Resenha Crítica - Direitos Humanos e Cinema

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
ACIEPE: DIREITOS HUMANOS E CINEMA
DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA
Albergue Espanhol
INFORMAÇÕES TÉCNICAS
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TÍTULO ORIGINAL: L'AUBERGE ESPAGNOLE
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DIREÇÃO: CÉDRIC KLAPISCH.
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ESTREIA - 2002
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DURAÇÃO - 122 MIN.
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PAÍSES DE ORIGEM: FRANÇA/ESPANHA
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GÊNERO - COMÉDIA, ROMANCE.
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ELENCO PRINCIPAL: ROMAIN DURIS (XAVIER), JUDITH GODRÈCHE (ANNE-SOPHIE),
AUDREY TAUTOU (MARTINE), CÉCILE DE FRANCE (ISABELLE), KELLY REILLY
(W ENDY), CRISTINA BRONDO (SOLEDAD).
Um intercâmbio de diversidades culturais
Um filme que retrata de forma divertida situações vividas por muita gente que resolve
morar noutro país, conhecer novas culturas e pessoas diferentes.
O filme foi dirigido e escrito pelo cineasta e ator francês Cédric Klapisch.
Lançado em 2002, teve diversas nomeação a prêmios nas categorias de
melhor filme, melhor direção, melhor roteiro, melhor edição e etc., conseguindo
vencer dois prêmios, o César de Atriz Revelação — Cécile de France, e o
prêmio Lumières de la presse étrangère de Melhor Roteiro — Cédric Klapisch.
Em 2005 ganhou uma continuação nomeada como Bonecas Russas (Les
Poupées russes).
O filme narra a história do estudante de economia Xavier (Romain
Duris), que aos 25 anos recebe uma oportunidade de emprego e para ocupar o
cargo necessita fazer um intercâmbio para aprender a língua espanhola e
terminar sua graduação. Desta forma, ele se despede de sua mãe hippie e de
sua namorada, interpretada por Audrey Tautou (de Amélie Poulain) e segue
rumo para Barcelona. No inicio de sua jornada, enfrenta a burocracia do
programa de intercâmbio da comunidade europeia, o Erasmus, depois já em
Barcelona, tem que procurar por moradia. Através dessa busca, encontra um
Albergue, onde começa a viver com pessoas das mais diversas nacionalidades
(França, Dinamarca, Itália, Inglaterra, Espanha) e personalidades.
O apartamento fica conhecido como Albergue Espanhol, “que na gíria
francesa significa um lugar onde as culturas se misturam como num caldeirão,
onde não há regras e tudo pode acontecer”. Como esperado, a residência logo
se torna um cenário propicio para confusões e situações cômicas, já que os
estudantes de diferentes culturas encontram diferentes maneiras de viver a
vida, de encarar seus relacionamentos amorosos e de como estes fatos irão
refletir em seu futuro. Pode-se dizer que é a partir deste momento que a trama
realmente começa e nos mostra que é um filme que narra a passagem para a
vida adulta. Esta realidade mostrada em o Albergue Espanhol é a realidade
vivida por muitos intercambistas, o que torna ainda mais divertido acompanhar
a evolução de Xavier, através da sua convivência e de seu aprendizado com as
relações estabelecidas com os outros moradores.
O Protagonista Xavier, não é um mocinho, mas também não chega a ser
um anti-herói, pode-se dizer que ele é uma pessoa ‘verdadeira’, com todas
suas qualidades e seus defeitos. Ele trai a namorada (pela qual é apaixonado)
com a esposa de um amigo, grita com a mãe, em alguns momentos parece
sofrer com algum tipo de esquizofrenia que o faz ver Erasmus em toda parte e
diversos conflitos vividos na sua convivência dentro do albergue. O roteiro
consegue explorar esta temática de encontrar uma nova identidade com um
humor inteligente e com ótimas sacadas, abordando com leveza temas
pesados como regionalismo, sexualidade e homossexualidade, racismo e
preconceitos, traição e relacionamentos. Chega a ser incrível como
conseguimos nos identificamos com os personagens, afinal todos nós nos
fazemos perguntas como: o quero ser, o que quero fazer e quais são as
minhas ambições nesse mundo?
A abordagem sobre a linguagem mostrada na cena em que o professor
catalão se recusa em utilizar o idioma espanhol em sua aula é ótima e nos faz
refletir sobre como é difícil mantermos uma identidade sem nos adaptarmos
com as culturas que se misturam com o advento da globalização (Este foi um
tema que serviu como discussão na ACIEPE, mostrando o conflito linguístico
existente na Espanha). Outro ponto de destaque é como os relacionamentos
são abordados, uma cena memorável é a cena em que Xavier aprende a como
se relacionar com outras mulheres através de sua amiga lésbica que lhe ensina
táticas de conquista e sedução, e que mais tarde a coloca em prática com a
esposa do neurologista que o hospedara ao chegar a Barcelona.
O diretor conseguiu reunir um bom elenco, com atores jovens e
carismáticos, capazes de conquistar a simpatia do espectador. A edição do
filme deixa as cenas mais dinâmicas, descontraídas e intensas (usando
recursos excessivos de câmera rápida e de divisão de tela) e a fotografia leva o
espectador a se sentir em um tour pelas ruas e becos de Barcelona. A trilha
sonora conta com músicas com uma sonoridade bem evolvente, com bandas
como Radiohead e a pegada eletrônica contagiante do grupo Daft Punk e ainda
conta uma composição de Fréderic Chopin ("Waltz op. 64 no. 2").
Com duração de 120 minutos, a princípio o filme pode parecer mais um
daqueles filmes bobinhos estilo sessão da tarde, mas é uma boa diversão para
um final de semana, uma comédia extremamente sincera, muitíssimo bemescrita, emocionante e divertidíssima, com ótimos personagens e situações
excelentes que traz questões profundas a serem refletidas. E a forma como é
desenvolvida essa série de reflexões cotidianas, além de ser inspiração para
qualquer um que queira se arriscar em uma viagem com apenas uma mochila
nas costas, consegue retratar de forma divertida situações vividas por muita
gente que resolve morar noutro país, conhecer novas culturas e pessoas
diferentes. E quem quiser acompanhar um pouco mais sobre a vida do
Personagem Xavier após O Albergue Espanhol pode assistir a sua continuação
Bonecas Russas.
Referências Bibliográficas:
WIKIPÉDIA, A ENCICLOPÉDIA LIVRE. L'AUBERGE ESPAGNOLE
[HTTP://PT.WIKIPEDIA.ORG/WIKI/L'AUBERGE_ESPAGNOLE] EM 26/12/2012.
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GUIMARÃES, CAMIE. ALBERGUE ESPANHOL. OMELETE, SÃO PAULO, 27-11-2003.
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06-05-2006.