Visualizar Matéria Programa Futuro Cientista 2016
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A7 cidades SOROCABA • SEXTA-FEIRA • 1 DE JANEIRO DE 2016 Educare, do latim, é verbo composto do prefixo ex (fora) + ducere (trazer), e significa literalmente conduzir para fora, ou seja, fazer o estudante descobrir o que já sabe no seu íntimo DE OLHO NO FUTURO Programa estimula criação de clubes de ciências nas escolas O objetivo é descobrir talentos entre jovens dos ensinos fundamental e médio EMIDIO MARQUES EMIDIO MARQUES Daniela Jacinto [email protected] D esde criança ele tinha um sonho: ser cientista. Chegou a montar com os amigos um clube de ciências, mas lamenta ter sido o único a continuar os estudos. Fez graduação, mestrado e doutorado em universidade pública, mas sabe que a oportunidade é rara para os que não têm condições financeiras, já que geralmente quem estuda em escola pública, quando quer tentar uma faculdade, só consegue vaga em instituições particulares. Foi a partir dessa experiência pessoal que o professor Fábio de Lima Leite — doutor em Ciência e Engenharia de Materiais pela USP e pós-doutorado no Instituto de Física de São Carlos — que leciona Física na UFSCar de Sorocaba, criou o programa Futuro Cientista, em parceria com o professor de Geografia da mesma universidade, Ismail Barra Nova de Melo — doutor em Geografia pela Unesp. A ideia é estimular a formação de clubes de ciências nas escolas, mas não parar por aí. Os alunos que se destacam recebem acompanhamento do projeto e ganham bolsas de estudo integrais para poderem fazer uma faculdade. Funciona assim: a partir da instituição de clubes de ciências nas escolas, o programa cria uma “rede de cientistas” que interagem entre si e são estimulados a desenvolverem atividades O projeto começou com uma escola, atualmente são 13, de dez municípios multidisciplinares ligadas ao conhecimento científico. O Futuro Cientista realiza anualmente a Escola Preparatória para Futuros Cientistas, durante a qual os jovens aprendem sobre a prática científica, desde a rotina de um pesquisador até a realização de experimentos. Neste ano, a Escola Preparatória foi realizada em agosto, quando foi lançado um novo desafio aos 250 participantes: a elaboração de um projeto científico para ser apresentado em dezembro, durante o VI Encontro Regional de Futuros Cientistas. Nova perspectiva O objetivo principal do programa Futuro Cientista é descobrir talentos para a ciência entre jovens estudantes dos ensinos fundamental e médio de escolas públicas e unidades de acolhimento (antigos orfanatos). Os mais talentosos são “adotados” pelo programa. Há alunos monitorados há cinco anos, desde que o Futuro Cientista teve início. “A gente acompanha a formação acadêmica deles”, explica o coordenador Fábio Leite. Para participar, as prefeituras ou o Estado precisam fechar parceria com o programa. Sorocaba não se integrou, mas já participam várias cidades da Região Metropolitana. Nas escolas, os alunos são selecionados baseados em três requisitos: baixa renda, bom desempenho acadêmico e bom comportamento, o que implica não envolvimento com drogas. “Se soubermos está fora do programa”, afirma Fábio. Desde que teve início, o programa foi crescendo aos poucos. Justamente por se tratar de algo envolvendo ciências, que tem pouco incentivo nas escolas e universidades brasileiras. Neste Fabio de Lima Leite ano, o programa obteve reconhecimento nacional com o Certificado de Tecnologia Social do Banco do Brasil, como projeto com efetivas soluções para a transformação da sociedade. “Sabia que seria difícil. Começamos com uma escola, mas hoje já participam 13 escolas, de 10 cidades, além do Bethel, que é um abrigo para crianças e adolescentes em situação de risco”, conta o coordenador. Conforme Fábio, o programa oferece aos alunos uma perspectiva que nem os pais têm. “Os estudantes passam o ano desenvolvendo projetos. Toda semana tem encontro com os alunos, que são divididos em clubes de ciências”, diz. “A ideia é que mantenham o clube, mesmo após a conclusão do ensino fundamental”, diz. Mais informações estão no site do programa, em www.futurocientista.net. ‘Adoção científica’ rende Um olhar mais apurado faculdade para um dos para desvendar o mundo primeiros alunos do programa EMIDIO MARQUES EMIDIO MARQUES Yoshimitsu Watari, 21 anos, faz engenharia civil na Uniso gratuitamente. Ele ganhou bolsa graças à parceria da UFSCar, pelo programa Futuro Cientista, e a Uniso. É a primeira parceria do programa e cedeu três bolsas para os jovens talentos. A ideia é ampliar a parceria com outras universidades. Participante da primeira turma do programa, Yoshimitsu conta que estudava na Escola Estadual Dr. Júlio Prestes de Albuquerque, o Estadão. Ele lembra que os responsáveis pelo Futuro Cientista foram até a instituição de ensino apresentar o programa, que foi oferecido gratuitamente para os alunos da escola. O programa geralmente tem um custo e é apresentado para as prefeituras, que quando têm interesse fecham parceria. Yoshimitsu, então, foi um dos alunos “adotados cientificamente”. “O Fábio sempre me orientou para me apegar nos estudos que ele um dia conseguiria algo para o programa. Eu nunca me desliguei das atividades, sempre ia nos eventos e realmente ele acabou conseguindo parceria com a Uniso. Me formo daqui a um ano e meio”, comemora. Yoshimitsu Watari atua na área de estudos com estágio remunerado E como quem se esforça tem grandes possibilidades de abrir portas, Yoshimitsu já está atuando na área, fazendo estágio remunerado na Caixa Econômica Federal. “Faço relatório de liberação de verba para obras”, conta. “O Futuro Cientista mudou completamente minha vida. Não iria ter tanto suporte quanto tive em matemática, o que me ajudou muito, e além disso seria bem difícil conseguir pagar uma faculdade particular pois a mensalidade custa em torno de R$ 1 mil”, comenta. “Gostei disso e agora não consigo viver sem inventar, pesquisar, experimentar”, conta o estudante Luiz Fernando Lopes Santana, 18 anos, que pretende prestar vestibular para Física ou Biologia e seguir carreira como cientista. Ele conta que estava na 5ª série da Escola Estadual Professor Joaquim Izidoro Marins quando conheceu o programa Futuro Cientista. Desde então teve início sua busca por conhecer mais sobre as coisas. “Tenho espírito competitivo. Acabei aprendendo a desenvolver projetos e minha vida é buscar conhecimento”, afirma ele, que foi contemplado com uma vaga no cursinho do projeto, o Talentos do Futuro, oferecido gratuitamente mediante parceria da UFSCar com o colégio Objetivo. Luiz Fernando afirma que quando era mais novo, não se interessava pela escola e por isso não se dedicava aos estudos, mas depois que conheceu o programa, sua visão mudou. Os coordenadores que acompanham os clubes de ciências sempre falavam sobre fazer faculdade, ter uma carreira. “Eles falavam que confiavam em mim, então senti que queria corresponder, mostrar que valeu a pena eles acreditarem em mim. Eu me espelho no Fábio. Ele é um grande cientista”, afirma. Luiz Fernando quer criar para melhorar a vida das pessoas Ficar mais atento ao mundo e observar o que pode criar para melhorar mais a vida das pessoas tornou para Luiz Fernando uma paixão. “Não faço por obrigação. Pesquiso muito, estudo, dou o melhor de mim por amor à ciência mesmo. Gosto de ter ideias, de ser criativo”, conta ele, que entre outros inventos criou uma sacola feita de raízes, como cenoura, mandioca, nabo e batata. Ela fica como as de plástico, mas é biodegradável, então vira adubo e ainda fertiliza a terra. Ele só lamenta que apesar de simples, não tenha quem financie. Encontro regional de futuros cientistas No dia 14 de dezembro foi realizado no Campus Sorocaba da UFSCar o VI Encontro Regional de Futuros Cientistas. O evento encerrou mais um ano de atividades do programa Futuro Cientista. O encontro reuniu 260 estudantes, oriundos de 13 escolas públicas de 10 cidades da Região Metropolitana de Sorocaba, que apresentaram trabalhos em temáticas que envolviam desde astronomia até arqueologia. Os jovens produziram maquetes, experimentos e exposições em foto e vídeo sobre os temas que eles mesmos escolheram. Os traba- lhos apresentados foram avaliados e premiados a partir de critérios como criatividade, originalidade e sustentabilidade. Os projetos científicos passaram pelo crivo de uma banca julgadora formada por professores da universidade e os melhores foram premiados. A equipe do Clube de Ciências da escola Dalva Clahim Abud, de Anhembi (SP) foi classificada com o melhor trabalho entre as cidades, o melhor do Programa Futuro Cientista de 2015 e melhor Diário de Bordo. O projeto apresentado, sobre energia, mobilizou os seguintes estudantes: Brayam Campos de Barros, Crysthiam Emanuel Antunes de Lima Campos, Débora Miriã Miranda dos Reis, Flávio Rian Morais da Silva, Franciele Caroline Rodrigues, Isaque de França Teles Porto, Kaique Gabriel de Almeida, Vitória Campos de Camargo, Washington Eduardo, François Evangelista e William Tomazela. O clube ganhou um kit de ciências, um kit microscópio e um kit telescópio. Os demais vencedores, oito no total, ganharam um kit de ciências. Confira os classificados no site www.futurocientista.net. Facens realiza concurso de bolsas Estudantes que estão concluindo ou já concluíram o ensino médio podem se inscrever até o dia 12 de janeiro, gratuitamente, para a prova do concurso de bolsas da Facens, de até 100%, destinado a quem deseja entrar no cursinho pré-vestibular da faculdade. A programação é de seis aulas semanais, nos período da manhã (7h20 às 12h40) e tarde (13h às 18h20), com atividades complementares no contraturno (revisão de literatura dos livros do vestibular, oficina de redação, laboratório de Jogos Educacionais, maratonas de resolução de exercícios e aulas práticas nos laboratórios de química e física). As bolsas oferecidas vão de 25% a 100% e a prova seletiva será realizada no dia 17 de janeiro. O início das aulas está previsto para o dia 15 de fevereiro de 2016. Mais informações e inscrições pelo site da Facens: www.Facens.br. Especialização em Educação no Campo - Estão abertas até o dia 30 de janeiro as inscrições para o Curso de Especialização em Educação no Campo, a ser ministrado pela UFSCar a partir do primeiro semestre de 2016. O curso tem 50 vagas, duração de dois anos e é financiado com recursos do Incra por meio de seu Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera). Podem se candidatar ao curso graduados ou licenciados que sejam assentados da reforma agrária ou que comprovem ministrar aulas para assentados da reforma agrária, egressos do público do Pronera e professores que atuam nas escolas públicas do campo ou rurais. As inscrições serão realizadas por e-mail, conforme as instruções do edital, disponível na íntegra no site http://www.gepec.ufscar.br/ especializacao. Prorrogada validade de concurso O Governo do Estado de São Paulo prorrogará por mais dois anos a validade do concurso realizado em 2013 pela Secretaria da Educação para a contratação de docentes da categoria PEB II, que atuam nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio. A prorrogação passará a contar a partir do dia 31 de janeiro de 2016. O concurso, voltado a educadores das disciplinas de Arte, Biologia, Ciências Físicas e Biológicas, Educação Física, Física, Filosofia, Geografia, História, Língua Espanhola, Língua Inglesa, Língua Portuguesa, Matemática, Química, Sociologia ou para atuar nas áreas da Educação Especial, prevê a contratação de 59 mil professores para as unidades da rede paulista de ensino, 38 mil deles já nomeados. Festival das Escolas 2015 - A Sorocaba Refrescos Coca-Cola entregou, no dia 21 de dezembro, R$ 1,2 mil para a Escola Estadual Brigadeiro Tobias, vencedora do Festival das Escolas 2015. O valor foi revertido em itens esportivos escolhidos pela própria escola. Entre os itens selecionados pela escola estão bolas de futsal, de vôlei, de basquete e de handebol; jogos de xadrez escolar, dama, kit de tênis de mesa, redes, placar, entre outros. No dia 5 de novembro, a Sorocaba Refrescos realizou uma ação cultural, no Ginásio Municipal Dr. Gualberto Moreira, com as escolas finalistas do Festival 2015, no qual as mesmas apresentaram números musicais com o tema dos paísessede das Olimpíadas. A Escola Estadual Brigadeiro Tobias teve os jogos de Londres, em 2012, como foco. Criado em Curitiba, em 2010, o Festival ficou famoso entre os estudantes e escolas do Sul do Brasil e interior de São Paulo, já que tem o intuito de aproximar alunos, pais e a comunidade local de atividades físicas divertidas e pedagógicas, além de promover o desenvolvimento e a integração dos alunos. “Por um mundo onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres” Rosa Luxemburgo (1871-1919), escritora, doutora em ciência política e direito