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Diretrizes EDITORIAL 05 GRANDE REPORTAGEM Aventura Extrema em Português por Aurélio Faria 06 EM FAMÍLIA EVENTO — Porto City Race 12 ATIVIDADE — Rota da Água 16 VIAGEM — Propostas Fim de Ano 18 aventura PROJETO — Iceland Luso Expedition 20 DESAFIO — Monte Branco por Luísa Tomé 26 nº8 Novembro_Dezembro 2012 06 entrevista Diogo Miguel — Orientação 34 POR TERRA ATIVIDADE — Orientação 40 DESAFIO — Brasil Ride 2012 46 POR ÁGUA CRÓNICA — Lost na Fronteira 50 AVENTURA — 10 Perguntas a Miguel Lacerda 58 FOTOGRAFIA PORTFOLIO DO MÊS — Jorge Brás 66 FOTO-REPORTAGEM — Madeira 72 SOS Fogo à chuva 80 DESCOBRIR LIVRO AVENTURA — Homem Solas de Vento 83 região do gerês 84 CORPORATE — Team-Building 94 projeto — De Cabo a Cabo 98 onde estivemos — Madeira 104 Descubra a aventura de dois aventureiros portugueses que em diferentes palcos de aventura, marcaram a história com os seus feitos. Do submarino á vila de escalada grau 6, esta reportagem de Aurélio Faria vai surpreender. 58 kids CAMPOS FÉRIAS NATAL 112 ATIVIDADES OUTDOOR 114 DESPORTO ADAPTADO SARA DUARTE — Uma Cavaleira por paixão! 118 ESPAÇO APECATE Carta aberta aos operadores marítimo turísticos 122 equipamento 124 equipa-te para a neve 126 vouchers 128 a fechar 132 A aventura é uma constante na vida de Miguel Lacerda. O mergulhador português, aceitou conversar com a Outdoor sobre algumas das suas experiências e nós contamos-lhe tudo! 88 Venha descobrir oito pequenas rotas para explorar a pé num dos locais mais belos de Portugal, a Serra do Gerês. Os textos e imagens presentes na Revista Outdoor são da responsabilidade dos seus autores. Não é permitido editar, reproduzir, duplicar, copiar, vender ou revender, qualquer informação presente na revista. Onde eficiência e cOntrOlO se juntam. OCCAM Advanced Dynamics é a tecnologia com que criámos a bicicleta de trail mais eficiente do mercado. Uma máquina que te fará subir mais ágil do que nunca e te dará o máximo controlo para fazeres faísca em qualquer descida. Nova Orbea Occam, onde eficiência e controlo se juntam. ADY GSB THT CHT www.orbea.com Editorial Ficha técnica chegou o número 8! A pesar do frio já se fazer sentir e as manhãs estarem geladas nós continuamos cheios de vontade de partir à descoberta de novos desafios e aventuras… na sua companhia! www.portalaventuras.clix.pt Edição nº8 De número para número, a certeza de que somos realmente um país de aventureiros e exploradores, aumenta. É fascinante o que conseguimos fazer… e somos realmente incríveis nos feitos que conseguimos atingir. Começamos a edição de novembro com desafios inusitados... Já ouviu falar de aventura extrema? Temos duas para vos apresentar nos palcos do Mediterrâneo e Gredos. Continuando com grandes projetos de portugueses, não podem perder o relato de quem participou no Brasil Raide, a breve entrevista a Miguel Lacerda a propósito da sua aventura gelada na Antártida e o resumo por etapas do projeto Iceland Luso Expedition! O desporto em destaque é a Orientação e na entrevista ficamos a conhecer Diogo Miguel, uma referência na modalidade com apenas 23 anos. Na fotografia mais um nome português: Jorge Brás. Traz-nos um conjunto de imagens fantásticas de atividades outdoor. Em território nacional, convidamo-lo a explorar a região do Gerês e contamos-lhe como foi a nossa experiência na Madeira… não perca a foto reportagem sobre a Madeira World Games, um evento fantástico para os amantes de desporto, aventura e natureza. WPG – Web Portals Lda NPC: 509630472 Capital Social: 10.000,00 Rua Melvin Jones Nº5 Bc – 2610-297 Alfragide Telefone: 214702971 Site internet: www.revistaoutdoor.pt E-mail: [email protected] Registo ERC n.º 126085 Editor e Diretor Nuno Neves | [email protected] Marketing, Comunicação e Eventos Isa Helena | [email protected] Sofia Carvalho | [email protected] BEBIANA CRUZ | [email protected] Revisão Cláudia Caetano Descubra nas nossas páginas as melhores sugestões de atividades para miúdos e graúdos, um especial team building, a entrevista à atleta paraolímpica Sara Duarte, sugestões de equipamentos para o Natal e técnicas de sobrevivência. Colaboraram neste número: ana barbosa, Aurélio Faria, diogo miguel, fernando costa, filomena gomes, joaquim margarido, jorge brás, luísa tomé, mateus brandão, miguel lacerda, paulo quintans, pedro alves, ricardo mendes, sara duarte, sérgio brota, susana muchacho. Boas leituras e continue a acompanhar todas as novidades do mundo outdoor no Portal Aventuras. som bebiana cruz Até janeiro e Feliz Natal :) Design Editorial Inês Rosado Nuno Neves Fotografia de capa jorge brás Desenvolvimento Ângelo Santos 5 Novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR Foto: António Coelho e Raúl Lora Grande Reportagem GREDOS E MEDITERRÂNEO, Foto: DRAZEN GORICKI PALCOS DE AVENTURA EXTREMA! 6 Novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR ARMANDO NO U-455... Foto: DRAZEN GORICKI Reportagem A 120 metros de profundidade, os olhos esbugalhados do peixe de-São-Pedro, talvez surpreendido pela inesperada presença humana, fizeram Armando Ribeiro esboçar um sorriso sob a máscara, e pensar como valera já a pena ter apostado na descida ao U-455. « Fui o primeiro português a mergulhar neste submarino-mistério, desaparecido no Mediterrâneo em finais da Segunda Guerra Mundial, e até há 6 anos um dos destroços de guerra nazis mais procurados do mundo.» recorda um dos mais ativos mergulhadores nacionais de expedição da atualidade e que integra a elite mundial do mergulho técnico com rebreathers. Para ser o primeiro português a visitar o submarino, Armando integrou uma expedição multinacional com partida da costa da Ligúria, em Itália. É, aliás, ao largo de Portofino, um dos locais de férias mais exclusivos da Europa que se encontra o submarino desaparecido a 6 de abril de 1944 com 51 homens a bordo, e só localizado por um mergulhador italiano, em 2005. «Está em bom estado, a torre tem ainda todos os aparelhos: o periscópio de ataque e o periscópio de observação aérea ao lado dos canhões..», mas não é um mergulho fácil, explica Armando «...a visibilidade, as correntes e as redes e fios de nylon presos que envolvem parte do submarino, sobretudo na parte mais funda em que a visibilidade é mais reduzida tornam a aproximação extremamente perigosa. Para Um colega nosso ficou preso na rede, tivemos de desembaser o primeiro raçá-lo com as facas. Àquela português a visitar profundidade, a tarefa não o submarino, Armando foi nada fácil...» integrou uma expedição Foto: DRAZEN GORICKI Para ultrapassar a cota dos multinacional com par100 metros e alcançar protida da costa da Lifundidades atingidas por poucos mergulhadores, Argúria, em Itália. mando utiliza um rebreather, e realiza um tipo de mergulho técnico com equipamento de circuito fechado. Por oposição ao mergulho com garrafas de ar, e tal como num ventilador ou num avião, reaproveita o gás respirado «Respiremos devagar ou depressa, o volume de consumo é sempre constante, podemos fazer um mergulho de 10 horas. Traz grandes vantagens para mergulhos mais profundos e mais longos; e tem ainda outra vantagem: faz otimização de gases que respiramos, permite-nos fazer patamares de descompressão mais curtos e eficientes porque estamos a respirar mistura mais apropriada para as profundidades a que estamos.» OUTDOOR Novembro_Dezembro 2012 7 Grande Reportagem Na ida ao U-455, Armando voltou a repetir os procedimentos de anteriores expedições ao reino do silêncio e da escuridão. O regresso à superfície vindo dos 100 metros de profundidade demorou mais de 2 horas. O gráfico do mergulho, registado no computador, mostra uma descida rápida, e pouco mais de 15 minutos no fundo, para uma subida muita lenta que permitiu a descompressão adequada. O mergulho a norte do Círculo Polar Ártico ainda hoje traz vívidas recordações aos 2 portugueses. Em Portugal, ficaram conhecidos pela descoberta do cargueiro grego Agios Nikolaos ao largo de Peniche, e pela localização recente do avião suíço que se despenhou há 34 anos, na costa sul da Madeira. Do Mediterrâneo, e do mergulho mais recente, Armando recorda a primeira visão do U-455, um dos 2 submarinos atualmente fundados na vertical nos mares do planeta, e que se terá afundado depois de embater numa mina: «O vulto do destroço, com os flaps ainda intactos..., parecia uma baleia adormecida no fundo...» Fotos: DRAZEN GORICKI Habitualmente, Armando mergulha com José Marques, com quem formou a equipa In-silence, para explorar naufrágios profundos na costa portuguesa e participar em expedições internacionais de mergulho. Entre as experiências contadas no site da dupla, e em reportagens anteriores, está a exploração do mítico paquete italiano Andrea Doria, naufragado no Atlântico Norte, nos anos 60... Ou a descida aos 115 metros de profundidade, aos destroços do Viminale, torpedeado no estreito de Messina, na Segunda Guerra Mundial... De outros naufrágios do mesmo período histórico, ambos arriscaram tudo o que sabiam num mergulho às águas frias da Noruega (5 graus) e aos destroços da bata- lha de Narvik, uma das maiores batalhas navais do século XX. «Além da profundidade, recordo a escuridão. A visibilidade máxima é de 10 a 15 metros, há sempre suspensão, e a água é leitosa e nunca totalmente clara, parece que anda sempre uma poeira no ar, é como se estivéssemos no nevoeiro...» 8 Novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR TOZÉ, VIA MAMMUT 150... Na Península Ibérica, e infelizmente Portugal ficou fora da iniciativa que animou as cordilheiras e serras do planeta, incluindo Himalaias e Andes, o líder foi Raul Lora, escalador de renome e que coordena atualmente a Escola Alpina de Gredos. «O Raul é meu amigo e companheiro de outras escaladas... Logo que a Mammut aprovou o projeto, reunimos a equipa e iniciámos a escalada.» No parque natural de Gredos, conhecido de muitos montanhistas e escaladores portugueses, a escolha da equipa espanhola onde se integrou Tozé, foi o Torréon. Sem ser o cume alto dos Galayos que atinge 2100m, o prisma gigante de granito permite efetuar uma série de passagens técnicas e passos difíceis que são Fotos: António Coelho e Raúl Lora Para quem vive fora do mundo da escalada ibérica, passaram praticamente despercebidas as ascensões realizadas no último fim de semana de junho. Muitos menos terão ainda conhecimento que o feito tornou também António Coelho,- Tozé para os amigos-, o único português a participar num projeto inédito da Mamut. Na iniciativa destinada a celebrar 150 anos de existência, a marca suíça outdoor lançou o Peak Project, e selecionou 150 projetos de 150 equipas em todo o mundo, unidas em mostrar o melhor que há na aventura "ao alto". Reportagem Do Torréon dos Galayos, ex-líbris da escalada em rocha da Serra de Gredos e da Península Ibérica, a vista, sempre panorâmica, parece desta vez ainda mais espetacular para Tozé. O escalador português acaba de abrir com os amigos espanhóis uma nova via de grau 6, - na escala alpina, significa ascensão extremamente severa e com passagens difíceis. OUTDOOR Novembro_Dezembro 2012 9 Grande Reportagem sempre um desafio para qualquer escalador. «Primeiro, abrimos uma via Além da numa zona pouco frequentada do nova via, Tozé Torréon que se chama de Cerro Peluca, e batizamo-la natue os companheiros ralmente de 150º Aniversário espanhóis escolheram a Mammut» É com modéstia Via Lucas ao Torréon «É que Tozé descreve a abertura da nova via. a que tem melhor visibi- lidade desde o cume Além da nova via, Tozé e os sobre os outros escompanheiros espanhóis escolheram a Via Lucas ao Torréon «É caladores» a que tem melhor visibilidade desde o cume sobre os outros escaladores» resume o escalador de Barcelos que, no projeto Mammut, enriqueceu o currículo longo de montanhista que incluiu a participação nas primeiras expedições portuguesas a cumes de 7 mil metros nos Himalaias – Pumori (2003) e Ama Dablam (2004) e a tentativa de ascensão de um pico de 8000m, o Kangchenjunga (2005)... Em Gredos, no reino da rocha onde muito há por explorar, e se sente como "peixe na água", o português tem já outro projeto inédito com os amigos espanhóis. «Saberão na altura certa...» ø Aurélio Faria, Jornalista peakproject.mammut.ch/en/peaks3/tour/95890 www.in-silence.com Fotos: António Coelho e Raúl Lora sicnoticias.sapo.pt/incoming/2012/11/01/portugues-mergulha-em-submarino-misterio-desaparecido-em-1944-no-mediterraneo 10 Novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR Reportagem OUTDOOR Novembro_Dezembro 2012 11 Em Família porto city race 12 Novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR Família Porto City Race A segunda edição do Porto City Race é um evento de Orientação pedestre urbano, organizado pelo Grupo Desportivo dos Quatro Caminhos em parceria com a Câmara Municipal do Porto, através da Porto Lazer. O evento faz parte do Circuito Nacional urbano da Federação Portuguesa de Orientação (CiNU) e é aberto a pessoas de qualquer idade, podendo participar individualmente, ou em grupo. Mesmo que nunca tenha visto um mapa ou uma bússola tem possibilidade de se juntar à festa porque a organização fará acompanhamento e ensino com monitores. Traga a família e venha conhecer os locais mais emblemáticos do Porto e aprenda Orientação. Os participantes do evento terão a possibilidade de competir no dia anterior no Justlog Park Race no Monte da Srª da Assunção nos arredores do Porto. OUTDOOR Novembro_Dezembro 2012 13 Em Família programa 11 de Maio de 2013: Justlog Park Race - Monte da Srª da Assunção. 12 de Maio de 2013: Porto City Race - Centro Histórico do Porto (Património Mundial). Domingo, 12 de Maio 2013:- Porto City Race 08h30 - Abertura do secretariado no local da prova (A confirmar) 10h00 - Partida dos primeiros atletas 13h00 - Encerramento Mais informações em: www.gd4caminhos.com/portocityrace2013/ 14 Novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR Orientação, o desporto da família! Pelas suas características a Orientação tem a possibilidade de ser realizada em família. No início são os pais que ensinam os filhos a desmistificar o slogan de que a floresta é o “território do lobo mau”, depois ter um mapa e um percurso, são momentos de partilha, de busca, de superação, de transmissão de conhecimentos e de preparação para a vida. O facto de existirem percursos adaptados a todas as idades e níveis técnicos permite que no mesmo espaço todos possam executar o seu percurso mesmo que não seja em conjunto. Na próxima edição do Porto City Race a organização vai criar um percurso turístico vocacionado para a família em que os pontos de controlo serão monumentos e em que a entrada nos mesmos seja facilitada. Assim, além de cumprirem um percurso de Orientação poderão também conhecer melhor a cidade e a sua história. ø Fernando Costa OUTDOOR Setembro_Outubro 2011 15 Em Família Atividade A ROTA DA ÁGUA POR LISBOA... 16 Janeiro_Fevereiro 2012 OUTDOOR O programa começa com uma visita guiada ao Palácio Marquês da Fronteira ás 10h. O passeio pedestre terá início por volta das 11h30m. Não percam este passeio de grande interesse natural, histórico-cultural e fotográfico. ø Quem já olhou e passou por debaixo do aqueduto das Águas Livres em Lisboa e pensou…quem me dera poder subir e saber todos os seus recantos, histórias e lendas! Neste passeio vai ter acesso a um percurso de 8 km com direito a perguntas e respostas sobre este monumento que nos envolve com a sua grandiosidade e beleza. Porque é cedo que começa o dia, a hora de encontro é pelas 9h30 no estacionamento em frente ao Palácio Marquês e Fronteira, no largo São Domingos de Benfica em Lisboa. O palácio foi construído em 1640, para o primeiro Marquês de Fronteira, D. João de Mascarenhas, herói da Guerra da Restauração. Este bonito Palácio situa-se à beira do Parque Florestal de Monsanto, no Largo de São Domingos de Benfica. O Palácio foi ampliado no século XVIII, em estilo «rocaille», e continua a ser atualmente residência dos 12º Marquês de Fronteira, sendo contudo possível visitar algumas das salas, a biblioteca e o jardim. O interior é igualmente rico, destacando-se a Sala das Batalhas, que contem belos painéis e azulejos com cenas da Guerra da Restauração, três grandes janelas que se abrem sobre o Jardim de Vénus, e a Sala da Jantar, adornada com frescos de retratos da nobreza portuguesa. A Capela, de finais do século XVI, conta no seu interior com um presépio cuja autoria é atribuída a Machado de Castro. As visitas aos sumptuosos Jardins “à italiana” começam no terraço da capela, com destaque para o Jardim de Vénus e o Jardim Formal do século XVII, onde pontifica a Galeria dos Reis. Para completar o passeio, iremos conhecer a Rota da Água… A Rota da Água tem 8 km e atravessa uma série de espaços recreativos e de lazer, entre eles o Parque Recreativo do Alto da Serafina, o Espaço Monsanto, Parque da Pedra, Parque do Calhau e Mata S. Domingos de Benfica. O traçado do Aqueduto das Águas Livres acompanha uma parte da rota. ficha técnica Local de encontro: No estacionamento em frente ao Palácio Marquês e Fronteira. Hora de encontro: 9h30m Hora de início do programa: 10h Percurso: Circular. Distância: 8 km. Grau de dificuldade: Fácil Hora prevista do final do programa: 14h30m (inclui paragem para descanso e comer). Ponto de encontro: Morada: Largo de S. Domingos de Benfica, 1 - 1500554 Lisboa GPS: N 38º 44' 25,03'' ,W 9º 10' 49,6'' Em alternativa o local de encontro pode ser no Lumiar em frente ao supermercado Europa às 9h. GPS: 38.773763,-9.160421 Ou em Sete Rios às 9h15m em frente ao ZOO. Há possibilidade de boleia para quem necessitar. Quem tiver boleia para oferecer agradeço que me avise e indique local de partida. Preço do programa: 10 € A atividade está coberta por seguro. Recomendações: - Uso de calçado confortável e com boa aderência aos solos, próprio para caminhadas; - Uso de vestuário adequado ao tempo; - Alimentação: trazer farnel e água; - Trazer chapéu e protetor solar; - Não se afastar do grupo; - Deixar o lixo nos locais apropriados; - Respeitar a vida selvagem e não perturbar a tranquilidade local; - Respeitar a propriedade privada e os campos cultivados. Um programa: Caminhos com Carisma lda. Contactos E-mail: [email protected] Telefone: 914 907 446 / 967 055 233 OUTDOOR Novembro_Dezembro 2012 17 Em Família Atividade C omo proposta para um passeio em família e adequado desde os mais novos até aos mais graúdos, sugerimos uma visita guiada ao Palácio Marquês da Fronteira e o passeio pedestre "Rota da Água" no Parque Florestal de Monsanto, em Lisboa. Em Família Viagem Fotos: Papa-Léguas viagens especial fim de ano 18 Novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR Trekking no deserto Tipo: Expedição no Deserto Grau de dificuldade: Moderado, 10/12km diários, aproximadamente 4 horas de caminhada Características: 8 dias, 7 noites 6 dias de expedição Público-alvo: Adequado a crianças > 8 anos (transporte em dromedário) Próximas datas: 26 de dezembro de 2012 a 2 janeiro de 2013 Programa previsto Dia 1: Viagem para Marrakech e transfer para riad no centro. Noite em Riad Dia 2: Viagem de Marrakech para Zagora em viatura exclusiva para o grupo Dia 3: Dunas Bougayoirn -> Dunas Tridi Dia 4: Tridi -> erg (duna) Essahel Dia 5: Erg Essahel -> Dunas de Lanithie Dia 6: Dunas de Lanithie -> Ouled Driss Dia 7: Dunas de Lanithie -> Ouled Driss Dia 8: Marrakech e regresso Tipo de percurso: Natureza/Trekking. Grau de dificuldade: Médio/Alto Características: 8 dias, 7 noites Próximas datas: 26 de dezembro de 2012 a 2 janeiro de 2013 Marrocos é um país lindíssimo que por estar tão perto e ser tão exótico merece uma visita. Nesta viagem propomos mais que uma visita, sugerimos uma aventura de vários dias a pé a acompanhar uma caravana de camelos. Irá atravessar planaltos e desertos, descansar à sombra de oásis e dormir sobre as estrelas, beber chá na companhia de Berberes e ouvir as suas histórias. Percorreremos caminhos antigos de caravanserais que acompanham rios e dunas. Para no fim saborearmos um merecido descanso na magia do deserto. Aproveite este fim de ano para comemorar em boa companhia e num cenário exótico e inesquecível a entrada do novo ano e para conhecer ou regressar a este maravilhoso país. Equipamento obrigatório: Mochila pequena, cantil (ou similar) Saco de viagem (máx. 60Lt e 10kg) para transportar no dromedário Saco cama Frontal ou lanterna Óculos escuros, chapéu e protetor solar Roupas confortáveis para caminhada Impermeável Agasalho noturno; Básicos de higiene (incluir toalha pequena e ligeira e produtos biodegradáveis, papel higiénico e saco, chinelos) 1ºs socorros pessoais que devem incluir anti mosquito e anti diarreico. Para as Senhoras – calças compridas para atravessar algumas aldeias. Programa previsto Dia 1: Voo cidade de origem - Marrakech Dia 2: Marrakech - Zagora Dia 3: Beni Ali - Oásis de Foum Taqquat Dia 4: Oásis de Foum Taggat – Dunas de Nesrate – Ksar Ait Isfoul Dia 5: Oásis e dunas de Nesrate – Zaouiat Sidi Saleh – Duna de Tidiri Dia 6: Dunas de Tidiri – Oásis e dunas de Ragabi – Dunas Erg Lihoudi Dia 7: Viagem para Marrakech Dia 8: Voo Marrakech - cidade de origem Preço: 580€ (Preço Terra) | Desde 350€ (Preço voo) + Suplemento ind. Marrakech: 50 € Número mínimo: 6 pessoas (preço sob consulta para grupos de número inferior) Preço: Desde 799€ | + 50€* (suplemento single em Marrakech) Mais informações aqui Um Programa: Caminhos da Natureza ø Foto: Papa-Léguas Equipamento Recomendado: Máquina Fotográfica, Sticks de Caminhada, Calçado confortável e desportivo (uso recomendado); Mais informações aqui Um Programa: Papa-Léguas ø OUTDOOR Novembro_Dezembro 2012 19 Em Família Viagens Fim Ano Deserto Dunas e Oásis Aventura iceland luso expedition Pedalar por um sonho às portas do Círculo Polar Ártico Para os sonhos serem realizados, é preciso alguém que acredite. A nossa viagem à Islândia foi alimentada pela vontade de ajudar 2 crianças a concretizar 2 sonhos em conjunto com a Instituição Terra dos Sonhos porque Um Sorriso Vale Tudo. Durante 3 semanas pedalámos no nosso mundo de Sonhos, e a cada pedalada recebemos sorrisos em troca. DIA 1 - 28ago12 Keflavik- Selfoss – 112 km Nós movemo-nos como este vento que corre livremente por este país gelado. Tão a sul quanto é possível nesta latitude, percorremos a estrada da costa expostos a um inquietante e impressionante vento, que nos derrubou por diversas vezes. Ele não deixa saudades, apenas ficam marcas e recordações. Por momentos, sentimo-nos transportados para o outro extremo do mundo na Patagónia onde os 8 meses que separam estas 2 aventuras, não chegam para tirar do corpo o desconforto que nos provocou. Por todo o lado, nota-se a natureza intocada com pouca vegetação, os tons escuros dos solos vulcânicos e muitas rochas de lava cobertas de musgo. O momento do dia foi junto da Blue Lagoonl, um dos pontos mais turísticos da Islândia. 20 Novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR Aventura Iceland Luso Expedition OUTDOOR Novembro_Dezembro 2012 21 Aventura Para muita gente, viajar significa ir ao encontro daquilo que procuram. Nós que viajamos com a bicicleta e em autonomia, sabemos que o destino está traçado mas é incerto. DIA 2 - 29ago12 Selfoss-Selfoss Atrás das montanhas em busca do Circulo de Ouro 95 km. Hoje o dia foi programado para viajarmos sem bagagem. Era uma volta circular que nos levava para lá das montanhas até à fenda onde a Islândia se equilibra. No parque nacional de Thingvellir vivemos alguns dos mais conhecidos fenómenos naturais desta ilha. Aqui é o local onde se separam as placas tectónicas americana e euroasiática, criando uma fenda que se afasta 2cm por ano. DIA 3 - 30ago12 Selfoss-Laugarvatn-Geysir-Gullfoss-Fludir-Árnes 140 km Percebemos agora porque chamam círculo de Ouro ao Geysir e à cascata Gullfoss. O turismo mais valioso chega em inúmeros autocarros e viaturas 4X4 equipadas com rodas “extra size”. Não é preciso chegar a este local para sentir os cheiros que os vapores emanam do subsolo. Em povoações com pouco mais de 4 casas, é possível ver-se a terra em plena atividade diante dos nossos olhos e sentir-mo-nos convidados a ocupar todo o espaço aquecido. Laugarvatn, Fludir ou Árnes, todas estão num território mágico onde o tamanho não conta e os limites que existem são impostos pela nossa imaginação. Estas aldeias não brilham mas valem ouro. Ainda estamos a 20 quilómetros do destino mas já passaram mais de 10h desde que saímos. É tarde e não vamos ter tempo para recuperar e enfrentar 4 dias de total isolamento por uma estrada de montanha que atravessa 2 glaciares. A ementa para tantos dias corre velozmente na minha mente. Compramos tudo o que julgamos vir a precisar, mas antes percorro corredores, vasculho prateleiras, tenho hesitações… Calamos o medo e pegamos na bicicleta. DIA 4 - 01 set12 Árnes – Highland center 70km Damos hoje a primeira pedalada de aproximadamente 300 quilómetros em direção ao centro da Terra, as highlands. Para muita gente, viajar significa ir ao encontro daquilo que procuram. Nós que viajamos com a bicicleta e em autonomia, sabemos que o destino está traçado mas é incerto. O encontro com o inesperado é muitas vezes algo que acontece com frequência. Foi uma noite mal dormida devido à ansiedade e ao risco do que nos propunhamos fazer. Sabemos que a cada quilómetro que andamos, começa uma nova aventura. 22 Novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR Aventura Iceland Luso Expedition Não podíamos esperar mais. Saímos do Youth hostel debaixo de chuva, tendo como esperança alguma falha nas previsões meteorógicas para as horas seguintes. Insípidos e molhados desde cedo, buscamos abrigo no highland center. DIA 4 - 02set12 Highland center – Nyidalur hut 110km Toda a ilha é uma zona livre de stress. Quando percorremos a fantasmagórica Sprengisadur route (F26), percebemos que estamos livres de tudo, até do nosso juízo. A nossa ambição quando tracámos esta rota era atravessármos o país de sul para norte e passarmos entre os glaciares Holsjokul e Vatnajokull. A natureza pode ser simultaneamente dura, delicada e cruel como foi ontem, mas foi generosa connosco hoje ao permitir-nos ver a paisagem de cascalho solto, nua, sempre do mesmo tom castanho escuro. O silêncio ganhou espaço até ao momento em que conseguimos chegar ao abrigo de montanha (hut). DIA 5 - 03set12 - Nyidalur hut – rest day Nem pensar em cruzar a preciosa porta do abrigo. Lá fora está tudo muito branco e diferente daquilo a que estamos habituados, e por isso mantivemo-nos no hut de Nyidalur (na base do vulcão Tungnfell) durante 2 noites, por segurança. O fogão está sempre aceso e tem uma enorme panela com água pronta a aquecer quem chegue. Para que possamos variar do esparguete e noodles (já não há muito), vamos tentar fazer pão. O resultado da nossa experiência a juntar ingredientes com nomes impronunciáveis, em que íamos provando para perceber o que era, deu num cruzamento entre o pão e o rissol. O duo de motards que dividiam o hut connosco repetiram. Significa que inventámos mais um pastel, falta só dar um nome… O Ranger do Parque Nacional acaba de chegar ao hut e veio confirmar que somos mesmo malucos por estarmos nas highlands nesta época. Além disso, avisou que vai haver tempestade para esta noite e amanhã. DIA 6 - 04set12 - Nyidalur hut- rest day Lá fora estão 0ºC e as bicicletas encostadas, imóveis, sujeitas a mais um teste de resistência. O nosso passatempo é assar batatas, ver quem passa e a forma como transpõem o rio. A nossa vez de partir vai chegar, ainda não sabemos é quando. Para já, passa a 3ª noite… DIA 7 - 05set12 - Nyidalur hut – Laugar 129km O som do vento acorda-nos muito cedo e era semelhante ao do dia anterior. Se a direção se mantivesse de norte, significava mais um dia perdido. Inquieto, dirijo-me até à janela para observar o único ponto de referência no exterior, uma bandeira chicoteada pelo vento vindo de sul. Estava dado o sinal de partida para mais do que uma maratona nas highlands. Ao longo do caminho, a neve mantinha-se por vastas áreas, e o vento empurrava-nos ao mesmo tempo que nos congelava as extremidades e queimava a pele. Foi uma benção a ajuda do Ranger para transpormos 2 rios em OUTDOOR Novembro_Dezembro 2012 23 Aventura segurança sem nunca nos molharmos. A água que nós e os islandeses bebem vem de rios como estes, sem qualquer tipo de tratamento. DIA 8 - 06set12 Laugar – Lago Myvatn- Laugar 85 km Foi tanta a privação nos dias anteriores, que hoje sonhámos com o pequeno almoço que teríamos pela manhã antes de nos deslocarmos para o Lago Myvatn. Este lago imenso e a área envolvente são um dos grandes tesouros europeus. Durante a nossa volta circular, toda a paisagem é surreal. Lava, fumo a sair da terra, crateras, água e montanhas vulcânicas. mentos de contemplação parados. Em dias assim, eu sou a ponta da flecha que abre uma fissura no vento e permite que a Filomena possa andar na roda. Acabar é uma vitória, mas não existe glória quando se chega ao fim. Akureyri é a capital do norte e a 2ª cidade maior do país com 18000 habitantes, civilização situada num fiorde rodeado de cumes nevados, uma escolha acertada para ficar um dia a descansar. Há muitos dias que transportamos os fatos de banho na pequena mochila que vai às costas, na esperança de um banho quente em qualquer charco inesperado. Hoje tivemos o nosso primeiro hot pot. Eles são um must nesta região (é como estar num jacuzzi no meio da rua com um cenário deslumbrante). DIA 10 - 09set12 Akureyri- Varmahlío 95 km Mesmo a pedalar sobre a Route 1, os grandes horizontes continuam a fazer parte desta viagem. Andamos pelos vales e seguimos os cursos dos rios alimentados pelas águas que escorrem incessantemente das arribas que nos flanqueiam. Podia afirmar que estou eufórico diante das infinitas possibilidades que tenho pela frente, mas não estou. Novo aviso de tempestade acompanhada de ventos fortes (23 m/s), não convida a grandes aventuras. DIA 9 - 07set12 Laugar – Akureyri 67km Isto de pedalar com vento não tem graça nenhuma, especialmente porque não se consegue ter mo- Por hoje não precisamos de nos preocupar, estamos bem abrigados numa quinta na aldeia de Varmahlíð, com 130 pessoas. 24 Novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR DIA 12- 1set12 Varmahlío – Saeberg (hostel) 15km Esta aventura já foi longe demais. Temos metade da quilometragem que planeámos, centenas de peripécias e riscos incalculados e só nos apetece chegar à capital. Lá fora, tudo continua branco e a abanar, no entanto existe a necessidade de arrancar. Estamos confiantes nas previsões para o dia de hoje, mesmo quando aquilo que vemos não inspira confiança. Começa a nevar, começa a montanha…Vários carros estão soterrados nas bermas, os flocos voam, magoam as faces e a subida ainda vai no início. Metro a metro vamos quebrando o gelo. Quem passa, tira fotografias e fica incrédulo. Nós também. Não sabemos como equilibrar as 2 rodas perante esta manifestação da natureza. As equipas de emergência patrulham a área e nós fazemos “like” sem nos apercebermos que as descidas se tornariam autênticos escorregas. Pedimos ajuda e somos resgatados até ao nosso destino. Está um sol maravilhoso e as vistas são lindas. A vida é tão bela: porque será que ando de bicicleta em sítios tão difíceis? Pronto!!! Depois de 1h dentro do hot pot, percebemos porque não ficamos em casa. Casa é onde está o nosso coração. DIA 13 - 12 e 13 set12 Saeberg – Borgarnes – Reykjavik 226kms Estamos a oeste, mas o nosso sentido é cada vez seguir para mais perto do nosso ponto inicial. O isolamento e a ausência da mão humana continuam a ser uma das grandes referências deste país. Os horizontes até Borgarnes perdem a cor e parecem-se com tantos outros que já vimos noutros lugares. Reykjavik não está isolada, não está no topo de uma montanha e nem sequer há nada de extremo nesta cidade. DIA 14 - 14 set12 Reykjavik – Rest day A capital não nos cativa, é exageradamente cara e parece viver só de noite. DIA 15 - 15 set12 Reykjavik – Keflavik 49km Felizmente que as imagens que estamos a ver e que são iguais ao primeiro dia, representam apenas uma pequena amostra deste país. Não há árvores, não há rios, não há vales, apenas uma rugosa paisagem lunar, fruto da forte atividade vulcânica nesta península. Até ao aeroporto, já não contamos observar nada daquilo que enche as brochuras e panfletos que se podem encontrar e consultar, espalhados por qualquer parte desta linda ilha. Resta-nos pedalar. EPÍLOGO: Não são os números que fazem uma viagem de SONHO. Os quilómetros ambicionados, os desníveis previstos, os dias programados, ficaram aquém do planeado. Mas as expectativas planeadas foram largamente ultrapassadas, pois tivemos experiências únicas, em cenários de Sonho, com amizades imprevistas. Nesta ilha, todos os sentidos experimentaram a natureza em estado puro. A esta latitude tudo se torna imprevísivel, os 6 dias que ficámos retidos e os 1400 quilómetros percorridos, hoje parecem pouco vistos à distância num lugar seguro. AGRADECIMENTO: Aos nossos apoiantes – Terra dos Sonhos, Cofides Competição; Movefree Bike performance Center; D-Maker; Ortik; Bike Magazine; Bivaque, Extramedia, Portal Aventuras. Um agradecimento muito especial à missão da Força Aérea Portuguesa – Iceland Air Policing, que nos recebeu e transportou as nossas bagagens no regresso a Portugal. Bem hajam! ø Ricardo Mendes e Filomena Gomes mais pormenores e fotos icelandlusoexpedition.yolasite.com/galeria.php www.facebook.com/IcelandLusoExpedition OUTDOOR Novembro_Dezembro 2012 25 Aventura Iceland Luso Expedition DIA 11 -10set12 Varmahlío – Rest day Parece que o inverno veio todo num só dia e pintou tudo de branco. O supermercado está a 300 metros mas é como se fosse uma miragem. Temos mais um dia de paragem forçada. O nevão ganha cada vez mais terreno à medida que as horas avançam. A estrada está interdita à maioria dos veículos e por precaução as pessoas são aconselhadas a procurar alojamento. Em pouco tempo, a senhora Inda, de 81 anos, que há poucas horas parecia ter uma vida pacata a cochilar no seu sofá, mostrou-nos como é uma verdadeira mulher do norte. Enquanto nos convidava para um lanche com bolos caseiros, mostrava orgulhosamente os álbuns de família; recebia os turistas que iam chegando e quando a lotação esgotou, pegou no seu jeep e conduzia estrada fora para os ir alojar. Aventura Luísa Tomé monte branco Aventura Momte Branco OUTDOOR Setembro_Outubro 2012 27 Aventura - Tsiiii, tsiiii – o meu olhar desviou-se do horizonte que observava, tentando encontrar por perto de onde vinha o som daquele assobio. - São as marmotas! Estão a avisar as outras que nós estamos por perto, é assim que comunicam, principalmente se sentem algum perigo - o Hélder ria do meu ar confuso. Ia jurar que o assobio vinha de um ser humano! Foi a primeira vez que avistei este simpático mamífero. Imagino esta marmota no meio dos peluches do quarto das minhas filhas. São sem dúvida um animal simpático, estes excelentes escavadores que vivem em altitudes desde os 900m aos 3200m. Nove meses do ano passam-no a hibernar. Estamos em pleno verão nos Alpes e as marmotas estão em grande atividade armazenando energias para o inverno. Conseguimos avistar os outros elementos da colónia, “de pé”, alerta. Foi um bom motivo para uma merecida pausa, tirar a mochila, hidratar, comer uma barra energética. 700m, que os separa do Col de Balme. - Estamos a aclimatar e também a treinar, nem pensar em usar meios mecânicos. – Helder sorria a dizer esta frase. Foi quanto bastou para perceber que a manhã ia ser longa. Depois de vencermos grande parte do desnível chegamos a um local de onde se pode avistar a cordilheira do monte Branco, la Verte, os Drus, as Aiguilles de Chamonix e o Monte Branco com os seus 4810m! Mas que local magnífico para aclimatar, pensei. Para subir em altitude, temos que permitir ao nosso organismo que se habitue gradualmente à falta de oxigénio a que vai ser exposto. Para isso vamos fazendo caminhadas, subindo gradualmente, para que ao fim de alguns dias já estejamos mais aptos a entrar numa zona em que a pressão atmosférica é menor e o oxigénio do ar mais rarefeito. Ao chegar à moreia do glaciar do Tour resta-nos uns 200 m para o nosso objetivo. A 30 de agosto de 1930, o rei Alberto I da Bélgica inaugurou o Já havíamos percorrido grande parte do trilho primeiro refúgio que tem o seu nome. Em 1935, que nos levaria ao Refúgio Albert I. É aqui que o refúgio foi ampliado, no entanto não foi sufipernoitaremos para iniciar a nossa aclimatação. ciente e o atual, precariamente empoleirado Saímos da pequena vila de Le Tour, de num penhasco a uma altitude de 2706, onde partem os teleféricos usados no inaugurado a 12 de julho de 1959, Estainverno para aceder às pistas de foi construído perto do primeiro esqui. No verão continuam em edifício. Não posso deixar de mos em pleno atividade facilitando o percurso me impressionar ao avistá-lo verão nos Alpes e aos trekkers que não queiram e quando chego sento-me na as marmotas estão palmilhar o desnível de cerca de varanda feliz por poder apre- em grande atividade armazenando energias para o inverno. 28 Novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR Aventura Momte Branco ciar vistas tão magníficas e… por poder tirar as botas! Não tinha botas de alta montanha, mas um amigo comprou umas plásticas em segunda mão em Chamonix e sorte das sortes, eram o meu número. Fiz este trekking com elas para me habituar, resultou. Mas os meus pés suplicavam por ar fresco. Só conseguimos dar o devido valor ao momento de descanso, conversa, contemplação numa varanda dum refúgio se já tivermos percorrido umas boas horas por trilhos de montanha. Saboreei ao máximo este tempinho, sabia que a tarde era guardada para treino no glaciar, como andar em cordada e escalada no gelo. É sempre bom relembrar as bases, um acidente pode acontecer quando descuramos as regras mais simples e esta tarde foi fundamental para isso. Um sol magnífico, vistas deslumbrantes, ambiente descontraído. Não deixar a corda a tocar o chão, nunca a pisar, nem a ter demasiado em tensão. Esta sintonia entre elementos de cordada trabalha-se, e só com o treino a conseguimos obter. Amanhã vamos sair ao nascer do dia em direção à Aiguille du Tour. Esta formação com 3540m é muito popular entre as pessoas que tentam a ascensão ao Monte Branco. É relativamente fácil a sua subida pela face leste. A meteorologia na manhã da nossa subida estava perfeita. Adoro toda a logística de preparação de saída do refúgio. O acordar ainda de noite, os ruídos leves e abafados dos mais madrugadores na camarata, o som dos passos ainda lentos no chão de madeira. Tento concentrar-me para não me escapar nada, ter todo o material colocado e sentir-me confortável. Saio do refúgio e o ar fresco da montanha acorda os meus sentidos. Começamos a subir o glaciar, frontais ligados, músculos a aquecer. A inclinação é moderada e rapidamente chegamos ao colo superior do Tour que marca a fronteira da França com a Suíça. – Trouxeram o passaporte? Vamos passar no posto fronteiriço! – pergunta o Hélder a sorrir. Atravessamos agora o glaciar de Trient, o sol aquece-nos e as vistas são surpreendentes. Ao chegar à base da aguille do Tour, fazemos o nosso merecido descanso, comer, beber água, apreciar a beleza que nos circunda. Vem agora a parte divertida para quem gosta de escalar em rocha. Iniciamos calmamente a nossa subida, vamos ouvindo algumas orientações, progredindo e fazendo manobras para passar nas zonas mais expostas, até chegarmos ao topo. Emociono-me com a beleza à minha volta. O meu pensamento liga-se a alguém muito querido que há bem pouco tempo deixou a vida terrena, sinto a sua proximidade. Um abraço forte da minha amiga de escalada traz-me novamente à terra. E ali à nossa frente, majestoso, quase como que a chamar-nos, o Monte Branco. Foi nesse mesmo dia que regressamos a Chamonix. Uma longa descida animada pela conversa descontraída sobre os Alpes. - Há sempre tanto que contar desta cordilheira, travessias espetaculares que se podem fazer. – ouvia atenta as histórias que me contavam, era a minha primeira vez nos Alpes e já estava cativada! Cativada até pela própria cidade de Chamonix! É um local onde se respira ar livre. Da varanda do nosso apartamento, para onde quer que olhe vejo OUTDOOR Novembro_Dezembro 2012 29 Aventura atividades outdoor. Ouço os risos alegres dum grupo que desce o rio fazendo rafting, observo o céu colorido pelos parapentes, as pessoas passam na rua equipadas com roupa de montanha. Cheguei a Chamonix há dois dias de comboio. Quando deambulava pelas suas ruelas, choquei com uma curiosa estátua onde um homem aponta a outro o cume do Monte Branco. - É Jacques Balmat que está a apontar para o cume, ele foi o primeiro homem a subir esta montanha, a 8 de agosto de 1786 acompanhado do médico Michel Paccard. Saíram de Chamonix, acamparam no cume da Montagne de la cote a 2630m, às 4 da manhã partiram e chegaram ao cume por volta das 6h da tarde. Balmat nasceu neste vale, era um caçador de cristais, tinha uma vontade de ferro e um instinto para as montanhas. Paccard, era médico em Chamonix e um excelente alpinista, adorava botânica e minerais. Também lhe erigiram aqui uma estátua. Foi ele que conheceu Horace-Bénédict de Saussure , que iniciou a corrida do primeiro Foi em 1760 homem a subir ao Monte que veio aqui Branco. – disse-me João. pela primeira vez e ofereceu uma recompensa a quem escalasse o Monte Branco. Ele tentou fazê-lo sem sucesso. - E esse Saussure também era alpinista? – perguntei curiosa. - O seu interesse pela botânica trouxe-o até aos Alpes e percorreu grande parte desta cordilheira, começando a trabalhar no sentido de esclarecer a topografia da parte nevada dos Alpes, nessa época praticamente desconhecida. Foi em 1760 que veio aqui pela primeira vez e ofereceu uma recompensa a quem escalasse o Monte Branco. Ele tentou fazê-lo sem sucesso. - Então nunca chegou a subir. - Sim, conseguiu, mas só em 1787, já tinha 47 anos e levou 18 guias com ele. Relembro as palavras que li do fotógrafo de montanha C. Douglas Milner, “A subida em si foi magnífica, uma incrível façanha de coragem, grande resistência, realizada por estes dois homens apenas, sem corda e sem piolets, muito sobrecarregados com equipamentos científicos e com longos bastões com pontas de ferro. O bom tempo e uma lua luminosa garantiram o seu regresso com vida.” O dia seguinte foi passado a descansar, visitar o Museu da Montanha e espreitar a meteoro- 30 Novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR Aventura Momte Branco - Estás nos Alpes? Não vão poder subir amanhã, aproxima-se uma tempestade. Mas tenho boas notícias, Um dos pontos altens uma janela de bom tos é ir à roulotte tempo no dia seguinte dos waffles deleitarmo-nos com este se quiserem aprodelicioso doce! No fiveitar. nal do dia ainda pude- mos assistir a um espetáculo de música e dança celta na praça central. O ambiente é descontraído, a praça está cheia de gente e a música faz sempre bem à alma. João recebe um telefonema. - Estás nos Alpes? Não vão poder subir amanhã, aproxima-se uma tempestade. Mas tenho boas notícias, tens uma janela de bom tempo no dia seguinte se quiserem aproveitar. - Disse Vítor Baía sempre bem informado sobre os fenómenos meteorológicos. O dia em que vai haver “uma aberta” para subir é o mesmo dia em que temos voo para Lisboa desde Genebra. Ficamos um pouco a pensar no que decidir e claro, temos que arriscar. Na montanha é assim, tem que haver flexibilidade, estamos dependentes das condições climatéricas e aproveitar quando nos é proporcionado bom tempo. A rota que vamos seguir não é a mais utilizada, é chamada rota dos três cumes. Esta rota é mais exigente física e tecnicamente do que a rota do Goûter. No entanto, com fácil acesso a partir do teleférico da Aiguille du Midi, este percurso tornou-se a segunda rota mais popular para escalar o Monte Branco. O percurso inicia-se na Aiguille du Midi, seguindo pelo Col du Midi antes de subir o Monte Branco através do Mont-Blanc du Tacul (4248m) e Maudit Mont (4465m). Esta rota requer condições estáveis na neve do Mont Blanc du Tacul e Mont Maudit e tem uma elevação acumulada de 1425m. O refúgio Cosmiques estava lotado, a nossa úniOUTDOOR Novembro_Dezembro 2012 31 Aventura No entanto, o mau tempo previsto estava certo, e a visibilidade não era mais de 20m à nossa frente. Estava desanimadíssima. estação do teleférico da Aiguille du Midi. Este teleférico foi construído em 1955 e manteve o título de ser o mais alto do mundo durante duas décadas. Ele ainda detém o recorde como o teleférico com a ascensão vertical mais alta no mundo, de 1.035 m para 3.842 m. Há duas seções: de Chamonix para o Plano de l'Aiguille a 2317 m, e, depois diretamente, sem qualquer pilar de apoio, para a estação superior a 3777 m. Apanhamos o último teleférico do dia, cerca de 20 minutos depois estávamos no terraço a tentar admirar as lindíssimas vistas que se tem deste local. No entanto, o mau tempo previsto estava certo, e a visibilidade não era mais de 20 m à nossa frente. Estava desanimadíssima. - Como é possível daqui a poucas horas termos bom tempo para subir? – Perguntei incrédula. - Estamos na montanha Luísa, a meteorologia muda rapidamente. Temos que aguardar. – Afirmou João calmo e confiante. 32 Novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR Fomos procurar um local onde pudéssemos descansar até à meia-noite, hora marcada para a nossa partida. O percurso é longo, com bastante desnível e na realidade o voo para Lisboa é amanhã! Quando acordei, o som dos ventos fortes que se faziam ouvir misteriosamente desapareceram. Depois de comer e fazer a confirmação do equipamento dirigimo-nos para a aresta que nos levará ao Vallé Blanche. Foi com extrema curiosidade que me dirigi à saída. Como estará o tempo? A calma e tranquilidade que senti ao sair para o exterior foi-me trazida pela maravilhosa paisagem que tinha à minha frente. Afinal, depois da tempestade vem a bonança, e a visão deste vale imaculado sob um céu estrelado, sem ninguém, sem pegadas, sem luzes de frontais, foi brutal. Ao começar a descer a aresta conseguimos ver o refúgio Cosmiques ainda adormecido. Fomos mesmo os primeiros a sair, o que representa um privilégio por um lado e Quando chegamos à “parede” do Mont Blanc du Tacul já temos algumas pessoas à espera para subir. O sol ainda não subiu para nos aquecer, esperamos junto às cordas a nossa vez, os pés começam a dar sinal de frio. Iniciamos a subida, os piolets e os crampons cravam-se certeiros no gelo, a corda ajuda na subida. Começo a ficar cansada e a hesitar, paro por uns momentos, sinto a boca seca, o coração a bater forte, olho para cima, já não falta muito. - Piolet numa mão, corda na outra, sobe Luísa! – a voz do Hélder trouxe-me lucidez. A energia que me faltava regressou. Concentro-me e continuo a subida, pedaços de gelo passam por nós arrancados aquela parede cheia de gente, desejosa de ultrapassar possivelmente o obstáculo mais duro desta rota. O trilho continua pelo belíssimo Mont-Maudit, apesar do seu nome. O sol já vai alto, começa a aquecer, há que começar a tirar camadas. Não podemos desidratar. Col de la Brenva, um chá quente e uma bolacha. Apetece ficar já aqui, as vistas são surpreendentes. Mas não é este o nosso objetivo, vamos continuar a subir. Ainda foi longa a nossa caminhada, sempre a encontrar forças e energia onde quer que elas estivessem escondidas. Parávamos de vez em quando à espera da outra cordada de amigos, e por fim, cerca das 10h da manhã atingimos o cume. Tento tirar fotos mas a máquina fotográfica não ajudou, fiquei sem bateria. Não faltam máquinas para o fazer e depois de um breve descanso temos que iniciar a descida pela mesma rota. É uma descida que acaba por ter algumas subidas, sendo por isso mais demorada. Mas a alegria de ter cumprido o objetivo, o dia tão calmo e luminoso, a companhia dos amigos, supera qualquer tipo de cansaço. Tive um sentimento de saudade ao chegar novamente ao Vallé Blanche e olhar para trás, para o trilho percorrido, olhar aquele vale agora à luz do dia, atravessado por tantas pegadas. Olho de relance para a última subida que nos falta fazer, a aresta que nos levará ao teleférico na Aguille du Midi. Faço esta subida confiante, como se tivesse deixado para trás todo o esforço e cansaço extremo desta maravilhosa aventura! Com grande pena não pude comemorar em Chamonix nessa noite, mas comemorei com imensa alegria ao reencontrar-me com a minha família, orgulhosa de mim; afinal, estive no mesmo dia no cume do Monte Branco de manhã e à noite na minha cama, quente e confortável, em Lisboa. ø Luísa Tomé Papa-Léguas www.papa-leguas.com OUTDOOR Julho_Agosto 2011 33 Aventura um esforço acrescido por outro. Relembro a travessia do glaciar do Tacul a “fazer trilho”, o som dos campons na neve ecoava num ritmo próprio, pousava a minha bota no local exato onde o João tinha feito a pegada, como que num jogo em que quando falhava acrescia o esforço que teria que fazer. O som de passos intensifica-se, temos mais madrugadores connosco. Deixamo-los passar, já vimos a fazer trilho há bastante tempo, é a vez de outros agora. Entrevista Diogo Miguel - (Oti-Estarreja) “O DESPORTO EM PORTUGAL É UM ESPELHO DA SOCIEDADE” Entrevista Diogo Miguel OUTDOOR Setembro_Outubro 2012 35 Entrevista Chama-se Diogo Miguel e é, aos 23 anos, uma das referências da Orientação Pedestre nacional. Campeão Europeu de Jovens em 2007 e Campeão Nacional de Distância Longa em 2009 e 2011, Diogo Miguel reparte o tempo entre a modalidade do seu coração e as exigências do curso de Medicina que abraçou há seis anos. E foi precisamente por aí que a nossa conversa começou, uma conversa onde passado, presente e futuro se misturam e confundem numa teia de opções, direções, desafios e decisões. Na Orientação como na Vida! Por Joaquim Margarido Outdoor: Como é possível alguém compatibilizar a preparação enquanto atleta de Orientação de Elite, com as exigências dum 6º ano do Curso de Medicina? Diogo Miguel: O segredo reside, sobretudo, na motivação. Toda a gente consegue tirar um curso e fazer desporto e, inclusivamente, se gostar, consegue treinar todos os dias. Mas se estiver motivado o suficiente, consegue levantar-se cedo para correr às seis da manhã, estar na Faculdade às oito e meia, sair às quatro da tarde e ir treinar outra vez, estudar até às dez da noite e dormir, porque amanhã é outro dia. É preciso estar-se motivado para abraçar esta vida durante o ano inteiro. de Sprint, em Eger, na Hungria. Que memórias guarda dessa jornada, há cinco anos atrás? Guardo sobretudo as memórias e os amigos. Na altura pensámos que a visibilidade que este resultado poderia dar à Orientação catapultasse a modalidade e possibilitasse a obtenção de mais apoios, mas isso não se veio a verificar, pelo menos na medida daquilo que seria de esperar. Esteve este ano nos Mundiais de Lausanne, conseguindo o 33º lugar na Final A de Distância Longa. Que valor atribui a este seu resultado? Atribuo-lhe um valor elevado, até porque foi a primeira vez em dez anos que um português foi a uma final A de Distância Longa. Cheguei ao fim com a certeza de ter feito o meu melhor e, se não tivesse quebrado fisicamente, teria feito melhor ainda. Ou seja, com outras condições de treino teria facilmente ficado entre os vinte e cinco primeiros. Mas falta bastante cultura desportiva à sociedade portuguesa em geral e, se disser a alguém que não está familiarizado com a Orientação que terminei em 33º num Campeonato do Mundo, essa pessoa irá pensar “esquece, és mau, não prestas!” Mas quem sabe como estas coisas funcionam, sabe os sacrifícios que temos que fazer. Sabe acima de tudo as condições que temos e consegue olhar para o resultado como sendo bastante meritório. Temos em Portugal o apoio que devíamos ou que merecíamos? Sabe acima Há quanto tempo é que as Não! É bastante revoltante olhar de tudo as concoisas são levadas assim? para outros desportos, como é dições que temos e Quando comecei a fazer Orieno caso do Futebol e termos um tação, não tinha grandes preo- consegue olhar para o Presidente que termina o mancupações com o treino. Durante dato à frente da Federação e que resultado como senos anos de faculdade já treinava se sente orgulhoso por ter deixado bastante meribastante a sério, mas foi há dois do um balanço positivo nas contas tório. ou três anos, quando comecei a de muitos milhões de euros. Mas ser treinado pelo Professor Bruno Nazário, que aumentei a carga de treino para o bi-diário. A partir daí, passei a ter o meu tempo totalmente ocupado. São os estágios do Curso, o tempo de deslocação para Hospitais da periferia, uma tese para defender... Este ano será bastante mais exigente que os anteriores, se calhar não vou poder fazer treino bi-diário todos os dias como gostaria, mas ainda assim vou procurar treinar duma forma o mais séria possível e, se não puder fazê-lo na quantidade desejável, pelo menos na qualidade espero consegui-lo. Em 2007 conquistou a primeira grande medalha da Orientação portuguesa ao sagrar-se Campeão da Europa de Jovens 36 Novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR são estes, precisamente, que ainda assim continuam a receber milhões e milhões do Instituto Português do Desporto e Juventude, enquanto outras modalidades lutam pela sobrevivência. Acho que somos, claramente, sub-apoiados. O desporto em Portugal é um espelho da Sociedade. Há os muito ricos e há os muito pobres. Os ricos são cada vez mais ricos e os pobres são cada vez mais pobres. É a mesma coisa com o desporto. Quando olha para os nossos jovens, que potencialidades vê neles para conseguirem chegar aos lugares cimeiros da Orientação Europeia e Mundial? Temos alguns jovens com bastante valor, prin- Entrevista Diogo Miguel cipalmente o Luís Silva. Trata-se dum atleta que tem um futuro brutal e acho que vai ser sem sombra de dúvidas o melhor atleta português dentro de muito pouco tempo. Olhando de forma mais aprofundada para estes atletas, é uma realidade que eles têm hoje melhores condições em relação àquilo que nós tínhamos na altura. Basta ver que os atletas já se deslocam com alguma frequência ao terreno antes das grandes competições, coisa que não havia até há muito pouco tempo atrás. E depois há os estágios de Seleção. Mas deve reconhecer-se que lhes falta o treino fora da competição. Acho que falta algum espírito de sacrifício no treino em casa, que é o mais importante. O Clube de Orientação de Estarreja é, desde sempre, o seu clube. Que significado tem para si este emblema e esta camisola que enverga? Comecei na Orientação aos 8 anos e a minha primeira experiência foi no Desporto Escolar, na minha terra, Canelas, uma pequena aldeia do Concelho de Estarreja. A essa primeira prova seguiu-se uma “Quinzena da Orientação”, no verão, e nunca mais parei. Há quinze anos que estou ligado a este clube e ele faz parte de mim. Poderia dividir a minha vida em dois, por um lado a parte profissional, da Faculdade, e por outro a Orientação. Por estranho que possa parecer, a parte desportiva não se encontra num plano inferior relativamente à parte profissional. Ambas as partes se complementam uma à outra. Portanto, a minha ligação a este clube é muito grande, são muitos anos, são muitas pessoas e ajudou-me a crescer. Aos miúdos que agora dão os primeiros passos, que conselhos daria? O conselho não o daria aos miúdos, se calhar dava-o antes aos pais. Tanto a escola como o desporto andam muito ligados. Se temos disciplina num, acabamos por ter disciplina no outro. Não é por acaso, se olharmos para os atletas de topo a nível nacional, todos eles são excelentes estudantes e têm um futuro profissional bastante promissor. Tudo parte de quem educa. Eu tenho a sorte de ter uns pais que sempre me educaram bem e que sempre me deram o apoio necessário para conseguir fazer as duas coisas. E deixaria ainda um conselho mais aos pais, o de virem fazer uma prova de Orientação com os seus filhos. Uma das grandes vantagens da Orientação é ser, para além do “desporto da floresta”, o “desporto da família”. OUTDOOR Novembro_Dezembro 2012 37 Entrevista Considera que esta época correu de acordo com as suas expectativas? Na verdade, digamos que a época está quase à beira de começar. Depois do Campeonato do Mundo, tirei mais tempo do que era habitual para descansar e tenho estado a fazer praticamente só manutenção. A época teve alguns percalços, comecei a treinar na República Checa e, apesar de ter feito muito treino com mapa, devido às questões climatéricas e às poucas horas de luz acabei por ter uma carga de treino aquém do desejável. Depois de regressar a Portugal estava a treinar bem mas tive um percalço e lesionei-me num pé, o que me obrigou a uma paragem de um mês. Isso fez-me perder muito da minha boa forma e acredito que, se não fosse isso, po- 38 Novembro_Dezembro 2012 2011 OUTDOOR OUTDOOR deria ter chegado muito melhor ao Campeonato do Mundo e aí o resultado poderia ter sido outro. Apesar de tudo, os resultados acabaram por ser bem melhores do que estaria à espera. O objetivo a curto prazo passa pelo título nacional absoluto? Por acaso esse é um título que nunca alcancei. Vou começar a treinar a sério para chegar nas melhores condições ao Campeonato Nacional Absoluto e esse vai ser um bom teste. O objetivo é estar lá para ganhar. Quanto à próxima época, espero apresentar-me às provas em melhor forma do que este ano e que os bons resultados possam aparecer. ø ofereça um garmin. DESEMBRULHAR a caixa será só o princípio... Este Natal ofereça emoções. Aventuras. Para quem viaja ou para os que correm. Para os que navegam no mar ou escalam montanhas. Para os nadadores ou golfistas. Este Natal, ofereça um Garmin. www.garmin.pt Por Terra Foto: Joaquim Margarido Atividade orientação… Parque Nacional Torres del Paine, Chile 40 Novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR Foto: Luzir desporto na natureza Por Terra Orientação Foto: Luzir Cinco são os sentidos, está nos manuais! Neles reside a possibilidade de um maior ou menor contacto da pessoa com aquilo que a rodeia. Há ainda o sexto sentido, aquela perceção extra-sensorial que parece ser mais propriedade das mulheres do que dos homens e que nas conceções ocultistas estará também sedeado num órgão do nosso corpo. Figurada ou objetivamente, é bom que todos eles – sem exceção! - estejam suficientemente desenvolvidos. Sem isso, não há sentido de orientação que aguente. A Orientação é um Desporto recente em Portugal, mas tem já mais de 100 anos de existência enquanto desporto organizado. Com efeito, terá sido em Bergen - Noruega, no ano de 1897, que se organizou a primeira atividade desportiva de Orientação. Os países nórdicos, são ainda hoje, aqueles onde a modalidade tem maior implantação, mobilizando um número de praticantes que coloca a Orientação entre os cinco desportos com mais adeptos na Escandinávia. A maior prova do mundo realiza-se anualmente na Suécia, os "5 dias da Suécia", com um número de participantes que já atingiu os 25.000. Durante o séc. XX a modalidade foi evoluindo até à criação da Federação Internacional de Orientação (IOF), que festejou em 2012 o 51º aniversário e veio normalizar mundialmente as regras competitivas, as normas para elaboração dos mapas e as sinaléticas a usar. A Orientação é praticada em quatro disciplinas diferentes: Orientação Pedestre, Orientação em BTT, Orientação em Ski e Orientação de Precisão (Orientação prioritariamente para deficientes motores). Portugal tem marcado pontos na Orientação para o desporto adaptado, lançando em 2012 a Taça de Portugal de Orientação de Precisão e criando um circuito de Orientação adaptada vocacionado prioritariamente para a deficiência intelectual e crianças em idade pré-escolar que é único no Mundo e que está a ser já implementado pela Espanha. O que é? Podemos dizer que a Orientação é um desporto completo. Há o aspeto físico, o treino no campo que se aproxima do treino dum atleta de fundo. E há, o aspeto mental, que desempenha um papel fundamental, a leitura dos mapas, o contra-relógio… É também o desporto de natureza por excelência. Os orientistas saem dos trilhos balizados para penetrarem no coração da floresta. Cada dia é uma nova aventura. Daquele que se inicia na Orientação ao mais consagrado dos praticantes há todo um mesmo espírito de liberdade, de fazer a sua própria escolha do melhor itinerário. No Atletismo, por exemplo, a volta à pista terá sempre 400 metros, quer seja aqui ou no Japão. Na Orientação, esta noção de distância tem muito pouco significado. Tanto se pode fazer 10 quilómetros numa hora e meia como em quarenta minutos. E OUTDOOR Novembro_Dezembro 2012 41 Por Terra depois, nunca existem duas florestas iguais. É o eterno recomeço. Na Austrália ou na Suíça, no Japão ou na Escandinávia, é necessário uma adaptação a cada local, não há lugar a repetições… Cada corredor possui uma bússola e um mapa que, contrariamente a um mapa normal, contém uma enorme diversidade de detalhes acerca dos seus elementos característicos (relevo do terreno, vegetação, caminhos, elementos rochosos, construções e muito mais...). Os mapas são realizados segundo as normas específicas da Federação Internacional de Orientação que tem sede na Finlândia. Além da legenda sobre os símbolos nele representados, existe ainda uma sinalética própria que tem a ver com o percurso que o praticante vai realizar nesse evento e que é uma linguagem universal. A partir do momento em que se põe em marcha o cronómetro, o orientista deve efetuar o seu percurso que é marcado no mapa e que é constituído por uma partida (representada por um triângulo) uma série de pontos de passagem obrigatórios (representados por círculos) e a chegada (representada no mapa por dois círculos concêntricos). Estes pontos são materializados no terreno sob a forma de um prisma triangular, denominado por baliza, e a passagem deve ser validada por um sistema de “picotagem” manual ou eletrónica. O objetivo consiste em fazer o percurso na sequência indicada o mais rapidamente possível. Mas entre cada ponto de passagem, a escolha do itinerário fica ao critério de cada um. O percurso em linha reta, evidentemente, nem sempre é o mais rápido. É necessário jogar com as inflexões do terreno, os lagos, os muros e outros acidentes… O tempo gasto a percorrer o traçado da corrida depende, sobretudo, do meio sobre o qual a mesma se desenrola. Em terrenos como na Escandinávia, onde o relevo é mais duro, numa mesma distância, poderemos gastar quase o dobro do tempo que gastaríamos num terreno plano e sem o mesmo tipo de obstáculos. 42 Novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR Por Terra Orientação Foto: Joaquim Margarido É um desporto ainda preservado de certas O conhecimento do relevo é são as seguintes: polémicas, “doping” e a parte mais difícil. É necessário aprender a imaginar - Campeonato do Mundo outros malabarismos, um terreno a três dimensões de Júniores – República daí que muitos orientistas sobre o mapa. Claro que não Checa (29jun-06 de julho) digam que não seja mau é apenas isto. Para quem tem www.jwoc2013.cz de todo que ele permamais dificuldade em possuir a - Campeonato do Mundo visão a três dimensões, esta inElite – Finlândia (07-14 jul) neça “confidensuficiência pode ser compensada www.woc2013.fi cial”. com outras qualidades, nomeada- Campeonato do Mundo vemente a atenção. Mas nem todos possuem igualmente esta capacidade mental. Como na generalidade dos desportos, é necessária uma longa aprendizagem onde o treino técnico, a vivência de situações mais variadas e o número de florestas “visitadas” desempenham um papel fundamental. É à medida que o tempo passa que o orientista aprende a adaptar o seu comportamento, a reagir cada vez mais rapidamente e a encontrar as melhores opções. O desporto não é muito mediatizado e o espírito da Orientação é o de permanecer livre. É um desporto ainda preservado de certas polémicas, “doping” e outros malabarismos, daí que muitos orientistas digam que não seja mau de todo que ele permaneça “confidencial”. Grandes Competições em 2013 Em 2013, as grandes competições internacionais onde Portugal vai querer estar presente teranos – Itália (02-10 ago) www. wmoc2013.it - Campeonato da Europa de Jovens – Israel (03 de novembro) www.eyoc2013.org Portugal na alta roda Mas Portugal vai ter brevemente grandes desafios pela frente: - Em 2013 organiza uma etapa da Taça do Mundo de séniores e o Campeonato do Mundo de Veteranos de Orientação em BTT - Costa Alentejana, entre 09 e 13 de outubro. - Em 2014 organiza em Palmela, de 9-14 de abril e em paralelo, o Campeonato da Europa de Orientação Pedestre e o Campeonato da Europa de Orientação de Precisão: www.eoc2014. fpo.pt Carnaval, o ponto alto Desde 1996 que Portugal realiza a sua prova rainha que atrai os melhores especialistas a PorOUTDOOR Novembro_Dezembro 2012 43 Por Terra tugal. É O Portugal O’ Meeting que desde 2000 se realiza no Carnaval com a duração de 4 dias e pontuável para a liga Mundial de orientação pedestre nos percursos de Elite. Em 2013 Portugal vai receber pela primeira vez três eventos pontuáveis para a Liga Mundial: 02 e 03 de fevereiro – Norte Alentejano O’ Meeting – Nisa (www.naom.pt) 09–12 de fevereiro – Portugal O’ Meeting – Idanha-a-nova (www.pom.pt) 16 e 17 de fevereiro – XIV Meeting de Orientação do Centro – Pombal (www.coc.pt/ eventos/16fev2013) Orientação muito mais do que um desporto Olhando para a modalidade de uma forma mais transversal podemos enquadrá-la além de modalidade desportiva com áreas como o Ambiente, a Educação e as Novas Tecnologias. As quatro vertentes atrás enunciadas, reunidas numa só, tem a ver, também, com solidariedade. Ambiente, porque a Orientação é o “Desporto da Floresta”, fazendo de cada praticante um guardião e um amigo de tão valioso património. Educação, porque é uma modalidade onde se aglutinam matérias tão nucleares como a Matemática ou a Geografia e se desenvolvem competências como a capacidade de interpretação ou o poder de decisão, por isso ser considerada prioritária para o Desporto Escolar. Novas Tecnologias, porque é das modalidades que mais depende dos Meios Informáticos a todos os níveis, do controlo de tempos à cartografia mais desenvolvida que existe. Desporto, porque promove a atividade física e a Saúde, dirigindo-se de igual forma àqueles que, individualmente, a praticam ao nível da alta competição, como às crianças ou às famílias que vêm nela uma forma de promover o seu bem estar físico e reforçar os laços de amizade e convivialidade. Olhando E solidariedade porque vive da força que projeta nos seus praticantes, para a modalitrabalhando desinteressadamente dade de uma forma em prol da modalidade, em prol mais transversal podo país. demos enquadrá-la além Porque a Orientação é Ambiente, de modalidade desportiva é Educação, são Novas Tecnolocom áreas como o Amgias, é Desporto. Porque a Orienbiente, a Educação e tação gera Riqueza e gera Saúde. Porque a Orientação é de todos e as Novas Tecnolopara todos. Interessa a todos. Integias. ressa ao País! Daí que é urgente que todos venham experimentar e que descubram as belezas deste País de mapa na mão. ø Fernando Costa e Joaquim Margarido 44 Novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR DESCOBRE A TUA PRÓXIMA AVENTURA NO TEU SMARTPHONE! APP PORTAL AVENTURAS APLICAÇÃO GRATUITA BREVEMENTE DISPONÍVEL Pesquisa por atividade/local Consulta da Revista Outdoor Compra de vouchers de desconto Rotas e Roteiros Notícias | Eventos Atividades Outdoor Pontos de Interesse Viagens | e muito mais... Por terra Desafio brasil ride 2012 600 kms de aventura em 7 dias, bem no centro da Chapada Diamantina. Aquela que por muitos é já considerada a melhor ultramaratona de btt da América do Sul, decorreu no passado mês de setembro, e contou com mais de 300 atletas de 20 nacionalidades para percorrerem os trilhos escolhidos por Mário Roma e a sua equipa. Portugal saíram 22, como no tempo dos descobrimentos e atravessaram o Atlântico para poder conquistar os fantasticos trilhos da Chapada Diamantina. Brasil Ride, mais que uma maratona de btt uma etapa na tua vida, este é o lema da Brasil Ride e sem dúvida caracteriza esta prova, pois para todos, principalmente os que viajam de outros continentes como nós a aventura começa muito antes de pegar na bicicleta. P ara podermos chegar a Mucugê, base da Brasil Ride partimos de madrugada de Lisboa num voo de 8 horas até Salvador da Bahia, chegados a Salvador tivemos apenas tempo para colocar os nossos sacos no hotel tomar um duche e procurar um excelente restaurante de rodízio, pois necessitávamos de proteínas para os dias seguintes. Dormimos em Salvador e no dia seguinte as 7h já estávamos a pé prontos para uma viagem de mais 8 horas, desta vez de autocarro, um autocarro muito confortável com ar condicionado, mas não deixam de ser 8 horas para percorrer os 400 kms que separam Salvador de Mucugê. 46 Novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR Por terra Brasil Ride 2012 OUTDOOR Novembro_Dezembro 2012 47 Por terra Chegamos a Mucugê já de noite e rapidamente temos de fazer o nosso registo na prova, receber o saco da prova, o dorsal e toda a informação necessária para os 7 dias seguintes. Depois é tempo de escolher uma das 300 tendas de campismo onde nos vamos acomodar. Outros preferiram dormir em pousadas mas nós, sem dúvida, preferimos viver a aventura por completo. Neste momento tomamos também conhecimento que o jantar desse dia, o pequeno almoço e almoço do dia seguinte seriam da nossa responsabilidade pois a alimentação da prova só teria início ao jantar do 1º dia. Aqui, permitam-me fazer uma crítica construtiva… Numa prova que prima pela excelência em todos os aspetos deveria a organização ter mais alguma atenção em relação a estes pequenos pormenores. Fez falta no momento da receção um sumo de frutas (simples, fácil e barato na terra dos sumos naturais), fez também falta o jantar e o pequeno almoço para quem vem de tão longe depois de tantas horas de viagem. Para tomarmos o pequeno almoço tivemos de nos deslocar cerca de 2 kms a pé. A meu ver, mais 100 reais não deixariam de levar as pessoas à prova e chegariam com certeza para tornar mais agradável a receção aos participantes. Já que estou na onda da crítica só mais 2 pontos importantes e que com toda a certeza serão melhorados em 2013. O primeiro tem a ver com o percurso escolhido e que por razões que desconheço nos obrigou a repetir cerca de 100 kms. O segundo está relacionado com o do piso do local de refeições, que por ser de terra fazia muito pó. Em relação ao percurso, depois de falar com o diretor técnico da corrida percebi que infelizmente não foi concedida autorização para podermos passar em certos locais da Chapada por serem zona protegida, mas foi-me também dada garantia que em 2013 o percurso seria diferente tentando repetir o menos possível. O segundo foi resolvido molhando o piso em Mucugê, dado que em Rio de Contas a zona de refeições fica num piso de cimento. Só me referi a este ponto menos bom e que tem de ser melhorado, porque esta foi a prova onde estive onde a variedade e a qualidade da alimentação é sem dúvida fora de série! Voltando à prova em si, depois de termos escolhido a tenda é necessário montar a bicicleta que vem dentro de um saco aos “bocados” e passar 48 Novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR os nossos pertences e roupa para o saco fornecido pela organização, para facilitar o transporte dos sacos de um local para o outro. Depois é preciso descansar pois o 1º dia de prova esta aí. Dia 1 Amanhece cinzento e o prólogo só começa as 14h, mas às 7h da manhã o nervoso miudinho já não nos deixa estar na tenda. Levantamos e procuramos um local para o pequeno almoço, que com ajuda dos locais que nos indicam um posto de abastecimento com comida típica da região e uns sumos de frutas naturais simplesmente maravilhosos. Barriguinha cheia, verificamos de novo as bikes, equipamo-nos e vamos reconhecer parte do percurso do prólogo, almoçamos e cada vez a adrenalina nos sobe mais… começam as movimentações das bikes de um lado e de outro e a base está montada num campo de futebol que fica de um momento para outro repleto de gente para ver os mais de 300 atletas. Os grupos são formados por número de dorsal e partida será dada em grupos de 4 duas equipas. A Brasil Ride é uma prova por duplas, significa isto que cada equipa é formada por dois elementos e durante toda a prova os 2 elementos tem de permanecer juntos, tendo apenas uma tolerância de 2 minutos seja na passagem dos postos de controlo ou na chegada à meta, para evitar desclassificações. A opção de todos é manterem-se juntos, pois só assim poderão ajudar o companheiro ou ser ajudados. Está tudo pronto e eis que é dado o tiro de partida para os primeiros atletas, nesse momento o nervosismo aumenta ainda mais e as pulsações que normalmente estariam a 70 estão já a 120... Chega a nosso momento e partimos. A emoção é enorme e os primeiros 4 quilómetros são em alcatrão a uma velocidade de cerca de 40 kms por hora, para depois entrarmos num trilho de terra onde predomina a areia, as rochas e a pedra. Atravessamos 2 vezes um rio, seguimos por mais um trilho de terra e areia até encontrarmos de novo o alcatrão. Percorremos mais 2 kms e voltamos à terra desta vez num singre (single?) track fantástico que nos leva a uma zona de descida rápida seguida de um plateau em rocha onde se por algum motivo tivermos de parar não vamos conseguir voltar a pedalar, sendo obrigados a carregar a bike às costas. A paisagem é deslumbrante mas o nosso objetivo é pedalar o mais rápido possível para podermos chegar bem posicionados e assim partir o mais a frente possível no dia seguinte. Mais um pouco res como só a Brasil Ride nos pode dar. Depois de ultrapassados estes obstáculos voltamos a entrar na cidade e por dentro das ruas serpenteamos com o apoio do muito público até atingir a linha de meta... Terminou o prólogo, 19 kms de BTT repletos de adrenalina. Na próxima edição contar-vos-ei mais resumidamente as restantes etapas da Brasil Ride, posso no entanto adiantar e desde já dar os parabéns aqueles que foram os vencedores da prova e que dignificaram as cores nacionais, Luís Leão Pinto e Tiago Ferreira, que venceram o prólogo e não mais despiram a camisola amarela, tornando-se assim na primeira dupla Portuguesa a vencer esta prova. Depois de tudo isto e já mais calmos é tempo de recolher as tendas e dormir para conseguir acordar as 4h e partir para mais um dia de aventura... A Brasil Ride foi pensada e criada por Mário Roma, um Português há muito radicado no Brasil que com a ajuda da sua esposa e de vários colaboradores e voluntários tem transformado esta ultramaratona de BTT numa das melhores do mundo. Agora é tempo de descansar, tomar banho, preparar o material para o dia seguinte que começará bem cedo as 4h da manhã e nos levará por 147 kms de trilhos de Mucugê ate à cidade de Rio de Contas com acumulado positivo Brasil Ride, more than a race, a stage de mais de 3000 metros. Mas antes in your life... A disso temos ainda tempo para paisagem e apreciar o excelente serviço de Não percam na próxima edição deslumbrante mas Catering, que tínhamos para da Outdoor a 2ª parte desta o jantar: carne de primeira aventura... o nosso objetivo é pedagrelhada, peixe, legumes, lar o mais rápido possível massa, sopa, saladas, sumos Ate lá, boas pedaladas! ø para podermos chegar naturais, sobremesas fruta, etc... Um misto de cor e sabobem posicionados e assim Paulo Quintans Foto: Fernando Monteiro partir o mais a frente possível no dia seguinte. OUTDOOR Novembro_Dezembro 2012 49 Por terra Brasil Ride 2012 de alcatrão e entramos no parque natural para um singelo track no meio de árvores, arbustos, pedras e outros obstáculos com cerca de 4 kms. Regressados ao ponto de entrada temos de voltar a descer e subir para entrar num trilho mais largo onde as pedras são mais que muitas e em alguns pontos nos obrigam mesmo a desmontar seja em subida ou mesmo em descida. Até os mais destemidos e experientes têm de desmontar tal é a dificuldade do terreno. É difícil, mas ao mesmo tempo bonito, fascinante e desafiador. Por Água Crónica lost na fronteira... 50 Novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR do fruta, barras energéticas ou sanduíches. Uns contemplavam a paisagem, outros, mais sociais, conversavam baixinho, outros aproveitavam a pausa para tirar fotografias com calma, sem a preocupação de se perderem do grupo. O regresso a Foz de Odeleite fez-se pela barragem, que nos propicia uma vista magnífica sobre a vila e a paisagem circundante. Após terminarmos a caminhada e de alguns companheiros terem feito um desvio ao café mais próximo para “matar o vício” da cafeína, seguimos nos carros para a próxima etapa do programa de fim de semana. Museu do Rio, na aldeia de Guerreiros do Rio. O grupo era maior do que esperávamos. Muitas É um pequeno museu municipal que mostra as caras novas, mas com um ou outro rosto conhe- antigas atividades económicas ligadas ao rio, cido. Os reencontros foram comemorados com tais como a pesca artesanal e a exploração mialegria; as apresentações com mais recato. De- neira. Existe também uma sala sobre a fauna e pois do gelo quebrado, já todos estavam a flora existentes na zona ribeirinha. O entusiasmados com a eminente cacontrabando que se efetuava durante O minhada e tratavam-se como veo Estado Novo tem aqui um destalhos companheiros. Seguimos que especial. No entanto, o esritmo da para o início da caminhada. pólio mais emblemático deste caminhada era museu é sem dúvida a colelento, entre dois dedos Odeleite é uma vila de casas ção de réplicas à escala dos típicas algarvias, caiadas de barcos tradicionais do Baixo de conversa com este branco com tiras azuis. Está Guadiana. Um trabalho de e com aquele. Saímos aninhada na encosta de um muito pormenor e paciência do perímetro da vila, monte sobranceiro à ribeira que enfeitiça qualquer viside Odeleite. A brisa fria da embrenhando-nos na tante. manhã batia-nos na face, mas paisagem camo brilho intenso do céu devolviaO valor cobrado pela visita é simpestre. -nos a promessa de um dia morno, bólico e dá entrada a outras estruque convidava ao exercício e ao convíturas culturais no concelho. Mesmo vio. O ritmo da caminhada era lento, entre assim, um homem decidiu fazer uma particidois dedos de conversa com este e com aquele. pação oficial no livro de reclamações, alegando Saímos do perímetro da vila, embrenhando- que o município estava a praticar preços muito -nos na paisagem campestre. Caminhávamos elevados e que aquelas estruturas deveriam ser rodeados de laranjeiras carregadas de frutos gratuitas. Não se ouviram vozes discordantes, maduros, que pareciam árvores de natal deco- mas em contrapartida, muitos rostos mostravam radas com bolas cor de laranja brilhante. Mui- expressões contra. É verdade que os impostos tas laranjas estavam caídas, salpicando o chão devem ser canalizados também para as atividade inúmeras bolas cor do Sol, aumentando para des culturais, mesmo os impostos municipais, o dobro a imagem de postal natalício. Uns qui- mas deveremos pensar que um museu, por mais lómetros adiante, num prado bem perto do rio, pequeno que seja, exige despesas de manutenum rebanho de ovelhas tasquinhava a erva ten- ção e que para estarmos todos ali, num sábado ra e húmida. Pelo meio das patas dos animais à tarde, é necessário (pelo menos) um colaboraadultos, cordeiros recém-nascidos passeavam- dor a tempo inteiro. -se com pouca firmeza, balindo para as progenitoras. Um pouco mais à frente, fizemos uma De regresso a Alcoutim, passando numa curva paragem a meio da manhã para um pequeno da estrada, avistámos a meia distância algo inlanche perto de uma antiga azenha. sólito. Num prado verdejante e sob um céu azul acinzentado, um balão de ar quente de todas as Era um momento bucólico perfeito, onde os ca- cores do arco-íris lutava para obter a forma bominheiros descansavam encostados a um tron- juda de que é característico. O silêncio campesco de árvore, ou sentados na erva fofa, comen- tre era apenas interrompido pelas injeções de OUTDOOR Novembro_Dezembro 2012 51 Por Água Lost na Fronteira A lcoutim foi o cenário escolhido para aquela passagem de ano. Iríamos desfrutar de uns dias entre o campo e o rio, em caminhadas e visitas culturais. Seria uma despedida calma do ano velho, sem euforias citadinas onde é (quase) obrigatório “divertirmo-nos”, seja qual for o significado que esta palavra tem para cada um. A entrada no ano novo estava programada para ser igualmente pacata, entre caminhadas imbuídas dos sons da natureza, no meio do cenário bucólico daquele concelho; entre colinas sensuais, de onde se entrevê de quando em quando o plácido Guadiana e, mais além, Espanha ao alcance da mão. Por Água gás que permitiam ao balão lutar com o etéreo e ganhar a forma desejada. No dia seguinte saímos mais cedo para abastecer o carro, enquanto o grupo se despachava para visitar o castelo de Alcoutim. Num concelho tão desertificado e, para nós desconhecido, o objetivo foi difícil de alcançar. Resolvemos parar um trator que seguia em sentido contrário e perguntar por direções. O senhor, estranhando a manobra do automóvel, abrandou cauteloso. Ao nosso sinal de mão, parou e desligou o motor. Muito solícito, deu-nos as indicações pedidas após ter feito uma breve visualização na sua cabeça do itinerário a seguir. Seguimos na direção indicada e fomos dar a uma aldeia. No largo principal, uma carrinha fazia venda ambulante de produtos de menáge, roupa e outros produtos mais ou menos utilitários. Àquela hora matinal não havia muitos clientes em redor da carrinha. Num banco perto da paragem do autocarro, um idoso observava a (pouca) movimentação no largo. Resolvemos tentar uma segunda vez e pedir pelas indicações. Encostámos o carro e dirigimo-nos ao sénior, que já nos observava com curiosidade. – Bom dia! O senhor Desabe dizer-nos onde volveufica uma bomba de -nos um sorriso gasolina? – Perguntámos sorainda maior que o ridentes. – Bom primeiro, orgulhoso, dia, jovem. Sim e voltou a cruzar senhor, eu sou as pernas, agora para o outro lado. 52 Novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR daqui. – Afirmou o velhote, ajeitando o chapéu. – Então e o senhor sabe onde podemos encontrar uma bomba de gasolina aqui perto? – O meu nome é José António. – Traçou as pernas em quatro e sorriu-nos. A resposta apanhou-nos desprevenidos. Trocámos um rápido olhar cúmplice e voltámos à carga com uma técnica diferente. – U-ma bom-ba de ga-so-li-na. Sabe onde fica? – Perguntámos em voz pausada, mas incisiva. – Sou casado há cinquenta e seis anos e tenho dois filhos! – Devolveu-nos um sorriso ainda maior que o primeiro, orgulhoso, e voltou a cruzar as pernas, agora para o outro lado. Já um tanto impacientes, mas sem querer perder a compostura, voltámos a inquirir o nosso interlocutor que, a bem dizer, parecia mais perdido do que nós. – BOMBA DE GASOLINA! Sabe se existe perto alguma? – O senhor estranhou o nosso tom de voz, as nossas expressões faciais exageradas e os movimentos largos de braços. Tirou o chapéu, coçou o cabelo grisalho e olhou-nos com ar reprovador. Porquê tanta impaciência daqueles jovens, se ele estava a ter uma conversa tão tranquila. Imagino que tenha sido o que terá pensado. Já desesperados, não sabíamos como enfrentar aquela muralha de incompreensão. Por sorte, outro idoso que circulava próximo, mas sem o handicap do primeiro, veio em nosso socorro. Pela quinta vez, reformulámos a dúvida que nos afligia. Este autóctone, solícito, ofereceu-nos uma resposta menos direta, mas mesmo assim expectável. Agradecemos aos dois séniores e seguimos viagem. Íamos mais aliviados por saber- Por Água Lost na Fronteira mos que o nosso objetivo estava perto, mas ao mesmo tempo sentíamo-nos preocupados, pois o ponteiro do depósito de combustível há muito que tinha chegado à reserva. Ficaríamos parados no meio do nada, sem combustível e sem saber onde ficava o tão almejado posto? Assim não aconteceu. Respirámos de alívio quando ao longe, numa planície desarborizada, vimos uma estrutura metálica familiar. Seguimos com um pouco mais de velocidade e parámos o carro com um suspiro de alívio. Naquele primeiro dia do ano, o litro de gasolina tinha subido uns cêntimos em relação ao dia (e ano) anterior. Naquela altura foi um acontecimento pouco usual mas, num futuro demasiado próximo, tornou-se um procedimento comum em qualquer mês do ano e, por consequência, indesejável. Regressámos a Alcoutim, ao seio do grupo, mesmo a tempo de seguirmos para a segunda caminhada do programa. No dia seguinte, após outra caminhada relaxante, alguns elementos do grupo resolveram trocar a segunda caminhada por um passeio de barco no Guadiana. Entrámos sete num barco a motor, com destino ao Pomarão. A viagem começou por ser muito agradável, navegando junto à costa portuguesa. Passámos devagar pelos vários barcos fundeados na zona a norte da pousada da juventude e seguimos depois a meio do rio. Ao avistar umas ruínas industriais na margem espanhola, o nosso barqueiro abrandou a velocidade para que pudéssemos tirar algumas fotografias. A viagem continuou em ritmo de passeio relaxante, em amena cavaqueira. O barqueiro, apesar de espanhol, percebia bem o português e participava nos vários diálogos com os clientes. Era bastante solícito ao ponto de permitir um dos elementos do grupo comandar o barco. Este asseverava que tinha carta de marinheiro, mas pela expressão de alguns dos presentes, o gesto do barqueiro não foi consensual. Numa questão de minutos, após a troca dos comandos, o motor do barco engasgou-se e desligou. O barqueiro retomou de imediato a liderança do barco e após sucessivas tentativas de ligar a ignição, “afogou-o”. Houve um momento de silêncio constrangedor, mas rapidamente a rapariga que assegurava ter carta de marinheiro tentou resolver o problema. Afirmou ser necessário esperar uns minutos até que se pudesse voltar a ligar a ignição, pois de contrário o motor iria “afogar” de forma irreversível. Os presenOUTDOOR Setembro_Outubro 2012 53 Por Água tes remexiam-se preocupados nos bancos corridos, olhando-se com aflição. Apesar da calmaria do rio, sentiam-se os efeitos da maré, que nos empurrava de forma lenta mas inexorável para Norte, longe do ponto de partida em Alcoutim. ção dos coletes de salvação. Um perguntou se o barco tinha vela ou, pelo menos, remos. Outros mantinham-se calados, de expressões fechadas. O barco balançava sobre a superfície do rio, visivelmente empurrado pela corrente. Passados uns minutos, o barqueiro voltou a tentar ligar a ignição. Sem sucesso. A marinheira encartada tentou por sua vez, com o mesmo resultado. Durante esta troca de lugares, o barco balançava e algumas pessoas queixaram-se de estar a enjoar e com medo que o barco virasse. O barqueiro retomou o seu lugar aos comandos do seu pequeno navio e, visivelmente nervoso, deu tantas vezes à chave da ignição que conseguiu “afogar” o motor de vez. O barqueiro teve uma ideia. Retirou de um compartimento na popa um bidão de gasóleo e, entre os solavancos da maré, encheu o depósito do barco sem derramar combustível. Prestável, a marinheira encartada quis pegar na chave, mas o barqueiro não permitiu. Foi ele que durante um tempo que pareceu infindável, deu à chave enquanto o motor fazia sons de engasgo. Por vezes parecia que ia recuperar, mas no instante seguinte voltava a galhofar. Tantas vezes o barqueiro girou a chave da ignição que conseguiu descarregar a bateria. Agora é que estávamos tramados! Vozes alteraram-se, braços levantaram-se e tentativas vãs de atribuição de culpas fizeram-se. A responsabilidade era da marinheira encartada que não tinha experiência; a responsabilida- O silêncio imperou naquele pequeno barco. Um de foi do barqueiro que foi insensato em silêncio pesado. Entretanto o Sol já esoferecer os comandos; a culpa foi tava a caminho do outro hemisfério das plantas aquáticas que se ene a noite instalava-se, fria e insitrelaçaram no hélice, levando-o nuadora. A questão dos coletes O silêncio impeà sua paragem prematura; a salva-vidas voltou à baila, mas rou naquele pequeculpa foi do rio que nos levou o barqueiro evitou responder. no barco. Um silêncio para a zona das plantas aquáPegou no seu telemóvel e liticas. Enfim, tanto barqueigou para o seu empregador. pesado. Entretanto o Sol ro como clientes tentavam Enquanto esperava, dois já estava a caminho do em vão encontrar um bode elementos do grupo já andaoutro hemisfério e a noiexpiatório, mas ninguém se vam de cócoras à procura dos te instalava-se, fria e lembrava a tomar uma ação coletes e de remos. que nos pusesse fora daquele insinuadora. aperto. Pela conversa que se ouviu, percebeu-se que havia um segundo Uma das clientes afirmou que estava barco pertença do mesmo proprietácom frio. Outra inquiriu sobre a localizario, mas que não podia ser usado, pois as chaves daquele encontravam-se na posse do dono que estava no momento em Évora. Ora, mesmo que saísse de Évora naquela altura, só passadas duas horas podia valer-nos. Estaríamos fadados a ficar no barco, de noite, ao frio de janeiro, até que nos fossem salvar? Não era essa a intenção de um dos elementos do grupo, já saturado da situação. Colocou os seus óculos da moda na ponta do nariz e digitou um número no seu smartphone. A chamada foi feita para os bombeiros de Alcoutim. Depois de explicar a nossa situação de deriva fluvial, perguntou se os bombeiros teriam um barco para nos ir buscar. A resposta foi que realmente os bombeiros tinham no seu efetivo um barco a motor, mas que de momento estava em reparações, sendo impossível socorrerem-nos. Sem se deixar abater, voltou a digitar novo nú54 Novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR O destino da chamada foi a Guarda Costeira. Pela terceira vez e de forma muito sucinta, a nossa situação foi relatada. A Guarda Costeira informou-nos que o dispositivo disponível para nos socorrer encontrava-se em Vilamoura e que demoraria cerca de quatro horas a chegar ao local onde nos encontrávamos. Perante esta nova informação, fizemos umas contas rápidas que nos permitiu perceber que, na pior das hipóteses, estaríamos salvos pela meia noite. De repente todos começaram a sentir fome, mas ninguém se tinha lembrado a levar comida ou mesmo umas bolachinhas. Optou-se por fazermos alguns exercícios de aquecimento, tanto por distração como de incentivo. Entretanto, em Alcoutim a história da avaria do barco e da consequente deriva era já do conhecimento geral. Algumas pessoas que se encontravam na margem espanhola queriam regressar, mas não podiam. Porquê? O (único) barqueiro em trabalho naquele primeiro dia do ano estava connosco no barco avariado! Em Alcoutim só se falava do barco à deriva com uns pobres coitados de visita ao concelho, ao frio e com fome. O proprietário do dito barco tinha chegado de Évora e estava a tentar perceber o que fazer para resolver aquela insólita situação, mas a pressão era muita. Os espanhóis que tinham vindo passear a Portugal queriam regressar e os portugueses em solo espanhol também. Afinal de contas a hora de jantar aproximava-se em passos largos. Apesar de não se encontrar nenhum colete salva vidas e haver uma pagaia partida no barco à deriva, os seus ocupantes estavam até bastante calmos para a situação em que se encontravam. Uns conversavam, outros continuavam a fazer os exercícios de aquecimento e outro ensaiou umas remadelas com a meia pagaia. Nesse momento conseguiu perceber que a maré os empurrava para a margem portuguesa. Chamou a atenção dos companheiros e em segundos conseguiu pôr todos a trabalhar para que conseguissem chegar à margem e parar o barco. Por sorte, entreviu-se entre a flora ribei- OUTDOOR Novembro_Dezembro 2012 55 Por Água Lost na Fronteira mero. Desta vez a chamada foi para os bombeiros de Vila Real de Santo António. Depois de explicar por segunda vez a nossa situação, o interlocutor compadeceu-se do nosso caso e informou que o barco disponível estava em Tavira e que seriam precisas duas a três horas para que chegasse a nós. Perante estas notícias, aconchegou a gola do seu casaco de marca e voltou a digitar outro número. Todos os presentes olhavam-no em suspenso, exceto uma mulher que teimava em se queixar do frio. Por Água rinha, uma estrutura em madeira que parecia um pequeno cais. Àquela hora era difícil discernir. Uns agarraram os ramos dos arbustos mais próximos do rio, outros usavam a pagaia e algo que serviu de remo para direcionar o barco para aquele periclitante cais. ansiado táxi. Como em qualquer salvamento, as mulheres foram primeiro. Não havia crianças. A um metro do cais houve alguém que saltou do barco para a estrutura, outro lançou-lhe a corda e assim foi possível atracar o barco. As pessoas saltaram lestas para o cais e do cais para o pequeno trilho que serpenteava para a escuridão da noite já instalada. Sem saberem onde se encontravam, começaram a caminhar. Haveriam de chegar algures. Quando as mulheres chegaram a Alcoutim, toda a população se encontrava nas ruas. Parecia uma feira. Os espanhóis queriam regressar ao seu país, os portugueses queriam que os familiares voltassem de Espanha, o proprietário queria saber onde e como estava o seu barco e as mulheres queriam que o taxista voltasse a buscar os homens. Este assim fez, mais depressa até para furtar-se àquela confusão generalizada. Passados uns minutos um jipe cruzou-se com o grupo de caminheiros. Estes perguntaram onde estavam e se era possível dar boleia a alguns do grupo para que fossem buscar ajuda a Alcoutim. O homem, com evidente pressa, informou que estavam a menos de dez quilómetros da cidade, mas que não podia ajudar porque estava atrasado para uma espera ao javali. Saiu dali em grande aceleração, deixando o grupo desalentado face a tamanha desfaçatez. O barqueiro resolveu telefonar uma segunda vez ao seu patrão. Depois de explicar que o grupo já se encontrava em terra, combinaram enviar um táxi para os ir buscar. Enquanto não chegava, só tinham uma alternativa: caminhar. Foram subindo o trilho, uns em silêncio resignado, outros sempre a conversar, até que chegou o tão 56 Novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR Os homens continuaram a caminhada noturna forçada, apesar de alguns desejarem em segredo ser mulher naquele momento. Passada cerca de uma hora, os homens regressaram, cansados e famintos. As mulheres continuavam na rua, à espera deles. O reencontro foi emocional, com interjeições de felicidade, no meio de abraços e beijinhos. Tanto os homens como as mulheres, estavam fartos de barcos e de passeatas, e nem queriam saber dos portugueses que se encontravam na margem oposta, apesar de alguns pertencerem ao grande grupo de caminheiros. Aquela história (que quase tinha sido um segundo Titanic) tinha felizmente acabado bem. Por isso mesmo, o melhor era esquecer o sucedido e ir imediatamente jantar! ø Susana Muchacho Geosphera Por Água Lost na Fronteira OUTDOOR Novembro_Dezembro 2012 57 Por Água Miguel Lacerda 10 perguntas a miguel lacerda Por Água Miguel Lacerda OUTDOOR novembro_dezembro 2012 59 Por Água A aventura é uma constante na vida de Miguel Lacerda. O mergulhador português, aceitou conversar com a Outdoor sobre algumas das suas experiências e nós contamos-lhe tudo! mergulhadores, os peixes, os navios afundados… Sentia uma grande vontade, necessidade e ansiedade de falar e viver um tema onde a presença do meu pai era evidente. Esta obsessão levou-me a seguir os rumos traçados pelo meu pai, o que acabou por convergir naquilo que nos é realmente comum, amar Miguel lacerda: A paixão do mergulho nas- o MAR incondicionalmente. Mergulhar ainda é ceu muito cedo em mim, acompanhada de um para mim hoje uma forma de sentir o meu pai enorme orgulho por ser filho de um dos grandes mais próximo. pioneiros do mergulho em Portugal. Aos 9 anos já mergulhava em apneia e capturava os primeiros peixes. Aos 15 experimentei O fatídico acidente do meu pai a mergulhar pela primeira vez submergir com escafanrepresentando as cores da bandeira dro autónomo. Mas foi de facto a caça nacional nos treinos do campeonasubmarina que me incutiu o maior Mas foi de gosto pelo mergulho, uma forma to do mundo de caça submarina de estar melhor e mais tempo em 1959 na Sardenha (Itália), facto a caça subdentro de água, de ter mais acabou por criar em mim uma marina que me incuastúcia no mergulho e de enimensa vontade de procurar tiu o maior gosto pelo tender e conhecer melhor a e encontrar no mar explicafauna marinha. ções, levando-me a entender mergulho, uma forma melhor o que aconteceu e a de estar melhor e Em termos profissionais tamconhecer de uma forma inemais tempo dentro bém muito cedo procurei enquívoca o que é o mundo subcontrar rumos que me levassem marino. de água. a estar ligado ao mar, isto fez-me Recordo na minha infância (3 ou 4 passar pelo Aquário Vasco da Gama, anos) onde o tema mais comum nas brinMuseu do Mar e de colaborar com vácadeiras, nos desenhos era o fundo do mar, os rias instituições científicas internacionais, parOutdoor; Como surgiu a paixão pelo mergulho? 60 Novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR Foi o primeiro português a submergir nas águas da Península Antártida. O que trouxe consigo de mais importante? O facto de ter sido o primeiro português a submergir na Antártida não é algo que me enobrece. O que trouxe (ou levei comigo) foi o conseguir realizar um sonho de há muitos anos (que à partida sabia que seria muito difícil de executar) e partilhar esse sonho com o sentido de incutir nos nossos jovens um espírito mais empreendedor e ambicioso mostrando-lhes que sonhar está ao alcance do acreditar, do empenho e da dedicação de cada um. O seu livro “Quebramar Dive in Antarctida 2010” aborda o aquecimento global. Pretende de alguma forma sensibilizar a população para os erros que se cometem diariamente? O Livro “Quebramar Dive in Antarctida 2010”, traz de facto uma mensagem. Não sendo o meu propósito nem competência ir à Antártida estudar seja o que for, fui exclu- sivamente para mergulhar em águas polares e observar a fauna ali existente. Acabei por ter a sorte e a oportunidade de colaborar e contactar com cientistas que assiduamente (e há muitos anos) ali trabalham, onde me transmitiram as suas opiniões e pareceres dos estudos que ali têm efetuado. Tendo como objetivo em tudo o que faço, partilhar a experiência vivida, aproveitei este livro onde a beleza das imagens glaciares, da fauna, da flora etc. não podem esconder os atos irresponsáveis que se cometem diariamente e que estão bem percetíveis. Sendo as grandes indústrias, experiências (nucleares), catástrofes, guerras, emissão de gases etc. que acabam por se repercutir mais neste longínquo continente (onde o barómetro visível é exatamente o degelo dos glaciares a extinção e escassez de alguns organismos marinhos) não podemos minimizar os atos descuidados impensados de cada um de nós, pois massivamente representam também uma quota-parte dos danos causados. Todos contribuímos (uns mais que outros) para o aquecimento global e para a degradação do nosso planeta, é exatamente nesse sentido que tento transmitir uma mensagem de preocupação e sensibilização, nunca é demais relembrar! Houve algum momento em que sentiu medo? Nesta viagem não senti nada que me colocasse medo (no verdadeiro sentido da palavra), em algumas situações tive algum respeito. Momen- OUTDOOR Novembro_Dezembro 2012 61 Por Água Miguel Lacerda ticipando em inúmeras expedições. Acabei por fazer um pouco de tudo no mergulho, desde recolhas biológicas, estudos científicos, espeleologia, arqueologia subaquática, exploração, cinema, fotografia, salvamento... E todos os meus 5 livros editados têm a ver diretamente com o mar. Rapidamente passaram 40 anos a mergulhar e a velejar por todo o mundo, onde a vontade de viver o mar se tem mantido como se fosse no primeiro dia. Por Água Costumo dizer que não tenho medo do mar, mas nunca o trato por “TU”. tos e situações que fugiram um pouco do habitual e do controle de cada um de nós. Umas vezes por falha do equipamento de mergulho, outras inerentes ao risco de mergulhar junto dos icebergues e por último algumas investidas por parte das focas leopardo. Das três situações a que me pareceu de maior risco foi de facto num dos mergulhos em icebergue, quando uma grande parte do icebergue quebrou. Nesse momento encontrava-se toda a nossa equipa de mergulhadores sob o icebergue, felizmente no lado contrário. Para alguns elementos da equipa os momentos mais críticos ou assustadores, passaram-se durante a travessia do Drake, onde se fizeram sentir ventos ciclónicos (ventos habituais nestas latitudes) mas devido às características do navio e o seu comportamento eu estava muito à vontade. Costumo dizer que não tenho medo do mar, mas nunca o trato por “TU”. Esta foi a viagem da sua vida? Esta foi uma das viagens da minha vida! É muito difícil comparar ou avaliar muitas das viagens, expedições ou regatas que realizei por todo o mundo, pois cada uma tem as suas características, os seus objetivos e resultam sempre 62 Novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR em experiências e histórias relevantes. Para quem gosta de estar e andar no mar todas elas marcaram como pessoa, como marinheiro, como mergulhador ou mesmo como aventureiro. O mar, o seu limiar e os meios envolventes têm sempre algo de novo, algo para aprender e muito para desfrutar… É nesse sentido ou rumo que continuo à procura da viagem da minha vida. A preparação para as suas viagens deve exigir uma preparação emocional e física bastante antecipada. Como se prepara? Uma boa preparação resulta sempre no sucesso de qualquer viagem, expedição ou regata (em tudo na vida), quer emocionalmente, quer fisicamente ou mesmo tecnicamente. Sou uma pessoa extremamente ativa, procuro sempre o melhor de mim dentro das minhas limitações físicas e emocionais e conheço muito bem os meus pontos fracos (porque tenho muitos). É exatamente aí onde a preparação é mais cuidada e mais intensa. Sou um autodidata por excelência, gosto de ser eu a preparar-me, mesmo que por vezes leve mais tempo a chegar aos objetivos. É muito habitual em mim e leva-me a repetir e a testar sucessivas vezes até chegar perto do ideal, se o Por Água Miguel Lacerda não conseguir, crio uma forma de dar a volta à situação. Quando parto para uma viagem raras são as surpresas. Por exemplo, a fase de preparação dos mergulhos na Antártida, fi-los na Lagoa comprida na Serra da Estrela a 1600 metros de altura do nível médio do mar em pleno inverno, o que em termos físicos é muito mais violento. Facto que vim a confirmar quando submergi na Antártida, tudo me pareceu mais simples. nos Açores iria para as ilhas mais Ocidentais. Cascais, é também para mim um local de eleição pois foi a minha grande escola de mergulho. Uma zona para quem gosta na realidade de mergulhar, onde muitas vezes a visibilidade e a corrente não colabora. Costuma-se dizer “Quem mergulha em Cascais mergulha em qualquer parte do mundo”. É uma zona também extremamente rica em história, com uma fauna muito interessante e com uma tipologia de fundos muito variados, mas que por vezes é afetada devido às águas turvas provenientes do caudal do rio Tejo. “Sendo um Quais são, para si, os melhores spots de mergulho em Portugal? meio diferente É muito difícil dizer quais são Cascais é também o porto com onde indubitavelos melhores spots de mergulho mais acessibilidade para mermente há limitações, em Portugal. Conheço inúmegulhar no Cabo da Roca e na ros e muito bons, quer no conMontanha do Camões (este procuro a cada subtinente, Madeira, Porto Santo, último um mergulho no azul), mersão, um novo Desertas, Selvagens e Açores. dois dos meus spots preferidos desafio uma nova No entanto sou um apaixonado do continente. pela ilha das Berlengas, não só aventura.” pelas características da ilha em si, Como concilia as suas avenmas pela variedade dos spots, a visituras com a vida profissional? bilidade das águas, a riqueza da fauna e Até à data não foi difícil conjugar as mipor toda a história e artefactos depositados no nhas aventuras com a vida profissional. Muitas fundo. das aventuras, expedições, viagens, regatas fi-las profissionalmente, representando normalA escolher um spot no arquipélago da Madeira, mente as instituições onde trabalhava ou como não tinha dúvida em escolher o Ilhéu do Bugio atleta profissional no caso das regatas. nas Desertas (apesar de hoje estar interdito) e OUTDOOR Novembro_Dezembro 2012 63 Por Água O que mais o atrai na modalidade? O mergulho cria em mim uma enorme atração. Sendo um meio diferente onde indubitavelmente há limitações, procuro a cada submersão, um novo desafio uma nova aventura. Nenhum mergulho é igual e consigo encontrar nesta modalidade uma forma de descomprimir, de aliviar tensões, problemas... Desfrutando tudo o que o mar me presenteia, num silêncio único e próprio onde a flutuabilidade neutra cria em mim uma sensação de ser um outro organismo. Mergulhar é também uma forma de confrontarmo-nos com outros organismos marinhos (dos mais pequenos aos maiores), aprender a coexistir, a respeitar e a desfrutar tudo de belo que nos proporcionam, reconhecendo-lhes a devida importância e o seu lugar neste planeta. O mar é sem dúvida um meio de subsistência da humanidade. Mergulhar e a minha postura para com o mar torna-se também numa espécie de dever e um ato de cidadania. Partilho o que de belo nele encontro, mas também denuncio comportamentos menos dignos que comprometem e desrespeitam a sua salubridade e longevidade. Mergulhar com os tubarões brancos vai ser o culminar de uma grande aventura? Mergulhar com os grandes tubarões brancos é mais um sonho que quero realizar. Este sonho nasce julgo que no princípio dos anos 70, quando foi apresentado em Portugal o documentário “Homens e tubarões” do realizador Bruno Vailati. Fui eu que fiz a decoração do cinema “Nimas” para a ante estreia, com várias espécies de tubarões embalsamados provenientes das coleções do Aquário Vasco da Gama. As imagens deste documentário, tocaram-me de tal forma que ainda hoje sonho com este mergulho. O tubarão branco sendo um dos maiores predadores dos oceanos é também um dos mais responsáveis pelo seu equilíbrio. A chacina que tem sido efetuada aos tubarões nestas últimas décadas, com a proliferação da cozinha oriental (sopa de barbatana de tubarão) e medicamentos para fortalecer ossos e cartilagens, leva a que milhares de toneladas sejam capturadas diariamente, onde na maioria dos casos o aproveitamento resume-se às barbatanas (os animais são devolvidos ainda vivos para o fundo do mar). Nunca é demais denunciar as atrocidades cometidas pelo homem. Não saber respeitar o topo da cadeia alimentar, é assumir a destruição total da vida marinha. É 64 Novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR Por Água Miguel Lacerda neste contexto que pretendo mergulhar com os grandes tubarões brancos. Aproveitando também o sensacionalismo que as imagens desta espécie (tipo dinossáurio vivo) nos proporcionam, será também uma forma de mostrar que o homem consegue coabitar com este “monstro” sabendo respeitar o seu espaço. Já o tentei por três vezes, na África do Sul (em Gansbay), mas nunca tive sorte com o mar, pois apanhei sempre mau tempo e águas turvas. Agora as minhas atenções estão viradas para Guadalupe, uma reserva mundial ao largo do México no oceano pacífico, onde durante a época do verão (agosto a outubro) existe uma das maiores concentrações desta espécie e probabilidade de sucesso é de 99%. Sendo um projeto relativamente barato a conjuntura atual do país tem dificultado conseguir apoios suficientes para o levar a cabo, mas como costumo dizer “é uma questão de tempo!” e sim se conseguir mergulhar fora das jaulas junto do grande tubarão branco “será o culminar de uma grande aventura”. ø OUTDOOR Novembro_Dezembro 2012 65 Fotografia Portfólio do mês — Jorge Brás 66 Novembro_Dezembro 2011 OUTDOOR Fotografia Portfólio OUTDOOR Novembro_Dezembro 2011 67 Sesimbra Fotografia 68 Novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR Fotografia Portfólio OUTDOOR Novembro_Dezembro 2012 69 Fotografia 70 Novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR Fotografia Portfólio Biografia: Por volta do ano 2000, adquiri a minha primeira SLR, uma nikon F60, mais tarde uma F80. Desde o início que tive dificuldades em me focar num tema específico, para fotografar. Mais tarde, começo por acompanhar um amigo, Ricardo Alves, para fazer fotografia de paisagem, digamos que durante uns tempos foi o meu principal foco, mas levei tempo a aperfeiçoar a técnica. Entretanto, com a escalada, as viagens, os objetivos da fotografia ficam mais abrangentes e interessantes. Começo a interessar-me pela fotografia de desporto, principalmente dos que praticava e tinha conhecimento a escalada e o bodyboard. Decorria o ano de 2008, decidi fazer um curso de fotografia profissional. Optei pela Oficina da Imagem, por ser um curso com um curriculum completo e sendo essencialmente um curso prático, o factor preço também pesou. O curso teve a duração de um ano, o qual terminei em 2009 com uma menção honrosa em reportagem de desporto. Desde então, os desportos que tenho fotografado com mais regularidade são a escalada, o bodyboard e o highline, no entanto, já fotografei, deep water solo, btt, bmx, skate, atletismo e natação em águas abertas, espero que o leque se alargue, mas sem perder o foco nos desporto de outdoor. ø Site: www.jorgebras.com OUTDOOR Novembro_Dezembro 2012 71 Fotografia Foto-Reportagem MADEIRA WORLD GAMES 72 Novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR Fotografia Foto-Reportagem Início da primeira prova de Orientação Briefing para o início da 1ª etapa Prova de Canoagem “Bombote” no Clube Naval do Seixal Partida para o ponto de partida da 1ª etapa OUTDOOR Novembro_Dezembro 2012 73 Fotografia 1ª Etapa: Prova de Orientação 1ª etapa: Mapa de orientação 74 Novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR 1ª Etapa: Prova de Orientação Fotografia Foto-Reportagem Prova de Canoagem “Bombote” Prova de Canoagem “Bombote” Equipa a finalizar da Prova “Bombote” Prova de Canoagem “Bombote” OUTDOOR Setembro_Outubro 2012 75 Local de passagem na prova de Orientação da 3ª Etapa Fotografia Prova de Trail Running no Fanal Briefing prova de BTT Local de passagem na prova de Trail Running 76 Novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR Fotografia Foto-Reportagem Prova de Tiro com Arco Prova de Orientação no Fanal OUTDOOR Novembro_Dezembro 2012 Provas de Team Building 77 Fotografia Fotografia de Grupo na entrega dos prémios MADEIRA WORLD GAMES Os Madeira World Games - Tradições e Jogos da Natureza na Madeira tiveram a sua primeira edição no âmbito do Festival da Natureza em outubro passado. Este desafio à aventura contou com mais de 100 participantes, de várias idades, com e sem experiência em atividades na natureza. As atividades, todas elas centradas nos concelhos de Porto Moniz e Calheta, levaram os participantes a locais de uma beleza natural e patrimonial única! Das atividades Terra, tais como Orientação, BTT e Trail Running, às atividades na água, nada foi esquecido... Agora resta-nos esperar pela edição de 2013, que se espera com muitas surpresas. ø João Rodrigues nos Madeira World Games 78 Novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR Saibam mais em Madeira World Games S.O.S. ... fogo à chuva... C om bom tempo, qualquer palerma acende uma fogueira, já diz o ditado. É nas piores alturas que se vê quem sabe realmente acender um fogo. Felizmente o nosso quadradinho está bem provido de uma das árvores mais práticas para acender um foguinho quando está tudo encharcado: o pinheiro. A primeira coisa a fazer é preparar o local onde vamos fazer o fogo. Como a primeira chama é algo frágil, convém que o local seja abrigado pelo menos durante a primeira fase, usando um poncho ou uma lona mesmo por cima do local do fogo. É importante que não nos caia chuva nas primeiras chamas. Depois é preciso ir à lenha. Os ramos mortos dos pinheiros são excelente combustível. O pri80 Novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR meiro indício de que o ramo está morto é a ausência de matéria verde nas pontas. O segundo e claro indício da sua morte é o característico “tak!” quando se parte. Os ramos vivos vão dobrar, ainda que ligeiramente, rejeitem esses. Madeira morta em pé não significa necessariamente ainda agarrada ao tronco: desde que não estejam em contacto com o chão, servem perfeitamente. Depois de recolhidos uns ramos valentes, e nesta coisa da chuva mais vale pecar por excesso: Quando acharem que têm madeira suficiente, tripliquem a dose, só por segurança. É uma chatice quando está a chover a potes a primeira tentativa falhar por falta de alimento e termos que apanhar a segunda molha a ir recolher madeira de novo. S.O.S. Fogo à chuva Portanto temos os nossos ramos debaixo do abrigo. Uma sacudidela valente é mais do que suficiente para lhes retirar o excesso de água que os cubra. Como não estão em contacto com o chão, irão estar relativamente secos por dentro. O processo de preparação é semelhante ao fogo de gravetos que pode ser encontrado aqui. Uma base, para permitir uma boa entrada de ar é manter o fogo longe do chão molhado, a lenha separada por tamanhos de mina de lápis, lápis e polegares, em molhos que precisem das duas mãos para os agarrar. Se conseguirem, por uma questão prática, amarrem os freixes mais pequenos. Uma ressalva aqui para o facto das raízes dos pinheiros crescerem perto da superfície e arderem tipo rastilho, reacendendo por vezes meses depois de termos feito o fogo. Havendo tempo, escavem um pouco para retirar alguma raiz que esteja por debaixo da zona de fogo e permitam que a chuva encharque bem o buraco antes de o tapar de novo. Depois é a vez da acendalha, que deixamos para o fim para que apanhe o mínimo de humidade possível. Aqui é importante ter um bom molhe de feathersticks, com aparas bem finas e longas. Com alguma prática é possível fazer feathersticks que acendam com uma faísca, mas para já contentemo-nos com uma quantidade do tamanho de uma meloa. Depois de preparada a acendalha é altura de raspar um pouco de pinho resinoso, o mais vermelhinho que encontrarem e que cheire o pior a terbentina que conseguirem. Raspem-no até conseguirem um pó fino na quantidade de uma uva gorda. Mais uma vez é preferível pecar por excesso. Se conseguirem encontrar resina, ainda melhor, que o efeito é o mesmo e dura mais tempo. Tem é que ser bem pulverizado para pegar. Este pó irá acender com facilidade com algumas faíscas de um firesteel, e esta será a nossa primeira chama. Sobre esta chama vamos colocando muito gentilmente os feathersticks, deixando que a chama lamba a ponta das penas sem as depositar à bruta em cima da chama, abafando-a. Esta é a parte mais crítica do fogo. Assim que as penas ganham chama, é altura de passar aos gravetos. Por esta altura, o calor da chama dos feathersticks será suficiente para secar o resto de humidade que ainda esteja agarrado ao vosso primeiro molhe tamanho mina de lápis. De novo, pega-se o molhe por cima da chama, apenas de modo a que esta venha lamber os primeiros graOUTDOOR Novembro_Dezembro 2012 81 S.O.S. vetos, e assim se mantém até que a chama surja por cima do molhe. Podemos então poisar este molhe gentilmente em cima do fogo e repetir o processo com o segundo molhe. Nesta fase a fogueira já deve produzir um calor considerável. Se por acaso virem a chama esmorecer, sinal claro de pouca oxigenação, peguem na base do primeiro freixe, que ainda deve estar amarrada, e levantem toda a lenha um pouco, permitindo uma entrada de ar por baixo mais eficiente, o que irá fazer disparar as labaredas. Assim que se poisa o segundo molhe, é altura de começar a alimentar, do lado contrário ao do vento, a fogueira com os gravetos tamanho lápis, mais uma vez pousando gentilmente os ramos. Qualquer atirar de madeira para o fogo até este estar sustentável pode mandar abaixo o trabalho todo. Uma vez empilhados os gravetos médios, podemos passar então a madeira do tamanho polegar. Assim que estes estiverem a arder, temos então um fogo sustentável, cujo calor que emite, tanto da chama como da cama de brasas que entretanto se foi formando, é suficiente para fazer evaporar a água da chuva antes que ela lhe caia 82 Novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR em cima. A quantidade de madeira necessária para isto é diretamente dependente da enxurrada, mas o processo é sempre o mesmo. Depois disto, quaisquer troncos grossos, mesmo encharcados, podem ser encostados à fogueira para irem secando, e vão naturalmente entrar em combustão quando estiverem secos. Assim que o fogo está sustentável, aconselha-se que movam a proteção para o lado da fogueira, para que o calor das chamas não a derreta. Um abrigo inclinado irá proteger do vento e refletir algum calor para as costas, tornando uma estada à chuva bastante aceitável. A grande vantagem de acampar à chuva é mesmo o facto de não ser preciso ir muito longe para buscar água boa para beber, e de raramente alguém nos vir chatear. É então hora de juntar umas agulhas de pinheiro e fazer um chá carregado de vitamina C, para prevenir alguma constipação enquanto a roupa molhada seca em frente ao fogo. Boa caça, e vemo-nos no mato. ø Pedro Alves Instrutor de Bushcraft e técnicas de sobrevivência www.escoladomato.com Descobrir Livro Aventura “O Homem das Solas de Vento” “O Homem das Solas de Vento” é o segundo livro de viagens do escritor, fotógrafo e viajante Sérgio Brota. Num mundo cheio de segredos, como o mapa que se estende à sua frente, o livro transporta-nos por vários países asiáticos num roteiro pessoal nesse Oriente misterioso e longínquo. Desvenda-nos o país que adoptou a Felicidade Interna Bruta, Butão - o último Shangri-la, passeia pela simplicidade do Laos, envolve-nos nos silêncios de Banguecoque, na loucura das ruelas de Deli ou abre-se simplesmente como uma companhia para ver o pôr do sol no Mekong, nesta que é uma aventura feita tanto de estórias como de imagens. Com prefácio de João Garcia, “O Homem das Solas de Vento” é um livro para viajar. ø 83 Novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR Descobrir Gerês 8 pequenas rotas para explorar E ste concelho que engloba dois maciços montanhosos de grande Beleza, a Serra Amarela e a famosa Serra do Gerês, e dois vales verdejantes formados pelos rios Homem e Cávado, constitui uma referência turística significativa a nível nacional. Os seus atrativos são sobejamente conhecidos e reconhecidos desde há várias décadas: O Parque Nacional da Peneda-Gerês; o Santuário de S. Bento da Porta Aberta; as Termas do Gerês, as suas albufeiras; a Marina de Rio Caldo, a Via Romana (Geira), as suas paisagens, os seus miradouros, a sua gastronomia. Com a implementação dos Percursos Pedestres “Na senda de Miguel Torga”, no ano 2001, pretendeu-se, por um lado, dar a conhecer e a fruir o património natural e patrimonial do concelho, bem como a sua história, os usos e costumes de um povo que soube tirar da serra o seu sustento e o seu modo de vida e, por outro lado, homenagear Miguel Torga que era um apaixonado pelo Gerês e pelo concelho de Terras de Bouro, tendo percorrido as serranias desta terra por mais de 40 anos e tendo-lhe dedicado várias poesias nas quais exalta a sua magnificência. ø “Há sítios no mundo que são como certas existência humanas: tudo se conjuga para que nada falte à sua grandeza e perfeição. Este Gerês é um deles.” In Miguel Torga, Diário VII Descobrir Gerês Descobrir PR1 – TRILHO DA CALCEDÓNIA Cidade da Calcedónia é um Trilho pedestre denominado pequena rota (PR), constituído por traçados declivosos, que o tornam de elevada dificuldade. Foto: CM Terras de Bouro Este Trilho desenvolve-se nos territórios de Covide e de Campo do Gerês, os quais apresentam um enredo histórico-cultural marcante, pelas suas tradições comunitárias e antiguidades arqueológicas. Este traçado circular, pretende atingir o mítico sítio arqueológico denominado “Fraga da Cidade”, que os eruditos seiscentistas imortalizaram com o clássico topónimo de Calcedónia. características: Extensão: 7 km Duração média do percurso: 4 horas Local de saída/chegada: Lugar do Calvário (Covide) Dificuldade: Alta Mais Informações: CM Terras de Bouro PR2 Trilho do Castelo Foto: CM Terras de Bouro O Trilho do Castelo - o Castelo de Bouro ou de Covide - estende-se pelas chãs e cumeadas da memorável e histórica serra de Santa Isabel. O seu percurso, de 16.376 metros, atinge uma cota altimétrica de 990 metros e percorre-se com dificuldade média, por veredas singulares, ladeadas pelos maciço montanhosos da Amarela e do Gerês. características: Extensão: 16,4 Km Duração média do percurso: 6 horas Local de saída/chegada: Santa Isabel do Monte e Covide Dificuldade: Média Tipo de Percurso: Circular Mais Informações: CM Terras de Bouro 86 Novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR Ao longo do seu traçado apresentam-se notavelmente, as modalidades de organização da paisagem natural e construída, oriundas da época medieval. Não é de estranhar o embate natural com que tudo aparece no seu lugar. Aqui, o Homem ainda não desfez! 0 Trilho do Castelo abrange o território de três freguesias: Sta Isabel, Chamoim e Covide. 0 seu traçado apresenta dois pontos de início: 1. Igreja de Sta Isabel do Monte até ao Monte do Castelo; 2. Lugar do Calvário, em Covide, até ao Monte Castelo. Desta forma, o pedestrianista ou visitante tem duas opções para calcorrear o Trilho do Castelo: a primeira, mais longa, possibilita um contacto direto com a riqueza arquitetónica rural, com a comunidade e tradição agro-silvo-pastoril da freguesia de Sta Isabel e a segunda, mais curta, poderá contemplar a natureza paisagística e o Castelo de Covide. Foto: CM Terras de Bouro O Trilho dos Currais, inserido na temática “tradições comunitárias”, percorre uma área de singular beleza natural da Serra do Gerês. Percorre-se ao longo de três currais do Baldio de Vilar da Veiga: o Curral da Espinheira, o Curral da Carvalha das Éguas e o Curral da Lomba do Vidoeiro, constituindo um percurso de pequena rota (PR) cuja distância a percorrer é de 10 km, sendo o grau de dificuldade média a elevada. Inserido no âmbito Cultural e Paisagístico, o Trilho dos Currais proporciona um contacto direto com o espírito e tradições comunitárias locais, a partir da organização silvo-pastoril na forma de vezeira. Esta prática comunitária, peculiar da Serra do Gerês, decorre de maio a setembro, sendo o gado bovino da comunidade encaminhado pelos caminhos carreteiros até à serra alta, onde se situam os currais. Os vezeiros - proprietários do gado - acompanham durante dias ou semanas o gado, consoante o número de cabeças que possuem, transportando os utensílios para a alimentação e estadia nas cabanas dos currais. A manutenção destas estruturas comunitárias é assegurada anualmente. Todos os anos, previamente à subida do gado para a serra, no dia dos cubais, os proprietários limpam os caminhos carreteiros, arranjam as cabanas e as fontes. Descobrir Gerês PR3 - Trilho dos currais características: Extensão: 10 km Duração média do percurso: 4 horas Local de saída/chegada: Parque de Campismo do Vidoeiro - Gerês Dificuldade: Média e Elevada Mais Informações: CM Terras de Bouro O Trilho dos Moinhos e Regadios Tradicionais percorre as aldeias rurais de Lagoa, Sequeirós e Pergoim, pertencentes à freguesia de Chamoim. Apresenta uma extensão de 9 km, com um tempo de 4 horas de duração e ostenta um grau de dificuldade média a elevada. A cota altimétrica máxima de 590m será atingida no sítio do Espigão, identificado como miradouro, sendo a cota mais baixa de 140m, na margem do Rio Homem. Este trilho traduz-se num percurso rural que confere um reconhecimento da utilidade e valor das antigas redes viárias caídas em desuso, tais como os caminhos de pé posto e os caminhos agrícolas lajeados. As linhas de água, as levadas, os poços, os regadios e os moinhos-de-água, no seu conjunto, constituem autênticas relíquias da arquitetura popular de tempos remotos. O Trilho dos Moinhos e Regadios Tradicionais inclui um pequeno troço da Via Militar Romana XVIII do Itinerário Antonino, entre as milhas XXI e XXII. A calçada, em excelente estado de conservação, encontra-se murada em alvenaria granítica. Foto: CM Terras de Bouro PR4 Trilho dos Moinhos e Regadios Tradicionais características: Extensão: 9 km Duração média do percurso: 4 horas Local de saída/chegada: Lugar da Lagoa - Chamoim Dificuldade: Média Mais Informações: CM Terras de Bouro OUTDOOR Novembro_Dezembro 2012 87 Descobrir Foto: CM Terras de Bouro PR5 Trilho da Águia do Sarilhão características: Extensão: 9 km Duração média do percurso: 3 horas Local de saída/chegada: Museu Etnográfico de Vilarinho das Furnas Dificuldade: Média Mais Informações: CM Terras de Bouro O Trilho da Águia do Sarilhão, localizado na freguesia do Campo do Gerês, possui um património de fortes tradições culturais e etnográficas. Este trilho pedestre de pequena rota (PR), de âmbito histórico e cultural, tem uma extensão de 9 km, com cerca de 3 horas de duração e apresenta um grau de dificuldade Média. Estende-se por terrenos aplanados de um vale alargado, por onde passa o Ribeiro de Rodas, entre o Museu Etnográfico e a margem esquerda da albufeira de Vilarinho das Furnas, sendo esta a sua extremidade Norte. Percorre os aglomerados rurais deste antigo povoado e descortina, por entre os arruados estreitos, os espigueiros e habitações com as suas cruzes cimeiras e varandas com madeiramentos costumeiros abertas ao logradouro. Do legado patrimonial realça-se, com distinção, a Via Nova XVIII (Geira), com passagem pelas milhas XXVII, XXVIII e XXIX e pelo núcleo de padrões romanos. Nas proximidades da milha XXIX avultam vestígios indeléveis da trincheira do Campo que, na Idade Média, serviu de defesa da raia portuguesa nas invasões hostis. Inserido numa importante área do Parque Nacional da Peneda Gerês, este trilho aproxima-se de outros locais de interesse, como a fraga do Sarilhão, a Mata Nacional de Albergaria e a extinta aldeia comunitária de Vilarinho das Furnas. PR7 Trilho de São Bento Foto: CM Terras de Bouro O Trilho do São Bento, de âmbito cultural e paisagístico, apresenta-se como um percurso pedestre de pequena rota (PR), tem uma extensão de aproximadamente 10,5 km, com um tempo de duração de 4 horas, sendo o grau de dificuldade Média, com alguns desníveis acentuados. características: Extensão: 10.5 km Duração média do percurso: 4 horas Local de saída/chegada: Lugar da Seara - Rio Caldo Dificuldade: Média a elevada Mais Informações: CM Terras de Bouro 88 Novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR Este percurso estende-se ao longo da encosta sudoeste do vale do Rio Caldo sendo interceptado, em dois locais, pelo troço da E.N 304, que liga as freguesias de Rio Caldo e Covide. O seu traçado caracteriza-se por locais de interesse histórico-cultural, de cariz religioso, que despertam curiosidade ao pedestrianista e visitante. Um dos principais atrativos deste trilho são os antigos fornos de fabrico de carvão, denominados de furnas, o fojo do lobo - locais de captura do animal e as rochas graníticas com as pegadas de Santa Eufémia, representando vestígios que remetem às tradições e mitologias da freguesia de Rio Caldo. O fojo do lobo e a furna são estruturas que demonstram e confirmam a relação de coexistência vivencial, com benefícios e malefícios, entre o homem e determinados animais, inclusive o urso e o lobo. Descobrir Gerês PR8 Trilho do Couto de Souto características: Extensão: 5 km Duração média do percurso: 4 horas Local de saída/chegada: Lugar do Paço, Souto Dificuldade: Média Mais Informações: CM Terras de Bouro Foto: CM Terras de Bouro O Trilho do Couto de Souto, de âmbito histórico-cultural, é um percurso pedestre de pequena rota (PR) que apresenta uma extensão real de 9,5 km, com um tempo de duração de 4 horas e um grau de dificuldade média. Desenvolve-se em áreas situadas na encosta sudeste do vale do Rio Homem, em que atravessa povoações rurais pertencentes às freguesias de Souto e Ribeira. Este traçado circular, com início e fim na freguesia de Souto, região que outrora foi conhecida por Couto e Vila de Souto, visita vestígios edificados pertencentes ao Couto atribuído por D. Afonso III, no ano de 1254, tendo-se extinguido no ano de 1836. Do valioso património cultural enredado neste trilho, faz-se referência à aldeia de St.ª Cruz, sendo o local que principia, com a milha XIV, os 30 km de via romana (Geira) que se alonga pela extensa área do concelho de Terras de Bouro. PR9 Trilho da Geira Este percurso alonga-se pelos caminhos agrícolas das freguesias de Chorense e da Balança, que encerram em si vestígios históricos de elevado interesse turístico e cultural. Esse interesse advém, sobretudo, da existência de marcas da atividade romana, a Geira e as Milhas: XV, no sítio de Cantos ou Bico da Geira, XVI no lugar do Penedo dos Teixugos, XVII junto à ribeira de Cabaninhas, XVIII Mutatio Saliniana, na Chãos de Vilar. O conjunto de miliários reunidos nas referidas milhas patenteiam epigrafia a homenagear os imperadores da época. O interesse da mesma região pode, obviamente, estender-se ao ambiente arquitetónico das aldeias típicas em granito, onde subsiste um ambiente rural bastante acolhedor, e ao ambiente físico e natural que é facilmente perceptível em muitos dos locais do trilho. Foto: CM Terras de Bouro O Trilho da Geira, um percurso pedestre de pequena rota (PR), de âmbito histórico e paisagístico, apresenta uma extensão de 9,5 km, com um tempo de duração de 4 horas, sendo o grau de dificuldade média. características: Extensão: 9,5 km Duração média do percurso: 4 horas Local de saída/chegada: São Sebastião da Geira Dificuldade: Média Mais Informações: CM Terras de Bouro OUTDOOR Novembro_Dezembro 2012 89 Descobrir Atividades Outdoor no Gerês trilho do lindoso ao soajo Foto: Oficina da Natureza Lindoso e Soajo são o ponto de partida para conhecer a cultura, o património e a natureza deslumbrante desta área de montanha, no coração do Parque Nacional da PenedaGerês. Chegue mais perto da natureza da melhor maneira... Longe do reboliço da cidade estes são os ingredientes que lhe vão garantir um dia. Partindo da aldeia de Lindoso, mesmo na fronteira com Espanha, irá percorrer trilhos ancestrais que rasgam a exuberante paisagem serrana, tendo como destino a vila do Soajo. Ao longo do percurso terá oportunidade de visitar alguns aglomerados rurais, deslumbrar-se com paisagens de uma imensidão sem fim, conhecer algumas das tradições e modos de vida local bem como provar da sua gastronomia. Este é um percurso carregado de história! 90 Ficha Técnica Duração (Tempo de atividade): 3H30 Grau de dificuldade: Fácil Distância aproximada: 11 Km Tipo de Percurso: Circular Preço: 25€ por pessoa Mais Informações: Oficina da Natureza Novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR Descobrir Gerês passeio de jipe Passeio de jipe com monitor pela serra do Gerês, onde os participantes poderão desfrutar de toda a paisagem envolvente, bem como visitar aldeias ancestrais com usos e costumes tradicionais, fazendo transparecer toda uma vivência rural. Por vezes encontram-se animais selvagens, como cavalos (Garrano), corça, esquilos, e outros. Os passeios têm o objetivo de dar a conhecer aos participantes locais que seriam de difícil acesso com transporte normal, pois são, na sua maioria realizados em caminhos de terra batida, por entre a flores e bosques de Rio Caldo – Gerês. Foto: Javsport Fotos: Clik Outdoor Ficha Técnica Duração: Mínimo 1 hora Número Mínimo Participantes: 2 Preços: Sob Consulta Mais Informações: Clik Outdoor canyoning no rio arado Uma descida emocionante através de cordas no Rio Arado! Para quem experimenta pela primeira vez ou para quem já conhece trata-se de um espetáculo sempre diferente. A beleza natural do Parque Nacional Peneda Gerês, a pureza da água do Rio Arado, as grutas, a descida das cascatas em rapel, os saltos para água... Ficha Técnica Dificuldade: Baixo Duração: N/D Preços: Sob Consulta. Mais Informações: Javsport Foto: Javsport Pelo leito do Rio, caminhando, nadando, descendo as cascatas em rapel (cascatas com altura máxima de 50 m). OUTDOOR Novembro_Dezembro 2012 91 Descobrir Atividades Outdoor no Gerês travessia na peneda Foto: Caminhos da Natureza Esta é uma travessia no Parque Nacional da Peneda-Gerês, situado bem a norte de Portugal. É uma oportunidade de caminhando ligar dois lugares de especial beleza no nosso único Parque Nacional. Por entre caminhos, veredas e calçadas antigas iremos redescobrir um património muitas vezes esquecido, nos confins da nossa terra. Ficha Técnica Dificuldade: Moderado. Desníveis acentuados e um dia de 6-7h Duração: 2 dias / 2 noites Tipo de Percurso: Fim de semana em travessia Preços: Sob Consulta. Mais Informações: Caminhos da Natureza Foto: Gerês Equi’Desafios passeio a cavalo 92 Novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR “Um contacto de excelência com a natureza” A relação de amizade e companheirismo que se estabelece entre o homem e o cavalo torna-se uma componente aliciante nos momentos de lazer e descoberta, e nada melhor que as paisagens do Gerês para que esta conjugação atinja o seu esplendor. Proporcionamos aos clientes inesquecíveis passeios a cavalo pela serra, servindo-se de um leque variado de raças equestres, incluindo o Garrano, raça autóctone do Gerês em vias de extinção. Dóceis e portadores de grande tolerância no desempenho do seu trabalho, os nossos cavalos permitem a vivência desta experiência até àqueles que não tiveram até então qualquer contacto com o animal. O Batismo de Cavalo e os passeios pela serra com duração compreendida ente 1 hora e 6 dias, são as propostas que colocamos aos nossos clientes, fornecendo-lhes ainda o acompanhamento de guia que fará destes percursos um momento único e personalizado. Dificuldade: Baixa Preços: Desde 8€ Local : Campo do Gerês Mais informações: Gerês Equi’Desafios Casa Beira Rio Foto: Casa Beira Rio O alojamento da Casa Beira Rio é uma opção mais económica e caracteriza-se pelo seu ambiente familiar. Está situado naquela que é conhecida como uma das mais belas serras de toda a Europa e no único Parque Nacional. Os amantes da natureza podem visitar diversos cenários ainda inalterados pela mão do Homem, podem apreciar uma fauna e flora únicas. É uma oportunidade de conhecer o Parque Nacional Peneda-Gerês pelas nossas mãos. Venha conhecer e amar o Gerês. Foto: Casa Beira Rio Dispõe: 12 Quartos confortáveis equipados com TV, Aquecimento, WC Privativo, Ar Condicionado, Acesso ao Rio, Wi-Fi Grátis e Esplanada com vista para a Albufeira da Caniçada. Serviços: Bar, Esplanada e Pequeno almoço Contactos: Morada: Lugar de Alqueirão nº650 4845-062 Gerês Telefone: +351 253 391 197 E-mail: [email protected] Mais Informações: Casa Beira Rio Casa de émaus Foto: Casa de Émaus A proximidade do Parque Nacional da Peneda Gerês e de um contexto de Natureza no seu estado mais puro, fazem da Casa de Emaús um excelente local para uma fuga da rotina. Com seis quartos com WC privativo e aquecimento central, pode ainda usufruir de uma magnífica piscina, campo de ténis, e zonas exteriores com Wi-Fi. Serviço standard: Dormida e pequeno almoço. Pode trazer os seus amiguinhos de quatro patas! Foto: Casa de Émaus Aguardamos pela sua visita! Contactos: Morada: Lugar de Emaús, nº 85 Chorense, 4840-060 Terras de Bouro Tel: +351 253 351 570 | 912 543 468 Email: [email protected] Mais Informações: Casa de Emaús OUTDOOR Novembro_Dezembro 2012 93 Descobrir Gerês Alojamento Descobrir Corporate team-building Tem uma empresa e pretende organizar um evento de team-building? Consulte as nossas sugestões! TEAM BUILDING – ORI-4x4 Prova de orientação em 4x4, onde a equipa terá de fazer a navegação por matas, vales, montes, caminhos sinuosos, etc. Munidos de bússola e carta militar terão de conquistar os postos de controle que lhes são propostos. Foto: Vertente Natural Pelo meio irão encontrar alguns enigmas que terão de resolver em conjunto e 3 desafios extra (jogos de dinâmica de grupo). Uma prova onde a gestão de tempo, de equipa e a estratégia adotada farão toda a diferença. Um programa: Vertente Natural website: www.vertentenatural.com e-mail: [email protected] Telef: +351 210 848 919 Mountain bike tour Foto: Guincho Adventours O tour inicia se junto á praia do Guincho e prossegue pela floresta dentro. O percurso tem uma passagem pela lagoa azul, subindo até ao pico com 477 metros. No final, vai ser possível fazer uma visita à Peninha! Durante o percurso, a flora fauna deste fabuloso parque natural, serão objeto de observação. 94 Nível de dificuldade: Médio | Elevado Público-alvo: Grupos com espírito de aventura Um programa: Guincho Adventours website: www.guinchoadventours.net e-mail: [email protected] Telef: +351 934 479 075 Novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR Propomos uma atividade outdoor hi-tech que combina tecnologia e aventura, onde os participantes seguem coordenadas GPS para encontrar geocaches (caixas) escondidas perto de monumentos-chave do centro histórico de Lisboa. Cada geocache envolve perguntas, enigmas ou tarefas. Foto: Fuga Perfeita Uma excelente forma de conhecer cidades e vilas, ou outros locais, e testar as capacidades competitivas das equipas de geocachers onde o empenho de todos é essencial para o sucesso da missão. Um programa: Fuga Perfeita website: www.fugaperfeita.com e-mail: [email protected] Telef: +351 968 694 146 Grupos de Incentivos na ilha da Madeira A Ilha da Madeira é sem dúvida um dos melhores locais da europa para atividades ao ar livre. A Madeira Adventure Kingdom oferece um grande leque de atividades de aventura e lazer para grupos de incentivos tais como: Foto: Madeira Adventure Kingdom Canyoning | Caminhadas pelas levadas | Jeep Safari | Atividades de Teambuilding | Geocaching Estes são apenas alguns exemplos de atividade para grupos de incentivos que podem ser realizados nesta ilha de contornos naturais simplesmente fantásticos. Um programa: Madeira Adventure Kingdom website: www.madeira-adventure-kingdom.com e-mail: [email protected] Telef: +351 968 101 870 mission: impossible “MISSION IMPOSSIBLE” tem um conceito de teambuilding que recria o ambiente do suspense, surpresa e desafio audaz sempre associado à memória que temos da Missão Impossível! Estamos a viver realidades paralelas e só agora estamos a ser chamados para a nossa verdadeira realidade de espiões. A Missão promete! Em versão TT ou Walk, munidos de GPS, esta é uma dinâmica de orientação e estratégia que estimula o trabalho em equipa e promove a interação. Foto: Equinócio Um programa: Equinócio, Cultura de Ação website: www.equinocio.com e-mail: [email protected] Telef: +351 210 155 139 OUTDOOR Novembro_Dezembro 2012 95 Descobrir Team-Building Geocaching em Lisboa/ Sintra /Óbidos Descobrir Corporate Centro de Formação Sniper O Centro de Formação Sniper tem o seu local privilegiado em Bucelas, Loures, a 23 km de Lisboa, onde várias infraestruturas foram idealizadas e construídas por forma a contribuir para a criação de excelentes programas de desenvolvimento das capacidades pessoais e relacionamentos interpessoais. A realização de encontros, conferências, reuniões, formações, programas de incentivo, ações de Team Building, entre outros, torna-se possível num único espaço onde o futuro se encontra com a natureza. Foto: Sniper Um programa: Sniper website: www.sniper.pt e-mail: [email protected] Telef: +351 219 694 778 team building experience sport A Experience Sport concebe programas de desenvolvimento Team Building em estreita parceria com os clientes e, sempre, à medida das suas necessidades. Foto: Experience Sport Objetivos dos programas: Trabalho em Equipa, Liderança, Comunicação e Diversão. Um programa: Experience Sport website: www.experience.sport.com e-mail: [email protected] Telef: +351 261 984 221 team building puzzle Esta é uma atividade composta pelos nossos melhores produtos, enquadrados com a história, gastronomia e hábitos locais, escolhidos por si e compostos por nós de forma a criarmos em conjunto o programa que mais lhe convém. Analise os desejos e necessidades da sua empresa, as competências a ampliar e venha até nós que construímos o seu evento, à sua medida. Um programa: MuitAventura website: www.muitaventura.com e-mail: [email protected] Telef: +351 967 021 248 96 Novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR Descobrir Projeto de cabo a cabo 98 Julho_Agosto 2011 OUTDOOR Descobrir Cabo a Cabo a pé por portugal OUTDOOR Julho_Agosto 2011 99 Descobrir E stamos na ponta norte de Portugal. Depois de semanas de sol e calor, o outono que há dias chegou trouxe com ele a chuva, e bastou que nos fizéssemos ao caminho para que ela nos brindasse com a sua presença, como uma lembrança subtil da dificuldade daquilo a que nos propomos. Daqui em direção a Lamas de Mouro o caminho faz-se quase sempre a subir. Dos 15Km até lá, apenas os últimos dois ou três são planos ou com uma ligeira inclinação descendente. O rio Minho vai ficando para trás à medida que subimos as suas veredas salpicadas de ramadas nestas encostas verdes que se espelham com Espanha. Na manhã seguinte, ainda com chuva, uma boleia leva-nos até à Peneda. Na margem esquerda do rio com o mesmo nome, sob a chuva intensa que não permite sequer uma foto, o santuário, a sua escadaria monumental e a encosta rochosa de onde jorram cascatas de água, proporcionam um postal de inverno magnífico. Idosas nas suas capas de chuva guiam o gado em direção a casa, enquanto seguimos para Rouças fustigados pelo metralhar da chuva impiedosa na cara, na parte de trás de uma carrinha de caixa aberta. Um nevoeiro persistente cobre a montanha ocultando os seus cumes. O som das encostas é o badalar das cabras que por ali apascentam, e que formam um belo presépio quando combinadas com pequenas casas ladeadas por um riacho, num qualquer vale de tapete verde. A chuva parou e aproveitamos para retomar a 100 Novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR Depois de um dia de descanso forçado devido à chuva, a manhã deste quarto dia desperta animadora. À medida que vamos subindo em direção a Germil, o sol que se apruma vai recolhendo a sombra à nossa passagem. Um céu que se mancha de azul depois de dias carregado de negro. Apesar de ainda estarmos em setembro, por estas encostas sombrias já é comum ver-se fumegar das chaminés destas casas que se mostram através de uma ramada que lhes faz frente e me lembra tempos idos em casa dos meus avós. O silêncio destes vales escondidos entre curvas e contra curvas, é apenas cortado pelo correr de riachos que se precipitam montanha abaixo e pelo troar dos sinos nas aldeias vizinhas, que acompanham o passo das horas com badaladas marianas. Seguimos em direção à barragem de Vilarinho das Furnas. A aldeia que lhe dá nome encontra-se submersa pela albufeira desde 1971, sendo no entanto, possível um pequeno vislumbre das suas ruínas quando o caudal da mesma se encontra bazo. À medida que descemos, o ziguezaguear da estrada que se prolonga e se avista do outro lado do vale, faz-me lembrar os fjords da Noruega, onde também, para se fazer o equivalente a um ou dois quilómetros em linha recta, é necessário andar uma boa dezena deles. Não há renas mas há cavalos a pastar na berma da estrada e apenas o vale não é mar… De Campo do Gerês seguimos em direção à pequena aldeia da Ermida. A vista do alto da serra sobre a vila do Gerês é assombrosa! Pontes e rios numa imensidão a perder de vista. A própria vila é uma viagem no tempo e no espaço, fazendo lembrar uma qualquer estância termal alpina, com os seus chalés e edifícios palacianos, lembrando hotéis de charme de um tempo de cartolas e espartilhos. À saída da vila, a estrada que sobe até à aldeia enche-nos as narículas ora de um odor a bosta ora de um perfume medicinal a eucalipto… Bois de longos cornos retorcidos param espantados à nossa passagem. A estrada sobe e desce, recordando penosamente que a pé, custa tanto uma coisa como a outra… A Ermida, como nos contam, é seguramente uma das últimas aldeias comunitárias do país. Aqui ainda se ‘convoca o povo’ para arbitrar de qualquer assunto relativo à aldeia e que se resolve de uma só vez com quem estiver presente, sem mais delongas ou possibilidade de contestação, qual reunião de condomínio… Descemos a Cabril de onde saímos às primeiras horas da manhã desta segunda semana, com a neblina tosca a pairar sobre as águas do Cávado. As aldeias da nossa companhia – de videiras e OUTDOOR Novembro_Dezembro 2012 101 Descobrir Cabo a Cabo caminhada. Depois dos espigueiros do Soajo, seguimos ao encontro do rio Lima onde, à sua passagem, escondida pelas encostas escarpadas, nos deparamos com a velha central hidroeléctrica do Lindoso, um edifício sóbrio e interessante, que mais parece saído de um qualquer filme de espionagem dos anos 30 ou 40. Descobrir latadas por onde perscrutamos ainda com uva – vão-se sucedendo mudas e caladas. O paradigma da desertificação do interior do país, é ser possível encontrar na mais inóspita e silenciosa das aldeias, uma matrícula estrangeira e uma arquitetura de mau gosto e persiana corrida… À medida que subimos para Alturas do Barroso, a Barragem do Alto Rabagão à nossa esquerda perfila-se quase como a muralha de uma fortaleza das ‘terras altas’ dos livros de Tolkien. No cimo das colinas, gigantescas eólicas mais parecem ‘vira-ventos’ de criança em dia de romaria. A sua sombra projetada sobre os prados verdes são relógios perpétuos e hipnóticos. Descemos a Boticas. Este regresso à urbanidade deprime-me. Questiono-me sobre de que forma olharemos daqui a 30 ou 40 anos, para a nossa arquitetura ‘popular’ (não de autor) dos anos 80 e 90… Vale-me o cheiro a camarinhas na descida para Vidago e o vento de frente que me faz cantarolar; “wind in my hair I feel part of everywhere…” 102 Novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR À entrada da vila, cruzo o Tâmega e penitencio-me da minha ignorância; sabendo eu que a linha de caminho-de-ferro que servia este destino termal era a do Corgo, julgava eu que por aqui não passava o Tâmega nem seguia até Chaves… O parque de campismo de Valpaços fica a mais de 30 quilómetros. Chegar até lá tornará a etapa de hoje na mais longa até ao momento. Paramos vezes sem conta para apanhar uvas, amoras, maças, pêras e figos, fazendo-me crer que seria possível alimentar-me apenas desta fruta que se debruça sobre o caminho, até Faro. Por estes lados ainda se vindima e é frequente ver passar carrinhas e tractores com enormes balseiros de uva e pequenos retalhos na encosta tratados por chapéus de aba larga entre fileiras de videira. No dia seguinte, para lá de Valpaços – no vale do Tuela – julgo pressentir a chegada do verão sob o calor intenso deste sol de outubro. Na parada mas a recompensa é agradável. Vimioso parece-nos encantado neste final de tarde, com as ruas floridas e aprumadas do seu centro histórico. Um sol que se põe sobranceiro ao monte e que se avista da traseira da igreja entre nuvens lanudas, distante e pesaroso, renova a sensação de estar a sul. Delicia-nos! Deixamos Vimioso com destino ao ponto mais oriental do país. Eu que sou amante do sul – descobri nesta “Terra Fria” de burros, sobreiros e granito; de rolos de palha e rebanhos de ovelhas a pastorear livremente; de pombais tradicionais brancos e em forma de ferradura, o mesmo sentimento de estar em casa. ø Mateus Brandão www.caboacabo.blogspot.com OUTDOOR Novembro_Dezembro 2012 103 Descobrir Cabo a Cabo de oliveiras em sentido e sob o cheiro que sempre julguei ser de alfarroba – e que me acusava de forma inconfundível e com eficiência a entrada no Algarve – acho estar já para lá do Tejo… Apesar do sol e do calor dos últimos dias, o outono reivindica a sua vez numa chuva de folhas secas sopradas tenuemente pelo vento sobre a estrada. Os ocres, amarelos e vermelhos não tardarão a dar lugar a este verde primaveril e cada vez mais persistente. Ainda assim, há na planura da várzea por onde ocasionalmente passámos, a sensação de estar algures numa Toscana de ciprestes altos e campos de trigo florido… Seguimos em direção a Izeda e de lá para Vimioso. Por estas ruas empedradas, onde um cheiro a vinho novo se impregna na calçada. No atalho que nos leva ao Sabor, é um perfume herbáceo indistinguível que me transporta para lá do mediterrâneo, para os souks de Marraquexe ou Fez. O caminho para Vimioso é tortuoso, sendo preciso ultrapassar os vales do Sabor e do Maçãs, Descobrir Onde Estivemos madeira C hegámos à Madeira! Temos 4 dias vindas no seu escritório. para explorar, viver e descobrir este paraíso Outdoor Após análise do mapa, partimos até “Cononde é possível uma conao Funchal. Carro estacionado e jugação de atividades mochila às costas, iniciamos a tinuamos o de mar e terra numa harmonia nossa aventura! nosso percurso perfeita com a natureza. A hora de almoço estava a apropelas Ruas do FunPor onde vamos começar? Bom, ximar-se e vamos caminhando chal… Há tanto não conseguimos ter resposta para até a Zona Velha… pergunta esta pergunta… a paisagem à saíaqui, pergunta ali, descobrimos para exploda do aeroporto já nos deixou sem um local onde poderíamos exrar!” fôlego! perimentar algumas iguarias maSomos recebidos no aeroporto pela deirenses, o Restaurante Venda da Dona Maria. equipa Madeira Rural, que nos deu as boas 104 Novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR Seguimos caminho e só paramos no nosso alojamento, na Colina da Fajã situado na Fajã da Ovelha. A calma e tranquilidade imperam! Este local é dos mais rurais da zona Oeste da Ilha, não há palavras para descrever o que se vê e se sente. A Colina da Fajã é uma pequena unidade de turismo rural com 9 quartos, todos com vista para as Serras da Fajã da Ovelha e para o imenso mar azul, lá no fundo. Somos recebidos com um sorriso e após uma breve apresentação do espaço, somos encaminhados para os nossos quartos. Fazemos um pequeno briefing e estipulamos o nosso 2º dia na Ilha… agora resta-nos descansar! Acordamos cedo, com o sol a iluminar a paisagem. Tomamos um pequeno almoço fantástico e partimos para mais uma aventura, desta vez no Paúl da Serra! Queremos fazer uma levada (uma experiência a não perder na ilha) e sugerem-nos a das 25 fontes. No caminho do Paúl da Serra o nevoeiro fica cerrado, e aparecem as primeiras chuvas da nossa estadia… Agora sim, percebemos o que nos diziam… na Madeira o tempo é incerto, tão depressa faz sol como chove! Sempre a subir e com alguns encontros pelo caminho com simpáticos animais, chegamos ao nosso destino, o ponto de partida do PR 6. Continuamos o nosso percurso pelas ruas do Funchal… Há tanto para explorar! O mercado dos Lavradores, o Teleférico e os famosos carros-de-cesto chamam-nos à atenção nesta fantástica cidade! Como o tempo não é muito, decidimos ir conhecer o Mercado, onde descobrimos algumas histórias e tradições deste povo que tão bem sabe receber. O carro marca 13 graus e nós de t-shirt (há que ter sempre roupa no carro pois o tempo altera muito rapidamente). Por sorte tínhamos impermeáveis no carro. Começámos a descer e os raios de sol começam a tornar o nosso caminho mais reconfortante… são 3 horas a caminhar e dois tri- Estamos a 40 minutos da Fajã da Ovelha, local onde vamos pernoitar. Queremos chegar cedo para aproveitar o alojamento mas torna-se impossível ficar indiferente ao imenso verde e aos OUTDOOR Novembro_Dezembro 2012 105 Descobrir Madeira tons azuis do mar que nos rodeia. De 5 em 5 minutos estacionamos o carro somente para observar! A natureza aqui sim, está no seu máximo esplendor… do lado do mar, um sol fantástico e o céu azul, do outro lado, as montanhas cobertas por nuvens que teimam em querer esconder o que estava por detrás! Paramos em Câmara de Lobos, cidade piscatória e um dos pontos de passagem obrigatórios na ilha da Madeira… ao olharmos para a baía deparamo-nos com mais de 20 jovens nas suas canoas a desfrutar do imenso mar azul! Ponto assente, vamos fazer canoagem na nossa estadia! Para além da baía, vamos encontrando mais alguns locais que merecem uma paragem, tal como o Cabo Girão. Descobrir O caminho é longo, mas vale a pena…chegámos às 25 fontes… reconfortante… são 3 horas a caminhar e dois trilhos a percorrer. Decidimos inicialmente percorrer o trilho 6.1, a levada do Risco que nos leva a uma impressionante queda de água… Sentamo-nos no miradouro e observamos! Mais uma vez, ficámos sem palavras. Voltamos para trás, no caminho da casa do Rabaçal, até encontrarmos a vereda que nos indica o percurso para o PR6, as 25 fontes. Começamos a descer e no caminho seguiam companheiros caminhantes de todos os cantos do Mundo. “Hello”, “bonjour “, “Hallo”, e muitos mais idiomas acompanham o nosso percurso! O caminho é longo, mas vale a pena…chegámos às 25 fontes… uma lagoa onde vertem as águas de algumas nascentes e ficamos sem fôlego, completamente deslumbrados com uma das mais belas paisagens que alguma vez tínhamos visto. Por sorte o sol já brilha e conseguimos aproveitar melhor o local e observar toda a sua envolvente natural. Voltamos para o ponto de partida! O percurso, de grau de dificuldade médio, é acessível à maior 106 Novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR Descobrir PortoMadeira Santo alguns aventureiros, contam-nos que este percurso é realizado em média por 250 pessoas por dia, sendo que na época alta este número aumenta. Aproveitamos o resto do dia para explorar a zona e descobrir alguns pequenos paraísos outdoor. Ao fim do dia, dirigimo-nos para a Fonte do Bispo para acompanharmos a 1ª etapa dos Madeira World Games, programa integrante do Festival da Natureza da Madeira. O que nos espera é uma prova de Orientação noturna… de mapa, bússola e lanterna na mão, partimos à descoberta! Terminada a prova, jantámos com a organização e seguimos caminho até à Colina da Fajã para repor energias para o dia seguinte. Mais um dia dedicado à aventura! Na baía do Seixal está a decorrer mais uma etapa dos Madeira World Games. Da parte da manhã, atividades de água, onde temos a oportunidade de fazer uma breve prova de canoagem e mergulho nas límpidas águas quentes da ilha da Madeira. Olhamos em redor e conseguimos ver cascatas a cair diretamente no mar, sendo a mais conhecida, o Véu da Noiva. Fantástico! Da parte da tarde partimos para o Rabaçal onde realizamos mais algumas atividades, tais como Orientação, Trail Running, BTT e Tiro com Arco. Como amantes de desporto aventura que somos, esta é uma experiência que recomendamos. Chegou o fim do dia e estamos O que nos exaustos… encontrámo-nos com dois aventureiros, o Emanuel Pomespera é uma prova de Orientação noturna… OUTDOOR Novembro_Dezembro 2012 107 Descobrir dois aventureiros, o Emanuel Pombo (Campeão Nacional de Downhill) e a Corina, responsável pela empresa de animação turistica Loko Loko, que nos levam a jantar à Madalena do Mar. A noite é de partilha de experiências e sugerem-nos trilhos fantásticos para BTT! Será que vamos ter tempo? Só já temos dois dias no paraíso e tanto para descobrir… Na parte da manhã estamos com a equipa dos jogos integrantes do Festival da Natureza e antes do almoço ainda vamos ter a oportunidade de descobrir algumas caches a caminho do Seixal! O Geocaching é um desporto em ascensão por estes lados… através dele conseguimos descobrir alguns dos recantos imusitados da ilha. Da parte da tarde preparamo-nos para mais uma descoberta, com as temperaturas a rondar os 28 graus, decidimos ir visitar Porto Moniz! Mais um local fantástico, um ponto de passagem obrigatório. O calor aperta e as piscinas naturais chamam por nós! Vestimos os fatos de banho e fomos aproveitar a piscina de água proveniente do mar. Quando saímos de Porto Moniz, a caminho da Fajã vamos parando em alguns pontos para apreciarmos a vista e conseguimos detetar mais um ponto de paragem obrigatório, o Farol da Ponta do Pargo. Já é tarde. Chegamos à Colina da Fajã, tomamos um duche rápido e partimos para o Jardim do Mar, onde podemos desfrutar de mais uma refeição. Percorremos a pequena vila a pé, as enormes falésias deixam-nos sem palavras. Com uma localização privilegiada esta encantadora vila é um paraíso para os fãs de surf, atraindo anualmente um número elevado de praticantes. Chegou o último dia… da parte da manhã conseguimos desfrutar do alojamento, um espaço maravilhoso e de toda a paz que o envolve. Um mergulho na piscina e estamos de partida para o Funchal onde nos espera um emocionante passeio para observação de golfinhos e baleias. Chegamos à Marina do Funchal e procuramos os responsáveis da empresa Seaborn. Estamos ansiosos, vão ser três horas fantásticas para observar algumas espécies marinhas! A bordo do catamarã e passado uma hora de caminho começamos a ver alguma atividade na água. O que será? Bastam cinco segundos para nos apercebermos que são os golfinhos que estão à nossa volta... e não só, em conversa com o responsável da Seaborn, verificamos que também temos baleias ao pé de nós! Os golfinhos estavam divertidos e queriam mostrar-se aqui e ali! Parecia que 108 Novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR Descobrir PortoMadeira Santo queriam que os apreciássemos. Este é sem dúvida um dos momentos altos da nossa viagem, ao paraíso outdoor madeirense! Terminado o passeio, a fome aperta. Temos de estar no aeroporto dentro de 2 horas e ainda não provámos as famosas lapas! Vamos até ao Caniçal, ao reconhecido restaurante Muralhas! Palavras para quê? Um local fantástico e uma paragem obrigatória para os fãs de petiscos! Desta forma termina a nossa viagem! Ainda estamos no aeroporto, mas as saudades já apertam. A Madeira é certamente um local a voltar e redescobrir. Aqui sim, respira-se Natureza! ø Isa Helena Descubra a Madeira em: www.visitmadeira.pt www.madeira-rural.com OUTDOOR Novembro_Dezembro 2012 109 Descobrir onde ficar Colina da Fajã - Casa de Campo Morada: Caminho da Soalheira - Sítio de São João 9370-303 Fajã da Ovelha - Calheta GPS: 32.7777, -17.2288 Contactos (Via Madeira Rural): Site: Colina da fajã Madeira Rural - Associação de Turismo em Espaço Rural da RAM, (Região Autónoma da Madeira e Porto Santo) Morada: Aeroporto da Madeira - Piso 0 / 9100105 Santa Cruz - Madeira Contactos: +351 291 520 868 | 938 420 842 | 966 230 212 Email: [email protected] Site: madeirarural.com 110 Novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR Restaurante Venda da Dona Maria Restaurante Muralhas (Caniçal) Morada: Rua de Santa Maria 51 Santa Maria Maior 9060-291 Funchal Contactos: +351 291 621 225 | 914 061 989 Email: [email protected] Site: www.bas-fond.com Morada: Rua da Pedra D’Eira Banda da Silva 9200-031 Caniçal Contactos: Telefones: +351 291 961 468 | 914 087 953 Email: [email protected] atividades Seaborn Venham observar num catamaran toda a fauna da Madeira Contactos Marina 9000-000 Funchal Telefone: +351 291 231 312 Email: [email protected] aluguer de viatura Loko Loko Madeira Rua Baden Powell, 9125-036 Caniço de Baixo - Madeira Contactos Email: [email protected] Telefone: +351 291 939 191 Site: www.lokoloko.com.pt Millenium Rent-a-Car Contactos: +351 291 954 300 | 966 081 515 email: [email protected] Site: www.milleniumrentacar.com OUTDOOR Novembro_Dezembro 2012 111 Descobrir PortoMadeira Santo onde comer Kids CAMPOS FÉRIAS NATAL Reunimos neste espaço algumas sugestões de campos de férias recheados de animação, desporto e aventura! Vão ser as férias mais divertidas da tua vida! Mini-Campos de Férias roda viva Viver as emoções dos Mini-Campos de Férias Roda Viva, é o desafio da Roda Viva para as próximas férias de Natal. Uma equipa de excelentes Monitores Roda Viva está pronta para assegurar umas Férias super ativas e divertidas, cheias de jogos dinâmicos, passeios, charadas, cluedos, cinema, karaoke, ateliers criativos, Festa de Natal e Festa de fim de ano de arrasar! Quando? De 2ª fª, 17 a 6ª fª, 21 de dezembro - Viv’ó Natal De 6ª fº, 28 de dezembro a 3ª fª, 1 de janeiro - Viv’ó Novo Ano Onde? Almoçageme – Praia Grande, Sintra Uma casa alegre, própria para Campos de Férias, perto da praia, da serra e da cidade Para quem? Viv’ó Natal – dos 6 aos 9/10 anos e dos 10/11 aos 13/14 anos Viv’ó Novo Ano – dos 14 aos 18 anos Quanto? € 180 cada turno € 170 a partir do 2º filho, Estrelas e Ouriços e Parceiros Roda Viva Inclui alojamento, alimentação, atividades, acompanhamento e seguro. Iva não incluído. Extras opcionais: Transporte de ida e volta (de Lisboa) €10 Atividades radicais € 20 Nº mínimo de Participantes: 14 Data limite de inscrição: 10 de dezembro Promotor: Roda Viva 112 Novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR Quer brindar o seu pequenote como “Embaixador da Natureza” do Jardim Zoológico? Nestas férias de Natal, inscreva-o no ATL que vai decorrer entre os dias 17 e 31 de dezembro (exceto fins de semana e feriados) no Jardim Zoológico. A revista Outdoor não se responsabiliza por eventuais alterações de preços e informações das atividades divulgadas. As mesmas são da responsabilidade das empresas que as organizam. Durante as férias, nada melhor do que despertar a curiosidade. Entre as 9h00 e as 18h00, a diversão está garantida. Os mais pequenos podem aprender, explorando e investigando os mistério da vida selvagem. Os participantes podem contactar de perto com os tratadores dos animais favoritos. Mas não é tudo, o ATL do Jardim Zoológico inclui várias atividades emocionantes, como peddy papers, jogos e quizzes temáticos. Ofereça esta oportunidade ao seu filho, aprenda a viver integrado num ambiente global, respeitando todos os animais. Esta atividade está disponível em dias temáticos (43€/dia) – mamíferos terrestres, mamíferos marinhos, répteis e anfíbios, aves e conservação – ou em turnos de cinco dias (187€). Telefone: 217 232 960 E-mail [email protected] Promotor: Jardim Zoológico de Lisboa Campo de Férias Sniper Natal 2012 Vamos transmitir aos participantes várias técnicas de sobrevivência, tais como, orientação pelo Sol e pelas estrelas, deslocações diurnas e noturnas em ambientes hostis, defesa contra ataques de animais (cães, cobras), sobrevivência em situações de frio extremo, situações de calamidade, fazer fogo, etc. E ainda, como novidade deste ano, a exploração de uma gruta e de uma mina. E como estas podem também ser usadas para sobreviver, além de aprenderem todas as potencialidades de ocupação, incluindo pelos nossos antepassados e outros animais no caso das grutas. Vamos também ter atividades, como Workshops, Jogos e Oficinas para além das atividades que o parque oferece. Algumas atividades serão feitas em regime indoor visto haver possibilidade de frio ou chuva. Não existe melhor forma de ensinar e de aprender. Idades: Dos 6 aos 17 anos Email: [email protected] Telef: +351 219 694 778 Local: Parque Aventura em Bucelas Promotor: Sniper OUTDOOR Novembro_Dezembro 2012 113 Kids Campos de Férias Festeje as férias de Natal com os Animais cultural bike tour Canoagem no alva Venha conhecer a zona do Oeste duma forma diferente. Através de um bike tour levamo-lo a conhe- Venha conhecer esta modalidade no Rio Alva e emocione-se com esta descida! cer esta zona lindíssima! Preço: Desde 20€ / pax Dificuldade: Fácil Um Programa: Experience Sport Realizado por marcação. Preço: 20€ / pax Dificuldade: Fácil Um Programa: Transserrano lisboa, cidade dos miradouros Batismo surf Nesta caminhada vemos em cada miradouro abraçamos o Tejo e respiramos a luz única reflectida nas águas do Mar de Palha. Preço: 20€ / pax Um Programa: Geosphera der esta modalidade. Preço: 25€ / pax Dificuldade: Iniciação Um Programa: Pocean Surf Academy paintball linha torres vedras E que tal um jogo entre os seus amigos de Paintball? Desafie-os! Onde: Bucelas Preço: 17,50€ / pax Dificuldade: Fácil Um Programa: Sniper Quem disse que a história é aborrecida? Um dia passado em boa companhia e com muitas histórias divertidas. Atrevam-se! Preço: 9,90€ / pax Dificuldade: Fácil/Médio Um Programa: Sniper bridge jumping soft rafting Saltar de uma ponte com cerca de 50 metros de altura, apenas com O percurso que vai realizar possui uma bela paisagem num vale protegido do vento, descendo por umas águas tranquilas e limpidas. Preço: 20€ / pax Dificuldade: Médio Um Programa: Rafting Atlântico uma corda especial e um arnês. Onde: Minho Preço: 25€ / pax Um Programa: Rafting Atlântico 114 E que tal um batismo de surf na praia da Ericeira? Venha apren- peninha Caminhada capuchos Nesta caminhada vamos circular a serra, e vamos entrando no bosque “mágico” que cobre a encosta Norte do Convento da Peninha. Preço: 25€ / pax Dificuldade: Médio Um Programa: Caminhos da Natureza Partimos do Convento dos Capuchos em caminhada e seguimos rumo a Pedra Amarela para con- canoagem no zêzere rota aldeias xisto A beleza natural, a água translúcida ou a proximidade de Lisboa são fatores que o levarão a descer este Rio. Preço: Sob consulta Dificuldade: Fácil/Médio Um Programa: Aventur Inclui visita às aldeias serranas do Talasnal, Vaqueirinho, Chiqueiro e Casal Novo, com passa- Novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR templar uma vista privilegiada. Onde: Serra de Sintra Preço: 25€ / pax Um Programa: Caminhos da Natureza gem por locais de rara beleza. Preço: 10€ / pax Dificuldade: Fácil/Médio Um Programa: Transserrano A revista Outdoor não se responsabiliza por eventuais alterações de preços e informações das atividades divulgadas. As mesmas são da responsabilidade das empresas que as organizam. OUTDOOR Até 25€ Atividades Outdoor esteiros e salinas Este passeio é de grau fácil, durante a marcha faremos paragens para conhecermos locais de grande interesse natural. Preço: 20 € / pax Dificuldade: Médio Um Programa: Papa-Léguas Este passeio de inverno é muito interessante sob o ponto de vista ornitológico. Não perca esta oportunidade. Preço: 20 € / pax Dificuldade: Médio Um Programa: Papa-Léguas vale aventura crista do risco Uma atividade nova desenvolvida no enquadramento natural da Serra da Azoia/Espichel onde irá fazer rappel, slide e escalada. Preço: Desde 25€ / pax Dificuldade: Fácil Um Programa: Vertente Natural Iniciaremos o passeio subindo à Serra do Risco, a escarpa calcária mais alta da Europa Continental. Local: Serra da Arrábida Preço: Desde 15€ / pax Dificuldade: Médio/Alto Um Programa: Vertente Natural canoagem óbidos escalada serra da freita Um passeio em plena Lagoa de Óbidos onde desfrutará de paisagens magníficas. Local: Lagoa de Óbidos Preço: Desde 25€ / pax Dificuldade: Fácil Um Programa: ExperienceSport trekking sintra cascais Venha experimentar escalada em vários lagos e escalar a Cascata da Mizarela por uma via acessível. Preço: 20€ / pax Um Programa: Nicho Verde bike tour Conheça o Parque Natural Sintra Cascais num trekking fabuloso. Venha desfrutar de um passeio de btt pelas mais bonitas paisagens de Sintra. Onde: Sintra/Cascais Preço: 20€ / pax Dificuldade: Fácil Um Programa: Guincho Adventours Onde: Guincho Preço: 20€ / pax Dificuldade: Médio Um Programa: Guincho Adventours rappel australiano cascais gps paper Procura novas experiências? Procura ver por um outro ângulo as experiências que já realizou? Entre na Aventura Cascais GPS Paper e de uma forma saudável e Onde: Sintra/Cascais Preço: 20€ / pax Dificuldade: Fácil Um Programa: MuitAventura arribas Saímos da Malveira em direção ao mar, passamos pelas Almoinhas Velhas e seguimos rumo em direção a Biscaia. Onde: Malveira da Serra Preço: 25€ / pax Um Programa: Caminhos da Natureza divertida. Preço: 25€ p/ 2 pax´s Dificuldade: Iniciação Um Programa: MuitAventura Escalada guia em cascais Venha passar um momento único, escalando em rocha natural, junto ao mar de Cascais. Preço: 15€ / pax Dificuldade: Iniciação Um Programa: MuitAventura OUTDOOR Novembro_Dezembro 2012 115 Atividades Outdoor matas arrábida Atividades Outdoor OUTDOOR até 75€ buggy ou moto4 Desafiamos-te à diversão num dos nossos automáticos Moto 4 ou Buggy todo o terreno. Onde: Sintra Preço: 75€ /2 pax´s Dificuldade: Fácil Um Programa: Guincho Adventours lisboa fátima btt Aproveite um fim de semana e faça o Caminho do Tejo até Fátima em BTT. Onde: Fátima-Lisboa Dificuldade: Alto Preço: 55€ / pax Um Programa: Caminhos da Natureza Venha aprender como se confeccionam os licores e compotas de forma tradicional e com produtos caseiros. Preço: 48€ /por pessoa. Um Programa: Oficina da Natureza Guadiana e Minas de São Domingos Uma travessia no Alentejo profundo, junto ao grande rio do Sul - o Guadiana. Dificuldade: Alto Preço: 45€ / pax Um Programa: Caminhos da Natureza lapa furada garganta do cabo Trata-se de uma gruta ideal para quem quer ter um 1º contacto com a espeleologia e as suas técnicas de progressão vertical. Dificuldade: Baixo/Médio Preço: 28€ / pax Um Programa: Vertente Natural A Gruta da Garganta do Cabo situa-se no Cabo Espichel e é parte integrante do sistema cársico deste. Venha experimentar! Dificuldade: Alto Preço: 75€ / pax Um Programa: Vertente Natural via ferrata rafting minho Qualquer pessoa pode aventurar-se e sentir a emoção que leva montanhistas a subir montanhas, O percurso que vai realizar possui uma bela paisagem num vale protegido do vento, descendo por umas águas tranquilas e limpidas. Preço: 75€ para 3 pessoas Dificuldade: Médio Um Programa: Rafting Atlântico com uma segurança máxima. Onde: Encosta Monte do Pilar Preço: Sob consulta Um Programa: Rafting Atlântico paintball + Aventura 3 Tenha um fim de semana em cheio! Venha connosco fazer 116 workshop compotas e licores Passeio a cavalo por terras do Vez Uma atividade que mostra uma multi-atividades! vila carregada de história: O Vez. Onde: Bucelas Preço: Desde 34€ / pax Dificuldade: Fácil/Médio Um Programa: Sniper Onde: Arcos de Valdevez Preço: 75€ / pax Um Programa: Oficina da Natureza btt Idanha a monsanto aventura 6 Muitos single tracks e trilhos por calçadas históricas esperão por si Um dia com muita curtição, adrenalina e boa disposição. Atrevam-se! para dias intensos de BTT. Preço: 51€ / pax Dificuldade: Fácil/Médio Um Programa: Caminhos da Natureza Onde: Bucelas Preço: A partir de 48€ / pax Dificuldade: Baixa Um Programa: Sniper Novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR Este é um rio para um contacto inicial para a modalidade Rota dos antepassados em Buggy Conheça Cascais e Sintra em Onde: Rio Paiva Preço: Sob consulta Dificuldade: Fácil/Médio Um Programa: Rafting Atlântico buggy. Preço: 105€ (inclui entrada e vista ao Convento dos Capuchos) Um Programa: Guincho Adventours aulas surf léguas alvão premium Venha aprender a modalidade na praia da reserva de surf portuguesa. Dificuldade: Iniciação Onde: Praia de Ribeira d´Ilhas Preço: 100€ /pack de 10 aulas Um Programa: Pocean Surf Academy Este é um fim de semana que lhe permite conhecer a pé duas belas regiões de um dos recantos mais pitorescos. Preço: 210€ / pax Um Programa: Papa-Léguas de Rafting. por terras durienses Passeio pelas Terras Centenárias da Região Demarcada do Douro que terá início no Porto com uma viagem de comboio até ao Pinhão. Preço: Sob consulta Um Programa: Nicho Verde Curso de iniciação à fotografia Este curso foi concebido para quem quer dar os primeiros passos na fotografia, abordando os principais temas da fotografia. Preço: 325€ / pax Um Programa: Papa-Léguas porto covo ao cabo sardão ddeserto dunas e oásis Venha descobrir a pé a espetacular linha de costa de Lagos a Sagres com as suas falésias, ense- Uma expedição inédita numa região pouco explorada e genuina. adas de água cristalina. Preço: Desde 185€ / pax Um Programa: Caminhos da Natureza trekking deserto Nesta viagem propomos mais que uma visita, sugerimos uma aventura de vários dias a pé a acompanhar uma caravana de camelos. Preço: Desde 580€ / pax Dificuldade: Médio/Alto Um Programa: Papa-Léguas sem dúvida a não perder. Preço: Desde 799€ / pax Dificuldade: Médio Um Programa: Caminhos da Natureza curso essencial bushcraft Bushcraft é a arte de prosperar no mato, ou uma extensão a longo prazo das técnicas de sobrevivência. Preço: Desde 95€ / pax Um Programa: Equinócio OUTDOOR Novembro_Dezembro 2012 117 Atividades Outdoor OUTDOOR mais de 75€ rafting no paiva Desporto Adaptado uma cavaleira por paixão Sara Duarte Desporto Adaptado Sara Duarte Sara Duarte dispensa apresentações... É atleta equestre profissional e representa a bandeira Portuguesa nos Jogos Paralímpicos. Sara esteve à conversa com a Outdoor e contou-nos alguns dos seus segredos e projetos para o futuro... Uma conversa que nos deixou ainda mais fascinados pelo desporto com animais fantásticos como os cavalos! Iniciou-se na modalidade (equitação) bastante jovem. Foi logo desde pequena que o gosto por este desporto surgiu? Sara Duarte: Sim... A equitação começou por ser um a brincadeira. Depois tornou-se uma forma de tratamento que me permitiu melhorar a minha condição física e uma escola para a vida, onde a aprendizagem nunca se esgotará. Depois soube da equitação adaptada quando entrei para o Centro Equestre João Cardiga, pelo próprio João Cardiga que me perguntou se eu gostaria de fazer provas de equitação adaptada.Na altura ainda era pouco desenvolvida em Portugal. Assim tornou-se uma maneira de praticar a equitação como meio terapêutico e lúdico e ao mesmo tempo como um desporto de competição, que me exigia um maior empenho e esforço. Para esta modalidade é necessário ter uma ligação muito forte entre o cavaleiro e o animal, correto? Sim, sem dúvida... Sabemos que tem um amigo muito especial que a acompanha nesta modalidade, o Neapolitano Morella. Considera importante para a sua evolução? Sim... Muito! Esta modalidade depende não só de um, mas sim de dois atletas, e o cavalo é fundamental! O Neapolitano veio para mim com 4 anos, sem qualquer ensino, aprendeu e cresceu já na equipa que me rodeia, João Cardiga e João Pedro Cardiga, e assim como ele foi evoluindo, também eu evoluí com ele... Como atleta de competição, como é o seu dia a dia? Atualmente, treino dia sim dia não, uma hora com o meu treinador João Cardiga, o cavalo é trabalhado à guia e também montado pelo João Pedro Cardiga, responsável pela preparação física do cavalo…. É tudo um trabalho de equipa! Foto: Escola Equestre João Cardiga por Sofia Carvalho Foi fácil conciliar o seu curso de Farmácia com a exigência da modalidade? Neste momento já terminei o curso, mas na altura foi bastante difícil... houve momentos em que tive de dar prioridade aos treinos e outros momentos ao estudo, e era possível fazê-lo graças à ajuda que os meus treinadores sempre me deram, compensando quando eu não conseguia ir treinar. Como é feita a preparação para as competições? Os treinos são diários, e por vezes, o cavalo ainda é trabalhado à guia pelo meu treinador. Sabemos que esteve pela segunda vez nos Jogos Paralímpicos, como correu a sua presença este ano? Para quem não estava à espera de ir, já foi uma grande vitória conseguir estar presente em mais uns Jogos. São os melhores do Mundo que têm este privilégio e o facto de estar entre eles já é um orgulho! O nosso objetivo era fazer uma boa prestação, sabendo que podíamos ficar entre os primeiros dez. E conseguimos cumprir com essa nossa meta nas duas primeiras provas... Foi bastante positivo! Qual a sensação de poder participar nos Jogos Paralímpicos? É muito boa... é um orgulho e uma satisfação por ver que o nosso trabalho deu frutos e foi reconhecido. O nosso prémio é estar lá entre os melhores! OUTDOOR Novembro_Dezembro 2012 119 Entrevista Sente que esta é uma modalidade valorizada no nosso país? Ainda não... talvez por ser pouco desenvolvida e sermos poucos a praticá-la em Portugal. Espero que no futuro venha a ser dado o devido valor e reconhecimento! Foto: Escola Equestre João Cardiga Quais são os seus próximos objetivos a longo prazo? Os próximos objetivos são cumprir o ciclo para- límpico, realizando provas nacionais e internacionais, assim como os Campeonatos da Europa e do Mundo, para conseguir alcançar os mínimos para os Jogos 2016. Qual o seu conselho para pessoas que praticam desporto adaptado? Os jovens com deficiência devem antes de mais ser motivados pela família e por todos os que os rodeiam. É olharem para si como seres válidos e com um papel a desempenhar na vida. “Todos diferentes, todos iguais”. Tudo começa na nossa cabeça e uma atitude positiva a boa auto-estima deve ser cultivada e ensinada a toda a gente, sobretudo a estes jovens. Depois, deverão lutar pelo que desejam, mesmo que por vezes isso exija um esforço acrescido. ø Foto: Escola Equestre João Cardiga Quais são as maiores dificuldades para os iniciantes na modalidade? As maiores dificuldades são encontrar um cavalo adequado à modalidade e ao atleta, consoante o tipo de deficiência. É um desporto dispendioso, nem toda a gente consegue suportar os custos e a obtenção de ajudas e patrocínios é muito difícil. “Todos diferentes, todos iguais”. 120 Novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR Espaço APECATE CARTA ABERTA AOS OPERADORES MARÍTIMOTURÍSTICOS DE PORTUGAL C aros Colegas, Venho fazer-vos um apelo em nome da Direcção da APECATE e da sua Secção de Animação Turística. Estamos a desenvolver um trabalho que será fundamental para todos os Operadores Marítimo-Turísticos (OMT) do país e precisamos do vosso apoio para podermos falar a uma só voz. Os nossos interlocutores são vários: o Governo e as muitas entidades regionais e locais que tutelam a nossa actividade, quer sob o ponto de vista administrativo e fiscalizador, quer sob o ponto de vista da promoção dos nossos produtos nos mercados interno e externo. A coordenação da 122 Novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR nossa acção é essencial. Juntar esforços é a melhor forma de o conseguir. Com a publicação do DL nº108/2009 que, em boa hora, unificou num mesmo sector as empresas de animação turística (EAT) e os OMT, a APECATE considerou o seu âmbito de actuação objectivamente alargado: decidimos de imediato que, no que respeita às actividades marítimo-turísticas, a nossa problemática não poderia continuar a limitar-se às questões das EAT que operavam com actividades em meio aquático e eram obrigadas a um duplo licenciamento – era o caso da canoagem e do rafting, por exemplo. A evolução operada dentro da APECATE fala por si. Começámos por criar um grupo de trabalho sobre a actividade marítimo-turística. Perante a complexidade dos problemas identificados, entendemos por bem dar um espaço mais amplo a este trabalho e criar o Departamento OMT da Secção de Animação Turística, que terá ramificações em todas as zonas portuárias do país. Entretanto, a ACOMTS – Associação Comercial dos Operadores Marítimo-Turísticos de Sesimbra, consciente da importância de dar uma dimensão nacional à sua acção, deliberou a sua integração na APECATE. Em Maio deste ano, a nossa solicitação, fomos recebidos pelo Senhor Secretário de Estado do Mar, Prof. Doutor Pinto de Abreu. Pareceu-nos ter havido nesta audiência um ambiente de grande cordialidade e compreensão e, sobretudo, vontade de resolver problemas. Perante as questões apresentadas que, na nossa opinião, decorrem fundamentalmente de uma legislação que consideramos pouco transparente e que permite interpretações diferentes de capitania para capitania – com as decorrentes acções de fiscalização da Polícia Marítima –, entendeu este Secretário de Estado que a primeira acção a desenvolver deveria ser a criação de um Grupo de Trabalho que tivesse como objectivo a elaboração de um Manual de Procedimentos para a fiscalização da actividade. Com este trabalho seria possível, por um lado, promover desde já a uniformização nas acções de fiscalização; e, por outro, verificar se haverá ou não necessi- dade de proceder a novas alterações legislativas ao Decreto-Lei nº 269/2003 (RAMT) Pareceu-nos uma boa ideia. Este Grupo ainda não foi criado, mas estamos convencidos de que, resolvidas as alterações em curso ao enquadramento jurídico da Pesca Lúdica, em cujo Grupo de Trabalho a APECATE está a participar, chegará a nossa vez. É neste quadro que se insere o nosso apelo. Os projectos profissionais deste sector de actividade económica não podem estar sistematicamente a esbarrar com problemas e obstáculos, sobretudo num momento de crise como este que estamos a atravessar. Temos que os resolver de uma vez por todas. Por outro lado, os produtos turísticos ligado ao Mar, tendo em atenção o valor que acrescentam ao Turismo, precisam de ser estruturados e promovidos de acordo com a vontade e as necessidades do sector. Temos que ser proactivos e dizer a quem de direito o que queremos. As associações sectoriais existem precisamente para cumprir, entre outras, esta dupla função: identificar e resolver problemas e representar os seus associados em todas as relações e dinâmicas que contribuam para o seu desenvolvimento. Aceite o nosso convite. Contacte o nosso Departamento OMT, conheça o nosso trabalho e associe-se à APECATE. Dê força à voz de todos nós. Ana Barbosa Presidente da Direcção da APECATE [email protected] A pedido da autora este texto encontra-se escrito com o antigo acordo ortográfico. OUTDOOR Novembro_Dezembro 2012 123 Espaço APECATE OMT´s Deveria estender-se a todos os produtos dos OMT. NATAL com Aventura merrel TRANSPORT RUCK Descrição: Uma mochila altamente funcional em todos os sentidos. Atualizações e modernizações acrescentam uma vibe urbana a esta mochila clássica. Simples mas ao mesmo tempo repleta de detalhes, possui um compartimento na parte superior da mochila, para além de um espaço para o portátil (até 13 polegadas) com acolchoamento e um fecho à prova de água. Com compartimentos expansíveis no exterior, organização dos espaços interiores bastante intuitiva e um fecho do género cinto para uma adaptação mais confortável e que se pode esconder nas laterais da mochila, este modelo é ideal para “trazer a casa às costas”. Materiais: 100% Polyester com acabamento encerado, detalhes em pele genuína e costuras em Nylon 210D Volume: 25L timberland Benton 3 in 1 Descrição: Blusão impermeável multifunções com blusão polar interior destacável, produzido com 70% de algodão orgânico e materiais reciclados amigos do ambiente. timberland pathrock 124 Novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR timberland Bayfield Straight Cargo Descrição: Calças cargo de algodão orgânico com joelhos articulados para uma melhor movimentação. Descrição: Ténis com membrana gore-tex para uma impermeabilização total, sola intermedia em EVA comprimido que proporciona maior amortecimento e absorção de choques, placa TPU anti-torção, sola green-rubber e com desenho especifico para uma tração superior. Descrição: O novo Fénix inclui um abrangente conjunto de ferramentas de navegação que permite aos utilizadores planearem viagens, criarem rotas e registarem pontos de direção. Os amantes do desporto de ar livre podem navegar segundo as coordenadas GPS ao longo de um percurso ou de uma rota, em direção a waypoints ou ao longo de qualquer outra opção selecionada. casaco orbea Descrição: Passar horas em cima de uma bicicleta é sinónimo de liberdade, paixão. Para isso necessita de um casaco Orbea para a máxima proteção. Este casaco é cómodo, absove o suor e com um desenho inovador que poderá ser escolhido consoante o seu peso e tamanho. o casaco possui um zip integral com bloqueio automático, aba interior de isolamento e proteção do pescoço. Tem um bolso traseiro com três bolsos e bolso com zíper central adicional reflexivo selados. Para que o casaco fique ajustado na cintura existe um silicone elástico. garmin oregon 550t Descrição: O Oregon 550t é um equipamento de navegação por GPS que combina navegação em ecrã táctil resistente para exterior com uma câmara digital e mapas da Europa pré-carregados. É perfeito para todas as atividades Outdoor, em qualquer clima, em qualquer terreno e, ainda assim, suficientemente simples para ser dominado por principiantes. orbea culote largo authentic Descrição: Um material antibacteriano de alta proteção. 2 interiores camadas laminadas para assegurar a elasticidade e ergonomia óptima durante a sua utilização. Tecido exterior com fibra de carbono, que reduz a acumulação de humidade na sua superfície. Ajuste ergonômico com elástico nos tornozelos. Tiras laterais reflexivas para a visibilidade. OUTDOOR Novembro_Dezembro 2012 125 Descobrir Garmin Fénix Equipa-te para a Neve PARA ELE LUVAS BERG PVP: 8,99€ CALÇA BERG PVP: <xxxxxx€ CASACO BERG PVP: 99,99€ 126 Novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR CALÇA BERG PVP: 69,99€ CASACO BERG PVP: 49,99€ Neve Equipa-te com a Berg PARA ELa CASACO BERG PVP: 79,99€ LUVAS BERG PVP: 8,99€ CALÇA BERG PVP: 44,99€ CASACO BERG PVP: 79,99€ CASACO BERG PVP: 49,99€ CASACO BERG PVP: 69,99€ para criança Luvas Berg PVP: 9,99€ OUTDOOR Novembro_Dezembro 2012 127 Vouchers Para usufruir dos descontos indicados nos vouchers, deverá imprimir a página e entregar à respetiva empresa no ato da marcação ou compra da atividade ou serviço. ATIVIDADE: Oeiras by Kayak VALOR: 25€ por pessoa DESCONTO REVISTA OUTDOOR: - 30% Para mais informações: Email: [email protected] Telefone: +351 919 506 136 Site: www.borkyou.com ATIVIDADE: Todas as atividades de um dia VALOR: Variável consoante a atividade DESCONTO REVISTA OUTDOOR: 5€ de desconto na inscrição da 2ª pessoa Para mais informações: Email: [email protected] Telefone: +351 966 127 626 Site: www.geosphera.pt ATIVIDADE: Caça ao tesouro, Conquista ao Castelo, Gps Paper, Geocaching, Rappel Noturno e diurno, escalada, passeios pedestres, btt, programas infantis - desafio & aventura. VALOR: Variável consoante a atividade DESCONTO REVISTA OUTDOOR: 60% na sua inscrição + 5% por cada amigo que trouxer. Condições de utilização: www.muitaventura.com Para mais informações: Email: [email protected] Telefone: +351 211 931 636 Site: www.muitaventura.com 128 Novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR Vouchers Para usufruir dos descontos indicados nos vouchers, deverá imprimir a página e entregar à respetiva empresa no ato da marcação ou compra da atividade ou serviço. ATIVIDADE: Rafting no Rio Paiva VALOR: 50€ por pessoa DESCONTO REVISTA OUTDOOR: - 20% Para mais informações: Email: [email protected] Telefone: +351 253 738 054 Site: www.rafting-atlantico.pt ATIVIDADE: Escalada VALOR: Variável consoante a atividade DESCONTO REVISTA OUTDOOR: 20% de desconto em atividades de escalada em calendário até dia 31 de Dezembro Para mais informações: Email: [email protected] Telefone: +351 210 848 919 Site: www.vertentenatural.com ATIVIDADE: Fim de semana na Serra de Aires e Candeeiros VALOR: Desde 149€ DESCONTO REVISTA OUTDOOR: 10% de desconto na atividade Para mais informações: Email: [email protected] Telefone: +351 214 029 752 Site: www.caminhosdanatureza.pt OUTDOOR Novembro_Dezembro 2012 129 Vouchers Para usufruir dos descontos indicados nos vouchers, deverá imprimir a página e entregar à respetiva empresa no ato da marcação ou compra da atividade ou serviço. ATIVIDADE: Curso Essencial de Bushcraft VALOR: 116.85€ por pessoa DESCONTO REVISTA OUTDOOR: - 15% na atividade Para mais informações: Email: [email protected] Telefone: +351 210 155 139 Site: www.equinocio.com ATIVIDADE: Kayak Tour em Cascais com fato térmico incluído VALOR: 50€ por pessoa DESCONTO REVISTA OUTDOOR: -10% de desconto Para mais informações: Email: [email protected] Telefone: +351 934 479 075 Site: www.guinchotours.net ATIVIDADE: Rota do Azeite VALOR: 38,50€ por pessoa DESCONTO REVISTA OUTDOOR: -10% de desconto Para mais informações: Email: [email protected] Telefone: +351 235 778 938 Site: www.transserrano.com 130 Novembro_Dezembro 2012 OUTDOOR A fechar El Corte Inglés São Silvestre de Lisboa Dois mil e doze é o ano da quinta edição da El Corte Inglés São Silvestre de Lisboa. Praça dos Restauradores, no coração de capital, é o ponto de encontro para todos os que querem despedir-se de 2012 em festa e em passo de corrida... A 29 de dezembro, pelas 17h30, terá início a prova, com a distância de 10 km, assim como a Mini São Silvestre de Lisboa, a qual oferece a possibilidade a muitos de correr/ caminhar num percurso de 5 mil metros. Sabe mais em www.portalaventuras.clix.pt aplicação portal aventuras A Aplicação Portal Aventuras para smartphones apresenta-se como um guia de sugestões sobre as temáticas de Turismo Ativo, Atividades ao Ar livre, Desporto e Natureza. Para onde for, ou onde estiver não pode deixar de consultar as sugestões do Portal Aventuras. Brevemente disponível no teu smartphone! Fitness Hut no Arco do Cego O novissímo clube Fitness Hut está pronto para os seus treinos e em pleno funcionamento desde o dia 22 de outubro. É o 4º clube da marca Fitness Hut e mora junto ao Saldanha e Estefânia, precisamente na Rua Visconde de Santarém, n.º 69 – Lisboa, ao lado da Av. Duque D’Ávila; no Arco do Cego. Mais informações em www.fitnesshut.pt Porto City Race A segunda edição do Porto City Race é um evento de Orientação pedestre urbano, organizado pelo Grupo Desportivo dos Quatro Caminhos em parceria com a Câmara Municipal do Porto, através da Porto Lazer. É já no próximo dia 11 de maio de 2013. O evento faz parte do Circuito Nacional urbano da Federação Portuguesa de Orientação (CiNU) e é aberto a pessoas de qualquer idade, podendo participar individualmente, ou em grupo. Sabe mais em www.portalaventuras.clix.pt 132 Setembro_Outubro 2011 OUTDOOR De 26 dedezembro de 2012 a 8 de janeiro de 2013... Não pode perder esta grande aventura! O «Dakar Desert Challenge - A grande aventura africana» é uma grande expedição trans-sahariana, sem carácter competitivo, que liga dois continentes, Europa e África, atravessa Portugal, Espanha, Marrocos, Mauritânia e termina na capital do Senegal. Sabe mais em www.portalaventuras.pt Norte Alentejano “O” Meeting 2012 Se gostas de praticar desporto e de explorar a natureza o Grupo Desportivo dos Quatro Caminhos tem para ti um evento muito especial! Pelo sétimo ano consecutivo, o Grupo Desportivo dos Quatro Caminhos, organiza o Norte Alentejano O’ Meeting, desta vez em parceria com a Câmara Municipal de Nisa e a Federação Portuguesa de Orientação. Sabe mais em www.portalaventuras .pt Percorrer pequenas rotas na Madeira Venha desfrutar de paisagens únicas, percorrendo 22 PR’s na fantástica Ilha da Madeira. A maioria dos percursos são acessíveis a todos, no entanto é necessário que verifique o grau de dificuldade antes de partir à aventura. Venha ter um encontro inesquecível com a Natureza! Junte um grupo de amigos e parta a aventura! Boas Aventuras! Sabe mais em www.portalaventuras.pt agenda outdoor A agenda do Portal Aventuras encontra-se ao rubro! Existem inúmeras atividades de Norte a Sul do nosso país que te farão viver muitos momentos de emoção. Canoagem, Surf, Caminhadas, Trekking, Viagens de Aventura, Canyoning, Rappel, Escalada, Montanhismo, Sobrevivência....e muito mais! Boas Aventuras! Sabe mais em www.portalaventuras.pt OUTDOOR Setembro_Outubro 2011 133 A Fechar Dakar Desert Challenge
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