Mineração de Bauxita e Refino de Alumina
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Mineração de Bauxita e Refino de Alumina
ARTIGO ORIGINAL Mineração de Bauxita e Refino de Alumina Descrição do processo e riscos de saúde ocupacional A. Michael Donoghue, MBChB, MMedSc, PhD, Neale Frisch, BSc(Hons), Grad Dip Occ Hyg, COH, and David Olney, BSc Objetivo: Descrever os processos de mineração de bauxita e refino de alumina e delinear os riscos de natureza física, química, biológica, ergonômica e psicossocial para a saúde. Métodos: Análise de artigo. Resultados: Os riscos mais importantes referem-se a ruído, ergonomia, trauma e respingos de soda cáustica na pele e nos olhos. Outros riscos dignos de nota referem-se à fadiga, calor e radiação solar ultravioleta e algumas doenças tropicais em locais de operações, animais peçonhentos/perigosos e locais remotos. Exposições às poeiras de bauxita e alumina e à névoa cáustica em mineração contemporânea e de boas práticas de bauxita e refino de alumina, não demonstraram estar associadas com diminuições clinicamente significativas da função pulmonar. Exposições a poeira de bauxita e de alumina em tais operações também não estão associadas à incidência de câncer. Conclusões: Uma gama de riscos de saúde ocupacional na mineração de bauxita e no refino de alumina requer a manutenção de medidas eficazes de controle. A mineração de bauxita e o refino de alumina são as operações de produção de alumínio primário. Este artigo de revisão descreve os processos industriais de mineração de bauxita e do refino de alumina, além de delinear os riscos físicos, químicos, biológicos ergonômicos e psicossociais para a saúde. DESCRIÇÃO DO PROCESSO: MINERAÇÃO DE BAUXITA A bauxita é o principal minério da alumina (Al 2O3), empregado para produzir o alumínio (Al). Ela é composta de óxidos de alumínio hidratado, aluminossilicatos hidratados, óxidos de ferro, óxidos hidratados de ferro, óxido de titânio e sílica. Contém também misturas de vários minerais como gibbsita, boemita, hematita, goethita, Al-goethita, anatásio, rutilo, ilmenita, caulim e quartzo. A bauxita é uma rocha residual formada a partir da ação do tempo ("weathering") de várias rochas ígneas, sedimentares e metamórficas. Essas rochas originais foram expostas a longos períodos (milhões de anos) da ação do tempo sob condições temperadas tropicais, subtropicais ou muito úmidas. Noventa por cento dos recursos mundiais conhecidos de bauxita estão localizados em regiões tropicais. Outros depósitos fora dessas latitudes foram expostos a longos períodos de intensa ação do tempo em seu passado geológico. As maiores concentrações de bauxita estão na América Central e América do Sul, África Ocidental, em particular a Guiné, e na Índia, Vietnã e Austrália. Há alguns Copyright © 2014 Lippincott Williams & Wilkins. É proibida a reprodução não autorizada deste artigo. - Texto traduzido, sob autorização, de artigo publicado no Journal of Occupational and Environmental Medicine (JOEM), Número 5S, em maio de 2014.1 ARTIGO ORIGINAL Mineração de Bauxita e Refino de Alumina Descrição do processo e riscos de saúde ocupacional A. Michael Donoghue, MBChB, MMedSc, PhD, Neale Frisch, BSc(Hons), Grad Dip Occ Hyg, COH, and David Olney, BSc depósitos também no norte da Rússia e na região central da Arábia Saudita. Normalmente, a bauxita ocorre perto da superfície. No entanto, há ocorrências de depósitos de bauxita enterrados onde esse minério foi coberto por outros materiais posteriores à sua formação. A atual estimativa mundial de disponibilidade de bauxita é de mais de 70 bilhões de toneladas. Desse total, a maior concentração está na Guiné, onde as fontes comprovadas são de cerca de 25 bilhões de toneladas. A maior parte da bauxita ocorre próximo da superfície, com apenas 1 ou 2 metros da camada estéril. Os depósitos usuais variam de 3 a 15 m de espessura. A maioria da bauxita pode ser extraída e processada sem beneficiamento (tratamento adicional do minério para concentrar os minerais), porém o minério no norte do Brasil e no Vietnã tem um alto teor de argila e precisa ser lavado antes do processamento. Existem alguns depósitos subterrâneos. Porém, eles estão muitas vezes ligados a uma ocorrência de superfície, onde o terreno que ajudou a formar a bauxita inclinou, de tal modo que o minério encontrado na superfície gradualmente se aprofunda e a mineração subterrânea é necessária para validar economicamente a extração desse material. Esse fato é típico de alguns depósitos na Rússia. Na China, há muitas áreas que têm bauxita totalmente subterrânea a profundidades de 200 a 300 metros. Os processos típicos envolvidos na mineração de jazidas de superfície são os seguintes: • Supressão da vegetação e recolhimento da valiosa camada superficial, usando-se pás raspadoras (scrapers) e tratores. • Remoção do estéril. • Jateamento ou raspagem de algumas áreas do minério que não podem ser escavadas facilmente. Isso envolve a escavação e a utilização de explosivos, ou raspagem com grandes tratores. • Carregamento em caminhões e transporte para uma instalação de britagem. Caminhões que variam de 30 a 180 toneladas de capacidade são utilizados em minas de diferentes portes. • Paisagismo e reabilitação do solo em colaboração com as populações locais e o governo. • Britagem e seleção. • Lavagem e beneficiamento (tratamento adicional do minério para concentrar os minerais), se necessário. • Despacho para exportação ou para as refinarias locais. Copyright © 2014 Lippincott Williams & Wilkins. É proibida a reprodução não autorizada deste artigo. - Texto traduzido, sob autorização, de artigo publicado no Journal of Occupational and Environmental Medicine (JOEM), Número 5S, em maio de 2014.2 ARTIGO ORIGINAL Mineração de Bauxita e Refino de Alumina Descrição do processo e riscos de saúde ocupacional A. Michael Donoghue, MBChB, MMedSc, PhD, Neale Frisch, BSc(Hons), Grad Dip Occ Hyg, COH, and David Olney, BSc Cerca de 165 milhões de toneladas de bauxita são extraídos a cada ano. A bauxita é geralmente transportada para as refinarias por correia transportadora, trem ou navio. Algumas refinarias de alumina estão localizadas perto de suas minas de bauxita e essas minas normalmente empregam de 500 a 1000 pessoas. DESCRIÇÃO DO PROCESSO: O REFINO DE ALUMINA O minério de bauxita contém tri-hidrato de alumínio (Al(OH)3). O refino de alumina produz alumina (Al2O3) a partir do minério de bauxita, explorando a reação reversível do processo Bayer1-3: Al (OH)3 + NaOH = NaAlO2 + 2H2O A reação é primeiramente conduzida na direção do aluminato de sódio (NaAlO2) por meio da adição de soda cáustica (NaOH) à bauxita. Os resíduos de bauxita são então removidos, liberando o líquido do processo denominado “licor verde." A reação é então reconduzida na direção oposta durante a precipitação, para produzir cristais de tri-hidrato de alumínio, os quais são, então, calcinados para produzir o óxido de alumínio anidro (alumina). O "licor gasto" que sai da precipitação volta ao início do circuito da refinaria. As etapas principais de refino de alumina são as seguintes1-3: • Moagem úmida do minério de bauxita em moinhos de barras, moinhos de bola ou moinhos semi-autógenos para produzir a lama fina ou pasta. • Digestão da pasta com soda cáustica (NaOH) a pressões superiores a 170 g / L em vasos sob pressão, a temperaturas que variam de 145 a 265◦C, dependendo do tipo de bauxita a ser processada. • Separação e lavagem dos resíduos insolúveis (denominados "areia e lama") oriundos da solução de processo (chamada "licor verde"). Os resíduos são armazenados em áreas de secagem de resíduos. • Cristalização (precipitação) do alumínio tri-hidratado a partir do aluminato de sódio (NaAlO2) do licor verde, deixando o "licor gasto" contendo principalmente soda cáustica a ser devolvida para a digestão. • Calcinação dos cristais de tri-hidrato de alumínio a aproximadamente 1000ºC, expelindo as moléculas de água e deixando o produto final, a alumina anídra. Copyright © 2014 Lippincott Williams & Wilkins. É proibida a reprodução não autorizada deste artigo. - Texto traduzido, sob autorização, de artigo publicado no Journal of Occupational and Environmental Medicine (JOEM), Número 5S, em maio de 2014.3 ARTIGO ORIGINAL Mineração de Bauxita e Refino de Alumina Descrição do processo e riscos de saúde ocupacional A. Michael Donoghue, MBChB, MMedSc, PhD, Neale Frisch, BSc(Hons), Grad Dip Occ Hyg, COH, and David Olney, BSc As refinarias de alumina geralmente estão localizadas na faixa costeira ou próximo dela para facilitar o transporte de alumina para as fundições de alumínio. As refinarias normalmente empregam cerca de 1000 pessoas (Figs. 1 e 2). Figura 1. Fluxograma de processo de mineração de bauxita e refino de alumina Copyright © 2014 Lippincott Williams & Wilkins. É proibida a reprodução não autorizada deste artigo. - Texto traduzido, sob autorização, de artigo publicado no Journal of Occupational and Environmental Medicine (JOEM), Número 5S, em maio de 2014.4 ARTIGO ORIGINAL Mineração de Bauxita e Refino de Alumina Descrição do processo e riscos de saúde ocupacional A. Michael Donoghue, MBChB, MMedSc, PhD, Neale Frisch, BSc(Hons), Grad Dip Occ Hyg, COH, and David Olney, BSc Figura 2. Foto aérea da refinaria de Pinjarra, na Austrália Ocidental. RISCOS FÍSICOS (NR: tradução como está no original) Lesões traumáticas na mineração de bauxita são relativamente incomuns em comparação com a mineração subterrânea de minérios metálicos ou mineração subterrânea de carvão. No entanto, as causas possíveis de lesões incluem capotamentos de veículos, colisões de equipamentos móveis, queda de árvores, quedas de alturas, confinamento, explosão e eletrocussão. Assim, é necessária uma estrutura de atendimento médico emergencial. Isso sempre envolve o atendimento dentro da fábrica, mas pode também incluir o fornecimento de uma instalação médica substancial ou acesso a evacuação aero médica, dependendo das condições locais. Traumas menores são ainda razoavelmente comuns em refinarias -- particularmente ferimentos em mãos e dedos. Traumas maiores são raros, mas existe a possibilidade de quedas de altura, colisões de equipamentos móveis, confinamento e eletrocussão. As refinarias geralmente são providas de centros médicos locais, com uma capacidade Copyright © 2014 Lippincott Williams & Wilkins. É proibida a reprodução não autorizada deste artigo. - Texto traduzido, sob autorização, de artigo publicado no Journal of Occupational and Environmental Medicine (JOEM), Número 5S, em maio de 2014.5 ARTIGO ORIGINAL Mineração de Bauxita e Refino de Alumina Descrição do processo e riscos de saúde ocupacional A. Michael Donoghue, MBChB, MMedSc, PhD, Neale Frisch, BSc(Hons), Grad Dip Occ Hyg, COH, and David Olney, BSc de resposta médica de emergência e disponibilidade para transferir pacientes para o hospital. O barulho é gerado na mineração por raspagem,, detonação, escavação, britagem e transporte. A exposição ao barulho é controlada principalmente por meio do enclausuramento dos trabalhadores dentro de cabinas de veículos. Porém, não tem sido observado um êxito absoluto com a perda auditiva provocada por ruído, que ainda ocorre nas operações contemporâneas. Programas de conservação auditiva são essenciais e devem incluir as avaliações e iniciativas de controle do barulho, audiometria anual e uma variedade de dispositivos de proteção auditiva com a aplicação do "fit test" e treinamento. O barulho é comumente encontrado em todas as refinarias e pode ser muito intenso durante atividades como a descalcificação de tanques, utilizando ferramentas de impacto. A perda auditiva provocada pelo barulho é um problema significativo nas refinarias. O treinamento e o emprego assíduo de fit tests quantitativos da proteção auditiva tem resultado em reduções substanciais na perda auditiva provocada pelo barulho em algumas refinarias, com a taxa de alteração de 10 dB corrigida por idade da Occupational Safety and Health Administration (média entre 2, 3 e 4 kHz), caindo de 5% para 1% de empregados por ano, em algumas refinarias na Austrália Ocidental (dados Alcoa-não publicados). O calor e a umidade são encontrados em regiões tropicais. Apesar da insolação não ter sido relatada, podem ocorrer exaustão pelo calor e miliaria rubra. Medidas de controle são necessárias e têm sido discutidas em detalhes em todo lugar4-6. A vibração no corpo ocorre habitualmente durante a operação de equipamentos móveis tais como raspadores, plataformas de perfuração, escavadeiras e caminhões de transporte. Isso pode causar ou agravar os problemas de coluna. Em alguns casos, veículos de controle remoto são utilizados onde o terreno for tão irregular que a vibração no corpo pode ser excessiva. A manutenção de estradas e veículos é uma importante medida de controle. A síndrome de vibração de mão-braço parece ser rara na mineração de bauxita e refino de alumina. Ferramentas manuais vibratórias não são uma importante parte do processo em minas de bauxita, mas são comuns em refinarias de alumina. No entanto, a maioria das minas de bauxita e refinarias de alumina está situada em climas tropicais e, assim, o vasoespasmo provocado pelo frio é improvável. Copyright © 2014 Lippincott Williams & Wilkins. É proibida a reprodução não autorizada deste artigo. - Texto traduzido, sob autorização, de artigo publicado no Journal of Occupational and Environmental Medicine (JOEM), Número 5S, em maio de 2014.6 ARTIGO ORIGINAL Mineração de Bauxita e Refino de Alumina Descrição do processo e riscos de saúde ocupacional A. Michael Donoghue, MBChB, MMedSc, PhD, Neale Frisch, BSc(Hons), Grad Dip Occ Hyg, COH, and David Olney, BSc A bauxita é um material radioativo de baixo nível, de ocorrência natural. Ela contém pequenas quantidades de urânio (238U), tório (232Th) e potássio (40K).7 A radioatividade natural de baixo nível presente no minério transfere-se quase totalmente para o fluxo de resíduos sólidos durante o refino – um pouco para o resíduo de areia, mas a maior parte para o resíduo de lama. O minério da bauxita, os materiais do processo Bayer antes da precipitação, o resíduo de lama e o resíduo de areia são, portanto, de interesse da radiação, enquanto o produto alumina não é8. Dados do monitoramento ambiental do posto de trabalho e pessoal nas minas de bauxita e refinarias de alumina no oeste da Austrália têm sido utilizados para avaliar o histórico das doses anuais na força de trabalho, em uma variedade de postos de trabalho. As doses totais adicionais do composto para os indivíduos foram todas abaixo do limite de exposição pública de 1,0 mSv por ano acima do básico, quando foram consideradas as exposições gama, progênie do radônio e alfa total7. Assim o é apesar da atividade de alguns materiais ser um pouco maior do que a referência regulamentar de exclusão de 1 Bq/g. Em suma, esta é uma questão que requer uma certa atenção e um monitoramento em minas de bauxita e refinarias de alumina, mas é improvável que seja motivo de preocupação. Exposições a raios ultravioletas do sol em operações superficiais de mineração de bauxita e refinarias de alumina podem contribuir para a ocorrência de células escamosas e carcinomas basocelulares, embora esta seja uma inferência elaborada a partir de estudos com trabalhadores ao ar livre em outras indústrias9-11. As medidas de controle incluem o uso de cabines fechadas em equipamentos móveis, a programação de trabalho ao ar livre para evitar exposições próximas do meio-dia, camisas de manga comprida, calças compridas, proteção para o pescoço e orelhas nos capacetes quando ao ar livre, fornecimento de óculos escuros sempre que possível, bem como a utilização de protetor solar. As ocupações que envolvem trabalho importante em ambiente externo parecem não estar associadas a um risco crescente de melanoma9,12-16. Os ciclones tropicais (furacões) podem impactar nas minas de bauxita e refinarias de alumina em regiões tropicais. RISCOS QUÍMICOS (NR: tradução como está no original) Copyright © 2014 Lippincott Williams & Wilkins. É proibida a reprodução não autorizada deste artigo. - Texto traduzido, sob autorização, de artigo publicado no Journal of Occupational and Environmental Medicine (JOEM), Número 5S, em maio de 2014.7 ARTIGO ORIGINAL Mineração de Bauxita e Refino de Alumina Descrição do processo e riscos de saúde ocupacional A. Michael Donoghue, MBChB, MMedSc, PhD, Neale Frisch, BSc(Hons), Grad Dip Occ Hyg, COH, and David Olney, BSc A bauxita é geralmente considerada como sendo relativamente inerte do ponto de vista biológico. Ela é classificada para fins de higiene ocupacional como uma poeira incômoda ou "partícula sem outra especificação". Houve um relato de caso de fibrose pulmonar leve ocorrido em um trabalhador exposto à trituração e transporte de bauxita entre 1936 e 196217. O achado ao acaso na autópsia, levou à confirmação da presença de bauxita na área da fibrose. Mais recentemente, foram realizados estudos epidemiológicos com trabalhadores expostos à poeira de bauxita. Um estudo transversal em empregados de uma mina de bauxita, numa refinaria de alumina e numa fábrica de produtos químicos à base de alumina nos Estados Unidos, examinou a função pulmonar em relação às exposições cumulativas totais a poeiras18. Os indivíduos tinham sido empregados em alguma época entre 1975 e 1981. Como um terço da coorte de estudo nunca havia fumado, os efeitos da exposição à poeira pode ser analisado independentemente dos efeitos do tabagismo. Entre os não fumantes com exposições cumulativas totais à poeira de, no mínimo, 100 mg/m3/ano, ao longo de pelo menos 20 anos, houve uma redução do volume expiratório forçado em 1 segundo (FEV1) de 0,29 a 0,39 L, em comparação com valores internos e externos previstos, respectivamente. O estudo não relatou resultados de capacidade vital forçada (CVF), por isso não se sabe se os resultados refletem um problema pulmonar obstrutivo ou restritivo. Entretanto, a bronquite industrial resultante de exposições elevadas à poeira é uma possível explicação. Infelizmente, os dados de exposição não distinguiram entre bauxita e outras exposições como alumina e névoa cáustica. É, por conseguinte, um pouco difícil interpretar os resultados em relação à bauxita. Além disso, as exposições eram claramente muito mais elevadas do que as habituais da mineração contemporânea de bauxita. A radiografia de tórax na mesma unidade constatou que 8% dos trabalhadores tiveram escassas e pequenas opacidades irregulares – predominantemente localizadas no campo pulmonar médio e baixo19. A prevalência foi de 4% entre os não fumantes e 12% entre os fumantes. A prevalência foi estatisticamente significativa e maior entre os não fumantes que tinham mais tempo no emprego e maiores exposições cumulativas totais a poeiras. A prevalência foi de 19% (4 dos 21 casos) entre os não fumantes com exposições cumulativas totais a pelo menos, 100 mg/m3/ano de poeira, mantida ao longo de pelo menos 20 anos. Um estudo transversal com empregados de uma grande mineração de bauxita na Austrália Ocidental entre 1995/1996 investigou sintomas respiratórios e função pulmonar em relação à exposição à poeira de bauxita20. Após o ajuste para idade e tabagismo, não houve relação significativa entre qualquer um dos sintomas e o quartil de exposição à bauxita20. Também não houve quedas estatisticamente significativas na função pulmonar (FEV 1, FVC e FEV1/CVF) dentro de qualquer um dos quartis de Copyright © 2014 Lippincott Williams & Wilkins. É proibida a reprodução não autorizada deste artigo. - Texto traduzido, sob autorização, de artigo publicado no Journal of Occupational and Environmental Medicine (JOEM), Número 5S, em maio de 2014.8 ARTIGO ORIGINAL Mineração de Bauxita e Refino de Alumina Descrição do processo e riscos de saúde ocupacional A. Michael Donoghue, MBChB, MMedSc, PhD, Neale Frisch, BSc(Hons), Grad Dip Occ Hyg, COH, and David Olney, BSc exposição à bauxita. Após o ajuste para a idade, altura e tabagismo, houve um pequeno, mas estatisticamente significativo, declínio em FEV1 (7,3 mL / ano) associado com a duração do emprego. Não foi encontrada associação entre a duração do emprego e FVC ou FEV1/FVC. O efeito do envelhecimento sobre FEV 1 foi estimado como sendo 27 ml/ano, ao passo que o efeito do fumo foi constatado como sendo 12.0 mL por ano-maço entre os fumantes atuais. A associação entre o FEV1 e a duração do emprego foi independente da exposição à bauxita, o que os pesquisadores acharam difícil de explicar20. A radiografia de tórax não foi considerada justificável. Em resumo, parece que as exposições à bauxita em operações de mineração contemporâneas, que utilizam as melhores práticas, não demonstraram estar associadas a déficits clinicamente significativos da função pulmonar ou à pneumoconiose. Um estudo transversal com funcionários de três refinarias de alumina na Austrália Ocidental entre 1995/1996 investigou sintomas respiratórios e função pulmonar em relação à exposição à poeira de bauxita e de alumina e a vapores de soda cáustica21,22. Após o ajuste para idade, tabagismo, e atopia, a maioria dos grupos de trabalhadores da produção relatou uma maior prevalência de chiado e rinite do que os trabalhadores de escritório21. Diferenças em FVC e FEV1/FVC, mas não em FEV1, foram encontradas entre os diferentes grupos de processos. Esses foram considerados como clinicamente não relevantes21. Empregados no grupo de maior exposição à neblina cáustica relataram maior prevalência de chiado e rinite, mas não apresentaram decréscimos na função pulmonar22. A exposição à poeira de alumina foi associada a pequenos aumentos na prevalência de chiado e rinite relacionados ao trabalho, mas sem alterações na função pulmonar22. A exposição à poeira de bauxita nas refinarias não foi associada a nenhum desses sintomas ou a alteração na função pulmonar.22 Um estudo de incidência e mortalidade por câncer foi realizado com uma coorte de empregados que trabalham em três minas de bauxita e três refinarias de alumina no oeste da Austrália23. Esse é o único estudo sobre a incidência e mortalidade por câncer até hoje, em mineração de bauxita e refino de alumina. A análise mais recente desse estudo ora em curso foi realizada com dados do final de 2002, quando 3.717 (64%) da coorte de 5.828 homens que tinham trabalhado durante pelo menos 10 anos, 1.528 (26% da coorte) dos quais haviam sido empregados por pelo menos 20 anos. A mortalidade por todas as causas foi significativamente menor do que na população masculina australiana (razão de mortalidade padronizada = 0,68, intervalo de confiança de 95% [CI] = 0,60 a 0,77). A mortalidade para todos os tipos de câncer combinados não foi significativamente diferente da população comparada. A Copyright © 2014 Lippincott Williams & Wilkins. É proibida a reprodução não autorizada deste artigo. - Texto traduzido, sob autorização, de artigo publicado no Journal of Occupational and Environmental Medicine (JOEM), Número 5S, em maio de 2014.9 ARTIGO ORIGINAL Mineração de Bauxita e Refino de Alumina Descrição do processo e riscos de saúde ocupacional A. Michael Donoghue, MBChB, MMedSc, PhD, Neale Frisch, BSc(Hons), Grad Dip Occ Hyg, COH, and David Olney, BSc mortalidade foi significativamente menor do que na população de comparação para doenças do aparelho circulatório, doenças respiratórias, lesão/trauma e "outras causas ou causas desconhecidas." O único risco de mortalidade aumentada foi para o mesotelioma pleural (ver comentários mais adiante). Não houve tendências observadas estatisticamente significativas relacionadas com a duração do emprego por quaisquer das causas de morte. A incidência de todos os tipos de câncer combinados não foi significativamente diferente da população de comparação (razão de incidência padronizada [SIR] = 0,92, 95% CI = 0,82-1,03). Houve um aumento da incidência de mesotelioma pleural (SIR = 3,49, 95% CI = 1,82-6,71) e melanoma (SIR = 1,30; IC95% = 1,00-1,69). No entanto, uma análise independente feita pelo Western Australian Mesothelioma Registry constatou que o mesotelioma estava associado a exposições fora da indústria de alumínio em todos os casos exceto um - por exemplo, cinco dos nove casos tinham tido exposição à crocidolita em Wittenoom, uma área de mineração de amianto no Oeste da Austrália. Para o melanoma, não houve aumento do risco com a duração do emprego. A análise posterior em uma das refinarias estudadas não encontrou aumento estatisticamente significativo na incidência de melanoma quando dados de comparação nacionais ao invés de estaduais foram aplicados (dados não publicados). Houve um aumento da incidência de câncer de tiroide em quem já havia trabalhado em escritório (n = 6; SIR = 5,35; 95% CI = 2,02 a 19,18), mas não houve excesso significativo entre aqueles que jamais tinham trabalhado em área da produção ou de manutenção. Os pesquisadores relataram que não houve nenhuma exposição conhecida vinculada ao trabalho em escritório nessa indústria e o achado pode ser um artefato devido ao grande número de análises realizadas no estudo. Uma análise interna da mesma coorte focou na incidência de câncer, na mortalidade por causa vascular e mortalidade por doenças respiratórias em relação à exposição à poeira de bauxita e à poeira de alumina24. Houve uma certa evidência de uma relação exposição-resposta entre a exposição cumulativa a bauxita inalável e a mortalidade por doença respiratória não maligna (tendência P = 0,01), e entre a exposição cumulativa a alumina inalável e a mortalidade por doença cerebrovascular (tendência P = 0,04). Essas associações foram baseadas em muito poucos casos e para as doenças respiratórias não malignas, os óbitos representaram uma mistura heterogênea de causas. Além disso, é necessário um acompanhamento para esclarecer esses achados preliminares. Não houve nenhuma evidência de aumento de risco de qualquer tipo de câncer devido à exposição à bauxita ou à alumina. Os níveis séricos de alumínio foram medidos em trabalhadores de minas de bauxita e um grupo de comparação de funcionários de uma fábrica de processamento de madeira, ambos no Suriname25. Não foi constatada nenhuma diferença estatisticamente significativa nos níveis séricos de alumínio 25. Copyright © 2014 Lippincott Williams & Wilkins. É proibida a reprodução não autorizada deste artigo. - Texto traduzido, sob autorização, de artigo publicado no Journal of Occupational and Environmental Medicine (JOEM), Número 5S, em maio de 2014.10 ARTIGO ORIGINAL Mineração de Bauxita e Refino de Alumina Descrição do processo e riscos de saúde ocupacional A. Michael Donoghue, MBChB, MMedSc, PhD, Neale Frisch, BSc(Hons), Grad Dip Occ Hyg, COH, and David Olney, BSc Algumas bauxitas contêm traços de berílio. As concentrações na mineração e no posterior refino não são capazes de causar um risco significativo de sensibilidade ao berílio ou doença crônica do berílio. Todavia, sabe-se que o berílio se concentra no banho da fundição de alumínio se a alumina for oriunda de bauxita com teor de berílio. A prevalência de sensibilidade ao berílio em fundições de alumínio tem sido relatada como sendo de 0,28%, em uma fundição norueguesa, e de 0,47% em nove fundições pertencentes a quatro diferentes companhias26,27. A bauxita contém traços de mercúrio, que podem dar origem ao vapor de mercúrio elementar, especialmente na parte produtiva do processo de refino - geralmente na área de Digestão. Algumas refinarias usam condensadores para remover o mercúrio do vapor. Ocasionalmente, quantidades de mercúrio metálico são encontradas e a remoção é realizada por profissionais treinados utilizando medidas seguras de manuseio e equipamentos adequados de proteção individual. Em três refinarias da Alcoa na Austrália Ocidental, a amostragem pessoal de mercúrio, entre os empregados da refinaria de uma variedade de funções e áreas de operação mostrou todos os resultados dentro dos limites de 2013 da American Conference of Governmental Industrial Hygienists (ACGIH®) Threshold Limit Value (TLV®) de 0,025 mg/m3 (Alcoa, dados não publicados). A campanha de monitoramento biológico na Refinaria de Pinjarra, na Austrália Ocidental, em 2002, descobriu que todas as concentrações de mercúrio na urina de 673 empregados e contratados de uma série de funções e áreas de atuação estavam dentro do atual limite de 2013 da ACGIH® Biological Exposure Index (BEI®) de 20 µg/g de creatinina. O percentil 95º foi de 3 µg/g de creatinina (Alcoa, dados não publicados). Dessa forma, o monitoramento biológico de rotina para o mercúrio não é, por conseguinte, exigido nessas refinarias de alumina. Refinarias de alumina mais antigas ainda podem ter amianto in situ, por isso, é necessário o cuidado em se ter um plano rigoroso de gestão de amianto. Produtos contendo material com asbesto foram utilizados em gaxetas e escoramento/isolamento. Respingos de substâncias químicas ainda acontecem nas refinarias apesar dos vários controles administrativos e de engenharia. Às vezes, isso ocorre em decorrência de falha de equipamentos como válvulas ou perda de controle do processo que causa derramamentos dos tanques. A grande maioria dos respingos envolve álcalis fortes geralmente soda cáustica (hidróxido de sódio) presente no circuito de licor das refinarias. Os respingos de soda cáustica podem provocar graves queimaduras Copyright © 2014 Lippincott Williams & Wilkins. É proibida a reprodução não autorizada deste artigo. - Texto traduzido, sob autorização, de artigo publicado no Journal of Occupational and Environmental Medicine (JOEM), Número 5S, em maio de 2014.11 ARTIGO ORIGINAL Mineração de Bauxita e Refino de Alumina Descrição do processo e riscos de saúde ocupacional A. Michael Donoghue, MBChB, MMedSc, PhD, Neale Frisch, BSc(Hons), Grad Dip Occ Hyg, COH, and David Olney, BSc químicas da pele e dos olhos e é essencial a imediata descontaminação. A incidência de respingos na pele entre os empregados de refinaria australianos foi relatada como sendo de 4,06 por 200 mil horas trabalhadas28 (NR - costuma-se utilizar como denominador deste tipo de referência, "homens-horas trabalhadas". Está traduzido conforme consta do original). Tradicionalmente, medidas de primeiros socorros incluem chuveiros de emergência e estações lava-olhos nas proximidades de quaisquer áreas de risco dentro das fábricas. Mais recentemente, o uso de solução de Diphoterine® para o tratamento de primeiros socorros em casos de respingo na pele de substâncias alcalinas nas refinarias de alumina da Austrália Ocidental tem produzido melhores resultados do que o uso do chuveiro de emergência28. Diphoterine® é uma solução anfotérica, hipertônica e quelatante disponível comercialmente e é usada para a descontaminação e irrigação de respingos de produtos químicos. Entre os empregados que primeiro usaram Diphoterine® não houve sinais de queimadura química em 52,9% dos casos e bolhas ou sinais mais graves ocorreram em apenas 7,9% dos casos. Esses resultados foram significativamente diferentes daqueles relativos aos empregados que utilizaram a água primeiramente, sem sinais de queimadura química em apenas 21,4% dos casos e bolhas ou sinais mais graves em 23,8% dos casos (P < 0,001). Os trabalhadores normalmente portam uma lata aerossol de Diphoterine® para ser portada em seu cinto nas áreas operacionais das refinarias. Algumas refinarias também implantaram o Diphoterine® para a lavagem e irrigação de emergência dos olhos. Os particulados de diesel são gerados por equipamentos móveis movidos a diesel, mas as exposições em minerações de bauxita ocorrem em níveis baixos, comparados às da mineração subterrânea. O gás de exaustão do motor a diesel é um cancerígeno humano do Grupo 1, de acordo com a IARC - International Agency for Research on Cancer [Agência Internacional para Pesquisa do Câncer] - e a exposição suficiente pode aumentar o risco de câncer pulmonar29. Medidas de controle incluem o uso de combustível diesel com baixo teor de enxofre, manutenção de motores e cabines climatizadas. Veículos do tipo bob cats movidos a diesel e dotados de equipamentos de impacto são utilizados dentro de grandes tanques em refinarias de alumina para descalcificação. Os controles adicionais nessas condições incluem ventilação forçada de diluição e proteção respiratória. Exposições dérmicas irritantes e dermatites podem ocorrer em vários postos de trabalho em refinarias de alumina e, em menor escala, em minas de bauxita. Dentre os agentes relevantes estão solventes industriais, alcalinos e ácidos. Copyright © 2014 Lippincott Williams & Wilkins. É proibida a reprodução não autorizada deste artigo. - Texto traduzido, sob autorização, de artigo publicado no Journal of Occupational and Environmental Medicine (JOEM), Número 5S, em maio de 2014.12 ARTIGO ORIGINAL Mineração de Bauxita e Refino de Alumina Descrição do processo e riscos de saúde ocupacional A. Michael Donoghue, MBChB, MMedSc, PhD, Neale Frisch, BSc(Hons), Grad Dip Occ Hyg, COH, and David Olney, BSc É realizada soldagem considerável nas refinarias de alumina e, em menor medida, nas oficinas das minas de bauxita. Assim, é importante o controle de exposição a fumos de soldagem por meio de ventilação de exaustão local e proteção respiratória. A entrada em espaços confinados é também uma questão importante nas refinarias de alumina, onde há muitos vasos de processo de diferentes tipos. As autorizações de entrada garantem que todos os elementos de um sistema seguro de trabalho estejam presentes antes que uma pessoa entre em um espaço confinado. O monitoramento atmosférico é necessário para detecção de atmosferas com deficiência de oxigênio, tóxicas ou inflamáveis. É comum a ventilação de espaços confinados antes e durante a entrada. No entanto, os equipamentos adicionais de proteção respiratória podem também ser necessários. O isolamento de quaisquer sistemas perigosos no interior ou conectado ao espaço confinado é importante durante a entrada, utilizando-se o sitema de "tag" e bloqueio. Gases não condensáveis são produzidos na área de digestão do processo de refino a partir da quebra da matéria orgânica na bauxita. Eles consistem de um conjunto de compostos orgânicos voláteis e amônia. São denominados gases não condensáveis, porque não se condensam em líquido durante o arrefecimento da corrente quente de digestão. São posteriormente liberados através das chaminés da refinaria e dos dutos de ventilação - com a concentração média ponderada no tempo (TWA) no local de trabalho geralmente bem abaixo dos limites de exposição ocupacional. Alguns dos gases não condensáveis são malcheirosos e irritantes. Breves descobertas de emissões fugitivas transitórias ocorrem ocasionalmente e podem dar origem a queixas de mau cheiro e irritação respiratória de curta duração. RISCOS BIOLÓGICOS Os riscos de doenças tropicais como malária e dengue são significativos em algumas das minas de bauxita e refinarias de alumina. Precauções para evitar picadas de mosquito são importantes e a profilaxia da malária é às vezes prescrita. Vacinas contra a febre amarela também são necessárias para as viagens a algumas regiões. O acesso a orientação de medicina do viajante antes, durante e depois das viagens é importante. Em alguns países, doenças infecciosas comunitárias podem representar um risco para a saúde dos trabalhadores. O HIV e a tuberculose são dois exemplos. As mineradoras Copyright © 2014 Lippincott Williams & Wilkins. É proibida a reprodução não autorizada deste artigo. - Texto traduzido, sob autorização, de artigo publicado no Journal of Occupational and Environmental Medicine (JOEM), Número 5S, em maio de 2014.13 ARTIGO ORIGINAL Mineração de Bauxita e Refino de Alumina Descrição do processo e riscos de saúde ocupacional A. Michael Donoghue, MBChB, MMedSc, PhD, Neale Frisch, BSc(Hons), Grad Dip Occ Hyg, COH, and David Olney, BSc de regiões relevantes estão assim, engajadas na educação, na triagem, e em atividades de tratamento. Regiões tropicais comumente apresentam potencial para a descoberta de animais peçonhentos ou perigosos como cobras, aranhas, águas-vivas e crocodilos. Isto pode ser particularmente relevante em locais em que os empregados exerçam atividades recreativas como caminhadas por trilhas, caça, pesca, natação ou mergulho após o expediente. Os aspectos microbiológicos de gestão da qualidade da água são importantes em refinarias de alumina, onde a água potável não pode ser obtida a partir de abastecimento de água municipal e a água reciclada possa ser utilizada na fábrica para aplicações em processo devido à escassez de água. Além disso, as torres de resfriamento são comuns nas refinarias de alumina, de modo que a análise microbiológica periódica da água é necessária para detectar a contaminação por Legionella ou altas concentrações de outros microrganismos heterotróficos30. RISCOS ERGONÔMICOS A mineração de bauxita tornou-se altamente mecanizada, com relativamente poucas tarefas que requerem considerável movimentação manual. Pisos irregulares são frequentemente encontrados, quando são executadas tarefas a pé, que podem causar lesões no tornozelo e no joelho. Perigos de natureza ergonômica em refinarias de alumina incluem a necessidade repetitiva de subida em escadas, ferramentas pneumáticas para aperto ou ou afrouxamento de parafusos, marretas para a abertura ou fechamento de válvulas, posturas inadequadas em espaços confinados, tarefas manuais intensas e repetitivas e levantamento de peso. Recentemente, tem havido progresso substancial em se identificar sistematicamente e avaliar riscos ergonômicos utilizando ferramentas padronizadas de avaliação. Como resultado, houve uma mudança na visando ferramentas sem impacto, operação mecanizada de válvulas e martelos pneumáticos com menor intensidade de vibração. Não obstante, condições músculo-esqueléticas geralmente continuam a ser a maior proporção de lesões no trabalho nas refinarias. Copyright © 2014 Lippincott Williams & Wilkins. É proibida a reprodução não autorizada deste artigo. - Texto traduzido, sob autorização, de artigo publicado no Journal of Occupational and Environmental Medicine (JOEM), Número 5S, em maio de 2014.14 ARTIGO ORIGINAL Mineração de Bauxita e Refino de Alumina Descrição do processo e riscos de saúde ocupacional A. Michael Donoghue, MBChB, MMedSc, PhD, Neale Frisch, BSc(Hons), Grad Dip Occ Hyg, COH, and David Olney, BSc A maioria das minas e refinarias opera 24 horas por dia, 7 dias por semana, e, por isso, o trabalho em turnos é muito comum. Na Austrália e em alguns outros países desenvolvidos, tem havido uma tendência de turnos de 10 ou 12 horas nos últimos anos. A fadiga e o risco de acidentes relativos a turnos prolongados têm sido estudados na indústria do alumínio31. Isto resultou na aplicação de limites para horas extras em algumas organizações. O déficit de sono, que pode ocorrer por diversos motivos pessoais ou relacionados ao trabalho, demonstrou causar prejuízos de ordem cognitiva e de desempenho motor entre os motoristas de outras indústrias32. Os programas de gestão de risco de fadiga estão cada vez mais sendo implantados na indústria do alumínio. Os pontos-chaves abordados em tais programas são a composição adequada das equipes e regimes apropriados de turnos, que permitam o sono adequado, a educação e treinamento para permitir a avaliação dos riscos, a detecção de indicadores comportamentais de fadiga, modificações de áreas de trabalho para aprimorar o alerta mental e o monitoramento da fadiga33,34 O encaminhamento de empregados para o atendimento médico para a polissonografia geralmente ocorre quando há histórico ou fatores de risco que sugiram a possibilidade de apnéia obstrutiva do sono. O controle remoto de equipamentos móveis de mineração de bauxita foi introduzido em algumas situações fora do comum para reduzir o risco de exposição a uma excessiva vibração de corpo inteiro. Isso tem exigido atenção às questões de ergonomia cognitiva, muitas delas semelhantes às encontradas em salas de controle de unidades metalúrgicas. RISCOS PSICOSSOCIAIS Políticas e procedimentos de gestão de abuso de drogas e álcool estão agora em vigor em muitas operações de mineração e refinaria. Dentre elas estão a medição de metabólitos de drogas na urina ou na saliva e álcool no ar expirado, durante amostragem no exame pré admissional, aleatória e após acidentes ou comportamentos inadequados. São comuns as áreas remotas na mineração de bauxita e, em menor grau, também ocorrem em refinarias de alumina. Algumas minas operam pelo sistema "fly-in-fly-out" [esquema "embarcado"] com os empregados da mina separados de suas famílias e Copyright © 2014 Lippincott Williams & Wilkins. É proibida a reprodução não autorizada deste artigo. - Texto traduzido, sob autorização, de artigo publicado no Journal of Occupational and Environmental Medicine (JOEM), Número 5S, em maio de 2014.15 ARTIGO ORIGINAL Mineração de Bauxita e Refino de Alumina Descrição do processo e riscos de saúde ocupacional A. Michael Donoghue, MBChB, MMedSc, PhD, Neale Frisch, BSc(Hons), Grad Dip Occ Hyg, COH, and David Olney, BSc comunidades durante os períodos de trabalho. Outras minas ficam próximas de centros urbanos, mas envolvem tempo de transporte substancial de ida e volta. Os trabalhos para expatriados também são comuns na mineração de bauxita e de refino de alumina. Os riscos psicossociais de transferências de expatriados têm sido revistos35. Lesões traumáticas graves e mortes são raras na mineração de bauxita e no refino de alumina, mas se vierem a ocorrer, há o potencial de estresse pós-traumático se desenvolver em testemunhas, colegas e gerentes. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem ao Sr. Russell Williams, anteriormente Vice-Presidente de Projetos da Mineração - Alcoa World Alumina, na prestação de informações detalhadas na descrição do processo de mineração de bauxita. REFERÊNCIAS 1. Debney DM. Alumina production by Alcoa of Australia Ltd in Western Australia. 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É proibida a reprodução não autorizada deste artigo. - Texto traduzido, sob autorização, de artigo publicado no Journal of Occupational and Environmental Medicine (JOEM), Número 5S, em maio de 2014.16 ARTIGO ORIGINAL Mineração de Bauxita e Refino de Alumina Descrição do processo e riscos de saúde ocupacional A. Michael Donoghue, MBChB, MMedSc, PhD, Neale Frisch, BSc(Hons), Grad Dip Occ Hyg, COH, and David Olney, BSc 6. Donoghue AM. Heat illness inmining. In: Gillies ADS, ed. Proceedings of the Eighth International Mine Ventilation Congress; 2005 July 6 to 8; Brisbane, Australia. Carlton: Australasian Institute of Mining and Metallurgy; 2005:95–102. 7. O’Connor BH, Donoghue AM, Manning T, Chesson BJ. Radiological assessment for bauxite mining and alumina refining. Ann Occup Hyg. 2013;57:63–76. 8. Melbourne A, O’Brien R, O’Connor B, Johnston A, Hamilton D, Stray G. ARPANSA Safety Guide: Management of Naturally Occurring Radioactive Material (NORM). 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