparecerão com o tempo.
Um dos tratamentos indicados em caso de
fobias específicas – veja no quadro alguns
exemplos – é a terapia cognitiva comportamental, que trabalha com a dessensibilização
sistemática, na qual o paciente desaprende a
ter medo. Por exemplo, se uma criança desde
pequena sabe que algum familiar tem medo
de agulha, ou em algum momento vê alguém
gritar ou chorar ao levar uma injeção, a criança
está aprendendo a ter medo de agulhas. “A
pessoa explica para o terapeuta o seu medo e
juntos eles constroem, o que se
chama de uma hierarquia
de medos, pois uma
coisa é se ver uma
agulha, outra é
falar
sobre
agulhas, ou
ainda ver al-
saúd e
guém tomar uma injeção, assim como imaginar o objeto. À medida que a pessoa vai hierarquizando seus medos, paciente e terapeuta
vão trabalhando um a um, como se fosse uma
grande escadaria aonde eles vão subindo degrau por degrau”, esclarece Feix, especialista
nesse tipo de procedimento. No entanto, alguns psicólogos não acham que a terapia cognitiva seja o melhor tratamento, pois não se
preocupam com a essência da fobia.
Em algumas fobias não desenvolvidas em
função do pânico são aplicados métodos como inundação de estresse, no qual o paciente
é inundado por seus medos, até que o seu
cérebro reconheça que não existe risco. Outro
método utilizado é o Eye Movement Desensitization and Reprocessing (EMDR), originalmente usado em pacientes com estresse póstraumático. Nesse tipo de terapia, os dois hemisférios cerebrais são alternadamente estimulados com estímulos tácteis ou auditivos,
enquanto o terapeuta estimula o paciente a
vivenciar os seus pensamentos, sensações e
imagens fóbicas com o objetivo de alterar o
processamento das memórias.
A terapia psicanalítica oferece tratamento
para resolver esse tipo de doença. De acordo
com o Feix, a diferença é que não se tem uma
resposta imediata do problema, pois o psicanalista busca a origem e o significado individual da fobia e a terapia cognitiva comportamental não se preocupa com a origem e sim
com uma solução imediata.
Não é possível prever em quantas sessões
o paciente estará curado, no entanto, pesquisas apontam que em poucos meses o paciente alcança bons resultados. “Tendo em vista
que é uma aprendizagem, assim que o tratamento acaba o paciente não sente mais medo nenhum, mas ele precisa, aos poucos, se
colocar em situações que antes causavam
medo para ele. Agindo assim, a pessoa fará
uma prevenção à recaída”, conclui Feix.
sa úd e
uma barata transforma situações corriqueiras
do cotidiano como tomar banho, ir ao trabalho ou permanecer em determinado local um
verdadeiro inferno. “Ao me deparar com uma
– o fóbico muitas vezes não consegue pronunciar o nome objeto de medo – eu saio de
mim. Perco o controle, o bom senso, a educação, pois subo em qualquer lugar que me deixe segura! Já parei até no hospital em um dos
ataques”, relembra a integrante da comunidade, Renata Regina Barbosa, que faz tratamento psicológico porque quer ter um filho e
acredita que sofrendo de fobia não tem condições de ser uma boa mãe.
Outras fobias
Acrofobia – medo de altura
Agorafobia - medo de lugares abertos
Aracnofobia – medo de aranha
Cinofobia – medo de cães
Claustrofobia – medo de locais fechados
Fotofobia - medo da luz
Ofidiofobia - medo de cobra
Triponofobia - medo de injeções
Universo IPA | Dezembro 2007
sasaúd
úd e e
Márcia Dihl
Medo
não é fobia
das. O fóbico sente um medo irracional que faz
com que não consiga sair de casa por um medo
intenso e desproporcional de ser assaltado.
Phobos é o nome da deusa grega do medo e do pânico, que deu origem à palavra fobia, classificada como uma psicopatologia. A
fobia está relacionada a uma situação, bicho
ou objeto. Os sintomas mais comuns da fobia
são: formigamento, dor no peito, taquicardia,
dificuldade para respirar, sudorese – suor excessivo -, tonturas, tremores e, em alguns casos, desmaios. “Esses e outros sintomas são
produzidos pelo alto nível de ansiedade que o
indivíduo está exposto, ou seja, visualizar o objeto de medo muitas vezes pode desencadear
um ataque de pânico no qual o fóbico não tem
controle de suas emoções”, explica Feix.
A questão da fobia envolve muito mais do
que simplesmente o medo. Ela transforma o
dia-a-dia de pessoas que, fora dessa circunstância, têm uma vida completamente normal.
No Orkut, maior site de relacionamentos da
internet, existe uma comunidade com o título
“Fobia de barata”, que conta com 5.809 participantes. É um local para os fóbicos discutirem o problema e trocarem experiências sobre o tema. Um aviso importante consta na
comunidade: somente pessoas com fobia podem participar, no entanto, qualquer pessoa
pode visitar a comunidade. Nela encontramse desabafos e acontecimentos inimagináveis
para quem não sofre com esse mal, que vão
desde chamar o porteiro para matar uma barata até o relato contado por uma senhora
que afirmou ter ligado para o 190 informando
que sua casa havia sido invadida por um intruso. O policial preocupado com o estado
em que a senhora se encontrava lhe perguntou se era possível ver o intruso, ao que ela
respondeu tratar-se de uma barata. O atendente da polícia esclareceu que se uma viatura fosse até o local ela seria
detida por falsa denúncia. Para essas pessoas ver
65
brutalmente no trânsito. Perdem-se
familiares, amigos, crianças, idosos,
enfim, todos estão sujeitos, a qualquer momento, a tornar-se mais
uma vítima. Está claro que o trânsito
não está seguro. A imprudência e a
imperícia, hoje, são os causadores
dos maiores acidentes. Direção
ofensiva, falta de educação e respeito pode transformar uma simples
ida ao supermercado, numa tragédia sem igual para a família. Para
minimizar as seqüelas das vítimas
decorrentes do acidente, é necessária uma atuação profissional e capacitada para que o acidentado não
acabe por morrer. E é nessa hora que
os socorristas entram em ação.
A ambulância é o instrumento principal utilizados pelos socorristas em socorro às vítimas
Universo IPA | Dezembro 2007
Heloisa Pacheco
66
Ronaldo Ruaro, Cléber Peixoto, Julimar
Fortes Pinheiro, parecem nomes de pessoas
comuns entre tantos outros nomes, de indivíduos que possuem as suas próprias características e donos de suas vidas. Mas as diferenças acabam por aqui, pois todos estão ligados
por um mesmo sentimento comum: a paixão
em defender e salvar vidas. São homens de
grande coração, que no seu dia-a-dia encaram a violenta e cruel realidade dos acidentes
de trânsito. O gosto pelo desafio é o principal
fator que levou esses três homens, anônimos
diante das tragédias, a seguirem nessa profissão, que por muitos deve ser entendida como
uma vocação, haja vista que cria enorme vínculo com a profissão. Quem decide por seguir
nessa missão, visa uma busca, um anseio, ou
mesmo um objetivo de vida.
O técnico em enfermagem, Cléber Peixouma das causas preponderantes na escolha
to, 31 anos, dedicou grande parte da sua vida,
de sua profissão. Desafio esse, de possuir coaté agora 15 anos, à paixão por salvar vidas.
nhecimento técnico, equilíbrio psíquico e caAinda no exercício de sua atividade, ele afirma
pacidade física para suportar o desgaste físico
que desde adolescente, gostava de assistir
e mental. Ele ressalta: “Cada situação nova que
programas na televisão relativos à emergênnos é apresentada, é um desafio a nós nos
cia. Por conseguinte, a área de atendimento
aperfeiçoar-mos”.
pré-hospitalar foi chamando a sua atenção,
O Comandante do Oitavo Comando Realiadas a oportunidagional de Bombeiros de
des que obtivera duCanoas, Capitão Julimar
“Já vi muita coisa ruim,
rante o decorrer da sua
Fortes Pinheiro, 34, fore vou continuar vendo” mou-se Aspirante na
vida, que possibilitaram
o ingresso nessa área.
Brigada Militar em 1994,
O médico, Ronaldo Ruaro, há dez anos leatuando no policiamento ostensivo até o ano
va a vida salvando outras vidas. Com 35 anos
de 1997. Nesse mesmo ano integrou ao Corpo
de idade e três filhos ainda crianças, esse divide Bombeiros, visto que era a sua antiga aspide a sua vida com a vocação e a família. Conração. Ele define a sua profissão como gratifisidera a sua vida muito corrida, emocionante
cante, e valiosa por ser reconhecida pela poe desafiadora, devido a intensa atividade propulação. Atualmente, Fortes precisa atuar em
fissional. São horários e plantões a cumprir.
todas as situações de risco existentes, como
Ruaro lembra que a sensação desafiadora foi
salvamentos a altura e aquático. Mas afirma
Para ser socorrista
Segundo Fortes, é essencial afinidade
com o serviço. Outro ponto importante, é um
bom treinamento, uma dedicação e uma doação enorme. Muitos que decidem por seguir
na vida como socorrista, visam mais que um
emprego. Imprescindível é não ter nenhum
tipo de problema ao se deparar com sangue
e situações de estresse extremo. Perante uma
situação calamitosa deve ser mantida a tranqüilidade, “até porque nós seremos o referencial para que aquela pessoa vitimada se sinta
protegida. Se tiver mais apavorada que a própria vítima, tu não será a pessoa indicada para
ser socorrista”. Isto se percebe no primeiro
atendimento. E é nesse primeiro contato que
alguns desistem.
É necessário auto-controle e tomadas de
decisões rápidas. Um juízo crítico muito rápido a cerca das situações. Uma boa disposição
para aprender e aceitar desafios. “Sem dúvida
uma capacidade boa de lidar com seres humanos em toda sua complexidade”, sintetiza
Peixoto.
Obstáculos
As dificuldades dependem exclusivamente da realidade da ocorrência. Uma das máximas usadas pelo Corpo de Bombeiros e relembrada por Fortes é “Cada Ocorrência é um
Ocorrência Diferente”. Os principais obstáculos
é o trânsito intenso, difícil acesso e o efetivo
isolamento da área. De acordo com Ruaro, há
também diversos relatos de agressão. “As pessoas não entendem que somos seres huma-
saúd e
Todo dia vidas são interrompidas
nos, eles vêem o uniforme, a instituição, mas
esquecem que nós somos como eles, pessoas
normais, temos famílias, a gente sente fome,
frio”, afirmou o socorrista. Muitas vezes, os
curiosos que se aglomeram ao redor dos acidentes, menosprezam os riscos que os socorristas correm. Em condições de risco, como um
fio elétrico na área do acidente, os socorristas
estão proibidos de resgatar a vítima. A segurança deles está sempre em primeiro lugar,
para que não se tornem outras vítimas. Um outro problema que chama muita atenção, é a
sombra da figura do socorrista herói que norteia a mente das pessoas. “Não me considero
um herói, e nem quero. É muito difícil ser herói,
quero ser um ser humano normal. Eu quero
chegar em casa, vestir meu chinelo, quero ser
um cidadão comum. Apenas desenvolvo um
trabalho muito bonito, que foi até o que me
levou a optar por essa profissão”, explicou Ruaro. Fortes conclui: “A gente não quer ser um
herói, o herói morre. Eu sou um profissional
que vai fornecer o melhor suporte possível, para que a vítima sofra menos traumas enquanto
estiver nas minhas mãos”, conclui Fortes.
sa úd e
o homem que leva
a vida salvando vidas
tanto ele diz que por mais que tente, são tantas situações que fica muito complicado. E
completa: “São dados que irão ficar na minha
memória para sempre, vou carregar para o
resto da vida comigo”. Ele recorda um caso recente que o marcou: “Houve um atendimento
na BR-116, no qual houve uma colisão entre
duas motocicletas. Onde estavam em cada
uma delas, o motociclista e caroneiro. Em uma
delas, estava um casal. A colisão e por conseqüência a queda foi leve, não havendo maior
repercussão. Mas por terem caído na BR-116,
a namorada foi para o lado da pista. Segundo
relato do motociclista para nós na ambulância, quando ele lembrou da companheira, tentou puxá-la pela mão, mas uma carreta passou
por cima dela. Ele presenciou a cena”. Ruaro
lembra que uma das coisas que o chocou foi
a reação do motociclista, que em alternados
momentos agia como uma criança, e em outros tentava assimilar o fato ocorrido e, portanto, gritava sem nenhum referencial. “Ele não
suportava a situação e toda equipe emocionou-se também”, afirmou o socorrista.
Os 10 mandamentos
do socorrista
1. Mantenha a calma.
2. Tenha sempre em mente a seguinte ordem
de segurança:
- Primeiro eu (socorrista)- Depois minha equipe (incluindo os transeuntes)
- Por último a vítima
3. Ao prestar socorro, é fundamental ligar ao
atendimento pré-hospitalar de imediato ao chegar
ao local de acidente.
4. Sempre verifique se há riscos no local, para
você e sua equipe antes de agir no acidente.
5. Mantenha sempre o bom senso.
6. Mantenha o espírito de liderança, pedindo
ajuda e afastando os curiosos.
7. Distribua tarefas, assim os transeuntes que
poderiam atrapalhar lhe aguardarão e se sentiram,
mais úteis.
8. Evite manobras intempestivas (realizadas
de forma imprudente, com pressa).
9. Em caso de múltiplas vítimas, dê preferência àquelas que correm maior risco de vida, como
por exemplo, vítimas de parada cardiorespiratória
ou que estejam sangrando muito.
10. Seja SOCORRISTA e NÃO HERÓI (lembre-se
do segundo mandamento).
Universo IPA | Dezembro 2007
Socorrista,
Heloisa Pacheco
sasaúd
úd e e
Profissionais
minimizam possíveis
traumas de
acidentes, atuando
em prol da vida
humana
que tem uma intimidade maior na área de
pronto-socorrismo e combate a incêndio, visto que é o cotidiano.
“Diversidade”, essa palavra define o dia-adia de todos os socorristas. A cada nova ocorrência, surge um novo obstáculo, um desafio
diferente, uma dificuldade a mais a ser superada. Desse modo, a capacidade de aprender
e superar as expectativas são fundamentais
para os socorristas. Ruaro explica que nunca
fez um plantão igual ao outro: “Têm plantões
cujas cenas nos toca, sendo que já me emocionei com eventos muito delicados”. O também socorrista, Fortes, ressalta que acumulou
muitas vivências ao longo de sua carreira.
Conta que atendimentos envolvendo crianças costumam marcar mais drasticamente as
suas vidas. “Nós trabalhamos com a desgraça
alheia, e não nos acostumamos com isso. Mas
como a rotina é essa, nos propusemos a trabalhar nessa área sem heroísmo. Já vi muita
coisa ruim,e vou continuar vendo. Assim como irei continuar tendo gratificações extremas”. Para ele, conseguir salvar uma pessoa,
ou minimizar um grande trauma, é uma dádiva divina. “São essas gratificações que fazem
com que esqueçamos por alguns minutos essas lastimáveis situações”, completa.
É qualificação para todos os socorristas
estarem preparados emocionalmente para
quaisquer eventos traumáticos. As emoções,
mesmo que contidas no momento de ação,
após necessitam ser expressadas. Cada um
possui uma maneira de liberá-las, com reflexão, atividades esportivas, lazer. A condição
diferencia, mas a necessidade é certa. O socorrista Peixoto costuma dedicar as suas manhãs livres à prática de esportes, onde este
tem a possibilidade de “metabolizar” a sobrecarga ocasionada pelo alto número de atendimentos.
A tarefa dos socorristas está ligada a minimizar o risco de outros traumas e complicações após o acidente. Não há tempo a perder,
os minutos são valiosos. Os segundos são cruciais. Os primeiros dez minutos após o evento
traumático, que seria a colisão, são decisivos
à vítima. É o momento entre a vida e a morte.
Segundo nomenclatura internacional, é chamado de “Dez Minutos de Platina”. Após, chama-se “Golden Hour”, que seria a primeira hora ou a “Hora de Ouro”. Considerado o tudo ou
nada, é o que decide, muitas vezes, a sorte
daquela pessoa que está nas mãos dos socorristas. Não pode haver tempo para pensar, ao
contrário, é necessário agir prontamente no
foco da cena, isto é, na vítima.
São tantos acidentes diários, que o controle de quantas vítimas salvara é uma tarefa
complexa de ser realizada. A idéia de fazer um
controle no decorrer de seus dez anos no
exercício passou pela cabeça de Ruaro, entre-
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Durante a sua gestação Adriana Antunes tomava muito líquido e passava cremes hidratantes
Saúde e beleza na
gravidez
Universo IPA | Dezembro 2007
Kamila Johann
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Ser mulher é muito bom, pois se tem várias vantagens das quais os homens não podem desfrutar. Uma delas é ser mãe. Dar a luz
a uma criança é uma dádiva, é um momento
muito importante, é uma hora de fazer muitas
escolhas e grandes mudanças, além de ter alguns cuidados. A Revista Universo IPA vai lhe
ajudar a ter as devidas precauções para ter
uma gestação saudável e bonita. Está pronta
para ter uma gravidez divina e maravilhosa?
Então, leia esta matéria que irá lhe auxiliar para ter uma gestação saudável e bonita.
Alimentação saudável
Em primeiro lugar, para ter uma gestação
saudável, é necessário alimentar-se bem de
forma balanceada e fazer exercícios físicos.
Aquela história de que quando se está grávida
deve-se comer por dois é o maior erro.
Segundo a nutricionista do Serviço Social
da Indústria (SESI) de Porto Alegre, Neusa de
Camillis, é indispensável uma alimentação
saudável, rica em proteínas, carboidratos e vitaminas. “O ideal é que a mulher planeje sua
gestação, fazendo uma dieta balanceada a
contar de seis meses antes de engravidar até
o nascimento do feto, para ajudar na formação do bebê e, após, durante a amamentação,
para enriquecer, com nutrientes, o leite dele”,
reforça a idéia de Camillis, a coordenadora do
curso de nutrição do Instituto Metodista IPA
de Porto Alegre, Magda Cammerer. Ambas
nutricionistas concordam com a idéia de que
se deve “controlar o garfo”, pois durante a gravidez é muito fácil ganhar peso.
Quando o assunto é exercícios físicos, o
Coordenador Administrativo da Associação
Desportiva do IPA (ADIPA), Daniel Geremia,
afirma que durante a gestação, por causa do
aumento de peso e do crescimento da barriga, a mulher tende a ter dores lombares e o
impacto com o chão durante a atividade física
é muito maior do que quando não se está grá-
Descubra as
situações que
podem afetar uma
gravidez tranqüila
vida. Por esses e outros motivos, Geremia
aconselha que gestantes, principalmente durante o primeiro trimestre da gravidez, façam
exercícios leves, como a hidroginástica, porque a água diminui o impacto da grávida com
o solo. Também, sugere que façam caminhadas tranqüilas, de duas a três vezes por semana, para não deixar o sedentarismo tomar
conta do corpo por causa da gravidez, o que
é muito ruim para a mulher grávida.
Pele e cabelos bonitos
Ter um cabelo bem tratado e uma pele
bonita durante a gravidez é essencial, até porque é o período da vida em que a mulher fica
muito mais sensível, pois se sente gorda, inchada e feia, além de estar se preparando para a chegada de um bebê. Estrias, celulite, flacidez e qualquer outro tipo de marca ou mancha apavoram as mulheres, então não dá para
comentar o que se passa na cabeça de uma
grávida, não é mesmo?
Muitos obstetras recomendam que a gestante não pinte os cabelos, pois a amônia pode afetar o bebê. “Normalmente, aconselho
minhas pacientes que usam tinturas a pintarem o cabelo com uma coloração semelhante
a sua natural, para que não precise pintar durante o resto da gravidez”, comenta a Ginecologista e Obstetra, Suzane Matte. “O ideal é
investir em hidratações com cremes caseiros
e cortes, para não deixar de ser bela por causa
de uma tintura”, aconselha a Cabeleireira, Valquíria Fernandes.
Com relação à pele, a Dermatologista, Irene Schimitt, sugere a ingestão de muito líquido, para hidratar a cútis e prevenir as temidas
estrias. “Dá para abusar de cremes para o corpo e óleos, pois eles complementam a hidratação que a água traz para o corpo”, reforça
Schimitt. Consumir gelatina também é uma
boa opção para quem não quer ter essas imperfeições na pele, pois ela possui colágeno,
substância essa que influencia na elasticidade
da pele, podendo reduzir a flacidez e, dependendo do caso, prevenir a pele da celulite. A
ingestão de pouco açúcar, frituras e refrigerantes também atinge diretamente a pele,
por isso, evite ao máximo.
Viu que não dá para relaxar, mesmo estando grávida? Então, mãos à obra mamãe! Muita água, creme hidratante, óleo corporal e
gelatina para ficar bonita e ter um bebê saudável e orgulhoso da mãe bonita que ele tem.
Mas lembre-se de evitar o refrigerante, o açúcar e as frituras.
Moda para grávidas
É muito importante cuidar da saúde e da
aparência durante a gestação, mas também é
essencial estar bem vestida, pois a beleza generalizada é o melhor cartão de visitas para as
pessoas. Infelizmente, lojas grandes e famosas
não possuem confecções para grávidas, o
que, muitas vezes, impede que uma gestante
fique na moda. Para piorar, a maioria dos pontos comerciais que possuem vestuário para
grávidas, raramente, tem preços acessíveis à
população, ou seja, boa parte das peças de
roupa custa caro.
Existem algumas saídas para você que
quer estar bem vestida durante a gestação,
como encomendar roupas sob medida para
um alfaiate ou costureira, ou, até mesmo, apelar para confecções esquecidas ou muito utilizadas presentes no seu armário. Através de
pesquisas, algumas dicas para você, futura
mamãe, estar na moda usando o que tem no
armário ou arranjando soluções bem acessíveis financeiramente.
Erros
- Comprar roupas normais só que de numeração maior. A modelagem dessas roupas não são próprias para as “novas formas”
da mulher e, conseqüentemente, acabam
lhe caindo mal.
- Usar roupas do marido ou namorado.
Por que usar confecções masculinas num mo-
- Escolha roupas fáceis para vestir. Neste
caso, peças com ajustes especiais (botões, elásticos, faixas etc.) são as mais recomendadas.
- Use malhas na barriga ou calças de cintura baixa. Estas roupas não atrapalham a acomodação do bebê e nem deixam a mamãe
desconfortável.
- Abuse dos vestidos. Além de serem confortáveis, dão um toque bem delicado à gestante.
- Procure usar sapatos ou sandálias sem
salto. Estar confortável é essencial e o salto
prejudica a locomoção da mulher grávida, fazendo com que ela corra mais riscos de cair.
- Use estampas e decotes a vontade, mas
não exiba muito o barrigão. Não precisa mostrar a barriga para todos perceberem que você está grávida, a discrição é a principal característica da elegância.
- Não use roupas escandalosas. Você chama bastante a atenção das pessoas com a
gravidez, por isso não queira exibir-se com
peças chamativas demais.
- Resumindo, você, futura mamãe, não
pode deixar de cuidar da alimentação e parar
de se exercitar, porque “maus hábitos alimentares e físicos não prejudicam apenas a sua
saúde, mas também a de seu bebê que está
para chegar”, explica Matte. Também, não pode se esquecer de que não existe uma dieta
geral para todas as mulheres, portanto, deve
procurar um Nutricionista para acompanhar
de perto a sua gestação.
Dicas de sites para
a mulher grávida
» www.clinicafgo.com.br
» meunene.uol.com.br
» www.copacabanarunners.net/
gelatinas-e-colageno.html
» www.minhavida.com.br
» guiadobebe.uol.com.br
» www.bolsademulher.com
» www.omelhordamoda.com.br/resultado_
categoria103.asp?CatID=103&order=3
»w
ww.planetabebe.com.br/
contents/biblioteca/html/biblioteca.htm
saúd e
sa úd e
Dicas
Universo IPA | Dezembro 2007
sasaúd
úd e e
Fotos: Feu Antunes
mento tão feminino?
- Usar roupas de amigas que estiveram
grávidas. Lembre-se de que os corpos femininos não são iguais e que algumas mulheres
engordam demais e outras de menos.
- Usar somente os costumeiros modelos
de macacão para gestante, ou com babados,
ou em apenas cores pastéis e cheios de detalhes desatualizados. Existem muitas opções
de roupa para mulheres que se encontram
nesse momento tão especial.
69
Danielle oliveira
Um tema que gera polêmicas a
Universo IPA | Dezembro 2007
dermatologistas, esteticistas e pes-
70
soas adeptas à técnica: bronzeamento artificial. Quais os riscos? Há
quem diga que a técnica das câmaras de bronzeamento pode causar
inúmeros danos à saúde e quem diga que não há problema. Saiba das
opções de bronzeamento e dos riscos que você corre com esse procedimento.
Por ano, quase 2 milhões de brasileiros
se rendem às facilidades do sol artificial. Ele
está disponível em qualquer esquina, dos
centros especializados ao salão de cabeleireiro do bairro. A falta de tempo para ir à
praia, o medo de descascar depois do sol e
o temor pelos efeitos dos raios solares são
os motivos que tem feito com que as pessoas optem por técnicas artificiais de bronzeamento. É um tratamento prático e não custa caro, uma sessão pode variar de R$ 10 a
80. Mas é bem arriscado.
Você precisa saber
Segundo a Vigilância Sanitária, uma clínica precisa de alguns documentos para estar
apta a fazer o procedimento: comprovante de
treinamento da operadora da máquina, o certificado do médico responsável e o selo de
permissão de uso da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Além disso, segundo a esteticista da Estética Mara, Neila Maria
Ruschel, antes de se submeter ao tratamento,
a cliente precisa estar ciente dos riscos assinando um termo e levar um atestado médico
afirmando que a pessoa pode fazer o bronzeamento artificial. O bronzeamento a jato não
precisa nem tem contra indicação.
De acordo com a esteticista, quem tem
histórico de câncer de pele ou alergia ao sol
não deve fazer o tratamento. Na estética em
que trabalha, ela conta que a cama é esterilizada. Ela explica também que em termos de
segurança, a cliente usa um óculos próprio
para a cama, pois os olhos desprotegidos podem desenvolver queimaduras e cataratas.
Cada sessão custa em média R$ 10 e dura de
15 a 30 minutos, dependendo do tom de pele que a pessoa está e o máximo que se pode
fazer é uma sessão por dia, ressalta. As recomendações que a esteticista dá são de evitar
produtos que acelerem o bronzeamento, não
passa protetor solar durante a sessão e o autobronzeador pode usar somente nos dias
que não forem feitas as sessões.
Bronzeamento artificial
Camas de bronzeamento: O método mais
antigo e a opção mais procurada. Nas câmaras
de raios UVA, uma sessão dura, normalmente,
de 15 a 30 minutos, como se estivesse exposto ao sol por um dia inteiro. Após a sessão, a
sensação é de ressecamento, coceira e vermelhidão, causados pelos raios UVB. O uso de
protetor solar não evita que as radiações, principalmente do tipo UVA, atinjam a segunda
camada da pele, a derme. Pode ser feito em
clínicas de estética.
Bronzeamento a jato: Na clínica estética,
você veste o biquíni e, com um jato de ar se-
saúd e
SASaúd
úd e e
Estética Mara
A técnica mais procurada de bronzeamento artificial: câmaras de bronzeamento. A longo prazo, ela pode causar inúmeros danos à saúde
sa úd e
vale a pena correr o risco?
Muitas pessoas não entendem porque os
dermatologistas não recomendam o bronzeamento artificial nas câmaras. Dentro das cabines, não há barreira alguma para os raios
UVA nem para os UVB. O dermatologista Walmor Bonatto desaconselha a utilização quando o objetivo é apenas estético, porque os
raios podem lesar a pele e trazer danos a médio e longo prazo.
Ele explica que o bronzeamento artificial
com raios UVA e UVB (raios ultravioleta A e B) só
é indicado para determinados tipos de doenças de pele como em alguns casos de psoríase
e vitiligo. Como alternativa, o médico aconselha os cremes autobronzeadores de aplicação
local ou o bronzeamento a jato que tem a mesma base, sendo soluções que não descascam
nem provocam o envelhecimento precoce.
“Em longo prazo, além de ser nocivo para
a pele, a cama de bronzeamento artificial pode queimar, causar flacidez, acelerar o envelhecimento e aparecimento de rugas, há risco
de lesões oculares como catarata e cegueira
e provocar diversos tipos de câncer de pele”,
afirma o dermatologista. Segundo Bonatto, a
intensidade das luzes é duas a três vezes
maior que a radiação solar e quanto maior a
freqüência, pior são os efeitos. O UVA penetra
profundamente na pele alterando fibras elásticas e colágenas, perda da elasticidade e
manchas. Existem vários estudos publicados
que comprovam tudo isso, como o realizado
por cientistas norte-americanos da “Darmouth Medical School” (DMS), situada em Hanover
(New Hampishire – EUA).
Até algum tempo atrás, vários profissionais consideravam que esses raios eram seguros. Os efeitos nocivos dos raios ultravioletas
UVA e UVB não são visíveis imediatamente,
porém, os danos da irradiação são cumulativos e podem dar os primeiros sinais somente
após dez anos ou mais. Os pesquisadores também alertam que quanto mais jovens são os
usuários dos solários, mais perigos correm.
melhante ao utilizado em pintura de carro, recobriu que tinha dermatite de pele, o seu dercebe uma aplicação de loção bronzeadora.
matologista disse que o sol ajudaria a exterBastam, em média, 20 minutos para aplicar o
miná-las, ela começou a observar que no veproduto e 20 minutos para esperá-lo secar. Ele
rão elas sumiam e quando chegou o inverno,
age apenas na camada mais externa da pele
começou a fazer o bronzeamento. Desde en(onde o princípio ativo, a diclassroxiacetona,
tão, faz o ano todo, mas com menos intensiDHA, encontra a queratina e, juntos, produdade no verão. “Faço três sessões por semana
zem uma substância de tom marrom-dourano inverno e no verão uma ou duas. Todas
do, a melanoclassina), por isso não oferece
vezes que paro, minhas dermatites voltam
danos à pele. O efeito dura cerca de sete dias.
com tudo. Acho que nem envelhecimento
Autobronzeadores: De acordo com o derprecoce ocorre, aliás, tudo em excesso não é
matologista, dentre
bom”, observa.
as opções de bronA estudante de
“O bronzeamento artificial
zeamento artificial,
Medicina,
Samy
pode queimar, causar flacidez, Spencer, 21, conta
essa é a mais segura
acelerar o envelhecimento que quando fez a
por ser um produto
cosmético que reasua primeira sessão,
e causar câncer de pele“
ge com as proteínas
se assustou um pouda pele, trazendo modificação do tom da peco, pois ficou com as costas vermelha e ardenle poucas horas após a aplicação. Por não pedo. O tempo da sessão foi de dez minutos.
netrar na pele, o produto não estimula a pro“Fiquei com medo de fazer de novo e nunca
dução de melanina, não oferecendo riscos de
mais fiz”, declara.
envelhecimento precoce nem câncer de pele,
A jornalista Aline Fernandes, 23, diz: “Eu famas a aplicação deve ser feita longe do sol.
zia bronzeamento artificial nas camas e adoraExistem no mercado internacional produtos
va. Abusei, fiz 68 sessões em menos de dois
que proporcionam uma coloração bem prómeses, fiquei um tempo com ardência quando
xima da conquistada pelo bronzeamento name expunha ao sol, mas passou. Parei de fazer
tural. É uma boa alternativa que apenas tinge
por preocupação com a saúde”. Uma vez quana pele sem que seja preciso submeter o corpo
do precisou ficar bronzeada do dia pra noite,
à radiação.
fez a técnica a jato e ficou toda manchada, cor
Pílulas de bronzeamento: São comprimisim cor não, parecia que tinha contorno sobre
dos à base de aminoácidos que estimulam a
suas células, escamou e mesmo com esfoliaprodução de melanina quando a pessoa se
ção, não saiu, foram três dias de alergia.
expõe ao sol (melanina é o pigmento responA bancária Pamella Lara, 22, não aconsesável pela cor da pele). As cápsulas estimulam
lha o bronzeamento a jato, pois relata que fez
a produção de melanina, o pigmento natural
e se arrependeu. Na sua opinião, ficou horrível
da pele. Naturais, sem conservantes, açúcares
porque a pele parece estar encardida, manou corantes artificiais, ainda não foram recochada e com uma cor amarelada, em algumas
nhecidas como um produto que possa ser
partes do corpo ficam mais e outras menos
utilizado especificamente para bronzeamenbronzeadas. “Realmente não vale a pena, fiz
to pelo Food and Drug Administration (FDA),
duas vezes, uma em 2005 e a outra foi agora
órgão americano responsável pelo controle e
há pouco tempo. Fiz de novo porque achei
regulamentação das drogas e medicamentos
que poderia ter sido o local que eu fiz, mas
lançados no mercado.
infelizmente não é”, relata.
Convém avaliar muito bem a necessidade
real do bronzeamento artificial, pois esse procedimento não é recomendado pela SociedaFaz 17 anos que a advogada Michele Soude Brasileira de Dermatologia. Lembre-se:
za, 35, é adepta da técnica de bronzeamento
Cuide da sua pele hoje, para que ela continue
artificial. Para ela, a cor é perfeita e a rapidez é
saudável e nova amanhã, portanto sinal veralgo inacreditável. Quando a advogada desmelho às lâmpadas de UVA e UVB.
Opinião de quem fez
Você sabia que...
- Um estudo sueco, em 1994, concluiu que quem tem menos de 30 anos e se bronzeou dez vezes ou mais com lâmpadas
de UVA em um ano, aumenta em sete vezes as chances de desenvolver melanoma e carcinoma. O melanoma é a doença atinge dois entre mil brasileiros, sendo responsável por seis de cada sete mortes causadas por câncer de pele.
- Na Inglaterra, segunda colocada mundial de bronzeamento artificial (a campeã é a Alemanha) essa é a segunda
forma mais comum de câncer, com 4 mil casos a cada ano e quatro mortes por dia.
- As emissões de UVA enfraquecem as células da pele e o sol tomado após as sessões prejudica ainda mais.
- Adolescentes e grávidas devem evitar esse tipo de bronzeamento. Ao final de cada sessão, é necessário ingerir água.
- Não se deve expor em aparelhos e ao sol no mesmo dia.
Universo IPA | Dezembro 2007
Bronzeamento artificial:
Vale a pena?
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A busca para obter o corpo perfeito atinge não somente mulheres, mas também homens. O exagero dessa busca pode causar
doenças graves como a Vigorexia nos homens e a conhecida Anorexia em mulheres.
Isso ocorre quando não estão satisfeitos
com os seus corpos, fazendo o possível e, muitas vezes, até mesmo prejudicando a sua saúde para assim conseguirem os seus objetivos.
Muitos ainda recorrem ao uso de drogas
artificiais como anabolizantes para obter o resultado desejado mais rapidamente, com isso
trazendo muitas complicações tanto para os
homens como em mulheres, causando problemas nos tendões, ossos e ligamentos, ainda podem causar a impotência sexual nos
homens entre outros danos à saúde e nas mulheres pode causar o engrossamento da voz
e ganho de pêlos.
O Coordenador do Curso de Educação
Física e Professor do Centro Universitário Metodista IPA, Leandro Vargas, debate muito em
aula com os seus alunos assuntos polêmicos
como: Uso de anabolizantes, preparação precoce e o culto ao corpo. “A mentalidade está
mudando muito em relação do culto ao corpo, em média de 50% da população ainda
pratica exercícios físicos direcionados à vaidade por indução da mídia, mais ainda há
pessoas que se preocupam com a saúde”, afirma Vargas.
Cresce a cada dia o número de academias
especializadas no treinamento e condicionamento físico, ao entrar na academia o aluno
passa por uma avaliação física, onde são coletados dados sobre alimentação e histórico de
saúde, que são levados em conta na montagem do seu treinamento.
Todos passam por um período de adaptação, onde o objetivo principal é melhorar o
condicionamento físico, que aprendam corretamente os movimentos para então começar o treinamento específico, sistema adotado pela Academia Athletic.
O professor Miguel Jorge Rodrigues Júnior, formado pela Universidade Federal do
Rio Grande do Sul (UFRGS), que trabalha há
quatro anos na Academia Athletic, explica
saúd e
Paula Anacleto
sa úd e
Como lidar com o
culto ao corpo,
mantendo como
prioridade a saúde
Idosos se reúnem em todo o Brasil para a prática de exercícios físicos ao ar livre
Homens e mulheres associam-se às academias de ginástica com o objetivo de adquirir
ou melhorar a sua qualidade de vida e, ao mesmo tempo, aperfeiçoar a forma física
que é recomendado aos alunos procurarem
um acompanhamento nutricional, uma vez
que a Academia não possui esse tipo de serviço. “Eu juntamente com os estagiários da
área procuramos dar um acompanhamento a
todos os alunos que precisam, desde o início
até quando houver necessidade. Se o aluno
deseja seguir o tempo todo sobre nossa
orientação, assim será, só não prescrevemos
dietas, pois não temos formação para isso”,
complementa ele.
Verão
Com a chegada do verão a procura por
academias tem um aumento significativo,
com isso a Athletic aumenta o número de instrutores, para assim manter o nível do atendimento, pois o treinamento é montado de
acordo com os interesses e necessidades de
cada aluno e é oferecida uma atenção maior
a esse público quando preciso.
O professor ainda deixa algumas dicas sobre a importância do exercício físico realizado
corretamente. “Pratiquem atividade física frequentemente, tanto por questão de saúde
quanto por estética e tenham sempre um
acompanhamento médico. Procure uma aca-
demia com pessoal qualificado para desenvolver seu treinamento”, explica Rodrigues
Júnior.
Hoje, as academias dispõem de espaço e
estrutura para atender a todos. Mas há alguns
estabelecimentos especializados, como a
Academia Urgetrauma, Vida Ativa, que apesar
de ter o aluno mais novo com 14 anos e o
mais velho, com 89, tem como carro chefe a
terceira idade. A média dos inscritos é de 53
anos e em sua maioria aposentados, como é
o caso de Oswaldo Romagna Carpes, de 82
anos, que freqüenta a academia desde outubro de 2006. Existem, cada vez mais, evidências científicas apontando o efeito benéfico de um estilo de vida ativo na manutenção da capacidade funcional e da autonomia física durante o
processo de envelhecimento. “Como a longevidade está aumentando a cada ano, a população idosa está crescendo, com isso as doenças que estão aparecendo são as degenerativas, ou seja, degenera nervo, articulação, a
musculatura vai se perdendo e isso acontece
a partir dos 30 anos de idade”, afirma a Professora Luciana Natividade.
Formada em Educação física pela UFRGS,
Natividade trabalha na academia da Urge-
Dicas para manter uma
boa qualidade de vida
- Auto-estima elevada. Estar de bem consigo mesmo é o primeiro passo para uma
vida saudável.
- Alimentar-se bem: o café da manhã é a refeição mais importante, dá energia para o
dia que vem pela frente. A janta deve ter no cardápio alimentos leves e nutritivos.
- Praticar atividades físicas é sinônimo de disposição. É essencial escolher algum
exercício com o qual você se identifique e que não exija esforço além do normal.
Para a terceira idade a dica é praticar natação e caminhada.
- Praticar atividades alternativas, como a yoga e meditação, que auxiliam na concentração e no bem-estar em geral.
- Evitar o sedentarismo.
- Dormir bem evita cansaço, ansiedade e mau-humor. Uma noite tranqüila de sono
é fator decisivo para a saúde, tanto do corpo como da mente, para enfrentar um
dia desgastante no trabalho ou na escola. Para isso, dormir em um local confortável e silencioso é fundamental.
- Ser otimista. Pensamentos positivos atraem coisas boas.
- Estabelecer boas relações sociais, tanto em casa quanto no trabalho.
- Reservar um tempo no seu dia para o lazer.
Oswaldo Carpes, 82, pratica regularmente atividades físicas
- Combata o estresse excessivo através de atividades de relaxamento e respiração.
Universo IPA | Dezembro 2007
sasaúd
úd e e
Universo IPA | Dezembro 2007
72
Fotos: Paula Anacleto
www.saoluis.ma.gov.br
Em busca da longevidade
trauma, Vida Ativa, desde o início, ou seja, já
faz cinco anos e meio. A Vida Ativa possui um
trabalho diferenciado, não somente por ser
ligada à ortopedia e traumatologia, mas sim
pela maneira de atendimento.
Possuindo seis professores atuantes, onde existe um limite de dez alunos por professores, contando com o apoio de um estagiário para assim auxiliar no posicionamento, na
postura, ligar esteira, entre outros aparelhos.
“Aqui eu sou responsável pelo setor de avaliação. Todos os alunos passam por mim, entram
aqui e fazem a avaliação, preenche um questionário sobre todo o relatório de saúde, objetivo e depois faço uma avaliação de condição corporal, avaliação postural, com isso fazendo o fechamento da avaliação desse aluno”, explica Natividade.
Essa avaliação ocorre de três em três meses e é obrigatória, todo o aluno tem que ter
esse acompanhamento. Ainda há orientação
nutricional, com dicas de como manter uma
alimentação adequada.
Contudo, segundo relato dos professores entrevistados as possíveis relações entre
saúde, envelhecimento e exercícios físicos
têm sido muito importantes, para então encontrar o segredo de um envelhecimento
saudável.
73
Michelle Neckel
RODRIGO BRUSTOLIN
“Os bons médicos, quando alguém
os consulta e se queixa da vista, respondem, naturalmente, que não é possível
cuidar dos olhos isoladamente, mas que
é necessário tratar simultaneamente da
cabeça, se se quiser passar bem os olhos.
De igual modo, julgar, enfim, que a cabeça se cura em si mesma, separadamente
de todo o corpo, é uma grande insensatez. Partindo deste princípio, debruçando-se sobre todo o corpo, as suas prescrições procuram, através do todo, tratar e
curar a parte”, (Platão).
Platão com essa citação fornece uma
visão das raízes da medicina, que se fundamentam nas idéias do “pai” da medicina,
Hipócrates. Ele acreditava que o homem
tinha que ser visto como um todo não em
pequenas partes. Colocava também o
ambiente que vivemos como um dos determinantes para a saúde do homem.
A partir desses fatos vivenciamos uma
ironia. As raízes da medicina moderna hoje são encaradas como alternativas ou
complementares. A tentativa de ampliar
os conhecimentos nas diversas áreas das
ciências médicas, acabaram por transformar a medicina ortodoxa e o corpo humano em um enorme quebra-cabeças. Os
avanços científicos são inegáveis, mas para isso a ciência transformou seres humanos em máquinas, como um jeito de melhor estudar-los.
Nesse contexto, em pleno século XXI,
é que os idéias de Platão e Hipócrates voltam a tona, e com elas culturas a muito
esquecidas ou pouco valorizadas agora
são resgatadas para nutrir o homem com
tratamentos muito diferentes entre si mas
que tem em comum a concepção de homem como homem.
Temos então uma explosão de terapias alternativas vindas de todas as partes
do mundo, principalmente do oriente, trazidas especialmente pela medicina tradicional chinesa, e todo seu conhecimento
milenar. Acupuntura, shiatsu, Tai chi, a fitoterapia tradicional, todas essas são formas
de tentar equilibrar o corpo, a mente e a
alma, e assim trazer a cura para muitas doenças e prevenir varias outras.
Segundo Paulo Olivetti R. Prates, Fisioterapeuta e estudioso de terapias holisticas, o principal obstáculo encontrado por
todas as terapias chamadas alternativas
são provas que realmente funcionam, e é
por isso que o cuidado quando se procura
uma forma de tratamento que fuja dos
tradicionais, tem que ser redobrado. Então
antes de cair de cabeça em alguma promessa de cura, pesquise e pergunte sobre
o tratamento para amigos e pessoas que
já passaram por ele.
As terapias alternativas não são a solução para todos os males mas com certeza podem trazer muitos benefícios para
a qualidade de vida. Deixe os preconceitos de lado e dê uma chance a essas terapias, que são mais que terapias, são estilos de vida.
Universo IPA | Dezembro 2007
Alguns tipos de terapias
74
música
acupuntura
- Estimulação de pontos
específicos do corpo a
partir de agulhas ou
outros instrumentos.
aromaterapia
- Trata enfermidades e
desiquilíbrios do corpo
utilizando variadas
misturas de aromas.
ayurveda
- De origem indiana, é
considerada a mãe da
medicina, com seus
mais de cinco mil anos.
A Ayurveda usa um
conjunto de variadas
técnicas em sua
abordagem terapeutica.
cromoterapia
- Consiste na utilização
das cores para a cura
de doenças.
Shiatsu
- Pressionando com
os dedos os pontos
sensíveis do corpo,
relaxa e equilibra
o corpo.
Homeopatia
- Utiliza sintomas
parecidos com os das
doenças, através de
concentrados muito
fracos diluidos
em álcool.
A Musicoterapia é a utiliza-
coterapia no Instituto de Música de
São Leopoldo,a sua sede e das Faculção da música e os seus elemen- dades EST.
tos, por um musicoterapeuta
A rede de ensino é a única a oferecer
o curso nos estados do Rio Grande do
qualificado.
Sul e Santa Catarina. Para Piasenski, a
tendência é de um reconhecimento caEssa terapia, que é reconhecida cien- da vez maior da profissão. “Os estudantificamente, se propõe a atender todas tes que estagiam no Hospital Psiquiátrias faixas etárias e as doenças que podem co São Pedro, por exemplo, recebem
ser tratadas psicologicamente, como a cada vez mais pacientes encaminhados
depressão e as psicoses.
por psiquiatras e psicólogos. Isso comO mercado de trabalho é amplo. Os prova a diferença benéfica que a Musimusicoterapeutas podem atuar em coterapia faz”, argumenta.
hospitais, clínicas, escolas regulares ou
A estudante do oitavo semestre,
especiais e instituições geriátricas, entre Joana Haaf, escolheu cursar Musicoteoutras. “O leque é bem grande. São tra- rapia para poder melhorar a qualidade
tados transtornos mentais e até pacien- de vida das pessoas. “Não imaginava
tes com deficiência física”, afirma a Mu- que teria que estudar tanto assim, afisicoterapeuta e professora de Vera Pia- nal, dentro do curso, estudamos músisenski.
ca e psicologia. É muito gratificante.
Em cidades como São Paulo e Rio de Atingimos a pessoa com a música e asJaneiro existem disim é mais fácil
versas clínicas que
chegar até o pro“Atingimos a pessoa
propõe a cura atracom a música. Assim, blema”, diz. Haaf
vés da música, asainda ressalta que a
fica mais fácil chegar Musicoterapia é disim como instituições que oferecem
ferente da musicaaté o problema”
o curso.
lização, pois se tem
No estado, a Associação dos Musi- a pessoa como um todo e não apenas
coterapeutas (AMT-RS) e a Associação na questão musical. “Percebe-se a reaGaúcha de Musicoterapia (Agamusi), ção do paciente com determinadas
que são as duas únicas associações que canções,o seu comportamento é muifazem parte da União Brasileira de Musi- to revelador”, conclui.
coterapia (Ubam), lutam para que a proPara o estudante de Direito e músifissão seja cada vez mais abrangente na co, integrante da banda de reggae Reárea da saúde.
gae Por Nós, Ricardo Matter, a música
A Agamusi, fundada no ano de em si é a principal fonte recarregadora
1999, visa promover o desenvolvimen- de energias. “A música estimula os indito da Musicoteapia, organizando con- víduos a voltar-se para dentro de si, do
ferências e congressos dentro e fora do seu próprio eu, captando os sons que
país. A associação conta com 28 sócios, forem aceitos pelo seu corpo, ocasioentre eles, sócios colaboradores, que nando um relaxamento”, acredita.
são profissionais e estudantes de ouA terapia através da música exige
tras áreas.
dedicação de ambas as partes, pacienCriada no ano de 1968, a AMT-RS tes e musicoterapeutas. Com o passar
também tem o objetivo de incentivar do tratamento, os resultados positivos
a profissão no Estado. Assim, no ano devem ser usufruídos para que se tenha
de 2002, implantou o curso de Musi- uma vida melhor.
Como são as
sessões de
sasaúd
úd e e
sasaúd
úd e e
da vida
O poder da
Musicoterapia?
Podem se desenvolver
de duas maneiras
Com pacientes ativos (maior parte
dos casos) – o próprio paciente toca o instrumento, canta, dança, enfim, realiza as
atividades junto com o musicoterapeuta.
Com pacientes receptivos – o musicoterapeuta toca as canções. Essas sessões
são indicadas para pessoas com grandes
dificuldades motoras.
A forma como o profissional interage
com os pacientes depende muito do tipo
de doença e do objetivo a ser alcançado.
Os instrumentos mais usados são o violão,
o piano e instrumentos de percussão.
A freqüência das sessões varia de caso
para caso. Podem ser feitas uma vez por
semana, uma vez por mês, ou quando convir. Os preços ficam, em média, entre 5 e
20 reais.
Valores referentes a Clínica de Musicoterapia do ISM
Universo IPA | Dezembro 2007
Simbolismo
75
Universo IPA | Dezembro 2007
76
A necessidade que cada um apresenta de
se relacionar e ter um contato significativo
com outras pessoas é essencial para o nosso
bem-estar. A dança, na sua forma elementar,
faz com que o homem expresse pela sua movimentação, um estado emocional. Considerada ciência ou arte, entende-se como a completa possibilidade física do corpo humano,
permitindo o jogo de músculos, segundo as
leis naturais do ritmo e da estética.
Depois de algum tempo de pesquisas, foi
constatado que a união da dança com a terapia, oferece uma alternativa para melhorar as
competências pessoais comunicativas, bem
como a auto-exploração e o auto-conhecimento. Oferece também uma forma diferente
de abordar questões problemáticas quando
as palavras poderão ser difíceis ou dolorosas,
geralmente recomenda-se como serviço primário ou complementação a outras formas de
reabilitação ou tratamento continuo. A dança
e terapia desperta sua consciência de vida, tudo que é praticado em aula, avançando para
a auto-aceitação, sentindo-se relaxadas, autoconfiantes, criativas e seguras. No plano físico
traz ao indivíduo o benefício de fortalecer a
musculatura, modela o corpo, aumenta flexibilidade, ativa circulação, melhora coordenação motora, no plano mental relaxa a mente
de tensões, aumenta a percepção e concentração, agilizando o raciocínio. No espiritual a
tendência é ficar no esquecimento, equilibra
e desbloqueia os centros de energia (chakras)
proporcionando harmonia e saúde.
Christina Schafer, descendência austríaca,
nascida em São Paulo, em 22 de setembro de
1950, estudou pedagogia com pós-graduação. Pesquisadora das danças femininas de
diversas etnias desde 1993, desenvolveu a
dança como terapia para mulheres baseada
no estudo hlístico do ser humano somado às
próprias vivências e práticas. Participou de alguns cursos de dança como: Iranianas, turcas,
sem perder saúde
Camila Batista
Professor Jairo Moraes trabalha com a dança como forma de terapia de casal
saudi, ciganas, armênias, da região do Mar Negro, russas, indianas, havaianas, egípcias, gregas e outras etnias.
Reunindo todas essas informações, alguns
professores reavaliaram suas aulas, e resolveram colocar a dança e a terapia num mesmo
trabalho. Jairo Martins de Moraes, 49, formado
em Educação Física, professor de dança há dez
anos, desenvolve hoje um trabalho chamado
Dança Livre. O grupo é formado por alunos da
terceira idade, onde ele direciona suas atividades para coordenação motora, ritmo e principalmente o resgate da auto-estima, o resultado
é gratificante, pois demostram em atitudes a
satisfação pessoal. O projeto teve início há cinco anos, com alguns alunos da Associação Cristã dos Moços do Rio Grande do Sul (ACM).
Além da Dança de Salão, Tango(curso realizado em Buenos Aires) e Gafieira com grupos, oferece a oportunidade de um aprendizado individual, onde o aluno escolhe o ritmo
desejado, tendo um evento especial. A Confraria do Tango é um pequeno grupo, onde
reúnem-se toda terça-feira, amantes do tango que aproveitam essa oportunidade para
trocar passos e experiências. Montou um corpo de bailarinos, que normalmente são contratados para todo os eventos, sendo que a
idéia é passar um pouco deste conhecimento a todos.
Além de suas aulas particulares, divide o
seu tempo entre duas academias, a Escola Cadica Danças e Ritmos, fundada em 1995 e sob
o comando da coreógrafa e bailarina Cadica
Borghetti. O seu carro-chefe é a dança flamenca, mas oferece: Fusão Flamenco-Gaúcho, Dança de Salão, Dança do Ventre, Jazz,
Yoga, Sapateado Americano, Violão. Flamengo. Ritmos, Salsa, Dança Cigana, Street Dance
e Tango, supervisiona pessoalmente cada
uma das aulas. A Escola de Dança Aline Rosa,
especializada em Ballet Clássico, tem como
mentora Aline Rosa, a sua formação é Ballet
Russo e a especialização em Sapateado Americano, atualmente dirige os espetáculos, com
160 bailarinos.
O verão está chegando e você, mais uma vez, entra em guerra
para baixar os seus níveis de colesterol e triglicerídios. A família aprencom a balança, mas está na hora de emagrecer com inteligência. O
deu a importância das frutas na alimentação diária. “A média brasileira
desejo de estar em forma vai além do final da estação. Apesar das
é de meia fruta por dia, quando o necessário seria mais de três. Essa
dietas milagrosas mostrarem os seus resultados rapidamente, é muito
não deveria ser a nossa realidade, já que vivemos em um país tropidifícil mantê-las e muitas vezes o peso volta na mesma rapidez em
cal, com uma variedade de frutas”, afirmou Flávia Felippe, em uma
que foi eliminado. Por isso, é preciso usar todos os truques que a natureunião aberta a comunidade, no dia 11 de setembro no auditório
reza oferece e eliminar a gordura sem perder saúde.
da Livraria Cultura. Essa reunião buscava incluir cada vez mais a faO grupo Leve com Ciência faz isso em Porto Alegre. Profissionais
mília na mudança alimentar. Além da explanação de Felippe pôde se
especializados elaboram um dieta balanprestigiar os trabalhos feitos pelas crianças
ceada, fazendo uma reeducação alimentar.
do Gurizada Leve.
Assim, manter o peso não é mais o maior
O Universo IPA procurou a coordenadora
problema. Para manter o grupo motivado
do curso de nutrição, Magda Cammerer, para
existem reuniões semanais, onde cada um
saber a sua opinião sobre essa forma de ené pesado, compartilham experiências, ajucarar uma dieta.
“Para ter bons resultados
dam-se mutuamente e o melhor de tudo:
não adianta fazer apenas
NINGUÉM PASSA FOME.
Universo IPA – Você conhece o grupo
O grupo existe há 19 anos, a idéia de
Leve
com Ciência e a sua forma de trabaexercícios, ou apenas ter
fazer reuniões para discussão surgiu logo,
lhar com as pessoas que desejam emagreuma boa alimentação.
porque vencer sozinho é muito difícil. Secer com saúde?
gundo a assistente social e doutora na área
Magda Cammerer – Conheço, a Flávia
É preciso saber dosar as
de obesidade, Flávia Maria Felippe, em casos
duas coisas, pois não existe Felippe que é uma das coordenadoras é nosde alcoolismo e dependência de drogas são
sa aluna do curso de Nutrição. Acredito no
benefício quando
indicados tratamentos em grupo. No Leve
trabalho dela, a reeducação alimentar realuma equipe de profissionais tenta abranger
mente é a melhor saída.
atuam separados”.
a obesidade em todas as suas dimensões,
alimentar, familiar, emocional, social. O grupo
Universo IPA – Você acredita que é
desempenha um papel de responsabilizador,
mais fácil mudar os hábitos alimentares
pois quando um falta sabe-se que ele transde uma criança?
grediu. No grupo é planejado e discutido as
Magda – Com certeza, a criança comedificuldades que são comuns entre ele. Isso
ça a formar seu paladar durante a gestação,
diferencia o Leve com Ciência das demais
de acordo com o que sua mãe come. Até os
clínicas de nutrição, uma vez que atua em todas as faixas etárias. Aucinco anos está formando seus hábitos alimentares. Porém, quando
xiliando as pessoas para que façam mudanças comportamentais, que
chega a adolescência é preciso orientar novamente, pois os jovens
são mais duradouras, acreditando que uma reeducação alimentar é
sofrem muita influência dos amigos e da mídia, acabando por consumuito eficaz, pois ensina a comer de tudo um pouco.
mir muito “fast-food”.
É exatamente por isso que muitas crianças são levadas por seus
pais para participar do Gurizada Leve. As crianças aprendem brinUniverso IPA – Você está de acordo com a citação “nós morcando, desenham, fazem música e entendem que o “Fast-food” não
remos pela boca”?
é para se comer todo dia. Para isso, é feito um acompanhamento em
Magda – Claro que sim, digo isso até em aula. Nosso alimento é
conjunto com os pais. Se a família não estiver envolvida, os resultados
nosso combustível, podemos prejudicar nossa saúde quando comenão serão satisfatórios, pois é preciso que os pais recheiem a geladeira
mos demais ou de menos.
com alimentos saudáveis e, aos poucos, os pequeninos começam a
comer e gostar de frutas e legumes.
Um exemplo de família que frequenta unida o Leve com Ciência
Atualmente a alimentação não tem recebido a sua devida importância. Ingeé a da D.W.A. Ela é a caçula do grupo Gurizada Leve da unidade Nilo,
rimos muita farinha branca e gorduras saturadas. Por isso, devemos priorizar as fibras
com apenas seis anos de idade sabe que se deve usar pouca gordura
e o leite. As fibras solúveis podem ser encontradas em vegetais e, ajudam na desinpara preparar os alimentos. Após um tempo o seu pai, L.S.A, 44 anos,
toxicação do organismo e no melhor funcionamento do intestino. Enquanto o leite
entrou no programa. Depois de alguns exames médicos, percebeu
é muito importante para o fortalecimento dos ossos. Os jovens cada vez menos toque uma mudança nos hábitos alimentares seria muito importante
mam leite e isso pode ocasionar em sérios problemas mais tarde.
Dica
“O amor, a arte é a grande diferença do trabalho de cada um”, segundo Jairo Moraes
saúd e
sasaúd
úd e e
Márcia Silva
Emagreça
sa úd e
Fotos: Márcia Silva
Universo IPA | Dezembro 2007
Dança como terapia
77
Universo IPA | Dezembro 2007
Legalizar?
78
No país a desigualdade social é enorme e
a má distribuição de renda caminha junto
com o tráfico. É um raciocínio lógico, o cidadão sem oportunidade de trabalho acaba inserindo-se ao mercado do tráfico. Esse mercado, infelizmente, paga mais que o salário mínimo brasileiro, que é R$ 380. Mesmo sendo
um ‘serviço’ perigoso, essas pessoas acabam
optam pelo tráfico a outras fontes de renda.
Assim, no Brasil a legalização deveria ser
discutida. Deve-se estudar os prós e os contras de legalizar.
Tal como a ‘ceva’, as drogas fazem com
que um belo dinheiro gire no mercado, gerando propinas para corrupção, armas e a violência, um grande pesadelo da sociedade
contemporânea.
O estudante G. M. 20 anos, usuário de
maconha há cinco anos e a favor da legaliza-
Den
ise T
am
er
No solo seco de Pernambuco, produção
nacional de vinhos ganha destaque
Videiras
do semi-árido
nordestino
ec onomi a
da Universidade Hebraica de Jerusalém. O especialista afirma ser uma piada a maconha e
a heroína receberem o mesmo tratamento
pela Organização das Nações Unidas (ONU),
diz não fazer sentido científicamente, nem do
ponto de vista médico.
A estudante D. T., 21, considera que esse
assunto tem muitos aspectos a se discutir, sobre as vantagens e desvantagens da legalização, e não deve ser considerado um tabu. “É
importante focar o assunto na sociedade e
não considerar a legalização da maconha como uma banalização geral das drogas. Economicamente, socialmente e no âmbito da saúde”, conclui.
Mapa da região
do Vale do
São Francisco
Foto: Andrei Braga Vessozi
O consumo de bebida alcoólica é responsável por 80% de mortes no trânsito brasileiro
devido à motoristas embriagados. É o que indicam os Dados da Organização Mundial de
Saúde (OMS). O álcool não é visto como uma
droga ilegal, mas existem inúmeras conseqüências de uso indevido dele com graves resultados. Ele diminui os reflexos, atrapalha a coordenação e interfere na concentração.
A preferência nacional, a cervejinha gelada, não é vista como uma vilã, até porque
envolve um grande mercado que circula
muito dinheiro. As campanhas publicitárias,
principalmente da cerveja, associam o consumo do álcool à alegria e à vitalidade. Porém, a cerveja não é uma bebida leve por ter
apenas 5% de teor alcoólico. Tomar uma lata
de cerveja (350ml) significa ingerir 17,5ml de
volume de álcool, que corrigido pelo fator de
densidade do álcool (0,8) representa 13 gramas de álcool puro.
Segundo pesquisas da revista Superinteressante, a cada ano a indústria global de bebidas lucra US$ 450 bilhões. A cocaína, a heroína e o ecstasy giram um mercado que rende US$ 330 bilhões por ano.
O álcool é considerado uma droga lícita, ao
contrário da maconha, cocaína, heroína e crack. Todos sabem que o consumo de drogas no
Brasil envolve muito mais os métodos de venda e o mercado, do que o consumidor em si.
ção, acredita que a polícia está diretamente
ligada ao tráfico. “O salário dos policiais é
pouco e é uma profissão arriscada. Então eles
acabam aceitando propinas para ganhar
mais dinheiro e sobreviver no contexto econômico atual”, declara.
O brasileiro Fernando Gabeira lançou um
livro em que responde questões sobre a maconha e discute o papel social que a planta
desempenhou na escravidão e seu uso em
rituais religiosos na selva amazônica. Pessoalmente, Gabeira defende a legalização da maconha e seu uso industrial mais amplo possível. “São 350 subprodutos derivados da canabis”, diz.
Existem países
em que a erva é
liberada como na
Holanda, lugar
em que o governo considera a maconha menos nociva que as outras drogas. Surgiram assim os koffeshops, bares
onde o usuário escolhe a variedade da erva no cardápio, e então
sumiram os traficantes. Mas no Brasil a legalização é muito delicada. A
advogada Fernanda Silveira afirma que
o Estado não está evoluído a ponto de
legalizar a droga. “Não existem projetos
de legalização, mas com a nova lei de
2006, em que o usuário sofre penas alternativas, a doutrina se divide e há uma parte que diz que o uso não é mais crime.
Porém ainda há uma grande discussão a respeito”, pondera.
A ex-usuária P. B., 25, não
defende a legalização da
maconha em si, mas a sua
legalidade para fins medicinais.
Para este fim, o potencial de derivados
da maconha está mais
que evidente, e as
grandes empresas farmacêuticas estão se
voltando para ele de
maneira tímida, “por uma
questão de relações públicas”. Essa é a opinião do
cientista que provavelmente é quem mais entende da
bioquímica da cannabis no
mundo, Raphael Mechoulan,
reúne os municípios de Lagoa Grande, Santa
Maria da Boa Vista e Petrolina.
Para Daniela Agatti Chesine, enóloga da
Expand, a verdadeira dificuldade encontrada
no Brasil é a falta de tradição na produção de
vinhos, além do ‘terroar’ (solo). “Nossos vizinhos argentinos e chilenos são favorecidos
pelo clima e pelo solo, por isso conseguem
preços competitivos aos Europeus e levam
vantagens sobre os vinhos nacionais”. Para fabricar seu vinho Premium, o Paralelo 8, a vinibrasil tem um alto custo, por isso é lançado
em série limitada. “O brasileiro para ser um vinho top de linha, é fabricado em curta escala
devido ao elevado custo em tecnologia e barricas. O que torna-o mais caro ao bolso, mas
muito atrativo ao paladar”.
ec onom i a
Denise Tamer
Para quem pensa que os bons vinhos nacionais são do Vale dos Vinhedos, na Serra
gaúcha, saiba que está desatualizado. No nordeste brasileiro, com solo semi-árido, estão
sendo produzidos vinhos que, logo nas primeiras safras, são destaques em revistas internacionais especializadas. Com isso, fica totalmente desmistificado que vinhos de boa qualidade no Brasil são produzidos apenas nas
proximidades dos paralelos 40°.
Situada a nordeste do Estado, a região da
Serra Gaúcha é a grande estrela da vitivinicultura brasileira, destacando-se pelo volume e
pela qualidade dos vinhos que produz. Em
latitude próxima das condições ideais para o
melhor desenvolvimento de vinhedos, enfrenta chuvas que costumam ser excessivas
exatamente na época que antecede a colheita, “período crucial à maturação das uvas. Por
esse motivo, o Vale do São Francisco vem se
destacando” acrescenta Rogério Concli, proprietário da Expand em Porto Alegre.
A região do Vale do São Francisco conta
atualmente com seis vinícolas produtoras.
Dentre estas destaca-se a Vini Brasil, uma parceria entre a Expand (importadora nacional) e
a Dão Sul, eleita a melhor vinícola Portuguesa
em 2001 pela Revista de Vinhos, que traz a
tecnologia de produção dos portugueses para o solo Pernambucano. Os estudos para viabilizar a plantação, clones de tipos de uvas
vindos das mais diferentes partes do
mundo, ao clima seco da região de Petrolina,
onde fica a vinícola, são
feitos
por especialistas da Universidade de Lisboa. A
parceria já tem quatro anos e a primeira safra
do vinho brasileiro é de 2003. No momento
estão sendo cultivadas novas variedades nos
vinhedos, incluindo as castas portuguesas
Touriga Nacional e Aragonês, além das tradicionais Cabernet Sauvignon, Syrah, Tempranillo, Merlot e da novidade no Brasil, Alicante
Bouschet que é originada no século 19, da
cruza das uvas Aramon e Teinturier, muito usada na França, Espanha e Califórnia.
Segundo Concli, o clima é propicio. Com
mais de 300 dias de sol por ano e a abundante água do Rio São Francisco, que é controlada
para obtenção de melhores resultados. Estes
fatores contribuem para o designado “ciclo
vegetativo contínuo”, permitindo que as várias etapas do ciclo vegetativo da videira existam praticamente no mesmo dia. Isto é, “em
diferentes parcelas é conseguido no mesmo
dia fazer a poda, ver a floração da videira, provar os primeiros bagos maduros e fazer a colheita” completa.
Pernambuco consolida-se, definitivamente, como um dos maiores produtores vitivinícolas do país. Responsável por 5 milhões
de litros de vinho por ano, a vinicultura pernambucana detém 15% do mercado nacional
e emprega diretamente 30 mil pessoas no Vale do São Francisco, única região do mundo
que produz duas safras e meia por ano. Como
parte dos planos de criação do Pólo Vitivinícola, o governo está implantando e pavimentando a Estrada da Uva e
do Vinho, margeando o Rio São
Francisco. O
pólo
Vinho Rio Sol, medalha de bronze no
Decanter World Wine Awards.
E ao centro o Premium Paralelo 8
Universo IPA | Dezembro 2007
sasaúd
úd e e
Drogas no Brasil
Andrei Braga Vessozi
79
Muitas empresas bloqueiam o acesso a Orkut e MSN para evitar sobrecarga na rede e não comprometer a produtividade dos funcionários
Universo IPA | Dezembro 2007
Eliandra Lopes
80
O Microsoft Service Network (MSN), programa de trocas de mensagens instantâneas
e o Orkut (rede social filiada ao Google, seu
nome é originado no projetista chefe, engenheiro Orkut Büyükkokten), site de relacionamento, se utilizados de maneira correta podem contribuir para uma maior produtividade, tanto no campo profissional quanto no
social. Porém, algumas opiniões ainda são
divergentes entre empresas e órgãos públicos sobre o uso dessas ferramentas de comunicação no dia-a-dia profissional. Em cer-
tas empresas a utilização do MSN ainda é
proibida, em contrapartida, há empresas
que permitem.
Percebendo a necessidade do mercado, o
corretor de seguros, Regis Duarte Mendes,
utiliza o MSN há quatro anos. “Por um lado é
bom, pela facilidade, rapidez e eficiência, mas
por outro, falta privacidade. Mesmo assim, a
Internet é o meio mais utilizado no momento
e temos que aproveitar o acesso rápido. O
tempo realmente é dinheiro em se tratando
de comunicação”, observa ele. Alguns profissionais do ramo são mais conservadores, acreditam que a falta de contato direto com o
cliente possa vir a prejudicar no momento da
venda. “Claro que prejudica, por isso felizmente temos que evoluir nessa área. Comunicação é a base de tudo, temos que estreitar nossos relacionamentos seja por qual meio de
comunicação for: telefone, internet e etc”,
complementa Mendes.
A redução das contas telefônicas e as facilidades nos contatos profissionais são as
principais justificativas de quem utiliza esses
programas. Para o empresário, Gunther Paulo
Baingo, com o uso da Internet os custos do
telefone diminuíram 20%, no mínimo, ao mês.
“Para o cliente é muito mais fácil acessar a In-
ternet para verificar os preços dos produtos e
fazer uma encomenda”, argumenta Gunther.
Para ele, o empresário tem que partir do
princípio que o funcionário tem que estar
disposto às regras impostas pela empresa e
quem não concordar estará sujeito a perder
o emprego. “Como o acesso à Internet se
restringe a uma quantidade pequena de
funcionários, não há casos de desobediência”, afirma.
Entretanto, existem opiniões contrárias. É
o caso da empresa Magna Engenharia Ltda,
que proibiu o uso de conversas instantâneas
e sites de relacionamento pela falta de produtividade de seus funcionários. “MSN e Orkut
distraem muito o funcionário, eu era um dos
que vivia no MSN na empresa na época em
que era liberado, quase nem trabalhava. Rendi muito mais depois da proibição”, declara o
Engenheiro Civil Andrei Schedler.
Com a empresa de Manufatura de produtos eletrônicos e eletromecânicos de São Paulo, não foi diferente. De acordo com o Analista
de Suporte de Sistemas de Gestão Administrativo, o uso indevido por parte dos colaboradores, que utilizavam a Internet para fins
particulares, gerou uma “perda” da performance dos sistemas da empresa, atrasando entregas de trabalhos e relatórios administrativos.
A empresa por fim adotou um sistema
mais severo fazendo com que os funcionários
assinem um termo de responsabilidade ao
não uso da Internet no local de trabalho. “Concordo com a empresa, pois o uso particular de
envio de imagens, fotos, downloads não faze
tec nolog i a
www.sxc.hu
tec nolog i a
Alternativa de comunicação nas empresas
A interagibilidade e a redução dos custos justificam as ferramentas alternativas de comunicação
parte da atividade dos colaboradores. Este tipo de atividade deve ser feito na residência
particular de cada um, os colaboradores sentiram uma grande melhoria na performance
dos sistemas e nos dão feedback positivo”, explica o analista.
O economista e especialista em planejamento estratégico e gestão empresarial, João
Baptista Sundfeld, em entrevista para o site
Gazeta do Povo on-line, calcula que a internet
usada de maneira errada causa prejuízos em
torno de US$ 178 bilhões ao ano nos Estados
Unidos. Em uma tentativa de reduzir esse número algumas empresas proíbem a utilização
desses programas em horário de expediente
e permitem a sua utilização apenas em horário de intervalo.
Porém, Sundfeld acredita que a proibição
é ruim porque abala um alicerce fundamental
do relacionamento entre empresa e funcionário: a confiança. “O excesso de controle é
indesejável, autonomia é importante’’, afirma
o economista. Segundo a psicóloga Claudine
Prisco, que trabalha para a empresa Lexsis In-
formática, na área de recrutamento e seleção,
a admissão de um funcionário passa por uma
série de etapas, tais como: verificar a formação
e experiência técnica do candidato, assim como as suas características de personalidade
de acordo com a função a ser desempenhadas (por exemplo, uma pessoa extremamente
extrovertida pode não se dar bem como vendedor, mas pode se sair muito bem como programador), medir o nível de maturidade emocional e analisar características relacionadas a
princípios morais e éticos (respeito, confiança,
responsabilidade, comprometimento).
As três últimas etapas estão diretamente
relacionadas à questão do uso da internet no
local de trabalho. “Na empresa onde trabalho
já se utilizou o MSN para atendimento de suporte ao cliente. Porém, está prática teve de
ser substituída por outro programa. Era difícil
monitorar o uso do MSN e por uma questão
de imaturidade e distorção de valores, o uso
deste recurso foi considerado inadequado”,
explica Prisco.
Contudo, para que os funcionários se sintam comprometidos e motivados a produzir
e respeitar as regras da instituição onde trabalham é necessário que se sintam valorizados
pessoal e profissionalmente.
“O reconhecimento expresso por palavras de incentivo bem como através da ampliação de benefícios e o exercício de uma
política salarial justa, nesta ordem de importância, propiciará o surgimento do desejo de
corresponder às expectativas”, complementa
a psicóloga.
Universo IPA | Dezembro 2007
tec
nolog
tec
nolog
ia ia
inimigos ou aliados?
Site: www.sxc.hu
MSN e Orkut:
“Por um lado é bom,
pela facilidade, rapidez e
eficiência, mas por outro,
falta privacidade. Mesmo
assim, a internet é o meio
mais utilizado no momento
e temos que aproveitar o
acesso rápido. O tempo
realmente é dinheiro em se
tratando de comunicação”.
81
Todos os anos entram no merca-
do novidades tecnológicas, mas
nunca houve tantos lançamentos
no ramo de aparelhos eletrônicos
como nos últimos anos. Pesquisas e
o desenvolvimento no ramo tecnológico, além do interesse comercial,
determinam um crescimento frenético na quantidade de novos produtos e aparelhos eletrônicos.
matheus simon corrêa
Universo IPA | Dezembro 2007
O especialista em administração de empresas, Eduardo de Souza, cita alguns lançamentos tecnológicos recentes tais como binóculos com câmera digital, relógios com
celular e porta retratos digitais e ressalta o perfil do público consumidor desses aparelhos:
“São em sua maioria do público masculino,
entre 18 e 25 anos e pertencentes às classes
B e C”.
Segundo Souza, a maioria das pessoas adquire esses produtos por status, com algumas
exceções: “Também não podemos generalizar, existe o jornalista que compra seu mp4
para gravar entrevistas e estudantes que compram aparelhos para gravar as aulas”.
Confira logo a seguir as novidades do momento, que logo serão realidade no dia-a-dia
de vocês.
82
Tecnologia touchscreen
Segue crescendo no mercado a quantidade de eletrônicos com esta tecnologia, tais
como celulares e aparelhos de mp4 (mpeg
vídeo layer-4). Botões e teclas agora fazem
parte do passado, você pode comandar tudo
através da tela sensível, bastando dar toques
com os dedos ou com a caneta para navegar
pelos menus e acessar as opções desejadas. A
tendência é que daqui para frente os aparelhos eletrônicos, em geral, comecem a dispor
dessa tecnologia. A vendedora de eletrônicos,
Marilei Mota, considera que as suas principais
vantagens são o fato de ter um acesso mais
fácil para as opções do aparelho e o diplay é
maior e melhor para tirar fotos e visualizar os
vídeos, no entanto, existem pontos fracos, como o fato de ser mais fácil de arranhar, às vezes se atrapalha querendo fazer algo mais rápido e também o aparelho deve sempre ser
mantido limpo.
O vendedor de eletrônicos, Murilo Dantas, faz um contrapeso entre pontos positivos
e negativos dos aparelhos touchscreen: “É
mais prático ter tudo na tela, porém às vezes
pode ficar menos funcional, pois fica melhor
ter um botão próximo a mão do que colocar
o dedo na tela, também tem a desvantagem
de apesar de as telas serem resistentes a riscos, com o tempo ela fica mal tratada”. E complementa de forma positiva: “Fora isto, aparelhos touchscreen são muito melhores que os
de botões, sem contar também que tem as
explicações na própria tela que nos aparelhos
Touchscreen: A tendência é que todos aparelhos comecem a dispor da tecnologia de toque na tela
de botões normais não teria”. Diversas empresas disponibilizam a tecnologia em seus aparelhos, mas os preços dos mesmos ainda é
bastante salgado no Brasil, um mp4 com tecnologia touchscreen podem custar entre 200
e 400 reais, um celular fica na faixa de 500 a
3000 reais, dependendo do fabricante.
Porta retratos digitais
Uma das grandes novidades dos últimos
anos chama a atenção pela grande quantidade de recursos que o aparelho dispõe: Pode
exibir fotos de forma seqüencial, possui calendário, relógio digital, reproduz as fotos no display, pode ter memória interna de 16MB ou
32MB, exibe fotos como projetor, aceita cartões de memória, exibe retratos como projetor de slides, exibe filmes, possui alto-falantes
e ainda dá para definir o tempo de
exibição das fotos.
A vendedora Dalila Gomes ressalta que o principal ponto do aparelho é poder deixar mostrando
quantas fotos desejar em seqüência, mas considera que a sua principal desvantagem é o fato de a bateria acabar muito rapidamente. O
preço dos aparelhos no mercado
variam entre 100 e 500 reais.
Relógios com diversos recursos, como mp3 e celular, se tornaram realidade nos últimos anos
Relógios multi-funções
PMP
Atualmente, um relógio não serve mais
apenas para mostrar as horas, pode ser sinônimo de versatilidade e utilidade, possuindo
muitas funções diferentes. O que antes era
visto em filmes como os de James Bond e Dick Tracy, aparelhos totalmente mirabolantes e
cheio de funções, está se tornando realidade.
Relógios que possuem celular acoplado e
bluetooth, câmeras filmadoras e tocador de
mp3 se tornaram realidade.
O estudante de Direito e vendedor, Mário
Rodrigues, ressalta as funções do aparelho: “O
relógio-celular é uma grande novidade no
mercado, ainda raro no Brasil, que trás como
benefícios, dentre outros, o fato de ser cômodo, devido ao seu tamanho, assim como a sua
funcionabilidade: associa-se a um relógio um
celular, mp3, mp4, com 512mb de armazenamento e bluetooth, além de trazer todas as
opções que um celular comum trás: SMS,
MMS, etc”. No entanto, Rodrigues ressalta que
o aparelho possui desvantagens como o fato
de não ter um preço acessível a todos e, para
não ser prejudicado esteticamente, a sua tela
não pode ultrapassar 1,8 polegada. Um relógio com mp3 pode custar entre 200 e 500 reais, um com celular está na base de 800 a 1,5
mil reais, dependendo do fabricante.
A abreviação vem de “Personal Mobile
Player” e é erroneamente conhecido como
MP5, pois não se trata de um tipo de arquivo,
como são os MP3 (música) e MP4 (vídeo). A
maioria dos aparelhos PMP são fabricados e
importados da China, mas são feitos a partir
de chips de grandes multinacionais da área da
tecnologia, portanto, sendo encontrado em
importadoras.
É um dos aparelhos de maior sucesso do
momento, sendo sucesso de vendas desde
que foi lançado há dois anos, pois engloba
todas as utilidades em um único aparelho, tornando-se extremamente útil e eficiente: toca
mp3, roda vídeos, tem câmera fotográfica e
filmadora.
Dentre as suas principais características
técnicas ele possui o poder de ter bastante
memórias (até 4GB), câmera de alta resolução (entre 2MP e 12MP), rodar jogos de 8
bits, tela de três polegadas conectividade
ao PC com cabo USB e a televisões através
de cabo AV.
O preço dos aparelhos no mercado brasileiro está variando entre 200 a 1 mil reais, dependendo do fabricante e das especificações
técnica dos mesmos, contando, é claro, as devidas taxas de importação.
PMP: Um dos aparelhos mais procurados do mercado atualmente devido à sua versatilidade
tec nolog i a
sem limites
tec nolog i a
Tecnologia
Mais uma tecnologia que logo deve fazer parte do cotidiano: o Comando de voz,
sistema em que o aparelho possui um sensor
que detecta caracteres de voz programados:
Você fala o que é para fazer e ele executa a
tarefa desejada. Um aparelho muito interessante é o plug ligado a luz através do comando de voz, com ele você pode acender, apagar e controlar o nível de brilho de suas lâmpadas. Para o aparelho funcionar basta ligá-lo
na tomada e conectá-lo às luminárias, lâmpadas e abajures ao plug e está pronto para uso.
O aparelho custa em média 150 reais.
No modo programável basta seguir um
procedimento simples, e com ele é possível
programar o plug para ligar e desligar as lâmpadas ou aparelhos a ele ligados com qualquer palavra em qualquer idioma. Exemplo:
Programar o aparelho para ligar luzes de natal
com o comando “Feliz Natal”.
Comando de voz:
meio que facilita
digitação
Na área da informática o comando de voz
está presente através de microfones acoplados a fones de ouvido que facilitam a digitação, a pessoa apenas vai falando o que deseja
escrever e o próprio sistema digita as palavras
desejadas. Assim, tornando mais rápido o trabalho e livrando quem utiliza o sistema de
tendinites e outros problemas de saúde ligados a digitação prolongada e contínua.
O assistente de contabilidade e usuário
do sistema de comando de voz, Arturo Angelin, considera que os principais benefícios do
sistema são a rapidez e agilidade na execução
das tarefas desejadas, mas ressalta um ponto
importante para quem utiliza o aparelho: “O
sistema de comando por voz nos deixa muito
acomodados”.
Essas são as principais novidades no ramo
de aparelhos eletrônicos, que logo devem fazer parte da rotina da maioria das pessoas
mundo afora quando seus preços se tornarem realmente acessíveis, algo que devido à
rapidez do desenvolvimento tecnológico e
lançamentos de mais produtos, deve tornarse realidade em breve.
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Comando de voz
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Parcerias
A sessão de Zoologia
O zoológico que recebe em torno de
500 mil visitantes anualmente, vinha sofrendo um processo de degradação, resultante
da falta de investimentos e da acentuada
redução do quadro de funcionários. Há cerca de cinco anos, dentro de um programa
de trabalho, que inclui parcerias com instituições públicas e privadas, está passando
por um processo lento de recuperação e
qualificação.
Na administração atual não foram realizadas obras de melhoria, diferente da administração anterior (governo Rigotto). “Havia uma
outra forma de gerir estes recursos e existia
um orçamento prévio”, ressalta o diretor do
Parque, João Carlos Corrêa Jardim.
Esse é o nome do setor responsável pelos
tratadores e por todos os animais que estão
em exposição (alguns fora de exposição, em
setores especiais), e que estejam em bom estado físico.
A sessão organiza e controla as informações de todos os animais, assim como as providências que devem ser tomadas no recinto
de cada um deles.
O biólogo, Renato Petry Leal, fala da importância da equipe de tratadores que tem
contato diário com os animais: “os tratadores
analisam e devem perceber qualquer alteração na rotina ou no comportamento dos
animais”.
A permuta com outros zoológicos é a
Conheça mais sobre o Zoológico e aprenda a importância da conscientização ambiental
Seja o verdadeiro amigo da onça,
dos macacos, das girafas...
Juliana Schweitzer
“Todos os animais que estão nos
zoológicos brasileiros, são animais
nascidos em cativeiro. Hoje em dia
não se tira mais animal da natureza, a função é justamente estudar
os que estão em cativeiro para man-
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ter os que ainda estão em seu habi-
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tat natural”.
Quando se chega ao Parque Zoológico,
situado em Sapucaia do Sul/RS, não se avista
os animais logo na entrada é preciso caminhar bastante por um caminho de árvores
imensas até enxergar o primeiro animal: as
girafas. Daí para frente a caminhada é repleta
de descobertas.
Aberto ao público em 1962, o Parque
Zoológico é uma das unidades de preservação mais visitadas do Brasil. O Parque, que
reúne aproximadamente 1.550 animais, representando 182 espécies, em uma área total de 780 ha, não tem como proposta apenas apresentar animais vivos ao público visitante. Ou seja, mais do que um local de
lazer, é um local em que o aprendizado é
constante.
O Parque cumpre funções importantes
como pesquisa, conservação das espécies
ameaçadas de extinção, conservação da flora
e fauna, melhorias das condições ambientais
e educação. Com uma equipe dedicada, o
Zôo oferece projetos e visitas orientadas centralizadas sempre na conservação da biodiversidade.
principal forma de aquisição. Apreensões feitas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
(Ibama) e pela Polícia Florestal, também, passam por uma triagem de avaliação junto ao
hospital veterinário onde é definido se o animal apreendido fica ou não.
A reprodução é muito importante para a
permuta e só é realizada quando existe condição biológica e estrutural, além da análise
de vários fatores (importância para a natureza,
ameaça de extinção, raridade, valor para permuta, valor biológico, idade e criadores registrados disponíveis).
As girafas e os rinocerontes, por exemplo,
vieram em troca de animais reproduzidos no
Zôo, de grande valor no exterior.
Um elefante para exportação é extremamente caro, chegando a custar 200 mil reais. O
Zoológico, assim como a Fundação Zoobotânica e o Estado, nunca conseguiu comprar um
animal. No caso de Pink, uma elefanta ameaçada se extinção que vive sozinha, a falta de
recurso fica explícita, “está muito difícil conseguir um macho para a reprodução. A falta de
recurso também interfere muito nesse processo, sem contar que nós não temos pessoal
treinado para trabalhar com elefantes”, comenta o biólogo.
entrete ni me nto
Hospital é o bicho
entr eteni m e nto
Ao longo desta reportagem você irá saber como funcionam os principais setores
do zôo, conhecer projetos, procedimentos,
curiosidades e, acima de tudo, entender a
importância da Educação Ambiental nesse
processo.
De acordo com Jardim, o Zoológico apura cerca de 1 milhão de reais anualmente, enquanto o ideal seria 1,5 milhões de reais.
O valor do ingresso para a entrada no Parque é de quatro reais, praticamente simbólico. Para se ter uma idéia, nos Parque da Europa o ingresso custa dez euros.
O presidente da Fundação Zoobotânica,
Luiz Gheller, tem se empenhado para conseguir parceiros, mas há dificuldades na captação de recursos em empresas privadas. Conforme o diretor do parque, algumas empresas
não gostam de ter sua marca ligada ao Zoológico, comparam a um depósito de animais,
a prisão, o que não é verdade.
Mas, existem expectativas favoráveis. Jardim antecipa a informação de uma possível
parceria com a Petrobrás para a recuperação
de animais atingidos em acidentes ambientais. Ainda sem definição de datas, mas bem
encaminhado segundo ele.
Entre os projetos do Parque Zoológico,
está previsto um local só para animais domésticos (mini vacas, mini cavalos, cabritos,
ovelhas, boi franqueiro etc.), onde as crianças poderão aprender na prática, a origem e
as características de cada animal. A atração
educativa, comum em zoológicos do mundo todo, está entre os principais projetos do
Parque.
O Zoológico conta com um hospital Veterinário que dispõe infra-estrutura adequada.
Equipados com aparelhos de diagnóstico
por imagem, incubadoras e laboratório, o
hospital é habilitado também a fazer cirurgias
que vão desde a traumatologia até cesariana
e vasectomia.
O médico veterinário, ex-diretor, com experiência de 32 anos no Zôo, Cláudio Giacomini, fala com propriedade sobre os cuidados
médicos: “o tratamento realizado com animais silvestres é basicamente focado na medicina preventiva”. O cuidado com a profilaxia
é fundamental, pois caso o animal adoeça pode ser fatal. Isso acontece devido ao instinto
animal que se defende dos predadores escondendo a sua fragilidade para não se tornar
uma presa fácil.
Muitas vezes ele está doente e não aparenta sinal algum, e no momento em que ele
não conseguir mais se manter em estado de
rigidez, pode ser tarde demais. Foi o caso de
um rinoceronte, de aproximadamente 25
anos, que parou de caminhar e a acabou morrendo por insuficiência respiratória. Detalhe, o
animal pesava em torno de 3 toneladas.
Leão: um dos animais mais procurados no Zôo de Sapucaia
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Fotos: Juliana Schweitzer
A reprodução de animais é fundamental para a permuta
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Pink, a elefanta indiana ameaçada de extinção em exposição no Parque Zoológico
habitat natural”, comenta o veterinário sobre a
função primordial do zoológico.
Biodiversidade
O Centro de Educação Ambiental (CEA)
desenvolve projetos e visitas orientadas previamente agendadas. De acordo com o Técnico
com formação superior em Artes práticas, um
dos responsáveis pelas visitas, Valmir Ragure, a
atividade tem enfoques variados conforme o
interesse dos grupos, sendo sempre tema central a conservação da biodiversidade.
Os grupos, basicamente escolas, são recebidos no auditório com projeção de slides
sobre os animais do parque, destacando a diversidade e características gerais, observação
e manuseio do material exposto no pequeno
museu e logo depois, visita aos espaços característicos.
Locais disponíveis para visitas
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Locais
- Aves e répteis
- Lago Central, Fazenda Mirim e Carnívoros
- Setor de Nutrição e Carnívoros
- Animais ameaçados de extinção
- Primatas e ungulados
(animais que possuem cascos nas patas)
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O CEA também desenvolve projetos e atividades adequadas para grupos com necessidades especiais e realiza
eventos em datas comemorativas, oficinas, exposições, feiras de artesanato e mutirões de limpeza.
Zoomania
Consiste em uma gincana anual com escolas da região.
“Cada macaco no seu galho, cada lixo na sua cesta”
Atividade educativa de coleta seletiva de lixo, onde os participantes recebem sacolas e instruções. Na entrega das
sacolas com o lixo seletivo, os participantes ganham um
bótons e folheto. O projeto acontece aos domingos, dia de
maior público, para conscientizar na manutenção e limpeza
do Parque.
Conheça os projetos
Zooanima
Consiste em visitas em hospitais e asilos da região, onde
se desenvolve atividades especificas buscando auxiliar na
geração de novos conhecimentos. Atualmente as atividades
estão sendo desenvolvidas no Hospital São Lucas - PUC. Zôo na sua Escola
Atividades com portadores de necessidades especiais
em parceria com Unisinos. Através de processos educativos,
recreativos e de lazer, visa contribuir para despertar a consciência de preservação.
Conhecendo o Zôo
Subprojeto do “Conhecendo o Patrimônio Natural” Objetiva sensibilizar o público-alvo, quanto a importância
da preservação da biodiversidade, e o papel que cada um
desempenha neste contexto.
Torres
beleza e cores
Verônica Lara
Torres é um dos núcleos mais antigos do
Rio Grande do Sul. O Seu nome é devido à
existência de três rochedos que se estendem
à beira-mar: Torre norte (Morro do Farol), Torre centro (Morro das furnas) e Torre sul (Praia
da Guarita).
O primeiro navegador português a apontar em Torres foi Pedro Lopes de Souza, por
volta de 1531. Desembargando no Boipetiba,
atual rio Mampituba, fez registro dos indígenas no local. A região de Torres era inicialmente habitada por indígenas Carijós, Minuanos e
Arachanes, que viviam da caça e pesca e se
dedicavam a uma rudimentar agricultura.
Os índios Carijós, de Santa Catarina, e Arachanes, do Rio Grande do Sul, que em seu comércio de trocas usavam uma picada, costeando
os banhados dos sopés internos, começando
na Praia Grande e indo até a Itapeva. Em 1500,
essas trilhas, abertas em meio a matagais começaram a ser usadas também por paulistas,
compradores de índios, que os levavam a São
Paulocomoescravos.
Entre os anos de 1600 a 1640, estima-se
que viviam, no Sul do Brasil, cerca de 500 mil
índios, que aos poucos foram desaparecendo
por causa das doenças introduzidas pelo contato com o branco, escravidão e lutas tribais.
Através da documentação existente sobre os indígenas do litoral, sabemos que os
Carijós eram dóceis e interesseiros. Por esse
motivo houve um comércio muito grande entre paulistas que viviam ao sul em busca de
escravos e os caciques. Entre os índios, os negociantes que ficaram mais famosos foram o
cacique Tubarão, que deu origem à cidade de
Tubarão, em Santa Catarina, e o cacique Maracanã. Aos poucos, a região foi ficando despovoada de índios. Sabe-se que, por volta de
1700, quando os lagunenses desceram pelo
litoral, quase nãoencontraramíndios.
Desaparecidos os índios, mantiveram-se
os caminhos. Era o elo principal entre o resto
do Brasil e os núcleos avançados do povoamento português, na Colônia do Sacramento
(1679) e no presídio de Rio Grande (1737). Assim, Torres assumiu a importante função de
controlar a estratégica passagem, na qual foi
instalado um posto fiscal que logo se transformou em Guarita Militar da Itapeva e Torres
(entre1774e1776).
Colonos e açorianos, vindos do Desterro
(atual Florianópolis) e de Laguna (SC) começaram a instalar-se na região. O Título de Fundador de Torres se confere ao Alferes Manoel
Ferreira Porto, militar que veio para Torres tomar conta da guarda que aqui existia.
Em 1809, Dom Diogo de Souza, Primeiro Capitão-Mor da Capitania do Rio Grande do Sul,
mandou reforçar a Guarnição de Torres e autorizou a construção de São Domingos das
Torres, além de um presídio militar. Os trabalhos foram realizados por prisioneiros. Segundo o escritor Ruy Ruben Ruschel, a atual localização se deve ao sargento Manoel Ferreira
Porto, Comandante da Guarnição, que em
1815 obteve a licença do Bispo Dom João Caetano Coutinho para edificar a capela no local.
Os colonos a desejavam no Morro da Itapeva,
mas ele mandou construí-la junto ao Posto da
Guarda, atual Morro do Farol.
Em 1826, D. Pedro I passou pelo povoado
de Torres. No dia 05 dezembro, a caminho do
Sul do País por motivo da guerra da Cisplatina.
No dia 25 do mesmo mês e ano, ele retornou
pernoitando novamente no complexo administrativo-militar da época, situado entreaigrejaeobaluarte.
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O veterinário também ressalta a importância dos tratadores, que devem ter “olho
clínico” nesses casos. São eles que percebem
a mudança de comportamento, a alimentação, possíveis fraturas ou ferimentos. Quando
isso acontece é realizada uma avaliação que
define onde o animal será tratado.
No caso dos maiores e mais ferozes, o tratamento é no próprio recinto onde são medicados diariamente pela equipe: veterinário,
tratador e/ou algum auxiliar. “No tratamento
ministrado procuramos não tocar nos animais, elegemos sempre o medicamento via
oral. Usamos a contenção em último caso”,
conclui Giacomini.
Se for necessária a imobilização, há duas
jaulas especiais que diminuem o espaço do
animal, facilitando a aproximação e a execução de exames intravenosos. Existem contenções até para aves, répteis e cobras.
Se você for até o Parque, a fim de realmente conhecê-lo, sairá com bastante histórias
para contar. Entre as novidades, o nascimento
de hipopótamos gêmeos, fato considerado
raro. Talvez mais raro ainda seja criar a dupla
mas, felizmente, a equipe está conseguindo
com o apoio da mãe.
“Todos os animais que estão nos zoológicos
brasileiros, são animais nascidos em cativeiro.
Hoje em dia não se tira mais animal da natureza,
a função é justamente estudar os que estão em
cativeiro para manter os que ainda estão em seu
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dendo ver todas as praias, as torres, a Lagoa do Violão, as serras, as dunas e a Ilha
dos Lobos.
Morro das furnas - A mais importante
das torres por seu tamanho é a do meio, também conhecida por Morro das Furnas. Fica a
600 metros do Farol separadas pela Praia da
Cal. É um tabuleiro alongado, com 135 mil
m2 de superfície superior. Toda a encosta
oriental compõe-se de falésias perpendiculares, batidas no sopé pelas ondas do mar: aí
estão as furnas, tão famosas e admiradas.
Lagoa do violão - Localizada no centro
da cidade, tem esse nome por seu formato
original de um violão. O local é aproveitado
para a realização de esportes aquáticos.
Ilha dos lobos - Única Ilha Marítima do
Rio Grande do Sul. Possui esse
nome porque
é a
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cípio disponibiliza e aproveite com responsabilidade os nossos atrativos naturais que são
únicos e por isso são a nossa maior riqueza”,
declara o Secretário de Turismo, Comércio e
Indústria de Torres, Roniel Lummertz.
A população urbana e rural somam 30.877
habitantes, o seu clima é temperado ameno
seco, com verões quentes (apresentando até
35 graus) e inverno ameno apresentando geralmente a máxima do inverno no Estado. O
calor é suavizado por uma leve brisa refrescante que vem do mar. Apresenta uma temperatura média de 24º C.
Na vegetação há espécies naturais como:
Ipê Amarelo, Quaresmeira, Ingazeiro e Jambolão; espécies exóticas: Pinos, Acácia, Eucalipto
e Casuarina.
Dentro da região litorânea que se prolonga entre os Rios Ararangua e Tramandaí destaca-se um lugar, de apenas dez quilômetros
de comprimento, que faz exceção ao todo.
Por sua anormalidade geográfica, nele se
formou a primeira cidade costeira da região, Torres.
“Tens em tuas lindas praias, o mar...
a beija-las com raios de amor misturados com luar. Rendendo-te Terra
Querida, E amiga, a homenagem de sempre te orvalhar”, trecho retirado
do livro: “Torres, eu
te amo” do poeta e pintor Garcia da Rosa.
Parque da Guarita
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Morro do Farol
Verônica Lara
Igreja São Domingos
Verônica Lara
Pontos turísticos
Guarita - Desenhado pelo famoso paisagista BURLE MARX com a ajuda do ecólogo JOSÉ LUTZEMBERGER. Possui um lindo anfiteatro natural cercado por um lago
artificial, palco de várias apresentações
culturais.
No Parque está localizada a Praia da Guarita, é a praia mais bela de Torres, rodeada
pelas Torres Centro, Sul e Guarita que dá o
nome a este complexo paisagístico.
Morro do farol - Denominado assim devido à construção do primeiro farol em 1912.
O objetivo desse farol é sinalizar a existência
de terras aos navegantes. O farol possui 18
metros de altura, acendendo de oito em oito
segundos, sendo visto em noites claras a
uma distância de oito milhas marítimas ou
12 Km. O paredão mais elevado tem cerca de
600 metros de largura e a sua altitude superior de 46 metros e meio.
Antigamente, o cemitério da cidade se
localizava no Morro do Farol, junto ao farol,
exatamente no local onde hoje existem as
torres de transmissão. Local ideal para se
avistar as belezas naturais da cidade, po-
única ilha do Brasil onde, nos meses de julho
a novembro, os lobos marinhos - procurando águas mais quentes - chegam para o acasalamento.
Constitui-se em uma importante área de
descanso e alimentação de pinípedes (leões
e lobos marinhos) além de servir de ponto
de passagem para cetáceos (golfinhos, baleias e botos), aves e tartarugas marinhas.
Igreja São Domingos - Inaugurada em
24 de outubro de 1824, a sua construção é
no estilo colonial barroco simples e possui
uma única torre construída em 1898 pelo
Padre Lamônaco. Existe no seu interior imagens doadas por Dom Pedro I, de grande
valor histórico. Foi tombada pelo projeto
Pró-Memória, sendo proibido qualquer dano ao prédio e às suas peças.
Ponte Pênsil - Construída em 1985,
substitui uma antiga ponte de madeira. Essa
de concreto e cabos de aço permite o acesso a localidade de Passo de Torres (SC).
Santinha - Local de límpida vertente de
água cristalina, que sai da rocha do Morro do
Farol. Nesse local foi colocada a imagem da
Santa Nossa Senhora Aparecida. Está localizada entre a Prainha e a Praia da Cal.
Ponte Pênsil
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Santinha
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Visão aérea
Morro das Furnas
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Verônica Lara
Os alemães chegaram em 1826 e foram
separados, pelo comandante da fortaleza, conforme a religião que professavam: os protestantes formaram a colônia de Três Forquilhas.
Os católicos, por sua vez, foram inicialmente
para a estrada de Mampituba, depois junto ao
Rio Verde e, finalmente, entre as lagoas do Forno e Jacaré, construindo a Colônia de São Pedro de Alcântara. Por volta de 1830, famílias de
origem italiana, vindas de Caxias do Sul, fixaram moradia no distrito de Morro Azul.
Dentre as personalidades que deram forte impulso ao desenvolvimento de Torres,
destaca-se quem lançou a “indústria turística”,
que dominou o cenário econômico local, da
primeira até a segunda grande guerra: José
Antônio Picoral, filho da colônia São Pedro de
Alcântara, tornou-se próspero comerciante
em Porto Alegre/RS, mantendo, porém, vínculo com a terra de origem. Depois de um
frustrante veraneio em Tramandaí, Picoral decidiu transformar Torres em uma moderna
Estação Balneária e, em 1915, após entendimentos com João Pacheco de Freitas, Luiz
André Maggi, Carlos Voges e outros torrenses,
instalou o seu Balneário Picoral, marco histórico da introdução do turismoemTorres.
Em 1836, devido a Revolução Farroupilha,
iniciada em 1835, Torres sentiu as dificuldades
da guerra civil, que a deixou no mais completo
abandono, prejudicando e recuando o desenvolvimento. No ano seguinte, através da Lei de
20 de dezembro de 1837, seria criada a Freguesia de São Domingos das Torres, 28ª da Província. O desenvolvimento da Freguesia deu-lhe
o privilégio de ser elevada a categoria de Vila e
Município, o que ocorreu em 21 de maio de
1878 pela Lei Provincial nº 1152, dando-se a
sua instalação a 22 de fevereiro de 1879.
Torres possui um grande envolvimento
com a parte histórica do Brasil e mantém a sua
história viva na rua Júlio de Castilhos, onde as
casas antigas formam um conjunto arquitetônico em estilo colonial.
Atualmente, com 123 anos, é a mais bela
praia do litoral gaúcho, devido a suas inúmeras belezas naturais, o seu clima delicioso e as
suas vastas praias brancas, atrai milhares de
pessoas de todas as partes do Brasil e de seus
países vizinhos.
No verão, durante os três meses de temporada passam por Torres cerca de 400 mil turistas, entre eles 100 mil são veranistas fixos.
A rede hoteleira conta com 5.386 leitos,
em 59 estabelecimentos, divididos em hotéis,
pousadas e motéis. Na gastronomia são mais
de 80 estabelecimentos que oferecem variedades, qualidade e bom preço.
“Nos preparamos para receber os veranistas, com cursos de qualificação em parceria
com SEBRAE e SENAC. Venha para Torres e
desfrute das diversas atividades que o muni-
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dades a Beira-mar desde campeonatos desportivos,
atividades físicas orientadas, arenas que são montadas oferecendo diversos serviços aos freqüenta-
Lagoa do Violão
Balonismo
Conta a lenda que há muito tempo atrás
naufragou um navio espanhol na ilha que se
localiza em frente a Praia Grande, e que hoje
é chamada Ilha dos Lobos. Tal naufrágio não
deixou sobreviventes, com exceção de um
jovem rapaz que conseguiu chegar à praia
porque estava com seu violão.
O jovem foi encontrado, em seguida, pela
filha do chefe de uma tribo que por acaso passava pela praia que hoje se denomina Praia da
Cal. Aquela índia de grande beleza e formosura chamava-se Ocarapoti (em tupi-guarani
significa flor silvestre).
Resgatado e trazido para a tribo, o jovem
recuperou-se, e com seu violão, passou a entoar canções que encantavam a todos na tribo. Era tão grande a admiração que despertava, que recebeu o nome de Puiara (o dono da
música).
Passou o tempo e Ocarapoti estava cada
vez mais apaixonada. O seu pai, chefe da tribo, começou a estranhar o fascínio que
Puiara exercia sobre toda a tribo. Resolveu,
então, matar Puiara. No ritual, o jovem foi
morto e cremado, de suas cinzas foi feita
uma “pasta” que todos na tribo comeram.
Acreditavam que, dessa maneira, os dons
musicais de Puiara passaria para os demais
integrantes da tribo.
Inconformada com a morte de seu amor,
Ocarapoti pegou o violão de Puiara e dirigiuse a um lugar afastado, atrás do Morro do Farol. Tanto sofreu, tanto chorou que de suas
lágrimas surgiu uma lagoa que pouco a pouco começou a tomar forma daquele instrumento musical: a Lagoa do Violão.
O sucesso das muitas edições do evento
consolidou Torres como a Capital Brasileira de
Balonismo.
O Festival é hoje o principal evento promovido pelo município, em 2007, o Festival
completou a sua 19ª edição. Eventos consecutivos como esse são realizados apenas em dois
outros lugares no mundo: Albuquerque, no
Novo México, e Chateau D’Ouex, na Suíça.
A cada ano, aumenta o número de balões
no evento, colorindo ainda mais o céu de Torres. Também, balonistas e as suas equipes ganham a empatia do público que, gradativamente, cresce a cada nova edição do Festival.
O festival além de colorir o céu Torrense,
ilumina as noites com shows nacionais e baladas nas boates da cidade.
dores da praia. Além disso, são oferecidos pelas
agências de receptivos roteiros integrados, tais como: Citytur + Barco – excelente para se conhecer os
principais atrativos turísticos do município, pois integra a parte terrestre com a aquática, mostrando
dois olhares da cidade. Possuímos o Turismo de
aventura – o município vem trabalhando forte nesse segmento uma vez que aventura não necessita de
sol e mar, podendo ser trabalhado o ano inteiro, o
que para uma cidade litorânea no sul do Brasil é
fundamental. Dentre das modalidades podemos
destacar: paraglider, rapel, surf, surf com duck, beach rafting, rafting, canoagem, mountain bike, e
claro não poderia faltar o vôo de balão, uma vez que
Torres é considerada a Capital Nacional do Balonismo. E, neste ano, há uma novidade: Tour com carruagem real – está em funcionamento o passeio pelos
Reveillon
principais atrativos e pontos turísticos de Torres. É
O Reveillon de Torres é nacionalmente conhecido, sendo considerado o quarto maior
do Brasil realizado a beira-mar. Cerca de 300
mil pessoas buscam a Praia Grande, um dos
cartões postais do município, para celebrarem a passagem de ano com os amigos e familiares. A festa ao ar livre teve como atração
nacional para a virada de ano 2007/2008, o
cantor Dudu Nobre com o seu novo show, o
qual canta os mais adorados Samba Enredos
das Escolas do Rio de Janeiro. E o famoso e
aguardado show piromusical, que integra fogos de artifício, com uma trilha musical e shows de lazer. Complementam a programação
atrações estaduais que comandam a festa até
o amanhecer.
Divulgação
possível sentir-se na Idade Média e passear em uma
verdadeira carruagem saída de um conto de fadas.
Têm muitas opções de lazer espalhadas pelo
município e ainda atividades na região, através dos
roteiros integrados, ou seja, uma qualificada programação de verão será oferecida contemplando
diversas faixas etárias.
Roniel Lummertz
“O céu é meu teto,
a terra minha Pátria e
a liberdade é minha religião”.
h i stóri a
Culturais: shows, peças teatrais, sarais, filmes. Ativi-
hi stóri a
qualificada e diversificada programação. Atividades
Filhos
do vento
De origem incerta, cercado de mistério e
preconceito e injustamente perseguido ao
longo dos séculos, o povo cigano faz dos lugares por onde passa, a sua própria Pátria. Seguindo a sua filosofia de vida, onde o Céu é
seu teto, a terra sua Pátria e a liberdade é sua
religião.
Sempre que se ouve falar do “povo das
estradas” como são conhecidos, relaciona-se
aos seus talentos na arte de ler a mão, de suas
adivinhações mas esquece-se que por trás
dessa simples imagem mística, existe uma admirável história de um povo que habita a Terra há mais de 3 mil anos.
Há diferentes relatos de sua origem, assim
como de seu dialeto, porém a hipótese mais
aceita é que vieram do norte da Índia fugindo
das guerras e dos invasores e como aqui encontraram facilidades, espalharam-se e estabeleceram-se. Essa invasão foi a única na história da humanidade que foi realizada sem
guerra, dor e derramamento de sangue.
Esses eternos viajantes, são logo reconhecidos por suas roupas coloridas e ornamentos, principalmente por seus hábitos ruidosos.
Cantam e dançam tanto na alegria como na
tristeza, pois para o cigano a vida é uma festa.
A sua cultura é belíssima e riquíssima em detalhes e fatos históricos, porém a sua tradição
não mais tão rigorosa, posto da realidade que
vive-se em cidades nos dias atuais.
Como exemplo dessas mudanças culturais, Anderson Bagesteiro, mais conhecido
como Pai Neco, assimilou o seu povo, o sangue cigano. Pois é neto de cigano por parte
do avô, Mathias Bagesteiro. Após a sua jornada, aqui chegaram na década de 30 e 40 e
instalaram-se na praça Moinhos de Vento em
Porto Alegre, hoje Parcão.
Bagesteiro, aos 17 anos, descobriu a sua
descendência e mesmo não tendo nascido e
se criado entre os ciganos nos acampamentos, cultua as origens do seu povo que veio da
Espanha. Hoje, além de realizar casamentos
cigano, possui um grupo de dança, “Alma
Cigana”,o qual tem objetivo de mostrar a beleza e o significado espiritual dos cultos milenares do povo cigano. Com a mesma finalidade também resolveu realizar uma grande festa cigana a qual ocorre todos os anos no Parque Moinhos de Vento, Parcão. Este ano realizada no mês de novembro.
Universo IPA | Dezembro 2007
Universo IPA | Dezembro 2007
Para a temporada de verão é montada uma
Carla Oliveira
Fotos: Arquivo
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Divulgação
90
“Vem chegando
o verão...”
91
Hoje, os verdadeiros ciganos são uma raridade, muitos deixaram de lado suas origens
e se entregaram à vida e aos costumes dos
não ciganos, “os gadjes” como são chamados.
92
Os ciganos são um povo como tantos
outros povos que seguem as suas tradições
e o seu modo todo especial de viver, que é
passado de geração em geração. E quando
se trata de comportamento. São muito rígidos. Mas, na forma de viver, a palavra ordem
é ser livre.
Ao contrário do que muitos pensam, hoje
em dia vivem em casas, assim como a cigana
Natália Silva*, moradora da cidade de Gravataí
aproximadamente há 40 anos. “Cigano gosta
mesmo é de morar em barraca, mas moram
em casas por se ter mais conforto”, diz ela.
Cigana Silva fala também que nunca ficam sozinhos, é um povo unido. Geralmente se reúnem em grupos para festejar os ritos de passagem: o nascimento, a morte, o
casamento e os aniversários. Estão sempre
reunidos nos campos, nas praias, nas feiras
e nas praças.
Religiosidade
Não há uma religião típica cigana, normalmente assimilam a religião do lugar onde
se encontram, mas jamais deixam de lado o
misticismo envolto de mistério e poderes mágicos, que faz parte de seus hábitos e comportamento.
De acordo com o cigano Aristides Souza*,
morador de um acampamento também em
Gravataí, hoje seguem a religião Católica, muitos ainda o Evangélico. Em outros países possuem a sua igreja própria, aqui freqüentam a
Igreja Católica. Fala também que, quanto aos
santos, além da Santa Sara Kali, são devotos
de outros santos, ele, muito devoto a Nossa
Senhora Aparecida.
Ainda se tratando de misticismo, Bagesteiro conta que para a lua se pede amor, para
o céu se pede a fartura e fortuna e para as
estrelas se pede paz de espírito. Por isso Lua
Cheia é o maior elo com o “sagrado”. Para eles
tudo na vida é “makbub”, está escrito na estrelas, motivo pelo qual são atentos observadores do céu e adoradores da natureza. Acreditam também na força do destino (baji) contra
o qual não adianta lutar.
CURIOSIDADES
- Cada grupo cigano tem o seu líder, o Barô/Gagu, cargo exercido pelos mais velhos.
- A figura feminina também tem a sua importância e é comum haver lideranças femininas como as Phury-day (matriarca) e as Bibi(tias-conselheiras), lembrando que nenhum cigano deixa de consultar as avós, mães e tias para resolver problemas importantes por meio da leitura da sorte.
- O mestre de cura (ou xama cigana) é um Kaku (homem mulher) que possui dons de grande para-normalidade. Eles
usam ervas, chás e toques curativos.
“Para lua se pede o amor,
para o céu a fartura,
fortuna, para estrelas
se pede paz de espírito”.
Os ciganos adoram dançar e quando dançam, o fazem com a alma, o coração e com
total liberdade para os seus movimentos, sem
nenhuma coreografia pré-estabelecida.
A dança cigana tem grande influência
árabe e espanhola, hoje mais espanhola devido a dança flamenca, diz Bagesteiro.
Casamento
Tradição essa que a todos fascina.
O casamento é uma das tradições mais
preservadas entre os ciganos, pois representa
a continuidade da raça e é pelo casamento
que entram no mundo dos adultos.
Desde pequenas as meninas ciganas costumam ser prometidas em casamento, que
acontece por volta dos 17 anos, conta o cigano Souza. Os acertos normalmente são feitos
pelos pais dos noivos, que decidem unir as
famílias. São eles também que oferecem a fes-
Santa Sara Kali
Universo IPA | Dezembro 2007
Costumes e tradição
Outro fato importante é o de não se submeterem as regras da maioria da sociedade
não cigana e o de não aceitarem de modo
algum serem empregados dos “gadjes” (nãociganos), assim apegam-se a antigas profissões artesanais, como ferreiros, domadores,
criadores e vendedores de cavalo, comerciantes de miudezas e o melhor de suas qualidades que é a arte divinatória, as quais é ensinado as crianças desde cedo. Cigana Silva ressalta, “ cigano gosta de trabalhar, fazer negócio,
ganhar dinheiro”.
A leitura da sorte é uma das principais fontes de renda para a maioria dos grupos, portanto as mulheres cada vez mais assumem o
controle econômico da família. O resultado é
uma situação contraditória, em que o homem
manda, mas é a mulher quem sustenta o grupo. Não ser mãe é um pecado quase que mortal para a mulher cigana. Criada para educar
os filhos e cuidar do marido, ela também deve
se casar virgem. Outra “lei” curiosa que se refere ás mulheres é que elas jamais podem
mostrar as pernas, pois da cintura para baixo
todas são consideradas impuras. Por isso, as
saias são compridas e rodadas. Também são
proibidas de contar os cabelos.
Dança
Mãe Natureza
O colorido e o brilho da vestimenta não pode faltar
Referente à religiosidade, Bagesteiro fala
um pouco da história da Santa Sara Kali, Padroeira Universal do povo cigano. A Santa por
quem nutrem o mais devoto amor e respeito,
instiga mais ainda a sua provável origem da
Índia devido à sua pela negra.
A tradição das mulheres casadas não
andarem sem o lenço na cabeça, em sinal
de respeito, originou-se de um gesto de Sara Kali.
Além de trazer saúde e prosperidade, Sara
Kali é cultuada pelas ciganas por ajudá-las
diante da dificuldade de engravidar. Muitas
que não conseguiam ter filhos faziam promessas a ela, no sentido de que, se concebessem, ofereciam um lenço, o mais bonito que
encontrassem.
Para as mulheres ciganas, o milagre mais
importante da vida é o da fertilidade porque
não concebem as suas vidas sem filho. Quanto mais filhos a mulher cigana tiver, mais dotada de sorte ela é considerada pelo seu povo,
conta cigana Silva.
h i stóri a
hi stóri a
* Sobrenome fictício, não revelado.
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Arquivo
Anderson Bagesteiro
ta e quem faz o enxoval para a noiva.
O curioso é que o casamento com os não
ciganos só é permitido para os homens, mas
não para as mulheres ciganas. No caso de casarem com brasileiro, são excluídas do grupo.
Segundo a cigana Silva, também é permitido
o casamento entre primos.
Quando acontece de um cigano casar
com uma mulher fora do seu grupo, essa tem
que se adaptar a sua cultura e seguir as suas
tradições. O mesmo aconteceu com a hoje
cigana Karina Silva*, morada de Gravataí. Aos
17 anos conheceu o cigano que se casou e há
quase dez anos cultua as suas tradições.
Antes do casamento, os noivos não podem ter nenhum tipo de intimidade, iniciação
sexual. Quando o casamento acontece, durante três a quatro dias, os noivos ficam separados na festa dando atenção aos convidados,
somente na segunda ou terceira noite é que
podem ficar pela primeira vez a sós, conforme
o cigano Souza.
A cigana Silva conta ainda que, mesmo
hoje em dia, exigem a virgindade da noiva,
que é a honra da mulher, caso a noiva não seja virgem, ela pode ser devolvida para os pais
e a festa acaba. E no caso de ser virgem, deve
comprovar através da mancha no lençol, que
é mostrada no dia seguinte do casamento.
Neste dia ela também se veste com uma roupa tradicional colorida e um lenço na cabeça,
simbolizando que é uma mulher casada.
Quanto ao dote, de ter de pagar ao pai da
noiva em moedas de ouro, hoje em dia não
existe mais, diz o cigano Souza,“quem vai vender a própria filha?”. É com essa história que os
ciganos, povo tradicionalmente nômade,
também conhecido como “filhos do vento” e
ligado ao misticismo, à música e alvo de muitos preconceitos, contam a sua própria origem ainda cercada de mistério...
93
Tomada do Reichtag pelo Exército Vermelho. Terminava assim a Segunda Guerra Mundial
A questão polonesa
O pacto não significava que Stálin e Hitler
tivessem abandonado inteiramente as suas
ideologias. O historiador americano John
Lukacs, autor de mais de 20 livros, entre eles
“O duelo: Churchill x Hitler” e “Uma nova República”, disse que Stálin desejava manter a
URSS fora de uma guerra que se aproximava
rapidamente. “Num certo momento, a União
Soviética poderia recolher as ruínas da Europa
e surgir triunfante num continente devastado
pela guerra”, constatou Lukacs.
Em discurso dado ao Politburo, principal
organismo político do Partido Comunista,
Stálin declarou: “sei o que Hitler quer. Ele pensa que é mais esperto que eu, mas fui eu que
o enganei”. A guerra, explicou ele, “vai nos ignorar por um pouco mais de tempo”. Às 2 horas da manhã de 17 de setembro, Stálin ordena que o Exército Vermelho ataque a Polônia.
Os ucranianos saudaram as tropas soviéticas
como verdadeiros libertadoros.
A população polonesa, contudo, sofreu
com ataques tão cruéis e trágicos quanto os
dos nazistas. O primeiro-secretário de Moscou, Nikita Khruchióv, suprimiu quaisquer
partes da população que pudessem se opor
ao poder soviético: padres, oficiais, nobres e
intelectuais foram seqüestrados, assassinados
ou deportados, para que fosse eliminada a
própria existência da Polônia. Em novembro
de 1940, um décimo da população polonesa
– ou seja, 1,17 milhão de inocentes – havia
sido deportada. Trinta por cento deles estavam mortos em 1941. Os presos foram 60 mil.
Fuzilados, 50 mil. Os soviéticos comportaramse como conquistadores.
Para Stálin, a sugestiva, mas imprecisa,
expressão “esferas de influência” significava
total liberdade de ação na região da nova
fronteira russo-germânica que tinha ficado
ao seu lado. As partes da Polônia ocupadas
pelos soviéticos foram simplesmente anexadas à União Soviética.
Hitler e a União Soviética
Em abril de 1940, Hitler invadiu a Dinamarca e a Noruega. No dia 10 de maio do mesmo ano, os exércitos germânicos rumaram
para o Oeste. A Holanda rendeu-se em quatro
dias, a Bélgica em 18, a França em menos de
seis semanas. No dia da queda de Paris, Stálin
ordenou a plena incorporação dos Estados
bálticos ao seu Império. Dias depois, apresentou um súbito ultimato à Romênia, exigindo
a entrega da Bessarábia. Hitler estava agora
perturbado com a interpretação de Stálin a
respeito do significado “esfera de influência”.
De acordo com o historiador britânico Simon Sebag Montefiore, foi neste momento
que o olhar e mente de Hitler começaram a
se deslocar para Leste, imaginando o que a
conquista da União Soviética pela Alemanha
poderia significar nesta guerra. “A Alemanha
havia conquistado toda a Europa, ou a maior
parte dela”. A partir de então, disse o historiador, “faltavam apenas os dois extremos do
continente: a União Soviética a e Inglaterra”.
O resultado da ordem do líder soviético
de dar carta-branca ao reconhecimento aéreo alemão foi o desastre: às 3h15 da manhã
de 22 de junho, a Luftwaffe destruiu quase
metade da força aérea russa. O povo da Alemanha soube ao acordar que estava em guerra contra a União Soviética. Começava aí a
“Operação Barbarossa” - referência ao antigo
rei germânico e titular do Sacro Império Romano no Século 17.
A explicação mais aceita sobre os propósitos do Führer ao atacar a URSS é de que seus
EUA aderem à guerra
Até o ano de 1941, apesar da insistência
de Churchill, os Estados Unidos ainda não haviam declarado apoio aos países Aliados. De
acordo com o doutor em história Carlos Gomes de Araújo, os EUA, por ter uma política
predominantemente anti-comunista, não
poderiam declarar apoio à União Soviética,
país responsável pelo levante comunista que
mudou o curso da história. Araújo disse que
“os americanos precisavam de uma desculpa
que permitisse o apoio dos cidadãos americanos à entrada dos Estados Unidos na Segunda
Guerra”. Essa “desculpa” veio dos japoneses:
em 7 de dezembro de 1941, o ataque japonês
à base norte-americana de Pearl Harbor leva
os Estados Unidos a declararem guerra aos
países do Eixo.
O término do conflito
Um ataque iminente
Stálin pensava que Hitler planejava invadir a Inglaterra. Nenhum de seus agentes
tinha conhecimento da declaração de Hitler
a seus generais, em 31 de julho de 1940, para preparar uma eventual invasão da Rússia.
O aumento das tropas alemãs na Polônia e a
anexação do território da Romênia à esfera
1941: o combate
h i stóri a
Primeiro de setembro de 1941. A invasão da Alemanha nazista à Polônia dá início
a que seria uma das mais sangrentas batalhas de todos os tempos. Deixando um saldo que ultrapassa os 50 milhões de mortos
– número a que não são somadas as 28 milhões de pessoas, entre civis e militares, mutiladas em combate – a Segunda Guerra
Mundial está entre os mais marcantes acontecimentos do século 20. Na antiga União
das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS),
20 milhões de pessoas perderam a vida. Na
Alemanha, 13 milhões. O plano de Adolf Hitler, líder da Alemanha durante a Segunda
Guerra, ainda levou a cabo mais de 6 milhões de judeus, vítimas de um cenário de
completa degradação humana dentro dos
campos de concentração.
Faltando pouco para o início da guerra,
em face da decisão de invadir a Polônia, Hitler concluiu que um acordo com o líder máximo da União Soviética, Iossif Vissariónovitch Djugachvili, mais conhecido como Jo­
seph Stálin, apelido adotado no submundo
revolucionário, era urgentemente necessário. As reuniões entre as potências começaram no dia 12 de agosto de 1939, mas a discrepância entre o que o ocidente estava
disposto a oferecer e o preço exigido por
Stálin era insuperável.
Após quase dez dias de negociações, em
23 de agosto, o comissário para o exterior
(cargo equivalente ao de ministro das relações exteriores) da União Soviética, Viatcheslav Molotov, assinava o pacto germano-soviético de não agressão. Esse pacto, que levara
o nome dos ministros das relações exteriores
das duas potências, Ribbentrop-Molotov,
destinava-se a dividir a Polônia e a Europa
Oriental em esferas de influência: Stálin ficaria
com o leste da Polônia, Letônia, Estônia, Finlândia e a Bessarábia, na Romênia, enquanto
Hitler ficaria com a Lituânia. Hitler aprovara os
termos do pacto.
Em primeiro de agosto de 1939, certo de
que Stálin não interferiria em seus planos, Hitler ordena que três Stukas (aviões de combate alemães) invadam o espaço aéreo da Polônia em missão de ataque. Era o início oficial da
Segunda Guerra Mundial. Dois dias após o
ataque, Inglaterra, França, Austrália, Índia e
Nova Zelândia decidem entrar no combate,
declarando guerra à Alemanha. Os Estados
Unidos declaram-se neutros.
motivos foram basicamente ideológicos.
Muitos historiadores têm usado esse argumento. Em princípio, isso parece convincente, mas as próprias palavras de Hitler são uma
prova do contrário.
Carvalho, contudo, discorda. Ela disse que
“Hitler lutava contra toda a esperança, imaginando que fosse possível evitar que os Estados
Unidos entrassem numa guerra verdadeira
contra ele”. Caso a Rússia fosse eliminada, continua a historiadora, “talvez então passasse a
ser impossível para Roosevelt e Churchill permanecerem contra a Alemanha”. Em 29 de
maio, Hitler disse a Walter Hewel, confidente e
membro de seu círculo mais íntimo, que, uma
vez derrotada a Rússia, “isso forçará a Inglaterra a procurar a paz. Espero que este ano”.
Partindo do princípio de evitar uma guerra contra os Estados Unidos, Hitler expediu
uma ordem peremptória a todos os navios de
guerra e submarinos alemães no Atlântico:
“evitem, sob quaisquer circunstâncias, atingir
navios norte-americanos; nem mesmo reajam se atacados”.
hi stóri a
Fotos: Robert Kappa
Robson Pandolfi
goslavo, assim como a expulsão das delegações desses países de Moscou. Stálin queria
demonstrar a sua intenção de colaborar
com a Alemanha.
O estadista britânico Winston Churchill e
o então presidente dos Estados Unidos,
Franklin Roosevelt, mandaram-lhe informações detalhadas a respeito da concentração
das tropas alemãs na fronteira da Polônia. Stálin foi em frente, acreditando em Hitler. Da
longínqua China, veio um relatório de Chiang
Kai-Shek, apontando a data do ataque alemão
para 21 de junho de 1941. De Tóquio, o agente de estado russo Richard Sorge foi enfático:
“a Alemanha começará uma guerra com a
União Soviética em meados de Junho. Repito,
nove exércitos e 150 divisões iniciarão uma
ofensiva no amanhecer de 22 de junho”. Stálin
demitiu Sorge.
Mais revelador ainda, de acordo com
Lukacs, é o caso dos vôos de reconhecimento
realizados pelos alemães, violações óbvias do
princípio soviético de soberania do Estado. Stálin mandou expedir uma ordem: “em caso de
violações da fronteira germano-soviética por
aviões ou balões alemães, não abram fogo”.
Desembarque dos Aliados na Normandia
Após quase seis anos de batalha, a chegada das tropas soviéticas à Berlim força Hitler a
tomar uma decisão extrema: no dia 30 de abril
de 1945, o Füher e sua esposa, Eva Braun, suicidam-se. Hitler mata-se com um tiro na têmpora direita. Eva seguiu o suicídio, bebendo cianeto. Seus corpos nunca foram encontrados.
No dia 7 de maio, o almirante Doenitz reune-se com o alto comando alemão e assina a
rendição da Alemanha.
No entanto, somente com o lançamento
das duas bombas atômicas sobre as cidades
de Hiroshima e Nagasaki - fato que culminou
na rendição do Japão - é que oficialmente
chega ao fim a Segunda Guerra Mundial.
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94
O terror da guerra
de influência de Hitler começaram a deixar
Stálin inquieto.
O líder soviético propôs, então, um projeto com escopo muito maior: a divisão da Europa, Ásia e África entre as esferas de influência da Alemanha, Itália, Japão e União Soviética. Não houve resposta de Berlim, nem mesmo uma confirmação do recebimento da
proposta. Neste momento, a imprensa soviética publicava ocasionais comunicados da
Wehrmacht, as forças armadas nazistas.
Em primeiro de março de 1941, o Exército
alemão invadiu a Bulgária. Em seguida, os exércitos de Hitler invadiram e dominaram a Iugoslávia ao estilo Blitzkrieg, a guerra relâmpago de
Hitler. Isso levou a um episódio surpreendente
na história da diplomacia stalinista: um tratado
de não agressão com os japoneses.
A chave para o que se seguiu não é mais
a competência de Stálin como estadista, mas
a persistência de sua fé em Hitler. Os relatórios
chegavam toda hora a Moscou, não apenas
sobre a quantidade crescente de divisões alemãs na Polônia, mas também sobre a decisão
de Hitler de invadir a Rússia, alguns deles
mencionando meados de junho.
De acordo com a historiadora gaúcha Nara Carvalho, “dizer que Stálin teve relutância
em acreditar neles [Hitler] é atenuar o fato: ele
simplesmente não acreditou”. A historiadora
declarou que Stálin não podia acreditar que
Hitler resolvesse entrar em uma guerra com
ele num momento em que a Alemanha enfrentava a Inglaterra. “Uma guerra em duas
frentes era algo que Hitler não iria desejar”,
disse Carvalho.
Stálin faria ainda outra tentativa de impressionar Hitler com sua amizade: em 10 de
maio de 1491, ordenou o rompimento das
relações entre a União Soviética e os governos belga, holandês, norueguês, grego e iu-
95
O eterno carro do povo
Após 57 anos, o Fusca segue uma paixão entre os brasileiros
muitos apelidos alusivos as suas cores e ao seu
formato, virou tema de diversas músicas, protagonista de filme dos estúdios Walt Disney
(todo mundo lembra do Herbie, o simpático
Fusca que anda em duas rodas e até pensa...)
e tornou-se alvo de ditos populares bem conhecidos: “Fusca é igual coração de mãe”,
“Quem tem um, não vende”, “Com um arame
e uma chave de fenda não se fica empenhado” e “Fusca é um cheque na mão”, referindose a sua valorização no mercado.
A origem do nome Fusca está relacionada
com a pronúncia alemã. Ao abreviar a palavra
Volkswagen para VW, os alemães falavam “fauvê”. A abreviação logo se transformou em “ful-
que” e “fulca”. Em Curitiba, se fala “fuqui”, em
Porto Alegre é “fuca” e em São Paulo virou Fusca, nome que foi dado oficialmente ao carro,
após ser rebatizado em 1983, pois até então
os registros do Departamento Nacional de
Trânsito (Detran) o denominavam VW Sedan.
Você ainda vai ter um
A verdade é que qualquer um pode ter o
“besouro”, como ficou conhecido devido ao
seu design, e perpetuar essa paixão, porque
dois dos motivos que fazem do carro um sucesso entre os brasileiros são o preço acessível
(com menos de R$ 3 mil se compra um bom
Herbie, o mais famoso Fusca
Em 1968, a Walt Disney imortalizou o Fusca com o
filme “Se meu Fusca Falasse”, a hilariante história de um
Fusquinha desprezado pelo seu dono e comprado por um
piloto fracassado pela bagatela de US$ 75. Herbie é um
carro dotado de carisma, inteligência e coração de gente
que, com o número 53 pintado na lataria, leva sempre os
seus condutores a vitórias em corridas alucinantes. Além
desse filme, outros cinco títulos completam a saga do
simpático carro que conquistou o mundo: “As Novas Aventuras do Fusca” (1974), “O Fusca Enamorado” (1977), “A
Última Cruzada do Fusca” (1980), “Se Meu Fusca Falasse”
(1997) – uma versão para a TV norte-americana - e “Herbie: Meu Fusca Turbinado” (2005).
Adoradores do besouro
A fuscamania está passando de geração
para geração: são mais de mil comunidades
no site de relacionamento Orkut com a palavra Fusca, que ganhou até sinal gráfico na tela do computador, uma reprodução perfeita
do capô, faróis e pára-lamas formada por parênteses, letras “O”, barras, underlines e ponto
de exclamação. Os clubes e encontros estão
disseminados por todo o país e em Porto Alegre não é diferente. A partir de bilhetes deixados junto a diversos Fuscas da cidade, nasceu,
em março de 1996, o Porto Alegre Volkswagen Fusca. Presidido, há dois anos, pelo reparador automotivo, Wilson Muller Ochotorena,
41 anos, o clube passou a se chamar Porto
Alegre Fusca Clube depois de uma crise que
quase o levou a extinção, com a presença de
somente dois carros em um encontro no iní-
Amor e Ódio pelo VW
Mas todo esse amor e simpatia pelo besouro não são unânimes. Prova disso é o mecânico automotivo, Renato Sperrhake, 46, 24
anos de profissão, que nunca teve um Fusca
e jamais o compraria porque garante não gostar do automóvel.
“O Fusca foi bom na época dele, 77, 78, 80
(ano). É um carro que gasta muito, não tem
porta-malas, uma mecânica totalmente ultrapassada, não oferece nem um pouco de potência e economia, a suspensão dele é dura,
antiquada. Hoje em dia, tu pegas um Golzi-
O novo Fusca
imagem.com.mx
96
A TV era a grande sensação do momento,
Getúlio Vargas voltava ao seu segundo mandato “nos braços do povo”, como se dizia na
época, e a nação ainda amargava a derrota
para a seleção uruguaia na final da Copa do
Mundo, no Maracanã lotado, quando, no final
do ano de 1950, desembarcava no porto de
Santos, um carro diferente, com desconhecido formato arredondado. Mal sabiam os brasileiros que aportava, naquele dia, o carro que
seria consagrado pelo povo e considerado,
décadas depois, “o carro do século”.
Por ironia da história, o ditador Adolf Hitler, mundialmente conhecido pelas maldades praticadas contra a humanidade, foi o visionário que solicitou a criação do carro mais
amado de todos os tempos. A pedido de Hitler, - que queria um carro barato, com espaço
para quatro ou cinco pessoas, que alcançasse
e mantivesse a velocidade de 100 km/h e uma
média de consumo de 14km/litro - Ferdinand
Porsche trabalhou arduamente durante cinco
anos na criação daquele carro que, em 1939,
começaria a ser fabricado para a modernização e recuperação da economia alemã, objetivos tão almejados pela política do ditador.
Os brasileiros tiveram de esperar 20 anos
para que, em 1959, o Volkswagen começasse
a ser fabricado no Brasil. Três anos depois se
tornou líder de vendas no país. Daí em diante,
o Fusca, se tornou mania nacional. Ganhou
belfastcity.gov.uk
Universo IPA | Dezembro 2007
Armindo J. K. Júnior
Depois que deixou de ser fabricado no Brasil em
1986, o ex-presidente Itamar Franco tentou reavivar o
Fusca entre os anos de 1993 e 1996 com a retomada da
produção. Por razões mercadológicas, o carro saiu de
linha novamente.
Eis que ressurge, no ano de 1998, uma reedição do
mito consagrado pelo povo, o New Beetle, com formas
idênticas ao antigo Volkswagen, porém com mecânica (o
motor passa para a parte dianteira, entre outras alterações), suspensão e plataforma do Golf quarta geração. O
carisma do carro original se manteve, mas nem de longe
o New Beetle é um carro popular, pois conta com refinamentos como banco de couro, direção hidráulica, câmbio
automático, ar-condicionado e air-bags, justificando o
seu alto valor. Manteve-se, além do design, algumas
características do Fusca, como duas alças na coluna central entre os bancos dianteiros e traseiros, uma alça no
painel em frente ao banco do carona, e um irreverente
vaso para flores ao lado do volante, como nos primeiros
Fuscas produzidos na Alemanha até a década de 50.
nho 94, 95, que já é ultrapassado também, dá
de dez a zero no Fusca, no tamanho do portamalas, de economia e de desempenho”, desabafa Sperrhake.
Imagine investir mais de R$ 20 mil em um
Fusca. Loucura? Não para o empresário João
Gilberto da Silva Vargas, 41. Ele concretizou o
sonho cultivado desde os 18 anos de idade época na qual não tinha condições financeiras – e personalizou o modelo 1972 adquirido
pelo pai em 1983. Bem diferente de quando
herdou do pai em 1984, a máquina possui hoje pintura metálica, freio a disco nas quatro
rodas, suspensão dianteira com sistema de
regulagem de altura, bancos revestidos em
couro, painel (com velocímetro, marcador de
combustível, de pressão, contagiros, etc.) customizado, volante e manopla da marca Shutt,
vidros elétricos, alarme, antifurto, sistema de
som completo, DVD dez polegadas, ignição
eletrônica, surdina de competição, pintura especial no motor, pneus importados e rodas de
liga leve de 17 polegadas. Todas essas modificações despertam a curiosidade e a admiração dos populares, que buzinam, tiram fotos,
elogiam e até param na sinaleira para perguntar detalhes do lindo Fusca azul índigo, cuja
velocidade atinge 160 km/h e breve terá suspensão a ar e um motor mais potente, segundo Vargas. “Nunca o deixo na rua, só vou a
encontros com ele. Não rodo em dias de chuva e nunca o deixo no sol. Nunca fizeram ofertas, mas perguntam quanto valeria. Não tenho nenhuma intenção de vender, acho que
não tem preço, o valor é sentimental”, orgulha-se Vargas, que resguarda o seu Fusca e usa
uma camionete Blazer no dia-a-dia.
h i stóri a
Paixão: Vargas investiu R$ 20 mil no seu Fusca
hi stóri a
cio de 2004. Hoje, o Clube é um dos maiores
e mais antigos do Estado, contando com 43
sócios. O Clube visita outros clubes co-irmãos
de cidades da Região Metropolitana, da Serra
Gaúcha e do Vale do Taquari a partir de um
calendário previamente definido, saindo
sempre do Largo Zumbi dos Palmares (antigo
Largo da Epatur), no centro da Capital, habitual ponto de encontro no terceiro domingo
de cada mês. Ochotorena, que ajudou a reerguer o Clube em agosto de 2005, tem um Fusca modelo 1983, personalizado com rodas de
liga leve, som, motor com pintura especial e
trava elétrica nas portas. “Cada vez mais pessoas estão dando atenção ao Fusca. Com o
crescimento dos clubes, mais valor tem sido
agregado ao carro. Atualmente, Fusca com
preço baixo, ou está ruim ou o proprietário
está ‘apertado’”, garante Ochotorena.
O “Almanaque do Fusca” (Ediouro, 197 páginas, R$ 39,90), escrito por Fábio Kataoka e
Portuga Tavares, considerado um livro de memórias, particulares e coletivas, conta que o
Fusca influenciou o cinema, a economia, a arte, a moda e a cultura pop, sendo responsável
pelo recorde de quilometragem, de tempo de
fabricação e que há dez anos representava
30% da frota de carros no país, sendo preferido por 83% dos brasileiros. Ao todo, passou
por 90 mil alterações mantendo o mesmo design original.
Curiosidades
- 20 de janeiro é o Dia Nacional do Fusca.
- 22 de junho é o Dia Mundial do Fusca.
- Em 1964, foi lançada uma versão com teto solar, apelidada de “Cornowagen”: um fracasso de vendas.
- Em 1979, o Fusca ganha lanternas traseiras maiores
e o apelido de “Fafá”, em homenagem aos seios fartos da cantora Fafá de Belém.
- Em 1993, a lista de espera de compradores do novo
Fusca chegou a 13 mil pessoas.
- Em 30 de junho de 2003, saia da linha de montagem,
no México, o Fusca de número 21.529.464, o último
fabricado no mundo.
Universo IPA | Dezembro 2007
i stóri
hihstóri
a a
Armindo J. K. Júnior
Projetado por Ferdinand Porsche, que dá nome a carros esportivos e luxuosos, o Fusca foi o modelo mais vendido de todos os tempos
exemplar) e o baixo preço das peças de manutenção. Segundo o gerente da Auto Peças Vega, Adriano Silva, a procura por peças de Fusca
é pequena, representando apenas 5% do volume de clientes. Com exceção da parte elétrica,
que possui um único fabricante (Bosch), motivo que impede o barateamento, o resto - sistema mecânico, de lataria e de suspensão – é
barato, chegando a custar até 77,8% menos em
relação a outros carros populares mais novos.
“É mais fácil conseguir peças para Fusca
do que para carro importado, mesmo produzido no Brasil. Qualquer cidade que tu vais
tem um Fusca”, diz Silva. Desejar um carro potente não é mais desculpa para desprezar o
querido automóvel. De acordo com o dono
da Auto Peças Vega, Pablo Vega, está a venda
no mercado um kit com pistão 2.2, que dá ao
Fusca uma potência de 200 cavalos, semelhante ao Opala. “É original, sem turbina, para
arrancada mesmo. Isso é interessante pela valorização do carro. O carro é de 59 e ainda hoje o pessoal está fazendo alterações para ele
continuar rodando. Isso denomina todo o carinho pelo carro”, afirma Vega.
97
1
or que muitos jovens depois de forP
mados não desejam atuar na área?
Porque, desde o ingresso em busca de uma
formação superior, eles sofrem com a pressão
da família, dos amigos, da mídia e com suas
próprias dúvidas. As áreas de atuação crescem
a cada dia mais, aumentando assim o dilema
dos adolescentes sobre o que escolher. Como
recebem uma avalanche de informações sobre
os inúmeros cursos existentes, ficam confusos
e decidem-se de acordo com as referências e
não pensam em seus próprios anseios. Quando
descobrem que e não gostam do que estão
cursando, ficam com medo de serem repreendido pelos pais e continuam nesta situação,
assim formam-se e enterram o diploma.
3
O
que a senhora sugere para que esses problemas possam ser evitados?
Sugiro aos pais que não pressionem seus
filhos, deixem-nos decidir com calma, sem
pressão sem cobrança. E aos filhos, digo-lhes
que devem se expressar, afirmar que não estão satisfeitos e mudar de curso o mais ápido
possível. Mas para evitar isso, antes de prestar
vestibular, leiam, informem-se, conversem
com pessoas que trabalham na área, não pensem apenas no dinheiro, pois, trabalhar em
busca de um salário alto não dá certo. O trabalho não deve ser fonte de insatisfação e sim
de prazer.
• Realização profissional é um estado de prazer, entusiasmo, paixão, vibração ao realizar algo.
• A realização profissional é estritamente pessoal. Tem
gente que se sente ralizada por SER alguma doisa,
ou por TER algo que desejava. De qualquer forma,
isso é um ponto de vista muito subjetivo e pessoal.
• O sucesso na carreira e na vida pessoal vem sempre
acompanhado de constante crescimento.
p rofi ssão
O que você precisa saber
sobre realização profissional
prof i ssã o
Trabalha-se para poder sobreviver. Mas o
objetivo de qualquer emprego é satisfazer as
necessidades do outro. A psicóloga Júlia Miralha enfatiza: “Infelizmente, muitas pessoas não
tiveram oportunidades para trabalhar no que
realmente gostam. Estas sonham com uma profissão, mas, por vários motivos, acabam realizando outra. Isso não significa que a sua ocupação
tenha menos importância ou menos valor”.
De acordo com a socióloga Andréia Martins, proprietários e clientes, todos são, pois um
médico atende seus pacientes e também necessita ser atendido. O trabalho é essencial para o sustento da sociedade, presta-se serviços
e recebe-se também. Por esse motivo é que há
uma diversidade de cursos, no ensino superior,
cada indivíduo escolhe o que mais se identifica
e durante um período estuda para alcançar a
profissão que deseja. A área é ampla e há um
leque de opções dentro deste ofício que possibilita a especialização do profissional.
Com pouca idade os jovens são chamados a optar por uma carreira universitária e
isso gera insegurança e incerteza sobre o futuro. Adolescentes após o amadurecimento
perdem o interesse e, muitas vezes, trocam de
curso, porém nem todos têm recursos para
fazer isto e acabam concluindo para enfim
conquistar o diploma. O mais comum é que
esses indivíduos atuem em uma área distinta
daquela para a qual se formaram ou ingressem em um novo curso superior.
Como ressalta a artesã, Carolina Bittencourt Ludmann, 27 anos: “Achei que cursando
Direito eu seria uma advogada de sucesso até
porque meu pai é perito e eu conseguiria emprego e estabilidade. Logo percebi que eu
não gostava e fui arrastando até me formar,
com isso, perdi muito tempo e dinheiro. Hoje
eu me sinto feliz, fazendo o que realmente
gosto”. Ludmann nunca atuou na área em que
é formada e ganha o suficiente para se manter
com seus trabalhos manuais. Miralha diz que
“a formação precoce resulta no desinteresse e
na falta de profissionalismo, estágios realizados durante o ensino superior, sendo eles remunerados ou não, auxiliam o estudante a ter
certeza se é isto que ele mesmo quer. Entretanto, alguns estágios são rápidos e não dão
2
as pessoas que se formam e mesmo
E
não gostando do que fazem, executam o ofício?
Estas tendem a desenvolver doenças. Os
problemas de saúde podem se manifestar
através de sintomas físicos, emocionais e
comportamentais. Entre os sintomas físicos,
os mais freqüentes são: as dores musculares,
incluindo dor de cabeça, taquicardia, hipertensão arterial e problemas gastrintestinais.
Sintomas emocionais: angústia, depressão,
ansiedade, preocupação e insônia.
Comportamentais: agressividade, passividade, distúrbios alimentares e mudanças na
libido. Além da saúde debilitada o serviço
prestado por este profissional não tem qualidade alguma, pois não será bem feito, porque
isso prejudica a empresa o cliente e principalmente a ele mesmo.
• A mulher encontra mais dificuldades para realizarse do que os homens. Além de ter que vencer preconceitos, precisa ser eficiente e eficaz naquilo que
desempenha.
• O sucesso profissional está ligado ao equilíbrio
emocional. Ele é o responsável pelas relações saudáveis no trabalho e em casa. Indivíduos bem resolvidos nos relacionamentos interpessoais saemse bem no trabalho.
• O trabalho não é a única forma de realização pessoal. Embora a busca pela sobrevivência, salário e
posição se confunde com o principal papel desempenhado na vida, muitas pessoas vêm descobrindo
que a realização pode estar do outro lado. Atividades junto a comunidades, trabalhos sociais e voluntários também são fontes canalizadoras de
energia e de vibração.
O trabalho de corte e costura, visto como uma atividade quase exclusiva das mulheres, proporcionou
ao costureiro Leandro a oportunidade de ganhar dinheiro e combater o preconceito
• Os líderes são pessoas comuns extremamente comindependência e nem estabilidade, assim os
jovens ficam desmotivados e procuram trabalhos que paguem mais ou onde o período
seja superior ao do estágio que contaria em
seu currículo. As incertezas aumentam a cada
passo que se dá, o mercado de trabalho é concorrido para uns, e fácil para outros, mas, há
inúmeras razões que fazem os estudantes
procurar ofícios que não tenham nada a ver
com a sua formação”. Segundo o economista
Carlos Pias, “dos 87 milhões de brasileiros com
idade entre 20 e 59 anos, apenas 6,2% têm
ensino superior completo”.
É visível, atualmente, que conseguir um
emprego na área de interesse, além de árdua
tarefa transformou-se em desafio à grande
parte dos recém formados, O costureiro, Leandro Bernardo Teixeira, 28, relata que: “Sou formado em Ciências Contábeis há dois anos e,
apesar de gostar de trabalhar na área, é difícil
encontrar um emprego que ofereça segurança, então acabei buscando outra forma de ganhar dinheiro com as reformas em roupas eu
e minha esposa não passamos dificuldades,
pois também acabo executando a profissão
prometidas com algo. A conversa, o relacionamen-
Dicas para acertar
na escolha da carreira
to e a inter-dependência são fatores motivadores
ao crescimento pessoal.
• A realização pessoal tem bônus e ônus, prós e con-
• Relacione as profissões que você um dia pensou em
tras. Para alcançar o sucesso, há um preço a se pa-
escolher. Analise quais foram os interesses que le-
gar. Os ônus, normalmente, são a perda da convi-
varam você a escolher cada uma delas.
vência familiar, menos tempo para o lazer e stress.
• Escreva quais são os fatores que mais pesam na sua
• A verdadeira realização ocorre quando o ser huma-
escolha profissional: influência da família, mercado
no consegue o reconhecimento nas áreas pessoal,
de trabalho, questão financeira,etc.
familiar, social, profissional e espiritual. Não neces-
• Relacione as características pessoais que você pos-
sariamente, nesta ordem.
sui que ajudam no seu relacionamento interpessoal como: disposição, bom humor, etc.
DICA DE LEITURA
• Faça uma lista de suas principais habilidades.
• Converse com profissionais da área que você pretende escolher para conhecer a rotina de trabalho
da profissão.
• Planeje metas do que você deseja alcançar em sua
carreira.
• Relacione quais as profissões que você admira.
• Pense em quais são as atividades que lhe dão prazer
e as que você tem que fazer por obrigação.
A artesã Carolina Bittencourt Ludmann desenvolve seus trabalhos manuais com muita paixão
e consegue juntar uma boa quantia em datas comemorativas, como o Natal. Este ano ela pretende
inovar as tradicionais árvores natalinas decorando-as com fuxicos verdes e vermelhos, criando
também prendedores de roupas, panos de pratos pintados a mão com tintas variadas para
tecido, verniz e cola quente. O objetivo é enfeitar os artesanatos, produzindo de acordo
com o pedido dos clientes e com as datas comemorativas
Auto-análise para o
Êxito Profissional, de
João Mohana, enfatiza
a importância do
autoconhecimento
para atingir a
realização profissional.
Universo IPA | Dezembro 2007
p rofi
prof
i ssãssão
o
Universo IPA | Dezembro 2007
Clarissa Mendelski
Fotos: Clarissa Mendelski
98
O diploma
está guardado
de contador”.Dentre os vários tipos de trabalhadores, o autônomo, é o que desenvolve a
sua atividade com mais liberdade e independência. É ele quem escolhe para quem prestará serviço, assim decide como e quando, tendo autonomia para formar os seus preços de
acordo com as regras do mercado e a legislação vigente. Para quem não conseguiu atingir
um curso superior o jeito de ganhar dinheiro
é tornando-se um trabalhador autônomo,
porque o mercado de trabalho além de ser
competitivo exige que se tenha um ciclo de
amizade. Os amigos indicam e se o indivíduo
for empregado ele passa a indicar também, é
um ciclo vicioso. Em entrevista realizada com
a psicóloga Júlia Miralha, pode-se analisar a
insatisfação com a profissão escolhida:
99
Anjos da guarda
Bombeiros fazem de tudo para ajudar vítimas de um grande incêndio
Universo IPA | Dezembro 2007
Aline Chieza
100
O Corpo de Bombeiros da Brigada Militar
tem como missão o combate e a prevenção
de incêndios, o salvamento e as atividades de
defesa civil. Hoje a corporação está organizada em 12 Comandos Regionais de Bombeiros
e o Grupamento de Busca e Salvamento. Esses
12 Comando Regionais estão subdivididos
em frações menores fazendo essas atividades
acima citadas. O Grupamento de Busca e Salvamento tem como uma de suas características a especialização de atividades de busca,
salvamento, resgate e atendimento de ocorrências que envolvam produtos perigosos como explosivos, substâncias tóxicas, produtos
radioativos. Para atender essa gama de atividades o GBS (Grupo Aéreo de Busca e Salvamento) possuem diariamente, nas 24 horas
do dia, as seguintes guarnições: mergulho,
aquática, de cães de busca e salvamento, de
salvamento terrestre e de produtos perigosos.
Segundo o Major Humberto Teixeira dos Santos, a guarnição de mergulho trabalha na busca e resgate de afogados, em todo o Estado
do RS, na busca e resgate de bens móveis, como armas, veículos e outros objetos que estejam relacionados a crimes e que estejam submersos. A maioria das ocorrências são de resgate de afogados, em rios, lagos, açudes e
riachos. A equipe aquática não realiza mergulhos e a maioria de suas atividades se dão no
nível da água. Suas ocorrências mais comuns
são: salvamento de pessoas que estejam se
afogando, atendimento a pessoas ilhadas, auxílio a tripulações de barcos a deriva ou ader-
nados, resgate de corpos que estejam boiando, etc. O atendimento de ocorrências são em
regra no lago Guaíba e no delta e suas ilhas. A
equipe de busca e salvamento com cães utiliza para atendimento das ocorrências o binômio adestrador-cão. Eles trabalham com o
salvamento de pessoas em matas e no meio
aquático, bem como com buscas de pessoas
vivas ou mortas. As raças utilizadas são o Terra
Nova e o Labrador.
A equipe do salvamento terrestre trabalha em uma gama bastante ampla de ocorrências, tais como: salvamento de pessoas
presas as ferragens de veículos acidentados
(extricação), resgate de animais (macacos
soltos, cavalo que cai em um buraco, cachorro solto em logradouro público e colocando
Segundo o terceiro sargento Gerson
Barth,­ o início das atividades começam as
08:00 hs com o término as 20:00 hs, e das 20:00
hs até 08:00 hs, totalizando 12 horas. As ocorrências geralmente ocorrem na usina do gasômetro, o que eles chamam de guarnição
aquática. Quanto aos suicídios eles fazem
muito estudo antes de irem ao local, segundo
o sargento José Glademir da Costa Escobar,
morrem muitos pescadores, principalmente
no inverno, devido as bebidas alcóolicas e festas geralmente com os jovens. A tendência
maior de acidentes é no feriado, na Oscar Pereira e também no final de semana. Os produtos perigosos, passam por fiscalização, junto
com a Defesa Civil, Ibama, fazendo uma blitz
enorme para atender os incêndios e com isso
diminuiu bastante. Muitas vezes, eles deixam
de curtir a família para ficar trabalhando, mas
dizem que vale muito a pena, quando se é
para salvar vidas, ajudando o próximo. A brigada de incêndio é de fundamental importância aliar os meios materiais existentes a sua
perfeita utilização, necessitando para tanto de
pessoas treinadas e em condições de obter o
máximo de rendimento e eficiência no emprego de tais materiais no combate a princípios de incêndio. Tornaria oneroso e inviável
para uma empresa manter um efetivo permanente e exclusivamente para a prevenção e
combate a princípios de incêndios, surgindo
como solução as Brigadas de Incêndios, as
quais são desempenhadas pelos empregados
da empresa, preparados e treinados para atuar com rapidez e eficiência na extinção de
princípios de incêndios. O incêndio começa
pequeno, crescendo em intensidade e abran-
- Conhecer os riscos de incêndios do prédio;
- Promover medidas de segurança, propostas
pelo técnico de Segurança da Empresa;
- Participar das inspeções regulares e periódicas.
É importante que a Brigada de Incêndio,
após o término do expediente, tem a missão
de verificar se as portas, janelas, gavetas foram
Dicas de prevenção
de incêndios
Apague cinzas de cigarros, não durma fumando, não deixe crianças brincar com fósforos, não deixe crianças sozinhas em casa, não sobre-carregue o
sistema elétrico, substitua pluges e tomadas defeituosas, verifique periodicamente chaves e fios gerais, não jogue cigarros a esmo, matas e rodovias,
não se esqueça de desligar ferros e equipamentos
antes de sair, não solte balões, não faça ligações diretas nem force fusíveis, cuidado com álcool, cêras,
removedores e aerosóis, guarde os produtos em locais seguros, não acumule lixo nem guarde resíduos
de combustíveis líquidos.
Mais informações pelo site: www.brigadamilitar.rs.gov.br ou pelo e-mail: [email protected].
p rofi ssão
fechadas. Nas ações de emergências é preciso
analisar a identificação da situação: alarme e
abandono de área, corte de energia, acionamento do Corpo de Bombeiros ou ajuda externa, primeiros socorros, recepção e orientação ao corpo de bombeiros, preenchimento
do formulário de registro de trabalhos de
bombeiros.
prof i ssã o
gência à medida que o tempo passa, sem um
combate efetivo. Dispõe sobre as medidas de
segurança que as empresas devem adotar
contra incêndios. Salienta que deverão ser realizados exercícios sob a direção de pessoas
capazes de prepará-los, estabelecendo um
chefe e ajudante em número de 10% do efetivo total da empresa. A Brigada de Incêndio
é um grupo organizado de pessoas voluntárias, treinadas e capacitadas para atuar na prevenção, abandono de área, combate a um
princípio de incêndio e prestar os primeiros
socorros, dentro de uma área preestabelecida.
As atribuições da Brigada de Incêndio é combater princípios de incêndios, efetuar salvamentos e executar os procedimentos preventivos, de acordo com os planos existentes:
Anjos da guarda em ação, eles não param nunca
Universo IPA | Dezembro 2007
salvando vidas
Fotos: www.sxc.hu
p rofi
prof
i ssãssão
o
Corpo de Bombeiros
em risco pessoas...), remoção de enxames de
abelhas, corte e poda de árvores que estejam
em situação de risco, acidentes em empresas
ou indústria onde precise ações de salvamento. Essa equipe trabalha no salvamento
em altura, onde se utilizam cordas e técnicas
de rapel. Os casos mais comuns são de tentativa de suicídio de pessoa que queira se
jogar de um prédio, pintor preso a jaú, salvamento em incêndios de prédios altos e edifícios. Já a guarnição de produtos perigosos
trabalha no atendimento de ocorrências que
envolvam esses produtos. As ocorrências
mais comuns são de vazamento de GLP, amônia, líquidos inflamáveis. Trabalham basicamente em Porto Alegre, mas precisando podem se deslocar para o interior do Estado.
Ainda, durante o verão é constituído o GABS,
que se ocupa com a busca e o salvamento
com a utilização de aeronave, em especial o
helicóptero. Em geral esse grupo trabalha no
litoral norte do Estado durante o verão.
101
utilização de uma série de princípios
Bárbara Barbieri
Há quem entre em um estabelecimento
e ao escutar a frase “posso ajudá-lo” entre em
estado de choque. É como se o seu cérebro,
inconscientemente, mandasse uma mensagem dizendo “cuidado, vendedor se aproximando”. Ou ainda quando se está procurando
emprego e nos classificados só acha anúncios
para vendas, pensa “não, vendedor não”.
Uma das profissões mais antigas do mundo, pois, desde que o homem existe alguém
vende algo para alguém. Tudo é venda. Todos
os gestos, todos os movimentos e a própria dinâmica da vida caracterizam sempre uma ação
de venda. Olhando ao redor, percebe-se que
tudo foi ou será vendido. O ser humano é fruto
de uma venda: pessoas se conhecem, vendem
uma imagem de bom parceiro, se casam e o
resultado é o nascimento de outro ser.
O que, às vezes, não é percebido é que
vender é fundamentalmente um ato de relações humanas entre uma pessoa que tem
uma necessidade, um desejo ou uma vontade
e outra que tem um produto, serviço, idéia ou
imagem que atenda à primeira.
O mercado de trabalho, para um vendedor, é amplo, pois toda empresa tem a sua
área comercial. Palestrante e consultor admi-
nistrativo, Januário da Fonseca, 52 anos, afirma que “toda empresa deve ter uma área comercial, os outros setores só darão suporte
para que essa área prospere”. Representantes
de vendas, consultores de venda, agente de
marketing todos se resumem a mesma palavra: vendedor.
Consequentemente, o vendedor que ali
está, para atender, ou para levar o produto até
o consumidor, é um divulgador de idéias, bens
e serviços, não um carrasco que irá obrigar alguém a comprar algo que não necessita.
Vendedora há sete anos, Sabrina Schmidt,
27, conta como interage com o cliente: “com
certeza, antes de vender é necessário conhecer o cliente, perceber o que ele realmente
quer, pois se tem alguém que entra numa loja ou cota um serviço é porque tem interesse.
Só que depende da abordagem, se torna chato, forçado e corre o cliente ou cria antipatia”.
O estudante, Gabriel Tauchen, 19, diz que
não se sente incomodado com a presença de
vendedores, pelo contrário sempre espera
que eles estejam por perto para ajudar e dar
informações sobre o produto. “Se não tiver o
que quero não fico sem jeito de sair de mãos
abanando”, comenta.
Para alguns vendedores o conceito da
profissão, tanto para quem procura emprego,
quanto para o consumidor mudou muito.
Criada em família de vendedores a vendedora, Daisy Schmitt, 48, afirma que “as pessoas já
tiveram. Até mudaram para consultor de ven-
das. Hoje, vejo que até mesmo pelo fato de o
próprio vendedor ter mais conhecimento de
Marketing, ele se porta melhor junto ao cliente, tem novas formas de abordagem, está
mais técnico”.
São vários os motivos que levam o profissional a escolher a área de vendas. A vendedora de provedor de internet, Fabiana Oliveira
,27, esclarece porque optou pela profissão:
“para fazer um salário melhor conforme meus
próprios esforços”. Schmitt aponta outro motivo: “gosto de trabalhar com vendas, encantar
clientes, mas o principal: sempre com bons
produtos, nunca vendi algo que não gostaria
de consumir”.
Houve o tempo que ser vendedor era sinônimo de falta de preparo e pura lábia. A
profissão exigia pouco, pois não possuia recursos para treinamento e preparo pessoal.
Esse panorama acarretava no aparecimento
de pessoas que, por falta de opção, tentavam
atuar como vendedores. A profissão vendedor, antiga e necessária, ficou desmoralizada.
Hoje é diferente, o mercado exige o “profissional”. O desenvolvimento pessoal e profissional, assim como a sobrevivência, dependem da constante habilidade do vendedor de
se motivar, informar e reciclar. “Vendas é uma
especialidade que exige grande capacidade
de negociação, visão estratégica, ambição,
formação e amor pelo trabalho. Sem este último, esqueça”, comenta o comerciante, Marcelo Freitas, 47.
Universo IPA | Dezembro 2007
Venda o seu peixe
102
Para quem nunca trabalhou com vendas, a arte de vender não é tão simples como
se pensa. Arte significa a capacidade natural ou adquirida de por em prática os meios
necessários para obter um resultado. Abaixo algumas dicas, fornecidas pelos entrevistados, de como exercitar a arte de venda.
1. Ser persistente. Resultados dinâmicos em vendas levam tempo, dão trabalho e exigem persistência.
2. Praticar técnicas de venda.
3. Saturar a mente com materiais motivacionais e de vendas: Brian Tracy, autor da
série The Psychology of Selling (A Psicologia das Vendas), diz que a maneira mais
eficiente de um vendedor aumentar a quantidade de dinheiro que ganha é ler os
melhores livros de vendas, 30 minutos por dia.
4. Trabalhar duro e ser inteligente: Técnicas de venda e idéias motivacionais são como
uma alavanca. Sozinhas elas não fazem nada.
5. Conhecer profundamente o produto, o serviço ou a idéia que está vendendo. Isto
quer dizer conhecer as características, custos e processo logístico do produto ou
serviço de A a Z.
6. Conhecer o mercado. Para conhecer de fato o mercado, a dica é visitar as feiras do
seu setor e correlatos e conversar muito com os compradores, seus clientes.
7. Vender solução. Pode ser algo simples como indicar a quantidade exata do produto
que resolverá o problema do cliente.
8. Agregar valor. Isso quer dizer fornecer benefícios úteis para o cliente.
9. Vender a imagem da empresa. Porque o vendedor não é um simples representante
de vendas, ele é o representante da empresa.
10. Negociar. Não apenas negociar na hora de conquistar o cliente, mas durante todo
o processo, e também depois de concluir o negócio.
11. Assessorar. Garantir ao cliente que será representado dentro da empresa. Isso diz
respeito a todos os processos que se relacionem com os seus clientes, da cobrança
à assistência técnica.
12. Desenvolver relacionamento duradouro. A chave para um bom relacionamento
está nos detalhes. Transparência também é muito importante.
esp orte s
ou criar produtos e serviços. É uma profissão que envolve o domínio e a
Raio-X
da arbitragem brasileira
No país do futebol, a arbitragem
não é considerada profissional
Presidida por Sérgio Corrêa, a Comissão Nacional de Arbitragem é responsável pelas alterações e tudo o que diz respeito à
arbitragem no futebol Brasileiro.
espor tes
vendas iguais. Vender é tão ou mais importante do que produzir, inventar
Atualmente, dez árbitros Brasileiros figuram no quadro da
Fifa, entidade que rege o futebol mundial. A relação é a seguinte:
Alício Pena Jr - Federação Mineira de Futebol, Sálvio Spinola Fagundes Filho, Paulo César Oliveira e Wilson Luiz Seneme - Federação
Paulista de Futebol, Carlos Eugênio Simon e Leonardo Gaciba - Federação Gaúcha de Futebol, Djalma José Beltrami - Federação
Carioca de Futebol, Heber Roberto Lopes - Federação Paranaense de Futebol, Wagner Tardelli de Azevedo - Federação
Catarinense de Futebol, Wilson Souza de
Mendonça - Federação Pernambucana
de Futebol.
ALEX SANDRO GONÇALVES
Uma das maiores polêmicas em torno da
arbitragem nacional, atualmente, é no que diz
respeito à profissionalização. Mesmo o Brasil
sendo considerado o país do futebol, a arbitragem ainda não possui tal reconhecimento.
No entanto, apesar das cobranças e exigências feitas aos árbitros, é quase nula a estrutura oferecida. No Brasil é comum se destacar
algum erro cometido por árbitros de futebol,
mas quase impossível apontar algum acerto.
O árbitro de futebol entra em campo com a
fama de vilão e tem como meta principal provar o contrário ao final da partida. Se um atacante de um determinado time erra um gol,
costuma se dizer que faz parte do jogo. Quando o árbitro erra, se diz que é de forma intencional. Em 2005 o Brasil foi sacudido pelo “escândalo do apito“. Na época foi descoberto
um plano de compra de jogos, contando inclusive com o apoio de alguns árbitros envolvidos na máfia.
Tal acontecimento gerou uma desconfiança ainda maior em torno da arbitragem Brasilei-
ra. Chegou a virar moda
nos estádios
de
futebol de
todo o Brasil as
torcidas gritarem “Edilson”, sempre que consideram algum
erro do árbitro da partida. A brincadeira é uma
clara alusão à Edílson Pereira de Carvalho, o principal árbitro envolvido no esquema de apostas.
O ex-árbitro gaúcho Luiz Cunha Martins é
um dos membros desta comissão. Aos 56
anos e tendo passado mais de 20 à serviço da
arbitragem, Cunha tem experiência suficiente
para ser um dos comandantes do departa-
mento nacional de árbitros e afirma: “O Rio
Grande do Sul sempre teve destaque nacional
na arbitragem ao longo dos anos. O maior
exemplo é o nosso atual momento. Temos
três árbitros no quadro da Fifa, que é a entidade que rege o futebol mundial. Temos os árbitros Carlos Simon e o Leonardo Gaciba,
além do árbitro assistente Altemir Hausman.
O Simon já trabalhou nas duas últimas Copas
do Mundo e tanto o Gaciba quanto o Altemir
são fortíssimos candidatos para a próxima Copa do Mundo em 2010 na África do Sul”.
Nascido na cidade de Pelotas em 26 de
junho de 1971, Leonardo Gaciba da Silva formou-se árbitro de futebol na Federação Gaúcha em 1989. Desde 2005, Gaciba pertence ao
quadro de árbitros da Federação Internacional de Futebol Associado (FIFA), entidade
maior do futebol mundial e é um dos principais nomes para ser o árbitro Brasileiro na Copa do Mundo de 2010 na África do Sul. Nas
Universo IPA | Dezembro 2007
A venda é um ato único e original. Nunca se repete. Jamais haverá duas
Fotos: Marcelus A.
B. Trois
p rofi
prof
i ssãssão
o
Profissão: vendedor
103
Universo IPA | Dezembro 2007
“Na minha opinião a arbitragem pode ser resumida como um investimento sem a certeza do retorno”
104
temporadas de 2005 e 2006, Gaciba foi eleito
o melhor árbitro do Campeonato Brasileiro.
Como todo o profissional que trabalha
com futebol, o maior sonho de um árbitro é
participar de uma Copa do Mundo. Gaciba traçou um projeto pessoal no início de sua carreira, ser o árbitro Brasileiro na Copa do Mundo
de 2014. No entanto, devido à sua regularidade, é bem provável que Gaciba atinja o seu
principal objetivo com quatro anos de antecedência, pois tem grande possibilidade de ser o
Brasileiro indicado para o mundial de 2010.
Sendo integrante da Fifa, Gaciba necessita
entre outras obrigações, manter um ótimo nível físico e técnico, pois as avaliações da entidade que rege o futebol no mundo são cada
vez mais criteriosas. Tendo a possibilidade de
ser escalado para atuar em qualquer parte do
mundo, também é fundamental que o árbitro
da Fifa seja poliglota. Buscando se manter no
nível de exigência da Fifa, Gaciba passou por
cursos de idiomas e também dispõe de um
profissional de preparação física para aprimorar o seu condicionamento. Todas as despesas
são pagas pelo próprio Gaciba, pois no Brasil
o árbitro de futebol não conta com nenhum
tipo de apoio financeiro para custear seus gastos. Na Europa, os árbitros são remunerados
mesmo quando não estão atuando, além de
terem toda a estrutura de que precisam.
As escalas dos árbitros no Brasil acontecem a partir de um sorteio realizado pela comissão de arbitragem da Confederação Brasileira de Futebol. O árbitro que não vence o
sorteio, automaticamente está fora da escala e
por consequência ficará sem receber. Atual-
mente, no país do futebol, árbitro que não vence sorteio é árbitro que fica sem dinheiro.
UNIVERSO IPA - Como você vê a convivência entre árbitros de futebol e a imprensa?
Gaciba - Houve uma mudança muito
grande no relacionamento com a imprensa.
Nós árbitros passamos a entender melhor o
trabalho da imprensa. Inclusive quero parabenizar os veículos de comunicação que têm se
preocupado em formar profissionais entendidos no campo de arbitragem, isso também
facilitou muito a convivência.
UNIVERSO IPA - Qual é a sua opinião
sobre o atual momento da arbitragem
Brasileira?
Gaciba e seu preparador
físico Léo Rossatto, antes
do treinamento realizado
na Sogipa
UNIVERSO IPA - Na sua avaliação, quais
são as principais diferenças entre a arbitragem na Europa e na América do Sul?
Gaciba - Dentro de campo a principal diferença é que na América do Sul o jogo é mais
brigado, mais disputado. Aliás, os árbitros Europeus consideram o futebol Sul Americano
o mais difícil de se trabalhar, porque os jogadores são mais habilidosos e malandros. Na
questão do extra-campo a diferença mais
sensível é no que se refere a estrutura. Por
exemplo: aqui no Campeonato Brasileiro, devido às dimensões do nosso país, dependendo do local em que vou trabalhar perco até
três dias no deslocamento. Com isso tenho
prejuízo no meu descanso e até mesmo na
minha alimentação. Em um campeonato que
constantemente se joga quarta e domingo,
por muitas vezes durmo e me alimento dentro de um avião. Na Europa, um árbitro Fifa
toda vez que vai participar de um grande
evento fora de seu país, recebe no mínimo o
período de um mês para que posso se preparar da melhor maneira possível. Aqui no Brasil,
se eu não apitar um jogo, automaticamente
não receberei nada.
UNIVERSO IPA - Qual é a sua opinião
UNIVERSO IPA - Com o aumento da cobrança por parte da Fifa tanto na parte física quanto na parte técnica, como é a sua
rotina atualmente?
Gaciba - Esse é um lago bom de ser frisado, pois a maioria dos torcedores que vai ao
estádio reclamar da arbitragem não imagina
o quão puxado é o treinamento de um árbitro.
Diariamente no período da tarde, realizo o
meu treino físico. Treino na Sogipa, com a supervisão do preparador físico Leonardo Rossatto, 40 anos, especialista em trabalhar com
atletas de ponta no atletismo nacional. Quanto a parte muscular, três vezes por semana
freqüento uma academia, além de controlar a
parte da alimentação, que é fundamental.
UNIVERSO IPA - Foram abordadas até
agora as questões técnicas e físicas do árbitro de futebol, agora você poderia falar
sobre o lado bom da arbitragem.
Gaciba - Eu sempre lembro daquele menino sonhador que vivia lá no interior de Pelotas, na colônia. Costumo dizer que um pedaço de plástico, que é o apito, me levou a
conhecer três continentes e inúmeros países
pelo mundo afora. Há 18 anos, o meu sonhe
era apenas ser árbitro de futebol, hoje sou um
árbitro do quadro Fifa. Me sinto realizado.
Amo a arbitragem. Se fico algum tempo longe do campo de futebol, chego a sentir o
cheiro da grama. Hoje quando vou à igreja,
não vou mais para pedir e sim para agradecer
por tudo que alcancei até aqui”.
UNIVERSO IPA - Existe um lado ruim de
ser árbitro de futebol?
Gaciba - O lado ruim é a cobrança a que
um árbitro é submetido. Pelos constantes treinamentos e também pala distância da família.
Mas minha esposa e meu filho entendem.
Nos momentos em que estamos juntos aproveitamos intensamente.
espor tes
esp orte s
sobre a profissionalização da arbitragem?
Gaciba - Acho engraçado, pois no país
que é referência mundial no futebol, justamente o responsável maior por uma partida
não é considerado profissional. Apesar de torcer muito por isso, não acredito na profissionalização da função de árbitro de futebol, pelo menos a curto prazo. Um dos maiores problemas para que isso ocorra é questão de
quem será o vínculo empregatício do árbitro.
Se a decisão não partir da Fifa, que é a entidade maior do futebol mundial, fica muito difícil
de se concretizar. Temos agora um bom
exemplo que vem da nossa vizinha Argentina,
onde os árbitros do quadro Fifa recebem um
salário da Federação nacional e aos poucos
estão alcançando uma estrutura necessária.
“Aqui no Brasil, se eu não apitar um jogo, automaticamente não receberei nada”
UNIVERSO IPA - Quais são os jogos
que você considera mais marcantes na
sua carreira?
Gaciba - Olha, como já fiz mais de 700 partidas, fica difícil enumerar com exatidão. Mas,
com certeza lembro de pequenos detalhes de
cada jogo que participei. Considero as decisões de Campeonatos Brasileiros, os Gre-Nais e
minha estréia em Copas Libertadores da América como as principais atuações sem dúvida”.
UNIVERSO IPA - Ainda com relação à
Copa do Mundo. O fato de nas últimas
quatro Copas, em três edições os árbitros
escolhidos terem sido Gaúchos, pode atrapalhar a sua indicação?
Gaciba - Não acredito nisso. Como disse
antes, futebol é momento. Com certeza no momento certo, a Fifa e a comissão nacional saberão indicar o árbitro que melhor possa representar o futebol Brasileiro numa Copa do Mundo”.
UNIVERSO IPA - Mesmo você se dizendo um homem realizado existe ainda um
sonho a realizar?
Gaciba - A partir do momento em que entrei no quadro da Fifa, em 2005, tracei um projeto pessoal de ser o Árbitro Brasileiro na Copa do
Mundo de 2014 no Brasil. Se alcançar esse objetivo já em 2010, na África do Sul melhor ainda.
Sei que é algo muito difícil, pois temos excelentes árbitros no quadro Fifa. Esse é sem dúvida o
maior sonho da carreira de um árbitro de futebol.
No entanto, se por acaso não acontecer estarei
preparado, pois temos o exemplo de muitos jogadores fenomenais que nunca foram á uma
Copa do Mundo. Outros foram, mas acabaram
decepcionando. Futebol é momento. Busco estar sempre preparado para a hora que minha
oportunidade aparecer, eu saber aproveitá-la”.
Sites de arbitragem
www.cartaovermelho.esp.br
Site especializado em arbitragem
www.safergs.com.br
Sindicato das árbitros do Rio Grande do Sul
www.anaf.com.br
Associação Nacional dos Árbitros de Futebol
www.fgf.com.br
Federação Gaúcha de Futebol
www.cbfnews.uol.com.br
Site da Confederação Brasileira de Futebol
www.conmebol.com
Site da Confederação Sul Americana de Futebol
www.fifa.com
Federação Internacional de Futebol Associado
Universo IPA | Dezembro 2007
esp orte
espor
tes s
Gaciba - A arbitragem Brasileira vive um
momento de transição. A nova comissão nacional de arbitragem chefiada pelo Sérgio
Corrêa, vem fazendo um trabalho de mescla
entre árbitros mais experientes com a nova
safra de árbitros do Brasil. Aliás, é necessária
uma renovação, afinal temos um pequeno
número de árbitros de ponta no quadro nacional. De uma maneira geral é bom o momento da arbitragem Brasileira. O grande problema é que no nosso país se cobra um profissionalismo sem ser dado um mínimo de
estrutura e condições. Na minha opinião a arbitragem pode ser resumida como um investimento sem a certeza do retorno.
105
de um sonho
Alojamento em péssimas condições
Fernanda Vaz
Universo IPA | Dezembro 2007
Fernanda Vaz
106
De longe é possível avistar um enorme ônibus com escuninos das mais variadas cidades nos clubes gaúchos como o
dos do Grêmio. Mais perto, uma fileira de meninos subindo as
cearense Fernando Gomes, volante do Internacional. Assim
escadas do transporte um a um indicam que ali está comecomo a torcida organizada azul celeste “Alma Castelhana”, o
çando a rotina desses futuros jogadores de futebol. Sete horas
Grêmio vem se identificando com os vizinhos argentinos
e todos se apresentam para cumprir a primeira regra básica
também dentro de campo. Nos alojamentos do Monumental
para poder residir nos alojamentos do clube: ir para a escola.
desde 2005, o meia-esquerda Sílvio Leonardo Tarón, argentiQuando os pais desses garotos assinam o contrato de vínculo
no de San Pedro de las Missiones, está falando o português
com o time o termo de que é obrigatório estar frequentando
fluente e já não sofre com as dificuldades na escola Monteiro
a escola é muito bem explicado. O ônibus azul decorado com
Lobato de Porto Alegre. “No início foi muito difícil. Eu tinha
as estrelas de conquistas como a Libertadores e o campeonasó 12 anos e a saudade de casa era muito forte. Demorei pato mundial leva e busca os meninos para o colégio. No time
ra me adaptar na escola mas não trocaria o Grêmio por nerival, o Inter, não é muito diferente. Seis
nhum outro time. Sou muito bem trae meia todos estão de banho tomado
tado aqui”, explica com um portunhol
“O sonho de se tornar
se dirigindo para o refeitório para o calento o meia que sonha em ter tanto
jogador de futebol
fé matinal antes da jornada escolar.
sucesso quanto seu compatriota LeoNo Beira-Rio o monitoramento dos
nel Messi do Barcelona.
ultrapassa as fronteiras
58 atletas residentes funciona 24 horas
Assistente social do Sport Clube Indo Estado e até do país”
por dia para os menores de idade. Os
ternacional, Bernadete Jhonson, é resmaiores em folga nos finais de semana
ponsável por tudo que envolve o dia-aque não antecedem jogos podem chegar nos dormitórios até
dia dos jovens atletas. Jhonson procura manter contato com
a meia-noite. No Olímpico cada saída deve ser autorizada peos pais dos garotos toda semana afim de manter o elo entre
lo coordenador responsável por sua categoria e festas até aljogador e sua casa. “O atleta cresce com essa união entre o
tas horas não são permitidas. Todo dia tem treino no centro
clube e a família”, diz a assistente social.
de treinamento tricolor em Eldorado do Sul. No colorado as
Como numa fábrica de sonhos os centros de treinamento
folgas são apenas nas segundas-feiras.
dos clubes recebem garotos entre 12 e 19 anos, que treinam
“Não costumamos usar o termo treinamento e sim trabaincessantemente e dormem na esperança de um dia serem
lho, pois esses meninos trabalham muito para garantir seus
como Ronaldinho Gaúcho, Alexandre Pato, Anderson ou Nilfuturos. Como qualquer outro serviço, eles são remunerados
mar. Só param para pensar na vida fora da clausura em datas
de acordo com as suas necessidades”, salienta o coordenador
especiais, como o Natal e o feriado de páscoa, quando a maiotécnico do Grêmio José Alzir.
ria dos meninos voltam para suas cidades para verem os seus
O sonho de se tornar jogador de futebol ultrapassa as
pais e sentir nem que seja por um final de semana o aconchefronteiras do Estado e até do país. É possível encontrar mego de seus lares.
Os times de ponta estão apostando cada vez mais nas categorias de base para formar novos atletas em casa. Mas a fantástica
fábrica de jogadores que alimenta qualquer
clube do país muda de realidade quando
não se trata da elite do futebol brasileiro.
A precariedade em que se encontram
os alojamentos podem até colocar em risco a saúde dos futuros boleiros do Santa
Cruz. Vazamentos, canos remendados, mofo e humidade fazem parte do “lar” dos meninos do time de Recife. “É impressionante
como ainda não tomaram providências
diante de uma calamidade dessas. É um
absurdo o modo como vivem os próximos
heróis do Santa Cruz”, exclama o torcedor
nordestino Inácio França, o Santinha, que
mantém um blog de debates sobre a equipe da segunda divisão.
Eles passaram pelas concentrações
Alexandre Pato
Anderson
Nilmar
Thiego
Bruno Teles
Rafael Sóbis
Carlos Eduardo
Fábio Rokenback
As dez regras básicas do alojamento
Com passagens por quatro concentrações de clubes, o zagueiro Fernando Nunes do Ceilândia de Brasília, enfrentou uma lista de desafios
que incluem até mesmo falar alemão e holandês.
Revelado nas categorias de base do Grêmio, deixou o apartamento
onde morava com a mãe pela primeira vez quando foi morar nos alojamentos do Juventude no estádio Alfredo Jaconi. Com apenas 14 anos,
Nunes iniciava a sua tragetória por equipes do país e do mundo.
Com 16 anos chamou a atenção de olheiros de um time da segunda
divisão alemã. Morou na cidade de Munique por um ano e meio e estudou a língua local. Costumava ir para os dormitórios mais cedo para conversar com o único companheiro que falava português.
Antes de chegar a central do Brasil, o zagueiro passou ainda pelo futebol holandês. Na Holanda viveu a sua melhor fase. Além de sua adaptação
ter sido facilitada pelo fato de o técnico e outros três integrantes da equipe
serem brasileiros, foi Campeão do Mundo pela seleção brasileira sub-18.
Hoje, o gaúcho da Zona Norte da Capital defende o time brasiliense e
divide os alojamentos do clube com outros 38 atletas, que como ele sonham com o sucesso e o brilhantismo da elite do futebol verde e amarelo.
1. Idade mínima de 12 anos.
2. Freqüentar a escola.
3. Saídas apenas com autorização.
4. Todos devem estar nos quartos até as 22 horas.
5. Folgas são sempre monitoradas.
6. Visitas nos quartos não são permitidas.
7. Não criar desavenças com os colegas.
8. Festas apenas nas folgas e até a meia-noite.
9. Manter a organização dos seus pertences.
10. Respeitar o pratrimônio do clube.
Currículo
internacional
esp orte
é o preço
Além das baixas na temporada 2007 e escândalos envolvendo negociações com a MSI, pais de jogadores denunciam o ex- gerente de
bases do clube Evanir Jesus de Moraes. Wando de Moraes, como é mais
conhecido, foi demitido do cargo junto de outros cinco funcionários.
Reportagens de jornais paulistas revelaram supostos casos de pedofilia nas categorias de base do Corínthians. Como afirmam pais de atletas,
Moraes levava os meninos para sei sítio em Indaiatuba, interior de São
Paulo, sob promessa de festas e churrascos e os obrigava a manter relações sexuais com ele.
Apimentado com fortes declarações do pais do jogador Willian, atualmente jogando no Donotsk da Ucrânia, o ex-gerente responde a cinco
processos criminais por aliciamento de menores.
Segundo o representante comercial Severino Vieira do time paulista
“as denúncias foram feitas apenas por parte de meninos com menos de
14 anos de idade”. Vieira afirma que ficava apavorado com histórias de
garotos que eram de outros Estados e participavam de churrascos na
casa de campo de Moraes.
espor te
de casa
No Corínthians,
o sonho vira
pesadelo
Universo IPA | Dezembro 2007
Vaz
esp orte
espor
te
Fotos: Fernanda
Saudade
Futuros craques
passam por
necessidades
107
Fotos: Camila Domingues
“Quem nunca imaginou, pegar
onda no Guaíba” o “Regguei das
Tramandas” do Armandinho co-
esp orte s
menta o sonho de todo portoalegrense surfista, aproveitar o lago
Praticantes do Kitesurf fazem de Porto
Alegre uma cidade com estilo litorâneo
espor tes
Capital
Algo muito parecido com isto faz a
galera do Kitesurf. Mas nesse caso
não são as ondas que impulsionam.
A força dos ventos aliada ao Kite,
uma espécie de grande Pipa, junto
uma prancha parecida com a de
wakeboard, levam o praticante
água à dentro, e também projetam
saltos que podem chegar a dez metros de altura.
marcelus a. b. trois
O Kitesurf, como é praticado hoje, foi criado em 1984 pelos irmãos franceses Bruno e
Dominique Legaignoix. Os dois eram navegadores, surfistas e windsurfistas e criaram uma
pipa com câmaras de ar que, caso caísse na
água, poderia ser reerguida facilmente sem
ajuda de terceiros. Atualmente, os kites são
feitos do mesmo material que as asas-delta e
os pára-quedas.
Em Porto Alegre, o esporte foi trazido em
2002 por Renato Posolo, proprietário da Guardaria Raia 1. Guardaria é como são chamados
os locais onde o praticante desse esporte
náutico, pode deixar o equipamento para que
não precise ficar carregando todo vez que forem aproveitar os ventos. localizados à beira
de lagos, represas ou mesmo do mar, o local
facilita a vida do kitesurfista.
O equipamento tem cinco elementos básicos. A prancha, pode ter diversos formatos:
a bidirecional, no formato de retângulo com
quatro pequenas quilhas, uma em cada canto
da prancha, é o modelo mais tradicional e o
mais apropriado para o Guaíba e lagos em geral. Parecendo uma pequena prancha de surf,
existe a modelo wave, utilizada por quem gosta de unir o estilo do kitesurf com o surf. Essa
modalidade é praticada na praia droppando
as ondas como se fosse um surf tradicional,
mas tendo a impulsão do kite e podendo fazer
manobras entrando no mar. Para os indecisos,
existe a prancha mista, que une a bidirecional
com a wave. Para o Kitespeed, onde o objetivo
é atingir a maior velocidade, as pranchas são
menores, com menos atrito na água e assim
obtem uma maior velocidade.
A praia de Ipanema é um dos
picos do Kitesurf, em Porto Alegre
No final da tarde a melhor hora para os
praticantes da Capital. Os ventos são mais fortes
“O esporte é uma família,
se tu estiver numa
roubada, alguém
vai te ajudar”
Os saltos são uma das características do
Kitesurf. Com uma boa impulsão, podem
chegar a dez metros de altura
Universo IPA | Dezembro 2007
Estilo praiano na
Guaíba para droppar umas ondas.
109
No Rio Grande do Sul, existe a Federação
Gaúcha de Kitesurf (FGKS), que ministra cursos para credenciar instrutores e assim disponibilizar uma maior segurança aos novatos.
Quando for procurar alguém para aprender o
kitesurf, pergunte se ele tem alguma qualificação para dar aulas. Isso garantirá uma maior
segurança, pois estará lidando com pessoas
treinadas para isso.
A FGKS também promove o Campeonato Gaúcho de Kitesurf Speed, realizado em
Osório, Pelotas, Rio Grande e Xangrí-la. A
competição premia os kitesurfistas que atingirem a maior velocidade impulsionados
apenas pela pipa.
O Rio Grande do Sul tem bons locais para
a prática. Varzinha, Cassino, Pelotas, Tapes,
Porto Alegre e Osório são os “picos” mais tradicionais do esporte. No Brasil, os locais que
mais atraem praticantes são Ilha Bela em São
Paulo e as praias do Nordeste, como Maraca-
110
O trapézio, também chamado de colete
ou cinto, fica na altura do umbigo. Conecta o
kite ao velejador. É como um largo cinto, que
tem um gancho na frente para prender as linhas do kite. Tem dois modelos: cadeira, que
prende o praticante também por entre as pernas. E o cintura, que não tem essa característica, ele apenas faz a volta ao tronco.
A barra de controle é onde o kitesurfista
se apoia e dá os comandos da pipa. Ela tem
cerca de 90 centímetros e é presa ao trapézio.
Quando puxada, leva o kite para a “zona de
pressão”, onde recebe mais vento e ganha velocidade. Se ela for aliviada, “frouxada”, o kite
sai dessa zona e a velocidade é reduzida. Em
casos de emergência a barra é desprendida
da pessoa, desligando o velejador do kite e
evitando que seja arrastado pelo vento.
O elo de ligação fica por conta das linhas.
Três tipos são usados no Kitesurf. A linha de
vôo, com 30 metros, liga o kite à barra de controle. A linha de freio, que como o seu nome
diz, serve para frear o kite. E as linhas principais, também chamadas de Kevlar, caracterizadas pela alta resistência e baixa elasticidade,
controlam o kite.
O que não poderia faltar, o “propulsor”
deste esporte, o kite. Com formato de asa arcada, existem básicamente dois tipos. O kite
“C”, que tem o seu formato semelhante a letra
“C”, é o modelo mais antigo entre os kitesurfistas. De difícil controle em momentos de
fortes ventos, causou muitos acidentes entre
os iniciantes. Para evitar esse problema, os fabricantes criaram o modelo “Bowl”. Ele permite um maior alívio na zona de pressão, evitando os acidente. Com uma curvatura nas bordas, impede também o contato total da pipa
quando caída na água. Os tamanhos variam
de seis à 16m², para Porto Alegre o tamanho
habitual fica entre dez e 12m². Em Osório, onde o vento é mais veloz, os kites utilizados são
os de sete à dez m². Outros formatos foram
criados durante a história do esporte, mas estes dois são os que perduraram à evolução.
O kitesurf é um esporte muito saudável,
aliando o surf, wakeboard, skate, snowboard
e windsurf, vem, a cada ano, ganhando novos
praticantes. Mas controlar o kite não é como
manter uma pipa no ar, a velocidade na água
pode chegar a 80 quilômetro horários, o que
o transforma em um esporte de alto risco.
são suaves. Um bom equipamento inicial custa em torno de cinco mil reais. Esse valor pode
ser reduzido para cerca de 1,8 mil reais, comprando-o usado e de uma qualidade um pouco inferior, como a dos kite “C”.
O custo das aulas também é alto. Seadi,
por exemplo, cobra 750 reais por cinco aulas
de uma hora cada. Ele qualifica o valor pelo
material de primeira que oferece aos clientes.
Elias também é instrutor pela FGKS. Segundo
ele, o público que tem procurado esse esporte fica entre os 20 e 30 anos, predominantemente de classe média alta. Seadi deu aulas a
jovens de 14 anos e afirma conhecer praticantes com mais de 50 anos de idade.
Serviços
www.fgks.com.br
Site FGKS
www.kitesurfmania.com.br
Portal de notícias sobre kitesurf
www.raia1.com.br
Loja Raia 1
O valor do equipamento para iniciar
no esporte é de 5 mil reais, mas esse
número pode diminuir para 1.8 mil
comprando materiais usados
Linhas
Barra
Trapézio, ou colete
Prancha
Existe a possibilidade do praticante literalmente sair voando em uma rajada de vento
mal controlada. Diversos incidentes foram registrados por todo mundo, inclusive fatais. Por
esses motivos os praticantes recomendam a
iniciação nas escolas, onde todas as medidas
de segurança são tomadas e os alunos aprendem como agir em situações de perigo. Tomando as medidas corretas, o esporte se
transforma em uma saudável forma de lazer.
Universo IPA | Dezembro 2007
Universo IPA | Dezembro 2007
A praia de Ipanema, na Capital, sedia
todo ano o campeonatot de Kitesurf
dos jogos radicais de Porto Alegre
ípe em Pernambuco.
Um dos destaques gaúcho é Elias Seadi,
20 anos. Ele começou no windsurf com 11
anos e no kite com 16. Bicampeão brasileiro
júnior de fórmula wind e vice-campeão da
América Latina, o jovem esteve de março a
junho de 2007 no Hawai treinando tanto o
kite quanto o windsurf. O Hawai não é tradicional apenas no surf, a praia de Canaha é
considerada a melhor do mundo para a prática do kitesurf, e Seadi esteve lá treinando. “Eu
vi os caras que são meus ídolos”, afirma ele,
com uma expressão de satisfação. Nas praias
hawaianas as grandes marcas testam os modelos que serão lançados no mercado. Marcas
como Cabrinha e Naish, tradicionais nesse esporte, têm profissionais que levam a vida na
praia testando e desenvolvendo os equipamentos.
Outra grande característica desse esporte
é o convívio harmônico entre os participantes. Ao contrário do surf, onde ocorrem brigas
até mesmo dentro do mar, no kite existe uma
cooperação muito grande. “O esporte é uma
família, se tu estiver numa roubada, alguém
vai te ajudar”, afirma o bicampeão.
Os valores para começar no esporte não
esp orte s
Kite no RS
espor tes
esp orte
espor
tes s
Os velejos são feitos no
travéz. Ou seja, em um
A praia de Ipanema [e um dos pontos do
Kite- de 90º com a
ângulo
surf
linha do vento
111
Pontuação
bRUNA CABRERA
O tênis foi criado no século 13 pelos franceses, entretanto há quem acredite que quem
ensinou o tênis aos franceses foram os italianos. Era um jogo praticado somente pela alta
burguesia dos países e cem anos depois de
sua criação, com suas regras complicadas (porém mais parecidas com as de hoje) e sem a
utilização de raquetes, a aristocracia britânica
começou a praticá-lo.
O tênis pode ser jogado por dois (simples) ou quatro competidores (duplas), em
uma quadra retangular, dividida por uma rede de 0,9 m de altura no centro da quadra.
Para uma partida simples a quadra mede 8,2
m de largura. Para duplas é 2,8 m a mais de
largura totalizando 11 m de largura. Piso pode ser de grama, saibro, asfalto, concreto, grama artificial, ou materiais sintéticos. A bola
pode ter entre 6,35 e 6,67 cm de diâmetro e
pesar entre 57,7 e 58,5g. Bolas amarelas e
brancas são usadas em torneios competiti-
Universo IPA | Dezembro 2007
Désik praticando...
112
vos e são as cores mais comuns.
Aqui no Brasil não é um esporte muito
comum, pois os custos são muito altos. Em
média um professor chega a cobrar 55 reais a
hora/aula e dificilmente disponibiliza de material, sendo o aluno responsável por levar sua
raquete, que pode custar de 500 a Mil reais.
O tênis também ajuda no preparamento
físico. O professor de tênis e Presidente da Associação Gaúcha de Árbitros de Tênis (Agat),
Nicolás Sanchez, diz que os exercícios propostos em aula são puramente para ajudar o aluno a se deslocar em quadra. “É bom que o
aluno pratique a natação paralelamente. É
preciso muita carga pulmonar já que o tempo
de duração de uma partida pode chegar a
cinco horas”, afirma Sanchez. Um outro benefício da natação é a inexistência de impacto
durante a prática, dando um descanso para
articulações do joelho e tornozelo.
Sanchez afirma que a idade apropriada
para se formar um campeão do tênis seria
iniciar os treinamentos aos seis anos de idade, “mas idade boa não existe, a idade certa
é a que tu está com vontade de praticar”. Um
jogador profissional tem um treinamento
diário de cinco horas. Duas horas de prática
em quadra de manhã mais duas horas de
tarde. A hora restante é dedicada à preparação física.
Um aluno que queira praticar por diversão ou adquirir uma forma física mais saudável pode praticar o esporte três vezes por
semana durante uma hora. “O importante é
se divertir na pratica do esporte”, declara
Sanchez.
Jean Marie Désik veio da França para lecionar Engenharia na Universidade Federal do
Rio Grande do Sul (UFRGS). Foi influenciado
pelo pai desde adolescente. Em uma conversa descontraída, ele elogiou muito o americano Andre Agassi pelo seu espírito esportivo e
acredita que o que falta no pais é a divulgação
do esporte e incentivo as novas gerações
“quando o Brasil tem jogadores de ponta é
notícia”.
No Rio Grande do Sul encontram-se os
melhores árbitros de tênis do Brasil, reunidos
na Agat, tendo um índice de acerto de 80%.
Para o pan-americano todos os árbitros da
Agat foram convocados para o evento. Sanchez esteve lá mas reclamou da organização
do esporte no evento. “As quadras foram feitas às pressas. Quando chegamos a quadra
ainda estava úmida. Chegamos a creditar
que não haveria tempo de preparar tudo”,
aponta Sanchez.
A partida semifinal e final não puderam
ser nas quadras feitas para o Pan Americano
porque estava chovendo e não havia cobertura nas quadras. As partidas ocorreram em
um clube local, sem público e o dinheiro de
todos os ingressos foram devolvidos.
... professor Sanchez dando aula para Désik
Como jogar
Baseado no livro de regras da Confederação Brasileira de Tênis, existe um total de 30 regras. Porém é inviável colocar todas elas aqui,
então será apresentada uma síntese delas, além
da explicação de como acontece a partida.
Um saque inicia todo ponto em um jogo
de tênis. O jogador que iniciar o ponto é chamado de sacador, e o que recebe a bola é
chamado de recebedor. Para sacar, um jogador lança a bola para o ar e bate nela antes
dela tocar o chão, atingindo a área de serviço
do oponente. O seu pé deve permanecer fora da quadra até a bola ser validada. Um foot
fault é chamado se o pé do sacador entra na
quadra antes do saque se completar. No primeiro serviço de um jogo, o sacador fica do
lado direito da quadra e tenta acertar a bola
na área de serviço localizado diagonalmente
em relação ao sacador. Duas tentativas são
permitidas para cada serviço. Se a bola bate
primeiro em alguma parte da quadra, exceto
a área de serviço, comete-se uma falta. Uma
falta é também chamada se a bola é sacada
na rede, ou se ela bater na rede antes de bater
a quadra do oponente saindo da área de serviço. Depois de uma falta o sacador deve sacar novamente. Se em ambas as tentativas
resultarem em faltas, uma dupla falta é chamada, e o oponente vence o ponto. Se a bola
do sacador tocar a rede e então cair na área
de serviço diagonalmente oposta, chama-se
let, o sacador poderá sacar de novo. Um serviço válido que não é rebatido pelo oponente é chamado de ace.
Depois do primeiro ponto ter sido jogado,
o serviço é feito do lado esquerdo da quadra.
A cada ponto deve-se alternar o lado de saque até terminar o game. O oponente saca no
próximo game, e a alternância de saque continua. Nas duplas, o serviço se alterna entre as
A pontuação é idêntica em jogos simples
e duplas. O jogo de tênis é dividido em sets, que
por sua vez é dividido em games. Os pontos são
contados da seguinte maneira: 15, 30, 40, e game. Um empate em 40 é chamado de deuce.
Um jogo deve ser vencido por dois pontos caso
o jogo empate em 40 iguais, o jogador que vencer o próximo ponto é dito que tem a vantagem. Em uma competição de tênis, a pontuação do sacador é sempre dada primeiro. Os
jogadores ou equipes mudam os lados quando
a soma dos games jogados for ímpar.
Jogadores devem vencer seis games para
vencer o set, mas devem vencer por uma diferença de dois games. Se um set ficar iguais
em cinco-cinco, ao menos sete games vitoriosos são necessários para vencer o set. Um tiebreak é usado se um set ficar empatado em
seis-seis. Um tie-break é normalmente jogado
por sete pontos, mas vence quem fizer uma
diferença de ao menos dois pontos. O vencedor de um tie-break vence o set por sete-seis.
O jogos de tênis são disputados em melhor
de três sets para as mulheres e melhor de cinco sets para os homens.
esp orte s
Glossário
espor tes
esp orte
espor
tes s
Fotos: Bruna Cabrera
Mesmo não tendo tanta popularidade
no país, o tênis é encarado por alguns
como esporte a ser praticado por lazer
Sanchez no credenciamento do Pan
Ace - Saque que não dá chance ao adversário de pegar a bola na tentativa de resposta.
Backhand - Pancada de esquerda, batida com as
costas da mão viradas para a frente.
Break - Quebra de serviço, quebra de saque, ganhar
o game em que foi o adversário quem sacou
Break point - Ponto que favorece o recebedor e assim pode conduzir à quebra de saque.
Forehand - Pancada de direita, batida com a palma
da mão virada para fora.
Let - Lance no qual durante a execução do saque, a
bola toca a fita da rede (net) e cai dentro da área de
saque, resultando em um novo primeiro ou segundo
serviço.
Match point - Ponto que permite encerrar a partida.
Set point - Ponto que permite encerrar um set.
Smash - Golpe dado por sobre a cabeça, quando a
bola vem alta do adversário.
Fonte: www.tenissite.com.br/glossario.htm
Uma quadra de tênis pode ser de grama, saibro, ou em piso duro.
O saibro é composto de uma mistura argila e areia e a a grama pode ser sintética
Universo IPA | Dezembro 2007
tênis
Os benefícios na prática do
equipes e também jogadores.
Depois de um saque bem sucedido a
bola é rebatida pelos jogadores até algum
jogador falhar na devolução. Uma batida é
mal-sucedida quando um jogador deixa a
bola bater no chão mais de uma vez em sua
quadra, bate na rede, ou rebate fora da área
de jogo do adversário. Se a bola bater na linha da quadra, é considerado em jogo. Se,
depois de bater na rede , a bola cair fora da
quadra do oponente, considera-se fora.
Quando a batida não é bem-sucedida, o
oponente recebe um ponto.
113
em público
Arquivo Pessoal
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Amamentação
Fernanda Denardim amamenta o seu filho João Pedro
Universo IPA | Dezembro 2007
Tássia Jaeger
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O ato de amamentar em público é natural
para muitas pessoas. Para outras, entretanto,
é incômodo. Em alguns estados norte-americanos existe uma lei que dá à mãe o direito de
amamentar em locais públicos sem ser perturbada. No Brasil, por sua vez, não existe lei
nem que proíba, nem que permita o ato, assim a mãe pode optar pelo que preferir. Essa
liberdade de escolha, no entanto, não impede
que alguns cidadãos sintam-se desconfortáveis com a situação.
Através de uma matéria publicada no site
www.aleitamento.org.br, é possível conhecer
alguns casos de discriminação a mães que
amamentaram seus filhos em locais públicos
dos Estados Unidos. A lei é desrespeitada até
mesmo em estados onde vigora. No estado
de Maryland, por exemplo, solicitaram que
uma mãe amamentasse no banheiro ou cobrisse o bebê com uma manta, dentro da cafeteria Starbucks. Cenas semelhantes a essa se
deram em Utah, na loja Burger King; em Wisconsin, na loja Victoria’s Secret; em Massachusetts, no Gilette Stadium e em Ohio, na loja
Walmart. Alguns casos vão além de um pedido para se retirar. Em Boston, no estádio
Fenway, se alguém considerar ofensivo uma
mulher amamentando, um segurança pode
decidir se ela deve ir para outro lugar ou não.
No Colorado, o Carter Lake multou em 50 dólares uma mãe por amamentar na área. Ela foi
acusada de exposição de suas partes genitais.
No YMCA (Young Men´s Christian Association), foi solicitado a uma mulher que parasse
de amamentar na piscina. Alegaram não ser
permitido comida ou água na área. Segundo
a mãe, entretanto, o pedido se deu porque ela
poderia distrair os salva-vidas. Já no Chile, a
amamentação pública é proibida. Em Lima,
capital do Peru, as mulheres de classe média
dizem que amamentar é coisa de “chola”, ou
seja, de serrana. Por outro lado, no Iêmen (país árabe), onde as mulheres só deixam os
olhos à mostra, na hora de amamentar deixam o seio para fora do véu. E na Austrália, a
amamentação foi incluída como parte de
uma lei anti-discriminação. Quem pedir a
uma mulher que está amamentando para
que se retire, pode ter que pagar uma multa
de até 40 mil dólares australianos.
Apesar da liberdade de escolha que o
Brasil oferece, o assunto gera diversidades. Os
que acham normal, justificam sua visão pelo
fato de que no nosso país é comum vermos
seios de fora, seja na TV, em anúncios publicitários, outdoors, revistas e até nas praias.
Eles não entendem como a amamentação
em público pode ofender uma pessoa, enquanto a erotização generalizada na mídia
seja aceita passivamente. Carla Simone Santos, 39 anos, auxiliar de serviços gerais, é mãe
de duas duplas de gêmeos do sexo masculino, dois meninos de 15 anos e dois de 10. Ela
é uma das pessoas que pensam dessa maneira: “Hoje em dia, a mulher está sempre se expondo.Amamentar é tão lindo, saudável e
natural”. Sueli Sueishi concorda: “Chega a ser
doentio uma pessoa relacionar o ato a algo
libidinoso e sexual”. Sueishi é mãe de Tomás,
de 1 ano e 9 meses e mora em Saratoga Springs, Nova Iorque, EUA. Ela é jornalista e coordena o portal Desabafo de Mãe, site onde se
debate esse assunto entre outros ligados à
maternidade. Ela conta que quando teve o
primeiro filho, morava em Raleigh, na Carolina do Norte (EUA) e que lá não é comum
amamentar em público. Por ser estrangeira
respeitou as regras e, quando amamentava o
filho fora de casa, sempre o cobria com uma
manta: “Quando não tinha jeito, eu ia para o
carro ou corria para o vestuário de alguma
loja de departamento”.
Do outro lado da moeda estão as pessoas que acham que a situação pode gerar incômodos. Para elas, o fato do país inteiro estar
passando por uma total objetivação e superexposição do corpo feminino, não justifica
que as mães também se exponham dessa
maneira. Essas pessoas dizem que não tem
como saber se o olhar de um homem pode
ou não ser desrespeitoso, apesar de muitos
homens afirmarem que uma mulher amamentando “não dá tesão”. Quem tem essa opinião, é a estudante de Direito, Aline Azambuja, de 22 anos. Ela acha que a mulher deve ser
discreta: “Acho um desrespeito com as outras
pessoas, pois nem todos podem se sentir à
vontade. Eu, por exemplo, não me sinto”.
Azambuja diz que se estivesse acompanhada
não gostaria de ver uma mulher com o seio
de fora, pois se sentiria constrangida e enciumada: “Acho vulgar e desnecessário, pois se
ela pode ir para um lugar mais reservado não
tem porque se expor tanto”.
Fernando Sanmartin, 25 anos, estudante
de Administração em Hotelaria, casado com
Fernanda Denardin, 27, publicitária, é pai de
João Pedro de 5 meses e fica dividido diante
da situação. De acordo com ele, sua esposa
não se importa de amamentar em locais públicos, mas, por opção pessoal, procura se preservar. Ele admite que, no início, sentia um
pouco de ciúmes, mas agora entende que em
certas ocasiões não há como evitar. Apesar
disso, Sanmartin acredita que os homens não
enxergam a mulher com outros olhos quando
estão amamentando, por se tratar de uma relação de amor entre mãe e filho.
IPA - INSTITUTO PORTO ALEGRE DA IGREJA METODISTA
conselho diretor
presidente
Edson Santa Rita Rubim
vice-presidente
Ricardo Hidetoshi Watanabe
secretária
Márcia Flori Maciel de Oliveira Canan
conselheiros
Vilmar Pontes da Fonseca
Maria Flávia Kovalski
Marcelo Montanha Haygertt
reitoria
Adriana Menelli de Oliveira
revista elaborada pelos estudantes do
2º semestre do curso de jornalismo IPA
coordenação de curso
Mariceia Benetti
professsores(as)
Ana Paula Megiolaro, José Antônio Meira da Rocha e Rogério Soares
editores-chefes
Ana Paula Megiolaro e José Antônio Meira da Rocha
conselho editorial
Me. Ana Paula Megiolaro
Fernando Antunes
Me. Lisete Ghiggi
Drª. Liciane Ferreira (coordenadora de turismo)
Drª. Mariceia Benetti (coordenadora de jornalismo)
Me. José Antônio Meira da Rocha
Me. José Valentim Peixe
diagramação
Turmas do 2º semestre noturno e diurno do curso de Jornalismo IPA
revisão
Ana Paula Megiolaro
arte e foto de capa
Carlos Tiburski
ajor - agência experimental de jornalismo IPA
arte-final
Carlos Tiburski
distribuição
Thays Leães
contato
Rua Cel. Joaquim Pedro Salgado, 80, Prédio B - Rio Branco - POA/RS
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Editora Pallotti (1.000 exemplares)