I Encontro Ibero-Latino-Americano de Laringologia e Fonocirurgia
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I Encontro Ibero-Latino-Americano de Laringologia e Fonocirurgia
I Encontro Ibero-Latino-Americano de Laringologia e Fonocirurgia Manaus 2005 Artigo de Revisão Efeitos dos Medicamentos na Qualidade Vocal e na Laringe 1 Páginas 13 a 18 PÁGINA RESERVADA PARA ANÚNCIO SIGMA PHARMA 2 Editorial Caros Colegas, Em nome da Academia Brasileira de Laringolog ia e V oz, veiculamos a Laringologia Vo quinta versão da Revista Vox brasilis durante nossa gestão. Aproveitamos a oportunidade para agradecer ao apoio recebido durante os eventos de nossa diretoria ao longo deste ano. Especial agradecimento à participação de todos na Campanha da Voz , ocorrida entre 11 e 16 de abril. Mais uma vez, os temas rouquidão e os distúrbios da voz ganharam as mídias nacional e internacional, levando a questão ao conhecimento do público em geral, além do atendimento a milhares de brasileiros. Lembramos a todos que, durante o Congresso Triológico, serão sorteados os prêmios para aqueles que enviaram seus relatórios de atendimentos da Campanha da Voz. Se você ainda não enviou seu relatório, corra, pois novembro está logo aí. Outro grande acontecimento que merece destaque foi o Encontro IberoLatino-Americano de Laringologia e Fonocirurgia, ocorrido em Manaus, no período de 26 a 28 de maio, juntamente com o Congresso Norte-Nordeste de Otorrinolaringologia Otorrinolaringologia. O evento transcorreu de maneira organizada e contou com a estrutura ideal, o que propiciou a troca de experiências e conhecimentos entre participantes nacionais e colegas do Panamá, Paraguai, Colômbia, Argentina, Costa Rica, México, Uruguai e Estados Unidos. O evento foi selado com a criação da Sociedade Latino-Americana de Laringologia e Voz, e com a certeza de ter sido um grande passo para a história da Laringologia e Voz. Momento de grande emoção durante o evento foi a homenagem ao Dr. José Antônio Pinto, por todos os seus anos de dedicação e feitos pela nossa especialidade. Neste número, o leitor também vai encontrar o artigo de revisão revisão: “Efeitos dos Medicamentos na Qualidade Vocal e na Laringe”, escrito pela Dra. Natasha Braga. Uma revisão de literatura com enfoque prático, que vale a pena ter em mente para atuar de maneira segura no dia a dia. Em novembro, esperamos todos vocês em São Paulo para mais um encontro da nossa esDomingos Tsuji pecialidade, du- (Presidente da ABLV) rante a prograresso TTriológ riológ ico de mação do IV Cong Congresso riológico Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial vico-Facial. A programação de Laringologia e Voz ocorrerá nos dias 12 e 13 de novembro e promete dinamismo e praticidade. Contaremos com a participação internacional de Dr. André Perouse (França), Dr. Guillermo Campos (Colômbia) e Dr. Ricardo Serrano (Argentina) para abrilhantar nossas atividades. Com o objetivo de incentivar a pesquisa científica, programamos uma grande sessão de temas livres, com a participação dos convidados internacionais para enriquecer as discussões e comentários. As mesas redondas abordarão de forma objetiva as controvérsias da especialidade. Os painéis foram montados em formato de cursos de imersão, o que permitirá o aprofundamento em temas específicos para aqueles que estiverem interessados. Esperamos todos os colegas para mais este momento de aprendizado, troca de experiências e confraternização. Um abraço Diretoria ABLV Domingos Tsuji (Presidente) Geraldo Druck Sant’ Anna Sant’Anna (Vice-presidente) Paulo Perazzo (Secretário Geral) Jefferson D’ Avila D’A (Tesoureiro) Rui Imamura (Secretário Adjunto) José Eduardo Pedroso (Tesoureiro Adjunto) Patrícia Santoro (Diretora de publicações) DIRETORIA EXECUTIVA Presidente: Domingos Hiroshi Tsuji São Paulo – SP Vice Presidente: Geraldo Druck Sant’anna Porto Alegre - RS Secretário Paulo Perazzo Salvador - BA Secretário Adjunto Rui Imamura São Paulo - SP Tesoureiro Jéferson Sampaio D’avila Aracaju – SE Tesoureiro Adjunto José Eduardo Pedroso São Paulo – SP REPRESENTANTES REGIONAIS Regional I – Acre, Amapá, Amazonas, Rondônia, Roraima e Tocantins Eduardo A. Kauffman (Manaus) Regional II – Maranhão, Piauí, Ceará, Paraíba, e Rio Grande do Norte José Wilson Meireles (Fortaleza) Regional III – Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia Fabio Coelho A. Siqueira (Recife) Regional IV – Espírito Santo e Rio de Janeiro Guido Herbert F. Heisler (Rio de Janeiro) Regional V – Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais Edson Luiz Costa Monteiro (Goiânia) Regional VI – Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul Marcos Antônio Nemetz (Sta. Catarina) Regional VII – São Paulo (interior) Mario Luiz A. da S. Freitas (Sorocaba) CONSELHO FISCAL Osíris de Oliveira Camponês do Brasil São Paulo - SP Gabriel Kuhl - Porto Alegre - RS Antônio Maciel da Silva - Andradina - SP Carlos Takahiro Chone - Campinas - SP Frederico José Jucá Pimentel - Recife - PE Vox Brasilis Ano 11 • Nº 12 • Junho de 2005 Realização Sintonia Comunicação Coordenação Editorial Patrícia Paula Santoro Jornalista Responsável Claudio Barreto - MTB: 24.018 Projeto Gráfico Alisson Alonso Nunes Diretoria de Publicações [email protected] Vox Brasilis é o boletim informativo da Academia Brasileira de Laringologia e Voz. Fale conosco Av. Indianópolis, 740 • Moema • 04062-001 • São Paulo • SP Telefax: (11) 5052-2370 / 5052-9515 E-mail: [email protected] 3 Agenda SETEMBRO • 02 e 03 - I Curso TTeórico-Prático eórico-Prático de Disfunções da Deglutição e Refluxo Laringofaríngeo Coordenadores: Luis Ubirajara Sennes, Domingos H. Tsuji, Patrícia P. Santoro, Raquel A.Tavares, Rui Imamura - local: Anfiteatro de ORL do Hospital das Clínicas e-mail: www.forl.org.br • 25 a 28 - 2005 Annual Meeting & O TO E X P O A m e r i c a n A c a d e m y o f Otolaryngology—Head and Neck Surgery California, September 25-28, 2005 - site: http://www.entlink.net/meetings/ meetings/Annual-Prep.cfm OUTUBRO • 03 a 05 - Curso TTeórico-Prático eórico-Prático de Endoscopia Dirigida ao Otorrinolaringologista Coordenação Científica: Drs. Domingos H. Tsuji, Luiz Ubirajara Sennes e Richard Louis Voegels - local: Anfiteatro de ORL do Hospital das Clínicas - Cidade: São Paulo - SP telefone: (11) 30689855 - Fatima - e-mail: [email protected] - site: www.forl.org.br • 06 a 08 - Curso TTeórico-Prático eórico-Prático de Microcirurgia de Laringe com Dissecção de Peças Coordenadores: Dr. Domingos H. Tsuji, Dr. Luiz Ubirajara Sennes e Dr. Richard L. Voegels - local: Anfiteatro de ORL do Hospital das Clínicas - e-mail: www.forl.org.br • 13 e 14 - Simpósio Internacional: Câncer de Cabeça e Pescoço Coordenação Científica: Drs. José Victor Maniglia, Márcio Coimbra Pereira, João Armando Padovani Jr, Atílio Maximino Fernandes, Denise Abrita, Luiz Sérgio Raposo, Fernando Drimel Molina, Alexandre Rofaldini Coraçari local: Deptº de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço da FAMERP - Cidade: São José do Rio Preto - SP - telefone: (17) 235-7017 e-mail: [email protected] site: www.cenacon.com.br • 20 e 2 1 - Curso TTeórico-Prático eórico-Prático de 21 Ronco e Apnéia do Sono Coordenadores: Dr. Gilberto Formigoni e Dr. Luiz Ubirajara Sennes - local: Anfiteatro de ORL do Hospital das Clínicas e-mail: www.forl.org.br NOVEMBRO • 10 a 14 - IV Congresso TRIOLÓGICO de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial Local: ITM-Expo - Cidade: São Paulo - SP telefone: (11) 5052-9515 Ramal 5 e-mail: [email protected] - site: www.aborlccf.org.br DEZEMBRO • 08 e 09 - I Curso TTeórico-Prático eórico-Prático de Disfagia da Santa Casa de São Paulo Coordenadores: Dr. Alessandro Murano, Dr. André Duprat, Dr. Leonardo da Silva - Local: Departamento de Otorrinolaringologia da Santa Casa de São Paulo Cidade: São Paulo – SP - Telefone: (11) 3222-8405 EDITAL DE CONVOCAÇÃO PARA AI S – AB ia e V oz ELEIÇÕES GER Vo GERAI AIS ABLLV – Academia Brasileira de Laringolog Laringologia A ACADEMIA BRASILEIRA DE LARIN LARIN-GOL OGIA E V OZ - AB OLOGIA VO ABLLV, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n.º 06.103.662/0001-73, com sede à Av. Indianópolis, n.º 740, Bairro Moema, na cidade de São Paulo/SP, neste ato representada por seu Presidente - Dr. Domingos Hiroshi Tsuji, brasileiro, casado, médico, inscrito no CPF sob o nº 012.903.708/77 e no RG sob o nº 11.974.077, vem, através do presente, COMUNICAR aos seus associados, de acordo com o Estatuto Social e do Regimento Interno em vigor, que PROMOVERÁ VERÁ, no dia 12 de novembro de 2005 2005, durante a realização do IV Congresso Triológ ico de Otorrrinolaringolog ia riológico Otorrrinolaringologia ia, assembléia geral ordinária de eleição para a Diretoria Executiva e Conselho Fiscal, observando o que segue: 1 – O registro de chapas para a Diretoria Executiva poderá ser realizado junto à Comissão Eleitoral Eleitoral, na sede da AB ABLLV, sito à Av. Indianópolis, n.º 740, Bairro Moema, na cidade de São Paulo/SP, até às 17:00 horas do dia 12 de outubro de 2005 2005, sendo o 4 nome de seus integrantes divulgado por circular distribuída a todos os associados ou por meio da Revista Brasileira de ORL, Jornal de ORL, Revista Vox Brasilis ou mídia digital. 2- As eleições serão administradas por uma Comissão Eleitoral de 03 (três) membros, nomeados pela Diretoria Executiva para tal fim e que elegerá entre si, seu Coordenador. 3- A Comissão Eleitoral será formada, no mínimo com 60 (sessenta) dias de antecedência das eleições, extinguindo-se assim que os resultados da eleição forem proclamados e os eleitos empossados, na própria AGO que os eleger. 4- As chapas inscritas receberão, mediante solicitação solicitação, a lista do nome de todos os associados inscritos na AB ABLLV , contendo seu endereço de correspondência, telefone e e-mail de contato, assim como sua situação de quitação com a mesma. 5 – As chapas deverão conter candidatos a todos cargos devendo estes atenderem às especificações contidas no Estatuto Social vigente disponível aos inte- ressados na sede da ABLV e publicado no site www.ablv.com.br/i_aablv.cfm 6 - Os candidatos à Diretoria Executiva devem ser sócios Titulares, Titulares Colaboradores ou Remidos Remidos, inscritos há pelo menos 6 (seis) meses nos quadros da ACADEMIA BRASILEIRA DE L AR OL OGIA E V OZ – AB ARII NG NGOL OLOGIA VO ABLLV / ABOR ABORLLCCF CF, quites com suas obrigações para com a entidade e em pleno exercício de seus direitos sociais, conforme estabelecido no Estatuto e no Regimento Interno. 7- Havendo chapa única, ela poderá ser eleita por aclamação da maioria absoluta dos presentes ao local de realização da Assembléia Geral. 8- Informações mais detalhadas poderão ser obtidas junto à Secretaria da ABOR ABORLL- CCF CF, que orientará os interessados quanto aos procedimentos de inscrição e aos cargos a serem preenchidos. São Paulo, 18 de julho de 2005. Domingos H. Tsuji (Diretor Presidente da ABLV) Capa I Encontro Ibero-Latino-Americano de Laringologia e Fonocirurgia supera expectativas e consagra a formação da Sociedade LatinoAmericana de Laringologia e Voz Manaus, a cidade cosmopolita em plena selva, foi palco de um grande evento da Otorrinolaringologia. Nos dias 26 a 28 de maio, a capital amazonense foi sede do I Encontro Ibero-Latino-Americano de Laringologia e Fonocirurgia, juntamente com o VIII Congresso Norte-Nordeste de Otorrinolaringologia. O evento ocorreu no Hotel Tropical, às margens do belo e imponente Rio Negro. Graças aos esforços do Dr. Domingos Tsuji, presidente da Academia Brasileira de Laringologia e Voz latino-americanos que conseguiram chegar com antecedência à Manaus. E nada como um passeio de barco temático, com destino ao Encontro das Águas, para brindar este encontro com colegas do Panamá, Paraguai, Colômbia, Argentina, Costa Rica, México, Uruguai e Estados Unidos. O passeio foi perfeito, dia lindo de muito sol e calor, encontro do Rio Negro com o Rio Solimões, costela de Tambaqui, tribo indígena e muita descontração. Estiveram presentes no evento os seguintes convidados estrangei- Mesas redondas aprofundaram temas de Laringologia e Fonocirurgia em Manaus (ABLV), e dos doutores Renato Telles de Souza e Eduardo Kauffman, respectivamente, presidente e coordenador-geral do congresso, e com apoio da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF), o evento transcorreu de maneira organizada, com a estrutura ideal para propiciar a troca de experiências e conhecimentos. O dia pré-congresso foi de grande confraternização com os colegas ros: Araceli de La Guardia (Panamá), César Franco Peña (Paraguai), Guillermo Campos (Colômbia), Íris Rodriguez (Argentina), José Alfonso Chacón (Costa Rica), Masao Kume (México), Pedro Hounie (Uruguai), Ricardo Carrau (Estados Unidos) e Ricardo Serrano (Argentina), além de ilustres personalidades da Laringologia nacional. A palestra inaugural foi proferida pelo Dr. Domingos Tsuji, com o tema “Compreendendo os Parâmetros da Videoestroboscopia”. Após as boasvindas a todos os palestrantes internacionais, nacionais e congressistas de todo o país, o presidente oficialmente dispensou as formalidades do terno e gravata, deixando os participantes climatizados ao calor de Manaus. Com mesas redondas, palestras e painéis, os temas mais polêmicos e controversos da Laringologia e Fonocirurgia foram abordados de forma objetiva, prática e transparente. O rendimento foi muito grande, sendo que todos elogiaram o conteúdo das apresentações e o nível das discussões. O painel “Princípios Básicos da Fonomicrocirurgia”, o primeiro do encontro, abriu com elegância o evento, com aulas objetivas, e material didático excepcional. A mesa redonda sobre “Lesões Benignas de pregas vocais (inflamatórias e AEM)” mostrou que o assunto ainda é controverso para todos, necessitando de muitos momentos de discussão de conceitos e estabelecimento de condutas. Momento interessante foi a palestra sobre a “Experiência Brasileira na Campanha da Voz”, com as palavras do Dr. Nédio Steffen, o idealizador da campanha; Dr. Domingos Tsuji, atual presidente da ABLV; e Dr. José Antônio Pinto, como o criador do Dia Mundial da Voz, levando a idéia brasileira para muito além de nossas fronteiras. Dr. Domingos comentou sobre as melhorias na logística da campanha, e todos os esforços realizados durante a sua gestão para torná-la mais profissionalizada e formatada, com aulas padronizadas e resposta às questões mais freqüentes, uni- 5 Capa (continuação) Reunião da Sociedade Latino-Americana de Laringologia e Voz ficando os conceitos veiculados com o selo da ABLV e da ABORL-CCF. Também foram expostos os resultados da campanha na Argentina, pela Dra. Íris Rodriguez e no México, pelo Dr. Masao Kume. Ao final do primeiro dia do Encontro, ocorreu a Reunião da Sociedade Latino-Americana de Laringologia e Voz, liderada por: Dr. Domingos Tsuji, Dra. Íris Rodriguez, Dr. Massao Kume e Dr. Guillermo Campos. De forma democrática e tranqüila, contando com a participação de todos os presentes, foram discutidos os pontos principais do estatuto da sociedade, que promete organizar reuniões científicas e o desenvolvimento de atividades acadêmicas entre os países envolvidos. A sessão solene de abertura do I Encontro Ibero-Latino Americano de Laringologia e Fonocirurgia e VIII Congresso Norte-Nordeste de Otorrinolaringologia, fechando a programação do primeiro dia, contou com a palestra de Dr. Edson de Oliveira Andrade, presidente do Conselho Federal de Medicina, sobre os “Desafios Médicos Atuais”. Ocorreu ainda um momento de grande emoção para a Laringologia nacional, com uma merecida homenagem ao Dr. José Antônio Pinto (ver página 7), por todos os seus anos de dedicação e feitos pela 6 nossa especialidade. O segundo dia do Encontro teve início logo cedo, com sala lotada, todos interessados na palestra do Dr. Ricardo Carrau sobre “Avaliação Clínica e Tratamento dos Distúrbios da Deglutição”, mostrando seu maravilhoso trabalho desde os métodos de avaliação, até procedimentos para o manejo do paciente disfágico. O painel “Como eu Faço/Trato” contou com ricas discussões, com destaque para a questão da leucoplasia X carcinoma in situ. Ponto alto do dia foi a mesa “Disfonias em Profissionais da Voz”, moderada pelo Dr. Marcos Sarvat, com a apresentação de ca- sos clínicos que promoveram uma acirrada e empolgante discussão de todos os componentes da mesa com a participação da platéia. Inovação do Congresso foi a sessão “Happy Hour com os Professores”, realizada no Mirante do Hotel Tropical. Ocorreu em clima de grande descontração, apreciando o pôr do sol no Rio Negro, com direito a drinques e aperitivos, na companhia de expoentes professores da Laringologia nacional e internacional. Foram discutidos temas de grande importância, como: Lesões pré-neoplásicas/Tumores iniciais/ Estenose laríngea, Fonocirurgia (indicações e técnicas), Tratamento não-cirúrgico das laringopatias, Papilomatose laríngea e disfonia na infância. Todos adoraram o formato vanguardista de aprendizado, permitindo o contato próximo e informal dos participantes. As atividades do Encontro se encerraram em grande estilo na hora do almoço do sábado (28 de maio), com a sensação de missão cumprida. Foi unânime entre os participantes o elogio à organização, à programação, ao nível das apresentações e discussões. E, o mais importante, a oportunidade de uma efetiva troca de conhecimentos e experiências, num clima de respeito e consideração entre todos. Participantes do congresso confraternizam-se no passeio do encontro do Rio Negro com o Rio Solimões Capa (continuação) Dr. José Antonio Pinto é homenageado no Congresso Norte-Nordeste e faz discurso emocionante “Ilustres autoridades, Meus queridos colegas e amigos, ainda conservo a mesma surpresa e emoção ao receber a notícia desta homenagem. Como quem recebe um prêmio de alcance remoto, oferta da sobrestima de amigos, a surpresa encheu-me de profunda alegria que quero compartilhar com todos neste momento festivo. Vivendo há mais de 40 anos toda a evolução e a revolução da Otorrinolaringologia, sinto-me à vontade para sobre ela divagar... Eu nasci dentro de uma outra Medicina, sem os arroubos da tecnologia atual, mas na qual a dignidade médica, a ética e a relação médico-paciente fundamentavam nossa formação. Durante todos esses anos de trabalho fecundo, testemunhei e vivi os grandes avanços e os infortúnios que cercaram nossa profissão. Acompanhei os conflitos e disparates da heterogeneidade profissional, o aviltamento salarial, a perda da autonomia da atividade médica pelo cada vez maior domínio de empresas interessadas na saúde como mercadoria, a deterioração da relação médico-paciente, a intromissão em atividades médicas de profissionais de outras áreas de saúde, enfim todo um processo de desgaste visando diminuir o prestígio e o respeito a nossa milenar profissão. As mudanças são hoje a nossa única constante dentro de um mundo, fortemente marcado pela velocidade das revoluções (tecnológicas e humanas). Todas estas mudanças se refletiram sobre a Medicina em vários aspectos e nós, médicos, precisamos estar alertas e preparados para enfrentá-las. Para isto precisamos nos inserir na realidade e não simplesmente nos adaptarmos a um sistema considerado injusto. Inserir significa mais que sobreviver, significa construir novos caminhos, novos protocolos, novas maneiras de fazer mais e melhor... Paulo Freire dizia que temos duas formas de agir: Adaptar ou Inserir ... Qual é a nossa??? Há necessidade de desenvolvermos uma visão sistêmica do processo que acontece ao nosso redor e atuarmos com maior consciência nas funções, finalidades, dificuldades e necessidades de nossa profissão e não apenas reagirmos às ações de outros setores ou ficarmos presos, individualizados, nos nossos consultórios e atividades particulares, assistindo a “banda passar”... Temos que estar despertos para entender o momento e nos perguntarmos: Você sabe o que esta acontecendo com a tua profissão? Você é capaz de prever com detalhes qual é a visão da Medicina para daqui 5 ou 10 anos? É fundamental enxergar o “todo” e não apenas o nosso próprio umbigo... É perceber que nossas ações refletemse na continuidade do trabalho dos outros... como um efeito dominó. E temos de nos perguntar de tempos em tempos: Este é o caminho que desejamos construir? Se a resposta for não, inevitavelmente estaremos entrando em conflito com o sistema, mas este conflito poderá se tornar construtivo e não seremos levados pela correnteza, ao sabor da maré, sem comida e sem água. Como diz nosso colega Spencer Johnson em seu best-seller - Quem mexeu no meu queijo? : “Se você não mudar, morrerá”. Quero dizer a vocês, prezados amigos e, em especial aos mais jovens, que apesar de todas essas vicissitudes, a Medicina e nossa amada Otorrinolaringologia mantém sua magia... Uma magia respaldada no sentimento humano do trato da dor e do sofrimento, da gratidão e da perda, da vida e da morte... Kauffman e José Antonio Pinto: homenagem As contradições que nos afetam devem ser superadas pelo retorno dos princípios básicos da medicina holística, humanista e na autonomia do trabalho médico. Dentro de um mercado médico caótico, precisamos voltar atrás e recolocar o médico em seu verdadeiro lugar, independente, não submisso e absolutamente livre em seu exercício profissional. Somente com um trabalho coeso, não só de nossas sociedades de classe, mas de cada um nós, contra as pressões corporativas, as ações predatórias de empresas ditas da área da saúde, o absurdo aumento de escolas médicas, aliado a finalmente definirmos o ato médico, poderemos resgatar algo que seja de nossa vilipendiada profissão. É neste momento, nesta festa da amizade, em que eu me coloco como exemplo, que eu gostaria de renovar a minha fé em nossa profissão, como ciência e arte, e lhes dizer com a grandeza espiritual de Chico Xavier que... • não percamos o romantismo, mesmo sabendo que as rosas não falam... • que não percamos o otimismo, mesmo sabendo que o futuro que nos espe- ra não é assim tão alegre... • que não percamos a vontade de viver, mesmo sabendo que a vida é, em muitos momentos, dolorosa... • que não percamos a vontade de ter grandes amigos, mesmo sabendo que, com as voltas do mundo, eles acabem indo embora de nossas vidas... • que não percamos a luz e o brilho no olhar, mesmo sabendo que muitas coisas que veremos no mundo, escurecerão nossos olhos... • que não percamos a garra, mesmo sabendo que a derrota e a perda são dois adversários extremamente perigosos... • que não percamos a razão, mesmo sabendo que as tentações da vida são inúmeras e deliciosas... • que não percamos nosso forte abraço, mesmo sabendo que um dia nossos abraços estarão fracos... • que não percamos a beleza e a alegria de ver, mesmo sabendo que muitas lágrimas brotarão dos nossos olhos e escorrerão por nossas almas... • que não percamos o amor por nossas famílias, mesmo sabendo que elas muitas vezes nos exigirão esforços incríveis para manter sua harmonia... • quero aqui deixar o meu beijo de amor e gratidão a minha amada esposa Leila e meus filhos, aqui representado pela minha filha Luciana e meu neto Felipe, razões de meu viver... • que não percamos a vontade de doar este enorme amor que existe em nossos corações, mesmo sabendo que muitas vezes ele será submetido e até rejeitado... • E acima de tudo... • Não nos esqueçamos que Deus nos ama infinitamente, • Que um pequeno grão de alegria e esperança dentro de cada um é capaz de mudar e transformar qualquer coisa, pois... • A vida é construída nos sonhos • E concretizada no amor E, para encerrar, compartilho com todos vocês, queridos amigos, agradecendo à Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial, a Academia Brasileira de Laringologia e Voz , a Sociedade Norte-Nordeste de Otorrinolaringologia e ao Comitê Executivo deste Congresso, em especial meus queridos amigos Renato Telles e Eduardo Kauffman, pela alegria e emoção que me proporcionaram. Meu desejo a todos é: Trabaja como si no necesitaras dinero, Ama como si nunca te hubieran herido, Y baila como si nadie te estuviera viendo... Meu muito obrigado a todos e até muito mais”. José Antonio Pinto Ex-presidente da ABLV 7 Triológico São Paulo vai sediar o I de ORL e Cirurgi São Paulo vai sediar o IV Congresso Triológico de Otorrinolaringologia, de 10 a 14 de novembro de 2005. A programação de Laringologia e Voz ocorrerá ao longo de todo o dia 12 (sábado) e no período da manhã do dia 13 de novembro (domingo). A programação promete dinamismo e praticidade. Com mesas redondas, palestras e painéis, os temas mais polêmicos e controversos da Laringologia e Fonocirurgia serão abordados de forma objetiva, prática e transparente. Contaremos com a participação internacional dos colegas Dr. André Perouse (França), Dr. Guillermo Campos (Colômbia) e Dr. Ricardo Serrano (Argentina) para abrilhantar nossas atividades. Além das tradicionais conferências internacionais, uma das inovações da programação da científica do Congresso Triológico é a participação dos convidados estrangeiros 8 na sessão de temas livres. Com o objetivo de incentivar a pesquisa científica, a ABORL-CCF orientou que todas as supra-especialidades organizassem suas respectivas programações com grandes sessões de temas livres, com a participação dos convidados internacionais para enriquecer as discussões e comentários. Os melhores trabalhos serão apresentados e as discussões, sugestões e comentários ficarão a cargo dos ilustres convidados internacionais, além dos grandes nomes nacionais da Laringologia e Voz. A manhã do dia 12 começa logo cedo, às 7h, com a atividade denominada Cyber Café. Está programada uma palestra inovadora e extremamente útil na era digital e das teleconferências, que abordará os recursos de captura de imagem digital. As mesas redondas e sessões de discussão de casos abordarão de forma objetiva as controvérsias da especialidade. Estão previstos os seguintes temas: “Estenose / Paralisia bilateral de pregas vocais em adultos”, “Adequando o tratamento para o cantor disfônico”, “Incompetência glótica: medialização X injeção”, “Sulco e Cicatriz” e “Up to date em Papiloma: como eu trato”. Os painéis foram montados em formato de cursos de imersão, o que permitirá o aprofundamento em temas específicos para aqueles que estiverem interessados. IV Congresso Triológico ia Cérvico-Facial Para o dia 12 de novembro, estão previstos os painéis: “Abordagem terapêutica das lesões pré-malignas e tumores precoces da laringe”, “Afecções laríngeas da infância: como eu investigo e trato” e “Interpretação diagnóstica em Laringologia”. No dia 13 estão programados: “Cirurgia de Cabeça e Pescoço para o ORL”, “Refluxo Laringo-faríngeo e Distúrbios da Deglutição” e “Microcirurgia de Laringe: do básico ao avançado”. Os painéis terão duração prolongada. Os tópicos das aulas foram escolhidos visando abordar cada grande tema de uma forma mais completa, passando pela fisiopatologia, diagnóstico e conduta. A inovação visa um maior aprofundamento em cada tema abordado. A programação do dia 12 será encerrada com a Assembléia da Academia Brasileira de Laringologia e Voz, que discutirá a nova composição da Diretoria da supra-especialidade para o biênio 2006-2007. A reunião está prevista para ter início às 18hs. Esperamos todos os colegas para mais este momento de aprendizado, troca de experiências e confraternização. ITM tem vocação para congressos médicos O IV Congresso Triológico de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial será realizado nas instalações do ITM Expo, em São Paulo. Um dos maiores centros de convenções e exposições da capital paulista, o local possui 4 pavilhões com cerca de 9 mil metros quadrados cada, além do centro de convenções, composto por 9 salas. Sede de importantes congressos e eventos em várias áreas, o ITM tem uma vocação especial para os congressos médicos, de acordo com o gerente de eventos, Paulo Passos. Recentemente o ITM foi sede do Congresso Brasileiro de Radiologia. Também já foi organizado no seu espaço o Con- gresso Brasileiro de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial e o Congresso Internacional de Clínica Médica. A infra-estrutura do ITM propicia eventos de grande magnitude. Entre os diferenciais estão a facilidade de acesso para deficientes físicos, estacionamento coberto para 2 mil veículos, ar condicionado em todos os ambientes, escadas rolantes e elevador de carga, enfermaria, linhas telefônicas com discagem direta e internet banda larga. O ITM Expo vai oferecer para o associado que comparecer ao Triológico, segurança, conforto e tecnologia. Ele apresenta um design moderno e instalações sofisticadas. 9 ABLV Campanha da Voz consolid A 7.ª edição da Campanha da Voz, que ocorreu entre os dias 11 e 16 de abril, movimentou a Otorrinolaringologia por todo o país. O evento deste ano contou com atendimento em diversas localidades, além de apresentações musicais, palestras e outros tipos de atração. O objetivo foi chamar a atenção da população para a importância de se ter cuidados com a voz. Em Belo Horizonte, o Hospital Universitário (HU) atendeu 439 pessoas, sendo que 108 foram encaminhadas para exames mais aprofundados. A exi- bição de três corais encerrou a semana em Minas. Em Manaus, palestras, debates, oficinas de canto, além do atendimento à população, foram os destaques. A triagem e orientação à população foram realizadas no Amazonas Shopping. Curitiba contou com o atendimento no Sesc Portão. Com um sistema de senhas, o local atendeu cerca de 500 pessoas durante a semana, direcionando o foco para os maiores de 12 anos. Também houve atendimento gratuito no Hospital Santa Casa e no Hospital das Clínicas. Otorrinolaringologista examina pacie paci Em Vitória, a palestra “Cantar com Consciência” atraiu pessoas interessadas na importância do uso correto da voz, utilizada no canto. Em Natal, a avaliação vocal foi realizada no Natal Shopping. As expectativas foram superadas em Campo Grande. Cerca de 400 pessoas foram examinadas. A intenção inicial era atender 150 pessoas, mas como a Cartaz da Campanha da Voz com Claudia Raia e Edosn Celulari 10 da-se e conquista o Brasil ente na Unifesp. Atendimento foi o ponto alto da Campanha de 2005. procura foi grande, a organização teve de abrir novas inscrições. O coral do Instituto de Educação Artística Gilmar Santiago, em Salvador, fez exercícios de aquecimento e desaquecimento da voz, aberto ao público. Também houve atendimento nos hospitais Santa Isabel, das Clínicas, e Santo Antônio. Em Teresina, houve pa- lestras de saúde vocal com professores do Instituto Rio Branco. No Clube dos Diários, orientação à população e atendimento ao público. Uma sessão especial na Câmara de Vereadores da capital do Piauí também homenageou o Dia Mundial da Voz. Em Cuiabá, as principais atividades foram realizadas nos shoppings Goiabeiras e Pantanal, e no Parque Mãe Bonifácio. Além do atendimento, em Fortaleza, no Hospital das Clínicas, Santa Casa, Hospital Geral de Fortaleza e Núcleo de Atenção Médica Integrada, médicos otorrinolaringologistas ministraram palestras também em escolas e na Secretaria Municipal de Saúde. No Estado de São Paulo, hospitais de 60 cidades participaram da campanha. Na capital, os atendimentos concentraram-se na Santa Casa, Unifesp e Hospital das Clínicas. Também houve eventos no Hospital Beneficência Portuguesa, que atendeu mais de 200 pessoas, Hospital São Paulo e Hospital São Camilo. Na Santa Casa, a semana contou com atendimento ao público, palestras de conscientização dos problemas vocais e um show que encerrou o evento com um grupo de samba. No Hospital das Clínicas, o atendimento foi reservado a funcionários e pacientes cadastrados. Os casos complexos serão tratados no próprio HC. Na Unifesp, o atendimento foi aberto ao público e contou ainda com o apoio do Hospital São Paulo. De acordo com a clipagem, a campanha foi publicada em 95 jornais e revistas do país; as informações foram ao ar em 52 sites e 37 rádios. Pelo menos 28 emissoras de TV abordaram a campanha por todo o país. Dona de casa aprende exercícios vocais 11 PÁGINA RESERVADA PARA ANÚNCIO 12 Artigo Efeitos dos Medicamentos na Qualidade Vocal e na Laringe Natasha Andrade Braga, Domingos Hiroshi Tsuji, Silvia Rebelo Pinho e Luis Ubirajara Sennes A) INTRODUÇÃO Os efeitos dos medicamentos na qualidade vocal e na laringe vêm sendo estudados na literatura mundial há algumas décadas, contudo poucos estudos têm sido realizados neste âmbito. Os trabalhos científicos que abordam este tema, lamentavelmente, se caracterizam por sua simplicidade na investigação e análise dos resultados, tornando este assunto controvertido e desprovido de dados objetivos como: análise acústica, eletroglotografia, videoestroboscopia e videoquimografia. BAUER e col (1963) relataram a influência dos hormônios no desenvolvimento da disfonia, acometendo 15 % das mulheres com problemas vocais. Durante um longo período somente os hormônios eram abordados como causadores de disfonia até que, recentemente, outros grupos de drogas foram identificadas como causadoras de distúrbios laríngeos e vocais. O objetivo do presente estudo é realizar extensa revisão de literatura confrontada com os conhecimentos anatômicos, fisiológicos, farmacólogicos e histopatológicos a respeito deste tema, visando a identificação dos seus efeitos maléficos na qualidade vocal e na laringe. B) EF EIT OS C OL ATER AI S DOS EFEIT EITOS COL OLA TERAI AIS M EDIC AM ENT OS EDICAM AMENT ENTOS 1. Princípios básicos de ação dos medicamentos Os medicamentos atuam no organismo obedecendo a alguns princípios básicos: • A variação biológica é caracterizada pela diferença genética entre os indivíduos, presença de estresse, desnutrição e doenças, determinando grande variabilidade na farmacologia das drogas. • A resposta do medicamento geralmente é proporcional a dose administrada, porém, algumas vezes pode ocorrer a idiossincrasia, em que pequenas doses geram efeitos colaterais intensos. • Outro conceito importante é que todo medicamento apresenta o efeito pelo qual é caracterizado, além dos outros efeitos denominados colaterais ou adversos, os quais são indesejáveis. • Na maioria dos agentes farmacológicos os efeitos adversos são diretamente proporcionais ao tempo de exposição à droga (MARTIN, 1988). Com a finalidade de proporcionar maior aproveitamento de um medicamento, deve-se conhecer minuciosamente sua farmacologia, visando identificar o surgimento dos efeitos colaterais. 2. Estruturas anatômicas envolvidas • Glândulas do trato respiratório: Produzem secreção que constituem o muco. São controladas pelo Sistema Nervoso Autônomo constituído do Sistema Nervoso Simpático, cuja estimulação resulta na liberação de noradrenalina determinando vasoconstrição e diminuição da secreção glandular, e Sistema Nervoso Parassimpático com o neurotransmissor denominado acetilcolina, cuja liberação resulta em vasodilatação e aumento da secreção glandular. O muco é a camada de proteção de toda mucosa do trato respiratório. Ele é composto por substâncias protetoras contra as infecções (IgA, lisozima), assim como amortece e facilita o contato e coaptação entre as pregas vocais, evitando a ocorrência de um impacto brusco. • Estrutura de camadas da prega vocal incluindo o músculo vocal: A viscoelasticidade do tecido está relacionada à contração muscular, aumentando proporcionalmente quando este mecanismo é desencadeado. A contração do músculo vocal pode afetar, acentuadamente, as propriedades mecânicas das pregas vocais, determinando a diminuição da rigidez da mucosa e aumento da viscosidade ou viscoelasticidade do tecido. Isto é justificado pelo encurtamento das pregas vocais, resultando na diminuição da tensão da cobertura. Assim, o edema na camada superficial da lâmina própria provoca aumento da rigidez do tecido por aumentar a tensão da cobertura, reduzindo a mobilidade da mucosa e aumentando a viscosidade do tecido. O aumento da viscosidade do muco produz maior gasto de energia pela fricção das superfícies de contato (HAJI, MORI, ISSHIKI, 1992). Provavelmente, esta correlação justifica o motivo do aumento do limiar da pressão fonatória quando o muco está espesso, pela maior contração muscular. O ressecamento ocasiona o aumento da viscosidade do muco, enquanto a desidratação, por atuar em todas as camadas das pregas, provavelmente diminui a viscoelasticidade do tecido. • Trato vocal : É responsável pelo fenômeno da ressonância. A mucosa que o compõe pode sofrer desidratação ou ressecamento, repercutindo na qualidade vocal. Sua configuração será determinada por contrações e relaxamentos musculares, resultando em diferentes tipos de vozes. Exemplificando: quando ocorre um relaxamento no pórtico velofaríngeo, teremos a hipernasalidade. A tensão da faringe e pilares resultam em qualidade vocal metalizada; edema dos cornetos, como nos casos de rinites de origem hormonal, determina hiponasalidade. 13 3. Alterações funcionais • Eficiência glótica: É a resultante da força da pressão subglótica pela resistência oferecida pelas pregas vocais (BERKE, GERRAT, NASRI, 1994). Assim, qualquer medicamento que interfira na força muscular laríngea ou torácica, promovendo seu relaxamento ou repercutindo na respiração, acarreta alterações na voz pela diminuição da eficiência glótica. • Coordenação e propriocepção: Para que ocorra o controle neurofisiológico integrado é essencial que as pregas vocais estejam aproximadas na linha média, com perfeito equilíbrio do tônus muscular adutor e abdutor, e a exata tensão dos músculos TA e CT. • Fluxo aéreo: O qual deve apresentar pressão adequada e constante. Quando se provoca aumento do fluxo ocorre o aumento da freqüência fundamental, da pressão subglótica, e diminuição do coeficiente de fechamento (BERKE, VERNEIL, KREIMAN, 1996). Conseqüentemente, o aumento da pressão subglótica, determina o aumento da excursão lateral e da tensão das pregas vocais, demarcando elevação linear do pitch (HSIAO e col, 1994). Convém salientar que a mudança do pitch com o aumento da pressão tende a ser discreta nos profissionais da voz treinados. • Hidratação: O estado de hidratação interfere com o limiar da pressão de fonação (pressão necessária para iniciar a fonação) ou esforço fonatório. O estado de hidratação é inversamente proporcional ao esforço fonatório, sendo que este último se eleva de forma acentuada com o aumento do pitch, provavelmente pelo fato da prega vocal estar mais fina e mais rígida pelo seu alongamento (VERDOLINI, TITZE, FENNELL, 1994). A elasticidade vocal está relacionada ao estado de hidratação, estando diminuída na laringe desidratada (PERLMAN, TITZE, COOPER, 1984). A desidratação aumenta a rigidez, diminui a viscoelasticidade do tecido, dificultando a vibração das pregas vocais, além de promover aumento do pitch (HAJI 14 e col, 1992). Da mesma forma, requer maior força laríngea, maior adução, resultando em fadiga vocal (VERDOLINI e col,1994) e maior susceptibilidade ao trauma. A qualidade vocal resultante, provavelmente será rouca, áspera, pitch agudo, que poderá ser comprovada pelo aumento do jitter, shimmer e proporção harmônico/ruído (HNR) na análise acústica. Os autores comprovaram neste estudo que a hidratação restaurou totalmente a qualidade vocal inicial. A desidratação, além de acarretar diminuição da produção da saliva, deve interferir em todas as camadas das pregas vocais, talvez com maior intensidade na camada superficial da lâmina própria, pela sua composição. Por outro lado, o ressecamento (diminuição da produção do muco), por interferir apenas na mucosa, deve causar maior impacto na pressão fonatória que na qualidade vocal propriamente dita. • Histologia: Os diferentes grupos de drogas atuam de forma heterogênea nas diferentes camadas das pregas vocais. WEINBERG (1995) comprovou que a viscoelasticidade depende em parte da porcentagem da distribuição de água intrafibrilar da elastina. O estresse mecânico, a pressão osmótica atuam diretamente no estado de hidratação da elastina. Como a elastina compõe a prega vocal, sua desidratação, certamente, deve interferir na qualidade vocal. A própria desidratação ou o aumento da viscosidade da prega vocal pode determinar um maior estresse mecânico, por demandar maior pressão fonatória, e, também, ressecar a elastina, gerando um ciclo vicioso. C) FARMACOLOGIA- MECANISMO DE AÇÃO DOS M EDIC AM ENT OS MEDIC EDICAM AMENT ENTOS 1. Anti-Histamínicos Ex: diclorfeniramina, prometazina • Clássicos: Inibem a histamina (substância cuja liberação provoca vasodilatação, aumento da permeabilidade vascular, aumento da secreção gástrica, broncoconstrição). Funcionam como anticolinérgicos provocando a dimi- nuição dos efeitos sialogogos das glândulas salivares e outras glândulas exócrinas, reduzindo o muco do trato respiratório, provocando também vasoconstrição. Associados aos simpaticomiméticos, provavelmente aumentam o ressecamento da prega vocal. Devido à penetração pela barreira hemato-encefálica no Sistema Nervoso Central (SNC), causam sedação e diminuição da propriocepção, prejuízo da performance do profissional da voz. (ROCHA, 1994). VERDOLINI et al (1998) afirmam que o ressecamento causa aumento do esforço fonatório. Desta forma supomos que estes medicamentos causem disfonia pelo maior esforço fonatório, provavelmente, pelo impacto sobre o muco, resultando em maior adução glótica, aspereza e surgimento de alterações orgânicas secundárias ao fonotrauma. • Não-clássicos: Ex: terfenadina, astemizol e loratadina. Os novos anti-histamínicos são seletivos para inibição apenas dos receptores H1 (cuja estimulação induz a liberação da histamina), não penetra no SNC, não causando sedação, tendo discreto efeito sobre acetilcolina (ROCHA, 1994), e provavelmente, interferindo com menor impacto na voz . 2. Simpaticométicos • Alfa-adrenérgicos: Ex: pseudoefedrina, fenilpropanolamina, fenilefrina, nafazolina Promovem vasoconstricção, diminuição do fluxo sangüíneo, glandular e diminuição da secreção mucosa. Tem efeito descongestionante, podendo causar desidratação da prega vocal. O componente aquoso se reduz mais acentuadamente que o mucoso, levando a uma maior viscosidade do muco e diminuição do batimento ciliar (DEITMER & SCHEFFLER,1993). Isto determina maior pressão e esforço fonatório, demarcando, provavelmente, elevação do pitch, do jitter, do shimmer, e do HNR. A amplitude de ação depende do tempo de utilização e fatores associados, como a presença de abuso vocal. • Beta-2-adrenérgicos(agonistas): Ex: metaproterenol, fenoterol, salbutamol Promovem relaxamento da musculatura lisa do trato respiratório e relaxamento da via aérea com melhora da voz (MARTINS & SILVA, 1994). Como já foi comentado, o aumento do fluxo aéreo resulta em elevação da pressão subglótica, com melhora da eficiência glótica, quando utilizado em pacientes com hiperreatividade brônquica. Como o uso de brocodilatadores inalatórios podem causar irritação da mucosa laríngea, deve-se priorizar, sempre que possível, a administração oral destas medicações, diante do profissional da voz (SPIEGEL, HAWKSHAW, SATALOFF, 2000). 3. Antitussígenos Ex: ação central: codeína, morfina. ação periférica: dextrometorfano, benzomanato, dropropizina Atuam no SNC, ou perifericamente nos receptores da mucosa brônquica. Os derivados da codeína (ação central) apresentam efeito diurético. Geralmente são combinadas a um veículo alcóolico que determina vasodilatação com edema e hiperemia das pregas vocais (THOMPSON, 1995), provavelmente resultando em qualidade vocal rouca e discretamente áspera, aumento do jitter, shimmer, HNR. 4. Diuréticos Ex: acetazolamida, hidroclorotiazida, furosemida, espironolactona. Aumentam a excreção da água e eletrólitos, principalmente o sódio, levando a desidratação do organismo (SETÚBAL, 1994). Pela sua maior quantidade de líquido, o espaço de Reinke provavelmente, deve ser o mais afetado, por possuir maior quantidade de líquido na sua composição. O uso de diurético aumenta o limiar de pressão fonatória, e, conseqüentemente, o esforço durante a fonação (VERDOLINI et al,2002). A desidratação da prega vocal determina aumento do pitch, shimmer, jitter, HNR, resultando em qualidade vocal rouca, discretamente áspera, às vezes acompanhada de soprosidade nos casos mais graves. 5. Vitamina C Funciona como regulador das reações de oxirredução celular (SACRAMENTO & SILVA, 1994). Devido ao seu efeito diurético, em altas doses, promovem a desidratação da prega vocal cujos prejuízos já foram citados. 6. Agonistas Alfa-Adrenérgicos Ex: metildopa, clonidina, reserpina. Agem centralmente diminuindo a tensão arterial. Devido aos seus efeitos simpaticomiméticos, resultam na redução da produção do componente aquoso do muco com conseqüente desidratação da prega vocal (THOMPSON,1995). 7. Cor ticosteróides Corticosteróides Ex: glicocorticóides- prednisona, dexametazona, triancinolona. mineralocorticóides-hidrocortizona Reduzem o edema tecidual (principalmente os glicocorticóides como a prednisona, dexametasona, triancinolona) sendo eficaz quando utilizado por períodos curtos na inflamações laríngeas. Contudo, podem causar ressecamento da prega vocal por desidratação, quando utilizado com outros objetivos, estando a laringe, inicialmente normal. Sua administração por longos períodos resulta em retenção hídrica (principalmente os mineralocorticóides como a hidrocortisona) e edema (OLIVEIRA & RIBEIRO,1994), com provável redução da freqüência fundamental, além de fraqueza muscular, ambas reversíveis com a suspensão da droga. Também irritam o trato digestivo, gerando refluxo gastro-esofágico, podendo provocar laringite por refluxo. Os corticosteróides inalatórios também têm sido associados à disfonia com variável incidência (WILLIAMSOM et al, 1995), principalmente quando utilizado para o tratamento da asma, sendo visibilizado hiperemia com redução da onda mucosa e amplitude à estroboscopia (MIRZA et al, 2004) além de edema, leucoplasia (DELGAUDIO, 2002 ). Outras causas da perturbação laríngea são a candidíase oral, desidratação da mucosa, sendo ambas dose-dependentes. Outros estudos atribuem um efeito nos músculos da laringe, determinando miopatia que resulta no arqueamento das pregas vocais à fonação. (WILLIAMS et al, 1983). Após término do tratamento, as alterações da laringe e da voz sofrem remissão, podendo, contudo, durar meses. Devido à pequena dose empregada, estes efeitos não têm sido descritos em crianças (WILLIAMS et al, 1983). 8. Inibidores da Enzima Conversora de Angiotensina Ex: captopril (Capoten), enalapril, cilazapril. Causam supressão do sistema renina-angiotensina-aldosterona. São utilizadas freqüentemente no tratamento da hipertensão arterial sistêmica, podendo provocar tosse crônica atribuída a liberação de prostaglandinas, resultando em abuso vocal e, conseqüentemente, alterações secundárias na laringe. (ALMEIDA, 1994). 9. Hormônios Masculinos e Femininos Ex: testoterona, mesterolona, fluoximesterona. • Andrógenos: A testosterona transforma-se, nos tecidos, em desidrotestoterona, agindo sobre os órgãos genitais e extragenitais. Diminui a excreção urinária de nitrogênio, potássio e fósforo, promovendo o desenvolvimento acelerado da musculatura. Acarreta retenção hídrica e edema, estimulando o crescimento e a secreção das glândulas sebáceas, predispondo o desenvolvimento da acne (NEIVA, 1989). Administrados ao sexo feminino determinam virilização com modificação do timbre da voz, aumento do clitóris, hirsutismo, hipertrofia e hiperplasia muscular (DERMAN,1995). São utilizados nos distúrbios hipogonadais masculinos (AKCAM et al, 2004) e também estão indicados no tratamento da osteoporose (NEED, DURBRIDGE, NORDIN, 1993), climatério masculino e subfertilidade. Podem promover uma hiperplasia das células basais e glândulas, aumen- 15 to da mitose, paraceratose das pregas vocais, estratificação e metaplasia escamosa da mucosa, hipertrofia e hiperplasia dos músculos tireoaritenóideos, edema no estroma e cartilagem (TALAAT, ANGELO, KELADA, 1987), resultando em redução da freqüência fundamental, diminuição da tessitura vocal, perdas das altas freqüências (GERRITSMA, BROCAR, HAKKESTEEGT, 1994), instabilidade vocal e aspereza, fonastenia (KOPERA, 1993), geralmente irreversíveis após longos períodos de exposição. DAMTSE (1967) evidenciou uma dificuldade nas cantoras em manter o registro de cabeça durante este tratamento e alterações de registros e qualidade vocal de cantores tratados com essa droga (King et al, 2001). Desta forma alguns autores sugerem o acompanhamento destes pacientes a cada 15–28 dias, principalmente em se tratando de profissionais de voz (BRODINTZ,1971), devendo ser suspenso ou reduzido diante desta sintomatologia pelo caráter irreversível dos seus efeitos maléficos. Apesar de alguns sintomas na qualidade vocal apresentarem melhora parcial após alguns meses de fonoterapia, outros podem permanecer mesmo após a suspensão do hormônio (BAKER, J, 1999). Por outro lado, o uso destas medicações em pacientes com o pitch muito elevado, como na Síndrome de Turner, tem se mostrado muito eficaz (VUORENKOSKI et al, 1978; ANDERSSON et al, 1994). O exame laringoscópico pode demonstrar coloração cinza da prega vocal, facilitando o diagnóstico (BRODNITZ,1971). • Estrogênios Ex: etilbestrol, benzoato de estradiol, sulfato de estrona. Interagem com os receptores das células alvo, propiciando modificações genitais e extragenitais. Desta forma promovem concentração e distribuição de gordura no tecido celular subcutâneo periférico (TCSC); contribuem para o aumento da espessura da pele, assim como seu conteúdo aquoso; diminuem a atividade das 16 glândulas sebáceas e aumentam o calibre dos seus ductos excretores. No tecido ósseo promovem a proliferação da matriz protéica, todavia, retardam o crescimento somático ao acelerarem a maturação epifisária. Em relação ao sistema hidroeletrolítico acumulam sódio, resultando em retenção hídrica e edema por interferirem na polimerização dos mucopolissacarídeos-substância do TCSC. Enfim, apresentam um efeito anabolizante geral (CRUZ, 1989). São utilizados no tratamento da dismenorréia, esterilidade, hemorragia uterina disfuncional, climatério, hirsutismo, acne e ameaça de abortamento. BOOTHROYD & LEPRE (1990) comprovaram que o danazol utilizado no tratamento da endometriose e doença fibrocística da mama, determina alterações irreversíveis da voz, como redução do pitch e virilização em 7-10% das mulheres (dose 600800mg/dia). Os autores também mostram que a telescopia nestes casos é normal ou revela discreto edema, dificultando o diagnóstico precoce. O risco destes efeitos são dose-dependentes e aumentam com a duração do tratamento. Reduzem a Fo da voz no sexo masculino, contudo poucas alterações têm sido demonstradas no tratamento dos transexuais. KAUFMANN et al (1995) relatam que os contraceptivos orais de micro-dosagem não interferem na voz e deve ser indicado com cautela nos profissionais da voz. Por outro lado, AMIR et al (2003) descrevem que apesar de contraceptivos orais com altas concentrações de hormônios prejudicarem a qualidade vocal, os de baixa concentração agem promovendo maior estabilidade hormonal, influenciando favoravelmente a voz. • Progestogênios Ex: acetato de citoproterona ou de medoxiprogesterona. Apresenta ação anabolizante que em ação sinérgica com os estrogênios acarretam deposição periférica de gordura; devido à sua ação sedativa frequentemente ocasionam sonolência; apresentam ação antagônica à aldosterona, favorecendo a diurese, resultando em hipotensão e, provavelmente, em desidratação (CRUZ, 1989). São utilizados no tratamento do câncer de mama, esterilidade, disfunção menstrual, endometriose, puberdade precoce e anticoncepção. Seu efeitos na voz estão, provavelmente, relacionados à desidratação da prega vocal. 10. Neurolépticos Ex: clorpromazina, haloperidol, tioridazina. Bloqueiam os receptores dopaminérgicos centrais, tendo ação incisiva sobre os delírios e alucinações e uma ação sobre os gânglios da base (sistema nigro estriado), gerando efeitos extrapiramidais como a distonia, acatisia e parkinsonismo (OLIVEIRA, 1994). As alterações na qualidade vocal ocorrem devido aos efeitos neuromusculares destas drogas, cujo uso prolongado (superior a sete anos) gera o parkinsonismo secundário em 14 % dos pacientes (disartrofonia hipocinética: pausas respiratórias, soprosidade, redução da modulação, redução do tempo máximo de fonação, alterações articulatórias, tremor vocal, resultando em qualidade vocal rouca, soprosa, monótona e diplofônica). Concomitantemente, é possível que ocorra a redução da pressão subglótica, e, com isso, diminuição da capacidade de elevar o pitch por estes mecanismos. 11. Neuroestimulantes Ex: anfetamina, cafeína, fenfluramina. Estimulam o SNC, determinando tremor associado a tiques vocais, velocidade acelerada de fala, dificultando a compreensão (MARTIN, 1988). Podem também provocar ressecamento da mucosa do trato vocal, pela diminuição da produção do muco (efeito anticolinérgico). 12. Antidepressivos Ex: fluoxetina (Prozac), amitriptilina (Tryptanol), imipramina (Trofanil). Atuam impedindo a recaptação das aminas biogênicas na fenda sináptica no cérebro (OLIVEIRA, 1994). Devido aos seus efeitos adrenérgicos e anticolinérgico, podem produ- zir ressecamento da mucosa do trato vocal, cujos prejuízos já foram abordados. Atuam também no SNC podendo provocar sedação, irritabilidade, agitação, náuseas, lentificação da fala e tremores. Por outro lado, atuam favoravelmente nos distúrbios da fala provocados pela depressão (STASSEN etal, 1998). 13. Lítio Aumenta a permeabilidade de membrana ao potássio, resultando em saída deste íon para o meio extracelular, e bloqueio das transmissões sinápticas no SNC (principalmente dos gânglios simpáticos). Doses elevadas resultam em disartria, zumbidos e tremor oro-facial. (VOGEL & CARTER, 1995). São utilizados em forma de sais de lítio (LIMA & OLIVEIRA, 1994). 14. Ansiolíticos Ex: diazepam, clonazepan, lorazepan. Os benzodiazepínicos possuem propriedades ansiolíticas, miorrelaxantes, anticonvulsivan- tes e efeitos amnésicos. Tais ações são devidas ao reforço gama-aminobutírico (GABA), o mais importante inibidor da neurotransmissão cerebral (SILVEIRA, 1994). Os ansiolíticos são os medicamentos que mais causam distúrbios na voz (MARTIN,1988). Suas alterações descritas por VOGEL et al (1995) são de origem neuromuscular (articulação imprecisa da palavra, voz pastosa, hipernasalidade, redução no tempo máximo de fonação, dificuldades de contrastes surdos-sonoros). A velocidade da mudança de comprimento das pregas vocais determina a eficácia na passagem de registro nos cantores, ou seja na mudança de predominância do TA para o CT (passagem do registro de peito para o de cabeça) e vice-versa. Como os ansiolíticos promovem um relaxamento muscular, talvez esta eficácia fique comprometida, resultando em prejuízo considerável no canto. Pela qualidade vocal resultante, provavelmente ocorre uma pequena fenda glótica, ou uma fase aber- ta maior que fase fechada, que se traduz por discreta soprosidade além de discreta nasalidade, relacionada ao relaxamento de toda musculatura, inclusive palatal. 15. Beta-bloqueadores Ex: propanolol, pindolol, atenolol, timolol. Inibem os receptores beta-adrenérgicos, sendo antagonistas da adrenalina. Atuam promovendo diminuição da freqüência cardíaca, tensão arterial, e da excitabilidade da membrana celular. Em pequenas doses auxiliam nas performances, combatendo o nervosismo (GATES et al, 1985). O efeito benéfico na qualidade vocal deve estar relacionado à maior estabilidade e harmonia durante a fonação, com redução do tremor e instabilidade vocal, proporcionando mais precisão na oratória ou melhor performance no canto. 16. Anestésicos Locais Ex: tetracaína, lidocaína, dibucaína. Bloqueam o influxo de sódio pela membrana celular dos nervos, impedindo o potencial de ação; interferem na musculatura da parede vascular, determinando vasodilatação (GUANAIS & ALVES, 1994). A diminuição do clearance mucociliar, causada por este grupo, reflete na função protetora da laringe (ARMENGOT et al, 1994). Devido à perda da propriocepção, pode determinar alterações articulatórias quando administrados por via oral. Existem mecanorreceptores na região subglótica os quais exercem controle moderado na atividade muscular da laringe, em resposta a variações da pressão nesta região, durante a fonação. Nos cantores, a pressão subglótica é adaptada ao loudness e à freqüência fundamental (Fo). O uso de xilocaína promoveu diminuição das respostas destes receptores às variações da pressão subglótica, todavia não alterou a responsividade às alterações da Fo (SUNDBERG, IWARSSON, BELLSTORM, 1995). É possível concluir que os profissionais da voz que utilizam pastilhas anestésicas podem prejudicar este reflexo. 17. Metazolamida Inibe a anidrase carbônica que é responsável pela dissociação química do ácido carbônico em gás carbônico e íon hidrogênio. É utilizada em tremor vocal como alternativa ao propanolol (ZESIEWICZ et al, 2002). Contudo, sua eficácia ainda permanece controvertida (BUSENBARK et al, 1996). 18. Isotretinoína Reduz a ceratinização folicular, diminui a produção das glândulas sebáceas, promovendo o ressecamento da pele (PAIXÃO & DALL’IGNA,1994). É constituída por precursores de vitamina A, vem sendo utilizada no tratamento da acne moderada e severa, contudo determina uma intensa desidratação, com provável prejuízo da qualidade vocal. D) CONCLUSÃO Este estudo nos fez concluir o quanto é importante sabermos os efeitos maléficos dos medicamentos na voz e a necessidade de questionarmos o uso dos mesmos na anamnese otorrinolaringológica e fonoaudiológica. Essas alterações em pessoas normais, na maioria das vezes, é quase imperceptível, e de difícil diagnóstico, enquanto quando se refere ao profissional da voz, como os cantores, pequenas alterações podem provocar desajustes na ressonância, pitch, loudness, tessitura vocal ou articulação interferindo na projeção vocal e extensão fonatória prejudicando acentuadamente seu desempenho. Assim, diante destes profissionais, devemos procurar otimizar a relação entre efeito desejado e efeito colateral, requerendo, muitas vezes, individualização da dosagem de cada uma destas medicações. 17 Referências Bibliográficas 1. AKCAM, T; BOLU, E; MERATI, A.L; DURMUS, C; GEREK, M; OZKAPTAN Y. Voice changes after androgen therapy for hypogonadotrophic hypogonadism. 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