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Artefacto II – uma reflexão
“Ah! Finalmente é verão”
As férias estão à porta, a praia, os amigos…
O calor, esse, já começou. Aliás… até já fui à praia no dia 1 de maio. Ah, mas é sempre assim.
No dia 1º de Maio, feriado, aí vamos nós ao mergulho. Depois é só esperar por aqueles dias
longos de verão; umas idas até á praia nuns dias, noutros ficamos em casa do João, o nosso
amigo que vem todos os verões passar férias a Lisboa vindo de Castelo Branco. Este ano, traz
uns discos novos … algo dos AC/DC, Rolling Stones, Duran Duran e o Phil Collins, o que se anda
por aí a ouvir, muito. Mas que calor! Este ano está a ser muito quente ou é impressão minha?!
Tenho de ir à praia, mas… tirando as 2 horas de autocarro do Montijo até à praia da
“figueirinha” até se passa um bom dia. Quando vamos, eu, o João, o Rui e o Pedro, é uma festa.
Levamos o baralho de cartas umas sandes e lá vamos nós. Mergulho, de certeza, quer dizer… se
estiver bandeira verde, senão… olha… vamos à mesma. Mesmo tentando evitar uma ou outra
garrafa, uma ou outra lata de sardinhas, ou os papeis de jornal, aproveitamos e até fazemos
uma balizas para jogarmos à bola. Mas até lá, tenho de esperar pelas férias. Mas hoje isto está
quente. Não tenho a impressão que nos outros anos estivesse assim. Fico em casa. Deito-me.
Ligo o rádio. Ouço o “rock em stock”. Ah! É verão e o calor vai apertar, porque são apenas 3
meses e em setembro o tempo muda e o outono está aí, não tarda nada e o ano escolar de
1981/82 começa logo.”
É verdade. Era assim em 1981. Recordo-me que naquele ano, em particular, o ano foi bastante
quente. Naquela altura as estações do ano, segundo a minha perceção, bem delimitadas. O
outono chegava na entrada do ano escolar; os meses de frio já os sabíamos quando surgiam.
Agora já não é bem assim.
De acordo com a Pordata (2013) a temperatura máxima atingida, no mês mais quente de
1981, foi de 28,70C, para a região de Lisboa. No mesmo ano, foi obtido o maior nº de dias com
onda de calor1 (8), também para a região de Lisboa, no período de 10 a 20 de Junho, sendo
apenas ultrapassado em dias no ano de 20092 com cerca de 15 dias.
Naquela altura, com idade de adolescente acabado de sair da puberdade, o mundo parecia
imperdível e que nada nos faria “parar”. O calor pouca importância fazia. Na praia, o objetivo
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Onda de calor - considera-se que ocorre uma onda de calor quando num intervalo de pelo menos 6 dias
consecutivos, a temperatura máxima diária é supeior em 5ºC ao valor médio diário no período de
referência. http://www.ipma.pt/pt/enciclopedia/clima/index.html?page=onda.calor.xml
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http://www.pordata.pt/Portugal/Numero+de+dias+com+onda+de+calor-1337
Rui Batista (Batman), iMOOC, 2013,
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era ficar ao sol e num dia “apanhar um bronze” para o resto do verão.
Artefacto II – uma reflexão
O que importava era ficar a absorver as radiações solares e sentir os “infravermelhos” a
“queimar” o corpo, interrompido por um mergulho refrescante e uma nova “dose”.
Nesta fase da minha vida, fujo do sol; o “bronze” não é a minha preocupação.
Como diz o poeta,
“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança:
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.”
Camões
Nessa altura, a consciência global sobre o aquecimento era muito ténue e numa fase de préadultez, isso pouco importava. A explicação para as altas temperaturas não tinha, no nosso
meio social, uma explicação correlacionada com a problemática das alterações climáticas.
Apenas se comentava que era um verão quente, mais quente que o anterior ou que ninguém
se recordava de um ano tão quente.
A informação e o conhecimento, era pouco e pouca consciência ambiental havia, isto porque,
os problemas socias eram outros, vínhamos da queda de um regime político autoritário e em
termos económicos o país estava a tentar “crescer” economicamente e a tentar cimentar a
democracia.
Em face dos poucos recursos económicos das famílias, quando se ia para a praia, ou se tinha
carro, que eram muito poucos, ou se ia de autocarro, o que era uma eternidade.
As bandeiras azuis, não existiam; os esgotos “desaguavam” nos rios, lançava-se lixo para a
areia da praia com alguma regularidade; até pelas janelas dos carros o lixo era arremessado,
enfim não havia preocupações com o ambiente nem esse assunto se abordava nas escolas ou,
raramente era preocupação familiar.
A questão da preocupação ambiental surgiu recentemente.
Evidencia cientifica demonstra que a temperatura média do ar tem tido uma tendência de
subida progressiva correlacionando-se com a subida da concentração dos GEE.
Com melhor formação e informação, os cidadãos são agora mais conhecedores dos
climáticas. Tanto a instituição família como as escolas ou os decisores políticos, estão agora
mais despertos para o problema e a educação ambiental é agora uma prioridade.
Rui Batista (Batman), iMOOC, 2013,
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estruturas sociais têm de se relacionar de uma forma mais preventiva com as questões
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comportamentos e atitudes que devem tomar para evitar esta tendência. No entanto, as
Artefacto II – uma reflexão
No entanto, nem toda a sociedade reage de igual forma aos problemas ambientais. Penso
mesmo que a preocupação ambiental passa por quem já atingiu um patamar social de
conforto que lhe permite ter essa consciência moral do dever preservar o meio onde habita.
Deste modo, entendo as preocupações ambientais como sendo prioridades de segundo plano.
Se tivermos como base a teoria das necessidades de Maslow, identificarei a necessidade de
preservar o meio ambiente ou uma preocupação com as alterações climáticas, quando todas
as outras estiverem satisfeitas e, enquadro, estas no topo da pirâmide quando surge a
consciência e aceitação dos factos, a solução de problemas ou a moralidade.
Mas o que leva o ser humano a agir em prol do ambiente?
Khan, (1997), um estudioso da moralidade, pretendeu compreender o tema da moralidade das
relações dos humanos com a natureza. Poderá o ser humano possuir um raciocínio ecológicomoral que veja na floresta o seu valor intrínseco com direitos e não apenas como um meio
para atingir um fim como madeira para as suas mobílias, para se aquecer ou frutos para
alimentação? (Khan, 1999).
Com base nestas dúvidas, Khan & Lourenço (2001) levaram a efeito um inquérito, conhecido
com o estudo de Lisboa, que concluiu que existe uma preocupação mais de índole
antropocêntrica do que biocêntrica, ou seja que a preocupação se centra mais na necessidade
de preservar a natureza para defesa dos interesses e desejos humanos do que pela defesa da
própria biodiversidade. Desta forma, a educação e a comunidade, vê neste indicador um
entrave à educação ambiental pois que o raciocíocinio ecológico-moral ainda está “eivadas de
utilitarismo” (Lourenço, 2002:111).
Desta forma, bastará separar os resíduos no ecoponto mas paradoxalmente irmos deitar esse
lixo de carro, ou educarmos os nosso filhos para um pensamento e comportamento ético para
com o ambiente mantendo os mesmos estilos de vida, achando que o que fazemos é para o
bem da natureza e o valor intrínseco desta? Ou será para o bem da humanidade para
podermos continuar a beneficiar e a disfrutar dos bens materiais?
Pelas dificuldades já sentidas e aprendidas nesta formação na resposta humana às alterações
climáticas, o problema está em abdicar das conquistas consumistas e do conforto obtido do
que favorecer a natureza.
oportunidades, parece seguro que sim, pois como um ser gregário não posso viver “desligado”
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dos problemas que atingem as sociedades.
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Se as estruturas sociais interferem com a interação que tenho com o meio ambiente e com as
Basta mudarmos as mentalidades e o ambiente mudará.
Rui Batista (Batman), iMOOC, 2013,
Artefacto II – uma reflexão
O “tempo” encarregar-se-á de nos demonstrar as consequências dos nossos atos.
“ Vive de uma forma simples, para que outros simplesmente possam viver”
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Ghandi
Rui Batista (Batman), iMOOC, 2013,

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