El periodista en Antônio Callado - VIII Seminario Regional (Cono

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El periodista en Antônio Callado - VIII Seminario Regional (Cono
VIII Seminario Regional (Cono Sur) ALAIC
“POLÍTICAS, ACTORES Y PRÁCTICAS DE LA COMUNICACIÓN:
ENCRUCIJADAS DE LA INVESTIGACIÓN EN AMÉRICA LATINA”
27 y 28 de agosto 2015 | Córdoba, Argentina
El periodista en Antônio Callado: la concepción de
un proyecto periodístico de compromiso con
Latinoamerica
The journalist in Antônio Callado: the conception of a journalistic project of engagement
to Latin America
Lilian Juliana MARTINS
Universidade Estadual Paulista (Brasil)
[email protected]
Resumen
Desdoblamiento del proyecto de pesquisa de Doctoramiento del programa de posgrado en
Comunicación Mediática de la Universidad Estadual Paulista de Bauru, este trabajo presenta la
producción periodística de Antônio Callado (1917-1997). El consagrado romancista brasileño
ten una importante actuación en el periodismo que raramente es estudiada. Además de una
calidad narrativa perceptible, las reportajes de Callado traen una concepción de lo que pudiera
ser un periodista interesado en presentar discusiones pertinentes para el entendimiento de una
identidad latinoamericana.
Para estudio de esa perspectiva de compromiso, el libro "Vietnam del Norte: Advertencia a los
Agresores" ("Vietnã do Norte: Advertência aos Agressores") de Callado se presenta como un
objeto fecundo. Fue en las vísperas del endurecimiento de la Dictadura Militar en el país que el
Jornal do Brasil empezó una de sus más osadas producciones periodísticas, enviando Callado
a la Guerra del Vietnam, en 1968. La reportaje del Jornal do Brasil fue, posteriormente,
publicada en libro.
Como es posible una gran reportaje sobre Vietnam presentar discusiones pertinentes para
Latinoamérica? Por medio de comparaciones, de presentación de personajes militantes y
percepciones personales indicadas en su narrativa en primer persona, Callado parece indicar
orientaciones para una postura de enfrentamiento a las dictaduras militares que se instauraran
en los países latinoamericanos. No de forma gratuita, el subtítulo de lo libro que trae la gran
reportaje en debate se llama "Advertencia a los Agresores".
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Los estudios de Boaventura de Sousa Santos ponen luz a esta percepción. Al introducir la
necesidad de desarrollo de Epistemologías del Sur (el "sur" acá no está asociado solamente a
la cuestión geográfica, pero también a todos los conocimientos contra hegemónicos),
Boaventura presenta la necesidad de entendimiento del mundo para allá de la comprensión
occidental. Para superación de una "injusticia cognitiva", según el autor, es fundamental la
descubierta y el registro de diferentes tipo de conocimiento desarrollados por las prácticas de
grupos sociales que han sofriendo, de manera sistemática, opresión, destruición y
discriminación ocurridas por el capitalismo, por el colonialismo y por todas las formas de
naturalización de desigualdades. Por esa perspectiva, países latino americanos y Vietnam del
Norte, a pesar de todas sus peculiaridades, se igualan.
Todavía las ideas del teórico sean posteriores a la producción de Callado, las reportajes de el
periodistas conversan con Boaventura cuanto las experiencias del "sur". Para Boaventura, el
desarrollo de cualquier teoría necesita de una inmersión en la práctica. Callado va hasta el
lugar de los vietnamitas, sumerge en ese cotidiano de resistencia y presenta para sus lectores
una nueva forma de comprensión de realidad.
Por estar en primer persona, la reportaje de Antônio Callado también pode ser estudiada por el
entendimiento de como la autorreferencialidad pode contribuir en la estrategia discursiva para
la construcción de narrativas de compromiso ideológico. Considerando los estudios de Antônio
Fausto Neto e de Eloísa da Cunha Klein, esta investigación indica la técnica narrativa del
periodista y presenta caminos para el estudio y para la práctica de reportaje.
Resumo
Desdobramento do projeto de pesquisa de Doutorado do programa de pós-graduação em
Comunicação Midiática da Universidade Estadual Paulista de Bauru, este trabalho apresenta a
produção jornalística de Antônio Callado (1917-1997). O consagrado romancista brasileiro tem
uma importante atuação no jornalismo que raramente é estudada. Além de uma qualidade
narrativa perceptível, as reportagens de Callado trazem uma concepção do que seria um
jornalista interessado em apresentar discussões pertinentes para o entendimento de uma
identidade latino-americana.
Para o estudo dessa perspectiva de engajamento, o livro "Vietnã do Norte: Advertência aos
Agressores" de Callado mostra-se como objeto fecundo. Foi às vésperas do endurecimento da
Ditadura Militar no país que o Jornal do Brasil empreendeu uma de suas mais ousadas
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produções jornalísticas, enviando Callado à Guerra do Vietnã, em 1968. A série de reportagens
do Jornal do Brasil foi reunida e, posteriormente, publicada em livro.
Como poderia uma grande reportagem sobre o Vietnã apresentar discussões pertinentes para
a América Latina? Por meio de comparações, da apresentação de personagens militantes e
percepções pessoais indicadas na sua narrativa em primeira pessoa, Callado parece indicar
orientações para uma postura de enfrentamento às ditaduras militares que se instauraram nos
países latino-americanos. Não à toa, o subtítulo do livro que reúne a grande reportagem em
questão se chama "Advertência aos Agressores".
Os estudos de Boaventura de Souza Santos colocam luz a esta percepção. Ao introduzir a
necessidade de desenvolvimento de Epistemologias do Sul (o "sul" aqui não está associado
apenas à questão geográfica, mas a todos os conhecimentos contra hegemônicos),
Boaventura apresenta a necessidade de entendimento do mundo para muito além da
compreensão ocidental. Para superação de uma "injustiça cognitiva", segundo o autor, é
fundamental a descoberta e o registro de diferentes tipos de conhecimentos desenvolvidos
pelas práticas de grupos sociais que sofreram, de maneira sistemática, opressão, destruição e
discriminação causadas pelo capitalismo, pelo colonialismo e por todas as formas de
naturalização de desigualdade. Nessa perspectiva, países latino-americanos e Vietnã do Norte,
apesar de todas suas peculiaridades, se igualam.
Ainda que as ideias do teórico sejam posteriores à produção de Callado, as reportagens do
jornalista dialogam com Boaventura quanto à concepção do que seria um intelectual engajado
na busca de novos conhecimentos e experiências do "sul". Para Boaventura, o
desenvolvimento de qualquer teoria exige um mergulho na prática. O intelectual precisar estar
no terreno em que estão os movimentos e às manifestações. Callado vai até o lugar dos
vietnamitas, imerge nesse cotidiano de resistência e apresenta pra seus leitores uma nova
forma de compreensão da realidade.
Por estarem na primeira pessoa, as reportagens de Antônio Callado também são colocadas
sob o entendimento de como a autorreferencialidade pode contribuir na estratégica discursiva
para a construção de narrativas de engajamento. Considerando os estudos de Antônio Fausto
Neto e de Eloísa da Cunha Klein, esta investigação indica a técnica apurada do jornalista e
expõe caminhos para o estudo conceitual e para a prática da reportagem.
Abstract
Consequence of PhD research project of the postgraduate program in Media Communication of
the Universidade Estadual Paulista, this work presents the Antônio Callado's journalistic
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production (1917-1997). Celebrated Brazilian novelist has an important role in journalism that is
rarely studied. In addition to a noticeable narrative quality, his articles bring a conception about
a journalism interested in introduce pertinent discussions for understanding a Latin American
identity.
To study this perspective engagement perspective, the Callado's book "North Vietnam:
Warming to Aggressors" ("Vietnã do Norte: Advertência aos Agressores") shows an fruitful
object. On the eve of military dictatorship in Brazil, Jornal do Brasil started one of most
audacious journalistic productions, sending Callado to Vietnam War, in 1968. The article
published in Jornal do Brasil was, posterity, published in book.
How could an article about Vietnam submit relevant discussions for Latin America? Through
comparisons, the presentation of militants characters and personal perceptions indicated in its
first-person narrative, Callado seems to indicate guidelines for coping posture the military
dictatorships that have established in Latin American countries. No wonder, the subtitle of the
book that gathers the article in question is called "Warning to Aggressors".
The Boaventura de Sousa Santos studies put light in this perception. By introducing the need to
develop South Epistemologies (the "south" here it is not only associated to the geographic
question, but to all knowledge against hegemonic), Bonventura presents the need for
understanding of the world far beyond the Western understanding. To overcome a "cognitive
injustice," according to the author, is fundamental discovery and registration of different types of
knowledge developed by the practices of social groups that have suffered, in a systematic way,
oppression, destruction and discrimination caused by capitalism, colonialism and for all forms of
inequality naturalization. From this perspective, Latin American countries and North Vietnam,
despite all its peculiarities, are the same.
Although the theoretical ideas are after the production Callado, the journalist's reporting
dialogue with Boaventura about the conception of what would be an intellectual engaged in the
pursuit of new knowledge and experiences of the "South". For Boaventura, the development of
any theory requires a dip in practice. The intellectual needs to be on the ground where are the
movements and manifestations. Callado goes to the place of the Vietnameses, immerse in this
daily resistance and presents to his readers a new way of understanding that reality.
For being the first person, the Antônio Callado reports are also placed on the understanding of
how the self-referentiality can contribute to the discursive strategy for building engaging
narratives. Considering the studies of Antonio Fausto Neto and Eloísa da Cunha Klein, this
research indicates refined technique of the journalist and exposes ways to the conceptual study
and the practice of reporting.
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Palabras Clave: Periodismo, Latinoamerica, Antônio Callado, Vietnã do Norte, compromiso,
autorreferencialidad.
Palavras-chave: Jornalismo, América Latina, Antônio Callado, Vietnã do Norteo, engajamento,
autorreferencialidade.
Key Words: Journalism, Latin America, Antônio Callado, Vietnã do Norte, engagement , selfreferentiality.
1. Antônio Callado: a resistência via reportagem
Antônio Callado desembarcou no Vietnã do Norte em 1968. Correspondente do Jornal do
Brasil, o único jornalista latino-americano a conseguir chegar até o local do conflito queria
contar como agricultores, mulheres e jovens vietnamitas expulsaram os franceses em 1954 e,
principalmente, como estavam conseguindo resistir à ofensiva norte-americana em seu
território. No mesmo ano, do outro lado do mundo, a América Latina enfrentava suas ditaduras.
No Brasil, o endurecimento da Ditadura Militar estava às vésperas de entrar em sua fase mais
repressiva. No dia 14 de dezembro de 1968, o Jornal do Brasil, que levou Callado ao Vietnã,
estampou na primeira página: "Ontem foi o Dia dos Cegos". Na mesma página, a previsão
meteorológica: "Tempo negro. Temperatura sufocante. O ar está irrespirável. O país está
sendo varrido por fortes ventos". Lá fora, o sol forte e céu azul, mas o jornal queria alertar seus
leitores sobre os censores que se alojaram na redação desde a noite anterior (SCHWARCZ;
STARLING, 2015).
O Ato Institucional de Nº 5, instaurado na noite anterior, encerraria de vez a liberdade de
imprensa que já vinha cambaleando desde 1964, ano do Golpe Militar, apoiado e respaldado
pelos Estados Unidos. A ferramenta de intimidação pelo medo oprimiria a oposição
manifestada pelos movimentos estudantis, pelas greves operárias e pelas articulações políticas
e intelectuais, da qual Callado e outros jornalistas brasileiros faziam parte.
É esse posicionamento intelectual de resistência à ditadura no Brasil e também às ditaduras na
América Latina, que contribuiria para a decisão dos militares pela censura da imprensa meses
depois, que se discute nesse trabalho. Ao tentar entender como os vietnamitas do Norte
resistiam a ofensiva militar norte-americana, Callado indicaria caminhos para a resistência
também em solo latino-americano.
Por essa perspectiva, as perguntas que abrem a reportagem de Callado, publicada no Jornal
do Brasil, e posteriormente editada no livro "Vietnã do Norte: Advertências aos Agressores", se
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colocam como guias para as indagações que, respondidas, apontariam caminhos para a
tomada de posicionamento ideológico e de enfrentamento:
Como conseguiram os vietnamitas derrotar completamente uma grande potência da
Europa Ocidental, a França, em 1954, e como conseguiram levar os americanos à mesa
de conferência, em Paris, em 1968? Foi o que procurei descobrir no Vietnã, como
repórter profissional, falando a todo o mundo, perguntando diretamente aos dirigentes de
Hanói, a heróis de guerra, questionandoo indiretamente o povo, componeses em arrozais
e roças de mandioca, pilotos americanos no cárcere. Ouvi o troar do incessantes
bombardeia americano perto do Paralelo 17, presenciei cenas severas, doces, divertidas.
(CALLADO, 1977, p.15).
No trecho escolhido, é perceptível que, para responder suas perguntas, Callado escolhe narrar
o que viu na primeira pessoa. Ao contrariar a fórmula tradicional da neutralidade do jornalismo,
o jornalista reforça sua estratégia em apresentar sua perspectiva sobre a situação. As páginas
que seguem apresentam de que forma essa narrativa do jornalista apresenta sua motivação
ideológica para estar nas terras vietnamitas e como ela dialoga com as questões sensíveis da
América Latina de sua época.
2. A ideologia como passaporte
Com o objetivo de tangenciar de que forma a motivação de caráter ideológico leva Callado a
cobrir a guerra no Vietnã do Norte, utilizaremos como metodologia a revisão bibliográfica. A
hipótese desse trabalho se fundamenta na possibilidade da reportagem sobre Vietnã do Norte
ter sido produzida como um guia sobre caminhos de resistência às ditaduras que se
instauravam na América Latina.
Para começar a se debruçar sobre a hipótese central desse trabalho, é válido mencionar as
dificuldades que Callado enfrentou para chegar ao território bombardeado no Sudeste Asiático.
Maçicamente coberto por agências internacionais, o conflito era apresentado ao mundo pela
perspectiva norte-americana, principalmente pelas investidas da República do Vietnã (ou
Vietnã do Sul), apoiada pelos EUA. As barreiras para os jornalistas que tentavam contar o
conflito a partir do norte eram imensas.
Para conseguir autorização e conhecer o outro lado, Callado empreendeu uma negociação
diplomática que durou meses e uma viagem à Inglaterra para um conversa com representantes
da resistência vietnamita residentes na terra da Rainha. Só com muita insistência, o jornalista
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brasileiro conseguiu validar seu passaporte e se tornar o único jornalista da América Latina a
chegar ao Vietnã do Norte.
Tamanha obstinação se relaciona diretamente à produção intelectual de Callado nos anos
anteriores. Escritor conhecido, Callado publica sua obra mais referenciada, Quarup, um ano
antes de sua chegada ao Vietnã. Segundo consta, a feitura do romance foi delineada quando
esteve preso, em 1965, com os intelectuais Glauber Rocha e Carlos Heitor Cony, por suas
manifestações contra os militares. Em Quarup, está a ideia principal de Callado sobre o que
seria uma revolução brasileira, identificada com a história de colonização e exploração do
país1.
Segundo Marcos Martinelli (2006), pesquisador dedicado à produção literária de Callado, nas
décadas de 1950 e 1960 se demarcaram vigorosamente os projetos de uma cultura-nacionalpopular capaz de construir unidade social, identidade cultural e, simultaneamente, a ideia de
legitimidade dessa cultura. Matéria-prima para as produções de Callado, o projeto de uma
cultura-nacional-popular encontram no caso do Vietnã do Norte sua materialização.
Impressionado com a organização popular do Vietnã, Callado explica no trecho "A arma
secreta de Ho" as bases em que se apoiavam as estratégias de resistência do país:
Para ganhar tantas guerras, derrotar tantos inimigos poderosos, Ho Chi Minh precisava,
em 1945, de uma arma secreta. Sem computadores, sem indústria, sem nada, forjar sua
arma com o último elemento que possuía, elemento considerado hoje bastante obsoleto:
o homem. (...).
No dia seguinte ao da Independência. Ho fez um discurso propondo a cada vietnamita
que se desdobrasse em três: um guerreiro, um aluno ou professor e um produtor de
alimentos. (CALLADO, 1977, p.27).
A explicação sobre o heroísmo baseado na organização popular continua na entrevista
realizada por Callado com Nguyen Thuong Chi, alto funcionário do Ministério da Educação que
participou dos dias heroicos contra os países inimigos:
- Era assim como se estivéssemos sendo todos dizimados pela varíola, por uma peste
mortal, e que o remédio, a vacina e cura tivessem aparecido ao mesmo tempo. Nosso
povo é um povo frugal e tradicionalmente habituado a expulsar invasores, desde os
1
A definição de que a história em Quarup apresentaria a ideia do que seria uma revolução brasileira foi feita por Ferreira Gullar
ao comentar a 23ª edição do livro, publicada em 2014, pela editora José Olympio.
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feudais chineses, desde o Kubla-kan mongol. Mas eis que nos encontrávamos no centro
do século XX com o povo ainda no centro da era feudal, ou das invasões mongóis: um
povo analfabeto, que só sabia ouvir, não sabia ler, e que tinha de lutar contra franceses,
ingleses, americanos. O presidente Ho tinha dado seu comando: quem soubesse ler e
escrever tinha de começar imediatamente a ensinar aos outros. Os filhos tinham de
ensinar aos pais, os proprietários agrícolas, aos camponeses, os capatazes aos
operários. A ordem era ensinar e aprender em qualquer lugar, qualquer hora, de qualquer
maneira. Nós sabíamos que bastava um mês e meio, dois meses para ensinar um adulto
a ler. E que ficava ainda mais fácil de suas primeiras letras estiverem amarradas ao seu
trabalho, à sua produção, ou ao seu ofício, à sua guerra. E começamos. (CALLADO,
1977, p.27).
Essa educação fundamentada no cotidiano da resistência é colocada por Callado como chave
para entender a resistência no Vietnã. Os estudos do brasileiro Paulo Freire podem ser aqui
relacionados. Considerado revolucionário, o Método Paulo Freire buscava tirar da situação de
submissão e passividade os indivíduos que não conheciam a palavra escrita (CORTEZ, 2005).
A preocupação do educador, que foi entrevistado por Callado era criar uma estratégia para
politização do povo brasileiro.
Para sugerir como as ideias de Freire influenciaram a concepção de Callado sobre a
organização popular, vale a observar o trecho de sua reportagem publicada no Jornal do Brasil,
entre dezembro de 1963 e janeiro de 1964, retirado da obra de Lucili Grangeiro Cortez (2005):
Como existe hoje em Pernambuco uma bela exaltação revolucionária, fala-se menos e
dar voto ao analfabeto do que em alfabetizá-lo para que conquiste seu voto contra um
país e uma Constituição esnobe. Numa aula dada pelo Sistema Paulo Freire, um lavrador
juntou pela primeira vez duas sílabas, ti e to, e bradou:
- Tito é nome de gente e o papel que a gente vota!
Tinha pescado ao mesmo tempo, do meio do letrume, um ser humano e sua carta de
alforria na mão. Um retrato do Brasil possível, futuro. (CALLADO in CORTEZ, 2005, p.75)
Tanto em suas reportagens quanto em seus romances, observa-se Callado preocupado com o
"Brasil possível, futuro". Na condição de um jornalista-escritor insatisfeito com a realidade
política do seu tempo, Callado dizia ser incompreensível um escritor ignorar os problemas
sociais e políticos de seu tempo. No artigo "Quando o escritor toma partido: o caso de Antônio
Callado", Maria da Conceição Santos Silva insere um trecho em que, na ocasião de uma
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entrevista a uma jornalista portuguesa, Callado declara: "A literatura, quanto a mim, é
'engajamento', participação, se quiser. Sempre". (PALLA in SILVA, 2005).
O jornalista engajado
O posicionamento sobre a necessidade de envolver-se nas questões de seu tempo, que leva
Callado ao Vietnã do Norte, dialoga com a concepção do que seria um jornalista-intelectual
discutida por Fábio Pereira (2011). Para Pereira, o jornalista-intelectual é aquele que coloca a
em produção "o pensar crítico sobre o mundo e o engajamento em questões políticos e sociais"
(PEREIRA, 2011, p. 17). Sobre esse aspecto, diz Callado à Lígia Chiappini, em entrevista,
quanto à produção de sua escrita:
Acho que o escritor deve fazer exatamente aquilo que ele deseja fazer. Se a ideia é fazer
poesias herméticas, teatro do gênero Ionesco, acho perfeito. Muito pior é ele querer se
fazer de outro tipo de escritor, que ele não é. Agora eu acho que um intelectual,
sobretudo num país como o Brasil, não tem o direito de se eximir como pessoa, e como
intelectual, de opinar sobre a situação do país. (CHIAPPINI, 1984, p.152)
A ideia do jornalista-intelectual como aquele engajado nos problemas de seus tempo também
está presente no que diz Boaventura de Sousa Santos (1995). Seus estudos sobre a
construção multicultural da igualdade e da diferença demarcam a importância da produção de
conhecimentos com a perspectiva do "sul". O "sul" de Boaventura não é apenas indicação para
os lugares localizados abaixo da linha do Equador, mas também é metáfora que designa
grupos que sofreram opressão desde a época da colonização e que tiveram seus
conhecimentos marginalizadoas. Em seu texto "Epistemologías del Sur"2, Boaventura
contextualiza a necessideade de entendimento do mundo a partir desses movimentos de
resistência e enfrentamento aos conhecimentos ocidentais e ao que o autor chama de "injustiça
cognitiva".
2Boaventura
de Sousa Santos, um dos fundadores do Fórum Social Mundial, sublinha que o "sul" da sua proposta
epistemológica não está associado apenas aos países localizados ao sul geográfico mas a todos os grupos presentes em
territórios que sofreram com os processos destrutivos da colonização. Os ideais que envolve o Fórum são essenciais nos seus
estudos da globalização contra-hegemônica e também na promoção da luta pela justiça cognitiva global que fundamenta o
conceito de Epistemologias do Sul. Explica Boaventura: "As Epistemologias do Sul são a reivindicação de novos processos de
produção, de valorização de conhecimentos válidos, científicos e não científicos, e de novas relações entre diferentes tipos de
conhecimentos, a partir das práticas das classes e grupos sociais que sofrem, de maneira sistemática, destruição, opressão e
descriminação causados pelo capitalismo, o colonialismo e todas as naturalizações de desigualdade em que se desdobraram".
(BOAVENTURA, p. 16).
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No conflito do Vietnã do Norte, a cobertura das agências internacionais, focada quase que
exclusivamente no enquadramento norte-americano, representaria a "injustiça cognitiva" de
que Boaventura fala. Para superação dessa injustiça, é fundamental a descoberta e o registro
de diferentes tipos de conhecimentos desenvolvidos pelas práticas de grupos sociais que
sofreram, de maneira sistemática, destruição e discriminação causadas pelo capitalismo, pelo
colonialismo e por todas as formas de naturalização de desigualdade. (SOUSA SANTOS,
2009).
Apesar de suas ideias não serem contemporâneas a Callado, elas colaboram para a
compreensão sobre a postura do jornalista no território vietnamita. Para Boaventura, só é
possível desenvolver qualquer conhecimento novo se o intelectual mergulhar na prática das
movimentos sociais que resistem a diferentes tipos de opressão. É preciso estar no terreno
onde estão esses movimentos. Callado finca os pés no cotidiano da resistência do Vietnã do
Norte e, em busca de alternativas de enfrentamento aos governos militares do seu país e dos
paises vizinhos, apresenta uma nova forma de compreensão do conflito e de conhecimento
sobre outras realidades possíveis.
Retirado da reportagem, o trecho a seguir mostra como uma realidade que parece tão distante
tem elementos muito familiares a seus leitores brasileiros:
Foi na localidade de Hoang Hoá, província de Thanh Hoá. A natureza, aqui, era
inquietantemente brasileira. E as crianças da roça, que cumprimentam a gente e
chamam de Tio, usam no início da frase o saudar vietnamita, que se escreve e
se pronuncia Chao: como se fosse o ciao italiano e tão brasileiro. Em torno, as
plantações de mandioca e batata doce, com bananeiras e carro de boi ao longe.
Íamos andando por uma picada sinuosa, interminável, ao sol. (CALLADO, 1977,
p.24)
Como estratégia de alteridade possível, o trecho serve de alerta ao leitor: somos mais
parecidos do que se imagina. A apresentação de uma nova realidade, de um novo
conhecimento capaz de superar a "injustiça cognitiva", acontece justamente na aproximação
com o repertório de referências presentes no leitor.
A autorreferencialidade como estratégia
A proximidade com o leitor reside também na forma com que jornalista escolhe fazer sua
narrativa: Callado coloca-se na reportagem. Distanciando-se da pretensa objetividade e
imparcialidade que se vinculam tradicionalmente ao texto jornalístico, o repórter faz um
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testemunho pessoal do que vê no Vietnã do Norte. O trecho a seguir indica as marcas dessa
autorreferencialidade3:
Diante de mim sentou-se um administrador local, da nacionalidade Muong. Perguntei-lhe
por que estavam tão viçosas as lavouras numa província tão castigada pelos franceses
até 1954, e pelos americanos, a partir de 1964. Ele bate a cabeça, fita pensativo, no
terreiro da aldeia, o sino que convoca os habitantes para reuniões ou repica o alarme
antiaéreo. O sino é a parte superior de uma bomba que não explodiu.
Indago se é uma bomba americana e meu intérprete de todos os momentos traduz:
- Sim, mas jogada pelos franceses no tempo de Dien Bien Phu. Bomba de auxílio
americano.
Estou diante dele, sentado no chão, meu livro de apontamentos aberto.Ele tira do bolso
com orgulho um livro de apontamentos.
- Nós éramos, aqui, analfabetos 99 por cento. Eu também era. Quem sabia ler lia
vietnamita porque nossa língua não tinha nem escrita. Agora você pode parar na estrada
e perguntar que todo mundo sabe ler. E temos nossa escrita também. (CALLADO, 1977,
p.17).
Callado usa a primeira pessoa para narrar o diálogo com o administrador local: "Diante de
mim sentou-se", "Perguntei-lhe por que", "Indago se é uma bomba", "Estou diante dele". Ao
planejar as produções de sentido possíveis do seu texto, o jornalista conta que está com seu
livro de apontamentos aberto. A intenção é sublinhar o que narra a seguir: "Ele tira do bolso
com orgulho um livro de apontamentos". O objeto comum aos dois iguala entrevistador e
entrevistado quanto ao conhecimento adquirido. Com a mobilização nacional para levar
educação para todos, as informações compartilhadas sobre o aprimoramento das práticas de
plantio garantiram as lavouras viçosas.
Como aponta Antônio Fausto Neto (2007), leituras como esta só se tornam possíveis de
acordo com a forma com que o jornalista decide operar a linguagem de seu texto. Duas
possibilidades se colocariam para o jornalista. De um lado, estaria a dimensão "instrumental"
da linguagem. Por ela, a linguagem estaria apenas a serviço do "ato de fala", sem considerar
as subjetividades existentes no momento em que se decide por um ou outro caminho. É nessa
3
A autorreferencialidade caracteriza-se pelo recurso de se referenciar na construção da narrativa. No estudo em
questão, Callado apresenta-se na reportagem ao fazer seu relato na primeira pessoa.
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"dimensão instrumental" que reside a maior parte dos textos jornalísticos caracterizados como
neutros e objetivos.
Do outro lado, se coloca a dimensão "construcionista" como aquela que entende o sujeito
falante da enunciação jornalística imerso em complexas relações de operação da linguagem.
Para explicar tal dimensão, Fausto Neto lembra que as decisões para a construção de um texto
jornalístico não se fazem no vazio. Elas se acoplam e se subordinam a complexas situações
demarcadas pela subjetividade. Além disso, ao possibilitar aos leitores perceberem o processo
produtivo pelo qual passou a reportagem, seria possível, segundo o autor, transformá-los em
"co-sujeitos" do ato discursivo. Eloísa Joseana da Cunha Klein (2013)4 assinala de que forma a
autorreferencialidade contribui para ampliar as leituras possíveis a partir de uma única pauta.
Entendemos que, ao tratar do que "se fez para fazer", os textos midiáticos terminam por
fazer outras coisas e exploram a redação contínua com as características contextuais de
tempo, sociedade, instituição, com as implicações técnicas e materiais e com as pessoas
com as quais interage. (KLEIN, 2013, p.2)
As marcas da autorreferencialidade no texto de Antônio Callado localizam sua produção
dentro dessa dimensão "construcionista". Ao apresentar os "bastidores" de sua reportagem
novas leituras são apresentadas. Reunida em livro publicado pela Civilização Brasileira, a
reportagem de Callado sobre Vietnã do Norte pode indicar outras percepções também a partir
das imagens utilizadas para ilustrar a produção.
A capa do livro "Vietnã do Norte. Advertência aos Agressores" traz o jornalista com a
cabeça baixa ao lado de uma mulher vietnamita que segura um fuzil. Símbolo da resistência no
Vietnã do Norte, a mulher aparece em todo percurso da reportagem. Na foto, Callado, muito
mais alto que a mulher que está ao seu lado segurando um fuzil, parece fazer uma reverência
em provável sinal de respeito e admiração.
4
Os estudos de Antônio Fausto Neto, assim como os de Eloísa Joseana da Cunha Klein, que será referenciada em seguida,
tratam especialmente da autorreferencialidade nas reportagens televisivas. Em tais estudos, o programa "Profissão Repórter"
da Rede Globo é o principal exemplo. Apesar dessa especificidade, tais análises, que consideram o as estruturas formais e
tradicionais do fazer jornalístico, abrem espaço para uma dimensão analítica que também se aplica em reportagens impressas.
VIII Seminario Regional (Cono Sur) ALAIC
“POLÍTICAS, ACTORES Y PRÁCTICAS DE LA COMUNICACIÓN:
ENCRUCIJADAS DE LA INVESTIGACIÓN EN AMÉRICA LATINA”
27 y 28 de agosto 2015 | Córdoba, Argentina
Figura 1. Capa da primeira edição de "Vietnã do Norte. Advertência aos Agressores", publicado pela Civilização
Brasileira, em 1969. Callado parece reverenciar a jovem com o fuzil. 5
É uma jovem é o primeiro personagem de sua reportagem. Nguyen Thi Hang, de 24 anos,
"uma veterana em derrubar avião e prender piloto", como conta Callado. Ainda sobre a forma
como jornalista opera sua linguagem, é valido conhecer como se dá a escolha para contar
sobre o heroísmo no Vietnã, a partir da jovem:
Na província de Thanh Hoa, a 150 quilômetros ao Sul de Hanói, falei de heroísmo
diretamente com uma dona do assunto (...). Perguntei-lhe se não tivera medo no seu
primeiro combate quando tinha 20 anos de idade. Thi Hang se lembrava bem da data de
3 de abril de 1965. E da hora: 2 da tarde. E dos velocíssimos B-52 vindos de todas as
direções convergindo sobre a ponto de Ham Rong (Mandíbula de Dragão) no Song Ma
(Rio do Cavala). Lembrava-se da tensão de esquecer a presença das outras milicianas
ao lado. Mas o que tinha sentido? Me pediu um momento para pensar. Um momento.
Não se lembrava. Ouve o ruído ensurdecedor dos jatos passando por cima das baterias
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CALLADO, Antônio (1969). Vietnã do Norte: Advertência aos Agressores. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1969.
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das bombas. Nguyen Thi Hang se lembrava de que, passada a primeira vaga do ataque,
a ponte continuava intacta mas a aldeia mais próxima, sua aldeia, ardia em chamas.
Então pensou nas crianças e nos velhos da aldeia, no arroz da sua cooperativa. Disto se
lembrava. E, a seguir, da determinação, do ódio com que esperou que chegasse à sua
alça de mira o próximo avião americano. (CALLADO, 1977, p.16).
O fragmento quase cinematográfico chama a atenção especialmente para o trecho em que a
jovem pede um momento a Callado para se lembrar se sentiu medo no seu primeiro combate:
"Me pediu um momento para pensar. Um momento. Não se lembrava. Ouve o ruído
ensurdecedor dos jatos passando por cima das baterias das bombas". Ao iniciar um novo
período como se estivesse acompanhando o fluxo de consciência6 de Thi Hang (é possível
ouvir os jatos ensurdecedores que a jovem ouviu como se fossemos ela), Callado mostra sua
acuidade na utilização de recursos literários para a aproximar o leitor de sua narrativa.
A utilização de elementos narrativos potenciais mostra, assim, a dimensão "construcionista" de
sua linguagem como ferramenta para sensibilização e mobilização possíveis para o
enfrentamento das realidades vividas na América Latina. Guardadas às devidas peculiaridades,
Vietnã do Norte e América Latina se aproximariam a partir de seus contextos de opressão. A
resistência fundamentada na organização popular nas terras vietnamitas se apresentou para
Callado como um guia de enfrentamento para as realidades latino-americanas.
Se resta alguma dúvida sobre esse engajamento ideológico de Callado, é válido retomar o
nome do livro publicado com a reportagem: "Vietnã do Norte: Advertência aos Agressores". Ao
voltar do Vietnã com suas histórias, Callado adverte os agressores da América Latina: como os
vietnamitas do norte, somos capazes de resistir. Ainda que tenha perdido seus direitos políticos
e tenha sido impedido de exercer a profissão de jornalista nos anos de chumbo do Brasil, sua
advertência, em forma de reportagem, se transformou em um testemunho histórico sobre a
capacidade de articulação e resistência dos povos do "sul".
6
Fluxo de consciência é uma técnica literária introduzida por James Joyce, em que o monólogo interior de um ou
mais personagens é transcrito. Nesta técnica, a narrativa apresenta-se como um fluxo de consciência que
intercepta presente e passado, quebrando os limites espaço-temporais. No fluxo de consciência há uma quebra da
narrativa linear, onde já não é tão claro distinguir entre as lembranças da personagem e a situação presentemente
narrada. Na literatura brasileira, a obra de Clarice Lispector é ilustrativa sobre a técnica.
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