01/07/2016 - Edição 46 - Grupo de Poetas Livres

Transcrição

01/07/2016 - Edição 46 - Grupo de Poetas Livres
VENTOS DO SUL
Revista do Grupo de Poetas Livres
Difundindo a Poesia e Fazendo Amigos
Uma Revista sem prazo de validade
ANO XVIII, nº 46, Janeiro a Julho de 2016
Distribuição Gratuita
A Revista Ventos do Sul homenageia o acadêmico, escritor, ensaísta, palestrante, poeta,
filósofo JULIO DIAS DE QUEIROZ, associado correspondente do Grupo de Poetas Livres. São
algumas décadas de trabalho em prol da literatura.(*Alegre,ES, 18.2.1926; +Florianópolis,
30.5.2016)
Nesta Revista MARIA DA ANUNCIAÇÃO PEREIRA igualmente tem destaque nos seus 91 anos e
primeiro livro publicado. Detalhes sobre sua vida em página especial. Sua trajetória
contada no livro emociona todos os leitores.
Temos também SUELI RODRIGUES BITTENCOURT que, em 2015, foi homenageada pela Federação para a Paz Mundial (UPF),com Diploma de Reconhecimento por seus trabalhos.
Detalhes também em página especial.
GRUPO DE POETAS LIVRES
Fundado em 13 de abril de 1998, por Maria Vilma
Nascimento Campos e alguns abnegados. No ano de 2016 completa 18 anos de ininterruptas atividades. É uma entidade privada, sem vínculos
partidários ou religiosos e sem fins econômicos.
Seus Projetos, Concursos e publicações dão-lhe
notoriedade não só no Estado de Santa Catarina,
bem como no Brasil e no exterior por onde a Revista Ventos do Sul viaja com as poesias de seus
membros e de amigos.
Reúne-se todas as 5as.feiras,a partir das 17
horas, na Biblioteca Pública Municipal Prof. Francisco Barreiros Filho(vide endereço no Expediente). Para participar, o poeta deverá ter disponibilidade de horário e ter produção em poesia. Possui
estatuto e regimento interno.
Possui a Oração do Poeta, Hino dos Poetas Livres,Canção aos Poetas, Medalha do Poeta
“Maria Vilma Campos”, Bandeira e Troféu Garapuvu, todos instituídos por Portarias.
Seus poetas ao representarem o Grupo em solenidades, são identificados por sua Medalha.
Lei de Utilidade Pública Estadual 14.560, de
01.12.2008, proposta pelo deputado Júlio Garcia,
assinada pelo Governador Luiz Henrique da Silveira e Utilidade Pública Municipal 5.671, de
26.05.2000, proposta pelo vereador André Freyesleben, assinada pela prefeita Angela Amin.
Embora possua as duas leis, não recebe subvenção social, sobrevivendo da colaboração de seus
poetas. Possui membros Efetivos, Correspondentes e Beneméritos.
GRUPO DE POETAS LIVRES—BIÊNIO 2016-2018
Presidente: Eloah Westphalen Naschenweng
Vice-Presidente: Heralda Victor
1º Secretário: Profª Maura Soares
2º Secretário: Zeli Maria Dorcina
1º Tesoureiro: Áurea de Mello Baldissera
2º Tesoureiro: Mirela Albertina Corrêa
Diretoria Cultural: Stela Máris Alves
Responsável pelo site: Zeula Soares
Presidente Perpétuo: Maria Vilma N. Campos
Presidente de Honra: Manoel Philippi
SUMÁRIO
Dados administrativos— 2
Editorial— 3
Oração do Poeta e Hino dos Poetas Livres— 4
Canção aos Poetas— 5
Tema da Capa : Julio de Queiroz— 6
Homenagem a Julio por Mario Tessari— 7
De braços abertos...estamos! - 8, 14, 28 a 32
Tema da Capa: Maria da Anunciação Pereira— 9
Troféu Garapuvu— 10
Vozes d´Africa— 11
Homenagem a Edy Leopoldo Tremel—12
A carta de Zenilda Nunes Lins— 13
Tema da Capa:Sueli Bittencourt— 15
Aos Poetas Mortos...—16
Descobrindo novos poetas— 17 e 18
Amigos Poetas d´Além Mar—19 e 21
Nilson Mello (homenagem) — 20
Colaborações de associados e amigos— 22 e 34
Construindo Versos e Pensamentos— 23 a 27
In Memoriam—33
Poetas do Grupo— 35 a 45
Biblioteca dos Poetas Maria Vilma N. Campos— 46
Aconteceu— 47
(*) A logomarca do GPL, na capa desta Revista, foi idealizada por
Hiamir Polli, uma das fundadoras do Grupo.
EXPEDIENTE
Organização e Editoração: Profª Maura Soares
[email protected]
Revisão: Eloah W. Naschenweng
Sede: Biblioteca Pública Municipal Prof. Francisco Barreiros Filho, rua João Evangelista da Costa, 1160, Estreito. Fone (48) 3348 1068
CORRESPONDÊNCIA:
Eloah Westphalen Naschenweng—Presidente
Avenida Patrício Caldeira de Andrada, 581 apartamento 202—Residencial Victória
Bairro Abraão—Florianópolis, SC
CEP—88085-150
[email protected]
Editora: Profa.Maura—(48) 3249 6082
Presidente: Eloah—(48) 3025 7492
A PARTIR DE AGOSTO DE 2015, AS REUNIÕES ACONTECEM ÀS QUINTAS FEIRAS, DAS
17 ÀS 19 HORAS, NA BIBLIOTECA PÚBLICA MUNICIPAL PROF. FRANCISCO BARREIROS
FILHO, ESTREITO, FLORIANÓPOLIS, SC.
TODOS OS POEMAS E TEXTOS ESTAMPADOS NESTA REVISTA SÃO DE INTEIRA RESPONSABILIDADE DE SEUS AUTORES, QUE RESPONDERÃO PELA SUAS AUTENTICIDADES.
2
EDITORIAL
“ Fiz-me vazio e fiz-me escuro.Espero.”
Julio de Queiroz . [In: Baú de Mascates, 2009].
O tema de capa da Revista Ventos do Sul nº 46 são os poetas Julio Dias de Queiroz,
Sueli Rodrigues Bittencourt e Maria da Anunciação Pereira.
Capa pronta, configurada, fomos surpreendidos com a morte do nosso querido grande escritor, o poeta Julio de Queiroz. O Grupo perdeu um amigo, um associado e a literatura um imortal catarinense, exemplo de criatividade perene.
Que bom que o legado de seus livros ficam!
Não poderíamos deixar de homenageá-lo. Sua biografia mostra de forma resumida
o grande cenário literário que compôs sua história de vida, e o texto do escritor Mario
Tessari imprime sua admiração ao talento e a humildade de um grande homem.
Maria de Anunciação Pereira, aos 91 anos de vida lança seu primeiro Livro “Maria da
Glória e seus frutos”. Não poderíamos deixar de lhe dar um destaque especial nesta edição.
A página sobre a escritora, poeta e educadora Sueli Rodrigues Bittencourt, detentora de Prêmio Internacional em 2015, dá a conhecer a honrosa distinção do recebimento do “DIPLOMA DE RECONHECIMENTO” da Federação para a Paz Mundial (UPF), pelos distintos projetos e desenvolvimento da iniciativa “Paz e Poesia”.
O Troféu Garapuvu, Amigo da Cultura, oferecido pelo Grupo de Poetas Livres, foi
para o Prof. Celestino Sachet, cujo incentivo ao Grupo sempre se fez presente através
das suas cartas.
Com o objetivo de valorizar e conhecer um pouco da cultura poética do extraordinário povo Africano, três poetas e seus poemas são apresentados em “Vozes d`Africa”.
Homenagem a Edy Leopoldo Tremel, filósofo, poeta e escritor, membro da Academia
Catarinense de Letras, da Academia Catarinense de Filosofia , do Instituto Histórico e
Geográfico de Santa Catarina e outras instituições.
In Memoriam a Nilson Mello, a Revista traz o histórico de sua vida e de suas obras.
Amigos poetas de Portugal, pag.19, trazem para nossa Revista o encanto da poesia
d`Além Mar.
A oficina “Construindo Versos e Pensamentos” fluiu de forma muito criativa e o tema “A Viagem” despertou de forma impar o olhar poético do Grupo. Vale conferir.
Colaborações de amigos e de talentos jovens vieram enriquecer as páginas desta
Revista.
Não podemos deixar de destacar os nossos poetas efetivos e correspondentes, que
encerram com suas poesias esta edição.
Desejamos, leitor, que seja plena a sua satisfação, porque a Revista Ventos do Sul
representa o esforço, a dedicação e a vontade de fazer sempre o melhor em prol da divulgação da cultura e do Grupo de Poetas Livres.
Boa Leitura!
Eloah Westphalen Naschenweng
Presidente
3
Hino dos Poetas Livres
Oração do Poeta (*)
A E7
/. Faz bem sonhar
A
Poetar é bom
F#m E A
No GPL tenho união, amor e paz./.
(estribilho)
C#7 F#m
Com a rima penso a vida
EA
Com o metro ajudo a fala
F#m Bm
Nos versos livres meu coração
EA
Vai ao teu e diz assim:
DA
Poetas Livres, meu grupo amado
F#m Bm
Que me transporta e me aconchega
EA
Com ternura noite e dia.
F#m Bm
Nas linhas do “Ventos do Sul”
EA
Meus escritos dizem paz
Bm E A
Dá-me, Senhor, as palavras certas
para que eu possa expressar
o amor pela vida e pela humanidade.
Dá-me inspiração para mostrar
que somos todos irmãos.
Aponta-me, Senhor, o caminho
da compreensão do mundo.
Permite-me apresentar as belezas da vida,
as dores do mundo,
as injustiças sociais e exprimir o que
me vai na alma.
Autoriza-me a falar as verdades do
coração.
Abençoa, Senhor, minhas palavras
para que possam atingir aqueles
que amam a vida e a Arte.
Faz com que todos sintam,
por meu intermédio,
que só o Amor maior
pode revolucionar o mundo
E que esta revolução de Paz
Venha por meio da Poesia.
Zeula Soares
(julho de 2009)
(*) Autoria de Zeula Soares, do GPL. Instituída
através da Portaria 02/2009, assinada pela
Vice-presidente Heralda Victor, em 7 de
Agosto de 2009.
Voando em rumo do saber que o amor
traz.
Bm E A
Dizendo ao mundo a oração da poesia.
CACILDO SILVA
(*) Hino Oficial do Grupo, letra e música de
José Cacildo Silva. Instituído por Portaria
n. 3/2009, de 4 de setembro de 2009, assinada pela vice
-presidente Heralda Victor.
Zeula Soares e José Cacildo Silva.
Ela, autora da Oração dos Poetas e
ele, do Hino dos Poetas Livres.
O presente é a sombra que se move separando o ontem do amanhã. Nele repousa a
esperança. (Frank LLoyd Wright)
Porto da Capital com o navio Carl Hoepcke.
4
CANÇÃO AOS POETAS
Música: Adair Lima
Letra: Áurea de Mello Baldissera
G
C
Brilha uma estrela
G
Antes do sol se pôr
C
G
Vida presente
D/F#
G
Um pensador
G
C
Prantos contidos
G
Juras de eterno amor
C
G
Um sol nascente
D/F#
G
CDG
Supera a dor
Áurea de Mello Baldissera, foto em
Campos Novos, SC.
G
É assim que vivemos
C
G
Sem medo de sonhar
C
G
Livres podemos
D/F# G
Poetizar
Quanto mais perfeito for o artista, mais separados estarão dentro
dele o homem que padece e a
mente que cria; e, mesmo assim,
digere e transforma as paixões
que constituem seu material.
Maestro Adair Lima
Domingo
o tapete do mar
se põe cedo
aos navegantes.
T. S. ELLIOT, poeta inglês
Carlos Damião (jornalista)
[In: Agenda da Ilha, 1999]
5
TEMA DA CAPA
JÚLIO DIAS DE QUEIROZ
A RVS procura sempre em seus números, homenagear escritores que se destacam no cenário
cultural, sobretudo no catarinense. Assim temos neste número o pensador,escritor, poeta,
autor teatral, tradutor,filósofo,acadêmico,palestrante e associado do GPL, Júlio Dias de
Queiroz. [N.R.Quando a Revista estava em preparação, soubemos de seu falecimento em 30 de
maio de 2016. Fica a homenagem, embora sem sua leitura.]
A foto ao lado é uma cena de “Balada dos Já-com-Terra”, poema de Júlio de
Queiroz, teatralizado por membros do Grupo de Poetas Livres e um convidado, o ator e cantor Rogério Hildebrand da Silva (2006). A direção esteve a
cargo de Zeula Soares, membro do GPL e do Grupo Armação de Teatro. A
partir da esquerda: Rogério Hildebrand da Silva; José Cacildo Silva; José
Luiz Amorim; Doralice R. S. Silva; Alzemiro Lídio Vieira; Maria da Anunciação Pereira; Rose Nilva Simão. Sentados: Heralda Victor; Alan R. Bernardes
e Licinho Campos.
Nascido em Alegre, Espírito Santo, em 18 de fevereiro de 1926, em 2016 completou 90 anos de sabedoria. Aperfeiçoou seus conhecimentos em universidades alemães (Bonn e Munique), como bolsista da
Fundação Alexander von Humbolt (1954-1958). Em
1958 voltou ao Brasil. A partir de 1959 radicou-se na
futura capital do País. Em Londres, em 1968, como
bolsista do Conselho Britânico, cursou sobre o treinamento de servidores públicos no Real Instituto de
Administração Pública. Convidado, radicou-se em
Florianópolis, SC, onde como assessor, elaborou
textos oficiais, a partir do Governador Colombo Salles (1971/1975) e Governadores e Secretários de Estado (1975/1992). Durante a pós-graduação estudou
em Munique, Kiel, Londres e Berlim. Doutorou-se
com a tese Aspectos Estéticos da Mística Católica
Medieval Alemã. Radicado na capital de Santa Catarina, durante muitos anos fez-se colaborador efetivo
dos principais jornais do Estado. Sua produção literária conduziu-o à Academia Catarinense de Letras,
onde ocupou a cadeira número 10, cujo patrono é
Antônio Francisco Castorino de Faria (1839-1913).
Membro correspondente do Grupo de Poetas Livres.
Algumas publicações: Breve Aro (1981); Hamlet: Os
convidados à Trama (1984); Simetria Quebrada
(1993); As Permutas e Outros Contos (1996); Umas
Passageiras; Outras, Crônicas (1976); Cambada de
Mentirosos (coautor)(1978); Informes a Narciso
(1984); Baú de Mascate(1994); A Cidade Amada
(1997); Placidim e os Monges(1998); Deuses e Santos como Nós(2000); Álgebra de Sonhos(2000); Encontros de Abismos(2002); Sementes do Tempo
(2003); Além das Cortinas da Alzheimer(2004); O Esplendor Aprisionado(2005); Nas Dobras do Tempo
(2006); Perfume de Eternidade(2006); O Preço da
Madrugada(2007); Iluminando o Morrer(2007); Gritos
do Amanhecer(2008); Morrer para Principantes e Repetentes(2008); Amor e Morte — Os Dançarinos da
Vida(2013); Pelas Frestas da Caverna(2014); Em
Companhia da Solidão(2014); Seleta Literária em 3
volumes: Fractais, De Mala Pronta e Disto e Daquilo
(2010).
Participação em Antologias: Antologia do Varal Literário(1983); Este Humor Catarina(1985); Numa Ilha
(1993); Cambada de Mentiroso(1987); Este Amor Ca-
tarina(1996); Contos de Carnaval(1997); Antologia
Academia Catarinense de Letras(1991/ 3/ 6); A Cidade Vista por seus Personagens(2001); Ao Pé da Letra — Escritores Catarinenses Contemporâneos e
Outros Textos(2002); Poesia Contemporânea em
Santa Catarina(2003); 15 Escritores (2004); 13 Cascaes(2009/2010/2011). Dissertações:Quando se morre duas vezes(Programa de Pós-Graduação em Literatura UFSC), Susana Mafra(2005); Versões e reverberações
do Sagrado em Júlio de Queiroz (Programa de PósGraduação em Literatura –UFSC), Josué Chaves(2009).
Obras de Júlio que foram encenadas:
Balada dos Já-Com-Terra, pelos atores/poetas do
Grupo de Poetas Livres, na
Biblioteca
Prof.Barreiros Filho e na Biblioteca do Estado, setembro e outubro de 2006; As Permutas, pelos alunos do curso pré-vestibular Energia(2001); Um Amor Tão Leve, filmado e exibido em televisão(RBS)
e em sessões públicas(2002); Os julgamentos do filho pródigo, encenados pelo grupo teatral Cia Tau.
Nova Andradina,MS(2010); Livro Encontros de Abismos foi leitura recomendada para os Exames Vestibulares UFSC/UDESC (2008); Poema Cinco retratos
do Século XX foi dramatizado pelos alunos e professores da E.E.B. de Caçador,SC, e gravado em DVD;
O poema Dois haikais para a Ponte Hercílio Luz foi
selecionado pelo Grupo de Poetas Livres,no projeto
“Viajando com Poesia”(100 adesivos afixados nos
ônibus urbanos de Florianópolis, 10 anos do GPL,
2008).
Alguns prêmios recebidos:
Troféu Boi-de-Mamão(1999); Medalha de Honra ao
Mérito(s/d); Prêmio Othon Gama D´Eça, conjunto da
obra (ACL,2005 e 2010); Medalha “Poeta Maria Vilma
Campos”, pelo Grupo de Poetas Livres, contribuição à literatura (2010); 1º lugar no 12º Concurso Anual da Academia Catarinense de Letras(2011); Prêmio Franklin Cascaes de Cultura(2012); Premiação
na II Edição da Feira do Livro de Criciúma(s/d); Prêmio Vilson Mendes de Literatura Desterrense (ADL,
2012). (ms./)
[Julio figura doce, carismática,nasceu em Alegre, SC, mas foi
Santa Catarina que ganhou esta pessoa extraordinária, porque Julio de Queiroz “são nossas coisas, são coisas nossas”. Infelizmente o perdemos em 30 de maio de 2016. Fica o nosso registro
de saudade. (ms./)
6
HOMENAGEM DE MARIO TESSARI (*)
A
JÚLIO DE QUEIROZ
Aniversário de JÚLIO DIAS DE QUEIROZ
Há noventa anos, em 18 de fevereiro de 1926, nascia uma mente brilhante, com olhar
agudo, capaz de sondar os abismos da psique humana e de analisar profundamente os
devaneios da sociedade.
Formado universalmente em múltiplas e diversificadas experiências, depois de servir a governos e de enobrecer a Cultura, dedica-se à literatura com clarividência ímpar,
revelando as sutilezas dos sentimentos do amar e do sofrer. Conversa com a morte e
nos conta os seus segredos; Iluminando o Morrer, nos ajuda a superar os falsos medos.
O talento do escritor cresceu com a idade e ele se aprofunda na análise de tabus e
de mitos. Desvenda os segredos da sexualidade humana como quem descreve o plantio
de uma flor; descasca a fé como quem prepara os frutos amargos dos dogmas para
transformá-los em religiosidade digerível.
Pessoa de humildade beneditina que sabe ser amigo nas horas adequadas e orienta
os jovens colegas da confraria de escritores com firmeza e ternura.
Júlio de Queiroz é meu pai literário. Ele deu início à nossa amizade através de uma
carta, na qual assegurava que meus esforços seriam recompensados, pois eu poderia
progredir no manejo das palavras. Era o Mestre estendendo a mão ao aprendiz.
Querido amigo, meu pai literário, desejo que, neste dia memorável, teus olhos contemplem a Baia Sul e consigam enxergar para além da vida.
Publicado em 17 de fevereiro de 2016 por Mario Tessari
(*) Mario Tessari é escritor e reside em Jaguaruna,SC
Homenagem a Júlio de Queiroz , Prêmio Vilson Mendes de Literatura, outorgado pela Academia Desterrense de Letras.
Na data ,28 de maio de 2012, também foi empossada
a nova Diretoria da ADL.
Tela de Vera Sabino para poema de Júlio de Queiroz.
7
De braços abertos...estamos
ILHA SEREIA
O SOL DA MANHÃ
Vieste do mar
nua, sem preconceitos,
buscaste a pureza do homem
mas os homens te queriam
apenas para satisfazer o hoje.
Cedeste, tentaste saciá-los
pois suas carências
os podia matar;
entretanto as mulheres
te apedrejaram não compreenderam tua ação.
Decepcionada com o homem
voltaste ao mar
nua, ainda sem preconceitos
porém machucada, magoada,
sem fé.
O sol da manhã carrego comigo,
por isso não há sombras no meu caminho
e no meu caminho não há pedras, urzes,
mas apenas luzes
que me acende o vinho.
No meu caminho de sol não há tristezas,
não há vergonhas, não há ais, nem mágoas.
As invejas, ódios, traições e torpezas
da vida crua, da vida dura e nua
Tomo-as num copo e de um gole trago-as.
Em todas as veredas, desvios e atalhos
que vão desembocar no meu caminho
há o calor aconchegante dos borralhos,
o perfume, as cores e o néctar das flores
condensado nesse sol que é o meu vinho.
LIBERATO MANUEL PINHEIRO NETO
ALDO NORA
[In: Antologia ACL 2, 2003, pág. 262]
(Alfredo Nogueira Ferreira)
Florianópolis,SC
[Poema apresentado por Zeli Maria Dorcina, dentro do
Projeto O Escritor e sua Obra, do GPL. Zeli fez um
Resumo biográfico do autor e apresentou o poema acima.]
METÁFORAS
És a flor renascida
em vasos dispostos lado a lado
entre florestas e savanas.
POESIA & CIA
O poema se sentiu só
Recolhido em seus aposentos
Acossado por sentimentos
Semelhantes aos de Jó
És o mel adocicado
na fonte conduzida
em almiscarados
doces de festas.
Auscultando seu coração
Percebeu-se introvertido
Como um pássaro ferido
Sem nenhuma inspiração
És o animal ágil
em conquistas na lenta
consecução dos dias.
Decidiu sair de casa
E vejam só o que aconteceu
Tropeçou pelo caminho,
E, ferido por um espinho,
Enfim encontrou quem o acolheu
És a mulher presente
em acontecimentos.
PEDRO DU BOIS
[In: Tânia. Poemas, pág. 26]
Balneário Camboriú, SC
Convidado a chegar
Mal a porta se abriu
Num instante decidiu
E ficou para cear
CINEMA MUDO
Logo após os cumprimentos
A conversa correu solta
Mesmo que a alma estivesse envolta
Num turbilhão de sentimentos
Quase ao final do filme, surge aquele
homem, ensandecido, atirando contra a
multidão. Em meio a gritos e tumulto, uma
das balas atinge a criança ao meu lado,
matando-a no mesmo instante. Enquanto
isso, na tela, Chaplin discursa pela paz...
A mesa posta
Servido o vinho
Acolhido pelo vizinho
Foi encontrada a resposta
***
Cinema Mudo obteve a primeira colocação
no III Concurso de Microcontos, promovido pela Andross Editora (Fevereiro/ 2007)
Pelo encontro e a sintonia
Elucidou-se o teorema
O sofrimento do poema
Era a falta de companhia.
EDWEINE LOUREIRO
LOTHAR CARLOS HOCH
15.12.2012
Pinheira, Palhoça, SC
Saitama, Japão
8
TEMA DA CAPA
MARIA DA ANUNCIAÇÃO PEREIRA
Aos 91 anos, Maria da Anunciação Pereira, lançou seu primeiro livro, “Maria da
Glória e seus frutos”, com a presença de cerca de 100 pessoas, entre familiares e amigos, lançamento que teve lugar no salão de festas do Restaurante
Espetinho de Ouro, Barreiros, São José, no dia 26 de novembro de 2015. O GPL se fez presente com Maristela Giassi, Carlos Piccoli e esposa Carmem Cardinal, Eloah Westphalen Naschenweng, Áurea de Mello Baldissera, Stela Máris
Alves, Maura Soares, Heralda Victor, Zeula Soares, Zeli Maria Dorcina, Eunice
Leite da Silva Tavares com seu filho Eduardo, a nora Dani e as netas Eduarda e
Ana Beatriz; Doralice Rosa de Souza Silva; o presidente de Honra, Engenheiro
Manoel Philippi e sua esposa, Maristela Philippi. Presença dos amigos da letras Roberto Rodrigues de Menezes e esposa Silvia e Osmarina Maria de Souza, membro da ASAJOL, ALB e ADL. O cerimonial esteve a cargo de Nelcy Mendes, editora da Papa-Livro, com fala da Presidente Eloah e declamação dos poemas de Maria por Zeula, Zeli, Eunice, Maura, Doralice, Áurea e Heralda.
Na cerimônia de lançamento, assim se expressou a histórias verdadeiras e cativantes.”
presidente do GPL, Eloah Westphalen Naschenweng:
A profª Maura Soares, no Prefácio, disse o seguinte: “A Maria da Anunciação que é das Maria poe-
“Maria da Glória da Anunciação Pereira, 91 anos
de Trabalho, Amor e Poesia.
Mulher de porte pequeno, nome de santa, poeta,
em tudo nos encanta. Nas palavras e na simplicidade de suas narrativas, embala seus sonhos
construindo seus versos, amparada nas suas memórias. Resgata no tempo, nas emoções, no sofrimento e, sobretudo, na fé, a sua longa trajetória.
Presença constante nas reuniões do Grupo de Poetas Livres desde o ano de 2000, Maria em ritmo
seguro e cadenciado, declama suas poesias traçando a realidade humilde do início de sua vida,
com fartos laços de rima colorida. Nem as perdas
foram capazes de tirar seu brilho, e os ganhos ocupam espaços generosos na sua alma poética.
Maria é assim especial, aquela pessoa que nos faz
acreditar que na vida, por maiores que sejam as
barreiras, no olhar do poeta será sempre uma eterna descoberta.”
tas, a que mais admiro, traz à lume sua primeira
obra poética, mas não se resume só a isto — poesia. Ela conta casos e causos de sua vida, seus frutos, os quais plantou e os que colheu ao longo da
vida.
Como num filme as cenas das páginas vão se desenrolando, fazendo um retrospecto de tudo o que
Maria passou em sua vida desde seu nascimento.
A paisagem do sertão e da roça, são presentes e
constantes em muitos de seus poemas; o amor à
natureza persiste tanto que ela , em conversas
com jovens como tantas vezes já ocorreu, os estimula a preservar o bem que Deus nos deu.”
Na obra, a atriz e poeta, membro do GPL Zeula Soares, assim diz sobre Maria: “Mulher de fibra cres-
ceu sem os saberes de uma escola, criada na roça
e sem chances para estudar. Isto não a impediu de
criar versos em sua cabeça que só começaram a
ser escritos quando seus filhos, já crescidos , registravam o que ela declamava. Com a oportunidade de estudar aos 66 anos ela própria passou a escrever seus poemas que tanto apreciamos hoje.
Começou a ler diversos livros , instruir-se, para acompanhar a evolução dos filhos e melhorar sua
comunicação.
O livro que apresentamos traz uma história de vida carregada de amor e fé em Deus e na humanidade. Maria da Anunciação Pereira, ou Maria da
Glória, nos dá a satisfação de uma leitura brilhante, simples na essência de sua vida, mas pleno de
Contracapa da obra
9
TROFEU GARAPUVU
AMIGO DA CULTURA
CELESTINO SACHET
O GPL com seu Troféu Garapuvu Amigo da Cultura, premia, a cada ano, uma personalidade literária pelo trabalho em
prol da Literatura Catarinense. Em Sessão Especial do Grupo de Poetas Livres, realizada dia 3 de dezembro de 2015, no
Encerramento do Ano Acadêmico de 2015, o premiado foi o Professor Doutor CELESTINO SACHET. Na ocasião o Grupo
lançou sua 8a. Antologia com o titulo “Garapuvu”, que teve a coordenação da presidente Eloah Westphalen Naschenweng. Num ambiente agradável, auditório da Casa José Boiteux, reuniram-se membros do GPL com seus amigos e familiares e os poetas convidados de outras instituições para apreciarem as canções interpretadas por Rita de Cássia Dircksen, Lauro Soares e José Luiz Machado (Juca). Um discurso de agradecimento do Professor Sachet, equivalente a uma
aula para aqueles que foram seus alunos, foi a nota alta da noite. Auditório com cerca de 80 pessoas presentes e um coquetel preparado com carinho .
Mais uma vez somos brindados
com uma Carta do Professor Celestino Sachet. A RVS felicita o
nobre professor, numa homenagem de há muito, mais que merecida. O carinho com que brinda o Grupo a cada publicação
recebida, não tem preço. O Professor Sachet merece nosso aplauso, hoje e sempre.
Citando Nelson Cavaquinho:
“Quem quiser fazer por
mim, que faça agora.
Depois que eu me tornar saudade, não preciso de vaidade.
Quero preces e nada
mais.
Zeli Maria Dorcina (E)
e a presidente do GPL,
Eloah W. Naschenweng, entregam o Troféu Garapuvu “Amigo
da Cultura” e o Diploma correspondente,
ao Prof. Celestino Sachet.
Auditório da Casa José Boiteux, sede da
ACL e IHGSC.
(3.12.2015)
Parabéns, Mestre!
10
VOZES D´AFRICA
O GPL sempre recebe a Revista SOLETRAS, de Beira, Portugal. Editada por Dany Wambise e Cremildo da Cruz, traz conteúdo diverso em literatura, poesia e entrevistas. Extraídos da SOLETRAS de Novembro 2015 (Ano II, 23ª Edição), três poetas
se apresentam. Através da Web recebemos a Soletras e enviamos, também on-line, nossa Ventos do Sul.
EU NARRO SANGUE
O LAR É PILÃO
CHICASSULA
HERA DE JESUS
Começou no fim do meu entender,
Meus irmãos a serem massacrados!
E de toda a alma do bem viver: ensanguentada…
- Eu. Olhara para a morte sem ver,
Enquanto os céus já marcavam
Todos os cantos da minha Terra…
Era o sangue azul dos ancestrais
contemporâneos.
De que me vale teu amor
Se esta escravidão me corrói,
profundamente
Lar é pilão
E nós mulheres pilamos com o coração
O coração, esmagam-nos até nada sobrar
sequer uma ilusão
De que me valem essas promessas
Se onde assenta meu ser é terra alheia
Sou mercadoria comprada
Ai minha mãe, que a mim pariu
Sou ser condenado, não queria esse lobolo
Lar é pilão, e nós mulheres
Pilamos com o coração
Recebem-nos com júbilo, alaridos
Passam-se os tempos
e esquecem-se os votos
surram-nos o corpo, a alma,
Mas o coração permanece intacto
por amor a ti, aos nossos filhos, à uma sociedade
inescrupulosa
A esperança se reacende a cada nova promessa
feita
Lar é pilão
E nós mulheres, alimentamos o mundo
A VOZ DA PEDRA
OTILDO JUSTINO
Ressuscito em seus trémulos braços,
Meu corpo cansado e estilhaçado
Afoga-se em seus beijos verdes.
Minhas mãos calejadas
Acolhem as suas carícias
E palpam as suas pétalas.
As suas capulanas sepultam a minha
fome,
A sua saliva alimenta a minha sede,
A sua língua lambe o meu suor
E os seus olhos carregam os meus
prantos.
A sua pele cobre a minha alma
E reciprocidade aconchega-me a si,
Acorrentando-lhe à lua.
Durante o dia de pedra
Ansiara congelar-se aos seus ensaios
femininos!
Mulher de paredes silenciosas,
Mãe da felicidade do pedreiro.
Revista Soletras, Beira, Portugal, ano
Hera de Jesus
Chicassula
II, n. 23, Novembro 2015
Otildo Justino
11
HOMENAGEM
EDY LEOPOLDO TREMEL
Há muito estávamos devendo uma homenagem ao filósofo, poeta e escritor, membro da Academia Catarinense de Letras, da Academia Catarinense de Filosofia e do Instituto Histórico e Geográfico de Santa
Catarina e outras instituições. Presidente do Senatus Populusque Florianopolitanus, conhecido como
Senadinho, local de encontro de amigos no Centro Histórico de Florianópolis, que se reúnem há 36 anos
(comemorado em 2015) para discutir política entre uma xícara e outra de café desde 1979, depois do movimento conhecido como Novembrada. No último dia de novembro de cada ano, Edy Leopoldo, o presidente, premia amigos literatos, com Diploma, defronte o Ponto Chic, local do cafezinho.
EDY LEOPOLDO TREMEL
nasceu na cidade de Rio
Grande, RS, em 30 de outubro de 1928. É Advogado,
pela UFSC. Curso de Especialização em Direito Penal pela Faculdade de Direito de
São Paulo. Bacharel em Letras na Faculdade Nossa Senhora Medianeira, das Faculdades “Anchieta”, de São
Paulo. Cavaleiro da Ordem
dos Cantadores da Ordem Brasileira dos Poetas de
Literatura de Cordel — Salvador, Bahia. Professor.
Conferencista. Autor de poesias, crônicas, contos e
ensaios publicados em jornais e revistas. Tem no
canto de ópera uma das suas atividades artísticas.
Foi orador do Tattwa “Amor e Luz”, filiado ao Círculo Esotérico da comunhão do Pensamento, durante
quinze anos. “Possui uma cosmovisão calcada numa filosofia holística, e tanto seus contos quanto
seus poemas refletem esta filosofia humanista.” [In:Antologia ACL 2, 2003]. Suas narrativas em
todas as suas obras revelam seu caráter de grande
sensibilidade.
Autor de A Hospedaria (1976); Pensamentos e Reflexões (1980); Ponte Hercílio Luz — Redondilhas
(1982); Anita Garibaldi (1982); Aprendendo a Viver
(1995); Dias Velho, primeiro colonizador da Ilha de
Santa Catarina, libreto para ópera dramática (1998);
O historiador e a historiografia (1999); O Bom Amigo. Dialética contra as drogas, o álcool e o tabagismo (2000); Urubulândia — A Fábula de uma Civilização (2000); O Espiritualismo de Bergson (2002); Tsé
Kung — O monge chinês ( O caminho da Iluminação) (2008); Ah! Não é isto a Felicidade? Um clássico sobre a felicidade (2006); O velho e a águia
(2004) e outros.
Assim se expressa o professor Celestino Sachet
em sua obra A Literatura dos Catarinenses. Espaços e Caminhos de uma identidade (2012):
dos os lados, um caminho de equilíbrio capaz de
criar princípios para atingir o justo, o correto, o moral e o fraterno. Com o romance O Velho e a Águia,
Edy Tremel atinge o grau mais elevado de sua carreira de filósofo e de escritor. Trinta anos antes, em
A Hospedaria, o Autor apresentava uma narrativa
com tal força de sentimento humano, com tal dose
de solidariedade com os fracos e sofredores, que
desde logo anunciava as concepções espiritualistas que definem uma criatura humana preocupada
em atingir o universal e o eterno.(pag. 401)
SUAVE ENCANTO
Tens o suave encanto de um entardecer,
Quando alvas nuvens se vestem de carmim;
Tens o aroma inefável da flor da laranjeira,
Quando se mistura com o perfume do jasmim.
Teu olhar é qual veneno que fascina,
Que me faz perder a calma, me inebria,
São estrelas, são dois sóis que ilumina
O caminho de um mundo de fantasias.
Tua boca é filtro mágico, embriagador,
Pois teus lábios, tendo a cor rubra da romã,
São promessas que me lembram o paraíso,
Onde perdura o mistério da maçã.
Paira no ar uma doce saudade de ti,
Mas tudo fica na vertigem de um desejo,
De uma indomável vontade de abraçar-te,
E de ensaiar meus lábios em teus beijos.
Anoitecer, só a prata da lua a iluminar,
No mais as nuvens em suave tom carmim,
Mas, no ar, ainda o aroma da flor da laranjeira,
Que se mistura à fragrância do jasmim.
(Poema publicado na Revista Ventos do Sul, n.17 e
na Coluna Cultura, de Maura Soares, no Jornal Fo“Edy Leopoldo Tremel é um filósofo que se abanlha de Coqueiros, n. 68, maio, 2003).
dona à paixão da reflexão para atingir a maior justeza possível nos conceitos emitidos. O autor tem
[A coluna Cultura foi publicada de 2001 a 2009]
como imperativo indicar, neste meio conturbado
em que vivemos, com a moral massacrada por to-
12
A CARTA DA PROFª ZENILDA NUNES LINS
A exemplo da seção publicada em algumas ocasiões nesta Revista, “As Cartas do Celestino”, eis que nos chega uma carta que, pelo teor, temos a obrigação em tornar público, pois
são pareceres de pessoas do quilate da Professora Zenilda, que nos faz continuar com
mais afinco nosso trabalho. Igualmente poeta como seu esposo, já falecido, Dr. Hoyêdo de
Gouvêa Lins, a Professora já compareceu em alguns números desta Revista.
ZENILDA NUNES LINS
13
DE BRAÇOS ABERTOS...ESTAMOS!
"LA PORTA", VIVO EM NÓS
"Quantas coisas já vi, mas não senti..."
Sugere meu pai, há quilômetros, e bem perto
Lhe digo, então, inspirado pela sua emoção me dita
E uso a informação que viemos de linhagem italiana
De um casal feito de maestro e cantora lírica
Lá, numa Porto Alegre, num “La Porta”
abarrotado de arte e gente
Sangue e energias passadas,
cromossomos inquietos,
saltimbancos e atrevidos
Ungiram e perseveraram no tempo
entregando o sopro nobre da arte,
da emoção, de tantos La Porta's lotados
E de tantas Porto Alegres's em nós
Eis que estamos, agora,
ungindo e perseverando no tempo
Os mesmos sopros de outrora
Daquele maestro e sua cantora lírica,
ainda é forte em nós!
Coisas que sei só agora
Coisas sagradas que me contas, só agora
Coisas que não vi, mas que senti,
só agora, compreendidas...
"Quantas coisas já vi, mas não senti...", me dizes
Quantas coisas não vi, mas senti...
Eis o lindo mistério de ver e sentir,
de não ver e não sentir
Que venham os mistérios, lindos,
desta linhagem italiana,
do "La Porta",
que nos abençoa em arte!
EU
Sem ti,
a caminhada é triste.
Sem ti,
não vou a lugar algum.
Sem eles,
sou náufrago ilhado.
Sozinho,
sou a voz sem eco,
o sorriso sem graça
a lágrima num olho só
uma pedra no deserto
uma árvore sem frutos.
MARCELO FERNANDES
Radialista e Jornalista. Florianópolis,SC
rwbrasil.net (rádio pela internet)
Eu, só.
Eu
MEDITAÇÃO NOTURNA
EDMAR ALMEIDA BERNARDES
As margens
da minha meditação
proíbem as dores
do silêncio
nas correntezas do tempo.
Descubro os pesadelos
no universo das palavras
mortas de insônia.
O gesto fica parado
nas pálpebras dos lençóis
e coleto todos os sonhos
numa folha de papel.
Florianópolis, SC
Foto de um catálogo de Exposições do artista paraibano Clóvis
Júnior.
Catálogo enviado pelo poetamigo
de João Pessoa, PB, Luiz Fernandes da Silva.
LUIZ FERNANDES DA SILVA
João Pessoa, Paraíba
14
TEMA DA CAPA
SUELI RODRIGUES BITTENCOURT
Detentora de Prêmio Internacional em 2015.
“DIPLOMA DE RECONHECIMENTO”
FEDERAÇÃO PARA A PAZ MUNDIAL (UPF)
SUELI RODRIGUES BITTENCOURT
“Pelos distintos projetos e desenvolvimento da
iniciativa “Paz e Poesia”.
Por sua larga trajetória literária e educativa,
sendo pioneira na criação de curso de educadores em Santa Catarina e de jardim infância em
Florianópolis e São Paulo”.
Dia Internacional da Paz 2015
Buenos Aires, 21 de setembro de 2015
A Poetiza da Paz, nasceu em 20 de dezembro de
1920, em Orleans, SC, foi professora em vários
graus de ensino. Aposentou-se pelo Instituto Estadual de Educação de Florianópolis, SC, como professora de Didática e Prática de Ensino. Foi pioneira em cursos para Educadoras pré-escolares em
SC, tendo criado Jardins de Infância em SC e SP.
(citado no Diploma). Também em São Paulo criou o
Instituto de Babás Educadoras, considerado a primeira escola de babás do mundo. Realizou trabalhos com crianças carentes em SP e SC. Membro
do GPL, participou de todos os seus projetos. Licenciada do Grupo por problemas de saúde. Seu
Projeto Paz e Poesia está em rede mundial. Participa do Portal CEN, de Portugal. Obras de sua autoria: “Suavize seu viver “; “Sim ou Não? Por
quê?” (este com um áudio-livro). Participa das Revistas Ventos do Sul e Antologias do GPL.
Sueli com Carlos Piccoli,um grande amigo
FLUTUANDO
Flutuando em imensurável espaço...
Num minúsculo planeta, em meio a tantos astros...
Entre belezas, perigos e mistérios... Indagamos:
O que somos? De onde viemos? Pra onde vamos?!
Uma Força Superior então procuramos...
Onde? Quem? O que? Será que encontramos?!
Sim, a energia espiritual que em nós existe.
É parte da Força Superior que nos assiste!
É nosso Deus que está aqui, ali e além...
Oremos a Ele para afastar-nos do mal.
E procuremos evoluir, elevando o astral!
Nosso representante da Argentina, Donato Perrone, portador do Diploma, fazendo entrega à
presidente do GPL, Eloah Westphalen Naschenweng. Posteriormente, Eloah fez entrega a
Sueli Bittencourt, em sua residência.
Sigamos com fé e amor praticando o bem!
Nesse estágio terrestre, tão fugaz...
É importante fazer o melhor de que se é capaz!...
15
AOS POETAS MORTOS...
FONTES DE MUITAS INSPIRAÇÕES!
JUVÊNCIO DE ARAÚJO FIGUEREDO
Da obra de Márcio Araújo, A se ao grupo dos que trabalhavam pela emanmediunidade do poeta cata- cipação dos escravos, vindo com eles lançar,
rinense Araújo Figueredo, à luz da publicidade, um jornal chamado O AEDEME, 2000, extraímos da- bolicionista, trabalhando até altas horas, o
dos biográficos deste in- que o debilitou. Retornou novamente ao sísigne homem, cuja fé na tio. Reencontra Cruz e Sousa e juntos escreDoutrina Espírita o fez gal- vem lindos sonetos, numa intimidade de irgar à Pátria Maior com a mãos. Precisando trabalhar, conseguiu emcerteza do dever cumprido. prego na redação de O Estado.
Araújo Figueredo nasceu em Cruz e Sousa tinha por Juvêncio uma elevada
27 de setembro de 1864, sete simpatia. Muitas vezes saboreavam um bom
anos após a Codificação da Doutrina Espíri- café com roscas de polvilho ou uma feijoada
ta, numa casa à esquina das antigas ruas dos à moda de Maria das Velas, em cuja casa Cruz
Artigos Bélicos e Tranqueira (Tronqueira), e Sousa escreveu os seus sonetos que comhoje, respectivamente, Victor Meirelles e põem “Violões que Choram”. Juvêncio trabaGeneral Bittencourt; filho de Luiz e Floris- lhou no Jornal do Comércio e Tribuna Popubela de Araújo Figueredo. Seu avô paterno, lar. Foram muitas as provações sofridas pelo
Padre Dr. Caetano de Araújo Figueredo Men- poeta.Para entender tanto sofrimento parte
donça Furtado, homem de uma austeridade para estudo da Doutrina Espírita. Ali, endigna de respeito, foi capitão-mor do Paço contra a sua redenção.
Real no tempo de D. Pedro e D. Miguel de Por- A extensa obra de Márcio Araújo não pode ser
tugal, de quem seu pai herdou todas as ca- resumida em duas laudas. Atemo-nos à poeracterísticas. Com seis anos de idade, Araújo sia que era feita à luz tíbia de uma lampariencontra-se pela primeira vez com Cruz e na de querosene. Teve dois livros de poesias
Sousa — este com oito — na casa da profes- publicados: Madrigais (1888) e Ascetério
sora Camila, à rua dos Ilhéus, hoje Visconde (1904). Esta obra “é uma urna sagrada das sude Ouro Preto. A professora mencionou Cruz as grandes mágoas e das suas tristezas sie Sousa como o mais estudioso de seus dis- lentes”. Deixou de enfeixar em volume as cocípulos e o mais obediente. A empatia cres- letâneas de versos e poesias esparsas, que a
ceu entre os dois meninos. Araújo iniciou ACL reuniu num livro intitulado “Poesias”.
seus estudos numa escola pública aos 9 anos Araujo Figueredo tomou posse na Cadeira n. 7
e complementou estudos em lições particu- da Academia Catarinense de Letras, cujo palares. Foi um menino enfermo. Com grande trono é o médico, político e ensaísta Duarte
vocação para o desenho de figuras, princi- Paranhos Schutel. Cruz e Sousa foi escolhido,
palmente de cabeças, dedicou-se sozinho a após seu desencarne, como Patrono da Cadeieste estudo. Foi-lhe oferecida uma Bolsa de ra n. 15, da referida Academia.
Estudos na Escola de Belas-Artes, mas sua
mãe estava muito enferma; não foi para o
DIVINA GRAÇA
Ao Padre Manfredo Leite
Rio. Propenso à poesia, tinha quinze anos
quando sua mãe desencarnou, em 24.2.1879, e
Para sempre lembrados os que choram
foi com esta idade que escreveu seus priProfundamente, com o peito em lanças!
meiros versos, dedicados à sua memória, os
Mas os que choram pelas esperanças
quais foram publicados pelo periódico RegeQue os altos céus olímpicos enfloram!
neração. Dois anos depois ficava órfão de
pai, sem um emprego qualquer, apenas a roça
Para sempre lembrados os que imploram
dos Coqueiros para sustentar os quatro irMares de eterna paz e de bonanças,
mãos menores, uma prima velha e a tia FeliE tem a alma como a das crianças
cidade. Bateu à porta do jornal Regeneração
Que as próprias feras docemente adoram!
e Martinho Callado deu-lhe oportunidade na
arte gráfica. Naquele tempo, o Realismo enAh! Pelos que nesse clarão se aquecem
contrava forte reação entre os românticos,
Todas as dores que em dilúvio descem,
principalmente no jornal em que o poeta
Tal gota de lágrima que passa
trabalhava. Na verdade, ele era um parnasiano, motivo que o levou a indispor-se com
Nada mais são do que, continuamente,
alguns companheiros de redação e retornar
Diante do olhar de quem se vê doente,
ao sítio em Coqueiros, trabalhando na roça
Os Santos-Óleos da Divina Graça!
para tirar o sustento da família. Após alguns
meses, retorna ao Regeneração. Enfileirou(ms./)
16
DESCOBRINDO JOVENS POETAS
Da Escola de Educação Básica Professora Olivia Bastos, de Tijucas, SC, enviados pela Prof. Márcia
Reis Bittencourt, associada do GPL, chega-nos um exercício coletivo que apresentamos nesta página.
Coisinhas à toa que deixam a gente feliz:
Coisinhas à toa que deixam a gente feliz:
Ganhar presente da família
E ter aula de filosofia.
Passear com a família
E de vez enquanto entrar numa fria.
Reunião de amigos
E correr numa fazenda de trigo
Viajar de avião
E comer pinhão.
Beber água de coco na praia
E ir a shopping comprar uma nova saia.
Comer chocolate diamante negro
E dividir com meu amigo Pedro.
Tomar banho de sol
E jogar futebol.
Escutar música o dia inteiro
Fazer batalha de travesseiro.
Rir e se divertir
E um mundo novo construir
Tomar sorvete
e brincar de skate
Ir ao cinema
E receber de alguém especial um poema.
Brincar com os amigos aos domingos,
De tilica, boliche e bingo.
Correr e brincar com o cachorro
Descer em carrinho de corrimão o morro
Ir à montanha russa
E em casa fazer bagunça
Acordar com o cantar do galo e
Andar a cavalo
Pintar o cabelo cor de rosa
Para ficar mais charmosa.
Passar o fim de ano com os irmãos
Ir a um parque aquático ou de diversão
Tirar self com os amigos na escola
Ir para o parque jogar bola
Comer doritos e beber coca cola
E aproveitar as férias da escola.
Fazer uma festa do pijama
E tomar caldo de cana.
Fondue no inverno e chocolate quente
e ir para cama contente.
Beber suco de uva com os parceiros
E com as amigas comer brigadeiros.
Ir ao zoológico conhecer os animais
Comer pizza de morango e de sorvete em copos de cristais
Brincar de guerrinha na lama
E em dia de chuva dormir tranquilo na cama.
Autores: Alessandro Werner da Silva, Carine Zanatto da
Passar o fim de semana na casa de parentes e
Cruz, Débora de Souza , Eduarda Frutuoso, Emanueli
Conhecer pessoas diferentes
Comper Borges, Emerson Batistoti Coelho, Gabriel Jacomossi, Helyson Sartori, Higor João Jesus dos Santos, JaAutores: Bruno Antunes de Oliveira, Carlos Eduardo Nu- milly da Silva Lino, Jesse Luiz Marcilio Desiderio, João
nes de Souza, Caroline Elias, Eduarda Marchi Pereira,
Vitor Poli, João Vitor Vaz de Oliveira, João Vitor ZimmerEduardo da Roza, Elienara Soares Oliveira, Francisco Ju- mann, Lorena Aparecida de Oliveira, Marcelo Filisbino
lio Hames Neto, Jady Danieli Silva Farias, Jenifer da Silva Galvão, Mariane Rodrigues de Oliveira, Matheus MachaVargas, Julia Roseslanik de Menezes Pires, Julia Vitoria
do, Mickaelly de Souza, Monique Moreira, Nicole GiacoBenigno, Ketlin Leal, Leandro Carlos Bonfim, Liedson
mossi Machado, Peterson Henrique Dias de Oliveira, Rados Santos, Luan Victor Pinheiro, Maria Eduarda Sarafael Cardoso, Rafael Jacomossi , Vinicio Rover, Wilian
mento, Mikael de Lima e Silva, Pamela da Silva Antunes, Mateus Pereira Nunes de Jesus e William Moreira Wolff
Renata Jacinto, Victor Mathias Bertoldi e Vitoria Margarida Benigno dos Santos.
6ª série 1
Escola de Educação Básica Professora Olívia Bastos
6ª série 22
Tijucas - SC.
Escola de Educação Básica Professora Olívia Bastos
Tijucas - SC.
17
DESCOBRINDO JOVENS POETAS
Continuamos nesta página o exercício coletivo da
Escola de Educação Básica Profª. Olivia Bastos, de
O almoço de domingo
Tijucas, SC
Ver vovô com o cachimbo
Crianças e adultos se divertindo.
Andar a cavalo
O que nos deixa felizes?
Sentir a sensação de voar
E caminhos diferentes desvendar.
Comemorar o natal com a família
Ver todos com muita alegria
E tentar viver isso todo dia.
Jogar bola
Ser campeão
e comemorar bebendo coca-cola.
Ir a praia
Fazer uma caminhada
E ficar de olho nas meninas de saia.
Viajar com os amigos
Comer, brincar e rir
Sem pagar micos.
Jogar vídeo game
Sem ter ninguém para nos incomodar
Tentando de fase passar.
Autores:
Adriano Nicolau, Ana Carolina Vidal Souza, Bruna Umbelino da Cruz, Carlos Henrique Machado, Dara Aparecida Cardoso da Silva, Eduarda Mariano, Everton Valdinei
Ribeiro Rufino, Izabel Paulina Franca Juskow, Jean Vitor
Reis, Jhonatan Willian de Paula Quadros, João Vitor Benigno dos Santos, José Augusto Casas, Joziele Padilha de
Oliveira Ramos, Leandro Werner da Silva, Leonardo Vinicius Fernando Quadros, Maria Eduarda Dias Carletto,
Michel Crispim de Jesus, Sabrina Silva da Cruz Galisa,
Tailane Rover e Vanderlei Luiz Pavesi.
6ª SÉRIE 2
Escola de Educação Básica Professora Olívia Bastos
Tijucas - SC.
Passar um final de semana com os padrinhos
Brincar no shopping de carrinho
E fazer um lanchinho.
Comer chocolate
Adicionar um pedaço de gelo
Misturado a vitamina de abacate.
Ter uma festa de aniversário
E de presente
Ganhar um papagaio.
Ir para escola estudar
Buscar novos conhecimentos
E escutar o som de uma vitrola.
Assistir programa divertido na TV
Rir muito
E depois comer.
Estar com a mãe
Brincar e me divertir
E passear e sorrir.
Fazer trilhas na mata
Curtir a natureza
Acompanhado de um cachorro vira lata.
Violino estudar
E com a orquestra se apresentar.
Professora Márcia Reis Bittencourt, membro do
Grupo de Poetas Livres e do Grupo de Poetas Sol
Nascente, de Canelinha.
Profª Márcia coordenou em Tijucas e Canelinha
concursos promovidos pelo GPL, cujos vencedores foram publicados nesta Revista.
Cumprimentamos todos os professores da Escola
de Educação Básica Profª Olivia Bastos, que incentivam seus alunos a estes exercícios, bem como o amor pelos livros.
*****
A leitura de um bom livro é um diálogo incessante, o livro fala e a alma
responde.
André Maurois
18
AMIGOS POETAS D´ALÉM MAR
QUE IMPORTA?
INVERNIA
Que importa os tempos negros já passados,
os foscos dias, sem sol ou réstia dele...
Se com lágrimas foram já lavados
e em versos sepultados no papel?
Chovia a noite
na transparência serena e doce
do olhar do orvalho
confidenciando com a melodia acre de gotas sonoras.
Que importa os ais, sustidos, engasgados,
os arrepios revoltos pela pele,
se todos se aplacaram desbastados
p´la douta lei da vida e seu cinzel?
Na cortina da bruma ainda mais baça,
bailava o mistério da invernia sedenta de fome
na procura insaciável da seiva das palavras.
Nas mãos das árvores
desprendem-se ocasos
nascidos no ventre da terra.
Perfeita a mão da sábia natureza
que nos modela ao traço estrutural
que exige pormos n´alma mais nobreza;
polirmos nosso cerne existencial,
passo a passo na viagem oscilante,
e a pedra lapidarmos em diamante!
CARMO VASCONCELOS
Lisboa, Portugal
Diretora Cultural da Revista eisFluências
e das Antologias Logos da Fénix
Membro do IWA
O silêncio nasce no espaço da incerteza
do destino da manhã.
Iluminam-se corpos na caverna da noite
com vazios de ventos, de luzes difusas
prolongando-se em nevoeiros inquietos.
E os segredos noturnos
dormem nas veias agitadas das árvores
e no coração das pedras abrigadas
na glorificação da beleza
de sombras inquietas.
MANUELA BARROSO
LÁGRIMA
Gerês – Porto - Portugal
Só não é gota de orvalho,
porque na pétala
da tua face,
não se demorou.
Quis saber quem um dia serei
A sonhar, a meditar
Vaguei
Sonho meu vem me animar
Sempre o fizeste, eu sei
A branda loucura sempre andou a sonhar
O que fui, jamais inventei
Continua a amar
Vaguei
O que sou, amava sublimar
Como nunca será perfeito meditei
Na forma de melhor navegar
Vaguei
Por vielas e calçadas deste revolto mar
Para encontrar a íntima paz meditei
Como é bom um giro para serenar
Novas caminhadas matinais, encetarei
Para a paz sufragar
Perambularei
Com o gosto a me animar
Vaguei.
Rolou,
e foi-se embora
sem esperar que o Sol
languidamente
viesse beijá-la.
Depois, caiu no chão
e desfez-se
em lágrima distraída.
JOSÉ VAZ
Leiria – Portugal
(membro correspondente do GPL)
“Dizem que ser poeta é uma sina
Que a cigana lê na palma da mão,
Que surge quando se corta o cordão,
Ou logo que o doutor tira a batina”.
[1a. estrofe de A sina]
DANIEL COSTA
Lisboa – Portugal
(Membro correspondente do GPL)
ANTÓNIO JOSÉ BARRADAS BARROSO
Membro correspondente do GPL em Parede,
Portugal
19
NILSON MELLO
O poeta dramaturgo
A RVS e o GPL prestam homenagem a um de seus diletos amigos. Recentemente falecido, era assíduo frequentador das páginas desta Revista. A ele rendemos homenagem. O poeta se foi, mas sua poesia é eterna.
Tomando por base biográfica sua obra A História
de um contador de Histórias, esta revista reverencia
um dos mais autênticos poetas catarinenses.
NILSON MELLO nasceu em Florianópolis, SC,
precisamente na rua General Bittencourt, nº 163
(hoje nº 565),numa casa de madeira, demolida em
1980, cheia de cupim, dia 26 de dezembro de 1927 e
faleceu em 12 de maio de 2016.
Filho de Manoel Martins de Mello (1862-1945) e
Julieta Alves (1900-1956). Tem dois irmãos, Wilson
e Dilson, e mais outros cinco, filhos do primeiro matrimônio de seu pai.
Nasceu raquítico, exigindo cuidados especiais de
sua mãe...Para tomar banho, a mãe colocava um pano
no fundo da bacia metálica para que o menino não se
machucasse. Cuidados de mãe...
Criou-se no Morro do Antão, altos da rua Lages,
hoje chamada de rua General Vieira da Rosa, no centro da capital do Estado de Santa Catarina. Como
qualquer criança, principalmente as do sexo masculino, era especialista em traquinadas. Uma infância
saudável e feliz.
Sua educação foi numa escola particular com duas salas apenas. Continuou os estudos no Grupo Escolar Modelo Dias Velho (mais tarde batizado de Escola Básica Estadual “Antonieta de Barros”). Depois
foi para a Escola Industrial, que mudou o nome para
CEFESC e atualmente IFES. No SENAC , cursou o
Fundamental e Prática de Escritório.
Sua produção na área cultural,como escritor e
teatrólogo, integra 63 peças teatrais escritas, 30 livros editados, até em nível nacional; possui livro adquirido pelo MEC para integrar em Bibliotecas Públicas. Membro da Academia São José de Letras, Academia de Letras de Biguaçu; sócio fundador da União
Brasileira de Escritores. Pela sua formação acadêmica simples, pode-se considerar Nilson Mello um verdadeiro autodidata.
Trabalhou em diversos lugares e se aposentou
aos 52 anos de idade.
A ARTE DE NILSON — aos 19 anos começou a
desenhar a lápis rostos e a reproduzir fotos 3 x 4 em
tamanho ofício. Depois começou a pintar aquarelas.
Pintou nove quadros.
A arte também lhe trouxe o amor de sua vida.
Foi em uma exibição de filmes na União Operária que
conheceu Santa Piccolo, sua eterna paixão. Casou-se
em 29 de dezembro de 1956. Ambos trabalharam na
Rádio Anita Garibaldi, de J. J. Barreto. O nascimento
do seu primogênito Rogério, foi transmitido pela Rádio. Depois nasceram Nilson Mello Júnior e Jussara e
adotaram Dalva Luiza Peres,com onze anos de idade,
para completar o desejo de ter quatro filhos.
Como teatrólogo, Nilson teve sua 1a.peça O Ratinho Sabido, encenada pelo Grupo Nós, com direção
de Luiz Alves da Silva. Convidado, presidiu o Grupo
de 1971 a 1989. Quando se afastou das atividades
teatrais, o Grupo Nós já havia encenado trinta e duas
20
peças de sua autoria. De suas 63 peças teatrais escritas, 50 são infantis, 32 encenadas em Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro e Fátima (Portugal).
Nilson colaborou com 14 jornais em Florianópolis, 2 periódicos e 5 revistas, sendo 2 do Rio de Janeiro; ganhou Menção Honrosa com as peças As Formigas Boca-Doce e Estrelinha de Cristal; Medalha de
Mérito do Município de Florianópolis nos 262º aniversário da cidade; Troféu Bastidores (premiação dos
melhores do teatro idealizado por Valdir Dutra)nos
anos de 1980, 1988 e 1990.
Recebeu homenagem especial da Academia Catarinense de Letras quando dos seus 75 anos de fundação. A Revista da ACL publicou um de seus contos:
“Cigarro—Uma arma poderosa”.
Sócio fundador da UBE-União Brasileira de Escritores; presidente do Grupo Nós; atuou como produtor nas rádios Anita Garibaldi, Guarujá e Jurerê;
participou dos livros Contistas e Cronistas Catarinenses; editou por conta própria 30 livros e um deles
publicado pelo MEC.
Uma vida rica dedicada à arte, à escrita, ao radialismo, ao jornalismo, não cabe em duas laudas.
Fica, no entanto, nosso registro e a homenagem
da RVS e do GPL. (Profª Maura Soares)
DEFININDO O TEU OLHAR
Inacreditáveis...
são os teus olhos quando estão a serviço do Amor.
Violentos...
quando fitam o Amanhã;
Titãs...
quando lutam para vencer o coração;
Dóceis...
quando vencem a fúria da vida;
Úmidos...
quando se despedem de alguém;
Soberbos...
quando estão a serviço dos necessitados;
Necessitados são todos os que te olham;
Vacilantes...
são os teus olhos quando se veem no vazio da vida;
Vazio é o espaço que nos separa;
Tenazes...
são os teus olhos quando me ferem a alma;
Ferida é tudo aquilo que parte da tua negação;
Divinos...
são os teus olhos quando se cerram atrás das pálpebras
para olhar a Deus no outro lado da vida;
Divinos, porque não ferem quando estão a serviço do
CRIADOR.
[In: Fragmentos d´alma...Poesias]
Publicado na Revista Ventos do Sul n.24, janeiro a
junho de 2005.
AMIGOS POETAS D´ALÉM MAR
Até o mais pesaroso pêndulo consegue fazer o sol chorar,
quando a torre deixa de abraçar o relógio
e apontar para a estrela.
O vento até poderá limpar as lágrimas da minha face,
mas jamais limpará as mágoas do meu coração.
O tempo dará razão a quem nada tem a temer.
Por isso, sei que vou.
Não sei se volto.
Mas sei que não fico...
[In: "A Minha Metáfora vai nua"]
ADELIO AMARO
LEIRIA, PORTUGAL
Florbela
VEM COMIGO
HOMENAGEM
Vem comigo, meu amor, vem comigo
Colher a flor que nasce na campina,
Ouvir o vento que sopra em surdina,
E toma o pária errante por amigo.
AMOR QUE MORRE
O nosso amor morreu... Quem o diria!
Quem o pensara mesmo ao ver-me tonta,
Ceguinha de te ver, sem ver a conta
Do tempo que passava, que fugia!
Vem comigo, meu amor, e traz contigo
Alguém que possa impor, pela doutrina,
Ao poder, que transforme a triste sina
Das gentes que inda vivem sem abrigo.
Bem estava a sentir que ele morria...
E outro clarão, ao longe, já desponta!
Um engano que morre...e logo aponta
A luz doutra miragem fugidia...
Vem comigo, mas traz no coração
A vontade de dar, a teu irmão,
Agasalho, amor e fraternidade.
Eu bem sei, meu Amor, que pra viver
São precisos amores, pra morrer,
E são precisos sonhos para partir.
Vem comigo sentir pular a vida,
Olhar o céu, dizer:- missão cumprida!
Senhor, enche minha alma de amizade.
E bem sei, meu Amor, que era preciso
Fazer do amor que parte o claro riso
De outro amor impossível que há-de-vir!
ANTÓNIO JOSÉ BARRADAS BARROSO
Parede, Portugal
[In: ...antes que chegue o inverno, pág.112]
FLORBELA ESPANCA
Vila Viçosa (Alentejo)
Portugal [8.12.1894—8.12.1930]
[In: Livro na Rua.(livretos com cerca de 15 páginas cada) Série Escritores Portugueses. Biblioteca do Cidadão. Págs. 6 e 7.]
Rogando que Deus que restitua-lhe a
saúde, homenageamos nosso querido
“Tiago”, colocando-o também na página dos poetas d´ além mar.
[Organização de Ronaldo Cagiano. Brasilia,DF ]
MEMBRO CORRESPONDENTE DO GPL.
Os espinhos que me feriram foram produzidos pelo arbusto que plantei.
(Byron)
21
COLABORAÇÕES DE ASSOCIADOS E AMIGOS
Recebemos colaboração do nosso amigo, poeta e escritor catarinense, EMANUEL TADEU MEDEIROS
VIEIRA, nascido em Florianópolis em 31 de março de 1945. Autor de Cerrado Desterro I e II; Olhos azuis
ao sul do efêmero; Tremores; A revolução dos ricos; Os hippies envelhecidos; 22 Contos escolhidos;
Teu coração despedaçado em folhetins; Love Story Paulistana; O homem que amava simpósios, entre
outros. Autor largamente premiado por seu trabalho. Atualmente reside em Brasília.
ESTRELA
CONTO DE EMANUEL MEDEIROS VIEIRA
Para CLARICE
Então, eu disse para ela – tentando desdramatizar, buscando um sorriso –: quando sentires saudades, olha uma estrela (qualquer estrela), em qualquer noite, e tenta me enxergar lá – o bigode, o sorriso, as esperanças, as paixões, os erros, as lutas não vencidas, o sonhos, os voluntarismos, tudo o que quiseres enxergar.
Ela camuflava a tristeza. Eu iria partir. Nunca se sabe quando.
De qualquer maneira, eu sempre te amarei, e esse amor vai à eternidade, mas eu não quis ser solene ou
retórico– era o que eu sentia (sempre, só escrevi o que senti).
Morrer é ficar longe dos amigos?
Lembrei-me de um personagem de Gabriel Garcia Marquez, em “Do Amor e Outros Demônios”: “O corpo
humano não foi feito para os anos que a pessoa é capaz de viver” (...).
Vida e morte, não pedimos para nascer, não pedimos para morrer.
“Os homens morrem e não são felizes” (Albert Camus).
Fomos andar no Parque da Cidade.
E fiquei pensando: vi esta “menina” nascer, assisti ao seu crescimento, os primeiros dentes, a evolução
do corpo, e ela estava agora com quase trinta anos, e é um sol nesta minha vida.
Como em Nietzsche, a mim não foi concedido o benefício do esquecimento.
Seria um lugar-comum, mas eu “discursei”: é preciso ser forte, nascemos, vivemos, envelhecemos – se
não morrermos antes.
Entendi na prática o que estudara nas aulas de Filosofia: é preciso ser estoico.
Não reclamar, seguir em frente.
Fé? Eu não sabia se ainda a tinha.
“Nada acontece no teu conto”, avisa um anjo.
Um eventual leitor, talvez diga: “que triste!” ( o texto).
Categorias como “alegria” ou “tristeza” não importam no que escrevo. Só busco colher uma verdade humana, só escrevo o que sinto – sempre (perdão pelo tom solene ou retórico – ou pelo eventual lugar-comum).
Parece um jogo de dados. Cai o número seis, o número um. Sempre cai algum número.
Células “saíram do lugar”. O repertório é vasto – enfermidades várias.
Passamos. Breve sopro.
Insisti: sempre te amarei, aqui, depois, sempre.
Comemos pipoca, tomamos água de coco.
Estávamos no período de seca em Brasília.
Seus olhos pareciam indagar: “por que”?
Nunca saberemos.
Nunca saberemos de nada.
Em tradução livre, recordei-me de “Macbeth”, de Shakespeare” (sobre a vida): “É uma estória contada por
um idiota, cheia de som e de fúria, sem nenhum significado.”
Poderia ter optado por “louco” em vez de “idiota”. E optando “qualquer” em vez de “nenhum”.
A vida? Essa ânsia toda. Essa movimentação toda. Essa luta toda.
Mas não esqueças, moça: para te lembrares de mim, basta escolher uma estrela.
Qualquer uma.
Até.
***
N.R. Tive o prazer em comentar suas obras Cerrado Desterro I e 22 Contos escolhidos. O texto sobre
Cerrado Desterro I foi publicado em Cerrado Desterro II (orelha e páginas 351 a 357).
Obrigada, amigo. Maura
22
CONSTRUINDO VERSOS E PENSAMENTOS (*)
PALAVRA—CHAVE: A VIAGEM
A VIAGEM
A VIAGEM
Grandeza!
Beleza!
No alvorecer
te vejo a sorrir
Mas sei que à noite
tu irás partir
Vagando em minhas lembranças descobri imagens gravadas na mente, apesar do tempo que passou. Algumas estão gravadas também no coração.
Minha memória fez a viagem pelo tempo em que conheci lugares que deixaram saudades. Outros, apenas lembranças.
A viagem do sul ao nordeste, em todas as capitais, (só
não conheci Vitória e São Luiz), me causou boa impressão,
mas só por Natal me apaixonei. Olinda faz jus ao nome, mas
não é capital.
A viagem às Américas, do Sul e do Norte, me mostrou
diferenças difíceis de superar. No sul, Buenos Aires é bela e
grande, mas não supera Santiago do Chile, culta e moderna.
Montevidéu é uma graça e Assunção não me tocou.
Na América do Norte, três países visitei. O México é semelhante ao Brasil, mas respeita seu passado. No Canadá vi
outro mundo. Cidades em que no inverno, com neve até cobrir casas, não se precisa sair às ruas. Estações de metrô
levam passageiros para o trabalho, casa ou escola num mundo subterrâneo. Impressionante. Já Nova Iorque, nos Estados Unidos, é um país dentro de outro. Uma loucura total.
Não se dorme lá. A vida é contínua. Dia e noite se mesclam
como se fossem uma coisa só. Las Vegas é para se visitar à
noite. Uma profusão de luzes que se espalha pela cidade formando um belo espetáculo. Muito diferente durante o dia.
Quer jogar? Nem precisa sair do hotel pois até no aeroporto
têm máquinas para jogos. Não vi nada igual. Los Angeles é
cinematográfica. Já São Francisco, como na canção, lá deixei meu coração. É linda.
A viagem à Europa me encheu de sabedoria e cultura.
Madri, Paris, Roma, Salzburg, Munique (esta mais moderna)
e o olhar é de encantamento. Duas cidades me conquistaram: Praga, na então Checoslováquia e Mont Sant Michel, na
França. Esta, situada num castelo medieval com a cidade ao
redor, sem carros! Volta-se no tempo e parece que estamos
participando de um filme sobre a Idade Média. Linda! Num
determinado horário da tarde a maré enche e Sant Michel
fica totalmente ilhada. Quem está fora não entra quem está
dentro não sai. Maravilhas da natureza.
Na Itália, querem saber onde me encontrei? Em Veneza. Lá eu andava pela cidade como se já a conhecesse e tivesse vivido lá. Eu, que não tenho senso de direção quando
caminho, em Veneza comandava o grupo por suas ruas e
ruelas, sem errar, sabendo exatamente aonde ir. Devo ter
morado lá em outras vidas.
Na Hungria, em Budapest, conheci duas cidades numa
só. Um lado – Buda – e o outro – Pest – são uma só, mas
desiguais. Uma cosmopolita, moderna, a outra conservadora.
Lindas, diferentes, e uma cidade única.
Narrei as grandes viagens que fiz ao longo da vida. Elas preencheram minha curiosidade e sede de conhecimento.
Porém a melhor viagem que faço no dia a dia é ao meu interior, No silêncio que me cerca, nas orações que faço, na leitura e na música que enleva. O convívio com as pessoas
também me fazem viajar.
Nos momentos de silêncio meu pensamento vagueia
sem pressa para chegar a algum lugar.
Esta é minha melhor viagem.
A da Imaginação.
Saberei esperar.
Eu sei que amanhã
tu vais inundar
com luz e calor
este lado do mundo
E eu volto a ouvir
o cantar dos pássaros.
Vou ver renovar
o verde das folhas.
Sentir com alegria
o cheiro da flor.
Vai...
Faz tua viagem!
Uma noite, apenas...
No amanhecer
Novo encontro
Novo dia
Reinicio.
ÁUREA DE MELLO BALDISSERA
********
PRIMEIRA VIAGEM
Minha primeira viagem
Aos dez anos de idade
Sai do interior
Pra visitar a cidade
Era uma viagem curta
Não sabia onde andava
Em cima de uma caçamba
Eu não me acomodava
Quando chegou no lugar
Pulei com os pés no chão
Era tudo tão bonito
Parecia uma visão
O sol brilhava lá longe
Em uma estrada amarela
Me dizia tanta coisa
Ficou entre eu e ela.
Florianópolis, 05/04/16.
IRENE ELOZA DE SOUZA
ZEULA SOARES
(*) Projeto Interno do GPL.
23
CONSTRUINDO VERSOS E PENSAMENTOS
PALAVRA—CHAVE: A VIAGEM
A VIAGEM
A VIAGEM
Viajar para dentro de si
se interiorizar
revivenciar alegrias e sofrimentos
curando mágoas e ressentimentos
perder-se no tempo
esquecer os momentos ruins
esquecer as crenças que aprisionam
se libertando, se desapegando
vivendo o presente em cada dia
conhecendo o universo do seu coração
a viagem é longa e nela está a nossa evolução,
o autoconhecimento
explorar o seu interior, conhecer a si mesmo
é a maior viagem que alguém possa fazer
conhecer os seus limites, dominar os seus impulsos
fazer dessa vida o melhor dos sonhos
ter consciência da vida e da morte
ver a realidade como ela é
vivendo entre a razão e o coração.
Na plataforma, esperava o último trem.
Partia.
Não pretendia mais voltar.
Sonhos desfeitos, coração sofrido, amargurado.
Seus poucos pertences em uma valise.
Poucas pessoas ali se encontravam.
Cada qual imersa em seus pensamentos.
Ela, sentada numa ponta do banco,
mãos cruzadas no colo, relembrava.
Recordava dos doces encantos,
dos meses de enleio,
da luz do abajur.
Das mãos a se tocarem,
dos corpos a se aquecerem.
Tudo passará; tudo ficará na lembrança,
nas doces lembranças.
Agora, empreenderia a última viagem.
Para trás o perfume das rosas,
o café quentinho pela manhã,
o despertar com um beijo.
Lembranças, só serão lembranças.
O trem chega.
Um último e derradeiro olhar.
Guardará na retina o local da felicidade
quase esquecida.
ALCIDES CALAZANS
A VIAGEM
Dou tempo ao tempo
Preparo o meu coração
Levo minha alma além,
Bem mais além.
Preparo a mala
Na bagagem amarro meus sonhos
Que se espraiam, em espantado bailado.
Junto à expectativa,
Centelha das esperas e das certezas
Há tanto acalentadas.
A viagem é sopro de um antigo desejo tardio
Sopro que espelha, ensolarado,
Despertando minhas memórias.
Quero novos olhares
Muita beleza
Outras histórias
O velho e o novo
Quero o tempo
Aventuras
Conhecimento
E o pulsar junto à vida.
Passageira nesta viagem
Em liberdade
Nesta hora
Sem perder meu norte
Sobraçando meus sonhos
Sem medo, vou em frente.
MAURA SOARES
2.4.2016
A VIAGEM
Bagagem, euforia
Dia cheio de alegria
As amizades, o amor
A confraternização
E os sorrisos embalados
Na suave canção.
Viagem
Monumentos, praias, sedução
E tua presença
Em meu coração.
Viagem
Saudade, vontade
De vivenciar novamente
Momentos inesquecíveis
Que não saem
do meu pensamento.
MIRELA ALBERTINA CORRÊA
Abastecida de emoção
Embarco.
Vou!
ELOAH WESTPHALEN NASCHENWENG
(*) Projeto Interno do GPL
24
CONSTRUINDO VERSOS E PENSAMENTOS
PALAVRA—CHAVE: A VIAGEM
A VIAGEM
A VIAGEM
Dia 9 de julho de 1953,
dia de festa no Cais.
Já era noite naquele dia,
quando em mais uma viagem,
majestoso navio partiria.
Confesso que tive medo...
Tudo era novidade...
Em minha tenra idade
eu não saía à rua sozinha
e mal conhecia a cidade.
Extasiada fiquei ao ver
tamanha festividade.
Então soou o apito
chamando a embarcar.
Pela mão de minha vó
adentramos ao navio
para uma viagem de ida ao Rio.
Quatro dias navegando
com bom tempo
ou mar revolto.
Cabine primeira classe,
tapete vermelho,
refeitório com piano, música e alegria.
No almoço a sobremesa
que hoje é tão careta:
queijo e goiabada,
Romeu e Julieta.
Jamais esquecerei
daquela viagem
e dos dias que passei.
No dia 11 de julho,
a bordo do Navio Carl Hoepcke,
meu décimo aniversário, festejei.
Chegando ao Rio de Janeiro,
lá aguardava meu pai.
Em terra, várias noites acordei
sentindo o balanço do mar.
Olhava em volta, procurando...
Tranquilizava-me ao notar
que a pouca luz no aposento
vinha através de uma janela,
não mais de uma escotilha.
Um dia todos nós vamos fazer
A viagem de volta à nossa origem.
E vamos voltar para o nosso lar
Voltaremos à morada do Criador.
Eu quero conhecer o mundo dos espíritos
Um dia estarei de volta à nossa essência.
Lugar onde existe a caridade
E lá as ruas não tem nome.
Existem músicas, são lindas e serenas
Um mundo perfeito, onde não existe dor.
Parecido com a cidade dos anjos
Mundo onde as almas são mais felizes.
E as pessoas são perfeitas, bonitas e inteligentes
Não existe dor, fome e violência.
Podemos encontrar nossos entes queridos
No jardim das cores, maravilhoso como um arco-íris.
Acredito que a morte já foi superada
Onde as pessoas vivem em harmonia.
Na viagem do jardim do Éden, jardins secretos
Tem uma cidade que se chama Sol.
De volta ao paraíso, onde tudo começou
E onde as pessoas realmente se amam!
A viagem onde as pessoas se tratam como verdadeiros
irmãos.
VAGNER XAVIER
A VIAGEM
Viajei nas asas da imaginação
passei por terras e vales floridos
lindas cachoeiras desciam velozes pelas
montanhas
O mar se agitava com altas ondas
e se estendia na areia da praia
EUNICE LEITE DA SILVA TAVARES
O vento passava sutil
subia na serra para se esconder da chuva
Arataca,
Florianópolis,SC
Navio Carl
Hoepcke
Vi tantas belezas feitas pela natureza
moldadas pelas mãos de Deus.
DORALICE ROSA DE SOUZA SILVA
(*) Projeto Interno do GPL.
25
CONSTRUINDO VERSOS E PENSAMENTOS
PALAVRA—CHAVE: A VIAGEM
A VIAGEM
Eu fiz algumas viagens pelo Brasil. Até que um dia,
minha filha Abegair chegou em casa e disse: A senhora
vai viajar para o Uruguay, com uma das minhas professoras. Vão dois ônibus e a minha amiga que é professora, será responsável pela senhora.
Eu não queria ir porque o meu netinho André, recém-nascido, estava na UTI do Hospital Infantil. Toda
família insistiu muito, fui então viajar para fora do Brasil! Eu estava com 70 anos.
A viagem foi muito boa e tranquila. Aproveitei cada
minuto; conheci muitos lugares, aprendi muito. Na hora
das refeições, os ônibus paravam e os dois grupos ficavam juntos. Tivemos quatro colegas de viagem que se
destacaram pela comilança. Comiam a parte delas e o
que sobrava das demais. Era sempre assim, comiam,
comiam e comiam.
Quando chegamos ao Uruguay, na programação
do dia seguinte tinha uma visita a uma Casa de Queijos
e Salames pela manhã, almoço numa churrascaria, passeios a pontos turísticos à tarde e um baile à noite, com
apresentação de tangos. As quatro colegas viajantes
comeram que se empanturraram pela manhã na Casa
de Queijos; ao meio dia se fartaram de churrasco e vinho.
No passeio da tarde as quatro não foram porque
estavam indispostas. Na hora de ir para o baile elas estavam com dor de barriga, vômitos e diarreia, e ficaram
no hotel.
Quando voltamos, ficamos sabendo o que tinha acontecido. As quatro comilonas tinham entupido os vasos e os boxes dos banheiros dos dois apartamentos!
O pessoal da manutenção do hotel teve um trabalhão danado de fedido. Saímos do Uruguay com fama
de brasileiras cagonas.
no fundo do nosso quintal a árvore majestosa triste,
deu lugar a uma nova construção, e o chão, antes de
areia onde nossa patinha alegre ciscava, ganharia uma
grande piscina e a nossa patinha do pescoço comprido,
coitadinha, perdeu o seu reinado. Perdeu o seu lar.
Então, tudo isso deu lugar as festas super alegres
dos aniversários dos netos, dos filhos, churrascos apetitosos que ainda consigo sentir o cheiro da carne
quentinha, saborosa, dos finais de semana, sempre acompanhada daquela geladinha.
Todos ali na cozinha fazendo aquela muvuca que
ninguém conseguia entender o que se falava, pois todos falavam ao mesmo tempo.
Das festas inesquecíveis que orlava de branco e de
luzes a casa que cuidadosamente era preparada, pois o
Ano Novo era a maior de todas as festas: era o Aniversário dela.
O Natal que recebia alegremente o Papai Noel para
que netos e bisnetos ainda pudessem sonhar com um
mundo de fantasias, como fizeram com seus filhos antes da saudade chegar.
Do abraço apertado, tão apertado, que nos recebia
a cada chegada.
Esse vou senti-lo cada vez que nas minhas viagens
através do tempo nas minhas memórias, me levaram ao
mundo da imaginação.
Moral da história: Não faz da tua boca uma lata de
lixo sem fundo e sem tampa, principalmente quando estiver fora de casa!
STELA MÁRIS ALVES
OoooOoooO
A VIAGEM
Viajei pelos templos da Índia
Me silenciei perante as pregações
Arranquei os males da vida
Me despi das tentações.
MARIA DA ANUNCIAÇÃO PEREIRA
Ooo000ooO
Fui Buda por alguns minutos
Fui Monge, talvez
Sonhei em ter tudo
Por ilusão que se desfez.
RECORDAÇÕES (DE VIAGEM)
Eu guardarei para sempre em minha memória as
histórias das quatro gerações vividas. Dos amores, das
conquistas, das desilusões, das lágrimas e das alegriZELI MARIA DORCINA
as, das muitas alegrias que vivemos.
Da árvore majestosa no fundo do quintal, da patinha de pescoço comprido orgulhosa andando pra lá e
pra cá, ciscando o chão de areia que ainda não havia
sido cimentado pelo progresso.
Na frente da casa, já se começava os primeiros tímidos preparativos com flores muito coloridas, para
formar ali o nosso jardim, o nosso lindo jardim.
(*) Projeto Interno do GPL.
Mas os anos se passaram e chegou também o progresso. A rua antes de barro agora receberia asfalto e,
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CONSTRUINDO VERSOS E PENSAMENTOS
PALAVRA—CHAVE: A VIAGEM
A VIAGEM
A VIAGEM
Quando me ponho a olhar para a vida faço uma verdadeira viagem relembrando os embarques e desembarques ao
longo do trajeto que percorri. Conduzida pela velocidade de
um vento parti em busca do meu Norte, sem mensurar a quilometragem, nem o tempo. Levando o mar dentro de mim e
tudo que acreditava possuir, cruzei aquela ponte deixando
para trás um Rio de esmeraldas e com o peso da bagagem,
chorei abraçada a mim mesma ao me despedir da estação
em que me encontrava.
Ao partir, desejei muito que estivesse ao meu lado para vislumbrarmos juntos, um horizonte novo, apreciando o ar
fresco das manhãs, belas paisagens que surgissem, ou simplesmente estar junto, para me aconchegar em teus braços,
no friozinho do cair das longas noites que por certo, teria
que enfrentar. Cheguei a imaginar que virias comigo ou
quem sabe, estarias a me esperar numa estação qualquer,
mas a saudade veio a ser a companheira do meu dia- a- dia.
Sozinha e sem rumo, me vi a percorrer estradas desertas, passando por florestas escuras, vales e montanhas, em
noites sombrias de assustadoras tempestades. Com alterações de curso, acidentes, cancelamentos e atrasos de embarques e desembarques, cheguei a experimentar alguns
momentos de alegria, mas outra vez desejei muito que estivesses comigo para um abraço e em nenhuma estação, encontrei o teu rosto amado. Conheci viandantes que assim como eu, também estavam a caminho, mas não conseguiram
prender minha atenção, nem desviar minha rota. Houve também os que passassem tão despercebidos, que nem se deram conta de que eu viajava ao lado, pela mesma estrada.
Vaguei por infinitas estações entre estranhos, e ao observar os passageiros que desocupavam seus assentos, para correrem sorridentes ao encontro do abraço que os aguardava, mais uma vez chorei a tua ausência. Em cada chegada
ou partidas frustrantes, fiz juras de não mais viajar para não
degustar o sabor amargo do esperar em vão, mas em constante vigília permaneci esperando teu chegar com boasvindas. Na exaustão dos meus devaneios, na fantasia de solitários sonhos, o grande mistério era saber se, ou em alguma estação, estarias a me aguardar.
E eis que, numa estação qualquer, um sorriso tão familiar alçou meu coração e me fez mergulhar no olhar onde o
sol brilha, sob um céu azul repleto de luzes mais cintilantes
que as estrelas do céu. Inesperadamente um anjo estava a
caminhar outra vez em minha direção. Ao seu calor acomodei meu corpo ardente de querer, permitindo que escutasse
o descompasso do meu coração e ali apaziguei a minha alma.
Senti que havia terminado a longa espera pelas estações e não necessitaria mais de malas nem provisões. E por
saber que bastava aquele entrelaçar de mãos para navegar,
porque o mar ainda estava inteiro dentro de mim e completamente disponível, me deixei levar na maravilhosa viagem, para nunca mais precisar dizer adeus...
HERALDA VÍCTOR
>>>>>Foto ao lado: Mercado Público de Florianópolis, década de 50, século 20.
27
A vida realmente é uma viagem
Andamos, viajamos
Vivemos e esquecemos
Que é uma passagem.
A viagem nos proporciona
Alegria, conhecimento.
Quando alguém viaja
Para sempre,
Sofremos, sobrevivemos
Porém, quando viaja e retorna,
Mesmo que raramente comemoramos
Viajamos para cá e para lá.
Foi numa dessas viagens
Que me descobri.
Gosto pela poesia eu tinha
Lá pelos anos sessenta
Poesias de famosos eu curtia.
Mas foi numa viagem
Aqui na terra da Magia
Enquanto viajava nos coletivos eu lia
Todas as poesias que eu via,
Coincidência ou não
Sentei-me para descansar
Aguardando o próximo coletivo
Conheci um ser
Que, em breves palavras, falou:
Sou Maria Vilma ,
Temos uma academia de poetas.
Trocamos breves palavras,
Mas senti
Que tínhamos algo em comum.
Essa viagem foi única
Só que um acidente
Impediu-me de ir logo.
Mas assim que me recuperei
Corri atrás do meu sonho
Ao chegar fui bem acolhida.
E quero dizer humildemente
Obrigada por eu ser uma poetisa!
OLGA POSTAL
06.04.2016
DE BRAÇOS ABERTOS... ESTAMOS!
ABRAÇO
Prosa comportamental
CONTRIBUIÇÃO PARA QUE A PESSOA SE SINTA VALORIZADA
POESIA
Um abraço dá a mesma resposta como muitos medicamentos no organismo, porém sem efeitos colaterais,
já provados pela Ciência, pois é fonte de harmonia oxitocina que é protetor natural do coração e responsável pela nossa capacidade de ajudar e receber apoios.
Nele é possível avaliar um pouco da personalidade,
conforme o jeito que abraça. São ótimos estimulantes
conexão entre as pessoas, não importando a idade ou
sexo.
Os contatos físicos como abraço, beijos, aperto de
mão e carinhos tem grande importância para a construção da auto estima e afirmação em relação ao mundo
que nos cerca.
Queremos nos sentir compreendidos, respeitados,
valorizados e amados, às vezes não precisamos do veiculo verbal para transmitir compreensão, empatia, conforto e gentileza.
Sorrir mais, brincar mais, tocar nas pessoas, com
isso encontramos mais sentido de vida.
Afinal, estamos aqui pra que?
Poesia
É sentimento...
Inspiração...
Que brota em um momento
Que expressa um sentimento
Que nasce no coração.
De tristeza, de alegria
De prazer satisfação
Se gera devagarzinho
E às vezes de repente
Que joga pra fora tudo
Que nasce dentro da gente.
ANTONIO PEREIRA DE MELLO
Membro da CAPOSM
Santa Maria, RS
COM UM FORTE ABRAÇO
DOUMERVAL TAVARES FONTES
São Vicente, SP
SOLIDÃO
[redondilha maior]
Por que será que a tristeza,
irmã da melancolia,
tão logo amanhece o dia,
já não nos faz mais surpresa?
Por que chorar o passado,
se nada nos volta atrás
e a solidão contumaz,
é da ilusão o reinado?
Carlos Damião
A solidão abraçar,
nos traz da tristeza o sopro.
Estamos juntos em corpo
e o pensamento a vagar.
Me ensina
me diz qual é o sabor
da chuva
o calor de um beijo
que se distrai
inteiro
na solidão da distância.
O homem julga, inocente,
que seu viver é seguro,
mas deve estar no presente
sem esquecer o futuro.
CARLOS DAMIÃO
Poeta, Escritor, Jornalista
Florianópolis, SC
26.4.2016—Praia de Fora
(Postado em sua página no
Facebook)
ROBERTO RODRIGUES DE MENEZES
Florianópolis, SC
[ALMESC, ADL, ASAJOL]
[In: Castelo Púrpura, pág. 25]
28
DE BRAÇOS ABERTOS... ESTAMOS!
O OÁSIS
SEM SABER O QUE FAZER
Bela criança de olhar tão meigo,
Com este olhar me deixas sem saber o que fazer.
Tu me venceste sem armas...
Apenas com este olhar que hipnotizou todo o meu ser!
***
Eu que me considerava um conquistador.
Zombava das mulheres e não as dava valor!
Hoje estou preso...
E sem qualquer motivação para conquista-la!
O que ela me disse piorou minha situação:
- Eu amo e sou amada e nos entregamos!
Um ao outro, alma e coração.
VIVALDO TERRES
Itajaí, SC
EM MIL PEDAÇOS
Foram-se
E não voltam mais
Aqueles dias felizes
E de um céu sem nuvens
Que na distância
Via-te
Todos os dias
E venerava-te por inteiro
***
Não...
Não habitas mais
No estro meu
No altar que construí
Somente para ti
Minha divina Luna
Na verdade ele quebrou-se
Em nanos pedaços
E se perdeu
Para além do infinito
***
Agora pobre de mim
A vagar sem destino algum
Do nada
Para lugar algum
No deserto do real
Do cotidiano
***
Não...
Não voltam mais
Aqueles dias dourados
De felicidade
E de amor equidistante
Onde eras tudo
Na minha vida vazia
No deserto de mim
há um oásis incriado
onde mitigo a injusta sede
dos meus duros caminhares,
É nele que me protejo
do fogo desses olhares,
intrusos e traiçoeiros,
como vermes carniceiros,
que perseguem o meu ser
e viva querem comer
a carne deste meu corpo,
que resiste e não se abate
frente ao duro acicate
da ingrata desigualdade.
Mas... ainda que me roa
a desumana indignidade
do deserto sem garoa:
eu sou a asa que voa
e no oásis canta a loa
de paz e de liberdade!
SILVÉRIO DA COSTA
Chapecó, SC
[In: Trilhos Cruzados, pág. 24]
A FERNANDO SAVATER
Los políticos
a caballo de las naciones
La curiosidad
a canguro de la ciência
Los ambiciosos
a tigre del comercio
El dogmatismo
a mastodonte de las Iglesias
Los revolucionários
a cóndor de las reivindicaciones
El goce estético
a unicórnio de la dignidad.
ROLANDO REVAGLIATTI
Buenos Aires, Argentina
[In: Ripio — Antologia Poética, pág 78]
SAMUEL DA COSTA
Itajaí, SC
29
DE BRAÇOS ABERTOS... ESTAMOS!
POST SCRIPTUM
AO TEMPO
Em tudo há prioridade
Seja lá a dificuldade
Com que o poder se defronte:
- Simples lâmpada queimada,
consertos em rua, estrada,
construção de escola ou ponte.
Hoje faz frio e chora
Venho tropeçando em
meus arrependimentos
Trago em punho um maço
de remorsos e flores
Governar — pesado ofício
Fundado no sacrifício,
Feito um pé cheio de calos;
Não tem cura permanente,
Precisa é ser competente
Quem se propuser tratá-los.
E na roupa um leve
cheiro de ausência
Não tenho palavras
para desdizer o feito
Lembrai, bem, vós que tratais:
- Um dói menos; outro, mais;
Seja a atenção condizente,
Que só se pensa a ferida
Porque a dor sempre é sentida,
Claro está, por quem a sente.
Não tenho mãos para
desfazer o dito
Só peço ao Tempo
senhor das fatalidades
Cada qual com suas cruzes,
À rua devolver luzes
Não é coisa que se ensine;
Espera-se que alguém faça
Sem buscar em Deus a graça
E por si próprio, ilumine!
Que mesmo alheio
a todas as vontades
Detenha a sanha da
incomplacente roda
E me conceda então
apenas um segundo
PAULO FERNANDO MACIEL RODRIGUES
Artesão—poeta . SANTA MARIA, RS
Antes que no apagar
da última luz
o pano caia
HORAS COMPLETAS
Antes que o gatilho
adormecido numa pausa
se contraia
(19.10.2015)
Barcos de velas brancas
deslizam levemente lentamente
sobre águas azuis
no lago do meu interior.
Eles estão cheios de sonhos de fadas.
Eles estão cheios de almas silenciosas
debruçadas em suas velas enfunadas,
recolhendo gota a gota
toda a água do lago em vapores.
Longe está o porto.
As velas estão seguras, conduzidas pela luz
da minha estrela celeste e bem perto do farol.
Barcos de velas brancas são brancas pombas
que voam suavemente
nos sonhos da minha alma, deixando
sulcos de luz
que não têm mais o que fazer
sobre a terra e que pode exclamar:
“Senhor, tudo está consumado!”
Nas horas graves, os olhos ficam
cegos; é preciso, então, enxergar
com o coração.
ARTÊMIO ZANON
Antoine de Saint-Exupèry
[ACL, ASAJOL, ADL]
[In: Minhas horas cristãs, pag. 74]
ANTONIO CUNHA
Poeta, ator, diretor e dramaturgo.
Florianópolis, SC
[A partir da peça Flores de Inverno, do Grupo de
Teatro Armação]
30
DE BRAÇOS ABERTOS...ESTAMOS!
PARA SEMPRE! (*)
JÁ NÃO SOU EM MIM
Manhã de julho, - que melancolia —,
nuvens cinzentas, chuva miudinha,
o sol esquecendo que já era dia,
e eu segurando a mão dele na minha,
perdendo calor, ficando mais fria,
pedindo um milagre à Salve Rainha.
Não interfira nas discussões,
De pensamentos tão meus...
Eles não servem para serem jogados,
Nem vazios quantos os seus.
Por que às vezes entras,
Na inspiração de quem sabe?
Sabe de que não irei negar,
A um pedido de lealdade.
Recito um poema, com melodia,
tentando esconder a lenta agonia
do atroz desfecho, que a dor prenuncia, na
triste manhã de ilusão tardia.
Minha voz tremeu, relembrando o dia
em que o amor chegou e me fez companhia.
Muito menos ao amor!
Visto em minhas entranhas.
Com a alma se levantando,
Para te receber em comunicação.
Leve pressão, como sendo um carinho,
-- talvez demonstrando a nossa harmonia —,
parece querer que eu fique pertinho,
num aconchego que mal adivinho...
Mas sinto escoar a doce alegria,
e eu me despeço, chorando baixinho!
Num templo erguido,
Sobre pedras nas montanhas.
Estas suntuosas belezas naturais,
Existentes no interior de minha vida.
Vida, no qual, nem nobre é!
Muito menos esbanjando riquezas.
Porém há sempre a certeza do espírito,
Enquanto puder expandir o meu viver.
ZENILDA NUNES LINS
Florianópolis, SC
[In: Tecendo Alegorias, pág.104. Poema composto
em memória do 81º aniversário do escritor Hoyêdo de
Gouvêa Lins. 7.10.2010]
Já não sou em mim!
A juventude de outrora.
Ainda não envelheci,
Com o tempo, surgirá o legado que escrevi.
RICARDO OLIVEIRA
SONETO (Lorquiano)
www.recantodasletras.com.br/autores/ricardoemversos
A veces me pregunto por que Amparo
Más fue antes de cantar una elegía
Por eso te explico ¡Vida mia!
Amparo ya era como un toro
Rabioso de sangre por las venas
O canto de alborada y sementera
Gritando ao viento Primavera
Olor de nardo y azucenas
Naciste saltando en mis jardines
Zoraida no habría nacido tan hermosa
Lugar de helecho y mariposa
El alma me llenaste de violines
Zaguán em calma de olor a rosa.
MANUEL GONZALEZ ALVAREZ
Madri, Espanha
Diretor do Grupo Ritus Senior
(com apresentações de canto e poesia)
Reunião do GPL: Doralice e Maria da Anunciação
abril 2016
31
IN MEMORIAM
A FIGUEIRA DA TROMPOWSKY
NOITE ESCURA
Bela figueira de outrora!
Onde estão:
tua ramaria
farta e viçosa,
tua copa altiva,
verde e frondosa?
Hoje a noite está escura
o céu pontilhado de estrelas
Eu medito!
Meu pensamento vai longe
não vejo as montanhas
pois a escuridão não permite
Ouço o barulho do vento
os sapo a coaxar
eles emitem sons todos diferentes
uns mais altos
outros mais baixos
uns mais finos
outros mais grossos.
É como se fosse uma orquestra
tem som para todos os gostos
Os morcegos cruzam os ares,
as corujas também vem
e procuram alimentar-se.
Eu gosto de meditar na solidão,
pois no escuro parece que estou
bem mais perto de Deus.
Máquinas assassinas,
cavando fundo o solo
cortando-te as raízes.
Mas, ficaste firme, de pé,
como um solene protesto!
E continuas o teu viver centenário,
para nosso encanto.
Como fiel encarnação
de tantas recordações!
SYLVIA AMÉLIA CARNEIRO DA CUNHA
(Fpolis, 1985; Poemas no Tempo)
[In:Poemas do Meu Caminho, pág. 71]
(ACL, IHGSC)
MAURILIA FREITAS
MAR DE AMOR
[In: Minha Saudade, pág.54]
NA imensidão do mar do teu corpo
viro peixe, crio barbatanas,
e na limpidez do teu sorriso
mergulho e venho à tona.
SORRISOS E LÁGRIMAS
O mundo traçado
Completo inacabado de coisas nuas.
Onde a gente se perde e se acha
Na vida, na morte, nas ruas.
É o traço traçado
Na marca da sina que ensina o caminho.
E seguimos a trilha
Com tudo, com todos e sozinho.
Em êxtase de tédio e alegria.
Na esperança e na agonia
Do certo e do errado!
É meio termo enfermo do universo.
Da desigualdade total.
Tudo prossegue lento e veloz
até o último ato atual,
Até o último fato
Fatal...
NADO NAS correntezas dos teus carinhos
e deixo-me levar, por razões que emergem
do teu âmago.
NASCEM tentáculos que te abraçam
e aquoso é o desejo que nos banha
e nos assanha
e nesse oceano de paixões
aumenta minha vontade
crio outro mar, o da felicidade
e em tua superfície
vivo a flutuar, flutuar.
(13.6.2003)
LICINHO CAMPOS
[In: Lascívia, pág. 21]
Pensamento da página desta obra:
“As almas encontram-se nos lábios dos enamorados”
(Percy B. Shelley)
ALZEMIRO LIDIO VIEIRA
[In: Mundo Neutro, pág. 39]
Cada lágrima ensina-nos uma verdade. (Ugo Fóscolo)
32
COLABORAÇÕES DE ASSOCIADOS E AMIGOS
Osmarina Maria de Souza (*)
O INESQUECÍVEL RETORNO
Quase sempre meu retorno para casa acontece vir de carona, e naquele dia não foi diferente além
de que mais duas amigas completavam o quarteto cujo retorno para mim se transformou em uma viagem ao passado.
Turma alegre, satisfeita com o sucesso acontecido com o Encontro de Voluntárias do Intercâmbio
Comunitário.
Algo, porém mudou tão logo saímos do NETI. À nossa frente e por todos os lados um enorme engarrafamento. Trânsito completamente parado e foi ai que tudo mudou. A professora, que gentilmente
nos transportava disse: Hoje vamos mudar nosso caminho e subir a Serrinha.
Fiquei apreensiva, e me perguntava: Como pela Serrinha se não há saída, ou por onde vamos passar para chegar? Eu não conhecia aquele novo trajeto.
Surpresa e já no início da subida esqueci a dúvida e comecei a admirar o belo cenário que se me
apresentava. Jamais pensei que um dia veria novamente minha cidade, tão bela, do alto. Para cada lado
uma nova e bela paisagem.
Feliz eu olhava, comentava e agradecia a professora por me proporcionar tão belo passeio. Em poucos minutos já havíamos subido a Serrinha e já estávamos descendo a Rua Nestor Passos no centro, e
ali vi a selva de pedra em que se transformara a minha cidade e o belo por do sol que só Florianópolis
oferece.
Que beleza! E lembrar que em 1944/45 estava sendo construído o edifício IPASE, na Praça Pereira
Oliveira, o primeiro com mais de três andares, em Florianópolis, e depois o edifício ZAHIA na Rua Felipe
Schmidt. O tempo passou e agora eles são incontáveis.
Foi maravilhoso tudo que vi. Agradeci a professora Cecília por me proporcionar agora, no fim da minha jornada, esta pequena viagem que me transportou por alguns minutos ao passado. Que belo! Foram poucos minutos que valeram por incontáveis horas.
E aqui faço minhas as palavras do Visconde de Taunay, quando disse: “O que de mais belo os meus
olhos já viram neste mundo foi a Ilha de Santa Catarina vista do alto do Morro da Cruz”.
Se você quiser ver este lindo cenário, suba pela Serrinha, na Trindade, e depois me diga se o Visconde não tinha razão.
Obrigada, professora Cecília, em poucos minutos me proporcionaste momentos felizes. Estou a te
dever mais esta gentileza.
DESPERTAR
Fez setenta anos,
e distraída não viu,
mas a vida passou...
E do sonho utópico
acordou...
Enfrentara tudo
com coragem e amor.
Então feliz gritou:
- Quero pular!
- Quero dançar!
- Quero cantar!
- Quero viver!
Dá-me, Senhor, saúde e sabedoria
para bem envelhecer.
Em 2012, Osmarina foi homenageada
pelo SENAC com seu nome dando título
ao concurso literário que aquela instituição promove a cada ano.
No dia, Maura Soares lê a louvação feita
por ela para homenagear a querida confreira e integrante das comissões dos
concursos de poesias e crônicas do SENAC.
[In: Relicário de saudades, pág. 92]
Publicado em O trinta-réis, n. 37, ano
XI, agosto-setembro 2006.
(*) Membro das Academias Desterrense de Letras, São José de Letras, Biguaçu de Letras e ACPCC. Amiga do GPL.
33
POETAS DO GRUPO
CORRESPONDENTES E EFETIVOS
SONETO PARA OS CLÁSSICOS
A única métrica
De minha poesia
É a rima
A única.
Não me preocupo
Em escrever só
Em duetos, tercetos
Quartetos ou sonetos
Pois se minhas
Ideias fossem sempre
Do mesmo tamanho
Eu seria um ser
Inferior,
E muito estranho.
BUSCO A PALAVRA
Quando me sinto só
Na escuridão da noite
Quando os temores
Do mundo me afligem,
E os pensamentos negativos
Querem me açoitar,
Imagino o paraíso
E um coro de anjos
Vindo em minha direção
Peço ao Senhor
Paz...
E Ele sossega
Meu coração.
Quando um amor não
se divide, a felicidade
não consegue se
multiplicar.
G. B. da Silva
OLGA POSTAL
[In: Palavras do Coração, pág. 29]
JOSÉ LUIZ AMORIM
A MÃE SABE FAZER DESENHO?
DOR DE AMOR
Se dor de amor matasse
Não haveria mais esse coração
Que grita no silêncio
Não bateria mais ofegante
Esse peito que sofre.
Ah! Se dor de amor matasse,
Não mandaria mais minhas palavras
À tua procura, nem meu amor
Se inquieto ficasse.
ZELI MARIA DORCINA
[In: Versos que me acalentam, pág. 41}
Uma flor?
Uma árvore?
Uma casa?
Um beija-flor?
Uma fruta?
Um carro?
Um barco?
Um peixe?
Uma mochila?
Minha mãe disse que não sabia...
Então eu disse:
Olha o Pinóquio!
MANOEL MÁRIO REIS BITTENCOURT
Canelinha,SC
[In: Meus primeiros poemas, pág. 07. Poema aos
10 anos]
Estou sozinha e o meu pensamento é só teu.
Não sei o que pensar.
A tristeza me toma, sinto o peito apertar.
Sofro calada, não tenho com quem desabafar, nem mesmo sei se quero...
Muito tempo desperdiçado.
Não quero mais esperar.
Soluções rápidas,
Somente soluções rápidas...
(versos do poema TRISTEZAS, de ADRIANA CRUZ)
[In: Revista Ventos do Sul, n. 24 — janeiro a junho de 2005]
34
POETAS DO GRUPO
CORRESPONDENTES E EFETIVOS
CARLA
MENINA, MULHER E GUERREIRA (*)
Impressionei-me quando te vi
o coração disparou
as pernas não senti
o poeta apaixonou.
Uma frágil guerreira.
Assim eu posso dizer?
Vais bem mais além de ti
Quando queres proteger
As pessoas a quem amas.
Minha núbia tupiniquim
sua tez me enlouquece
seu olhar penetra em mim
seu calor minh’alma aquece.
Igual a um passarinho
Que empresta o seu ninho
Sempre a acolher a todos
Com aconchego e carinho.
As curvas de seu corpo
o gingado de suas cadeiras
fazem os olhos enxergar torto
faz a mente pensar besteira.
Carla, nome tão lindo
Fazendo jus a pessoa
Deixa meu queixo caindo
me faz sorrir à toa.
Sua voz doce e suave
desliza em meus ouvidos
é a brisa que sopra à tarde
aguçando os meus sentidos.
Amo-te como se
amam certas coisas
obscuras,
secretamente, entre
a sombra e a alma.
Pablo Neruda
Quando olho o passado
Ainda ouço a tua voz.
Teu olhar calmo, amigo,
Confiante e seguro.
Queria estar sempre contigo
Tu e eu, éramos nós.
ÁUREA DE MELLO BALDISSERA
[In: Desdobrando, pág. 66]
(*) Para a minha maninha Nézia, que na sua infância,quando eu
me sentia insegura, não importava a situa-
ARNALDO GOLINO
Belo Horizonte, MG
16.1.2016
PRAIA BRAVA
A praia curta num recanto lindo,
apertada entre morros, piso fino
de areia macia, ondas sorrindo
sob o manto de céu sempre azulino.
DESPEDIDA
Em respeito àquele momento,
profundo silêncio seguiu seus passos.
Mansamente, afastou-se cabisbaixo,
guardando para si somente o segredo.
Talvez por medo da realidade daquele dia
ou para não quebrar o encanto
do mundo irreal onde vivia.
Com a imagem da pessoa amada
em seu coração e pensamento
reteve as lágrimas do amargo pranto.
Recusando-se a aceitar a despedida,
seguiu seus passos vivendo
numa só, duas vidas.
Ao morro norte vai gente subindo
para de lá voar, e, bailarino,
ao vento o parapente indo e vindo
não chega a aterrissar de inopino.
Limita mar aberto onde surfistas
marcam na área aquática suas pistas,
marcas que a face líquida não grava.
Beira de mar de Santa Catarina
tua água no seu azul-piscina
constrói a graciosa Praia Brava.
JOSÉ PEIXOTO JÚNIOR
Julho 2014
Brasília, DF
EUNICE LEITE DA SILVA TAVARES
[In: Sonhos e fantasias, pág.49]
35
POETAS DO GRUPO
CORRESPONDENTES E EFETIVOS
TRÊS PENSAMENTOS
Saudade é uma das mais belas formas de sentimento.
Sem ela, não teríamos a alegria de pensar em alguém,
que mesmo distante, nos faz bem.
SOBRE O TRAVESSEIRO II
“Sobre o travesseiro rabisco estas notas
É noite, quase madrugada”(*)
Ele ainda não chegou.
Disse que iria fazer serão.
Sei.
No caminho, em cada esquina,
pode encontrar alguém, penso.
O ciúme me mata.
Mas ele já era assim, me dizem.
Do que reclamas?
Meus pensamentos se embaralham.
Onde andará?
Por que não vem,
se estou esperando para o Amor?
A aflição toma conta de mim.
Resolvo levantar-me.
Largo caneta e papel.
Bebo um copo de água, sem sede,
pois é dele que tenho sede.
Retorno às notas.
Reflito na minha, nossa vida.
Barulho de carro.
Ei-lo que chega.
Nada em seu semblante denota culpa,
que esteve em noitada.
Larga a pasta sobre a cadeira,
desaperta a gravata.
---vai pouco a pouco se despindo.
Beija-me.
Desculpa, amor, o atraso.
Sei que me esperas. Carlos separou-se.
Fomos a um bar conversar.
Perdi a hora.
Só o olhei.
Nada disse.
Papel e caneta foram ao chão.
O que estavas escrevendo?
Nada, não.
Vem cá.
....Fecha o pano.
MAURA SOARES
19.12.2014, 18.10h- horário de verão
(*)Versos do meu poema Sobre o Travesseiro)
Dos verdadeiros amores não ficam apenas lembranças,
pois eles permanecem sempre vivos, muitas vezes
batendo à nossa porta. A beleza das pessoas está
na capacidade de amar.
A vida é um instante entre duas eternidades.
THEREZINHA CACILDA MONTEIRO MANN
(Da obra O Tempo e o Silêncio, no prelo)
TIJOLOS QUEBRADOS
Tijolos quebrados, corações dilacerados
Juventude estúpida, arrogante, desperdiçada
Somos tão jovens e velhos também
A sorte pode estar do seu lado
Ou talvez não!
Não sabia se era dia
Ou se era noite
A Juke Box tocava música da morte
Mas havia muita vida ali dentro
Naquele beco eu fui feliz
Mas fui triste também
A chuva era fina e fria
E parecia nunca ter fim
E a minha juventude passando por
mim.
VAGNER XAVIER
RECEITA
para Osmard Andrade Faria
Eu preciso é de chorar;
deixar que um rio me leve;
bater com os pés, ranzinzando,
rolar no chão da calçada;
me negar à caminhada
que outros me apontam, sem ir.
Mas vou, manso, pelas ruas
dando bons dias a todos,
sorrindo, vendendo olhares,
quando a melhor solução
seria dar um gemido
que nunca mais se acabasse.
JULIO DE QUEIROZ
[In: Fractais, Poemas, pág. 58]
36
POETAS DO GRUPO
CORRESPONDENTES E EFETIVOS
GRATIDÃO
FOTOGRAFIAS
Se a luz do sol atrapalhar tua visão
Agradece a Deus porque podes ver.
Se uma pedra dificultar tua passagem
obrigando-te a aumentar o percurso
Agradece a Deus por conseguires andar.
Se tens amigos e familiares
que se preocupam contigo
Agradece a Deus por isso
Há inúmeras pessoas
que não tem ninguém neste mundo.
Se disseres: - Não creio em Deus
Agradece mesmo assim.
Ele te deu o livre arbítrio
e te faz pensar que Ele não existe.
Olha à tua volta.
Admira a bela natureza.
Quem criou as flores, as borboletas, os pássaros,
rios, mares e montanhas,
os homens e os animais?
Só um Ser superior
para criar tanta beleza.
E ele atende pelo nome
DEUS.
Ao olhar
tuas fotografias,
vejo as marcas
do tempo
e percebo
a tristeza bem marcada
nestes teus olhos sinceros.
Não tenho mais
tua presença
tão intensa
ao meu lado
nem em meus pensamentos.
Porém, quando me pego a olhar
tuas fotografias,
paro e reflito:
como gostaria
de abraçar-te neste momento.
MIRELA ALBERTINA CORRÊA
TUA PERDA
ZEULA SOARES
(31.1.2016)
Dor insuportável
Verdadeira agonia
Bloqueia os sentidos
Desliza
Paralisa
EU E A CIGARRA
A cigarra canta, eu ouço
Já de perto bem pertinho
Sem saber ao certo
Se é Você que me seduz.
Prosseguir, impossível.
Sonhos se quebram
Minha mente volteia nos céus
Sinto calafrios
Sofrendo embora
Aqui neste deserto,
Do sono me desperta
O clarão que reluz.
Não sei o rumo
Perco a essência
da existência.
E mergulho no nada
Na dor de tua perda
Na dor da alma.
Com calma eu medito
Sobre o meu destino,
Se amargo doce ou felino
Sei que vou cumprir na vida.
IVONE LIDIA RODRIGUES
Bem sei que meu cérebro
Assim tão pequenino,
Com força e tino
Vai te colher querida.
No site www.laurojunkes.com.br, os pesquisadores poderão encontrar todo o acervo de autoria
do ex-presidente da Academia Catarinense de
Letras,LAURO JUNKES, falecido em 20.10.2010,
que foi organizado pela professora Terezinha
Junkes. O pesquisador poderá fazer download
gratuitamente de todas as suas obras.
(Res. Tempo de Viver)
NELSON CARNEIRO
São José d o Rio Preto, SP
37
POETAS DO GRUPO
CORRESPONDENTES E EFETIVOS
NAS GRADES
GENÉTICA
Olhos gelados
Verdes parados
Olhos que vagam
Presos nas grades
Refletem frieza
Denotam tristeza
Fechados às chaves.
Mistérios da alma
Dominam o ser
De olhos velados
num grito calado.
Na ânsia sem cor
Frias paredes
Aprisionam desejos
Detendo o instinto.
Mãos algemadas,
Corpo faminto
Espreitando a noite
Cumpre o tributo
Sofre o açoite...
Homem enjaulado
Um condenado
Sem alegria.
Um apenado
Sedento de amor
Sem liberdade
Negando a dor
Encarcerado
Faz poesia...
Sob o manto protetor de autoridades,
Eis que surgiu a genética
Cujo maior objetivo aumentar renda e produtividade
Esquecendo a natural perpetuação da espécie
Mudando leis da natureza vezes sem ética
Ação e reação serão aplicadas também à Genética.
O troco virá, será uma questão de tempo
Justiça do Universo contestará com réplica,
Ganâncias desenfreadas a qualquer preço,
Punindo a humanidade pelos nefastos inventos.
Faturar, faturar, maldita sina da humanidade
Que só pensa em aumentar seus milhões,
Esquecendo-se na produção a responsabilidade,
Esquecendo-se nas transgressões o retorno certo,
Às aplicações de genética, contra reproduções
Que causarão ao mundo, um futuro incerto.
CARLOS PICCOLI
[In: Um novo olhar, pág 32]
Pensamento na página 32: Ciência sem consciência é a ruína da alma.
(Rabelais)
PASSEANDO COM AMOR...
Eu vi a lua tão bela,
meu bem vim te convidar.
A noite está tão linda,
vamos nós dois passear.
HERALDA VICTOR
[In: Atrás de um pôr do sol, pág. 65]
TROVADOR
Saímos nós dois juntinhos,
pelos caminhos a brincar.
Eu quero colher flores,
meu bem para te dar.
No rumo de uma sombra
O trovador chorou.
Era um choro triste e lento
Na forma profunda
De um lamento.
A página da mocidade findou.
Uma boca de mulher,
Um leito, a vida impura.
Ante a sepultura
Um canto abandonado.
E o moço...
Ah! Aquele moço
Que era eu em doce lira
A musicar uma canção,
Quantos versos em sintonia!
Agora em oração
O céu em cortesia,
Abre-se ao trovador
Num sorriso de ironia.
São lindas as flores que te dei
e foi de bom coração.
O amor não vale nada
se não tiver atenção.
O amor para dar certo
tem que ter muita união.
Tem que ter sinceridade
no fundo do coração.
MARIA DA ANUNCIAÇÃO PEREIRA
[In: Maria da Glória e seus frutos, pág. 86]
ADIR PACHECO
38
POETAS DO GRUPO
CORRESPONDENTES E EFETIVOS
O DIA
O dia amanhece
A porta se abre
Há um pássaro cantando
No tronco da árvore...
Há uma borboleta
Acariciando a pétala
E um beija-flor
Beijando a estátua...
No rio a ponte
Os peixes embaixo
Tem uma canoa
Brincando no riacho...
O homem sábio
Conta histórias
Arranca risadas
Dentro do estádio.
[14.5.2006]
MÁRCIA REIS BITTENCOURT
Canelinha, SC
SAUDADES DA ARMAÇÃO
Sempre vou te amar
Ainda que o tempo passe
E os anos cheguem
Em meu peito lá estará
Este sentimento imenso
Continuará a pulsar
LAGOA ENCANTADA
Conceição, lagoa que encanta
como um canto de sereia...
vem, querido! Vem!
vem singrar meu leito
na lua cheia,
bispar...boitatá correndo,
bailado de bruxas
e pirilampos a namorar estrelas.
E se você
vier de madrugada
em silêncio e bem atento,
ouvirá
o rufar dos tambores Carijós
que deram um volteio no tempo.
Vem, querido! vem...
nos dias de viração,
quando me encontro
rebelada e bravia
sob açoites da lestada,
vento que faz...
de meus respingos, lágrimas,
de seu zunido, lamento,
pelo destino dos nativos ribeirinhos
que nas brumas do tempo
desapareceram de mansinho.
Saudade daquele povo
que mesmo me usando
de mim cuidava.
FLAVIO CAMARGO
Vacaria, RS
Na minha querida Armação
Lá eu fui passear
Me deu tanta tristeza
Que comecei a chorar.
Esse amor floresce
Em qualquer estação
Cada vez aumenta mais
As saudades da Armação
Armação querida
O lugar em que me criei
Hoje me arrependo
Porque este lugar deixei.
ANTONIA MARIA GAMA
[In: A Flor da Armação, pág. 42]
Membros do GPL, 14 de abril de 2016, comemorando o aniversário de
18 anos, ocorrido dia 13.
39
POETAS DO GRUPO
CORRESPONDENTES E EFETIVOS
Na vida sempre tem mudanças.
É um processo de aprender e
crescer.
***
Amor é muitas coisas.
Amor é dar, confiar, aceitar,
acreditar, esperar, expressar
alegria e lágrimas .
(Annmarie Mulder—Hendel)
O QUE É O TEMPO?
Tempo é uma unidade,
é uma medida,
feita da cabeça humana.
Deus não conhece Tempo.
Deus é Eternidade.
(Annemarie Mulder-Hendel)
Arraial do Cabo, Rio de Janeiro
FAMILIA
AMOR
Ser mãe ou ser pai é sentir a vida em sua plenitude.
É extravasar amor, carinho, alegria, dedicação.
É partilhar da felicidade de uma sublime criação.
Mas ser mãe ou pai é muito mais ainda.
É criar forças, coragem e especiais atitudes
para enfrentar tristezas e vicissitudes
Sofrimentos e alegrias se entremeiam vida afora...
Muito amor e compreensão serão indispensáveis
para formar-se bons filhos,felizes e saudáveis.
Compõe-se então uma família valiosa,
razão essencial de toda vivência.
Família é o bem mais precioso de nossa existência.
SUELI BITTENCOURT
IV
Um sonho banhado de amor
é a flor soprada no sonho
e a tonalidade no caminho
de quem a felicidade, busca sem temor.
Um toque revelado de humor
é o sorriso que ponho
aos seus olhos como banho
da realidade do puro temor.
De teus atos transparentes
a revelar que minha semente
Murchou-se em vívidas sentinelas
E por mais incandescente
que seja meu ventre masculino
eu provenho da vida dos alicerces.
[In: Suavize seu viver, pág. 43}
HENRIQUE DUARTE
INCENSO POLITICO
Poeta dos Jardins
MATO GROSSO DO SUL
[In: Meu Dicionário]
Senso de bom
Senso de bem,
Censo de censura,
Censura política,
Tramagem,
Rapacidade,
Rapagem de raposas,
Galinhagem ideológica,
Lógica ladroagem!
“Quem
se preocupa com o futuro deve esquecer o presente. Não é acaso e que o destino
não existe antes do remetente”.
Henrique Duarte
JOSÉ MARIANO
Vista do Cambirela, captada da Praia das Palmeiras.
Florianópolis.
Foto: Maura
40
POETAS DO GRUPO
CORRESPONDENTES E EFETIVOS
AMIZADE
FAÇA-SE...
HINO À BOA VONTADE!...
Na vida coisas obtemos.
Uma delas vou relatar.
É a verdadeira amizade.
Sempre que podemos
Um amigo abraçar,
Compartilhamos a felicidade.
Desamarrem-se espíritos e nações...
Deponham-se provocações e desenganos!...
Satisfaçam-se bocas e anelos...
Saciem-se sedes e esperas!...
Como é bom abraçar
A todos sem distinção.
Chamando-os de irmãos
E felicidades desejar.
Abriguem-se corpos e sonhos...
Abrandem-se ânimos e corações!...
Desanuviem-se horizontes e mentes...
Espraiem-se ternuras e solicitudes!...
Amigos meus!
Sempre peço para Deus.
Que possamos continuar
Vivendo na paz e na harmonia,
Sendo amigos todos os dias.
Revigorem-se dignidades...
Refloresçam fraternidade!...
Entoem-se cânticos e madrigais...
Por todo Universo!...
A amizade é uma benção
Que nos cabe cultivar.
É uma chama de gratidão
Que podemos compartilhar.
Acalente-se o sentido de Natal...
Em cada coração!...
A cada nova aurora...
E, ali, Repouse por todo sempre!...
Que Deus nos ajude
Dando-nos muita paz.
Pois tendo paz e saúde,
O resto a gente corre atrás.
Que assim seja!!!
MARIA VILMA NASCIMENTO CAMPOS
Presidente-Perpétuo do GPL
[In: Meu Entardecer, pág. 13]
JANETE VEIGA
Poço Claro, Itaiópolis, SC
FRUSTRAÇÃO
O LABIRINTO
A noite chora em silenciosa solidão
As horas mortas no passado fenecidas.
Pingos de chuva, lágrimas de um coração,
Sucedem-se às miríades as gotas caídas.
A minha mente sempre foi um labirinto,
onde as palavras vão pintando, nas paredes,
a minha angústia, o meu sorriso, a minha sede
- e é sempre a lápis que registram o que sinto
Mas não se esvai o imenso mar da decepção.
O ruído da chuva nas ramas floridas
Semelha o martelar do tempo na ilusão:
Dissipa os sonhos e esperanças mais queridas
pois, caso mude a estação em meu instinto,
há liberdade em se apagar a frase triste
e captar, em seu lugar, o amor que existe
- e assim eu faço, reconstruo, mas não minto.
A desfolhar as rosas e semear o acanto.
- Ó coração que choras, cessará teu pranto
Qual cessa a chuva e sobrevém o sol a pino.
Mas eu não minto não por causa do discurso
- que este muda, a cada verbo, o próprio curso:
sou verdadeiro porque escolho a ilusão
Mas tem certeza, pobre coração humano:
Torna a chover em toda estação do ano.
É este fatalmente o teu e o meu destino.
de ser feliz no que me alegra, sem que eu seja
feliz talvez aos olhos tristes de quem veja
em mim apenas progressiva construção.
LEATRICE MOELLMANN
TONY ROBERSON DE MELLO RODRIGUES
[In: Sedução, pág. 96]
41
POETAS DO GRUPO
CORRESPONDENTES E EFETIVOS
DOCES LAÇOS
FINAL DE TARDE!
A noite chegou
de mansinho
esfriando
minha alma
nem percebi
sua nudez
esquecida de outras
noites
que me deixou
encanto
paixão
amor...
Perdi a alegria
que me faz
viver
e nessa
mansidão
a minha vida
também
anoitece
e não sei
se amanhece
Ouço os sons do coração.
É tua presença que me inspira.
De repente a vida num sorriso generoso ilumina-se
e contagia-se de miraculosa loucura.
O que arrebata são os afagos, doces laços suspensos
pela graça inesperada.
Da vida quero sorver sorrateiramente um mar imprevisível
de felicidade.
Atraída pelo delírio e fascinada transbordo e me enrolo nesta
harmonia de sentimentos.
Recosto-me no tempo para aguardar a luz leve e sutil que
desenha, enleia e se instala no meu coração.
Perco-me neste nosso momento,
A alma voa e nas mãos trago-te meus versos estrelados.
ELOAH WESTPHALEN NASCHENWENG
SEVERA CABRAL
João Pessoa, PB
O VENTO E A CHUVA
DESEO ESCUCHARTE
Poeta, no dejes que tu inspiración
caiga al vacío,
traslada tu pensamiento a una hoja,
que no te importe si es bello o triste,
está tu alma en ello,
no es inútil lo que hás escrito
Tu sentir poético deja un surco
como un barco que ya pasó
y deja una estela,
ella se cierra pero otro barco la abre,
para que otro poeta
se nutra de tus poesias.
No dejes encerradas tus emociones,
rompe las rejas,
y que tus poesias cabalguem
en caballos de papel
cruzando fronteras,
porque la poesia es libre,
libre como el viento.
A ventania de ontem
deixou casas destelhadas
levou as folhas pra longe
das árvores desalinhadas
O vento que vem do norte
também traz destruição
passa por dentro da roça
acaba com a plantação
O vento veio de longe
do infinito do mar
levou as ondas pra praia
pra na areia se enrolar
O vento junto com a chuva
vive sempre em parceria
o vento carrega as nuvens
e a chuva entristece o dia.
DORALICE ROSA DE SOUZA SILVA
DONATO PERRONE
Buenos Aires, Argentina
42
POETAS DO GRUPO
CORRESPONDENTES E EFETIVOS
SER FELIZ
Queria cantar como outrora
Com alegria olhar as horas
Esperar todos os dias
Você passar
Naquele carreirinho
Na esquina de minha casa
Com alegria eu espiava
Quando você chegava
Para trabalhar
O tempo passou
A vida parou
Não para o mundo
Mas para o seu SER
Deixou de andar
Tudo que foi alegria e espera
Foi acabar
Um acidente
Numa estrada nos caminhos da vida
Um forte estrondo
Um ser humano em frangalhos
Se desfez, sem vida
Sem saber, chegou ao fim
Foi a vida, o destino
A fatalidade, ou descuido
Mas...aí tudo acabou.
(01.04 2004)
MARINÊS POTÓSKÊI
CHORO POR TODOS
Desculpe-me não aguentei
Tive que me desabafar
Acordei-me durante a noite
E no meio deste afoite
Em prantos estava a sonhar
Sonhei que estava de serviço
Numa instituição militar
E veio ali um vendedor
Pedindo-me por favor
Pra uma revista eu comprar
Sei que a situação está difícil
Mas tenho que lhe perguntar
Hoje não consegui vender nada
E a revista, o senhor não quer comprar
Olhei para os meus subordinados
Não contei tempo e fui além
A sua situação está difícil
E a nossa também
O clima está dramático
Diante do desespero
Já enxuguei muitas lágrimas
Pra não chorar o dia inteiro
Ele deveria ter saído
Enquanto eu lamentava
Nem meus subordinados viram
Ainda bem que eu sonhava
Ficou só num sonho
A história de um vendedor
A situação me deu impulso
Entrei num corredor
Diante de um quebra-cabeça
Entrei neste labirinto
Pra sair deste enigma
Somente nos versos que recito
Xanxerê, SC
VALTER OSVALDO SANT´ANA
13.12.2002
JURO QUE VI
Juro que vi
Um pequeno bem-te-vi
Bem pertinho de ti
Tinha o papo
Bem amarelo
Parecia fugir do castelo
Juro que vi
Um pequeno Bem-te-vi
Bem pertinho de ti
MARISTELA GIASSI
Após o por do sol
Felicidade
Risos que não podem ser contidos
Ficamos ao luar
Enchendo os pés de areia
Ouvindo a melodia do mar e do vento
Teve uma chuva
Teve uma bênção
Então sentamos
E admiramos as brilhantes ondas
quebrando na areia
AIRTON DA SILVEIRA FILHO
[Extrato do seu poema Um nascer do sol que valeu]
43
POETAS DO GRUPO
CORRESPONDENTES E EFETIVOS
ABANDONO
AMOR! INTERROGAÇÃO
Meu maravilhoso Brasil
Você está ficando abandonado
Seus filhos estão morrendo
Vítimas de remédios falsificados
Nós, agricultores e operários,
Somos vítimas de ladrões, de falsários
De pessoas inescrupulosas
Nós precisamos denunciar
Mesmo a Justiça andando devagar
Sabemos que ela sempre foi morosa.
Amor! O que é o amor?
Amor de mãe?
Amor de filho?
Amor de namorado?
Amor de noivo?
Amor de marido?
Amor de neto?
Amor! O que é o amor?
Para que falsificar remédios?
Falsificar anticoncepcionais?
Não podemos morar em prédios
Construídos com péssimos materiais.
Podemos acabar soterrados
Pelos poderes públicos abandonados
Alguns políticos não estão ligando
Poucos ouvem a nossa voz
Somos vítimas de um algoz
Que está nos sufocando.
JOÃO BIRICO FILHO
Floresta, Pernambuco
[In: Entre flores e espinhos, pág. 54]
Amor! Todo o amor é igual?
Penso que não deve ser.
Amor que dói?
Amor que cura?
Amor que chora?
Amor que dura?
Amor sem igual?
Amor incondicional.
Amor! Todo o amor é igual?
Amor é igual saudade
Amor também causa dor
Fica a interrogação
Ainda não sei o que é amor.
Amor! O que é o amor?
(11 de maio de 2016)
IRENE ELOZA DE SOUZA
VIVER E MORRER
¨Amanhã
ou a próxima vida –
o que vem primeiro, nunca se sabe¨.
(ditado Tibetano)
Todos os seres nascem, envelhecem e morrem.
Somente o ser humano tem consciência da sua
finitude e a morte é a única certeza que se tem na vida.
Viver significa morrer um pouco a cada dia,
sendo que o evento final ao qual chamamos de morte
é o término desse processo.
No universo, tudo está em constante mutação.
A Lei da Impermanência faz parte
da nossa condição humana,
independentemente da nossa vontade.
Nada é permanente, nada é para sempre.
Devemos viver a vida plenamente,
utilizando as nossas experiências e sofrimentos
para transformar nossas emoções
e realizarmos o processo interno
de crescimento e evolução.
A DANÇA DO AMOR
Vamos! Vem ver a lua comigo...
Nesta noite escura eu vou te conquistar!
Vamos! Segura firme as minhas mãos...
Deixa esta canção nos guiar!
Sente o meu coração...
Eu vou te ensinar a dançar!
Solta os teus pensamentos,
E vive intensamente os nossos momentos.
Coleciona aventuras diariamente,
Eu quero te levar às alturas!
E no meio desta dança, beija-me com
fervor,
Que eu te mostrarei o que é o “Amor”
HIAMIR POLLI
ALCIDES CALAZANS
44
POETAS DO GRUPO
CORRESPONDENTES E EFETIVOS
INVERNO
Vem chegando o inverno
E de mansinho
Vai expulsando a minha primavera
Que em seu desabrochar sereno
Trouxe-me tantas ilusões
Puras quimeras
As flores vão murchando
Breve muito breve
No entardecer tristonho, solitário
É inverno frio, enfadonho sudário
Flolhas ao léo, vozes emudecidas
Ventos calados, calmos, peregrinos
No breve adeus da despedida
Vozes veladas perseguem meu destino
Ações quase inibidas
Quem me dera
Ainda em tempo
Voltar à primavera
NEUSITA LUZ DE AZEVEDO CHURKIN
Pelo teu olhar,
Vejo teu coração
Sofrido, perdido na escuridão.
Pelo teu sorriso, tua emoção,
Fracasso, solidão.
Pelo teu caminhar sem rumo,
Tua incerteza onde chegar,
Pelo teu semblante,
Tua beleza se perdendo
Sem alguém pra te amar, sofrendo.
Pela tua voz, uma súplica,
Um arrependimento.
Pelo teu modo de agir
Vejo teu pensamento.
Por que da vida fugir?
Para aos poucos ir morrendo?
A vida é bem melhor que a morte!
Podes mudar tua sorte, agora, se quiseres.
Se acatares o que te digo,
Se quiseres recomeçar das cinzas,
Eu te darei meu abrigo.
Uma cama pra dormir, alimentação.
Uma nova vida, com um novo coração.
Com vontade de viver e aprender a gratidão.
Inundar-se de saber, pra não cair na solidão.
DIRCE DIAS
PASSAR DOS DIAS
Deixa as lágrimas de uma criança
Tocar tua alma, que os anjos lá do Céu
tocarão a melodia do amor para o teu
coração...
A Liberdade se aproxima!
Passaram-se alguns dias; tudo está distante
como se tivesse passado longo tempo.
A saudade faz lembrar todo teu amor.
Carinho, afeição,
porque, na verdade, deixaste todo teu afeto;
só ficaram doces lembranças.
VERA DE BARCELLOS
Agora, estás livre, te libertas
Voas bem alto,
Mais alto que puderes.
Desejo tua felicidade.
Estarei sempre contigo em pensamento,
dentro do meu coração.
[In: Cores poéticas em seu coração, p.87]
Afinal, não partiste, apenas
foste para o outro lado do caminho
deixando teu perfume com rastros
de doces lembranças.
Em reunião do GPL
do dia 2 de junho de
2016, Heralda Victor (e) e Vera de
Barcellos
Tua amada,
STELA MÁRIS ALVES
45
BIBLIOTECA DOS POETAS “MARIA VILMA CAMPOS”
LIVROS, REVISTAS, FOLDERS, ZINES recebidos,
após o recesso dez.2015 e em 2016.
25.11– de PEDRO e TÂNIA DU BOIS, Balneário
Camboriú: Comércio de ilusões (Tânia); Tânia e O
livro infindável (Pedro).
26.11– de ANTONIO PEREIRA DE MELLO, Sta. Maria, RS: Zine Missionários da Poesia, ano 5, n. 67 e
68 , Dez-Nov. 2015 ,com poesias de Maura “Mais
que tudo isso” ; e “Reflexo” no Zine Expressando
em Poesia, de Maria M.Bandeira, ano V, n. 60, 61 e
63, nov-dez. 2015 e fev 2016, Ano 6, n. 62, jan.
2016, com poema de Maria da Anunciação Pereira;
ano 6. n.70, fev. 2016, poema de Maura, “Saudade”,
31.12– Jornal Letras Santiaguenses, ano 20, n. 120
e 121, nov-dez 2015 e já.-fev 2016, com poema de
Eloah “Reencontro”; 1.2.2016– Zine Missionários
da Poesia ano 6, n. 69, jan.2016, poema de Maura
“Memórias perdidas”; Zine As Acadêmicas, ano 18,
n. 214 e 215, set. e dez. 2015, Zine Pô Esia n. 1 e 2
(São Luiz do Maranhão), Zine Cotiporã Cultural, n.
59, set. out 2015; Zine Literatura & Arte, ano XXII,jan. 2016, n. 1875. Zine “Francisletras”, Goiânia,GO, ano 16, n. 78,fev 2015. 31.3.2016-”Os mensageiros”, ano XI, n. 55, out, 2013; 28.4.2016– Zine
Missionários da Poesia, ano 6, n. 72, abril 2016,
com o poema de Maura”Um bandoneon dentro da
noite”; Zine Expressando em Poesia, ano 6, n. 65,
abril 2016; Escritos, n. 45.ano VII, set-out 2015;
27.4.2016– Letras Santiaguenses ano 21, n. 122,
mar-abr 2016. 6.6.2016—Zine Expressando em Poesia, ano 6, n. 66; Zine Missionários da Poesia, ano
6, n. 73, maio 2016; Zine O Garimpo, n. 127, ano XI,
fev. 2016. editor Cosme Custódio da Silva.
23.6.2016—Zine Confraria da Amizade, ed. Por Paulo P. Mello,ano 7, n. 72, junho/2016; Zine Expressando em Poesia, ed. por Maria M Bandeira, ano 6,
n.66, maio/2016; Zine Missionários da Poesia, ed.
Por Antonio P. Mello, ano 6. n. 73, maio/ 2016; Boletim da Casa, CAPOSM, ano II, n. 8, dez 2007-jan-fev
2008; Letras Santiaguenses, ano 21, n. 123, maio/
junho 2016.
4.12– de LUIZ FERNANDES DA SILVA, João Pessoa, PB, Zine Correio da Poesia nº extra 2015, com
“Reflexo” e “Ilha de Santa Catarina”, de Maura;
19.12– Opúsculo de Adauto Ramos, “Arthur Coelho, um paraibano na América”; Revista Correio
das Artes, março 2015, ano LXVI, n.1—”A incrível
história de Altino Alagoano ou Artifícios de um poeta que andava de blusa e saia” - Aderaldo Luciano. Revista dedicada à literatura de cordel; 28.12–
Texto de sua autoria “O mundo em tempo de festa”(Natal); 31.12– Plaquete com biografia “A família Ramalho,no brejo da Paraiba”, de Ramalho Leite; obra “José Freire de Lima”, de Marinalva Freire
da Silva, Maria das Graças Madrugada Silva e Espedito Madruga Freire; 29.1– Zine Correio da Poesia Jan.2016,n. 1030, com poema de Maura
“Memórias Perdidas”. 9.3.2016-Correio da Poesia,
nº extra fev 2016, poemas “A dança da vida” e
“Esperança”, de Eloah W.Naschenweng e “Quanta
saudade cabe em um dia”,de Maura. 29.4.2016– de
sua autoria e Rafael Francisco Braz, a obra “Perfil
Biobibliográfico de Marinalva Freire da Silva—Uma
trajetória admirável”. 19.5.2016– Zine Correio da
Poesia, 2016, n. 1030, 37 anos!
16.12– de ROBERTO RODRIGUES DE MENEZES, O
Clarim n.8, ano IV, dez. 2015.
18.12– de DOUMERVAL TAVARES FONTES, São Vicente, SP,livro “Reminiscências”.
19.12– de SAMUEL DA COSTA, Itajai, SC, sua obra
“Século XX- negras linhas em páginas em branco”.
6.1.2016– de MARCO MARQUES, Porto Alegre, RS,
O Nheçuano, de Roque Gonzales, ano 6, n. 28, novdez 2015;idem o n. 29, ano 7, março-abril 2016
15.2.-de MARIO TESSARI, Jaguaruna, SC, obra “4
Contos”.
31.3.2016-ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE ESCRTORES—Brasilia,DF, Jornal da ANE, fev.mar 2016, ano
XI, n. 68. 2.6.2016– e Ano XI, n.69, abril 2016.
31.3.2016– de Portugal para a presidente Eloah:
Antologia dos Poetas Lusófonos, com Antero de
Quental na capa e seus poemas Fantasia e Minha
canção de amor.
6.4.2016– de LUIZ CARLOS AMORIM —Suplemento
Literário “A Ilha”, ano XXXV, março 2016, n. 136,
com poemas de Maura e Julio de Queiroz. E em 3
de junho a Suplemento Literário A Ilha n. 137, ano
XXXVI, junho 2016, com poemas de Maura e Julio e
homenagem a Salim Miguel.
5.5.2016– da ASAJOL– Academia São José de Letras— O Trinta Réis – ano XX,n.8.
17.5.2016—De TÂNIA DU BOIS, Balneário Camboriú, sua obra O eco dos objetos — Cabides da memória.
Junho 2016—de VIVALDO TERRES, Itajai, sua obra
Choque Térmico.
Maio — De DANIEL COSTA, associado correspondente em Portugal, sua obra poética O Pescador
de Pérolas.
Evento GPL 2014, Sessão de Encerramento do
Ano Acadêmico: A presidente Eloah, Annita Hoepcke da Silva, Maura e o maestro Adair Lima.
46
ACONTECEU...
26.11.2015 –Lançamento da obra de Maria da Anunciação Pereira, “Maria da Glória—Meus frutos”, no
Restaurante Espetinho de Ouro, para cerca de 100
pessoas. Pelo GPL: Eloah, Doralice, Zeli, Maura,
Zeula, Áurea, Heralda, Eunice, Carlos, Stela, Maristela. Nelcy Mendes (Papa-Livro); Manoel Philippi e
esposa Maristela, Carmen, esposa de Carlos, Osmarina, Roberto Menezes e esposa Silvia e de Eunice seu filho Eduardo, esposa Dani e filhas.
3.12.2015— Lançamento, pelo GPL, de sua 8a. Antologia, intitulada Garapuvu, com destaque em página especial na Revista Ventos do Sul n. 45.
4.12.2015— Na ACLA, posse de acadêmicos com
Heralda, Eloah, Maura e Zeli e as poetas Susana Zilli, Marli Lisboa, Vera Barcellos, Maria Elena Lamego
e Kátia Rebelo.
18.3.2016—Zeli Maria Dorcina esteve na Escola Palmira Lima Mambrini, de Barreiros, conversando
com alunos de 1a. A 4a. Séries sobre poesia e o GPL. Disse que a professora da classe está trabalhando a poesia com seus alunos.
23.4.2016—Vagner comunicou que está com seus
poemas na Antologia “A vida em Poesia”, de Lisboa, Portugal
31.3.2016—Em reunião do GPL,o presidente da Academia de Letras dos Militares Estaduais de Santa
Catarina, Cel. Roberto Rodrigues de Menezes, comunicou que a ALMESC terá como patrono na cadeira n. 30, o saudoso poeta do GPL, Alzemiro Lidio Vieira.
11.4.2016— Nosso poeta Vagner Xavier concedeu
entrevista ao blog Instituto Cultural Arte Brasil, comentando sobre o GPL e suas obras.
Vagner comunicou que até 30 de abril no Bar Canto
do Noel, ficarão expostos seus micro poemas em
Varal Literário, Projeto do Coletivo Anestesia do
qual faz parte, com mais três escritores.
22.4.2016 — Falecimento do escritor Salim Miguel,
aos 92 anos, nascido em Biguaçu Homenageado
escritor, a imprensa brasileira dedicou páginas
contando sua vida desde inicio da carreira com sua
esposa, escritora e poeta Eglê Malheiros Miguel no
Grupo Sul, em Florianópolis, até ser premiado por
seus trabalhos. Sua obra Nur na Escuridão foi traduzida para o idioma libanês.
28.4.2016— Eleição da Diretoria do GPL, biênio
2016-2018, com a seguinte nominata: Presidente:
Eloah Westphalen Naschenweng; Vice-Presidente:
Heralda Victor; 1º. Secretário: Profª Maura Soares;
2º Secretário: Zeli Maria Dorcina; 1º Tesoureiro: Áurea de Mello Baldissera; 2º Tesoureiro: Mirela Albertina Corrêa; Diretor Cultural: Stela Máris Alves;
Responsável pelo site: Zeula Soares; Presidente
Perpétuo: Maria Vilma Nascimento Campos; Presidente de Honra: Manoel Philippi.
4.5.2016— A vice-presidente Heralda Victor representou o GPL no aniversário de 20 anos da ASAJOL.
7.5.2016—No Museu da Escola Catarinense, aconteceu uma bela homenagem póstuma a Salim Miguel, numa cerimônia interativa, com familiares e
amigos da literatura.
7.5.2016—Olga participou da Feira do Livro de Florianópolis. A presidente Eloah esteve presente. Distribuíram a Revista Ventos do Sul, fizeram contato
com a Livro Postal Editora, interagiram com outros
escritores e com os visitantes da Feira.
11.5.2016—Falecimento do escritor, poeta, ator,
dramaturgo NILSON MELLO, nascido em Florianópolis dia 28 de dezembro de 1927. Deixou uma obra
excelente em contos infantis. Autor de peças teatrais e diretor de algumas delas do Grupo Nós, do
qual foi Presidente. É homenageado neste número
da Revista Ventos do Sul.
12.5.2016—Zeula Soares,a convite da Presidente
ensaiará um Jogral com membros do Grupo para
apresentações futuras.
19.5.2016— Stela Máris Alves comunicou que os alunos do EJA, que funciona na Biblioteca Barreiros
Filho, do qual foi aluna, trabalharam poemas da 8a.
Antologia do GPL, Garapuvu, de 2015.
22.5.2016—Vagner Xavier esteve no Varal Coletivo
Anestesia, no Bar da Gamela, Santo Antônio de Lisboa, Florianópolis. E em junho participou em Cambé, Paraná, do 1º Varal Cultural, em mais uma etapa
do Projeto Arte da Gente, com poesias e recital, além de outras manifestações culturais.
28.5.2016—A presidente Eloah tomou posse na Academia de Letras de Goiânia, como membro correspondente e recebeu o Troféu Cora Coralina. Vera Barcellos também foi agraciada com o Troféu,
eis que é acadêmica correspondente daquela Academia.
30.5.2016—Falecimento de JÚLIO DIAS DE QUEIROZ, nosso amigo poeta, escritor, filósofo, palestrante e membro correspondente do GPL. A Revista
46 o homenageia em duas páginas. Heralda Victor,
vice-presidente, representou o GPL no velório ocorrido nas dependências da Academia Catarinense de Letras e igualmente na Missa de 7º Dia.
Em junho— Em Cambé, Paraná, Vagner Xavier participou do Projeto Arte da Gente, co, Varal e Recital
de Poesias, capoeira, palestras e outras atividades.
2.6.2016—Presença de Vera de Barcellos na reunião do GPL, com vistas a por em prática o Projeto
Sinfonias da Alma, todo ele voltado à divulgação
do GPL com músicas e partituras e poemas.
9.6.2016— Jéssica Trombini, jornalista da FAPESCn o
s i t e
h t t p s : / /
literatismos.worpress.com/2016/06/08/ grupo-depoetas-livres/ divulga o Grupo e seus eventos.
10.6.2016—Sessão de Saudade da ACLA, em memória de Luiz Eduardo Caminha, no auditório do
BRDE, com panegírico de Heralda Victor. Eloah e
Maura representaram o GPL.
30.6.2016 — A convite de Inês Carmelita Lohn e da
Livraria Catarinense, o GPL participou de evento
literário na sede daquela livraria, centro de Florianópolis, com poemas e comentários sobre o Grupo.
47
HOTEL LAPORTA, cercanias da Praça XV de Novembro, Florianópolis, SC. Implodido em novembro de 1995.
Prédio da Imprensa Oficial do Estado. Altos da Rua Tenente Silveira. Demolido. Acervo IHGSC.
48

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