EVANGELHO DO DIA E HOMILIA - Padre Lucas Peregrinações

Transcrição

EVANGELHO DO DIA E HOMILIA - Padre Lucas Peregrinações
EVANGELHO DO DIA E
HOMILIA
(LECTIO DIVINA)
REFLEXÕES DE FREI CARLOS MESTERS, , O. CARM
REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM
Quinta-feira da 11ª Semana do Tempo Comum
1) Oração
Ó Deus, força daqueles que esperam em vós, sede favorável ao nosso apelo, e
como nada podemos em nossa fraqueza, dai-nos sempre o socorro da vossa
graça, para que possamos querer e agir conforme vossa vontade, seguindo os
vossos mandamentos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do
Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 6, 7-15)
Nas vossas orações, não multipliqueis as palavras, como fazem os pagãos que
julgam que serão ouvidos à força de palavras. 8Não os imiteis, porque vosso Pai
sabe o que vos é necessário, antes que vós lho peçais. 9Eis como deveis rezar:
PAI NOSSO, que estais no céu, santificado seja o vosso nome; 10venha a nós o
vosso Reino; seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu. 11O pão
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nosso de cada dia nos dai hoje; 12perdoai-nos as nossas ofensas, assim como
nós perdoamos aos que nos ofenderam; 13e não nos deixeis cair em tentação,
mas livrai-nos do mal. 14Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas,
vosso Pai celeste também vos perdoará. 15Mas se não perdoardes aos homens,
tampouco vosso Pai vos perdoará.
3) Reflexão - Mt 6, 7-15
* O evangelho de hoje traz a oração do Pai Nosso, o Salmo que Jesus nos
deixou. Há duas redações do Pai Nosso: de Lucas (Lc 11,1-4) e de Mateus (Mt
6,7-13).
A redação de Lucas é mais curta. Lucas escreve para comunidades que vieram
do paganismo. Ele busca ajudar pessoas que estão se iniciando no caminho da
oração. No Evangelho de Mateus, o Pai Nosso está situado naquela parte do
Sermão da Montanha, onde Jesus orienta os discípulos e as discípulas na
prática das três obras de piedade: esmola (Mt 6,1-4), oração (Mt 6,5-15) e
jejum (Mt 6,16-18). O Pai Nosso faz parte de uma catequese para judeus
convertidos. Eles já estavam habituados a rezar, mas tinham certos vícios que
Mateus tenta corrigir. No Pai Nosso Jesus resume todo o seu ensinamento em
sete preces dirigidas ao Pai. Nestes sete pedidos, ele retoma as promessas do
Antigo Testamento e mandar pedir ao Pai que Ele nos ajude a realizá-las. Os
primeiros três dizem respeito ao relacionamento nosso com Deus. Os outros
quatro dizem respeito ao nosso relacionamento comunitário com os outros.
* Mateus 6,7-8: A introdução ao Pai-nosso.
Jesus critica as pessoas para as quais a oração era uma repetição de fórmulas
mágicas, de palavras fortes, dirigidas a Deus para obrigá-lo a atender a seus
pedidos e necessidades. Quem reza deve buscar em primeiro lugar o Reino,
muito mais que os interesses pessoais. A acolhida da oração por parte de Deus
não depende da repetição das palavras, mas sim da bondade de Deus que é
Amor e Misericórdia. Ele quer o nosso bem e conhece as nossas necessidades,
antes mesmo das nossas preces.
* Mateus 6,9a: As primeiras palavras: “Pai Nosso que estás no céu!”
Abba, Pai, é o nome que Jesus usa para dirigir-se a Deus. Expressa a
intimidade que ele tinha com Deus e manifesta a nova relação com Deus que
deve caracterizar a vida do povo nas comunidades cristãs (Gl 4,6; Rm 8,15).
Mateus acrescenta ao nome do Pai o adjetivo nosso e a expressão que estais
no Céu. A oração verdadeira é uma relação que nos une ao Pai, aos irmãos e
irmãs e à natureza. A familiaridade com Deus não é intimista, mas expressa a
consciência de pertencermos à grande família humana, da qual participam
todas as pessoas, de todas as raças e credos: Pai Nosso. Rezar ao Pai e entrar
em intimidade com ele, é também colocar-se em sintonia com os gritos de
todos os irmãos e irmãs. É buscar o Reino de Deus em primeiro lugar. A
experiência de Deus como Pai é o fundamento da fraternidade universal.
* Mateus 6,9b-10: Os três pedidos pela causa de Deus: o Nome, o Reino,
a Vontade
Na primeira parte do Pai-nosso, pedimos para que seja restaurado o nosso
relacionamento com Deus. Para restaurar o relacionamento com Deus, Jesus
pede
(1) a santificação do Nome revelado no Êxodo por ocasião da libertação do
Egito;
(2) pede a vinda do Reino, esperado pelo povo depois do fracasso da
monarquia; (3) pede o cumprimento da Vontade de Deus, revelada na Lei
que estava no centro da Aliança. O Nome, o Reino, a Lei: são os três eixos
tirados do Antigo Testamento que expressam como deve ser o novo
relacionamento com Deus. Os três pedidos mostram que é preciso viver na
intimidade com o Pai, fazendo com que o seu Nome seja conhecido e amado,
que o seu Reino de amor e de comunhão se torne uma realidade, e que a sua
Vontade seja feita assim na terra como no céu. No céu, o sol e as estrelas
obedecem à lei de Deus e criam a ordem do universo. A observância da lei
Deus"assim na terra como no céu" deve ser a fonte e o espelho de harmonia e
de bem-estar para toda a criação. Este relacionamento renovado com Deus,
porém, só se torna visível no relacionamento renovado entra nós que, por sua
vez, é objeto de mais quatro pedidos: o pão de cada dia, o perdão das dívidas,
o não cair em tentação e a libertação do Mal.
* Mateus 6,11-13: Os quatro pedidos pela causa dos irmãos: Pão, Perdão,
Vitória, Liberdade
Na segunda parte do Pai-nosso pedimos que seja restaurado e renovado o
relacionamento entre as pessoas. Os quatro pedidos mostram como devem ser
transformadas as estruturas da comunidade e da sociedade para que todos os
filhos e filhas de Deus vivam com igual dignidade. Pão de cada dia: O pedida
do "Pão de cada dia" (Mt 6,11) lembra o maná de cada dia no deserto (Ex
16,1-36), O maná era uma “prova" para ver se o povo era capaz de andar na
Lei do Senhor (Ex 16,4), isto é, se era capaz de acumular comida apenas para
um único dia como sinal da fé de que a providência divina passa pela
organização fraterna. Jesus convida para realizar um novo êxodo, uma nova
convivência fraterna que garante o pão para todos. Perdão das dívidas: O
pedido, do "perdão das dívidas" (6,12) lembra o ano sabático que obrigava os
credores a perdoar todas as dívidas aos irmãos (Dt 15,1-2). O objetivo do ano
sabático e do ano jubilar (Lev 25,1-22) era desfazer as desigualdades e
recomeçar tudo de novo.
Como rezar hoje: “Perdoai as nossas dívidas assim como nós perdoamos aos
nossos devedores”? E' pela dívida externa dos países pobres que os países
ricos, todos cristãos, se enriquecem. Não cair na Tentação: O pedido de "não
cair em tentação" (6,13) lembra os erros cometidos no deserto, onde o povo
caiu na tentação (Ex 18,1-7; Núm 20,1-13; Dt 9,7-29). É para imitar Jesus
que foi tentado e venceu (Mt 4,1-17). No deserto, a tentação levava o povo a
seguir por outros caminhos, a voltar atrás, a não assumir a caminhada da
libertação e reclamar de Moisés que o conduzia. Libertação do Mal: O mal é o
Maligno, o Satanás, que tenta desviar e que, de muitas maneiras, procura
levar as pessoas a não seguir o rumo do Reino, indicado por Jesus. Tentou
Jesus para abandonar o Projeto do Pai e ser o Messias conforme as idéias dos
fariseus, escribas ou de outros grupos. O Maligno afasta de Deus e é motivo
de escândalo. Chegou a entrar em Pedro (Mt 16,23) e tentou Jesus no deserto.
Jesus o venceu (Mt 4,1-11).
4) Para um confronto pessoal
1) Jesus falou "perdoai as nossas dívidas", mas hoje nós rezamos "perdoai
as nossas ofensas" O que é mais fácil: perdoar ofensas ou perdoar
dívidas?
2) Como você costuma rezar o Pai Nosso: mecanicamente ou colocando
toda a sua vida e o seu compromisso?
5) Oração final
Na presença do Senhor, fundem-se as montanhas como a cera, em presença do
Senhor de toda a terra. Os céus anunciam a sua justiça e todos os povos
contemplam a sua glória. (Sal 96, 5-6)