Letras Taquarenses nº73 Abril/Maio2017 * Antonio Cabral Filho - RJ

Transcrição

Letras Taquarenses nº73 Abril/Maio2017 * Antonio Cabral Filho - RJ
Ano XI Nº73 Abril/Maio 2017 Distribuição Gratuita - Editor: Antonio Cabral Filho
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Após longa espera,
Surgem flores nos caminhos –
Já é primavera!
Auri Antonio Sudati – RS
Ah, velha lagoa –
Em meio ao abandono
As flores de lótus.
José Marins - PR
Depois da chuva
Na janela do quarto:
Cocô de pombo.
José Lira – PE
Na frente do sítio:
Plantação de melancias
Atrai molecada.
Renata Paccola – SP
HAICAIS
Uma explosão no nascente –
Luz em profusão.
Humberto Del Maestro – ES
A lua por cima
Das nuvens no horizonte:
Pérola gigante.
Sérgio Pichorim – PR
Explosões de branco
Em nebuloso verde:
Flor de goiabeira.
Manoel F. Menendez – SP
Perdido no mato,
Este velho pé de cidra –
Quantos anos tem?
Neide Rocha Portugal – PR
À beira do lago,
As cerejeiras floridas –
Um haicai rosado.
&
Na manhã que acorda,
Cigarras cantando,
Na manhã ensolarada:
Início de outono.
&
Elegemos presidentes.
Dois Fernandos e um Sarney,
Entregando nossas gentes
A estes homens sem grei.
Antonio Cerqueira Lima – RJ
TROVA
No nascer da poesia,
entoei minha canção,
ser trovador: Alegria!
Muito amor no coração.
Osael de Carvalho – RJ
Ante as agruras da vida,
Não se entregue facilmente:
- Após a névoa temida,
O “sol” brilha novamente.
Ruth Farah – RJ
Felicidade, um evento,
Uma graça fugidia...
Como lufada de vento,
Passa por nós, algum dia!
Fernando Vasconcelos – PR
Às vezes o mar bravio,
Dá-nos lição engenhosa:
Afunda um grande navio,
Deixa boiar uma rosa.
Luiz Otávio – RJ
Existe muito cristão
Ambicionando e não logra
Ser feliz tal qual Adão:
Ter mulher e não ter sogra.
Pedro Giusti – MA
Enquanto garoa,
Lambaris dão cambalhotas
Sobre o espelho d’água.
&
Meu neto, nervoso,
Com a nuvem lá no céu:
Ela está voando!
&
No seu terno preto,
Tinha uma flor na lapela:
Era cravo branco.
&
Ao menor pigarro,
Lá vem mãe toda nervosa:
Seu copo de leite.
&
Sonhei que dormia,
Ao sol na areia da praia:
Acordei no aguaceiro.
&
Folheei o livro,
E fiquei desapontado:
Enxame de traças.
Antonio Cabral Filho – RJ
Meu caro poeta: o Universo
Espera atendas meu rogo:
- Ou pões mais fogo no verso
Ou pões o verso no fogo!
Eno Teodoro Wanke – PR
Se o meu silêncio diz tudo,
que a minha boca não diz,
o amor no peito é escudo
que me faz viver feliz.
Walter Siqueira – RJ
Os políticos brasileiros
São corruptos de mais;
Exemplo pra seus herdeiros,
Vergonha dos vossos pais.
Adriano Bezerra – RN
Embrulhado pra presente,
O meu coração amigo,
Segue tão alegremente!
Vai encontrar-se contigo.
Araci Barreto – RJ
Serei, não sei até quando,
Sem lamentos ou desídias,
Um velho tronco esperando
A chegada das orquídeas.
Antonio Valentim Rufatto – SP
Uma amizade em amor,
Amor em decepção,
Um sabor em dissabor,
Confiança em traição.
Gilberto Cardoso dos Santos-RN
Meirizinha habilidosa!
Tocando, tudo funciona.
Que ponha a mão milagrosa,
Do meu corpo, em certa zona...
José Fabiano – MG
Amor pelo meu país
Não enfraquece jamais.
É com ele que eu sou feliz,
Na alegria ... e nos ais.
Heloisa Crespo – RJ
És a amada do meu peito.
Dou-te amor, dou-te paixão.
No meu leito és o confeito!
Respondes com comunhão.
Oliveira Caruso - RJ
Amigo é jóia rara,
Nem qualquer um pode ter;
Às vezes custa tão cara,
Que quem tem não quer perder.
Aurineide Alencar – MS
No amor de uma mulher
Reside todo o segredo
Daquele homem que quer
Vencer na vida sem medo.
Silvério R. da Costa – SC
Durante a candidatura,
Honestidade é bandeira:
Eleito, nova postura
Mostra a face verdadeira.
Edweine Loureiro – AM
Um galante beija-flor
Colorido e mui gentil,
Voava em busca do amor
No meio de flores mil.
Henny Kropf – RJ
Pela própria condição.
Seu pecado original:
República de Platão.
Antonio Cabral Filho – RJ
Caminhos, jardins e praças,
Flores, cores – que beleza!
Deus derrama suas graças
Dando graça à natureza.
Jessé Nascimento – RJ
Paixão nos envolve, aflora,
Ocorre rapidamente;
E depois, como demora
Sair da cuca da gente...
Manoel F. Menendez – SP
Deveria, quem não me ama,
Também sentir meu penar,
Pelo menos um só grama
Do peso do meu pesar.
João Batista Serra – CE
Fim do filme. Na saída
Pergunta a pulga ao pulgão
- Voltamos a pé, querida
Ou vamos tomar um cão?
A A de Assis – PR
Se numa reta qualquer
Se vou bem, pra quê mudar?
Curvas, só de uma mulher
Nem que eu venha a capotar.
Arlindo Nóbrega – SP
Minha mãe era tão boa
Como chuva de verão,
Como noite de garoa,
Como lua no sertão.
Humberto Del Maestro – ES
Meu remédio contra golpe
É todo o povo nas ruas,
Caçar direita a galope
E findar as falcatruas.
&
O poeta é marginal,
Esse coração...
Arrancá-lo, não posso;
convencê-lo não sei; de que o
amor que era nosso, só eu
mesmo guardei.
Carlos Soares – MG
Levando
A leveza
Vem
E
Me
Leva,
Leve.
Leva.
Leve-me
Leve.
Levou!
Nijair Araujo Pinto – CE
Manhã
Pinceladas de aquarela
Azaléias vestidas de luz
As coisas que não se explicam
São sempre as coisas mais
belas.
Touché – SP
Mortificado
Me roubas o segredo dos olhos
E eu assustado com a nudez
Que se espalha
Perito às tuas mãos
Me servirem de mortalha.
Lau Siqueira – GO
Sem Título
Inexistente.
E sugado (de ) leite.
Do seio vazou
Uma estrela cadente.
Tânia Diniz – MG
INDRISOS
1
Ando por caminhos
Estranhos
Para vencer
os medos
Mesmo temendo
Horrores
2
Da vida a mim em
Suplícios
Nas asas da imaginação
Atiço
Poetando encontro o
Sorriso!
Que outrora havia
Perdido
Liberdade de alma no vôo
Lindo!
&
ALDRAVIA
Poesia
Pétalas.
Alma.
Sonhos.
Regam
Esperanças.
Jani Brasil – DF
Das lutas
Nem todas são vãs
Nem todas vão
Para os divãs
Dinovaldo Gilioli – SC
Tiziu
Ao ouvir psiu, psiu...
Esta manhã bem cedinho,
Despertou-me um passarinho
Que nem sei de onde surgiu.
Só sei que dando pulinho,
Cantando alegre o tiziu,
Em meu peito descobriu
Um lugar para o seu ninho...
Quando vê que me levanto
Para olhá-lo com apreço
Em seu negror reluzente...
Ele mais trina! E eu me
encanto!
E orando a Deus, agradeço
Tão maravilhoso presente!
Amilton Maciel Monteiro – SP
Sussurrando em teus ouvidos
Canções tão esquecidas
Serão tão vivas
Como o olhar de quem ama
Neste breve espaço
De tempo que é a vida.
Fabiano Soares da Silva – RJ
Noite
Noite chegando...
Mais uma etapa a ser vivida.
Sinto cheiro de saudade...
Longe, os campos estão
verdes.
O gado pasta na campina.
O sol se esconde e a lua
nasce...
Tudo numa mágica pura.
Saboreando a brisa morna.
Com muita vontade de
cantar...
...de amar o amor primeiro,
estonteante deixo afagar.
Numa sacada com o vento a
soprar...
Ângela Matos – MG
Poema Para o Século XX
A Parte da Arte
Ele vai
Eu vinho
Ilma Fontes – SE
A UM GRANDE AMOR
Nunca faltaram poemas
Nem a última poesia
Será escrita de qualquer jeito
Ramalhete de juras de amor
Olhei para a parede
Só vendo uma parte
E vi uma arte
Somente uma parte
Partida pela metade,
Visões inimagináveis!
Pedaços de uma verdade
Uma vertente
Da sensibilidade
Uns riem, choram,
Sofrem...
Ela está ali impávida
Fazendo sua parte!
Fazendo a sua arte!
Marcelo de Oliveira – BA
Moda
O país inteiro está sem
dinheiro.
O trabalhador honesto é
lesado.
Cadê o orgulho em ser
brasileiro,
Se o nosso direito é sempre
usurpado?
Estudar é uma forma da
educação representar.
Trabalhar está deixando de
existir.
Na rua ninguém pode mais
andar.
Foi instalada a violência para
se exibir.
Criou-se o curso de
atualização.
Não existe mais concurso para
nenhuma profissão.
Só se fala agora em voto ou
eleição.
Do nosso muito um
pouquinho, uma palavra, um
carinho,
Um simples gesto de amor.
Raymundo Salles Brasil – SP
Aurora Deusa da Manhã
Aurora, deusa da manhã,
Abre o sol e em montada
Em cavalos brancos,
Saúda os dríades;
Encanto de Orfeu;
Inspira, Fidias, Homero.
Acompanha Vênus e as
graças,
Dão as mãos em danças de
boas ações;
Enche os corações de encanto
e vida
Musas em pégasos.
Protegem as artes, ciências, e
letras
Na fonte de Hipocrene.
Poeta
LeomáriaMendesSobrinho-BA
Nasço de tua voz
Em evocação às sombras
De árvores despidas
Grafitadas nos muros sujos
Da cidade invernosa.
Oh, meu Deus, ah, quem nos
dera,
Não ser assim como somos,
E encher, como a Primavera,
De seiva, de flor, de pomos,
Os que se achegam a nós,
E que se sentindo sós,
Buscam na gente um calor,
Matam-me porém as letras
frias
De palavras sem vida do
matutino
Que envolve o corpo morto
Que atravanca o trânsito.
Francisco Ferreira – MG
Aquarela Vinícius
Doroty Dimolitsa – SP
Ninguém cuida mais do solo ou
faz plantação.
Para ter um salário somente
estando na prisão.
A moda agora é greve ou
mobilização.
AH, QUEM NOS DERA
Ilegíveis das fachadas
De teus edifícios de sonhos.
Concebo-me ser inteiro
Em única palavra
Dita ao relento
Num beco escuro e frio.
Creço se praguejas à sorte
À sina, ao destino, à falta
Que o acalento faz
Em tua alma assustada
De menina travessa.
Vivo em tua poesia gauche
Quebrada, aviltada em letras
Antonio Cabral Filho – RJ
Antonio Cabral Filho – RJ

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