parte 04 – conferências especiais – anais relme 26
Transcrição
parte 04 – conferências especiais – anais relme 26
CONFERÊNCIAS ESPECIAIS anais Belo Horizonte | Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA SUMÁRIO AVALIAÇÃO EM MATEMÁTICA: IDÉIAS E INSTRUMENTOS ................................................3 MODELAGEM MATEMÁTICA E A REALIDADE DO MUNDO CIBERNÉTICO......................5 LOS MODOS DE PENSAR EL ÁLGEBRA LINEAL Y EJEMPLOS AD HOC EN PROBLEMAS ESPECIFÍCOS DE SU ENSEÑANZA Y APRENDIZAJE ....................................16 PROPUESTA DE NUEVOS PROGRAMAS DE MATEMÁTICA PARA LA ENSEÑANZA PRIMARIA Y SECUNDARIA DE COSTA RICA .................................................31 POR UMA EDUCAÇÃO (MATEMÁTICA) PARA ALÉM DA LÓGICA DO CAPITAL ............48 ¿POR QUÉ ATENDER A LA DIMENSIÓN EMOCIONAL EN LA FORMACIÓN DEL PROFESORADO DE MATEMÁTICAS?........................................................................................59 A MODELAGEM MATEMÁTICA NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA: OLHARES MÚLTIPLOS E COMPLEXOS .......................................................62 UN MODELO DE FORMACIÓN DE EDUCADORES APLICANDO MODELAJE Y ACOMPAÑAMIENTO PEDAGÓGICO .........................................................................................74 O CONCEITO E A DEFINIÇÃO EM MATEMÁTICA NUMA PERSPECTIVA DIALÉTICA - EXPERIÊNCIAS INVESTIGATIVAS DO CONCEITUAR ..................................97 ANÁLISE DE RECURSOS DE GEOMETRIA DINÂMICA POR PROFESSORES DE MATEMÁTICA ..............................................................................................................................106 FORMACIÓN A DISTANCIA DE PROFESORES DE MATEMÁTICA: EL CASO DE URUGUAY .....................................................................................................................................109 HACIA UNA FORMACIÓN DOCENTE CON LA MIRADA EN EL AULA .............................110 RESIGNIFICACIÓN DEL CONCEPTO DE INTEGRAL DEFINIDA DESDE LA TEORÍA SOCIOEPISTEMOLOGÍA .............................................................................................116 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA CAPACITACIÓN EN CONTEXTO PARA LA PREPARACIÓN DE LOS MAESTROS QUE IMPARTEN LA MATEMÁTICA. ........................................................................................113 1 SISTEMA INTELIGENTE PARA EL ALGEBRA LINEAL. .......................................................111 XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA O CONHECIMENTO MATEMÁTICO NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE MATEMÁTICA ..............................................................................................................................117 UNA EVOLUCIÓN DE LA ANALITICIDAD DE LAS FUNCIONES EN EL SIGLO XIX. UN ESTUDIO SOCIOEPISTEMOLÓGICO ........................................................................120 FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA: UM OLHAR QUE BUSCA A COMPREENSÃO DO FAZER .......................................................................................................121 A NEUROPSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM MATEMÁTICA ............................................130 EL ESTUDIO DE LA cLASE COMO ESTRATEGIA PARA MEJORAR LA FORMACIÓN DOCENTE EN EL ÁREA DE MATEMÁTICA. ..................................................164 PROBLEMAS EDUCATIVOS MATEMÁTICOS Y CONTEXTUALIZACIÓN EN LOS PROCESOS DE FORMACIÓN DE PROFESORES .....................................................................165 LA INVESTIGACIÓN EN MATEMÁTICA EDUCATIVA SOBRE EL PROFESOR DE MATEMÁTICAS ...........................................................................................................................175 DESATANDO OS NÓS ENTRE A MATEMÁTICA E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA ...............191 TRANSIÇÃO ENSINOS MÉDIO E SUPERIOR: OLHAR SOBRE SUA RELAÇÃO INSTITUCIONAL NO BRASIL ....................................................................................................202 ¿CÓMO IMPLEMENTAR EL USO DEL DERIVE EN EL PROCESO DE ENSEÑANZA APRENDIZAJE DEL ÁLGEBRA LINEAL? ................................................................................214 DIFERENTES PAPÉIS DAS TECNOLOGIAS NO CONTEXTO DA MODELAGEM EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA.......................................................................................................216 A ETNOMATEMÁTICA PROCURANDO CAMINHOS PARA O ENCONTRO INTERCULTURAL: ALTERIDADE E ESCUTA NO CENTRO DA DISCUSSÃO ...................217 PÁGINA 2 LECIONANDO EM CURSOS USUÁRIOS DE MODELOS MATEMÁTICOS NUMÉRICOS E ESTATÍSTICOS NA PRÁTICA EDUCATIVA: COMPARTILHANDO CONCEPÇÕES, CONTEXTOS, EXPERIÊNCIAS E INTERROGAÇÕES .................................218 O MESTRADO PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA NA PERSPECTIVA DOS EGRESSOS: ANÁLISE DO PROGRAMA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO (MG) ............................................................................................219 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA AVALIAÇÃO EM MATEMÁTICA: IDÉIAS E INSTRUMENTOS Ademir Basso Faculdade UNILAGOS e Col. Estadual Presidente Arthur da Costa e Silva – PR Brasil [email protected] RESUMO Esta conferência discute a inércia que permeia o processo avaliativo em Matemática quanto aos instrumentos utilizados. Não obstante, mostra que é possível uma avaliação formativa em Matemática, ou seja, uma avaliação integrada ao processo de ensino e não separada do mesmo. Com esse intento, se discute a possibilidade do uso de inúmeros instrumentos avaliativos que podem ser adotados para melhorar o processo de ensino-aprendizagem, mostrando que quando se age desta forma, os resultados podem ser melhores, tanto no rendimento quanto nas concepções que os alunos mostram a respeito da Matemática. TRABALHO É claro que os instrumentos não são o principal fator de, em muitos casos, não ocorrer êxito no processo de ensino e aprendizagem, pois os instrumentos recolhem dados a respeito, o 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA Levando em conta estas características, é importante observar que as avaliações utilizadas nos últimos tempos são muito parecidas com as que eram utilizadas no passado, sofrendo algumas mudanças bastante tímidas e pontuais. De maneira geral, a avaliação chamada tradicional é a que permeia os ambientes das escolas em qualquer disciplina e não é diferente em Matemática. Nesse sentido o processo avaliativo não sofreu mudanças significativas nos últimos tempos, pode-se dizer então que a avaliação está relegada ao processo de inércia, ou seja, os instrumentos que se utilizavam no passado são os mesmos que se utilizam hoje dentro da escola (Basso e Hein, 2011). 3 A avaliação, de maneira geral, sempre foi um tema bastante polêmico desde seu surgimento no interior da escola. A polêmica sempre esteve relacionada com sua função dentro do ambiente educacional e as características da avaliação davam o norte da discussão. Todas estas características desempenham funções dentro do processo, mas, segundo Enguita (1995), essas funções na escola são, de maneira geral, duas, de diagnóstico e de classificação. A função diagnóstica é útil para que o professor, a equipe pedagógica, o aluno possam detectar os pontos fracos e, a partir deles, reorientar o processo de ensino e também de estudo. Já a função de classificação como o próprio nome sugere classifica os alunos, hierarquizando-os, a primeira função é em parte utilizada, mas a segunda é bastante popular na maioria das escolas. XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA que fazer com eles é tarefa do professor e do aluno, mas os instrumentos junto com a forma de levá-los à sala de aula podem contribuir para o sucesso ou não do processo de ensino e aprendizagem de Matemática. Buscando melhorar esta realidade se vislumbra que a avaliação em Matemática quando utilizada de maneira formativa e contínua mostra resultados diferentes do que aqueles observados há muito tempo com a utilização da forma tradicional e somativa de avaliar. Os resultados vão além do rendimento do aluno nesta disciplina, eles mostram que quando um aluno é avaliado de maneira diferente, utilizando de inúmeros instrumentos e durante o processo de ensino, ele passa a ter maior interesse pela própria disciplina (Basso, Cáceres e Azcárate, 2011; Basso, 2011). Por isso é interessante avaliar utilizando inúmeros instrumentos para recolher informações, instrumentos diversificados para alunos também diferentes, não importando quais instrumentos se utiliza para avaliar, desde que este instrumento mostre o que o aluno aprendeu e quais as falhas no processo de ensino e aprendizagem de Matemática, objetivando sempre a melhora progressiva deste processo. Mas, mais importante que o variado número de instrumentos de avaliação, é o que fazer com os resultados obtidos. De nada adianta, utilizar outros instrumentos que não somente a forma tradicional, se o professor, a escola e o próprio aluno não retomar o processo a partir das falhas detectadas. Em outras palavras, a avaliação serve como um termômetro, para medir como está e, sendo necessário, efetuar as mudanças no processo de ensino, na maneira de estudar do aluno e até na maneira de avaliar em Matemática. REFERÊNCIAS Basso, A.; Hein, N. (2011). Vencendo a Inércia na Escola. (3ª ed.). Pinhais: Editora Melo. Basso, A. (2011). Concepciones de alumnos de secundaria respecto de la evaluación en matemáticas. Estudio de la incidencia de un proceso de instrucción. Doutorado em Educação Matemática. Salamanca - Espanha: Faculdade de Educação - Universidade de Salamanca. Enguita, M. F. (1995). Avaliação e Aprendizagem. Revista Raízes e Asas. São Paulo: CENPEC, no 8. Disponível em: http://www.crmariocovas.sp.gov.br/int_a.php?t=006. Acesso em 16 de fevereiro de 2012. PÁGINA 4 Basso, A.; Cáceres, M. J. e Azcárate, P. (2011). Concepções de alunos sobre avaliação da aprendizagem em matemática. Anais da XIII Conferência Interamericana de Educação Matemática CIAEM. Recife, Brasil. VOLTAR 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA MODELAGEM MATEMÁTICA E A REALIDADE DO MUNDO CIBERNÉTICO Rodrigo Dalla Vecchia1, Universidade Luterana do Brasil- ULBRA, Brasil. F 14 [email protected] 1 Doutorando em Educação Matemática da UNESP de Rio Claro. Professor da Universidade Luterana do Brasil. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA Esta conferência tem por finalidade expor um conjunto de inquietações dadas pela relação entre Modelagem Matemática (MM) e o mundo cibernético. Tais inquietações partem de um levantamento bibliográfico feito por Dalla Vecchia e Maltempi (2009) que apresentam a realidade como um dos aspectos que parecem perpassar os diferentes modos de conceber a MM. Este fato também é observado por autores como Araújo (2002, 2007), que já expressa ensaios de como diferentes modos de conceber a realidade podem implicar em diferentes visões de MM. Entretanto, com o advento das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) e das Tecnologias Digitais (TD), a natureza delicada que envolve o real se potencializa, gerando adjetivações como: realidade do ciberespaço, realidade do mundo cibernético, realidade aumentada, hiperrealidade, realidade virtual, realidade mundana, realidade física, etc. Esses “novos” espaços proporcionam meios de interação que se mostram qualitativamente distintos dos comumente vividos na realidade mundana, atualizando modos de interagir com o outro em espaço e tempo próprios (BICUDO, ROSA, 2010). O que se coloca em suspensão ao considerar as experiências vividas nesses ambientes é: o mundo cibernético pode ser considerado como uma dimensão da realidade? Está nos aspectos implícitos a essa pergunta que a presente conferência se desdobra, procurando fazer uma explanação sobre realidade e tecnologias no contexto da MM. Importante ressaltar que não se trata apenas de usar a tecnologia como mediadora no processo de MM, mas sim de considerar situações que se atualizam na realidade do mundo cibernético. Para desenvolver esses assuntos, é trazida a visão defendida por Bicudo e Rosa (2010) que, além de discutir filosoficamente a realidade do mundo cibernético, apresenta suas especificidades frente à realidade mundana. Em particular, esses autores defendem que o espaço criado pelas tecnologias gera “[...] múltiplas possibilidades de relações, configurando realidades possíveis, projetadas, inventadas (BICUDO, ROSA,p. 20)”. Essa dimensão de abrangência da realidade se diferencia em termos de espacialidade e temporalidade gerando atualizações de problemáticas em tempos, velocidades e instantes que dizem respeito às situações vivenciadas pelo humano nesse ambiente. Frente a essas 5 RESUMO XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA distinções de espaço e tempo e frente a todo o campo de possibilidades de interações que este espaço pode gerar, cabe questionar acerca das influências de sua acolhida ao contexto da MM e suas potencialidades e implicações para o processo de ensino e aprendizagem da matemática. Com o intuito de associar as ideias defendidas por Bicudo e Rosa (2010) ao contexto da MM, serão discutidos também os conceitos de problema, modelo matemático e objetivo pedagógico visando a construção de uma visão de MM que acolha a realidade do mundo cibernético como uma dimensão de abrangência. TRABALHO Esta conferência tem por finalidade expor ideias relacionadas à relação entre Modelagem Matemática (MM) e o mundo cibernético. Tal entrelaçamento parte de inquietações oriundas de um levantamento bibliográfico feito por Dalla Vecchia e Maltempi (2009) que apresentam a realidade como um dos aspectos que parecem perpassar os diferentes modos de conceber a MM. Este fato também é observado por autores como Araújo (2002, 2007), que já expressa ensaios de como diferentes modos de conceber a realidade podem implicar em diferentes visões de MM. Entretanto, com o advento das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) e das Tecnologias Digitais (TD), a natureza delicada que envolve o real se potencializa, gerando adjetivações como: realidade do ciberespaço, realidade do mundo cibernético, realidade aumentada, hiperrealidade, realidade virtual, realidade mundana, realidade física, etc. PÁGINA 6 Esses “novos” espaços proporcionam meios de interação que se mostram qualitativamente distintos dos comumente vividos na realidade mundana, atualizando modos de interagir com o outro em espaço e tempo próprios (BICUDO, ROSA, 2010). O que se coloca em suspensão ao considerar as experiências vividas nesses ambientes é: o mundo cibernético pode ser considerado como uma dimensão da realidade? Está nos aspectos implícitos a essa pergunta que a presente conferência se desdobra, procurando fazer uma explanação sobre realidade e tecnologias no contexto da MM. Importante ressaltar que não se trata apenas de usar a tecnologia como mediadora no processo de MM, mas sim de considerar situações que se atualizam na realidade do mundo cibernético. Para desenvolver esses assuntos, é trazida a visão defendida por Bicudo e Rosa (2010) que, além de discutir filosoficamente a realidade do mundo cibernético, apresenta suas especificidades frente à realidade mundana. Em particular, esses autores defendem que o espaço criado pelas tecnologias gera “[...] múltiplas possibilidades de relações, configurando realidades possíveis, projetadas, inventadas (BICUDO, ROSA,p. 20)”. Essa dimensão de abrangência da realidade se diferencia em termos de espacialidade e temporalidade gerando atualizações de problemáticas em tempos, velocidades e instantes que dizem respeito às situações vivenciadas pelo humano nesse ambiente. Frente a essas distinções de espaço e tempo e frente a todo o campo de possibilidades de interações que este espaço pode gerar, cabe questionar acerca das influências de sua acolhida ao contexto da MM e suas potencialidades e implicações para o processo de ensino e aprendizagem da matemática. Com o intuito de compreender o mundo cibernético como uma dimensão de 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA abrangência da realidade, apresentarei, nas próximas seções as visões de Bicudo e Rosa (2010), procurando dar um embasamento para o relacionamento entre a fazer um relacionamento com o contexto da Modelagem Matemática no campo da Educação Matemática e o mundo cibernético. A REALIDADE E O MUNDO CIBERNÉTICO Essa conferência tem como base os estudos realizados por Bicudo e Rosa (2010) que se preocupam em desvelar a realidade do mundo cibernético. Para compreender melhor as ideias apontadas por estes autores, será necessário, em alguns momentos, fazer um aprofundamento quanto ao significado atribuído aos termos usados, buscando assim um esclarecimento. Um dos aspectos que se mostra fundamental na estrutura apresentada por esses pesquisadores é a compreensão do que é entendido como realidade mundana. Para eles, a realidade é tratada como mundo-vida, entendida como: [...] espacialidade (modo de sermos no espaço) e temporalidade (modo de sermos no tempo) em que vivemos com os outros seres humanos e demais seres vivos e natureza, bem como com todas as explicações científicas, religiosas, e de outra natureza. O mundo não é recipiente, uma coisa, mas um espaço que se estende à medida que as ações são efetuadas e cujo horizonte de compreensões se expande à medida que se vá fazendo o sentido para cada um de nós e para a comunidade (BICUDO, ROSA, 2010, p. 11) Por meio dessa perspectiva, Heidegger faz desaparecer o problema da existência do mundo exterior uma vez que elimina a ideia de sujeito sem mundo, entendendo que o homem é um sujeito no mundo (ABBAGNANO, 2007, p. 977). Sendo assim, restabelece o caráter fundamental do modo de ser do ser humano, que é considerado um “ser-aí”, no qual o “aí” 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA Crer na realidade do “mundo exterior” (com ou sem direito), demonstrar essa realidade (suficiente ou não), pressupor essa realidade (explicitamente ou não), tudo isso são tentativas que pressupõem antes de mais nada o sujeito sem mundo, vale dizer, não consciente de seu mundo, que deve, portanto, começar por fundar a segurança de seu mundo. 7 Conforme Abbagnano (2007), essa visão, que tem sua base nas ideias fenomenológicas de Heidegger, se diferencia de outras vertentes filosóficas por não considerar a realidade separada do homem que a percebe. Com essa perspectiva, o foco de discussão no que se refere à realidade, não está mais em buscar provas da existência da realidade – como é o caso das ideias de Kant (KÖRNER, 1985) – e sim focar em como o ser humano se relaciona com as coisas da realidade. Nesse sentido, Abbagnano(2007, p. 977) destaca que Heidegger negava a existência de um mundo exterior, entendo que: XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA indica sua relação com o mundo. Por meio dessa perspectiva, o problema da realidade passa a aludir não mais em sua existência ou não, mas sim o modo como as coisas do mundo estão em relação ao ser humano ou se apresentam a ele. Bicudo (1999, p. 31) reforça a ideia fenomenológica de uma realidade não separada do humano. Segundo sua visão, o real é tido como: [...] um todo dinâmico, temporal, histórico, percebido no encontro homem-mundo, não separado daquele que o percebe, que dele fala e que o interpreta, construindo uma rede de significados na intersubjetividade, ao partilhar vivências e comunicar interpretações. A autora entende mundo como um meio natural que se constitui no campo de todos os pensamentos e de todas as percepções explícitas compreendendo o real não separado da relação que possui com o ser humano e dizendo respeito à realidade vivida na espacialidade e na temporalidade do mundo-vida (BICUDO, 1999). Nesses breves apontamentos apresentei a visão de realidade defendida por Bicudo (1999) que culmina com a perspectiva de mundo-vida. Entretanto, com o advento das TIC, a discussão acerca do real se potencializa, gerando adjetivações como realidade do ciberespaço, realidade do mundo cibernético, realidade aumentada, hiperrealidade, realidade virtual, etc. Esse novo espaço, denotado muitas vezes por virtual, é diferenciado, permitindo e possibilitando ações e interações que se diferem na espacialidade e na temporalidade comumente vividas no cotidiano (BICUDO, ROSA, 2010). Ao refletir acerca dos aspectos abordados, a pergunta que se faz é a seguinte: o mundo-vida, isto é, da realidade, abarca o mundo cibernético? Com essas inquietações, Bicudo e Rosa (2010) apresentam um conjunto de argumentos que visam compreender a realidade do mundo cibernético como um dos modos da realidade se mostrar. Nesse sentido, salientam que considerar o mundo cibernético como realidade requer concebê-lo sob uma ótica distinta da defendida pela ciência moderna quando fala de realidade física e objetiva, referindo-se ao lugar onde estão ou são colocadas as entidades passíveis de mensuração (espacialmente e temporalmente) e manipuláveis em sua fisicalidade. Para esses autores, se for considerada essa visão, o mundo cibernético não pode ser visto como real, uma vez que o “onde” desse mundo se apresenta de modo característico, não cabendo no espaço cartesiano da ciência clássica. Nesse sentido, afirmam que PÁGINA 8 Não se trata de um espaço físico, que acolhe pontualmente pessoas e inter-relações, pois se expande por conexões que não se encaixam no gráfico cartesiano. São conexões velozes e que se bifurcam, criando outras conexões, atingindo outros espaços físicos, gerando múltiplas possibilidades de relações, configurando realidades possíveis, projetadas, inventadas (BICUDO, ROSA, 2010, p. 21) Esse espaço, por apresentar distinções em relação ao comumente vivenciado, é muitas vezes denotado por especialistas da área como sendo virtual e entendido, de modo 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA coloquial, como se opondo ao real. É justamente na análise criteriosa do virtual que os autores que embasam essa seção encontram argumentos para defender o mundo cibernético como realidade. Para tanto trilham um caminho que inicia pela discussão do virtual em termos filosóficos. Esse caminho leva a uma associação do virtual com a ciência (contemporânea) considerada base para o aparato tecnológico e informacional que dá sustentação ao mundo cibernético. Em um segundo momento, apresentam por meio da relação entre ciência, realidade e virtual, uma perspectiva que permite entender o mundo cibernético também como mundo-vida. Em termos filosóficos, o virtual não se opõe ao real (DELEUZE, 1988; LÉVY, 1996; BICUDO, ROSA, 2010). O virtual pode ser visto sob várias perspectivas. Entretanto, para essa conferência será dada uma abordagem que o relaciona de modo íntimo com a ciência e permite compreendê-lo como abrangido pela realidade. Para tanto é necessário conhecer a relação entre ciência e realidade apresentada por esses autores. Com esse intuito, Bicudo e Rosa (2010) trazem as ideias de Granger (1995), que busca responder as inquietações acerca do real que a ciência fala. Embasados nesse autor, afirmam que a ciência traz apenas uma representação do real, não dando conta da experiência vivida, “[...] uma vez que os traços de individuação ou o real individualmente vivido é para ela uma noção de limite, abandonada às experiências de cada indivíduo” (BICUDO, ROSA, 2010, p.10). Para compreender essa limitação e a relação da ciência com a realidade, trazem considerações acerca do real, do provável, do possível, do atual e do virtual. O atual, em termos gerais, pode ser considerado a situação ou entidade que se mostra ao observador no estado que contempla o aqui e o agora. É aquilo que “[...] aparece na realidade mundana” (BICUDO, ROSA, 2010, p. 24). A atualização é o processo pelo qual algo passa de uma situação de potência para o estado atual, no qual a potência designa “[...] característica do que é potente, do que tem forçar para ser, que traz em si as potencialidades para tornar-se” (BICUDO, ROSA, 2010, p. 24). A semente, por exemplo, é um estado potencial da árvore que, se encontrar as condições ideais (solo fértil, temperaturas adequadas, germinar, crescer, etc.), pode se atualizar em uma árvore (LÉVY, 1996). Apertando a tecla F5 do computador, é possível atualizar uma página da Internet. Aquilo que se mostra ao observador é o estado atual da mesma, enquanto que ao apertar F5 iniciamos o processo de atualização em busca de alterações nas informações visuais ou áudio-visuais expostas. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA O provável está relacionado a um modo de não-atual que pode ser compreendido como uma espécie de pré-atualidade, podendo abranger graus da esfera do atual. Como exemplo, cito a frase “no verão, na cidade de Encantado, provavelmente haverá dias com temperaturas acima de 35º C”. Este é um fato não atual. No momento da escrita dessa frase essa afirmação não condiz com a temperatura que faz nessa cidade. Apesar disso, mesmo havendo imprecisões (como, por exemplo, uma data específica) existe uma probabilidade muito grande dessa afirmação se atualizar, isto é, vir a acontecer. A aproximação do 9 Na visão de Bicudo e Rosa (2010), oposto ao atual, está o não-atual, isto é, aquilo que não foi atualizado e se encontra em estado de potência. Apoiados nas argumentações de Granger (1995) apontam que o não-atual abrange três modalidades ou formas: o provável, o possível e o virtual. XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA provável com o atual pode estar associado a dados probabilísticos, estatísticos e, até mesmo, a cálculos determinísticos. O possível está relacionado à linguagem e ao simbólico e diz respeito àquilo que pode ser feito e àquilo que não pode ser feito por meio da linguagem ou símbolo, mostrando amplitude e limitação. Granger (1994) aborda a importância da linguagem e do simbolismo no processo de evolução histórica da ciência. Segundo esse autor, “[...] não se pode aperfeiçoar a linguagem sem aperfeiçoar a ciência” (GRANGER, 1994, p. 53). Com isso, o autor quer dizer, ao mesmo tempo, que a evolução da linguagem abre novos caminhos para a ciência e que a linguagem e símbolos usados determinam (e também limitam) possibilidades para a ciência. É importante aqui, não confundir o símbolo e a linguagem com as ideias expressas neles. Já o virtual, para Bicudo e Rosa (2010), designa a modalidade de não-atual que não visa relação com o atual. É distinto do provável, pois este já se mostra como um pré-atual. É distinto do possível, entendido aqui como simbólico e como linguagem e que conduzem aquilo a que se referem a encaminhamentos determinados, mostrando amplitude e limitação. Conforme Bicudo e Rosa (2010, p. 27), o virtual “[...] refere-se à forma em geral, que poderá atualizar-se mediante ações que estão junto às materialidades e técnicas disponíveis, em aplicativos particulares, explicações da empiria, etc.”. Em outras palavras, o virtual têm sua essência em si mesmo e não busca, necessariamente, vínculo com o atual, mas eventualmente, pode abranger situações empiricamente atualizáveis. A matemática pode ser assumida como um exemplo de virtual, uma vez que satisfaz as condições descritas acima. PÁGINA 10 Por meio dessas três modalidades é possível distinguir as nuanças do não-atual e abordar a ideia de ciência. Conforme Bicudo e Rosa (2010) a ciência possui sua essência no nãoatual. É composta por linguagem e símbolos específicos e por fatos virtuais, notadamente com base matemática. Eventualmente se associa com o atual, podendo atingir estados préatuais probabilísticos e determinísticos. Mas sendo a ciência não-atual, então ela deve ser considerada irreal? Esse é um aspecto retomado por Bicudo e Rosa (2010), que atentam que o par que deve ser considerado não é o representado por “real – irreal”, mas sim “atual – não-atual”. Justificam tal afirmação apresentando que o não-atual não é irreal. Sua realidade, não é uma realidade atualizada, que se mostra, mas sua realidade é uma realidade potencial, isto é, que tem força para se atualizar, mas que não necessariamente irá se atualizar, abrangendo, inclusive, aspectos não atualizáveis. Sendo assim a ciência também trata do real. Entretanto, o real abrangido pela mesma é limitado. Nesse sentido, Bicudo e Rosa (2010) argumentam que a ciência, além de ter a individualização como noção de limite, não abrange no seu campo de investigação o imaginário, o poético e o criativo, relacionados às experiências individuais. Essa limitação tem como uma de suas bases a estreita relação da ciência (ocidental) com a matemática que, por meio de modelos abstratos, busca abranger o real, mas que por vezes se distancia da experiência do real vivido, o que afasta a ciência do primeiro plano de conhecimento. Esse afastamento pode estar associado ao fato de que, por meio de um processo de abstração, principalmente proporcionado pela Matemática, situações que são investigadas e 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA analisadas, são generalizadas. Nessa generalização o virtual e o possível aparecem como categorias fundamentais, pois gera-se um conjunto de fatos, situações e entrelaçamentos, não atualizados, de onde cogitam-se situações, fazem-se simulações, que podem ou não se atualizarem. O espaço virtual proporcionado pelas abstrações pode criar fenômenos virtuais que determinam a situação, no campo da ciência. Nesse sentido, Bicudo e Rosa (2010, p.22) afirmam que é possível [...] dizer que o real da ciência é construído por universos ligados aos fatos virtuais do mundo virtual, com regras bem definidas que permitem determinar, com maior ou menor precisão e certeza, a imagem dessas realidades ocorridas ou efetuadas. A relação dada entre as situações empíricas e a ciência podem ser apreendidas por meio de um referencial, que avalia a situação empírica (fato atual) frente a um número finito de aspectos que compõe a teoria, criando assim o que Granger (1994) denota por fato virtual. Desse modo o fato atual é determinado de modo incompleto em relação ao referencial, pois pode não se comportar exatamente como a teoria ou o modelo o explica, enquanto que o fato virtual é completamente determinado em relação ao referencial. Em outras palavras: [...] uma teoria científica em geral não trata diretamente de fatos atuais, e sim [...] de fatos virtuais, ou seja, de fatos esquemáticos, completamente determinados na rede de conceitos da própria teoria, mas incompletamente determinados enquanto realizáveis aqui e agora numa experiência (GRANGER, 1994, p. 48). 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA Com esses argumentos, Bicudo e Rosa (2010) apresentam uma relação íntima entre ciência e o mundo cibernético, abrindo espaço para associá-lo também à ideia de mundo-vida. Para tanto, trazem argumentações referentes à compreensão de mundo vida. Para esses autores, de um modo geral, o mundo pode ser evidenciado como um campo no qual são dirigidos todos os atos do se humano abrangendo suas experiências, ações, atividades práticas, teorizações, conhecimento. Essa perspectiva assumida por Bicudo e Rosa (2012), está relacionada à ideia de ver o mundo como um horizonte que abrangendo todas as coisas, todos os seres humanos e todos os seres vivos. Esse sentido de horizonte se caracteriza por uma “[...] totalidade harmônica, uma universalidade coerente de objetos existentes, de ‘nós’, conjunto de seres-humanos, entendidos como eu-o-homem e todos nós juntos que, como seres viventes, pertencemos ao mundo” (BICUDO, ROSA, 2010, p. 6). 11 Sob essa perspectiva, é possível dizer que o referencial é o responsável pela relação entre o virtual e o atual. Entretanto, imergindo no universo que assume o foco de meu interesse, que é a realidade do mundo cibernético, o que poderia ser considerado como seu referencial? Bicudo e Rosa (2010) apontam que o referencial que dá sustentação às atualizações ocorridas no mundo cibernético e que permite a ocorrência das atualizações por meio de sistemas operatórios, é o próprio conjunto representado pelos aparatos científicos e tecnológicos, sustentados por meio das teorias que os envolvem. Sendo assim, “[...] a realidade do ciberespaço é virtual, por já ter sua base nas ciências, notadamente na matemática” (BICUDO, ROSA, 2010, p. 28). XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Esse mundo-horizonte é considerado pelos autores como o solo de toda a certeza que se refere ao existente. Nesse sentido, afirmam que Importante é destacar que o mundo-horizonte é o solo de toda certeza ôntica2. É pré-dado como um campo universal, como um horizonte que se abre à compreensões. Nessa onticidade, vive-se na certeza do mundo, uma vida consciente do mundo e de si-mesmo como ser vivente, que experiencia e efetua na praticidade de suas ações a certeza do mundo. Essa dimensão da empiria possibilita as avaliações do correlato do percebido, ou seja, do mundo em seu fundo, da coisa percebida (BICUDO, ROSA, 2012, p. 9). É por meio dessa possibilidade de avaliação do percebido que os autores defendem ser mundo-horizonte e mundo-vida o solo primeiro dos conhecimentos tanto filosóficos quanto científicos. Desse modo, embasados nas ideias de Husserl, trazem a perspectiva de que a ciência está enraizada no solo do mundo-vida. Sendo a ciência a base do mundo cibernético, também associam o mundo cibernético ao campo de abrangência do mundovida. Entretanto, se preocupam não somente na estruturação dessa associação, como também em apresentar particularidades dessa modalidade da realidade. Nesse sentido defendem que o grande diferencial do ciberespaço não está necessariamente em sua base dada pela matemática e pelos aparatos tecnológicos, mas sim nos modos pelos quais as atualizações ocorrem nesse mundo, onde adquirem características próprias abrangendo graus de complexidades inusitados e indeterminados. O pluralismo e a multiplicidade característicos desse ambiente PÁGINA 12 [...] possibilitados pela tela informacional são ramificados com rapidez e fluidez em redes que, por sua vez, também são pluralidades e assim por diante, atualizadas pelas ações dos sujeitos que operam nessas redes (BICUDO, ROSA, 2010, p. 29). Essas atualizações são provenientes da relação do homem com o aparato científico, por meio de comandos, linguagens e ações ocorridas tanto nos encontros ser-humanocomputador quanto na intercomunicação do homem e outros sujeitos, possibilitada pelo sistema de referência tecnológico. Nessa dimensão de abrangência da realidade, que se abre à experiência do sujeito, espaço e tempo se diferenciam dos comumente vivenciados. Não se trata mais de um espaço físico, caracterizado pelas dimensões largura, altura e profundidade sujeitas à temporalidade física, mas sim de um espaço desterritorializado, isto é, “[...] o solo em que finca suas âncoras é geográfica e culturalmente indefinido por mesclarem-se concomitantemente a muitas culturas, lugares e tempos diversificados” (BICUDO, ROSA, 2010, p.11). Pela possibilidade de interconexão tem-se um universo onde as dimensões físicas não se constituem como tal, mas onde se cria, difunde, e se vivencia culturas distintas. Essas interações (com o meio e com outros sujeitos) ocorrem 2 Segundo Abbagnano (2007, p. 848), ôntico se refere ao existente e é considerado “[...] distinto de ontológico, que se refere ao ser categorial, isto é, à essência ou à natureza do existente. Por exemplo, a propriedade empírica de um objeto é a propriedade ôntica; a possibilidade ou a necessidade é uma propriedade ontológica”. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA tanto em tempos cronológicos iguais (ao assumir o aqui e agora de uma conversa no Messenger Live, por exemplo) ou em tempos cronológicos distintos (como é o caso de emails) e conduzem a um conjunto de relações que podem envolver afeto, troca de informações, transações comerciais, jogos, ensino e aprendizagem, potencializando “[...] uma profunda percepção de si pela percepção do outro, visto como igual, encarnado, estando lá e “eu” aqui” (BICUDO, ROSA, 2010, p. 14). Essa riqueza de inter-relacionamentos mostra um mundo aberto à experiência do sujeito que, conforme Bicudo e Rosa (2010) efetua um movimento com seu corpo-próprio intencionalmente atento ao que se mostra diante da tela informacional. Esse movimento se trata de [...] um movimento das mãos no teclado, do olhar na tela, dos atos intencionais efetuando a dialética noesis-noema3 com a coisa que se mostra mediante símbolos. Entretanto, a coisa que assim se apresenta embora seja uma representação das sínteses de unificação efetuadas na dimensão do horizonte histórico da ciência e da tecnologia, chega de imediato ao sujeito, mostrando-se na tela informacional e solicitando ações contínuas. Estas ações são efetuadas em um nível prático, com o apoio das ferramentas (programas) computacionais correlacionados à intencionalidade do sujeito que está operando (BICUDO, ROSA, 2010, p. 11). Nesse conjunto de ações, possibilitada pelos recursos tecnológicos disponíveis, a coisa, envolvida pela intencionalidade e pela percepção, está imersa em um espaço/tempo dinâmico, distinto do comumente vivido e se mostra por modos de comunicação, por conteúdos e por formas. Essas são características do mundo-horizonte que dá o fundo da coisa e apresenta a ambiguidade do mundo cibernético frente à experiência vivida. Isso apresenta, de um lado, o sujeito atento à tela informacional presente num espaço que se constitui exatamente no local no qual está e, ao mesmo tempo, intencionalmente imerso na subjetividade e intersubjetividade do espaço proporcionado pelos recursos tecnológicos (BICUDO, ROSA, 2010, p. 11). É por meio dessa complexidade na qual o ciberespaço se mostra, apresentando uma espacialidade e uma temporalidade distintas das comumente vividas no cotidiano, mas que 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA Trata-se da relação entre aspectos subjetivos e objetivos de uma vivência. Abbagnano (2007, p. 834) afirma que na terminologia de Husserl, noese significa “[...] o aspecto subjetivo da vivência, constituído por todos os atos de compreensão que visam a apreender o objeto, tais como perceber, lembrar, imaginar”. Já, no que diz respeito a noema, este pode ser considerado “[...] o aspecto objetivo da vivência, ou seja, o objeto considerado pela reflexão em seus diversos modos de ser dado (por exemplo, o percebido, o recordado, o imaginado). O noema é distinto do próprio objeto, que é a coisa; por exemplo, o objeto da percepção da árvore é a árvore, mas o noema dessa percepção é o complexo dos predicados e dos modos de ser dados pela experiência: por exemplo, árvore verde, iluminada, não iluminada, percebida, lembrada” (ABBAGNANO, 2007, p. 834). 13 3 XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA promovem subjetividade, intersubjetividade e percepção da coisa em seu mundo-horizonte que os autores que embasam essa seção afirmam que o “[...] primado da percepção e da experiência do que se doa ao mundo-horizonte, ainda faz sentido” (BICUDO, ROSA, 2010, p. 12). A sustentação dessa afirmação inicia pela percepção que o sujeito tem do espaço que se abre, experienciando e dirigindo-se intencionalmente às coisas envolvidas no mundohorizonte. Essa percepção, não atinge somente as coisas e o eu, mas também outros sujeitos. Assim, outras experiências também são consideradas, promovendo a intersubjetividade, que é constituída por sínteses efetuadas em cada sujeito, mas em um solo de experiências comum, dado pelo mundo-horizonte. Nesse contexto a linguagem assume papel importante nesse processo, pois possibilita a comunicação entre indivíduos. Conforme Bicudo e Rosa (2010) a linguagem ocorre em um primeiro momento pela fala oral juntamente com o conjunto de expressões corporais e, em um momento mais avançado, pelo modo escrito, que oferece um salto qualitativo, uma vez que já é a expressão de uma síntese, expressa por símbolos. No mundo cibernético, em particular, a linguagem se instaura num campo próprio, envolvendo não somente a estrutura linguística da escrita, mas também um conjunto de símbolos, imagens e sons, que faz com que se instaure um campo próprio, denotado comumente por realidade virtual. CONSIDERAÇÕES FINAIS Levando em consideração os aspecto apresentados, o que é chamado de realidade virtual ou realidade do mundo cibernético não pode ser classificado como “fantasia”, uma vez que as relações intersubjetivas ocorridas não são apenas imaginadas, mas “[...] sentidas, carregadas de emoções e de colorações cujas cores, formas e movimentos se mostram em nuanças e em matizes minimamente diferenciados, mas em grande quantidade” (BICUDO, ROSA, 2010, p. 14). Tampouco pode ser considerada “irreal”, no sentido de uma ficção fantástica, não podendo ser experienciada. Trata-se, na visão dos autores, de uma das dimensões da realidade, abrangida sim pelo mundo-vida, distinguindo-se pela possibilidade de criação de ambientes sem a necessidade de haver uma referência à realidade física, mas que abarca a intersubjetividade envolvendo pessoas por meio de distintos modos e abrangendo relações comuns às humanamente vividas (amor, afeto, troca, amizade, etc.). A liberdade na maneira de criação dos cenários potencializada pela tela informacional do computador amplia o universo percebido na realidade do cotidiano mundano. Entretanto, essa expansão pode ainda PÁGINA 14 [...] ser compreendida como um modo de viver a vida na dimensão do humano, como ela é, mesmo que as relações presentificadas nessa dimensão da realidade se dêem em um espaço mundano que deve ser caracterizado em termos do espaço/tempo possibilitados pelas tecnologias (BICUDO, ROSA, 2010, p. 15-16) Compreender o mundo cibernético como realidade, como uma modalidade do mundo-vida, implica no surgimento de um conjunto de possibilidades que se abre à investigação, tanto no campo filosófico, quanto na Educação. A partir dessa exploração feita por Bicudo e Rosa (2010), é possível compreender os aspectos essenciais da realidade do ciberespaço, 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA constituindo assim uma base sólida para investigar o processo de Modelagem Matemática quando as situações envolvidas dizem respeito a essa dimensão de abrangência da realidade. REFERÊNCIAS ABBAGNANO, N. Dicionário de filosofia. Tradução Alfredo Bosi. São Paulo: Martins Fontes, 2007. ARAÚJO, J. L. Cálculo, tecnologias e modelagem matemática: as discussões dos alunos. Rio Claro: UNESP, 2002. Tese (Doutorado em Educação Matemática), Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2002. ARAÚJO, J. L. Relação entre Matemática e Realidade em algumas Perspectivas de Modelagem Matemática na Educação Matemática. In: BARBOSA, J. C.; CALDEIRA, A. D.; ARAÚJO, J. L. (Org.). Modelagem Matemática na Educação Matemática Brasileira: pesquisas e práticas educacionais. Recife: SBEM, 2007, p. 17-32. BICUDO, M. A. V. (Org.). Pesquisa em Educação Matemática: Concepções & Perspectivas. São Paulo: Editora Unesp, 1999. BICUDO, M. A. V.; ROSA, M. Realidade e Cibermundo: horizontes filosóficos e educacionais antevistos. Canoas: Editora da ULBRA, 2010. DALLA VECCHIA, R.; MALTEMPI, M. V. Ensaio Sobre a Modelagem Matemática e o Virtual. In: XIII Encontro Brasileiro de Estudantes de Pós-Graduação em Educação Matemática, Anais. Goiânia, 2009. p 1- 15 DELEUZE, G. Diferença e Repetição. Traduzido por: Orlandini, L.; Machado, R. Tradução de: Différence et Répétition. Rio de janeiro: Graal, 1988. GRANGER, G., G. A Ciência e as Ciências. São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista, 1994. KÖRNER, S. Uma introdução à Filosofia da Matemática. Rio de Janeiro: Zahar, 1985. PÁGINA 15 LÉVY, P. O que é o virtual. São Paulo: Editora 34, 1996. VOLTAR 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA LOS MODOS DE PENSAR EL ÁLGEBRA LINEAL Y EJEMPLOS AD HOC EN PROBLEMAS ESPECIFÍCOS DE SU ENSEÑANZA Y APRENDIZAJE Marcela Parraguez González Pontificia Universidad Católica de Valparaíso [email protected] Pensamiento Matemático Avanzado, Superior. RESUMEN En la primera parte de la conferencia se presenta la teoría de los modos de pensamiento de Anna Sierpinska. Ella identificó tres modos de pensamiento en el álgebra lineal: sintéticogeométrico, analítico-aritmético y analítico-estructural, los cuales se describen y ejemplifican. La segunda parte de la conferencia se sitúa en ejemplificaciones. El primer ejemplo es a partir una indagación del concepto de dimensión de un espacio vectorial real finito, y el segundo, se basa en una investigación cuyo principal objetivo es indagar cómo a partir de lo teórico o desde lo práctico estudiantes universitarios se enfrentan a los conceptos dependencia e independencia lineal de vectores y solución de un sistema de ecuaciones lineales en R2 y R3. Palabras clave: Modos de pensamiento, dimensión, sistemas de ecuaciones lineales, independencia lineal. INTRODUCCIÓN En la primera parte de la conferencia se presenta la teoría de los modos de pensamiento de Anna Sierpinska. PÁGINA 16 Sierpinska identificó tres modos de pensamiento en el álgebra lineal (Sierpinska, 2000): sintético-geométrico (SG), analítico-aritmético (AA) y analítico-estructural (AE), los cuales se describen y ejemplifican. Estos modos de pensamiento pueden verse como el resultado de una superación de dos obstáculos o posiciones dogmáticas opuestas: una, que rechaza los números dentro de la geometría y, la otra, que rechaza que la “intuición geométrica” pueda ser llevada a un dominio puramente aritmético. Estos modos de pensamiento es preferible considerarlos como igualmente útiles, cada uno en su propio contexto, para propósitos específicos y principalmente cuando están interactuando. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Sierpinska, en una indagación realizada hace más de una década (Sierpinska, 2000), indica que el desarrollo del álgebra lineal se inició como un proceso de pensar analíticamente acerca del espacio geométrico. Tomando una perspectiva muy general, se podrían distinguir, en este desarrollo, dos grandes pasos, referidos a dos procesos. Uno fue la aritmetización del espacio, que tuvo lugar al pasar de la geometría sintética a la geometría analítica en Rn. El otro fue la desaritmetización del espacio a su estructuración, con la que los vectores abandonan las coordenadas que los anclaban al dominio de los números y se convierten en elementos abstractos cuyo comportamiento está definido por un sistema de propiedades o axiomas. La principal diferencia entre los modos ‘sintético’ y ‘analítico’ es que en el modo sintético, los objetos son dados directamente para ser descritos por la mente, la cual trata de describirlos, de manera natural, mientras que en el modo analítico estos objetos son dados indirectamente, de hecho son construidos solamente por la definición de las propiedades de los elementos (Sierpinska, 2000). Por ejemplo, en el modo sintético, una línea recta se puede ver como un objeto preestablecido con una cierta forma y que ocupa cierta parte del espacio; se podrá hablar de las propiedades de la línea recta pero, estas propiedades sólo la describirán, mas no la definirán. Por su parte, el modo analítico hace que la línea recta quede definida de acuerdo a ciertas relaciones específicas entre las coordenadas de los puntos o vectores en un espacio de dimensión dada. Esto sugiere que si se piensa en el objeto ‘recta’ lo primero que se viene a la mente es el objeto representado con la figura correspondiente, pero no necesariamente se tendría que pensar en un principio en la ‘ecuación lineal’ que la define. También, si se presentan ‘dos rectas coincidentes’ como objeto, se viene a la mente una recta que se visualiza, pero no se pensaría en una representación de un sistema de dos ecuaciones equivalentes que la define. La diferencia entre los modos de pensamiento AA y AE, es en el primero, un objeto es definido por una fórmula que permite calcularlo, y muchos razonamientos analíticoaritméticos tienen una tendencia a mostrar que dos procesos o métodos conducen al mismo resultado; por otro lado, en el pensamiento analítico-estructural, un objeto es definido por un grupo de determinadas propiedades. El modo de pensamiento SG utiliza el lenguaje de las figuras geométricas, planos y líneas, intersecciones, así como sus representaciones gráficas convencionales. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA Cada uno de los tres modos de pensamiento en álgebra lineal utiliza un sistema específico de representaciones. 17 Por ejemplo, “si un estudiante está pensando en las posibles soluciones de un sistema de tres ecuaciones lineales con tres variables por visualización de las posibles posiciones de tres planos en el espacio, él está en el modo SG. Si ahora el estudiante piensa en el mismo problema en términos de los posibles resultados de una reducción por filas de una matriz, él está en el modo AA. Pensando en términos de matrices invertibles y no invertibles, podría ser un síntoma del modo analítico-estructural” (Sierpinska, 2000). XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA En el modo AA las figuras geométricas son entendidas como conjuntos de “n-uplas” de números que satisfacen ciertas condiciones que son escritas, por ejemplo, en la forma de sistemas de ecuaciones o desigualdades. En el modo analítico-aritmético, las componentes numéricas de los objetos geométricos, como puntos o vectores son importantes. Así, por ejemplo, un sistema general de ecuaciones podría ser escrito usando todos sus coeficientes: a11x1 ... a1n xn b1 , …, am1x1 ... amn xn bm . El pensamiento AE va más allá de este tipo de análisis y sintetiza los elementos algebraicos de las representaciones analíticas dentro de conjuntos estructurales. Así, un sistema puede escribirse en una forma matricial, o en forma vectorial: x1 A1 ... xn An b Con respecto a los sistemas de ecuaciones hay otra diferencia entre los modos de pensamiento AA y AE (lo importante desde un punto de vista AA es encontrar métodos para resolver sistemas de ecuaciones). En el modo de pensamiento estructural las cuestiones podrían referirse, por ejemplo, a las condiciones de la matriz A y el vector b para la existencia y unicidad de una solución. Las propiedades de la matriz podrían ser más importantes que la naturaleza de sus componentes numéricos” (Sierpinska, 2000). Con esta mirada, desde este marco teórico, se busca aportar un análisis cognitivo de la comprensión de los conceptos del álgebra lineal. La segunda parte de la conferencia se sitúa en ejemplificaciones. Primer Ejemplo PÁGINA 18 El primer ejemplo es a partir de una indagación del concepto de dimensión de un espacio vectorial real finito, bajo el enfoque cognitivo de la teoría de los modos de pensamiento como marco teórico (Maturana y Parraguez, 2011), y un diseño metodológico de estudio de caso múltiple. Desde esta postura se presenta el hecho didáctico de concebir el concepto de dimensión de un espacio vectorial real finito en modos de pensamiento, para responder y orientar la reinstalación de la definición de dimensión de un espacio vectorial real finito, en estudiantes que hacen uso de este concepto. Para este efecto se indagó en los modos de pensamiento que configuran las distintas interpretaciones, de la definición de dimensión de un espacio vectorial real finito que se ha instalado en los docentes y aprendices del concepto en cuestión: “Se dice que un espacio vectorial V tiene dimensión r si tiene una base de r vectores de V” (Aburto, Johnson y Jiménez, 1996, p. 60). Si prestamos atención en lo específico de la definición anterior, se traduce en una perspectiva teórica y operativa, que caracteriza desde una sola interpretación –AA– el 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA concepto de dimensión, excluyendo especificidades geométricas, y aún más, la definición privilegia un solo sistema de representación –el algebraico– lo que significa que él determina el tipo de manipulaciones que pueden ser puestos a disposición de los aprendices. La formación matemática en tópicos de álgebra lineal en varias carreras de universidades latinoamericanas es hoy y ha sido por muchos años un pilar fundamental para ellas, por ende, la exigencia radica fundamentalmente en posicionar a nuestros aprendices de conceptos matemáticos, en particular el que se presenta aquí –el concepto de dimensión de un vectorial real finito– en una posición privilegiada para alcanzar el aprendizaje de este y otros conceptos matemáticos u otro tipo de tareas o problemas que evidencien su presencia. Diversas investigaciones han indagado en cuestiones del álgebra lineal, por ejemplo, Dorier y su equipo (Dorier, Robert, Robinet y Rogalski, 1997) hablan acerca del obstáculo del formalismo. Estos autores concluyen que “para la mayoría de los estudiantes, el álgebra lineal no es más que un catálogo de nociones muy abstractas que ellos nunca pueden imaginarse” y que manejan mecánicamente. Así también, se ha reportado que el discurso matemático escolar del álgebra lineal privilegia el tratamiento algorítmico a través de las llamadas técnicas de resolución, en desmedro de la comprensión conceptual de nociones básicas (Dorier y Sierpinska, 2001). Otras investigaciones apuntan a las dificultades que los estudiantes tienen cuando están aprendiendo el concepto de espacio vectorial y a la construcción esquema en sus tres niveles Intra, Inter y Trans del concepto espacio vectorial (Parraguez y Oktaç 2010), sin embargo la instalación del concepto de dimensión de un espacio vectorial real, desde una perspectiva cognitiva a través de los modos de pensar el álgebra lineal en un ámbito universitario, se presenta como un desafío investigativo pionero, al constatar a través de un cuestionario exploratorio de 20 preguntas, aplicado en el mes de noviembre del año 2010, a 25 estudiantes de Ingeniería Civil y Construcción Civil de una universidad chilena, que el concepto de dimensión finita de un espacio vectorial real, es comprendido en un solo modo de pensamiento –AA–. Una de las evidencias recogidas en el cuestionario exploratorio, específicamente en la pregunta 2, reafirma lo antes expuesto: Pregunta 2: W x, y Dados 2 los x y 0 y H subespacios x, y 2 de 2 , tales que; x y , calcular si es posible: 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA Mirando las respuestas de los estudiantes se puede señalar que la falta de incorporación de otros modos de pensar en el trabajo en álgebra lineal, dejan a los estudiantes ciegos frente a realidades evidentes, como la visualización geométrica de los subespacios del plano. Es por esta razón que la pregunta termina con gráficos. Veamos una de las respuestas de los estudiantes: 19 dim W H . Realice las graficas en el plano real de los subespacios anteriores. ¿Qué puede usted comentar? XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Estudiante 5: Realiza una grafica como la de valor absoluto. Lo que evidencia la falta de asociación geométrica con la algebraica, de los conceptos del álgebra lineal, (Figura 1). Figura 1: Gráfica que realiza estudiante 5, para la pregunta 2. Por otra parte, en los cursos de matemáticas para las carreras de Ingeniería, como por ejemplo en el curso de ecuaciones diferenciales, el concepto de dimensión aparece inserto en el espacio solución de una ecuación diferencial lineal homogénea normal de orden n, y es en este punto donde se evidencia la falta de comprensión a nivel estructural del concepto de dimensión. Segundo Ejemplo PÁGINA 20 El segundo ejemplo se basa en una investigación (Bozt, 2011) cuyo principal objetivo es indagar cómo a partir de lo teórico o desde lo práctico estudiantes universitarios se enfrentan a los conceptos dependencia e independencia lineal de vectores y de solución de un sistema de ecuaciones lineales en R2 y R3, así como las conexiones que establecen esos estudiantes de educación superior entre dichos conceptos. Se mostrarán evidencias de que los estudiantes tienden a situarse en un mismo modo de pensamiento –el que tiene que ver con las relaciones numéricas y algebraicas que puedan establecer con los conceptos, esto es, AA– aun cuando el contexto del ejercicio favorezca otro modo de pensamiento, como por ejemplo el SG. El álgebra lineal es una rama de la matemática que está inserta en muchos cursos de enseñanza superior relativos a carreras del área científica. Sin embargo, esta disciplina acompaña al estudiante desde mucho antes, aun cuando no hay sospecha de lo profundo que resulta su estudio. En efecto, al llegar a la educación superior probablemente los estudiantes ya se encuentren más o menos familiarizados con los sistemas de ecuaciones, los cuales bien sabemos tienen una especial importancia en el álgebra lineal, ya sea para determinar si un conjunto de vectores es linealmente independiente o no, o para introducir el concepto de matriz asociada a un sistema de ecuaciones, que constituye uno de los 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA objetos matemáticos protagonistas en esta área. A su vez, los sistemas de ecuaciones son usados para resolver diversos problemas, como por ejemplo la búsqueda de soluciones comunes a modelos lineales, intersección de curvas, e incluso en ocasiones problemas dentro de la misma matemática. Este es el caso de la dependencia e independencia lineal de un conjunto de vectores, para lo cual muchas veces se recurre a una combinación lineal que finalmente se convierte en resolver un sistema de ecuaciones lineales. Es precisamente esta conversión de dependencia lineal a sistemas de ecuaciones lineales y viceversa la que me interesa presentar. Por ejemplo, para saber si en R3 los vectores v1 = (2,3,2) , v2 = (3,5,1) y v3 = (-1,-1-3) son linealmente dependientes debemos preguntarnos si existen escalares a1, a2, a3 en R , no todos nulos, tales que a1v1 + a2v2 + a3v3 = 0. Para resolverlo, planteamos la siguiente ecuación: a1(2,3,2) + a2(3,5,1) + a3(-1,-1-3) = (0,0,0) Ponderando cada vector por su escalar y sumando obtenemos: (2a1,3a1,2a1) + (3a2,5a2,a2) + (-a3-a3 -3a3) = (0,0,0) (2a1 + 3a2 -a3, 3a1 + 5a2 -a3, 2a1 +a2 - 3a3) = (0,0,0) A partir de esta última igualdad concluimos que cada una de las coordenadas del vector de la izquierda debe ser igual a cero. Como los vectores tienen tres coordenadas, obtenemos las siguientes tres ecuaciones: 2a1 + 3a2 -a3 =0 3a1 + 5a2 -a3 =0 2a1 +a2-3a3 =0 Es decir, el problema de determinar la dependencia o independencia lineal de vectores se ha transformado en la resolución de un sistema de ecuaciones lineales homogéneo. Mediante algunos de los métodos para resolver sistemas de ecuaciones (igualación, sustitución, reducción o método de Cramer) se llega a que la solución de este sistema es (a1,a2,a3) = k (-2,1,-1), k en R. Así, se puede considerar, por ejemplo, a1 = -2, a2 =1 y a3 = -1, con lo que se concluye que el conjunto formado por los vectores v1 = (2,3,2), v2 = (3,5,1) y v3 = (1,-1-3) es linealmente dependiente en el espacio vectorial R3 con las operaciones usuales. Por lo se ha llevado el problema de dependencia lineal de vectores a la resolución de un sistema de ecuaciones, de manera de obtener su solución e interpretarla en términos de la dependencia o independencia lineal del conjunto 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA La resolución que se ha dado al problema antes planteado es de tipo algebraica. No obstante, los vectores y los sistemas de ecuaciones, así como su solución, también tienen una interpretación geométrica sobre la cual podemos trabajar. En efecto, un sistema de ecuaciones lineales de tres ecuaciones con tres incógnitas puede ser interpretado como tres planos en R3, y la solución del sistema la intersección común de estos tres planos. Además, como se trata de un sistema homogéneo, estos tres planos deben pasar por el origen. De esta forma, la solución de dicho sistema puede corresponder a: 21 {v 1,v2,v3}. XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA 1. Un punto (el origen de coordenadas), en cuyo caso los tres planos van en distintas direcciones. La dirección de un plano se puede trabajar a través de un vector normal a él. En efecto, si dos planos son paralelos entre sí, entonces si un vector es normal a uno de ellos necesariamente debe ser normal al otro. En cambio, si dos planos no son paralelos entre sí, entonces dado un vector normal a uno de ellos éste no puede ser vector normal al otro, pues en ese caso ambos serían paralelos entre sí. PÁGINA 22 2. Una recta (que pasa por el origen de coordenadas). En este caso podría ser que dos planos fuesen coincidentes y el otro los intersectara, o que los tres planos fuesen en direcciones diferentes intersectándose en una recta. Al igual que en el caso en que la intersección de los planos es un punto, las direcciones de los planos pueden ser vistas a través de vectores normales a cada uno de ellos. La diferencia entre el caso 1 y el caso 2 es que cuando los tres planos van en distintas direcciones y su intersección es una recta, los tres vectores normales están contenidas en un solo plano, mientras que si la intersección es sólo un punto, no hay plano que contenga a los tres vectores normales. Esto indica precisamente que los vectores 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA normales son linealmente dependientes (si los tres están contenidos en un solo plano) o linealmente independientes (si los tres no están contenidos en un solo plano). 3. Un plano (que pasa por el origen de coordenadas), en cuyo caso los tres planos del sistema serían coincidentes, Cabe destacar que el sistema debe tener solución, pues al ser un sistema homogéneo, por lo menos el origen de coordenadas pertenece a cada uno de los planos. Así, el hecho de que el conjunto de vectores {v1,v2,v3} sea o no linealmente dependiente, al estar sujeto a la solución del sistema homogéneo formado, está en estrecha relación con la intersección de los tres planos representados por las ecuaciones del sistema. De hecho, si la intersección de estos tres planos es: Un punto (el origen de coordenadas): El conjunto de vectores {v1,v2,v3} es linealmente independiente. Una recta o un plano: El conjunto de vectores dependiente. El concepto de dependencia e independencia lineal es uno de los conceptos primitivos y esenciales del álgebra lineal, pues tiene consecuencias en la comprensión de otros conceptos claves dentro de la disciplina, como por ejemplo base, dimensión, subespacio vectorial, entre otros; que dan pie a un número importante de definiciones, propiedades y resultados dentro y fuera del álgebra lineal. Desde esta perspectiva se sitúa al concepto de 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA 23 {v1,v2,v3} es linealmente XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA dependencia e independencia lineal de vectores como fundamental para el entendimiento del álgebra lineal. A su vez, se conciben a los sistemas de ecuaciones lineales como una herramienta fundamental de trabajo en esta disciplina. Así, el interés en esta investigación está puesto en estudiar la forma en que los estudiantes piensan los sistemas de ecuaciones lineales insertos en el álgebra lineal y como los relacionan con los conceptos de dependencia e independencia lineal de vectores, particularmente cuando se trabaja en los espacios y subespacios vectoriales asociados a R2 y R3, pues se cree que a partir de ello ambos conceptos, el de solución de un sistema de ecuaciones lineales en R2 y R3 y el de dependencia lineal de vectores, pueden ser potenciados y ampliados, en el sentido de la relación e interpretación que puedan establecer los estudiantes entre los dos conceptos, de manera que pueda apreciar la situación desde una mirada algebraica, desde una mirada geométrica, y de ambas simultáneamente. La indagación sobre la conexión entre sistemas de ecuaciones lineales y dependencia lineal de vectores en el contexto de R2 y R3 se realiza desde la teoría de los modos de pensamiento. La población objetivo corresponde a estudiantes de educación superior, ya que es en este nivel donde se realiza el curso de Álgebra Lineal. La muestra tomada consta de siete estudiantes de educación superior pertenecientes a una Universidad de formación profesional chilena. Dentro de estos siete estudiantes, tres cursan el quinto semestre de Licenciatura en Matemática (Estudiantes 1, 2 y 3) y cuatro cursan quinto semestre de Pedagogía en Matemática (Estudiantes 4, 5, 6, 7). Todos los estudiantes a los que se les aplicó el cuestionario de 8 preguntas, aprobaron el curso de Álgebra Lineal y se caracterizan por ser estudiantes con buenos resultados académicos. A continuación se presentan las evidencias recopiladas de la pregunta 3 del cuestionario. PÁGINA 24 Pregunta 3: A continuación se presenta la solución gráfica de un sistema de 3 ecuaciones con 2 incógnitas: 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA a) ¿Tiene solución el sistema? ¿Cuántas? Justifique su respuesta. b) En R2, con las operaciones suma y ponderación usuales, ¿los vectores generadores de cada una de las rectas del sistema (vistas como subespacios de R2) forman un conjunto linealmente independiente? Justifique su respuesta. Análisis de las respuestas de los estudiantes parte a) Para responder a esta pregunta, los estudiantes abordaron diferentes estrategias. Cuatro de los estudiantes (los estudiantes 1, 3, 5 y 6) respondieron que la solución del sistema es única porque gráficamente se puede ver que las rectas se intersectan en el (0,0) (figuras 2 y 3). En este caso, los estudiantes sitúan su pensamiento en el modo SG, que era lo que se esperaba que hicieran. Figura 2: Respuesta pregunta 3.a estudiante 1. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA El estudiante 7 también basó su respuesta en argumentos geométricos, al señalar que las tres rectas se intersectan sólo en el 0 –llama la atención que señale que se intersectan en el 0 y no en el (0,0)–. Probablemente sea sólo una forma abreviada de designar el origen, pero habría que estar atento si esto tiene consecuencias cuando deba enfrentarse al cero vector desde la estructura del espacio vectorial. Sin embargo, se puede apreciar en su hoja de respuesta un intento por encontrar las ecuaciones de cada una de las rectas, cálculos que 25 Figura 3: Respuesta pregunta 3.a estudiante 6. XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA dejó a medio resolver (ver figura 4). Probablemente esto muestra que el estudiante 7 tiene una fuerte tendencia a situarse en el modo AA, ya que lo primero que intentó hacer fue determinar las ecuaciones de las rectas. De todas maneras, su argumento se basa en la intersección de las rectas, por lo que se concluye que este estudiante logró transitar por los modos AA y SG, dándose cuenta que el análisis geométrico era más rápido para responder a la pregunta. Figura 4: Respuesta pregunta 3.a estudiante 7 En cambio, los estudiantes 2 y 4 obtuvieron las ecuaciones de cada una de las rectas del sistema y en ellas observaron que el único par ordenado que satisfacía todas a la vez es el (0,0). Por tanto, su argumento es en base a las ecuaciones obtenidas, que tal como anticipamos en el análisis a priori que realizamos, muestra a los estudiantes situados en el modo AA (parte del desarrollo de las respuestas de estos estudiantes se puede ver en las figuras 5 y 6). PÁGINA 26 Figura 5: Respuesta pregunta 3.a estudiante 4. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Figura 6: Respuesta pregunta 3.a estudiante 2. Análisis de las respuestas de los estudiantes parte b) Cuatro de los estudiantes sitúan su respuesta en el modo de pensamiento SG. Los estudiantes 1, 5 y 7 argumentan de acuerdo a lo concluido en la primera parte de la pregunta, al señalar que las rectas L2 y L3 poseen el mismo vector generador y por lo tanto el conjunto formado por los tres vectores no es linealmente independiente (figura 7). Figura 7: Respuesta pregunta 3.b estudiante 5. A pesar de que estos estudiantes no hacen alguna especie de marca en la gráfica, sí queda claro que es ésta la que les permite concluir que las rectas L2 y L3 son generadas por el mismo vector, es decir, recurren a un modelo geométrico de la dependencia lineal de vectores. Por lo tanto, considerando también sus respuestas a la primera parte de esta pregunta, se concluye que estos estudiantes se sitúan en el modo SG para responderla. PÁGINA 27 El estudiante 6 nuevamente recurre a un modelo geométrico para responder la pregunta del cuestionario, pero este modelo es diferente al de los estudiantes 1, 5 y 7. Al parecer, la gráfica que muestra dos rectas en el plano, es más fuerte que el hecho de tener entre ellas dos rectas coincidentes. Este estudiante también argumenta que las rectas L2 y L3 son coincidentes y por lo tanto sus vectores generadores forman un conjunto linealmente dependiente. Sin embargo, lo que sigue coincide con lo que señalamos en el análisis a priori como posible error en esta pregunta, ya que al representar L2 y L3 la misma recta, el estudiante desecha una (L3) y se queda sólo con las rectas L1 y L2, las que “juntas generan R2” y por tanto el conjunto formado por sus vectores generadores es linealmente independiente (figura 8). 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Figura 8: Respuesta pregunta 3.b estudiante 6. El argumento elaborado por el estudiante 6 está sujeto en todo momento a la gráfica presentada en la pregunta y recurre a argumentos geométricos para responder. Por lo tanto, situamos su pensamiento en el modo SG. El estudiante 2 razona de manera similar al estudiante 6, pero su argumento es de tipo aritmético (figura 9). Este estudiante obtiene las coordenadas de los vectores generadores de cada recta, lo cual le lleva a obtener sólo dos vectores diferentes, los que considera para formar la combinación lineal igualada a cero. De esta forma, vemos que su conclusión es en base a estos dos vectores y no a los tres de los que se compone el sistema, lo que indica que elimina uno de los vectores repetidos y considera para el conjunto sólo los vectores diferentes. Figura 9: Respuesta pregunta 3.b estudiante 2. La respuesta de este estudiante es consecuencia de operaciones aritméticas entre las coordenadas de los vectores generadores, ya que arma un sistema de ecuaciones y lo lleva a su forma matricial. De hecho, el obtener los vectores generadores le lleva a considerar sólo dos vectores para el sistema. Por lo tanto, este estudiante sitúa su pensamiento en el modo AA. PÁGINA 28 Los estudiantes 3 y 4 obtienen los vectores generadores de cada una de las rectas, formando un conjunto de tres vectores y concluyendo que es linealmente dependiente, ya que uno de ellos es un ponderado de otro (figura 10). La idea principal del argumento es el poder escribir uno de ellos como combinación lineal de los otros, lo que responde a operaciones aritméticas, por lo que el pensamiento de estos estudiantes se sitúa en el modo AA. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Figura 10: Respuesta pregunta 3.b estudiante 3. Podemos ver entonces que en esta pregunta no hay un modo de pensamiento que prevalezca. A pesar de que el escenario más propicio para responder la pregunta es el geométrico, ya que es presentada a través de una gráfica y a partir de ella se puede inferir información rápidamente, algunos estudiantes recurren al modo AA, probablemente porque se sienten más cómodos y más seguros. Por otra parte, algunos estudiantes reducen el conjunto de tres vectores a dos vectores, al considerar los vectores generadores de las rectas L2 y L3 como el mismo, descartando uno de ellos y formando un conjunto sólo con los vectores de las rectas no coincidentes. A modo de Conclusión 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA En relación al segundo ejemplo, el concepto solución de un sistema de ecuaciones lineales en su mayoría es reducido por parte de los estudiantes a un par o trío ordenado, dependiendo de si el problema corresponde a R2 o R3. Aproximadamente la mitad de los estudiantes participantes de la investigación no tiene un concepto geométrico del concepto solución de un sistema de ecuaciones lineales y aquellos que sí lo tienen lo asocian a la intersección común de rectas o planos. Esto tuvo consecuencias en cuanto a la conexión entre los conceptos dependencia e independencia lineal y el de solución de un sistema de ecuaciones lineales, ya que algunos estudiantes concluyen la independencia lineal de un conjunto de vectores, argumentando que uno es un ponderado del otro sólo a través de la gráfica, pero para encontrar la solución del sistema recurren a las ecuaciones de las rectas y prefieren determinarla resolviendo algebraicamente. 29 El análisis del primer ejemplo dio información respecto al modo de pensar geométricamente los vectores, así como también la escasa relación de la manera en que se les presenta con las estructuras matemáticas que sustentan al concepto de dimensión finita de un espacio vectorial real. Observamos también que los estudiantes solo utilizan un modo de pensamiento y no recurren a los otros aún cuando la situación matemática lo requiera. Asimismo, los participantes en la investigación evidencian dificultades en el modo de pensamiento analítico-estructural pues no consideran, por ejemplo, las propiedades del subespacio vectorial y su ortogonal (pregunta 2). XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA REFERENCIAS Aburto, L., Johnson, R. y Jimenéz, D. (1996). Algebra Lineal. Valparaíso: Pontificia Universidad Católica de Valparaíso. Bozt, J. (2011). Conexiones entre los conceptos de dependencia e independencia lineal de vectores y el de solución de sistemas de ecuaciones lineales en R2 y R3 desde el punto de vista de los modos de pensamiento. Tesis de Maestría no publicada, Pontificia Universidad Católica de Valparaíso. Chile. Dorier, J.-L., Robert, A., Robinet , R. & Rogalski, M. (1997). L’Algèbre Linéaire: L’obstacle du Formalisme à travers diverses recherches de 1987 à 1995. En J.-L. Dorier (Ed), L’Enseignement de l’Algèbre Linéaire en Question (pp. 105-147). Grenoble: La Pensée Sauvage. Dorier, J. & L. Sierpinska A. (2001). Research into the teaching and learning of linear algebra. In Derek Holton (Ed.), The teaching and Learning of Mathematics at University Level: An ICMI Study (pp. 255-273. Netherlands: Kluwer Academic Publishers. Maturana, I. y Parraguez, M. (2011). Los modos de pensamiento en que el concepto de dimensión finita de un espacio vectorial real es comprendido por estudiantes universitarios. Memoria de la XIII Conferencia Interamericana de Educación Matemática. Recife-Brasil. Parraguez, M. y Oktaç, A. (2010). Construction of the vector space concept from the viewpoint of APOS theory. Linear Algebra and its Applications. 432(8), 2112-2124. PÁGINA 30 Sierpinska, A. (2000). On Some Aspects of Students’ thinking in Linear Algebra En Dorier, J. L. (Eds.), The Teaching of Linear Algebra in Question (pp. 209-246). Netherlands: Kluwer Academic Publishers. VOLTAR 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA PROPUESTA DE NUEVOS PROGRAMAS DE MATEMÁTICA PARA LA ENSEÑANZA PRIMARIA Y SECUNDARIA DE COSTA RICA Edison de Faria Campos Universidad de Costa Rica, Costa Rica [email protected] Básico, Medio básico, Medio superior, Otros: Programas de matemática RESUMEN El propósito de la conferencia es el de compartir la propuesta de nuevos programas de matemática para la enseñanza primaria y secundaria de Costa Rica. En la elaboración de la misma participaron investigadores de las universidades públicas y docentes en servicio de instituciones de enseñanza primaria y secundaria de Costa Rica. Además, contribuyeron como lectores otros docentes de enseñanza primaria y secundaria del país, así como especialistas de España, Portugal, México, Chile y los Estados Unidos. La propuesta asume la resolución de problemas como estrategia pedagógica y supone por un lado, que cada estudiante asuma un compromiso con la construcción de sus aprendizajes, y por el otro, que haya una acción docente crucial para generar aprendizajes en las cantidades y calidades que implica el escenario actual. Se asume la definición de competencia que usa el Programa Internacional de Evaluación de los Aprendizajes de la Organización para la Cooperación y el Desarrollo Económico respectivamente PISA y OECD por sus siglas en inglés (OECD, 2005, p. 23; OECD, 2010, p. 4). 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA Las capacidades se asumen como centrales. En primer lugar: aquellas de corto plazo y asociadas a las áreas matemáticas que se seleccionaron; estas capacidades se denominan aquí habilidades específicas. En segundo lugar: la generalización de estas habilidades específicas a desarrollar en un ciclo educativo: habilidades generales. En tercer lugar y solamente como una perspectiva general: la competencia matemática. 31 La organización del programa de estudios se realiza por medio de cinco áreas matemáticas: Números, Geometría, Medidas, Relaciones y Álgebra, y Estadística y Probabilidad. Los conocimientos matemáticos son la base de estos programas. No obstante se adopta un enfoque basado no solamente en contenidos matemáticos. Lo que se pretende es el desarrollo de mayores capacidades del ciudadano para enfrentarse a los retos del mundo del que forma parte. XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA En la propuesta se plantean cinco procesos centrales: Razonar y argumentar, Plantear y resolver problemas, Conectar, Comunicar, y Representar. Los procesos son formas de acción cognitiva que pueden generar capacidades. Se acepta como premisa que su realización constante en todos los años lectivos permite generar el progreso de la competencia matemática. En el plan de estudios se señalan acciones para su realización en cada ciclo educativo. Se propone una contextualización activa que invoca la identificación, uso y construcción de modelos y se introduce un uso importante de las tecnologías digitales que permita responder a un escenario histórico y a generaciones de jóvenes que así lo demandan, y ofrece orientaciones precisas para su uso en la acción de aula. Se plantea el uso de historia de las matemáticas como un poderoso recurso para mostrar un rostro humano de las matemáticas y como una fuente valiosa de problemas en contextos reales y se incluye el cultivo de actitudes y creencias positivas sobre las matemáticas de manera explícita y operativa en los planes de estudio. En la propuesta se enfatiza el área de la Estadística y Probabilidad en todos los años lectivos, se incluye geometría con visualización espacial, movimiento de objetos, coordenadas y relación con el álgebra, se plantea un lugar al desarrollo del sentido numérico y a los cálculos y aproximaciones, se introduce en los primeros niveles y gradualmente las relaciones y el álgebra, que aportan un fundamento pedagógico para el aprendizaje de las funciones, y se da a las medidas un sentido renovador de conexión y de contextualización. La malla curricular es consistente con la fundamentación teórica del currículo y los programas son organizados con una integración vertical que favorece las conexiones entre ciclos y brinda una visión estratégica de la enseñanza aprendizaje. Finalmente, se adopta una estructura novedosa y útil de la malla curricular, con amplias indicaciones y ejemplos de método, gestión y evaluación que acompañan de manera específica los conocimientos y expectativas de aprendizaje en cada ciclo educativo y en cada área matemática. PÁGINA 32 En estos momentos, la propuesta está siendo analizada por el Consejo Superior de Educación, órgano responsable por la aprobación de los programas de estudio de todas las disciplinas escolares. INTRODUCCIÓN En el mes de julio del 2011 se presentó ante el Consejo Superior de Educación de Costa Rica, y a solicitud del Ministro de Educación, una propuesta de nuevos programas de matemáticas. En la elaboración de la misma participaron investigadores de las universidades públicas y docentes en servicio de instituciones de enseñanza primaria y secundaria de Costa Rica. Además, contribuyeron como lectores otros docentes de 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA enseñanza primaria y secundaria del país, así como especialistas de España, Portugal, México, Chile y los Estados Unidos. La propuesta asume la resolución de problemas como estrategia pedagógica y supone por un lado, que cada estudiante asuma un compromiso con la construcción de sus aprendizajes, y por el otro, que haya una acción docente crucial para generar aprendizajes en las cantidades y calidades que implica el escenario actual. Se enfatiza el trabajo con problemas asociados a los entornos reales, físicos, sociales y culturales, o que puedan ser imaginados de esa manera por el estudiantado. Se asume que usar este tipo de problemas es una poderosa fuente para la construcción de aprendizajes en las Matemáticas, pues al colocarse en contextos reales, el planteo y resolución de problemas conlleva directamente a la identificación, uso y construcción de modelos matemáticos. Si bien se promueve el uso de problemas en contextos reales, los abstractos se consideran muy importantes. Y más aún: lo que se pretende en última instancia es la construcción de capacidades para la manipulación de los objetos matemáticos cuya naturaleza es abstracta. La estrategia asumida se propone fundamentar pedagógicamente el paso desde lo concreto a lo abstracto. La organización del programa de estudios se realiza por medio de cinco áreas matemáticas: Números, Geometría, Medidas, Relaciones y Álgebra, y Estadística y Probabilidad. Los conocimientos matemáticos son la base de estos programas. No obstante se adopta un enfoque basado no solamente en contenidos matemáticos. Lo que se pretende es el desarrollo de mayores capacidades del ciudadano para enfrentarse a los retos del mundo del que forma parte. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA Se asume la definición de competencia que usa el Programa Internacional de Evaluación de los Aprendizajes de la Organización para la Cooperación y el Desarrollo Económico (respectivamente PISA y OECD por sus siglas en inglés): “(…) capacidad de los alumnos para aplicar conocimientos y habilidades, y para analizar, razonar y comunicarse con eficacia cuando plantean, resuelven e interpretan problemas relacionados con distintas 33 Las capacidades se asumen como centrales. En primer lugar: aquellas de corto plazo y asociadas a las áreas matemáticas que se seleccionaron; estas capacidades se denominan aquí habilidades específicas. En segundo lugar: la generalización de estas habilidades específicas a desarrollar en un ciclo educativo: habilidades generales. En tercer lugar y solamente como una perspectiva general: la competencia matemática. XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA situaciones.” (OECD, 2005, p. 23) Y se comparte el sentido de competencia matemática que se plantea como: (…) una capacidad del individuo para formular, emplear e interpretar las Matemáticas en una variedad de contextos. Incluye razonar matemáticamente y usar conceptos, procedimientos, hechos y herramientas para describir, explicar y predecir fenómenos. Ayuda a los individuos a reconocer el papel de las Matemáticas en el mundo y hacer juicios bien fundados y decisiones necesarias para ciudadanos constructivos, comprometidos y reflexivos. (OECD, 2010, p. 4) Adoptar el significado de la competencia matemática de esta manera posee implicaciones para este currículo escolar. En primer lugar aporta sentido y coherencia a las diversas partes del mismo, es un poderoso instrumento para establecer sus fines generales y sus fronteras, lo nutre y le da dirección. Es un medio para establecer ejes disciplinares curriculares estratégicos, ofrece criterios para la presencia o ausencia de contenidos y motiva un enfoque para la acción de aula. Por ejemplo, sostiene un enfoque que privilegia la resolución de problemas, especialmente en contextos reales, fortalece la participación de la identificación, construcción y uso de modelos, da sentido al fortalecimiento del lugar de áreas como Estadística y Probabilidad, nutre el papel de las tecnologías. PÁGINA 34 La competencia matemática, sin embargo, no organiza los planes de estudio. La competencia matemática y las capacidades cognitivas superiores se desarrollan a partir de las actividades cotidianas en el aula para el logro de las habilidades específicas y generales (asociadas a las áreas matemáticas). Los conocimientos matemáticos y las expectativas de aprendizaje sobre ellos son el punto de partida en cada ciclo y año lectivo. El dominio de las habilidades en una área matemática y el desarrollo de la competencia matemática se propone realizar a partir de la mediación pedagógica: la organización de las lecciones y de las tareas matemáticas, y la acción directa del docente en el aula. Son varias las estrategias que se pueden desarrollar en esa dirección. Entre ellas, el procurar que en la acción de aula se realicen procesos matemáticos, es decir actividades transversales, que se asocian a capacidades presentes en cada área para comprender y usar conocimientos, que apoyen el desarrollo de la competencia matemática. Se plantean aquí cinco procesos centrales: Razonar y argumentar, Plantear y resolver problemas, Conectar, Comunicar, y Representar. Razonar y argumentar trata de actividades mentales que aparecen transversalmente en todas las áreas del plan de estudios y que desencadenan formas típicas del pensamiento matemático: deducción, inducción, comparación analítica, generalización, justificaciones, pruebas, uso de ejemplos y contraejemplos. Busca desarrollar capacidades para permitir la 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA comprensión de lo que es una justificación o prueba en matemática, para desarrollar y discutir argumentaciones matemáticas, para formular y analizar conjeturas matemáticas, para usar fórmulas o métodos matemáticos que permitan la comprensión o desarrollo de informaciones presentes. Plantear y resolver problemas refiere al planteamiento de problemas y el diseño de estrategias para resolverlos. Aquí se dará un lugar privilegiado a los problemas en contextos reales. Se busca potenciar capacidades para identificar, formular y resolver problemas en diversos contextos personales, comunitarios o científicos, dentro y fuera de las Matemáticas. Se trata de capacidades para determinar entonces las estrategias y métodos más adecuados al enfrentar un problema, para valorar la pertinencia y adecuación de los métodos disponibles y los resultados matemáticos obtenidos originalmente, además de la capacidad para evaluar y controlar el desarrollo de su trabajo en la resolución de problemas. El énfasis que se desea dar a los contextos reales también impulsa una asociación con el desarrollo de capacidades cognitivas para identificar, formular, diseñar, desarrollar y contrastar modelos matemáticos del entorno con complejidad diversa. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA Conectar pretende el entrenamiento estudiantil en primer lugar en la obtención de relaciones entre las diferentes áreas matemáticas, lo cual se deriva de las características centrales de los quehaceres matemáticos: el carácter integrado de los mismos. Los matemáticos profesionales aplican métodos y objetos matemáticos de unas áreas en otras. Aunque las Matemáticas han evolucionado en distintas disciplinas o áreas, han llegado a integrarse con el correr del tiempo. Esta integración es de tal nivel y el flujo de relaciones de un lado a otro es tan grande que no insistir en esas conexiones y ese carácter unificado haría perder la comprensión adecuada de lo que son las Matemáticas. este proceso busca que se cultiven las relaciones entre las distintas partes de las Matemáticas escolares, además del desarrollo de acciones para identificar dentro de situaciones no matemáticas aquellas en las cuales es posible un tratamiento matemático. Y de igual manera motivar conexiones con otras asignaturas así como contextos. 35 Comunicar es la expresión y comunicación oral, visual o escrita de ideas, resultados y argumentos matemáticos al docente o a los otros estudiantes. Este proceso busca potenciar la capacidad para expresar ideas matemáticas y sus aplicaciones usando el lenguaje matemático (reglas de sintaxis y semántica) de manera escrita y oral a otros estudiantes, docentes y a la comunidad educativa. Pretende que el estudiante desarrolle capacidades para consignar y expresar con precisión matemática las ideas, los argumentos y procedimientos utilizados así como las conclusiones a las que se hayan arribado, así como para identificar, interpretar y analizar las expresiones matemáticas escritas o verbales realizadas por otras personas. XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Representar pretende fomentar el reconocimiento, interpretación y manipulación de representaciones múltiples que poseen las nociones matemáticas (gráficas, numéricas, visuales, simbólicas, tabulares). El proceso busca favorecer la capacidad para elaborar y usar representaciones matemáticas que sirvan en el registro y organización de objetos matemáticos, para interpretar, modelar situaciones propiamente matemáticas, para manipular distintas representaciones matemáticas de objetos matemático, persigue también desarrollar capacidades para poder traducir una representación en términos de otras, comprendiendo las ventajas o desventajas (o los alcances) de cada representación en una situación determinada. Los procesos son formas de acción cognitiva que pueden generar capacidades. Se acepta como premisa que su realización constante en todos los años lectivos permite generar el progreso de la competencia matemática. En el plan de estudios se señalan acciones para su realización en cada ciclo educativo. Matemáticas de calidad con profundidad Tanto en la etapa de aprendizaje como en la de movilización y aplicación de los aprendizajes se aboga por trabajar con problemas que posean niveles distintos de complejidad. Es una importante demanda social que los ciudadanos puedan realizar operaciones y procesos matemáticos de una mayor complejidad. Eso refiere a capacidades matemáticas que pueden asociarse a la resolución de problemas, a la aplicación, matematización o modelización, así como a mayores niveles en la justificación y argumentación matemática. PÁGINA 36 Además de trabajar con problemas con distintos niveles de complejidad es necesaria la introducción de los contenidos matemáticos que juegan un papel crucial en la formación escolar moderna. Por ejemplo, tópicos de geometría de coordenadas y de transformaciones además de incluir una visión moderna de la Geometría, favorecen el tratamiento de otros conceptos y procedimientos matemáticos, brindan instrumentos para poder usar las Matemáticas en diversos contextos. Un tratamiento adecuado de las relaciones y funciones es otro propósito que debe enfatizarse y cultivarse adecuadamente, pues éstas resultan centrales para la formación matemática moderna. La Estadística y Probabilidad son parte obligatoria de los conocimientos que debe tener un ciudadano en nuestro escenario. El dominio en profundidad de algunos tópicos genera capacidades para poder aprender otros temas con mayor facilidad (incluso sin el concurso docente). Por el contrario, el contacto superficial con muchos tópicos no permite aprendizajes significativos y más bien se convierte en obstáculo para el progreso de los aprendizajes. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Además de trabajar con problemas con distintos niveles de complejidad es necesaria la introducción de los contenidos matemáticos que juegan un papel crucial en la formación escolar moderna. Por ejemplo, tópicos de geometría de coordenadas y de transformaciones además de incluir una visión moderna de la Geometría, favorecen el tratamiento de otros conceptos y procedimientos matemáticos, brindan instrumentos para poder usar las Matemáticas en diversos contextos. Un tratamiento adecuado de las relaciones y funciones es otro propósito que debe enfatizarse y cultivarse adecuadamente, pues éstas resultan centrales para la formación matemática moderna. La Estadística y Probabilidad son parte obligatoria de los conocimientos que debe tener un ciudadano en nuestro escenario. El dominio en profundidad de algunos tópicos genera capacidades para poder aprender otros temas con mayor facilidad (incluso sin el concurso docente). Por el contrario, el contacto superficial con muchos tópicos no permite aprendizajes significativos y más bien se convierte en obstáculo para el progreso de los aprendizajes. El propósito de ofrecer matemáticas de calidad persigue brindar a la ciudadanía los mejores instrumentos formativos para potenciar sus condiciones de vida en este contexto histórico. En ese sentido, se busca dar a todos los sectores sociales y culturales un programa de matemáticas moderno y sólido que promueva la equidad social. En todo el país se debe poder implementar este currículo. El Estado deberá asumir las acciones requeridas para asegurar esta equidad en todas partes. Integración vertical de los planes de estudio 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA En cada área matemática se pueden señalar ideas generales fundamentales y se pueden describir las diferentes dimensiones asociadas o reconstrucciones que sobre las mismas se han dado a lo largo de los distintos momentos históricos. De igual manera, nuevas ideas y métodos se construyen cada día por medio de las comunidades matemáticas. Sin embargo, no todas las ideas y los métodos matemáticos generales son pertinentes para introducirse en los programas escolares; lo que se debe introducir son las ideas básicas que fundamentan el edificio matemático y cuyo dominio genera las capacidades para acceder a otras, y aquellas que al introducirse pueden propiciar condiciones relevantes para el ciudadano. 37 Los conocimientos y expectativas de aprendizaje sobre ellos se organizan en el plan de estudios de manera integrada desde el primero al último año. Existe sustento epistemológico y pedagógico para esa decisión: las Matemáticas no son una colección dispersa y desarticulada de conceptos y procedimientos específicos; éstos se integran a partir de ideas y métodos generales cuya construcción y ampliación han sido el resultado de los quehaceres matemáticos. XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Se incluyen estas ideas y métodos con precisión. Este carácter básico y general hace que sea importante que estén presentes en los distintos niveles del plan de estudios escolar, lo que debe hacerse en distintas modalidades, profundidades y aproximaciones. Hay otras razones importantes: con esta perspectiva se puede brindar más flexibilidad pues es conveniente que los fines curriculares específicos no se establezcan con base en fronteras rígidamente marcadas por niveles o ciclos educativos. Esta aproximación al mismo tiempo permite enriquecer el significado de muchos de los tópicos, fines y potencialidades de los mismos, al visualizarlos en toda su dimensión desde el inicio de la vida escolar. De esta manera los tópicos en cada año se pueden ver como casos particulares o preliminares de ideas más generales: por ejemplo, introducir regularidades y patrones para preparar las funciones, manipulación de símbolos para preparar el manejo de expresiones algebraicas, representaciones en coordenadas más tempranamente para evidenciar significados de las figuras geométricas, etc. Esta perspectiva, por lo tanto ofrece fundamento al docente para tomar decisiones estratégicas sobre los momentos importantes en la que se introducen algunos elementos que van a favorecer el aprendizaje de los mismos en años posteriores, y proporciona mejores oportunidades para la coordinación y colaboración entre docentes de distintos ciclos y niveles educativos sobre los tópicos a desarrollar. Con esta visión, se decidió distribuir los conocimientos y habilidades del plan de estudios en áreas matemáticas para todos los años desde el primero al último. De igual manera, los procesos matemáticos y los ejes disciplinares o énfasis transversales que se adoptan aquí intervienen en todo el plan de estudios. Sentido histórico y adecuación al contexto educativo nacional PÁGINA 38 El currículo escolar es apenas un medio para alcanzar un fin: mejores aprendizajes. Posee un sentido histórico, o sea es temporal y se debe concebir para una etapa histórica precisa. Cuando las condiciones sean otras en función de muchos factores (incluso no educativos) deberá transformarse. No se puede dejar de tener en la mira que el currículo debe ser implementado (enseñado y aprendido), y esto remite a los protagonistas principales que lo llevan a la práctica: docentes y estudiantes, así como a las instituciones que participan. Un alejamiento de sus realidades solo puede contribuir al vacío y la esterilidad. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA No todos pueden aprovechar un currículo de la misma manera, y aunque el Estado debe ofrecer uno de calidad para todos bajo un criterio de equidad, debe poseer la versatilidad suficiente para ofrecer opciones distintas. La existencia de diversas inteligencias y talentos debe ser atendida por un currículo nacional flexible. Si bien al currículo no le corresponde dar respuesta plena a esas necesidades sí trata de integrarlas de alguna manera; el lugar que se ha seleccionado para hacer eso es precisamente en el trabajo con distintos niveles de profundidad de los contenidos a aprender. De esta manera, se pueden modular los contenidos matemáticos de acuerdo a sus estudiantes. Ejes disciplinares Aquí se adoptan cinco ejes disciplinares que atraviesan de forma transversal el plan de estudios y fortalecen el currículo: La resolución de problemas como estrategia metodológica principal. La contextualización activa como un componente pedagógico especial. El uso inteligente y visionario de tecnologías digitales. La potenciación de actitudes y creencias positivas en torno a las Matemáticas. El uso de la historia de las Matemáticas. Los dos primeros ejes se asumen como articuladores, con lo que se quiere decir que no solo permean todos los programas sino que sirven para vertebrar y articular los otros ejes y las diferentes actividades que supone la implementación del mismo. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA Se da una asociación entre estos dos ejes que obedecen precisamente al enfoque principal de este currículo: la resolución de problemas en contextos reales. Y es consistente con la selección y conceptuación del proceso matemático Plantear y resolver problemas. 39 La resolución de problemas corresponde a la necesidad de asumir estándares cuya conveniencia para la Educación Matemática ha sido ampliamente comprobada en la escala internacional. La contextualización que se propone busca fortalecer un papel estudiantil activo y comprometido con su aprendizaje, recalcando la identificación, uso y diseño de modelos matemáticos adecuados para cada nivel educativo. XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA El uso de la tecnología asume las tendencias contemporáneas de expansión intensa de los instrumentos digitales y la necesidad de configurar una utilización lúcida y adecuada de la misma. El uso de la historia de las Matemáticas responde a propósitos para brindar un rostro humano a las Matemáticas y lograr una acción sinérgica de los otros ejes. Estos ejes disciplinares se operacionalizan en la malla curricular de manera precisa mediante contenidos, diversas indicaciones y sugerencias. La incorporación explícita de la búsqueda de actitudes y creencias positivas sobre las Matemáticas se sintoniza con la premisa de que los espacios actitudinales y socioafectivos son cruciales para los aprendizajes. Se plantean aquí cinco actitudes a desarrollar: Perseverancia. Confianza en la utilidad de las Matemáticas. Participación activa y colaborativa. Autoestima en relación con el dominio de las Matemáticas. Respeto, aprecio y disfrute de las Matemáticas. Estos ejes participan en el plan de estudios de distintas maneras y énfasis de acuerdo al área matemática y los niveles educativos. Además, se busca sintonizar con los cuatro ejes transversales implementados como política educativa costarricense para todas las disciplinas escolares: PÁGINA 40 Cultura Ambiental para el Desarrollo Sostenible Educación Integral de la Sexualidad Educación para la Salud Vivencia de los Derechos Humanos para la Democracia y la Paz La manera en que se han introducido estos ejes es por medio de problemas y diversas actividades de aprendizaje que se han seleccionado para la acción de aula. Sin embargo, no en todas las áreas matemáticas se pueden introducir de la misma manera. También las estrategias pedagógicas que se plantean permanentemente en la construcción colaborativa de aprendizajes matemáticos y del rigor en el pensamiento favorecen la formación de una ciudadanía socialmente responsable y crítica, que constituye un nutriente de la vida democrática. El propósito de incorporar estos ejes transversales se ve favorecido fuertemente por este enfoque curricular que fortalece la relación de la enseñanza 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA aprendizaje de las Matemáticas con los entornos sociales y culturales, los que se incorporan de una forma natural en los planes de estudio. La estructura del currículo Este currículo posee varios acápites: I. Fundamentos II. Ejes III. Gestión y planeamiento pedagógicos IV. Metodología V. Evaluación VI. Programas de estudio para cada ciclo educativo VII. Otros elementos En Fundamentos se consignan los principales términos y conceptos que sostienen el currículo y en Ejes se describen los ejes disciplinares curriculares. Gestión y planeamiento pedagógicos incluye indicaciones generales para todos los ciclos sobre estos temas. Metodología incluye indicaciones generales para todos los ciclos educativos sobre estilos para la organización de las lecciones, sobre las áreas y los procesos, sobre las actitudes y creencias, sobre el uso de la tecnología y la historia de las Matemáticas. En Evaluación se aportan indicaciones y principios generales de evaluación. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA La última parte, Otros elementos, incluye una propuesta de secuencia temática para la implementación de los tópicos de las áreas matemáticas para cada año lectivo (donde es pertinente), un glosario (con términos clave que se usan), una tabla de conocimientos (que permite visualizar globalmente el plan de estudios en cuanto a contenidos) y la bibliografía general que se utilizó. 41 Los programas de estudio están organizados por medio de los ciclos educativos del sistema educativo costarricense. En esta parte se encuentran los conocimientos y habilidades matemáticas así como numerosas indicaciones puntuales adicionales que acompañan de manera inmediata conocimientos y habilidades específicas sobre método, gestión y evaluación. Además se incorporan sugerencias (siempre por ciclo) sobre procesos matemáticos, usos de tecnologías y fortalecimiento de actitudes positivas hacia las Matemáticas. Estas indicaciones más específicas son esenciales para delimitar y ejemplificar estos contenidos. Finalmente se introducen algunas indicaciones de evaluación para cada ciclo en cada área. XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Con el propósito de crear un documento funcional y práctico, de fácil lectura, se decidió no incluir a lo largo del texto la gran cantidad de referencias de resultados o experiencias que fueron usadas en este diseño curricular, no obstante los documentos consultados pertinentes son incluidos en la bibliografía final y, además, se colocan algunas notas con referencias para uso de docentes o investigadores. Este currículo exhibe una profunda integración de sus distintos componentes (teóricos, pedagógicos y prácticos), coherencia entre fundamentos y malla curricular, así como una vocación expresa de apoyo al docente; se asume la visión de que con estos elementos se ofrecen mejores posibilidades para su implementación y nutrir así el progreso de la Educación Matemática del país. Las áreas matemáticas Las cinco áreas matemáticas seleccionadas participan con distinta intensidad. La siguiente gráfica de estos programas de estudios ha sido construida tomando en cuenta los lugares relativos que se pueden calcular con base en los tiempos que se espera sean dedicados a los tópicos integrados en las mismas. 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Números Medidas Geometría Relaciones y álgebra Estadística y probabilidad PÁGINA 42 Figura 1. Las 5 áreas matemáticas en los cuatro ciclos educativos. Relaciones y álgebra es constante en los dos primeros ciclos, se duplica en el tercero y posee el mayor espacio en el Ciclo diversificado. Geometría es constante en la primaria y aumenta un poco en los siguientes ciclos. Números ocupa un lugar muy grande en los dos primeros ciclos, es relevante en el tercero y disminuye mucho en el diversificado. Estadística y probabilidad es constante en los ciclos I y II, aumenta en el III y el Diversificado, sin llegar a superar el lugar de Relaciones y álgebra. Aparte de una integración entre los diferentes niveles y ciclos educativos por medio de áreas matemáticas comunes, se ofrecen algunas perspectivas: 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Números Una integración de los temas de números y operaciones con un énfasis en la realización de cálculos y fortalecimiento del sentido numérico. Se trata de un enfoque más integrado de números, operaciones y cálculos, una perspectiva especial de estrecha conexión entre las operaciones y las representaciones numéricas. En la secundaria, a veces los grandes conjuntos numéricos (Z, Q, R) se han colocado de una manera abstracta, que apela más a la memorización de propiedades que a la utilidad de los números y sus operaciones. Se desea enfatizar un sentido muy práctico de los números y sus propiedades, especialmente mediante la resolución de problemas extraídos del entorno. Un tratamiento conjuntista de los sistemas numéricos se guarda para 10º año, y se realizará en el área de Relaciones y álgebra aunque será de utilidad también en Estadística y probabilidad. Medidas Se asume el área de las medidas como una fuente muy rica para introducir objetos y procedimientos matemáticos, para hacer conexiones con otras áreas matemáticas y no matemáticas, y con muchas situaciones del entorno. Las medidas pueden apoyar el estudio de varios conceptos matemáticos, como el cambio y la invariancia bajo algunas transformaciones. De la misma forma, otro ejemplo, las unidades de medidas se pueden manipular como variables (especialmente cuando se hacen conversiones de unidades) y por lo tanto ser capaces de motivar un tratamiento por medio de procedimientos algebraicos más generales. Temas como la proporcionalidad matemática o la semejanza de figuras se pueden generar usando mapas, que expresan relaciones de medidas de posiciones mediante escalas diversas. El uso de escalas no lineales, por ejemplo logarítmicas, pueden usarse para crear modelos reales, en los niveles finales de la educación secundaria. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA Los objetos de la geometría se usan como medio para potenciar el pensamiento, la argumentación y el sentido de la prueba en matemáticas. Pero además se incluye énfasis en el sentido espacial, el movimiento, y el uso de coordenadas y una relación especial con el álgebra, y las transformaciones en el plano. La visualización, identificación, manipulación de formas y elementos matemáticos en el espacio se incluyen desde el primer Ciclo al Diversificado, se consideran relevantes en la preparación que requiere el ciudadano en varios contextos (cotidianos, profesionales, científicos). La presencia de la geometría analítica era una ausencia en los programas que no permitía comprender el significado en términos modernos de la geometría. Su inclusión cuidadosa en la propuesta desde la 43 Geometría XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA primaria permite trabajar con mayor amplitud y rigor la manipulación de los objetos matemáticos y apoya la visualización de sus conexiones con otras áreas. Las transformaciones en el plano (simetrías, traslaciones, reflexiones) no solo refuerzan el tratamiento analítico de la geometría, sino también completan un énfasis en el estudio del movimiento de las formas geométricas y su visualización que se realiza desde la primaria. Esto prepara en habilidades muy importantes para diversas profesiones y artes como para la vida cotidiana. Relaciones y álgebra Se propone integración de los temas de álgebra, relaciones y funciones y su inserción desde la primaria. En este currículo las funciones juegan un papel muy importante, esencial para la preparación en competencias. Esta formación empieza desde la primaria de manera gradual y pedagógicamente adecuada (con patrones, sucesiones). No se espera hasta 10º año para trabajarlas, donde ahora se suele trabajar con un enfoque conjuntista abstracto con el que tienen dificultades los estudiantes. El enfoque que se favorece en esta propuesta enfatiza la relación entre variables y el cambio, con la presencia de varias representaciones matemáticas y subrayando el carácter de modelo que puede tener. Con esta nueva perspectiva se adelanta el tratamiento de estos temas e incluso se trabaja las funciones lineales y cuadráticas antes de 10º año. Se plantea una integración entre ecuaciones lineales y funciones lineales en 8º año y ecuaciones cuadráticas y funciones cuadráticas en 9º año, lo que permite fortalecer las conexiones entre estos tópicos y profundizar su sentido matemático. Con este enfoque se potenciará el conocimiento y dominio de este tema crucial en matemáticas y en varias ciencias y profesiones. Para la educación superior del país será una ganancia neta en las calidades y competencias que tendrán los estudiantes egresados de la secundaria con esta preparación. PÁGINA 44 El enfoque que se propone en estos programas enfatiza la identificación y uso de las funciones como representaciones y modelos de lo real, lo que favorece habilidades y capacidades que son de gran valor para las ciencias, las tecnologías y las artes. Estadística y probabilidad Se potencia el lugar de Estadística y probabilidad desde el primer ciclo hasta el diversificado. Este énfasis además de permitir visualizar una relación muy estrecha con el 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA entorno y contribuir a actitudes y creencias positivas sobre las matemáticas. Una preparación gradual y sistemática en el tratamiento de la información, la variabilidad y el azar es una ganancia neta para diversas profesiones. La preparación matemática que brindarán estos programas será superior a la que brindan los actuales, recargados, con pocas conexiones dentro y fuera de las matemáticas, donde la perspectiva de trabajo en profundidad no está presente, sin resolución de problemas como enfoque principal, sin uso apropiado de tecnologías, sin cultivo de capacidades y competencias cognoscitivas y cognitivas alto nivel. Estructura del plan de estudios La organización específica de los tópicos matemáticos se realiza por medio de las cinco áreas matemáticas que se han seleccionado: conocimientos y habilidades se organizan de acuerdo a esas áreas. Esta organización de contenidos se realiza para todos los años escolares. En cada ciclo educativo se incluyen los programas de cada área matemática, consignados año por año. Ciclo educativo Estructura Secciones de cada área Introducción Números. Medidas. Geometría. Relaciones y álgebra. Estadística y probabilidad. Introducción Propósito de la enseñanza Habilidades generales Conocimientos, habilidades específicas e indicaciones puntuales por año Indicaciones específicas sobre evaluación 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA La sección “Conocimientos, habilidades específicas e indicaciones puntuales” se organiza en forma tabular en tres columnas: la primera con los conceptos, la segunda con las habilidades específicas asociadas a los conocimientos, y en una tercera columna se dan indicaciones puntuales sobre los alcances de los contenidos, con la inclusión de ejemplos o sugerencias de método. Las habilidades específicas se numeran para cada año lectivo. 45 En cada área de cada ciclo se incluye una introducción que plantea ideas generales del área y hace referencia a los otros ciclos. “Propósito de la enseñanza” resume lo que se pretende en el área durante el ciclo, que se completa con “Habilidades generales” que se desea promover en el ciclo; se trata de una síntesis de las habilidades específicas del área. XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA La columna de “Indicaciones puntuales” es una forma novedosa en Costa Rica de ofrecer no solo breves sugerencias de método asociadas a conceptos y habilidades, sino de especificar lo que se desea que se implemente en cada caso, visualizando el significado de las habilidades propuestas. No existe una relación mecánica entre habilidades específicas e indicación, en muchas ocasiones una indicación refiere a varias habilidades; en otras, no hay indicación para un grupo de habilidades específicas. En estas indicaciones puntuales se incluyen sugerencias sobre la realización de los procesos matemáticos, pertinencia o lugar de los mismos, ejemplos, métodos posibles, y también sobre las actitudes y creencias, así como sobre el uso de tecnologías y de la historia de las matemáticas. Conclusiones PÁGINA 46 Esta propuesta de nuevos programas de matemáticas busca responder a las necesidades de la formación matemática escolar que requiere el país, con base en algunos lineamientos: 1. Asume una perspectiva de la competencia matemática (que orienta el currículo y la formulación de los planes de estudio), que busca el progreso de las capacidades del ciudadano para comprender y usar las matemáticas en diversos contextos. 2. Asume la resolución de problemas como el enfoque principal del currículo, para nutrir la organización de las lecciones que propone, para realizar procesos matemáticos y avanzar la competencia matemática. 3. Adopta como premisa que el estudiante debe ser activo y participativo para lograr la construcción de los aprendizajes. 4. Asume un docente también activo y protagonista clave para la construcción de aprendizajes y para la asociación de la acción de aula con la cultura y el conocimiento matemáticos. 5. Busca favorecer el progreso de capacidades cognitivas de mayor nivel, con acciones en los contenidos, la metodología y la gestión, con la introducción de procesos matemáticos transversales, y con el trabajo pedagógico equilibrado con problemas de complejidad creciente. 6. Propone una contextualización activa que invoca la identificación, uso y construcción de modelos. 7. Introduce un uso importante de las tecnologías que permita responder a un escenario histórico y a generaciones de jóvenes que así lo demandan, y ofrece orientaciones precisas para su uso en la acción de aula. 8. Plantea el uso de historia de las matemáticas como un poderoso recurso para mostrar un rostro humano de las matemáticas y como una fuente valiosa de problemas en contextos reales. 9. Incluye el cultivo de actitudes y creencias positivas sobre las matemáticas de manera explícita y operativa en los planes de estudio. 10. Propone un fortalecimiento de la Estadística y Probabilidad en todos los años lectivos, incluye geometría con visualización espacial, movimiento de objetos, coordenadas y 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA relación con el álgebra, plantea un lugar al desarrollo del sentido numérico y a los cálculos y aproximaciones, realiza una introducción temprana y gradual de relaciones y álgebra y aporta un fundamento pedagógico para el aprendizaje de las funciones, y ofrece a las medidas un sentido renovador de conexión y de contextualización. 11. Plantea los planes de estudio específicos en plena consistencia con la fundamentación teórica del currículo. 12. Organiza los programas con una integración vertical que favorece las conexiones entre ciclos y brinda una visión estratégica de la enseñanza aprendizaje. 13. Adopta una estructura novedosa y útil de la malla curricular, con amplias indicaciones y ejemplos de método, gestión y evaluación que acompañan de manera específica los conocimientos y expectativas de aprendizaje en cada ciclo educativo y en cada área matemática. Actualmente la propuesta está siendo analizada por el Consejo Superior de Educación, órgano responsable por la aprobación de los programas de estudio de todas las disciplinas escolares. REFERENCIAS OCDE (2005). Informe PISA 2003. Aprender para el mundo del mañana. España: Santillana Educación S.L. PÁGINA 47 OECD (2010). PISA 2012 Mathematics framework. Descargado del sitio Web http://www.oecd.org/dataoecd/8/38/46961598.pdf el 6 de marzo del 2012. VOLTAR 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA POR UMA EDUCAÇÃO (MATEMÁTICA) PARA ALÉM DA LÓGICA DO CAPITAL Marco Aurélio Kistemann Jr. Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)-Brasil [email protected] 31K (Educação Matemática Financeira) RESUMO Nesta conferência buscaremos discutir a atual situação da educação (matemática), que há tempos vem sendo colonizada por princípios alicerçados na lógica mercantilizadora do Mercado Econômico. Utilizaremos três quadros iniciais e um quadro final para apresentar nosso ponto de vista construído e compartilhado com o referencial teórico escolhido. Desse modo, fica explícito que o escopo desse trabalho introdutório seja o de apresentar a força da lógica de práticas neoliberais que coadunam-se com as lógicas do Mercado Econômico, não só influenciando, mas colonizando e dominando os contextos e as realidades educacionais. PÁGINA 48 TRABALHO Nesta conferência não buscaremos alardear o pânico ou o pessimismo, ainda que o tema assim pudesse ser conduzido confortavelmente, mas tiraria toda a autenticidade das ideias apresentadas aqui e fruto das reflexões do autor. Há influências no modo de pensar do autor, resultado dos referenciais teóricos escolhidos, mas buscou-se transcender essas influências por meio da busca de um pensamento reflexivo, autônomo e até certo ponto inédito, fruto das experiências vivenciadas pelo autor na área educacional como educador/matemático. Esclarecemos que em muitos momentos, embora a fala esteja voltada para a Educação em geral, estaremos nas entrelinhas considerando contextos de Educação/Matemática, inseridos no contexto geral da Educação e que são atingidos severamente pelas políticas públicas criticadas neste texto. Foi-se o tempo em que a sociedade habitada por nossos antepassados não sofria intervenções e influências diretas e vorazes das teorias e práticas guiadas pela lógica dos Mercados Econômicos. Os tempos são líquidos e são outros. Cada ato ou decisão na sociedade dita do conhecimento e do espetáculo se vê fiscalizada e alicerçada na lógica do capital, na lógica das políticas neoliberais, na lógica de modelos econômicos. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Através de três quadros apresentaremos nossas reflexões, buscando num último quadro alinhavar nossas ideias e dar um diagnóstico parcial sobre o tema apresentado. Desse modo, constituem-se como objetivos de nosso trabalho: (i) apresentar quadros que procurem demonstrar a força da lógica de práticas (neoliberais) embasadas no Capital e suas influências na educação; (ii) discutir a exclusão social gerada por essa lógica e a gênese de realidades desiguais; (iii) apresentar de forma introdutória os impactos da lógica do Capital na Educação/Matemática e opções para transcender essa lógica. Quadro 1: A lógica do Mercado e do Capital na Educação/Matemática: realidades e perversidades da comodificação educacional. Ao contrário do que muitos cidadãos pensam, não somos mais plenamente controladores de nossas próprias ações. É evidente que certas decisões ainda são nossas, mas se atentarmos para as entrelinhas das ações cotidianas, num mundo globalizado e hegemonizado pelo projeto neoliberal conservador, a lógica dos mercados econômicos vem influenciando, substancialmente, nossas mais básicas atividades e decisões. Atendo-nos neste artigo à área da Educação/Matemática, mais do que nunca, a lógica dos mercados econômicos influenciam nos mínimos detalhes as decisões macropolíticas que se impõem sorrateiramente nos sistemas educacionais ao redor do mundo. De acordo com Apple (2005), o processo de imposição/expansão do projeto neoliberal que assola o mundo e como se manifesta este projeto no cotidiano das escolas vem dificultando e, em geral, impedindo o exercício pleno de práticas pedagógicas emancipatórias. O corriqueiro, o despercebido acaba predominando e favorecendo a mercantilização da Educação/Matemática. O que hoje presenciamos de forma tão ostensiva são sistemas educacionais a serviço de índices e resultados. As influências de órgãos econômicos se revelam de forma contundente nas políticas subservientes dos governos e dos ministérios da educação de vários países. São testes, provas, currículos prontos e aculturais entregues na forma de pacotes educacionais seguindo a ideologia e a cultura apregoada pelos representantes do Estado a serviço do Mercado. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA Políticas neoliberais impactam a Educação/Matemática em diversas áreas pelo mundo afora. Políticas desenvolvidas no hemisfério norte vêm sendo há anos exportadas e, em seguida, apropriadas em várias outras nações, em geral, com pouca compreensão tanto das sérias críticas a elas feitas, como dos difundidos efeitos negativos gerados quando nos países que as originaram.Um bom exemplo que ilustra nossa fala foi a política educacional 49 Avaliações em larga escala, cada vez mais frequentes, buscamcomparações entre os resultados obtidos por agrupamentos escolares, buscando atender aos pressupostos mercadológicos. A oferta de livre crédito a muitos países vem sendo vinculada, e tem como pré-requisito, o atendimento às normas previstas e impostas pelos agentes representantes de governos que cerceiam e comandam a lógica do Capital (BAUMAN, 1998). XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA adotada como lei pelo governo americano a partir de janeiro de 20024, que apresentava uma série de iniciativas transformadoras no que se refere à regulação e controle ostensivos de aspectos centrais da educação (APPLE, 2005). Para Apple (2005), a maneira pela qual a NCLB e outras políticas, análogas a essa, adotadas por vários países em desenvolvimento define o sucesso e o fracasso, e as práticas calamitosas associadas a esses processos, vêm causando severas desestruturações no cotidiano escolar. Nas escolas públicas, com raras exceções o corpo docente se vê refém dos currículos que recebem prontos e devem apresentar para seus alunos, para mais tarde estes últimos serem aferidos através de avaliações que premiarão ou punirão as escolas e os professores que não cumpriram as metas pré-estabelecidas e inegociáveis (políticas de bônus por rendimentos atrelados a índices avaliativos). Seria uma imensa ingenuidade não enxergarmos o óbvio, ou seja, não vermos a relação entre privatização e controle federal e mercadológico crescente e suas intervenções na área educacional, por meio de medidas como as explicitadas através das avaliações e o aferimento de seus resultados, delineando assim as regras de conduta e de facilitação ou não de empréstimos aos países ou escolas que cumprirem suas metas. O movimento rumo à mercantilização e à imposição das lógicas do Capital requerem a produção de informações aculturais e estandartizadasbaseadas em processos e “produtos” também estandartizados, de forma a possibilitar comparações para que os indivíduos-consumidores e “clientes” tenham informações relevantes a fim de fazerem suas escolhas no mercado (KISTEMANN JR, 2011). É mister citarmos, que a estranha combinação de mercantilização, por um lado, e centralização do controle e fiscalização, por outro, não está ocorrendo apenas na Educação/Matemática, bem como não se concentra num único grupo de países desenvolvidos ou em desenvolvimento.Trata-se, segundo Katz (2001) de um fenômeno mundial e, apesar de existirem esforços muito reais e, frequentemente, bem sucedidos, de oposição a esse fenômeno, isto não significa que as conjecturas básicas atrás da lógica do Capital e das formas neoliberais, neoconservadoras e neogerenciais não venham causando um forte e longo impacto nas sociedades, em suas instituições e nos indivíduos que compõem esse cenário global. Em diversas nações ocorreram tentativas, mais do que bem sucedidas, no sentido de reestruturar as instituições públicas (JESSOP, 2002). Os objetivos principais dessa reestruturação podem ser resumidos como: assegurar que o Estado servisse a interesses da lógica do Mercado, fazendo com que as operações internas do Estado moldassem aquelas A política em questão denominava-se “No ChildrenLeftBehind”(NCLB) (ver Jennings, 2003,p.299-302) imitada, independente das adequações necessárias a cada realidade cultura e social, tal política foi adotada em vários países, inclusive no Brasil, promovendo, de um lado, a quase totalidade das crianças nas escolas de nível básico , sem que se preocupasse muito com a ampliação do número de escolas e da adequação dessas escolas para o recebimento dos alunos. De outro lado instaurou-se de vez o sucateamento da carreira docente, marcadas por salários ultrajantes, má formação docente com a ampliação de cursos superiores de qualidade duvidosa e deficiente cursos de extensão em serviço para esses profissionais. Em suma, mais um pacote educacional teve que ser aceito sem que se discutisse as validades das propostas impostas. PÁGINA 50 4 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA usadas nos negócios, “tirando a política da esfera das instituições públicas”, o que de acordo com Ball (2003), consiste em reduzir gradativamente a possibilidade de as instituições governamentais ficarem sujeitas às pressões políticas do eleitorado e dos movimentos sociais progressistas, travestindo as instituições educacionais, de níveis básicos e universitários como instituições a serviço das lógicas de um Mercado e de rotinas econômicas bem determinadas e executáveis, independente da cultura ou do lugar. A remoção do poder das políticas das instituições governamentais baseia-se, acreditamos, em crenças mais do que equivocadas e ingênuas de Estado e de Mercado. Enquanto algumas correntes econômicas propagam a ideia de que os mercados são impessoais e imparciais, eles são, de fato, altamente políticos e instáveis. Outros pontos merecem ser adicionados a esse. Para garantir sua sobrevivência, o Mercado precisa procurar maneiras de ultrapassar os limites estabelecidos pelas legislações governamentais. De modo crescente e praticamente irreversível, isso tem significado que os limites estabelecidos para dividir as partes não-Mercado de nossas vidas tiveram que ser alargados para que estas esferas pudessem ser abertas à comodificação e ao lucro. Sob tais pressões, processos de trabalho estandartizados e competitivos começam a dominar as vidas dos cidadãos e das instituições sociais, em destaque a escola e a educação, como um todo, recémmercantilizados. Nas palavras de Leys (2003), “os fatos sugerem que as políticas dirigidas pelo Mercado e que atingem diretamente nossas instituições escolares, podem levar a uma rápida erosão, fora do comum, de valores e instituições coletivas seculares, democraticamente determinadas”. Essas argumentações podem parecer abstratas e particulares, situadas, mas falam de mudanças significativas e concretas nas instituições sociais, dentro e fora da esfera educacional. Há duas décadas, segundo Apple (2005), testemunham-se esforços coordenados e determinados não apenas para reconstruir uma economia de mercado ”liberal”, mas uma sociedade e uma cultura de mercados “liberais”. Nas palavras de Habermas (1971), “o esforço é no sentido de fazer com que o “sistema” colonize totalmente a vida no mundo“. Finalizamos esse primeiro quadro afirmando que, é necessário reaprender o significado da reconstrução do cívico em nossas escolas, em nossa vida. Cremos que a Educação/Matemática cumprirá um papel fundamental ao realizar esse empreendimento, 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA Em lugar de uma sociedade de cidadãos, com poder democrático para assegurar a eficiência e o uso correto dos recursos coletivos, vivenciamos essa sociedade de “auditores”, convivendo com uma cultura punitiva de “tabelas de aferições”, visando demonstrar a eficiência relativa e a ineficiência das universidades e escolas. De acordo com Apple (2005), a natureza difundida destas fiscalizações e pressões de avaliação e de mensuração impede, severamente, o desenvolvimento de outros conceitos de eficiência e de democracia. 51 O neoliberalismo exige a produção constante da evidência de que cada indivíduo está cumprindo suas tarefas “com eficiência” e de uma forma “correta”, ao examinar os efeitos da junção de tendências aparentemente contraditórias dos discursos e das práticas neoliberais e neoconservadoras, sendo exatamente isto o que está acontecendo em todos os níveis da educação. Vivenciamos atualmente o que Leys (2003) denomina de “cultura de auditoria” (auditculture). XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA alertando, entretanto que tal empreendimento só possa ser efetivado na medida em que consigamos preservá-la dos grupos que a veem como um produto a mais a ser consumido e mensurado. Quadro 2 : Excluindo socialmente, segundo a lógica do Capital Na introdução de seu livro, “Marx: a teoria da alienação”, IstvánMészarós apresenta uma citação de Karl Marx: A teoria materialista de que os homens são produto das circunstâncias e da educação e de que, portanto, homens modificados são produto de circunstâncias distintas e de educação modificada, esquece que as circunstâncias são modificadas precisamente pelos homens e que o próprio educador precisa ser educado. Leva, pois, forçosamente, à divisão da sociedade em duas partes, uma das quais se sobrepõe à sociedade. A coincidência da modificação das circunstâncias e da atividade humana só pode ser apreendida e racionalmente compreendida como prática transformadora. Crermos no condicionamento, como Paulo Freire nos proporcionou refletir profundamente, é, ao mesmo tempo, desmistificar crenças que reifiquem a celebração do homem como ser determinado e produto de fatores externos sociais. Não podemos negar que as relações humanas nos dias atuais, mais do que em outrora, vêm sendo marcado por desigualdades, em todos os níveis, fruto da reificação do homem determinado e limitado quanto às suas ações pelas normas do Mercado. PÁGINA 52 Falamos em países desenvolvidos e emergentes, assim como falamos de classes dominantes e classes dominadas, quando nos referimos às desigualdades que são resultado de um longo processo histórico que abrange fatores econômicos e políticos. Dentro dessas disparidades, situam-se as desigualdades educacionais. A Educação/Matemática não pode ser vista nem como causa dessas diferenças nem como um remédio que possa saná-las. A partir dos anos 1970, iniciou-se o declínio do emprego industrial. A mão-de-obra passa a ser despachada facilmente para as multinacionais, onde são praticados salários mais baixos e menor controle ambiental. É o começo da desregulação domercado de trabalho, implicando na queda de salários inclusive para operários altamente qualificados. De acordo com Santos (1997), esse período é marcado pela fragilização crescente da atuação sindical, cabendo às pessoas se contentarem com a lógica depredadora que sinaliza que a educação deve ser valorizada por conta da competitividade e, não mais por causa de seus ideais de cidadania. Marx já havia previsto esse desdobramento do capitalismo, quando imaginava que o sistema passaria da mais-valia absoluta, exploradora extrema da força de trabalho, para a mais-valia relativa, voltada para a exploração da inteligência do trabalhador. Para Marx, a jornada de trabalho diminuiria, uma vez que a economia intensiva de conhecimento acarretaria tal efeito e, dentro das características intrínsecas ao capitalismo, afirmava que os problemas sociais iriam se agravar, mesmo que a produtividade crescesse. Marx enxergava, no exército 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA industrial de reserva, os trabalhadores destituídos da chance de trabalhar, cuja principal função seria a de rebaixar o valor da mão-de-obra. Ao lado desses, estaria uma espécie de estolho da sociedade, próximo da noção de “excluído social”, porque não teria qualquer aproveitamento produtivo. De acordo comCastel (1998), o progresso pode trazer períodos de transições, e é necessário um olhar atento para, gradativamente, minimizar disfunções gritantes que possam estar se estabelecendo e assegurar o mínimo de coesão entre os grupos sociais. Para ele o Estado, na colaboração de seus cidadãos conscientizados, é o ator principal nessa conjuntura, e o ideal social-democrata parece ser na sua gênese, a forma de governo mais adequada para dar conta desses processos, exercendo a força motriz que deve assumir as responsabilidades pela melhoria progressiva da condição da sociedade. Porém, a realidade vem sendo de outra natureza. A lógica da globalização e do fracionamento das cadeias produtivas, muito oportuna para a vitalidade do capitalismo e da propagação de suas artimanhas excludentes, incorporou os bolsões de trabalho barato mundiais sem necessariamente reconhecer o seu devido valor, basta que relatemos o contínuo e desordenado crescimento do mercado informal de trabalho, refletindo nitidamente o quadro social precário e gerador de miséria. Em particular nos países mais pobres, os governos atuais, comprometidos com a estabilidade, não têm orçamento suficiente nem estruturas eficazes para garantir a sobrevivência do que Bauman denomina de lixo humano (BAUMAN, 1998). Diante de tudo isso, evidenciamos nossa convicção de que na Educação/Matemática pode estar uma das esperanças mais concretas de inversão desse quadro caótico e depredador humano, desde que conduzida de forma libertadora e conscientizadora de seus cidadãos. Tal consideração nos faz refletir criticamente sobre o pouco interesse efetivamente evidenciado pelos detentores do poder político e econômico em proporcionar educação de qualidade, não apenas formal, mas, sobretudo, de qualidade conscientizadora, já que, mesmo na condição de excluídos, detêm potencial revolucionário. A Educação/Matemática, nessa perspectiva, dirige-se ao ser humano integral, englobando todas as dimensões de sua relação com o seu entorno. Assim, a escola deixa de ser o único espaço de obtenção de informação, pois ela está presente em todos os meios de comunicação. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA Entendemos que a Educação/Matemática de qualidade formal e política engendra-se como instrumento de formação ampla, de lutas de direitos de cidadania e da emancipação social, preparando as pessoas e a sociedade para a responsabilidade de construir, coletivamente, um projeto de inclusão e de justiça social. Esse tipo de Educação/Matemática tem como escopo a inclusão social, de modo que cada indivíduo se torne apto ao questionamento, à problematização, à tomada de decisões, buscando as ações coletivas possíveis e necessárias ao encaminhamento dos problemas conjuntos e individuais (KISTEMANN JR, 2011). 53 Esta exclusão e marginalização, verificada através da crescente guetorização de milhares de pessoas ao redor do mundo, é uma produção socioeconômica que se origina nas estruturas de base da sociedade, na organização do trabalho e no sistema de valores dominantes a partir dos quais se repartem os lugares e se fundam as hierarquiasmercantilizadoras, atribuindo a cada um sua dignidade ou sua indignidade social (CASTEL, 1998). XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Concordamos com Freire quando este considera que um dos principais objetivos do processo educativo seja o de elaborar os instrumentos de análise e da descoberta, escolha e integração das informações disponíveis. Nessa dimensão, a escola se redefine como o espaço democrático de disseminação de valores, de tolerância e respeito às diferenças, de produção e disseminação de conhecimento e de convivência humana e social, cultural e política, levando em conta a realidade das relações de trabalho (FREIRE, 1980). Não podemos ser ingênuos de reconhecer que a realidade se faz presente e é cruel, na medida em que a evolução econômica demonstra que a formação profissional permanente tende a privilegiar uma referência gerencial e economicista, subordinando prioritariamente a educação dos indivíduos às exigências da produtividade econômica (McLAREN, 1998). Finalizamos este segundo quadro, reiterando que não basta à escola preparar para o bem viver, acreditamos ser necessário que ela estimule e propicie esse bem viver. A primordial condição para que isso ocorra é que a educação se apresente enquanto relação humana dialógica que garanta a condição de sujeito crítico-reflexivo tanto da parte do educador quanto da parte do educando. Quadro 3 :A (in)corrigível lógica do Capital e seus impactos sobre a sociedade e a Educação/Matemática: um ponto de vista. Muito se fala sobre a Educação, ou seja, que a escola e seus agentes devam preparar e qualificar para a vida, para o mercado (de trabalho, inclusive). Neste caso, revela-se o que foi até aqui descrito, qual seja a educação seguindo as normas da comodificação (tudo é um produto e é vendável) e do Mercado Econômico, onde aqueles que estão favorecidos continuarão favorecidos em detrimento da ampla massa de indivíduos cada vez mais estabilizados e sacramentados como “lixo humano” (BAUMAN, 1998). PÁGINA 54 Em contraposição a esse contexto, acreditamos que pensar a sociedade tendo como parâmetro o ser humano exige a superação da lógica do capital desumanizadora que tem no individualismo, no lucro e na competição seus fundamentos. Nesse sentido, de acordo com Gramsci (1984), educar é colocar fim à separação entre Homo faber e Homo sapiens, resgatando o sentido estruturante da educação e de sua relação com o trabalho, as suas possibilidades criativas e emancipatórias. Transformar essas ideias e princípios em práticas concretas constitui-se como uma tarefa dos educadores/matemáticos, que exigirá ações contínuas que transcendam os espaços da sala de aula, dos gabinetes e dos fóruns acadêmicos. É mister enfatizar que, o simples acesso à escola não se perfaz mais como condição única e necessária para tirar das sombras do esquecimento social milhões de pessoas cuja existência só se vê reconhecida nos quadros estatísticos. Segundo Mészarós (2008, p. 178), “o deslocamento do processo de exclusão educacional não se dá mais principalmente na questão do acesso à escola, mas sim dentro dela, por meio das instituições da educação formal”. Assim, fica claro que o que está em jogo não é apenas a modificação política dos processos educacionais, que praticam e agravam a guetorização social, mas a reprodução da estrutura de 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA valores que contribui para sacramentar e perpetuar uma concepção de mundo subserviente à lógica do Capital e dependente das variáveis do Mercado Econômico. Não é necessário ir longe para verificar como a estabilidade do mercado de ações, do mercado financeiro e da crise ocorrida nos países do primeiro mundo, desestabiliza economias pseudo- estabilizadas, alterando os custos de sobrevivência daqueles indivíduos que já estão no limite. Diante desse quadro, que Educação/Matemática deveríamos colocar em prática e não somente idealizá-la como oposição ao cenário que encontramos atualmente? Em nosso entender, a Educação/Matemática deve ser continuada permanente e autônoma em sua integralidade de ações. Desse modo,promoveremos a mudança da lógica sustentadora da educação, concretizando práticas educacionais que possibilitem aos educadores e educandos trabalharem conjuntamente as mudanças necessárias para a (re)construção de meios sociais que desprezem o massacre exercido pela lógica tradutora de uma educação para a vida e reifiquem a tradução de uma lógica onde a educação acontecerá na vida. Ou seja, uma educação libertadora tendo como função transformar cada trabalhador, cada indivíduo em um agente político, que pensa, que age, e que usa a palavra e o diálogo como instrumento de reivindicação e luta, para trans-formar o mundo (FREIRE, 1980). Em suma, uma educação pensada, refletida e colocada em ação avessa a pressupostos e à lógica do capital e de das premissas do Mercado Econômico deve alinhar-se com propostas ativas que busquem e concretizem uma trans-formação única e irreversível do atual modelo macro e microeconômico e das políticas hegemônicas neoliberais e depredadoras do estado social. Para muitos pode parecer utopia, mas compartilhamos com Marx quando este profere uma de suas crenças, qual seja a de que a sociedade só pode ser trans-formada à medida que se proceda, não a igualdade de classes, mas uma luta de classes que promova a equidade social e econômica. De forma ímpar, Mèszarós declara que, limitar, portanto, uma mudança educacional radical “às margens corretivas interesseiras do Capital significa abandonar de uma só vez, conscientemente ou não, o objetivo de uma transformação qualitativa. É por isso que se faz imprescindível romper com a lógica do capital caso queiramos contemplar a criação de uma proposta educacional significativamente profícua e urgente”. (MÈSZARÓS, 2008, p.93) Quadro Final: Alinhavando as ideias apresentadas nos Quadros A Educação/Matemática sugerida em nossas falas neste texto, a Educação/Matemática para além da lógica do Capital e das regras do Mercado Econômico visa a uma ordem diametralmente oposta a que se está estabelecendo em nossa realidade. As incorrigíveis determinações destrutivas da ordem existente tornam imperativo contrapor aos 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA 55 Tendo como premissa principal desta conferência que educar não se constitui como mera transferência de conhecimentos, mas sim o edificar de práticas conscientizadoras, ao elevar essa ideia à condição de prática efetiva, estaremos liberando o ser humano das cadeias do determinismo neoliberal, reconhecendo que a história se faz um campo aberto de possibilidades. Esse é o sentido de se falar de uma educação que transcenda a agenda neoliberal, isto é, educar para além do capital implica pensar uma sociedade para além do capital e de seus preceitos mercadológicos. XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA irreconciliáveis antagonismos estruturais do sistema do Capital alternativas concretas para a regulação da reprodução metabólica social, ambicionando garantir as condições elementares da sobrevivência humana. O papel da Educação/Matemática, entendemos, seria o de buscar efetivamente trilhar perspectivas viáveis para além das amarras estabelecidas pelo capital, para além dos artifícios mercadológicos que segregam, excluem e reificam, às custas de uma minoria, a miséria humana através da globalização dos conceitos econômicos e dos bens materiais, acessíveis aos poucos que tem oportunidade de usufruírem destes bens. De acordo com Mèszarós (2008), o grave e insuperável defeito do sistema do Capital consiste na alienação de mediações de segunda ordem que ele precisa impor a todos os seres humanos, incluindo-se às personificações do Capital. De fato, o sistema do Capital não conseguiria sobreviver durante muito tempo sem as suas mediações de segunda ordem, principalmente o Estado, a relação de troca orientada pela lógica do Mercado econômico, e o trabalho, em sua subordinação estrutural à lógica do Capital. Em outras palavras, essas mediações de segunda ordem impõem aos indivíduos e aos agrupamentos sociais uma forma alienada de mediação. A alternativa concreta a essa forma de controlar a reprodução metabólica social só pode ser, segundo Mészarós (2008, p.216), “a automediação, na sua inseparabilidade do autocontrole e da auto-realização através da liberdade substantiva e da igualdade, numa ordem social reprodutiva conscienciosamente regulada pelos indivíduos associados”. É também inseparável dos valores escolhidos pelos próprios indivíduos sociais, de acordo com suas reais necessidades, em vez de lhes serem impostos, sob forma de apetites totalmente artificiais, pelos imperativos reificados da acumulação lucrativa do capital, como ocorre atualmente. Acreditamos que nenhum desses objetivos emancipadores é concebível e concretizável, sem que haja uma consistente intervenção ativa da Educação/Matemática, na figura de seus educadores, no sentido de uma ordem social que extrapole os limites do Capital, do mercantilismo educacional e do Mercado Econômico. As gritantes desigualdades sociais, atualmente em evidência, e ainda mais pronunciadas no seu desenvolvimento revelador, podem ser ilustradas pelos números a seguir: PÁGINA 56 segundo as Nações Unidas, no seu relatório sobre o Desenvolvimento Humano, o 1% mais rico do mundo aufere tanta renda quanto os 57% mais pobres. A proporção, no que se refere aos rendimentos, entre os 20% mais ricos e os 20% mais pobres no mundo aumentou de 30 para 1 em 1960, para 60 para 1 em 1990 e 74 para 1 em 2000, estima-se que atinja os 100 para 1 em 2015. Em 1999-2000, 2,8 bilhões de pessoas viviam com menos de dois dólares por dia, 840 milhões estava subnutridos, 2,4 bilhões não tinha acesso a nenhuma forma aprimorada de serviço básico de saneamento, e uma em cada seis crianças em idade de freqüentar a escola primária não estava na escola. Estima-se que cerca de 50% da força de trabalho não-agrícola esteja desempregada ou subempregada (RELATÓRIO ONU,2000). 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Uma concepção oposta e efetivamente articulada numa Educação/Matemática que transcenda a lógica do Capital, e que vá além da rigidez das normas escravizadoras de uma sociedade enlaçada e dominada pelas variáveis econômicas, não pode ser confinada a um limitado número de anos de vida dos indivíduos, mas devido a suas funções radicalmente mudadas, abarcando-os a todos. De acordo com Mèszarós (2008), a “autogestão deiguais” e a “autogestão da ordem social reprodutiva” não podem ser separadas uma da outra. A autogestão pelos produtores livremente associados das funções vitais do processo metabólico social é um empreendimento progressivo e inevitavelmente em processo de mudança. Cremos que o mesmo vale para as práticas educacionais que habilitem o indivíduo a realizar essas funções na medida em que sejam redefinidas por eles próprios, de acordo com os requisitos em mudança dos quais eles são agentes ativos. A educação nessas bases se constituiria em nossa concepção, como a educação que vai além das lógicas do Capital, uma educação continuada, sempre em processo de construção e reconstrução dos ideais de equidade. Cabe a cada um de nós, após a exposição de quadros contestadores da lógica do capital, da supremacia de poucos, em detrimento de muitos, em usufruírem das regras mercadológicas embasadas em índices e teorias econômicas a serviço de um capitalismo que ameaça o meio ambiente, na figura do consumo desmesurado, e o homem na medida em que milhares deles vêm sendo transformados em seres descartáveis e de baixa combustão, segundo Bauman (1998), verdadeiros lixos humanos, questionar: A quem interessa o processo de globalização como ela aí está inserida em nossa sociedade? Que Educação/Matemática pode nascer de um processo globalizador que se expande em função da eliminação daqueles que marginalizados pelo sistema econômico, foram convidados a se retirar da escola e não servem mais como os indivíduos-consumidorespadrão de um sistema que comodifica tudo aquilo que anda ou respira? Que sociedade “humana” espera-se consolidar nos próximos anos, levando em conta a crescente guetorização de uma massa cada vez maior de excluídos pela lógica do Capital? REFERÊNCIAS Apple, M. Educação e Poder. DP&A Editora-Rio de Janeiro: 2005. Bauman.Z. Globalização: as consequências humanas. Rio de Janeiro:Ed. Jorge Zahar:1998. Bourdieu, P. Homo Economicus. Stanford: StanfordUniversity Press: 1988. Castel, R.As metamorfoses na questão social. Ed. Vozes:Petrópolis:1998. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA Ball, S. Class Strategies and the Education Market.London: RoutledgeFlamer: 2003. 57 ____________. Ideologia e Currículo. DP&AEditora - Rio de Janeiro: 2004. XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Castells, M. A teoria marxista das crises econômicas e as transformações do capitalismo. Paz e Terra: Rio de Janeiro: 1999. D’Ambrósio, U. Educação para uma sociedade em transição. Papirus: Campinas: 1999. Demo. P. Educação e Desenvolvimento.Autores Associados: Campinas: 1998. Dowbor, L.Desafios da Globalização. Vozes: Petrópolis: 1997. Freire, P.Pedagogia do Oprimido. Paz e Terra: São Paulo: 1980. Habermas, J. Conhecimento e interesses humanos. Cortez Editora: São Paulo: 1971. Jessop,B. O futuro do estado capitalista. DP&A Editora – Rio de Janeiro: 2002. Katz, M. O preço do cidadão. Ed. Record. Rio de Janeiro: 2001 Leys.C. Market-driven politics : Neoliberal democracy and the Public Interest. New York: Verso: 2003. Mèszarós, I.O desafio e o Fardo do tempo histórico.Boitempo Editorial: São Paulo: 2008. PÁGINA 58 McLaren, P.Traumas do capital: pedagogia, política e práxis no mercado global. In: A escola cidadã no contexto da globalização. Ed. Vozes: Petrópolis: 1998. VOLTAR 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA ¿POR QUÉ ATENDER A LA DIMENSIÓN EMOCIONAL EN LA FORMACIÓN DEL PROFESORADO DE MATEMÁTICAS? Mtro. Jorge Ávila Contreras U. Católica Silva Henríquez, Programa de Doctorado U. de Los Lagos, Chile [email protected] Superior, Formación de profesores RESUMEN En esta presentación se busca problematizar respecto de la importancia del estudio de las emociones en los contextos de formación inicial del profesorado de matemáticas y del quehacer matemático educativo. Adscribiendo a una mirada compleja de la racionalidad del ser humano, se relacionan diversas visiones del estudio de las emociones con fenómenos que concurren en escenarios de aprendizajes matemáticos, tales como, emergencia de resistencias y distinciones emocionales acerca del saber matemático escolar, de las situaciones de enseñanza y de la diada estudiante/docente. Palabras clave: Emocionalidad en matemáticas, racionalidad, pensamiento complejo. TRABAJO 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA En el microsistema de aula, en nuestra labor como matemáticos educativos, en nuestro quehacer cotidiano de padres, hermanos, hijos, seres envueltos en interminables aprendizajes, seguramente no nos resulte difícil traer en este momento uno que otro episodio (o muchos) en los cuales por nuestras venas, razón, corazón, sentir, concurren y discurren inevitablemente esos bucles de complejidad. En el sentido de Morín, ésta se describe como un “tejido de eventos, acciones, interacciones, retroacciones, determinaciones, azares, que constituyen nuestro mundo fenoménico (…) se presenta [la 59 A modo de introducción considero relevante recordar que en 1999 el filósofo contemporáneo Edgar Morín expresa sus ideas acerca de los requerimientos de la educación para el siglo XXI. Este pensador refiere a problemas esenciales de los cuales debiese hacerse cargo la educación en este nuevo milenio. Destaca entre otros, a la condición humana, distinguiendo que lo humano es y se desarrolla en bucles, como los de cerebromente-cultura; razón-afecto-impulso o individuo-sociedad-especie. Así, todo desarrollo verdaderamente humano –plantea Morín– significa comprender al hombre como conjunto de todos estos bucles y a la humanidad como una y diversa. XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA complejidad] con los rasgos inquietantes de lo enredado, de lo inextricable, del desorden, la ambigüedad, la incertidumbre” (Morin, 1990, p. 32). De manera particular, cabe preguntarse y se torna relevante atender al cómo ingresar, y de qué manera contribuye el hacerlo, a esta multidimensionalidad del ser humano complejo, dado que como docente, estudiante o investigador, se está en las fronteras (o al centro) del huracán, desde el rol (roles) específico del ámbito matemático educativo en que uno se encuentre, variablemente, en diversos momentos y situaciones. Un accionar docente que no presta atención a lo que ocurre con esos bucles, priva al profesorado de conocer y, por ende, de tener en consideración para sus diseños didácticos, aspectos como los relevados, los cuales pueden favorecer, orientar u obstaculizar entendimientos y vivencias que el estudiantado pone en juego cuando se involucra en sus experiencias de aprendizaje. En la práctica educativa el quehacer pedagógico muchas veces se naturaliza en términos de lo “que ya sabemos hacer” y con ello se logra poca visión de este tipo de complejidades. Actualmente la concepción de lo que es un ser humano cambió, de comprenderlo sólo como un ser racional, cosa de inicios del siglo pasado, a comprenderlo como ser racional y emocional. Somos emocionales no en oposición a la racionalidad sino en complemento (Casassus, 2007). La emocionalidad también se entiende como un concepto complejo, de múltiples dimensiones e imbricado a la actividad humana. De acuerdo a Mora y Martin (2010), involucra dimensiones tales como la fisiológica, lo social, lo lingüístico, etc. Tres paradigmas aglutinan gran parte de las múltiples perspectivas desde las cuales es factible abordar su estudio, a saber, el biológico-evolutivo, el socio-cultural y el cognitivo. (Op. cit, s.p.). PÁGINA 60 Desde la perspectiva del constructivismo social, nuestra naturaleza humana es vivir en interacción, en conexión con otros, puesto que estamos en nuestro origen unidos y fusionados. El establecimiento de vínculos es esencial para la vida pero a la vez necesitamos desarrollar autonomía, para diferenciarnos y reconocernos como seres únicos. (Casassus, 2007). Cuando interactuamos con otras personas, esta interacción está bajo la influencia de las emociones en la cual se encuentran las personas que interactúan. Lo frecuente es que no estemos conscientes de las emociones que están de soporte de dicha interacción, lo cual no significa que las emociones sean marginales. Al contrario “las acciones que se desprenden de los juicios que formulamos, así como los juicios mismos, dependen tanto de la cognición como de la emoción. Además de la influencia en cada una de las personas que interactúan, la calidad de los juicios que formulamos acerca de las otras personas con las cuales interactuamos está influenciada por las emociones que existen entre esas personas” (Op. Cit., p. 142). No obstante estos replanteamientos respecto de ser humano, es importante reconocer (y reconocerse) que en el ámbito de la investigación educativa, durante el siglo XX, escaseó el atender al estudio de las emociones. Según Pekrun (2005; citado en Rebollo y Hornillo, 2010) la excepción se da principalmente en dos áreas: el estudio de la ansiedad relacionada con la evaluación y el rendimiento y, por otra parte, el de la relación entre emoción y motivación considerando el éxito y fracaso académico. En lo atingente a la docencia en matemáticas, un referente conocido es Gómez-Chacón (2003) quien sostiene que en lugar 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA de restringir los estudios de actitudes hacia la matemática y las reacciones emocionales a situaciones de laboratorio, niveles de sujeto o de aula, éstos debiesen considerar la realidad social que produce las reacciones y el contexto sociocultural. Así, a la luz de los desafíos que nos antepone la complejidad, resulta insoslayable profundizar y desarrollar estudios con una mirada multidireccional que atienda a la dimensión emocional, en aristas ligadas a los intereses matemáticos educativos. En la formación de profesorado de matemáticas, esto debiese cobrar mayor trascendencia aún, a fin de contribuir a desmovilizar cegueras de conocimiento (Morín, 1999) y racionalidades tradicionales, impregnadas fuertemente aún en lo educativo. REFERENCIAS Casassus, J. (2007). La educación del ser emocional. Chile: Editorial Cuarto Propio. Gómez-Chacón, M. (2003). La tarea intelectual en matemáticas: afecto, meta-afecto y sistemas de creencias. En: Boletín de la Asociación Matemática Venezolana, Vol. X, No 2. Venezuela. Hargreaves, A. et al. (2001). Aprender a cambiar. La enseñanza más allá de las materias. Barcelona: Octaedro. Mora, J. y Martín, M. (2010). Análisis comparativo de los principales paradigmas en el estudio de la emoción humana. En: Revista electrónica de motivación y emoción, REME. Vol. XIII, N° 34, s.p. Universitat Jaume, España. Morin, E. (1999). Los siete saberes necesarios para la educación del futuro. Obtenido en noviembre 20, 2004, de http://www.complejidad.org/27-7sabesp.pdf Morin, E. (1990). Introducción al pensamiento complejo. México: Editorial Gedisa. Najmanovich, D. (2001). El sujeto encarnado: Limites devenir e incompletud. En: O Sujeito Encarnado. Questões para pesquisa no/do cotidiano. DP&A, Editora. Brasil. PÁGINA 61 Rebollo, M. y Hornillo, I. (2010). Perspectiva emocional en la construcción de la identidad en contextos educativos: discursos y conflictos emocionales. En: Revista de Educación, pp. 235-263. Madrid, España. VOLTAR 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA A MODELAGEM MATEMÁTICA NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA: OLHARES MÚLTIPLOS E COMPLEXOS Dionísio Burak Universidade Estadual do Centro-Oeste, UNICENTRO- Guarapuava, Paraná-Brasil Universidade Estadual de Ponta grossa, UEPG, Ponta Grossa, Paraná-Brasil E-mail: [email protected] Nível: A; B; I – Categoria: Modelagem Matemática RESUMO Esta conferência aborda aspectos da Modelagem Matemática no ensino de Matemática no contexto da Educação Matemática, e, busca trazer elementos à questão: Qual a importância para o ensino e a aprendizagem da Matemática, na Educação Básica: trabalhar a Modelagem Matemática na perspectiva da Educação Matemática? Ainda, traz elementos que configuram a natureza da Educação Matemática, a partir do modelo do tetraedro de Higginson. A forma de conceber a Modelagem reflete o percurso realizado por Burak e, ensejou a adoção de princípios para o seu desenvolvimento, que justificam os procedimentos adotados no encaminhamento do trabalho com a Modelagem em sala de aula. Palavras–Chave: Educação Matemática – Modelagem Matemática – Ensino e Aprendizagem. TRABALHO PÁGINA 62 Educação Matemática – Uma Perspectiva Há aproximadamente quatro décadas, a Educação Matemática vem procurando se firmar, seja como uma disciplina, como um campo profissional ou científico. Acerca dessas discussões, na intenção de definir a Educação Matemática, Rius (1989) diz que, primeiramente, se deveria dizer que ela é uma disciplina nova. As dificuldades de compreensão começam pelas variações culturais, como por exemplo, na literatura em Língua Inglesa, o termo “mathematics educators”, engloba todos aqueles cujo fazer tem a ver com o ensino e a aprendizagem de matemática e também, os professores que até há pouco tempo não compartilhavam desse termo. Esses eram professores formadores de professores ou então matemáticos interessados na Educação, conforme (Ghiffiths, H.B. & Howson, G.1974) citado por Rius (1989). Para a autora, não há um ponto de vista único, 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA senão, diversos intentos para explicar a natureza da disciplina, isto é, cada um tem um enfoque distinto e põe ênfase sob um aspecto particular. Apesar das diferenças entre os enfoques distintos, é possível, segundo (Wain, G.T. 1978) em Rius (1989), que todos coincidam em considerar a Educação Matemática como uma atividade operacional fundamentada em uma variedade de áreas de estudo e cujo objetivo, é a análise da comunicação em Matemática. Na perspectiva de avanços da natureza da disciplina, surge o chamado “modelo do tetraedro”, desenvolvido por Higginson (1980), citado por Rius (1989). Esse modelo proporciona um marco de referência mais amplo e sólido para a explicitação das áreas de estudos citadas por Wain. Para Higginson, a Educação Matemática pode ser descrita como o modelo cuja imagem seria de um tetraedro denominado MAPS, no qual M = Matemática; A = Filosofia; P = Psicologia; e S = Sociologia. M A P S Figura 1 Cada disciplina corresponde a uma face do tetraedro. Para Higginson, estas disciplinas são necessárias e suficientes para definir a natureza da Educação Matemática (RIUS, 1989, p.30). 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA Para Higginson, em documento mimeografado, citado por Rius (1989) “Há áreas específicas do trabalho acadêmico que podem ser identificadas como resultado de instâncias interativas; por exemplo, a aresta PS, representa a área onde se entrecruzam os interesses da Psicologia e da Sociologia” (p. 35). De forma análoga, MP, representa a área de interesse da Matemática e da Psicologia, MAP, à área em que confluem os interesses da Matemática, Filosofia e Psicologia. 63 A partir das perguntas: “O que?”, “Quando?”, “Como?”, “Onde?”, “Quem?” e “Por quê?, se torna possível mostrar que o modelo é fechado. Usando tal modelo, pode-se concluir que a resposta à pergunta “o que?”, corresponde basicamente à dimensão da Matemática; “por quê?, à dimensão da Filosofia; “quem? e onde?”, à Sociologia e “quando?” e “como?”, à Psicologia. XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Os diversos temas presentes nos eventos de Educação Matemática, sob a forma de conferência, mesas redondas, painéis, apresentações orais, dão-nos uma mostra da importância da perspectiva de Higginson, quando vemos temas tais como: Matemática e Sociedade; Currículos de Matemática, Avaliação em Matemática e Modelagem Matemática. A Educação Matemática, já na visão de Higginson, estava se desenvolvendo e, isto tem dado lugar a um processo dinâmico, significando que a Educação Matemática não pode ver-se como entidade estática. Essa visão de Higginson, segundo Rius (1989 a) de que o tempo e sua própria evolução histórica, em que cada concepção e contribuições às discussões dos seus fundamentos são resultantes do tempo em que foi produzida e, das preocupações específicas do momento, ensejariam contribuições de outras áreas. O modelo de Higginson é, pois, uma interpretação da educação matemática que a história dela mesma pode tornar-se um dia, obsoleta. PÁGINA 64 No decorrer das últimas décadas ao acompanharmos as mudanças no âmbito da educação de modo geral, constatamos a criação de outros eixos que podem contribuir com a Educação Matemática: A Antropologia é uma área do conhecimento que a cada dia contribui mais com a Educação Matemática. Para Rius, (1989), o método da observação participante do qual se valem os antropólogos para estudar uma comunidade é hoje em dia, de grande importância para os professores, em todos os níveis de ensino, para o estudo da dinâmica da sala de aula. Outras áreas do conhecimento que constituem uma grande contribuição à Educação Matemática são: a Linguística, a Língua Materna e a História da Matemática entre outras, pois tanto a linguagem matemática como a linguagem utilizada para fazer o discurso e a comunicação em sala de aula constituem-se importantes instrumentos para possibilitar reflexões. Ainda, se voltarmos nosso olhar para o componente P (Psicologia), do tetraedro, podemos ver atualmente o avanço no campo da Psicologia. Como diz o próprio Higginson, a Educação Matemática é dinâmica e as mudanças pela própria evolução nos diversos campos do conhecimento, os estudos e pesquisas nas áreas de seus componentes, alteram e dão nova conformação ao curso da Educação Matemática. Assim, o componente P da Psicologia que na época de 1960 e 1970, eram de ordem comportamental ou aquelas promovidas pela raiz da taxonomia de Bloom, deram atualmente, em parte, lugar às teorias do campo cognitivo, tendo como precursores: Piaget, Vygotsky, Ausubel e Bruner. Também, outras componentes tiveram avanços ao longo das últimas décadas, como a própria Sociologia. Dos novos estudos e das necessidades que se fazem presentes no âmbito de uma dinâmica para o desenvolvimento e, também, com o surgimento de outras áreas que com ela também contribuem, a estrutura interna da Educação Matemática se modificou. Isso em grande parte, pode ser atribuído à mudança de paradigma ou à presença de um paradigma emergente, apregoado desde a metade da década de 1985, conforme Santos (2006). A figura a seguir, que busca representar momentaneamente essa configuração da EM, está em Burak e Klüber (2008). 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Figura 2 Nesta configuração, a Matemática interage com as diferentes áreas do conhecimento possibilitando um entendimento de que ela é a ‘adjetivação’, ficando a ‘substantivação’ para a Educação. É nessa perspectiva que a Educação Matemática está sendo concebida nesse trabalho. Uma área híbrida pode emergir isso, quer dizer que, quando fazemos educação, fazemos em relação a algo e, esse objeto tem suas particularidades que precisam ser levadas em consideração, entretanto, o próprio entendimento sobre ele se modifica de certa forma alterando, também, o objeto. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA Ao tratar sobre as práticas sociais em Educação Matemática, Miguel (2004), afirma: “Só se podem conceber tanto a Matemática, a Educação e a Educação Matemática como práticas sociais, ou seja, atividades realizadas por um conjunto de indivíduos que produzem e, não unicamente, como um conjunto de conhecimentos produzidos por um indivíduo em suas atividades” (p. 82). 65 Ao considerarmos que não deve haver descontinuidade entre o processo de produção e o de socialização de conhecimentos, então, o recomendável, segundo Fiorentini e Lorenzato (2006), é “promover a aproximação entre o matemático e o educador matemático, de modo que conteúdo e forma (método) não se constituam em entidades dicotômicas” (p. 13). Embora, considerando não ser esse um empreendimento fácil, dada a natureza da Educação Matemática, que mantém interfaces com a maioria das Ciências Sociais e, também, porque para Kilpatrick (1996) “os educadores matemáticos e os matemáticos têm orientações e visão diferente, seja em relação à pesquisa, quanto em relação à organização curricular e acadêmica” (p.118). E, para concluir, têm concepções diferentes de educação, ensino, aprendizagem e do próprio objeto de estudo. XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Dessa forma, não se compreende essas áreas exclusivamente como um conjunto de conhecimentos ou resultados, “como produto sem produtores e sem atividades produtivas, ou então como conjunto de conhecimentos em si, desligados ou abstraídos das práticas sociais no interior das quais eles foram e vêm sendo produzidos” (MIGUEL, 2004, p. 82). Feitas as considerações sobre a perspectiva de Educação Matemática assumida neste trabalho, será esclarecida na seqüência, a concepção de Modelagem desenvolvida por Burak (1987, 1992, 1998, 2004 e 2006). A Modelagem Matemática na perspectiva da Educação Matemática A Modelagem Matemática, na perspectiva da Educação Matemática, busca manter-se em estreita harmonia com as visões apresentadas, especialmente àquela que concebe a matemática como um instrumento importante à formação do jovem estudante em nível da Educação Básica e modalidades desse nível de escolaridade. “A Modelagem Matemática constitui-se em um conjunto de procedimentos, cujo objetivo, é estabelecer um paralelo para tentar explicar matematicamente, os fenômenos presentes no cotidiano do ser humano, ajudando-o a fazer predições e a tomar decisões” Burak (1992, p.62). A Modelagem Matemática, como uma prática educativa para o ensino de Matemática, pressupõe, segundo Burak (1992), alguns princípios para a sua adoção: 1) partir do interesse do grupo de pessoas envolvidas; e 2) obter as informações e os dados no ambiente onde se localiza o interesse do grupo. Na perspectiva do encaminhamento em sala de aula, Burak (2004), propõe o desenvolvimento da Modelagem Matemática em 5 (cinco) etapas: 1. escolha do tema; 2. pesquisa exploratória; 3.levantamento do(s) problema(s); 4.solução do(s) problema(s) e o desenvolvimento da matemática relacionada ao tema; 5.análise crítica da (s) solução (ões). PÁGINA 66 1. Escolha do tema A Modelagem Matemática parte de temas propostos pelo grupo, constituído por 3 ou 4 participantes, ou pelos vários grupos de alunos. Os temas envolvem brincadeiras, esportes, atividades industriais, econômicas e comerciais, prestação de serviços e outros de interesse do grupo ou dos grupos. 2. Pesquisa exploratória Esta etapa da Modelagem se configura como importante para o desenvolvimento no grupo ou nos grupos, da experiência de campo, ajudando a formar um comportamento mais 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA atento, mais sensível e mais crítico, atributos importantes na formação de uma postura investigativa. Também, parte da premissa que não se pode intervir, de forma adequada, numa realidade que não se conhece. Assim, ao trabalhar um tema, procura-se conhecer as várias dimensões ou aspectos que compõem essa realidade. Por exemplo, ao se trabalhar o tema “indústria cerâmica”, procura-se conhecer várias dimensões que constituem essa realidade, sejam elas políticas, sociais, econômicas, estruturais entre outras. Os dados coletados são de natureza qualitativa e quantitativa. 3. Levantamento do (s) problema (s) O levantamento do(s) problema (s) constitui a terceira etapa do método da Modelagem. Dáse a partir dos dados coletados na etapa da pesquisa exploratória. A ação investigativa ao traduzir em dados quantitativos algumas observações, pois grande parte dos dados é descritiva, confere nova conotação aos dados numéricos obtidos, possibilitando a discussão e o estabelecimento de relações que contribuem para o desenvolvimento do pensamento lógico e coerente. Na Modelagem Matemática, os problemas apresentam características distintas dos problemas apresentados pela maioria dos livros textos, pois são levantados a partir da coleta dos dados. • São elaborados a partir dos dados coletados na pesquisa de campo; • Possuem, geralmente, caráter genérico; • Estimulam a busca e a organização dos dados; • Favorecem a compreensão mais geral de uma determinada situação. Eesse momento atribui à Modelagem Matemática a etapa em que se faz uso de todas as ferramentas matemáticas disponíveis. Na resolução de um problema ou de uma situaçãoproblema, os conteúdos matemáticos ganham importância e significado. As operações, as propriedades, e os diversos campos da matemática que se fazem presentes nessa etapa, sem dúvida, atribuem significados aos conteúdos matemáticos. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA Constitui a quarta etapa da Modelagem e trata da resolução dos problemas. O(s) problema(s) levantado(s) determinará (ão) o(s) conteúdo(s) a ser (em) trabalhado(s). Partindo, ainda, do contexto do tema, podem ser desenvolvidos vários conteúdos matemáticos provenientes dos dados coletados e a partir das hipóteses levantadas pelo professor ou pelo(s) grupo(s). 67 4. Resolução dos problemas e o desenvolvimento do conteúdo matemático no contexto do tema XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Pode acontecer que para a resolução de um problema, o conteúdo necessário à sua resolução, ainda que não tenha sido trabalhado pelo aluno, então, é um momento importante para que o professor na condição de mediador favoreça ao estudante a construção desse conhecimento. 5. Análise crítica da (s) solução (ões) Esta etapa da Modelagem é um momento muito rico e especial para analisar e discutir a solução ou as soluções encontradas. É um momento em que se fazem as considerações e análise das hipóteses, consideradas na etapa de levantamento dos problemas. Possibilita tanto o aprofundamento de aspectos matemáticos como dos aspectos não matemáticos envolvidos no tema. Sob o aspecto da matemática, pode-se analisar a coerência e a consistência lógica da solução ou das soluções encontradas. É uma etapa em que se discute com o grupo ou os cuidados com a linguagem, com as restrições que se fazem necessárias em muitas ocasiões. Tão importante quanto trabalhar os aspectos matemáticos das situações, os aspectos não matemáticos se revestem da mesma importância, pois, consideramos que são formadores de valores e de atitudes que são permanentes, pois nessa fase de sua formação, esses valores são desenvolvidos e incorporados. PÁGINA 68 Perspectivas para o Ensino de Matemática na Educação Básica Os encaminhamentos dados ao desenvolvimento da Modelagem Matemática em sala de aula, tendo como princípios: o interesse do grupo de pessoas envolvidas e a obtenção dos dados no ambiente onde se localiza o interesse do grupo têm como pressupostos: 1) O interesse que é entendido como ponto de partida para o desenvolvimento de qualquer atividade humana, neste caso, particularmente, permitiu que a Modelagem Matemática encontrasse nos pressupostos da teoria cognitivista, argumentos que o consolidam como gerador de atitudes de motivação, portanto, como princípio sustentador dos procedimentos metodológicos adotados; 2) Na forma usual, o processo de ensino é deflagrado pelo professor, na Modelagem Matemática o processo é compartilhado com o grupo de alunos, pois sua motivação advém do interesse pelo assunto; 3) A obtenção dos dados onde se localiza o interesse do grupo, desperta maior entusiasmo para a atividade, promove a discussão sobre os aspectos a serem pesquisados, favorece um olhar mais atento à situação a ser estudada e, constitui-se em uma atividade formativa; 4) O método etnográfico tem despertado o interesse dos pesquisadores na área de Educação, por se tratar de uma metodologia qualitativa que favorece a abordagem mais completa dos fenômenos. Para Wolcott (1975), citado por Ludke (1986), “o uso da etnografia em Educação deve envolver uma preocupação de pensar o ensino e a aprendizagem no âmbito de um contexto cultural mais amplo” (p.15). Na forma concebida para a Modelagem Matemática, parece haver plena harmonização com o Método Etnográfico, quando favorece a oportunidade de contatos diversos com pessoas ou grupo de pessoas e outras possibilidades de interação entre a Matemática e os seus 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA diversos campos: Números e Operações, Grandezas e Medidas, Álgebra, Geometria e Tratamento da Informação e outras áreas do conhecimento. Essa forma de pensar o ensino de Matemática carrega consigo a concepção de uma Matemática não restrita ao seu próprio contexto, mas, uma Matemática construída na interação do educando com o mundo, uma Matemática com história. Daí, decorre aspectos importantes a serem destacados: a) Maior interesse do (s) grupo(s) O fato de o grupo compartilhar o processo de ensino, isto é, escolher àquilo que gostaria de estudar, ter oportunidade de se manifestar, de discutir e propor, proporciona maior interesse de cada grupo e dos grupos envolvidos. b) Interação maior no processo de ensino e aprendizagem Para a aprendizagem, o procedimento gerado a partir do interesse do grupo ou dos grupos, parece resultar em ganho, pois, os grupos de alunos trabalham com aquilo que gostam, aquilo que para eles apresenta significado, e por isso tornam-se co-responsáveis pela aprendizagem. Nessa perspectiva, o ensino de Matemática torna-se mais dinâmico, mais vivo e, em conseqüência, mais significativo para o aluno e para o grupo. Contribui para tornar mais intensa, mais eficiente e mais eficaz a construção do conhecimento por parte de cada aluno participante do grupo, do próprio grupo ou dos grupos e do professor, sobre determinado conteúdo, a partir do conhecimento que cada aluno ou o grupo já possui sobre o assunto. Isso confere maiores significados ao contexto, permitindo e favorecendo o estabelecimento de relações interdisciplinares. Há ainda, a possibilidade de uma dinâmica maior no ensino, pela ação e o envolvimento do próprio grupo na perspectiva da busca do conhecimento e para a socialização desse conhecimento dentro do grupo. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA Na perspectiva concebida para a Modelagem Matemática para o ensino de Matemática na Educação Básica, o papel do professor fica redefinido, pois este passa a se constituir no mediador entre o conhecimento matemático elaborado e o conhecimento do aluno ou do grupo. Isso se diferencia do ensino usual em que, na maioria das vezes, o professor, é o centro do processo. O fato de compartilhar o processo de ensino denota uma nova postura do professor. O professor se torna um aprendiz juntamente com os alunos, há um EducadorEducando e um Educando - Educador (FREIRE, 2004). 69 c) Demonstração de uma forma diferenciada de conceber a educação, o ensino e a aprendizagem e a adoção de uma nova postura do professor XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA d) A ruptura com o currículo vigente Na Modelagem, o conteúdo matemático a ser trabalhado é determinado pelos problemas levantados em decorrência da pesquisa de campo. No ensino usual ocorre o contrário. O conteúdo estabelecido no programa é que determina o tipo de problema a ser trabalhado. De um modo geral, as escolas que adotam material em forma de apostilas, ou mesmo livro texto, têm os planejamentos em função dos conteúdos apresentados nesses materiais. Assim, os problemas ficam em função do conteúdo trabalhado. Entretanto, essa forma diferenciada de trabalho, via Modelagem, pode se constituir em motivo de preocupação entre os professores. Na maioria das escolas é necessário compatibilizar o conteúdo estabelecido no currículo, que se apresenta de forma linear ou no planejamento para determinada série. Esta forma entra em conflito com a proposta da Modelagem assumida que preconiza o problema como determinante do conteúdo. e) As Diretrizes Curriculares e a Modelagem Matemática As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental instituída pela resolução 98/CNE, que organizam as áreas do conhecimento, apontam de que forma o aprendizado de Ciências e Matemática, iniciado no Ensino Fundamental, deve encontrar complementação e aprofundamentos no Ensino Médio. Acenam, ainda, para o ensino interdisciplinar do aprendizado científico e, enfatizam o desenvolvimento do currículo de forma orgânica, superando a visão disciplinar estanque e revigorando a integração e a articulação dos conhecimentos, num processo permanente de interdisciplinaridade e transdisciplinaridade. Tem sido tendência atual, em todos os níveis de ensino, principalmente nos níveis Fundamental e Médio, analisar a realidade de forma segmentada, sem desenvolver a compreensão dos múltiplos aspectos que se interpenetram e conformam determinados fenômenos. Para essa visão segmentada, contribui sobremaneira, o enfoque meramente disciplinar, que na nova proposta de reforma curricular, pretende-se ver superado pela perspectiva interdisciplinar e pela contextualização dos conhecimentos. PÁGINA 70 Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais, na perspectiva escolar, a interdisciplinaridade não tem a pretensão de criar novas disciplinas ou novos saberes, mas, de utilizar os conhecimentos das várias disciplinas para resolver um problema concreto ou compreender um determinado fenômeno sob diferentes pontos de vista. A adoção da Modelagem Matemática, para o ensino de Matemática, na Educação Básica, pretende contribuir para que, gradativamente, se vá superando o tratamento estanque e compartimentalizado que tem caracterizado o seu ensino. A Modelagem favorece o enfoque interdisciplinar e transdisciplinar no desenvolvimento de um tema, como exemplo, no tema, Comércio Alimentício; abre-se a perspectiva para o trabalho com outras áreas do conhecimento, dentre elas: Geografia Econômica, Ciências da Saúde, História, Ciências Contábeis, Administração, além de promover a articulação entre os vários campos da própria Matemática: Números e Operações, Álgebra, Geometria, Grandezas e Medidas e o Tratamento da Informação. Contribui ainda, para o desenvolvimento de competências 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA complexas tais como: observar, explorar e investigar; estabelecer relações, classificar e generalizar; argumentar, tomar decisões e criticar; conjecturar e provar, utilizar a imaginação e a criatividade, dentre outras. Na Modelagem Matemática, um mesmo conteúdo pode se repetir várias vezes no transcorrer das várias atividades e em momentos e situações distintas. A oportunidade de um mesmo conteúdo poder ser tratado diversas vezes, no contexto de um tema e em situações distintas, que favorece a compreensão das idéias fundamentais e pode contribuir de forma significativa para a percepção da importância da Matemática no cotidiano da vida de cada cidadão, seja ele ou não um matemático. f) A indissociabilidade entre ensino e pesquisa na Modelagem Matemática A Modelagem enseja, de forma natural e indissociável, o ensino e a pesquisa, pois, ao trabalhar com temas diversos, de livre escolha do grupo ou dos grupos, favorece a ação investigativa como forma de conhecer, compreender e atuar naquela realidade. Essas dimensões são levantadas na pesquisa de campo, na fase que denominamos pesquisa exploratória. A coleta dos dados e informações oferece elementos, também, à análise qualitativa e, favorecem as constatações que, por sua vez, geram necessidade de outras ações investigativas. O ato investigativo é assumido, nos termos explicitados por Demo (1991), ou seja, como princípio científico e educativo. Segundo esse autor, a pesquisa assim concebida, faz parte de um processo emancipatório, construindo um sujeito histórico, autocrítico, crítico, participante, tornando-se “[...] capaz de reagir contra a situação de objeto e de não cultivar os outros como objeto.” (DEMO, 1991, p. 42). A contextualização evoca áreas, âmbitos ou dimensões presentes na vida pessoal, social e cultural e mobiliza competências cognitivas. Conforme Morin (s/d), quando há contextualização, consegue-se unir à parte ao todo e o todo à parte, não somando partes para compor o todo, mas adquirindo uma relação de interdependência das partes com o todo e vice-versa. Dessa maneira, evita-se a excessiva 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA A Modelagem Matemática, ao propor o trabalho de forma contextualizada, encontra respaldo nas Diretrizes Curriculares Nacionais, quando preconiza essa forma de tratar o conhecimento e se constitui em um recurso que a escola possui para retirar o aluno da condição de espectador passivo. Essa forma de tratamento do conhecimento pode favorecer que, ao longo da transposição didática, o conteúdo de ensino conduza a aprendizagens significativas que mobilizem o educando ou o grupo a estabelecer entre ele e o objeto do conhecimento uma relação de reciprocidade. 71 g) A Modelagem Matemática e a contextualização XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA especialização que separa os conteúdos e o conhecimento do seu significado que é enraizado no contexto em que foi produzido. Ainda, em acordo com Morin, quando não há a contextualização, privilegiam-se, apenas, a abstração matemática e ocorre uma cisão com o concreto, dando ênfase àquilo que é calculável e passível de formalização. Pela contextualização, consegue-se abranger a multidimensionalidade dos fenômenos estudados. Mais, especificamente, na Educação Matemática, Moysés (1997) diz que o contexto “[...] permite que não se perca o fio condutor ao se resolver um problema de matemática” (p. 68). Por isso, mantém o sentido do todo e das operações mentais que são particulares. Assim, através do contexto, o educando está mais apto a resolver um problema adequadamente e, também, utilizá-lo em novas situações de sua vida. Considerações Na perspectiva assumida, a Modelagem Matemática se mostra diferenciada para o ensino de Matemática na Educação Básica, pois, evoca olhares múltiplos e complexos. Esses olhares se agregam a uma visão ampla de Educação, de sujeito e, clareza do objeto de estudo, conduzindo a pensar a multidimensionalidade que se faz presente na escola, com uma visão de mundo, de sujeito, de conhecimento, de sociedade. Isto não seria possível sem uma clara compreensão acerca da natureza da Educação Matemática. Por isso, essa forma de conceber a Modelagem pode torná-la mais próxima das expectativas dos estudantes, pois procura favorecer a interação com os múltiplos aspectos que constituem uma prática educativa e, porque parte inicialmente dos problemas e situações do cotidiano do educando. Portanto, quando o educando vê sentido naquilo que estuda, em função da satisfação das suas necessidades e dos seus interesses, da realização dos seus objetivos, não haverá desinteresse, pois trabalha com entusiasmo e perseverança. Esse interesse é importante, porque dá início à formação de atitudes positivas em relação à Matemática. É nessa perspectiva que a Modelagem Matemática, no contexto da Educação Matemática, se apresenta como uma prática diferenciada para o ensino de Matemática na Educação Básica, tendo em vista buscar também uma aprendizagem diferenciada. PÁGINA 72 REFERÊNCIAS BURAK, D. Modelagem matemática: ações e interações no processo de ensinoaprendizagem. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1992. BURAK, D. A modelagem matemática e a sala de aula. In: – I EPMEM – Anais I Encontro Paranaense de Modelagem em Educação Matemática, 2004, Londrina, PR, 2004. BURAK, D. Modelagem Matemática: avanços, problemas e desafios. In: II EPMEM – Anais II Encontro Paranaense de Modelagem em Educação Matemática, 2006, Apucarana, PR. Modelagem Matemática: Práticas, Críticas e Perspectivas de Modelagem na Educação Matemática, 2006. p. 1-9. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA BURAK, D.; KLÜBER, T. E.. Modelagem Matemática na educação básica numa perspectiva de Educação Matemática. In: BURAK, D.; PACHECO, E. R.; KLÜBER, T. E. Org(s). Educação Matemática: reflexões e ações. Curitiba: Editora CRV, 2010, p.147-166. DEMO, P. Pesquisa: princípio científico e educativo. São Paulo: Cortez/Autores Associados, 1991. FIORENTINI, D; LORENZZATO, S. Investigação em educação matemática: percursos teóricos e metodológicos. Campinas, SP: Autores Associados, 2006. FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 17ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2004 KILPATRICK, J. Ficando estacas: uma tentativa de demarcar a EM como campo Profissional e científico. Zetetiké, Campinas: CEMPEM- FE - Unicamp, v.4, n.5, p.99-120, jan-jun, 1996. LÜDKE, M; ANDRÉ, M.E.D. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986. MIGUEL, A (et al). A educação matemática: breve histórico, ações implementadas e questões sobre sua disciplinarização. In: Revista Brasileira de Educação, n. 27, p. 70-93, set/out/nov/dez. 2004. MORIN, E. Da necessidade de um pensamento complexo. Tradução: Juremir Machado da Silva. (s/d) Disponível em http://geccom.incubadora.fapesp.br/portal/tarefas/projetos-emmultimeios-i-e-ii-puc-sp/textos-uteis/pensamentocomplexo.pdf, acesso em 07/02/07. MOYSÉS, L. Contextualizar a matemática: O grande desafio do professor. In: _________. Aplicações de Vygotsky à Educação Matemática. Campinas: Papirus, 1997. p. 65-73. (Coleção Magistério: formação e trabalho pedagógico). RIUS, B. E. La educación matemática: Reflexión sobre su naturaleza y sobre su metodologia. Educación Matemática, México: Iberoamérica, v.1, nº 2, p. 28-42, Agosto de 1989. PÁGINA 73 RIUS, B. E. La educación matemática: Reflexión sobre su naturaleza y sobre su metodología. Educación Matemática, México: Iberoamérica v.1, nº 3, p. 30 - 36, Diciembre de 1989. VOLTAR 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA UN MODELO DE FORMACIÓN DE EDUCADORES APLICANDO MODELAJE Y ACOMPAÑAMIENTO PEDAGÓGICO Claudia María Lara Galo Universidad Panamericana de Guatemala [email protected] Nivel superior: Formación docente RESUMEN La propuesta, que se está implementando en este momento, pretende resolver el problema generado por las capacitaciones dirigidas a docentes en servicio que no tienen el impacto deseado en el aula. Incluye modelaje y acompañamiento pedagógico para incidir directamente en las prácticas cotidianas de los maestros, en su actitud y en el cambio de calidad dentro de las aulas. Entre otros, se facilitan talleres lúdicos, se usa material concreto y actividades en equipo. Aprovechando un ambiente de TICs y con un acompañamiento pedagógico directo, hemos logrado resultados que fortalecen el modelo que podría ser aplicado en otros niveles y áreas. Palabras clave: formación de educadores, modelaje, acompañamiento pedagógico/coaching educativo PÁGINA 74 ANTECEDENTES Guatemala es un país multicultural, plurilingüe, de gran riqueza y belleza natural, con mucho potencial de desarrollo social y económico. La mayoría de su población es joven, menor de 30 años, vive en el área rural y tiene una expectativa de vida de 69 años –o poco más-. Según los reportes del Instituto Nacional de Estadística INE5 y los de la Secretaría de Planificación y Programación de la Presidencia (SEGEPLAN) así como reportes del Banco Mundial y otras entidades nacionales e internacionales, basándose en el acceso a vivienda, salud, educación, acceso al agua y otros, la mayoría de la población vive en pobreza y, mucha, en pobreza extrema sobretodo en el área rural. Estos son algunos indicadores socioeconómicos importantes del país6: “Indicadores socioeconómicos clave en Guatemala, 2000-2006 5 ENAVI, INE 2006 Guatemala. Consulta realizada en línea el 25 de marzo a las 10:00 am de 2011 en: http://www.ine.gob.gt/index.php/demografia-y-poblacion 6 A pesar de que existen estadísticas más recientes, estas son bastante actuales y muestran variaciones previas que dan un marco de información valioso. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Indicador 2006 y aumento desde 2000 PIB (millones de US$ a valor constante de 2000) $ 22,834 18% de aumento Pobreza total (a) 51.0% 9% de disminución Tasa neta de matrícula en primaria (a) Tasa neta de matrícula en secundaria (a) 86.4% 8% de aumento 44% de aumento 37.5% Proporción de mujeres vs. varones en educación primaria y secundaria 92.3% 4% de mejoría Esperanza de vida (años desde nacimiento) 69.9 Tasa mortalidad inf. (c/1,000 nacidos vivos) disminución Tasa mort. -5 años (muertes c/1,000 nac. vivos) 30.6 41.0 Tasa de fertilidad (partos por mujer) disminución Pobreza extrema (a) 15.2% 11% de Sin variación b $1,753 80.0% 22% de 22% de disminución 4.24 PIB per cápita (en US$ a valor const. de 2000) aumento Inmunización, DPT (% niños entre 12-23 meses) 3% de aumento 2.0% de 6 % de disminución.”7 Para lograr un desarrollo sostenible y prolongado, así como un crecimiento económico en una sociedad con valores, son necesarias acciones coherentes de los diversos sectores de la sociedad. Uno de ellos, ofrecer calidad en la educación, además de cobertura total, es indispensable. Para ello, se necesitan docentes preparados para formar futuros ciudadanos que puedan ser constructores de su futuro y de una mejor Guatemala. La Reforma Educativa, expresada en el Currículo Nacional Base CNB8 y que responde a los Acuerdos de Paz9, expone los niveles de calidad deseados para toda la nación. 7 Encuesta de hogares ENCOVI, INE; todos los otros: Indicadores de Desarrollo Mundial (IDM), Banco Mundial. Consulta realizada el 25 de marzo de 2011 a las 10.32 am. (b) El cambio de medio punto porcentual no es significativo estadísticamente 8 Consulta realizada en http://mineduc.gob.gt/portal/contenido/anuncios/politicasEducativas2008- el 24 de marzo de 2011 a las 9:02 pm 9 Acuerdos de paz de 1996 de Guatemala consultados en http://www.congreso.gob.gt/Docs/PAZ/Acuerdo%20de%20paz%20firme%20y%20duradera.pdf el 28 de marzo de 2011 a las 10:03 pm. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA 7 75 El Ministerio de Educación (MINEDUC) y las instituciones educativas de Guatemala pretenden fomentar la calidad de la educación y se han enfocado, según sugieren estudios XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA internacionales10 en fortalecer los procesos de comprensión lectora en el idioma materno y en español, así como las competencias matemáticas en todos los niveles pero, particularmente en los alumnos y alumnas de primaria -7 a 13 años de edad-. USAID11, la Agencia de los Estados Unidos de América para el Desarrollo Internacional, que se dedica a apoyar el desarrollo de los pueblos donde trabaja, seleccionó algunas áreas geográficas pobres que pueden beneficiarse de proyectos variados que apoyen el desarrollo integral de la región. En Educación, por medio del programa Reforma Educativa en el Aula – REAULA - se llevan a cabo diferentes propuestas en varias regiones del país, llamadas “zonas de oportunidad”. En estas áreas geográficas se apoya al MINEDUC en formación docente, implementación del modelo de Educación Bilingüe Intercultural, evaluación e investigación aplicada, desarrollo y validación de pruebas, implementación de programas que favorecen la lectura, etcétera. Entre las áreas seleccionadas, está el departamento de Jalapa, donde según reporte del Instituto Nacional de estadística INE 12 de Guatemala en 2006, más del 70 % de la población es pobre y de ese porcentaje, más del 30 % vive en extrema pobreza. Uno de los más recientes proyectos de USAID en educación consiste en un “Diplomado universitario en lectoescritura y matemáticas para la escuela primaria” de Jalapa. Dicho diplomado es acreditado y co organizado con la Universidad Panamericana UPANA. Pretende formar a los maestros de primaria de escuelas públicas de Jalapa en lectoescritura y matemáticas, con la intención de impactar las prácticas docentes para lograr estándares y competencias mínimas en ambas áreas en las niñas y niños egresados de primaria. El Diplomado para maestros en servicio involucra sesiones presenciales, trabajo en línea, acompañamiento en el aula, la formación de una comunidad de aprendizaje y otras formas de educación a distancia. El propósito más importante es incidir en las prácticas docentes e identificar las que SI facilitan el aprendizaje de la lectoescritura y matemáticas. Los instrumentos a diseñar y aplicar corresponden al área de matemáticas para la que se han propuesto tres indicadores que se observarán y en los que se espera mejoría en los maestros en servicio: 1. Conocimiento del contenido matemático, particularmente los conceptos y la comprensión. 2. Aplicación de la didáctica de las matemáticas en el aula y también en actividades de la comunidad. 3. Manifestación de actitudes positivas hacia las matemáticas y su conocimiento. PÁGINA 76 Por medio de los instrumentos se espera obtener datos para medir logros en las prácticas docentes y detectar posibilidades de mejora. 10 OCDE (2007) consultado en http://www.oecd.org/dataoecd/19/6/40043349.pdf el 28 de marzo de 2011 a las 10:07 pm. 11 United States Agency for International Development USAID. Ver http://www.usaid.gov/ 12 Encuesta de ENCOVI INE 2006 Guatemala 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA MARCO TEORICO Las inquietudes en cuanto a la mejor forma de enseñar matemáticas para que los estudiantes aprendan han sido estudiadas por diferentes académicos a lo largo de los años. En el presente capítulo se exponen las ideas de algunos especialistas y las sugerencias concretas que años de investigación en diferentes áreas (psicología cognitiva, pedagogía, didáctica, matemática educativa y otras) proponen como las mejores prácticas docentes en el área de matemáticas de primaria. 2.1 Prácticas docentes Los docentes realizan cotidianamente diferentes actividades. Deben planificar sus sesiones de clase en base a un currículo oficial, relacionarse con los alumnos y sus padres, asistir a reuniones con otros docentes, redactar informes, elaborar y aplicar pruebas, etcétera. Sin embargo, el centro de su actividad estará siempre en las sesiones de clase donde se lleva a cabo el proceso de enseñanza aprendizaje. Es en estas sesiones donde el docente intentará con regularidad ofrecer a los estudiantes todas las posibles oportunidades para que ellos logren un aprendizaje permanente. El DRAE13 define la práctica como “modo o método que particularmente observa alguien en sus operaciones” y también como “realizar ideas, planes, proyectos”; aparte, define el término docente como “perteneciente o relativo a la enseñanza”. Las prácticas docentes (en plural para distinguirlas del ejercicio de “práctica docente” que los estudiantes de magisterio realizan antes de graduarse), se pueden definir entonces como los métodos o formas que utilizan los maestros y maestras para facilitar (mejorar o inducir de mejor forma) el aprendizaje. Santoyo (2007)14, en una definición más actualizada, indica que las prácticas docentes son “el proceder del profesor promoviendo zonas de construcción para propiciar que el alumno se apropie de los saberes, impulsados por sus aportes y ayudas estructurados en las actividades escolares, siguiendo cierta dirección intencionalmente determinada”. Estudiar al docente en sus múltiples funciones y facetas es importante siempre que se desee mejorar su labor. Estudiar sus prácticas frecuentes y la influencia que ellas tienen en el aprendizaje de los estudiantes, es un tema amplio y profundo que puede ayudar a variar el trabajo en búsqueda de la calidad. 13 14 Diccionario de la Real Academia Española de la Lengua Santoyo, C. ( 2007 ). ¿Cómo responden las prácticas docentes a las necesidades básicas del alumno y a sus expectativas sociales? Consulta realizada en http://www.lag.uia.mx/buenaval/buenaval4/b04comoresponden.pdf el 27 de febrero de 2011 a las 10:00 pm 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA Para efectos de esta investigación, se considerarán como prácticas docentes las que buscan favorecer el aprendizaje y las de evaluación (que lo retroalimentan también para mejorarlo). 77 Estudios recientes como el de Bain (2007) y el de Vaillant (2002) logran identificar las “mejores prácticas docentes” estudiando a los catedráticos considerados exitosos dentro de la comunidad educativa en la que trabajan y también en la sociedad a la que sirven. XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA 2.2 Actividades de aprendizaje y de evaluación en la escuela primaria La escuela primaria comprende, según el CNB de Guatemala, dos ciclos de tres grados cada uno. El primer ciclo para estudiantes de 7 a 9 años y el segundo para estudiantes de 10 a 12 años. En todos los grados, los docentes deben organizar clases con actividades significativas que favorezcan el aprendizaje. Entre las prácticas docentes sugeridas por el Ministerio de Educación de Guatemala, se encuentran las siguientes: Rutinas de inicio y finalización de la clase Buen uso del pizarrón Aprovechamiento de materiales y recursos del medio Organizar trabajos en grupos Asignación de tareas significativas Organización variada del aula Establecer normas sociales y de convivencia Dar instrucciones Revisar tareas y trabajos dando retroalimentación Reflexionar sobre las acciones de los alumnos Uso de material concreto Aplicación de pruebas escritas Escuchar expresiones orales Realizar proyectos Leer y redactar diversos tipos de trabajos Organizar juegos Realizar laboratorios y experimentar Aprovechar los recursos tecnológicos Analizar casos concretos Construcción de un texto paralelo Construcción de un portafolio Aplicar autoevaluación, coevaluación y heteroevaluación PÁGINA 78 Hay muchas más. De ellas, es valioso estudiar cuáles son las que los maestros en servicio están utilizando y cuáles de ellas favorecen el aprendizaje en general y el de las matemáticas en particular. 3. Prácticas docentes que favorecen el aprendizaje de las matemáticas en la escuela primaria Investigadores psicólogos, educadores y matemáticos educativos han identificado actividades y prácticas específicas que favorecen el aprendizaje de las matemáticas y evalúan convenientemente los avances y logros de los alumnos. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Jean Piaget, Georges Cuisenaire, María Montessori, George Polya, los esposos va Hiele y Vygotsky, entre otros, son investigadores con propuestas cuya aplicación se ha implementado y estudiado a lo largo de los años. Por ejemplo, Polya (1957) enunció los Diez Mandamientos para los Profesores de Matemáticas: 1.- Interésese en su materia. 2.- Conozca su materia. 3.- Trate de leer las caras de sus estudiantes; trate de ver sus expectativas y dificultades; póngase usted mismo en el lugar de ellos. 4.- Dese cuenta de que la mejor manera de aprender algo es descubriéndolo por uno mismo. 5.- Dé a sus estudiantes no sólo información, sino el conocimiento de cómo hacerlo, promueva actitudes mentales y el hábito del trabajo metódico. 6.- Permítales aprender a conjeturar. 7.- Permítales aprender a comprobar. 8.- Advierta que los rasgos del problema que tiene a la mano pueden ser útiles en la solución de problemas futuros: trate de sacar a flote el patrón general que yace bajo la presente situación concreta. 9.- No muestre todo el secreto a la primera: deje que sus estudiantes hagan sus conjeturas antes; déjelos encontrar por ellos mismos tanto como sea posible. 10.- Sugiérales; no haga que se lo traguen a la fuerza”. Uso de materiales manipulables Trabajo de grupo cooperativo Discusiones sobre matemáticas Cuestionar y realizar conjeturas Justificación del pensamiento Escribir acerca de las matemáticas Solución de problemas como enfoque de enseñanza Integración de contenidos Uso de calculadoras y computadores El docente debe ser un facilitador del aprendizaje Evaluar el aprendizaje como parte integral de la enseñanza Conectar las matemáticas a otras materias y al mundo real PÁGINA 79 El National Council of Teachers of Mathematics - NCTM -recomienda el libro de Graham y Fennell (2001) quienes identifican prácticas específicas que pueden ayudar a los estudiantes a aprender matemáticas de forma efectiva. Entre otras, presentan estas sugerencias de actividades (tanto de aprendizaje como de evaluación) para realizar en el aula de matemáticas de primaria: 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Conectar tópicos dentro del mismo campo matemático Aplicar las matemáticas. A la vez que sugieren disminuir: Práctica mecánica Memorización mecánica de reglas y fórmulas Respuestas únicas y métodos únicos para encontrar respuestas Uso de hojas de ejercicios rutinarios Práctica de la escritura repetitiva Enseñar diciendo Enseñar a calcular fuera de contexto Enfatizar la memorización Examinar únicamente para las calificaciones Que el docente sea el dispensador del conocimiento Aprender tópicos aislados Desarrollar habilidades fuera de contexto. En general, los enfoques motivan a la práctica de actividades donde los niños y niñas se integren, descubran y construyan en lugar de escuchar, copiar y realizar prácticas repetitivas sin sentido. En cuanto a la evaluación, se sugiere la evaluación variada, continua y de proceso, con diferentes instrumentos limitando el uso de pruebas escritas y de la evaluación sumativa. En el aula, las actividades de aprendizaje y de evaluación deben realizarse de forma continua, apoyándose las unas en las otras recordando que el propósito de ambas es mejorar el aprendizaje de cada niña y niño. PÁGINA 80 2.3 Tendencias actuales en el aprendizaje de las matemáticas En la actualidad, nuevos resultados sugieren propuestas de actividades que ayudan a mejorar el aprendizaje de las matemáticas. Lampert (2001) llama la atención acerca del ambiente de clase matematizado y de la interrelación tan importante entre los conocimientos que adquieren los niños pero también la cultura matemática y social que desarrollan en el salón de clases. Si el docente, dice Lampert, es maestro de matemáticas, también lo es de ciudadanía, democracia y de otras prácticas sociales como la equidad y el respeto. Luengo (2001) propone formas de evaluar con un enfoque que también es integral y de proceso. Indica que deben usarse instrumentos apropiados según las actividades de evaluación que se propongan. También sugiere considerar la evaluación como un proceso 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA con varias fases que deben atenderse con tiempo e interés, ya que cada una de ellas tiene un propósito diferente que no se puede eliminar. Antes de aplicar instrumentos de evaluación, estos deben prepararse, así como anticipar las condiciones de su aplicación. Además, ser conocidos por los alumnos quienes deben expresar sus expectativas respecto a los logros que van a hacer evidentes. En el momento de la aplicación de los instrumentos, se deben dar instrucciones claras y propiciar un ambiente relajado. Al estudiar los resultados, es importante señalar claramente la información que se le dará a los alumnos como retroalimentación y también considerar cómo podrían reaccionar. El tipo de formas de evaluación y de instrumentos que se apliquen debe estar acorde a la metodología participativa. No es posible aplicar conceptos e instrumentos “tradicionales” que están enfocados a cuantificar conocimientos. Al trabajar con actividades participativas, los procesos de evaluación deben ser diferentes, también participativos, de proceso, integrales y variados. Deben aportar información para mejorar el aprendizaje de cada estudiante. 2.4 Enfoque y actividades propuestas para el aprendizaje y la evaluación de las matemáticas en el CNB de Guatemala. El CNB (2006), Currículo Nacional Base de Guatemala, desarrollado por el Ministerio de Educación (MINEDUC), parte fundamental de la Reforma Educativa iniciada después de la firma de los Acuerdos de Paz en 1996, tiene como propósito mejorar la educación de las niñas, niños y jóvenes de Guatemala hasta lograr cobertura de calidad para el 100% de la población escolar. Centrado en competencias, con ejes transversales que corresponden a los fines de la educación para Guatemala, el currículo flexible y participativo propone centrarse en la persona humana y sus relaciones con el propósito último de construir una nación solidaria donde los ciudadanos valoren la diversidad y construyan, sobre ella, unidad. Organizado por niveles, grados y áreas, el CNB favorece la integración de materias para desarrollar competencias que ayuden a los alumnos en su formación integral. 15 MINEDUC (2006) Currículo Nacional Base. Guatemala: MINEDUC pp 96 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA 1. “Construye patrones y relaciones y los utiliza en el enunciado de proposiciones geométricas, espaciales y estadísticas. 2. Utiliza elementos matemáticos para el mejoramiento y transformación del medio natural, social y cultural. 3. Emite juicios sobre la generación y comprobación de hipótesis con respecto a hechos de la vida cotidiana basándose en modelos estadísticos. 4. Aplica la información que obtiene de las formas geométricas para su utilización en la resolución de problemas. 81 El área de matemáticas, fundamental en el CNB del MINEDUC (2006)15, tiene estas competencias: XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA 5. Construye propuestas matemáticas a partir de modelos alternativos de la ciencia y la cultura. 6. Expresa ideas y pensamientos con libertad y coherencia utilizando diferentes signos, símbolos, gráficos, algoritmos y términos matemáticos. 7. Establece relaciones entre los conocimientos y tecnologías propias de su cultura y las de otras culturas”. Dichas competencias se deben construir o desarrollar por medio de actividades centradas en los estudiantes utilizando contenidos procedimentales, actitudinales y conceptuales. El enfoque del currículo es constructivista, por lo que las sesiones de clases se deben organizar con un modelo inductivo para favorecer que los estudiantes descubran, intuyan y construyan antes de generalizar leyes y realizar aplicaciones. Tal como los expertos matemáticos educativos indican, los alumnos de primaria deben utilizar materiales concretos de su contexto para posteriormente abstraer y generalizar. El papel de los docentes es muy importante en esos procesos por lo que muchos de ellos deberán modificar sus ideas previas acerca de su papel en el proceso de enseñanza aprendizaje y deberán cambiar sus prácticas docentes, tanto las actividades que realizan para favorecer aprendizajes, como las que diseñan para evaluarlo convenientemente. Textualmente, el CNB16 indica cómo se deben orientar las actividades de aprendizaje: “Las actividades que se relacionan con el aprendizaje de las matemáticas en cada uno de los grados, se llevarán a cabo exitosamente si se conciben como un proceso constructivo y explorador, si son organizadas de modo que los y las estudiantes se involucren en el proceso de aprendizaje participativa y creativamente. Por supuesto, esto se logrará en la medida que todos y todas tengan las mismas oportunidades para desenvolverse”. Igualmente orienta la forma en que la comunidad educativa (que incluye alumnos, docentes, administradores, padres y madres de familia y aún la comunidad donde la escuela se encuentra), debe concebir y practicar la evaluación para que ésta cumpla con sus propósitos esenciales. PÁGINA 82 Utiliza además el concepto de indicadores de logro que define como “la actuación; es decir, a la utilización del conocimiento. Son comportamientos manifiestos, evidencias, rasgos o conjunto de rasgos observables del desempeño humano que, gracias a una argumentación teórica bien fundamentada, permiten afirmar que aquello previsto se ha alcanzado”17. El CNB es claro, está fundamentado en estudios sobre las Teorías de Aprendizaje más actualizadas acerca de las formas de aprender en cada una de las áreas, a la vez que sugiere la forma en que se debe implementar; también tiene un propósito importante de construir una mejor nación, incluyente y democrática. Si los maestros ponen en práctica las actividades de aprendizaje y evaluación sugeridas en el CNB, con conciencia de sus propósitos, es factible mejorar cualitativa y cuantitativamente la educación en Guatemala. 16 17 Idem pp107 MINEDUC(2006) CNB. Guatemala: MINEDUC. pp 24 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA PLANTEAMIENTO DEL PROBLEMA Para mejorar la calidad educativa, son necesarios el diagnóstico, el cambio dentro del aula y la medición de las modificaciones en las prácticas docentes que se pueden dar después de formar a las y los maestros de primaria de Jalapa en las áreas que se han detectado en estudios anteriores, como deficientes. En la investigación se desea responder a la pregunta ¿qué prácticas tienen los docentes que facilitan los cursos de matemáticas de los alumnos de primaria de Jalapa? 3.1 Objetivos General: Identificar qué prácticas tienen los docentes que facilitan los cursos de matemáticas de los alumnos de primaria de Jalapa. Específicos: 1. Establecer el nivel de manejo de contenido de matemáticas de los docentes de primaria de Jalapa. 2. Señalar las prácticas docentes específicas de la matemática educativa que facilitan el aprendizaje de las matemáticas de los alumnos de primaria en Jalapa. 3. Identificar las acciones que los docentes realizan dentro y fuera del aula de primaria para promover una actitud positiva y abierta hacia las matemáticas y su estudio. 3.2 Variables de estudio 3.3 Las variables son esencialmente, las Prácticas docentes que incluyen el manejo de contenido matemático, la planificación, la didáctica y evaluación y la actitud de los maestros y maestras dentro del aula. 3.4 Alcances A pesar de que se trata de un estudio muy específico en cuanto a Geografía y cantidad de maestros involucrados, sí será posible identificar acciones exitosas que puedan ser generalizadas en el territorio nacional particularmente en regiones con características similares a Jalapa. Jalapa es un departamento que se puede considerar representativo en cuanto a las prácticas docentes nacionales debido al tipo de estudiantes que atiende y a la formación de sus maestras y maestros. Aunque Jalapa es un departamento como tantos de Guatemala, con sus carencias y dificultades, no es tampoco representativo en cuanto a la población maya que pobla el resto del país, por ejemplo. Por lo que los datos se deben utilizar con prudencia para no intentar generalizar métodos que se están adaptando al área de jalapa en particular. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA Debido a que el Diplomado es financiado por una entidad que NO es ni el sector público (no es el MINEDUC quien ofrece la formación), ni una Universidad (no son becas otorgadas por la Universidad UPANA), ni por los propios asistentes, los maestros, el nivel de compromiso puede ser diferente al de maestros que se desean capacitar y gastan tiempo y dinero en hacerlo, y al de maestros que se sienten obligados a asistir. 83 3.5 Límites XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA MARCO METODOLOGICO Para aplicar un instrumento que diera información objetiva, coherente y valiosa, se realizó un estudio teórico de los elementos que el maestro o la maestra con prácticas docentes efectivas presenta. En base a esta teoría y a la propuesta que el CNB hace, se encontraron los aspectos fundamentales que todo buen maestro o maestra de matemáticas debe poseer. Construyendo una tabla de especificaciones para ponderar los aspectos deseados se elaboró una rúbrica detallada que dio lugar al instrumento utilizado para observar a los maestros y maestras. En base a la población total, se estableció la muestra y luego se realizó la observación. Ya aplicado el instrumento, se obtuvieron los datos finales representativos y se analizaron. 4.1 SUJETOS Inicialmente se esperaba una inscripción de 400 maestros de los diferentes municipios de Jalapa en el Diplomado. Posteriormente, AID indicó que solamente se daría beca en el Diplomado a los maestros que tienen un contrato permanente con el Ministerio de educación de Guatemala. Debido a esta restricción y a que se decidió trabajar únicamente en los municipios: San Luis Jilotepeque San Pedro Pinula Monjas identificados por la misma AID como zonas de oportunidad, finalmente hay inscritas aproximadamente 250 personas. Como el presente estudio no es cuantitativo, la propuesta es trabajar con hasta el 10% de dicha población, o sea con 25 maestras y maestros seleccionados al azar. Los participantes en el Diplomado varían en edad, ya que hay recién graduados de alrededor de 20 años, y personas de más de 60. Hay hombres y mujeres en relación de 1 a 1. La mayoría no cuenta con estudios universitarios aunque casi todos tienen diplomas de capacitaciones del Ministerio de Educación y de otras entidades. PÁGINA 84 4.2 INSTRUMENTO El instrumento que se utiliza es una rúbrica que se debe llenar de acuerdo a las prácticas docentes y sus características en el aula. Cada docente se observa en la cotidianidad de su trabajo y se califica con el instrumento. A continuación se presenta la Tabla de Especificaciones que señala los aspectos a observar en los maestros y maestras y la ponderación que a cada uno se da. TABLA DE ESPECIFICACIONES Prácticas docentes que facilitan de las matemáticas en alumnos de primaria de Jalapa 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil el aprendizaje XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Características a observar 1. Dominio de contenido matemático Porcentaj e Número de indicadores a observar 30 3 40 8 30 3 a. Vocabulario técnico preciso b. Relación de conceptos c. Reconocimiento de la presencia de las matemáticas en la vida cotidiana y en el contexto 2. Didáctica de las matemáticas a. Planifica conforme al CNB b. Atiende a los estilos de aprendizaje diferentes c. Aplica TICs d. Favorece el diálogo matemático e. Usa el juego como actividad de aprendizaje f. Usa material manipulativo g. Se basa en el contexto para determinar los contenidos h. Aplica evaluación integral y de proceso 3. Modelo de actitud positiva a. Ambiente afectivo que favorece el aprendizaje b. Actitud positiva ante el error c. Creatividad e innovación Esta tabla muestra la descripción de la escala en forma de rúbrica: Rúbrica para calificar las prácticas docentes de las matemáticas en alumnos de primaria de jalapa que facilitan el aprendizaje Objetivo Excelente Bueno Mínimo Pobre o nulo E (90 -100%) B (70-89%) M (50-69%) P (0 a 49%) 1. Dominio de contenido matemático 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA Características a observar 85 Identificar las prácticas de los docentes que facilitan los cursos de de matemáticas de primaria de jalapa. XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Características a observar Vocabulario técnico preciso Relación de conceptos PÁGINA 86 Reconocimiento de la presencia de las matemáticas en la vida cotidiana y en el contexto 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil Excelente Bueno Mínimo Pobre o nulo E (90 -100%) B (70-89%) M (50-69%) P (0 a 49%) Usa constantemen te un vocabulario técnico preciso, correcto y adaptado al nivel y necesidades de los alumnos. Usa bastante vocabulario técnico de forma precisa y todos los términos son correctos y considerando el nivel y bastante las necesidades de los alumnos Usa poco vocabulario técnico y algunos términos están mal usados y no están adaptados al nivel de los alumnos. Casi no usa vocabulario técnico Relaciona constantemen te diferentes conceptos matemáticos y no matemáticos. Relaciona con frecuencia conceptos matemáticos y no matemáticos. Casi no relaciona conceptos; apenas se perciben pocas relaciones muy evidentes. No relaciona conceptos. Los enuncia aislados unos de otros. Constanteme nte señala la relación de las matemáticas con el contexto y la vida cotidiana del alumno. Señala con frecuencia las relaciones con el contexto y ejemplifica tomando, como referencia, la vida cotidiana del alumno. Casi no utiliza ejemplos contextuales. Toma muy poco en cuenta la vida cotidiana de los alumnos para relacionarla con las matemáticas. No utiiza ejemplos que relacionen las matemáticas con el contexto ni con la vida cotidiana de los alumnos. y usa términos equivocados e incomprensibles para los alumnos. XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Características a observar Excelente Bueno Mínimo Pobre o nulo E (90 -100%) B (70-89%) M (50-69%) P (0 a 49%) Planifica conforme al CNB Todos sus planes presentan los elementos propuestos por el CNB de una forma coherente, lógica y realista. Se evidencian los elementos del CNB aunque no muy coherentemente o estos son poco realistas. Presenta algunos elementos del CNB de forma desordenada, incoherente o poco realista. Atiende a los estilos de aprendizaje diferentes Constanteme nte varía las actividades para favorecer los diferentes estilos de aprendizaje. Frecuentemente varía las actividades para favorecer los diferentes estilos de aprendizaje. Ocasionalmente Casi no varía utiliza actividades las actividades. para los diferentes estilos de aprendizaje. Aplica TICs Utiliza constantemen te las TICs de diferentes formas dentro y fuera del aula para planificar, elaborar objetos de aprendizaje, diseñar actividades y comunicarse Hace uso de las TICs con regularidad para planificar sus clases, diseñar algunas actividades o comunicarse ocasionalmente con los estudiantes. Hace poco uso de las TICs dentro del aula. Fuera del aula, usa TICs como herramienta personal para planificar sus clases o comunicarse con colegas. 2. Didáctica de las matemáticas No planifica de acuerdo al CNB. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA 87 No hace uso de las TICs; las rechaza e ignora sus posibles aplicaciones. XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Excelente Bueno Mínimo Pobre o nulo E (90 -100%) con los estudiantes. B (70-89%) M (50-69%) P (0 a 49%) Favorece el diálogo matemático Constanteme nte pregunta o realiza actividades para que los alumnos dialoguen; los exhorta a usar vocabulario matemático; construye un glosario con los alumnos, mantiene y usa un diccionario y organiza presentacione s donde los alumnos se expresan oralmente. Regularmente hace preguntas utilizando usando lenguaje matemático; ocasionalmente organiza trabajo en equipo en donde se utilice lenguaje matemático; a veces construye un glosario o recurre al diccionario u organiza presentaciones donde los alumnos se expresan oralmente. Alienta poco para el uso de lenguaje matemático. A veces solicita que en los trabajos en grupo u orales se utilice lenguaje matemático. Casi no usa el diccionario ni tiene un glosario especial. Organiza muy pocas presentaciones orales. No favorece el leguaje ni el diálogo matemático. No le presta atención a cómo se expresan los alumnos. No organiza presentaciones orales. Usa el juego como actividad de aprendizaje Mantiene juegos y juguetes dentro del aula. Toma tiempo de clases para jugar. Aprovecha los juegos para enseñar. Enseña nuevos juegos a los alumnos. Lleva juegos para compartir en clase. Toma parte del tiempo de clase para jugar. A veces planifica en torno a un juego nuevo. Muy ocasionalmente lleva juegos o permite un juego en la clase. No lleva juegos ni juguetes al aula. No toma tiempo de clases para jugar. Usa material Mantiene Tiene material Usa pocas veces Casi no usa o PÁGINA 88 Características a observar 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Se basa en el contexto para determinar los contenidos Aplica evaluación integral y de proceso Bueno Mínimo Pobre o nulo E (90 -100%) material manipulativo dentro del aula. Organiza sus clases para aprovechar el material como medio de aprendizaje. Utiliza variedad de material manipulativo. B (70-89%) en clase que usa ocasionalmente. Organiza algunas clases usando material para aprendizaje. Generalmente usa el mismo material. M (50-69%) P (0 a 49%) uno o dos tipos de no usa material material manipulativo. manipulativo. No tiene material en Organiza pocas clase. clases para Utiliza los recursos del medio como periódicos o revistas para seleccionar temas de interés para los alumnos. Constanteme nte presenta ejemplos de la vida de la comunidad y solicita a los alumnos investigacion es de su medio. Se basa en casos y ejemplos de la vida cotidiana para seleccionar temas de estudio o investigación. Ocasionalmente menciona temas actuales o de la comunidad para ser estudiados en clase o relacionarlos con el contenido. No selecciona los temas del contenido del contexto. Hace evaluación diagnóstica, formativa y sumativa. Aplica diferentes Hace evaluación diagnóstica, formativa y sumativa con poca variedad de Usa pocos tipos de evaluación y uno o dos tipos de instrumentos. No presenta variedad en el tipo de evaluación ni en los instrumentos que utiliza para calificar. No aprender con él. No siempre busca relacionar los temas de estudio con el contexto. Aplica auto o co o Sigue el orden que él mismo establece independientemente de lo que esté sucediendo alrededor. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil 89 manipulativo Excelente PÁGINA Características a observar XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Características a observar Excelente Bueno Mínimo Pobre o nulo E (90 -100%) técnicas y proyectos así como variedad de instrumentos que sus alumnos conocen. Aplica auto, co y heteroevaluac iòn. B (70-89%) instrumentos. Aplica auto, co o heteroevaluaciò n pero no todas. M (50-69%) heteroevaluación, pero ni siquiera dos de ellas. P (0 a 49%) aplica auto ni co evaluación. Ambiente afectivo que favorece el aprendizaje Mantiene el buen humor, las relaciones son de respeto y cortesía, no hay ruido excesivo sino el necesario para comunicarse. Los comentarios acerca de las matemáticas son positivos. Exhorta a los alumnos a esforzarse pero de una forma asertiva. El ambiente es positivo en general. Hay respeto y pocas faltas de disciplina. Puede haber o no ruido pero este no impide el trabajo. La mayoría de comentarios hacia las matemáticas son positivos. Exhorta al esfuerzo. El ambiente es tenso. Hay faltas de respeto y falta disciplina y desorden en el aula. Puede o no haber silencio o ruido que impide el trabajo. Hay comentarios negativos hacia las matemáticas. El esfuerzo se exige con poca asertividad. El ambiente de la clase es rígido. Las relaciones son tensas. Puede haber o no silencio pero este no es productivo. Los comentarios hacia la matemática se relacionan con dificultad y se favorece el temor hacia ellas. Actitud positiva ante el error Los errores se consideran oportunidade s de Los errores se manejan, en general, como oportunidades En general no se toleran los errores y pocas veces los alumnos No hay tolerancia hacia el error. Los alumnos no PÁGINA 90 3. Modelo de actitud positiva 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Bueno Mínimo Pobre o nulo E (90 -100%) aprendizaje, no hay burlas o recriminacion es por equivocarse, las dudas y preguntas se exponen con espontaneida d y se responden asertivamente tanto por otros alumnos como por el docente. B (70-89%) de aprendizaje. Los alumnos sí preguntan en clase aunque a veces se contienen porque hay burlas ocasionales. M (50-69%) hacen preguntas. Hay burlas en el ambiente y el docente a veces ridiculiza las preguntas de los alumnos. P (0 a 49%) preguntan por temor a ser ridiculizados. Creatividad e innovación Se evidencian actividades adaptadas o creadas por el docente y por los alumnos para trabajar las matemáticas. Hay estimulación para hacer propuestas novedosas que se exploran en comunidad. En general, hay actividades adaptadas y novedosas, muchas veces creadas por el docente y los alumnos para trabajar en el aula. En ocasiones se adaptan o presentan actividades novedosas creadas por el docente. En muy pocas ocasiones, los alumnos crean actividades para trabajar en el aula. Las actividades no varían. No se observan adaptaciones ni creaciones novedosas por parte del docente ni por parte de los alumnos. 91 Excelente 4.3 PROCEDIMIENTO Estos son los pasos seguidos para la aplicación del instrumento: 1. Selección de la muestra en base a la cantidad final de inscritos en el Diplomado. 2. Elaboración del horario de observaciones seleccionado al azar a los docentes 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA Características a observar XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA 3. Observación de las clases de los maestros 4. Tabulación de los resultados 4.4 TIPO DE EVALUACION La evaluación es cuantitativa , de contexto y de modalidad de congruencia. 4.5 PROCESAMIENTO ESTADISTICO La investigación es cuantitativa con un procedimiento estadístico simple. De la muestra de 250 participantes se seleccionó al azar proporcionalmente según la cantidad de inscritos de cada municipio (San Luis, Monjas y San Pedro), el 10%. Se observó a los 25 participantes aplicando el instrumento de observación y se realizó un promedio simple de cada indicador. RESULTADOS Los resultados de la investigación se presentan en el mismo formato que se utilizó para observar a los docentes. Aparecen en forma de promedio simple en cada unos de los indicadores estudiados. Estos resultados son la base para establecer un posible cambio en los maestros que participen del Diplomado, luego de los dos años de trabajo con ellos. Acá se presenta el promedio general de una muestra, sin embargo, cada docente tiene un registro propio personal. Tabla de resultados de la observación inicial en el aula Características a observar 1. Dominio de contenido matemático Calificación de E, B, TOTAL MoP XXX a. Vocabulario técnico 4.05 b. Relación de conceptos 2.05 c. Reconocimiento de la presencia de las matemáticas en la vida cotidiana y en el contexto 5.3 preciso PÁGINA 92 2. matemáticas a. Didáctica de las Planifica conforme al c. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil Aplica TICs XXX XXX XXX XXX 1.5 CNB b. Atiende a los estilos de aprendizaje diferentes 11.4/30 2.5 1.7 13.4/40 XXX XXX XXX XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA d. Favorece el diálogo 1.2 matemático e. Usa el juego como actividad de aprendizaje f. manipulativo Usa material 2 1.3 g. Se basa en el contexto para determinar los contenidos 1.4 h. y de proceso 1.8 Aplica evaluación integral 3. Modelo de actitud positiva a. Ambiente afectivo que favorece el aprendizaje XXX 6.4 b. Actitud positiva ante el 5.2 c. Creatividad e innovación 3.1 error XXX XXX XXX XXX XXX 14.7/30 XXX XXX XXX 39.5/100 La tabla muestra el promedio que se obtuvo a considerar los 25 datos individuales de los participantes observados. En la segunda columna, están los promedios de los indicadores individuales. En la tercera, las sumas de dichos aspectos para finalmente obtener un total general. Debido a que estos son los resultados de una observación inicial, lo más evidente es que se corrobora la necesidad de formación de los maestros en los tres aspectos propuestos. No hay un conocimiento profundo de los contenidos matemáticos, no hay evidencia de las actividades que se sabe facilitan el aprendizaje de las matemáticas en `primaria, ni la actitud es tan buena como se esperaría en maestros y maestras de primaria. Los resultados de esta muestra reflejan lo que los estudios indican. Las y los maestros de primaria de Jalapa, específicamente de los municipios de Monjas, San Luis y San Pedro, 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA Las diferentes teorías e investigaciones en Matemática Educativa proponen métodos, actividades, formas de evaluación, materiales, recursos y actitudes que efectivamente favorecen el aprendizaje de las matemáticas en el nivel de primaria. Los resultados en diferentes investigaciones que se realizan tanto fuera de Guatemala como en el país, indican que muchas de estas sugerencias no se implementan. 93 DISCUSION DE RESULTADOS XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA evidencian un pobre conocimiento de matemáticas. Apenas un 38% de dominio del contenido donde la mayor puntuación se da en relacionar los contenidos matemáticos con el contexto y la menor en la relación de los conceptos entre si. Ninguno de los tres aspectos estudiados sobrepasa el 50%. En cuanto a la Didáctica y la Evaluación, se observa una muy leve tendencia a utilizar el juego como herramienta de aprendizaje, y un esfuerzo no significativo por atender a los diferentes estilos de aprendizaje. Los aspectos de utilizar material manipulativo, utilizar Tics o planificar de acuerdo al CNB presentan resultados muy bajos, al igual que seleccionar los contenidos atendiendo al contexto o evaluar de forma integral y de proceso. En muy pocas ocasiones se favorece el diálogo matemático entre los estudiantes. El porcentaje general de este rubro es de 33.5%, el más bajo de los tres estudiados. Los docentes observados muestran una actitud positiva en el 49% de los casos mostrando una calificación más alta en el indicador que muestra el ambiente del aula y la más baja, la creatividad e innovación. El manejo del error se encuentra entre ambas calificaciones, todas las cuales son muy bajas, como sucede en todos los aspectos observados, en general CONCLUSIONES PÁGINA 94 El Diplomado se justifica para los docentes en servicio de primaria. El nivel de conocimientos matemáticos por debajo del 50% indica que no tienen dominio suficiente del contenido que enseñan. Su vocabulario técnico tiene un nivel pobre (40.5%). En general, no utilizan vocabulario técnico y, cuando lo usan, la terminología es equivocada e incomprensible para los alumnos. Los maestros tienen dificultades aún mayores al relacionar conceptos (20.5%). De hecho, no lo logran. Los contenidos se presentan aislados unos de otros. Aunque el reconocimiento de la presencia de las matemáticas en la vida cotidiana y en el contexto de los alumnos tiene un nivel más alto (50.3 %), que los dos anteriores, sigue siendo muy bajo, los maestros casi no utilizan ejemplos contextuales y toman muy poco en cuenta la vida cotidiana de los alumnos para relacionarla con las matemáticas. En cuanto a las prácticas docentes que facilitan el aprendizaje de las matemáticas de los alumnos de primaria, se observa que poco más del 33 % de los maestros evidencia dichas prácticas reconocidas como las que “facilitan el aprendizaje de las matemáticas” en el aula. Así, el 30% planifica conforme al CNB, el 50% ocasionalmente utiliza actividades para los diferentes estilos de aprendizaje, el 34% utiliza de alguna manera las Tics fuera del aula para planificar sus clases pero hace poco uso dentro del aula. El diálogo matemático no se alienta en el aula, no se favorece el lenguaje matemático, no se le presta atención a cómo se expresan los alumnos. No se organizan presentaciones orales. Las clases permanecen discursivas y poco participativas. Entre las prácticas docentes se observa poco tiempo dedicado a jugar, no se llevan juguetes al aula, solamente el 40% de los maestros dedica tiempo ocasional a jugar como medio de aprendizaje. En menor grado, un 26% utiliza material concreto manipulativo. Lo que se observa es su ausencia en el aula. De la muestra de maestros observados, el 28 % utiliza el contexto para determinar contenidos. El resto, sigue un orden que él o ella misma establece, independientemente de lo que está sucediendo alrededor del niño. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA La evaluación, parte integral de las prácticas docentes, no presenta variedad. Los instrumentos son los mismos, en general no se aplica autoevaluación, ni coevaluación. Solamente el 36 % de los maestros muestra variedad de instrumentos y formas para evaluar. Tampoco en el momento o los momentos de evaluación se respetan o valoran las diferencias de estilos de aprendizaje. En cuanto a la actitud, a pesar de que es el resultado más alto (49%), no llega la nivel considerado “mínimo” del 50%. El ambiente afectivo sí llega a un mínimo de 64 % que nos indica que hay tensión, faltas de respeto y disciplina, ruido y comentarios negativos hacia las matemáticas. El 52% de los maestros manejan asertivamente el error, pero el resto no logra establecer una actitud que trabaje el error como forma de aprendizaje. Los alumnos se burlan de los que se equivocan, sin que el docente intervenga. A veces, él o ella misma ridiculizan a quienes se equivocan. Los alumnos, como consecuencia, preguntan poco. Por último, se observa poca innovación en el aula, monotonía, ni los maestros ni sus alumnos crean ni aportan en el aprendizaje. RECOMENDACIONES Durante el Diplomado, diseñar actividades, promover lecturas, actuar para que los estudiantes adquieran niveles altos de contenido matemático y para que desarrollen las habilidades que le son propias al área: pensamiento abstracto y crítico y resolución de problemas, uso de lenguaje y simbología matemática, entre otros. El nivel de matemáticas que debe poseer un docente debe exceder considerablemente el de sus estudiantes. Además, debe ser más profundo y general. El logro de este nivel debe ser una meta fundamental del Diplomado. PÁGINA Siendo la actitud una cualidad difícil de cuantificar pero que se reconoce como muy importante en el aprendizaje, se sugiere que se tenga especial cuidado en la dirección de las relaciones interpersonales, en la forma en que los facilitadores del Diplomado identificarán y manejarán errores. Del modelo que logren construir dependerá que los participantes lleguen a reflexionar acerca de sus propias actitudes y se decidan a mejorarlas. 95 Las orientaciones pedagógicas actuales que incluyen desde el uso apropiado de Tics, hasta el uso del juego y los materiales manipulativos en el aula de primaria, se deben divulgar entre los docentes y modelar los cursos y sesiones presenciales para que los docentes experimenten en si mismos, lo que se desea que reproduzcan en el aula. La metodología del Diplomado deberá cumplir lo que ella misma espera que los maestros y maestras eventualmente realicen en el aula. Así, deberán proponerse actividades lúdicas, aplicarse Tics, mantener un ambiente de respeto y apertura, etcétera. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS Banco Mundial. (2008) Indicadores de Desarrollo Mundial (IDM). Consulta en http://datos.bancomundial.org/indice/ios-indicadores-del-desarrollo-mundial Congreso de la República de Guatemala. (1996) Acuerdos de paz. Consulta en http://www.congreso.gob.gt/Docs/PAZ/Acuerdo%20de%20paz%20firme%20y%20durader a Instituto Nacional de Estadísitca (INE) (2006) ENCOVI. Consulta en http://www.ine.gob.gt/index.php?option=com_content&view=article&id=64:encovi2006& catid=42:demografiaypoblacion&Itemid=64 Marini, A. (2003) Malnutrition and Poverty in Guatemala. World Bank Paper 2967, disponible en línea http://econ.worldbank.org. Ministerio de Educación de Guatemala (MINEDUC) (2006) Currículo Nacional Base. Consulta en http://www.mineduc.edu.gt/recursos/images/2/2d/Curriculo_Nacional_Base_Ciclo_I.pdf Ministerio de Educación de Guatemala (MINEDUC) (2008) Políticas Educativas. Se pueden consultar en http://mineduc.gob.gt/portal/contenido/anuncios/politicasEducativas2008- PÁGINA 96 OCDE (2007), Field, S., M. Kuczera, B. Pont, No More Failures: Ten Steps to Equity in Education, ISBN 978-92-64-03259-0, € 24, 155 páginas. Se puede consultar en http://www.oecd.org/dataoecd/19/6/40043349.pdf Real Academia Española de la Lengua (2009). Diccionario de la Real Academia Española de la Lengua (DRAE). http://buscon.rae.es/draeI/ Santoyo, C. ( 2007 ). ¿Cómo responden las prácticas docentes a las necesidades básicas del alumno y a sus expectativas sociales? Consulta realizada en http://www.lag.uia.mx/buenaval/buenaval4/b04comoresponden.pdf Secretaría de Planificación y Programación de la Presidencia (SEGEPLAN) (2011). DAD. Consulta en http://www.segeplan.gob.gt UNICEF/ CONAPLAM (2000). Avances en el Cumplimento de las Metas de Cumbre Mundial a favor de la Infancia. UNICEF: Guatemala. VOLTAR 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA O CONCEITO E A DEFINIÇÃO EM MATEMÁTICA NUMA PERSPECTIVA DIALÉTICA - EXPERIÊNCIAS INVESTIGATIVAS DO CONCEITUAR PROF. Dr. João Bosco Laudares PUCMinas – Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática RESUMO A temática, a ser tratada nesta Palestra, numa perspectiva dialética, se refere ao conceito e a definição, componentes da estruturação da Matemática, junto à axiomatização e a dedução. Conceituar é uma atividade de compreensão e, definir é a formalização do conceito com o uso da linguagem específica da área de conhecimento na qual se trabalha. Parte-se do princípio que as estratégias da aprendizagem exigem atividades cognitivas a privilegiar a significação, que se faz pela conquista da percepção ou do conceito de um objeto. A gênese da atividade de conceituar passa pelo tratamento das relações do pensamento e da linguagem, segundo formulações piagetianas e vigotskianas. Wallon(2008), teorizando o ato e o pensamento, enfatiza que a conceituação se objetiva pela capacidade do homem de construir uma representação. Entretanto, a capacidade de conceituar é adquirida por experiências e práticas investigativas em ambiente social e cultural, quando o sujeito é capaz, segundo Duval(2009), de coordenar representações semióticas heterogêneas, evidenciando o conteúdo conceitual que estas representações exprimem. Serão apresentados alguns resultados de investigação do conceituar. Palavras-chave: Conceito - Definição - Experiências investigativas do conceituar TRABALHO As referências teóricas foram baseadas nas diversas áreas do conhecimento tais como a construção do pensamento e a linguagem, registros semióticos e o pensamento, intervenções em educação matemática que se constituíram suporte para análise da metodologia com atividade conceitual e, a busca da compreensão do saber Matemático. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA Coerente com o título deste texto apresenta-se uma reflexão teórica de dois componentes da estruturação da Matemática: conceito e a definição, numa perspectiva dialética. Apresentam-se também, resultados de experiências investigativas com atividades que privilegiaram a temática de construção conceitual. 97 1. INTRODUÇÃO XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Considera-se que a formação do conceito é parte integrante do processo de aprendizagem do estudante e, problematiza-se as relações entre cognição humana e processo educacionais com postulações de Piaget(1993), Vigotski(2009), Wallon(2008), Abrantes(2005), Duval(2009), Pais(2001). Todos estes autores e pesquisadores buscam seus parâmetros para edificação de suas teorias educacionais e da aprendizagem recorrendo a construção do pensamento e da linguagem, a passagem do ato à atividade mental, representação mental pela nossa natureza ontológica cognitiva do homem. Parte-se da premissa da construção conceitual a partir de uma dimensão experiencial, social e cultural do sujeito na sua relação com o outro e com as coisas para compreensão dos fenômenos artificiais ou naturais, em suas variáveis e representações, na perspectiva da apreensão do objeto físico ou simbólico. 2. A GÊNESE DO CONCEITO A relevância da cognição nos processos de aprendizagem aponta à elaboração do conceito como fundamento central, com raízes genéticas do pensamento e da linguagem, cuja relação em desenvolvimento é uma grandeza variável. Assim, as curvas desse desenvolvimento convergem e divergem constantemente, cruzam-se, nivelam-se em determinados períodos e seguem paralelamente. (Vigotski, 2009: p.111). A inteligência como peculiaridade específica da cognição humana, que se faz pelo pensar e na construção de uma linguagem, pode partir de um contato operacional da realidade, o que Wallon(2008) define como a inteligência prática ou a inteligência das situações, a qual define, um campo de percepções exteriores, sendo na ação as manifestações de códigos e, na percepção, se exprime por enumerações e associações. A conceituação, segundo ainda Wallon(2008) se objetiva pela capacidade do homem de elaborar uma representação. O mesmo autor ao analisar os estágios de desenvolvimento cognitivo, baseado em ponderações piagetianas, traz que, Assim, o suporte da vida intelectual tem dois pilares a intencionalidade e a evocação, esta que abre caminho para a linguagem, como elemento estruturante do conceito. Não existe conceito, por mais abstrato que seja, que não implique alguma imagem sensorial, e não existe imagem, por mais concreta que seja, que não tenha por base uma palavra e que não faça entrar os limites do objeto nos limites da palavra: é nesse sentido que nossas experiências mais individuais já são moldadas pela sociedade. (Wallon, 2008, p. 223). PÁGINA 98 além da intencionalidade, a representação exige o poder de evocar, e até em dois degraus: por si mesma a representação evoca o ato ou a realidade cuja imagem ela é. Mas também ela deve, por sua vez, poder ser evocada. À anterioridade funcional da representação sobre o objeto inatual sobrepõe-se a anterioridade do poder evocador sobre a representação ainda inatual. A representação é, de certa forma, consecutiva a seu motivo, à ideia que é preciso traduzir. (Wallon, 2008, p. 42). 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA O primeiro conceito geral e real da criança aparece quando segundo Vigotski (2009) quando a fala se torna intelectual, com significação, e o pensamento verbalizado, isto há um desenvolvimento da função de nomear. Mas os processos de pensamento concreto surgem antes da formação dos conceitos. Vigotski( 2009:398) define que conceito é uma atividade mental pois “toda formação de conceitos é um ato mais específico, mais autêntico e mais indiscutível de pensamento”. O mesmo autor ao tratar do pensamento e palavra mostra uma trajetória da atividade mental, o pensamento lingüístico passa das formas superiores e mais complexas, que encontram expressão nos conceitos abstratos. (Vigotski, 2009, p.400). E ainda define a relação estreita da palavra e pensamento como processo. O pensamento não se exprime na palavra, mas nela se realiza. Por isto, seria possível falar de formação(unidade do ser e do não-ser) do pensamento na palavra. Todo pensamento procura unificar alguma coisa, estabelecer uma relação entre coisas. Todo pensamento tem um movimento, um fluxo, um desdobramento, em suma, o pensamento cumpre alguma função, executa algum trabalho, resolve alguma tarefa. (Vigotski, 2009, p.409). Quanto a aprendizagem intelectual e sua relação com o pensamento humano, Duval(2009) enfatiza que a aprendizagem Matemática constitui um espaço de análise de atividades cognitivas como a conceitualização entre outras. A especificidade da aprendizagem da Matemática, para o mesmo autor, requer a utilização de sistemas de expressão e de representação, além da linguagem natural ou das imagens. Ao definir as representações conscientes como aquelas com caráter intencional e que integralizam uma função de objetivação se tem que este caráter intencional das representações conscientes é essencial de um ponto de vista cognitivo. Porque ele permite tomar conta do papel fundamental da significação na determinação dos objetos que podem ser remarcados por um sujeito. Em efeito, é sempre através de uma significação que se faz a apreensão perceptiva ou conceitual de um objeto. (Duval, 2009, p.41). (Duval, 2009, p.82). Quanto aos tipos de conceito, Vigotski(2009) faz uma classificação em conceitos cotidianos(extra-escola) e escolar ou científico. Ora se na escola há sistema sistematização rigorosa e formal do conceito, este se objetiva como uma definição, o que será tratado a seguir. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA é preciso que um sujeito seja capaz de atingir o estado da coordenação de representações semioticamente heterogêneas, para que ele possa discriminar o representante e o representado, ou a representação e o conteúdo conceitual que essa representação exprime, instancia ou ilustra. 99 Desta forma fica definido que a conquista do conceito passa pela captação da significação como condição, segundo o mesmo autor da objetivação pelo sujeito de seu pensamento, pela linguagem, e ainda a aprendizagem se faz pela atividade conceitual a implicar a coordenação de registros de representação. Relativamente, a atividade semiótica e a atividade conceitual, XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Em suma, a elaboração do conceito é parte estruturante do processo de aprendizagem e tem edificação no pensamento com aquisição da significação em processo numa atividade, quando o sujeito cria uma representação. 3. DEFINIÇÃO E O CONCEITO DAS PROPOSIÇÕES MATEMÁTICAS Segundo Huete e Bravo (2006, p. 68), “são quatro os tipos de aprendizagem matemática, a saber: memorização, aprendizagem algorítmica, aprendizagem de conceitos e resolução de problemas”. Na pesquisa realizada privilegiou-se como se dá a aprendizagem de conceitos. Já Laudares (1987, p. 3), defende a aquisição do conceito matemático, buscando-se a correlação com outras áreas, como por exemplo a Física, e a integração dos vários compartimentos da Matemática, utilizando-se de raciocínio e memorização, o ensino do essencial, a correlação dos conceitos matemáticos com a vida real, com outras disciplinas profissionalizantes e com a Física, especialmente, a interface, entre os próprios compartimentos da Matemática, isto é, da Álgebra e do Cálculo com a Geometria”. Nas duas citações, é mostrado o trabalho dos conceitos na metodologia, entretanto é importante entender a diferença da definição e do conceito. A definição se faz quando da formalização de determinado conceito com a utilização da linguagem técnica oral e escrita, com uso de simbologia própria e específica de cada área do conhecimento, na qual se define uma proposição. Isto é, a definição exige uma inserção do estudante no mundo da linguagem do conteúdo em estudo, com o uso de símbolos, normas, códigos, padrões, registros peculiares na área em que se conceitua ou se define. Pais (2001, p. 56) trata a diferenciação do conceito em relação à definição, da seguinte forma: PÁGINA 100 Aprender o significado de um conceito não é permanecer na exterioridade de uma definição, pois sua complexidade não pode ser reduzida ao estrito espaço de uma mensagem linguística. Definir é necessário, mas é muito menos do que conceituar, porque o texto formal de uma definição só pode apresentar alguns traços exteriores ao conceito. Por exemplo, a definição de uma figura geométrica, por si só, não pode traduzir a essência do conceito correspondente. Com o domínio do conceito e da definição, o estudante consegue fazer a trajetória do saber cotidiano ao saber escolar e deste, para o saber científico. As situações didáticas, nas quais o professor envolve os estudantes, no trabalho com o conceito matemático, devem ser de temáticas problematizadas da vida real, da tecnologia, de questões qualitativas dos fenômenos em diversas áreas da Física, Química, Biologia, Economia, entre outras, explicitando o conceito a ser estudado e, consequentemente, favorecendo as condições de acesso ao saber escolar e científico, mas por aproximações, 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA analogias, comparações, imitações, levantamento de conjecturas e hipóteses, essas a serem justificadas mais tarde. A partir da compreensão conceitual o estudante pode alcançar níveis satisfatórios de generalidades e abstração, e então formular a definição. Aprender um conceito requer pela didática um planejamento de situações variadas que privilegiem o trabalho com significados ao nível sensível e perceptível do estudante. O processamento da construção mental, pela generalização e abstração, é muitas vezes obtido pela manipulação e operação de uma classe de objetos materiais nos quais se internalizam os parâmetros conceituais, os quais emergem, via compreensão de relações, interações, comparações. Esta ação com estratégias numa dinâmica evolutiva de passos, etapas, idas e vindas em movimento, é que Pais (2001, p. 58) denomina de “estado de devir”, no sentido de que, no plano subjetivo, sempre é possível descortinar novos horizontes na compreensão de um conceito.” A abordagem multi e interdisciplinar facilita a emersão da totalidade oculta e obscura do conceito, o qual se diversifica pelo processo racional da distinção das características essências e peculiares da natureza científica do conteúdo de cada área. O professor tenta, pela dimensão experimental de processos, práticas, manipulações, modelagem, criação de situações e estratégias, iluminar o caminho da intuição, da percepção e assim favorecer a posse do conceito pelo estudante. A formação do conceito requer a construção de uma rede de situações, em que o “novo” se apresenta revestido de situações já vivenciadas e articuladas longe de um contexto isolado, assim Na perspectiva da elaboração do conceito, Duval (2003) pela via do trabalho com situações, traz a necessidade de a atividade matemática desenvolver uma diversidade de registros de representação semiótica. O estudante é mobilizado pela natureza dinâmica operacional de ativar que é próprio da atividade matemática. Assim, segundo o mesmo autor, a variedade 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA A complexidade da elaboração conceitual se faz pela dificuldade do estudante de coordenar, ao nível subjetivo de internalização, uma síntese de extensa e complexa rede de significados com fundamentos e parâmetros a envolver a articulação de variáveis e invariantes, requerendo uma reflexão crítica, relacional, subjetiva. 101 devemos observar ainda que a formação de um conceito não acontece através de um único tipo de situação, da mesma forma como uma única situação, geralmente, envolve uma diversidade de conceitos. O desafio consiste em destacar os invariantes referentes ao conceito principal que conduz a aprendizagem no momento considerado, articulando-os com outros conceitos já aprendidos pelo aluno. De posse dos conceitos já elaborados, o aluno é desafiado a compreender outras situações, onde aparecem os novos conceitos e novos invariantes. Portanto, conclui-se que a aprendizagem não pode ser efetuada em um contexto isolado, como se o significado pudesse subsistir por si mesmo. (Pais, 2001, p. 60) XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA de registros conduz à aprendizagem, pelas representações mentais construídas pelo aprendiz. Muitas vezes, as representações mentais não passam de representações semióticas interiorizadas. As representações úteis ou pertinentes em matemática são sempre representações semióticas interiorizadas em interação com um tratamento de produção externa de representações semióticas. (Duval, 2003, p. 31). O desenvolvimento das capacidades de raciocínio, de análise e de visualização requer o funcionamento cognitivo do estudante para a compreensão em matemática, base epistemológica do trabalho com conceitos. Desta forma, a abordagem cognitiva traz exigências de descrição, de ativação, de operação com desenvolvimento de habilidades a permitir o estudante compreender, efetuar e controlar os processos presentes numa situação proposta. Duval (2003, p.13), defende que se pode conjecturar o seguinte: "a compreensão em matemática supõe a coordenação de ao menos dois registros de representações semióticas”. E define dois tipos destas representações: tratamento (permanecendo no mesmo sistema) e conversão (mudando de sistema, mas conservando a referência aos mesmos objetos). Ao conceituar se faz com uma atividade de compreensão do objeto em estudo e da criação subjetiva de significados pelo estudante. Definir é manipular símbolos, registros, sinais da linguagem específica da área de conhecimento, na qual está imersa o objeto, o conceito em abordagem. Reconhecer que cada área possui seus sinais de linguagem oral e escrita, a serem codificados e decodificados no uso dos saberes inerentes ao campo cognitivo em estudo, pode servir para definir melhor as estratégias e situações de aprendizagem. Desta forma, não há que negar que a definição se objetiva pela conquista da linguagem oral e escrita. A não dominação de simbologia básica da linguagem é empecilho para o iniciante num espaço novo cognitivo de transitar nas rotas conceituais do objeto em estudo. PÁGINA 102 4. EXPERIÊNCIAS INVESTIGATIVAS DO CONCEITUAR Tem sido objeto de estudo e investigação, do autor deste texto, a metodologia Matemática quanto ao tratamento do conceito e da definição, para garantir uma aprendizagem significativa a privilegiar a compreensão. Para tal, nos programas de pós-graduação, em que atua, tem orientado trabalhos nesta temática apresentados a seguir. I) A abordagem dos conceitos de limite, derivada e integral por professores de Matemática e de disciplinas específicas de cursos de engenharia. A pesquisa de Vaz (2010) foi realizada em Mestrado Acadêmico em Educação Tecnológica do CEFET-MG quanto à abordagem dos conceitos de limite, derivada e integral. A análise 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA é oriunda de observação de aulas e entrevistas semi-estruturada com professores de Matemática e disciplinas específicas de curso de engenharia. O referencial teórico foi de Duval (2003) quanto aos registros semióticos e aprendizagens intelectuais. Quanto aos resultados se tem nas aulas as abordagens conceituais e do algebrismo, favorecendo mais a este último pelos professores de Matemática. Quanto aos professores de disciplinas específicas ficou reduzida a abordagem qualitativa dos conceitos tecnológicos advindos de uma maior interpretação dos conceitos matemáticos, implícitos nos modelos tecnológicos, em sua forma algébrica. II) Construção de um objeto de aprendizagem para o reconhecimento de uma cônica - Uma proposta recursiva. A pesquisa de Oliveira (2011) consistiu na elaboração e utilização de um Objeto de Aprendizagem - OA para identificar e conceituar uma cônica. Para isso, foi utilizado o software dinâmico GeoGebra em todo processo de construção e identificação da cônica. A construção do Objeto de Aprendizagem foi feita com a participação de alunos do Ensino Médio. Os estudantes analisaram e discutiram, em atividades investigativas, diferentes formas de utilização desse software para se chegar ao conceito de uma cônica numa interpretação, exclusivamente gráfica. Os estudantes identificaram também o formato da cônica por curvas verificadas em figuras/fotos do mundo real apresentadas por eles. Propõe-se, no nível médio de escolaridade, numa primeira etapa, o tratamento dos conceitos, sem a dedução algébrica da equação da cônica, num tratamento geométricográfico. Espera-se que numa sequência metodológica recursiva, numa segunda etapa, ou em cursos superiores, especialmente, das Ciências exatas, se faça a integração da figura(geometria) com a equação(álgebra), princípio da Geometria Analítica. III) Criação de um Objeto de Aprendizagem (OA) na resolução de problemas para contribuir na aprendizagem de taxas relacionadas em aplicações de situações problemas de fenômenos físicos. O tratamento do conceito de tecnologia e a percepção sobre os cursos superiores de Tecnologia na perspectiva da Educação Profissional Tecnológica. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA IV) 103 A pesquisa de Reis (2012), em desenvolvimento, tem como temática a criação de um objeto de aprendizagem, com apoio de um SOFT para resolver problemas físicos de taxas de variação e taxas relacionadas. Trata-se de uma estratégia para facilitar o entendimento do conceito de taxas de variação e taxas relacionadas com resolução de problemas. XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Apesar desta Pesquisa não ser de experiência matemática, foi resumidamente relatada, por se tratar da atividade de conceituar, temática desenvolvida. Trata-se também de investigação orientada pelo autor deste texto. A pesquisa de Torga (2011) contemplou aspectos relativos à seguinte questão: como ocorrem o tratamento do conceito de tecnologia e a percepção sobre os cursos superiores de tecnologia na perspectiva da Educação Profissional Tecnológica? Abrangeu dois métodos: (a) análise documental, que buscou avaliar os documentos relacionados à educação profissional tecnológica e aos Cursos Superiores de Tecnologia, e (b) estudo de campo, que buscou identificar o conceito de tecnologia no discurso das coordenações, dos professores e dos estudantes em Cursos Superiores de Tecnologia, com entrevista semiestruturada. Os resultados sinalizam que o conceito em questão é tratado nos Cursos Superiores de Tecnologia fora do contexto, de forma extremamente instrumental, como um fenômeno ahistórico e a partir de uma análise meramente semântica. Assim, o conceito de tecnologia não é analisado a partir de seu caráter histórico, social e fundamentalmente humano. Quanto à percepção sobre os Cursos Superiores de Tecnologia ficou mais evidente a visão mercantilista, instrumental e profissionalizante. O principal referencial teórico foi Álvaro Vieira Pinto, autor de uma obra volumosa de dois extensos volumes (800páginas) de aprofundamento do estudo de conceito, intitulada: “Conceito de tecnologia”. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS As pesquisas em Educação objetivam a melhoria dos processos educacionais e muitas delas têm estudo das estratégias de aprendizagem. Os debates acadêmicos nesta área privilegiam a dialética entre entendimentos e habilidades ou procedimentos e conceitos. Procedimentos/habilidades são relativos à linguagem Matemática simbólica e aos algoritmos, já entendimento/conceito se referem à compreensão das proposições e das idéias. PÁGINA 104 Ao se referenciar em Vigotski, Piaget, Duval, Vieira Pinto, procurou-se buscar a gênese e o desenvolvimento da atividade conceitual. A dialética da definição e do conceito pode trazer parâmetros para uma prática educativa, a privilegiar mais a compreensão, desde que se aprofundem as questões com os fundamentos estruturantes que dão suporte a elaboração conceitual como: pensamento, linguagem, atividade e cognição. REFERÊNCIAS ABRANTES, P. (2005). Intervenções em educação matemática. Edição da associação de professores de Matemática de Portugal. DUVAL, R. (2003). Registros de representações semióticas e funcionamento cognitivo da 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA compreensão em matemática. In: MACHADO, Silvia Dias Alcântara (Org.). Aprendizagem em matemática: registro de representação semiótica. São Paulo: Papirus. pp.11 – 34. DUVAL, R. (2009). Semiósis e pensamento humano.São Paulo: Editora livraria da física. HUETE, J. C. Sánchez; BRAVO, J. A. Fernández (2006). O ensino da matemática: fundamentos teóricos e bases psicopedagógicas. Porto Alegre: ARTMED. LAUDARES, João Bosco. (1987). Educação matemática. Belo Horizonte: Editora CEFETMG. OLIVEIRA, Adilson Lopes. (2011). Construção de um objeto de aprendizagem para o reconhecimento de uma cônica. Dissertação do Mestrado em Ensino de Ciências da PUCMinas. PAIS, L. C. (2001). Didática da matemática: uma análise da influência francesa. Belo Horizonte: Autêntica. PONTE, J. P. BROCARDO, Joana; OLIVEIRA, Hélia. (2003). Investigações matemáticas na sala de aula. Belo Horizonte: Autêntica. REIS, Júlio Paulo. (2012). Pesquisa sobre o conceito de Taxa de Variação e Relacionadas de Mestrado, em desenvolvimento, no Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática da PUCMnas TORGA, Andréia Chicri. (2011). O tratamento do conceito de tecnologia e a percepção sobre os cursos superiores de tecnologia na perspectiva da educação profissional tecnológica. Dissertação de Mestrado em Educação Tecnológica do CEFET-MG. WALLON, Henri. (2008). Do ato ao pensamento – Ensaio de psicologia comparada. Petrópolis (RJ): Vozes. VAZ, Ieda do Carmo. (2010). Os conceitos de Limite, Derivada e Integral em livros didáticos de Cálculo e na perspectiva de professores de Matemática e de disciplinas específicas em cursos de Engenharia. Dissertação de Mestrado em Educação Tecnológica do CEFET/MG. Belo Horizonte. VIEIRA PINTO, Álvaro. O conceito de Tecnologia. Rio de Janeiro: Contraponto, 2005.v 1. VOLTAR 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA 105 VIGOTSKI, Lev Semenovich. (2009). A construção do pensamento e da linguagem. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes. XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA ANÁLISE DE RECURSOS DE GEOMETRIA DINÂMICA POR PROFESSORES DE MATEMÁTICA Ana Paula Jahn & Jana Trgalová FEG UNESP – Brasil; Universidade Claude Bernard (Lyon 1) – França [email protected]; [email protected] Formação de Professores; Educação Continuada e Tecnologia Avançada RESUMO Este trabalho relata um estudo acerca da análise de recursos de geometria dinâmica (GD) por professores de Matemática da Educação Básica. Tal análise foi realizada com base em um questionário, elaborado no âmbito do projeto europeu InterGeo e cujo objetivo principal é subsidiar a avaliação da qualidade de recursos de GD por seus usuários. Nesta comunicação, apresentamos os resultados de duas experimentações envolvendo a utilização do referido questionário por professores brasileiros e franceses e discutimos o potencial desta ferramenta no desenvolvimento de competências profissionais necessárias para uso da GD em sala de aula. PÁGINA 106 INTRODUÇÃO Este projeto insere-se na problemática da integração de tecnologias nas práticas de professores de Matemática. Sabe-se hoje que o simples acesso às tecnologias não é suficiente para apoiar esse tipo de prática. A profusão de recursos – principalmente os digitais – torna difícil a tarefa do professor de identificar e escolher quais são pertinentes e de qualidade para seu ensino. Além disso, a disponibilidade de recursos digitais não resolve o problema da apropriação, uma vez que esta necessita de uma evolução nas competências dos professores e também em suas representações sobre o papel da tecnologia no processo de ensino e aprendizagem da Matemática. Isto nos remete diretamente à questão da formação de professores e do desenvolvimento de recursos que possam assisti-los em seus esforços de integração de ferramentas tecnológicas. Robert e Rogalsky (2005) consideram que a escolha e a concepção de tarefas e situações de ensino fazem parte da atividade profissional do professor. Salientam que os professores devem ser capazes de escolher e analisar tarefas colocadas à sua disposição, em particular, para sua gestão em sala de aula. Com base nesse pressuposto e concentrando-se em uma tecnologia específica – os ambientes de Geometria Dinâmica (DGS) – pretendeu-se explorar a idéia de envolver professores em um processo de avaliação da qualidade de recursos de geometria dinâmica 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA (GD) disponíveis na Internet. O estudo centrou especial atenção na questão dos conhecimentos e estratégias que podem ser mobilizados e/ou construídos pelo professor para apropriar-se dos recursos de GD, quando confrontado a situações de análise e avaliação destes. Questionário de avaliação de recursos de GD No âmbito do projeto europeu InterGeo18, a plataforma I2Geo tem por objetivo colocar a disposição de professores recursos de GD para a sala de aula. A plataforma é baseado no princípio do desenvolvimento comunitário: é um ambiente aberto, onde qualquer usuário pode depositar recursos para compartilhar com outros usuários. É possível reutilizar os recursos disponíveis, comentá-los e compartilhar experiências de utilização com alunos. A fim de permitir a melhoria da qualidade dos recursos de GD disponíveis na plataforma, implementamos um processo de qualidade baseado na avaliação dos recursos pelo usuário (Trgalova et al., 2011). Para tanto, elaboramos um questionário de avaliação, organizado em torno de diversas dimensões consideradas relevantes para avaliar a qualidade de um recurso de GD: aspectos técnicos, dimensão matemática e instrumental do conteúdo, contribuições da GD, implementação didática e pedagógica, aspectos ergonômicos. Para cada dimensão, é proposto um item geral e um conjunto de critérios mais detalhados. O quadro teórico para a elaboração do questionário e para as análises de sua utilização por professores é constituído de constructos da Teoria da Situações de Brousseau (1988) que propõe ferramentas de análise da atividade do aluno e do papel do professor; da aborgadem instrumental de Rabardel (1995) que oferece bases para análise da atividade instrumentada e de sua extensão, a abordagem documental descrita por Gueudet e Trouche (2009). Resultados 18 Para mais detalhes, ver: http://i2geo.net/ 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA Visando testar a pertinência e clareza dos critérios de qualidade propostos no questionário, bem como estudar as primeiras utilizações deste instrumento para análise de um recurso de GD, identificando as representações que os professores têm de um recurso de “boa qualidade”, realizamos duas experimentações com grupos de professores brasileiros e franceses (seis professores de cada país). Foram apresentados três recursos aos professores, todos relativos a um mesmo conteúdo matemático. Os recursos compreendiam um texto destinado ao professor e/ou ao aluno e um arquivo de GD. A modalidade de uso da GD sugerida nos recursos era a mesma: em sala de Informática onde os alunos poderiam manipular as figuras. A situação proposta aos professores seguiu o seguinte protocolo: 1) num primeiro momento, cada professor deveria analisar o conteúdo de cada recurso individualmente; 2) em seguida, em duplas, os professores deveriam analisar os recursos utilizando o questionário; 3) cada professor deveria decidir individualmente se escolheria os recursos para uso em sala de aula com seus alunos, com ou sem modificações, e por fim, fazer sugestões para melhoria dos recursos. A análise dos dados coletados durante as experimentações foi baseada na confrontação da análise “expert” dos recursos, realizada por um pesquisador em Educação Matemática, com as análises realizadas pelos professores. 107 Experimentações com professores XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Os resultados mostram que algumas duplas de professores tiveram dificuldades para se concentrar no conteúdo dos recursos durante as análises. Suas respostas a certos itens do questionário não correspondiam às informações fornecidas pelo recurso, mas refletiam esforços de interpretação de tais informações à luz de suas próprias experiências. As duas experimentações diferem em alguns aspectos (variáveis metodológicas consideradas na análise) e foram observados diferentes usos do questionário pelas duplas. Ainda assim, com relação aos critérios determinantes para escolha de um recurso e sua eventual utilização em sala de aula, em ambos os grupos, a correção do conteúdo matemático é apontada como necessária e os professores dos dois países atribuem especial importância à dimensão relativa às potencialidades da GD nas atividades propostas. Os resultados mostram a pertiência de formar professores para a análise de recursos, pois alguns elementos evidenciados no questionário chamaram a atenção dos professores sobre aspectos relevantes do uso da GD, raramente observados ou considerados anteriormente à experimentação. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BROUSSEAU, G. (1998). Théorie des Situations Didactiques. Grenoble: La Pensée Sauvage Editions. GUEUDET, G. TROUCHE, L. (2009), Towards new documentation systems for mathematics teachers? Educational Studies in Mathematics 71, 199-218. RABARDEL, P. (1995). Les hommes et les technologies: Approche cognitive des instruments contemporains. Paris: Armand Colin. ROBERT, A., ROGALSKI, J. (2005). A cross-analysis of the mathematics teacher’s activity. An example in a French 10th-grade class. Educational Studies in Mathematics 59, 269-298. PÁGINA 108 TRGALOVÁ, J., SOURY-LAVERGNE, S., JAHN, A. P. (2011), Quality assessment process for dynamic geometry resources in Intergeo project, ZDM 43, 337-351. VOLTAR 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA FORMACIÓN A DISTANCIA DE PROFESORES DE MATEMÁTICA: EL CASO DE URUGUAY Gustavo E. Bermúdez Canzani Consejo de Formación en Educación (ANEP) URUGUAY [email protected] Formación de profesores PÁGINA 109 Desde 2003, se desarrolla el programa PROFESORADO SEMIPRESENCIAL. Este programa, intenta utilizar eficazmente los recursos existentes en el país en la formación de profesores: combina la presencialidad en el cursado de algunas asignaturas en un Instituto con la formación a distancia de otras: el alumno cursa de forma presencial, las asignaturas que son del núcleo común o básico a todas las especialidades en un Instituto de su localidad y a distancia, las específicas de su disciplina. En esta conferencia, se mostrarán las características especiales del plan y en particular, su implementación en la formación de profesores de matemática. VOLTAR 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA HACIA UNA FORMACIÓN DOCENTE CON LA MIRADA EN EL AULA Patricia Lestón Instituto Superior del Profesorado “Dr. Joaquín V. González”. (Argentina) [email protected] Campo de investigación: Formación de Profesores. Nivel educativo: Superior RESUMEN El Instituto Superior del Profesorado “Dr. Joaquín V. González” de Argentina está desde hace casi 10 años en proceso de actualización de los diseños curriculares de todas sus carreras, entre ellas, el Profesorado de Matemática. El cambio más profundo de este nuevo plan de estudios se fundamenta en la aparición de un nuevo eje de formación: El Eje de Aproximación a la Realidad y de la Práctica Docente. En este nuevo eje se incluyen cuatro espacios, uno en cada año de la formación. El objetivo de cada uno de estos espacios es lograr que los futuros docentes articulen los conocimientos que han construido en el Eje Disciplinar y los conocimientos del Eje de Formación Común de Docentes, con la mirada puesta en el aula de matemática, que es donde finalmente van a desarrollar su tarea los futuros docentes cuando hayan egresado. En esta oportunidad, reflexionaremos sobre los cambios que este nuevo diseño curricular ha logrado en la formación de los docentes. PÁGINA 110 Palabras clave: trabajo de campo, diseño curricular del profesorado VOLTAR 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA SISTEMA INTELIGENTE PARA EL ALGEBRA LINEAL. Dra. Olga Lidia Pérez González. Facultad de Informática, Universidad de Camagüey, Cuba. [email protected]; Nivel: Superior Categoría: Tecnología avanzada RESUMEN El trabajo describe cómo se diseñó esta herramienta informática (Caballero, y otros, 2011). Se explican sus fundamentos teóricos relacionados con las técnicas de Inteligencia Artificial para clasificar, utilizando el clasificador k-vecinos más cercanos K-NN (Caballero Y. , 2010), y con los cinco problemas tipos del Álgebra Lineal (Yordi, 2004). Se muestran los resultados obtenidos después de su utilización durante dos cursos y se analiza la incidencia de su utilización en la autoevaluación del estudiante y en la comprensión de los contenidos de esta asignatura. TRABAJO 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA El SIAL es un Sistemas Basados en Conocimiento (SBC), que es una herramienta de la Inteligencia Artificial. Los SBC son un modelo computacional de más alto nivel que el paradigma de la programación convencional, en el cual los sistemas están formados por tres componentes: la base de conocimiento (BC), la máquina de inferencia (MI) y la interfaz. La BC será el componente más importante y tendrá asociado un formato el cual indica cómo el conocimiento será representado internamente. A este formato se le denominará Forma de Representación del Conocimiento (FRC). 111 En el Álgebra Lineal el estudiante requiere de un tiempo prolongado de estudio independiente dado lo abstracto de su contenido y la necesidad de adquirir habilidades en aras de lograr los objetivos de la asignatura y que los problemas del tema de Espacios Vectoriales. Por lo general, las tareas del tema espacios vectoriales tienen diferentes caminos o vías de solución, lo que se ha convertido en un inconveniente desde el punto de vista de que el estudiante trata de reproducir el algoritmo propuesto por el profesor y no desarrolla algoritmos propios, restringiendo así su capacidad de razonamiento. Es por eso que se diseñó e implementó un Sistema Inteligente para el Algebra Lineal (SIAL), que sugiera las vías de solución, y no las soluciones, a las tareas. XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Los SBC se dividen en dos grandes grupos atendiendo al tipo de base de conocimiento que posean: Los Sistemas Basados en Reglas y los Sistemas Basados en Casos, los cuales como su nombre lo indica cuentan con una base de casos o ejemplos. Los Sistemas Basados en Casos, específicamente, brindan una opción factible para derivar una clasificación de un nuevo caso basado en los ejemplos almacenados, tienen la característica de aprender a medida que crece la base de casos o a partir de la llegada de un nuevo ejemplo. El SIAL es un sistema basado en caso, en su funcionamiento la solución de un nuevo problema se realiza a partir de las soluciones conocidas para un conjunto de problemas previamente resueltos (o no resueltos). Su rasgo distintivo es el hecho de utilizar directamente la información almacenada en la memoria del sistema sobre los problemas. El RBC significa razonar en base a experiencias. Es una alternativa entre otras metodologías para construir sistemas basados en el conocimiento que se asemejan en gran medida a la forma de razonamiento humano. Al razonar basado en casos, el solucionador de problemas recuerda situaciones previas similares a la actual y las usa para ayudar a resolver el nuevo problema. El trabajo describe cómo se diseñó esta herramienta informática (Caballero, y otros, 2011). Se explican sus fundamentos teóricos relacionados con las técnicas de Inteligencia Artificial para clasificar, utilizando el clasificador k-vecinos más cercanos K-NN (Caballero Y. , 2010), y con los cinco problemas tipos del Álgebra Lineal (Yordi, 2004). Se muestran los resultados obtenidos después de su utilización durante dos cursos y se analiza la incidencia de su utilización en la autoevaluación del estudiante y en la comprensión de los contenidos de esta asignatura. REFERENCIAS Caballero, P., Pérez, O., Docampo, L., Casas, L., Yordi, I., Coello, y otros. (2011). Sistema Experto para el Algebra Lineal. XII Congreso de la Sociedad Cubana de Matemática y Computación (COMPUMAT2011), (págs. 25-37). Villa Clara, Cuba. Caballero, Y. (2010). La Teoría de los Conjuntos Aproximados para el Descubrimiento de Conocimiento. Revista DYNA , 77 (162), 261-270. PÁGINA 112 Yordi, I. (2004). Metodología para formar en los estudiantes de Ingeniería Eléctrica la habilidad de calcular en Álgebra Lineal con sentido amplio. Tesis doctoral, Universidad de Camagüey, Departamento de Matemática, Camagüey, Cuba. VOLTAR 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA CAPACITACIÓN EN CONTEXTO PARA LA PREPARACIÓN DE LOS MAESTROS QUE IMPARTEN LA MATEMÁTICA. Dra. Carmen Evarista Matías Pérez Decana de la Facultad de Ciencias de la Educación, Universidad Autónoma de Santo Domingo, República Dominicana. [email protected] Nivel: Capacitación para el trabajo Categoría: Capacitación para el trabajo RESUMEN En la conferencia se utilizan los postulados teóricos sobre la capacitación en contexto (Matías, 2010), con el fin de contribuir al mejoramiento de la preparación del maestro que imparte la asignatura Matemática. Se describe y argumenta la orientación y organización del contenido de este tipo de capacitación, las acciones de capacitación que deben realizarse, las vías que se deben seguir, como estrategia de implementación, así como los momentos de su ejecución. Se explica la estrategia a seguir y se describe y fundamenta la implementación de la estrategia en República Dominicana y se hace una valoración de sus resultados. En la actualidad se manifiesta una contradicción entre la formación de los maestros y las demandas crecientes de la sociedad sobre la Matemática, así como la necesidad de tomar decisiones y adoptar alternativas que permitan incidir en el perfeccionamiento de la práctica de los maestros en el proceso de formación permanente. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA Constantemente los maestros deberán estar preparados ante los cambios que ineludiblemente sucederán en relación al proceso enseñanza-aprendizaje de la Matemática, como una necesidad de la sociedad actual, de ahí la importancia de que los maestros tengan que actualizar, re-evaluar y profundizar en el sistema de conocimientos, los métodos y estrategias que supuestamente les resultaron efectivas y eficaces durante su formación, para dar paso a nuevas estrategias que posibiliten el logro de las metas actuales: una educación matemática para el Siglo XXI (González, 1999). 113 TRABALHO XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA En consideración a lo anterior, surge la necesidad de dar respuesta al siguiente problema de investigación: ¿Cómo contribuir al mejoramiento del proceso de formación permanente de los maestros que imparten la asignatura Matemática?, ante este problema la estructura teórica de la investigación sigue el curso de las respuestas a las siguientes preguntas: ¿Cuáles podrían ser los fundamentos teóricos que sustenten una propuesta de capacitación en contexto?, ¿Cuál es la situación actual de la formación de los maestros que imparten la asignatura Matemática? Y ¿Qué características debe tener la propuesta de capacitación en contexto que contribuya al mejoramiento del proceso de formación permanente de los maestros que imparten la asignatura Matemática?. Dada la diversidad de términos utilizados, para determinar las diferentes etapas del proceso de formación de maestros, se precisa asumir una posición teórica para la realización de la presente investigación. En este sentido se asumen los postulados teóricos de la teoría de capacitación en contexto de Matías, 2010, la cual precisa que este tipo de capacitación es la que se desarrolla a través de un sistema de acciones inherentes a la formación permanente de los maestros, organizada por las universidades u otras entidades autorizadas y que se realiza mediante un conjunto de acciones pedagógicas que completa o actualiza su formación inicial con el propósito de perfeccionar el desempeño. PÁGINA 114 La capacitación en contexto debe partir de un diagnóstico de las necesidades de capacitación, preferiblemente a través de estudios de casos, concebir una concepción bien definida de su planificación y ejecución, así como la evaluación de sus resultados. Cada una de las acciones realizadas deberán organizarse con carácter cíclico y su contenido debe estar referido a aspectos didácticos y sociales, acorde al contexto donde se realice. Desarrollándose en el marco de la propia práctica profesional de los maestros e incorporando su experiencia profesional, las vivencias personales, familiares y sociales, de modo que contribuyan a lograr el mejoramiento profesional y humano de los maestros, al conciliarse la motivación con sus intereses personales y los sociales (Ibídem; pág. 73). Para la capacitación en contexto se deben propiciar relaciones de coordinación entre las formas de superación y el acompañamiento del trabajo del maestro, que incluya la supervisión de su práctica, la autoreflexión del maestro, así como la reflexión, individual y colectiva sobre la práctica. En estas relaciones, se consideran como formas fundamentales el diplomado, el entrenamiento, el trabajo cooperativo, la reflexión sobre la propia práctica y la autopreparación, las cuales articulan con las conferencias y talleres, que son consideradas como complementarias para reforzar las acciones previstas, así como para valorar su eficacia La estrategia de implementación deberá partir del entrenamiento, de modo que el trabajo que se realice tenga como sustento el diagnóstico, derivando del mismo el plan de capacitación, deberá, además, concebir la observación/ evaluación, de modo que se jerarquice la supervisión del trabajo del docente, en las clases y se propicie la reflexión individual y colectiva con respecto a su actuación en el aula, e integrado a los dos aspectos anteriores, concebir el actuar indagativo/investigación (Rizo & Campistrous, 2005). 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA En la conferencia se utilizan los postulados teóricos sobre la capacitación en contexto (Matías, 2010), con el fin de contribuir al mejoramiento de la preparación del maestro que imparte la asignatura Matemática. Se describe y argumenta la orientación y organización del contenido de este tipo de capacitación, las acciones de capacitación que deben realizarse, las vías que se deben seguir, como estrategia de implementación, así como los momentos de su ejecución. Se explica la estrategia a seguir y se describe y fundamenta la implementación de la estrategia en República Dominicana y se hace una valoración de sus resultados. BIBLIOGRAFÍA González, F. (1999). Los nuevos roles del profesor de matemática. Retos de la Formación de Docentes para el Siglo XXI. Reporte de Investigación, Comité Latinoamericano de Matemática Educativa, XIII Reunión Latinoamericana de Matemática Educativa , Santo Domingo. Matías, E. (2010). Capacitación en contexto que contribuya al mejoramiento de la preparación del maestro que imparte la asignatura Matemática en la Educación Básica en República Dominicana. Tesis Doctoral, Universidad de la Habana, Habana. PÁGINA 115 Rizo, C.; Campistrous, L. (2005). Conferencias sobre Metodología de la Investigación. Conferencias de la Maestría sobre Calidad de la Docencia Universitaria (pág. 23). San Luis Potosí, México: Universidad de Tangamanga. VOLTAR 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA RESIGNIFICACIÓN DEL CONCEPTO DE INTEGRAL DEFINIDA DESDE LA TEORÍA SOCIOEPISTEMOLOGÍA Guadalupe Cabañas-Sánchez, Universidad Autónoma de Guerrero [email protected] Resignificación, integral definida, Socioepisteomología, prácticas del salón de clases. Superior RESUMEN PÁGINA 116 Poco se ha documentado acerca de la construcción de significados en el aula con relación al concepto de integral definida, en los que se ponga de relieve a la conservación del área de regiones planas ubicadas debajo de la gráfica de una función continua y positiva. En esta comunicación presentamos un estudio que trata sobre la resignificación, un concepto que proviene de la teoría socioepistemología y como ejemplo de ello, a la integral definida, vista como área bajo una curva. En la resignificación de este concepto, la noción de conservación del área es fundamental, al constituirse en eje rector de las explicaciones de los estudiantes y de las acciones didácticas del profesor al tiempo que conservan, comparan y representan la medida del área en contextos tanto numéricos, geométricos y analíticos. Se privilegia además, la discusión colectiva sobre el comportamiento de las funciones al analizar las regiones de área respecto de su forma y posición relativa en el plano cartesiano. Documentamos la evolución colectiva de significados de un grupo de estudiantes de matemáticas mediante el análisis de seis prácticas matemáticas desarrolladas durante diez sesiones, de dos horas cada una. VOLTAR 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA O CONHECIMENTO MATEMÁTICO NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE MATEMÁTICA Nilza Eigenheer Bertoni Professora Assistente aposentada da Universidade de Brasília. Doutora Honoris Causa pela Universidade de Brasília. RESUMO Trataremos da distância entre os conteúdos veiculados nas disciplinas de licenciatura em matemática e os conteúdos que o professor deve ensinar no ensino básico, resultando em um desempenho superficial do professor, sem um aprofundamento matemático. Mostraremos mitos, ocultamentos e erros presentes em muitos livros didáticos de matemática, e de como a formação recebida não permite ao professor superá-los e nem sequer percebê-los. Concluiremos pela urgência de reformulação das disciplinas de conteúdo matemático que integram o currículo do curso. TRABALHO Já na implantação do primeiro curso de formação de professores secundários de matemática no Brasil, quando da fundação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de São Paulo, em 1934, a formação matemática veiculada visou mais a formação de uma elite matemática no país do que professores para a sala de aula. A formação propriamente docente era feita em um quarto ano de estudos, em disciplinas ministradas na Faculdade de Educação. Essa separação horizontal deu origem a outra vertical, criando um paralelismo entre disciplinas de conteúdo matemático e outras, de Educação Matemática ou psico-pedagógicas, voltadas para a formação docente. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA Sem amparo de uma formação específica voltada para o que precisa ensinar, a maioria dos os professores limita-se a um ensino superficial de regras e procedimentos, apoiando-se em livros que assim o fazem, sem possibilidade de explicações lógicas ou aprofundamentos. Segundo a editora chefe de uma grande editora brasileira, a margem para a venda de livros inovadores é exígua, pois os professores querem cada vez mais do mesmo. Não há pejo nem dor de consciência nesse procedimento – é isso que a matemática escolar se tornou, assim são a maioria dos livros, assim fazem os colegas, eles não foram formados para atuar diferentemente ou ver contradições. Os próprios autores de livros didáticos ressentem-se 117 Os cálculos, álgebras e outras disciplinas permanecem orientadas para a formação do bacharel, criando um fosso de separação com a matemática a ser veiculada em sala de aula, ainda mais acentuado em relação à matemática do ensino fundamental. XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA da falha nessa formação. Já há tempo, observamos que muitos dos livros didáticos apresentam mitos, ocultamentos e erros. São questões que foram chamando minha atenção ao longo de muitos anos, em contatos com livros didáticos e situações de sala de aula. Essas denominações não permitem uma divisão e enquadramento das questões observadas de modo preciso. Representam apenas um aspecto que, para mim, pareceu mais acentuado na questão. Elas vulnerabilizam a competência profissional do professor, quanto ao embasamento e sustentação que ele deve ter dos conhecimentos constituintes das propostas curriculares, comprometendo a aprendizagem do aluno, quanto à aquisição de um senso lógico do saber matemático. Impedem ao professor uma relação mais sólida com a matemática, incluindo a possibilidade de percebê-la com maior apreço, curiosidade e admiração - vetores sem os quais os conhecimentos matemáticos do professor ficam instáveis e desvinculados de sua prática profissional. Como alguns mitos na matemática do ensino básico, citamos: a soma e a subtração de frações demanda o conhecimento prévio do mínimo múltiplo comum e do máximo divisor comum; o conceito de fração demanda a divisão de figuras geométricas em partes iguais e o destaque de algumas partes; existem apenas alguns números irracionais, esparsos na reta numérica: √2, √3, , e ...; é impossível ensinar matemática sem seguir uma cadeia linear de pré-requisitos. Podemos encontrar exemplos de erros na expressão racionalizar o denominador, (inadequação - denominadores são números inteiros, e o certo seria falar em racionalizar o divisor) na afirmação de que os lados de polígonos não se cruzam (sem considerar os polígonos estrelados); na associação de irracionais com raízes de números naturais; na explicação dada para a irracionalidade de - na experiência de medição do contorno do círculo e do diâmetro PÁGINA 118 Mais presentes e extensos são os ocultamentos. Por exemplo, toda a lógica por trás dos procedimentos aritméticos e algébricos fica oculta. Por um lado, os alunos querem saber o porquê dos procedimentos – porque recuam uma casa na multiplicação de dois algarismos, porque a divisão de frações se faz por uma multiplicação, porque na soma e subtração de frações se usa um denominador comum e na multiplicação não, porque a multiplicação de dois negativos dá um positivo. Por outro lado, ao perceberem o que buscam nos algoritmos, é frequente construírem processos próprios, muitas vezes indecifráveis para o professor. Ocultamentos ocorrem no aparecimento do número racional como quociente de dois naturais, com a mesma notação da fração aprendida como parte-todo e interpretado como tal. Ou o fato da representação decimal das frações ser obtida pela divisão do numerados pelo denominador, e essa divisão conduzir sempre a expressões finitas ou infinitas periódicas. De modo geral, o professor sente inúmeras dificuldades em pontos matemáticos. Para o ensino médio, há o erro de se definir logaritmo como inversa da exponencial, quando esta ainda náo está definida na reta toda. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Em geral, esses pontos podem ser mediados por tratamentos metodológicos, muitas vezes baseados em intuição, mas merecem ser apresentados ao professor com a matemática que lhes dá suporte requerendo uma riigorosa redefinição das disciplinas de conteúdo matemáticos na formação do professor. REFERÊNCIAS SILVA, C. M. S. da. A Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP e a formação de professores de matemática. Disponível em http://www.ufrrj.br/emanped/paginas/conteudo_producoes/docs_23/faculdade_filosofia.pdf . Acessado em 16/04/2012. BALL., D. L.; THAMES, M. H.;PHELPS, G. Content Knowledge for Teaching. What Makes It Special? Journal of Teacher Education, Volume 59 Number 5 November/December 2008 389-407 PÁGINA 119 WU, H. The Mis-Education of Mathematics Teachers. Notices of the AMS. Volume 58, Number 3 VOLTAR 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA UNA EVOLUCIÓN DE LA ANALITICIDAD DE LAS FUNCIONES EN EL SIGLO XIX. UN ESTUDIO SOCIOEPISTEMOLÓGICO Lianggi Espinoza Ramirez Cinvestav IPN. México. [email protected] Categoría: Socioepistemología. Nivel educativo: Superior. RESUMEN PÁGINA 120 Con motivo a la entrega del premio Simón Bolívar a la mejor tesis de posgrado en matemática educativa, presentamos los principales resultado de la investigación. Estudiamos una evolución de la analiticidad de las funciones en el siglo XIX con la intencionalidad de entender la construcción social del conocimiento matemático desde los ojos y el mundo del otro en vez del nuestro. Para esto estudiamos en el otro su realidad (lo sociocultural) y su manera de ver al conocimiento y al mundo (racionalidad contextualizada). Con base en esto explicamos la evolución desde distintas significaciones del conocimiento matemático en contextos específicos. VOLTAR 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA: UM OLHAR QUE BUSCA A COMPREENSÃO DO FAZER Profa. Dra. Rosa Monteiro Paulo Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”- Unesp, SP, Brasil. RESUMO Assumindo uma postura fenomenológica buscamos fazer e compreender Filosofia da Educação Matemática e, para esta conferência, pretende-se apresentar alguns trabalhos produzidos na área para os quais lançamos um olhar compreensivo. Destacando a postura critica e reflexiva assumida, pretende-se expor as contribuições desses trabalhos para se pensar sobre ‘o que é isto a Filosofia da Educação Matemática?’. Entendemos que no movimento de reflexão efetuado o sentido do compreendido se mostra de modo individual, mesmo que feito no âmbito de um grupo de pesquisa e, ao trazermos para o debate, tanto o compreendido quanto o efetuado, busca-se avançar com interpretações compartilhadas. TRABALHO Sinto-me inquieta e percebo-me tentando uma escrita que não faz parte do que, até hoje, havia produzido. A postura adotada no fazer pesquisa – a fenomenológica – sempre me faz 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA Ao escrever o resumo as ideias iniciais tendiam para uma exposição dos trabalhos de alguns colegas pesquisadores do grupo FEM (Fenomenologia em Educação Matemática), de outros autores que, embora não sejam companheiros de pesquisa, o são de ideias e de diálogo, uma vez que compartilham das mesmas ansiedades - refletir sobre o fazer pesquisa em Filosofia da Educação Matemática - e finalizar com um exemplo do que tenho desenvolvido no âmbito da Filosofia da Educação Matemática, pensando na possibilidade de debate. Mas, por onde começar? Com quem dar inicio? Qual foco eleger? As questões – bem como a ansiedade - foram muitas. Os ensaios de escrita também. Mas, nenhum dos textos iniciados parecia atender ao principal objetivo: dizer da Filosofia da Educação Matemática. 121 Ao ser convidada por meu colega de grupo, grande companheiro de discussões fenomenológicas e amigo, Prof. Dr. Adlai Ralph Detoni, para, nesta conferência, falar acerca da Filosofia da Educação Matemática, senti-me ao mesmo tempo honrada e com a responsabilidade de uma tarefa que antevia não ser de fácil execução. Ao receber o contato da Profa. Dra. Marger C. V. Viana a responsabilidade fez-me atenta à tarefa que deveria executar. XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA ser impulsionada por uma interrogação. Tal interrogação, como nos mostra Bicudo (2011) é o que nos move, é o que nos possibilita buscar e investigar, perceber, compreender, interpretar e expressar. A interrogação “diz da perplexidade do investigador diante do mundo, a qual se manifesta inclusive como força que o mantém alerta buscando, inquirindo, não se conformando com respostas quaisquer” (BICUDO, 2011, p. 24). Não havia pergunta orientadora. Não havia busca. Não havia sentido no que, de inicio, tentava fazer. Diante disso, o caminho não se mostrava. Havia, em vão, tentativas, insucessos e, finalmente, desistência. Mas a angustia persistia, felizmente. Se interpretarmos a angustia tal qual ela é tratada por Heidegger (1995) isto é, como ‘estranheza’, como o sentimento de ‘não familiaridade com’, entende-se que a angustia é o que dispõe para a singularidade. Ao me sentir angustiada com a tarefa imposta pela escrita do texto, sou colocada em presença do próprio movimento reflexivo. Vejo-me questionando o que dizer. Entendo e percebo que há uma interrogação: aquela que visa explicitar a pesquisa em Filosofia da Educação Matemática e que procura o que é relevante para se dar a conhecer como produção na área. Ou seja, ao olhar para o conflito que se põe a partir da tentativa de escrita do texto vejo a interrogação manifestarse. Há o desejo de querer saber ‘o que é isso, falar da pesquisa em Filosofia da Educação Matemática?”. Mostra-se a angustia que rompe com a familiaridade, que singulariza. A angustia que, no sentido existencial descrito por Heidegger (1995), nos remete à experiência vivida dando possibilidade de uma abertura privilegiada na medida em que ela singulariza. Essa singularização retira a pre-sença de sua decadência e lhe revela a propriedade e impropriedade como possibilidades de seu ser. (HEIDEGGER, 1995, p. 255). A singularidade dá-se no modo próprio de escrita. Esse ‘modo próprio’ está no fazer Filosofia da Educação Matemática com o grupo de pesquisa Fenomenologia em Educação Matemática. O vivido é o que nos dá abertura para expor compreensões construídas ao longo do caminhar com a Filosofia da Educação Matemática e vai enlaçando possibilidades de reflexões e diálogo. PÁGINA 122 1. Filosofia da Educação Matemática: um olhar para a pesquisa divulgada 1.1.Um passado ainda recente Entende-se, com Bicudo (2010), que a importância da Filosofia da Educação Matemática se deve ao fato de que ela se detém ao estudo da própria análise crítica e reflexiva acerca da produção em Educação Matemática.. A Filosofia da Educação Matemática, segundo a autora, “trabalha multidisciplinarmente /.../ porém o foco é específico a determinada 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA interrogação: ‘o que é?’, aqui traduzida como : ‘O que é isto, a Educação Matemática’”. (BICUDO, 2010, p. 24). No entanto, não é por focar ‘o que é?’ que a investigação em Filosofia da Educação Matemática traga uma verdade acerca disso que se mostra como Educação Matemática. Vianna, por exemplo, afirma mesmo que “não deverá haver nunca um consenso sobre o que é a educação matemática; ela deverá ir gerando, ao longo dos anos, muitas e muitas filosofias, tantas quantas nossa imaginação souber possibilitar”. (VIANNA, 2002, p. 51). Mas, investigar ou fazer pesquisa em Filosofia da Educação Matemática é entrar no movimento reflexivo que permita expor que o próprio desse questionar é ver-se envolto na análise de tal modo que a constituição de uma filosofia da educação matemática deverá ir se pautando historicamente pela interrogação dos homens acerca de suas necessidades, pela superação dos seus preconceitos, pela compreensão das múltiplas realidades que irão sendo criadas, dissolvidas e recriadas. (idem, p. 52). Nesse sentido, para o que nos interessa neste texto, mais do que focar ‘o que é isto a Educação Matemática?’, vamos nos voltar para o que é feito por pesquisadores de Filosofia da Educação Matemática procurando explicitar isso que fazem quando fazem pesquisa em Filosofia da Educação Matemática. Sem a pretensão de esgotar o que é divulgado acerca do tema, buscamos um recorte e voltamos a falar do lugar que ocupamos: o mundo da experiência vivida. Voltamo-nos para a pesquisa desenvolvida no grupo FEM – Fenomenologia em Educação Matemática19. 19 O Grupo de Pesquisa Fenomenologia em Educação Matemática é coordenado pela Profa. Dra. Maria Aparecida Viggiani Bicudo, cadastrado no CNPq e credenciado junto a Unesp de Rio Claro. 20 Maiores informações sobre a pesquisa realizada pelo grupo e seus resultados podem ser obtidas em BICUDO, M.A. V. & PAULO, R. M. Um Exercício Filosófico sobre a Pesquisa em Educação Matemática no Brasil. In: BOLEMA, Rio Claro, v.25, n. 41, dez, 2011, p. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA Dentre os GT (Grupos de Trabalhos) analisados pelo FEM encontra-se o GT 11 – Filosofia da Educação Matemática. Como pesquisadora e vice coordenadora do FEM, participei da análise dos trabalhos desse GT juntamente com o Prof. Ms. Jamur André Venturin, da Universidade Federal do Tocantis. Tomarei tal análise como ponto de partida deste texto. Embora a pesquisa desenvolvida pelo FEM tenha sido mais abrangente20, para o que 123 Com o objetivo de trazer um panorama da pesquisa em Educação Matemática desenvolvida no Brasil, o grupo FEM encerrou em março de 2011 a pesquisa intitulada “Um exercício filosófico sobre a pesquisa em Educação Matemática no Brasil”. O foco foram os trabalhos publicados nos anais do III SIPEM (Seminário Internacional de Pesquisa em Educação Matemática), realizado em 2006, procurando compreender e explicitar a abrangência das pesquisas apresentadas no evento, as justificativas construídas para os temas pesquisados, os procedimentos adotados e as influências teóricas dos trabalhos. XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA interessa discutir neste momento, são suficientes as questões “o que está sendo interrogado/buscado/problematizado pelo autor do texto?”, “como a interrogação conduz à resposta?”, “como se chega ao buscado ou problematizado?”, “o que o texto responde da pergunta?”. A discussão do obtido na pesquisa favorecerá o diálogo. Mediante os procedimentos rigorosos da análise fenomenológica pudemos compreender que, no GT 11, os trabalhos apresentados em 2006 procuravam “destacar aspectos da construção do conhecimento matemático, tais como a abstração, a intuição, a objetividade, a lógica”. Buscavam apresentar e discutir “uma metodologia e recursos para o ensino geometria”; investigavam “o processo de mudança na prática do professor de matemática” e, ainda buscavam “relações entre matemática escolar e matemática não escolar”. PÁGINA 124 No que diz respeito a questão “como a interrogação conduz à resposta?, Como se chega ao buscado ou problematizado?”, os resultados da análise revelam que os trabalhos procuram “esclarecer ideias, fundamentar posturas assumidas ou falar do modo como o conhecimento matemático se dá, segundo autores específicos que lhes permitem dizer de conceitos relativos a, por exemplo, abstração, percepção, espaço ou idealidade”. Nota-se, também, que os autores, “apresentam propostas de ensino e discutem seus resultados fazendo considerações sobre o modo de levar o aluno a compreensão que entendem ser favorecida pelo material ou recurso utilizado”. Há trabalhos que “descrevem as fases de elaboração do material didático utilizado na pesquisa e sua aplicação em atividades propostas ou desenvolvidas em sala de aula”. E, ainda, “descrevem os procedimentos da postura metodológica assumida para coletar dados, fazer descrições, realizar entrevistas, analisar os dados”, enfim, o trabalho volta-se para a explicitação do método assumido ao fazer pesquisa em Filosofia da Educação Matemática. Isso mostra que as pesquisas apresentadas no III SIPEM, no GT 11- Filosofia da Educação Matemática trazem questões referentes ao que Miguel (2005, p. 141) denomina de “setores específicos da cultura: a cultura matemática propriamente dita e a cultura educativa em matemática”. Ou seja, há uma reflexão acerca dos objetos matemáticos no que diz respeito a dinâmica da construção do conhecimento, destacando a historicidade e o processo de objetivação. Para tanto autores de Filosofia da Matemática e de Filosofia, são tomados como interlocutores que permitem esclarecer posturas assumidas e compreensões construídas acerca de idealização, abstração, formalização e atos cognitivos. Nisso as ações de investigação vão se imbricando e o solo da sala de aula, do contexto de ensino e de aprendizagem emergem. Os pesquisadores se voltam para os aspectos da linguagem e da construção do conhecimento em sala de aula. Questionam o intuitivo e o lógico e o modo pelo qual esses aspectos podem ser compreendidos pelos alunos, no fazer da sala de aula. Defendem a importância do olhar para a postura assumida na sala de aula pelo professor, pelos alunos e a mediação do recurso utilizado. Lançam um olhar critico e reflexivo que permite fazer emergir a ação para a formação: de ideias, de conceitos, de atitudes, de conhecimento, estabelecendo convergências e divergências entre o conhecimento cientifico e o conhecimento escolar. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Voltam-se, ainda, para as práticas educativas do professor de matemática, questionando a ‘mudança’, a constituição do seu ‘ensinar matemática’ e a razão pela qual esse procedimento adotado foi se transformando nos diferentes contextos histórico, culturais e políticos. Enfim, as pesquisas apresentadas no III SIPEM, 2006, dizem da cultura matemática, do processo de compreensão do aluno, da prática escolar que envolve matemática, visando fornecer subsídios para uma discussão acerca do que se faz com a denominação de Educação Matemática. 1.2. Pretendendo atualizar Esse voltar-se sobre o feito no âmbito da pesquisa desenvolvida pelo FEM solicita uma atualização, não de dados, mas de ideias, de atos, de pessoas, de movimento que pensa a Filosofia da Educação Matemática. Como um dos organizadores do livro21 que publicou os trabalhos apresentados no IV SIPEM, realizado em 2009, tive o privilégio de poder ver esse movimento de atualização. Nota-se que os trabalhos apresentados no GT 11, em 2009, discutem a produção do conhecimento matemático pelo matemático, tomando como foco os recursos utilizados para os insights e a forma de explicitação do produzido. Analisam-se os procedimentos declarados, em entrevistas, como sendo aqueles adotados tanto para a obtenção de resultados quanto para a sua validação, voltando-se a atenção para compreender e explicitar a concepção de conhecimento presente no fazer matemática. A sala de aula volta a ser foco de análise e são discutidos o ensino, a aprendizagem e a formação do professor que ensina matemática. O tema da formação inicial e continuada abre espaço para uma reflexão acerca das ‘relações de poder’ em que a matemática escolar se acha envolvida levando a uma explicitação de concepções sobre matemática e produção do conhecimento. Desse modo entende-se que, no curso do SIPEM, evento que por sua natureza tem a intenção de promover a divulgação da pesquisa em Educação Matemática, abrindo espaço para o diálogo entre os pesquisadores, há um fazer Filosofia da Educação Matemática que, 21 O livro aqui mencionado é CLARETO, S. M. ; DETONI, A. R. ; PAULO, R. M. (Org.). Filosofia, Matemática e Educação Matemática: compreensões dialogadas. Juiz de Fora: Editora da UFJF, 2010. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA Ainda, numa postura de analise, há trabalho que se volta para o modo pelo qual as pesquisas em Educação Matemática são divulgadas, tecendo a critica acerca da sua forma de apresentação, comentando as desvantagens e prejuízos que podem sofrer e sugerindo possibilidades. 125 O ciberespaço oferece o ‘espaço’ para explicitar compreensões acerca da realidade, do mundo vivido, do virtual. As analises mostram possibilidades de comunicação, de contextualização, de articulações, de compartilhamento e revelam um novo movimento de abertura para a ressignificação e transmissão da cultura matemática. XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA no âmbito do GT 11, mostra uma posição assumida em relação a epistemologia da Educação Matemática, ao ciberespaço, aos recursos intuitivos e dedutivos para a produção do conhecimento matemático, a formação do professor, a sala de aula em que se ensina e aprende matemática. Para fazer suas reflexões os autores escolhem interlocutores de diferentes abordagens filosóficas. Da fenomenologia recorrem a Husserl, Merleau-Ponty, Heidegger e Ricoeur; da filosofia da Matemática, Lakatos, Bertrand Russell e Whitehead e da filosofia, Bachelard, Kant, Wittgenstein, Nietzsche e Deleuze. No mostrar-se das pesquisas expõem-se olhares críticos e reflexivos sobre e com os temas da Educação Matemática oportunizando o diálogo que vise aprofundar questões e favorecer a construção dessa área de conhecimento. 1.3. Expondo um modo próprio de fazer Uma pesquisa22 sobre a qual tenho me debruçado recentemente visa compreender Como se constitui a identidade do professor nos cursos de licenciatura. Para tanto voltamo-nos para as diretrizes curriculares do curso de Licenciatura procurando identificar o perfil do licenciando que é preconizado. Partimos desse ponto para, na continuidade da pesquisa, analisar os projetos pedagógicos dos cursos e a ações de formação dos professores na tentativa de entender o que orientam o que é feito nos cursos de formação e em que sentido esse fazer contribui para a constituição da identidade do professor. Os estudos realizados para compreensão do tema, nos fez entender que a busca pela constituição da identidade do professor exige um movimento de reflexão acerca tanto da proposta de formação quanto da realidade vivida nos cursos de licenciatura para se elucidar o que é feito nesses cursos, como isso que é feito o é, e por que é feito. Tem-se, portanto, uma intenção investigativa que se coloca no âmbito do pensar filosófico, voltado para um pensar crítico e reflexivo sobre as propostas curriculares e sobre a experiência vivida. PÁGINA 126 Martins (2008) afirma que a busca da singularidade do professor exige um olhar para além da história. Isso significa que, embora a história nos dê um panorama no qual a identidade atribuída à profissão do professor vá sendo modificada ao longo do tempo, vê-se preservada a concepção do “educar [como] um acontecimento que se dá num lugar, num certo coexistir entre iguais”. (MARTINS, 2008, p. 22). Isso nos faz atentos ao contexto em que a formação se dá: a sala de aula do curso de licenciatura. Voltando-nos, inicialmente, para as diretrizes curriculares dos cursos de Licenciatura em Matemática, Química e Pedagogia pudemos construir uma tabela de convergências com 68 (sessenta e oito) unidades de significado, ou seja, com trechos destacados do texto que nos permitam compreender o perfil do licenciando que é exposto nesse documento (as diretrizes). O movimento de análise efetuado, que seguiu o rigor da pesquisa fenomenológica, nos leva a 09 (nove) núcleos de ideias que permitem a construção de 03 22 Essa pesquisa está sendo desenvolvida em parceria com os pesquisadores do GEPEM – Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação Matemática, credenciado junto a Unesp, campus de Guaratinguetá. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA (três) categorias abertas, entendidas como regiões de generalidades para as quais as ideias convergem. São elas, Categoria Aberta (1): Formação para a ação em sala de aula. Categoria Aberta (2): Formação para a construção do conhecimento pedagógico, científico e cultural. Categoria Aberta (3): Formação para análise e participação critica na auto formação e na gestão educacional. O movimento de interpretação das categorias mostra que o perfil do licenciando, segundo o que interpretamos, diz de um futuro profissional que deve ser formado para a sala de aula, ou para a docência. Para tanto ideias de conhecer, vivenciar, elaborar e avaliar propostas e projetos de ensino bem como recursos para se ensinar, são discutidas e incentivadas. Interpretamos que as orientações estão no âmbito do ‘fazer’ e do ‘como fazer’. Segundo Bicudo, (2010, p. 44), esses “são aspectos importantes e nutrientes das ações de ensinar e aprender”, porém, nas diretrizes curriculares não são explicitados de modo que não se pode compreender o seu sentido. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA Bicudo (2000) ao afirmar que “construção do conhecimento tornou-se uma expressão corriqueira que no nível do senso comum aparece vaga de significação” (BICUDO, 2000, p. 17) nos chama a atenção para o fato de ser importante haver clareza, do que é, nas diretrizes curriculares para a licenciatura, a ideia de “construção do conhecimento”. Para Bicudo (2000) tratar da construção do conhecimento é tratar de uma questão essencialmente epistemológica e, desse modo, não se pode omitir a interrogação sobre a realidade. Afirma não ser possível assumir ingenuamente que as questões epistemológicas deem conta de tratarmos de “indagações referentes ao mundo, ao seu conhecimento e ao que existe e de que modo existe isso que se diz existir” (Idem, p. 23). Segundo a autora, as questões epistemológicas se voltam para a interrogação do que se conhece, de como se conhece e quais as justificativas que tornam o conhecido aceito perante uma comunidade. Porém, afirma que as questões feitas sobre o que existe (isso que se conhece) voltam-se para a realidade em que o conhecido está presente e, desse modo, pertencem à ontologia. Portanto, em sua compreensão, o epistemológico não pode ser separado do ontológico de tal modo que explicitar a “expressão construção do conhecimento solicita a explicitação do modo pelo qual se entende realidade” (Idem, p. 24). Nossa análise das diretrizes curriculares dos cursos de Licenciatura em Matemática, Química e Pedagogia, mostra que ao se preocuparem, por exemplo, com o ‘conhecimento de questões contemporâneas para o entendimento do contexto global e social’ ou com a ‘importância social da profissão como possibilidade de desenvolvimento social’, ou ainda com a ‘visão crítica do papel social da Ciência’, as diretrizes apontam para a questão da ‘realidade’ entendida como aquela do contexto social e cultural e não da experiência vivida. 127 Já na interpretação da categoria Formação para a construção do conhecimento pedagógico, cientifico e cultural, entendemos que se mostram, nas diretrizes curriculares, aspectos que fazem emergir o compromisso científico-social. Vimos, no movimento de análise, a construção do conhecimento atrelada a esse compromisso, bem como à pesquisa educacional, como meio para a construção do conhecimento. E ainda, ao reconhecimento da ciência como uma construção humana, situada histórico-socialmente. Mas, embora se destaquem esses aspectos como constitutivo da construção do conhecimento ainda não se diz do que é a construção do conhecimento. XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Para a categoria Formação para análise e participação critica na auto formação e na gestão educacional mostra-se, no perfil esperado dos licenciandos, o desejo de formação de um sujeito autônomo e participativo, que saiba tomar decisões coletivas. As diretrizes analisadas, segundo o interpretado, concebem e esperam uma gestão democrática na qual a participação seja o principal meio de envolver profissionais e usuários no processo de tomada de decisões e no funcionamento da organização escolar. A participação proporciona o conhecimento dos objetivos e metas da estrutura organizacional além de favorecer uma aproximação entre professores, alunos, pais e comunidade em geral. Mostra-se ainda, que formar o professor para a efetivação de uma gestão democrática é pressuposto de todas as diretrizes e, nesse sentido, torna-se indispensável o trabalho em equipe. Formar a equipe ou ter um grupo de pessoas que trabalhe junto, tendo em vista atingir a meta de formação e a aprendizagem dos alunos, passa a assumir centralidade na formação docente. Como destacado, busca-se um professor que seja capaz de trabalhar de modo colaborativo. Essa análise nos chama a atenção, mais uma vez, para a questão da constituição da identidade e nos remete a fala de Bicudo (2010) acerca da ética, do respeito ao outro, do cuidado, da responsabilidade, do ouvir. Entendemos que no ‘trabalhar junto’ pode deixar expor-se o ‘estilo pessoal’ se tais aspectos forem considerados. A formação para a participação critica faz emergir possibilidades de discussão acerca da constituição da identidade do professor embora, segundo nossa compreensão, muito ainda tenha que ser discutido acerca do que é a ‘identidade’. PÁGINA 128 2. Considerações Finais Tal qual iniciar, finalizar, não é uma tarefa simples. Porém, entendo que a intenção na escrita – explicitar a pesquisa em Filosofia da Educação Matemática - está sendo cumprida. A participação no SIPEM – como membro do grupo de pesquisa que se debruçou sobre a produção no GT 11 em 2006 e, depois, como organizadora do livro que divulga os trabalhos do mesmo GT em 2009, me possibilita uma visão parcial do produzido. Digo parcial porque entendo que há muitos outros pesquisadores – a exemplo de Vianna e Miguel, trazidos para este texto – que embora façam pesquisa em Filosofia da Educação Matemática, optam por não apresentarem trabalhos no SIPEM (ou não no GT 11). O lugar da experiência vivida, bem como o estilo de escrita e o desejo de compartilhar o produzido, mais recentemente, em Filosofia da Educação Matemática, me faz trazer a pesquisa acerca da Identidade do Professor. Embora seja uma pesquisa em andamento, seu inicio já surtiu bons frutos: possibilitou o estar-com pesquisadores discutindo a formação do professor num grupo que também está, ainda, em formação. O desejo agora é dispor-se para ouvir, partilhar, compreender. Comunicação nunca é transposição de vivencias, por exemplo, de opiniões e desejos, do interior de um sujeito para o interior de outro 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA sujeito. A co-presença já se revelou essencialmente na disposição e compreensão comuns. O ser-com é partilhado ‘explicitamente’ no discurso. Isso significa: o ser-com já é, só que ainda não partilhado porque não apreendido e apropriado. (HEIDEGGER, 1995, p. 221). REFERÊNCIAS BICUDO, Maria Aparecida Viggiani. Fenomenologia: Confrontos e Avanços. São Paulo: Cortez, 2000. BICUDO, Maria Aparecida Viggiani (Org.). Filosofia da Educação Matemática: fenomenologia, concepções, possibilidades didático-pedagógicas. São Paulo: Editora da Unesp, 2010. HEIDEGGER, Martin. Ser e Tempo. 5 ed. Petrópolis: Vozes, 1995. MARTINS, Maria Anita V. A Constituição da Identidade da Profissão Professor. In: Revista Pesquisa Qualitativa. Ano 3, n.1, p. 11-28, 2008. MIGUEL, Antonio. História, filosofia e sociologia da educação matemática na formação do professor: um programa de pesquisa. In: Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 31, n. 1, p. 137-152, jan./abr. 2005. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/ep/v31n1/a10v31n1.pdf. Acesso em 20 de maio de 2012. VOLTAR 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA 129 VIANNA, Carlos Roberto. Filosofia da Educação Matemática. In: BICUDO, Maria Aparecida Viggiani (Org.). Filosofia da Educação Matemática: Concepções & Movimento.. Brasília: Plano Editora, 2002. Cap. 3, p. 45-57. XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA A NEUROPSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM MATEMÁTICA Laerte Fonseca – IFS/UNIBAN [email protected] RESUMO O objetivo principal desse artigo é esboçar uma proposta inicial de um Protocolo Neuropsicopedagógico para funcionar como um tipo de termômetro disponível aos professores de Matemática dos Ensinos Médio e Superior quando desejarem identificar o nível cognitivo de seus alunos. Para sua concepção, refletiu-se profundamente nas teorias da Neuropsicologia por meio das pesquisas de Lefrançois (2008), LeDoux (2001), Luria (1981), Sternberg (2010), Gazzaniga et al. (2006), Fuentes et al. (2008), Davidoff (2001), Bastos (2006), Santos et al. (2009), Silva e Santos (2009), Frigério et al. (2009), MalloyDiniz et al. (2008), Angrill e Pla i Llumà (2008), Golbet e Muller (2009) e Manning (2005). Concluiu-se que a constante ativação das Funções Cognitivas (FC) é responsável pelo desenvolvimento da Aprendizagem Matemática e que seu principal fluxo deve percorrer as vias da sensação, percepção, emoção, atenção, memória e funções executivas (hierarquicamente, nessa ordem). Palavras-chave: Aprendizagem Neuropsicopedagógico. Matemática, Neuropsicologia, Protocolo TRABALHO Introdução PÁGINA 130 A motivação inicial desse artigo repousa sobre as reflexões acerca do desenvolvimento da Aprendizagem Matemática dos alunos do Ensino Básico necessária para o ingresso no Ensino Superior, especificamente, na disciplina de Cálculo I. Nesse sentido, o objetivo geral desse texto é esboçar uma proposta inicial de um Protocolo Neuropsicopedagógico para funcionar como termômetro disponível tanto aos professores de Matemática do Ensino Médio, como aos do Ensino Superior quando sentirem a necessidade de examinar as condições da Aprendizagem Matemática de seus alunos em função dos conhecimentos esperados apresentados nos documentos oficiais, bem como os conhecimentos disponíveis já possivelmente guardados na memória de longo prazo de seus alunos. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Isto posto, priorizei três etapas para alcançar esse intento. Primeiramente, discutirei sobre a Aprendizagem Matemática como um dos focos primordiais da Educação Matemática, pinçando da Psicologia Cognitiva o conceito essencial de Aprendizagem, fundamentandome nos pressupostos teóricos de Lefrançois (2008) e buscando compreender os caminhos e descaminhos conceituais que esse conceito mobilizou, e ainda mobiliza, ao longo da história de seu desenvolvimento, priorizando os “consagrados” pelas instituições que se envolvem com a natureza dessa discussão. Em seguida, introduzirei os fundamentos da Neuropsicologia que se entrelaçam com outros das Ciências Cognitivas, mais especificamente, a Psicologia Cognitiva, Neurociência Cognitiva, Neuropsicologia e, mais recentemente, Neuroaprendizagem. Esses alicerces foram construídos sob as lentes de LeDoux (2001), Luria (1981), Sternberg (2010), Gazzaniga et al. (2006), Fuentes et al. (2008), entre outros, buscando uma defesa para estruturar o núcleo da Aprendizagem Matemática como sendo a condução contínua das Funções Cognitivas (FC) por meio do fluxo: SENSAÇÃO, PERCEPÇÃO, EMOÇÃO, ATENÇÃO, MEMÓRIA e FUNÇÕES EXECUTIVAS (hierarquicamente, nessa ordem). A última das etapas versará sobre um primeiro esboço de um Protocolo Neuropsicopedagógico pautado nos resultados de pesquisa de Davidoff (2001), Bastos (2006), Oliveira e Rigioni (2006), Santos et al. (2009), Silva e Santos (2009), Frigério et al. (2009), Malloy-Diniz et al. (2008), Angrill e Pla i Llumà (2008), Golbet e Muller (2009), Manning (2005) e Frigério et al. (2009) que estudaram com profundidade a Aprendizagem, destacando as pesquisas de Bastos (2006) sobre a discalculia. Sobretudo, com essa proposta é meu desejo poder influenciar os leitores a fim de que flexibilizem suas convicções quando tratarem da Aprendizagem Matemática escolar priorizando a diminuição “sabida” do sofrimento nas aulas de Matemática, muitas vezes “invisível” aos olhos dos professores dessa área. 1. Aprendizagem Matemática como objeto de estudo e pesquisa da Educação Matemática. O acompanhamento dos resultados de pesquisas científicas nos bancos de dissertações e teses dos programas de pós–graduação em Educação Matemática (UNESP, PUC/SP, UNIBAN, principalmente) e nas estatísticas do INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa) e do PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos, 2006, tradução 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA Neste sentido, o desenvolvimento adequado do Ensino de Matemática exige que seus mentores conheçam com profundidade teórica e prática os fundamentos da Aprendizagem e, particularmente, da Aprendizagem Matemática. 131 As imbricações entre o Ensino e a Aprendizagem na área de Matemática perdem-se no decurso da história no Ensino de Matemática mundial (MIORIM, 1998). O ato de ensinar e aprender segue um paralelismo dinâmico e contínuo conforme o sujeito é confrontado com desafios que solicitam uma revisão quase instantânea de suas estratégias adquiridas e acumuladas para encontrar uma solução. XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA minha), referente ao índice de reprovação, evasão e baixa capacidade intelectual escolarizada, respectivamente, divulgadas pela mídia, permite ao menos conjecturar que lamentavelmente, nem as investigações em Educação Matemática e em Psicologia Cognitiva estão sendo consideradas pelos protagonistas do Ensino, denunciando o valor e a importância que esses manifestam em relação à referida temática. Esse preâmbulo conduzirá esta comunicação no anseio de mobilizar e reconquistar a noção, o conceito e a definição de Aprendizagem, bem como as principais vertentes teóricas e suas concepções. Em seguida, compreender como a Educação Matemática tem se apropriado dessas correntes por meio de suas pesquisas (destacar ações da SBEM23 e IGPME24, primordialmente) e, por último, provocar uma discussão em defesa de uma abordagem cognitiva da Aprendizagem Matemática. Sempre que é perguntado a qualquer pessoa que é Aprendizagem, geralmente responde a partir da noção que lhe é peculiar: significa o ato de adquirir informações. (LEFRANÇOIS, 2008). Para esse pesquisador, tanto essa noção quanto o conceito que ainda circula na literatura – aprendizagem é apenas uma mudança de comportamento – estão comprometidos diante de sua definição: aprendizagem é definida como toda mudança relativamente permanente no potencial de comportamento, que resulta da experiência, mas não é causada por cansaço, maturação, drogas, lesões ou doenças. [Em outras palavras], a evidência da aprendizagem é encontrada nas mudanças observáveis ou potencialmente observáveis do comportamento, como resultado da experiência. Contudo, a aprendizagem é um processo neurológico interno invisível. (LEFRANÇOIS, 2008, p. 06, grifo meu). PÁGINA 132 Segundo esse autor, aparentemente, a aquisição de informação não é tão óbvia quanto se imagina na complexa realidade e, muito menos, concluir que apesar de bater com a cabeça na parede ser uma mudança de comportamento, essa não pode ser interpretada como Aprendizagem, pois estar-se-ia reduzindo ao mínimo as possibilidades do seu estudo. Tomando esse recorte como fio condutor, encontram-se no esteio das Teorias da Aprendizagem duas grandes vertentes teóricas: o Behaviorismo e o Cognitivismo, que a partir das concepções de seus divulgadores, repartem-se em muitas outras. Basicamente, Lefrançois (2008), resume essa classificação em função das variáveis de interesse de cada época. Os behavioristas Pavlov (1849 – 1936), Watson (1878 – 1958), Guthrie (1886 – 1959), Thorndike (1874 – 1949), Hull (1884 – 1952), Skinner (1904 – 199) priorizavam variáveis consideradas externas/observáveis, tais como: estímulos, respostas, reforçamento e punição. Enquanto os cognitivistas Bruner (1915 – atual), Piaget (1896 – 1980), Vygotsky (1896 – 1934), Luria (1902 – 1977) e outros focaram nas variáveis internas/controláveis, tais como: representação, autoconsciência, processamento da informação, percepção, organização, tomada de decisão, resolução de problemas, atenção, memória, cultura e linguagem. 23 24 SBEM – Sociedade Brasileira de Educação Matemática. IGPME – Grupo Internacional de Psicologia da Educação Matemática (tradução minha) 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Para Lefrançois (2008), entre essas duas grandes divisões, existiu uma transição que ele chamou de início do cognitivismo moderno, onde se discutia Psicologia evolucionista, sociobiologia, estímulos, respostas, reforçamento, mediação, propósito, objetivos, expectativa e representação. Sem a pretensão de aprofundamentos, é indiscutivelmente aceito que no paradigma comportamental ou Behaviorismo, a Aprendizagem, na visão de Portilho (2009, p. 16) “é considerada em função dos estímulos do meio ambiente, que, por sua vez, modelam e controlam as ações das pessoas tal como é apresentado nas concepções empiristas do conhecimento”. Por outro lado a concepção cognitivista, complementa a autora, “atribui a conduta, não mais a sucessos externos, mas a certas estruturas mentais complexas e a determinados mecanismos de caráter interno”. (ibidem, p. 17). O intuito ao confrontar esses dois modelos de pensamento foi tão somente levar o leitor a perceber que os conflitos ocorridos no Ensino de Matemática – ora amparados pela SBEM, ora pela SBM25 – dizem respeito às escolhas epistemológicas que os professores fazem (ou são conduzidos a fazer) para ministrar suas aulas partindo de um dos paradigmas de Aprendizagem defendidos pelos psicólogos acima, seja por uma questão de “crença”, cultura, identificação, valor ou entendimento. No âmbito nacional, e levando em conta os artigos publicados nos periódicos de Educação Matemática em Revista, é possível inferir que a SBEM, ao longo de sua existência, tem se posicionado em defesa da concepção cognitivista, pois a maioria dos artigos publicados nesse periódico reúne discussões fundamentadas nas pesquisas de Piaget e Vygotsky, principalmente. Além disso, fomenta discussões por meio do GT 09 denominado “Processos cognitivos e linguísticos em Educação Matemática”. De forma análoga, um exame nos anais do IGPME revelou que basicamente os trabalhos apresentados versam sobre uma defesa da Aprendizagem Matemática vinculada ao cognitivismo e à tecnologia. Isto posto, e fazendo a opção pela abordagem mais moderna de Aprendizagem – Psicologia Cognitiva, Neuropsicologia e Neuroaprendizagem – discutirei e defenderei no próximo item o conceito de Neuropsicologia: surgimento, objetivos e referências na área, desenvolvimento da anatomia e fisiologia aplicadas a Neuropsicologia e as principais bases neuropsicológicas para a estimulação do centro da Aprendizagem Matemática – sensação, percepção, emoção, atenção, memória e funções executivas. 25 SBM – Sociedade Brasileira de Matemática. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA Ao apresentar uma ideia Matemática aos estudantes de modo geral e mais especificamente, aos do Ensino Básico, os professores geralmente imaginam que seus alunos disponham de um Sistema de Pensamento capaz de subsidiar o raciocínio lógico mais adequado à compreensão do conteúdo exposto. Por outro lado, não se questionam, se de fato, esse sistema está adequadamente formado na “mente” de seus alunos e, caso não esteja, como prosseguir para fazê-los aprender os conteúdos matemáticos. 133 2. As lentes da Neuropsicologia sobre a Aprendizagem Matemática. XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Dentre outras, essa é genuinamente uma das preocupações das Ciências Cognitivas que conforme LeDoux (2001, p. 25) procura entender os processos que costumam se dar no interior da caixa preta. Concentrando-se no processo e não no conteúdo consciente, a ciência cognitiva não chegou propriamente a recuperar a concepção da mente que fora rejeitada pelos behavioristas. Contudo, cada vez mais os cientistas cognitivos estão tentando compreender tanto os mecanismos da consciência como os processos inconscientes que podem dar origem a conteúdos conscientes ou não. Ao que tudo indica, o cerne das Ciências Cognitivas pertence à intersecção de quatro campos teóricos sutilmente distintos: Psicologia Cognitiva, Neurociência Cognitiva, Neuropsicologia e, mais recentemente, Neuroaprendizagem que podem orientar os professores de Matemática, sempre que for necessário apresentar, por meio da exposição ou de outra metodologia mais apropriada, os conteúdos matemáticos do Ensino Básico. Nesse sentido, faz-se necessário definir as origens, princípios, prioridades e campo de atuação de cada uma delas, buscando focar em seus interesses comuns com o intuito de realçá-los em defesa da Aprendizagem Matemática. Acreditando ser a desencadeadora dos campos acima, iniciarei a discussão pela Psicologia Cognitiva aproveitando-me das orientações de Sternberg (2010) quando afirma que as raízes primitivas dessa ciência encontram-se na interface da Filosofia e da Fisiologia26, cujo objetivo primordial direcionou-se, à época, ao estudo da mente. Essas áreas originaram, por meio de suas crenças, duas abordagens científicas: o Racionalismo que privilegia a análise lógica para a compreensão do conhecimento e o Empirismo que prioriza as evidências empíricas (experiência e observação) para aquisição do conhecimento. PÁGINA 134 Para Sternberg (2010), essas duas abordagens ajudaram a fundar duas grandes escolas da Psicologia. Primeiramente, derivada dos princípios racionalistas, institui-se o Estruturalismo que “busca entender a estrutura (configuração dos elementos) da mente e suas percepções pela análise dessas percepções em seus componentes constitutivos” (STERNBERG, 2010, p. 04). Nesse sentido, destaca-se o psicólogo alemão Wilhelm Wundt (1832-1920) como um forte representante dessa corrente teórica. Em segundo plano, proveniente das críticas aos estruturalistas, nasce o Funcionalismo, argumentando que o processamento do pensamento é mais importante do que seus conteúdos elementares (estruturas da mente humana). Segundo Sternberg (2010, p. 05, grifos do autor) o “Funcionalismo busca entender o que as pessoas fazem e por que o fazem”. O mesmo autor afirma que os funcionalistas estavam juntos pelos mesmos 26 A esse respeito, pode-se associar os nomes de Platão e Aristóteles como os fundadores dessas áreas, bem como o racionalista René Descartes (1596) e empirista John Locke (1632-1704), responsáveis pelas suas expansões que mais tarde foram sintetizadas por Immanuel Kant (1724-1804), defendendo os valores de cada uma delas ao tempo que postula ser a verdade fruto de um trabalho conjunto entre as mesmas. (STERNBERG, 2010, p. 04, grifo meu). 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA questionamentos que faziam, mas permitiam-se métodos e respostas diferençadas desde que explicassem uma dada questão. Sendo assim, é provável que do Funcionalismo tenha-se originado o Pragmatismo que, por sua vez, defendia a aquisição do conhecimento a partir de sua utilidade. Como uma referência histórica e, ao mesmo tempo contemporânea, o psicólogo William James (1842-1910) é considerado o responsável pela interligação entre o Funcionalismo e Pragmatismo, destacando-se por sua preocupação com questões ligadas a atenção, consciência e percepção. (STERNBERG, 2010, p. 06). Conforme Sternberg (2010), paralelamente ao Funcionalismo, o Associacionismo surge como uma síntese integradora na medida em que “investiga como os eventos e as ideias podem se associar na mente propiciando a Aprendizagem” (ibidem, 2010, p. 06). Entre outros, um associacionista consagrado pela história da Psicologia foi Edward Lee Thorndike (1874-1949) por meio de sua descoberta denominada Lei do Efeito, em que a satisfação respaldava a formação de associações. Os resultados das pesquisas de Thorndike mobilizaram outros pesquisadores da época a desenvolver pesquisa básica para compreender as possíveis relações entre estímulo e resposta, originando uma corrente teórica nomeada de Behaviorismo, cujo objetivo era a materialização (controle) do processamento mental. Sternberg (2010) faz uma digressão histórica retomando os trabalhos sobre condicionamento clássico de Ivan Pavlov (1849-1936), bem como estudos de B. F. Skinner (1904-1990), considerado behaviorista radical “acreditava que quase todas as formas do comportamento humano, e não apenas o aprendizado, podiam ser explicadas por comportamentos emitidos em resposta ao ambiente” (STERNBERG, 2010, p. 07). Isto posto, Sternberg (2010) destaca o que se pode considerar como os cinco princípios fundamentais da Psicologia Cognitiva: Os dados na Psicologia Cognitiva só podem ser completamente compreendidos no contexto de uma teoria explanatória, porém de nada valem as teorias sem dados empíricos; a cognição é, geralmente, adaptativa, mas não em todas as instâncias específicas; 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA Desse breve apanhado histórico, pode-se concluir que, por princípio, a Psicologia Cognitiva objetiva investigar como as pessoas percebem, lembram, aprendem e pensam sobre uma dada informação. Para tanto, utiliza-se de fundamentos biológicos com o intuito de compreender o comportamento cognitivo por meio de métodos quantitativos. É aplicada a diversos campos do conhecimento, tais como: publicidade, linguística, antropologia, engenharias, computação (inteligência artificial), entre outras. 135 Com efeito, reproduzindo um movimento de vai e vem, comenta Sternberg (2010) que muitos psicólogos rejeitaram as teses do behaviorismo radical para “espiar” dentro da caixa preta sinônimo do funcionamento do cérebro – a exemplo de Edward Tolman (1886-1959) que defendia a compreensão do comportamento com base nos objetivos e planejamento para alcançá-lo. Para muitos autores, Tolman é considerado pioneiro da contemporânea Psicologia Cognitiva. XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA os processos cognitivos interagem uns com os outros e também com processos não-cognitivos; a cognição deve ser estudada por meio de uma variedade de métodos científicos; toda a pesquisa básica em Psicologia Cognitiva poderá levar a aplicações e toda pesquisa aplicada poderá levar a conhecimentos básicos. (STERNBERG, 2010, p. 24-27). Coincidentemente, esse autor inicia o segundo capítulo de sua obra intitulando-o de Neurociência Cognitiva; outrossim, introduzirei nesse próximo diálogo as contribuições de Gazzaniga et al. (2006) por acreditar que a soma dos resultados garimpados em ambas as obras podem tornar o texto mais fundamentado. Sternberg (2010) faz sua opção levantando algumas questões entre mente-corpo, a saber: Onde a mente está localizada no corpo, se é que está? De que forma mente e corpo interagem? Como somos capazes de pensar, falar, planejar, raciocinar, aprender e recordar? Quais são as bases físicas de nossas capacidades cognitivas? (ibidem, 2010, p. 29) Esses questionamentos contribuem para analisar a relação entre Psicologia Cognitiva e Neurobiologia ou, mais especificamente, Neurociência Cognitiva conceituada como campo científico que investiga o cérebro para compreender o comportamento humano com base no processamento cognitivo. Nesse sentido, os psicólogos cognitivos objetivam analisar como a anatomia e a fisiologia do sistema nervoso central comprometem e são comprometidas pela cognição humana. Já Gazzaniga et al. (2006), informa que a origem da denominação Neurociência Cognitiva ocorreu no final da década de 1970, dentro de um táxi na cidade de Nova York. Esse autor esclarece que PÁGINA 136 Um de nós, Michael S. Gazzaniga, estava com o grande fisiologista cognitivo George A. Miler, a caminho de um jantar de confraternização no Hotel Algonquin. O jantar era oferecido por cientistas das Universidades Rockfeller e Cornell, que estavam se esforçando para estudar como o cérebro dá origem à mente, um assunto que necessitava de um nome. Desta corrida de táxi surgiu o termo Neurociência Cognitiva, que foi aceito na comunidade científica. (GAZZANIGA et al., 2006, p. 19, grifos do autor) Segundo Gazzaniga et al. (2006) a, motivação para os investimentos nesse campo de pesquisa deveu-se à organização e ao funcionamento do córtex cerebral respondendo a simples estímulos. Esses autores exemplificam dizendo que “David Hubel e Torten Wiesel, em Harvard, estavam mostrando como um único neurônio no córtex visual respondia de maneira confiável a formas particulares de estímulo visual”. (GAZZANIGA et al., 2006, p. 37). Nessas condições, muitos psicólogos começaram a desacreditar na abordagem behaviorista como forma de explicar a cognição humana. Sternberg (2010) reforça essa perspectiva afirmando que o cérebro é o órgão controlador de todo o corpo e, por isso, equivale ao topo de uma hierarquia. Nesse sentido, tanto Sternberg 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA (2010) como Gazzaniga et al. (2006), passam a discutir a anatomia e fisiologia do cérebro para depois articular suas descobertas aos fenômenos inter e intrapessoais. Com o intuito de articular o debate, trago sucintamente para a discussão Fuentes et al. (2008) a fim de abordar o campo da Neuropsicologia. Esses autores afirmam que a Neuropsicologia tem natureza multidisciplinar, primordialmente, alicerçando-se na interface dos resultados da Psicologia Cognitiva e da Neurociência Cognitiva. Segundo eles “é um campo do conhecimento interessado em estabelecer as relações existentes entre [o comportamento manifesto] e o funcionamento do sistema nervoso central (SNC), por um lado, e por outro, tanto nas condições normais quanto patológicas”. (FUENTES et al., 2008, p. 15). Suas origens perdem-se na gênese da Neurologia, Fisiologia e Psicologia Cognitiva. Mas, sobretudo, deve-se a Alexander Romanovich Luria (1902-1977) – famoso neuropsicólogo soviético –, a criação de um novo conceito de função, exercida por ‘sistemas funcionais’ que visam à execução de uma determinada tarefa [...]. Para Luria, podese distinguir no cérebro três grandes sistemas funcionais. O primeiro regula a vigília e o tônus cortical e depende de estruturas como a formação reticular e áreas do sistema límbico. O segundo se encarrega de receber, processar e armazenar as informações que chegam do mundo externo e interno e está situado em áreas do córtex cerebral localizadas posteriormente ao sulco central. [...] Já o terceiro sistema regula e verifica as estratégias comportamentais e a própria atividade mental [...]. (FUENTES et al., 2008, p. 19). A extraordinária contribuição de Luria incluiu, segundo Fuentes et al. (2008), a criação de uma série completa para a avaliação e diagnóstico neuropsicológicos, cuja validação entusiasma, ainda hoje, boa parte dos testes usados na atividade cotidiana dos neuropsicólogos. Nesse sentido, o pêndulo da história volta a favorecer anseios de educadores preocupados com as questões ligadas ao processo de Aprendizagem. Segundo Oliveira É possível encontrar em Luria (1981), alguns princípios que ainda hoje regem a pesquisa em Neuropsicologia, a saber: Quanto à PERCEPÇÃO, dá preferência ao conceito da Psicologia Moderna considerando-a “um processo ativo que envolve a procura das informações correspondentes, a distinção dos aspectos essenciais de um objeto, a comparação desses aspectos uns com os outros, a formulação de hipóteses apropriadas e a comparação, então, dessas hipóteses com os dados originais (Vygotsky, 1956; 1960; Bruner, 1957; Leontev, 1959; Zaporozhets, 1967; 1968)”. (ibidem, 1981, p. 219). Quanto à ATENÇÃO ele postula que “toda atividade mental humana organizada possui algum grau de direção e de seletividade. Entre os muitos estímulos que nos atingem, só respondemos àqueles poucos que são especialmente fortes ou que parecem particularmente importantes e correspondem aos nossos interesses, intenções ou tarefas imediatas”. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA 27 137 (2010), nessa bateria de testes (tarefas) produzidos por Luria27, destacavam-se testes (tarefas) de percepção, atenção e memória, cujas possíveis interferências poderiam serem justificadas pela má formação anatômica ou mal funcionamento do SNC. XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Com efeito, a preocupação de Luria permitiu a interface entre Neuropsicologia e Neuroaprendizagem quando Davidoff (2001, p. 246) postula que “a atenção, percepção e memória – [constituem as] bases neuropsicológicas da Aprendizagem” dos conteúdos abordados nas salas de aula, em particular, de Matemática. Ainda de forma muito tímida, a área de Neuroaprendizagem28 busca espaço no âmbito das Teorias da Aprendizagem a partir dos resultados de pesquisas da Neuropsicologia e da Psicologia da Aprendizagem, no intuito de construir amarras entre as mesmas em prol do sucesso escolar. Conforme Maluf (2011), Foi na década de 1990, proclamada nos EUA como “A década do Cérebro”, que tiveram lugar as grandes investigações neurocientíficas, as quais trouxeram lugar a público os estudos sobre a percepção, atenção e a memória, e de forma inovadora como estes conhecimentos poderiam ser aplicados para melhor compreendermos o processo de Aprendizagem. (ibidem, 2011, p. 26) Em seu texto, essa autora argumenta que a investigação neurocientífica no campo educacional está pautada nas estatísticas que denunciam o crescente número de crianças, jovens e adultos vítimas de uma vida negativada pelas consequências do insucesso escolar decorrente da inexistência de uma Aprendizagem acadêmica. Concordo com Maluf (2011) quando assevera que não devemos PÁGINA 138 [...] desconsiderar os conhecimentos das diferentes áreas que se dedicam ao estudo da Aprendizagem e suas desabilidades, mas unindo-se a elas, a neuroAprendizagem constitui um instrumento (ibidem, 1981, p. 223). E, quanto à MEMÓRIA, Luria (1981) não é tão preciso na direção de um conceito. Optou por confrontar o desenvolvimento das pesquisas nessa área mostrando avanços e, às vezes, severas críticas relativas a hipóteses infundadas. Para efeito de conhecimento, as primeiras inferências a respeito de como se origina a Memória, perdem-se nos anos de 1800 com os trabalhos de Richard Semon, Kal Eward Hering e de Henri Bergson. Dá continuidade ao levantamento bibliográfico mencionando que todos os trabalhos decorriam por meio de lesões em áreas específicas do cérebro. Dada a complexidade do tema para à época, não se encontra neste texto um conceito final sobre Memória, nem como se origina ou como é acionada. 28 Embora, conforme Aranha et al. (2010), os trabalhos de Henry Heberte Donaldson (1857-1938) poderiam demarcar o pioneirismo quando “em 1895, ele publicou o livro intitulado O Crescimento do Cérebro: Um Estudo do Sistema Nervoso em Relação à Educação (Donaldson, 1985), em cujos dois capítulos (XVII e XIX) são abordados temas relacionados à capacidade do sistema nervoso em lidar com fenômenos como educação, aprendizagem, linguagem, discriminação, treinamento, inteligência e mente” (ibidem, 2010, p.12, grifos dos autores) 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA diferencial para os profissionais que trabalham com a aquisição de novos conhecimentos e comportamentos, quer na escola, quer na clínica e não pode ser divorciada dos outros espaços onde o aprender é indispensável, seja nas empresas, nos hospitais, entre outros. (ibidem, 2011, p. 26, grifo meu). Dessa forma, pode-se admitir que o percurso desde a Psicologia Cognitiva, perpassando pela Neurociência Cognitiva e Neuropsicologia até alcançar a Neuroaprendizagem, esclareça, convida e permita, mais especificamente, os professores de Matemática a compreender o complexo itinerário de desenvolver o raciocínio lógico matemático base do nosso Sistema de Pensamento para, então, considerá-lo um elemento indispensável sempre que desejar favorecer uma Aprendizagem Matemática Significativa de seus alunos. 3. Protocolo Neuropsicopedagógico para avaliação diagnóstica da Aprendizagem Matemática. O objetivo primordial da concepção de um Protocolo Neuropsicopedagógico é instrumentalizar o professor com ferramentas que o auxiliem na identificação, caracterização e avaliação diagnóstica da Aprendizagem Matemática evitando, segundo Bastos (2006), rotular os alunos como “preguiçosos” ou “abandonados” pelos seus pais. Levando em consideração que o centro neuropsicológico da Aprendizagem reúne percepção, atenção e memória, conforme postula Luria (1981), agregaria ainda a esse trinômio a flexibilidade cognitiva que, segundo Malloy-Diniz et al. (2008, p. 198) “implica a capacidade de mudar (alternar) o curso das ações ou dos pensamentos de acordo com as exigências do ambiente”, pois esses pesquisadores defendem que um comprometimento nas vias dopaminérgicas e noradrenérgicas ocasionam prejuízos particularmente na atividade funcional dos circuitos pré-frontais responsáveis, inclusive, pelo desenvolvimento da Aprendizagem Matemática na concepção de Santos et al. (2009). Inspirando-me em Bastos (2006), Santos et al. (2009), Silva e Santos (2009), Frigério et al. (2009), Malloy-Diniz et al. (2008), Angrill e Pla i Llumà (2008), principalmente, e em outras baterias e manuais de avaliação neuropsicológica e psicopedagógica, esbocei um 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA Com o intuito de iniciar um movimento para complementar a formação inicial dos professores de Matemática e aproveitando a afirmação de Bastos (2006) que ainda não existe no meio acadêmico um Protocolo Neuropsicopedagógico validado e disponível para avaliação diagnóstica da Aprendizagem Matemática, é possível dispor de exemplos de baterias neuropsicológicas e psicopedagógicas que, reunidas e adaptadas, permitiriam ser utilizadas pelos professores de Matemática. 139 Infelizmente, a ausência desse conhecimento impede o professor de Matemática a evitar rótulos depreciativos em seus alunos, contribuindo para contagiá-los de sentimentos de incapacidade intelectual em relação a essa disciplina. De acordo com as pesquisas de Golbet e Muller (2009), esse pode ser um dos principais fatores que colaborem para o sofrimento escolar e, consequentemente, o aumento da reprovação e evasão da sala de aula. XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA primeiro modelo de um Protocolo Neuropsicopedagógico para Avaliação Diagnóstica da Aprendizagem Matemática – PNADAM. Esse objetiva investigar as habilidades matemáticas básicas descritas segundo D’Ambrosio (1996), como contar (aritmética, álgebra) e medir (álgebra, geometria) que, do ponto de vista da Neuropsicologia, estão inicialmente e diretamente associadas às funções executivas definidas, conforme Malloy-Diniz et al. (2008), que são responsáveis pelas capacidades de planejamento, controle inibitório, tomada de decisões, flexibilidade cognitiva, memória operacional, categorização e fluência somadas a iniciação, raciocínio abstrato, integração e geração de estratégias como postula Manning (2005). No cenário neuropsicológico, Frigério et al. (2009) afirma que a investigação das habilidades matemáticas foi e continua sendo avaliada pelo instrumento mais reconhecido internacionalmente denominado Bateria Neuropsicológica para Avaliação do Tratamento dos Números e do Cálculo para Crianças referida como Zareki-R (do alemão: Neuropsychologische Testbatterie fûr ZAhlenarbeitung und REtchnen bei Klndern). No Brasil, essa bateria foi adaptada e validada junto ao Laboratório de Neuropsicologia da UNESP/Campus de Assis sob a coordenação da Profª Drª Flávia Heloísa dos Santos. Isto posto, o “piloto” do Protocolo Neuropsicopedagógico para Avaliação Diagnóstica da Aprendizagem Matemática – PNADAM descrito abaixo é composto por três partes e suas respectivas fichas de pontuação, focando no desenvolvimento de tarefas que necessitem, numa perspectiva mais ampla, de Funções Cognitivas (FC) tais como percepção, atenção, memória e funções executivas para resolverem problemas relacionados à aritmética, álgebra e geometria em classes de alunos que ingressarão no Ensino Médio (EM), inclusive durante o andamento de uma das três séries do mesmo EM sempre que o professor julgar necessário, bem como para identificar e monitorar o nível das FC no ingresso do Ensino Superior (ES). Com efeito, para investigar, classificar e monitorar as FC acerca da Aprendizagem Matemática possíveis de serem avaliadas, busquei fazer adaptações a partir dos testes neuropsicológicos, segundo a tabela abaixo: PÁGINA 140 Quadro 1: Articulações entre as Funções Cognitivas e as Habilidades Matemáticas a partir de Testes Neuropsicológicos Selecionados FUNÇÕES COGNITIVA S 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil HABILIDADE MATEMÁTIC A Testes Neuropsicológicos Selecionados Objetivo dos Testes Selecionados XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Avaliar o grau de qualidade dos canais de entrada (sensíveis) aos variados tipos de estímulos. Aritmética Sensação Álgebra Geometria Testes de sensação tátil e visual Aritmética Álgebra Completar figuras; Percepção Columbia. Avaliar a capacidade de identificar e isolar as características essenciais das não essenciais em objetos familiares. (CHIODI e WECHSLER, 2009, p. 316) Geometria Aritmética Emoção Álgebra Geometria Inventário Ansiedade Beck. Avaliar o estado emocional por dos sintomas de meio característicos da ansiedade. de (MONTIEL et al., 2009, p. 130) Aritmética Álgebra Atenção Geometria Teste de cancelamento; Stroop; Teste de Labirinto; D2; TECON. Verificar diferentes aspectos da atenção, tais como seletividade visual com velocidade rápida em uma tarefa de resposta motora repetitiva. (MONTIEL e SEABRA, 2009, p. 115) Aritmética Álgebra Memória Dígitos; Blocos de Corsi; Matriz de Pontos. Avaliar memória de curto prazo ou memória operacional. (MIOTTO, LUCIA e SCAFF, 2012, p. 14) Wisconsin; Token Test; Trilhas. Avaliar a flexibilidade cognitiva. (SEABRA, ASSEF e COZZA 2009, p. 88) Geometria Álgebra Geometria Nesse contexto, faz-se necessário esclarecer que no presente artigo, irei apenas exemplificar algumas possibilidades de tarefas para o protocolo concebido, pois para que se possa validar um instrumento dessa natureza, exige-se que uma padronização minuciosa seja realizada em diferentes regiões brasileiras considerando aspectos como valores sociais, 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA Funções Executivas 141 Aritmética XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA econômicos, étnicos e culturais. A continuidade do presente trabalho implicará no alcance desse objetivo. Assim, as etapas do PNADAM são: Quadro 2: Proposta inicial para articular as Funções Cognitivas às Habilidades Matemáticas, especificamente, Aritmética. PNADAM – PARTE I Protocolo Neuropsicopedagógico para Avaliação Diagnóstica da Aprendizagem Matemática FUNÇÕES COGNITIVAS HABILIDADE MATEMÁTICA Aritmética Sensação, Percepção, Emoção, Atenção, Memória e Funções Executivas TAREFA 01 Aritmética → Sensação Anexo 01: Diante de suas sensações, o que pode ser quantificado na figura dada? Você poderia contá-las? TAREFA 02 Aritmética → Percepção PÁGINA 142 Anexo 01: Você enxerga 07 aberturas na figura? Escolha uma delas e complete segundo a sua imaginação. TAREFA 03 Aritmética → Emoção Anexo 04: Você poderia resolver um dado problema? Explique a sua solução. Tempo de 5’. TAREFA 04 Aritmética → Atenção Anexo 03: Risque os números conforme solicita as instruções A e B. Tempo de 1’ para cada. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Aritmética → Memória TAREFA 05 Anexo 01: Olhe por 30’, classifique e quantifique todas as imagens relacionadas na figura. Aritmética → Funções Executivas TAREFA 06 Anexo 02: Em 5” o aluno deve falar: a cor contrária, o número de lados contrário e a fração certa. Quadro 3: Proposta inicial para articular as Funções Cognitivas às Habilidades Matemáticas, especificamente, Álgebra. PNADAM – PARTE II Protocolo Neuropsicopedagógico para Avaliação Diagnóstica da Aprendizagem Matemática FUNÇÕES COGNITIVAS HABILIDADE MATEMÁTICA Álgebra Sensação, Percepção, Emoção, Atenção, Memória e Funções Executivas TAREFA 01 Álgebra → Sensação Álgebra → Percepção Anexo 06: De que maneira seria possível relacionar as tarefas às situações diversificadas de sua vida? TAREFA 03 Álgebra → Emoção Anexo 07: Você poderia resolver um dado problema? Explique a sua solução. Tempo de 5’. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA TAREFA 02 143 Anexo 05: Ao observar a sequência de figuras, você se sente: entusiasmado, bem, preocupado ou irritado? XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Álgebra → Atenção TAREFA 04 Anexo 08: Fale em voz alta conforme solicitação das instruções da tarefa. Tempo de 5” para cada ficha. Álgebra → Memória TAREFA 05 Anexo 09: Com as fichas viradas para baixo, busque suas correspondentes deixando-as para cima. Álgebra → Funções Executivas TAREFA 06 Anexo 10: A cada 5” o aluno deve sobrepor fichas algébricas em função da orientação do professor. Quadro 4: Proposta inicial para articular as Funções Cognitivas às Habilidades Matemáticas, especificamente, Geometria. PNADAM – PARTE III Protocolo Neuropsicopedagógico para Avaliação Diagnóstica da Aprendizagem Matemática FUNÇÕES COGNITIVAS HABILIDADE MATEMÁTICA Geometria PÁGINA 144 Sensação, Percepção, Emoção, Atenção, Memória e Funções Executivas TAREFA 01 Geometria → Sensação Anexo 11: Ao manusear os objetos na sacola, você se sente: entusiasmado, bem, preocupado ou irritado? TAREFA 02 Geometria → Percepção Anexo 12: Você poderia imaginar 3 situações em Matemática fosse representada pelas propriedades? T: 5’ 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Geometria → Emoção TAREFA 03 Anexo 13: Você poderia explicar o porque seu dedo entra e sai da faixa sem deixar de tocá-la? T: 5’. Geometria → Atenção TAREFA 04 Anexo 14: Fale em voz alta conforme solicitação das instruções da tarefa. Tempo de 5” para cada figura. Geometria → Memória TAREFA 05 Anexo 15: Olhando para 20 figuras geométricas (planas e sólidas), descobrir e associar suas fórmulas. Geometria → Funções Executivas TAREFA 06 Anexo 16: Executar a Torre de Hanói com 3 e 5 discos em menor tempo possível. Previsão de 5’. Na sequência, são apresentadas as Fichas de Pontuação para análises: Quadro 5: Proposta inicial para articular as Funções Cognitivas às Habilidades Matemáticas, especificamente, Geometria. PNADAM – PARTE I Protocolo Neuropsicopedagógico para Avaliação Diagnóstica da Aprendizagem Matemática 01: Aritmética → Sensação Nenhum Pouco Razoável Muito (0) (1 – 4,9) (5 – 7,9) (8 – 10,0) Não discrimina nada. Discrimina menos da metade sensível. Discrimina mais da metade sensível. Discrimina todos os estímulos sensíveis. Não identifica e Identifica menos da Identifica mais da metade de Identifica e isola uma das 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA TAREFAS 145 FICHA DE PONTUAÇÃO – Aritmética XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA 02: Aritmética → Percepção nem isola nada. metade de aberturas. aberturas. aberturas. 03: Aritmética → Emoção Não resolve nada: ansiedade grave. Tenta resolver, mas não consegue: ansiedade moderada. Resolve, mas não sabe explicar: ansiedade leve. Resolve e acerta no t. esperado: ausência de ansiedade. Seleciona e visualiza com velocidade moderada. Seleciona e visualiza com velocidade rápida 04: Aritmética → Atenção 05: Aritmética → Memória 06: Aritmética → Funções Não seleciona e nem visualiza. Seleciona e visualiza com velocidade lenta. Não consegue evocar. Apresenta baixa capacidade de evocação. Apresenta boa capacidade de evocação. Apresenta ótima capacidade de evocação. Não demonstra flexibilidade cognitiva. Demonstra baixa flexibilidade cognitiva. Demonstra boa flexibilidade cognitiva. Demonstra ótima flexibilidade cognitiva. Executivas Quadro 6: Proposta inicial para articular as Funções Cognitivas às Habilidades Matemáticas, especificamente, Geometria. PNADAM – PARTE II Protocolo Neuropsicopedagógico para Avaliação Diagnóstica da Aprendizagem Matemática PÁGINA 146 FICHA DE PONTUAÇÃO – Álgebra TAREFAS 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil Nenhum Pouco Razoável Muito (0) (1 – 4,9) (5 – 7,9) (8 – 10,0) XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA 01: Álgebra → Sensação 02: Álgebra → Percepção 03: Álgebra → Emoção 04: Álgebra → Atenção Demonstra irritação. Não relaciona e nem diversifica nada. Não resolve nada: ansiedade grave. Não seleciona e nem visualiza. Demonstra preocupação. Demonstra entusiasmo. Demonstra bem estar. Relaciona menos da metade de diversidades. Relaciona mais da metade de diversidades. Relaciona e diversifica otimamente. Tenta resolver, mas não consegue: ansiedade moderada. Resolve, mas não sabe explicar: ansiedade leve. Resolve e acerta no t. esperado: ausência de ansiedade. Seleciona e visualiza com velocidade moderada. Seleciona e visualiza com velocidade rápida Apresenta boa capacidade de evocação. Apresenta ótima capacidade de evocação. Demonstra boa flexibilidade cognitiva. Demonstra ótima flexibilidade cognitiva. Seleciona e visualiza com velocidade lenta. 05: Álgebra → Memória Não consegue evocar. Apresenta baixa capacidade de evocação. 06: Álgebra → Funções Não demonstra flexibilidade cognitiva. Demonstra baixa flexibilidade cognitiva. Executivas PÁGINA 147 Quadro 7: Proposta inicial para articular as Funções Cognitivas às Habilidades Matemáticas, especificamente, Geometria. PNADAM – PARTE III Protocolo Neuropsicopedagógico para Avaliação Diagnóstica da Aprendizagem 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Matemática FICHA DE PONTUAÇÃO – Geometria TAREFAS 01: Geometria → Sensação 02: Geometria → Percepção 03: Geometria → Emoção PÁGINA 148 04: Geometria → Atenção Nenhum Pouco Razoável Muito (0) (1 – 4,9) (5 – 7,9) (8 – 10,0) Demonstra irritação. Demonstra preocupação. Demonstra bem estar. Demonstra entusiasmo. Relaciona menos da metade de diversidades. Relaciona mais da metade de diversidades. Relaciona e diversifica otimamente. Tenta resolver, mas não consegue: ansiedade moderada. Resolve, mas não sabe explicar: ansiedade leve. Resolve e acerta no t. esperado: ausência de ansiedade. Seleciona e visualiza com velocidade moderada. Seleciona e visualiza com velocidade rápida Apresenta baixa capacidade de evocação. Apresenta boa capacidade de evocação. Apresenta ótima capacidade de evocação. Demonstra baixa capacidade de planejamento. Demonstra boa capacidade de planejamento. Demonstra ótima capacidade de planejamento. Não relaciona e nem diversifica nada. Não resolve nada: ansiedade grave. Não seleciona e nem visualiza. 05: Geometria → Memória Não consegue evocar. 06: Geometria → Funções Não demonstra capacidade de planejamento. Executivas 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil Seleciona e visualiza com velocidade lenta. XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Admitindo-se que o professor de Matemática estará interessado em conhecer o perfil cognitivo de seus alunos, ele deverá, num primeiro momento, apropriar-se ligeiramente de conhecimentos neuropsicopedagógicos utilizando-se desse artigo. Em segundo lugar, ler e compreender as tarefas propostas relacionadas a cada Função Cognitiva selecionada. Na terceira etapa, decidirá sobre o formato da aplicação do PNADAM que ocorrerá de duas formas: coletiva, com todos os alunos de uma classe ao mesmo tempo e sem distinções ou individual. Recomendo que a aplicação assemelhe-se ao ritual dos exames habituais dos alunos na sala de aula selecionada. Neste sentido, a quarta fase implicará no cálculo das médias das partes I, II e III, bem como de suas categorias (tarefas de 01 a 06 que relacionam Habilidades Matemáticas às Funções Cognitivas). Por fim, a conclusão neuropsicopedagógica deverá relacionar a média geral (em função da turma), o desvio padrão e a média individual (em relação ao próprio aluno). O quadro 8 reflete um panorama geral para esse fim. Quadro 8: Proposta inicial para avaliar a relação entre os níveis das Habilidades Matemáticas e Funções Cognitivas presentes em cada aluno. PNADAM Protocolo Neuropsicopedagógico para Avaliação Diagnóstica da Aprendizagem Matemática FICHA PARA O CÁLCULO GERAL DAS MÉDIAS FUNÇÕES COGNITIVAS HABILIDADES MATEMÁTICAS MÉDIA Aritmética Álgebra Geometria 149 Sensação PÁGINA Percepção Emoção 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Atenção Memória Funções Executivas MÉDIA Não é demais lembrar que, em hipótese alguma, será conferido ao professor indicar medicamentos possíveis associados a um quadro avaliado abaixo da média geral, mas, tão somente refletir, reavaliar e redimensionar o seu planejamento didático em função do perfil da turma ou ainda, juntamente com o setor pedagógico da escola, encaminhar o(s) aluno(s) para um atendimento clínico psicopedagógico ou neuropsicológico. Partindo-se dessa perspectiva, acredito que o professor de Matemática possa compreender sobre a complexidade do desenvolvimento da Aprendizagem Matemática de seus alunos e selecionar, em função do juízo da articulação Habilidades Matemáticas-Funções Cognitivas (FC) combinações teórico-metodológicas que busquem viabilizar a diminuição dos índices de sofrimento, reprovação e evasão escolar, democratizando em sua região o conhecimento matemático imprescindível para uma melhor qualidade de vida. Conclusão Diante do produto das investigações apresentadas pelos pesquisadores mencionados anteriormente no que se refere à gênese e desenvolvimento da Aprendizagem, acredito que tendo a Aprendizagem Matemática características peculiares devido a sua natureza lógica e abstrata, é no mínimo desejado que os professores da área interessem-se por tal discussão. PÁGINA 150 Nesse sentido, deveriam prestar mais atenção às intersecções das Ciências Cognitivas – Psicologia Cognitiva, Neurociência Cognitiva, Neuropsicologia e, mais recentemente, Neuroaprendizagem – creditando às Funções Cognitivas (FC) a condução do fluxo contínuo sensação, percepção, emoção, atenção, memória e funções executivas (hierarquicamente, nessa ordem), como forma de mobilizar e viabilizar a Aprendizagem Matemática dos alunos dos Ensinos Básico ou Superior, já que se propuseram a tarefa de ensinar. Essa reflexão sinaliza a necessidade e importância que os Cursos de Licenciatura em Matemática deveriam incorporar à formação inicial do futuro professor de Matemática, despertando-o para o interesse indispensável pela Aprendizagem Matemática de seus alunos pelas vias das Ciências Cognitivas. Ainda assim, acrescento que o manejo de um Protocolo Neuropsicopedagógico dessa natureza esteja atrelado a um curso específico na formação continuada, objetivando a cuidadosa aplicação e interpretação dos resultados. Por fim, espero que no futuro, a conclusão do Protocolo Neuropsicopedagógico inicialmente apresentado, reflita um instrumento possível para auxiliar no diagnóstico 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA inicial dos estágios da Aprendizagem Matemática escolar, permitindo aos professores de Matemática a compreensão das necessidades latentes em seus alunos, e a possibilidade de transformar suas aulas em atividades contagiadas por uma atmosfera atrativa, desafiadora e significativa. REFERÊNCIAS Angrill, A. A. e Pla i Llumà, M. (2008). A avaliação da matemática. In.: Sánchez-Cano, M e Bonals, J. (org.). Avaliação Psicopedagógica. Porto Alegre: Artmed. Aranha, G. et al. (2010). Caminhos da Neuroeducação. Rio de Janeiro: Ciência & Cognição. Bastos, J. A. (2006). Discalculia: transtorno específico da habilidade em matemática. In.: Rotta, N. t., Ohlweiler, L. e Riesgo, R. S. (org.). Transtornos da Aprendizagem: abordagem neurobiological e multidisciplinar. Porto Alegre: Artmed. Chiodi, M. G. e Wechsler, S. M. (2009). Escala de Inteligência WISC-III e Bateria de habilidades Cognitivas Woodcock Johnson-III: comparação de instrumentos. In.: Instituto Brasileiro de Avaliação Psicológica. Porto Alegre: UFRGS, v. 8, n.3. D’Ambrosio, U. (1996). Educação Matemática: da teoria à prática. Campinas: Papirus. Davidoff, L. L. (2001). Introdução à Psicologia. São Paulo: Pearson Education Brasil. Frigério et al. (2009). Avaliação da habilidades matemáticas em crianças com epilepsia parcial. In.: Montiel, J. M. e Capovilla, F. C. (org.). Atualização em Transtornos de Aprendizagem. São Paulo: Artes Médicas. Fuentes, D. et al. (2008). Neuropsicologia: teoria e prática. Porto Alegre: Artmed. Lefrançois, G. R. (2008). Teorias da Aprendizagem. São Paulo: Cengage Learining. LeDoux, J. (2001). O cérebro emocional: os misteriosos alicerces da vida emocional. Rio de Janeiro: Objetiva. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA Golbet, C. S. e Muller, G. C. (2009). Intervenção psicopedagógica nas dificuldades de aprendizagem em matemática. In.: Montiel, J. M. e Capovilla, F. C. (org.). Atualização em Transtornos de Aprendizagem. São Paulo: Artes Médicas. 151 Gazzaniga, M. S. et al. (2006). Neurociência Cognitiva: a biologia da mente. Porto Alegre: Artmed. XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Luria, A. R. (1981). Fundamentos de Neuropsicologia. São Paulo: USP. Malloy-Diniz, L. F. et al. (2008). Neuropsicologia das Funções Executivas. In.: Fuentes, D. et al. (2008). Neuropsicologia: teoria e prática. Porto Alegre: Artmed Maluf, M. I. (2011). Neuro+Aprendizagem: em busca do sucesso escolar. In: Direcional Educador, Ano 07 – edição 78 – julho, 2011. Manning, L. (2005). A Neuropsicologia Clínica: uma abordagem cognitiva. Lisboa: Instituto Piaget. Montiel, J. M. e Seabra, A. G. (2009). Avaliação da atenção: teste de atenção por cancelamento. In.: Seabra, A. G e Capovilla, F. C. Teoria e pesquisa em avaliação neuropsicológica. São Paulo: Memnon. Montiel, J. M. et al. (2009). Avaliação de fluência verbal em pacientes com transtorno de pânico: Teste de fluência verbal FAS. In.: Seabra, A. G e Capovilla, F. C. Teoria e pesquisa em avaliação neuropsicológica. São Paulo: Memnon. Miotto, E. C. (2012). Avaliação neuropsicológica e Funções cognitivas. In.: Miotto, E. C., Lucia, M. C. S. e Scaff, M. (org.). Neuropsicologia Clínica. São Paulo: Roca. Oliveira, M. S. e Rigioni, M. S. (2006). Avaliação das Funções Cognitivas. In.: Werlang, B. S. G. e Oliveira, M. S. (org.). Temas em Psicologia Clínica. São Paulo: Casa do Psicólogo. Portilho, E. (2009). Como se aprende? Estratégias, estilo e metacognição. Rio de Janeiro: Wak. PÁGINA 152 Santos, F. H. et al. (2009). Atualidade em discalculia de desenvolvimento. In.: Montiel, J. M. e Capovilla, F. C. (org.). Atualização em Transtornos de Aprendizagem. São Paulo: Artes Médicas. Seabra, A. G. ; Assef, E. C. S. e COZZA, H. F. P. (2009). Avaliação de flexibilidade cognitiva em crianças com TDAH: Teste de trilhas. In.: Seabra, A. G e Capovilla, F. C. Teoria e pesquisa em avaliação neuropsicológica. São Paulo: Memnon. Silva, P. A. e Santos, F. H. (2009). Prejuízos específicos em habilidades matemáticas de crianças com transtorno de aprendizagem. In.: Montiel, J. M. e Capovilla, F. C. (org.). Atualização em Transtornos de Aprendizagem. São Paulo: Artes Médicas. Sternberg, R. J. (2010). Psicologia Cognitiva. São Paulo: Cengage Learining. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA ANEXOS Anexo 01 Maurits C. Escher, Outro mundo II, 1947. Anexo 02 Cartas: Amarelo Vermelho Verde Azul Vermelho Amarelo Azul Vermelho Verde Amarelo Crivo de Correção: Vermelho (por exemplo), 3 lados e ¼. Azul (por exemplo), 5 lados e 3/8. Amarelo (por exemplo), 8 lados e ½. Verde (por exemplo), 5 lados e NÃO EXISTE representação a/b possível. 5. Amarelo (por exemplo), 10 lados e 1/6. 6. Vermelho (por exemplo), 3 lados e NÃO EXISTE representação a/b possível. 7. Azul (por exemplo), 4 lados e 1/1. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA 1. 2. 3. 4. 153 Obedece a sequência apresentada nas cartas acima. As figuras devem ser apresentadas uma a uma. (tipo cartas). Num tempo de 5’ para cada. XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA 8. Verde (por exemplo), 7 lados e ½. 9. Amarelo (por exemplo), 4 lados e NÃO EXISTE representação a/b possível. 10. Vermelho (por exemplo), 0 lados e NÃO EXISTE representação a/b possível. Anexo 03 Instrução A: Risque em cada linha todos os números primos no quadro abaixo. Tempo: 1’. Crivo de Correção: Instrução B: Risque em cada linha todas as representações, cujo cálculo resulte em 1. Tempo 1’. PÁGINA 154 Cos 90º e0 Log 10 e0 f(3) em Log f(x) 10 = 2x -7 9/99 10241023 Sen π 1+4/24 00 0! Cos 90º 9/99 e0 Sen π 9/99 Cos 90º f(3) em 10241023 f(3) em f(3) em 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil f(3) em f(x) = 2x -7 0! XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Sen π Cos 90º f(3) em 9/99 f(x) = 2x -7 10241023 e0 f(3) em 9/99 f(x) = 2x -7 9/99 Sen π f(3) em f(x) = 2x -7 Log 10 9/99 e0 f(x) = 2x -7 Cos 90º Log 10 f(x) = 2x -7 00 Sen π 9/99 e0 9/99 Cos 90º Log 10 9/99 00 Log 10 Sen π Log 10 Sen π e0 Cos 90º 1+4/24 9/99 e0 00 10241023 f(3) em f(x) = 2x -7 0! 0 e 0! Cos 90º 1+4/2- Log 4 10 Log 10 e0 9/99 0 f(3) em f(x) = 2x -7 0 Sen π 9/99 f(3) em f(x) = 2x -7 00 Cos 90º 0! 10241023 f(3) em f(x) = 2x -7 f(x) = 2x -7 Crivo de Correção: Sen f(3) em f(x) = 2x -7 Cos e 9/99 10241023 Sen π 1+4/24 0 Log 10 0! Cos 90º 9/99 e0 Sen π 9/99 e0 f(3) em f(x) = Cos Log f(3) em f(x) = 2x -7 9/99 f(3) 1024em 1023 f(x) = 0! Cos 90º f(3) em f(x) = 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil 155 e0 Log 10 0 PÁGINA Cos 90º 0 XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA π 90º f(3) em 9/99 f(x) = 2x -7 10241023 e0 f(3) em 9/99 f(x) = 2x -7 9/99 Sen π f(3) em f(x) = 2x -7 Log 10 00 f(3) em f(x) = 2x -7 0! 0 e 0! Sen π Cos 90º 2x -7 90º 10 2x -7 9/99 e0 9/99 Cos 90º Log 10 9/99 00 Log 10 Sen π Log 10 Sen π e0 Cos 90º 1+4/24 9/99 e0 1+4/2- Log 4 10 Log 10 e0 9/99 0 f(3) em f(x) = 2x -7 0 Sen π 9/99 f(3) em f(x) = 2x -7 0 0 Cos 90º 0! 10241023 f(3) em f(x) = 2x -7 2x -7 0 0 10241023 Anexo 04 PÁGINA 156 Tarefa: Um reservatório é alimentado por duas torneiras A e B: a primeira possui uma vazão de 38 litros por minuto e a segunda 47 litros por minuto. A saída da água dá-se através de um orifício que deixa passar 21 litros por minuto. Deixando abertas as duas torneiras e a saída da água, o reservatório se enche em 680 minutos. Qual o volume do reservatório? Crivo de Correção: 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA É fácil perceber que a cada minuto: a) entram 38 litros da torneira A b) entram 47 litros da torneira B c) saem 21 litros do reservatório. Portanto: 38 + 47 – 21 = 64 litros/min, é o saldo líquido da água que abastece o reservatório. Ora, se em 1 minuto são preenchidos 64 litros do reservatório, nos 680 minutos, teremos: 680x64 = 43520 litros, que é o volume do reservatório. Anexo 05 Anexo 06 Tarefa: Associe sobre cada prato da balança uma das expressões, sem repeti-las, e seus respectivos valores, para que cada balança permaneça na posição dada, validando-se o equilíbrio ou desequilíbrio das mesmas. B C D E a) 4 x (6 - 2,5); b) O produto de dez, pela soma de dois com nove; c) 4 x 6 - 4 x 2,5 d) Dois quintos da área de um quadrado com 5cm de lado; e) A soma do produto de dez por dois com o produto de dez com nove; f) 486 – 32 + 5 x 8 : 10; g) A soma de metade de doze com um terço de dezoito; h) O dobro do quociente de dez por dois terços; 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA 157 A XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA i) 22 x 32 + 54 : 52 j) 3/5 + ½ x 0,4 Anexo 07 A figura mostra parte de uma frutaria onde a mãe do Pedro costuma ir comprar fruta. A partir dos dados da figura, inventa um problema que possa ser resolvido pela expressão numérica seguinte: 2 × 0,85 + 3 × 1,15 Anexo 08 Tarefa: PÁGINA 158 Apresentadas individualmente as cartas num tempo de 5”, o aluno deve falar segundo o comando do professor a: cor, ler a sentença algébrica ou analisar a sentença com F ou V. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Anexo 09 Anexo 10 PÁGINA Com as fichas coloridas alinhadas, o aluno deve sobrepor as mesmas fichas algébricas conforme sua análise e permutar suas concepções em função do comando de voz (errado ou certo) do professor. Pede-se que as fichas algébricas abaixo sejam reproduzidas 96 vezes. 159 Tarefa: 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Anexo 11 Tarefa: Dentro de um saco não transparente, colocar objetos diversificando as formas geométricas (cubos, retângulos, esferas, argolas, cones, pirâmides, etc.). Solicitar ao aluno, que manuseie, um por um, sem olhá-los e durante a manipulação fale sobre esse objeto em sua vida. Anexo 11 Tarefa: PÁGINA 160 Escolha uma das 5 figuras e destaque uma lista de propriedades geométricas possíveis. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Anexo 12 Tarefa: Dê ao aluno uma faixa de Moebius e peça para ele contorná-la com o dedo durante 5’, conforme caminham as formigas na imagem abaixo. Anexo 14 PÁGINA Dentro de um saco não transparente, inserir 10 figuras geométricas planas e espaciais coloridas individualmente. Antes de colocá-las no saco, o aluno deve conhecê-las por um período de 5’. Em seguida, sem olhar para dentro do saco, o aluno deve selecionar uma figura e responder imediatamente a solicitação do professor. O professor deve pedir: a cor contrária, o nome da figura e classificação inversa entre plana ou espacial. 161 Tarefa: 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Anexo 15 Tarefa: S = (b . h)/2 S = (b . h) S = (B+b)h/2 ... ... ... PÁGINA 162 S = (b . h)/2 ... Anexo 16 Tarefa: 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil VOLTAR 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA 163 XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA EL ESTUDIO DE LA CLASE COMO ESTRATEGIA PARA MEJORAR LA FORMACIÓN DOCENTE EN EL ÁREA DE MATEMÁTICA. Santa Daysi Sánchez González Universidad Autónoma de Santo Domingo. (Rep. Dominicana) [email protected] Nivel Medio, Formación docente RESUMEN PÁGINA 164 La sociedad actual requiere de docentes con capacidad para resolver y plantear problemas, al mismo tiempo que desarrollan procesos metacognitivos, tanto en su propio proceso de aprendizaje, como en el de los alumnos que les corresponda orientar. Los programas de formación docente no bastan para satisfacer estas necesidades. Por esta razón, un grupo de profesores de la carrera de Educación mención Matemáticas aplicamos “El Estudio de la Clase” como estrategia para mejorar la práctica educativa. En esta presentación compartimos la implementación de esta estrategia de desarrollo profesional docente, que implica el trabajo conjunto de un grupo de pares que realiza un proceso de investigaciónacción, al mismo tiempo que analiza el modelo desde el punto de vista teórico y desde la ejecución. VOLTAR 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA PROBLEMAS EDUCATIVOS MATEMÁTICOS Y CONTEXTUALIZACIÓN EN LOS PROCESOS DE FORMACIÓN DE PROFESORES Hugo Parra S. Universidad del Zulia – Venezuela [email protected] RESUMEN Se destaca la necesidad de contextualizar los procesos de formación de profesores de matemática, tomando como base teórica el Conocimiento Didáctico del Contenido (Shulman, 1986). Se plantean los problemas matemáticos educativos – eje articulador del Conocimiento Didáctico del Contenido Matemático – como un medio que favorecería la consolidación de dicho tipo de conocimiento, superando el problema de la descontextualización, presentes en los procesos de formación de profesores de matemática. Finalmente se presenta un ejemplo que apoya la propuesta en cuestión. Palabras claves: Formación Docente, Conocimiento Didáctico del Contenido Contexto. PÁGINA Las reflexiones que presentamos tienen su origen en el trabajo que llevamos como formadores de futuros profesores de matemática educativa. Partiendo de lo que consideramos son las principales características de los programas de formación de profesores de matemática educativa, destacamos la necesidad de contextualizar los procesos de formación de profesores de matemática, tomando como base teórica el Conocimiento Didáctico del Contenido (Shulman, 1986) y el papel que juegan los problemas matemáticos educativos – eje articulador del Conocimiento Didáctico del Contenido Matemático – como elemento clave para superar el obstáculo que supone la descontextualización de los procesos formativos en el desarrollo de las competencias profesionales. 165 TRABALHO Características de la formación docente en matemática 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA En un estudio acerca de los programas de formación de profesores en matemática en nuestro país, Venezuela, se refleja claramente una perspectiva epistemológica de características racionalista (Rojas, 2010). En ellos se observan dos características fundamentales: la parcelación de los saberes y la desvinculación de los estudios con la realidad matemático-educativa (ver figura 1). Creemos que esta situación con variaciones menores, es igualmente predominante en la gran mayoría de nuestros países latinoamericanos. Esta manera de organización curricular no es cuestión de azar; sin embargo, es tan común que llegamos a creer que es el único modo posible de estructurar un plan de estudio. Lo importante es que bajo esta figura subyace una manera de entender la producción del conocimiento situada en la perspectiva epistemológica racionalista. Desde esta perspectiva el origen del conocimiento profesional del docente que egresa se supone que es el resultado de la suma del conocimiento de la teoría Matemática, de la teoría de las Ciencias Educativas y el conocimiento de algunas técnicas de enseñanza. Entre los tres bloques de cursos es notable la desarticulación entre ellos mismos y entre ellos y la realidad educativa. PÁGINA 166 Figura 1. Distribución de los cursos en los programas de formación inicial de los docentes de matemática (Parra, 2012) Este enfoque - por algunos autores denominado tecnológico (Porlán y Rivero,1998) - se critica haber convertido el estudio de los procesos de enseñanza en un conjunto de conocimientos generales junto con unas técnicas e instrumentos que trivializan la acción educativa, desconociendo la complejidad de la misma. Esta visión de los procesos de formación excluye toda posibilidad de integración orgánica entre la teoría y la acción docente contextualizada, lo cual impide la formación de un docente crítico y reflexivo (Giroux, 1990). En ese sentido, este modelo no termina de superar la falsa dicotomía entre la teoría y la práctica descontextualizada. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA En cuanto a la ruta que sigue el proceso de formación, se entiende que para formar al futuro docente, éste debe primero acumular una cantidad de conocimientos suficientes para que posteriormente, demuestre, en el plano laboral que tiene la posibilidad de ejercer profesionalmente la tarea de un matemático educativo. Para lograrlo, en algunos países se establece lo que se denominan las Prácticas Profesionales y en otros, pasantías. Por ser un espacio para la aplicación y la verificación de los conocimientos teóricos, éstas se ubican en los últimos semestres de los planes de estudio. Colocar este espacio de vinculación entre la formación teórica y el ámbito profesional concreto resulta de la visión ingenua de los procesos de formación, que presuponen que el estudiante va a ensamblar en su mente las ideas y conocimientos inconexos que ha recibido en su etapa inicial de formación y los fusionará de manera efectiva y eficiente al momento de desarrollar actividades de carácter profesional. En síntesis, este modelo, se fundamenta en una posición epistemológica de naturaleza racionalista, donde el conocimiento profesional es producto de la suma de cursos teóricos que luego deben ser aplicados y contrastado para verificar en la misma realidad si los mismos han sido adquiridos correctamente (ver figura 2) Teoría Proceso de verificación Práctica Figura 2. Proceso de construcción del conocimiento en los modelos de formación docente predominantes (Parra, 2012) 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA Si el problema planteado es el desarrollo de procesos de formación de profesores caracterizados por el parcelamiento del conocimiento y su desvinculación del futuro contexto profesional, todo indica que los esfuerzos por transformar dicha realidad deben apuntar prioritariamente hacia un programa alternativo de formación que busque la integración de los conocimientos entre sí y con el contexto profesional. Esta intencionalidad no es nueva en nuestro campo profesional. Ya para la década de los años 1980 se cuestionaba la presencia en los programas de formación docente con las características aquí señaladas y se comenzó a plantear lo que hoy se denomina Conocimiento Didáctico del Contenido, término que asumiremos en esta exposición como base teórica de nuestra propuesta. El Conocimiento Didáctico del Contenido, en nuestro caso, del contenido matemático se entiende como aquel conocimiento que todo individuo 167 Hacia la conformación de un conocimiento profesional integral y contextualizado XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA que pretenda ejercer la docencia en esta disciplina debe poseer a objeto de planificar, desarrollar y evaluar el saber matemático en situaciones de aprendizaje escolar (Rojas y Parra, 2009). Shulman (1986) planteó que el conocimiento del profesor no puede estar constituido exclusivamente ni por el conocimiento pedagógico ni por el conocimiento matemático (Cooney, 1994). De igual manera tampoco se puede entender que el conocimiento del futuro docente de matemática sea la yuxtaposición de conocimientos matemáticos y pedagógicos desconectados entre sí (Gómez, 2007; Parra, 2006). El conocimiento didáctico matemático del profesor – a nuestro entender - debe estar constituido por un conjunto de planteamientos que den respuesta a cuatro interrogantes fundamentales que se integran entre si, esto es, ¿para qué enseñar?, ¿qué enseñar?, ¿a quién enseñar? y ¿cómo enseñar?; estas cuatro interrogantes responden respectivamente a cuatro dimensiones claves del CDM, la axiológica, la epistemológica, la cognitiva y la didáctica (Parra, 2006). Para que estas dimensiones se presenten de manera contextualizada, deben estar articuladas por lo que denominamos problemas matemáticos educativos (ver figura 3). Los problemas matemáticos educativos no son más que situaciones de aprendizaje matemático no resueltas en la que los participantes formulan sus diferentes hipótesis y, bajo la mediación del formador de docentes, se reflexiona, justificando las diferentes acciones propuestas a partir del abordaje de las cuatro dimensiones que hemos mencionado. Como se observa en la figura, los problemas matemáticos educativos constituyen el eje articulador del Conocimiento Didáctico Matemático y por tanto, en los procesos de formación, éstos juegan un papel fundamental porque de alguna manera articulan las teorías educativas matemáticas con la realidad socioeducativa donde los futuros docentes se desarrollarán profesionalmente. DIMENSIÓN ÉPISTEMOLÓGICA DIMENSIÓN AXIOLÓGICA PÁGINA 168 PROBLEMAS MATEMÁTICOS EDUCATIVOS DIMENSIÓN COGNITIVA DIMENSIÓN DIDÁCTICA Figura 3. Dimensiones del Conocimiento Didáctico Matemático (Parra, 2012) 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Por sus características, los problemas matemáticos educativos constituyen un medio idóneo de vincular los procesos de formación con el contexto, pero antes de continuar, aclaremos brevemente qué entendemos por contexto y que supone ello en los procesos de formación de profesores. Si reconocemos que en los procesos de formación de profesores predomina un modelo caracterizado por la parcelación del conocimiento y su desvinculación con la realidad matemático-educativa, estamos reconociendo la poca pertinencia de los mismos. Ahora bien, ¿qué supone desarrollar proceso de formación contextualizados? Al respecto dirijamos la atención a una fuente primaria de nuestra lengua; el Diccionario de la Real Academia Española, el cual entiende por contexto al “entorno lingüístico de una palabra, frase o fragmento considerado, del que depende muchas veces su sentido” (DRAE, 2012); en el caso nuestro asumimos el mismo significado ubicándolo, claro está, en el campo de nuestro ejercicio profesional, al apelar a la idea de otorgarle sentido a lo que se enseña en los procesos de formación. Se trata de dotar de significado a todas las situaciones de aprendizaje que se produzcan a lo largo de la formación de profesores, lo que implica desarrollar competencias profesionales suficientes para que el futuro profesional pueda enfrentar las diversas situaciones o problemas propios de la dinámica de los procesos de enseña y aprendizaje de las matemáticas. En la medida que los procesos de formación de profesores de matemática respondan a este conjunto de necesidades profesionales, en esa misma medida se dotará de pertinencia los procesos de formación. Esto es lo que significa generar procesos de formación de profesores contextualizados. Una segunda condición es que el formador de profesores matemáticos educativos debe estar en permanente contacto con la realidad matemático-educativa y la institución escolar. Es la única manera de no desvincular los procesos formativos de la realidad profesional. Hasta 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA La primera de estas condiciones es la de conocer los intereses y necesidades de los estudiantes que están en proceso de formación, como individuo (condición cognitiva) y el entorno donde él se desenvuelve y se desenvolverá (condición social: familia y comunidad). No podemos apelar a contextualizar, esto es, dotar de significado los aprendizajes, si desconocemos la realidad de los que estamos formando. ¿Cuáles son las motivaciones que lo llevaron a escoger como profesión la de ser matemático educativos? ¿Cómo entienden ellos el ser matemático educativo? ¿Qué conocen de la matemática y cómo la entienden? ¿Cómo entienden los procesos de enseñanza y aprendizaje? Estos y otros aspectos más deben estar presentes y considerarlos el formador de profesores. Pero este conocimiento de sus intereses y necesidades no debe plantearse en los términos clásicos de una prueba diagnóstica. Conocer los intereses y necesidades de los que se están formando, debe estar presente a lo largo de todo el proceso de formación. Constantemente se debe estar indagando y como veremos más adelante, al trabajar en base a los problemas matemáticos educativos, la dinámica misma nos va aportando estos elementos que nos permiten ir dilucidando los intereses y necesidades de los futuros profesores. 169 Para que se contextualicen los conocimientos es necesario establecer por parte del formador de profesores al menos dos condiciones que vinculen de manera natural, sin artificios, las matemáticas escolares con el proceso de adquisición y desarrollo del pensamiento profesional en los futuros profesores. XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA qué punto los formadores de profesores estamos involucrados en la realidad de nuestras instituciones educativas preuniversitarias? ¿Nuestras investigaciones sólo aportan desde el punto de vista del investigador? ¿Dónde está la palabra y la experiencia de los matemáticos educativos que día a día laboran en nuestras instituciones educativas generando procesos de aprendizaje matemático? ¿Qué tipo de relación existen entre el investigador y los profesores? Estas y otras muchas preguntas más podrían plantearse, pero en cualquier caso, se trata de que los formadores de profesores estén vinculados con la realidad matemática educativa y su entorno escolar. Los problemas matemáticos educativos como elementos constructores del conocimiento didáctico matemático PÁGINA 170 Afirmábamos que los problemas matemáticos educativos son situaciones de aprendizaje matemático no resueltas en la que los participantes formulan sus diferentes hipótesis y, bajo la mediación del formador de docentes, se reflexiona, justificando las diferentes acciones propuestas a partir del abordaje de las cuatro dimensiones que hemos mencionado, esto es, las dimensiones axiológicas, epistemológicas, cognitivas y didácticas. En consecuencia, los problemas matemáticos educativos constituyen el eje articulador del Conocimiento Didáctico Matemático porque establecen la relación entre los diferentes conocimientos y el contexto profesional socioeducativo matemático. Bajo la misma premisa Llinares (2004) y Gómez (2007) también abogan por hacer uso de los problemas de la enseñanza de las matemáticas en los procesos de formación de profesores a objeto de iniciar un proceso de reflexión en y sobre la práctica profesional educativa matemática. Los criterios de selección de estos problemas deben responder a las competencias que se esperan desarrollar en los estudiantes para profesor y su pertinencia en la realidad educativa matemática donde éstos se van a desenvolver. Nuestra profesión – por contener un alto contenido práctico – requiere que los procesos de formación se planteen desde lo que se entiende por aprender de una práctica, lo que implica atender en primer lugar – de acuerdo a las cuatro dimensiones constitutivas del Conocimiento Didáctico Matemático - la justificación de la actividad educativa matemática (dimensión axiológica). De igual manera, debemos abordar la dimensión epistemológica, de manera que se comprenda que el conocimiento matemático que se aborda en la situación planteada tuvo un origen en una situación histórica determinada y ha evolucionado hasta lo que hoy en día entendemos por él. En tercer lugar, es fundamental comprender al estudiante que va a apropiarse de dicho saber (dimensión cognitiva), para, finalmente, proponer soluciones para que dicho conocimiento sea enseñado (dimensión didáctica). Pero estas dimensiones que mencionamos deben trabajarse desde el contexto donde se desarrollarán profesionalmente los futuros profesores. En el caso de nuestro país esta contextualización de los problemas educativos matemáticos está generalmente ausente. La tradición educativa en nuestras instituciones desarrolla la Matemática Educativa signada por la aceptación de teorías cuyo origen es mayoritariamente europeo y anglosajón. Sin 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA ánimo chauvinista, estas lecturas que recibimos no pueden ser absorbidas a plenitud, sin una reflexión previa; ellas deberían pasar por la lente de una mirada latinoamericana, nacional, regional y local. Hallamos que en muchas de nuestras instituciones de formación de profesores de matemática el proceso formativo se recorre sin situar al futuro profesor en la realidad donde él se va a desarrollar como profesional. Reflexiones de orden axiológico, esto es, reflexiones en las que se plantee acerca del para qué se enseña y se evalúa en matemática son escasas. De igual manera, en el plano de la dimensión epistemológica del conocimiento didáctico matemático, la formación docente se restringe a fomentar una visión ahistórica de la matemática y eurocentrista (Lizcano, 2006), dando a entender que ésta en ningún momento es producto de unas realidades históricas que la han conformado y donde los orígenes de nuestra disciplina trasciende el continente europeo. Lo mismo sucede en lo que se refiere al estudio de las características del estudiante que aprenderá matemática; en los programas de formación docente se plantean materias relacionadas con la sicología, sociología y organización escolar de manera descontextualizada, que hace que los futuros profesores de matemática piensen en un sujeto abstracto y no situado en un contexto personal, escolar, comunitario e histórico determinado. Finalmente, podemos concluir, que desde el punto de vista didáctico, ocurre igual, cuando se estudian las corrientes educativas matemáticas desvinculada de la realidad de nuestras escuelas. Presentación de un caso Hasta el momento hemos planteado desde el punto de vista teórico lo que supone contextualizar la formación de profesores de matemática a partir de la presentación de problemas matemáticos educativos, con la finalidad de consolidar el Conocimiento Didáctico Matemático en los futuros profesores. PÁGINA La actividad consiste en plantear a los estudiantes –previamente organizados en equipo- a conocer una situación muy común en nuestras aulas cuando los estudiantes se inician en el proceso de aprendizaje relativo a la adición en números negativos. La situación aunque muy común en la dinámica escolar, pocas veces o nunca ha sido analizados por ellos, aun a pesar de haber cursado para el momento dos álgebras, que se supone lo han llevado a consolidar los conocimientos al respecto. 171 Consideramos pertinente presentar un ejemplo concreto de lo planteado, basándonos en nuestra experiencia y en la teoría planteada. La experiencia se sitúa en estudiantes del penúltimo semestre de la Licenciatura en Educación mención Matemática y Física. La cátedra donde los estudiantes desarrollaron esta experiencia tiene la finalidad de ir vinculando directamente al futuro profesor con el ambiente profesional. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA El problema Matemático Educativo es el siguiente: En una evaluación sobre operaciones aditivas en números negativos un estudiante responde de la siguiente manera: 3 + (2-5) + 8 = 3+3+8= 14 Con base en el problema matemático educativo se generan una serie de preguntas con el fin de promover procesos reflexivos propios del proceso de formación de profesores (ver cuadro 1). Estas preguntas que indicamos a modo de ejemplo en el cuadro 1, ni son las únicas, ni necesariamente deben ser llevadas a cabo siguiendo el orden de presentación. Está en el formador de profesores – mediador de los aprendizajes en este caso – establecer su orden y pertinencia. Como se indica en el cuadro en cuestión, cada una de las preguntas corresponde a una de las dimensiones del Conocimiento Didáctico Matemático. Todas las dimensiones poseen igual importancia. PREGUNTAS GENERADORAS ¿Cuál podría ser la finalidad de este ejercicio? DIMENSIÓN ABORDADA Axiológica ¿Tiene sentido plantear este ejercicio de acuerdo a las competencias que se esperan desarrollar en los estudiantes? ¿Qué sucedió en la respuesta del estudiante? Epistemológica ¿Problemas de este tipo se repitieron en la historia de las matemáticas o no? ¿Qué pensó el estudiante al responder de esta manera? Cognitiva ¿Qué conocimientos previos utilizó? PÁGINA 172 ¿Cómo actuarías ante este tipo de error en clase y al momento de evaluar? ¿Existe alguna situación del contexto de los estudiantes que podría contribuir a mejorar la comprensión y entendimiento de la operación? ¿Podrías hallar situaciones que podrían, al contrario, crear dificultades en la comprensión de las operaciones aditivas en números negativos? ¿Plantearías algún recurso educativo en particular al momento de la clase? ¿De cuantas maneras diferentes (algebraica, aritmética y/o geométrica 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil Didáctica XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA podrías representar la adición en los números negativos? ¿Podrías replantear el ejercicio? Cuadro 1. PREGUNTAS Y DIMENSIONES TRABAJADAS A PARTIR DE UN PROBLEMA MATEMÁTICO EDUCATIVO (Parra, 2012) Subyace en este tipo de actividades la idea de pasar primero por un proceso de desaprender, es decir, reconocer aquellos conocimientos previos que el futuro profesor posee y que constituyen un obstáculo para resolver apropiadamente este tipo de situaciones. Todos sabemos cuánto pesa la tradición en educación al momento de plantear cambios en la rutina escolar. Es normal que aferrándose a la tradición, los futuros profesores planteen soluciones que ellos vivieron como estudiantes. Desaprender es un paso clave si se quiere transformar la realidad matemático-educativa; por eso la importancia de que este tipo de actividad genere “crisis” epistemológicas como las planteadas por la filosofía de las ciencias por Khun (1987) y Lakatos (1976). La dinámica de la actividad –por nuestra experiencia – establece un ambiente de sana discusión sobre el tema, promoviendo un conocimiento de tipo reflexivo, que busca crear en los futuros docente, además del conocimiento matemático educativo, consolidar conocimientos matemáticos y actitudes profesionales que le permitan en el futuro abordar nuevas situaciones de manera sistemática. Se trata de promover el aprendizaje permanente, es decir, promover en ellos la inquietud de aprender a aprender. A modo de conclusión Desde la perspectiva de la investigación en nuestra disciplina, la contextualización de los procesos de formación debe abrir un camino que nos permita superar las ideas 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA Estamos convencidos que la formación de profesores en nuestra disciplina debe romper con la tradición epistemológica de corte racionalista; es decir, se debe romper con la tradición de no vincular los conocimientos entre sí, junto a la concepción de una ruta metodológica que antepone la teoría a la práctica profesional. En ese orden de ideas, la construcción del conocimiento didáctico matemático constituye una vía que, a nuestro entender, es la más idónea; donde los conocimientos matemáticos, junto a los conocimientos matemáticos educativos vinculado a problemas del contexto profesional, se articulen coherentemente, considerando siempre las dimensiones axiológicas, epistemológicas, cognitivas y didácticas. De esta manera se consolidará en nuestros futuros profesores un conocimiento profesional que sea capaz –no sólo de interiorizar los conocimientos y la experiencia de manera articulada – sino que le permita además, tener las competencias para abordar futuros problemas matemáticos educativos propios del ejercicio profesional. 173 Más que ideas conclusivas, se trata de resaltar lo fundamental de nuestra exposición y algunas ideas a futuro. XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA exclusivamente eurocentristas y consolidar un conocimiento disciplinar que responda a las necesidades e intereses de nuestra cultura latinoamericana. Se trata en definitiva de formar un profesional en el área de la matemática educativa capaz de enfrentar los retos que día a día se presentan en los proceso de aprendizaje de las matemáticas en el marco de nuestra realidad latinoamericana.. REFERENCIAS *Cooney, T. (1994). Research and teacher Education: In Search of Common Ground. Journal for Research in Mathematics Education. 25 (6), 608 – 636. *Gómez, P. (2007) Desarrollo del conocimiento didáctico en un plan de formación inicial de profesores de matemática de secundaria. Tesis Doctoral. Departamento de Didáctica de las matemáticas Universidad de Granada. España. *Llinares, S. (2004). La actividad de enseñar matemática como organizador de la formación inicial de profesores de matemática de secundaria. Adecuación del Itinerario Educativo del grado de Matemáticas. Trabajo presentado en Itinerario Educativo de la Licenciatura de Matemáticas, Granada. *Lizcano, Emmánuel. Metáfora que nos piensan. Sobre ciencia, democracia y otras poderosas ficciones. Creative Commons 2.1.Costa Rica. *Parra, H. (2006). La formación docente en matemática. Alternativas para su transformación. Equisángulo, 2(3). Disponible en http://www.saber.ula.ve/bitstream/123456789/20309/1/articulo1.html Consulta: 31 de marzo de 2012. *Rojas,Ana C. (2010) Aprendizaje dialógico y software educativo en la construcción del conocimiento didáctico matemático. Tesis Doctoral.Universidad del Zulia. Maracaibo. Venezuela *Rojas, A.C.; Parra, H. (2009). La construcción del conocimiento didáctico matemático al utilizar Software educativos. Paradigma, 30 (1), 169 – 182. PÁGINA 174 *Shulman ,L. (1986). Those who understand: Knowledge growth in teaching. Educational Researcher, 15, 4 – 14. VOLTAR 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA LA INVESTIGACIÓN EN MATEMÁTICA EDUCATIVA SOBRE EL PROFESOR DE MATEMÁTICAS Javier Lezama A. Centro de Investigación en Ciencia Aplicada y Tecnología Avanzada Del Instituto Politécnico Nacional, México. [email protected] RESUMEN En esta conferencia se hará un recorrido a partir del reconocimiento del un campo emergente conocido como “Reserching Mathematics Teacher Education” y las principales líneas de desarrollo que desprenden de esta campo de estudio y se muestran algunas experiencias formativas, realizadas en el marco del Posgrado en Matemática Educativa del CICATA, del Instituto Politécnico Nacional de México. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA El posgrado en Matemática Educativa que se imparte en el Cicata del IPN, México, como es natural está dirigido a profesores de matemáticas y constituye una respuesta formulada por un grupo de investigadores del campo de la Matemática Educativa a la demanda social de una mayor y mejor formación matemática de los individuos en la sociedad actual y el reconocimiento del papel primordial del profesor de matemáticas en el logro en dicha formación (Even & Ball, 2009). El Posgrado, a logrado congregar a profesores de México, centro y Sudamérica (Mariscal et al, 2008). El proyecto de formación se dirige a docentes en servicio de los niveles educativos preuniversitarios y universitarios. El objetivo formativo del Posgrado se orienta a incorporar al profesor de matemáticas al campo Académico de la Matemática Educativa -también conocido por Didáctica de las Matemáticas o Educación Matemática-, ayudándolo a que lo reconozca como su campo científico cuyo interés de estudio son los procesos de producción, adquisición y difusión del saber matemático en la escuela, a que conozca las teorías que dan nombre y explican los fenómenos que surgen en los procesos de construcción y aprendizaje de las matemáticas. También busca informar al profesor de matemáticas de los hallazgos producto de la investigación, a las metodologías bajo las cuales éstas se realizan, así como acercar a los profesores a las revistas y demás instrumentos de difusión de dichos productos y de manera importante busca que el profesor se incorpore a comunidades constituidas por grupos de trabajo e investigación en matemática educativa. 175 TRABAJO XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA La idea de campo académico Tomamos como referencia el esquema elaborado por Fuentes (1998), en el que nos da una aproximación de los elementos constitutivos de un campo académico y que nosotros utilizamos para explicarnos los elementos constitutivos de la Matemática Educativa (Didáctica de las matemáticas, Educación Matemática) como un campo académico, que se distingue de otros por su objeto de estudio y preguntas que se hace, así como por sus métodos de investigación. Según Fuentes un campo se distingue por las distintas prácticas que realiza y reconoce a tres como fundamentales y que a continuación se exponen: Prácticas de Investigación Prácticas de Aplicación Prácticas de Reproducción PÁGINA 176 Un campo académico como estructura social es muy complejo, pero este esquema nos permite ver las prácticas que le dan vida y que finalmente congregan a una comunidad. No pueden funcionar independientes, requieren de la integración o núcleo concetrador que Fuentes denomina Matriz Disciplinaria del Campo, aludiendo a Kuhn. El supuesto de este modelo es que cada una de estas modalidades está sujeta a determinaciones (tanto “internas” como “externas”) diversas, y que deberán estar articuladas entre sí mediante un núcleo común de sentido básico compartido, que constituiría lo que podría llamarse “matriz disciplinaria” (Kuhn, 1982). Al esquema de Fuentes hemos agregado una circunferencia punteada en rojo, justo en el vértice de la profesión que es el lugar en el que se encuentra el profesor de matemáticas en ejercicio. Con la dicha marca queremos señalar a partir de experiencia empírica, que hemos encontrado a un cúmulo de profesores de matemáticas, que están aislados de los otros vértices al no tener vínculos explícitos con la matriz disciplinar. Con esto queremos decir que no están en contacto continuo con la universidad y los productos de investigación, no pertenecen a colectivos de profesores que los acompañen en la mejora o continuación de su formación profesional. Como hipótesis de trabajo afirmamos que los procesos de formación de profesores de matemáticas, tanto en servicio como los que están en proceso de formación inicial se basarán en incorporarlos a un campo académico, en el que reconozcan su actividad como una profesional y de carácter científica. Incorporarse a un campo académico significa reconocer la naturaleza de la actividad, aprender a problematizarla y reconocer la necesidad de investigación y los mecanismos difusión de hallazgos, así como el empleo de los mismos para realizar mejor su tarea y los retos que ésta le plantea. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Un espacio específico para el profesor en la matemática educativa En los últimos años al interior del campo académico de la matemática educativa, se ha registrado una fuerte atención a la figura del profesor de matemáticas y es lo que nos proponemos mostrar a continuación. En ICME 10 (2004), en una plenaria denominada “Professional Development of Mathematics Teachers”, y que fue después publicada (Adler et al, 2005), se llama la atención sobre la emergencia de un amplio número de investigaciones que giran alrededor de lo que se puede denominar el “campo de investigaciones sobre la formación y desarrollo de los profesores de matemáticas”; el supuesto del que se parte es simple: Ante el fenómeno de masificación de la enseñanza de la matemática en la escuela, se impone la necesidad de más y mejores profesores de matemáticas. La calidad de la instrucción o enseñanza depende de los profesores, de su preparación y un continuo desarrollo profesional. Este reporte nos muestra la diversidad de temas y métodos de investigación alrededor de la figura del profesor de matemáticas. A partir del análisis de investigaciones entre los años 1999-2003 se concentraron en dos aspectos que respondían a las preguntas : ¿Qué es investigar en el campo y que ayude a la mejora de la formación de los profesores de matemáticas? ¿Qué investigaciones contribuyen a la necesidad generalizada de apoyar el aprendizaje y el desarrollo de los profesores de matemáticas? Regresando a los escenarios globales, en el 15th ICMI study sobre The professional education and development of teachers of mathematics (Even y Ball, 2009) coloca como premisa de partida del estudio, que, “los profesores son la clave de oportunidad de aprendizaje de las matemáticas de los estudiantes”. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA Cabe señalar que desde la visión Latinoamericana a través de la comunidad de Clame (Comité Latinoamericano de Matemática Educativa), es patente la atención al campo del profesor de matemáticas a través de las propuestas y reportes de investigación que se presentan en la RELME (Reunión Latinoamericana de Matemática Educativa). En Alme (Acta Latinoamericana de Matemática Educativa) a partir de la Número 18 – que corresponde al año de 2004) ha habido una preocupación de los subsecuentes editores, por que las investigaciones enfocadas a la formación y desarrollo del profesor de matemáticas sea plenamente identificables, dedicándoles un capítulo especial. 177 Mostraron especial interés en dos aspectos; aquellos que permiten entender cómo los profesores aprenden, con qué oportunidades y en qué condiciones lo hacen y los que mejoran las oportunidades de aprendizaje de los profesores. XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Se preguntan: qué elementos, condiciones, actitudes son las que los convierten en dicha clave, y es en eso que se concentra el estudio. Los editores declaran tres factores que en cierta manera justifican la necesidad de un diálogo intercultural sobre la formación profesional de los profesores de matemáticas en el mundo, si bien hay que reconocer una baja exploración de investigaciones realizadas en Latinoamérica. El primer factor se basa en el reconocimiento del rol fundamental del profesor en el proceso de aprendizaje de las matemáticas de los alumnos, dicho rol se traduce en demandas específicas al trabajo del profesor, a lo que sabe y lo que es capaz de hacer. En el segundo, se señala que todo esfuerzo de mejora en las oportunidades de aprendizaje de las matemáticas de los alumnos en los distintos niveles educativos, va a la par con oportunidades de aprendizaje y formación de los profesores. La formación profesional de los profesores de matemáticas es crucial en el proyecto de una mejora en la educación matemática de la sociedad. Por último en el tercero afirman que la formación del profesor “Teacher education” es un proyecto amplio y constituye un área específica de estudio, de reciente reconocimiento pero de rápida expansión. Como resultados de sus análisis, reconocen tres grandes grupos de atención al campo del profesor de matemáticas, mas allá de los comprensibles niveles educativos: Formación de profesores de matemáticas Nuevos (pre-servicio). Formación de profesores expertos (en servicio). Formación de formadores de profesores de matemáticas. Hacia una categorización del conocimiento y la actividad del profesor PÁGINA 178 En el campo de la educación, siempre ha habido interés en la figura del profesor y se ha realizado un gran esfuerzo por modelar dicha figura, habiendo dos aspectos de fundamental interés, lo que el profesor debe saber y cómo debe enseñar, el establecimiento y exploración de ambos aspectos son múltiples y se han visto sujetos a enfoques filosóficos sobre lo que es enseñar y aprender, así como el escenario sociocultural en que se hace el planteamiento sobre la figura del profesor. En relación al profesor de matemáticas, las preguntas se repiten, qué debe saber el profesor de matemáticas y cómo se enseña la matemática; primero, lo entendemos de manera de clara como un problema educativo, pero tiene una especificidad, la del saber matemático y por ende la naturaleza de la matemática, la forma como este saber se construye y se representan sus objetos. Responder a la preguntas de qué debe saber el profesor de matemáticas y cómo se enseñan éstas, ha sido el trabajo de la investigación que nos exponen los análisis a los que hemos aludido más arriba. Lee S. Shulman, siendo un reconocido especialista en educación y en especial en el campo del profesor, ha dado respuestas interesantes al aspecto del conocimiento del profesor y es reconocido que sus trabajos realizados en respuesta a las reformas educativas que exigen no 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA sólo una nueva actuación del profesor, sino a su formación inicial. Shulman (1986), hace un desglose del conocimiento del profesor, incluyendo en él una categoría denominada PCK (Pedagogical Content Knowledge) Conocmiento del contenido pedagógico y que él considera que está compuesto de una comprensión de lo que hace que sean fáciles o difíciles de aprender algunos tópicos específicos. Las concepciones o preconcepciones de los alumnus de distintas edades cómo determinan el aprendizaje de temas específicos. El establecimiento de esta categoría a dado pie a un desarrollo conceptual alrededor del conocimiento del profesor y constituye una fuente inportante de investigación hasta el momento. Hay varias líneas de estudio sobre el profesor de matemáticas, pero éstas en principio se pueden concentrar en dos aspectos principales, las que se centran en el conocimiento del profesor y las que atienden la práctica del porofesor. Las investigación se ha desarrollado tanto en el aspecto teórico como empírico. Ponte y Chapman, (2006) hacen una amplia revisión de trabajos relacionados con el campo del professor de matemáticas, mismos que se han realizado al interior del PME (International Group for the Psychology Mathematics Education, www.igpme.org); señalamos de manera sintética los siguientes aspectos. PÁGINA Los espacios físicos y situacionales en los que se desarrolla la actividad del profesor de matemáticas están constituidos según ellos, por el aula, escuela, los cursos para los profesores y otros espacios profesionales, entendiendo por otros espacios profesionales, agrupaciones formales o informales de profesores. 179 Los grandes temas de investigación están centrados en el conocimiento del professor siendo el otro aspecto el de la práctica del professor. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Finalmente señalan cuatro grandes grupos de investigaciones sobre el profesor de matemáticas; las centradas en el conocimiento matemático del profesor, el conocimiento de los profesores de matemáticas sobre la enseñanza de las matemáticas, las creencias y concepciones del profesor de matemáticas y las prácticas del profesor. En cada uno de esos grupos se pueden encontrar investigaciones, con diversidad de preguntas y métodos de investigación. A partir de lo que hasta ahora se ha dicho podemos preguntarnos: ¿Qué conoce, cree, conceptualiza, piensa y hace el profesor de matemáticas en relación a la matemática y a la enseñanza-aprendizaje de las matemáticas?; ¿Qué métodos, perspectivas teóricas y supuestos acerca del conocimiento matemático y curriculum, asumen los investigadores para estudiar a los profesores? A continuación mostramos el Mapa del dominio del conocimiento matemático para la enseñanza (Domain map for mathematical knowledge for teaching) MKT, Hill et al. (2008) PÁGINA 180 Un importante grupo de investigadores ha continuado trabajando en el aspecto del conocimiento del profesor, abordando de manera más específica el PCK de Shulman, adentrándose en un desgloce más detallado de lo que significa dicha categoría y discutendo las metodologías en las cuales se plantean tales investigaciones de manera que aporten evidencias confiables sobre lo que se dice del profesor. Tal es el caso de (Hill et al, 2008) que realizan un trabajo de conceptualización sobre el dominio del conocimiento matemático del profesor. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Hill, a partir de la formulación de Shulman, señalan que ha habido investigaciones que indagan qué quiere decir conocimiento de contenido de estudiantes, o el conocimiento que los profesores tienen de los estudiantes, señalando que faltan estudios que muestren que el profesor tiene esos conocimientos además de los disciplinares mismos. Señalan además que el campo no ha desarrollado maneras de evaluar los programas que aporten ese conocimiento al profesor y cómo medir que esos conocimientos redundan en beneficio de los estudiantes. El artículo conceptualiza, desarrolla, evalúa y mide el conocimiento del contenido y los estudiantes. Los investigadores están interesados en mostrar que es distinguible PCK del PCS que es el conocimiento del contenido de los estudiante, afirmado que un profesor puede tener un alto conocimiento del contenido pero un muy bajo conocimiento de cómo los estudiantes aprenden dicho contenido. Ese tipo de distinciones resultan fundamentales para el desarrollo de investigaciones en ese programa. El KCS está ligado con el conocimiento de cómo el estudiante piensa acerca del conocimiento, o aprender un determinado conocimiento, es conocer cómo hace un estudiante para aprender un saber específico y las imbricaciones de las propias concepciones que surgen durante el proceso. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA Por último agregamos aspectos sobre lo que el campo del profesor se encuentra haciendo en este momento. Chapman (2011) afirma que el campo de investigación sobre el profesor de matemáticas ha tenido un crecimiento sustancial ejemplo de ello es la aparición del Journal of Mathematics Teacher Education [JMTE] y la respuesta que tuvo a su convocatoria para publicar su número especial sobre Mathematics Teacher and Mathematics Teacher Educator Change. Algunos de esos artículos hacen mención de la necesidad para el campo, de crear métodos de investigación idóneos para indagar situaciones en el campo profesional de la formación de profesores de matemáticas que involucren al formador en la investigación. En un capítulo denominado ‘‘Research methods in mathematics teacher education’’ (Gellert et al. 2012) en el próximo a aparecer Third International Handbook of Mathematics Education (Springer), se discute una versión de participatory action research como un ejemplo de una manera diferente de aproximarse a la investigación relevante para el campo. Finalmente señala que la importancia del campo se evidencia porque por primera vez en el International Congress on Mathematical Education a realizarse en el 2012 se 181 Sullivan (2011), en su artículo busca identificar y describir las necesidades de conocimiento del profesor de matemáticas, nos dice, cada acercamiento al aprendizaje del profesor de matemáticas, difiere de contexto a contexto y de cultura a cultura. El conocimiento que los maestros necesitan, está en el centro de todas las iniciativas para mejorar del aprendizaje de las matemáticas en la sociedad. XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA incluyen grupos de trabajo sobre inservice education, professional development of mathematics teachers y uno más sobre preservice mathematical education of teachers. El profesor de matemáticas desde la perspectiva socioepistemológica El enfoque socioepistemológico indaga la construcción social del conocimiento matemático y ello nos permite entender la naturaleza del discurso matemático escolar y las contradicciones a las que pueden llevar las prácticas docentes. La socioepistemología ha construido categorías teóricas tales como práctica social, rediseño del discurso matemático escolar, resignificación de conceptos matemáticos. Desde esta perspectiva, podríamos pensar que es indispensable trabajar con el profesor de matemáticas de tal manera que se pueda crear procesos de formación matemática para sus alumnos en el contexto de estás nuevas categorías. PÁGINA 182 Como declaran Cantoral y Farfán (2003); se considera como necesidad básica, el dotar a la investigación de una aproximación sistémica y situada, que permita incorporar las cuatro componentes fundamentales en la construcción del conocimiento; su naturaleza epistemológica, su dimensión sociocultural, los planos de lo cognitivo y los modos de transmisión vía la enseñanza. A esta aproximación múltiple, que en la jerga le nombramos “la cuarta dimensión”, le hemos llamado formalmente el acercamiento socioepistemológico. El espectro de investigaciones que se están desarrollando desde este enfoque teórico, reconoce de manera relevante la figura del profesor en los procesos de enseñar y aprender matemáticas. Ejemplo de ello son las investigaciones que ellos mismos nos señalan … Actualmente se desarrollan estudios sobre currículo, en los que se busca determinar cuáles deben ser los contenidos por enseñar, considerando la evolución de la matemática y las necesidades sociales que el sistema educativo espera cubrir con la escuela; otra mas sobre la instrucción, es decir, de las actividades que acompañan el aprendizaje, se busca la mejora de los métodos de enseñanza, los problemas que se enmarcan en torno a la transmisión oral del conocimiento, los procesos cognitivos, la motivación y creación de actitudes positivas … Así mismo se realizan investigaciones que tratan de la vida del conocimiento en la escuela. Se busca determinar la influencia que el sistema escolar ejerce en los aprendizajes; se determinan las matemáticas que se aprende en y fuera de la escuela y se trata del papel de los medios de comunicación, los entornos familiares o gregarios con los grupo de estudiantes. Se quiere también investigar sobre el sistema escolar para saber el rumbo y sentido de las decisiones políticas o sociales que modifican al funcionamiento del sistema educativos. Desde este enfoque consideramos que la formación de los profesores de matemáticas está determinada por la región o país donde ésta se produce, responde a condicionamientos sociales, políticos y culturales así como a tradiciones institucionales. Las prácticas de los profesores de matemáticas responden en muchos casos a sistemas de representación sobre dicha labor, construidos en largos y complicados procesos de naturaleza cultural. Conocer los sistemas de representación que inducen prácticas en los profesores de matemáticas y que no son posibles calificar de manera inmediata por agentes ajenos al medio donde los profesores se desenvuelven y regidos por criterios que contrastan con 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA estos sistemas de representación, constituye un problema a estudiar por los especialistas que buscan intervenir en dichas prácticas con pretensión de modificarlas. En este contexto se inscribe la necesidad de indagar sobre las prácticas de los profesores y los contextos socioculturales que las rodean y motivan, a fin de contar con elementos concretos que permitan después, crear propuestas de formación específicamente en profesores que cuentan ya con años de servicio (Lezama y Mariscal, 2008). La orientación de algunas investigaciones A partir de los resultados de investigación en relación al fenómeno de reproducibilidad, que pone de manifiesto el papel central del profesor de matemáticas en el proceso de estudio de los alumnos, nos proponemos entender los factores y representaciones sobre el saber matemático escolar y elementos de carácter extramatemático que conforman el quehacer del profesor de matemáticas. Dos supuestos constituyen las hipótesis de trabajo en nuestras investigaciones. Reconocemos que el profesor con su actividad es determinante en los logros de aprendizaje de los alumnos y que el profesor mismo en su tarea pone en funcionamiento elementos culturales adquiridos en su formación y que en ocasiones no le es posible reconocer. Una estrategia de trabajo y estudio 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA Los temas pueden ubicarse en que comenten sus prácticas docentes, exploración de sus representaciones sociales -en el sentido de Moscovici, como explica Abric, (2001)-, además de aspectos culturales y sociales, sobre los rituales de la clase o descripciones de clase, detección de las características del ambiente de la clase, tanto físico como la dinámica que considera mejor para aprender matemáticas. Exploración de cómo los profesores problematizan el saber matemático para el diseño de clase y contraste con los elementos extramatemáticos que consideran ellos pueden ayudar a mejorar la instrucción. Descripción por parte de los maestros sobre las principales dificultades que ve en los estudiantes para aprender matemáticas. Explorar en los maestros en qué sentido consideran que los alumnos son más hábiles y profundos que sus profesores matemáticamente hablando. 183 En un alto número de tesis que desarrollan los alumnos del posgrado del CICATA, independientemente de su objetivo, se busca que atiendan siempre aspectos específicos relacionados con la actividad docente. Se ha trabajado en el desarrollo de entrevistas, en nuestro caso no estructuradas a fin de permitir hablar al profesor sobre sus dificultades en el desarrollo de su tarea, especialmente en los tres aspectos que nos planteamos, la reproducción de los efectos didácticos, al origen y naturaleza de las resistencias a la innovación y la consideraciones de orden sociocultural que observa o reconoce en su actividad. XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA La naturaleza de este tipo de indagaciones, enfrenta serias dificultades teóricas y empíricas, por ello hemos explorado con más cuidado las teorías que nos permitan dilucidar e interpretar aquello que llamamos realidad. La realidad de la vida cotidiana en todo individuo se presenta como una realidad interpretada por los hombres y para ellos tiene el significado subjetivo de un mundo coherente. Un detallado seguimiento de cómo alcanzamos la conciencia de Sí, o mejor, el recuerdo de Sí, revelaría las diversas capas de experiencia y las distintas estructuras de significado que intervienen en cómo interpretamos nuestra realidad. Todo individuo aparece ante una realidad ordenada, en donde los fenómenos que se le presentan están dispuestos de antemano en pautas que parecen independientes de la aprehensión de ellos mismos; y su imposición ante ellos actúa mediante una realidad que se constituye por un orden de objetos que han sido designados como tales antes de la aparición del sujeto a la escena social. Y es justamente esta forma consistente y relativamente estable en el tiempo la que permite que sea abordada científicamente en su magnitud (Berger y Luckman, 2001). Dos ejemplos En el primero nos referimos a Mingüer (2006, 2011) en su trabajo de tesis doctoral “Entorno sociocultural y cultura matemática en profesores del nivel superior de educación: un estudio de caso: El Instituto Tecnológico de Oaxaca”, se propone El análisis de un fenómeno sociocultural que denominamos «cultura matemática» entre los profesores de una institución en particular, el ITO en Oaxaca, México Afirma, que desde una postura convencional, podría pensarse que la «cultura matemática» involucra de manera única, conocimiento matemático, erudición que en esta materia un individuo pueda poseer. Desde la socioepistemología, identificamos «cultura matemática», además del conocimiento matemático puro, que existen significaciones múltiples de origen sociocultural que definen la forma en la que el individuo concibe a las matemáticas y se relaciona con ellas. Entonces desde esta postura la cultura matemática será la sucesión de construcciones de conocimiento matemático (practicas sociales relacionadas con la matemática) que, un individuo edifica en el transcurso de su existencia. PÁGINA 184 A partir de ello busca establecer el análisis de la génesis de la estructuración de dicha cultura con las herramientas teóricas de la socioepistemología. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA La técnica empleada por Mingüer para realizar su exploración, sería la entrevista no estructurada en profundidad. Este tipo de entrevista no se sujeta a una estructura formalizada de antemano, para llegar a obtener información fluida y espontánea acerca de aquellas vivencias, de los profesores, relacionadas con la matemática. La entrevista inicia y gira alrededor de una pregunta: “A lo largo de tu vida, ¿qué consideras que haya favorecido o desfavorecido tu gusto por las matemáticas, en la casa, en la escuela, en la calle? ¿recuerdas hechos significativos?”. PÁGINA 185 A continuación se dan dos ejemplos (fragmentos) de sólo dos de las 16 entrevistas realizadas a los profesores. En ellas podemos ver la manifestaciones de referencia a práctica fuera del ámbito escolar y que tienen un fuerte vínculo con la matemática. El análisis de referencias de esa naturaleza en los recuerdos de los profesores constituyeron datos fundamentales de su investigación y que le permiten ampliar la concepción común Cultura Matemática. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Carrillo (2006), en su tesis “Recursos nemotécnicos de las funciones trigonométricas básicas”, busca evidenciar el uso de técnicas en el aula no documentadas en el modelo educativo de la institución, -como es el caso del uso de la nemotecnia-, para explorar, su posible eficacia y pertinencia en el modelo actual de operación de su institución. Lo relevante de este estudio es que nos muestra la contradicción entre el modelo educativo institucional y las prácticas reconocibles pero no documentadas, tales como un fuerte uso de herramientas nemotécnicas útiles para recordar, pero no hay evidencia de su eficacia para el entendimiento de la matemática a aprender. Desde el discurso institucional se nos indica: La noción de cómo se aprende tiene tres dimensiones a saber en esta corriente y que de alguna manera busca configurar un modelo de profesor, si bien no se dice explícitamente: Una dimensión del aprendizaje significativo y por descubrimiento a partir de los conceptos que el alumno ya posee (Ausubel, Novak y Regeluth) Una dimensión sociocultural del aprendizaje a partir de estructurar las experiencias y facilitar el aprendizaje significativo (Vigotsky) Una dimensión constructivista del aprendizaje a partir de las experiencias que el alumno posee (Piaget y Bruner) En contraste se muestra un ejemplo de una técnica de uso común para recordad operativamente la derivadas de las funciones seno y coseno respectivamente. Para obtener la será necesario, nuevamente en responder a la requerida. derivada de una función ubicarse en ella y virar el mismo sentido, para derivada de la función PÁGINA 186 El uso de esta herramienta y muchas otras usadas en textos y las clases, por profesores y de manera importante por los alumnos, requieren de mayor atención y estudio para entender las razones de su prevalencia en las práctica de una comunidad escolar, a pesar del esfuerzo institucional por configurar un modelo de la práctica del profesor. Conclusión Por más de diez años de trabajo con profesores de matemáticas de diversos niveles, instituciones y países, estamos construyendo una línea de investigación centrada en lo que hemos denominado Docencia en Matemáticas y que se empeña en entender y aportar conocimiento en la formación continua o desarrollo profesional de profesores de matemáticas en servicio. Esto nos ha llevado a la formulación de preguntas tales como, ¿En qué se basan teórica y prácticamente los programas de formación continua para profesores de matemáticas, en servicio? ¿Cómo se capitaliza la experiencia del profesor (su práctica) y 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA las características de la institución en la que trabaja para hacer planes de desarrollo para los profesores? ¿Cuáles son las problemáticas más importantes que debe enfrentar el profesor de matemáticas, en relación al avance y modificación del currículo, la incorporación de la tecnología para el aprendizaje, las nuevas formas de relación con los estudiantes y prácticas de aula? Así mismo hay preguntas de naturaleza sociocultural que nos permiten acercamientos a las prácticas de aprendizaje de las matemáticas en los espacios institucionales, tales como los sistemas de creencias de los profesores en relación a la matemática, el aprendizaje, así como las representaciones sociales o de sentido común sobre la escuela, la ciencia, la matemática y su quehacer m ismo. En el posgrado de Matemática Educativa del Cicata, hemos realizado investigaciones en el marco de la docencia y la actividad del profesor de matemáticas, (Jiménez,2009; Ochoviet, 2009; Homilka, 2008; Salazar, 2008; Cruz, 2008; Borello, 2007; Crespo, 2007; Rosas, 2007; Serres, 2007; Mingüer, 2006; Carrillo, 2006; Maffey, 2006; Ochoviet, 2004) buscando con ello clarificar la naturaleza y complejidad del quehacer del profesor, tratando de enfocarlo desde la perspectiva socioepistemológica, quedando aún pendiente la clarificación cómo se ha dado respuesta a los problemas del conocimiento del profesor, cómo caracterizamos dicho conocimiento, sus prácticas de enseñanza y la consideración de los aspectos socioculturales que determinan su actuar. Estamos interesados en el establecimiento de los términos y los fundamentos teóricos y sociales que nos ayude a entender las prioridades en la formación inicial de un profesor de matemáticas, en qué aspectos más allá de los disciplinares se fundamenta su formación, cómo esta formación garantizará su mejor desempeño de profesor y que vigencia tiene ésta formación y cuáles son las prácticas que le permiten un continuo desarrollo, en qué aspectos y cómo capitalizar su práctica (o experiencia) para su continuo desarrollo y qué relación deberá tener el profesor en activo con los que está en fase de formación inicial. Nuestro proyecto busca identificar y definir, términos y prácticas, a partir de investigaciones que permitan la clarificación y posteriormente la estructuración de un cuerpo teórico de supuestos y conceptos que nos sirvan para fundamentar propuestas formativas y de desarrollo de profesores en servicio. REFERENCIAS Abric, J. C. (2001). Prácticas sociales y representaciones. México, Ediciones Coyoacan. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA 187 Como se ha dicho al principio, si partimos del supuesto que la conformación de la profesión de un profesor de matemáticas, pasa necesariamente por el reconocimiento de un campo académico que le es específico, consideramos que todas nuestras acciones deberán estar orientadas en facilitar la incorporación del profesor a dicho campo y que esto probablemente pueda redundar en beneficio de una práctica profesional de carácter científico. XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Adler, J.; Ball, D.; Krainer, K.; Lin, F,; Novotna, J. (2005) Reflections on an emerging field: Researching mathematics teacher education. Educational Studies in Mathematics. 60 (3) 359-381. ALME (2004 a 2011). Acta laticnoamericana de Matemática Educativa. Nos. 18 a 24. Clame http://www.clame.org.mx/acta.htm : Recuperada el 12 de octubre de 2011. Berguer, P. y Luckmann, T. (2001). La construcción social de la realidad. Argentina, Amorrortu editores. Borello, M. (2007). Relación entre las concepciones del maestro y el aprendizaje de los alumnos, el caso de las desigualdades. Un estado del arte. Tesis de maestría no publicada- CICATA-IPN, México. Borello, M. (2010) Un planteamiento de resignificación de las desigualdades a partirde las prácticas didácticas del profesor. Un enfoque socioepistemológíco. Tesis de doctorado no publicada. CICATA-IPN, México. Cantoral, R. y Farfán, R. (2003). Matemática Educativa: Una visión de su evolución. Revista Latinoamericana de investigación en Matemática Educativa 6(2), 161-193. Carrillo, H. (2006) Recursos Nemotécnicos de las Funciones Trigonométricas Básicas. Tesis de maestría no publicada. CICATA-IPN, México. Crespo, C. (2007). Las argumentaciones matemáticas desde la visión de la socioepistemología. Tesis de doctorado no publicada. CICATA-IPN, México. Cruz, E. (2008). Diseño de una secuencia didáctica, donde se generaliza el método de factorización en la solución de una ecuación cuadrática. Tesis de Maestría, no publicada. CICATA-IPN, México. Chapman, O. (2011) The field of research in mathematics teacher education. J Math Teacher Educ 14:247–249 Fuentes, R. (1998). La emergencia de un campo académico: continuidad utópica y estructuración científica de la investigación de la comunicación en México. México. ITESO. PÁGINA 188 Gellert, U., Chapman, O., & Becerra, R. (2012). Research methods in mathematics teacher education. In A. Bishop, M. Clements, C. Kietel, J. Kilpatrick, & F. Leung (Eds.), Third international handbook of mathematics education. New York: Springer (forthcoming). Hill, H. C., Ball, D. L., & Schilling, S. G. (2008). Unpacking pedagogical content knowledge: Conceptu- alizing and measuring teachers’ topic-specific knowledge of students. Journal for Research in Mathematics Education, 39(4), 372–400. Homilka, L. (2008) Influencia de las prácticas docentes en la visión de los estudiantes y profesores de matemáticas acerca de la matemática en el aula y las decisiones didácticas. Tesis de Maestría, no publicada. CICATA-IPN, México. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Jiménez, A. (2009). El video educativo de matemáticas en el sistema de Telebachillerato. Un estudio del uso que hacen los docentes: El caso del video de semejanza de triángulos. Tesis de Maestría, no publicada. CICATA-IPN, México. Kuhn, T. (1982). La tensión esencia. Estudios selectos sobre la tradición y el cambio en el ámbito de la ciencia. Fondo de Cultura Económioca‐Conacyt, México. Lezama, J (2005) Una mirada sociopistemológica al fenómeno de la reproducibilidad. Revista Latinoamericana de Investigación en Matemática Educativa. Vol.8, Núm. 3. pp 339-362. México. Lezama, J. y Mariscal, E. (2008). Docencia en matemáticas: hacia un modelo del profesor desde la perspectiva de la socioepistemología. En P.Lestón (Ed.) Acta Latinoamericana de Matemática Educativa, Vol 21, pp. 889-900. Clame A. C., México. Mariscal, E.; Rosas A. y Sánchez, M. (2008). “Programa de matemática educativa en línea del CICATA-IPN” en P. Lestón (ed.), Acta Latinoamericana de Matemática Educativa, vol. 21, pp. 517 – 526. México, CLAME. Mingüer, L. M. (2006) “Entorno sociocultural y cultura matemática en profesores del nivel superior de educación: un estudio de caso: El Instituto Tecnológico de Oaxaca. Tesis de doctorado no publicada. CICATA-IPN. México. Mingüer, L.M. (2011). Entorno sociocultural y cultura matemática en profesores del nivel superior de educación. Estudio de caso: el Instituto Tecnológico de Oaxaca. Una aproximacion socioepistemológica. Seminario de Investigación Prome “en línea” Sesión 15 (26/09/2011) http://sem-inv-prome.blogspot.com/ Ochoviet, C. (2004) “¿A=B entonces A=0 o B=0? Reflexiones e implicaciones en la enseñanza de la matemática” Tesis de maestría. CICATA-IPN. México. Ochoviet, C. (2009). Sobre el concepto de solución en un sistema de ecuaciones lineales con dos incógnitas. Tesis de doctorado no publicada. CICATA-IPN, México. Ponte, J. P., & Chapman, O. (2006). Mathematics teachers' knowledge and practices. In A. Gutierrez & P. Boero (Eds.), Handbook of reaserch on the psychology of mathematics education: Past, present and future (pp. 461-494). Roterdham: Sense. Salazar, P. (2008) Un estudio de estrategias y prácticas de los docentes en relación a las matemáticas de profesores del Tebachillerato en el estado de Veracruz. Tesis de Maestría, no publicada. CICATA-IPN, México. Serres, Y. (2007). El rol de las prácticas en la formación de docentes en matemática. Tesis de doctorado no publicada. CICATA-IPN, México. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA Rosas, A. (2007). Transposición didáctica de las series numéricas infinitas. Una caracterización del discurso escolar actual en el nivel superior. Tesis de Doctorado, no publicada. CICATA-IPN, México. 189 R. Even, D. L. Ball (eds.) (2009). The professional Education and Development of teachers of Mathematics. The 15th ICMI Study. Vol. 11. Springer. XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Shulman, L. S. (1986). Those who understand: Knowledge growth in teaching. Educational Researcher, 15(2), 4–14. PÁGINA 190 Sullivan, P. (2011). Identifying and describing the knowledge needed by teachers of mathematics. J Math Teacher Educ, 14:171–173. VOLTAR 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA DESATANDO OS NÓS ENTRE A MATEMÁTICA E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA Profª. Drª. Chang Kuo Rodrigues Universidade Severino Sombra – Brasil [email protected] Categoria 30 – Educação Especial; Todos os níveis O presente trabalho mostra alguns resultados de um projeto de pesquisa em forma de “guarda-chuva”, abarcando diferentes abordagens para o mesmo tema: Matemática Inclusiva. Nessa direção, buscou-se criar rupturas na concepção de que a Educação é o “berço” das desigualdades. Contamos com a participação de crianças e de jovens que necessitam de cuidados diferenciados como, por exemplo, os de baixa visão, autistas e, em geral, os que são providos de DI (Deficiência Intelectual). Para o desenvolvimento das atividades, as novas tecnologias e as atividades lúdicas foram as ferramentas essenciais para efetivação dessa pesquisa. E, quanto aos saberes matemáticos, focamos, em particular, o reconhecimento dos números e o conceito de quantidade. Palavras-Chave: Educação Matemática Inclusiva. Desigualdades. Inclusão. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA Partindo da importância de trabalhar a Matemática Inclusiva nas práticas pedagógicas, surgiu a seguinte questão: como o uso de tecnologias pode auxiliar o desenvolvimento do raciocínio lógico-matemático de aprendizes que necessitam de atenção especial? A partir disso, investigamos a utilização das tecnologias no desenvolvimento do raciocínio lógicomatemático nesses aprendizes; executamos atividades lúdicas, recreativas e externas, a partir da abordagem apresentada nos softwares; comparamos os dois resultados e verificar se houve ou não a evolução cognitiva de cada um deles. Os sujeitos que requerem atenções especiais, entre crianças, adolescentes e adultos, cuja instituição que os atendem, oferece aulas de reforço, atendimento psicológico, higiene bucal e recreação. Para isso, conta com administradores e funcionários e ainda recebe o apoio de estudantes e professores dos cursos de Psicologia e Odontologia da Universidade Severino Sombra. Percebemos claramente uma harmoniosa integração entre a Universidade e a instituição, o que favorece a realização de projetos como este. Por fim, a escolha do estabelecimento também se justifica por termos observado a ausência de um trabalho que priorize o desenvolvimento cognitivo das crianças, dos jovens e dos adultos. Portanto, entendendo que, na maioria das vezes, o atendimento a essas pessoas, fica restrito às atividades físicas e psicológicas mais 191 RESUMO XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA gerais e, por isso, direcionamo-nos aos aspectos cognitivos, em particular, quantidade e números. Assim, pretendemos intervir nas práticas da instituição, inicialmente, inserindo atividades no laboratório de informática, que é uma vertente da inclusão digital e, posteriormente, ressignificando as práticas lúdicas, constituindo-se em ações matemáticas sugeridas nos softwares como contar, ordenar, medir e classificar. Como síntese destes aspectos, esperamos criar condições para que as pessoas que requerem atenções especiais desenvolvam o raciocínio lógico-matemático, elevem sua autoestima e se interessem pela Matemática, além de proporcionar aos docentes, sugestões de práticas de inclusão. Palavras-Chave: Inclusão digital. Diversidade intelectual. Matemática para/de todos. INTRODUÇÃO O presente trabalho mostra alguns resultados de um projeto de pesquisa, em forma de “guarda-chuva”, que abarca diferentes abordagens para o mesmo tema: Matemática Inclusiva, sob as perspectivas do ensino e/ou da aprendizagem dessa disciplina na Educação Básica. O cerne dessa investigação incide em criar rupturas na concepção de que a Educação é o “berço” das desigualdades, como bem expõe Pacheco (2009) e, além disso, o mesmo autor alerta-nos sobre as medidas políticas que podem concorrer a paradoxos como, por exemplo, quando a ação é justamente o oposto da intenção, isto é, a proposta em si é válida, mas o agir pode ser munido de “vícios institucionais jamais questionados” (Pacheco, 2009, p.23). Por outro lado, tomar partido em prol da inclusão tem severas implicações na natureza estrutural do sistema de ensino, já que participar a comunidade acadêmica (pais, professores, especialistas etc.) desse feito significaria conscientizá-la acerca das potencialidades individuais que residem na diversidade. PÁGINA 192 Nessa direção, o nosso ponto de partida foi conhecer que tipos de habilidades matemáticas cada um dos indivíduos possuem diante de tarefas, que envolviam ora o reconhecimento de quantidades, ora o manuseio com a operação adição de números inteiros positivos. Para tal, contamos com a participação de crianças e jovens, de uma associação específica da cidade de Vassouras-RJ, que necessitam de cuidados diferenciados como os de baixa visão, autistas e, em geral, os que são providos de DI (Deficiência Intelectual), uma designação desconfortável diante de nossa proposta, tendo em vista que “deficiente” é uma expressão da fragilidade humana, enquanto aspecto negativo. Por isso, defendemos que DI deveria ser efetivamente Diversidade Intelectual, sendo assim, este foi o nosso tratamento para DI durante toda a investigação. Para o desenvolvimento das atividades, as novas tecnologias e as atividades lúdicas foram as ferramentas essenciais para efetivação dessa pesquisa. No tocante aos saberes matemáticos, em particular, concentramos as nossas atividades em torno do reconhecimento dos números inteiros positivos e o conceito de quantidade. As atividades foram realizadas em laboratórios de informática e na própria instituição em que as crianças e os adolescentes, que requerem atenções especiais, frequentam para seus estudos. Essa investigação iniciou no segundo semestre de 2011. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Os Nós da Educação Inclusiva A inclusão tem sido um tema bastante discutido em diversos âmbitos de nossa sociedade. Diante disso, na Educação, particularmente, as discussões são alvos de controvérsias, como bem expõe Santos (2010): As muitas publicações sobre a inclusão existentes fazem-nos pensar que, se por um lado é bom o interesse de muitos pelo tema, por outro a inclusão talvez possa ser considerada uma ação estratégica que atua como uma cortina de fumaça, fazendo quase desaparecer as questões-chave como o pensamento crítico norteou a ação de cada um de nós, na luta pelas transformações sociais do mundo, principalmente no campo educacional. (Santos, 2010, p.13) Essa dicotomia entre o que se entende por inclusão força-nos a repensar as nossas práticas na Educação, tendo em vista que a luta por uma sociedade inclusiva deve-se iniciar em seu âmago. A nossa sociedade testemunha a “imposição da cultura do dominador” (Korten 1999, p.117), muitas vezes impedindo a prática da inclusão e, principalmente, no que concerne às pessoas que necessitam de cuidados especiais. Nesse sentido, Campos (2010) diz que: [...] a respeito da inclusão concebe-a tanto como princípio ético quanto como diretriz política. Contudo, seja em uma ou em outra acepção, cai na vala comum das boas intenções que têm caracterizado a promoção social, revestindo-se de caráter subjetivo e idealista na medida em que sua pauta trata tão somente de quem incluir, sejam meninos de rua ou pessoas com deficiência, por exemplo, ou se refere tão somente a como incluí-los, qual é a melhor técnica, de quanto recurso se precisa etc. Nessas condições, a discussão assume a feição de um discurso ideológico, contribuindo mais para esconder e disfarçar os fatores realmente determinantes da exclusão, a irmã siamesa da inclusão. (Campos, 2010, p.20) Essa citação corrobora com a dicotomia instaurada nos projetos de inclusão propostas pela classe dos dominantes, constituindo-se como um nó que deveria ser desfeito. Em contrapartida, tem de haver mais e mais projetos destinados a romper com o paradigma da exclusão social. Diante desse contexto, pode-se concluir a fragilidade instaurada nas propostas que envolvem inclusão, o que culminou nas seguintes questões: Como tratar da inclusão quando 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA [...], um estudo “descobriu” que a maioria das escolas imputava o insucesso dos estudantes apenas à sua origem sociocultural e à falta de formação dos professores. O estudo a que me reporto confirmou o óbvio, isto é, que predomina nas escolas o método expositivo, a disposição dos estudantes em filas voltadas para o professor, e que “não é visível a existência de estratégias específicas para potenciar a aprendizagem dos estudantes com ritmos mais lentos” (dito em linguagem dura e pura, quem não acompanhar o ritmo do professor, que se desenrasque, que pague a um explicador, ou vá pôr os catraios em escolas especiais). 193 Na Educação, segundo Pacheco (2009), os jovens que requerem atenção diferenciada nas escolas passam por “via de um processo de massificação”, atingindo a incrível incoerência no que diz respeito ao local específico, em que ao invés de diminuir as desigualdades, aumenta-as ainda mais. O mesmo autor ainda afirma o seguinte: XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA “todas as forças” do sistema exclui? Que tipos de ações podem ser implementadas na formação continuada de professores, para a inclusão escolar, particularmente, para os que precisam de atenção diferenciada? De que forma as novas tecnologias podem contribuir para o desenvolvimento de habilidades em pessoas que requerem atenções diferenciadas? Outras questões podem ser extraídas das citadas e, por esse motivo, atemo-nos em algumas mais específicas, em particular, centradas nas habilidades da Matemática, servindo tanto para os chamados “especiais” quanto para os professores. Os desafios são muitos, mas, para iniciar qualquer ação, vale lembrar as palavras de Lao Tse: “Uma longa viagem de mil milhas inicia-se com o movimento de um pé”. E, para dar o “passo” inicial, essa investigação aborda a importância da Educação Inclusiva, particularmente sob o ponto de vista da Educação Matemática, no sentido de analisar, discutir e apresentar algumas experiências realizadas nessa área, com crianças e adolescentes de uma instituição especializada em atendê-los, cujo cuidado incide sobre um olhar mais atento no desenvolvimento cognitivo de cada um deles, ao tratar-se de conceitos matemáticos básicos. Diante dessa perspectiva, centramo-nos em uma questão de pesquisa, cuja indagação norteou este trabalho, tal qual é: como o uso de tecnologias pode auxiliar o desenvolvimento do raciocínio lógico-matemático de aprendizes que necessitam de atenção especial? Em decorrência disso, seguiram-se outras questões mais específicas: como estimular a dimensão cognitiva dos aprendizes que necessitam de atenção especial? Quais tipos de atividades, tecnológica e/ou lúdicas, podem efetivamente promover o desenvolvimento cognitivo dos sujeitos envolvidos no projeto, de modo que haja a inserção deles nas escolas conhecidas como “regulares”? É preciso reconhecer que o tempo de aprendizado de cada um é único e, portanto, a motivação deve ser um fator decisivo para eles possam desenvolver habilidades matemáticas. Desatando Alguns Nós da Educação Inclusiva PÁGINA 194 Essa investigação abarca outras pesquisas, mantendo o tema, mas com focos diferenciados. Os sujeitos da pesquisa são no número aproximado de 30, cujas idades variam de 9 a 39 anos, cada qual apresentando singularidades que nos permitiram atender individualmente, apesar das atividades propostas serem de cunho coletivo. No tocante aos pesquisadores, atualmente, são doze, a saber: duas jovens, do Ensino Médio, pertencentes ao projeto Jovens Talentos da Universidade Severino Sombra; dois graduandos do Curso de Matemática de Iniciação Científica, sendo um com o fomento da FAPERJ (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro) e o outro, de fomento da própria instituição; dois concluintes do Curso de Matemática, cujas investigações têm a finalidade de gerir dois trabalhos de conclusão de curso; uma mestranda do Curso de Mestrado Profissional em Educação Matemática; e, por fim, cinco professoras pesquisadoras do Programa de Mestrado, além de outros profissionais que nos 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA possibilitaram realizar as atividades como, por exemplo, as professoras da instituição que atende os sujeitos da pesquisa e os responsáveis pelos laboratórios de informática. As atividades propostas no laboratório de informática para uso de softwares educativos e as atividades lúdicas foram investigadas sob múltiplos olhares e, consequentemente, realizamos um recorte de análise que nos permitiram pensar em três temáticas articuladas – inclusão digital, desenvolvimento cognitivo (com ênfase no raciocínio lógico-matemático) e construção de conceitos matemáticos. Segundo Piaget (1978), o conhecimento lógico-matemático é uma construção e resulta da ação mental da criança sobre o mundo, não há como ser treinado ou meramente transmitido. Em outras palavras, o conhecimento lógico-matemático não é inerente aos objetos, ele corresponde às relações que a criança elabora na sua atividade de pensar o mundo, agindo sobre os objetos. O conceito de número é um exemplo de conhecimento lógico-matemático. Aprender os números é muito mais do que simplesmente contar. É preciso estabelecer relações do tipo “é igual”, “é diferente”, “é maior”, “é menor”, além de classificá-los, ordená-los e reconhecer a possibilidade de certos conjuntos possuírem elementos de naturezas variadas em quantidades iguais, ou seja, o mesmo número pode significar a quantidade de elementos de conjuntos distintos. Assim, o número não é uma propriedade dos objetos que compõem o conjunto. Ele é uma abstração construída pelos indivíduos a partir da observação e manipulação destes objetos. Aranão (2011, p.22) confirma esse argumento quando diz que “na construção das estruturas da inteligência, o meio desempenha um papel fundamental pelas condições que oferece. Elas fornecem os fundamentos da lógica e da matemática”. E, nesse sentido, Brenelli (1996) considera a concepção do conhecimento como resultante das trocas entre sujeito e meio, confirmando assim, a principal razão para se propor um trabalho desta natureza. Partindo do princípio de que 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA Voltando suas atenções para os indivíduos portadores de necessidades especiais, Costa (1997) nos assegura que eles podem apresentar dificuldades para efetuar as necessárias construções lógicas em diferentes níveis e estas, em boa parte dos casos, decorrem do fato de suas experiências com os objetos serem limitadas. Nesse sentido, atividades lúdicas como o uso de softwares educativos em um laboratório de informática e a inclusão de elementos lúdicos nas atividades recreativas podem contribuir para a ampliação e enriquecimento das experiências, favorecendo a superação se não total, pelo menos, parcial das dificuldades. Assim, acreditamos que atividades lúdicas em contextos educacionais, quer na escola quer em instituições de apoio e reforço escolar, com pessoas que apresentam restrições de aprendizagem, podem ser eficazes sob dois pontos de vista: garantir-lhes-á, de um lado, o interesse, a motivação e, por outro lado, atuará a fim de possibilitarlhes construir ou aprimorar seus instrumentos cognitivos, em especial o desenvolvimento do raciocínio lógico-matemático, e favorecer a aprendizagem de conceitos matemáticos. 195 O mesmo autor, Piaget (1976), destaca três estágios básicos na construção dos esquemas mentais de natureza lógico-matemática. No estágio pré-operatório, as crianças se apoiam em ações sensório-motoras sobre os objetos e por meio da repetição espontânea chegam à generalização da ação. No segundo estágio, que é o estágio operatório-concreto, começam a surgir as operações de pensamento, mas as crianças ainda dependem dos objetos concretos para que as ações se constituam em conceitos. E o terceiro estágio caracteriza-se pelas operações sobre objetos abstratos, independendo de ações concretas ou de objetos concretos. Trata-se do pensamento puramente abstrato. XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA as atividades lúdicas serão uma estratégia de intervenção pedagógica no processo de aprendizagem e de desenvolvimento cognitivo dos sujeitos envolvidos na pesquisa, faz-se necessário compreender os processos subjacentes a essas trocas. Por isso, a investigação científica proposta tem como objetivo geral descrever e analisar as condutas dos indivíduos no uso de softwares educativos e nas atividades recreativas que ocorrem fora do laboratório, incrementadas de elementos lúdicos. Vale ressaltar que estas intervenções poderão estimular a autoestima dos sujeitos da pesquisa, tanto na dimensão intra quanto interpessoal. De fato, quando as relações interpessoais são levadas em consideração, podem ocorrer mudanças na dimensão emocional. Chacón (2003) confirma a importância do aspecto emocional quando diz que: Hoje, há um crescimento da consciência coletiva sobre a necessidade de desentranhar os aspectos emocionais do conhecimento, nos quais possivelmente há que se buscar a raiz de muitos fracassos de nossa vida intelectual e, em particular, de nossa educação. Se fizéssemos um estudo das palavras utilizadas nas discussões dos professores e dos pesquisadores sobre os fatores de aprendizagem, “afetividade” e “motivação” encabeçariam a lista. Esse fato deixa claro que, no âmbito do ensino, reconhece-se a grande influência que as variáveis afetivas exercem na construção do conhecimento dos estudantes. (Chacón, 2003, p.13) A mesma autora ainda afirma que: As emoções são respostas organizadas além da fronteira dos sistemas psicológicos, incluindo o fisiológico, o cognitivo, o motivacional e o sistema experiencial. Surgem como resposta a um acontecimento, interno ou externo, que possui uma carga de significado positiva ou negativa para o indivíduo. (Chacón, 2003, p.22) Se a carga de significado for positiva para o sujeito, basta reforçar ainda mais sua habilidade em desenvolver estratégias na resolução de situações-problema. Caso contrário, devemos nos atentar para o aproveitamento do “erro” como forma de exercer a superação de obstáculos em todas as dimensões, seja física, mental ou cognitiva. A seguir, vejamos como foram realizadas algumas atividades com os sujeitos providos de DI (Diversidade Intelectual). PÁGINA 196 Algumas Atividades da Investigação Os encontros entre os pesquisadores e os sujeitos de DI sucederam-se semanalmente, no período de aproximadamente uma hora e meia. Para o presente artigo, exporemos uma atividade que envolveu motivação para o uso das novas tecnologias e, no mesmo contexto, explorando a ludicidade. O primeiro encontro no laboratório de informática foi de caráter exploratório. Eles manuseavam o mouse no intuito de criar familiaridade com este instrumento, além de estimular a concentração e a coordenação motora, mas, ainda assim, foi preciso algumas pessoas precisaram de certa ajuda para manuseá-lo, Figura 1. Nos encontros seguintes, exploramos o site grátis de bubble game, bolas coloridas que consistiam em “estourar” as bolas de mesma cor, tal qual na Figura 2. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Figura 1 – O manuseio do mouse Fonte: Dados da pesquisa Disponível em: http://jogosonline.uol.com.br/bubble-shooter_2135.html#rmcl Acesso em: 30 abr 2012. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA 197 Figura 2 – Bubble Game XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Esse jogo consiste em lançar com o mouse uma bola de uma das cinco cores em duas ou mais outras bolas, de forma que as “estoure”. Acumulam-se pontos de acordo com as bolas estouradas. Alguns deles tiveram certas limitações em reconhecer como causar impactos nas bolinhas coloridas de forma acumular pontos. Outros, após algumas partidas ficaram entediados em manusear o jogo, preferindo explorar outros sites de jogos, como pode ser constatado na Figura 3. Figura 3 – Outros sites explorados por N Anarão (2011, p.16) expõe que “a criança é um ser puramente lúdico, incapaz de manter sua concentração por mais de 20 minutos numa atividade que requer atenção [...]”. Daí, a mesma autora, levanta a seguinte questão: [...] como se pode exigir que uma criança aprenda sem lhe dar oportunidade de manipular objetos, interagir com diversos tipos de materiais e pessoas, simplesmente exigindo que ela memorize e armazene informações puramente verbalizadas que muitas vezes não levam em consideração seu interesse e seu nível intelectual? (Anarão, 2011, p.16) PÁGINA 198 Fonte: Dados da pesquisa 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Nessa direção, o que se dirá de N, Figura 3, uma criança de apenas 9 anos, cuja DI, Diversidade Intelectual, requer cuidados especiais? Foi pensando nisso, inspirou-nos ainda mais a persistir nessa investigação. Mas, a princípio, foi bastante válido. Em geral, ficaram entusiasmados com a atividade, tendo em vista que, de certa forma, rompeu com a rotina deles apenas pelo fato de terem saído da instituição. Após o contato com as novas tecnologias, no sétimo encontro, propusemo-nos a uma atividade na instituição dos sujeitos da pesquisa, praticando o lúdico inspirado no bubble game. Para a realização da mesma, foi preciso dispô-los em círculo e cada um de posse de uma bexiga colorida. Em seguida, dispomos de uma música escolhida por eles para passarmos outra bexiga a girar por entre eles. Caso a cor fosse o mesmo, seria preciso furálas, Figura 4. Figura 4 – Atividade lúdica Diante deste contexto, nas palavras de Anarão (2011), 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA Essa atividade conciliou com a que foi proposta pelo software, fazendo com que eles percebessem essa relação entre o que estava na tela do monitor ser, efetivamente, manipulado concretamente. 199 Fonte: Dados da Pesquisa XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA A criança, portanto, tem de explorar o mundo que a cerca e tirar dele as informações que lhe são necessárias. Nesse processo, o professor deve agir como interventor e proporcionar-lhe o maior número possível de atividades, materiais e oportunidades de situações para que suas experiências sejam enriquecedoras, contribuindo para a construção de seu conhecimento. Sua interação com o meio se faz por intermédio de brincadeiras e da manipulação de diferentes materiais, utilizando os próprios sentidos na descoberta gradual do mundo. (Anarão, 2011, p.16) Essa perspectiva é baseada nos pressupostos teóricos piagetianos, os quais defendem que as propostas de trabalho devem levar em conta o nível de desenvolvimento cognitivo da criança e, na nossa investigação, é bem pertinente fundamentarmos na concepção construtivista de modo a contemplar a diversidade intelectual. Tecendo Algumas Considerações Finais Essa investigação encontra-se em curso, repleta de desafios a ser enfrentada; um longo caminho a ser percorrido. A inclusão diante das diferentes formas de pensar matematicamente está presente também nas salas de aula de escolas chamadas de “regulares”. No entanto, inserir as crianças que demandam de atenções especiais equivale a exercer o direito de cada um deles estar presente no e com o mundo. Um mundo reservado para uma minoria dominante e, muitas vezes, sem um olhar mais atento para os nossos “pequeninos”. Um olhar cuidadoso significa o respeito à diversidade humana, livre dos pré-conceitos já estabelecidos. Essa prática visa essencialmente garantir ao outro o direito de ir e de vir. O nosso primeiro passo foi dado para uma longa viagem em defesa da Educação Inclusiva. Particularmente, um olhar todo cuidadoso para as diferentes habilidades matemáticas que podem culminar em pequenas ações em prol de uma sociedade menos injusta. Portanto, bem expõe Jares (2005, p.178) quando diz que “a esperança, assim como a aprendizagem, é construída em circunstâncias bem diferentes, sendo normalmente sempre mais generosa nas circunstâncias e contextos positivos da vida”. REFERÊNCIAS ARANÃO, I.V.D. A matemática através de brincadeiras e jogos. 7.ed. Campinas-SP: Papirus, 2011. 200 CAMPOS, H.R.; PANNUTI, M.R.V.; SANTOS, M.S. Inclusão: reflexões e possibilidades. São Paulo: Loyola, 2010. PÁGINA BRENELLI, R. P. O jogo como espaço para pensar: a construção de noções lógicas e aritméticas.Campinas-SP: Papirus, 1996. CHACÓN, M. G. Matemática emocional: os afetos na aprendizagem Matemática. Porto Alegre: ArtMed, 2003. COSTA, M. P. R. Matemática para deficientes mentais. São Paulo: EDICON, 1997. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA JARES, X.R. Educar para a verdade e para a esperança: em tempos de globalização, guerra preventiva e terrorismos. Porto Alegre: Artmed, 2005. PACHECO, J. Berços da desigualdade. In: GOMES, M. (org.). Construindo as trilhas para a inclusão. Petrópolis-RJ: Vozes, 2009, p.23-35. PIAGET, J. Epistemologia Genética. São Paulo: Martins Fontes, 1976. ______. O nascimento da inteligência na criança. 3.ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1978. PÁGINA 201 SANTOS, M.S. Introdução. In: CAMPOS, H.R.; PANNUTI, M.R.V.; SANTOS, M.S. Inclusão: reflexões e possibilidades. São Paulo: Loyola, 2010, p.13-17. VOLTAR 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA TRANSIÇÃO ENSINOS MÉDIO E SUPERIOR: OLHAR SOBRE SUA RELAÇÃO INSTITUCIONAL NO BRASIL Marlene Alves Dias UNIBAN – Brasil [email protected] Médio Superior – Gráficos e Funções RESUMO O objetivo desse trabalho de pesquisa é identificar as relações institucionais esperadas e existentes e as marcas dessas sobre as relações pessoais esperadas dos estudantes na transição entre os Ensinos Médio e Superior. As análises se apoiam na Teoria Antropológica do didático de Chevallard, em particular, nas noções de relações institucionais e pessoais, praxeologia e níveis de co-determinação. Foram consideradas as análises das expectativas institucionais via documentos oficiais e das relações institucionais existentes por meio de dois livros didáticos do Ensino Médio e um do Ensino Superior que dão uma visão geral de como essas relações sobrevivem atualmente no Brasil. As relações pessoais esperadas dos estudantes foram apresentadas por meio do vestibular da Unicamp que além de ser uma universidade de prestígio no Brasil, considera as propostas institucionais para a elaboração de seus exames. Palavras-chave: Matemática. Relações institucionais e pessoais. Praxeologia. Níveis de codeterminação PÁGINA 202 ABSTRACT The objective of this research work is to identify the expected and existing institutional relationships and its marks on personal relationships expected of students in transition between High School and Higher Education. The analyses are based on the Chevallard Anthropological Theory of Didactic, in particular, the notions of institutional and personal relationships, praxeology and levels of co-determination. Were considered the analyses of institutional expectations through official documents and existing institutional relationships by two High School textbooks and Higher Education one that give an overview of how these relationships survive today in Brazil. Personal relationships expected of the students were presented through the “vestibular” of Unicamp, that besides being a prestigious university in Brazil, considers the institutional proposals for the preparation of their exams. Key words: Mathematics. Institutional and personal relationships. Praxeology. Levels of co- 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA determination. INTRODUÇÃO O estudo da transição entre os Ensinos Médio e Superior pode ser abordado sobre diferentes olhares. Gueudet (2008) ressalta que determinar as dificuldades encontradas pelos estudantes depende da forma como as observamos. A interpretação das dificuldades observadas difere em função do olhar sobre a transição, o que produz uma visão diferente da transição e nos conduz a propor ações didáticas diferentes. Para tanto Gueudet (2008) identifica quatro modos de tratar a transição entre os Ensinos Médio e Superior, a saber: olhar sobre o modo de pensar, olhar sobre a organização dos conhecimentos, olhar sobre a linguagem e as formas de comunicação dos matemáticos e olhar sobre a instituição. Nossa escolha para o estudo da transição centrou-se no olhar sobre a instituição, pois no Brasil o decreto de 1996 estabelece as novas diretrizes e bases para a Educação Nacional. Essa lei é complementada em 2001, com o Plano Nacional de Educação cujos objetivos são: elevar o nível de escolaridade da população, melhorar a qualidade de ensino em todos os níveis, reduzir as desigualdades sociais e regionais em relação ao acesso e permanência na educação pública e democratizar a gestão do ensino público prevendo a participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola e a participação da comunidade escolar e local nos conselhos escolares e equivalentes. Essa nova proposta além de considerar a importância da participação de todos os profissionais da educação e da comunidade priorizou o ensino obrigatório dos 7 aos 14 anos, que deveria ser estendido dos 6 aos 14 anos a partir de 2004. Isso conduz à ampliação do atendimento nos Ensinos Médio e Superior, à valorização dos profissionais da educação e ao desenvolvimento de sistemas de informação e avaliação em todos os níveis e modalidades de ensino. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA As mudanças propostas para serem implementadas no Ensino Médio influenciam o trabalho a ser desenvolvido nos primeiros anos da universidade. Para melhor compreender as dificuldades encontradas pelos estudantes que iniciam o Ensino Superior, que muitas vezes não são capazes de identificar as novas necessidades em termos das novas técnicas que se impõem em função das novas práticas matemáticas desenvolvidas no Ensino Superior, escolhemos estudar a evolução das propostas institucionais para os Ensinos Médio e Superior, quando se considera a noção de função. A escolha dessa noção está associada ao seu papel fundamental na articulação dos conhecimentos matemáticos desenvolvidos nessas etapas escolares no Brasil. 203 Essas avaliações já vêm ocorrendo em todas as etapas escolares e em função dos resultados das mesmas, novas orientações vêm sendo propostas, em particular, para o Ensino Médio, que atualmente corresponde à última etapa da Educação Básica. XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Para desenvolver esse trabalho elegemos como referencial teórico a Teoria Antropológica do Didático – TAD de Chevallard (1992, 2002, 2002a). A escolha dessa teoria está associada às possibilidades que a mesma fornece para a identificação da circulação dos saberes entre o Ensino Médio e Superior por meio das noções de praxeologias matemáticas e didáticas e dos níveis de co-determinação que permitem compreender os diferentes níveis que dirigem essas praxeologias e seu progresso, mais especificamente, as evoluções curriculares. A seguir apresentamos uma breve discussão do referencial teórico utilizado na pesquisa. Referencial teórico Iniciamos considerando os aportes teóricos da Teoria Antropológica do Didático desenvolvida por Chevallard (1992, 2002, 2002a) por terem sido as noções de relações institucional e pessoal, organizações praxeológicas e níveis de co-determinação centrais para o desenvolvimento deste trabalho. Chevallard (1998) inicia seu artigo explicitando que a Teoria Antropológica do Didático – TAD situa a atividade matemática, consequentemente, o estudo da matemática, no conjunto das atividades humanas e das instituições sociais, o que segundo ele conduz a várias direções e mesmo a ignorar algumas delas. Isso conduz a considerar objetos distintos, em primeiro lugar a matemática e na sequência os estudantes, os professores, os livros didáticos, etc, isto é, todos os objetos necessários para tratar as questões a ela associadas. Assim, segundo Chevallard (1998) a premissa básica da TAD aceita que toda atividade regular humana pode ser entendida por meio de um modelo único denominado praxeologia. O autor define o conceito de praxeologia por meio das noções de tarefa e tipo de tarefas. Exemplos de tarefas e tipos de tarefas: varrer um cômodo, desenvolver uma expressão literal dada, dividir um inteiro por outro, etc. Além disso, uma praxeologia relativa a um tipo de tarefa precisa, em princípio, de uma maneira de fazer, de realizar as tarefas de determinado tipo. Essa maneira de fazer é denominada técnica (do grego tekhnê, saberfazer). Assim, a praxeologia é composta de um bloco prático-técnico [tipo de tarefa, técnica], que o autor identifica como um saber-fazer. PÁGINA 204 Após definir técnica como uma maneira de fazer, o autor introduz a noção de tecnologia, que corresponde a um discurso racional (logos) sobre a técnica. Segundo o autor esse discurso é focado inicialmente na justificativa racional da técnica de forma a garantir que a mesma permita que muitos sejam capazes de realizar as tarefas de determinado tipo. Chevallard admite como fato da observação que em uma instituição I, seja qual for o tipo de tarefa, a técnica relativa a esse tipo de tarefa está sempre acompanhada de pelo menos um embrião ou, mais frequentemente, de um vestígio de tecnologia. Em muitos casos certos elementos tecnológicos são integrados à técnica. O autor destaca ainda que uma segunda função da tecnologia é de explicar, tornar inteligível, esclarecer a técnica. Chevallard esclarece ainda que o discurso tecnológico contém afirmações, mais ou menos explícitas, para as quais podemos perguntar o por quê desse discurso. Isso conduz a um nível superior de justificativa-explicação-produção, que o autor denomina teoria, que corresponde ao discurso tecnológico ou tecnologia da tecnologia. Isso lhe permite 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA considerar que em torno de um tipo de tarefa está, em princípio, um trio constituído por uma técnica (pelo menos uma), uma tecnologia das técnicas e uma teoria da tecnologia. O conjunto tipo de tarefa, técnica, tecnologia e teoria constitui uma praxeologia ou organização praxeológica, e essa é constituída de um bloco prático técnico [tipo de tarefa/técnica] e de um bloco tecnológico-teórico [tecnologia/teoria]. O bloco teórico é, normalmente, identificado como um saber e o bloco prático como um saber fazer. Chevallard ressalta que essa noção de praxeologia mostra-se bastante genérica exigindo que se aprofundem os estudos sobre as mesmas, isso podendo ser efetuado por meio da investigação empírica e análise de dados observacionais recolhidos. Para tal, é importante observar que antes de definir praxeologia Chevallard (1992) introduz a noção de relação de uma pessoa X a um objeto O, R(X, O), ou de uma instituição I a esse mesmo objeto, RI(O). Segundo Chevallard (1992) os objetos ocupam uma posição privilegiada, pois são o “material e base” da construção teórica. Assim para ele, tudo é objeto, logo as pessoas X e as instituições I são objetos de um tipo particular. Dessa forma, um objeto existe no momento em que uma pessoa X ou uma instituição I reconhece esse objeto como existente. Chevallard (2007) esclarece que a noção de relação permite formular facilmente diversos problemas, pois ela fornece uma linguagem que possibilita precisar certas descrições. Como exemplo o autor apresenta a questão da avaliação, ou seja, se consideramos que em uma instituição a relação de um tópico, em determinada posição, com um objeto para o qual existe uma relação institucional não vazia, somos levados a supor que as pessoas, que estão numa determinada posição e se sujeitam a essa instituição, devem ter certo conhecimento desse objeto, isto é, o descrito pela relação institucional. Quando esse conhecimento é avaliado por um especialista da instituição supõe-se que o mesmo irá apreciar o grau de conformidade da relação pessoal com a relação institucional para o mesmo objeto. Assim, para observar o nascimento ou a evolução de uma relação a um objeto, seja ela institucional ou pessoal, devemos observar o indivíduo ou a instituição em atividades que os mesmos ativam esse objeto. Isso conduz progressivamente às noções de tipo de tarefas, técnicas, tecnologias e teorias. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA A noção de ecologia dos saberes corresponde à pesquisa da vida dos mesmos nas instituições, pois essas dependem de adaptações às restrições, que muitas vezes estão associadas à economia de saberes. Chevallard (2002, 2002a) ao considerar a noção de ecologia define habitat como o lugar onde vivem os objetos matemáticos considerados, nicho correspondendo à função que esses objetos ocupam em cada um de seus habitats e milieu como o conjunto dos objetos para os quais a relação institucional é estável e não problemática. 205 Ainda relacionado à Teoria Antropológica do Didático consideramos as noções de ecologia e níveis de co-determinação que também são ferramentas de análise utilizadas nessa pesquisa, pois nos diferentes momentos o saber e o saber fazer sobrevivem e se reconstroem em função das expectativas institucionais. XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA As praxeologias são as componentes dos diferentes habitats e segundo Chevallard (2007) as condições e restrições que determinam o processo de difusão praxeológico são exploradas e localizadas com a ajuda de uma escala que contém diferentes níveis de co-determinação uma vez que elas podem se situar em determinado nível da escala, mas podem se exprimir em outro. Assim, não podemos isolar o que se passa em uma classe do conjunto do sistema de ensino. Para a análise das condições e restrições de difusão do processo de difusão praxeológico Chevallard (2007) define os seguintes níveis de co-determinação: tópicos ↔ temas ↔ setores ↔ domínios ↔ disciplinas ↔ pedagogia ↔ escola ↔ sociedade ↔ civilização. Esses níveis descrevem as relações recíprocas entre os níveis mais específicos e os mais gerais do sistema didático. Assim, para as organizações matemáticas podemos considerar o tema associado a uma tecnologia e a uma organização matemática local como, por exemplo, a representação gráfica da função exponencial cujos tópicos podem estar associados a um tipo de tarefa e ligado a um setor que corresponde a uma teoria, por exemplo, o estudo das funções numéricas. Esse setor podendo estar mergulhado em um domínio, por exemplo, o da álgebra que por sua vez faz parte de uma disciplina, a matemática, para a qual existem indicações de estratégias e técnicas para desenvolvê-la, isto é, a pedagogia a ser considerada, que pode ser escolhida pelo grupo de professores de uma determinada escola que segue as orientações de documentos construídos pela sociedade que por sua vez está mergulhada em determinada civilização. Chevallard (2007) introduz os diferentes níveis e os denomina níveis de co-determinação porque seus efeitos são sentidos nos dois sentidos como podemos evidenciar por meio do exemplo acima e do esquema: tópicos ↔ temas ↔ setores ↔ domínios ↔ disciplinas ↔ pedagogia ↔ escola ↔ sociedade ↔ civilização. Assim, o que podemos fazer em determinado nível depende das condições e restrições criadas pelas escalas superiores que iniciam por civilização. Além disso, ao modificar as condições e restrições de um nível inferior teremos repercussões sobre os níveis superiores. Chevallard (2007) ressalta que tradicionalmente os estudantes se limitam aos tópicos, os professores aos temas, os setores, domínios e mesmo as disciplinas são da responsabilidade dos responsáveis pela construção dos programas e os didatas se limitam à disciplina. Ainda segundo o autor a Teoria Antropológica se interessa necessariamente pelos níveis superiores, ou seja, pedagogia, escola, sociedade e civilização. PÁGINA 206 Na sequência apresentamos a metodologia utilizada na pesquisa. Metodologia Trata-se de uma pesquisa de relações institucionais esperadas e existentes, em particular das praxeologias que se supõem estar sendo trabalhadas atualmente, classificamos a metodologia como a da pesquisa documental. Os documentos escolhidos para análise das relações institucionais esperadas são as propostas institucionais nacionais brasileiras, a saber: os Parâmetros Curriculares Nacionais para os Ensinos Fundamental e Médio, a Nova Proposta Curricular do Estado de São Paulo para o Ensino Médio e planos de ensino de universidades brasileiras públicas e privadas. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Para a análise das relações institucionais existentes analisamos livros didáticos do Ensino Médio avaliados e distribuídos pelo Programa Nacional do Livro Didático –PNLD e livros indicados na bibliografia dos planos de ensino de algumas universidades. Para esse trabalho consideramos dois livros para o Ensino Médio, que correspondem às duas obras mais bem avaliadas e um livro para o Ensino Superior, que se trata da obra indicada na maioria dos planos de ensino das universidades para a disciplina de Cálculo Diferencial e Integral I. Analisamos ainda as marcas das relações institucionais sobre as relações pessoais esperadas dos estudantes via macroavaliações. Aqui consideramos apenas os resultados da macroavaliação do vestibular da Universidade de Campinas, que nos últimos anos se adequou às propostas institucionais. Apresentamos a seguir os resultados das análises das relações institucionais esperadas. As relações institucionais esperadas Ao mesmo tempo em que se delinearam os objetivos e prioridades da educação no Brasil por meio das leis de 1996 e 2001 e considerando que a avaliação nacional deve levar em conta a redução das desigualdades sociais e regionais e a democratização da gestão do ensino público iniciou-se a implementação dos Parâmetros Curriculares Nacionais, em que encontramos referenciais para a renovação e reelaboração da proposta curricular, que fica a cargo de cada escola, pois o plano nacional da educação prevê a participação de todos os profissionais da educação na construção dessa proposta. Assim em 1997 são publicados os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental, nos quais se encontram os objetivos em termos das capacidades que se espera que os estudantes desenvolvam durante essa etapa escolar. Para isso, o trabalho deve ser desenvolvido por meio de diferentes recursos, entre os indicados estão: resolução de problemas, história da matemática, tecnologias da informação, jogos. Observamos que essa proposta vem de encontro com vários estudos de pesquisa desenvolvidos nos programas de pós-graduação em Educação Matemática, o que pode ser considerado como incentivo ao desenvolvimento desse campo de pesquisa no Brasil. Espera-se assim que no final do ensino fundamental o estudante seja capaz de aplicar a noção de função linear em situações contextualizadas por meio das representações fórmula, tabela e gráfico. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA Assim, se nos referimos aos níveis de co-determinação (sociedade, escola, pedagogia, disciplina, domínio, setor, tema, tópicos) conforme Chevallard (2002) observamos que a responsabilidade do professor de matemática se limita ao setor uma vez que os outros níveis são indicados no documento. 207 No que se refere à introdução da noção de função para essa etapa escolar a proposta indica que o estudo da proporcionalidade permite articular diferentes noções como a resolução de problemas multiplicativos, o estudo de porcentagem, da semelhança de figuras, da matemática financeira e a análise de tabelas, gráficos e funções. A proposta é que se dê ênfase aos fenômenos do mundo real abordando os problemas por vários pontos de vista. XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Esse estudo centrado em situações contextualizadas e do mundo real é proposto também nos referenciais dos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio publicado em 2000. Nesse documento ao se estabelecer um novo perfil para o currículo, aqui apoiado em competências básicas que possibilitem a inserção dos jovens na vida adulta. Ainda segundo o documento é preciso dar significado ao conhecimento escolar por meio da contextualização, da interdisciplinaridade e do incentivo ao raciocínio e à capacidade de aprender conduzindo assim o estudante à autonomia. O documento não faz sugestão de conteúdo, indicando apenas os princípios da reforma curricular de forma a orientar o professor a buscar novas abordagens e metodologias. Logo, quando nos referimos aos níveis de co-determinação verificamos que cabe à escola a organização de sua pedagogia, a ênfase a ser dada à disciplina matemática, assim como as escolhas em relação ao momento de considerar o domínio e setor, ficando a cargo do professor encontrar novos meios para o desenvolvimento dos temas dos diferentes domínios e setores propostos pelo grupo. Assim as dificuldades apresentadas pela diversidade de projetos para o desenvolvimento de um mesmo conteúdo conduziram a um novo documento, os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio (2000a) nos quais se enfatiza que o saber matemático, científico e tecnológico deve ser desenvolvido como condição de cidadania e não como prerrogativa de especialistas. Assim cabe à matemática do Ensino Médio desenvolver os instrumentos de expressão e raciocínio de forma articulada com as disciplinas de biologia, física e química e as competências essenciais que envolvem habilidades associadas aos quadros algébrico, geométrico, estatístico e probabilístico mostrando a importância de suas diferentes representações. PÁGINA 208 Nos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio – PCNEM (2000a) são explicitadas as competências e habilidades que se espera desenvolver, sendo as mesmas classificadas em três grandes grupos, a saber: representação e comunicação, investigação e compreensão, contextualização sócio-cultural. Essas competências e habilidades devem ser trabalhadas de forma interdisciplinar e contextualizada entre as disciplinas de matemática, física, química e biologia e fica a cargo dos professores encontrar os meios para desenvolver essa proposta. Assim, cabe aos professores das quatro disciplinas a escolha dos diferentes domínios a serem trabalhados no Ensino Médio. Como exemplo utiliza-se o domínio das funções para o qual se destaca a importância de tratá-lo de forma articulada, citando a questão das sequências e funções, propriedades de retas e parábolas em Geometria Analítica e as propriedades dos gráficos das funções correspondentes, isto é, as articulações internas, mas é preciso não esquecer o trabalho interdisciplinar. É enfatizado ainda o papel das funções como ferramenta para descrever e estudar o comportamento de determinados fenômenos tanto das ciências como do cotidiano. Assim no documento se enfatiza que o objetivo do ensino da Matemática em relação à introdução do conceito de função é garantir a flexibilidade para tratar esse conceito por meio de diferentes situações intra e extramatemáticas. Mas, somente essas indicações não são suficientes para auxiliar os educadores na construção de seus projetos, o que conduz à 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA publicação do documento Orientações Educacionais complementares em 2002 denominado PCN+ Ensino Médio. Nesse novo documento, são retomadas as competências e habilidades para as quatro disciplinas com exemplos para auxiliar educadores e professores na construção dos projetos escolares. Encontramos ainda nesse documento a estruturação da matemática em três domínios, a saber: álgebra: números e funções, geometria e medidas e análise de dados, como sugestão para organizar os conteúdos a serem desenvolvidos. Para o estudo das funções são dadas orientações sobre como trabalhá-lo com exemplos para auxiliar os professores a desenvolver esse domínio de forma interdisciplinar e flexível levando em conta a proposta anterior. Assim, o documento de 2002, apesar de dar exemplos do trabalho matemático a ser desenvolvido no Ensino Médio, não foi suficiente para auxiliar educadores e professores nas dificuldades encontradas. Em 2006 é publicado um novo documento no qual se mantém a proposta inicial, mas agora a matemática é estruturada em quatro blocos, números e operações, funções, geometria, análise de dados e probabilidade. Nesse documento observamos que para o domínio das funções são dados exemplos mais específicos para o desenvolvimento do trabalho articulado e flexível propostos nos documentos anteriores, mas ainda fica a cargo dos educadores e professores a construção do projeto de suas respectivas escolas. O texto abaixo permite compreender a ampliação das orientações em relação aos textos anteriores. Apesar das sucessivas orientações, os estudantes do Ensino Médio ao serem avaliados pelas macroavaliações institucionais têm mostrado muitas dificuldades e um dos fatores que pode estar associado a essas dificuldades é que as provas são construídas levando em conta as orientações dos documentos acima discutidos. Assim, em geral, os professores utilizam o livro didático como elemento para discussão e proposta de trabalho. Mas, mesmo se os livros didáticos são avaliados pelo Programa Nacional do Livro Didático e os livros são distribuídos para os estudantes após escolha pelos professores, não se verifica uma melhora nos resultados dos estudantes do ensino público nas macroavaliações a que são submetidos no final do Ensino Médio. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA Assim, a Nova Proposta do Estado de São Paulo lançada em 2008 indica os conteúdos a serem desenvolvidos em cada bimestre e o mesmo é apresentado, por meio dos “Caderno do Professor” e “Caderno do Aluno” onde o conteúdo relacionado a um determinado setor, por exemplo o das funções, é proposto para ser trabalhado a partir do segundo semestre do primeiro ano do Ensino Médio, em que as funções afim e quadrática são supostas trabalhadas no segundo semestre, as funções exponencial e logarítmica no terceiro semestre e as funções trigonométricas no primeiro semestre do segundo ano do Ensino Médio. 209 Em função de uma macroavaliação específica do Estado de São Paulo, o Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo, a secretaria de Educação do Estado de São Paulo implementa a partir de 2008 a Nova Proposta Curricular do Estado de São Paulo. Essa nova proposta mantém as orientações dos documentos oficiais nacionais, mas traz um trabalho específico para o desenvolvimento dos conteúdos. XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Além de determinar domínio e setor, os diferentes temas associados a cada setor já vem organizados por meio de situações que possibilitam a interdisciplinaridade e a flexibilidade dos conteúdos. A Nova Proposta do Estado de São Paulo como o próprio nome indica é uma proposta que pode ou não ser implementada pelos professores, mas é importante observar que esse documento serve de base para a construção da macroavaliação SARESP que avalia o rendimento dos estudantes e está associada à progressão funcional do professor. O reflexo desse documento é positivo e outras secretarias estão seguindo o modelo de São Paulo na tentativa de garantir a nova formação dos estudantes indicadas nos diferentes documentos oficiais. A análise dos planos de ensino de universidades publicas e privadas indica que existe uma preocupação em revisitar conteúdos já trabalhados no Ensino Médio, em particular, para o estudo das funções, mas, em geral esse trabalho é descontextualizado e centrado sobre as representações algébricas e gráficas das funções já trabalhadas no Ensino Médio. É importante observar que o estudo das funções é desenvolvido no domínio da Álgebra para o Ensino Médio e no domínio da Análise para o Ensino Superior e, em geral, nos planos de ensino analisados ao encontrarmos propostas de articulação dos conhecimentos entre esses dois domínios. Na sequência apresentamos alguns resultados das análises das relações institucionais existentes. As relações institucionais existentes Como já anunciamos acima, os resultados das análises das relações institucionais existentes foram considerados apenas para os dois livros didáticos avaliados e distribuídos pelo Programa Nacional do Livro Didático para o Ensino Médio. Tratam-se das obras “Matemática” de Dante (2009) e “Matemática-Ensino Médio” de Stocco & Diniz (2010) e um livro do Ensino Superior, a obra Cálculo de Stewart (2009). PÁGINA 210 Observamos que as obras do Ensino Médio são coerentes com as propostas institucionais apresentando as noções matemáticas de forma contextualizada com exemplos da própria matemática, das outras ciências e cotidianos. Em geral, as tarefas propostas aos estudantes são divididas em subitens que podem ser considerados como formas auxiliares para a identificação das noções a serem utilizadas. Já o estudo das funções no Ensino Superior é desenvolvido no domínio da Análise e não se utiliza exemplos relacionados ao domínio da Álgebra para auxiliar os estudantes a compreender a importância da nova ferramenta para o estudo das funções. Um exemplo simples seria utilizar as representações algébrica e gráfica da função quadrática como imagem mental para o estudo dos máximos e mínimos de outras funções, isto é, o conteúdo matemático desenvolvido no Ensino Médio podendo ser usado como conhecimento prévio de apoio para a introdução de novas noções o que os tornaria mais ricos em termos de significado e auxiliaria a formar as imagens mentais necessárias para a introdução dos novos conhecimentos. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA Após essa rápida discussão de alguns resultados das relações institucionais existentes apresentamos uma breve discussão das relações pessoais esperadas dos estudantes a partir da macroavaliação vestibular da Universidade de Campinas. As relações pessoais esperadas dos estudantes para o ingresso na UNICAMP. Escolhemos apresentar os resultados da UNICAMP, pois essa universidade vem pondo em prática profundas alterações em seus exames vestibulares com a intenção de que os resultados se aproximem cada vez mais das expectativas que a universidade tem em relação àqueles que pretendem ingressar nela. Além disso, trata-se de uma universidade que é uma referência de ensino em termos de qualidade e por ser gratuita faz com que seja pretendida por um grande número de estudantes. Na análise das tarefas do vestibular da UNICAMP percebemos que há um esforço grande empregado para que estas contemplem questões que envolvam situações de contexto extramatemático para as noções matemáticas em jogo. Observamos ainda que os livros analisados atendem parcialmente às exigências da UNICAMP, pois mesmo se todo o conteúdo matemático é desenvolvido nos livros, as tarefas são subdivididas nas obras, ficando a cargo dos estudantes integrá-las e articular os diferentes conhecimentos em jogo para que estejam preparados para ter um bom desempenho no vestibular da UNICAMP. Ressaltamos aqui que esse trabalho esperado dos estudantes é coerente com a proposta do Ensino Médio de formar cidadãos autônomos e responsáveis por seus próprios projetos de estudo. Considerações Finais A análise dos documentos oficiais de propostas para as mudanças indicadas na lei de 1996 mostra que foram necessárias várias adaptações do documento original para auxiliar professores e educadores a formar cidadãos autônomos. Em relação ao trabalho matemático a ser desenvolvido, em particular, quando se considera o domínio das funções observamos que educadores e professores são os responsáveis pelas escolhas. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA Em relação ao Ensino Superior, observamos que seria interessante articular os conhecimentos desenvolvidos no Ensino Médio com os novos conhecimentos que se deseja introduzir nessa nova etapa escolar, em particular, nos cursos de Licenciatura em Matemática, cujo objetivo é a formação inicial de professores de Matemática para os Ensinos Fundamental e Médio. 211 Ainda nos referindo aos níveis de co-determinação, consideramos que educadores e professores ficam limitados apenas aos tópicos, quando fazem uso apenas dos cadernos do professor e do aluno, mas os mesmos podem servir de material de apoio e auxiliar no desenvolvimento da interdisciplinaridade e flexibilidade quando integrados aos seus respectivos projetos. XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Das Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília: Diário Oficial da União, 1996. _______. Lei n. 10.172, de 09 de janeiro de 2001. Plano Nacional da Educação. Brasília: Diário Oficial da União, 2001. _______. Parâmetros Curriculares Nacionais. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: matemática / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1997. ______. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais: ensino médio – Parte I: Bases Legais. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Brasília: MEC; SEMTEC, 2000. 109 p. ______. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio – Parte III: Ciências da Natureza Matemática e suas Tecnologias. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Brasília: MEC; SEMTEC, 2000a. 58 p. ______. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ciências da Natureza Matemática e suas tecnologias. PCN + Ensino Médio: Orientações Educacionais complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC; SEMTEC, 2002. 144 p. ______. Secretaria de Educação Básica. Orientações Curriculares Nacionais para o Ensino Médio: Ciências da Natureza Matemática e suas tecnologias. Secretaria de Educação Básica. Brasília: MEC; SEB, 2006. v. 2. 135 p. CHEVALLARD, Y. Concepts fondamentaux de la didactique: perspectives apportées par une approche anthropologique. Recherches en Didactique des Mathématiques.— La Pensée Sauvage, Grenoble, v.12, n. 1, p. 73-112, 1992. _________________. Analyse des pratiques enseignantes et didactique des mathématiques. In: ACTES DE L’UNIVERSITÈ D’ÉTÉ, Clermont-Ferrand, França. 1998. _________________. Organiser l’étude: 1. Structures & Functions. Actes XIe école d’été de didactiquedesmathématiques, La Pensée Sauvage, Grenoble, p.3-32. 2002. PÁGINA 212 _________________. Organiser l’étude: 3. Ecologie & Régulation.. Actes XIe école d’été de didactiquedesmathématiques, La Pensée Sauvage, Grenoble, p.41-56. 2002a. _________________. Le développement actuel de la TAD: pistes et jalons. Notes pourun exposé donné le 6juin 2007 au Séminaire DIDIREM, p. 1-19, 2007. Disponível em: <http://yves.chevallard.free.fr/spip/spip/IMG/pdf/TAD_-_Pistes_Jalons_-_Didirem.pdf>, acesso em: 12/03/2012. DANTE, L.R. Matemática, 1.ed. – São Paulo : Ática, 2009. Volume único. GUEUDET, G. Investigating the secondary-tertiary transition. Educational Studies in Mathematics, v.3, n. 67, p. 237-254, 2008. 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA SÃO PAULO. Secretaria de Estado da Educação. Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas. Proposta Curricular do Estado de São Paulo. 1. ed. São Paulo: SEE/CENP, 2008. ______. Secretaria de Estado da Educação. Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas. Caderno do professor da Proposta Curricular do Estado de São Paulo. 2. ed. São Paulo: SEE/CENP, 2008. __________. Secretaria de Estado da Educação. Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas. Caderno do aluno da Proposta Curricular do Estado de São Paulo. 2. ed. São Paulo: SEE/CENP, 2009. STEWART, J. Cálculo. São Paulo. Brasil: Thomson Pioneira, 2000. PÁGINA 213 STOCCO, K.S. & DINIZ, M. I.. Matemática-Ensino Médio, 6ªed. – São Paulo: Saraiva, 2010. VOLTAR 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA ¿CÓMO IMPLEMENTAR EL USO DEL DERIVE EN EL PROCESO DE ENSEÑANZA APRENDIZAJE DEL ÁLGEBRA LINEAL? MSc. Ángela Martín Universidad APEC-Universidad Autónoma de Santo Domingo, República Dominicana. [email protected] RESUMEN Se hace una orientación metodológica sobre cómo implementar la utilización del DERIVE en el proceso de enseñanza aprendizaje del Álgebra Lineal, mediante el uso de una metodología experimental basada en el logro de aprendizajes significativos y el uso de la resolución de problemas como núcleo de profundización de los conceptos matemáticos. Palabras claves: álgebra lineal, tareas matemáticas, derive TRABALHO Varias investigaciones se han realizado en relación a la comprensión de los conceptos matemáticos con la utilización de asistentes matemáticos las cuales precisan que aprender Álgebra con asistentes matemáticos requiere de una idea de los contenidos notacionales, sintácticos y conceptuales y no sólo es cuestión de dejar el trabajo a la computadora. Este trabajo técnico está relacionado con la comprensión conceptual. En estos estudios el con contenidos que no son esenciales para la comprensión de los conceptos que se van introduciendo. PÁGINA 214 La propuesta parte de explicar los principios básicos que deben guiar la propuesta, se precisan las tareas para familiarizarse con el derive, se propone el diseño del sistema de tareas y se exponen los requerimientos metodológicos que se deben tener en cuenta para la implementación del sistema de tareas. El sustento teórico de la propuesta está dado por la concepción didáctica que integra la clasificación de los contenidos de cada tema en: contenidos esenciales y no esenciales, el uso de una metodología experimental basada en el logro de aprendizajes significativos, el uso de la resolución de problemas como núcleo de profundización de los conceptos matemáticos, la potenciación del aprendizaje colaborativo (Ortega, P. Bautista, A. Guzmán, M., 2002) laboratorio de Matemática está concebido como una actividad de enseñanza-aprendizaje en el cual el objetivo es provocar un uso integrado de herramientas técnicas y psicológicas orientadas a la construcción de la base empírica que es necesitada para la apropiación de los conceptos matemáticos (Miyar, 2009). En esta conferencia se hace una orientación metodológica sobre cómo implementar la utilización del DERIVE en el proceso de enseñanza aprendizaje del Álgebra Lineal, 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA mediante el uso de una metodología experimental basada en el logro de aprendizajes significativos y el uso de la resolución de problemas como núcleo de profundización de los conceptos matemáticos. La propuesta se hace sobre la concepción de que la la manipulación de múltiples sistemas de representación nos permite obtener una visión múltiple de los conceptos que se introducen en el ámbito del álgebra lineal, permitiendo que los alumnos adquieran las abstracciones propias de los hechos y principios matemáticos como los invariantes de sus múltiples representaciones. También se asume que la introducción del sistema de cálculo simbólico derive como herramienta de trabajo en las clases de álgebra lineal puede permitirnos prescindir del esfuerzo rutinario, dedicado fundamentalmente al desarrollo de operaciones relacionadas REFERENCIAS Miyar, I. (2009). Perfeccionamiento de la formación de conceptos algebraicos en estudiantes universitarios con el empleo de los asistentes matemáticos. Tesis de Doctorado, Universidad de Camagüey, Centro de Estudios de Ciencias de la Educación "Enrique José varona", Camagüey, Cuba . O’Callaghan, B. (1998). Computer-intensive algebra and students’ conceptual knowledge of functions. Journal for Research in Mathematics Education , 29, 21-40. PÁGINA 215 Ortega, P., Bautista, A., & Guzmán, M. (2002). La enseñanza del Álgebra Lineal mediante sistemas informáticos de cálculo algebraico. Tesis Doctoral, Universidad Complutense de Madrid, Madrid, España. VOLTAR 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA DIFERENTES PAPÉIS DAS TECNOLOGIAS NO CONTEXTO DA MODELAGEM EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA Ana Paula dos Santos Malheiros UNESP – Brasil [email protected] RESUMO A Modelagem em Educação Matemática pode ser compreendida como um caminho para o “fazer” Matemática em sala de aula. A partir de observações da realidade, de questionamentos, discussões e investigações, os estudantes, ao fazerem Modelagem, defrontam-se com problemas que podem modificar as ações na sala de aula, além da forma como se compreende o mundo. E, pesquisas no contexto da Modelagem evidenciam que ela está em sinergia com as Tecnologias de Informação e Comunicação. Considerando tais perspectivas, os diferentes papéis que as Tecnologias desempenham no contexto da Modelagem serão destacados ao longo desse trabalho. PÁGINA 216 Palavras-chave: Tecnologias da Informação e Comunicação. Modelagem. Educação Matemática. VOLTAR 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA A ETNOMATEMÁTICA PROCURANDO CAMINHOS PARA O ENCONTRO INTERCULTURAL: ALTERIDADE E ESCUTA NO CENTRO DA DISCUSSÃO Maria do Carmo S. Domite Faculdade de Educação Universidade de São Paulo Brasil 2012 RESUMO PÁGINA 217 Nossa discussão neste encontro tem como objetivo apresentar algumas ferramentas teóricas especialmente direcionadas para questões educacionais culturais. Uma vez que como estudiosos da etnomatemática, podemos considerar que os conhecimentos matemáticos de diferentes grupos culturais têm estado sufocado/escondido pelo movimento escolarizado tradicional, tais ferramentas podem, por um lado, ser uma forma de divulgação/exposição desses conhecimentos; por outro lado, podem levar a realização de intenções e justificativas para o desenvolvimento de processos de ensino e aprendizagem no âmbito da interculturalidade - isto é, levar ao respeito e intercâmbio intelectual entre comunidades. Estaremos aqui voltados à discussão sobre duas concepções – a concepção de cunho filosófico-antropológico de "alteridade" e a concepção freiriana de "escuta", ambas particularmente discutidas a partir da nossa vivência em ambientes (indígena) que preservam identidade cultural. VOLTAR 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA LECIONANDO EM CURSOS USUÁRIOS DE MODELOS MATEMÁTICOS NUMÉRICOS E ESTATÍSTICOS NA PRÁTICA EDUCATIVA: COMPARTILHANDO CONCEPÇÕES, CONTEXTOS, EXPERIÊNCIAS E INTERROGAÇÕES Prof. Dr. Dimas Felipe de Miranda RESUMO Com o aumento dos cursos de tecnologia e gestão, graduados em matemática têm muitas oportunidades de aí lecionarem. Os projetos destes cursos demandam modelos matemáticos e estatísticos na prática educativa. Os cursos clamam por uma matemática articulada, de concepção, contextual e o professor de matemática se sente despreparado e com muitas interrogações. Aqui, a partir de um estudo com tópicos do ensino de modelos numéricos na confluência com a estatística, em um destes cursos, discute-se a necessidade do professor desenvolver conhecimentos articulados. Conforme Piaget, os processos de assimilação e acomodação destes novos conhecimentos incorporam-se à nova estrutura do pensar. PÁGINA 218 Palavras chaves: lecionar matemática; modelos matemáticos e estatísticos; conhecimentos articulados. VOLTAR 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil XXVI REUNIÃO LATINOAMERICANA DE MATEMÁTICA EDUCATIVA O MESTRADO PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA NA PERSPECTIVA DOS EGRESSOS: ANÁLISE DO PROGRAMA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO (MG) Ana Cristina Ferreira-UFOP RESUMO VOLTAR 23 a 28 | Julho | 2012 Belo Horizonte Minas Gerais | Brasil PÁGINA 219 Os Mestrados Profissionais em Educação Matemática no Brasil ainda podem ser considerados como uma modalidade recente, uma vez que surgiram há pouco mais de dez anos. o que os diferencia dos Mestrados Acadêmicos? Qual sua estrutura? Como impactam a vida profissional dos envolvidos? Nessa conferência, pretendemos abordar essas e outras questões tendo como exemplo o Programa de Educação Matemática da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Para isso, apresentaremos tanto as leis e resoluções que regulamentam essa modalidade de pós graduação strictu sensu no país, quanto a constituição do curso da UFOP e trataremos com especial destaque as reflexões dos mestres e mestras formados pelo Programa produzidas em resposta a um questionário.