Copa do Mundo da FIFA 2014 BRASIL UM ANFITRIÃO

Transcrição

Copa do Mundo da FIFA 2014 BRASIL UM ANFITRIÃO
NÚMERO 39, 18 DE JULHO DE 2014
EDIÇÃO EM PORTUGUÉS
Fédération Internationale de Football Association – Desde 1904
BRASIL
UM ANFITRIÃO
GRANDIOSO
SEPP BLATTER
A ALEMANHA ESTABELECE
UM NOVO PADRÃO
GÉRARD HOULLIER
ASSIM FUNCIONA O
FUTEBOL HOJE EM DIA
Copa do Mundo da FIFA 2014
Foi sensacional
W W W.FIFA.COM/ THEWEEKLY
ÍNDICE
6
América do Norte e
América Central
35 membros
www.concacaf.com
Um grande cinema
Com um gol dos sonhos aos oito minutos do
segundo tempo da prorrogação, a Alemanha
deu um fim cheio de glamour à Copa do Mundo
da FIFA Brasil 2014. Vamos analisar o torneio
em detalhes e procurar os motivos do sucesso
ou fracasso de algumas seleções.
Os nossos cinco autores observam também
o que o futuro reserva.
17
EUA: Vibração com o futebol
Nunca antes uma Copa do Mundo havia
despertado tanto interesse nos EUA quanto
a de 2014. Agora a Major League Soccer
está esperando por um impulso extra.
Mas é necessário ter paciância.
19
Sepp Blatter
“A Alemanha é uma campeã mundial digna”,
afirmou o presidente da FIFA na sua coluna.
“Mas ao mesmo tempo houve 15 mil partici­
pantes da Copa do Mundo que mereceram
uma medalha de ouro: os voluntários.”
37
E xpulsão com consequências
positivas
Em 1972, o astro do futebol africano Abdel
Moneim Hussein foi expulso da faculdade.
E esse cartão vermelho impulsionou a sua
carreira.
América do Sul
10 membros
www.conmebol.com
9
Argentina
Bom futebol, mau
aproveitamento de
chances: por que a
equipe do superastro
Messi não conquistou
o seu terceiro título
mundial.
24
Brasil
Apesar de todos os
temores, o Brasil provou
ser um anfitrião perfeito.
Esta foi a Copa do
Mundo da alegria.
Foi fantástico
Mario Götze, quem mais, está na nossa
reportagem de capa desta semana. A
foto foi tirada cerca de meia hora depois
do seu gol na final da Copa do Mundo.
Laurence Griffiths / Getty Images)
Copa do Mundo Feminina Sub-20
da FIFA
5 a 24 de agosto de 2014,
Canadá
2
T H E F I FA W E E K LY
Jogos Olímpicos
da Juventude
14 a 27 de agosto de 2014,
Nanquim
Getty Images (3)
Aplicativo da FIFA Weekly
A revista FIFA Weekly está disponível en
cinco idiomas a cada sexta-feira em uma
versão eletrônica bastante intuitiva.
A SEMANA DO FUTEBOL MUNDIAL
Europa
54 membros
www.uefa.com
África
54 membros
www.cafonline.com
Ásia
46 membros
www.the-afc.com
Oceania
11 membros
www.oceaniafootball.com
30
Muita qualidade
O ex-treinador do Liverpool
analisou a Copa do Mundo
com meticulosidade
científica: “A intensidade foi
fenomenal.”
18
imago (1)
Para a eternidade
A conquista da Alemanha
tem uma longa história que
se iniciou há dez anos.
Copa do Mundo de Clubes
da FIFA
10 a 20 de dezembro de 2014,
Marrocos
Copa do Mundo Sub-20
da FIFA
30 de maio a 20 de junho de 2015,
Nova Zelândia
Copa do Mundo Feminina
da FIFA
6 de junho a 5 de julho de 2015,
Canadá
T H E F I FA W E E K LY
3
PANOR AM A
Por toda a vida
D
epois de muitas emoções, eles estão na piscina agora e talvez
passem despercebidos com seus óculos escuros e chapéus de
sol. À tarde, eles curtem o pôr do sol com uma bebida, de vez
em quando são interrompidos por um caçador de autógrafos.
Não poderia haver uma tarefa mais agradável nestes dias para
um jogador da seleção alemã. Agora eles assinam como campe­
ões mundiais — e o farão por toda a vida. Poucos jogadores têm
essa honra. Cruyff e Beckham, por exemplo, não compartilham
dela. Sven Goldmann fala sobre a conquista do título da Alema­
nha e explica por que Joachim Löw deve se permitir algum tem­
po até anunciar os seus planos para o futuro. Além disso, quatro
jornalistas avaliam a eliminação de grandes e pequenos no mun­
do da bola e falam quais seleções deverão causar sensação nos
próximos anos.
O
P
ara Sepp Blatter, o triunfo da Alemanha foi uma consequên­
cia lógica. Na sua coluna, o presidente da FIFA fala sobre o
contínuo trabalho estrutural da equipe de Löw e envia, após
a conclusão do torneio, um agradecimento especial aos 15 mil
voluntários: “Todos eles mereceram o ouro da Copa do Mundo
com o seu fantástico trabalho.”
P
ara completar a nossa edição de Copa do Mundo, conver­
samos depois da final com o francês Gérard Houllier. O extécnico do Liverpool analisou as partidas de modo científico.
“Foi sensacional que não tenha havido nenhuma seleção de nível
muito inferior. Espero que no futuro a qualidade técnica e o
talento permaneçam em primeiro plano.” Å
Alan Schweingruber
Instagram (2), Twitter (1)
Brasil se mostrou um fantástico anfitrião do Mundial.
­Perikles Monioudis permaneceu no país até o último dia
para absorver a atmosfera no local. A sua conclusão: a 20ª
edição do torneio foi a Copa do Mundo da alegria. Leia em uma
reportagem de três páginas como o quinto maior país do plane­
ta conseguiu organizar um fantástico torneio apesar de todo o
ceticismo.
Lembranças das férias
Mesut Özil (acima),
Bastian Schweinsteiger
(à direita) e Mario Götze
(com a cantora Rihanna).
T H E F I FA W E E K LY
5
AN ÁLI SE DA C OPA DO MUNDO
Um grande
cinema
6
T H E F I FA W E E K LY
ALEMANHA
Melhor impossível
Liderados por Bastian
Schweinsteiger, os
novos campeões se
apresentam aos seus
torcedores.
Sven Goldmann, Rio de Janeiro
T
Alex Livesey/Getty Images
“The Winner Takes it All.”
O ganhador fica com tudo.
Mas como a Alemanha
­conseguiu se tornar campeã
mundial? Por que a Argentina
fracassou? E como será a
­continuidade do futebol
­brasileiro e italiano? Cinco
autores da Copa do Mundo
em busca de explicações.
odos abraçaram a chanceler. Isso praticamente passou a fazer parte do programa
obrigatório desde a Copa do Mundo da
FIFA 2006, quando Angela Merkel apareceu pela primeira vez no hotel da seleção,
nas arquibancadas e no vestiário. O futebol na
Alemanha sempre teve uma leve conotação política, e o que mais a chanceler alemã teria de
importante para fazer em pleno verão europeu
senão viajar para o Rio de Janeiro e torcer pelo
selecionado germânico? Todo o Maracanã celebrou os jogadores alemães depois da vitória por
1 a 0 na final contra a Argentina. Cerca de dez
mil pessoas viajaram da Alemanha e fizeram
até mais barulho do que os argentinos, embora
fossem minoria. Mas até os portenhos precisaram se curvar diante da Alemanha, que foi uma
campeã mundial mais do que digna.
Os torcedores brasileiros também fizeram
uma festa grandiosa, colorida e bonita. Mas
quem mostrou o verdadeiro futebol arte em
campo foi a Alemanha. A vitória na decisão no
Maracanã foi a última pincelada em uma pintura da qual a equipe do país do futebol havia
sido eliminada quatro dias antes.
Recepção cordial dos brasileiros
O Brasil chorou depois da histórica goleada por
7 a 1 sofrida nas semifinais contra a Alemanha.
Mas as lágrimas secaram rápido. Depois do
jogo, os alemães refrearam um pouco o seu entusiasmo para cair na noite de Belo Horizonte.
Em um ambiente em que havia muitos militares fortemente armados patrulhando as ruas,
os germânicos entraram com orgulho e tranquilidade nos bares da cidade e foram recebidos
com abraços pelos brasileiros, que com as suas
camisas amarelas os cumprimentaram pela
partida. E então foram servidas as primeiras
cervejas e caipirinhas, anunciando o início de
uma longa noite.
T H E F I FA W E E K LY
7
ALEMANHA
Para curtir mais
uma vez O gol
de Mario Götze aos
oito minutos do
segundo tempo da
prorrogação na final.
8
T H E F I FA W E E K LY
Celebrar o futebol em vez de trabalhar
Esta inversão de valores futebolísticos foi um
dos grandes componentes da final. Ao longo do
confronto, a Argentina teve mais chances de
gol, mas a Alemanha jogava um melhor futebol. Com uma equipe sem pontos fracos e sem
nenhum astro que se destacava muito acima
dos demais, a cada partida diferentes craques
mostravam a sua capacidade. Contra Portugal,
Thomas Müller; contra o Brasil, Toni Kroos; na
final, Bastian Schweinsteiger, que viveu a
maior conquista da sua carreira um ano depois
de vencer a final da Liga dos Campeões da
UEFA pelo Bayern de Munique.
Schweinsteiger foi a figura excepcional da
final, com uma média de passes certos de quase
100%. Mas o que ficará mais na memória é
como os alemães decidiram a partida. Não foi
em um golpe de sorte ou em um pênalti, e sim
em uma composição de três toques na bola:
cruzamento na área de André Schürrle, matada
no peito de Mario Götze e uma finalização perfeita para as redes. Götze, que havia entrado no
jogo pouco antes, é mais um dos grandes repre-
sentantes desta geração que não trabalha o futebol,
e sim o celebra. Um equipe que não negligencia os
componentes intelectuais e estratégicos, como há
dois anos na Eurocopa.
Também houve uma época na Alemanha em
que muitos dos torcedores preferiam torcer pelo
adversário. Isso se devia também a questões políticas e a efeitos tardios da Segunda Guerra Mundial. Porém, esta combinação de futebol bonito e
eficiente fascinou torcedores de todo o planeta. E
obviamente também da Alemanha. Da mesma
forma como os jogadores executaram a sua tarefa
no gramado, os alemães também querem agir no
seu dia a dia e querem ser vistos assim pelo resto
do globo.
O antiquado e imponderável de Löw
Acima de tudo está o homem que impôs a mudança de paradigma contra todas as resistências e
apesar de ataques públicos à sua posição. O treinador Joachim Löw mostrou interesse por todas
as opiniões e tomou a liberdade de verificar se
estavam corretas. Löw não hesitou em trocar o
seu esquema tático de 4-3-3 para 4-2-3-1. Não porque outros o convenceram, mas sim porque ele
considerou que era a decisão correta.
Löw tem uma maneira um pouco antiquada de
ser imponderável. Depois da final da Copa do Mundo, muitos acreditavam que ele deixaria o cargo, já
que conseguiu atingir todos os seus objetivos. Mas
o treinador não pensa assim. Obviamente ele seguirá em frente, não por motivos de carreira, mas sim
porque o trabalho foi muito divertido. Porque nada
chegou ao fim, apenas acabou de começar. Pelo mesmo motivo, todos os novos campeões mundiais desejam continuar atuando pela seleção.
E é justamente essa diversão que faz com que a
nova Alemanha seja tão autêntica nos gramados. Å
imago, Jamie McDonald/Getty Images
Obviamente
Löw seguirá
em frente,
não por
­m otivos de
carreira, mas
sim porque
o trabalho
foi muito
­divertido.
O antigo país do futebol encontrou um novo
amor nessas semanas de Copa. E por quem mais
os brasileiros poderiam torcer e soprar suas cornetas, senão pelos novos intérpretes da paixão
e beleza do esporte mais popular do planeta?
Obviamente a seleção alemã não teve um domínio tão completo da partida na decisão quanto
na semifinal. Os argentinos já estavam bem preparados defensivamente para serem surpreendidos. Em certo sentido, eles lembraram até
mesmo as antigas virtudes do futebol germânico, como combatividade e disciplina, embora
também com um alto nível técnico.
ARGENTINA
Andrew Warshaw, Belo Horizonte
M
ilhares de argentinos chegaram ao Rio
de Janeiro para a Copa do Mundo. Para
isso, eles utilizaram todos os meios
que tinham à sua disposição. Muitos
fizeram uma viagem de dois dias de
trailer, já que os voos estavam esgotados havia muito tempo. Copacabana ficou lotada, e a
famosa praia do Rio de Janeiro se transformou
no segundo lar dos portenhos. Eles entoavam
as suas canções — muitas delas direcionadas
de modo provocativo à nação anfitriã — e
prestavam homenagem ao seu gênio. A esperança era que Lionel Messi levasse do país rival para a Argentina o mais importante troféu
do futebol mundial pela primeira vez depois
de 28 anos.
Mas isso não foi possível. Ao término da
final, o semblante de Messi, dos seus companheiros de equipe e do moderado técnico argentino Alejandro Sabella mostravam apenas
abatimento e decepção. E ficava claro nos seus
rostos a ponderação sobre o que poderia ter
acontecido se a equipe tivesse aproveitado pelo
menos uma das poucas mas excelentes oportunidades de gol que teve.
A maior ironia na derrota da Argentina na
decisão da Copa do Mundo contra a Alemanha
foi que a Albiceleste fez justamente na final a
sua melhor partida de todo o torneio. No momento de maior dor depois da partida, Sabella
elogiou a garra dos seus comandados e falou
que o duelo foi equilibrado. Mas qualquer um
que tenha acompanhado a Argentina concordaria que a equipe atuou com certa inibição. Que
ela não teve a crença necessária em si mesma,
que careceu de movimentação e criatividade.
Um exemplo foi a partida contra o Irã. Se
os asiáticos tivessem aproveitado as suas
chances em Belo Horizonte, possivelmente
teriam protagonizado uma das maiores
surpresas da história da Copa do Mundo.
­
O sucesso da equipe ao longo do ­torneio se
deveu principalmente a um ­jogador — Messi.
Ao mesmo tempo, é preciso admitir que
­Sabella fez quase tudo certo. Javier Mascherano provou que ainda tem condições físicas
para ser um dos melhores do mundo no meio
de campo defensivo. Martin Demichelis, que
foi apontado como um dos pontos fracos do
seu clube na última temporada, destacou-se
pela calma e soberania na zaga argentina.
Obviamente, no futebol muitos caminhos
levam a Roma. Ser uma equipe difícil de bater
é um deles. Não restam dúvidas disso. Mas
sem a inspiração e criatividade necessárias em
outros setores a seleção argentina dependeu
demais de Messi para chegar à vitória.
A Argentina conseguiu permanecer invicta até o amargo final do torneio, ainda que isso
tenha se devido mais ao pragmatismo da equipe do que ao seu brilhantismo. Vale lembrar
que Messi, com apenas 27 anos, deverá disputar no mínimo mais uma Copa do Mundo. Sabella, que assumiu o comando da equipe em
2011 e agora provavelmente deixará o cargo,
realizou um louvável trabalho aumentando o
empenho dos seus jogadores e possibilitando
uma maior disciplina tática. Para muitos, ele
será considerado o homem que levou a Argentina a uma final depois de 24 anos. Para outros, ele será apenas o homem que chegou tão
perto, mas ao mesmo tempo tão longe. Para o
azar de Sabella, muitas pessoas costumam se
lembrar apenas dos vencedores. Å
É preciso
­a dmitir que
Sabella
fez quase
tudo certo.
Em algum momento
haverá uma nova
chance O técnico
Alejandro Sabella e o seu
superastro Lionel Messi.
T H E F I FA W E E K LY
9
BRASIL
Seleção, e agora?
Depois da derrota por
3 a 0 contra a Holanda,
é hora de direcionar as
atenções para o
desenvolvimento global
do futebol brasileiro.
A CBF não
terá como
­f ugir de um
minucioso
­e studo das
causas da
atual
­s ituação.
10
T H E F I FA W E E K LY
P
elé, símbolo moral do futebol mundial, tuitava de maneira quase pacificadora já no
momento do sétimo gol da Alemanha: “O
futebol é uma caixinha de surpresas. Ninguém esperava por esse resultado. Seremos
hexa em 2018 na Rússia.” Aparentemente, ninguém se atreve a contrariar o Rei. Nos bastidores,
a opinião é de que o futebol brasileiro foi colocado
em xeque, junto com a sua competitividade. O
problema, dizem as críticas, é a demasiada confiança no talento e em conquistas (passadas), o
que acaba deixando de lado o trabalho de base e
de formação de atletas.
O castigo máximo veio com a partida derradeira. Sonoras vaias e gritos de reprovação ecoavam
pelo Estádio Nacional de Brasília. Nas arquibancadas, a visível decepção dos torcedores, enquanto
no gramado jogadores vestindo a amarelinha praticavam um esporte que de longe lembrava o futebol. Derrotada pela Holanda por 3 a 0 na disputa
pelo terceiro lugar, a seleção brasileira deixou o
campo em silêncio.
Antes, o roteiro previa uma história completamente diferente: o técnico Luiz Felipe Scolari, pentacampeão em 2002 no comando da Seleção, deveria repetir o feito em 2014, levando o Brasil ao
hexacampeonato e, consequentemente, enterrando por fim o trauma com a sofrida derrota na final
do Mundial de 1950, em casa, para o Uruguai.
Após a conquista da Copa das Confederações
em 2013, os brasileiros consideravam de uma inevitabilidade quase divina a conquista do título
mundial em julho deste ano. Com isso, esqueciamse de dois pontos essenciais: a dependência quase
total que assolava o ataque, subordinado à performance de um jovem de 22 anos (Neymar); e os bu-
racos no sistema defensivo, evidenciados desde o
primeiro jogo contra a Croácia. Seleções como Alemanha e Argentina, mas também Holanda e Chile,
mostravam superioridade tática e maior organização de jogo.
Com a saída de Neymar da Copa, devido a uma
fratura na vértebra durante o jogo com a Colômbia,
minguaram as jogadas de habilidade e os dribles
que sustentavam o ataque brasileiro. E, na derrota
por 7 a 1 para a Alemanha, a desgraça enfim se
apoderou da Seleção. Artilheiro da Copa de 1986 e
atual comentarista da BBC, o inglês Gary Lineker
afirmou: “Nesta tarde, o belo futebol do Brasil morreu. Nada mais é como era antes.” O ex-jogador da
seleção argentina e hoje treinador Gabriel Calderón também foi claro ao declarar que “essa derrota coloca em xeque várias coisas no futebol brasileiro: treinadores, jogadores, táticas. Há muito
tempo, todos sonhavam em jogar como o Brasil.
Até a Espanha levar o futebol a outro nível – e,
agora, os alemães ditarem as regras. Eles jogam
como o Brasil de antigamente.”
Hoje, até as seleções de base do Brasil não estão entre as melhores do mundo. O selecionado
sub-17 fracassou no Mundial da categoria, realizado em 2013 nos Emirados Árabes Unidos, saindo
nas quartas de final diante do México. Também no
ano passado, o país não se classificou e acabou de
fora da Copa do Mundo Sub-20 na Turquia. Agora,
a CBF não terá como fugir de um minucioso estudo
das causas da atual situação, cujo resultado deverá
apontar para uma renovação total, de volta à estaca zero – com um novo conceito, um novo programa de formação de atletas e um novo treinador
para a Seleção. Simplesmente porque, do título de
2002, não sobrou mais nada. Å
The Asahi Shimbun/Getty Images, imago
Thomas Renggli, do Rio de Janeiro
AMÉRIC A L AT IN A
Jordi Punti
A
Alemanha ganhou a final da Copa do
Mundo merecidamente, mas, se abrirmos
mais a lente, veremos que a grande vitoriosa deste Mundial foi a América — toda
a América, de sul a norte. O evento no
Brasil deixou várias certezas. A primeira é a
esplêndida forma dos goleiros, decisivos em
muitos jogos. Essa realidade contrasta com a
ausência quase total do centroavante, esse número 9 cuja missão consistia em jogar no comando do ataque e arrematar todas as bolas.
Outro sintoma a levar em conta é que a exigência dos campeonatos europeus e o alto número
de jogos se traduziu na ausência de muitas estrelas (Falcao, Ribéry, Strootman), lesões graves durante o Mundial (Di María) e baixo desempenho de outros jogadores importantes
(Cristiano Ronaldo).
Nesse contexto deve ser apontado como
sinal de renovação o bom nível do futebol do
continente americano. Seleções como Chile,
Costa Rica e Colômbia fizeram alguns dos melhores jogos do Mundial, tecnicamente e como
espetáculo. Das seleções classificadas para as
oitavas, a metade era do continente americano,
e uma equipe dos sonhos poderia ser feita com
os jogadores que brilharam e apesar de tudo
não chegaram nem às semifinais. Goleiro: Keylor Navas (Costa Rica). Defesa: Mena (Chile),
Godín (Uruguai), Márquez (México). Meio de
campo: Bradley (Estados Unidos), James Rodríguez (Colômbia), Cuadrado (Colômbia), Jones
(Estados Unidos). Ataque: Alexis (Chile), Cavani
(Uruguai), Campbell (Costa Rica).
É claro que grande parte do mérito cabe aos
treinadores. Herrera no México e Tabárez no
Uruguai conseguiram dar personalidade a duas
equipes que chegavam ao Mundial com muitas
dúvidas. Com modéstia, Pinto conseguiu que a
Costa Rica superasse o papel de mero coadjuvante que lhe tinham atribuído no grupo mais
difícil. Junto com Sampaoli no Chile e Pekerman na Colômbia, deu um passo além, armando
equipes para o futuro, com uma base forte para
chegar mais longe.
Com a exceção de Pekerman, que ainda não
confirmou a continuidade à frente de Colômbia,
a maioria destes treinadores e equipes se encontrarão de novo em 2015 para disputar a
Copa América no Chile. Será em parte como um
déjà vu do recente Mundial. Este novo torneio
deverá servir para confirmar o talento de jogadores como Alexis e Vidal no Chile, ou James e
Cuadrado na Colômbia, mas também para pôr
à prova os eternos favoritos Brasil e Argentina
— duas equipes que chegaram mais longe do
que as demais, mas que agora precisarão revisar os seus estilos futebolísticos. Å
Seleções
como Chile,
Costa Rica
e Colômbia
­f izeram alguns
dos melhores
jogos do Mundial, tecnicamente e como
espetáculo.
Força latino-americana
Brasil, Chile, Colômbia,
Costa Rica, Uruguai,
Argentina e México
superaram a fase
de grupos da Copa
do Mundo.
T H E F I FA W E E K LY
11
INGL AT ERR A
“A Premier League coloca a
seleção inglesa de lado”
Considerado um dos jogadores mais bem-sucedidos da atualidade, o inglês Rio Ferdinand
esteve no Brasil para comentar o Mundial
por uma emissora de TV – e alternou entre a
empolgação pela Copa do Mundo da FIFA e a
decepção com a campanha do English Team.
Foi uma competição fantástica. Muitos
gols, grandes espetáculos, dramas épicos.
Também tivemos muitas equipes que foram
crescendo no decorrer dos jogos, como
Costa Rica, México, Colômbia e – por que
não? – a Holanda. Poucos esperavam uma
seleção holandesa tão forte. Mas a organização e atmosfera deste Mundial também
foram perfeitas, com todas aquelas previsões negativas não se concretizando. O que
pode ser melhor que uma Copa do Mundo
entre o Maracanã e Copacabana? Foi uma
Copa incrível – e eu aproveitei cada momento dela.
Antes da competição, falava-se em vantagem
dos sul-americanos por jogarem no Brasil.
Isso aconteceu de fato?
Não acredito. Afinal, com Holanda e
Alemanha, dois europeus também acabaram
chegando às semifinais. E, a cada cidade-­
sede, o clima era bem diferente, às vezes
bastante ameno, até. A Inglaterra, por exemplo, foi derrotada na partida decisiva para o
Uruguai sob um clima praticamente britânico. Assim, não acredito que as condições
tenham influenciado nos resultados.
Você não acredita que o clima no Brasil foi
responsável pelo fracasso do English Team?
Não. Para mim, não foi nenhuma surpresa. Antes do Mundial, eu havia escrito em
uma coluna que já seria por si só uma grande
conquista se a Inglaterra conseguisse se
classificar para as oitavas de final.
Mas você esperava por um desastre
­daqueles?
Desastre é uma palavra muito forte –
acho que “grande decepção” é mais apropriado. A Inglaterra jogou mal, com um desempenho que não foi o bastante para continuar na
competição. A Costa Rica deu um exemplo
sobre o que poderia ser possível. Todos
acreditavam que, por ser uma seleção desacreditada, eles chegariam em último lugar do
12
T H E F I FA W E E K LY
Nome
Rio Ferdinand
Data e local de nascimento
7 de novembro de 1978, em Londres
Clubes
West Ham, Bournemouth, Leeds,
Manchester United
Títulos
Seis vezes campeão inglês, campeão
da Liga dos Campeões da Europa
(todos com o Manchester United)
Seleção inglesa
81 partidas, 3 gols
grupo. Mas, surpreendentemente, eles terminaram em primeiro. Em uma Copa, cada um
recebe o que merece.
Contudo, o futuro da Inglaterra não parece
ser tão ruim assim. Alguns atletas jovens e
promissores já fazem parte dessa seleção.
É preciso tirar conclusões desse torneio e
dar condições para que o treinador possa ser
bem-sucedido. E a Premier League também
deve fazer parte do planejamento, pois ela
guarda a chave para o futuro da seleção
nacional. O campeonato nacional domina tudo
e acaba deixando o English Team de lado.
Isso significa que deve haver um regulamento
que obrigue os clubes a ter mais jogadores
ingleses como protagonistas...
A FA tem de analisar a possibilidade de
limitar o número de estrangeiros ou de definir
a quantidade de jogadores ingleses em cada
clube. Essa seria uma maneira. Contudo,
numa economia de livre mercado, isso é
difícil. O dinheiro é o que decide onde e como
a bola rola. Consequentemente, a Premier
League acaba ficando mais importante que a
seleção nacional. Isso é muito triste para mim
– e também para os torcedores.
Foi difícil para você ter de assistir aos jogos
sem estar com a seleção?
(risos) Bem difícil... Sofri mais que os
jogadores em campo. Essa foi a primeira Copa
do Mundo, desde a infância, que vivenciei
como espectador. E eu praticamente joguei
junto, me imaginava dividindo a bola ou
chutando no gol...
O seu contrato com o Manchester United está
chegando ao fim. Você ainda dará continuidade à carreira profissional?
Quero jogar ainda mais uma temporada,
no mínimo, e estou negociando com alguns
clubes. Mas ainda não tem nada definido.
Você também visitou as favelas aqui no Rio
de Janeiro e conversou com os moradores.
A Copa do Mundo é importante para eles?
Quando o Brasil está em campo, todos
assistem, é claro. Ao mesmo tempo, as pessoas se sentem injustiçadas pelo próprio governo do país. Os moradores das favelas me
disseram que não querem dinheiro, mas
melhorias na infraestrutura em longo prazo
– na educação, na saúde, no transporte público. Na Inglaterra, também reclamamos sobre
a nossa situação. Todavia, lá o sistema de
saúde funciona efetivamente. E devemos
estar sempre conscientes disso. Å
Entrevista: Thomas Renggli
Christopher Thomond/Guardian, imago
Rio Ferdinand, que avaliação você pode fazer
sobre esta Copa do Mundo?
EUROPA
Luigi Garlando
A
seleção alemã conseguiu uma façanha digna de
Cristóvão Colombo no último domingo ao se
tornar a primeira equipe europeia a vencer o
título mundial na América do Sul. A conquista
da Alemanha compensou o fracasso de outras
duas potências do futebol europeu, Espanha e Itália,
que haviam triunfado nas duas últimas edições da
Copa do Mundo. Para esses dois países a Copa do
Mundo da FIFA Brasil 2014 terminou em desastre. Os
motivos para a eliminação precoce da seleção espanhola são claros: o fim de uma geração de ouro do
futebol espanhol e um estilo de jogo que marcou época, mas que agora parece precisar de uma atualização,
como um software de computador. Mas às sombras de
Xavi e companhia já há uma nova geração à espreita,
que tem tudo para brilhar no futuro.
Do selecionado espanhol que foi campeão da Eurocopa Sub-21 em junho de 2013, quatro jogadores estiveram em campo na final da última Liga dos Campeões da UEFA: Koke, Isco, Morata e Carvajal. Thiago
Alcântara, que na decisão do torneio continental juvenil marcou três gols, se tornou de lá para cá um jogador muito importante do Bayern de Munique, enquanto outros também fazem parte do elenco de grandes
clubes. De Gea, Tello, Montoya... Esses atletas não são
mais apenas promessas, e sim jogadores maduros que
já adquiriram considerável experiência internacional.
A Espanha dispõe de muitos talentos, categorias de
base organizadas e um estilo de jogo sólido — ou seja,
todo o necessário para um novo começo. No próximo
torneio, certamente a Fúria montará uma equipe capaz de fazer frente aos seus concorrentes.
Na Itália, por outro lado, a situação é diferente. O
país está passando por uma profunda crise estrutural,
que culminou em demissões em massa depois do fracasso na Copa do Mundo. Entre outros, o treinador da
Squadra Azzurra e o presidente da Federação Italiana
de Futebol deixaram os seus cargos. Da seleção italiana
que foi derrotada na final da Eurocopa Sub-21 contra a
Espanha, até hoje apenas Verratti (Paris Saint-Ger-
main) e Insigne (Napoli) já disputaram a Champions
League. Em se tratando de revelações, o Campeonato
Italiano está entre os lanternas do Velho Continente e
além disso tem uma das maiores médias de idade. Na
Itália existe um verdadeiro abismo entre as equipes de
base e as profissionais o qual acaba com gerações inteiras de jovens talentos, que preferem ir para países
mais desenvolvidos em campeonatos "de verdade" com
métodos de treinamento profissionais capazes de
transformá-los em jogadores de ponta. No momento, a
seleção italiana ainda depende de nomes como Pirlo e
Buffon, enquanto espera que Balotelli se desenvolva
mais e observa apreensiva pelo que o futuro reserva.
Por outro lado, três outras seleções que brilharam
no Brasil 2014 com um excelente futebol contaram com
importantes jogadores jovens e deverão estar no centro
das atenções na Eurocopa 2016: Wijnaldum e Depay na
Holanda, Courtois e Origi na Bélgica e Varane e Pogba,
melhor jogador jovem da Copa do Mundo, na França.
Essas seleções têm uma coisa em comum: a capacidade de dar uma nova interpretação às tradições de
futebol dos seus países e até ultrapassá-las. Van Gaal
não traiu a orientação ofensiva do futebol holandês e
ainda montou uma forte defesa com três zagueiros. O
mesmo se aplicou a Deschamps: músculos e qualidade
técnica. A Bélgica conseguiu deixar para trás antiquados esquemas táticos do passado e substituí-los por
um espetáculo do futebol ofensivo. Com um pouco
menos de sorte, mas com muita coragem, Roy Hodgson procurou tentou deixar de lado o estilo inglês com
chutões e correria para implantar um futebol orientado pela posse de bola e direcionado para o ataque.
E é desnecessário mencionar Joachim Löw, que
fez com que os alemães jogassem um futebol mais
brasileiro do que o próprio Brasil, mas sem perder a
típica estabilidade germânica.
Jovens craques e novos conceitos — na Copa do
Mundo pudemos ver que o futebol europeu está mais
saudável do que nunca e no caminho certo para os
desafios do futuro. Exceto pela Itália. Å
O futebol
­e uropeu está
mais saudável
do que nunca
e no caminho
certo para
os desafios
do futuro.
­E xceto pela
Itália.
Com dignidade,
a França do jovem astro
Paul Pogba foi eliminada
pela campeã mundial
Alemanha.
T H E F I FA W E E K LY
13
EVERY GASP
EVERY SCREAM
EVERY ROAR
EVERY DIVE
EVERY BALL
E V E RY PAS S
EVERY CHANCE
EVERY STRIKE
E V E R Y B E AU T I F U L D E TA I L
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C AMPEON AT OS PELO MUNDO
P O R
Primeira Divisão Peruana
Ar provinciano
Sven Goldmann é especialista
em futebol do jornal alemão
“Tagesspiegel”
Enquanto a final da Copa do
Mundo estava indo para a
prorrogação no Maracanã, a situação também
ficava séria em outro lugar da América do Sul.
Mais precisamente a noroeste do continente. O
Peru não conseguiu a classificação para o
Brasil 2014 e por isso também não fez uma
pausa no seu campeonato nacional. No gramado artificial do Estádio Elías Aguirre em
Chiclayo, o Los Caimanes, que subiu para a
primeira divisão na última temporada, recebeu
pela sexta rodada do Apertura o Real Garcilaso, o clube mais impressionante na história
recente da primeira divisão peruana.
HO
O Real Garcilaso é um clube-empresa da
cidade de Cusco, na região dos Andes. A
equipe existe há apenas cinco anos e foi
fundada por ex-estudantes da Escola Inca
D E N T R O
Garcilaso de la Veja, batizada em homenagem
a um historiador peruano do período colonial.
O Real demorou um pouco para ser levado
realmente a sério. Localmente, o tradicional
Club Sportivo Cienciano tinha a primazia, até
por ser o primeiro e até hoje único clube
peruano que venceu a Copa Sul-Americana (há
11 anos depois de final contra o Boca Juniors).
E muito menos nacionalmente, já que o centro
do futebol peruano é mesmo a capital Lima.
Os dois maiores clubes, o Universitario e o
Alianza, fazem desde sempre o grande clássico
peruano e geralmente não dão chance à
concorrência. O Alianza é a antiga casa dos
ídolos Teófilo Cubillas e Claudio Pizarro e já
conquistou 22 títulos nacionais, quatro a
menos que o Universitario.
Mas eis que surgiu o Real Garcilaso, também
chamado de “La Máquina Celeste”. O clube
cresceu rapidamente, chegou à primeira
divisão peruana em 2012 e logo no seu primeiro ano foi o vice-campeão nacional, façanha
que repetiu no ano seguinte. Na final em 2013,
disputada em três partidas, perdeu o título
para o Universitario apenas na decisão por
pênaltis no terceiro confronto. A concorrência
incomoda os grandes da capital não apenas
pela qualidade. Também não é nada agradável
deixar a cidade a nível do mar para subir ao
alto dos Andes. Afinal, o ar de Cusco, a 3.400
metros do nível do mar, é bastante rarefeito
para a prática de esportes.
Na temporada atual, o começo do Real não
está de arrancar suspiros, mas é bom o
suficiente para chegar longe mais uma vez.
Contra o Los Caimanes, o Garcilaso conseguiu
a vitória por 1 a 0 graças a um gol de Cesar
Ortiz no meio do segundo tempo. Com isso, a
equipe está na sexta colocação. E quanto aos
dois clubes de Lima? Não estão com vida fácil.
O Alianza apenas empatou em casa contra o
Cesar Vallejo, enquanto o Universitario foi
derrotado por 2 a 1 pelo Universidad Técnica
de Cajamarca. As equipes da capital estão
longe da liderança na tabela no momento,
atrás do clube andino. Na primeira colocação
está outra equipe da província. Com seis
vitórias em seis partidas, o clube do momento
no Peru se chama Inti Gas Deportes, de
Ayacucho, uma cidade que também fica nas
montanhas, mas não a tanta altitude quanto
Cusco e não tão distante de Lima. Å
A surpresa peruana
Real Garcilaso,
da região andina.
T H E F I FA W E E K LY
15
Pronto para a liga
Alan, do Salzburg,
marcou quatro vezes
na partida da Copa
da Áustria contra o
Sollenau.
Novo patrocinador,
velho favorito
Andreas Jaros é escritor
freelancer e vive em Viena.
Lá fora, atletas amadores
de wakeboard voavam de
maneira espetacular sobre
as ondas do Novo Danúbio. Do lado de
dentro, no espaço para eventos Wake Up,
treinadores e capitães participavam da
coletiva de imprensa de lançamento da
nova temporada do Campeonato Austríaco.
E o assunto principal era o incentivo à liga.
“Buscar o impulso proporcionado pela
Copa do Mundo da FIFA”, foi o lema proferido pelo presidente da Bundesliga austríaca, Hans Rinner, para o campeonato que se
inicia neste fim de semana. O site de
apostas alemão Tipico foi quem acabou
vencendo a disputa para patrocinador-máster da competição. Outra pergunta que
ficou no ar é se a temporada 2014/2015 será
capaz de superar a média de gols do campeonato do último ano, com 3,3 tentos por
jogo.
16
T H E F I FA W E E K LY
Contudo, poucos torcedores foram aos estádios
(média de 6.156 por partida). “Assunto complicado”, criticou rapidamente o diretor da liga,
Christian Ebenbauer. Com um melhor custo-benefício e um ambiente mais agradável nos
estádios, a baixa atratividade deverá ser
superada. Outra mudança foi a instituição de
horários mais acessíveis para o público a partir
de setembro: jogos às 16h e 18h30 aos sábados.
Na temporada passada, o Red Bull Salzburg
foi a grande sensação. Com um estilo de jogo
agressivo e intenso, baseado na marcação por
pressão, e uma série de vitórias consecutivas,
o time fez uma boa campanha na Liga Europa. Com duas vitórias (3 a 0 e 3 a 1), o Salzburg
despachou o Ajax, clube que cedeu o goleiro
Jasper Cillessen e o lateral Daley Blind para a
seleção da Holanda na Copa do Mundo da
FIFA 2014. O clube austríaco, porém, acabou
sendo desclassificado pelo Basel nas oitavas
de final, mesmo jogando melhor.
No Campeonato Austríaco, a clube da cidade
do compositor Mozart voou baixo. Ainda no
fim de março, o Salzburg foi campeão com
oito rodadas de antecedência. No fim da
temporada, a diferença para o vice-campeão
Rapid era de nada menos que 18 pontos. O
Áustria Viena, campeão na temporada
anterior, pagou pelo esforço despendido na
fase de grupos da Liga dos Campeões da
Europa (com cinco pontos conquistados) e
acabou na quarta colocação do nacional, logo
atrás do Grödig, que fez a sua primeira
participação na primeira divisão da Áustria.
Nesta temporada, o Rapid quer tornar o campeonato ainda mais emocionante mesmo com a
saída de peças importantíssimas (Sabitzer,
Burgstaller e Boyd, que marcaram juntos 33
gols). Porém, terá de fazer isso no Estádio
Ernst-Happel, já que o “St. Hannapi”, antiga
casa do time, foi implodido para dar lugar ao
novo estádio do Rapid, que ficará pronto
apenas em 2016.
O Salzburg, duas vezes campeão austríaco,
conseguiu manter os principais jogadores para
esta temporada – má notícia para os adversários. O objetivo do treinador Adi Hütter, que
substitui Roger Schmidt, de saída para o Bayer
Leverkusen, é alcançar a fase de grupos da Liga
dos Campeões da Europa. “Para isso, precisamos estar no máximo da nossa forma e jogar
quatro partidas perfeitas!”
Um ótimo incentivo será a partida de estreia
no Campeonato Austríaco, neste sábado (19
de julho), contra o Rapid, em casa. Å
Mario Kneisel / Gepa / EQ Images
Campeonato Austríaco
Major League Soccer
O jogo da paciência
Roland Zorn é especialista em
futebol e vive em Frankfurt.
Ainda vai demorar até que os
Estados Unidos possam enviar
a Mundiais “dream teams”
cuja maioria dos jogadores venha de equipes
da Major League Soccer (MLS). Pode ser
também que esse sonho nunca se concretize.
Porém, há sinais para manter viva essa esperança. Como em 2002, quando os americanos
surpreendentemente alcançaram as quartas de
final da Copa do Mundo – caindo somente para
a futura vice-campeã Alemanha –, a MLS
poderá experimentar um “boom” após a Copa
do Mundo da FIFA Brasil 2014.
Nem que seja um pequeno “boom”, já que os
americanos se empolgaram com esse Mundial
como nunca antes devido à boa campanha da
seleção nacional. Comandado por Jürgen
Klinsmann, campeão em 1990 com a Ale­
manha, o US Team foi desclassificado, após
exibições emocionantes, logo nas oitavas.
Mesmo assim, o que ficou foi uma boa impressão, justamente porque conseguiu incorporar
as melhores virtudes dos americanos: a
equipe nunca desistia, conseguiu se classificar
em um grupo complicado e competiu de igual
para igual com as grandes seleções.
“Mostramos ao mundo que também somos
uma nação do futebol”, afirmou Don Garder,
diretor da MLS desde 1999. O campeonato
nacional, disputado por 19 clubes, voltou à
ativa no último fim de semana com jogos nas
conferências leste e oeste, enquanto o título
mundial era decidido no Rio de Janeiro.
A média de público nos estádios da Major
League Soccer é de 18 mil torcedores por
partida e de 220 mil telespectadores, bem
menos que as 25 milhões de pessoas que
assistiram à partida entre Portugal e Estados
Unidos pela fase de grupos do Mundial do
Brasil. Os números são bem menores que a
média da Premier League, de 400 mil telespectadores. Afinal, a qualidade também tem
suas atrações.
Mesmo assim, Garder, animado com a
equipe de Klinsmann, é enfático ao afirmar
que “a média de torcedores irá aumentar,
assim como a de telespectadores”. Trata-se
de um jogo de paciência, já que a MLS terá
de superar a forte concorrência das ligas
profissionais de futebol americano, basebol
e basquete. Apesar disso, são grandes as
chances, já que mais e mais pessoas têm se
interessado pela Major League Soccer.
Klinsmann, otimista por natureza, afirma:
“A MLS cresce economicamente em um
ritmo muito rápido, assim como o interesse
dos torcedores e a qualidade das equipes.
Contudo, ainda há um longo caminho a ser
percorrido.”
Caminho que já está sendo trilhado na liga
profissional dos Estados Unidos. Em 2015, o
craque Kaká irá integrar o recém-fundado
Orlando City SC, e o atacante espanhol David
Villa, o New York City FC, que está na MLS há
sete temporadas. David Beckham, ícone do
futebol inglês, quer futuramente colocar um
clube de Miami na MLS, assim como a cidade
de Atlanta já planeja um novo time na primeira divisão norte-americana. “Queremos ter
um dos melhores campeonatos nacionais do
mundo até 2022”, promete Garber.
Nos Estados Unidos, o interesse pelo futebol
está maior que nunca; investidores estão
prontos para apostarem no esporte; entre os
jovens, ele goza da mesma popularidade que o
beisebol; os jogadores da MLS – neste Mun-
“Mostramos ao
mundo que também
somos uma nação
do futebol.”
Don Garber
imago
dial, vinte deles estiveram na seleção, maior
número de convocados até hoje – estão cada
dia melhores; e o trabalho nas categorias de
base começa a se tornar profissional: boas
condições para despertar o gigante americano. “Nosso campeonato”, afirma Garber,
enquanto espera que a sua tese se torne
realidade, “ficou mais importante e valioso
com o interesse despertado pela Copa do
Mundo.” Å
Vitória nova-iorquina
O Columbus Crew, de Federico Higuain, foi derrotado
no último sábado na Red Bull Arena, em Nova Jersey,
por 4 a 1 (à direita, Lloyd Sam).
T H E F I FA W E E K LY
17
DEBAT E
Em busca do futebol-arte
O toque final do campeão Com muita paciência e compreensão técnica, o treinador Joachim Löw deu uma contribuição decisiva para a evolução do futebol alemão.
Perikles Monioudis
A
imprensa alemã comemorou o triunfo da
equipe de Joachim Löw como a maior
conquista do futebol alemão desde o “Milagre de Berna” de 1954. A comparação só
faz sentido porque dez anos antes do título mundial — também naquela época
— o selecionado germânico estava em péssimas
condições. Mas desde a Copa do Mundo 2014 a
reconstrução da equipe, iniciada em 2004, pode
ser considerada mais do que bem-sucedida.
O técnico Joachim Löw se tornou treinador da
Alemanha em 2006, assumindo o cargo deixado por Jürgen Klinsmann, de quem tinha sido
auxiliar técnico por dois anos. Na conferência
de imprensa no dia anterior à final da Copa do
Mundo 2014, Löw não escondeu que, para a reconstrução da seleção alemã, ele e a sua equipe
foram buscar aspectos novos onde quer que
18
T H E F I FA W E E K LY
eles pudessem ser observados. Tendências interessantes de esquemas táticos, novos métodos
que surgissem na Holanda ou em qualquer outro lugar.
Modelo para o Brasil?
Este lento processo de reconstrução agora é
uma questão que precisa acontecer no futebol
brasileiro. Os alemães já ensinaram como se
faz. Sem deixar nada de lado, eles observaram
atentamente a realidade do futebol atual. Para
os alemães isso significou descobrir a alegria e
a beleza do esporte mais popular do planeta, o
prazer de jogar bonito. E eles fizeram isso sem
eliminar o que sempre mostraram tão bem:
garra, ímpeto e vontade de vencer. Ao longo de
dez anos, foram aprendendo a capacidade de
dominar o futebol também do ponto de vista
estético — com inovadoras sequências de passes, variações de cobranças de falta e um estilo
flexível. Os brasileiros, por outro lado, praticaram um futebol mais físico na sua Copa do
Mundo em casa. O futebol-arte, antigamente
um sinônimo do futebol brasileiro, foi deixado
de lado em favor de um estilo mais agressivo. A
criatividade e as variações de jogadas foram
substituídas por um jogo baseado na força.
Em busca do futebol-arte perdido
Quando os brasileiros conseguirão recuperar
o seu futebol bonito e acrescentá-lo ao lado
bom do seu estilo de força física? Primeiramente parece ser necessário refletir sobre o
novo sistema de jogo — e isso não é uma necessidade exclusiva da seleção brasileira, mas
também se aplica à Espanha, para quem a Alemanha provou ser um sucessor mais do que
digno na Copa do Mundo. Å
O debate da Weekly.
Algum assunto tira o seu sono?
Qual tema você gostaria de debater?
Envie sugestões para:
[email protected]
imago
A seleção alemã acrescentou novas ideias às
suas tradicionais virtudes ao longo dos últimos
dez anos. Agora, o Brasil precisa passar por
um processo similar.
DEBAT E
MENSAGEM DO PRESIDENTE
As impressões dos usuários do FIFA.
com sobre a Copa do Mundo:
Graças à magia da televisão, pude acompanhar 60 de 64 jogos ao vivo. Deve ser uma
experiência incrível ver uma partida pessoalmente no estádio. Agora estou triste que tudo
tenha acabado e acabei perdendo a cerimônia
de encerramento. Espero que alguma emissora de tevê mostre a reprise da festa em breve.
A Copa do Mundo foi com certeza divertida e
espetacular. Parabéns ao anfitrião Brasil,
muito obrigado por um torneio altamente
gratificante e inesquecível!
pinkpearl417, Canadá
Na minha opinião, o gol mais bonito desta
fantástica Copa do Mundo foi marcado pelo
James Rodríguez!
Alvin94270, França
Apesar do decepcionante resultado final do
Brasil na Copa do Mundo, é preciso dizer
que Scolari é um treinador excelente. Ele
levou a Seleção ao título mundial em 2002 e
colocou Portugal na final da Eurocopa. Mas a
missão de conquistar o título em casa com
essa equipe era simplesmente grande demais.
Acredito que o Brasil teve sorte de sequer ter
chegado às semifinais. E com a ausência de
dois dos seus melhores jogadores era impossível derrotar a Alemanha.
Sauer-Kraut, Canadá
Parabéns, seleção alemã! Joguem da mesma
forma na Rússia e fiquem para sempre com o
troféu!
hubec80, Sérvia
Parabéns para a seleção alemã! Os alemães
jogaram um torneio excepcional e mereceram
a sua quarta estrela!
Sir-Galaxy, França
15 mil medalhas de ouro
“A melhor Copa
do Mundo de
­todos os tempos.”
Esta foi a melhor Copa do Mundo de todos os
tempos! Gostei do torneio em todos os seus
aspectos: a organização, as pessoas, o clima…
tanta_17, Egito
A Copa do Mundo 2014 preparou para nós
muitos acontecimentos maravilhosos e
poucos momentos tristes! A contusão de
Neymar foi um grande choque (e tenho
certeza que a Seleção soube na hora que a
partir dali a catástrofe não estava longe!).
ForcaBraNey, França
“Parabéns, seleção alemã!”
O
Mundial no Brasil nos fascinou e enfeitiçou
com gols, espetáculos e dramas. Para coroar
perfeitamente, um dos gols mais bonitos
deste magnífico festival de futebol pôs fim ao
torneio. O tento decisivo marcado por Mario
Götze para Alemanha na final contra a Argentina foi pura arte e já faz parte das antologias.
Pela primeira vez uma equipe europeia venceu
em território americano.
Que a honra tenha cabido à Alemanha não
é nenhuma casualidade. Porque a seleção germânica é a potência futebolística que nos últimos anos passou pelo desenvolvimento mais
espantoso entre todas as nações mais tradicionais: desde 2006 está propondo sistemas inovadores e exibindo qualidades técnicas que
antes só surgiam nos países do sul. Ao mesmo
tempo, soube manter uma firmeza mental
­extraordinária e a constância dos campeões.
Por isso não deixa de subir ao pódio do Mundial
desde 2002. Visto assim, o triunfo no Rio de
Janeiro é a consequência lógica de uma obra de
aperfeiçoamento contínuo.
O selecionado de Joachim Löw foi campeão
merecidamente. Mas também há outros 15 mil
participantes que merecem uma medalha de
ouro: os voluntários que formaram juntos a
cara mais amável do torneio. Seja nos estádios,
nos hotéis, nos aeroportos, nos centros de imprensa, nas salas de conferências ou nas paradas de ônibus, sempre estavam lá mais que
dispostos a resolver qualquer problema, a dar
uma mão ou a oferecer um bom conselho.
Afinal de contas, o que fica mais profundamente gravado na memória coletiva são as cenas
mais sensacionais dos jogos. Todo mundo fala de
Götze, Messi e Neuer. No entanto, os heróis deste
Mundial foram os voluntários. Por uma camisa,
um abrigo e um par de sapatos, esses 15 mil altruístas sustentaram a base da organização. Sem
eles, Mario Götze nunca teria podido ser o herói
do Mundial. Sem os voluntários, um evento desta
magnitude não é imaginável. Por toda esta ajuda,
quero lhes agradecer de todo o coração.
Sepp Blatter
T H E F I FA W E E K LY
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20
T H E F I FA W E E K LY
Primeiro amor
Local: Taknaf, Bangladesh
Data: 21 de junho de 2012
Hora: 14h32
AP / Keystone
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21
© 2014 adidas AG. adidas, the 3-Bars logo and the 3-Stripes mark are registered trademarks of the adidas Group.
instinct
takes over
#predatorinstinct
adidas.com/predator
PEQUENO S MOMEN T O S DA C OPA DO MUNDO
O
futebol é um esporte solitário — mesmo no maior dos jogos, a final da Copa do Mundo. No início do segundo tempo, o capitão alemão Philipp Lahm
foi o primeiro a voltar ao gramado, deu uma corridinha até o centro do campo acompanhado por rápidos e poucos aplausos dos torcedores presentes no Maracanã favoráveis ao seu país e começou a se alongar e em seguida fazer alguns exercícios de aquecimento típicos para jogadores do setor
defensivo, até mesmo um lateral, como é o caso do capitão do Bayern de Munique. Ele não tinha pressa. De vez em quando, dava uma ou outra olhada
para o túnel dos jogadores, mas demorou para sair mais alguém por ali, e as pessoas nas arquibancadas pareciam suficientemente ocupadas com as
suas câmeras e os seus smartphones. Lahm se perdia na imensidão do gramado, ninguém parecia prestar atenção nele. Era a calmaria que precede a
tempestade. Ele estava sozinho consigo mesmo e com os seus sentimentos. Uma hora e meia mais tarde, ele ergueu a taça da Copa do Mundo. Å
Perikles Monioudis
imago
D
izem que a pontualidade é uma questão de
interpretação para os brasileiros. E que a filosofia de vida segue o lema do “relaxa e
aproveita”. Na verdade, no Brasil ninguém faz
uma guerra se um encontro começar com 15 minutos de atraso. Ou seja, o espaço para a tolerância é sempre maior do que o para a impaciência.
Nas grandes cidades, há outro aspecto que influencia esse comportamento, pois, dependendo
do trânsito, uma viagem de automóvel pode demorar de cinco minutos a uma hora, tudo isso
num mesmo trecho. Este que vos escreve também viveu, no Brasil, o outro lado da moeda durante as cinco últimas semanas: para assistir a
19 partidas na Copa do Mundo, entre Manaus e
Porto Alegre, foram necessários cerca de 21 voos
internos. E o balanço final foi que 20 deles chegaram pontualmente ou mais cedo que o horário
marcado; outro pousou com 30 minutos de atraso. A conclusão é que, se os jogadores da seleção
tivessem treinado com tanto compromisso
quanto as companhias aéreas brasileiras, seria
muito difícil terem sofrido aquele desastre nas
semifinais. Å
Thomas Renggli
A
nova relação dos alemães com o futebol arte
foi amplamente discutida nos últimos dias.
Dois torcedores alemães parecem ter compreendido essa noção literalmente e se deram o
direito de levar para casa um souvenir bastante
apropriado do ponto de vista do estilo da sua
equipe, mas não tanto do ponto de vista da lei.
Antes do seu voo de volta para a Alemanha, os dois torcedores vestindo camisas da
seleção alemã visitaram uma exposição temporária no aeroporto com o belo título
­“Bate-bola: embarque de uma paixão”. Eles se
aproveitaram de um momento em que supostamente ninguém estava observando para retirar a estátua de bronze de uma cobertura de
acrílico e guardá-la em uma mochila. A tolice
deles foi não perceber que em um aeroporto
brasileiro nenhum momento passa despercebido, já que há câmeras registrando tudo o que
acontece. A polícia conseguiu pegar os dois
pouco antes de o seu avião decolar e os ajudou
a conquistar 15 minutos de fama. Mais tarde,
as imagens apareceram em todos os ­canais
de televisão. Å
Sven Goldmann
O
pequeno bar é bem localizado. À esquerda fica a estação de bonde; à direita uma,
delicatessen; atrás, o centro comercial.
Agora que a Copa do Mundo acabou e os torcedores podem se concentrar novamente nas
atividades básicas (trabalhar, ler artigos
­políticos e comprar flores), o pequeno bar faz
um leve gracejo. O proprietário Giovanni
abre, no começo da noite, todas as janelas
e transmite em uma grande televisão os
­jogos dos Mundiais de 1982 e 2014, alternadamente. Giovanni diz que esses são os seus
Mundiais preferidos.
Mas esse não é o motivo principal, e sim,
o tino comercial do cozinheiro. Giovanni
aproveita a onda da última Copa do Mundo
e lucra com o seu gracejo. Passe de Altobelli,
gol de Rossi! Passe de Schürrle, gol de Götze!
Sempre as mesmas imagens. Sempre as
mesmas narrações. As pessoas param
para assistir e olham para dentro do estabelecimento. E, então, é hora de Giovanni
completar o plano: “Aceita um Campari?
­
­Birra? Bruschetta?” Å
Alan Schweingruber
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23
OBRIG ADO, BR ASIL
Palco de uma final
grandiosa O Rio de Janeiro
e o seu Maracanã.
O Mundial da alegria
Antes da Copa do Mundo da FIFA 2014, na imprensa tudo era motivo para ser temido –
manifestações, estádios inacabados, futebol defensivo nos trópicos. Porém, o torneio acabou
de forma muito, mas muito diferente.
Paixão Os pacíficos
torcedores que vieram
ao Brasil – na foto, os
chilenos – serão
lembrados por muito
tempo.
24
T H E F I FA W E E K LY
Gustavo Pellizon, AFP
Perikles Monioudis, do Rio de Janeiro
OBRIG ADO, BR ASIL
Exibição pública em Copacabana
A requisitada FIFA Fan Fest do Rio tinha
capacidade para 20 mil espectadores
Carlos Becerra / Anadolu Agency / Getty Images
O
s argentinos foram embora. Dez mil deles haviam ido até o Rio de Janeiro, nos
seus automóveis, para engrossar o coro
pela Alviceleste na grande final da Copa
do Mundo da FIFA. Em carros estacionados por todos os lados de Copacabana,
cozinharam arroz com legumes em panelas
trazidas especialmente para a viagem e cantaram, sem parar, durante dois dias seguidos.
Porém, já no nascer do sol do terceiro dia – a
segunda-feira após a espetacular decisão no
Maracanã – era difícil encontrar no Rio carros
com placas da Argentina. À noite os torcedores
argentinos haviam deixado a capital fluminense sem poder comemorar a conquista do tricampeonato, mas, como bons perdedores, aceitando o destino que lhes foi concedido. Também
não vieram à tona confrontos entre eles e alemães ou brasileiros (que apoiaram a seleção
germânica fielmente, ou melhor, torceram com
todas as forças contra os arquirrivais argentinos). Nesse quesito, o Rio ficou tranquilo na
noite da grande decisão do Mundial.
Os torcedores alemães – numerosos, mas
menos onipresentes que os argentinos – não
tinham tantos meios para viajar de automóvel
até o Rio. Por muito dinheiro, os germânicos
tiveram de atravessar o Atlântico pelos ares e
alimentar a esperança de combinar a expectativa pelo tetracampeonato alemão com um programa cultural variado (idas à famosa Biblioteca Nacional do Rio ou ao Theatro Municipal) e
visitas – nem que fosse uma – ao Corcovado.
Com a conquista do título, as camisas da Ale-
manha acabaram, naturalmente, fazendo parte
da paisagem urbana carioca, ao lado do natural
domínio visual da amarelinha.
Entusiasmo por todos os lados
Apesar da frustração com a Seleção, os brasileiros fizeram da Copa do Mundo da FIFA 2014
uma festa inesquecível. Tanto dentro de campo,
com a grande maioria das seleções apresentando um futebol ofensivo e vistoso, quanto no
que diz respeito ao ambiente e ao profissionalismo, o Mundial foi igualmente especial em
contornos gerais e em pequenos detalhes. Os
estádios ficaram lotados, e o recorde de gols da
Copa do Mundo França 1998 (171) foi igualado.
E quantas previsões negativas não foram
feitas antes da Copa? Segundo alguns críticos
da imprensa, o clima do Brasil impediria o futebol ofensivo. No norte do país estava, sim,
muito quente, enquanto fazia frio no sul e cho-
Ninguém sabe
no Brasil onde
essa história
vai dar.
via no litoral. Mesmo assim, as equipes foram
para o ataque. Os atletas sabiam do que se tratava e estavam prontos para dar tudo de si para
alcançar o objetivo.
A Alemanha chegou ao título com um grupo que estava pronto para enfrentar a competição não só física, mas também mentalmente.
As condições climáticas foram confrontadas
com inteligência pela equipe de Joachim Löw,
o que não pode ser dito de outras grandes seleções europeias, desclassificadas precocemente.
Por outro lado, as equipes latino-americanas
souberam convencer. A Costa Rica se classificou em um grupo dificílimo, chegando até as
quartas de final, enquanto a Argentina foi páreo duro para os alemães, que tiveram de dar
tudo para superá-la. E, com Argélia e Gana, o
continente africano teve pela primeira vez na
história duas seleções classificadas para a fase
de mata-mata na mesma edição da Copa do
Mundo da FIFA.
“O mundo sorri de volta”
O alemão Joachim Löw havia convocado somente um centroavante de ofício: Miroslav Klose, de 36 anos, que, com o seu 16º gol em Mundiais, ultrapassou Ronaldo e se tornou o maior
artilheiro da Copa do Mundo da FIFA. Mesmo
com as dificuldades enfrentadas nas oitavas de
final contra a Argélia (2 a 1), os alemães se tornaram os grandes favoritos ao título com a
­goleada sobre o Brasil por 7 a 1 na semifinal –
posição que talvez já tivessem ocupado após o
4 a 0 sobre Portugal na fase de grupos. De uma
T H E F I FA W E E K LY
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© 2014 Visa. All rights reserved. Shrek © 2014 DreamWorks Animation L.L.C. All rights reserved.
Copa do Mundo da FIFA™.
É onde todos querem estar.
OBRIG ADO, BR ASIL
Vitória contra o Chile Torcedores em
um bar em Brasília enlouquecem depois
da disputa de pênaltis no dia 28 de junho.
David Gray / Reuters
maneira ou de outra, a Alemanha perseguia o
protagonismo.
Porém, o domínio germânico não ameaçou
a beleza do esporte, pois se baseou no aspecto
positivo do jogo, e não na sua destruição. A Alemanha jogava de maneira vistosa, atraente e
eficiente, sorrindo com a bola nos pés. E “O
mundo sorri de volta” foi o que o jornal alemão
Frankfurter Allgemeine estampou como manchete no dia seguinte à conquista do tetra.
Antes da competição, esse protagonismo
era atribuído aos espanhóis. Mesmo ainda não
extinta, a enorme posse de bola pregada pelo
“tiki-taka” se mostrou desnecessária no estilo
ofensivo demonstrado neste Mundial. No seu
lugar, a rápida alternância entre defesa e ataque
provou também ter eficiência. Na vitória de 7 a
1 sobre o Brasil, por exemplo, a Alemanha ficou
com a bola nos pés durante 48% do tempo.
Também a Holanda, derrotada no torneio apenas nos pênaltis, chegou às vitórias na maior
parte das vezes com menos posse de bola que
os adversários.
O recomeço do futebol brasileiro
Desta vez, o êxito da seleção brasileira foi apenas modesto. O time foi em baixa para a semifinal contra a Alemanha, e a pressão que repousava sobre os ombros dos jogadores era grande.
Se o Brasil ainda era uma potência na Copa das
Confederações de 2013, os obstáculos enfrentados neste Mundial afligiram a equipe comandada por Felipão (empate contra o México, vitória nos pênaltis contra o Chile, desclassifica-
O Rio exala a
­s atisfação
de ter mostrado
o que tem de
­m elhor.
ção contra a Alemanha). Nenhuma seleção
havia sofrido tantos gols (17) durante um Mundial realizado na própria casa.
Agora, o futebol no Brasil volta à estaca
zero e precisa ser reconstruído em todas as áreas. Junto com a Seleção, há toda uma nação
questionando a própria identidade. Mesas redondas na TV pedem treinadores com a filosofia de um Pep Guardiola no comando do time
canarinho – isso, quando o próprio técnico do
Bayern de Munique não é requisitado. Ninguém
sabe onde essa história vai dar. E, em outubro,
é época de eleições no Brasil.
Contudo, se uma coisa ficou clara com a
Copa do Mundo da FIFA é que o Brasil não
­estava despreparado. Pelo contrário: os doze
estádios ficaram prontos e puderam receber
todas as partidas, algo do que duvidavam
­ uitos veículos de imprensa. O embarque nos
m
aeroportos também não apresentou problemas, e os tumultos nos terminais ficaram apenas na imaginação paranoica dos críticos.
Os cânticos fulminantes nas arenas são uma
prova de que a energia foi transferida para as
seleções, e, com isso, o mundo pôde presenciar
um espetáculo extraordinário e incrivelmente
emocionante.
Feitos grandiosos
Não é preciso nem citar que as manifestações
também ficaram de fora. Assim, o futebol assumiu o papel principal durante a Copa do Mundo
da FIFA. E os brasileiros mostraram que são
cidadãos politicamente conscientes, capazes de
distinguir entre os problemas sociais e econômicos, produzidos em casa, e os feitos da FIFA.
Até mesmo antes da competição, a entidade
máxima do futebol já era poupada do papel de
“bode expiatório”. Já no 64º Congresso da FIFA,
realizado no início de junho em São Paulo, ficou
claro: os brasileiros estavam entusiasmados
com a sua Copa do Mundo, evitando endereçar
as críticas a falsos remetentes.
Nos dias após a grande decisão, o Rio exalava a satisfação de ter mostrado, durante a
Copa do Mundo da FIFA, o que tem de melhor.
Mesmo que a Seleção tenha de tomar um novo
rumo, os brasileiros provaram ser capazes de
estar à frente de grandes feitos. Disso todos
estão convencidos e, por causa disso, todo o
planeta agradece a eles. Å
T H E F I FA W E E K LY
27
Conectando todos
os fãs do jogo
Faça novos amigos e compartilhe paixões a
bordo do lounge do A380 da Emirates.
#AllTimeGreats
youtube.com/emirates
Hello Tomorrow
11 D A F I F A
TIRO LIVRE
Seleções com o
maior número
de vitórias na Copa
do Mundo da FIFA
1
Brasil
70 vitórias em 104 partidas em ­Mundiais
2
Alemanha
66 vitórias em 106 partidas em ­Mundiais
Quando o
3
estômago se rebela
Alan Schweingruber
N
o primeiro dia após a Copa do Mundo, Hubert ligou dizendo que estava doente. Estava passando mal. Possivelmente uma virose
gastrointestinal. “Doente?”, gritou o chefe no
telefone. “Você acha que vou acreditar nisso,
Westermann? Estão falando até que você saiu
na rua dançando ontem à noite.”
Há um bom tempo, Hubert não dava corda
para as provocações do chefe. Com certeza, todos os colegas haviam escutado o telefonema.
Sempre que havia uma oportunidade para que
o chefe mostrasse a sua autoridade no escritório, ele deixava a porta da sala aberta. Uma vez,
Dolores, colega de trabalho de Hubert, foi repreendida porque teve de levar o periquito de
estimação ao veterinário. Depois disso, Dolores
chorou por horas. Pelo menos, isso foi o que
falaram a Hubert.
A nova filosofia de Hubert era não deixar
se levar por incômodos desse tipo. Tinha de
encontrar o ponto de equilíbrio. Ele tomou um
banho quente e fez um chá. Na televisão, um
programa mostrava os melhores momentos da
Copa do Mundo da FIFA 2014: o gol de peixinho
de Van Persie; o chute de longa distância de
James contra o Uruguai; o gol do título de Götze, de três ângulos distintos. Incrível. Hubert
grunhiu de dor e mudou de canal: tempestades
na França; três ciclistas brigando pela liderença, no alto da montanha. Um deles parecia estar
sangrando na perna. Um acidente? Isso poderia
acontecer com o chefe, quando ele estivesse
indo para o trabalho, pensou Hubert. E deixou
escapar uma gargalhada. Algum tempo depois,
ele dormiu.
E sonhou que estava no Maracanã, preparando-se para cobrar um pênalti. De frente
para ele, o goleiro, que tentava atingi-lo
­ erbalmente. “Trash talk”, como dizem os bov
xeadores. Mas não com Westermann! Ele suava. Nas arquibancadas, 70 mil torcedores esperavam. No alto, à esquerda, ou embaixo, à
direita? Nenhum dos dois: mandou a bola por
cima do travessão e ouviu todos no estádio
zombarem dele. Nas arquibancadas atrás do gol
estava o chefe: “Westermann, seu inútil!”, gritava. Então, Hubert acordou.
O estômago de Hubert se rebelava, e ele se
sentia pior do que de manhã. Transitava entre
o banheiro e a cozinha. No meio do caminho,
deu uma passada na sala de televisão e viu o
canal local exibindo as imagens de câmeras
amadoras registradas na noite anterior.
Em uma delas, lá estava Hubert com uma camisa de futebol branca e um chapéu de palha despedaçado, dançando uma canção tipicamente
alemã com um copo de cerveja na mão. E,
­quando o câmera chegou mais perto, Hubert
deu um beijo na lente.
No dia seguinte, Westermann informou
que ficaria doente até o fim de semana.
Por e-mail. Å
Coluna semanal da redação da
FIFA Weekly
Itália
45 vitórias em 83 partidas em Mundiais
4
Argentina
42 vitórias em 77 partidas em Mundiais
5
Espanha
29 vitórias em 59 partidas em Mundiais
6
França
28 vitórias em 59 partidas em Mundiais
7
Holanda
27 vitórias em 50 partidas em Mundiais
8
Inglaterra
26 vitórias em 62 partidas em Mundiais
9
Uruguai
20 vitórias em 51 partidas em Mundiais
10
Rússia
17 vitórias em 40 partidas em Mundiais
11
Suécia
16 vitórias em 46 partidas em Mundiais
Fonte: FIFA
(FIFA World Cup, Milestones &
­Superlatives, Statistical Kit, 12.05.2014)
T H E F I FA W E E K LY
29
Nome:
Gérard Houllier
Data e local de nascimento
3 de setembro de 1947,
Thérouanne
Carreira de jogador
Liverpool Alsop
Hucqueliers
Le Touquet
Carreira de treinador
Le Touquet
Noeux-les-Mines
Lens
Paris Saint-Germain
França
Liverpool
Lyon
Aston Villa
Red Bull (diretor esportivo)
3 vezes campeão francês,
Copa da UEFA, FA Cup
30
T H E F I FA W E E K LY
imago
Maiores conquistas:
A EN T REV IS TA
“Identificamos as tendências”
Ele conquistou três vezes o Campeonato Francês e conduziu o Liverpool aos seus maiores
triunfos tanto na Inglaterra quanto internacionalmente. Na Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014,
­Gerárd Houllier analisou as partidas com meticulosidade científica. Para o francês,
o espetáculo ofensivo não foi nenhuma surpresa.
Monsieur Houllier, o senhor é o chefe do Grupo
de Estudos Técnicos da FIFA e acompanhou e
analisou meticulosamente as partidas da
Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014. Qual é a
sua avaliação do torneio?
aplicação tática. Não foi por acaso que o Chile
perdeu por tão pouco do Brasil.
Um futebol de primeira qualidade, muitos
gols, uma grande diversão. A intensidade de
muitos jogos foi fenomenal — e quase insuperável em drama. Começou desde a fase de grupos
com equipes que ninguém esperava. Também
foi sensacional que não tenha havido nenhuma
seleção de nível muito inferior. Cada equipe
teve uma chance de classificação para as
oitavas de final. Quem poderia adivinhar que a
Costa Rica voltaria para casa invicta depois de
perder apenas na disputa por pênaltis?
O futebol é global — os maiores talentos
vêm de todos os continentes. Mas evidentemente as ligas de ponta são marcantes para as
seleções. A maioria dos jogadores das quatro
melhores seleções joga na Europa. Quem atua
por um clube de ponta europeu costuma ter um
alto nível principalmente taticamente.
Qual exatamente foi a sua função na Copa do
Mundo?
A nossa tarefa no Grupo de Estudos Técnicos da FIFA é identificar as tendências do jogo.
Analisamos cada partida, cada situação, avaliamos as informações e dados — e encaminhamos o relatório e um DVD para cada federação
nacional. Essas informações são a base dos
trabalhos de desenvolvimento e programas de
incentivo em todo o mundo. Na Copa do Mundo
sentimos o futebol pulsar — e reconhecemos
em que direção a evolução do esporte está indo.
Como podemos explicar a enorme intensidade
dos jogos da Copa do Mundo?
Cada seleção tem jogadores que atuam na
Europa e eles levam para casa experiência e
uma mensagem. E os treinadores possuem
muito mais informações do que antigamente
— inclusive através das nossas análises. Além
disso, há também o trabalho cada vez melhor
com as categorias de base em muitas federações.
Isso também significa que a diferença de
estilos entre as equipes está diminuindo?
Acredito, vimos isso na Copa do Mundo,
que muitas seleções sul-americanas jogam com
uma organização quase europeia — mas ao
mesmo tempo elas mantiveram a sua garra e o
seu orgulho. Estou pensando em Colômbia,
Argentina e Chile. Principalmente o Chile é um
exemplo formidável: praticamente todos os
jogadores atuam no exterior e formam uma
mistura das mais importantes qualidades: boa
organização, talento individual, disciplina,
Quais as proporções da influência dos clubes
de futebol da Europa?
De volta ao Brasil. O 7 a 1 contra a Alemanha
foi um acontecimento marcante no torneio...
Sim, mas para analisar o desempenho dos
brasileiros é preciso analisar um momento
anterior. A equipe teve um caminho difícil ao
longo do torneio, e os habilidosos croatas e os
complicados mexicanos foram adversários
bastante desagradáveis. Na fase de mata-mata,
Chile e Colômbia foram grandes obstáculos. O
que aconteceu contra a Alemanha foi um
acidente. Não quero de modo algum subestimar
o desempenho dos alemães — a equipe de Jogi
Löw fez uma partida perfeita — mas depois do
segundo gol os brasileiros ficaram em uma
espécie de estado de choque. Isso acontece no
futebol. Daqui a 50 anos ainda estaremos
falando desse jogo. Supostamente aconteceu o
típico problema de jogar em casa. Antes do
Mundial, todos falavam do vexame de 1950
contra o Uruguai. Isso gerou uma enorme
pressão. Os brasileiros não estavam preparados
para este cenário. Depois do primeiro gol, eles
pensaram que ainda poderiam corrigir o placar
— como contra a Croácia. Mas sejamos objetivos: a equipe chegou às semifinais. Quando
ficamos entre os quatro melhores do mundo,
nem tudo pode estar errado.
O que Alemanha e Argentina fizeram de
melhor que os seus concorrentes?
Os alemães foram melhorando continuamente ao longo do torneio e encontraram uma
solução para cada problema. Eles praticamente
não cometeram erros e foram crescendo. Há
oito anos que a equipe joga com constância.
Quem chega tão perto do título após um
intervalo tão longo desenvolve um grande
desejo de triunfar. Essas experiências também
impulsionaram a equipe.
E a Argentina?
Todos falam de Messi. Mas por trás dele há
uma fantástica organização e uma disciplina
exemplar. A Argentina convenceu através de
uma excepcional qualidade na defesa. Não foi
por acaso que a equipe não sofreu nenhum gol
na fase de mata-mata.
Como o senhor explica o estilo ofensivo do
futebol mostrado nas últimas quatro semanas
e meia?
Para mim isso não foi surpreendente.
Depois da Copa das Confederações do ano
passado eu estava esperando um torneio
espetacular e muito ofensivo. Antes do Mundial sabíamos que para cerca de 50% dos
treinadores os seus contratos se encerrariam
com o fim da Copa do Mundo. Isso animou
muitos treinadores a assumirem riscos adicionais. Mas na origem do desenvolvimento está
também alguns inteligentes ajustes de regras,
por exemplo, o rigor com entradas por trás. A
cobertura abrangente no meio de campo
também contribuiu para isso, porque as faltas
graves se tornaram imediatamente uma importante questão — e os autores das faltas devem
ser punidos severamente.
Mas também tivemos o exemplo de Neymar,
que foi derrubado depois de levar uma forte
pancada do colombiano Juan Zúñiga.
Isso foi um acidente e pode acontecer em
qualquer partida. Ouso afirmar que nenhum
jogador acerta o seu adversário dessa forma
intencionalmente.
O que o senhor deseja para o futuro desenvolvimento do futebol?
Que a qualidade técnica e o talento permaneçam em primeiro plano, que os pontos
fortes dos jogadores sejam fomentados, que a
criatividade e as ideias sobrevivam. Esta Copa
do Mundo também foi o torneio dos talentos
individuais — Messi, Robben, Müller, Neymar.
Mas cada um desses jogadores também trabalha muito lá atrás e coloca as suas equipes em
primeiro plano. É isso que faz o jogador de
futebol completo da modernidade. Å
Gerád Houllier conversou
com Thomas Renggli
T H E F I FA W E E K LY
31
MÁQUINA DO TEMPO
A
N
T
E
S
Londres, Inglaterra
1953
T. Marshall / Topical Press Agency / Getty Images
Retoques finais no Gentlemen’s Club: o responsável pelo gramado em Fulham
demonstra a mais nova técnica durante uma exibição.
32
T H E F I FA W E E K LY
MÁQUINA DO TEMPO
A
G
O
R
A
Rio de Janeiro, Brasil
2014
Buda Mendes / Getty Images
Manutenção do gramado do Maracanã: um homem
corta a grama mais famosa do Brasil.
T H E F I FA W E E K LY
33
R ANKING MUNDIAL DA FIFA
Pos. Seleção
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34
35
36
37
38
38
40
41
42
43
44
45
46
47
48
49
50
51
52
53
53
55
56
57
58
59
60
61
62
63
64
65
66
67
67
69
70
71
72
73
74
75
76
77
34
Alemanha
Argentina
Holanda
Colômbia
Bélgica
Uruguai
Brasil
Espanha
Suíça
França
Portugal
Chile
Grécia
Itália
EUA
Costa Rica
Croácia
México
Bósnia e Herzegovina
Inglaterra
Equador
Ucrânia
Rússia
Argélia
Costa do Marfim
Dinamarca
Escócia
Romênia
Suécia
Venezuela
Sérvia
Turquia
Panamá
Nigéria
República Tcheca
Egito
Eslovênia
Hungria
Gana
Honduras
Armênia
Tunísia
Áustria
País de Gales
Japão
Eslováquia
Islândia
Paraguai
Irã
Montenegro
Guiné
Uzbequistão
Noruega
Camarões
Finlândia
Coreia do Sul
Jordânia
Burkina Fasso
Peru
Mali
Polônia
Senegal
Líbia
Serra Leoa
Emirados Árabes Unidos
África do Sul
Albânia
Israel
Omã
República da Irlanda
Bolívia
Bulgária
Azerbaijão
Macedônia
Cabo Verde
Austrália
Zâmbia
T H E F I FA W E E K LY
→ http://pt.fifa.com/worldranking/index.html
Movimento no ranking Pontos
1
3
12
4
6
1
-4
-7
-3
7
1724
1606
1496
1492
1401
1330
1241
1229
1216
1202
-7
2
-1
-5
-2
12
1
2
2
-10
5
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-2
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0
1
3
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3
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0
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9
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-7
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1
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2
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8
12
1
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-1
-1
8
10
0
-4
6
10
6
-36
-14
-1
1148
1098
1091
1056
989
986
955
930
917
911
901
898
897
872
850
807
734
733
724
720
717
714
684
664
646
645
644
642
642
637
635
621
614
606
604
588
570
566
563
559
555
523
520
520
508
501
500
495
487
483
478
476
471
469
466
450
444
444
443
440
429
425
410
406
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397
396
Pos.
02 / 2014
03 / 2014
04 / 2014
05 / 2014
06 / 2014
07 / 2014
1
-41
-83
-125
-167
-209
78
79
79
81
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89
91
92
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94
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98
99
99
101
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111
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115
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119
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121
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129
131
131
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134
135
136
136
138
139
140
140
142
143
144
Liderança Quem mais cresceu Arábia Saudita
Marrocos
Angola
Bielorrússia
Congo
Jamaica
Trinidad e Tobago
Palestina
Catar
Uganda
Togo
Irlanda do Norte
Iraque
Benin
Estônia
Gabão
China
Quênia
RD do Congo
Geórgia
Zimbábue
Botsuana
Níger
Nova Zelândia
Moldávia
Letônia
Lituânia
Bahrein
Tanzânia
Kuwait
Luxemburgo
Ruanda
Etiópia
Guiné Equatorial
Namíbia
Haiti
Moçambique
Sudão
Libéria
República Centro-Africana
Canadá
Líbano
Cuba
Malaui
El Salvador
Aruba
Tadjiquistão
República Dominicana
Burundi
Cazaquistão
Filipinas
Afeganistão
Vietnã
Lesoto
Suriname
Mauritânia
Guatemala
São Vicente e Granadinas
Nova Caledônia
Guiné-Bissau
Santa Lúcia
Chipre
Turcomenistão
Chade
Granada
Madagascar
Quirguistão
12
-2
14
1
3
-2
-13
9
14
-1
0
1
15
-4
6
-4
9
13
-12
0
1
-7
13
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-1
6
2
5
7
8
11
7
-3
-9
2
-40
4
5
1
-12
-8
6
-25
1
-53
-3
2
6
2
-3
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1
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8
5
4
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-2
4
-2
-1
3
3
-6
2
1
5
Quem mais caiu
384
377
377
376
375
373
369
362
361
358
357
356
356
354
345
344
342
339
338
338
334
332
332
330
325
314
312
288
287
281
278
276
273
270
264
262
257
256
256
253
250
249
245
234
234
233
232
230
222
220
218
217
217
213
213
208
204
203
199
199
195
193
183
183
182
179
176
145
146
147
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150
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151
153
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162
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175
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190
192
192
192
192
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199
200
200
202
203
204
205
206
207
208
208
Maldivas
Síria
Coreia do Norte
Gâmbia
Antígua e Barbuda
Malta
Malásia
Índia
Indonésia
Cingapura
Guiana
Porto Rico
Tailândia
São Cristóvão e Névis
Suazilândia
Mianmar
Belize
Hong Kong
Bangladesh
Nepal
Paquistão
Montserrat
Liechtenstein
Dominica
Barbados
Laos
Taiti
Comores
Bermudas
Guam
Nicarágua
Ilhas Salomão
São Tomé e Príncipe
Sri Lanka
China Taipei
Iêmen
Turcas e Caícos
Seychelles
Curacao
Ilhas Faroe
Ilhas Maurício
Sudão do Sul
Vanuatu
Fiji
Mongólia
Ilhas Virgens Americanas
Samoa
Bahamas
Brunei
Timor-Leste
Tonga
Ilhas Cayman
Samoa Americana
Andorra
Papua-Nova Guiné
Camboja
Ilhas Virgens Britânicas
Eritreia
Somália
Macau
Djibuti
Ilhas Cook
Anguila
Butão
San Marino
2
-6
-1
0
2
-18
2
3
4
1
1
2
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2
14
-1
-9
1
4
0
-1
0
-5
2
1
-2
-10
2
2
4
1
5
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1
-2
3
26
-1
-1
-13
-1
-1
3
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-2
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1
2
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-2
-1
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-2
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-1
-1
-1
-1
171
169
163
161
152
146
144
144
141
140
136
134
128
124
123
122
117
114
103
102
100
99
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92
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79
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78
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O SOM DO FUTEBOL
O OBJETO
Perikles Monioudis
A
Espírito anticomercial
Hanspeter Kuenzler
Ainda teremos de amargar quatro anos até
a próxima edição da Copa do Mundo da
FIFA. E isso é motivo bastante para que busquemos o consolo nas canções “não o
­ ficiais”
do futebol.
Sion Ap Tomos
A
pesar da melodia marcante, o single “The
Official Colourbox World Cup Theme” nunca conseguiu ultrapassar as fronteiras da
cena britânica da música alternativa. A própria
piada com o título – é óbvio que não se trata de
uma canção oficial da FIFA, mas sim de um
single “oficial” do grupo Colourbox – já deixa
bem claro que a intenção aqui não é vender o
maior número de discos possível. A banda era
composta pelos irmãos Martyn e Steven Young, juntos da vocalista Lorita Grahame.
Anos antes de o techno invadir as pistas, o
Colourbox experimentava, em um sombrio
apartamento no porão de um edifício em Maida Vale, em Londres, com instrumentos eletrônicos e o recurso dos samplers, tão comum ao
hip-hop. Assim, criou um som que não era nem
um krautrock no estilo do Kraftwerk, nem um
disco à la Giorgio Moroder. Na verdade, a mescla unia muito mais a batida do reggae com as
melodias grudentas da soul music, humor
­britânico e o clima dos faroestes spaghetti.
O grupo lançou apenas um álbum, que alcançou o 67º lugar nas paradas de sucesso. Em
1986, “The Official Colourbox World Cup Theme” apareceu logo antes do Mundial do México.
Adeptos do caráter anticomercial que dominava a cena musical alternativa, a banda lançaria
um segundo single no mesmo dia, arruinando
as chances de sucesso de ambos os compactos.
A própria capa do single em homenagem à Copa
do Mundo já denota classe: o retrato dos jogadores ingleses Jimmy Hill (na frente) e Bobby
Robson (verso) em um uniforme clássico dos
anos 1960. A faixa tem um instrumental
­elegante e incrivelmente eletrizante acompanhado por grunhidos intermitentes que fazem
as vezes dos vocais.
Pouco tempo depois, o Colourbox se juntou
ao grupo A.R.Kane para levar, sob o nome de
M/A/R/R/S, os experimentos com os samplers
às últimas consequências. A fusão resultou na
pioneira “Pump Out the Volume”, sucesso em
todo o planeta. Os integrantes, contudo, odiaram o sucesso. E, desde então, nunca mais
­gravaram discos. Æ
grama abençoada. Todo fanático por futebol sabe que ela existe. Não em qualquer
lugar, mas apenas por onde a bola rolou, por
gerações e gerações de ídolos, servindo de palco
para gols e títulos inesquecíveis. Assim, a grama é abençoada apenas se tiver sido usada pelos maiores. Os torcedores se lembrarão, sem
dúvidas, do gramado do Wembley em Londres,
ou daquela relva tão querida na terra dos pentacampeões mundiais: o abençoado gramado
do Estádio Maracanã, no Rio de Janeiro.
Em 1950, Brasil e Uruguai disputaram a
­final da Copa do Mundo da FIFA no recém-inaugurado Maracanã. No fim, quem levou a melhor
foi a Celeste. Sessenta e quatro anos depois, o
estádio dos estádios foi palco de mais uma final
de Copa. Mas, dessa vez, sem a Seleção, desclassificada antes da grande decisão.
Em 2014, os alemães triunfaram sobre o
abençoado gramado do Maracanã. Agora, aquele tapete verde ficou mais especial ainda, tendo
vivenciado outra grande final, sendo mais uma
vez parte da história do futebol e se tornando,
para ser mais preciso, um mito verídico do esporte. Falta pouco para que um pedaço abençoado de grama seja exposto no Museu da FIFA,
em Zurique. Mas como transportar um bloco de
grama sobre o Atlântico até o coração da Europa, no Lago de Zurique?
Para isso, uma caixa de madeira deverá
­servir de recipiente (ver imagem acima). Em
comparação com o conteúdo, ela não é abençoada, mas tem a honra de proteger a grama
­abençoada. E, com isso, vem a garantia de um
lugar no arquivo do Museu da FIFA. Å
T H E F I FA W E E K LY
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Only eight countries have ever
lifted the FIFA World Cup Trophy.
Yet over 200 have been
winners with FIFA.
As an organisation with 209 member
associations, our responsibilities do not end
with the FIFA World Cup™, but extend to
safeguarding the Laws of the Game, developing
football around the world and bringing hope to
those less privileged.
Our Football for Hope Centres are one example
of how we use the global power of football to
build a better future.
www.FIFA.com/aboutfifa
PON T O DE INFLE X ÃO
Nome
Abdel Moneim Hussein
Data e local de nascimento
7 de julho de 1956,
Cartum (Sudão)
Posição
Volante
Conquistas como jogador
8 vezes campeão egípcio,
2 vezes campeão da
Copa do Egito
Conquistas como treinador
(principais)
2 vezes campeão egípcio,
Campeão da Liga dos
Campeões da África
“Ser expulso da
faculdade foi o trampolim
para minha ascensão”
O sudanês Abdel Monein Hussein é um ícone do futebol
africano. E ele deve isso indiretamente ao cartão vermelho
que recebeu na universidade.
Getty Images
N
o mundo do futebol sou conhecido pelo
apelido de “Shatta”. É uma palavra árabe
que significa “pimenta picante”. Sou chamado assim desde criança porque nunca
conseguia me sentar calmamente e era
cheio de energia. E a minha carreira
também se deveu a essa vitalidade. Porque ela
me impulsionou continuamente a investir mais
comprometimento e esforço do que a maioria
dos meus colegas da mesma idade. Cresci com
seis irmãs e seis irmãos no Sudão. Nessas condições, aprendemos automaticamente a usar os
cotovelos para abrir caminho.
Quando criança, o futebol era apenas um
passatempo para mim. Eu jogava nas ruas com
colegas. E gastava mais energia e tempo na minha formação escolar. Eu queria a qualquer custo ser engenheiro e consegui uma vaga para
estudar na Universidade de Cartum. E não foi
nada fácil conseguir porque apenas 20 estudantes recebiam esse privilégio por ano.
Paralelamente aos meus estudos, continuei
jogando futebol pelo clube local Al Tharir e pela
equipe da universidade. Em 1972, vencemos de
modo surpreendente a prestigiada Copa das
Universidades do continente africano. Fui artilheiro da competição e fui eleito o melhor jogador. Esse acontecimento acabou sendo uma
grande hora da virada na minha vida — mas não
da forma como eu tinha imaginado. Quando
retornamos a Cartum, fui expulso da faculdade
— e a explicação foi que eu havia faltado no
curso por três semanas sem justificativa.
Inicialmente, foi um choque, mas pensando
bem preciso ser grato à diretoria pela expulsão.
Afinal, ela abriu para mim as portas do grande
mundo do futebol. Graças às minhas atuações
havia vários grandes clubes africanos interessados em mim. Acabei optando pelo clube egípcio
Al Ahly. Quem não conhece o futebol egípcio
não pode compreender direito a grandeza deste
clube. Os dérbis contra o Zamalek estão entre os
mais emocionantes que o futebol internacional
tem a oferecer — com uma torcida de 120.000
torcedores no Estádio Internacional do Cairo.
Depois da minha aposentadoria como jogador, fui treinador do Al Ahly. Mas a segunda
grande hora da virada para mim foi a minha
contratação para ser diretor técnico da Confederação Africana de Futebol. Nessa função,
acompanhei o desempenho dos africanos no
Brasil com muito interesse. O fato de duas das
nossas seleções terem se classificado pela primeira vez para as oitavas de final foi um sucesso. Mas poderiam ter sido mais. O futebol africano tem o talento e a inspiração para grandes
conquistas. Mas ele precisa de uma base administrativa e organizacional mais sólida. O caminho até lá só pode levar a mais competitividade
e concorrência: tanto na África quanto em uma
proporção intercontinental. Por isso, espero
que a África algum dia receba mais de cinco
vagas na Copa do Mundo. Afinal, temos o mesmo número de membros que a UEFA. Å
Redigido por Thomas Renggli
Personalidades do futebol relembram
um momento marcante da sua vida.
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Editora:
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QUI Z DA C OPA DO MUNDO DA F IFA
O que é o que é, uma camisa da Copa do Mundo,
um sósia de Alfredo e...
1
Presidente:
Joseph S. Blatter
Secretário-geral:
Jérôme Valcke
O craque defendeu três seleções, a última delas a Espanha. Ele ficou de fora da Copa do
Mundo 1962 devido a uma contusão. Muitos anos depois, defendeu um dos dois mais
importantes clubes espanhóis, enquanto o clube rival também queria contar com o seu futebol.
E foi nesta cidade que ele faleceu. De quem estamos falando?
Diretor de comunicação e
relações públicas:
Walter De Gregorio
TRaymond
RFerenc
PFritz
KLaszlo
Redator-chefe:
Perikles Monioudis
Redação:
Thomas Renggli (autor),
Alan Schweingruber, Sarah Steiner
Direção de arte:
Catharina Clajus
Editor de fotografia:
Peggy Knotz
2
Produção:
Hans-Peter Frei
A
O
E
I
Layout:
Richie Krönert (coordenação),
Marianne Bolliger-Crittin,
Susanne Egli, Mirijam Ziegler
Revisão:
Nena Morf, Kristina Rotach
3
Equipe regular:
Sérgio Xavier Filho, Luigi Garlando,
Sven Goldmann, Hanspeter Kuenzler,
Jordi Punti, David Winner,
Roland Zorn
Secretária de redação:
Honey Thaljieh
4
3 ou menos
exatamente 5
exatamente 6
7 ou mais
De que é este prêmio?
C
L
N
R
Equipe especial para esta edição:
Andreas Jaros, Alissa Rosskopf,
Andrew Warshaw, Andreas Wilhelm
Gerência de projeto:
Bernd Fisa, Christian Schaub
Em quantas partidas da Copa do Mundo vimos esta camisa?
Craque do Jogo
Chuteira de Ouro
Fair Play
Terceiro colocado da Copa do Mundo 2014
Quem marcou mais gols na Copa do Mundo – os jogadores retratados de clubes ingleses,
os do time espanhol, o trio ou o pai dos filhos? (Sem contar disputas de pênaltis)
Traduções:
Sportstranslations Limited
www.sportstranslations.com
Impressão:
Zofinger Tagblatt AG
www.ztonline.ch
A
E
H
K
Contato:
[email protected]
A reimpressão de fotos e artigos da
The FIFA Weekly, ainda que apenas
de excertos, só é permitida com a
autorização da redação e fazendo
referência à fonte (The FIFA Weekly,
© FIFA 2014). A redação não tem a
obrigação de publicar textos e fotos
que nos sejam enviados sem
solicitação. A FIFA e o logotipo da
FIFA são marcas registradas.
Produzido e publicado na Suíça.
As opiniões publicadas na
The FIFA Weekly não necessaria­
mente correspondem aos pontos
de vista da FIFA.
A solução do Quiz da semana passada foi: SEPP
Explicação em detalhes em www.fifa.com/theweekly
Inspiração e motivação: cus
Envie a sua solução até 23 de julho de 2014 para o email [email protected]
Os leitores que enviarem as soluções corretas para todos os quizes publicados a partir de 13 de junho de 2014 concorrem,
em janeiro de 2015, a uma viagem com um acompanhante para a cerimônia da Bola de Ouro FIFA,
que acontecerá no dia 12 de janeiro de 2015. Antes de enviarem as suas respostas, os participantes devem
ler e aceitar as condições de participação e as regras do concurso, que podem ser vistas em
pt.fifa.com/mm/document/af-magazine/fifaweekly/02/20/51/99/pt_rules_20140613_portuguese_portuguese.pdf
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P E R G U N T E À F I F A W E E K LY
ENQUETE DA SEMANA
Copa do Mundo da FIFA 2014: Qual estilo de futebol mais agradou a você?
A Alemanha teve em campo sete
jogadores do Bayern de Munique na final. Foi um recorde?
Ines Mares, Turim
Não. Na final de quatro anos atrás,
o Barcelona teve seis jogadores na
escalação da seleção espanhola:
Piqué, Puyol, Busquets, Iniesta,
Xavi e Pedro. Mas no total havia
sete catalães no elenco que
disputou a África do Sul 2010 —
exatamente igual ao número de
representantes do Bayern no atual
selecionado germânico. O técnico
alemão Joachim Löw colocou
todos em campo com a entrada
de Mario Götze no decorrer da
partida. Mas o recorde aconteceu
há 64 anos. No jogo decisivo de
1950, havia nove jogadores do
Peñarol na seleção uruguaia:
Máspoli, Varela, Ghiggia, Miguez,
Schiaffino, Britos, González,
Ortuño e Vidal. Com isso, quase
todo o time do Peñarol se sagrou
campeão mundial! (thr)
A campeã Alemanha impressionou os torcedores no Brasil com um futebol moderno. Mas também
Costa Rica, Nigéria e Holanda apresentaram um futebol vistoso. Qual estilo mais agradou a você?
Dê a sua opinião em www.fifa.com/newscentre
R E S U LTA D O DA Ú LT I M A S E M A N A
Qual seleção irá vencer o Prêmio FIFA Fair Play? (Colômbia ganhou o prêmio.)
48%
31%
Colômbia
Suíça
12%
Outra equipe
6%
Nigéria
3%
Argentina
A SEMANA EM NÚMEROS
quilômetros foi o que percorreu o norte-americano Michael Bradley, de 26 anos, na partida
entre Estados Unidos e Bélgica pelas oitavas
de final. Com isso, o meia foi quem correu a
maior distância média durante a Copa do
Mundo no Brasil. Para Bradley, que interpretou literalmente a alcunha de trabalhador
incansável, esse foi o seu segundo Mundial.
88
foi a porcentagem de passes certos na partida
entre Itália e Inglaterra. Essa alta média na
Copa do Mundo da FIFA 2014 é mais impressionante ainda se considerarmos que o embate
entre as duas campeãs mundiais foi realizado
em pleno clima equatorial de Manaus. E a Itália
levou a melhor, com uma vitória por 2 a 1.
impressionantes quilômetros por hora foram
medidos em uma arrancada de Júnior Díaz,
durante a Copa do Mundo da FIFA 2014. No
Mundial do Brasil, ninguém correu mais
rápido que o lateral da Costa Rica. Aos 30
anos, Díaz disputa o Campeonato Alemão
desde 2012 com a camisa do Mainz.
Getty Images
16,69
33,8