I Encontro Ibero-Latino-Americano de Laringologia e Fonocirurgia

Transcrição

I Encontro Ibero-Latino-Americano de Laringologia e Fonocirurgia
I Encontro Ibero-Latino-Americano
de Laringologia e Fonocirurgia
Manaus 2005
Artigo de Revisão
Efeitos dos Medicamentos na Qualidade Vocal e na Laringe
1
Páginas 13 a 18
PÁGINA RESERVADA PARA ANÚNCIO
SIGMA PHARMA
2
Editorial
Caros Colegas,
Em nome da Academia Brasileira
de Laringolog
ia e V
oz, veiculamos a
Laringologia
Vo
quinta versão da Revista Vox brasilis
durante nossa gestão.
Aproveitamos a oportunidade para
agradecer ao apoio recebido durante os
eventos de nossa diretoria ao longo
deste ano. Especial agradecimento à
participação de todos na Campanha da
Voz , ocorrida entre 11 e 16 de abril. Mais
uma vez, os temas rouquidão e os distúrbios da voz ganharam as mídias nacional e internacional, levando a questão ao conhecimento do público em
geral, além do atendimento a milhares
de brasileiros. Lembramos a todos que,
durante o Congresso Triológico, serão
sorteados os prêmios para aqueles que
enviaram seus relatórios de atendimentos da Campanha da Voz. Se você ainda não enviou seu relatório, corra, pois
novembro está logo aí.
Outro grande acontecimento que
merece destaque foi o Encontro IberoLatino-Americano de Laringologia e
Fonocirurgia, ocorrido em Manaus, no
período de 26 a 28 de maio, juntamente com o Congresso Norte-Nordeste
de Otorrinolaringologia
Otorrinolaringologia. O evento transcorreu de maneira organizada e contou
com a estrutura ideal, o que propiciou a
troca de experiências e conhecimentos
entre participantes nacionais e colegas
do Panamá, Paraguai, Colômbia, Argentina, Costa Rica, México, Uruguai e Estados Unidos. O evento foi selado com a
criação da Sociedade Latino-Americana
de Laringologia e Voz, e com a certeza
de ter sido um grande passo para a
história da Laringologia e Voz. Momento
de grande emoção durante o evento
foi a homenagem ao Dr. José Antônio
Pinto, por todos os seus anos de dedicação e feitos pela nossa especialidade.
Neste número, o leitor também vai
encontrar o artigo de revisão
revisão: “Efeitos
dos Medicamentos na Qualidade Vocal
e na Laringe”, escrito pela Dra. Natasha
Braga. Uma revisão de literatura com
enfoque prático, que vale a pena ter em
mente para atuar de maneira segura no
dia a dia.
Em novembro, esperamos
todos vocês em
São Paulo para
mais um encontro da nossa esDomingos Tsuji
pecialidade, du- (Presidente da ABLV)
rante a prograresso TTriológ
riológ
ico de
mação do IV Cong
Congresso
riológico
Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial
vico-Facial. A programação de Laringologia e Voz ocorrerá nos dias
12 e 13 de novembro e promete dinamismo e praticidade. Contaremos
com a participação internacional de
Dr. André Perouse (França), Dr. Guillermo Campos (Colômbia) e Dr. Ricardo Serrano (Argentina) para abrilhantar nossas atividades. Com o
objetivo de incentivar a pesquisa científica, programamos uma grande
sessão de temas livres, com a participação dos convidados internacionais
para enriquecer as discussões e comentários. As mesas redondas abordarão de forma objetiva as controvérsias da especialidade. Os painéis
foram montados em formato de cursos de imersão, o que permitirá o
aprofundamento em temas específicos para aqueles que estiverem interessados. Esperamos todos os colegas para mais este momento de
aprendizado, troca de experiências e
confraternização.
Um abraço
Diretoria ABLV
Domingos Tsuji
(Presidente)
Geraldo Druck Sant’
Anna
Sant’Anna
(Vice-presidente)
Paulo Perazzo
(Secretário Geral)
Jefferson D’
Avila
D’A
(Tesoureiro)
Rui Imamura
(Secretário Adjunto)
José Eduardo Pedroso
(Tesoureiro Adjunto)
Patrícia Santoro
(Diretora de publicações)
DIRETORIA EXECUTIVA
Presidente:
Domingos Hiroshi Tsuji
São Paulo – SP
Vice Presidente:
Geraldo Druck Sant’anna
Porto Alegre - RS
Secretário
Paulo Perazzo
Salvador - BA
Secretário Adjunto
Rui Imamura
São Paulo - SP
Tesoureiro
Jéferson Sampaio D’avila
Aracaju – SE
Tesoureiro Adjunto
José Eduardo Pedroso
São Paulo – SP
REPRESENTANTES REGIONAIS
Regional I – Acre, Amapá, Amazonas,
Rondônia, Roraima e Tocantins
Eduardo A. Kauffman (Manaus)
Regional II – Maranhão, Piauí, Ceará,
Paraíba, e Rio Grande do Norte
José Wilson Meireles (Fortaleza)
Regional III – Pernambuco, Alagoas,
Sergipe e Bahia
Fabio Coelho A. Siqueira (Recife)
Regional IV – Espírito Santo e Rio de Janeiro
Guido Herbert F. Heisler (Rio de Janeiro)
Regional V – Distrito Federal, Goiás, Mato
Grosso do Sul e Minas Gerais
Edson Luiz Costa Monteiro (Goiânia)
Regional VI – Paraná, Santa Catarina
e Rio Grande do Sul
Marcos Antônio Nemetz (Sta. Catarina)
Regional VII – São Paulo (interior)
Mario Luiz A. da S. Freitas (Sorocaba)
CONSELHO FISCAL
Osíris de Oliveira Camponês do Brasil
São Paulo - SP
Gabriel Kuhl - Porto Alegre - RS
Antônio Maciel da Silva - Andradina - SP
Carlos Takahiro Chone - Campinas - SP
Frederico José Jucá Pimentel - Recife - PE
Vox Brasilis
Ano 11 • Nº 12 • Junho de 2005
Realização
Sintonia Comunicação
Coordenação Editorial
Patrícia Paula Santoro
Jornalista Responsável
Claudio Barreto - MTB: 24.018
Projeto Gráfico
Alisson Alonso Nunes
Diretoria de Publicações
[email protected]
Vox Brasilis é o boletim informativo da
Academia Brasileira de Laringologia e Voz.
Fale conosco
Av. Indianópolis, 740 • Moema •
04062-001 • São Paulo • SP
Telefax: (11) 5052-2370 / 5052-9515
E-mail: [email protected]
3
Agenda
SETEMBRO
• 02 e 03 - I Curso TTeórico-Prático
eórico-Prático de
Disfunções da Deglutição e Refluxo
Laringofaríngeo
Coordenadores: Luis Ubirajara Sennes,
Domingos H. Tsuji, Patrícia P. Santoro, Raquel A.Tavares, Rui Imamura - local: Anfiteatro de ORL do Hospital das Clínicas
e-mail: www.forl.org.br
• 25 a 28 - 2005 Annual Meeting &
O TO E X P O A m e r i c a n A c a d e m y o f
Otolaryngology—Head and Neck
Surgery
California, September 25-28, 2005 - site:
http://www.entlink.net/meetings/
meetings/Annual-Prep.cfm
OUTUBRO
• 03 a 05 - Curso TTeórico-Prático
eórico-Prático de
Endoscopia Dirigida ao Otorrinolaringologista
Coordenação Científica: Drs. Domingos H.
Tsuji, Luiz Ubirajara Sennes e Richard Louis
Voegels - local: Anfiteatro de ORL do Hospital das Clínicas - Cidade: São Paulo - SP
telefone: (11) 30689855 - Fatima - e-mail:
[email protected] - site: www.forl.org.br
• 06 a 08 - Curso TTeórico-Prático
eórico-Prático de
Microcirurgia de Laringe com Dissecção de Peças
Coordenadores: Dr. Domingos H. Tsuji,
Dr. Luiz Ubirajara Sennes e Dr. Richard L.
Voegels - local: Anfiteatro de ORL do Hospital das Clínicas - e-mail: www.forl.org.br
• 13 e 14 - Simpósio Internacional:
Câncer de Cabeça e Pescoço
Coordenação Científica: Drs. José
Victor Maniglia, Márcio Coimbra Pereira, João Armando Padovani Jr, Atílio
Maximino Fernandes, Denise Abrita,
Luiz Sérgio Raposo, Fernando Drimel
Molina, Alexandre Rofaldini Coraçari local: Deptº de Otorrinolaringologia e
Cirurgia de Cabeça e Pescoço da
FAMERP - Cidade: São José do Rio
Preto - SP - telefone: (17) 235-7017 e-mail: [email protected]
site: www.cenacon.com.br
• 20 e 2
1 - Curso TTeórico-Prático
eórico-Prático de
21
Ronco e Apnéia do Sono
Coordenadores: Dr. Gilberto Formigoni
e Dr. Luiz Ubirajara Sennes - local: Anfiteatro de ORL do Hospital das Clínicas e-mail: www.forl.org.br
NOVEMBRO
• 10 a 14 - IV Congresso TRIOLÓGICO
de Otorrinolaringologia e Cirurgia
Cérvico-Facial
Local: ITM-Expo - Cidade: São Paulo - SP telefone: (11) 5052-9515 Ramal 5 e-mail: [email protected] - site:
www.aborlccf.org.br
DEZEMBRO
• 08 e 09 - I Curso TTeórico-Prático
eórico-Prático de
Disfagia da Santa Casa de São Paulo
Coordenadores: Dr. Alessandro Murano,
Dr. André Duprat, Dr. Leonardo da Silva
- Local: Departamento de Otorrinolaringologia da Santa Casa de São Paulo Cidade: São Paulo – SP - Telefone: (11)
3222-8405
EDITAL DE CONVOCAÇÃO PARA
AI
S – AB
ia e V
oz
ELEIÇÕES GER
Vo
GERAI
AIS
ABLLV – Academia Brasileira de Laringolog
Laringologia
A ACADEMIA BRASILEIRA DE LARIN
LARIN-GOL
OGIA E V
OZ - AB
OLOGIA
VO
ABLLV, pessoa jurídica
de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n.º
06.103.662/0001-73, com sede à Av.
Indianópolis, n.º 740, Bairro Moema, na cidade de São Paulo/SP, neste ato representada por seu Presidente - Dr. Domingos
Hiroshi Tsuji, brasileiro, casado, médico, inscrito no CPF sob o nº 012.903.708/77 e no
RG sob o nº 11.974.077, vem, através do
presente, COMUNICAR aos seus associados, de acordo com o Estatuto Social e do
Regimento Interno em vigor, que PROMOVERÁ
VERÁ, no dia 12 de novembro de 2005
2005,
durante a realização do IV Congresso
Triológ
ico de Otorrrinolaringolog
ia
riológico
Otorrrinolaringologia
ia, assembléia geral ordinária de eleição para a
Diretoria Executiva e Conselho Fiscal,
observando o que segue:
1 – O registro de chapas para a Diretoria Executiva poderá ser realizado junto à
Comissão Eleitoral
Eleitoral, na sede da AB
ABLLV, sito à
Av. Indianópolis, n.º 740, Bairro Moema, na
cidade de São Paulo/SP, até às 17:00 horas
do dia 12 de outubro de 2005
2005, sendo o
4
nome de seus integrantes divulgado por
circular distribuída a todos os associados ou
por meio da Revista Brasileira de ORL, Jornal
de ORL, Revista Vox Brasilis ou mídia digital.
2- As eleições serão administradas por
uma Comissão Eleitoral de 03 (três)
membros, nomeados pela Diretoria Executiva para tal fim e que elegerá entre si, seu
Coordenador.
3- A Comissão Eleitoral será formada, no mínimo com 60 (sessenta) dias de
antecedência das eleições, extinguindo-se
assim que os resultados da eleição forem
proclamados e os eleitos empossados, na
própria AGO que os eleger.
4- As chapas inscritas receberão,
mediante solicitação
solicitação, a lista do nome de
todos os associados inscritos na AB
ABLLV , contendo seu endereço de correspondência,
telefone e e-mail de contato, assim como
sua situação de quitação com a mesma.
5 – As chapas deverão conter candidatos a todos cargos devendo estes atenderem às especificações contidas no Estatuto Social vigente disponível aos inte-
ressados na sede da ABLV e publicado no
site www.ablv.com.br/i_aablv.cfm
6 - Os candidatos à Diretoria Executiva devem ser sócios Titulares, Titulares Colaboradores ou Remidos
Remidos, inscritos há pelo menos 6 (seis) meses nos
quadros da ACADEMIA BRASILEIRA DE
L AR
OL
OGIA E V
OZ – AB
ARII NG
NGOL
OLOGIA
VO
ABLLV / ABOR
ABORLLCCF
CF, quites com suas obrigações para com
a entidade e em pleno exercício de seus
direitos sociais, conforme estabelecido no
Estatuto e no Regimento Interno.
7- Havendo chapa única, ela poderá
ser eleita por aclamação da maioria absoluta dos presentes ao local de realização
da Assembléia Geral.
8- Informações mais detalhadas poderão ser obtidas junto à Secretaria da
ABOR
ABORLL- CCF
CF, que orientará os interessados quanto aos procedimentos de inscrição e aos cargos a serem preenchidos.
São Paulo, 18 de julho de 2005.
Domingos H. Tsuji
(Diretor Presidente da ABLV)
Capa
I Encontro Ibero-Latino-Americano
de Laringologia e Fonocirurgia
supera expectativas e consagra
a formação da Sociedade LatinoAmericana de Laringologia e Voz
Manaus, a cidade cosmopolita
em plena selva, foi palco de um
grande evento da Otorrinolaringologia. Nos dias 26 a 28 de maio,
a capital amazonense foi sede do I
Encontro Ibero-Latino-Americano de
Laringologia e Fonocirurgia, juntamente com o VIII Congresso Norte-Nordeste de Otorrinolaringologia.
O evento ocorreu no Hotel Tropical, às margens do belo e imponente
Rio Negro.
Graças aos esforços do Dr. Domingos Tsuji, presidente da Academia Brasileira de Laringologia e Voz
latino-americanos que conseguiram
chegar com antecedência à Manaus.
E nada como um passeio de barco
temático, com destino ao Encontro
das Águas, para brindar este encontro com colegas do Panamá, Paraguai, Colômbia, Argentina, Costa
Rica, México, Uruguai e Estados Unidos. O passeio foi perfeito, dia lindo de muito sol e calor, encontro
do Rio Negro com o Rio Solimões,
costela de Tambaqui, tribo indígena
e muita descontração.
Estiveram presentes no evento
os seguintes convidados estrangei-
Mesas redondas aprofundaram temas de Laringologia
e Fonocirurgia em Manaus
(ABLV), e dos doutores Renato
Telles de Souza e Eduardo Kauffman, respectivamente, presidente e
coordenador-geral do congresso,
e com apoio da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF),
o evento transcorreu de maneira
organizada, com a estrutura ideal
para propiciar a troca de experiências e conhecimentos.
O dia pré-congresso foi de grande confraternização com os colegas
ros: Araceli de La Guardia (Panamá), César Franco Peña (Paraguai),
Guillermo Campos (Colômbia), Íris
Rodriguez (Argentina), José Alfonso Chacón (Costa Rica), Masao
Kume (México), Pedro Hounie
(Uruguai), Ricardo Carrau (Estados
Unidos) e Ricardo Serrano (Argentina), além de ilustres personalidades da Laringologia nacional.
A palestra inaugural foi proferida
pelo Dr. Domingos Tsuji, com o tema
“Compreendendo os Parâmetros da
Videoestroboscopia”. Após as boasvindas a todos os palestrantes internacionais, nacionais e congressistas de
todo o país, o presidente oficialmente
dispensou as formalidades do terno
e gravata, deixando os participantes
climatizados ao calor de Manaus.
Com mesas redondas, palestras
e painéis, os temas mais polêmicos
e controversos da Laringologia e
Fonocirurgia foram abordados de
forma objetiva, prática e transparente. O rendimento foi muito grande,
sendo que todos elogiaram o conteúdo das apresentações e o nível
das discussões.
O painel “Princípios Básicos da
Fonomicrocirurgia”, o primeiro do
encontro, abriu com elegância o
evento, com aulas objetivas, e material didático excepcional. A mesa
redonda sobre “Lesões Benignas de
pregas vocais (inflamatórias e AEM)”
mostrou que o assunto ainda é
controverso para todos, necessitando de muitos momentos de discussão de conceitos e estabelecimento
de condutas.
Momento interessante foi a palestra sobre a “Experiência Brasileira na Campanha da Voz”, com as
palavras do Dr. Nédio Steffen, o
idealizador da campanha; Dr. Domingos Tsuji, atual presidente da
ABLV; e Dr. José Antônio Pinto,
como o criador do Dia Mundial da
Voz, levando a idéia brasileira para
muito além de nossas fronteiras. Dr.
Domingos comentou sobre as
melhorias na logística da campanha,
e todos os esforços realizados durante a sua gestão para torná-la
mais profissionalizada e formatada,
com aulas padronizadas e resposta às questões mais freqüentes, uni-
5
Capa (continuação)
Reunião da Sociedade Latino-Americana de Laringologia e Voz
ficando os conceitos veiculados com
o selo da ABLV e da ABORL-CCF.
Também foram expostos os resultados da campanha na Argentina,
pela Dra. Íris Rodriguez e no México, pelo Dr. Masao Kume.
Ao final do primeiro dia do Encontro, ocorreu a Reunião da Sociedade Latino-Americana de Laringologia e Voz, liderada por: Dr. Domingos Tsuji, Dra. Íris Rodriguez, Dr.
Massao Kume e Dr. Guillermo Campos. De forma democrática e tranqüila, contando com a participação
de todos os presentes, foram discutidos os pontos principais do estatuto da sociedade, que promete
organizar reuniões científicas e o desenvolvimento de atividades acadêmicas entre os países envolvidos.
A sessão solene de abertura do
I Encontro Ibero-Latino Americano
de Laringologia e Fonocirurgia e VIII
Congresso Norte-Nordeste de
Otorrinolaringologia, fechando a
programação do primeiro dia, contou com a palestra de Dr. Edson de
Oliveira Andrade, presidente do
Conselho Federal de Medicina, sobre os “Desafios Médicos Atuais”.
Ocorreu ainda um momento de
grande emoção para a Laringologia
nacional, com uma merecida homenagem ao Dr. José Antônio Pinto
(ver página 7), por todos os seus
anos de dedicação e feitos pela
6
nossa especialidade. O segundo dia
do Encontro teve início logo cedo,
com sala lotada, todos interessados
na palestra do Dr. Ricardo Carrau
sobre “Avaliação Clínica e Tratamento dos Distúrbios da Deglutição”,
mostrando seu maravilhoso trabalho desde os métodos de avaliação,
até procedimentos para o manejo
do paciente disfágico. O painel
“Como eu Faço/Trato” contou com
ricas discussões, com destaque para
a questão da leucoplasia X carcinoma in situ. Ponto alto do dia foi a
mesa “Disfonias em Profissionais da
Voz”, moderada pelo Dr. Marcos
Sarvat, com a apresentação de ca-
sos clínicos que promoveram uma
acirrada e empolgante discussão de
todos os componentes da mesa com
a participação da platéia.
Inovação do Congresso foi a
sessão “Happy Hour com os Professores”, realizada no Mirante do
Hotel Tropical. Ocorreu em clima de
grande descontração, apreciando o
pôr do sol no Rio Negro, com direito a drinques e aperitivos, na companhia de expoentes professores da
Laringologia nacional e internacional. Foram discutidos temas de
grande importância, como: Lesões
pré-neoplásicas/Tumores iniciais/
Estenose laríngea, Fonocirurgia (indicações e técnicas), Tratamento
não-cirúrgico das laringopatias,
Papilomatose laríngea e disfonia na
infância. Todos adoraram o formato vanguardista de aprendizado,
permitindo o contato próximo e informal dos participantes.
As atividades do Encontro se encerraram em grande estilo na hora do almoço do sábado (28 de
maio), com a sensação de missão
cumprida. Foi unânime entre os participantes o elogio à organização, à
programação, ao nível das apresentações e discussões. E, o mais importante, a oportunidade de uma
efetiva troca de conhecimentos e experiências, num clima de respeito e
consideração entre todos.
Participantes do congresso confraternizam-se no passeio
do encontro do Rio Negro com o Rio Solimões
Capa (continuação)
Dr. José Antonio Pinto é homenageado no
Congresso Norte-Nordeste e faz discurso emocionante
“Ilustres autoridades,
Meus queridos colegas e amigos, ainda
conservo a mesma surpresa e emoção ao
receber a notícia desta homenagem.
Como quem recebe um prêmio de alcance remoto, oferta da sobrestima de amigos,
a surpresa encheu-me de profunda alegria
que quero compartilhar com todos neste
momento festivo. Vivendo há mais de 40
anos toda a evolução e a revolução da
Otorrinolaringologia, sinto-me à vontade para
sobre ela divagar... Eu nasci dentro de uma
outra Medicina, sem os arroubos da
tecnologia atual, mas na qual a dignidade
médica, a ética e a relação médico-paciente
fundamentavam nossa formação.
Durante todos esses anos de trabalho
fecundo, testemunhei e vivi os grandes
avanços e os infortúnios que cercaram
nossa profissão. Acompanhei os conflitos
e disparates da heterogeneidade profissional, o aviltamento salarial, a perda da autonomia da atividade médica pelo cada vez
maior domínio de empresas interessadas
na saúde como mercadoria, a deterioração
da relação médico-paciente, a intromissão
em atividades médicas de profissionais de
outras áreas de saúde, enfim todo um processo de desgaste visando diminuir o prestígio e o respeito a nossa milenar profissão.
As mudanças são hoje a nossa única constante dentro de um mundo, fortemente marcado pela velocidade das revoluções
(tecnológicas e humanas). Todas estas mudanças se refletiram sobre a Medicina em
vários aspectos e nós, médicos, precisamos
estar alertas e preparados para enfrentá-las.
Para isto precisamos nos inserir na realidade e não simplesmente nos adaptarmos a
um sistema considerado injusto. Inserir significa mais que sobreviver, significa construir
novos caminhos, novos protocolos, novas
maneiras de fazer mais e melhor...
Paulo Freire dizia que temos duas formas
de agir: Adaptar ou Inserir ... Qual é a nossa???
Há necessidade de desenvolvermos uma
visão sistêmica do processo que acontece
ao nosso redor e atuarmos com maior consciência nas funções, finalidades, dificuldades e necessidades de nossa profissão e
não apenas reagirmos às ações de outros
setores ou ficarmos presos, individualizados,
nos nossos consultórios e atividades particulares, assistindo a “banda passar”... Temos que estar despertos para entender o
momento e nos perguntarmos: Você sabe
o que esta acontecendo com a tua profissão? Você é capaz de prever com detalhes
qual é a visão da Medicina para daqui 5 ou
10 anos? É fundamental enxergar o “todo” e
não apenas o nosso próprio umbigo...
É perceber que nossas ações refletemse na continuidade do trabalho dos outros... como um efeito dominó.
E temos de nos perguntar de tempos em
tempos: Este é o caminho que desejamos
construir? Se a resposta for não, inevitavelmente
estaremos entrando em conflito com o sistema, mas este conflito poderá se tornar construtivo e não seremos levados pela correnteza, ao sabor da maré, sem comida e sem
água. Como diz nosso colega Spencer Johnson
em seu best-seller - Quem mexeu no meu
queijo? : “Se você não mudar, morrerá”.
Quero dizer a vocês, prezados amigos e, em
especial aos mais jovens, que apesar de todas
essas vicissitudes, a Medicina e nossa amada
Otorrinolaringologia mantém sua magia...
Uma magia respaldada no sentimento
humano do trato da dor e do sofrimento,
da gratidão e da perda, da vida e da morte...
Kauffman e José Antonio Pinto:
homenagem
As contradições que nos afetam devem
ser superadas pelo retorno dos princípios
básicos da medicina holística, humanista
e na autonomia do trabalho médico.
Dentro de um mercado médico caótico,
precisamos voltar atrás e recolocar o médico em seu verdadeiro lugar, independente, não submisso e absolutamente livre em seu exercício profissional. Somente com um trabalho coeso, não só de nossas sociedades de classe, mas de cada
um nós, contra as pressões corporativas,
as ações predatórias de empresas ditas
da área da saúde, o absurdo aumento de
escolas médicas, aliado a finalmente definirmos o ato médico, poderemos resgatar
algo que seja de nossa vilipendiada profissão. É neste momento, nesta festa da
amizade, em que eu me coloco como
exemplo, que eu gostaria de renovar a
minha fé em nossa profissão, como ciência e arte, e lhes dizer com a grandeza
espiritual de Chico Xavier que...
• não percamos o romantismo, mesmo
sabendo que as rosas não falam...
• que não percamos o otimismo, mesmo sabendo que o futuro que nos espe-
ra não é assim tão alegre...
• que não percamos a vontade de viver,
mesmo sabendo que a vida é, em muitos
momentos, dolorosa...
• que não percamos a vontade de ter
grandes amigos, mesmo sabendo que,
com as voltas do mundo, eles acabem
indo embora de nossas vidas...
• que não percamos a luz e o brilho no olhar,
mesmo sabendo que muitas coisas que veremos no mundo, escurecerão nossos olhos...
• que não percamos a garra, mesmo
sabendo que a derrota e a perda são dois
adversários extremamente perigosos...
• que não percamos a razão, mesmo
sabendo que as tentações da vida são
inúmeras e deliciosas...
• que não percamos nosso forte abraço,
mesmo sabendo que um dia nossos abraços estarão fracos...
• que não percamos a beleza e a alegria
de ver, mesmo sabendo que muitas lágrimas brotarão dos nossos olhos e escorrerão por nossas almas...
• que não percamos o amor por nossas
famílias, mesmo sabendo que elas muitas vezes nos exigirão esforços incríveis
para manter sua harmonia...
• quero aqui deixar o meu beijo de amor
e gratidão a minha amada esposa Leila e
meus filhos, aqui representado pela minha filha Luciana e meu neto Felipe, razões de meu viver...
• que não percamos a vontade de doar
este enorme amor que existe em nossos
corações, mesmo sabendo que muitas
vezes ele será submetido e até rejeitado...
• E acima de tudo...
• Não nos esqueçamos que Deus nos
ama infinitamente,
• Que um pequeno grão de alegria e
esperança dentro de cada um é capaz de
mudar e transformar qualquer coisa, pois...
• A vida é construída nos sonhos
• E concretizada no amor
E, para encerrar, compartilho com todos vocês,
queridos amigos, agradecendo à Associação
Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia
Cérvico-Facial, a Academia Brasileira de Laringologia e Voz , a Sociedade Norte-Nordeste de
Otorrinolaringologia e ao Comitê Executivo deste Congresso, em especial meus queridos amigos Renato Telles e Eduardo Kauffman, pela
alegria e emoção que me proporcionaram.
Meu desejo a todos é:
Trabaja como si no necesitaras dinero,
Ama como si nunca te hubieran herido,
Y baila como si nadie te estuviera viendo...
Meu muito obrigado a todos e até muito mais”.
José Antonio Pinto
Ex-presidente da ABLV
7
Triológico
São Paulo vai sediar o I
de ORL e Cirurgi
São Paulo vai sediar o IV Congresso Triológico de Otorrinolaringologia, de 10 a 14 de novembro de
2005. A programação de Laringologia
e Voz ocorrerá ao longo de todo o
dia 12 (sábado) e no período da
manhã do dia 13 de
novembro (domingo). A
programação promete
dinamismo e praticidade. Com mesas redondas, palestras e painéis, os temas mais polêmicos e controversos da Laringologia e
Fonocirurgia serão abordados de forma objetiva, prática e transparente.
Contaremos com a
participação internacional dos colegas Dr.
André Perouse (França),
Dr. Guillermo Campos
(Colômbia) e Dr. Ricardo Serrano
(Argentina) para abrilhantar nossas
atividades. Além das tradicionais conferências internacionais, uma das inovações da programação da científica
do Congresso Triológico é a participação dos convidados estrangeiros
8
na sessão de temas livres. Com o objetivo de incentivar a pesquisa científica, a ABORL-CCF orientou que todas as supra-especialidades organizassem suas respectivas programações com grandes sessões de temas
livres, com a participação dos convidados internacionais para enriquecer as discussões e comentários. Os
melhores trabalhos serão apresentados e as discussões, sugestões e
comentários ficarão a cargo dos
ilustres convidados internacionais,
além dos grandes nomes nacionais
da Laringologia e Voz.
A manhã do dia 12 começa
logo cedo, às 7h, com a atividade
denominada Cyber Café. Está programada uma palestra inovadora e
extremamente útil na era
digital e das teleconferências, que abordará os
recursos de captura de
imagem digital.
As mesas redondas
e sessões de discussão de
casos abordarão de forma
objetiva as controvérsias da
especialidade. Estão previstos os seguintes temas:
“Estenose / Paralisia bilateral de pregas vocais em
adultos”, “Adequando o
tratamento para o cantor
disfônico”, “Incompetência
glótica: medialização X injeção”, “Sulco e Cicatriz” e “Up to date
em Papiloma: como eu trato”.
Os painéis foram montados em
formato de cursos de imersão, o que
permitirá o aprofundamento em temas específicos para aqueles que
estiverem interessados.
IV Congresso Triológico
ia Cérvico-Facial
Para o dia 12 de novembro, estão previstos os painéis: “Abordagem
terapêutica das lesões pré-malignas
e tumores precoces da laringe”,
“Afecções laríngeas da infância:
como eu investigo e trato” e “Interpretação diagnóstica em Laringologia”.
No dia 13 estão programados: “Cirurgia de Cabeça e Pescoço para o
ORL”, “Refluxo Laringo-faríngeo e
Distúrbios da Deglutição” e “Microcirurgia de Laringe: do básico ao avançado”. Os painéis terão duração prolongada. Os tópicos das aulas foram
escolhidos visando abordar cada
grande tema de uma forma mais
completa, passando pela fisiopatologia, diagnóstico e conduta. A inovação visa um maior aprofundamento em cada tema abordado.
A programação do dia 12 será
encerrada com a Assembléia da Academia Brasileira de Laringologia e Voz,
que discutirá a nova composição da
Diretoria da supra-especialidade para
o biênio 2006-2007. A reunião está
prevista para ter início às 18hs.
Esperamos todos os colegas para
mais este momento de aprendizado,
troca de experiências e confraternização.
ITM tem vocação para
congressos médicos
O IV Congresso Triológico de
Otorrinolaringologia e Cirurgia
Cérvico-Facial será realizado nas
instalações do ITM Expo, em São
Paulo. Um dos maiores centros
de convenções e exposições da
capital paulista, o local possui 4
pavilhões com cerca de 9 mil
metros quadrados cada, além do
centro de convenções, composto
por 9 salas. Sede de importantes
congressos e eventos em várias
áreas, o ITM tem uma vocação
especial para os congressos médicos, de acordo com o gerente
de eventos, Paulo Passos.
Recentemente o ITM foi sede
do Congresso Brasileiro de Radiologia. Também já foi organizado no seu espaço o Con-
gresso Brasileiro de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial e o
Congresso Internacional de Clínica Médica.
A infra-estrutura do ITM propicia eventos de grande magnitude. Entre os diferenciais estão a
facilidade de acesso para deficientes físicos, estacionamento coberto para 2 mil veículos, ar condicionado em todos os ambientes, escadas rolantes e elevador
de carga, enfermaria, linhas telefônicas com discagem direta e
internet banda larga. O ITM Expo
vai oferecer para o associado que
comparecer ao Triológico, segurança, conforto e tecnologia. Ele
apresenta um design moderno
e instalações sofisticadas.
9
ABLV
Campanha da Voz consolid
A 7.ª edição da Campanha da Voz,
que ocorreu entre os dias 11 e 16 de
abril, movimentou a Otorrinolaringologia
por todo o país. O evento deste ano
contou com atendimento em diversas
localidades, além de apresentações musicais, palestras e outros tipos de atração. O objetivo foi chamar a atenção da
população para a importância de se ter
cuidados com a voz.
Em Belo Horizonte, o Hospital Universitário (HU) atendeu 439 pessoas,
sendo que 108 foram encaminhadas
para exames mais aprofundados. A exi-
bição de três corais encerrou a semana
em Minas. Em Manaus, palestras, debates, oficinas de canto, além do atendimento à população, foram os destaques. A triagem e orientação à população foram realizadas no Amazonas
Shopping. Curitiba contou com o atendimento no Sesc Portão. Com um sistema de senhas, o local atendeu cerca de
500 pessoas durante a semana,
direcionando o foco para os maiores
de 12 anos. Também houve atendimento gratuito no Hospital Santa Casa e no
Hospital das Clínicas.
Otorrinolaringologista examina pacie
paci
Em Vitória, a palestra “Cantar com
Consciência” atraiu pessoas interessadas
na importância do uso correto da voz,
utilizada no canto. Em Natal, a avaliação
vocal foi realizada no Natal Shopping.
As expectativas foram superadas em
Campo Grande. Cerca de 400 pessoas
foram examinadas. A intenção inicial era
atender 150 pessoas, mas como a
Cartaz da Campanha da Voz com Claudia Raia e Edosn Celulari
10
da-se e conquista o Brasil
ente na Unifesp. Atendimento foi o ponto alto da Campanha de 2005.
procura foi grande, a organização teve
de abrir novas inscrições.
O coral do Instituto de Educação
Artística Gilmar Santiago, em Salvador,
fez exercícios de aquecimento e desaquecimento da voz, aberto ao público. Também houve atendimento nos
hospitais Santa Isabel, das Clínicas, e
Santo Antônio. Em Teresina, houve pa-
lestras de saúde vocal com professores
do Instituto Rio Branco. No Clube dos
Diários, orientação à população e atendimento ao público. Uma sessão especial na Câmara de Vereadores da capital
do Piauí também homenageou o Dia
Mundial da Voz. Em Cuiabá, as principais atividades foram realizadas nos
shoppings Goiabeiras e Pantanal, e no
Parque Mãe Bonifácio. Além do atendimento, em Fortaleza, no Hospital das
Clínicas, Santa Casa, Hospital Geral
de Fortaleza e Núcleo de
Atenção Médica Integrada, médicos otorrinolaringologistas ministraram palestras também em escolas e na Secretaria Municipal de Saúde.
No Estado de São Paulo, hospitais de 60 cidades participaram da campanha.
Na capital, os atendimentos concentraram-se
na Santa Casa, Unifesp e
Hospital das Clínicas. Também houve eventos no
Hospital Beneficência Portuguesa, que atendeu
mais de 200 pessoas,
Hospital São Paulo e Hospital São Camilo.
Na Santa Casa, a semana contou com atendimento ao público, palestras de conscientização
dos problemas vocais e um show que
encerrou o evento com um grupo de
samba. No Hospital das Clínicas, o atendimento foi reservado a funcionários e
pacientes cadastrados. Os casos complexos serão tratados no próprio HC. Na
Unifesp, o atendimento foi aberto ao público e contou ainda com o apoio do
Hospital São Paulo. De acordo com a
clipagem, a campanha foi publicada em
95 jornais e revistas do país; as informações foram ao ar em 52 sites e 37 rádios. Pelo menos 28 emissoras de TV abordaram a campanha por todo o país.
Dona de casa
aprende
exercícios
vocais
11
PÁGINA RESERVADA PARA ANÚNCIO
12
Artigo
Efeitos dos Medicamentos na Qualidade
Vocal e na Laringe
Natasha Andrade Braga, Domingos Hiroshi Tsuji,
Silvia Rebelo Pinho e Luis Ubirajara Sennes
A) INTRODUÇÃO
Os efeitos dos medicamentos na
qualidade vocal e na laringe vêm sendo estudados na literatura mundial há
algumas décadas, contudo poucos
estudos têm sido realizados neste
âmbito. Os trabalhos científicos que
abordam este tema, lamentavelmente, se caracterizam por sua simplicidade na investigação e análise dos resultados, tornando este assunto controvertido e desprovido de dados
objetivos como: análise acústica,
eletroglotografia, videoestroboscopia e
videoquimografia. BAUER e col (1963)
relataram a influência dos hormônios
no desenvolvimento da disfonia, acometendo 15 % das mulheres com
problemas vocais. Durante um longo
período somente os hormônios eram
abordados como causadores de disfonia até que, recentemente, outros
grupos de drogas foram identificadas
como causadoras de distúrbios laríngeos e vocais.
O objetivo do presente estudo é
realizar extensa revisão de literatura
confrontada com os conhecimentos
anatômicos, fisiológicos, farmacólogicos e histopatológicos a respeito deste
tema, visando a identificação dos seus
efeitos maléficos na qualidade vocal
e na laringe.
B) EF
EIT
OS C
OL
ATER
AI
S DOS
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EITOS
COL
OLA
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M EDIC
AM
ENT
OS
EDICAM
AMENT
ENTOS
1. Princípios básicos de ação
dos medicamentos
Os medicamentos atuam no organismo obedecendo a alguns princípios básicos:
• A variação biológica é caracterizada
pela diferença genética entre os indivíduos, presença de estresse, desnutrição e
doenças, determinando grande variabilidade na farmacologia das drogas.
• A resposta do medicamento geralmente é proporcional a dose administrada, porém, algumas vezes pode ocorrer a idiossincrasia, em que pequenas
doses geram efeitos colaterais intensos.
• Outro conceito importante é que
todo medicamento apresenta o efeito
pelo qual é caracterizado, além dos outros efeitos denominados colaterais ou
adversos, os quais são indesejáveis.
• Na maioria dos agentes farmacológicos os efeitos adversos são diretamente proporcionais ao tempo de
exposição à droga (MARTIN, 1988).
Com a finalidade de proporcionar
maior aproveitamento de um medicamento, deve-se conhecer minuciosamente sua farmacologia, visando identificar o surgimento dos efeitos colaterais.
2. Estruturas anatômicas envolvidas
• Glândulas do trato respiratório:
Produzem secreção que constituem o muco. São controladas pelo
Sistema Nervoso Autônomo constituído do Sistema Nervoso Simpático,
cuja estimulação resulta na liberação
de noradrenalina determinando vasoconstrição e diminuição da secreção glandular, e Sistema Nervoso
Parassimpático com o neurotransmissor denominado acetilcolina, cuja
liberação resulta em vasodilatação e
aumento da secreção glandular. O
muco é a camada de proteção de
toda mucosa do trato respiratório. Ele
é composto por substâncias protetoras contra as infecções (IgA,
lisozima), assim como amortece e facilita o contato e coaptação entre as
pregas vocais, evitando a ocorrência
de um impacto brusco.
• Estrutura de camadas da prega vocal incluindo o músculo vocal:
A viscoelasticidade do tecido está
relacionada à contração muscular,
aumentando proporcionalmente
quando este mecanismo é desencadeado. A contração do músculo
vocal pode afetar, acentuadamente, as propriedades mecânicas das
pregas vocais, determinando a diminuição da rigidez da mucosa e
aumento da viscosidade ou viscoelasticidade do tecido. Isto é justificado pelo encurtamento das
pregas vocais, resultando na diminuição da tensão da cobertura.
Assim, o edema na camada
superficial da lâmina própria provoca
aumento da rigidez do tecido por aumentar a tensão da cobertura, reduzindo a mobilidade da mucosa e aumentando a viscosidade do tecido.
O aumento da viscosidade do muco
produz maior gasto de energia pela
fricção das superfícies de contato
(HAJI, MORI, ISSHIKI, 1992). Provavelmente, esta correlação justifica o
motivo do aumento do limiar da
pressão fonatória quando o muco
está espesso, pela maior contração
muscular. O ressecamento ocasiona
o aumento da viscosidade do muco,
enquanto a desidratação, por atuar
em todas as camadas das pregas,
provavelmente diminui a viscoelasticidade do tecido.
• Trato vocal :
É responsável pelo fenômeno da
ressonância. A mucosa que o compõe pode sofrer desidratação ou ressecamento, repercutindo na qualidade vocal. Sua configuração será determinada por contrações e relaxamentos musculares, resultando em
diferentes tipos de vozes. Exemplificando: quando ocorre um relaxamento no pórtico velofaríngeo, teremos a hipernasalidade.
A tensão da faringe e pilares resultam em qualidade vocal metalizada;
edema dos cornetos, como nos casos de rinites de origem hormonal,
determina hiponasalidade.
13
3. Alterações funcionais
• Eficiência glótica:
É a resultante da força da pressão subglótica pela resistência oferecida pelas pregas vocais (BERKE,
GERRAT, NASRI, 1994). Assim, qualquer medicamento que interfira na
força muscular laríngea ou torácica,
promovendo seu relaxamento ou repercutindo na respiração, acarreta
alterações na voz pela diminuição da
eficiência glótica.
• Coordenação e propriocepção:
Para que ocorra o controle neurofisiológico integrado é essencial que
as pregas vocais estejam aproximadas
na linha média, com perfeito equilíbrio do tônus muscular adutor e
abdutor, e a exata tensão dos músculos TA e CT.
• Fluxo aéreo:
O qual deve apresentar pressão
adequada e constante. Quando se provoca aumento do fluxo ocorre o aumento da freqüência fundamental, da
pressão subglótica, e diminuição do coeficiente de fechamento (BERKE,
VERNEIL, KREIMAN, 1996). Conseqüentemente, o aumento da pressão
subglótica, determina o aumento da
excursão lateral e da tensão das pregas
vocais, demarcando elevação linear do
pitch (HSIAO e col, 1994). Convém salientar que a mudança do pitch com o
aumento da pressão tende a ser discreta nos profissionais da voz treinados.
• Hidratação:
O estado de hidratação interfere
com o limiar da pressão de fonação
(pressão necessária para iniciar a
fonação) ou esforço fonatório. O estado de hidratação é inversamente
proporcional ao esforço fonatório,
sendo que este último se eleva de
forma acentuada com o aumento do
pitch, provavelmente pelo fato da prega vocal estar mais fina e mais rígida
pelo seu alongamento (VERDOLINI,
TITZE, FENNELL, 1994). A elasticidade
vocal está relacionada ao estado de
hidratação, estando diminuída na laringe desidratada (PERLMAN, TITZE,
COOPER, 1984). A desidratação aumenta a rigidez, diminui a
viscoelasticidade do tecido, dificultando a vibração das pregas vocais, além
de promover aumento do pitch (HAJI
14
e col, 1992). Da mesma forma, requer maior força laríngea, maior
adução, resultando em fadiga vocal
(VERDOLINI e col,1994) e maior susceptibilidade ao trauma. A qualidade
vocal resultante, provavelmente será
rouca, áspera, pitch agudo, que poderá ser comprovada pelo aumento
do jitter, shimmer e proporção harmônico/ruído (HNR) na análise acústica. Os autores comprovaram neste
estudo que a hidratação restaurou
totalmente a qualidade vocal inicial.
A desidratação, além de acarretar
diminuição da produção da saliva, deve
interferir em todas as camadas das pregas vocais, talvez com maior intensidade na camada superficial da lâmina
própria, pela sua composição. Por outro lado, o ressecamento (diminuição
da produção do muco), por interferir
apenas na mucosa, deve causar maior
impacto na pressão fonatória que na
qualidade vocal propriamente dita.
• Histologia:
Os diferentes grupos de drogas
atuam de forma heterogênea nas diferentes camadas das pregas vocais.
WEINBERG (1995) comprovou
que a viscoelasticidade depende em
parte da porcentagem da distribuição de água intrafibrilar da elastina.
O estresse mecânico, a pressão osmótica atuam diretamente no estado
de hidratação da elastina. Como a
elastina compõe a prega vocal, sua
desidratação, certamente, deve interferir na qualidade vocal. A própria desidratação ou o aumento da viscosidade da prega vocal pode determinar um maior estresse mecânico, por
demandar maior pressão fonatória,
e, também, ressecar a elastina, gerando um ciclo vicioso.
C) FARMACOLOGIA- MECANISMO DE AÇÃO DOS M
EDIC
AM
ENT
OS
MEDIC
EDICAM
AMENT
ENTOS
1. Anti-Histamínicos
Ex: diclorfeniramina, prometazina
• Clássicos:
Inibem a histamina (substância
cuja liberação provoca vasodilatação,
aumento da permeabilidade vascular,
aumento da secreção gástrica,
broncoconstrição). Funcionam como
anticolinérgicos provocando a dimi-
nuição dos efeitos sialogogos das
glândulas salivares e outras glândulas exócrinas, reduzindo o muco do
trato respiratório, provocando também vasoconstrição. Associados aos
simpaticomiméticos, provavelmente
aumentam o ressecamento da prega vocal.
Devido à penetração pela barreira hemato-encefálica no Sistema Nervoso Central (SNC), causam sedação
e diminuição da propriocepção, prejuízo da performance do profissional
da voz. (ROCHA, 1994).
VERDOLINI et al (1998) afirmam
que o ressecamento causa aumento
do esforço fonatório. Desta forma supomos que estes medicamentos causem disfonia pelo maior esforço fonatório, provavelmente, pelo impacto
sobre o muco, resultando em maior
adução glótica, aspereza e surgimento
de alterações orgânicas secundárias
ao fonotrauma.
• Não-clássicos:
Ex: terfenadina, astemizol e
loratadina.
Os novos anti-histamínicos são seletivos para inibição apenas dos receptores H1 (cuja estimulação induz a liberação da histamina), não penetra no
SNC, não causando sedação, tendo
discreto efeito sobre acetilcolina (ROCHA, 1994), e provavelmente, interferindo com menor impacto na voz .
2. Simpaticométicos
• Alfa-adrenérgicos:
Ex: pseudoefedrina, fenilpropanolamina, fenilefrina, nafazolina
Promovem vasoconstricção, diminuição do fluxo sangüíneo, glandular e diminuição da secreção mucosa.
Tem efeito descongestionante, podendo causar desidratação da prega vocal. O componente aquoso se reduz
mais acentuadamente que o mucoso,
levando a uma maior viscosidade do
muco e diminuição do batimento ciliar
(DEITMER & SCHEFFLER,1993). Isto
determina maior pressão e esforço
fonatório, demarcando, provavelmente, elevação do pitch, do jitter, do
shimmer, e do HNR. A amplitude de
ação depende do tempo de utilização e fatores associados, como a presença de abuso vocal.
• Beta-2-adrenérgicos(agonistas):
Ex: metaproterenol, fenoterol,
salbutamol
Promovem relaxamento da musculatura lisa do trato respiratório e relaxamento da via aérea com melhora
da voz (MARTINS & SILVA, 1994).
Como já foi comentado, o aumento
do fluxo aéreo resulta em elevação da
pressão subglótica, com melhora da
eficiência glótica, quando utilizado em
pacientes com hiperreatividade brônquica. Como o uso de brocodilatadores inalatórios podem causar irritação
da mucosa laríngea, deve-se priorizar,
sempre que possível, a administração
oral destas medicações, diante do profissional da voz (SPIEGEL, HAWKSHAW,
SATALOFF, 2000).
3. Antitussígenos
Ex: ação central: codeína, morfina.
ação periférica: dextrometorfano,
benzomanato, dropropizina
Atuam no SNC, ou perifericamente nos receptores da mucosa
brônquica. Os derivados da codeína
(ação central) apresentam efeito
diurético. Geralmente são combinadas a um veículo alcóolico que determina vasodilatação com edema
e hiperemia das pregas vocais
(THOMPSON, 1995), provavelmente
resultando em qualidade vocal rouca e discretamente áspera, aumento
do jitter, shimmer, HNR.
4. Diuréticos
Ex: acetazolamida, hidroclorotiazida, furosemida, espironolactona.
Aumentam a excreção da água e
eletrólitos, principalmente o sódio, levando a desidratação do organismo
(SETÚBAL, 1994). Pela sua maior
quantidade de líquido, o espaço de
Reinke provavelmente, deve ser o
mais afetado, por possuir maior
quantidade de líquido na sua composição. O uso de diurético aumenta
o limiar de pressão fonatória, e, conseqüentemente, o esforço durante a
fonação (VERDOLINI et al,2002).
A desidratação da prega vocal determina aumento do pitch, shimmer,
jitter, HNR, resultando em qualidade
vocal rouca, discretamente áspera, às
vezes acompanhada de soprosidade
nos casos mais graves.
5. Vitamina C
Funciona como regulador das reações de oxirredução celular (SACRAMENTO & SILVA, 1994).
Devido ao seu efeito diurético, em
altas doses, promovem a desidratação da prega vocal cujos prejuízos já
foram citados.
6. Agonistas Alfa-Adrenérgicos
Ex: metildopa, clonidina, reserpina.
Agem centralmente diminuindo
a tensão arterial. Devido aos seus efeitos simpaticomiméticos, resultam na
redução da produção do componente aquoso do muco com conseqüente desidratação da prega vocal
(THOMPSON,1995).
7. Cor
ticosteróides
Corticosteróides
Ex: glicocorticóides- prednisona,
dexametazona, triancinolona. mineralocorticóides-hidrocortizona
Reduzem o edema tecidual (principalmente os glicocorticóides como
a prednisona, dexametasona, triancinolona) sendo eficaz quando utilizado por períodos curtos na inflamações laríngeas. Contudo, podem causar ressecamento da prega vocal por
desidratação, quando utilizado com
outros objetivos, estando a laringe,
inicialmente normal. Sua administração por longos períodos resulta em
retenção hídrica (principalmente os
mineralocorticóides como a hidrocortisona) e edema (OLIVEIRA & RIBEIRO,1994), com provável redução
da freqüência fundamental, além de
fraqueza muscular, ambas reversíveis
com a suspensão da droga. Também
irritam o trato digestivo, gerando refluxo gastro-esofágico, podendo provocar laringite por refluxo. Os corticosteróides inalatórios também têm
sido associados à disfonia com variável incidência (WILLIAMSOM et al,
1995), principalmente quando utilizado para o tratamento da asma,
sendo visibilizado hiperemia com redução da onda mucosa e amplitude
à estroboscopia (MIRZA et al, 2004)
além de edema, leucoplasia (DELGAUDIO, 2002 ).
Outras causas da perturbação
laríngea são a candidíase oral, desidratação da mucosa, sendo ambas
dose-dependentes. Outros estudos
atribuem um efeito nos músculos
da laringe, determinando miopatia
que resulta no arqueamento das
pregas vocais à fonação. (WILLIAMS
et al, 1983).
Após término do tratamento, as
alterações da laringe e da voz sofrem remissão, podendo, contudo,
durar meses. Devido à pequena
dose empregada, estes efeitos não
têm sido descritos em crianças
(WILLIAMS et al, 1983).
8. Inibidores da Enzima Conversora de Angiotensina
Ex: captopril (Capoten), enalapril,
cilazapril.
Causam supressão do sistema
renina-angiotensina-aldosterona.
São utilizadas freqüentemente no
tratamento da hipertensão arterial
sistêmica, podendo provocar tosse
crônica atribuída a liberação de
prostaglandinas, resultando em
abuso vocal e, conseqüentemente,
alterações secundárias na laringe.
(ALMEIDA, 1994).
9. Hormônios Masculinos e
Femininos
Ex: testoterona, mesterolona,
fluoximesterona.
• Andrógenos:
A testosterona transforma-se,
nos tecidos, em desidrotestoterona,
agindo sobre os órgãos genitais e
extragenitais. Diminui a excreção
urinária de nitrogênio, potássio e fósforo, promovendo o desenvolvimento acelerado da musculatura. Acarreta retenção hídrica e edema, estimulando o crescimento e a secreção das glândulas sebáceas, predispondo o desenvolvimento da acne
(NEIVA, 1989). Administrados ao
sexo feminino determinam virilização
com modificação do timbre da voz,
aumento do clitóris, hirsutismo,
hipertrofia e hiperplasia muscular
(DERMAN,1995).
São utilizados nos distúrbios hipogonadais masculinos (AKCAM et al,
2004) e também estão indicados no
tratamento da osteoporose (NEED,
DURBRIDGE, NORDIN, 1993), climatério masculino e subfertilidade.
Podem promover uma hiperplasia
das células basais e glândulas, aumen-
15
to da mitose, paraceratose das pregas vocais, estratificação e metaplasia escamosa da mucosa, hipertrofia e hiperplasia dos músculos tireoaritenóideos, edema no estroma e cartilagem (TALAAT, ANGELO, KELADA, 1987), resultando em
redução da freqüência fundamental, diminuição da tessitura vocal,
perdas das altas freqüências
(GERRITSMA, BROCAR, HAKKESTEEGT, 1994), instabilidade vocal e
aspereza, fonastenia (KOPERA,
1993), geralmente irreversíveis
após longos períodos de exposição. DAMTSE (1967) evidenciou
uma dificuldade nas cantoras em
manter o registro de cabeça durante este tratamento e alterações
de registros e qualidade vocal de
cantores tratados com essa droga
(King et al, 2001). Desta forma alguns autores sugerem o acompanhamento destes pacientes a cada
15–28 dias, principalmente em se
tratando de profissionais de voz
(BRODINTZ,1971), devendo ser
suspenso ou reduzido diante desta sintomatologia pelo caráter
irreversível dos seus efeitos maléficos. Apesar de alguns sintomas na
qualidade vocal apresentarem melhora parcial após alguns meses de
fonoterapia, outros podem permanecer mesmo após a suspensão
do hormônio (BAKER, J, 1999).
Por outro lado, o uso destas medicações em pacientes com o pitch
muito elevado, como na Síndrome
de Turner, tem se mostrado muito
eficaz (VUORENKOSKI et al, 1978;
ANDERSSON et al, 1994). O exame laringoscópico pode demonstrar coloração cinza da prega vocal, facilitando o diagnóstico
(BRODNITZ,1971).
• Estrogênios
Ex: etilbestrol, benzoato de
estradiol, sulfato de estrona.
Interagem com os receptores das
células alvo, propiciando modificações
genitais e extragenitais. Desta forma
promovem concentração e distribuição de gordura no tecido celular subcutâneo periférico (TCSC); contribuem para o aumento da espessura
da pele, assim como seu conteúdo
aquoso; diminuem a atividade das
16
glândulas sebáceas e aumentam o
calibre dos seus ductos excretores.
No tecido ósseo promovem a
proliferação da matriz protéica, todavia, retardam o crescimento somático
ao acelerarem a maturação epifisária.
Em relação ao sistema hidroeletrolítico
acumulam sódio, resultando em retenção hídrica e edema por interferirem na polimerização dos mucopolissacarídeos-substância do TCSC. Enfim, apresentam um efeito anabolizante geral (CRUZ, 1989).
São utilizados no tratamento da
dismenorréia, esterilidade, hemorragia uterina disfuncional, climatério, hirsutismo, acne e ameaça de
abortamento.
BOOTHROYD & LEPRE (1990)
comprovaram que o danazol utilizado no tratamento da endometriose
e doença fibrocística da mama, determina alterações irreversíveis da voz,
como redução do pitch e virilização
em 7-10% das mulheres (dose 600800mg/dia). Os autores também
mostram que a telescopia nestes casos é normal ou revela discreto
edema, dificultando o diagnóstico
precoce. O risco destes efeitos são
dose-dependentes e aumentam com
a duração do tratamento. Reduzem
a Fo da voz no sexo masculino, contudo poucas alterações têm sido demonstradas no tratamento dos
transexuais. KAUFMANN et al (1995)
relatam que os contraceptivos orais
de micro-dosagem não interferem na
voz e deve ser indicado com cautela
nos profissionais da voz. Por outro
lado, AMIR et al (2003) descrevem
que apesar de contraceptivos orais
com altas concentrações de hormônios prejudicarem a qualidade
vocal, os de baixa concentração agem
promovendo maior estabilidade
hormonal, influenciando favoravelmente a voz.
• Progestogênios
Ex: acetato de citoproterona ou
de medoxiprogesterona.
Apresenta ação anabolizante que
em ação sinérgica com os estrogênios acarretam deposição periférica de gordura; devido à sua ação
sedativa frequentemente ocasionam
sonolência; apresentam ação antagônica à aldosterona, favorecendo a
diurese, resultando em hipotensão e,
provavelmente, em desidratação
(CRUZ, 1989).
São utilizados no tratamento do
câncer de mama, esterilidade, disfunção menstrual, endometriose, puberdade precoce e anticoncepção.
Seu efeitos na voz estão, provavelmente, relacionados à desidratação
da prega vocal.
10. Neurolépticos
Ex: clorpromazina, haloperidol,
tioridazina.
Bloqueiam os receptores dopaminérgicos centrais, tendo ação incisiva
sobre os delírios e alucinações e uma
ação sobre os gânglios da base (sistema nigro estriado), gerando efeitos
extrapiramidais como a distonia, acatisia e parkinsonismo (OLIVEIRA,
1994). As alterações na qualidade
vocal ocorrem devido aos efeitos
neuromusculares destas drogas, cujo
uso prolongado (superior a sete
anos) gera o parkinsonismo secundário em 14 % dos pacientes
(disartrofonia hipocinética: pausas
respiratórias, soprosidade, redução da
modulação, redução do tempo máximo de fonação, alterações articulatórias, tremor vocal, resultando em
qualidade vocal rouca, soprosa, monótona e diplofônica). Concomitantemente, é possível que ocorra a
redução da pressão subglótica, e, com
isso, diminuição da capacidade de
elevar o pitch por estes mecanismos.
11. Neuroestimulantes
Ex: anfetamina, cafeína, fenfluramina.
Estimulam o SNC, determinando
tremor associado a tiques vocais, velocidade acelerada de fala, dificultando a compreensão (MARTIN, 1988).
Podem também provocar ressecamento da mucosa do trato vocal, pela
diminuição da produção do muco
(efeito anticolinérgico).
12. Antidepressivos
Ex: fluoxetina (Prozac), amitriptilina
(Tryptanol), imipramina (Trofanil).
Atuam impedindo a recaptação
das aminas biogênicas na fenda sináptica no cérebro (OLIVEIRA, 1994).
Devido aos seus efeitos adrenérgicos e anticolinérgico, podem produ-
zir ressecamento da mucosa do trato vocal, cujos prejuízos já foram abordados.
Atuam também no SNC podendo provocar sedação, irritabilidade, agitação, náuseas, lentificação da
fala e tremores.
Por outro lado, atuam favoravelmente nos distúrbios da fala
provocados pela depressão (STASSEN etal, 1998).
13. Lítio
Aumenta a permeabilidade de
membrana ao potássio, resultando
em saída deste íon para o meio
extracelular, e bloqueio das transmissões sinápticas no SNC (principalmente dos gânglios simpáticos).
Doses elevadas resultam em disartria, zumbidos e tremor oro-facial.
(VOGEL & CARTER, 1995).
São utilizados em forma de sais
de lítio (LIMA & OLIVEIRA, 1994).
14. Ansiolíticos
Ex: diazepam, clonazepan, lorazepan.
Os benzodiazepínicos possuem
propriedades ansiolíticas, miorrelaxantes, anticonvulsivan- tes e efeitos
amnésicos. Tais ações são devidas ao
reforço gama-aminobutírico (GABA),
o mais importante inibidor da neurotransmissão cerebral (SILVEIRA,
1994). Os ansiolíticos são os medicamentos que mais causam distúrbios na voz (MARTIN,1988). Suas alterações descritas por VOGEL et al
(1995) são de origem neuromuscular
(articulação imprecisa da palavra, voz
pastosa, hipernasalidade, redução no
tempo máximo de fonação, dificuldades de contrastes surdos-sonoros).
A velocidade da mudança de comprimento das pregas vocais determina a eficácia na passagem de registro nos cantores, ou seja na mudança de predominância do TA para o
CT (passagem do registro de peito
para o de cabeça) e vice-versa.
Como os ansiolíticos promovem
um relaxamento muscular, talvez
esta eficácia fique comprometida, resultando em prejuízo considerável
no canto.
Pela qualidade vocal resultante,
provavelmente ocorre uma pequena fenda glótica, ou uma fase aber-
ta maior que fase fechada, que se
traduz por discreta soprosidade
além de discreta nasalidade, relacionada ao relaxamento de toda musculatura, inclusive palatal.
15. Beta-bloqueadores
Ex: propanolol, pindolol, atenolol,
timolol.
Inibem os receptores beta-adrenérgicos, sendo antagonistas da
adrenalina. Atuam promovendo diminuição da freqüência cardíaca,
tensão arterial, e da excitabilidade
da membrana celular. Em pequenas doses auxiliam nas performances, combatendo o nervosismo
(GATES et al, 1985).
O efeito benéfico na qualidade
vocal deve estar relacionado à maior estabilidade e harmonia durante
a fonação, com redução do tremor
e instabilidade vocal, proporcionando mais precisão na oratória ou
melhor performance no canto.
16. Anestésicos Locais
Ex: tetracaína, lidocaína, dibucaína.
Bloqueam o influxo de sódio
pela membrana celular dos nervos, impedindo o potencial de
ação; interferem na musculatura da
parede vascular, determinando
vasodilatação (GUANAIS & ALVES,
1994). A diminuição do clearance
mucociliar, causada por este grupo, reflete na função protetora da
laringe (ARMENGOT et al, 1994).
Devido à perda da propriocepção,
pode determinar alterações articulatórias quando administrados
por via oral.
Existem mecanorreceptores na
região subglótica os quais exercem
controle moderado na atividade
muscular da laringe, em resposta a
variações da pressão nesta região,
durante a fonação.
Nos cantores, a pressão subglótica é adaptada ao loudness e à
freqüência fundamental (Fo).
O uso de xilocaína promoveu
diminuição das respostas destes
receptores às variações da pressão subglótica, todavia não alterou a responsividade às alterações
da Fo (SUNDBERG, IWARSSON,
BELLSTORM, 1995).
É possível concluir que os profissionais da voz que utilizam pastilhas anestésicas podem prejudicar
este reflexo.
17. Metazolamida
Inibe a anidrase carbônica que
é responsável pela dissociação química do ácido carbônico em gás carbônico e íon hidrogênio. É utilizada
em tremor vocal como alternativa ao
propanolol (ZESIEWICZ et al, 2002).
Contudo, sua eficácia ainda permanece controvertida (BUSENBARK et
al, 1996).
18. Isotretinoína
Reduz a ceratinização folicular, diminui a produção das glândulas sebáceas, promovendo o ressecamento da pele (PAIXÃO &
DALL’IGNA,1994). É constituída por
precursores de vitamina A, vem sendo utilizada no tratamento da acne
moderada e severa, contudo determina uma intensa desidratação,
com provável prejuízo da qualidade vocal.
D) CONCLUSÃO
Este estudo nos fez concluir o
quanto é importante sabermos os
efeitos maléficos dos medicamentos na voz e a necessidade de questionarmos o uso dos mesmos na anamnese otorrinolaringológica e fonoaudiológica.
Essas alterações em pessoas
normais, na maioria das vezes, é
quase imperceptível, e de difícil diagnóstico, enquanto quando se refere ao profissional da voz, como
os cantores, pequenas alterações
podem provocar desajustes na ressonância, pitch, loudness, tessitura
vocal ou articulação interferindo na
projeção vocal e extensão fonatória
prejudicando acentuadamente seu
desempenho.
Assim, diante destes profissionais, devemos procurar otimizar a
relação entre efeito desejado e efeito colateral, requerendo, muitas
vezes, individualização da dosagem
de cada uma destas medicações.
17
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