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Editorial Editor Luis Filipe Pereira Relações publicas Joaquim Fernandes Colaboraram neste número: L.P.K., Manuela Trindade, Tozé Lopes, Leonardo Pereira, Hugo Pereira, Ana Pinto, José Durães, Samantha Mendes, Liliana Sousa, AWIKP, Osvaldo Fernandez, U.S.R.P., Luis Mauricio Costa. Fotografia: Luis Pereira, Fernando Castro, U.S.R.P, AWIKP, Guliver, Rogério Braz A.A.M.A., CK Maia, Hugo Pereira Conselheiros técnicos da redacção: (por ordem alfabética) Carlos Pereira 5º Dan Shito-Ryu Daniel Coelho 6º Dan Shito-Ryu Jaime Pereira 7º Dan Goju-Ryu João Dias 5º Dan Shito-Ryu Jorge Monteiro 6º Dan Goju-Ryu José Lezon 5º Dan Wado-Ryu José Ramos 6º Dan Shotokan Marcelo Azevedo 6º Dan Como vão verificar, este número 6 da Karate Portugal apresenta-se com ligeiras alterações relativamente ao conteúdo editado. Isto é o reflexo das informações, conselhos e criticas que os vários interveniente do Karate Nacional nos vão fazendo, e nesse sentido vamos tentando melhorar, mas só com o contributo de todos os que desejarem uma revista da especialidade em Portugal é que conseguiremos atingir os objectivos. Alertamos as Associações e Clubes ou até praticantes, que estamos abertos a publicar as vossas notícias ou artigos referentes ao Karate. Em relação à nova época desportiva salientamos a presença de Portugal no Campeonato do Mundo no México, as acções de formação da Federação em Kumite e Kata, e o 1º Estágio Internacional de Lagos, com o Sensei Deogracias Medina 6º Dan. Shukokai Peté Pacheco 6º Dan Shotokan Raúl Cerveira 5º Dan Shotokai Vilaça Pinto 6º Dan Shotokan Colaboradores Permanentes: Alda Albuquerque Antes de mais, quero desejar a todos um bom início de época desportiva. Neste número aconselhamos a ler o artigo, Motivação e abandono da prática Desportiva, e a entrevista do Sensei Vilaça Pinto, na qual relata a sua estadia no Japão. Oss 4º Dan Shotokan Abel Figueiredo 4º Dan Goju-Ryu Fernando David 4º Dan Shito Ryu João Cabaço 3º Dan Shotokan Impressão e acabamentos: Clones Print - Indústria Gráfica Rua Álvaro de Castelões, 385 4200.046 Porto - Tel. 225500612 Tiragem: 2.000 Exemplares Depósito legal : 204627/03 A Karate Portugal é uma publicação trimestral, dedicada a noticiar e reportar actividades de Karate independentemente de escola ou estilo, ficando a direcção da revista com a decisão final sobre a publicação de artigos que não se enquadrem na filiosofia da mesma. Os artigos assinados são da inteira responsabilidade dos autores. É proibida qualquer reprodução ou cópia por qualquer meio, sem o prévio consentimento do editor por escrito. Luis Filipe Pereira 3 Estágio na Madeira com Sensei Carlos Pereira 5º Dan Shito Ryu 5º CAMPEONATO EUROPEU DE KARATE E.G.K.F. Representação da N.P.K. e do C.K. Maia Ficaram seleccionados para o 5º Campeonato Europeu de Goju-Ryu da E.G.K.F. que se realiza nos próximos dias 1 2 e 3 de Outubro em St. Polten na Áustria, nos escalões de Juvenis a Seniores, os seguintes atletas: Da NPK: Em KATA Femininos Juvenis, Ana Rodrigues e Francisca Silva, Masculinos Juvenis, João Santos e Tiago Ferreira, Juniores, Daniel Santos, em KUMITE Femininos Juvenis, Francisca Silva, Cadetes, Maria Melo, Masculinos Juvenis, Ivan Tavares. Do C.K. Maia: Em KUMITE Juvenis, Ana Macedo e Ana Coelho, Cadetes, Nuno soares, Miguel Ferreira, Ricardo Gonçalves, Marlyn Azevedo e Renata Ferreira, Juniores, Nuno Moreira, César Romão e Diogo Gonçalves. ACTIVIDADES DA AKRAM Realizou-se no dia 18 de Setembro uma Acção de Formação sobre as regras de Kumite, esta acção foi aberta a todos os Atletas, Treinadores e Técnicos de Arbitragem filiados na AKRAM na época em curso. No Domingo, dia 19 de Setembro, realizaram-se dois treinos de Selecção da AKRAM, paralelamente foram realizadas as avaliações práticas do curso de Juiz de Kumite. Ambas as actividades tiveram lugar no Pavilhão do Clube Desportivo São Roque 4 O Clube Desportivo São Roque (CDSR) organizou no passado mês de Julho nos dias 9,10 e 11 na Madeira um estágio de Karate que foi ministrado pelo Sensei Carlos Pereira 5º Dan, responsável máximo em Portugal pelo Mabuni ShitoRyu Karate-Do Portugal. Este estágio foi aberto a todos os praticantes de Karate, com o objectivo de divulgar e aperfeiçoar o estilo Shito Ryu na Madeira. Sensei Carlos Pereira 5º Dan Sumário Pág. 6 .....Estágio Nacional C.P. K. Póvoa do Varzim Pág. 8 .....5º Torneio Internacional de Karate Cidade da Amadora Pág.8- Torneio Internacional de Karate Cidade da Amadora Pág. 11.....Estágio Internacional de Shiai-Kumite da LPK com: Christophe Pinna Pág. 12.....27º Estágio Internacional de Artes Marciais da União Shito-Ryu Portugal Pág. 13 ....Conseitos de Teruo Chinen por: Leornardo Pereira Pág. 14.....O verdadeiro significado do Cinto Negro por: Fernando David Pág.18 - Caderno técnico Pág. 15 ....V Torneio de Karate Cidade da Quarteira Pág. 17.....5º Estágio de Karate Porto 2004 com Sensei José Ramos Pág. 18.....Caderno técnicos das Escolas Shito-Ryu / Shotokan / Shukokai / Goju-Ryu Pág. 22 ....Torneio de Karate GDC Aguçadourense - UKA 22 - Torneio de Karate GDC Aguçadourense - UKA Pág. 24 ....35º Aniversário do C.P.K. Pág. 25.....21º Estágio Internacional da W.I.K.F. - Espanha Pág. 26 ...O Treino Real... Por: José Augusto Pág. 27.....Arbitragem por: Fernando David Pág. 28.....Estágio Internacional de Shito-Ryu - Algarve Pág. 29.....Entrevista ao Sensei Vilaça Pinto Pág. 36 ....Motivação e abandono da prática desportiva por: Luis Miguel Mauricio da Costa Pág.29 - Entrevista Sensei Vilaça Pinto 5 …”temos que fazer uma kata como se estivéssemos a combater”… O objectivo, segundo o Sensei, foi aprofundar o nível técnico na forma de fazer o karate e na forma de movimentação no karate. Pretendeu-se evidenciar a forma correcta mas principalmente os princípios que estão na base da eficácia e que ligam as três facetas do Karate: o Kihon, a Kata e finalmente, o Kumite. A forma de treinar os Katas diferencia a simples associação de movimentos e evidência a sua eficácia. Não estamos a falar da parte coreográfica propriamente dita, mas da verdade e da realidade com que se treinam as Katas. Como nos disse o Sensei, “temos que fazer uma kata como se estivéssemos a combater”, com a mesma intensidade e realidade. Se não for assim, o nosso treino é uma fraude. Não passa de um conjunto de movimentos que por si só não têm significado, estaremos a praticar ginástica, não Karate. Sensei Romulo Machado 5º Dan Estágio Nacional C.P C.P.K. .K. Póvoa do Varzim 17,18 19 de Julho Realizou-se no passado mês de Julho nos dias 16, 17 e 18, o estágio Nacional de Verão do C.P.K., que decorreu no excelente pavilhão municipal da Póvoa do Varzim. Os treinos foram orientados pelos Sensei’s Rómulo Machado (5º Dan) e Ivo Silva (4º Dan). A afluência de participantes foi elevada essencialmente pelos Instrutores da Associação. Este estágio nacional revelou-se uma verdadeira surpresa. Quem já conhece o Sensei Rómulo de outros treinos e estágios sabe da sua preferência pelo Kumite, que é na sua opinião a verdadeira razão da existência do karate. No entanto, fomos presenteados com treinos de Kata. A revista Karate Portugal teve a oportunidade de conversar informalmente com o Sensei Rómulo Machado acerca do objectivo deste estágio em particular. Como já dissemos, o estágio teve uma forte componente de Kata, orientada pelo Sensei Rómulo Machado, e uma componente de Kumite, a cargo do Sensei Ivo Silva. As Katas aprofundadas foram, a Hanguetsu e a Soshin, duas das Katas que evoluíram directamente do karate tradicional de Okinawa. 6 que funcionar em bloco. Quem treina karate tem que fazer karate com atitude e eficácia. Podemos não fazer todos competição mas temos que fazer o verdadeiro karate. Sensei Ivo Silva 4º Dan As duas Katas escolhidas são treinadas nas posições hangetsu-dachi e sochindachi. Aqui está um dos motivos que levou o Sensei a escolher estas Katas em particular. São feitas em posições muito mais próximas da nossa movimentação natural e por isso mais eficazes em situação de perigo real. A curta distância é a que na realidade pode ocorrer com mais frequência, daí a necessidade de se treinar uma situação de proximidade. No estágio fizeram-se inclusivamente exercícios de Kumite para se treinar algumas partes das Katas, precisamente para os praticantes perceberem a importância da procura da eficácia num treino de kata, já que como já dissemos, o Kihon a Kata e o Kumite têm que estar obrigatoriamente interligados entre si. Segundo o Sensei há falhas grandes nos praticantes, um pouco por culpa dos treinadores que talvez não consigam transmitir aos seus alunos este aspecto do karate que é na verdade a razão da sua existência, ou seja, a procura da eficácia. Principalmente ao nível das graduações mais baixas, o Sensei observou que é preciso trabalhar muito. Há falta de ligação entre movimentos. Os praticantes estão a fazer ginástica em vez de karate. Os movimentos têm que ser fortes e compactos. O corpo tem Muitos instrutores ensinam os movimentos exteriores do karate, mas isso é subverter uma situação. Por isso são importantes os treinos de eficácia e impacto. Sabemos que muita gente gostaria de ver mais treinos “duros”, e o Sensei concorda que eles devem existir mas desde que foquem um determinado aspecto. Não basta ser duro só por ser. Tem sempre que se procurar com objectividade a eficácia e a potência final. Aliás, esses são sempre os objectivos do Sensei. Como é sabido prefere o Kumite mas tem vindo a apreciar as Katas e a treiná-las como se estivesse a combater. É esse treino que provoca a evolução e a busca pela perfeição. Assim faz-se karate. Como conselho final ficam as palavras do Sensei para todos os praticantes e instrutores: “O karate faz-se com a constante procura da essência do karate, tendo como objectivo a eficácia. Eu ensino as minhas Katas com ligação à realidade, elas passam portanto pelo Kumite que é o objectivo final, afinal o karate existe por causa do combate”. O Sensei Ivo Silva teve a sua principal intervenção na parte de Kumite, tendo na nossa opinião feito uma excelente abordagem ao tema da eficácia. No final os Instrutores mostraram-se satisfeitos com o desenrrolar do estágio e da maneira como foi conduzido. No Domingo foram realizados exames de graduação aos alunos das várias escolas presentes. BUSHIDO Equipamentos de Artes Marciais Tel. 22 4839199 7 Torneio Internacional de Karate Cidade da Amadora “ ...excelentes provas dos atletas, Amílcar Ferreira e Marta Silva... “ Excelente actividade de Karate este Torneio Internacional de Karate Cidade da Amadora, são estas acções que engrandecem a modalidade. As equipas convidadas foram, uma selecção de Espanha a selecção nacional da F.N.K.P., a selecção do C.P.K. e a equipa do Clube organizador, a S.F.RA. Amadora. Organizado no dia 26 de Junho, este torneio teve lugar do Pavilhão da Escola Básica2,3 Miguel Torga. As provas tiveram início às 16.00 horas, nos escalões Juniores individual e equipa em Kumite, nos Femininos só se realizaram provas de Kata Individual. 8 A Câmara Municipal da Amadora, a F.N.K.P. e o C.P.K., tem vindo desde há cinco anos consecutivos a apadrinhar este Torneio Internacional, e com o passar dos anos o apoio tem sido maior. Esperemos que continuem a demonstrar interesse em manter esse apoio, e queremos aproveitar esta oportunidade para lembrar a organização que devem fazer mais publicidade, de maneira a garantir a presença de mais público, porque este Torneio merecia ter tido muito mais assistência. O torneio iniciou com as provas de Kata feminino, com o desenrolar da prova a atleta da selecção nacional Marta Silva foi tendo vantagem sobre as oponentes acabando por conseguir uma excelente vitória. No Kumite as coisas foram mais disputadas, no primeiro encontro confrontaram-se as equipas do C.P.K. e a selecção espanhola, saindo vencedora a equipa espanhola pela diferença de dois pontos. No confronto entre a equipa da Amadora e a selecção Nacional, saiu vencedora a equipa da selecção Nacional. Os combates foram disputados com muita emoção e empenho por parte dos atletas. Na final encontraram-se a selecção Nacional e a selecção de Espanha, saindo vencedora a Espanha. Foi decidido Resultados: Kata Individual Feminino 1º Marta Silva – FNKP - Portugal 2º Ana Lourenço – FNKP - Portugal 3º Belén Martin – Castilla Y Leon 3º Maria Sanchéz – Castilla Y Leon Kumite Individual Masculino Open 1º Amílcar Ferreira – FNKP - Portugal 2º Jorge Rodriguez – Castilla Y Leon 3º Hugo Lourenço – SFRA Amadora 3º Miguel Rodrigues – FNKP - Portugal Kumite Equipas Masculino 1º Castilla Y Leon 2º FNKP – Portugal 3º CPK 3º SFRA Amadora pela organização que as equipas dos terceiros lugares combatessem entre si de maneira a que os atletas ficassem com mais rodagem competitiva, nesse confronto a selecção do C.P.K. acabou por vencer a equipa da casa. Na nossa opinião a ideia destes torneios é dar mais rodagem aos atletas e não somente ter a ideia fixa de que tem que se ganhar a todo o custo. Acreditamos que essa ideia está errada e devemos aproveitar estas actividades para fazer rodar o mais possível os atletas. Seria bom que os organizadores fizessem competições de todos contra todos, isso sim, seria a melhor solução. Tiraríamos certamente melhor proveito no futuro. Elegemos o Amílcar Ferreira como o melhor atleta neste Torneio, por todos os combates que realizou e pela excelente vitória nos individuais. A ele os nossos parabéns. A organização esteve com bom nível, não fosse terem feito mal as contas quando solicitaram os tatamis à Federação. Acabou por ter de se fazer as provas só com 1 tatami, mas tirando esta situação tudo o resto se desenrolou da 9 melhor maneira, estando a organização de parabéns pela organização deste 5º Torneio Internacional. A equipa de arbitragem cumpriu bem o seu papel, esteve a muito bom nível, não fossem algumas situações de controvérsia relativamente à forma como alguns árbitros analisaram certas situações, achamos que talvez se deva ao facto dos nossos árbitros necessitarem de mais experiência internacional. Entendemos que a Federação deveria investir mais no campo da arbitragem. Paralelamente a este torneio foi realizado o 3º Estágio Internacional, que teve como convidados os Sensei’s, Takuo Arai 7º Dan, José Ramos 6º Dan e Claúdio Fung 5º Dan. Estágio de Competição da U .S .R.P U.S .S.R.P .R.P.. em Almada A UNIÃO SHITORYU PORTUGAL, realizou no passado domingo, 13 de Setembro, o primeiro evento desportivo da época 2004/2005, que decorreu em Almada nas instalações do Complexo Municipal de Desportos e para o qual foram seleccionados os seus principais atletas. A participação neste Estágio de Competição serviu para a preparação dos atletas que irão representar os seus clubes durante esta época, nas disciplinas de Kata (prova de técnica) e de Kumite (prova de combate). O Estagio foi dirigido na disciplina de Kata pelo Director Técnico da USRP, o J/Shihan Daniel Coelho, e pelo Jokyo Daniel Morgado Coelho, na disciplina de Kumite. Este Estágio contou com a presença de alguns dos clubes da USRP, nomeadamente o Imortal Desportivo Clube (Albufeira), a Escola de Artes Marciais, Desportos de Combate e Cultura Oriental de Loulé, o Yoshukan Portugal, o C.D.R.Quarteirense (Quarteira), o C.F. “Os Armacenenses” (Armação de Pêra), o Power Gym (São Brás de Alportel), a Escola de Karate de Salir, o Radical Gym (Costa da Caparica) , o Irmanadora, o Centro Social de Pinhal 10 de Frades e o Complexo Desportivo Municipal de Almada. Os atletas demonstraram um nível de fair-play, competitividade, e desempenho técnico bastante elevado, o que promete mais uma época cheia de resultados com mérito e distinção por parte dos atletas e dos quadros técnicos e directivos da União ShitoRyu Portugal, como já vem sendo tradição de épocas passadas. Recordamos que na época passada os atletas da USRP conseguiram lugares de pódio nos campeonatos nacionais e regionais de Karate, nomeadamente 4.Campeões Nacionais( Pedro Coelho vencedor de 2 categorias, Daniel Figueiras, André Gonçalves) e 9 Regionais( Pedro Coelho, Daniel Figueiras, André Gonçalves, Sara Paiva, Jamil Zarka, Rui Sousa Jr, João Tiago, Tomas Coelho, Rudi Sousa, e 2 Vice Campeões Nacionais (Sara Paiva e Rui Sousa Jr. 2º Estágio Internacional Shiai-Kumite com Christophe Pinna A L.P.K realizou no passado mês de Junho e referente à época desportiva 2003/2004 o 2º Estagio Internacional de Shiai-Kumite, orientado pelo Campeão do Mundo, Christophe Pinna. Decorreu no Complexo Desportivo de Alcabideche em Cascais e no Municipal do Canidelo em Vila Nova de Gaia. Nele participaram 297 atletas de varias Associações Nacionais: LPK; AAMA; UKA; USRP; AKRAM; UKC; UKL; APK; APOGK; CPK; APKS; LNKP; KCF.....etc. e contou com a presença prestigiada do Presidente da Federação Nacional de Karate Portugal, Mestre Raul Cerveira. Pelo êxito alcançado e por todo um trabalho previamente programado para o futuro, o próximo Estágio com Cristophe Pinna, realizar-se-à em Abril de 2005. Para um melhor conhecimento de Christophe Pinna damos referencias: 4 x Campeão do Mundo 6 x Campeão de França 6 x Campeão da Europa 2 x Vencedor da Taça de França 2 x Vencedor da Taça do Mundo Treinador e consultor de várias Selecções Nacionais onde se destacam a Grécia, Irão, Seleccionador Nacional do Qatar, Seleccionador Nacional de França e representante de todos os Karatecas Mundiais junto do Comité Olímpico Mundial.... 11 27º Estágio Internacional de Artes Marciais Portugal 2004 da União Shito-Ryu Portugal A União ShitoRyu Portugal organizou o seu 27º Estágio Internacional de Artes Marciais – Portugal 2004, como já é habitual nesta altura do ano. O Estágio foi composto por 3 módulos distintos de formação, divididos pelas cidades de Loulé, Albufeira e Almada, com a participação de mais de 300 praticantes nacionais e estrangeiros. A orientação do 27º Estágio Internacional de Artes Marciais esteve a cargo dos mestres Shoko Sato, 8º Dan e Director Técnico PanAmericano da Federação Mundial de Karate ShitoRyu e Daniel Faísca Coelho, 6º Dan, Director Técnico da União ShitoRyu Portugal e 12 representante nacional da Federação Mundial do estilo. A parte de Karate desportivo foi da responsabilidade de Daniel Morgado Coelho, 4º Dan, Director Desportivo da USRP. Este estágio teve os patrocínios e apoios das Câmaras Municipais de Albufeira e Loulé e das Juntas de Freguesia de Albufeira, S. Sebastião e S. Clemente (Loulé) e do Grupo Hoteleiro Fernando Barata. A cerimónia de encerramento do 27º Estágio Internacional de Artes Marciais foi assinalada pela entrega de troféus aos 3 melhores classificados de cada escalão no ranking associativo da época 2003/ 2004. RESULTADOS RANKING COMPETITIVO 2003/04 PRÉ-INF MASC 1º D. Castro 2º R. Mendonça 3º A. Correia JUV MASC 1º P. Coelho 2º A. Gonçalves 3º D. Figueiras INF MASC 1ºF. Costa 2º D. Barros 3º N. Melo JUV FEM 1ª S. Paiva 2ª R. Melo 3ª C.Rodrigues INF FEM 1ª D. André CAD MASC 1º N.Almeida 2º P. Afonso INIC MASC 1º T. Coelho 2º J. Costa 3º R. Mendonça Mestre Teruo Chinen, ensinou-nos um conceito conhecido por Ichi Go Ichi E. por: Leonardo Pereira Mestre Teruo Chinen, ensinou-nos um conceito conhecido por Ichi Go Ichi E, que de forma superficial significa essencialmente “uma vida uma oportunidade / “um encontro, uma oportunidade - um conceito desconhecido para muitos Ocidentais, acostumados como estão a terem várias oportunidades para recomeçar de novo, sem qualquer “ penalização ou aprendizagem “. Ichi Go Ichi E, foi popularizado por Li Naosuke num tratado que ele escreveu no séc. XIX intitulado “ Cha No Yu Ichi-e Sha “ para explicar o espírito inerente a uma cerimónia de chá. Esta expressão implica um conjunto de diferentes interpretações, pensamentos e raciocínios. Um desses pensamentos remete-nos para uma única oportunidade na vida quando dispomos de todas as “ peças no tabuleiro. Este pensamento parece-nos ter surgido do Budismo Zen e do conceito nele existente de viver em meditação com a mente, completa de todas as acções. Uma consciência atenta a cada detalhe, a cada acção, quer estejamos a arranjar o jardim, preparar o pequeno-almoço, numa cerimónia de chá ou executar um kata. Ichi Go Ichi E, relembra-nos a antiga máxima de Budo “ para uma vitória, um gota de sangue “, cujo sentido nos obriga a dizer adeus ao ego, vivendo totalmente o momento, dado que é aí que reside o sentido de viver ou morrer. Nos duelos de sabre, os samurais tinham primeiro que anular o seu próprio EU, para conseguirem desprender-se de sensações, obtendo assim a concentração requerida para o esforço necessário. A mais pequena distracção ou hesitação na acção representa a vida, daí que a importância de cada respiração (inspirar e expirar) seja única e fundamental é o aqui e o agora, pois poderá ser a última. A analogia que Sensei Teruo Chinen faz, é a de que sempre que nos despedimos da família pela manhã para irmos para o “ emprego “, devemos estar preparados para a possibilidade de não regressarmos. Talvez seja o teu dia de morrer num acidente de trânsito, ou supõem, a tua mulher ou a tua filha. Seriam as tuas acções e atenções diferentes para elas se soubesses isso? As pessoas de quem lemos hoje no jornal que perderam a vida num acidente, foram assassinadas ou sofreram um ataque cardíaco provavelmente acreditavam que chegavam a casa nessa noite – elas dispunham de todo o tempo do mundo para compensar os seus familiares, para escreverem um livro ou apreenderem piano. Daí que Sensei nos tenha ensinado que ao sairmos de casa para trabalharmos devemos encarar a possibilidade de não regressar, isso significa que ao despedirmo-nos da nossa mulher devemos faze-la sentir o quanto a amamos; exprimindo e dizendo aos nossos filhos o que eles significam para nós, dizendo adeus à nossa casa e às nossas “coisas”. Diversas vezes Sensei Teruo Chinen nos instruiu a executar o kata (método ritualizado através do qual os segredos da defesa pessoal são transmitidos de geração em geração - um modelo / uma forma) como se fosse a última oportunidade; nas artes marciais devemos cultivar um ichi go ichi e permitindo-nos assim treinar com a intensidade necessária. Mesmo com dificuldade em imaginarmo-nos num duelo de samurais, facilmente entendemos e interiorizamos o conceito se pensarmos que a qualquer momento nos pode acontecer uma tragédia que ponha termo à nossa vida. O entendimento e significado das ideias associadas ao conceito de reencarnação, independentemente da religião ou crença, não anulam esta Ideia, pelo contrário, reforça-a, tendo como base o crescimento interno e patamares superiores que devemos alcançar ( no aqui e agora ) para vidas futuras. Capacitandome que poderá não haver outra hipótese, o meu empenho no treino começa a ter significado e valor “ os actos flúem em harmonia de acordo com esta ideia “. Encontro-me finalmente a treinar com um espírito de alegria e apreciação devido ao facto de entender o sentido de ichi go ichi e. Estou assim a viver intensamente o presente como única realidade que temos ( o aqui e agora ). Este conceito da experiência que não pode ser repetida é mais fácil de entender no Kumite que no kata, mas estamos sempre a abordar a ideia de que no mínimo devemos dar o máximo de nós, como se fossemos neste preciso momento deixar uma herança ou transmitir um conhecimento último. Temos de ter em atenção os pequenos pormenores no Dojo - como entramos, como saudamos, como está o nosso uniforme, como saímos, etc..tudo próprio em Ichi go Ichi e , o pormenor que pode fazer a diferença “ lá fora “ e nos pode salvar a vida. Assim, a próxima vez que fores para o Dojo, tenta agir aplicando este conceito; melhor ainda, tenta realizar os teus actos com essa base nesse alicerce. Podes não notar a diferença, mas os que te rodeiam vão notar, incluindo o teu Mestre. “ Observa o teu Sensei e apreende mais que Karate “ Tradução e Interpretação Leonardo Pereira 13 O Verdadeiro Significado do Cinto Negro Por: Fernando David Na história europeia, e especialmente na história inglesa, um homem de grande valor e dignidade, que se destacava tanto no campo de batalha como nas suas relações sociais, era premiado com o título de cavalheiro. Esta designação implicava a assunção de ser um homem de honra e que possuía um grande virtuosismo em combate. No Japão, este tipo de homem era chamado samurai, sendo objecto de grande atenção e respeito. Nessa época, tanto em Inglaterra como no Japão vigorava o sistema feudal em que os cavalheiros e os samurais eram produtos puros, indispensáveis às condições sociais em que se vivia, situação que hoje em dia não tem razão de ser. No entanto, o desejo de alcançar um excelente nível numa Arte Marcial e de autodisciplina, mantém-se. Actualmente, a pessoa que se esforça por aprender uma Arte Marcial, tenta alcançar um nível de excelência, para combater, quer seja em competição ou numa outra qualquer situação. Não obstante, na mesma medida em que progride no seu treino, fica mais consciente do impulso de se autodisciplinar, transformando-se numa melhor pessoa, possuidora, não somente de uma grande habilidade em combate, mas também de dignidade e de honra. Tradicionalmente, estes são os grandes objectivos dos praticantes de Artes Marciais. O cinto negro é um reconhecimento dado ao cavalheiro actual ou ao moderno samurai, que sacrificou muitas horas a disciplinar a sua mente e a treinar o seu corpo, no sentido de alcançar o máximo desenvolvimento físico e mental possível. O cinto negro é o símbolo do especialista. O sistema de graduações foi estabelecido com uma série de níveis, para que os praticantes pudessem avaliar o seu progresso. Assim, o primeiro cinto negro – Shodan, a primeira graduação, é o primeiro passo. Shodan significa que o praticante domina os fundamentos da arte, e está agora preparado para receber um treino mais avançado, e assim sucessivamente obtendo o próximo Dan, indicativo do seu progresso. Esta escala de valores, provou a sua eficácia como grande motivadora dos praticantes, porém originou uma série de problemas. Em primeiro lugar, internacionalmente 14 existe uma grande disparidade de critérios, ou seja, mesmo dentro de uma mesma organização, por vezes existe disparidade de critérios. Um sistema universal de graduações deveria ser pensado e estar já normalizado e em prática, da mesma forma que um centímetro é igual a outro centímetro, um Dan da organização X ou do país Y deveria ser igual ao Dan da organização A ou do país B. È necessário também compreender que se está a lidar com seres humanos, sendo impossível estabelecer uma escala de valores tão rígida. O Judo e o Kendo têm regras internacionais de avaliação, no entanto, essas regras nasceram juntamente com a respectiva arte. O Karate tem várias escolas diferentes, várias organizações dentro da mesma escola, e cada uma possui o seu sistema de avaliação. Quando o Karate alcançou uma dimensão internacional, vários países acolheram estilos diferentes, cada um com as suas próprias regras, e isto permitiu que alguns indivíduos, sem escrúpulos, criassem as suas próprias organizações, dando cintos negros a praticantes não qualificados, isto no intuito de obter benefícios económicos. O resultado final é que muitos cintos negros constituem um mau exemplo, produzindo também uma má imagem da Arte do Karate. É opinião de muitos que, tal como existem organizações de avaliação das divisas no mercado internacional, deveria haver também uma organização que reavaliasse os cintos negros. No entanto, isto seria certamente impossível, dado que a lista de candidatos seria do tamanho de uma lista telefónica. O público em geral não é conhecedor dos diferentes sistemas de graduação, e há muitas pessoas a ser enganadas ao inscrever-se num dojo, cujo mestre lhes dá um cinto negro passado um curto período de treino, com óbvios objectivos comerciais. Esta atitude, não só é perigosa para o praticante de Karate, mas também degradante para todas as Artes Marciais. Num dojo sério, obtém-se o cinto negro passados cinco ou seis anos de treino árduo, auferindo de uma instrução competente. Cada Karateca deveria saber que o cinto negro, não é um presente, mas sim um objectivo, um símbolo de realização de um grande esforço, dentro de um sistema de graduações de qualidade, de que beneficia o praticante e o Karate em geral. Esta interpretação do valor do cinto negro, deveria instilar um sentimento de orgulho a quem recebe um Dan, através de um treino rigoroso. Os cavalheiros e samurais de outros tempos, evitavam, por todos os meios, cometer actos que pusessem em causa a sua honra. Decerto que, os Sensei e os cintos negros dos tempos modernos, desejam ter uma atitude que não é diferente daquela outra, que é o respeito pela sua própria honra. V Torneio de Karate - Cidade de Quarteira Quarteira recebeu no passado dia 19 de Junho, o V Torneio de Karate – Cidade de Quarteira, organizado em conjunto pela União ShitoRyu Portugal e pelo Clube Desportivo e Recreativo Quarteirense. O Torneio decorreu no Pavilhão Gimnodesportivo da Escola Secundária Dra. Laura Ayres de Quarteira, e nele estiveram 150 atletas inscritos, para disputar a última prova competitiva da época 2003/2004 da União ShitoRyu Portugal. Foram vários os clubes que participaram neste Torneio, nomeadamente o Imortal Desportivo Clube (Albufeira), a Escola de Desportos de Combate de Loulé - Yoshukan Portugal, o C.D.R. Quarteirense (Quarteira), o C.F. “Os Armacenenses” (Armação de Pêra), o Power Gym (São Brás de Alportel), a Escola de Karate de Salir, o Radical Gym (Costa da Caparica), o Irmanadora Clube – Costa da Caparica, o Centro Social de Pinhal de Frades, a Escola de Artes Marciais e Desportos de Combate – Cidade de Almada, o Karate Clube de Olhão, Centro de Karate Capristano e Escola de Karate de Paderne. Este V Torneio de Karate – Cidade de Quarteira teve o apoio da Câmara Municipal de Loulé, da Coca-Cola e do MacDonald’s de Vilamoura. Kata Escalão Pré Infantil Misto 1º Francisco Ramos 2º Diogo Castro 3º João Santos 3º Ricardo Reves Escalão Infantil Masculino 1º Francisco Costa 2º Gonçalo Vargues 3º Diogo Barros 3º Filipe Marques Escalão Infantil Feminino 1º Inês Lopes 2º Denise André 3º Joana Afonso Escalão Iniciados Masculino 1º Tomás Coelho 2º Rodrigo Mendonça 3º João Costa 3º Pedro Mateus Escalão +14 anos Femininos 1º Sara Paiva 2º Catarina Rodrigues 3º Cíntia Dias Escalão Juvenis Masculino 1º Pedro Coelho 2º André Gonçalves 3º Marco Peres 3º Daniel Figueiras Escalão + 16 anos Masculinos 1º Nuno Almeida 2º Pedro Afonso Kumite Escalão Infantil Masculino 1º Ruben Forra 2º Nelson Nunes 3º Florent Barra 3º Milton Barros Escalão Iniciados Masculino 1º Tomás Coelho 2º João Costa 2º Miguel Abreu 3º João Mário Escalão Juvenis Masculino 1º Pedro Coelho 2º André Gonçalves 3º Rui Sousa 3º Flávio Simão Escalão Juvenil Feminino 1º Sara Paiva 2º Cíntia Dias 3º Catarina Rodrigues Escalão + 16 anos Masculino 1º Nuno Almeida 2º Pedro Afonso 15 CALENDÁRIO DE ACTIVIDADES DA F.N.K.P. ÉPOCA 2004/2005 SETEMBRO Dia 25 Sábado – I Campeonato Ibero-Americano Gran Canária – Espanha OUTUBRO Dia 2 Sábado – Acção de Formação de Treinadores (Shiai-Kumite) Local a designar. Dia 3 Domingo – Reciclagem de Arbitragem - Local a designar. Dia 9 e 10, Sábado e Domingo – Curso/Acção Técnicos de Arbitragem (Arbitro/Juiz Kumite) Local a designar. Dia 16 e 17 - Curso/Acção Técnicos de Arbitragem (Arbitro/Juiz Kata) Local a designar. Dia 23 Sábado – Reciclagem de Arbitragem - Local a designar. Dia 30 a 1 Sábado a Segunda – 6º Curso de Treinadores (TN1)/N2 – Parte A - Lagos NOVEMBRO Dia 6 Sábado – Campeonato Regional Cadetes e Juniores – Sul – Portimão Dia 7 Domingo – Campeonato Regional Cadetes e Juniores – Centro/Sul – Local a designar. Dia 13 Sábado – Campeonato Regional Cadetes e Juniores – Norte – Local a designar. Dia 13 Sábado – Campeonato Regional Cadetes e Juniores – Madeira – Local a designar. Dia 13 Sábado – Acção Nacional de Formadores – Local a designar. Dia 18 a 21 5ª a Domingo – Campeonato do Mundo sénior – Monterrey – México Dia 20 Sábado – Campeonato Regional Cadetes e Juniores – Açores – Local a designar. Dia 27 a 21 Sábado a 4ª – 6º Curso de Treinadores (TN1)/N2 – Parte B - Lagos DEZEMBRO Dia 4 Sábado – Campeonato Regional Cadetes e Juniores – Centro/Norte – Local a designar. Dia 11 e 12 Sábado e Domingo – Campeonato Nacional Cadetes e Juniores – Local a designar. Dia 11 e 12 Sábado e Domingo – Acção de Formação de Treinadores (Shiai-Kumite) – Local a designar. JANEIRO Dia 15 Sábado – Campeonato Regional Açores – Local a designar. Dia 15 Sábado – Campeonato Regional Madeira – Local a designar. Dia 22 Sábado – Campeonato Regional Sul – Local a designar. Dia 22 Sábado – Campeonato Regional Norte – Local a designar. Dia 29 Sábado – Campeonato Regional Centro/Norte – Local a designar. Seniores – A Associação Portuguesa de Karate Shukokai desloca-se a Cape Town (África do Sul) para participar no Campeonato do Mundo de Karate Shukokai, que se realiza nos dias 8 e 9 de Outubro, sendo a Delegação Portuguesa constituída por: O Seleccionador Nacional: Sensei Marcelo Azevedo. Os treinadores: Sensei Joaquim António; Sensei Carmindo Manuel e Sensei Dinamérico Fernandes. Os atletas: Nuno Dias; Bruno Catrau; Diogo Guincho; Tiago Guincho; Pedro Seguro; Paulo Briosa; José Moreira e Dulce Aguiar. 4º ESTÁGIO DE SHIAI-KUMITE AÇORES 2004 Horta / Angra do Heroísmo / Ponta Delgada Realiza-se nos dias 8, 9 e 10 de Outubro nos Açores um estágio de Shiai-Kumite orientado pelo Sensei Luís Filipe Pereira treinador da equipa do C.K.S.Porto. Este estágio vem no seguimento do trabalho que vem sendo desenvolvido pela A.K.A. Associação de Karate dos Açores, em prol do karate competitivo. Nesta 4ª edição o Clube de Karate Shotokan do Porto foi o escolhido assim como a sua equipa de competição. Atletas: Carlos Castro, Mariana Pinto, Jorge Castro, Hugo Pereira, João Garvalho, Liliana Sousa, Ana Pinto e Jorge Braz. Seniores – Seniores – Seniores – Seniores – FEVEREIRO Dia 5 a 8 Sábado a 3ª – 13º Curso de treinador Monitor – Local a designar. Dia 19 Sábado – Campeonato Nacional Seniores – Local a designar. 16 PARTICIPAÇÃO DA A.P.K.S. NO CAMPEONATO DO MUNDO SHUKOKAI CAPE TOWN – AFRICA DO SUL BUSHIDO Equipamentos de Artes Marciais Tel. 22 4839199 5º Estágio de Karate Porto 2004 com Sensei José ramos 6º Dan O 5º Estágio de Karate Shotokan do Porto 2004 orientado pelo Sensei José ramos 6º Dan, realizou-se nos dias 23, 24 e 25 de Julho no Pavilhão Gimno-desportivo Municipal de Fânzeres em Gondomar. O estágio do Porto desde a sua primeira edição em 2000 não para de crescer. Só para terem uma ideia, no primeiro estágio estiveram presentes 80 atletas e neste já vamos nas 200 participações. Podemos considerar que o sucesso se deve ao facto da entrega e dedicação da organização em colaboração com os clubes da região do Porto. Estiveram presentes neste estágio os seguintes clubes: Clube de Karate Shotokan do Porto (clube organizador) Secção de Karate do Boavista futebol Clube, Clube de Karate Shotokan de Rio Tinto, Clube de Karate a Pausa, Secção de Karate das Piscinas Municipais de Rio Tinto, Oshi Dojo, Centro de Karate da Sra. Da Hora, Bodyland, A.M.S.H.O.L., Ginásio Fisiforma, Ginásio Central, Ferroviários de Guifões. As classes de graduados aumentam de ano para ano, treinaram cerca de 20 cintos negros, é um número bastante bom, tendo em conta que se trata de um estágio regional. O aperfeiçoamento técnico foi a principal característica deste estágio, sendo os treinos orientados nesse sentido, visto a maioria dos participantes serem de graduações mais baixas, mas isso não foi motivo para que os treinos não fossem atractivos e com uma excelente dinâmica. No Domingo foram realizados exames de graduação até 3º Kyu, foram muitos os atletas propostos, cerca de 180, a tarefa foi um pouco demorada mas conseguiu-se cumprir os objectivos. Em relação ao nível técnico apresentado pelos atletas foi razoável, só os 4º Kyu é que não estavam no nível pretendido, por esse motivo para a maioria dos alunos propostos a exame nesta graduação foi um insucesso. No final do estágio organizou-se um almoço de convívio, que se realizou no restaurante “o Leme” em Matosinhos. 17 Caderno Técnico - Escola Goju-Ryu da (NKGRM) Núcleo Karate Goju-Ryu Matosinhos Atletas: Paulo Dias 1º Dan Nuno Ferreira 1º Dan 18 Treinador: Gualter Dias 5º Dan Associação: NKGRM Clube: Secção da ADFA Caderno Técnico - Escola Shotokan do (CPK) Centro Português de Karate Atletas: Rogério Braz 2º Dan Jorge Castro 1º Dan Treinador: Luis Pereira 3º Dan Associação: CPK Clube: C.K.S. Porto 19 Caderno Técnico - Escola Shito Ryu da (MSK) Mabuni Shito-Ryu Karate-Do Portugal Atletas: Mónica Silva 2º Dan Manuel João Marques 1º Dan 20 Treinador: Sá e Silva 3º Dan Associação: MSK Clube: Secção da AM Tripeira Caderno Técnico - Escola Shukokai da (APKS) Associação Portuguesa Karate Shukokai Atletas: Diogo Guincho 2º Dan Tiago Guincho 2º Dan Treinador: Carmindo Manuel 5º Dan Associação: APKS Clube: Secção do CPN 21 TORNEIO DE KARATE GDC AGUÇADOURENSE / UKA Decorreu no sábado dia 31 de Julho mais um torneio de karate infantil, enquadrado no plano de promoção do karate na região pela UNIÃO DE KARATE DO AVE. Este ultimo torneio da época desportiva 2003/2004 foi organizado pelo Grupo Desportivo e Cultural Aguçadourense. Esta ultima etapa de promoção foi dedicada aos escalões pré-infantil, infantil e iniciados. O GDC Aguçadourense e o seu responsável pela secção de karate, Vítor Poças, estão de parabéns pelo excelente evento que organizou. A prova decorreu no Pavilhão Municipal da Póvoa de Varzim e contou com as seguintes equipas: Academia de Ginástica, U D Beiriz, ACD Matriz, C D Póvoa, A D Caxinas e Poça da Barca, Ginásio Clube Vilacondense, Casa da Criança de Vila do Conde, e o clube organizador o G D C Aguçadourense. A UKA já está a preparar a nova época desportiva, calendarizando o plano de desenvolvimento da modalidade para a época 2004/2005. Estes torneios são fundamentais para captar novos praticantes e dar um nível competitivo mais apurado aos mais graduados. 22 Classificações: Pré-infantil kata: 1º G C Vilacondense 2º Aguçadourense A 3º Casa da Criança 3º Aguçadourense B Pré-infantil kumite: 1º G C Vilacondense 2º U D Beiriz 3º Aguçadourense A 3º Aguçadourense B Infantil kata: 1º G C Vilacondense 2º U D Beiriz 3º Aguçadourense A 3º Aguçadourense B Infantil kumite: 1º U D Beiriz 2º Aguçadourense A 3º G C Vilacondense 3º Aguçadourense B Iniciado kata: 1ºAcademia de Ginástica 2º Aguçadourense 3º U D Beiriz 3º G C Vilacondense Iniciado kumite: 1º G C Vilacondense 2º Aguçadourense 3º Academia de Ginástica 3º G D Poça da Barca 23 Actividades Fim da època 2003/2004 da U.K.A. União de Karate do Ave O Presidente do C.P.K. Sensei Romulo Machado e os dois Fundadores presentes, os Arq. Luis Cunha e Arq. ???? 35º Aniversário do C.P.K. O C.P.K., Centro Português de Karate, comemorou no passado dia 18 de Setembro o seu 35º Aniversário. As comemorações foram realizadas em Coimbra, e teve o seguinte programa: Da parte da manha realizou-se um treino, orientado pelo Sensei José Ramos, onde participaram cerca de 100 praticantes. Neste treino estiveram presentes a maioria dos instrutores do C.P.K. assim como alunos e convidados de outras associações, seguindo-se um almoço, que se realizou no Hotel D. Luís em Coimbra. Nestas comemorações marcaram presença os fundadores do C.P.K. os Arqº. Luís Cunha e Arqº. Aragão. Estiveram ainda representantes da F.N.K.P. e de várias associações nacionais. A Revista Karate Portugal esteve presente, e testemunhou a excelente organização, tanto do treino como do almoço que a actual Direcção do C.P.K. nos proporcionou. A eles os nossos parabéns. A UKA terminou a época 2003/2004 com um acampamento no Parque de Campismo do Rio Alto. Esta actividade foi organizada pelo Grupo Desportivo e Cultural Aguçadourense. No dia 5 de Agosto decorreu na escola primária da Barranha em Aguçadoura, o ultimo encontro de graduados e treinadores da União de Karate do Ave. Com estes eventos fica completo o ciclo de actividades planeadas para esta época. Assim, a UKA nesta época desportiva, organizou 6 torneios, 2 estágios, 4 acções de formação, um curso de arbitragem, bem como proporcionou um sem número de treinos para os seus atletas mais graduados e árbitros. Os objectivos da Associação para este ano, foram alcançados, tendo o número de praticantes e clubes aumentado e a qualidade dos seus atletas melhorado substancialmente. por: U.K.A. União Shito Ryu Portugal apoia o Karate em Moçambique A União ShitoRyu Portugal, associação nacional representante da Federação Mundial de Karate ShitoRyu, deslocou-se a Moçambique, entre 29 de Junho e 4 de Julho, com o objectivo de fomentar a prática do Karate. A delegação técnica foi composta pelo director técnico, Daniel Faísca Coelho, e pelo director desportivo, Daniel Morgado Coelho, que continuam assim a manifestar o apoio que desde há alguns anos a esta parte tem sido dado à Associação Shito-Ryu de Moçambique. As relações entre a União ShitoRyu Portugal e a Associação Shito-Ryu de Moçambique têm sido consolidadas através do seu responsável, o mestre Luís Sousa, que frequentemente se tem deslocado a Loulé com o objectivo de receber ensinamentos e apoio, no sentido de Moçambique ser aceite na federação mundial da modalidade. Nesta deslocação foi organizado um Estágio Internacional que se realizou em Maputo e que contará também com a presença do consagrado mestre japonês Shoko Sato. Por: Samantha Mendes Gabinete de R. P. da União ShitoRyu Portugal 24 21º Estágio Internacional de Karate Wado-Ryu da Wado International Karate-do Federation, em Espanha “Em representação da AWIKP – Associação Wado Internacional Karate-do Portugal estiveram presentes 14 atletas” Entre os dias 16 e 20 de Agosto decorreu o 21º Estágio Internacional de Karate Wado-Ryu da Wado International Karate-do Federation, em Espanha, cuja orientação técnica esteve a cargo do reconhecido mestre japonês, Sensei Tatsuo Suzuki, 8º Dan Hanshi e do representante espanhol Wim Massee, 6º Dan, que tem mantido com assinalável êxito a realização deste evento. Em representação da AWIKP – Associação Wado Internacional Karate-do Portugal estiveram presentes 14 elementos, em conjunto com praticantes de Espanha, França, Inglaterra, Itália, Holanda, Suécia, Noruega, Alemanha, Grécia, Perú, Venezuela e Japão. O estágio garantiu o desenvolvimento e a sistematização de acções motoras ofensivas/defensivas individuais e de um contra um, tendo em vista o próximo campeonato da Europa da especialidade que se realizará no mesmo local, em Outubro. Não podemos deixar de salientar a especial presença dos Campeões do Mundo e da Europa da FMK – Federação Mundial de Karate e da FEK – Federação Europeia de Karate, Lino Gómez e Óscar Vasques, que nos maravilharam num espectáculo técnico-táctico notável concebendo métodos e exercícios de treino sensacionais. No final do evento realizou-se um Torneio Internacional, no qual os Portugueses estiveram em bom plano, conquistando vários lugares do pódio, Elisabete Silva sagrou-se campeã sénior em Kata, Fernando Ferreira foi campeão sénior em kumite Open, enquanto André Gonçalves arrecadou o título de campeão de cadetes em kumite; Joana Rodrigues e José Garcia conquistaram o segundo e terceiro lugares, respectivamente em kumite. Por outro lado, nos próximos dias 1, 2 e 3 de Outubro realiza-se o Campeonato da Europa de Karate Wado-Ryu da WIKF, em Espanha, onde participarão cerca de 30 elementos em representação de Portugal. A operacionalidade em competições oficiais de defesa, a arma branca (Tanto-Dori) será um dos momentos mais interessantes e espectaculares do referido evento. Por: AWIKP O Sensei Tatsuo Suzuki com o grupo de atletas da AWIKP. O Sensei Tatsuo Suzuki com um grupo de Instrutores. 25 O Treino Real... por: José Augusto Por que é tão importante praticar técnicas e tácticas que já tenham sido experimentadas numa luta real? Uma razão óbvia é a certeza de que o nosso treino será efectivo num confronto. Mas quantas vezes é que a maioria das pessoas tem que utilizar os seus conhecimentos para se defender? Com um pouco de sorte, nenhuma. Então, porque empregamos tanto tempo e tanta energia em praticar de uma maneira real, quando seria muito mais fácil simplesmente brincar com as técnicas? Porque as lições que aprendemos através do treino real ajudam-nos a conhecer-nos a nós próprios e ensinam-nos a agir de maneira efectiva em cada dia da nossa vida. Há muita gente que aprende a filosofia da vida através da prática das Artes Marciais. O que acontece então se alguém adoptar a filosofia de um método de prática que não funciona numa situação real? Se essa filosofia não dá bons resultados em combate, a pessoa que a seguir também não obterá bons resultados no seu dia a dia. Gostaria de compartilhar contigo, amável praticante das artes do Budo, algumas ideias que aprendi através do duro treino e que constituíram um verdadeiro impacto na minha vida. A primeira é manter uma atitude mental positiva, especialmente quando estamos a passar por momentos muito difíceis. Quando tudo corre bem é fácil estar alegre, mas todos sabemos que a vida nem sempre é um mar de rosas. Há muitos anos atrás, o meu método de treino de Artes Marciais consistia apenas em praticar as técnicas com um parceiro em frente, o qual realmente nunca me oferecia resistência. A maior parte do treino consistia em repetir detalhadamente técnicas e combinações, e a prática do combate era muito ligeira, pelo que nem sequer na luta sentíamos muita oposição. Quando comecei a participar em competições percebi que as coisas eram muito diferentes. Com o tempo mudei a maneira de treinar. Fiz-me amigo de alguns campeões de Free-Fighting e com eles comecei a praticar duramente. Dia após dia, acabava em posições muito comprometidas e tinha pouco êxito com a minha maneira de lutar. 26 Nestas circunstâncias resultava difícil ser positivo. Conforme fui progredindo no treino, percebi que podia manter uma atitude positiva, inclusivamente estando nas piores posições, e buscar oportunidades que me permitissem colocar em posições mais vantajosas. O mesmo acontece na vida. Poderão acontecer-nos coisas más, mas através do treino poderemos desenvolver a suficiente força para manter uma mente positiva e encontrar a oportunidade de sair do mau momento, em vez de nos rendermos às circunstâncias desfavoráveis. Outro ponto importante é a persistência. Através de um duro treino aprendemos que nunca devemos desistir. Inclusivamente quando parece que não há esperança, enquanto continuarmos a tentar, sempre existirá uma possibilidade de saída. Quando estás no chão e o teu adversário está sobre ti dando-te socos, podes abandonar. Isto é fácil de fazer mas, como todos sabemos, a saída fácil raramente é a mais beneficiosa. Depois de um prolongado e adequado treino, saberás que podes ter acesso a uma posição na qual os socos não sejam tão fortes. Então ser-te-á possível tratar de sair dessa posição, de maneira a poder iniciar a tua própria ofensiva. Se simplesmente atirares a toalha, nunca aprenderás a situar-te numa posição mais vantajosa. É igual ao que se passa na vida. Claro está que continuarão a chegar dificuldades, mas se praticares as tuas Artes Marciais de uma maneira correcta, saberás como continuar a tentar, como aprender da experiência e nunca, nunca te renderás. Lembra-te que és o único que pode dizer “rendo-me”. Com um treino apropriado, jamais te renderás, por muito adversas que sejam as circunstâncias. São muitas as lições da vida que podemos aprender por meio de um treino duro e real, e cujo efeito na qualidade da nossa vida e no nosso carácter é prodigioso. Sentir-te-ás muito bem contigo próprio quando souberes que podes fazer frente a uma situação difícil sem te renderes. O treino real dar-te-á a necessária confiança para ganhar numa luta e a segurança contigo próprio que te levará a ser um triunfador em cada dia da tua vida. Sensei José Augusto, é Doutorado em Artes Marciais pela Black Belts University e Licenciado pela The Japan Karate Association, sendo 5º Dan de Karate Shotokan, 3º Dan de Aikido, 2º Dan de Judo e 1º Dan de Hapkido A ARBITRAGEM por: Fernando David por: Fernando David Porque é que arbitrar é complicado? O acto de arbitrar traduz-se numa avaliação técnica de um desempenho. Assim, antes de mais, para se ser um bom árbitro é necessário um estudo profundo das regras e do funcionamento delas. Que não se pense que, hoje em dia, basta ler as regras de arbitragem em vigor e pronto, já somos árbitros. Infelizmente não é assim. A competição do Karate nos nossos dias, é tão heterogénea, e produz situações tão díspares que, para se ser um bom árbitro é necessário, não só, conhecer bem as regras de arbitragem, mas também, apercebermo-nos do processo de raciocínio que elas encerram, e depois, a experiência. O treino e mais treino... O árbitro que não se encontre nas melhores condições psicológicas para arbitrar, não o deve fazer. No entanto, a pressão da escassez de meios é tão grande, que esta condição, a meu ver preciosa, é relegada para segundo plano. Mas este assunto já foi tratado em artigos anteriores. Vamos desta vez por outros caminhos.... E depois, já em plena actividade, o que temos? A pressão dos seus colegas, do Conselho de Arbitragem que espera que todos façam o seu melhor, a pressão das associações e clubes em competição, dos treinadores, e por vezes dos próprios atletas em competição. Para além disso, espera-se que o árbitro, desempenhe o seu papel, e bem, sem olhar a meios. Ou seja, condições para estar, condições para descansar (???), condições monetárias, etc. Os árbitros são pagos, é verdade. E no momento presente, salvo algumas excepções, a tempo e horas. E pode até pensar-se do seguinte modo; os árbitros são pagos e nem que seja por cinco tostões têm que fazer o seu trabalho e bem. Permitam-me discordar. Neste momento, os árbitros em actividade, não estão lá porque lhes pagam. Estão lá, porque têm um altíssimo sentido de responsabilidade. A actividade de arbitragem na competição de Karate não tem qualquer incentivo. E o problema não é só dinheiro, a meu ver é também carreira. Se queremos que estas pessoas, que têm qualidade, se mantenham em actividade, é necessário fazer um esforço para arranjar maneira de os incentivar, e incentivar os vindouros. Senão..... Senão, o que acontece é que acabam por abandonar a actividade, como já aconteceuA organização de provas de Karate a tantos. não é simples. É uma organização complexa, que tem muitos quês e porquês. A arbitragem, na minha opinião, deveria participar de forma consultiva na organização de provas. É evidente que, se a organização for boa, teremos uma boa prova, Mas, não se torna menos evidente que, se tivermos uma boa arbitragem, teremos igualmente uma boa prova. A contrario, não é de certo com uma má arbitragem que teremos uma boa prova, mesmo que a organização tenha sido excelente. O caderno de encargos das provas de karate, está a tornar-se cada vez mais pesado, o que é absolutamente natural. Cada vez que se organiza uma prova,quem a organiza pretende fazer melhor do que foi feito na prova anterior. E estamos a falar de provas regionais. Quanto falamos de prova nacional é um pouco mais complicado. A meu ver, o nível organizativo das provas nacionais, deve aproximarsecada vez mais das provas europeias, Não de um momento para o outro, mas a passos pequenos e seguros. É aqui que se torna complicado jogar com a arbitragem. Por um lado, temos o custo da prova em si, e por outro lado temos o custo da arbitragem que, no seu global leva uma boa fatia do orçamento. Assim, na minha opinião, seria necessário incluir o custo da arbitragem no custo global da prova, fazendo parte do caderno de encargos. De forma faseada, não de uma prova para a outra. Teríamos então o incentivo monetário adequado assegurado. Por tudo isto e muito mais, arbitrar é complicado. Fernando David 4º Dan Presidente do Conselho de Arbitragem da FNKP, Árbitro B de Kumite da EKF 27 Estágio Internacional de Karate Shito-Ryu do Algarve com: Kyoshi Hidetoshi Nakahashi 8º Dan Decorreu no fim-de-semana (3 e 4 de Julho de 2004) mais um (VI) Estágio Internacional de Karate Shito-Ryu do Algarve, em Quarteira. O evento foi organizado pela AAMA – Associação de Artes Marciais do Algarve, a qual tem a sua sede no complexo das piscinas municipais em Loulé. Contou entre outros, com a participação de clubes e/ou associações de Lisboa, Porto, Lagos, Quarteira, Loulé, Almancil, Faro, Albufeira, Montenegro, S. Brás do Alportel e Andaluzia, num total de mais de150 praticantes. A direcção Técnica 28 do Estagio foi da responsabilidade do Kyoshi Hidetoshi Nakahashi 8º Dan Shito-Ryu, e responsável técnico para a Europa do estilo, tendo sido coadjuvado pelo Sensei José Bonixe 4º Dan Shito-Ryu e director técnico da AAMA. O evento decorreu dentro do horário previsto tendo o Mestre H. Nakahashi denotado a sua satisfação pelo desenvolvimento técnico demonstrado durante o estágio pelos participantes do mesmo. Procedeu-se na Sexta-Feira (2-7-2004) antes do Inicio do Evento a Exames de Graduação para Cintos negros na graduação de 3º Dan (1), 2º Dan (5) e 1º Dan (9), num total de 16 examinados, estando os mesmos de parabéns pela graduação obtida durante o decorrer do exame e do evento. De referir que o Kyoshi H. Nakahashi desloca-se todos os anos duas vezes a Portugal (Lisboa em Março/Abril e Algarve em Julho), no intuito de acompanhar os praticantes do estilo Shito-Ryu que seguem directamente a linha e os ensinamentos do Soke Kenei Mabuni 10º Dan Shito-Ryu e filho do fundador do estilo, Kenwa Mabuni. Por: Oswaldo Fernandez estava mais presente na Europa era efectivamente o Sensei Kase, logo a seguir fixou-se o Sensei Enoeda. Isto passa-se cerca de dez anos antes de eu me ter iniciado. Foram eles que, nessas viagens que fizeram, e que, com as suas influências sociais e o seu poder económico, regressaram com uma série de certificados e diplomas. Com muitas dificuldades pois eles tinham já alguma idade e não tinham hábitos desportivos. Provavelmente tinham-se reiniciado naquelas práticas já aos quarenta e tal anos, no entanto foram sempre muito honestos no que pretendiam fazer. Abriram a Academia de Budo e começaram a receber algumas pessoas. As primeiras que receberam foram o Mário Rebola o Raul Cerveira, o Mário Águas e o Gueifão. Eram estes que davam as aulas. As minhas primeiras aulas de karate foram dadas pelo Mário Rebola, o meu primeiro professor de Judo foi o Raul Cerveira, o meu professor de culturismo foi o Fragoso Fernandes e o professor de Aikido era o mestre Georges Stobbaerts. Começam entretanto a chegar outras pessoas, entre elas está o Arqº José Manuel Custódio, e é com a sua chegada que a academia começa a levar uma volta. Ele tinha uma visão mais aberta do karate. Eu tinha na altura 20 anos e era a pessoa mais nova. KP – Havia restrições para entrar na Academia? Entrevista Sensei Vilaça Pinto 6º Dan Nesta sexta edição da revista karate Portugal decidimos entrevistar um homem ligado ao início do karate nacional, e que ainda hoje se encontra em actividade. Vilaça Pinto iniciou a sua prática do karate na Academia de Budo de Lisboa em 1966 com 20 anos de idade e pertence às primeiras gerações de karatecas em Portugal, e é considerado um dos melhores Mestres do Karate Nacional. Karate Portugal – Sabemos que está ligado ao início do aparecimento do karate em Portugal, e gostávamos que contasse, sobretudo a pensar nas novas gerações, como se deu esse processo. No fundo, gostávamos de dar a conhecer às classes etárias mais jovens um pouco do passado que eles desconhecem quase na totalidade. Sensei Vilaça Pinto - Eu sou realmente um dos primeiros que ainda hoje estou em actividade e que de certa maneira influenciou o karate em Portugal, mas antes de nós havia o Sr. Correia Pereira e o Dr. Pires Martins, que tinham a Academia de Budo em Lisboa. Como eles eram adeptos das artes marciais decidiram fazer uma série de viagens à Europa para visitar alguns mestres aí radicados como o Sensei Kase e outros. Na altura, quem VP – Pediam algumas coisas como certificado de registo criminal que ia para a PIDE, mas não havia restrições de ordem social, nem havia controlos clínicos. Eu vinha da Guiné e não tive restrições de qualquer espécie. Um certo dia entra lá um senhor sulafricano, o John Clark, que era o terror… Quando ele entrou, eu por acaso estava lá, e perguntou se havia karate. Naquela altura eu já era 1º Kyu, dava as aulas de judo e algumas de karate para principiantes. Pergunta quem era o instrutor e eu respondi que era eu. Ele tinha para aí mais meio metro do que eu. Perguntou se podia treinar ao que respondi 29 afirmativamente. Eu dei então o treino. Ele foi aparecendo a mais alguns treinos. O Rebola também dava os treinos. Até que um dia no balneário ele nos diz, sem ser arrogante, que nós estávamos um bocadinho longe da linha do karate. Ele era 1º Dan do Stan Schmidt da África do Sul. Mostrou-nos a caderneta da JKA e ficamos todos muito impressionados. Nós então pedimos-lhe para dar os treinos. Começou a dar os treinos e cada vez ficávamos mais espantados com as coisas que ele fazia. Ele não era muito perfeito tecnicamente mas para o que nós fazíamos… Foi aí que nós aprendemos o que era Kihon. Foi ele que nos ensinou e nós acabamos por nos render à evidência. Entretanto ele era um bocado duro, e nós não tínhamos tido nenhuma iniciação no karate. Houve ali uma cisão pois alguns diziam que ali é que estava a verdade do Karate mas outros diziam que não. Esta cisão foi produzida e liderada pelo Arqº Custódio, e fez com que passado pouco tempo aquele grupo se dividisse. Desta divisão nasce o Centro Português de Karate da Parede, a Academia de Budo permanece com o Raul Cerveira e com o Rebola que se ligam ao mestre Murakami. Os que saíram para o Centro Português de Karate da Parede acabam por estabelecer contactos com o mestre Enoeda e ficamos ligados à JKA por seu intermédio. No entanto aquelas pessoas pertenciam quase todas à sociedade da linha do Estoril. E havia alguns como o Carlos Pereira, que apesar de pertencer a uma sociedade mais privilegiada, achavam que o Karate devia estar nas massas. Começa a convencer-nos a voltar para Lisboa para abrir um Dojo, e acabamos por o fazer na casa da Mocidade Portuguesa. É quando aparece o Ramos, o Peté e outros, e cria-se então o Centro de Karate da Mocidade Portuguesa. Foi então que nasceu aquela rivalidade entre o que foi durante muitos anos a ASKP e o CPK. O CPK teve uma grande preponderância na linha enquanto que a plebe praticava na casa da Mocidade. Mas nós tinhas centenas de praticantes, quase não cabíamos no ginásio, isto em 1969. É em 69 que Portugal vai pela primeira vez com o John Clark a Cristal Palace. Entretanto o ministério da educação cria a comissão directiva de artes 30 marciais (CDAM), com o comandante Fiadeiro, que era um homem muito voluntarioso. Estes dois grupos constituem-se em associações de Shotokan, e o comandante Fiadeiro começa a tentar juntar as duas associações numa federação só para efeitos de representação nacional. A partir daí sucederam uma série de acontecimentos, que é do conhecimento geral, os quais deram origem aquilo que é o Karate Nacional neste momento. KP – Qual a sua opinião sobre a existência de novas Associações lideradas por mestres conceituados? A VP – Com a morte do Sensei Funakoshi, que não tinha estilo nenhum, desenvolveram-se uma série de estilos que tinham a ver com as características físicas e com os gostos pessoais de cada um dos seus discípulos. Essa é que é a grande divisão. A forma como cada um dos estilos conta a sua história está um bocadinho enfatizada pelas suas tendências, e não nos merece tanto crédito em termos de análise histórica como deveria merecer. Nós sabemos que é muito difícil falar disso com isenção. O Sensei Egami e os seus discípulos ainda hoje dizem que fazia Shotokan e, no entanto, sendo ele o líder da Shotokai, já que nos diversos países se acabou por se identificar como Shotokai mais pela mão do Sensei Murakami do que por ele próprio, continua a dizer que é Shotokan, não fazendo nem o Shotokan que o Sensei Nakayama fazia, nem o Shotokai que o Sensei Murakami fazia. O Sensei Murakami é novo no meio disto tudo. Sendo o homem que introduziu o karate em Portugal é muito recente neste percurso histórico. Em relação ao Sensei Egami, acredito que ele tomou essa posição para ter credibilidade perante os sus discípulos. No fundo já vimos isso muitas vezes. É que deste modo podemos dizer que somos genuinamente descendentes de uma determinada linha. Isso foi o que fizeram os Sensei’s Egami, Mabuni, Yamaguchi, Otsuka, e mais recentemente os Sensei’s Kanazawa, Kase e Enoeda, que terão estado poucas vezes com o Sensei Funakoshi, apesar de terem começado a praticar com ele. Os alunos do Funakoshi pertencem a uma outra geração à qual pertenceu por exemplo o Sensei Nakayama. Os Sensei’s Kase e Nishiyama estão mais próximo dessa geração. Digamos que foram os que apareceram imediatamente a seguir ao Sensei Nakayama. Mas no entanto todos eles eram “órfãos”, e todos eles criaram organizações que por sua vez deram origem a uma série de “órfãos”. Essa tem sido a grande perdição do karate. KP – Como foi a sua experiência no Japão? VP – Eu estive no Japão várias vezes e as análises que faço dos meus períodos lá são diversas. Vou começar por contar a minha primeira ida. Eu fui para o Japão porque perguntei ao Sensei Kanazawa quando me reprovou no exame de 1º Dan porque é que o tinha feito. Ele disse que tinha um Karate muito primitivo, precisava de um bom instrutor. Ao perguntar onde estavam os bons instrutores respondeu que se encontravam no Japão e perguntei então se podia ir para lá. Ele disse então que nos podia receber e orientar. Três meses depois, eu mais o Peté e o Afonso estávamos de partida para o Japão. O Peté e o Afonso iam lá por uns tempos mas eu ia para ficar. Entretanto, na verdade, nós andávamos um pouco confusos entre o Japão e o Tibete. Decidimos ir para o Japão mas a pensar que se calhar o Tibete era melhor. A vontade de aprender as verdadeiras artes marciais era tanta que nós lá nos decidimos a ir. Fomos de automóvel, pela Sibéria, carregados de medicamentos. Enfim, foi uma verdadeira aventura em busca de um ideal, hoje em dia não passa pela cabeça de ninguém fazer uma viagem daquelas de automóvel. Deixamos tudo. O Afonso e o Peté estavam no segundo ano da faculdade, eu deixei o meu emprego. Quando comecei a dizer queia para o Japão apareceram logo muitos mais a dizer que também iam. Mas acabamos por ir só os três. Eles os dois não queriam ficar para sempre ao contrário de mim. Entretanto, durante a viagem tivemos um acidente, e em Bruxelas fomos ter com o Sensei Myasaki que já tinha estado em Portugal para ver se nos podia ajudar. Falamos-lhe do nosso objectivo mas perguntámos se não deveríamos ir antes para o Tibete. Ele lá nos disse que nós não tínhamos quaisquer conhecimentos do que se passava no oriente. Como ele veio para o ocidente tinha obviamente um outro conhecimento da realidade. Nós líamos as revistas e os livros e acreditávamos em tudo, mas a realidade era bem diferente. O Tibete era um país demasiado pobre, havia muita fome e miséria. A história das artes marciais e dos templos não eram reais. Acabamos então por nos decidir pelo Japão. Trabalhamos em Bruxelas pois tínhamos ficado sem automóvel e precisávamos de conseguir dinheiro para a viagem de avião. Quando chegámos a Tóquio fomos ter à JKA. Fomos recebidos pelo Takami que era o secretário da JKA. Mostrámos o cartão que o Sensei Kanazawa nos tinha dado e dissemos que vínhamos de Portugal. O Takami levou-nos a um Coffe-shop. Tóquio na altura era uma cidade desenvolvida à semelhança de Nova Iorque e com um custo de vida ainda mais elevado. Nós estávamos sem dinheiro e, claro, cheios de fome da viagem. O Takami achou aquilo um pouco estranho e lá nos alertou que o Japão era ainda mais caro do que Nova Iorque. Pergunta logo a seguir em que hotel estávamos. Nós não estávamos em nenhum hotel e dissemos que o Sensei Kanazawa nos daria sítio onde dormir. O Takami começou a estranhar a situação. Estávamos ali, vindos de Portugal, sem dinheiro e sem alojamento. O seu comportamento daí para a frente foi completamente diferente. Ele pagou e dirigiu-se para a secretaria sem nos dirigir palavra e nós lá o seguimos. Entretanto fomos levados ao dojo do Sensei Nakayama em Ebishu. O prédio onde ficava o dojo pertencia ao Sensei Nakayama. O dojo ficava na cave, no rés-do-chão havia uns quartos, no quinto andar vivia o Sensei Nakayama, no sexto vivia o Sensei Kanazawa e o sétimo, que também pertencia ao Sensei Nakayama estava desabitado. O Sensei Nakayama pertencia a um estrato social elevado. Era filho de boas famílias, professor universitário. Tinha passado doze anos na China a estudar filosofia oriental, era portanto um homem culto. Quando chegamos ao dojo do Sensei Nakayama este foi informado da nossa presença e recebeu-nos de uma forma totalmente diferente. Até aqui tínhamos sido tratados com algum desprezo e o Sensei Nakayama foi muito atencioso connosco. Estava muito admirado e nós não fazíamos outra coisa senão dizer Oss, Oss. Quando ele começava a falar nós já estávamos a dizer Oss. Para nós era inimaginável estar perante aquele mestre e algum dia falar com ele, e no entanto, ele estava ali à nossa frente. Foi de uma abertura extraordinária, ficámos cada um no seu quartinho no rés-do-chão. Iam lá ao dojo muitos instrutores uns para treinar outros para dar as aulas porque o Sensei Nakayama não dava lá aulas com regularidade. No entanto, ele e o Sensei Kanazawa começaram a ir aos treinos das sete da manhã e durante algum tempo tivemos os dois mestres a dar estas aulas. Nós não sabíamos para onde nos virar. Chegamos a combinar os três, por exemplo, que eu fixava a primeira meia hora, o Peté fixava a segunda e o Afonso a terceira, para depois no quarto anotarmos os esquemas todos. Isto demonstra o estado primitivo em que nos encontrávamos. Em vez de encararmos o treino no seu sentido global em que aquilo que se faz é apenas pormenor, estávamos agarrados ao esquema o treino. Entretanto começamos a ter uma boa relação com os outros instrutores que eram pessoas bastante simples. Ocidentais de “olhos redondos” eram invulgares e começamos a sair com eles. Íamos muitas vezes almoçar com eles mas começou a tornar-se muito aborrecido pois eles bebiam demasiado sake, sendo inevitáveis as bebedeiras. Arranjamos lá o nosso primeiro emprego como barman numa cadeia de bares, os Tokio Santuri, e trabalhávamos desde as 5 da tarde até às 11 da noite, mas acabamos por mudar de emprego. O Afonso foi o primeiro a sair e passou a vender na rua anéis, pulseiras e coisas afins que fazia, e passado algum tempo estávamos os três na rua a vender já que dava mais dinheiro e era um trabalho mais interessante. O nosso tempo era então repartido pelos treinos da manhã às sete horas, às dez e meia tínhamos a JKA, e às nove da noite tínhamos o Sensei Kanazawa. Nos intervalos podíamos então dedicarmo-nos à nossa actividade. Começamos a faltar a alguns treinos, pois se íamos a uns treinos já não íamos a outros e começamos a ficar um pouco mal vistos. Eles queriam que fossemos a todos os treinos, todos os dias, mas era impossível de aguentar para nós. Entretanto nós éramos quase exibidos como uma coisa rara no Japão pois não era comum encontrar lá ocidentais. Saíamos com eles já que isso lhes dava algum estatuto. Destas saídas resultava uma chegada tardia ao alojamento para descansar e para podermos fazer o nosso artesanato que iríamos vender. Muitas das vezes, no meio deste convívio, chegávamos ao dojo pela noite fora mas os outros instrutores decidiam ir treinar, e depois do treino ainda íamos para a sauna. Estas situações, que eram engraçadas no início, tornaram-se aborrecidas e começamos a criar alguns conflitos. A verdade é que levávamos muita “porrada”, pois se havia alguns que gostavam de nós e saíam connosco, havia outros que tinham ciúmes e nos treinos vingavam-se. Nós começamos então a chegar mais tarde aos treinos. As aulas eram muito duras. Chegávamos ao treino e no aquecimento já estávamos a levar porrada. Depois fazíamos o Kihon, mas isto significava fazer, por exemplo, 200 tsukis, 100 mae-gueri’s, 400 mawashigueri’s, ect. Depois fazíamos Kumite, sempre a rodar, e só no fim se fazia um kata ou dois. No fim do treino ficávamos com o pressentimento de que tínhamos escapado mais uma vez. Era realmente muito duro. Quando agora vocês me perguntam o que é que eu penso do Japão naquela altura, eu penso que não me mataram porque não calhou. No meu exame para 3º Dan fiquei inconsciente durante duas horas com um mawashigeri que levei na cabeça do Omura. O Omura, que tinha feito dois anos antes exame comigo na JKA para 2º Dan e tinha-me um ódio mortal, pois tive a infelicidade de o derrubar com ashi-barai e, quando ele se levantou, ainda lhe dei mae-gueri. Isso foi para ele uma desonra muito grande, pois soou a humilhação. Provavelmente a sua vontade seria ter feito o arakiri. Entretanto vim a Portugal, abrandei um pouco, mas ele continuou a treinar. Passados dois anos quando o encontro de novo no meu exame para 3º Dan, o seu ritmo era completamente diferente do meu. Eu fiquei então inconsciente, encostaram-me à parede, passado um bocado foram-me buscar pois não tinha feito a saudação, continuava no entanto adormecido, tornaram-me a encostar à parede e só acordei duas horas depois. Podia ter morrido, como aconteceu a outros. Sei de um caso de um indivíduo que ao entrar para a faculdade escolheu como opção desportiva a prática do karate. No Japão, pelo menos naquele tempo, praticava-se uma modalidade desportiva em qualquer curso superior. Passado uns tempos ele chegou à conclusão que queria abandonar o karate. Não lhe permitem a saída, mas como o seu pai era um homem influente, conseguiu junto do reitor autorização para a desistência e alteração da modalidade desportiva. O instrutor era o Tsujiama. Ele era um indivíduo tenebroso, era temido por todos. Prestavam-lhe homenagem não sei se por ser muito bom Karateca ou se por terem demasiado medo dele. A verdade é que quando recebe a carta com a 31 autorização para o jovem desistir, ele concorda mas diz que ele deveria fazer um treino de despedida. Nesse último treino ele foi agredido até à morte. Não me lembro no entanto de ver qualquer manifestação em relação ao sucedido por parte da família. É uma sociedade muito diferente da nossa. Quando eu me vim embora foi de certo modo um alívio, e quando lá voltei ficaram admiradíssimos. Certamente pensaram que tinha voltado para matar alguém, quando na realidade só tinha voltado para tentar perceber melhor tudo o que se tinha passado comigo na minha primeira estada lá. Mas se da primeira vez as coisas foram más, da segunda foram ainda piores. Que análise posso agora fazer? Eu abandonei uma vida abastada que tinha pelo ideal das artes marciais. Quando cheguei lá e vi como era, tive uma desilusão muito grande. Eu tive que digerir esta desilusão durante muitos anos até a conseguir perceber fora do efeito daquilo que sofri. Eu hoje vejo tudo isto de uma forma completamente diferente, não pela negativa mas antes pela positiva. Porque no fundo, o que existe é um choque de culturas demasiado grande, ao qual eu não me soube adaptar, e um desconhecimento também da cultura 32 deles. Se eu tivesse um melhor conhecimento da sua cultura, certamente teria tirado maior proveito dos treinos e do tempo em que lá estive. Continuo com a convicção de que as artes marciais são para os Japoneses, que em termos de artes marciais temos muito a aprender com eles, enquanto que na perspectiva do karate para o corpo, para a saúde e equilíbrio emocional eles não têm para nos dar. O que eles têm para nos oferecer é um karate mais virado para o espírito guerreiro e para a coragem. É aqui que nasce uma outra divisão do karate. O karate desportivo e o karate tradicional. Não digo marcial porque o verdadeiro karate marcial acabou no século XV. Em relação aos mestres Japoneses que vêm para o ocidente, uns apresentam o tipo de conhecimentos que os ocidentais querem, de modo a cativá-los a entrarem na sociedade de karate ocidental, outros agem como se fossem donos da verdade e não têm esse tipo de preocupação, obtendo deste modo um menor êxito. Mas no fundo eles são todos iguais. Os Japoneses são um povo impersonificado, isto é, são um povo em que a pessoa individualmente não tem valor nenhum, só tem valor enquanto membro de uma família. O Japonês não reivindica os seus direitos pessoais, é o grupo que vale para ele. O seu objectivo é servir esse grupo. Ele individualmente sabe que vale zero. Por isso eu digo que é um povo em que individualmente não têm personalidade. Hoje em dia eu acho que eles são a ligação à genuinidade das artes marciais e ao karate verdadeiro. Claro que cada um de nós tem de ser capaz de aproveitar apenas o que interessa e que acha razoável, enquanto instrutor, para depois transmitir aos seus alunos. Quer sigamos o caminho do karate desportivo quer da linha tradicional, o importante é dignificar a modalidade com tolerância e nisso devemos ver o que eles têm para nos mostrar. O Japão nas competições desportivas a nível internacional não ganha quase nada. É quase tudo ganho pelos ocidentais, talvez com a excepção das provas femininas de kata. No entanto isso para eles não é importante, pois eles não vão mudar a sua forma de fazer karate e de treinar só para ganharem nas competições. Eles continuam com a sua forma de fazer karate. Nós vemos atletas ocidentais com prestações muito artísticas, técnicas rápidas e bem metidas, enquanto que vemos os Japoneses a levar uma técnica como se nada fosse e a continuar o combate apesar de ter parado. O combate para eles não termina ali, em teoria, o combate para eles só acaba quando um morre. Enquanto que nós desenvolvemos as capacidades físicas e técnicas, eles não se preocupam com a qualidade e com as capacidades físicas do ponto de vista científico ou desportivo. Ali quem está é o samurai. A competição é secundária. Não vale a pena dizer que um karate é melhor do que o outro. Devemos sim optar por um ou por outro tipo de karate. Claro que também não vale a pena dizer que fazemos karate marcial. Este desapareceu há 300 ou 400 anos. O karate como arte marcial é uma ilusão. No século XXI, este conceito não faz sentido devido à existência de armas de fogo por exemplo. Os verdadeiros guerreiros foram os guerreiros que manejavam a espada, a lança, os shurikens, e uma série de outras armas. Mas estes homens morriam prematuramente, porque ou morriam nos treinos ou morriam nas guerras, e se não morriam nas guerras é porque as tinham ganho, pois se perdessem faziam arakiri pela sua honra. Eram estes os conceitos de guerreiro e de artes marciais. Mais tarde aparecem os samurais que eram uma espécie de guarda especial do Shogun. Claro que tudo isto acabou. Nós podemos hoje tentar tirar benefício desse espírito de combatividade, mas não vale a pena ter ilusões pois o karate marcial, assim como qualquer outra arte marcial, acabou. Nós podemos é ter um entendimento da prática do ponto de vista físico e intelectual e mental, fazer uma certa conjugação desses valores de maneira a tirarmos proveito disso e a fazermos com que tenhamos uma melhor qualidade de vida. Mas atenção pois se os primeiros guerreiros no Japão morriam por volta dos trinta anos, os karatecas de hoje morrem mais cedo para o karate. Quantos alunos já deixaram o karate? Esta é uma reflexão que devemos fazer. Eu estou mais próximo dos japoneses hoje do que o estava quando de lá vim. Eu fiquei muito amigo do Sensei Abe que é o nosso instrutor cá para Portugal e no entanto quando lá estive ele só me agredia. Mas é um homem muito tradicional e com quem vale a pena falar para percebermos o que se passa dentro daquelas cabeças. Há muitas coisas que no treino nós entenderíamos melhor se os percebêssemos melhor a eles. É essa experiência que falta à maior parte dos jovens para que o karate deixe de ser um conjunto de gestos técnicos. Porque um combate tem uma forte componente psicológica. Os japoneses de facto não têm medo pois não têm personalidade, no sentido em que expliquei anteriormente. Só que não há pior inimigo do que aquele que não tem medo de morrer. São culturas muito diferentes e nós temos muita dificuldade em percebê-los só que assim estamos cada vez mais longe as origens. KP – Falando agora da situação nacional… Já nos explicou que durante um certo período abandonou o karate. A que se deve esse abandono. VP – Foi devido à Federação e à minha associação, a ASKP. Eu fiz um esforço muito grande para estar sempre ao lado do Peté. Quando o Peté veio do Japão disse-lhe para se juntar a nós. Trabalhamos os dois só que ele trazia uma desvantagem muito grande pois ele trazia consigo uma mulher, que tinha demasiada influência sobre ele e que queria mandar nele e em mim. Tivemos por isso alguns conflitos. Decidi portanto, ao fim de alguns anos, sair para que não passasse os conflitos para outras pessoas, evitando assim uma divisão. Mas houve um conjunto de factores que me fez abandonar, como a vontade e o gosto que tive de voltar às origens e um conflito com o Raul Cerveira. Eu não abandonei verdadeiramente o Karate pois continuava a treinar com o meu irmão. O meu regresso associativo deu-se quando algumas pessoas, nomeadamente o Adélio, me contactaram para que eu desse uns treinos, para ensinar o que tanto nos custou a aprender. Mas claro que para os praticantes de agora aprenderem o que nós aprendemos no Japão, teriam que passar pelo que nós passamos. E foi assim que comecei a dar treinos e estágios também a outras associações. Depois, claro que todos conversávamos sobre o futuro e decidimos formar outra associação que englobasse os vários Dojos em que estava envolvido. Foi assim que se formou a Hoitsugan Karate-Do de Portugal, e se deu o meu regresso às lides associativas, ainda que numa perspectiva e numa dimensão completamente diferentes da do passado. KP – Qual é a sua opinião sobre o estado do Karate nacional em termos desportivos? VP – Sinceramente não estou muito por dentro. Mas acho que o karate desportivo deve estar como estão a saúde, o ensino, a política, e como está tudo em Portugal. Deve sofrer da mesma falta de estruturação e de organização. Penso que os Portugueses em relação aos outros povos não são inferiores. Não têm é meios para fazerem melhor. Acho que Portugal tem tido alguns bons resultados nas provas internacionais mas se calhar podia ter tido melhores. A pequena dimensão do nosso país no confronto com países muito melhor organizados do que nós faz com que sejamos prejudicados por exemplo nas decisões das arbitragens por que se calhar nós não temos o peso na arbitragem internacional que os outros países têm. Se calhar a nossa federação nacional não tem no panorama internacional o mesmo peso e a mesma força que têm as outras federações e isso reflecte-se nos resultados desportivos. O Karate enquanto deporto não é diferente do futebol na sua afirmação como desporto. Se perguntássemos ao presidente da federação de karate se ele gostava de ter as mesmas verbas que tem o futebol ele dizia que sim. É tudo uma questão de meios financeiros que podem depois gerar os meios técnicos e os resultados desportivos. As pessoas que estão hoje à frente do karate desportivo já não transmitem o karate na sua totalidade talvez por falta de conhecimento, tirando os mais antigos como o José Ramos que tem um conhecimento do karate tanto tradicional como desportivo numa perspectiva mais científica. O que é um facto é que no futuro, quem vai tomar conta do karate são as novas gerações, com mais ou menos conhecimentos científicos, mas que se lhes perguntarmos quem é o Funakoshi eles não sabem. Está a perder-se a origem da modalidade já que se fixa exclusivamente na área do desporto. Basta ver que hoje em dia num dojo os praticantes mais velhos têm cerca de vinte anos e pouco saberá de karate, enquanto que quando eu comecei, era o mais novo e tinha vinte anos. É uma pena. Eu pessoalmente não conheço nenhum desporto ou actividade física com as características do karate. O karate tem três disciplinas em que assenta como um todo: o Kihon, o Kata e o kumite, ou seja, o Kihon, a forma e a competição. Todos os outros desportos se fazem na pura competição. No entanto hoje em dia, na vertente desportiva, cada vez mais oscompetidores que fazem kata não fazem kumite e vice-versa. Isso é uma perda para eles. O que está por detrás disto é a formação do praticante na 33 perspectiva do karate poder ser muito equilibrada, porque geralmente o praticante que gosta dekata tem medo de kumite, e o que gosta de kumite não tem paciência para fazer kata. O praticante ideal seria aquele que era capaz de fazer as duas coisas e de te êxito nas duas. Era sem dúvida mais completo. Eu costumo dizer que o kata nos condiciona a 100%, pois nós é que temos de nos moldar ao kata. O ritmo, a direcção, o kime, as técnicas, a respiração etc., têm que ser os definidos no kata, em oposição ao kumite que é a espontaneidade, criatividade e autonomia totais. A conjugação destas duas facetas seria, no ponto de vista da formação quer seja dos adultos, quer das crianças, muito mais positiva. A competição na perspectiva exclusivamente desportiva rouba a oportunidade deste “casamento” entre estas duas vertentes. Mas não vale a pena lutar contra isto pois não passam de opções e temos que respeitar quem segue o caminho desportivo e o caminho tradicional. Não vale a pena denegrir nenhuma das facetas, temos é que preservá-las para que se possam dar mais oportunidades às pessoas. No entanto vejo que a vertente desportiva acolhe mais adeptos pois tem outras aliciantes. As pessoas vivem muito dos estímulos exteriores. KP – Esquecemo-nos de perguntar no início mas vem muito a propósito no seguimento da nossa conversa o porque da sua vinda para o karate. Houve algum desporto ou actividade física antes do Karate? VP – Houve sim. Posso dizer que houve todas as actividades de um espírito rebelde. Aliás, eu era conhecido aqui na minha terra por Lúcifer. Eu fui uma criança muito reguila. Com 16 anos fui como voluntário para força aérea, e quando acabei a recruta, a PIDE chamou-me pois queriam saber porque é que tinha escolhido a Guiné. Como havia menos guerra em Angola ou Moçambique desconfiaram. Eu queria era guerra, aventura. Fui este espírito que me fez enveredar por acaso pelo karate. Um dia ia a passar pelas ruas passei pela Academia de Budo, curioso perguntei o que era aquilo e se me poderia inscrever. Foi totalmente ao acaso, poderia ter escolhido outra coisa qualquer, mas inscrevi-me no karate sem saber muito bem o que era. A minha opção mais tarde em relação 34 ao Shotokan e ao Shotokai acabou por ser feita mais pelas pessoas que seguiram as linhas do que pelo estilo. No fundo o estilo acaba por ser apenas um meio ou uma via que nós percorremos na esperança de encontrar algo de bom e útil para nós. É assim que devemos encarar o karate, independentemente do estilo. KP – Houve alguém que o tenha influenciado ou marcado como praticante, como professor, ou como mestre? VP – Bem, sei que não devemos rejeitar a responsabilidade correndo o risco de desapontar os mais jovens, mas para mim, a apalavra mestre, que em certos contextos do dia a dia tem um significado pouco relevante, quando ligada às artes marciais adquire um significado que eu recuso aceitar que me entendam como tal porque não conheço nenhum mestre com a minha idade, nem me reconheço a mim nesse papel. De todos os homens que eu conheci no Japão aquele a quem eu chamo mestre foi o Sensei Nakayama. Pela sua educação, pela sua ponderação, pela sua capacidade de compreender as pessoas. Pelo bem que me fez apesar do reguila que eu lá fui. Como instrutor o Sensei Kanazawa foi um grande instrutor na perspectiva do corpo e na perspectiva da exibição das suas grandes capacidades. Enquanto que o Sensei Nakayama nos punha a fazer um kata no fim da aula e depois de a observar como um todo nos indicava um pormenorzito que eu nem sabia que existia, o Sensei Kanazawa corrigia defeitos técnicos. Para o Sensei Nakayama o movimento tinha que ser natural, enquanto que para o Sensei Kanazawa interessava o ritmo, a forma, a estética, sendo no entanto um óptimo instrutor do ponto de vista biomecânico. Havia depois outros atletas, autênticas feras, que davam “porrada” a toda a gente. Eles eram fantásticos a combater, o seu controlo era muito relativo e no entanto eles nunca pestanejavam, nem quando levavam com uma técnica. Saíam dum combate com dignidade, sem ficarem zangados com o outro, encaravam o combate com muita seriedade. No meio de todos eles sobressaía o que nunca ficava magoado. O Oishi, foi o homem com o timing mais aperfeiçoado que eu já vi. Ele conseguia entrar e sair sem ser atingido. Impressionou-me também pela força e pelo poder o Kawada. Eu sempre fui muito forte fisicamente, aliás lá no Japão gozavam comigo, diziam que era muito forte porque tinha levado porrada e não tinha morrido. A verdade é que eu aguentava porque sempre trabalhei muito bem a capacidade física nomeadamente ao nível dos abdominais. Mas do Kawada, eu levava um tsuki e não aguentava com ele. As suas técnicas tinham um poder como eu não conhecia em mais ninguém. KP – Sem se restringir apenas ao aspecto técnico, há alguma personalidade do Karate mundial que gostaria de destacar pela contribuição que prestou ao Karate? VP – Bem, eu penso que não. Apareceram, cada um em seu tempo, tantas individualidades, que ao fim ao cabo são tão poucas, mas que realmente marcaram a evolução do Karate, dentro daquilo que se encontra e onde estamos. Acho que não devo destacar ninguém. Houve muitos instrutores de grande valia, cada um importante na sua fase, no seu tempo, que contribuíram imenso para esta modalidade, que não seria justo da minha parte destacar alguém. KP – Como é que gostaria de ver o nosso Karate nacional? VP – Gostaria de ver o nosso Karate de uma maneira transparente e de igual para igual para todos. Gostaria que todos tivessem o mesmo acento numa federação e que todos fossem aceites. É preciso mais carinho para os praticantes e para os atletas. É preciso recordar que são eles os nossos embaixadores e que sofrem imenso lá fora, muitas vezes sofrem pressões em vez de serem mais acarinhados e mais acompanhados. São eles que poderão trazer os bons ou os maus ou os grandes resultados de que Portugal precisa. KP – Sem se restringir apenas ao aspecto técnico, há alguma personalidade do Karate mundial que gostaria de destacar pela contribuição que prestou ao Karate? VP – Bem, eu penso que não. Apareceram, cada um em seu tempo, tantas individualidades, que ao fim ao cabo são tão poucas, mas que realmente marcaram a evolução do Karate, dentro daquilo que se encontra e onde estamos. Acho que não devo destacar ninguém. Houve muitos instrutores de grande valia, cada um importante na sua fase, no seu tempo, que contribuíram imenso para esta modalidade, que não seria justo da minha parte destacar alguém. KP – Como é que gostaria de ver o nosso Karate nacional? VP – Gostaria de ver o nosso Karate de uma maneira transparente e de igual para igual para todos. Gostaria que todos tivessem o mesmo acento numa federação e que todos fossem aceites. É preciso mais carinho para os praticantes e para os atletas. É preciso recordar que são eles os nossos embaixadores e que sofrem imenso lá fora, muitas vezes sofrem pressões em vez de serem mais acarinhados e mais acompanhados. São eles que poderão trazer os bons ou os maus ou os grandes resultados de que Portugal precisa. KP – Gostaria de dar algum concelho final aos nossos jovens que ache importante?VP – Agradeço desde já este vosso convite para falar da minha experiência no Karate, mas é evidente que gostaria, numa outra oportunidade se possível, de falar profundamente sobre a parte técnica que é muito importante, quer em termos de formação, quer em termos de arbitragem, quer em termos de graduações. É muito importante que nós demos esse contributo a todos aqueles que estão a reestruturar esta modalidade, de modo a valorizar e favorecer a todos aqueles que a praticam. É que há muita coisa má e que não devia neste momento existir. Há muito descontentamento. É muito importante que a nova geração agarre o Karate com “unhas e dentes” pois são eles o futuro da modalidade. Mas é essencial que agarrem depressa porque eles é que têm que ser os pilares daqui para a frente para o desenvolvimento e contributo desta modalidade. E aqueles que tentam dificultar o andamento desta modalidade devem perceber que todos nós temos o nosso tempo e que não seremos eternos. Mas agora é bom que, para a nova geração, com a nossa ajuda e o nosso acompanhamento, se abra um leque para todos de igual para igual e que se leve esta modalidade com outro sentido, com outra orientação, com outro objectivo para que apareçam os tais resultados que a própria tutela e os próprios governos fiquem satisfeitos e comecem a apoiar mais a modalidade. Se continuamos com divergências e outras coisas, se continuamos a ostracisar algumas pessoas não vamos evoluir pois nós somos muito poucos. Para valorizarmos e darmos o nosso contributo a esta modalidade precisamos todos uns dos outros. Gostaria também de dizer às pessoas que se mantenham no karate na perspectiva de melhorarem o seu próprio karate e o seu ensino de karate. Esta força foram os antigos Japoneses que me deram. O não deixar que a idade nos limite. Nunca deixando de ter em conta a idade, e adequando o treino à idade, devemos manter essa ideia de continuar a treinar. Uma das descobertas mais interessante que eu fiz foi o treino individual. Este é de acto o verdadeiro treino. Estamos em confronto connosco próprios, estamos a falar connosco, estamos a falar com alguém que não podemos enganar. Depois é uma questão de se programar o treino que fazemos. Acabamos por aprender sozinhos o que nunca aprendemos com os mestres ou em grupo e acho que não é preciso chegar a velho para aprendermos disso. 35 MOTIVAÇÃO E ABANDONO DA PRÁTICA DESPORTIVA Estudo realizado por: Luís Miguel Catita Maurício da Costa O que os jovens têm para nos dizer e o que os treinadores podem fazer? E EM PORTUGAL SERÁ QUE É DIFERENTE?... A identificação das razões subjacentes à Participação e ao Abandono da prática desportiva, não obstante a pouca investigação produzida até à data relativamente ao Abandono, têm registado um crescente interesse tanto a nível internacional, como a nível nacional, não só no seio da comunidade científica ligada à Psicologia do Desporto, como também no seio da comunidade desportiva em geral. Não admira assim que, segundo Fonseca (2000), perguntas como; “Porque são alguns atletas mais persistentes na prática desportiva do que outros?”, “Porque deixam alguns atletas de praticar desporto?”, “Porque seleccionam os atletas determinadas modalidades para praticarem em detrimento de outras?”, “Porque razão alguns atletas praticam desporto com uma intensidade diferente da dos seus colegas?” etc. continuem a ser habitualmente formuladas pelos diversos agentes intervenientes no processo desportivo, sem que estes compreendam de uma forma objectiva e fundamentada a natureza do fenómeno. Todavia, não obstante a investigação procurar responder de uma forma mais profunda a estas perguntas, debruçando-se sobre aspectos tão importantes como as auto-percepções que o atleta tem de si próprio (ex. sentir-se ou não com competência para fazer bem um determinado exercício) e sobre os objectivos que persegue na sua prática (ex. prazer retirado no treino por procurar melhorar dia a dia a sua própria aprendizagem ou prazer sentido por vencer ou ser melhor que os outros), os fundamentos da vontade em praticar desporto e das razões subjacentes ao abandono, são-nos REVELADOS PELOS PRÓPRIOS JOVENS. Cruz e col. (Cruz, 1996; Cruz, Costa, Rodrigues & Ribeiro, 1988; Cruz & Costa, 1997) nas várias investigações realizadas com jovens praticantes (Andebol e Basquetebol), registaram como motivos o; divertimento; desenvolvimento de capacidades; a promoção da saúde e da forma física; o gosto pelo espírito de grupo e pela forma física e a amizade. Também Fonseca e col. (1993, 1995) e Serpa (1992) concluíram que os principais motivos valorizados pelos jovens na sua prática desportiva, estavam relacionados: com a aprendizagem de novas competências e a forma física, para além dos aspectos afiliativos conducentes à realização colectiva e ao divertimento. Razões para a Prática Desportiva Uma das primeiras investigações que levaram à identificação das razões que motivavam os jovens para a prática desportiva, foi conduzida por Alderman & Wood (1976) com uma amostra de jovens praticantes de Hóquei no Gelo. Os resultados obtidos foram no sentido da importância atribuída a aspectos como a Afiliação (estar com amigos e fazer novos amigos), o Desempenho (fazer qualquer coisa bem feita) e a Activação (excitação proporcionada pela modalidade). Num outro estudo, com as mesmascaracterísticas do anterior, os jovensatletas para além dos motivos apontados salientaram ainda o facto de procurarem: Divertir-se, Estar em forma e ter experiências de sucesso (Gould,Feltz,Horn, & Weiss, 1982). À semelhança da América do Norte, também em Itália os dados obtidos através de 2.598 atletas, por Buonomano, Cei & Mussino (1995) parecem convergir no mesmo sentido (divertimento, procura de ser saudável, os amigos e desenvolvimento de competências relacionadas com a modalidade) podendo-se assim considerar que as razões apontadas são o elo mais forte para a permanência dos jovens na prática da sua modalidade. 36 SERÁ QUE OS JOVENS DO KARATE PENSAM O MESMO QUE OS DAS OUTRAS MODALIDADES?... Num estudo realizado por Mota, Silva, Pinto & Fonseca (1995) acerca dos motivos que conduziam as pessoas à prática do KarateDo, os motivos que se evidenciaram como os mais importantes para a generalidade dos praticantes foram os relacionados com: o bem estar físico e/ou psicológico – “manter a forma física”, “preparação física”, “bem estar psicológico” e “compensação do stress profissional”; o prazer elicitado pela prática do Karate-Do – “gosto da arte”, “gosto da técnica” e “gosto do karate” e a afiliação – “convívio manutenção” ou “aquisição de novas amizades”. Contrariamente, os motivos relacionados com a defesa pessoal e a competição, foram considerados como os menos importantes (Mota, 1995). Analisando os resultados, de uma forma geral, os motivos indicados pelos Karatecas para praticarem a sua modalidade foram ao encontro dosresultados obtidos com outras modalidades. Segundo Mota e col. (1995), os motivos relacionados com o “prazer elicitado pela prática do karate” tem correspondência noutras investigações com o divertimento, bem como a afiliação e o bem estar físico/psicológico, que parece também ser um dos motivos bem como dos aspectos resultantes, da prática desportiva (Fonseca & Fontainhas, 1993; Serpa, 1992). PARECE ENTÃO HAVER UM PADRÃO COMUM NOS MOTIVOS QUE LEVAM JOVENS DE DIVERSOS LOCAIS DO MUNDO A PRATICAR DESPORTO MAS ENTÃO!? Se os jovens enunciam tantos aspectos positivos na sua prática desportiva, vendo nela um lugar de excelência para muitas das suas realizações pessoais, PORQUE DECIDEM ABANDONAR A MODALIDADE NA QUAL SE HAVIAM ENVOLVIDO COM TANTO ENTUSIASMO??? Razões para o Abandono Desportivo Procurando explicar o fenómeno do Abandono desportivo da prática da Natação, por parte de jovens com idades compreendidas entre os 10 e os 18 anos, Gould, Feltz, Horn & Weiss, (1982) obtiveram como respostas as seguintes justificações: tinham outras coisas para fazer, não se divertiam, queriam praticar outro Desporto, pensavam que não eram tão bons quanto desejariam, não gostavam do treinador, a pressão envolvente, o aborrecimento, e o treino era muito difícil. Estes dados parecem assim convergir com os obtidos por Feltz & Petlichkoff (1983) e com os de Fry, Clements & Sefton (1981) que para além dos indicados, apontaram ainda a incompatibilidade com outras actividades e problemas de organização (horários pouco adequados) como causas de Abandono desportivo. TERÃO OS JOVENS PORTUGUESES DIFERENTES MOTIVOS PARA ABANDONAR? Quanto à realidade nacional, Cruz e col. (Cruz Costa & Viana, 1996; Cruz & Costa, 1997) concluíram que aqueles que tinham posto termo ao seu envolvimento competitivo, justificaram como: terem outras coisas para fazer, motivos profissionais, falta de tempo para a prática desportiva, problemas de relacionamento com os treinadores e dirigentes, percepção de falta de competência e capacidade física para o desempenho, e o facto de jogarem pouco tempo. PARECE ASSIM!?... Que à semelhança da Participação, também as razões que estão na base do Abandono Desportivo, não se circunscrevem a uma só, mas sim a um somatório destas (ex. falta de divertimento, treino muito difícil, problemas com o treinador, ter outras coisas que fazer, falta de tempo etc.). Desta forma, a tomada de decisão por parte do jovem em continuar envolvido ou em Abandonar a sua prática desportiva, parece assentar numa análise de custos/benefícios sobre a sua modalidade. Ou seja se os benefícios (ex. divertimento, as amizades, sentimentos de sucesso etc.) forem para um determinado indivíduo superior aos custos (falta de divertimento, treinos monótonos, problemas com o treinador, avaliações negativas feitas por terceiros, baixa percepção de competência etc.) ele vai manter-se em actividade. Se os custos forem elevados comparativamente às recompensas, provavelmente o sujeito irá Abandonar, podendo este contudo, não ocorrer imediatamente se não existirem outras alternativas disponíveis (desportivas ou extradesportivas) no momento. Contudo, não sendo o treinador enunciado pelos jovens como o principal causador do seu Abandono Desportivo, mas sim o facto de “terem outras coisa que fazer”, a “falta de divertimento” e a sua “mudança de interesses”; algumas das razões apontadas pelos jovens não deixam contudo de suscitar a nossa curiosidade e merecer a nossa reflexão! Ou seja, PORQUE... ...não se diverte o jovem com a sua prática? ...quer o jovem praticar outro desporto? ...acha o jovem o treino muito difícil? ...tem o jovem dificuldades de relacionamento com o treinador? ...não se percepciona o jovem comocompetente na prática da sua modalidade? ...Etc. Embora estejamos cientes que existam aspectos que escapam ao controlo do treinador (ex. quando o jovem abandona devido às más notas escolares porque os pais assim o obrigam), não poderá o treinador arranjar solução para as razões acima referidas? ESPECULEMOS... O jovem não se diverte com a sua prática porque esta é muito monótona (treinos e exercícios muito repetitivos)!? - O jovem quer praticar outro desporto porque: não se diverte devido ao que foi dito anteriormente ou porque tem problemas de relacionamento com os colegas e/ou treinador e/ou dirigentes!? O jovem acha o treino muito difícil porque os objectivos estão desajustados ao seu nível de aprendizagem (à sua maturidade física e intelectual)!? - O jovem não se percepciona como competente porque aquilo que lhe é exigido está desajustado à sua capacidade de aprendizagem e por isso treinador e/ou colegas passam o tempo a avaliar a sua prestação negativamente, sem realçar o que de positivo ele faz!? Etc. ENTÃO, COMO PODERÃO GERIR OS TREINADORES O PROCESSO DE TREINO DE FORMA A EVITAR UM MAIOR NÚMERO DE ABANDONOS DA SUA MODALIDADE? Um dos factores senão mesmo o mais importante diz respeito ao estilo de liderança exercido pelo treinador, nomeadamente quanto à sua interacção com os atletas, que se apresenta como um factor determinante na forma em como as experiências desportivas são encaradas por estes, que lhe “confiam” o seu processo de desenvolvimento com vista à realização dos seus objectivos pessoais. Posto isto, se por um lado existe um conjunto de variáveis sobre as quais o treinador está limitado na sua intervenção (ex. natureza biológica), outras existem que poderão ser manipuladas com o objectivo de elevar os níveis de motivação para aparticipação, conduzindo desta forma o jovem atleta a um maior envolvimento e satisfação pessoal na sua actividade desportiva. Dentro desta linha, uma das variáveis mais importantes é o COMPORTAMENTO DO PRÓPRIO TREINADOR. Referindo-se à argumentação de muitos jovens Robertson (1998), refere que foram atitudes como a de gritarem com os atletas, as críticas pelos erros cometidos, que induziam nos jovens a percepção de que o desporto “não é uma coisa alegre e agradável”. Também outros estudos conduzidos por Weiss & Chaumeton (1992) referiram, quando o estilo adoptado pelo treinador era predominantemente crítico, este era interiorizado pelos atletas como informação acerca do seu valor pessoal. Levando a uma perca de motivação para a aprendizagem e para a própria actividade desportiva. Sobre este aspecto, Smith, Smoll et col. (Smith, Smoll & Hunt, 1977; Smoll, Smith & Curtis, 1978) e Barnett, Smoll & Smith, (1992) revelaram que os treinadores que se envolviam mais em comportamentos de Encorajamento e Instrução Técnica Contigente ao Erro por Weiss & Chaumeton (1992) referiram, quando o estilo adoptado pelo treinador era predominantemente crítico, este era interiorizado pelos atletas como informação acerca do seu valor pessoal. Levando a uma perca de motivação para a aprendizagem e para a própria actividade desportiva. Sobre este aspecto, Smith, Smoll et col. (Smith, Smoll & Hunt, 1977; Smoll, Smith & Curtis, 1978) e Barnett, Smoll & Smith, (1992) revelaram que os treinadores que se envolviam mais em comportamentos de Encorajamento e Instrução Técnica Contigente ao Erro (ensinavam ou demonstravam como corrigir, incentivando o atleta a tentar novamente), Encorajamento Geral (encorajamento dado espontaneamente e não após um erro ou insucesso), Comunicação Geral (interacções com os atletas não relacionadas com a modalidade, ex. brincar sobre outros assuntos) Reforço Positivo (reacção recompensadora dada verbal ou não verbalmente, ex. Bom! ou fazer um sinal de concordância com a cabeça) e menos em comportamentos de Punição (reacção negativa verbal ou não verbal, após um erro ou insucesso. Ex. Quantas vezes já te disse...), e Ignorar os Erros (ausência de resposta face a um erro ou insucesso do atleta – o atleta apercebe-se de que fez mal e que o treinador viu, mas este ignora-o), tinham atletas com uma elevada auto-estima e atracção para a prática da modalidade. Ainda no estudo realizado por Barnett, Smoll & Smith, (1992) os resultados evidenciaram que 95% dos jovens pertencentes a treinadores que se envolveram em comportamentos de Reforço Positivo, Encorajamento e Instrução Técnica Contingente ao Erro voltaram a praticar a modalidade com o mesmo treinador na época seguinte, enquanto que aqueles cujos treinadores adoptaram mais comportamentos de Punição, só 74% voltaram à actividade na época seguinte. Semelhantes conclusões foram retiradas por Cruz (1997), em Espanha, no decorrer de várias investigações que fez com jovens atletas de diferentes modalidades.Deste modo, recorrendo aos trabalhos de Smith & Smoll (1980) e Weiss (1991), Cujas investigações e workshops com treinadores duram à mais de 25 anos, Weinberg & Gould, (1995) propõem algumas linhas orientadoras para o treino de jovens, de forma a aumentar o seu gosto pela prática desportiva e consequentemente a sua filiação, por oposição ao Abandono da mesma: 37 a) Focalizar o encorajamento através do que os jovens fazem bem, e não sobre os erros que cometem. No entanto, quando os jovens erram, uma das técnicas mais utilizadas com um elevado índice de sucesso na correcção de erros, não diminuindo a auto-estima e a própria motivação, designa-se por Técnica da Sandwich. Assim: Em 1º lugar, (fatia de cima) – deve ser mencionado algo que o jovem tenha feito de positivo, reduzindo assim a frustração pelo erro cometido (ex. o deslocamento foi bom...) Em 2º lugar, (no meio) - o feedback correctivo (ex. ...mas na próxima vez tens que armar melhor a perna…) Em 3º lugar, (fatia de baixo) - encorajar positivamente a repetição da técnica já corrigida (ex. vamos lá, quero ver sair esse grande maegeri...). b) Recompensar as pequenas coisas, como forma de atingir objectivos maiores – por vezes se estamos à espera que os jovens atletas consigam execuções perfeitas, provavelmente passaremos semanas ou meses sem que lhes indiquemos algo de positivo que tenham feito. Devemos recompensar sempre que possível as aproximações ao gesto pretendido numa fase inicial de aprendizagem como forma de incentivo. Quando o gesto/técnica estiver correctamente assimilado (a), deveremos recompensar somente as melhores execuções. c) Recompensar mais o esforço do que o resultado – o verdadeiro sucesso é aquele que é obtido através do esforço pela consecução do objectivo. Há que reconhecer o esforço que o jovem põe na procura do objectivo mesmo que este não seja atingido, visto que o empenho (mais empenho ou menos empenho) é algo que depende do próprio, que o atleta pode controlar (mais empenho ou menos empenho) e o treinador pode exigir. d) Honestidade – dizer ao jovem atleta que ele fez um bom trabalho quando o próprio sabe que não o fez, dá-lhe a entender que o treinador só está a tentar que ele se sinta melhor. A falta de honestidade reduz a credibilidade do treinador. Há que reconhecer um mau desempenho de uma forma não específica (ex. braço à volta dos ombros), encorajando ao mesmo tempo a tentar de novo a acção, após esta ter sido corrigida. e) Desenvolver expectativas realistas de acordo com a idade e capacidade – “um jovem não é um adulto em miniatura”, por vezes o padrão pelo qual os jovens são avaliados acerca do seu desempenho, corresponde ao padrão pelo qual osadultos são avaliados. Há que compreender este facto, e que em muitas das vezes ao nível dos escalões de formação a idade cronológica (ex. 12 anos de idade) não segue a par com a idade biológica (nível de maturidade física, psicológica, social etc.), pelo que o treinador deverá ir ao encontro daquilo que são as capacidades dos jovens, respeitando os seu nível da maturação e os seus próprios 38 objectivos pessoais, em vez dos objectivos do próprio treinador (que em muitas das vezes não são coincidentes com os dos jovens). f) Manter os treinos estimulantes: f’) Planear tarefas com muita actividade e variedade de situações de aprendizagem, de forma a aumentar a vontade em participar. A capacidade de atenção/ concentração em jovens de tenra idade (sensivelmente até aos 12 anos) é muito instável, pelo que tarefas de elevada duração e que obriguem a muitas repetições dentro do mesmo padrão de movimento (ex. a mesma técnica), para além de serem pouco divertidas, vêm-se reduzida a sua eficácia em termos de aprendizagem/ aperfeiçoamento, visto o jovens terem uma capacidade de atenção concentração reduzidas (Ex. quando o jovem olha para o lado durante a execução e/ou conversa com o parceiro e/ou “parece que faz só por fazer” com receio de uma reprimenda). HÁ QUE INSERIR VARIEDADE DE EXERCÍCIOS NA SESSÃO DE TREINO. .f’’) Usar progressões adequadas, - há que compreender que, qualquer técnica ou acção necessita que sejam planeadas Progressões para a Aprendizagem (ex. pequenas acções que contribuem para a realização do gesto pretendido) de forma a facilitar o próprio processo de aquisição técnica e a permitir que os jovens tenham experiências de sucesso, ao sentirem que tem capacidade para aprender. Por vezes os jovens não conseguem assimilar logo a habilidade técnica na sua totalidade, advindo sentimentos de frustração, falta de competência , e falta de motivação para repetirem novamente a acção. Ao serem construídos os pequenos passos que conduzem à execução pretendida, proporciona-se ao atleta o sucesso em cada momento aumentando-se a sua motivação, auto-estima e percepção de competência. um almoço na pizzaria, um churrasco no clube ou um almoço de comida chinesa no próprio Dojo, trajados com o Kimono... Podendo parecer pouco, em nossa opinião a importância e o controlo de todos estes aspectos assume um papel crucial no processo de desenvolvimento do jovem atleta. Se pensarmos que os pais dos nossos atletas saem cedo para o trabalho e que voltam para casa ao fim da tarde (hora em que os filhos se encontram a treinar) e que provavelmente só têm disponibilidade para conviver com os filhos entre a hora do jantar e a hora de deitar (aprox. 3h) depressa concluiremos que o treinador passa quase o mesmo tempo com os jovens do que os seus próprios pais. A sua influência poderá ser tanto mais significativa, consoante seja o período de desenvolvimento pelo qual o jovem esteja a passar, nomeadamente no decorrer da adolescência na qual existe uma tendência para haver um afastamento dos progenitores na procura de novas amizades e de novos padrões de comportamento com os quais se identifiquem. São em momentos tão importantes quanto estes, que os comportamentos dos treinadores podem modular as atitudes dos jovens, promovendo a sua aproximação ou o seu afastamento da modalidade. Neste sentido, se a criança ou o jovem procuram a prática desportiva como forma de preencher as suas necessidades, sejam estas de estimulação ou excitação proporcionadas pela prática da modalidade ou de convívio com os seus pares, a função de todos os profissionais que a conduzem é a de procurar que a mesma contribua para o desenvolvimento global do jovem atleta (físico, psíquico e social), tornando o envolvimento desportivo em momentos Alegres e Agradáveis. Neste contexto O TREINADOR É UMA PARTE INDISPENSÁVEL. g) Ser divertido – não é só o processo de planeamento do treino (ex. variedade de práticas) que contribui para que cada aula seja divertida. A empatia na relação treinador atleta, nasce no entusiasmo que o treinador põe em cada sessão e que contagia o próprio jovem, tal como as brincadeiras e piadas espontâneas que aumentam a cumplicidade e os prendem a essa mesma prática. h) Afiliação - “estar com os amigos” e “fazer novos amigos” são dois dos motivos mais importantes enunciados pelos jovens, que os mantém na prática desportiva da sua modalidade. Por vezes incorporar períodos de tempo antes e mesmo durante (ex. intervalo para beber água) a prática que lhes permitam trocar algumas palavras, apresenta-se como algo extremamente importante na consecução deste objectivo. Outra estratégia poderá ser o patrocinar eventos sociais fora da prática, como seja Luís Miguel Catita Maurício da Costa Licenciado em Desporto e Educação Física pelo FMH-UTL, Mestre em Psicologia do Desporto, Doutorando em Ciências do Desporto, Formador da Federação Portuguesa de Lutas Amadoras e da Associação de Karate do Distrito de Setúbal, 2º Dan de Judo.