análise tecno-económica de redes heterogéneas com
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análise tecno-económica de redes heterogéneas com
RELATÓRIO FINAL DE PROJECTO ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA DE REDES HETEROGÉNEAS COM QUALIDADE DE SERVIÇO AUTORES Ricardo Bruno Queirós Meira Cruz Sérgio Miguel Gomes de Almeida Martins ORIENTADOR Prof. Doutor A. Manuel de Oliveira Duarte CO-ORIENTADOR Prof. Doutor Rui Aguiar Departamento de Electrónica e Telecomunicações Universidade de Aveiro Setembro de 2002 AGRADECIMENTOS Quero agradecer a todos os que de alguma forma ajudaram e tornaram possível este relatório final de projecto. Agradeço ao Professor Aníbal Manuel Oliveira Duarte pela orientação, incentivo e pelas palavras sábias que sempre soube transmitir. Ao Professor Rui Aguiar. Ao meu amigo Ricardo. Aos amigos Santiago e Daniel. Aos colegas do Grupo de Sistemas de Banda Larga José Pedro Borrego e João Rocha. Aos amigos Leandro, Edison, Alexandre e Susana, André e Pedro Baptista. À Marlene. À minha Mãe, irmã e ao meu irmão, que me perdoem a pouca atenção que lhes prestei neste último ano. E, por fim, dedico, em especial, este sonho à memória do meu Pai. Sérgio Martins AGRADECIMENTOS Para a realização deste relatório final contei com a ajuda de diversas pessoas, assim sendo, não podia deixar de prestar os meus sinceros agradecimentos a quem contribuiu. Em primeiro lugar, gostaria de agradecer ao Prof. Manuel Oliveira Duarte pela sua orientação e incentivo, e principalmente pelas suas oportunas observações. Ao Professor Rui Aguiar. Ao meu amigo e companheiro Sérgio Martins, pela amizade e companheirismo que ao longo destes anos sempre demonstrou. Aos meus amigos Pedro Santiago e Daniel Martins. A todo o Grupo de Sistemas de Banda Larga, em especial ao João Rocha e ao José Pedro Borrego, por toda a ajuda e disponibilidade prestada. À Juliana, por tudo que ela representa para mim, sem ti nada teria o mesmo encanto. Obrigado por existires... A toda a minha família, por todo o apoio que sempre me deram. Em especial às memórias dos meus avós maternos. Aos meus avós paternos, tios e primos. Ao meu irmão, à minha cunhada e à minha linda sobrinha e afilhada Beatriz. Finalmente aos meus pais, por todo o amor, compreensão, conselhos, orientação, ajuda, apoio e coragem que me deram até ao dia de hoje, é a eles a quem eu devo tudo o que sou hoje. Em suma, tenho duas palavras sinceras para demonstrar toda a minha gratidão: Muito Obrigado. Ricardo Cruz Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço ÍNDICE ÍNDICE ........................................................................................................................................................... I ÍNDICE DE FIGURAS ........................................................................................................................... VIII ÍNDICE DE TABELAS........................................................................................................................... XIII INTRODUÇÃO..............................................................................................................................................1 CAPÍTULO I – ESTUDO DE CASO I........................................................................................................3 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................3 2 A DINÂMICA DO MERCADO DAS TELECOMUNICAÇÕES..................................................4 3 APLICAÇÃO EMPÍRICA DA METODOLOGIA..........................................................................8 4 METODOLOGIAS PARA A CLASSIFICAÇÃO DE ÁREAS GEOGRÁFICAS ......................9 4.1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................9 4.2 METODOLOGIA DO CLUSTER ......................................................................................................10 4.2.1 Pressupostos do modelo ........................................................................................................12 4.3 IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DAS ÁREAS RURAIS USANDO A METODOLOGIA DO CLUSTER ....................................................................................................................................................13 4.3.1 Percentagem de área coberta (caso particular do Minho)..................................................17 5 SOLUÇÕES DA REDE.....................................................................................................................21 5.1 ADSL..........................................................................................................................................21 5.1.1 O que é o ADSL .....................................................................................................................21 5.1.1.1 5.1.2 5.1.2.1 5.1.2.2 5.1.2.3 5.1.2.4 5.1.2.5 5.1.3 Arquitectura do sistema ADSL .................................................................................................. 22 Espectro de Frequência .............................................................................................................. 24 ATM ........................................................................................................................................... 25 A trama ....................................................................................................................................... 26 Codificação de erros................................................................................................................... 27 Modulação em ADSL.............................................................................................................29 5.1.3.1 5.1.3.2 5.1.3.3 5.1.4 5.1.5 Aplicações de ADSL .................................................................................................................. 22 Aspectos Técnicos de ADSL ..................................................................................................22 Modulação CAP ......................................................................................................................... 29 Modulação DMT ........................................................................................................................ 30 CAP vs DMT.............................................................................................................................. 31 Limitações Físicas de ADSL .................................................................................................31 Comparativo: ADSL, ISDN e Cable Modems.......................................................................32 5.1.5.1 5.1.5.2 ISDN – Integrated Services Digital Network ............................................................................ 32 Cable Modems............................................................................................................................ 33 5.1.6 Tecnologias, prós e contras ..................................................................................................34 5.2 VDSL – VERY-HIGH-DATA-RATE DIGITAL SUBSCRIBER LINE .................................................36 5.2.1 Introdução .............................................................................................................................36 5.2.2 O aparecimento do VDSL .....................................................................................................37 5.2.2.1 5.2.3 Topologia...............................................................................................................................39 5.2.3.1 5.2.4 5.2.5 Razões dos avanços do VDSL relativamente ao ADSL............................................................ 38 Topologia FTTCab/FTTEx (Fibra até ao armário/central telefónica) ...................................... 39 Técnica de modulação em VDSL: QAM vs DMT .................................................................40 Método de multiplexagem na tecnologia VDSL: FDD vs TDD ...........................................40 5.2.5.1 5.2.5.2 Separação de canais.................................................................................................................... 41 O Espectro VDSL....................................................................................................................... 41 5.2.6 Potência de Transmissão ......................................................................................................41 5.2.7 Condições de Funcionamento ...............................................................................................42 5.2.8 Serviços de VDSL ..................................................................................................................42 5.3 LMDS .........................................................................................................................................43 5.3.1 Definição................................................................................................................................43 5.3.2 Introdução .............................................................................................................................43 5.3.2.1 Porquê o LMDS?........................................................................................................................ 44 i Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço 5.3.2.2 5.3.2.3 5.3.2.4 5.3.3 5.3.4 5.3.5 5.3.6 Arquitectura da Rede.................................................................................................................. 45 Segmentos do Sistema de Equipamentos................................................................................... 45 Normalização.............................................................................................................................. 46 Opções de Arquitectura.........................................................................................................47 Ligações Wireless e Opções de Acesso.................................................................................48 Modulação .............................................................................................................................50 Capacidade do Sistema .........................................................................................................50 5.3.6.1 5.3.6.2 5.3.6.3 5.3.6.4 5.3.7 5.3.8 Capacidade da Taxa de Transferência de Dados – Acesso FDMA........................................... 51 Número máximo de sites de equipamentos do cliente – Acesso FDMA .................................. 52 Capacidade da taxa de transferência de dados – Acesso TDMA .............................................. 52 Número máximo dos sites de equipamento do cliente .............................................................. 52 Propagação de Microondas..................................................................................................53 Planeamento da Rede............................................................................................................55 5.3.8.1 5.3.8.2 5.3.9 5.3.10 Projecto da Célula ...................................................................................................................... 55 Optimização da Reutilização de Frequências ............................................................................ 56 Equipamento do Nó da Rede.................................................................................................56 Equipamento de Rádio Frequência..................................................................................58 5.3.10.1 5.3.10.2 5.3.10.3 5.3.10.4 5.3.10.5 5.3.10.6 5.3.11 Nó da Rede ................................................................................................................................. 58 Transmissores ............................................................................................................................. 58 Receptores .................................................................................................................................. 58 Transceivers................................................................................................................................ 58 Sistemas de Antenas................................................................................................................... 58 Site do Equipamento do Cliente................................................................................................. 58 Equipamento de Interface com a Rede (do lado do cliente) ...........................................59 5.3.11.1 5.3.11.2 5.3.12 Adaptabilidade Completa / NIU Configurável .......................................................................... 59 NIU não adaptável...................................................................................................................... 60 Gestão da Rede .................................................................................................................61 5.3.12.1 5.3.12.2 5.3.12.3 5.3.12.4 5.3.12.5 6 Gestão de Avarias....................................................................................................................... 61 Gestão da Configuração ............................................................................................................. 61 Gestão de Contas de Clientes..................................................................................................... 61 Gestão do Desempenho.............................................................................................................. 61 Gestão de Segurança .................................................................................................................. 61 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA .................................................................................................62 6.1 INPUTS DO MODELO.....................................................................................................................62 6.2 AVALIAÇÃO TECNO-ECONÓMICA ................................................................................................62 6.2.1 Pressupostos ..........................................................................................................................62 6.2.2 Realidade dos Países do Sul da Europa ...............................................................................65 6.2.2.1 Classes de Serviço e Tarifas....................................................................................................... 66 6.2.2.1.1 Clientes Empresariais ........................................................................................................... 66 6.2.2.1.2 Clientes Residenciais ............................................................................................................ 67 6.2.2.2 Taxas de Penetração ................................................................................................................... 68 6.2.2.3 ISP (Internet Service Provider) .................................................................................................. 69 6.2.2.4 Subsidiarização........................................................................................................................... 71 6.2.2.4.1 Subisidiarização diferente para o ADSL, VDSL e LMDS .................................................. 71 6.2.2.4.1.1 Subsidiarização por residência ....................................................................................... 72 6.2.2.4.1.1.1 ADSL ..................................................................................................................... 72 6.2.2.4.1.1.2 VDSL ..................................................................................................................... 73 6.2.2.4.1.1.3 LMDS..................................................................................................................... 75 6.2.2.4.1.2 Subsidiarização por área total ........................................................................................ 77 6.2.2.4.1.2.1 ADSL ..................................................................................................................... 77 6.2.2.4.1.2.2 VDSL ..................................................................................................................... 77 6.2.2.4.1.2.3 LMDS..................................................................................................................... 78 6.2.2.4.1.3 Subsidiarização média por residência ............................................................................ 79 6.2.2.4.1.4 Subsidiarização total....................................................................................................... 79 6.2.3 Resultados Económicos.........................................................................................................80 6.2.3.1 6.2.3.2 6.2.3.3 6.2.3.3.1 6.2.3.3.2 6.2.3.3.3 6.2.3.4 6.2.3.4.1 6.2.3.4.2 Considerações para análise de projectos de investimento ......................................................... 80 Resultados económicos relevantes............................................................................................. 82 Investimentos totais.................................................................................................................... 83 ADSL .................................................................................................................................... 83 VDSL .................................................................................................................................... 85 LMDS.................................................................................................................................... 88 Afectação dos investimentos por elementos de custo ............................................................... 90 ADSL .................................................................................................................................... 90 VDSL .................................................................................................................................... 92 ii Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço 6.2.3.4.3 LMDS.................................................................................................................................... 95 6.2.3.5 Afectação dos investimentos por segmento de rede .................................................................. 97 6.2.3.5.1 ADSL .................................................................................................................................... 97 6.2.3.5.2 VDSL .................................................................................................................................... 99 6.2.3.5.3 LMDS.................................................................................................................................. 102 6.2.3.6 Receitas..................................................................................................................................... 104 6.2.3.6.1 ADSL .................................................................................................................................. 104 6.2.3.6.2 VDSL .................................................................................................................................. 106 6.2.3.6.3 LMDS.................................................................................................................................. 109 6.2.3.7 Comparação do Investimento e Receitas ................................................................................. 111 6.2.3.8 Cash-Flow / Cash-Balance....................................................................................................... 112 6.2.3.8.1 ADSL .................................................................................................................................. 112 6.2.3.8.2 VDSL .................................................................................................................................. 113 6.2.3.8.3 LMDS.................................................................................................................................. 114 6.2.3.9 Análise de Sensibilidade .......................................................................................................... 116 6.2.3.9.1 Valor Actual Líquido (VAL) .............................................................................................. 116 6.2.3.9.1.1 ADSL............................................................................................................................ 116 6.2.3.9.1.2 VDSL............................................................................................................................ 119 6.2.3.9.1.3 LMDS ........................................................................................................................... 121 6.2.3.9.2 Taxa Interna de Rendibilidade (TIR) ................................................................................. 123 6.2.3.9.2.1 ADSL............................................................................................................................ 123 6.2.3.9.2.2 VDSL............................................................................................................................ 125 6.2.3.9.2.3 LMDS ........................................................................................................................... 127 7 CONCLUSÕES ................................................................................................................................129 CAPÍTULO II - ESTUDO DE CASO II .................................................................................................131 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................131 2 FUNDAMENTAÇÃO......................................................................................................................131 3 ABORDAGEM E METODOLOGIA ............................................................................................134 4 IDENTIFICAÇÃO DE SITUAÇÕES COM NECESSIDADES DE INTERVENÇÃO ..........134 4.1 5 FORMAS DE INTERVENÇÃO .......................................................................................................135 IDENTIFICAÇÃO DAS ÁREAS GEOGRÁFICAS....................................................................135 5.1 6 MODELIZAÇÃO GEOGRÁFICA ...................................................................................................136 SOLUÇÕES DE REDE ...................................................................................................................137 6.1 WIRELESS LOCAL AREA NETWORK ..........................................................................................138 6.1.1 Standards e Organizações...................................................................................................138 6.1.2 As Principais Decisões dos Organismos Reguladores.......................................................138 6.1.2.1 6.1.3 6.1.4 6.1.4.1 6.1.4.2 6.1.4.3 6.1.4.3.1 6.1.4.3.2 6.1.4.3.3 6.1.4.4 6.1.5 Aplicações ................................................................................................................................ 142 Modos de Operação.................................................................................................................. 143 Arquitectura.............................................................................................................................. 143 Camada Física (PHY) ......................................................................................................... 144 Camada DLC....................................................................................................................... 145 Camadas de Convergência (CL)......................................................................................... 145 Aspectos Rádio e Questões Espectrais .................................................................................... 146 O Standard IEEE 802.11.....................................................................................................147 6.1.5.1 6.1.5.2 6.1.5.3 6.1.5.4 6.1.5.4.1 6.1.5.4.2 6.1.5.5 6.1.5.6 6.1.5.7 6.1.5.8 6.1.5.9 6.2 O Impacto das Medidas Reguladoras na Avaliação Económica ............................................. 139 Comparação entre WLANs e outros Sistemas “Sem Fios” ...............................................140 O Standard Hiperlan2 .........................................................................................................141 Introdução................................................................................................................................. 147 Wireless LAN IEEE 802.11..................................................................................................... 149 Arquitectura da Wireless LAN 802.11 .................................................................................... 151 Protocolo MAC do Standard IEEE 802.11 .............................................................................. 153 Função de Coordenação Distribuída (DFC) ....................................................................... 154 Função de Coordenação Pontual (PCF) ............................................................................. 157 Roaming ................................................................................................................................... 157 Estações Perdidas (hidden node).............................................................................................. 158 Transmissão em Wireless LANs.............................................................................................. 159 Novo Standard para Wireless LAN ......................................................................................... 161 Outras Considerações Sobre Wireless LANs .......................................................................... 162 DVB..........................................................................................................................................164 iii Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço 6.2.1 6.2.2 6.2.3 6.2.4 Televisão - A caixa que mudou o mundo: aspectos históricos...........................................164 DVB - inicio de uma nova revolução..................................................................................165 Dos problemas às soluções .................................................................................................166 Como funciona o DVB.........................................................................................................167 6.2.4.1 DVB – Satélite.......................................................................................................................... 167 6.2.4.1.1 Meio de transmissão ........................................................................................................... 167 6.2.4.1.2 Uplink / Downlink .............................................................................................................. 167 6.2.4.1.3 Polarização .......................................................................................................................... 167 6.2.4.1.4 Dissipação de energia ......................................................................................................... 168 6.2.4.1.5 Modulação........................................................................................................................... 168 6.2.4.1.6 O DVB-Satélite pode assumir 3 variantes.......................................................................... 168 6.2.4.1.7 Codificação ......................................................................................................................... 169 6.2.4.1.7.1 Adaptação da transmissão multiplexada ...................................................................... 169 6.2.4.1.7.2 Dispersão de Energia.................................................................................................... 169 6.2.4.1.7.3 Codificação interna....................................................................................................... 170 6.2.4.1.7.4 Processo de interleaving............................................................................................... 170 6.2.4.1.7.5 Codificação externa ...................................................................................................... 170 6.2.4.1.7.6 Filtragem....................................................................................................................... 170 6.2.4.1.7.7 Modulação .................................................................................................................... 171 6.2.4.1.8 Descodificação .................................................................................................................... 171 6.2.4.1.8.1 Sistema de descodificação............................................................................................ 171 6.2.4.1.8.2 Desmodulador............................................................................................................... 171 6.2.4.1.8.3 Filtragem, transporte e recuperação do clock .............................................................. 172 6.2.4.1.8.4 Descodificador de Viterbi ............................................................................................ 172 6.2.4.1.8.5 Descodificador de sincronismo .................................................................................... 172 6.2.4.1.8.6 O descodificador interleaver e Reed Solomon (RS).................................................... 172 6.2.4.2 DVB – Cabo ............................................................................................................................. 172 6.2.4.2.1 Meio de transmissão ........................................................................................................... 172 6.2.4.2.2 Reflexão do sinal................................................................................................................. 173 6.2.4.2.3 Modulação........................................................................................................................... 173 6.2.4.2.4 Codificação ......................................................................................................................... 173 6.2.4.2.4.1 Sistema de codificação ................................................................................................. 173 6.2.4.2.4.2 Conversão m-tuple........................................................................................................ 173 6.2.4.2.4.3 Codificação diferencial................................................................................................. 174 6.2.4.2.4.4 Filtragem e modulação ................................................................................................. 174 6.2.4.2.5 Descodificação .................................................................................................................... 174 6.2.4.2.5.1 Sistema de descodificação............................................................................................ 174 6.2.4.2.5.2 Desmodulação e Filtragem........................................................................................... 174 6.2.4.2.5.3 Recuperação da portadora e do clock........................................................................... 175 6.2.4.2.5.4 Descodificador diferencial e mapeamento do símbolo................................................ 175 6.2.4.3 DVB – Terrestre ....................................................................................................................... 175 6.2.4.3.1 Eficiência do espectro ......................................................................................................... 175 6.2.4.3.2 Modelação ........................................................................................................................... 175 6.2.4.3.3 Sistemas terrestres DVB ..................................................................................................... 176 6.2.4.3.4 Codificação ......................................................................................................................... 176 6.2.4.3.4.1 Codificação de canal..................................................................................................... 176 6.2.4.3.4.2 Transmissão OFDM ..................................................................................................... 177 6.2.4.3.4.3 Estrutura de trama OFDM............................................................................................ 177 6.2.4.3.4.4 Inserção do intervalo de protecção............................................................................... 177 6.2.4.3.5 Descodificação de canal...................................................................................................... 178 6.2.4.3.5.1 Sistema de descodificação............................................................................................ 178 6.2.4.3.5.2 Recuperação de informação de referencia ................................................................... 178 6.2.4.3.5.3 Desmodelação e inner de-interleaver ........................................................................... 178 6.2.4.4 Em resumo................................................................................................................................ 179 6.2.4.5 Breve introdução sobre compactação de som e vídeo (MPEG-2)........................................... 179 7 ARQUITECTURA E DIMENSIONAMENTO DA REDE A IMPLEMENTAR ....................183 7.1 ARQUITECTURA.........................................................................................................................183 7.1.1 Características técnicas das antenas da Cisco ..................................................................184 7.1.1.1 7.1.1.2 7.1.1.3 7.2 8 AIR-ANT4121 - 12dBi Omni .................................................................................................. 184 AIR-ANT1949 - 13.5dBi Yagi ................................................................................................ 186 AIR-ANT2506 - 5.2dBi Mast Mount Omni ............................................................................ 187 DIMENSIONAMENTO ..................................................................................................................188 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA ...............................................................................................191 8.1 PARÂMETROS DE ENTRADA DO MODELO .................................................................................191 iv Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço 8.2 AVALIAÇÃO TECNO-ECONÓMICA .............................................................................................191 8.2.1 Pressupostos ........................................................................................................................191 8.2.1.1 Classes de Serviço .................................................................................................................... 192 8.2.1.2 Modelo Tarifário ...................................................................................................................... 192 8.2.1.2.1 Tarifa de Instalação............................................................................................................. 192 8.2.1.2.2 Tarifa Anual Classe NarrowBand_32k .............................................................................. 193 8.2.1.2.3 Tarifa Anual Classe NarrowBand_64k .............................................................................. 194 8.2.1.3 Modelo de penetração do serviço............................................................................................. 194 8.2.1.3.1 Cenário 1 ............................................................................................................................. 194 8.2.1.3.2 Cenário 2 ............................................................................................................................. 195 8.2.2 Resultados Económicos.......................................................................................................196 8.2.2.1 Resultados económicos mais relevantes .................................................................................. 197 8.2.2.1.1 Cenário 1 ............................................................................................................................. 197 8.2.2.1.2 Cenário 2 ............................................................................................................................. 197 8.2.2.2 Santa Joana ............................................................................................................................... 198 8.2.2.2.1 Investimentos ...................................................................................................................... 198 8.2.2.2.2 Receitas ............................................................................................................................... 199 8.2.2.2.3 Cash-Flow e Cash-Balance................................................................................................. 199 8.2.2.2.4 Análise de Sensibilidade..................................................................................................... 201 8.2.2.2.4.1 Valor Actual Líquido.................................................................................................... 202 8.2.2.2.4.2 Taxa Interna de Rendibilidade ..................................................................................... 203 8.2.2.2.5 Conclusão aos resultados em Santa Joana.......................................................................... 205 8.2.2.2.5.1 Cenário 1....................................................................................................................... 205 8.2.2.2.5.2 Cenário 2....................................................................................................................... 205 8.2.2.2.5.3 Conclusão Final em Santa Joana.................................................................................. 206 8.2.2.3 São Salvador............................................................................................................................. 206 8.2.2.3.1 Investimentos ...................................................................................................................... 206 8.2.2.3.2 Receitas ............................................................................................................................... 207 8.2.2.3.3 Cash-Flow e Cash-Balance................................................................................................. 208 8.2.2.3.4 Análise de Sensibilidade..................................................................................................... 210 8.2.2.3.4.1 Valor Actual Líquido.................................................................................................... 210 8.2.2.3.4.2 Taxa Interna de Rendibilidade ..................................................................................... 212 8.2.2.3.5 Conclusão aos resultados em São Salvador ....................................................................... 213 8.2.2.3.5.1 Cenário 1....................................................................................................................... 213 8.2.2.3.5.2 Cenário 2....................................................................................................................... 213 8.2.2.3.5.3 Conclusão Final em São Salvador................................................................................ 214 8.2.2.4 Eirol .......................................................................................................................................... 214 8.2.2.4.1 Investimentos ...................................................................................................................... 214 8.2.2.4.2 Receitas ............................................................................................................................... 215 8.2.2.4.3 Cash-Flow e Cash-Balance................................................................................................. 215 8.2.2.4.4 Análise de Sensibilidade..................................................................................................... 217 8.2.2.4.4.1 Valor Actual Líquido.................................................................................................... 217 8.2.2.4.4.2 Taxa Interna de Rendibilidade ..................................................................................... 219 8.2.2.4.5 Conclusão aos resultados em Eirol..................................................................................... 220 8.2.2.4.5.1 Cenário 1....................................................................................................................... 220 8.2.2.4.5.2 Cenário 2....................................................................................................................... 220 8.2.2.4.5.3 Conclusão Final em São Salvador................................................................................ 221 8.2.3 Análise comparativa das três áreas ....................................................................................221 8.2.3.1 8.3 Investimentos e Receitas .......................................................................................................... 221 CONCLUSÕES.............................................................................................................................222 CAPÍTULO III – HARMONICS E DWDM ..........................................................................................224 1 HARMONICS, HYBRID ACCESS RECONFIGURABLE MULTI-WAVELENGTH OPTICAL NETWORKS FOR IP-BASED COMMUNICATION SYSTEMS ..................................224 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 1.10 INTRODUÇÃO .............................................................................................................................224 ARQUITECTURA.........................................................................................................................226 SERVIÇOS ..................................................................................................................................227 TECNOLOGIAS DE ACESSO DO ÚLTIMO QUILÓMETRO ...............................................................227 OPTICAL FEEDER NETWORK .....................................................................................................228 RESOURCE MANAGEMENT AND CONTROL ...............................................................................229 WDMA/TDMA MEDIUM ACCESS CONTROL...........................................................................230 FAST OPTICAL PACKET SWITCHING .........................................................................................231 OPTICAL CROSS CONNECT ........................................................................................................231 OPTICAL NETWORK UNIT .........................................................................................................232 v Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço 1.11 2 EXPERIÊNCIA PILOTO ................................................................................................................232 DWDM – DENSE WAVELENGHT DIVISION MULTIPLEXING ........................................233 2.1 2.2 2.3 2.3.1 2.3.2 2.3.3 2.3.4 2.3.5 2.3.6 2.3.7 2.4 OBJECTIVO ................................................................................................................................233 INTRODUÇÃO .............................................................................................................................233 SISTEMA DWDM ......................................................................................................................237 Princípios Básicos ...............................................................................................................237 DWDM.................................................................................................................................239 Evolução do DWDM ...........................................................................................................242 Características do sistema DWDM.....................................................................................244 Filosofias de protecção .......................................................................................................247 Fibras ópticas em sistemas DWDM....................................................................................248 Tendências Futuras .............................................................................................................253 CONCLUSÃO ..............................................................................................................................257 CAPÍTULO IV – SERVIÇO UNIVERSAL ...........................................................................................260 OS SERVIÇOS DE INTERESSE GERAL EM PORTUGAL[26] ......................................................260 PARTE I ....................................................................................................................................................260 OS PRINCÍPIOS DO SERVIÇO UNIVERSAL ....................................................................................260 CAPÍTULO I..............................................................................................................................................260 O CONCEITO DE SERVIÇOS DE INTERESSE GERAL E CONCEITOS AFINS.......................260 1 NOÇÃO DE SERVIÇOS DE INTERESSE GERAL...................................................................260 1.1 1.2 1.3 2 SERVIÇOS DE INTERESSE GERAL – ENUNCIAÇÃO. .....................................................................261 A IMPORTÂNCIA DOS SERVIÇOS DE INTERESSE GERAL. ............................................................262 O CONSUMIDOR, O UTENTE E O CIDADÃO NO ÂMBITO DOS SERVIÇOS DE INTERESSE GERAL....263 CONCEITOS AFINS.......................................................................................................................264 2.1 2.2 2.3 2.4 SERVIÇO PÚBLICO. ....................................................................................................................264 OS SERVIÇOS DE INTERESSE ECONÓMICO GERAL......................................................................266 OS SERVIÇOS PÚBLICOS ESSENCIAIS. ........................................................................................266 O SERVIÇO UNIVERSAL..............................................................................................................267 CAPÍTULO II ............................................................................................................................................268 O SERVIÇO UNIVERSAL NO ÂMBITO DOS SERVIÇOS DE INTERESSE GERAL ................268 1 RAZÃO DE ORDEM. .....................................................................................................................268 2 OS PRINCÍPIOS DO SERVIÇO UNIVERSAL. .........................................................................269 2.1 2.2 2.3 2.4 2.5 2.6 2.7 2.8 2.9 3 A UNIVERSALIDADE OU ACESSIBILIDADE. ................................................................................270 A IGUALDADE............................................................................................................................271 A CONTINUIDADE......................................................................................................................271 ADAPTABILIDADE. ....................................................................................................................271 QUALIDADE E SEGURANÇA. ......................................................................................................271 A LIVRE CONCORRÊNCIA...........................................................................................................272 A RESOLUÇÃO ALTERNATIVA DE CONFLITOS............................................................................273 PARTICIPAÇÃO ACTIVA DAS ORGANIZAÇÕES REPRESENTATIVAS DOS CONSUMIDORES. ..........274 TRANSPARÊNCIA. ......................................................................................................................274 O FINANCIAMENTO DO SERVIÇO UNIVERSAL.................................................................275 PARTE II ....................................................................................................................................................278 ANÁLISE SECTORIAL DOS SERVIÇOS DE INTERESSE ECONÓMICO GERAL ..................278 O SECTOR DAS COMUNICAÇÕES.....................................................................................................278 SECÇÃO I ..................................................................................................................................................278 AS TELECOMUNICAÇÕES ..................................................................................................................278 vi Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço 1 O CONCEITO DE SERVIÇO UNIVERSAL NO DOMÍNIO DAS TELECOMUNICAÇÕES. 278 1.1 1.2 1.3 O ÂMBITO DO SERVIÇO UNIVERSAL. .........................................................................................278 OS PRINCÍPIOS DO SERVIÇO UNIVERSAL....................................................................................279 O FINANCIAMENTO DO SERVIÇO UNIVERSAL. ...........................................................................280 SECÇÃO II.................................................................................................................................................281 O SERVIÇO DE RÁDIO E TELEVISÃO..............................................................................................281 1 NOTA INTRODUTÓRIA E ENQUADRAMENTO LEGAL. ...................................................281 2 OS PRINCÍPIOS DO SERVIÇO PÚBLICO DE TELEVISÃO. ...............................................282 3 O FINANCIAMENTO DO SERVIÇO PÚBLICO DE TELEVISÃO.......................................284 4 OS PRINCÍPIOS DO SERVIÇO PÚBLICO DE RÁDIO. .........................................................285 CAPÍTULO II ............................................................................................................................................286 A EXTENSÃO DO CONCEITO DE SERVIÇOS DE INTERESSE GERAL...................................286 A INTERNET.............................................................................................................................................286 1 A INTERNET ENQUANTO SERVIÇO DE INTERESSE GERAL. ........................................286 PARTE IV...................................................................................................................................................288 CONCLUSÃO ............................................................................................................................................288 OS SERVIÇOS DE INTERESSE ECONÓMICO GERAL. ................................................................288 REFERÊNCIAS.........................................................................................................................................290 BIBLIOGRAFIA .......................................................................................................................................293 ANEXO – FOLHAS DA FERRAMENTA DO TONIC ........................................................................296 vii Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1 – Metodologia da Ponte.[6]................................................................................ 5 Figura 2 – Equilíbrio do Mercado.[9]............................................................................... 5 Figura 3 – Metodologia da ferramenta tecno-económica.[3] ........................................... 8 Figura 4 – Unidade Territorial Administrativa.[5] ......................................................... 10 Figura 5 – Modelo Territorial dos quadrados distribuídos regularmente [5] ................. 11 Figura 6 – Modelo Geométrico. Fonte: [5]..................................................................... 13 Figura 7 – Densidades populacionais dos municípios e as áreas rurais seleccionadas.[7] ................................................................................................................................ 14 Figura 8 – Ilustração do Alentejo. Fonte:[5] .................................................................. 15 Figura 9 – Ilustração do Douro. Fonte: [5]..................................................................... 15 Figura 10 – Ilustração da Bairrada. Fonte:[5]................................................................. 16 Figura 11 – Ilustração do Minho[5]................................................................................ 16 Figura 12 – Raio de alcance é menor que metade do lado do quadrado ........................ 18 Figura 13 – O raio de alcance é maior que metade da diagonal do quadrado ................ 18 Figura 14 – O raio de alcance está na situação intermédia dos dois pontos anteriores .. 19 Figura 15 – Pormenor de um quarto do cluster .............................................................. 19 Figura 16 – Percentagem de população servida em função do raio da tecnologia......... 21 Figura 17 – Arquitectura do sistema ADSL. .................................................................. 23 Figura 18 – Espectro ADSL, 1ª alternativa. ................................................................... 24 Figura 19 – Espectro ADSL, 2ª alternativa. ................................................................... 25 Figura 20 – Estrutura da trama em ADSL...................................................................... 27 Figura 21 – Taxa de transmissão simulada em ADSL vs distância................................ 28 Figura 22 – Diagramas de codificação de linha QAM. .................................................. 29 Figura 23 - Variação do número de bits por tom com a atenuação, ruído ou cross-talk. Note-se como no caso do ruído se tornar muito forte o sistema tem a capacidade de abandonar um canal completamente....................................................................... 30 Figura 24 – Atenuação do sinal com a frequência.......................................................... 31 Figura 25 – Componentes mais importantes de um sistema VDSL. [5] ........................ 36 Figura 26 - Velocidades típicas em função do alcance .................................................. 39 Figura 27 – Topologia FTTCab/FTTEx ......................................................................... 39 Figura 28 – Separação dos canais de downstream, upstream, POTS e RDIS ................ 41 Figura 29 – Bandas POTS/RDIS, VDSL (upstream, downstream) em função da densidade espectral de potência.............................................................................. 41 Figura 30 – Crescimento do VDSL e do ADSL no mercado britânico nos últimos 3 anos e o crescimento esperado para os próximos dois anos em termos de linha instalada. ................................................................................................................................ 43 Figura 31 – Sistema LMDS[14]. .................................................................................... 44 Figura 32 – Estação base co-sited.[14]........................................................................... 47 Figura 33 – Arquitectura Analog Fiber. [14].................................................................. 48 Figura 34 – Acesso FDMA. [14] .................................................................................... 48 Figura 35 – Acesso TDMA. [14].................................................................................... 48 Figura 36 – Reutilização da polarização horizontal e vertical. [14]............................... 56 Figura 37 – Arquitectura do Nó da Rede. [14] ............................................................... 57 Figura 38 - Implementação de uma rede NIU. [14] ....................................................... 59 Figura 39 – Tarifas Anuais ............................................................................................. 63 Figura 40 – Taxa de Penetração ..................................................................................... 63 Figura 41 – Tarifas dos Clientes Empresariais............................................................... 67 viii Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Figura 42 – Tarifa Nacional Residencial (serviços ADSL, VDSL and LMDS) ............ 68 Figura 43 – Taxas de Penetração.................................................................................... 68 Figura 44 – Evolução da Tarifa do ISP .......................................................................... 69 Figura 45 – Receitas do ISP no ADSL ........................................................................... 70 Figura 46 – Receitas do ISP no VDSL ........................................................................... 70 Figura 47 – Receitas do ISP no LMDS .......................................................................... 71 Figura 48 – Subsídio necessário para o serviço ADSL no Alentejo por residência....... 73 Figura 49 – Subsídio necessário para o serviço ADSL no Douro por residência .......... 73 Figura 50 – Subsídio necessário para o serviço VDSL no Alentejo por residência....... 74 Figura 51 – Subsidiarização necessária para o serviço VDSL no Douro por residência 74 Figura 52 – Subsidiarização total necessária para o serviço VDSL na Minho por residência ................................................................................................................ 75 Figura 53 – Subsidiarização necessária para o serviço LMDS no Alentejo por residência ................................................................................................................................ 76 Figura 54 – Subsidiarização necessária para o serviço LMDS no Douro por residência76 Figura 55 – Subsidiarização necessária para o serviço LMDS na Bairrada por residência ................................................................................................................................ 76 Figura 56 – Subsídio do serviço ADSL por área total.................................................... 77 Figura 57 – Subsídio do serviço VDSL por área total.................................................... 78 Figura 58 – Subsídio do serviço LMDS por área total ................................................... 78 Figura 59 – Subsídio médio comparativo do ADSL, VDSL e LMDS, por residência entre áreas ............................................................................................................... 79 Figura 60 - Subsídio total comparativo do ADSL, VDSL e LMDS, para o número total de clientes, entre áreas ............................................................................................ 80 Figura 61 – Investimentos do ADSL no Alentejo .......................................................... 83 Figura 62 - Investimentos do ADSL no Douro .............................................................. 84 Figura 63 – Investimentos do ADSL na Bairrada .......................................................... 84 Figura 64 – Investimentos do ADSL no Minho ............................................................. 85 Figura 65 – Investimentos do VDSL no Alentejo .......................................................... 86 Figura 66 – Investimentos do VDSL no Douro.............................................................. 86 Figura 67 – Investimentos do VDSL na Bairrada .......................................................... 87 Figura 68 – Investimentos do VDSL no Minho ............................................................. 87 Figura 69 – Investimentos do LMDS no Alentejo ......................................................... 88 Figura 70 – Investimentos do LMDS no Douro ............................................................. 89 Figura 71 – Investimentos do LMDS na Bairrada.......................................................... 89 Figura 72 – Investimentos do LMDS no Minho ............................................................ 89 Figura 73 – Afectação dos investimentos por elementos de custo do ADSL no Alentejo ................................................................................................................................ 90 Figura 74 – Afectação dos investimentos por elementos de custo do ADSL no Douro 91 Figura 75 – Afectação dos investimentos por elementos de custo do ADSL na Bairrada ................................................................................................................................ 91 Figura 76 – Afectação dos investimentos por elementos de custo do ADSL no Minho 92 Figura 77 – Afectação dos investimentos por elementos de custo do VDSL no Alentejo ................................................................................................................................ 93 Figura 78 – Afectação dos investimentos por elementos de custo do VDSL no Douro 93 Figura 79 – Afectação dos investimentos por elementos de custo do VDSL na Bairrada ................................................................................................................................ 94 Figura 80 – Afectação dos investimentos por elementos de custo do VDSL no Minho 94 Figura 81 – Afectação dos investimentos por elementos de custo do LMDS no Alentejo ................................................................................................................................ 95 ix Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Figura 82 – Afectação dos investimentos por elementos de custo do LMDS no Douro 95 Figura 83 – Afectação dos investimentos por elementos de custo do LMDS na Bairrada ................................................................................................................................ 96 Figura 84 – Afectação dos investimentos por elementos de custo do LMDS no Minho 96 Figura 85 – Afectação dos investimentos por segmento de rede do ADSL no Alentejo 97 Figura 86 – Afectação dos investimentos por segmento de rede do ADSL no Douro... 98 Figura 87 – Afectação dos investimentos por segmento de rede do ADSL na Bairrada 98 Figura 88 – Afectação dos investimentos por segmento de rede do ADSL no Minho .. 99 Figura 89 – Afectação dos investimentos por segmento de rede do VDSL no Alentejo .............................................................................................................................. 100 Figura 90 – Afectação dos investimentos por segmento de rede do VDSL no Douro. 100 Figura 91 – Afectação dos investimentos por segmento de rede do VDSL na Bairrada .............................................................................................................................. 101 Figura 92 – Afectação dos investimentos por segmento de rede do VDSL no Minho 101 Figura 93 – Afectação dos investimentos por segmento de rede do LMDS no Alentejo .............................................................................................................................. 102 Figura 94 – Afectação dos investimentos por segmento de rede do LMDS no Douro 102 Figura 95 – Afectação dos investimentos por segmento de rede do LMDS na Bairrada .............................................................................................................................. 103 Figura 96 – Afectação dos investimentos por segmento de rede do LMDS no Minho 103 Figura 97 – Receitas do ADSL no Alentejo ................................................................. 104 Figura 98 – Receitas do ADSL no Douro .................................................................... 105 Figura 99 – Receitas do ADSL na Bairrada ................................................................. 105 Figura 100 – Receitas do ADSL no Minho .................................................................. 106 Figura 101 – Receitas do VDSL no Alentejo ............................................................... 107 Figura 102 – Receitas do VDSL no Douro .................................................................. 107 Figura 103 – Receitas do VDSL na Bairrada ............................................................... 108 Figura 104 - Receitas do VDSL no Minho................................................................... 108 Figura 105 – Receitas do LMDS no Alentejo .............................................................. 109 Figura 106 – Receitas do LMDS no Douro.................................................................. 110 Figura 107 – Receitas do LMDS na Bairrada............................................................... 110 Figura 108 - Receitas do LMDS no Minho .................................................................. 111 Figura 109 – Comparação dos investimentos e receitas dos três serviços nas quatro áreas .............................................................................................................................. 112 Figura 110 – Cash Flow no ADSL nas várias zonas periféricas .................................. 113 Figura 111 –Cash Balance no ADSL nas várias zonas periféricas............................... 113 Figura 112 – Cash Flows no VDSL nas várias zonas periféricas................................. 114 Figura 113 – Cash Balance no VDSL nas várias zonas periféricas.............................. 114 Figura 114 – Cash Flows no LMDS nas várias zonas periféricas ................................ 115 Figura 115 – Cash Balance no LMDS nas várias zonas periféricas............................. 116 Figura 116 – Sensibilidade do ADSL ao VAL no Alentejo ......................................... 117 Figura 117 – Sensibilidade do ADSL ao VAL no Douro ............................................ 117 Figura 118 – Sensibilidade do ADSL ao VAL na Bairrada ......................................... 118 Figura 119 – Sensibilidade do ADSL ao VAL no Minho ............................................ 118 Figura 120 – Sensibilidade do VDSL ao VAL no Alentejo ......................................... 119 Figura 121 – Sensibilidade do VDSL ao VAL no Douro ............................................ 119 Figura 122 - Sensibilidade do VDSL ao VAL na Bairrada.......................................... 120 Figura 123 – Sensibilidade do VDSL ao VAL no Minho ............................................ 120 Figura 124 – Sensibilidade do LMDS ao VAL no Alentejo ........................................ 121 Figura 125 – Sensibilidade do LMDS ao VAL no Douro............................................ 121 x Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Figura 126 – Sensibilidade do LMDS ao VAL na Bairrada......................................... 122 Figura 127 – Sensibilidade do LMDS ao VAL no Minho ........................................... 122 Figura 128 – Sensibilidade do ADSL ao TIR no Alentejo........................................... 123 Figura 129 – Sensibilidade do ADSL ao TIR no Douro .............................................. 123 Figura 130 – Sensibilidade do ADSL ao TIR na Bairrada ........................................... 124 Figura 131 – Sensibilidade do ADSL ao TIR no Minho.............................................. 124 Figura 132 - Sensibilidade do VDSL ao TIR no Alentejo ........................................... 125 Figura 133 - Sensibilidade do VDSL ao TIR no Douro ............................................... 125 Figura 134 – Sensibilidade do VDSL ao TIR na Bairrada ........................................... 126 Figura 135 – Sensibilidade do VDSL ao TIR no Minho.............................................. 126 Figura 136 – Sensibilidade do LMDS ao TIR no Alentejo .......................................... 127 Figura 137 – Sensibilidade do LMDS ao TIR no Douro.............................................. 127 Figura 138 – Sensibilidade do LMDS ao TIR na Bairrada .......................................... 128 Figura 139 – Sensibilidade do LMDS ao TIR no Minho ............................................. 128 Figura 140 - Relações entre a oferta e a procura no mercado das telecomunicações[6]. .............................................................................................................................. 133 Figura 141 - Concelho de Aveiro[13]. ......................................................................... 136 Figura 142 - Concelho de Ílhavo. ................................................................................. 136 Figura 143 - Modelo geométrico.[4] ............................................................................ 137 Figura 144 - Camadas da Arquitectura Hiperlan2.[17] ................................................ 144 Figura 145 - Conexão de uma rede sem fio com uma convencional com fio .............. 150 Figura 146 - Comparação do standard 802.11 com o RM-OSI.................................... 151 Figura 147 - União de duas BSS formando uma ESS [18] ......................................... 152 Figura 148 - ESTAÇÃO FONTE - Troca de dados para transmissão de informações [18] ....................................................................................................................... 156 Figura 149 - Método de acesso CSMA/CA [18] .......................................................... 156 Figura 150 - Perda de conexão com a estação móvel por razão geográfica................. 158 Figura 151 - AP escolhe uma estação móvel mas próxima da estação perdida para usar como ponte. .......................................................................................................... 159 Figura 152 - Rede local sem fio Ad Hoc ...................................................................... 161 Figura 153 - Rede local sem fio com infra-estrutura.................................................... 162 Figura 154 - Arquitectura da rede a implementar......................................................... 184 Figura 155 - O standard IEEE802.11.[24].................................................................... 189 Figura 156 - Selecção de canais na Europa – sem oversampling. [24] ........................ 189 Figura 157 - Combinação entre canais e polarizações. ............................................... 190 Figura 158 - Evolução da Tarifa de Instalação............................................................. 193 Figura 159 - Evolução da Tarifa Anual NarrowBand_32k. ......................................... 193 Figura 160 - Evolução da Tarifa Anual NarrowBand_32k. ......................................... 194 Figura 161 - Penetração do serviço NarrowBand_32k no cenário 1............................ 195 Figura 162 - Penetração do serviço NarrowBand_32k no cenário 2............................ 196 Figura 163 - Penetração do serviço NarrowBand_64k no cenário 2............................ 196 Figura 164 - Investimentos totais por ano em S. Jacinto.............................................. 198 Figura 165 - Receitas por ano em S. Jacinto. ............................................................... 199 Figura 166 - Cash-Flow em Santa Joana. ..................................................................... 200 Figura 167 - Cash-Balance em Santa Joana. ............................................................... 201 Figura 168 - Sensibilidade do VAL em Santa Joana (Cenário 1). ............................... 202 Figura 169 - Sensibilidade do VAL em Santa Joana (Cenário 2). ............................... 203 Figura 170 - Sensibilidade do TIR em Santa Joana (Cenário 1). ................................. 204 Figura 171 - Sensibilidade do TIR em Santa Joana (Cenário 2). ................................. 204 Figura 172 - Investimentos totais por ano em S. Salvador........................................... 207 xi Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Figura 173 - Receitas por ano em S. Salvador. ............................................................ 208 Figura 174 - Cash-Flow em S. Salvador. ..................................................................... 209 Figura 175 - Cash-Balance em S. Salvador.................................................................. 210 Figura 176 - Sensibilidade do VAL em São Salvador (Cenário 1). ............................. 211 Figura 177 - Sensibilidade do VAL em São Salvador (Cenário 2). ............................. 211 Figura 178 - Sensibilidade da TIR em São Salvador (Cenário 1). ............................... 212 Figura 179 - Sensibilidade da TIR em São Salvador (Cenário 2). ............................... 212 Figura 180 - Investimentos totais por ano em Eirol. .................................................... 215 Figura 181 - Receitas por ano em Eirol........................................................................ 215 Figura 182 - Cash-Flow em Eirol. ................................................................................ 216 Figura 183 - Cash-Balance em Eirol. ........................................................................... 217 Figura 184 - Sensibilidade do VAL em Eirol (Cenário 1). .......................................... 218 Figura 185 - Sensibilidade do VAL em Eirol (Cenário 2). .......................................... 218 Figura 186 - Sensibilidade do TIR em Eirol (Cenário 1). ............................................ 219 Figura 187 - Sensibilidade do TIR em Eirol (Cenário 2). ............................................ 219 Figura 188 - Comparação dos investimentos e receitas dos dois cenários nas três áreas. .............................................................................................................................. 221 Figura 189 - Ligações ponto-a-ponto.[25].................................................................... 224 Figura 190 - Meio partilhado. [25] ............................................................................... 224 Figura 191 - Arquitectura do sistema Harmonic. [25] ................................................. 226 Figura 192 - Esquema da Optical Feeder Network. [25].............................................. 228 Figura 193 - Resource Management and Control. [25] ................................................ 229 Figura 194 - WDMA/TDMA Medium Access Control. [25]....................................... 230 Figura 195 - Fast Optical Packet Switching. [25] ........................................................ 231 Figura 196 - Optical Cross Connect. [25] .................................................................... 231 Figura 197 - Optical Network Unit (ONU). [25].......................................................... 232 Figura 198 - Esquema da experiência piloto. [25] ....................................................... 232 Figura 199 - Capacidade de Expansão e Gestão de Largura de Banda. ....................... 236 Figura 200 - Setup Experimental.................................................................................. 241 Figura 201 - Componente de uma ligação DWDM...................................................... 244 Figura 202 - Diagramas dos espaçamentos típicos de sistemas de 16xSTM-16. ......... 245 Figura 203 - Espectro de Ganho do Erbium Doped Fiber Amplifier. .......................... 245 Figura 204 - Chaveamento do canal. ............................................................................ 247 Figura 205 - Configuração ponto-a-ponto. ................................................................... 255 Figura 206 - Configuração em anel. ............................................................................. 255 Figura 207 - Sistema DWDM Típico ........................................................................... 257 xii Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço ÍNDICE DE TABELAS Tabela 1 – Indicadores geográficos para as áreas rurais em Portugal. Fonte:[5] ........... 17 Tabela 2 – Valores dos parâmetros do Minho................................................................ 20 Tabela 3 – Ganho de codificação usando o Trellis Code. .............................................. 28 Tabela 4 – Comparativo: velocidade de transferência, comprimento da linha e diâmetro da linha. .................................................................................................................. 32 Tabela 5 – Serviços de VDSL. ....................................................................................... 42 Tabela 6 – Potencialidades do VDSL............................................................................. 42 Tabela 7 – Características dos sistemas TDMA e FDMA. [14]..................................... 50 Tabela 8 – Métodos de Modulação do acesso FDMA. [14]........................................... 50 Tabela 9 – Eficiências espectrais. [14] ........................................................................... 51 Tabela 10 - Parâmetros de Caracterização das Regiões ................................................. 62 Tabela 11 – Resultados económicos do ADSL .............................................................. 64 Tabela 12 – Resultados económicos do VDSL .............................................................. 64 Tabela 13 – Resultados económicos do LMDS.............................................................. 64 Tabela 14 – Média anual do DIT.................................................................................... 65 Tabela 15 – DIT anual nas diferentes áreas relativamente às diferentes tecnologias..... 66 Tabela 16 – Taxas de transferência das classes de serviço............................................. 66 Tabela 17 – Subsídio inicial para as diferentes áreas ..................................................... 71 Tabela 18 – Resultados económicos do ADSL .............................................................. 82 Tabela 19 – Resultados económicos do VDSL .............................................................. 82 Tabela 20 – Resultados económicos do LMDS.............................................................. 82 Tabela 21 - Características dos diferentes Sistemas de Rádio na Rede de Acesso.[16]141 Tabela 22 - Taxas de Transferência Máximas. [22] ..................................................... 178 Tabela 23 - Parâmetros de caracterização das áreas..................................................... 191 Tabela 24 - Resultados económicos mais relevantes relativos ao cenário 1. ............... 197 Tabela 25 - Resultados económicos mais relevantes relativos ao cenário 2. ............... 197 Tabela 26 - Bit rates dos serviços no sistema Harmonics. [25].................................... 227 xiii Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço INTRODUÇÃO Este relatório insere-se no âmbito da disciplina de projecto de final de curso da Licenciatura em Engenharia Electrónica e de Telecomunicações da Universidade de Aveiro. O objectivo principal deste trabalho será efectuar análises tecno-económicas com diferentes soluções de rede e ofertas de serviços em zonas não competitivas. Como temos vindo a assistir nestes últimos tempos as telecomunicações têm sofrido uma grande evolução, permitindo partilhar informação entre quase quaisquer pontos do globo. No entanto, há zonas onde ainda nem serviço telefónico simples existe ou as infraestruturas existentes são escassas. Por norma, estas zonas são caracterizadas por se localizarem longe dos grandes centros urbanos e por terem uma baixa densidade populacional. Assim, estas serão as zonas que nos servirão de objecto de estudo. Face à distância entre a necessidade da população na obtenção destes serviços e a prestação dos mesmos por parte dos operadores de telecomunicações, torna-se urgente encontrar uma ponte de equilíbrio entre os dois que permita, conforme o decretado pela comunidade europeia e pelo governo, um serviço universal de telecomunicações. Assim, numa primeira parte do trabalho apresentaremos a análise tecno-económica de estudos de caso: num primeiro capítulo, de três soluções com uma única tecnologia ADSL, VDSL e LMDS. Aqui, faremos também uma descrição de cada uma. No segundo capítulo analisaremos uma solução de rede heterogénea que integra tecnologia de satélite e wireless local area network (WLAN). Achamos por bem inserir neste capítulo uma secção sobre DVB (Digital Video Broadband) uma vez que, num futuro próximo esta será a tecnologia utilizada para transmitir televisão. Numa outra fase, abordaremos o projecto HARMONICS (Hybrid Access Reconfigurable Multi-wavelength Optical Network fot IP-based Communications Systems) e a sua tecnologia DWDM (Dense Wavelength Division Multiplexing). Por este projecto englobar uma solução heterogénea dedicaremos-lhe um capítulo. 1 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço No último capítulo, procuraremos mostrar a importância dum serviço universal de telecomunicações. 2 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço CAPÍTULO I – ESTUDO DE CASO I 1 INTRODUÇÃO As tecnologias penetraram virtualmente em todos os sectores da actividade económica e está presente em quase todas as instâncias da vida quotidiana de indivíduos e organizações. Cada vez mais, o acesso e uso da informação torna-se um factor decisivo para a realização pessoal e para a eficiência institucional. Em adição às competências pessoais e organizacionais, as aplicações adequadas e os conteúdos importantes requerem a disponibilidade de redes e serviços de comunicações avançadas: serviços interactivos, comunicações de banda larga, transmissão digital e soluções flexíveis de tele-trabalho são considerados como fortes impulsionadores para o desenvolvimento sócio-económico. Saúde, educação, administração, ambiente, turismo, transportes e comércio são os sectores que mais significativamente podem beneficiar com estas tecnologias e serviços. O seu desenvolvimento irá certamente ajudar a melhorar, em geral, a qualidade de vida e favorecerá a modernização. As condições actuais da concorrência do mercado força os operadores a minimizar os custos e a maximizar as receitas. Estes objectivos são frequentemente difíceis. Isto obriga à necessidade de abordagens metodológicas apropriadas no processo de produção de todos os elementos necessários para apoiar as decisões que dizem respeito aos investimentos necessários para instalar as redes e os serviços. Este documento começa por desenvolver uma plataforma metodológica para uma avaliação tecno-económica de serviços de telecomunicações. Esta metodologia começou a ser desenvolvida por um projecto do IST, no qual os autores estão envolvidos: TONIC – TechnO-econNomICs of IP networks and services. Os passos mais significativos desta abordagem são os seguintes: • Caracterização demográfica e geográfica das áreas em estudo. Neste contexto, foi feito um esforço especial na elaboração dos modelos geométricos, de forma a acomodar a diversidade territorial das regiões em estudo de uma maneira flexível . 3 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço • Identificação das necessidades dos serviços para as áreas rurais e periféricas. • Identificação da solução de rede candidata para as regiões rurais ou periféricas. Neste contexto, um exercício bastante extensivo foi conduzido de forma a tentar acomodar as soluções mais atractivas sob o ponto de vista de um operador incumbente ou de um novo. • Avaliação tecno-económica das soluções de rede identificadas de acordo com especificações prévias do mercado e condições de operação. • Análise de viabilidade, incluindo mecanismos de estimulação do mercado (subsidiarização das tarifas, etc). Embora o estudo dos serviços de telecomunicações da procura e da oferta sejam igualmente importantes, muito maior ênfase é normalmente dado ao lado da oferta. Este documento analisa o lado da procura de uma maneira diferente, tentando obter dados mais detalhados de forma a que a oferta de serviços seja mais eficiente. O próximo passo é mostrar um exemplo empírico de como avaliar a oferta de serviços avançados de telecomunicações (baseados em ADSL, VDSL e LMDS) em quatro áreas rurais Portuguesas, de forma a validar o método. 2 A DINÂMICA DO MERCADO DAS TELECOMUNICAÇÕES O mercado das telecomunicações envolve diversos agentes, tal como operadores de telecomunicações, fabricantes de equipamentos e hardware, programadores, firmas de manutenção, operadores de serviços e agentes intermediários, provedores de conteúdos, órgãos reguladores e utilizadores de diferentes tamanhos e natureza. Por forma a realizar uma qualquer avaliação de telecomunicações (serviços ou redes), é importante entender a dinâmica do mercado das telecomunicações. Uma avaliação de serviços de telecomunicações pode ser vista como uma maneira de estabelecer a ligação (“ponte”) entre a procura para os serviços de telecomunicações e a oferta desses serviços por parte dos operadores, recorrendo às soluções tecnológicas mais apropriadas, sobre o mercado especifico e condições reguladoras. O que pode ser visto na Figura 1. 4 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Selecção dos possíveis cenários de rede oferecendo a possibilidade de satisfazer as necessidades identificadas Análise Económica e Financeira de diferentes cenários debaixo de condições de mercado pré-especificadas Oferta de Serviços Operadores Provedores de Serviços Fornecedores de tecnologia Tarifas Aquilo que as pessoas estão dispostas a pagar Estimativa da potencial adesão aos serviços identificados (procura) Equilíbrio do Mercado Identificação das necessidades dos serviços Caracterização geográfica e demográfica Autoridades Reguladoras Procura de Seviços Utilizadores Figura 1 – Metodologia da Ponte.[6] O equilíbrio do mercado será atingido quando um serviço, sob determinadas condições técnicas e determinada procura, alcança indicadores financeiros razoáveis (por exemplo, o Valor Actual Líquido, a Taxa Interna de Rentabilidade e Período de Recuperação), ou seja, quando a vontade de pagar do cliente está em harmonia com as tarifas propostas pelo operador. Procura Custos Receitas Indicadores Económicos Equilíbrio do Mercado Oferta Figura 2 – Equilíbrio do Mercado.[9] Várias etapas em ambos os lados da ponte devem ser observados de forma a obter o equilíbrio do mercado: a) Lado da Procura i. Caracterização demográfica e geográfica O padrão geográfico da população de uma certa área é um input fundamental para uma avaliação económica de uma rede de telecomunicações. É um factor chave para a definição de uma topologia de rede e, por conseguinte, para a avaliação de um componente importante dos custos: o comprimento das condutas e dos cabos. 5 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço A distribuição geográfica da população segue um padrão de alta complexidade. As densidades populacionais não só revelam o contraste entre aglomerados rurais e urbanos, mas também mostram fortes variações interurbanas e intraurbanas. As densidades urbanas dependem, entre outros factores, das condições culturais e económicas de cada país e região, do tamanho e das funções dos aglomerados urbanos e, dentro de cada cidade ou área metropolitana, da posição mais central ou periférica de cada distrito urbano. A capacidade para lidar com essa diversidade é condição fundamental para qualquer avaliação económica de redes de telecomunicações. ii. Identificação das necessidades dos utilizadores (em termos de serviços) As necessidades dos utilizadores dos serviços de telecomunicações variam de acordo com o tamanho e o tipo de região (urbano ou rural), actividades sócio-económicas e o contexto cultural da região. iii. Estimativa da potencial procura Para estimar a potencial procura dos serviços de telecomunicações, tem que se ter em conta um conjunto de condições. Primeiro de tudo, é possível definir dois tipos de consumidor e comportamento de consumo. Por outro lado, temos o residenciais e por outro lado, temos as empresas e outras organizações. O comportamento de consumo do primeiro grupo depende da despesa, das preferências e das aptidões técnicas para o uso dos serviços [1]. Para ambos os tipos de utilizadores, a capacidade da rede depende das suas capacidades interactivas, da competitividade da economia regional e da densidade da rede no ambiente. A procura dos serviços de telecomunicações também depende parcialmente das estratégias dos fornecedores, do tamanho da população regional (factor de escala), da centralidade da região em relação ao mundo (conceito de demografia potencial) e das externalidades da rede [1][2]. iv. Vontade de pagar Finalmente, a vontade de pagar por um dado serviço de telecomunicações é a combinação de todos os factores acima mencionados com as tarifas de um conjunto de serviços a serem fornecidos. 6 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço b) Lado da Oferta i. Tarifas Baseado na análise do lado da procura é possível especificar o cenário de serviços, isto é, o conjunto de serviços a oferecer. Definindo a penetração dos serviços para um dado período de tempo (período de estudo) e associando certas tarifas por serviço, é possível calcular as receitas para o conjunto de serviços seleccionados. ii. Selecção de possíveis cenários de rede oferecendo a possibilidade de satisfazer as necessidades identificadas Depois da selecção do conjunto de serviços a serem oferecidos é necessário definir cenários de arquitecturas de rede relevantes. Este passo necessita de planeamento de rede avançado. iii. Análise económica e financeira dos cenários de rede debaixo de certas condições do mercado O passo final na avaliação da rede diz respeito a correr simulações usando uma ferramenta tecno-económica. A figura seguinte mostra a ferramenta tecno-económica, que foi desenvolvida pelo projecto TONIC. Nesta figura, é possível ver que o estudo do lado da procura desempenha um papel importante para obter os melhores resultados do lado da oferta. Demand for the Telecommunications Services DB Services DB – Data Base (Base de Dados) OA&M – Operação, Geometric Model(s) Architectures Administração e Manutenção NPV – Net Present Value (Valor Actual Líquido – VAL) OA&M Costs Revenues FirstInstalled Installed First Cost Cost Investments LifeCycle Cycle Life Cost Cost Cash flows, Profit & loss accounts Economic Inputs Year 0 NPV NPV Year 1 Year n IRR IRR IRR – Internal Rate of Return (Taxa Interna de Rendibilidade TIR) Economic Inputs (Inputs ... Económicos ) – Tarifas e Taxas Year m de Penetração Payback Payback Period Period 7 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Figura 3 – Metodologia da ferramenta tecno-económica.[3] A ferramenta TONIC proporciona resultados económicos (VAL, TIR e o Período de Recuperação), permitindo ao operador decidir se é rentável ou não fazer o investimento. Contudo, é importante, visto que são consideradas áreas não rentáveis olhar atrás para alguns parâmetros de entrada como, tarifas e taxas de penetração, e perceber se estes parâmetro são bem estimados de acordo com a realidade de cada região em consideração. Se sim, então as forças do mercado são suficientes para agir por elas próprias. Se não, é necessário introduzir novos factores de estímulo. O mecanismo de subsidiarização pode ser um caminho para ultrapassar estes problemas. Mas como é possível implementar este mecanismo? Decisões políticas ao nível governamental de forma a garantir ao operador algum proveito económico tornam-se necessários. Por forma a estimar a subsidiarização necessária para cada região, a taxa de penetração e o DIT1 por residência são necessários. As seguintes secções apresentam um exemplo empírico desta metodologia. 3 APLICAÇÃO EMPÍRICA DA METODOLOGIA Baseado na metodologia descrita no ponto anterior, é possível aplicar um estudo empírico. Isto é uma primeira tentativa de usar a metodologia da ponte para a oferta dos serviços, baseados nas tecnologias ADSL, VDSL e LMDS em áreas não competitivas. Vários casos de estudo foram analisados no projecto TONIC. Este documento mostra como isto pode ser consumado apontando alguns dos casos de estudo: as regiões rurais de Portugal. Em primeiro lugar, é necessário caracterizar e identificar as áreas geográficas em estudo. Esta caracterização é baseada na metodologia do cluster. O próximo passo é avaliar a oferta das tecnologias ADSL, VDSL e LMDS nas regiões em estudo. 1 DIT (Disposable Income for Telecommunications) – verba que um indivíduo dispõe para gastar em telecomunicações. 8 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço 4 METODOLOGIAS PARA A CLASSIFICAÇÃO DE ÁREAS GEOGRÁFICAS 4.1 Introdução A análise tecno-económica de uma rede de telecomunicações requer, como précondição para a avaliação dos custos e receitas esperados, a estimativa da procura dos serviços de telecomunicações, bem como a sua localização geográfica. Se a procura dos serviços nos permite estimar as receitas futuras, a sua distribuição geográfica é um factor chave para a definição da topologia da rede e, então, para a análise de um componente importante de custos: o comprimento das condutas e os cabos. A distribuição geográfica da população e a procura residencial dos serviços ICT seguem um padrão de alta complexidade. A densidade populacional não revela apenas o contraste entre aglomerados rurais e urbanos, mas também mostra fortes variações interurbanas e intraurbanas. As densidades urbanas dependem: • Das condições económicas e culturais de cada país e região; • Do tamanho e da função dos aglomerados urbanos; • Da posição mais periférica ou central de cada distrito urbano dentro de cada cidade ou área metropolitana. A procura de diferentes serviços e aplicações depende também das condições económicas e culturais, variando de acordo com o país, região, cidades e área da cidade que estamos a considerar. No que diz respeito aos custos de instalação, é conveniente definir um modelo geométrico genérico projectado para o cálculo do comprimento do cabo e das condutas para ligar este modelo com as condições particulares de cada área geográfica. As receitas esperadas dependem da estimativa da procura dos serviços, uma variável que é também espacialmente contigente. O objectivo deste trabalho é levar a cabo uma análise tecno-económica para a oferta das tecnologias ADSL, VDSL e LMDS em zonas não competitivas ou áreas rurais em Portugal. Para alcançar este objectivo, é necessário identificar e classificar estes tipos 9 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço de áreas a partir da metodologia cluster. Os resultados finais deste trabalho são intencionados de forma a contribuir em direcção à compreensão do mecanismo de subsidiarização em áreas rurais. 4.2 Metodologia do Cluster A metodologia do cluster é baseada num modelo territorial de quadrados regularmente distribuídos[4], que permite a descrição de áreas geográficas grandes e heterogéneas. Por outras palavras, esta abordagem consiste na conversão de um dado território heterogéneo num padrão de elementos repetidos. Considere, por exemplo, uma dada unidade territorial administrativa (uta) representada na figura abaixo: Figura 4 – Unidade Territorial Administrativa.[5] A unidade contém 9 aglomerados ou clusters de população, C1 até C9. Os clusters diferem uns dos outros em relação aos seus padrões morfológicos, tamanho da área, número de população e distâncias entre eles. Os dados estatísticos normalmente disponíveis para uma unidade territorial administrativa respeitante à população e área são: • Área total da unidade territorial administrativa; • População total da unidade territorial administrativa; • Número de clusters; • População em cada cluster. 10 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Com estes dados é possível calcular a densidade populacional da unidade territorial administrativa (uta) através da seguinte expressão: Densidade Populacional (uta) = população total (uta) / área (uta) Este tipo de densidade pode ser definida por densidade populacional grosseira. Contudo, não é possível calcular directamente a densidade populacional da rede da área administrativa. A densidade populacional da rede é definida como a relação entre a população e a área do cluster. Dados estatísticos relativos às áreas dos clusters não estão normalmente disponíveis. Para obter este indicador é necessário analisar a informação cartográfica. A densidade populacional da rede de um cluster (C) é dada por: Densidade populacional da rede (C ) = população total (C ) / área (C ) A densidade populacional da rede do total dos clusters (C1 até C9) pertencentes à unidade territorial administrativa (uta) é dada por: Densidade populacional da rede(C1 até C9 ) = população total (C1 até C9 ) / área total (C1 até C9 ) Para calcular a distância média entre clusters (C1 até C9) é necessário assumir que os clusters (C1 até C9) formam um padrão regular de quadrados com tamanhos fixos (L) e separados por distâncias fixas (D) como representado abaixo: L c1 D c2 c3 c4 c5 c6 c7 c8 c9 D’ Figura 5 – Modelo Territorial dos quadrados distribuídos regularmente [5] A distância média D entre os clusters (C1 até C9) é calculada através da seguinte expressão: 11 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço 1 − 1 ( Equação 1 ) D = L f L representa o lado de cada cluster e f representa a área total da fracção ocupada pelos clusters. A distância média D’ entre os centros dos clusters (C1 até C9) é dada pela expressão abaixo: D' = L( 1 f ) ( Equação 2 ) Nesta secção será desenvolvida uma metodologia de suporte, que permite a identificação e caracterização de áreas geográficas grandes e heterogéneas. O output desta metodologia é a definição de um padrão de quadrados distribuídos regularmente descritos na secção acima. O modelo será aplicado em particular para a caracterização de áreas rurais de um país do Sul da Europa como Portugal. 4.2.1 Pressupostos do modelo De forma a representar a disposição das infra-estruturas de comunicações nas regiões em consideração, é possível recorrer a um modelo geométrico abstracto (Figura 3) baseado no modelo territorial dos quadrados regularmente distribuídos descrito na secção 4.2. Isto pode ser descrito da seguinte maneira: • Cada região é considerada como uma sobreposição de um conjunto de cidades e vilas sobre o resto do território; • A área restante é representada, em termos estatísticos, por uma amostra constituída por nove nós habitacionais; • Dentro de cada amostra, um dos nós (possivelmente o nó central) desempenha o papel de ponto de acesso local (LAP – local access point) ao qual todos os outros nós estão ligados. Isto é representado na (linha a negrito). O nó que alberga o LAP é ligado ao mais próximo ponto de acesso de banda larga (BAP – Broadband Access Point). Diferentes meios físicos podem ser utilizados para suportar esta ligação BAP-LAP (por exemplo, fibra óptica, rádio, etc). 12 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço L BA PL AP d' BAP D' D LAP Figura 6 – Modelo Geométrico. Fonte: [5] Os atributos chave da amostra do cluster representando uma determinada região (com o objectivo do layout das infra-estruturas de comunicações) são os seguintes: • A densidade de habitações dentro dos nós habitacionais ou, em alternativa, o número de habitações por nó; • A distância entre as fronteiras dos nós, (D) ou, alternativamente, a distância entre o centro dos nós, (D’); • O comprimento do BAP_LAP; • O tamanho dos nós, comprimento do lado, (L), ou o comprimento da meia diagonal, (d’). 4.3 Identificação e Caracterização das Áreas Rurais usando a Metodologia do Cluster Nesta secção é aplicada a metodologia do cluster, descrita na secção anterior, que permite a identificação e caracterização de grandes e heterogéneas áreas geográficas. A metodologia é aplicada, em particular, para identificar e classificar as áreas não competitivas de Portugal. O primeiro passo é a divisão das áreas rurais do país em três categorias, definidas em termos da densidades populacionais. Isto requer a análise de dados estatísticos com dados cartográficos. A figura abaixo identifica, ao nível do país, as áreas seleccionadas. 13 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Densidade Populacional (hab/Km2) 0 - 20 20 - 50 50 - 100 100 - 200 200 - 500 500 - 1000 1000 - 2000 2000 - 4000 > 4000 Minho Bairrada Douro Alentejo Figura 7 – Densidades populacionais dos municípios e as áreas rurais seleccionadas.[7] As três categorias de áreas rurais identificadas são: Alentejo Esta área é caracterizada pela alta concentração de população com grandes áreas vazias entre os clusters. A figura abaixo representa este tipo de área. 14 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Figura 8 – Ilustração do Alentejo. Fonte:[5] Douro Nesta área a população é altamente concentrada, com algum espalhamento de população entre os clusters. A figura abaixo representa esta área. Figura 9 – Ilustração do Douro. Fonte: [5] Bairrada 15 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Nesta área, os clusters estão espalhados ao longo das estradas formando um padrão linear de povoações. Descrição representada abaixo. Figura 10 – Ilustração da Bairrada. Fonte:[5] Minho A população nesta área está espalhada segundo um padrão homogéneo e está representado na figura seguinte: Figura 11 – Ilustração do Minho[5] 16 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Para cada categoria de áreas rurais foi seleccionada uma amostra representativa dos municípios. Generalizando os resultados obtidos na amostra que combina os dados estatísticos e cartográficos é possível fazer a caracterização de cada tipo de área em termos de: área total, população total, densidade populacional e residências em cada cluster. A distância média entre clusters é calculada aplicando o modelo da estrutura territorial representada na Equação 1. A próxima tabela mostra as principais características geográficas de cada uma da três áreas rurais identificadas. Área Total Alentejo Douro Bairrada Minho Tamanho da População Área (km2) Densidade populacional (hab/km2) 470000 27000 18 670000 22000 30 630000 5500 114 670000 4200 160 Clusters (valores médios) Área (km2) Densidade Populacional (hab/km2) Densidade residencial (res/km2) Distância entre clusters (km) 0,35 7200 3750 10,5 0,4 1820 1240 4,4 0,9 2840 1050 2,7 64 250 125 0 Tabela 1 – Indicadores geográficos para as áreas rurais em Portugal. Fonte:[5] Nas secções seguintes serão descritas as três tecnologias em estudo para prover o acesso de banda larga. 4.3.1 Percentagem de área coberta (caso particular do Minho) A região do Minho, apesar de ser considerada rural é uma região com características geográficas e padrões habitacionais bem diferentes das outras regiões em estudo, como se pôde ver anteriormente. Nesta área do país, iremos assumir que a localização geográfica das centrais locais está definida e tem uma distribuição tal que no nosso modelo geométrico, ficam no centro de cada quadrado da Figura 12. Assume-se que no Minho, a distância entre os centros de cada nó é fixa para todas as tecnologias, ou seja, o local onde acaba a fibra já está predestinado. A área de cada nó (quadrado da Figura 12) nesta região é de 64 Km2. Por isso, dependendo do raio de alcance da tecnologia (ra) a população servida irá variar. Então, iremos ter três situações distintas: 17 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço • o raio de alcance é menor que metade do lado do quadrado, isto é, a área coberta é igual à área do circulo de raio igual ao raio de alcance da tecnologia; L ra Figura 12 – Raio de alcance é menor que metade do lado do quadrado • o raio de alcance é maior que metade da diagonal do quadrado, ou seja, toda a área do quadrado é coberta. Como nesta região os quadrados estão juntos (distancia entre clusters igual a zero) irá haver zonas em que há dupla cobertura; L ra Figura 13 – O raio de alcance é maior que metade da diagonal do quadrado • o raio de alcance está na situação intermédia dos dois pontos anteriores; 18 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço L ra Figura 14 – O raio de alcance está na situação intermédia dos dois pontos anteriores Nesta última situação, o cálculo da área coberta não é tão trivial como nas anteriores. Para melhor compreensão, vamos, primeiro, focalizar na área coberta em apenas um quarto do quadrado. L/2 a π 2 ra b −θ ϕ π θ 2 a −θ Figura 15 – Pormenor de um quarto do cluster Desta figura podemos dizer que a área coberta num quarto do quadrado é a área do sector circular b mais duas vezes a área do triângulo a ( é fácil de ver que os dois triângulos definidos na figura são geometricamente iguais e com áreas iguais). Para o cálculo da referida área define-se dois ângulos θ e ϕ. O ângulo θ é definido em um triângulo rectângulo como sendo o ângulo oposto a um cateto de comprimento e hipotenusa igual a ra. Se a π 2 L 2 subtrairmos os dois menores ângulos do triângulo, π − θ é o menor ângulo interno do triângulo, sobra o ângulo ϕ. 2 19 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço O cálculo da área a é simplesmente a área de um triângulo de lado igual a L e altura 2 π ϕ − θ . A área do sector circular b, é fácil de calcular, é a parte 2π 2 igual a ra sin de um círculo. De seguida, mostra-se as expressões que permitem calcular estes ângulos a partir do raio de alcance da tecnologia e área do cluster (ou equivalentemente do lado do quadrado). Além disso, também se mostra as expressões que permitem calcular as área do sector circular e dos triângulos. π π π L × ra sin π − θ ϕ = 2 − 2 2 − θ = 2θ − 2 2 2 a = , L 2 ϕ θ = arcsin 2 2 r b = πra × a 2π Num cluster existem oito áreas do tipo a e quatro área do tipo b, ou seja, Área coberta = 4 × 2 × a + 4 × b . Tendo em conta que: Minho Raio da Tecnologia População Servida ( % ) Área do Nó (Node Area) 64 ADSL 3 44,2% L/2 0,7*L 4 VDSL 1,5 11,0% 5,66 LMDS 5 97,2% Tabela 2 – Valores dos parâmetros do Minho Podemos ver graficamente estes mesmos valores e, de uma maneira geral qual será a percentagem de população servida (ou área coberta pela tecnologia) para uma qualquer relação entre o raio da tecnologia e área do cluster. 20 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Percentagem de população servida em função do raio da tecnloogia 120% 100% 97,2% LMDS 80% 78,5% 60% 44,2% ADSL 40% 20% 11% VDSL 0% 0 0,5 0,7 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5 Figura 16 – Percentagem de população servida em função do raio da tecnologia Vale a pena reforçar que ao contrário das outras regiões, em que para todas as tecnologias toda a população no cluster era servida, no Minho a população servida depende do raio da tecnologia. 5 SOLUÇÕES DA REDE 5.1 ADSL 5.1.1 O que é o ADSL O modem (MOdulator - DEModulator) está a ficar obsoleto. Por de trás deste facto está uma nova tecnologia genericamente designada por DSL (Digital Subscriber Line). Com apenas um par de fios de cobre consegue-se, simultaneamente, uma ligação à internet com taxas de elevado débito e a conversação telefónica convencional. O ramo da tecnologia DSL que se destina ao mercado doméstico é o ADSL (Asymmetric Digital Subscriber Line) pois foi especialmente desenvolvido para este. Um utilizador doméstico da internet deseja obter informação desta, mais do que enviar informação para ela. Por este motivo as maiores taxas de fluxo de informação são de downstream (download) e não de upstream (upload). Por exemplo, uma pequena mensagem de upstream num motor de busca desencadeia uma infindável cadeia de 21 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço bytes como resposta. A tecnologia ADSL responde favoravelmente a este tipo de necessidades, reservando uma largura de banda maior para downstream do que para upstream, isto é, existe uma assimetria da distribuição da largura de banda consoante o fluxo de informação. O acesso a esta tecnologia é possível apenas com um número reduzido de adaptações nas casas dos aderentes. É importante salientar que toda a infra-estrutura que permite o acesso à tecnologia ADSL já existe, o que não acarreta investimentos na criação das mesmas. Por curiosidade refere-se que o ADSL nasceu em 1989 nos laboratórios da Telcordia Technologies, Inc., Morristown, N.J. posteriormente conhecida como Bellcore. 5.1.1.1 Aplicações de ADSL A ADSL foi desenhada com o intuito de fornecer um acesso de banda larga para vídeo interactivo (vídeo on demand, Vídeo games, etc) e comunicação de dados (Internet, acesso remoto a uma LAN1, etc). Contudo, existem muitas outras aplicações que poderão tornar-se usuais com um acesso de banda larga como é o caso. Destacam-se, por exemplo: • Serviços médicos e financeiros através do acesso a bases de dados de informação. • Facilidade na compra e venda de produtos, especialmente aqueles que necessitem e um grande número de imagens ou vídeos de elevada qualidade, como por exemplo a compra de terrenos/habitações/escritórios. É possível ao cliente ver os detalhes de uma casa em diversos ângulos, quer exteriormente quer interiormente. • Vídeo-conferências poderão permitir reuniões de negócios entre pessoas em locais distantes. 5.1.2 Aspectos Técnicos de ADSL 5.1.2.1 Arquitectura do sistema ADSL A tecnologia ADSL permite transferências de dados desde 64kbps até 8,192Mbps, no sentido downstream e desde 16kbps até 768kbps no sentido de upstream. Contudo, para operar a estas elevadas taxas de débito é necessário que o equipamento 22 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço electrónico seja sofisticado, nomeadamente filtros de elevada qualidade, o que implica necessariamente que seja dispendioso tornando-o inviável o alcance real destas taxas no consumo doméstico. É ainda de referir que estas taxas de transferências só são possíveis para distâncias muito curtas2. O ponto tido como óptimo, nos dias de hoje, no compromisso custo do equipamento / taxa de transferência de dados não excede os 500€ correspondendo a uma taxa de 1024kbps de downstream e 256kbps de upstream. Esta tecnologia é genericamente referida como ADSL Lite, que é uma variante do ramo Assimétrico da DSL. É importante referir que o custo referido é um máximo, sendo este valor intrinsecamente dependente do equipamento. Na Figura 17 encontra-se a arquitectura do sistema ADSL. Figura 17 – Arquitectura do sistema ADSL. A arquitectura fica completamente transparente com a interiorização da função do SPLITER e do DSLAM3. O spliter resume-se a um filtro/misturador que divide o espectro do sinal recebido em duas partes: uma para o telefone/fax, baixas frequências e a outra, altas frequências, entrega-as ao modem/router4 ADSL. No sentido de envio de dados, o spliter mistura a informação que vem do telefone/fax com a que vem do modem/router ADSL, e envia o sinal resultante para o spliter que se encontra do outro lado da linha. O DSLAM (Digital Subscriber Line Access Multiplexer) Ver “Limitações Físicas” O DSLAM também se designa por ATU-C que significa ADSL tranceiver unit central office end. 4 O modem ou o router também se designam por ATU-R que significa ADSL tranceiver unit remote terminal end. 2 3 23 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço efectua a multiplexagem de várias linhas ADSL (entre 500 e 1000) num sinal ATM5 (Asynchronous Transfer Mode). O DSLAM faz também a operação inversa: desmultiplexa um sinal ATM nas correspondentes linhas ADSL e entrega a cada utilizador os respectivos dados. O emprego de modem ou de um router prende-se com a utilização que se pretende dar à ligação. Se se deseja que esta esteja disponível em apenas um PC, então a opção adequada é um modem; Se a ligação é para partilhar numa rede de computadores o router é o equipamento indicado. É tecnicamente possível, contudo, efectuar a partilha de uma ligação quando se está a utilizar um modem, mas nesta situação é necessário um equipamento que sirva de interface entre o modem ADSL e a rede local (hub/proxy server). 5.1.2.2 Espectro de Frequência A Largura de Banda utilizada pela ADSL depende de vários factores, contudo é de aproximadamente 1.1MHz. Existem duas variantes para o emprego deste espectro. As razões para o facto referido prendem-se com as potencialidades do modem/router que é utilizado. Os menos eficientes, e portanto potencialmente mais sensíveis a erros, têm que ceder largura de banda para assegurar a veracidade da informação. Do outro lado temos os mais eficientes que, com um custo superior do equipamento, podem usufruir de toda a banda disponível. Figura 18 – Espectro ADSL, 1ª alternativa. Esta é a forma como é utilizado o espectro de frequência nos modems/routers menos eficientes. Repare-se que as bandas de upstream e downstream estão separadas de modo a evitar a sua sobreposição espectral. Este tipo de modulação denomina-se por multiplexagem por divisão na frequência (FDM – frequency division multiplexing). A FDM resume-se em dividir o espectro de frequências em várias “fatias” separadas, 5 Ver “ATM” 24 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço umas das outras, por “fatias de menores dimensões” de modo a possibilitar a utilização de filtros passa-banda reais e assim “isolar” a banda desejada. Figura 19 – Espectro ADSL, 2ª alternativa. Como é óbvio, com a utilização espectral dos modems/routers mais eficientes, é possível usufruir de toda a banda disponível, i. e., sem ceder banda para evitar a sobreposição dos espectros. Assim sendo consegue-se transmitir mais informação com a mesma largura de banda. Torna-se crucial introduzir, neste ponto, o conceito de cancelamento de eco (echo cancelation), pois é com base nesta tecnologia que é possível sobrepor os espectros, sem que isso se traduza numa perda de informação. O fundamento desta tecnologia é de simples compreensão: subtrair ao sinal recebido o sinal enviado e deste modo processar apenas os dados de interesse. Este processo é possível, apenas, porque o modem/router sabe o que foi enviado, sendo esta a razão pela qual é viável a implementação desta tecnologia. Note-se que, qualquer um dos tipos de modems / routers referidos apresentam as mesmas limitações em relação ao “cross-talk”6. Os limites superiores e inferiores das bandas acima representadas, dependem de vários factores, como já referido, como por exemplo a utilização de uma linha digital sobre a mesma linha ADSL. Apenas a banda reservada ao POTS (Plain Old Telephone Lines) está bem definida e não se estende acima dos 4kHz. 5.1.2.3 ATM ATM (Asynchronous Transfer Mode) é um padrão de redes que está a beneficiar de variados avanços tecnológicos recentes pelo que apresenta grandes potencialidades. O padrão ATM pode ser implementado para todos os tipos de redes, nomeadamente 6 O efeito de “cross-talk” existe quando duas linhas de dados se situam tão perto de uma da outra, que os campos eléctricos e mágnéticos de cada uma das linhas se confundem. Como é impossível saber que informação foi enviadas nas linhas adjacentes nenhum equipamento electrónico pode reconstituir o sinal que foi enviado. 25 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço LAN’s, WAN’s (Wide Areas Networks) e MAN’s (Metropolitan Area Networks), bem como B-ISDN e entre servidores a grandes distâncias. Os dois grandes pilares do ATM são a fibra óptica e a tecnologia de integração em larga escala (VLSI – Very Large Scale Integration). A fibra óptica, com a sua grande largura de banda aumenta a quantidade de bits/s que se podem enviar e devido à sua grande imunidade a erros permite introduzir mais dados úteis na linha, em detrimento de dados de detecção e correcção de erros. A tecnologia VLSI permite que os sistemas processem os protocolos de comunicação e a transmissão de dados só a nível de hardware, i. e. sem o controlo por software. O padrão ATM reúne as vantagens do sistema de comutação de circuitos e as vantagens do sistema de comutação de pacotes. Deste modo permite estabelecer ligações cujo atraso é um ponto crítico, nomeadamente conversações telefónicas, simultaneamente com ligações com débitos de dados variáveis no tempo. Os dados digitais, no ATM, são divididos em grupos de 53 bytes, designados por células. A cada célula acrescenta-se um cabeçalho com o destino, antes da transmissão. O facto de as células terem um tamanho predefinido permite o seu tratamento apenas a nível de hardware, o que torna as transmissões mais rápidas, não introduzindo atraso na comunicação. A nível físico o ATM é suportado por circuitos de comutação de elevada velocidade permitindo elevadas taxas de transmissão de células. 5.1.2.4 A trama No transporte de dados é usado uma super-trama11 composta de 69 tramas (68 transportam informação e 1 transporta o símbolo de sincronização) de período 17ms. Para o utilizador a frequência de símbolo é de 4000 baud (período de 250ìs), contudo, devido ao símbolo de sincronização inserido no final de cada super-trama a taxa de transmissão real é de 69/68*4000 baud. 26 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Figura 20 – Estrutura da trama em ADSL. O fast byte transporta bits de controlo, manutenção administração e sincronização7. Durante a inicialização da comunicação são enviados dados de controlo para estabelecimento da ligação e análise do estado do canal (atenuação e ruído). 5.1.2.5 Codificação de erros Devido às más condições da linha especialmente quando a frequência se aproxima de 1.1Mhz, são geralmente usados códigos de detecção e correcção de erros (FEC Forward Error Correction). Um dos códigos que apresenta maiores vantagens e sendo portanto usado em ADSL é o Trellis Code. O funcionamento deste método de detecção de erros consiste em permitir apenas um conjunto de transições entre estados trelling. Se a mudança de estado não for permitida significa que houve um erro na transmissão. Este código é especialmente usado em sistemas em que a largura de banda de transmissão é limitada (como é o caso de ADSL) e, embora exija um aumento do número de níveis de modulação, é bastante eficaz introduzindo um ganho de codificação significativo (ver Tabela 3). 7 Transporta os seguintes códigos: OAM (Operations, Administration and Maintenance), CRC (Cyclic Redundancy Check), EOC ou sincronização. 27 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Número de Estados Trelling 2 4 8 16 32 64 128 256 Ganho de Codificação [dB] 1.1 3.54 4.01 4.44 5.13 5.33 5.33 5.51 Tabela 3 – Ganho de codificação usando o Trellis Code. Na Figura 21 representa-se a taxa de transferência simulada com a variação da distância a que o utilizador se encontra e do ganho de codificação para um par de cobre de 24 AWG (American Wire Gauge). Figura 21 – Taxa de transmissão simulada em ADSL vs distância. É de realçar o ganho de taxa de transferência quer com um maior ganho de codificação quer com técnicas de cancelamento de eco. Note-se ainda que o uso de técnicas de FEC obriga a implementação de electrónica mais avançada e portanto encarece quer os ATU-C quer os ATU-R. 28 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço 5.1.3 Modulação em ADSL Sendo a transmissão de dados em ADSL feita sobre um meio analógico é necessário o uso de um código de canal que transforma um sinal digital num outro analógico. Esta transformação pode ser feita de duas formas: Discrete Multi-Tone (DMT) e Carrierless Amplitude-Phase (CAP). 5.1.3.1 Modulação CAP O sistema CAP baseia-se numa modulação QAM (Quadrature Amplitude Modulation), no qual a sinusóide enviada no canal, para além de poder tomar diversas amplitudes (sistema ASK (Amplitude-Shift Keying)) pode também variar de fase, tornando-se num sistema composto entre ASK e PSK (Phase-Shift Keying). Nos seguintes diagramas no plano complexo são representados quatro codificações de canal diferentes usando QAM: Figura 22 – Diagramas de codificação de linha QAM. 29 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Em sistemas ADSL o número total de níveis modulados pode variar entre 4 e 1024 conforme as condições de linha. Num sistema de modulação CAP só as bandas laterais transportam informação. A frequência de transporte é suprimida (daí o termo carrierless) e só as bandas laterais são transmitidas. 5.1.3.2 Modulação DMT Num sistema modulado por DMT a banda de frequência usada para a transmissão é dividida em 256 fatias (tons) de aproximadamente 4.3kHz, sendo usados: • 6 tons para o sistema telefónico normal • 24 tons para upstream • 222 tons para downstream (248 com cancelamento de eco). Os tons são modulados em QAM, suportando entre 2 a 15 bits de informação, tendo a variação do número de bits a ver com a atenuação da linha e o ruído. Na Figura 23 é possível verificar a variação do número de bits usados na transmissão. Figura 23 - Variação do número de bits por tom com a atenuação, ruído ou cross-talk. Note-se como no caso do ruído se tornar muito forte o sistema tem a capacidade de abandonar um canal completamente. Note-se que, sendo o ruído um sinal variável no tempo, i. é., a sua amplitude e variância não são constantes ao longo do tempo (por exemplo a temperatura pode fazer variar a atenuação do canal), o sistema necessita de ser capaz de se ajustar automaticamente. Para executar esta operação são regularmente trocados bits de controlo entre o emissor (ATU16-Central) e o receptor (ATU-Receiver). 30 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço A modulação DMT foi padronizada pela American National Standards Institute (ANSI), em 1995, e denominado por T1.413. 5.1.3.3 CAP vs DMT O sistema CAP é mais barato e o tempo de codificação é menor. Contudo, “segundo especialistas independentes, o sistema DMT é superior ao CAP em diversos aspectos. É mais flexível, apresenta maior imunidade ao ruído e é capaz de optimizar o ritmo de transmissão em incrementos mais pequenos: 32kbps em DMT contra 340kbps em CAP”[10]. De facto, uma publicação[11] da ANSI em 1994 descrevia já uma aplicação ADSL usando modulação DMT. 5.1.4 Limitações Físicas de ADSL Uma das grandes limitações da tecnologia ADSL, e talvez a mais relevante, traduz-se na distância que pode separar o modem do cliente ADSL com o respectivo DSLAM (ver Figura 24) que não pode exceder os 6km. Este valor é um máximo absoluto nos dias de hoje e admite que a qualidade das linhas telefónicas é boa, i. e., que a qualidade dos fios de cobre que sustentam a propagação das ondas é boa. No caso em que as linhas POTS não verifiquem essa condição a distância máxima pode ser drasticamente reduzida, podendo ser inferior a 1 km. Figura 24 – Atenuação do sinal com a frequência. 31 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Um dos factores que pode diminuir a atenuação dos cabos com a frequência é o diâmetro dos mesmos. Na tabela seguinte ilustram-se velocidades de transmissão possíveis em função da distância e do diâmetro do fio. Velocidade de Transferência 1.5 a 2 Mbps 1.5 a 2 Mbps 6 Mbps 6 Mbps Comprimento da Linha 6 km 5 km 4 km 3 km Diâmetro da Linha 0.5 mm 0.4 mm 0.5 mm 0.5 mm Tabela 4 – Comparativo: velocidade de transferência, comprimento da linha e diâmetro da linha. De modo a facilitar o uso desta tecnologia e diminuir a atenuação existem também cabos de baixa atenuação. O uso de loading coils (filtros passa-baixo que melhoraram a resposta dos fios nas comunicações telefónicas) são também um factor relevante pois tendem a bloquear o sinal transmitido, inviabilizando ADSL sobre estas linhas. Outro dos factores que podem influenciar a qualidade e consequentemente a velocidade da comunicação é a presença de bridged-taps. Estas traduzem-se por extensões do par de cabos em paralelo com a linha que foram deixadas abertas quando na instalação ou alteração da mesma. Podem também ocorrer problemas de ruído devido ao cross-talk entre cabos dispostos paralelamente. O cross-talk em conjunto com o ruído proveniente de outras fontes pode levar à diminuição da velocidade da transmissão (diminuindo o número de bits por tom ou interrompendo mesmo a comunicação nessa frequência8). 5.1.5 Comparativo: ADSL, ISDN e Cable Modems 5.1.5.1 ISDN – Integrated Services Digital Network A ISDN constitui mais um padrão de redes de (tele)comunicações para substituir a rede de telefónica convencional (POTS). Contrariamente ao que acontece actualmente, uma ligação ISDN não se limita ao sistema de comutação de circuitos mas, não obstante ser uma ligação ponto-a-ponto, também pode ser implementado por comutação de pacotes. Um computador com ligação ISDN e ligado a outros, quer por LAN, quer por WAN, permite a todos os computadores da rede o acesso aos serviços ISDN. 8 Ver “Aspectos técnicos de ADSL: Modulação em ADSL” 32 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço As redes ISDN têm capacidades de transferências dadas por n * 64 kbps9 com n∈[2,30]. Contudo, por questões de índole prática e financeira, só estão disponíveis no mercado dois tipos de acesso. O acesso básico, BRI10, destinado ao mercado doméstico, disponibiliza dois canais de 64kbps que podem ser utilizados independentemente (o equivalente a duas linhas) ou podem ser adicionados de modo a oferecer uma ligação com uma taxa de transferência de dados de 128 kbps. O acesso primário, PRI11, disponibiliza 30 canais, o que equivale a 1920 kbps, que se destina ao mercado empresarial. Os serviços oferecidos pela ISDN são: 1. Voz; 2. Atendedor e gravador de chamadas; 3. Fax; 4. Internet; 5. Videofone; 6. Videoconferência; 7. Televisão. Existe ainda outro tipo de acesso, o B-ISDN, em que o prefixo B determina Banda larga (em inglês Broadband), que necessita de fibra óptica como suporte físico. Este acesso permite obter velocidades de transferência até 622,08Mbps. 5.1.5.2 Cable Modems Os cabos coaxiais tradicionais permitem operar até uma frequência de aproximadamente 450MHz, limite este que é superado pelos novos cabos híbridos de fibra óptica e coaxial que permitem frequências acima dos 750MHz. Esta vantagem é explorada na construção de redes de cable modems. A taxa de transferência de dados máxima de uma rede destas pode atingir os 4500Mbps. Apesar deste valor tão elevado de bits/s um utilizador nunca atingirá estas taxas. Quer a qualidade dos 9 64kbps = 4kHz (> 3,4kHZ) . 2 (Teorema de Nyquist de Amostragem) . 8 bits (codificação PCM) Basic Rate Interface 11 Primary Rate Interface 10 33 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço modems, quer o número de utilizadores a partilhar uma rede HFC (Hibrid Fiber Coax) intervêm para a queda abrupta da referida taxa. Uma rede HFC suporta, tipicamente, 500 a 2000 utilizadores e utiliza uma codificação de canal menos potente, i.e., não permite velocidades de transferência tão elevadas. Na prática um utilizador doméstico obtém velocidades de downstream entre 500kbps e 1.5Mbps e não mais de 256kbps de upstream. A razão que sustenta a variação de velocidades de acesso, para um mesmo utilizador, prende-se com a quantidade de informação que está a ser utilizada em toda a linha que é partilhada. Se vários utilizadores não estão a utilizar uma grande banda, um outro utilizador tem acesso a uma largura de banda maior. 5.1.6 Tecnologias, prós e contras Qual destas tecnologias é a melhor? Não existe resposta para esta pergunta, contudo é possível saber qual é a tecnologia que melhor se adequa a determinadas necessidades. É esta a pergunta que deve ser formulada antes de optar por qualquer destes serviços. ADSL: • Utiliza uma infra-estrutura já existente, pelo que não existem custos acrescidos na implantação da rede; • Linha exclusiva o que permite uma elevada segurança na informação que veicula na linha; • Ligação dedicada o que evita o tempo de espera no estabelecimento da ligação, que está sempre disponível; • Apesar de utilizar as linhas telefónicas não interfere com a possibilidade de telefonar/utilizar fax em simultaneamente com a ligação à rede; • A ligação não permite uma conversação telefónica convencional; • Velocidades de downstream até 1024kbps e 256kbps de upstream; • Distância máxima entre o cliente ADSL e a central ADSL mais próxima varia entre 1 a 6 km; 34 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço ISDN: • Também se sustenta na rede telefónica já existente; • Linha exclusiva, tal como ADSL; • A ligação não é dedicada pelo que se pode obter um sinal de ocupado, e é preciso esperar pelo estabelecimento da ligação; • Pode-se optar por ter uma ligação de 128kbps ou duas de 64kbps, no acesso básico; • No acesso primário a velocidade de transferência máxima é de 1920 kbps; • Os canais podem ser utilizados por vários tipos de dados: voz, fax, Internet, videoconferência, videofone e televisão; Cable Modems: • Uma vez que não é sustentada numa rede já existente é preciso implantar uma rede nova; • Sendo a linha não exclusiva a segurança dos dados é posta em causa, tendo que existir processos para evitar a violação da privacidade dos clientes; • A ligação é dedicada, com as vantagens que daí advêm; • As velocidades de transferência de dados oscilam, tipicamente, entre os 500kbps e 1.5Mbps em downstream e em upstream não passa os 256kbps; Sendo estes valores típicos não se exclui a possibilidade de usufruir de taxas superiores a 1.5Mbps nem a possibilidade de ficar aquém dos 500kbps; As oscilações dependem do número de utilizadores a transferir dados . 35 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço 5.2 VDSL – Very-High-Data-Rate Digital Subscriber Line 5.2.1 Introdução A tecnologia VDSL (Very High Speed Digital Subscriber Line) é um enriquecimento da tecnologia ADSL. A principal diferença é que o VDSL pode oferecer maiores bitrates em distâncias mais curtas. Esta limitação torna normalmente necessário colocar novos nós mais próximos do cliente, por forma a diminuir os comprimentos das linhas que vão até aos clientes. Este novos nós necessitam de um feeder de fibra óptica. Em algumas zonas periféricas estudadas a área total de uma vila/cidade pequena é tão pequena que torna o VDSL uma possível solução, sem que seja necessário acrescentar novos nós. POTS or ISDN-BA Fibre Node VDSL Central Office Existing copper local loop Broadband TE Narrowand Broadband UNIs Broadband VDSL interface in ONU VDSL General Reference Model (ETSI) Figura 25 – Componentes mais importantes de um sistema VDSL. [5] O sistema VDSL (Very high bit-rate Digital Subscriber Line), é o topo da tecnologia DSL (Digital Subscriber Line), ou seja, é o topo da família das tecnologias que utilizam a rede de cobre da infra-estrutura telefónica e que garantem elevada capacidade de transmissão de dados. As várias tecnologias da família DSL são conhecidas normalmente por xDSL. Cada tipo de tecnologia DSL tem um conjunto de características únicas em termos de desempenho, distância máxima, frequência de transmissão e custo. Podem-se distinguir as principais: • Asymetric DSL (ADSL) - Tem velocidades de transmissão diferentes para o "upstream" e "downstream" (o que a torna indicada sobretudo para acesso à 36 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Internet) e que vão de 1 a 8 Mbps, respectivamente, numa distância máxima de 4 km; • Symetric DSL (SDSL) e High data rate DSL (HDSL) - usado para linhas de 2 Mbits; • Very high data rate DSL (VDSL) - usado para linhas de alta capacidade e serviços de faixa larga; • G.Lite - Também conhecido por "ADSL Universal". É um sistema baseado em ADSL que não necessita de filtro (splitter) nas instalações do cliente simplificando a instalação dos modems. Permite débitos binários de 385/500 kbps no sentido ascendente e 1500 kbps no sentido descendente, cobrindo distâncias que podem ir até 6 km. Tem ficado bem claro que os operadores de telefone por todo mundo têm tomado decisões no sentido de introduzir o já existente par torcido de cobre na próxima geração de acesso à rede em faixa larga. Mas, será possível a comunicação de dados sobre pares de cobre a velocidades idênticas às da comunicação sobre fibra? E será possível transportar dados de vídeo e de outros tipos usando as linhas telefónicas convencionais? O sistema VDSL tem pretensões a responder afirmativamente a estas questões. É um sistema que resulta de uma combinação única e muito eficiente dos já existentes e dos novos condutores de transmissão: cobre e fibra óptica. Ou seja, uma combinação do baixo custo com altas velocidades. É também verdade que este sistema é capaz de oferecer vídeo de uma qualidade superior à transmitida por difusão, juntamente com Internet e as habituais chamadas telefónicas de voz. Na maioria dos casos, o ADSL apenas é capaz de transmitir até 8 Mbps o que normalmente não é suficiente para transmitir serviços multimédia. Com a tecnologia VDSL estes serviços podem ser entregues a múltiplos terminais em qualquer residência ou edifício comercial 5.2.2 O aparecimento do VDSL Do ponto de vista tecnológico, VDSL (Very high bit-rate Digital Subscriber Line) pode considerar-se como sucessor do ADSL (Asymmetric Digital Subsciber Line). 37 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço 5.2.2.1 Razões dos avanços do VDSL relativamente ao ADSL O VDSL tem uma técnica que se assemelha ao ADSL, no entanto, existem diferenças fundamentais que justificam o seu aparecimento. A primeira dessas diferenças é o facto do procedimento no arranque do sistema (para inicialização dos modems em cada extremo, antes de se transmitirem dados) ser totalmente assíncrono, o que quer dizer que não existe uma escala de tempos absoluta, ou seja uma operação começa quando terminou a anterior. A segunda diferença tem a ver com o número de etapas, a seguir, na transmissão que foram reduzidas: desde o começo, todos os sinais têm um prefixo e um sufixo cíclico, eliminando assim a necessidade de uma faixa de guarda, em instante predefinido, como acontece em ADSL. A primeira etapa implica a sincronização do relógio e o alinhamento dos símbolos. Numa segunda etapa mede-se com exactidão a relação sinal/ruído e calcula-se a carga de bits de cada portadora (ver funcionamento do sistema VDSL). Outras importantes diferenças serão: • velocidade de processamento: a largura de faixa muito maior do VDSL conduz a velocidades muito maiores e por conseguinte, à necessidade de velocidades de processamento superiores; • plano de frequências: em ADSL as faixas de frequência em sentido ascendente e descendente são fixas. Para VDSL foram definidos múltiplos planos de frequência para suportar diferentes serviços; • o ADSL tem uma tecnologia de transmissão mais complexa, devido ao facto de o ADSL atingir distâncias maiores que o VDSL. ADSL implementa técnicas avançadas de transmissão e correcção de erros a longa distância para obter taxas desde 1.5 a 9 Mbps em cerca de aproximadamente 5,5 km de cabo de par torcido, o VDSL implementa as mesmas técnicas para realizar taxas de dados compreendidas entre 13 a 55 Mbps para aproximadamente 1,4 km de par torcido. Na verdade, os dois podem ser considerados um conjunto de ferramentas que entregam tantos dados quanto possível sobre uma variedade de distâncias existentes nas linhas de telefone. 38 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Figura 26 - Velocidades típicas em função do alcance 5.2.3 Topologia 5.2.3.1 Topologia FTTCab/FTTEx (Fibra até ao armário/central telefónica) Figura 27 – Topologia FTTCab/FTTEx Legenda: ONT – Terminal de rede óptica LT – Terminal de linha NT – Terminal de rede 39 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Como se pode entender da figura acima, é possível utilizar VDSL para a comunicação de dados e multivídeo em blocos de apartamentos com uma ONT (Optical Network Termination), oferecendo serviço a cada apartamento usando as linhas telefónicas existentes. É também possível o funcionamento simultâneo de VDSL e dos serviços tradicionais de faixa estreita – POTS (Plain Old Telephone Service) ou RDIS (Integrated Services Digital Networks) – sobre uma única linha telefónica. Isto requer um divisor em cada extremo da linha para separar o sinal VDSL (de maior frequência) do sinal POTS ou RDIS (de menor frequência). 5.2.4 Técnica de modulação em VDSL: QAM vs DMT Os sistemas multiportadora modulam dados sobre um grande número de portadoras de faixa estreita. Cada portadora é modulada por um ponto da constelação QAM (Modulação de Amplitude em Quadratura) durante o tempo de um símbolo da multiportadora. Para construir o símbolo completo, somam-se depois todas as portadoras. No receptor as portadoras são separadas e desmoduladas. Utilizando modulação DMT (discrete multitone), as portadoras estão igualmente espaçadas e são ortogonais. A modulação e desmodulação de um símbolo DMT pode realizar-se de forma muito eficaz no caso de se utilizar uma transformada inversa rápida de Fourier para a modulação e uma transformada rápida de Fourier para a desmodulação. A arquitectura QAM é mais simples, menos complexa e de desempenho mais robusto porque requer menos cálculos. QAM é também mais barato do que DMT. Além disso, as sofisticadas capacidades de vídeo e voz que o VDSL oferece requerem capacidades de 26 Mbps a 52 Mbps que apenas QAM pode oferecer. 5.2.5 Método de multiplexagem na tecnologia VDSL: FDD vs TDD O sistema VDSL usa o método de multiplexagem por divisão nas frequências (FDD). A multiplexagem por divisão no tempo, TDD, necessita de uma sincronização dos relógios de todos os modems. Ao passo que a multiplexagem por divisão nas frequências, FDD, não necessita de qualquer sincronização de relógio. Para além de que em FDD acrescentar ou mudar utilizadores não afecta o desempenho da linha. 40 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço 5.2.5.1 Separação de canais As novas versões de VDSL irão usar Multiplexagem por Divisão de Frequências para separar os canais de downstream, de upstream, de POTS e de RDIS. Na prática, o canal de downstream será localizado acima do canal de upstream. Figura 28 – Separação dos canais de downstream, upstream, POTS e RDIS 5.2.5.2 O Espectro VDSL Assim como outras tecnologias de DSL, VDSL usa a frequência alta disponível para cobre. O espectro VDSL é específico de 200 kHz a 30 MHz. A actual localização espectral varia dependendo das taxas na linha, estando ou não a serem usadas as taxas simétricas ou assimétricas. Figura 29 – Bandas POTS/RDIS, VDSL (upstream, downstream) em função da densidade espectral de potência. 5.2.6 Potência de Transmissão A máxima potência que os sistemas VDSL podem injectar na linha, em qualquer dos seus extremos, é de 11,5 dBm (14,13 mW). 41 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço 5.2.7 Condições de Funcionamento O sistema VDSL está desenhado para trabalhar em ambientes ruidosos e hostis. É capaz de fazer frente a interferências procedentes de emissores de rádio e das comunicações dos rádio amadores. No entanto, devem tomar-se precauções para limitar as emissões não desejadas de um sistema VDSL nas faixas de rádio sensíveis. Para tal, poderá ser necessário diminuir a densidade espectral de potência. 5.2.8 Serviços de VDSL A tecnologia VDSL oferece uma variedade de serviços simultâneos nunca antes possível, dando oportunidade aos fornecedores de serviços de fornecerem uma nova multimédia de serviços. Serviço completo (uma rede) Vídeo Telemedicina HDTV Intranet e telecomunicações Multimédia verdadeira Digital broadcast TV Vídeo interactivo Comércio electrónico Jogos de computador Alta velocidade de acesso à Internet Aprendizagem à distância Vídeoconferência Publicidade electrónica Karaoke Tabela 5 – Serviços de VDSL. Aplicações Acesso à Internet Web Vídeoconferência Vídeo ao vivo Vídeo interactivo Telemedecina Aprendizagem à distância TV digital Telecomunicações TV de alta definição downstream 400kbps-1.5Mbps 400kbps-1.5Mbps 384kbps-1.5Mbps 6.0Mbps-18.0Mbps 1.5Mbps-6.0Mbps 6.0Mbps 384kbps-1.5Mbps 6.0Mbps-24.0Mbps 1.5Mbps-3.0Mbps 16Mbps upstream 128kbps-640kbps 400kbps-1.5Mbps 384kbps-1.5Mbps 64kbps-128kbps 128kbps-1.5Mbps 384kbps-1.5Mbps 384kbps-1.5Mbps 64kbps-640kbps 1.5Mbps-3.0Mbps 64kbps Tabela 6 – Potencialidades do VDSL. O próximo gráfico mostra a previsão de crescimento do DSL no mercado. 42 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Figura 30 – Crescimento do VDSL e do ADSL no mercado britânico nos últimos 3 anos e o crescimento esperado para os próximos dois anos em termos de linha instalada. 5.3 LMDS 5.3.1 Definição Local Multipoint Distribution System (LMDS) é uma tecnologia de banda larga sem fios usada para serviços de voz, dados, internet e vídeo no espectro dos 25GHz e acima (depende da licença). 5.3.2 Introdução Como resultado das características da propagação dos sinais nesta gama de frequências o LMDS usa uma arquitectura tipo rede celular, embora os serviços fornecidos sejam fixos e não móveis. Nos Estados Unidos, foram reservados 1.3MHz de largura de banda para o LMDS, com o objectivo de fornecer serviços de banda larga em configurações ponto-a-ponto e ponto-a-multiponto para o mercado de clientes residenciais e empresariais (27.5 – 28.35GHz, 29.1 – 29.25GHz, 31.075 – 31.225GHz, 31 – 31.075GHz, e 31.225 – 31.3GHz). Este seguida detalha-se a tecnologia que está inerente ao fornecimento de serviços de voz, dados, internet e vídeo sobre o LMDS através da integração com o meio cablado. O LMDS é um sistema de comunicação sem fios de banda larga ponto-a-multiponto que opera acima dos 20GHz (dependente da licença de cada país), que pode ser usado para prover serviços digitais bidireccionais de voz, dados, internet e vídeo(ver Figura 31). 43 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Figura 31 – Sistema LMDS[14]. O acrónimo LMDS deriva do seguinte: • L(local) – denota que as características de propagação dos sinais nesta gama de frequências limita a potencial área de cobertura da célula; espera-se que em zonas densamente povoadas, um transmissor LMDS atinja até aproximadamente 5 a 6Km. • M(multipoint) – indica que os sinais são transmitidos em configurações ponto-amultiponto ou pelo método broadcast; o caminho de retorno sem fios, desde o assinante até à estação base, é uma transmissão ponto-a-ponto. • D(distribution) – refere-se à distribuição dos sinais, que podem consistir simultaneamente em tráfego de voz, dados, internet e vídeo. • S(service) – está implícita a natureza da relação de assinatura entre o operador e o cliente; os serviços oferecidos sobre uma rede LMDS depende inteiramente da escolha de negócio do operador. 5.3.2.1 Porquê o LMDS? Redes fixas sem fios com configurações ponto-a-ponto tem sido desenvolvidas para oferecer ligações dedicadas de alta velocidade entre nós altamente densos numa rede. Os avanços mais recentes na tecnologia ponto-a-multiponto oferecem aos provedores de serviços (ISP – Internet Service Provider) um método de fornecer um acesso local de grande capacidade mais económico, de mais rápido desenvolvimento e apto para oferecer uma variada combinação de serviços do que uma solução com 44 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço fios. O LMDS oferece um solução efectiva para o last-mile em que os provedores podem oferecer os serviços directamente aos utilizadores finais. Os benefícios do LMDS podem ser sumariados da seguinte forma: • baixos custos no início e no seu desenvolvimento; • fácil e de rápido desenvolvimento (os sistemas podem ser facilmente desenvolvidos com um incomodo muito reduzido para a comunidade e ambiente); • rápida realização de revenues; • os custos passam dos componentes fixos para os móveis ( com o sistema tradicional de fios, a maioria do investimento é para a infraestrutura, enquanto que, com o LMDS, a maior percentagem do investimento é no CPE (Customer Premises Equipment), o que significa que o operador só despende dinheiro quando há uma subscrição dum cliente); 5.3.2.2 Arquitectura da Rede Várias arquitecturas de rede são possíveis no design do sistema LMDS. A maioria dos sistemas dos operadores usarão acesso sem fios ponto-a-multiponto, embora sistemas ponto-a-ponto e distribuição de TV possam ser também oferecidos com o LMDS. É esperado que os serviços de LMDS sejam uma combinação de voz, dados e vídeo. Em consequência, as metodologias de transporte ATM (Asynchronous Transfer Mode) como o IP (Internet Protocol) são practicáveis quando vistas dentro de um grande sistema de infraestruturas de telecomunicações de uma nação. A arquitectura da rede LMDS consiste em quatro partes primárias: centro de operações da rede (NOC – Network Operation Center), infraestrutura baseada em fibra, estação base e o equipamento do cliente (CPE – Customer Premises Equipment). 5.3.2.3 Segmentos do Sistema de Equipamentos O NOC contém o sistema de gestão da rede (NMS – Network Management System) que faz a gestão de grandes regiões da rede de clientes, múltiplos NOCs podem ser interligados. Em sistemas de comutação ATM e IP, e em interconexões com a Internet e o PSTNs (Public Switched Telephone Networks). A infraestrutura de fibra, 45 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço tipicamente, consiste no SONET (Synchronous Optical Network) OC (optical carrier) e no equipamento da estação central (CO – Central Office). É na estação base onde a conversão da infraestrutura da fibra para a infraestrutura wireless ocorre. O equipamento da estação base inclui o interface para a terminação da fibra; funções de modulação e desmodulação e equipamento de microondas para recepção e transmissão, tipicamente colocado em cima de um telhado ou num poste. A funcionalidade “chave” que pode não estar presente em algumas implementações é a comutação local, se a comutação local estiver presente, clientes conectados a uma estação base podem comunicar a um outro sem entrarem na infraestrutura de fibra. Esta função implica que a gestão do canal de acesso, registo e autenticação ocorra localmente na estação base. Uma alternativa para a arquitectura da estação base, é a que simplesmente oferece conexão à infraestrutura de fibra, forçando que todo o tráfego seja terminado nos comutadores ATM ou no equipamento do CO algures na infraestrutura da fibra. Neste cenário, se dois clientes estiverem ligados à mesma estação base e quiserem comunicar entre si, eles fazem-no mas de uma maneira centralizada. As funções de autenticação, registo e gestão de tráfego são feitas centralmente. Quanto ao equipamento dos clientes, as configurações variam de fabricante para fabricante. Primariamente, todas as configurações incluirão um equipamento de microondas para ser montado no exterior e um equipamento digital interior que se encarregam da modulação, desmodulação, controle e da funcionalidade do interface do equipamento do cliente. O CPE deve-se ligar à rede usando metodologias de TDMA (Time Division Multiple Access), FDMA (Frequency Division Multiple Access) ou CDMA (Code Division Multiple Access). O interface do CPE irá funcionar na total gama do sinal digital, POTS (Plain Old Telephone Service), 10BaseT, frame relay, ATM25.... A localização do CPE vai variar desde grandes entidades (hospitais, universidades...), onde os equipamentos de microondas serão partilhados por vários utilizadores, até localizações residenciais, onde cada um irá requerer uma ligação10BaseT e/ou duas linhas POTS. Obviamente, diferentes localizações de CPEs vão necessitar de diferentes configurações de equipamentos. 5.3.2.4 Normalização Á medida que uma rede de acesso LMDS se desenvolve a normalização torna-se cada vez mais importante. As actividades de normalização, em desenvolvimento, 46 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço estão a cargo de entidades como ATM Forum, a Digital Audio Video Council (DAVIC), o European Telecommunications Standards Institute (ETSI) e a International Telecommunication Union (ITU). A maioria destas entidades utilizam células ATM como mecanismo primário de transporte. 5.3.3 Opções de Arquitectura Os operadores dos sistemas LMDS oferecem diferentes serviços, tem diferentes parceiros financeiros e estratégias de negócios. Como resultado, a arquitectura usado será diferente entre os vários operadores. A arquitectura tipo, mais comum, usa equipamento na estação base co-sited. O equipamento digital indoor conecta à infraestrutura da rede, e o equipamento outdoor de microondas montado no cimo do telhado está no mesmo local (ver Figura 32). Tipicamente, a rádio frequência (RF) planeada para estas redes usa múltiplos sistemas de microondas sectorizadas, em que cada sector das antenas de recepção e transmissão abrange cerca de 90, 45, 30, 22.5 ou 15 graus da largura do feixe. A cobertura circular ideal, à volta da célula do site, está dividida em 4, 8, 12, 16 ou 24 sectores. Figura 32 – Estação base co-sited.[14] Arquitecturas alternativas incluem a ligação da unidade estação base indoor até múltiplos sistemas remotos de transmissão e recepção de microondas com a interconexão através de fibra entre a IDU (indoor data unit) e a ODU (outdoor data unit). Esta abordagem consolida o equipamento digital, aumentando a redundância, reduzindo os custos de serviços, e aumentando a partilha de recursos digitais por uma grande área. As dificuldades são, tipicamente, a carência de recursos de fibra e de equipamento de microondas para transmissão e recepção. Usando um equipamento remoto de microondas pode haver uma redução na necessidade de sectorização em cada lugar remoto. 47 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Figura 33 – Arquitectura Analog Fiber. [14] 5.3.4 Ligações Wireless e Opções de Acesso Os sistemas wireless são construídos à volta de três metodologias de acesso: TDMA, FDMA e CDMA. Estas três metodologias de acesso dizem respeito à conexão do CPE para a estação base, referente ao upstream. Actualmente, a maior parte do operadores e standards apontam para o uso do TDMA e do FDMA. No downstream, desde da estação base para o CPE, a maioria das empresas utilizam TDM (Time Division Multiplexed) tanto para um site de um utilizador especifico (conectividade ponto-a-ponto) ou para múltiplos sites de utilizadores (conectividade ponto-a-multiponto). A Figura 34 ilustra um cenário FDMA no qual múltiplos sites de clientes partilham a mesma ligação downstream. São usadas alocações de frequências separadas provenientes site do cliente para a estação base. Figura 34 – Acesso FDMA. [14] A figura 5 ilustra um cenário em que múltiplos sites de clientes partilham o mesmo canal de downstream e de upstream. Figura 35 – Acesso TDMA. [14] 48 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Com FDMA e TDMA, tanto no downstream como no upstream há um número de factores que podem afectar a sua eficiência e uso. Nas ligações FDMA é alocada uma largura de banda no CPE que tanto pode ser constante como variar lentamente ao longo do tempo. Para as ligações TDMA, a largura de banda alocada no CPE responde aos bursts de dados do site do cliente. Estes dois métodos de acesso irão certamente ser os mais utilizados nos próximos anos. A escolha entre estes dois métodos está directamente relacionada com o operador, nomeadamente com o seu caso de negócio, estratégia de serviço e o alvo do mercado. Como é que um operador decide quando utilizar o TDMA ou o FDMA? Primeiro, é necessário calcular o pico e a média esperada da taxa de dados do tráfego de todos os potenciais ou estimados clientes. Em segundo, é importante determinar que tráfego deve ser multiplexado e o tráfego que deve ser formatado de forma a por de parte o tráfego burstiness. Se o tráfego burstiness for suficientemente suave, os requisitos do tráfego upstream podem ser tratados usando o FDMA. Alternativamente, se o tráfego burstiness persistir dentro do tráfego, o TDMA será a melhor escolha. Há ainda outras questões a ter em conta para a escolha entre o TDMA e o FDMA, tais como a eficiência do MAC (Medium Access Control) sem fios, a eficiência do multiplexer do cliente, a eficiência da estrutura do canal, a máxima taxa de transferência de dados durante as horas de pico, a partilha do equipamento da estação base durante as horas em que os serviços não utilizam os recursos, nível de bloqueio paras as ligações de acesso sem fios, as misturas de tráfego assimétrico e simétrico, e as distâncias de ligação que podem ser suportadas pelos vários métodos de acesso. Estes pontos são discutidos na Tabela 7. 49 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Característica Eficiência do burstiness MAC sem fios Mistura do equipamento dos clientes Eficiência do canal Máxima taxa de transferência TDMA Permite resposta burst e não requer slots se não for necessário A eficiência do MAC varia desde 65 a 90% por cento ou superior dependendo das características de burstiness dos utilizadores Tanto o FDMA como o TDMA permitem que o tráfego de alta prioridade seja enviado primeiro É estimada a 88% Permite o bursting à máxima taxa do canal, baseado em algoritmos de fairness para o MAC sem fios e do multiplexer equipamento dos clientes FDMA A ligação está sempre ligada, estando os utilizadores a enviar dados ou não A eficiência está estimada para 100% no MAC Tanto o FDMA como o TDMA multiplexam os vários fluxos através do mesmo pipe sem fios A eficiência é de 100% O FDMA têm um pipe constante, com o bursting a ocorrer baseado em algoritmos de fairness dentro do multiplexer equipamento dos clientes Tabela 7 – Características dos sistemas TDMA e FDMA. [14] 5.3.5 Modulação Os métodos de modulação para o LMDS são geralmente separados em duas abordagens, PSK (Phase Shift Keying) e AM (Amplitude Modulation). As opções de modulação para os métodos de acesso TDMA e FDMA são quase as mesmas. Os métodos de modulação do TDMA tipicamente não inclui a 64-QAM (64-Quadrature Amplitude Modulation), embora possa vir a estar disponível no futuro. Os métodos de modulação do acesso FDMA estão listadas na Tabela 8 e estão taxadas numa escala estimada como a quantidade de largura de banda que requer uma ligação de 2Mbps CBR (Constant Bit Rate). Os valores são aproximados: Nome BPSK QPSK DQPSK 8PSK 4-QAM 16-QAM 64-QAM Método de Modulação Binary Phase Shift Keying Quaternary Phase Shift Keying Differential QPSK Octal Phase Shift Keying Quadrature Amplitude Modulation, 4 estados Quadrature Amplitude Modulation, 16 estados Quadrature Amplitude Modulation, 64 estados MHz para uma ligação de 2Mbps CBR 2.8 MHz 1.4MHz 1.4MHz 0.8MHz 1.4MHz 06MHz 0.4MHz Tabela 8 – Métodos de Modulação do acesso FDMA. [14] 5.3.6 Capacidade do Sistema A capacidade para um sistema LMDS, pode ser medida em função da taxa de transferência de dados e número máximo de sites com os equipamentos de clientes. 50 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço 5.3.6.1 Capacidade da Taxa de Transferência de Dados – Acesso FDMA Para o cálculo das taxas de transferências de dados, a capacidade de um sistema LMDS é igual ao número de células no sistema multiplicados pela capacidade de cada célula. A capacidade da célula é igual ao número de sectores dentro da célula multiplicada pela capacidade do sistema. Para podermos assumir alguns exemplos, assumiremos os valores para a eficiência espectral apresentados na Tabela 9. A eficiência espectral é medida em bits por segundo por Hertz (b/s/Hz). Modulação 4-QAM 16-QAM 64-QAM Eficiência Espectral 1.5 b/s/Hz 3.5 b/s/Hz 5 b/s/Hz Tabela 9 – Eficiências espectrais. [14] Usando estas eficiências espectrais, e assumindo 1000MHz de espectro disponível com uma frequência de 2, o LMDS proporciona 500MHz de espectro disponível por sector. Assumindo ligações simétricas de upstream e de downstream, há 250MHz em cada direcção por sector. As capacidades dos sectores são apresentadas de seguida: Exemplo 1 Se cada site de equipamento do cliente usar ligações FDMA de 5MHz e modulação 4QAM, isto proporciona 5*1.5=7.5Mbps por cada site de cliente. Existem 250/5=50 destas ligações, proporcionando um total de 375Mbps upstream e downstream. Exemplo 2 Se cada site de equipamento do cliente usar ligações FDMA de 5MHz e modulação 16-QAM, isto proporciona 5*3.5=17.5Mbps por cada site de cliente. Existem 250/5=50 destas ligações, proporcionando um total de 875Mbps upstream e downstream. Exemplo 3 Se cada site de equipamento do cliente usar ligações FDMA de 5MHz e modulação 64-QAM, isto proporciona 5*5=25Mbps por cada site de cliente. Existem 250/5=50 destas ligações, proporcionando um total de 1250Mbps upstream e downstream. 51 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço 5.3.6.2 Número máximo de sites de equipamentos do cliente – Acesso FDMA Nos cálculos anteriores foi assumido que a largura de banda do canal do FDMA era 5MHz. Usando esta suposição para calcular o número total de utilizadores, então há 250MHz/5MHz=50 sites de cliente por sector. O número de sectores dita o número total de sites de cliente por célula. O site do cliente pode ser um edifício grande com muitos escritórios, todos conectados à estação base através do mesmo canal de 5MHz. 5.3.6.3 Capacidade da taxa de transferência de dados – Acesso TDMA Os sistemas TDMA tem uma redução da taxa de transferência em relação aos sistemas FDMA, na ordem de 80%. O sistema TDMA não usa a modulação 64-QAM, e como resultado, as taxas de transferência de dados muito densas atingidas nos sistemas FDMA não estão disponíveis. Contudo, a modulação 64-QAM é útil em ligações curtas como resultado do aumento dos níveis do sinal que esta operação requer. Então, o acesso FDMA 64-QAM é apenas útil quando os clientes de taxas de transferência muito densas estão próximos do site da estação base. 5.3.6.4 Número máximo dos sites de equipamento do cliente Os sistemas TDMA são a melhor escolha quando muitos utilizadores de baixa taxa de transferência têm de ser servidos. Por exemplo, é assumido que uma largura de banda de 250MHz no upstream está disponível no LMDS e que os canais de 5MHz TDMA são utilizados. Cada canal de 5MHz TDMA pode suportar aproximadamente 80 DS-o ligações, simultaneamente. O número total de utilizadores DS-o (Digital Signal, level o) simultâneos no TDMA por sector é 80 DSos por canal vezes (250/5)=4000. O número total de utilizadores DS-o simultâneos sobre uma célula depende do número de sectores. Se os valores duma de concentração típica sobre todo o sector e célula são assumidos para estar no intervalo 5:1, este sistema TDMA permite um total de 20000 DS-o ligações por sector, dentro das probabilidades do nível de bloqueio consistente com o projecto do sistema de telecomunicações. Como no caso anterior do exemplo do FDMA para a taxa de transferência de dados, 20000 linhas DS-o por sector é excessivo, no que diz respeito à área coberta pelo LMDS. Se forem utilizados 10 sectores, isto implicará que podem ser utilizadas 52 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço 200000 linhas DS-o. As distâncias típicas para a cobertura do sistema LMDS ficam no intervalo de 3 a 5Km, logo 200000 linhas tornam-se excessivas. Baseado neste números, é importante olhar para o efeito combinado dos métodos de acesso TDMA e FDMA, de forma a satisfazer os requisitos da taxa de transferência de dados e do site do cliente. 5.3.7 Propagação de Microondas Uma área de contínua investigação para os sistemas LMDS está relacionada com o comportamento da propagação de microondas. Os sistemas LMDS a 28GHz são muito susceptíveis aos efeitos da chuva, causando uma redução no nível do sinal. O CCIR (Comite Consultatif International des Radiocommunications) tem procedimentos de estimativas para a atenuação causada pela chuva, contudo, há pouca informação e experiência em sistemas ponto-a-multiponto de pequenas células. A queda de chuva causa a despolarização dos sinais, provocando uma diminuição no nível do sinal e também uma diminuição da isolação da interferência entre sectores adjacentes e sites de células adjacentes. O primeiro problema que se põe na propagação das bandas de frequências mais baixas é o desvanecimento do multipercurso. Nas frequências do LMDS, é que o desvanecimento do multipercurso não é um factor muito importante. Primeiro, as frequências do LMDS são muito mais dependentes da linha de vista (LOS – Line Of Sigth), o que significa que a difracção e a refracção não ocorrem muito nas frequências mais baixas. Em segundo, o serviço de comunicações celulares e pessoais tem tipicamente localizações do equipamento do cliente a aproximadamente 7,5m do chão, e os sistemas LMDS tem as antenas dos clientes localizadas no topo dos telhados. O tamanho da antena do cliente desempenha um papel importante na redução dos efeitos multipercurso. Em terceiro, as antenas LMDS são altamente direccionadas (apontadas para um site de célula), e o uso de antenas direccionadas reduz os efeitos multipercurso. Em quarto, as antenas no serviço de comunicações celulares e pessoais podem estar em movimento enquanto que no LMDS estão fixas no topo do telhado e uma vez que a antena é fixa, pode-se escolher a melhor localização, aumentando assim o seu desempenho. 53 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Considerando estes factores, a distância de cobertura variará, dependendo das quedas de chuva nessa região particular. A zona, onde se vai colocar uma antena, deve ser bem estudada, de forma a determinar-se a percentagem de edifícios que podem ser cobertas por um sector de uma determinada antena. É interessante ainda considerar o número aproximado do tamanho das células que um sistema LMDS pode suportar. Este número aumentará à medida que a tecnologia dos amplificadores de potência de microondas avança. O tamanho das células é altamente afectado pelo meio de propagação. Factores como folhagem, quedas de chuva, o tamanho da antena de transmissão e o tamanho da antena do cliente, são factores primários que devem ser considerados. Quando o planeamento da área de cobertura da antena está feito, é necessário contabilizar o número de obstruções locais do terreno e os detalhes da topologia que podem afectar a distância que a antena pode suportar. A verdade é mantida pelas seguintes máximas: • À medida que a disponibilidade requerida da ligação aumenta, a distância diminui. Por exemplo, se um sistema de um operador esta a oferecer um serviço que requer uma disponibilidade de 99,9%, a distância da ligação pode ir até aos 14Km. Os clientes, a uma distância de 14Km do site da célula (antena), não irão receber o serviço cerca de 8 horas por ano e os clientes mais próximos da antena irão ter disponibilidade, o que é melhor. Contudo, se o sistema do operador pretender prover serviços com uma percentagem de 99,99%, a distância de cobertura da célula deve ser reduzida para 5Km. Se o sistema do operador quer prover uma percentagem de 99,999% a distância de cobertura da célula será reduzida para 1,5Km. Estes números são aproximados e dependem dos detalhes específicos de cada vendedor. • A escolha da modulação também afecta a distância. Por exemplo, as distâncias com o QPSK e 4-QAM poderão ser de 10Km, com o 16-QAM pode ser de 5Km e com 64-QAM pode ser de 2,5Km. • A distância de cobertura também depende da chuva na região. Por exemplo, um sistema LMDS em Miami e Nova Orleães poderão suportar uma distância de 3Km com uma percentagem de 99,99%. O mesmo sistema LMDS em Denver poderá suportar uma distância de 5Km ou mais. 54 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço 5.3.8 Planeamento da Rede 5.3.8.1 Projecto da Célula Quando se planeiam os sites de células para uma rede LMDS, é importante ter em consideração os seguintes atributos: • Penetração do assinante – o desempenho do sistema de distribuição é medido pela penetração do assinante – é a percentagem de assinantes com um nível de sinal suficiente para adquirir uma qualidade de serviço excelente; • Qualidade de Serviço (QdS) – a QdS pode ser afectada por vários factores, como a obstrução no caminho da transmissão, a sobreposição de células (o normal é de cerca de 15%) e a redundância do sistema; • Link Budget – o link budget é usado para estimar a máxima distância a que um assinante pode estar do site da célula, para poder continuar a obter serviços com fiabilidade. O orçamento da ligação analisa vários parâmetros da rede, incluindo rácios como portadora-ruído (CNR – Carrier-to-Noise Ratio) e a relação sinal-ruído (C/I). Em alguns casos, o equipamento de microondas é canalizado para suportar uma única portadora. Outros sistemas oferecem capacidade de banda larga em multicanais, nos quais, múltiplas portadoras podem ser suportadas através de um único transmissor; • Selecção do tamanho da célula – o tamanho máximo da célula para o serviço da área está relacionada com a capacidade do nível desejado do link budget. O tamanho da célula pode variar na área da cobertura devido ao tipo da antena, ao seu tamanho e à sua perda de sinal. Estes efeitos, geralmente estão relacionados com o tipo de serviço da área de cobertura seja urbana, suburbana ou rural. A selecção do tamanho da célula afecta o custo do capital total para a área de cobertura; • Custo do modelo – o custo do modelo é usado para estimar o custo dos requisitos da rede. O modelo requerido inclui uma série de considerações como o link budget, o tamanho da célula, o número de células, a capacidade do tráfego, o número de sectores, o custo por célula e o custo total. 55 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço 5.3.8.2 Optimização da Reutilização de Frequências As seguintes técnicas são usadas para optimizar a reutilização de frequências nas redes LMDS: • minimização do multipercurso e da polarização cruzada, usando antenas altamente direccionadas e posicionando-as o mais alto possível; • maximização da directividade das antenas, com a sectorizando do sistema de distribuição. O equipamento de microondas do site da célula é geralmente configurado com múltiplos sectores, antenas, transmissores e receptores; • maximização da isolação entre os sectores adjacentes através da polarização. A polarização horizontal e vertical pode ser empregue através do sistema num padrão alternativo entre sectores, como ilustrado na Figura 36. Sendo a polarização vertical e horizontal também reutilizada em todo o sistema. Figura 36 – Reutilização da polarização horizontal e vertical. [14] 5.3.9 Equipamento do Nó da Rede O equipamento do nó da rede (NNE – Network-Node Equipment) está encarregue do processamento, multiplexagem, desmultiplexagem, compressão, detecção de erros, codificação, descodificação, encaminhamento, modulação e desmodulação. O NNE ainda pode providenciar comutação ATM. 56 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Figura 37 – Arquitectura do Nó da Rede. [14] As seguintes funções podem ser desempenhadas no nó da rede: • Compressão Digital do Sinal – a conversão dos sinais da televisão analógica pode ser altamente comprimida em sinais digitais para a distribuição do sistema de microondas. (o ATM está a emergir como o standard para a entrega dos serviços de voz, dados, internet e vídeo sobre LMDS); • Protocolos de Interface de Wireline/Wireless – depende do serviço que o operador oferece. O NNE pode ser configurado para estender video, IP e serviços de voz sobre a largura de banda do LMDS; • Modulação e Desmodulação – os sinais de voz, video e dados dos sistemas multiplexadores são modulados antes da transmissão wireless ocorrer. Similarmente, o tráfego do receptor de microondas é desmodulado antes da transmissão wireline. o Modulação – um modulador digital aceita um fluxo digital e provê uma frequência intermédia de sinal 4-QAM, 16-QAM ou 64-QAM para entregar por cima da largura de banda do LMDS. o Desmodulação – um desmodulador QAM contém dois canais separados desmoduladores endereçáveis, cada um capaz de aceitar sinais 4-QAM, 16-QAM, 64-QAM a taxas de símbolos entre 1Mbps e 10Mbps. Os sistemas TDMA podem usar modulação DQPSK. 57 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço 5.3.10 Equipamento de Rádio Frequência 5.3.10.1 Nó da Rede O equipamento RF do nó da rede LMDS inclui transmissores e receptores como as antenas que eles sustentam. Se há uma portadora por transmissor, o sistema diz-se ser canalizado. Se há múltiplas portadoras por transmissor, o sistema diz-se ser de banda larga. 5.3.10.2 Transmissores Os sinais, individualmente modulados, são combinados e aplicados ao transmissor de banda larga. Dentro do transmissor, os sinais VHF (Very High Frequency) são convertidos para as frequências de portadoras desejadas, amplificados e aplicados à antena para transmissão. Transmissores separados, receptores e antenas podem ser usados em cada direcção para minimizar os efeitos de crosstalk nas imediações da extremidade entre os sinais recebidos e transmitidos. 5.3.10.3 Receptores Um receptor separado de banda larga recebe toda a banda inteira à frequência da portadora e converte os sinais para a banda VHF. Os sinais VHF são então aplicados em cabos coaxiais ou fibra para a distribuição até ao NNE. 5.3.10.4 Transceivers Uma função combinada de transmissor e receptor pode ser disponibilizada num só transceiver de banda larga. 5.3.10.5 Sistemas de Antenas As antenas são escolhidas com base na cobertura desejada de potenciais assinantes, tendo em consideração a topologia do terreno, objectos de interferência, directividade da antena, elevação e ganho da mesma. 5.3.10.6 • Site do Equipamento do Cliente Transceiver – para aplicações de redes de dados bidireccionais, um transceiver é usado para fornecer um caminho de retorno para os serviços 58 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço LMDS. A antena pode ser uma parte integrante do transceiver. O transceiver pode ser de banda larga ou canalizado. • Antena do Cliente – as escolhas disponíveis de tecnologias típicas incluem microstrip, reflectores parabólicos e parabólicos com grelhas. A selecção é uma escolha de engenharia baseada na localização do cliente. Os vendedores terão vários níveis de integração com as tecnologias de antenas especificas. 5.3.11 Equipamento de Interface com a Rede (do lado do cliente) No site do equipamento do cliente, a unidade de interface da rede (NIU – Network Interface Unit) disponibiliza o portal entre a componente RF e as aplicações dentro dos edifícios. As NIUs são geridas por sistemas de gestão da rede localizadas no centro de controlo da rede (NCC – Network Control Center). Estes NIUs estão disponíveis de uma forma adaptável ou não adaptável, dependendo dos requisitos do cliente. Figura 38 - Implementação de uma rede NIU. [14] 5.3.11.1 Adaptabilidade Completa / NIU Configurável A adaptabilidade do NIU é flexível e totalmente configurável. A sua localização encontra-se no site do assinante e suporta comunicações de voz, dados e video em dois sentidos para o uso comercial e empresarial. A NIU pode ser configurado com voz analógica 10BaseT, comunicações de fibra estruturadas e não estruturadas T1/E1, T3/E3, OC-1, OC-3/STS-3, ATM25.6, e comunicações vídeo, numa única infraestrutura. Como parte da rede wireless de banda larga, a NIU comunica com o equipamento da estação base através dum transceiver bidireccional que constitui uma parte da solução da rede ponto-a-multiponto. Esta solução permite aos operadores da rede disseminar os seus serviços instantaneamente, sem a necessidade de instalar a infraestrutura 59 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço wireline, desse modo, abrangendo um rápido crescimento do mercado de telecomunicações. Os blocos básicos de construção da NIU consistem nos seguintes componentes: • um modem rádio que suporte 4, 16 e 64-QAM utilizando os métodos de acesso FDMA ou TDMA; • um processador de dados que suporte vários serviços tipo T1/E1, 10BaseT e ATM25.6 através de um processador ATM SARing; • uma infraestrutura interface (controlador que fornece recursos de processamento); • 5.3.11.2 uma fonte de alimentação. NIU não adaptável Um NIU não adaptável é um equipamento isolado. Os serviços podem incluir T1/E1, T3/E3, 10BaseT, vídeo, POTS, frame relay, ATM25.6 e ISDN estruturados e não estruturados. Usando esta unidade de interface os assinantes podem disseminar várias aplicações multimédia de um sentido ou dois sentidos de voz, vídeo, Internet numa infraestrutura usando o espectro de uma única portadora de frequência. Esta NIU não adaptável comunica com a estação base através de um transceiver de dois sentidos que consiste nos seguintes componentes: • um modem com largura de banda variável (que suporta 4, 16 e 64-QAM, e TDMA ou FDMA dependendo do tipo de serviço que a NIU providencia); • uma unidade de processamento ATM de segmentação e re-assemblagem (SAR – Segmentation-and-reassembly), do tipo do processador ATM SARing dependendo do tipo de serviços que a NIU providencia; • o interface do equipamento do assinante. O conjunto de serviços e os interfaces proporcionados pela NIU não podem ser configurados pelo utilizador, logo, diminui o preço do seu custo no mercado. Vários vendedores têm diferentes produtos de NIU e respectivas estratégias. 60 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço 5.3.12 Gestão da Rede A gestão da rede LMDS é projectada de forma a ir ao encontro dos objectivos empresariais da rede do operador, proporcionando uma confiabilidade alta na gestão dos serviços da rede. A gestão da rede requer o seguinte: 5.3.12.1 Gestão de Avarias É necessário identificar, localizar e corrigir os erros ou avarias na rede. Cada dispositivo dentro da rede wireless deve ser monitorizado por causa das avarias ou do seu desempenho. Todos os dispositivos LMDS recolhem informações e fazem relatórios estatísticos que dizem respeito ao throughput do tráfego, violação das condições fronteira e actividades de gestão. 5.3.12.2 Gestão da Configuração É necessário por forma a garantir, inventariar, inicializar e fazer cópias de segurança dos recursos da rede. 5.3.12.3 Gestão de Contas de Clientes É necessário reunir e processar a informação de taxação. Cada nó que pode ser gerido numa porção wireless da rede deverá manter uma lista de estatísticas, que poderá ser acedida por um sistema de taxação como input. Os utilizadores devem ser identificados numa plataforma de utilizadores por rede. 5.3.12.4 Gestão do Desempenho É necessário para reunir, filtrar e analisar as estatísticas dos recursos da rede. Há um número de parâmetros que devem ser monitorizados e configurados em cada nó da rede, desde o throughput do tráfego até ao nível de potência da saída. A estação de gestão deve monitorizar estes parâmetros e ajustá-los de modo a optimizar o seu desempenho. 5.3.12.5 Gestão de Segurança Toda a informação transmitida através do ambiente wireless deve ser codificada e descodificada entre cada nó da rede. A função de gestão de segurança deverá 61 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço automaticamente gerar e coordenar as chaves utilizadas para a codificação e descodificação, bem como autenticar os utilizadores. 6 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA 6.1 Inputs do modelo As quatro áreas seleccionadas, para aplicar o modelo geométrico acima referido são: Alentejo, Douro, Bairrada e Minho. Os principais parâmetros de entrada estão sumariados na Tabela 10. Áreas Rurais Comentários Alentejo Douro Bairrada Minho Densidade residencial por nó 3750 1240 1050 125 Distância entre nós (D) 10,50 4,40 3,00 0 Em Km Área do nó (L2) 0,35 0,40 0,90 64 Em Km2 8000 Em residências por Km2 Número de residências no nó 1313 496 945 Comprimento do cabo BAP_LAP 40 15 10 10 Em Km Comprimento da meia diagonal (d’) 0,30 0,32 0,47 5,66 Em Km Tabela 10 - Parâmetros de Caracterização das Regiões 6.2 Avaliação tecno-económica Numa primeira análise, os valores das tarifas correspondentes às médias Europeias serão consideradas. Contudo, deve ser realçado que estas tarifas são irrealísticas se comparadas com o DIT1 nas regiões em estudo. Mais tarde será considerada uma abordagem mais realística em que o DIT1 irá ser tomado em conta. 6.2.1 Pressupostos • A duração do projecto é de 8 anos (2002-2009); • Os impostos sobre os lucros (TaxRate) e a taxa de actualização (DiscountRate) são assumidas como de 0% e 10% respectivamente; • É assumido apenas a existência de único serviço de acesso ADSL, VDSL ou LMDS, em que cada cliente paga uma tarifa de ligação de 100€, uma tarifa mensal de 60€ (720€/Ano) para os serviços ADSL e VDSL; para o LMDS a tarifa mensal é 92€ (1100€/Ano). Em todos os serviços de acesso o cliente pode usar o serviço sem limite de utilização – flat rate. 62 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Tarifas Anuais 1200 1000 € 800 600 400 200 0 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Ano LMDS ADSL/VDSL Figura 39 – Tarifas Anuais • A tarifa anual e a tarifa de conexão têm uma erosão de 10% e 5% respectivamente: Taxa de Penetração 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Ano Figura 40 – Taxa de Penetração • A taxa de penetração varia desde 2,5% no primeiro ano até 30% no último ano: Os resultados económicos obtidos mais relevantes são apresentados de seguida: 63 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço VAL TIR PayBack Period Alentejo 1.742.766 21,60% 6 Áreas Rurais Douro Bairrada Minho 562.116 1.981.098 14.125.175 18,90% 47,00% 136,00% 6 4 2 Tabela 11 – Resultados económicos do ADSL VAL TIR PayBack Period Alentejo 1.604.262 20,40% 6 Áreas Rurais Douro Bairrada Minho 415.226 1.840.927 1.661.715 16,10% 41,10% 28,30% 6 4 5 Tabela 12 – Resultados económicos do VDSL VAL TIR PayBack Period Alentejo 2.014.276 17,40% 7 Áreas Rurais Douro Bairrada Minho 92.613 1.829.907 27.658.676 10,70% 21,80% 64,80% 8 6 4 Tabela 13 – Resultados económicos do LMDS A região mais atractiva economicamente para o projecto seria o Minho, com um TIR de 136% para o ADSL e 64,80% para o LMDS. Em relação à tecnologia VDSL, a Bairrada tem o maior TIR de 41,10%. O Douro é a região com piores resultados, já que obtivemos um TIR de 18,90% para o ADSL, 16,10% para o VDSL e 10,70% para o LMDS, o que se torna pouco atractivo para o operador. Também é de notar que o Pay Back Period no Alentejo, Douro, Bairrada e Minho são 6, 6, 4 e 2 anos respectivamente, tanto para o ADSL como para o VDSL, com a excepção do Minho em que o Pay Back Period é de 5 anos. Quanto ao LMDS o Pay Back Period na Bairrada é de 7 anos, no Alentejo de 8 anos e por fim, no Douro, o operador nunca terá o retorno do investimento. Os valores obtidos para o TIR nas tecnologias ADSL, VDSL e LMDS são muito elevados para zonas rurais. A conclusão que se tira desses valores é que são um excelente negócio para o operador. Contudo, como anteriormente mencionado, as tarifas utilizadas para estes cálculos são irrealistas para um País do Sul da Europa, para utilizadores residenciais e pequenas empresas. 64 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço 6.2.2 Realidade dos Países do Sul da Europa Para a oferta destes serviços de telecomunicações de banda larga em Países do Sul da Europa, usando as tarifas mencionadas anteriormente, teremos como consequência que a taxa de penetração não irá atingir os valores críticos necessários para a disseminação do estilo de vida da sociedade de informação. De maneira a estimar as tarifas correctas para as estas áreas periféricas estarem em condições de tirarem benefícios da sociedade da informação, a taxa de penetração de cerca de 2,5% no primeiro ano até 30% no último ano do estudo, é considerado como necessário. Isto significa, que no ano final do estudo, a vontade do cliente para pagar serviços de banda larga deverá ser no mínimo 30% do universo em estudo. Isto requer uma capacidade para pagar, maior do que a vontade de pagar, porque quem pode pagar poderá não subscrever o serviço. Há então, a necessidade de calcular o montante de dinheiro que o cliente rural está disposto a pagar. O DIT (Disposable Income for Telecommunications) anual estimado para a média nacional é apresentado na tabela seguinte: Despesa Anual POTS (€) + Serviço Banda Larga Despesa Anual Móvel (€) Despesa anual total (€) Antes do serviço Banda Larga Serviço ADSL Serviço VDSL Serviço LMDS 400+0=X 200+720= X/2+ADSL= 920 200+900= X/2+VDSL= 1100 200+1100= X/2+LMDS= 1300 360=Y Y Y Y 760=X+Y 1280= X/2+ADSL+Y 1460= X/2+VDSL+Y 1660= X/2+LMDS+Y Tabela 14 – Média anual do DIT Da tabela anterior pode ser visto que a despesa anual total para telecomunicações, antes e depois do serviço de banda larga. Então, a estimativa da despesa anual depois do serviço de banda larga é dada pelo seguinte cálculo: antes do serviço de banda larga os clientes pagavam X€ mais Y€ pelo POTS e móvel respectivamente, depois do serviço de banda larga, os clientes pagarão metade para o POTS porque algum do tráfego do POTS será integrado no novo serviço de banda larga, mais o serviço de banda larga e o móvel. Então, isto será a despesa anual total para telecomunicações. Assumindo que a média do índice do poder de compra é 100 para o nível nacional, temos para o Alentejo 50,98, Douro 40,23, Bairrada 56,95 e Minho 55,34. O DIT 65 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço estimado ao nível nacional é 720€, 900€ e 1100€ por ano, para o ADSL, VDSL e LMDS respectivamente. Multiplicando este valor, pelo índice do poder de compra de cada região, obtemos os valores das tarifas representados na seguinte tabela: Annual DIT for ADSL (€) Annual DIT for VDSL (€) Annual DIT for LMDS (€) Alentejo Douro 367 289 489 386 560 442 Bairrada Minho 410 398 546 498 626 608 Tabela 15 – DIT anual nas diferentes áreas relativamente às diferentes tecnologias. Desta tabela, fica claro, qual o nível do DIT esperado para cada região tendo em conta a tecnologia considerada. Estes valores são consideravelmente mais baixos do que a tarifa média Europeia (720€ para ADSL e VDSL e 1100€ para o LMDS). Por outras palavras, o dinheiro que cada cliente poderá disponibilizar para gastar nos serviços de telecomunicações ADSL, VDSL e LMDS são mais baixos dos que foram assumidos na secção 6.2.1. 6.2.2.1 Classes de Serviço e Tarifas Foram considerados duas classes de serviço para cada tecnologia: • Classe Residencial • Classe Empresarial Na tabela seguinte as tecnologias ADSL, VDSL e LMDS são caracterizadas em termos das taxas de upstream e downstream, para as Classes Residenciais e Empresariais: Residencial Empresarial Up (bps) Down (bps) Up (bps) Down (bps) ADSL 256K 3M 640K 8M VDSL 10M 10M 26M 26M LMDS 4M 18M 10M 50M Tabela 16 – Taxas de transferência das classes de serviço O ADSL e o LMDS são serviços assimétricos, contudo, o LMDS tem maior taxa de transferência do que o ADSL. O VDSL é um serviço simétrico de alta taxa de transferência. 6.2.2.1.1 Clientes Empresariais 66 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Para as regiões em estudo é assumido que uma pequena parte dos potenciais clientes são Clientes Empresariais. Estes Clientes Empresariais necessitam de maior largura de banda, então as suas tarifas serão mais elevadas (1920€ para o ADSL, 2560€ para o VDSL e 2933€ para o LMDS) e não lhes será aplicada subsidiação. A evolução ao longo do período do estudo das tarifas para os Clientes Empresarias é apresentada a seguir: € Tarifas dos Clientes Empresariais 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 0 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Ano ADSL_Emp VDSL_Emp LMDS_Emp Figura 41 – Tarifas dos Clientes Empresariais 6.2.2.1.2 Clientes Residenciais De forma a fazer investimentos economicamente atractivos para os operadores de telecomunicações foi assumido como garantia um TIR de 15%, para todas as áreas. Será visto que para alcançar esta condição é necessário um mecanismo de subsidiarização. A tarifa anual para um dos serviços terá de ser igual em todas as áreas (é necessário uma Tarifa Nacional para Clientes Residenciais), por forma a ter a taxa de penetração proposta. Esta tarifa nacional é assumida como sendo o DIT do Douro (289€ para o ADSL, 386€ para o VDSL e 442€ para o LMDS)que correspondente à zona onde o DIT é mais baixo. A evolução da Tarifa Nacional é apresentada a seguir: 67 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Tarifa Nacional Residencial (ADSL, VDSL & LMDS) 500 400 € 300 200 100 0 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Ano ADSL VDSL LMDS Figura 42 – Tarifa Nacional Residencial (serviços ADSL, VDSL and LMDS) 6.2.2.2 Taxas de Penetração Como já mencionado anteriormente, duas classes de serviço foram consideradas para cada uma das tecnologias, portanto, é necessário ter em conta duas taxas de penetração, a residencial e empresarial. Foram assumidas diferentes evoluções da taxa de penetração para cada uma das classes. Taxas de Penetração 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Ano Residencial Empresarial Figura 43 – Taxas de Penetração 68 Total 2009 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço A classe residencial tem uma variação desde 2,5% no primeiro ano até aos 27% no último ano do estudo e no caso da classe empresarial, a taxa de penetração variará desde 0,25% até 3%, desde o primeiro ano até ao último ano do estudo. Na linha total, que é a soma das taxas de penetração das classes empresarial e residencial, pode-se observar que a taxa de penetração varia num intervalo que vai desde 3% no primeiro ano até aos 30% no último ano do estudo. 6.2.2.3 ISP (Internet Service Provider) É também necessário pagar uma tarifa a um ISP (Internet Service Provider). Tipicamente, o valor da tarifa do ISP é 35% da Tarifa Nacional. Este valor é tido em consideração neste estudo e é apresentado na seguinte figura: Tarifa do ISP 200 € 150 100 50 0 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Ano ADSL VDSL LMDS Figura 44 – Evolução da Tarifa do ISP As receitas do ISP para o ADSL, VDSL e LMDS para as diferentes áreas são apresentadas a seguir: 69 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Rceitas do ISP do ADSL 800000 700000 600000 € 500000 Minho Bairrada Douro Alentejo 400000 300000 200000 100000 0 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Ano Figura 45 – Receitas do ISP no ADSL Receitas do ISP do VDSL 400000 350000 300000 € 250000 Minho Bairrada Douro Alentejo 200000 150000 100000 50000 0 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Ano Figura 46 – Receitas do ISP no VDSL 70 2008 2009 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Receitas do ISP do LMDS 2500000 2000000 1500000 € Minho Bairrada Douro Alentejo 1000000 500000 0 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Ano Figura 47 – Receitas do ISP no LMDS Das figuras anteriores, é possível concluir que em percentagem o ISP ganha o mesmo nas quatro áreas e nas três tecnologias (35% da Tarifa Nacional da correspondente tecnologia). Em valor absoluto é no LMDS que o ISP mais ganha, isto obviamente, porque a Tarifa Nacional do ISP é também a maior. Esta é a razão porque as receitas do ISP são diferentes para cada tecnologia. 6.2.2.4 Subsidiarização O subsídio por residência necessário no ano inicial é calculado da seguinte forma: SUBS = TarifaOperador + TarifaISP − DIT 6.2.2.4.1 Subisidiarização diferente para o ADSL, VDSL e LMDS Quando, a soma da Tarifa do Operador e do ISP é maior do que a Tarifa Nacional, implica a necessidade de subsídio por residência: DIT ADSL VDSL LMDS 289 386 442 Oper 275 415 630 Alentejo ISP 148 223 339 Subs 134 252 527 Oper 328 545 960 Douro ISP 176 293 516 Subs 215 452 1034 Oper 187 250 510 Bairrada ISP Subs 102 0 136 0 274 342 Tabela 17 – Subsídio inicial para as diferentes áreas 71 Oper 187 350 287 Minho ISP 102 188 155 Subs 0 152 0 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Da análise da tabela anterior, podemos retirar algumas conclusões que são apresentadas de seguida: • Nas regiões do Alentejo e do Douro, há necessidade de mecanismos de subsidiarização para qualquer das tecnologias em estudo. Neste caso é garantida ao operador uma TIR igual a 15%; • A conclusão anterior também se aplica ao caso da tecnologia LMDS na Bairrada e da tecnologia VDSL no Minho; • Nos restantes casos, em que o subsídio no primeiro ano é igual a zero, acontece que com uma tarifa nacional igual ao DIT obtêm-se um TIR superior a 15%, daí não haver necessidade de subsidiarização. Concretamente, no caso do ADSL na região da Bairrada e do Minho obtêm-se uma TIR de 27% e de 50%, respectivamente. No caso do VDSL na Bairrada obteve-se uma TIR de 21% e finalmente o LMDS no Minho de 30%. 6.2.2.4.1.1 Subsidiarização por residência A variação das diferentes tarifas e da necessidade ou não de subsídio, por residência, durante o ciclo de vida do projecto é descrita nas figuras seguintes, nas quatro áreas para os serviços ADSL, VDSL e LMDS. 6.2.2.4.1.1.1 ADSL Subsídio do ADSL no Alentejo 900 800 700 600 Subs Tarifa ISP Tarifa Op Res DIT € 500 400 300 200 100 0 2002 2003 2004 2005 2006 Ano 72 2007 2008 2009 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Figura 48 – Subsídio necessário para o serviço ADSL no Alentejo por residência Subsídio do ADSL no Douro 1200 1000 € 800 Subs Tarifa ISP Tarifa Op Res DIT 600 400 200 0 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Ano Figura 49 – Subsídio necessário para o serviço ADSL no Douro por residência Uma vez que o DIT no Douro é menor, nesta área o subsídio por residência é maior do que nas outras áreas. Na Bairrada e no Minho não é necessário subsídio porque o valor do DIT é suficiente para garantir um TIR de 15%, de facto a TIR nestas áreas é maior. Portanto, na Bairrada e no Minho, a tarifa é igual à Tarifa Nacional, logo não apresentamos figuras destas áreas. 6.2.2.4.1.1.2 VDSL 73 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Subsídio do VDSL no Alentejo 1400 1200 1000 Subs Tarifa ISP Tarifa Op Res DIT € 800 600 400 200 0 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Ano Figura 50 – Subsídio necessário para o serviço VDSL no Alentejo por residência Subsídio do VDSL no Douro 1800 1600 1400 1200 Subs Tarifa ISP Tarifa Op Res DIT € 1000 800 600 400 200 0 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Ano Figura 51 – Subsidiarização necessária para o serviço VDSL no Douro por residência 74 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Subsídio do VDSL no Minho 1200 1000 800 Subs Tarifa ISP Tarifa Op Res DIT 600 400 200 0 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Figura 52 – Subsidiarização total necessária para o serviço VDSL na Minho por residência Pode-se constatar que ao longo dos anos o subsídio torna-se desnecessário. O Minho é a primeira região onde tal acontece devido ao maior número de clientes servidos. No primeiro ano o subsídio é maior no Douro. Na Bairrada não é necessário subsídio porque a Tarifa Nacional que assegura o TIR de 15% é menor do que DIT, logo não se apresenta a figura para a Bairrada. 6.2.2.4.1.1.3 LMDS Subsídio do LMDS no Alentejo 2500 2000 1500 € Subs Tarifa ISP Tarifa Op Res DIT 1000 500 0 2002 2003 2004 2005 2006 Ano 75 2007 2008 2009 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Figura 53 – Subsidiarização necessária para o serviço LMDS no Alentejo por residência Subsídio do LMDS no Douro 3500 3000 2500 Subs Tarifa ISP Tarifa Op Res DIT € 2000 1500 1000 500 0 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Ano Figura 54 – Subsidiarização necessária para o serviço LMDS no Douro por residência Subsídio do LMDS na Bairrada 1800 1600 1400 1200 Subs Tarifa ISP Tarifa Op Res DIT € 1000 800 600 400 200 0 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Ano Figura 55 – Subsidiarização necessária para o serviço LMDS na Bairrada por residência A quantia de subsídio para esta tecnologia é maior devido ao facto de o LMDS ser uma tecnologia com mais custos. Embora no Minho não seja necessário subsídio, e 76 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço isto acontece devido à topologia da área, como já foi referido anteriormente, a distância entre os nós é zero. Como nos outros casos onde não era necessário subsídio, no primeiro ano do estudo a Tarifa Nacional é igual ao DIT. 6.2.2.4.1.2 Subsidiarização por área total Os subsídios para os serviços ADSL, VDSL e LMDS por área total (subsídio por residência x número de clientes) para o Alentejo, Douro, Bairrada e Minho, durante o ciclo de vida do projecto, são apresentados a seguir: 6.2.2.4.1.2.1 ADSL Subsidio Total ADSL 200000 0 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 € -200000 Minho Bairrada -400000 Douro Alentejo -600000 -800000 -1000000 Ano Figura 56 – Subsídio do serviço ADSL por área total Pode-se verificar que no Alentejo e Douro é necessário subsídio em todos os anos, na Bairrada e Minho não é necessário subsídio em todos os anos do projecto. 6.2.2.4.1.2.2 VDSL 77 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Subsidio Total VDSL 200000 100000 0 2002 -100000 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Minho -300000 Bairrada -400000 Douro -500000 Alentejo € -200000 -600000 -700000 -800000 -900000 Ano Figura 57 – Subsídio do serviço VDSL por área total Nesta tecnologia, pode ser visto que em determinado ano para cada região a subsidiarização torna-se desnecessária. Isto acontece, porque embora o número de clientes aumente, o DIT também aumenta 2% e a tarifa decresce 10% por cada ano. 6.2.2.4.1.2.3 LMDS Subsidio Total LMDS 200000 € 100000 0 2002 -100000 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 -200000 -300000 -400000 Ano Figura 58 – Subsídio do serviço LMDS por área total 78 Minho Bairrada Douro Alentejo Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Nesta tecnologia, o subsídio total aumenta todos os anos, porque sempre que há um cliente novo, têm que ser feito um novo investimento para esse cliente, portanto com mais clientes maior é o investimento. 6.2.2.4.1.3 Subsidiarização média por residência A figura abaixo quantifica o subsídio médio para as diferentes tecnologias nas áreas por residência: Subsidio Médio 3500 3000 2500 2000 ADSL VDSL LMDS € 1500 1000 500 0 -500 -1000 -1500 Minho Bairrada Douro Alentejo Área Figura 59 – Subsídio médio comparativo do ADSL, VDSL e LMDS, por residência entre áreas Os valores deste gráfico são obtidos, dividindo o subsídio total por área pelo número total de clientes. Como se pode verificar, em média, no Minho um cliente não necessita de subsidiarização, embora seja necessário subsidiarização no primeiro ano, como já foi visto anteriormente. Em média é mais caro subsidiar um cliente de LMDS no Douro. 6.2.2.4.1.4 Subsidiarização total Na próxima figura está representado a quantia necessária para subsidiar o número total de clientes durante o ciclo de vida do projecto, para todas as áreas em estudo. 79 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Totalidade do Subsidio 1000000 500000 € 0 -500000 ADSL -1000000 VDSL -1500000 LMDS -2000000 -2500000 -3000000 Minho Bairrada Douro Alentejo Área Figura 60 - Subsídio total comparativo do ADSL, VDSL e LMDS, para o número total de clientes, entre áreas A figura de cima, mostra a soma do subsídios ao longo dos anos. É de realçar que o Douro é onde é necessário mais subsidiarização. 6.2.3 Resultados Económicos Nesta secção, discutir-se-ão os seguintes aspectos: • Os investimentos feitos ao longo do período de duração do projecto e a distribuição dos mesmos; • Receitas geradas no decorrer do projecto; • O Valor Actual Líquido (VAL, ou NPV – Net Present Value), a Taxa Interna de Rendibilidade (TIR, ou IRR – Internal Rate of Return) e o período de recuperação do projecto; • Visualização de gráficos do Cash-Flow e do Cash-Balance; • Análise de sensibilidade 6.2.3.1 Considerações para análise de projectos de investimento Para analisar a rendibilidade dum projecto de investimento, é necessário encontrar formas de comparação do retorno do investimento, feito no mesmo com o de outras 80 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço aplicações possíveis para o capital investido. A não colocação do capital noutras aplicações é o custo de oportunidade do projecto. Em linguagem simples, pode-se dizer que o custo de oportunidade é o retorno perdido ao não investir o capital nessas aplicações, esperando superar esse retorno com os ganhos do projecto de investimento. A nossa referência para discussão dos resultados económicos do projecto é a Taxa de Actualização (TA). Esta é indexada a uma taxa existente no mercado que se considere um bom indicador (taxa de juro do Banco Central Europeu, taxa de juro dos títulos de tesouro, etc.). Simplificando, pode-se pensar na TA como a taxa de juro que, em condições de maior segurança, é possível encontrar na banca. Assim, a comparação dos resultados obtidos nesta análise é feita relacionando-a com os proveitos que obteríamos ao colocar o capital a investir na banca, usufruindo das melhores taxas de juro (seguras) fornecidas pelo mesmo. Um investidor só vai avançar para o projecto se a rendibilidade deste for superior à taxa de juro esperada, durante o período de duração do projecto. Um dos métodos de análise da viabilidade dum projecto é a Taxa Interna de Rendibilidade (TIR). Afirmou-se anteriormente que a TA é a taxa de juro que se recebia ao investir o capital na banca. De maneira similar, o TIR pode ser encarado, simplificadamente, como a taxa de juro que a banca (ou outra aplicação financeira) tem de oferecer para igualar o retorno do projecto de investimento. Assim, se o TIR for superior à TA o projecto é considerado atractivo. O ganho obtido quando o TIR é superior à TA, é o Valor Actual Líquido (VAL). O VAL é, desta forma, o retorno obtido com o projecto de investimento em relação ao investimento do capital, por exemplo, na banca. Quando o VAL é nulo, significa que a TA é igual ao TIR. Na realidade, o TIR é o valor da TA para o qual o VAL é nulo. Assim, o VAL mostra claramente a relação entre a aposta no projecto de investimento ou noutra qualquer alternativa. Se o VAL for negativo é melhor colocar o capital na alternativa, já que o retorno é menor no projecto. Caso contrário, é mais positivo apostar no projecto. O período de recuperação do investimento é outro dos métodos de avaliação de um projecto. É o período que medeia entre o ano de arranque do projecto e o instante em que o cash balance passa para valores positivos. 81 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço 6.2.3.2 Resultados económicos relevantes De seguida apresentam-se, então, os resultados económicos mais relevantes para a avaliação do projecto: TIR, VAL e Período de Recuperação do Investimento (PayBack Period), para as três tecnologias em estudo. VAL TIR PayBack Period Alentejo 754.352 15,00% 7 Áreas Rurais Douro Bairrada 326.094 872.622 15,00% 26,90% 7 5 Minho 4.340.601 49,50% 4 Tabela 18 – Resultados económicos do ADSL VAL TIR PayBack Period Alentejo 743.811 15,00% 7 Áreas Rurais Douro Bairrada 336.004 272.033 15,00% 21,35% 7 7 Minho 431.861 14,90% 7 Tabela 19 – Resultados económicos do VDSL VAL TIR PayBack Period Alentejo 1.400.720 15,20% 7 Áreas Rurais Douro Bairrada 710.922 799.133 15,10% 15,20% 7 7 Minho 10.175.161 29,20% 6 Tabela 20 – Resultados económicos do LMDS Das tabelas anteriores, podemos reparar nos casos em que a TIR é 15%. Isto significa que é necessário haver um mecanismo de estimulação à adesão ao serviço como foi visto anteriormente. Nos casos onde a TIR é superior a 15% não há necessidade de recorrer aos mecanismos de subsidiarização sendo a tarifa nacional de uma tecnologia igual ao DIT respectivo. Podemos verificar que o cenário mais atractivo é o ADSL no Minho. 82 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço 6.2.3.3 Investimentos totais Nas próximas secções analisar-se-á a percentagem do investimento total repartida ao longo dos anos do projecto. 6.2.3.3.1 ADSL Investimentos do ADL no Alentejo 2005 3% 2004 2% 2006 4% 2007 3% 2008 4% 2009 3% 2003 2% 2002 79% Figura 61 – Investimentos do ADSL no Alentejo 83 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Investimentos do ADSL Douro 2005 2004 3% 1% 2003 2% 2006 3% 2007 3% 2008 3% 2009 3% 2002 82% Figura 62 - Investimentos do ADSL no Douro Investimento do ADSL na Bairrada 2007 8% 2008 5% 2009 5% 2006 6% 2005 5% 2002 65% 2004 3% 2003 3% Figura 63 – Investimentos do ADSL na Bairrada 84 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Investimentos do ADSL no Minho 2008 9% 2009 9% 2007 8% 2002 47% 2006 8% 2005 8% 2004 4% 2003 7% Figura 64 – Investimentos do ADSL no Minho Das quatro figuras anteriores, podemos observar que os grandes investimentos são feitos no ano inicial do projecto. Os investimentos no primeiro ano correspondem no Alentejo a 79%, no Douro a 82%, na Bairrada a 65% e no Minho a 47% dos investimentos totais do projecto. Depois, os investimentos diminuem até que no último ano, temos a percentagem dos investimentos no Alentejo, Douro, Bairrada e Minho de 3%, 2%, 5% e 9%, respectivamente. 6.2.3.3.2 VDSL 85 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Investimentos do VDSL no Alentejo 2006 4% 2005 5% 2007 4% 2008 4% 2009 4% 2004 2% 2003 2% 2002 75% Figura 65 – Investimentos do VDSL no Alentejo Investimentos do VDSL no Douro 2006 3% 2005 3% 2004 2% 2007 7% 2008 3% 2009 4% 2003 2% 2002 76% Figura 66 – Investimentos do VDSL no Douro 86 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Investimentos do VDSL na Bairrada 2007 6% 2009 7% 2008 7% 2006 6% 2005 8% 2002 59% 2004 4% 2003 3% Figura 67 – Investimentos do VDSL na Bairrada Investimentos do VDSL no Minho 2006 6% 2007 5% 2008 4% 2009 5% 2005 4% 2004 2% 2003 2% 2002 72% Figura 68 – Investimentos do VDSL no Minho Das figuras anteriores, podemos constatar que os grandes investimentos são feitos no ano inicial do projecto. Os investimentos no primeiro ano correspondem no Alentejo a 75%, no Douro a 76%, na Bairrada a 59% e no Minho a 72% dos investimentos em todo o projecto. Depois os investimentos diminuem até que no último ano temos a 87 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço percentagem dos investimentos no Alentejo, Douro, Bairrada e Minho de 4%, 4%, 7% e 5%, respectivamente. 6.2.3.3.3 LMDS Investimentos do LMDS no Alentejo 2009 5% 2008 6% 2007 6% 2006 7% 2002 52% 2005 14% 2004 4% 2003 6% Figura 69 – Investimentos do LMDS no Alentejo Investimentos do LMDS no Douro 2008 15% 2009 4% 2007 4% 2006 5% 2002 60% 2005 5% 2004 3% 2003 4% 88 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Figura 70 – Investimentos do LMDS no Douro Investimentos do LMDS na Bairrada 2009 6% 2008 7% 2007 7% 2002 44% 2006 8% 2005 18% 2004 4% 2003 6% Figura 71 – Investimentos do LMDS na Bairrada Investimentos do LMDS no Minho 2009 10% 2008 11% 2002 23% 2007 11% 2003 10% 2006 12% 2005 13% 2004 10% Figura 72 – Investimentos do LMDS no Minho Das figuras anteriores, podemos observar que os grandes investimentos são feitos no ano inicial do projecto. Os investimentos no primeiro ano correspondem no Alentejo a 89 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço 52%, no Douro a 60%, na Bairrada a 44% e no Minho a 23% do investimento total do projecto. Depois os investimentos diminuem até que no último ano temos a percentagem dos investimentos no Alentejo, Douro, Bairrada e Minho de 5%, 4%, 6% e 10%, respectivamente. 6.2.3.4 Afectação dos investimentos por elementos de custo De seguida iremos ver como os investimentos se repartem por elementos de custo (Material/Electrónica, Trabalho Construção Civil, Material /Fibra Óptica, Material/ Cabo cobre, Material/ Acabamentos e Material/Instalação). 6.2.3.4.1 ADSL Afectação de investimentos por elementos de custo do ADSL no Alentejo Material/Acabamentos Trabalho/Instalação 2,99% 3,61% Material/Cabo Cobre 0,03% Material/Electrónica 12,57% Material/FibraOptica 4,99% Trabalho/Construção Civil 75,81% Figura 73 – Afectação dos investimentos por elementos de custo do ADSL no Alentejo 90 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Afectação de investimentos por elementos de custo do ADSL no Douro Trabalho/Instalação Material/Acabamentos 3,29% 3,37% Material/Cabo Cobre 0,03% Material/Electrónica 11,93% Material/FibraOptica 3,15% Trabalho/Construção Civil 78,23% Figura 74 – Afectação dos investimentos por elementos de custo do ADSL no Douro Afectação de investimentos por elementos de custo do ADSL no Bairrada Trabalho/Instalação Material/Acabamentos 6,84% 5,66% Material/Electrónica 23,91% Material/Cabo Cobre 0,04% Material/FibraOptica 3,01% Trabalho/Construção Civil 60,54% Figura 75 – Afectação dos investimentos por elementos de custo do ADSL na Bairrada 91 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Afectação de investimentos por elementos de custo do ADSL no Minho Trabalho/Instalação 10,04% Material/Acabamentos 7,00% Material/Electrónica 34,50% Material/Cabo Cobre 0,10% Material/FibraOptica 3,28% Trabalho/Construção Civil 45,08% Figura 76 – Afectação dos investimentos por elementos de custo do ADSL no Minho Como podemos verificar, existem duas grandes fatias. A maior é para construção civil e a outra para o equipamento electrónico. Nas regiões do Alentejo e Douro a construção civil significa mais de três quartos do investimento total. A segunda maior fatia ainda está bem longe apenas com cerca de 12% nestas áreas. Estas juntas representam quase 90% do investimento. A grande percentagem da construção civil deve-se ao facto de existirem poucas infra-estruturas nestas zonas. Além disso, a população encontra-se maioritariamente em aglomerados dispersos, tornando as ligações muito longas. No Minho as duas maiores fatias são mais equiparadas e juntas levam quase 80% do investimento nesta zona. Nesta área a população é mais homogénea, sendo as ligações são mais curtas. 6.2.3.4.2 VDSL 92 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Afectação de investimentos por elementos de custo do VDSL no Alentejo Material/Electrónica 4,14% Trabalho/Instalação 1,74% Material/FibraOptica 4,52% Trabalho/Construção Civil 89,60% Figura 77 – Afectação dos investimentos por elementos de custo do VDSL no Alentejo Afectação de investimentos por elementos de custo do VDSL no Douro Trabalho/Instalação 3,64% Material/Electrónica 9,02% Material/FibraOptica 2,68% Trabalho/Construção Civil 84,67% Figura 78 – Afectação dos investimentos por elementos de custo do VDSL no Douro 93 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Afectação de investimentos por elementos de custo do VDSL no Bairrada Trabalho/Instalação 3,94% Material/Electrónica 9,37% Material/FibraOptica 2,45% Trabalho/Construção Civil 84,24% Figura 79 – Afectação dos investimentos por elementos de custo do VDSL na Bairrada Afectação de investimentos por elementos de custo do VDSL no Minho Trabalho/Instalação Material/Electrónica 2,75% 6,65% Material/FibraOptica 2,67% Trabalho/Construção Civil 87,93% Figura 80 – Afectação dos investimentos por elementos de custo do VDSL no Minho Os investimento com esta tecnologia são claramente dominados pela construção civil. Em todas as áreas esta fatia representa quase 90% do investimento total. Por isso poderemos pensar que esta poderá ser uma solução pouco atractiva. 94 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço 6.2.3.4.3 LMDS Afectação de investimentos por elementos de custo do LMDS no Alentejo Material/Acabamentos 6,42% Trabalho/Instalação 0,14% Trabalho/Construção Civil 36,74% Material/Electrónica 54,28% Material/FibraOptica 2,42% Figura 81 – Afectação dos investimentos por elementos de custo do LMDS no Alentejo Afectação de investimentos por elementos de custo do LMDS no Douro Material/Acabamentos 12,80% Trabalho/Instalação 0,28% Trabalho/Construção Civil 31,43% Material/FibraOptica 1,27% Material/Electrónica 54,23% Figura 82 – Afectação dos investimentos por elementos de custo do LMDS no Douro 95 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Afectação de investimentos por elementos de custo do LMDS no Bairrada Material/Acabamentos 10,35% Trabalho/Construção Civil 19,12% Trabalho/Instalação 0,23% Material/FibraOptica 0,93% Material/Electrónica 69,37% Figura 83 – Afectação dos investimentos por elementos de custo do LMDS na Bairrada Afectação de investimentos por elementos de custo do LMDS no Minho Material/Acabamentos 2,26% Trabalho/Construção Civil Trabalho/Instalação 0,05% 7,42% Material/FibraOptica 0,20% Material/Electrónica 90,07% Figura 84 – Afectação dos investimentos por elementos de custo do LMDS no Minho Com esta solução tecnológica, e ao contrário das anteriores, a maior fatia dos investimentos é gasta em material electrónico. Isto deve-se ao facto de, por ser uma tecnologia sem fios, o equipamento ser bem mais caro. Note-se que no Minho, como há muito mais pessoas a serem servidas, o investimento em material electrónico é de 90%. 96 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço 6.2.3.5 Afectação dos investimentos por segmento de rede Nesta secção veremos como se repartem os investimentos por segmento de rede (Equipamento do Cliente, Nós secundários, ligação Nó Central/Nó Secundário, Nó Central, Cabo BAP_LAP e Central Local). 6.2.3.5.1 ADSL Afectação de investimentos por segmento de rede do ADSL no Alentejo Central Local 0,14% Equipamento do Cliente 8,93% Cabo BAP_LAP 26,89% Nós secundários 8,97% Nó Central 1,16% Ligação Nó Central/Nós Secundários 53,91% Figura 85 – Afectação dos investimentos por segmento de rede do ADSL no Alentejo 97 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Afectação de investimentos por segmento de rede do ADSL no Douro Central Local 0,35% Equipamento do Cliente 8,17% Cabo BAP_LAP 22,58% Nós secundários 8,75% Nó Central 1,34% Ligação Nó Central/Nós Secundários 58,80% Figura 86 – Afectação dos investimentos por segmento de rede do ADSL no Douro Afectação de investimentos por segmento de rede do ADSL no Bairrada Central Local 0,38% Equipamento do Cliente 16,90% Cabo BAP_LAP 17,03% Nó Central 2,22% Nós secundários 16,95% Ligação Nó Central/Nós Secundários 46,52% Figura 87 – Afectação dos investimentos por segmento de rede do ADSL na Bairrada 98 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Afectação de investimentos por segmento de rede do ADSL no Minho Cabo BAP_LAP 8,14% Central Local 0,15% Nó Central 3,08% Equipamento do Cliente 24,77% Ligação Nó Central/Nós Secundários 40,22% Nós secundários 23,64% Figura 88 – Afectação dos investimentos por segmento de rede do ADSL no Minho Pode-se verificar que, por segmento de rede, o principal investimento é feito nas ligações do Nó Central aos Nós secundários. Representa em todas as áreas quase 50% do investimento. Dependendo da distância da ligação BAP_LAP, o respectivo investimento terá maior ou menor peso no investimento total. Como no Minho há mais clientes, o investimento feito no equipamento destes, tem uma maior fatia que nas outras regiões. Note-se que o investimento no equipamento do cliente é da mesma ordem que o dos nós secundários. 6.2.3.5.2 VDSL 99 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Afectação de investimentos por segmento de rede do VDSL no Alentejo Equipamento do Cliente 13,26% Cabo BAP_LAP 24,37% Nós Secundários 12,69% Nó Central 0,81% Ligação Nó Central/Nós Secundários 48,87% Figura 89 – Afectação dos investimentos por segmento de rede do VDSL no Alentejo Afectação de investimentos por segmento de rede do VDSL no Douro Equipamento do Cliente 11,34% Cabo BAP_LAP 19,19% Nó Central 1,78% Nós Secundários 17,74% Ligação Nó Central/Nós Secundários 49,96% Figura 90 – Afectação dos investimentos por segmento de rede do VDSL no Douro 100 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Afectação de investimentos por segmento de rede do VDSL no Bairrada Cabo BAP_LAP 13,31% Equipamento do Cliente 21,64% Nó Central 1,83% Nós Secundários 23,86% Ligação Nó Central/Nós Secundários 39,36% Figura 91 – Afectação dos investimentos por segmento de rede do VDSL na Bairrada Afectação de investimentos por segmento de rede do VDSL no Minho Cabo BAP_LAP 9,65% Nó Central 1,31% Equipamento do Cliente 14,65% Nós Secundários 16,57% Ligação Nó Central/Nós Secundários 57,82% Figura 92 – Afectação dos investimentos por segmento de rede do VDSL no Minho Neste aspecto, da afectação dos investimentos por segmento de rede, esta tecnologia não é muito diferente da anterior. Praticamente em todas as regiões, metade do investimento é aplicado nas ligações do nó central aos nós secundários. Esta ligação é feita em fibra óptica. O investimento no cabo BAP_LAP é proporcional à sua distância em cada região. 101 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço 6.2.3.5.3 LMDS Afectação de investimentos por segmento de rede do LMDS no Alentejo Cabo BAP_LAP 13,03% Nó Central 0,63% Equipamento do Cliente 39,16% Ligação Nó Central/Nós Secundários 26,13% Nós Secundários 21,05% Figura 93 – Afectação dos investimentos por segmento de rede do LMDS no Alentejo Afectação de investimentos por segmento de rede do LMDS no Douro Cabo BAP_LAP 9,07% Nó Central 1,24% Equipamento do Cliente 29,76% Ligação Nó Central/Nós Secundários 23,62% Nós Secundários 36,31% Figura 94 – Afectação dos investimentos por segmento de rede do LMDS no Douro 102 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Afectação de investimentos por segmento de rede do LMDS no Bairrada Cabo BAP_LAP 5,07% Nó Central 1,01% Ligação Nó Central/Nós Secundários 14,98% Equipamento do Cliente 45,49% Nós Secundários 33,44% Figura 95 – Afectação dos investimentos por segmento de rede do LMDS na Bairrada Afectação de investimentos por segmento de rede do LMDS no Minho Ligação Nó Central/Nós Secundários 6,62% Nó Central 0,26% Cabo BAP_LAP 1,00% Nós Secundários 11,14% Equipamento do Cliente 80,97% Figura 96 – Afectação dos investimentos por segmento de rede do LMDS no Minho A afectação dos investimentos, por segmentos de rede no LMDS, tem uma distribuição diferente das anteriores. No caso do Alentejo e Douro, como a distância entre clusters é maior, a ligação entre o nó central e os secundários ainda tem um peso de cerca de um quarto do investimento total. Em contrapartida, o investimento feito no 103 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço equipamento do cliente é agora maior, sendo que esta fatia no Minho corresponde a pouco mais de 80% do investimento total nesta região. Isto deve-se ao facto de quase toda a população (97%) poder ser servida com esta tecnologia. 6.2.3.6 Receitas Para o cálculo das receitas é necessário entrar com o tamanho do mercado ( nós × clientes nó = número _ de _ possíveis _ clientes ) e multiplicar este valor pela taxa de penetração do serviço. Este valor, multiplicado pela tarifa anual dá as receitas anuais. A juntar a esta receita tem-se que considerar a tarifa de instalação paga por cada novo cliente da rede. Seguidamente, apresenta-se os gráficos das receitas geradas ao longo do período de duração do projecto. 6.2.3.6.1 ADSL Receitas do ADSL no Alentejo 2002 3% 2009 24% 2003 5% 2004 7% 2005 10% 2006 14% 2008 20% 2007 17% Figura 97 – Receitas do ADSL no Alentejo 104 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Receitas do ADSL no Douro 2002 3% 2009 24% 2003 5% 2004 7% 2005 10% 2006 14% 2008 20% 2007 17% Figura 98 – Receitas do ADSL no Douro Receitas do ADSL na Bairrada 2002 3% 2009 23% 2003 5% 2004 7% 2005 11% 2008 20% 2006 14% 2007 17% Figura 99 – Receitas do ADSL na Bairrada 105 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Receitas do ADSL no Minho 2002 3% 2009 24% 2003 5% 2004 7% 2005 10% 2006 14% 2008 20% 2007 17% Figura 100 – Receitas do ADSL no Minho Analisando os gráficos anteriores, nota-se que as receitas vão aumentando ao longo dos anos, devido ao aumento do número de clientes e da taxa de penetração. No primeiro ano obteve-se uma receita de 3% do valor total das receitas nas quatro regiões em estudo e no último ano obteve-se uma receita de 24% para o Alentejo, Douro e Minho e de 23% para a Bairrada das receitas totais. 6.2.3.6.2 VDSL 106 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Receitas do VDSL no Alentejo 2002 4% 2009 20% 2003 7% 2004 8% 2005 12% 2008 18% 2006 14% 2007 17% Figura 101 – Receitas do VDSL no Alentejo Receitas do VDSL no Douro 2002 4% 2009 19% 2003 7% 2004 8% 2005 12% 2008 19% 2006 14% 2007 17% Figura 102 – Receitas do VDSL no Douro 107 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Receitas do VDSL na Bairrada 2002 5% 2009 19% 2003 7% 2004 8% 2005 12% 2008 18% 2006 15% 2007 16% Figura 103 – Receitas do VDSL na Bairrada Receitas do VDSL no Minho 2002 4% 2009 19% 2003 7% 2004 8% 2005 12% 2008 18% 2006 15% 2007 17% Figura 104 - Receitas do VDSL no Minho Da análise dos gráficos anteriores, constata-se que as receitas vão aumentando ao longo dos anos, devido ao aumento do número de clientes e da taxa de penetração. No primeiro ano, obteve-se uma receita de 4% do valor total das receitas para o 108 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Alentejo, Douro e Minho e obteve-se uma receita de 5% para a Bairrada. No último ano obteve-se uma receita de 24% para o Alentejo, Douro e Minho e de 23% para a Bairrada das receitas totais. 6.2.3.6.3 LMDS Receitas do LMDS no Alentejo 2002 3% 2009 23% 2003 5% 2004 7% 2005 10% 2006 14% 2008 21% 2007 17% Figura 105 – Receitas do LMDS no Alentejo 109 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Receitas do LMDS no Douro 2002 3% 2009 23% 2003 5% 2004 7% 2005 10% 2006 14% 2008 21% 2007 17% Figura 106 – Receitas do LMDS no Douro Receitas do LMDS na Bairrada 2002 3% 2009 23% 2003 5% 2004 7% 2005 10% 2006 14% 2008 21% 2007 17% Figura 107 – Receitas do LMDS na Bairrada 110 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Receitas do VDSL no Minho 2002 4% 2009 19% 2003 7% 2004 8% 2005 12% 2008 18% 2006 15% 2007 17% Figura 108 - Receitas do LMDS no Minho Das figuras anteriores, constata-se que as receitas vão aumentando ao longo dos anos, devido ao aumento do número de clientes e da taxa de penetração. No primeiro ano obteve-se uma receita de 3% do valor total das receitas para o Alentejo, Douro, Bairrada e Minho, no último ano obteve-se uma receita de 23% para as regiões em estudo das receitas totais. 6.2.3.7 Comparação do Investimento e Receitas 111 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Comparação dos Investimentos e Receitas dos 3 serviços nas 4 áreas Minho 45000000 LMDS 40000000 2009 35000000 2008 30000000 2007 25000000 Bairrada € 20000000 2005 ADSL 15000000 10000000 2006 Alentejo Douro LMDS LMDS VDSL ADSL VDSL LMDS ADSL ADSL VDSL VDSL 5000000 2004 2003 2002 0 Inv Rev Inv Rev Inv Rev Inv Rev Inv Rev Inv Rev Inv Rev Inv Rev Inv Rev Inv Rev Inv Rev Inv Rev Investimentos / Receitas Figura 109 – Comparação dos investimentos e receitas dos três serviços nas quatro áreas Como pode ser observado na figura anterior, a grande parte dos investimentos é feita no ano inicial do projecto nas diferentes tecnologias e áreas, sendo maiores no LMDS de forma ascendente nas regiões do Minho, Alentejo, Bairrada e Douro. Durante o tempo de vida do projecto o valor dos investimentos decrescem. As receitas são menores no primeiro ano do projecto e durante o projecto elas vão aumentando de ano para ano, mas quando o projecto chega próximo do último ano há uma pequena queda que se deve à estagnação do aumento do número de clientes e ao abaixamento do preço das tarifas. 6.2.3.8 Cash-Flow / Cash-Balance Nesta secção apresentar-se-ão os gráficos dos cash-flow e dos cash-balance. 6.2.3.8.1 ADSL 112 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Cash Flows ADSL 3000000 2000000 1000000 0 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 -1000000 Minho Bairrada Douro Alentejo -2000000 -3000000 Figura 110 – Cash Flow no ADSL nas várias zonas periféricas Os valores do cash-flow tornam-se positivos no segundo ano do projecto porque a maior fatia dos investimentos é feita no primeiro ano. Depois os investimentos caem abruptamente e as receitas começam a aparecer cada vez mais com o aparecimento de novos clientes, portanto o cash flow começa a ficar positivo. Cash Balance ADSL 8000000 6000000 Minho Bairrada Douro Alentejo 4000000 2000000 0 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 -2000000 -4000000 Figura 111 –Cash Balance no ADSL nas várias zonas periféricas Quanto ao cash balance pode ser visto que o seu valor torna-se positivo para o Minho no início do quarto ano, para a Bairrada a meio do quinto ano, para o Douro e Alentejo torna-se positivo a meio do sétimo ano. O PayBack Period é aproximadamente igual ao número de ano nos quais o cash balance é negativo. 6.2.3.8.2 VDSL 113 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Cash Flows VDSL 1500000 1000000 500000 0 -500000 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 -1000000 -1500000 -2000000 Minho Bairrada Douro Alentejo -2500000 -3000000 -3500000 Figura 112 – Cash Flows no VDSL nas várias zonas periféricas Os valores do cash-flow tornam-se positivos no segundo ano do projecto porque a maior fatia dos investimentos é feita no primeiro ano. Depois os investimentos caem abruptamente e as receitas começam a aparecer cada vez mais com o aparecimento de novos clientes, e o cash flow começa a ficar positivo. Cash Balance VDSL 1500000 1000000 500000 0 -500000 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 -1000000 -1500000 -2000000 Minho Bairrada Douro Alentejo -2500000 -3000000 -3500000 Figura 113 – Cash Balance no VDSL nas várias zonas periféricas Quanto ao cash balance pode ser visto na figura de cima que eles se tornam positivos nas quatros regiões no início do sétimo ano. O PayBack Period corresponde aproximadamente ao número de anos em que o cash balance é negativo. 6.2.3.8.3 LMDS 114 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Cash Flows LMDS 8000000 6000000 4000000 2000000 0 -2000000 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Minho Bairrada Douro Alentejo -4000000 -6000000 Figura 114 – Cash Flows no LMDS nas várias zonas periféricas Os valores do cash flow para a Bairrada, Douro e Alentejo no primeiro ano são mais negativos porque a maior fatia de investimentos é feita no primeiro ano. Depois os valores ficam positivos a meio do segundo ano, mas no início do quarto ano eles tornam a ficar negativos durante um ano, posteriormente voltam a ser positivos até ao fim do projecto. Isto acontece porque durante o segundo e terceiro ano o número de clientes e a penetração não aumentam o suficiente para aguentar a subida do cash flow. Logo o cash flow diminui. Nos anos seguintes o cash flow aumenta devido ao aumento do número de clientes e da taxa de penetração. No caso do Minho, o cash flow é negativo até ao final do terceiro ano, ficando positivo nos anos seguintes. 115 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Cash Balance LMDS 12000000 10000000 8000000 6000000 4000000 2000000 0 -2000000 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Minho Bairrada Douro Alentejo -4000000 -6000000 -8000000 Figura 115 – Cash Balance no LMDS nas várias zonas periféricas Quanto ao cash balance pode ser visto que no Minho só fica positivo no sexto ano, na Bairrada, Douro e Alentejo, apenas fica positivo no sétimo ano. PayBack Period corresponde ao tempo em que o valor do cash balance é negativo. 6.2.3.9 Análise de Sensibilidade A execução de previsões da viabilidade de novas tecnologias de comunicações e novas aplicações inclui um número considerável de pressupostos, em que grande parte deles, não é justificável de forma inequívoca. Assim é necessário efectuar uma análise de sensibilidade para ver como os resultados mais importantes do estudo variam em função dos pressupostos chave do mesmo. Na ferramenta do Tonic (Tonic Tool) podem ser executadas várias análises de sensibilidade a vários parâmetros, ilustrando a flexibilidade da metodologia usada neste estudo. Algumas das possíveis analises de sensibilidade são apresentadas nas secções seguintes. Para se poder ter a percepção de como é que alguns dos parâmetros mais importantes do estudo se alteram em função de alguns parâmetros de entrada, estaremos atentos às secções seguintes. Nas figuras seguintes é possível observar como é que um output económico (VAL ou TIR) varia com alguns inputs. As figuras mostram cada valor de um output se o input variar ±10%. O primeiro input é o que mais varia o output, pode ser visto que nem todos os inputs são directamente proporcionais com um output económico. 6.2.3.9.1 Valor Actual Líquido (VAL) 6.2.3.9.1.1 ADSL 116 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço VAL do ADSL no Alentejo (754 352 €) -10% NodeArea 10% 501.030 1.018.268 566.877 StartTariff StarTariff_Bus 941.828 608.917 EdgeDistance 899.788 639.681 869.024 693.125 BAP_LAP_Cable 815.580 731.253 ConnectionTariff 777.452 751.734 756.971 OAMCostPerLine Figura 116 – Sensibilidade do ADSL ao VAL no Alentejo VAL do ADSL no Douro (326093 €) -10% NodeArea StartTariff StarTariff_Bus EdgeDistance BAP_LAP_Cable ConnectionTariff 10% 428176 214993 410596 241591 381054 271133 278041 374147 304876 317346 OAMCostPerLine 347311 334841 325096 327091 Figura 117 – Sensibilidade do ADSL ao VAL no Douro 117 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço VAL do ADSL na Bairrada (255753 €) -10% StarTariff_Bus 10% 151040 NodeArea 360467 169709 327533 StartTariff 222376 289131 EdgeDistance 222990 288517 ConnectionTariff 239099 272408 BAP_LAP_Cable 241028 270479 OAMCostPerLine 253866 257641 Figura 118 – Sensibilidade do ADSL ao VAL na Bairrada VAL do ADSL no Minho (4340600 €) -10% StarTariff_Bus StartTariff ConnectionTariff 10% 3948973 4732228 3991807 4689394 4278435 NodeArea 4297957 BAP_LAP_Cable 4322346 OAMCostPerLine 4333565 4402766 4385436 4358855 4347636 Figura 119 – Sensibilidade do ADSL ao VAL no Minho Como pode ser visto nas figuras anteriores os parâmetros que tem maior influência na variação do VAL são a área do nó (NodeArea) para o Alentejo e Douro e a tarifa inicial empresarial (StartTarif_Bus) para a Bairrada e Minho. 118 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço É de notar que, o nível de importância dos diferentes parâmetros, variam de área para área. 6.2.3.9.1.2 VDSL VAL do VDSL no Alentejo (743811€) -10% NodeArea 10% 469631 1007069 StartTariff_Bus 625310 862311 Sensitivity to BAP_LAP_Cable 629272 858350 804912 682709 BAP_LAP_Cable 720711 ConnectionTariff 739918 OAMCostPerLine 766910 747703 Figura 120 – Sensibilidade do VDSL ao VAL no Alentejo VAL do VDSL no Douro (336004 €) -10% NodeArea EdgeDistance StartTariff_Bus BAP_LAP_Cable 10% 212461 455860 288006 384001 291222 380786 314834 ConnectionTariff 327257 357174 344751 334516 337491 OAMCostPerLine Figura 121 – Sensibilidade do VDSL ao VAL no Douro 119 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço VAL do VDSL na Bairrada (272033 €) -10% 10% NodeArea 181072 StartTariff_Bus 362628 186713 EdgeDistance 357353 239308 ConnectionTariff 304758 255378 BAP_LAP_Cable 288688 286727 257339 OAMCostPerLine 269228 274838 Figura 122 - Sensibilidade do VDSL ao VAL na Bairrada VAL do VDSL no Minho( 431861 €) -10% 10% StartTariff_Bus 352087 NodeArea 511636 389267 476644 ConnectionTariff 416299 447424 BAP_LAP_Cable 417167 446556 Figura 123 – Sensibilidade do VDSL ao VAL no Minho É a área do nó (NodeArea) o parâmetro que provoca a maior variação do VAL no Alentejo, Douro e Bairrada. Quanto ao Minho o parâmetro que maior influência tem no VAL é a tarifa inicial empresarial (StartTarif_Bus). 120 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço É de notar que, a importância dos diferentes parâmetros variam de área para área. 6.2.3.9.1.3 LMDS VAL do LMDS no Alentejo (1349969 €) -10% NodeArea 919374 StartTariff 920480 10% 1705214 1779458 1128332 StartTariff_Bus 1571607 1464641 1235297 EdgeDistance 1411197 1288741 BAP_LAP_Cable 1328824 ConnectionTariff 1371114 1352588 1347351 OAMCostPerLine Figura 124 – Sensibilidade do LMDS ao VAL no Alentejo VAL do LMDS no Douro (691742 €) -10% NodeArea StartTariff StartTariff_Bus EdgeDistance BAP_LAP_Cable 10% 437030 881819 444419 939066 607985 775500 643689 670525 ConnectionTariff 683697 739796 712960 699788 690745 692740 OAMCostPerLine Figura 125 – Sensibilidade do LMDS ao VAL no Douro 121 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço VAL do LMDS na Bairrada (762592 €) -10% 10% StartTariff 512261 NodeArea StartTariff_Bus 1012923 581042 1013592 603013 EdgeDistance 922171 729829 795356 ConnectionTariff 747311 777873 BAP_LAP_Cable 747866 777318 OAMCostPerLine 760704 764480 Figura 126 – Sensibilidade do LMDS ao VAL na Bairrada VAL do LMDS no Minho (10175161€) -10% StartTariff_Bus StartTariff 10% 8832381 11517942 9016323 11333999 NodeArea 10132517 10219996 OAMCostPerLine 10159705 10190617 BAP_LAP_Cable 10188319 10162003 Figura 127 – Sensibilidade do LMDS ao VAL no Minho A área do nó é o parâmetro que provoca a maior variação do VAL no Alentejo e Douro. Na Bairrada e Minho o parâmetro que mais influência tem no VAL é a tarifa nacional (StartTariff) e a tarifa inicial empresarial (StartTariff_Bus). 122 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço É de notar que, a importância dos diferentes parâmetros variam de área para área. 6.2.3.9.2 Taxa Interna de Rendibilidade (TIR) 6.2.3.9.2.1 ADSL TIR do ADSL no Alentejo (15%) -10% NodeArea 10% 13,35% 16,63% StartTariff 13,76% EdgeDistance 16,17% 14,00% StarTariff_Bus 16,06% 14,03% 15,90% 14,44% BAP_LAP_Cable ConnectionTariff 15,54% 15,13% 14,81% 14,96% 14,99% OAMCostPerLine Figura 128 – Sensibilidade do ADSL ao TIR no Alentejo TIR do ADSL no Douro (15%) -10% 10% NodeArea 13,37% StartTariff EdgeDistance StarTariff_Bus BAP_LAP_Cable ConnectionTariff 16,49% 16,29% 13,75% 14,07% 16,10% 15,85% 14,20% 14,59% 15,49% 14,89% OAMCostPerLine 15,01% 15,17% 15,04% Figura 129 – Sensibilidade do ADSL ao TIR no Douro 123 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço TIR do ADSL na Bairrada (15%) -10% StarTariff_Bus 10% 12,97% 16,95% 13,38% NodeArea 16,20% 15,90% 14,15% EdgeDistance StartTariff 14,35% 15,62% 15,38% 14,60% BAP_LAP_Cable 14,65% ConnectionTariff OAMCostPerLine 14,95% 15,32% 15,02% Figura 130 – Sensibilidade do ADSL ao TIR na Bairrada TIR do ADSL no Minho (49%) -10% StarTariff_Bus StartTariff NodeArea ConnectionTariff BAP_LAP_Cable OAMCostPerLine 10% 46,19% 52,73% 46,55% 52,38% 47,86% 51,30% 48,68% 50,27% 48,78% 49,41% 50,18% 49,53% Figura 131 – Sensibilidade do ADSL ao TIR no Minho Das figuras anteriores pode-se ver que o parâmetro que maior influência têm na variação do TIR é a área do nó (NodeArea) para o Alentejo e Douro, e a tarifa inicial empresarial (StartTariff_Bus) para a Bairrada e Minho. 124 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço É de notar que, a importância dos diferentes parâmetros varia de área para área. 6.2.3.9.2.2 VDSL TIR do VDSL no Alentejo (15%) -10% NodeArea 10% 13,19% EdgeDistance 16,69% 14,00% StartTariff_Bus 16,10% 14,21% 15,77% 14,45% BAP_LAP_Cable 15,56% 14,83% ConnectionTariff OAMCostPerLine 15,15% 14,97% Figura 132 - Sensibilidade do VDSL ao TIR no Alentejo TIR do VDSL no Douro (15%) -10% NodeArea EdgeDistance StartTariff_Bus BAP_LAP_Cable 10% 13,20% 16,70% 16,03% 14,08% 14,34% 15,66% 14,58% 15,44% ConnectionTariff 14,87% 15,14% OAMCostPerLine 14,98% 15,02% Figura 133 - Sensibilidade do VDSL ao TIR no Douro 125 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço TIR do VDSL na Bairrada (15%) -10% NodeArea StartTariff_Bus 10% 13,40% 16,54% 13,46% 16,56% 15,88% 14,23% EdgeDistance 15,39% 14,66% BAP_LAP_Cable 14,70% ConnectionTariff 14,97% OAMCostPerLine 15,34% 15,07% Figura 134 – Sensibilidade do VDSL ao TIR na Bairrada TIR do VDSL no Minho (15%) -10% StartTariff_Bus NodeArea 10% 14,03% 15,83% 14,30% BAP_LAP_Cable 15,65% 14,71% ConnectionTariff 14,75% 15,16% 15,12% Figura 135 – Sensibilidade do VDSL ao TIR no Minho É a área do nó (NodeArea) o parâmetro que maior variação provoca no TIR no Alentejo, Douro e Bairrada. No Minho o parâmetro com maior influencia é a tarifa inicial empresarial (StartTariff_Bus). 126 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço É de notar que, a importância dos diferentes parâmetros variam de área para área. 6.2.3.9.2.3 LMDS TIR do LMDS no Alentejo (15%) -10% StartTariff NodeArea 10% 16,54% 13,42% 16,03% 13,51% StartTariff_Bus 15,79% 14,18% EdgeDistance 14,42% BAP_LAP_Cable 15,59% 14,68% ConnectionTariff 15,30% 14,91% 15,07% OAMCostPerLine Figura 136 – Sensibilidade do LMDS ao TIR no Alentejo TIR do LMDS no Douro (15%) -10% 10% StartTariff 13,22% 16,70% NodeArea 13,22% StartTariff_Bus EdgeDistance BAP_LAP_Cable ConnectionTariff OAMCostPerLine 16,12% 15,38% 14,38% 14,51% 15,46% 14,77% 14,91% 14,98% 15,18% 15,03% 14,97% Figura 137 – Sensibilidade do LMDS ao TIR no Douro 127 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço TIR do LMDS na Bairrada (15%) -10% 10% StartTariff 13,35% StartTariff_Bus 16,58% 16,00% 13,94% NodeArea 16,37% 14,02% EdgeDistance 14,68% BAP_LAP_Cable 14,84% ConnectionTariff 14,87% OAMCostPerLine 15,28% 15,11% 15,08% 14,96% 14,99% Figura 138 – Sensibilidade do LMDS ao TIR na Bairrada IRR of LMDS in Minho(29%) -10% 10% StartTariff_Bus 26,60% StartTariff NodeArea 31,78% 31,43% 26,96% 28,97% 29,42% BAP_LAP_Cable 29,12% 29,25% OAMCostPerLine 29,16% 29,21% Figura 139 – Sensibilidade do LMDS ao TIR no Minho A tarifa inicial (StartTariff)é o parâmetro que provoca a maior variação no TIR nas regiões do Alentejo, Douro e Bairrada. No Minho o parâmetro que tem maior influência no TIR é a tarifa inicial empresarial (StartTariff_Bus). 128 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço É de notar que, o nível de importância dos diferentes parâmetros variam de área para área. 7 CONCLUSÕES As tecnologias de informação e comunicação são, cada vez mais, o suporte de quase todos os serviços, com uma tendência de aumentar a sua influência na Sociedade de Informação. Devido às tendências actuais da liberalização das telecomunicações, que se dirige, a minimizar os custos e a maximizar os lucros, é importante saber como avaliar as necessidades dos utilizadores de cada região. A metodologia desenvolvida neste documento foi baseada num princípio económico – o princípio do equilíbrio do mercado. De acordo com este princípio, tanto o lado da procura como o da oferta de serviços devem ser tomados em consideração. Assim, a metodologia foi aplicada a um caso empírico em algumas regiões de Portugal, nomeadamente: Alentejo, Douro, Bairrada e Minho. Vale a pena reforçar que, no Minho, ao contrário das outras regiões, em que para todas as tecnologias toda a população no cluster era servida pela tecnologia, a população servida depende do raio da tecnologia. A análise feita a estas quatro regiões mostrou que em algumas delas, no que diz respeito a algumas tecnologias de rede, há uma procura insuficiente para justificar um modelo de negócio baseado apenas em lucro. Daí a necessidade de mecanismos de estimulação de mercado (subsidiação das tarifas, etc). Os resultados obtidos permitem-nos concluir que o ADSL e VDSL apresentam-se como tecnologias onde em algumas regiões estudadas o subsídio não é necessário, enquanto que no LMDS é necessário subsídio em todas as regiões em estudo, à excepção do Minho. Quanto aos investimentos, conclui-se que nas tecnologia ADSL e VDSL o grande investimento é na construção civil, factor este que pode tornar o projecto viável ou não em função da região em questão. No LMDS o grande investimento é em material electrónico. 129 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Seria também importante realçar que o facto de o LMDS no Minho não necessitar de subsidiarização, dado que a tecnologia LMDS seja mais indicada para zonas densamente urbanizadas. O Minho embora seja considerada uma zona rural, é um caso interessante, é que nesta região tem-se uma distribuição geográfica homogénea e por isso assemelha-se um pouco a zonas urbanas. 130 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço CAPÍTULO II - ESTUDO DE CASO II 1 INTRODUÇÃO Este estudo de caso tem por objectivo minorar as dificuldades com que as regiões periféricas e rurais de alguns países do Sudoeste Europeu se confrontam relativamente ao acesso dos instrumentos da Sociedade da Informação, em particular, à Internet.[15] Em termos concretos, este estudo de caso propõem-se a verificar a viabilidade económica de disponibilizar plataformas telemáticas, para acesso à Internet e aos serviços que lhe estão associados. Trata-se de situações onde os operadores de telecomunicações das respectivas regiões não contemplam fazê-lo no momento actual, nem num futuro previsivelmente próximo, por considerarem tais operações desprovidas de rentabilidade comercial. Para tentarmos simular as características das regiões periféricas, tomamos como amostras algumas freguesias dos concelhos de Aveiro e Ílhavo e estudamos a viabilidade económica dessas freguesias. Para atingir os anteriores objectivos tem-se de levar a cabo dois grandes tipos de intervenções: i. Correcção de insuficiências infraestruturais; ii. Dinamização dos mercados, intervindo tanto ao nível do estímulo da oferta de conteúdos locais e de serviços para a Internet como também ao nível do encorajamento da utilização destes serviços por parte de diversas comunidades de usuários. Desta forma, pretende-se criar as condições adequadas para qualificar a procura, comparar as formas de exploração e identificar as melhores políticas de promoção dos serviços telemáticos nas regiões periféricas e rurais do Sudoeste Europeu. [15] 2 FUNDAMENTAÇÃO 131 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Ao longo das últimas décadas tornou-se claro o papel das tecnologias da informação e da comunicação como elementos potenciadores e estruturantes do desenvolvimento económico e social[12]: a. As infra-estruturas telemáticas melhoram as possibilidades de contacto entre os vários agentes dos sistemas económicos, facilitam o acesso e a disseminação da informação, a gestão corrente das organizações e, desta forma, induzem e proporcionam novas oportunidades de actividade económica e de desenvolvimento cultural e social. b. Por sua vez, o incremento da actividade económica acarreta aumentos na procura de novos serviços de apoio. Entre eles, os serviços informação e de comunicação, pela sua presença cada vez mais generalizada em praticamente todos os domínios de actividade, representam um dos serviços de apoio com maior procura. Esta procura, se suficiente, estimula a instalação de novas infraestruturas de comunicação e o recurso cada vez mais generalizado a sistemas de informação. Para além das relações de interdependência apontadas acresce ainda o facto de, nas últimas décadas se ter assistido a uma tendência crescente para a globalização das economias. Naturalmente que aqui já se pressente o papel atenuador das distâncias proporcionado pelas telecomunicações mas é facto também que estas tendências reflectem novos paradigmas de organização económica e empresarial, onde o fluxo atempado de informação é um dos factores de importância estratégica decisiva. É importante reconhecer-se que as anteriores relações entre a procura e a oferta de serviços de telecomunicações, embora sujeitas a estreita interdependência, não são automáticas! • A um acréscimo na oferta das infraestruturas e serviços de telecomunicações pode não corresponder necessariamente um aumento de actividade económica. • A um acréscimo de procura pode não corresponder de imediato o correspondente aumento na oferta de serviços e infraestruturas. Esta falta de automaticidade causa-efeito pode ser particularmente grave nas regiões periféricas e rurais. 132 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Pelo lado dos utilizadores, diversos tipos de barreiras económicas e sociais podem impedir a adesão à oferta de serviços que lhes é feita: • Custos de subscrição muito elevados; • Preço dos serviços demasiado altos. • Incapacidade de tirar partido da utilização dos serviços por falta de formação profissional ou de inserção em redes de interesses e afinidades, normalmente mais escassas nas zonas rurais e periféricas que nas zonas urbanas e metropolitanas; Pelo lado dos operadores e provedores de serviços, razões tais como elevados volumes de investimento ou níveis de incerteza acima do limiar de risco que estão disponíveis a aceitar, podem impedir a decisão de instalar novas infraestruturas e oferecer novos serviços. Estas situações de potencial impasse de mercado estão ilustradas na seguinte figura. Selecção dos possíveis cenários de rede oferecendo a possibilidade de satisfazer as necessidades identificadas Análise Económica e Financeira de diferentes cenários debaixo de condições de mercado pré-especificadas Oferta de Serviços Operadores Provedores de Serviços Fornecedores de tecnologia Tarifas Aquilo que as pessoas estão dispostas a pagar Estimativa da potencial adesão aos serviços identificados (procura) Equilíbrio do Mercado Identificação das necessidades dos serviços Caracterização geográfica e demográfica Autoridades Reguladoras Procura de Seviços Utilizadores Figura 140 - Relações entre a oferta e a procura no mercado das telecomunicações[6]. Perante este tipo de situações em que não acontece o estabelecimento dos mecanismos causa-efeito que as anteriores relações poderiam fazer inferir, duas posições são possíveis: • Deixar os mecanismos de mercado funcionar por si sós. Neste caso, muito provavelmente nada acontecerá e as regiões com este tipo de condições sócio-económicas terão as suas possibilidades de desenvolvimento cada vez mais reduzidas face a outras regiões com uma maior dinâmica. 133 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço • Intervir colocando em campo mecanismos de estimulação económico-social (financiamento e elevação das capacidades sociais) tendentes a ultrapassar este ciclo vicioso. [15] 3 ABORDAGEM E METODOLOGIA A abordagem aos problemas com que o estudo de caso se defronta e a metodologia utilizada para a sua resolução podem ser sumariadas da seguinte forma: [15] • Identificação de situações com necessidades de intervenção (reforço de infraestruturas ou dinamização dos mercados); • Estudo das alternativas técnicas e económicas de reforço de infraestruturas; • Definição das formas de dinamização dos mercados (fornecimento de conteúdos, estímulo da procura, etc); • Negociação com operadores e fornecedores de serviços; • Implementação de acções locais tendentes a dinamizar a exploração das infraestruturas e serviços de telecomunicações; • Avaliação do impacto sócio-económico do projecto; • Produção de recomendações com vista à reutilização dos resultados do projecto noutras regiões periféricas e/ou rurais; De seguida faz-se uma apresentação mais detalhada de cada um destes passos metodológicos. 4 IDENTIFICAÇÃO DE SITUAÇÕES COM NECESSIDADES DE INTERVENÇÃO Para cada uma das regiões sob consideração é seleccionado um conjunto de situações em que os operadores de telecomunicações locais não contemplam disponibilizar recursos de acesso à Internet no momento actual, nem num futuro previsivelmente próximo, por considerarem rentabilidade comercial. [15] 134 tais operações desprovidas de Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Estas situações poderão ser decorrentes de três tipos de carências: • Insuficiências infraestruturais; • Falta de dinâmica de mercado; • Simultânea insuficiência de infraestruturas e de falta de dinâmica de mercado; 4.1 Formas de Intervenção Este estudo de caso propõe uma forma de intervir em relação a estes três tipos de situações. Essa intervenção envolverá as seguintes formas: [15] • Disponibilização de plataformas telemáticas de banda larga à escala real, para acesso à Internet e aos serviços que lhe estão associados. Esta disponibilização pode assumir uma das seguintes duas formas: o Complemento / reforço das infraestruturas existentes; o Criação de raiz de novas infraestruturas de telecomunicações. • Dinamização da oferta de conteúdos locais; • Encorajamento aos utilizadores no sentido de tirarem partido destes recursos. 5 IDENTIFICAÇÃO DAS ÁREAS GEOGRÁFICAS São consideradas três freguesias do distrito de Aveiro, duas do concelho de Aveiro e uma do de Ílhavo, apresentando diferentes padrões territoriais: Santa Joana; São Salvador (Ílhavo); Eirol; As figuras seguintes ilustram os concelhos de Aveiro e Ílhavo, onde se pode localizar as regiões em questão. 135 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Figura 141 - Concelho de Aveiro[13]. Figura 142 - Concelho de Ílhavo. 5.1 Modelização Geográfica Com o intuito de representar o “ lay-out ” das infra-estruturas de telecomunicações das áreas em estudo, recorreu-se a um modelo geométrico abstracto, descrito em seguida: 136 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço • A área é representada, consiste em nove aglomerados habitacionais. • Um dos aglomerados (possivelmente o central) desempenha o papel de local access point (LAP), ao qual estão conectados os oito restantes aglomerados (tracejado da figura). O aglomerado que aloja o local access point (LAP) estará conectado ao broadband access point (BAP) mais próximo. A ligação BAP_LAP pode ser efectuada através de diversos meios físicos. (ex. fibra óptica, radio, etc) L BA PL AP d' BAP D' D LAP Figura 143 - Modelo geométrico.[4] Os atributos chave para de uma certa área são: • A densidade habitacional dentro dos aglomerados habitacionais, ou em alternativa, o número de fogos por aglomerado; • A distância entre os limites dos aglomerados (D), ou em alternativa, a distância entre o centro geométrico dos aglomerados, (D’); • O tamanho dos aglomerados, representado quer pela sua área, quer pelo comprimento do lado, ou até pela metade do comprimento da diagonal., (d’). 6 SOLUÇÕES DE REDE 137 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço 6.1 Wireless Local Area Network 6.1.1 Standards e Organizações Os dois principais standards de WLANs que estão actualmente em desenvolvimento são o IEEE 802.11a, com origem nos Estados Unidos, e o Hiperlan2 da responsabilidade do ETSI na Europa. Embora as camadas físicas destes standards sejam similares, eles diferem na camada MAC (Medium Access Control), dado que, o IEEE 802.11a mantém a sua natureza Ethernet com o modo não orientado à conexão (connectionless), e o Hiperlan2 estabelece ligações orientadas à conexão que estão especificamente adaptadas ao tipo de conteúdo a que se destinam, nomeadamente em termos de largura de banda, latência, taxa de erros, etc. Contudo, o ETSI e o IEEE já iniciaram esforços no sentido de aumentarem a compatibilidade entre as tecnologias, começando por considerar soluções para a coexistência de ambas, através da definição de protocolos de partilha de frequências e de robustez face a interferências. Mais tarde, espera-se que as diferentes tecnologias disponham de capacidades de interfuncionamento (entre os standards IEEE 802.11a, Hiperlan2, NMAC CSMA, e HiSWANa), permitindo que um terminal associado a um standard possa funcionar em qualquer um dos pontos de acesso híbridos. 6.1.2 As Principais Decisões dos Organismos Reguladores A nível mundial foram consideradas duas sub-bandas de frequências para a tecnologia WLAN: 5.150 – 5.350 GHz, e 5.470 – 5.725 GHz, totalizando 455 MHz. Os futuros sistemas WLAN a 5 GHz variam ligeiramente nas diferentes zonas do mundo (Hiperlan2 na Europa, IEEE802.11a nos EUA, e MMAC no Japão), no entanto, dado que as camadas físicas são muito similares, espera-se que isso permita uma economia de escala do ponto de vista dos chipsets, e que esse seja também um factor fundamental para uma coexistência mais fácil entre os standards. Actualmente, a reserva destas bandas (ou parte delas) depende das autoridades locais. Na Europa, as decisões do CEPT são as seguintes: • Reservar a banda completa para os sistemas Hiperlan, para uso no interior de edifícios, com uma potência isotrópica equivalente radiada máxima de 200 mW. Uma parte dessa banda tem sido partilhada com sistemas de satélite e radares, por isso, é necessária a selecção dinâmica de frequências (DFS). 138 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço • O uso de Hiperlan no exterior é permitido, desde que seja na parte superior da banda, e com uma potência isotrópica equivalente radiada máxima de 1 W. Comparativamente com a banda de 2.45 GHz, a banda dos 5 GHz oferece as seguintes vantagens: • Maior Largura de Banda disponível para os canais (tipicamente 20 MHz) e a coexistência de várias WLANs sem interferências. • A banda é partilhada por um número limitado de sistemas e está principalmente dedicada às WLANs de 5 GHz (Hiperlan ou equivalente), o que limita consideravelmente problemas de interferência. Dadas estas circunstâncias, a banda dos 5 GHz é a mais adequada para as aplicações com maiores exigências de largura de banda e com requisitos de QoS mais exigentes. Por outro lado, a competição acesa entre os diversos standards, e os requisitos específicos do DFS europeu, podem vir a atrasar a estabilização do mercado WLAN 5 GHz em todo o mundo, o que não acontece com as WLANs de 2.45 GHz. 6.1.2.1 O Impacto das Medidas Reguladoras na Avaliação Económica Os principais fabricantes de WLANs reconhecem as vantagens que um standard único pode trazer, e por isso estão a desenvolver esforços no sentido de, pelo menos, assegurarem que os utilizadores das tecnologias IEEE802.11a e Hiperlan2 possam aceder de forma transparente aos serviços desejados, através de pontos de acesso híbridos, enquanto não são consideradas outras soluções de convergência mais adequadas. Economicamente, os elevados volumes de produção conduzirão ao abaixamento dos custos dos equipamentos de rede. A possibilidade de se poderem usar WLANs de diferentes tipos deve ter, em princípio, um impacto positivo junto dos clientes, incentivando a procura deste tipo de tecnologias, desaparecendo a necessidade de ter cartões específicos de uma dada rede nos terminais. O impacto das medidas reguladoras no desempenho económico desses sistemas condiciona, em parte, os modos de utilização dos sistemas face aos recursos espectrais disponíveis. Ao contrário dos sistemas de terceira geração, as WLANs não estarão sujeitas a procedimentos de licenciamento, nem aos custos associados, essencialmente porque se espera que as WLANs consigam organizar a sua própria 139 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço coexistência dentro de um espaço interior limitado. Contudo, com a possibilidade de virem a funcionar também no exterior (na banda superior), as WLANs poderão vir ainda a estar sujeitas a grandes decisões por parte dos organismos reguladores, particularmente se o seu potencial se revelar elevado. 6.1.3 Comparação entre WLANs e outros Sistemas “Sem Fios” Para comparar as WLANs com os outros sistemas de comunicação sem fios, vamos considerar as seguintes tecnologias: • UMTS FDD: projectado para uma cobertura alargada com voz e aplicações com requisitos médios no que diz respeito às taxas de transferência de dados. • UMTS TDD: projectado para aplicações de dados com débitos binários mais elevados (neste caso, os “dados” incluem multimédia). • Wired LANs: são as primeiras referências das WLANs. • Sistemas DECT: os standards DECT incluem perfis adequados a várias aplicações, as mais comuns são os telefones “cordless”. Mas os Cordless PBX estão também bem divulgados e correspondem a parte dedicada à voz nas WLANs. Alguns perfis DECT estão projectados para o Acesso Fixo Via Rádio (FWA), essencialmente para serviços básicos de telefonia ou RDIS. • Sistemas WLL: projectados para o Acesso Fixo Via Rádio, especialmente para a ligação final entre o cliente e a rede do operador12. • Personal Area Networks (PAN): são pequenas redes com cobertura reduzida (apenas alguns metros) que permitem a ligação “sem fios” entre dispositivos locais (PCs – periféricos, ou telemóvel – PDA – computador portátil). Hoje em dia, as PAN estão intimamente ligadas ao standard Bluetooth, incentivado por alguns impulsionadores como a Ericsson, Nokia, Toshiba, Intel, IBM, 3Com, Motorola, Lucent e Microsoft, e mais de 2000 membros). O seu principal alvo tem sido o mercado móvel de massas, através da disponibilização de um produto a custos muito reduzidos, no entanto com áreas de cobertura também 12 No entanto, para efeitos desta comparação vamo-nos preocupar apenas com os aspectos que são comuns aos sistemas WLL e às WLANs: Por isso, vamos somente considerar os Sistemas de Acesso Fixo sem fios IP (FWIP – Fixed Wireless IP Access Systems), destinados ao acesso IP, inspirados em parte nas WLANs. 140 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço muito restritas, o que poderá ser uma vantagem ultrapassando as questões legais impostas pelos organismos reguladores. A Tabela 21 compara as características mais relevantes das WLANs com as de outros sistemas: Área de Cobertura Tipo de Rede WLANs (2.4 e 5 GHz) UMTS Wired LAN 20-40m (200m ) 3km LAN Mobile WAN DECT (indoor) WLL (FWIP) Bluetooth - 50m 3-10km 10m LAN PBX (rede local para tráfego de voz) Fixed WAN PAN Dados Voz + dados 3 a 10 Mbps 800 kbps 1.000 € 10000€ por sector Não disponibilizado 100 € (voz) 2.000 € 10 € LAN Serviços Taxas de Transferência de Pico Custo do Ponto de Acesso Custo do Terminal Mobilidade Banda de Frequências (Largura de Banda Total) Dados (Voz/dados) Voz + dados Dados 384 kbps 10 - 100 Mbps 100 K€ Não disponibilizado 5 Mbps >20 Mbps 1.000 € (3 sectores) 180 € 2.45 e 5 GHz (80 e 455 MHz) 100 € 1.000 € (PC card) Pedestre Área Limitada (PC card) Voz - dados 32 kbps por utilizador (circuitos de voz) Dados 512 kbps, até 2 Mbps Global Não garante Pedestre Área Limitada Não garante Local ou Piconet 2 GHz (155MHz) - 1,9GHz (20MHz) 3,5GHz 2,45GHz (80MHz) Tabela 21 - Características dos diferentes Sistemas de Rádio na Rede de Acesso.[16] A combinação da rede UMTS com a componente WLAN cobre praticamente todas as necessidades dos serviços multimédia sem fios. Todavia, para os ambientes residenciais ainda permanece a indecisão relativamente à tecnologia a adoptar. Se por um lado o Bluetooth se apresenta como um sério candidato para este tipo de ambiente, devido ao seu baixo custo, por outro, à medida que o custo das WLANs de elevado desempenho desce, também elas poderão vir a ter o seu lugar no mercado residencial. 6.1.4 O Standard Hiperlan2 O Hiperlan2 é um standard Radio LAN flexível projectado para fornecer acessos de alta velocidade (até 54 Mbps na camada física) a uma variedade de redes, inclusivamente redes core móveis de 3G, redes ATM, redes baseadas em IP, e também para uso privado como é o caso dos sistemas WLAN. As aplicações básicas suportadas incluem voz, dados e vídeo, tendo em consideração parâmetros de QoS específicos. Os sistemas Hiperlan2 podem ser instalados em escritórios, salas de 141 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço aulas, residências, fábricas, áreas de grande concentração de pessoas (hot spot zones), como salas de exposições e de congressos, centros comerciais, estádios de futebol, aeroportos, etc., e mais genericamente onde a transmissão rádio é uma alternativa eficiente ou um complemento à tecnologia fixa. [17] O standard Hiperlan2 representa um marco significativo no desenvolvimento de uma tecnologia combinada para comunicações celulares de banda larga com cobertura reduzida, e também para as WLANs, com desempenhos comparáveis aos encontrados nas LANs cabladas. Em colaboração com o Projecto ETSI e com o Universal Mobile Telecommunications Systems (UMTS) do 3GPP, o ETSI BRAN (Broadband Radio Access Networks) definiu uma série de especificações para a interface de acesso para o UMTS. Esta interface poderia também servir como a base para a definição de interfaces para outros membros da família IMT – 2000 da terceira geração de sistemas móveis. O Projecto BRAN está ainda a desenvolver uma nova geração de standards que suportarão tráfego assíncrono, e tráfego sensível aos atrasos, por exemplo, voz e vídeo através de comutação de pacotes, condicionado a atrasos bem especificados, por forma a garantir uma qualidade de serviço (QoS) aceitável. Um destes standards é o HIgh PErformance Radio Local Area Network do tipo 2 (HIPERLAN/2) que suportará comunicações multimédia de alta velocidade, entre diferentes redes core de banda larga e os terminais móveis. 6.1.4.1 Aplicações O Hiperlan2 garante uma plataforma flexível para um vasto leque de aplicações multimédia em ambientes empresariais ou residenciais, podendo suportar taxas de transferência até 54 Mbps. Num cenário típico de aplicações empresariais, podemos imaginar por exemplo, um terminal móvel a aceder aos serviços de uma infra-estrutura da rede fixa empresarial/pública, onde a rede, para além de garantir a QoS, disponibilizará aos terminais móveis, serviços de gestão e de mobilidade, quando este estiver em movimento. Por outro lado, um cenário residencial já pressupõe uma rede de baixo custo e flexível, que é suportada pela interligação sem fios de dispositivos digitais de consumo. 142 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço 6.1.4.2 Modos de Operação Para atingir todos estes objectivos, o Hiperlan2 recorre ao conceito de rede celular combinada, com uma capacidade de rede “ad-hoc”, suportando dois modos básicos de operação: i. modo centralizado O modo centralizado é usado na rede celular, onde cada célula de rádio é controlada por um ponto de acesso que cobre uma determinada área geográfica. Neste modo, um terminal móvel comunica com outro terminal, ou com a rede core, através de um ponto de acesso. O modo de operação centralizado destina-se principalmente a aplicações empresariais, quer seja no interior de edifícios, quer no exterior, tendo por isso que cobrir uma área muito mais vasta do que a de uma célula rádio. ii. modo directo O modo directo é usado na topologia de rede ad-hoc, tipicamente em ambientes residenciais privados, onde uma célula de rádio cobre toda a área servida. Neste modo, os terminais móveis que estão numa única célula da rede que serve a habitação podem trocar dados directamente entre si. 6.1.4.3 Arquitectura A rede de acesso rádio Hiperlan2 pode ser usada com uma grande variedade de redes core. Isto é possível devido à arquitectura flexível implementada nos standards BRAN, que definem a rede core independentemente da camada física (PHY), da camada Data Link Control (DLC), e de um conjunto de camadas de convergência (CL) específicas da rede core que se situam no topo da camada DLC. 143 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Figura 144 - Camadas da Arquitectura Hiperlan2.[17] 6.1.4.3.1 Camada Física (PHY) A camada física (PHY) é responsável por estabelecer a correspondência entre pacotes unitários de dados da camada de controlo de acesso ao meio (PDUs MAC – Packet Data Unit – Medium Access Control) e pacotes unitários de dados da camada física (PDUs PHY – Packet Data Unit – Physical Layer), adicionando a sinalização PHY da camada física, que inclui parâmetros do sistema e cabeçalhos (headers) usados para a sincronização do sinal de RF. A modulação do sinal baseia na técnica OFDM (Orthogonal Frequency Division Multiplexing) com modulação de várias sub-portadoras e com técnicas de correcção de erros FEC (Forward Error Correction) que permitem lidar com várias configurações de canal. Os principais parâmetros têm os seguintes valores: • FFT size: 64 • Número de sub-portadoras usadas: 52 (48 são usadas para dados, e as restantes 4 para pilotos) • Espaçamento entre canais: 20 MHz • Frequência de Amostragem: 20 milhões de amostras / segundo • Intervalo de guarda: por defeito 800 ns correspondendo a 16 amostras temporais, ou 400 ns (opcional) • Modulação de sub-portadoras: BPSK, QPSK, 16QAM e opcionalmente 64QAM. 144 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço • Desmodulação de sub-portadoras: coerente • FEC (Forward Error Correction) fixo: com uma relação de ½, comprimento obrigatório do código convolucional mãe: 7 (9/16 e 3/4 para códigos perfurados) • Débitos binários suportados: 6, 9, 12, 18, 27, 36, 54 Mbps. • Interleaving: bloco de interleaving com o tamanho de um símbolo OFDM. 6.1.4.3.2 Camada DLC A parte básica da camada DLC assenta em duas especificações. A primeira inclui as funções básicas de transporte de dados, consistindo num protocolo de controlo de erros e num protocolo MAC (Medium Access Control). A segunda especificação define a sub-camada RLC (Radio Link Control) que é usada para trocar dados no plano de controlo, algures entre o ponto de acesso e o terminal móvel. Para além destas, foram desenvolvidas mais duas especificações para os perfis residencial e empresarial do DLC. A interface ar do Hiperlan2 baseia-se em técnicas de multiplexagem TDD e em TDMA dinâmica. 6.1.4.3.3 Camadas de Convergência (CL) Uma Camada de Convergência tem duas funções principais: i. Adaptar os serviços solicitados por camadas superiores aos serviços disponibilizados pela DLC. ii. Converter os pacotes das camadas superiores de tamanho fixo ou variável em unidades de dados DLC dos serviços (DLC – Service Data Units) de tamanho fixo, que são usados dentro do DLC. As camadas de convergência têm vindo a ser desenvolvidas para as aplicações Ethernet (baseadas em IP), redes core ATM, e para protocolos e aplicações IEEE 1934. Além disso, está prevista a definição de uma ou mais interfaces de acesso para as redes móveis de terceira geração, através da cooperação estabelecida entre o ETSI, UMTS e 3GPP. 145 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço 6.1.4.4 Aspectos Rádio e Questões Espectrais O standard Hiperlan2 pode suportar antenas multi-sectoriais para melhorar o “link budget” e reduzir as interferências na rede rádio, além disso, define um conjunto de protocolos de medida e sinalização para garantir várias funções na rede rádio, por exemplo, a selecção dinâmica de frequência (DFS – Dynamic Frequency Selection), ligações adaptativas, handover, antenas multisectoriais e controlo de potência, em que os algoritmos são específicos de um determinado fabricante. As funções suportadas pela rede rádio permitem implementar mecanismos de distribuição celular nos sistemas Hiperlan2, com cobertura total e débitos binários elevados, num leque alargado de ambientes de operação. O sistema deverá automaticamente reservar frequências para as comunicações em cada ponto de acesso. Este procedimento é assegurado pelo protocolo DFS, que permite que vários operadores partilhem o espectro radioeléctrico disponível, evitando o uso de frequências interferentes. Para fazer face à qualidade variável das condições das comunicações rádio (interferências e condições de propagação) é usado um mecanismo adaptativo na ligação, que ajuda a manter baixas relações sinal-interferência, por forma a garantir a QoS necessária, e estabelecer um compromisso entre a abrangência em termos de cobertura e os débitos binários disponibilizados. Com base nas medidas de aferição da qualidade das ligações, as taxas de transmissão da camada física são adaptadas à qualidade actual da ligação. O mecanismo de controlo da potência emitida é suportado, quer pelo terminal móvel (uplink), quer pelo ponto de acesso (downlink). O controlo de potência no uplink é usado principalmente para simplificar o projecto do receptor do ponto de acesso, evitando a introdução de um controlo automático de ganho. O principal objectivo do controlo de potência no downlink é cumprir os requisitos impostos pelas entidades reguladoras na Europa, de maneira a reduzir a interferência com outros sistemas de comunicações que usam a mesma banda dos 5 GHz. A faixa dos 5 GHz está aberta na Europa, nos EUA e no Japão. Actualmente, a largura de banda ocupada nos 5 GHz é de 455 MHz na Europa, 300 MHz nos EUA, e 100 MHz no Japão. 146 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço 6.1.5 O Standard IEEE 802.11 6.1.5.1 Introdução Os avanços nas comunicações nos últimos anos possibilitaram o aparecimento de várias tecnologias, que desde então procuram atender a real necessidade dos seus utilizadores, com a melhor qualidade possível. Nos últimos anos a comunicação sem fio ganhou um espaço considerável nas tecnologias de transmissão de dados, deixando de existir apenas nas comunicações de longa distância (feitas através de satélite), para fazer parte de ambientes locais. Essa tendência foi fortalecida pelo investimento de instituições e empresas no sentido de aplicar a transmissão sem fio em redes de computadores. Também apostando nessa nova tecnologia, o IEEE (Institute of Electrical and Electronics Engineers) constituiu um grupo de trabalho para criar standards abertos que pudessem tornar a tecnologia sem fio cada vez mais realidade. Esse projecto, denominado de Standard IEEE 802.11, nasceu em 1990, mas ficou inerte por aproximadamente sete anos devido a factores que não permitiam que a tecnologia sem fio saísse do papel. Um dos principais factores era a baixa taxa de transferência de dados que inicialmente a tecnologia oferecia, que era em torno de Kbps. De acordo com a elevação dessa taxa de transferência de dados que passou a atingir Mbps, a rede sem fio começou a ser vista como uma tecnologia promissora e a receber ainda mais investimentos para a construção de equipamentos que possibilitassem a comunicação sem fio entre computadores. Actualmente o foco das redes de computadores sem fio (Wireless) encontra-se no contexto das redes locais de computadores (Wireless Local Area Network - WLAN), tanto em soluções proprietárias como no standard do IEEE. Primeiramente foram colocados em prática alguns standards proprietários, através de empresas como IBM, CISCO, Telecom e 3COM. Hoje essas e outras empresas baseiam os seus produtos no standard do IEEE, devido às inúmeras e já conhecidas vantagens que o standard aberto oferece: interoperacionalidade, baixo custo, exigências do mercado, confiabilidade de projecto, entre outras. Fora das redes de computadores, muitas tecnologias sem fio proprietárias têm sido usadas para possibilitar a comunicação entre dispositivos sem fio. Essas tecnologias têm o propósito de permitir o controlo remoto de equipamentos domésticos e interligar os periféricos (teclado, mouse, impressoras, etc) aos computadores, eliminando os fios 147 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço e tornando mais flexível e prático o uso desses equipamentos. O Bluetooth e HomeRF são exemplos dessas tecnologias. O standard IEEE 802.11 define basicamente uma arquitectura para as WLANs que abrange os níveis físico e de enlace. No nível físico são tratadas apenas as transmissões de rádio frequência (RF) e infravermelhos (IR), embora outras formas de transmissão sem fio possam ser usadas, como microondas e laser, por exemplo. No nível de enlace, o IEEE definiu um protocolo de controlo de acesso ao meio (protocolo MAC), bastante semelhante ao protocolo usado em redes locais Ethernet (CSMA/CD). O standard IEEE 802.11 possibilita a transmissão de dados numa velocidade de 1 à 2Mbps, e especifica uma arquitectura comum, métodos de transmissão, e outros aspectos de transferência de dados sem fio, permitindo a interoperabilidade entre os diversos produtos WLAN [18]. Apesar do significativo aumento da taxa de transferência de dados que subiu de algumas poucas dezenas de Kbps para 2Mbps, as WLANs não atendiam satisfatoriamente a necessidade de largura de banda das empresas. Com isso, o IEEE investiu no melhoramento do standard 802.11 (que passou a ser chamado de 802.11b), com a mesma arquitectura e tecnologia, mas com taxa de transferência de dados maiores, entre 5 e 11Mbps, impulsionando de vez a tecnologia e estimulando as comunidades científica e industrial a padronizarem, projectarem e produzirem produtos para essas redes. Portanto, a adopção de sistema sem fio vem crescendo significativamente, em que muitas soluções WLAN estão ou já foram implantadas em empresas, universidades e outras instituições do mundo inteiro. Isso indica, sem dúvida, que as redes de computadores sem fio são uma realidade e, provavelmente, nos próximos anos, substituirão ou serão adicionais aos sistemas com fio já existentes, passando a ser uma solução bastante interessante para as organizações, pois desta forma os pontos que necessitam de mobilidade são conectados à rede pelo meio “Wireless” e as estações fixas são ligadas à rede via cabo. “Fibra óptica e comunicação sem fio são as tecnologias do futuro”.[19] Mas não é só isto. Há uma tendência moderna de se implantar cada vez mais as redes sem fio ao invés de redes com fio. Essa pretensão é motivada tanto por aspectos da inviabilidade da instalação de redes com fio em certos lugares, como pelo baixo preço dos equipamentos sem fio e da interoperacionalidade oferecida pela tecnologia 148 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Wireless. Outros factores relacionam-se com as facilidades de mobilidade e flexibilidade que as comunicações sem fio oferecem. A tecnologia sem fio não é recente, mas como os seus produtos eram caros e sua baixa taxa transferência de dados, inviabilizaram seu uso. Porém, a tecnologia WLAN (Wireless Local Area Network) vem sendo muito usada na medicina móvel no atendimento aos pacientes, transacções comerciais e bancárias, usadas onde não possa trespassar fios como construções antigas, entre outros, lugares onde há a necessidade de mobilidade e flexibilidade nas estações de trabalho. Este trabalho apresenta informações sobre as redes locais sem fio, particularmente as redes locais que atendem ao standard IEEE 802.11, mostrando basicamente sua arquitectura e o funcionamento do protocolo de acesso ao meio (protocolo MAC) usado nessas redes sem fio. 6.1.5.2 Wireless LAN IEEE 802.11 Uma rede sem fio (Wireless) é tipicamente uma extensão de uma rede local (Local Area Network - LAN) convencional com fio, criando-se o conceito de rede local sem fio (Wireless Local Area Network - WLAN). Uma WLAN converte pacotes de dados em ondas de rádio ou infravermelhos e envia-os para outros dispositivos sem fio ou para um ponto de acesso que serve como uma conexão para uma LAN com fio. “Uma rede sem fio é um sistema que interliga vários equipamentos fixos ou móveis utilizando o ar como meio de transmissão”[20] A figura seguinte ilustra uma rede sem fio conectada por um ponto de acesso (AP) a uma rede convencional com fio. 149 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Figura 145 - Conexão de uma rede sem fio com uma convencional com fio O IEEE constituiu um grupo chamado de Wireless Local-Area Networks Standard Working Group, com a finalidade de criar standards para redes sem fio, definindo um nível físico para redes onde as transmissões são realizadas em rádio frequência ou infravermelhos, e um protocolo de controlo de acesso ao meio, o DFWMAC (Distributed Foundation Wireless MAC). Este standard é denominado de Projecto IEEE 802.11[18] e tem, entre outras, as seguintes premissas: suportar diversos canais; sobrepor diversas redes na mesma área de canal; apresentar robustez com relação à interferência; possuir mecanismos para evitar nós escondidos; oferecer privacidade e controle de acesso ao meio[21]. A seguinte ilustra o standard IEEE 802.11, comparando com o modelo standard de redes de computadores, o RM-OSI da ISO (Reference Model – Open Systems Interconnection of the International Standardization Organization). 150 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Figura 146 - Comparação do standard 802.11 com o RM-OSI A maioria das redes sem fio é baseada nos standards IEEE 802.11 e 802.11b (sendo esta última evolução da primeira), para comunicação sem fio entre um dispositivo e uma rede LAN. Estes standards permitem transmissão de dados de 1 a 2Mbps, para a IEEE 802.11, e de 5 a 11Mbps, para a IEEE 802.11b, e especificam uma arquitectura comum, métodos de transmissão, e outros aspectos de transferência de dados sem fio, permitindo a interoperabilidade entre os produtos. Duas razões contribuíram bastante para que a tecnologia sem fio avançasse: a aprovação do standard IEEE 802.11, em 1997, o que ajudou a tornar as WLAN uma realidade; e o baixo custo dos equipamentos para WLAN, que fizeram com que as redes sem fio ficassem mais acessíveis para algumas empresas, aumentando consideravelmente a comercialização de produtos para computadores móveis, como o cartão PCMCIA para Notebook e o cartão ISA/PCI para PCs. 6.1.5.3 Arquitectura da Wireless LAN 802.11 O standard IEEE 802.11 define uma arquitectura para as redes sem fio, baseada na divisão da área coberta pela rede em células. Essas células são denominadas de BSA (Basic Service Area). O tamanho da BSA (célula) depende das características do ambiente e da potência dos transmissores/receptores usados nas estações. Outros 151 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço elementos que fazem parte do conceito da arquitetura de rede sem fio, quais sejam [18]: • BSS (Basic Service Set) – representa um grupo de estações comunicando-se por radiodifusão ou infravermelho numa BSA. • Ponto de acesso (Access Point – AP) – são estações especiais responsáveis pela captura das transmissões realizadas pelas estações de sua BSA, destinadas a estações localizadas em outras BSAs, retransmitindo-as, usando um sistema de distribuição. • Sistema de distribuição – representa uma infra-estrutura de comunicação que interliga múltiplas BSAs para permitir a construção de redes cobrindo áreas maiores que uma célula. • ESA (Extend Service Area) – representa a interligação de vários BSAs pelo sistema de distribuição através dos APs. • ESS (Extend Service Set) – representa um conjunto de estações formado pela união de vários BSSs conectados por um sistema de distribuição. A figura seguinte, apresenta união de duas BSSs conectados por um sistema de distribuição. Figura 147 - União de duas BSS formando uma ESS [18] A identificação da rede ocorre da seguinte maneira: cada um dos ESSs recebe uma identificação chamada de ESS-ID; dentro de cada um desses ESSs, cada BSS recebe 152 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço uma identificação chamada de BSS-ID. Então, o conjunto formado por esses dois identificadores (o ESS-ID e o BSS-ID), formam o Network-ID de uma rede sem fio standard 802.11 [18]. Apesar dos elementos que fazem parte da arquitectura sem fio possibilitar a construção de uma rede abrangendo áreas maiores do que um ambiente local, o projecto do IEEE 802.11 limita o standard IEEE 802.11 às redes locais, com ou sem infraestrutura. Numa rede WLAN sem infraestrutura (conhecidas por redes Ad Hoc), as estações comunicam-se na mesma célula, sem a necessidade de estações especiais, ou seja, sem necessidade dos APs para estabelecer as comunicações. Numa rede local com infraestrutura, é necessária a interconexão de múltiplos BBSs, formando um ESS. Nesse caso, a infraestrutura é representada pelos APs, e pelo sistema de distribuição que interliga esses APs. O sistema de distribuição, além de interligar os vários pontos de acesso, pode fornecer os recursos necessários para interligar a rede sem fio a outras redes, e ele, o sistema de distribuição, geralmente é representado por um sistema de comunicação com fio (cobre ou fibra) [20]. Um elemento fundamental na arquitectura de rede local sem fio com infraestrutura é o ponto de acesso, que desempenha as seguintes funções[18]: • autenticação, associação e reassociação: permite que uma estação móvel mesmo saindo de sua célula de origem continue conectada à infraestrutura e não perca a comunicação. A função que permite manter a continuidade da comunicação quando um usuário passa de uma célula para outra, é conhecida como handover . • Gestão de potência: permite que as estações operem economizando energia, através de um modo chamado de power save. • Sincronização: garante que as estações associadas a um AP estejam sincronizadas por um relógio comum. 6.1.5.4 Protocolo MAC do Standard IEEE 802.11 Além de definir um mecanismo para transmissão física usando radio frequência ou infravermelho, o IEEE definiu um protocolo de acesso ao meio (subcamada MAC do nível de enlace de dados), denominado de DFWMAC (Distributed Foundation Wireless 153 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Medium Access Control), que suporta dois métodos de acesso: um método distribuído básico, que é obrigatório; e um método centralizado, que é opcional, podendo esses dois métodos coexistir [20], o protocolo de acesso ao meio das redes 802.11 também trata de problemas relacionados com estações que se deslocam para outra células (roaming) e com estações perdidas (hidden node). O método de acesso distribuído forma a base sobre a qual é construído o método centralizado. Os dois métodos, que também podem ser chamados de funções de coordenação (Coordination Functions), são usados para dar suporte à transmissão de tráfego assíncrono ou tráfego com retardo limitado (time bounded). Uma função de coordenação é usada para decidir quando uma estação tem permissão para transmitir. Na função de coordenação distribuída (Distributed Coordination Functions - DCF), essa decisão é realizada individualmente pelos pontos da rede, podendo, dessa forma, ocorrer colisões. Na função de coordenação centralizada, também chamada de função pontual (Point Coordination Function - PCF), a decisão de quando transmitir é centralizada num ponto especial, que determina qual a estação que deve transmitir e em que momento, evitando teoricamente a ocorrência de colisões [18]. Seguem-se detalhes do funcionamento dessas duas funções: 6.1.5.4.1 Função de Coordenação Distribuída (DFC) Representa o método de acesso básico do protocolo DFWMAC. É uma função conhecida como CSMA/CA (Carrier Sense Multiple Access / Collision Avoidance) com reconhecimento. A DFC trabalha semelhantemente a função CSMA/CD da tecnologia de rede local cablada (Standard Ethernet 802.3), apenas com uma diferença: o protocolo CSMA/CD do Ethernet controla as colisões quando elas ocorrem, enquanto que o protocolo CSMA/CA do standard sem fio apenas tenta evitar as colisões. A utilização dessa função distribuída é obrigatória para todas as estações e pontos de acesso (APs), nas configurações Ad Hoc e com infra-estrutura, e ela, a DFC, trabalha da seguinte maneira, quando uma estação deseja transmitir [18]: • a estação sente o meio para determinar se outra estação já está transmitindo. • se o meio estiver livre, a estação transmite a sua trama, caso contrário, ela aguarda o final da transmissão. 154 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço • após cada transmissão com ou sem colisão, a rede fica num modo onde as estações só podem começar a transmitir em intervalos de tempo pré-alocados para elas. • ao terminar uma transmissão, as estações alocadas ao primeiro intervalo têm o direito de transmitir. Se não o fazem, o direito passa às estações alocadas ao segundo intervalo, e assim sucessivamente até que ocorra uma transmissão, quando todo o processo reinicia. • se todos os intervalos não são utilizados, a rede entra então no estado onde o CSMA comum é usado para acesso, podendo dessa forma ocorrer colisões. No método CSMA/CA pode ocorrer colisões e esse método não garante a entrega correcta dos dados. Com isso, uma estação após transmitir uma trama, necessita de um aviso de recepção que deve ser enviado pela estação destino. Para isso, a estação que enviou a trama aguarda um tempo (timeout) pelo aviso de recepção da trama por parte da estação destino. Caso esse aviso não chegue no tempo considerado, a estação origem realiza novamente a transmissão da trama. Para melhorar a transmissão de dados, o protocolo DFWMAC acrescenta ao método CSMA/CA com reconhecimento, um mecanismo opcional que envolve a troca de tramas de controle RTS (Request To Send) e CTS (Clear To Send) antes da transmissão de tramas de dados. Esse mecanismo funciona da seguinte forma [18]: • Uma estação antes de efectivamente transmitir a trama de dados, transmite uma trama de controle RTS, que carrega uma estimativa da duração no tempo da futura transmissão da trama de dados. • A estação de destino em reposta à trama de controle RTS envia uma trama de controle CTS avisando que está pronta para receber a trama de dados. Só então, a estação transmissora envia a trama de dados, que deve ser respondido com um reconhecimento (ack) enviado pela estação receptora. A trama RTS basicamente possui as funcionalidades de reservar o meio para a transmissão da trama de dados, e de verificar se a estação de destino está pronta para receber a trama de dados, sendo esta última funcionalidade devido à possibilidade da estação de destino estar a operar no modo de economia de energia (modo power save). 155 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço A figura seguinte, apresenta a troca de dados para a transmissão de informações, usando o mecanismo opcional com RTS e CTS. Figura 148 - ESTAÇÃO FONTE - Troca de dados para transmissão de informações [18] O mecanismo básico do controle de acesso DFWMAC é ilustrado na figura seguinte, nela podemos observar que uma estação, com tramas para transmitir, deve sentir o meio livre por um período de silêncio mínimo, IFS (Inter Frame Space), antes de utiliza-lo. Utilizando valores diferentes para esse período. O DFWMAC define três prioridades de acesso ao meio[18]: DIFS Acesso com Contenção DIFS PIFS Meio Ocupado SIFS BackOff – Window Próxima Trama Duração do Slot Estação retarda acesso Figura 149 - Método de acesso CSMA/CA [18] • Distributed Inter Frame Space (DIFS) – espaço entre tramas da DFC (Função de Coordenação Distribuída), este parâmetro indica o maior tempo de espera, ele monitoriza o meio, aguardando no mínimo um intervalo de silêncio para transmitir os dados. • Priority Inter Frame Space (PIFS) – espaço entre tramas da PFC (Função de Coordenação Pontual), um tempo de espera entre o DIFS e o SIFS (prioridade 156 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço média) envia tramas de contenção de supertramas, é usado para o serviço de acesso com retardo. • Short Inter Frame Space (SIFS) – é usado para transmissão de tramas carregando respostas imediatas (curtas), como ACK. 6.1.5.4.2 Função de Coordenação Pontual (PCF) Trata-se de uma função opcional que pode ser inserida no protocolo DFWMAC, sendo construída sobre uma função de coordenação distribuída (DCF) para transmissões de quadros assíncronos, e é implementada através de um mecanismo de acesso ordenado ao meio, que suporta a transmissão de tráfego com retardo limitado ou tráfego assíncrono [18]. Para a integração dessas duas funções – pontual e distribuída – é utilizado o conceito de supertrama, fazendo com que o protocolo possa trabalhar de uma forma em que a função pontual assuma o controle da transmissão, para evitar a ocorrência de colisões. Para isso, o protocolo DFWMAC divide o tempo em períodos denominados supertramas, que consiste em dois intervalos de tempo consecutivos, que são usados da seguinte maneira [18]: • no primeiro tempo, controlado pela PCF, o acesso é ordenado, o que evita a ocorrência de colisões; • no segundo tempo, controlado pela DCF, o acesso baseia-se na disputa pela posse do meio, podendo ocorrer colisões. 6.1.5.5 Roaming O roaming é uma importante característica de comunicação sem fio. Permite que estações mudem de célula e continuem a enviar e a receber informações. Sistemas de roaming empregam arquitecturas de microcélulas que usam pontos de acesso estrategicamente localizados. O handover entre pontos de acesso é totalmente transparente para o utilizador. Redes sem fio típicas dentro de prédios requerem mais que apenas um AP para cobrir todos os ambientes. Dependendo do material de que é feito as paredes dos prédios, um AP tem um raio transmissão que varia de 10 a 20 metros, se a transmissão for de boa qualidade. Se um utilizador passeia com uma estação (aparelho sem fio), a 157 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço estação tem que se mover de um célula para outra. A função do roaming funciona da seguinte forma: • Uma estação móvel, ao entrar em uma nova célula, e não estando em conversação, registra-se automaticamente pelo AP que controla a célula destino. • Na célula visitada, o AP desta, irá verificar se a estação móvel visitante já não se tinha sido registrado anteriormente. Caso esse procedimento não tenha sido efetuado, o referido AP irá informar ao AP da célula origem sobre a nova posição. • Com isso, o AP da célula origem fica a saber da nova posição da estação móvel, e envia a informação a ela destinada, como se a referida estação estivesse na sua própria célula. 6.1.5.6 Estações Perdidas (hidden node) Um dos grandes problemas em redes sem fio ocorre quando uma estação fica incomunicável por um período de tempo com o AP. São vários os motivos porque isto ocorre. O desligar da estação móvel, a saída da estação móvel da área de actuação do AP, a entrada da estação móvel numa área onde as ondas de rádio provenientes de outro lugar não se propagam ou locais com grande degradação de sinal, que pode ser por motivos geográficos ou ambientais (área de sombra). A figura seguinte ilustra uma perda de conexão do AP com a estação móvel por razões geográficas. Figura 150 - Perda de conexão com a estação móvel por razão geográfica O protocolo MAC trata o problema de estações perdidas da seguinte forma[21]: 158 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço • Ao tentar comunicar com a estação móvel inúmeras vezes sem obter resposta, o AP envia um request para todas as outras estações móveis sob a sua área de cobertura. Cada uma destas envia um request communication para a estação perdida, esta por sua vez, envia um response request para todos avisando que está activa. • As estações que ouvirem esta comunicação enviam um bridge request, directamente para o AP, podendo assim encontrar a melhor opção de comunicação entre o AP e a estação perdida. A figura seguinte ilustra o AP escolhendo uma estação móvel para usar como ponte para comunicar com a estação perdida. Figura 151 - AP escolhe uma estação móvel mas próxima da estação perdida para usar como ponte. A comunicação do AP com a estação perdida, será via “ponte”. O AP deve enviar dados para a ponte, como diretamente para a estação perdida. Assim se esta receber a comunicação, não há mais a necessidade da ponte. Se o AP perder a comunicação com a ponte ou a ponte perde a comunicação com a estação perdida, o AP escolhe outra ponte entre as estações que respondera inicialmente. Com este método o AP tem a hipótese de recuperar uma estação que por algum motivo se tornou incomunicável com a rede. 6.1.5.7 Transmissão em Wireless LANs O standard IEEE 802.11 trata da tecnologia sem fio focando as redes locais sem fio (WLAN). Essas redes basicamente utilizam radio frequência para a transmissão de 159 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço dados, através de duas técnicas conhecidas como DSSS (Direct Sequence Spread Spectrum) e FHSS (Frequency Hopping Spread Spectrum), codificando dados e modulando sinais de modos diferentes para equilibrar velocidade, distância e capacidade de transmissão. A escolha da técnica DSSS ou FHSS dependerá de vários fatores relacionados com a aplicação dos utilizadores e o ambiente onde a rede operará. Outras formas de transmissão também podem ser usadas em redes locais sem fio, como a transmissão em infravermelho, por exemplo. Mas transmissões com infravermelho não atravessam certos tipos de materiais, apesar de poder enviar mais dados do que a transmissão com rádio frequência. Com isso, a transmissão através de radio frequência acaba sendo o standard adotado nas transmissões WLAN. Para a transmissão em rádio frequência são usadas as técnicas DSSS e FHSS. Essas técnicas transmitem as tramas de dados enviando-as por vários canais disponíveis dentro de uma frequência, ao invés de usar um único canal, possibilitando, dessa forma, a transmissão simultânea de várias tramas. A técnica DSSS distribui o sinal em cima de uma gama extensiva da faixa de frequência e reorganiza os pacotes no receptor. A técnica FHSS envia segmentos curtos de dados que são transmitidos através de frequências específicas, controlando o fluxo com o receptor, que negocia velocidades menores comparadas às velocidades oferecidas pela técnica DSSS, mas menos suscetíveis a interferências. O standard 802.11 usa as duas técnicas, enquanto que outras tecnologias, como o HomeRF e Bluetooth, usam apenas a técnica FHSS, que é mais eficiente para ambientes que possuem outros tráficos de rádio, como áreas públicas abertas, por exemplo. As WLANs baseadas em rádio frequência usam as faixas de frequência ISM (Industrial - Scientific - Medical), que assumem frequências de 900MHz, 2.4GHz e 5GHz. Quanto maior a frequência maior é a quantidade de informação que um dispositivo pode enviar num canal. As primeiras WLANs operavam na frequência de 900MHz, atingindo uma taxa de 256Kbps. O standard IEEE 802.11 aumentou a taxa de transmissão para 1Mbps, usando a técnica FHSS, e posteriormente para 2Mbps, usando a técnica DSSS, trabalhando na frequência de 2.4GHz. A maioria das empresas optou pela técnica DSSS porque oferece frequências mais altas do que a FHSS. 160 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço 6.1.5.8 Novo Standard para Wireless LAN Um novo standard foi proposto pelo IEEE em 1998, o standard IEEE 802.11b[20], que tem se tornado o standard atual para as WLANs. Esse novo standard especifica a técnica básica de transmissão na camada física usando a técnica DSSS, passando a taxa de transmissão real de 2Mbps para 5Mbps (com a possibilidade de se chegar a 11Mbps), tornando as redes locais sem fio mais atrativas. Esse novo standard define os protocolos que cada estação tem que observar de forma que cada uma dessas estações tenha acesso justo ao meio de transmissão. Para isso, um método de controle é implementado de maneira que seja assegurada a possibilidade de uma estação transmitir num dado tempo. O standard IEEE 802.11b também define o protocolo para dois tipos de redes: redes Ad Hoc e redes com infra-estrutura (Cliente/Servidor). • uma rede Ad Hoc é um sistema onde as comunicações são estabelecidas entre várias estações de uma mesma área (célula), sem o uso de um ponto de acesso ou servidor e sem a necessidade de infra-estrutura. • uma rede cliente/servidor é um sistema com infraestrutura onde várias células fazem parte da arquitectura, e estações se comunicam com estações de outras células através de pontos de acesso usando um sistema de distribuição. As figuras seguintes apresentam um exemplo de uma rede local sem fio Ad Hoc e uma rede com infra-estrutura, respectivamente. Figura 152 - Rede local sem fio Ad Hoc 161 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Figura 153 - Rede local sem fio com infra-estrutura 6.1.5.9 Outras Considerações Sobre Wireless LANs O propósito de uma rede sem fio não é a de substituir as redes com fio, é sim, extendê-las. Hoje podemos ter num escritório uma WLAN operando aproximadamente a 5Mbps com uma distância máxima entre as estações de 25 metros. Numa comparação com uma LAN standard com fio (uma rede Ethernet com cobre, por exemplo), essa taxa pode chegar até 100Mbps e a distância entre as estações até 100 metros. Isso prova que as redes sem fio ainda não substituirão com total eficiência às redes com fio. Além disso, a taxa de 11 Mbps das WLANs ainda não é praticada, sendo atingida apenas de 4 a 6Mbps, por várias razões, entre elas: • o standard 802.11b só é 85% eficiente no que diz respeito à camada física, devido à codificação, sincronização, e protocolos de transmissão acrescentarem cargas em cima do pacote de dados no nível de enlace; • a subcamada de controle de acesso ao meio (MAC) trabalha com contenção, tendo que encontrar o melhor momento para transmitir, o que diminui a eficiência. Por outro lado, as redes sem fio permitem maior mobilidade e flexibilidade na transmissão de dados. Elas são fácies de montar, precisando apenas da colocação de cartões PCMCIA ou adaptadores PCI/ISA nas estações, e da instalação de pontos de acesso (Access Points – APs), que servem como intermediários entre uma rede local com fio e uma WLAN. 162 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Segurança é a principal preocupação acerca das redes sem fio, pois dados irão trafegar pelo ar e poderão ser interceptados por pessoas com equipamentos apropriados. Para essa questão de segurança, o standard IEEE 802.11 definiu um mecanismo de segurança opcional e privativo, que provoca uma sobrecarga (overhead) na rede, mas que oferece segurança às redes sem fio tanto quanto às com fio. Para impedir que utilizadores não autorizados acedam à sua rede sem fio, um valor de identificação chamado de ESS-ID, é programado em cada AP para identificar a subrede de comunicação de dados e funciona como ponto de autenticação das estações da rede. Se uma estação não puder identificar esse valor, não poderá se comunicar com o AP respectivo. Outros fabricantes duplicam a tabela de controle de endereços MAC sobre o AP, permitindo, dessa forma, que apenas estações com o endereço MAC reconhecido possam acessar a WLAN. A existência de diversas tecnologias sem fio, como o HomeRF, Bluetooth, e HiperLAN2 (Europa), podem causar confusão para os consumidores e apresentar problemas de interoperacionalidade, sem contar ainda que essas tecnologias podem apresentar interferências entre si, quando implantadas num mesmo ambiente, tendo em vista que esses standards utilizam a mesma frequência de 2.4GHz, e apesar de usarem técnicas de transmissão diferentes, pacotes aerotransportados podem facilmente colidir. Atualmente a probabilidade disso acontecer é muito remota, mas de acordo com o crescimento dos utilizadores sem fio, essa probabilidade pode aumentar e esse problema pode se tornar uma realidade a ser considerada. Embora ainda hajam muitas questões sendo analisadas a respeitos das redes sem fio, a comunidade científica tem investido de forma significativa no melhoramento dos standards, tentando oferecer uma velocidade que possa chegar até 50Mbps, e um alcance maior de transmissão que possa se aproximar à distância do standard Ethernet (100 metros), de maneira que são esperados produtos com essas tecnologias ainda para este ano. É bom lembrar que a tecnologia de redes com fio, logo no início, também teve seus problemas que foram com o passar do tempo sendo corrigidos ou melhorados. Embora a tecnologia sem fio seja diferente das com fio, muitos investimentos estão sendo feitos para tornar as WLANs mais seguras, rápidas, e, consequentemente, mais atractivas. 163 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço 6.2 DVB 6.2.1 Televisão - A caixa que mudou o mundo: aspectos históricos Desde sempre o homem sentiu necessidade de se comunicar com os da mesma espécie, desenvolvendo métodos de comunicação, como por exemplo as linguagens, primeiro gestual (a forma mais básica de se fazer entender), depois a falada, a escrita e assim por diante. Como passar do tempo foi surgindo a necessidade de se transmitir a informação a maiores distâncias, em maior quantidade, de forma mais rápida e com maior precisão. Dentro deste contexto é que surge a primeiro o rádio e depois a televisão (uma imagem vale mil palavras)[22]. O objectivo básico dos sistemas de televisão é estender os sentidos da visão e da audição para além dos limites naturais. Isto é feito recorrendo-se a técnicas que convertem uma imagem em movimento e o som que acompanha, em um sinal eléctrico. Posteriormente este sinal é reconvertido em imagens e sons, numa boa aproximação da imagem e do som original. Em 1884, um alemão de nome Paul Gottlieb Nipokow, desenvolveu o que pode ser considerado como o primeiro sistema de televisão. Este sistema era constituído por uma lâmpada, lentes, um disco com furos em uma configuração de espiral (Disco de Nipokow) entre a lâmpada e um objecto a ser "filmado" e uma célula de selenium. À medida que o disco girava a luz que passava através dos furos do disco iluminava pontos diferentes do objecto, da esquerda para a direita e de cima para baixo. A luz reflectida por estes pontos do objecto era então captada pela célula de selenium. A tensão a saída da célula era proporcional à intensidade da luz que sobre ela incidia. Invertendo-se o processo, era possível reproduzir em uma tela, a imagem do objecto. Utilizando o princípio de Nipokow, em 1926 John Baird demonstra o primeiro sistema televisivo monocromático. Este sistema apresentava um quadro de 30 linhas e 10 quadros por segundo o que era uma definição razoável, tendo-se em conta ser este um sistema quase que puramente mecânico. Com o desenvolvimento da electrónica de um modo geral, os sistemas televisivos evoluíram tornando-se "portáteis", de forma que tornou-se possível ter-se em casa um receptor de televisão. Esta foi, sem dúvida, uma evolução decisiva para o sucesso da televisão. 164 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço A evolução seguinte deu-se com a introdução da cor. O mundo visto nos aparelhos de televisão deixou de ser cinza (ou de tons de cinzento) e passou a ser mais parecido com o mundo real. Isto tornou a televisão muito mais atractiva. Já mais recentemente, pode-se assistir a uma tentativa de aumentar a qualidade das imagens transmitidas. Surgiram os sistemas HDTV, que propuseram uma resolução melhorada se comparada com os padrões existentes. Estes sistemas, ainda analógicos, tinham como inconveniente utilizar uma largura de banda significativamente superior, para transmitir as imagens. Estes sistemas de HDTV desenvolveram-se principalmente no Japão e nos Estados Unidos da América. Factores de ordem técnica e económica, bem como a percepção de que talvez os desejos dos consumidores finais não fossem exactamente um aumento da resolução, mas sim mais serviços adicionais com uma qualidade de imagem pouco melhor que a actual, levou a formação de um grupo de estudos europeu com o objectivo de criar um novo padrão para sistemas de transmissão de sinais de televisão. Este novo padrão, que ainda está em fase de testes e inicio de implementação, é conhecido por DVB (Digital Video Broadcasting). Este novo sistema baseia-se na transmissão de sinais em formato digital, o que o torna mais flexível. 6.2.2 DVB - inicio de uma nova revolução Imagine estar-se confortavelmente a ver televisão em casa, a assistir um qualquer evento e poder seleccionar, num leque de possibilidades, de qual ângulo queremos ver determinado momento deste evento. Seria mais ou menos como exercer o papel de produtor e editor das imagens que se quer assistir. Imagine ainda poder receber informações adicionais sobre o evento, tal como um histórico sobre os protagonistas deste, e se desejar ainda poder comprar objectos relacionados com o evento, tudo em tempo real e com uma qualidade de imagem melhor do que a televisão tradicional[22]. Tudo isso, a apenas alguns anos, pareceria um a desenho animado futurista qualquer, ou um filme de ficção científica. Hoje isso está em vias de ser possível com o DVB. Estamos perante uma revolução na forma como nos colocaremos diante de um aparelho de televisão, na forma como utilizaremos este velho conhecido. Deixaremos de ser um elemento "passivo", para passarmos a ser aquele que determina o que vamos ver, quando e como vamos ver. Deixamos de ter um aparelho que debita imagens e sons para termos um centro interactivo de informações. 165 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço 6.2.3 Dos problemas às soluções Como é sabido, um sinal, quando digitalizado, têm uma largura de banda maior que a do sinal original. Isto traz um problema para a sua transmissão. Tendo o sinal uma largura de banda acrescida, torna-se necessário uma maior largura de banda do canal utilizado na transmissão, para que sinal seja transmitido convenientemente. A solução para este problema passa pela codificação de fonte do sinal de forma que seja retirado do sinal tudo, ou quase tudo, que for redundante e/ou irrelevante. A eliminação da informação redundante, não acarreta perda de informação, logo o sinal transmitido conterá toda a informação do sinal antes da codificação, porem utilizando um número menor de bits para representar esta informação. Já a remoção da relevância provoca uma perda de informação. A pergunta que se pode colocar é: A retirada desta informação não acarreta perda da qualidade da informação representada. A resposta a esta pergunta é sim e não. A realmente uma perda de qualidade da informação representada, mas levando-se em conta as limitações inerentes do ser humano, não há percepção desta perda de qualidade. Logo esses bits eliminados não fazem grande falta. Estes dois conceitos estão na base do desenvolvimento do DVB, pois sem eles seria impossível transmitir um sinal digital de televisão, com qualidade satisfatória sem um aumento da largura de banda requerida para a transmissão[22]. Outro problema que surge com a transmissão de sinais digitais é a interferência inter simbólica. Sendo os meios utilizados na transmissão dos sinais meios não ideais (atmosfera, cabos, guias de onda, etc…), os bits transmitidos podem interferir uns com os outros, tornando a reconstrução do sinal quase impossível. Para solucionar este problema utilizam-se alguns artifícios como a introdução de códigos de detecção e correcção de erros, que além de diminuírem o efeito da interferência entre símbolos, melhora também a imunidade do sinal ao ruído do meio de transmissão. Em conjunto com a introdução de bits adicionais para a detecção e correcção dos erros é utilizada modulação do sinal de forma a minimizar a interferências entre os símbolos transmitidos. O projecto DVB adoptou como padrão para a codificação de fonte, tanto para o sinal de vídeo como para o sinal de áudio a norma MPEG-2 (leyers I e II para o áudio). Esta é uma norma internacional usada na codificação de áudio e vídeo e que tem sido desenvolvida a já algum tempo. As variações mais recentes destas normas são o MPEG-4 e MPG-7, estando esta última em estagio inicial de desenvolvimento. Em alguns países, nomeadamente nos Estados Unidos da América, tem-se utilizado o Dolby AC-3 como padrão de codificação de áudio. 166 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço 6.2.4 Como funciona o DVB 6.2.4.1 DVB – Satélite 6.2.4.1.1 Meio de transmissão Ao fornecerem um ponto intermédio para muitos pontos, as comunicações para o espaço, tipicamente as via satélite, oferecem-nos a possibilidade de ligar vários utilizadores, em vários pontos da Terra[22]. Os satélites usados na difusão de televisão, estão localizados na orbita geoestacionária, perto do equador a uma altitude de 36 000 Km. Devido a estes satélites se moverem tão rapidamente e na mesma direcção de rotação da Terra, a nossa precessão é de que estão num ponto fixo em relação a nós. A energia necessária para essa transmissão é fornecida pelo sistema solar do satélite, que como resultado da baixa eficiência do aproveitamento da luz solar, a potência de saída é muito limitada. Contudo a rica variedade de larguras de banda, alivia esta limitação. Hoje em dia os sistemas de satélite usam tipicamente canais com larguras de banda de 26 MHz a 54 MHz. 6.2.4.1.2 Uplink / Downlink O sinal de banda de base é processado e transmitido para o satélite modulado numa portadora de radio frequência (RF). A portadora RF é transmitida de uma estação na Terra para o satélite via espectro de frequência de Uplink. Depois a portadora RF é enviada de volta para a Terra via espectro de frequência de Downlink. De maneira a evitar a interferência, o Uplink e o Downlink são operados em diferentes frequências. Além de usadas frequências BSS, também são por vezes as frequências são alocadas em FSS e usadas em Uplink. A função do satélite por vezes pode ser a de um repetidor no espaço. Simplesmente recebe o sinal RF, amplifica-o traduz a frequência e manda-o de volta para a Terra. 6.2.4.1.3 Polarização Existem 3 tipos de polarização ortogonal usados neste tipo de comunicação: • Polarização linear - neste caso o vector campo eléctrico oscila ao longo da sua ortogonal respectivamente, e como resultado, a quantidade de 167 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço informação transmitida pode ser duplicada. EUTELSAT e ASTRA, entre outros, usam este tipo de polarização. • Polarização circular - neste tipo de polarização, o vector campo eléctrico de um sinal modulado na circular, roda ortogonalmente na direcção de propagação, é usado no TV-SAT. • Polarização elíptica - neste, o vector campo eléctrico descreve uma curva elíptica e no fim, os sinais ortogonais podem estar separados. 6.2.4.1.4 Dissipação de energia Geralmente a densidade de potência de um sinal de televisão digital é igualmente dividida pela sua própria largura de banda, contudo, pode ocorrer que num certo período de tempo a sequência de bits do sinal de televisão contenha uma grande quantidade de zeros ou uns seguidos. 6.2.4.1.5 Modulação Para a transmissão da informação por um filtro passa banda, o sinal em banda de base que representa a informação é modulado numa portadora de frequência. A transmissão da informação digital (binária) ocorre a uma taxa de 1 bit por Tb segundos, em que Tb (é o inverso da frequência de bit). Alternativamente, os dígitos binários podem ser segmentados em blocos de m bits, desde que haja M = 2m blocos. M valores de sinais diferentes são precisos para representar os blocos de m bits sem qualquer ambiguidade. Cada bloco de m bits é chamado símbolo, e a duração deste símbolo é Ts = m Tb segundos. Este tipo de transmissão é chamado M-ary. A modulação pode ser conseguida variando a amplitude, frequência ou fase do sinal. M-ary PSK é tipicamente usado em comunicações digitais via satélite, e neste caso a amplitude é constante. São usadas M diferentes fases para representar M símbolos diferentes. A amplitude constante é importante para a característica não linear do transponder. M-ary oferece-nos a capacidade de transmitir m bits à largura de banda de 1 Hertz. 6.2.4.1.6 O DVB-Satélite pode assumir 3 variantes 168 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço • DTH - directamente em casa, este sistema permite ao consumidor que dispõe de uma antena parabólica, receber directamente a informação difundida do satélite. Este sistema opera a 11/12 GHz e usa larguras de banda entre 26 MHz e 54 MHz. • CATV - cable television, neste sistema existe um operador que se responsabiliza pela recepção do sinal de satélite e decide os canais a fornecer aos clientes. Na estação os sinais são desmultiplexados, e seguidamente, apenas os programas desejados são compilados e multiplexados. Nesta fase final o sinal é remodulado de maneira a ser transmitido por cabo a 8 MHz. É aplicado o mesmo procedimento na rede de difusão terrestre. • SMATV - antena mestre, este sistema é normalmente utilizado em zonas urbanas e edifícios adjacentes. O sinal de satélite é recebido por uma antena de recepção de satélite, e pode ser combinado com sinais de televisão terrestre, são também chamadas redes de televisão domésticas. Neste caso o sinal de satélite e os sinais terrestres são desmodulados e de seguida são combinados e remodulados de acordo com as características dos canais SMATV. 6.2.4.1.7 Codificação 6.2.4.1.7.1 Adaptação da transmissão multiplexada O sistema de satélite é compatível com sinais codificados em MPEG-2, isto implica que a transmissão, modulação e desmodulação seja concordante com a transmissão de pacotes multiplexados em MPEG-2. Estes pacotes consistem em 188 bytes, cujos 4 primeiros bytes são usados como cabeçalho, e o primeiro destes reservado para sincronização. O comprimento dos pacotes foi escolhido de maneira a assegurar a compatibilidade com transmissões ATM. ATM é considerada uma importante tecnologia de transmissão para o futuro. 6.2.4.1.7.2 Dispersão de Energia Para evitar a concentração de densidade de potência em volta da frequência portadora, os dados de MPEG-2 TS foram misturados por uma sequência binária pseudo aleatória (PRBS). No inicio de cada 8 pacotes de transporte, é colocada uma sequência inicial de registos PRBS. Por um operador Xor, à saída do registo PRBS é aplicado o primeiro bit do primeiro byte, seguido do byte de sincronismo de MPEG-2 invertido. 169 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço 6.2.4.1.7.3 Codificação interna A transmissão digital permite o uso do FEC (forward error correction). O DVB-Satélite necessita uma transição QEF (quasi-error-free). Isto é, não é permitido mais do que 1 erro por hora, além disso a probabilidade de erro de um bit (BER) deve estar entre 1011 e 10-10 à entrada do desmultiplicador de MPEG-2. São adicionados por cada 188 bytes 16 bits de informação redundante, o que permite corrigir 8 erros por pacote, como resultado o BER pode manter-se dentro das especificações, apesar de na entrada do descodificador, termos uma probabilidade de erro de 2´10-4. 6.2.4.1.7.4 Processo de interleaving Durante uma transmissão via satélite, poderão ocorrer erros cujo a aplicação do código de correcção não seja suficiente para manter as especificações. Por meio de um processo de interleaving, os símbolos adjacentes podem ser separados, como resultado pacotes mutilados, ficam divididos em erros individuais. Estes podem ser corrigidos pelo descodificador RS no final da recepção. 6.2.4.1.7.5 Codificação externa Uma saída de grande potência do sinal de satélite tem um efeito benéfico no BER. Devido a causas tecnológicas e económicas, contudo os satélites dispõem de uma saída de nível médio que é insuficiente para atingir o BER desejado. Manter o BER implica que a estação de satélite terrestre tenha um disco de diâmetro muito elevado. Contudo, especialmente no caso da DTH (recepção directamente em casa) o diâmetro das antenas tem de ser reduzido. A introdução da tecnologia digital do satélite, para que seja bem sucedida, requer antenas para o consumidor de baixo custo. Se o diâmetro do disco tem um determinado valor de BER, esse será grande. A alternativa de garantir QEF (quasi-error-free) será adicionar um corrector de bits de acordo com o código de Viterbi, que duplica a quantidade total de bits. Uma maneira mais económica de codificação será atingida se adicionarmos um processo chamado puncturing. 6.2.4.1.7.6 Filtragem 170 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Antes da modulação, o sinal digital é filtrado de maneira a não exceder a largura de banda do canal do satélite. Exceder esta largura de banda, significaria, interferência entre canais adjacentes, de acordo com o critério de Nyquist, a largura de banda (B) ocupada pelo espectro do impulso é B = (rs/2).(1+a), na qual rs representa a frequência de símbolo e o a é o factor de roll-off do filtro, 0 < a < 1. Teoricamente seria necessária uma largura de banda de rs/2 para a transmissão do sinal. Na prática, contudo o sinal é formado por um coseno que implica que a largura de banda seja maior que rs/2. Também é preciso assegurar um intervalo entre diferentes canais. Se o intervalo for suficientemente grande, pode ser usado um filtro de coseno, e resulta num nível de interferência aceitável. O DVB tem especificado a raiz quadrada de um filtro de coseno com a = 0,35. 6.2.4.1.7.7 Modulação O DVB usa a modulação em quadratura de fase (QPSK) onde a amplitude tem 4 estados de fase (M = 4), estas fases juntas, podem transportar informação que é representada por 2 bits (m = 2). Isto implica uma transmissão até 2 bits numa largura de banda de 1 Hertz. A actual eficiência de transmissão depende da codificação de erros aplicada. 6.2.4.1.8 Descodificação 6.2.4.1.8.1 Sistema de descodificação No final da recepção, e através da portadora recuperada, do sinal de clock e do sincronismo, o sistema de descodificação segue o processo inverso ao de codificação. O sistema de descodificação segue os seguintes passos: 6.2.4.1.8.2 Desmodulador No fim da recepção, o desmodulador QPSK detecta a fase da portadora do sinal. Depois do qual, a informação do símbolo pode ser desmodulada. Devido à portadora do sinal ter 4 fases diferentes (cada com 90º de diferença). É usado um procedimento de selecção para detectar a fase correcta, num máximo de 2 passos. O primeiro detecta um erro de fase de ±90º. No passo seguinte é possível detectar no restante um erro de fase de 180º. Nos processos seguintes é detectado o erro de fase e a sua correcção. 171 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço 6.2.4.1.8.3 Filtragem, transporte e recuperação do clock Os impulsos do sinal digital modulado são recuperados por meio de um filtro de raiz quadrada de coseno. Isto vai resultar num nível de interferência aceitável, com os canais do satélite adjacentes. A sincronização do desmodulador é atingida por meio da portadora e da unidade de recuperação de clock. O que usa um PLL (phase-locked loop). 6.2.4.1.8.4 Descodificador de Viterbi O sinal filtrado é colocado no descodificador interno, que incorpora o descodificador de Viterbi, que faz depuncturing da correcção de bits errados. No processo de avaliação é seleccionada a frequência de codificação correcta e o processo de descodificação e depuncturing. Então um erro de fase de 90º pode ser detectado. Dependendo da frequência de código adoptada, o BER à entrada do descodificador de Viterbi tem de estar compreendido entre 10-2 e 10-1 para que à sua saída a probabilidade de erro seja de 2´10-4. Este valor à entrada do descodificador RS não causa qualquer problema no QEF (quasi-error-free). 6.2.4.1.8.5 Descodificador de sincronismo Para reconstruir um “data stream” com pacotes de 204 bytes para desmodulação em RS e repor a forma do sinal sem a dispersão da energia. Também terá de ser sincronizado o processo de “interleaving”. No fim da transmissão foram adicionados bits de sincronismo para este fim. Além disso se sete ou oito bits de sincronismo forem descodificados, invertidos, é detectado um erro de fase de 180º. Erro este que não pode ser detectado pelo descodificador de Viterbi. À saída do descodificador de sincronismo o “data stream” é invertido. 6.2.4.1.8.6 O descodificador interleaver e Reed Solomon (RS) O processo de “interleaving” é invertido no final da recepção por meio de um “deinterleaver”. Como descrito atrás o “de- interleaver” está sincronizado para recuperar pacotes de dados completos. Como mencionamos anteriormente o “de-interleaver” e o descodificador RS permitem a correcção de erros de burst. 6.2.4.2 DVB – Cabo 6.2.4.2.1 Meio de transmissão 172 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Em redes de televisão por cabo os sinais digitais de vídeo são tipicamente transmitidos em canais de 8 MHz. A frequência de símbolo máxima teórica (rs máx) depende directamente do factor de roll-off (a) do filtro de coseno. Exemplo, rs máx = 8 MHz/(1+a), para a = 0,15 implica rs máx = 6,96 Mbaud. [22] Nas redes de televisão por cabo, os sinais atenuam com a distância percorrida. De maneira a obter uma recepção razoável no final da recepção, a rede de cabo, está equipada com repetidores. O repetidor filtra o ruído e amplifica o sinal digital para o nível de potência necessário para a transmissão na rede. 6.2.4.2.2 Reflexão do sinal Reflexão do sinal é outro aspecto comum nas redes de comunicação por cabo. Isto ocorre quando os cabos não estão bem adaptados. Como resultado a impedância do cabo deixa de ser característica. Num ponto de ligação, parte do sinal é reflectido de volta através do cabo, e propaga-se em sentido contrário. O sinal reflectido pode uma vez mais ser reflectido no emissor, e o sinal resultante adicionado ao sinal original. Devido à atenuação dos sinais no cabo, em geral, o efeito destas reflexões é desprezável e passa-nos despercebido. 6.2.4.2.3 Modulação Ao contrário do sinal de satélite, que está sujeito a limitações a nível da potência do sinal emitido, em comunicação por cabo é possível modular o sinal, não só em fase, como também em amplitude. Para o sistema digital de DVB por cabo é usada a sincronização do tipo M-ary referente a uma modulação em quadratura e amplitude (QAM) onde é possível o uso de largos números de bits/símbolos. É conseguida uma eficiência de x bits/símbolo em 2x – QAM. 6.2.4.2.4 Codificação 6.2.4.2.4.1 Sistema de codificação As especificações para o sistema de DVB por cabo (ETS 300 429) podem ser usadas de uma maneira transparente com o sistema de DVB por satélite (ETS 300 421). Como já referido na parte do DVB-Satélite a difusão de satélite pode ser fornecida ao consumidor através de uma rede de cabo. 6.2.4.2.4.2 Conversão m-tuple 173 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Dependendo da eficiência da modulação de 2m – QAM, k bytes são mapeados em n símbolos de m bits (conversão “m-tuple”), tal que 8 k = n ´ m devido a 1 byte consistir em 8 bits. No caso de 16 – QAM, a eficiência da modulação é de 4 bits/símbolo (m = 4) e de 2 símbolos (k = 2) de 4 bits cada (n = 4) e podem ser formados por um byte. Antes da conversão “m-tuple”, os pacotes de transporte MPEG-2 contêm 204 bytes. Após a conversão, um pacote de transporte contém 408 símbolos. Da mesma forma para 32 – QAM são formados 8 símbolos de 5 bytes cada. Para 64 – QAM, resulta em 4 símbolos de 3 bytes cada. 6.2.4.2.4.3 Codificação diferencial Depois da conversão “m-tuple”, os símbolos foram mapeados em “QAM-constellation”. Isto é conseguido através da codificação diferencial dos dois bits mais significativos de cada símbolo. Os bits mais significativos definem o quadrante em que o símbolo é mapeado. 6.2.4.2.4.4 Filtragem e modulação Antes da modulação, o sinal digital é filtrado. De modo equivalente ao sistema de DVB por satélite, é usado um filtro de raiz quadrada de coseno. Contudo como resultado da menor largura de banda disponível por canal, para o sistema de DVB por cabo é escolhido o factor de “roll-off” a = 0,15. O sistema de cabo permite mais bits por símbolo. A informação em cada 16 estados de amplitude/fase distintos é representada em 4 bits. Isto permite-nos uma transmissão de 4 bits/s num Hertz. Para 32 – QAM temos 32 estados distintos com um comprimento de símbolo de 5 bits, que permite uma transmissão de 5 bits/s num Hertz, e finalmente para 64 – QAM a eficiência é de 6 bits/s num Hertz. 6.2.4.2.5 Descodificação 6.2.4.2.5.1 Sistema de descodificação A concepção do sistema de descodificação é equivalente ao sistema de descodificação do DVB-Satélite, depois de recuperados os sinais da portadora do clock e de sincronismo. 6.2.4.2.5.2 Desmodulação e Filtragem 174 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço O desmodulador QAM terá de recuperar os símbolos distintos. São detectados os estados correctos fase/amplitude. Em equivalência ao sistema de satélite, os erros de fase são corrigidos no processo seguinte. De seguida, os impulsos digitais do sinal de entrada retomam a forma inicial, por meio da complementar de um filtro de raiz quadrada de coseno com um factor de roll-off a = 0,15. 6.2.4.2.5.3 Recuperação da portadora e do clock O processo de desmodulação é sincronizado por meio da portadora e da unidade de reposição do clock. A diferença deste sistema em relação ao de satélite baseia-se na correcção de erros de fase de ±90º e 180º, comparando a portadora de fase original com a fase no final da recepção dentro do mesmo circuito de feedback. 6.2.4.2.5.4 Descodificador diferencial e mapeamento do símbolo Após a desmodulação QAM e recuperada a forma do impulso, o estado da fase que corresponde a um certo quadrante, é fornecido a um descodificador diferencial. A saída do descodificador devolve os 2 bits mais significativos de cada símbolo de m bits. De seguida os símbolos de m bits são processados de maneira a recuperarem os símbolos originais com um comprimento de 8 bits cada. A sincronização necessária para este processo é feita através do impulso de sincronização. 6.2.4.3 DVB – Terrestre 6.2.4.3.1 Eficiência do espectro Para um máximo rendimento da banda UHF pode-se utilizar uma rede de frequência única (SNF). A transmissão é feita através da emissão da mesma stream dos vários emissores que constituem a rede com a mesma frequência. A potência emitida, e distância entre emissores depende do comprimento do intervalo de guarda. Distancias longas entre emissores impõem um maior intervalo de guarda. O sistema terrestre são desenhados para transmitir o mesmo que os sistemas de satélite, logo as frequências podem ser reutilizadas com uma polarização ortogonal. [22] 6.2.4.3.2 Modelação Tal como os sistemas de satélite e cabo, é usado M-ary . Mas dependendo das especificações pedidas, podem ser utilizados QPSK ou QAM. 175 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço 6.2.4.3.3 Sistemas terrestres DVB O DVB tem para as comunicações terrestres vários sistemas. Para alem do sistema digital terrestre, DVB tem um sistema de distribuição de vídeo multi-ponto, e também um serviço de distribuição multi-ponto por microondas. Sistema digital terrestre – Em geral o sistema terrestre tanto pode fornecer cobertura nacional como local com um maior factor de rendimento custos, do que os sistemas de satélite ou cabo. A grande penetração da televisão digital esta a deixar livre uma grande parte do espectro de frequências, factor bastante positivo para o crescente mercado das comunicações moveis. Diferentes situações nos vários países onde se introduz a televisão digital, como é o caso do espectro de frequências disponível nesse país, pode levar a diferentes cenários nos vários países. Sistemas de distribuição de vídeo multi-ponto – As especificações do DVB para os sistemas de distribuição de vídeo multi-ponto são compatíveis com os 11/12 GHz dos sistemas de satélite que usam a modelação QPSK. Embora SDVM tipicamente opere em frequências que rondam os 40.5 a 42.5 GHz o sistema é também aplicado a outras frequências desde que superiores a 10GHz. Mais frequentemente o SDVM é usado para transmissões com diferentes larguras de bandas, que variam entre os 26MHZ e os 54MHz para cada canal. Os espectros de frequência dos canais sobrepõem-se, questão esta que é resolvida pelo uso de polarização ortogonal. Tipicamente o SDVM é aplicado em áreas onde o sistema de cabo não é fornecido. 6.2.4.3.4 Codificação 6.2.4.3.4.1 Codificação de canal As especificações para SDVM e MMDS são as mesmas que para DVB standards tanto para os sistemas de cabo com satélite. Mapeamento de símbolos e modulação – Após a correcção de erros internos, a stream de transporte é desmultiplexada em várias substreams. Quando m=2 é usada para eventualmente modular, a substream de dados é desmultiplexada em duas substreams. Quando é usado 16-QAM m=4 ou 64-QAM m=6 resulta em quatro ou seis substreams respectivamente. 176 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço 6.2.4.3.4.2 Transmissão OFDM No caso de interferência devido ao efeito de eco criado pela reflexão do sinal em montanhas ou edifícios altos, pode ser resolvido fazendo com que o símbolo dure mais tempo. Em resultado disso é necessária uma maior largura de banda, contudo uma troca entre largura de banda e duração do símbolo é possível. Um método de obter um símbolo de maior duração com a mesma largura de banda é desmultiplexar um símbolo distinto em vários sub-símbolos. De seguida os subsímbolos são modelados em paralelo. A total largura de banda mantém-se igual. Por fim os sub-símbolos modelados são modelados e somados, após o qual a stream de dados pode ser transmitida. Para o DVB foi escolhido a multiplexagem de divisão de frequência de polarização ortogonal como tecnologia para a transmissão de sinais digitais. Tecnologia que já é usada na transmissão de áudio digital DAB. 6.2.4.3.4.3 Estrutura de trama OFDM Os sinais OFDM estão organizados numa estrutura de tramas, em que cada trama consiste em 68 OFDM símbolos. Quatro tramas juntas constituem uma super trama. Os elementos destinos da matriz são referidos como células. DVB tem especificado 1,512 portadoras activas no modo 2k. Caso seja o modo de 8k o numero de portadoras activas são 6,048. O resto das portadoras são reservadas para dados de referencia. 6.2.4.3.4.4 Inserção do intervalo de protecção As especificações do DVB incluem o uso de um intervalo de protecção entre os diferentes canais adjacentes. A introdução de um intervalo de guarda aumenta a distancia de alcance, mas reduz o fluxo de bits, i.e. a duração do símbolo é maior. Um intervalo de guarda flexível o controlo do alcance da transmissão e o fluxo de bits. Para o modo 8k com T=224us, resulta no alcance máximo da transmissão de 67Km. No caso da taxa do código ser 7/8, corresponde a uma taxa de transferencia igual a 26.1Mbps. De seguida mostra-se diferentes valores de intervalos de protecção e distâncias máximas, tal com transferencias máximas; 177 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço 8k Mode Tg Dt,max Taxa de transferência 224 67 26.13 112 33.5 29.03 56 16.8 30.74 28 8.4 31.67 Tabela 22 - Taxas de Transferência Máximas. [22] 6.2.4.3.5 Descodificação de canal Diagrama da constelação 16-QAM e alfa igual a 2. Nesta do trabalho vamos discutir as especificações de DVB necessárias para a descodificação o mesmo. 6.2.4.3.5.1 Sistema de descodificação Ao contrario do esperado as especificações para o sistema terrestre de televisão digital DVB estarem na fase final de conclusão, continuam em desenvolvimento em laboratório. Testes mostraram que recepção portátil foi possível a 170 Km/h. 6.2.4.3.5.2 Recuperação de informação de referencia Com a introdução de células piloto, sincronização, estimativa de canal, e transmissões em modo de identificação são estabelecidos. Os portadores TPS contem informação especifica sobre a forma de codificação e tipo de modulação. A informação de referencia pode ser recuperada por um esquema de feedback (PLL). 6.2.4.3.5.3 Desmodelação e inner de-interleaver O desmodulado e o inner de-interleaver opera num modo inverso em comparando com o processo de modelação e inner interleaver. A alta e baixa prioridade das streams são de-interleaver em ordem de serem desmoduladas. As streams são desmultiplexadas numa única bit stream de novo de modo a que possam ser aplicadas internamente no descodificador. Todo o processo é suportado por informação de referencia. 178 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço 6.2.4.4 Em resumo O DVB é provido de diferentes especificações para uma variedade de transmissões digitais, desde satélite, cabo até terrestre. Estes sistemas estão a ser correntemente standardizados por ETSI. [22] As comunicações por satélite sofrem limitações de potência. Por essa razão, QPSK é usado como um método de modulação. A principal vantagem das comunicações por satélite é a larga e vasta largura de banda que acaba por nos permitir um grande fluxo de dados. Como resultado das diferenças locais o sistema terrestre é o mais complicado de todos. Os erros causados pelo reflexo do sinal em montanhas e prédios altos, eco, é contornado pelos meios da tecnologia de transmissão OFDM. A solução de mutiportadoras permite a aplicação de QPSK tal como QAM. Devido ao limitado espectro de frequências terrestre este sistema tem a taxa mais alta de transmissão, mais baixa que os sistemas DVB DTH. MVDS, um sistema terrestre que por exemplo pode ser escolhido como alternativa para as transmissões via redes CATV, que é idêntico ao sistema DVB DTH. A única diferença é a banda de frequência em que o sistema opera. Isto permite a compatibilidade entre ambos os sistemas. O sistema MMDS fornece ao utilizador a mesma funcionalidade que o sistema MVDS. Contudo o sistema foi desenhado para ser utilizado para as especificações do DVB cabo. Isto faz com que o sistema DVB MMS seja compatível com o sistema DVB cable. Parâmetros típicos das transmissões digitais do sistema DVB. 6.2.4.5 Breve introdução sobre compactação de som e vídeo (MPEG-2) Na transmissão e difusão de informação começou-se nalguns casos a utilizar a compressão de dados e porquê? Compressão significa uma redução de dados o que por sua vez uma redução de bits. Para comunicar esses bits irá ser necessária uma menor largura de banda, reduzindo assim o espectro de emissão, permitindo um maior numero de canais de comunicação para a mesma largura de banda. [22] Principais vantagens do uso da compressão: • Num suporte de dados, com capacidade fixa, aumenta o tempo de vídeo; 179 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço • Permite diminuir o tamanho do suporte de dados, miniaturização; • A tolerância na transmissão pode ser maior, com menos dados para guardar a densidade de informação guardada num disco pode diminuir tornando assim mais versátil e fiável; • Redução da largura de banda, logo diminuição de custos na transmissão; • Para a mesma Largura de Banda a compressão permite a transmissão de uma maior quantidade de informação. Introdução a compressão: Em PCM (pulse code modelation) sistemas digitais a taxa de bits, é o produto da taxa de amostra e o numero de bits em cada amostra, o qual normalmente é constante. contudo a taxa de informação do sinal original varia. Em todos os sinais originais parte do sinal depende obviamente do que se passou antes ou no que está para passar mais tarde, o que o receptor tem capacidade de prever de forma a que só a informação necessária seja transmitida. Se a característica de previsão do receptor for conhecida, o transmissor pode omitir partes da mensagem a transmitir. Todo os sistema de previsão baseia-se no conhecimento prévio de determinadas situações. A diferença entre a taxa de informação, OVERALL taxa de bits ´r conhecida como redundância. Os sistemas de compressão estão desenhados para eliminar a redundância o melhor quanto possível. Uma maneira de o fazer é explorar a estatística de previsão do sinal de vídeo. O conteúdo da informação, entropy da amostra é uma função de como é diferente do valor previsto. A maior parte dos sinais tem um grande grau de predictabilidade, vejase o caso do seno, um sinal previsível. Já em relação ao ruído passa-se precisamente o contrario, é um sinal com nenhum grau de predictabilidade. Na tentativa de retirar a redundância do sinal e visto que não é perfeito, o sistema de compressão retira também entropia ao sinal, sendo tanto pior quanto maior for o nível da compressão da latência da complexidade do compressor. Ao aumentarmos o factor de compressão vamos aumentar a latência, isto é para uma qualidade de imagem idêntica. 180 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Compressão de áudio O código de compressão de áudio baseia-se no facto de o cérebro humano ser menos sensível a umas frequências na presença de outras, isto é, ao iniciarmos a audição dum som com uma dada frequência e logo após dessa for introduzida outra com uma frequência próxima da que nos encontramos a ouvir não a ouvimos. Foram criados vários processos de compactação entra os quais transforma o coding que é usado nos ficheiros MP3 e leitores de MiniDisk, e predictive coding, que se baseia na previsão do sinal posterior. Compressão de vídeo Os sinais de vídeo existem em 4 dimensões, e a compactação de vídeo pode ser aplicada em qualquer uma dessas dimensões. A norma MPEG-2 assume um sinal de 8 bits para diferenças na cor. A taxa de amostras do sinal de cor é inferior em relação ao da luminância. Isto é feito através de DOWNSAMPLING as amostras de cor horizontal e geralmente também vertical. Essencialmente o sistema MPEG-2 tem simultaneamente 3 canais em paralelo, um para a luminância e dois para diferenças na cor, que após codificação são multiplexadas num único bitstream. Na compressão de vídeo um dos métodos usados é a compressão de imagens sucessivas em JPG, onde a coordenada do tempo não entra no processo, desse a este método a designação de compressão intra-coded. Neste processo de compactação devido ao facto de termos uma sucessão de JPG podemos com mais facilidade usar comandos de manipulação e edição de vídeo, pois já existem para imagens individuais. Mas muito mais factores de compressão podem ser atingidos tendo em conta a redundância que existe de uma imagem para a outra. Este processo envolve a coordenada do tempo e é designado por compressão inter-coded ou compressão temporal. A desvantagem deste processo é a de uma imagem individual existir só em termos de diferenças em relação á anterior. É evidente que editar estas imagens tem uma dificuldade acrescida. O cortar uma imagem em MPEG stream é simplesmente impossível, devido ás imagens serem formadas pela diferença das anteriores. 181 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Compressão inter-coded aproveita as semelhanças de uma imagem para a outra. Envés de enviar sucessivas imagens envias as diferenças em relação á imagem anterior. Mas este sistema tem o problema de que no caso de um erro na transmissão numa das imagens, esse erro seria propagado em todas as imagens seguintes. Também existe o problema de se não apanhar a primeira imagem não se pode as restantes. Para resolver este problema, usou-se um leaky predictor no qual a imagem seguinte é prevista por um numero finito de imagens anteriores. Para resolver o problema na norma MPEG-2 foi inserida periodicamente uma imagem completa em vez de se usar as diferenças. Assim cria-se a GOP (group of pictures) em que temos uma imagem completa I, e uma sequência de diferenças P. Contudo quanto maior for a GOP maior é o tempo de propagação do erro caso exista na transmissão. MPEG-2 bitstreams MPEG-2 suporta uma variedade de tipos d bitstream para uma diversidade de propostas. Uma saída simples comprimida designada como stream elementar. Na transmissão as varias streams elementares, são combinadas de forma a construir a stream de transporte. Uma stream de transporte tem uma estrutura de complexa, pois necessita de incorporar METADATA indicando qual o stream elementar de áudio ou ancillary que estão associados com a stream elementar de vídeo. Uma stream programada é uma bitstream Transport streams A stream de transporte do MPEG-2 tem como objectivo a multiplexagem de vários programas de televisão com o seu som e imagem associados. A stream de transporte é baseada em pacotes de tamanhos iguais a 188 bytes para permitir o uso de sistema de detecção de erros. Os pacotes da stream de transporte começam sempre com uma cabeça. Para maior eficiência a cabeça é suposta pequena, mas para casos especiais a cabeça pode ser estendida. Nesse caso a parte que transporta os dados de som e imagem reduzem de tamanho. A cabeça começa com o byte de sincronismo. Contem também um código de identificação do pacote PID, para identificar a stream ao canal em causa. Para ajudar 182 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço a desmultiplexagem a cabeça tem também um contador de 4 bits que é incrementado para cada pacote no mesmo PID. Faz parte da cabeça também uma flag erro uma flag de inicio, um bit de prioridade por fim tem SCR que contem código para o controlo da malha de captura numérica. Em caso de não preenchimento total da stream de transporte para se manter uma taxa de transferencia de bits constantes preenche-se os restantes bits a 1 introduz o código 8191 na PID de forma a que o desmultiplexer os deite fora. 7 ARQUITECTURA E DIMENSIONAMENTO DA REDE A IMPLEMENTAR 7.1 Arquitectura Esta solução integra duas tecnologias: Satélite + WLAN. O equipamento de satélite utilizado é a solução da Pt Prime circuitos de acesso IP via satélite que inclui Antena, amplificador RF e modem com interface RJ-45. A rede de acesso VSAT da PT Prime pode fornecer circuitos com capacidade máxima de 2Mbps – Full-Duplex. Cada ponto terminal tem 31 slots de 64kbps de Segmento Espacial. A instalação deste equipamento custa 3750€ e cada slot de 64kbps de Segmento espacial custa 677€/mês. O equipamento da WLAN é uma solução building-to-building da Cisco e utiliza tecnologia IEEE802.11b. De seguida apresenta-se a arquitectura da rede a implementar: 183 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Satellite AIR-ANT 2506 AIR-ANT 2506 7H BR350 AP AIR-ANT1949 BR350 AP AIR-ANT1949 BR350 BR350 AIR-ANT1949 BR350 1V 1V 1V AP 7H 13V BR350 AIR-ANT 2506 AIRANT 41421 Ponto terminal de satélite AIR-ANT 2506 1V AIR-ANT 2506 1V 13H 7V BR350 AP BR350 AP AIR-ANT1949 13H 1V AIR-ANT 2506 7H AIR-ANT 2506 7H 13V BR350 BR350 AIR-ANT1949 AIR-ANT1949 BR350 1V BR350 AIR-ANT 2506 BR350 AP AIR-ANT1949 BR350 AP 1V AIR-ANT 2506 AP BR350 AIR-ANT1949 BR350 AP BR350 AIR-ANT1949 BR350 Figura 154 - Arquitectura da rede a implementar. 7.1.1 Características técnicas das antenas da Cisco 7.1.1.1 AIR-ANT4121 - 12dBi Omni De seguida são apresentadas as características da antena AIR-ANT4121:[23] 184 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Dimensions and Mounting Specifications Vertical Radiation Pattern Frequency Range 2.4-2.83GHz VSWR 2:1 Nominal Gain 12dBi Polarization Vertical Azimuth 3dB BW Omni directional—360 degree Elevation (3dB BW) 7 degrees Antenna Connector RP-TNC Dimensions (H x W) 40 x 1.25 in. Wind Rating 100MPH Indicative Distances 2.3Km @ 11Mbps 7.4Km @ 2Mbps 185 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço 7.1.1.2 AIR-ANT1949 - 13.5dBi Yagi De seguida são apresentadas as características da antena AIR-ANT1949: [23] Dimensions and Mounting Horizontal Radiation Vertical Radiation Specifications Pattern Pattern Frequency Range 2.4-2.83GHz VSWR Less than 2:1, 1.5:1 Nominal Gain 13.5 Front to Back Ratio Greater than 30dB Polarization Vertical Azimuth 3dB BW 30 degrees Elevations 3dB BW 25 degrees Antenna Connector RP-TNC Dimensions (H x W) 18 x 3 in. 186 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Wind Rating 110MPH Indicative Distances 3.3Km @ 11Mbps; 10.5Km @ 2Mbps 7.1.1.3 AIR-ANT2506 - 5.2dBi Mast Mount Omni De seguida são apresentadas as características da antena AIR-ANT2506: [23] Dimensions and Mounting Specifications Vertical Radiation Pattern Frequency Range 2.4-2.83GHz VSWR Less than 2:1, 1.5:1 Nominal Gain 5.2dBi Polarization Vertical 187 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Azimuth 3dB BW Omni directional 360 degrees Elevations Plan (3dB BW) 50 degrees Antenna Connector RP-TNC Dimensions (H x W) 11.5 x 1.125 in. Mounting Mast mount—indoor/outdoor Indicative Distances 480m @ 11Mbps; 1.2Km @ 2Mbps 7.2 Dimensionamento Utilizando o modelo dos nove nós, o ponto terminal de recepção de satélite é instalado no nó central. A distribuição da internet para os utilizadores é feita através da solução WLAN da Cisco. Para isso no nó central é utilizada uma antena AIR-ANT4121. Esta antena é omnidireccional, isto é, radia em todas as direcções de igual modo, desta maneira é efectuada a ligação entre o nó central e os nós secundários. Nos nós secundários é necessário utilizar uma antena directiva AIR-ANT1949 para fazer a ligação com o nó central, neste caso utiliza-se uma antena direccional pois é de todo o interesse que a informação de cada nó seja dirigida apenas ao nó central. Para cada uma das antena é necessário uma bridge AIR-BR350 por questões de segurança, pois esta bridge tem duas ligações RP-TNC e permite encriptação WEP de 128-bits e questões de encaminhamento de pacotes. Desta forma uma ligação do nó central a um nó secundário tem a capacidade de 11Mbps (mas destes 11Mbps, 1Mbps é reservado para códigos de correcção de erros, etc) partilhados por cada uma das nove ligações ( o nó central é ao mesmo tempo um nó secundário). Em cada nó secundário é instalado um ponto de acesso wireless e uma antena omnidireccional AIR-ANT2506 para estender o raio de alcance, desta maneia toda a população dentro de cada nó pode ter acesso aos serviços disponibilizados. 188 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Neste estudo não se considera o equipamento do cliente, quando cliente quiser aderir ao serviço terá comprar um Kit, que incluirá uma antena directiva de baixo ganho que será colocada provavelmente no seu telhado, e uma placa wireless para instalar no seu PC. O standard IEEE802.11: IEEE802.11 5GHz 2.4GHZ 850-950nm OFDM IR difuso IEEE802.11a até 54Mbps FHSS 2GFSK 1Mbps DSSS 4GFSK 2Mbps DBQPSK-Barker 1Mbps OFDM DQPSK-Barker 2Mbps IEEE801.11g até 54Mbps IEEE802.11b DQPSK-CCK BPSK-PBCC 5.5Mbps DQPSK-CCK QPSK-PBCC 11Mbps Figura 155 - O standard IEEE802.11.[24] Canal 1 2400MHz 2412MHz Number of Channels HR/DSS channel numbers 3 1,7,13 Canal 7 2442MHz Canal 13 2472MHz 2483.5MHz Figura 156 - Selecção de canais na Europa – sem oversampling. [24] Das figuras anteriores pode-se verificar que é possível usar qualquer um dos três canais diferentes atribuídos sem interferência. E se ainda assim quisermos aumentar os canais disponíveis para minimizar a interferência de células adjacentes pode-se usar polarização horizontal ou vertical , ou seja, pode-se fazer seis combinações entre os três canais e as duas polarizações ortogonais (1H, 1V,7H, 7V, 13H, 13V). 189 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Temos dois tipos de ligações: a ligação entre o nó central e os nós secundários, ou seja, entre a antena omnidireccional ANT4121 e as antenas directivas ANT1949. Na primeira ligação escolhemos o canal 1 com polarização vertical. Dentro dos nós, cada ligação entre o ponto de acesso e a antena omnidireccional 2506 serve, apenas, os utilizadores em cada nó por isso nas ligações adjacentes a esta temos de usar combinações de canais e polarizações diferentes para não haver interferências. Assim uma solução poderá ser a da figura seguinte. Por simplificação apresenta-se apenas os nove nós com a indicação em cada um deles do respectivo canal mais polarização utilizada na ligação entre o ponto de acesso e a antena direccional ANT2506. 7H 13V 7H 13H 7V 13H 7H 13V 7H Figura 157 - Combinação entre canais e polarizações. Deve lembrar-se que: a cada antena ANT2506 liga uma bridge à qual se ligam os computadores dos utilizadores; cada ponto de acesso em cada nó liga a uma bridge a qual está ligada a uma antena directiva ANT1949; Na ligação entre os nós secundários e o nó central (ANT1949 ↔ ANT4121) utiliza-se o canal 1 com polarização vertical; e, ainda, que à ANT4121 do nó central está ligada uma bridge à qual se liga o ponto terminal de recepção de satélite. Comparando os raios de alcance das antenas com os raios dos nós verifica-se que os primeiros são maiores que os segundos. Isto significa que podemos utilizar as antenas na máxima capacidade, isto é, em cada ligação entre a antena omnidireccional ANT2506 e o ponto de acesso podemos ter 11Mbps, o que permite suportar um máximo de 342 clientes com a garantia que cada um deles terá no mínimo 32kbps. 190 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Desta maneira por cada 342 clientes em cada nó temos de ter uma ANT2506. O ponto de acesso (AP) em cada nó suporta 20Mbps, ou seja, 625 clientes. As antenas directivas ANT1949 em cada nó recebem, cada uma, uma nona parte da capacidade da antena omnidireccional do nó central ANT4121, isto é, suportam 34 clientes a 32kbps cada um. Isto quer dizer que por cada 34 clientes em cada nó teremos de ter mais uma ligação entre o nó secundário e o nó central. Além disso, a antena omnidireccional ANR4121 do nó central suporta os clientes de todos os nós até um máximo de 11Mbps, ou seja, 342 clientes. Como a ligação de satélite permite um máximo de 2Mbps teremos de ter 5 terminais destes para cada antena omnidireccional ANT4121 do nó central. Cada ponto terminal de recepção de satélite suporta 62 clientes de 32kbps. 8 ANÁLISE TECNO-ECONÓMICA 8.1 Parâmetros de Entrada do Modelo As três áreas escolhidas para aplicar o modelo geométrico são duas freguesias do concelho de Aveiro e uma do concelho de Ílhavo. As freguesias do concelho de Aveiro são: Santa Joana e Eirol, a freguesia do concelho de Ílhavo é S. Salvador. Os principais parâmetros de entrada estão sumariados na seguinte tabela: Parâmetros Densidade Residencial por nó Distância entre nós Área do nó (L2) Número de Residências no nó Comprimento da meia diagonal (d’) Santa Joana 437 0 0,62 272 0,56 Áreas São Salvador 563 0 1,00 564 0,71 Eirol 51 0 0,49 25 0,50 Tabela 23 - Parâmetros de caracterização das áreas. 8.2 Avaliação Tecno-Económica 8.2.1 Pressupostos • O projecto em estudo tem uma duração de 10 anos (2003 – 2009); • Os impostos sobre os lucros (TaxRate) têm uma taxa de 0%; • A taxa de actualização (DiscountRate) é de 10%; 191 Comentários Em residências por Km2 Em Km Em Km Em Km Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço 8.2.1.1 Classes de Serviço Nesta avaliação tecno-económica foram considerados dois cenários, em que num têm-se apenas uma única classe de serviço e no outro têm-se 2 classes de serviço. As classes existentes nos diferentes cenários são: Cenário 1: • Classe NarrowBand_32k: os clientes desta classe de serviço têm a garantia de uma largura de banda de 32kbps. Cenário 2: • Classe NarrowBand_32k: os clientes desta classe de serviço têm a garantia de uma largura de banda de 32kbps. • Classe NarrowBand_64k: os clientes desta classe de serviço têm a garantia de uma largura de banda de 64kbps. 8.2.1.2 Modelo Tarifário O modelo tarifário usado neste estudo é composto por uma tarifa de instalação e por uma ou duas tarifas anuais, uma tarifa para o cenário 1 (NarrowBand_32k) e duas tarifas para o cenário 2 (NarrowBand_32k e NarrowBand_64k). A tarifa de instalação é igual para as duas classes de serviço, sendo o seu valor de 100€. A erosão da tarifa de instalação é de 3% ao ano. Desta forma o modelo tarifário pode ser descrito pela fórmula que se segue: Tarifa × (1 − Erosão ) 8.2.1.2.1 Ano Tarifa de Instalação A seguir ilustra-se, graficamente, a evolução da tarifa de instalação: 192 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Tarifa de Instalação 120 100 € 80 60 40 20 0 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Ano Figura 158 - Evolução da Tarifa de Instalação. 8.2.1.2.2 Tarifa Anual Classe NarrowBand_32k Tarifa Anual = 250€ Cada utilizador paga mensalmente 20.83€ (250€ / Ano) e pode usufruir do serviço sem limite de utilização. A este tipo de taxação dá-se o nome de tarifa plana (flat rate). A erosão da tarifa anual é de 3% ao ano. De seguida ilustra-se, a evolução da tarifa anual da classe NarrowBand_32k: Tarifa Anual Narrow_32k 300 250 € 200 150 100 50 0 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Ano Figura 159 - Evolução da Tarifa Anual NarrowBand_32k. 193 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço 8.2.1.2.3 Tarifa Anual Classe NarrowBand_64k Tarifa Anual = 400€ Cada utilizador paga mensalmente 33.33€ (250€ / Ano) e pode usufruir do serviço sem limite de utilização. A este tipo de taxação dá-se o nome de tarifa plana (flat rate). A erosão da tarifa anual é de 3% ao ano. De seguida ilustra-se, a evolução da tarifa anual da classe NarrowBand_64k: € Tarifa Anual Narrow_64k 450 400 350 300 250 200 150 100 50 0 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Ano Figura 160 - Evolução da Tarifa Anual NarrowBand_32k. 8.2.1.3 Modelo de penetração do serviço 8.2.1.3.1 Cenário 1 No modelo de penetração de serviço do cenário 1, usaram-se os seguintes valores: → Penetração Inicial = 2,5% → Penetração Final = 40% Assim a penetração no serviço do cenário 1, para todas as áreas em consideração têm a seguinte forma gráfica: 194 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Penetração Narrow_32k 45% 40% 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Ano Figura 161 - Penetração do serviço NarrowBand_32k no cenário 1. 8.2.1.3.2 Cenário 2 No modelo de penetração de serviço do cenário 2, usaram-se os seguintes valores para a classe de serviço NarrowBand_32k: → Penetração Inicial = 1,75% → Penetração Final = 28% Assim, a penetração no serviço do cenário 2 na classe de serviço NarrowBand_32k, para todas as áreas em consideração têm a seguinte forma gráfica: Penetração Narrow_32k 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Ano 195 2009 2010 2011 2012 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Figura 162 - Penetração do serviço NarrowBand_32k no cenário 2. No modelo de penetração de serviço do cenário 2, usaram-se os seguintes valores para a classe de serviço NarrowBand_64k: → Penetração Inicial = 0,75% → Penetração Final = 12% Assim, a penetração no serviço do cenário 2 na classe de serviço NarrowBand_64k, para todas as áreas em consideração têm a seguinte forma gráfica: Penetração Narrow_64k 14% 12% 10% 8% 6% 4% 2% 0% 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Ano Figura 163 - Penetração do serviço NarrowBand_64k no cenário 2. 8.2.2 Resultados Económicos A apresentação dos resultados económicos é dividida em duas partes. Em primeiro lugar aborda-se cada uma das áreas em consideração (Santa Joana, S. Salvador e Eirol) e depois faz-se uma análise comparativa entre as três. Em cada uma destas secções discutem-se os seguintes aspectos: Os investimentos feitos ao longo do período de duração do projecto e a distribuição dos mesmo; Receitas geradas no decorrer do projecto; 196 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço O Valor Actual Líquido (VAL, ou NPV – Net Present Value), a Taxa Interna de Rendibilidade (TIR, ou IRR – Internal Rate of Return) e o período de recuperação do projecto de investimento; Visualização de gráficos do Cash-Flow e do Cash-Balance; Análise de sensibilidade. 8.2.2.1 Resultados económicos mais relevantes De seguida apresentam-se, então, os resultados económicos mais relevantes para a avaliação do projecto: TIR, VAL e Período de Recuperação do Investimento. 8.2.2.1.1 Cenário 1 VAL TIR Período de Recuperação Santa Joana 195.171 21.6 % 6 Áreas S. Salvador 418.913 22.1 % 6 Eirol - 36.727 - 2.1 % - Tabela 24 - Resultados económicos mais relevantes relativos ao cenário 1. Como Santa Joana e S. Salvador apresentam um VAL positivo e uma TIR superior à Taxa de Actualização (Discount Rate), a qual é de TA=10%, estas regiões podem-se considerar um negócio atractivo. Em Eirol o valor do VAL e do TIR são ambos negativos, pode-se considerar que o negócio nesta região não tem nada de atractivo, mas sim tudo de inviabilidade. 8.2.2.1.2 Cenário 2 VAL TIR Período de Recuperação Santa Joana 121.828 15.1 % 7 Áreas S. Salvador 389.142 18.8 % 7 Eirol - 130.340 - 13.8 % - Tabela 25 - Resultados económicos mais relevantes relativos ao cenário 2. Como Santa Joana e S. Salvador apresentam um VAL positivo e uma TIR superior à Taxa de Actualização (Discount Rate), a qual é de TA=10%, estas regiões podem-se considerar um negócio atractivo. Em Eirol o valor do VAL e do TIR são ambos negativos, pode-se considerar que o negócio nesta região não tem nada de atractivo, mas sim tudo de inviabilidade. 197 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Em comparação com o cenário 1, verifica-se que os valores do VAL e do TIR descem em todas as regiões, tornando-se ainda mais negativos no caso do Eirol. 8.2.2.2 Santa Joana 8.2.2.2.1 Investimentos Os investimentos realizados, em Santa Joana nos dois cenários, ao longo do período de duração do projecto encontram-se ilustrados graficamente na figura seguinte: Investimentos - Santa Joana 400.000 350.000 300.000 250.000 € 200.000 150.000 100.000 50.000 0 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Ano Cenário 1 Cenário 2 Figura 164 - Investimentos totais por ano em S. Jacinto. Como se pode observar da figura anterior, os grandes investimentos são realizados no ano inicial do projecto, visto que é no primeiro do ano do projecto que se instala toda a infraestrutura da rede. Nos anos seguintes, podemos ver que em alguns não há nenhum investimento efectuado, isto deve-se ao facto da infraestrutura instalada no ano anterior ser suficiente para servir os novos clientes e os clientes antigos. Quanto aos anos em que há investimento, são feitos devido ao número de clientes aumentar e a infraestrutura existente ter de ser alargada. O elemento da rede que mais influencia o investimento é o receptor de satélite, devido ao seu preço ser bastante elevado, de notar que o investimento do cenário 2 é sempre maior do que o do cenário 1, o que está relacionado com o aparecimento da classe de serviço NarrowBand_64k, que é uma classe que necessita de maior largura de banda, 198 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço e consequentemente o número de receptores de satélite tende a aumentar, aumentando assim o investimento. 8.2.2.2.2 Receitas Para o cálculo das receitas é necessário entrar com o tamanho do mercado (neste caso 9(nós)*272(clientes/nó)=2448 possíveis clientes) e multiplicar este valor pela taxa de penetração do serviço. Este valor, multiplicado pela tarifa anual dá as receitas anuais. A juntar a esta receita ainda se tem a tarifa de instalação paga por cada novo cliente da rede. Seguidamente apresenta-se o gráfico das receitas geradas ao longo do período de duração do projecto: Receitas - Santa Joana 250.000 200.000 150.000 € 100.000 50.000 0 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Ano Cenário 1 Cenário 2 Figura 165 - Receitas por ano em S. Jacinto. Analisando o gráfico nota-se um aumento ao longo dos anos nos dois cenários, devido ao surgimento de cada vez mais clientes. As receitas do cenário 2 são sempre maiores, o que se deve à classe NarrowBand_64k, visto que a sua tarifa é mais elevada. 8.2.2.2.3 Cash-Flow e Cash-Balance 199 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Torna-se importante, neste ponto, verificar mais alguns gráficos de forma a ter uma visão mais alargada dos valores obtidos. Assim, apresentam-se de seguida os gráficos do cash-flow e do cash-balance. Cash-Flow - Santa Joana 300.000 200.000 100.000 0 € 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 -100.000 -200.000 -300.000 -400.000 Ano Cenário 1 Cenário 2 Figura 166 - Cash-Flow em Santa Joana. O cash-flow começa negativo pois é no primeiro ano que se faz o maior investimento, em 2004 o seu valor torna-se positivo porque o número de clientes aumentou, logo as receitas também aumentaram e o investimento efectuado é nulo, continuando a subir em 2005 visto que o investimento nesse ano é nulo. Em 2006 há um decréscimo devido aos investimentos efectuados para servir os novos clientes que com os antigos não geram receitas suficientes para manter o aumento do fluxo de caixa. Generalizando, excepto em relação ao primeiro ano, podemos dizer que quando o cash-flow aumenta é devido ao aumento do número de clientes, e consequentemente devido ao aumento das receitas geradas e também porque o investimento é nulo (a infraestrutura da rede existente é suficiente para servir o número de clientes relativos a esse ano). Quando o cash-flow decresce é devido aos investimentos efectuados (a infraestrutura da rede existente não é suficiente para servir o número de clientes relativos a esse ano), para servir os novos clientes que com os antigos não geram receitas suficientes para manter o aumento do fluxo de caixa. 200 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Cash-Balance - Santa Joana 800.000 600.000 400.000 € 200.000 0 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 -200.000 -400.000 -600.000 Ano Cenário 1 Cenário 2 Figura 167 - Cash-Balance em Santa Joana. Quanto ao cash balance pode ser visto que o seu valor torna-se positivo para o cenário 1 e 2 no final do 6 ano a meados do 7 ano, respectivamente. O PayBack Period é aproximadamente igual ao número de ano nos quais o cash balance é negativo, ou seja, é de 7 anos para os dois cenários. 8.2.2.2.4 Análise de Sensibilidade A execução de previsões da viabilidade de novas tecnologias de comunicações e novas aplicações inclui um número considerável de pressupostos, em que grande parte deles, não é justificável de forma inequívoca. Assim é necessário efectuar uma análise de sensibilidade para ver como os resultados mais importantes do estudo variam em função dos pressupostos chave do mesmo. Na ferramenta do Tonic (Tonic Tool) podem ser executadas várias análises de sensibilidade a vários parâmetros, ilustrando a flexibilidade da metodologia usada neste estudo. Algumas das possíveis analises de sensibilidade são apresentadas nas secções seguintes. Para se poder ter a percepção de como é que alguns dos parâmetros mais importantes do estudo se alteram em função de alguns parâmetros de entrada, estaremos atentos às secções seguintes. 201 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Nas figuras seguintes é possível observar como é que um output económico (VAL ou TIR) varia com alguns inputs. As figuras mostram cada valor de um output se o input variar ±10%. O primeiro input é o que mais varia o output, pode ser visto que nem todos os inputs são directamente proporcionais com um output económico. 8.2.2.2.4.1 Valor Actual Líquido De seguida apresenta-se os gráficos da sensibilidade do VAL em relação a alguns parâmetros de entrada: 10% -10% VAL: 195.170€ - Santa Joana StartTariff 250.139 140.202 ConnectionTariff 191.154 194.289 OAMCostPerLine 199.187 196.052 Figura 168 - Sensibilidade do VAL em Santa Joana (Cenário 1). 202 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço -10% 10% VAL: 121,828€ - Santa Joana StartTariff_32k 83350 StartTariff_64k 160306 95443 148213 116505 ConnectionTariff 121208 OAMCostPerLine 127152 122449 Figura 169 - Sensibilidade do VAL em Santa Joana (Cenário 2). Como pode ser visto nas figuras anteriores o parâmetro que tem maior influência na variação do VAL é a StartTariff_32k em ambos os cenários, notando-se ainda que no caso do cenário 2 a StartTariff_64k também tem relevância. 8.2.2.2.4.2 Taxa Interna de Rendibilidade De seguida apresenta-se os gráficos da sensibilidade da TIR em relação a alguns parâmetros de entrada: 203 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço 10% -10% TIR: 21,6% - Santa Joana StartTariff 24,52% 18,63% 21,39% ConnectionTariff OAMCostPerLine 21,60% 21,91% 21,69% Figura 170 - Sensibilidade do TIR em Santa Joana (Cenário 1). -10% 10% TIR: 15% - Santa Joana StartTariff_32k StartTariff_64k ConnectionTariff 13,52% 16,55% 14,01% 16,08% 14,84% OAMCostPerLine 15,03% 15,28% 15,08% Figura 171 - Sensibilidade do TIR em Santa Joana (Cenário 2). Como pode ser visto nas figuras anteriores o parâmetro que tem maior influência na variação da TIR é a StartTariff_32k em ambos os cenários, notando-se ainda que no caso do cenário 2 a StartTariff_64k também tem relevância. 204 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço 8.2.2.2.5 Conclusão aos resultados em Santa Joana As conclusões mais importantes que se retiram dos resultados na avaliação económica deste projecto de investimento em Santa Joana, resumem-se da seguinte forma: 8.2.2.2.5.1 Cenário 1 • Investimentos iniciais na ordem de 256k€; • TIR de 21,6%; • VAL na ordem dos 195k€. A recuperação do investimento é a médio prazo: 6 anos; • A variação da StartTariff_32k afecta bastante os resultados económicos do projecto, sendo que para uma diminuição de 10% do seu o valor o valor obtido para a TIR é de 18,63% e com um aumento de 10% o valor obtido é de 24,52%. No que diz respeito ao VAL com uma variação de +10% e -10% obtemos valores de 250k€ e de 140k€, respectivamente; • A ConectionTariff quase não tem influência nos valores da TIR e do VAL, a variação que provoca nestes valores é muito pequena. 8.2.2.2.5.2 Cenário 2 • Investimentos iniciais na ordem de 383k€; • TIR de 15,1%; • VAL na ordem dos 121k€. A recuperação do investimento é a médio prazo: 7 anos; • A variação da StartTariff_32k afecta bastante os resultados económicos do projecto, sendo que para uma diminuição de 10% do seu o valor o valor obtido para a TIR é de 13,52% e com um aumento de 10% o valor obtido é de 16,55%. No que diz respeito ao VAL com uma variação de +10% e -10% obtemos valores de 83k€ e de 160k€, respectivamente; 205 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço • A variação da StartTariff_64k afecta de uma forma menos significativa do que a StartTariff_32k, então temos que para uma variação de +10% e -10% no seu valor a TIR é de 13,52% e 16,55%, respectivamente. Quanto ao VAL com uma variação de +10% e -10% no valor da StartTariff_64k obtemos os valores de 83k€ e de 160k€, respectivamente. • A ConectionTariff quase não tem influência nos valores da TIR e do VAL, a variação que provoca nestes valores é muito pequena. 8.2.2.2.5.3 Conclusão Final em Santa Joana Verificamos que os melhores resultados são obtidos no cenário 1, em que a TIR é de 21,6% enquanto que no cenário 2 a TIR diminui para 15,1%. Quanto ao VAL o valor também diminui de 195k€ do cenário 1 para 121k€ no cenário 2, no que diz respeito ao período de recuperação do investimento há também um aumento de 1 ano do cenário 1 para o 2. 8.2.2.3 São Salvador 8.2.2.3.1 Investimentos Os investimentos realizados, em São Salvador nos dois cenários, ao longo do período de duração do projecto encontram-se ilustrados graficamente na figura seguinte: Investimentos - São Salvador 700.000 600.000 500.000 400.000 € 300.000 200.000 100.000 0 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Ano Cenário 1 206 Cenário 2 2009 2010 2011 2012 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Figura 172 - Investimentos totais por ano em S. Salvador. Como se pode observar da figura anterior, os grandes investimentos são realizados no ano inicial do projecto, visto que é no primeiro do ano do projecto que se instala toda a infraestrutura da rede. Nos anos seguintes, podemos ver que em alguns não há nenhum investimento efectuado, isto deve-se ao facto da infraestrutura instalada no ano anterior ser suficiente para servir os novos clientes e os clientes antigos. Quanto aos anos em que há investimento, são feitos devido ao número de clientes aumentar e a infraestrutura existente ter de ser alargada. O elemento da rede que mais influencia o investimento é o receptor de satélite, devido ao seu preço ser bastante elevado, de notar que o investimento do cenário 2 é sempre maior do que o do cenário 1, o que está relacionado com o aparecimento da classe de serviço NarrowBand_64k, que é uma classe que necessita de maior largura de banda, e consequentemente o número de receptores de satélite tende a aumentar, aumentando assim o investimento. 8.2.2.3.2 Receitas Para o cálculo das receitas é necessário entrar com o tamanho do mercado (neste caso 9(nós)*564(clientes/nó)=5076 possíveis clientes) e multiplicar este valor pela taxa de penetração do serviço. Este valor, multiplicado pela tarifa anual dá as receitas anuais. A juntar a esta receita ainda se tem a tarifa de instalação paga por cada novo cliente da rede. Seguidamente apresenta-se o gráfico das receitas geradas ao longo do período de duração do projecto: 207 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Receitas - São Salvador 500.000 450.000 400.000 350.000 300.000 € 250.000 200.000 150.000 100.000 50.000 0 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Ano Cenário 1 Cenário 2 Figura 173 - Receitas por ano em S. Salvador. Analisando o gráfico nota-se um aumento ao longo dos anos nos dois cenários, devido ao surgimento de cada vez mais clientes. As receitas do cenário 2 são sempre maiores, o que se deve à classe NarrowBand_64k, visto que a sua tarifa é mais elevada. 8.2.2.3.3 Cash-Flow e Cash-Balance Torna-se importante, neste ponto, verificar mais alguns gráficos de forma a ter uma visão mais alargada dos valores obtidos. Assim, apresentam-se de seguida os gráficos do cash-flow e do cash-balance. 208 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Cash-Flow - S.Salvador 600.000 400.000 200.000 0 € 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 -200.000 -400.000 -600.000 -800.000 Ano Cenário 1 Cenário 2 Figura 174 - Cash-Flow em S. Salvador. O cash-flow começa negativo pois é no primeiro ano que se faz o maior investimento, em 2004 o seu valor torna-se positivo porque o número de clientes aumentou, logo as receitas também aumentaram e o investimento efectuado é nulo, continuando a subir em 2005 visto que o investimento nesse ano é nulo. Em 2006 há um decréscimo devido aos investimentos efectuados para servir os novos clientes que com os antigos não geram receitas suficientes para manter o aumento do fluxo de caixa. Generalizando, excepto em relação ao primeiro ano, podemos dizer que quando o cash-flow aumenta é devido ao aumento do número de clientes, e consequentemente devido ao aumento das receitas geradas e também porque o investimento é nulo (a infraestrutura da rede existente é suficiente para servir o número de clientes relativos a esse ano). Quando o cash-flow decresce é devido aos investimentos efectuados (a infraestrutura da rede existente não é suficiente para servir o número de clientes relativos a esse ano), para servir os novos clientes que com os antigos não geram receitas suficientes para manter o aumento do fluxo de caixa. 209 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Cash-Balance - São Salvador 1.500.000 1.000.000 € 500.000 0 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 -500.000 -1.000.000 Ano Cenário 1 Cenário 2 Figura 175 - Cash-Balance em S. Salvador. Quanto ao cash balance pode ser visto que o seu valor torna-se positivo para o cenário 1 e 2 no 7º ano. O PayBack Period é igual ao número de ano nos quais o cash balance é negativo, ou seja, é de 7 anos para os dois cenários. 8.2.2.3.4 Análise de Sensibilidade 8.2.2.3.4.1 Valor Actual Líquido De seguida apresenta-se os gráficos da sensibilidade do VAL em relação a alguns parâmetros de entrada: 210 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço 10% -10% VAL: 418.912€ - S. Salvador StartTariff 304.933 532.892 ConnectionTariff 410.625 417.092 OAMCostPerLine 427.201 420.734 Figura 176 - Sensibilidade do VAL em São Salvador (Cenário 1). -10% VAL: 389.142€ S. Salvador 10% StartTariff_32k 309357 StartTariff_64k ConnectionTariff 468928 443853 334432 400117 378167 OAMCostPerLine 387869 390416 Figura 177 - Sensibilidade do VAL em São Salvador (Cenário 2). Como pode ser visto nas figuras anteriores o parâmetro que tem maior influência na variação do VAL é a StartTariff_32k em ambos os cenários, notando-se ainda que no caso do cenário 2 a StartTariff_64k também tem relevância. 211 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço 8.2.2.3.4.2 Taxa Interna de Rendibilidade De seguida apresenta-se os gráficos da sensibilidade da TIR em relação a alguns parâmetros de entrada: 10% -10% TIR: 22,1% - S. Salvador StartTariff 24,95% 19,06% ConnectionTariff 21,81% OAMCostPerLine 22,03% 22,33% 22,12% Figura 178 - Sensibilidade da TIR em São Salvador (Cenário 1). -10% 10% TIR : 18,7% S. Salvador StartTariff_32k StartTariff_64k 17,09% 20,40% 17,63% 19,89% 18,52% ConnectionTariff OAMCostPerLine 18,74% 19,02% 18,80% Figura 179 - Sensibilidade da TIR em São Salvador (Cenário 2). 212 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Como pode ser visto nas figuras anteriores o parâmetro que tem maior influência na variação da TIR é a StartTariff_32k em ambos os cenários, notando-se ainda que no caso do cenário 2 a StartTariff_64k também tem relevância. 8.2.2.3.5 Conclusão aos resultados em São Salvador As conclusões mais importantes que se retiram dos resultados na avaliação económica deste projecto de investimento em S. Salvador, resumem-se da seguinte forma: 8.2.2.3.5.1 Cenário 1 • Investimentos iniciais na ordem de 513k€; • TIR de 22,1%; • VAL na ordem dos 418k€. A recuperação do investimento é a médio prazo: 6 anos; • A variação da StartTariff_32k afecta bastante os resultados económicos do projecto, sendo que para uma diminuição de 10% do seu o valor o valor obtido para a TIR é de 19,06% e com um aumento de 10% o valor obtido é de 24,95%. No que diz respeito ao VAL com uma variação de +10% e -10% obtemos valores de 304k€ e de 532k€, respectivamente; • A ConectionTariff quase tem pouca influência nos valores da TIR e do VAL, a variação que provoca nestes valores é muito pequena. 8.2.2.3.5.2 Cenário 2 • Investimentos iniciais na ordem de 669k€; • TIR de 18,7%; • VAL na ordem dos 389k€. A recuperação do investimento é a médio prazo: 7 anos; • A variação da StartTariff_32k afecta bastante os resultados económicos do projecto, sendo que para uma diminuição de 10% do seu o valor o valor obtido para a TIR é de 17,09% e com um aumento de 10% o valor obtido é de 213 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço 20,40%. No que diz respeito ao VAL com uma variação de +10% e -10% obtemos valores de 309k€ e de 469k€, respectivamente; • A variação da StartTariff_64k afecta de uma forma menos significativa do que a StartTariff_32k, então temos que para uma variação de +10% e -10% no seu valor a TIR é de 17,63% e 19,89%, respectivamente. Quanto ao VAL com uma variação de +10% e -10% no valor da StartTariff_64k obtemos os valores de 334k€ e de 443k€, respectivamente. • A ConectionTariff quase tem pouca influência nos valores da TIR e do VAL, a variação que provoca nestes valores é muito pequena. 8.2.2.3.5.3 Conclusão Final em São Salvador Verificamos que os melhores resultados são obtidos no cenário 1, em que a TIR é de 22,1% enquanto que no cenário 2 a TIR diminui para 18,8%. Quanto ao VAL o valor também diminui de 418k€ do cenário 1 para 389k€ no cenário 2, no que diz respeito ao período de recuperação do investimento há também um aumento de 1 ano do cenário 1 para o 2. 8.2.2.4 Eirol 8.2.2.4.1 Investimentos Investimentos - Eirol 140.000 120.000 100.000 80.000 € 60.000 40.000 20.000 0 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Ano Cenário 1 214 Cenário 2 2009 2010 2011 2012 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Figura 180 - Investimentos totais por ano em Eirol. 8.2.2.4.2 Receitas Receitas - Eirol 25.000 20.000 15.000 € 10.000 5.000 0 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Ano Cenário 1 Cenário 2 Figura 181 - Receitas por ano em Eirol. 8.2.2.4.3 Cash-Flow e Cash-Balance Torna-se importante, neste ponto, verificar mais alguns gráficos de forma a ter uma visão mais alargada dos valores obtidos. Assim, apresentam-se de seguida os gráficos do cash-flow e do cash-balance. 215 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Cash-Flow - Eirol 40.000 20.000 0 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 -20.000 € -40.000 -60.000 -80.000 -100.000 -120.000 -140.000 Ano Cenário 1 Cenário 2 Figura 182 - Cash-Flow em Eirol. O cash-flow começa negativo pois é no primeiro ano que se faz o maior investimento, em 2004 o seu valor torna-se positivo porque o número de clientes aumentou, logo as receitas também aumentaram e o investimento efectuado é nulo, continuando a subir em 2005 para o cenário 1 visto que o investimento nesse ano é nulo. Neste ano para o cenário 2 já não acontece o mesmo, porque o aumento do número de clientes e o novo serviço NarroBand_64k faz com haja a necessidade de investir em mais infraestruturas, logo o cash-flow fica de novo negativo. Generalizando, excepto em relação ao primeiro ano, podemos dizer que quando o cash-flow aumenta é devido ao aumento do número de clientes, e consequentemente devido ao aumento das receitas geradas e também porque o investimento é nulo (a infraestrutura da rede existente é suficiente para servir o número de clientes relativos a esse ano). Quando o cash-flow decresce é devido aos investimentos efectuados (a infraestrutura da rede existente não é suficiente para servir o número de clientes relativos a esse ano), para servir os novos clientes que com os antigos não geram receitas suficientes para manter o aumento do fluxo de caixa. 216 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Cash-Balance - Eirol 0 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 -20.000 -40.000 -60.000 € -80.000 -100.000 -120.000 -140.000 -160.000 -180.000 -200.000 Ano Cenário 1 Cenário 2 Figura 183 - Cash-Balance em Eirol. Quanto ao cash balance pode ser visto que o seu valor nunca se torna positivo em nenhum dos cenários. O PayBack Period é igual ao número de ano nos quais o cash balance é negativo, o que acontece sempre em todo o tempo de duração do projecto, logo não há PayBack Period. 8.2.2.4.4 Análise de Sensibilidade 8.2.2.4.4.1 Valor Actual Líquido Os investimentos realizados, em Santa Joana nos dois cenários, ao longo do período de duração do projecto encontram-se ilustrados graficamente na figura seguinte: 217 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço 10% -10% VAL: - 36726,8€ - Eirol -41.779 StartTariff ConnectionTariff -31.675 -36.336 -37.118 OAMCostPerLine -36.814 -36.640 Figura 184 - Sensibilidade do VAL em Eirol (Cenário 1). -10% 10% VAL: -130,340€ - Eirol StartTariff_32k -133877 StartTariff_64k ConnectionTariff -126804 -132766 -127915 -130894 OAMCostPerLine -130406 -129787 -130275 Figura 185 - Sensibilidade do VAL em Eirol (Cenário 2). Como pode ser visto nas figuras anteriores o parâmetro que tem maior influência na variação do VAL é a StartTariff_32k em ambos os cenários, notando-se ainda que no caso do cenário 2 a StartTariff_64k também tem relevância. 218 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço 8.2.2.4.4.2 Taxa Interna de Rendibilidade De seguida apresenta-se os gráficos da sensibilidade da TIR em relação a alguns parâmetros de entrada: 10% -10% TIR: -2% - Eirol StartTariff -4,21% -0,17% ConnectionTariff -2,25% OAMCostPerLine -2,16% -2,00% -2,09% Figura 186 - Sensibilidade do TIR em Eirol (Cenário 1). -10% 10% TIR :-13,7% - Eirol StartTariff_32k StartTariff_64k ConnectionTariff OAMCostPerLine -14,79% -12,82% -14,47% -13,12% -13,90% -13,81% -13,67% -13,77% Figura 187 - Sensibilidade do TIR em Eirol (Cenário 2). 219 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Como pode ser visto nas figuras anteriores o parâmetro que tem maior influência na variação da TIR é a StartTariff_32k em ambos os cenários, notando-se ainda que no caso do cenário 2 a StartTariff_64k também tem relevância. 8.2.2.4.5 Conclusão aos resultados em Eirol As conclusões mais importantes que se retiram dos resultados na avaliação económica deste projecto de investimento em Eirol, resumem-se da seguinte forma: 8.2.2.4.5.1 Cenário 1 • Investimentos iniciais na ordem de 62k€; • TIR de -2,1%; • VAL na ordem dos -36k€. Não há recuperação do investimento; • A variação da StartTariff_32k afecta bastante os resultados económicos do projecto, sendo que para uma diminuição de 10% do seu o valor o valor obtido para a TIR é de -4,21% e com um aumento de 10% o valor obtido é de -0,17%. No que diz respeito ao VAL com uma variação de +10% e -10% obtemos valores de -41k€ e de -31k€, respectivamente; • A ConectionTariff quase não tem influência nos valores da TIR e do VAL, a variação que provoca nestes valores é muito pequena. 8.2.2.4.5.2 Cenário 2 • Investimentos iniciais na ordem de 125k€; • TIR de -13,6%; • VAL na ordem dos -130k€. Não há recuperação do investimento; • A variação da StartTariff_32k afecta bastante os resultados económicos do projecto, sendo que para uma diminuição de 10% do seu o valor o valor obtido para a TIR é de -14,79% e com um aumento de 10% o valor obtido é de 12,82%. No que diz respeito ao VAL com uma variação de +10% e -10% obtemos valores de -133k€ e de -126k€, respectivamente; 220 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço • A variação da StartTariff_64k afecta de uma forma menos significativa do que a StartTariff_32k, então temos que para uma variação de +10% e -10% no seu valor a TIR é de -14,47% e -13,12%, respectivamente. Quanto ao VAL com uma variação de +10% e -10% no valor da StartTariff_64k obtemos os valores de -132k€ e de -128k€, respectivamente. • A ConectionTariff quase não tem influência nos valores da TIR e do VAL, a variação que provoca nestes valores é muito pequena. 8.2.2.4.5.3 Conclusão Final em São Salvador Verificamos que os resultados são obtidos tanto no cenário 1 como no cenário 2, são péssimos para um investimento nesta área, logo com a obtenção destes resultados conclui-se que um projecto nesta área é totalmente inviável. 8.2.3 Análise comparativa das três áreas 8.2.3.1 Investimentos e Receitas Na figura seguinte encontram-se ilustrado os investimentos e receitas dos dois cenários nas diferentes áreas em consideração: Investimentos vs Receitas São Salvador 30.000 Cenário 2 25.000 Cenário 1 K€ 20.000 2012 2011 2010 2009 2008 2007 2006 2005 2004 2003 Santa Joana 15.000 Cenário 2 Cenário 1 10.000 Eirol 5.000 Cenário 1 Cenário 2 0 Inv Rec Inv Rec Inv Rec Inv Rec Inv Rec Inv Rec Figura 188 - Comparação dos investimentos e receitas dos dois cenários nas três áreas. Como pode ser observado na figura anterior, a grande parte dos investimentos é feita no ano inicial do projecto nas três áreas, sendo os maiores em S. Salvador, seguida 221 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço de Santa Joana e finalmente Eirol. Durante o tempo de vida do projecto o valor dos investimentos aumenta, decresce ou é nulo conforme o aparecimento de novos clientes e se a infraestrutura existente pode ou não suportar o aparecimento dos novos clientes. As receitas são menores no primeiro ano do projecto e durante o projecto elas vão aumentando de ano para ano. Podemos constatar que no caso de S. Salvador e Santa Joana os investimentos totais são menores do que as receitas, o que não se verifica em Eirol, em os investimentos totais são maiores do que as receitas. Logo, Eirol é uma região é que o negócio tornase inviável. 8.3 Conclusões A conclusão da análise económica deste projecto de investimento, que pretendia averiguar a viabilidade da oferta de serviços de internet em zonas menos favorecidas e pouco competitivas, permitiu concluir que o maior investimento é feito no primeiro ano, e deve-se à inexistência de infraestruturas. O equipamento que maior peso tem sobre os investimentos é o receptor de satélite. Quanto à análise comparativa entre as três áreas em estudo, pode-se concluir que quanto maior for o número de residências mais o projecto se torna viável, porque só com o aumento de clientes e o consequente aumento das receitas, é que se consegue obter melhores resultados. Vimos que numa área, com as características do Eirol, em que o número de residências é baixo, o projecto torna-se completamente inviável. É de notar ainda, que houve uma queda nos resultados económicos acentuado quando se introduziu a nova classe de serviço, a NarrowBand_64k, é que esta nova classe de serviço requeria maiores recursos da rede, logo o dimensionamento tinha de ser remodelado, necessitando-se assim de fazer mais investimentos em receptores de satélite que são os equipamentos que mais limitam a rede em termos de largura de banda (tem uma largura de banda de 2Mbps). Antes de se avançar com uma solução deste tipo é preciso primeiro fazer um estudo muito aprofundado sobre as características da áreas em consideração. Pensamos que para além do número de habitações nas áreas, um factor que pode ser determinante para análise de um projecto de investimento deste tipo, poderá ser a taxa de 222 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço penetração que se considera. A taxa de penetração é um parâmetro que é muito difícil de prever, por isso deve-se olhar com particular atenção para este parâmetro. 223 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço CAPÍTULO III – HARMONICS E DWDM 1 HARMONICS, HYBRID ACCESS RECONFIGURABLE MULTIWAVELENGTH OPTICAL NETWORKS FOR IP-BASED COMMUNICATION SYSTEMS 1.1 Introdução Devido à constante procura de mais largura de banda, estão a ser desenvolvidas novas tecnologias para acesso em banda larga. Nos últimos anos em muitos estudos a solução mais avançada é Fibre-to-the-home (FTTH) mas, até agora, o preço da fibra óptica tem impedido o fornecimento em larga escala. Duas grandes estratégias podem ser distinguidas: Figura 189 - Ligações ponto-a-ponto.[25] Ligações Ponto-a-Ponto ao cliente mantém os custos baixos, especialmente quando se utiliza equipamentos standard, como Gigabit Ethernet. Podem ser implementadas ligações utilizando links síncronos mas, é necessário switches Ethernet para agregar a carga da rede. Em redes de acesso de larga escala requer componentes activos no terreno. O fornecimento de WDM aumenta, como é óbvio, o custo de componentes ópticos. Figura 190 - Meio partilhado. [25] Um link de Meio Partilhado ao cliente como num Passive Optical Network (PON) do tipo árvore-e-ramos requer componentes ópticos e electrónicos mais caros. A 224 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço vantagem é que a acumulação e distribuição é feita no próprio meio partilhado, de maneira que não é preciso componentes activos no terreno. Os custos envolvidos com o fornecimento de WDM são maiores, uma vez que todas as unidades da rede partilham a mesma interface óptica. Embora a Gigabit Ethernet estar a ganhar popularidade, ainda existe um grande interesse em PONs. As maiores razões são: • Este tipo de rede de acesso é por natureza muito atractivo para serviços de banda larga, que se acredita que serão as aplicações emergentes; • Uma rede passiva é muito mais fácil de instalar e tem menos overhead; • Desde o começo da investigação em (ATM) PONs a Qualidade de Serviço (QoS) tem sido um dos grandes pontos de interesse. Tem sido formulado um novo conceito de rede de acesso para estender os benefícios de um único comprimento de onda PON para WDM PONs. O sistema HARMONICS apresenta um WDM PON sem componentes activos no terreno, capaz de servir um grande número de clientes (>1000) e suportando aplicações com altas ou baixas exigências de QoS. O HARMONICS é um projecto de investigação que começou em Maio de 2000 e acaba em Abril de 2003 enquadrado no programa IST da Comunidade Europeia. Os maiores objectivos do consórcio HARMONICS são a estimulação da convergência de redes de acesso através dos seguintes objectivos: • Uma infraestrutura de distribuição baseada numa rede de fibra que seja reconfigurável dinamicamente suportando diferentes redes de acesso no último quilómetro; • Um protocolo orientado ao pacote MAC WDMA / TMDA oferecendo capacity-on-demand; • Um protocolo de controlo de classes de QoS para serviços baseados em IP; • Módulos de sistemas ópticos que suportem sistemas WDMA/TDMA; • Avaliação conceptual de funcionalidades chaves em laboratório; 225 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço • Demonstração prática da viabilidade do sistema no terreno; • Avaliação de aspectos tecno-económicos do conceito de sistema e alternativas; • Desenvolvimento de estratégias de evolução visando a convergência de contribuições de redes de acesso híbrido para os processos de normalização. 1.2 Arquitectura Figura 191 - Arquitectura do sistema Harmonic. [25] O sistema HARMONICS é uma rede baseada em IP composta por duas grandes partes: A rede do último quilómetro, liga o utilizador à rede. Vários cenários diferentes são estudados, fibre-to-the-cabinet (FTTCab) e fibre-to-the-curb (FTTC), onde para o acesso final são disponibilizadas várias tecnologias tais como o VDSL, UMTS e HFC. Rede de distribuição óptica (Optical Feeder Network). O maior esforço do HARMONICS está localizado nesta parte da rede. O WDM PON fornece a ligação entre os milhares de utilizadores e o backbone. Alimenta tanto a rede do último quilómetro ou, no cenário adicional fibre-to-the-home (FTTH), liga directamente o utilizador à rede. O Edge Router e o Leaf Routers efectuam as ligações para a rede de distribuição. Operam na camada de rede e são controlados pelo administrador da rede. 226 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço 1.3 Serviços São consideradas, neste projecto, várias aplicações que têm diferentes requisitos de QoS. Seguidamente, são listadas algumas com a indicação dos bitrates envolvidos: Tabela 26 - Bit rates dos serviços no sistema Harmonics. [25] 1.4 Tecnologias de acesso do último quilómetro Qualquer tecnologias para o último quilómetro que seja capaz de fornecer acesso de banda larga com QoS pode ser utilizado sistema HARMONICS. No projecto duas tecnologias são estudadas em pormenor: xDSL. A Digital Subscriber Line está correntemente a fornecer acesso de banda larga. Para os serviços em estudo o VDSL será um candidato adequado para FTTC. HiperLAN/2 é uma tecnologia de acesso sem fios fixo que se adequa a aplicações FTTH. No projecto é estuda a integração destas tecnologias. Aqui o desafio é implementar IP QoS mapping e fornecer recursos administrativos para QoS end-to-end. 227 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço 1.5 Optical Feeder Network Figura 192 - Esquema da Optical Feeder Network. [25] A maior inovação do sistema HARMONICS é o WDM PON que proporciona capacidades multi-Gigabit a um grande número de optical network units (ONUs) por intermédio de uma rede realmente passiva. A arquitectura estuda neste projecto refere-se até um milhar de ONUs. 16 ONUs partilham um canal de comprimento de onda, enquanto que 8 canais são multiplexados numa fibra usando arrayed waveguide gratings (AWGs) passivas. Um total de 8 fibras são ligados a um optical cross connect (OXC) através de um anel de protecção. O OXC realiza comutação de pacotes óptica rápida de pacotes para os receptores na optical line termination (OLT). Ao fazer isto a rede é capaz de redireccionar a capacidade para localizações diferentes dependendo da carga. Um novo protocolo wavelength-and-time medium access control é designado para controlar o acesso às ONUs por parte dos diferentes canais de comprimento de onda assim como actuando no OXC. 228 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço 1.6 Resource Management and Control Figura 193 - Resource Management and Control. [25] A arquitectura de gestão apresentada aqui irá ser desenvolvida para que a gestão dos recursos da rede possam garantir QoS end-to-end. A instalação possibilita IP Differentiated Services (DiffServ) no optical feeder network e na rede de acesso do último quilómetro ambos DiffServ e possivelmente Integrated Services (IntServ). As entidades Layer Network Co-ordinator (LNC) são adoptadas da arquitectura TINA. Este Co-ordinator irá gerir as redes dos diferentes domínios ao nível dos diffServ e os recursos da rede dependendo da tecnologia específica. Os domínios LNCs comunicam através de service license agreements (SLAs) enquanto que nos níveis mais baixos podem ser feitas reservas directamente pelas aplicações ou através de mensagens RSVP pelos Leaf Routers. Um protocolo de controlo CORBA irá ser desenvolvido para estabelecer comunicação entre os diferentes elementos. Para o OFN o Resource Manager (RM) traduz as reservas do LNC para a configuração própria do MAC. Isto por sua vez controla realmente acesso em ambos os domínios tempo e comprimento de onda. 229 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço 1.7 WDMA/TDMA Medium Access Control Figura 194 - WDMA/TDMA Medium Access Control. [25] O HARMONICS MAC controla dois níveis: PON. Parecido com os tradicionais PONs (um-comprimento de onda) tem de ser controlado o acesso doa ONUs ao canal de comprimento de onda que estão ligados. Switch. Os canais que estiverem ligados a um determinado receptor OLT tem de ser controlados. Então, o Feeder Network comporta-se como um comutador óptico. Uma vez que as ONUs tratam das filas de espera o OXC pode operar apenas ao nível da camada óptica. As ONUs podem transmitir pacotes depois de terem recebido autorização para tal. Devido ao atraso end-to-end envolvido são fornecidos ambos mecanismos de alocação estática e dinâmica. Para serviços de alta qualidade as autorizações são geradas com base nas reservas. As ONUs podem submeter pedidos dependendo das exigências momentâneas para obter o melhor desempenho de tráfego. Esta estratégia permite oferecer fortes garantias de serviço apesar da carga na rede e ao mesmo tempo assegura utilização óptima dos recursos. O número de filas de espera na rede pode ser elevado: na ordem dos milhares. Está a ser desenvolvido um refinado programa de agenda para encaminhar os pacotes dessas filas de espera em timeslots de 1,3sec. 230 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço 1.8 Fast Optical Packet Switching Figura 195 - Fast Optical Packet Switching. [25] O agente MAC controla o balanceamento da carga entre os receptores LT e os transmissores ONU. O OXC executa a comutação óptica rápida de pacotes. Os pacotes ópticos têm cerca de 1,3sec (100 bytes). Uma pequena banda de guarda é utilizada para ter em conta a variação da latência e jitter ( uns poucos nanosegundos). O alcance das ONUs compensa as variações de atraso entre os canais de comprimento de onda devido à dispersão cromática. 1.9 Optical Cross Connect Figura 196 - Optical Cross Connect. [25] O cross-connect todo-óptico será construído por guias de onda ranhuradas e splitters passivos para dissecar os canais individuais PON. Os Semiconductor Optical Amplifier (SOA) gate arrays que executam comutação óptica e mais uma vez óptica passiva que irá encaminhar os pacotes para o receptor adequado. 231 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço 1.10 Optical Network Unit Figura 197 - Optical Network Unit (ONU). [25] Um dos problemas das redes de acesso WDM é o armazenamento e instalação de componentes dependentes do comprimento de onda. No HARMONICS, é investigado o uso de moduladores reflectivos. Do escritório central é enviada downstream luz contínua e depois de modulada com o sinal de dados é reflectida pela ONU. Desta maneira, a ONU mantêm independência do comprimento de onda e pode ser instalada em qualquer lugar da rede. Uma alternativa é usar lasers capazes de sintonizar embora até agora tenham a potência de saída limitada. Para operar adequadamente em burst-mode o transmissor ONU têm de comutar completamente quando não são enviados pacotes para evitar elevados níveis de ruído upstream. 1.11 Experiência piloto Figura 198 - Esquema da experiência piloto. [25] 232 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço No final do projecto está planeado um teste real no terreno em Berlim. A T-Nova irá facilitar este teste onde a rede de distribuição HARMONICS será ligada a tecnologias Ethernet, LAN domésticas e acesso VDSL. Os utilizadores experimentais irão ter acesso à Internet, serviços de vídeo em Berlim e serviços IP em Darmstadt que estão ligados por uma rede WDM testada. O desempenho da rede será testada num ambiente quase real através de serviços fornecidos e gestão da rede. 2 DWDM – DENSE WAVELENGHT DIVISION MULTIPLEXING 2.1 Objectivo Este trabalho tem como objectivo apresentar a tecnologia da rede de transporte DWDM – Dense Wavelength Division Multiplexing. Trataremos os aspectos ligados às suas definições, princípio de funcionamento, tecnologias, equipamentos, relevância, análise crítica, análise de problemas e tendências futuras ou próximos passos. Estaremos também a analisar, o estágio actual do desenvolvimento da tecnologia e as diferentes características de redes, baseadas nas aplicações da tecnologia DWDM. 2.2 Introdução Com a crescente procura para transmissão de dados baseados em serviços como email, vídeo de alta resolução, multimédia e voz sobre tecnologias como IP – Internet Protocol, ATM – Modo de Transferência Assíncrono, SONET/SDH, sobre a camada óptica, o DWDM é discutido como um componente crucial de redes ópticas. Apesar de, actualmente, as transmissões de dados utilizarem os meios de transportes sobre circuitos de voz, o que se verifica como tendência é que a voz seja transportada sobre redes de dados. Uma enorme capacidade de banda de passagem é exigida para prover os serviços requeridos pelos consumidores. Se milhares de pessoas, simultaneamente, decidem ver vídeos em Web Sites e novas aplicações de vídeo como Vídeo on demand, é necessária uma taxa de Terabits em transmissão de rede. Com uma taxa de transmissão de Tbps, é possível transmitir 20 milhões de telefonemas simultaneamente ou transmitir num segundo um texto contendo jornais diários de 300 anos. 233 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço A necessidade da implementação de sistemas que permitissem muitas comunicações simultâneas começou a ser imperiosa já nas primeiras décadas do século XX. Por volta de 1926, foram criados os sistemas telefónicos com portadora de onda, para transmissão de dois ou quatro canais de voz. Os equipamentos sofreram uma evolução rápida, levando a uma enorme ampliação na quantidade de contactos telefónicos. O aumento da procura dos serviços de telecomunicações trouxe um congestionamento e uma saturação dos sistemas que utilizam as bandas tradicionais, incluindo as frequências de microondas. Isto motivou o uso de valores cada vez mais elevados, onde as portadoras fossem capazes de transportar um número bem maior de canais, através de sistemas de multiplexação das mensagens. Nos últimos anos intensificaram-se as aplicações na faixa de ondas milimétricas, acima de 30GHz. Tornou-se, então, quase natural que as pesquisas se concentrassem na ideia de se utilizarem frequências de luz, ainda que não fossem na faixa visível. Foi através daí, da evolução da ciência através da óptica, que novas descobertas e tecnologias foram sendo implementadas. Criaram-se os métodos de modulação da luz e aperfeiçoaram-se as fibras ópticas para confinar a propagação de luz em regiões que apresentassem pequenas degradações do sinal transmitido. As fibras ópticas despertaram grande interesse para a modernização das comunicações, por suplantarem os sistemas tradicionais nesses dois pontos e apresentarem outras vantagens. Pode-se começar por garantir que, na situação actual, a fibra óptica apresenta uma perda de potência por quilómetro, muito menor do que os sistemas com cabos coaxiais, guias de ondas ou transmissão pelo espaço livre. Isto significa uma quantidade menor de repetidores para cobertura total da ligação. Nas transmissões por fibras ópticas as portadoras possuem frequências na banda do infravermelho, valores da ordem de centenas de Terahertz, facto que permite prever o uso de elevadíssimas taxas de transmissão, de até milhares de megabits/segundo. Esta propriedade implica um aumento significativo na quantidade de canais de voz a serem transmitidos simultaneamente. Uma das limitações no número de canais fica por conta do interface electrónico, necessário para fazer a modulação e retirar a informação no ponto de chegada do sinal. A capacidade do sistema óptico pode ser aumentada, ainda mais, utilizando a técnica de multiplexagem em comprimento de onda (WDM). Por este processo, diferentes comprimentos de onda são transmitidos 234 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço pela mesma fibra óptica, cada um transportando muitos canais de voz como sinal de modulação. O aumento da capacidade de transmissão dos sistemas ópticos pode ser obtido alternadamente por duas técnicas básicas: - uma seria aumentando a taxa de transmissão pela multiplexação dos sinais (voz, dados, imagem) no domínio do tempo com taxas cada vez maiores (2,5Gbits, 10Gbits, 40Gbits, etc), através da técnica de Multiplexação por Divisão no Tempo (TDM – Time Division Multiplexing). O uso desta técnica encontra duas limitações práticas: uma de ordem económica sendo muito elevado o custo das partes de electrónica e ópto-electrónica (transmissores, receptores, regeneradores) para operarem com taxas de transmissão acima de 2,5Gbits. A outra limitação é de ordem técnica, relacionada com a degradação do sinal devido à dispersão e a efeitos não lineares. Esta limitação torna-se crítica com o aumento das taxas de transmissão. A indústria de telecomunicações adoptou o SONET (padrão americano) ou o padrão SDH (padrão internacional – europeu) para esta tecnologia que é actualmente utilizada como padrão de transmissão sobre a fibra óptica. Esta veio revolucionar o conceito da transmissão digital pela facilidade de efectuar o Add-Drop dos circuitos, sem precisar multiplexar e desmultiplexar em todos os níveis da hierarquia PDH a cada ponto de extracção e inserção de circuitos e protecção de vias, como por exemplo a utilização de rede em anel, ou a criação de alternativas para as rotas. - outra técnica seria, multiplexando os sinais no domínio da frequência. É designada por Wavelength Division Multiplexing. Tipicamente, os sistemas WDM actuais operam com diversos sinais TDM de 2,5Gbits sendo cada um deles multiplexados por portadoras espaçadas tipicamente por 2nm. Esta última alternativa, que é característica de estudo deste trabalho, só foi realmente considerada em termos práticos após o advento dos Amplificadores Ópticos (AFDE’s), pois antes da disponibilização dos mesmos a necessidade de implementar um regenerador electrónico para cada subsistema tornava esta técnica pouco atraente em termos de custo. A disponibilização de AFDE’s com características de ganho uniforme na faixa de operação mudou radicalmente essa situação explicando a rápida implementação destes sistemas. Uma grande vantagem do WDM é que embora a taxa total de transmissão seja de N x 2,5Gbits (sendo N o número total de fontes de laser utilizadas 235 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço na multiplexação), a limitação imposta pela fibra devido à dispersão é calculada com base na taxa de 2,5Gbits. Assim, a premissa básica das redes de comunicações ópticas é que, como cada vez mais utilizadores começam a usar as redes de dados, e como os padrões de uso evoluem para incluir faixas de cada vez mais aplicações que utilizem muita largura de banda como, aplicações multimédia, vídeo conferência, telemedicina, etc, existe uma necessidade aguda de largura de banda na rede de transporte. Figura 199 - Capacidade de Expansão e Gestão de Largura de Banda. Outro facto importante a ser discutido é que além da tecnologia TDM, outra solução que se poderia imaginar era a implantação de mais fibras ópticas. Mas este factor não seria limitador se o custo de implantação das condutas, directamente enterradas ao longo das estradas e/ou caminhos de ferro e a mão de obra não fosse tão dispendioso, além de que novas fibras não permitiriam a oferta de novos serviços ou utilizar a capacidade de administração de largura de banda de uma camada óptica única. A tecnologia DWDM veio resolver todos estes problemas acima citados, pois é capaz de aumentar a capacidade da fibra óptica já embutida, diminuir a implementação de electrónica no sistema que o tornava cada vez mais dispendioso e limitante, como vimos anteriormente. Somadas as evoluções e os desenvolvimentos da tecnologia VoIP com a procura cada vez maior para o transporte de dados, muitos acreditam que o protocolo IP directamente sobre o DWDM será o futuro das telecomunicações no mundo. 236 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço 2.3 Sistema DWDM 2.3.1 Princípios Básicos O WDM (Wavelength Division Multiplexing) é uma tecnologia onde os sinais que transportam a informação, em diferentes comprimentos de onda óptico, são combinados num multiplexador óptico e transportados através de um único par de fibras, com o objectivo de aumentar a capacidade de transmissão e, consequentemente, usar a largura de banda da fibra óptica de uma maneira mais adequada. Os sistemas que utilizam esta tecnologia, em conjunto com amplificadores ópticos, podem aumentar significativamente a capacidade de transmissão de um percurso sem a necessidade de se aumentar o número de fibras. Os sinais a serem transmitidos nos diferentes comprimentos de onda podem possuir formatos e taxas de bit diferenciados, trazendo uma maior transparência aos sistemas de transporte. O WDM foi criado aproveitando algumas tecnologias que estavam a ser desenvolvidas, principalmente no sector de transponders, estes actuam na dispersão de banda, que é o grande obstáculo nas comunicações ópticas, com capacidade de seleccionar correctamente o comprimento de onda do laser. Surgiu a ideia de colocar mais canais na mesma fibra. No início, falava-se em sistemas de quatro canais. Actualmente, existe o limite teórico de 256 canais de 10Gbps na mesma fibra, o que equivale a 22,56 Tbps de largura de banda. A grande vantagem associada ao WDM é a possibilidade de modular o aumento da capacidade de transmissão de acordo com o mercado, com a necessidade de tráfego. A principal razão para o uso destes sistemas é a economia gerada para os clientes. Estes sistemas permitem alcançar uma melhor relação entre custos e bits transmitidos, sob determinadas condições. Análises mostram que, para distâncias abaixo de 50Km para ligação de transmissão, a solução de multi-fibra é menos dispendiosa; mas para distâncias acima de 50 Km, o custo da solução WDM é melhor que a solução de alta-velocidade-electrónica. Os sistemas WDM possuem algumas características básicas, que devem ser exploradas de acordo com a necessidade e situação: • Flexibilidade de capacidade: migrações de 622 Mbps para 2,5 Gbps e, a seguir para 10 Gbps poderão ser feitas sem a necessidade de se trocar os 237 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço amplificadores e multiplexadores WDM. Assim os investimentos realizados podem ser preservados; • Transparência dos sinais transmitidos: podem transmitir uma grande variedade de sinais de uma maneira transparente. Por não haver envolvimento de processos eléctricos, diferentes taxas de transmissão e sinais poderão ser multiplexados e transmitidos para o outro lado do sistema sem que seja necessária uma conversão ópto-eléctrica. A mesma fibra pode transportar sinais PDH, SDH e ATM de uma maneira transparente; • Permite crescimento gradual de capacidade: um sistema WDM pode ser planeado para 16 canais, mas permite iniciar a operação com um número menor de canais. A introdução de mais canais pode ser feita simplesmente adicionando novos equipamentos terminais; • Reutilização dos equipamentos terminais e da fibra: permite o crescimento da capacidade mantendo os mesmos equipamentos terminais e a mesma fibra; • Atendimento da procura inesperada: frequentemente o tráfego aumenta de uma maneira mais rápida do que o esperado e, neste caso, não há uma infraestrutura disponível para suportá-lo. Os sistemas WDM podem solucionar este problema, economizando tempo na expansão da rede. Algumas condições que favorecem a utilização de WDM: • Quando a rede apresenta longas distâncias e especialmente para redes pontoa-ponto e em cadeia; • Onde o aumento da capacidade requer a instalação de novos cabos e especialmente se não há espaço para novos cabos na infra-estrutura existente; • Quando o aumento de capacidade deve ser alcançado em curtos períodos de tempo. Uma outra discussão comum é a comparação entre sistemas TDM e WDM de maneira a se encontrar a melhor solução. Comparando um sistema STM-64 ou 4 vezes um STM-16 com uma rede WDM (STM são hierarquias de velocidades do SDH, ou seja, STM módulo de transporte síncrono; um STM-1 tem velocidade de transporte de 155,52 Mbps, um STM-64 significa 64 vezes STM-1). Através de alguns testes, chegou-se às seguintes conclusões: 238 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço • Para aplicações de pequena distância, onde regeneradores e amplificadores não são utilizados, um sistema TDM é uma solução mais viável; • Para aplicações de longa distância, o sistema WDM torna-se mais barato, pois o mesmo regenerador óptico é utilizado para um grupo de canais, reduzindo o número de regeneradores e fibras utilizados; • Para aplicações entre 120 e 300 Km, a melhor solução varia de caso a caso em função dos custos de implementação. Como já foi visto, o WDM pode ser introduzido em sistemas já existentes de modo a aumentar a capacidade de transmissão destes. Para isso, uma sequência de passos deve ser seguida para assegurar uma perfeita integração: • Ter uma visão geral do tráfego que é transmitido pela rota, definindo se ele é PDH, SDH ou ATM e suas respectivas taxas de bit. Deve-se avaliar também a existência de tráfego analógico. • Ter uma visão da infra-estrutura existente, com a definição do cabo óptico (atenuação e dispersão), comprimentos das ligações e pontos de regeneração; • Definir a capacidade final de transporte do sistema; • Fazer cálculos em softwars adequados, utilizando os dados armazenados; • Ter uma visão das interfaces ópticas disponíveis no equipamento terminal; • Definir os equipamentos. Com os dados armazenados anteriormente, será possível definir a necessidade de uso de transponders, módulos de compensação e o número de regeneradores; • Instalação e migração do tráfego para novos sistemas. A instalação causa uma interrupção do tráfego, que terá um tempo indeterminado. É possível evitar a interrupção de tráfego utilizando protecções SDH já existentes. 2.3.2 DWDM DWDM (Dense Wavelength Division Multiplexing, ou seja, Multiplexação Densa por Comprimento de Onda), processo de transmissão de diferentes comprimentos de onda sobre uma fibra, é um revolucionário desenvolvimento do WDM. O desenvolvimento 239 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço de amplificadores ópticos que operam a 1550 nm, junto com a mais baixa perda daquela janela, proporcionaram o desenvolvimento do sistema DWDM. O DWDM é a chave tecnológica para integração das redes de dados, voz e imagem de altíssima capacidade. É baseado no uso de componentes chamados Optical Multiplexer (OM) e Optical Demultiplexer (OD). A função do OM é combinar os diferentes comprimentos de onda num único caminho e a do OD é separá-los. Além de aumentar a capacidade disponível exponencialmente em fibra embutida, o DWDM tem a vantagem de não precisar de equipamentos finais para ser implementado. São colocados laser de DWDM, transponders, amplificadores, multiplexers de add/drop e filtros entre engrenagem de transmissão existente e em cima de arquitecturas de rede existentes. Um factor que torna o DWDM um sucesso é que esta tecnologia obedece ao padrão de fibra G.652 (monomodo) que é utilizado na maioria dos backbones de fibra óptica. Embora DWDM, hoje, seja principalmente usado em ligações de ponto-a-ponto, o equipamento utilizado para uso em arquitecturas de anel fez a sua primeira aparição em 1998. Além disso, os sistemas DWDM podem receber o tráfego de muitos tipos diferentes de equipamentos de transmissão, inclusive SONET e rede assíncrona. O DWDM combina múltiplos sinais ópticos de forma que possam ser ampliados como um grupo e possam ser transportados sobre uma única fibra, aumentando a sua capacidade. Cada sinal transmitido pode estar numa taxa diferente (OC-3/12/24, etc) e num formato diferente (SONET, SDH, ATM, dados, etc). Por exemplo, uma rede DWDM com uma mistura de sinais de SONET que operam a 2,5 Gbps (OC-48) e 10 Gbps (OC-192), em cima de uma infra-estrutura de DWDM, podem alcançar capacidades de mais de 40 Gbps. Um sistema com DWDM pode alcançar isto facilmente enquanto mantém o mesmo grau de desempenho, confiabilidade, e robustez do sistema, ou até mesmo ultrapassando isto utilizando o mesmo sistema de transporte. Futuros terminais de DWDM terão até 80 comprimentos de onda de OC-48, um total de 200 Gbps, ou até 40 comprimentos de onda de OC-192, um total de 400 Gbps, à qual capacidade é suficiente para transmitir 90.000 volumes de uma enciclopédia num segundo. A tecnologia que permite esta alta velocidade de transmissão de alto-volume, está no amplificador óptico. Os amplificadores ópticos operam em banda específica do 240 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço espectro de frequência e são aperfeiçoados para operarem com a fibra existente o que torna possível impulsionar sinais de ondas de luz e assim aumenta o seu alcance sem antes convertê-los para forma eléctrica. Figura 200 - Setup Experimental. Foram feitas demonstrações de amplificadores de óptico-fibras de banda ultra-larga que podem impulsionar sinais luz levando mais de 100 canais (ou comprimentos de onda) de luz. Uma rede que usa tal amplificador poderia facilmente transmitir um Terabit de informação. Nesta banda, seria possível transmitir todos os canais de Televisão de todo o mundo de uma vez ou aproximadamente meio milhão de filmes ao mesmo tempo. Consideremos a seguinte analogia, imagine a fibra como sendo uma estrada de várias pistas. Sistemas de TDM tradicionais utilizariam uma única pista desta estrada e aumentado a capacidade desta pista. Em networking óptico, utilizando o DWDM é análogo a ter acesso as novas pistas na estrada, aumentando o número de comprimentos de onda na base de fibra embutida, ganhando acesso para uma quantia incrível de capacidade de escoamento na fibra. Um benefício adicional de networking óptico é que a estrada é cega ao tipo de tráfego que nela viaja . Por conseguinte, os veículos na estrada podem levar pacotes de ATM, SONET, SDH e IP. 241 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Começando com DWDM, os provedores de serviços (ISP’s) podem estabelecer um crescimento da infra-estrutura que lhes permita somar a corrente e a próxima geração de sistemas TDM para expansão de capacidade virtualmente infinita. O DWDM também dá aos provedores de serviços a flexibilidade para ampliar a capacidade em qualquer proporção de suas redes, uma vantagem que nenhuma outra tecnologia pode oferecer. Portadores podem endereçar problemas de áreas específicas que estão congestionadas por causa de altas procuras de capacidade. Isto é especialmente útil onde múltiplos anéis se cruzam entre dois nós, resultando numa fibra sobrecarregada. Provedores de serviços que procuram novos e criativos caminhos para gerar receitas, enquanto satisfazem completamente as variadas necessidades dos seus clientes, podem muito bem beneficiar de uma infra-estrutura DWDM. Dividindo e mantendo comprimentos de ondas diferentes dedicados para clientes diferentes, por exemplo, os provedores de serviço podem alugar um comprimento de onda individual ao invés de colocar uma fibra inteira, para uma alta utilização, dos seus clientes empresariais. Comparando com aplicações baseadas em repetidor, uma infra-estrutura DWDM também aumenta as distâncias entre os elementos da rede, um grande benefício para provedores de serviços interurbanos que reduzem significativamente seus investimentos inicias de rede. O componente amplificador óptico de fibra do sistema DWDM, permite ao provedor de serviço economizar custos ampliando sinais ópticos sem os converter para sinais eléctricos. Além disso, o DWDM permite aos provedores de serviços fazerem isto com grande alcance de comprimentos de onda de 1,55µm na região. Por exemplo, com uma multiplexação do sistema DWDM de até 16 comprimentos de onda numa única fibra, os portadores podem diminuir o número de amplificadores num factor de 16 em cada regenerador de sinal. Usando menos regeneradores em redes interurbanas resultará em menos interrupções e melhor eficiência. 2.3.3 Evolução do DWDM Uma infra-estrutura DWDM é projectada para prover uma evolução de rede significativa para provedores de serviços que pretendem atender as procuras de capacidade sempre crescentes dos seus clientes. Para que uma infra-estrutura de 242 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço DWDM possa entregar a expansão necessária de capacidade, colocando uma estrutura baseada nesta tecnologia é ponto de partida para atender tais requisitos. Fazendo um incremento ao crescimento baseado em DWDM, é possível aos provedores de serviços reduzir significativamente os seus custos iniciais, estendendo a infra-estrutura de rede que os servirá no final das contas. Alguns analistas da indústria tem chamado ao DWDM um ajuste perfeito para redes que satisfazem as procuras para mais largura de banda. Um sistema DWDM deve ser modular. Apesar do fato que um sistema de OC-48 que conecta com 8 ou 16 canais por fibra poderia parecer agora como suficientes, tais medidas são necessárias para o sistema ser eficiente desse momento até daqui a dois anos. Como a tecnologia terminal OC-48 e as operações relacionadas apoiam sistemas que correspondam hoje com sistemas DWDM, isso é possível para provedores de serviços começarem a evoluir a capacidade dos sistema de TDM conectados às suas redes. Sistemas OC-192 podem ser somados depois à infra-estrutura de DWDM estabelecida para ampliar capacidade para 40 Gbps ou além. À parte da enorme capacidade de ganho por networking óptico, a camada óptica provê os únicos meios para portadores integrarem as diversas tecnologias das suas redes existentes numa infra-estrutura física. Sistemas DWDM têm taxa-bit e formatos independentes, e podem aceitar qualquer combinação de taxas de interface (por exemplo, síncrono, assíncrono, OC-3, -12, -48, ou –192) na mesma fibra ao mesmo tempo. Se um portador opera ATM e redes SONET, o sinal do ATM não tem que ser multiplexado até a taxa SONET para ser levado na rede DWDM. Como a camada óptica leva sinais sem qualquer multiplexação adicional, os portadores podem introduzir ATM ou IP rapidamente sem acréscimos na rede. Um benefício importante de networking óptico é que habilita qualquer tipo de carga a ser transmitida na fibra. Mas DWDM é justamente o primeiro passo a ser feito na cheia estrada óptica para networking e a realização da camada óptica. O conceito de uma rede toda óptica implica que o provedor de serviço terá acesso óptico para operar nos vários nós da rede, como por exemplo na camada SONET para tráfego SONET. A Soma de comprimento de onda óptico (OWAD) add aumenta a capacidade, onde comprimentos de onda são somados ou diminuídos em uma fibra, sem requerer um término SONET. Mas a última flexibilidade da administração de largura de banda virá com um crossconnect da capacidade na camada óptica. Combinado com OWAD e DWDM, o crossconnect óptico (OXC) oferecerá para os provedores de serviço a habilidade para criar 243 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço uma flexibilidade, de alta capacidade, e eficiente rede óptica com administração de bandwidth óptica cheia. Estas tecnologias são a realidade de hoje. DWDM está sendo utilizado na rede interurbana desde 1995, OWAD está disponível em produtos desde 1998, e o primeiro OXC estava em demonstrações em convenções da indústria em 1997. 2.3.4 Características do sistema DWDM Para sistemas aceitáveis e óptimos, há certas características chaves. Estas características deveriam estar em destaque para qualquer sistema DWDM: Alcance do sistema DWDM sem regeneração eléctrica Os equipamentos DWDM, comercialmente disponíveis, possibilitam um alcance sem a regeneração eléctrica até 600 Km ou uma dispersão acumulada até 10.200 ps/nm para fibras G652 (fibra standard). No entanto não devem ser usados em ligações com grandes atenuações entre repetições com amplificadores ópticos, pois isto provocaria a degradação dos sinais causados pelos efeitos não lineares. O espaçamento ideal entre os OLA's (Optical Line Amplifier) é de 80 Km. Esta limitação é devida ao facto dos amplificadores EDFA, em geral, apresentarem ligeira variação do ganho dentro da faixa de operação (1530nm a 1565nm), já que: Ganho de amplificador (dB) = Potência de saída(dBm) - Potência de Entrada(dBm) Neste sentido, para diferentes potências de entrada o sistema apresentaria a variações no ganho do amplificadores, o que consequentemente com a repetição desta característica ao longo da rota, resultaria na perda de alguns comprimentos de onda por ruídos ou por falta de potência óptica. Além deste factor vale ressaltar também a questão da limitação por dispersão (cromática e polarização). Maiores comprimentos de onda de luz sofrem uma dispersão maior em relação aos comprimentos de onda mais curtos, neste sentido é necessário um maior controle para a compensação da dispersão ao longo da rota. Figura 201 - Componente de uma ligação DWDM. 244 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Os espaçamentos típicos para sistemas de 16 x STM-16 são feitos conforme o diagrama abaixo: Figura 202 - Diagramas dos espaçamentos típicos de sistemas de 16xSTM-16. É possível que um ou outro fornecedor afirme ser possível disponibilizar os sistemas com maiores espaçamentos sem regeneração eléctrica. Entretanto para o cálculo do dimensionamento das ligações é necessário considerar o factor EOL ( End Of Life) do sistema, que não deve exceder o BER 10 -12 , considerando sempre uma possível degradação da fibra óptica. Figura 203 - Espectro de Ganho do Erbium Doped Fiber Amplifier. Quando da escolha do fornecedor devemos prestar atenção em relação a quantidade de diferentes amplificadores com características próprias e os transponders para cada tipo de aplicação. Estes factores podem alterar significativamente o custo do sistema, não em termos dos equipamentos em operação, mas em relação aos sobressalentes que devem ser adquiridos para garantir a continuidade do funcionamento. Portanto, quanto menor a variedade, melhor. Sistema de Gestão A maioria dos sistemas comerciais dispõe de equipamentos para a monitorização da qualidade do sinal óptico. O processo de monitorização utiliza um sinal óptico piloto em 1510 nm (ITU-T) com uma modulação de 2 Mbits/s, que pode ser utilizado também como canal de serviço. Entretanto, a garantia de qualidade em termo de BER , 245 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço somente é possível de ser monitorado pelos equipamentos digitais que sobre ela trafegam. Sistemas de DWDM à 2,5 Gbps deveria usar toda a capacidade do equipamento e de fibra instalados. Sistemas de DWDM bem projectados oferecem componentes de confiabilidade, disponibilidade e margem de sistema. Um amplificador óptico tem dois elementos-chave: o amplificador e a fibra óptica que é dopada com o elemento Erbium. Quando uma bomba de laser é usada para energizar o érbium com luz a um comprimento de onda específico, o erbium age como um ganho médio que amplia o sinal óptico a entrar. Se um conector é usado em lugar de uma emenda, leves quantias de sujidade na superfície podem causar danos ao conector. Ajuste automático dos amplificadores ópticos quando são somados canais ou são removidos, alcança óptimo desempenho do sistema. Isto é importante porque se há poucos canais no sistema com alta potência, a degradação em desempenho por modulação de fase pode acontecer. Por outro lado, pouca potência resulta um ganho não suficiente do amplificador. Na sequência de 1530 a 1565 ηm (comprimento de onda), executam igualmente bem, amplificadores ópticos baseados em sílica com filtros e amplificadores ópticos baseados em fluoreto. Porém, amplificadores ópticos baseados em fluoreto são intrinsecamente mais caros para uso em campo. A confiabilidade a longo prazo de fibras baseadas em fluoreto não tem, contudo, sido verificadas. Nos sistemas DWDM, o planeamento do número de comprimentos de onda e taxa de bit do sistema é crítico. Se os provedores de serviços colocarem as suas redes de um modo específico e quererem melhorá-la, deverá acontecer o seguinte: precisará de mais potência ou aumentar a relação adicional de sinal-ruído. Por exemplo, cada provedor de tempo dobra o número de canais ou a taxa-bit, de 3 dB de margem adicional de sinal-ruído é necessária. Uma linguagem padrão de interfaces de interacção técnica são extensamente disponíveis para sistemas DWDM. Interfaces devem ajustar prontamente às rotinas típicas de manutenção de um provedor de serviço. 246 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço 2.3.5 Filosofias de protecção Devido ao alto tráfego transportado em sistemas WDM, uma grande atenção deve ser dada à protecção deste tráfego. Duas filosofias são adoptadas, de acordo com o tipo de tráfego transportado: tráfegos SDH e não-SDH. Para tráfego SDH, a melhor opção é manter os esquemas de protecção SDH já existentes. Como o sistema WDM é transparente aos sinais transportados, do ponto de vista de um equipamento SDH, o sistema WDM simplesmente não existe. Como uma consequência imediata, pode-se concluir que as redes SDH podem apresentar qualquer topologia SDH existente, indiferente dos sinais que estão sendo transmitidos através do WDM.. Em anel, os mux de SDH usam duas saídas óptica para fazer o quadro STM-N circular numa única direcção (da direita para a esquerda ou vice-versa). A cada mux de SDH o quadro é alterado, por meio de inserções e extracções de tributários (ADM – Add and Drop Multiplexer). Em caso de falha na comunicação entre um mux e outro, o quadro STM-N imediatamente começa a circular na direcção oposta, sem que o operador ou o software de gerência precisem de intervir. Para o tráfego não-SDH, ou melhor dizendo, para as tecnologias nos quais não estão definidos esquemas de protecção nas camadas de ligação e física, a melhor implementação é agir directamente na camada óptica. Neste caso, os sinais de saída dos terminais ópticos são multiplexados e então enviados simultaneamente através dos canais de operação e protecção. Assim, em caso de falha de uma das rotas, o operador pode comutar o tráfego para a outra rota. Figura 204 - Chaveamento do canal. 247 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço 2.3.6 Fibras ópticas em sistemas DWDM Sobre as fibras ópticas, apresentaremos resumidamente as suas características e influências Elas são o meio pelo qual passam todas as informações transmitidas pelos sistemas DWDM que estamos a apresentar, embora já comentássemos alguma teoria sobre o assunto na Introdução. As fibras ópticas modernas apresentam largura de faixa muito grande (multigigahertz X quilómetros) com baixa atenuação e pequena dispersão dos pulsos emitidos. Por estas propriedades os sistemas de fibra são os que apresentam o menor custo por quilometro por canal instalado. Fenómenos luminosos tem sido estudados há séculos, partindo de princípios e leis estabelecidos por vários pesquisadores. O espectro óptico inclui frequências entre 3x1011 Hz e 3x1016 Hz, correspondendo ao extremo inferior da faixa de infravermelho e o limite superior da faixa de ultravioleta. O interesse para comunicações ópticas são as frequências no infravermelho na faixa de 1,5x1014 Hz a 4x1014 Hz, aproximadamente. Usualmente, em lugar das frequências ópticas expressam-se os correspondentes comprimentos de onda. Para comunicações ópticas o valor calculado de comprimento de onda varia entre 800 ηm e 1600ηm, aproximadamente no meio da faixa conhecida como infravermelho próximo. Em vista destas equações a energia de um fóton, pode ser expressa em termos do comprimento de onda. A luz comum é constituída por diversas frequências próximas entre si, formando um sinal composto pela sobreposição dos vários campos. O sinal composto constitui um gruo de ondas que se desloca no meio, ondas essas, formadas pelas interferências construtivas e destrutivas das frequências próximas que compõem um sinal de luz. A velocidade de propagação deve ser considerada como a rapidez de deslocamento do conjunto que representa toda a irradiação e não a velocidade de uma única componente. 248 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Desde 1974 até hoje a tecnologia de fabricação das fibras ópticas permitiu que se obtivessem fibras para transmissão mutimodo com atenuações abaixo de 3 dB/Km em comprimentos de onda em torno de 850 ηm (primeira janela de baixa atenuação), perdas inferiores a 0,3 dB/Km para transmissões em 1,3 µm (segunda janela de baixa atenuação) e perdas ainda menores, ao redor de 0,20 dB/Km em comprimentos de onda por volta de 1,55 µm (terceira janela de baixa atenuação). Estes valores de comprimentos de onda foram determinados como os mais convenientes para comunicações. Os modelos de fibras óptica para transmissão num único modo de propagação, os equipamentos, os componentes e dispositivos para aplicação nesses comprimentos de onda constituíram o sistema de terceira geração. Mesmo com os aperfeiçoamentos, que se seguiram desde essa época, a estrutura básica da fibra continua a mesma. Será importante, também no estudo de outras características de transmissão, como em cálculo de dispersão, na determinação da quantidade de modos de propagação, no cálculo das perdas de potência nas emendas de dois trechos de fibra., etc. A energia na fibra óptica propaga-se como sendo campos superpostos chamados modos de propagação. A maneira como a luz é lançada na fibra óptica influencia muito na posterior distribuição da luz no seu interior. Este efeito é preponderantemente sentido em fibras multi-modo, pois sabe-se que a potência óptica acoplada distribui-se entre os modos excitados na fibra. No caso de fibras monomodo parte da luz é acoplada através do modo fundamental e outra parte é radiada. Para fibras multimodo, se todo o seu núcleo é iluminado, então todos os modos guiados são excitados, inclusive alguns modos de baixa ordem. A intensidade de cada modo varia ao longo da fibra pelo efeito da atenuação e do fenómeno de transferência de energia entre os modos. A distribuição de energia no final da fibra depende fundamentalmente das condições de injecção de luz no início. 249 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Nas fibras monomodo, a iluminação de toda a secção de entrada, excita modos na casca. Estes modos indesejados são eliminados após centímetros de penetração na fibra, quando a casca é recoberta com um material de índice de refracção maior que o seu. Os modos guiados são os que resultam em interferências construtivas no núcleo, computadas as diferenças de fase causadas pela reflexão e pelo percurso da onda. Dependendo do ângulo de incidência, a interferência construtiva ocorre na casca, representando modos de casca ou modos de irradiação, que não serão úteis para a transmissão de mensagens pela fibra óptica. Desta análise deduz-se que existe uma quantidade finita de modos possíveis e úteis na transmissão por fibra óptica. A quantidade de modos guiados e as distribuições do campo óptico dependem das condições de lançamento da luz na face da fibra e das suas características geométricas e ópticas. Ainda nas características de transmissão em fibras ópticas existem alguns factores que influenciam fortemente no desempenho das fibras como meio de transmissão, como o DWDM. Deve-se levar em conta estes factores no projecto de comunicações ópticas, pois eles certamente influenciarão no desempenho do modelo adoptado. Dentro destes factores citaremos alguns, como: Atenuação – Impacto na distância máxima de transmissão. Entre as causas mais importantes citam-se a absorção pelo material, a radiação devido a curvaturas, o espalhamento pelo material (linear e não linear), as perdas por modos vazantes e por microcurvaturas, as atenuações em emendas e conectores, as perdas por acoplamento no início e no final da fibra. Os parâmetros que influenciam na atenuação global da fibra óptica relacionam-se com a qualidade de sua fabricação, com o comprimento de onda da luz guiada (estrutura do guia dieléctrico), grau de pureza do material utilizado. Muitas dessas causas estão com valores bem reduzidos actualmente, graças ao extraordinário avanço nos processos de fabricação, aos novos equipamentos para emendas e modernos recursos para a montagem e instalação dos cabos ópticos. 250 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Ainda dentro de atenuação, as perdas por absorção pelo material que se relaciona com a composição e processo de fabricação da fibra, podemos dividir em duas: - Absorção intrínseca – causada pela interacção da luz com um ou mais componentes do material. - Absorção extrínseca – causada pela interacção da luz com as impurezas de vidro. Nas perdas por espalhamento, ainda podemos considerar alguns mecanismos que contribuem para as perdas de transmissão nas fibras: - Espalhamento Linear - causados pela transferência linear de potência de um modo guiado para outros modos vazados ou radiados. Entre eles, estão: Rayleigh - é um dos mais importantes e originado por defeitos sub-microscópicos na composição e na densidade do material que podem surgir durante o processo de fabricação da fibra ou em função de irregularidades próprias na estrutura molecular do vidro. Mie – pode ser observado quando as irregularidades da fibra têm dimensões comparáveis ao comprimento de onda da luz. - Espalhamento Não-linear - causados pela transferência de potência de luz de um modo guiado para si mesmo, ou para outros modos em um comprimento de onda diferente. Entre eles, estão: Raman – são os efeitos originados por elevados campos eléctricos da luz transmitida no núcleo. Neste caso porém, a transferência de potência ocorre principalmente na direcção de propagação. Brillouin – também originado por elevados campos eléctricos da luz transmitida no núcleo. Neste caso porém, ocorre uma modulação da luz causado pela vibração das moléculas do meio Dispersão – é associada ao facto de que os modos de propagação são transmitidos através da fibra óptica com velocidades diferentes. Causa interferência inter-simbólica, aumenta taxa de erros de bits e implica na redução da taxa de transmissão. Influência em sistemas de transmissão como DWDM. Existem três mecanismos básicos de dispersão em fibras ópticas: - Dispersão modal ou intramodal (cromática); 251 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço - Dispersão material; - Dispersão de guia de onda. Largura de banda PMD – Polarization Mode Dispersion – presente em fibras DS e em sistemas operando na região próxima a de zero-dispersão, onde a contribuição do termo de segundo ordem (dispersão cromática) diminui e a de primeira ordem (atraso de grupo) aumenta. Devido à birefringência da fibra surgem diferentes modos de propagação. A interacção entre estes modos provoca o atraso de grupo diferencial, fazendo com que o sinal se propague a diferentes velocidades, dispersando-se. O processo de gestão e variações nas condições ambientais também contribuem. O principal efeito causado é a interferência intersimbólica. PDL – Perda dependente da polarização, presente em componentes ópticos passivos dicróicos. PHB – Resultante de uma saturação quando um sinal saturado é polarizado numa fibra de érbio. São ruídos gerados numa cadeia de amplificadores . Four-Wave Mixing (FWM) – Aqui merece uma atenção especial pois este fator limita o uso de certos tipos de fibras. FWM - Presente em sistemas monocanais, em sistemas multimodos (entre o modo principal e os modos laterais e principalmente, em sistemas WDM (entre canais). Causado pela interação de multifótons, devido a não linearidade do índice de refração, duas ou mais portadoras se combinam, gerando novas raias laterais. Causa interferência nos canais vizinhos em sistemas WDM, bem como degradação da potência óptica. Limita o número de freqüências que podem ser usadas pelo sistema. Por isso, deve se tomar cuidado no projecto de ligações ópticos que utilizarão sistemas de transmissão DWDM, pois com a utilização de fibras DS (Dispersion Shifted) agravam o efeito, uma vez que com dispersão nula, os sinais interferentes se propagam na mesma velocidade/fase que os sinais principais. Enquanto que, com a dispersão, a potência dos sinais interferentes tende a reduzir. No entanto, a utilização de fibras NZD (non-zero dispersion) reduz a geração das bandas laterais. Ela foi criada para resolver os problemas de dispersão. É uma fibra com dispersão baixa suficiente para atingir grandes distâncias sem altos valores de 252 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço dispersão e altamente suficiente para evitar o aumento do fenômeno de FWM. É um pouco mais cara que a fibra standard e sua utilização deve ser bem definida. Na escolha do tipo de fibra óptica, para operação em sistemas WDM, devem ser levados em conta estes fatores comentados anteriormente, pois são fundamentais para um bom desempenho do sistema. Características estas comentadas como: atenuação, dispersão e efeitos não lineares devem ser analisados antes da instalação das fibras do sistema. Cada tipo de fibra apresenta algum comportamento para operação em WDM que irá resultar em restrições para este tipo de operação. Estas restrições terão impacto direto na performance do sistema, limitando sua capacidade de transmissão ou diminuindo o alcance dos ligações. 2.3.7 Tendências Futuras Com o crescimento explosivo de procura de serviços como voz, dados, vídeo, etc. há hoje e haverá sempre uma mudança profunda nas implicações de arquitecturas de redes de transportes. Novas arquicteturas de rede tem sido consideradas, para que não se corra o risco de criar gargalos e perder procura do consumidor num mercado altamente competitivo. Reconhecem-se as mudanças no mercado, e enquanto ainda existam alguns debates técnicos sobre a tecnologia de comutação a ser utilizada, há um consenso claro que é a transição para uma arquitetura centrada em dados. O tráfego de dados ultrapassará o de voz e não será mais um serviço de valor agregado, ao contrário, no modelo emergente de redes voltadas para dados, o tráfego de voz comutado por circuito tornar-se-á um serviço transportado por uma infra-estrutura de células/pacotes. A velocidade dos dispositivos de transmissão entre comutadores afecta directamente a performance destas redes, sendo o porquê de muitos comutadores IP e ATM que têm, ou terão interfaces OC-48c/STM-16. Alem disto, comutadores ATM e IP podem ligar-se diretamente à rede óptica provida por DWDM, que, em troca, pode levar a grandes economias. No princípio com o surgimento da tecnologia DWDM, a avaliação para a utilização destas tecnologias estava voltada a ser compararada com os custos dos lançamentos de novas fibras ópticas aéreas, nos dutos e directamente enterrados nas rodovias e ferrovias. Porém, com a possibilidade de criar o seu próprio sistema de protecção e 253 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço gestão mudou radicalmente o conceito de rede de transporte que era dominante da rede SDH. Com o recente desenvolvimento de soluções OMSP e Add Drop ópticos, possibilitaram a criação de redes ópticas autônomas com proteção dos meios de transporte, capacitando as redes ópticas para transportar o protocolo IP ou ATM diretamente sobre elas, não necessitando das proteções que os sistemas SDH oferecem como vantagem. O DWDM resolve o gargalo de largura de banda trazido pelo crescimento do tráfego de dados e é uma tecnologia chave para operadoras de longa distância. Vejamos a evolução e a tendência da tecnologia fotônica: 1983 – Desenvolvimento de fonte de emissor e detector de laser. 1993 – Criação de amplificadores ópticos baseada em EDFA. 1996 – Fabricação de DWDM. 1998 – Surgimento da solução Optical Add Drop. 2000 – Optical Cross Connect. 2001 – Reutilização das freqüências de luz. 2002 – Switching. Somadas as evoluções e os desenvolvimentos da tecnologia VoIP com a procura cada vez maior para o transporte de dados, muitos acreditam que o protocolo IP (com uma nova versão) diretamente sobre DWDM será o futuro das telecomunicações no mundo. Verificaremos quais seriam as arquitecturas das redes baseadas em DWDM: Configuração ponto a ponto Esta configuração poderá ser utilizada para aumentar a capacidade das fibras em determinados trechos, quando houver limitação da quantidades. Nesta configuração a protecção fica dependente do sistema SDH, não havendo a inserção de IP directamente nos sistemas de DWDM. Este tipo de configuração deverá ser utilizada imediatamente pela maior parte das operadoras de telecomunicações de longa distância. 254 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Figura 205 - Configuração ponto-a-ponto. Configuração em anel Possui capacidade própria para realizar a protecção das vias de transporte, com a utilização de OADM (Optical Add Drop Multiplexer), possibilitando inclusivé o tráfego de IP directamente sobre o sistema. Existe a tendência de se utilizar largamente esta configuração onde a proteção utilizada é equivalente a do sistema SDH com SNCP. A recepção dos sinais ópticos principal e de proteção ficam disponíveis. Com a queda do sinal principal o tráfego é automaticamente activado para a via de protecção. O tempo de comutação é menor que 30 ms, portanto possibilitando um desempenho melhor que o sistema SDH. Figura 206 - Configuração em anel. Para a escolha do tipo de configuração em anel, deve-se considerar a facilidade de planeamento, reconfiguração e principalmente da topologia do tráfego a transportar. A eficiência na reutilização de frequência depende também do mesmo factor. 255 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Claro que com a implementação na reutilização de freqüência a complexidade da rede aumenta. Entretanto, devemos considerar esta possibilidade para as futuras aplicações, pois o DWDM com esta capacidade realmente deverá substituir integralmente o sistema SDH. As actuais arquitecturas de rede utilizam SONET/SDH como sistema de transporte, algumas vezes em colaboração com DWDM. Uma maior preocupação relacionada com equipamentos SONET/SDH nas redes de hoje, é que estas redes foram projectadas para gerir tráfego na unidade básica de chamadas telefônicas, 64 Kbps, que se tem tornado uma unidade quase infinitesimal, quando padrões futuros de tráfego são considerados. Equipamento para redes de dados, tais como ATM, comutadores IP e roteadores, podem manusear tráfego de dados mais eficientemente do que comutadores de voz para telefonia. E com o crescimento de tráfego de dados, as redes de transporte vão crescentemente apoiar-se em comutadores de dados para gerir largura de banda e agregar tráfego, enquanto provêem conexões de baixo custo e confiáveis, entre os comutadores. Os comutadores também irão realizar toda a multiplexação necessária para a transmissão, eliminando com isso a necessidade de níveis adicionais de multiplexação SONET. Como já foi dito, o futuro do tráfego será dominado por dados que, directamente sobre o DWDM, eliminarão uma série de equipamentos na rede de alta capacidade. Multiplexadores SONET não serão mais necessários pois não será mais necessária a multiplexação no tempo. O último estágio de agregação de dados é feito por comutadores de células e pacotes, e a largura de banda de fibras ópticas é então mais utilizada eficientemente 256 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço combinando-se um grande número de comprimento de ondas e cada uma carregando um canal de dados de alta velocidade. Os equipamentos de redes DWDM proverão uma nova gama de elementos de rede, incluindo terminais DWDM, multiplexadores add/drop DWDM e comutadores crossconnect-ópticos. Claro que tudo isso levará algum tempo para ocorrer, pois a grande maioria dos equipamentos de dados hoje, são backbones de interfaces a baixa velocidade, e o que se leva em consideração é a demanda de serviços com os custos de implantação. O DWDM vai preencher uma necessidade de backbone de dados logo, e então evoluir em direção às pontas das redes. Figura 207 - Sistema DWDM Típico 2.4 Conclusão Procuramos neste trabalho, abranger analisar e explorar os aspectos dos sistemas DWDM, os princípios e características, a sua evolução, bem como, o meio pelo qual as informações transmitidas por ele passam. Pesquisas e desenvolvimento em redes de WDM ópticas amadureceram consideravelmente durante os últimos anos, e parecem ter assumido uma forte expansão repentinamente. Certamente a próxima geração da Internet empregará backbones ópticos. 257 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço O DWDM representa um excelente passo em direção à integração das redes actuais, devido à possibilidade de transportar diferentes tecnologias, e ao mesmo tempo, dá a possibilidade de transportar mais tráfego sobre uma fibra, do que foi feito antes. Um sistema DWDM aberto é ótimo em fornecer uma solução flexível, considerando o facto de que os provedores de serviço de Internet e as operadoras de telecomunicações no mundo terem vários tipos de equipamentos e fornecedores. A introdução de um sistema DWDM deve ser suave, resolvendo os problemas, de fácil manuseio, permitindo modularidade, que hoje é obrigatório ter, pois a velocidade em que as transformações no mundo são absorvidas, requer capacidade imediata de transação. As operadoras estão diante de um futuro totalmente imprevisível, um rápido crescimento na procura de capacidade e rápida diminuição dos prazos para alocar estas novas capacidades, serão requeridas. Estamos caminhando para uma sociedade dos Terabytes de informação. As pessoas necessitarão de comunicação em qualquer lugar do planeta em tempo real. Telefones móveis estão se tornando cada vez menores e os serviços exigidos demandam maior largura de banda. Novos padrões para comunicações móveis exigirão largura de banda para tráfego on line de alta capacidade de dados. Conexões de alta velocidade, fornecerão acesso a comunicação de dados nas grandes corporações, instituições de ensino e residências. Ainda assim a necessidade por maiores capacidades de tráfego continuará. Os custos de equipamentos e novas tecnologias são ainda bastante significantes, mas tendência num futuro breve é a queda destes valores, o que tornará possível a implementação de novas tecnologias bastante acessíveis. Neste contexto o FTTH (Fiber to the Home) será uma realidade. As fibras ópticas chegarão até as residências, que tornarão as comunicações mais ágeis, exigindo banda, velocidade, switching e modularidade capaz de atender toda esta demanda explosiva. A tecnologia DWDM tornará possível a Super Via de Informação, e em termos simples, representará um grande passo para aumentar a capacidade de responder à rápida explosão na demanda causada pela Internet. A longo prazo, ela fornecerá um meio para a integração das redes, fornecendo um aumento de capacidade, sem um aumento explosivo de custo, o que é impossível de se obter hoje em dia. 258 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Num futuro breve a sociedade será capaz de obter serviços de alta capacidade, que suportarão qualquer tipo de serviço exigido em um único meio, como Internet em alta velocidade, videoconferência, acesso banda larga (incluindo wireless) e multimédia. 259 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço CAPÍTULO IV – SERVIÇO UNIVERSAL OS SERVIÇOS DE INTERESSE GERAL EM PORTUGAL[26] Parte I OS PRINCÍPIOS DO SERVIÇO UNIVERSAL CAPÍTULO I O CONCEITO DE SERVIÇOS DE INTERESSE GERAL E CONCEITOS AFINS 1 NOÇÃO DE SERVIÇOS DE INTERESSE GERAL O conceito de serviços de interesse geral é largamente utilizado pelas instituições comunitárias. Por seu turno, na legislação portuguesa, o conceito não tem sido utilizado. A ausência de qualquer referência a este conceito13, explica-se essencialmente pelo facto de apenas recentemente estes serviços terem deixado de estar exclusivamente integrados no sector público e, consequentemente, serem conhecidos como serviços públicos14. A Comissão Europeia, na sua comunicação COM 96/44315, estipula o princípio de que devem ser os Estados Membros a definir quais são os serviços de interesse geral. Apesar disso e como já referimos, em Portugal, não existe nenhuma identificação desses serviços. Mais recentemente, a Comissão emitiu uma nova comunicação sobre 13 O mesmo não se diga dos serviços de interesse económico geral, conceito que, como veremos, é menos abrangente. V. p. ex. art. 86º, n.º 1, C.R.P. 14 A preferência pelo termo “serviço de interesse geral” em vez de “serviço público” será explicitada posteriormente. Infra I, 2, 2.1. 15 Publicada no Jornal Oficial das Comunidades Europeias n.º C 281 de 26 de Setembro de 1996. V. igualmente o plano de acção da Comissão Europeia para a política dos Consumidores 1999-2001 in http://europa.eu.int/comm/dgs/health-consumer/library/legislation/ap/ap01_pt.pdf. 260 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço estes serviços onde se retoma a problemática à luz dos mais recentes desenvolvimentos16. Por seu turno, o Parlamento Europeu, numa Resolução17 sobre a referida Comunicação da Comissão, considera os serviços de interesse geral “actividades (...) consideradas vitais para os cidadãos e a sociedade como um todo (...)”, solicitando à Comissão o estabelecimento de uma definição do tipo e alcance dos serviços de interesse geral bem como dos princípios que lhes estão subjacentes. Do ponto de vista substancial, um serviço de interesse geral é, como o nome indica, uma actividade (comercial ou não) cuja generalidade dos cidadãos utiliza traduzindose, para eles, numa verdadeira necessidade para uma completa vivência social. Assim, serviço de interesse geral será aquele que satisfaça necessidades básicas da generalidade dos cidadãos quer elas sejam económicas, sociais ou culturais e cuja existência seja essencial à vida, à saúde ou à participação social dos cidadãos. A qualificação de um serviço como de interesse geral será sempre atribuída em função de um determinado nível de desenvolvimento da sociedade, isto é, o conceito irá evoluindo e tornando-se mais abrangente de acordo com o que, em determinada sociedade, se considerem necessidades básicas ou essenciais à vida, à saúde ou à participação social. Em consequência do que foi dito resulta que a definição de serviço de interesse geral deverá ser revista à luz das inovações técnicas e tecnológicas, bem como da evolução das necessidades sociais das populações. A definição que apresentamos apresenta-se extremamente vasta, pois não é fácil estabelecer uma fronteira entre os serviços que são essenciais e os que o não são, em especial no que diz respeito à participação social. Assim sendo, considera-se útil uma enunciação prévia dos serviços que se consideram de interesse geral. 1.1 Serviços de interesse geral – enunciação. Os serviços de interesse geral são os seguintes: 16 COM/2000/0580. V. http://europa.eu.int/comm/consumers/policy/developments/serv-genint/serv-genint05-en.pdf. 17 http://www.europarl.eu.int 261 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço a) O fornecimento de energia eléctrica b) As telecomunicações c) Os serviços postais d) Os serviços de rádio e de televisão e) O fornecimento de água f) O fornecimento de gás g) Os transportes colectivos h) Os serviços de saúde i) A segurança social j) A educação k) A cultura l) Os serviços de interesse geral relacionados com a autoridade pública 1.2 A importância dos serviços de interesse geral. Como foi visto, os serviços de interesse geral são essenciais à vida, à saúde e à participação social, dos cidadãos pelo que revestem uma importância extrema no tecido social. Os consumidores gastam neles uma fatia muito significativa do seu orçamento, fatia essa que tem vindo a crescer nos últimos anos. Para além disso, os consumidores, sobretudo na Europa, encaram os serviços de interesse geral como verdadeiros “direitos sociais, que dão um importante contributo à coesão económica e social”1819. 18 Comunicação COM 96/443 da Comissão Europeia. 19 Ver a este respeito os resultados da sondagem sobre os serviços de interesse geral na Comunidade Europeia, do Eurobarómetro n.º 53 de Setembro de http://europa.eu.int/comm/dgs/healthconsumers/library/surveys/facts-euro53-en.pdf. 262 2000, in Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço É desta percepção social que surge a necessidade de sujeitar os serviços de interesse geral a obrigações específicas que visem garantir o acesso de todos os cidadãos esses serviços e de vincular os estados à garantia da sua existência. 1.3 O consumidor, o utente e o cidadão no âmbito dos serviços de interesse geral. No âmbito dos serviços de interesse geral é necessário ter sempre em consideração uma perspectiva tripartida dos destinatários finais desses serviços. As pessoas que utilizam os serviços de interesse geral são consumidores, isto é, são sujeitos a quem são fornecidos bens ou prestados serviços, para uso não profissional, por parte de um profissional20 (cfr. art. 2º, n.º 1, da Lei n.º 24/96, de 31 de Julho, Lei de Defesa do Consumidor – LDC). Enquanto consumidores, no sentido técnico-jurídico do termo, esses sujeitos são titulares de direitos fundamentais de natureza análoga aos direitos, liberdades e garantias – enunciados no art. 60º da Constituição da República Portuguesa (CRP) – beneficiando de uma tutela acrescida na ordem jurídica. Mas, no que toca aos serviços de interesse geral, dada a sua essencialidade, é igualmente necessário ter em conta os profissionais que a eles recorrem. Justifica-se, assim, que o regime de protecção dos consumidores, no âmbito destes serviços, seja alargado a todos os utentes. O conceito de utente é pois mais abrangente que o de consumidor. No entanto, o utente dos serviços de interesse geral não pode ser perspectivado apenas em termos económicos, isto é, como um mero cliente. A essencialidade dos serviços de interesse geral à participação social plena implica que estes são um importante factor na consagração de uma nova dimensão de cidadania, e os seus utilizadores, mais do que meros consumidores, são cidadãos, titulares de direitos fundamentais. 20 Incluindo os bens e serviços prestados pelas entidades públicas (art. 2º, n.º 2 LDC). 263 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Somos, por isso, de opinião que os serviços de interesse geral, mesmo os de natureza económica, são fonte de verdadeiros direitos de cidadania, estruturantes de uma sociedade moderna21. Negar o acesso de consumidores a estes serviços não é apenas não responder às suas necessidades económicas mas, sobretudo, atentar contra a sua dignidade e os seus direitos enquanto cidadãos22. Pelo exposto, ao longo deste estudo, utilizaremos os conceitos de consumidor, utente e cidadão dentro da perspectiva indicada. 2 CONCEITOS AFINS 2.1 Serviço público. Na doutrina portuguesa o conceito de serviço público é bastante controverso23. Partindo do conceito proposto por PEDRO GONÇALVES, poderemos afirmar que serviço público é uma “tarefa administrativa de prestação”, isto é, o serviço público é “uma actividade de que a administração é titular e por cujo exercício é responsável (responsabilidade de execução)”24. Da noção acima vertida resulta que o conceito de serviço público não coincide com o de serviço de interesse geral. De facto, o serviço de interesse geral não é uma tarefa por cujo o exercício a administração seja responsável, ele poderá ser prestado por 21 V. a este respeito o documento temático para a II Assembleia Europeia de Associações de Consumidores, realizada em Bruxelas a 18 e 19 de Novembro de 1999 de Giustino Trincia, membro da organização Cittadinanza Attiva – Movimento Federativo Democrático (Itália). 22 Existindo mesmo quem considere que os serviços de interesse geral devem ser reconhecidos como um dos meios de exercício de direitos humanos fundamentais. V. “Acknowledging and guaranteeing the exercise of fundamental human rights. Balancing the building of Europe.”, European Liaison Comittee on Services of General Interest, http://europa.eu.int/en/agenda/igc-home/instdoc/ngo/celen.htm. 23 V. PEDRO GONÇALVES, A concessão de serviços públicos, págs. 25 e segs. 24 O autor é de opinião que a adopção de um conceito objectivo de serviço público nunca teve acolhimento na nossa doutrina nem faz sentido em face do descomprometimento do Estado. 264 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço entidades privadas. Aliás, é precisamente pelo facto de se considerar que a administração pública deixou de ser responsável pela execução destes serviços que nasce o conceito de serviço de interesse geral para preencher o “vazio conceptual” deixado. É claro que os serviços públicos são actividades de interesse geral, uma vez que revestem um carácter de essencialidade para os cidadãos, mas não é esse o aspecto determinante para a sua qualificação. Podemos então afirmar que os serviços públicos são serviços de interesse geral executados pelo Estado ou pelos poderes públicos. Por outras palavras, o conceito de serviços de interesse geral abarca o conceito de serviços públicos. Não obstante, os termos “serviço público” e “exigências de serviço público” têm sido utilizados para designar os princípios e obrigações que visam assegurar o acesso de todos os cidadãos a esses serviços. Por outras palavras, o conceito de serviço público tem sido utilizado ora em sentido subjectivo – actividades prestadas pelo Estado – ora em sentido objectivo – designando os princípios de serviço universal25. Parece-nos mais indicado utilizar os termos “serviço de interesse geral” e “serviço universal” por diversas razões. Em primeiro lugar, porque o termo “serviço público” designa as actividades prestadas pelo Estado e outros organismos públicos, o que não se enquadra com a recente privatização da maioria desses serviços e a entrada no mercado de entidades privadas em concorrência com as entidades públicas. Em segundo lugar, porque deveremos ter em conta que a ordem jurídica comunitária utiliza os termos “serviços de interesse geral” e “serviço universal”26, muito embora ainda não exista uma clara definição destes termos. Finalmente, por uma questão de clareza terminológica da nossa exposição, preferimos evitar o conceito de “serviço público” que, em nosso entender, merece uma reformulação, sendo certo que não é esse o objecto deste estudo. 25 Este conceito será analisado posteriormente. 26 Embora, no caso do serviço universal, a própria Comissão utilize por vezes a expressão “obrigações de serviço público”, em especial nas áreas do audiovisual, energia e transportes, ao contrário do que acontece nas áreas das telecomunicações e dos serviços postais. 265 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço 2.2 Os serviços de interesse económico geral. Os serviços de interesse geral são os que satisfazem necessidades básicas dos cidadãos, quer estas sejam de natureza económica, social ou cultural. Adoptámos assim um conceito amplo, abarcando diversas actividades, como sejam o fornecimento de água, a segurança social, o ensino, etc. Sendo assim, os serviços de interesse económico geral são aqueles que satisfazem necessidades básicas, de natureza económica, dos cidadãos, ou seja, são uma subespécie do conceito mais amplo de serviços de interesse geral. A par deste conceito, poderemos igualmente separar os serviços de interesse social geral (como a segurança social, a protecção no desemprego, os serviços prestados por instituições de solidariedade social, etc.) e os serviços de interesse cultural geral (como o ensino, a ciência, o desporto etc.). O conceito em análise surge consagrado ao mais alto nível na ordem jurídica comunitária, designadamente no art. 16º do Tratado que institui a Comunidade Europeia27, salientando-se a sua importância no conjunto dos valores comuns da União e o papel que desempenham na promoção da coesão económica e social. Também na ordem jurídica interna o conceito surge consagrado ao mais alto nível, designadamente no art. 86º, n.º 1 da CRP, onde se impõe ao Estado um especial dever de fiscalização das empresas privadas que prossigam actividades de interesse económico geral. Por outro lado, o Decreto-Lei n.º 558/99, de 17 de Dezembro, que reestrutura o sector empresarial do Estado, destaca as empresas públicas encarregadas da gestão de serviços de interesse económico geral (capítulo II) dada “a sua especial importância para o conjunto dos consumidores e para a própria coesão social”28. 2.3 Os serviços públicos essenciais. A Lei n.º 23/96, de 26 de Julho, introduziu em Portugal o conceito de serviços públicos essenciais, com o objectivo de proteger os utentes dos serviços de fornecimento de 27 Texto consolidado pelo Tratado de Amsterdão 28 Preâmbulo do referido Decreto-Lei. 266 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço água, energia eléctrica, gás e o serviço de telefone29. Como salienta PINTO MONTEIRO30, a opção do legislador em definir quais os serviços públicos considerados essenciais deveu-se essencialmente ao facto de, por um lado, ser mais completo e preciso na regulamentação destes serviços específicos, por outro lado, para prevenir querelas sobre o âmbito de aplicação da Lei e, finalmente, para dar resposta a problemas frequentes nestes domínios. Em face desta opção poderemos afirmar que os serviços públicos essenciais são os definidos como tal pelo legislador, sendo que a sua classificação não decorre, primariamente, de uma natureza específica dos mesmos. Do exposto, resulta que o conceito de serviços públicos essenciais não se confunde com o de serviços de interesse geral, uma vez que este tem um âmbito mais vasto, abarcando todos os serviços essenciais à vida, à saúde e à participação social. Se é verdade que os conceitos não coincidem, não menos o será que a consagração do conceito de serviços públicos essenciais denota a intenção do legislador em estabelecer um regime específico de protecção dos utentes de alguns serviços que são essenciais para a vida, a saúde ou à participação e integração social e que são, portanto, serviços de interesse geral. Assim, a distinção entre estes dois conceitos é meramente formal, isto é, os serviços públicos essenciais são os serviços de interesse geral expressamente consagrados na Lei n.º 23/96. 2.4 O serviço universal. O conceito de serviço universal exprime um conjunto de princípios e de obrigações que determinados serviços deverão cumprir por forma a serem acessíveis a todos os cidadãos a preços razoáveis. Trata-se, portanto, de um conjunto de exigências que devem ser respeitadas para satisfação do interesse geral. O conceito de serviço universal não se confunde com o de serviço de interesse geral, uma vez que estes são, como foi visto, os serviços essenciais à vida, à saúde ou à 29 Note-se ainda, que a Lei 23/96 previa, no seu art. 13º, a extensão das suas regras aos serviços de telecomunicações e serviços postais, a efectuar mediante decreto-lei, no prazo de 120 dias, mas tal ainda não foi cumprido. 30 AJURIS, Revista da Associação dos Juizes do Rio Grande do Sul, ed. Especial, 1998, p. 220 e segs. 267 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço participação social de todos os cidadãos. Equivale, portanto, ao de serviço público em sentido objectivo. Seguidamente, será analisada a relação entre o conceito de serviço universal e os serviços de interesse geral, designadamente quanto à questão de saber se o conceito de serviço universal deve ser aplicado a todos os serviços de interesse geral, bem como a enunciação dos princípios que, a nosso ver, devem ser consagrados neste âmbito. CAPÍTULO II O SERVIÇO UNIVERSAL NO ÂMBITO DOS SERVIÇOS DE INTERESSE GERAL 1 RAZÃO DE ORDEM. O termo serviço universal é utilizado para designar um conjunto de princípios e de obrigações que devem reger determinados serviços, por forma a que estes sejam acessíveis a todos os cidadãos a preços razoáveis. Torna-se necessário, portanto, avaliar quais são esses princípios e quais os serviços a que devem ser aplicados. A primeira questão que se coloca é a de saber se em todos os serviços de interesse geral devem existir exigências de serviço universal. A resposta só pode ser, em nossa opinião, afirmativa. Os serviços de interesse geral, como ficou assente, satisfazem necessidades básicas dos cidadãos que consagram, cada vez mais, uma grande parte do seu orçamento a esses serviços, uma vez que eles são essenciais à vida, à saúde e à participação social. Assim sendo, a garantia de acesso de todos os cidadãos a esses serviços, a preços razoáveis, é um imperativo para a manutenção e melhoramento do nível de coesão económica e social. Todavia, a recente privatização dos serviços de interesse geral levanta a preocupação de que o mercado possa não assegurar, por si só, as exigências que se impõem no âmbito dos serviços de interesse geral. Certos serviços poderão não serão fornecidos a preços acessíveis, segundo as regras de mercado, por exemplo, a consumidores que vivam em regiões onde as condições de aprovisionamento sejam demasiado onerosas. Por outro lado, as regras de 268 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço mercado podem, só por si, não ser suficientes para assegurar a prestação dos serviços a consumidores com rendimentos demasiado baixos ou ainda àqueles considerados não rentáveis. Noutro prisma, as regras de mercado poderão conduzir a situações em que um determinado serviço de interesse geral não é, pura e simplesmente, fornecido devido à sua falta de rentabilidade. Podemos então concluir que todos os serviços de interesse geral devem ter algumas exigências de serviço universal, como uma forma de obstar a efeitos indesejáveis da actuação das regras do mercado. O que não implica que, dependendo dos sectores, tais exigências possam ser de maior ou menor grau, até porque a estrutura dos mercados contém certamente diferenças fundamentais. Saliente-se finalmente que o conceito de serviço universal, como o de serviços de interesse geral, é um conceito dinâmico, isto é, evoluirá com o tempo e adaptar-se-á às inovações tecnológicas, reflectindo o sentimento geral dos cidadãos. 2 OS PRINCÍPIOS DO SERVIÇO UNIVERSAL. A comunicação da Comissão Europeia sobre os serviços de interesse geral (COM 96/443) refere que o conceito de serviço universal deverá ser definido em função de alguns princípios gerais, nomeadamente, o da igualdade, universalidade, continuidade e adaptabilidade e ainda por regras de boa conduta como a transparência de gestão, de tarificação e de financiamento, controladas por instâncias distintas dos operadores. A Comunicação da Comissão é, no entanto, um documento que visa apenas lançar um ponto de partida para a definição de quais os princípios que devem constituir o serviço universal, o que não impede que se apresente um leque mais alargado de princípios. Assim, em nosso entender, os princípios do serviço universal no âmbito dos serviços de interesse geral são nove31, designadamente: - Universalidade ou acessibilidade - Igualdade 31 A presente enunciação é feita com base nos princípios definidos no parecer escrito do Comité dos Consumidores sobre a introdução dos princípios do serviço universal no âmbito dos serviços de interesse geral.http://europa.eu.int/comm/dg24/policy/comittee/cc17_en.html. 269 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço - Continuidade - Adaptabilidade - Qualidade e segurança - Livre concorrência - Participação activa das organizações representativas dos consumidores - Transparência - Resolução alternativa de conflitos Analisaremos, em seguida, cada um destes princípios em todas as suas vertentes. 2.1 A universalidade ou acessibilidade. Como não poderia deixar de ser, o serviço universal só fará sentido se respeitar o princípio da universalidade. Poderemos, assim, definir o princípio da universalidade como a exigência de que os serviços de interesse geral sejam acessíveis a todos os cidadãos. Daqui resultam algumas implicações: 1.ª - O acesso aos serviços de interesse geral deverá ser feito a um preço acessível, uma vez que o preço do serviço é um dos principais factores potenciais de exclusão dos cidadãos. Assim, devem existir normas que permitam um controle da fixação dos preços e tarifas, bem como a salvaguarda da prestação do serviço a pessoas que não disponham rendimentos suficientes. 2.ª - O acesso aos serviços de interesse geral deverá ser possível independentemente de qualquer deficiência física32 ou da idade. 3.ª - Os serviços de interesse geral devem ser prestados independentemente do local onde residam os consumidores. O isolamento geográfico de determinadas populações é, só por si, um factor de exclusão, pelo que se impõe que existam regras para que essas populações tenham acesso aos serviços de interesse geral, sob pena de se agravar essa exclusão e de se impedir a coesão económica e social. 32 Cumpre aqui realçar a grande falta de meios que o nosso país apresenta no que diz respeito às acessibilidades dos cidadãos portadores de deficiências físicas no acesso à esmagadora maioria dos serviços de interesse geral. 270 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço 2.2 A igualdade. Devem existir normas que garantam o acesso dos consumidores, em condições de igualdade, aos serviços de interesse geral. Este princípio impõe-se, uma vez que é necessário garantir que o acesso a serviços essenciais à vida, à saúde ou à participação social não possa ser negado a determinados utilizadores de forma discriminatória ou sem motivo justificado e previamente estabelecido. 2.3 A continuidade. Este princípio traduz-se pela necessidade de impor normas claras de que o fornecimento dos serviços de interesse geral não seja interrompido sem justificação atempada, salvo casos de força maior ou em circunstâncias precisamente definidas. Decorre, igualmente, do princípio da continuidade que o fornecimento do serviço não possa ser interrompido em caso de simples mora do consumidor no pagamento do mesmo. 2.4 Adaptabilidade. Este princípio traduz-se pela necessidade de os serviços de interesse geral acompanharem o progresso técnico e tecnológico, bem como as alterações sociais, designadamente no que diz respeito às necessidades dos utilizadores desses serviços. 2.5 Qualidade e segurança. É necessário que os serviços de interesse geral respeitem níveis mínimos de qualidade (estipulados de acordo com um elevado padrão) uma vez que, insistimos, sendo eles essenciais à vida, à saúde e à participação, deverão ser prestados de acordo com elevados padrões de qualidade e segurança. De facto, não basta que os consumidores tenham acesso aos serviços se estes não poderem satisfazer plenamente os fins a que se destinam. Poderemos dar o exemplo do fornecimento de água para consumo humano, não basta que esta seja fornecida chegando às torneiras dos consumidores, é igualmente necessário que seja própria para consumo e que não contenha quaisquer elementos nocivos para os consumidores. 271 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Mas a qualidade não pode ser encarada apenas do ponto de vista da qualidade física dos bens que são objecto dos serviços de interesse geral, mas também do ponto de vista do atendimento, formação dos profissionais em contacto com os consumidores, qualidade dos técnicos, etc. Assim, por exemplo, aos consumidores importa que os transportes públicos tenham uma certa qualidade, mas importa igualmente que o condutor saiba desempenhar a sua função correctamente. O princípio da qualidade implica que os serviços de interesse geral sejam adequados a satisfazer as necessidades dos consumidores. 2.6 A livre concorrência. É necessário assegurar que os serviços de interesse geral sejam fornecidos pelo maior número possível de fornecedores por forma a permitir uma maior liberdade de escolha por parte dos consumidores impedindo ou prevenindo, o mais possível, a formação de monopólios, quer públicos, quer privados. A maioria dos serviços de interesse geral têm vindo a ser prestados em regime de monopólio. Tal deve-se essencialmente ao facto de alguns destes mercados serem monopólios naturais ou por assim terem sido organizados por razões de segurança e interesse público. Actualmente em função do processo de privatização das empresas prestadoras dos serviços de interesse geral, alguns sectores permitem alguma concorrência que é benéfica para os consumidores. Esta, desde que regulada, possibilita aos consumidores uma maior escolha, facilitando o seu acesso a estes serviços em virtude do aumento da oferta. O princípio da livre concorrência tem duas vertentes: 1ª - A liberdade de acesso às redes. A maioria dos serviços de interesse geral são serviços prestados em rede pelo que independentemente de essa rede ser propriedade do Estado, é necessário garantir o acesso, tanto quanto possível, em condições de igualdade, a todos os operadores que o desejem. 2ª - A existência de organismos independentes de regulação. 272 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Em nossa opinião, é necessário assegurar que existam organismos independentes de regulação dos serviços de interesse geral por forma a melhorar a eficiência económica desses serviços e assegurar um equilíbrio financeiro dos diversos sectores, por um lado, e evitar consequências indesejáveis do funcionamento dos mercados, por outro. Dada a importância desta matéria e o facto de ela ser parte do objecto deste estudo, ser-lhe-á consagrada uma abordagem mais detalhada posteriormente33. 2.7 A resolução alternativa de conflitos. Os serviços de interesse geral, dada a importância que revestem e o grande número de consumidores que os utilizam, são fontes de muitos litígios que, nem sempre, se conseguem resolver extrajudicialmente. Se considerarmos que esses litígios não têm, na maioria das vezes, expressão monetária significativa, que os profissionais do sector detêm uma clara supremacia, quer a nível técnico, quer a nível financeiro e que o actual sistema judicial, por diversas razões, não dá uma resposta eficaz a esses problemas, podemos concluir que existem razões mais do que suficientes para afastar os consumidores dos meios judiciais comuns quando esses litígios surgem. Não podemos, obviamente, defender um sistema que prive os cidadãos de um dos mais básicos e fundamentais direitos, como é o caso do direito de acesso à justiça previsto na nossa Constituição. Assim sendo, torna-se necessário estabelecer um sistema de resolução alternativa de litígios no âmbito dos serviços de interesse geral. Apesar de não ser este o objecto do nosso estudo e apesar de tal matéria justificar, quanto a nós, uma análise profunda e detalhada, não podemos deixar de mencionar aqui alguns dos aspectos que consideramos essenciais e que deverão ser tidos em consideração neste domínio, nomeadamente: - É fundamental, para os consumidores, que a resolução alternativa de conflitos não implique custos elevados uma vez que, como dissemos, a maioria das vezes os litígios não têm expressão monetária significativa. 33 V. infra, págs. 25 e segs. 273 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço - Os processos e procedimentos devem ser simples, de forma a que qualquer consumidor possa recorrer ao sistema sem necessidade de estar representado por advogado. - Deve ser possível que os consumidores tenham assistência jurídica através, por exemplo, das associações representativas dos seus interesses. - Ainda relativamente à simplificação do processo é igualmente necessário que o sistema seja célere, pois a justiça só é justa se atempada. - A resolução alternativa de conflitos deverá possibilitar aos consumidores o recurso às instâncias judiciais comuns em caso de decisão desfavorável. Para além dos mencionados, muitos outros aspectos necessitam de uma reflexão aprofundada para que o acesso aos serviços de interesse geral seja possível com a garantia do respeito dos legítimos interesses e direitos dos consumidores. 2.8 Participação activa das organizações representativas dos consumidores. O princípio da participação activa das organizações representativas dos consumidores implica o estabelecimento de regras que permitam assegurar a consulta das organizações de defesa e protecção dos direitos e interesses dos consumidores, de forma a que estas possam participar activamente na definição, execução e fiscalização das decisões que lhes digam respeito, directa ou indirectamente. Trata-se de dar expressão legal a um direito fundamental das associações de defesa dos consumidores e cooperativas de consumo previsto no art. 60º da CRP. 2.9 Transparência. É importante para os consumidores que os serviços de interesse geral funcionem de acordo com normas que visem a sua transparência. A transparência deverá ser assegurada através do estabelecimento de regras precisas em toda a linha, desde a tomada de decisões, passando pelo fornecimento dos serviços e pela sua regulação, etc. A transparência é extremamente importante no procedimento de fixação de tarifas e preços e no financiamento do serviço universal. De facto, o conceito de serviço 274 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço universal implica determinadas obrigações, por forma a que todos os consumidores a eles tenham acesso e a preços razoáveis, pelo que se impõe um método de fixação dos preços o mais transparente possível. Por outro lado as obrigações de serviço universal implicam, por vezes, para os fornecedores, o desenvolvimento de uma actividade com prejuízo pelo que se impõe igualmente um método transparente de cálculo desse prejuízo e do seu financiamento. Seguidamente, analisaremos as regras que, no nosso entender, devem presidir ao financiamento do serviço universal. 3 O FINANCIAMENTO DO SERVIÇO UNIVERSAL. A assunção do princípio de que o conceito de serviço universal deve ser aplicado a todos os serviços de interesse geral implica que esses serviços devem ser prestados a todos os cidadãos a preços razoáveis. Para os fornecedores tal pode implicar o desenvolvimento de uma actividade económica não rentável o que, por sua vez, implica a necessidade de assegurar o financiamento dessa actividade. O preço do serviço universal e a forma como ele é financiado estão intimamente ligados, uma vez que quanto menor for o preço do serviço em relação ao custo do mesmo, maior será o montante do financiamento. Os consumidores, enquanto elo final da cadeia do consumo, suportarão sempre e inevitavelmente esse financiamento, quer directa, quer indirectamente. Daí que, para os consumidores, esta matéria seja de especial importância. É pois fundamental, independentemente da forma de financiamento do serviço universal, que os serviços de interesse geral sejam geridos de forma eficiente, reduzindo ao máximo os custos da sua prestação de modo a minimizar o seu custo de financiamento. Podemos pensar em três meios de financiamento do serviço universal: 1º - Financiamento pelo Estado. Pode revestir várias modalidades como, por exemplo, auxílio a determinados grupos sociais de baixos rendimentos, benefícios fiscais ou subsídios34 para a(s) empresa(s) prestadora(s) do serviço universal. 34 Esta é uma prática especificamente prevista no Tratado da Comunidade Europeia, designadamente no seu art. 90º, onde se prescreve que as empresas prestadoras de serviços 275 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço 2º - Financiamento pelos fornecedores. O financiamento do serviço universal poderá ser feito através de um fundo para o qual contribuem obrigatoriamente todos os fornecedores do serviço de interesse geral em causa. Evidentemente que o custo será repercutido no valor do serviço prestado por esses fornecedores aos consumidores, mas o custo será repartido e, consequentemente, menos oneroso para os consumidores. Por outras palavras, quanto maior for o número de contribuintes para o financiamento e quanto maior for o número de serviços onde posteriormente se repercutirá esse financiamento, menor será o custo para os consumidores. Este sistema de financiamento pressupõe que o serviço de interesse geral é prestado por vários fornecedores a par do responsável pelo serviço universal, o que acarreta a vantagem de, num sistema de concorrência, a repercussão dos custos do financiamento do serviço universal será reduzida ao mínimo sob pena de uma eventual perda de competitividade. 3º - Financiamento pelos consumidores. O custo do serviço universal seria repercutido directamente no preço dos serviços prestados fora do âmbito do serviço universal pela empresa responsável pelo mesmo. As especificidades de cada sector justificam que o meio de financiamento do serviço universal possa não ser idêntico em todos os sectores. Assim, em cada sector deve ser realizada uma análise detalhada dos modos de financiamento possíveis, por forma a se optar por aquele que apresenta maiores vantagens para os interessados. Importante é que o modo de cálculo dos custos do serviço universal seja feito de uma forma transparente e com a participação de todos os interessados, ou através de organismos independentes de regulação. Finalmente, o método de financiamento do serviço universal não pode servir para impedir o melhoramento da eficiência na prestação desse serviço. É importante ter em conta que será necessário o estabelecimento de regras de revisão dos métodos de financiamento, tendo em atenção indicadores de ponderação dos custos, qualidade e benefícios do serviço universal. O facto de uma determinada empresa ser designada para a prestação do serviço universal não pode implicar que ela não preste atenção ao de interesse económico geral poderão ser subvencionadas pelos Estados Membros, na medida em que tal se destine ao “cumprimento, de direito ou de facto, da missão particular que lhes foi confiada”. 276 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço melhoramento da sua estrutura de custos em virtude de ser financiada. Em nossa opinião, o financiamento do serviço universal deverá ter em conta, precisamente, o esforço das empresas responsáveis por esse serviço na melhoria dos custos, qualidade e benefícios para os utentes. Analisados os princípios e as regras que devem estabelecer o âmbito do serviço universal, importa agora analisar a regulação dos serviços de interesse geral. 4. – A relação entre os princípios do serviço universal e a Lei de protecção dos utentes dos serviços públicos essenciais. Os serviços públicos essenciais previstos na Lei de protecção dos utentes dos serviços públicos essenciais, Lei n.º 23/96, de 26 de Julho, são os de fornecimento de energia eléctrica, gás, água e o serviço de telefone. O diploma consagra, para estes serviços de interesse geral, um conjunto de princípios e obrigações que visam a protecção dos seus utentes. Assim, alguns dos princípios do serviço universal encontram-se já consagrados no âmbito destes serviços. Os princípios da universalidade, igualdade, adaptabilidade e da transparência decorrem do princípio geral da boa fé previsto no art. 3º da Lei n.º 23/96 que estipula que “o prestador do serviço deve proceder de boa fé e em conformidade com os ditames que decorram da natureza pública do serviço (...)”35. Com consagração expressa encontramos os princípios da continuidade (art. 5º da Lei n.º 23/96), da qualidade (art. 7º) e da participação activa das organizações representativas dos consumidores (art. 2º). Excluem-se apenas os princípios da resolução alternativa de litígios e da liberdade de concorrência. Em conclusão, alguns dos princípios do serviço universal para os serviços de interesse geral de fornecimento de energia eléctrica, água e gás e serviço de telefone encontram-se, desde logo, consagrados na Lei n.º 23/96 pelo que restará, na análise que posteriormente será feita, articular este diploma legal com alguns das normas específicas de cada sector. 35 Sublinhado nosso. O conceito de natureza pública do serviço é aqui equivalente ao de interesse geral. Como já referimos, preferimos o conceito de interesse geral ao de natureza pública dos serviços. 277 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço PARTE II ANÁLISE SECTORIAL DOS SERVIÇOS DE INTERESSE ECONÓMICO GERAL O SECTOR DAS COMUNICAÇÕES SECÇÃO I AS TELECOMUNICAÇÕES36 37 1 O CONCEITO DE SERVIÇO UNIVERSAL NO DOMÍNIO DAS TELECOMUNICAÇÕES. 1.1 O âmbito do serviço universal. A Lei de Bases das Telecomunicações38 (LBT) prevê, no seu artigo 8º, a existência de um serviço universal de telecomunicações definido-o como o “conjunto de obrigações específicas inerentes à prestação de serviços de telecomunicações de uso público endereçadas, visando a satisfação de necessidades de comunicação da população e das actividades económicas e sociais no todo do território nacional”, adiantando ainda os princípios da igualdade e continuidade como condições dessa prestação. A LBT não especifica, no entanto, o âmbito do serviço universal, nem concretiza detalhadamente os princípios a que este deve obedecer, contudo, recentemente o Decreto-Lei n.º 458/99, de 5 de Novembro veio, em concretização da LBT, definir o âmbito e os princípios desse serviço, bem como estabelecer os respectivos regimes de fixação de preços e de financiamento desse serviço (art. 1º). Nos termos deste diploma legal, o serviço universal integra as seguintes prestações: a) Ligação à rede telefónica fixa; 36 Para uma breve história do sector, no que diz respeito à sua regulação, v. SEABRA/LUCENA/LEITE, The design of regulatory institutions in public utilities in Portugal: The case of telecommunications, electricity and gas. 37 Para uma exposição detalhada v. PEDRO GONÇALVES, Direito das Telecomunicações. 38 Lei n.º 91/97, de 1 de Agosto. 278 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço b) A oferta de postos públicos e; c) A disponibilização de listas telefónicas (art. 3º, n.º 1). Assim, surge bem concretizado o âmbito do serviço universal de telecomunicações, apesar de o D.L. 458/99 alertar para o facto de, como dissemos, este ser um conceito evolutivo que pode, a todo o tempo, ser revisto e modificado em função das alterações tecnológicas e sociais (art. 3º, n.º 2). 1.2 Os princípios do serviço universal. Os princípios pelos quais se rege o serviço universal são os da universalidade, igualdade, continuidade e acessibilidade de preços (art. 1º, n.º 2 do D.L. 458/99). O princípio da universalidade traduz-se, no que diz respeito ao acesso à rede fixa, na obrigação de esse acesso ser possibilitado a todos os cidadãos, independentemente da sua localização geográfica, isto é, “no todo do território nacional” (art. 8º, n.º 1 da LBT). No que concerne ao acesso aos postos públicos, o prestador do serviço universal deve instalá-los “em número suficiente para a satisfação das necessidades das populações incluindo as pessoas com necessidades especiais, obedecendo a critérios de dispersão geográfica, de densidade populacional e de utilidade pública (art. 5º, n.º 1 do D.L. 458/99), competindo ao Instituto das Comunicações de Portugal (ICP) a fixação e publicação anual dos critérios a que deve obedecer a oferta de postos públicos (art. 5º, n.º 2). No que diz respeito às listas telefónicas, é ao ICP que compete aprovar e publicar a forma e as condições de disponibilização das mesmas (art. 6º, n.º 3) devendo ter em conta, no nosso entender e embora a lei não o diga especificamente, que a cada assinante deve ser fornecida pelo menos uma lista da sua localidade, a título gratuito. O princípio da igualdade traduz-se pelo facto de a ninguém poder ser negado o acesso à rede fixa, excepto com base nos fundamentos previstos nos regulamentos de exploração, assegurando assim a plena igualdade no acesso ao serviço universal (art. 4º, n.º 2). O mesmo raciocínio se pode fazer no que diz respeito à utilização dos postos públicos e no acesso às listas telefónicas. O princípio da continuidade implica que o fornecimento do serviço universal de telecomunicações não pode ser interrompido, salvo casos fortuitos ou de força maior. 279 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Embora o D.L. 458/99 não contenha nenhuma norma que concretize este princípio, ele deverá ser entendido nos termos da Lei 23/96, relativa à protecção dos utentes dos serviços públicos essenciais, designadamente no seu art. 5º. Finalmente, o princípio da acessibilidade de preços é concretizado pelos arts. 10º e segs. do D.L. 458/99, onde se estabelecem os critérios a que deve obedecer a fixação dos mesmos. Neste domínio, cumpre destacar que a fixação de preços deverá obedecer aos princípios da transparência e não discriminação (art. 10º, n.º 1) podendo prever-se preços especiais ou diferenciados, com base em critérios geográficos e categorias de serviços ou utilizadores (art. 10, n.º 2). O regime de preços continua, no entanto, a ser estabelecido através de uma convenção acordada entre a Administração Central, representada pela Direcção Geral de Comércio e Concorrência, o ICP e o prestador do serviço universal (art. 11º). 1.3 O financiamento do serviço universal. A prestação do serviço universal de telecomunicações pode implicar um prejuízo para o operador, uma vez que este deverá actuar de acordo com os princípios que acima foram referidos e não exclusivamente numa lógica de mercado e eficiência económica. As margens negativas que surjam em virtude da prestação do serviço universal devem ser compensadas (art. 12º, n.º 1) O cálculo do custo líquido do serviço universal deve ser feito segundo procedimentos e critérios objectivos e transparentes (art. 13º, n.º 1), competindo aos operadores a sua demonstração, submetendo-os então ao ICP para aprovação, a qual deve ser precedida de auditoria efectuada pelo próprio ICP ou por entidade independente por este designada (art. 12º, n.º 2). A compensação das margens negativas é realizada através de um fundo de compensação para o qual contribuem os operadores de telecomunicações (art. 14º, n.º 1). Este fundo é administrado por entidade independente designada pelo Governo, nos termos do art. 14º, n.º 2. Compete ao ICP fixar anualmente os montantes e a repartição das contribuições para o fundo de compensação, segundo os princípios da objectividade, transparência, não discriminação e proporcionalidade (art. 15º). 280 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço SECÇÃO II O SERVIÇO DE RÁDIO E TELEVISÃO 1 NOTA INTRODUTÓRIA E ENQUADRAMENTO LEGAL. O legislador Constitucional consagrou a existência de um serviço público de rádio e televisão, no art. 38º da Constituição da República Portuguesa (relativo à liberdade de imprensa), de modo a garantir a própria liberdade de imprensa, como direito fundamental, e a pluralidade da comunicação não submetida a interesses económicos ou orientações doutrinárias. O serviço público de rádio e televisão surge como garantia de que o sector da comunicação não desaparecerá, não poderá ser abolido. Assim, o serviço público de televisão é, ainda, um serviço público em sentido subjectivo, bem como em sentido objectivo, uma vez que está sujeito a princípios de serviço universal. O sector da televisão é regido por vários diplomas, regulando alguns especificamente o serviço público de televisão. Apesar de não encontrarmos qualquer referência, em toda a legislação, ao conceito de serviço universal, o facto de existir um sector público de televisão, com um regime distinto do sector privado e com princípios próprios comprova a essencialidade deste serviço nos dias de hoje, pois permite levar ao público em geral informação, vital para o desenvolvimento pessoal de cada cidadão, bem como para a sua participação na vida social, económica e política. O sector público de televisão, como já foi referido, encontra-se consagrado no art. 38º da Constituição, que estabelece princípios basilares a desenvolver em diplomas ordinários: - A Lei n.º 58/90, de 7 de Setembro, que tornou possível o exercício da actividade de televisão por operadores privados, estabelece que o Estado assegura a existência a funcionamento de um serviço público de televisão, em regime de concessão. - O Decreto-Lei n.º 53/91, de 26 de Janeiro, que põe fim à obrigatoriedade de registo dos televisores e do pagamento das taxas de utilização. 281 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço - A Lei n.º 21/92, de 14 de Agosto, transforma a Radiotelevisão E.P. em Sociedade anónima e aprova os Estatutos da Radiotelevisão Portuguesa S.A. - A Lei n.º 31-A/98, de 14 de Julho, tem por objecto regular o acesso à actividade de televisão, bem como o seu exercício. No capítulo IV (artigos 42º a 48º), a lei estabelece normas reguladoras do serviço público de televisão, que tem um regime distinto dos demais órgãos de comunicação social. - O Decreto-Lei n.º 82/2000, de 11 de Maio, criou a sociedade anónima de capitais exclusivamente públicos Portugal Global, que tem por objecto a gestão das participações sociais do Estado em empresas na área da comunicação social. No que diz respeito ao serviço público de rádio, importa ainda ter em consideração as disposições estabelecidas na Lei n.º 87/88, de 30 de Julho (Lei da rádio) e no DecretoLei n.º 2/94, de 10 de Janeiro (transforma a Radiodifusão Portuguesa em Sociedade Anónima e aprova os respectivos estatutos). 2 OS PRINCÍPIOS DO SERVIÇO PÚBLICO DE TELEVISÃO. Desde logo, a Constituição submete o sector público de televisão aos princípios da independência perante o Governo, a Administração e todos os poderes públicos (principalmente perante a entidade que é proprietária) e do pluralismo ideológico (possibilidade de expressão de diversas correntes de opinião política, ideológica, cultural). A Lei n.º 58/90, ao estabelecer os fins genéricos da actividade de televisão, demostra a importância que este meio de comunicação social adquiriu nos nossos dias, ao afirmar que a televisão contribui para a informação, formação e promoção de valores nacionais, bem como para a formação de uma consciência crítica, estimulando a criatividade e a livre expressão do pensamento (art. 6º, n.º 1). Assim se compreende que a concessão do serviço público de televisão seja realizada por meio de canais de televisão de acesso não condicionado e emissões de cobertura nacional e internacional (art. 42º, n.º 1 da Lei da Televisão). 282 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço O serviço público de televisão deve estar acessível a todos os portugueses, independentemente de qualquer contrapartida monetária39, o que se traduz numa concretização do princípio da universalidade. De facto, de acordo com a Lei n.º 31/96, de 14 de Agosto (também aplicável à rádio) o serviço público inclui o acesso das Regiões Autónomas às emissoras incumbidas de tal serviço (art. 1º), estando a empresa concessionária expressamente obrigada a manter dois canais de cobertura regional, e assegurar que um dos canais de cobertura geral seja difundido para as regiões autónomas. O objectivo do serviço público de televisão é atingir todos os utentes, quer residam no território nacional, no continente ou nas regiões autónomas, quer residam no estrangeiro. Assim, devem existir emissores de televisão espalhados por todo o território que permitam cobertura nacional. O serviço público de televisão encontra-se igualmente sujeito ao princípio da qualidade, uma vez que, deve ser prestado tendo em conta um mínimo de qualidade da programação. Assim sendo, a Lei n.º 31-A/98, prevê um conjunto de obrigações gerais de programação para a concessionária do serviço, nomeadamente o assegurar da qualidade da programação, programação essa que deve ir de encontro às necessidades culturais, educativas, formativas, informativas e recreativas dos vários públicos específicos (art. 44º). As obrigações de programação são especificadas no artigo seguinte, do referido diploma, bem como no art. 4º, da Lei n.º 21/92, sendo de salientar que se prevê expressamente o dever de a concessionária garantir que as emissões possam ser acompanhadas por pessoas surdas ou com deficiência auditiva, mediante legendagem ou interpretação através de língua gestual, bem como emitir programação específica dirigida a esse segmento do público. Esta norma traduz-se numa concretização do 39 Hoje em dia, o serviço público de televisão é prestado sem necessidade de pagamento de qualquer contrapartida monetária, por parte dos utentes. Não foi sempre assim, até 1991 vigorou um regime de registo obrigatório dos televisores e pagamento de taxa de utilização. Tal regime foi abolido pelo Decreto-lei n.º 53/91, de 26 de Janeiro, com a possibilidade de exercício da actividade de televisão por operadores privados. 283 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço princípio da universalidade, na sua vertente de acessibilidade de todos os cidadãos independentemente da idade ou de deficiência física40. 3 O FINANCIAMENTO DO SERVIÇO PÚBLICO DE TELEVISÃO. Em Portugal, o serviço público de televisão é prestado por um operador de capitais exclusiva ou maioritariamente públicos, com estatutos aprovados por lei (art. 3º, n.º 5, da lei n.º 58/90 e 43º, n.º 1 da Lei n.º 31-A/98) A concessão do serviço público de televisão foi atribuída à Radiotelevisão Portuguesa, E.P., posteriormente convertida em Sociedade Anónima em 1992 (art. 4º da Lei n.º 21/92, de 14 de Agosto), por um período de 15 anos, renovável por iguais períodos (art. 5º, n.º 1 da Lei n.º 58/90). O financiamento do serviço público de televisão é garantido através de uma verba a incluir anualmente no Orçamento de Estado (art. 47º, n.º 1 da Lei n.º 31-A/98). A apreciação e fiscalização da correspondência entre a prestação das missões de serviço público e o pagamento do respectivo custo são objecto anualmente de uma auditoria externa a realizar por entidade especializada indicada pela Alta Autoridade para a Comunicação Social (art. 47º, n.º 2 Lei n.º 31-A/98). Sobre a RTP, bem como sobre os outros operadores de televisão, impende a obrigação de publicar, num jornal de expressão nacional, o relatório e contas de demonstração dos resultados líquidos (art. 63º da Lei n.º 58/90). A R.T.P., S.A. tem como órgãos sociais a Assembleia Geral, o Conselho de Administração e o Conselho Fiscal, com as competências que lhes estão cometidas pela Lei e pelos respectivos estatutos. É de salientar o Conselho de Opinião, órgão ao qual compete pronunciar-se sobre o contrato de concessão, planos e bases gerais da actividade da empresa no âmbito da programação, da cooperação com os países de expressão portuguesa e do apoio às comunidades portuguesas no estrangeiro, é composto por representantes designados pela Assembleia da República, pelo Governo, pelas Regiões Autónomas, pelos trabalhadores da empresa e pelas principais associações representativas da sociedade civil (por exemplo, associações patronais, sindicais, associações de pais, de juventude, defesa dos autores, movimento cooperativo). 40 Apesar da existência da norma, na prática assistimos à legendagem e tradução de poucos programas, não existindo, por exemplo, qualquer tradução do noticiário no horário nobre. 284 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço 4 OS PRINCÍPIOS DO SERVIÇO PÚBLICO DE RÁDIO. A Constituição da República prevê igualmente, a par do serviço público de televisão, a existência de um serviço público de rádio, no nosso país. A actividade de rádio pode ser exercida por entidades públicas, privadas ou cooperativas, sendo o serviço público prestado por empresa de capitais públicos (art. 2º, n.º 1 e 2 LR). Das finalidades da actividade de radiodifusão (arts. 4º e segs. LR) podemos extrair os princípios da sua acessibilidade a todos os cidadãos (art. 4º, al. a) LR), da igualdade (art. 4º, al. a), in fine LR), e da qualidade da programação. A preocupação do legislador, no âmbito do serviço de rádio, vai no sentido de assegurar a qualidade e isenção da informação transmitida. Assim, tal como no que diz respeito ao serviço de televisão, estão assegurados princípios que visam garantir a todos os cidadãos a existência de um serviço de qualidade e gratuito. 285 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço CAPÍTULO II A EXTENSÃO DO CONCEITO DE SERVIÇOS DE INTERESSE GERAL A INTERNET 1 A INTERNET ENQUANTO SERVIÇO DE INTERESSE GERAL. O progresso tecnológico é um factor de mudança e desenvolvimento económico e social, trazendo consigo novos serviços e novas formas de relacionamento entre os diversos agentes económicos e, de uma forma geral, entre todos os cidadãos. O exemplo cabal desta “nova era” é a Internet, a rede mundial de informação. A ligação à Internet possibilita aos utilizadores diversos serviços que anteriormente eram prestados de forma diferente ou nem sequer existiam. Cada vez mais, a ligação a esta rede mundial vai crescendo em importância e em número de utilizadores. Não é difícil prever que, no futuro, os serviços prestados com recurso a estas tecnologias se tornarão indispensáveis aos consumidores. Podemos, no momento actual, pensar em quatro serviços fundamentais: 1º - O correio electrónico. Tal como acontece já com os serviços postais, a possibilidade de enviar e receber correspondência através de sistemas informáticos pode vir a revelar-se essencial para os consumidores. 2º - Acesso “on-line” a outros serviços de interesse geral. É de grande relevância a possibilidade de os consumidores poderem aceder a serviços de interesse geral através da Internet como, por exemplo, serviços da administração fiscal. Este tipo de acesso possibilita um tratamento mais célere, menos dispendioso e com maior grau de conforto de questões essenciais. 3º - Comércio electrónico. A possibilidade de os consumidores terem acesso a uma vasta gama de produtos independentemente da localização geográfica do fornecedor abre uma nova dimensão de consumo. O comércio electrónico pode vir a ser uma das 286 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço formas mais comuns de transacção comercial graças à simplicidade e facilidade dos meios41. 4º - Acesso a bases de dados de informação sócio-cultural. É importante que o acesso à Internet possibilite, em condições de igualdade, o acesso a bases de dados contendo informação de carácter social e cultural como, por exemplo, bibliotecas e estabelecimentos de ensino. A Internet é, portanto, um serviço de interesse geral em fase embrionária, isto é, embora ainda não o seja, a curto prazo tornar-se-á um serviço essencial à participação social dos consumidores. A própria expressão “sociedade de informação”, vulgarmente utilizada para designar a nova realidade social associada à utilização, em geral, das tecnologias de informação e, em especial, da Internet, é reveladora de uma nova necessidade e de uma nova essencialidade social dos cidadãos. Neste domínio é pois importante consagrar, desde já, regras que visem garantir o acesso de todos os consumidores a este tipo de serviços. A Internet tem um forte potencial de desenvolvimento de todos os cidadãos a diversos níveis mas é necessário acautelar que determinados grupos de consumidores não sejam excluídos deste importante serviço. 41 É essencial, portanto, um quadro legislativo rigoroso de protecção dos consumidores neste domínio, em especial no que diz respeito à salvaguarda dos dados pessoais e às operações transfronteiriças. 287 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço PARTE IV CONCLUSÃO OS SERVIÇOS DE INTERESSE ECONÓMICO GERAL. Serviços de interesse geral são os serviços essenciais à vida, à saúde ou à participação social plena dos cidadãos, podendo ter uma natureza económica, social ou cultural. Sobretudo na Europa Ocidental, após a segunda guerra mundial, os estados asseguraram a prestação directa destes serviços, de acordo com princípios que visavam garantir o acesso de todos os cidadãos a esses serviços, e os consumidores passaram a encará-los como verdadeiros direitos sociais. No entanto, a prestação pelo Estado de determinados serviços, mormente os de carácter económico, conduziu a uma situação de grande ineficiência e pouca competitividade dos mesmos. Por outro lado, são questionáveis os benefícios que a actividade pública, em domínios empresariais, pode trazer. A tendência, nas últimas duas décadas, vai no sentido de privatizar os serviços do sector empresarial do Estado e de liberalizar os mercados que, tradicionalmente eram explorados em regime de monopólio. Mas esta privatização e liberalização acarreta a submissão das referidas actividades económicas às regras de mercado, podendo por em causa o acesso de consumidores “não lucrativos” a serviços essenciais. Assim, em face do enquadramento actual da actividade económica, é necessário que os serviços de interesse económico geral, dada a sua essencialidade, continuem a ser prestados de acordo com princípios de serviço universal. Os princípios do serviço universal visam garantir a acessibilidade, igualdade, qualidade, segurança, continuidade, liberdade de concorrência e transparência dos serviços. É importante que estes princípios e obrigações estejam expressamente consagrados, devidamente desenvolvidos e concretizados por forma a assegurar aos consumidores a protecção que se impõe à luz da própria Constituição. Nos diversos sectores da economia onde se inserem os serviços de interesse geral verificamos que a consagração destes princípios não está, na maioria dos casos, sistematizada e o grau da sua concretização varia de sector para sector. Em alguns 288 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço sectores a legislação existente está desadequada à nova realidade económica, impondo-se, em nossa opinião, a sua revisão global. 289 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço REFERÊNCIAS [1] – JENSEN-BUTLER, C. N. e CASTRO, E. A., “Demand for Information and Communication Technology Based Services and Regional Economic Development, in Papers of Regional Science, 2001 [2] – CASTRO, E. A., JENSEN-BUTLER, C. N., DUARTE, M. O., “Network Externalities, Telematics and Regional Economic Development” in Discussion Paper Series nº 9819, Department of Economics, University of Saint Andrews, Scotland, 1998 [3] – BOULLION Y. Et al. – “Report on tool methodology” – Deliverable 7 in IST-2000-25172 TONIC, 2001 [4] – CASTRO, E A; DUARTE, A M– “Model for Mixed Demographic Structures”. In IMS L A (ed.) 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Density of Business Density of Households per square kilometre Radius of Each Node (from a square) => SQRT(NodeArea)/2 (Km) Area of Each Node (in Km2) => NumberOfPeople/HhDensity Distance between nodes (in Km) 44,2% Start Tariff of the service Reduction of the tariff (each year) Start Penetration of the service Final Penetration of the residential service Final Penetration of the business service To calculate the penetration To calculate the penetration Length of the LAP_BAP cable (pairs of fiber in Km) Number of Habitations per Node OAM Cost per person Connection Tariff Per Customer Reduction of the Connection tariff (each year) 1=Alentejo; 2=Douro; 3=Bairrada; 4=Minho 1 for 10%; 2 for 15%; 3 for European Tariff Disposable Incomme for Telecommunications Portugal Scale Factor Time Series Time Scale Year Name HourRate ClientsPenetrationPerNodeRes ADSL Residential PenetrationOfServiceADSLRes ADSL Business PenetrationOfServiceADSLBusi ClientsPenetrationPerNodeBus PenetrationOfServiceTotal -1 2001 0 2002 1 2003 2 2004 3 2005 4 2006 5 2007 6 2008 7 2009 Value 50 0 0 0 0 0 0 0 Value 50 80 0,05 0,0225 0,005 0,0025 9 0,025 Value 50 160 0,1 0,045 0,01 0,005 18 0,05 Value 50 223 0,14 0,063 0,014 0,007 25 0,07 Value 50 350 0,22 0,099 0,022 0,011 39 0,11 Value 50 494 0,31 0,1395 0,031 0,0155 55 0,155 Value 50 637 0,4 0,18 0,04 0,02 71 0,2 Value 50 796 0,5 0,225 0,05 0,025 89 0,25 Value 50 955 0,6 0,27 0,06 0,03 107 0,3 Shopping List 296 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Time Scale Year -1 2001 Component Level ADSL Management Platform FP3 Infra_CivilWorksPavementRural LL3 Infra_OpticalCable___2Fibre LL3 Infra_OpticalCable___4Fibre LL3 Infra_OpticalCable___6Fibre LL3 Infra_OpticalCable___8Fibre LL3 Infra_OpticalCable__12Fibre LL3 Infra_OpticalCable__16Fibre LL3 Infra_OpticalCable__24Fibre LL3 Infra_OpticalCable__32Fibre LL3 Infra_OpticalCable__48Fibre LL3 Infra_OpticalCable__96Fibre LL3 Infra_OpticalCable_128Fibre LL3 Infra_OpticalCable_200Fibre LL3 ADSL Alarm & Control Card FP2 ADSL Extender Board FP2 ADSL Extender Cable FP2 ADSL POTS/ISDN Card (4 lines)FP2 ADSL Rack 19" FP2 ADSL Splitter Board (4 lines) FP2 ADSL WAN STM1 Card FP2 Infra_CivilWorksPavementRural LL2 Infra_OpticalCable___2Fibre LL2 Infra_OpticalCable___4Fibre LL2 ADSL Alarm & Control Card FP1 ADSL Extender Board FP1 ADSL Extender Cable FP1 ADSL POTS/ISDN Card (4 lines)FP1 ADSL Rack 19" FP1 ADSL Splitter Board (4 lines) FP1 ADSL Client Installation FP0 ADSL Client Splitter FP0 ADSL_modem_ATU-R FP0 0 2002 1 2003 2 2004 3 2005 4 2006 5 2007 6 2008 7 2009 Volume Volume Volume Volume Volume Volume Volume Volume Volume 0 1 1 1 1 1 1 1 1 0 10 10 10 10 10 10 10 10 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 10 10 10 10 10 10 10 10 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 2 2 3 4 5 7 8 0 1 3 5 8 11 14 18 22 0 0 1 1 2 3 4 6 7 0 23 45 62 98 138 177 222 266 0 1 2 2 3 4 5 7 8 0 23 45 62 98 138 177 222 266 0 1 1 1 1 1 2 2 2 0 64 64 64 64 64 64 64 64 0 32 32 32 32 32 32 32 32 0 32 32 32 32 32 32 32 32 0 8 16 16 24 32 40 56 64 0 8 24 40 64 88 112 144 176 0 0 8 8 16 24 32 48 56 0 184 360 496 784 1104 1416 1776 2128 0 8 16 16 24 32 40 48 56 0 184 360 496 784 1104 1416 1776 2128 0 801 1602 2232 3501 4941 6372 7965 9558 0 801 1602 2232 3501 4941 6372 7965 9558 0 801 1602 2232 3501 4941 6372 7965 9558 OA Costs Time Scale Year OA Component OAM -1 2001 Value 0 0 2002 1 2003 2 2004 3 2005 4 2006 5 2007 6 2008 7 2009 Value 2400 Value 4800 Value 6690 Value 10500 Value 14820 Value 19110 Value 23880 Value 28650 Component Data 297 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Auto Update Level Component ADSL Management Platform 1 FP3 Infra_CivilWorksPavementRur 1 LL3 Infra_OpticalCable___2Fibre 1 LL3 Infra_OpticalCable___4Fibre 1 LL3 Infra_OpticalCable___6Fibre 1 LL3 Infra_OpticalCable___8Fibre 1 LL3 Infra_OpticalCable__12Fibre 1 LL3 Infra_OpticalCable__16Fibre 1 LL3 Infra_OpticalCable__24Fibre 1 LL3 Infra_OpticalCable__32Fibre 1 LL3 Infra_OpticalCable__48Fibre 1 LL3 Infra_OpticalCable__96Fibre 1 LL3 Infra_OpticalCable_128Fibre 1 LL3 Infra_OpticalCable_200Fibre 1 LL3 ADSL Alarm & Control Card 1 FP2 ADSL Extender Board 1 FP2 ADSL Extender Cable 1 FP2 ADSL POTS/ISDN Card (4 line 1 FP2 ADSL Rack 19" 1 FP2 ADSL Splitter Board (4 lines) 1 FP2 ADSL WAN STM1 Card 1 FP2 Infra_CivilWorksPavementRur 1 LL2 Infra_OpticalCable___2Fibre 1 LL2 Infra_OpticalCable___4Fibre 1 LL2 ADSL Alarm & Control Card 1 FP1 ADSL Extender Board 1 FP1 ADSL Extender Cable 1 FP1 ADSL POTS/ISDN Card (4 line 1 FP1 ADSL Rack 19" 1 FP1 ADSL Splitter Board (4 lines) 1 FP1 ADSL Client Installation 1 FP0 ADSL Client Splitter 1 FP0 ADSL_modem_ATU-R 1 FP0 ItemType Material/Electronics Labour/CivilWorks Material/FibreCable Material/FibreCable Material/FibreCable Material/FibreCable Material/FibreCable Material/FibreCable Material/FibreCable Material/FibreCable Material/FibreCable Material/FibreCable Material/FibreCable Material/FibreCable Material/Electronics Material/Electronics Material/CopperCable Material/Electronics Material/Enclosures Material/Electronics Material/Electronics Labour/CivilWorks Material/FibreCable Material/FibreCable Material/Electronics Material/Electronics Material/CopperCable Material/Electronics Material/Enclosures Material/Electronics Labour/Installation Material/Electronics Material/Electronics M_Rate M_Hours WriteOff ReferencePrice ReferenceYear n0 DeltaT K_Value 0 0 5 6200 2000 0,1 10 0,8 0 0 30 20000 1999 0,1 1000 1 0,005 0,08 20 720 1998 0,1 10 0,9 0,005 0,08 20 840 1998 0,1 10 0,9 0,005 0,08 20 960 1998 0,1 10 0,9 0,005 0,08 20 1080 1998 0,1 10 0,9 0,005 0,08 20 1320 1998 0,1 10 0,9 0,005 0,16 20 1560 1998 0,1 10 0,9 0,005 0,16 20 2040 1998 0,1 10 0,9 0,005 0,16 20 2520 1998 0,1 10 0,9 0,005 0,16 20 3480 1998 0,1 10 0,9 0,005 0,32 20 6360 1998 0,1 10 0,9 0,005 0,32 20 8280 1998 0,1 10 0,9 0,005 0,32 20 12600 1998 0,1 10 0,9 0,02 0,2 5 360 2000 0,1 10 0,8 0,02 0,2 5 480 2000 0,1 10 0,8 0,007 0 5 80 2000 0,1 20 1 0,02 0,2 5 500 2000 0,1 10 0,8 0,01 0,1 5 5000 2000 0,1 10 1 0,02 0,2 5 100 2000 0,1 10 0,8 0,02 0,2 5 1200 2000 0,1 10 0,8 0 0 30 20000 1999 0,1 1000 1 0,005 0,08 20 720 1998 0,1 10 0,9 1% 0,08 20 840 1998 0,1 10 0,9 0,02 0,2 5 360 2000 0,1 10 0,8 0,02 0,2 5 480 2000 0,1 10 0,8 0,007 0 5 80 2000 0,1 20 1 0,02 0,2 5 500 2000 0,1 10 0,8 0,01 0,1 5 5000 2000 0,1 10 1 2% 0,2 5 100 2000 0,1 10 0,8 0% 0 5 50 2000 0,1 20 1 2% 0,2666667 5 35 2000 0,01 10 0,8 2% 1 5 175 2000 0,01 5 0,8 Connection Tariff Time Scale Year -1 2001 Service ADSL ADSL_BUSINESS Tariff 0 0 0 2002 1 2003 2 2004 3 2005 4 2006 5 2007 6 2008 7 2009 Tariff 150 600 Tariff 135 569 Tariff 122 540 Tariff 109 512 Tariff 98 487 Tariff 89 464 Tariff 80 442 Tariff 72 423 Service Penetration Time Scale Year Service ADSL ADSL_BUSINESS Auto Update 1 -1 2001 0 2002 1 2003 2 2004 3 2005 4 2006 5 2007 6 2008 7 2009 Penetr. 0,00% 0,00% Penetr. 2,25% 0,25% Penetr. 4,50% 0,50% Penetr. 6,30% 0,70% Penetr. 9,90% 1,10% Penetr. 13,95% 1,55% Penetr. 18,00% 2,00% Penetr. 22,50% 2,50% Penetr. 27,00% 3,00% Annual Tariff Time Scale Year Service ADSL ADSL_BUSINESS (2*PPI100'% -1 2001 Tariff 0 0 0 2002 1 2003 2 2004 3 2005 4 2006 5 2007 6 2008 7 2009 Tariff 187 1920 Tariff 181 1862 Tariff 176 1807 Tariff 171 1752 Tariff 166 1700 Tariff 161 1649 Tariff 156 1599 Tariff 151 1551 Service MarketSize 298 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Time Scale Year -1 2001 Service MarketSize ADSL_BUSINESS 0 2002 1 2003 2 2004 3 2005 4 2006 5 2007 6 2008 7 2009 Number Number Number Number Number Number Number Number Number 0 31809 31809 31809 31809 31809 31809 31809 31809 0 31809 31809 31809 31809 31809 31809 31809 31809 Investments Year 2002 Component ADSL Management Platform Infra_CivilWorksPavementRural Infra_OpticalCable___2Fibre Infra_OpticalCable___4Fibre Infra_OpticalCable___6Fibre Infra_OpticalCable___8Fibre Infra_OpticalCable__12Fibre Infra_OpticalCable__16Fibre Infra_OpticalCable__24Fibre Infra_OpticalCable__32Fibre Infra_OpticalCable__48Fibre Infra_OpticalCable__96Fibre Infra_OpticalCable_128Fibre Infra_OpticalCable_200Fibre ADSL Alarm & Control Card ADSL Extender Board ADSL Extender Cable ADSL POTS/ISDN Card (4 lines) ADSL Rack 19" ADSL Splitter Board (4 lines) ADSL WAN STM1 Card Infra_CivilWorksPavementRural Infra_OpticalCable___2Fibre Infra_OpticalCable___4Fibre ADSL Alarm & Control Card ADSL Extender Board ADSL Extender Cable ADSL POTS/ISDN Card (4 lines) ADSL Rack 19" ADSL Splitter Board (4 lines) ADSL Client Installation ADSL Client Splitter ADSL_modem_ATU-R 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Global Discounted Investment 4875 200000 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 67278 0 1234 4228 369 54980 28032 10996 1341 1280000 18721 21841 9871 33825 2948 439838 201679 87968 329600,355 113263,8537 370410,24 4875 0 0 0 0 0 0 0 200000 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 67278 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 283 255 0 214 201 192 370 181 377 679 618 858 805 767 987 963 0 80 0 80 80 80 160 80 9041 7779 5476 10721 11185 10391 11572 11034 5000 5000 0 5000 5000 5000 10000 5000 1808 1556 1095 2144 2237 2078 2314 2207 943 0 0 0 0 639 0 0 1280000 0 0 0 0 0 0 0 18721 0 0 0 0 0 0 0 21841 0 0 0 0 0 0 0 2264 2037 0 1715 1611 1535 2962 1444 3019 5431 4948 6862 6443 6139 7900 7704 0 640 0 640 640 640 1280 640 72332 62229 43809 85772 89481 83129 92575 88272 40000 40000 0 40000 40000 40000 40000 40000 14466 12446 8762 17154 17896 16626 18515 17654 40050 40050 31500 63450 72000 71550 79650 79650 21221,53 18499,4 12711,74 22443,59 22430,54 19765,37 19690,41 17829,02 80810,32 62384,93 38935,83 65205,48 65302,87 60472,57 65031,92 64030,66 Economics NPV IRR 4.340.601 49,5 % Investments Running Costs Revenues Cash Flows Depreciations Profits Taxable Income Taxes Retained Cash Flows Cash Balance 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 1.884.331 32.721 441.916 -1.475.135 114.024 295.172 295.172 0 -1.475.135 -1.475.135 259.064 94.252 698.009 344.694 165.836 437.921 437.921 0 344.694 -1.130.442 147.855 147.383 858.990 563.752 195.407 516.200 516.200 0 563.752 -566.690 322.260 218.970 1.341.482 800.251 259.859 862.652 862.652 0 800.251 233.561 335.313 320.086 1.769.629 1.114.231 326.922 1.122.621 1.122.621 0 1.114.231 1.347.792 319.004 426.548 2.149.274 1.403.722 331.425 1.391.302 1.391.302 0 1.403.722 2.751.514 353.009 539.103 2.571.529 1.679.417 350.214 1.682.212 1.682.212 0 1.679.417 4.430.931 336.689 657.510 2.948.428 1.954.229 387.980 1.902.937 1.902.937 0 1.954.229 6.385.159 User Outputs 299 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Name NPV IRR RestValue PayBackPeriod NPVBeforeTaxes IRRBeforeTaxes Value 4.340.601 49,5 % 1.825.858 4 4.340.601 0 Revenues 2002 ADSL ADSL_BUSINESS 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 241234,8 356299,5 422209,9 662763,7 861451,4 200681,4 341709,7 436779,8 678717,9 908177,7 1033599 1115675 1228960 1342569 1400373 1548055 VDSL Bairrada Parameters Type Geographical Geographical Geographical Geographical Geographical Geographical Geographical Geographical Geographical Geographical Financial Financial Financial Geographical Geographical Name NrOfFP0 NrOfFP1 NrOfFP2 NrOfFP3 CableLengthLL1 CableLengthLL2 CableLengthLL3 DuctLengthLL1 DuctLengthLL2 DuctLengthLL3 DiscountRate TaxRate TimeToDeductLosses BsDensity HhDensity Value 1 1 1 1 0,03 0,03 0,03 0,03 0,03 0,03 10,0 % 0,0 % 5 0 1050 Description Do not change the figures in red cells User supplied Discount Rate Tax over profits For how many years losses are deductable in taxes (1=next year only). Density of Business Density of Households per square kilometre Ducting Geographical Geographical Geographical No Available_BAP_LAP_Duct 1 Radius 0,47 Radius of Each Node (from a square) => SQRT(NodeArea)/2 (Km) NodeArea 0,9 Area of Each Node (in Km2) => NumberOfPeople/HhDensity EdgeDistance 3,00 Distance between nodes (in Km) Radius of techonology 1,50 Area servida 0,9 100,0% StartTariff_Bus 2399,9994 Financial StartTariff 250 Start Tariff of the service Financial YearlyTariffReduction 10% Reduction of the tariff (each year) Financial StartPenetration 0% Start Penetration of the service Financial FinalPenetration 20% Final Penetration of the service FinalPenetration_Bus 3% Final Penetration of the business service Financial Alfa 8,00 To calculate the penetration Financial Beta -2,00 To calculate the penetration Geographical BAP_LAP_Cable 10,00 Length of the LAP_BAP cable (pairs of fiber in Km) Geographical NumberOfHouseholdsPerNode 945 Number of households per Node Financial OAMCostPerLine 40,00 OAM Cost per person Financial ConnectionTariff 150,00 Connection Tariff Per Customer Financial ConnectionTariffReduction 10% Reduction of the Connection tariff (each year) Area Type AreaSelection 3 1=Alentejo; 2=Douro; 3=Bairrada; 4=Minho Area Type RuralScalePenetration 50% Portugal Scale Factor EquipmentCosts EquipmentCostsxDSL 100% xDSL equipment price multiplier. 100% = default Fixed_IRR 2 1 for 10%; 2 for 15%; 3 for European Tariff DIT 386 Disposable Incomme for Telecommunications ISP_Tariff_Partition 35% Area Type RuralScalePenetration 0,50 Portugal Scale Factor Time Series 300 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Time Scale Year Name HourRate ClientsPenetrationPerNode sd PenetrationOfService NumberOfONU_128PerCabinet NumberOfONU_240PerCabinet VDSL_RES VDSL_BUS VDSL_RES_PerNode VDSL_BUS_PerNode -1 2001 0 2002 Value 50 0 0,01 0,5 % 0 0 0 0 0 0 Value 50 25 0,05 2,5 % 1 0 2,3 % 0,0025 22 3 1 2003 Value 48 0,1 5,0 % 1 0 4,5 % 0,005 43 5 2 2004 Value 67 0,14 7,0 % 1 0 6,3 % 0,007 60 7 3 2005 Value 4 2006 Value 105 0,22 11,0 % 1 1 9,9 % 0,011 94 11 5 2007 Value 147 0,31 15,5 % 1 1 14,0 % 0,0155 132 15 190 0,4 20,0 % 1 1 18,0 % 0,02 171 19 6 2008 Value 237 0,5 25,0 % 1 1 22,5 % 0,025 213 24 7 2009 Value 285 0,6 30,0 % 1 1 27,0 % 0,03 256 29 Shopping List Time Scale Year Component Infra_CivilWorksPavementRural Infra_OpticalCable___2Fibre Infra_OpticalCable___4Fibre Infra_OpticalCable___6Fibre Infra_OpticalCable___8Fibre Infra_OpticalCable__12Fibre Infra_OpticalCable__16Fibre Infra_OpticalCable__24Fibre Infra_OpticalCable__32Fibre Infra_OpticalCable__48Fibre Infra_OpticalCable__96Fibre Infra_OpticalCable_128Fibre Infra_OpticalCable_200Fibre ExchangeCabinetLarge InstallationDSLAM_Exchange OLT_FTTx OLT_installation ONU_FTTx_128 ONU_FTTx_240 PON_Transceiver_622Mbps Infra_CivilWorksPavementRural Infra_OpticalCable___2Fibre Infra_OpticalCable___4Fibre 16LineVDLSinONU InstallationDSLAM_RemoteCabinet ONU_FTTx_128 ONU_FTTx_240 ONU_FTTx_32 OutsideCabinetLarge PON_Transceiver_622Mbps MODEM_VDSL -1 2001 Level LL3 LL3 LL3 LL3 LL3 LL3 LL3 LL3 LL3 LL3 LL3 LL3 LL3 FP2 FP2 FP2 FP2 FP2 FP2 FP2 LL2 LL2 LL2 FP1 FP1 FP1 FP1 FP1 FP1 FP1 FP0 0 2002 1 2003 2 2004 3 2005 4 2006 5 2007 6 2008 7 2009 Volume Volume Volume Volume Volume Volume Volume Volume Volume 0 10 10 10 10 10 10 10 10 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 10 10 10 10 10 10 10 10 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1 1 1 1 1 1 0 1 1 1 2 2 2 2 2 0 1 1 1 1 1 1 1 1 0 1 1 1 1 1 1 1 1 0 1 1 1 1 1 1 1 1 0 0 0 0 1 1 1 1 1 0 2 2 2 3 3 3 3 3 0 32 32 32 32 32 32 32 32 0 16 16 16 16 16 16 16 16 0 16 16 16 16 16 16 16 16 0 18 27 45 63 90 108 135 162 0 8 8 8 16 16 16 16 16 0 8 8 8 8 8 8 8 8 0 0 0 0 8 8 8 8 8 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 8 8 8 8 8 8 8 8 0 8 8 8 16 16 16 16 16 0 225 432 603 945 1.323 1.710 2.133 2.565 OA costs Time Scale Year OA Component OAM -1 2001 Value 0 0 2002 1 2003 2 2004 3 2005 4 2006 5 2007 6 2008 7 2009 Value 1000 Value 1920 Value 2680 Value 4200 Value 5880 Value 7600 Value 9480 Value 11400 Component Data 301 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Component Infra_CivilWorksPavementRural Infra_OpticalCable___2Fibre Infra_OpticalCable___4Fibre Infra_OpticalCable___6Fibre Infra_OpticalCable___8Fibre Infra_OpticalCable__12Fibre Infra_OpticalCable__16Fibre Infra_OpticalCable__24Fibre Infra_OpticalCable__32Fibre Infra_OpticalCable__48Fibre Infra_OpticalCable__96Fibre Infra_OpticalCable_128Fibre Infra_OpticalCable_200Fibre ExchangeCabinetLarge InstallationDSLAM_Exchange OLT_FTTx OLT_installation ONU_FTTx_128 ONU_FTTx_240 PON_Transceiver_622Mbps Infra_CivilWorksPavementRural Infra_OpticalCable___2Fibre Infra_OpticalCable___4Fibre 16LineVDLSinONU InstallationDSLAM_RemoteCabinet ONU_FTTx_128 ONU_FTTx_240 ONU_FTTx_32 OutsideCabinetLarge PON_Transceiver_622Mbps MODEM_VDSL Auto Update 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 Level LL3 LL3 LL3 LL3 LL3 LL3 LL3 LL3 LL3 LL3 LL3 LL3 LL3 FP2 FP2 FP2 FP2 FP2 FP2 FP2 LL2 LL2 LL2 FP1 FP1 FP1 FP1 FP1 FP1 FP1 FP0 ItemType Labour/CivilWorks Material/FibreCable Material/FibreCable Material/FibreCable Material/FibreCable Material/FibreCable Material/FibreCable Material/FibreCable Material/FibreCable Material/FibreCable Material/FibreCable Material/FibreCable Material/FibreCable Material/Electronics Labour/Installation Material/Electronics Labour/Installation Material/Electronics Material/Electronics Material/Electronics Labour/CivilWorks Material/FibreCable Material/FibreCable Labour/CivilWorks Labour/Installation Material/Electronics Material/Electronics Material/Electronics Material/Electronics Material/Electronics Labour/CivilWorks M_Rate 0 0,005 0,005 0,005 0,005 0,005 0,005 0,005 0,005 0,005 0,005 0,005 0,005 0,03 0 0,02 0 0,02 0,02 0,02 0 0,005 0,005 0 0 0,02 0,02 0,02 0,03 0,02 0 M_Hours WriteOff ReferencePrice ReferenceYear 0 30 20.000 1999 0,08 20 720 1998 0,08 20 840 1998 0,08 20 960 1998 0,08 20 1.080 1998 0,08 20 1.320 1998 0,16 20 1.560 1998 0,16 20 2.040 1998 0,16 20 2.520 1998 0,16 20 3.480 1998 0,32 20 6.360 1998 0,32 20 8.280 1998 0,32 20 12.600 1998 1 10 6.000 2001 0 40 1.000 2001 1 5 20.000 2001 0 40 2.500 2001 1 5 3.000 2001 1 5 4.400 2001 1 5 1.200 2001 0 30 20.000 1999 0,08 20 720 1998 0,08 20 840 1998 0 1 2.200 2001 0 40 4.350 2001 1 5 3.000 2001 1 5 4.400 2001 1 5 1.000 2001 1 10 13.000 2001 1 5 1.200 2001 0 1 240 2002 n0 DeltaT K_Value 0,1 1000 1 0,1 10 0,9 0,1 10 0,9 0,1 10 0,9 0,1 10 0,9 0,1 10 0,9 0,1 10 0,9 0,1 10 0,9 0,1 10 0,9 0,1 10 0,9 0,1 10 0,9 0,1 10 0,9 0,1 10 0,9 0,1 10 0,8 0,1 1000 1 0,01 5 0,8 0,1 1000 1 0,01 5 0,8 0,01 5 0,8 0,01 5 0,8 0,1 1000 1 0,1 10 0,9 0,1 10 0,9 0,5 5 0,8 0,1 1000 1 0,01 5 0,8 0,01 5 0,8 0,01 5 0,8 0,1 10 0,8 0,01 5 0,8 0,5 5 0,8 Connection Tariff Time Scale Year -1 2001 Service VDSL VDSL_Bus Tariff 0 0 0 2002 1 2003 2 2004 3 2005 4 2006 5 2007 6 2008 7 2009 Tariff 150 600 Tariff 135 582 Tariff 122 565 Tariff 109 548 Tariff 98 531 Tariff 89 515 Tariff 80 500 Tariff 72 485 Service Penetration Time Scale Year Service VDSL VDSL_Bus Auto Update 1 -1 2001 0 2002 1 2003 2 2004 3 2005 4 2006 5 2007 6 2008 7 2009 Penetr. 0,00% 0,00% Penetr. 2,25% 0,23% Penetr. 4,50% 0,45% Penetr. 6,30% 0,63% Penetr. 9,90% 0,99% Penetr. 13,95% 1,40% Penetr. 18,00% 1,80% Penetr. 22,50% 2,25% Penetr. 27,00% 2,70% Annual Tariff Time Scale Year Service VDSL VDSL_Bus -1 2001 Tariff 0 0 0 2002 1 2003 2 2004 3 2005 4 2006 5 2007 6 2008 7 2009 Tariff 250 2400 Tariff 225 2160 Tariff 203 1944 Tariff 182 1750 Tariff 164 1575 Tariff 148 1417 Tariff 133 1275 Tariff 120 1148 Service Market Size 302 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Time Scale Year -1 2001 Service MarketSize VDSL_Bus 0 2002 1 2003 2 2004 3 2005 4 2006 5 2007 6 2008 7 2009 Number Number Number Number Number Number Number Number Number 0 8.505 8.505 8.505 8.505 8.505 8.505 8.505 8.505 0 8.505 8.505 8.505 8.505 8.505 8.505 8.505 8.505 Investments Year 2002 Component Infra_CivilWorksPavementRural Infra_OpticalCable___2Fibre Infra_OpticalCable___4Fibre Infra_OpticalCable___6Fibre Infra_OpticalCable___8Fibre Infra_OpticalCable__12Fibre Infra_OpticalCable__16Fibre Infra_OpticalCable__24Fibre Infra_OpticalCable__32Fibre Infra_OpticalCable__48Fibre Infra_OpticalCable__96Fibre Infra_OpticalCable_128Fibre Infra_OpticalCable_200Fibre ExchangeCabinetLarge InstallationDSLAM_Exchange OLT_FTTx OLT_installation ONU_FTTx_128 ONU_FTTx_240 PON_Transceiver_622Mbps Infra_CivilWorksPavementRural Infra_OpticalCable___2Fibre Infra_OpticalCable___4Fibre 16LineVDLSinONU InstallationDSLAM_RemoteCabinet ONU_FTTx_128 ONU_FTTx_240 ONU_FTTx_32 OutsideCabinetLarge PON_Transceiver_622Mbps MODEM_VDSL 200.000 0 0 0 0 0 0 0 20.476 0 0 0 0 5.299 1.000 15.139 2.500 2.271 0 1.817 631.789 9.240 10.780 35.428 34.800 18.167 0 0 91.855 7.267 54.000 2003 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 16.672 0 0 0 0 0 0 44.446 2004 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 32.393 0 0 0 0 0 0 34.557 2005 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1.000 0 0 0 1.554 424 0 0 0 31.980 34.800 0 12.431 0 0 3.390 67.142 2006 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 47.708 0 0 0 0 0 0 73.264 2007 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 31.732 0 0 0 0 0 0 74.598 2008 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 47.553 0 0 0 0 0 0 81.350 2009 Global Discounted Investment 200.000 0 0 0 0 0 0 0 20.476 0 0 0 0 5.299 1.751 15.139 2.500 2.271 1.167 2.135 631.789 9.240 10.780 204.906 60.946 18.167 9.340 0 91.855 9.814 358.282 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 47.534 0 0 0 0 0 0 83.001 Economics NPV IRR Investments Running Costs Revenues Cash Flows Depreciations Profits Taxable Income Taxes Retained Cash Flows Cash Balance 627.534 21,4 % 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 1.141.829 3.833 134.568 -1.011.095 138.784 -8.050 0 0 -1.011.095 -1.011.095 61.118 7.046 206.342 138.178 110.474 88.821 80.772 0 138.178 -872.917 66.950 5.728 240.409 167.730 116.307 118.374 118.374 0 167.730 -705.187 152.722 7.106 351.315 191.488 152.934 191.276 191.276 0 191.488 -513.699 120.972 8.670 433.974 304.332 174.783 250.521 250.521 0 304.332 -209.367 106.330 10.192 491.542 375.019 151.209 330.140 330.140 0 375.019 165.652 128.902 11.945 548.342 407.495 173.781 362.616 362.616 0 407.495 573.147 130.534 13.785 584.570 440.251 175.413 395.372 395.372 0 440.251 1.013.398 User Output 303 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Name NPV IRR RestValue PayBackPeriod NPVBeforeTaxes IRRBeforeTaxes IFC NPVoverIFC IFC_FibreCivilWorks IFC_Cabinets IFC_xDSL_Access IFC_Installations IFC_CPE Value 627.534 21,4 % 715.673 6 627.534 0 1.655.858 37,90% 872.286 97.155 262.939 65.197 358.282 Revenues 2002 VDSL VDSL_Bus 2003 76.641 112.033 57926,99 94308,58 2004 2005 2006 2007 2008 2009 127.214 187.024 228.560 256.553 284.776 302.062 113195 164291,1 205413,9 234988,8 263566,4 282507,6 Service Numbers VDSL VDSL_Bus 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 192 20 383 39 536 54 842 85 1187 119 1531 154 1914 192 2297 230 LMDS Alentejo Parameters 304 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Type Geographical Geographical Geographical Geographical Geographical Geographical Geographical Geographical Geographical Geographical Financial Financial Financial Geographical Geographical Geographical Geographical Geographical Financial Financial Financial Financial Financial Financial Financial Geographical Geographical Financial Financial Financial Area Type Area Type Area Type Name NrOfFP0 NrOfFP1 NrOfFP2 NrOfFP3 CableLengthLL1 CableLengthLL2 CableLengthLL3 DuctLengthLL1 DuctLengthLL2 DuctLengthLL3 DiscountRate TaxRate TimeToDeductLosses BsDensity HhDensity Radius NodeArea EdgeDistance Radius of techonology Area servida StartTariff StartTariff_Bus YearlyTariffReduction StartPenetration FinalPenetration Alfa Beta BAP_LAP_Cable NumberOfPeople OAMCostPerLine ConnectionTariff ConnectionTariffReduction AreaSelection RuralScalePenetration Fixed_IRR DIT ISP_Tariff_Partition RuralScalePenetration Value Description 1 1 1 1 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 10,0 % 0,0 % 5 0 3750 0,42 0,35 10,50 5,00 0,35 630 2993 3% 0% 30% 8,00 -2,00 40 1313 30,00 100,00 10% 1 0,50 2 442 35% 0,50 Do not change the figures in red cells User supplied Discount Rate Tax over profits For how many years losses are deductable in taxes (1=next year only). Density of Business Density of Households per square kilometre Radius of Each Node (from a square) => SQRT(NodeArea)/2 (Km) Area of Each Node (in Km2) => NumberOfPeople/HhDensity Distance between nodes (in Km) 100,0% Start Tariff of the service Reduction of the tariff (each year) Start Penetration of the service Final Penetration of the service To calculate the penetration To calculate the penetration Length of the LAP_BAP cable (pairs of fiber in Km) Number of Person per Node OAM Cost per person Connection Tariff Per Customer Reduction of the Connection tariff (each year) 1=Alentejo; 2=Douro; 3=Bairrada; 4=Minho Portugal Scale Factor 1 for 10%; 2 for 15%; 3 for European Tariff Disposable Incomme for Telecommunications Portugal Scale Factor Time Series Time Scale Year -1 2001 0 2002 1 2003 2 2004 3 2005 4 2006 5 2007 6 2008 7 2009 Name Value HourRate 50 0 ClientsPenetrationPerNode_Res European Penetration 0,01 Value 50 30 0,05 Value 50 60 0,1 Value 50 83 0,14 Value 50 130 0,22 Value 50 184 0,31 Value 50 237 0,4 Value 50 296 0,5 Value 50 355 0,6 4 0,0025 0,0225 0,025 34 7 0,005 0,045 0,05 67 10 0,007 0,063 0,07 93 15 0,011 0,099 0,11 145 21 0,0155 0,1395 0,155 205 27 0,02 0,18 0,2 264 33 0,025 0,225 0,25 329 40 0,03 0,27 0,3 395 ClientsPenetrationPerNode_Bus LMDS_Bus_penetration LMDS_Res_penetration TotalPenetrationOfService TotalClientsPerNode 0,005 0 Shopping List 305 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Time Scale Year Component Infra_CivilWorksPavementRural Infra_OpticalCable___2Fibre Infra_OpticalCable___4Fibre Infra_OpticalCable___6Fibre Infra_OpticalCable___8Fibre Infra_OpticalCable__12Fibre Infra_OpticalCable__16Fibre Infra_OpticalCable__24Fibre Infra_OpticalCable__32Fibre Infra_OpticalCable__48Fibre Infra_OpticalCable__96Fibre Infra_OpticalCable_128Fibre Infra_OpticalCable_200Fibre ExchangeCabinetLarge OLT_FTTx OLT_installation ONU_FTTx_128 PON_Transceiver_622Mbps PON_Transceiver_installation STM1_network_interface_40km STM1_network_interface_40km_installation Infra_CivilWorksPavementRural Infra_OpticalCable___2Fibre Infra_OpticalCable___4Fibre LMDS_Basestation_Equipment<=100 LMDS_Basestation_Equipment>100<=500 LMDS_Basestation_Equipment>500 LMDS_Basestation_Infrastructure ONU_FTTx_128 ONU_FTTx_32 OutsideCabinetLarge PON_Transceiver_622Mbps PON_Transceiver_installation Transceiver_Installation LMDS_terminal Level LL3 LL3 LL3 LL3 LL3 LL3 LL3 LL3 LL3 LL3 LL3 LL3 LL3 FP2 FP2 FP2 FP2 FP2 FP2 FP2 FP2 LL2 LL2 LL2 FP1 FP1 FP1 FP1 FP1 FP1 FP1 FP1 FP1 FP1 FP0 -1 2001 0 2002 1 2003 2 2004 3 2005 4 2006 5 2007 6 2008 7 2009 Volume 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Volume 40 0 0 0 0 0 0 0 0 40 0 0 0 1 1 1 1 1 1 1 1 88,73286 44,36643 44,36643 9 0 0 9 9 18 9 9 9 9 306 Volume 40 0 0 0 0 0 0 0 0 40 0 0 0 1 1 1 1 1 1 1 1 88,73286 44,36643 44,36643 9 0 0 9 9 27 9 9 9 9 603 Volume 40 0 0 0 0 0 0 0 0 40 0 0 0 1 1 1 1 1 1 1 1 88,73286 44,36643 44,36643 9 0 0 9 9 27 9 9 9 9 837 Volume 40 0 0 0 0 0 0 0 0 40 0 0 0 1 1 1 2 1 1 1 1 88,73286 44,36643 44,36643 0 9 0 9 18 45 9 9 9 9 1305 Volume 40 0 0 0 0 0 0 0 0 40 0 0 0 1 1 1 2 1 1 1 1 88,73286 44,36643 44,36643 0 9 0 9 18 63 9 9 9 9 1845 Volume 40 0 0 0 0 0 0 0 0 40 0 0 0 1 1 1 3 1 1 1 1 88,73286 44,36643 44,36643 0 9 0 9 27 81 9 9 9 9 2376 Volume 40 0 0 0 0 0 0 0 0 40 0 0 0 1 1 1 3 1 1 1 1 88,73286 44,36643 44,36643 0 9 0 9 27 99 9 9 9 9 2961 Volume 40 0 0 0 0 0 0 0 0 40 0 0 0 1 1 1 4 1 1 1 1 88,73286 44,36643 44,36643 0 9 0 9 36 117 9 9 9 9 3555 OA costs Time Scale Year OA Component OAM -1 2001 Value 0 0 2002 1 2003 2 2004 3 2005 4 2006 5 2007 6 2008 7 2009 Value 900 Value 1800 Value 2490 Value 3900 Value 5520 Value 7110 Value 8880 Value 10650 Component Data 306 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Auto Update Component 1 Infra_CivilWorksPavementRur Infra_OpticalCable___2Fibre 1 Infra_OpticalCable___4Fibre 1 Infra_OpticalCable___6Fibre 1 Infra_OpticalCable___8Fibre 1 Infra_OpticalCable__12Fibre 1 Infra_OpticalCable__16Fibre 1 Infra_OpticalCable__24Fibre 1 Infra_OpticalCable__32Fibre 1 Infra_OpticalCable__48Fibre 1 Infra_OpticalCable__96Fibre 1 Infra_OpticalCable_128Fibre 1 Infra_OpticalCable_200Fibre 1 ExchangeCabinetLarge 1 OLT_FTTx 1 OLT_installation 1 ONU_FTTx_128 1 PON_Transceiver_622Mbps 1 PON_Transceiver_installation 1 STM1_network_interface_40km 1 STM1_network_interface_40km 1 Infra_CivilWorksPavementRur 1 Infra_OpticalCable___2Fibre 1 Infra_OpticalCable___4Fibre 1 LMDS_Basestation_Equipmen 1 LMDS_Basestation_Equipmen 1 LMDS_Basestation_Equipmen 1 LMDS_Basestation_Infrastruct 1 ONU_FTTx_128 1 ONU_FTTx_32 1 OutsideCabinetLarge 1 PON_Transceiver_622Mbps 1 PON_Transceiver_installation 1 Transceiver_Installation 1 LMDS_terminal 1 Level LL3 LL3 LL3 LL3 LL3 LL3 LL3 LL3 LL3 LL3 LL3 LL3 LL3 FP2 FP2 FP2 FP2 FP2 FP2 FP2 FP2 LL2 LL2 LL2 FP1 FP1 FP1 FP1 FP1 FP1 FP1 FP1 FP1 FP1 FP0 ItemType Labour/CivilWorks Material/FibreCable Material/FibreCable Material/FibreCable Material/FibreCable Material/FibreCable Material/FibreCable Material/FibreCable Material/FibreCable Material/FibreCable Material/FibreCable Material/FibreCable Material/FibreCable Material/Electronics Material/Electronics Labour/Installation Material/Electronics Material/Electronics Labour/Installation Material/Electronics Labour/Installation Labour/CivilWorks Material/FibreCable Material/FibreCable Material/Electronics Material/Electronics Material/Electronics Material/Enclosures Material/Electronics Material/Electronics Material/Electronics Material/Electronics Labour/Installation Labour/Installation Material/Electronics M_Rate 0 0,005 0,005 0,005 0,005 0,005 0,005 0,005 0,005 0,005 0,005 0,005 0,005 3% 2% 0% 2% 2% 0% 2% 0% 0 0,005 1% 3% 3% 3% 1% 2% 2% 3% 2% 0% 0% 2% M_Hours WriteOff ReferencePrice ReferenceYear 0 30 20000 1999 0,08 20 720 1998 0,08 20 840 1998 0,08 20 960 1998 0,08 20 1080 1998 0,08 20 1320 1998 0,16 20 1560 1998 0,16 20 2040 1998 0,16 20 2520 1998 0,16 20 3480 1998 0,32 20 6360 1998 0,32 20 8280 1998 0,32 20 12600 1998 1 10 6000 2001 1 5 40000 2001 0 40 3000 2001 1 5 2000 2001 1 5 1200 2001 0 40 350 2001 1 10 2100 2001 0 40 350 2001 0 30 20000 1999 0,08 20 720 1998 0,08 20 840 1998 1,3333333 10 50000 2001 1,3333333 10 80000 2001 1,3333333 10 100000 2001 1,3333333 20 50000 2001 1 5 2000 2001 1 5 1600 2001 1 10 13000 2001 1 5 1200 2001 0 40 350 2001 0 40 350 2001 0,6666667 10 2000 2001 n0 DeltaT K_Value 0,1 1000 1 0,1 10 0,9 0,1 10 0,9 0,1 10 0,9 0,1 10 0,9 0,1 10 0,9 0,1 10 0,9 0,1 10 0,9 0,1 10 0,9 0,1 10 0,9 0,1 10 0,9 0,1 10 0,9 0,1 10 0,9 0,1 10 0,8 0,01 5 0,8 0,1 1000 1 0,01 5 0,8 0,01 5 0,8 0,1 1000 1 0,01 5 0,8 0,1 1000 1 0,1 1000 1 0,1 10 0,9 0,1 10 0,9 0,01 20 0,8 0,01 20 0,8 0,01 20 0,8 0,1 1000 1 0,01 5 0,8 0,01 5 0,8 0,1 10 0,8 0,01 5 0,8 0,1 1000 1 0,1 1000 1 0,01 10 0,8 Connection Tariff Time Scale Year -1 2001 Service LMDS LMDS_Bus Tariff 0 0 0 2002 1 2003 2 2004 3 2005 4 2006 5 2007 6 2008 7 2009 Tariff 100 400 Tariff 90 360 Tariff 81 324 Tariff 73 292 Tariff 66 262 Tariff 59 236 Tariff 53 213 Tariff 48 191 Service Penetration Time Scale Year Service LMDS LMDS_Bus Auto Update 1 1 -1 2001 0 2002 1 2003 2 2004 3 2005 4 2006 5 2007 6 2008 7 2009 Penetr. 0,00% 0,00% Penetr. 2,25% 0,25% Penetr. 4,50% 0,50% Penetr. 6,30% 0,70% Penetr. 9,90% 1,10% Penetr. 13,95% 1,55% Penetr. 18,00% 2,00% Penetr. 22,50% 2,50% Penetr. 27,00% 3,00% Annual tariff Time Scale Year Service LMDS LMDS_Bus -1 2001 Tariff 0 0 0 2002 1 2003 2 2004 3 2005 4 2006 5 2007 6 2008 7 2009 Tariff 630 2993 Tariff 611 2903 Tariff 593 2816 Tariff 575 2732 Tariff 558 2650 Tariff 541 2570 Tariff 525 2493 Tariff 509 2418 Service MarketSize 307 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Time Scale Year -1 2001 Service LMDS LMDS_Bus 0 2002 1 2003 2 2004 3 2005 4 2006 5 2007 6 2008 7 2009 Number Number Number Number Number Number Number Number Number 0 11813 11813 11813 11813 11813 11813 11813 11813 1 11813 11813 11813 11813 11813 11813 11813 11813 Investments Year 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Global Discounted Investment 800000 0 0 0 0 0 0 0 0 113104 0 0 0 5299 30279 3000 2606 908 350 1590 350 1774657 25955 30281 419600 409478 0 450000 23452 54772 103337,1413 8175,228373 3150 3150 2743752,135 Component Infra_CivilWorksPavementRural 800000 0 0 0 0 0 0 0 Infra_OpticalCable___2Fibre 0 0 0 0 0 0 0 0 Infra_OpticalCable___4Fibre 0 0 0 0 0 0 0 0 Infra_OpticalCable___6Fibre 0 0 0 0 0 0 0 0 Infra_OpticalCable___8Fibre 0 0 0 0 0 0 0 0 Infra_OpticalCable__12Fibre 0 0 0 0 0 0 0 0 Infra_OpticalCable__16Fibre 0 0 0 0 0 0 0 0 Infra_OpticalCable__24Fibre 0 0 0 0 0 0 0 0 Infra_OpticalCable__32Fibre 0 0 0 0 0 0 0 0 Infra_OpticalCable__48Fibre 113104 0 0 0 0 0 0 0 Infra_OpticalCable__96Fibre 0 0 0 0 0 0 0 0 Infra_OpticalCable_128Fibre 0 0 0 0 0 0 0 0 Infra_OpticalCable_200Fibre 0 0 0 0 0 0 0 0 ExchangeCabinetLarge 5299 0 0 0 0 0 0 0 OLT_FTTx 30279 0 0 0 0 0 0 0 OLT_installation 3000 0 0 0 0 0 0 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Costs Revenues Cash Flows Depreciations Profits Taxable Income Taxes Retained Cash Flows Cash Balance 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 4.342.335 24.885 294.429 -4.072.791 238.503 31.041 31.041 0 -4.072.791 -4.072.791 457.939 56.538 531.049 16.572 285.127 189.384 189.384 0 16.572 -4.056.219 308.818 70.216 699.016 319.982 316.009 312.791 312.791 0 319.982 -3.736.237 1.101.850 91.759 1.072.401 -121.207 427.917 552.725 552.725 0 -121.207 -3.857.445 554.197 120.311 1.449.798 775.290 484.182 845.305 845.305 0 775.290 -3.082.155 485.289 145.562 1.798.553 1.167.702 518.716 1.134.276 1.134.276 0 1.167.702 -1.914.453 468.679 170.705 2.172.013 1.532.628 564.619 1.436.689 1.436.689 0 1.532.628 -381.825 430.937 196.376 2.517.392 1.890.078 608.851 1.712.165 1.712.165 0 1.890.078 1.508.254 User Outputs 308 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Name NPV IRR RestValue PayBackPeriod NPVBeforeTaxes IRRBeforeTaxes Value 1.400.720 15,2 % 4.706.122 7 1.400.720 0 Revenues Satélite + WLAN Eirol Parameters Time Series 309 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Shopping List OACosts Component Data Service Penetration 310 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Connection Tariff Annual Tariff Service Market Investiments 311 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Economics User Outputs Mainenance Revenues Depreciation 312 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Cost Prices São Salvador Parameters 313 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Time Series Shopping List OACosts Component Data Service Penetration 314 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Connection Tariff Annual Tariff Service Market Investiments 315 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Economics User Outputs Mainenance Revenues Depreciation 316 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Cost Prices Santa Joana Parameters 317 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Time Series Shopping List OACosts Component Data Service Penetration 318 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Connection Tariff Annual Tariff Service Market Investiments 319 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Economics User Outputs Mainenance Revenues Depreciation 320 Análise Tecno-Económica de Redes Heterogéneas com Qualidade de Serviço Cost Prices 321