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VIAJES
DEL
INFANTE D. PEDRO DE PORTUGAL
EN EL SIGLO XV
CON
INDICACIÓN
DE LOS DE UNA
RELIGIOSA
ESPAÑOLA
POR LAS REGIONES O R I E N T A L E S M I L A Ñ O S A N T E S
POR
D.
CESÁREO
FERNÁNDEZ
DURO
MADRID
IMPRENTA DEL CUERPO DE ARTILLERÍA
San Lorenzo, 5 1 bajo.
1903
Viajes Él Infante D,
P E O
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P
VIAJES
DEL
INFANTE D. PEDRO DE PORTUGAL
EN EL SIGLO XV
CON
INDICACIÓN
DE LOS DE UNA
RELIGIOSA
ESPAÑOLA
POR LAS REGIONES O R I E N T A L E S M I L A Ñ O S A N T E S
POR
D.
CESÁREO
FERNÁNDEZ
DURO
MADRID
IMPRENTA DEL CUERPO DE ARTILLERÍA
San Lorenzo, 5 i bajo.
1903
•VIAJES DEL INFANTE D, PEDRO DE PORTUGAL
EN E L SIGLO XV
CON
INDICACIÓN
POR
LAS
DE
LOS
REGIONES
DE
UNA
ORIENTALES
RELIGIOSA
MIL A Ñ O S
ESPAÑOLA
ANTES
I.
El Infante D. Pedro.
S e g u n d o g é n i t o del R e y de P o r t u g a l D . J u a n I y de F e l i p a
de L a n c a s t e r , nació en Lisboa en 1392, y recibió crianza y
educación, en las que se unían á las prácticas de a n t i g u o seg u i d a s en la enseñanza de los fidalgos de la C o r t e , o t r a s imp o r t a d a s de I n g l a t e r r a por la m a d r e , que influj'eran en la
sanidad de la m e n t e como en el vigor del c u e r p o .
D u a r t e ó E d u a r d o , su h e r m a n o m a y o r , estaba destinado
á la sucesión en el solio, que alcanzó; los m e n o r e s fueron:
D. E n r i q u e , llamado el Navegante,
célebre por los descubrimientos a f a n o s a m e n t e dirigidos por él á lo l a r g o de la costa
occidental de Á f r i c a ; D . J u a n , M a e s t r e de la O r d e n de Sant i a g o , de r e c t o p r o c e d e r ; D . F e r n a n d o , j o v e n desdichado,
m u e r t o en cautividad e n t r e los m o r o s , inmortalizado por
n u e s t r o d r a m a t u r g o C a l d e r ó n en la obra titulada El Principe
constante;
D . A l f o n s o , Conde de B a r c e l l o s , habido por el
R e y a n t e s del m a t r i m o n i o , y b a s t a r d o en los hechos t a n t o
como en el nacimiento.
D o n P e d r o , en lo físico, alcanzó a v e n t a j a d a e s t a t u r a ; el
cabello y la b a r b a r u b i o s , los ojos a z u l e s , como la m a d r e ; el
cuerpo delgado y bien hecho. E n lo moral m o s t r ó ser modesto, sufrido, religioso, b e n i g n o y p r u d e n t e .
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V I A J E S D E L I N F A N T E D. P E D R O D E P O R T U G A L
Movido en la j u v e n t u d por el espíritu caballeresco y avent u r e r o de la é p o c a , j u n t a m e n t e con los h e r m a n o s , invitó al
R e y á intentar alguna expedición en el vecino continente de
África que sirviera p a r a dilatar los t é r m i n o s de la nación y
reducir al mismo tiempo los de la m o r i s m a , con gloria de un
pueblo mal avenido con el r e p o s o . L a s dificultades de la emp r e s a no e r a n escasas, p e r o á t o d a s r e s p o n d í a la imaginación
de los Infantes con insistencia t a n t a , que consiguió v e n c e r á
la opinión p r u d e n t e del M o n a r c a y á la poquedad de los recursos, iniciando desde entonces los p r e p a r a t i v o s , prosiguiendo sin cesar los a r m a m e n t o s de n a v e s y soldados, hasta terminarlos con g r a n d í s i m o s e c r e t o y disimulo, considerada la
i m p o r t a n c i a de g u a r d a r l o s .
El éxito r e c o m p e n s ó á los afanes. E m b a r c a d o el Rey con
los t r e s Infantes D u a r t e , P e d r o y E n r i q u e , dirigiendo h u e s t e
de 50.000 soldados, sorprendió á la plaza de C e u t a el año 1415,
tomándola por asalto sin p e r d e r más de ocho h o m b r e s ; aseg u r a n d o á la cristiandad e n t r e las columnas de H é r c u l e s un
b a l u a r t e que h a s t a I103' p e r d u r a .
V u e l t o s á P o r t u g a l en triunfo, creó el R e y á D . P e d r o
D u q u e de C o i m b r a , siendo el p r i m e r o que t u v o en el reino
tal dignidad; mas las honras y a g r a d o s del recibimiento no
satisfacían al afán de instruirse y c o r r e r t i e r r a s que la b r e v e
incursión africana estimuló m á s y m á s .
D e s e a b a v e r las cosas g r a n d e s y la v a r i e d a d de costumb r e s y de a r t e s de que se g o b i e r n a el m u n d o , universidad de
experiencias y estudio que más enseña á los h o m b r e s , dice
F a r í a y Sousa (1). Resolvió p e r e g r i n a r , discurriendo por las
cortes de diversos P r í n c i p e s , en el comienzo; conciliar en el
viaje con las miras políticas las p i a d o s a s ; visitar en la P a l e s tina el Santo S e p u l c r o , é i n t e r n á n d o s e cuanto p u d i e r a en dirección de los reinos mal d e t e r m i n a d o s del P r e s t e J u a n de
las I n d i a s , cumplir recomendación de su h e r m a n o E n r i q u e ,
(1) Manuel de F a r í a y Sousa, Europa
1679, rol., tomo I I .
portuguesa.
Segunda edición. L i s b o a ,
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/
que le e n c a r g a b a la adquisición de m a p a s y de noticias de los
viajes de g e n o v e s e s y venecianos por aquellas t i e r r a s misteriosas, tan celebradas entonces ( 1 ) .
H a s t a qué punto realizó el p r o y e c t o , no está completam e n t e a v e r i g u a d o ; no hay certeza en la época en que emprendió la m a r c h a , en la duración del viaje ni en los l u g a r e s
r e c o r r i d o s , que algunos escritores extienden por E u r o p a ,
Asia y África (2), m i e n t r a s otros (que citaré o p o r t u n a m e n t e )
los limitan á la p r i m e r a p a r t e del m u n d o , si bien conformes
por lo g e n e r a l en que llevó consigo g e n t e y caudal que cor r e s p o n d í a n bien á su e s t a d o ; t r a t ó con R e y e s y P r í n c i p e s , y
de todos se vio estimado y socorrido.
A l r e g r e s a r á la P e n í n s u l a ibérica el año 1429, fué hospedado en A r a g ó n con singular agasajo por el R e ) ' D . Alonso;
casó con I s a b e l , hija m a y o r de D . J a i m e , Conde de U r g e l , y
n i e t a , por c o n s i g u i e n t e , de D . P e d r o I V , y dio vuelta con
ella á la patria, g r a n j e á n d o l e universal estimación la notoriedad d e s ú s estudios, no menos que su a c r e d i t a d a prudencia.
D e s d e que murió el Rey D . J u a n , en 1434, fué leal consejero de su h e r m a n o D u a r t e , auxiliándole de buena fe en
c u a n t a s comisiones confió á su cuidado. Dio p r u e b a s públicas
de independencia y justificación, oponiéndose á la j o r n a d a de
T á n g e r c o n t r a el p a r e c e r de sus h e r m a n o s , y v o t a n d o , t r a s
el d e s a s t r e , por la e n t r e g a de la plaza de C e u t a , cumpliendo
lo estipulado, sin t e m o r á la impopularidad en cuestión que
afectaba á la santidad de la p a l a b r a .
D o t a d o de n a t u r a l talento y en el estudio p e r s e v e r a n t e ,
fué ensanchando sin cesar la esfera de sus conocimientos: era
filósofo y m o r a l i s t a ; escribía en prosa y v e r s o ; tradujo obras
del latín y del italiano; sostenía correspondencia con m u y
doctas p e r s o n a s , de ellas en Castilla el Condestable D . A l v a r o de L u n a y J u a n de M e n a , cronista y s e c r e t a r i o del R e ) ' ,
considerado entonces príncipe de los p o e t a s . E r a , en fin, uno
(1) J. P . Olivcira .Martina, Os Julios de V. Joao I. Lisboa, 1891. En 4."
(2) L o s y a citados y F r a n c i s c o da F o n s e e a Bone-vides, Rainhas de
Portugal.
Lisboa, 1878. Tomo I, pág. 350.
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VIAJES DEL INFANTE D. PEDRO DE PORTUGAL
de los h o m b r e s m á s ilustrados del t i e m p o , pasando de sus
días á los actuales la popularidad que el incesante anhelo de
cultura le había conquistado (1) y que hubo de evidenciarse
d u r a n t e las turbulencias originadas en 1432 por fallecimiento
de D . D u a r t e y minoría de su hijo Alfonso V .
R e u n i d a s las C o r t e s por causa de tales s u c e s o s , fué don
P e d r o n o m b r a d o defensor del r e i n o , lo cual equivalía á dividir la r e g e n c i a e n t r e la R e i n a m a d r e y el b a s t a r d o Conde de
Barcellos, g r a n d e s enemigos suyos desde e n t o n c e s , como int e r e s a d o s en eliminar su persona y seguir g o b e r n a n d o solos.
D e aquí las i n t r i g a s , los motines y a l g a r a d a s puestos en jueg o con r e s u l t a d o c o n t r a p r o d u c e n t e . E l p u e b l o , ansioso de
tranquilidad, aclamaba á D . P e d r o ; las C o r t e s , r e s p e t u o s a s
con la opinión, le e n c o m e n d a r o n al cabo la r e g e n c i a exclusiv a ; sofocáronse los chispazos de la g u e r r a civil a m e n a z a n t e ;
o t r a s C o r t e s a c o r d a r o n el matrimonio del R e y , que contaba
10 a ñ o s , con la hija del R e g e n t e , y abrióse p e r í o d o de sosieg o en que éste g o b e r n ó con firmeza y justicia.
D u r ó poco. Cumplidos p o r D . Alfonso 14 años de edad,
e n t r e g ó la R e g e n c i a , r e t i r á n d o s e á su ciudad de Coimbra con
idea de a c a b a r los días t r a n q u i l o , idea g r a n d e m e n t e e r r ó n e a ,
que al ducado le siguió la inquina de los e n e m i g o s ; la del
Conde de Barcellos principalmente y más dé t e m e r , t o d a vez
q u e , a p o d e r a d o del valimiento r e a l , abusando de la sencillez
del niño al paso que s e m b r a b a en la v a n a imaginación del ine x p e r i m e n t a d o soberano los celos, la suspicacia, la irascibilid a d , sin r e p a r o en insinuaciones a l t a m e n t e calumniosas, alcanzó á p r o m o v e r persecución e n d e r e z a d a á despojar al exr e g e n t e de los bienes y aun de la v i d a , e x t r e m a n d o aquélla
hasta el punto de obligarle á defender ésta con las a r m a s ó de
p e r d e r l a con ellas en la m a n o , que en esto t e n í a que a c a b a r
la lucha d e s i g u a l , como acabó efectivamente, m u e r t o de saetazo en la batalla de A l f a r r o b e i r a , c e r c a de Lisboa, en 1449.
(1) D. José" A m a d o r de los Ríos, Historia
Madrid, 1865. Tomo V I I .
crítica
de la literatura
española.
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N o por ello se acabó la e n e m i g a : el secuestro de la hacienda y el ostracismo de la familia r e q u e r í a n que se infamara
su m e m o r i a con declaraciones de deslealtad y de traición seguidas de las más odiosas consecuencias.
« T e m i e n d o que la m u e r t e del Infante había de escandalizar á quien le conocía, conociéndole casi todo el m u n d o entonces d e s c u b i e r t o , hicieron (sus a d v e r s a r i o s ) r e m e d i o d e
nuevos e r r o r e s . Compuestos á su modo unos libelos infames,
o r d e n a r o n al R e y que enviándolos al Pontífice Nicolás V se
justificase con él. A p r e s u r á r o n s e por el aforismo de lo que
monta la p r i m e r a información. L a r e s p u e s t a fueron g r a n d e s
elogios del Infante m u e r t o y m o r t a l e s r e p r e n s i o n e s del R e y
y de sus consejeros vivos, con excomuniones sobre los que le
n e g a r o n la s e p u l t u r a los días que estuvo sin ella. T a m b i é n
avisaron en aquella conformidad á los o t r o s P r í n c i p e s cristian o s , y como todos les enviaron las mismas r e p r e n s i o n e s , vinieron á conocer que las excomuniones mismas les hubiesen
enviado si todos fuesen Pontífices. E s t a fué la gloria que consiguieron de aquel hecho. ¿Qué maj'or la pudo q u e r e r p a r a sí,
y oprobios p a r a sus enemigos, aquel Príncipe infeliz, aquel día
en P o r t u g a l , felicísimo p e r d u r a b l e m e n t e en todo el mundo?
P o r t u g a l envió á R o m a libelos que le infaman; Italia á P o r t u g a l elogios que le ilustran. No muere quien así muere» (1).
Con todo esto se impuso la voz pública d e m a n d a n d o rehabilitación y d e s a g r a v i o , y hubo de dispensarlos el R e y , mal
de su g r a d o , pasado algún tiempo, al cabo del cual r e p o s a r o n
los r e s t o s del Infante al lado de los de sus m a y o r e s , en el
M o n a s t e r i o de Batalla. A su fama realzó el sufrimiento, estimándole fuera de su p a t r i a el más v a r o n i l , el más caballero,
el más bizarro P r í n c i p e del tiempo ( 2 ) ,
«en guerra y paz maravilla» ( 3 ) ,
(1)
(2)
1894.
(3)
H a r í a y Sousa, obra citada. Tomo II, p á g . 383.
La vita c i tempi de Paolb del Pozo Toseanelli di G u s t a v o Uzielli. Roma
Raccolta Colombina, p a r t o V, vol. I, pág-. 136.
Tirso de Molina. El vergonzoso en .Palacio. Acto III, escena XV,
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y pasando los siglos, el S r . Oliveira M a r t i n s , que en su Historia de Portugal
le había considerado «acaso o typo
digno de toda a historia
nacional»_,
mais
en el h e r m o s o libro a n t e s
m e n c i o n a d o , v e r d a d e r a o b r a de a r t e ( 1 ) , le ha erigido monumento.
II.
El libro del Infante.
Cien a ñ o s , al poco m á s ó m e n o s , después de la t r a g e d i a
lastimosa de Alfarrobeira, apareció en E s p a ñ a un opúsculo de
pocas hojas haciendo relación de los viajes de D . P e d r o de
P o r t u g a l , p r o l o n g a d o s h a s t a las t i e r r a s del P r e s t e - J u a n , en
el e x t r e m o O r i e n t e , diciéndose a u t o r G ó m e z de San E s t e b a n ,
uno de los que al Infante a c o m p a ñ a r o n e'n la j o r n a d a , y, por
lo t a n t o , t e s t i g o de vista. Dícese que la más a n t i g u a edición
conocida, la p r i m e r a quizá, se imprimió en 1544 con título de
Auto del Infante D. Pedro.
D e n u e s t r o s bibliófilos, algunos han n o m b r a d o el libro sin
dar importancia á la noticia ni á la investigación que m e r e ciera un i m p r e s o , curioso por lo m e n o s , y q u e , s e g ú n ha de
v e r s e , ha alcanzado como pocos popularidad y circulación.
Nicolás A n t o n i o , b a s t a n t e escaso de d a t o s , lo creía de
origen y a u t o r p o r t u g u é s . Sus p a l a b r a s son (2):
«Gomezius de S a n t i s t e v a n , L u s i t a n u s , propia gentis ling u a edidit,
i>Historia do Infante Dom Pedro de Portugal,
que andón
as sette partidas do Mundo. H a e c in Castellanam c o n v e r s a
prodiit anno 1595 et anno 1626 in 4.°»
(1) D. Antonio Sánchez Moguel, Os Jilhos de D. Joao I, por J. /'. Oliveira
Martins. Boletín de la Real Academia de la Historia, tomo X X . Madrid, 1892.
(2) Bibliolheca iV<ro«,'Matriti, 1783.
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P o r t u g u é s le c r e y ó también D . D o m i n g o G a r c í a P é r e z ,
escribiendo (1):
« G Ó M E Z D E S A N T I S T E B A N . — Q u e se dice ser uno
de
los
c o m p a ñ e r o s del Infante D . P e d r o , hijo de D . J u a n I , en sus
p e r e g r i n a c i o n e s , escribió un libro, auto ó n a r r a c i ó n de ellas,
que bajo mil a l t e r a c i o n e s , y con v a r i a s m u d a n z a s , se ha publicado en castellano y p o r t u g u é s . L a p r i m e r a edición que
se conoce fsicj es la de 1564, hecha en B u r g o s por F e l i p e
J u n t i , pues la que refiere B a r b o s a como p o r t u g u e s a , y de
Lisboa de 1554, nadie la ha visto 3' se c r e e que no existe. El
mismo B a r b o s a cita dos ediciones más en castellano hechas
por D o m i n g o R o b e r t i s , en Sevilla, 1595 y 1626, 4.° E l catálogo de L o r d S t u a r d cita una de la misma ciudad sin fecha,
p e r o cuyo título es igual á la que t e n e m o s , que v a r í a de las
p r i m e r a s ediciones que designaban s o l a m e n t e c u a t r o partidas, y ésta dice así:
Historia del Infante
D. Pedro de Portugal,
el qual anduvo las siete partidas del mundo. Con licencia, B a r c e l o n a ,
en casa de Rafael F i g u e r ó , 8.°, 62 p á g i n a s , sin fecha, y principia así:
Este tratado fue compuesto por Gomes Santisteban,
uno
de los doce que anduvieron
con el Infante
D. Pedro de Portugal.
«No sabemos si la alteración del título la extiende á todo
el libro p o r q u e no hemos podido confrontar ésta con las o t r a s
ediciones; es probable que s í , p o r q u e todo él no es m á s que
un libro de Caballerías, á p e s a r del título, p e r o de poca m i g a
y menos gracia.»
Inocencio F r a n c i s c o da Silva (2), á quien pudiera h a l a g a r
la creencia a n t e r i o r , no participaba de ella; consultadas las
n o t a s de B a r b o s a (3), p r e s u m í a que la obra se escribió origi(1) Catálogo razonado biográfico y bibliográfico de los autores
portugueses
que escribieron
en castellano, por D. Domingo G a r c í a Pérez, doctor en Medicina y Cirugía, antiguo diputado de la Nación p o r t u g u e s a por la ciudad de Setubal. Madrid, 1890.
(2) Diccionario bibliograpltico,
t. III, p á g . 149.
(3) Diego B a r b o s a Machado, Bibliotlieca
Lusitana.
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n a l m e n t e en castellano (opinión admitida por otros literatos
portugueses) (1), y a p u n t a b a edición de 1564, en B u r g o s , por
Felipe J u n t i (sicj, a n o t a d a asimismo por B a r b o s a y por J u a n
S o a r e s da Silva.
D o n P a s c u a l d e G a y a n g o s , incluyendo el folleto de referencia e n t r e los libros de Caballerías, ó sea e n t r e los fabulosos de a m e n a r e c r e a c i ó n ( 2 ) , señaló edición de Z a r a g o z a por
J u a n Millán, 1570, en 4.°, letra de T o r t i s , y o t r a de Barcelona de 1595, manifestando presunción de h a b e r l a s a n t e r i o r e s ,
que no había l o g r a d o v e r .
Más m o d e r n a s se contienen en la Biblioteca de Salva (3),
con p a r t i c u l a r i d a d e s dignas de atención, así por el título como
por el .nombre del a u t o r , v a r i a d a s de las a n t e r i o r e s como
sigue:
«Libro del Infante Don Pedro de Portugal,
el qvcil anduvo todas las partidas del mundo. Aova nuevamente
corregido y historiado con mucha curiosidad.
Van añadidas las siete
Maravillas del Mundo. Compuesto por luán Gómez de Saneste-van. V a l e n c i a por F r a n c i s c o M e s t r e , 1696, 4.°, con láminas
en m a d e r a , 32 páginas incluso el frontis.»
A d v i e r t e el bibliófilo que las ediciones r e g i s t r a d a s difieren
en muchas c o s a s , especialmente ésta de V a l e n c i a , observación g e n e r a l en cuantos han c o m p a r a d o las tiradas s u c e s i v a s ,
extendida por Inocencio da Silva hasta la afirmación de no
ser fácil e n c o n t r a r dos e n t e r a m e n t e c o n f o r m e s , p o r q u e los
editores han ido e n m e n d a n d o á su g u s t o y a c r e c e n t a n d o lo
que les ha parecido.
B a s t a p a r a confirmarla la simple consideración de los tít u l o s , d e m o s t r a t i v a del proceso de crecimiento parecido al
de la bola de nieve r o d a d a . U n a de las ediciones, no incluida,
(1) OHveira Martín, libro citado.—Sousa V i t e r b o , O hitante
D. Pedro o das
scle partidas, Lisboa, 1902.
(2) Catálogo de los libros de Caballerías.
Colección de A u t o r e s españoles de
R i v a d e n e y r a , t. X L V I I , pág. L X X X I I , Madrid, 1857.
(3) Catálogo de la Biblioteca de Salva, Valencia, 1872, t. II.
V I A J E S D E L I N F A N T E D. P E D R O D E P O R T U G A L
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por c i e r t o , en las relaciones bibliográficas d i c h a s , y que par e c e ser de las p r i m i t i v a s , se titula:
Libro del Infante do Pe
dro d Portugal.
El qual
anduvo las quatro
partidas del
mundo
Siguen 38 hojas en 4.° sin paginación.
E n la señalada aij, i n m e d i a t a m e n t e después del frontis,
se lee:
«Aqui comienca el libro del yufan \ te don Pedro de partugal (sic). El qual anduvo las par | tidas del mundo.
Compuesto por Gomes de Sanl este | uan uno de los do.ze que
anduvieron
con el dicho yn \ fanle a las ver.»
E n la última p á g i n a , después de Deo gratias,
reza el colofón :
«TI Fenece el presente tratado llama \ do Infante don Pedro de Portugal:
que anduvo \ las quatro partidas del mundo. Fué ¿mpresso | en la muy noble ciudad de Salamanca
por
| Juan de Junta. Acabóse a veinte e cin \ co dias de Enero.
Anno de mil y \ quinientos y quarenta y sie \ te años. | ^¡ [
O t r a edición inmediata que p e r t e n e c i ó á la biblioteca de
D . P a s c u a l de G a y a n g o s , en 4.°, l e t r a g ó t i c a , sin g r a b a d o s
de a d o r n o , dice en el frontis:
«El libro del Infante
don Pedro de Portugal.
El qual
anduvo las quatro partidas
del mundo. Con licencia.
Año
MDLXiij'.»,
y al final: «Impresso en Burgos en casa de Philippe de Junta. Año
MDLXiij'.»
S u c e s i v a m e n t e , s e g ú n se o b s e r v a , las c u a t r o p a r t i d a s crecieron en los títulos á siete; luego á todas las del universo;
después, á lo que sucedió al Infante en el viaje que hizo alrededor del m u n d o .
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Colegidos sin mucha diligencia los a p u n t e s , a p a r e c e n estas
ediciones c o r r e l a t i v a s :
1544
C A S T I L L A . — I n o c e n c i o da Silva.
1547
S A L A M A N C A , p o r J u a n de J u n t a . — B i b l i o t e c a N a c i o n a l de P a r i s . —
1563
B U R G O S , p o r F e l i p e de J u n t a . — Biblioteca de D . Pascual de G a -
1564
BURGOS, p o r D . Felipe Junti ( s i c ) . — B a r b o s a . — J u a n
M. Gabriel Marcel.
yangos.
Soares da
Silva.
1570
ZARAGOZA, por Juan
1595
BARCELONA.—Nicolás Antonio.—Gayangos.—Salva.—Brunet.
Millán.—Gayangos.—Salva.—Brunet.
1595
S E V I L L A , p o r D o m i n g o de R o b e r t i s . — B a r b o s a .
1602
L I S B O A . — S r . Sousa V i t e r b o .
1622
SALAMANCA.—Museo Británico.
1626
SEVILLA.—Nicolás Antonio.—Barbosa.
»
B A R C E L O N A , sin a ñ o , p o r Rafael F i g u e r ó . — D . D o m i n g o
García
Pérez.
1644
L I S B O A , p o r D o m i n g o C a r n e í r o . — Salva.
1646
LISBOA.^—Biblioteca de E v o r a . — D . A. F . Barata.
1669
B A R C E L O N A , p o r Francisco C o r m e l l a s . — D . A. Elias de Molins.
1690
Sin lugar. — S a l v a .
1696
V A L E N C I A , p o r F r a n c i s c o M e s t r e . — Salva.
1698
L I S B O A . — I n o c e n c i o da Silva.
1713
L I S B O A . — B i b l i o t e c a de E v o r a . — D . A. F . Barata.
1720
SEVILLA.—Museo Británico.
>
V A L E N C I A , sin a ñ o . — G u s t a v o Uzielli.
1732
LISBOA.—Salva.
1739
L I S B O A . — I n o c e n c i o da Silva.
1767
1794
LISBOA.—Gayangos.—Salva.—Silva.—Brunet.
LISBOA.—Silva.
1800 Q) M A D R I D . — M u s e o B r i t á n i c o .
1800 (?) CÓRDOBA, p o r Rafael García R o d r í g u e z . — B i b l i o t e c a N a c i o n a l de
P a r i s . — M . Gabriel Marcel.
1815
M A D R I D . — M u s e o Británico.
1852
M A D R I D . — B i b l i o t e c a de D r e s d e . — D r . K o n r a d H a e b l e r .
1873
M A D R I D , p o r Mares y C . — O l i v e i r a Martins.
1882
PORTO , p o r Cruz Coutinho.—-Oliveira M a r t i n s . — S o u s a V i t e r b o .
1893
M A D R I D , p o r H e r n a n d o . — A la vista en r e p r o d u c c i ó n .
a
A u n q u e la lista es i n c o m p l e t a , b a s t a n d o p a r a a c r e d i t a r
que desde mediados del siglo X V I ha sido incesante en la
V I A J E S D E L I N F A N T E D. P E D R O D E P O R T U G A L
15
P e n í n s u l a la impresión del librito, favorecido como pocos
por la d e m a n d a y consiguiente aceptación popular , c o r r o b o r a
al mismo tiempo el supuesto de p r i m a c í a castellana. B r u n e t ,
p r o b a b l e m e n t e guiado por B a r b o s a (1), denunció una impresión hipotética en Lisboa el año 1554. L a s t r a d u c c i o n e s de la
composición del v e r d a d e r o ó supuesto G ó m e z de San E s t e ban, Sant E s t e v a n , Santisteban, Santo E s t e v a o , empezaron
en P o r t u g a l hacia 1644, un siglo después de c o r r e r p o r e s t a
parte.
A tales c i r c u n s t a n c i a s , j u n t a s con las del estilo prosaico y
escaso v o l u m e n , o b e d e c e r í a la decisión de incluir al folleto,
á la p a r de las historias imaginarias y r o m a n c e s de c i e g o , en
la l i t e r a t u r a v u l g a r , llamada de cordel, á lo que p a r e c e , por
la práctica de exhibirla los v e n d e d o r e s en una c u e r d a tendida
á lo l a r g o de las p a r e d e s de los edificios (2).
P o r todas ellas, en conjunto, no o b s t a n t e la repetición, ha
pasado i n a d v e r t i d o de los historiadores críticos de n u e s t r a lit e r a t u r a (3), bien que otros de más fuste en el g é n e r o de viaj e s e s c a p a r o n á su diligencia; p e r o aun de los recopiladores
especialistas en la m a t e r i a ha sido desconocido ó menospreciado (4), sin lo cual p a r e c e r í a cosa e x t r a ñ a que papel tan
m a n o s e a d o por el vulgo se eclipsara á la vista de los doctos.
(1) Manual dii Ubrairc—-París,
1S61.
(2) «Puede l l a m a r s e con propiedad (escribía D. Pascual de Gaj-angos en el Catálogo citado) historia de cnerda ó de esquina; historia rie plaza la l l a m a b a un
crítico del reinado de Carlos III.» D. Marcelino Mcnéndez y Pelayo confirma la
dicción (Obras de Lope de Vega, publicadas
por la Real Academia
Española,
tomo XIII.—Madrid, 1892, pág. L X X X VI), enseñando que -una redacción prosaica
que en F r a n c i a forma p a r t e do la librería popular, de lo que allí se llama bibliotlieque hlciic, se n o m b r a entre nosotros literatura
de cordel.-' En P o r t u g a l es
común tal denominación según los a u t o r e s , Oliveira Martins, Michaelis de Vasconcellos, Sousa V i t e r b o , D . F . , A. B a r a t a . Livrcs populaires
de
Colpor/agc,
dice el Sr. W c n t w o r t h W e b s t e r , se nombran en F r a n c i a los folletos de este género expedidos en los mercados de aldea por los buhoneros, y existe allí compilación, que elogia, con título de Histoire des Livrcs Populaires ou de la Littérature
de Colportage
depuis le XV siecle, por M. C h a r l e s Nisard. — P a r í s ,
1854, dos t o m o s .
(3) M. J. T i c k n o r , A m a d o r de los Ríos, Fitzmauricc-lvclly.
(4) D. José de V a r g a s y Ponce, Resumen
histórico de los progresos de la Geografía. Introducción al Derrotero de las costas de España en el
Mediterráneo,
e t c é t e r a , Madrid, 1787, que el a u t o r consideraba primero en Castellano.—D. IsiL
16
V I A J E S D E L I N F A N T E D. P E D R O D E P O R T U G A L
III.
Consideraciones.
¿Existió en el curso del siglo X V relación m a n u s c r i t a en
la que Gómez de S a n E s t e b a n ó cualquiera de los c o e t á n e o s
del I n f a n t e , n a r r a r a las principales ocurrencias de sus viajes,
ó fué la t r a d i c i ó n , a u m e n t a d a y embellecida p o r la poesía,
como d e ordinario s u c e d e , la q u e nos h a t r a n s m i t i d o lo q u e
a n d a b a en l e n g u a s de g e n t e l o n g e v a ?
E s c r i t o no se h a visto h a s t a estos días de c o n s t a n t e r e busca de noticias con que satisfacer á la c u r i o s i d a d ; r e f e r e n cias sí se h a n e n c o n t r a d o , b a s t a n t e s p a r a c o n g e t u r a r q u e en
vida del Infante m i s m o , la leyenda de su p e r e g r i n a c i ó n p o r
lejanas r e g i o n e s , existía.
E l poeta J u a n de M e n a , en su correspondencia epistolar
le a s e g u r a b a :
N u n c a f u é , después ni a n t e ,
•quien viese los atavíos
e secretos de L e v a n t e ,
sus m o n t e s , islas e r í o s ,
sus calores y sus fríos,
como vos, señor Infante.
D e esto á certificar q u e tocó los confines de la t i e r r a no
hay mucha distancia, a n d á n d o l a con buena voluntad , á la que
doro de Antillón, Discurso preliminar á las Lecciones de Geografía, Madrid, 1S04.
— Viajes de Alí Bey el Abassi (D. Domingo B a d í a y Leblich) por A/rica y Asia,
Valencia, 1836.—D. Ricardo B e l t r á n 5' Rózpide. Viajes y descubrimientos
efectuados en la Edad Media en su relación con los progresos
de la Geografía y
de la Historia, Madrid, 1876.—D. Adolfo R i v a d e n e j ' r a , Viaje al interior de Persia, Madrid, 1880.—D. Ángel L a s s o de l a V e g a , Viajeros españoles de la Edad
Media,
BOLETÍN DE LA SOCIEDAD GEOGRÁFICA DE MADRID, tomo X I I , p á g . 2 2 7 , año
18S2.—D. Felipe Picatoste, Apuntes para una biblioteca científica española del
siglo XVI, Madrid, 1891.—D. Acisclo F e r n á n d e z Vallín, Noticias
bibliográficas
de algunas obras de Geografía y viajes, escritas ó publicadas
durante el siglo
XVIpor
autores españoles, Madrid, 1893.—No lo citan.
V I A J E S D E L I N F A N T E D. l'EDKO D E P O R T U G A L
17
a y u d a b a la Crónica del Rey Don Juan II, consignando que
al llegar á la c o r t e de Castilla el año 1428, llevaba empleados
c u a t r o en A l e m a n i a , H u n g r í a , I n g l a t e r r a y otras partes (1),
lo cual r e p e t í a G a r i b a y afirmando venía el Infante de ver las
c o r t e s de los P r í n c i p e s cristianos (2).
Luis de A c e v e d o , c o r t e s a n o p o r t u g u é s que osó defender
la m e m o r i a del vencido en A l f a r r o b e i r a , después de su muert e , escribía (3):
Nam lia reynos en christaos
que ein todos nam andasse.
F u e r a de E s p a ñ a hacía elogio del Infante la Crónica de
Nuremberg,
refiriendo que viajó por casi toda E u r o p a (4), y
en parecidos términos E n e a s Silvio Piccolomini en su o b r a
De Viris Illustribus
(5), á los" que p a r e c e aludir C a m o e n s
c a n t a n d o (6):
Olha cá dous infantes, Pedro e H e n r i q u e ,
Progenie generosa de J o a n n e ,
Aquelle faz que fama ¡Ilustre fique
Uelle en Gemianía....;
Viva se c o n s e r v a b a , p u e s , la t r a d i c i ó n , y no hacía falta
o t r a cosa á cualquiera de los que t o m a b a n por empeño y ocupación el solaz p o p u l a r , que es lo que emprendió el seudo
G ó m e z sin t e n e r que aflojar mucho la rienda á la inventiva á
fin de vestir y e n g a l a n a r lo r e a l ó v e r d a d e r o , p o r q u e en punto
á v i a j e s , modelos tenía A su a l c a n c e , e m p e z a n d o por el de
Benjamín de T u d e l a , en el siglo, X I I , recibido con beneplá-
(1)
(2}
reinos
(3)
(4)
tarem
(5)
(6)
Crónica de Don Juan II, año 1428, cap. X I V .
Compendio historial
de las crónicas y universal
historia de todos los
de España, Ambcres, 1571.—Año 1428, tomo III, pág'. 437.
Doña Carolina Michaelis de Vasconcellos.
Edición de 1493, folio CCXC. Poriiignlia;
la comentó el vizconde de Sanen su Essai sur l'histoire de la Cosiuographie,
etc., tomo III, pág". 231.
Edición de S t u t t g a r t , pág". 44.
Os Luisiadas,
canto V I I I , estrofa 37.
18
V I A J E S D E L I N F A N T E D. P E D R O D E P O R T U G A L
cito del pueblo (1), y el de R u y González de Clavijo en embaj a d a del R e y Don E n r i q u e III de Castilla á T i m u r B e g (14031406), que no quedó á la zaga (2).
E r a n tiempos aquellos, los que c e r r a b a n el siglo X V dando comienzo al s i g u i e n t e , en los q u e , alimentado el a r t e alegórico y desenvuelta la ficción c a b a l l e r e s c a , utilizaba la liter a t u r a el r e c i e n t e p r o g r e s o de la p r e n s a de imprimir p a r a
p r o p a g a r la lectura. L o s libros de a v e n t u r a s p o r t e n t o s a s andaban en valimiento, introducido y a por los a u t o r e s el elem e n t o m o r a l de la G e o g r a f í a , que t a m a ñ a p a r t e alcanzó después en la composición de este linaje de o b r a s , en las cuales
solían r e c o r r e r s e los espacios i m a g i n a r i o s . B u e n a m u e s t r a
ofrece la Crónica del Caballero Cifar (3), con lecciones que
no han de estimarse ociosas a q u í , t o d a vez que no fácilmente
puede v e r s e a h o r a el original.
«Fállase por las estoriás a n t i g u a s que después que se partieron los l e n g u a j e s , comon oystes desir, e comencaron los
gentiles a se d e r r a m a r , e comenco N o e de los a y u n t a r e de
los consejar, e partió el mundo por t r e s tercios e puso términos conoscidos a cada tercio, e partiólos a sus t r e s fijos; e llamo al uno E u r o p a , e al otro Asia, e al otro África. E u r o p a es
el tercio que es a la p a r t e de C i e r c o ; África es el tercio que
es a la p a r t e del Mediodia; A s i a es el medio destos dos tercios, e N o e dio a E u r o p a a Jafe, el fijo m a y o r , e Asia a S e m ,
el fijo mediano, e África a Caín, el fijo m e n o r . E u r o p a es a la
p a r t e del Ciercio, c a t a n d o ornen a O r i e n t e de c a r a , e comien(1) De las peregrinaciones de Benjamín-ben-Jouah (1159-1173) corrieron v a r i a s
relaciones antes que A r i a s Montano publicara en A m b e r e s , en 1575, la que tituló
Itinerayinm
Benjamín
tudelensis judaci, ex hebraico in latinum
Jacio.
(2) Lo dio á luz Gonzalo A r g o t e de Molina en 15S2, con título a r b i t r a r i o de
Vida y hazañas del gran Tainorlan, con la descripción
de las ¿ierras de su
imperio y señorío. Se reimprimió en Madrid en 17S2.
(3) Coronica del muy esforzado y esclarescido Caballero Cifar, en la cual se
cuentan sus famosos fechos de Caballería, por los cuales e por sus muchas
e
buenas virtudes vino á ser Rey del reino de Mentón.
Fue impresa esta, presente historia del Caballero Cifar en la muy leal cibdat de Sevilla por Jacobo Crouberger, alemán. E acabóse a IX días del mes
de Junio, anno de -mil D et XII anuos. Folio, l e t r a de T o r t i s , á dos columnas,
100 hojas.
V I A J E S D E L I N F A N T E D. P E D R O D E P O R T U G A L
19
ca encima del m u n d o , cerca de O r i e n t e , sobre el imperio de
las Insolas d o t a d a s , e viene por las t i e r r a s de los T u r c o s e
por las s y e r r a s de G o d e M a g o d , e por las t i e r r a s de A l a m a ña e de Esclavonia e de G r e c i a e de R r o m a , e por las t i e r r a s
de los Galesos e de los P i c a r d o s e de los B r e g o n e s , e por la
t i e r r a de B r e t a ñ a , e por las t i e r r a s a que disen A l a r q u e b i a ,
que quiere desir la g r a n d t i e r r a , e por la t i e r r a de G a s c u e ñ a ,
e por los A l p e s de B u r d e l , e por las t i e r r a s de E s p a ñ a , e encimase en la isla de Calis que pobló E r c u l e s , en, una iglesia
que es 03' r i b e r a de la mar quando a dos l e g u a s del castillo de
Calis, e fue y librada por mojón, e pusiéronle n o m b r e los que
vinieron después San P e d r o , e nunca este n o m b r e perdió e
disenle a g o r a S á n e t e P e t r e , ca asy gelo m a n d a r o n los o t r o s .
E l tercio de A s y a es p a r t i d o en dos p a r t e s ; la una es a la
p a r t e de O r i e n t e e comienca del rio E u f r a t e s fasta fondón de
E s p a ñ a , e disenle A s y a la m e n o r , e a la m a n o d e r e c h a n d e s t a
Asia es la m a r que disen la m a r de India e en esta A s i a la
m a y o r son las t i e r r a s de I r g e n s e all) llaman Alfares e Alid
e Alindia, e a la p a r t e de Cierco della son las t i e r r a s de Cim,
e a la p a r t e de Mediodía son las de Alcinde e de A l e g a g , e a
la p a r t i d a de los E t i o p e s a que disen Caniculos, p o r q u e comen
a los ornes blancos do los pueden a v e r ; e el rio de E u f r a t e s
p a r t e e n t r e Asya la ma)-or e Asia la m e n o r . E al o t r o cabo
d e s t a A s i a la m e n o r es el Olimio e el d e s i e r t o ; e a3' e n t r e la
t i e r r a de África e el desierto unas s i e r r a s a que disen Girbed a r a n , e tienense con aquellas s i e r r a s unos a r e n a l e s que son
de a r e n a m e n u d a comon el polvo, e con la aveliga del desierto m u e v e n s e los vientos e lancan aquel polvo de un l u g a r a
o t r o , e a las veces fasese muy g r a n d m o t a , que semeja que
alli fue S3'empre e c h a d a ; e cabo este desierto a n d u b i e r o n los
lijos de Israel q u a r e n t a años fasta que llego el plaso a que
Dios quiso que e n t r a s e n en la t i e r r a de C a n a n e a , e poblase la
t i e r r a del fijo de N o e , que es en Asia la m e n o r c o n t r a la p a r t e
de los fijos de I s r a e l , e poblase la t i e r r a de A r a b i a , que es en
la provincia de Meca, e los otros m o r a b a n en t i e r r a de Canan e a , que es la provincia de J h e r u s a l e m . E el o t r o t e r m i n o de
r
20
V I A J E S D E L I N F A N T E D. P E D R O D E P O R T U G A L
África comienca de A l e x a n d r i a con una p a r t i d a de la provincia de E g y p t o , e tiene desde la cibdad de B a r c a , que es en la
p a r t e de O r i e n t e fasta T a n g a d A l a d i a , que es en la p a r t e de
P o n i e n t e , e disenle en ladino M a u r i t a n a , e tiene en anchon
desde la m a r fasta los a r e n a l e s que se tienen con las t i e r r a s
de los E t i o p e s , é son g r a n d e s a r e n a l e s e g r a n d e s s i e r r a s , e
van desde P o n i e n t e fasta en O r i e n t e . E esto destas t r e s partes del mundo fue aqui puesto p o r q u e lo sepan aquellos que
quieren valer mas e p r o v a r las t i e r r a s do se p o d r a n mejor
fallar e mejor b e v i r .
«El rio T r i g r i s es uno de los q u a t r o rios que salen del
p a r a y s o t e r r e n a l : el uno ha n o m b r e Ssison e el otro Gigon e
el otro T r i g r i s e el otro E u f r a t e s , onde dise en el Genes}' que
en el p a r a y s o t e r r e n a l nace un rio p a r a r e g a r la h u e r t a del
p a r a y s o , e p á r t e s e por q u a t r o l u g a r e s que son los q u a t r o rios
que sallen del para}.*so t e r r e n a l , e cuando sallen del p a r a y s o ,
van ascondidos so la t i e r r a e p a r e s c e cada uno allí do nace,
asi comon a g o r a 03'redes. E este rio Ssison c o r r e por las tier r a s de I n d i a , e a semejanca que nace de un m o n t e que ha
n o m b r e O t u b r e r , e c o r r e c o n t r a O r i e n t e é cae en la m a r ; e
Gigon es el rio que disen N i r o j a n d a , e va por t i e r r a de Oriente, e escondese so la t i e r r a , e nace cerca del monte O b l a o n t e ,
el qual disen en a r a v i g o Reblalca m a r ; e después súmese so
la t i e r r a e de si salle e cerca toda la t i e r r a de A n t i o c h i a , e
c o r r e por E g y p t o e alli se p a r t e por seys p a r t e s , e cae en la
m a r que es cerca de A l e x a n d r i a e de Etiopia. E los o t r o s dos
rios que han n o n b r e T r i g r i s e E u f r a t e s pasan por una g r a n d
m o n t a ñ a e c o r r e n por la p a r t e O r i e n t a l de S i n a , e pasan por
medio de A r m e n i a , e v u e l v e n s e amos a dos cerca de una villa
que a n o n b r e A l t a g r a , e disenles entonce L a s a g u a s mistas,
ca c o r r e n mas fuerte que todas las a g u a s mistas del m u n d o .
E después que han a n d a d o m u c h o n , caen en la m a r anciana,
e disen al p a r a y s o t e r r e n a l onde estos rios n a c e n , las yslas
b i e n a v e n t u r a d a s , pero que n i n g u n o non p u e d e e n t r a r al par a y s o t e r r e n a l , ca a la e n t r a d a del puso Dios un m u r o de fue-
V I A J E S D E L I N F A N T E D. P E D R O D E P O R T U G A L
21
g o que llega fasta el cielo. E los sabios antiguos disen que
Ssison es el rio a que llaman A r r i o , al que disen en a r a v i g o
Alluno e en ebraico Nilos; e disen que en el tiempo antiguo
se solie somir e p e r d e r so la t i e r r a e fasia toda la t i e r r a t r e medal, de guisa que non podie ninguno a n d a r sobrella, e que
J o s e p metióla a este rio en m a d r e e guareseio a Nullo e a la
t i e r r a , asi q u e , segund disen, esta es la mas plantiosa t i e r r a
del mundo; e este rio salle de m a d r e dos v e g a d a s en el año e
r r i e g a toda la t i e r r a , e d e m i e n t r a el rio esta fuera de m a d r e ,
andan por barcas de un logar a o t r o , e por esta r a s o n son
todas las villas alearías puestas sobre las a l t u r a s de la tierra.»
No dejarían de servir de n o r m a obras v e r d a d e r a m e n t e
didácticas, cual eran la Suma de Geografía,
de M a r t í n F e r nández de Enciso (Sevilla, 1482); la Imagen
del Mundo, del
m a e s t r o E s t e b a n de R i v a d a b i a , escrita hacia el mismo tiempo,
y la Cosmografía y C a r t a de J e r ó n i m o G i r a v a , algo posterior e s , c o m p u e s t a s que fueron á instancia del 111113? docto é ingenioso señor Gonzalo P é r e z , s e c r e t a r i o del Consejo de E s t a d o
del R e y Católico (1); p e r o m a y o r influencia, en g e n e r a l , y especialmente en lo relativo al L i b r o del Infante D . P e d r o de
P o r t u g a l , debieron ejercer los especiales de viajes, gozando
de crédito por entonces, á m á s de los dos a n t e r i o r m e n t e citados, o t r o s que no por inéditos dejaban de e s t a r al alcance de
los estudiosos, toda vez que componían p a r t e del fondo de
uno de los Colegios ma} ores de S a l a m a n c a ó similares, en su
n ú m e r o , El libro del conocimiento de todos los reinos,
tierras
y señoríos que son por el mundo, que escribió un
franciscano
español á mediados del siglo XIV (2), compendio geográfico
del orbe entonces conocido, comprensivo de r e g i o n e s que se
T
(1) La Cosnwgrapliia
y Geograpliia
del S. ílierouimo
Ciirava,
Tarraconés,
En la qual se contiene la Descripción
de lodo el mundo y de sus parles, y particularmente
de las yndias y tierra nuera. Islas de España y de ¡as otras partes del mundo, con la navegación,
longitud,
latitud, grandeza
y circuito de
todas ellas
En .Milán, 1556, y en Venetia por Lordan Zileti y su compañero.
MDLXX.. En .1.°
(2) Lo sacó á luz con anotaciones y comentarios D. Marcos Jiménez de la E s p a d a en Madrid, 1877.
22
V I A J E S D E L I N F A N T E D. P E D R O D E P O R T U G A L
han creído descubiertas y t r a n s i t a d a s en tiempos muy posteriores, y de interés p r e f e r e n t e en las africanas; Andanzas
e
viajes de Pero-Tafur
por diversas partes del mundo
ávidos,
relación de las ocurrencias y observaciones de un cortesano de
D . J u a n II, noble, rico é instruido que no r e c o r r i ó t a n t o s países
como Clavijo; Italia, J u d e a , C h i p r e , E g i p t o , F r i g i a , G r e c i a ,
T a r t a r i a , Suiza , Alemania , F l a n d e s , B o r g o ñ a
, p a í s e s , en
v e r d a d , menos i n c ó g n i t o s , p e r o que los describió m e j o r , nar r a n d o cuanto i n d a g a b a ó descubría por sí mismo, haciéndolo
con e n t e r a v e r d a d y amenizándolo con tradiciones legendarias ó históricas, en estilo, no y a conciso y monótono como el
del franciscano anónimo, a n t e s bien, movido, i n t e r e s a n t e , delicioso en opinión autorizada; m e r e c e d o r de c o m p a r t i r con el
Diario del embajador de D . E n r i q u e III el principado de nuest r a l i t e r a t u r a geográfica del siglo X V , digno preludio de la
del siguiente (1).
E n la a g r u p a c i ó n e n t r a la Flor de las historias de Oriente , labor de D . F r e y J u a n F e r n á n d e z de H e r e d i a , ilustre
caballero a r a g o n é s , g r a n P r i o r de Castilla y de San Gil, maest r e de la orden de San J u a n en J e r u s a l e m , noble por la cuna,
gallardo por los hechos, docto por los estudios, aplaudido por
sus l e t r a s , quien, al decir del S r . A m a d o r de los R í o s (2), dividió la obra, que m a n u s c r i t a se g u a r d a en la librería del E s corial, en dos p a r t e s , t r a t a n d o en la p r i m e r a de los reinos y
t i e r r a s de O r i e n t e , en situación geográfica, g e n t e s , costumb r e s , ritos, ceremonias, sucesión de los e m p e r a d o r e s y r e y e s ,
3? dedicando la s e g u n d a p a r t e á la T i e r r a S a n t a , con fundam e n t o en la Grant conquista de Ultramar. Comprendió en el
(1) Don Marcelino Menéndez y P e l a y o , Prólogo d la Historia de la
Literatura española de Fit&maurice-Keily,
Madrid, 1901.
Las andanzas c viajes de '.Pero Tafur exhumó también el referido D. Marcos
Jiménez de la E s p a d a , publicándolas con copiosas ilustraciones en el tomo V I I I
de la Colección de libros españoles raros ó curiosos, Madrid, 1S74. Tradujo la
p a r t e r e l a t i v a á los viajes por el Imperio alemán el Doctor Kcnrad H a e b l e r con
título de Peter Tafurs in Deutsclien Reiche in den Jahren 1138-1439 en la Zeitsclirift fur Allgem, Geschichle, etc., 1887.
(2) Historia crítica de la literatura
española, tomo V, Madrid, 1864.
V I A J E S DEL. I N F A N T E D. P E D R O DE P O R T U G A L
23
t e x t o uno de los m o n u m e n t o s que en este g é n e r o de escritos
produjo la E d a d M e d i a , El Libro de Clareo Polo,
ciudadano
de Venecia, cuya p r i m e r a versión española brindaba a n t e s de
a c a b a r el siglo X I V .
T r a d u c c i o n e s latinas, venecianas ó toscanas, p o r t u g u e s a s ,
catalanas, se hicieron p o s t e r i o r m e n t e , repitiendo la n a t u r a l
R o d r i g o F e r n á n d e z S a n t a e l l a , arcediano de R e i n a , en Sevilla, con dedicatoria al Conde de Cifuentes (1); la de F e r n á n dez de H e r e d i a ha permanecido inédita hasta estos días en
los que rediviva ha salido de la i m p r e n t a de Leipzig (2).
Con m a y o r aceptación que cualquiera de los impresos,
circulaba en Castilla, á la vez que el de M a r c o Polo, el Libro
de las maravillas
del mundo y del viaje de la Tierra
Santa
en Jcrusalem
y de todas las provincias y ciudades de las Indias, y de lodos los hombres monstruos
que hay por el mundo y muchas otras admirables
cosas, compuesto por Juan de
Mandavila,
EL
CUAL
ANDUVO
TODAS
LAS
PARTIDAS
DEL
MUNDO.
Luciéronse, cuando menos, t r e s ediciones en V a l e n c i a , en
(1) Cosmografía
introductoria
en el libro de Marco Paulo Véneto, de las
cosas maravillosas
de las partes orientales, y tratado de Micer Pogio, florentino. Impreso en Sevilla por Juan V á r e l a de S a l a m a n c a , 151S, en 4.°
Segunda edición se considera el titulado:
Libro del famoso Marco Polo, veneciano,
de las cosas maravillosas
que
vido en las parles orientales; conviene á saber, cu las Indias, Armenia,
Arabia, Persia y Tartaria;
e del poderío del Gran Can y otros Reyes, con otro
tratado de Micer Pogio,florentino,
c trata de las mcsinas tierras e islas.
Del t r a d u c t o r y de! libro contiene p a r t i c u l a r i d a d e s la Biblioteca
Marítima
de D. M a r t í n F e r n á n d e z de N a v a r r e t e , tomo II, pág. 667.
(2) El libro de Marco Polo. Aus riem veruioclituis
des Dr. Herniann
Kunst
nach der Madrider
handschrift
lierausgegebeu
vou Dr. R. Stuebe. Leipzig,
Dr. Saele, & C", 1902.
P o r las razones antedichas, t r a t a n d o de la Coránica del Caballero Cifar, me
p a r e c e oportuno t r a n s c r i b i r el párrafo primero p a r a que pueda formarse juicio
de la redacción del castellano a r a g o n é s :
«Aqui comienza el libro de Marco Polo, ciudadano de Venecia.
s P r i m e r a m e n t quando hombre c a v a l g a XXX i o r n a d a s del g r a n t desierto, qui
se clama el desierto del Lobo, troba h o m b r e una g r a n t ciudat que se clama la
giudat del Lobo, et aquel desierto d u r a de traviesso X X X iornadas et de luengo
un anyo. E t conviene que h o m b r e lieve con si todo quanto le face menester, car
no se t r o b a res de que pueda bevir. Et trobasse una tal m a r a v i l l a , que si alguno
se a t u r a un poco de entre los otros, oyra bozes que lo c l a m a r a n por su nombre.»
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V I A J E S D E L I N F A N T E D. P E D R O D E P O R T U G A L
los anos 1500, 1531 y 1547, que vinieron á ser fuente de recreación popular, y se concibe: n a d a i n t e r e s a t a n t o como lo
desconocido, y nada impresiona al vulgo más que lo r e v e s t i d o
e n t r e maravillosos misterios. L a obra de Mandavila ó sea del
caballero inglés sir J o h n de Maundeville ó Mandeville, no sólo
vertida al castellano, sino también al francés, italiano y alemán,
después de la aparición original en 1499 cumplía el objeto. Se
explica por el éxito que s u r g i e r a n imitadores, siéndolo A n t o nio de T o r q u e m a d a en el Jardín de flores curiosas,
repertorio de consejas, monstruosidades y casos e x t r a v a g a n t e s , dado
á luz en 1570, en Salamanca, por J u a n de T e r r a n o v a , que no
obstante la calidad de varios de los cuentos de t r a s g o s y aparecidos, por la g r a c i a de los m á s , y la n a t u r a l e z a misma de la
m a t e r i a , consiguió lisonjera acogida; se reimprimió en Castilla, se tradujo al italiano y al francés, y lo fué al inglés p o r
F e r n a n d o W a l k e r con el llamativo título de El
Mandeville
español (1).
(1) The Spanish Maundeville
of Míreteles. London, 1600, en 4.° M. G. Ticknor,
Historia de la literatura
española, edición traducida por D. Pascual de G a y a n gos y D. Enrique de Vedia, Madrid, 1851, noticia que, á p e s a r de h a b e r l a censurado C e r v a n t e s , r e c u r r i ó á ella en busca de hechos y a v e n t u r a s fantásticas r e l a t i v a s á las t i e r r a s de Finlandia é Islandia en la p r i m e r a p a r t e del Persiles.
En Medina del Campo por Cristóbal L a s s o V a c a , año 1599, se hizo edición con
título de Jardín de Flores curiosas, en que se tratan algunas
materias
de
Humanidad,
Philosophia,
Theologia y Geograplna,
con otras cosas curiosas y
apacibles, compuesto por Antonio de T o r q u e m a d a . Dirigido al muy ilustre y reverendísimo Sr. D. Diego Sarmiento de Sotomayor, Obispo de A s t o r g a , etc. V a
necho en seis t r a t a d o s , como a p a r e c e r á en la s e x t a página de esta obra.
Consta, en efecto, la obra de seis coloquios, en cada uno de los cuales son interlocutores Antonio, Luis y
Bernardo.
«El primero t r a t a d o es de aquellas cosas que la n a t u r a l e z a h a hecho y hace en
los hombres fuera de la n a t u r a l y común orden que suele o b r a r en ellos; entre las
cuales h a y a l g u n a s dignas de admiración por no h a b e r sido o t r a s veces v i s t a s ni
oídas.
^El segundo, de propiedades de rios y fuentes y lagos y del p a r a y s o t e r r e n a l ,
y cómo se h a de entender y verificar lo de los cuatro rios que del salen; en que
p a r t e s de las del mundo h a b i t a n cristianos.
»E1 tercero de p h a n t a s m a s , visiones, t r a s g o s e n c a n t a d o r e s , h e c h i c e r o s , brujas, saludadores, con algunos cuentos de cosas acaecidas, y o t r a s cosas curiosas
y apacibles.
»E1 cuarto de qué cosa es fortuna, y caso, y en qué difieren, y qué es,dicha,
v e n t u r a , felicidad y constelación y hado: y cómo influyen los cuerpos celestiales,
y si son causa de algunos daños que vienen al mundo con o t r a s cosas curiosas.
aEl quinto t r a t a de las T i e r r a s Septentrionales y de] crecer y descrecer de
V I A J E S D E L I N F A N T E D. P E D R O D E P O R T U G A L
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T o d a v í a , exclusivamente c o n s a g r a d o s á los S a n t o s lugar e s , de los que casi todos los que van n o m b r a d o s , en a l g ú n
modo t r a t a n , son de a p u n t a r : el r e l a t o de Romería á la Casa
Sania de Jerusalem,
del catalán OH v e r , manuscrito del siglo X V , existente en la Universidad de Barcelona; el Viaje
d Tierra Santa,
siquier p e r e g r i n a c i ó n por B e r n a r d o de
B r e i n d e n b r a c h en 1483, traducido por M a r t í n M a r t í n e z D a m piés, y el del M a r q u é s de T a r i f a , D . F a d r i q u e E n r í q u e z de
R i v e r a en 1519, del cual J u a n de la E n c i n a escribió y publicó, i n d e p e n d i e n t e m e n t e de la relación r o m a n c e a d a , su Tribagia ó Vía Sacra de Jherusalem,
en verso.
D e modo que cualquiera de los eruditos que al mediar el
siglo X V I se propusiera d e s e n v o l v e r y a d e r e z a r la v a g a
tradición del Infante D . P e d r o de P o r t u g a l en lo t o c a n t e
al ver de los atavíos
e secretos de Levanté ,
sus m o n t e s , islas e r í o s ,
sus calores y sus fríos ,
podía c o n t a r con p r e p a r a c i ó n y material sobrado p a r a el lucimiento de la e m p r e s a , y aun con público dispuesto á celebrarla.
El compositor del opúsculo pudo también valerse de la
información oral. E n auto p r o c e d e n t e del A r c h i v o de la Inquisición de V a l e n c i a hay declaración p r e s t a d a a n t e el licenlos días y noches h a s t a el venir á ser de medio año y cómo toda aquella t i e r r a
es habitable y cómo les nace y se les pone el sol y la luna diferentemente que á
nosotros, con otras cosas nuevas y curiosas. .
»E1 sexto t r a t a de m u c h a s cosas a d m i r a b l e s que h a y en las t i e r r a s del Septentrión, de que en estas no se tiene noticiadL a obra fué incluida en el índice e x p u r g a t o r i o de 1667, y, según D. Cristóbal
Pérez P a s t o r (La imprenta
en Medina del Campo), también en los de 1677 y
1790. R e c u e r d a este entendido bibliófilo el curioso escrutinio de los libros de Don
Quijote al citar la Historia del invencible
caballero D. Olivante de Laura, del
mismo escritor. «El a u t o r dése libro, dijo el C u r a fue" el mesmo que compuso á
Jardín de ¡lores, y en verdad que no sepa d e t e r m i n a r cuál de los dos libros es
m á s v e r d a d e r o , ó, por decir mejor, menos mentiroso: sólo sé decir que éste irá
al corral por d i s p a r a t a d o y a r r o g a n t e . *
f
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V I A J E S D E L I N F A N T E D. P E D R O D E P O R T U G A L
ciado P e r o Ochoa de V i l l a n u e v a , inquisidor en la Audiencia
del S a n t o Oficio y certificada por el notario público J u a n L ó pez, á 15 de Mayo de 1514, consignando que: (1)
Luis de Isla, judío n a t u r a l de B u i t r a g o , de oficio hilador
de s e d a , e m i g r ó de E s p a ñ a en julio de 1492 obedeciendo el
m a n d a t o de expulsión g e n e r a l de israelitas. E m b a r c ó p a r a
A r g e l , desde donde pasó á Venecia y G e n o v a , y al cabo de
t r e s años y medio de residencia en a m b a s c i u d a d e s , lo más
del tiempo en la p r i m e r a , se t o r n ó cristiano y dio vuelta á
E s p a ñ a , m o r a n d o sucesivamente en E s c a l o n a , U b e d a , G r a nada, Sevilla, Valencia y A l i c a n t e . E s t u v o b r e v e espacio en
Mazalquivir, desde donde r e g r e s ó á V a l e n c i a , p e r o sin arraig a r en el pueblo; a n d u v o por el de M á l a g a y otros de la costa
hasta que, h u y e n d o de la pestilencia r e i n a n t e (año 1506), tomó
pasaje en C a r t a g e n a p a r a L i o r n a , y ensayó modos de vivir
en R o m a , Bolonia, F e r r a r a , V e n e c i a , Brindisi, A u l o n a , Salónica, Andrinópolis, Constantinopla, Kutiéh, Adalia, el Cair o , A l e j a n d r í a , ciudad la última donde quedó ciego por causa
de c a l e n t u r a s . E n este estado se t r a s l a d ó á Ñ a p ó l e s , Valencia y T o l e d o , en cuya cárcel e s p e r a b a la conclusión del proceso formado por la Inquisición.
N o i m p o r t a b a al T r i b u n a l a v e r i g u a r lo que vio é hizo en
sus l a r g a s caminatas á t r a v é s de las t i e r r a s de E u r o p a , Asia
y África; d e d ú c e s e , sin e m b a r g o , de la d e c l a r a c i ó n , que por
todas estas p a r t e s , especialmente en M a c e d o n i a , e n c o n t r ó
muchos españoles que le valieron, y a dándole ocupación en
fábricas de sedas que habían i m p l a n t a d o , ya utilizándole en
servicio personal. A l de dos c o r t e s a n a s estuvo más de un
año en A l e j a n d r í a , y no e r a n j u d í a s , por c i e r t o , que así lo
e x p r e s a , añadiendo p r o c e d e r la una de V i z c a y a y la o t r a de
Ñapóles.
¡ Qué curiosa relación cabía ilustrar siendo otro el objetivo!
(1) Copia í n t e g r a se ha publicado en el Boletín
Historia.
Año 1S85, t. V I , p á g . 130.
de la Real
Academia
de la
V I A J E S D E L I N F A N T E D. P E D R O D E P O R T U G A L
27
IV.
Fantasías.
D o ñ a Carolina• Michaelis de V a s c o n c e l l o s , insigne escrit o r a , ya citada, al dar á conocer una t r a g e d i a inédita del Condestable D . P e d r o de P o r t u g a l (1), hijo del Infante del mismo
n o m b r e , objeto del trabajo p r e s e n t e , t r a t a n d o del p r o g e n i t o r
á quien por equivocación se había adjudicado la o b r a , y del
libro en su h o n r a elaborado por «el m a y o r artista histórico
que la P e n í n s u l a ha producido en n u e s t r o s días»; esto es,
por el inolvidable Oliveira M a r t i n s (2); t e m e r o s a de que por
la magia de su p a l a b r a lleguen á conseguir aceptación y
a r r a i g o las especies arquitecturadas
por él r e s p e c t o á la ley e n d a de las siete partidas,
quiso elucidar r á p i d a m e n t e el
p u n t o , haciéndose c a r g o del opúsculo designado con el nombre de G ó m e z de San E s t e b a n , en su buen juicio, a b s u r d a lucubración , buena cuando más p a r a figurar enixe los libros
de Caballerías, si su redacción fuera menos prosaica.
P a r é c e l e que en los últimos decenios del siglo X V I , época
por justos motivos fecunda en la p r o p a g a c i ó n de p a t r a ñ a s
históricas y en el invento de apócrifos l i t e r a r i o s , es cuando
la idea de h a b e r corrido el Infante m u c h a s p a r t e s del m u n d o ,
se hizo l e g e n d a r i a , inclinándose á c r e e r que el historiador
que inició la t a r e a de vindicar c a r á c t e r verídico p a r a el
opúsculo c i t a d o , fuera F a r í a y Sousa «uno de los m a y o r e s ,
si no el m a y o r fabulista de la historia patria», pues se adv i e r t e que después que él lo enunció en sus Comentarios
á
(1) Una obra inédita do Condestavel D. Pedro de Portugal.
Publicada en el
Honienaje á Menéndcs y Pelayo en el año vigésimo de su profesorado. Madrid.
1899, 1.1, páginas 637-732.
(2) El gran a r t i s t a histórico le apellidó el mismo Sr. Menéndez y Pelayo en su
estudio de la comedia de Lope de V e g a El Principe
perfecto.
28
V I A J E S D E L I N F A N T E D. P E D R O D E P O R T U G A L
Los Luisiadas,
en el Epítome historial y o t r a s producciones,
los biógrafos del Infante e n g a s t a r o n la fantástica visita á
T i e r r a S a n t a y o t r a s r e g i o n e s asiáticas ó africanas como hechos indiscutibles en la n a r r a c i ó n de los viajes r e a l e s y efect i v o s , invocando el testimonio de la t r a d i c i ó n , t a n t o en tratados de l i t e r a t u r a como en o b r a s de historiografía.
E n c u e n t r o algo s e v e r o el p a r e c e r de D o ñ a C a r o l i n a , no
en cuanto al concepto g e n e r a l del laborioso historiador port u g u é s q u e , en p u r i d a d , solía pecar de crédulo y facilitón; si
en el p a r t i c u l a r de la lej^enda p r o p a g a d a en el A u t o , L i b r o ó
como quiera llamarse al profuso folleto p o p u l a r , á cuya invención debió de ser c o m p l e t a m e n t e ajeno. E n el Tratado
dos descobrimentos
de A n t o n i o G a l v a o , publicado en 1563,
se lee (1):
«No anno de 1428 diz q foy o Infante dom P e d r o a Inglat e r r a , F r a n c a , A l e m a n h a , a casa sancta, & a o u t r a s de aquella bada, t o r n o u por Italia, e s t e v e en R o m a & V e n e z a
etcétera.»
F a r í a y Sousa aceptó la indicación con las s e m e j a n t e s ,
mas no dejó de p o n e r a l g ú n c o r r e c t i v o á las e x a g e r a c i o n e s
del escritor p o p u l a c h e r o . Sus p a l a b r a s en la Europa
portuguesa, son (2):
«Estuvo (el Infante) en la c o r t e del g r a n T u r c o y en la
del Soldán de Babilonia, y ú l t i m a m e n t e en la de R o m a , pontificando M a r t i n o V
E s t a p e r e g r i n a c i ó n , que fué de c u a t r o
a ñ o s , y r a r a de príncipe de E u r o p a , se hizo tan admirable
que vino á ser e x a g e r a d a de algunos escritores de tal man e r a , que no se distingue lo v e r d a d e r o de lo fabuloso, con
que algunos c r e e n poco de las relaciones della p o r q u e no
vieron mucho, y todos menos de lo que pudo ser; porque las
cosas del mundo son r a r í s i m a s
Corrió todas las provincias
del mundo que entonces e r a n d e s c u b i e r t a s , no t r a t a n d o con
(1) T r a n s c r i p t o por el Sr. Sousa Viterbo en su trabajo titulado O
D. Pedro o das sete partidas.
Lisboa, 1902.
(2) Segunda edición, t. II, p a r t e III, cap. I, p á g i n a s 325-326.
Infante
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C i r c e s , Polifemos y m o n s t r u o s de bien soñadas fábulas, más
con P r í n c i p e s y C o r t e s y g e n t e s de v a r i a s policías (1).»
D e m o s t r a d o queda a n t e r i o r m e n t e cómo la tradición dilat a d o r a de las j o r n a d a s del I n f a n t e , mucho antes de los días
de F a r í a y Sousa, p r e v a l e c í a ; en lo que sus libros influyeron
quizá, fué en e x t e n d e r l a a ú n m á s , á todas las provincias,
á
lo que en el opúsculo se denomina las cuatro, las siete, Las
partidas del mundo, frase p r o v e r b i a l desde entonces q u e , si
no me e n g a ñ o , tiene origen en El libro de las maravillas
de
Mandeville, pues que en el frontis se halla e s t a m p a d a .
F o r t u n a t u v o : g e n e r a l i z a d a desde entonces en la P e n í n sula, n ó m b r a s e o das sele partidas á D . P e d r o y por d o q u i e r a
se adopta , inspirando en Italia á Sabbadino la novela 77 figliuolo del re di Portogalo;
sirviendo en E s p a ñ a de estribillo (2), que no desdeñan los conspicuos en la l i t e r a t u r a .
C e r v a n t e s , al escribir las a v e n t u r a s del Ingenioso Hidalg o , introduce en la de la C u e v a de Montesinos la p r o m e s a y
voto «de no s o s e g a r y de a n d a r las siete p a r t i d a s del m u n d o
con más puntualidad que las a n d u v o el Infante D . P e d r o de
(1) Obra citada
(2) Creo equitativo r e c o r d a r lo que de F a r í a y Sousa escribió Lope de Vega
en su Laurel de Apolo:
«Y e n t r e m u c h o s c i e n t í f i c o s s u p u e s t o s
E l i g e n á Fan'a
Q u e en historia y p o e s í a
S a b e n q u e no p u d i e r a
D a r l e m a y o r la lusitana esfera,
A u n q u e d e tantos c o n razón se p r e c i a
Q u e p u e d e n e n v i d i a r Italia y G r e c i a ,
C o m o lo m u e s t r a n h o y t a n t o s e s c r i t o s
Vestidos de concetos inauditos,
E l o c u c i o n e s , frasis y c o l o r e s
F r u t o s d e letras y d e v e r s o s llores.'.
E s de a d v e r t i r que Lope era grande amigo del escritor portugués: dicelo el
S r . Menéndez y Pelayo (Historia
de las ideas estéticas en España,
segunda
edición, tomo III, pág. .510), en semblanza tan donosa como exacta, resumida en
estos términos: «Era h o m b r e de enorme l e c t u r a , de agudo ingenio, de inmensa
memoria v de ningún juicio, cuyos escritos parecen una t o r r e de Babilonia ó un
laberinto cretense.>
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P o r t u g a l (1)». G ó n g o r a las parafrasea con buen h u m o r en el
romance:
«Recibí vuestro billete,
d a m a de los ojos n e g r o s ,
con mil donaires cerrado
y con mil ansias abierto ,
y en fe de los treinta escudos
que en aquel renglón tercero
vienen en un «alma mía»
enmarañados y envueltos,
os envío ese inventario
de las partidas
que os debo
que es como si os enviara
las del Infante
don
Pedro.»
El a u t o r de Estebanillo González pone en boca de este
tipo de la vida picaresca, que haciéndola con comediantes era
descansada «y á costa a g e n a podía v e r las siete p a r t i d a s del
m u n d o , como el Infante de P o r t u g a l (2).»
Sin c a r g a r en la cuenta de F a r í a y Sousa p a r t i d a s de aplicación d u d o s a , figúraseme fácil descubrir en los pigmeos y
g i g a n t e s de G ó m e z de San E s t e b a n ; en los c e n t a u r o s , los
h o m b r e s con c a r a ó voz de p e r r o , los unicornios y los d r o m e d a r i o s , un aire m a r c a d o de familia con los de M a r c o Polo
y M a n d e v i l l e , no siendo menos notable el parecido del r e y
de Babilonia, n a t u r a l de V i l l a n u e v a de la S e r e n a , con el truj a m á n sevillano de que habla Tafur; del P r e s t e J u a n de las
I n d i a s , con el que pintan todos los viajeros, incluso el franciscano a n ó n i m o , p r i m e r o en colocarle definitivamente en
E t i o p í a , á p e s a r de los informes comunicados por Pian de
Carpino y R u i s b r o e k , y , por a b r e v i a r , e n t r e mil coincidencias, las de las descripciones de la M e c a , M o n t e S i n a í , Armenia con el arca de N o é , ríos del P a r a í s o , con lo sabido de
m e m o r i a por los dichos a u t o r e s , especialmente Tafur y Ni-
(1) Don Quijote,
(2) Cap. I V .
segunda p a r t e , cap. XXIII.
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coló de Contó ó C o n t i , cuya relación insertó el p r i m e r o en
la suya (1).
D e A m a z o n a s no hay que hablar: era y siguió siendo tenia
socorrido:
«Griegos ilustres, oid
Un rato la historia atentos
D e esas fieras que buscáis
C o r t a n d o mares i n m e n s o s ;
Esta tierra es T e r n i s c i r a ;
Detrás de este monte excelso,
Corre p o r arenas de oro
El T r e m e d o n t e soberbio.
Aquí una fuerte ciudad
Encierra en m u r a d o cerco
Las bélicas A m a z o n a s ,
Y éste es su origen primero (2). >
Q u e G ó m e z dedicara espacio á los e n t e r r a m i e n t o s y reliquias de los b i e n a v e n t u r a d o s ; que diera c u e n t a de milagros
repetidos por virtud de las de S a n t o T o m á s , S a n t a Catalina
ú o t r o s , se concibe: era tendencia piadosa y nacional. P o r
aquellos tiempos (1423) había hecho D . Alfonso V de A r a g ó n
los imposibles á fin de apropiarse el cuerpo de San Luis,
Obispo de T o l o s a , estimando fuera la joya m á s valiosa del
botín conseguido en el saco de M a r s e l l a , y casos cual el de
los soldados del Maese de C a m p o D . J u a n del Á g u i l a , aguzando el ingenio en N a n t e s p a r a s u s t r a e r un hueso siquiera
de San V i c e n t e F e r r e r , o c u r r í a n á cada paso. T i k n o r , sin
perjuicio de estimar la relación del viaje de R u y G ó m e z de
Clavijo, superior á las de Marco Polo y M a n d e v i l l e , como
inspirada por m e n t e más delicada y c u l t a , á fuer de protest a n t e y racionalista c e n s u r a b a que hubiera perdido sti tiempo
(1) E l viaje de Nicolo Contó
P a p a Eugenio I V , incluyéndolo
rna'. F e r n á n d e z de S a n t a e l l a lo
en Libro ríe Marco -Polo, según
(2) Las mujeres sin iwmbres,
escribió al dictado Carlos Poggio, s e c r e t a r i o del
en su t r a t a d o De Varielate forlitine urbis liotradujo al castellano y añadió por apéndice en
queda expuesto.
comedia famosa de Lope de V e g a Carpió.
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hablando de tales c o s a s ; p e r o de ellas se ocupaban casi todos
los viajeros, y el mismo M a r c o Polo lo hizo de la t u m b a del
incrédulo discípulo de Cristo ( 1 ) , á la que i g u a l m e n t e dedicó
mención Tafur, y que no carece la memoria de a t r a c t i v o dent r o de lo maravilloso acredita el hecho de h a b e r preferido un
literato italiano, en su relación e x t r a c t a d a del opúsculo de
San E s t e b a n , la celebración por el P r e s t e J u a n , de la Misa,
p a r a la cual la mano del S a n t o Apóstol p r o v e í a de vino (2).
L a s e ñ o r a Michaélis de Vasconcellos no ponía en duda que
el glorificador de la ínclita g e n e r a c i ó n de D . J u a n I conociera
p e r f e c t a m e n t e las r a z o n e s v a l e d e r a s p a r a calificar la relación
de n o v e l e s c a , ni que se obscureciera á su perspicacia la impresión de que el n o m b r a d o San E s t e b a n , uno de los doce que
fueron en la compañía del Infante en busca del P r e s t e J u a n ,
escribiera mucho m á s t a r d e , en el siglo X V I , sin h a b e r visto
cosa de los países que r e l a t a , así como tampoco dejaría de
sospechar que G ó m e z fuera á buscar lo positivo de sus descripciones en a n t e r i o r e s e s c r i t o s , cual el de M a n d e v i l l e , con
el cual rivaliza en p a t r a ñ a s , a t r i b u y e n d o en s e g u i d a , por un
proceso n a t u r a l , las a v e n t u r a s y maravillas referidas, al p r e minente e n t r e los viajeros peninsulares del siglo X V . E n su
opinión, si Oliveira M a r t i n s prefirió, á p e s a r de todo, a p r o v e char el opúsculo suprimiendo lo e v i d e n t e m e n t e fabuloso, cor r i g i e n d o al a u t o r donde los elementos exactos lo consentían
y adicionando lo q u e , á su e n t e n d e r , hacía falta, fué p o r q u e
el ideal que le guiaba e r a dar á su historia la unidad sintética
y v i v a , sin la cual no trascienden los libros desde las esferas
e r u d i t a s al t e r r e n o abierto ó c o m ú n de los l e c t o r e s . P o r a m o r
al a r t e estima que el g r a n escritor m o d e r n o henchió con hipótesis las g r a n d e s l a g u n a s que en el s a b e r de la vida del In-
(1) Mucho antes manifestaba h a b e r l a visitado W i l l i b a l d , peregrino inglés en
el siglo A^III, á quien canonizó el P a p a León V I I ; sólo que la pone en la ciudad
fenicia de Edisa, m i e n t r a s que el viajero veneciano la vio en la población del
mismo nombre del Santo, algo al S. de M a d r a s .
(2) G u s t a v o Uzielli, La vita e i tempi de Paolo del Poso Toscanelll,
obra
citada.
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fante q u e d a n , siguiendo los pasos del ingenuo novelador al
r o m a n c e a r h e r m o s a m e n t e su itinerario.
El aliquando bonus dormitat
tiene aplicación más g e neral de la que se piensa. Oliveira M a r t i n s t e m e r í a despojar
al héroe de su libro del brillo que p r e s t a b a á la figura la p e r e grinación á T i e r r a S a n t a no prohijando el e n g e n d r o en que
se s u b s t e n t a b a , y de aquí la resolución de poetizarlo, sin pensar que, no por bella, dejaba de ser la suya o t r a ficción que
añadir á las fantásticas.
H e m o s de seguirle en la a v e n t u r a d a v í a , saltando con
pena los c o m e n t a r i o s , las aclaraciones, los añadidos que constituyen la esencial diferencia con el fabuloso impreso del siglo X V I y proporcionan encanto al n u e v o .
Discutida b r e v e m e n t e la opinión de a u t o r e s coetáneos en
punto á la fecha en que emprendió D . P e d r o los viajes, Oliveira M a r t i n s la adelanta al año 1418, el mismo de la conquista de Ceuta. L l e v a b a el Infante consigo doce c o m p a ñ e r o s en
memoria de los doce discípulos de C r i s t o , s e g ú n declaración
piadosa del cronista. F u e r o n d i r e c t a m e n t e á Valladolid, Corte de Castilla, donde visitaron al Rey D . J u a n I I , entonces
en el período de su minoridad, así como á su amigo y favorito
D . A l v a r o de L u n a , más t a r d e C o n d e s t a b l e , Conde de S a n
E s t e b a n y absoluto g o b e r n a n t e . T u v o el viajero honrosa acog i d a ; recibió p r e s e n t e de 25.000 piezas de o r o , y joya de mayor precio en un i n t é r p r e t e ó lengua llamado G a r c í a R a m í r e z , por su práctica en l a t í n , h e b r e o , t u r c o , caldeo y á r a b e ,
útilísima en las r e g i o n e s que se proponía a t r a v e s a r . El destino inmediato de la j o r n a d a era la C o r t e del E m p e r a d o r Segismundo de H u n g r í a , en los confines de E u r o p a , b a l u a r t e á
la sazón de las naciones c r i s t i a n a s , combatido por los t u r c o s .
Recibido el Infante con los brazos abiertos al p o n e r s e con los
caballeros de su séquito al servicio del E m p e r a d o r , obtuvo
pensión anual de 20.000 florines y el feudo de la M a r c a de
T r e v i s o , ducado fronterizo con la Italia oriental. E n el año
s i g u i e n t e , 1419, e n t r ó D . P e d r o en c a m p a ñ a c o n t r a los husit a s , t o m a n d o p a r t e activa en aquella g u e r r a religiosa que en
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el corazón de Bohemia complicaba la de la invasión m a h o m e t a n a con h a r t a s peripecias, y consumidos c u a t r o ó cinco años
en ellas, d e t e r m i n ó el viajero cambiar de l u g a r .
P r e s u m e el S r . Oliveira M a r t i n s que con el cansancio y
monotonía de obscuras batallas lejos de la patria, influyera la
curiosidad de ver en O r i e n t e las provincias á las que los turcos e x t e n d í a n su g a r r a , y quizá el cristiano deseo de visitar
la T i e r r a S a n t a , en la decisión del Infante, á la que no dejaba
de estimular por otro lado la idea de conocer algo de las r e •
giones distantes del P r e s t e J u a n , cuya leyenda corría por el
m u n d o y a g u z a b a el ansia descubridora de su h e r m a n o E n r i que. E l ' h e c h o es q u e , e m b a r c a d o con dirección á Chipre y
siguiendo el clásico itinerario de los c r u z a d o s , arribó á Nicosia, C o r t e de los L u s i ñ a n e s , donde la R e i n a l a m e n t a b a la der r o t a y prisión en E g i p t o de su marido H u g o I V .
E n el suceso descubre el r e l a t o r la p r i m e r a p r u e b a de veracidad del libro de G ó m e z de San E s t e b a n , que lia sido, dice,
tenido por fábula, mas que á él le p a r e c e admirable h a s t a
cierto p u n t o , lo cual no obsta p a r a que corrija el itinerario
original. ¡ Y qué itinerario el de S a n E s t e b a n ! P o r su lección
d e s e m b a r c a r o n los expedicionarios en V e n e c i a haciendo navegación desde la P e n í n s u l a ; pasaron á Chipre y su capital
Nicaim; siguieron á T u r q u í a , D a m a s c o y T r o y a ; retrocedier o n á G r e c i a por un desierto que d u r a n t e c a t o r c e j o r n a d a s
no m o s t r a b a indicio de población; á lomo de d r o m e d a r i o s y
comiendo de su c a r n e se t r a s l a d a r o n desde allí á N o r u e g a en
ocho días, por lo que se entiende ser los j o r o b a d o s c u a d r ú p e dos tan propios p a r a s a l v a r a r e n a l e s como p a r a c r u z a r enjutos el Báltico y el K a t t e g a t . V i e n e n después á E g i p t o de reg r e s o , a t r a v i e s a n la A r a b i a feliz, pasan el J o r d á n y encuént r a n s e de lleno en el t e a t r o donde se desarrolló el d r a m a sag r a d o de la humanidad.
Bien hizo el eminente literato p o r t u g u é s en prescindir
o t r a vez por completo del t e x t o que e n c a r e c í a , substituyendo
á la p e d e s t r e explicación de ser aquella tierra que mana leche
y miel, lo que á un espíritu privilegiado, con profundo s a b e r ,
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puede inspirar la epopeya del m u n d o , teniendo á la vista descripciones a n t i g u a s y m o d e r n a s (1).
C u e n t a , pues , m a g i s t r a l m e n t e lo que ha sido y es la t i e r r a
de promisión, t a n t a s veces r e g a d a de s a n g r e , introduciendo
á los viajeros, no desde las r e g i o n e s h i p e r b ó r e a s , en las que
el día no alcanza más de cuatro á seis horas de duración en
el i n v i e r n o , s e g ú n el cronista c o n s i g n a , por más s e ñ a s , y él
considera distracción disculpable, sino desde P a t r á s á Const a n t i n o p l a , donde p r o b a b l e m e n t e , s u p o n e , e m b a r c a r í a n p a r a
A l e j a n d r í a , seguirían al C a i r o , que muchos llamaban Babilonia de E g i p t o y de aquí gnm Babilon al Sultán b a h a r i t a ,
pasando á J e r u s a l e m por t i e r r a y camino de las c a r a v a n a s .
Ofrécele la enmienda ocasión p a r a r e s u m i r las historias de
A m u r a t e s , de Saladino, de M a h o m e t
y también p a r a comp r o b a r la exaclidao per [cita da narrativa de Gomes de Santo
Eslevao en p o r m e n o r e s de deformación del cráneo e n t r e los
egipcios y de calidades de las rosas de J e r i c ó , si b i e n , como
es de p r e s u m i r , no i n c l i n e á los de subsistencia de la e s t a t u a
de la mujer de L o t h , que crece y m e n g u a con la luna (2), ni
extiende sus consideraciones con cita de los m o d e r n o s descubrimientos en O r i e n t e , como lo ha h e c h o , con objeto distinto,
D . R a m i r o F e r n á n d e z Valbuena. (3).
Concluida la j o r n a d a l a r g a de los r o m e r o s , t o r n a r o n , cuenta , á E g i p t o por las sierras de A r m e n i a , sin que le o c u r r a
t a m p o c o , como c o m e n t a d o r , objeción que hacer á las dificult a d e s con que t r o p e z a r o n p a r a a p r o x i m a r s e al A r c a de N o é ,
que estaba cubierta de hierbas y de estiércol de a v e s .
E s t a s e g u n d a p a r t e de la expedición p a r e c e al Sr. Oliveira
(1) Cita Itinerario
da Terra Saricía, etc.; por F r . P a n t a l c ó n Daneiro. Lisboa, 1536. Segunda e d i c i ó n . - L a terre saiute on dcscript ion topographíquc
tres
particuliere
des sainéis ¡icit.x & de terre de Promissiou,
etc., par F . E u g é n e
R o g e r . París, 1646.—Pietro dolía Valle, Viaggi, edición de Venecia, 1661.—Renán, Ilistoire da peu pie
d'Israel.
(2) Benjamín de Tudcla no abona la p a r t i c u l a r i d a d ; al contrario, refiere que
si bien tos rebaños que pasan la lamen c o n s t a n t e m e n t e , esta e s t a t u a de sal recrece y se conserva siempre en el mismo estado.
(3) En su obra Egipto y Asiría resucitados.
Toledo 1901, cuatro vol.
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M a r t i n s más obscura que la a n t e r i o r . ¡ Y t a n t o ! T i e n e que
i n t e r p r e t a r l a t r a b a j o s a m e n t e , admitiendo que subieran por
el valle del Nilo acometiendo de n u e v o , pero por mejor cam i n o , la d e m a n d a del misterioso P r e s t e J u a n , y que alcanzaron la ciudad de Assian,
ó sea A s s u a n , al e x t r e m o de la región inferior del r í o . D e s d e allí e n t r a r o n en lo a b s o l u t a m e n t e
desconocido: la t r a v e s í a del desierto de Nínive c r e e p u e d a ser
la de Nubia, y la ciudad de Sabá, S a m h a r a en el litoral del m a r
R o j o , j u n t o al estrecho de Bab-el-Mandeb. Plubieron de cost e a r este m a r por el O r i e n t e h a s t a el m o n t e Sinaí donde está
el t ú m u l o de S a n t a C a t a l i n a , y en cuya descripción reconoce
y confiesa que el cronista mezcló lo fantástico con lo v e r d a dero , en dosis v a r i a d a s .
El libro de San E s t e b a n ( a g r e g a i n g e n u a m e n t e ) , dice todavía que fueron á la Casa de la Meca á v e r el sepulcro del
P r o f e t a , y describe los viajes de D . P e d r o á E t i o p í a , pint a n d o las t i e r r a s del P r e s t e J u a n con los t r a z o s que se encuent r a n en los escritores de la época. N o es creíble que el Infante
llegara á E t i o p í a ni que d e s c u b r i e r a al P r e s t e , pues hecho
semejante no podía p a s a r i n a d v e r t i d o . Sao evidentes
addita'mentos do editor do secuto
XVI.
E n el Sinaí a c a b a , p u e s , la peregrinación , á lo que le par e c e . D o n P e d r o r e g r e s ó por E g i p t o , a t r a v e s a n d o e m b a r c a d o
el M e d i t e r r á n e o ; corrió la E u r o p a de S. á N . llegando, s e g ú n
t r a d i c i ó n , á D i n a m a r c a con objeto de visitar á su a n t i g u o
c o m p a ñ e r o de a r m a s en H u n g r í a . D e allí se t r a s l a d ó á Inglat e r r a y á F l a n d e s ; descendió por H u n g r í a á V e n e c i a , á R o m a ,
C h i o g g i a , F e r r a r a , siguiendo por t i e r r a d i r e c t a m e n t e á E s paña 3' P o r t u g a l , donde descansó de tan p r o l o n g a d a caminata.
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V.
R e a l i d a d de l o s v i a j e s .
D e b í a conocerla bien el Condestable de P o r t u g a l D . Ped r o , hijo del p e r e g r i n o , quien, al e n u m e r a r las v i r t u d e s de
su p r o g e n i t o r escribía:
«Aquel que pasando la g r a n d e B r e t a ñ a y las gálicas y
g e r m á n i c a s r e g i o n e s á las de U n g r i a e de Boemia e de Rosia
p e r v i n o , g u e r r e a n d o c o n t r a los exercitos del g r a n d T u r c o
por tiempos e s t o v o ; e r e t o r n a n d o por la maravillosa cibdat
de V e n e c i a , venido á las ytalicas o esperias provincias escudriño e vido las insignes e magnificas c o s a s , e llegando a la
cibdat de Q u e r i n o tanjo (sic) las s a c r a s reliquias , r e p o r t a n d o
honor e grandissima gloria de todos los principes e re)mos
que vido».
E s t e b r e v e r e s u m e n t r a n s c r i t o por la s e ñ o r a Michaelis de
V a s c o n c e l l o s , le ha servido de base en la j u s t a y elevada crítica que hizo del libro Os filhos de D. Joao I. L a m a r c h a por
I n g l a t e r r a , F r a n c i a , F l a n d e s y A l e m a n i a á H u n g r í a , y de
allí por Italia á E s p a ñ a , está c o m p r o b a d a por los d o c u m e n t o s
que de aquella edad se conocen; solamente de la e n t r a d a en
Rusia (quizá P r u s i a ) no hay constancia. E n los que r e g i s t r a n
hechos del tornaviaje se indica con repetición venir"el Infante
de visitar al E m p e r a d o r S e g i s m u n d o ; mas ni una sola palab r a tienen de referencia á Constantinopla,
Chipre,
Tierra
Santa, Meca, Abasia,
Cairo ú otra cualquier región
africana ó asiática.
Con relación al tiempo empleado en las expediciones, obs e r v a D o ñ a Carolina que cada uno de los que las contaron lo
fué extendiendo á su g r a d o , poco á p o c o , desde t r e s ó cuatro
hasta doce a ñ o s , y que Oliveira M a r t i n s castigó apenas á la
leyenda sin e x t i r p a r l a .
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Se pueden seguir los pasos del viajero á t r a v é s de E u r o p a
desde 1425 á 1428, período r e s t r i c t o d e n t r o del cual no cabría la soñada expedición á O r i e n t e , y r e p i t e que no se ha
descubierto ninguna escritura que p r u e b e la estancia del Infante de P o r t u g a l en el e x t r a n j e r o d u r a n t e los años 1418 á
1424, por lo c o n t r a r i o , existe en la T o r r e do T o m b o una clonación hecha por D . J u a n I en favor de su s e g u n d o g é n i t o
que acredita la permanencia de éste en la patria hasta fines
de 1420. El propio diploma imperial por el que S e g i s m u n d o
le confirió (en Constanza en 1419) la M a r c a T r e v i s a n a , prueba que en el acto de esta m e m o r a b l e acción, mal i n t e r p r e t a d a , seguía t o d a v í a e n t r e los suyos.
S á b e s e , y el propio Oliveira M a r t i n s suministra datos precisos, que el viajero se hallaba en I n g l a t e r r a por S a n Miguel
de 1425, p r o b a b l e m e n t e después de p r o l o n g a d a d e m o r a en
Oxford y en P a r í s ; que a t r a v e s ó por F l a n d e s de 22 de Diciembre del mismo año hasta fines de e n e r o de 1426, tocando
en O s t e n d e , U d e n b u r g , G a n t e y Brujas. E n 1426 y 1427 asistió
á la c o r t e de S e g i s m u n d o , batallando c o n t r a los t u r c o s . E n
la p r i m a v e r a del año inmediato fué obsequiado en V e n e c i a ,
desde d o n d e , por C h i o g g i a , F e r r a r a y P a d u a , llegó á R o m a ,
hallándose en esta capital el 16 de m a y o . D e Italia m a r c h ó
p a r a B a r c e l o n a , donde a p a r e c e en Julio. D e t ú v o s e poco en
A r a n d a del D u e r o , en la c o r t e de su primo D . J u a n II y coloquios con D . A l v a r o de L u n a , y en Peñafiel celebró e n t r e vista con el R e y de N a v a r r a . E n s e p t i e m b r e de 1428 se hallaba de r e g r e s o en C o i m b r a al c e l e b r a r s e los festejos del
casamiento de D . D u a r t e con L e o n o r de A r a g ó n , contrayendo en principios de 1429 su propio consorcio con hija del
último Conde de U r g e l (1). E s t o es t o d o .
P o r diferentes c o n d u c t o s , explorados los más por el r e p e tido S r . Oliveira M a r t i n s , consta haber sido condecorado el
Infante, en I n g l a t e r r a , con las insignias de la orden de la Ja-
(1) L a elegante y escrupulosa e s c r i t o r a cita los documentos que dan testimonio de todos estos hechos.
V I A J E S D E L I N F A N T E D. P E D R O D E P O R T U G A L
39
r r e t i e r a ; que en F l a n d e s asistió á un t o r n e o en B u e r c h ; que
en G a n t e se hospedó en el palacio del D u q u e de B o r g o ñ a ; que
envió l a r g a carta á su h e r m a n o D u a r t e desde Brujas. L l e g ó
á V e n e c i a llevando consigo lucido cortejo de 300 caballeros,
y recibido y alojado r e g i a m e n t e por el D u x , a c e p t ó , e n t r e
diversos p r e s e n t e s , un ejemplar manuscrito del libro de M a r c o
Polo con otros de c a r t a s g e o g r á l i c a s muy e s t i m a d a s .
Menciona Oliveira M a r t i n s e n t r e diversas venecianas la
del mallorquín V a l s e c a (1); A n t o n i o G a l v a o lo hizo de im
m a p a m u n d i que contenía todo el ámbito de la t i e r r a y en el
que el estrecho de Magallanes se n o m b r a b a Cola del Dragón y el Cabo de Buena E s p e r a n z a Frente de África (2), denominaciones copiadas á la letra por F a r í a y Sousa, lo mismo
que la afirmación de haber servido la p i n t u r a al Infante don
E n r i q u e p a r a la empresa de sus descubrimientos (3).
U n a Bula del P a p a M a r t í n V concediendo á los R e y e s de
P o r t u g a l el privilegio de poderse ungir s o l e m n e m e n t e , lo
mismo que los de F r a n c i a é I n g l a t e r r a , a t e s t i g u a la presencia de D . P e d r o en R o m a y en Q u e r i n o , comprobándola en
P a d u a la auténtica de reliquias de S a n A n t o n i o que obtuvo
y trajo.
El S r . G u s t a v o Uzielli, con referencia de otros a u t o r e s
i t a l i a n o s , cuenta que el Infante D . P e d r o fué á F l o r e n c i a en
(1) Una de este cartógrafo firmada en Mallorca en 1439 y que al respaldo tiene
escrito Qucsta ampsa, pesse di geografía fu págala da Americo Vespuci XCCC
ducal i de oro di marco, se conserva en P a l m a de Mallorca en la biblioteca del
Sr. Conde de Montenegro.
Conviene r e c o r d a r que otra c a r t a de Macía de Viladestes construida en 1 4 1 3
que se g u a r d a b a en la Cartuja de Valdeeristi, cerca de Segorbe, según la descripción h e c h a por el obispo A m a t , r e p r e s e n t a b a al P r e s t e J u a n con mitra dorada, poniendo debajo:
' P r e s t e J u a n per la g r a c i a de Deu iermen la fe de J h s x t . e per instigacio e per
molts miracles aqui [ets p e r mon senyor S. T o m a s Aposto!, al dia de v u y es honr a d a la s u a s e p u l t u r a ; c sapiats que el a tan gran poder que negú de si no li poria
teñir camp, sino que el enbargen descrt de s a l v a g e s que i es e a l t r e s montanyes
que Ii sont entorn de la s u a {rentera, en que stan moltes e d i v e r s bisiies leves.>
V é a s e BOLRTÍX DK I.A SOCIKDAD GEOGRÁFICA DI: MADRID, año 188-1, tomo X V I I ,
página 235.
(2) Sousa Viterbo, O Infante D. Pedro.
(3) Europa portuguesa,
tomo IT, p á g . 835.
40
V I A J E S D E L I N F A N T E D. P E D R O D E P O R T U G A L
este viaje de V e n e c i a con objeto de a c o r d a r un t r a t a d o de
Comercio q u e , en efecto, se firmó con g r a n ventaja de la Señ o r í a , y ésta alojó espléndidamente al huésped y le honró
con espectáculos en que se g a s t a r o n más de 2.000 florines de
oro (1).
El paso por Barcelona y Peñafiel, c e r c a de Valladolid,
consignado está por los cronistas del t i e m p o . D o c u m e n t o s
históricos son, p u e s , los que r e s p o n d e n á la frase entusiasta
de Oliveira M a r t i n s , Vira, pode dizer-se, o mundo
inteiro.
VI.
Mil a ñ o s antes.
V I A J E S D E L A MONJA
ETÉREA.
El literato italiano S r . G a m u r r i n i , descubrió en A r e z z o y
dio á luz en 1884, relación incompleta, pero i n t e r e s a n t e , de un
viaje hecho en peregrinación á T i e r r a S a n t a , á mediados del
siglo I V . F a l t a b a n al original e n c o n t r a d o las p r i m e r a s y últimas hojas, en las que es de p r e s u m i r c o n s t a r a el n o m b r e del
autor; en las r e s t a n t e s , escritas en latín, si v u l g a r é ingenuo,
no desprovisto de a t r a c t i v o , tal nombre no a p a r e c e , advirtiéndose tan sólo por el t e x t o h a b e r sido t r a z a d a s por mano de
una religiosa que, partiendo del e x t r e m o occidental del imperio r o m a n o , de provincia lindante con el m a r , no d e s i g n a d a
t a m p o c o , se encaminó hacia el opuesto confín de O r i e n t e ,
ávida de conocer los l u g a r e s s a g r a d o s de que hablan el An(1) G u s t a v o Uzielli. Paolo dal Pozzo Toscanelli,
iniziatore
delta
scoperta
d'America.
F i r e n z e , 1892; en 8.°—Es obra distinta de la citada a n t e r i o r m e n t e y
en ella e x t r a c t a también el opúsculo de San E s t e b a n , según edición de Valencia,
sin año de la impresión, y título, Historia del Infante D. Pedro de Portugal,
en
la que se refiere lo que le sucedió en el viaje que hizo cuando anduvo las siete
partes del mundo, compuesto por Gomes de S a n t i s t e v a n , uno de los doce que
llevó en su compañía el Infante,—En
4 . ° , 28 páginas.
V I A J E S D E L I N F A N T E D. P E D R O D E P O R T U G A L
41
tiguo y N u e v o T e s t a m e n t o , é instada por a r d o r o s o celo á r e verenciarlos.
E m p l e ó la viajera unos c u a t r o años en r e c o r r e r á Palestina, Siria y A s i a Menor; hizo mención de visitas á C a p a d o cia, Galacia, Bitinia, Antioquía y Calcedonia, sin que aparezca la del p r i m e r t r a y e c t o desde E u r o p a , que quizá contuvier a n también los folios p r i m e r o s . L a comparación que al atrav e s a r el E u f r a t e s le ocurrió con la impetuosa c o r r i e n t e del
R ó d a n o , hace razonable la presunción de h a b e r realizado el
viaje de ida por la Galia y N o r t e de Italia h a s t a Constantinopla. E n lo que no cabe duda es en h a b e r cumplido su plan
llegando á los t é r m i n o s de Mesopotamia, á la f r o n t e r a de
P e r s i a , consideradas sus propias p a l a b r a s , modo ibi accessus
Romanorum
non est, totum enim illiid Persae
tenent.
L a s indicaciones de buena acogida por doquiera, de salir
á su e n c u e n t r o clérigos y obispos que se complacían en acomp a ñ a r l a , servirla de g u í a s é ilustrar sus observaciones; el homenaje de los monjes colmándola de elogios y bendiciones; las
h o n r a s t r i b u t a d a s por los g o b e r n a d o r e s de las fortalezas, p r e surosos en p r o v e e r l a de escolta de soldados al t r a n s i t a r por
vías poco s e g u r a s ó parajes infestados de m a l h e c h o r e s , r e v e lan en la e x t r a n j e r a s e ñ o r a de alto r a n g o , culta, p r o t e g i d a y
r e c o m e n d a d a de personajes de la c o r t e imperial.
¿Quién e r a , p u e s , la incógnita r o m e r a ?
D i s c u r r i e n d o el S r . G a m u r r i n i sobre el p a r t i c u l a r , y examinando las Memorias del tiempo r e l a t i v a s á Galia y á España, de donde p r e f e r e n t e m e n t e cabe suponer la procedencia de
la religiosa, c r e y ó p o d e r identificarla con la b i e n a v e n t u r a d a
Silvia, h e r m a n a del aquitano Rufino, por e n t o n c e s (hacia el
año 383) persona de influencia en Constantinopla, encabezando en consecuencia el f r a g m e n t o m a n u s c r i t o de A r e z z o con
el título de Sancta Silviae aquitainae
peregrinatio
ad loca
sánela.
A c e p t a d a la hipótesis en carencia de o t r a , por los d a t o s
que la relación del viaje ofrece acerca de los l u g a r e s del culto
c r i s t i a n o , liturgia y disciplina eclesiástica en J e r u s a l e m , de
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V I A J E S D E L I N F A N T E D. P E D R O DÉ P O R T U G A L
filología, de etnología, de cuestiones curiosas de la a n t i g ü e dad, cautivó el escrito la atención de los doctos y de él se hicieron ediciones c o m e n t a d a s en R u s i a , I n g l a t e r r a , A u s t r i a ,
Estados-Unidos de A m é r i c a , y con m á s abundancia crítica en
A l e m a n i a . S e reconoció que en o t r a exposición literaria de
P e d r o , diácono del siglo X I I , Liber de locis sanctis,
publicado por la A c a d e m i a R e a l de V i e n a , se h a c í a n , no sólo referencias claras á la p e r e g r i n a c i ó n aludida, sino que se amplia-,
ban sus itinerarios n o m b r a n d o parajes d i f e r e n t e s , en su núm e r o A n a t o t h , T h e r n e , Cariadiarim, E b r a n , J e r i c ó , E m m a u s ,
N a i m , N a z a r e t , Siquem, T i b e r i a d e s , G e l b o e y Silo.
P a s a d o tiempo en este estado de la investigación, el exam e n de un Códice de los del E s c o r i a l , ha producido luz bast a n t e p a r a modificar las p r i m e r a s suposiciones y a t r i b u i r la
relación del viaje á distinta p e r s o n a l i d a d , con copia de razones que dificultarán m u c h o la contradicción si otros documentos de comparable a u t o r i d a d no se d e s c u b r e n .
C o r r e s p o n d e al R v d o . P . D o m . Mario F e r o t í n , de la a b a d í a
de F a r n b o r o u g h , la demostración, si así puede decirse, de h a b e r
sido una española, a b a d e s a ó simple religiosa nacida en Galicia, á orillas del A t l á n t i c o , la v e r d a d e r a a u t o r a de la Peregrinatio
ad loca sánela. P e r t e n é c e l e el descubrimiento del
n o m b r e , p a t r i a , calidad y circunstancias de la intrépida expedicionaria explicadas en r e c i e n t e estudio (1).
E l Códice escurialense referido ( s i g n a t u r a a, II, 9.) de la
e r a 992, ó sea año 954, fué donado por D . J o r g e de B e t e t a al
R e y F e l i p e II, quien m a n d ó g u a r d a r l o donde está. U n a copia
confrontada cuidadosamente por el R v d o . P . A m b r o s i o A n t o lín, bibliotecario del M o n a s t e r i o , y testimoniada con fotogra-
(1) Le vevitable
auíeur de la Peregvinatio
Silviae.
La vieyge
espagiio/e
Etheria, par Dom. .Marius F é r o t i n , O. S. B . de l ' A b b a y e de F a r n b o r o u g h . Revue
des questions hisloriques.
P a r í s , 1903.
E l a u t o r hace reseña bibliográfica de las publicaciones á que h a dado origen
la p r i m e r a del Sr. G a m u r r i n i , y con g r a n erudición desarrolla el estudio de las
cuestiones que e n t r a ñ a n h a s t a finalizar la demostración dicha, con la que conforma, empleando especulaciones distintas, el R v d o . P . Dom. A. L a m b e r t . d e la abadía de San Martín en l-].erck-la-Ville (Limbourg).
V I A J E S D E L I N F A N T E D. P E D R O D E P O R T U G A L
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fía del folio p r i m e r o , ha servido al S r . F e r o t í n , aunque no
sola, pues el Códice le p a r e c e ser el mismo e n c o n t r a d o en
Oviedo por el cronista A m b r o s i o de Morales d u r a n t e el viaje
que hizo á las iglesias de L e ó n , Galicia y A s t u r i a s , y no es
único: el P . F l ó r e z conoció dos traslados cuando m e n o s ; uno
de C a r r a c e d o sin fecha; otro del cabildo de T o l e d o , escrito en
902, comunicado por el P . Burriel, que a c t u a l m e n t e existe en
la Biblioteca nacional.
Contiene el volumen diversas producciones de V a l e r i o ,
monje solitario del V i e r z o (Burgidense
terriiorium),
cuya
vida estuvo dedicada á la contemplación, al estudio y á la enseñanza cristiana, y e n t r e aquéllas se nota una epístola en
elogio de la b e a t a E t é r e a , e v i d e n t e m e n t e la p e r e g r i n a á Tier r a S a n t a de que v a m o s t r a t a n d o (1).
C o m p a r a d o s los t e x t o s , a d v i é r t e n s e v a r i a n t e s ocasionadas
p r o b a b l e m e n t e por escasa fidelidad de los copistas, que alter a n el n o m b r e de la p e r e g r i n a en las formas E t h e r i a , E c h e r i a ,
E i h e r i a y E g e r i a , dicción, la última, r e p e t i d a en los catálogos
de manuscritos de San Marcial de L i m o g e s , r e d a c t a d o s en el
siglo X I I I . El P . F e r o t í n se inclina á elegir con preferencia
e n t r e las lecciones, que en suma sólo a l t e r a n la s e g u n d a l e t r a
del n o m b r e , la de E t h e r i a , que hoy se escribiría en castellano
E t é r e a como d e r i v a d a de é t e r , equivalente á Cielo.
Objeto de la epístola laudatoria del e r e m i t a V a l e r i o , era
p r e s e n t a r y ofrecer á la consideración de los monjes leoneses,
el ejemplo elocuente de una débil doncella cuyo tesoro rico
de fe, de caridad, de e s p e r a n z a 3' de t e m o r de Dios, no meng u ó en los m a r e s t e m p e s t u o s o s ó en los a r e n a l e s d e s i e r t o s , ni
(1) Hállase la epístola al folio IOS en la numeración p r i m i t i v a del Códice del
Escorial, y la d a t a de éste se declara al 132 diciendo: In lesu Ctiristi
nomine
explicitus
esl codix (sic) iste a notario loannes indigno in era DCCCCet nonagésima secunda idas Martias,
regnante
rex Ordonio in Legioue,
comitcni
vero Fredenando
Gundisalbiz
in Castella.
E m p i e z a el texto: Incipit vita et epístola beatissimae
Etherie
laude conscripta fratrum
Bergendensium
a Valerio
conlala.
A c a b a : Finit. Expiicit epístola de laude Etheria
virginís.
L a publicó el P. F l ó r e z en La España Sagrada, tomo X V I , 2.'" edición, 1787,
páginas 366-370.
1
44
VIAJES DEL I N F A N T E D. PEDRO DE PORTUGAL
en modo alguno le afectaron la c o r r i e n t e de los r í o s , la aspereza de las m o n t a ñ a s , el implacable furor de tribus impías, la
fatiga, la intemperie, la privación de toda comodidad, debiendo causar r u b o r á los h o m b r e s el r e c u e r d o de esta v e r d a d e r a
hija de A b r a h a m adquiriendo p a r a su cuerpo delicado la r e sistencia del hierro con sólo el pensamiento de r e c o m p e n s a ;
que en absoluto renunció al descanso t e r r e n a l por alcanzar
la palma de la victoria en el reposo e t e r n o ; que se hizo voluntaria p e r e g r i n a en el suelo á fin de participar de la herencia del reino celestial.
A l desarrollar la tesis, teniendo sin duda á la vista el escrito original de E t é r e a , amplía en su c a r t a el f r a g m e n t o publicado por el Sr. G a m u r r i n i , contando cómo la expedicionaria, caminando á los confines del m u n d o , visitó los l u g a r e s del
n a c i m i e n t o , de la pasión y de la r e s u r r e c c i ó n del S a l v a d o r .
Con audacia singular — dice — corrió provincias, visitó ciudades , escaló m o n t a ñ a s , proponiéndose o r a r a n t e los sepulcros
de los m á r t i r e s . Quiso ver los monasterios famosos de Tebaid a , llegando á las « e r g á s t u l a s » de los a n a c o r e t a s . Siguió á
t r a v é s de E g i p t o los movimientos del pueblo h e b r e o ; a d m i r ó '
las maravillosas construcciones de aquellas ciudades; Alejandría, R a m e s e s , Menfis, Eliópolis; las condiciones de la t i e r r a
de G e s e n , la fertilidad de las r i b e r a s del Nilo
Ascendió á
la cima elevada de Sinaí, sosteniéndola el a r d o r de su fe; subió asimismo al m o n t e N e b o (Nabcui),
desde el que Moisés
avistó la t i e r r a de promisión antes de ser a r r e b a t a d o por los
ángeles; al F a r a n , al H e r m o n , al T a b o r , á los que en la cumb r e tenían iglesias ú o r a t o r i o s . E n Sedima (la a n t i g u a Salem)
e m o s t r a r o n las ruinas del palacio de Melquisedec; en el Jordán, en las cercanías del M a r M u e r t o , vestigios v e n e r a b l e s .
Contempló en H a r r a n la estancia del p a t r i a r c a ; en E d e s a
(Orfa) las s e p u l t u r a s del A p ó s t o l S a n t o T o m á s y del R e y
A b g a r ; en Seleucia la de S a n t a T e c l a .
P o r a b r e v i a r , p e n s a b a V a l e r i o que su heroína conoció (otius muncii itinera ; que llevó á cabo el inmenso t r a y e c t o del
orbe (intrépido cor de inmensum
totius orbis arripuit
iter),
V I A J E S D E L I N F A N T E D. P E D R O D E P O R T U G A L
45
expresiones que en su tiempo pudo t r a z a r con h a r t a más razón
que el S r . Oliveira M a r t i n s la de Vira, pode diser se, o mundo inteiro, aplicada á su objetivo, el infante D . P e d r o de P o r tugal.
N o poco ensancha la epístola valeriana las noticias contenidas en el manuscrito de A r e z z o , mas si bien sirve p a r a confirmarlo con la conformidad en la d a t a , en el punto de p a r t i d a
3' a l g u n a de las e t a p a s , m u e s t r a ser escasos t o d a v í a los d a t o s
r e l a t i v o s á los viajes de E t é r e a , y que e r a n muchos m á s los
e x t r a v i a d o s ó perdidos. F a l t a n los de las navegaciones', los
r e f e r e n t e s á las c a m i n a t a s por E g i p t o , la P e n í n s u l a a r á b i g a ,
I d u m e a y A s i a m e n o r ; el de vuelta desde Constantinopla á
esta p a r t e con objeto de buscar en Efeso las huellas de San
J u a n e v a n g e l i s t a ; la n a r r a c i ó n de e n c u e n t r o s azarosos con sar r a c e n o s 3' m a l h e c h o r e s ¡saurios; falta, en fin, la correspondencia enviada á sus h e r m a n a s de religión en E s p a ñ a , con
p o r m e n o r e s suprimidos en la descripción del viaje, de todo lo
cual quedan referencias ó alusiones en los folios conocidos y
más hacen sentir la desaparición de los c o m p l e m e n t a r i o s .
Sospecha el P . F e r o t í n que la viajera no r e g r e s a r í a á su
r e t i r o , y que de hacerlo no sería p a r a vivir en paz, pues invadida la Península en 409, poco tiempo bastó á los alanos, vándalos 3' suevos p a r a d e v a s t a r l a , d e s t r u y e n d o vidas y viviendas: ¡qué mucho que los papeles escritos t u v i e r a n igual s u e r t e !
T a m b i é n c o n g e t u r a que habiendo nacido en la r e g i ó n Nor o e s t e de E s p a ñ a el g r a n Teodosio y llevado la familia á
Constantinopla al ser elevado al solio imperial de O r i e n t e ,
pudo t e n e r relación de p a r e n t e s c o ó de amistad con la r o m e r a , y que en otro caso la a r r i b a d a á Bizancio de una conter r á n e a de sus condiciones poco después del año 380, b a s t a r í a
p a r a que en aquella c o r t e e n c o n t r a r a - p r o t e c t o r e s .
O p o r t u n a m e n t e r e c u e r d a el erudito i n v e s t i g a d o r que visit a r o n á Palestina en aquellos días el cronista Idacio 3' los p r e s bíteros A v i t o y P . Orosio (1).
(1) F l ó r e z , La España
Sagrada,
tomo XV, segunda edición, p á g . 374
46
V I A J E S D E L I N F A N T E D. P E D R O D E P O R T U G A L
VIL
El opúsculo de G ó m e z de S a n E s t e b a n .
A título de curiosidad r e c r e a t i v a t r a n s c r i b o , al a c a b a r , la
o b r a atribuida á uno de los c o m p a ñ e r o s del Infante D . P e d r o
el de las P a r t i d a s , que a n d u v i e r o n con él á las v e r , no como
apareció en el siglo X V I y al público b r i n d a b a n los ciegos
vestidos con g r e g ü e s c o s y jubón, sino como ha llegado á nuestros días, en los que r e m o z a d o el estilo, c o r r e g i d a s , a u m e n t a das ó disminuidas las maravillosas o c u r r e n c i a s del viaje,
continúan colgándolo del cordel en ferias y m e r c a d o s de p r o vincia, v e n d e d o r e s de capa y de g r a m á t i c a p a r d a s , sin los
g r a b a d o s de m a d e r a , los frontis y colofones, g a l a s del a r t e
primitivo tipográfico, sustituidas p o r g r o s e r a s viñetas.
L a s m u e s t r a s adjuntas c o r r e s p o n d e n á las dos últimas ediciones que conozco; de Madrid la u n a , en 1893; de P o r t o la
c o m p a ñ e r a , de 1882 (1). L a reproducción en p á g i n a s p a r e a d a s
consentirá a p r e c i a r á p r i m e r a vista las diferencias y t e n e r en
cuenta la declaración de ser los p e r e g r i n o s vasallos del R e y
de Castilla y de L e ó n ; la circunstancia de e s t a r e n d e r e z a d a á
D . J u a n l l la c a r t a del P r e s t e J u a n , con todas las d e m á s de
redacción que indujeron al S r . Oliveira M a r t i n s á admitir que
p o r a u t o r castellano debió de e s t a r escrito el original.
(1) Débola á la buena amistad y deferencia del Sr. Sousa Viterbo, repetidamente citado.
48
V I A J E S D E L I N F A N T E D. P E D R O D E P O R T U G A L
HISTORIA
DEL
INFANTE DON PEDRO DE PORTUGAL
[I LA QUE SE-REFIERE LO QUE LE SUCEDIÓ E» EL VIAJE QUE HIZO ALREDEDOR DEL HUNDO
ESCRITA POK
GÓMEZ
DE
SANTISTEBAN
Uno de los que llevó en su Compañía.
Madrid.—Despacho:" H e r n a n d o , Arenal, 11.—1893.
( T r e s pliegos, 24 páginas).—Es propiedad.
CAPITULO PRIMERO.
Cómo-el
de Bar
de ver
á sil
infante D. Pedro de Portugal
se partió de la villa
celos á tomar la bendición de su padre, con designio
todas las partes del mundo, y de cómo dio principio
jornada.
El infante D . P e d r o fué hijo del r e y D . P e d r o de P o r t u gal, p r i m e r o de este n o m b r e . D e s e a b a con ansia r e c o r r e r el
mundo y v e r cuanto en él habia. D o m i n a d o ú n i c a m e n t e por
t a n irresistible deseo, d e t e r m i n ó , pues, e m p r e n d e r este viaje,
p e r o no quiso hacerlo sin recibir antes la bendición p a t e r n a l .
Hizo p r e v e n i r lo necesario, eligiendo doce de sus mejores
criados que le acompañasen en tan dilatada como a r r i e s g a d a
expedición. Salió de la villa de B a r c e l ó s , donde r e s i d í a ,
dirigiéndose á la c o r t e , y habiéndose p r e s e n t a d o á su p a d r e y
manifestado el designio que le conducía, le pidió su beneplácito y bendición p a r a e m p r e n d e r aquella j o r n a d a . Mucho lo
V I A J E S D E L I N F A N T E D. P E D R O D E P O R T U G A L
49
LIVRO
no
INFANTE D. PEDRO DE PORTUGAL
0 OJAL AHBOU AS SfíE PARTIDAS DO MUNDO
FF.ITO POR
GOMES
DE
SANTO
ESTEVAO
Um dos doze que foram na sua companhia.
2.
a
cdi£ño da Bibliotheca pai-a o p o r o .
V e n d e - s e na üvraria d e J. E. da Cruz, Coutinho, 1882. Porto.
Iniprensa
Commercial , Rúa dos L a v a d o u r o s ,
De como o Infante D. Pedro de Portugal partiu
de Barcellos, para ir ver as setc partidas do
16.
da villa
mundo.
O infante D . P e d r o foi fllho d'el-rey D . J o a o , o primeiro
d ' e s t e n o m e , o qual era conde de B a r c e l l o s , e foi muito desejoso de v e r t é r r a s . T e n d o d e t e r m i n a d o ir ver as sete p a r t i d a s
do m u n d o , sahiu um dia á t a r d e com os s e u s , e s t a n d o em
B a r c e l l o s , que foram s e t e d i a s ; depois de t e r companhia p a r a
s a b e r as p a r t i d a s do m u n d o , entao se lhe offereceram muitos
p a r a ir com e l l e , m a s nao quiz levar comsigo senao doze
c o m p a n h e i r o s , em l e m b r a n c a dos doze A p o s t ó l o s , com elle
t r e z e , como Nosso S e n h o r J e s ú s C h r i s t o com os seus discípulos. P a r t i m o s de Barcellos, p a r a pedir licenca a el-rei de
P o r t u g a l seu p a i , que lhe pezou muito de que seu filho quizesse passar aquellas p a r t e s : mas emíim lhe deu licenca com
muito g r a n d e t r i s t e z a , e lhe deu doze mil pegas d ' o u r o .
50
V I A J E S D E L I N F A N T E D. P E D R O D E P O R T U G A L
sintió el r e y por v e r se iba á e x p o n e r á un viaje tan l a r g o y
peligroso; p e r o no pudo menos de condescender á los r u e g o s é
instancias que le hizo su hijo; y después de h a b e r l e p r o d i g a d o
los sabios y saludables consejos que le dictó su prudencia,
dispuso que le e n t r e g a r a n veinte mil doblas de oro y u n a
porción de j o y a s de inestimable v a l o r , despidiéndole con su
bendición.
P a r t i ó en seguida el infante p a r a Valladolid á despedirse
de su primo el r e y D . J u a n II de Castilla, quien a p e n a s supo
de su llegada salió á recibirle; y e n t e r a d o de la intención que
l l e v a b a , m a n d ó darle cien mil escudos de oro y un faraute ó
i n t é r p r e t e de l e n g u a s que le a c o m p a ñ a s e en su j o r n a d a , llam a d o G a r c í a R a m i r e z , después de lo cual se despidieron afect u o s a m e n t e , y el infante dio principio á su deseada e m p r e s a .
Aquí principia
la relación
de Gomes
Santisieban.
Salimos de Valladolid todos juntos con dirección á Lisboa,
donde p e r m a n e c i m o s cinco dias a g u a r d a n d o viento favorable
p a r a d a r á la vela con una f r a g a t a maltesa , donde debiamos
e m b a r c a r n o s , cuyo viaje hacia á la ciudad de V e n e c i a . E n
efecto, dimos la vela p a r a aquel p u e r t o , al que a r r i b a m o s con
toda felicidad, siéndonos admirable v e r que tan famosa ciudad e s t u v i e r a construida con la m a y o r h e r m o s u r a 3^ uniformidad sobre islotes en medio del m a r , por cuyas calles pasa
el a g u a , }' en las cuales se a d v e r t í a n v a r i a s góndolas que
servían p a r a t r a n s i t a r de unos edificios á o t r o s . E s t a ciudad
está en los dominios de I t a l i a , á quien p e r t e n e c i ó en o t r o
t i e m p o ; luego después se hizo i n d e p e n d i e n t e con g o b i e r n o
republicano. E n el dia p e r t e n e c e o t r a vez á los E s t a d o s de
Italia.
A los n u e v e dias nos volvimos á e m b a r c a r en un navio
holandés que salió p a r a C h i p r e , á donde llegamos sin contratiempo alguno que sea de c o n t a r , después de veinte 3^ siete
dias de n a v e g a c i ó n . N o s dirigimos á la ciudad de N e c a i m ,
V I A J E S D E L I N F A N T E D. P E D R O D E P O R T U G A L
De como o Infante
fazer reverencia
D. Pedro foi a
a el-rei de Castella
51
Valhadolid
seu tio.
D'alli p a r t i m o s p a r a Valhadoliz a fazer r e v e r e n c i a a elrei D . J o a o o s e g u n d o de C a s t e l l a , e como el-rei soube que
seu sobrinho quería passar a l e v a n t e , p a r a s a b e r as p a r t i d a s
do m u n d o , t e v e mui g r a n p r a z e r , e mandou-lhe d a r vinte e
cinco mil p e g a s , e deu-lhe um lingua que se llamava Garda
Ramires,
o qual era prático no latim, g r e g o , h e b r a i c o , chald e o , t u r c o , a r a b i o , i n d i a n o , e o u t r a s m a i s . O dito Garda
Ramires
t e v e g r a n d e p r a z e r por ir c o m n o s c o . F o i el-rei
a c o m p a n h a r n o s até urna legoa de V a l h a d o l i d , e alli se despediu d'elle o infante D . P e d r o .
De como e infante chegou d cidade de
e alli nos
embarcamos.
Venesa,
L o g o fomos nosso caminho direito á cidade de V e n e z a ,
v e n d e m o s as c a v a l g a d u r a s em um l u g a r p e r t o da cidade, emb a r c a m o s em urna ñau na qual passamos até ao reino de Chyp r e , e alli fomos fazer r e v e r e n c i a á r a i n h a da cidade de Nicocia, á qual e s t a v a mui triste por seu m a r i d o , que o tinham
p r e s o os t u r c o s , e dissenos: « A m i g o s , de que g e r a c a o sois?»
F a l l o u Garda Ramires,
e r e s p o n d e u : «Somos vassallos d'elrei de L e a o de H e s p a n h a , e e n t r e nos vem um seu p á r e n t e . »
Disse á r a i n h a : « P r o u v e r a a D e u s . q u e a provincia d'el-rei
de H e s p a n h a e s t i v e r a p e r t o do nosso s e n h o r i o , e nos podér a m o s s o c c o r r e r uns aos o u t r o s ; p o r q u e assim foram os inimigos da fé menos p o d e r o s o s . »
De como partimos de C/iypre, d faser
reverencia
ao gran Turco, á cidade de Mandna.
Alli pedimos licenca p a r a ¡ r a d i a n t e , e fomos á T u r q u í a ,
á cidade de M a n d u a , cuidando achar n'ella o g r a n T u r c o , nao o
52
VIAJES D E L INFANTE D. PEDRO DE PORTUGAL
c o r t e de este r e i n o , con el objeto de t o m a r el pase de aquel
s o b e r a n o ; y puestos que estuvimos á su presencia, quiso enter a r s e de n u e s t r a procedencia y del objeto del viaje que
h a c í a m o s ; á lo cual respondió n u e s t r o i n t é r p r e t e que é r a m o s
vasallos del r e y de Castilla 3^ de L e ó n , en E s p a ñ a , 3^ que el
objeto que nos conducía por aquellos p a í s e s , no era o t r o que
el de v e r m u n d o : mucho se a l e g r ó de esto el r e y y nos dio
pase p a r a p o d e r seguir a d e l a n t e .
Habiéndonos despedido, emprendimos el'camino para
T u r q u í a dirigiéndonos hacia D a m a s c o , en donde entonces r e sidía el principal s o b e r a n o , señor de la media luna ó de medio
m u n d o , al cual nos p r e s e n t a m o s con el r e s p e t o 3- modestia
debida, haciéndole p r e s e n t e quiénes é r a m o s 3' que íbamos per e g r i n a n d o ; e n t e r a d o de ello m a n d ó p a g á s e m o s el t r i b u t o
impuesto á todos los que pasan por sus d o m i n i o s , reducido á
dos escudos de oro por c a d a uno de n o s o t r o s , c i ^ a cantidad
fué satisfecha al m o m e n t o 3 se nos dio el salvo-conducto p a r a
p o d e r t r a n s i t a r sus p r o v i n c i a s , a c o m p a ñ a d o s de e x e a s ó geníz a r o s , con los que p a s a m o s á la g r a n ciudad de T r o y a , que
fué la m á s populosa del m u n d o 3' su fortaleza tan inexpugnab l e , que sería t e m e r i d a d de un ejército n u m e r o s o q u e r e r l a
reducir por la fuerza de las a r m a s en el espacio de diez años
de sitio. D e s p u é s de h a b e r e n t r a d o en tan dilatada población,
fuimos conducidos por n u e s t r o s g u í a s á una p o s a d a , á cuya
dueña nos e n t r e g a r o n por su c u e n t a : allí p e r m a n e c i m o s dos
dias comiendo e n t r e otros manjares c a r n e de d r o m e d a r i o ,
que es la que allí se consume en vez de la vaca y del c a r n e r o ,
hasta que avisamos á los c o n d u c t o r e s queríamos m a r c h a r :
éstos de nuevo se volvieron á e n c a r g a r de nosotros y salimos
de la ciudad con dirección á G r e c i a por un desierto t a n ásper o , y e r m o y solitario , que en c a t o r c e j o r n a d a s que hicimos
no descubrimos el m e n o r indicio de población alguna.
r
A l dia quince de n u e s t r a m a r c h a hallamos un m o n a s t e r i o ,
cuya comunidad era de unos buenos e r m i t a ñ o s ; el p o r t e r o
nos recibió con la m a y o r afabilidad, brindándonos á e n t r a r
en el templo á h a c e r oración , como en efecto por condescen-
V I A J E S D E L I N F A N T E D. P E D R O D E P O R T U G A L
53
acharaos. F o m o s e n t a o á cidade de P a t r a s s o onde elle estav a , e allí lhe fizemos r e v e r e n c i a . P e r g u n t o u - n o s : « D e que
g e n e r a c a o sois?» Fallou o l i n g u a , e'disse que e r a m o s p o b r e s
c o m p a n h e i r o s , e tinhamos v o n t a d e d'ir v e r todas as provincias e reinos do m u n d o ; mandou que p a g a s s e m o s salvo conducto, e nos fossemos com a bencao do C r e a d o r . Alli p a g a mos vinte e seis pecas de o u r o , duas por cada u m , e pedindo-lhc licenca p a r a passar por sua p r o v i n c i a , m a n d o u ir duas
g u i a s c o m n o s c o . E d'alli fomos á cidade de C o n s t a n t i n o p l a ,
que é de cem mil visinhos . P r i m e i r o que e n t r a s s e m o s na cid a d e , a t r a v e s s a m o s t r e s palanques de fosses, e q u a t r o coreas,
p o r q u e se temia do g r a n M e s t r e de R h o d e s , e esta va fortificada de m a n e i r a que nao podesse e n t r a r . Alli nos t o m a r a m
os R e g e d o r e s da c i d a d e , e nos e n t r e g a r a n ! a um estalajadeir o , e foi um companheiro á praca e t r o u x e duas postas de
d r o m e d a r i o , por nao h a v e r vacca n e m c a r n e i r o , e havia
falta de m a n t i m e n t o s ; pedimos licenca aos R e g e d o r e s p a r a
nos i r , p o r q u e nao podíamos sahir sem ella. P a r t i m o s d'alli,
e a t r a v e s s a m o s pela t é r r a dos g r e g o s e m a c e d o n i o s , passamos um d e s e r t o de q u a t o r z e j o r n a d a s , subindo urna g r a n d e
s e r r a , d'onde apparecia a t e r r a de J e r u s a l e m , e a n d a m o s
perdidos muitos dias. Depois c h e g a m o s a una ermida e acharaos n'ella um b e a t o , o qual nos dise fossemos fazer o r a c a o , e
vimos d e n t r o mais de vinte corpos m i r r a d o s . P e r g u n t a m o s
ao b e a t o que homens e r a m aquelles? Disse que e r a m reis e
principes d'aquella t é r r a e depois convidou-nos p a r a c o m e r .
E ao o u t r o dia disse que nao passassemos por aquella t é r r a
da mao e s q u e r d a , p o r q u e e r a do n o r t e da N o r u e g a , onde n a o havia no i n v e r n ó , mais que q u a t r o h o r a s no d i a , e
vinte na n o i t e . P a r t i m o s d'alli por g r a n d e s s e r r a s e d e s e r t e s
cheios de n e v e s , e caminhamos alguns dias con muito t r a b a l h o , assim p o r ' s e r e m pequeños , como pelo g r a n d e frió que
fazia, nao fomos a v a n t e . A n d a m o s t r e s j o r n a d a s de dromed a r i o , que sao q u a r e n t a leguas a j o r n a d a , que a n d a cada um
d r o m e d a r i o , e leva s o b r e si q u a t r o h o m e n s , com todo o necessario p a r a elles, p a o , a g u a , m e l , m a n t e i g a , figos, passas
54
VIAJES DEL INFANTE D. PEDRO D E PORTUGAL
dencia, lo ejecutamos con aquella r e v e r e n c i a debida al religioso s a n t u a r i o : mas ¿cuál seria n u e s t r a admiración y sorpresa al o b s e r v a r a l r e d e d o r de las p a r e d e s , puestos en forma
n a t u r a l , una porción de esqueletos que m a n i t e s t a b a n ser de
g r a n d e s personajes! P o r lo que suplicamos al e r m i t a ñ o que
nos a c o m p a ñ a b a hiciese el favor de explicarnos la causa de
p e r m a n e c e r allí semejantes c a d á v e r e s ; á lo que nos contestó
e r a n todos los r e y e s y príncipes que habian fallecido en aquel
r e i n o , que sólo allí era donde se d e p o s i t a b a n , como p a n t e ó n
destinado al efecto. N o s instó p a r a que e n t r á s e m o s á descansar en el m o n a s t e r i o , lo que a c e p t a m o s con g u s t o , p e r m a n e ciendo allí dos d i a s , en los que nos obsequiaron y asistieron
m u y bien, sin p e r m i t i r que á n u e s t r a despedida se les hiciese
la m e n o r expresión de g r a t i t u d .
C A P I T U L O II.
Como el infante
pasó d Noruega,
ü Babilonia
tierra
Santa.
y después
á la
M u y complacidos nos despedimos de aquellos humildes
e r m i t a ñ o s , quienes nos d e s e a r o n un feliz v i a j e ; é informados
no distar m a s que seis millas de allí una población nos dirigimos á ella, donde t o m a m o s c u a t r o d r o m e d a r i o s y lo d e m á s
necesario p a r a el camino de N o r u e g a , á donde p e n s a b a p a s a r
el infante.
L o s d r o m e d a r i o s llevaban u n a especie de a g u a d e r a s anc h a s , capaces de ir colocados en ellas á d e r e c h a é izquierda
las c a t o r c e p e r s o n a s de n u e s t r a c o m i t i v a : en medio de las
c a r g a s se colocó también la provisión de v í v e r e s de boca
p a r a el viaje, y una g r a n porción de d á t i l e s , p a r a m a n u t e n ción de los d r o m e d a r i o s , cuyos animales caminan sobre veinte
y cinco leguas diarias; siendo su rapidez tal cuando m a r c h a n ,
que es conveniente llevar los oidos t a p a d o s con algodón p a r a
V I A J E S D E L I N F A N T E D. P E D R O D E P O R T U G A L
55
e o u t r a s cousas necessarias, com t r e s ou q u a t r o saceos de
t á m a r a s p a r a comer o d r o m e d a r i o , p o r q u e nao come o u t r a
c o u s a . H a urnas bolas d'algodao p a r a m e t t e r e m nos ouvidos
dos homens que vao n'elles, ao r e d o r das o r e l h a s , p o r q u e se
fossem d'outra m a n e i r a p e r d e r i a m o sentido com o g r a n d e
estroncio que faz o d r o m e d a r i o ; tem feito c e s t o s , como de
a g u a d e i r o s , e em cada cesto vai uní hornera a t a d o pelo corpo, p o r q u e os nao d e r r i b e m com a g r a n d e for^a que l e v a m .
De como fomos
a Babylonia
faser reverencia
ao
granBabylao.
D ' a l l i fomos a Babylonia a p o v o a d a , e fizemos r e v e r e n cia ao g r a n B a b y l a o , que e filho do s u l t a o , o cual p e r g u n t o u
de que g e r a c a o e r a m o s , pois a n d a v a m o s pela provincia sem
licenca, e que dissessemos a v e r d a d e se e n t r e nos vinha alg u m principe ou r e i . F a l l o u o l i n g u a , e disse: « N u n c a D e u s
queira que e n t r e nos venha tal h o m e m . S o m o s p o b r e s companheiros vasallos d'el-rei de L e a o de H e s p a n h a ; é nossa
v o n t a d e ir ao P r e s t e J o a o das I n d i a s . » Mandou-nos que r e p o u s a s s e m o s , que quería ouvir novas d'el-rei de L e a o , p a r a
s a b e r se e r a t a o g r a n d e cousa como se dizia. Alli nos d e t e v e
q u a t o r z e dias, contando-lhe n o v a s do p o e n t e . E entao disse
García Ramircs que nos désse sua licenca p a r a ir adiante,
m a n d o u que fossemos, e que nao p a g a s s e m o s salvo conducto >
por a m o r d'el-rei de L e a o de H e s p a n h a , e ordenou que nos
dessem q u a t r o mil pecas d'ouro.
56
V I A J E S D E L I N F A N T E D. P E D R O D E P O R T U G A L
evitar el zumbido que hace el aire con su velocidad: también
es necesario ir bien sujetados á las a g u a d e r a s p a r a evitar una
caida; pues al q u e , por d e s g r a c i a , llega á suceder e s t o , por
m i l a g r o se libra de la m u e r t e .
Ocho dias caminamos en esta conformidad, al cabo de los
cuales llegamos al reino de N o r u e g a , 0113^0 t e r r e n o fértil
a b u n d a de h e r m o s o s y frondosos árboles, que p r o d u c e n variedad de frutas silvestres: es clima b a s t a n t e sombrío y e x t r e m a d a m e n t e frío á causa de su situación al N o r t e , 3' de no h a b e r
m a s que seis h o r a s de dia y diez 3' ocho de noche: las cosechas
son duplicadas al a ñ o , y los rocíos que caen de continuo son
como las lluvias copiosas en n u e s t r o clima en E s p a ñ a ; motivo p o r qué el infante no quiso d e t e n e r s e mucho tiempo en
aquel país p a r a p a s a r á Babilonia.
A n u e s t r a llegada á tan famosa ciudad p a s a m o s á p r e s t a r
obediencia al g r a n Babilon, hijo del Soldán de E g i p t o , el
c u a l , con la m a y o r s e v e r i d a d nos i n t e r r o g ó de qué nación
é r a m o s , con qué licencia pisábamos sus t i e r r a s , 3^ si e n t r e
nosotros habia algún príncipe ó infante. G a r c í a R a m i r e z le
contestó é r a m o s e s p a ñ o l e s , vasallos p o b r e s del r e y de L e ó n ;
que en n u e s t r a compañía no iba p e r s o n a alguna de las que
p r e g u n t a b a , y que el motivo de p a s a r por sus dominios, era
por ir en r o m e r í a á visitar al P r e s t e J u a n de las Indias.
Con esta relación m a n d ó nos d e t u v i é r a m o s algunos dias,
en los que se le informó de la g r a n d e z a de n u e s t r o s o b e r a n o
con los ritos, c o s t u m b r e s y ceremonias de los países cristianos: con cuya noticia quedó s u m a m e n t e complacido.^mandándonos dar c u a t r o mil doblas de oro y salvo-conducto p a r a
t r a n s i t a r por todos sus E s t a d o s . D e allí salimos p a r a la
ciudad de U r i a n , país donde h a b i t a n los c e n t a u r o s , g e n t e
soez é indómita y sin religión pues cada uno vive en la ley
que le a c o m o d a . E n s e g u i d a a t r a v e s a m o s la A r a b i a Feliz; y
llegamos al rio J o r d á n , donde p a g a m o s un escudo de plata
p o r cada uno; p a s a m o s á N a z a r e t y casa d o n d e vivió N u e s t r a
S e ñ o r a la V i r g e n M a r í a , y habiendo p a g a d o otro escudo de
plata por cada uno, fuimos al castillo de E m a u s ; allí p a g a m o s
VIAJES DEL INFANTE
Como partimos
de Babylonia
D. P E D R O D E
para visitar
PORTUGAL
a Terra
57
Santa.
P a r t i m o s d'alli p a r a a provincia de C e n t u r i o , que nao sust e n t a lei n e n h u m a . E quando nasce urna crianca d'ahi á n o v e
dias lhe poem urna v e r g a de ferro na c a b e c a , e assim lica
com pouco juizo, mas muí forte da cábeca. L o g o fomos p a r a
a t é r r a dos A l a r v e s , que nao t e m povo nem casa nem l u g a r
c e r t o , e de tempo a t e m p o se m u d a m pelas m o n t a n h a s . Com e m c a r n e c r u a e h e r v a s , e andam ñus. Sahimos d'esta gent e , que é sem r a z a o e fomos a A n a m i n s por ver á fonte do
rio J o r d a o , onde S. Paulo foi b a p t i s a d o , e alli p a g a m o s um
cruzado cada um, e g a n h a cada pessoa cem q u a r e n t e n a s de
p e r d a o . D ' a l l i fomos a N a z a r e t h , d ' o n d e foi a linhagem de
Nossa S e n h o r a , e alli p a g a m o s o u t r o cruzado por cada u m .
D ' a l l i fomos ao castello de E m a u s , d ' o n d e sahiu a asninha
em que foi fugindo Nossa S e n h o r a com o Menino J E S Ú S p a r a
o E g i p t o , alli p a g a m o s e n t r e dous um c r u z a d o . E alli fomos
ver a palma, que se baixou á V i r g e m M a r i a , da cual colheu
t á m a r a s p a r a seu Filho; ao pé da palma está urna fonte que
se abriu, da cual bebeu a V i r g e m e S. J o s é . D ' a l l i fomos á
Belém onde nasceu o Menino J E S Ú S , e vimos o presepio onde
foi deitado, e a s e p u l t u r a de S. Jeronj-mo debaixo do presep i o ; p a g a m o s a cruzado cada u m ; ha indulgencias plenarias.
D ' a l l i fomos ao Valle de J o s e p h a t ; a n d a m o s por elle, e vimos a s e p u l t u r a de Nossa S e n h o r a , onde os Apostólos faziam
a vigilia, quando os anjos subiram ao céo, e o moimento ficou
assignalado conforme ao túmulo do corpo; e ficaram ao r e d o r
"as p e g a d a s dos A p o s t ó l o s por m e m o r i a e despedida. E disse
García Ramires:
« A q u i h a v e m o s de ser j u l g a d o s no dia de
juizo. D e i s e m o s aqui um signal onde estamos juntos.» E respondeu D . P e d r o : « N u n c a D e u s queira que taes signaes
fiquem n ' e s t e l u g a r » ; e e s t r a n h o u muito aquellas p a l a v r a s , dizendo que era t e n t a r a D e u s .
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V I A J E S D E L I N F A N T E D. P E D R O D E P O R T U G A L
también medio escudo: después nos dirigimos á ver la palmer a que se bajó haciendo acatamiento á la V i r g e n , al pié de la
cual hay una fuente de a g u a v i v a , que manó p a r a que esta
S e ñ o r a bebiera cuando iba h u y e n d o á E g i p t o con su Santísimo Hijo, 3' su Esposo San J o s é . D e s p u é s pasamos al p o r t a
de Belén , donde nació Cristo N u e s t r o R e d e n t o r , haciéndonos
p a g a r dos escudos p o r cada uno. E n seguida fuimos al V a l l e
de J o s a f a t , cuya llanura es t a n g r a n d e 3^ espaciosa, que sus
confines se pierden de vista en el horizonte, por el cual anduvimos algunos dias: luego pasamos á la g r a n ciudad de J e r u salen, 3^ llevándonos los c o n d u c t o r e s á la callejuela 3* c o r r a l
donde se hospedan los cristianos que c o n c u r r e n á esta población: de allí nos dirigimos al c o n v e n t o de religiosos F r a n c i s cos 3 suplicamos al p a d r e g u a r d i á n hiciese p o r q u e viésemos
el Santo S e p u l c r o ; en efecto, habló á los m o r o s que se hallaban de g u a r d i a , y después de h a b e r p a g a d o siete piezas de
oro por cada uno, nos dejaron e n t r a r : e n s e g u i d a fuimos conducidos al M o n t e - C a l v a r i o , donde p e r m a n e c e n los a g u j e r o s
de las cruces de Cristo y de los l a d r o n e s . P a s a m o s al m o n t e
Olivete, donde el t r a i d o r J u d a s dio paz á su M a e s t r o ; al huerto de J e t s e m a n í ó de las O l i v a s , en cuyo sitio no ha vuelto á
n a c e r 3 erba a l g u n a , viendo también el saúco donde se ahorcó
aquel pérfido discípulo. D e s p u é s nos volvimos á la a n t i g u a
ciudad de J e r u s a l e n , en la que vimos las casas de A n a s y
silla donde se s e n t a b a ; la de Pilatos y su p r e t o r i o , con la
columna en que fué azotado el Señor, donde dimos doce ducados por t o d o s : las ruinas del templo de S a l o m ó n ; la casa
de San J o a q u í n , la m a s conocida en la ciudad por t e n e r los
u m b r a l e s , p u e r t a s y c e r r a d u r a s todo de p i e d r a : la cueva
donde San P e d r o lloró su p e c a d o , p a g a n d o aquí c u a t r o diner o s cada uno: luego p a s a m o s á v e r el sepulcro de A d á n , que
está en el valle de E b r o n : de allí fuimos á ver el tronco donde
se c o r t ó la Cruz en que murió Cristo: el h u e r t o de J e r i c ó , que
está media legua de la ciudad: el m o n t e T a b o r , donde fué
trasfigurado el S e ñ o r y donde fué e n t e r r a d o Moisés, ignorándose el sitio de su sepulcro.
T
T
V I A J E S D E L I N F A N T E D. P E D R O D E P O R T U G A L
De como o infante
D. Pedro enirou na cidade de
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Jerusalem.
D ' a l l i fomos á cidade de J e r u s a l e m , e levando-nos duas
guias ao baixo que assim é chamado Cural, onde m o r a m os
christaos. F o l g a r a m muito de nos v e r , e p e r g u n t a r a m nos de
que t é r r a e r a m o s . R e s p o n d e m o s que e r a m o s vassallos d ' e l rei de H e s p a n h a , queríamos ver o S a n t o S e p u l c h r o . E logo
nos l e v a r a m ao templo, e fazendo o r a c a o , e n t r a m o s a fazer
r e v e r e n c i a ao g u a r d a do mosteiro, em que estao doze frades,
em l e m b r a n g a dos doze Apostólos, e com o g u a r d i a o t r e z e , e
t i v e r a m g r a n d e alegría e consolacao comnosco. Alli soubemos como p o d e r i a m o s v e r o Sepulchro, e foi o g u a r d i a o comnosco onde e s t a v a o m o u r o , que o g u a r d a v a , e lhe demos
v i n t e pecas cada um por ver o S a n t o S e p u l c r h o . E m cima
d'elle estava urna capella em que nao podiam caber mais que
t r e s h o m e n s , a s a b e r : S a c e r d o t e de m i s s a , diácono e subdiácono. D e b a i x o está o S a n t o S e p u l c h r o a t r e s d e g r a u s , ' e ao
t e r c e i r o está o m o u r o que g u a r d a a e n t r a d a á p o r t a de b a i x o ,
e á e n t r a d a hao-de-se a b a i x a r p a r a p o d e r e m e n t r a r , e alli r e cebe cada um dos que e n t r a m urna bofetada por vituperio da
m a o do m o u r o . E m a pessoa e m t r a n d o , c e r r a o m o u r o a
p o r t a por fora com a c h a v e , e como lhe p a r e c a que t e r a o
feito o r a c a o , e visto o S a n t o S e p u l c h r o , a b r e logo a p o r t a
p a r a sahir, e se nao p a g a salario hade soffrer sessenta acout e s mui crueis, dados pelo dito m o u r o .
D'alli fomos ao m o n t e C a l v a r i o , vimos o b u r a c o onde for a m a s s e n t a d a s as cruzes de Nosso S e n h o r J e s ú s C h r i s t o , e
dos dous l a d r o e s . D'alli fomos a casa de A n n á s e onde J u d a s
deu a paz a C h r i s t o , e oitenta passos em comprido do l u g a r
em que lhe deu a paz nunca nasceu h e r v a n e m se viu p ó ; e
toda a t é r r a se t o r n o u em cor de s a n g u e . D'alli fomos a J e r u salem a a n t i g a , onde se t r a t o u a m o r t e de C h r i s t o . D'alli fomos á casa de A n n á s , e p a g a m o s e n t r e todos doze cruzados,
por v e r a cadeira onde A n n á s e s t a v a s e n t a d o . D'alli fomos á
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V I A J E S D E L I N F A N T E D. P E D R O D E P O R T U G A L
P a s a m o s también al desierto donde ayunó el S e ñ o r , en
el cual vimos los sepulcros de D a n i e l , el de J e r e m í a s y el
de Z a c a r í a s , volviéndonos después al convento á despedirnos del p a d r e g u a r d i á n , p a r a e m p r e n d e r el camino de A r menia.
V t A J E S D E L INFANTE D. PEDRO D E PORTUGAL
61
casa de Simao L e p r o s o , onde veio a Madalena com o ungüento com que ungiu os pés a Christo.
Depois fomos a casa de I s a b e l , e s t a v a na r ú a t e n e b r o s a ,
por onde l e v a r a m a J e s ú s Christo com a cruz ás costas,
quando foi a crucificar.
D ' a l l i fomos ao templo de S a l o m a o , e nao nos d e i x a r a m
e n t r a r d e n t r o ; p o r q u e os m o u r o s teem alli a sua m e s q u i t a , e
nao consentem que e n t r e m alli christaos. D ' a l l i fomos ao lug a r onde S. J o a o Baptista fazia oracao e onde d o r m i a , pagamos un c r u z a d o , e é p e r d o a d a a culpa e pena. D ' a l l i fomos á
casa de S. J o a q u i m , pai de Nossa S e n h o r a , e nao ha casa em
J e r u s a l e m mais conhecida, p o r q u e é feita a fronteira de g r a n des e formosas p e d r a s . E d'alli fomos fora da cidade á cova
onde chorou S. P e d r o , e se a r r e p e n d e u , quando negou á
N o s s o S e n h o r J e s ú s C h r i s t o , e p a g a m o s q u a r e n t a dinheiros
cada u m . D ' a l l i fomos a Galilea, onde a p p a r e c e u Nosso Senhor depois que resuscitou, a seus discípulos, e d'alli fomos
ao V a l l e E c r e m , que está a o u t r a meia legua da cidade, o n d e
está e n t e r r a d o A d a o . D ' a l l i fomos ao lugar onde c o r t a r a m a
cruz em que crucificaran! C h r i s t o . E d'alli fomos ao h o r t o de
J e r i c ó , que está a meia legua de J e r u s a l e m . D e p o i s fomos ao
m o n t e T h a b o r , onde foi transfigurado Nosso Senhor diante de
S. P e d r o , S. T h i a g o e S. J o a o ; e quando urna pessoa está em
cima de t é r r a , á qualquer p a r t e que olha vé a t é r r a c o b e r t a
de n e v é , e a p p a r e c e una s e p u l t u r a mui g r a n d e , e quando a
g e n t e c h e g a p e r t o , d e s a p p a r e c e a n e v é e a s e p u l t u r a ; e tornando depois á olhar, logo torna a a p p a r e c e r ; que nao é Nosso S e n h o r s e r v i d o que os homens saibam onde está o corpo
de Moysés. E d'alli fomos ás t é r r a s de A r t a d o r , onde está a
s e p u l t u r a do p r o p h e t a D a v i d . E fomos ao campo G i g a n t e ,
onde está sepultado o p r o p h e t a Daniel. F o m o s ao campo de
J o s a p h a t , onde J e r e m í a s está e n t e r r a d o . E d'alli fomos onde
foi t e n t a d o Nosso S e n h o r , e está ahi sepultado Z a c h a r i a s . E
alli vimos o d e s e r t o onde jejuou o Senhor a q u a r e s m a . E depois fomos ver onde se enforcou J u d a s .
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V I A J E S D E L I N F A N T E D. P E D R O D E P O R T U G A L
C A P Í T U L O III.
Como el infante D. Pedro llega á la Armenia donde se presentó al rey, pasando después d otras
provincias.
E n t r a m o s por las sierras de A r m e n i a , que son las m a s escabrosas y á s p e r a s , pero fértiles al mismo t i e m p o , que h a y
en el m u n d o ; y aunque v u l g a r m e n t e se dice estar los campos
llenos de leche y miel, es la causa de ello el e s t a r plagados de
m u c h e d u m b r e de a n i m a l e s , como son elefantes, camellos y
o t r a infinidad de distintas especies, los que no pudiendo sus
hijos consumir la leche de que a b u n d a n , la v i e r t e n por donde
pasan r e g a n d o la t i e r r a . Son también t a n t o s los enjambres de
abejas de que a b u n d a n los m o n t e s , que pueblan y llenan los
árboles y peñascos con sus p a n a l e s , d e r r a m a n d o tan copiosam e n t e la miel, que c o r r e por v a r i a s p a r t e s ; por lo que con alg u n a razón fundada se dice que aquellos campos e s t á n llenos
de leche y miel.
N i n g u n o de los animales que pueblan aquellas á s p e r a s
m o n t a ñ a s b e b e a g u a h a s t a que viene el unicornio, que por lo
r e g u l a r suele ser al medio dia, h o r a que p o r su instinto saben
t o d o s : al llegar m e t e el c u e r n o ó asta que lleva en la frente,
3^ s e p a r a el veneno que los muchos animales ponzoñosos que
hay, como son d r a g o n e s , s e r p i e n t e s , á s p i d e s , escorpiones y
v í v o r a s de terrible m a g n i t u d echan al a g u a ; . por cuya razón
ningún caminante se a t r e v e á b e b e r í a , teniendo que llevarla
en vasijas, como tuvimos que h a c e r n o s o t r o s .
P o r medio de estas sierras á r i d a s pasa un caudaloso rio, el
cual circumbala dos altísimas m o n t a ñ a s que se descubren desde mas de t r e i n t a leguas por la p a r t e del m a r , sobre cuyas
e n c u m b r a d a s cimas descansa el arca de N o é , la que tiene todos sus costados poblados de j^erbas, verdín y m u s g o , advirtiéndose también e s t a r sus bordes blancos por el estiércol de
la m u c h e d u m b r e de aves que sobre ella p a r a n , y á la que
V I A J E S D E L I N F A N T E D. P E D R O D E P O R T U G A L
Como partimos
de Jerusalem
para a serra de
onde está a arca de Noé.
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Armenia,
L o g o partimos p a r a a s e r r a d ' A r m e n i a , onde está a a r c a
de N o é , e esta é a t é r r a que m a n a leite e mel. O leite é dos
animaes g r a n d e s e p e q u e ñ o s , assim como marfins, camafeus,
búfalos, unicornios, elefantes, c a m e l o s , d r o m e d a r i o s , t i g r e s ,
o n c a s , e outros muitos. A t é r r a é muí abundosa de h e r v a s , e
estes animaes sao tao viciosos, que os íilhos nao poden mam a r quanto leite as maes t e e m , e andando pelo d e s e r t o lhe
a n d a cahindo das t e t a s . E sao tao g r a n d e s as a b e l h a s , que
criam ó mel pelas a r v o r e s , p e n e d o s , e pelas a b e r t u r a s da tér r a , que se d e r r a m a o mel pelo c h a o , por isso se diz que
aquellas t é r r a s m a n a n leite e mel. .
N ' e s t e s d e s e r t o s nao bebem as bestas b r a v a s senao a g u a s
e m b a l s a m a d a s de l a g o s , porque nao ha o u t r a s , as quaes estao
cheias de muitos animaes p e c o n h e n t o s , que n'ella b e b e m é and a m , a s a b e r : d r a g o s , s e r p e n t e s , l a g a r t o s , escorpioes, cobras
e v í b o r a s , que sao chamados v o l a n t e s , p o r q u e dao g r a n d e s
s a l t o s , e tem t r e s v a r a s de c o m p r i d o , e quando q u e r e m morder se l e v a n t a n da t é r r a e saltam muito alto. E poz Nosso
S e n h o r tal g u a r d a e n a t u r e z a nos outros animaes por causa
d ' e s t a s p e c o n h a s , que c h e g a n d o ao r e d o r da a g u a nao ousam
b e b e r d ' e l l a , até que venha o unicornio, e como o v é e m vir,
desviam-se da a g u a , e m e t t e o corno d e n t r o d ' e l l a , e logo os
animaes b e b e m , p o r q u e lica a a g u a livre da p e c o n h a .
E s t a s s e r r a s d ' A r m e n i a sao mui a l t a s , e g a s t a m o s em subil-as dia e m e i o , e por e n t r e as s e r r a s passa un rio mui cor r e n t e , onde se acham p e d r a s preciosas linas; e n t r e estas ser r a s está a t r a v e s s a d a a arca de Noé , e da humidade do rio
estaba a arca c o b e r t a de h e r v a s , e do estéreo das aves está
b r a n c o como a n e v é , e n e n h u m de nos pode c h e g a r j u n t o á
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V I A J E S D E L I N F A N T E D. P E D R O D E P O R T U G A L
nadie p u e d e llegar sin e x p o n e r s e á un inminente peligro por
lo inexpugnable del sitio.
D e s p u é s p a s a m o s á la ciudad de A r m e n i a , que es una de
las mas fuertes y populosas del m u n d o ; á n u e s t r a llegada fuimos p r e s e n t a d o s al r e y , quien nos p r e g u n t ó n u e s t r a p r o c e d e n cia y á qué p a r t e nos dirigíamos; á lo que satisfizo n u e s t r o
i n t é r p r e t e , diciendo é r a m o s vasallos del r e y de Castilla y
L e ó n , en E s p a ñ a , y e n t r e nosotros iba un p a r i e n t e su3^o: que
n u e s t r o viaje se dirigia á v e r al P r e s t e J u a n de las Indias.
Mucho se a l e g r ó el r e y de ello, m a n d a n d o se nos diese m u y
buen hospedaje en su palacio, en el que p e r m a n e c i m o s veinte,
dias por o r d e n suya', en cuyo tiempo se informó de la g r a n d e za de n u e s t r o s o b e r a n o y de la abundancia de sus t i e r r a s . Pasado este tiempo le pedimos su beneplácito p a r a p r o s e g u i r el
camino, y habiéndolo concedido, y después de p r o d i g a r muchos ofrecimientos á n u e s t r o s o b e r a n o el r e y de Castilla y
L e ó n , e n t r e g ó al infante quinientas piezas de oro p a r a a y u d a
del viaje, que e m p r e n d i m o s p a r a Babilonia, en E g i p t o .
H a b i e n d o llegado á aquella ciudad nos p r e s e n t a m o s al r e y ,
y después de h a b e r l e informado G a r c í a R a m í r e z quiénes éramos y á qué provincia nos encaminábamos,- se complació en
c o n o c e r n o s , manifestando ser paisano n u e s t r o , n a t u r a l de
Castilla, hijo del m a e s t r o M a r t i n Y a ñ e z , n a t u r a l de la B a r b a da , y que él habia nacido en V i l l a n u e v a de la S e r e n a ; que con
motivo de h a b e r m u e r t o los m o r o s á su padre., le c a u t i v a r o n
á él siendo niño; y el r e y de G r a n a d a lo p r e s e n t ó al de F e z ,
quien lo crió en su s e c t a ; y sabiendo era hijo de h o n r a d o s pad r e s , apasionados los m o r o s á sus buenos p r o c e d e r e s y disposiciones, le a c l a m a r o n por soldán. E s t e es el motivo, queridos paisanos, prosiguió diciendo, de h a l l a r m e en esta posición en que me v e i s , en la cual os ofrezco s e r v i r todo el tiempo que gustéis p e r m a n e c e r a q u í , s e g u r o s de que n a d a os h a r á
falta. Condescendimos con su solicitud, p e r m a n e c i e n d o á su
lado cerca de un m e s , r e g a l á n d o n o s y obsequiándonos m u y
bien y c u m p l i d a m e n t e .
U n a t a r d e que salimos á p a s e a r n o s por la ciudad, vimos
V I A J E S D E L I N F A N T E D. P E D R O D E P O R T U G A L
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a r c a por causa dos g r a n d e s b o s q u e s , e altas s e r r a s que alli
havia.
De como o infante foi fazer reverencia a el-rei
d''Armenia,
c visitón a casa de Santa Maria
Egypciaca.
D'alli fomos fazer r e v e r e n c i a ao rei dos a r m e n i o s , que
ficou m a r a v i l h a d o , e p e r g u n t o u de que nacao e r a m o s . F a l l o u
Garda Ramires,
nosso l i n g u a , e disse: «Somos vassallos
d'el-rei de L e a o de H e s p a n h a , e e n t r e nos vem um seu pár e n t e . » Elle folgou muito d'ouvir novas d'el-rei, e mandounos dar boas p o u s a d a s , e fez-nos deter alli vinte dias. E depois pedimos licenca, e disse que fossemos com a b e n c a o de
Deus. Pouco t e m p o havia que elle tinha sahido do c a p t i v e i r o ,
pelo que e s t a v a p o b r e , comtudo mandou-nos dar cem pecas
d'ouro. D'alli fomos á s e p u l t u r a de S a n t a Maria E g y p c i a c a ,
que está d'aquella p a r t e do rio J o r d a o e n t r e urnas s e r r a s mui
g r a n d e s , e d e s p o v o a d a s , onde esta S a n t a fez p e n i t e n c i a , e
estivemos alli n o v e dias.
De como fomos
onde estava o gran
em
Babylonia.
sultao
do
Egypto
V i e m o s depois ao E g y p t o , que é urna p r o v i n c i a , e fomos
á cidade de Babylonia fazer r e v e r e n c i a ao g r a n sultao. E
como soube que e r a m o s do p o e n t e t e v e g r a n d e p r a z e r , porque tinha nascido em C a s t e l l a , em Villa N o v a de S e r e n a , e
e r a ñlho do m e s t r e M a r t i n s , e da B a r b u d a , e disse-nos que
el-rei de G r a n a d a m a n d a r a muitos mouros a c o r r e r a t é r r a ,
e o c a p t i v a r a m a elle com outros muitos, e o p a s s a r a m a F e z ,
e o t o r n a r a m m o u r o , e foi ta'o valenre e e s t i m a d o , que cheg o u á v e n t u r a de ser sultao. E s t a n d o nos alli cavalgou em
um dia de S. J o a o , e iam com elle até q u a r e n t a mil cavalleir o s , e g u a r d a v a m - n o s t r e s mil Elches r e n e g a d o s mui valen5
66
.VIAJES D E L INFANTE D. PEDRO DÉ PORTUGAL
en una de las plazas más públicas el cruel suplicio á que estaba destinado u n infeliz m o r o , e n t e r r a d o h a s t a el cuello con
señales de q u e r e r espirar; y habiéndole p r e g u n t a d o al soldán
cuál e r a el delito que habia cometido, nos dijo que sólo el hab e r dado una bofetada á un p e r e g r i n o español que pasaba en
r o m e r í a por aquella ciudad. El i n f a n t e , condolido del m o r o ,
le suplicó e n c a r e c i d a m e n t e le p e r d o n a s e ; m a s el soldán le contestó no lo podía h a c e r , en atención á que si le i n d u l t a b a , e r a
dar pábulo ó motivo p a r a que otros u l t r a j a r a n á los p e r e g r i n o s , en t é r m i n o s que no habría quien pasase por su r e i n o ; y
de consiguiente debia de p e r m a n e c e r en aquel estado h a s t a
m o r i r de h a m b r e , sin el m e n o r s o c o r r o por p a r t e de p e r s o n a
a l g u n a , so p e n a de sufrir el mismo castigo el que intentase libertarle.
Siendo y a tiempo de s e g u i r n u e s t r o viaje, pedimos licencia al soldán p a r a ello; y después de habérnosla concedido, junt a m e n t e con muchas j o y a s y piedras preciosas que r e g a l ó al
infante, e n c a r g ó á sus emires nos a c o m p a ñ a r a n h a s t a salir
de sus dominios, á fin de e v i t a r se nos impidiese el paso. Con
ellos caminamos unas ochenta l e g u a s , que e r a lo que nos rest a b a de aquella p r o v i n c i a : y despidiéndonos de su compañía,
llegamos á la ciudad de P e r o n a . V i s i t a m o s al m o n a r c a , quien
e n t e r a d o d,e quiénes é r a m o s y la dirección que llevábamos,
nos p r e g u n t ó con t o d a s e v e r i d a d dijésemos si e n t r e nosotros
iba alguna persona r e a l ó señor p o d e r o s o , á lo que contestó
G a r c í a R a m í r e z que todos é r a m o s p o b r e s p e r e g r i n o s , y pasábamos á v e r al P r e s t e J u a n . N a d a conforme con lo que se
le dijo, m a n d ó se nos pusiese en la cárcel con separación unos
de o t r o s : todos los dias se nos i n t e r r o g a b a sobre lo mismo;
p e r o viendo que e s t á b a m o s siempre contestes á una misma
c o s a , después de c u a r e n t a dias de prisión, m a n d ó se nos pusiera en l i b e r t a d , p e r o con la condición de que cada uno hab í a m o s de p a g a r veinte escudos de oro y salir al m o m e n t o de
su t e r r i t o r i o .
D e s p u é s de h a b e r satisfecho la cantidad i m p u e s t a , salimos
de aquella ciudad p a r a la de S o b r a n z a , cuyo s o b e r a n o , sospe-
V I A J E S D E L I N F A N T E D. P E D R O D E P O R T U G A L
67
tes, e a p a r d'elles iam alguns r o m e i r o s christaos p a r a ó v e r .
E chegou um m o u r o da g u a r d a , que e r a dos c a v a l l e i r o s , a
um r o m e i r o , e deu-lhe urna bofetada sem r a z a o , e foi dito ao
sultao aquelle m a u feito. E quando t o r n a m o s por alli achamos
o m o u r o a t r a v e s s a d o em um pau, posto em alto. Isto m a n d o u
fazer o s u l t a o , d i z e n d o , que se nao g u a r d a s s e justica aos per e g r i n o s , nao passaria nenhum a J e r u s a l e m . Alli pedimos
licenca p a r a p a s s a r a d i a n t e . Disse-nos que fossemos com a
bencao de D e u s e que nao p a g a s s e m o s cousa a l g u m a , e mandou-nos dar g u a r d a s p a r a a t r a v e s s a r a t é r r a do E g y p t o mui
s e g u r a m e n t e . E d'alli a t r a v e s s a m o s um d e s e r t o d'oitenta leg u a s , e c h e g a m o s á cidade de P é ñ o r a , e fomos fazer r e v e rencia a el-rei, e nos p e r g u n t o u se e n t r e nos vinha a l g u m
principe. R e s p o n d e m o s que e r a m o s vassallos d'el-rei de L e a o
de H e s p a n h a , que nossa v o n t a d e era ir v e r o m o n t e Sinay.
Disse el rei que nao diziamos v e r d a d e , e mandolinos p r e n d e r ,
e cada dia nos fazia p e r g u n t a s , que dissessemos a v e r d a d e ,
que mais nos valia que p a d e c e r m o r t e . Disse o lingua que fallavamos a v e r d a d e , no que s e m p r e dissemos: quando el-rei
isto o u v i u , m a n d o u que p a g a s s e m o s salvo c o n d u c t o , e que
fossemos nosso camino. D'alli fomos a cidade de S a b r a n c a ,
que era d'el-rei C a n o n h o m , e fomos fazerlhe r e v e r e n c i a á cid a d e de g r a n C a i r o , que é de q u a t r o c e n t o s mil visinhos, t e m
cinco c e r c o s ; e a fortaleza é feita de p e d r a s a g u d a s á feicao
de pontas de d i a m a n t e s . E sahindo d'esta c i d a d e , a t r a v e s s a mos un d e s e r t o de t r e z e n t a s l e g u a s , e fomos á cidade de
Assiao. Pedimos licenca ao R e g e d o r p a r a ver a cidade. Disse •
nos que p a g a s s e m o s salvo c o n d u c t o , e a vimos t o d a . Alli est i v e m o s q u a t o r z e dias d e s c a n c a n d o ; e vendo a cidade que é
duzentos mil visinhos. D'alli fomos a F a n t a l e a o , que é urna
cidade de seiscentos vishinos, e passa por alli um r i o , que
vem do P a r a i z o T e r r e a l c h a m a d o F r i s o n . O R e g e d o r da cidade vinha de fazer m o n t a r í a ; trazia um elefante m o r t o em
un c a r r o , pelo qual p u x a v a m doce camelos. Alli nos t e v e o
R e g e d o r doze d i a s , ouvindo novas de H e s p a n h a .
68
VIAJES
D E L I N F A N T E D. P E D R O
DE
PÓRÍÜGAI.
chando mal de n o s o t r o s , o r d e n ó nos r e t i r á s e m o s luego al
p u n t o de su p r e s e n c i a , y que si después del t e r c e r o dia perm a n e c í a m o s d e n t r o de sus E s t a d o s , en el sitio donde nos hallaran sufriríamos una m u e r t e a f r e n t o s a ; y que p o r el desacato de h a b e r n o s i n t e r n a d o en ellos sin el debido permiso, p a g á sernos cincuenta escudos de oro p o r cada uno.
Notificada que nos fué esta s e n t e n c i a , no pudimos menos
de darla cumplimiento en t o d a s sus p a r t e s , con t a n t a celeridad , que en pocos dias a t r a v e s a m o s un desierto que tenia m á s
de doscientas l e g u a s , sin e n c o n t r a r población ni casa a l g u n a ,
h a s t a la ciudad de A s i a n , cuyos h a b i t a n t e s nos recibieron con
toda u r b a n i d a d y a g r a d o , haciéndonos p a g a r un corto tributo.
Salimos después p a r a la población de T o r n a , cuyo g o b e r n a d o r nos m a n d ó seguir n u e s t r a m a r c h a , sin que tuviésemos
que a b o n a r tributo a l g u n o , de lo que nos m o s t r a m o s m u y reconocidos, 3^ seguimos p a r a la ciudad de P a s i b a n , por la que
pasaba un famoso rio que sale del P a r a í s o t e r r e n a l : en esta
población p a g a m o s un c o r t o t r i b u t o ; pero quiso el infante nos
d e t u v i é r a m o s en ella á causa de ser h e r m o s a y sus h a b i t a n t e s
m u y afables con los p e r e g r i n o s .
CAPITULO IV.
Cómo el infante D. Pedro con su acompañamiento
pasó á la
ciudad de Capadocia y se presentó al gran Mor ato, de quien
fué mal recibido, y después tomó el camino para visitar al
grande y supremo
Tamerlan.
Salimos de la ciudad de Pasiban p a r a la de C a p a d o c i a , á
donde llegamos sin el m e n o r c o n t r a t i e m p o ; habiéndonos pres e n t a d o al g r a n M o r a t o ó v i r e y de aquel E s t a d o , nos recibió
t a n d e s a b r i d a m e n t e , que fué preciso al infante y su comitiva
salir al i n s t a n t e de allí, t o m a n d o el camino p a r a la célebre Nin i v e , en cu3'a p u e r t a hallamos una reforzada g u a r d i a de mo-
x
VIAJES
DEL
INFANTE
D. P E D R O
DE PORTUGAL
69
De como o infante foi facer reverencia ao gran
Morate,
e d'alli passamos onde eslava o gran
Tamaroleque.
D'alli fomos fazer r e v e r e n c i a ao g r a n M o r a t e á cidade de
Capadocia; e mandou-nos que logo nos fossemos da sua t é r r a .
A t r a v e s s a m o s pelo d e s e r t o de Ninive, e fomos á cidade de
S a m a s a que é do g r a n T a m a r o l e q u e , e e n t r a m o s pelos a r r a b a l d e s , que s e r a o em comprido urna legua. E c h e g a n d o á
p o r t a da c i d a d e , fallou García Ramires
com uns m o u r o s , e
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V I A J E S D E L I N F A N T E D. P E D R O D E P O R T U G A L
r o s que la defendía. E n t r a m o s sin que nos impidieran el paso;
y e n t r e la multitud de g e n t e que t r a n s i t a b a en t o d a s direccion e s ; nos dirigimos á un g r u p o de h o m b r e s que vimos reunidos á la p u e r t a de un g r a n d e edificio, y G a r c í a R a m í r e z , nuest r o i n t é r p r e t e , p r e g u n t ó cuál de ellos quería s e r v i r n o s de
g u í a , hasta p r e s e n t a r n o s al g r a n T a m e r l a n : uno de los m á s
j ó v e n e s contestó que él iria siempre que le p a g á s e m o s por su
trabajo c u a t r o escudos de oro, p o r q u e distaba m á s de u n a
legua desde aquel p u n t o , y de consiguiente habia que transit a r por m u c h a s calles y p l a z a s : le damos los c u a t r o escudos
que pidió, y m a r c h a m o s con él h a s t a llegar al palacio: pedimos licencia p a r a e n t r a r , y nos dijeron los g u a r d i a s que sin
saber antes quiénes é r a m o s y á qué í b a m o s , no p o d í a m o s pasar a d e l a n t e . G a r c í a R a m í r e z les informó de todo, y enterados de ello e n t r ó uno de los g u a r d i a s : á c o r t o r a t o volvió con
el r e c a d o de p o d e r p a s a r a d e l a n t e ; así lo hicimos, y después
de a t r a v e s a r m u c h a s antesalas e n t r a m o s en un g r a n salón,
donde descubrimos un magnífico 3/ suntuoso dosel, bajo del
c u a l , en un tronco de ébano g u a r n e c i d o de b r o c a d o , cubierto
de p e d r e r í a , estaba s e n t a d o aquel g r a n d e 3^ p o d e r o s o s e ñ o r .
L u e g o que estuvimos a n t e su p r e s e n c i a , hincamos todos
la rodilla á un tiempo, por no manifestar que e n t r e nosotros
iba superior alguno. A pocos pasos r e p e t i m o s el a c a t a m i e n t o
h a s t a t r e s v e c e s : á la inmediación suya nos p o s t r a m o s del
todo en t i e r r a , y nos m a n d ó l e v a n t a r y r e t i r a r h a s t a el dia
s i g u i e n t e , que nos hizo llamar; puestos de n u e v o en su p r e sencia, haciendo los mismos a c a t a m i e n t o s , nos dijo esperásemos un poco, pues quería fuéramos con él á h a c e r oración á
su mezquita. M a n d ó llamar á sus m a y o r d o m o s , criados y
a c o m p a ñ a m i e n t o , que se p r e s e n t a r o n con la m a y o r p r o n t i t u d
en la anchurosa y espaciosa plaza delante del r e a l palacio,
cu3'0 séquito se componía de c u a t r o c i e n t o s caballos con sus jinetes a r m a d o s ; cuatrocientos de á pié i g u a l m e n t e a r m a d o s ;
á éstos seguían doscientos moros n e g r o s que e r a n los pajes;
éstos t r a í a n hachas y a r m a s ; d e t r á s venia un almudan ó arzobispo, con cien alfaquíes, especie de a b a d e s , los que iban
V I A J E S D E L I N F A N T E D. P E D R O D E P O R T U G A L
71
disse: «Qual de vos outros nos quer m o s t a r a casa do g r a n
T a m a r o l e q u e , poderoso da P o r t a de F e r r o ? » E um d'elles se
concertou comnosco, e nos levou pelas r ú a s ; e andamos desde pela m a n h a até á t a r d e , primeiro que chegassemos aos
pacos.
E como fomos c h e g a d o s , p e r g u n t o u - n o s o p o r t e i r o de que
g e r a c a o e r a m o s . F a l l o u García Ramires,
e dissé: «Somos
vassallos d'el-rei de H e s p a n h a , do poente;» o p o r t e i r o nos
abriu a p o r t a , e e n t r a m o s na sala onde e s t a v a o g r a n T a m a roleque assentado em um rico e s t r a d o ; e antes de c h e g a r m o s
a elle t r i n t a passos, pozemos osjoelhos em t é r r a , j u n t a m e n t e
t o d o s , e pozemos as maos no c h a o , e l e v a n t a m o - n o s , e andamos dez p a s s o s , e t o r n a m o s a por o s j o e l h o s em t é r r a , e beij a n d o as nossas m a o s , levantando-nos, c h e g a m o s p e r t o dos
pés do T a m a r o l e q u e , e pozemos o u t r a vez osjoelhos em t é r r a ,
e demos-lhe paz nos joelhos: e por ser t a r d e , m a n d o u nos
dessem p o u s a d a , e todo o necessario. E ao o u t r o dia mandounos c h a m a r , que ia á sua m e s q u i t a , e p a r a que vissem como
ia a c o m p a n h a d o . D i a n t e d'elle iam oito mil cavalleiros, e logo
q u a t r o mil s e n h o r e s de esporas d o u r a d a s calcadas, e ao pé de
cada um d'estes s e n h o r e s iam uns m o u r o s com casacas compridas; estes como p a g e n s , e após d'estes ia o rabbi maior da
m e s q u i t a , com p e r t o de t r e z e n t o s alfaquins, c a n t a n d o com
músicas a seu c o s t u m e ; e d e t r a z d'estes iam doze m o u r a s
muito a t t r a h i d a s , con ricos a t a v í o s ; duas t a n g i a m dous crav o s , e o u t r a s duas , a l a ú d e , e o u t r a s , h a r p a s , e todas descant a v a m s u a v e m e n t e . A s o u t r a s seis d e s c a n t a v a m diante do
T a m a r o l e q u e ; e iam até t r e z e n t o s homens p u x a n d o por cordoes de fina s e d a , que e s t a v a m atados em um c a r r o triump h a l , e em cima do c a r r o ia urna rica cadeira d'ouro macico
t o d a e n c a s t o a d a em p e d r a s p r e c i o s a s , e dos pés da cadeira
iam q u a t r o v e r g a s d'ouro, sobre ellas urna cortina de b r o c a d o
b o r d a d a a p e r o l a s , e elle ia d e n t r o assentado na c a d e i r a , e os
homens t i r a n d o pelos cordoes com muito t e n t ó , e d e t r a z do
T a m a r o l e q u e iam mais de seis mil cavalleiros p a r a a r e t a g u a r d a , e d'esta m a n e i r a fomos até á sua mesquita. Mandou
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entonando en voz alta v a r i a s o r a c i o n e s ; seguíanle doce m o r a s
h e r m o s í s i m a s , r i c a m e n t e vestidas de b r o c a d o s de oro y plata,
con t a n t a p e d r e r í a , que d e s l u m h r a b a la vista á cuantos las mir a b a n : á éstas las, seguían o t r a s doce j ó v e n e s doncellas, igualm e n t e a d o r n a d a s , t r a s de las que venia un h e r m o s o c a r r o
triunfal, sobre el cual iba un magnífico t r o n o de oro g u a r n e cido de b r i l l a n t e s , cubierto con un pabellón de b r o c a d o de lo
mismo, en el que iba s e n t a d o aquel g r a n d e y poderoso señor,
el célebre T a m e r l a n ; salian de la c a r r o z a cincuenta cordones
g r u e s o s de o r o , tejidos con el m a y o r p r i m o r , y á cada uno iba
asido un n e g r o que t i r a b a de él. A n t e s que diese principio la
m a r c h a , m a n d ó el s o b e r a n o fuésemos á la inmediación suya,
cuya h o n r a quería h a c e r n o s p o r q u e é r a m o s vasallos de su hijo
el r e y de L e ó n , s e g ú n él decia.
E n esta forma caminamos á la m e z q u i t a : luego que e n t r a mos en ella m a n d ó que nos m o s t r a s e n todas las alhajas que
h a b i a , las cuales eran t a n t a s y tan c o s t o s a s , que es imposible
calcular su n ú m e r o , como asimismo el valor á que podían asc e n d e r . A c a b a d o que fué aquel acto r e l i g i o s o , en el que hizo
el T a m e r l a n los rezos y oraciones según su c o s t u m b r e , m a n d ó
g u i a r la c a r r o z a por los sitios mas públicos de la ciudad, p a r a
que nosotros v i é r a m o s su grandiosidad y magnificencia, p u e s
tiene sobre dos l e g u a s de l a r g o . E n esta forma dimos la vuelta á p a l a c i o , donde siendo y a la h o r a de c o m e r , o r d e n ó se
nos sirviese la comida al estilo de n u e s t r o país. E l l o s , s e g ú n
sus r i t o s , comen medio tendidos sobre a l f o m b r a s , en las cuales p a r a la s e r v i d u m b r e de palacio, vimos que pusieron
h e r m o s o s g u a r d a m a s i l e s y t a p e t e s , y encima una porción de
platos de oro y p l a t a , m u y finamente t a l l a d o s , llenos unos
con sabrosísimos manjares y otros con ricas y esquisitas frutas de que abunda en aquel país. A nosotros nos p r e s e n t a r o n
a l g u n a s frutas m u y b u e n a s , l e c h e , miel, m a n t e c a y c a r n e s
de d r o m e r a r i o , elefante, marfil, camello y u n i c o r n i o , que alg u n o s la comimos de mala g a n a y c o n t r a n u e s t r a voluntad,
solo p o r q u e no c r e y e r a n h a c í a m o s desprecio. V e i n t e dias nos
t u v o en su palacio en esta misma f o r m a , en cuyo tiempo le
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a dous cavalleiros que andassem comnosco pela m e s q u i t a , e
que nos mostrassem t u d o .
Depois vimos toda a m e s q u i t a , e t o r n a m o s a a c o m p a n h a r
o T a m a r o l e q u e , o qual com o mesmo concertó c o r d e m t o r n o u
p a r a os seus pagos. N a o usa o T a m a r o l e q u e c o m e r em cousa
alta mas tem no chao uns g u a d a m e c i n s mui r i c o s , e alli poe
seus p r a t o s d'ouro e p r a t a , cheios de c o m i d a s , e- ao r e d o r dos
p r a t o s poe urnas almofadas riquissimas, e sobre ellas uns
g u a r d a n a p o s p a r a limpar as maos.
E mandou o g r a n T a m a r o l e q u e , que p a r a nos outros vassalios d'el rei de L e a o de H e s p a n h a pozessem o u t r o assento
com seus p r a t o s , e que nao os pozessem em r o d a como a elle,
mas ao c o m p r i d o , assim como tjnhamos de c o s t u m e , e d e r a m nos muitas fructas diversas, a s a b e r : leite, m a n t e i g a , passas,
r o m a s , e t á m a r a s ; e depois t r o u x e r a m - n o s muitos m a n j a r e s
de c a r n e ; mas nos, como era sexta-feira, nao ousamos comel-a;
e disse GarciaRamires,
que nunca D e u s quizesse que em tal
m a n e i r a peccassemos c o n t r a o S e n h o r D e u s , e disse ao g r a n
T a m a r o l e q u e : «Senhor, a nossa lei nos defende p a r a que com a m o s n'este dia c a r n e , e se sua senhoria m a n d a que a com a m o s , de nos outros s e r á e n c a r r e g a d o . » R e s p o n d e u o T a m a r o l e q u e : « N u n c a D e u s q u e i r a , que por a m o r de mim,
q u e b r a n t é i s á vossa lei, que en sei que é b o a » ; e mandou-nos
t r a z e r o u t r a s viandas de p e i x e , e m a n d o u que todas as iguarias que t r o u x e s s e m a n t e elle ñas p o z e s s e m , p a r a que vissemos sua g r a n d e z a . Alli vimos c a r n e de d r o m e d a r i o , d'elep h a n t e , de búfalo, gallinhas, capóes, c a r n e i r o , p a v o e s , c a r n e
de u n i c o r n i o , de marfim, falcoes e o u t r a s muitas diversidades, até c a r n e de c a b r a , de l a g a r t o , de lobo e r a p o z a , p o r q u e
tudo se come n'aquellas p a r t e s .
Depois que a c a b a m o s de c o m e r m a n d o u que p a r t i s s e m o s
d'alli; e deteve-nos quinze dias p a r a saber novas d'el-rei de
L e a o , que elle folgaba muito d'ouvir, e m e t t e u n o s em um
p o m a r que tinha q u a t r o q u a d r a s , e no meio e s t a v a unía arvor e que distillava balsamo', que seis homens nao le a b r a c a v a m
o pé, d'esta a r v o r e s sahem cinco r a m o s , e de cada r a m o cinco
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i n s t r u y ó G a r c í a R a m í r e z de la g r a n d e z a del r e y de L e ó n (á
quien él llamaba su hijo), de los r i t o s , c o s t u m b r e s y d e m á s
p e r t e n e c i e n t e s á sus E s t a d o s , de lo que manifestó la m a y o r
complacencia. E n seguida y en n o m b r e de t o d o s , le pidió licencia p a r a p a r t i r n o s de allí, la cual concedió con mil doblas
de oro y muchos ofrecimientos y amistades p a r a n u e s t r o sob e r a n o , y nos despedimos.
N o s dirigimos luego á la ciudad de S e t a , y de ésta á la de
T r a s i s , c a t o r c e leguas distante de S o d o m a y G o m o r r a , cuyas
dos poblaciones están c o n v e r t i d a s en lagos de a g u a n e g r a
cubierta de c a r b o n e s . E s t a s ciudades fueron algún dia de las
m a s i m p o r t a n t e s y ricas de aquella c o m a r c a ; p e r o p e r v e r t i dos en e x t r e m o sus h a b i t a n t e s , un fuego enviado del cielo los
d e v o r ó y redujo á cenizas. T a n t a e r a la fertilidad de aquella
t i e r r a , que no o b s t a n t e el d e s a s t r e sufrido, da aun señales de
lo que fué: en cuyas inmediaciones se ven h e r m o s o s y frondosos á r b o l e s , y las frutas son las m a s vistosas de la t i e r r a ,
p e r o por d e n t r o se las a d v i e r t e como una especie de c a r b ó n
ceniciento, de modo que n i n g ú n animal las p u e d e comer á
c a u s a de ser tan a m a r g a s como la hiél: h a y también muched u m b r e de animales m u y h e r m o s o s , m a s de n i n g u n a m a n e r a
se p u e d e hacer uso de sus c a r n e s , por t e n e r un sabor fétido
y s u m a m e n t e d e s a g r a d a b l e . A la media l e g u a de estos lagos
está la mujer de L o t h c o n v e r t i d a en e s t a t u a de sal, en castig o de no h a b e r obedecido al á n g e l , que al salir de la ciudad
le m a n d ó m a r c h a r sin volver la cabeza a t r á s . E s del t a m a ñ o
de una mujer r e g u l a r , y cuando c r e c e la luna se hincha la est a t u a m a s de un p a l m o , y se disminuye c u a n d o m e n g u a : su
p o s t u r a es vuelta la cabeza s o l a m e n t e , m i r a n d o á la p a r t e
que se le había v e d a d o , en que hoy están los l a g o s , que a n t e s
fueron las dos poblaciones referidas. N o s a d m i r a m o s todos al
v e r aquel p r o d i g i o , discurriendo cómo en t a n t o s años que habían t r a s c u r r i d o p e r m a n e c í a como al principio, sin que los
h u r a c a n e s , a g u a del cielo y la mala i n t e m p e r i e de aquellos clim a s hubiese podido b o r r a r ni aun la m a s mínima p a r t e de la
estatua.
V I A J E S D E L I N F A N T E D. P E D R O D E P O R T U G A L
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esgalhos 0X1 p o n í a s , e ao pé da a r v o r e nascem t r e s vides, as
quaes se p o d a m cada anno, e d'esta nasce o b a l s a m o .
N ' e s t a provincia cria urna gallinha quinhentos e seiscentos p i n t o s , p o r q u e a t é r r a é muito q u e n t e , e poem em cima
d'uma m a n t a os ovos, e depois os com e s t é r e o , e d'alli a t r e s
s e m a n a s estao pintos g e r a d o s .
D'alli a t r a v e s s a m o s um d e s e r t o de duzentas leguas e fomos á cidade de T a r f o , que está q u a t o r c e l e g u a s de S o d o m a
e G o m o r r h a . E fomos t e r aos sitios d'estas cidades, ñas quaes
estabam feitas lagóas d'agua n e g r a cheias de c a r v a o .
E dizem que aquellas cidades se s u b m e r g i r a m pelos peccados da luxuria dos seus m o r a d o r e s . Aqui vimos a m a c a ,
formosa fructa do m u n d o , mas se a p a r t e m , acham d e n t r o
c a r v a o moido; e se á bocea c h e g a m a a g u a é mais a m a r g o s a
que o fel. E se lancares no lago um p a u , urna p a l h a , ou u t r a
cousa leve vai ao fundo, em quanto que o ferro ou outros
m e t a e s sobrenadan!, o que p a r e c e cousa impossivel e c o n t r a
a natureza.
D'alli fomos onde está a mulher de L o t h , a qual se c h a m a
n'aquella t é r r a a má mulher, p o r q u e quebrou o mandamiento
de D e u s . E está meia legua de Sodoma feita p e d r a de sal,
e m i n g ú a como a lúa. E muitos animaes v e m , e lambem
d'ella, e toda a figura é de m u l h e r , e o r o s t r o virado sobre o
h o m b r o , de modo que o virou p a r a as cidades que se abrazaran! por permissao de D e u s .
76
V I A J E S D E L INFANTE D. PEDRO DE PORTUGAL
CAPITULO
Cómo el infante
Arabia, luego
Sinaí.
D. Pedro
á Zaguar,
V.
y su compañía pasaron
monte Cálboe y después
á la
al de
T o m a m o s al siguiente dia el camino de la ciudad de S a b á ,
en la que existia un b a r r i o ocupado por una g e n e r a c i ó n , cuyos h o m b r e s tenian la c a r a á semejanza de p e r r o s , dándoles
por los demás h a b i t a n t e s el n o m b r e de r u s t i c a n o s , los cuales
son m u y feroces y de malas p r o p i e d a d e s ; las mujeres de esta
r a z a no manifiestan t a n t a fealdad, y son m u y b u e n a s y compasivas.
P e d i m o s licencia p a r a v e r al r e y , y habiéndola concedido
nos p r e s e n t a m o s á é l : luego que nos t u v o d e l a n t e , nos p r e g u n t ó con la m a y o r s e v e r i d a d quiénes é r a m o s y á dónde íbamos por aquellas provincias: G a r c í a R a m í r e z contestó al tenor de su i n t e r r o g a t o r i o lo mismo que habia dicho en las partes a n t e r i o r e s por donde p a s a m o s ; lo que no quiso c r e e r ,
m a n d a n d o tuviésemos la ciudad por c á r c e l , con g r a v e s penas
que nos impuso si las q u e b r a n t á b a m o s . Quince dias nos t u v o
d e t e n i d o s , h a s t a que satisfecho en algún modo de ser cierto
lo que se le tenia manifestado m a n d ó p a g á s e m o s veinte escudos de oro de t r i b u t o , y que d e n t r o de veinte y c u a t r o h o r a s
saliésemos de allí p a r a n u e s t r o destino.
A l m o m e n t o seguimos el camino de la A r a b i a , y p a r a poder cruzar los g r a n d e s a r e n a l e s que h a y en aquellas r e g i o n e s
r e m o t a s , alquilamos c u a t r o d r o m e d a r i o s , sin los cuales e r a
imposible c a m i n a r , p o r q u e los continuos a i r e s y fuertes h u r a canes que se l e v a n t a n , t r a s p o r t a n de un lado á o t r o en m e n o s
de un c u a r t o de h o r a los disformes -montes de a r e n a que se
f o r m a n ; por m a n e r a que m u c h a s veces sucede que los que
caminan á pié por no poderlo h a c e r de otro m o d o , se ven expuestos á p e r e c e r , p o r q u e en un m o m e n t o les c u b r e la a r e n a
VIAJES DEL
De como chegamos
INFANTE
D. P E D R O
á Arabia
ejomos
DE
PORTUGAL
aos montes
de
77
Gelboé.
P a r t i m o s d'alli e fomos ao reino da A r a b i a , cidade de S a b á ,
e alli achamos g e n t e de muitas m a n e i r a s , e vimos g e r a c a o
que tinha corpos de homens e o r o s t o de caes.
E fomos fazer r e v e r e n z i a a el-rei: p e r g u n t o u - n o s de que
provincia e r a m o s , e disse o lingua que e r a m o s vassallos d'elrei de L e a o de H e s p a n h a . E mandou nos e s t a r a modo de p r e sos uns d i a s , p a r a s a b e r se e n t r e nos vinha algum principe;
e quando viu que e r a m o s todos uns, mandou p a g a s s e m o s salvo conducto, que era cento e vinte e seis pecas d'ouro e que
fossemos em paz.
Alli c o m p r a m o s q u a t r o d r o m e d a r i o s por t r e z e n t a s p e c a s
d'ouro, p a r a a t r a v e s s a r os m o n t e s de G e l b o é , onde foi vencido e m o r t o el-rei S a ú l , e desde e n t a o nunca choveu nem
cahiu orvalho n'aquelles m o n t e s . E os homens que alli morr e m se m i r r a m , de que se faz a c a r n e momia, que s e r v e em
m é z i n h a . E s t a o estes m o n t e s t a o a r e o s o s , que assim como se
m u d a o t e m p o , assim se l e v a n t a a a r é a .
De como
chegamos
ao monte
Sinay.
Como p a s s a m o s os d e s e r t o s areosos fomos ao m o n t e Sin a y , onde está o corpo de S a n t a C a t h a r i n a . E n t r a m o s no
m o s t e i r o a fazer r e v e r e n c i a ao prior, que era p á r e n t e d'el-rei
de H e s p a n h a ; todos os seus frades, que seriam cento e oitent a , t i v e r a m g r a n d e p r a z e r comnosco e d'estes frades sao
sessenta de missa, e os mais l a v r a m a t é r r a , e semeiam p a r a
m a n t i m e n t o do m o s t e i r o . — O l u g a r onde está o corpo de
S a n t a C a t h a r i n a é ácima do mosteiro em urna penedia muito
a l t a , a. qual dizem que feriu Mo}'sés com a v a r a , quando
sahiu a g u a em abundancia p a r a os filhos de Israel. E m o pe-
78
VIAJES DEL
INFANTE
D. P E D R O
DE
PORTUGAL
sin poderse defender y m u e r e n Sofocados, de cuyos cuerpos
se saca la carne momia por algunos n a t u r a l e s que se dedican
á ello, aunque con peligro de p e r e c e r .
C u a t r o dias t a r d a m o s en p a s a r aquellos a r e n a l e s , que á
no h a b e r t o m a d o la precaución de llevar los d r o m e d a r i o s , sin
duda h u b i é r a m o s quedado sepultados en las a r e n a s , por los
recios vientos que corrian en aquellos dias; en fin, con la ayuda de D i o s , á cuya providencia nos e n t r e g a m o s de todo cor a z ó n , suplicándole nos librase del p e l i g r o , pudimos salir de
lance tan a p u r a d o , y a r r i b a m o s á la g r a n d e y h e r m o s a ciudad
capital de la A r a b i a , donde hallamos un buen a c o g i m i e n t o ; y
p a g a n d o un corto t r i b u t o que se nos e x i g i ó , nos m a r c h a m o s
p a r a la de Z a g u a r , en cuyo campo murió Saúl y todo su ejército.
A n u e s t r a llegada visitamos al g o b e r n a d o r y después de
h a b e r n o s exigido diez piezas de oro por cada u n o , nos dejó
m a r c h a r p a r a el m o n t e S i n a í , en el que habia un convento de
religiosos F r a n c i s c o s , con c u a r e n t a individuos e n t r e sacerdotes y l e g o s : en él fuimos bien recibidos del g u a r d i á n , por las
m u e s t r a s de cariño que manifestó haciéndonos sus h u é s p e d e s
y teniéndonos en aquel s a g r a d o recinto sobre unos dos m e s e s .
E n esta t i e r r a no se conoce el g a n a d o v a c u n o , p e r o p a r a
cultivar los campos y demás t i e r r a s salen los legos del convento por aquellos m o n t e s y cogen unicornios, búfalos, drom e d a r i o s , marfiles y daines cuando son cachorrillos; los t r a e n
al c o n v e n t o , donde los crian á la m a n o , de modo que los hacen tan domésticos como á unos mansos b u e y e s ; con ellos lab r a n sus t i e r r a s haciendo en todo el mismo uso que en Españ a se h a c e de los caballos, muías y b u e y e s . E n la falda de
este monte Sinaí existe la piedra que hirió Moisés con la v a r a
p a r a que saliendo a g u a satisfacieran la sed que e x p e r i m e n t a ban los hijos de I s r a e l , de la cual sale suficiente cantidad de
a g u a p a r a formar un c o r t o a r r o y o que fertiliza una porción
de t e r r e n o . A su inmediación h a y un g r a n peñasco llamado
S a n t a Catalina: tiene de a l t u r a ciento cincuenta v a r a s ; su
planicie á la p a r t e de arriba es de veinte y c u a t r o v a r a s , don-
V I A J E S D E L I N F A N T E D. P E D R O D E P O R T U G A L
79
nedo está um g r a n d e s i g n a l , e esta a g u a nao s a h e . E m cima
d'esta pencdia está urna igreja p e q u e ñ a , onde está a sepultur a d'esta S a n t a , e c o n t i n u a m e n t e estao aqui dous frades de
S. F r a n c i s c o que vigiam o corpo de S a n t a C a t h a r i n a que alli
está em c a r n e e osso. A o pé d'este penedo estao duas estac a s , e uns calabres muito g r a n d e s atados n'ellas, e em cima
da p a r e d e da igreja de S a n t a C a t h a r i n a estao o u t r a s duas
estacas, onde os cavalleiros estao bem a m a r r a d o s , e por elles
á m a n e i r a d'escada com seus d e g r a u s de c o r d a sobem ácima,
que bem h a v e r á cento e sessenta bragas d ' a l t o , e os frades
do m o s t e i r o , d e b a i x o , de t r e s em t r e s dias lhe m a n d a m t r e s
cousas: pao e a g u a p a r a os frades, e azeite p a r a a l a m p a d a :
e isto m e t t e n d e n t r o d'uma c e s t a , a qual t o m a m os de cima
p o r urna corda que está no alto. E assim, quando hao mister
a l g u m a c o u s a , e s c r e v e m um papel, e m e t t e m - n o d e n t r o da
c e s t a , e debaixo olham o que q u e r e m e o m e t t e n d e n t r o , e
fazem signal que t i r e m ao de cima, e logo sobem a cesta.
P e d i m o s licenca ao prior p a r a subir a c i m a , que de boa vont a d e a concedeu. E c o m e c a m o s a subir pela e s c a d a , e como
nos sentiram os p a d r e s de cima, deitaram-se de peitos sobre
os d e g r a u s do altar, que nao lhe podemos v e r a c a r a . E n t r a mos na i g r e j a , a qual é feita de duas p e d r a s só. O chao da
igreja, e os d e g r a u s do a l t a r e sepnlchro de S a n t a C a t h a r i n a ,
onde está o p r a t o em que cahe o oleo do corpo da S a n t a , tudo
é urna p e d r a ; e o p o r t a l da igreja e a abobada; d'outra p e d r a
e d'onde está e n c a i x a d a , é feito m i l a g r o s a m e n t e p o r m a o s
dos anjos. E subindo sobre os d e g r a u s se vé o corpo d'esta
S a n t a em c a r n e e osso, que está mettido no altar meia v a r a
p a r a d e n t r o . E p a r a que se possa v e r sem lhe t o c a r , está
diante urna p e d r a a modo de r e d e , m i l a g r o s a m e n t e feita, e
no a l t a r c e l e b r a m os p a d r e s missa. E alli se vé o oleo que
lhe s a h e dos b r a c o s , o qual s a r a t o d a s as enfermidades. Estiv e m o s a fazer o r a c a o , e v e n d o a perfeicao da igreja cinco ou
seis h o r a s , e depois deseemos pela escada de c o r d a p a r a o
m o s t e i r o de b a i x o , e D . P e d r o pediu licenca ao prior p a r a
passar adiante.
80
V I A J E S D E L I N F A N T E D. P E D R O D E P O R T U G A L
de h a y una p e q u e ñ a e r m i t a que contiene el c u e r p o de la santa , en la cual existen de continuo dos religiosos F r a n c i s c o s
de ejemplar virtud. P e d i m o s licencia al p a d r e g u a r d i á n p a r a
v e r el cuerpo de la s a n t a ; y habiéndola concedido, fuimos al
pié del p e ñ a s c o , donde habia dos fuertísimas m a r o m a s que
forman u n a e s c a l a , por la que subimos con b a s t a n t e trabajo
y exposición: visitamos aquella e r m i t a con toda devoción,
m o s t r á n d o n o s aquellos religiosos el cuerpo de la s a n t a , que
se c o n s e r v a e n t e r o y n a t u r a l como si e s t u v i e r a v i v a , en una
hermosísima u r n a construida con el m a y o r p r i m o r , de ébano
y marfil, cuya guarnición es de p l a t a , así como la c e r r a d u r a
y llave.
D e s p u é s de h a b e r n o s m o s t r a d o a l g u n a s preciosidades y
reliquias que e n c e r r a b a aquel pequeño s a n t u a r i o , nos despedimos de los dos v e n e r a b l e s r e l i g i o s o s , volviendo á bajar por
la misma escala que s u b i m o s , y nos dirigimos al c o n v e n t o ,
donde á pocos dias nos despedimos de sus individuos p a r a seg u i r n u e s t r o c a m i n o , habiendo a n t e s confesado todos y r e c i bido el Divino Manjar.
CAPITULO VI.
Cómo el infante D. Pedro y su comitiva pasaron d las ciudades del gran Roboan, la de Meca, Santerra, y en Judea á
la de Cananea.
D e s p u é s de h a b e r salido del c o n v e n t o y t o m a d o el camino
de R o b o a n , e n t r a m o s en dicha c i u d a d , cuyo bajá m a n d ó á
los m o r o s fuesen con nosotros y nos p r e s e n t a s e n presos en la
de Meca al califa de B a g d a d , señor de la Casa S a n t a de J e rusalen y de la M e c a , donde está depositado el cuerpo del
profeta M a h o m a , r e y de F e z y de los m o n t e s C l a r o s , d o n d e ,
existen las minas de o r o , defensor de la ley m a h o m e t a n a y
p e r s e g u i d o r de los cristianos : llegado que hubimos á la M e c a ,
y diciendo los mensajeros de que el bajá de R o b o a n nos en-
81
V t A J E S D E L I N F A N T E D. P E D R O D E P O R T U G A L
O prior lhe disse: «Pois vossa v o n t a d e é ir a v a n t e , olhai
que haveis de passar p o r t é r r a s d'inñeis; e v o s o u t r o s sois
t r e z e , e se a l g u m m o r r e r levai d'aqui t r e z e túnicas em que
sejaes e n t e r r a d o s . »
De como fomos
á térra
do gran Roboao
de Meca.
e vimos
a casa
Despedimo-nos do prior e p a d r e s , e fomos á t é r r a do g r a n
R o b o a o m o u r o , que é o maior r a b b i da casa de M e c a , onde
dizem e s t a r o corpo de M a f o m a , e m a n d o u a dous m o u r o s
que fossem comnosco a Gudilfe, que e r a senhor da casa de
M e c a , e rei de J e r u s a l e m , senhor dos a l a r v e s e dos fideos,
senhor do b r a c o direito dos m o u r o s , rei de F e z , senhor dos
m o n t e s C l a r o s , b e b e d o r franco das a g u a s , p a s s a d o r das herv a s dos reis p e q u e ñ o s , defensor da seita de Mafamede, e pers e g u i d o r p e r p e t u o dos christaos. L e v a r a m nos estes m o u r o s
6
82
VIAJES DEL INFANTE
t>.
PEDRO
DE
PORTUGAL
viaba presos p a r a que dispusiera de nosotros lo que t u v i e r a
p o r c o n v e n i e n t e , m a n d ó que e n t r á s e m o s , y con m u c h a majestad nos p r e g u n t ó de qué nación é r a m o s y á qué p a r t e se
dirigía n u e s t r o camino. E l i n t é r p r e t e le contestó que é r a m o s
p o b r e s p e r e g r i n o s vasallos del r e y de L e ó n , en E s p a ñ a , y
p a s á b a m o s , si nos lo p e r m i t í a n , á b e s a r la m a n o al P r e s t e
J u a n . El califa respondió que no le e n g a ñ á r a m o s , p o r q u e si
nos e n c o n t r a b a en a l g u n a m e n t i r a nos h a r i a q u e m a r vivos.
G a r c í a R a m i r e z le a s e g u r ó de s e r la v e r d a d lo que decia:
P u e s bajo esa p a l a b r a , dijo, y p o r r e s p e t o á v u e s t r o s o b e r a n o , os doy salvo conducto y amplia licencia p a r a que p e r m a nezcáis en la c i u d a d , la paséis y marchéis cuando tuviereis
por c o n v e n i e n t e . T o d o s le b e s a m o s la m a n o por la m e r c e d
que nos d i s p e n s a b a , y con su beneplácito nos r e t i r a m o s . T r e s
dias p a s e a m o s la ciudad, en la que vimos p o r u n a g r a c i a especial la g r a n m e z q u i t a , dicha la Kaba, sostenida p o r 400 columnas de m á r m o l é iluminada por 300 l á m p a r a s de plata que
a r d e n c o n t i n u a m e n t e , t e c h a d a en p a r t e con láminas de oro,
con m á s de 160 p u e r t a s de m a d e r a s finas y colgadas de esquif a s t a p i c e r í a s , donde está el sepulcro ó z a n c a r r ó n de Mahom a , el que se halla en una suntuosísima capilla toda l a b r a d a
de piedras p r e c i o s a s : en medio de ella y en el aire se ve el
z a n c a r r ó n de aquel p r o f e t a , el cual está e n g a s t a d o de fino
a c e r o : en cada uno de los á n g u l o s de la capilla, que son ocho,
hay una loseta de p i e d r a i m á n , y como cada una llama igualm e n t e para a t r a e r s e el a c e r o del e n g a s t e del z a n c a r r ó n , es
la causa de que se s o s t e n g a en el aire sin inclinarse á ningún
l a d o , lo que a t r i b u y e n á m i l a g r o aquellos miserables fanáticos.
D e s p u é s nos dirigimos á ver los j a r d i n e s r e a l e s , en los
que se ven t a n t a s y t a n maravillosas i n v e n c i o n e s , que excedían á c u a n t a s hasta allí habíamos contemplado en los reinos
y provincias por donde t r a n s i t á b a m o s . P a s a d o s t r e s dias, pag a m o s el t r i b u t o de doce escudos de oro por cada u n o , y nos
dirigimos hacia la t i e r r a de los p i g m e o s , cuya e s t a t u r a es de
t r e s c u a r t a s ; la cabeza b a s t a n t e g r u e s a y a b u l t a d a ; las pier-
VIAJES
D E L I N F A N T E D. P E D R O
DE
PORTUGAL
83
com muita p r e s s a , e fomos fazer r e v e r e n c i a ao g r a n Gudife
e disseram-lhe como nos m a n d a v a o g r a n R o b o a o a sua sen h o r i a , p a r a que fizesse de nos o que quizesse, p o r q u e eramos vassallos d'el-rei de L e a o de H e s p a n h a , que conquistou
a el-rei de G r a n a d a . E disse o g r a n Gudilfe que dissessemos
a v e r d a d e , se e n t r e nos havia algum p á r e n t e d'el-rei de L e a o .
Nos s e m p r e n e g a m o s , que na companhia nao havia tal pessoa. Alli estivemos presos dez s e m a n a s , cada u m em sua
p a r t e , que nao sabíamos uns dos o u t r o s , e nao a d i a n d o cousa
a l g u m a c o n t r a nos mandou-nos soltar e que nos fossemos.
Depois de soltos pedimos licenca p a r a v e r as cousas que alli
h a v i a , e vimos no pago urna sala e urna cadeira em que o
g r a n Gudilfe se s e n t a v a , mui formosa m a r a v i l h a , e urna mesa d'ouro em que comia pelas festas, na qual bem podiam cab e r cento e cincoenta h o m e n s . A s p a r e d e s das salas e r a m
e n c a s t o a d a s em e s m e r a l d a s e r u b i n s , e a c á m a r a e r a toda
e n t a l h a d a de unicornio e de marfim.
P e d i m o s licenca p a r a ir ver a casa de Meca. E s t a casa
tem t a n t o de circuito-como um l u g a r de mais de mil visinhos.
E n t r a m o s d e n t r o da m e s q u i t a , e mandou o Gudilfe dous cavalleiros dos s e u s , que andassem em nossa c o m p a n h i a , e nos
m o s t r a s s e m a mesquita. V i m o s o sepulchro do seu falso prop h e t a Mafoma, que e s t a v a em urna capella, p e n d u r a d o no a r
e n t r e seis p e d r a s imans d'uma i g u a l d a d e , e moimento d'ouro;
as p e d r a s de c e v a r s u s t e n t a m o moimento no a r , p o r q u e t e m
a p e d r a imán esta v i r t u d e de s u s t e n t a r o u r o , e assim e s t a v a
o sepulchro de Mafoma no a r .
De como fomos
á térra das Amazonas
da cidade de
Sonterra.
A n d a m o s por todos aquelles infléis com muitos t r a b a l h o s ,
e a t r a v e s s a m o s g r a n d e s d e s e r t o s . D'alli fomos á t é r r a das
A m a z o n a s que é urna provincia de muflieres christas subditas
ao P r e s t e J o a o ; fomos a cidade de S o n t e r r a fazer r e v e r e n c i a
84
VIAJES DEL
INFANTE
D. P E D R O
DE
PORTUGAL
ñas m u y c o r t a s ; anchos de hombros y espaldas; la voz es
mas g r u e s a de lo que p a r e c e permitir su n a t u r a l e z a ; alcanzan mucha fuerza, siendo los p e o r e s y m á s crueles h o m b r e s
que h a y en el mundo : es t a n t o lo que a b u n d a n en n ú m e r o por
t o d a s p a r t e s , que á no e s t a r contenidos por un caudaloso rio
que los s e p a r a y que no p u e d e n s a l v a r por falta de conocimientos en la n a v e g a c i ó n é i n d u s t r i a , me p a r e c e inundarían
la m a y o r p a r t e de la t i e r r a habitable. E n este país no quisimos e n t r a r , t e m e r o s o s de algún f r a c a s o , pasándonos por un
lado hacia la ciudad de S o n t e r r a , donde habitan las a m a z o n a s , cuyas mujeres son cristianas y viven sin h o m b r e a l g u n o :
están sujetas al P r e s t e J u a n : eligen e n t r e ellas r e i n a que las
dirija y justicia que las g o b i e r n e : l a b r a n sus c a m p o s , ejercit a n todas las a r t e s y dirigen sus pueblos sin que h o m b r e alg u n o se e n t r o m e t a en n a d a . E n t r a m o s en esta ciudad, y pasamos á dar obediencia á la r e i n a , la c u a l , así que nos vio,
nos p r e g u n t ó por el país de n u e s t r a procedencia y á dónde
c a m i n á b a m o s ; á lo que respondió G a r c í a R a m í r e z é r a m o s vasallos del r e y de L e ó n , y p a s á b a m o s á besar la mano al P r e s t e
J u a n : á lo que replicó la r e i n a , que si no s a b í a m o s que en su
t i e r r a no podía p e n e t r a r h o m b r e alguno sino en ciertos tiemp o s , y que el que e n t r a b a tenia p e n a de m u e r t e ; G a r c í a Ruiz
le dijo que nosotros i g n o r á b a m o s aquellas l e y e s , pues á haberlas sabido nunca h u b i é r a m o s intentado q u e b r a n t a r l a s , U n a
de las c a m a r i s t a s de la r e i n a nos informó de todas sus costumb r e s , diciéndonos: sabed que e n t r e n o s o t r a s no h a y h o m b r e s
sino en los t r e s meses de Marzo , A b r i l y M a y o : en este tiemp o , y no en o t r o , se j u n t a n los h o m b r e s con n o s o t r a s p a r a
que no se acabe la g e n e r a c i ó n : pasado este tiempo nos separ a m o s sin que por n i n g ú n motivo pueda q u e d a r ningún homb r e e n t r e n o s o t r a s , ni n i n g u n a mujer irse con ellos, y si alg u n o ó a l g u n a falta á esta l e y , luego al m o m e n t o se le da
ignominiosa m u e r t e . A l tiempo de r e t i r a r s e los h o m b r e s dejan
cada uno su n o m b r e por e s c r i t o , como t a m b i é n el pueblo y
sitio donde v a n á r e s i d i r , recibiendo i g u a l m e n t e un papel de
sus mujeres p a r a que se reconozcan y no h a y a confusión al
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á r a i n h a . E n t r e ellas ha unía r a i n h a , p r i n c e z a s , condessas e
l a v r a d o r a s que r o m p e m a t é r r a , t r a b a l h a m p a r a a b a s t e c e r
as c i d a d e s , as quaes nao vao á g u e r r a . E em nos vendo vier a m a nos as R e g e d o r a s m a r a v i l h a d a s , e d i s s e r a m - n o s :
« A m i g o s , de que g e r a c a o s o i s , que nunca vimos h o m e n s de
vossa maneira?» F a l l ó n o l i n g u a , e disse que e r a m o s vassaUos d'el-rei de L e a o de H e s p a n h a , irmao em a r m a s do P r e s t e
J o a o . P e r g u n t a r a m as R e g e d o r a s : « Q u e m vos m o v e u a ent r a r por nossa p r o v i n c i a , por v e n t u r a e n t r a s t e s p a r a multiplicar, ou p o r q u e causas?» R e s p o n d e u o nosso lingua: «Nunca D e u s queira que nossa vinda seja p a r a esse effeito; mas
nossa v o n t a d e é ir beijar a m a o ao P r e s t e J o a o . » E s t a s mulheres nao sao como as de c á , p o r q u e nao t e e m a j u n t a m e n t o
de homens senao em t r e s mezes no anno, a s a b e r : em m a r c o ,
abril, e maio. N ' e s t e s t e m p o s c n t r a m por suas t é r r a s homens
das provincias que estao mais p e r t o , a multiplicar: sahem as
R e g e d o r a s a elles;" p e r g u n t a m - l h e s se v e e m a multiplicar, e
lhes dao licenca que e n t r e pelas villas e cidades. Os ditos homens a n d a m olhando a mulher que melhor lhes p a r e c e , e
aquellas t o m a m , e usam com ella como cora sua m u l h e r ; mas
nao ha de t r a t a r com o u t r a , p o r q u e se o a c h a m , logo fazem
justica d'elle e d'ella.
D e p o i s , se a mulher p a r e filho, fazemlhe cinco cruzes de
fogo com um f e r r o , em signal que é c h r i s t a o , e em lembran9a das cinco c h a g a s de C h r i s t o . C r i a m n o s t r e s a n n o s , e depois os m a n d a m d'alli com a g e n t e que vem a multiplicar, e
dizem : « T o m a i , amigo , este m e n i n o , e dai-o em tal t é r r a a
fulano, e dizei-lhe como é seu filho, e que o crie lá.» E se é
femea dao-lhe o mesmo b a p t i s m o , e queimam-lhe a t e t a esq u e r d a , p o r q u e , como sao todas frecheiras de a r c o , lhes nao
e s t o r v e a t e t a o a t i r a r , e com a t e t a direita criam seus filhos.
Fallou o nosso lingua á r a i n h a , e declarou-lhe como vinha
um p á r e n t e d'el rei de L e a o de H e s p a n h a , que havia visitar
o P r e s t e J o a o , e que sua alteza o favorecesse p a r a passar
seu c a m i n h o ; disse a r a i n h a : «Mando que déem ao p á r e n t e
de el rei de L e a o de H e s p a n h a vinte m a r c o s d'ouro,»
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tiempo de j u n t a r s e . L u e g o que' nacen las c r i a t u r a s les ponemos en las espaldas cinco cruces con un h i e r r o e n c e n d i d o ; si
es v a r ó n , lo criamos t r e s años y con los que vienen al año sig u i e n t e se le lleva su p a d r e p a r a que lo crie y enseñe á t r a b a j a r ; si es h e m b r a , le c o r t a m o s el pecho izquierdo p a r a que
p u e d a m a n e j a r el arco y flecha, y ésta se queda e n t r e nosot r a s , g u a r d a n d o los ritos y c e r e m o n i a s y a e x p r e s a d a s . Sin
el auxilio de nadie defendemos n u e s t r o t e r r i t o r i o , teniendo
a r r e g l a d a s n u e s t r a s t r o p a s ; peleamos con arco y flecha, sin
h a c e r n o s falta p a r a esto la a y u d a de los h o m b r e s ; y puesto
que os he informado de t o d o , y a os podéis r e t i r a r , y a g r a d e ced que atendiendo á v u e s t r a ignorancia no m a n d a la reina
mi s e ñ o r a que se os castigue s e v e r a m e n t e .
G a r c í a R a m i r e z , con mucha cortesía y h u m i l d a d , respondió que luego al p u n t o saldríamos de aquel p a í s , estando r e conocidos al favor que se dignaba d i s p e n s a r n o s ; e s p e r a n d o
de la mucha bondad y munificencia de su majestad nos facilit a r a algunos r e c u r s o s , p o r q u e y a no t e n í a m o s p a r a poder
costear el viaje y pasar a d e l a n t e . L a r e i n a m a n d ó se nos diese
la suma de mil doblones de o r o , y con ellos salimos de aquella
t i e r r a p a r a la J u d e a . A n d u v i m o s por esta provincia ocho dias,
al cabo de los cuales llegamos á la ciudad de C a n a n e a , la may o r que hay en toda la J u d e a , en la que están los descendientes de las t r i b u s de J u d á y Benjamín; luego que nos vieron
los judíos salieron á nosotros p r e g u n t á n d o n o s quiénes é r a m o s
y á qué íbamos. Contestó G a r c í a R a m i r e z á la p r e g u n t a , y
no c r e y é n d o n o s nos m a n d a r o n llevar a n t e el p r o c u r a d o r gen e r a l de la t r i b u de B e n j a m í n , por no h a b e r en aquella nación m á s r e y , g o b e r n a d o r , c o r r e g i d o r ni otro jefe que un
p r o c u r a d o r en cada t r i b u : este nos m a n d ó poner presos por
si podia a v e r i g u a r si e n t r e nosotros iba a l g u n a p e r s o n a r e a l
de las t i e r r a s de E s p a ñ a . U n mes nos tuvo p r e s o s , en cuyo
tiempo nos recibió v a r i a s d e c l a r a c i o n e s , y viéndolas t o d a s
c o n t e s t e s , m a n d ó ponernos en l i b e r t a d , p e r o que sin detenernos siguiéramos n u e s t r a m a r c h a hasta salir de su t e r r i t o r i o .
E n uno de los pueblos del tránsito presenciamos una cosa
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De como fomos
a urna provincia
ao Preste
de judens,
Joao.
que sao
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sujeitos
D'alli fomos a urna provincia de j u d e u s , e vimos o rio das
P e d r a s , o qual c é r e a toda a provincia; nao t e m a g u a , senao
urnas p e d r a s toscas e muito l e v e s , sem c o m p a r a c a o , e quando ha vento as faz anclar. F o m o s á cidade principal dos jud e u s , que m o r a m n'estas p a r t e s , que é c h a m a d a C a n a n é a , e
até a maior que ha em toda a provincia onde vivem os da
tribu de J u d á . E como nos v i r a m de l o n g e , sahiram a nos
fóra da c i d a d e , e p e r g u n t a r a m - n o s d ' o n d e vinhamos sem
licenca, de onde iamos, e p o r q u e causa a n d a v a m o s sem licenca do maioral por alli; lancou mao de nos o p r o c u r a d o r de
C a n a n é a , e teve-nos presos n o v e s e m a n a s .
E s t a provincia nao tem r e i , nem principe, nem s e n h o r
n a t u r a l , e é sujeita ao P r e s t e J o a o , e lhe p a g a de t r i b u t o cada
anno cem d r o m e d a r i o s c a r r e g a d o s de m a n t i m e n t o , e cem
pegas d'ouro e p r a t a , p o r q u e os deixe v i v e r em sua lei, e
g u a r d a r o s a b b a d o . O P r e s t e J o a o , p o r q u e se nao l e v a n t e m
os j u d e u s , nao lhes quer d a r rei conhecido. E ' t é r r a mui abast a d a , e em cada cidade estao homens d ' a r m a s que vigiam.
N ' e s t a provincia nao fazem os j u d e u s as b a r b a s , e t r a z e m nas g r a n d e s p o r q u e p e r d e r a m a t é r r a da promissao.
Depois que o p r o c u r a d o r nos t e v e presos nove s e m a n a s ,
nao a d i a n d o em nos cousa a l g u m a , mandou-nos soltar, é que
nos déssem pelo seu t r a b a l h o , que h a v i a m o s passado ñas pris o e s , por ser em servico do S e n h o r P r e s t e J o a o das Indias,
n o v e c e n t a s pegas d'ouro p a r a p a s s a r nosso c a m i n h o .
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r a r a p a r a n o s o t r o s , y fué un e n t i e r r o en que iban en p r o c e sión varias g e n t e s de ambos s e x o s , vestidos de cilicios y con
los pies descalzos; al llegar á un sitio en que había una g r a n
porción de ceniza, se a r r o j a r o n en ella revolcándose como
las bestias en el c e n a g a l , y en seguida se volvieron á la casa
que ocupaba el difunto, d o n d e , s e g ú n nos dijeron, lloran la
p é r d i d a de su p a r i e n t e ó amigo con g r a n d e s m u e s t r a s de p e s a d u m b r e todo el r e s t o de aquel dia y noche s i g u i e n t e ; dur a n t e cuyo tiempo no t o m a n m á s alimento que u n a escudilla
de lentejas cocidas: esta clase de g e n t e no c r e e en la venida
de J e s u c r i s t o ; y sólo se disponen p a r a la aparición del A n t e Cristo.
L o s únicos jueces que g o b i e r n a n aquellas t r i b u s son los
p r o c u r a d o r e s electos por el p u e b l o ; éstos están sujetos al
P r e s t e J u a n , á quien le contribuyen a n u a l m e n t e con el tributo
de cien d r o m e d a r i o s c a r g a d o s de t r i g o y diez mil doblas de
oro.
CAPITULO VIL
Cómo el infante don Pedro y demás de su
acompañamiento
pasaron á la ciudad de Luca, donde habitan los
gigantes,
y desde allí á la ciudad de A Ibes, residencia del Preste
Juan.
Salimos de C a n a n e a , y luego nos e n c a m i n a m o s á la ciudad
de L u c a , en cuyo camino g a s t a m o s quince d í a s ; este viaje fué
p a r a nosotros el más peligroso que hicimos en n u e s t r a expedición, por el motivo de e s t a r h a b i t a d a s todas aquellas t i e r r a s
p o r g i g a n t e s que tienen de e s t a t u r a t r e c e c o d o s ; son m u y feroces y sin p i e d a d ; por lo r e g u l a r están a c o s t u m b r a d o s á com e r c a r n e h u m a n a , y no se libra de la m u e r t e el d e s g r a c i a d o
que cae en sus manos s a n g u i n a r i a s . P o r estos paises caminamos con todo cuidado y r e s e r v a , lo que no nos hubiera servido de n a d a si la s u e r t e no nos hubiese favorecido, como lo
hizo, pues en todo el camino no e n c o n t r a m o s más que á c u a t r o
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De como o infante D. Pedro passou pela térra dos
e foi á India do Preste Joao.
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Gigantes,
D'alli fomos á provincia dos G i g a n t e s , que sao de n o v e
covados de alto, e t a o altos como g r a n d e s langas. N ' e s t a tér r a nunca m o r r e u nenhum senao de muita velhice. D'alli ent r a m o s ñas I n d i a s , e fomos a cidade de Cargóla, que p a r t e
com a provincia dos G i g a n t e s , e p e r g u n t a m o s onde a d i a r í a mos o P r e s t e J o a o , e d i s s e r a m - n o s que na cidade de C a r l e o ,
que p a r t e com o senhorio do g r a n sultao: mas nao o a d i a m o s
alli. F o m o s a cidade de A l v e s , a qual é urna das mais n o b r e s ,
e formosas do m u n d o , e alli o a d i a m o s .
E n t r a n d o pela cidade p e r g u n t a m o s pelos pagos do" P r e s t e
J o a o , e a n d a m o s pelas r ú a s desde pela m a n h a até á noite que
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de ellos en distintos sitios, de modo que nunca vimos dos juntos ; y como nosotros é r a m o s c a t o r c e , no se a t r e v i ó ninguno
á e m b e s t i r n o s , pues de lo contrario h u b i é r a m o s perecido mis e r a b l e m e n t e en esta t i e r r a : en fin, salimos de ella con el
susto que se deja conocer, y al cabo de a l g u n a s j o r n a d a s lleg a m o s con toda felicidad á la ciudad de A l b e s , donde habita
el P r e s t e J u a n .
E s t a ciudad, la más populosa y r e s p e t a b l e , la más rica y
fortalecida que h a y en aquella p a r t e del m u n d o , tiene de circunferencia más de doce l e g u a s : en su muralla ó cerca tiene
ciento cincuenta castillos ó t o r r e o n e s bien fortificados; en
cada uno hay más de mil h o m b r e s de g u a r n i c i ó n , todos con
la b a r b a l a r g a , m o s t r a n d o en ello luto en señal de h a b e r perdido la T i e r r a de P r o m i s i ó n , en la que se hallan unas piedras
tan p a r t i c u l a r e s , que t o m á n d o l a s en la m a n o y dándolas un
g o l p e , se dividen en m u c h a s piezas t o d a s t r i a n g u l a r e s , y por
p e q u e ñ a que sea cada una de ellas, se vuelve á dividir en o t r a s
m a s m e n u d a s que a p e n a s se perciben con la v i s t a ; p e r o no
por ser tan diminutivas pierden la figura t r i a n g u l a r . T i e n e n
v i r t u d p a r a c u r a r m u c h a s e n f e r m e d a d e s , en p a r t i c u l a r p a r a
las m o r d e d u r a s de animales venenosos. E s t a n t o el n u m e r o s o
g e n t í o que habita la ciudad de A l b e s , que por n i n g u n a de sus
m u c h a s y anchas calles apenas se p u e d e t r a n s i t a r d e s e m b a r a z a d a m e n t e . E n t r a m o s en aquella ciudad al r a y a r el alba, y
habiendo p r e g u n t a d o por el palacio del P r e s t e J u a n , nos dijer o n que p a r a llegar á su palacio se necesitaba ocupar medio
dia sin dejar de a n d a r , y que como no llevásemos quien nos
g u i a s e , acaso no l l e g a r í a m o s en todo el dia. Con este motivo
ajustamos un h o m b r e que nos condujese, y sin p é r d i d a de
tiempo, e m p e z a m o s á caminar por la ciudad , en la que vimos
cosas tan admirables y edificios t a n magníficos, que es imposible esplicarlo; b a s t e decir, que cuanto h a s t a entonces habíamos visto fué n a d a en comparación de lo que en esta ciudad
a d m i r a m o s . L a s once y media seria cuando descubrimos á
l a r g a distancia un suntuoso palacio con ocho t o r r e s t a n hermosas y b r i l l a n t e s , que no se podían m i r a r sin recibir i m p r e -
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c h e g a m o s aos pagos. D e n t r o dos m u r o s h a v e r á mais de seiscentas casas de nobres com seus jardins c e r c a d o s ; e d ' u m a a
o u t r a r ú a taipa no m e i o , p a r a nao se passar d ' u m a r ú a a
o u t r a de noite. F o m o s fazer r e v e r e n c i a ao P r e s t e J o a o , e
primeiro que chegassemos a elle havia t r e z e p o r t e i r o s ; os
doze sao bispos, e um arcebispo, que está na c á m a r a do P r e s te J o a o . C h e g a m o s a p o r t a primeira onde havia urna g r a n d e
s a l a , e p e r g u n t o u o primeiro p o r t e i r o de que g e r a c a o eram o s . R e s p o n d e u o l i n g u a , que e r a m o s vassallos d'el-rei de
L e a o de H e s p a n h a , seu irmao en a r m a s , e que e n t r e nos vinha um seu p á r e n t e . O p o r t e i r o nos abriu a p o r t a com g r a n de alegría, e e n t r a n d o o infante D . Pedro fez r e v e r e n c i a ao
P r e s t e J o a o , com os joelhos no chao e beijou-lhe as raaos, e
o mesmo fez á rainha sua m u l h e r , e a um seu filho, que era
i m p e r a d o r da t é r r a dos G o l d r á s . Tirou D . P e d r o as c a r t a s
que l e v a v a d'el-rei de L e a o de H e s p a n h a , e pondo-as em cima
da sua cabeca, as deu ao P r e s t e J o a o , o qual com o r o s t o aleg r e as tomou e m a n d o u a el-rei de Alvim que as lfisse: como
foram lidas, mandou o P r e s t e J o a o a D . P e d r o que se sentasse
á sua mesa e n t r e a mulher e seu filho, e ácima de todos os
reis, que comiam com elle, que e r a m q u a t o r z e , e serviam á
sua mesa s e t e : e p a r a nos mandou o P r e s t e J o a o por o u t r a
m e s a . E s t a sala em que comeu o P r e s t e J o a o é mui rica: porque as p a r e d e s e r a m de ouro e azul; o telhado de cachos de
ouro, o chao de p e d r a s r e s p l a n d e c e n t e s e a taboa da mesa de
diamantes.
E s t i v e m o s assim q u a t o r z e s e m a n a s . Cada dia lhe p u n h a m
na mesa c u a t r o v a s o s de ouro. N o primeiro e s t a v a urna cabeca de hornera m o r t o , p o r q u e visse que assim havia de ser
elle. O s e g u n d o e s t a v a cheio de t é r r a , p o r q u e assim havia de
s e r . O t e r c e i r o cheio de b r a z a s , porque se l e m b r a s s e das penas do inferno. O q u a r t o cheio de urnas p e r a s , que n a s c e m
e n t r e os rios T i g r e , e E u f r a t e s , p o r q u e vejam o m i l a g r e , que
está d e n t r o d'estas p e r a s , ñas quaes p a r t i d a s pelo meio, appar e c e d e n t r o a i m a g e n do S a n t o Crucifixo..
N ' e s t a t é r r a os clérigos sao casados com mogas v i r g e n s ,
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sion la vista por el mucho reflejo que despechan. L e p r e g u n t a m o s al guia qué palacio e r a a q u e l , y nos contestó que el del
P r e s t e J u a n . L l e g a m o s á él y o b s e r v a m o s que d e l a n t e de sus
p u e r t a s habia una g u a r d i a de seiscientos h o m b r e s de caballer í a é infantería, lujosamente vestidos y bien a r m a d o s , de los
cuales se adelantó un capitán y nos p r e g u n t ó quiénes é r a m o s
y qué se nos ofrecia. El i n t é r p r e t e respondió que é r a m o s esp a ñ o l e s , vasallos del rey de L e ó n , y p r e t e n d í a m o s besar la
mano al P r e s t e J u a n ; á lo que contestó el capitán nos a g u a r dásemos en aquel sitio hasta que él p a s a r a la noticia á los port e r o s de c á m a r a , y éstos á su m a j e s t a d ; con lo que se fué,
volviendo á corto r a t o diciendo que pasásemos a d e l a n t e . L e
seguimos h a s t a donde e s t a b a n los p r i m e r o s c a m a r e r o s , y él
se quedó allí: uno de aquellos m a n d a r i n e s nos condujo h a s t a
la a n t e s a l a , en la que e s t a b a n seis r e y e s de a r m a s y m a s de
cien a l a b a r d e r o s ; uno de los r e y e s dio aviso al p o r t e r o de cám a r a de n u e s t r a p r e t e n s i ó n , y este la comunicó á su majest a d ; el cual m a n d ó e n t r á s e m o s ; puestos en orden con la may o r ceremonia y cortesía que p u d i m o s , e n t r a m o s en el r e a l
salón, en el que debajo de un magnífico dosel e s t a b a s e n t a d o
el P r e s t e J u a n con su esposa al lado, y un hijo que tenia el título de e m p e r a d o r de las provincias G a l d r a s . H i n c a m o s la rodilla en t i e r r a v a r i a s v e c e s , h a s t a llegar á la inmediación del
t r o n o , en cuya p o s t u r a el infante don P e d r o sacó las c a r t a s
que llevaba de su primo, y poniéndoselas sobre la c a b e z a , las
besó con sumisión y puso en las m a n o s del P r e s t e J u a n , quien
las recibió con la m a y o r c o r t e s í a , m a n d a n d o á uno de sus cam a r e r o s las leyese. E n t e r a d o el s o b e r a n o de que el p o r t a d o r
era primo del r e y de L e ó n , le m a n d ó s e n t a r s e y siguieron
hablando l a r g o tiempo, h a s t a que llegó la h o r a de c o m e r .
P u e s t a s que fueron las m e s a s le hizo s e n t a r s e á su lado, p r e firiéndole á los r e y e s que comian con él. M a n d ó también pon e r o t r a m e s a , en la que s e n t a d o s todos los demás de la comitiva del i n f a n t e , nos sirvieron la comida con magnificencia.
O b s e r v a m o s con e s t r a ñ e z a que todos los dias ponían en la
mesa del P r e s t e J u a n c u a t r o fuentes de p l a t a : en una habia
V I A J E S D E L I N F A N T E D. P E D R O D E P O R T U G A L
93
e se elle m o r r e a mulher nao pode casar o u t r a vez, e se lhe
m o r r e a mulher ha-de g u a r d a r castidade, e se a nao g u a r d a r
logo o m a n d a m m a t a r . E m cada igleja ha dous c l é r i g o s , e
um a l t a r com a l g u m a s i m a g e n s , e a do S a n t o Cruciíixo. E s t e s
clérigos sao semaneiros; ao sabbado vai um ao o u t r o , que est a v a n a igleja, confessa-se com elle, e r e c e b e t a m b e m o Sac r a m e n t o , e o o u t r o se vai p a r a sua casa a fallar com seus
f r e g u e z e s , e fal-os i r á igleja p a r a que se comfessem, e recebam o corpo de N . S. J e s ú s C h r i s t o . Q u a n d o o P r e s t e J o a o
vai fóra, leva diante de si t r e z e c r u c e s ; as doze em lembran5a dos doze A p o s t ó l o s , e a o u t r a , com o Crucifixo, significa
J e s ú s C h r i s t o . F o m o s ver o corpo de S. T h o m é , e m a n d o u o
P r e s t e J o a o dous cavalleiros c o m n o s c o , que nos m o s t r a s s e m
o sepulchro do S a n t o o qual está em cima do a l t a r , assim
como está posta a i m a g e m , e b r a c o , e mao com que tocou o
lado de Nosso S e n h o r ; e está t a o fresco como se estivesse
vivo.
N a vigilia de S. T h o m é t o m a m urna vida s e c c a , e poemlha n a m a o , desde h o r a s de v e s p e r a s até á noite; deita a vide
de si t r e s r a m o s ; e cada r a m o dá t r e s cachos de a g r a c o ; desde a noite até m a t i n a s sao estes a g r a c o s bem limpos; e desde
m a t i n a s a t é á missa vera a a m a d u r e c e r ; e t i r a m d'elle mosto
com que celebra o P r e s t e J o a o n'este dia, e nao diz missa em
o u t r o algum senao de C o r p u s C h r i s t i , e de S a n t a M a r i a de
de A g o s t o . Q u a n d o fallece o P r e s t e J o a o , nao pode n i n g u e m
ser P r e s t e p o r l i n h a g e m , nem por senhorio, senao pela g r a p a
de D e u s , e pelo S a n t o Apostólo que escolheu, como logo diremos.
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VIAJES
D E L I N F A N T E D. PEDRO
DE
PORTUGAL
la cabeza ó cráneo de un difunto en r e p r e s e n t a c i ó n de la m u e r te ; en o t r a una porción de t i e r r a p a r a r e c o r d a r l e lo que somos
y en lo que hemos de venir á p a r a r ; la t e r c e r a llena de carbón
encendido, p a r a r e p r e s e n t a r l e las penas del infierno, y la
c u a r t a estaba llena de una fruta á modo de p e r a s m u y especiales , que por cualquiera p a r t e que se c o r t a b a n se veian dos
c r u c e s , u n a en cada p e d a z o , y a u n q u e se c o r t a r a n en m u c h a s
piezas t o d a s sacaban la cruz de Cristo S e ñ o r n u e s t r o . E n esta
forma comia todos los d i a s , y luego con muchas oraciones
daba señales de o b s e r v a r la v e r d a d e r a religión como buen
cristianismo.
T r e s m e s e s estuvimos en aquella c o r t e m u y bien t r a t a d o s
y asistidos de todo lo necesario, en cuyo tiempo vimos cosas
m u y maravillosas. L o s s a c e r d o t e s son casados en aquella tier r a ; p e r o cuando q u e d a n viudos no p u e d e n volver á c a s a r s e ,
debiendo e n t o n c e s p e r m a n e c e r en la iglesia sin salir de ella
h a s t a que se m u e r e n . Si él fallece a n t e s , t a m p o c o se le permite s e g u n d o m a t r i m o n i o á la m u g e r , debiendo g u a r d a r castidad por toda su v i d a , y la que q u e b r a n t a este p r e c e p t o tiene irremisible p e n a de m u e r t e ; p o r cuyo delito vimos quitar
la vida á dos de ellas.
E n cada iglesia asisten de continuo c u a t r o s a c e r d o t e s , los
que a l t e r n a n por s e m a n a s , y p a r a salir los c u a t r o tienen que
quedar otros en su l u g a r . H a y otros que tienen la obligación
de e x h o r t a r á los feligreses al cumplimiento de la iglesia todos
los m e s e s , y el que no lo hace cae en d e s g r a c i a del P r e s t e .
N i n g ú n s a c e r d o t e p u e d e t r a t a r en n a d a de comercio, ni t e n e r
labor de c a m p o , g a n a d o s , camellos, elefantes, ni o t r a s g r a n g e r í a s , m a n t e n i é n d o s e solamente con los diezmos y primicias,
lo que se o b s e r v a con tanto r i g o r , que al que se le justifica
alguna falta en estos p r e c e p t o s , al m o m e n t o s a l e d e s t e r r a d o de
todos aquellos dominios, con cuya ley viven m u y conformes
y sumisos á sus obligaciones, y á imitación de ellos siguen
los s e g l a r e s en la p a r t e que les toca r e s p e c t o á lo civil, viviendo todos en t a n t a paz y a r m o n í a , que apenas se a d v i e r t e un
disgusto.
V I A J E S D E L I N F A N T E D. P E D R O
De como elegem
DE
o Preste Joao das
PORTUGAL
95
Indias.
A d j u n t a m - s e todos os clérigos na cidade de A l v e s , e andam em procissao ao r e d o r do A p o s t ó l o , e p a r a aquelle quena de ser P r e s t e S e n h o r de todos, estende o Apostólo o braco e a p o n t a com o d e d o , e entao o t o m a m todos os o u t r o s
com g r a n d e s o l e m n i d a d e , c h e g a n d o onde esta o Apostólo
aquelle que ha-de ser P r e s t e J o a o , vai com muita humildade
beijar a m a o a S. T h o m é , e todos os o u t r o s , que juntos estao
beijam a m a o ao P r e s t e J o a o , t o m a m a cinta de S a n t a M a r i a ,
a qual deixou Nossa S e n h o r a quando subiram os anjos ao céo,
poem em duas v e r g a s de ouro a t r a v e s s a d a s por c i m a , e vao
a t é ao a l t a r de S. J o a o , e d'esta m a n e i r a é elegido o P r e s t e
J o a o . Disse D . P e d r o ao l i n g u a : «Dizei ao P r e s t e J o a o que
nos dé licenca que minha v o n t a d e é de passar adiante.»
96
VIAJES
D E L I N F A N T E D. P E D R O
DE
PORTUGAL
Pocos dias a n t e s de venirnos m a n d ó el P r e s t e á dos sacerdotes que nos m o s t r a r a n el c u e r p o de S a n t o T o m á s : fuimos
á la iglesia donde está el santo y le v i m o s : está colocado en
el altar m a y o r en pie d e r e c h o , y el b r a z o y m a n o que puso
sobre el costado de Cristo N u e s t r o S e ñ o r , lo tiene tan natur a l y fresco como si lo t u v i e r a con vida. L a v í s p e r a del dia
del santo le ponen en la m a n o un s a r m i e n t o seco, el cual se
r e v e r d e c e al i n s t a n t e , echa hojas y t r e s racimos de u v a s , que
al toque de oración están en a g r a z y cuando a m a n e c e y a est á n en s a z ó n : de ellas se hace m o s t o , y con él celebra misa
el P r e s t e aquel d i a , el del C o r p u s y el de N u e s t r a S e ñ o r a , á
15 de A g o s t o , que son las t r e s únicas que dice en todo el a ñ o .
V i s t o el cuerpo del santo nos volvimos á Palacio á d a r las
g r a c i a s al P r e s t e por el favor que nos habia dispensado.
CAPITULO VIII.
Del ceremonial que se observa para elegir al Preste Juan,
y
de cómo el infante D. Pedro y los suyos hicieron una excursión por una tierra donde los hombres tienen el acento
como el ladrido de los perros.
I n m e d i a t a m e n t e que m u e r e el P r e s t e , como esta dignidad
no es h e r e d i t a r i a , se r e ú n e n en la ciudad todos los obispos y
a b a d e s del r e i n o , y en solemne procesión se dirigen á la iglesia del apóstol S a n t o T o m á s , en la que con muchas oraciones
y p l e g a r i a s r u e g a n al s a n t o designe al que debe ser el P r e s t e ;
á cuya r e v e r e n t e súplica el elegido es designado con u n a
señal p a r t i c u l a r y solo conocida de todos los c i r c u n s t a n t e s
allí c o n v o c a d o s . E n seguida todos le dan la obediencia, pasando después el que ha sido electo á b e s a r la m a n o al s a n t o , y
los d e m á s p r e l a d o s se la besan á él: echa esta ceremonia r e ciben su bendición, se v u e l v e n á f o r m a r la procesión y le conducen al palacio desde cuyo m o m e n t o da principio su autoridad g o b e r n a n d o sus dominios.
V I A J E S D E L I N F A N T E D. P E D R O D E P O R T U G A L
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R e s p o n d e u o P r e s t e J o a o que nao quizessemos passar d'alli
p o r q u e poderiamos c h e g a r a t é r r a a que nao a c h a r i a m o s ger a c a o ; que sao s e p u l t u r a s os filhos dos p a e s , e os paes dos
filhos, p o r q u e comem uns aos o u t r o s . E s t e s h a o d e vir cora o
A n t i - C h r i s t o , p o r q u e sao mui crueis, m o r a m e n t r e s e r r a s mui
altas. Disse D. P e d r o que sua v o n t a d e era ir ao diante a t é
que no mundo nao houvese mais nacao. Q u a n d o o P r e s t e
J o a o viu que nossa tencao era de nos i r m o s , m a n d o u que nos
dessem seis d r o m e d a r i o s e dou linguas que nos servissem de
guia.
P a r t i m o s d'alli urna segunda-feira, e a t r a v e s s a m o s a cidade de E d i c i a , até ao P a r a í s o T e r r e a l por d e s e r t o s em que
fizemos dezesete j o r n a d a s , e cada urna de q u a r e n t a l e g u a s ,
que a n d a o d r o m e d a r i o em cada d i a , e nunca achamos pov o a d o : ñera g e n t e em seiscentas e oitenta l e g u a s . N ' e s t e s des e r t o s nao ha caminhos que g u i e m as p e r s o a s , e c h e g a n d o
nos a vista de t é r r a do P a r a í s o T e r r e a l , as guias que nos deu
o P r e s t e J o a o , nao nos d e i x a r a m p a s a r p a r a d i a n t e .
D'alli viemos aos rios T i g r e , E u f r a t e s , Gion e Pisón, que
sahem do P a r a i s o T e r r e a l . Pelo T i g r e sahem r a m o s de oliveira e c y p r e s t e s , pelo E u f r a t e s sahem p a l m a s , pelo Gion
s a h e m h o m e n s , e pelo Pisón sahem p a p a g a i o s em ninhos pelas a g u a s ; e d ' e s t e s rios se m a n t e m todo o m u n d o de a g u a s ,
p o r q u e d'estes nascem o u t r o s rios.
D'alli fomos v e r a s a r v o r e s das peras', que estao e n t r e o
T i g r e e E u f r a t e s , que sao duas, cada urna dá cada anno quar e n t a p e r a s , e nunca dao mais n e m m e n o s , e isso significa
q u a r e s m a . E s t a s p e r a s se e n t r e g a m ao P r e s t e J o a o , e se r e p a r t e m pelbs s e n h o r e s principaes, p a r a os confirmar na fé de
Christo; p o r q u e quando se p a r t e r a estas p e r a s em cada p a r t e
a p p a r e c e o S a n t o Crucifixo, e N o s s a S e n h o r a com seu filho
nos b r a c o s .
F o m o s a urna provincia onde habita g e n t e que nao t e m
mais que urna p e r n a , e um pé r e d o n d o , e vimos carneiros com
oito pés e seis corpos.
D'alli fomos a urna provincia dos P i n t o s que sao uns ho7
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V i e n d o el infante el mucho tiempo que hacia que estábamos detenidos en aquella ciudad, pidió licencia p a r a p a s a r á
o t r a p a r t e , y el p r e s t e le aconsejó no siguiera su camino
hacia cierta dirección que le indicó, p o r q u e llegaría á una provincia habitada por g e n t e s tan idiotas, que tienen la p e r v e r s a
c o s t u m b r e de c o m e r s e los hijos á sus p a d r e s cuando éstos
llegan á una edad a v a n z a d a , y cuando hablan, su voz se p a r e ce al ladrido de los p e r r o s . E l infante le dijo que aunque no
e n t r a r a en aquellas t i e r r a s , quería p o r curiosidad v e r l a s
desde lejos, á lo cual no se opuso el P r e s t e por darle g u s t o ,
m a n d a n d o p r e v e n i r p a r a el viaje seis d r o m e d a r i o s : dos p a r a
c o m e r con ellos, y los otros p a r a c a r g a y m o n t a r á caballo en
ellos, dándole t a m b i é n mil escudos de oro y dos h o m b r e s
p a r a que nos guiasen y sirviesen en aquella j o r n a d a . P a r t i m o s
de aquella ciudad t o m a n d o el camino del desierto del P a r a í s o ,
por el que anduvimos t r e s c i e n t a s veinte l e g u a s sin e n c o n t r a r
población a l g u n a . L u e g o que llegamos á la vista de unas altísimas m o n t a ñ a s , vimos al pié de ellas algunas poblaciones circumbaladas por c u a t r o rios que se denominan el T i g r i s ,
E u f r a t e s , Guión y F i s o n , los cuales salen del P a r a í s o T e r r e nal , según' nos manifestaron los dos g u i a s ; las r i b e r a s están
pobladas de frondosos árboles, p e r o de distintas especies, seg ú n la calidad del t e r r e n o de cada uno; así es que en las márg e n e s ó c e r c a n í a s del T i g r i s sólo se a d v e r t í a n olivos; las del
E u f r a t e s estaban cubiertas de cipreses; las de Guión de palmer a s y a r r a y a n e s , y las del F i s o n de c e d r o s , sobre cuyos árboles se divisa i n n u m e r a b l e s p a p a g a y o s y o t r a s a v e s hermosísimas. P a s a m o s m á s adelante h a s t a llegar á la orilla del rio
T i g r i s , que era el m á s c e r c a n o , y los guias nos manifestaron
dos árboles de los que echan las p e r a s ó fruta de la cruz que
vimos en la mesa del P r e s t e J u a n ; los cuales no echan más de
c u a r e n t a , no descubriéndose otros que aquellos dos en todos
aquellos contornos, ni han e n c o n t r a d o medio de hacerlos producir; causa p o r q u e los tienen m u c h a e s t i m a , dedicando su
fruto sólo p a r a el P r e s t e J u a n . Quisimos pasar a d e l a n t e , mas
los guias no lo consintieron por no e x p o n e r n o s á algún peligro,
V I A J E S D E L I N F A N T E D. P E D R O D E P O R T U G A L
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mens muitos pequenhos como meninos de cinco annos, e t e m
g u e r r a s con g r a n d e s bandos de p a s s a r o s , que vem c o m e r
suas n o v i d a d e s .
T o r n a m o s p a r a o P r e s t e J o a o , o cual t e v e g r a n d e plazer
quando soube que e r a m o s c h e g a d o s ; e estivemos alli t r i n t a
dias. E disse D . P e d r o ao P a e s t e J o a o : «Pois vossa alteza
sabe que sou p á r e n t e d'el-rei de H e s p a n h a , e vim ver t o d a s
as t é r r a s do m u n d o , faca-me a m e r c e de me dar s o c o r r o p a r a
me t o r n a r ao poente.» E mandou o P r e s t e J o a o que nos dessem nove mil pegas e urna c a r t a que elle mesmo mandou fazer, a qual contém militas cousas notaiveis e diz assim:
Carta que mandou
o Preste Joao das ludias,
cousas d'aquella
térra.
em que corita
P r e s t e J o a o das Indias, rei de muitos reinos, e t c . F a z e m o s
saber que nos e r e m o s em D e u s P a d r e , Filho e Espirito Sant o , T r e s P e s s o a s e um só D e u s v e r d a d e i r o . A todos os que
desejaes saber que cousas ha em nosso senhorio vos dizemos,
que temos sessenta reis nossos vassallos, e aos p o b r e s de nossa t é r r a os m a n d a m o s m a n t e r de nossas r e n d a s . H a v e i s de
s a b e r que nossas p a r t i d a s sao t r e s , India menor, A b e x i n s , e
India maior, e n'ella está o corpo de S. T h o m é A p o s t ó l o .
Sabei que n'esta t é r r a nascem os e l e p h a n t e s , camelos,
leoes e grifos, os quaes t e m g r a n d e s forcas que levam voando um b e z e r r o , p a r a que o comam seus filhos. E s t e s animaes,
e o u t r a s especies de s e r p e n t e s a n d a m no d e s e r t o , e os drom e d a r i o s , e camelos quando sao p e q u e ñ o s , os t o r n a m nossos
vassallos, e os fazem mansos p a r a l a v r a r a t é r r a , e a n d a r
caminhos. T e m o s g e n t e em urna p r o v i n c i a , que nao t e m
senao um olho, e o u t r a g e n t e , que tem dous olhos d i a n t e , e
dous a t r a z , e quando a l g u m m o r r e os p a r e n t e s o comem, sao
c h a m a d o s Gostes e Mangostes,
vivem d e t r a z d'umas s e r r a s
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y d e t e r m i n ó el infante nos volviésemos á la c o r t e del P r e s t e
J u a n , como en efecto lo hicimos, p e r m a n e c i e n d o t r e i n t a dias
más, al cabo de los cuales nos concedió la licencia y beneplácito p a r a que pudiésemos r e g r e s a r á E s p a ñ a , dándonos muchas bendiciones, y m a n d a n d o e n t r e g a r al infante veinte mil
piezas de o r o , c u a t r o d r o m e d a r i o s y seis camellos, con cuyo
auxilio tuvimos lo suficiente p a r a v o l v e r n o s á E s p a ñ a : asimismo le dio una c a r t a p a r a el r e y de L e ó n .
CAPITULO IX.
Carta del Preste Juan de las Indias para el rey D. Juan el
segimdo de Castilla, en la que se da cuenta de los ritos y
ceremonias,
de su reino, y costumbres
de los
habitantes
que le pueblan.
P o d e r o s o y cristianísimo r e y D . J u a n , salud en N u e s t r o
S e ñ o r J e s u c r i s t o . Os h a g o s a b e r que n u e s t r a ley es la de g r a cia, c r e y e n d o fiel y v e r d a d e r a m e n t e en Dios P a d r e , Hijo y
E s p í r i t u S a n t o , t r e s p e r s o n a s distintas y un solo Dios verdadero.
Y p o r cuanto si apetecéis s a b e r las particularidades de
mis extensos dominios, os manifiesto que t e n g o bajo mi autoridad 64 r e y e s ; me obedecen 12 arzobispos, 30 obispos y 4 pat r i a r c a s . E l dominio de mis. t i e r r a s se extiende á diez mil leg u a s c u a d r a d a s , en las que t e n g o dos provincias muy import a n t e s llamadas India m a y o r é India m e n o r , en las que se
crian mucha v a r i e d a d de animales y aves de tan g r a n d e s
fuerzas, que sin p e r d e r el vuelo a r r e b a t a n del suelo las r e s e s
y se las llevan al nido p a r a que coman sus hijuelos. Con los
d r o m e d a r i o s , elefantes, camellos y unicornios, se labran los
campos y hacen las labores que n e c e s i t a m o s .
T e n g o en mis E s t a d o s un t e r r i t o r i o cuyos h a b i t a n t e s no
tienen m a s de un ojo en medio de la frente, cuando m u e r e al-
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mui a l t a s ; dizem que nunca d'alli sahirao até que v e n h a o
A n t i - C h r i s t o , e e n t a o sahirao com g r a n d e furia: e sao t a n t o s ,
que os nao p o d e r a o v e n c e r as g e n t e s do m u n d o , m a s só D e u s
m a n d a r á do c é o , com que s e r a o a b r a z a d o s por suas crueldades. E m o u t r a provincia ha g e n t e , que tem um pé r e d o n d o ,
n a o sao p a r a pelejar, mas sao bons l a v r a d o r e s . E ha o u t r a g e
g e r a c a o , que nao sao maiores os h o m e n s , e m u l h e r e s que
menimos de 5 a n n o s , e nao tem t r a b a l h o senao quando haode s e g a r o t r i g o , p o r q u e vera urna m a n a d a de g r a n d e s pass a r o s , e sahe o rei d'elles á b a t a l h a , e aquellas a v e s nao se
q u e r e m ir até que m a t a m muitas d'ellas. E p e r t o d'estes ha
o u t r o s , que sao homens da cintura p a r a c i m a , e da c i n t u r a
p a r a baixo sao cavallos, comem c a r n e c r u a , vivem de c a c a r ,
e m o r a m no d e s e r t o como animaes. M a n d a m o s t r a z e r alguns
d'estes, p a r a que estejam em nossa c o r t e .
T e m o s mais em nossa t é r r a cem castellos mui f o r t e s , e
em cada um q u a t r o mil homens de a r m a s , que g u a r d a m os
papos e fronteiras d'aquella nacao cruel de G o t , e M a g o t ,
que se sahissem fóra d'aquellas s e r r a s destruiriam o m u n d o .
Q u a n d o nos v a m o s b a n h a r , fazemos levar diante de nos
urna c r u z : p o r q u e nos l e m b r e m o s d'aquella em que foi posto
Nosso S e n h o r J e s ú s Christo, e levam diante de nos urna tumba de o u r o e vai cheia de t é r r a .
E sabei que n i n g u e m ousa m e n t i r onde está o A p o s t ó l o
S. T h o m é , p o r q u e logo s ú b i t a m e n t e é castigado por m i l a g r e ,
e ñas o u t r a s p a r t e s logo o damos por desleal, p o r q u e D e u s
m a n d o u que cada um amasse ao próximo em boa l e a l d a d e , e
nao fizessem e n g a ñ o com os que fazem fornicio, que se os
p r e n d e m d'este peccado logo os m a t a m o s .
'Outro s i m , nos iamos cada anno visitar o sepulchro dos
S a n t o s P r o p h e t a s a n t i g o s ; e iamos a Babylonia em castellos
feitos s o b r e elephantes (por causa de muitas s e r p e n t e s , drag o s , l e o e s , t i g r e s , e oncas que ha no d e s e r t o ) a visitar o sepulchro do p r o p h e t a D a v i d .
T a m b e m s e n h o r e a m o s urna provincia de G i g a n t e s , que
nos p a g a m t r i b u t o , e sao homens tao altos como l a n c a s , e se
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V I A J E S D E L I N F A N T E D. P E D R O D E P O R T U G A L
gimo se le comen e n t r e sus p a r i e n t e s , á los cuales llaman g ó m e o s ; habitan e n t r e dos s i e r r a s tan á s p e r a s , que ni pueden
llegar h a s t a nosotros ni nosotros á ellos por la profundidad
del valle en que se crian: siendo en t a n t o n ú m e r o los que hay,
que si Dios no hubiera permitido que estuviesen e n c e r r a d o s
alli por la n a t u r a l e z a , podían cubrir mucha p a r t e de la tier r a ; habiendo tradición que no saldrán de aquel sitio h a s t a
que v e n g a el A n t e Cristo.
Hay o t r a provincia con una clase de g e n t e s que tienen los
pies r e d o n d o s ; son pacíficos, y se ocupan n a d a m á s que en
l a b r a r sus t i e r r a s . E n otra isla t e n g o una g e n e r a c i ó n , cuyas
g e n t e s son de la alzada de una v a r a , con c o r t a diferencia,
p e r o son m u y belicosos. E n o t r a provincia h a y unos c e r r o s
m u y e l e v a d o s , en los que se cria g e n t e que de cintura a r r i b a
son h o m b r e s y de cintura abajo son caballos, y lo mismo las
mujeres: estos pelean f u e r t e m e n t e con los s a g i t a r i o s , de los
que h a g o t r a e r algunos á mi c o r t e por curiosidad especial;
los demás nunca salen de sus m o n t e s . T e n g o una provincia
habitada por g i g a n t e s de la a l t u r a de dos h o m b r e s los que no
me p a g a n t r i b u t o , 'aunque están á mi mando; si así como son
de g r a n d e s fueran belicosos y g u e r r e r o s , pudieran conquistar
el m u n d o ; p e r o son tan pacíficos, que-sólo se ocupan en lab r a n z a de t i e r r a ; sus a n t e c e s o r e s fueron los que formaron la
t o r r e de Babilonia.
Cuando t e n e m o s que salir á c a m p a ñ a no u s a m o s o t r o est a n d a r t e ni b a n d e r a que la S a n t a C r u z . T o d o s los años v a m o s
á visitar el cuerpo del profeta D a v i d ; y p a r a p a s a r los desiertos a r e n a l e s de Babilonia, v a m o s en castillos de m a d e r a puestos sobre elefantes, p a r a librarnos de las m u c h a s s e r p i e n t e s ,
d r a g o n e s y otros animales que h a y con siete cabezas, los cuales
son m u y v o r a c e s .
C u a t r o meses en el año vivimos con n u e s t r a s m u j e r e s , y
p a s a d o s , nos s e p a r a m o s h a s t a otro a ñ o : esto se entiende los
que somos s a c e r d o t e s , pues los s e g l a r e s viven siempre j u n t o s :
en las festividades de la Natividad de N u e s t r o S e ñ o r Jesuc r i s t o , P a s c u a de R e s u r r e c c i ó n , Ascensión y N a t i v i d a d de
V Í A J E S D E L I N F A N T E D. P E D R O D E P O R T U G A L
103
assim como sao g r a n d e s elles fossem bellicosos e g u e r r e i r o s
podiam conquistar o m u n d o : mas Nosso S e n h o r lhe póz tal
e m b a r g o ; que nao se e n t r e t e e m senao em t r a b a l h a r , e l a v r a r
a t é r r a , isso lhes veio, p o r q u e queriam fazer a t o r r e de Babylonia ; dizendo que por ella subiriam ao céo. D ' e s t e s temos
alguns na nossa c o r t e , p a r a que os vejam os e s t r a n g e i r o s
Os nossos pagos sao da m a n e i r a que os figurou o Apostólo
S. T h o m é a el-rei Gudilfe, as p o r t a s de cedro do L i b a n o , e
as janellas de c r y s t a l . A n t e o nosso paco t e m o s um t e r r e i r o
d'onde se e s c a r a m u c a m nossos donzeis. N o aposento a o n d e
dormimos a r d e urna a l a m p a d a de b a l s a m o , p o r q u e dá bom
c h e i r o , e os leitos em que dormimos sao e n c a s t o a d o s em sap h i r a s : isto fazemos por castidade. E m nossa c a s a assistem
o r d i n a r i a m e n t e 12 r e i s , 12 a r c e b i s p o s , 12 bispos, 12 patriarchas e t e m o s t a n t o s a b b a d e s em nossa capella quantos dias
t e m o a n n o . Cada um diz missa por o r d e m em seu d i a , e depois que a t e m dita vao p a r a um m o s t e i r o , em r a z a o da hon e s t i d a d e , e recqlhimento , p o r q u e em cada s a c e r d o t e d e v e
h a v e r h u m i l d a d c . Sabei que em dia de N a t a l , R e s u r r e i c a o ,
A s c e n s a o e N a s c i m e n t o de Nosso S e n h o r , estamos em nossa
c o r t e , t e m o s corOa mui n o b r e n ' e s t e s d i a s ; e fazemos p r é g a cao ao povo e o u t r a s solemnidades que d u r a m todo o dia; e
á noite sahimos t a o a b a s t a d o s , como se c o m e r a m o s todas as
viandas do mundo. E s t e s m i l a g r e s , e outros muitos, faz D e u s
p o r intercessao do b e m a v e n t u r a d o S. T h o m é . E s t a s cousas
e s c r e v o eu aos d'essas p a r t e s , p a r a que saibam o que se passa
n ' e s t a s Indias.
C o m o P r e s t e J o a o viu que nos queríamos p a r t i r de sua
c o m p a n h i a , suspirou e disse: « Q u a n t o bem nos fizera D e u s
Nosso S e n h o r se e s t i v e r a p e r t o d'el-rei de L e a o de H e s p a n h a
nosso e r m i t a o , p a r a que os inimigos de J e s ú s Christo fossem
d e s t r u i d o s que t a n t o s t r a b a l h o s nos dao em todo t e m p o estas
g u e r r a s crueis. Mas dizei a m e u a m a d o i r m a o el-rei de L e a o
de H e s p a n h a , que se esforcé como b o m , com a g r a g a de
D e u s a m a n t e r seus reinos em verdade e j u s t i g a , que faga
t a e s o b r a s que seja D e u s s e r v i d o ; e de a p p a r e c e r sem ver-
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VIAJES DEL
I N F A N T E D. P E D R O
DE
PORTUGAL
N u e s t r a S e ñ o r a , predicamos al pueblo en público, e x h o r t á n dole al cumplimiento de la divina L e y , y animándole á que
resista las tentaciones del común e n e m i g o . A d m i n i s t r a m o s y
g u a r d a m o s m u y r e c t a justicia, castigando á los malos y p r e miando á los b u e n o s .
E n esta f o r m a , caro y amado h e r m a n o , g o b i e r n o estas
provincias y en la misma creo dirigís las v u e s t r a s : así lo c r e e
del celo cristiano con que os j u z g a poseído v u e s t r o h e r m a n o ,
El Preste Juan
de las
Indias.
V I A J E S DEL I N F A N T E D. PEDRO D E PORTUGAL
105
g o n h a diante do seu r o s t o n'aquelle r e s p e i t a v e l dia do juizo.
A g o r a ide com a bencao de J e s ú s C h r i s t o , o qual t e n h a p o r
bem de vos g u a r d a r dos p e r i g o s d'este m u n d o , assim de alma
como do corpo.»
De como o infante
se despediu do Preste
para.
Hespanha.
Joao,
e se
tomón
D . P e d r o e nos todos, pozemos os joelhos no chao, diante
do P r e s t e J o a o , com muitas l a g r i m a s pedindo-lhe p e r d a o , e
a b e n s u c a o , e assim nos p a r t i m o s mui t r i s t e s . E segundo a
v i d a , que n'aquella t é r r a fazem, alli folgariamos de ficar se
os d'estas nacoes n'ella podessem viver. D'alli viemos p a r a
Casopia, que era t é r r a de Gudilfe, e fomos ao m a r V e r m e l h o ,
por onde p a s s a r a m os filhos de Israel quando vinham do
E g y p t o fugindo, os quaes e r a m muitos milhares de h o m e n s ,
m u l h e r e s e m e n i n o s ; ao longo do m a r a c h a m o s até t r e z e n t o s
p i l a r e s , que estao por signal por onde passou cada tribu, e
cada linhagem d'aquelles j u d e u s . Depois que p a s s a m o s muit a s p a r t i d a s viemos t e r ao reino de F e z , d'onde nos passamos
a Castella.
FIM.
8
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VIAJES D E L I N F A N T E D. PEDRO
DE
PORTUGAL
CAPITULO X.
De cómo el infante D. Pedro se despidió del Preste Juan
vino á España con su
acompañamiento.
y se
Cuando el infante se hubo e n t r e g a d o de la c a r t a y d e m á s
que le habia dado el P r e s t e J u a n , á quien besó la m a n o , nos
despedimos de los arzobispos y obispos de palacio con m u c h a s
l á g r i m a s y t i e r n o s a f e c t o s , que á no h a b e r sido p o r dejar al
i n f a n t e , algunos de nosotros nos h u b i é r a m o s quedado p o r
aquel país. A l fin salimos de la c o r t e g u i a d o s por los criados
que nos p r o p o r c i o n a r o n , d a n d o principio á n u e s t r a j o r n a d a el
dia p r i m e r o de A b r i l . S e g u i m o s j u n t o s h a s t a los confines de
aquellas provincias, donde nos s e p a r a m o s de los criados, ellos
p a r a volverse á la c o r t e y n o s o t r o s p a r a s e g u i r n u e s t r o camino.
L l e g a m o s á la ciudad de C a p a d o c i a , que p e r t e n e c e á T u r q u í a ,
en donde fuimos bien recibidos d e s c a n s a n d o t r e s dias. D e allí
salimos p a r a el m a r R o j o , p o r donde p a s a r o n los hijos de
Israel cuando v e n í a n de E g i p t o , que fueron seiscientos mil
h o m b r e s sin las mujeres y niños. D e s d e aquel punto t o m a m o s
el camino que habíamos llevado cuando fuimos hacia allí, p o r
s a b e r y a los p a s o s , c o s t u m b r e s y c e r e m o n i a s de aquellos habit a n t e s ; pues a u n q u e algunos de n u e s t r a comitiva fueron de
de sentir nos volviésemos p o r o t r a s p r o v i n c i a s , G a r c í a Ramir e z y otros con él dijeron que no c o n v e n i a , p o r q u e y a nos
conocían en las t i e r r a s p o r d o n d e h a b í a m o s p a s a d o , y no nos
dejarían volver l i b r e m e n t e sin e x p o n e r n o s á n u e v o s peligros.
P a r e c i ó m u y bien este dictamen al i n f a n t e , y d e t e r m i n ó que
r e g r e s á s e m o s por el camino que habíamos l l e v a d o , el que seguimos con t a n t a felicidad, que en n i n g u n a de las provincias
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V I A J E S D E L I N F A N T E D. P E D R O D E P O R T U G A L
y reinos p o r donde p a s á b a m o s nos pusieron el m e n o r impedim e n t o en la m a r c h a ; la que continuamos sin suceso que de
•contar s e a , e m b a r c á n d o n o s en A l e j a n d r í a h a s t a llegar á las
costas de E s p a ñ a . A n u e s t r a a r r i b a d a pasó el infante á v e r á
su primo el r e y D . J u a n , de quien después de h a b e r l e e n t r e g a d o la c a r t a del P r e s t e J u a n se despidió, y p a s a m o s á Port u g a l á b e s a r la m a n o á su p a d r e , al que contó cuanto queda
manifestado en t a n dilatada y peligrosa j o r n a d a , g a s t a n d o en
ella t r e s años y c u a t r o m e s e s .
M u y complacido quedó el r e y de que su hijo hubiese vuelto
con felicidad: á todos los que le a c o m p a ñ a m o s m a n d ó se nos
diesen r e n t a s con que poder m a n t e n e r n o s p o r los dias de nuest r a v i d a , con lo que nos r e t i r a m o s cada uno á disfrutarlas en
el seno de n u e s t r a familia.
FIN.