Uma Pérola de Grande Valor

Transcrição

Uma Pérola de Grande Valor
Uma Pérola de
Grande Valor
Compartilhando o dom da meditação
iniciando um grupo.
Laurence Freeman OSB
“O Reino dos Céus é como um comerciante procurando por pérolas raras;
quando ele encontra uma de grande valor, vai e vende tudo que ele tem e a
compra”. (Mt 13:45)
Copyright 2012 The World Community for Christian Meditation
All rights reserved
ÍNDICE
INTRODUÇÃO..........................................................................................................................................................................4
O CHAMADO DE JESUS.......................................................................................................................................................7
TODOS SÃO CONTEMPLATIVOS.....................................................................................................................................8
POR QUÊ OS GRUPOS DE MEDITAÇÃO SÃO IMPORTANTES HOJE.............................................................10
JOHN MAIN ...........................................................................................................................................................................12
UMA DISCIPLINA SIMPLES DE FÉ.................................................................................................................................14
PARTILHANDO O DOM ...................................................................................................................................................16
PRIMEIROS PASSOS: PRIMEIROS OBSTÁCULOS.....................................................................................................18
ONDE ?.....................................................................................................................................................................................24
QUANDO ?.............................................................................................................................................................................25
QUANTOS ?............................................................................................................................................................................26
COMO ORGANIZAR O TEMPO EM GRUPO ?.........................................................................................................27
CONHEÇA OS ENSINAMENTOS ESSENCIAIS...........................................................................................................31
OUTRAS FORMAS DE ORAÇÃO.....................................................................................................................................34
OUTRAS CRENÇAS...............................................................................................................................................................35
SOU EU QUEM DEVE FAZER ISSO?..............................................................................................................................36
RECURSOS DISPONÍVEIS..................................................................................................................................................37
AMOSTRAS DE DIVULGAÇÃO PARA NOVOS GRUPOS DE MEDITAÇÃO...................................................44
APÊNDICE I.............................................................................................................................................................................46
APÊNDICE II...........................................................................................................................................................................50
APÊNDICE III..........................................................................................................................................................................52
APÊNDICE IV..........................................................................................................................................................................55
INTRODUÇÃO
Nada é tão simples quanto meditar. Não existem teorias ou técnicas difíceis
há serem dominadas. Nós precisamos somente da simples fidelidade, e de
fidelidade à simplicidade. Mas como todo aquele que tenha tentado realizar
isso sabe, simples não quer dizer fácil. Precisamos de todo apoio e inspiração
que pudermos obter para perseverar naquilo que é uma disciplina simples
porém exigente. Mas que maravilhosa exigência ela faz, e que grande
recompensa!
É por isso que o grupo de meditação é tão valioso - para nos ajudar a
enfrentar os desafios e compartilhar os frutos da prática. O grupo de
meditação semanal é um fenômeno espiritual de nosso tempo e uma fonte de
grande esperança quando enfrentamos as muitas crises com as quais
lutamos: financeira, social, religiosa, política e ambiental.
O fato de um pequeno grupo de pessoas, em mais de uma centena de países,
se reunir a cada semana simplesmente para meditar juntas e se apoiarem na
prática pessoal diária pode não alcançar as manchetes dos jornais mas é um
sinal significativo sobre o tipo de sociedade para a qual estamos nos
orientando. Para muitos, o grupo de meditação é um ponto de esperança na
paisagem frequentemente desoladora de hoje.
Os grupos de meditação se reúnem em todo tipo de lugar – lares, igrejas,
prisões, escolas e universidades, hospitais e locais de trabalho – a fim de
compartilhar o simples silêncio e quietude que conecta todos à fonte comum
de nossas vidas. Um grupo de meditação ajuda aos seus membros – e aqueles
com os quais suas vidas estão envolvidas – encontrarem a paz que eles
precisam para florescerem como seres humanos. Depois de meditarem
juntos, os membros do grupo retornam para suas vidas carregados com a
energia da fé que flui dessa experiência de estar na presença d' Aquele que
prometeu estar com todos que estivessem abertos a Ele. Onde dois ou três
estiverem reunidos em meu nome Eu, estarei com eles.
Em certo sentido, é claro, o grupo de meditação não é algo novo. Pessoas tem
se reunido para rezarem juntas e adorarem desde o início da história. Mas
em outro sentido é algo radicalmente novo em vista da profunda
interioridade que une o grupo. A meditação vem continuaente ganhando
espaço, aceitação, na consciência pública, e mais pessoas do que jamais antes
na história estão curiosas e ávidas para aprenderem a respeito.
Como John Main disse, meditação cria comunidade. O grupo de meditação é
uma expressão contemporânea dessa percepção mística que ressoa no
coração da vida cristã. Para o meditante cristão é possível dizer que se trata
de uma comunidade de amor. Para muitas pessoas hoje, entretanto, o grupo
de meditação também responde a um dos grandes anseios espirituais que
nossa era tem produzido, a necessidade de uma partilha profunda e autêntica
com as outras pessoas. Não é tão surpreendente, então, que a Comunidade
Mundial para Meditação Cristã venha se tornando nas últimas duas décadas,
desde que foi nomeada e formada, uma família espiritual global que nasce da
experiência de meditar com outros. Desde então tem gerado um alto grau de
sabedoria entre seus membros acerca de como partilhar o dom da meditação
com outras pessoas.
Esse livro se baseia na sabedoria da prática e da experiência coletiva.
Pessoalmente eu aprendi muito através dos grupos de meditação, e seus
membros, ao redor do mundo. As perguntas que me fazem, suas percepções,
tem enriquecido minhas viagens pelo nosso “mosteiro sem muros”. Eu tenho
aprendido que apesar das pessoas precisarem de coragem para iniciar um
grupo (e ficarem nervosas sobre como fazê-lo) elas nunca se sentem sozinhas
quando sabem que estão em uma comunidade. Partilhamos a meditação
através dos grupos e dentro de uma comunidade de grupos. Essa comunidade
tem desenvolvido valiosos recursos para tornar o início de um novo grupo
mais fácil e bem sucedido.
Quem inicia e lidera esses pequenos, embora fiéis, grupos de meditação
semanal? Pessoas comuns que não precisam de talentos extraordinários,
somente fé para começar e o apoio daqueles que iniciaram antes deles.
Portanto esse pequeno livro oferece encorajamento e sugestões práticas sobre
como iniciar um grupo e então, é claro, sustentar e nutrí-lo da melhor forma.
Eu espero que você veja porque um pequeno e fiel grupo de meditação é
algo significativo em nosso tempo. É um trabalho de grande importância. Ao
mudar as pessoas que meditam juntas, ele também ajuda a mudar o mundo.
Nosso mundo e nossas crianças precisam do poder silencioso da
contemplação tecida em todas as instituições sociais. Nós precisamos moderar
nosso estilo de vida frenético e desgastante. Estamos com sede do poder de
cura e transformação que somente o espírito pode prover.
Laurence Freeman OSB
Meditatio House, London
O CHAMADO DE JESUS
J
“ esus inclinou-se e começou a escrever no chão com os dedos ”. Esse
momento no Evangelho de São João ocorre após se dispersar uma multidão
que estava prestes a apedrejar até a morte uma mulher; e a mulher é deixada
à sós com Jesus. Como todo grande mestre espiritual em todas as tradições,
Jesus viveu o que ensinou. Ele ensinou pelo exemplo de seu próprio
comportamento. Aqui nós vemos seu silêncio em ação. Em outros momentos
novamente vemos ele ensinando através do silêncio e da transmissão direta,
como na ocasião em que ele comunicou seu ensinamento ao jovem rico que
achava difícil renunciar suas posses através de um olhar direto e amoroso.
“Ele olho para ele e o amou”. Enfrentando contradição, injustiça e violência,
como em sua última provação, ele guardou um silêncio puro e verdadeiro.
Presença compassiva, atenção amorosa e silêncio verdadeiro - esses são
elementos essenciais do caminho pelo qual nos deparamos e chegamos a
conhecer Jesus como nosso mestre e companheiro. Ele nos desafia e nos
capacita a participarmos do seu trabalho de transmitir a Boa Nova. Somos
chamados a ensinar como ele ensina e, assim, crescer não apenas no
relacionamento com ele mas também em semelhança. Para nos tornarmos
Alteri Christi: outros Cristos. As qualidades de presença e de silêncio que liga
o discípulo ao mestre são as verdades eternas de nossa jornada espiritual. É
claro que nossa personalidade, assim como a cultura que nos molda, faz da
jornada de cada um de nós uma história única. Mas a busca essencial do ser
humano, os desafios e os frutos da meditação, são os mesmo para todos, em
todos os tempos.
Nesse pequeno livro nós iremos explorar esses mistérios de fé à luz de um
maravilhoso e simples fenômeno, o Grupo de Meditação Cristã. Nós veremos
como iniciar um grupo no qual cada pessoa pode aprender a meditar e
encontrar apoio para perseverar; e que é um caminho para enriquecermos e
aprofundarmos a jornada na qual estamos.
TODOS SÃO CONTEMPLATIVOS
Para entender o sentido da meditação e o sentido do grupo de meditação,
nós precisamos entender o que significa contemplação. Antigamente a “vida
contemplativa” significava uma vida de privilégios. Somente aqueles que
eram educados e estavam sentados no topo da pirâmide social poderiam
dispôr de tempo livre para contemplação. No cristianismo primitivo a vida
contemplativa era mais democrática, qualquer um na igreja poderia seguí-la
e era percebida como um elemento presente em cada vida. Mas depois foi
visto de modo mais restrito. Passou a significar a desistência das vocações
comuns, de casamento e trabalho no mundo, por uma vida de celibato e
clausura, a vida monástica. A contemplação parecia um dom de Deus para
uma elite espiritual. A contemplação se tornou marginalizada e até mesmo
profissionalizada. Mosteiros e eremitérios foram a preservação da
contemplação.
Esse não é o lugar para explorar em detalhes o porquê disso. Muitos pensam
que aconteceu no início do século XII com a separação entre teologia e
oração, quando a teologia se tornou um objeto de estudo e a oração profunda
uma especialidade de monges. Na Reforma a situação se agravou, assim como
os Católicos começaram a suspeitar da contemplação, pois parecia muito
protestante em sua ênfase na experiência pessoal e na experiência de Deus
não mediada. E os protestantes estavam desconfiados porque ela parecia
muito Católica, e também muito relacionada ao elitismo dos mosteiros.
É estranho como ao longo dos séculos o ensinamento universal de Jesus (" e
tudo o que ele disse...") tornou-se fragmentado, com seus elementos essenciais
restritos a poucos. Jesus chamou todos a " serem perfeitos" em amor e
compaixão como seu Pai, deixarem a si mesmo para trás, deixar o estresse e
ansiedade materialista para trás, encontrar o descanso da contemplação em
aceitar o seu jugo. Mas a relevância universal de seu ensinamento foi
esquecida ou até mesmo negada e reprimida. As esferas mais profundas de
oração pareciam fora de alcance, mesmo irrelevante, para a maioria das
pessoas.
Os primeiros Cristãos viram isso mais claramente. Eles ouviram a voz
autêntica do Evangelho quando disse à eles que deviam " orar sem cessar". A
contemplação exige disciplinas específicas para ser integrada na vida, mas
sua influência é sentida ao longo da vida comum e cotidiana. Haviam muitas
dificuldades a serem enfrentadas pelas igrejas primitivas, mas elas
entenderam que a contemplação (a capacidade de viver no momento
presente e em níveis mais profundos da realidade) é parte da condição
humana. Isso não compromete a vida ativa de trabalho diário e dos negócios
domésticos. Marta e Maria simbolizam essas duas dimensões, ação e
contemplação. Porém são irmãs que vivem na mesma casa, representando
duas dimensões complementares da pessoa, não apenas tipos distintos de
personalidade. Sem a tranquilidade de Maria sentada aos pés do mestre e
escutando, nós nos tornamos como Marta, irritados, reclamantes,
insatisfeitos, estressados e distraídos. De fato Maria e Marta estão ambas
trabalhando, uma interiormente, outra exteriormente. A contemplação não é
uma fuga dos problemas da vida pessoal ou do trabalho, da família ou da
responsabilidade social. Meditação é o trabalho da contemplação, e como
uma prática diária se torna parte da nossa vida de trabalho. Ela nos ajuda a
fazer a outra parte, a parte ativa, de forma mais produtiva e pacífica. Maria e
Marta são como que as duas câmaras do coração.
Elas não apenas
complementam uma a outra, elas dependem uma da outra para realizar a
plenitude da vida.
POR QUÊ OS GRUPOS DE MEDITAÇÃO SÃO
IMPORTANTES HOJE
Em qualquer projeto nós normalmente precisamos de uma equipe para nos
apoiar com os diversos talentos individuais de seus membros. Assim, no
trabalho da contemplação, precisamos de uma comunidade para nos ajudar a
iniciar e a perseverar. A meditação, como John Main sabia, cria comunidade
porque ela revela como nós estamos todos conectados e como nos
desenvolvemos com interdependência. O grupo de meditação ilustra essa
verdade. Não há nada de novo no fato de Cristãos se reunirem para rezar. É
algo que está sempre se renovando. Dizia-se da pequena igreja de Jerusalém,
que se formou após a morte e ressurreição de Jesus, que “toda comunidade
era um só coração e alma, eles se uniram em oração contínua ”. Podemos ver
isso nos grupos de meditação hoje. Nas últimas décadas tem ocorrido uma
transformação espiritual do cenário religioso, uma revolução silenciosa, uma
revolução em silêncio. Essa transformação tem sido conduzida não por
alguns poucos enclausurados, mas por homens e mulheres vivendo no
mundo, realizando suas obrigações, trabalhando e criando famílias. Portanto
não se trata de uma descoberta acadêmica. A prática da meditação na vida de
muitas pessoas tem despertado a consciência de que a dimensão
contemplativa da oração está aberta a cada um de nós e é igualmente
necessária para todos nós, religiosos e não religiosos. O acesso não é restrito.
É um privilégio da graça partilhado com todos pelo Espírito. Mas como em
todos os dons do Espírito, devemos fazer a nossa parte.
A contemplação é um dom, e como todo dom ele precisa ser aceito. Se
queremos viver nossa vocação particular na vida diária, com profundidade e
significado, nós devemos aceitar de forma ativa o dom de nosso potencial
para contemplação, cuidando dele com humilde devoção e fidelidade diária.
Não é novidade que o Cristianismo está em uma turbulenta transição da
mentalidade medieval para a mentalidade moderna. Se dermos ouvidos
apenas a mídia e aos sociólogos, nós podemos até mesmo concluir que está
em declínio terminal. Certamente suas estruturas estão passando por um
processo de morte, mas dentro da visão Cristã de morte existe a firme
esperança da ressurreição. O grupo de Meditação Cristã é um desses sinais
positivos de esperança e vida renovada; um sinal silencioso da autoridade do
Espírito prevalescendo sobre o caos e a ruptura, trazendo nova harmonia e
ordem.
A meditação é uma prática universal que nos leva além das palavras, imagens
e pensamentos para dentro daquele vazio cheio de fé e de presença, a
pobreza de espírito, que nós chamamos de silêncio de Deus. O que é
particularmente Cristão nisso é a consciência de que, pela fé, somos levados
diretamente para a oração do próprio Jesus. Isso nos leva à uma descoberta
transformadora de Sua presença interior ( Cristo em você). Quando nós
participamos da consciência humana de Jesus, simultaneamente aberta para
cada um de nós e para Deus, começamos a ser mais verdadeiramente abertos
um ao outro. Nós podemos criar e experimentar a evolutiva união das
pessoas no que chamamos comunidade. Tanto como os frutos do espírito
aparecem - amor, alegria, paz, longanimidade, paciência, benignidade,
bondade, fidelidade, mansidão e autocontrole¹ - também aparece a graça de
reconhecermos Jesus em nosso eu mais profundo, assim como no outro.
¹ -Galatas 5; 22-23 pela edição New American Standard Bible
JOHN MAIN
Um dos mais influentes mestres espirituais de oração do nosso tempo foi o
Monge Beneditino Irlandês John Main. Ele nasceu na Inglaterra em 1926 e
faleceu 56 anos depois, no Canada. Padre Bede Griffiths, logo após a morte de
John Main, escreveu que ele era o “ guia espiritual mais importante da igreja
de hoje”.
Como um jovem diplomata Católico no extremo oriente, John Main foi
iniciado na meditação por um sábio e compassivo monge indiano. Sem
jamais deixar sua fé Cristã, John Main logo reconheceu o valor dessa oração
do coração no aprofundamento e enriquecimento de todas as outras formas
de oração que ele já vinha praticando. Até que alguns anos depois ele
percebeu de forma plena quão integralmente a oração do coração estava
enraizada na tradição Cristã. Ele viu com novos olhos a ênfase contemplativa
dos ensinamentos de Jesus sobre a oração. A medida em que lia sua tradição
monástica à luz da meditação, especialmente João Cassiano, um mestre do
século V, e suas vívidas descrições sobre os primeiros monges cristãos - os
Padres do Deserto - ele percebeu que ali certamente havia um tesouro
escondido, uma pérola de grande valor, que a Igreja deveria recuperar e
ensinar. Ele entendeu como os primeiros monges praticavam - e ensinavam
pelo exemplo - a verdade de que a essência da oração não está apenas em
nossas intenções pessoais, mas na atenção do coração, da pessoa inteira. Eles
instruíam que o caminho para essa atenção se abria através de uma
disciplina simples, a oração de palavra única, que Cassiano chamava de “a
grande pobreza do verso único”. Eles viram quão efetiva era essa disciplina
para lidar com as distrações que constantemente preenchem nossa mente, de
forma mais evidente no tempo da oração mas, de fato, em todos as outros
momentos também.
John Main, assim como João Cassiano antes dele, descobriu no mantra um
caminho para aquela quietude ( Hesiquia, como os Cristãos Orientais
chamavam), oratio pura ou oração pura; aquela 'adoração em espírito e
verdade' apontada por Jesus. Ele viu como a disciplina do mantra purifica o
coração de seus desejos contraditórios e nos unifica física, psicológica e
espiritualmente. O lugar dessa unidade é o coração, onde encontramos a
orientação mais profunda e natural em direção a Deus enquanto nossa fonte
pessoal e nosso destino. Ele entendeu que o mantra nos leva a uma pobreza
de espírito, a uma não-possessividade, que Jesus coloca como a primeira das
bem aventuranças e a condição primária para a felicidade humana.
Através de sua prática de meditação, John Main logo aprendeu que a
disciplina de meditar toda manhã e a cada noite equilibra o dia inteiro, e
cada dia de uma vida, com uma paz e alegria cada vez mais profunda. Mais e
mais ele percebeu a conexão entre sua experiência de paz e de alegria
interior com a fé cristã vivida. Oração, para ele, se revelou mais do que uma
oração mental, mais do que falar ou pensar sobre Deus. Ele entendeu que
oração é ser com Deus.
UMA DISCIPLINA SIMPLES DE FÉ
John Main também viu que a qualidade de nossos relacionamentos é o
verdadeiro teste e medida de progresso na meditação. Esse progresso é
realizado pela Graça e não pela técnica. Mas nós devemos fazer a nossa parte
para receber o dom. Precisamos de disciplina, perseverança e fidelidade. Isso
leva tempo. É o sentido do tempo. Nós respondemos ao chamado da Graça
não através da mera técnica mas pela disciplina da fé. Dessa forma logo
encontramos o mistério do amor atuando em nossa meditação. Santo Irineu
disse “o começo é a fé, o fim é o amor e a união dos dois é Deus” . Para John
Main, assim como para a tradição Cristã de muitos séculos da qual ele falava,
uma disciplina livremente escolhida é o caminho para liberdade e expansão.
A alternativa à uma disciplina libertadora é permanecer escravo do ego. Uma
disciplina espiritual é necessária se quisermos nos libertar da tirania do
egoísmo, do apego, do medo, da compulsividade, da ilusão e autofixação.
John Main sempre deixou claro que a meditação é um caminho de fé, que é
simples e que requer prática diária. O compromisso mínimo, diz ele, é
meditar a cada manhã e cada noite. A participação em um grupo de
meditação uma vez por semana ajuda imensamente e é outra disciplina
externa recomendada por John Main. A disciplina interior é a fidelidade, a
repetição contínua do mantra durante a meditação. A maioria de nós inicia a
disciplina com entusiasmo mas rapidamente somos desanimados pelas
distrações ou pela falta de algum tipo de experiência que estejamos
esperando. O grupo nos ajuda a evitar as muitas interrupções da disciplina.
Embora seja uma disciplina exigente ela não é fanática, mas humana e gentil,
que aprendemos em nosso próprio ritmo. Geralmente nós começamos e,
então, paramos e começamos novamente muitas vezes. Leva tempo, talvez
anos para algumas pessoas, para incorporar essa prática duas vezes ao dia
em sua vida cotidiana.
É exatamente por isso que o grupo de meditação é tão valioso. Assim como o
Espírito "vem em ajuda de nossa fraqueza ". Não são muitos que possuem uma
boa autodisciplina. É preciso tempo, amizade e incentivo contínuo para se
construir um bom hábito. Através do apoio e do exemplo de outros nós
chegamos a um discernimento que nasce de nossa própria experiência de
que a meditação é simples mas não é fácil; uma afirmação da vida e não uma
negação; encarnada e não abstrata; mais do que tudo é uma forma de amor.
Por todas essas razões John Main incentiva a qualquer um que queira
aprender a meditar, aproveitar as dádivas de uma comunidade partilhando
sua jornada de oração.
Isso explica a formação de mais que dois mil grupos de encontros semanais
nas paróquias, escritórios, hospitais, asilos, presídios, faculdades, escolas e
universidades, favelas e abrigos para moradores de ruas.
PARTILHANDO O DOM
Em um certo momento na prática de nossa meditação percebemos que nós
realmente encontramos uma pérola de grande valor. A "Marta" em você para
de reclamar sobre a "Maria". Por mais ocupado que nós estejamos vemos que
a meditação é um bom uso do tempo. Nós vemos que ser, vem antes de fazer
e confere a todos os afazeres o espírito de amor. Ainda assim você pode se
sentir incerto e cauteloso quanto a dar o próximo passo que é compartilhar
esse dom com os outros. Afinal podemos dizer " Eu não sou um guru. Eu não
sei muito sobre meditação e, acima de tudo, eu definitivamente não sou
muito bom nisso. Então como é que eu posso ensinar a outros? ”. Esses
pensamentos são bons sinais de que provavelmente estamos prontos para
compartilhar o dom. Esse será nosso próximo passo na jornada porque vai
ajudar a aprofundar nossa prática. Mas como podemos dar esse passo?
A primeira coisa é se sentir confortável em dar testemunho daquilo que a
prática tem trazido, por mais imperfeita que ela possa parecer. Por quê eu
medito e quero continuar meditando? Ensinar a outros é basicamente ser
capaz de explicar isso. Não quer dizer se tornar um chato dizendo a todo
mundo com quem se encontra que eles deveriam meditar também. Mas as
vezes nós encontramos alguém com quem dividimos um sentido espiritual
mais profundo e, então, falar sobre o que a meditação significa para nós se
torna nossa forma de partilhar a meditação. Algumas pessoas ficam nervosas
sobre como fazer isso, mas pode ser libertador para nós, assim como de
grande ajuda para a outra pessoa. Ou talvez alguém perceba que nós
tenhamos mudado recentemente e nos questione sobre o porque de estarmos
mais pacientes ou pacíficos sobre pressão ou, de um modo geral, mais fácil de
se conviver. Diga à elas o porquê. Ou então estamos hospedados com os
amigos e precisamos escapar por meia hora para meditar antes do jantar. Por
que não dizer apenas “vou me afastar um instante para meditar e volto logo” .
Tudo isso é uma questão de discrição, é claro. Mas a meditação cultiva
discrição e bom senso.
Iniciar um grupo é o próximo e mais generoso passo. Novamente nós
podemos nos sentir exitantes. “ Eu sou apenas um iniciante”, dizemos. John
Main dizia que todos nós somos iniciantes, sempre. “Mas eu não sou um
professor”, podemos dizer. Ok. Jesus é o mestre! Temos que nos preocupar
apenas em ser um bom discípulo e não um guru. Ver a si mesmo como um
aprendiz, um discípulo do Cristo que nos ensina meditando em nós, junto a
nós e para nós, é a melhor qualificação de que você precisa ter para ir em
frente. Jesus encoraja todos os seus discípulos a ensinar “ em meu nome”, que
significa em sua presença e com seu espírito. Para colocar isso em prática
precisamos somente ter humildade o bastante para deixar de lado nosso
medo autoconsciente. De qualquer forma não começamos um grupo
inteiramente a partir de nossos próprios recursos. Temos uma comunidade e
uma tradição para nos apoiar e nos ajudar.
PRIMEIROS PASSOS: PRIMEIROS OBSTÁCULOS
Começamos um grupo de meditação onde estamos e como somos. Por isso se
trata de uma decisão espiritual e um aprofundamento de nossa jornada. Se
você pertence a uma paróquia ou a uma comunidade de adoração, comece ai.
Fale com o padre ou pastor, com o concílio paroquial ou paroquianos, sobre a
meditação como uma forma de oração que você tem descoberto. Você pode
estar com sorte e receber uma resposta positiva. Mas esteja preparado para
mal-entendidos, desconfortos e até mesmo desconfiança. Lembre-se que
muitas pessoas quando ouvem sobre meditação pela primeira vez podem
sentir algo como que novo e estranho, na melhor das hipóteses, ou na pior,
algo de outro mundo e ameaçador. Alguns irão dizer "isso é budista!", outros
dirão que é perigoso. Mantenha a calma e não desista por causa da decepção
com as respostas. Tente responder a suas resistências particulares. Isso ajuda
a estar preparado para alguns dos equívocos mais comuns sobre a meditação.
Aqui estão alguns deles:
Meditação não é Cristão:: Quer dizer, ela é importada do Budismo ou do
Hinduísmo. Explique o melhor que puder que a meditação é uma disciplina
espiritual universal presente na maioria das outras religiões, especialmente
naquelas que são mais antigas que o Cristianismo. E que esse modo silencioso
de oração também está enraizada na tradição Cristã de forma histórica,
teológica e escritural. Ela pertence àquilo que é chamado de aproximação
“Apofática” de Deus, na qual deixamos as palavras, pensamentos e imagens e
simplesmente adoramos em silenciosa atenção. O tipo de aproximação que a
maioria dos Cristãos desenvolvem desde sua infância é a chamada
aproximação "Catafática", onde se fala com Deus ou sobre Deus. Essas duas
aproximações são complementares.
Irá ajudar se você estiver familiarizado com a tradição que John Main
transmitiu, especialmente em seus dois primeiro livros, "A Palavra que Leva
ao Silêncio" (Ed. Paulus) e "Meditação Cristã" (Ed. Paulus). Compartilhar com
base nesses dois livros curtos e muito úteis pode colaborar na construção de
uma relação de confiança e ajudar aos outros perceberem que a meditação é,
de fato, Cristão; uma forma de oração e fé profunda que é parte de nossa
tradição. Dois outros recursos eficazes que podem ajudar aos outros a situar
a meditação firmemente em solo cristão é o livro de bolso "Prática Diária da
Meditação Cristã"
(Ed. Paulus) e o DVD "Pilgrimage", publicado em 11
línguas, que também apresenta os ensinamentos de forma muito simples e
conta a história da Comunidade Mundial através do testemunho de
meditantes ao redor do mundo.
O mantra não é Cristão: Outra expressão do medo de que a meditação não
seja algo Cristão é o desconforto com o mantra, tanto em relação ao termo
quanto em relação a sua “função” de “deixar de lado os pensamentos” como a
tradição nos ensina. É importante ter um entendimento básico da tradição do
mantra no Cristianismo. Isso não significa que você tenha que ser um
historiador ou um estudioso no assunto. As grandes Conferências IX e X de
João Cassiano, sobre a oração, explica isso muito bem. Você pode encontrálas na página da Escola de Meditação no site oficial da WCCM. A intenção do
mantra não é “apagar a mente” ou praticar uma autonegação como é a
primeira impressão de alguns. Trata-se de entrar na pobreza de espírito, no
quarto interior do coração. A fiel recitação daquilo que em latin Cassiano
chamou de verso único, ou fórmula, ajuda a manter a atenção no Senhor ao
invés de em nós mesmos. A obra prima de espiritualidade do século XIV, “A
Núvem do Não Saber”, chama o mantra de palavrinha única que nos ajuda a
desviar das distrações para o mistério silencioso de Deus.
John Main escolheu chamar essa palavra sagrada de mantra porque esse foi o
termo que se tornou familiar para muitas pessoas e sugere uma relação entre
a tradição cristã da meditação e a sabedoria universal. Mantra é, claro que
agora também, uma palavra inglesa, de acordo com o Dicionário de Inglês
Oxford, mas infelizmente usada com mais frequência para descrever as
promessas de campanha dos políticos. Em Sânscrito (a língua raiz da maioria
dos idiomas Europeus), mantra significa versículo curto ou uma palavra
sagrada usada repetidamente para aprofundar a quietude da mente e a
atenção. O Pai Nosso, o Rosário, as palavras da Missa, de bençãos, e as mais
comuns, todos os tipos de orações repetidas são, nesse sentido, mantras
Cristãos. E é claro, há a autoridade de Jesus que nos diz para “ não balbuciar
como os pagãos, que pensam que quanto mais falarem mais facilmente serão
ouvidos e respondidos por Deus”. Em vez disso, ele nos aconselha a “entrar
em nosso quarto interior e fechar a porta” e orar em união com o Espírito.
Como diz Cassiano, nós oramos mais profundamente não com os lábios mas
com o silêncio, para “Aquele que não busca palavras, mas corações”.
Meditação é perigoso: Isso vem com mais frequência de certos Cristãos,
alguns fundamentalistas ou aqueles que tiveram um treinamento muito
restrito. Eles frequentemente tem uma aproximação mais literal das
escrituras porque isso parece oferecer uma certeza mais absoluta. As vezes
pessoas com essa atitude tem um alto grau de medo e mesmo de repressão.
Assim, elas podem reagir furiosamente quando sentem que sua perspectiva
está sendo ameaçada por outra. Elas frequentemente dizem “quando vocês
abrirem ou esvaziarem suas mentes, o diabo irá entrar”. Eu normalmente
respondo que o mais provável é que o demônio irá sair. Sentimentos
negativos e as forças da sombra serão liberadas e a repressão é suspensa. Isso
é muito natural mas é importante estar preparado para a turbulência interior
que pode ser causada algumas vezes.
A literatura da contemplação Cristã oferece muitas descrições desse processo,
assim como conselhos sobre como lidar com ele. Meditação, praticada
moderadamente e com fé, não é perigoso. É mais perigoso ser controlado por
medos inconscientes do que meditar. Meditação não se trata de apagar a
mente mas de ser pobre em espírito, de abrir-se à presença que nos habita.
Cristãos que acreditam na ressurreição e no "Cristo em vós, a esperança da
glória futura”, devem certamente estar bem confortáveis com a meditação
enquanto uma jornada interior.
Meditação é egoísta: Isso foi o que Marta provavelmente também pensou
quando ela criticou sua irmã por não estar fazendo algo. Mas Jesus disse que
Maria tinha escolhido “a melhor parte” A descrição evangélica de sua vida
mostra que ele equilibrava períodos de ministério ativo com tempos de
recolhimento e quietude. Um comportamento auto-obcecado é egoísta.
Meditação, entretanto, é um trabalho de desprendimento, afastar a atenção
de nós mesmos e da agenda do ego. A princípio a prática é difícil e estranha.
Com a perseverança ela se torna familiar e agradável. Aos poucos vai se
tornando um bom hábito, um modo de vida, e o trabalho dos períodos de
meditação penetra em todas as áreas de nossas vidas. Cada vez mais vemos
que a oração não é uma alternativa a ação, mas seu fundamento. Nós
descobrimos a relação entre ser e fazer, e que nossa vida é tão boa e profunda
quanto nossa oração. “A maneira como você reza é a maneira como você
vive”, como acreditavam os primeiro Cristãos.
Se a meditação não mostrasse seus frutos em um crescente amor e compaixão
- essa seria uma grande e válida objeção. Mas na tradição Cristã a única
medida verdadeira para a meditação é essa “eu estou crescendo em amor?”
Meditação é apenas uma técnica de relaxamento: Nós ouvimos sobre a
meditação, mais na mídia popular, como uma maneira de reduzir o estresse,
melhorar o sistema imunológico e lidar com a dor, ansiedade e depressão.
Pesquisas clínicas e psicológicas vem provando que a meditação é boa para
nós tanto emocionalmente quanto fisicamente. Nós, contudo, ensinamos
meditação como oração, como uma prática espiritual, não como uma técnica
terapêutica. Não obstante, esses benefícios são dignos de serem mencionados.
Eles mostram que a graça opera sobre a natureza. Nossa ênfase, no entanto, é
dada aos frutos espirituais que são medidos com menos facilidade que o
colesterol mas que são mais relevantes para a qualidade e sentido da
existência humana.
Seja qual for a objeção que as pessoas possam levantar quando pensamos em
iniciar um grupo, ouça-as. Tente ver de onde elas estão vindo. Esteja
preparado com uma resposta. Não seja defensivo ou argumentativo. Lembrese que a maioria dos clérigos não foram apresentados a uma prática de
oração contemplativa em sua formação. De forma bastante humana eles
podem se sentir desconcertados com um leigo falando sobre contemplação. E
lembre-se que você não está dizendo - e a tradição não ensina - que a
meditação é a única forma de oração. Tente compartilhar através de sua
própria experiência que a meditação não é um substituto, mas um suporte
para todas as outras formas de oração pessoal ou comunitária. Ela alimenta a
vida cristã em todas as suas dimensões trazendo as pessoas de volta para a
verdade viva do Evangelho com olhos e sentimentos renovados.
Se você receber uma resposta negativa para sua sugestão de iniciar um
grupo, responda a rejeição contemplativamente! Isso irá fortalecer você.
Considere se você deve esperar e tentar novamente ou reflita se não há outros
caminhos, outros lugares ou comunidades que você possa explorar.
Essa rejeição poderia ser o pior cenário. Mas você provavelmente encontrará
uma resposta positiva e gratificante. Qual é o próximo passo?
DIVULGANDO
Publicidade não significa marketing. Significa não esconder a sua luz sob o
alqueire. Não significa que você tenha que vender a meditação como um
produto. Como John Main diz, isso prende ao invés de ensinar.
A maneira óbvia de começar é oferecer uma introdução à Meditação Cristã,
com uma breve apresentação seguida de um momento de meditação em
conjunto. Você mesmo pode fazer a introdução, especialmente se você vem
tendo a oportunidade de frequentar uma escola de meditação da WCCM
situada em sua área. Você também pode convidar o responsável por um
grupo já existente nas proximidades, ou seu coordenador regional ou um
outro voluntário na sua área que ficaria satisfeito de se juntar à você. Muitas
regiões tem indivíduos designados para ajudar com a formação de um novo
grupo. A introdução pode ser repetida em várias ocasiões ao longo do
caminho e pode ser organizada para se adequar a qualquer contexto: Igrejas,
lares, escolas ou empresas.
Fazendo uso dos exemplos disponíveis na Escola de Meditação, assim como
outras divulgações da Comunidade, prepare uma descrição simples em uma
página com os pontos essenciais sobre a sessão introdutória que você está
planejando: O quê, porquê, quando (e quanto tempo), onde e quem.
Descreva os pontos chaves de forma simples e breve. A combinação das
palavras "Cristão", "Meditação" e "Grupo", fala por si mesma. Essa página pode
ser um simples panfleto para ser distribuído localmente ou por e-mail. Isso
também ajudará a manter suas atividades agrupadas para outros tipos de
comunicação: telefonemas, e-mails, fax, breves notificações em locais
apropriados de publicação interna, como um boletim paroquial ou
informativos web. Você também pode colocar pôsteres em locais chaves
como lojas ou uma nota no jornal local. Onde quer que você realize uma
sessão introdutória deixe seus amigos informados. Eles podem aparecer para
apoiá-lo. Incentive-os a se unirem à você para levar adiante a mensagem.
Finalmente, se sua diocese tem uma comissão de espiritualidade, faça contato
com ela. Se sua sessão introdutória ou grupo será, ou não, realizada em uma
Igreja, os membros do grupo de espiritualidade podem muito bem dar apoio
moral, assim como oferecer sugestões úteis para publicidade.
ONDE ?
É importante encontrar um lugar onde você possa se reunir regularmente a
cada semana. Deve ser o mais silencioso possível e ter um tamanho
apropriado. Mudar de lugar a cada semana pode ser problemático. Ter um
coral praticando ou uma televisão ligada por perto pode ser um excelente
teste de disciplina de vez em quando, mas se ocorre toda semana isso não é
tão bom. Use suas habilidades de negociação para assegurar a estabilidade do
lugar. O ideal seria conseguir uma sala ou espaço permanentemente
dedicado apenas à meditação, mas isso raramente é possível e não é
necessário. O que você pode fazer é criar um espaço semanal que seja
especial. Tudo que é exigido para transformar um lugar comum em um lugar
sagrado é, na maioria dos casos, uma vela, um pouco de música, e um
responsável pelo grupo que chegue mais cedo para preparar a sala.
Eu meditei certa vez em uma cripta numa Igreja no coração da área
empresarial de Londres. Um grupo constante de pessoas que trabalham nos
escritórios da região encontravam-se a cada semana durante a pausa do
almoço. O responsável pelo grupo chegou antes dos demais para colocar as
cadeiras em círculo ao redor de uma vela. Ele também trouxe um aparelho de
CD. As pessoas chegavam em silêncio enquanto a música tocava. Eles
começaram pontualmente, ouviram algumas palavras de John Main,
meditaram, partilharam algumas palavras e voltaram ao trabalho. A vela foi
apagada, as cadeiras guardadas e num instante já não havia mais sinal exceto a energia de paz - de que ali havia se encontrado um grupo de
meditantes, sentados juntos, em quietude e silêncio.
Grupos como esse agora se encontram em lares, edifícios, escolas, igrejas,
casas paroquiais, monastérios e conventos, centros comunitários, centros de
Meditação Cristã, capelas, universidades, prisões, edifícios de escritórios do
governo, lojas de departamento, casas de idosos e fábricas.
QUANDO ?
A maioria dos grupos se encontram no fim de tarde, ou a noite, quando as
pessoas estão saindo do trabalho a caminho de casa, ou depois do jantar. Em
culturas diferentes o momento é diferente. Respeite os costumes locais. Para
os trabalhadores a noite é frequentemente o momento ideal, além dos grupos
de almoço próximos ao seus locais de trabalho. Mas para aposentados, donas
de casa, mães com crianças pequenas e pessoas enfermas, o horário da
manhã ou da tarde pode ser melhor. Momentos diferentes do dia ou da
semana atrairão diferentes tipos de pessoas. Em algumas comunidades
existem grupos de meditação que se encontram várias vezes por semana ou a
cada dia em horários diferentes para atender pessoas de diferentes contextos.
Várias igrejas ainda tem um grupo de meditação todas as noites.
Escolha o horário mais adequado para sua programação já que sua presença
é essencial nos primeiros dias. Depois você pode delegar e compartilhar a
responsabilidade. É importante que o líder do grupo seja fiel especialmente
nos primeiros mêses, ou durante as férias quando o número de pessoas
frequentemente cai bastante. Se você não puder estar lá, procure por uma
outra pessoa que possa ficar no seu lugar. O melhor é que o grupo se reúna
semanalmente. Isso não apenas garante a continuidade mas também pode
ajudar que outros no grupo realizem seu próprio potencial de liderança.
Cerifique-se de manter o horário anunciado para o inicio e para o fim; o
tempo que passamos juntos constrói confiança e estabilidade. O encontro
pode se completar por volta de uma hora.
QUANTOS ?
Não se avalia o sucesso de um grupo pelo número de participantes. O
tamanho do grupo realmente não é importante. Mesmo dois ou três
meditantes fiéis formam um bom grupo de meditação. Como C.S. Lewis disse
certa vez em uma conferência do clero que ele conduzia, "O Senhor disse
para apascentar as ovelhas e não para contá-las". No entanto, a tendência de
julgar o sucesso por números está profundamente enraizada em nós. Apenas
observe a si mesmo quando começar a fazer isso. Normalmente um grupo
experimenta uma redução numérica depois de um afluxo inicial de
entusiasmo. Espere por isso e se concentre em fortalecer aqueles que
permanecem. Esse é o ponto vital à partir do qual uma comunidade de fé
começa a se formar. Alguns daqueles que se afastaram podem ter sido
enriquecido em sua breve experiência com o grupo. Alguns podem estar
meditando por sua própria conta. Outros podem voltar quando eles, em um
ano ou dois, souberem que o grupo ainda está se reunindo, e esse exemplo de
fidelidade constante os inspire a recomeçar.
Na meditação, nós fazemos a descoberta de que a repetição não é algo
mecânico, mas fiel. A fidelidade promove a criatividade - assim como a
prática de iniciar e liderar um grupo é um trabalho criativo. Nós não
devemos julgar esse tipo de trabalho por padrões materialistas. O tipo de
crescimento que interessa nos grupos de meditação é espiritual e não
numérico. Um crescimento em profundidade, com o passar do tempo,
provavelmente também conduzirá ao crescimento numérico, se não no seu
próprio grupo, no aparecimento de novos grupos em diferentes horários e
lugares. Se nós quiséssemos uma meta quantitativa para alcançar então seria
de grande valor um pequeno grupo de meditação em cada paróquia. De
tempos em tempos você pode novamente jogar a rede ao mar e divulgar
outra série introdutória de apresentação dos grupos. Ou refazer um
informativo já conhecido que você tenha em algum pôster ou boletim. Mas
mesmo que o grupo continue pequeno ele pode encontrar força ao pertencer
a uma extensa comunidade nacional e global.
COMO ORGANIZAR O TEMPO EM GRUPO ?
Os
três elementos essenciais de um grupo de Meditação Cristã são:
Ensinamento, Meditação e Comentários. Mantenha isso simples. Reduza as
palavras ao mínimo. Deixe o grupo ser o que é - um grupo de meditação, não
um grupo de debate ou um grupo de terapia, ou outro tipo de grupo de
oração.
O elemento essencial do grupo é o período no qual meditamos juntos. Sempre
mantenha o silêncio como algo central e o resto irá se encaixar. Aqui estão
algumas dicas de como assegurar um ambiente contemplativo e uma
experiência mais significativa para todos.
Preparação: Na medida em que as pessoas forem chegando permita que se
sintam bem-vindas mas, com gentileza, também deixe claro que elas estão
entrando em um local e momento sagrados. Dez minutos antes de iniciar o
tempo coloque uma música tranquila, acenda uma vela e gentilmente peça as
pessoas que parem de conversar. Elas geralmente precisam ser incentivadas a
isso porque têm uma sensação de que parecerão anti-sociais se não
conversarem entre si. Na hora de iniciar, desligue a música e dê as boasvindas.
Novatos: Dê as boas-vindas de forma especial para os novos participantes e,
nessa ocasião, oriente o ensinamento do grupo para eles. Uma apresentação
introdutória irá beneficiá-los e também será um reforço para os outros
membros; depois de uma palavra particular do grupo com os novos membros
e de oferecer seu apoio pessoal caso eles desejem consultar ou fazer
perguntas a você depois.
Ensinamento: A maneira ideal de transmitir o ensinamento é reproduzir uma
das gravações de John Main. Esses ensinamentos extraordinários foram
originalmente transmitidos a grupos de meditação muito parecidos com esse
que você está começando agora. As gravações não são sermões ou leituras,
mas um modo próprio de preparação espiritual para meditação num
momento de silêncio. Ao escutá-las, não apenas a mente é informada, mas
também o coração. Elas colocam você em uma melhor disposição mental e
com a atenção clara para o trabalho da meditação. Como muitos outros, eu
tenho ouvido essas gravações por muitos anos e percebido como elas nunca
ficam estagnadas, não importa quantas vezes você as ouça. Há centenas
dessas gravações em CDs, assim você tem bastante tempo para sondá-las.
Há algumas gravações que são especificamente introdutórias e outras para
meditantes mais experientes. A gravação "The Essential Teaching", um
conjunto de ensinamentos introdutórios de John Main, é composta por três
faixas que estão publicadas no livro "A Palavra que Leva ao Silêncio" ( Word
into Silente). A seção "Doze passos ou degraus para quem medita" ( Twelve
Talks for Meditators) se mostra muito popular com os novos grupos. A
gravação "In The Beginning" é também uma série introdutória desses
ensinamentos. "Being on The Way" é uma gravação para meditantes com
alguma experiência. "Door into Silence" e "Word Made Flesh" são um
conjunto de gravações para ambos, para quem está começando e para quem
já está no caminho.
Existem muitos outros recursos que você pode escolher de acordo com a
necessidade e se achar que irá beneficiar o grupo. Assim, é possível encontrar
uma grande variedade para os momentos de ensinamentos do grupo.
Regularmente são disponibilizados novos títulos em formatos de CD e DVD.
Para maiores detalhes você pode consultar o Coordenador Nacional ou
Regional, ou procurar na livraria online do website da comunidade
www.wccm.org.
Para os grupos já bem estabelecidos você pode adaptar algo mais extenso,
que tenha sido publicado a partir de um retiro ou seminário, reproduzindo
uma parte diferente da apresentação ao longo de algumas semanas. O líder
do grupo deve escolher o trecho de antemão e dispôr alguns momentos para
introduzir o tema. O líder, ou outro membro do grupo, também poderia fazer
uma apresentação pessoalmente de tempos em tempos caso ele se sinta
confiante. Os ensinamentos também podem ser lidos em voz alta à partir do
texto de um livro de John Main ou de outro mestre na tradição.
Um
ciclo
trienal
dos
"Ensinamentos
Semanais"
postados
no
site
www.wccm.org também pode ser enviado diretamente a você, ou aos
membros do grupo, por e-mail. Você também pode copiar uma edição
semanal para que os membros possam levar para casa e ler nas horas vagas
durante a semana. Esses ensinamentos constituem uma rica introdução à
tradição contemplativa da qual o meditante faz parte.
A meditação: Depois do ensinamento deve haver um momento de silêncio
enquanto as luzes são diminuídas. O período de meditação em si pode ser
iniciado com uma música tranquila como as músicas de Margaret Rizza, ou
outra que seja adequada. Os períodos de meditação normalmente são de 25
ou 30 minutos. Se o grupo for novo você pode começar com períodos de 20
minutos e gradualmente ir aumentando o tempo. O líder, ou outro membro
do grupo, deve ser responsável pelo tempo da meditação e pode sinalizar o
início e o fim da meditação com um suave toque de um sino ou de uma tigela
de oração. Existem outras formas de sinalizar o fim do período de meditação
sem fazer com que todos saltem fora de suas peles quando toca um alarme ou
uma campainha. Você poderia usar um marcador de tempo mais calmo ou a
série de CD TimePeace que tem um curto trecho de música ao início e ao fim
de um período determinado de silêncio. No website da comunidade existe o
aplicativo WCCM App que incluí um temporizador, oração e música. A
concepção e a preparação do período de meditação como um tempo de
quietude e tranquilidade é uma importante parte do trabalho do líder do
grupo.
Depois da meditação: Pode haver uma breve leitura após o período de
silêncio, de preferência repetindo um ponto chave do ensinamento que
iniciou o encontro ou citando uma breve passagem da Escritura. A parte final
do encontro é, então, uma sessão de partilha ou comentários. Não importa se
em algumas semanas as pessoas não se sentirem à vontade para falar. O
encontro deve ser concluído tranquilamente e as pessoas podem se despedir.
Embora com frequência, depois de alguns momentos sentados em silêncio, as
pessoas gostem de partilhar uma reflexão ou levantar alguma questão. O
líder do grupo pode muitas vezes conduzir gentilmente a discussão fazendo
referência ao ponto chave ou ao trecho da escritura lido anteriormente, ou
compartilhar alguma outra reflexão. Esse não é o momento para conversa
ociosa, debate ou argumentação teológica; nem deve ser um momento para
análise dos problemas particulares das pessoas ou de outros assuntos da vida.
Existem ocasiões mais adequadas para isso.
Se houverem questões, os líderes de grupo não têm que sentir o dever de ter
todas as respostas o tempo todo. Outros no grupo podem ter uma
contribuição a dar e as questões não precisam ser respondidas
imediatamente. Os líderes de grupo podem se dirigir aos membros de forma
privada, ou na próxima sessão depois de uma reflexão mais aprofundada,
discutida com outra pessoa na comunidade ou, por exemplo, depois de
consultar o prático livro de Paul Harris abordando as perguntas mais
frequentes, "Frequently Asked Question". Se uma pergunta parecer impossível
de responder, talvez seja; assim, não tente respondê-la. Deixe espaço para o
mistério também.
Um tempo para compartilhar pensamentos e sentimentos relacionados a
prática da meditação - não uma analise do que aconteceu durante a
meditação - ajuda no crescimento do senso de solidariedade entre os diversos
dons, idades e personalidade que fazem do grupo uma comunidade.
CONHEÇA OS ENSINAMENTOS ESSENCIAIS
O ensinamento regular é um elemento essencial do encontro semanal. Mas
a experiência em grupo ensina aquilo que é verdadeiramente aprendido à
partir do silêncio. É importante iniciar cada sessão com o ensinamento. É
também importante para o líder do grupo sentir-se confortável em dar esse
ensinamento com suas próprias palavras e estilo. É claro, existem muitas
maneiras de transmitir a mesma verdade, contanto que a simplicidade
essencial da meditação seja enfatizada. Aqui estão alguns elementos
essenciais que devem ser compartilhados e reforçados nos grupos semanais.
Meditação é tão natural para o espírito como a respiração é para o corpo.
Profundamente enraizada na tradição Cristã ela é uma antiga disciplina
espiritual, um caminho simples para união com o Espírito de Cristo. A
tradição não diz que a meditação é o único, ou mesmo o melhor, modo de
orar. Ela simplesmente transmite a sabedoria, ao mesmo tempo prática e
santa, da oração silenciosa diária. Comunica o ensinamento essencial da
oração contemplativa, primeiramente articulado na igreja primitiva através
dos ensinamentos dos Padres do Deserto, transmitido em nosso tempo com
especial clareza e profundidade por John Main. Essa tradição aconselha as
práticas simples a seguir:
• Escolha um local tranquilo.
• Sente-se confortavelmente com suas costas eretas.
• Feche os olhos suavemente.
• Sente-se tão imóvel quanto possível.
• Respire naturalmente, mantenha-se relaxado e alerta.
• Lenta e interiormente comece a dizer seu mantra.
• O mantra que nós recomendamos é maranatha, uma antiga oração
Cristã na língua de Jesus, Aramaico, que significa “Vem Senhor”.
• Repita a palavra em quatro sílabas igualmente espaçadas: ma-ra-na-tha.
• Ouça a palavra como você a diz.
• Dê a ela toda sua atenção.
• Não pense sobre seu significado.
• Continue repetindo-a gentil e fielmente durante todo o tempo da
meditação.
• Retorne a ela assim que você perceber que parou de dizê-la.
• Fique com a mesma palavra durante a meditação, e dia após dia.
• Meditar duas vezes por dia, idealmente pela manhã e no início da noite.
• Meditar entre 20 e 30 minutos.
• Não avalie sua performance.
A raiz de todas as distrações é a autoconsciência. Na meditação nós estamos
“nos deixando para trás”. Distrações virão, não tente reprimí-las ou lutar com
elas. Simplesmente as deixe ir. Quando você perceber que um pensamento
prendeu sua atenção, simplesmente retorne com fé a dizer o mantra. Esse é o
”trabalho da palavra” . Se você está sendo levado a um nível de paz e clareza
e pensar “Eu não tenho nenhum pensamento” , esse pensamento é um
pensamento. Assim mantenha-se dizendo o mantra e permita que ele se torne
mais refinado e sutil quanto mais profundo você for.
Uma vez que tenhamos colocado a meditação como uma prática diária
existem algumas poucas orientações, referentes a atitude diante da
experiência, que nos ajudam a ir mais fundo. Estas devem ser compartilhadas
com os novos membros do grupo e repetidas de tempos em tempos.
Primeiro, não avalie seu progresso. O sentimento de fracasso – ou de sucesso
– pode ser a maior distração de todas. Não espere ou procure por
“experiências” na meditação. Você não tem que se ater à sensação de que
alguma coisa deveria estar acontecendo. Isso pode parecer estranho no início
porque a experiência do silêncio é pouco familiar e desconhecida em nossa
cultura. Nós não estamos acostumados a sermos simples. O silêncio, quietude
e simplicidade, no entanto, realmente tem um propósito. Em uma das
parábolas do Reino, Jesus compara o Reino a uma semente que alguém planta
no solo. Então a pessoa volta para sua vida comum enquanto a semente
cresce silenciosamente na terra, “Como ele faz não se sabe”.
A mesma coisa acontece com a gente, a palavra se aprofunda cada vez mais
em nossos corações. Assim como na parábola, com o tempo haverão sinais de
crescimento. Você não irá encontrá-los sempre em sua meditação [formal],
mas em sua vida. Você começará a colher os frutos do espírito; você
perceberá que está crescendo em amor. E se você parar a prática da
meditação, seja por um dia, um mês ou um ano, simplesmente retorne a ela
novamente com confiança na infinita generosidade do Espírito que habita
entre nós.
OUTRAS FORMAS DE ORAÇÃO
Meditação – frequentemente chamada “oração pura” - não sobrepõe outras
formas de oração. O quê são essas práticas espirituais na vida dos diferentes
membros do grupo irá depender de seu temperamento e vocação, e do tipo de
tradição Cristã na qual eles são formados. A leitura das Escrituras, a oração e
adoração comunitária, assim como a oração que se manifesta em atos de
compaixão e trabalhos de caridade, são partes insubstituíveis de uma vida
que é vivida segundo o Evangelho. Mas as formas irão variar. A prática da
meditação é um vivo fundamento para elas – não um substituto delas. Uma
vez John Main disse que a melhor preparação para a meditação, assim como
seus melhores frutos, são “pequenos gestos de bondade” .
OUTRAS CRENÇAS
A atitude dos Cristãos para com outras crenças têm, sobre a influência do
Espírito Santo, sofrido uma mudança histórica em nosso tempo. A maioria
dos Cristãos não mais rejeitam de forma arrogante outras confissões de fé,
mas são capazes de reverenciar aquilo quê é verdadeiro, bom e santo nelas. O
diálogo com essas crenças nos ajudam a buscar novas formas de expressar a
experiência Cristã dentro da teologia. A experiência contemplativa é
essencial se o diálogo inter-religioso está amadurecendo. O grupo de
Meditação Cristã é naturalmente ecumênico, nesse sentido mais amplo. Cada
um de seus encontros é aberto a quem quer que genuinamente se interesse, e
o grupo deve responder hospitaleira e calorosamente a todos. Embora não
seja um grupo inter-religioso, como tal, ele pode dar as boas-vindas a pessoas
de outras crenças, ou àqueles em busca de fé, se eles estiverem satisfeitos em
meditar com Cristãos. Tendo Cristo como nosso professor somos inspirados a
imitar sua verdade e abertura.
Se o grupo concordar, talvez depois de algum tempo de amadurecimento, ele
pode fazer contato com outros grupos religiosos locais e juntos terem uma
noite de meditação inter-religiosa de tempos em tempos.
SOU EU QUEM DEVE FAZER ISSO?
Começar um novo grupo de Meditação Cristã é um passo de fé. É uma
responsabilidade enriquecedora. O que quer que nós damos recebemos de
volta de várias formas. Lembre-se sempre que não é esperado que você seja
um especialista ou um meditante perfeito, apenas alguém comprometido. O
mestre é interior. Um grupo se torna um canal de sua presença, não somente
para seus próprios membros mas para todos aqueles com os quais suas vidas
interagem durante a semana. Como tudo na vida do Evangelho, o grupo de
meditação não existe para si mesmo isoladamente. Perceber isso nos faz
menos apreensivos quanto a compartilhar o dom e nós não estaremos tão
preocupados a respeito de números ou sucesso. Você perceberá que essa
pequena comunidade contemplativa de fé – em comunhão com muitos
outros ao redor do mundo – está alimentando a jornada espiritual de cada
um de seus membros. Em um mundo que está se tornando barulhento de
mais para escutar, ele é uma janela de silêncio para o mistério divino em
nosso meio.
RECURSOS DISPONÍVEIS
A COMUNIDADE MUNDIAL PARA MEDITAÇÃO CRISTÃ
John Main viu que meditação cria comunidade. Nos últimos 25 anos essa
visão tomou forma no crescimento de uma rede mundial contemplativa
presente em mais de uma centena de países. Existem Centros de Meditação
Cristã em muitos deles. Esses Centros servem como pontos focais para o
ensino e vivência da comunidade, local e nacionalmente. Anualmente é
realizado o Seminário John Main, liderado por um importante pensador ou
professor que enriquece a visão contemplativa da Comunidade sobre o
mundo moderno e seus desafios. Um Conselho Administrativo no espírito da
Constituição da Comunidade Mundial é formado à partir de diferentes países
e dá orientação e assistência para o crescimento da Comunidade. Um boletim
trimestral oferece ensinamentos espirituais e notícias locais e internacionais
da Comunidade. Os Grupos tem uma ampla gama de recursos para colher.
Os diversos recursos da comunidade são destinados a ajudar uma grande
variedade de pessoas, em diversas situações, no ensino e prática da
meditação. Saber quais desses recursos é o melhor para você no momento
pode tomar um pouco de tempo para discernimento. Um dos coordenadores
da comunidade local pode ajudá-lo a selecionar aquele que melhor atende
seu propósito.
A ESCOLA DE MEDITAÇÃO
O objetivo da “Escola de Meditação” é avançar a Missão da Comunidade, que
é “Comunicar e alimentar a meditação tal como transmitida através dos
ensinamentos de John Main na tradição Cristã, no espírito de servir a
unidade de todos”.
As várias qualidades da Escola de Meditação apoiam e alimentam os
meditantes de um modo que fortalece e aprofunda sua prática diária,
expande a amizade espiritual como resultado do caminho contemplativo
compartilhado dentro da comunidade como um todo. Ela conduz a um
grande conhecimento da riqueza da tradição mística Cristã na qual a
meditação está fundamentada.
O programa de eventos, seminários, retiros e workshops realizado em toda
Comunidade Mundial orienta a jornada do meditante Cristão, dos primeiros
passos na prática à partilha do dom com outros. Cada etapa no Programa da
Escola nos dá a oportunidade de dividir experiência com outros meditantes,
refletir sobre entendimentos obtidos e aprender como outros meditantes
enfrentam os desafios da disciplina diária. Eles ajudam a chegar num
entendimento mais profundo daquilo que a experiência significa para eles
pessoalmente.
Existem seis estágios na Escola de Meditação.
Estágio Um – Aprender a Meditar em um Grupo.
Estágio Dois - Apoio a Prática Diária
Estágio Três – Experiência Pessoal e a Tradição
Estágio Quatro - Seminários, Retiros e Workshops
Estágio Cinco – O Retiro da Escola
Estágio Seis – Compartilhando o Dom
Para informações mais detalhadas veja a brochura sobre A Escola de
Meditação ou o website da Escola. A Escola de Meditação tem uma seção na
página web da Comunidade (www.wccm.org)
O WEBSITE WWW.WCCM.ORG E VÁRIOS WEBSITES NACIONAIS.
A cada dia um crescente número de pessoas são levadas à meditação através
da Internet. Muitos chegam aos grupos de meditação próximos à suas casas
através dessa conexão na qual existe a lista dos grupos. Eles encontram um
senso mais amplo de comunidade nas notícias e discussões na página da
WCCM. Antes de iniciar um grupo contacte a Coordenação Nacional, ela
pode ser encontrado na página web ou listado na parte final desse livro. Se
você tem algum evento especial para divulgar, deixe-os saber. Você irá
encontrar notícias sobre retiros e workshops futuros no Calendário
Internacional na página web. Existem relatos e fotos dos eventos recentes e
frequentemente palestras e ensinamentos sobre meditação são divulgadas. Há
também a publicação dos “Ensinamentos Semanais” para grupos, “Leituras
Semanais” para uso pessoal e outros recursos regulares tais como Podcasts
mensais.
A página da WCCM no Facebook e outros links de redes sociais também estão
na página da Comunidade. No YouTube o canal da comunidade é chamado
Meditatio e tem muitos videos de palestras e eventos.
(http://www.youtube.com/user/meditatiowccm)
LIVRARIA ONLINE
A livraria online da Comunidade Mundial tem uma grande variedade de
livros, Cd's e DVD's de John Main, e muitos outros. Eles podem ser
encomendados e alguns podem ser baixados diretamente do site.
MEDIO MEDIA INTERNACIONAL
Medio Media é o ramo editorial da Comunidade Mundial para Meditação
Cristã. Ele oferece uma grande variedade de títulos para apoiar a prática da
Meditação Cristã. O catálogo também está disponível no website da
comunidade.
http://www.mediomedia.com/
CENTRO INTERNACIONAL DA COMUNIDADE MUNDIAL
O Centro Internacional da Comunidade Mundial está situado em Londres. Ele
serve como um ponto central de comunicação e comunhão para meditantes e
outros Centros de Meditação Cristã pelo mundo. Ele coordena muitos
aspectos da vida da Comunidade tais como o boletim trimestral, o Seminário
Anual John Main, visitas, retiros e outros eventos especiais. A Equipe
Internacional no Centro, e em outros países, terá prazer em ajudá-lo
pessoalmente com qualquer dúvida e ficará feliz em colocá-lo em contato
com a comunidade local mais próxima a você.
Centro Internacional
The World Community for Christian Meditation
32 Hamilton Road
London W5 2EH
Email: [email protected]
MEDITATIO
Meditation é uma expanção da Comunidade Mundial que compartilha os
frutos da meditação com um público mais amplo. Lançada em 2010,
Meditatio recebe seminários e eventos sobre temas como Educação, Saúde
Mental, Negócios e Finanças, Diálogos Inter-Religioso, Justiça Social, Meio
Ambiente e Dependência e Recuperação. Meditatio dialoga numa abordagem
secular para com os problemas de nosso tempo. Esses seminários geram
percepções que são compartilhada através de publicações, recursos,
programas de treinamento e uso de mídias contemporâneas. Se você gostaria
de conhecer mais sobre Meditatio, por favor envie um e-mail para
[email protected]
CASA DE MEDITAÇÃO DE LONDRES
A Casa de Meditação em Londres é o lar de uma pequena comunidade
residencial de meditantes que vivem no espírito da Regra de São Bento. Ela
acolhe hóspedes assim como oferece a oportunidade para uma experiência
mais longa de vivência em uma comunidade contemplativa baseada na
meditação. O Centro Internacional também está localizado lá. Para saber
mais escreva para:
Meditatio House
32 Hamilton Road
London W5 2EH
Tel: (+ 44) 020 8579 5911
Email: [email protected]
Ou visite a página da Casa de Meditação: www.wccmmeditatio.org
RECURSOS PRIMÁRIOS PARA INICIANTES NA MEDITAÇÃO E PARA NOVOS GRUPOS
Para aqueles que são novos na meditação.
Individualmente as pessoas precisam sentir apoio pessoal. O líder do grupo
deve proporcionar contato pessoal com os novos meditantes para discutir a
prática e responder as perguntas. Se o iniciante não pode participar de um
grupo regularmente, então alguma outra maneira de manter contato deve ser
sugerida - o local de encontros mensais ou alguma outra foram de apoio
pessoal.
Livros
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CDs
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•
DVDs
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WEB
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Prática Diária da Meditação, (Christian
Meditation - Your Daily Practice -Laurence
Freeman)
A Peregrinação Interior. (The Inner Pilgrimage –
Laurence Freeman)
Meditação Cristã. (Christian Meditation - The
Gethsemane Talks John Main)
A Luz Que Vem de Dentro (Light Within Laurence Freeman)
O Momento de Cristo (Moment of Christ – John
Main)
Silêncio e Quietude em Todos os Momentos
(Silence and Stillness in Every Season: Daily
Readings with John Main)
In the Beginning – John Main
The Essential Teaching – John Main
The Essentials of Christian Meditation –
Laurence Freeman
Letting Go – Laurence Freeman
Pilgrimage : An introduction to meditation and
the community
Videos no Canal do Youtube :
http://www.youtube.com/user/meditatiowccm
Leituras e Ensinamentos Semanais na página
Internacional da Comunidade: www.wccm.org
MATERIAL PARA NOVOS GRUPOS
Assim como as pessoas, individualmente, os novos grupos também precisam
de apoio pessoal. O líder do grupo deve sentir-se em contato com o
coordenador local, regional ou nacional. Ele deve ser encorajado a participar
da Semana de Ensinamentos Essenciais e a usar os Ensinamentos Semanais
em seu grupo, copiando-os para seus membros, se possível como lectio
durante a semana. Um líder de novo grupo deve estar familiarizado com o
texto “Uma Pérola de Grande Valor”, ser ajudado no entendimento do
formato de nossos grupos e da necessidade por coerência. Eles também
devem ser ajudados em como selecionar e priorizar os recursos listados
abaixo, por exemplo: em seus primeiros dias, um novo grupo deve se
concentrar nos elementos do ensinamento básico antes de passar para o uso
dos Cds Meditatio.
Livros
•
•
•
•
•
CDs
•
•
•
•
DVDs
•
•
WEB
•
The Hunger for Depth and Meaning – John
Main (ed. Peter Ng)
A Palavra Que Leva ao Silêncio (Word into
Silence – John Main)
Silêncio e Quietude em Todos os Momentos
(Silence and Stillness in Every Season: Daily
Readings with John Main)
Perder Para Encontrar (Selfless Self – Laurence
Freeman)
Essential Writings – John Main
TimePeace (MedioMedia)
In the Beginning and other Communitas Series –
John Main
Lord Teach us to Pray – Laurence Freeman
Practical Wisdom (3 series) – Laurence Freeman
The Pilgrimage (Medio Media)
The Journey of Meditation – Laurence Freeman
Sites Nacionais
http://www.wccm.org/content/about-wccmand-meditatio
Em língua portuguêsa:
http://www.wccm.com.br (Brasil)
http://www.meditacaocrista.com/ (Portugal)
•
Site da Escola de Meditação
http://www.theschoolofmeditation.org/
Em língua portuguêsa:
http://www.escolademeditacaocmmcbr.com/
•
Ensinamentos Semanais
http://www.wccm.org/category/newsletter/schoo
l-meditation-weekly-teachings
MÚSICAS PARA GRUPOS DE MEDITAÇÃO
Um estilo de música ideal para entrar e sair da meditação é o de Margaret
Rizza, uma meditante Inglesa. Seus aclamados Cds incluem River of Peace e
Fountain of Life e estão disponíveis no site ou no seu distribuidor Medio
Media nacional. Ou entre em contato com Medio Media Internacional em
http://www.mediomedia.com.
AMOSTRAS DE DIVULGAÇÃO PARA NOVOS
GRUPOS DE MEDITAÇÃO
GRUPO DE MEDITAÇÃO CRISTÃ
Um Grupo de Meditação Cristã se reune no < endereço> a cada <manhã
e/ou noite da semana>. Essa forma de oração silente e sem imagens,
usando um mantra ou palavra-oração, está enraizada no Evangelho, nas
cartas de São Paulo e surgiu com os Padres dos Deserto no século IV. Um
monge beneditino, Padre John Main OSB (1926-1982) redescobriu essa
antiga tradição de oração para homens e mulheres de hoje. Hoje existem
mais de 800 grupos de Meditação Cristã ao redor do mundo. Novos
participantes são bem vindos ao grupo. A reunião dura uma hora, incluí
uma música tranquila, uma pequena gravação com palavras de John
Main OSB, 25 minutos de meditação silenciosa seguido por um período
de perguntas e respostas. Para mais informações <telefone>.
MEDITAÇÃO NA TRADIÇÃO CRISTÃ
Um Grupo de Meditação Cristã em <endereço> recebe novos
participantes cada <dia e hora> para uma Reunião do Grupo de
Meditação. Essa antiga forma de oração Cristã, enraizada no Evangelho e
em São Paulo, foi ensinada por São João Cassiano e pelos Padres do
Deserto do século IV e é encontrada no clássico espiritual do século XIV,
A Núvem do Não Saber. Meditação, também conhecida como oração
contemplativa, busca Deus no silêncio e quietude além das palavras e
pensamentos. Um monge Beneditino, John Main (1926-1982),
redescobriu essa antiga tradição de oração para homens e mulheres de
hoje. Agora existem <quantidade> Grupos de Meditação Cristã se
encontrando semanalmente no <País>. A reunião de uma hora incluí
uma música tranquila, uma pequena gravação com palavras de John
Main OSB, 25 minutos de meditação silenciosa seguido por um período
de perguntas e respostas. Para mais informações <nome, telefone>, ou
venha a qualquer <dia e hora>.
GRUPO DE MEDITAÇÃO CRISTÃ
Um novo grupo de Meditação está sendo formado em <cidade ou
paróquia> para introduzir novos praticantes à Meditação Cristã.
Meditação não é algo novo. Ao contrário, ela é central para a experiência
Cristã e profundamente enraizada na tradição Cristã. Meditação,
também conhecida como oração contemplativa, é a oração de silêncio e
escuta. É o objetivo apontado pelo Salmista “Parai e sabei que Eu sou
Deus”. Para aprender mais sobre Meditação Cristã você está convidado a
participar das reuniões do grupo semanal realizadas às <hora> de cada
<dia da semana> no <endereço>. Para maiores informações entre em
contato com<nome e número de telefone>.
MEDITAÇÃO
UM GRUPO MEDITANDO NA TRADIÇÃO CRISTÃ
Novos participantes estão convidados a se juntarem ao grupo de
Meditação Cristã que se encontra a cada <dia da semana>, às<hora> no
<endereço>. Meditação é uma antiga forma de oração contemplativa
que busca Deus no silêncio e quietude além das palavras e pensamentos.
O monge beneditino John Main (1926-1982) disse “ Na meditação nosso
caminho à seguir para esse crescente despertar do Espírito orando em
nós reside simplesmente no aprofundamento de nossa fidelidade a
recitação do mantra. É a fiél repetição da palavra que integra todo nosso
ser. Isso acontece porque ela nos leva ao silêncio, a concentração, ao
nível necessário de consciência que nos permite abrir a mente e o
coração ao trabalho de Deus nas profundezas de nosso ser”.
Para mais informações, entre em contato com <nome e telefone>.
APÊNDICE I
UMA PROPOSTA DE SEIS SEMANAS INTRODUTÓRIAS PARA UM GRUPO DE
MEDITAÇÃO CRISTÃ
As linhas gerais à seguir se destinam a ajudar o líder do grupo na introdução
da meditação para os novos participantes de seu grupo durante um período
de seis semanas. Isso ajudará você a ajudar os outros a continuarem e
avançarem em seu próprio
entendimento. Pode ser usado contínua ou periodicamente durante o ano ou
como uma revisão para meditantes mais experimentados.
perseverarem
tempo
suficiente
para
Materiais adicionais especificamente para a introdução de seis semanas,
incluindo recursos de áudio e exemplo de palestra , podem se explorados
através do website da Escola de Meditação em
http://www.theschoolofmeditation.org/
RECEBENDO OS INICIANTES
Seja especialmente acolhedor com aos recém-chegados que podem achar o
silêncio do grupo um pouco estranho. Sempre que possível se encontre
pessoalmente com eles, explique o básico de como meditar e que podem tirar
qualquer dúvida pessoalmente com você tanto quanto com o grupo. Pode
ajudar sugerir que eles façam um “check-in” mensal com você em primeiro
lugar. Ajudá-los a entender que a importância da encontro semanal é
fortalecer a prática diária e ajudá-los a chegar em um entendimento mais
profundo do caminho da meditação. Lembre-os que levará tempo para
estabelecerem uma prática regular em sua vida cotidiana e que não devem
desistir. Se assim fizerem, eles devem apenas começar novamente.
Exponha a estrutura geral do grupo e a centralidade do período de meditação
juntos. Ajude-os a assinar e contribuir com o custo do Boletim Internacional.
Compartilhe um pouco de sua própria jornada quando isso parecer útil.
A CADA SEMANA
•
•
•
Enfatizar a simplicidade da meditação.
Revêr o básico sobre “Como Meditar”.
Expôr o tema da semana e um curto resumo da gravação que vocês
vão escutar.
•
•
Recomendar leituras específicas.
Ter os recursos básicos de introdução disponíveis para venda ou
empréstimo.
(Todos
disponíveis
na
Medio
Medio
em
www.mediomedia.org)
•
Oferecer prospectos tais como os folhetos básicos da comunidade
local, nacional e mundial.
•
Ter impressões disponíveis dos Ensinamentos Semanais da página web
www.wccm.org
•
Encorajar perguntas conseguintes as quais você e outros membros
possam responder.
SEMANA UM
O tema é: O Que é Meditação?
Explique como a meditação é uma prática universal também encontrada em
nossa tradição Cristã. É uma disciplina e não apenas uma técnica. Não
existem teorias ou técnicas difíceis a serem dominadas. Enfatize a quietude do
corpo e a importância de praticar duas vezes ao dia. Prepare-os para o
encontro com a uma mente de macacos [pulando de galho em galho] .
Lembre-os que a meditação é a oração do coração, assim todos os
pensamentos, incluindo pensamentos santos, devem ser deixados de lado.
Reproduza uma das gravações de John Main da série “In The Beginning”.
Recomende o livro “Prática Diária da Meditação” de Laurence Freeman.
É sugerida a leitura do Novo Testamento: Mateus 6:5-6
SEMANA DOIS
O tema é: John Main
Brevemente, em suas próprias palavras, conte a história de sua vida. Ele
encontrou a meditação primeiramente no Oriente, então redescobriu a
tradição monástica Cristã da meditação e mais tarde foi adiante ensiná-la aos
leigos. Isso levou à comunidade mundial da qual o grupo em que você está
meditando essa noite faz parte. Meditação cria comunidade. Tradição é uma
descoberta pessoal. Cada um de nós tem que redescobri-la em “nossa própria
experiência”. Reproduza uma das gravações da série “In The Beginning”.
Recomende a leitura do livro de John Main, “Meditação Cristã”.
É sugerida a leitura do Novo Testamento: Mateus 6:7-15
SEMANA TRÊS
O tema é: As raízes de nossa Tradição.
Comente sobre a redescoberta de John Main acerca do mantra na Décima
Conferência de João Cassiano e o sentido da pobreza de espírito –
simplesmente deixar ir. Explique como Cassiano, assim como a “Núvem do
Não Saber” e a tradição Ortodoxa da Oração de Jesus na Filocália, enfatiza a
contínua recitação da palavra. As distrações devem ser deixadas, não
combatidas ou reprimidas. Isso gradualmente nos conduz para o momento
presente. Tudo isso é uma forma de disciplina mas o fruto é a liberdade do
espírito. Use outra gravação da série “In The Beginning”.
Recomende o livro de John Main, “A Palavra que Leva ao Silêncio”.
É sugerida a leitura do Novo Testamento: Mateus 6, 25-34;
SEMANA QUATRO
O tema é: A Roda da Oração.
Agora que eles estão meditando há algum tempo eles foram introduzidos na
oração do coração, uma experiência nova para a maioria das pessoas. Então
agora pergunte “o que é oração?” à luz dessa experiência. Todas as formas de
oração são válidas e a meditação não as substitui, embora ela possa
simplificá-las, juntamente com tudo o mais em sua vida. Na tradição Cristã
toda oração nos conduz de volta à oração do Espírito dentro do coração.
Minha oração – por si mesma – dá lugar à sua oração. Escolha uma gravação
do conjunto “Being on the Way”, de John Main, ou uma outra da série
“Communitas”, mas lembre-se de repetir como meditar, essa introdução pode
não estar nessas gravações.
Recomende uma releitura do livro de Laurence Freeman, “Prática Diária da
Meditação”.
É sugerida a leitura do Novo Testamento: Romanos 8: 26-27
SEMANA CINCO
O tema é: Deixando o Si Mesmo para trás.
O que nós realmente fazemos quando nós meditamos é uma atividade de
desapego. Todas as tradições espirituais descrevem isso como o caminho
básico para encontrar quem, e porquê, nós somos. Meditação é uma
universal e pessoal busca pela verdade. Deixar a si mesmo para trás não é
uma violência ou um processo repressivo. É aprender a simplesmente ser e
abandonar o desejo e o medo. Reproduza uma gravação do conjunto “In the
Beginning”.
Recomende o livro de Laurence Freeman, “Perder para Encontrar”.
É sugerida a leitura do Novo Testamento: Mateus 7:13
SEMANA SEIS
O tema é: Meditação como um modo de vida.
Os primeiros Cristãos disseram que a maneira como você reza é a maneira
como você vive. Os frutos da prática diária surgem nas situações da vida e
dos relacionamentos quando nós vivemos à partir de um centro interior mais
profundo. Nossa tradição religiosa surge em uma nova vida, juntamente com
um maior respeito por outras tradições. Sabedoria e compaixão são as
maiores dádivas.
Recomende o livro de John Main, “O Momento de Cristo”, ou de Laurence
Freeman “Aspects of Love”.
É sugerida a leitura do Novo Testamento: Filipenses 2:1-11
Considere realizar um evento especial depois desse sexto encontro para
marcar a conclusão do curso introdutório e lembrar a todo mundo que todos
nós somos – sempre – iniciantes.
APÊNDICE II
COORDENAÇÃO NACIONAL E CONTATOS
Argentina:
Austrália:
http://meditacioncristianagrupos.blogspot.com
http://www.christianmeditationaustralia.org
Bélgica:
http://www.christmed.be
Canadá Inglês
http://www.meditatio.ca
Chile:
http://www.meditacioncristiana.cl
Brasil:
Canadá Francês
http://www.wccm.com.br
http://www.meditationchretienne.ca
China:
http://www.wccm.hk
República Tcheca:
http://www.krestanskameditace.cz
Colombia:
Dinamarca:
França:
Alemanha:
Hong Kong:
Índia:
Indonésia:
Irlanda:
Itália:
Latívia:
Malásia:
México:
Holanda:
Nova Zelândia:
Noruega:
Polônia:
Portugal:
Singapura:
África do Sul:
Espanha-Catalunha:
Reino Unido:
Ucrânia:
Estados Unidos:
http://meditacioncristianacol.blogspot.com
http://www.kristenmeditation.org
http://www.meditationchretienne.org
http://www.wccm.de
http://www.wccm.hk
http://www.wccm-india.org
http://www.meditasikristiani.com
http://www.christianmeditation.ie
http://www.meditazionecristiana.org
http://www.jesus.lv
http://www.wccmmalaysia.org
http://www.meditacioncristiana.com
http://www.wccm.nl
http://www.christianmeditationnz.org.nz
http://www.wccm.no
http://www.wccm.pl
http://www.meditacaocrista.com
http://www.wccmsingapore.org
http://www.wccm.co.za
http://www.meditaciocristiana.cat
http://www.christian-meditation.org.uk
http://www.wccm.org.ua
http://www.wccm-usa.org
Venezuela:
http://www.meditadores.blogspot.com
Para países não listados por favor entre em contato:
Email:
[email protected]
WCCM:
www.wccm.org
MEDITATIO:
www.wccmmeditatio.org
APÊNDICE III
RELACIONAMENTO COM OUTRAS COMUNIDADES CONTEMPLATIVAS
A tradição da oração contemplativa Cristã é uma tradição rica e vasta com
expressão em muitas escolas espirituais e demonimações Cristãs diferentes.
Meditar na tradição que a Comunidade Mundial ensina é estar enraizado em
uma parte dessa grande vinha. Amizade e cooperação com outras
comunidades, representando diferentes aspectos dessa mesma tradição, é um
fruto natural da meditação e também um sinal da paz que ela suscita.
Entre estas existe uma amizade bem próxima com a rede Contemplative
Outreach manifestada nessa declaração de Laurence Freeman e Thomas
Keating.
Uma declaração conjunta da Comunidade Mundial e da Contemplative
Outreach
As comunidades contemplativas Contemplative Outreach e Comunidade
Mundial para Meditação Cristã iniciaram independentes uma da outra mas
em interdependência na tradição do Evangelho cerca de 25 anos atrás.
Ambas
comunidades cresceram à partir da herança apofática e
contemplativa do Cristianismo. Nós, portanto, compartilhamos um respeito
especial pela tradição monástica primitiva representada, por exemplo, em
João Cassiano, no hesicasmo da tradição Ortodoxa e pelos místicos medievais
como o autor de “A Núvem do Não Saber”. Nós acreditamos que essas
tradições são correntes vivas e tem um valor significativo e urgente para a
vida Cristã hoje, para a renovação de todas as igrejas e para o crescimento do
senso do Sagrado em meio ao mundo moderno.
Parece para nós que o Espírito está despertando a vida contemplativa entre as
pessoas de Deus além dos habituais leigos ou das categorias clericais.
Também alimenta uma experiência de comunhão além dos limites das
denominações. O mesmo Espírito está nos lembrando do tesouro esquecido
de nossa herança Cristã. Ver a contemplação como uma dimensão da oração
e da vida pessoal, assim como encontrar um caminho contemplativo
ensinado em nossa própria tradição, frequentemente é uma descoberta bem
vinda para muitos Cristãos. Nós acreditamos nessa descoberta, e sua
crescente influência precisa ser encorajada por todos os líderes Cristãos.
A oração contemplativa cresce com fé e perseverança e, para sustentá-las,
uma comunidade nasce. Para ambas, os pequenos grupos locais da
comunidade caracterizam esse crescimento, em profundidade e números.
Nós encorajamos amizade e a partilha da fé entre esses grupos que estão
comprometidos com a abertura, a hospitalidade e ecumenismo.
Nós
acreditamos que haverá um maior crescimento se os grupos de cada
comunidade reunirem-se de tempos em tempos para compartilhar o silêncio
de Cristo e sua Palavra.
As diferenças de abordagem em relação à prática, particularmente sobre o
mantra ou o símbolo sagrado, são expressões sutís da riqueza da tradição
Cristã, e não divisões. A sabedoria e a experiência, entretanto, sugerem que a
pessoa persevere na mesma prática uma vez que seja iniciada. Viver a
sabedoria do caminho contemplativo é uma questão da fé que age pelo amor ,
e não de uma técnica espiritual. Contemplação é essencialmente prática, não
teoria, e portanto requer fidelidade a um método ou disciplina. Embora
reconhecendo as fontes comuns e o objetivo final para a contemplação Cristã,
nós também aceitamos que as diferentes interpretações e recomendações
referentes à prática podem ser igualmente válidas. Quando as diferenças são
respeitadas e as similaridades compartilhadas nós estamos abertos à
verdadeira unidade e liberdade de espírito.
Da profunda experiência da contemplação, os frutos do espírito nascem em
formas sempre novas. Caridade, compaixão e tolerância, contrução da paz e
coragem para justiça social caracterizam a contemplação Cristã vivida pelas
comunidades e indivíduos. Uma melhor apreciação e entendimento do
diálogo inter-religioso é também um fruto da prática de nossas duas
comunidades.
Ambas as nossas comunidade são, no cenário hitórico, ainda muito jovens.
Ainda estamos descobrindo nossa plena vocação no Corpo de Cristo. Pela
nossa comunhão espiritual, e aprendendo uns com os outros, oramos para
que sejamos fiéis à jornada contemplativa e a partilha de suas riquezas
espirituais com o mundo.
Laurence Freeman OSB
Comunidade Mundial para
Meditação Crista
Thomas Keating OCSO
Contemplative Outreach
APÊNDICE IV
CONTEMPLAÇÃO E UNIDADE: UMA DECLARAÇÃO ECUMÊNICA
Nós acreditamos que um progresso bem-vindo tem sido realizado
recentemente na superação de antigas divisões entre as igrejas Cristãs. O
poder do Evangelho tem sido muitas vezes velado pela falha dos Cristãos em
amar um ao outro e celebrar a diversidade como um sinal da riqueza de
unidade que existe em Cristo. Nós acreditamos, entretanto, que uma nova era
está se abrindo. Nesses tempos há um menor apelo às palavras e cerimônias e
uma maior necessidade de autêntico conhecimento espiritual que surge do
silêncio da contemplação.
A fome espiritual e a suspeita generalizada da religião em nossa sociedade,
firmemente aponta os Cristãos para essa dimensão de profundidade em sua
fé comum. A dimensão contemplativa do Evangelho não é uma especialidade
de igrejas ou grupos particulares. Ela pertence a todos e chama a todos nós,
através dos sinais dos tempos, para que seja recuperada. Também não é para
que essa dimensão contemplativa da fé seja identificada somente com a
vocação de alguns para solidão e quietude. É igualmente válida para a vida
das boas obras, protesto profético contra injustiça e o paciente trabalho de
pacificação. Na verdade, a integridade e vigor da vida Cristã, e seu
testemunho para o mundo, dependem do casamento entre a contemplação e
a ação na plena experiência do mistério de Deus que ultrapassa o
entendimento mas que é intimamente conhecido nos atos diários de bondade.
Se nós não podemos entender o silêncio de Cristo, não seremos capazes de
entender suas palavras, como afirmava um mestre Cristão primitivo. Por
estarmos convencidos da necessidade urgente de recuperar a dimensão
contemplativa em nossa oração, adoração e ministérios, temos nos
comprometidos em buscar caminhos pelos quais isso possa ser melhor
apreciado por todos os Cristãos e por toda a sociedade. O Centro de
Meditação Cristã é um sinal ecumênico dessa decisão de cooperar nesse nível
mais profundo onde a unidade em Cristo já está alcançada.
Nós convidamos nossos irmãos e irmãs em todas as igrejas à refletirem e se
juntarem a esse esforço contemplativo e, assim, enriquecer essa visão com
sua própria percepção e tradição.
Acreditamos também que nessa era de violência e terror a amizade entre as
religiões do mundo é uma base indispensável para o trabalho de justiça e paz
mundial. Uma vez que essa amizade deva ser sincera e transformadora ela
também deve estar enraizada nessa experiência de silêncio, quietude e
simplicidade que é um terreno comum da contemplação.
Se realmente podemos alcançar uma maior harmonia entre contemplação e
ação, então nós certamente cumpriremos melhor o maior desejo de Cristo,
“Que todos sejam um”
Rt Hon & Rt. Revd Richard Chartres, Bispo de Londres
Dom Laurence Freeman OSB, Diretor, Comunidade Mundial para Meditação
Cristã
Cardeal Cormac Murphy O’Connor, Arcebispo de Westminster
Rev. Dr. Leslie Griffiths
Superintendente ministerial da Capela Wesley
Tradução livre de Ricardo d' Arêde

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