especial centenário
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especial centenário
5 sumário 6 7 8 9 11 12 13 15 17 19 22 28 42 44 46 48 49 50 52 54 58 59 60 62 63 64 66 agenda e notas economia automóveis cultura cidades saúde política okids multimídia educação mulher gastronomia especial centenário integração 5 6 7 8 9 11 12 13 15 17 19 22 28 42 44 46 48 49 50 52 54 58 59 60 62 63 64 66 beleza dekassegui perdido no japão turismo click mundo oriental j-music animê eventos game mangá cosplay tokusatsu curiosidades Um raro momento Após anos de espera e muita divulgação, finalmente as comemorações do Centenário da Imigração chegaram. E com muito louvor, diga-se de passagem. Afinal, que comunidade realizou uma festividade tão grande como a dos japoneses? Apesar de todos os percalços e pormenores que as lideranças enfrentaram durante mais de cinco anos de planejamento, o festejo será inesquecível. Especialmente para os nipodescendentes da geração mais antiga. Aqueles que enfrentaram todo o tipo de dificuldade para chegar a um país desconhecido e com aspectos culturais tão antagônicos. Em muitos casos, o desespero e a vontade de voltar ao Japão falaram mais alto, mas a dedicação de um povo tão determinado fez com que todos os problemas fossem superados. Hoje já são mais de 1,5 milhão de nikkeis – ou cerca de 1% da população brasileira. Não é pouca coisa. Durante 100 anos, os japoneses deram uma contribuição mais que especial para o desenvolvimento do Brasil, em áreas diversas, caso da tecnologia, agricultura, educação e esportes. Sem contar a gastronomia, que caiu no gosto dos brasileiros. Olhando para trás, trata-se de uma história rica e emocionante com resultados que certamente renderão mais frutos no futuro. E esse é justamente o pensamento: o que será da comunidade daqui a 100 anos? Como os nikkeis, que hoje já estão na sexta geração, contribuirão ainda mais para o País? São esses questionamentos que a Mundo Ok quis desvendar. Seja através de entrevistas, caso do mentor máximo das comemorações, Kokei Uehara, ou com frases de artistas e outras personalidades, as respostas projetam um pouco do nosso futuro. Afinal, 100 anos de imigração é uma data para se comemorar, sim. Mas também para refletirmos sobre o que somos, onde estamos e para onde vamos. Enfim, uma data para ficar na história. Tanto agora quanto daqui a mil anos. Boa leitura Capa: Homenagem ao Centenário Arte: Estúdio Onigiri - Diogo Saito Revista Mundo OK – Ano 1 – Número 5 • Diretores: Takashi Tikasawa e Marcelo Ikemori • Editores: Rodrigo Meikaru e David Denis Lobão • Chefe de Arte: César Gois • Diagramação: Danielli Guedes e Sandro Hojo • Tradução: Clarissa Ribeiro • Redação: Daniel Verna, Daniela Giovanniello, David Denis Lobão, Eugenio Furbeta, Felipe Marcos, Fernando Ávila de Lima, Layla Camillo, Leandro Cruz, Tom Marques, Túlipe Helena, Wilson Yuji Azuma • Correspondente no Japão: Fabio Seiti Tikazawa • Desenhista: Diogo Saito • Assistente: Bianca Lucchesi • Revisão: Daniel Martini Madeira • Marketing: Leandro Cruz • Assistente de Marketing: Daniel Verna, Hideo Iwata, Nicolas Tavares • Gerente de Comunicação: David Denis Lobão • Assessoria de Imprensa: Ida Telhada • Atendimento ao leitor: Michelle Hanate • Comercial: Clóvis Irie, Denis Kim, Fernando Ávila de Lima, Hideki Tikasawa, Keico Ishigaki, Luciana Kusunoki, Luciana Mayumi, Marcelo Ikemori • Digital: Fabrizio Yamai • Assistentes Digital: Felipe Marcos e Ulissis Massayuki • Administrativo: Suzana Sadatsune, Camila Yuka Maeda • Planejamento: Karlos Kusunoki • Contato: [email protected] • A Revista Mundo OK é uma publicação da Yamato Corporation. O Núcleo de Edição da ZN Editora se exime de quaisquer responsabilidades pelos anúncios veiculados, que são de responsabilidade única dos próprios anunciantes. Os artigos assinados e as imagens publicadas são de responsabilidade civil e penal de seus autores com a prévia, devida e expressa cessão de seus direitos autorais à Revista Mundo OK. Rua da Glória, 279 - 8° andar/ Conj. 84 • CEP 01510-001 • Liberdade • São Paulo - SP | Tel.: (11) 3275-1464 • (11) 3275-0432 agenda e notas TECNOLOGIA GANHANDO DE VIRADA MÍSSEIS NA CORÉIA Preocupado com a perda de tempo no trânsito, a Gennai Yanagisawa apresentou um helicóptero de 75 kg, considerado o menor do mundo. Equipado com dois rotores que giram em direções contrárias, o helicóptero alcança uma velocidade máxima de 50 quilômetros por hora e custa US$ 58.250, equivalente a 98 mil reais. Desde o lançamento, a Gennai já comercializou cinco unidades no Japão e duas nos Estados Unidos, além de ver sua criação registrada no Livro Guiness dos Recordes. O ex-jogador de futebol e atual comentarista esportivo Paulo Roberto Falcão ganhou “de virada” a disputa com a Receita Federal. O fisco tentava cobrar Imposto de Renda de Pessoa Física (IR) sobre os rendimentos que Falcão recebeu em 1994, quando atuou como técnico de futebol no Japão. Por maioria de votos, a Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça deu provimento ao recurso do ex-técnico para suspender a cobrança do tributo. Após dois votos favoráveis e um contrário à cobrança do imposto, a ministra Eliana Calmon pediu vista. Ela apresentou o voto no último dia 27 e acompanhou a divergência. O desempate coube ao juiz Carlos Mathias. Ele também acompanhou a divergência inaugurada pelo ministro Herman Benjamim, que ficou responsável pela redação do acórdão A Coréia do Norte disparou três mísseis navais de curto alcance durante um aparente teste de rotina de seu arsenal, de acordo com a agência de notícias Yonhap, da vizinha Coréia do Sul. A agência citou fontes para informar que a Coréia do Norte testou três mísseis Stux, de fabricação soviética. O alcance dessas armas é de 45 quilômetros. Esta é a segunda vez este ano que a Coréia do Norte testa mísseis de curto alcance no oeste de seu território. As Coréias do Norte e do Sul têm uma disputa fronteiriça na região. Um funcionário do Ministério da Defesa da Coréia do Sul afirmou que o lançamento de mísseis foi parte de “um exercício regular para testar o comportamento dos projéteis”. DESEMPREGO NO JAPÃO ACORDOS COM A ÁSIA AQUECIMENTO GLOBAL A taxa de desemprego entre japoneses subiu para 4% em abril após os 3,8 do mês passado. Esta é a primeira vez em sete meses que o nível de desempregados voltou a este patamar. No total, cerca de 2,75 milhões de japoneses ficaram desempregados, uma elevação de 70 mil em comparação a 2007. O governo japonês promete mudanças para mudar o panorama, mas sem planos concretos a curto prazo. A produção de arroz no Japão pode estar ameaçada. Devido ao aquecimento global, os produtores podem ver suas plantações reduzidas em até 5% até 2050, de acordo com uma pesquisa desenvolvida pelo Ministério do Meio Ambiente. Na visão dos pesquisadores, a região oeste do arquipélago, Shikoku e Kinki, e do norte, Kyushu, são os locais mais vulneráveis; o relatório prevê ainda que a temperatura aumentará em 2,8 graus dentro de 42 anos, e em 3,8 até o final do século. Os Estados Unidos continuará comprometido com a Ásia não importa o que acontecer na eleição presidencial norte-americana neste ano, segundo o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Robert Gates. Sua mensagem, dita em uma conferência de autoridades de segurança e defesa da Ásia, aparentemente tinha como objetivo reafirmar alianças e serviu como um comunicado de intenções à China após o crescimento econômico e militar de Pequim nos últimos anos. economia O surgimento de um novo tributo às vésperas da comemoração da imigração japonesa N as vésperas do grandioso evento da comemoração da imigração japonesa no Brasil, surge um grande debate no atual cenário político e econômico acerca de um tributo semelhante à antiga Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), extinta em dezembro de 2007, agora denominada de Contribuição Social da Saúde (CSS). A CSS, em tese, é um tributo que terá por finalidade o incremento do aporte financeiro destinado ao financiamento dos programas voltados à saúde, diferentemente da CPMF, cuja arrecadação destinava-se a outras finalidades governamentais. Sua cobrança será de caráter permanente sobre todas as movimentações financeiras realizadas pelas pessoas físicas e jurídicas, e possivelmente terá como alíquota aplicável 0,1%, ao invés dos antigos 0,38%. A particularidade neste caso é que deverá haver uma faixa de isenção na qual se inclui os assalariados com renda mensal inferior a R$ 3.080,00. Todas essas definições estão sendo discutidas no Congresso Nacional por meio do Projeto de Lei Complementar no. 306/08, que visa regulamentar a Emenda Constitucional 29 de 13 de setembro de 2000. A reação da sociedade em geral foi de total repúdio a instituição de mais um tributo na já pesada estrutura fiscal brasileira. Neste sentido, o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, afirmou ser inaceitável a criação de um novo imposto no Brasil, país que, segundo ele, tem uma das cargas tributárias mais altas do mundo. Para Skaf, o governo tem de trabalhar com o valor previsto no orçamento. Completou ainda que “se tivermos que aumentar R$ 5 bilhões, R$ 6 bilhões ou R$ 7 bilhões no orçamento da saúde por ano, que isso saia do orçamento (...) O governo federal arrecada R$ 600 bilhões por ano e tem que trabalhar com esse valor”, disse. A Fecomercio-SP (Federação do Comércio do Estado de São Paulo, por sua vez também já se demonstrou contrária à criação da contribuição e disse que fará um apelo aos parlamentares para que se mantenham em oposição ao tributo ou contribuições similares. No entendimento do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), a carga tributária que as empresas deverão suportar este ano deverá cair de 36,02%, em 2007, para 35,52% do Produto Interno Bruto (PIB). O motivo é o fim da cobrança da CPMF, ainda que considerando os aumentos das alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) para as instituições financeiras Deve-se destacar que é o primeiro movimento retrógrado da carga tributária experimentado na última década, e vem ao encontro do clamor da sociedade civil que não mais concorda com a manuten- ção do atual sistema tributário. As reinvidicações tomam por base argumentos sobre a necessidade de redução dos gastos públicos e constantes recordes na arrecadação tributária, o que significa dizer que o governo precisa empenhar maior esforço na administração pública de suas receitas, de modo a buscar maior eficiência da máquina governamental, ao invés de criar subterfúgios de aumento da receita através de novos tributos. Na minha visão como especialista na matéria, entendo que os nossos parlamentares deveriam se sensibilizar com o atual momento de expansão da economia brasileira e do alto custo tributário que todos nós absorvemos diariamente. Até mesmo porque com o crescente desenvolvimento econômico experimentado nos últimos tempos, a receita tributária também passa por um incremento substancial, o que nos leva a conclusão de que o governo deveria se preocupar com a melhoria da aplicação dos fundamentos da economia para financiar todas as necessidades públicas, inclusive a saúde, ao invés de adotar alternativas mais cômodas e simplistas como a criação de novos tributos. Rua Itapeva, 240 – cjs. 1701 a 1703 Cep 01332.000 – São Paulo/SP Telefone:55 11 3251.1188 Fax: 55 11 3251.4956 Website: www.guerrabatista.com.br e.mail: [email protected] automóveis A hora de escolher o financiamento Em alta no mercado, leasing representa 35% do total de veículos comercializadas nos primeiros meses de 2008 Texto: Redação/ Fotos: Divulgação O primeiro trimestre de 2008 consolida o Leasing como modalidade preferida pelos consumidores para aquisição de veículos, representando 35% do total comercializado no período, segundo levantamento da Anef (Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras). O CDC (Crédito Direto ao Consumidor), que tradicionalmente esteve a frente do Leasing, representa 31% das vendas, seguido pelo pagamento à vista (30%) e pelo Consórcio (4%). As carteiras de financiamento (CDC) e Leasing somam nestes primeiros três meses de 2008 R$ 120 bilhões de reais, o que representa um crescimento de 43,9% em relação ao mesmo período do ano passado, quando registravam R$ 83,4 bilhões. Se avaliados separadamente, o saldo das operações de financiamento aumentou 24,9%, passando de R$ 67 bilhões em março de 2007, para R$ 83,7 bilhões em março deste ano. Já a carteira de Leasing pessoa física cresceu 121,3%, de R$ 16,4 bilhões no primeiro trimestre do ano passado, para R$ 36,6 bilhões no mesmo período deste ano. “O aumento do IOF no CDC, a partir de janeiro de 2008, foi um dos fatores preponderantes para o grande crescimento do Leasing, que já vinha aumentando sua participação de mercado para pessoas físicas nos últimos anos”, destaca Luiz Montenegro, presidente da Anef. A participação do leasing para pessoas físicas vem crescendo também em comparação às pessoas jurídicas. Em 2007, a relação da carteira da modalidade era de 42,8% para pessoa física e 57,2% para pessoa jurídica. No primeiro trimestre de 2008, esta relação passou para 47,4% para pessoa física e 52,6% para pessoa jurídica. Já os recursos liberados pelo Sistema Financeiro Nacional para financiamento de veículos apresentou uma leve queda, de 1,65%, em relação aos três primeiros meses de 2007, passando de R$ 14,89 bilhões para R$ 14,65 bilhões. Este resultado é reflexo da migração do consumidor do financiamento para o Leasing. Taxas de juros - As taxas de juros no mês se mantiveram estáveis, em 1,61% ao mês (21,13% a.a.), se comparadas ao registrado em março de 2007. O mesmo ocorre em relação a fevereiro deste ano, quando os juros registravam o mesmo patamar. “Estes valores ainda são reflexo da crise na economia mundial vista no início deste ano, quando as taxas médias de juros ainda estavam em 19,42% ao ano (dezembro de 2007)”, completa Montenegro. O levantamento da Anef também aponta que os consumidores continuam optando por planos de financiamento mais longos. A média registrada no período foi de 42 meses, frente a 39 meses no primeiro trimestre de 2007. Já os planos máximos oferecidos pelas empresas financeiras mostraram pequena queda, igualando-se aos 72 meses vigentes no mesmo período do ano passado. Inadimplência - A inadimplência acima de 90 dias apresentou pequeno aumento em relação a março de 2007, passando de 3,29% da carteira de financiamentos, para 3,31%. “A inadimplência ainda continua em patamares aceitáveis e abaixo da média do mercado como um todo”, ressalta o presidente da Anef. cultura Visita ao atelier de Jacy Takai Mãe e mestre da cerâmica japonesa no Brasil O Texto e fotos: Wilson Azuma ambiente do atelier de Jacy Takai é tranqüilo e familiar. No entra e sai de alunos e assistentes, todos cumprimentam-na com beijinhos. Recebe-os com carinho, para, em seguida, fazer recomendações. Freqüentemente, prepara deliciosos sukiyakis e convida a turma para o almoço. É comum ouvi-la contar histórias e anedotas. É o lado mãe desta mulher de 75 anos, que, por trás do biótipo de uma típica senhora nikkei, esconde seu lado mestre. Com trabalhos espalhados por todo o mundo, professora de um incontável número de artesãos e artistas plásticos, ela é uma das grandes referências da cerâmica japonesa tradicional em atividade no País. Para Jacy, o segredo da arte que aprendeu, ao longo dos últimos 55 anos, com professores japoneses, brasileiros e norte-americanos, está nos detalhes. Um copo jamais deve ser concluído sem o assento da parte inferior. Da mesma forma, não existe padrão único de chawans. Os potes para missoshiru, sukiyaki e arroz têm tamanhos diferentes e características específicas. “Não pode esquecer também da assinatura do artista”, acrescenta. A atenção ao detalhe está presente em todas as etapas, desde a preparação da argila, passando pelos processos de torno, acabamento, pintura e esmaltagem, até chegar ao forno. “Muito cuidado e observação é importante”, ensina Jacy, que, em seu atelier, recebe diariamente alunos e, em paralelo, comanda a produção própria. Sexta filha de uma família de sete irmãos, ela nasceu em Marília, interior de São Paulo. Aprendeu pintura desde a infância e, já na adolescência, começou a dar aulas. Teve os primeiros contatos com a cerâmica em Presidente Prudente, para onde mudou em seguida. Há 15 anos, a oficina e escola de cerâmica fica no Alto da Lapa, de onde surgem verdadeiras preciosidades. Os objetos vão de pratos, copos e vasos a jarros, bandejas e estátuas. A variedade de formas e técnicas, a criatividade, além do acabamento impecável, são suas marcas registradas. Ao levar em conta a disposição e alegria com que cumpre a tripla função de artista-professora-vendedora, que ainda cultiva plantas no jardim, pratica ikebana e encontra tempo para dar atenção a qualquer necessidade dos que a cerca, Jacy tem energia de sobra para colocar o projeto em prática. “Seria algo em uma cidade pequena do interior”, vislumbra. A idéia não é má. cidades Grupo Minbu dança há mais de 15 anos, educando os mais novos Homenagem ao príncipe E ntre os grupos que se apresentam no Complexo Anhembi em junho, com a vinda do tão esperado príncipe-herdeiro Naruhito ao Brasil, estão as equipes coordenadas pelo casal de professores Hiroshi e Toshie Kawazoe, de Ribeirão Pires. Há 16 anos, eles começaram a reunir principalmente jovens, alunos do Nihongo-gakko da associação local, para entrarem na dança. “Começamos com o sara-odori (dança do prato) de Nagasaki, que se apresentou em concursos e eventos, como o Gueino-sai, no Bunkyo. Mas ainda não tinha muitas crianças, e sentimos a necessidade de educá-las, para a partir disso participarem mais da comunidade”, disse o issei. Então, na preocupação de incluir no repertório “estilos de dança mais dinâmicas, com tempo mais acelerado”, resolveu-se acrescentar as coreografias do Nanchu Soran, Yosakoi Soran, e mais tarde o Akita Daikokumai. Formou-se então o Grupo Minbu (que vem de “dança do povo”, as danças folclóricas), de maioria adolescentes. Para a apresentação do dia 21 de junho, Kawazoe fez uma campanha de divulgação, conseguindo reunir um total de 250 pessoas (sendo cerca de 30 pessoas da formação original, e a adesão de mais nove entidades de várias cidades). Eles se dividirão em 14 grupos para tomar toda a pista do sambódromo em seus 500 metros de extensão. Semanalmente, os ensaios em Ribeirão Pires aconteceram na sede da associação, onde os alunos da Oficina de Dança da Prefeitura e do colégio São José também participaram. Por isso, a equipe trará não só rostinhos orientais, reforçando a integração de culturas. Fora isso, a dupla tem ministrado orientações e apresentado a coreografia para os participantes do Grupo Seishun de Osasco, Associação Cultural de Atibaia, de Bragança Paulista e de Guatapará, Associação Nipo-Brasileira de Mauá Pedreira, além da Acal Juvenil e Ishin de São Paulo. “O ritmo se acelerou, e eles melhoram cada vez mais. São crianças desde 8 anos a adultos de 30 e pouco”, conta Kawazoe, entusiasmado ainda pelo apoio do prefeito Clovis Volpi – que deve acompanhar de perto as apresentações –, pelo reconhecimento do trabalho e história da comunidade japonesa, muito participativa na cidade. Localizada na região do Grande ABC paulista, junto a Mata Atlântica, a cidade de Ribeirão Pires possui cerca de 107 mil habitantes e é considerada estância turística, a 40 km da capital paulista. A comunidade é representada em grande parte pela Associação Cultural Nipo-Brasileira de Ribeirão Pires, que realiza muitas atividades durante o ano todo e acolhe pelo menos metade das cerca de 300 famílias nikkeis que ali moram. Anualmente, o município comemora o Dia do Haiku, em 21 de abril, quando muitos praticantes da poesia (maioria da terceira-idade e principalmente de São Paulo) se orgulham em visitar a pedra com inscrição do mestre Nempuku Sato e participar de concurso. O Nanchu Soran é uma dança baseada no ritmo e movimentos do Yosakoi Soran. Originária de Hokkaido, é mais recente e surgiu num colégio, como proposta de combate a segregação entre os alunos. “Essa dança faz com que os participantes gastem energia e une força de grupo.” Para que fosse ensinada fora do Japão, foi necessária a autorização da TV de Tokyo, que detém seu direito. Embalados pela canção na voz do cantor Takio Ito, os dançarinos realizam os movimentos modernos e rápidos, com figurino que ajuda no seu embelezamento. O coordenador explica que o estilo que veio de lá sofreu alterações aqui e sua duração aumentou de 3’33’’ para 4’16’’. De acordo com a programação do dia 21, o Minbu deverá se apresentar às 13h20 e voltar às 15h24 à avenida. Além da dança, Ribeirão também levará cerca de 40 pessoas para mostrar o Kenko Taisô, uma ginástica rítmica que privilegia o bem-estar da mente e do corpo, através de alongamentos, ao lado de outros praticantes de São Paulo, Registro e Mauá. Os horários são às 13h40 e 14h46. Após meses de espera e esforço, os dançarinos já sentem a proximidade do evento e se sentem privilegiados. “Acho uma honra participar, porque poucas pessoas poderão ver o príncipe [Naruhito] de perto, ainda mais fazer essa homenagem”, diz a líder Fabiana Yumiko Otsubo, 24 anos e que treina danças folclóricas desde os 15. “É uma experiência nova e única”, simplifica Alina Yukie Handa, 15. No segundo semestre, o Minbu participa ainda do Festival do Japão, Tanabata Matsuri e outros eventos que podem surgir. “Recusamos 15 propostas até agora, para nos concentrar [no Centenário], mas devemos voltar a partir de julho”, justifica Hiroshi Kawazoe. 10 saúde Dicas simples para combater asma e alergias respiratórias em tempos frios e secos Q uem tem asma ou alergias respiratórias sabe muito bem. Basta o tempo ficar frio e seco para os problemas se agravarem, pois aumenta a quantidade de poeiras suspensas no ar. Tomar alguns cuidados básicos, no entanto, ajuda a minimizar os incômodos. Os sintomas para quem sofre desses males, como coceiras, coriza, espirros e tosse, são semelhantes aos de uma gripe. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), entre 100 e 150 milhões de pessoas têm asma no mundo. A asma e a rinite são praticamente as mesmas doenças, com a diferença de que a primeira se manifesta nos pulmões e, a segunda, no nariz. São inflamações crônicas nas mucosas, que atingem as cavidades nasais e os brônquios. Um ponto importante é detectar os agentes desencadeadores das alergias, que podem ser desde pólen, fungos e ácaros, até poeira, perfumes e pêlos de animais. Dra Yara Mello atribui aumento de casos a mudanças do estilo de vida, hábitos “indoor” e poluição Os problemas costumam afetar ainda mais as pessoas que vivem em áreas urbanas e em ambientes internos. “São diversas as teorias que explicam o crescimento dos casos, como as mudanças no modo de vida, os hábitos ‘indoor’ e o aumento de fatores agravantes, como poluição”, destaca a médica Yara Arruda Marques Figueiredo Mello, responsável pelo Serviço de Alergia e Imunologia do Hospital Professor Edmundo Vasconcelos, em São Paulo. Os tratamentos têm três focos: a prevenção, por meio de ambientes livres de agentes causadores da doença e vacinas, principalmente para os alérgicos a ácaro; o combate às inflamações, geralmente com a aplicação contínua de antiinflamatórios; e o controle de crises. Nesse último caso, consumam ser usados broncodilatadores e antialérgicos. A intensidade da doença varia de acordo com a pessoa. Muitos portadores não chegam a ter crises sérias. A asma e a rinite são crônicas, mas podem ser tratadas adequadamente. Os medicamentos são eficazes e seguros, e, somados a cuidados básicos, proporcionam aos pacientes uma vida tranqüila. 11 12 política Em Brasília, 500 mil origamis homenagearão Centenário Painel contará com dobraduras japonesas feitas por políticos e comunidade E m São Paulo, as comemorações ganham um toque extra de cultura com a festividade no Sambódromo e no Complexo do Anhembi. Já em Brasília, serão os origamis que darão o tom das comemorações. No começo de junho, o Grupo Parlamentar Brasil-Japão lançou na Câmara dos Deputados o Movimento Origami do Centenário, com a presença de autoridades dos três poderes e do embaixador daquele país, Ken Shimanouchi. O movimento pretende construir um painel, chamado “Sonho Brasileiro”, com meio milhão de origamis, para comemorar o centenário da imigração japonesa no Brasil. O painel vai retratar a bandeira do Brasil e do Japão e ficará permanentemente exposto na Casa, a partir de novembro. Durante a solenidade, todas as autoridades depositaram seus origamis em uma urna, inclusive o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia. Ele ressaltou, na ocasião, que o painel deverá ser a melhor contribuição que a instituição poderia dar, pois homenageia a cultura japonesa. No Japão, o Movimento Origami do Centenário foi apresentado em Tóquio em um evento comemorativo do centenário da imigração japonesa, no último dia 24 de abril, com a presença do imperador Akihito, da imperatriz Michiko, do príncipe Naruhito e do primeiro-ministro, Yasuo Fukuda. Coordenação motora O presidente do Grupo Parlamentar Brasil-Japão, deputado Takayama (PSC-PR), observou que o origami eleva o nível de concentração e melhora a coordenação motora. É indicado por especialistas, segundo o parlamentar, no combate ao estresse e para ajudar a quem tem dificuldade com matemática. Os ensinamentos da dobradura será levado para as escolas públicas, que receberão cartilhas explicativas com o passo-a-passo de alguns modelos mais tradicionais de dobraduras. O movimento pretende ainda demonstrar que essa arte pode ser uma fonte de renda. Para participar da construção do painel no Brasil, qualquer pessoa deverá procurar uma das agências dos bancos do Brasil, Real ou da Caixa Econômica Federal e depositar suas dobraduras em urnas instaladas em local de fácil acesso. Também nos aeroportos e nos correios é possível participar da construção do painel. No Japão, os interessados deverão procurar uma das 57 unidades regionais da Junior Chamber Internacional (JCI). Mais informações sobre os locais e envio eletrônico, procurar o site: www.origamidocentenario.com.br 13 okids Histórias milenares para os pequenos Cia. os Tios de Teatro encena peça com tradições japonesas e brasileiras P ara comemorar o elo entre Brasil e Japão no mês das comemorações do Centenário da Imigração, a Cia. Tios de Teatro promove a união da cultura do Japão com o folclore indígena brasileiro no espetáculo Histórias de Lá do Lado de Cá. A montagem mostra o que há de comum entre os dois povos, mas, também apresenta a incongruência entre costumes. Histórias sobre sol, lua e estrelas que trazem temas como amor, heroísmo e inveja, servem como base para a comparação. O espetáculo inicia com um personagem cavando um buraco no chão. No decorrer da peça o público entende que esse personagem está cavando o buraco para chegar no Japão, pois ele sabe que o caminho mais curto entre dois pontos é a reta. Enquanto cava, outros personagens entram em cena e se interessarão pelo buraco e pelo personagem. No decorrer, aparecem então elementos que fazem parte das narrativas das lendas indígenas e japonesas. A idéia é redescobrir as mais belas histórias, tanto indígenas brasileiras como japonesas e trazê-las para o público. Esta homenagem aos 100 anos de imigração conta com a participação da uma equipe formada por nipo-descendentes e brasileiros. Com ampla experiência em teatro infantil, os integrantes da cia. já trabalharam em espetáculos voltados ao público mirim. Histórico Pertencente à Cooperativa Paulista de Teatro, a Cia. os Tios é composta por ex-integrantes da Cia. Burlantins, responsável pelas montagens de Retiro dos Sonhos que falava da formação do Bom Retiro e da convivência entre os imigrantes das mais diversas etnias que formaram o bairro. Além de “Retiro”, o grupo encenou ainda Casamento Suspeitoso, de Ariano Suassuna, numa montagem que mesclava a arte circense com a comédia Dell´arte e, também, ex-integrantes do Grupo Guardiões de Sonhos, responsável pelas montagens de Ramayna – As Aventuras do Príncipe Rama, uma ousada tradução para o público infanto-juvenil do clássico da cultura indiana e do teatro de bonecos O País dos Dedos Gordos, adaptação de uma história infantil de Rubem Alves. Juntam-se aos Tios, atores de ascendências brasileira,, japonesa e coreana , com formação nas mais variadas vertentes artísticas, entre eles Juliana Morimoto, Beatriz Diaferia e Ricardo Oshiro, além da diretora convidada Andréa Kimura Prior e a descendente de coreanos Lucy Han. Local: Teatro Commune (Rua da Consolação, 1218, São Paulo) Site:http://www.espacorasa.art. br/ciaostios Preço(s): De R$ 10 a R$ 20. Data(s): Entre 7 de junho e 27 de julho de 2008. Horário(s): Sábado e domingo, 16h. Observações: Duração aproximada: 60 minutos. 100 anos 14 imigração japonesa. da Foto e arte: Wânia Galera Em 18 de junho de 1908, chegaram ao porto de Santos 165 famílias de japoneses para rabalharem nas fazendas de café. Enfrentaram as dificuldades do idioma, do clima, da religião e dos costumes tão diferentes. Passados 100 anos, o Brasil possui o maior número de descendentes fora do Japão, já na sexta geração (”rokussei”). Estão integrados à cultura brasileira, contribuindo com o crescimento econômico o desenvolvimento cultural de nosso país. É com muito orgulho que temos, entre nós, professores e estudantes representantes dessa tão admirável colônia. A vocês, queridos descendentes japoneses, nossa homenagem. Colégio Notre Dame Rainha dos Apóstolos Educação Infantil Ensino Fundamental Ensino Médio Período Integral 11 3321-0050 Rua Ouvidor Portugal, 607 - Cambuci - SP www.notredame.org.br multimídia Reinventando o haikai Almas incorpora recursos multimídia para renovar a arte de Bashô Texto: Wilson Azuma U m dos maiores haikaístas de todos os tempos, Bashô pregava que era preciso aprender as regras e, depois, jogá-las fora. Em outras palavras, acreditava que a poesia deveria ser mutante, de acordo com a individualidade do artista e o tempo em que vive. O conceito encontrou no Brasil dos modernistas, tropicalistas e imigrantes um refúgio sem paralelos no mundo. Para ficar em alguns nomes, Haroldo de Campos, Millôr Fernandes, Leminski e Guilherme de Almeida embebedaram-se dessa forma de expressão. Um dos pioneiros da videoarte no Brasil, Almir Almas é, provavelmente, quem leva o ensinamento ancestral mais a sério Em vez do papel, porém, usa e abusa de diferentes mídias, incorporando tecnologia e experiências performáticas contemporâneas ao seu instigante namahaiku (literalmente, haikai ao vivo). Tudo isso, sem esquecer da tradição e dos elementos clássicos, que caracterizam as obras dos mestres japoneses. O poeta teve o primeiro contato com os trabalhos de Bashô, Buson, Issa e Shiki em meados dos anos 80. Autodidata, aprendeu o idioma e visitou o Japão para pesquisar e capturar imagens. A idéia era agregar a técnica da poesia - palavrascódigo, acaso, momento universal, natureza, três parágrafos - e transferi-la para as telas. “Eu queria pegar o espírito do haikai e criar imagens em vídeo. Mas, em vez da escrita, partia do que a câmera captava”, explica. O resultado do experimentalismo pode ser visto em obras como Cantos dos cantos do mundo, de 1993, série na qual mulheres recolhem folhas de outono em frente à famosa cúpula atingida pela bomba atômica, em Hiroshima. O namahaiku é uma evolução desses primeiros trabalhos. Se, no começo, o haicai saía do papel para ganhar as telas, a partir de 2005, influenciado pelo cinema expandido, que altera a condição passiva da platéia, Almas passou a agregar artistas multimídia, montar performances ao vivo e incentivar a participação do público. Desde então, vj’s, dj’s, atores, especialistas em iluminação e qualquer um que tivesse algo a dizer foram incorporados às obras. Um de seus trabalhos mais emblemáticos dessa nova fase é o espetáculo Cidades Mortais, apresentado em abril de 2007, durante a Virada Cultural, na capital paulista. Junto com Cheli Urban e Daniel Seda, ele montou em pleno Vale do Anhangabaú duas grandes torres de projeção em que eram reproduzidas imagens em VT e ao vivo. “A media que coloco tecnologia atual estou sendo pop. Por ser brasileiro tenho essa liberdade de pegar o clássico e transformá-lo. Ao mesmo tempo, busco a tradição. Isso é próprio do japonês. Subverto, mas com respeito”, define Almas. Atualmente, alguns de seus trabalhos estão em exibição no Sesc Paulista (av. Paulista, 119), onde acontece a exposição Tokyogaki, até o final de maio. Boa oportunidade para conhecer um dos artistas influenciados pela cultura japonesa mais emblemáticos da atualidade. Apresentação na virada cultural Pioneiro da videoarte subverte a poesia, com respeito O haikai Poesia clássica do Japão, o haicai é composto por três linhas de cinco, sete e cinco sílabas poéticas, respectivamente. É caracterizado pela concisão e ausência de rimas. Deve conter alguns elementos, como referências à natureza e às estações do ano, expressar o presente, negação da primeira pessoa (eu) e uso de palavras-código. Estruturado a partir do século XVI, é, hoje, uma das manifestações artísticas japonesas mais reconhecidas no Ocidente. 15 16 educação Leitura em alta entre os brasileiros Pesquisa revela que média de leitura é de 4,7 livros por ano. Jovens e mulheres lêem mais O brasileiro lê, em média, 4,7 livros por ano. Este é um dos principais indicadores a que chegou a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, encomendada pelo Instituto Pró-Livro ao Ibope Inteligência. O estudo constatou que somente a leitura de livros indicados pela escola, o que inclui os didáticos, mas não só, chega a 3,4 livros per capita. A leitura feita por pessoas que não estão mais na escola ficou em 1,3 livro por ano. Em algumas regiões, esse número é ainda maior, como é o caso do Sul, onde foram apurados 5,5 livros lidos por habitante/ano. Em seguida, vem a região Sudeste (4,9), o Centro-Oeste (4,5), o Nordeste (4,2) o Norte (3,9). Os leitores lêem mais nas grandes cidades (5,2 livros por habitante/ano) do que nas pequenas localidades do interior (4,3 em municípios com menos de 10 mil habitantes). A pesquisa também confirma que as mulheres lêem mais que os homens - 5,3 contra 4,1 livros Texto: Redação | Foto: Divulgação por ano. Os jovens leitores ganham destaque na pesquisa. O público entre 11 e 13 anos chega a ler 8,6 livros por ano. De 5 a 10 anos, lêem 6,9 e de 14 a 17 anos o volume é de 6,6 livros por ano. Essa média sobe entre os que possuem maior escolaridade. Entre aqueles que possuem formação superior, ela é de 8,3 livros/ano. Esse número é de 4,5 livros para quem tem ensino médio completo, 5 para quem cursou entre 5ª e 8ª série do ensino fundamental e 3,7 para quem tem até a 4ª série. A Retratos da Leitura no Brasil também constatou que, apesar dessa média de leitura, os brasileiros não compram muitos livros: 1,1 livro adquirido por ano (as compras no mercado, por sinal, aparecem empatadas com os empréstimos particulares no quesito principal canal de acesso aos livros). O Brasil possui 36 milhões de compradores de livros e, entre eles, a média é de 5,9 livros exemplares adquiridos por ano. 17 18 vitrine mulher Concurso Miss Tanabata Yukata Conheça a rainha e as princesas do Festival das Estrelas deste ano Texto: David Denis Lobão | Fotos: Divulgação O “Festival das Estrelas – São Paulo Sendai Tanabata Matsuri” chega em 2008 a sua trigésima edição como um dos maiores festivais de rua do país. Realizado todos os anos no bairro da Liberdade, em São Paulo, ele já cativou um público fiel que comparece ao evento pra prestigiar suas atividades, como o desfile das vencedoras do concurso cultural Miss Tanabata-Yukata. Neste ano a competição para eleger as meninas que representariam a festividade foi realizada na noite do dia 7 de julho com um formato mais moderno, visando à potencialidade da cultura pop japonesa. As competidoras além de desfilar com a Yukata, tradicional vestimenta usada no Japão desde a antiguidade até o dia de hoje; desfilaram também utilizando um cosplay, um dos grandes marcos da atual cultura oriental. Para a realização do Miss Tanabata-Yakata, a associação Miyagui Kenjinkai do Brasil, que tradicionalmente realiza o Festival das Estrelas, contou neste ano com o apoio da revista Mundo OK e da empresa Yamato Comunicações e Eventos, que possui em seu portfolio a realização do Anime Friends, maior convenção do continente americano de animê e mangá, os populares desenhos animados e quadrinhos japoneses. Uma das preocupações da Yamato e da Mundo OK para este ano foi manter o foco cultural do concurso. Por este motivo, todas as inscrições foram feitas de forma gratuita, assim como a entrada no momento da competição que também foi definida como totalmente grátis. Organizado por Marcelo Ikemori (representando a revista Mundo OK) e David Denis Lobão e Monica Nishioka (representando a Yamato Comunicações e Eventos), o Miss Tanabata-Yukata terminou com um saldo positivo. Foram 27 candidatas desfilando para uma platéia de mais de 500 pessoas. As vencedoras A Miss Tanabata-Yakata foi Layla Carvalho. Com 23 anos, a jovem canceriana adora corte e costura e animekê. Totalmente ocidental, a jovem mostra a constante busca pela unificação da cultura japonesa e valorização de todos que gostam do mundo oriental, independente de sua nacionalidade. Layla conquistou os jurados com seu discurso. Em segundo lugar ficou Loren Louro. Eleita primeira-princesa, a paulistana tem 20 anos e é do signo de câncer também. A estudante mora na zona norte e curte esportes e trabalhos manuais. Em terceiro lugar ficou a carioca Thaís Jussim, que veio pra São Paulo especialmente para participar do evento. Cosplayer experiente que já chegou até a representar o Brasil no Japão em 2007, ela tem no cosplay seu maior ‘hobby’. Em quarto lugar foi coroada Lucyana Reimão, com 29 anos, a escorpiana cativou os jurados com seu belo cosplay do animê “Paradise Kiss”. E por fim, Suzana Mayumi Sadatsume, foi coroada a Miss Simpatia. A Nikkei ganhou após cativar os presentes com suas resposta sinceras e seu sorriso tímido. Na próxima edição da revista Mundo OK você confere uma entrevista com Layla, a Miss Tanabata-Yukata e com Suzana, a Miss Simpatia. 19 20 mulher O preço da adaptação O s bravos e intrépidos japoneses imigrantes chegaram num país totalmente estranho para eles. O novo ambiente exigiu longo período de adaptação para que a sobrevivência fosse possível e, o sucesso, garantido. Cem anos depois, uma parcela de seus descendentes relatam estar bem, mas muitos ainda sentem no corpo e na mente a influência de ter antepassados que vieram do outro lado do mundo. Em alguns casos, isso pode ser um problema. Com o auxílio de tecnologia e substâncias naturais, a medicina ortomolecular ajuda a desvendar e corrigir esses desvios. A diferença é que essa especialidade faz isso de modo personalizado. O conhecimento é aplicado na prevenção de doenças e na correção de problemas, como obesidade, fadiga, exaustão e estresse emocional, além de promover boa saúde e melhorar o desempenho de atletas. Uma de suas grandes características é fornecer substâncias naturais para que o organismo possa se adaptar às exigências do meio ambiente, com menor desgaste e mais saúde. Esse princípio é muito útil na abordagem dos descendentes japoneses. Parte do ajustamento ao novo país ocorreu pelo casamento de japoneses com pessoas de outras origens, ou seja, o processo de miscigenação. A adaptação biológica pura e simples também teve influência. As origens, no entanto, permanecem vivas como nunca. Em outras palavras: o nikkei preservou algumas características biológicas e culturais dos antepassados. É imprescindível que esse fato seja levado em conta tanto no momento em que ele procura tratamento médico, quanto para suas necessidades específicas de prevenção. Do ponto de vista cultural, herdou-se principalmente a disciplina, o que tem aspectos positivos e negativos. O lado positivo é que o jovem japonês tende a ser muito estudioso, firme e confiável, além de ter ótimo comportamento. Por outro lado, atender a essas características é uma grande carga de responsabilidade, e muitos colocam expectativas bastante altas quanto ao seu próprio desempenho. O resultado, em geral, é o estresse, que pode facilitar o aparecimento de diversas doenças. Pesquisas indicam que, tanto a primeira geração de japoneses, quanto seus descendentes, apresentam altos níveis de estresse mental, o que gera vários desequilíbrios. São exemplos: mudanças nas taxas de açúcar circulante (disglicemias) e as alterações da pressão do sangue (hipertensão arterial) e do trato gastrointestinal (dispepsias), que dificultam a digestão e o aproveitamento dos alimentos. Também pode gerar insônia, compulsão alimentar, irritação, isolamento social, mal-humor crônico e depressão. E quanto às outras doenças? Todo povo tem características próprias em relação a enfermidades. Com o japonês não poderia ser diferente. Dados atuais indicam que o Japão ainda é campeão mundial em casos de câncer gástrico e tem o maior número de suicídios entre jovens. Aumentam de modo alarmante também os casos de obesidade e síndrome metabólica. E com seus descendentes, o risco de contrair essas doenças é igual? Somos resultado de nossa genética e da cultura em que vivemos. Tanto os genes, quanto os hábitos herdados dos ancestrais, somados aos costumes de quem vive no Brasil, têm grande influência no desenvolvimento de diversas doenças. Não há como isolar este ou aquele fator, mas existe a certeza de que essa combinação pode ser explosiva. A alimentação, por exemplo. O japonês sempre valorizou a dieta saudável e equilibrada. Muito peixe e verdura, pouca carne e gordura. Esse é um dos motivos para que ele tenha uma das maiores expectativas de vida do mundo. Compare, agora, com a alimentação brasileira. Muito arroz feito com óleo e sal, feijão e seus condimentos, carne de vaca, pão francês, e vários outros alimentos que podem ser estranhos ao organismo japonês. O resultado é que muitos descendentes desenvolveram problemas gástricos, assim como ganho de peso excessivo. Tudo isso é conseqüência do aumento de peso corporal. Mesmo os que permaneceram se alimentando preferencialmente peixe, se depararam com a contaminação por metais pesados, como o mercúrio, que é um veneno para o organismo humano. Outro problema é o consumo elevado de álcool. Durante a eliminação do álcool do organismo, é formado um composto tóxico que na maioria das pessoas é anulado por uma enzima que o próprio organismo fabrica. O metabolismo do japonês é deficiente dessa enzima, o que o deixa intolerante até mesmo a pequenas doses. Os que teimam em ir contra a própria genética acabam por pagar o preço. Os efeitos colaterais são grandes - fortes dores de cabeça, batedeira no coração, falta de ar, vermelhidão e mal estar generalizado. De modo semelhante, pode acontecer com o leite, que contém um tipo de açúcar, a lactose, que também exige uma enzima para ser quebrada e aproveitada pelo organismo. Muitos japoneses e descendentes têm esse mecanismo deficiente. O resultado é que, ao ingerirem leite, apresentam desconforto abdominal, dores de cabeça, gases, entre outros sintomas. Muitos nikkeis praticam esportes, como, por exemplo, beisebol e tênis de mesa. Essa preferência deve-se em parte à cultura e à constituição física, que é de menor porte e com menor tendência ao ganho de massa muscular. O japonês e seus descendentes souberam aproveitar a habilidade, a disciplina e a excelente técnica para compensar essa “desvantagem”. Novamente, aqueles que não respeitam essas limitações, podem sofrer lesões sérias. Por isso, é importante a orientação médica para não correr riscos. Lembre-se também que os problemas nunca estão isolados. Como nossos órgãos estão interconectados e, a nossa mente, ligada a todos eles, um problema mal resolvido num determinado local irá, mais cedo ou mais tarde, repercutir em várias outras áreas. Por esses motivos, é importante que o descendente receba atenção diferenciada. É preciso considerar a herança genética, o contexto social e os hábitos de vida de cada pessoa. É imprescindível que o médico, depois de uma longa e boa conversa, conheça e respeite a individualidade. No caso da medicina ortomolecular, o objetivo é desvendar como está o funcionamento bioquímico dessa pessoa, com o auxílio da mais nova tecnologia. E, só então, é possível corrigir seu metabolismo por meio do uso de substâncias naturais, como vitaminas, minerais, aminoácidos e ervas medicinais. Esse deve ser o caminho para que o tratamento médico e a prevenção sejam as melhores para cada pessoa, que é única e particular. Hugo Yamashiro Médico formado pela Universidade de Taubaté, com estágio no Japão, em 2004, no hospital universitário de Yonago. Tem pós-graduação em prática de medicina ortomolecular, acupuntura e nutrologia. Atualmente, cursa pós-graduação em medicina psicossomática. Clinica Masci Endereço: Av dos Eucaliptos, 704 Moema – SP E-mail: [email protected] Tel: (11) 5041-0996 21 ra3n.com.br VOCÊ VAI VIVER SORRINDO R. Apeninos, 930 Conj. 21 - Paraíso 5575-0032 (11) 5081-2873 (11) www.mackodontologia.com.br Master em tratamentos Tratamento Odontológico não precisa ser sinônimo de sofrimento, por isso, agora você vai poder cuidar do seu sorriso com muito mais conforto e comodidade em nossas novíssimas instalações, próximas à estação Paraíso do Metrô. Na MACK o paciente irá encontrar tudo o que existe de mais atual em tratamento odontológico em todas as especialidades, amparado por uma equipe experiente e multidisciplinar. Em nossas novas instalações você encontra uma equipe multidisciplinar, oferecendo todo o tratamento com um atendimento exclusivo, personalizado e diferenciado. Para sua maior comodidade e segurança, estamos instalados em um prédio com estacionamento. Dra. Kylze Sakiyama CRO 69469 Dra. Angela Micolaeski CRO 68174 Dr. Cesar Pereira CRO 65290 EQUIPE Dr. Luiz Macedo CRO 39556 Dr. Marcelo Kawabe CRO 45655 A Mack Odontologia parabeniza todos os imigrantes japoneses pelo Centenário da Imigração e pela inestimável contribuição para o nosso país. Doumo Arigatou Gozaimaissu. • Periodontia • Implantodontia • Prótese • Cirurgia • Ortodontia • Endodontia • Odontopediatria • Estética • Dentística ESPECIALIDADES 22 gastronomia Pratos quentes ganham destaque em restaurantes japoneses Características da própria cozinha oriental permitem a harmonização de sabores, texturas e cores também em épocas de temperaturas mais amenas. E m se tratando da culinária japonesa, comida leve nem sempre é sinônimo de calor e frescor. As diferentes combinações de iguarias orientais, das clássicas às mais exóticas, são igualmente aproveitadas em estações mais frias, como outono e inverno, com pratos quentes. É o que pode ser conferido no cardápio de restaurantes como o Noyoi, há nove anos na Vila Olímpia, que possui opções de peixes e carnes grelhadas típicas da cozinha oriental. As sugestões ficam por conta do Filet Thai com legumes salteados (R$ 21,50); Lula Salteada com cogumelos e vinho oriental (R$ 33); Risoto de arroz de jasmin com curry e frango (R$ 15); Salmão grelhado com shimeji sobre fatias de abacaxi (R$ 45); Salmão grelhado com purê de batata com wasabi e molho de ostra – foto (R$ 28,50); Tiras de filet com shimeji e cebola sobre gohan (R$ 31). No restaurante Kanji, com unidades em Moema e Jardins, além dos tradicionais Tempurá (de legumes, R$ 20; camarão, R$ 35; ou misto, R$ 29) e Yakissoba (carne, R$ 14; frango, R$ 23; frutos do mar, R$ 18; e legumes, R$ 21). Entre as sugestões, Salmão recheado com shimeji (R$ 29) ou com camarão (R$ 30); Filet de frango grelhado com molho de agrião e risoto de pêra e nozes (R$ 26); Linguado ao champagne recheado com shimeji, maçãs caramelizadas e arroz com ervas (R$ 30); Camarão com frutas grelhadas e gengibre (R$ 33). Todos os pratos incluem dois acompanhamentos à escolha (missoshiro, shiro gohan, yakimeshi, risoto de shimeji, risoto de alho-poró, tofu à milanesa e salada caesar, califórnia ou caprese). Uma alternativa às clássicas iguarias orientais, o nipo-peruano Shimo traz pratos diversificados, como o Trio Peruano (três mini medalhões de filé mignon com três salsas peruanas – emulsão picante de rocoto, salsa de aji, panca e salsa criolla - R$ 29); Pescado arquipeño (filé de peixe branco com salsa criolla, arroz verde peruano e chupe de camarones, R$ 33); Salmão shimo (salmão grelhado com aspargos e camarão flambado acompanha espaguete ao shimeji, R$ 31). Com nova unidade em Moema, o Mori oferece opções das mais simples, como o Lombo ao curry (R$ 21,60) e o Champon (sopa tradicional japonesa, preparada com macarrão lamen, legumes, frutos do mar e kamaboko – massa de peixe prensada, R$ 25,90); passando pelo exótico, como o Teppan de lula com nirá (broto de alho japonês – R$ 26,40), e chegando aos pratos vegetarianos, como o Teppan de tofu (R$ 16,20) e o Yakissoba vegetariano (macarrão japonês frito, legumes, shitake, cubos de tofu e gergelim, R$ 27,90). Serviço Noyoi Kanji Endereço: Alameda Lorena, 1.379, Jardins – São Paulo – SP. Telefone: (11) 3062-0585 Endereço: Rua Gomes de Carvalho, 1.165, Vila Olímpia – São Paulo – SP. Telefone: (11) 3044-2643 Endereço: Rua Canário, 683, Moema – São Paulo – SP. Telefone: (11) 5055-1355 Shimo Mori Endereço: Rua Jerônimo da Veiga, 74, Itaim Bibi – São Paulo – SP. Telefone: (11) 3167-2222 Endereço: Rua Gaivota, 1.488, Moema – São Paulo – SP. Telefone: (11) 5532-0181 vitrine 23 24 vitrine vitrine 25 26 vitrine 27 27 28 especial centenário Centenário de emoções imigração japonesa Brasil celebra marco histórico da S Texto: Wilson Azuma audade, orgulho, respeito, lágrimas, admiração, empolgação. As emoções estarão à flor da pele no mês de junho. As celebrações pelo aniversário de 100 anos da chegada dos japoneses ao Brasil tomarão conta de todo o País, e prometem amolecer até os corações mais duros. O centro das atenções dos festejos será o sambódromo do Anhembi, em São Paulo, nos dias 21 e 22 de junho. Cerca de 25 mil pessoas devem preencher as arquibancadas e a passarela. A ACCIJB (Associação para Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil) divulgou a programação, que tem como destaques o desfile, shows e fogos de artifício. A presença do príncipe Naruhito está confirmada. Os detalhes, porém, são mantidos em sigilo pela organização. “É segredo, mas com certeza vai ser muito emocionante”, adianta o presidente da Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e líder das atividades do centenário, Kokei Uehara. Ele, no entanto, deixou escapar um desses mistérios. A chegada da Tocha da Amizade, que saiu de Kobe no final de abril, deve ser um momento especialmente marcante. O objeto, um globo terrestre, será conduzido até a pira por pessoas carregando bandeiras de 130 países com os quais o Brasil tem relações diplomáticas. Ao final, durante o foguetório, todas as comunidades representadas serão convidadas a se misturar na passarela, formando uma espécie de caldeirão étnico. “É para mostrar que os japoneses estão integrados a este País verdadeiramente multicultural”, explica Uehara. Mais festa Rio de Janeiro, São Bernardo do Campo, Atibaia, Mogi das Cruzes, Santos, Florianópolis, Santa Fé do Sul, Recife, Bastos, Ourinhos, Araçatuba, Curitiba. Diversas cidades irão homenagear a relação Brasil-Japão durante o mês. Na data exata em que o navio Kasato Maru chegou em Santos, dia 18, o Congresso Nacional organiza uma cerimônia, que terá a participação do príncipe Naruhito, em Brasília (DF). O representante da família imperial irá também jantar com o presidente Lula. No estado com a segunda maior comunidade de nipo-descendentes, o Paraná, as cidades de Rolândia, Londrina e Maringá vão concentrar as atrações, também com a presença do príncipe. No dia 22, o Imin Center, de Rolândia, irá abrigar as principais atividades, com a apresentação do Coral de Mil Vozes e a inauguração do monumento de 12 metros construído pelo arquiteto Marcos Kenji Fujisawa. Em solo nipônico, a cerimônia oficial já ocorreu. O hotel Okura, em Tóquio, recebeu cerca de 400 pessoas, no dia 24 de abril. O imperador Akihito e a imperatriz Michiko estavam entre os participantes. Posteridade Foram cinco anos de preparativos, incontáveis reuniões, debates calorosos e negociações das mais diversas. A grande repercussão de uma data tão simbólica para os dois países reflete a importância da chegada do navio Kasato Maru, em 1908. Em encontro recente, em Tóquio, o imperador Akihito disse a Uehara que sente orgulho pelo fato dos japoneses e seus descendentes terem honrado a bandeira do Sol Nascente no Brasil. Esse reconhecimento mostra que a vinda dos imigrantes a uma terra desconhecida não foi em vão. Cerca de 1,5 milhão de pessoas que têm essa origem em comum estão aí para comprovar e comemorar no mês do centenário. especial centenário 29 Kokei Uehara - O líder da festa À frente dos preparativos para as comemorações do centenário, o presidente da Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa, Kokei Uehara, vive a expectativa de presenciar a maior festa já realizada pelos nikkeis no País. Okinawano, ele chegou ao Brasil em 1936, aos nove anos de idade. Como quase todo conterrâneo, trabalhou na lavoura. Depois, mudou-se para São Paulo, onde estudou engenharia hidráulica na USP. Participou dos projetos das hidrelétricas de Itaipu e Três Gargantas. Conquistou respeito também como professor universitário. Ao aceitar o desafio de liderar os festejos do centenário, sua intenção era retribuir tudo o que conquistou ao longo da vida em solo brasileiro. Esse sentimento fez com que o octogenário passasse os últimos cinco anos entre reuniões, telefonemas, encontros oficiais e eventos sem fim. Valeu a pena? Ele não tem dúvida de que sim. formação desse Brasil multicultural? Como o senhor tem sentido a receptividade em relação às comemorações? Há pouco, estava falando ao telefone com uma pessoa de Sergipe. O governador quer participar das festas em São Paulo e em Brasília. Recebo carinho de todo o Brasil. Isso mostra que o sacrifício dos velhos imigrantes não foi em vão. O sentimento é de gratidão. Tive honra de conversar com o presidente Lula. Ele ficou emocionado. Em abril, falei em frente ao imperador e duas vezes com o príncipe. Todos reconhecem o valor dessa festa. Por que é preciso celebrar? São cinco os objetivos. O primeiro é mostrar gratidão aos pioneiros. Segundo, porque precisamos expressar isso à sociedade brasileira, que recebeu os japoneses de braços abertos. O terceiro ponto é aproveitar a ocasião para melhorar a comunicação entre os nikkeis. O quarto é aproximar os povos dos dois países. O quinto, e muito importante, é preservar a cultura para fazer parte do Brasil multicultural. Quais foram as contribuições dos japoneses para a Várias. O imigrante, por exemplo, conseguiu mudar o hábito alimentar do País para melhor. Antigamente, só eram servidas maçã e pêra à mesa quando estávamos doentes. Mas, mais do que isso, o imigrante contribuiu bastante na área educacional. Isso faz com que os descendentes, hoje, ocupem cargos importantes em todas as áreas. Como se sente ao liderar a principal entidade nikkei do Brasil no ano da maior festa já realizada pelos nipo-descendentes? É uma grande honra. Fico emocionado e agradecido. Jamais passou pela minha cabeça participar de um trabalho como esse. Do pequeno japonês ao pequeno brasileiro, passei sem ter problemas. Fala-se a respeito da identidade. Sou brasileiro nascido no Japão. Nunca tive problemas com isso. Sua raiz japonesa foi fundamental para ter sucesso? Minha família nunca permitiu que eu fizesse bico. Queria que eu só estudasse. Quando passei no vestibular, minha vontade era fazer estágio. A idéia era ajudar, pois queria que meus pais enviassem menos dinheiro. Recebi uma carta de meu irmão. Ele dizia: “se a escola dá chance de fazer arubaito (serviço temporário), então não presta”. No fim da carta, ele disse que eu estava proibido de trabalhar. Se tivesse tempo livre, queria que eu me matriculasse em aulas de piano, violino ou qualquer outra coisa. A educação era prioridade. Para os japoneses, como o senhor, mudar para um país tão diferente teve suas conseqüências, não? Se puser uma galinha branca no meio das vermelhas, ela está morta. As pessoas têm medo do desconhecido. A guerra atrapalhou a convivência, mas guerra é doença da humanidade. De modo geral, o Brasil recebeu bem os japoneses. Nasci no Japão e vim com nove anos. Posso dizer que não há lugar como aqui, que aceita a todos. Hoje, qualquer família tem preto, branco, amarelo, vermelho, católico, protestante. É diferente. Quem será o nikkei daqui a 20, 30 anos? Terá um significado diferente. Outro dia, apareceu uma loirinha, que disse ser sansei. Perguntei a ela: por parte de quem? Ela respondeu, em japonês: “do ojiichan (avô)”. Vi que tinha orgulho ao dizer isso. Esse sentimento é que vai ficar preservado. Gente com a minha cara será encontrada em circo. Digo sempre aos jovens que a cara não importa. O importante é que aprendam a manter o legado do imigrante, que é de ética, moral e respeito. Mesmo que passem por bobos, nunca percam a dignidade. Acredito que daqui a 100 anos ainda teremos isso, mas com cara diferente. 30 especial centenário Agenda Prepare o coração para comemorar os 100 anos da imigração japonesa. Não esqueça de levar lenços. Japão em São Bernardo do Campo Culto aos antepassados Solenidade Oficial Apresentação da Esquadra de Autodefesa do Japão Homenagem à Colônia Japonesa de Santa Fé do Sul Inauguração do Marco da Imigração Sessão Solene em Florianópolis Centenário em Ourinhos Sessão Solene em Santo André Inauguração do Parque Ondas 21 31 de maio a 8 de junho Pavilhão Vera Cruz - Av. Lucas Nogueira Garcez, 756 São Bernardo do Campo - SP (11) 4348-1000 6 a 8 de junho Porto de Recife - Pça. Comunidade Luso-brasileira, 70 Recife – PE (81) 9972-4961 Homenagem Especial aos Nikkeis de São Gotardo 7 de junho ABCESG – Rod. MG 235, km 2 São Gotardo - MG (34) 3671-1722 Homenagem aos Imigrantes 8 de junho ACNBA - R. Antônio Florence, 235 Araçatuba – SP (18) 3623-1634 Semana da Cultura Japonesa 16 de junho Pq. Estadual Massairo Okamura – Av Historiador Rubens de Mendonça Cuiabá – MT (65) 3025-7491 17 de junho Câmara Municipal - R. 10, 345, 1º andar Santa Fé do Sul - SP (17) 3631-9500 17 de junho Câmara Municipal – R. Anita Garibaldi, 35 Florianópolis - SC (48) 32254-8746 18 de junho Teatro Municipal - Praça IV Centenário, 01 Santo André – SP (11) 4433-0602 Sessão Solene em Florianópolis 13 a 22 de junho Complexo Anhembi – Av. Olavo Fontoura, 1209 São Paulo - SP (11) 3209-3875 18 de junho Assembléia Legislativa – R. Dr. Jorge Luz Fontes, 310 Florianópolis – SP (48) 3221.2500 Missa Budista e Cerimônia de Homenagens Sessão Solene em Joinville 15 de junho Centro Esportivo do Bunkyo – R. Dr. Campos Sales, 230 Mogi das Cruzes - SP (11) 4791-2022 18 de junho Câmara Municipal - Av. Hermann Augusto Lepper, 1100 Joinville – SP (48) 32254-8746 18 de junho Palácio do Itamaraty – Esplanada dos Ministérios, bloco H Brasília – DF (61) 3411-9413 18 de junho Acenba – Rua Adhemar de Barros, 466 Bastos – SP (14) 3478-1209 18 de junho AECO – R. Maranhão, 425 Ourinhos – SP (14) 3322-1309 18 de junho Plataforma do Emissário Submarino – Porto de Santos Santos – SP (13) 3201-8000 Cerimônia em Homenagem aos Imigrantes 18 de junho Praça Central Araçatuba – SP (18) 3623-1634 Homenagem ao Centenário 18 de junho Câmara Municipal – R. Princesa Isabel, 410 Recife – PE (81) 8773-5136 especial centenário Evento Oficial em Campo Grande Festa Oficial em São Paulo IMIN 100 – Matsuri de Curitiba Festa Oficial no Paraná Semana da Cultura Japonesa em Atibaia Celebração Oficial do Estado do Paraná Missa em Homenagem a Imigrantes Falecidos Kenroukai – Homenagem aos Idosos 18 de junho Centro de Convenções Rubens Gil de Camillo – Pq. dos Poderes~ Campo Grande – MS (67) 3324-4160 20 a 22 de junho Parque Barigui – entre a BR-277 e a av. Manoel Ribas Curitiba - SP entre a BR-277 e a av. Manoel Riba 20 a 22 de junho Centro de Convenções Brecheret – Al. Lucas Nogueira Garcez, 511 Atibaia – SP (11) 4413-6371 21 de junho Igreja da Candelária – Pç. Pio X Rio de Janeiro - RJ (21) 2240-4440 21 e 22 de junho Complexo Anhembi - Av. Olavo Fontoura, 1209 São Paulo - SP (11) 3209-3875 22 de junho Parque Yumê Rolândia - PR (43) 3324-6418 23 de junho Assembléia Legislativa – Praça Nossa Senhora Salete, s/nº Curitiba – PR (43) 3350-4074 28 de junho ACNBA - R. Antônio Florence, 235 Araçatuba – SP (18) 3623-1634 31 32 especial centenário Nipo-diversidade - Ser nikkei ainda faz diferença? Texto: Wilson Azuma O dia 18 de junho será especial para cerca de 1,5 milhão de pessoas ligadas a um episódio ocorrido há 100 anos. Nessa mesma data, em 1908, o navio Kasato Maru trouxe os primeiros trabalhadores japoneses. Ultrapassando gerações e contrariando prognósticos, o encontro de culturas tão distintas resultou em diversidade. Issei, nissei, sansei, yonsei, “nonsei”. Os nipo-descendentes do século XXI estão a léguas de distância do estereótipo do tintureiro e feirante. São cada vez mais misturados. Mesmo perdendo os traços, no entanto, para a maioria ter sangue samurai ainda faz diferença. Qual a semelhança possível entre uma apresentadora de programa infantil e um cantor pop-sertanejo? Além de freqüentarem o mundo artístico, Geovanna Tominaga e Maurício Miya têm um pé fincado no Japão, e isso tem bastante significado para eles. “Cresci aprendendo os costumes e tradições dentro de casa. Não tive educação rígida, mas sempre me foi cobrado esforço e dedicação em tudo o que me propunha a fazer. Acho que isso influenciou positivamente meu trabalho”, explica Geovanna, que apresenta o programa TV Globinho. Foi-se o tempo em que o rosto oriental não dava Ibope. Nas antigas modas, o japonês só entrava em cena quando era alvo de chacota. Para quem se recorda, o refrão “eu e o Tanaka, tocando vaca”, da música Os três boiadeiros, já provocou irritação em muita gente. Maurício Miya foge dos estereótipos e toca viola muito bem. No ano passado, lançou o cd Ego em plena festa de peão de Barretos, a maior da América Latina. Esconder o que lhe é mais evidente? Nem pensar. “Sou brasileiro e nikkei, com muito orgulho”, ressalta. Como eles, os descendentes não encontram mais barreiras para ter sucesso e se impor como o que realmente são: brasileiros, com o detalhe, muitas vezes fundamental, de que trazem no gene as raízes japonesas. Hoje, estão à vontade para exercer tal papel. Trata-se de uma grande conquista. Estigma Não muito tempo atrás havia quem ficasse abalado quando questionado se o coração batia mais forte para a terra do sumô ou para a pátria de chuteiras. Crise de identidade. A vida do imigrante não foi fácil. Caiu no conto do ouro em forma de grãos de café. Acreditou que juntaria uma boa poupança nas colheitas para, em cinco ou dez anos, retornar à terra natal. Mas a crise de 1929 e a Segunda Guerra Mundial foram cruéis. Decidiu ficar e ensinar às futuras gerações que o Brasil seria o novo lar. Sem o cordão umbilical que unia à terra dos antepassados, os filhos dos pioneiros saíram das colônias e comunidades agrícolas para fazer a vida. Criados à moda japonesa em casa, fizeram aulas de oratória e reforços de gramática para deixar de usar o “r” no lugar do “l”. Muitos sofreram preconceito. Paupérrimos, espalharam-se por diferentes regiões e profissões. Abriram pequenos negócios, estudaram e formaram famílias. Mesmo enfrentando adversidades, os nissei incorporavam características marcantes: determinação, honestidade, respeito e perseverança. “A imagem do japonês passou a ser muito positiva”, analisa o antropólogo Koichi Mori. “Sou brasileiro e descendente de imigrantes, mas, algumas vezes, me sinto mais japonês que os japoneses.” Celio Amino – mágico e físico ---------------------------------------“Aprendi a ler e a escrever em casa. Quando entrei para o ginásio, tinha de caminhar cinco quilômetros para pegar transporte. Quando voltava, trabalhava à tarde com hortaliças. Todos estudavam usando a luz de lampião de querosene.” Alfredo Homma – pesquisador da Embrapa e neto do introdutor da juta na Amazônia --------------------------------------------------------“A disciplina que adquiri com a cultura japonesa predomina em meu dia-a-dia. Para poder desenvolver meu trabalho na área jurídica é preciso atenção, concentração e seriedade. Não somente nisso, mas em tudo que rege minha vida procuro fazer com certa dosagem de disciplina. Uns chamam de ser ‘mala’, mas eu não vejo dessa maneira.” Patrícia Fujimoto – ex-dekassegui e estudante de direito em Londrina (PR) --------------------------------------------------------“O Japão influencia no meu jeito de pensar, de ver as coisas como só os filhos japoneses tem. Estive no Japão durante os três primeiros meses desse ano e pude observar como é fantástico pelo respeito, ética e disciplina.” Rafael Suzuki - piloto da fórmula 3 alemã especial centenário Tá na moda O esforço quase hercúleo da segunda geração permitiu aos sucessores viverem a experiência brasileira em toda plenitude. Livres de complexos e do sentimento de não pertencer a lugar algum, os sansei e yonsei jogam-se sem medo no caldeirão cultural brasileiro. O grau de miscigenação gira em torno de 50% - o número deve subir para 90% em poucas décadas. Curiosamente, na medida em que perde as feições, o descendente do ano do centenário é receptivo à cultura ancestral. Uma grande diferença em relação aos anos de dificuldades é que as tradições não são repassadas apenas pelos familiares. “Até a década 60, a cultura japonesa chegava pelo imigrante. Hoje, são vários os canais, até pela internet”, lembra Koichi Mori. Mangá, anime, j-pop, cinema, moda, língua, tecnologia, game, literatura. Naruto é o personagem de desenho animado preferido das crianças. É possível tornar-se fiel da Seicho-no-ie pela televisão. Comer peixe cru é normal. Exibir o kanji tatuado no corpo é bonito. Em outras palavras: ter olhinhos puxados está na moda. Dilema O nikkei não é mais um peixe fora d’água, e sabe aproveitar essa nova condição. Não conhece tão bem o idioma, não é freqüentador assíduo das atividades da comunidade e não tem a obrigação de lembrar o nome da província natal do bisavô. Por outro lado, recebe de coração aberto as influências japonesas, que são absorvidas pelos mais variados canais. Os dilemas são diferentes da época dos pioneiros, e poucas vezes têm a ver com a origem étnica. “Desde pequeno fui educado seguindo e respeitando a cultura de meus avós japoneses. Isso fez com que eu empregue na vida prática grande parte do famoso espírito japonês, o yamato damashii, excluindo-se a história da invencibilidade do Japão e a idolatria pelo imperador.” Ryoki Inoue – escritor que está no Guiness Book por ter publicado 1075 livros --------------------------------------------------------“Sempre admirei a delicadeza das mulheres japonesas e, sempre que posso, tento imitá-las para fazer bonito. Estar japonesa é um estilo de vida maravilhoso. No trabalho, a paciência e a discrição são fundamentos nipônicos que tento sempre manter.” Simone Katsuren – empresária, advogada e poetisa de Campo Grande (MS) --------------------------------------------------------“A cultura japonesa está presente no cotidiano. Tem influência no convívio familiar, na alimentação e, principalmente, na disciplina e rigidez de meus trabalhos. Na arte, ao abordar questões como o cotidiano feminino, a vida contemporânea e a metrópole, me aproximo do Japão, que exporta cultura pop e explode em cores e movimentos.” Sandra Hiromoto – artista plástica paranaense --------------------------------------------------------“Ser oriental, mesmo mestiço, me dá vontade de sempre procurar colocar algo do Oriente nos trabalhos, uma visão mais completa de mundo.” Maurício Kanno – jornalista, vegano e defensor dos direitos dos animais 33 Há quem defenda a tese de que ser nikkei nada mais é do que alguém que vive a experiência de Japão. Também fariam parte desse perfil os não-descendentes que, de alguma forma, possuam vínculos com o arquipélago. Os cônjuges “gaijin” e os amantes de literatura japonesa seriam dois exemplos. Pensar dessa forma, leva a crer que a definição está longe de ser extinta. Mas há também quem não veja sentido em utilizar o termo no mundo globalizado, onde as influências podem vir de qualquer lugar e atingir as mais variadas pessoas. “Não utilizo mais a palavra”, conta a historiadora Célia Sakurai, autora do livro Os japoneses. “Quando fala em nikkei, as pessoas pensam em quem tem sangue japonês. Mas, na verdade, ele é brasileiro. Existe um componente racista nisso, de classificação pelo sangue. É preciso pensar a respeito, pois é algo perigoso”, explica. Japão de cada um O paradigma vem à tona em pleno ano da maior festa nikkei de todos os tempos. Quase todos concordam que é impossível classificar o nipo-descendente como uma comunidade de pensamento coletivo único, tal qual acontecia na época das colônias. Cada um tomou o seu rumo. No próximo dia 21, cerca de 25 mil pessoas estarão no sambódromo do Anhembi, onde acontecem os principais festejos do centenário da imigração. As bandeirinhas em vermelho e branco irão tremular ao lado das verde-amarelas. O príncipe Naruhito transmitirá a gratidão pelo fato dos filhos, netos, bisnetos e tataranetos do Japão terem honrado o nome do imperador no outro lado do mundo. A maioria dos presentes terá olhos puxados. Os mais velhos lembrarão dos sacrifícios a que se impuseram, da infância no campo, das partidas de beisebol, das reuniões nas colônias, da mudança para a cidade grande, do esforço para conseguir um diploma. Os mais novos mostrarão respeito ao país dos antepassados, que chegou até eles pela família ou pelo novo Japão, moderno, respeitado e na moda. Outros, simplesmente irão ao palco do carnaval para degustar as iguarias típicas na área de alimentação. No século XXI, a nipo-diversidade se conecta com a cultua ancestral de formas particulares. Esse vínculo, no entanto, raramente passa em branco. 34 especial centenário Histórias Centenárias Uma questão de data R yo Fukumoto vivia em um sítio da cidade de Takahashi, província de Okayama. A família dedicava-se à cultura do bicho-daseda, mas o final da década de 20 não era uma época próspera. Aos 19 anos, tinha duas opções: o alistamento militar ou o Brasil. Chegou a Lins, interior de São Paulo, com a irmã e o cunhado. A vida era difícil. Chegou a pegar malária. Presenciou a queima de toneladas de café, resultado da grave crise de 1929. “Não podia fazer nada, só olhar”, lembra, com tristeza. Ryo Fukumoto e seu primeiro bisneto Johnny Y. Fukumoto Hojo A multiplicação dos Miyashiro O s okinawanos eram em 325 do total de 781 imigrantes japoneses do navio Kasato Maru. Com idioma e costumes próprios, formavam um grupo à parte na embarcação. Entre eles estava o jovem Ihachi Miyashiro, de apenas 18 anos. Mal desembarcou em Santos, em 18 de junho de 1908, ele foi encaminhado com os patrícios à Hospedaria dos Imigrantes, na capital paulista. Nove dias após a chegada, junto com outros 151, seguiu para a fazenda Canaã, na região de Ribeirão Preto. Destino: a colheita de café. “Segundo seu relato, as condições de vida eram péssimas, a comida, intragável. O regime de trabalho era quase de escravidão”, conta um de seus netos, Rubens Yonamine. Jovem e solteiro, em três meses ele fugiu. Arrumou emprego de estivador em Santos. Nessa época, casou com Kame Higa. Em 1915, trocou o porto por uma plantação de hortaliças e legumes nos arredores. Mais tarde, cultivou batatas em São Miguel Paulista até se estabelecer em São Paulo, onde seguiu na área agrícola. Ihachi morreu em 1962. Antes, deixou oito filhos - Carmem, Tamico, Alice, Maria, Seiki, Luiz, Kiko e Seisim. Se fosse vivo hoje, poderia curtir também os 12 netos, 23 bisnetos e quatro tataranetos, que totalizam seus 47 descendentes. Na família, há de tudo: economista, advogada, mecânico, bióloga, engenheira e até um tocador de sanshim, instrumento típico de Okinawa. As tradições ainda permanecem vivas. Içami Tiba no divã Psiquiatra, colunista, apresentador de tevê e autor de livros que já venderam mais de 2 milhões de exemplares, Içami Tiba troca de lado e deita no divã para falar sobre seu lado japonês. Quais as marcas que o Japão deixou no senhor? Após quatro anos, mudou para a colônia São João, nos arredores. Depois, rodou por várias fazendas até se estabelecer em Pompéia. Lá, casou pela primeira vez. A relação terminou, mas teve um filho. Da união com a segunda esposa nasceram outras cinco crianças. Em 1963, ele chegou a Guarulhos, onde a família abriu uma lavanderia. Aposentado, vive até hoje na cidade vizinha à capital paulista, junto com um dos filhos e a nora. O próximo 18 de junho será especial. Nessa data, que coincide com a data do centenário da imigração, o senhor Fukumoto irá completar 99 anos. Como até hoje se considera japonês, porém, para ele a contagem será de 100, pois na terra dos ancestrais a contagem da idade é diferente. A criança já nasce com um ano. Qual a mensagem que ele deixa para essa data? “Seja quem for, nunca pratique uma atitude de que possa se envergonhar”. Acho que as mais importantes foram a responsabilidade e a disciplina. Meus pais eram bastante exigentes, queriam formar todos os filhos. Diziam que tudo devia ser bem feito para não ter que fazer duas vezes. Assim como para muitos descendentes de sua geração, o estudo era importante, não? Sim, mas tenho um currículo diferente da maioria dos nikkeis. Durante a aula, era uma fera. Prestava atenção, perguntava. No recreio, era um farrista. Mas sempre fui protegido pelas notas, que me autorizavam a ser abusado. O que tem a dizer ao nikkei no ano do centenário? Que se mantenha ético. Para isso, é preciso dizer: eu quero, posso e devo. É um valor que precisa ser preservado. especial centenário 35 Personagens fundamentais Perdidos nos trópicos Artur Silveira da Mota O Barão de Jaceguai, como depois ficou conhecido, foi à China em 1880 em missão diplomática. No caminho de volta, passou por Yokohama, onde manteve contato com o Ministério dos Negócios Estrangeiros. Foi o primeiro a tentar um tratado de comércio e amizade com os japoneses. A entrada em massa dos imigrantes aconteceu a partir de 1908. Antes disso, porém, alguns japoneses já perambulavam pelo Brasil. Os primeiros provavelmente foram Tsudayu, Gihei, Sahei e Tajuro. Eles chegaram a atual Florianópolis, em 1803, meio por acaso. Após o navio Wakamiya Maru sofrer um acidente próximo a Tóquio, em 1793, eles ficaram sete meses à deriva até serem salvos por ilhéus russos. Permaneceram por lá até conseguirem uma carona, dez anos depois, para retornar ao Japão. Antes disso, porém, fizeram uma longa viagem. No meio do caminho fizeram a escala em Santa Catarina. Depois deles, há notícia de que Takeaki Enomoto e mais oito conterrâneos aportaram no Rio de Janeiro, em 1867. Eles faziam estágio na Holanda a mando do governo Tokugawa. No regresso, ficaram 11 dias em solo brasileiro. O caso mais inusitado, porém, é de Manji Takezawa. Não se sabe como ele chegou ao Brasil. Em 1888, ele fundou um circo imperial japonês. Realizou espetáculos na América do Sul. Conta a lenda que chegou a dar aulas de jiu-jitsu para o imperador D. Pedro II. Carlos Botelho O médico piracicabano Carlos José de Arruda Botelho foi secretário de Agricultura durante o mandato do governador paulista Jorge Tibiriçá. Em 1907, ele assinou um acordo com a empresa japonesa Empire Emigration Company, autorizando a entrada dos primeiros três mil trabalhadores daquele país no Brasil. Em maio de 2008, foi homenageado em São Miguel Arcanjo, onde um busto foi confeccionado por sua contribuição durante o processo de imigração. Ryo Mizuno Após visitar o Brasil nos dois anos anteriores, Mizuno comandou a delegação japonesa do navio Kasato Maru, em 1908. Presidente da empresa Kokoku Shokumin Kaisha, ele é tido como um dos grandes incentivadores da vida dos imigrantes. Ele é o responsável por boa parte das informações que existem hoje sobre os pioneiros. Tadashi Nemoto Em setembro de 1894, ele foi designado pelo governo japonês para estudar a situação do Brasil e de outros países do continente americano. Visitou a Bahia, Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. No retorno, descreveu o País como promissor para a migração de japoneses. 36 especial centenário Em São Paulo, Semana Cultural espera mais de 100 mil pessoas Evento trará atrações culturais do Brasil e do Japão A s comemorações do centenário da imigração japonesa terão um brilho especial em São Paulo com um evento que trará um panorama completo da cultura, das artes e da tecnologia do Japão para o Brasil. A Semana Cultural BrasilJapão será realizada de 14 a 22 de junho, das 9h às 22h, no Complexo Anhembi com entrada gratuita. O evento oferece ao público uma oportunidade exclusiva de conhecer e aprender um pouco da cultura japonesa com os melhores profissionais brasileiros e japoneses. O evento busca incentivar o intercâmbio cultural e será dividido em três partes principais: Arte e Tradição do Japão, Workshops As Artes do Japão e o Simpósio Brasil-Japão. Em Arte e Tradição do Japão o público poderá prestigiar apresentações de danças folclóricas, musicais e teatrais no Grande Auditório do Anhembi. Yamabuki Japanese Drum, Coral Guaçatom, Orquestra The Friends, Jazz Sinfônica com Mawaca e Taiko Shô, Dança das espadas, Banda da Marinha Japonesa, Hibiki Family e Concurso de Karaokê estão entre as principais atrações da Semana. O encerramento fica por conta do World Cosplay Summit, o maior campeonato de cosplay do mundo, e show de Fernanda Takai, que cantará clássicos da MPB em japonês, no Auditório Elis Regina. Os workshops As Artes do Japão trarão diversas modalidades das artes japonesas mais próximas do público. Por meio de mini-cursos e demonstrações realizados nas Salas de Apoio do Grande Auditório, as pessoas poderão interagir com as artes do papel, do design e dos sabores ensinadas por renomados profissionais, como a especialista em origami Mari Kanegae, o estilista japonês Kenzo e o criador Jum Nakao, os chefs Adriano Kanashiro e Jun Sakamoto. Cursos de cerimônia do chá, indumentária cosplay, kendô, massagens, figurinos e visagismo aplicados ao teatro e à dança, fotografias japonesas, bailado do nô e muito mais também estarão disponíveis aos visitantes da Semana. E no Simpósio Intercâmbio Brasil-Japão 2008, o público terá a oportunidade de participar de conferências no Auditório Elis Regina sobre temas variados, como Infraestrutura, Nanotecnologia, Meio Ambiente e Gás & Petróleo, ministradas por profissionais de destaque no cenário econômico brasileiro e japonês. Haverá, também, uma exposição técnica de organizações do setor. Os interessados deverão pagar uma taxa de inscrição. (Ver matéria nesta edição) Além dessas atividades, em todo o Anhembi haverá exposições de manga, tanabatas, pipas de Ken Yamazato, Grupo Moyashi’s com quadros em estilo contemporâneo sobre a cultura japonesa, ikebana e origami. Destaque para a exposição inédita de bonecas do artista Yuki Atae e mostra tecnológica do Japão com os robôs PaPeRo da NEC. Para completar o clima nipônico, será construído um jardim japonês no local e uma ampla área de alimentação com muita comida típica. Há a expectativa que a Semana Cultural Brasil-Japão receba cerca de 200 mil visitantes de todo o país nos 10 dias de evento. PROGRAMAÇÃO Grande Auditório 13 de Junho 20:00 Grande Premiere (apenas para convidados) 14 de Junho 09:00 Grupo Miwa-Kai (instrumentos japoneses) 10:10 ANBIM 11:50 Tottori Kasaodori (dança folclórica) 12:40 Festival de Danças Folclóricas 14:00 Associação Brasileira de Musica Clássica Japonesa 15:20 Demonstração de Aikido 17:10 Yamabuki Japanese Drum 18:30 Dança de Salão 20:00 Orquestra The Friends - Música e Saudade do Japão 15 de Junho 43° Festival de Musicas Folclóricas (Colonia Gueinousai) 16 de Junho 14:20 Coral Guaçatom 15:10 O Japão visto daqui com Camilo Carrara 16:20 Conservatório Lucia Kurokawa 17:20 Ensemble Vocal EKI 20:00 Jazz Sinfônica convida Mawaca e Taiko Shô 17 de Junho 13:30 Guin-Ken-shibu (Dança das espadas) 16:00 Festival de Okinawa 21:00 Mariko Nakahira 18 de Junho 12:20 Missa em Memória aos Imigrantes 18:00 Gagaku (música clássica japonesa) 18:40 Wadaiko sho Kinoshita 19:30 Esaki Toshiko e Ai Yazaki Show 21:00 Haku Hinode (UFPB) 37 especial centenário 19 de Junho 13:00 Coral Madrigal 13:50 Hanagayagui Ryu Kinryu-Kai 15:00 Banda da Marinha Japonesa 15:40 Brasil Kyodo minyo Kyoukai 18:10 Tambores do Japão Remmei 20:00 Balé Yuba 20 de Junho 12:00 Coro AUN da Argentina 12:40 Shamisen de Tsugaru 13:30 Yasukibushi Douthyu 15:00 Kagura (Dança dos Deuses) 18:00 Hibiki Family 20:00 Associação Wabunka 21 de Junho UPK Paulistano 15:40 Intervalo Solenidade 22 de Junho UPK Paulistano Auditório Elis Regina 13 de Junho 08:00 Pré-Simpósio. 14:00 Inscrições e Cadastramentos 19:00 Coquetel do Centenário da Imigração Japonesa 14 de Junho 08:20 Abertura Oficial. 10:00 Palestra de Abertura. 10:30 Relações Econômicas BrasilJapão. 14:00 Tecnologias em Meio Ambiente de interesse bi-lateral. 16:30 Tecnologias de Gás e Petróleo no Japão e Brasil. 18:30 Coquetel do Simpósio. 15 de Junho 08:00 Avanços Tecnológicos na área do câncer no Japão e Brasil. 10:30 Avanços Tecnológicos na área da cardiologia no Japão e Brasil. 14:00 O presente e o futuro da Nanotecnologia no Japão e Brasil. 16:30 Políticas habitacionais no Japão e Brasil. 19:00 Palestra especial Lean Production. 20:00 Banquete. 16 de Junho 08:00 Tecnologias em Obras de Infra estrutura no Japão e Brasil. 10:30 Reformas Universitárias no Japão e Política de pesquisa no Brasil. 14:00 Qualidade de vida. Experiência japonesa e brasileira. 16:30 Diabetes- Uma epidemia mundial no Japão e Brasil. 19:30 Happy Hour na Feira. 17 de Junho 08:00 Pós Simpósio. 08:30 Pantanal e Amazônia. 10:30 Outros palestrantes convidados. 14:00 Outros palestrantes convidados. 16:30 Outros palestrantes convidados. 19 de Junho 13:30 às 14:30 Nitsu Intercambio Cultural Brasil Japão 20 de Junho 12:30 às 15:00 Fujio Minyo Shisetsudan 21 de Junho 19:00 às 23:00 WCS 2008 Etapa JBC Brasil - World Cosplay Summit 22 de Junho 20:00 às 21:30 Fernanda Takai Show de Encerramento da Semana Serviço: Semana Cultural Brasil-Japão Local: Centro de Convenções do Anhembi e Auditório Elis Regina/ São Paulo Data: 14 a 22 de Junho de 2008 Horário: das 9h às 22h 38 especial centenário A Um brinde ao futuro o longo deste ano, em que é comemorado o centenário da imigração, muito tem sido dito sobre a nossa cultura e os nossos costumes introduzidos no Brasil com a vinda dos primeiros imigrantes japoneses. Nem tampouco poderiam deixar de ser lembradas a determinação, a força de trabalho, a honestidade, a humildade e a lealdade quando se fala da comunidade Nikkei. E nem poderia ser diferente! Afinal, são essas as primeiras características identificadas pelos brasileiros quando se fala do imigrante japonês. Mas, eu gostaria de expressar aqui meu respeito aos pioneiros e minha esperança nos jovens descendentes, que formam a maior comunidade japonesa fora do Japão. Os imigrantes deixaram para trás um país destroçado pela guerra e mergulhado em grave crise econômica. Encontraram aqui uma Nação jovem, promissora e ansiosa por desenvolvimento. Cem anos depois, os jovens descendentes encontram um país em um ciclo de crescimento, buscando solidificar seus fundamentos econômicos e se integrando ao restante do mundo desenvolvido. Muito ainda falta, é verdade! A educação, principal suporte do crescimento, está sendo ampliada para a inclusão de grandes parcelas da população. Os investimentos necessários para ampliação dos diversos segmentos econômicos geradores de renda e de emprego com conseqüente expansão do mercado consumidor, ainda são pequenos, mas estão aumentando. Apesar das dificuldades, estamos lutando e perseverando, assim como fizeram os pioneiros da imigração. O Japão, nesses cem anos, cresceu e se modernizou. Fruto da feliz combinação de trabalho, maciços inves- investimentos em infra-estrutura e inovação e ênfase na educação, a pátria deixada para trás é hoje a segunda potência econômica da terra, com um PIB gigantesco e uma das maiores rendas per capita do mundo. No Brasil, a vocação empreendedora dos japoneses é revelada pelas inúmeras empresas fundadas pelos imigrantes japoneses. Jovens talentos empresariais são encontrados em diversos segmentos da economia. Na política e na gestão pública, nas universidades e nos centros de pesquisas, nos poderes da república e nas mais diferentes instituições brasileiras são muitos os descendentes que glorificam e honram seus antepassados. Tudo isso sem falar no talento artístico de alguns, mundialmente conhecidos pela beleza de suas obras. Em cada família Nikkei há, com certeza, lindas histórias e grandes exemplos de superação pessoal, de luta e de sucesso. Com certeza, todas as famílias nikkeis têm muito do que se orgulhar! Japoneses e brasileiros há cem anos cultivam o ideal de transformar o Brasil em um país com adequada redistribuição de renda e altos índices de desenvolvimento. Enfim, em um país mais justo e igualitário. A nós, que comemoramos hoje o centenário da nossa imigração, cabe a responsabilidade de dar o exemplo de trabalho duro para preparar o caminho para as gerações futuras, como fizeram para nós os nossos antepassados. Se nesse Centenário os pioneiros devem ser reverenciados pela bravura, devemos erguer também um brinde ao futuro, cujas gerações terão o dever de preservar o honroso legado deixado por nossos avós. William Woo, 39 anos, engenheiro, é deputado federal pelo PSDB-SP Sashimi de carpa H oje dei início a um exercício simples chamado “olhar para dentro”. Este “olhar para dentro” tem a façanha de enxergar muito mais do que os olhos vêem. Por meio dessa prática é possível olhar com a alma e ver toda a trajetória de um povo numa terra desconhecida que hoje se tornou o lar de mais de um milhão de japoneses natos e um número incalculável de descendentes. Tenho muito orgulho de participar da comemoração do centenário da Imigração Japonesa no Brasil. Orgulho por reconhecer que somos um povo que durante todas essas décadas conseguimos nos integrar à sociedade brasileira de forma harmoniosa e pacífica e, ao mesmo tempo, manter nossa cultura vida e punjante. Fico emocionado ao saber que conosco nas comemorações do centenário estará Naruhito, o príncipe-herdeiro do Japão, representando a Família Imperial Japonesa. É uma honra para nós japoneses e seus descendentes termos um representante da mais alta estirpe do Japão nesta ocasião. A presença do príncipe fortalece os lados de amizade dos nossos povos. Ainda neste exercício de “olhar para dentro” consigo sentir a ansiedade e a esperança daqueles especial centenário Homenagens e novas perspectivas H á pelo menos dois anos, a comunidade nipo-brasileira se prepara para o Centenário da Imigração Japonesa. Trata-se de um momento muito importante para todos nós, afinal, após cem anos de luta, colhemos os frutos plantados com paciência, esmero e determinação pelos nossos ancestrais. Olhamos para o passado com orgulho. Os primeiros imigrantes superaram obstáculos, escreveram uma história de glória e deixaram grandes legados, que vão desde a preservação dos princípios morais, como ética, honestidade e integridade, até a transferência de tecnologia. Sem dúvida, neste Centenário, devemos agradecer a todos os imigrantes, com sinceridade. Eles merecem as mais belas homenagens.Mas 2008 vai além das festividades. Este é o ano das oportunidades. O marco dos cem anos tem sido um ótimo motivo para Brasil e Japão se aproximarem e aquecerem suas relações bilateriais, sobretudo, na área econômica. Este semestre, estive duas vezes no Japão: uma em missão oficial com o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT/SP), e outra representando o Grupo Parlamentar Brasil-Japão. Nas duas viagens, os japoneses deixaram visível o interesse pelo etanol brasileiro, e o desejo de implantar o trem de alta velocidade no Brasil (trem-bala). A apresentação do shinkansen já foi feita ao governo brasileiro, que tem visto a tecnologia japonesa com bons olhos. Por outro lado, o Brasil tem aproveitado o aquecimento da amizade para retomar alguns assuntos delicados, como a instalação de uma fábrica de semicondutores (chips) para a TV Digital. Quando o presidente Lula assinou o contrato adotando o padrão japonês para a implantação da TV Digital no País, em 2006, selou-se o acordo de o Japão instalar a fábrica, formar mão-de-obra especializada e criar condições que viabilizassem a implantação da tecnologia no Brasil. Em abril, o Japão sinalizou com a perspectiva de concretizar o projeto. Outro assunto é a assinatura de acordos de cooperação bilateral, que podem beneficiar nossos dekasseguis. O presidente do Grupo Parlamentar Japão-Brasil, deputado federal Taro Aso, ressaltou que o acordo previdenciário pode ser firmado ainda este ano, depois de seis anos de negociação. Os demais acordos, o educacional e os das áreas judiciárias cível e penal, ainda estão em andamento, mas contam com o apoio de parlamentares japoneses. Com certeza, o Centenário da Imigração Japonesa será memorável, não só pelas comemorações, mas por tudo o que conquistaremos para o Brasil e para os dekasseguis a partir de agora. É muito bom saber que os próximos cem anos começarão com o pé direito. Espero que possamos escrever uma história de progresso e sucesso tão singular como fizeram nossos pais e avós. Walter Ihoshi Deputado Federal (DEM/SP) primeiros imigrantes que chegaram no porto de Santos em 1908, a bordo do Kasato Maru. Naquela ocasião, apesar de todas as dificuldades, um “casamento” se consolidava. O Brasil precisava de mão-de-obra estrangeira para as lavouras de café e o Japão passava por um grande período de crescimento populacional, sem conseguir gerar empregos para toda a população. Muitas dificuldades foram enfrentadas pelos primeiros imigrantes, em especial, durante a Segunda Grande Guerra quando centenas de famílias que habitavam o Litoral de São Paulo foram retiradas de suas terras e recolocadas no Interior de São Paulo, devido ao fato do Brasil e Japão estarem em posições opostas durante o conflito. Atualmente, o Brasil é o país com a maior quantidade de japoneses fora do Japão. Plenamente integrados à cultura brasileira, contribuem com o crescimento econômico e desenvolvimento cultural do país. Os japoneses trouxeram junto com a vontade de trabalhar, sua arte, costumes, língua, crenças e conhecimentos técnicos. Juntos com outros imigrantes como portugueses, italianos, espanhóis, árabes, chineses, alemães e muitos outros povos, os japoneses estão totalmente adaptados a este leque multicultural chamado Brasil. E para finalizar, dou a última olhada através da alma e lembro que aquele momento histórico da II Guerra Mundial ocorrida na primeira metade do século XX teve uma conseqüência muito benéfica: acarretou uma aglomeração de imigrantes na cidade de Bastos/SP, município com a maior população de origem japonesa, proporcionalmente, de todo Brasil. Graças a esta característica seus moradores são o exemplo da integração das duas culturas. E foram além: são os únicos do Brasil a produzir a iguaria “sashimi de carpa” que requer um minucioso preparo para ser degustada. Um prato de fazer inveja ao paladar brasileiro e japonês. Vereador Ushitaro Kamia - [email protected] 39 40 especial centenário Miss Centenário Brasil-Japão é de Mogi das Cruzes Karina Eiko Nakahara, de 26 anos, foi eleita a nikkei mais bonita no fim de maio C Texto: Cíntia Yamashiro | Fotos: Divulgação om direito a transmissão pelo programa Amaury Jr. Show, da Rede TV!, e a presença de milhares de pessoas que foram até o Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo, numa noite de sábado, a bancária Karina Eiko Nakahara, 26, foi eleita a Miss Centenário Brasil-Japão em concurso realizado no dia 17 de maio. Natural de Mogi das Cruzes (SP), ela foi selecionada como representante do Alto do Tietê, na etapa paulista das classificatórias. Recém-formada em odontologia, Karina tem 1,75m de altura, pesa 56kg e estampa um sorriso perfeito no rosto. Não é a toa, já que ela é formada em Odontologia. E além de Karina, o concurso premiou também outras quatro concorrentes, nesta ordem crescente: a paranaense Natalia Miura Catrochio, 17; a paulistana Juliana Midori Higa, 18; a gaúcha Tsuellen Harumi Assanuma, 25; e Laís Higashi, 16, também do Paraná. Mas não foi fácil decidir quem seria escolhida como a mais bela. As 20 candidatas que chegaram à final demonstraram graça e simpatia aos jurados, desfilando primeiro com roupas inspiradas em mangá e animê e depois, com vestido de gala. Entre as concorrentes havia também candidatas do Rio de Janeiro, Distrito Federal, Paraíba, Pernambuco, Minas Gerais, Pará, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Rondônia e Pará. As meninas, entre 15 e 27 anos, eram todas descendentes de japoneses, e chegaram à final após serem classificadas em concursos regionais. Karina, neta de japoneses por parte de pai e com mãe brasileira, recebeu a coroa e a faixa da ex-Miss Brasil Nathália Guimarães, que também foi jurada do concurso. Outras personalidades presentes na festa foram os apresentadores Kendi Yamai, Sabrina Sato, Amaury Jr., a primeira-dama do Estado Mônica Serra, o cartunista do centenário Maurício de Souza e os músicos do KLB. Como Miss Centenário Brasil-Japão, Karina tem como compromisso freqüentar os eventos oficiais da comemoração, simbolizando a amizade entre os dois países. Trabalho e eventos Com o triunfo, a bela foi contemplada ainda com um carro 0km e uma viagem a Punta del Este, no Uruguai, com todas as despesas pagas. Em entrevista à revista Mundo Ok, duas semanas após a final, ela já sentia a mudança na sua rotina, e tem se esforçado para conciliar o trabalho com os eventos. “Continuo trabalhando porque não posso parar, né. Tenho ido muito a São Paulo, e como muitos eventos são à noite, vou direto do banco. É uma correria, mas está sendo bem legal”, afirmou. A tiracolo, sempre tem alguém para acompanhá-la: a mãe, o pai, o irmão ou o namorado, Rodrigo. Com contrato de um ano, Karina continuará representada como miss mesmo após o auge das comemorações, que é o mês de junho – daí já num ritmo mais calmo. Notícia em São Paulo e em todo o resto do País pela conquista, a simpática Karina Nakahara é congratulada especialmente em sua cidade. “Em Mogi está sendo muito divulgado na mídia local, e as pessoas me parabenizam pela conquista. Estou muito feliz”, reflete. E apesar de já ter sido procurada para investir na carreira de modelo, ela prefere não tratar do assunto agora. “Tenho até propostas, mas por enquanto não pensei nisso. Pretendo continuar como dentista, que foi o que eu estudei.” Eleita como um dos símbolos dos cem anos de imigração, a nikkei vê as comemorações como “importantes na divulgação da cultura e para valorização do passado – não só pelos japoneses –, principalmente por suas conquistas, suas lutas e seu trabalho”. especial centenário Amaury Jr, D.Celina, Ossamu Matsuo e Kendi Yamai juntos com as vencedoras. Abaixo, o desfile das concorrentes Amaury Jr, princesas, Kendi Yamai e com a Miss Centenário Karina Nakahara, a Miss Natália Guimarães 41 42 integração 100 anos de paixão pelo sucesso O CNA Liberdade, que há 28 anos faz parte da comunidade, homenageia os 100 anos da imigração japonesa. Neste meio tempo, a escola vem participando do dia-a-dia da região, ensinando inglês e espanhol para todas as idades e através de eventos para a comunidade. Eventos como colônia de férias para seus 991 alunos e oficinas de reciclagem (para alunos e para a comunidade) são apenas alguns exemplos dessa interação. Além disso, parcerias com instituições de ensino e empresas do bairro também fortalecem os vínculos com a comunidade japonesa. Uma comunidade que faz história há 100 anos e influencia toda a cultura da cidade de São Paulo, como a maior concentração de imigrantes japoneses no Brasil. Não à toa, o bairro é ponto de referência e de turismo, recebendo visitantes de todas as partes. Membros da comunidade também são notórios viajantes, e não só para seu país de origem. CNA Liberdade Endereço: Av. Liberdade, 851 Fones: (11) 3208-0177 / 0257 / 0770 e-Mail: [email protected] Site: www.cna.com.br/liberdade Assim, depois da língua japonesa, o inglês é o idioma mais procurado, falado em todo o mundo, seguido do espanhol. Quer saber como escolher a escola de idiomas certa para você? Confira as dicas a seguir. Em primeiro lugar, procure por escolas de uma rede reconhecida no mercado. Indicações de amigos também são super importantes. Converse com o coordenador pedagógico da escola em que pretende estudar, conheça o material didático, faça um verdadeiro tour pela escola para conhecer as salas de aula, o laboratório, a área de convivência. Ambiente e infra-estrutura influenciam muito na qualidade do aprendizado. Procure conhecer também o método de ensino. Atualmente, aulas longas, burocráticas e chatas estão ultrapassadas e a conversação é importante para agilizar o seu aprendizado. Afinal, o que você mais quer é sair falando inglês e espanhol, certo? 43 44 beleza YAKULT: Biotecnologia à serviço da saúde e beleza N o Japão, após anos de pesquisa, o Dr. MINORU SHIROTA, especialista em Medicina Preventiva da Universidade de Kyoto, conseguiu selecionar um tipo de lactobacilo altamente resistente denominado Lactobacillus casei Shirota. Iniciou-se então, a partir de lactobacilos vivos selecionados, o desenvolvimento do “Leite Fermentado Yakult”, mais conhecido popularmente como YAKULT. Em 1935, no Japão, a Yakult Honsha iniciou suas atividades de fabricação e vendas de produtos alimentícios. Como o desejo de propagar mais saúde para o mundo, a Yakult atravessou fronteiras e chegou ao Brasil em 1968, iniciando a construção de sua primeira fábrica em São Bernardo do Campo - SP, sob a supervisão de técnicos japoneses, sendo os produtos comercializados através de revendedoras autônomas. Hoje, passados 40 anos, a Yakult brasileira mantém sua filosofia de fabricar produtos 100% naturais, no firme propósito de contribuir com a saúde das pessoas, através da Ciência da vida. YAKULT COSMETICS : A origem Ao desenvolver ao longo dos anos os Lactobacillus Casei Shirota, ativo lácteo contido no leite fermentado Yakult (pioneiro mundial nos anos 30), a equipe dos laboratórios da empresa, no Japão, percebe que as mulheres que trabalhavam na produção do leite fermentado tinham as mãos macias e sedosas. Essa descoberta levou os pesquisadores à identificação de uma substância muito parecida com fatores de hidratação naturais da pele (NMF), originando o desenvolvimento dos cosméticos. Afinal, se os lactobaccilus faziam bem para a saúde interna (intestino), também fariam bem externamente para a pele. O equilíbrio entre a Beleza Interna e a Beleza Externa revelou a geração de cosméticos iniciada pelo exclusivo Complexo S.E.® oferecidos pela Yakult Cosmetics. Há oito anos no Brasil, a marca ampliou a série de ativos biotecnológicos fermentados do leite que passaram a influenciar na cosmecêutica, destacando-se com ingredientes como o Hialuronato de Sódio e o Dual Moist Balance – DMB (associação dos ácidos glicólico e lácteo). Tais ingredientes compõem e potencializam as propriedades hidratantes das recém lançadas linhas Revecy-BR e Ski Essence SP- Profissional, ambas para tratamento da pele facial. Oportunidade de Negócios como CONSULTORA DE BELEZA : No Brasil, o principal canal de distribuição da empresa é o de Vendas Diretas (porta-a –porta), através de Consultoras(es) de Beleza, que revendem os produtos diretamente aos seus contatos e consumidores finais, com boa margem de desconto. Para se tornar um(a)Consultor(a) de Beleza Yakult Cosmetics e ingressar na atividade de revenda dos produtos, a(o) interessada(o) deve revelar um perfil de pessoa comunicativa, que gosta de se relacionar com pessoas e ser empreendedor. Não há necessidade de experiência anterior, pois a nova Consultora de Beleza irá receber treinamento, dicas de vendas e o acompanhamento de uma Promotora de Negócios. Para iniciar a atividade, basta entrar em contato com o serviço de atendimento da empresa (0800131260) ou visitar o site : www.yakultcosmetics. com.br e efetuar o cadastro tornando-se uma Consultora de Beleza da marca. 45 46 dekassegui Mais serviços bancários aos brasileiros no Japão Itaú reforça presença no Japão com inauguração de subagência em Toyohashi O Banco Itaú comemora três anos em solo japonês com mais um passo para a consolidação da sua estratégia de internacionalização. De olho no promissor mercado asiático, desde o mês passado a instituição oferece aos clientes do Japão mais um ponto de atendimento no país. Sua primeira subagência acaba de ser inaugurada em Aichi, na cidade de Toyohashi, região onde residem aproximadamente 35 mil brasileiros. Com a novidade, os clientes terão à disposição produtos e serviços, entre eles remessas, contas poupança e opções de investimentos. A nova subagência funcionará de segunda a sábado, das 9h às 15h, no endereço Aichi-ken Toyohashi-shi Mukayama Oike-cho 18-12 e oferecerá aos brasileiros a facilidade de solicitar a abertura de uma conta no Itaú Brasil, realizar remessas de recursos para o exterior, efetuar Concentração de brasileiros chega a 35 mil em Toyohashi efetuar transferências e investimentos, entre outras operações. Os clientes no Japão também terão acesso ao Itaú Bankline (www.itau. co.jp) e Itaú Bankfone (0120-4828-58) para informações sobre os serviços oferecidos no novo ponto de atendimento. A inauguração da subagência em Toyohashi é mais um capítulo de uma história que começou a ser contada no Japão há mais de três anos, com a inauguração da agência do Banco Itaú em Tóquio em 2004 e está em linha com o compromisso do banco em facilitar o acesso aos produtos e serviços para os clientes brasileiros que vivem na terra do Sol nascente. Somente no Japão vivem mais de 280 mil brasileiros que enviam cerca de US$ 2 bilhões todos os anos ao Brasil, segundo dados do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). Com os investimentos na região, os clientes que estão no Japão conseguem realizar operações bancárias 24 horas por dia, 7 dias por semana por meio dos canais de atendimento. dekassegui 47 48 perdido no japão Sumimasen, Pega Ladrão! O Japão é um país inserido num sistema sem grandes desigualdades sociais, graças a isso a violência e a criminalidade no país beiram a zero. Era o que eu pensava quando cheguei aqui... Quando vim para cá, achei que os únicos problemas que teria que enfrentar seriam os desastres naturais (terremotos, vendavais e cia. Ltda.), o clima (inverno frio como uma geleira e verão quente feito um forno) e a comida (tudo meio adocicado e o que tem que ser doce, de fato não é). Uma das últimas coisas que pensei que pudesse acontecer comigo aqui era ser furtado. Pois é, aconteceu. Na verdade, isso ocorreu poucos dias depois que cheguei na cidade de Hamamatsu, mas como já era quase a data do Golden Week, tive que enviar primeiro a matéria falando do feriadão, pois caso contrário, deixaria de ser uma “matéria quente”, como diriam meus amigos jornalistas. Pois bem, segue agora a “matéria fria” relatando a fria em que eu me meti. Todos sabem que um dos meios de transporte mais usados pelos japoneses é a bicicleta, por ser um meio econômico, ecológico e seguro, já que existem ciclovias na maioria das avenidas principais e os condutores dos automóveis respeitam e dão a preferência aos ciclistas. Assim sendo, também adotei uma para agilizar minha locomoção. Porém, antes mesmo de me familiarizar com meu novo veículo de duas rodas, alguém a pegou emprestada, sem pedir e por tempo indeterminado. Foi só o tempo de eu dar uma voltinha pela cidade, conhecer um depato aqui, uma lan house ali...Cerca de duas horas. Quando voltei, a bicicleta já não estava mais onde a havia deixado. Nem o super cadeado de código comprado numa dessas lojinhas de 100yen intimidou o malfeitor. Pra piorar, quando fui dar queixa na polícia, ainda tive que ouvir o seguinte conselho: “Tome cuidado com seus pertences por aqui, sabe como é, nessa cidade tem muito brasileiro e peruano...” Minha nossa, olha só a imagem que os brasileiros tem aqui! Relembrando a clássica frase do ilustre Boris Casoy, isso é uma vergonha! E não é para menos que o policial me deu essa dica, pois grande parte dos casos de furto e roubo que acontecem na região de Shizuoka são praticados por estrangeiros de origem latina. Aos poucos, vi que essa desconfiança em relação aos brasileiros está presente em toda a cidade, enquanto em Gunma eu era uma “atração turística” para os habitantes, que viviam me perguntando sobre o Brasil, aqui percebo que muitos me olham com um pé atrás. Mas não os culpo, é o poder da marca, devido a essa minoria de energúmenos que mancharam a imagem dos brasileiros em algumas partes do Japão, todos pagam. E aqui termino o relato de uma experiência bem inesperada e desagradável que me ocorreu por esses dias aqui no Japão. Penso, contudo, que toda experiência é válida para o nosso processo constante de aprendizagem, afinal, se tudo fosse perfeito e sem contratempos, não ia ter a menor graça! Está começando a esquentar e mal posso esperar para contar minhas aventuras de verão aqui no Japão (Ok, não era para rimar...). Gambarimasu! Jya mata. * Fabio Seiti Tikazawa é publicitário, aprendiz de dekassegui, aspirante a redator e utiliza dois cadeados e uma corrente de ferro para prender a bicicleta. turismo 49 Em busca dos japoneses O Brasil quer mais turistas, em especial do Japão. Com essa meta a ser cumprida, e com intuito de prestar homenagens aos descendentes no ano do Centenário da Imigração, a ministra do Turismo, Marta Suplicy, assinou no dia 30 de abril, juntamente com o presidente do Instituto Rosa Okubo, Mário Massao, o termo de cooperação para conferir a medalha do Mérito do Turismo do Centenário da Imigração Japonesa do Brasil. Trata-se de um prêmio a ser conferido a japoneses e descendentes que se inscreverem por meio de monografia, a ser avaliada por historiadores e julgada por notório saber; além de buscar marcos e contribuições de pessoas que tornaram Brasil e Japão nações mais próximas e solidárias. Animada com o termo de cooperação, Suplicy disse que com a instituição da medalhe se estabeleceu um processo de reconhecimento público das pessoas que tiveram destaque no fortalecimento das relações entre os dois países. Refletindo sobre a cultura japonesa, a ministra destacou que a qualidade que mais aprecia nos japoneses são os valores familiares, o respeito à família e a perseverança, sem deixar de lembrar Rosa Okubo, “uma mulher fantástica” que esteve sempre á frente de seu tempo. O presidente do Instituto Rosa Okubo, Mário Massao, agradeceu a ministra do Turismo e equipe por considerar que a instituição da honraria foi muito bem acolhida pelo MTur e que houve sensibilidade para que, de modo ágil, se estabelecesse a parceira. “Num prazo recorde tivemos a aprovação dos documentos que permitiram a realização dessa assinatura”, é uma vitória. 50 click O APRESENTADOR YUDI DO PROGRA MA BOM DIA & CI ABRILHANTOU O A, STAND DA REVIS TA MUNDO OK EN VICTÓRIA E JULIA TRE AS FÃS NA ITIHARA YUDI E YUKI SUSSUMI ARAKI, PRESIDENTE DA ACENBO VEREADOR FUMIO MIAZAKI, DEP. FED. WILLIAM WOO, MISS NIKKEY OSASCO, VEREADOR FABIO YAMATO, PRINCESA NIKKEY OSASCO E DEP. FED. WALTER IHOSHI APRESENTAÇÃO DO GRUPO HIKARI DAIKO NA ESTAÇÃO SÉ DO METRÔ NO DIA 21/05 D. HELENA KAMIA, VEREADOR USHITARO KAMIA E SR. MARIO KAMIA HOMENAGEADOS RENATO NAKAYA, IEDA QUERUBINI, TOSHIMITI SASAZAKI, SHUNJI NISHIMURA, JORGE MAEDA, CHIEKO AOKI, RUY OH 51 click DEP. FED. WILLIAM WOO E MILT ON TOSHIO NAKAMURA SUPERINTENDENTE EXECUTIVO DO BANCO REAL CENTENAS D E TSURUS(O RIGAMI) E M OSTRA DE FOTOS VEREADOR AURÉLIO NOMURA E MARCELO IKEMORI MARCIO LUPION E EQUIPE MANOEL KENJI CHIKAOKA, PREFEITO DE REGISTRO CLÓVIS VIEIRA MENDES, SATORU SASSAKI, RICARDO YADA GER. GERAL BANCO REAL DE REGISTRO FÁBIO BARBOSA, PRESIDENTE DO BANCO REAL KOKEI UEHARA E OSSAMU MATSUO AMAURY JR, KARINA E KENDI 52 mundo oriental Coreanos comemoram 45 de imigração no Brasil E les vieram para cá em um grupo pequeno, denominado como “precursores”. Enfrentaram 56 dias de angustia e desconforto em um navio cargueiro até chegarem ao Porto de Santos, em 1963. Naquele ano, desembarcavam aqui 103 coreanos cheios de sonhos e esperanças. Depararam-se com um país desconhecido, língua e costumes tão diferentes, que parecia ser uma barreira jamais dissolvida. Aqui, suaram a camisa, em meio a tantas lágrimas derramadas, para, hoje, comemorarem sorrindo os 45 anos da chegada dos primeiros imigrantes. Uma celebração que marca o agradecimento pela terra que os acolheu, possibilitando melhores oportunidades. “É um dia muito especial, que eu esperei muito. Nós [comunidade] estamos prontos para abraçar e nos integrar a sociedade brasileira”, afirma a empresária Clara Oh, vice-presidente da Associação Brasileira dos Coreanos. Segundo ela, com as novas gerações nascidas aqui e já habituados com a cultura e os Deputado Federal Willian Woo, Vereador Ushitaro Kamia, Sr. Dong Soo Park - Presidente da Associação Brasileira dos Coreanos, Sra Song Já Oh (Dna Clara)Vice-Presidente da Assoc.Brasileira dos Coreanos, Sr. Orlando de Almeida Filho - Secretário da Habitação, Sr Soon Tae Kin - Cônsul Geral da República da Coréia, Deputado Federal Vicentinho costumes locais, agora vêem o Brasil como uma segunda nação. “Há cerca de 15 anos, não tinham condições de formar essa integração por Missão em prol da sociedade ainda serem muito fechados”, esclarece. Motivo esse que talvez explique o escasso conhecimento que se tem desta comunidade. Hoje, dentre tantas atividades realizadas por esta comunidade, destacam-se na indústria e comércio têxtil, ramo antes dominado por judeus e árabes. Um serviço desenvolvido porque não necessitava de comunicação, grande dificuldade enfrentada. Trabalharam dia e noite para ir além de conquistar o território do Brás e Bom Retiro: promoverem democratização da moda, produzindo peças de alta qualidade a preços populares. Dessa forma, estabeleceram-se no Brasil com uma população estimada em 50 mil coreanos e descendentes. Investiram não só nos negócios, mas principalmente na educação dos filhos. De acordo com Clara, 100% dos jovens da comunidade possuem curso superior, atuando como empresários e profissionais liberais como engenheiros, médicos, advogados, dentistas e professores. Nada mal para quem chegou há 45 anos em um país totalmente desconhecido. rremoto na China vítimas de te Brasileiros enviam doações a A embaixada do Brasil na China, em Beijing, se empenhou para demonstrar a solidariedade do povo do país latino-americano com as vítimas do terremoto que sacudiu a província de Sichuan, sudoeste da China, no mês passado, e trabalhou até o final de semana para agilizar a entrega das doações autorizadas por Brasília. “[A entrega das doações] foi uma operação complicada, que nos fez trabalhar no finalde-semana. Mas valeu a pena”, contou em entrevista à Xinhua a primeira-secretária do Setor Político da embaixada brasileira, Daniella Menezes. A diplomata coordenou o processo de coleta e envio dos alimentos, tendas e agasalhos avaliados em um total de US$ 200 mil. Ela comentou que a legislação brasileira determina que as doações só possam ser feitas em produtos. E acrescentou que a escolha dessas mercadorias foi feita após consulta ao Ministério das Relações Exteriores chinês, a fim de saber exatamente o que atenderia melhor às vítimas do tremor. Mas entre essa busca de informações junto à chancelaria chinesa, que ocorreu em 16 de maio, e a entrega dos bens três dias depois, havia um sábado e um domingo, dias em que os diplomatas brasileiros usualmente não trabalham. Além dos produtos, o trem também levou as condolências expressas pelo vice-presidente, José Alencar, pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e pelo embaixador Castro Neves. Além disso, foi junto uma mensagem enviada à parte chinesa pelo presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva: “muito entristecido com a devastação causada, quero expressar a solidariedade do Governo e povo brasileiro diante da perda de milhares de vidas humanas, dos incontáveis feridos e danos materiais”. mundo oriental A formosa ilha que cresce na economia da Ásia A República da China, também conhecida como Taiwan ou Formosa, é uma ilha de aproximadamente 36 mil quilômetros quadrados, localizada no Mar do Sul da China, entre a costa da República Popular da China, a oeste, as Filipinas, ao sul, e o Japão, ao norte. Fundada em 1912, quando o país estava sob dominação japonesa, é a república constitucional mais antiga da Ásia. Em 1949, quando o Partido Comunista da China proclamou a República Popular da China no continente, o governo da República da China estabeleceuse em Taiwan. É um país capitalista e tem uma população calculada em 23 milhões de habitantes. Suas principais cidades são Taipei, a capital, com uma população de 2,5 milhões de habitantes, Taichung, principal cidade do centro do país, e Kaohsiung, ao sul. Com eleições diretas desde 1996, a população é quem vota, exercendo o direito de democracia. Em maio deste ano, tomou posse o novo presidente, Ma Ying-jeou, do Kuomintang. Uma posição estratégica entre outras nações asiáticas lhe permite realizar intercâmbios culturais, comerciais e turísticos com a região. É um destino muito procurado internacionalmente, principalmente por turistas dos países vizinhos. Taiwan 53 Mostra fotográfica em São Paulo O desenvolvimento tecnológico em Taiwan, que tem impulsionado a indústria e economia local, é foco de uma exibição fotográfica este mês em São Paulo. São 40 fotos da série “Taiwan: Conectandose com o mundo”, que ilustram como esse progresso está presente no dia-a-dia das pessoas, na educação, na forte produção de chips e peças de informática ou telefonia móvel, nos transportes, na engenharia entre outros. As imagens são fornecidas pela Divisão de Informações do EECT, e objetivam oferecer uma melhor compreensão sobre Taiwan, uma das economias mais avançadas na Ásia. Até 28 de junho (2ª a sábado, 10h às 22h; ou domingos, 12h às 22h), no Conjunto Nacional (Av. Paulista, 2073, piso térreo São Paulo). A sétima arte de Taiwan no Brasil Área (Taiwan e ilhas associadas): 36.200km² População: 22,82 milhões (julho de 2006) Capital: Cidade de Taipei Língua oficial: Mandarim (chinês) Outras línguas: Holo/Hakka (chinês) e línguas austronésias PIB per capita: US$ 15.291 (2005) Taxa de crescimento econômico: 4,03% (2005) Exportações: US$ 198,43 bilhões (2005) Importações: US$ 182,62 bilhões (2005) Reservas Externas: US$ 200 bilhões (julho 2006) Taxa de desemprego: 4,13% (média de 2005) Fonte: GIO Além da rica variedade em flora e fauna, a tradição cultural folclórica, a calorosa recepção de seu povo, o país atrai muitos interessados em negócios e eventos como feira de informática. E um dos pontos turísticos que mais chama a atenção na capital é o edifício Taipei 101 Tower, com 508 metros de altura e 101 andares. Desde 2004 se considerava o mais alto do planeta. E impressiona não só pela altura como pela avançada tecnologia implantada, além de ser erguida sob uma área de ocorrências de terremotos. Relações com o Brasil No ranking da balança comercial de Taiwan com outros países, o Brasil ocupa a 24ª posição. Os números registrados entre janeiro e dezembro de 2007 apontam o comércio em US$ 3,011 bilhões, o maior parceiro da América Latina, de acordo com o Ministério da Economia de Taiwan. Em primeiro vem a China, seguida do Japão e Estados Unidos. Entre os produtos que mais se destacam nas exportações ao Brasil está o diesel, circuito integrado, peças de máquinas e aparelhos eletrônicos, entre outros. Do Brasil, Taiwan compra minério de ferro e concentrados, outros produtos semi-acabados de ferro, grãos de soja, aeronaves, algodão, etc. A representação oficial do governo é o Escritório Econômico e Cultural de Taipei. Atualmente, a comunidade taiuanesa no Brasil representa um total aproximado de 100 mil pessoas, que começaram a chegar na década de 50, e a maioria se fixa hoje em São Paulo. Os filmes de diretores taiuaneses estão sendo apresentados em diversas capitais brasileiras. Entre os dias 6 e 12 de junho, aconteceu a mostra “O cinema contemporâneo de Taipei”, em Salvador (BA), com seis filmes legendados da década de 90 a época atual. Dentre eles, destaque para “A arte de viver” (Ang Lee, 1991), “Three times” (Hou Hsiaohsien, 2005) e a animação “A avó e seus fantasmas” (Xiaodi Wang, 1998). O evento aconteceu na Fundação Cultural do Estado da Bahia, e teve a realização de seu Núcleo de Difusão Cultural em conjunto da Divisão de Informações do Escritório Econômico e Cultural de Taipei no Brasil. Somente neste primeiro semestre do ano, foram exibidas produções no Sesc Arsenal, em Cuiabá; Cinemateca Brasileira, em São Paulo; e Cinemateca do MAM, Rio de Janeiro. As produções exibidas, em sua maioria, pertencem ao acervo do EECT. 54 jmusic JAM Project: Supergrupo de animesongs aterrissa no Brasil para show histórico R esgatar a essência das Animesongs. Para isso nasceu o JAM Project, o supergrupo de cantores de temas de animê e games, formado pelos maiores nomes do gênero. Liderado por Hironobu Kageyama, intérprete de temas de sucessos como “Changeman”, “Dragon Ball Z” e “Cavaleiros do Zodíaco”, o JAM quer recuperar a característica que as animesongs (os temas de animês) tinham nos anos 70 a 90. Eram temas marcantes, com letras criadas para os seriados, com contexto e temática voltada para a história deles. Podemos destacar temas inesquecíveis de séries como “Mazinger Z” e até mesmo “Dragon Ball”. Hoje em dia, os temas de animê em sua maioria são os lançamentos dos artistas pop da atualidade, assim como é no Brasil com os temas de novela. A música é lançada junto com o seriado, e ambos fazem sucesso - de audiência e de vendas – no mercado. O JAM Project existe desde 2000, e nesta época integravam o grupo, junto com Kageyama, Rica Matsumoto (cantora de temas de “Pokémon” e dubladora do personagem principal da série), Masaaki En- Texto: Leandro Cruz | Fotos: Divulgação dou (cantor dos temas de “Psybuster” e “Abaranger”), Eizo Sakamoto (que com a banda Animetal, interpreta vários temas de anime e tokusatsu em versão heavy metal) e Ichiro Mizuki (conhecido como o ‘Rei dos Animesongs’, já gravou mais de 1000 músicas, entre elas sucessos como os temas de “Mazinger Z”, “Captain Harlock” e diversos temas de tokusatsu de sucesso, como os “Kamen Riders”). Hoje, fazem parte do grupo Hiroshi Kitadani (cantor do tema de abertura de “One Piece”), Masami Okui (famosa por cantar os temas de “Slayers” e “DiGi Charat”, entre outros), Yoshiki Fukuyama (intérprete dos temas do animê “Macross Plus”) e o brasileiro Ricardo Cruz. Ichiro Mizuki, Eizo Sakamoto e, recentemente, Rica Matsumoto deixaram o JAM para trabalhar em suas empreitadas solo. Depois de conquistar o Japão, o JAM agora inicia sua primeira tour mundial, que já se iniciou com uma série de shows pelo Japão, e recentemente em Taiwan. Sua passagem pelo Brasil está marcada para o dia 20 de julho, durante o quarto Yamato Music Station que vai ocorrer no palco do Anime Friends 2008, em São Paulo. Apesar de todos os membros da atual formação já terem se apresentado no Brasil em performances solo, a expectativa é grande, pois será a primeira vez que todos estarão juntos no Brasil. Os ingressos para o Anime Friends já estão à venda. Para maiores informações, visite www.animefriends.com.br. Uma homenagem do 55 Hirota Supermercados pelos ANOS de crescimento e progresso da imigração japonesa Dicas, receitas, ofertas e muito mais! Acesse: www.hirota.com.br Loja Loja Loja Loja Loja Loja Loja Loja Loja Hiro Hiro 1 • Ipiranga • Rua Lino Coutinho, 990 • fone: 6163 9597 2 • S a ú d e • Av. J a b a q u a r a , 1 9 2 0 • f o n e : 2 5 7 7 1 9 3 7 3 • Ipiranga • Rua Brigadeiro Jordão, 479 • fone: 6163 4665 4 • Cambuci • Rua Gaspar Fernandes, 452 • fone: 6166 5300 5 • A c l i m a ç ã o • Av. A c l i m a ç ã o , 4 8 8 • f o n e : 3 2 7 7 0 1 4 0 6 • S a n t a C e c í l i a • Av. G a l . O l í m p i o d a S i l v e i r a , 3 9 • f o n e : 3 6 6 6 0 7 9 5 7 • I p i r a n g a • Av. N a z a r é , 1 2 9 9 • f o n e : 2 2 7 2 7 5 1 8 8 • Paraíso • Rua Abílio Soares, 981 • fone: 3885 3765 9 • M o o c a • R u a Te r e s i n a , 3 1 9 • f o n e : 2 2 6 8 3 7 7 3 s u s h i • I p i r a n g a • Av. N a z a r é , 1 2 9 9 • f o n e : 6 9 1 5 0 0 0 6 r e s t a u r a n t e • I p i r a n g a • Av. N a z a r é , 1 2 9 9 • f o n e : 6 9 1 5 0 0 0 6 56 vitrine vitrine 57 58 animê Mais um animê em Hollywood Texto: Daniella Giovanniello “ Ghost in the Shell” foi criado como um mangá por Masamune Shirow. Logo a obra tornouse um sucesso e já rendeu adaptações em três filmes animados, dois animês para televisão e três jogos de videogame, todos eles lançados pelas mãos da Production I.G. do Japão. Agora, “Ghost in the Shel” vai invadir Hollywood. A história “Ghost in the Shell” se passa em um Japão futurista (em 2029), que viu surgir uma nova tecnologia que possibilita a fusão do cérebro humano com a computação e a interatividade da internet. O roteiro se foca nas discussões éticas, sociais e filosóficas da mistura dos humanos com a nova tecnologia dos computadores, desenvolvendo Inteligência Artificial. É mostrada também a internet deixando de ser uma ferramenta para se tornar parte do “ser humano” e como isso afeta as identidades das pessoas e as particularidades da consciência e o surgimento dessa nova “raça”. Conhecemos as histórias de uma unidade especial da polícia responsável por crimes cibernéticos. Kusanagi Motoko (apelidada de Major) é a protagonista e tem capacidades específicas porque é uma ciborgue. Somente seu cérebro e um segmento do cordão espinhal são orgânicos As séries e filmes animados O mangá original já foi adaptado para a televisão, no formato animê com o título de “Ghost in the Shell: Stand Alone Complex”, que chegou a ter uma segunda temporada, chamada “Ghost in the Shell: S.A.C. 2nd GIG”. A única obra lançada oficialmente no Brasil foi “O Fantasma do Futuro” (de 1995), a tradução nacional para o primeiro filme da franquia “Ghost in The Shell”. Tem como diretor Mamoru Oshii e a trama se desenvolve a partir do surgimento de um “hacker” conhecido somente pelo apelido de “Mestre Marionete” que deve ser capturado pelo “Esquadrão Shell”, que tem como líder a agente ciborgue Major Motoko. O filme americano “Ghost in the Shell” ganhará uma versão em 3D e com atores reais (live-action) pela “Dreamworks”. A produtora norte-americana revelou que comprou o direito de adaptação do mangá de Masamune Shirow e que a preferência de Spielberg pela história ajudou no processo. A Universal e a Sony também estavam na briga para obter os direitos de adaptação do estúdio Productions I.G. que os detêm. E é aqui que entra o co-fundador, renomado diretor e ganhador do Oscar, Steven Spielberg. Ele declarou que: “Ghost in the Shell é uma das minhas histórias preferidas. É um gênero que chegou e nós da DreamWorks o recebemos com entusiasmo”. A adaptação será produzida por Avi Arad (da trilogia “Homem-Aranha” e “X-men”) e Ari Arad. O roteiro ficará a cargo de Jamie Moss (Street Kings, Last Man Home). A expectativa é grande e com esses nomes de primeiro escalão, a ansiedade só tende a aumentar, porém, nenhum comunicado oficial foi divulgado ainda e não há uma data definida para que comecem os trabalhos. eventos 59 Miyavi conquista o Brasil T Texto: Felipe Marcos | Fotos: Gabriel Dias/ Cosplay Brasil rês dias repletos de horas que teimavam em não passar. Foi isso que algumas pessoas passaram na penúltima semana de maio. Roupas espalhadas pela rua e pacotes de bolachas pela metade caracterizavam o grupo de pessoas que esperavam para ver apenas um show. Mas um show que marcou o ano para eles. Todo este sacrifício foi o de menos para aqueles que esperavam ansiosamente a abertura dos portões da Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social, o Bunkyo. Esse foi o local que recepcionou Miyavi, famoso cantor japonês que veio ao Brasil pela primeira vez. Cantando j-rock, estilo japonês de rock que coloca mais emoção na música, o artista tem um visual muito próprio, aderido por alguns fãs. Miyavi é um dos cantores de j-rock mais famosos no Brasil, e para tanto, teve um show a altura. Organizado pela Yamato Music, o artista cantou e tocou para mais de duas mil pessoas, durante seus dois dias de turnê, os seus maiores sucessos. Alguns fãs inclusive assistiram os dois dias de show, só para poder ficar perto de seu artista. O público é composto pelos mais diversos tipos de pessoas. Idade também não é problema. Várias mães acompanharam o show com seus filhos, como foi o caso de Sonia Yano, mãe de duas filhas que também participaram do show. Sonia aguardava o show de sexta (23 de maio) desde o meio-dia do dia anterior, além de ter passado a noite na própria fila, para não perder um lugar na frente do palco. Na frente dessa senhora, encontrava-se um grupo de meninas que estavam lá desde a quarta de noite, valendo ressaltar que uma delas tinha vindo de Porto Alegre para poder assistir Miyavi ao vivo. Outras pessoas, de várias cidades, também esperavam pelo show, como Renato, garoto que veio com seus amigos do interior de São Paulo. Muita agitação com a aproximidade do show, fizeram com que as pessoas se animas- sem gritando pela abertura dos portões, provocando um grande “AÊÊ” quando as portas foram abertas. O local, que portava uma estrutura confortável com cadeiras, animou o publico que puderam se acomodar antes do início do espetáculo. Claro que na hora do show, todos pulavam agitadamente seguindo o ritmo do DJ e do sapateador que compunham a banda de Miyavi. E o cantor não decepcionou. Entrando no palco com muito estilo, Miyavi interagia com o público mesmo não dominando nossa língua. Além de tocar muito bem, ele conseguiu alucinar o público com suas paradas e toques precisos. Além disso, o público pode ouvir mais músicas, tocadas pelo DJ, enquanto Miyavi fazia sua troca de roupa no camarim. Sua roupa, aliás, foi o que mais surpreendeu os fãs no sábado, segundo dia de Show. Na sua última aparição, Miyavi apareceu mostrando seu presente da empresa Yamato Music, uma camisa do Brasil com seu nome atrás, divertindo o público com seu samba. Realmente, este foi um show que marcará os próximos meses na memória de muitas pessoas. E que venha as próximas edições do evento Yamato Music Station com mais shows de cantores e grupos japoneses no Brasil. 60 game “Halo 3” Um dos mais populares para XBox 360 é um jogo de tiro em primeira pessoa. Assim como nas edições anteriores, o jogador passa a maior parte do tempo combatendo criaturas com sua equipe. O arsenal de armas é limitado, assim como a quantidade de munição. O jogador pode carregar duas armas ao mesmo tempo e empunhá-las também, de acordo com a necessidade. Fora isso tudo, o jogador tem a opção de controlar também veículos terrestres e aéreos para completar as missões. “Call of Duty 4” Este também é um jogo de tiro em primeira pessoa, porém, é ambientado em um futuro próximo, com um enredo diferente e muito mais poder de fogo para os jogadores. A trama se desenvolve em duas partes. De um lado está um recém chegado soldado da SAS (forças especiais do Reino Unido) e do outro lado temos a Marine dos EUA. Ambos atuam em situações de perigo para o ocidente. O jogador pode fazer um personagem próprio, com as armas e equipamentos que estiverem disponíveis. Detone os melhores jogos do Xbox 360! Texto: Daniela Giovanniello Continuando nossa série de matérias sobre os melhores games dos consoles que estão fazendo a cabeça dos japoneses, falamos hoje dos grandes jogos do XBox 360, hoje com um especial dos games de tiro criados para o console. “BioShock” Mais um de tiro e em primeira pessoa. O jogo se passa em um laboratório, sobrevivente a ataques da Segunda Guerra Mundial. Sem nenhum motivo, corpos começam a aparecer. Aparentemente algo aconteceu antes causando a desativação do laboratório que realiza experiências biotecnológicas. Existem três tipos de criaturas no jogo: os drones, os predadores e os soldados (que já foram seres humanos). O jogador deve aprender a distingui-los e a lidar com eles durante a empreitada. “Rainbow Six® Vegas 2” É um jogo de tiro que mistura tática e estratégia e muito realismo durante as cenas. A trama acontece em Las Vegas, que foi invadida por terroristas e cabe à equipe Rainbow tirá-los dos luxuosos cassinos. Aqui, a estratégia é o ponto principal para acabar com os inimigos e os soldados são jogados no meio da ação e devem decidir rapidamente como agir. Com novos cenários, a identidade visual do jogo mudou, mas os gráficos continuam de primeira linha, assim como os personagens e os detalhes (principalmente nos mapas). 43 62 mangá A religião no universo dos mangás N Texto: Túlipe Helena o mundo dos mangás, a religião já esteve presente de forma sutil e inteligente. Os quadrinhos japoneses que buscam inovar sempre já tiveram a Bíblia, criação da cultura ocidental, como tema e o cristianismo como pano de fundo. O destaque na abordagem da temática religiosa em produções japonesas pode ser vista em animês como “Superbook”, produzido em 1981. Criado pelas equipes Tatsunoko Productions e Anime Oyako Gekijo, a obra foi feita a pedido da CBN, canal religioso norte-americano. No Japão, a exibição dos 26 episódios foi feita pela TV Tokyo, de outubro de 1981 a março de 1982. Apostando na vertente inaugurada por “Superbook”, a Tatsunoko resolveu lançar a “Casa Voadora” (“Tondera House no Daiboken”), assim que o animê terminou. O roteiro era praticamente igual ao do seu antecessor e também foi lançado na TV Tokyo, mas ele também não emplacou. Na onda de abordar temas religiosos, a “The Manga Bible: from Genesis to Revelations” (A Bíblia Mangá: do Gênesis ao Apocalipse), a bíblia em forma de mangá criada por Ajinbayo Akinsiku, foi lançada no Reino Unido e nos EUA, no ano passado. Na obra, as histórias do “livro sagrado” ganharam uma versão em mangá recheadas de muita ação e humor. Apelidado de Siku, o autor traz em sua publicação um “Jesus Samurai”. A adaptação que vai do Gênesis ao Apocalipse, tem na trama um Jesus que nos dias atuais poderia ser chamado de forasteiro sombrio ou até mesmo de samurai, já que ele chega a uma cidade dominada por gangster e tem um jeito todo justiceiro e “durão”. O mangá vai do Velho ao Novo Testamento com textos modernos que deixam as passagens bíblicas mais dinâmicas através da narrativa. Algumas passagens polêmicas foram poupadas. Ainda novato nas publicações de mangá, Siku tem grande experiência em quadrinhos e em religiões. Ele é formado em teologia e frequenta uma igreja anglicana, onde pretende chegar ao posto de ministro. Siku, o inglês que transformou os textos bíblicos em quadrinhos, resolveu lançar o projeto que estava na gaveta depois do sucesso dos quadrinhos japoneses nos EUA e na Europa. Aqui no Brasil, ainda não há previsão de lançamento da versão quadrinizada da Bíblia. cosplay Cosplay na faculdade Por Layla Camillo (fotos: Divulgação) Tribo urbana. Modo de vida. Profissão. Não é de hoje que o cosplay deixou o simples status de ‘hobby’ para ganhar mais espaço e nuances, inclusive uma exigente e inesperada: a abordagem científica. É crescente o número de universitários que pesquisam o tema em trabalhos acadêmicos, envolvendo desde a confecção das fantasias até os significados das apresentações. Relacionando cosplay e cultura brasileira, um grupo de estudantes do curso de Comunicação Social da Universidade Cidade de São Paulo (UNICID) realizou uma intervenção criativa e inspiradora. Vestidos com personagens do seriado infantil “Sítio do Pica-Pau Amarelo”, entregaram panfletos e doces a alunos de outros cursos, explicando o que aquela ação significava. A atividade atraiu atenção geral dos presentes e foi muito comentada. Uma das integrantes do grupo, Elida Cesário, afirmou que o interesse por cosplay partiu de uma proposta de trabalho sobre tribos urbanas e da ausência de caracterizações com personagens brasileiras. Na Universidade São Judas Tadeu, alunos do sétimo semestre do curso de Jornalismo também estão trabalhando com o cosplay, só que de forma diferente. Em seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), os estudantes escolheram sete personagens brasileiras que, direta ou indiretamente, trabalham com a atividade, dentre eles os apresentadores Jeferson ‘Pen-Pen’ e Mariama ‘Plu’. Com finalização prevista para novembro, o trabalho poderá se transformar em livro. De acordo com Paulo Basile, um dos envolvidos no projeto, a pesquisa está fascinando a todos e o grupo já pensa até em futuramente fazer seus próprios cosplays. 63 64 tokusatsu Artistas de tokusatsus no Anime Friends 2008 Texto: Anderson Tinoco | Fotos: Divulgação D ono de uma voz única e poderosa, ele já esteve três vezes no Brasil e agora está de volta para se apresentar no primeiro final de semana Anime Friends 2008, nos dias 11, 12, e 13 de julho em São Paulo. Estamos falando de Akira Kushida, cantor japonês famoso pelas músicas dos super-heróis Jiraiya, Jiban, Sharivan e Jaspion, neste último cantando o tema do “Gigante Guerreiro Daileon”. No Japão, seus maiores sucessos foram às canções das séries Uchuu Keiji (Policiais do Espaço), “Taiyou Sentai Sunvulcan” e do animê “Kinnikuman”. Aos 59 anos, Kushida sempre foi fã da Soul Music norte-americana, também sendo conhecido em seu país como um cantor desse gênero. Outro veterano das músicas de animê e tokusatsu que estará novamente no Anime Friends é Takayuki Miyauchi, conhecido pelos temas de “Kamen Rider Black RX”, “Winspector” e “Solbrain”. Nascido em quatro de fevereiro de 1955, sua carreira nas chamadas Anime Songs começou no começou no ano de 1984, quando recebeu o convite da gravadora Nippon Columbia para dar voz aos temas da série “Choudenshi Bioman”. A partir daí, Miyauchi gravaria inúmeras outras canções e se tornaria um dos maiores cantores de Anime Songs de todos os tempos. O terceiro convidado do Anime Friends não é um cantor, mas é alguém muito conhecido entre os fãs brasileiros de tokusatsu e também já esteve por essas bandas em 2004, no evento Ressaca Friends. Estamos falando de Takumi Tsuitsui, ator que interpretou personagem Toha Yamaji, o inesquecível Ninja Jiraiya, na série homônima exibida no Brasil pela TV Manchete. E para fechar o time dos quatro artistas japoneses a se apresentarem no primeiro final de semana da sexta edição do Anime Friends, temos Hideaki Takatori, cantor e compositor de Anime Songs que virá pela primeira vez ao Brasil. Os principais trabalhos de Takatori no gênero foram os temas dos animês “Sonic X”, “Transformers Armada”, “Webdiver” e do tokusatsu “Ninpu Sentai Hurricanger”. Aos 41 anos, Takatori também já trabalhou fora do mundo das Anime Songs, tendo iniciado sua carreira em 1994, como vocalista da banda de rock Weather Side. Fora isso, também gravou alguns jingles para comerciais da TV japonesa. E fiquem de olho que no primeiro final de semana do Anime Friends vão rolar mais atrações especiais no palco do evento além dos cantores do Super Friends Spirits. O evento apresenta a final do Yamato Cosplay Cup brasileiro e a sexta edição do Oscar da Dublagem. O local do evento também mudou para um espaço maior e mais confortável. O Anime Friends 2008 será no Mart Center, localizado na rua Chico Pontes, 1500 na Vila Guilherme, em São Paulo. 13 49 66 curiosidades Saga da imigração em miniatura Livro infanto-juvenil “O Segredo da Longa Vida” faz uma homenagem especial aos primeiros imigrantes japoneses no Brasil Texto: Redação | Fotos: Divulgação D e repente o garoto Lucas, em uma incrível viagem no tempo, se encontra prisioneiro no navio, pronto para zarpar do porto de Santos, em 1908. Esse é o ponto de partida do livro infanto-juvenil “O Segredo da Longa Vida” (Unisanta/Global), da educadora e escritora Lúcia Maria Teixeira Furlani, em homenagem ao centenário da imigração japonesa. Apoiado na linguagem das histórias em quadrinhos, a obra conta a grande aventura do garoto Lucas após conseguir escapar do navio graças à ajuda dos ratinhos e seu encontro com Aiko, uma adorável garotinha que se perdeu dos pais no porto de Santos depois de chegar no Kasato Maru. Ele vai ajudá-la nessa busca pelo caminho desses primeiros imigrantes no País e enfrentam juntos a sinistra figura do Ninja Sei, da Organização do Mal, cujo objetivo é conseguir a fórmula secreta do elixir da eterna juventude. Com um dos ratinhos como intérprete, as crianças se deslocam pela cidade de Santos e pelo Interior do Estado de São Paulo, valorizando o respeito à diversidade e identificando a saga e as origens da influência japonesa nos costumes do Brasil. O livro une ficção com as tradições japonesas. Elementos de Santos (Estação do Valongo, o porto) e do Interior (fazendas de café) estão presen- ao lado de fatos da época como a epidemia de febre amarela em Santos, a construção dos canais por Saturnino de Brito, os problemas enfrentados pelos imigrantes, a formação das colônias, as cidades de origem desses imigrantes e seus costumes. Lúcia Teixeira Furlani diz que o livro nasceu da vontade de participar dessa grande festa e contribuir para trazer luz à carência de informações pedagógicas sobre a imigração japonesa. “No meu primeiro livro foi fantástico o retorno rápido das crianças que assimilaram as informações históricas, manifestaram curiosidade e pediam mais situações vividas pelo personagem central, o menino Lucas”, comenta a autora. Em seu livro de estréia na literatura infanto-juvenil, “Tudo é possível - Incrível viagem no tempo”, o personagem Lucas faz um passeio pelos principais momentos da história do Brasil.
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