AUTOR Lygia Fagundes Telles Quarta ocupante da Cadeira nº 16
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AUTOR Lygia Fagundes Telles Quarta ocupante da Cadeira nº 16
AUTOR DADOS BIOGRÁFICOS BIBLIOGRAFIA Lygia Fagundes Telles Quarta ocupante da Cadeira nº 16 da Academia Brasileira de Letras, eleita em 24 de outubro de 1985, na sucessão de Pedro Calmon e recebida em 12 de maio de 1987 pelo acadêmico Eduardo Portella. Nome completo: Lygia Fagundes Telles Nascimento: 19 de abril de 1923, São Paulo Morte: Individuais = Contos Porão e sobrado, 1938 Praia viva, 1944 O cacto vermelho, 1949 Histórias do desencontro, 1958 Histórias escolhidas, 1964 O jardim selvagem, 1965 Antes do baile verde, 1970 Seminário dos ratos, 1977 Filhos pródigos, 1978 (reeditado como A estrutura da bolha de sabão, 1991) A disciplina do amor, 1980 Mistérios, 1981 A noite escura e mais eu, 1995 Venha ver o por do sol Oito contos de amor Invenção e Memória, 2000 (Prêmio Jabuti) Durante aquele estranho chá: perdidos e achados, 2002 Meus contos preferidos, 2004 Histórias de mistério, 2004 Meus contos esquecidos, 2005 = Romances Ciranda de pedra, 1954 Verão no aquário, 1963 As meninas, 1973 As horas nuas, 1989 Antologias Seleta, 1971 (organização, estudos e notas de Nelly Novaes Coelho) Lygia Fagundes Telles, 1980 (organização de Leonardo Monteiro) Os melhores contos de Lygia F. Telles, 1984 (seleção de Eduardo Portella) Venha ver o pôr-do-sol, 1988 (seleção dos editores Ática) A confissão de Leontina e fragmentos, 1996 (seleção de Maura Sardinha) Oito contos de amor, 1997 (seleção de Pedro Paulo de Sena Madureira) Pomba enamorada, 1999 (seleção de Léa Masima). Participações em coletâneas Gaby, 1964 (novela - in Os sete pecados capitais Civilização Brasileira) Trilogia da confissão, 1968 (Verde lagarto amarelo, Apenas um saxofone e Helga - in Os 18 melhores contos do Brasil - Bloch Editores) Missa do galo, 1977 (in Missa do galo: variações sobre o mesmo tema - Summus) O muro, 1978 (in Lições de casa - exercícios de imaginação - Cultura) As formigas, 1978 (in O conto da mulher brasileira - Vertente) Pomba enamorada, 1979 (in O papel do amor Cultura) Negra jogada amarela, 1979 (conto infanto-juvenil in Criança brinca, não brinca? - Cultura) As cerejas, 1993 (in As cerejas - Atual) A caçada, 1994 (in Contos brasileiros contemporâneos - Moderna) A estrutura da bolha de sabão e As cerejas, s.d. (in O conto brasileiro contemporâneo - Cultrix) Crônicas publicadas na imprensa Não vou ceder. Até quando?. O Estado de São Paulo – 06/01/92 Pindura com um anjo. Jornal da Tarde – 11/08/96 Já recebeu todos os principais prêmios literários do Brasil. Também teve obras publicadas em diversos países: França, Estados Unidos, Alemanha, Itália, Holanda, Portugal, Suécia, República Checa, Espanha, entre outros –, além de adaptadas para TV, teatro e cinema. OBRA ANALISADA: GÊNERO RESENHA Ciranda de Pedra romance Neste seu primeiro romance (1954), Lygia, uma das mais representativas expressões da moderna ficção brasileira, reproduz o comportamento humano e seus relacionamentos. Baseada em fatos reais, a história acontece aproximadamente entre as décadas de 1940/1950, em São Paulo, e explora as características psicológicas das personagens. Numa de suas caminhadas a pé, passou em frente a um casarão que estava sendo demolido. “Eu me lembro que a casa tinha um jardim lindo e uma escada de mármore. A casa já estava sem a parede da frente, exposta. Fiquei muito comovida com aquela imagem e pensei comigo: aqui nesta casa gente amou, viveu, dançou e chorou. Aí, percebi uma fonte débil, com água ainda jorrando. Em volta dela, havia pequenos anões de jardim, que estavam de mãos dadas, em uma ciranda que fechava a fonte tal como descrevi no livro. Pensei em uma jovem querendo entrar nessa ciranda de pedra e não conseguindo. Foi assim que nasceu a Virgínia. E imaginou os dramas que se desenrolaram naqueles jardins, as tristezas e alegrias que envolveram os antigos habitantes daquela casa." Ciranda de Pedra conta justamente a história de uma família que se desagregou com a separação dos pais. Uma das filhas, Virginia, fica morando com a mãe doente e o segundo marido dela, numa casa pequena e desconfortável. As outras duas meninas acompanham o pai, que mora num casarão cercado de riqueza e conforto. As personagens do livro são apanhadas em situações aparentemente banais, que fazem parte da vida de qualquer pessoa. Há, no entanto, algo que as desintegra e as vai desnudando até que mostrem suas fragilidades, seus medos, suas loucuras. Tudo se passa numa época em que as mulheres se vestiam com sobriedade, usavam luvas e chapéu para ir ao centro da cidade tomar chá com as amigas e olhar as vitrines. MULHER DA DÉCADA DE 50 Com o fim dos anos de guerra e do racionamento de tecidos, a mulher dos anos 50 se tornou mais feminina e “glamourosa”. Metros e metros de tecido eram gastos para confeccionar um vestido, bem amplo e na altura dos tornozelos. A cintura era bem marcada e os sapatos eram de saltos altos, além das luvas e outros acessórios luxuosos, como peles e jóias. ESTILO DE ÉPOCA INTERTEXTUALIDADE Essa silhueta extremamente feminina e jovial atravessou toda a década de 50 e se manteve como base para a maioria das criações desse período. Os penteados podiam ser coques ou rabos-decavalo, como os de Brigitte Bardot. Dois estilos de beleza feminina marcaram os anos 50, o das ingênuas chiques, encarnado por Grace Kelly e Audrey Hepburn, que se caracterizavam pela naturalidade e jovialidade e o estilo sensual e fatal, como o das atrizes Rita Hayworth e Ava Gardner, como também o das pin-ups americanas, loiras e com seios fartos. Entretanto, os outros dois grandes símbolos de beleza da década de 50 foram Marilyn Monroe e Brigitte Bardot, que eram uma mistura dos dois estilos, a devastadora combinação de ingenuidade e sensualidade. Pós-Modernismo / Contemporâneo Mantém-se atual, pois trata de temas recorrentes da obra da escritora: o amor, a morte, a fragilidade da alma humana, a solidão, a loucura, a crueldade e o sonho; todos muito bem explorados numa narrativa viva e sensível. Ciranda de pedra, 1981, novela – Rede Globo de Televisão - reconstituição perfeita por Teixeira Filho; considerada até hoje uma das melhores adaptações de romances nacionais feitas para o horário das 18 horas. Conseguiu abordar da forma correta, sem exageros, temas como homossexualidade e infelicidade conjugal. O advogado Natércio Prado e Laura vivem um casamento de desajuste e, quando se separam, Prado fica com as duas filhas mais velhas, Bruna e Otávia, e a mais moça, Virgínia, vai com Laura viver junto do médico Daniel, graças aos agravos mentais e físicos dela. Daniel sempre tratou muito bem de Virgínia e ela sempre foi tratada friamente por Prado, o que levanta a suspeita de que seja filha do médico. Já moça feita, volta a morar com o pai e as irmãs, lidando com a áspera governanta Frau Herta. Ciranda de pedra, 2008, novela – Rede Globo de Televisão – de Alcides Nogueira, não é um remake, mas sim uma nova adaptação. Curioso(a)?? Acesse o site oficial para saber mais detalhes! LETRA DA MÚSICA: Fonte da Juventude, Rita Lee Quanto mais a mulher jura Gostar de homem erudito Tanto mais ela procura Um tipo burro e bonito Pois as pernas que um dia abalaram Paris Hoje são dois abacaxis Se os olhos da Elizabeth Arden, meu bem O que a Helena Rubinstein com isso? Ela passou creme Ruguina Ela usou Anti-sardol Ela fez plástica pra ter cara de menina Mas ela não esfriou o sol Morreu, morreu, com a cara que nasceu Não deu, não deu, pra gostar do que era seu Eu tenho o corpo que pedi a Deus VISÃO CRÍTICA “A segurança na composição, a linguagem, a força sugestiva da narração, a maneira por que engrena a ação e arte com que dispõe os cenários, o ângulo da objetividade mas também de simpatia em que se coloca, fazem de Ciranda de Pedra um romance digno de figurar em plano de relevo em nossa moderna ficção.” (Sérgio Milliet da Costa e Silva, crítico de literatura e arte, poeta e tradutor paulista) “O encontro de Virgínia menina com o mundo é alguma coisa realmente excepcional em nossas letras. Muitas vezes quis eu deixar de parte Ciranda de Pedra com medo do que ia acontecer. Era preferível não tomar conhecimento dessa tragédia embora a soubesse imaginária. Mas seria tão imaginária assim?” (Augusto Frederico Schmidt) “Lygia Fagundes Telles conseguiu o milagre raro de encontrar aquele tipo ideal de romance, em que a beleza da prosa faz corpo com a própria tessitura da narração, aquele estilo “inaparente”, que funde harmoniosamente os vários planos em que se desenvolve um romance, o diálogo com a ação, o passado com o presente.” (Adolfo Casais Monteiro (1908, Porto - 1972, São Paulo) “Verdadeira testemunha de um mundo moral em decomposição, onde todos os valores entram em crise, a obra de Lygia fixa a matéria indecisa da vida, não pela pintura objetiva dos fatos, mas captando a dolorosa e quase indizível relação que se estabelece entre a consciência do homem e os seres e as coisas que o rodeiam.” (Nelly Novaes Coelho – USP) Segundo o crítico literário Antonio Candido de Mello e Souza, no texto “A nova narrativa brasileira”, o romance Ciranda de Pedra (1954) seria o marco de sua maturidade intelectual. Vivendo a realidade de uma escritora do Terceiro Mundo, LTF considera sua obra de natureza engajada, ou seja, comprometida com a difícil condição do ser humano num país de tão frágil educação e saúde. Participante e testemunha deste tempo e desta sociedade, a escritora procura através da palavra escrita apresentar esta sociedade e este tempo envolto na sedução do imaginário e da fantasia.
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